SatéliteFim de tarde.No céu plúmbeoA Lua baçaPairaMuito cosmograficamenteSatélite.Desmetaforizada,Desmitificada,Despojada do velho segredo de melancolia,Não é agora o golfão de cismas,O astro dos loucos e dos enamorados,Mas tão somenteSatélite.Ah Lua deste fim de tarde,Demissionária de atribuições românticas,Sem show para as disponibilidades sentimentais!Fatigado de mais-valia,gosto de ti, assim:Coisa em si,– Satélite.Manuel Bandeira Sobre o poema de Bandeira, só NÃO é correto afirmar que
a) produz efeitos de sentido a partir da mudança súbita de registro estilístico.
b) opera intertextualmente com poemas anteriores ao Modernismo.
c) se recusa a abrir espaço à expressão dos sentimentos do eu lírico.
d) situa o eu lírico em termos espaciais e temporais em relação ao motivo poético (a Lua).
e) a expressão “mais-valia”, oriunda da esfera da análise econômica, pode remeter, nele, também à pletora de significação que incide sobre a Lua.