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Repad Vol 2 n 2 AGOSTO2018 Revista Estudos e Pesquisas em Administração UFMT Revista Estudos e Pesquisas em Administração n EGITO e MONTEIRO Vol 2 n 2 AGOSTO2018 n Journal of Studies and Research in Administration 129 O JEITINHO BRASILEIRO Analisando suas características como ferramenta de conveniência social THE BRAZILIAN WAY Analyzing its characteristics as a tool of social convenience Rafaela Simoes Egito Universidade Federal Rural de Pernambuco httpsorcidorg0000000216449916 Wilka Ferreira Monteiro Universidade Federal de Pernambuco httpsorcidorg0000000231494918 RESUMO Um aspecto cultural marcante na sociedade brasileira o denominado jeitinho brasileiro é o típico processo por meio da habilidade e engenhosa manobra que alguém torna possível o impossível justo o injusto legal o ilegal GUERREIRO RAMOS 1983 A finalidade deste estudo foi confrontar as abordagens de diversos autores que já discorreram sobre o assunto e buscar compreender se afinal poderia ser cogitado como alternativa válida o uso desse dito jeitinho como uma saída viável e aceitável na resolução dos problemas internos e característicos da Gestão Pública ou se de modo algum poderia ser tolerado tal comportamento uma vez que se configuraria como grave afronta e transgressão aos direitos e garantias fundamentais expressados pelos princípios da Administração Pública Para isso foi realizado levantamento sobre a temática em literatura especializada além de pesquisa em material disponível nas bases de periódicos da Capes Scielo e na BDTD Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações Além do uso dos descritores Aspectos culturais formalismo e jeitinho brasileiro criatividade e flexibilidade De maneira geral percebeuse que o jeitinho pode ser analisado como um produto do formalismo de maneira positiva ou negativa de acordo com a conveniência social Palavraschave Aspectos culturais Formalismo Jeitinho brasileiro Cultura Organizacional Gestão Pública ABSTRACT A striking cultural aspect in Brazilian society the socalled Brazilian way of doing things is the typical process through skill and ingenious maneuvering that makes possible the impossible just the unjust legal the illegal GUERREIRO RAMOS 1983 The purpose of this study was to confront the approaches of several authors who have already discussed the subject and to try to understand if after all a valid alternative could be considered as the use of this way as a viable and acceptable solution in solving problems internal and characteristic of Public Management or weather such behavior could in any way be tolerated since it would constitute a serious affront and transgression of the fundamental rights and guarantees expressed by the principles of Public Administration For that a survey was carried out on the subject matter in specialized literature as well as a research on material available on Capes Scielo and BDTD Brazilian Digital Library of Theses and Dissertations journals Besides the use of the descriptors Cultural aspects formalism and Brazilian way creativity and Recebido em 27022018 e aprovado em 14082018 Revista Estudos e Pesquisas em Administração n EGITO e MONTEIRO Vol 2 n 2 AGOSTO2018 n Journal of Studies and Research in Administration 130 flexibility In a general way it was perceived that the jeitinho can be analyzed as a product of formalism in a positive or negative way according to the social convenience Keywords Cultural Aspects Formalism Brazilian Style Brazilian way Organizational Culture Public Management INTRODUÇÃO O formalismo é uma escola de pensamento em lei e jurisprudência a qual assume que a lei é um sistema de regras que pode determinar o desfecho de qualquer caso sem referenciar se às normas externas Neste sentido há de ser deixar clara a diferença da utilização do termo entre o formalismo advindo da burocracia e o formalismo proposto pelo autor Guerreiro Ramos O primeiro trata de regras formais que definem ações e atitudes corporativas e institucionais e a segunda a qual norteia o embasamento do estudo corresponde ao grau de discrepância entre o prescritivo e o descritivo entre o poder formal e o poder efetivo entre a impressão que nos é dada pela Constituição pelas leis e regulamentos organogramas e estatísticas e os fatos e práticas reais do governo e da sociedade Quanto maior a discrepância entre o formal e o efetivo mais formalístico o sistema É neste sentido que se observa as considerações acerca do já reconhecido processo brasileiro de resolver dificuldades o famoso jeitinho brasileiro Em sua obra Administração e Estratégia de Desenvolvimento 1966 Guerreiro Ramos afirma que o jeitinho é uma categoria central da sociedade brasileira p12 Mas não que ele atribua a um caráter nacional mesmo porque o jeitinho e outros mecanismos que ele chama de processos crioulos também são característicos de outros povos latinoamericanos Essa afirmativa deixa claro que para ele esses processos são corriqueiros em vários países pois possuem o mesmo ponto em comum o formalismo Para Guerreiro Ramos 1983 o jeito é considerado como estratégia de segundo grau suscitada pelo formalismo é um mecanismo social que envolve a quebra de regras leis ou padrões no intuito de tratar de problemas enfrentados no momento em que ocorrem É um processo informal particularmente útil para a estratégia do Getting Thing Done GTD criado por Allen 2002 tratase do gerenciamento do tempo que visa à produtividade ou seja uma maneira de resolver situações e problemas imediatos pulando as etapas longas e desnecessárias que acarretam perda de tempo Neste estudo foi feito uma análise a respeito do conceito do jeitinho brasileiro ou simplesmente jeitinho entendido aqui sempre como forma especial de se resolver um problema uma situação difícil ou não permitida por lei ou uma saída criativa para alguma emergência seja sob o formato de burla a alguma norma preestabelecida seja sob a forma de conciliação esperteza ou habilidade BARBOSA 1992 p41 Dentro dessa conjuntura a Gestão Pública no Brasil é conhecida pela maioria das pessoas como adepta a prática do jeitinho como forma de driblar questões burocráticas e resolver problemas por meios não convencionais O que chama a atenção é o fato de que essa prática tão difundida na sociedade desperte opiniões por vezes contrárias entre si os defensores alegam que a prática é um aspecto cultural de levar vantagem própria do brasileiro a qual deveria ser vista como criatividade por sua vez os que condenam a prática alegam ser simplesmente falta de condescendência ou profissionalismo Contudo existe a corrente que se coloca de forma condenar ou defender conforme o contexto em que esse jeitinho ocorre Como aspecto característico da cultura brasileira é comum que o jeitinho permeie a cultura das organizações e instituições sejam de caráter público ou privado aqui defendida como o conjunto de hábitos crenças valores e símbolos que a particularizam frente às demais BERGUE 2012 p 18 Revista Estudos e Pesquisas em Administração n EGITO e MONTEIRO Vol 2 n 2 AGOSTO2018 n Journal of Studies and Research in Administration 131 Apesar disso não há ainda consenso pacificado acerca de como a Gestão Pública no que tange ao quesito Gestão de Pessoas deva atuar conforme essa realidade Deste modo este estudo explorou o que se entende pela prática do jeitinho brasileiro na Cultura Organizacional dentro do contexto da Administração Pública suas vantagens desvantagens e consequências ou prejuízos mais evidentes Procurouse averiguar em quais condições se encontram as negativas e vertentes positivas que decorrem do método de solucionar problemas usando o jeitinho Ou seja nosso problema de pesquisa diz respeito às quais discussões teóricas existem sobre o tema do jeitinho dentro do contexto da Gestão Pública Por fim este artigo interroga e examina se o jeitinho seria um problema ou uma vantagem ou se ainda estão corretas ambas as hipóteses dependendo na verdade de outros fatores extrínsecos a serem considerados Neste sentido questionase seria a prática do jeitinho mais do que meramente contornar uma situação específica e se constitui em prática dolosa uma vez que a valoração do interesse pessoal em detrimento ou prejuízo do coletivo feriria principalmente o princípio da impessoalidade na administração pública presente na Constituição Federal Brasileira O estudo desta temática se faz necessário pois ainda que seja quase consenso entre os estudiosos que o jeitinho seja uma prática amplamente difundida nas organizações brasileiras principalmente nas instituições públicas ainda não há volume de trabalhos satisfatórios que relacionem o jeitinho ao trabalho da Gestão de Pessoas dentro do contexto da Administração Pública O primeiro passo foi buscar contextualizar a questão do jeitinho como aspecto cultural dentro do que se conhece como cultura organizacional Posteriormente com o levantamento da revisão da literatura tratamos das características e definições do jeitinho brasileiro que foram apresentadas pelos autores relacionandoos entre si e procurando analisar de que maneira esse traço cultural tão acentuado e conhecido da sociedade brasileira poderia ser melhor aplicado pelos gestores dentro da administração pública RERERENCIAL TEÓRICO ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA E SEUS PRÍNCÍPIOS A Administração Pública é todo o mecanismo do Estado para realizar o propósito para o qual foi criado institui tanto a estruturação do órgão a serviço do Estado e a sua integração por agentes tanto quanto a gestão por eles ou seja a sua atividade A Constituição Federal ao disciplinar a Administração Pública estabeleceu regras gerais nos artigos 37 e 38 ao qual apresentam uma visão de Reforma Administrativa pautada nos princípios basilares da supremacia do interesse público e a indisponibilidade desses interesses Impondo assim a transformação de um sistema de administração pública burocrática para um sistema gerencial apresentando como atributos beneficiar a população os direitos públicos e à obtenção de resultados concedendo aos agentes públicos confiança contudo sob controle legal e responsabilização Os princípios são preceitos formais dotados de positividade que definem condutas obrigatórias impedindo a adoção de comportamento com eles incompatível Servem para orientar a correta interpretação das normas isoladas indicar dentre as interpretações possíveis diante do caso concreto qual deve ser obrigatoriamente adotada pelo aplicador da norma em face dos valores consagrados pelo sistema jurídico Segundo Cretella Júnior 2005 p222 princípios de uma ciência são as proposições básicas fundamentais típicas que condicionam Revista Estudos e Pesquisas em Administração n EGITO e MONTEIRO Vol 2 n 2 AGOSTO2018 n Journal of Studies and Research in Administration 132 todas as estruturações subsequentes Princípios neste sentido são os alicerces da ciência No que se refere à análise dos princípios norteadores da atividade administrativa pode se constatar o seguinte Legalidade subordinação à lei Ou seja a legalidade significa que a Administração Pública não tem liberdade e nem vontade pessoal só pode fazer o disposto em lei Impessoalidade ausência de subjetividade A atividade administrativa deve ser gerida com finalidade pública aos cidadãos em geral sem favoritismos discriminações favoráveis e prejudiciais A regra administrativa deve ser interpretada e aplicada de maneira que melhor assegure a realização do fim público ao qual se dirige Moralidade confere a Administração não somente uma atuação legal como também moral ética honesta leal e de boa fé Todavia a moralidade a ser obedecida é a administrativa e não a moralidade comum que versa da distinção entre o bem e o mal Publicidade pretende garantir o controle por meio da sociedade e da gestão administrativa a fim de conferir à mesma validade e eficácia Eficiência Trazido pela emenda constitucional 19 de 1998 é dirigido a toda Administração Pública e está intrinsecamente ligada ao modo de atuação do agente público Como também está relacionada diretamente com a maneira estrutural organizacional e disciplinar da Administração Pública também com a finalidade de alcançar os melhores resultados na gestão pública para que o bem comum seja alcançado da forma mais adequada Desta maneira ao relacionar o que está descrito na Constituição Federal e a prática social do jeitinho indagase é possível perceber a existência de patologia entre eles uma vez que se evidenciem os efeitos nocivos em aferir vantagens exclusivamente para si ou para os seus mesmo acarretando prejuízo para a coletividade Ou se ainda seria justificado um comportamento social consciente ou inconsciente de um meio que fere não somente aos princípios elencados como também aos direitos e garantias fundamentais de todos os indivíduos No Brasil o formalismo caracteriza uma ambivalência que o torna essencial Tal como destaca Guerreiro Ramos 1983 p 373 o sujeito de um comportamento formalístico tem de proclamar de palavra a validade da norma e negála na prática Essa ambiguidade é de tal maneira mais evidente quando se observa por exemplo o caso do processo seletivo público Embora as pessoas acreditem que o desempenho no concurso seja fator preponderante para obtenção de boa classificação não deixam de presumir que o jeitinho é mais eficiente que os seus resultados da prova para obter o que pretendem daí a expressão apadrinhamento O evidenciado formalismo presente na realidade brasileira proporciona a prática do jeitinho ou seja o modo pelo qual se pode solucionar as dificuldades sem as sanções das normas e leis CULTURA ORGANIZACIONAL Cultura organizacional pode ser percebida também como um sistema que consente a todos os indivíduos respeitar certa conduta e seguir certos procedimentos para situações que são gerados no dia a dia de uma organização Este sistema é composto por regras que são elaboradas e aprovadas na gestão operacional e organizacional de maneira que o cumprimento é obrigatório e respeitado por todos Revista Estudos e Pesquisas em Administração n EGITO e MONTEIRO Vol 2 n 2 AGOSTO2018 n Journal of Studies and Research in Administration 133 Para Pires e Macêdo 2006 p83 a cultura é um dos pontoschave na compreensão das ações humanas funcionando como um padrão coletivo que identifica os grupos suas maneiras de perceber pensar sentir e agir Uma boa gestão precisa conhecer os aspectos comportamentais dos indivíduos que estão relacionados com a organização uma vez que em alguns casos esses aspectos comportamentais muitas vezes influenciam e por vezes restringem a ação administrativa Dessa maneira um maior entendimento destas particularidades comportamentais e culturais se torna essencial MACHADO CARVALHO 2006 A cultura organizacional é reflexo direto da cultura na qual está inserida pois as organizações são componentes da sociedade e nesse sentido são elementos basilares de sua cultura FREITAS 1997 A conjuntura cultural influencia a maneira como estão configuradas as relações de trabalho no ambiente organizacional SHIMONISHI SILVA 2003 Compreender a cultura de uma organização ou instituição implica constituir uma interdependência entre outros fatores da cultura da mesma e as estruturas sociais históricas legais e morais que compõem os aspectos culturais da sociedade na qual a organização está inserida FREITAS 1997 É fundamental compreendermos os aspectos culturais que atuam reflexivamente sobre a gestão e precisam ser ponderados sob a ótica da cultura organizacional e são profundamente influenciados por elementos da cultura nacional BERGUE 2012 Deste modo entendese que a cultura organizacional é um conceito essencial à construção das estruturas organizacionais Percebese então que a cultura de uma sociedade ou organização será um conjunto de características que a distingue em relação a qualquer outra A cultura adota o papel de legitimadora do sistema de valores que assim produzem normas de comportamento genericamente aceitas por todos Diante do exposto e para estar correlato com o objeto de estudo é necessário considerar os aspectos da cultura brasileira ORGANIZAÇÃO E OS ASPECTOS CULTURAIS BRASILEIROS Um dos temas debatidos pela literatura brasileira sobre cultura organizacional referese ao jeitinho brasileiro e seu influxo de atuação na dinâmica das organizações Nestas discussões tradicionais a maioria dos autores admite o fenômeno do jeitinho como típico de nossa sociedade um traço cultural brasileiro que tem não somente implicações organizacionais como também na dinâmica da sociedade como um todo É notório que as organizações brasileiras possuem particularidades bastante intrigantes em relação às organizações de outras culturas e ou outros países e que refletem os valores culturais da sociedade que a envolvem PIRES MACÊDO 2006 Segundo Silva 2011 p136 A cultura nacional e a organizacional influenciam as práticas sociais e reproduzem através dessas características a cultura brasileira Não se trata de distinções que só podem ser vistas em determinada organização e sim as que pertencem a um povo que também fazem parte das instituições brasileiras Métodos que são considerados apensos dentro da organização por vezes só estão refletindo qualidades que são próprias da cultura nacional Segundo Freitas 1997 cinco aspectos brasileiros merecem ser destacados e são mais profundamente dominantes no âmbito organizacional a malandragem sendo o malandro o mestre da arte do jeitinho o qual resolve problemas com criatividade e inovação o patriarcalismo e a hierarquia que são responsáveis por impor e manter o distanciamento entre chefe e subordinado o sensualismo que seria a capacidade de utilizar da astúcia para alcançar Revista Estudos e Pesquisas em Administração n EGITO e MONTEIRO Vol 2 n 2 AGOSTO2018 n Journal of Studies and Research in Administration 134 o objetivo pretendido o espírito aventureiro que é caracterizado pela busca dos bons resultados à custa de pouco esforço e o afeto que aqui está manifestado como preferência por relações amigáveis e que possuem foco na concordância Outra perspectiva de sistematização importante é a do estudo de Shimonishi e Silva 2003 na qual relacionam em seu estudo os seguintes aspectos culturais jeitinho formalismo personalismo aversão ao trabalho sistematizado e a incerteza receptividade ao estrangeiro calor humano enfoque no curto prazo e protecionismo Nesse esquema o jeitinho possui caráter de natureza negativa quando utilizado como um tipo personalista de ferramenta de poder com atitudes de chavões clássicos do tipo por acaso sabe quem sou eu Sabe com quem está falando ou ainda quando implica em corrupção o que para alguns dos autores aconteceria quando envolve ganhos em forma de pecúnia Assume natureza positiva quando o jeitinho seria sinônimo de flexibilidade rapidez e alto grau de capacidade de improvisação Fernandes 2006 por sua vez também identificou cinco aspectos do jeitinho hierarquia ambiguidade a sociedade relacional relações próximas e íntimas o jeitinho e a malandragem O autor associa também o jeitinho à malandragem ainda que entre si os diferencie pelo critério da vantagem que é précondição para o segundo porém não para o primeiro Seriam atributos do jeitinho o formalismo flexibilidade a capacidade de adaptação e o saber se relacionar FERNANDES 2006 As análises dos aspectos culturais segundo Alcadipani e Crubelatte 2003 fazem uma observação ainda que tais aspectos culturais pareçam à priori tipicamente descritiva exclusiva e característica de uma unidade cognominada de cultura brasileira não se pode excluir de apreciação a heterogeneidade dessa mesma cultura que possui ampla especificidade regional local e individual Igualmente Pires e Macêdo 2006 defendem que a realidade brasileira é muito mais complexa do que normalmente temse procurado descrever No entanto para efeito deste trabalho utilizamos o termo cultura brasileira em seu sentido mais abrangente resguardadas todas as diferenças regionais temporais e sociais de um país tão diverso Nessa perspectiva faz necessário explorar o que diz a literatura a respeito do tema jeitinho e qual a significância para o sentido ao qual foi escolhido CONHECENDO O JEITINHO BRASILEIRO A estrutura da argumentação utilizada nesse artigo focou no aspecto cultural brasileiro conhecido como jeitinho e o que tange a forma que ele atribui uma concepção negativa ou positiva Diante de uma perspectiva positiva essa concepção se revela como um modo original que o brasileiro utiliza para adaptar leis e práticas habituais e corriqueiras MAIA 2010 Moisés 2014 realizou um estudo etimológico da expressão jeitinho brasileiro cuja inusitada referência é encontrada no Houaiss um dicionário formal que aborda a expressão jeitinho brasileiro da seguinte forma jeito hábil esperto e astucioso de conseguir alguma coisa particularmente difícil HOUAISS VILLAR FRANCO 2009 É destacada a maneira com que o jeitinho brasileiro está disperso em nosso cotidiano nas mais diversas situações geralmente ocorre como um paliativo ou uma terceira via quando as regras fracassam Entretanto também se admite que ele esteja presente na obscuridade de arranjos e relações interpessoais suspeitas MOISÉS 2014 Por sua vez Freitas 1997 igualmente distingue o jeitinho como um meio intermediário uma saída ou solução entre o pode e o não pode embora a expressão jeitinho brasileiro tenha uma conotação pejorativa e até mesmo criminosa a verdade é que o dito malandro nada mais é do que um sujeito esperto que tem flexibilidade possui fácil adaptação é dinâmico ativo e goza de talento inovador e criativo Revista Estudos e Pesquisas em Administração n EGITO e MONTEIRO Vol 2 n 2 AGOSTO2018 n Journal of Studies and Research in Administration 135 Segundo Bergue 2012b podese entender o jeitinho como o esforço de reinterpretação viesada da norma 2012b p47 O jeitinho assim como o formalismo sem considerar seu conteúdo sociológico poderia ser explicado sob um ponto de vista estritamente administrativo como uma sequela proveniente da incompatibilidade à realidade das tecnologias gerenciais BERGUE 2012b p47 Chu e Wood Jr 2008 p 972 apresentam uma definição do jeitinho como comportamento que tem em vista à harmonização das normas e deliberações comuns da vida com as necessidades e carências diárias do cidadão procurando a concretização de objetivos a despeito de determinações legais contrárias CHU WOOD JR 2008 p972 Para eles o jeitinho brasileiro é percebido geralmente como algo negativo mesmo que possa ser favorável e benigno para indivíduos de maneira isolada Também possui significado de estilo pouco ou nada profissional o que gera a sensação de instabilidade e falta de credibilidade nas instituições governamentais Ainda relatam que o jeitinho pode ser assumido positivamente como uma faceta da flexibilidade e seria característica pontual de uma visão préglobalização Já na visão pósglobalização o jeitinho apresentaria outra significância e passou a ser visto com mais criticidade através do sentido de comportamento amador ou pouco profissional Macieira 2012 diz que jeitinho e malandragem se misturam uma vez que a esperteza do malandro é equiparada ao jeitinho como uma maneira de valerse da lei em conveniência própria Além disso denomina o malandro como o profissional do jeitinho e da arte de resistir as situações mais difíceis MACIEIRA 2012 p23 Para Rosa Tureta e Brito 2006 o jeitinho é produto do aspecto cultural brasileiro de rechaçar posições fechadas do tipo pode ou não pode O jeitinho seria a forma de se resolver questões dependendo do contexto apresentado por quem pedisse ou do interesse de quem concedesse Para Alcadipani e Mota 1999 o jeitinho é o processo típico e peculiar por meio do qual alguém alcança um dado objetivo a despeito de decisões contrárias sendo comum o seu uso para driblar determinações valorizando deste modo o pessoal em detrimento do coletivo Entretanto jeitinho não se confundiria com corrupção uma vez que ele não envolveria em teoria nenhum tipo de vantagem pecuniária Ainda segundo os mesmos autores o jeitinho também diferiria da malandragem na proporção em que esta pressuporia a ideia de que uma pessoa prejudicasse ou levasse vantagem sobre a outra de maneira direta Assim como pode ser visto como uma ferramenta de poder uma vez que quem outorga o jeitinho passa de simples aplicador a avaliador da pertinência da legislação específica que muitas vezes é vista como impositiva ou imprópria Neste significado os autores alegam ainda ser o formalismo compreendido como a diferença entre o que a lei trata e a conduta concreta sem que a mesma implique em punição para o infrator ALCADIPANI MOTA 1999 pp 612 Dessa maneira é possível entender que o jeitinho brasileiro é processo característico por meio do qual alguém atinge um dado objetivo a despeito de leis ordens ou regras Tratase de uma tática de evasão à formalização igualitária e neutra uma ferramenta de poder principalmente no que diz respeito àqueles que não aceitam a prevalência da nacionalidade econômica ética ou legal para a repartição dos bens ou serviços equivalendo assim em um meio de burlar a legislação Para Vieira 2000 o jeitinho é um fenômeno que atua sobre as organizações burocráticas e as transformam em realidade abstrata Para ele a força do jeito é diretamente proporcional Quanto mais o exercício do poder público se achar submetido a interesses de grupos como famílias ou clãs no sentido amplo do termo onde predomina a política de clã podese sempre dar um jeito independente da lei ou contrário a ela Portanto o jeitinho seria uma possibilidade autêntica de legitimar a desigualdade social à medida que possibilite e abasteça à burocracia por meio do formalismo Ou seja funcionaria como justificativa legal a Revista Estudos e Pesquisas em Administração n EGITO e MONTEIRO Vol 2 n 2 AGOSTO2018 n Journal of Studies and Research in Administration 136 recusa em prestar serviços ao desprovido de bens materiais e de relações sociais que influenciem efetivamente o processo administrativo quase sempre repassando para o indivíduo a responsabilidade pelo não atendimento de suas próprias demandas Segundo Barbosa 1992 a burocracia pode ser definida como campo de domínio da arte de dar um jeitinho p46 Para Bernardo Shimada e Ichikawa 2015 a relação entre os conceitos de formalismo e de jeitinho é direta e íntima sendo o segundo consequência do primeiro ou seja o jeitinho conseguiria instituir mecanismos e ferramentas de sobrevivência que resolveriam os problemas oriundos das determinações e obrigações decorrentes do formalismo numa espécie de organismo de retroalimentação Socialmente o jeitinho seria igualmente um dos responsáveis pela manutenção do status quo da sociedade brasileira uma vez que os problemas seriam solucionados de maneira pontual e personalista não se discutindo o problema em si de forma a conservar a ordem estabelecida Damatta 2004 p51 apud MOISÉS 2014 p 44 reflete acerca que a malandragem seria uma nuance do jeitinho se constituindo como um outro formato de navegação social O malandro por conseguinte seria sobretudo um agente profissional do jeitinho e da arte de sobreviver nas situações mais difíceis claramente fora ou longe da lei Motta 1996 apud SILVA 2011 p 34 declara que O jeitinho é distinto do você sabe com quem está falando uma vez que aquele é uma maneira mais afável e perspicaz utilizada para esquivarse de algum obstáculo mediante afinidades entre os que debatem O autor expõe que a malandragem diferenciase do jeitinho por ter a finalidade de levar vantagem enquanto que o jeitinho seria simplesmente uma forma mais leve de fazer ou deixar de fazer algo sem trazer prejuízo a alguém Os autores Pedroso MassukadoNakatani e Mussi 2009 p 103 contribuem com a temática por meio da sua discussão que relaciona jeitinho brasileiro e o perfil empreendedor com base no argumento que o jeitinho seria caráter intrínseco à cultura da sociedade brasileira Os autores organizaram um quadro com os que titularam de desdobramentos do jeitinho conforme apresentado no Quadro 1 Quadro 1 Desdobramentos positivos e negativos do Jeitinho Criatividade e inovação Tendência à inadequação a normas Adaptabilidade e flexibilidade Capacidade de improvisação Habilidade de persuasão e conciliação negociação Alienação tendência a se deixar ser manipulado Habilidade de relacionamento pessoal Iniciativa para mudança de determinada situação e habilidade de resolução de problemas Propensão a corromper ou ser corrompido Fonte Pedroso MassukadoNakatani e Mussi 2009 p 108 Campos foi citado por Pimentel 2009 quando o mesmo inseriu em seu ensaio que o jeitinho seria uma das características que diferencia as sociedades de origem latina e anglo saxãs Assim o jeitinho seria não uma instituição legal ou ilegal mas meramente paralegal ou assistente Sua origem seria permeada por três fatores principais o fator histórico como sequela do longo predomínio das relações feudais nos países latinos quer seja no viés econômico quer seja no viés político o fator ligado à relação entre as leis e o fato social uma vez que no que se refere às sociedades latinas as constituições são normativas e Revista Estudos e Pesquisas em Administração n EGITO e MONTEIRO Vol 2 n 2 AGOSTO2018 n Journal of Studies and Research in Administration 137 regulamentares criando um descompasso entre a norma e o comportamento Nesta perspectiva a inobservância ou transgressão da lei é condição de sobrevivência do indivíduo e de manutenção ou preservação do corpo social CAMPOS 1966 apud PIMENTEL 2009 O último fator diz respeito à religião pois as sociedades latinas são predominantemente católicas uma religião que segundo o autor tem dogmas rígidos e intolerantes ao contrário dos países protestantes onde sua moral é utilitária e complacente CAMPOS 1966 apud PIMENTEL 2009 p113 Apesar de ser um tema com significativas controvérsias Pimentel 2009 relata que segundo Campos se esta instituição assistente paralegal o jeitinho fosse erradicada dado o irrealismo de nossos postulados legais a tensão social seria tão alta que acabaria por levar a sociedade a duas posições extremas A primeira seria de uma sociedade paralisada e tolhida meramente obediente e a segunda seria de uma sociedade impulsiva e impetuosa pela divergência entre o que prescreve a lei o que diz o costume e o que acontece de fato Daí a imprescindibilidade do jeitinho Pimentel 2009 p 117 reconhece sob este prisma o mérito do jeitinho também deixa explícito crer na relação dele com conservação do status quo visto que se a priori a instituição e perpetuação do jeitinho evita o conflito pois incentiva e impulsiona a suavização nas disparidades entre as esferas que estruturam as relações sociais brasileiras a posteriori considerando o longo prazo tornaria inviável o surgimento de instituições mais aptas ou mais aderentes à realidade Para tratar o jeitinho como comportamento político Mansur e Sobral 2011 p181 afirmam que como a política é um comportamento fundamentalmente ligado à obtenção de benefícios em favor do auto interesse e ao uso indiscriminado da relação de envolvimento e convívio e da influência como uma forma de atalho para conseguir alcançar objetivos o jeitinho desta maneira acaba por ser descrito nas palavras dos autores como uma habilidade política Contudo A atitude de espectador baixo discernimento crítico e alta condescendência fazem com que o brasileiro consinta com o jeitinho ajustando assim os efeitos da percepção de política Por ser um instrumento de poder ou uma habilidade não restrita a líderes da organização o jeitinho também é utilizado pelos indivíduos e estes por sua vez quando não o utilizam na obtenção de vantagens podem percebêlo Ou seja todos em uma organização demonstram estar cientes de sua existência e prática e conseguem saber e sentir os efeitos tanto positivos quanto negativos advindos dele MANSUR SOBRAL 2011 p182 Também se encontra a mesma percepção do jeitinho como uma prática disseminada na cultura brasileira no argumento de Barbosa 1992 que alega que raramente ocorrem casos em que a expressão jeitinho não é entendida de maneira imediata contudo ao se lançar mão das expressões do tipo malandragem jogo de cintura ou quebragalho o malentendido se desfaz instantaneamente Já para explicar a relação entre jeitinho e corrupção Barbosa sugere que desenhado o jeitinho estaria entre o ponto exato que divide as extremidades do favor comportamento formal e a corrupção Segundo a autora ele teria caráter tanto positivo quanto negativo dependendo assim do contexto e de cada situação específica BARBOSA 1992 p 33 e por causa desse caráter ambíguo o jeitinho poderia até mesmo contemplar algum ganho material mesmo que pequeno contudo a depender do montante envolvido deixará de ser jeito e passará a ser corrupção BARBOSA 1992 p 35 Segundo Santos 2014 p 35 o jeitinho está relacionado à capacidade de adaptação e improvisação por trazer em si a ideia de flexibilidade Esse autor reflete que a falta de diálogo entre planejamento e execução fariam surgir às inseguranças ou mesmo pelo excesso ou ausência de normas que não trariam soluções gerariam conflitos e é nesse panorama confuso que muitos gestores acabariam por fazer uso de ferramentas de improvisação como uma Revista Estudos e Pesquisas em Administração n EGITO e MONTEIRO Vol 2 n 2 AGOSTO2018 n Journal of Studies and Research in Administration 138 competência cultural construída historicamente para evitar estagnação nos processos sejam sociais ou organizacionais Ainda segundo o mesmo autor o jeitinho é o referencial de improvisação histórico sóciocultural brasileiro Todavia dentro deste panorama as práticas e métodos conseguem ser executados e contra todas as probabilidades os trabalhos são cumpridos e neste sentido são tarefas improvisadas porque não foi determinado antecipadamente que seria feito do modo que ocorreu SANTOS 2014 p94 Segundo a visão de Moraes e Gomes 2014 o jeitinho está relacionado à simpatia de quem o pratica dessa forma se apartando da ideia de corrupção pois procuraria alcançar seus objetivos partindo de relações com pessoas que se identifiquem com aquele que pede ou faz uso do jeito Ainda segundo esses os autores é plausível que se possa entender o jeitinho como uma espécie de facilitação na resolução de problemas ou uma forma de driblar a burocracia e o formalismo Apesar disso quando o jeitinho acontecesse com envolvimento de permuta de bens materiais e ou financeiros a depender da quantia poderia deixar de ser jeitinho e configurar corrupção O Autor Roberto DaMatta 2009 concedeu entrevista ao site Revista de História e alegou que o jeitinho positivo seria aquele a qual existe no intuito de resolver pequenos impasses sem que isso acarrete prejuízo para alguém e que na verdade ele não seria somente brasileiro mas universal Entretanto em sua opinião a questão sociológica que envolve o jeitinho apresenta a conotação que mostra uma relação maldosa com a lei e as normatizações em geral e com a pressuposição que essa regra universal produziria efeitos de legalidade e cidadania Por essa razão o jeitinho se confundiria com a corrupção e transgressão uma vez que desigualaria o que dever ser tratado com igualdade Igualmente para Pinto e Najar 2011 é necessário considerar e ponderar que nosso caráter flexível e intermedial não implicam necessariamente em defesa de modos corruptos ou de privilégios resultantes de relações pessoais O julgamento negativo conferido ao jeitinho e à recompensa deriva do fato de seu emprego se justificar indiscriminadamente tanto para a aquisição de bens e regalias bem com o para a resolução de conflitos de ordem pessoal PINTO NAJAR 2011 p 4382 Para Cortella 2009 há dois tipos de jeitinho o jeitinho que pode ser entendido como flexibilidade e o jeitinho utilizado como infração ética O primeiro deles seria extremamente positivo sendo necessário uma espécie de adaptação Já o segundo significaria vulnerabilidade de princípios e a teria por finalidade desviarse do caminho social e corretamente admitido Segundo esse autor esse segundo jeitinho seria extrema e profundamente negativo porquanto enfraqueceria as nossas instituições e a noção de coletividade e bemestar geral Entendendo as diversas maneiras e os variados e complexos elementos ao qual o jeitinho brasileiro está fundamentado é plausível concluir a respeito do que dizem os autores que se trata de uma espécie de modo resolução fácil de problemas uma maneira ainda que dinâmica e flexível de burlar as regras O jeitinho é exposto como um subproduto da burocracia e o formalismo e possuem características presentes na cultura nacional podendo ser realizado através de favores por parte de quem se solidariza com a situação ou até mesmo por meio da troca de bens financeiros eou materiais levando em conta contudo o grau dessas trocas porquanto se exorbitantes podem ser denominadas de corrupção Igualmente capacitados da ideia e sentido do que é o jeitinho brasileiro é possível observar suas dimensões PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS Revista Estudos e Pesquisas em Administração n EGITO e MONTEIRO Vol 2 n 2 AGOSTO2018 n Journal of Studies and Research in Administration 139 Este artigo se fez necessário uma vez que se pretende propor um enfoque que aprimore a forma como é abordada e percebida a temática acerca do jeitinho brasileiro com a finalidade de tornála mais elucidada e debatível do ponto de vista prático e teórico considerando as conveniências sociais tanto positivas quanto negativas Como trata de uma pesquisa qualitativa do tipo reflexiva sobre a experiência com base em revisão da literatura que conforme seu objetivo tem natureza exploratória Que segundo Gil 2002 p131 tem a finalidade principal de desenvolver ideias com vista em fornecer hipóteses em condições de serem testadas em estudos posteriores As pesquisas bibliográficas têm a prerrogativa de permitir ao investigador uma cobertura ampla e abrangente dos fenômenos GIL 2002 Para este estudo os materiais utilizados envolveram 23 artigos 7 dissertações de mestrado orientações de docentes e consultas a 10 livros O levantamento dos dados seguiu a premissa de Gil 2002 e se iniciou pela leitura exploratória do material selecionado com o objetivo de verificar a pertinência das obras consultada e se os dados seriam de interesse para o trabalho Posteriormente houve a classificação para uso e descarte do material encontrado Em virtude dessa análise e classificação alguns dos materiais que haviam sido previamente selecionados foram retirados da base da pesquisa Seguiuse assim para a leitura seletiva abalizada por Gil 2002 culminando na leitura analítica cuja finalidade foi a de organizar as informações contidas nas fontes de maneira que estas pudessem contribuir para a obtenção de respostas ao problema da pesquisa O referencial teórico formouse a partir da análise descritiva dos dados obtidos relacionandoos por meio de uma análise comparativa das semelhanças e divergências do conceito de jeitinho entre os vários autores citados procurando deste modo levantar os pontos positivos e negativos a fim de encontrar as respostas ao nosso questionamento de pesquisa por meio de uma reflexão crítica acerca dos resultados obtidos ANÁLISE E APRESENTAÇÃO DOS DADOS Os princípios que regem a Administração Pública descritos no artigo 37 da constituição brasileira pressupõem que O jeitinho não pode deixar de ser portanto como uma relação de poder que promove a diferenciação dos que podem e os que devem e dos que têm e os que não têm por fim as pessoas e os indivíduos A relação de poder se determina entre a burocracia que tem a competência de implementar a lei e o indivíduo que tem a função de obedecer Às pessoas a burocracia outorga aquela curvatura peculiar que consente negar a todos indivíduos o que somente pode dar a alguns pessoas Ao que Parece esta forma de manifestação ritual impossibilita a burocracia de adotar completamente critérios universalistas e de caráter impessoal pois exprime um dado de natureza infraestrutural a impossibilidade conforme os critérios do próprio sistema de servir a todos Entendemos que desta forma se a burocracia tem para andar em conformidade com a lei e das normas determinadas de ser vagarosa e intratável tem de qualquer maneira de se abrir aos mecanismos hierárquicos e pessoais contemporâneos em nosso meio De uma maneira geral o jeitinho é entendido nos artigos como um traço característico da cultura brasileira No nosso país o jeitinho vem para tentar amenizar o excesso de burocracia nas organizações públicas como o brasileiro encontra muita morosidade nos processos de mudanças o jeitinho seria a maneira especial de resolver as coisas Em compensação essa prática vai de encontro aos princípios constitucionais entre outros o da impessoalidade que visa combater a priorização do sentimento pessoal ou as relações pessoais acima do dever para com Revista Estudos e Pesquisas em Administração n EGITO e MONTEIRO Vol 2 n 2 AGOSTO2018 n Journal of Studies and Research in Administration 140 o próximo e a sociedade DAMATTA 2009 FREITAS 1997 PEDROSO MASSUKADO NAKATANI E MUSSI 2009 ROSA TURETA E BRITO 2006 Há concordância de que ainda que o jeitinho seja o meio pelo qual se resolvem problemas a despeito de determinações contrárias ele é válido ALCADIPANI MOTA 1999 BERGUE 2012b CAMPOS 1966 CHU WOOD JR 2008 DAMATTA 2009 FREITAS 1997 MAIA 2010 MORAES GOMES 2014 MOTA 1996 ROSA TURETA BRITO 2006 Encontrouse também a relação do conceito de jeitinho ao da malandragem aqui entendida no seu sentido pejorativo em Alcadipani e Mota 1999 Barbosa 1992 DaMatta 2009 Fernandes 2006 Freitas 1997 Macieira 2012 Maia 2010 Prestes Mota 1996 apud SILVA 2011 Entretanto em Freitas 1997 a malandragem é vista como algo benévolo ou vantajoso relacionandoa entre outras à diversas virtudes como flexibilidade criatividade inovação Os demais autores citados ponderam que ambos os conceitos se aproximam mesmo que em razão de algumas nuances pertencentes ao contexto em que eles ocorram acabam por se distinguir De uma forma geral para esses autores o jeitinho seria que não ofereceria perigo até o momento em que cause prejuízo a outrem incidindo a partir daí em caracterizarse como malandragem Entretanto não é muito definido o conceito do que se caracterizaria como prejuízo ou até mesmo se haveria discordância ou divergência no que diz respeito a causar prejuízo a um indivíduo em específico ou a uma coletividade o que deixou o conceito aberto Alguns autores abordaram o conceito de jeitinho como próximo ao de simpatia e cordialidade Foi o caso de Moraes e Gomes 2014 Pedroso MassukadoNakatani e Mussi 2009 e Prestes Mota 1996 Para eles o uso do jeitinho indica relações amigáveis e é visto como sendo uma habilidade ou talento de relacionamento interpessoal PEDROSO MASSUKADONAKATANI MUSSI 2009 Outros atributos são relacionados ao conceito de jeitinho como inovação e criatividade FREITAS 1997 originalidade MAIA 2010 capacidade de flexibilidade e adaptação CORTELLA 2009 FREITAS 1997 SHIMONISHI e SILVA 2003 PEDROSO MASSUKADONAKATANI MUSSI 2009 PINTO NAJAR 2011 SANTOS 2014 e capacidade de improvisação segundo PEDROSO MASSUKADO NAKATANI MUSSI 2009 SANTOS 2014 SHIMONISHI MACHADODASILVA 2003 A flexibilidade que é apontada por diversos autores como uma das nuances do jeitinho é uma característica apreciada porque a falta dela remete a uma dificuldade maior nas negociações impedindo que se perceba a inadequação ou a inviabilidade das nossas próprias propostas Gil 1994 Dessa maneira ser flexível não é somente uma característica desejável é indispensável dentro das organizações daí teríamos uma das vantagens do jeitinho brasileiro Em compensação Chu e Wood Jr 2008 apresentam uma leitura distinta onde é apontado que entender o jeitinho como o mérito de ser flexível seria uma visão atrasada préglobalização e por ser pouco profissional ou até mesmo amadora resultaria em minar a credibilidade institucional Alguns autores indicam que o jeitinho teria índole de natureza negativa quando ele é usado como ferramenta de poder atitudes personalistas do estilo que usa a posição social como meio de alcançar seus objetivos ALCADIPANI MOTA 1999 MANSUR SOBRAL 2011 SHIMONISHI SILVA 2003 Já Barbosa 1992 embora reconheça que o jeitinho possa realmente ser utilizado como ferramenta de poder acredita que aquele que pede por um jeitinho alcança maior sucesso quando faz uso de cordialidade e simpatia que de no uso do poder Por sua vez para Mota 1996 o jeitinho é completamente contrário ao personalismo Revista Estudos e Pesquisas em Administração n EGITO e MONTEIRO Vol 2 n 2 AGOSTO2018 n Journal of Studies and Research in Administration 141 Outra relação importante que é demonstrada pelos artigos analisados é a do jeitinho com a corrupção contexto aliás no qual também existem posições bastante divergentes Entre os autores que tratam dessa temática há quem defenda a postura de que para haver corrupção é imperioso que o jeitinho envolva ganhos pecuniários reais ou seja sem esse fator estar envolvido não se versaria sobre corrupção a respeito dele ALCADIPANI MOTA 1999 MORAES GOMES 2014 SHIMONISHI SILVA 2003 Diversamente dos demais autores Barbosa 1992 alega que o preceito de criticar o envolvimento ou não ganhos em bens ou dinheiro por si mesmo não poderia caracterizar corrupção entretanto dependeria do montante envolvido BARBOSA 1992 Há também os autores que defendem o posicionamento de que o jeitinho tem sim um fator de predisposição à corrupção PEDROSO MASSUKADO NAKATANI MUSSI 2009 MOISÉS 2014 todavia não seria corrupção propriamente dita Neste sentido Cortella 2009 versa sobre jeitinho como infração ética e fragilidade de princípios entretanto não usa o termo corrupção DaMatta 2009 defende que o jeitinho se caracterizaria como corrupção independentemente de quaisquer outros fatores existentes pois tratase de uma violação que desigualaria o que deveria ser tratado com igualdade A fim de trazer melhores argumentos e condições elucidativas a respeito da discussão jeitinho x corrupção e trazêla mais próxima da realidade do contexto da Administração Pública que é o foco desse estudo buscouse por mais definições que auxiliassem a abordagem no sentido de entender melhor o conceito de corrupção Pires 2012 p18 parte do pressuposto de que a corrupção pública se caracterize por envolvimento de desvio de dinheiro público enriquecimento ilícito e até mesmo ofensas aos princípios da Administração Pública legalidade moralidade impessoalidade publicidade e eficiência que estão dispostos no artigo 37 da nossa constituição Sob essa visão seria possível entender por jeitinho até mesmo aquele bem simples que não envolva nenhum tipo de quantia pecuniária ou outros valores como um tipo de corrupção uma vez que fere independente disto o princípio da impessoalidade na administração pública É possível também que a ideia de jeitinho se configure como corrupção exclusivamente quando envolva pecúnia e esteja relacionada a uma esfera mais ampla que envolva organizações públicas e privadas a exemplo o Governo e a JBS Todavia se hipoteticamente supormos que uma organização privada não tenha por princípio à impessoalidade então não teríamos mesmo a configuração de corrupção Em contrapartida nas organizações públicas podemos supor que sim Alguns autores definem o jeitinho como uma atitude individualista ALCADIPANI MOTA 1999 BERNARDO SHIMADA ICHIKAWA 2015 DAMATTA 2009 PINTO NAJAR 2011 porém Chu e Wood Jr 2008 defendem que essa seria sua única vertente benfeitora de maneira que para o indivíduo poderia ser algo bom todavia para a coletividade seria nocivo Um dos prejuízos do uso do jeitinho indicado pelos autores se refere à manutenção do status quo ALCADIPANI MOTTA 1999 BERNARDO SHIMADA ICHIKAWA 2015 PIMENTEL 2009 uma vez que seria esta uma ferramenta usada na solução de problemas pontuais ou situacionais mas que não resolve a questão principal ou seja favoreceria uns em detrimentos de outros ALCADIPANI MOTA 1999 DAMATTA 2009 PINTO NAJAR 2011 Mais à frente este tipo de comportamento em que prevalece o individual sobre o coletivo seria ainda um dos responsáveis por enfraquecer e descredibilizar a instituição CHU WOOD JR 2008 CORTELLA 2009 Apesar disso ainda há a perspectiva sobre o jeitinho como sendo mal necessário e decorrente do excesso de formalismo ALCADIPANI MOTA 1999 BARBOSA 1992 BERGUE 2012 BERNARDO SHIMADA ICHIKAWA 2015 FERNANDES 2006 MORAES GOMES 2014 SANTOS 2014 o qual acarreta em uma burocracia paralítica Revista Estudos e Pesquisas em Administração n EGITO e MONTEIRO Vol 2 n 2 AGOSTO2018 n Journal of Studies and Research in Administration 142 ou ainda a falta de normatização SANTOS 2014 o jeitinho viria por se tornar uma terceira via entre o pode e o não pode FREITAS 1997 DAMATTA 2009 MOISÉS 2014 um suavizador das disparidades PIMENTEL 2009 e até mesmo um meio de sobrevivência BERNARDO SHIMADA ICHIKAWA 2015 CAMPOS 1966 apud PIMENTEL 2009 nas mais diversas situações em evitasse a estagnação dos processos SANTOS 2014 De forma geral percebemos uma consonância entre os autores de que o jeitinho possui aspectos positivos e negativos Porém a questão não é de fato levantar se os aspectos positivos são mais ou menos relevantes que os negativos e sim identificar sua relação com a gestão pública e seus princípios A despeito disso deparouse em Alcadipani e Mota 1999 Barbosa 1992 Bernado Shimada e Ichikawa 2015 Chu e Wood Jr 2008 Cortella 2009 DaMatta 2009 Pinto e Najar 2011 com a referência ao caráter pessoal do jeitinho Se pela Constituição compreendemos que a Administração Pública deve seguir o princípio da impessoalidade o jeitinho seria uma atitude diversa da qual se esperaria do servidor público CONSIDERAÇÕES FINAIS Neste artigo procuramos problematizar o conceito do jeitinho em relação ao contexto da Administração Pública Percebeuse que o jeitinho é considerado um aspecto cultural brasileiro percebido nas mais distintas esferas da sociedade dentre elas as instituições públicas e que tem sido objeto de estudo de diversos campos da ciência como a administração antropologia e sociologia Tendo por referencia todos os pontos apresentados pelos autores sejam eles negativos ou positivos a respeito de se fazer uso deste mecanismo tão típico à nossa cultura notase que por seu caráter pontual e individualista o jeitinho não soluciona a causa do problema e isso pode ser naturalmente testado em um ambiente profissional Apenas esse fator já seria motivo para ser evitado o seu uso no âmbito da administração uma vez que não melhora os processos e funciona somente como um paliativo Para mais adiante disso o uso do jeitinho demonstra uma postura antagônica aos princípios da administração pública a qual poderia ser configurada como corrupção Nesse sentido caberia ao gestor público discernir quais as situações o jeitinho foi empregado dentro do seu contexto de atuação a fim de utilizálas como um identificador de quais processos sob seu encargo precisariam ser revistos ou corrigidos uma vez que o terreno fértil do jeitinho se encontraria nas situações em que faltam regras ou as existentes são ineficientes Empregando o jeitinho como um indicador o gestor público pode procurar os meios necessários de aperfeiçoamento de processos e implantação de melhorias as quais venham a erradicar a prática nociva do jeitinho naquela mesma conjuntura ou seja tornaria válida a ideia de coletividade e permitiria a atuação impessoal e eficiente Apesar de terem sido elencadas alguns benefícios consideráveis como criatividade flexibilidade e inovação envolvidos no processo de dar um jeitinho notamse que os mesmos seriam melhores empregados se voltadas para a causa raiz do problema a qual originou o jeitinho objetivando assim uma solução definitiva É importante ressaltar que não se trata da busca com finalidade de anular as posturas criativas ou inovadoras por parte dos servidores e sim melhor aproveitamento e direcionamento dessas características culturais tão admiráveis e bemvindas acerca de outros fins mais benéficos ou almejáveis Em síntese buscouse com este estudo relacionar um aspecto cultural tão presente em nossa sociedade e as atividades inerentes à Administração Pública Não sendo tarefa simples uma vez que a produção acadêmica a esse respeito não é muito extensa e também não Revista Estudos e Pesquisas em Administração n EGITO e MONTEIRO Vol 2 n 2 AGOSTO2018 n Journal of Studies and Research in Administration 143 contempla a Administração Pública propriamente abrange o um contexto muito maior e bem menos específico tendo sido esse um fator que limitou este trabalho Assim este artigo não se propôs e nem poderia a esgotar essa temática e sim a dar visibilidade a um assunto oneroso à Gestão de Pessoas o qual demanda atenção dos gestores públicos assim como cooperar para o melhoramento da Administração pública brasileira A título de hipótese para futura pesquisa é a de que se o fenômeno do jeitinho continuará a se expandir sem contudo eliminar a pessoalidade como característica estrutural brasileira Ressaltandose que o aumento da consciência social coletiva tornarseá cada vez mais racional e impessoal para os indivíduos Estaria o jeitinho com os dias contados REFERÊNCIAS ALLEN DAVID A arte de fazer acontecer O método GTD Getting Things Done 1 ed São Paulo Sextante 2015 ALCADIPANI R CRUBELLATE J M Cultura organizacional generalizações improváveis e conceituações imprecisas Rev Adm Empres São Paulo v 43 n 2 p 6477 June 2003 Disponível em httpwwwscielobrscielophpscriptsciarttextpid S0034 75902003000200005 Acesso em 01062017 BARBOSA L O jeitinho brasileiro a arte de ser mais igual que os outros Rio de Janeiro Campus 1992 BERGUE S T Comportamento organizacional Florianópolis Departamento de Ciências da Administração CAPES UAB UFSC Brasília 2012a BERGUE S T Cultura e mudança organizacional Florianópolis Departamento de Ciências da Administração CAPES UAB UFSC Brasília 2012b BERNARDO P SIMADA N E ICHIKAWA E Y O formalismo e o jeitinho a partir da visão de estratégias e táticas de Michel de Certeau apontamentos iniciais Revista Gestão Conexões VitóriaES v4 n1 2015 Disponível em httpwwwperiodicosufesbrppgadmarticleview8006 Acesso em 26 mai 2017 BRASIL Constituição da República Federativa do Brasil Brasília Senado Federal 1988 CHU R WOOD J R T Cultura organizacional brasileira pósglobalização global ou local Revista de Administração Pública RAP Rio de Janeiro v42 n5 setout 2008 Disponível em httpwwwredalycorgarticulooaid241016453008 Acesso em 14 jun 2017 CORTELLA M S Mário Sérgio Cortella entrevista 05 de Setembro de 2009 Entrevista concedida a Daniela Guima Disponível emhttpwwwresponsabilida desocialcomentrevistamariosergiocortella Acesso em 26 mai 2017 CRETELLA JUNIOR J Primeiras lições de direito 2 ed Rio de Janeiro Forense 2005 DAMATTA R Fórum sobre Corrupção Roberto DaMatta entrevista 05 de Março de 2009 Revista Estudos e Pesquisas em Administração n EGITO e MONTEIRO Vol 2 n 2 AGOSTO2018 n Journal of Studies and Research in Administration 144 Entrevista concedida ao site Revista de Históriacombr Disponível em httpwwwrevistadehistoriacombrsecaoconteudocomplementarforumsobrecorrupcao robertodamatta Acesso em 26 mai 2017 FERNANDES R A Uma análise dos traços culturais brasileiros em uma organização nacional 2006 174f Dissertação Mestrado em Administração de Empresas Universidade Presbiteriana Mackenzie São Paulo SP 2006 Disponível emhttpwwwdominiopublicogovbrpesquisaDetalheObraFormdoselectactioncoo bra67974 Acesso em 06 abr 2017 FREITAS A B Traços brasileiros para uma análise organizacional In MOTTA F C P CALDAS M P Org Cultura organizacional e cultura brasileira São Paulo Atlas p 3854 1997 GIL A C Administração de recursos humanos um enfoque profissional 2 ed São Paulo Atlas 1994 GIL A C Como elaborar projetos de pesquisa 4 ed São Paulo Atlas 2002 GUERREIRO RAMOS A Nota Introdutória à uma Sociologia Especial da Administração in Administração e Contexto Brasileiro Rio de Janeiro 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Economia da Faculdade de Ciências Econômicas Universidade Federal do Rio Grande do Sul 2009 Disponível em httphdlhandlenet1018322652 Acesso em 20 abr 2017 PINTO A M S NAJAR A L Cultura e instituições de saúde estudando a participação de traços culturais da sociedade brasileira no processo de trabalho de serviços de atenção básica Ciênc saúde coletiva Rio de Janeiro v 16 n 11 p 43754384 Nov 2011 Disponível em httpwwwscielobrscielophppidS141381232011001200010 scriptsciabstracttlngpt Acessado em 09 abr 2017 PIRES A F Responsabilidade do estado no combate à corrupção 2012 1v 97f Dissertação Mestrado em Direito Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho Franca SP 2012 Disponível em httpbdtdibictbrvufindRecord UNSPf6fab10984fd60fecd335229138fc143 Acessado em 10 mai 2017 PIRES J C S MACEDO K B Cultura organizacional em organizações públicas no Brasil Rev Adm Pública Rio de Janeiro v 40 n 1 p 81104 fev2006 Disponível em httpwwwscielobrscielophpscriptsciarttextpidS0034 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Repad Vol 2 n 2 AGOSTO2018 Revista Estudos e Pesquisas em Administração UFMT Revista Estudos e Pesquisas em Administração n EGITO e MONTEIRO Vol 2 n 2 AGOSTO2018 n Journal of Studies and Research in Administration 129 O JEITINHO BRASILEIRO Analisando suas características como ferramenta de conveniência social THE BRAZILIAN WAY Analyzing its characteristics as a tool of social convenience Rafaela Simoes Egito Universidade Federal Rural de Pernambuco httpsorcidorg0000000216449916 Wilka Ferreira Monteiro Universidade Federal de Pernambuco httpsorcidorg0000000231494918 RESUMO Um aspecto cultural marcante na sociedade brasileira o denominado jeitinho brasileiro é o típico processo por meio da habilidade e engenhosa manobra que alguém torna possível o impossível justo o injusto legal o ilegal GUERREIRO RAMOS 1983 A finalidade deste estudo foi confrontar as abordagens de diversos autores que já discorreram sobre o assunto e buscar compreender se afinal poderia ser cogitado como alternativa válida o uso desse dito jeitinho como uma saída viável e aceitável na resolução dos problemas internos e característicos da Gestão Pública ou se de modo algum poderia ser tolerado tal comportamento uma vez que se configuraria como grave afronta e transgressão aos direitos e garantias fundamentais expressados pelos princípios da Administração Pública Para isso foi realizado levantamento sobre a temática em literatura especializada além de pesquisa em material disponível nas bases de periódicos da Capes Scielo e na BDTD Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações Além do uso dos descritores Aspectos culturais formalismo e jeitinho brasileiro criatividade e flexibilidade De maneira geral percebeuse que o jeitinho pode ser analisado como um produto do formalismo de maneira positiva ou negativa de acordo com a conveniência social Palavraschave Aspectos culturais Formalismo Jeitinho brasileiro Cultura Organizacional Gestão Pública ABSTRACT A striking cultural aspect in Brazilian society the socalled Brazilian way of doing things is the typical process through skill and ingenious maneuvering that makes possible the impossible just the unjust legal the illegal GUERREIRO RAMOS 1983 The purpose of this study was to confront the approaches of several authors who have already discussed the subject and to try to understand if after all a valid alternative could be considered as the use of this way as a viable and acceptable solution in solving problems internal and characteristic of Public Management or weather such behavior could in any way be tolerated since it would constitute a serious affront and transgression of the fundamental rights and guarantees expressed by the principles of Public Administration For that a survey was carried out on the subject matter in specialized literature as well as a research on material available on Capes Scielo and BDTD Brazilian Digital Library of Theses and Dissertations journals Besides the use of the descriptors Cultural aspects formalism and Brazilian way creativity and Recebido em 27022018 e aprovado em 14082018 Revista Estudos e Pesquisas em Administração n EGITO e MONTEIRO Vol 2 n 2 AGOSTO2018 n Journal of Studies and Research in Administration 130 flexibility In a general way it was perceived that the jeitinho can be analyzed as a product of formalism in a positive or negative way according to the social convenience Keywords Cultural Aspects Formalism Brazilian Style Brazilian way Organizational Culture Public Management INTRODUÇÃO O formalismo é uma escola de pensamento em lei e jurisprudência a qual assume que a lei é um sistema de regras que pode determinar o desfecho de qualquer caso sem referenciar se às normas externas Neste sentido há de ser deixar clara a diferença da utilização do termo entre o formalismo advindo da burocracia e o formalismo proposto pelo autor Guerreiro Ramos O primeiro trata de regras formais que definem ações e atitudes corporativas e institucionais e a segunda a qual norteia o embasamento do estudo corresponde ao grau de discrepância entre o prescritivo e o descritivo entre o poder formal e o poder efetivo entre a impressão que nos é dada pela Constituição pelas leis e regulamentos organogramas e estatísticas e os fatos e práticas reais do governo e da sociedade Quanto maior a discrepância entre o formal e o efetivo mais formalístico o sistema É neste sentido que se observa as considerações acerca do já reconhecido processo brasileiro de resolver dificuldades o famoso jeitinho brasileiro Em sua obra Administração e Estratégia de Desenvolvimento 1966 Guerreiro Ramos afirma que o jeitinho é uma categoria central da sociedade brasileira p12 Mas não que ele atribua a um caráter nacional mesmo porque o jeitinho e outros mecanismos que ele chama de processos crioulos também são característicos de outros povos latinoamericanos Essa afirmativa deixa claro que para ele esses processos são corriqueiros em vários países pois possuem o mesmo ponto em comum o formalismo Para Guerreiro Ramos 1983 o jeito é considerado como estratégia de segundo grau suscitada pelo formalismo é um mecanismo social que envolve a quebra de regras leis ou padrões no intuito de tratar de problemas enfrentados no momento em que ocorrem É um processo informal particularmente útil para a estratégia do Getting Thing Done GTD criado por Allen 2002 tratase do gerenciamento do tempo que visa à produtividade ou seja uma maneira de resolver situações e problemas imediatos pulando as etapas longas e desnecessárias que acarretam perda de tempo Neste estudo foi feito uma análise a respeito do conceito do jeitinho brasileiro ou simplesmente jeitinho entendido aqui sempre como forma especial de se resolver um problema uma situação difícil ou não permitida por lei ou uma saída criativa para alguma emergência seja sob o formato de burla a alguma norma preestabelecida seja sob a forma de conciliação esperteza ou habilidade BARBOSA 1992 p41 Dentro dessa conjuntura a Gestão Pública no Brasil é conhecida pela maioria das pessoas como adepta a prática do jeitinho como forma de driblar questões burocráticas e resolver problemas por meios não convencionais O que chama a atenção é o fato de que essa prática tão difundida na sociedade desperte opiniões por vezes contrárias entre si os defensores alegam que a prática é um aspecto cultural de levar vantagem própria do brasileiro a qual deveria ser vista como criatividade por sua vez os que condenam a prática alegam ser simplesmente falta de condescendência ou profissionalismo Contudo existe a corrente que se coloca de forma condenar ou defender conforme o contexto em que esse jeitinho ocorre Como aspecto característico da cultura brasileira é comum que o jeitinho permeie a cultura das organizações e instituições sejam de caráter público ou privado aqui defendida como o conjunto de hábitos crenças valores e símbolos que a particularizam frente às demais BERGUE 2012 p 18 Revista Estudos e Pesquisas em Administração n EGITO e MONTEIRO Vol 2 n 2 AGOSTO2018 n Journal of Studies and Research in Administration 131 Apesar disso não há ainda consenso pacificado acerca de como a Gestão Pública no que tange ao quesito Gestão de Pessoas deva atuar conforme essa realidade Deste modo este estudo explorou o que se entende pela prática do jeitinho brasileiro na Cultura Organizacional dentro do contexto da Administração Pública suas vantagens desvantagens e consequências ou prejuízos mais evidentes Procurouse averiguar em quais condições se encontram as negativas e vertentes positivas que decorrem do método de solucionar problemas usando o jeitinho Ou seja nosso problema de pesquisa diz respeito às quais discussões teóricas existem sobre o tema do jeitinho dentro do contexto da Gestão Pública Por fim este artigo interroga e examina se o jeitinho seria um problema ou uma vantagem ou se ainda estão corretas ambas as hipóteses dependendo na verdade de outros fatores extrínsecos a serem considerados Neste sentido questionase seria a prática do jeitinho mais do que meramente contornar uma situação específica e se constitui em prática dolosa uma vez que a valoração do interesse pessoal em detrimento ou prejuízo do coletivo feriria principalmente o princípio da impessoalidade na administração pública presente na Constituição Federal Brasileira O estudo desta temática se faz necessário pois ainda que seja quase consenso entre os estudiosos que o jeitinho seja uma prática amplamente difundida nas organizações brasileiras principalmente nas instituições públicas ainda não há volume de trabalhos satisfatórios que relacionem o jeitinho ao trabalho da Gestão de Pessoas dentro do contexto da Administração Pública O primeiro passo foi buscar contextualizar a questão do jeitinho como aspecto cultural dentro do que se conhece como cultura organizacional Posteriormente com o levantamento da revisão da literatura tratamos das características e definições do jeitinho brasileiro que foram apresentadas pelos autores relacionandoos entre si e procurando analisar de que maneira esse traço cultural tão acentuado e conhecido da sociedade brasileira poderia ser melhor aplicado pelos gestores dentro da administração pública RERERENCIAL TEÓRICO ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA E SEUS PRÍNCÍPIOS A Administração Pública é todo o mecanismo do Estado para realizar o propósito para o qual foi criado institui tanto a estruturação do órgão a serviço do Estado e a sua integração por agentes tanto quanto a gestão por eles ou seja a sua atividade A Constituição Federal ao disciplinar a Administração Pública estabeleceu regras gerais nos artigos 37 e 38 ao qual apresentam uma visão de Reforma Administrativa pautada nos princípios basilares da supremacia do interesse público e a indisponibilidade desses interesses Impondo assim a transformação de um sistema de administração pública burocrática para um sistema gerencial apresentando como atributos beneficiar a população os direitos públicos e à obtenção de resultados concedendo aos agentes públicos confiança contudo sob controle legal e responsabilização Os princípios são preceitos formais dotados de positividade que definem condutas obrigatórias impedindo a adoção de comportamento com eles incompatível Servem para orientar a correta interpretação das normas isoladas indicar dentre as interpretações possíveis diante do caso concreto qual deve ser obrigatoriamente adotada pelo aplicador da norma em face dos valores consagrados pelo sistema jurídico Segundo Cretella Júnior 2005 p222 princípios de uma ciência são as proposições básicas fundamentais típicas que condicionam Revista Estudos e Pesquisas em Administração n EGITO e MONTEIRO Vol 2 n 2 AGOSTO2018 n Journal of Studies and Research in Administration 132 todas as estruturações subsequentes Princípios neste sentido são os alicerces da ciência No que se refere à análise dos princípios norteadores da atividade administrativa pode se constatar o seguinte Legalidade subordinação à lei Ou seja a legalidade significa que a Administração Pública não tem liberdade e nem vontade pessoal só pode fazer o disposto em lei Impessoalidade ausência de subjetividade A atividade administrativa deve ser gerida com finalidade pública aos cidadãos em geral sem favoritismos discriminações favoráveis e prejudiciais A regra administrativa deve ser interpretada e aplicada de maneira que melhor assegure a realização do fim público ao qual se dirige Moralidade confere a Administração não somente uma atuação legal como também moral ética honesta leal e de boa fé Todavia a moralidade a ser obedecida é a administrativa e não a moralidade comum que versa da distinção entre o bem e o mal Publicidade pretende garantir o controle por meio da sociedade e da gestão administrativa a fim de conferir à mesma validade e eficácia Eficiência Trazido pela emenda constitucional 19 de 1998 é dirigido a toda Administração Pública e está intrinsecamente ligada ao modo de atuação do agente público Como também está relacionada diretamente com a maneira estrutural organizacional e disciplinar da Administração Pública também com a finalidade de alcançar os melhores resultados na gestão pública para que o bem comum seja alcançado da forma mais adequada Desta maneira ao relacionar o que está descrito na Constituição Federal e a prática social do jeitinho indagase é possível perceber a existência de patologia entre eles uma vez que se evidenciem os efeitos nocivos em aferir vantagens exclusivamente para si ou para os seus mesmo acarretando prejuízo para a coletividade Ou se ainda seria justificado um comportamento social consciente ou inconsciente de um meio que fere não somente aos princípios elencados como também aos direitos e garantias fundamentais de todos os indivíduos No Brasil o formalismo caracteriza uma ambivalência que o torna essencial Tal como destaca Guerreiro Ramos 1983 p 373 o sujeito de um comportamento formalístico tem de proclamar de palavra a validade da norma e negála na prática Essa ambiguidade é de tal maneira mais evidente quando se observa por exemplo o caso do processo seletivo público Embora as pessoas acreditem que o desempenho no concurso seja fator preponderante para obtenção de boa classificação não deixam de presumir que o jeitinho é mais eficiente que os seus resultados da prova para obter o que pretendem daí a expressão apadrinhamento O evidenciado formalismo presente na realidade brasileira proporciona a prática do jeitinho ou seja o modo pelo qual se pode solucionar as dificuldades sem as sanções das normas e leis CULTURA ORGANIZACIONAL Cultura organizacional pode ser percebida também como um sistema que consente a todos os indivíduos respeitar certa conduta e seguir certos procedimentos para situações que são gerados no dia a dia de uma organização Este sistema é composto por regras que são elaboradas e aprovadas na gestão operacional e organizacional de maneira que o cumprimento é obrigatório e respeitado por todos Revista Estudos e Pesquisas em Administração n EGITO e MONTEIRO Vol 2 n 2 AGOSTO2018 n Journal of Studies and Research in Administration 133 Para Pires e Macêdo 2006 p83 a cultura é um dos pontoschave na compreensão das ações humanas funcionando como um padrão coletivo que identifica os grupos suas maneiras de perceber pensar sentir e agir Uma boa gestão precisa conhecer os aspectos comportamentais dos indivíduos que estão relacionados com a organização uma vez que em alguns casos esses aspectos comportamentais muitas vezes influenciam e por vezes restringem a ação administrativa Dessa maneira um maior entendimento destas particularidades comportamentais e culturais se torna essencial MACHADO CARVALHO 2006 A cultura organizacional é reflexo direto da cultura na qual está inserida pois as organizações são componentes da sociedade e nesse sentido são elementos basilares de sua cultura FREITAS 1997 A conjuntura cultural influencia a maneira como estão configuradas as relações de trabalho no ambiente organizacional SHIMONISHI SILVA 2003 Compreender a cultura de uma organização ou instituição implica constituir uma interdependência entre outros fatores da cultura da mesma e as estruturas sociais históricas legais e morais que compõem os aspectos culturais da sociedade na qual a organização está inserida FREITAS 1997 É fundamental compreendermos os aspectos culturais que atuam reflexivamente sobre a gestão e precisam ser ponderados sob a ótica da cultura organizacional e são profundamente influenciados por elementos da cultura nacional BERGUE 2012 Deste modo entendese que a cultura organizacional é um conceito essencial à construção das estruturas organizacionais Percebese então que a cultura de uma sociedade ou organização será um conjunto de características que a distingue em relação a qualquer outra A cultura adota o papel de legitimadora do sistema de valores que assim produzem normas de comportamento genericamente aceitas por todos Diante do exposto e para estar correlato com o objeto de estudo é necessário considerar os aspectos da cultura brasileira ORGANIZAÇÃO E OS ASPECTOS CULTURAIS BRASILEIROS Um dos temas debatidos pela literatura brasileira sobre cultura organizacional referese ao jeitinho brasileiro e seu influxo de atuação na dinâmica das organizações Nestas discussões tradicionais a maioria dos autores admite o fenômeno do jeitinho como típico de nossa sociedade um traço cultural brasileiro que tem não somente implicações organizacionais como também na dinâmica da sociedade como um todo É notório que as organizações brasileiras possuem particularidades bastante intrigantes em relação às organizações de outras culturas e ou outros países e que refletem os valores culturais da sociedade que a envolvem PIRES MACÊDO 2006 Segundo Silva 2011 p136 A cultura nacional e a organizacional influenciam as práticas sociais e reproduzem através dessas características a cultura brasileira Não se trata de distinções que só podem ser vistas em determinada organização e sim as que pertencem a um povo que também fazem parte das instituições brasileiras Métodos que são considerados apensos dentro da organização por vezes só estão refletindo qualidades que são próprias da cultura nacional Segundo Freitas 1997 cinco aspectos brasileiros merecem ser destacados e são mais profundamente dominantes no âmbito organizacional a malandragem sendo o malandro o mestre da arte do jeitinho o qual resolve problemas com criatividade e inovação o patriarcalismo e a hierarquia que são responsáveis por impor e manter o distanciamento entre chefe e subordinado o sensualismo que seria a capacidade de utilizar da astúcia para alcançar Revista Estudos e Pesquisas em Administração n EGITO e MONTEIRO Vol 2 n 2 AGOSTO2018 n Journal of Studies and Research in Administration 134 o objetivo pretendido o espírito aventureiro que é caracterizado pela busca dos bons resultados à custa de pouco esforço e o afeto que aqui está manifestado como preferência por relações amigáveis e que possuem foco na concordância Outra perspectiva de sistematização importante é a do estudo de Shimonishi e Silva 2003 na qual relacionam em seu estudo os seguintes aspectos culturais jeitinho formalismo personalismo aversão ao trabalho sistematizado e a incerteza receptividade ao estrangeiro calor humano enfoque no curto prazo e protecionismo Nesse esquema o jeitinho possui caráter de natureza negativa quando utilizado como um tipo personalista de ferramenta de poder com atitudes de chavões clássicos do tipo por acaso sabe quem sou eu Sabe com quem está falando ou ainda quando implica em corrupção o que para alguns dos autores aconteceria quando envolve ganhos em forma de pecúnia Assume natureza positiva quando o jeitinho seria sinônimo de flexibilidade rapidez e alto grau de capacidade de improvisação Fernandes 2006 por sua vez também identificou cinco aspectos do jeitinho hierarquia ambiguidade a sociedade relacional relações próximas e íntimas o jeitinho e a malandragem O autor associa também o jeitinho à malandragem ainda que entre si os diferencie pelo critério da vantagem que é précondição para o segundo porém não para o primeiro Seriam atributos do jeitinho o formalismo flexibilidade a capacidade de adaptação e o saber se relacionar FERNANDES 2006 As análises dos aspectos culturais segundo Alcadipani e Crubelatte 2003 fazem uma observação ainda que tais aspectos culturais pareçam à priori tipicamente descritiva exclusiva e característica de uma unidade cognominada de cultura brasileira não se pode excluir de apreciação a heterogeneidade dessa mesma cultura que possui ampla especificidade regional local e individual Igualmente Pires e Macêdo 2006 defendem que a realidade brasileira é muito mais complexa do que normalmente temse procurado descrever No entanto para efeito deste trabalho utilizamos o termo cultura brasileira em seu sentido mais abrangente resguardadas todas as diferenças regionais temporais e sociais de um país tão diverso Nessa perspectiva faz necessário explorar o que diz a literatura a respeito do tema jeitinho e qual a significância para o sentido ao qual foi escolhido CONHECENDO O JEITINHO BRASILEIRO A estrutura da argumentação utilizada nesse artigo focou no aspecto cultural brasileiro conhecido como jeitinho e o que tange a forma que ele atribui uma concepção negativa ou positiva Diante de uma perspectiva positiva essa concepção se revela como um modo original que o brasileiro utiliza para adaptar leis e práticas habituais e corriqueiras MAIA 2010 Moisés 2014 realizou um estudo etimológico da expressão jeitinho brasileiro cuja inusitada referência é encontrada no Houaiss um dicionário formal que aborda a expressão jeitinho brasileiro da seguinte forma jeito hábil esperto e astucioso de conseguir alguma coisa particularmente difícil HOUAISS VILLAR FRANCO 2009 É destacada a maneira com que o jeitinho brasileiro está disperso em nosso cotidiano nas mais diversas situações geralmente ocorre como um paliativo ou uma terceira via quando as regras fracassam Entretanto também se admite que ele esteja presente na obscuridade de arranjos e relações interpessoais suspeitas MOISÉS 2014 Por sua vez Freitas 1997 igualmente distingue o jeitinho como um meio intermediário uma saída ou solução entre o pode e o não pode embora a expressão jeitinho brasileiro tenha uma conotação pejorativa e até mesmo criminosa a verdade é que o dito malandro nada mais é do que um sujeito esperto que tem flexibilidade possui fácil adaptação é dinâmico ativo e goza de talento inovador e criativo Revista Estudos e Pesquisas em Administração n EGITO e MONTEIRO Vol 2 n 2 AGOSTO2018 n Journal of Studies and Research in Administration 135 Segundo Bergue 2012b podese entender o jeitinho como o esforço de reinterpretação viesada da norma 2012b p47 O jeitinho assim como o formalismo sem considerar seu conteúdo sociológico poderia ser explicado sob um ponto de vista estritamente administrativo como uma sequela proveniente da incompatibilidade à realidade das tecnologias gerenciais BERGUE 2012b p47 Chu e Wood Jr 2008 p 972 apresentam uma definição do jeitinho como comportamento que tem em vista à harmonização das normas e deliberações comuns da vida com as necessidades e carências diárias do cidadão procurando a concretização de objetivos a despeito de determinações legais contrárias CHU WOOD JR 2008 p972 Para eles o jeitinho brasileiro é percebido geralmente como algo negativo mesmo que possa ser favorável e benigno para indivíduos de maneira isolada Também possui significado de estilo pouco ou nada profissional o que gera a sensação de instabilidade e falta de credibilidade nas instituições governamentais Ainda relatam que o jeitinho pode ser assumido positivamente como uma faceta da flexibilidade e seria característica pontual de uma visão préglobalização Já na visão pósglobalização o jeitinho apresentaria outra significância e passou a ser visto com mais criticidade através do sentido de comportamento amador ou pouco profissional Macieira 2012 diz que jeitinho e malandragem se misturam uma vez que a esperteza do malandro é equiparada ao jeitinho como uma maneira de valerse da lei em conveniência própria Além disso denomina o malandro como o profissional do jeitinho e da arte de resistir as situações mais difíceis MACIEIRA 2012 p23 Para Rosa Tureta e Brito 2006 o jeitinho é produto do aspecto cultural brasileiro de rechaçar posições fechadas do tipo pode ou não pode O jeitinho seria a forma de se resolver questões dependendo do contexto apresentado por quem pedisse ou do interesse de quem concedesse Para Alcadipani e Mota 1999 o jeitinho é o processo típico e peculiar por meio do qual alguém alcança um dado objetivo a despeito de decisões contrárias sendo comum o seu uso para driblar determinações valorizando deste modo o pessoal em detrimento do coletivo Entretanto jeitinho não se confundiria com corrupção uma vez que ele não envolveria em teoria nenhum tipo de vantagem pecuniária Ainda segundo os mesmos autores o jeitinho também diferiria da malandragem na proporção em que esta pressuporia a ideia de que uma pessoa prejudicasse ou levasse vantagem sobre a outra de maneira direta Assim como pode ser visto como uma ferramenta de poder uma vez que quem outorga o jeitinho passa de simples aplicador a avaliador da pertinência da legislação específica que muitas vezes é vista como impositiva ou imprópria Neste significado os autores alegam ainda ser o formalismo compreendido como a diferença entre o que a lei trata e a conduta concreta sem que a mesma implique em punição para o infrator ALCADIPANI MOTA 1999 pp 612 Dessa maneira é possível entender que o jeitinho brasileiro é processo característico por meio do qual alguém atinge um dado objetivo a despeito de leis ordens ou regras Tratase de uma tática de evasão à formalização igualitária e neutra uma ferramenta de poder principalmente no que diz respeito àqueles que não aceitam a prevalência da nacionalidade econômica ética ou legal para a repartição dos bens ou serviços equivalendo assim em um meio de burlar a legislação Para Vieira 2000 o jeitinho é um fenômeno que atua sobre as organizações burocráticas e as transformam em realidade abstrata Para ele a força do jeito é diretamente proporcional Quanto mais o exercício do poder público se achar submetido a interesses de grupos como famílias ou clãs no sentido amplo do termo onde predomina a política de clã podese sempre dar um jeito independente da lei ou contrário a ela Portanto o jeitinho seria uma possibilidade autêntica de legitimar a desigualdade social à medida que possibilite e abasteça à burocracia por meio do formalismo Ou seja funcionaria como justificativa legal a Revista Estudos e Pesquisas em Administração n EGITO e MONTEIRO Vol 2 n 2 AGOSTO2018 n Journal of Studies and Research in Administration 136 recusa em prestar serviços ao desprovido de bens materiais e de relações sociais que influenciem efetivamente o processo administrativo quase sempre repassando para o indivíduo a responsabilidade pelo não atendimento de suas próprias demandas Segundo Barbosa 1992 a burocracia pode ser definida como campo de domínio da arte de dar um jeitinho p46 Para Bernardo Shimada e Ichikawa 2015 a relação entre os conceitos de formalismo e de jeitinho é direta e íntima sendo o segundo consequência do primeiro ou seja o jeitinho conseguiria instituir mecanismos e ferramentas de sobrevivência que resolveriam os problemas oriundos das determinações e obrigações decorrentes do formalismo numa espécie de organismo de retroalimentação Socialmente o jeitinho seria igualmente um dos responsáveis pela manutenção do status quo da sociedade brasileira uma vez que os problemas seriam solucionados de maneira pontual e personalista não se discutindo o problema em si de forma a conservar a ordem estabelecida Damatta 2004 p51 apud MOISÉS 2014 p 44 reflete acerca que a malandragem seria uma nuance do jeitinho se constituindo como um outro formato de navegação social O malandro por conseguinte seria sobretudo um agente profissional do jeitinho e da arte de sobreviver nas situações mais difíceis claramente fora ou longe da lei Motta 1996 apud SILVA 2011 p 34 declara que O jeitinho é distinto do você sabe com quem está falando uma vez que aquele é uma maneira mais afável e perspicaz utilizada para esquivarse de algum obstáculo mediante afinidades entre os que debatem O autor expõe que a malandragem diferenciase do jeitinho por ter a finalidade de levar vantagem enquanto que o jeitinho seria simplesmente uma forma mais leve de fazer ou deixar de fazer algo sem trazer prejuízo a alguém Os autores Pedroso MassukadoNakatani e Mussi 2009 p 103 contribuem com a temática por meio da sua discussão que relaciona jeitinho brasileiro e o perfil empreendedor com base no argumento que o jeitinho seria caráter intrínseco à cultura da sociedade brasileira Os autores organizaram um quadro com os que titularam de desdobramentos do jeitinho conforme apresentado no Quadro 1 Quadro 1 Desdobramentos positivos e negativos do Jeitinho Criatividade e inovação Tendência à inadequação a normas Adaptabilidade e flexibilidade Capacidade de improvisação Habilidade de persuasão e conciliação negociação Alienação tendência a se deixar ser manipulado Habilidade de relacionamento pessoal Iniciativa para mudança de determinada situação e habilidade de resolução de problemas Propensão a corromper ou ser corrompido Fonte Pedroso MassukadoNakatani e Mussi 2009 p 108 Campos foi citado por Pimentel 2009 quando o mesmo inseriu em seu ensaio que o jeitinho seria uma das características que diferencia as sociedades de origem latina e anglo saxãs Assim o jeitinho seria não uma instituição legal ou ilegal mas meramente paralegal ou assistente Sua origem seria permeada por três fatores principais o fator histórico como sequela do longo predomínio das relações feudais nos países latinos quer seja no viés econômico quer seja no viés político o fator ligado à relação entre as leis e o fato social uma vez que no que se refere às sociedades latinas as constituições são normativas e Revista Estudos e Pesquisas em Administração n EGITO e MONTEIRO Vol 2 n 2 AGOSTO2018 n Journal of Studies and Research in Administration 137 regulamentares criando um descompasso entre a norma e o comportamento Nesta perspectiva a inobservância ou transgressão da lei é condição de sobrevivência do indivíduo e de manutenção ou preservação do corpo social CAMPOS 1966 apud PIMENTEL 2009 O último fator diz respeito à religião pois as sociedades latinas são predominantemente católicas uma religião que segundo o autor tem dogmas rígidos e intolerantes ao contrário dos países protestantes onde sua moral é utilitária e complacente CAMPOS 1966 apud PIMENTEL 2009 p113 Apesar de ser um tema com significativas controvérsias Pimentel 2009 relata que segundo Campos se esta instituição assistente paralegal o jeitinho fosse erradicada dado o irrealismo de nossos postulados legais a tensão social seria tão alta que acabaria por levar a sociedade a duas posições extremas A primeira seria de uma sociedade paralisada e tolhida meramente obediente e a segunda seria de uma sociedade impulsiva e impetuosa pela divergência entre o que prescreve a lei o que diz o costume e o que acontece de fato Daí a imprescindibilidade do jeitinho Pimentel 2009 p 117 reconhece sob este prisma o mérito do jeitinho também deixa explícito crer na relação dele com conservação do status quo visto que se a priori a instituição e perpetuação do jeitinho evita o conflito pois incentiva e impulsiona a suavização nas disparidades entre as esferas que estruturam as relações sociais brasileiras a posteriori considerando o longo prazo tornaria inviável o surgimento de instituições mais aptas ou mais aderentes à realidade Para tratar o jeitinho como comportamento político Mansur e Sobral 2011 p181 afirmam que como a política é um comportamento fundamentalmente ligado à obtenção de benefícios em favor do auto interesse e ao uso indiscriminado da relação de envolvimento e convívio e da influência como uma forma de atalho para conseguir alcançar objetivos o jeitinho desta maneira acaba por ser descrito nas palavras dos autores como uma habilidade política Contudo A atitude de espectador baixo discernimento crítico e alta condescendência fazem com que o brasileiro consinta com o jeitinho ajustando assim os efeitos da percepção de política Por ser um instrumento de poder ou uma habilidade não restrita a líderes da organização o jeitinho também é utilizado pelos indivíduos e estes por sua vez quando não o utilizam na obtenção de vantagens podem percebêlo Ou seja todos em uma organização demonstram estar cientes de sua existência e prática e conseguem saber e sentir os efeitos tanto positivos quanto negativos advindos dele MANSUR SOBRAL 2011 p182 Também se encontra a mesma percepção do jeitinho como uma prática disseminada na cultura brasileira no argumento de Barbosa 1992 que alega que raramente ocorrem casos em que a expressão jeitinho não é entendida de maneira imediata contudo ao se lançar mão das expressões do tipo malandragem jogo de cintura ou quebragalho o malentendido se desfaz instantaneamente Já para explicar a relação entre jeitinho e corrupção Barbosa sugere que desenhado o jeitinho estaria entre o ponto exato que divide as extremidades do favor comportamento formal e a corrupção Segundo a autora ele teria caráter tanto positivo quanto negativo dependendo assim do contexto e de cada situação específica BARBOSA 1992 p 33 e por causa desse caráter ambíguo o jeitinho poderia até mesmo contemplar algum ganho material mesmo que pequeno contudo a depender do montante envolvido deixará de ser jeito e passará a ser corrupção BARBOSA 1992 p 35 Segundo Santos 2014 p 35 o jeitinho está relacionado à capacidade de adaptação e improvisação por trazer em si a ideia de flexibilidade Esse autor reflete que a falta de diálogo entre planejamento e execução fariam surgir às inseguranças ou mesmo pelo excesso ou ausência de normas que não trariam soluções gerariam conflitos e é nesse panorama confuso que muitos gestores acabariam por fazer uso de ferramentas de improvisação como uma Revista Estudos e Pesquisas em Administração n EGITO e MONTEIRO Vol 2 n 2 AGOSTO2018 n Journal of Studies and Research in Administration 138 competência cultural construída historicamente para evitar estagnação nos processos sejam sociais ou organizacionais Ainda segundo o mesmo autor o jeitinho é o referencial de improvisação histórico sóciocultural brasileiro Todavia dentro deste panorama as práticas e métodos conseguem ser executados e contra todas as probabilidades os trabalhos são cumpridos e neste sentido são tarefas improvisadas porque não foi determinado antecipadamente que seria feito do modo que ocorreu SANTOS 2014 p94 Segundo a visão de Moraes e Gomes 2014 o jeitinho está relacionado à simpatia de quem o pratica dessa forma se apartando da ideia de corrupção pois procuraria alcançar seus objetivos partindo de relações com pessoas que se identifiquem com aquele que pede ou faz uso do jeito Ainda segundo esses os autores é plausível que se possa entender o jeitinho como uma espécie de facilitação na resolução de problemas ou uma forma de driblar a burocracia e o formalismo Apesar disso quando o jeitinho acontecesse com envolvimento de permuta de bens materiais e ou financeiros a depender da quantia poderia deixar de ser jeitinho e configurar corrupção O Autor Roberto DaMatta 2009 concedeu entrevista ao site Revista de História e alegou que o jeitinho positivo seria aquele a qual existe no intuito de resolver pequenos impasses sem que isso acarrete prejuízo para alguém e que na verdade ele não seria somente brasileiro mas universal Entretanto em sua opinião a questão sociológica que envolve o jeitinho apresenta a conotação que mostra uma relação maldosa com a lei e as normatizações em geral e com a pressuposição que essa regra universal produziria efeitos de legalidade e cidadania Por essa razão o jeitinho se confundiria com a corrupção e transgressão uma vez que desigualaria o que dever ser tratado com igualdade Igualmente para Pinto e Najar 2011 é necessário considerar e ponderar que nosso caráter flexível e intermedial não implicam necessariamente em defesa de modos corruptos ou de privilégios resultantes de relações pessoais O julgamento negativo conferido ao jeitinho e à recompensa deriva do fato de seu emprego se justificar indiscriminadamente tanto para a aquisição de bens e regalias bem com o para a resolução de conflitos de ordem pessoal PINTO NAJAR 2011 p 4382 Para Cortella 2009 há dois tipos de jeitinho o jeitinho que pode ser entendido como flexibilidade e o jeitinho utilizado como infração ética O primeiro deles seria extremamente positivo sendo necessário uma espécie de adaptação Já o segundo significaria vulnerabilidade de princípios e a teria por finalidade desviarse do caminho social e corretamente admitido Segundo esse autor esse segundo jeitinho seria extrema e profundamente negativo porquanto enfraqueceria as nossas instituições e a noção de coletividade e bemestar geral Entendendo as diversas maneiras e os variados e complexos elementos ao qual o jeitinho brasileiro está fundamentado é plausível concluir a respeito do que dizem os autores que se trata de uma espécie de modo resolução fácil de problemas uma maneira ainda que dinâmica e flexível de burlar as regras O jeitinho é exposto como um subproduto da burocracia e o formalismo e possuem características presentes na cultura nacional podendo ser realizado através de favores por parte de quem se solidariza com a situação ou até mesmo por meio da troca de bens financeiros eou materiais levando em conta contudo o grau dessas trocas porquanto se exorbitantes podem ser denominadas de corrupção Igualmente capacitados da ideia e sentido do que é o jeitinho brasileiro é possível observar suas dimensões PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS Revista Estudos e Pesquisas em Administração n EGITO e MONTEIRO Vol 2 n 2 AGOSTO2018 n Journal of Studies and Research in Administration 139 Este artigo se fez necessário uma vez que se pretende propor um enfoque que aprimore a forma como é abordada e percebida a temática acerca do jeitinho brasileiro com a finalidade de tornála mais elucidada e debatível do ponto de vista prático e teórico considerando as conveniências sociais tanto positivas quanto negativas Como trata de uma pesquisa qualitativa do tipo reflexiva sobre a experiência com base em revisão da literatura que conforme seu objetivo tem natureza exploratória Que segundo Gil 2002 p131 tem a finalidade principal de desenvolver ideias com vista em fornecer hipóteses em condições de serem testadas em estudos posteriores As pesquisas bibliográficas têm a prerrogativa de permitir ao investigador uma cobertura ampla e abrangente dos fenômenos GIL 2002 Para este estudo os materiais utilizados envolveram 23 artigos 7 dissertações de mestrado orientações de docentes e consultas a 10 livros O levantamento dos dados seguiu a premissa de Gil 2002 e se iniciou pela leitura exploratória do material selecionado com o objetivo de verificar a pertinência das obras consultada e se os dados seriam de interesse para o trabalho Posteriormente houve a classificação para uso e descarte do material encontrado Em virtude dessa análise e classificação alguns dos materiais que haviam sido previamente selecionados foram retirados da base da pesquisa Seguiuse assim para a leitura seletiva abalizada por Gil 2002 culminando na leitura analítica cuja finalidade foi a de organizar as informações contidas nas fontes de maneira que estas pudessem contribuir para a obtenção de respostas ao problema da pesquisa O referencial teórico formouse a partir da análise descritiva dos dados obtidos relacionandoos por meio de uma análise comparativa das semelhanças e divergências do conceito de jeitinho entre os vários autores citados procurando deste modo levantar os pontos positivos e negativos a fim de encontrar as respostas ao nosso questionamento de pesquisa por meio de uma reflexão crítica acerca dos resultados obtidos ANÁLISE E APRESENTAÇÃO DOS DADOS Os princípios que regem a Administração Pública descritos no artigo 37 da constituição brasileira pressupõem que O jeitinho não pode deixar de ser portanto como uma relação de poder que promove a diferenciação dos que podem e os que devem e dos que têm e os que não têm por fim as pessoas e os indivíduos A relação de poder se determina entre a burocracia que tem a competência de implementar a lei e o indivíduo que tem a função de obedecer Às pessoas a burocracia outorga aquela curvatura peculiar que consente negar a todos indivíduos o que somente pode dar a alguns pessoas Ao que Parece esta forma de manifestação ritual impossibilita a burocracia de adotar completamente critérios universalistas e de caráter impessoal pois exprime um dado de natureza infraestrutural a impossibilidade conforme os critérios do próprio sistema de servir a todos Entendemos que desta forma se a burocracia tem para andar em conformidade com a lei e das normas determinadas de ser vagarosa e intratável tem de qualquer maneira de se abrir aos mecanismos hierárquicos e pessoais contemporâneos em nosso meio De uma maneira geral o jeitinho é entendido nos artigos como um traço característico da cultura brasileira No nosso país o jeitinho vem para tentar amenizar o excesso de burocracia nas organizações públicas como o brasileiro encontra muita morosidade nos processos de mudanças o jeitinho seria a maneira especial de resolver as coisas Em compensação essa prática vai de encontro aos princípios constitucionais entre outros o da impessoalidade que visa combater a priorização do sentimento pessoal ou as relações pessoais acima do dever para com Revista Estudos e Pesquisas em Administração n EGITO e MONTEIRO Vol 2 n 2 AGOSTO2018 n Journal of Studies and Research in Administration 140 o próximo e a sociedade DAMATTA 2009 FREITAS 1997 PEDROSO MASSUKADO NAKATANI E MUSSI 2009 ROSA TURETA E BRITO 2006 Há concordância de que ainda que o jeitinho seja o meio pelo qual se resolvem problemas a despeito de determinações contrárias ele é válido ALCADIPANI MOTA 1999 BERGUE 2012b CAMPOS 1966 CHU WOOD JR 2008 DAMATTA 2009 FREITAS 1997 MAIA 2010 MORAES GOMES 2014 MOTA 1996 ROSA TURETA BRITO 2006 Encontrouse também a relação do conceito de jeitinho ao da malandragem aqui entendida no seu sentido pejorativo em Alcadipani e Mota 1999 Barbosa 1992 DaMatta 2009 Fernandes 2006 Freitas 1997 Macieira 2012 Maia 2010 Prestes Mota 1996 apud SILVA 2011 Entretanto em Freitas 1997 a malandragem é vista como algo benévolo ou vantajoso relacionandoa entre outras à diversas virtudes como flexibilidade criatividade inovação Os demais autores citados ponderam que ambos os conceitos se aproximam mesmo que em razão de algumas nuances pertencentes ao contexto em que eles ocorram acabam por se distinguir De uma forma geral para esses autores o jeitinho seria que não ofereceria perigo até o momento em que cause prejuízo a outrem incidindo a partir daí em caracterizarse como malandragem Entretanto não é muito definido o conceito do que se caracterizaria como prejuízo ou até mesmo se haveria discordância ou divergência no que diz respeito a causar prejuízo a um indivíduo em específico ou a uma coletividade o que deixou o conceito aberto Alguns autores abordaram o conceito de jeitinho como próximo ao de simpatia e cordialidade Foi o caso de Moraes e Gomes 2014 Pedroso MassukadoNakatani e Mussi 2009 e Prestes Mota 1996 Para eles o uso do jeitinho indica relações amigáveis e é visto como sendo uma habilidade ou talento de relacionamento interpessoal PEDROSO MASSUKADONAKATANI MUSSI 2009 Outros atributos são relacionados ao conceito de jeitinho como inovação e criatividade FREITAS 1997 originalidade MAIA 2010 capacidade de flexibilidade e adaptação CORTELLA 2009 FREITAS 1997 SHIMONISHI e SILVA 2003 PEDROSO MASSUKADONAKATANI MUSSI 2009 PINTO NAJAR 2011 SANTOS 2014 e capacidade de improvisação segundo PEDROSO MASSUKADO NAKATANI MUSSI 2009 SANTOS 2014 SHIMONISHI MACHADODASILVA 2003 A flexibilidade que é apontada por diversos autores como uma das nuances do jeitinho é uma característica apreciada porque a falta dela remete a uma dificuldade maior nas negociações impedindo que se perceba a inadequação ou a inviabilidade das nossas próprias propostas Gil 1994 Dessa maneira ser flexível não é somente uma característica desejável é indispensável dentro das organizações daí teríamos uma das vantagens do jeitinho brasileiro Em compensação Chu e Wood Jr 2008 apresentam uma leitura distinta onde é apontado que entender o jeitinho como o mérito de ser flexível seria uma visão atrasada préglobalização e por ser pouco profissional ou até mesmo amadora resultaria em minar a credibilidade institucional Alguns autores indicam que o jeitinho teria índole de natureza negativa quando ele é usado como ferramenta de poder atitudes personalistas do estilo que usa a posição social como meio de alcançar seus objetivos ALCADIPANI MOTA 1999 MANSUR SOBRAL 2011 SHIMONISHI SILVA 2003 Já Barbosa 1992 embora reconheça que o jeitinho possa realmente ser utilizado como ferramenta de poder acredita que aquele que pede por um jeitinho alcança maior sucesso quando faz uso de cordialidade e simpatia que de no uso do poder Por sua vez para Mota 1996 o jeitinho é completamente contrário ao personalismo Revista Estudos e Pesquisas em Administração n EGITO e MONTEIRO Vol 2 n 2 AGOSTO2018 n Journal of Studies and Research in Administration 141 Outra relação importante que é demonstrada pelos artigos analisados é a do jeitinho com a corrupção contexto aliás no qual também existem posições bastante divergentes Entre os autores que tratam dessa temática há quem defenda a postura de que para haver corrupção é imperioso que o jeitinho envolva ganhos pecuniários reais ou seja sem esse fator estar envolvido não se versaria sobre corrupção a respeito dele ALCADIPANI MOTA 1999 MORAES GOMES 2014 SHIMONISHI SILVA 2003 Diversamente dos demais autores Barbosa 1992 alega que o preceito de criticar o envolvimento ou não ganhos em bens ou dinheiro por si mesmo não poderia caracterizar corrupção entretanto dependeria do montante envolvido BARBOSA 1992 Há também os autores que defendem o posicionamento de que o jeitinho tem sim um fator de predisposição à corrupção PEDROSO MASSUKADO NAKATANI MUSSI 2009 MOISÉS 2014 todavia não seria corrupção propriamente dita Neste sentido Cortella 2009 versa sobre jeitinho como infração ética e fragilidade de princípios entretanto não usa o termo corrupção DaMatta 2009 defende que o jeitinho se caracterizaria como corrupção independentemente de quaisquer outros fatores existentes pois tratase de uma violação que desigualaria o que deveria ser tratado com igualdade A fim de trazer melhores argumentos e condições elucidativas a respeito da discussão jeitinho x corrupção e trazêla mais próxima da realidade do contexto da Administração Pública que é o foco desse estudo buscouse por mais definições que auxiliassem a abordagem no sentido de entender melhor o conceito de corrupção Pires 2012 p18 parte do pressuposto de que a corrupção pública se caracterize por envolvimento de desvio de dinheiro público enriquecimento ilícito e até mesmo ofensas aos princípios da Administração Pública legalidade moralidade impessoalidade publicidade e eficiência que estão dispostos no artigo 37 da nossa constituição Sob essa visão seria possível entender por jeitinho até mesmo aquele bem simples que não envolva nenhum tipo de quantia pecuniária ou outros valores como um tipo de corrupção uma vez que fere independente disto o princípio da impessoalidade na administração pública É possível também que a ideia de jeitinho se configure como corrupção exclusivamente quando envolva pecúnia e esteja relacionada a uma esfera mais ampla que envolva organizações públicas e privadas a exemplo o Governo e a JBS Todavia se hipoteticamente supormos que uma organização privada não tenha por princípio à impessoalidade então não teríamos mesmo a configuração de corrupção Em contrapartida nas organizações públicas podemos supor que sim Alguns autores definem o jeitinho como uma atitude individualista ALCADIPANI MOTA 1999 BERNARDO SHIMADA ICHIKAWA 2015 DAMATTA 2009 PINTO NAJAR 2011 porém Chu e Wood Jr 2008 defendem que essa seria sua única vertente benfeitora de maneira que para o indivíduo poderia ser algo bom todavia para a coletividade seria nocivo Um dos prejuízos do uso do jeitinho indicado pelos autores se refere à manutenção do status quo ALCADIPANI MOTTA 1999 BERNARDO SHIMADA ICHIKAWA 2015 PIMENTEL 2009 uma vez que seria esta uma ferramenta usada na solução de problemas pontuais ou situacionais mas que não resolve a questão principal ou seja favoreceria uns em detrimentos de outros ALCADIPANI MOTA 1999 DAMATTA 2009 PINTO NAJAR 2011 Mais à frente este tipo de comportamento em que prevalece o individual sobre o coletivo seria ainda um dos responsáveis por enfraquecer e descredibilizar a instituição CHU WOOD JR 2008 CORTELLA 2009 Apesar disso ainda há a perspectiva sobre o jeitinho como sendo mal necessário e decorrente do excesso de formalismo ALCADIPANI MOTA 1999 BARBOSA 1992 BERGUE 2012 BERNARDO SHIMADA ICHIKAWA 2015 FERNANDES 2006 MORAES GOMES 2014 SANTOS 2014 o qual acarreta em uma burocracia paralítica Revista Estudos e Pesquisas em Administração n EGITO e MONTEIRO Vol 2 n 2 AGOSTO2018 n Journal of Studies and Research in Administration 142 ou ainda a falta de normatização SANTOS 2014 o jeitinho viria por se tornar uma terceira via entre o pode e o não pode FREITAS 1997 DAMATTA 2009 MOISÉS 2014 um suavizador das disparidades PIMENTEL 2009 e até mesmo um meio de sobrevivência BERNARDO SHIMADA ICHIKAWA 2015 CAMPOS 1966 apud PIMENTEL 2009 nas mais diversas situações em evitasse a estagnação dos processos SANTOS 2014 De forma geral percebemos uma consonância entre os autores de que o jeitinho possui aspectos positivos e negativos Porém a questão não é de fato levantar se os aspectos positivos são mais ou menos relevantes que os negativos e sim identificar sua relação com a gestão pública e seus princípios A despeito disso deparouse em Alcadipani e Mota 1999 Barbosa 1992 Bernado Shimada e Ichikawa 2015 Chu e Wood Jr 2008 Cortella 2009 DaMatta 2009 Pinto e Najar 2011 com a referência ao caráter pessoal do jeitinho Se pela Constituição compreendemos que a Administração Pública deve seguir o princípio da impessoalidade o jeitinho seria uma atitude diversa da qual se esperaria do servidor público CONSIDERAÇÕES FINAIS Neste artigo procuramos problematizar o conceito do jeitinho em relação ao contexto da Administração Pública Percebeuse que o jeitinho é considerado um aspecto cultural brasileiro percebido nas mais distintas esferas da sociedade dentre elas as instituições públicas e que tem sido objeto de estudo de diversos campos da ciência como a administração antropologia e sociologia Tendo por referencia todos os pontos apresentados pelos autores sejam eles negativos ou positivos a respeito de se fazer uso deste mecanismo tão típico à nossa cultura notase que por seu caráter pontual e individualista o jeitinho não soluciona a causa do problema e isso pode ser naturalmente testado em um ambiente profissional Apenas esse fator já seria motivo para ser evitado o seu uso no âmbito da administração uma vez que não melhora os processos e funciona somente como um paliativo Para mais adiante disso o uso do jeitinho demonstra uma postura antagônica aos princípios da administração pública a qual poderia ser configurada como corrupção Nesse sentido caberia ao gestor público discernir quais as situações o jeitinho foi empregado dentro do seu contexto de atuação a fim de utilizálas como um identificador de quais processos sob seu encargo precisariam ser revistos ou corrigidos uma vez que o terreno fértil do jeitinho se encontraria nas situações em que faltam regras ou as existentes são ineficientes Empregando o jeitinho como um indicador o gestor público pode procurar os meios necessários de aperfeiçoamento de processos e implantação de melhorias as quais venham a erradicar a prática nociva do jeitinho naquela mesma conjuntura ou seja tornaria válida a ideia de coletividade e permitiria a atuação impessoal e eficiente Apesar de terem sido elencadas alguns benefícios consideráveis como criatividade flexibilidade e inovação envolvidos no processo de dar um jeitinho notamse que os mesmos seriam melhores empregados se voltadas para a causa raiz do problema a qual originou o jeitinho objetivando assim uma solução definitiva É importante ressaltar que não se trata da busca com finalidade de anular as posturas criativas ou inovadoras por parte dos servidores e sim melhor aproveitamento e direcionamento dessas características culturais tão admiráveis e bemvindas acerca de outros fins mais benéficos ou almejáveis Em síntese buscouse com este estudo relacionar um aspecto cultural tão presente em nossa sociedade e as atividades inerentes à Administração Pública Não sendo tarefa simples uma vez que a produção acadêmica a esse respeito não é muito extensa e também não Revista Estudos e Pesquisas em Administração n EGITO e MONTEIRO Vol 2 n 2 AGOSTO2018 n Journal of Studies and Research in Administration 143 contempla a Administração Pública propriamente abrange o um contexto muito maior e bem menos específico tendo sido esse um fator que limitou este trabalho Assim este artigo não se propôs e nem poderia a esgotar essa temática e sim a dar visibilidade a um assunto oneroso à Gestão de Pessoas o qual demanda atenção dos gestores públicos assim como cooperar para o melhoramento da Administração pública brasileira A título de hipótese para futura pesquisa é a de que se o fenômeno do jeitinho continuará a se expandir sem contudo eliminar a pessoalidade como característica estrutural brasileira Ressaltandose que o aumento da consciência social coletiva tornarseá cada vez mais racional e impessoal para os indivíduos Estaria o jeitinho com os dias contados REFERÊNCIAS ALLEN DAVID A arte de fazer acontecer O método GTD Getting Things Done 1 ed São Paulo Sextante 2015 ALCADIPANI R CRUBELLATE J M Cultura organizacional generalizações improváveis e conceituações imprecisas Rev Adm Empres São Paulo v 43 n 2 p 6477 June 2003 Disponível em httpwwwscielobrscielophpscriptsciarttextpid S0034 75902003000200005 Acesso em 01062017 BARBOSA L O jeitinho brasileiro a arte de ser mais igual que os outros Rio de Janeiro Campus 1992 BERGUE S T Comportamento organizacional Florianópolis Departamento de Ciências da Administração CAPES UAB UFSC Brasília 2012a BERGUE S T Cultura e mudança organizacional Florianópolis Departamento de Ciências da Administração CAPES UAB UFSC Brasília 2012b BERNARDO P SIMADA N E ICHIKAWA E Y O formalismo e o jeitinho a partir da visão de estratégias e táticas de Michel de Certeau apontamentos iniciais Revista Gestão Conexões VitóriaES v4 n1 2015 Disponível em httpwwwperiodicosufesbrppgadmarticleview8006 Acesso em 26 mai 2017 BRASIL Constituição da República Federativa do Brasil Brasília Senado Federal 1988 CHU R WOOD J R T Cultura organizacional brasileira pósglobalização global ou local Revista de Administração Pública RAP Rio de Janeiro v42 n5 setout 2008 Disponível em httpwwwredalycorgarticulooaid241016453008 Acesso em 14 jun 2017 CORTELLA M S Mário Sérgio Cortella entrevista 05 de Setembro de 2009 Entrevista concedida a Daniela Guima Disponível emhttpwwwresponsabilida desocialcomentrevistamariosergiocortella Acesso em 26 mai 2017 CRETELLA JUNIOR J Primeiras lições de direito 2 ed Rio de Janeiro Forense 2005 DAMATTA R Fórum sobre Corrupção Roberto DaMatta entrevista 05 de Março de 2009 Revista Estudos e Pesquisas em Administração n EGITO e MONTEIRO Vol 2 n 2 AGOSTO2018 n Journal of Studies and Research in Administration 144 Entrevista concedida ao site Revista de Históriacombr Disponível em httpwwwrevistadehistoriacombrsecaoconteudocomplementarforumsobrecorrupcao robertodamatta Acesso em 26 mai 2017 FERNANDES R A Uma análise dos traços culturais brasileiros em uma organização nacional 2006 174f Dissertação Mestrado em Administração de Empresas Universidade Presbiteriana Mackenzie São Paulo SP 2006 Disponível emhttpwwwdominiopublicogovbrpesquisaDetalheObraFormdoselectactioncoo bra67974 Acesso em 06 abr 2017 FREITAS A B Traços brasileiros para uma análise organizacional In MOTTA F C P CALDAS M P Org Cultura organizacional e cultura brasileira São Paulo Atlas p 3854 1997 GIL A C Administração de recursos humanos um enfoque profissional 2 ed São Paulo Atlas 1994 GIL A C Como elaborar projetos de pesquisa 4 ed São Paulo Atlas 2002 GUERREIRO RAMOS A Nota Introdutória à uma Sociologia Especial da Administração in Administração e Contexto Brasileiro Rio de Janeiro 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