Poema de sete faces
Quando eu nasci, um anjo torto
Disse: "Vai, Carlos, ser gauche na vida."
As coisas que eu vejo, não são as coisas que eu sinto.
Meu Deus, como é triste saber que o mundo é assim!
E o que eu faço? O que eu digo?
A vida é um grande convívio com o vazio.
Anjo torto e intercessor.
Corta o cordão umbilical, que eu não quero mais chorar.
Eu não sei se a vida é um sonho ou uma realidade.
Mas eu sei que a vida é um grande espelho.
E eu sou o reflexo do mundo.
Como eu gostaria de ser diferente, mas eu sou eu.
E o que é o eu, senão um instante de eternidade?
E o que é o mundo, senão um grande quadro em movimento?
O que eu faço? O que eu digo?
Eu sou um poema em prosa, um verso sem rima.
E o que eu quero? Eu quero viver.
Mas viver é tão difícil, tão complicado.
E eu sou apenas um homem, um poeta, um sonhador.
E o que é um homem, senão um ser que busca sentido?
E eu busco sentido no amor, na vida, na dor.
E o que eu encontro? Eu encontro o vazio.
E o que é o vazio, senão a ausência do tudo?
E eu sou o eu, e eu sou o vazio.
E o que eu faço? O que eu digo? Eu sou um poema de sete faces.