Vaso chinês
Opema mostra o esforço de Alberto de Oliveira em manter-se nos padrões rígidos da poesia.
O poeta esmerou-se em uma descrição plástica, isto é, em uma imagem real para a mobilização de recursos que sugerem cores, formas e sentimentos. Como um pintor, buscou criar uma obra onde as palavras formam outros mundos.
Raimundo Correia (1859-1911), embora tenha cultivado o rigor da forma, principalmente de sonetos, produziu poemas relacionados à hipocrisia, ao egoísmo e às máscaras sociais que a sociedade impõe.
Olavo Bilac (1865-1918), um dos principais poetas do Parnasianismo, é o mais polido e apurado da língua portuguesa. Ele foi um dos idealizadores da rígidas normas impostas ao movimento e popularizou, o soneto XIII da obra Via Láctea (1886), caracteriza-se por algumas marcas tipicamente românticas.
XIII
"Ora (diréis) ouvir estrelas! Certo
Perdeste o senso!" E, eu vos direi, no entanto.
Que, para ouvi-las, muita vez desperto
E abro as janelas, pálido de espanto.
E conversamos toda a noite, enquanto
A Via Láctea, como um pálio aberto,
Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto.
Ainda procuro pelo seu deserto.
Direis agora: "Tresloucado amigo!
Que conversas com elas? Que sentido
Tem o que dizem, quando estão contigo?"
E eu vos direi: "Amai para entendê-las!
Pois só assim podeis ter ouvido
Capaz de ouvir e de entender estrelas."
BILAC, Olavo. Soneto XIII. Via Láctea. Antologia poética. Porto Alegre: L&PM, 2012 (L&PM Pocket, 3 ed.).