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Português06/25/2024

Catar feijão Catar feijão se limita com escrever: Joga...

Catar feijão

Catar feijão se limita com escrever:

Jogam-se os grãos na água do alguidar

E as palavras na folha de papel;

e depois, joga-se fora o que boiar.

Certo, toda palavra boiará no papel,

água congelada, por chumbo seu verbo;

pois catar esse feijão, soprar nele,

e jogar fora o leve e oco, palha e eco.

Ora, nesse catar feijão entra um risco,

o de que, entre os grãos pesados, entre

um grão imastigável, de quebrar dente.

Certo não, quando ao catar palavras:

a pedra dá à frase seu grão mais vivo:

obstrui a leitura fluviante, flutual,

açula a atenção, isca-a com risco.

MELO NETO, João Cabral de. A educação pela pedra e outros poemas. Rio de Janeiro: Alfaguara, 2008. 

A poesia é marcada pela recriação de objetos por meio da linguagem figurada, sem necessariamente explicá-los. Nesse fragmento da poesia de João Cabral de Melo Neto, o eu lírico

compara o ato de escrever com a ação de catar feijão, a partir de uma perspectiva antilírica.

faz uma analogia entre o ato de escrever e jogar uma pedra no feijão.

apresenta uma visão lírica e subjetiva sobre o fazer poético, já que o feijão é a metáfora da poesia.

considera o ato de escrever algo cotidiano e emotivo, assim como cozinhar.

eleva o grão de feijão e a pedra a níveis etéreos, tornando o poema hermético.

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