Considere o poema abaixo, de Carlos Drummond de Andrade.CONFISSÃONão amei bastante meu semelhante,não catei o verme nem curei a sarna.Só proferi algumas palavras,melodiosas, tarde, ao voltar da festa.Dei sem dar e beijei sem beijo.(Cego é talvez quem esconde os olhosembaixo do catre.) E na meia-luztesouros fanam-se, os mais excelentes.Do que restou, como compor um homeme tudo que ele implica de suave,de concordâncias vegetais, murmúriosde riso, entrega, amor e piedade?Não amei bastante sequer a mim mesmo,contudo próximo. Não amei ninguém.Salvo aquele pássaro – vinha azul e doido –que se esfacelou na asa do avião.Com base neste poema, é correto afirmar que o eu-lírico
a) declara que proferiu alguns poemas depois de ter tentado diminuir o sofrimento do semelhante.
b) declara que procurou tesouros desaparecidos apesar da cegueira provocada pela sombra do catre.
c) se pergunta como admirar um homem, se ele se esconde sob concordâncias vegetais e murmúrios de riso.
d) se pergunta sobre murmúrios de riso, entrega e piedade, os quais esconderiam a mulher amada.
e) declara que não amou a si mesmo nem a ninguém, a não ser o pássaro que colidiu contra a asa do avião.