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Arquitetura e Urbanismo ·

Sustentabilidade e Desenvolvimento

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ENSINO A DISTÂNCIA ARQUITETURA SUSTENTÁVEL E EFICIÊNCIA ENERGÉTICA Copyright 2021 by Editora Faculdade Avantis Direitos de publicação reservados à Editora Faculdade Avantis e ao Centro Universitário Avantis UNIAVAN Av Marginal Leste 3600 Bloco 1 88339125 Balneário Camboriú SC editoraavantisedubr Depósito legal na Biblioteca Nacional conforme Lei nº 10994 de 14 de dezembro de 2010 Nenhuma parte pode ser reproduzida transmitida ou duplicada sem o consentimento da Editora por escrito O Código Penal brasileiro determina no art 184 dos crimes contra a propriedade intelectual Editoração Patrícia Fernandes Fraga Tayane Medeiros dOliveira Projeto gráfico e diagramação Ana Lúcia Dal Pizzol PLANO DE ESTUDOS A disciplina de Arquitetura Sustentável e Eficiência Energética trata dos assuntos pertinentes ao projeto sustentável e energeticamente eficiente do ponto de vista teórico assim como a aplicação destes conceitos na prática de projeto em uma área ambientalmente sensível Desta forma ao avançar na teoria também vão sendo desenvolvidas as etapas de projeto É importante ressaltar que o foco do projeto é ser sustentável e eficiente energeticamente além de possuir qualidade arquitetônica e respeitar a legislação e as demais condicionantes de projeto o que é premissa de qualquer projeto arquitetônico Na Unidade 1 veremos alguns conceitos importantes relativos aos temas tratados neste caderno assim como o processo de projeto visando à sustentabilidade Tratase de como realizar um estudo de caso visando os projetos sustentáveis e eficientes Na Unidade 2 será abordado o levantamento de dados com o foco no processo de projeto sustentável percebendo as condicionantes ambientais e legais como importantes premissas de projeto Além disso estudaremos o programa de necessidades e fluxograma relacionado à temática do projeto de baixo ambiental para turismo Na Unidade 3 faremos um panorama geral sobre as estratégias passivas técnicas construtivas e materiais a serem aplicados no projeto buscando sempre a análise crítica para a aplicação adequada das técnicas Por fim na última unidade teremos um panorama mundial da evolução e a preocupação com a sustentabilidade além da matriz energética mundial e brasileira cujos dados são instrumentos de gestão estratégica para o governo Neste estudo vamos nos deter à aplicação da energia solar na arquitetura sendo apresentados alguns selos de sustentabilidade responsabilidade social e critérios para sustentabilidade bem como a legislação sobre a gestão de resíduos dentro do canteiro de obras O PAPEL DA DISCIPLINA PARA A FORMAÇÃO DO ACADÊMICO Em Arquitetura Sustentável e Eficiência Energética o educando deverá compreender as questões que informam as ações de preservação da paisagem e de avaliação dos impactos no meio ambiente com vistas ao equilíbrio ecológico e ao desenvolvimento sustentável A disciplina visa também desenvolver as habilidades necessárias para conceber projetos de arquitetura urbanismo e paisagismo e para realizar construções considerando os fatores de custo de durabilidade de manutenção e de especificações além dos regulamentos legais de modo a satisfazer as exigências culturais econômicas estéticas técnicas ambientais e de acessibilidade dos usuários O desenvolvimento do projeto deve se basear no entendimento das condições climáticas acústicas lumínicas e energéticas e o domínio das técnicas apropriadas a elas associadas Este estudo pretende incorporar um pouco da teoria da arquitetura sustentável eficiência energética e do seu impacto ambiental com a prática do projeto arquitetônico a fim de que o aluno possa embasar e ter os recursos necessários para desenvolver os temas que permeiam um projeto de baixo impacto ambiental em uma área ambientalmente sensível Propõese ao longo do percurso deste caderno não só conhecer os assuntos desta temática como pesquisar e aprofundar sobre os mesmos sempre que se fizer necessário refletindo a respeito da forma de construção e os caminhos que desejamos para o futuro já que é um assunto intrínseco à sustentabilidade O futuro está sendo construído agora por isso cabe a nós a responsabilidade de com a profissão de arquitetos e urbanistas aplicar nossos conhecimentos em busca de um futuro mais sustentável para as próximas gerações sendo justamente estes os caminhos que a presente disciplina pretende apontar Lembrando que são caminhos e não respostas prontas haja vista que as respostas neste tema estão sempre mudando e é necessário acompanhar também o desenvolvimento da tecnologia em busca desses objetivos Portanto os conceitos aqui desenvolvidos deverão ir além da academia e dos projetos em áreas ambientalmente sensíveis sendo aplicados com a devida reflexão e análise crítica em todos os projetos quando se fizerem adequados a fim de se desenvolver uma maior consciência social sobre o assunto não só no sentido acadêmica mas na prática cotidiana do projeto arquitetônico PROGRAMA DA DISCIPLINA EMENTA Energia e sustentabilidade Introdução à engenharia da energia Planejamento energético voltado ao desenvolvimento sustentável indicadores técnicos de sustentabilidade segundo uso e ocupação do solo estratégias passivas materiais construtivos responsabilidade socioambiental e seus impactos Tecnologia energética matriz energética no mundo e brasileira o planejamento das cidades segundo fontes convencionais e alternativas Posturas profissionais em projetos sustentáveis OBJETIVO GERAL DA DISCIPLINA Desenvolver a prática de projetos arquitetônicos em áreas sensíveis ambientalmente refletindo sobre o compromisso profissional dos arquitetos e urbanistas em contribuir com o planejamento arquitetônico sob a ótica da sustentabilidade PROFESSOR APRESENTAÇÃO DA AUTORA GABRIELA HANNA TONDO Arquiteta e Urbanista graduada pela Universidade Federal de Santa Catarina UFSC e mestra em Engenharia Civil com foco em sustentabilidade pela Universidade do Estado de Santa Catarina UDESC Trabalha como docente no Ensino Superior nos cursos de Arquitetura e Urbanismo e Design Também atua em projetos de design de interiores arquitetônicos e consultoria na área de desempenho de edificações Participa da diretoria do núcleo de Joinville do Instituto de Arquitetos do Brasil Atualmente é conselheira suplemente do Conselho de Arquitetura e Urbanismo de Santa Catarina Lattes httplattescnpqbr4723293525360991 SUMÁRIO UNIDADE 1 INTRODUÇÃO À ARQUITETURA SUSTENTÁVEL 13 OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM 14 INTRODUÇÃO À UNIDADE 14 11 INTRODUÇÃO À ENERGIA E À SUSTENTABILIDADE 15 12 PROCESSO DE PROJETO ECOLÓGICO 19 13 ARQUITETURA SUSTENTÁVEL X ARQUITETURA ECOLÓGICA 22 14 ANÁLISE DE PROJETOS 24 141 Caminhos 25 142 Marcos 26 143 Forma 27 144 Princípios de Ordem 31 145 Estrutura 34 146 Circulação 35 147 Iluminação Natural e Ventilação 36 148 Sistemas Ecológicos 37 PARA SINTETIZAR 39 GLOSSÁRIO 40 EXERCÍCIOS DE APRENDIZAGEM 41 REFERÊNCIAS 44 UNIDADE 2 LEVANTAMENTO DE DADOS 45 OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM 46 INTRODUÇÃO À UNIDADE 46 21 PROJETO DE BAIXO IMPACTO AMBIENTAL 47 22 EVA ESTUDO DE VIABILIDADE AMBIENTAL 47 23 PONTO DE EXPERIÊNCIA AO TURISTA 60 231 Tipos de Hospedagem 61 232 Categorias de Hospedagem 63 24 TERRENO E ZONAS COSTEIRAS 64 25 PROGRAMA DE NECESSIDADES 66 PARA SINTETIZAR 71 GLOSSÁRIO 72 EXERCÍCIOS DE APRENDIZAGEM 73 REFERÊNCIAS 76 UNIDADE 3 ESTUDO PRELIMINAR 79 OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM 80 INTRODUÇÃO À UNIDADE 80 31 ESTRATÉGIAS PASSIVAS 81 32 MATERIAIS E TÉCNICAS CONSTRUTIVAS 91 33 ESTUDO PRELIMINAR 102 PARA SINTETIZAR 104 GLOSSÁRIO 105 EXERCÍCIOS DE APRENDIZAGEM 107 REFERÊNCIAS 110 UNIDADE 4 ANTEPROJETO 111 OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM 112 INTRODUÇÃO À UNIDADE 112 41 CONTEXTO HISTÓRICO 113 42 FONTES DE ENERGIA 117 43 MATRIZ ENERGÉTICA BRASILEIRA 125 431 Matriz Energética Brasileira 2030 127 44 ENERGIA SOLAR 128 45 POSTURAS PROFISSIONAIS EM PROJETOS SUSTENTÁVEIS 136 46 GESTÃO DE RESÍDUOS NA CONSTRUÇÃO CIVIL 139 47 ANTEPROJETO 143 PARA SINTETIZAR 144 GLOSSÁRIO 145 EXERCÍCIOS DE APRENDIZAGEM 146 REFERÊNCIAS 149 1 UNIDADE INTRODUÇÃO À ARQUITETURA SUSTENTÁVEL 14 ARQUITETURA SUSTENTÁVEL E EFICIÊNCIA ENERGÉTICA OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM Conhecimento e compreensão de conceitos importantes para o projeto sustentável Entender o processo de projeto sustentável Pesquisar e analisar projetos sustentáveis de referência INTRODUÇÃO À UNIDADE Nesta primeira unidade do caderno de Arquitetura Sustentável e Eficiência Energética inicialmente pergunto a você O que é Sustentabilidade E o que é Eficiência Energética Ouvimos muito falar sobre essas temáticas e importantes elas nos parecem porém muitas vezes o tema é tangenciado e não se tem clareza do que realmente significa dentro do contexto de um projeto sustentável e energeticamente eficiente Para sanar tais dificuldades na Unidade 1 sintamse convidados a entender os principais conceitos refletir sobre o assunto e analisar projetos arquitetônicos que seguem esta linha de pensamento 15 ARQUITETURA SUSTENTÁVEL E EFICIÊNCIA ENERGÉTICA 11 INTRODUÇÃO À ENERGIA E À SUSTENTABILIDADE O que é energia A energia se refere ao potencial inato para executar trabalho ou realizar uma ação Energia pode designar as reações de uma determinada condição de trabalho como por exemplo o calor trabalho mecânico movimento ou luz graças ao trabalho realizado por uma máquina motor caldeira refrigerador lâmpada vento Pizzatto Pizzatto 2013 Diante dessas definições podemos concluir que energia é a força necessária para realizar uma ação um trabalho Contextualizando para nossa realidade arquitetônica energia pode ser a força necessária para construir uma edificação e para fazêla funcionar de modo adequado de maneira que o homem consiga realizar confortavelmente as suas atividades diárias tais como comer trabalhar tomar banho aquecerse resfriarse e etc Desde a préhistória utilizamos a energia seja em forma de fogueira fogão a lenha moinhos ou energia elétrica energia fotovoltaica Figura 1 energia eólica etc Figura 1 Energia fotovoltaica Fonte Shutterstock 2021 16 ARQUITETURA SUSTENTÁVEL E EFICIÊNCIA ENERGÉTICA Então conceituase a Eficiência Energética como a otimização aproveitamento com menor desperdício que podemos fazer no consumo de energia Antes de se transformar em calor frio movimento ou luz a energia sofre um percurso mais ou menos longo de transformação durante o qual uma parte é desperdiçada e a outra que chega ao consumidor nem sempre é devidamente aproveitada A eficiência energética pressupõe a implementação de estratégias e medidas para combater o desperdício de energia ao longo do processo de transformação desde que a energia é transformada e mais tarde quando é utilizada Ministério do Meio Ambiente 2021 Perceba que fabricar energia não é e nunca foi um processo simples e barato Independentemente do tipo de energia produzido sempre há custos envolvidos na produção desde os financeiros até custos ou impactos ambientais ou até mesmo impactos sociais No Brasil boa parte da energia elétrica utilizada é de matriz hidrológica falaremos mais sobre isso nas próximas unidades ou seja vem das hidrelétricas Figura 2 Embora ela seja sendo considerada uma fonte limpa você já pensou no custo financeiro ambiental e social de se construir uma hidrelétrica Qual é o custo de se alargar toda uma região deslocar pessoas de suas casas matar árvores e animais para que se possa desfrutar com mais conforto de um arcondicionado ou de um banho quente Claro que é muito importante necessário e fundamental podermos contar com energia elétrica na sociedade atual mas surge a pergunta não é melhor e mais barato economizarmos energia ou utilizarmos a energia de forma mais eficiente e consciente do que precisar produzir cada vez mais energia Existem diversas formas de otimizar o uso de energia de produzir uma energia mais limpa sem tantos custos ambientais e sociais É possível construirmos edificações que consumam menos energia ao longo da sua vida útil e com isso contribuam para a sustentabilidade econômica social e ambiental do planeta sendo o entendimento de como fazer isso e como aplicar nos projetos que abordaremos nesta disciplina 17 ARQUITETURA SUSTENTÁVEL E EFICIÊNCIA ENERGÉTICA Figura 2 Hidrelétrica Fonte Shutterstock 2021 Esses são alguns questionamentos para que você comece a pensar sobre o assunto e sobre a forma como construídos e vivemos atualmente Por fim gostaria de perguntar você sabe o que é impacto ambiental Indiretamente este conceito foi descrito no parágrafo anterior Impacto ambiental é qualquer alteração no meio ambiente em um ou mais de seus componentes provocada por uma ação humana MOREIRA 1992 Ou seja o efeito sobre o ecossistema de uma ação induzida pelo homem WESTMAN1985 em um parâmetro ambiental em um determinado período e em determinada área a qual resulta de uma dada atividade comparada com a situação que ocorreria se esta atividade não tivesse sido iniciada WATHERN 1988 A NBR ISO 140001 2004 trata impacto ambiental como qualquer modificação do meio ambiente adversa ou benéfica que resulte no todo ou em parte das atividades produtos ou serviços de uma organização A partir das definições acima você pode estar se perguntando Mas nós arquitetos sempre geramos impacto ambiental porque estamos sempre construindo não temos como fazer um projeto que não gere impacto ambiental Nossa atividade em si sempre resultará em um determinado impacto ambiental e o que nós podemos fazer são construções de baixo impacto ambiental e de qualidade arquitetônica sendo nosso 18 ARQUITETURA SUSTENTÁVEL E EFICIÊNCIA ENERGÉTICA dever ético enquanto arquitetos e urbanistas Se eu estou derrubando árvores mexendo em um ecossistema eu preciso no mínimo certificarme de que vou devolver à sociedade a melhor construção possível a qual atenda às suas necessidades com o mínimo de impacto na natureza certo Aprender estudar e melhorar nossas técnicas de projeto e nossas técnicas construtivas faz parte do nosso dever enquanto arquitetos para a sociedade Por fim precisamos discutir um último conceito que é a sustentabilidade Figura 3 A Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento 1988 define sustentabilidade como a capacidade de atender às necessidades do presente sem comprometer a possibilidade de gerações futuras satisfazerem suas próprias necessidades Este é o conceito mais famoso sobre o assunto mas perceba que a sustentabilidade perpassa as edificações eficientes e de baixo impacto Assim ser sustentável é mais abrangente do que ser ecológico ou verde pois aborda os impactos de longo prazo do ambiente construído para as futuras gerações e exige o exame das relações entre a ecologia a economia e o bemestar social KWOK GRONDZIK 2013 Figura 3 Sustentabilidade Fonte Shutterstock 2021 Ser sustentável varia de acordo com o contexto em que se vive haja vista que um material ou uma técnica construtiva é sustentável em uma região mas pode não ser em outra considerando todo o transporte do material ou a importação de mão de obra talvez a construção já não seja mais tão sustentável assim Existe um mercado que muitas vezes maquia a sustentabilidade mais preocupado em parecer sustentável do que realmente em ser sustentável Por isso precisamos tornar as nossas construções 19 ARQUITETURA SUSTENTÁVEL E EFICIÊNCIA ENERGÉTICA Ecologicamente corretas Economicamente viáveis Socialmente justas Culturalmente aceitas Por fim o que é um projeto ecológico O projeto é uma busca multifacetada sendo ao mesmo tempo cultural técnico formal e programático A ênfase em uma ou outra faceta afeta o resultado desta busca e de sua expressão resultante na arquitetura O foco no desempenho ambiental exige a busca de um maior conjunto de questões exigindo que o arquiteto seja um misto de naturalista cientista dos materiais e da forma KWOK GRONDZIK 2013 SUGESTÃO DE LEITURA Sobre as edificações sustentáveis seu marketing e como reconhecer se a edi ficação é realmente sustentável leia a reportagem no link httpswwwarchdaily combrbr788819edificioscobertoscomarvoressaorealmentetaoecologicoscomopreten demser 12 PROCESSO DE PROJETO ECOLÓGICO Iniciaremos o estudo no processo do projeto ecológico Você perceberá que o processo é muito semelhante aos demais projetos que foram feitos em outras disciplinas com o acréscimo e uma preocupação um pouco maior em alguns itens Ao longo desta disciplina mesclaremos partes teóricas sobre projetos sustentáveis e eficiência energética com partes práticas de aplicação projetual o que é o nosso objetivo final desenvolver um projeto sustentável e energeticamente eficiente Focaremos em 20 ARQUITETURA SUSTENTÁVEL E EFICIÊNCIA ENERGÉTICA estratégias passivas e no correto uso dos materiais Desta forma buscaremos mesclar as diferentes vertentes para que você possa obter um resultado satisfatório ao final da disciplina Também é importante aprofundar o conteúdo aqui abordado e que os seus estudos continuem ao longo da sua vida profissional Dentro das etapas de projeto arquitetônico temos como primeira etapa o levantamento de dados contendo o levantamento e o conhecimento in loco da área com registros fotográficos o levantamento das características funcionais atividades que a edificação abrigará fluxos de pessoas veículos e materiais instalações e equipamentos básicos Além disso o levantamento de dados inclui análises do terreno perto e longe identificar as restrições e problemas e encontrar os recursos naturais disponíveis e existentes explicaremos melhor cada uma dessas etapas ao longo do caderno O levantamento de dados abrange ainda a análise e seleção de referenciais arquitetônicos assim como a análise de projetos arquitetônicos existentes etapa que compreenderemos ainda nesta unidade Dentro do processo de projeto é importante definirmos alguns itens O conceito de projeto O conceito é a linha mestra A intenção elaborada e lógica geométrica concebida demonstrada através de croquis sistemáticos pelo método de tentativa e erro Essa é uma parte fundamental do projeto a qual define uma boa parcela da qualidade arquitetônica assim como o diferencial e a identidade daquela arquitetura ou o próprio traço do arquiteto Também é importante definir uma intenção clara de projeto A intenção é a definição das expectativas de desempenho da edificação bem como das estratégias e tecnologias pretendidas É fundamental ainda que se estabeleçam critérios ou seja padrões utilizados para testar julgamentos e decisões que devem ser rigorosos para cumprirem com a intenção do projeto Por exemplo se a minha intenção de projeto é que a edificação seja mais eficiente energeticamente qual é o meu critério para garantir que estou atingindo meu objetivo Além dos critérios é necessária uma validação ou seja retroalimentar os critérios adotados Questionar submeter à aprovação e se necessário modificar Por fim deve se elencar prioridades dentro do projeto ordenando as intenções e garantindo que uma estratégia não negue outra O projeto é uma estrutura complexa sendo importante definir sempre o que deve ser priorizado e o que pode eventualmente ser sacrificado ao observar itens os quais poderão interferir uns nos outros 21 ARQUITETURA SUSTENTÁVEL E EFICIÊNCIA ENERGÉTICA No processo de projeto ecológico é preciso ter atenção especial em alguns outros itens como a iluminação natural e a insolação determinando níveis apropriados com as funções e espaços para um bom conforto lumínico e eficiência energética Outro item a que se deve estar atento é a utilização de estratégias passivas procurando tirar proveito dos recursos naturais e do clima existente Priorizamse os ciclos de retroalimentação por meio de desenhos e diagramas que representam os fenômenos naturais Durante o processo de projeto a organização dos sistemas da edificação aliada ao programa de necessidades e à forma deve favorecer o fluxo dos fenômenos naturais ou seja a arquitetura como um todo tira partido dos recursos naturais disponíveis buscando um baixo impacto ecológico social e econômico Projetar espaços de transição como varandas auxilia na transição entre o clima externo e a edificação Todas estas estratégias funcionam em conjunto com a estrutura da edificação e vedações que devem seguir as intenções e critérios adotados no projeto buscando a sustentabilidade Dentro do processo de projeto é importante definir um conceito de projeto Para Silva 1991 o conceito situase em um plano abstrato podendo admitir várias soluções espaciais e formais viáveis que devem ser testadas quanto às suas qualidades formais construtivas ou funcionais para a definição do melhor partido Então o que seria o partido de projeto De acordo com o mesmo autor o partido resulta das condicionantes leis insolação ventilação topografia entorno etc critérios programa de necessidades e preferencias dos usuários e qualidades geradoras da síntese não devendo violar as ideias conceituais assumidas pelo arquiteto SAIBA MAIS Um tema importante e que gera muitas dúvidas é a parte de Conceito e Partido de projeto Assim recomendo a leitura deste texto que auxilia a ter uma melhor compreensão sobre o assunto Acesse httpswwwvivadecoracombrproestudantepartidoarquitetonico 22 ARQUITETURA SUSTENTÁVEL E EFICIÊNCIA ENERGÉTICA Por fim chegamos à etapa de anteprojeto na qual verificaremos se o partido está sendo eficaz se ele está de fato funcionando tecnicamente ou se precisamos voltar uma etapa e fazer os ajustes necessários A etapa de anteprojeto é muito importante nos projetos sustentáveis pois é nela que desenvolvemos tecnicamente as estratégias e sistemas que propusemos na fase do estudo preliminar Assim é preciso propor uma estratégia viável pois viabilizar tecnicamente o projeto é tão importante quanto pensar criativamente na estratégia O desenvolvimento e validação do partido justificam as estratégias e os sistemas adotados na edificação 13 ARQUITETURA SUSTENTÁVEL X ARQUITETURA ECOLÓGICA Os conceitos de arquitetura sustentável e arquitetura ecológica não necessariamente são sinônimos por isso é importante entendermos as diferenças entre estes dois tipos de projetos para que possamos empregálos da melhor forma tirando partido do que há de melhor em cada um A arquitetura ecológica busca integrar a edificação com a natureza procurando causar o menor impacto possível ao meio ambiente Para tal a arquitetura ecológica utiliza estratégias passivas assunto que você tem visto nas disciplinas de conforto e que relembraremos nas próximas unidades Alguns exemplos de estratégias passivas Iluminação e ventilação natural Jardins verticais Telhados verdes Reaproveitamento de água da chuva etc Além disso a Arquitetura Ecológica busca materiais e técnicas de construção locais e naturais como a terra o bambu tijolo ecológico madeira entre outros Já a Arquitetura Sustentável Figura 4 é um pouco mais complexa e envolve a sustentabilidade não somente ambiental mas também a social e a econômica Assim além de a construção ser ecologicamente correta ela deve promover o desenvolvimento social e cultural sendo economicamente viável 23 ARQUITETURA SUSTENTÁVEL E EFICIÊNCIA ENERGÉTICA Figura 4 Arquitetura Sustentável Fonte Shutterstock 2021 Produzir uma arquitetura sustentável significa pensar em uma construção ecológica com as mesmas premissas anteriores aliandose essas estratégias a outras tecnologias produzidas em escala industrial como por exemplo placas fotovoltaicas para a produção de energia elétrica limpa Devese levar em conta também o conforto e a saúde dos usuários o ciclo de vida da edificação e dos materiais o que inclui o processo de fabricação dos materiais seu transporte sua vida útil e descarte No caso da edificação devese considerar seu processo construtivo sua manutenção sua vida útil e a produção de resíduos e poluição que ocorre durante todo este ciclo Uma edificação pode ter um processo construtivo ecológico mas exigir muita manutenção e energia durante o seu uso Assim é preciso observar a qualidade e a durabilidade dos materiais e do uso da edificação Desta forma conforme Rangel 2015 uma edificação ecológica pode ser sustentável e uma edificação sustentável pode ser ecológica mas não necessariamente Uma construção ecológica pode não ser sustentável quando por exemplo apesar de não agredir o meio ambiente o edifício tiver um ciclo de vida curto ou a necessidade constante de manutenção que torne o uso financeiramente inviável ou até quando não forem cumpridos os direitos dos trabalhadores Os conceitos são parecidos e para alguns pode ser uma premissa para uma boa 24 ARQUITETURA SUSTENTÁVEL E EFICIÊNCIA ENERGÉTICA arquitetura ou seja todas as boas arquiteturas devem ser ecológicas e sustentáveis Enfim certamente esses são dois alvos a se buscar embora dificilmente tenhamos uma construção 100 ecológica ou sustentável No entanto é importante dentro do contexto em que se está inserido buscar o que pode ser feito para minimizar os impactos desta construção pois sempre há algo em que possamos melhorar e contribuir para ter um meio ambiente e uma comunidade melhores SUGESTÃO DE VÍDEO Assista ao vídeo sobre como iniciar um projeto mais sustentável e a dica de site que pode ajudar durante todo o seu processo de projeto httpswwwyoutu becomwatchv8b1TXapPIFQ 14 ANÁLISE DE PROJETOS Como parte do seu estudo e aprendizado é importante pesquisar projetos de referência sobre o assunto e analisálos sendo esta etapa chamada de estudo de caso Tratase da análise detalhada de uma obra arquitetônica O estudo de caso auxilia os alunos de arquitetura a entenderem vários aspectos que devem ser considerados na hora de projetar Esta atividade também contribui para a formação do estilo do futuro arquiteto afinal nada melhor do que o observar o trabalho de grandes profissionais para inspirarse Todo profissional da área deve saber reconhecer um trabalho bem ou mal feito Analisar uma obra não é complicado e pode ajudálo a se tornar uma pessoa mais criativa Além disso a atividade traz conhecimento sobre os vários tipos de obras ampliando a visão sobre os projetos arquitetônicos Faremos nesta disciplina uma análise gráfica cujo objetivo é revelar os aspectos 25 ARQUITETURA SUSTENTÁVEL E EFICIÊNCIA ENERGÉTICA fundamentais de uma edificação A representação gráfica deve ser acompanhada da síntese e conclusão acerca da intenção objetivo do autor do projeto Esta análise será baseada em três autores 1 Lynch identifica os elementos que as pessoas utilizam para estruturar a imagem da cidade os quais podem ser agrupados em cinco grandes tipos caminhos limites bairros pontos nodais e marcos 2 Ching propõe o estudo das partes constituintes da arquitetura e suas configurações de forma espaço e organização independentemente da ideia do projeto Conhecer e compreender o alfabeto antes que possamos formar palavras e desenvolver um vocabulário 3 Clark e Pause consideram que a ideia está contida no próprio edifício e pode ser apreendida com os instrumentos da análise gráfica e nada mais Este é um argumento que coloca a análise gráfica em uma situação de autonomia disciplinar Na exemplificação que segue adotaremos a análise formal segundo a metodologia de Lynch 1960 no que tange caminhos limites e marcos Ching 2013 no que se refere à forma ao espaço e à organização sendo complementada pelo método de Clark e Pause 2004 quanto às noções de estrutura iluminação e ventilação Dentro do projeto você deve reconhecer e analisar cada um destes itens de acordo com a explicação dos próximos subitens 141 Caminhos São canais ao longo dos quais o observador costumeiramente ocasionalmente ou potencialmente se move Podem ser ruas calçadas linhas de trânsito canais estradas de ferro LYNCH 1960 p 47 Para Saboya 2008 os caminhos são considerados como os principais elementos estruturadores da percepção ambiental para a maioria das pessoas Pelo fato de as 26 ARQUITETURA SUSTENTÁVEL E EFICIÊNCIA ENERGÉTICA pessoas perceberem a cidade enquanto se deslocam pelos caminhos estes não apenas estruturam a sua experiência mas também estruturam os outros elementos da imagem da cidade 142 Marcos Saboya 2008 aponta os marcos como elementos pontuais nos quais o observador não entra Eles podem ser torres domos edifícios esculturas etc Sua principal característica é a singularidade algum aspecto que é único ou memorável no contexto Figura 5 Isso pode ser alcançado de duas maneiras sendo visto a partir de muitos lugares ou estabelecendo um contraste local com os elementos mais próximos Figura 5 Torre Eiffel marco na paisagem Fonte Shutterstock 2021 27 ARQUITETURA SUSTENTÁVEL E EFICIÊNCIA ENERGÉTICA 143 Forma A análise formal será feita conforme Ching 2013 Nesta análise devem ser reconhecidas as figuras primárias os sólidos e dentro deles as transformações adições subtrações e intersecções Você precisa observar ainda como são as organizações espaciais se são centralizadas lineares radiais aglomeradas ou em malha assim como os elementos verticais e horizontais que definem o projeto Na análise de linhas verticais deve ser observado se há elementos retilíneos verticais como colunas Figura 6 torres obeliscos etc já nas linhas horizontais observamos a presença de lajes em balanço grandes beirais ou brises ou ainda podemos perceber se há um contraponto entre os elementos verticais e horizontais Figura 6 Colunas exemplo de elementos verticais dentro do projeto Fonte Shutterstock 2021 Após a percepção das retas notamse os volumes e como eles se apresentam Ching 2013 expõe quatro tipos de relações entre espaços dentro da composição arquitetônica 28 ARQUITETURA SUSTENTÁVEL E EFICIÊNCIA ENERGÉTICA Intersecções representam um espaço dentro de outro espaço Figura 7 Figura 7 Ópera de Sydney exemplo de espaços dentro de outros espaços Fonte Shutterstock 2021 Adições são espaços que se somam Figura 8 Figura 8 Exemplo de espaços adjacentes Fonte Shutterstock 2021 29 ARQUITETURA SUSTENTÁVEL E EFICIÊNCIA ENERGÉTICA Subtrações são espaços negativos na forma Transformações são volumes que se modificam Além dos volumes explica Ching 2013 que temos as formas de organização dentro do espaço Organização Centralizada um espaço dominante ao redor do qual uma série de espaços secundários é agrupada Figura 9 Figura 9 Exemplo de composição centralizada Fonte Shutterstock 2021 30 ARQUITETURA SUSTENTÁVEL E EFICIÊNCIA ENERGÉTICA Organização Linear uma sequência linear de espaços repetitivos Organização Radial um espaço central a partir do qual organizações lineares de espaço se estendem de maneira radial Figura 10 Figura 10 Composição radial Fonte Shutterstock 2021 31 ARQUITETURA SUSTENTÁVEL E EFICIÊNCIA ENERGÉTICA Organização Aglomerada espaços agrupados pela proximidade ou pelo fato de compartilharem uma característica ou relação visual Figura 11 Figura 11 Composição aglomerada Fonte Shutterstock 2021 Organização em Malha espaços organizados dentro do campo de uma malha estrutural ou outra moldura tridimensional 144 Princípios de Ordem Ching 2013 também apresenta alguns princípios de ordem os quais regem as composições arquitetônicas Procure esses princípios dentro do projeto que você está analisando e avalie por que foram usados se foi uma questão do terreno do programa de necessidades uma opção estética etc e qual sensação cada um dos princípios transmite dentro do projeto 32 ARQUITETURA SUSTENTÁVEL E EFICIÊNCIA ENERGÉTICA Eixo uma reta estabelecida por dois pontos no espaço em relação à qual é possível dispor formas e espaços de uma maneira simétrica ou equilibrada Simetria a distribuição e disposição equilibrada de formas e espaços equivalentes em lados opostos de uma linha ou plano divisor ou em relação a um centro ou eixo Figura 12 Figura 12 Composição simétrica Fonte Shutterstock 2021 Hierarquia a articulação da importância ou do significado de uma forma do espaço através de seu tamanho formato ou localização relativamente a outras formas e espaços da organização Ritmo um movimento unificador caracterizado por uma repetição Figura 13 ou alternação padronizada de elementos ou motivos formais da mesma forma ou em uma forma modificada 33 ARQUITETURA SUSTENTÁVEL E EFICIÊNCIA ENERGÉTICA Figura 13 Ritmo pela repetição dos elementos verticais na parede e na cobertura Fonte Shutterstock 2021 Dado uma reta um plano ou volume que por sua continuidade e regularidade servem para reunir medir e organizar o padrão de formas e espaços Transformação o princípio de que um conceito uma estrutura ou organização arquitetônicos podem ser alterados através de uma série de manipulações e permutações distintas em resposta a um contexto ou conjunto de condições específicos sem a perda da identidade ou do conceito 34 ARQUITETURA SUSTENTÁVEL E EFICIÊNCIA ENERGÉTICA 145 Estrutura Clark e Pause 2004 percebem a estrutura como sinônimo de apoio a qual pode ser composta por pilares paredes ou a combinação de ambos A estrutura pode expressar o conceito de projeto e ela também pode e deve ser no caso do projeto que desenvolveremos sustentável A estrutura faz parte da espacialidade arquitetônica Figura 14 podendo criar modulações definir espaços articular circulações entre outros Figura 14 Estrutura em Wood Framing Fonte Shutterstock 2021 35 ARQUITETURA SUSTENTÁVEL E EFICIÊNCIA ENERGÉTICA 146 Circulação Ching 2013 analisa ainda os elementos de circulação de uma obra arquitetônica os quais possibilitam nosso movimento através do espaço podendo ser classificados em Acesso o que vemos de forma distante Entrada o que ocorre de fora para dentro Configuração da via a sequência de espaços dentro da via Relações viaespaço são as bordas pontos centrais e terminações da via Forma do espaço de circulação estes são elementos mais fáceis de identificar como corredores salões galerias escadas rampas e salas Figura 15 Figura 15 Circulação Fonte Fonte Shutterstock 2021 36 ARQUITETURA SUSTENTÁVEL E EFICIÊNCIA ENERGÉTICA 147 Iluminação Natural e Ventilação Para Clark e Pause 2004 a iluminação é o que confere acabamento e forma à arquitetura É por meio da iluminação que vemos a arquitetura os materiais as cores as texturas que fazem parte da forma e conceito arquitetônico Assim a quantidade e a qualidade da luz influem diretamente na forma de perceber e fruir da arquitetura também transmitindo uma intenção formal Já a ventilação natural Figura 16 contribui diretamente para níveis de conforto térmico e influi no uso de dispositivos artificiais para refrigeração ou aquecimento o que impactará no desempenho térmico da edificação Figura 16 Iluminação natural Fonte Shutterstock 2021 37 ARQUITETURA SUSTENTÁVEL E EFICIÊNCIA ENERGÉTICA 148 Sistemas Ecológicos Nesta seção pode ser pontuado tudo o que contribui para a sustentabilidade da edificação todos os sistemas materiais estratégias passivas etc Aqui podemos identificar como ocorre a refrigeração e o aquecimento da edificação de onde provém a energia Figura 17 como são feitos o reaproveitamento e a economia de água e como é realizado o tratamento do esgoto quais materiais são utilizados nas paredes e na cobertura que garantem um melhor desempenho da envoltória Figura 17 Sistema fotovoltaico Fonte Shutterstock 2021 38 ARQUITETURA SUSTENTÁVEL E EFICIÊNCIA ENERGÉTICA NA PRÁTICA Para esta atividade escolha um projeto arquitetônico sustentável eou eco lógico com relevância nacional ou internacional e faça uma análise conforme explicado acima 1 Introdução 2 Caminhos 3 Marcos 4 Forma 5 Estrutura 6 Circulação 7 Princípios de Ordem 8 Iluminação Natural e Ventilação 9 Sistema ecológicos 10 Observações finais No início faça uma breve introdução e contextualização da obra Ao final do estudo faça uma con clusão sobre a obra destacando seus pontos positivos e negativos Aqui também vale dizer de que forma ela contribuiu para a sociedade para a arquitetura ou até mesmo para os moradores do local SAIBA MAIS Observe e estude alguns projetos interessantes que podem ser utilizados como estudo de caso para a atividade acima httpswwwarchdailycombrbr759046mirantedogaviaoamazonlodgeatelieroreilly httpswwwarchdailycombrbr771918hotelawasipatagoniafelipeassadiplusfrancisca pulido httpswwwarchdailycom199347endemicoresguardosilvestregraciastudio httpswwwarchdailycombrbr0155129tubohotelt3arc httpswwwarchdailycombrbr806398ccasahosteltakarchitects httpswwwarchdailycombrbr786442microcabanascoloradooutwardbounduniversi tyofcoloradodenver 39 ARQUITETURA SUSTENTÁVEL E EFICIÊNCIA ENERGÉTICA PARA SINTETIZAR Na Unidade 2 aprendemos alguns conceitos fundamentais sobre os projetos sustentáveis ecológicos e sobre eficiência energética Esta unidade foi uma introdução para todas as etapas e para todo o conteúdo que será desenvolvido nas demais unidades Por isso compreender esses conceitos fará com que você busque informações de forma mais eficaz e consiga desenvolver melhor o projeto proposto ao longo do caderno Na próxima unidade serão aprofundados e revisados alguns outros conceitos além de continuarmos o desenvolvimento das etapas do projeto arquitetônico 40 ARQUITETURA SUSTENTÁVEL E EFICIÊNCIA ENERGÉTICA GLOSSÁRIO Desempenho Térmico performance térmica da edificação não necessariamente envolve energia elétrica O desempenho térmico diz respeito às estratégias passivas materiais e outros Energia Eólica energia elétrica proveniente do vento Energia Fotovoltaica energia elétrica gerada pelo sol por meio de placas fotovoltaicas que podem ser incorporadas na construção Envoltória é o fechamento da edificação composto pelas paredes e pela cobertura Estratégias Passivas utilizamse de recursos naturais do clima como a iluminação e a ventilação natural para aumentar o conforto ambiental e diminuir o consumo de energia elétrica Matriz hidrológica parte dos recursos energéticos advindos de hidrelétricas Vedações fechamento da edificação como paredes vidros portas etc 41 ARQUITETURA SUSTENTÁVEL E EFICIÊNCIA ENERGÉTICA EXERCÍCIOS DE APRENDIZAGEM 01 O conceito de desenvolvimento sustentável surgiu mais claramente em 1987 elaborado pela Comissão Mundial de Meio Ambiente a partir da necessidade de discutir os modelos de desenvolvimento e sua repercussão na utilização dos recursos naturais com a publicação do relatório Nosso Futuro Comum ONU 1987 o qual define que desenvolvimento sustentável é o desenvolvimento que encontra as necessidades atuais sem comprometer a habilidade das futuras gerações de atender suas próprias necessidades Tratase na verdade de um conceito amplo mas que considera que no mínimo o desenvolvimento sustentável não deve pôr em risco os sistemas naturais que sustentam a vida na Terra a atmosfera as águas os solos e os seres vivos BARBOSA Gisele S O desafio do desenvolvimento sustentável Volume 4 Rio de Janeiro Revista Visões 2008 Sobre sustentabilidade avalie as afirmativas a seguir I Inserirse no contexto de equidade ecológica econômica social e cultural é um bom caminho para atender às necessidades do presente e das futuras gerações II O ser humano deve se enxergar no topo da pirâmide como sendo o único ser capaz de resolver todas as questões ambientais e garantir as necessidades das gerações futuras III Sustentabilidade é ser ecologicamente correto economicamente viável socialmente justo e culturalmente aceito IV A sustentabilidade é pautada única e exclusivamente em responsabilidade social Está correto APENAS o que se afirma em a II b II e IV c I e III d I e IV e IV 42 ARQUITETURA SUSTENTÁVEL E EFICIÊNCIA ENERGÉTICA 02 Segundo NBR ISO 140011996 a relação entre aspecto ambiental e o impacto ambiental é uma relação de causa e efeito Um aspecto ambiental se refere a um elemento da atividade produto ou serviço da organização que podem ter um impacto benéfico ou adverso sobre o ambiente enquanto o impacto ambiental se define como I Alteração da qualidade ambiental que resulta da modificação de processos naturais ou sociais provocada por ação humana II Impactos exclusivamente negativos decorrentes da ação humana III Superioridade dianteira primazia e lucro IV Qualquer modificação do meio ambiente adversa ou benéfica que resulte no todo ou em parte das atividades produtos ou serviços de uma organização É correto APENAS o que se afirma em a I e II b I II e III c I e IV d I II e IV e II III e IV 03 Dentre os sistemas sustentáveis aplicáveis no desenvolvimento de projetos arquitetônicos podemos citar aquecimento solar de água painéis fotovoltaicos energia eólica sistemas de tratamento de efluentes biodigestores compostagem sistemas de captação de água da chuva e economizadores de água Considerando o parágrafo acima avalie as seguintes asserções e a relação 1 Embora a utilização da maior parte dos sistemas sustentáveis seja um bom caminho para o desenvolvimento de projetos sustentáveis apenas a sua utilização não garantirá a excelência do projeto PORQUE 2 Técnicas projetuais que visam à adequação do projeto às características do 43 ARQUITETURA SUSTENTÁVEL E EFICIÊNCIA ENERGÉTICA terreno do entorno a utilização de estratégias passivas características construtivas referentes à durabilidade manutenção origem e reciclagem dos materiais utilizados na edificação assim como a identificação da relação do projeto com a sociedade direta ou indiretamente afetada são essencialmente importantes para a efetividade de um projeto sustentável A respeito das asserções assinale a opção correta a As asserções 1 e 2 são proposições verdadeiras mas a 2 não é uma justificativa correta da 1 b As asserções 1 e 2 são proposições verdadeiras e a 2 é uma justificativa correta da 1 c A asserção 1 é uma proposição verdadeira e a 2 é uma proposição falsa d A asserção 1 é uma proposição falsa e a 2 é uma proposição verdadeira e As asserções 1 e 2 são proposições falsas 44 ARQUITETURA SUSTENTÁVEL E EFICIÊNCIA ENERGÉTICA REFERÊNCIAS ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS NBR ISO 14001 2004 Sistemas da Gestão Ambiental Requisitos com orientações para uso Rio de Janeiro ABNT 2004 CHING F D K Arquitetura forma espaço e ordem São Paulo Martins Fontes 2013 CLARK R H PAUSE M Precedents in Architecture Analytic Diagrams Formative Ideas and Partis 3ª ed New York Wiley 2004 COMISSÃO MUNDIAL SOBRE MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO CMMAD Nosso futuro comum Rio de Janeiro Fundação Getúlio Vargas 1988 LYNCH Kevin The image of the city Cambridge The MIT Press 1960 KWOK Alison G GRONDZIK Walter T Manual de Arquitetura Ecológica Porto Alegre Ed Bookman 2013 MOREIRA Iara Avaliação de impactos ambientais no Brasil antecedentes situação atual e perspectivas futuras In Manual de avaliação de impactos ambientais Curitiba SUHREMAGTZ 1992 PIZZATTO Luciano PIZZATTO Raquel Dicionário Socioambiental Brasileiro São Paulo Ed Base 2013 RANGEL Juliana Arquitetura ecológica x Arquitetura sustentável SustetArqui 2015 Disponível em httpssustentarquicombrarquiteturaecologicaxarquitetura sustentavel Acesso em 14 de setembro de 2021 SABOYA Renato Kevin Lynch e a imagem da cidade Urbanidades 2008 Disponível em httpsurbanidadesarqbr20080314kevinlyncheaimagemdacidade Acesso em 14 de setembro de 2021 SILVA E Uma introdução ao projeto arquitetônico Porto Alegre Editora da UFRGS 1991 FERREIRA Liege C Slides Disciplina de Arquitetura Sustentável e Eficiência Energética 20202 Uniavan 2020 Wathern Peter Environmental Impact Assessment Theory and Practice Routledge 1988 WESTMAN W E Ecology Impact Assessment and Environmental Planning New York Wiley 1985 Disponível em httpwwwmmagovbr Acesso em 29 de setembro de 2021 UNIDADE 2 LEVANTAMENTO DE DADOS 46 ARQUITETURA SUSTENTÁVEL E EFICIÊNCIA ENERGÉTICA OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM Desenvolver a prática de projetar em áreas sensíveis ambientalmente utilizandose de estratégias ecológicas que visem ao desenvolvimento sustentável Compreender a área do projeto identificando as potencialidades e fragilidades da área assim como das condicionantes naturais do terreno Identificar e refletir sobre a importância do reconhecimento das condicionantes naturais como elemento determinante para as estratégias projetuais Identificar e aplicar a legislação pertinente às áreas de preservação permanente no terreno em estudo buscando o reconhecimento de áreas passíveis de ocupação para desenvolvimento de projetos arquitetônicos INTRODUÇÃO À UNIDADE Na Unidade 2 iniciaremos o nosso projeto de fato pois conheceremos nosso terreno levantaremos as informações pertinentes ao projeto tanto em relação à localização e ao clima quanto ao programa de necessidades enfim tudo o que for pertinente antes de iniciar o nosso projeto de fato faremos nesta unidade O levantamento de dados é um aspecto determinante para um projeto bem sucedido haja vista que sem conhecer o local e a legislação pertinente fica impossível propor um projeto coerente Assim é necessário pesquisar bem todas as variáveis analisar os dados e fazer uma boa etapa de preparação do projeto Além de ter todos os dados para iniciar o projeto o próprio levantamento nos dá pistas de como lançar o projeto e como implantar a edificação Também podemos tirar nosso partido de projeto do levantamento de dados por exemplo projetar de tal forma que valorize a vista que crie uma conexão aproveite a ventilação ou barre a insolação Ou seja o projeto inicia pelo levantamento 47 ARQUITETURA SUSTENTÁVEL E EFICIÊNCIA ENERGÉTICA Nesta unidade estudaremos os itens necessários para iniciar um projeto de baixo impacto ambiental e como fazer um estudo de viabilidade ambiental A temática do projeto que é o ponto de experiência ao turista e por fim veremos como fazer o programa de necessidades fluxograma e o lançamento das intenções de projeto 21 PROJETO DE BAIXO IMPACTO AMBIENTAL Quando se inicia um projeto de arquitetura focado em sustentabilidade e eficiência energética o primeiro ponto e um dos mais importantes é o levantamento inicial de dados A partir dele é possível entender o clima a topografia e o contexto natural e social em que o terreno está inserido para que se desenvolva um projeto de baixo impacto ambiental Como saberemos que estratégias usar e como as aplicar se não compreendermos o clima a topografia a hidrografia e as áreas de preservação ambiental Desta forma é importante dentro do projeto compreender as restrições do local da legislação e do próprio programa de necessidades As restrições são fatores internos e externos associados ao escopo do projeto que limitam as opções da equipe de gerenciamento A partir dessas restrições ou condicionantes assumemse algumas premissas de projeto ou seja algumas ideias iniciais a partir das quais se desenvolve o projeto São essas condicionantes que aprenderemos a levantar e analisar na Unidade 2 a fim de que na Unidade 3 possamos iniciar o desenvolvimento do estudo preliminar do projeto 22 EVA ESTUDO DE VIABILIDADE AMBIENTAL Para o levantamento de dados trabalharemos nesta disciplina com um Estudo de Viabilidade Ambiental EVA o qual é realizado antes de iniciar a implantação de 48 ARQUITETURA SUSTENTÁVEL E EFICIÊNCIA ENERGÉTICA um empreendimento Ele faz parte de todo processo de licenciamento ambiental e pode ser solicitado pelo órgão ambiental como fase preliminar do EIA Estudo de Impacto Ambiental Rima Relatório de Impacto Ambiental de empreendimentos potencialmente poluidores O EVA possui como objetivo apresentar analisar e definir as melhores alternativas para a locação de um empreendimento selecionando as alternativas que melhor atendem às expectativas econômicas do empresário e legais proporcionando a preservação do meio ambiente Esse estudo deve fornecer todas as informações para que o EIA e o RIMA possam estabelecer as conclusões da viabilidade do empreendimento com mapas cartas quadros gráficos e todas as técnicas de comunicação visual para que seja possível entender as vantagens e desvantagens do projeto assim como todas as consequências ambientais de sua implantação Dentro do EVA primeiramente devemse levantar as APPs Áreas de Preservação Permanente dentro da Zona Urbana de acordo com o Novo Código Florestal LEI 12651 BRASIL 2012 Esta lei estará disponível no seu material complementar mas colocaremos de forma resumida os pontos principais que caracterizam as áreas de APP e suas restrições dentro da área urbana Quando temos um córrego ou rio próximo ao terreno é necessário prezar pela APP que é um recuo de 30 metros 50 metros ou 100 metros para cada lado da borda do rio sendo que nesta área não pode haver construções Assim é necessário marcar o recuo do rio dentro do terreno Figura 18 No caso de nascentes a área de preservação permanente compreende um raio de 50 metros do ponto central dada sua importância e fragilidade No caso dos lagos devese preservar uma faixa de 30 metros para cada lado 49 ARQUITETURA SUSTENTÁVEL E EFICIÊNCIA ENERGÉTICA Figura 18 Recuo de 30 m do rio Fonte RIBEIRO et al 2021 Também se configuram como APP os topos de morro as restingas e os manguezais Nos morros que possuem 100 metros ou mais de altura e inclinação média maior que 25 o último terço do morro será considerado APP Quando o morro apresentar uma declividade de 45 ou mais será 100 APP Se a inclinação for de 25 há um corte para limite de vegetação de 466 e se a inclinação for de 17 há um limite de 30 para parcelamento do solo Sobre a vegetação nas APPs devese compensar ou recompor o que for retirado A restinga quando fixadora de dunas as dunas e os manguezais também são áreas de preservação permanente Também é considerado APP quando há na região fauna ameaçada de extinção Enfim antes de iniciar o projeto é importante verificar se há uma área de APP dentro do terreno o que é válido em qualquer caso O interessante é verificar antes da compra do terreno pois dependendo do uso que se pretende para o terreno ele poderá ser incompatível inviabilizando o empreendimento 50 ARQUITETURA SUSTENTÁVEL E EFICIÊNCIA ENERGÉTICA SAIBA MAIS Para entender melhor sobre as áreas de preservação permanente recomen dase ler o novo Código Florestal Brasileiro Lei nº 12651 BRASIL 2012 que possui a legislação na íntegra O material está disponível como leitura complementar Outro aspecto fundamental do EVA é o ecológico A Fauna animais e a Flora vegetação da região podem fazer parte ou inspirar o partido de projeto O levantamento da flora existente ou da área pode orientar que espécies se adaptem melhor ao projeto O plantio reposição e manutenção das espécies nativas contribuem para a redução de esforços de manutenção e conservação da flora Além disso reduzem a demanda de água pois espécies nativas da região são mais adaptadas às condições pluviais locais e promovem a biodiversidade A economia de água é saudável tanto para o meio ambiente quanto para o bolso do proprietário A vegetação nativa da região visa à valorização e contribuição para conservação e manutenção dos ecossistemas locais fauna e flora Por fim o uso da vegetação diminui o efeito das ilhas de calor decorrentes especialmente de áreas urbanas altamente impermeabilizadas Esse aspecto é importante de forma especial nas APPs e áreas ambientalmente frágeis nas quais é ainda mais necessária a manutenção e a reposição da flora local Depois dos aspectos legais e ecológicos um dos aspectos mais importantes para os projetos sustentáveis é o estudo do clima da região o que inclui o estudo da orientação solar e dos ventos Além disso é sempre importante levantar fatores como umidade relativa chuvas e temperaturas durante o ano São esses dados que nos dão pistas para compreender quais estratégias bioclimáticas e que materiais devem ser aplicados para a edificação atingir um desempenho melhor Você consegue entender que uma edificação no deserto do Saara terá características diferentes de uma edificação no Polo Norte Não necessariamente os mesmos materiais e a mesma forma arquitetônica funcionarão bem em todos os lugares Tais variações ocorrem devido ao clima por isso a necessidade de levantálas Claro em um local que você já convive e mora muitas vezes ocorrerá de forma intuitiva e se repetirá nos diferentes projetos No entanto conforme a forma arquitetônica o projeto vai performar diferente em termos térmicos acústicos lumínicos e de eficiência energética 51 ARQUITETURA SUSTENTÁVEL E EFICIÊNCIA ENERGÉTICA No caso da Figura 19 clima de Indaial notase uma queda de temperatura de maio a setembro com uma época do ano mais quente e outra mais fria Observase que na época mais fria há um desconforto por frio o que acaba levando à necessidade de utilizar estratégias para desconforto por frio para um melhor desempenho da edificação Figura 19 Gráfico de temperaturas de Indaial Santa Catarina Fonte MME GOV 2021 e INMET 2016 Dentro dos aspectos climáticos destacase a ventilação Não somente por ser umas das principais estratégias para o nosso clima mas também pelas variações que ela apresenta em cada terreno Entender a direção do vento no terreno de acordo com o contexto é fundamental para um melhor aproveitamento da mesma e da correta locação das aberturas no projeto Assim para aproveitar em temperaturas quentes e úmidas ou barrar a ventilação temperaturas mais frias é necessário saber por onde sopram os ventos e em que época do ano ou do dia eles acontecem Por exemplo se temos o vento sul como predominante no inverno e no verão o vento nordeste em um clima que é quente no verão e frio no inverno devemos projetar aproveitando a ventilação nordeste e barrando a ventilação sul Na Figura 20 observamos a rosa dos ventos de Indaial A rosa dos ventos é uma forma gráfica muito comum para mostrar a ventilação de uma determinada região A rosa dos ventos pode ser anual como neste caso apresentado pode ser dividida em estações do ano visto que os ventos podem mudar de direção frequência ou 52 ARQUITETURA SUSTENTÁVEL E EFICIÊNCIA ENERGÉTICA velocidade no verão no inverno etc ou pode ser dividida em dia e noite pois os ventos também são diferentes no período do dia e da noite Qual rosa dos ventos utilizar depende dos seus objetivos de projeto e da disponibilidade de dados encontrada já que nem sempre é fácil obter dados confiáveis Figura 20 Rosa dos ventos de Indaial Santa Catarina Fonte MME GOV 2021 e INMET 2016 Você sabe ler uma rosa dos ventos Há variações na sua representação mas de forma geral ela mostra a direção do vento norte sul leste oeste nordeste noroeste e etc A rosa dos ventos também apresenta a frequência dos ventos no nosso caso sendo representada pelo tamanho da pétala as pétalas maiores são os ventos mais importantes e frequentes Por fim é representada a velocidade do vento por cores conforme a legenda na Figura 20 Note que os ventos possuem de forma geral uma velocidade mais baixa o que é benéfico nos casos dos projetos de arquitetura haja vista que velocidade de vento muito alta não é compatível com atividades internas nas edificações 53 ARQUITETURA SUSTENTÁVEL E EFICIÊNCIA ENERGÉTICA ATENÇÃO Há uma dificuldade em conseguir dados de ventilação e também uma grande divergência de acordo com a fonte que é consultada Desta forma recomendase utilizar o seguinte artigo para dados de ventilação na região de Balneário Camboriú Estudo da caracterização da direção predominante dos ventos no litoral de Santa Catarina SILVEIRA ALVES MURARA 2014 Não se esqueça de que a ventilação sofrerá influência do entorno ou seja da topografia do mar das edificações vizinhas etc Assim estude a ventilação dentro do contexto do terreno e do seu entorno Outro ponto fundamental para iniciar o desenvolvimento da proposta do projeto sustentável é o estudo da geometria solar ou orientação solar O estudo inicia pela carta solar identificando os períodos de insolação conforme a orientação época do ano e horário Figura 21 Este estudo deve ser colocado dentro da orientação e contexto do terreno Figura 22 Na Figura 22 há uma máscara de sombra na qual as partes em preto representam o sombreamento Há também uma carta solar conectada com as temperaturas sendo em verde onde se deseja insolação temperaturas mais baixas e em vermelho onde se deseja sombrear temperaturas mais altas e as cores intermediárias representam as temperaturas intermediárias Percebemos que as épocas do ano em que o sol é desejável encontramse sem sombreamento no entanto é interessante sombrear alguns horários quentes em vermelho e laranja 54 ARQUITETURA SUSTENTÁVEL E EFICIÊNCIA ENERGÉTICA Figura 21 Carta Solar de Balneário Camboriú Fonte SOLAR 2021 Figura 22 Máscara de sombra do terreno e carta solar com as temperaturas Fonte LINHARES et al 2021 55 ARQUITETURA SUSTENTÁVEL E EFICIÊNCIA ENERGÉTICA A partir do estudo da orientação dentro do terreno e das influências do entorno podem ser identificadas as soluções mais adequadas ao projeto Para tal estudo utilizam se a carta solar e ferramentas computacionais como auxílio É interessante modelar o 3D do entorno para perceber o impacto deste dentro da insolação do terreno Na Figura 23 temos o exemplo de um estudo de insolação dentro do lançamento de projeto considerando não só a edificação mas todo o entorno Nesta etapa de levantamento de dados podese considerar somente o entorno Figura 23 Estudo de insolação de projeto no solstício de inverno às 9 horas da manhã em Balneário Camboriú Fonte LINHARES et al 2021 NA PRÁTICA A ferramenta para simulação de insolação pode ser aquela com que você tenha mais afinidade Programas como SketchUp e Revit apresentam esta possi bilidade integrada ao software Uma possível ferramenta para o estudo é httpandrewmarsh comsoftware 56 ARQUITETURA SUSTENTÁVEL E EFICIÊNCIA ENERGÉTICA Outro ponto a ser observado é a topografia tanto na influência dela no terreno quanto no entorno A topografia dentro do terreno pode levar a diferentes condicionantes no projeto e diferentes soluções de forma a minimizar a movimentação de terra ou mesmo incorporar as curvas de nível na proposta Já a topografia do entorno pode ter influência nas questões de sombreamento ventilação e umidade No caso da ventilação a topografia pode mudar as correntes de vento direcionando ou mesmo bloqueandoas o que pode gerar um aumento de umidade no terreno Por exemplo um grande morro próximo ao terreno pode fazer com que o sol se ponha antes do horário que está na carta solar bloqueando um vento importante da região gerando uma maior umidade e um aumento de temperatura no local Assim identificar a topografia do terreno influenciará tanto na solução de projeto adotada quanto na análise do clima e eventuais estratégias para corrigir uma determinada situação Por fim conforme exposto anteriormente encostas também podem ser áreas de preservação permanente então é importante estar atento a esta questão Quando se analisa a topografia de um terreno devem ser verificadas as curvas de nível de forma mais exata mas ao se analisar a topografia do entorno ou de uma região é possível utilizar um mapa mais geral como o da Figura 24 Figura 24 Mapa topográfico do bairro Praia dos Amores Fonte Topographic Map 2021 57 ARQUITETURA SUSTENTÁVEL E EFICIÊNCIA ENERGÉTICA Conhecer entender e estudar legislação é imprescindível para um projeto bem sucedido O estudo da legislação fornecerá os recuos para construção o gabarito a porcentagem do terreno que pode ser ocupada assim como o coeficiente de aproveitamento além dos usos permitidos Desta forma não há como iniciar o projeto sem estes dados Qualquer alteração nos índices pode modificar completamente a proposta Sendo assim o primeiro passo é identificar a zona em que o terreno está inserido e buscar os seus respectivos dados de uso e ocupação do solo na legislação conforme visualizamos na Figura 25 Outra forma bastante eficaz de coletar esses dados é solicitar ao município uma consulta de viabilidade para a construção civil fornecendo os dados do terreno Figura 26 e uma consulta de viabilidade ambiental verificando as condicionantes legais ambientais Na consulta de viabilidade os índices e condicionantes legais do terreno já vêm descritos Antes de iniciar qualquer projeto ou aprovação de projeto é necessário solicitar este documento 58 ARQUITETURA SUSTENTÁVEL E EFICIÊNCIA ENERGÉTICA Figura 25 Tabela de índices urbanísticos zona ZACERA de Balneário Camboriú Fonte Leis Municipais Balneário Camboriú 2021 59 ARQUITETURA SUSTENTÁVEL E EFICIÊNCIA ENERGÉTICA Figura 26 Consulta de viabilidade para construção Fonte Prefeitura de Balneário Camboriú 2021 Por fim o estudo de viabilidade ambiental também leva em conta os aspectos sociais culturais a ocupação local e o entorno sendo que cada região possui uma ocupação diferente Se observamos a região da Praia Brava para a região do centro de Balneário Camboriú veremos que apesar da proximidade há uma ocupação e um caráter bastante diferentes nas duas áreas Notase a densidade muito mais alta no centro de Balneário Camboriú do que na Praia Brava a própria tipologia das edificações e o traçado urbano 60 ARQUITETURA SUSTENTÁVEL E EFICIÊNCIA ENERGÉTICA também são diferenciados Assim fazse necessário observar aspectos no momento da proposição do projeto Como você pôde perceber até agora são diversas variáveis que influenciam no projeto dominar todas elas em conjunto não é uma tarefa fácil mas pode ser simplificada com a construção de esquemas visuais que sintetizem os dados facilitando as análises O estudo de viabilidade ambiental consiste na análise de todas as informações apresentadas neste tópico assim como o cruzamento dos dados em mapas sínteses de forma a direcionar uma proposta de projeto coerente com as condicionantes encontradas atendendo a todos os requisitos necessários Os mapas síntese do estudo de viabilidade auxiliam a entender a melhor localização do projeto assim como sua forma para aproveitar o terreno e o seu entorno de acordo com a legislação vigente 23 PONTO DE EXPERIÊNCIA AO TURISTA Como tema desta disciplina desenvolveremos um projeto com foco na experiência do turista que é bastante relevante e recorrente na região de Balneário Camboriú O turismo da região de Balneário Camboriú é uma das principais atividades econômicas e vem crescendo ano a ano Assim é necessário buscar novos produtos turísticos para os consumidores voltados para demandas específicas e visando oferecer diferentes experiências aos visitantes Diante disso a segmentação da oferta turística passa a ser importante critério no processo de elaboração de uma estratégia para desenvolver o turismo em uma localidade com vistas a atrair e agradar aos diferentes perfis de visitantes LIEGE 2020 De acordo com o Ministério do Turismo no seu ebook Marcos Conceituais http antigoturismogovbrsitesdefaultturismooministeriopublicacoesdownloads publicacoesMarcosConceituaispdf a segmentação do turismo é entendida como uma forma de organizálo A partir da oferta a segmentação define tipos de turismo cuja identidade pode ser conferida pela existência em um território de Atividades práticas e tradições agropecuária pesca esporte manifestações 61 ARQUITETURA SUSTENTÁVEL E EFICIÊNCIA ENERGÉTICA culturais manifestações de fé Aspectos e características geográficas históricas arquitetônicas urbanísticas sociais Determinados serviços e infraestrutura de saúde de educação de eventos de hospedagem de lazer Com enfoque na demanda a segmentação é definida pela identificação de certos grupos de consumidores caracterizados a partir das suas especificidades em relação a alguns fatores que determinam suas decisões preferências e motivações ou seja a partir das características e das variáveis Liege 2020 De acordo com o manual Marcos Conceituais do Ministério do Turismo p4 as definições apresentadas fundamentamse no conceito de turismo estabelecido pela Organização Mundial de Turismo OMT adotado oficialmente pelo Brasil o qual compreende as atividades que as pessoas realizam durante viagens e estadas em lugares diferentes do seu entorno habitual por um período inferior a um ano com finalidade de lazer negócios ou outras O turismo pode ser dividido em turismo social ecoturismo turismo cultural turismo de estudos e intercâmbio turismo de esportes turismo de pesca turismo náutico turismo de aventura turismo sol e praia turismo de negócios e eventos turismo rural e turismo de saúde Desta forma precisamos pensar em diferentes experiências e atividades e em formas de hospedar o turista por isso estes pontos serão trabalhados em nosso projeto 231 Tipos de Hospedagem O Sistema Brasileiro de Classificação de Hospedagem SBCLASS Cadastur p8 define por hospedagem Os empreendimentos ou estabelecimentos independentemente de sua forma de constituição destinados a prestar serviços de alojamento temporário ofertados em unidades de frequência individual e de uso exclusivo do hóspede bem como outros serviços necessários aos usuários denominados de serviços de hospedagem mediante adoção de instrumento contratual tácito ou expresso e cobrança de diária 62 ARQUITETURA SUSTENTÁVEL E EFICIÊNCIA ENERGÉTICA Em relação à hospedagem ela pode ser dividida em hotel resort hotel fazenda cama e café hotel histórico pousada flat e apart hotel Faremos uma breve definição de cada um dos tipos de hospedagem de acordo com a Cadastur 2021 para que você possa escolher em qual deles trabalhará em seu projeto Podese definir hotel como um estabelecimento com serviços de recepção alojamento temporário com ou sem alimentação ofertados em unidades individuais e de uso exclusivo dos hóspedes com cobrança de diária Os resorts são hotéis com infraestrutura de lazer e entretenimento que dispõem de serviços de estética atividades físicas recreação e convívio com a natureza no próprio empreendimento O hotel fazenda é localizado em um ambiente rural com exploração de agropecuária oferecendo entretenimento e vivência no campo Cama e café mais conhecido por seu nome em inglês Bed and Breakfast BNB é uma hospedagem em residência com no máximo três unidades habitacionais para uso turístico com serviços de café da manhã e limpeza na qual o possuidor do estabelecimento resida O hotel histórico é instalado em uma edificação histórica preservada em sua forma original ou restaurada ou ainda que tenha sido cenário de fatos históricoculturais importantes A pousada forma bastante comum de empreendimento na região tem como característica ser mais horizontal com no máximo 30 unidades habitacionais e 90 leitos Conta com serviço de recepção alimentação e alojamento temporário podendo ser em um prédio único com até três pavimentos ou em chalés ou bangalôs O flat ou apart hotel é constituído de unidades habitacionais que possuam quarto banheiro sala e cozinha equipada em edificações com administração e comercialização integradas que possua serviços de recepção limpeza e arrumação Tendo abordado de maneira sintética cada um dos tipos de hospedagem a seguir entenderemos as diferentes categorias de hospedagem SAIBA MAIS Você pode encontrar mais informações e cartilhas sobre os diferentes tipos de hospedagem no próprio site da Cadastur que fornece ebooks e a legislação específica de cada caso httpclassificacaoturismogovbrMTURclassificacaomtursite 63 ARQUITETURA SUSTENTÁVEL E EFICIÊNCIA ENERGÉTICA 232 Categorias de Hospedagem Além dos tipos de hospedagem existe uma classificação para suas categorias Assim como a maioria dos sistemas de classificação de outros países o Sistema Brasileiro de Classificação é de adesão e adoção voluntárias pelos meios de hospedagem O SBClass está fundamentado em uma série de requisitos aos quais os meios de hospedagem devem atender Os hotéis hotéis fazenda e pousadas podem ser de uma a cinco estrelas A hospedagem tipo cama e café pode ser de uma a quatro estrelas Os resorts podem ser de quatro a cinco estrelas Os hotéis históricos e flatsapart hotéis podem ser de três a cinco estrelas SAIBA MAIS Aprofunde seus conhecimentos sobre o assunto no site da Cadastur e na Car tilha de orientação básica Sistema Brasileiro de classificação de meios de hospe dagem Disponível em httpwwwclassificacaoturismogovbrMTURclassificacaomtursite downloadCartilhaactiontipo1 IMPORTANTE No código de obras geralmente só se encontra a categoria hotel você pode se basear nestas disposições para o dimensionamento do seu projeto Disponível em httpsleismunicipaiscombrcodigodeobrasbalneariocamboriusc 64 ARQUITETURA SUSTENTÁVEL E EFICIÊNCIA ENERGÉTICA 24 TERRENO E ZONAS COSTEIRAS O município de Balneário Camboriú SC situase em região litorânea e por isso está enquadrado dentro do Plano Nacional de Gerenciamento Costeiro bem como o terreno em estudo A Constituição da República Federativa do Brasil BRASIL 1988 em seu Artigo 225 4º considera a Zona Costeira um Patrimônio Nacional cuja utilização será feita na forma da lei tendo em vista a preservação do meio ambiente inclusive quanto ao uso dos recursos naturais Dentre os princípios e objetivos das zonas costeiras devese I Proteger as nascentes de todos os cursos de águas existentes tendo em vista a preservação e conservação natural da drenagem em suas formas e vazões e sua condição de fonte de água para abastecimento humano II Garantir a conservação da Mata Atlântica floresta ombrófila densa e ecossistemas associados restinga e manguezal existentes na área III Proteger a fauna silvestre IV Melhorar a qualidade de vida da população residente através da orientação e disciplina das atividades econômicas locais V Fomentar o turismo ecológico não destrutivo e a educação ambiental VI Preservar a cultura e as tradições locais Considerando todos os fatores acima e que o terreno está localizado próximo ao mar e ao rio chegou a hora de você conhecer o terreno e iniciar os seus levantamentos que estão melhor descritos na Atividade 01 O terreno que será trabalho na disciplina na realidade é a junção de dois terrenos na rua Machado de Assis em Balneário Camboriú Você deve entrar no geoprocessamento da prefeitura para ver as demais informações do terreno Figura 27 Lembrese de que dois terrenos farão parte da proposta Figura 28 Recomendase também pedir uma consulta de viabilidade na prefeitura para informações mais precisas e dados do terreno É muito importante você visitar o local e conhecer a área que será trabalhada Não esqueça de observar o entorno topografia edificações massas vegetais existentes corpos hídricos etc Observe também a legislação potencial construtivo recuos gabaritos e outros pontos importantes da legislação Perceba que nos fundos do terreno há um corpo hídrico neste caso um rio devendo ser colocado o recuo para demarcar a área de preservação permanente 65 ARQUITETURA SUSTENTÁVEL E EFICIÊNCIA ENERGÉTICA SAIBA MAIS Para coletar as informações do terreno você pode ver de forma online alguns dados do terreno na área de geoprocessamento da prefeitura de Balneário Camboriú no seguinte link httpgeobcscgovbrmunicipiosBalnearioCamboriuimobiliario Outra forma é solicitar como pessoa física ou jurídica uma consulta de viabilidade de cons trução e ambiental que gerará um documento como o da Figura 26 Figura 27 Terreno na Rua Machado de Assis Fonte Geo Mais 2021 66 ARQUITETURA SUSTENTÁVEL E EFICIÊNCIA ENERGÉTICA Figura 28 Terreno na Rua Machado de Assis Fonte RIBEIRO et al 2021 Após a realização de todos os levantamentos ver Atividade 01 chegou a hora de pensarmos no programa de necessidades e começar a lançar o projeto como veremos nos próximos itens 25 PROGRAMA DE NECESSIDADES O Programa de Necessidades é a sistematização de tudo o que será necessário em uma determinada construção Devese descrever e informar as principais necessidades espaciais ambientais funcionais formais e dimensionais de cada ambiente O pré dimensionamento é a estimativa do programa em área m2 gerais dos ambientes propostos Desta forma você pesquisará quais ambientes serão necessários para a proposição do seu projeto a função de cada ambiente as medidas áreas e como ele se conecta com os demais espaços do projeto Você poderá pesquisar em livros em projetos de 67 ARQUITETURA SUSTENTÁVEL E EFICIÊNCIA ENERGÉTICA referência similares ao que se pretende fazer em normas legislação e cartilhas os dados necessários para a construção deste programa Da pesquisa sairá um quadro setorizado com o nome dos ambientes um pré dimensionamento das áreas necessárias e uma subdivisão em áreas dentro do projeto como áreas de serviço área social área privativa área de lazer etc Não se esqueça de contabilizar uma porcentagem de 15 a 20 para a circulação conforme Figura 29 Figura 29 Terreno na Rua Machado de Assis Fonte Adaptada pelo autor a partir de Ribeiro et al 2021 Após elencar e setorizar o programa de necessidades chegou a hora de fazer um fluxograma pensando em como os espaços se relacionarão entre si Figura 30 como serão os acessos e quais áreas serão mais ou menos privativas Às vezes há certa dificuldade em fazer o fluxograma então a recomendação é você fazer o fluxograma em conjunto com o zoneamento e prélançamento na volumetria pensar em como o projeto vai funcionar no terreno e em três dimensões o que o auxiliará a desenvolver melhor a relação dos espaços 68 ARQUITETURA SUSTENTÁVEL E EFICIÊNCIA ENERGÉTICA Figura 30 Exemplo de Fluxograma Fonte MOREIRA et al 2021 Neste sentido é importante fazer croquis e mapas síntese demostrando as restrições de projeto Figura 31 o que foi levantado topografia ventilação insolação legislação etc as premissas de projeto e o que será adotado como partido de projeto e programa de necessidades resumindo isso tudo colocando suas intenções no papel por meio das quais começa a nascer o projeto os primeiros rascunhos ideias e propostas A este início de projeto chamamos de mapas conceituais Você também pode iniciar um zoneamento de espaços dentro do terreno Figura 32 69 ARQUITETURA SUSTENTÁVEL E EFICIÊNCIA ENERGÉTICA Figura 31 Mapa síntese com indicações de projeto Fonte Brandão 2020 Figura 32 Croqui de Zoneamento dos Espaços no Terreno Fonte MENDONÇA et al 2021 70 ARQUITETURA SUSTENTÁVEL E EFICIÊNCIA ENERGÉTICA PARA REFLETIR O desenho é a forma essencial de comunicação do arquiteto Além do desenho técnico e dos renders há outras formas que podem expressar ideias de projeto assertivamente como por exemplo os diagramas Eles facilitam o entendimento e simplificam o projeto podendo ser usados tanto para demonstrar uma ideia inicial de projeto quanto para explicar de forma simplificada um projeto complexo Para entender melhor e se inspirar em diferentes formas de construir diagramas você pode ler os seguintes artigos Como criar diagramas httpcomoprojetarcombrcomocriardiagramas Esquemas e diagramas 30 exemplos de como otimizar a organização análise e comu nicação de projeto httpswwwarchdailycombrbr870168esquemasediagramas 30exemplosdecomootimizaraorganizacaoanaliseecomunicacaodoprojeto 5 tipo de diagramas que podem fazer com que as pessoas entendam seu projeto mais facilmente httpcomoprojetarcombr5tiposdediagramasquepodemfazercom quepessoasentendamseuprojetomaisfacilmente NA PRÁTICA Para finalizar esta unidade faremos uma atividade com três passos 1 Referências Arquitetônicas realizar painel semântico com referências arquitetônicas fon tes relativo ao tema escolhido Colocar as referências e justificar a sua escolha e a relevân cia dela para o seu projeto 2 Programa de Necessidades elencar o programa de necessidades com os ambientes e suas macrozonas por exemplo área social área de serviço área privativa e prédimensio namento dos espaços em m² Não se esquecer de contabilizar uma porcentagem de circula ção Verificar se o programa está adequado ao terreno apresentado 3 Fluxograma colocar os espaços do programa de necessidades em forma de fluxograma Ver exemplos apresentados 71 ARQUITETURA SUSTENTÁVEL E EFICIÊNCIA ENERGÉTICA PARA SINTETIZAR Na Unidade 2 vimos alguns pontos importantes do projeto e concluímos as suas etapas de preparação Estudamos como fazer um estudo de viabilidade ambiental considerando todos os pontos importantes para o projeto em uma área ambientalmente sensível como a fauna e a flora locais as variáveis climáticas ventilação insolação topografia do terreno e do entorno legislação vigente além de questões sociais e culturais do entorno Também aprendemos sobre as Áreas de Preservação Permanente APP Lembrando que a montagem do EVA engloba a análise separadamente e em conjunto de todos estes fatores dentro do contexto do terreno e da forma como impactam no projeto e na sustentabilidade ambiental social e econômica Nesta unidade entendemos melhor a temática do projeto o espaço do turista aprofundamos nos diferentes tipos de hospedagem e na sua classificação para que possamos direcionar o programa de necessidades do projeto Por fim chegamos à etapa de pesquisa e definição do programa de necessidades e da montagem do fluxograma assim como à criação dos mapas síntese conceituais e diagramas que são importantes ferramentas de projeto Todas essas etapas são preparatórias para podermos iniciar o estudo preliminar e então aplicar estratégias e materiais adequados para as construções sustentáveis e eficientes que serão assuntos das próximas unidades 72 ARQUITETURA SUSTENTÁVEL E EFICIÊNCIA ENERGÉTICA GLOSSÁRIO Restrições ação ou efeito de restringir ou de se restringir esta medida foi tomada sem restrições Circunstância ou estado restritivo que impõe limites que se apresenta de modo condicionante Jurídico Limitação do livre exercício de um direito de uma função ou ofício imposta por uma lei ressalva Condição que restringe cláusula Restrição é sinônimo de limitação httpswwwdicio combrrestricao Acesso em 21 de outubro de 2021 Premissascritérios s são fatores associados ao escopo do projeto que para fins de planejamento são assumidos como verdadeiros reais ou certos sem necessidade de prova ou demonstração ou seja são hipóteses ou pressupostos Premissa é sinônimo de fato inicial ideia inicial princípio httpswww sinonimoscombr Acesso em 21 de outubro de 2021 Intenção vontade aquilo que uma pessoa espera que aconteça intenção de voto Propósito aquilo que se pretende fazer não sabia de suas intenções Desejo o que se almeja o que se busca sua intenção era brigar Literatura Reunião dos mecanismos usados pelo autor para compor Segunda Intenção Pensamento que uma pessoa não diz mas que motiva as suas ações aproximou se cheio de segundas intenções Intenção é sinônimo de propósito objetivo ideia httpswwwdiciocombrintencao Acesso em 21 de outubro de 2021 Ilhas de calor é um fenômeno climático urbano caracterizado pela maior temperatura das cidades em relação às áreas vizinhas como as zonas rurais Este aquecimento se dá em função da maior concentração de materiais como asfalto concreto e superfícies escurecidas que absorvem mais calor da poluição da atividade antrópica da ausência de vegetação e corpos dágua além da impermeabilização do solo httpsbrasilescolauolcombrgeografia ilhadecalorhtm Acesso em 21 de outubro de 2021 Estratégias Bioclimáticas a arquitetura bioclimática pode ser definida como uma arquitetura que traz na sua essência o clima como uma variável importante no processo projetual Através do uso de estratégias bioclimáticas é possível obter de forma natural condições de conforto para o edifício e consequentemente para seus usuários reduzindo o consumo de energia httpswwwredalycorgjournal2734273452299002html Acesso em 21 de outubro de 2021 73 ARQUITETURA SUSTENTÁVEL E EFICIÊNCIA ENERGÉTICA EXERCÍCIOS DE APRENDIZAGEM 01 O estudo de viabilidade ambiental é um serviço que oferece através da elaboração de diagnóstico ambiental dos meios físicos tais quais água superficial clima subterrâneo qualidade do ar solo geologia geomorfologia geotecnia espeleologia paleontologia biótico fauna terrestre e aquática flora e unidades de conservação e socioeconômico relacionado a demografia uso do solo saúde educação atividades de viés econômico infraestrutura viária e organização social da análise das características do empreendimento e da legislação ambiental relacionada informações precisas e importantes sobre a viabilidade ambiental da implantação de um determinado empreendimento em um determinado local Fontehttpswww primevideocomdetail0LE6JVOCYJHCGKTIFAE85QOGBQrefatvhm hom1c7d0kid21 Acesso em setembro de 2021 O Estudo de Viabilidade Ambiental EVA tornase necessário e parte integrante dos levantamentos da etapa EP Estudo Preliminar que antecede o desenvolvimento do partido arquitetônico uma vez que tem por objetivo a Delimitar as áreas mais interessantes para desenvolvimento do projeto arquitetônico de acordo com as necessidades do cliente b Identificar as áreas passíveis de ocupação segundo critérios legais e indicadores locais no intuito de desenvolver o projeto arquitetônico conforme as possibilidades reais aliadas às solicitações do cliente c Atender as necessidades do cliente mesmo que em detrimento do uso de áreas de preservação permanente d Definir as condicionantes climáticas que serão utilizadas no desenvolvimento do projeto arquitetônico e Comparar as áreas de interesse do cliente com as áreas possíveis de ocupação prevalecendo sempre a intenção do cliente independentemente das condicionantes legais 74 ARQUITETURA SUSTENTÁVEL E EFICIÊNCIA ENERGÉTICA 02 De acordo com o Novo Código Florestal brasileiro Lei 12651 sancionado em 2012 são consideradas Áreas de Preservação Permanente APPs I As faixas marginais de qualquer curso dágua natural perene e intermitente desde a borda da calha do leito regular em largura mínima de 30 metros para os cursos dágua de menos de 10 metros de largura em zonas rurais ou urbanas II Os manguezais em toda a sua extensão III O entorno das nascentes e dos olhos dágua perenes apenas em áreas rurais haja vista que em áreas urbanas as nascentes não desempenham papel ecológico IV Todas as áreas recobertas por vegetação nativa V Vegetação de restinga sobre dunas É correto APENAS o que se afirma em a I e III b I II e IV c II III e IV d III e V e I II e V 03 Dentre os diversos critérios de sustentabilidade aplicados na composição arquitetônica a utilização de vegetação nativa da região visa à valorização e contribuição para conservação e manutenção dos ecossistemas locais fauna e flora Dentre os principais benefícios da utilização da vegetação nativa podemos afirmar que I Contribui para composição estética do projeto embora não auxilie no desempenho da edificação uma vez que sua utilização não contribui para amenizar a temperatura local II Diminui o efeito das ilhas de calor decorrente especialmente de áreas urbanas altamente impermeabilizadas III Contribui para a redução de esforços de manutenção e conservação das espécies IV Reduz a demanda de água pois espécies nativas da região são mais adaptadas às condições pluviais locais e promovem a biodiversidade 75 ARQUITETURA SUSTENTÁVEL E EFICIÊNCIA ENERGÉTICA Está correto APENAS o que se afirma em a I III e IV b II e IV c II III e IV d I e IV e III e IV 76 ARQUITETURA SUSTENTÁVEL E EFICIÊNCIA ENERGÉTICA REFERÊNCIAS ANALYSIS SOLAR Disponível em httpslabeeeufscbrdownloadssoftwares analysissolar Acesso em 21 de outubro de 2021 Arquivos Climáticos INMET 2016 Labeee UFSC 2016 Disponível em http wwwlabeeeufscbrdownloadsarquivosclimaticosinmet2016 Acesso em 20 de out de 2021 Balneário Camboriú Lei Nº 2794 de 14 de Janeiro de 2008 Disciplina o Uso e a Ocupação do Solo as Atividades de Urbanização e dispõe sobre o Parcelamento do Solo no Território do Município de Balneário Camboriú Leis Municipais 2010 Disponível em httpsleismunicipaiscombrplanodezoneamentousoeocupacaodosolo balneariocamboriusc20100614versaocompilada Acesso em 21 de out de 2021 BRANDÃO Davi Coworking Ambientes que estimulem a produtividade e o bemestar Trabalho de Conclusão de Curso TCC Arquitetura e Urbanismo Centro Universitário Avantis UNIAVAN Balneário Camboriú 2020 BRASIL Constituição 1988 Lex coletânea de legislação edição federal São Paulo Saraiva 2015 BRASIL Lei nº 12651 de 25 de maio de 2012 Código Florestal Brasileiro Brasília 2012 DEJTIAR Fabian Esquemas e diagramas 30 exemplos de como organizar analisar e comunicar projetos Esquemas y diagramas en la representación arquitectónica 30 ejemplos gráficos para optimizar la organización el análisis y la comunicación 19 Out 2019 ArchDaily Brasil Trad Baratto Romullo Acesso em 24 Nov 2021 Disponível em httpswwwarchdailycombrbr870168esquemasediagramas30exemplosde comootimizaraorganizacaoanaliseecomunicacaodoprojeto ISSN 07198906 FERREIRA Liege C Slides Disciplina de Arquitetura Sustentável e Eficiência Energética 20202 UNIAVAN 2020 FISCHER Rafael 5 Tipos de Diagramas que podem fazer com que as pessoas entendam seu projeto mais facilmente Como Projetar 2021 Disponível em httpcomoprojetar combr5tiposdediagramasquepodemfazercomquepessoasentendamseu projetomaisfacilmente Acesso em 20 de out de 2021 LINHARES A CUNHA C TALLMANN J PESSOA L Levantamento de dados Arquitetura Sustentável e Eficiência Energética UNIAVAN 2021 MAPAS TOPOGRÁFICOS BRASIL Topographicmapcom 2017 Disponível em https ptbrtopographicmapcom Acesso em 21 de out de 2021 77 ARQUITETURA SUSTENTÁVEL E EFICIÊNCIA ENERGÉTICA MARCOS CONCEITUAIS DO MINISTÉRIO DO TURISMO P4 Disponível em http antigoturismogovbrsitesdefaultturismooministeriopublicacoesdownloads publicacoesMarcosConceituaispdf Acesso em Out2021 MARSH Andrew 3D SunPath AndrewMarshcom 2015 Disponível em http andrewmarshcomsoftware Acesso em 20 de out de 2021 MENDONÇA F T G FREITAS F ALVES G MEDEIROS I M BENDER J LOPES P S Projeto Pousada Sustentável Arquitetura Sustentável e Eficiência Energética UNIAVAN 2021 MINISTÉRIO DO TURISMO E FUNDAÇÃO UNIVERSA Sistema Brasileiro de Classificação dos meios de hospedagem Ministério do Turismo 2010 Disponível em httpclassificacaoturismogovbrMTURclassificacaomtursite Acesso em 21 de out de 2021 MOREIRA A C M OLIVEIRA B H de L DE OLIVEIRA L E do C EGGERS R Pousada Eco Arquitetura Sustentável e Eficiência Energética Uniavan 2021 RIBEIRO C QUINTINO E DEVENS M RODRIGUES R Condicionantes e avaliação de impactos ambientais como premissas para projeto arquitetônico Arquitetura Sustentável e Eficiência Energética UNIAVAN 2021 SECRETARIA NACIONAL DE POLÍTICAS DE TURISMO Segmentação do Turismo Ministério do Turismo 2006 Disponível em httpantigoturismogovbrsitesdefault turismooministeriopublicacoesdownloadspublicacoesMarcosConceituaispdf Acesso em 21 de out de 2021 SILVEIRA R B ALVES MP A MURARA P Estudo da caracterização da direção predominante dos ventos no litoral de Santa Catarina Anais do X Simpósio Brasileiro de Climatologia Geográfica IBSN9788578462789 p380392 2014 SISTEMA BRASILEIRO DE CLASSIFICAÇÃO DE HOSPEDAGEM SBCLASS CADASTUR p 8 Disponível em httpwwwclassificacaoturismogovbrMTURclassificacao mtursitedownloadCartilhaactiontipo1 Acesso em 21 de outubro de 2021 78 ARQUITETURA SUSTENTÁVEL E EFICIÊNCIA ENERGÉTICA UNIDADE 3 ESTUDO PRELIMINAR 80 ARQUITETURA SUSTENTÁVEL E EFICIÊNCIA ENERGÉTICA OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM Definir as intenções de uso de estratégias passivas aplicadas ao projeto visando ao uso apropriado do melhor aproveitamento dos recursos naturais Definir as intenções de uso de técnicas construtivas e especificações de materiais ecológicos considerando os projetos sustentáveis Aplicar corretamente o uso de técnicas construtivas e materiais identificando a vertente sustentável aplicada ao projeto Selecionar e demonstrar coerentemente os sistemas construtivos e materiais aplicados ao projeto INTRODUÇÃO À UNIDADE Após a etapa de levantamento de dados desenvolvida na unidade anterior na qual se coletaram e analisaram informações como as restrições ambientais orientação solar volumetria luz e sombra entorno ocupação local e se definiram critérios nesta terceira unidade veremos como desenvolver um estudo preliminar de projeto com foco na sustentabilidade e eficiência energética Vamos relembrar as estratégias passivas sistemas construtivos e materiais que podem ser aplicados no projeto e entenderemos de que maneira desenvolver o estudo preliminar como etapa de projeto A Unidade 3 será uma síntese de diversas informações que vocês talvez já tenham visto em outras disciplinas tais como conforto ambiental térmico lumínico e disciplinas de projeto agregadas de outras informações de que vocês também já devem ter visto de forma superficial No entanto estas informações estavam segregadas devendo haver um esforço para unificar tais conhecimentos e desenvolvêlos em conjunto aplicando ao projeto a fim de se compreender o contexto de desenvolvimento do projeto e da sustentabilidade de forma mais ampla ao considerarmos esses fatores desde as etapas iniciais de projeto 81 ARQUITETURA SUSTENTÁVEL E EFICIÊNCIA ENERGÉTICA 31 ESTRATÉGIAS PASSIVAS Uma das primeiras estratégias a serem consideradas dentro do projeto sustentável é como tirar proveito do clima e dos recursos naturais a favor do desempenho da edificação e da sustentabilidade O primeiro ponto antes de entender e aplicar as estratégias que veremos neste tópico é fazer um bom levantamento de dados a fim de entender o clima e o microclima da região as suas fragilidades e potencialidades de forma que o projeto possa fornecer o máximo de desempenho com o menor custo econômico e ambiental Assim um dos primeiros pontos que podem ser trabalhados dentro do projeto é a melhoria do microclima É possível corrigir alguns problemas climáticos e melhorar a qualidade do ambiente na escala do terreno a ser trabalhado alterando o clima de pequenas áreas por meio de estratégias de projeto Podemse utilizar elementos como a vegetação dentro e fora da edificação paredes verdes jardins verticais telhados verdes espelhos dágua fontes e outros que promovam sombreamento melhorem ou direcionem a ventilação aumentem a umidade e amenizem a temperatura Estas estratégias podem proporcionar benefícios valiosos como auxílio no desempenho da edificação melhora na saúde dos ocupantes diminuição do efeito das ilhas de calor decorrente de áreas urbanas altamente impermeabilizadas melhoria na qualidade da paisagem natural e desenvolvimento de fauna Podemos visualizar a integração de algumas delas na arquitetura Figuras 33 34 e 35 Figura 33 Edificação no Vietnã Fonte Shutterstock 2021 82 ARQUITETURA SUSTENTÁVEL E EFICIÊNCIA ENERGÉTICA Figura 34 Café verde com plantas hidropônicas na fachada Fonte Shutterstock 2021 Figura 35 Telhado verde Fonte Shutterstock 2021 83 ARQUITETURA SUSTENTÁVEL E EFICIÊNCIA ENERGÉTICA PARA REFLETIR Edifícios cobertos com árvores são realmente tão ecológicos como preten dem ser Faça esta reflexão lendo o artigo em httpswwwarchdailycombr br788819edificioscobertoscomarvoressaorealmentetaoecologicoscomopretendemser SAIBA MAIS Na pandemia popularizouse um termo que acabou virando uma necessidade URBAN JUNGLE selva urbana Para quem mora nas cidades em apartamentos e precisa passar muito tempo em espaços fechados uma forma de se reconectar com a nature za é trazendo bastante verde e plantas para dentro de casa por isso o interesse em ter diversas plantas em casa cresceu e virou moda nos últimos anos Essa tendência de decoração também auxilia na criação do microclima diferenciado de que tratamos acima Acesse httpsarchtrendscomblogurbanjungle Outro ponto essencial para a qualidade da edificação e de vida é a iluminação natural Do ponto de vista da eficiência energética tratase do melhor aproveitamento de luz visando à menor carga térmica calor ao diminuir o uso da iluminação artificial durante o dia No entanto o maior benefício da iluminação natural vai muito além da eficiência energética e da melhoria do desempenho da edificação pois ela é uma questão de bemestar saúde qualidade de vida e melhoria na produtividade das pessoas O sol é essencial para a vida na terra e por que seria diferente aos seres humanos Projetar uma iluminação suficiente e compatível com as atividades internas da edificação transcende para uma questão mesmo de salubridade o que percebemos muitas vezes negligenciada nas cidades em que vivemos Então como podemos obter a iluminação natural Existe uma gama variada de opções desde as mais óbvias como a iluminação lateral geralmente produzida por meio de janelas até outras que exigem um projeto mais atento como a iluminação natural e iluminação potencializada por meio de refletâncias internas Além disso não podemos esquecer de um ponto muito importante nem sempre a iluminação direta é a melhor opção muitas vezes a iluminação pode e deve ser filtrada 84 ARQUITETURA SUSTENTÁVEL E EFICIÊNCIA ENERGÉTICA para que não cause ofuscamento desconforto visual e não carregue consigo um excesso de carga térmica Para este controle de iluminação podemos usar recursos como os brises Figura 36 os beirais os cobogós Figura 37 telas e muitos outros fazendo com que a iluminação seja parcial e mais compatível com as atividades internas ao controlar ofuscamento e calor Figura 36 Edificação com elemento de sombreamento em Medellín Antioquia Colômbia Fonte Shutterstock 2021 85 ARQUITETURA SUSTENTÁVEL E EFICIÊNCIA ENERGÉTICA Figura 37 Edificação residencial em Brasília com cobogós Fonte Shutterstock 2021 Uma outra forma de controle da iluminação pode ser através do paisagismo ao se utilizar vegetação caducifólia cujas copas no verão estão fechadas com vistas enquadradas proporcionando sombra com a luz solar difusa No inverno temos vista panorâmica e a luz do sol direta brilhante auxiliando no aquecimento Uma outra forma de iluminação menos conhecida e utilizada é a iluminada pela refletância Neste caso a estratégia mais utilizada são as prateleiras de luz As prateleiras de luz funcionam com elementos acima das aberturas os quais são claros ou espelhados e refletem os raios solares para o interior e no interior os raios solares se espalham pelas reflexões no forro de cor clara Assim a luz se distribui no ambiente uniformemente por meio das reflexões Outra forma de iluminação pode ser por meio dos sheds Figura 38 ou de iluminação zenital a qual é mais intensa que a lateral sendo necessário um cuidado tanto com a carga térmica quanto com o ofuscamento 86 ARQUITETURA SUSTENTÁVEL E EFICIÊNCIA ENERGÉTICA Figura 38 Shed e iluminação zenital no Hospital Sarah Kubitschek em Salvador Fonte Shutterstock 2021 Outra estratégia essencial para a maior parte das regiões do Brasil é a ventilação natural que busca o melhor aproveitamento do vento o conforto térmico dos usuários do espaço resfriando a pele e a diminuição da carga térmica da edificação consequentemente diminuindo a temperatura interna por isso a ventilação natural pode minimizar ou evitar o uso de arcondicionado A ventilação natural também tem como função o aumento da qualidade interna do ar por meio da renovação de ar o que auxilia na melhoria da saúde dos usuários e retira odores desagradáveis do ambiente A ventilação natural pode ocorrer de duas formas por meio da força do vento a mais comum na qual podemos utilizar estratégias como o aumento das áreas de ventilação a ventilação cruzada ou o direcionamento do vento por outros elementos como vegetação cobogós e divisórias internas Também podemos usar elementos para barrar ou diminuir a ventilação fria ou com velocidade muito alta que se torna desagradável A outra forma de ventilação é por meio do efeito chaminé Figura 39 Este tipo de ventilação se apropria de um fenômeno natural que ocorre o ar frio que é mais pesado desce e o ar quente que é mais leve sobe 87 ARQUITETURA SUSTENTÁVEL E EFICIÊNCIA ENERGÉTICA Desta forma se utilizarmos uma abertura mais baixa o ar frio pode entrar por ela e empurrar o ar mais quente que tende a subir colocando uma abertura alta oar quente pode sair por ela abertura e fazer uma renovação da ventilação e uma diminuição interna da temperatura Figura 39 Efeito chaminé Fonte Shutterstock 2021 Além das questões térmicas e de iluminação a sustentabilidade também abrange a questão da água O manejo de águas pluviais águas da chuva ajuda na conservação e preservação dos recursos hídricos Ou seja reaproveitar água da chuva fazendo com que ela retorne à natureza da melhor forma diminui o consumo dos mananciais auxilia na drenagem urbana e dá uma maior autonomia de abastecimento para quem consegue fazer um melhor aproveitamento da água das chuvas Esse é um item importante visto que a região do Vale do Itajaí é abundante em chuvas e tem um histórico com problemas recorrentes de desastres naturais decorrentes das chuvas como deslizamento de terra e enchentes Vamos então às técnicas que podemos empregar dentro do projeto para minimizarmos o problema com as chuvas e aproveitálas para outras finalidades Uma das formas de manejo das águas pluviais é impermeabilizar o mínimo possível o solo por isso a utilização de pisos que favoreçam a infiltração de água é bemvinda e uma forma é o piso drenante ou piso permeável o qual possibilita a infiltração de água por meio de 88 ARQUITETURA SUSTENTÁVEL E EFICIÊNCIA ENERGÉTICA seus poros sendo 100 permeável a fim de a água escoar pela terra evitando enchentes Outros pisos também possibilitam a infiltração de água pelos vãos dos blocos como os intertravados ou o pisograma Figura 40 sendo soluções melhores do que asfalto ou concreto que são completamente impermeáveis Figura 40 Piso grama Fonte Shutterstock 2021 Outra forma de lidar com as chuvas em excesso e a alta impermeabilização do solo são os jardins de chuva ou biovalas Figura 41 O jardim de chuva é composto por vegetação nativa e perene projetada para reter água da chuva temporariamente e absorver o escoamento de água dos telhados calçadas e ruas SAIBA MAIS Conheça mais sobre os jardins de chuva seus benefícios e como implantar um no site httpswwwecyclecombrjardimdechuva 89 ARQUITETURA SUSTENTÁVEL E EFICIÊNCIA ENERGÉTICA Figura 41 Jardim de chuva Fonte Shutterstock 2021 Além dos jardins de chuva podemos trabalhar no projeto com bacias de contenção Muitas vezes anfiteatros ou pistas de skates podem ser projetados de forma a funcionar como bacias de contenção de água retendo e escoando a água em períodos de muita chuva Seu desenho e uso podem estar integrados no projeto tendo uma dupla funcionalidade SAIBA MAIS Leia o artigo que mostra sobre uma proposta de pista de skate que age como um espaço público e também tem uma galeria de canais que agem como uma bacia de contenção Acesse httpswwwarchdailycombrbr01134633pistasdeskatequeagemcomocon tencaocontrainundacoes 90 ARQUITETURA SUSTENTÁVEL E EFICIÊNCIA ENERGÉTICA Outra estratégia passiva é o uso de vegetação em especial de espécies nativas que leva as pessoas a conhecerem e valorizálas Além disso a utilização destas espécies contribui para conservação e manutenção dos ecossistemas locais Os efeitos são similares aos tratados na melhoria do microclima o uso da vegetação nativa ameniza a temperatura auxilia no desempenho da edificação diminui os efeitos das ilhas de calor melhora a qualidade da paisagem natural como vimos além dos efeitos estéticos positivos pelo uso da vegetação também há os efeitos psicológicos de integração com a natureza e reduz os esforços de manutenção e conservação das espécies visto que estas já são próprias do clima adaptandose melhor às condições SAIBA MAIS Um bom livro para consultar durante o projeto sobre tipo de vegetação e suas características é o livro Árvores Brasileiras Manual de Identificação e Cultivo de Plantas Arbóreas Nativas do Brasil há os volumes 1 2 e 3 O autor é Harri Lorenzi Você pode encontrar este livro na biblioteca ou mesmo em PDF Já trabalhamos no projeto questões relacionadas ao desempenho térmico lumínico à água à fauna e agora veremos uma forma passiva de tratar os dejetos ou seja o esgoto Uma maneira natural que pode ser aplicada é por meio de zona de tratamento de raízes Figura 42 As raízes fazem o tratamento do esgoto que dependendo do caso pode ser reutilizado para regar plantas ou bacias sanitárias ou pode ir para uma fossa séptica Existem diversas formas de construir podendo ser feitas várias camadas de filtragem Dependendo da forma como são feitas elas podem se integrar ao projeto paisagístico do lugar Você também pode encontrar mais informações procurando por wetlands que é o nome em inglês 91 ARQUITETURA SUSTENTÁVEL E EFICIÊNCIA ENERGÉTICA Figura 42 Zona de tratamento de raízes Fonte Shutterstock 2021 32 MATERIAIS E TÉCNICAS CONSTRUTIVAS Após fazermos uma explanação geral sobre estratégias passivas visando à sustentabilidade e à eficiência energética veremos outro fator importante tanto do ponto de vista da sustentabilidade quanto do melhor desempenho térmico das edificações os materiais e as técnicas construtivas Do ponto de vista do desempenho térmico o mais importante são os materiais da envoltória parede e cobertura as partes da edificação que têm trocas térmicas diretas com o meio de forma mais intensa Quando estamos falando de edificações de baixo gabarito como a que vamos projetar a parte mais exposta e que mais sofre com as trocas térmicas é a cobertura portanto você deve ser bem criterioso neste aspecto Você deve estar se perguntando como vou saber se o material é sustentável ou não 92 ARQUITETURA SUSTENTÁVEL E EFICIÊNCIA ENERGÉTICA Nem sempre esta é uma tarefa fácil ou óbvia pois pode depender também da localidade Os materiais locais e renováveis tendem a ser mais sustentáveis uma vez que eles podem ser repostos na natureza com certa facilidade Além disso os materiais locais possuem uma pegada de carbono baixa pois o gasto energético com transporte é baixo Por exemplo um material que supostamente seria sustentável acaba deixando de ser sustentável se considerarmos que ele vem de um local muito distante e a poluição gerada pelo transporte acaba não compensando esta suposta sustentabilidade tendo em vista que o Brasil é um país principalmente rodoviarista e o setor de transportes é um dos principais consumidores de energia do país Outro ponto a ser considerado é o descarte do material ele é biodegradável que resíduos ele gera durante a fabricação sua vida útil e seu descarte Considerar a energia e o impacto ambiental durante todo o ciclo de vida de um material desde sua fabricação transporte uso vida útil manutenção e descarte pode ser uma boa forma de identificar se o material é sustentável ou não Nem sempre essas informações estão disponíveis mas há um movimento que vem as tornando mais populares para a consulta do grande público Uma forma de sustentabilidade dentro da construção civil pode ser o reuso de materiais e a reciclagem A construção civil é uma grande geradora de resíduos e diminuir estes resíduos Figura 43 tanto reutilizando materiais quanto reciclando pode ser uma boa forma de garantir maior sustentabilidade e menos lixo no planeta Figura 43 Resíduos de construção civil Fonte Shutterstock 2021 93 ARQUITETURA SUSTENTÁVEL E EFICIÊNCIA ENERGÉTICA A questão da diminuição de resíduos também se aplica ao sistema construtivo haja vista que os sistemas construtivos mais industrializados desperdiçam menos material e geram menos resíduo do que os sistemas construtivos tradicionais resultando em uma obra mais limpa e mais rápida veremos sobre este ponto adiante Por fim o que pode nos ajuda na escolha de materiais são as certificações como a FSC Conselho de Manejo Florestal traduzido do inglês para desenvolvimento sustentável Figura 44 e as etiquetas de Eficiência Energética do Procel Figura 45 que vão de A até G entre outras os materiais e sistemas construtivos certificados garantem a procedência do material A expectativa é que tal iniciativa se popularize também entre as edificações Além disso é sempre válido usar o seu senso crítico avaliando com base nos critérios acima para decidir que materiais usar e o que será melhor para o seu projeto Figura 44 Certificação mundial de manejo florestal sustentável Fonte Shutterstock 2021 94 ARQUITETURA SUSTENTÁVEL E EFICIÊNCIA ENERGÉTICA Figura 45 Selo Procel para eficiência de ventiladores Fonte Shutterstock 2021 A construção civil é uma grande consumidora de energia de emissão de gases do efeito estufa como o CO2 e geradora de resíduos necessitando de grandes áreas para aterro de material inerte Esse processo ocorre tanto na fabricação dos materiais no 95 ARQUITETURA SUSTENTÁVEL E EFICIÊNCIA ENERGÉTICA seu transporte no canteiro de obras durante toda a vida útil da edificação no uso e na demolição Devemos minimizar os efeitos negativos na atmosfera por meio do projeto do processo construtivo e do uso da edificação A definição de sistemas construtivos e especificação dos materiais está diretamente ligada a estes fatores Assim uma forma de minimizar os efeitos é através da utilização de processos construtivos industrializados e ou sistematizados fabricados fora do canteiro de obras Os sistemas construtivos além de gerarem menos resíduos diminuindo o impacto ambiental otimizam os prazos de execução beneficiam a economia trazendo benefícios sociais e econômicos indiretos e contribuindo para a educação da população por meio do incentivo e da utilização de boas práticas No sistema convencional há uma maior geração de resíduos menor valor agregado na construção e um maior impacto no meio ambiente A estrutura convencional se caracteriza como a estrutura moldada in loco com o fechamento em alvenaria rebocada Figura 46 e a cobertura em telha cerâmica Este tipo de construção ainda é o mais comum em nossa região quando falamos em pequenas e médias edificações Uma opção para reduzir esse impacto é mudar os fechamentos da construção para pedra por exemplo ou mudar a cobertura para uma cobertura shingle como pode ser visualizada na Figura 47 sobre este tipo de cobertura leia no link do Saiba Mais Figura 46 Alvenaria com tijolo cerâmico Fonte Shutterstock 2021 96 ARQUITETURA SUSTENTÁVEL E EFICIÊNCIA ENERGÉTICA Figura 47 Reforma de cobertura Shingle Fonte Shutterstock 2021 Há ainda a opção de sistemas mistos os quais reduzem os impactos citados acima podendo trabalhar por exemplo uma estrutura e uma cobertura metálica e o fechamento em blocos de concreto ou em madeira Há possibilidade de mesclar sistemas construtivos industriais com os artesanais diminuindo os impactos ambientais apesar de ainda não ser o mais sustentável No sistema industrializado a obra é mais limpa há poucos resíduos e uma maior geração de valor São exemplos deste sistema as estruturas metálicas prémoldadas em concreto ou em steel frame Figura 48 com fechamentos metálicos painéis de concreto ou vidro Exemplos de coberturas industrializadas podem ser metálicas prémoldadas steel frame com shingle Enfim há uma gama de opções no mercado e você deve escolher a que fizer mais sentido na sua obra na sua região e para o seu cliente 97 ARQUITETURA SUSTENTÁVEL E EFICIÊNCIA ENERGÉTICA Figura 48 Estrutura em Steel Frame Fonte Shutterstock 2021 SAIBA MAIS Entre no site do espaço Smart e aprenda mais sobre a construção a seco suas vantagens e desvantagens e as possibilidades agregadas a este sistema Acesse httpswwwespacosmartcombrsolucoessteelframegclidCjwKCAjwq9mL BhB2EiwAuYdMtXi4Ru4XFBfiT3otzuQLouEjMfE03USr884XcScqD4MU6RGPEMQnxoC9loQAvD BwE Independentemente do sistema construtivo escolhido ele envolverá diferentes materiais Conhecer e pesquisar novos materiais é uma tarefa importante quando tratamos de construções sustentáveis O material precisa ser avaliado tanto isoladamente quanto no conjunto pois a composição de diversos materiais em uma parede ou em uma 98 ARQUITETURA SUSTENTÁVEL E EFICIÊNCIA ENERGÉTICA cobertura e a sua cor gerarão uma determinada resistência térmica e um determinado isolamento que modificará o desempenho térmico da edificação Há possibilidades infinitas no mercado e cada ano surgem novos materiais o importante é sabermos avaliálos bem como sua pertinência ao projeto Para os fechamentos das paredes temos opções mais convencionais como blocos de concreto natural algumas mais biodegradáveis como concreto com casca de marisco tijolo hidrocura sem queima e a famosa parede verde a qual cria uma maior resistência térmica pelas suas diversas camadas Há também para os fechamentos opções mais industrializadas como os painéis prémoldados e préfabricados em painel cimentício placa cimentícia estruturada Figura 49 placa cimentícia amadeirada e placas com material de reuso Encontramos ainda no mercado os fechamentos em placas metálicas com os mais variados tamanhos cores e formas oferecendo bastante flexibilidade para o projeto Seria quase impossível aprofundarmos o estudo em cada um destes materiais por isso recomendo que você pesquise para o seu projeto e aprofunde no que fizer mais sentido para você Lembrando que há muitos outros além dos citados aqui Figura 49 Fechamento em placa sanduíche Fonte Shutterstock 2021 Na cobertura também há uma gama de materiais disponíveis desde as telhas mais convencionais como a cerâmica ou as de concreto até as industrializadas como as telhas sanduíche ou telhas termoacústicas e as feitas de material de reaproveitamento 99 ARQUITETURA SUSTENTÁVEL E EFICIÊNCIA ENERGÉTICA Antes se usar uma telha você deve se informar bem sobre os materiais empregados e as suas propriedades térmicas e acústicas Em regiões quentes sempre dê preferência a telhados claros que refletirão o calor ao invés de absorver No quesito cobertura ainda temos o telhado verde havendo também muitas variáveis envolvidas como as diversas camadas e plantas utilizadas lembrando que seu uso deve ser previsto desde as etapas iniciais do projeto pois o telhado verde agrega um maior peso na estrutura o qual deverá ser considerado Além dos materiais das paredes e coberturas é necessário utilizarmos equipamentos eficientes como torneiras e chuveiros com reguladores de pressão ou temporizados e descargas de duplo acionamento que economizam água Há ainda outras formas de economizar energia como a escolha de equipamentos eficientes nível A pelo selo do Procel O correto dimensionamento do sistema de ar condicionado além do uso de aparelhos mais eficientes Na iluminação também podemos utilizar as lâmpadas de led e trabalhar com sistemas automatizados no caso principalmente de edificações públicas ou comerciais e sistemas dimerizáveis Figura 50 nos quais é possível controlar a intensidade de iluminação desejada Figura 50 Dimmer para controle de iluminação Fonte Shutterstock 2021 100 ARQUITETURA SUSTENTÁVEL E EFICIÊNCIA ENERGÉTICA Uma forma de avaliar os materiais em termos de desempenho térmico é utilizar os parâmetros da norma de desempenho a NBR15575 ABNT 2013 A norma avalia as paredes e coberturas conforme a zona bioclimática usando como parâmetros a transmitância térmica a absortância solar e capacidade térmica A divisão de zonas bioclimáticas utilizadas é da NBR15220 parte 3 ABNT 2005 revise seu material de conforto térmico onde deve constar esta informação Lembrando que Balneário Camboriú está na Zona Bioclimática 03 Para as paredes utilizamse os critérios adotados na NBR15575 ABNT 2013 Figuras 51 e 52 que estão na Parte 04 da normativa A absortância solar α que depende da cor da parede é utilizada como condicionante para ter uma parede com uma maior ou menor transmitância térmica lembrando que estes são critérios mínimos Nos casos das zonas de 3 a 8 se a parede for mais clara α 06 pode ter uma transmitância térmica maior U 37 ou seja a parede não precisa ser tão isolada termicamente porque absorverá menos calor No caso de paredes com cores mais escuras α 06 é preciso ter uma transmitância térmica menor U 25 isto é transmitir menor calor ser mais isolada pois a cor escura absorverá mais calor Também é considerada a capacidade térmica da parede que não pode ser menor de 130 Figura 51 Avaliação da transmitância térmica das paredes externas NBR15575 Fonte ABNT 2013 Figura 52 Avaliação da capacidade térmica das paredes externas NBR15575 Fonte Fonte ABNT 2013 Os valores das figuras acima são os mínimos e para descobrir a absortância solar transmitância e capacidade térmica você pode utilizar os anexos das normas que estão 101 ARQUITETURA SUSTENTÁVEL E EFICIÊNCIA ENERGÉTICA nas suas leituras complementares Uma outra forma mais complexa e mais completa é por meio de simulações de eficiência energética Na cobertura avaliase apenas a transmitância térmica e absortância solar conforme observamos na Figura 53 A capacidade térmica da cobertura não é avaliada A norma separa também por zona bioclimática e por nível de desempenho sendo que é obrigatório atingir o nível mínimo de desempenho As questões relativas à absortância solar cor e transmitância térmica acontecem da mesma maneira na cobertura sendo que o nível de desempenho superior são as coberturas com transmitância térmica mais baixa Figura 53 Avaliação da transmitância térmica da cobertura NBR15575 Fonte ABNT 2013 Desta forma conseguimos alguns parâmetros mais palpáveis para avaliar o desempenho térmico das paredes e coberturas A NBR15575 ABNT 2013 encontrase em processo de revisão e pode ser que em breve tenhamos novos parâmetros para estas análises 102 ARQUITETURA SUSTENTÁVEL E EFICIÊNCIA ENERGÉTICA PARA REFLETIR Se não começarmos a mudar como será nosso planeta daqui a 20 anos Até quando a natureza vai aguentar Semana passada estava caminhando pela orla de Balneário Camboriú e encontrei uma tartaruga morta na praia Conversei com um amigo biólogo marinho e ele disse que a tartaruga parecia pequena para sua espécie talvez fosse uma tartaruga jovem Ele ainda relatou que a maioria das tartarugas encontradas nas orlas es tão morrendo por estarem se alimentando de plástico Ou seja precisamos fazer a nossa parte como arquitetos para um mundo sustentável Podese também considerar a produção de energia por meio de placas solares fotovoltaicas ou de aquecimento de água que são mais comuns ou outras formas que podem ser agregadas ao projeto arquitetônico 33 ESTUDO PRELIMINAR Agora que já aprendemos o que considerar no projeto sustentável e mais eficiente veremos como desenvolver a etapa de estudo preliminar do projeto O desenvolvimento desta etapa é similar ao desenvolvimento do estudo preliminar das demais disciplinas de projeto que você cursou com a diferença de que deverá considerar o uso das estratégias passivas no seu projeto adotar o sistema construtivo pensando na sustentabilidade assim como os materiais e pode agregar ao projeto formas de produção de energia É no estudo preliminar que fazemos as proposições de projeto para depois aprofundarmos no anteprojeto Assim é necessário manter a mente aberta utilizar esboços gráficos experimentar diversas soluções até encontrar a melhor Tentar errar e tentar de novo pois tudo isso vai agregando conhecimento de domínio do espaço e do programa Não raro a segunda ou a terceira proposta é a melhor visto que o projetista já tem o domínio do terreno e do programa de necessidades Aceite o processo de evolução e amadurecimento dentro do projeto o projeto não é 103 ARQUITETURA SUSTENTÁVEL E EFICIÊNCIA ENERGÉTICA sempre um processo que poderia ser infinito se assim o desejássemos pois há inúmeras possibilidades mas devemos estar atentos aos prazos que foram solicitados buscando desenvolver o melhor dentro deles Busque sempre simplificar as soluções e flexibilizar priorizando o que é mais importante e essencial dentro do projeto No estudo preliminar deverão ser estabelecidos os critérios as metas e as premissas de projeto buscando sempre ir além do mínimo exigido pela legislação Para realizar o seu estudo preliminar leia com atenção a atividade descrita no item abaixo Na prática e cumpra todos os requisitos solicitados NA PRÁTICA Chegou a hora de você iniciar o seu projeto por meio da proposta do Estudo Preliminar Aqui você desenvolverá o conceito e o partido do projeto que serão expressos por meio de croquis esquemas e desenhos técnicos Além disso é importante justifi car suas decisões de projeto baseadas em todos os estudos feitos até agora Não se esqueça de colocar escala e norte nos desenhos técnicos Nesta etapa você deverá entregar Desenhos técnicos e representação do projeto Implantação geral Plantas Baixas com layout interno e áreas até 100m² Volumetria mostrando a proposta geral e as fachadas Cortes esquemáticos Croquis e esquemas das estratégias sustentáveis implementadas Memorial justificativo Elencar as principais intenções de projeto e referências Realizar memorial descritivo contendo A quem se destina o projeto Qual será o ponto de interesse principal do projeto Como serão organizados os fluxos De veículos de pedestres de bicicletas Como foi definida a localização do prédio e ou prédios do projeto funcional Quais são os critérios intenções Como foram definidos os setores quantos são e como são denominados 104 ARQUITETURA SUSTENTÁVEL E EFICIÊNCIA ENERGÉTICA PARA SINTETIZAR Nesta unidade estudamos diferentes estratégias passivas e formas de as utilizar dentro do projeto Tais estratégias podem ter foco no baixo impacto ambiental no desempenho térmico e eficiência energética no conforto lumínico na qualidade do ar entre outros Compreendemos que uma estratégia pode ter mais de uma função dentro do projeto sendo que é necessário avaliar o clima o terreno a legislação o programa de necessidades e todos os dados que foram levantados na etapa anterior analisando que estratégias fazem mais sentido dentro deste contexto Vimos também os diferentes sistemas construtivos e diferentes materiais e sua relação principalmente com o impacto ambiental e sustentabilidade Lembrando que os materiais e equipamentos utilizados também afetarão o desempenho térmico da edificação e sua eficiência energética São muitas as informações termos e itens que foram abordados na terceira unidade A ideia é você ter um conhecimento geral para depois estudar e se aprofundar conforme a sua necessidade já que não dispomos de tempo hábil para detalharmos todos os itens Pelo fato de o mercado ser muito dinâmico sempre há novas tecnologias as quais se desenvolvem ou ficam mais acessíveis a fim de que se viabilize sua aplicação 105 ARQUITETURA SUSTENTÁVEL E EFICIÊNCIA ENERGÉTICA GLOSSÁRIO Estratégias passivas mecanismos naturais que não utilizam fontes de energia ativa como energia elétrica por exemplo Microclima é área relativamente pequena cujas condições atmosféricas diferem da zona exterior Os microclimas geralmente se formam quando há barreiras geomorfológicas ou elementos como corpos de água ou vegetação Há ainda casos de microclimas urbanos cujas construções e emissões de poluentes atmosféricos dão origem ao aumento da temperatura como da composição natural do ar provocando diferenças de temperatura composição da atmosfera umidade e precipitação entre outros componentes do clima Disponível em httpsptwikipediaorgwikiMicroclima Acesso em 26 de outubro de 2021 Caducifólia vegetação na qual caem as folhas no inverno e retornam na primavera e verão No outono as árvores ficam com as folhas vermelhas alaranjadas e amarelas dando um colorido especial a esta vegetação Essas folhas caducam ou seja caem na chegada do inverno retornando somente na primavera Disponível em httpsmundoeducacaouolcombrgeografia florestacaducifoliahtm Acesso em 26 de outubro de 2021 Pegada de Carbono Carbon Footprint é uma forma de mensurar a quantidade de emissões de Gases do Efeito Estufa GEE gerada por uma pessoa empresa evento ou atividade Isso mesmo ela não considera apenas o CO2 mas também outros gases como metano CH4 óxido nitroso N20 e ozônio O3 Todas as emissões são somadas e convertidas em carbono equivalente para se obter uma medida única facilitando a compreensão do impacto ambiental e sua eventual compensação Disponível em httpsblognutrifycombrpegadadecarbonoo queeissoblognutrifygclidCjwKCAjwzt6LBhBeEiwAbPGOgXsVUcsSxQslMH dgIh04k3CRxD250ox220GBzcvp8FlTMt6Eb5MZxoCZ2oQAvDBwE Acesso em 26 de outubro de 2021 Análise do Ciclo de Vida ACV em sua origem é uma metodologia para quantificar os potenciais impactos totais da sustentabilidade tais como o uso de recursos e os danos ambientais durante todo o ciclo de vida de um produto do berço ao túmulo Embora exista um valor informativo em um nível mais básico a utilidade real da ACV é a comparação ou seja comparar a 106 ARQUITETURA SUSTENTÁVEL E EFICIÊNCIA ENERGÉTICA sustentabilidade de um produto em relação a outro Estas comparações podem ser feitas com produtos existentes ou com inovações futuras ainda na prancheta Disponível em httpswwwenciclocombrblogusodeavaliacaodociclo devidanasustentabilidadeestrategica Acesso em 26 de outubro de 2021 Absortância Solar a propriedade de absorção da radiação solar em uma superfície é chamada absortância a qual define a razão entre a energia solar absorvida por uma superfície e a energia total incidente sobre a mesma Disponível em httpwwwsaocarlosuspbrteste Acesso em 26 de outubro de 2021 Transmitância Térmica fluxo de calor transmitido por unidade de área e por unidade de diferença de temperatura Oposto da resistência térmica ABNT 2013 Capacidade Térmica quantidade de calor que deve ser absorvida ou cedida por um corpo para que ocorra variação de 1 C Disponível em httpsbrasilescola uolcombroqueefisicaoqueecapacidadetermicahtm Acesso em 26 de outubro de 2021 107 ARQUITETURA SUSTENTÁVEL E EFICIÊNCIA ENERGÉTICA EXERCÍCIOS DE APRENDIZAGEM 01 Dentre os sistemas sustentáveis aplicáveis no desenvolvimento de projetos arquitetônicos podemos citar aquecimento solar de água painéis fotovoltaicos energia eólica sistemas de tratamento de efluentes biodigestores compostagem sistemas de captação de água da chuva e economizadores de água Considerando esta afirmação avalie as seguintes asserções e a relação proposta entre elas 1 Embora a utilização da maior parte dos sistemas sustentáveis seja um bom caminho para o desenvolvimento de projetos sustentáveis apenas a sua utilização não garantirá a excelência do projeto PORQUE 2 Técnicas projetuais que visam à adequação do projeto às características do terreno do entorno à utilização de estratégias passivas características construtivas referentes à durabilidade manutenção origem e reciclagem dos materiais utilizados na edificação assim como à identificação da relação do projeto com a sociedade direta ou indiretamente afetada são essencialmente importantes para efetividade de um projeto sustentável A respeito das asserções assinale a opção correta a As asserções 1 e 2 são proposições verdadeiras mas a 2 não é uma justificativa correta da 1 b As asserções 1 e 2 são proposições verdadeiras e a 2 é uma justificativa correta da 1 c A asserção 1 é uma proposição verdadeira e a 2 é uma proposição falsa d A asserção 1 é uma proposição falsa e a 2 é uma proposição verdadeira e As asserções 1 e 2 são proposições falsas 02 A sustentabilidade é um valor que a cada dia mais profissionais e empresas buscam agregar em seus serviços processos e produtos Na área de construção civil não poderia ser diferente uma vez que este setor lida diretamente com recursos materiais os quais muitas vezes causam impactos 108 ARQUITETURA SUSTENTÁVEL E EFICIÊNCIA ENERGÉTICA na natureza A construção sustentável é importante principalmente porque os consumidores se tornam cada vez mais informados críticos e conscientes quanto ao uso de materiais à qualidade dos serviços e aos produtos que consomem Outro ponto importante é a escassez dos recursos naturais Fonte httpswwwstantcombrconstrucaosustentavel Acesso em setembro de 2021 Assinale a alternativa que contenha somente características de uma construção sustentável a Realização de coleta de águas fluviais redução dos resíduos sólidos sem a necessidade de reduzir o consumo de energia elétrica que no Brasil é de uma fonte renovável b Utilização apenas de materiais recicláveis na construção sem se preocupar com a origem destes materiais c Utilização de técnicas construtivas convencionais sem se preocupar com os resíduos da técnica definida d Preferência para a utilização de estratégias passivas iluminação natural ventilação natural microclima vegetação nativa aliada a estratégias ativas sistemas construtivos adequados reaproveitamento de águas cinzas captação de água da chuva utilização de sistemas fotovoltaicos e O uso exclusivo de estratégias ativas visando ao alto desempenho da edificação 03 Os projetos arquitetônicos atuais têm priorizado a iluminação natural já que a prática traz diversos benefícios além de ter uma estética muito agradável A técnica se resume a basicamente utilizar a luz do sol para iluminar os ambientes internos aproveitando ao máximo as condições naturais na região Para utilizar bem a luz natural nos ambientes do imóvel é necessário analisar a localização do terreno atentando à posição do Sol ao nascer e ao se pôr a fim de aproveitar a iluminação nos cômodos que necessitarão de mais luz O conforto visual que a iluminação natural produz é o primeiro benefício que podemos citar já que a luz do Sol deixa o ambiente mais agradável gerando bemestar Outro fator importante é a economia de energia elétrica que a técnica proporciona Fonte httpswwwpensamentoverdecombr arquiteturaverdeosbeneficiosdailuminacaonaturalnosambientes Acesso em setembro de 2021 109 ARQUITETURA SUSTENTÁVEL E EFICIÊNCIA ENERGÉTICA Em uma edificação foram utilizadas estratégias visando ao melhor aproveitamento de luz natural com a menor carga térmica calor Observase na figura abaixo que as estratégias passivas utilizadas foram Figura 54 Modern Spacius Loft Apartment Fonte Shutterstock 2021 a Iluminação Zenital e lateral b Iluminação artificial e lateral c Refletâncias internas d Estantes de luz e Cortinas 110 ARQUITETURA SUSTENTÁVEL E EFICIÊNCIA ENERGÉTICA REFERÊNCIAS ABNT ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS NBR 152203 Desempenho térmico de edificações Parte 3 Zoneamento bioclimático brasileiro e estratégias de condicionamento térmico passivo para habitações de interesse social Rio de Janeiro 2005 NBR 15575 Edificações habitacionais de até 5 pavimentos desempenho Rio de Janeiro 2013 FERREIRA Liege C Slides Disciplina de Arquitetura Sustentável e Eficiência Energética 20202 Uniavan 2020 GRONDZIGK Walter Manual de Arquitetura Ecológica Bookman 2ª edição GINTOFF Vladimir Edifícios cobertos com árvores são realmente tão ecológicos como pretendem ser Are TreeCovered Skyscrapers Really All They Set Out to Be 06 Jun 2016 ArchDaily Brasil Trad Baratto Romullo Acesso em 24 de Novembro de 2021 Disponível em httpswwwarchdailycombrbr788819edificioscobertoscom arvoressaorealmentetaoecologicoscomopretendemser ISSN 07198906 Tendência entre os millenials urban jungle virou febre e conquistou o mundo todo Archtrends Portobello 2019 Disponível em httpsarchtrendscomblogurban jungle Acesso em 25 de outubro de 2021 O que é jardim de chuva Descubra vantagens e como fazer Ecycle 2020 Disponível em httpswwwecyclecombrjardimdechuva Acesso em 25 de outubro de 2021 Romullo Baratto Pistas de skate que agem como contenção contra inundações 16 Ago 2013 ArchDaily Brasil Acesso em 24 de Novembro de 2021 Disponível em https wwwarchdailycombrbr01134633pistasdeskatequeagemcomocontencao contrainundacoes ISSN 07198906 O que é Steel Frame Espaço Smart 2021 Disponível em httpswwwespacosmart combrsolucoessteelframegclidCjwKCAjwq9mLBhB2EiwAuYdMtXi4 Ru4XFBfiT3otzuQLouEjMfE03USr884XcScqD4MU6RGPEMQnxoC9loQAvDBwE Acesso em 25 de outubro de 2021 UNIDADE 4 ANTEPROJETO 112 ARQUITETURA SUSTENTÁVEL E EFICIÊNCIA ENERGÉTICA OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM Identificar e compreender as diversas fontes de energia e o fluxo das mesmas desde a geração até o consumo final Reconhecer a situação energética de forma global situandose historicamente quanto à evolução energética mundial bem como as perspectivas energéticas brasileiras Levantar e reconhecer as estratégias ativas aplicadas na arquitetura Desenvolver a finalização da Implantação geral e das plantas baixas contemplando a solução de abastecimento de água e efluentes Desenvolver o detalhamento do projeto em planta e corte de pele aplicado ao projeto Representar graficamente as estratégias passivas e ativas aplicadas ao projeto INTRODUÇÃO À UNIDADE Chegamos à última unidade deste caderno a qual é bastante densa de conteúdo relacionando diversos dados voltados à produção de energia e sustentabilidade Inicialmente veremos um panorama geral dentro do contexto histórico mundial sobre a questão da sustentabilidade Depois entenderemos as diferentes fontes de energia diferenciandoas entre renováveis e não renováveis assim como faremos um panorama mundial neste uso Focaremos na matriz energética brasileira seu perfil e planejamento da questão energética Dentro das diferentes fontes de energia será trabalhada com mais atenção a energia solar pelo seu potencial de uso na microgeração dentro da arquitetura e do meio urbano e seu crescimento nos últimos anos Por fim apresentaremos alguns selos de sustentabilidade e debateremos sobre responsabilidade social um ponto muito importante dentro do processo de projeto Além disso tratarseá da gestão de resíduos da construção civil e sobre a etapa de anteprojeto São diversos assuntos diferentes mas que finalizam o nosso panorama geral sobre 113 ARQUITETURA SUSTENTÁVEL E EFICIÊNCIA ENERGÉTICA as construções sustentáveis e eficientes É possível perceber que este é um assunto bastante amplo o qual envolve muitas áreas de conhecimento por isso tentamos abordar o máximo possível de algumas áreas a fim de que você possa entender como funciona o processo 41 CONTEXTO HISTÓRICO Nas unidades anteriores vimos o que é sustentabilidade e eficiência energética projetos sustentáveis levantamento de dados para este tipo de projeto estratégias passivas sistema estrutural e materiais Depois de tantas informações acerca do assunto talvez você deva estar se perguntando de onde veio tudo isso ou quando se tornou importante para ser estudado e desenvolvido Porque certamente nem sempre as coisas foram feitas desta forma e até hoje percebemos que nem todos os projetos são pensados com tal foco Percorreremos agora os conceitos de energia no âmbito do desenvolvimento sustentável ao longo da história A demanda maior por energia e a deterioração mais rápida dos recursos naturais começaram com a Revolução Industrial nos Séculos XVIII e XIX Naquela época a energia que era basicamente proveniente da madeira e da tração animal passou a ter como fonte primária o carvão No pósguerra aconteceram outras mudanças energéticas e a fonte principal passou a ser então o petróleo que ainda é a principal fonte ou pelo menos uma das mais importantes no mundo inteiro Observe que nem o carvão e nem o petróleo são fontes renováveis de energia detalharemos este conceito adiante mas sim fontes poluentes emitindo os gases do efeito estufa gee que causam o buraco na camada de ozônio e as mudanças climáticas grande preocupação atual Na década de 1970 tivemos uma grande crise do petróleo quando se percebeu que este era um recurso natural não renovável ou seja ele poderia se esgotar na natureza Assim o preço do petróleo subiu causando uma grande instabilidade econômica no mundo todo e então surgiu a necessidade de economizar energia e de substituir o petróleo por diferentes fontes energéticas as quais fossem fontes renováveis para que o 114 ARQUITETURA SUSTENTÁVEL E EFICIÊNCIA ENERGÉTICA mundo pudesse continuar seu desenvolvimento econômico tecnológico e social Na mesma época ficou claro que o modelo de desenvolvimento adotado pós revolução industrial não era sustentável e se continuássemos a manter este tipo de desenvolvimento iríamos rapidamente esgotar os recursos naturais existentes no planeta Desta forma fezse necessária uma mudança de paradigma para olhar problemas como o aquecimento global os desastres ecológicos as populações vivendo abaixo da linha da pobreza e a má distribuição de riquezas no globo terrestre ao se procurarem soluções alternativas Em 1972 ocorreu a Conferência de Estocolmo a qual discutiu a necessidade de o ser humano reaprender a viver com o planeta para garantir a continuidade da vida e da história procurando uma gestão de recursos para o desenvolvimento econômico e a resolução de problemas como a poluição e a recuperação do meio natural Em 1987 houve a Comissão Mundial do Meio Ambiente que enfatizou a necessidade de discussão dos modelos de desenvolvimento e sua repercussão na utilização dos recursos naturais contrapondo os modelos de desenvolvimento dos países subdesenvolvidos com os desenvolvidos e a necessidade da criação de um modelo de desenvolvimento sustentável Em 1992 tivemos no Brasil a Rio92 Cúpula da Terra Esta foi a conferência com maior representatividade de líderes mundiais da qual saíram cinco importantes documentos Agenda 21 Convenção do Clima 1994 Convenção da Biodiversidade Declaração do Rio Princípios sobre florestas A Convenção do Clima foi um tratado assinado por 154 Estados Entre seus fundamentos encontrase a preocupação com as atividades humanas que têm causado uma concentração de gases de efeito estufa na atmosfera resultando em um aquecimento da superfície terrestre e da atmosfera o que poderá afetar negativamente os ecossistemas naturais e a humanidade O documento tem relevância particular para a questão energética por ter relação direta com o uso de combustíveis fósseis gerando emissão de CO2 um dos principais causadores do efeito estufa CHIARADIA 2020 Em 1997 um novo importante tratado internacional surgiu a Proposta do Protocolo de Quioto no Japão que veio com compromissos mais rígidos para a redução da emissão dos gases do efeito estufa gee considerados de acordo com a maioria das investigações 115 ARQUITETURA SUSTENTÁVEL E EFICIÊNCIA ENERGÉTICA científicas como causa das atividades humanas para o aquecimento global O Protocolo de Quioto ficou vigente de 2008 a 2012 e estabeleceu metas concretas mas ainda singelas de redução de emissão gee para os países desenvolvidos Ele previu uma redução em pelo menos 52 em relação aos níveis de 1990 no período entre 2008 e 2012 correspondendo a 15 abaixo das emissões esperadas para 2008 O protocolo entrou em vigor em 16122005 com a assinatura de 55 países ratificando o mesmo Em 2009 ocorreu a COP 15 Conferência ONU Mudanças Climáticas realizada em Copenhagen Esta conferência previa a redefinição das metas de redução de emissão de gases causadores do efeito estufa para países desenvolvidos e em desenvolvimento O documento elaborado durante COP 15 diz que países desenvolvidos devem se comprometer em cortar 80 de suas emissões até 2050 porém para 2020 eles apresentaram uma proposta de reduzir até 20 das emissões muito abaixo do indicado O Brasil estabeleceu a meta voluntária de reduzir em até 39 das emissões de gases de efeitos estufa até 2020 porém houve um aumento em 10 em 2019 O resultado da Conferência foi decepcionante uma vez que os chefes de estado discutiram mais a questão econômica das nações ricas e emergentes e se esqueceram daqueles que vão sofrer dramaticamente os efeitos da mudança climáticas Em 2012 foi realizada a Rio 20 na cidade do Rio de Janeiro marcando os 20 anos de outro encontro histórico a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento Rio 92 Em 2012 dois temas principais orientaram os debates a economia verde no contexto do desenvolvimento sustentável e da erradicação da pobreza e a estrutura institucional para o desenvolvimento sustentável Foram reunidos 193 países para uma reflexão sobre os limites da terra e o futuro que queremos A conferência gerou um documento final de 53 páginas acordado por 188 países o qual dita o caminho para a cooperação internacional sobre desenvolvimento sustentável Governos empresários e outros parceiros da sociedade civil registraram mais de 700 compromissos com ações concretas que proporcionem resultados no terreno para responder a necessidades específicas como energia sustentável e transporte Por iniciativa da ONU foram criados três objetivos até 2030 dentro da temática de Energia Sustentável para Todos Assegurar acesso à energia Dobrar a eficiência energética Dobrar o compartilhamento de energia renovável Em 2015 houve uma nova conferência a COP 21 em Paris A COP21 buscou alcançar um novo acordo internacional sobre o clima O acordo definido em 12122015 116 ARQUITETURA SUSTENTÁVEL E EFICIÊNCIA ENERGÉTICA visa fortalecer a resposta global à ameaça das mudanças climáticas no contexto do desenvolvimento sustentável e os esforços para erradicar a pobreza incluindo a Manter o aumento da temperatura média global bem abaixo dos 2 C acima dos níveis préindustriais e buscar esforços para limitar o aumento da temperatura a 15 C acima dos níveis préindustriais reconhecendo que isso reduziria significativamente os riscos e impactos das mudanças climáticas b Aumentar a capacidade de adaptarse aos impactos adversos das mudanças climáticas e fomentar a resiliência ao clima e o desenvolvimento de baixas emissões de gases de efeito estufa de uma forma que não ameace a produção de alimentos c promover fluxos financeiros consistentes com um caminho de baixas emissões de gases de efeito estufa e de desenvolvimento resiliente ao clima Os países desenvolvidos deverão continuar assumindo a liderança por meio da realização de metas de redução de emissão absoluta na economia de modo abrangente Os países em desenvolvimento devem continuar a reforçar seus esforços de mitigação sendo encorajados a ter como guia ao longo do tempo as metas de redução de emissões Em resumo Países ricos devem garantir financiamento de US 100 bilhões por ano Não há menção à porcentagem de corte de emissão de gasesestufa necessária O texto não determina quando as emissões precisam parar de subir O acordo deve ser revisto a cada 5 anos A assinatura do Acordo de Paris ocorreu em 22042016 e permaneceu aberta até 21 de abril de 2017 Ele foi adotado por todos os 196 países que integram Convenção das Nações Unidas sobre Mudança do Clima UNFCCC tendo sido assinado por 175 países recorde O acordo entrará em vigor após 55 países que representam 55 das emissões globais de gases de efeito estufa ratificarem o acordo De acordo com as Nações Unidas o Brasil assumiu o compromisso de reduzir em 37 até 2025 e em 43 até 2030 as emissões de gases do efeito estufa em relação a 2005 Para isso o País pretende também zerar o desmatamento na Amazônia Legal e restaurar 12 milhões de hectares de florestas até 2030 uma área equivalente ao território da Inglaterra A NDC Contribuição Nacionalmente Determinada do Brasil comprometeu se a aumentar a participação de bioenergia sustentável na sua matriz energética para aproximadamente 18 até 2030 restaurar e reflorestar 12 milhões de hectares de florestas bem como alcançar uma participação estimada de 45 de energias renováveis na composição da matriz energética em 2030 117 ARQUITETURA SUSTENTÁVEL E EFICIÊNCIA ENERGÉTICA Os Estados Unidos saíram do acordo de Paris em junho de 2017 o que foi um golpe no combate ao aquecimento global haja vista que eles representam 144 das emissões atrás somente da China com 268 das emissões O Brasil está em sétimo lugar na escala global com 233 das emissões A matriz energética mundial ainda utiliza principalmente fontes primárias não renováveis como carvão combustíveis nucleares e derivados do petróleo mundialmente 35 da produção de energia primária se destina à produção de energia elétrica Logo é na economia de energia elétrica que reside boa parte dos nossos esforços de eficiência energética enquanto arquitetos Enquanto urbanistas também devemos atuar na economia de energia no setor dos transportes um dos setores que mais demanda energia você trabalhará neste sentido na disciplina de Estudos Ambientais e Planejamento Urbano e Regional III Sobre a matriz energética brasileira detalharemos no tópico 43 42 FONTES DE ENERGIA No tópico anterior abordamos o contexto histórico e as conferências e documentos mundiais que tratam sobre a sustentabilidade e a eficiência energética Porém para entender melhor esses documentos precisamos também saber quais são as fontes de energia e quais delas são as mais utilizadas As fontes de energia primária são as formas em que a energia é encontrada na natureza sendo transformada armazenada distribuída e então consumida Vamos usar como exemplo um carro à gasolina A fonte primária de energia é o petróleo o qual é retirado da natureza transformado nas refinarias armazenado e distribuído nos postos de gasolina para que se possa abastecer o carro O mesmo ocorre com a energia elétrica vamos imaginar que a nossa energia venha de uma hidrelétrica a fonte primária é a água a qual é transformada em energia elétrica na hidrelétrica sendo distribuída para as centrais que armazenam e redistribuem para as nossas residências onde ligamos nossos aparelhos de eletrodomésticos iluminação arcondicionado e tantos outros Existem duas formas de classificar as fontes de energia renováveis e não renováveis como você já deve ter percebido ao longo do caderno Uma fonte de energia 118 ARQUITETURA SUSTENTÁVEL E EFICIÊNCIA ENERGÉTICA é considerada não renovável quando suas reposições naturais levarem muitos séculos ou milênios sob condições muito particulares como ocorre com o petróleo As fontes não renováveis são passíveis de se esgotarem por serem utilizadas com velocidade bem maior que os milhares de anos necessários para sua formação Lembrese da crise de petróleo da década de 1970 que tratamos no tópico anterior Nesta categoria encontramse os derivados de petróleo os combustíveis radioativos urânio tório plutônio etc carvão mineral e o gás natural REIS SILVEIRA 2001 E as fontes renováveis A princípio nenhuma fonte pode ser considerada absolutamente inesgotável Contudo são consideradas fontes renováveis aquelas cujo uso pela humanidade não causa uma variação significativa nos seus potenciais sendo suas reposições a curto prazo relativamente certas Ou seja a reposição pela natureza é bem mais rápida do que sua utilização energética como águas dos rios mares sol ventos REIS SILVEIRA 2001 Dentro da categoria de fontes não renováveis temos as termelétricas centrais nucleares Figura 55 No Brasil há em Angra dos Reis a Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto com a Angra I II e III sendo este o único complexo no país A central nuclear está operando em plena capacidade e tem uma boa representatividade na matriz energética brasileira Figura 55 Reator Nuclear na Bélgica Fonte Shutterstock 2021 119 ARQUITETURA SUSTENTÁVEL E EFICIÊNCIA ENERGÉTICA Temos ainda dentro das fontes não renováveis as termelétricas com centrais a carvão Figura 56 Estas são ativadas quando há uma crise hídrica e as hidrelétricas produzem menos energia justamente o que está ocorrendo agora em 2021 que causou aumento em nossas contas de energia Em Santa Catarina temos o maior do país o Complexo Termelétrico Jorge Lacerda em Capivari de Baixo Apesar do impacto ambiental o sistema auxilia a manter a produção de energia quando as fontes renováveis sofrem com variações que é o caso das hidrelétricas eólicas ou solares Figura 56 Termelétrica a carvão Fonte Shutterstock 2021 SAIBA MAIS Conheça mais sobre as termelétricas de carvão seu funcionamento vantagens e desvantagens no artigo sugerido no link abaixo Acesse httpswwwedpcomptptcentraisacarvaoumalutapeloequilibrio 120 ARQUITETURA SUSTENTÁVEL E EFICIÊNCIA ENERGÉTICA Nos recursos renováveis temos as hidrelétricas Figura 57 que são responsáveis por boa parte da nossa energia elétrica A maior hidrelétrica do Brasil é a de Itaipu que se localiza no estado do Paraná fazendo divisa com o Paraguai Nas fontes renováveis temos também as termoelétricas de cavaco florestal que são pedacinhos de madeira Figura 58 por isso entram como biomassa sendo consideradas renováveis Há uma usina em Pirassununga São Paulo Figura 57 Hidrelétrica Fonte Shutterstock 2021 121 ARQUITETURA SUSTENTÁVEL E EFICIÊNCIA ENERGÉTICA Figura 58 Cavaco Florestal Fonte Shutterstock 2021 Além disso nas energias renováveis há a energia eólica Figura 59 que vem sendo cada vez mais representativa Há diversos parques eólicos no Brasil com um bom potencial de geração no Nordeste como o Complexo Eólico Alto Sertão I na Bahia maior parque eólico da América Latina Em Santa Catarina há um parque eólico em Bom Jardim da Serra 122 ARQUITETURA SUSTENTÁVEL E EFICIÊNCIA ENERGÉTICA Figura 59 Parque eólico Fonte Shutterstock 2021 SUGESTÃO DE VÍDEO Entenda o funcionamento dos parques eólicos seu potencial de geração de energia e os seus riscos no vídeo recomendado Acesse httpswwwyoutubecomwatchvDyXWMoCAus Uma outra fonte de energia renovável é a solar sendo uma das que mais crescem no Brasil haja vista que pode ser utilizado tanto em parques solares Figura 60 de geração de energia quanto em microgeração de forma residencial comercial etc Este tipo de energia pode ser facilmente utilizado em meio urbano e agregado nas edificações ao contrário da eólica por exemplo Pelo seu alto potencial de uso e crescimento detalharemos melhor no item 44 123 ARQUITETURA SUSTENTÁVEL E EFICIÊNCIA ENERGÉTICA Figura 60 Parque Solar Fonte Shutterstock 2021 SUGESTÃO DE VÍDEOS Veja um exemplo interessante de uso da energia solar e entenda melhor o seu funcionamento nos vídeos 1 httpswwwyoutubecomwatchvvFuI858vRSg 2 httpswwwyoutubecomwatchvoWqPx0sUQY Uma outra fonte renovável de energia é a termelétrica por resíduos urbanos Este tipo de energia além de ser renovável é uma forma de reciclagem do lixo Embora ela ainda seja uma tecnologia cara e emite gases do efeito estufa os benefícios superam os malefícios Há uma usina verde no UFRJ que gera energia a partir de 30 toneladas de lixo urbano por dia 124 ARQUITETURA SUSTENTÁVEL E EFICIÊNCIA ENERGÉTICA SUGESTÃO DE VÍDEO Veja o funcionamento de uma usina de resíduos urbanos lixo no Japão em httpswwwyoutubecomwatchvxjgZALE4Dm8 Por fim há a possibilidade de energia renovável por maremotriz criação de energia pelas marés e ondomotriz criação de energia pelas ondas Estas são tecnologias que ainda estão em desenvolvimento e não são acessíveis para implantação em larga escala no Brasil Entretanto observando o tamanho da costa brasileira podemos perceber que há um bom potencial futuro para o uso deste tipo de energia SUGESTÃO DE VÍDEO Conheça mais sobre as tecnologias de maremotriz e ondomotriz no vídeo httpswwwyoutubecomwatchvGCDvjCAWP3g Toda a produção de energia inclusive as renováveis tem um custo nem que seja financeiro No caso das hidrelétricas há um custo de toda inundação de uma área e do deslocamento de pessoas sem contar um eventual risco de alguma barragem ceder A energia termoelétrica por carvão é poluidora e gera gases do efeito estufa além de não ser renovável a energia nuclear pode ser um risco para a segurança pública por se tratar elementos altamente radioativos e um vazamento na usina poderia ser um grande problema Para a governo criar mais energia isso representa uma grande despesa seja para uma hidrelétrica uma termelétrica uma usina nuclear ou um parque eólico Desta forma percebese que tanto financeira quanto ambiental e socialmente o melhor é economizar energia surgindo assim o incentivo à eficiência energética de edificações mantendo o conforto existente mas gastando menos energia sendo esta a nossa meta 125 ARQUITETURA SUSTENTÁVEL E EFICIÊNCIA ENERGÉTICA 43 MATRIZ ENERGÉTICA BRASILEIRA Neste item abordaremos um ponto essencial para a eficiência energética a matriz energética da qual já falamos ao longo do caderno A matriz energética representa o conjunto de recursos energéticos fontes de energia utilizados no país para suprir sua demanda de energia Todos os anos é realizado um estudo sobre as fontes de energia e seu consumo no país o qual gera dados e relatórios que podem ser utilizados para um planejamento estratégico A matriz energética brasileira cujo responsável é o Ministério de Minas e Energia é um importante instrumento de gestão e pesquisa que pode auxiliar na tomada de decisões Com os dados da matriz energética é possível simular diferentes cenários de mercado e avaliar seus efeitos gargalos de infraestrutura vulnerabilidades sistêmicas riscos ambientais oportunidades de negócios impactos de políticas públicas etc Dados essenciais para planejar o desenvolvimento do país Na Figura 61 podemos observar a matriz energética brasileira de 2020 com a divisão por fontes de energias primárias Notase ainda um predomínio de fontes não renováveis mas há um equilíbrio entre as renováveis e as não renováveis Na matriz energética mundial ainda há um predomínio grande de fontes não renováveis lembrando que todos os anos tais dados podem mudar Figura 61 Repartição da oferta de energia por fonte em 2020 Fonte EPE 2021 126 ARQUITETURA SUSTENTÁVEL E EFICIÊNCIA ENERGÉTICA Na Figura 62 podemos perceber a divisão das fontes para geração de energia elétrica e seu crescimento de 2018 para 2019 Chama atenção nos dados um crescimento de 922 da energia solar fotovoltaica e um crescimento de 155 da energia eólica Nota se ainda um decréscimo dos derivados de petróleo de 255 Ou seja é um cenário que está caminhando positivamente se observarmos um crescimento de energias renováveis e um decréscimo de energias não renováveis Podemos também observar que no caso da energia solar Figura 63 a expansão ocorre principalmente na geração mini e microdistribuída ou seja são pequenas áreas de produção de energia E é por este potencial de instalação em pequenas áreas que podemos utilizála na arquitetura e no meio urbano nossa principal área de atuação Figura 62 Geração de energia elétrica por fonte em 2020 Fonte EPE 2021 Figura 63 Expansão da capacidade instalada de 2018 para 2019 Fonte EPE 2021 127 ARQUITETURA SUSTENTÁVEL E EFICIÊNCIA ENERGÉTICA Segundo dados do EPE 2021 no Brasil 52 da energia elétrica é consumida nos setores residencial comercial e público ou seja as edificações são bastante representativas neste consumo e por isso a importância de trabalhar com as NZEBs Edificações de Energia Quase Zero da qual falaremos adiante 431 Matriz Energética Brasileira 2030 A SE4ALL Sustainable Energie for All é uma iniciativa da ONU Energia Sustentável para Todos RIO 20 e tem três objetivos da iniciativa até 2030 quando a estimativa é de que seremos em 8 bilhões de pessoas no mundo Assegurar acesso à energia Dobrar a eficiência energética Dobrar o compartilhamento de energia renovável A Matriz Energética Brasileira 2030 é composta com o Plano Nacional de Energia 2030 PNE 2030 sendo os relatórios principais que consolidam os estudos desenvolvidos sobre a expansão da oferta e da demanda de energia no Brasil nos próximos 10 anos Um relatório e outro se integram e se complementam A Matriz Energética Nacional 2030 e o PNE 2030 são as principais ferramentas de planejamento de longo prazo à disposição dos gestores públicos e privados do setor O Plano Nacional de Energia PNE 2030 é o primeiro estudo de planejamento integrado dos recursos energéticos realizado no âmbito do Governo brasileiro Os estudos do PNE 2030 foram conduzidos pela EPE Empresa de Pesquisa Energética para o Ministério de Minas e Energia MME e originaram a elaboração de quase uma centena de notas técnicas A partir disso é possível traçar estratégias e definir políticas que garantam a segurança e a qualidade do suprimento energéticoA diretriz básica de produzir energia de forma sustentável segura e competitiva leva necessariamente a que se dê especial atenção ao uso mais eficiente da energia O PNE 2030 considera além das variáveis de mercado questões socioambientais e os potenciais avanços tecnológicos para realizar suas estimativas Todos os tipos de energia foram contemplados pelo PNE do petróleo à nuclear da eólica à termelétrica 128 ARQUITETURA SUSTENTÁVEL E EFICIÊNCIA ENERGÉTICA do gás natural à biomassa entre outras O plano é considerado um marco na história do planejamento do setor energético no País O objetivo deste esforço do MME em disponibilizar o PNE 2030 além de prover a retomada do Planejamento Setorial é dar à sociedade brasileira uma visão integrada de longo prazo do Setor Energético propondo estratégias de expansão da oferta de energia que levem em conta a eficiência energética e a inovação tecnológica tanto na produção quanto no consumo de energia dentro da ótica de desenvolvimento sustentável do país com ênfase no tratamento das questões socioambientais SUGESTÃO DE VÍDEO Assista a um vídeo muito interessante das Nações Unidas Não escolha a extinção e faça uma reflexão sobre o tema Acesse httpswwwyoutubecomwatchvSrjoVjSTyfg 44 ENERGIA SOLAR Como podemos ver nos dados da Matriz Energética Brasileira uma das fontes que mais cresce é a da energia fotovoltaica principalmente para microgeração e minigeração distribuída conforme apresentou a Figura 9 O uso deste tipo de energia foi impulsionado pela Agência Nacional de Energia Elétrica ANEEL por meio da Resolução Normativa Nº 482 de 17 de abril de 2012 ANEEL 2012 Esta resolução estabelece as condições gerais para o acesso de microgeração e minigeração distribuída aos sistemas de distribuição de energia elétrica o sistema de compensação de energia elétrica A ANEEL define que I Microgeração Distribuída central geradora de energia elétrica com potência 129 ARQUITETURA SUSTENTÁVEL E EFICIÊNCIA ENERGÉTICA instalada menor ou igual a 100 kW e que utilize fontes com base em energia hidráulica solar eólica biomassa ou cogeração qualificada conforme regulamentação da ANEEL conectada na rede de distribuição por meio de instalações de unidades consumidoras II Minigeração Distribuída central geradora de energia elétrica com potência instalada superior a 100 kW e menor ou igual a 1 MW para fontes com base em energia hidráulica solar eólica biomassa ou cogeração qualificada conforme regulamentação da ANEEL conectada na rede de distribuição por meio de instalações de unidades consumidoras III Sistema de Compensação de Energia Elétrica sistema no qual a energia ativa injetada por unidade consumidora com microgeração distribuída ou minigeração distribuída é cedida por meio de empréstimo gratuito à distribuidora local e posteriormente compensada com o consumo de energia elétrica ativa desta mesma unidade consumidora ou de outra unidade consumidora de mesma titularidade da unidade consumidora onde os créditos foram gerados desde que possua o mesmo Cadastro de Pessoa Física CPF ou Cadastro de Pessoa Jurídica CNPJ junto ao Ministério da Fazenda REN ANEEL 517 2012 Antes da Resolução Normativa ANEEL 482 ANEEL 2012 as placas solares fotovoltaicas eram instaladas necessariamente como sistemas isolados OFF GRID conforme o esquema da Figura 64 Esses sistemas funcionam por meio de armazenamento da energia em baterias para que a energia seja usada de acordo com a necessidade Hoje tais sistemas podem ainda ser utilizados em locais remotos ou onde o custo de se conectar à rede elétrica é elevado como por exemplo casas de campo refúgios iluminação telecomunicações bombeio de água etc sendo mais caros devido à necessidade de baterias 130 ARQUITETURA SUSTENTÁVEL E EFICIÊNCIA ENERGÉTICA Figura 64 Sistema OFF GRID Fonte Shutterstock 2021 Hoje após a Resolução Normativa ANEEL 482 2012 no Brasil podemos ter os sistemas conectados à rede GRIDTIE como na Figura 65 Eles substituem ou complementam a energia elétrica convencional disponível na rede elétrica podendo gerar créditos ao consumidor mas é necessário um medido bidirecional 131 ARQUITETURA SUSTENTÁVEL E EFICIÊNCIA ENERGÉTICA Figura 65 Sistema GRIDTIE Fonte Shutterstock 2021 Existe ainda uma outra possibilidade mais nova e menos utilizada que é o sistema híbrido SMART GRID o qual pode funcionar tanto conectado à rede quanto com armazenamento de baterias O proprietário pode escolher o que for mais conveniente O Brasil é um país com bom potencial de geração de energia solar Mesmo o pior lugar para geração é 40 melhor do que na Alemanha que é a precursora deste sistema e possui os maiores parques solares do mundo Há duas formas básicas de energia solar aquecimento de água e energia solar fotovoltaica O aquecimento solar de água ainda é a forma mais comum de energia solar O funcionamento do sistema é simples a água fria é colocada em uma serpentina dentro de uma placa solar envidraçada a água se aquece com o sol e é armazenada em um boiler de água quente sendo posteriormente distribuída para o uso na edificação 132 ARQUITETURA SUSTENTÁVEL E EFICIÊNCIA ENERGÉTICA SUGESTÃO DE VÍDEO Entenda o funcionamento do sistema de aquecimento de água por placas solares no vídeo httpswwwyoutubecomwatchvfltv6ztI5KE A outra forma de energia solar é a fabricação de energia elétrica por meio de módulos fotovoltaicos É importante diferenciar esses dois sistemas para que você não os confunda A energia solar fotovoltaica é a fonte que mais cresce no mundo O sistema converte a energia solar em energia elétrica por meio de um material semicondutor que é ativado com a luz solar e a movimentação dos elétrons gerando uma corrente elétrica o que chamamos de efeito fotovoltaico O material mais utilizado para isso é o silício Figura 66 Figura 66 Placa Solar Fonte Shutterstock 2021 133 ARQUITETURA SUSTENTÁVEL E EFICIÊNCIA ENERGÉTICA Há três tipos principais de placas fotovoltaicas de silício amorfo multicristalino e monocristalino O sistema solar fotovoltaico possui também um bom potencial de integração com a arquitetura e o meio urbano podendo ser incorporado em coberturas Figura 67 pergolados fachadas Figura 68 brises ou até mesmo sendo a cobertura de estacionamentos Figura 69 etc Podemse utilizar módulos semitransparentes silício monocristalino e multicristalino módulos coloridos ou texturizados ou mesmo módulos convencionais que são mais baratos sendo que todos eles têm um potencial de integração com a edificação se forem pensados em conjunto com o desenvolvimento do projeto arquitetônico Figura 67 Placas solares na cobertura Fonte Shutterstock 2021 134 ARQUITETURA SUSTENTÁVEL E EFICIÊNCIA ENERGÉTICA Figura 68 Placas solares na fachada Fonte Shutterstock 2021 Figura 69 Placas solares cobrindo estacionamento Fonte Shutterstock 2021 135 ARQUITETURA SUSTENTÁVEL E EFICIÊNCIA ENERGÉTICA A posição ideal das placas é voltada para o norte pois é a orientação solar que mais tem insolação ao longo do ano no hemisfério sul com a inclinação igual à latitude local É preciso salientar que em meio urbano as condições são diferentes de uma usina em solo ou seja há árvores postes placas chaminés edificações vizinhas topografia que fazem parte do entorno e podem gerar sombreamento Devese considerar onde há menos sombreamento Outro ponto a ser considerado que pode interferir no funcionamento das placas é o acúmulo de sujeira causando redução na eficiência dos módulos fotovoltaicos A sujeira cria uma barreira e a irradiação não chega de forma uniforme nos módulos A própria inclinação das placas ajuda na limpeza dos módulos e diminui a necessidade de manutenção A utilização de módulos sem moldura também acumula menos sujeira A eficiência do sistema também pode ser diminuída pelas altas temperaturas sendo a conversão do sistema inversamente proporcional ao aumento de temperatura do módulo fotovoltaico Algumas tecnologias operam melhor do que outras em temperaturas mais altas Em climas muito quentes as placas de silício amorfo podem ser melhores do que as de silício cristalino Uma possível solução para reduzir o calor é deixar uma corrente de ar a fim de ajudar a resfriar os módulos com espaçamento entre cobertura e módulo por exemplo SAIBA MAIS Conheça mais sobre energia solar no site httpswwwarquitetandoenergia solarcombr O conteúdo também está no Instagram arquitetandoenergiasolar httpswwwinstagramcomarquitetandoenergiasolar Por fim a energia solar é uma forma de termos edificações NZEB Edificações de Energia Quase Zero Para alcançar esta meta devemos trabalhar a eficiência energética da edificação diminuindo o uso de energia com maior iluminação natural menos uso de arcondicionado arcondicionado mais eficiente etc basicamente o que vimos na Unidade 3 136 ARQUITETURA SUSTENTÁVEL E EFICIÊNCIA ENERGÉTICA Outra forma é a geração própria de energia renovável como a energia solar fotovoltaica Para saber se a sua edificação é NZEB ou não podem ser feitos cálculos por meio de simulação no selo Procel Edifica selo de sustentabilidade por exemplo 45 POSTURAS PROFISSIONAIS EM PROJETOS SUSTENTÁVEIS Como podemos entender a responsabilidade socioambiental A responsabilidade social é um princípiobase do ser tendendo a manifestarse nas percepções reflexões e ações comprometidas Uma forma de responsabilidade social que nos cabe como arquitetos é de construir da forma mais sustentável possível Mas como fazemos isso Vimos alguns caminhos ao longo deste caderno porém isso acaba sendo impreciso e não é uma informação que facilmente chega ao grande público Muitas vezes este esforço não é desejado cobrado ou valorizado pelo cliente Como uma pessoa leiga por exemplo vai saber se está comprando uma casa eficiente ou não Ou se o arquiteto está pensando realmente na sustentabilidade e eficiência energética A pessoa leiga só perceberá ao longo do uso da edificação ou pela falta de informação talvez nunca saiba Assim surgem os selos de sustentabilidade que visam criar parâmetros para os projetos e execução etiquetando as edificações e dando conhecimento ao público e ao consumidor sobre a qualidade delas Conforme o país você pode encontrar diferentes selos ou ter alguns selos que são mais populares A tendência é que com o tempo esse tipo de informação seja obrigatório como já é em alguns países desenvolvidos No Brasil os principais selos são Procel Edifica Casa Azul Leed e Aqua Há ainda outros como o BREEAM o Passive Haus o Energy Star e alguns menos conhecidos Os selos Procel e Casa Azul foram desenvolvidos no Brasil os outros foram importados de outros países principalmente Estados Unidos e da Europa O selo Procel Edifica faz parte do programa brasileiros de etiquetagem do INMETRO o mesmo que vemos nos eletrodomésticos Há a etiquetagem do Procel para edificações comerciais de serviço públicas e residenciais sendo que o selo está em constante desenvolvimento A etiqueta classifica as edificações de A a E sendo A a mais eficiente e 137 ARQUITETURA SUSTENTÁVEL E EFICIÊNCIA ENERGÉTICA E a menos eficiente O método pode ser feito por simulação energética ou pelo método prescritivo que envolve cálculos O Casa Azul é um selo da Caixa cujo foco é trazer sustentabilidade e eficiência energética para as habitações de interesse social apesar de ele ser utilizado em habitações de outros padrões também O selo é uma forma de reconhecimento e incentivo para que estas edificações tenham menos impacto ambiental sendo considerados 53 critérios em relação aos temas qualidade urbana projeto e conforto eficiência energética conservação de recursos materiais gestão da água e práticas sociais Conforme o atendimento aos critérios o empreendimento é classificado entre ouro prata ou bronze O Processo AQUA de construção sustentável é um processo de Gestão Total de Empreendimentos que conduz a uma alta qualidade ambiental das edificações da concepção à operação A certificação considera a avaliação de 14 categorias inseridas em quatro grandes blocos sítioconstrução gestão de recursos conforto e saúde O LEED Leadership in Energy and Environmental Design é um sistema de certificação ambiental de edificações criado pelo US Green Building Council A certificação é classificada entre certificado básico prata Figura 70 ouro ou platina considerando pontuações em 7 categorias localização e transporte espaço sustentável eficiência do uso da água energia e atmosfera materiais e recursos qualidade ambiental interna inovação e processos e créditos e prioridade regional Figura 70 Selo LEED Silver Prata Fonte Shutterstock 2021 138 ARQUITETURA SUSTENTÁVEL E EFICIÊNCIA ENERGÉTICA SUGESTÃO DE LEITURA Leia outras informações sobre os selos verdes para construção civil no artigo httpssustentarquicombrselosparacontrucaosustentavel A maioria dos sistemas de certificação sustentável como os que vimos agora apesar das diferentes categorias e forma de pontuação possuem de modo geral um enfoque nas chamadas boas práticas sociais O que seria isso na construção civil Uma boa prática social é a educação para a Gestão de RCD Resíduos de Construção e Demolição que veremos no próximo tópico Uma outra forma é o incentivo ao desenvolvimento pessoal e capacitação profissional dos empegados Também é uma boa prática incluir trabalhadores locais na obra sempre que possível assim como criar ações para geração de emprego e renda local Além disso é importante criar ações para a mitigação de riscos sociais Então como podemos fazer nossa parte enquanto arquitetos Devemos ter um olhar abrangente além dos limites do projeto e da legalidade conversar com a população da região observar e identificar possíveis necessidades observar e identificar possíveis conflitos levantar possíveis redutores de conflito sempre comprometidos com o nosso trabalho e com a sociedade aplicando soluções na concepção arquitetônica e aproveitando experiências a fim de evitar futuros erros CHIARADIA 2020 NA PRÁTICA O processo de certificação de edificações utiliza indicadores ambientais que facilitam o método e deixam mais claro o caminho a seguir Avaliar o seu projeto segundo os indicadores ambientais abaixo escolhendo 2 indicadores mais eficientes para cada âmbito Sugerir possíveis melhorias para cada indicador apresentando em forma de justificativa propondo soluções e alternativas para maior efetividade do projeto São indicadores que você deve aplicar em seu projeto Zoneamento identificar a situação do projeto e a sua relação com o ambiente natural no 139 ARQUITETURA SUSTENTÁVEL E EFICIÊNCIA ENERGÉTICA que tange às áreas de preservação permanente topografia ventos dominantes orientação solar e flora e fauna Recursos Naturais na edificação identificar as estratégias passivas utilizadas na edifi cação visando ao aproveitamento dos recursos naturais Infraestrutura e Materiais identificar as características construtivas referentes à durabi lidade manutenção origem e reciclagem dos materiais utilizados na edificação identificar as medidas relacionadas à energia água e fornecedores assim como as medidas adotadas nos processos quanto à produção e gerenciamento de resíduos efluentes emissões atmosféricas e ruídos Responsabilidade Socioambiental identificar a relação do projeto com a sociedade direta ou indiretamente no que se refere à comunicação participação educação interação relacionada às ações adotadas pelo projeto 46 GESTÃO DE RESÍDUOS NA CONSTRUÇÃO CIVIL Embora a construção civil no Brasil tenha tido seu apogeu na década de 1940 foi apenas em meados de 2000 que se iniciaram programas e políticas públicas focados na preocupação com a questão ambiental deste setor no quesito dos resíduos oriundos da construção civil A necessidade de estabelecer diretrizes critérios e procedimentos para a gestão dos resíduos da construção civil resultou na Resolução CONAMA 3072002 BRASIL 20002 a qual também estabelece prazos para os municípios e governo federal elaborarem e implantarem seus planos Integrados de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil RCC Estabelecer práticas de gestão de resíduos da construção civil vai além dos critérios legais beneficiando especialmente o meio ambiente através da redução da demanda por aterros e da reeducação da população diretamente envolvida Devemos utilizar o conceito dos 3 Rs Reduzir diminuir a quantidade 140 ARQUITETURA SUSTENTÁVEL E EFICIÊNCIA ENERGÉTICA Reutilizar utilizar novamente de diversas formas Reciclar transformar o resíduo antes inútil em matériasprimas Veja o Quadro 1 com a classe dos resíduos de acordo com a Resolução do CONAMA n431 BRASIL 2011 n348 BRASIL 2004 nº 448 BRASIL 2012 a qual altera a 3072002 BRASIL 2002 Quadro 1 Classificação de Resíduos CLASSE A São os resíduos reutilizáveis ou recicláveis como agregados a de construção demolição reformas e re paros de pavimentação e de outras obras de infraestrutura inclusive solos provenientes de terraplanagem b de construção demolição reformas e reparos de edificações componentes cerâmicos tijolos blocos telhas placas de revestimento etc argamassa e concreto cde processo de fabricação eou demoli ção de peças prémoldadas em concreto blocos tubos meiosfios etc produzidas nos canteiros de obras CLASSE B São os resíduos recicláveis para outras destinações PlásticosVermelha papelpapelãoAzul metaisAmarela vidrosVerde madeiras e gessoPreta CLASSE C São os resíduos para os quais não foram desenvolvidas tecno logias ou aplicações economi camente viáveis que permitam a sua reciclagemrecuperação tais como os produtos oriundos do isopor Isopor e outrosCinza CLASSE D São os resíduos perigosos oriun dos do processo de construção Tintas solventes óleos e outros ou aqueles contaminados oriundos de demolições reformas e reparos de clínicas radiológicas instalações industriais e outros Fonte Elaborado pela autora 2021 a partir de Chiaradia 2020 141 ARQUITETURA SUSTENTÁVEL E EFICIÊNCIA ENERGÉTICA Dessa forma deve ser feito dentro do canteiro de obras o Préacondicionamento e triagem dos resíduos as baias podem ter 1 m de largura por 3 m de profundidade como no exemplo da Figura 71 No Quadro 2 veja os exemplos de separação das baias Figura 71 Baias de separação dos resíduos Fonte CHIARADIA 2020 SUGESTÃO DE VÍDEOS Assista aos vídeos indicados a seguir Um exemplo da aplicação de gestão de resíduos httpswwwyoutubecom watchv5Wc5GH7vfw Um exemplo de reciclagem de resíduos httpswwwyoutubecomwatchvM4DoWVt105w SUGESTÃO DE LEITURA Leia o artigo de uma feira com um exemplo de canteiro de obras sustentável disponível em httpwwwtemsustentavelcombrcanteirodeobrasdentrode feirasimula 142 ARQUITETURA SUSTENTÁVEL E EFICIÊNCIA ENERGÉTICA Quadro 2 Separação das Baias Fonte Chiaradia 2020 Você pode aprofundarse no assunto a partir da leitura da Resolução Conaman 307 2002 BRASIL 2002 que está no seu material complementar Gerir bem os resíduos da construção civil reaproveitando e reciclando o que for possível é definitivamente um grande passo em direção à sustentabilidade na construção civil pois como vimos todo o ciclo de vida da edificação é importante 143 ARQUITETURA SUSTENTÁVEL E EFICIÊNCIA ENERGÉTICA 47 ANTEPROJETO Agora que você conhece todo o processo de projeto sustentável é hora de uma análise crítica no seu projeto o que fizemos na atividade NA PRÁTICA e de implantar todos os seus conhecimentos finalizando a última unidade com o anteprojeto e detalhando o que foi aplicado no projeto O anteprojeto é a hora de consolidar as suas ideias colocando à prova se os sistemas que você propôs no estudo preliminar estão coerentes e funcionais Enfim é momento de integrar a sustentabilidade definitivamente no seu processo de projeto O roteiro para a realização do anteprojeto está na ATIVIDADE 02 deste caderno Espero que você consiga absorver esses conhecimentos para dentro do seu projeto consolidando uma metodologia de projeto sustentável 144 ARQUITETURA SUSTENTÁVEL E EFICIÊNCIA ENERGÉTICA PARA SINTETIZAR Na quarta e última unidade desta disciplina estudamos um panorama histórico sobre a sustentabilidade os problemas decorrentes da poluição e do uso de energias não renováveis assim como o compromisso dos países com estas questões Aprendemos sobre as diferentes fontes de energia e a matriz energética brasileira assim como os instrumentos de gestão para a questão de energia no Brasil Também conhecemos um pouco mais sobre a energia solar e o seu uso na arquitetura e refletimos sobre a responsabilidade social no âmbito da sustentabilidade da construção civil e os selos de sustentabilidade Por fim vimos a gestão dos resíduos da construção civil dentro do canteiro de obras São diversos assuntos e em virtude de trazer um panorama geral não é possível nos aprofundarmos mas você pode consultar no material os vídeos e artigos da Unidade 4 para conhecer mais ou ainda pesquisar por conta própria pois o material sobre o conteúdo é abundante Este caderno está repleto de informações e conhecimento Espero que você aproveite da melhor forma possível o aprendizado aqui adquirido utilizandoo em seus projetos através da busca constante por uma maior sustentabilidade e eficiência energética visto que o mercado as novas tecnologias e as fontes de energia também estão em incessante desenvolvimento Há 10 anos uma placa fotovoltaica era inacessível ao grande público o que já não é mais realidade haja vista que o mundo vai evoluindo e precisamos evoluir junto 145 ARQUITETURA SUSTENTÁVEL E EFICIÊNCIA ENERGÉTICA GLOSSÁRIO Energia Primária fonte de energia disponível na natureza que ainda não passou por qualquer processo de conversão ou transformação ou seja é a energia contida nos combustíveis brutos as quais podem ser renováveis ou não renováveis 146 ARQUITETURA SUSTENTÁVEL E EFICIÊNCIA ENERGÉTICA EXERCÍCIOS DE APRENDIZAGEM 01 Os Sistemas Conectados à rede como forma de energia alternativa substituem ou complementam a energia elétrica convencional disponível na rede elétrica Estes sistemas também chamados de Grid Tie são uma realidade brasileira desde 2012 a partir da Resolução Normativa 482 da ANEEL Agência Nacional de Energia Elétrica A respeito dos sistemas conectados na rede elétrica é correto afirmar que I Todo estabelecimento residencial comercial ou industrial pode contribuir para o sistema de energia elétrica na forma de microgerador de energia desde que utilize fontes com base em energia hidráulica solar eólica biomassa ou cogeração qualificada II Apenas indústrias e estabelecimentos comerciais podem ser microgeradores de energia desde que utilizem fontes com base em energia hidráulica solar eólica biomassa ou cogeração qualificada III A microgeração distribuída ou minigeração distribuída é cedida por meio de empréstimo gratuito à distribuidora local e posteriormente compensada em dinheiro IV O sistema de compensação do microgerador ou minigerador é realizado através de créditos pela concessionária local sem a realização de pagamento em moeda corrente É correto APENAS o que se afirma em a II e III b I e IV c I e III d II III e IV e I III e IV 02 Protagonistas da geração de energia no Brasil as usinas hidrelétricas são responsáveis por cerca de 70 da matriz brasileira atualmente Dados da Agência Nacional de Energia Elétrica ANEEL mostram que estão operando 147 ARQUITETURA SUSTENTÁVEL E EFICIÊNCIA ENERGÉTICA atualmente 1122 empreendimentos de fonte hidráulica além de 209 já outorgados e outros 34 em construção Entretanto a inauguração de novas grandes usinas está com os dias contados 15 anos no máximo Estimase que após este período o potencial de construir novas unidades terá se esgotado não havendo mais usinas de grande porte para serem implementadas Fonte httpwwwcanalbioenergiacombr Acesso em 30 de outubro de 2020 Considerando as informações acima avalie as asserções a seguir e a relação proposta entre elas 1 Energia Sustentável para Todos foi uma iniciativa da ONU estabelecida na Rio 20 a qual preconiza que até 2030 os três principais objetivos da iniciativa sejam atendidos pelas nações os quais assegurar o acesso à energia dobrar a eficiência energética e dobrar o compartilhamento de energia renovável PORQUE 2 Sob este enfoque as políticas públicas brasileiras vêm sendo lentamente aplicadas porém com estudos pautados nos relatórios da matriz energética brasileira nos quais estão expressamente representadas as intenções e necessidades de ampliação da diversificação das fontes energéticas do país mediante o uso de fontes alternativas além da matriz atual hídrica a As asserções 1 e 2 são proposições verdadeiras mas a 2 não é uma justificativa correta da 1 b As asserções 1 e 2 são proposições verdadeiras e a 2 é uma justificativa correta da 1 c A asserção 1 é uma proposição verdadeira e a 2 é uma proposição falsa d A asserção 1 é uma proposição falsa e a 2 é uma proposição verdadeira e As asserções 1 e 2 são proposições falsas 03 Fontes de energia são recursos naturais usados para geração de energia As fontes energéticas se dividem entre renováveis e não renováveis Exemplos de fontes energéticas renováveis são a luz do sol energia solar água dos rios energia hídrica força dos ventos energia eólica materiais orgânicos biomassa força das ondas energia ondomotriz força das marés energia maremotriz e o calor do interior da Terra energia geotérmica Exemplos de fontes de energias não renováveis são fontes de energia derivadas de 148 ARQUITETURA SUSTENTÁVEL E EFICIÊNCIA ENERGÉTICA combustíveis fósseis como o petróleo o carvão mineral o xisto e o gás natural Fonte Adaptado de httpswwwportalsolarcombrfontesdeenergia renovaveishtml Acesso em 29 de outubro de 2021 Tratandose de fontes de energia não renováveis é correto afirmar que a são assim consideradas aquelas cuja reposição pela natureza é bem mais rápida do que sua utilização energética b são assim consideradas pois suas reposições são nulas uma vez que forem utilizadas c seu uso pela humanidade não causa uma variação significativa nos seus potenciais e suas reposições a curto prazo são relativamente certas d são todas as fontes primárias de energia renovável e são assim consideradas pois suas reposições naturais levam muitos séculos ou milênios sob condições muito particulares para se reestabelecerem ou renovarem no meio 149 ARQUITETURA SUSTENTÁVEL E EFICIÊNCIA ENERGÉTICA REFERÊNCIAS AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA Resolução normativa nº 482 de 17 de abril de 2012 Diário Oficial da República Federativa do Brasil Poder Executivo DF 19 abr 2012 AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA Resolução Normativa nº 517 de 11 de dezembro de 2012 Diário Oficial da República Federativa do Brasil Poder Executivo DF 14 dez 2012 BRASIL Ministério do Meio Ambiente MMA Conselho Nacional do Meio Ambiente CONAMA Resolução CONAMA Nº 307 de 17072002 Estabelece diretrizes critérios e procedimentos para a gestão dos resíduos da construção civil BRASIL Ministério do Meio Ambiente MMA Conselho Nacional do Meio Ambiente CONAMA Resolução CONAMA Nº 348 de 17082004 Altera a Resolução CONAMA no 307 de 5 de julho de 2002 incluindo o amianto na classe de resíduos perigosos BRASIL Ministério do Meio Ambiente MMA Conselho Nacional do Meio Ambiente CONAMA Resolução CONAMA Nº 431 de 24042011 Altera o art 3º da Resolução no 307 de 5 de julho de 2002 do Conselho Nacional do Meio Ambiente CONAMA estabelecendo nova classificação para o gesso Brasil Ministério do Meio Ambiente MMA Conselho Nacional do Meio Ambiente CONAMA Resolução CONAMA Nº 448 de 18012012 Altera os arts 2º 4º 5º 6º 8º 9º 10º 11º da Resolução nº 307 de 5 de julho de 2002 do Conselho Nacional do Meio Ambiente CONAMA REIS L B SILVEIRA S Energia elétrica para o desenvolvimento sustentável São Paulo EDUSP 2001 Slides Liege Chiaradia Ferreira 20202 Disciplina de Arquitetura Sustentável e Eficiência Energética UNIAVAN 2020 Conheça os países que assinaram o Protocolo de Kyoto Pensamento Verde 2013 Disponível em httpwwwpensamentoverdecombratitudeconhecaospaisesque assinaramoprotocolodekyoto Acesso em 29 de out de 2021 COP 15 Sessions United Nations Climate Change 2009 Disponível em httpsunfccc intprocessandmeetingsconferencespastconferencescopenhagenclimatechange conferencedecember2009cop15 Acesso em 24 de nov de 2021 Assinatura do Acordo de Paris marca nova fase de combate às mudanças climáticas WWF 2016 Disponível em httpwwwwwforgbr51842 Acesso em 29 de out de 150 ARQUITETURA SUSTENTÁVEL E EFICIÊNCIA ENERGÉTICA 2021 Os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável no Brasil Nações Unidas Brasil 2021 Disponível em wwwnacoesunidasorgcop21 Acesso em 29 de out de 2021 Centrais a carvão Uma luta pelo equilíbrio EDP Energias de Portugal 2020 Disponível em httpswwwedpcomptptcentraisacarvaoumalutapeloequilibrio Acesso em 28 de out de 2021 Balanço Energético Nacional 2020 Relatório Síntese Ano base 2019 EPE Empresa de Pesquisa Energética 2020 Disponível em httpswwwepegovbrsitespt publicacoesdados abertospublicacoesPublicacoesArquivospublicacao479 topico521RelatoCC81rio20SiCC81ntese20BEN202020ab202019 Finalpdf Acesso em 29 de out de 2021 ZOMER Clarissa Arquitetando Energia Solar 2021 Disponível em httpswww arquitetandoenergiasolarcombr Acesso em 29 de out de 2021 Plano Decenal de Energia PDE 2019 e PDE 2022 Ministério de Minas e Energia 2019 Disponível em httpwwwmmegovbrmmemenupde2022html Acesso em 30 de out de 2021 ZOMES Clarissa FOSSATI Michele Como saber se meu projeto é um NZEB Integre Sustentabilidade 2021 Disponível em httpswwwcanvacomdesignDAEm8QjsN0Q eQBfLW4tSwkHWrmgGA4tWQviewwebsite4aula10comosabersemeuprojeto umnzeb Acesso em 30 de out de 2021 ZOMES Clarissa FOSSATI Michele O que o projetista precisa saber para projetar uma arquitetura solar Integre Sustentabilidade 2021 Disponível em httpswwwcanva comdesignDAEm8QjsN0QeQBfLW4tSwkHWrmgGA4tWQviewwebsite4aula09 oqueoprojetistaprecisasaberparaprojetarumaarquiteturasolar Acesso em 30 de out de 2021 ZOMES Clarissa FOSSATI Michele Como podemos gerar energia em uma edificação Integre Sustentabilidade 2021 Disponível em httpswwwcanvacomdesign DAEm8QjsN0QeQBfLW4tSwkHWrmgGA4tWQviewwebsite4aula06como podemosgerarenergiaemumaedificao Acesso em 30 de out de 2021 Saiba quais são os Selos para Construção Sustentável SustentArqui 2014 Disponível em httpssustentarquicombrselosparacontrucaosustentavel Acesso em 30 de out de 2021 Canteiro de obras dentro de feira simula frentes de trabalho sustentáveis TEM Sustentável 2017 Disponível em httpwwwtemsustentavelcombrcanteirode obrasdentrodefeirasimula Acesso em 30 de out de 2021 unia vanedubr