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Maria
Leia o poema “A canção do africano”, de Castro Alves. A c...
Leia o poema “A canção do africano”, de Castro Alves.
A canção do africano
Lá na úmida senzala,
Sentado na estreita sala,
Junto o braseiro, no chão,
Entoa o escravo o seu canto,
E ao cantar correm-lhe em pranto
Saudades do seu torrão...
De um lado, uma negra escrava
Os olhos no filho crava,
Que tem no colo a embalar...
E à meia voz lá responde
Ao canto, e o filhinho esconde,
Talvez, pr'a não o escutar!
“Minha terra é lá bem longe,
Das bandas de onde o sol vem;
Esta terra é mais bonita,
Mas à outra eu quero bem!
“O sol faz lá tudo em fogo,
Faz em brasa toda a areia;
Ninguém sabe como é belo
Ver de tarde a papa-ceia!
“Aquelas terras tão grandes,
Tão compridas como o mar,
Com suas poucas palmeiras
Dão vontade de pensar...
“Lá todos vivem felizes,
Todos dançam no terreiro;
A gente lá não se vende
Como aqui, só por dinheiro.”
O escravo calou a fala,
Porque na úmida sala
O fogo estava a apagar;
E a escrava acabou seu canto,
P'ra não acordar com o pranto
O seu filhinho a sonhar!
O escravo então foi deitar-se,
Pois tinha de levantar-se
Bem antes do sol nascer,
E se tardasse, coitado,
Teria de ser surrado,
Pois bastava escravo ser.
E a cativa desgraçada
Deita seu filho, calada,
E põe-se triste a beijá-lo,
Talvez temendo que o dono
Não viesse, em meio do sono,
De seus braços arrancá-lo!
ALVES, Castro. A canção do africano. Disponível em: https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/5738134/mod_resource/content/1/gama%2C%20mata%20e%20alves.pdf. Acesso em: 5 mar. 2024.
Agora, escolha a alternativa que aponte corretamente o tema principal do poema.
A) O canto africano no Brasil.
B) A cultura de pessoas afro-brasileiras.
C) A saudade que pessoas que viajam para outros lugares sentem de sua terra natal.
D) O africano escravizado e exilado da sua terra natal.
E) Nenhuma das anteriores.
Obrigatória
Nota:
1
Leia um trecho do poema “O navio negreiro”, de Castro Alves, que foi um poeta da terceira geração do Romantismo.
O navio negreiro
Senhor Deus dos desgraçados!
Dizei-me vós, Senhor Deus!
Se é loucura... se é verdade
Tanto horror perante os céus?!
Ó mar, por que não apagas
Co'a esponja de tuas vagas
De teu manto este borrão?...
Astros! noites! tempestades!
Rolai das imensidades!
Varrei os mares, tufão!
Quem são estes desgraçados
Que não encontram em vós
Mais que o rir calmo da turba
Que excita a fúria do algoz?
Quem são? Se a estrela se cala,
Se a vaga à pressa resvala
Como um cúmplice fugaz,
Perante a noite confusa...
Dize-o tu, severa Musa,
Musa libérrima, audaz!...
São os filhos do deserto,
Onde a terra esposa a luz.
Onde vive em campo aberto
A tribo dos homens nus...
São os guerreiros ousados
Que com os tigres mosqueados
Combatem na solidão.
Ontem simples, fortes, bravos.
Hoje míseros escravos,
Sem luz, sem ar, sem razão. . .
São mulheres desgraçadas,
Como Agar o foi também.
Que sedentas, alquebradas,
De longe... bem longe vêm...
Trazendo com tíbios passos,
Filhos e algemas nos braços,
N'alma — lágrimas e fel...
Como Agar sofrendo tanto,
Que nem o leite de pranto
Têm que dar para Ismael.
(...)
RIGONATTO, Mariana. Exercícios sobre a terceira geração do Romantismo. Exercícios Mundo Educação. Disponível em: https://exercicios.mundoeducacao.uol.com.br/exercicios-literatura/exercicios-sobre-terceira-geracao-romantismo.htm.
Analise as alternativas abaixo e marque as que forem verdadeiras em relação ao poema.
A) O eu lírico expressa um sentimento de revolta em relação à escravidão e ao tráfico de seres humanos.
B) Há uma crítica ao comportamento submisso dos escravizados.
C) Castro Alves foi um poeta que se destacou por meio da denúncia social, expressa em seus poemas.
D) O poema épico “O navio negreiro” é marcado pelo pessimismo, pela revolta e pelo valor da morte, algumas características da terceira geração do Romantismo.
E) O sentimento nacionalista está presente no poema ao apresentar uma idealização do Brasil por alguém que está exilado.
Leia o poema “A canção do africano”, de Castro Alves.
A canção do africano
Lá na úmida senzala,
Sentado na estreita sala,
Junto o braseiro, no chão,
Entoa o escravo o seu canto,
E ao cantar correm-lhe em pranto
Saudades do seu torrão...
De um lado, uma negra escrava
Os olhos no filho crava,
Que tem no colo a embalar...
E à meia voz lá responde
Ao canto, e o filhinho esconde,
Talvez, pr'a não o escutar!
“Minha terra é lá bem longe,
Das bandas de onde o sol vem;
Esta terra é mais bonita,
Mas à outra eu quero bem!
“O sol faz lá tudo em fogo,
Faz em brasa toda a areia;
Ninguém sabe como é belo
Ver de tarde a papa-ceia!
“Aquelas terras tão grandes,
Tão compridas como o mar,
Com suas poucas palmeiras
Dão vontade de pensar...
“Lá todos vivem felizes,
Todos dançam no terreiro;
A gente lá não se vende
Como aqui, só por dinheiro.”
O escravo calou a fala,
Porque na úmida sala
O fogo estava a apagar;
E a escrava acabou seu canto,
P'ra não acordar com o pranto
O seu filhinho a sonhar!
O escravo então foi deitar-se,
Pois tinha de levantar-se
Bem antes do sol nascer,
E se tardasse, coitado,
Teria de ser surrado,
Pois bastava escravo ser.
E a cativa desgraçada
Deita seu filho, calada,
E põe-se triste a beijá-lo,
Talvez temendo que o dono
Não viesse, em meio do sono,
De seus braços arrancá-lo!
ALVES, Castro. A canção do africano. Disponível em: https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/5738134/mod_resource/content/1/gama%2C%20mata%20e%20alves.pdf. Acesso em: 5 mar. 2024.
Agora, escolha a alternativa que aponte corretamente o tema principal do poema.
A) O canto africano no Brasil. B) A cultura de pessoas afro-brasileiras. C) A saudade que pessoas que viajam para outros lugares sentem de sua terra natal. D) O africano escravizado e exilado da sua terra natal. E) Nenhuma das anteriores. Obrigatória
Nota: 1 Leia um trecho do poema “O navio negreiro”, de Castro Alves, que foi um poeta da terceira geração do Romantismo.
O navio negreiro
Senhor Deus dos desgraçados!
Dizei-me vós, Senhor Deus!
Se é loucura... se é verdade
Tanto horror perante os céus?!
Ó mar, por que não apagas
Co'a esponja de tuas vagas
De teu manto este borrão?...
Astros! noites! tempestades!
Rolai das imensidades!
Varrei os mares, tufão!
Quem são estes desgraçados
Que não encontram em vós
Mais que o rir calmo da turba
Que excita a fúria do algoz?
Quem são? Se a estrela se cala,
Se a vaga à pressa resvala
Como um cúmplice fugaz,
Perante a noite confusa...
Dize-o tu, severa Musa,
Musa libérrima, audaz!...
São os filhos do deserto,
Onde a terra esposa a luz.
Onde vive em campo aberto
A tribo dos homens nus...
São os guerreiros ousados
Que com os tigres mosqueados
Combatem na solidão.
Ontem simples, fortes, bravos.
Hoje míseros escravos,
Sem luz, sem ar, sem razão. . .
São mulheres desgraçadas,
Como Agar o foi também.
Que sedentas, alquebradas,
De longe... bem longe vêm...
Trazendo com tíbios passos,
Filhos e algemas nos braços,
N'alma — lágrimas e fel...
Como Agar sofrendo tanto,
Que nem o leite de pranto
Têm que dar para Ismael.
(...)
RIGONATTO, Mariana. Exercícios sobre a terceira geração do Romantismo. Exercícios Mundo Educação. Disponível em: https://exercicios.mundoeducacao.uol.com.br/exercicios-literatura/exercicios-sobre-terceira-geracao-romantismo.htm.
Analise as alternativas abaixo e marque as que forem verdadeiras em relação ao poema.
A) O eu lírico expressa um sentimento de revolta em relação à escravidão e ao tráfico de seres humanos. B) Há uma crítica ao comportamento submisso dos escravizados. C) Castro Alves foi um poeta que se destacou por meio da denúncia social, expressa em seus poemas. D) O poema épico “O navio negreiro” é marcado pelo pessimismo, pela revolta e pelo valor da morte, algumas características da terceira geração do Romantismo. E) O sentimento nacionalista está presente no poema ao apresentar uma idealização do Brasil por alguém que está exilado.