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Antonella

estudos gerais09/03/2024

Velhas cartas “Você nunca saberá o bem que sua carta...

Velhas cartas

“Você nunca saberá o bem que sua carta me fez...” Sinto um choque ao ler esta carta antiga que encontro em um maço de outras.

Vejo a data, e então me lembro onde estava quando a recebi. Não me lembro é do que escrevi que fez tanto bem a uma pessoa. Passo os olhos por essas linhas antigas, elas dão notícias de amigos, contam uma ou outra coisa do Rio, e tenho curiosidade de ver como ela se despedia de mim. É do jeito mais simples: “A saudade de...”

Agora folheio outras cartas de amigos e amigas; são quase todas de apenas dois ou três anos atrás. Mas, como isso está longe! [...].

As cartas mais queridas, as que eram boas ou ruins demais, eu as rasguei há muito. Não guardo um documento sequer das pessoas que mais me afligiram e mais me fizeram feliz. Ficaram apenas, dessa época, essas cartas que na ocasião tive pena de rasgar e depois não me lembrei de deitar fora. A maioria eu guardei para responder depois, e nunca o fiz. Mas também escrevi muitas cartas e nem todas tiveram resposta.

Imagino que em algum lugar do mundo há alguém que neste momento remexe, por acaso, uma gaveta qualquer, encontra uma velha carta minha, passa os olhos por curiosidade no que escrevi, hesita um instante em rasgar, e depois a devolve à gaveta com um gesto de displicência1, pensando, talvez: “é mesmo, esse sujeito onde andará? Eu nem me lembrava mais dele...”. [...]

*Vocabulário:

1displicência: tédio, desinteresse.

BRAGA, Rubem. Velhas cartas. In: Rapadura cult. Disponível em: http://rapaduracult.blogspot.com/2022/07/velhas-cartas.html. Acesso em: 28 jul. 2022. Fragmento.

Texto 2

Cartas já não adiantam mais

[...] Escrever cartas significava escrever à mão, colocar o papel de seda dentro de um envelope, fechar com cola, ir até a agência do correio mais próxima, pegar uma fila, comprar os selos e esperar uns dias até que o carteiro trouxesse as novidades.

Escrever cartas tinha um ritual. [...] gostava de escrever à noite, tomando um chá de laranja com gengibre, acompanhado de biscoitos [...]. A luz geralmente era a de abajur e eu começava sempre descrevendo a cena.

Escrevi milhões de cartas na minha vida. Milhões. Comecei ainda menino, respondendo para minha madrinha que morava na Guanabara e que todo aniversário, todo Natal, me mandava pelo correio um presente superbacana. [...]

Na juventude, escrevi cartas e mais cartas pra Teresa, o primeiro amor [...]. Não guardei uma sequer para contar história. Devia ter guardado. Não havia aquele coraçãozinho vermelho que a gente usa hoje em dia, mas eu desenhava. E com uma flecha atravessando de ponta a ponta. [...]

Escrever uma carta era como escrever um conto, um poema. As notícias misturavam-se com a literatura. Hoje, de tempos em tempos, pego uma para reler. [...]

VILLAS, Alberto. Cartas já não adiantam mais. In: Carta Capital. Disponível em: https://www.cartacapital.com.br/opiniao/cartas-ja-nao-adiantam-mais/. Acesso em: 28 jul. 2022. Fragmento.

Um elemento do Texto 2 que não está no Texto 1 é

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