Caminhando contra o vento
Sem lenço e sem documento
No sol de quase dezembro
Eu vou…
O sol se reparte em crimes
Espaçonaves, guerrilhas
Em cardinales bonitas
Eu vou…
Em caras de presidentes
Em grandes beijos de amor
Em dentes, pernas, bandeiras
Bomba e Brigitte Bardot…
O sol nas bancas de revista
Me enche de alegria e preguiça
Quem lê tanta notícia
Eu vou…
Por entre fotos e nomes
Os olhos cheios de cores
O peito cheio de amores vãos
Eu vou
Por que não, por que não…
Ela pensa em casamento
E eu nunca mais fui à escola
Sem lenço e sem documento,
Eu vou…
Eu tomo uma coca-cola
Ela pensa em casamento
E uma canção me consola
Eu vou…
Por entre fotos e nomes
Sem livros e sem fuzil
Sem fome, sem telefone
No coração do Brasil…
Ela nem sabe até pensei
Em cantar na televisão
O sol é tão bonito
Eu vou…
Sem lenço, sem documento
Nada no bolso ou nas mãos
Eu quero seguir vivendo, amor
Eu vou…
Por que não, por que não…
Por que não, por que não…
Por que não, por que não…
Por que não, por que não…
Disponível em: https://analisedeletras.com.br/caetano-veloso/alegria-alegria/. Acesso em: 27 ago. 2020.
-
A canção que você acabou de ler e ouvir foi lançada em 1967, durante o período de ditadura no Brasil. Retire do texto um trecho que comprove a crítica feita pelo autor com relação a este período.
-
Na primeira estrofe, o autor utiliza a metáfora “Caminhando contra o vento/sem lenço e sem documento”. Com suas palavras, o que ele quis dizer? Explique.
-
Assim como as músicas lançadas durante o Tropicalismo, muitas outras canções brasileiras foram escritas e cantadas com o intuito de fazer críticas aos diversos problemas sociais do Brasil: à política, à economia, ao desemprego, entre outros. Pesquise a letra de outra música de sua preferência e compartilhe a letra abaixo. Depois, justifique por quais razões fez tal escolha, explicando com suas palavras.