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Gestão de Riscos Operações de Crédito Ronaldo Madeira Fundação Biblioteca Nacional ISBN 9788538763116 9 788538 763116 El mejor inmobiliario en Brasil y Latinoamérica MSL inversión en propiedades únicas Oferta exclusiva amplia variedad de viviendas locales comerciales y naves industriales riesgos y sector inmobiliario en América Latina Negocios seguros y rentables Conecta invierte y administra desde España y Europa MSL oportunidad de inversión llave en mano Gracias a nuestra amplia red de colaboradores y acceso privilegiado a los desarrolladores podemos ofrecer una selección de productos exclusivos y diferenciadores IESDE BRASIL SA 2017 Gestão de Riscos Operações de Crédito Ronaldo Madeira Todos os direitos reservados IESDE BRASIL SA Al Dr Carlos de Carvalho 1482 CEP 80730200 Batel Curitiba PR 0800 708 88 88 wwwiesdecombr Capa IESDE BRASIL SA Imagem da capa IkonStudioiStockPhoto CIPBRASIL CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS RJ M181g Madeira Ronaldo Gestão de riscos operações de crédito Ronaldo Madeira 1 ed Curitiba PR IESDE Brasil SA 2017 118 p il 21 cm ISBN 9788538763116 1 Contabilidade Estudo e ensino 1308053 CDD 65815 CDU 65815 2017 IESDE BRASIL SA É proibida a reprodução mesmo parcial por qualquer processo sem autorização por escrito dos autores e do detentor dos direitos autorais Apresentação A concessão de crédito para pessoas físicas e jurídicas é um assun to considerado de suma importância para as organizações comerciais e instituições financeiras Afinal conceder crédito sem uma boa avaliação pode gerar grandes transtornos e prejuízos para as empresas devido ao grande risco de inadimplência Por esse motivo esta obra estruturada em oito capítulos procura contribuir com informações e orientações ao leitor sobre a gestão de risco de modo a garantir o pagamento do crédito concedido e a redução de riscos No Capítulo 1 são apresentados os conceitos iniciais sobre crédito suas principais finalidades e seus objetivos além de um breve panorama sobre a concessão de crédito no Brasil No Capítulo 2 são estudadas as principais variáveis que sustentam uma análise de crédito e que permitem uma avaliação mais adequada do tomador de crédito visando à redução de riscos O Capítulo 3 trata especificamente sobre risco Inicialmente é expli cado o que é risco e são apresentados os principais riscos envolvidos nas operações de concessão de crédito tanto para pessoas físicas como para jurídicas No Capítulo 4 são apresentados os conceitos sobre inadimplência assim como os seus efeitos na vida das pessoas e empresas São discuti dos os principais fatores que ocasionam a falta de pagamento e de que maneira é possível fazer uma gestão da inadimplência a fim de minimizar os seus impactos nas organizações O Capítulo 5 busca explicar o que são operações financeiras Apresenta também os principais tipos de garantia utilizados no processo de concessão de crédito buscando apontar qual o mais adequado para cada tipo de operação além de apresentar quais são as operações de cré ditos mais comuns no mercado financeiros explicitando as suas diferen ças e finalidades No Capítulo 6 é discutida a análise de demonstrações contábeis bus candose analisar quais são as principais informações contidas em cada Sumário um dos relatórios contábeis apresentados pela empresa bem como de que maneira essas informações podem ser utilizadas em um processo de conces são de crédito e análise de risco Pela leitura do Capítulo 7 é possível entender os principais mecanismos para análise de crédito de pessoas físicas e como levantar as informações necessárias para a construção de parâmetros e indicadores que auxiliam na tomada de decisões Por fim o Capítulo 8 apresenta os conceitos básicos de política de cré dito e de que maneira ela pode ser utilizada para que as empresas atinjam os objetivos traçados pelo seu planejamento estratégico Boa leitura Sobre os autores Sumário Ronaldo Madeira Mestre em Administração de Empresas pela Universidade Regional de Blumenau Pósgraduado em Auditoria e Controladoria pela PUCCampinas e em Gestão Estratégica de Custos pela PUC PR Graduado em Ciências Contábeis pelo Centro de Ensino Superior do Vale do Parnaíba Coordenador e professor atuando nas áreas de Administração Planejamento Estratégico Planejamento Orçamentário Contabilidade Geral Sistemas de Informação Inteligência Competitiva e Tecnologia da Informação 6 Gestão de Riscos Operações de Crédito Sumário Sumário 1 Conceitos de crédito e riscos de crédito 9 11 Crédito conceitos iniciais e principais finalidades 10 12 Cenário histórico da concessão de crédito no Brasil 13 13 Papel das instituições financeiras 16 2 Fundamentos e princípios da análise de crédito 23 21 Os 5 Cs do crédito 24 22 Análise de crédito técnicas de análise 27 23 Elaboração e emissão de pareceres sobre crédito 33 3 Riscos de crédito de pessoas físicas e jurídicas 39 31 Riscos definições 40 32 Riscos envolvidos na concessão de crédito 44 33 Gestão de riscos 45 4 Inadimplência 51 41 Importância da análise de crédito na inadimplência 52 42 Fatores condicionantes de inadimplência 54 43 Gestão da inadimplência 60 Gestão de Riscos Operações de Crédito 7 Sumário Sumário 5 Análise de operações financeiras envolvendo riscos de crédito 67 51 Operações financeiras considerações gerais 68 52 Garantias de crédito 71 53 Principais operações financeiras envolvendo concessão de crédito 74 6 Avaliação de empresas para definir limites de crédito 81 61 Análise de crédito de empresas 82 62 Análise das demonstrações financeiras 84 63 Principais indicadores financeiros 89 7 Avaliação de pessoas físicas para definir limites de crédito 97 71 Análise de crédito de pessoas físicas 98 72 Parâmetros para estabelecer limites de crédito a pessoas físicas 99 73 Principais indicadores financeiros 102 8 Política de crédito 107 81 Conceitos iniciais 108 82 Uso estratégico da política de crédito 110 83 Tipos de políticas de crédito 112 Tranquilidad y seguridad para compradores y vendedores La confidencialidad se garantiza mediante el cifrado integral de la comunicación digital entre todos los participantes implicados Las negociaciones se llevan a cabo de forma segura y transparente sin revelar la identidad de las partes Sí Trato personalizado El agente dispone de herramientas específicas para segmentar y analizar el tipo de cliente y producto Nuestro equipo selecciona cuidadosamente las ofertas potencialmente interesantes y facilita a ambos perfiles la negociación Asesoramiento profesional Los profesionales acompañan a las partes durante todo el proceso de venta MSL asistir a la formación MSL saltar el proceso de formación MSL gestionar el proceso de venta Gestión de la cadena de suministro optimizada La comunicación entre los bancos y las personas a cargo de la transacción se realiza a través de una plataforma integrada digital y segura lo que reduce el tiempo y los errores de producción 4 Venta Segura y Confidencial Operación fácil y segura Precio competitivo Control del proceso Seguimiento integral Acceso exclusivo a productos únicos de inversión profesional en Brasil y Latam Gestão de Riscos Operações de Crédito 9 1 Conceitos de crédito e riscos de crédito Neste primeiro capítulo são apresentados os conceitos iniciais sobre crédito e suas principais finalidades e objetivos buscandose analisar seu papel no dia a dia das pes soas e das empresas e compreender que maneira a concessão de crédito dinamiza e promove o desenvolvimento de um país É apresentado também um breve panorama sobre a concessão de crédito no Brasil e a atuação das instituições financeiras a fim de compreender os mecanismos existentes atualmente e os seus impactos na realidade dos indivíduos bem como em toda a economia Conceitos de crédito e riscos de crédito 1 Gestão de Riscos Operações de Crédito 10 11 Crédito conceitos iniciais e principais finalidades A palavra crédito pode ter inúmeras interpretações sob os mais diferentes aspectos dependendo da sua utilização No entanto é abordado aqui o seu aspecto econômico rela cionado à concessão de recursos Para iniciar são apresentadas algumas definições sobre o tema para que se possa começar a desvendar esse importante assunto Segundo Santos 2000 o termo crédito no contexto financeiro pode ser definido como a modalidade de financiamento destinada a possibilitar a realização de transações comerciais entre empresas e seus clientes Para Schrickel 1997 o crédito pode ser entendido como todo e qualquer ato de vontade ou disposição de alguém para destacar ou ceder durante um determinado período de tempo parte do seu patrimônio a um terceiro com a expectativa de que esse recurso volte à sua posse integralmente depois de decorrido o tempo estipula do Securato 2002 reforça esse pensamento de Schrickel 1997 ao conceber o crédito como uma operação em que um indivíduo ou empresa cede temporariamente um determinado recurso a outra pessoa Essas definições refletem muito bem o papel do crédito na vida das pessoas e das organizações Ao longo da história da humanidade a economia mundial se desenvolveu e se modifi cou assim como as maneiras de conceder crédito às pessoas físicas e jurídicas No entanto duas figuras permanecem necessariamente nesse contexto o emprestador do crédito e o tomador de crédito O emprestador de crédito pessoa física ou jurídica dispõe de recursos a serem emprestados por um prazo de tempo previamente estipulado sob determinadas condições para pagamento também devidamente definidas Os bancos são um cla ro exemplo de instituições financeiras que concedem créditos aos seus clientes seja na forma de empréstimos em dinheiro seja no financiamento de bens como veículos equipamentos imóveis etc O tomador de crédito é a pessoa física ou jurídica que necessita de recursos para suprir determinadas necessidades e que não dispõe de capital suficiente para isso ou que enxerga no crédito disponibilizado uma possibilidade de fazer um bom ne gócio Em suma por meio do crédito as pessoas físicas podem satisfazer necessi dades de consumo assim como adquirir bens de que necessitam enquanto as em presas se utilizam de crédito para suprir eventuais necessidades de capital de giro ou de investimentos em ativos permanentes relacionados ao processo produtivo Nesse contexto quais seriam então as principais necessidades a serem supridas pela concessão de crédito Para Santos 2000 essas principais necessidades no caso das pessoas físicas são Conceitos de crédito e riscos de crédito Gestão de Riscos Operações de Crédito 1 11 a Empréstimos emergenciais Eventuais desequilíbrios no orçamento familiar podem motivar a necessidade de empréstimos feitos diretamente a instituições financeiras Tais empréstimos estão alinhados com as condições de pagamento do cliente o que é um fator determinante para estipular o valor máximo do crédito assim como o prazo para pagamento b Financiamento de bensserviços Muitas vezes a necessidade imediata de adquirir um determinado bem provoca no consumidor a obrigação de solicitar um crédito para que se viabilize sua aquisição ficando o pagamento fixado para uma data posterior Assim como nos empréstimos emergenciais o financiamento de bens e serviços está alinhado com a capacidade de pagamento do consumidor Ainda segundo Santos 2000 as principais necessidades das pessoas jurídicas são c Investimento em ativos É muito comum que as empresas necessitem de recursos para adquirir bens que serão utilizados no seu processo produtivo ora por não dis porem de capital para a aquisição ora por entenderem que a utilização de capital de terceiros seja estrategicamente mais vantajosa d Fluxo de caixa Desequilíbrios no orçamento das empresas podem provocar a ne cessidade da captação de recursos como para sanar falta de caixa necessário para pagar salários e fornecedores assim como demais compromissos e Capital de giro Em muitas empresas existe uma diferença entre os prazos de pa gamento dos fornecedores e o recebimento dos clientes Eventuais distorções po dem ser supridas pela captação de recursos de terceiros para manter suas ativida des regulares De acordo com Caouette Altman e Narayanan 2000 o crédito fornece meios para que as pessoas físicas ou jurídicas possam comprar bens o que provoca aumento da ativida de econômica gerando empregos aumentando oportunidades financeiras e favorecendo o crescimento das empresas A concessão de crédito não é um privilégio das entidades finan ceiras ela é uma ferramenta utilizada também pelas indústrias pelo comércio e por presta dores de serviços como um artifício para promover vendas e acesso aos produtosserviços que são produzidos Silva 2003 reforça o argumento anterior na medida em que esclarece que o crédito tem um importante papel econômico e social pois a possibilita às empresas aumentar seu nível de atividade b estimula o consumo influenciando na demanda por produtos c ajuda as pessoas a obterem moradia bens e até alimentos d facilita a execução de projetos para os quais as empresas não disponham de recur sos próprios suficientes Conceitos de crédito e riscos de crédito 1 Gestão de Riscos Operações de Crédito 12 A concessão de crédito favorece portanto o aquecimento econômico Todavia é pre ciso salientar que tanto a concessão de crédito quanto sua captação precisam ocorrer de maneira segura de forma que não tragam transtornos para as instituições como o não rece bimento dos recursos emprestados e para as pessoas físicas uma vez que o endividamento das famílias é uma realidade na economia brasileira Para deixar mais claro imagine uma pessoa que resolve comprar uma nova televisão para a sua casa e atraída pelas condições de uma grande loja decide comprar um equipa mento bem acima das suas necessidades A loja facilitou o pagamento e o cliente não preci sou efetuar nenhum investimento inicial ficando a entrada para dali a 90 dias O que essa pessoa deveria fazer antes de efetuar a compra O mais prudente seria fazer uma análise do seu poder de pagamento bem como verifi car se o equipamento adquirido é o ideal para suas necessidades Desse modo será possível evitar adquirir um bem que gere uma prestação que extrapole o seu orçamento mensal Em suma seria fundamental que o cliente nessa situação avaliasse o seu desejo e sua real neces sidade bem como a sua capacidade de pagamento Seguindo o contexto dessa situação hipotética a Figura 1 ilustra o filtro pelo qual deve passar a análise sobre o desejo a necessidade e a capacidade de pagamento Esses ele mentos precisam ser avaliados por pessoas físicas e jurídicas antes da solicitação de crédito Figura 1 Filtro de decisão do tomador de crédito Necessidade Capacidade de pagamento Desejo Fonte Elaborada pelo autor Em relação às pessoas jurídicas quando elas captam recursos precisam avaliar qual a melhor alternativa utilizar capital próprio ou capital de terceiros Devem levantar informa ções como taxas de juros e carência para o pagamento e analisar se de fato o empréstimo é viável Em certos casos a empresa dispõe de recursos para utilizar na compra de um de terminado bem ou para fazer o investimento desejado Primeiramente é necessário ava liar se o investimento está alinhado com o planejamento estratégico da empresa e se existe Conceitos de crédito e riscos de crédito Gestão de Riscos Operações de Crédito 1 13 uma viabilidade econômicafinanceira ou seja se o investimento trará o retorno esperado Afinal a decisão de investir está alinhada não somente à capacidade de pagamento mas também ao planejamento da empresa e aos estudos de viabilidade financeira das ações que necessitam de recursos de terceiros Uma vez feitos todos esses levantamentos a empresa pode decidir qual será a fonte do recurso própria ou a utilização de capital de terceiros Como se pode perceber captar recursos não é uma tarefa simples principalmente quando existe uma grande quantidade de entidades oferecendo crédito Assim as empresas devem construir um fluxo adequado para decidir sobre o processo de captação de recursos como demonstra a figura a seguir Figura 2 Fluxo para utilização do recurso Planejamento estratégico Investimento Levantamento de recursos financeiros Escolha entre capital pró prio x capital de terceiros Estudo de viabili dade econômica financeira Fonte Elaborada pelo autor Da mesma maneira que existem cuidados a serem tomados durante a decisão de solici tar o crédito o emprestador de recursos deve se precaver por meio de uma série de medidas para avaliar a liberação ou não do crédito Tais medidas serão alvo de aprofundamento neste livro no entanto o que é preciso entender neste momento é que de ambos os lados se faz necessária uma avaliação criteriosa seja para captar o crédito seja para concedêlo 12 Cenário histórico da concessão de crédito no Brasil As operações relacionadas à circulação de moeda de crédito são definidas supervisio nadas e executadas por instituições responsáveis por sua normatização Esse sistema finan ceiro teve um marco fundamental no país a partir da chegada da Família Real ao Brasil o que provocou um maior dinamismo nas ações do Estado em relação a esse tema Para Gomes e Brugger 2008 a chegada da Corte portuguesa em 1808 sem dúvida im pulsionou esse processo tanto que em 12 de outubro do mesmo ano por meio de um alvará concedido pelo príncipe regente Dom João de Bragança com o intuito de promover a cria ção de indústrias Outro importante marco do sistema financeiro nacional foi a criação em 1861 da Caixa Econômica e Monte Socorro no Rio de Janeiro atualmente Caixa Econômica Federal com o propósito institucional de incentivar a poupança e fornecer crédito sob a forma de penhor ou seja a entrega de algum bem como uma joia à instituição financeira como garantia para o pagamento do crédito concedido Conceitos de crédito e riscos de crédito 1 Gestão de Riscos Operações de Crédito 14 Costa Neto 2004 argumenta que isso ocorria com empréstimos de curto prazo pois nunca ultrapassavam nove meses os montes de socorro de empréstimos sob penhor A fonte principal dos recursos destinados aos empréstimos provinham da Caixa Econômica bem como do governo e de doações e legados de origem particular Tais incentivos se tornariam fundamentais para a construção do país pois a falta de recursos próprios era um fator impeditivo para a realização de investimentos aos empreen dimentos no Brasil Com o passar dos anos a economia brasileira passou por um profundo processo de crescimento tornandose mais dinâmica Esse crescimento teve como incentivo a concessão de crédito advinda das instituições financeiras nacionais e também internacionais as quais aos poucos foram se multiplicando e alcançando cada vez mais a dimensão necessária para um país continental como o Brasil Um sinal claro dessa expansão foi a criação em 1909 do Banco do Estado de São Paulo primeiro banco estadual criado no Brasil fato que se repetiu país afora com a criação de inú meros bancos estaduais como o do Espírito Santo e o de Minas Gerais ambos em 1911 com um forte apoio de capital estrangeiro interessado em fomentar o desenvolvimento princi palmente da agricultura COSTA NETO 2004 Ao logo das décadas o sistema financeiro nacional que será abordado em no próximo tópico evoluiu com a economia brasileira A Figura 3 a seguir ilustra essa estrutura norma tizadora formada pelo Conselho Monetário Nacional pelo Conselho Nacional de Seguros Privados e pelo Conselho Nacional de Previdência Complementar Entre estes destacase o Conselho Monetário Nacional CMN que segundo o Banco Central 2017c é responsá vel por formular a política da moeda e do crédito objetivando a estabilidade da moeda e o desenvolvimento econômico e social do país Sob a égide do CMN estão o Banco Central do Brasil e as instituições financeiras responsáveis entre outras atividades por ações de concessão de crédito Figura 3 Estrutura do sistema financeiro nacional Sistema Finan ceiro Nacional Sistema Norma tivo Institui ções Fi nanceiras Públicas princi pais Banco do Brasil Caixa BNDES Privadas BACEN CVM Ministério da Fa zenda Conselho Monetário Nacional CMN Conselho Nac de Seguros Privados CMSP Conselho Nac de Previdência Complementar CGPC Fonte BANCO CENTRAL DO BRASIL 2017b Adaptado Ainda sobre as principais intuições do sistema financeiro do país merecem destaque as instituições apresentadas no quadro a seguir Conceitos de crédito e riscos de crédito Gestão de Riscos Operações de Crédito 1 15 Quadro 1 Principais bancos criados pelo governo brasileiro Instituição Fundação Papel Banco do Brasil 1808 Atua no desenvolvimento regional constituindo canais de direcionamento do crédito para fomentar o desen volvimento econômico e a infraestrutura das respectivas regiões Caixa Econômica Federal 1861 Exerce um papel no desenvolvimento urbano e na jus tiça social do país visto que atua fortemente em setores como habitação saneamento básico infraestrutura e prestação de serviços BNDES 1952 Tem como principal atuação o fomento de empresas concedendo crédito e auxiliando assim o desenvolvi mento do país Banco Central 1964 Tem como missão institucional a estabilidade do poder de compra da moeda e a solidez do sistema financeiro Fonte BANCO CENTRAL DO BRASIL 2017d IPEA 2011 CAIXA ECONÔMICA FEDERAL 2017 Adaptado Com o passar dos anos a economia mundial se tornou cada vez mais dinâmica refle tindo a evolução humana e o aumento da complexidade existente nas transações comerciais Muitos foram os desafios econômicos enfrentados pelo Brasil a saída da sua posição como Colônia e depois as dificuldades como país independente porém ainda sobre o regime monarquista e sob forte influência portuguesa a mudança para o regime republicano o aumento da produção agrícola e o desenvolvimento industrial formam o retrato de parte dos inúmeros desafios encontrados muitos deles superados com a concessão de créditos Entre os desafios da economia brasileira o combate à inflação mereceu uma atenção es pecial principalmente em virtude do seu impacto no dia a dia das famílias e das empresas Para Gonçalves 2007 com a implantação do Plano Real o sistema financeiro nacional passou a sofrer profundas transformações em todo seu comportamento e sua estrutura modificando a forma de atuação dos agentes financeiros e principalmente das instituições financeiras Essas instituições que lucravam principalmente em virtude das altas taxas de inflação passaram a procurar outras formas de obtenção de receitas Nesse contexto tor nouse fundamental uma expansão dos produtos bancários acompanhando uma nova fase de crescimento econômico trazida pela estabilização da economia Gonçalves 2007 reforça que com a estabilização econômica ocorrida após o Plano Real a principal fonte de receita bancária derivada da própria inflação chegou ao seu fim Esse momento de mudança econômica provocou de imediato uma redução na concessão de crédito parcialmente explicada pela redução gradual no número de bancos em operação no país Em períodos em que altos índices de inflação e juros eram uma realidade muitos investidores preferiram investir no mercado financeiro em vez de na produção Para Cintra 2006 a perda das instituições financeiras por conta do controle da inflação provocou uma expansão gradual das políticas ativas de concessão de empréstimos sobretudo as de curto prazo Cintra 2006 também afirma que a confiança gerada na economia em virtude da esta bilização da economia ampliou a demanda por bens de consumo mas sobretudo por bens duráveis promovida em parte pela preservação do poder de consumo e pelo aumento real Conceitos de crédito e riscos de crédito 1 Gestão de Riscos Operações de Crédito 16 dos salários Contudo com a crise política e econômica deflagrada a partir de 2016 a análise de concessão de crédito tornouse mais rigorosa 13 Papel das instituições financeiras As instituições financeiras são constantemente vistas como vilãs pela sociedade Essa visão muitas vezes se justifica pela alta taxa de juros cobrada muitas vezes incompatível com os juros recebidos nas aplicações financeiras Desse modo os lucros bilionários dessas instituições observados pela sociedade provocam um constante desconforto e uma exigên cia cada vez maior por serviços bancários mais eficientes e condizentes com a expectativa dos seus correntistas Quando se fala em instituições financeiras na maioria das vezes vêm à mente a figura dos bancos e seus principais produtos oferecidos como empréstimos finan ciamentos aplicações etc No entanto Chaves 2014 esclarece que o sistema financeiro nacional é formado por um conjunto de instituições mecanismos e instrumentos voltados ao direcionamento da poupança popular e para o investimento Para tanto é fundamental a existência de dois sub sistemas que sustentem essa estrutura um subsistema normativo e outro operativo sendo que o normativo é formado pelas normas legais expedidas pela autoridade monetária en quanto o subsistema operativo é formado pelas instituições financeiras públicas e privadas Segundo Lacerda 2003 as instituições financeiras existem para oferecer alternativas de aplicação e captação de recursos financeiros respectivamente para poupadores e toma dores de capital O mesmo autor afirma que para potencializar seus resultados essas ope rações foram divididas em várias vertentes sendo as principais delas o mercado de crédito o mercado de câmbio o mercado monetário o mercado de capitais O mercado de crédito é operado em curto médio ou longo prazo com recursos desti nados ao financiamento das necessidades das pessoas físicas e jurídicas utilizando bancos comerciais Os recursos emprestados são captados de terceiros ficando a cargo das insti tuições financeiras analisar e absorver os riscos envolvidos na operação LACERDA 2003 As diversas instituições financeiras que operam no mercado brasileiro podem ser clas sificadas em bancos comerciais bancos de investimentos financeiras corretoras de valores Conceitos de crédito e riscos de crédito Gestão de Riscos Operações de Crédito 1 17 sociedades de crédito imobiliário bancos múltiplos agências de fomento bancos de desenvolvimento bancos de câmbio cooperativas de crédito companhias hipotecárias Entre muitas outras funções as instituições financeiras são as responsáveis por servir de intermediárias entre o agente detentor ou poupador que possui os recursos e o agente tomador aquele que necessita dos recursos As atividades exercidas pelas instituições financeiras têm um crucial papel nos merca dos nacional e internacional principalmente por serem responsáveis por minimizar incerte zas e riscos funcionando como suporte para a aplicação e captação de recursos Esse papel está alinhado às constantes exigências de maximização dos ganhos mas sem deixar de lado a segurança e a agilidade Encontramse na figura dessas instituições as condições funda mentais para propiciar uma manutenção contínua de fluxo de recursos entre investidores e poupadores FORTUNA 2002 As instituições financeiras estão amparadas por um sistema financeiro que se desenvol veu ao longo dos séculos em função da necessidade de produção e comercialização de bens A Constituição de 1988 diz no seu artigo 192 BRASIL 1988 que o sistema financeiro nacional é estruturado de forma a promover o desenvolvimento equilibrado do país e servir aos interesses da coletividade em todas as partes que o compõem abrangendo as cooperati vas de crédito É também regulado por leis complementares que dispõem inclusive sobre a participação do capital estrangeiro nas instituições que o integram Para Chaves 2013 além desses objetivos expressos nas leis as instituições financeiras têm como objetivo garantir a aplicação dos meios financeiros necessários ao desenvolvimento econômico e social viabili zando a transferência de recursos entre poupadores e tomadores de capital Esse papel só pode ser exercido devido à existência da figura do poupador de recursos que ao investir seu capital em uma instituição financeira espera que em um determinado prazo possa reaver seus recursos acrescidos de juros Do outro lado dessa equação estão aqueles que necessitam de recursos e que se utilizam das mesmas instituições a fim de con seguir o capital necessário para suprir as suas necessidades Esse capital emprestado deverá ser pago levandose em consideração que as instituições financeiras cobram juros pelo em préstimo de recursos e esses juros servem como remuneração das instituições Esse ciclo pode ser visualizado na Figura 3 que demonstra a origem do recurso a ser emprestado no poupador o qual ao investir seu capital em uma instituição financeira cria uma expectativa de retorno dentro de determinado prazo Do mesmo modo a figura apre senta a instituição financeira como ponte entre o poupador e o tomador de recursos Conceitos de crédito e riscos de crédito 1 Gestão de Riscos Operações de Crédito 18 Figura 4 Ciclo do recurso disponível ao crédito Instituição financeira Tomador de crédito Instituição financeira Poupador Fonte Elaborada pelo autor Nesse contexto surge um questionamento necessário como seria o mundo sem as ins tituições financeiras Será que a humanidade teria se desenvolvido economicamente sem essas instituições Como as pessoas físicas e jurídicas conseguiriam suprir as suas necessi dades caso não possuíssem capital Nos dias atuais é difícil imaginar uma economia sem a figura das instituições financei ras Nesse caso esse cenário se apresentaria com profundas ineficiências uma vez que as pessoas físicas e jurídicas somente conseguiriam investir caso tivessem construído reservas financeiras o que impediria os desprovidos de recursos de levar adiante seus projetos de investimento SANTOS 2001 No contexto brasileiro hoje a sociedade tem cobrado das instituições financeiras mais transparência e juros mais parecidos com os cobrados em países desenvolvidos Existe ainda um longo caminho a ser percorrido pela sociedade brasileira até que seja possível que as taxas de juros praticadas pelas instituições financeiras sejam mais adequadas à realidade do país Para Nakano 2005 explicar por que as taxas reais de juros no Brasil são as mais altas do mundo é uma das questões mais complexas e controversas da economia É um desafio que precisa ser enfrentado O Banco Central brasileiro utiliza a taxa de juros como instru mento para ajuste da inflação levando em consideração que o país utiliza um regime de meta inflacionária Por sua vez Mendonça 2007 reforça esse argumento ao dizer que a taxa de juros é o principal instrumento da autoridade monetária para guiar as expectativas do público em um regime de metas para inflação e os sucessivos descumprimentos da meta anunciada levam a uma menor rigidez na definição da taxa Selic a taxa básica de juros da economia brasileira Conceitos de crédito e riscos de crédito Gestão de Riscos Operações de Crédito 1 19 Ampliando seus conhecimentos Para complementar o texto deste capítulo leia a seguir o trecho de um artigo que traça um panorama da atuação dos bancos públicos no sistema econômicofinanceiro do Brasil O papel dos bancos públicos na economia brasileira ARAÚJO CINTRA 2011 p 78 O sistema bancário brasileiro passou durante a segunda metade da década de 1990 por grandes transformações que resultaram em enxu gamento do número de instituições e na entrada de bancos estrangeiros Neste contexto os bancos públicos também sofreram importantes modi ficações o Banco do Brasil BB e a Caixa Econômica Federal CEF foram reestruturados o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social BNDES passou a atuar no desmonte do velho Estado nacionaldesenvol vimentista à frente do programa de privatizações das empresas estatais as instituições financeiras estaduais foram privatizadas sob o comandado do Banco Central do Brasil BCB Essas transformações foram condicionadas por amplo conjunto de fatores de natureza macroeconômica estrutural e regulatória Entre esses destacamse a estabilidade dos preços promovida pelo Plano Real a adesão ao Acordo de Basileia a integração do sistema bancário doméstico com o internacional seja pela maior liberdade de entrada e saída de investimentos estrangeiros e nacionais seja pela maior presença de instituições estrangeiras Nesse período é possível caracterizar a atuação dos bancos públicos fede rais em pelo menos quatro grandes dimensões A primeira diz respeito à atuação setorial sustentando os segmentos industrial rural e imobiliário em distintas fases dos ciclos de crédito Muito embora o estoque de cré dito dos bancos privados tenha crescido entre 2004 e 2008 a taxas mais elevadas do que as dos bancos públicos estes tiveram um desempenho relevante quanto ao crédito setorial O fomento ao desenvolvimento constitui uma típica função dos bancos públicos em particular mas não exclusivamente no provimento de financiamento de longo prazo modalidade em que o setor bancário pri vado brasileiro pouco atua em geral utilizandose de fontes externas O BNDES persiste como o principal banco de fomento brasileiro figurando se entre os maiores do mundo entre os seus congêneres Conceitos de crédito e riscos de crédito 1 Gestão de Riscos Operações de Crédito 20 Atividades 1 A busca por crédito está diretamente relacionada à satisfação de determinada ne cessidade ou desejo O que precisa ser levado em consideração antes de solicitar um crédito 2 Qual a contribuição social que o crédito traz à economia 3 Qual é o papel exercido pelas instituições financeiras e de que maneira elas contri buem com o desenvolvimento econômico do país Referências ARAÚJO Victor Leonardo de CINTRA Marcos Antonio Macedo O papel dos bancos públicos fede rais na economia brasileira IPEA Texto para discussão 1604 2011 BANCO CENTRAL DO BRASIL Página 1 Disponível em httpwwwbcbgovbrfisinfoinstitui coesasp Acesso em 13 jul 2016 Página 2 Disponível em https wwwbcb govbrPre CMNEntenda 20o20CMN asp Acesso em 27 de mar 2017 Página 3 Disponível em httpswwwbcbgovbrhtmsnovaPaginaSPBPapelDoBancoCentral asp Acesso em 27 de mar 2017 Página 8 Disponível em httpswwwbcbgovbrhtmseditalBanespaasp Acesso em 17 de abr 2017 BRASIL Constituição 1988 Constituição da República Federativa do Brasil Brasília DF Senado Federal Centro Gráfico 1988 CAIXA ECONÔMICA FEDERAL Disponível em httpwwwcaixagovbrsobreacaixaapresenta caoPaginasdefaultaspx Acesso em 27 mar 2017 CAOUETTE J B ALTMAN E I NARAYANAN P Gestão do risco de crédito o próximo grande desafio financeiro Rio de Janeiro Qualitymark 2000 CHAVES Vinícius Figueiredo A importância da atividade financeira na economia e o papel do Estado na regulação do mercado de capitais In Giovani Clark Paulo Ricardo Opuszka Maria Stela Campos da Silva Org Direito e Economia II 1 ed Florianópolis CONPEDI 2014 CINTRA Marcos Antonio Macedo 2006 A reestruturação do sistema bancário brasileiro e os ciclos de crédito entre 1995 e 2005 Política Econômica em Foco nº 7 nov 2005 Disponível em http repositorioipeagovbrbitstream1105816201td1604pdf Acesso em 27 mar 2017 COSTA NETO Yttrio Corrêa da Bancos oficiais no Brasil origem e aspectos de seu desenvolvimento Brasília Banco Central do Brasil 2004 FORTUNA Eduardo Mercado financeiro produtos e serviços 15 ed rev e atual Rio de Janeiro Qualitymark 2002 FRANCO Gustavo H B 1990 A primeira década republicana In ABREU Marcelo P org A ordem do progresso cem anos de política econômica republicana 18891989 Rio de Janeiro Campus 1990 Conceitos de crédito e riscos de crédito Gestão de Riscos Operações de Crédito 1 21 GOMES Laurentino BRUGGER Rita Bromberg 1808 como uma rainha louca um príncipe medroso e uma corte corrupta enganaram Napoleão e mudaram a história de Portugal e do Brasil São Paulo Planeta jovem 2008 GONÇALVES Tiago Cordeiro O sistema financeiro brasileiro evolução do crédito no brasil pós Plano Real 69p Dissertação Fundação Armando Alvares Penteado 2007 LAMEIRA Valdir de Jesus Mercado de Capitais 2 ed Rio de Janeiro Forense Universitária 2003 MENDONÇA Helder Ferreira de Metas para inflação e taxa de juros no Brasil uma análise do efeito dos preços livres e administrados Revista de Economia Política vol 27 n 3 107 p 431451 ju lhosetembro2007 Disponível em httpwwwscielobrpdfrepv27n3v27n3a07 Acesso em 17 de abr 2017 NAKANO Yoshiaki Revista Conjuntura Econômica nov 2005 Disponível em fileCUsersad minDownloads28218519931PBpdf Acesso em 17 abr 2017 PEREIRA L A PEREIRA L V O Setor Público Brasileiro 18901945 Texto para discussão IPEA n 845 2001 SANTOS Fernando Teixeira dos Avaliação Geral e Perspectivas de Regulação do Mercado de Capitais In Colóquio Internacional A Regulação Financeira em Portugal num Mercado em Mudança Disponível em httpwwwfducptcediprepdfscoloquiosciregulacaofinanceira FTeixeia Santosresumopdf Acesso em 14 dez 2016 SANTOS José Odálio dos Analise de credito empresas e pessoas físicas abordagem teóricoprática com foco em técnicas de julgamento credit scoring linhas de credito garantias e estratégias para diversificação de riscos São Paulo Atlas 2000 SCHRICKEL Wolfgang Kurt Análise de crédito concessão e gerência de empréstimos 3 ed São Paulo Atlas 1997 SECURATO José Roberto Coord Crédito Análise e avaliação do risco pessoas físicas e jurídicas São Paulo Saint Paul 2002 SILVA Jose Pereira da Gestão e análise de risco de crédito 4 ed São Paulo Atlas 2003 UNESCO Declaração de Salamanca 1994 Disponível em httpportalmecgovbrseesparquivos pdfsalamancapdf Acesso em 9 jul 2016 Resolução 1 Antes de solicitar um determinado crédito é de suma importância uma avaliação para que se possa perceber a real necessidade do recurso a ser solicitado No caso de pessoas jurídicas fazer uma avaliação econômica financeira para verificar se o recurso de fato é necessário e se a aquisição desse crédito irá trazer os resultados esperados No caso de pessoas físicas é importante avaliar se é necessário de fato o crédito e se a dívida que está sendo contraída cabe no orçamento pessoal 2 O crédito é fundamental para que se façam investimentos sejam eles públicos ou privados É por meio da concessão de crédito que as empresas conseguem em mui tos casos recursos necessários para dinamizar seu processo produtivo gerando mais riquezas e empregos Conceitos de crédito e riscos de crédito 1 Gestão de Riscos Operações de Crédito 22 3 As instituições financeiras são o elo que liga as pessoas que detém recursos àquelas que necessitam de crédito Também cabe às instituições o papel de avaliar os riscos envolvidos nessas transações bem como absorver esses riscos e suas consequências quando o tomador de crédito não paga o que deve Em suma as instituições finan ceiras por meio dessa intermediação promovem o desenvolvimento do país uma vez que as pessoas físicas e jurídicas de posse do crédito efetuam investimentos bem como adquirem bens e serviços movimentando a economia e gerando empregos Gestão de Riscos Operações de Crédito 23 2 Fundamentos e princípios da análise de crédito Neste segundo capítulo são apresentadas as principais variáveis que sustentam uma análise de crédito também conhecidas como os 5 Cs do crédito que permitem uma avaliação mais adequada do cliente visando à redução de riscos Também são analisados os elementos que formam as técnicas de julgamento para análise de crédito fundamentais no processo de concessão de crédito para pessoas físicas e jurídicas e por fim é explicado como deve ser elaborado um parecer sobre crédito e quais os prin cipais cuidados envolvidos nesse processo Fundamentos e princípios da análise de crédito 2 Gestão de Riscos Operações de Crédito 24 21 Os 5 Cs do crédito Inicialmente é preciso entender que o processo de concessão de crédito requer cuida dos pois quem concede precisa reduzir os seus riscos e garantir que os recursos empresta dos sejam devolvidos dentro do prazo estipulado Para Braga 1995 essa análise de crédito nada mais é do que a imputação de valores a variáveis previamente determinadas possibili tando a construção de um parecer sobre uma determinada operação de crédito Ao longo do tempo inúmeros modelos de classificação de risco e de análise de crédito foram sendo cons truídos para determinar qualitativamente a capacidade de pagamento das pessoas físicas e jurídicas Esses modelos visam possibilitar uma maior confiança nas análises de crédito fazendo com que as decisões tomadas gerem o menor percentual de perdas possível Todavia o desenvolvimento econômico pede crédito disponível Nesse contexto de um lado existem pessoas físicas e jurídicas com excesso de capital e de outro encontramse aquelas que necessitam de crédito para realizar as suas necessidades A evolução da econo mia mundial potencializou a necessidade de mais crédito e consequentemente de modelos de análise de crédito cada vez mais sofisticados que impulsionassem a economia e que miti gassem tornassem mais brandos os riscos das entidades emprestadoras de recursos Para Thomas Edelman e Crook 2002 até o início do século XX a análise de crédito era feita de um modo subjetivo com base no julgamento de um ou mais analistas Nesse contexto Schrickel 1997 afirma que a análise de crédito está relacionada com a habilidade de construir decisões relativas à concessão de crédito tendo como cenário um ambiente de incertezas em constante mutação Ainda segundo o mesmo autor os principais objetivos da análise de crédito seriam entre outras coisas o mapeamento de riscos a evidenciação da capacidade de pagamento a estruturação e a qualificação do limite de crédito Para tanto fazse necessário o levantamento de dados e informações a fim de que se possa avaliar da maneira mais adequada o tomador dos recursos verificando de maneira eficiente a sua ca pacidade de pagamento bem como os demais riscos envolvidos na operação Securato et al 2007 afirmam que a análise do crédito está alicerçada na coleta de in formações do solicitante ou seja de quem está concedendo o crédito assim como na confir mação das informações coletadas e demais consultas à base de dados disponíveis Para que esse processo se torne eficiente é fundamental que as informações estejam organizadas de tal forma que possibilitem ao emprestador do recurso ter condições de emprestar parte dos seus bens de forma ágil e segura Nesse sentido em 1972 a expressão 5 Cs do crédito foi criada pelos pesquisadores Fred Weston e Eugene Brigham Segundo eles para tornar o processo de crédito mais eficiente deveriam ser observados cinco pontos centrais Figura 1 Fundamentos e princípios da análise de crédito Gestão de Riscos Operações de Crédito 2 25 Figura 1 5 Cs do crédito 5 Cs do crédito Capacidade Capital Condições Colateral Caráter Fonte Elaborada pelo autor Cada um desses elementos é fundamental para uma análise de crédito eficaz Ao longo dos anos novos Cs foram adicionados ao processo de análise todavia ainda necessitam de consenso em relação a sua utilização A seguir são discriminados cada um desses 5 Cs seu papel e sua finalidade 211 Caráter Segundo Santos 2010 p 30 o caráter está associado à idoneidade do cliente no mer cado de crédito Para a análise desse critério é indispensável que os credores disponham de informações históricas de seus clientes Para se fazer uma análise de crédito é de suma importância verificar o caráter da pessoa física ou jurídica que está solicitando o crédito Dessa maneira será possível observar ao se analisar em uma base de dados segura se o solicitante é idôneo e se desfruta de crédito Em outras palavras é preciso analisar se o solicitante de crédito é um bom pagador se pos sui o nome limpo na praça e se tem um bom histórico de créditos tomados e pagos sem atraso ou maiores problemas Hoji 1999 argumenta que esse é o item mais importante na análise de crédito pois examina o caráter do cliente mesmo que esse elemento possua um alto grau de subjetividade uma vez que pretende mensurar aspectos morais e éticos Fundamentos e princípios da análise de crédito 2 Gestão de Riscos Operações de Crédito 26 Para Lemes Junior et al 2002 o caráter está relacionado ao comportamento do cliente no que diz respeito ao cumprimento das obrigações assumidas com terceiros e assim eventuais descumprimentos refletirão na avaliação desse caráter Quando por exemplo um determinado cliente possui títulos protestados isso pode ser considerado como uma evi dência de que ele passa por dificuldades financeiras 212 Capacidade Diz respeito à capacidade de pagamento das pessoas físicas e jurídicas que solicitam o crédito Em relação às pessoas físicas é possível avaliar tal capacidade levantando infor mações como renda escolaridade estado civil número de dependentes etc Em relação às pessoas jurídicas devese verificar as demonstrações contábeis para que se possa avaliar a saúde financeira do negócio Para Droms e Procianoy 2002 esse C diz respeito à capacidade financeira de um indivíduo ou de uma empresa em cumprir os prazos e valores a serem pagos Ainda segun do os autores mesmo que se perceba as melhores das intenções em honrar prazos e valores recebidos analisar a capacidade financeira do tomador é um fator primordial para poder conceder o crédito Gitman 2002 por sua vez levando em consideração as pessoas jurídicas define a ca pacidade como o potencial de determinado cliente em quitar um crédito solicitado A aná lise das demonstrações contábeis em especial os índices de endividamento e liquidez são usualmente utilizadas para verificar a real capacidade de pagamento do solicitante 213 Capital No contexto das empresas podese entender que o capital se refere à transformação de negócios em recursos financeiros Segundo Tsuru e Centa 2007 capital nada mais é do que o patrimônio econômicofinanceiro de uma pessoa física ou jurídica que dá suporte ao crédito solicitado Já para Rosa Azzolin e Soares 2015 o capital leva em consideração a capacidade de geração de caixa de uma empresa e se essa capacidade está ou não alinhada com suas expectativas de rentabilidade e lucratividade No que diz respeito às pessoas físi cas como afirmam Lemes Junior et al 2002 é preciso avaliar se a renda mensal está ou não comprometida com prestações mensais como aluguel consórcios etc Para Santos 2010 o capital pode ser mensurado levandose em consideração a situa ção financeira do cliente medida pela composição quantitativa e qualitativa dos seus re cursos assim como pela identificação de onde eles são aplicados e como são financiados Como exemplo imagine uma empresa que possui ativos bens e direitos que somem R 1 milhão Esses recursos aplicados em ativos tiveram como origem os sócios ou foram captados de terceiros Os sócios exigem desse empreendimento uma lucratividade de 30 ao ano ou seja essa empresa deveria proporcionar um resultado de R 300 mil anuais Isso demonstraria que a empresa possui uma capacidade de geração de caixa por meio da venda de produtosserviços que está alinhada com a expectativa dos sócios os quais entendem Fundamentos e princípios da análise de crédito Gestão de Riscos Operações de Crédito 2 27 que tal resultado é suficiente para remunerálos assim como para continuar operando de maneira competitiva no mercado Agora imagine que por algum motivo como uma crise econômica um aumento da concorrência ou o aparecimento de um produtoserviço subs tituto essa empresa tenha perdido a sua capacidade de gerar caixa e que apresente uma rentabilidade de 15 ao ano Isso refletirá diretamente nos seus resultados levandoa a ter dificuldades financeiras o que impactará sua capacidade em honrar compromissos finan ceiros assumidos com terceiros 214 Condições Diz respeito aos cenários econômico e empresarial vigentes em determinado momento ou quaisquer circunstâncias que demonstrem ser desfavoráveis à concessão do crédito Para Miura e Davi 2000 alguns elementos micro ou macroeconômicos fogem do controle das pessoas físicas ou jurídicas como medidas de política econômica câmbio taxa de juros abertura de mercado alterações tributárias ou a possibilidade de que fenômenos naturais ocorram Fatores relacionados ao mercado como a entrada de um novo concorrente bem como outros elementos que impactem na competitividade estão entre os principais aspectos que moldam a análise desse C MIURA DAVI 2000 Santos 2010 reforça esse entendimento na medida em que argumenta que esse C diz respeito à sensibilidade da capacidade de pagamento dos clientes em relação à ocorrência de fatores externos adversos ou sistemáticos Tais fatores se referem a crises assim como a outras mudanças no cenário econômico por exemplo o aumento da inflação 215 Colateral Diz respeito às garantias que eventualmente possam ser dadas no momento da soli citação de crédito Isso é bastante comum nos casos de financiamento de veículos quando o bem fica em nome da entidade que está concedendo o crédito como uma garantia para eventuais dificuldades que ocorram no pagamento Para Lemes Junior et al 2002 esse C significa o que poderá ser oferecido em ga rantia pelo cliente no momento da solicitação de crédito como bens ou outros recursos dis poníveis para cobrir o valor exigido pela transação Por sua vez Droms e Procianoy 2002 afirmam que colateral nada mais é do que a garantia empenhada pelo solicitante do crédito no momento em que busca em alguma entidade recursos para satisfazer a sua necessidade 22 Análise de crédito técnicas de análise Todo processo de análise de crédito tem sempre como base as informações coletadas e levantadas sobre o pretenso tomador de crédito bem como sobre seu contexto e demais fatores que o influenciam É de suma importância que essas informações sejam confiáveis e que ao mesmo tempo sejam analisadas com base em metodologias eficientes para que se Fundamentos e princípios da análise de crédito 2 Gestão de Riscos Operações de Crédito 28 possa reduzir riscos garantindo assim decisões mais assertivas em relação à concessão de crédito Tais medidas podem aumentar substancialmente as chances de o detentor de recur sos ter de volta o capital emprestado de acordo com as condições acordadas Para Santos 2006 o processo de análise de crédito utiliza duas técnicas principais a julgamental e a estatística A primeira tem como base o julgamento humano e a segunda é baseada em modelos estatísticos É importante salientar que tais formas de analisar crédito não conflitam entre si e po dem ser utilizadas tanto para as pessoas físicas como para as jurídicas A depender da estru tura organizacional do emprestador de recursos este poderá utilizar ferramentas de ambas as técnicas para analisar e tomar decisões relacionadas à concessão de crédito Santos 2000 aponta que o cadastro é fundamental nesse processo pois importantes informações são levantadas e servem de base para a averiguação da idoneidade assim como da capacidade econômicofinanceira do cliente com o propósito de construir um parecer sobre o crédito a ser liberado A base informacional para um cadastro de pessoa física envolve entre outros estado civil escolaridade profissão rendimentos patrimônio consulta a órgãos de proteção ao crédito Ainda segundo Santos 2000 em se tratando de cadastro de pessoa jurídica são impor tantes informações como valor patrimonial da empresa endividamento lucro patrimônio líquido referências bancárias e de fornecedores informações financeiras dos sócios 221 Técnica baseada em estatística O uso de ferramentas estatísticas para análise de crédito tornouse um caminho natural à medida que os sistemas de informações foram evoluindo A utilização de estatística nesse processo é um importante instrumento para a tomada de decisão de tal maneira que os riscos possam ser dirimidos e os resultados potencializados Nesse contexto o credit score surge como uma das mais potentes armas para auxiliar no processo de análise de crédito Fundamentos e princípios da análise de crédito Gestão de Riscos Operações de Crédito 2 29 2211 Credit score Segundo Rosa Azzolin e Soares 2015 o credit score é um modelo de análise de crédito que por meio de um balizamento préformatado atribui pontos ao solicitante de crédito de acordo com o seu perfil segregando características que possam vir a ser entendidas como positivas ou negativas à entidade que está concedendo o crédito Tais características indicam por meio da pontuação atingida se o solicitante do crédito tem ou não potencial para rece bêlo Na Figura 2 é possível entender como o credit score está inserido no processo decisório de crédito Figura 2 Credit score no processo de concessão de crédito Cliente Modelo credit score Estatísticas para análise do crédito 2 Solicitador de crédito 2 Atribui uma pontu ação para auxiliar no processo de con cessão do crédito 2 Sistema de pontuação Fonte SOUZA CHAIA 2000 Adaptado Para Rosa Azzolin e Soares 2015 essa metodologia tenta definir quem são potencial mente os bons pagadores aqueles que têm condições para honrar as obrigações maus pagadores aqueles que eventualmente não têm condições para cumprir as obrigações relacionadas aos créditos recebidos Lewis 1992 complementa informando que os modelos de credit score são sistemas que conferem determinada pontuação de acordo com variáveis de decisão de crédito de um proponente por meio da aplicação de técnicas estatísticas Esses modelos têm como objetivo identificar características que possam distinguir os bons dos maus pagadores Para Araujo e Carmona 2007 a pontuação que resulta da equação de credit score pode ser analisada como a probabilidade de o solicitante não pagar o que deve ao se comparar a pon tuação de um crédito atingida com uma pontuação mínima estabelecida como ponto de corte Tal mecanismo pode ser utilizado levandose em conta o risco de quem está concedendo o crédito ou seja a pontuação mínima exigida poderá ser maior ou menor de acordo com as exi gências estabelecidas Dessa forma a ideia fundamental dos modelos de credit score é identificar quais são os fatoreschave que podem influenciar a adimplência ou inadimplência dos tomado res de recursos Partindo desse modelo é possível classificar esses clientes em grupos distintos o que é fundamental para a tomada de decisão em relação à concessão de crédito Fundamentos e princípios da análise de crédito 2 Gestão de Riscos Operações de Crédito 30 Santos 2010 ilustra o modelo de credit score por meio da tabela a seguir que descreve a pontuação concedida de acordo com o perfil do solicitante de crédito Tabela 1 Pontuação de acordo com o perfil do devedor Característica do devedor Pontuação Ocupação 0 a 10 Propriedade da moradia 0 a 10 Histórico de restrições 0 a 10 Tempo no trabalho atual 0 a 10 Tempo na moradia atual 0 a 10 Estado civil 0 a 10 Número de dependentes 0 a 10 Comprometimento da renda 0 a 10 Relacionamento bancário 0 a 10 Fonte SANTOS 2010 p 171 Adaptado Observando a tabela podese verificar que de acordo com as características de cada cliente e com premissas preestabelecidas o modelo de credit score atribui maior ou menor pontuação Assim para uma determinada empresa o fato de o devedor residir no mesmo endereço há mais de seis meses pode gerar certo número de pontos enquanto outra em presa atribuirá uma quantidade menor de pontos para esse quesito ao entender que essa informação é menos relevante ou seja que não tem grande impacto em relação aos riscos envolvidos na operação Mesmo que não exista uma receita predefinida em relação à quantidade de pontos a atribuir sabese que no mercado atual elementos como os listados a seguir são normal mente levados em consideração no momento de se analisar crédito utilizando um modelo de credit score histórico financeiro eventuais dívidas pendentes tempo em que teve crédito disponível características dos créditos adquiridos anteriormente É importante mencionar que não existe uma receita préformatada e universal em re lação à pontuação a ser concedida O modelo de credit score tem como base a necessidade de construção de uma pontuação que represente o risco em conceder o crédito de acordo com grupos distintos clusters Essa pontuação evidentemente poderá ser alterada ao longo do tempo à medida que as condições econômicas e culturais sofram mudanças No momento da construção de suas premissas uma empresa que está concedendo crédito deve levar em consideração dados estatísticos de fontes seguras para subsidiar a definição da pontuação Tais fontes de informação são fundamentais para que se possa decidir de maneira mais se gura as características que merecem mais pontos e aquelas que devem obter menos pontos Fundamentos e princípios da análise de crédito Gestão de Riscos Operações de Crédito 2 31 Para ilustrar analise uma situação imagine que no ano de 1981 na cidade de São Paulo uma loja de móveis já utilizava o modelo de credit score para analisar o crédito daqueles clien tes que necessitavam parcelar a compra de produtos Com a utilização desse sistema eram concedidos muitos pontos para o perfil de cliente que tinha mais de dez anos de trabalho na mesma empresa No entanto mais de trinta anos depois pesquisas apontam que o tempo máximo de permanência no mesmo emprego no Brasil é de menos de três anos Sendo as sim a mesma empresa sem sombra de dúvidas teve de mudar a pontuação concedida para esse elemento levantado no cadastro do cliente Se tal característica perde a importância nada mais correto que ponderar sobre a atribuição de pontos Da mesma forma elementos que ao longo de determinado tempo ganham mais valor devem ter a pontuação aumentada para que represente de madeira mais adequada o grau de risco que se quer refletir É apresentado a seguir Tabela 2 um modelo genérico para demonstrar de que manei ra poderiam ser atribuídos pontos ao cliente levandose em conta o modelo de credit score Tabela 2 Exemplo de modelo de pontuação para concessão de crédito Fatores determinantes da qualidade do crédito Pontuação de risco OcupaçãoAtividade profissional Diretor 100 GerenteSupervisor 80 Analista 70 Trabalhar não especializado 50 Estudante e funcionário de meio período 40 Estudante 20 Propriedade da moradia Própria 80 Alugada 50 Mora com amigos ou parentes 10 Classificação do crédito inclui a pesquisa de idoneidade Nunca possuiu restrições 100 Não apresenta restrições já possuiu restrições 80 Apresenta restrições valor apresentado até 30 da renda líquida 40 Apresenta restrições valor apresentado de 31 a 50 da renda líquida 50 Apresenta restrições valor superior a 30 da renda líquida 100 Fonte Elaborada pelo autor As considerações da tabela tratam de pessoas físicas Mas como podem ser avaliadas as pessoas jurídicas Fundamentos e princípios da análise de crédito 2 Gestão de Riscos Operações de Crédito 32 O mesmo modelo de avaliação de crédito também pode ser aplicado para pessoas jurí dicas e as empresas podem obter pontuações maiores ou menores de acordo com outras características determinadas que são de algum modo importantes para quem está conce dendo o crédito No contexto do credit score as principais informações levantadas para se estipular essa pontuação são tempo de existência da empresa faturamento mensal índices financeiros como de liquidez endividamento etc eventuais dívidas pendentes montantes de créditos recebidos valor do patrimônio características dos créditos adquiridos anteriormente capacidade de gestão 222 Técnica julgamental Para Rosa Azzolin e Soares 2015 a técnica julgamental tem como base a análise de um conjunto de informações a respeito do solicitante cabendo ao emprestador dos recursos avaliar o grau de certeza de que o recurso será devolvido e a partir disso decidir se o crédito deve ser concedido ou não Como visto anteriormente as informações levantadas que servem de base para o julga mento estão pautadas nos 5 Cs do crédito e é de suma importância que todas as informações sejam confiáveis a fim de que se possa ter uma base sólida para o julgamento das pessoas físicas e das pessoas jurídicas Isso não elimina o caráter subjetivo da decisão final pois mesmo que certos princípios sejam definidos pelo emprestador não é raro analistas diver girem em relação à concessão ou não do crédito bem como nos valores a serem liberados Segundo Santos 2000 essa análise pautada em julgamento leva em consideração algu mas fases como as descritas a seguir Análise documental Nela são feitos levantamentos a respeito da situação le gal dos clientes No caso das pessoas físicas são verificados documentos como o cadastro de pessoa física CPF o registro geral RG a declaração de Imposto de Renda entre outros documentos Para pessoas jurídicas essa fase da análise deverá verificar documentos como o contrato social e suas devidas alterações do cumentos pessoais dos sócios como CPF e RG a inscrição na junta comercial o alvará etc O objetivo principal nessa etapa da análise é identificar o solicitante de crédito e evitar fraudes documentais Análise de idoneidade Essa análise é feita por meio de pesquisa em órgãos de proteção ao crédito os chamados bureaus de crédito SERASA SPC Boa Vista etc para verificar se o cliente possui pendências em aberto com outras empresas e ins tituições financeiras Além disso quem está cedendo o crédito analisa eventuais Fundamentos e princípios da análise de crédito Gestão de Riscos Operações de Crédito 2 33 operações anteriores feitas dentro da própria empresa Essa junção de informações internas e externas sobre o comportamento creditício do cliente pessoa física e jurídica pode apontar se ele foi um bom ou mau pagador refletindo assim sua idoneidade Análise financeira e patrimonial Para pessoas físicas essa é a avaliação da ren da mensal e de sua regularidade os riscos de esses rendimentos cessarem além do patrimônio do tomador de recursos Em relação às pessoas jurídicas é feita uma análise contábil e financeira da empresa verificandose a capacidade de pagamen to e estrutura patrimonial bens direitos e obrigações e outros pontos que podem comprometer a entrada de caixa para a empresa Análise cadastral Tem como base a revisão das informações levantadas no ca dastro Para pessoas físicas algumas características como estado civil número de dependentes escolaridade patrimônio idade entre outras são avaliadas para ve rificar outras condicionantes que afetam a estrutura de gastos e o equilíbrio finan ceiro do indivíduo No caso de pessoas jurídicas algumas informações levantadas no cadastro inicial são confirmadas como referências bancárias carteira de clien tes fornecedores etc É importante ressaltar que a técnica julgamental utiliza os resultados dos métodos es tatísticos para que se elabore de maneira eficiente um julgamento correto sobre a concessão do crédito Com base nesse conjunto de dados e informações é possível entender que o uso de estatística é fundamental para uma correta avaliação dos riscos envolvidos na concessão de crédito pois tais ferramentas dão uma dimensão mais apropriada dos riscos envolvidos nas mais variadas circunstâncias 23 Elaboração e emissão de pareceres sobre crédito O processo de emissão de pareceres sobre crédito deve ser feito com base em todas as informações coletadas analisadas e julgadas nas etapas anteriores Afinal informações bem analisadas podem ajudar empresas e pessoas a construir conhecimentos o que favorece a tomada de decisão diminuindo os riscos envolvidos no processo Se dados como esses não forem suficientes em muitos casos são agendadas visitas às empresas para que se possa verificar in loco suas instalações e demais características Com isso quem concede crédito percebe com mais clareza os requisitos e as taxas a serem estipu lados Desse modo a empresa terá condições de conceder o crédito adequado ao cliente e este poderá ter a segurança de que está fazendo negócio com a empresa mais adequada para atender suas necessidades Após o preenchimento do cadastro partese para um segundo momento no qual se faz necessária uma análise das informações colhidas com o objetivo de dimensionar de maneira mais adequada os riscos da operação de crédito É evidente que riscos sempre Fundamentos e princípios da análise de crédito 2 Gestão de Riscos Operações de Crédito 34 estarão presentes quando se fala em concessão de crédito pois mesmo com uma análise criteriosa algumas situações adversas podem ocorrer fazendo com que o cliente não pague o crédito emprestado Para ficar mais claro imagine que a empresa X fez um grande financiamento para sua expansão e que uma grande instituição financeira após uma criteriosa análise de crédito concedeu alguns milhões de reais para a operação Todavia poucos meses depois os dois principais concorrentes da empresa X anunciam a abertura de filiais na mesma região de atuação Por mais que tenha sido mapeado pela instituição financeira o risco de um novo concorrente a entrada de fato de novas empresas na disputa pelo mercado pode provocar uma maior dificuldade do tomador de empréstimo em honrar os compromissos assumidos Por esses e outros motivos a análise de crédito sempre terá o elemento risco envol vido O papel do emprestador de recursos é construir uma análise eficiente para que possa perceber os riscos envolvidos e assim construir um parecer adequado a cada cliente Desse modo não recusará crédito àqueles que tenham condições de pagar bem como reduzirá o crédito para clientes que em virtude das mais variadas circunstâncias tenham razoável possibilidade de não honrar o compromisso assumido O processo de construção de um parecer sobre concessão de crédito deve portanto se guir algumas etapas A extração de informações nos dados cadastrais serve de alicerce para um parecer adequado sobre o crédito solicitado resultando na aprovação e definição dos limites de crédito ou na sua recusa quando os riscos envolvidos forem substancialmente al tos para os padrões estipulados pela empresa Tal processo pode ser visualizado na Figura 3 Figura 3 Processo de construção de parecer de crédito Levantamento de dados cadastrais Emissão de parecer Transformação dos dados em informações para subsidiar a emissão de um parecer sobre a concessão do crédito Dados Fonte Elaborada pelo autor Em muitas situações o parecer sobre a concessão ou não do crédito é feito com base em premissas previamente definidas pela empresa levandose em consideração padrões entendidos como necessários para aprovação do crédito Tais situações podem ocorrer nos casos em que exista um histórico favorável de créditos já concedidos e devidamente pagos bem como perfis de clientes desejados pela empresa Parametrizando o sistema de maneira adequada buscando informações pertinentes e confiáveis a empresa pode se tornar mais eficiente na análise de crédito dinamizando o processo É evidente que cuidados precisam ser tomados para evitar riscos como o de mensuração equivocada de determinados perfis bem como fraudes que vão desde a Fundamentos e princípios da análise de crédito Gestão de Riscos Operações de Crédito 2 35 utilização de documentos falsos até a manipulação de informações que não correspon dem com a realidade Ampliando seus conhecimentos O texto a seguir explica como são coletadas informações sobre o cliente e seu relacionamento com seus credores de modo a se traçar uma análise do solicitante de crédito e fazer uma avaliação adequada da sua capaci dade de pagamento Análise de relacionamento SANTOS 2010 p 3839 No caso do histórico de relacionamento com o credor os analistas cole tam as seguintes informações relacionadas aos financiamentos e limites de crédito médias extraídas de valores aprovados índices de utilização frequência de utilização taxa de juros pontualidade etc No que tange ao mercado de crédito os analistas enfrentam maiores dificuldades para obter as mesmas informações face a recusa de empresas que mantêm transações de crédito com o cliente Todavia podem orientar suas deci sões baseandose em referências comerciais e bancárias Além das informações de relacionamento bancário os credores também podem obter informações de relacionamento comercial Dentre as fontes para fornecer informações da conduta de pagamento dos clientes desta camse as empresas que detêm histórico de vendas a prazo e as empresas gestoras de informações de risco de crédito ex Serasa que fornecem dados relacionados ao número de consultas com o CNPJ cadastro nacio nal de pessoas jurídicas dos clientes ao valor das compras realizadas e à natureza dos itens comprados O levantamento do número de consultas do CNPJ em conjunto com a análise de informações financeiras e de idoneidade pode evidenciar urna deterioração da capacidade de pagamento dos clientes Caso esse seja o caso o esperado é que os clientes enfrentem maiores dificuldades para obter financiamentos e fazer compras a prazo Com isso tanto o número de tentativas para obter financiamentos e comprar a prazo como o número de consultas de seus CNPJs aumentam Fundamentos e princípios da análise de crédito 2 Gestão de Riscos Operações de Crédito 36 Os valores das compras realizadas no período recente são confrontados com o faturamento comprovado dos clientes para se verificar capacidade de pagamento pontual das dívidas Já a verificação da natureza dos itens comprados no período recente contribui para sinalizar se de fato são compras relacionadas com as necessidades de consumo dos clientes ou se estão relacionados com ações de golpistas os quais falsificam informa ções cadastrais financeiras patrimoniais e de idoneidade na tentativa de comprar itens de várias modalidades visando obter benefícios variados como a revenda ilegal Atividades 1 Qual é o papel de um sistema de informações adequado na análise de crédito 2 O elemento caráter compõe um dos 5 Cs do crédito Em qual medida ele é importante e por quê 3 Como o modelo de credit score pode auxiliar as empresas na análise de crédito Referências BRAGA R Fundamentos e técnicas de administração financeira São Paulo Atlas 1995 DROMS Willian G PROCIANOY Jairo L Finanças para executivos nãofinanceiros Porto Alegre Bookman 2002 GITMAN Lawrence J Princípios de administração financeira 7 ed São Paulo Harbra 2002 HOJI Masakazu Administração financeira uma abordagem prática São Paulo Atlas 1999 LEMES JUNIOR Antônio Barbosa et al Administração financeira princípios fundamentos e práticas brasileiras Rio de Janeiro Campus 2002 LANG Larry R Strategy for personal finance 15 ed MCGrawHill Boston1993 MIURA Yuko DAVI Marcos Cesar Antunes Utilização de instrumentos de avaliação de riscos para concessão de créditos às pessoas jurídicas Akrópolis Revista de Ciências Humanas da Unipar Umuarama v 8 n 1 p 4861 janmar 2000 ROSA Luiz Itamar AZZOLIN José Laudelino SOARES Juliano Lima Análise de crédito e cobran ça Curitiba Universidade Positivo 2015 SANTOS José Odálio dos Análise de crédito empresas e pessoas físicas 2 ed São Paulo Atlas 2006 SANTOS José Odálio dos Análise de crédito empresas pessoas físicas agronegócio e pecuária 3 ed São Paulo Atlas 2010 SANTOS José Odálio dos Analise de crédito empresas e pessoas físicas abordagem teóricoprática com foco em técnicas de julgamento credit scoring linhas de crédito garantias e estratégias para diversificação de riscos São Paulo Atlas 2000 Fundamentos e princípios da análise de crédito Gestão de Riscos Operações de Crédito 2 37 SCHRICKEL K W Análise de crédito concessão e gerência de empréstimos 2 ed São Paulo Atlas 1995 SECURATO José Roberto et al Crédito análise e avaliação do risco São Paulo Saint Paul 2007 SOUZA Almir Ferreira CHAIA Alexandre Jorge Política de crédito uma análise qualitativa dos processos em empresas Caderno de Pesquisas em Administração São Paulo v 7 n 3 julset 2000 THOMAS L C EDELMAN D B CROOK J N Credit Scoring and Its Applications Editora SIAM 2002 TSURU Sérgio Kazuo CENTA Sergio Alexandre Crédito no varejo para pessoas físicas e jurídicas 2 ed Curitiba Ibpex 2007 WESTON J Fred BRIGHAM Eugene P Managerial Finance New York Holt 1972 Resolução 1 As informações formam a principal matériaprima de uma análise de crédito Um conjunto de informações adequadas e confiáveis torna o processo de análise de cré dito mais eficiente 2 Ao analisar o caráter de um solicitante de crédito buscase verificar sua integridade moral no que se refere à disposição em honrar compromissos assumidos 3 O modelo de credit score favorece a construção de uma pontuação baseada no perfil do cliente na qual vários fatores são levados em consideração como no caso de pessoas físicas idade estado civil escolaridade ocupação etc Tais características com base em estudos estatísticos apontam o risco envolvido em uma determinada operação de crédito Estamos aquí para ayudarte en todas las fases de la transacción Consultoría Apoyo en la definición de objetivos estructura jurídica y financiera para rentabilizar tu inversión Análisis y estudio de mercado Valoración y análisis de las mejores opciones para maximizar tu rentabilidad y minimizar los riesgos Búsqueda de financiación Asesoramiento en relación a la financiación bancaria y obtención de recursos para facilitar tu inversión Gestión del proyecto Seguimiento y control de todo el proceso desde la valoración hasta la formalización y entrega del inmueble Asesoría legal y fiscal Apoyo en la gestión de contratos y trámites para cumplir con los requisitos legales y fiscales Asistencia postventa Resolución de cualquier incidencia administración y gestión del inmueble para garantizar tu tranquilidad Paso a paso Tu éxito es el nuestro Vamos a acompañarte en todo momento ofreciéndote un servicio profesional de alta calidad y a medida Gestão de Riscos Operações de Crédito 39 3 Riscos de crédito de pessoas físicas e jurídicas Este capítulo trata sobre riscos de crédito inicialmente explicando o que é risco e apresentando os principais riscos envolvidos nas operações de concessão de crédito tanto para as pessoas físicas como para as jurídicas Também são abordados temas rela cionados à gestão de riscos e o seu papel no processo de oferta de crédito Pretendese com isso que este texto possa compor um arcabouço conceitual acerca do tema auxi liandoo a compreender a importância da gestão de risco para as organizações Riscos de crédito de pessoas físicas e jurídicas 3 Gestão de Riscos Operações de Crédito 40 31 Riscos definições A palavra risco é bastante utilizada em inúmeros contextos Por exemplo existe o risco biológico em que há a possibilidade de contágio por meio do contato com microorganis mos perigosos Na área de administração o termo risco é associado às noções de incerteza pois se refere à probabilidade de um evento ocorrer e aos impactos resultantes desse evento caso ele ocorra Ao se mensurar antecipadamente os riscos de determinadas situações é possível tomar medidas para minimizar eventuais danos e até mesmo enxergar possíveis ganhos não perceptíveis em uma primeira análise Para Lupton 1999 a noção exata da necessidade da gestão de risco surgiu na época das Grandes Navegações com o estabelecimento do seguro marítimo que era utilizado para descrever os perigos que poderiam ocorrer durante uma viagem Nessa época a economia mundial passava por um momento de grandes transformações em que se faziam necessá rios mecanismos de proteção que de alguma maneira reduzissem os riscos envolvidos nas operações relacionadas à navegação mercantil Segundo Douglas 1992 nesse período o risco estava relacionado tanto à probabilidade das perdas que poderiam acontecer em de corrência da viagem quanto às chances relacionadas a possíveis ganhos Luhmann 1996 afirma que o termo risco pode ser definido como a ameaça ou probabi lidade de uma ação ou determinado evento afetar benéfica ou maleficamente as operações de uma organização impactando no atingimento dos seus objetivos Em outras palavras o risco se relaciona diretamente a incertezas cabendo às organizações a construção de meca nismos eficientes para mapear essas incertezas gerenciando assim os riscos Por meio de estudos estatísticos é possível apontar quais são os riscos de um deter minado fato acontecer como por exemplo o risco de que aconteçam quedas de energia A mensuração desse risco para um hospital pode interferir no aumento ou não dos investi mentos em geradores de energia assegurando assim que sejam mantidas minimamente as suas operações cotidianas Já para uma fábrica de sorvete mensurar os riscos relacionados ao clima pode ser fator decisivo no aumento ou redução de investimos que impactem no volume de sorvete a ser produzido Seguradoras do mundo inteiro utilizam ferramentas matemáticas e estatísticas para men surar riscos e avaliar quais preços devem ser cobrados pelas apólices de seguros Empresas também tentam avaliar os riscos em determinadas operações de fábrica e assim determinar quais são as medidas mais adequadas a serem tomadas em relação a cada processo A Figura 1 sintetiza os elementos que de alguma maneira estão relacionados ao tema Incerteza diz respeito a fatos que podem ou não acontecer em determinado contexto Probabilidade referese às chances de que esse determinado fato ocorra Eventualidade é sempre passível de mensuração por meio de ferramentas estatísticas Ameaça faz referência às chances de determinado fato negativo acontecer ou não Riscos de crédito de pessoas físicas e jurídicas Gestão de Riscos Operações de Crédito 3 41 Figura 1 Fatores relacionados ao risco Incerteza Eventualidade Riscos Ameaça Probabilidade Fonte Elaborada pelo autor Seja qual for o contexto precisamos entender que os riscos sempre estarão presentes na vida das pessoas bem como no dia a dia das empresas Assim cabe às pessoas e às empresas compreender os riscos que as cercam e como eles podem interferir no seu cotidiano pois dessa maneira é possível planejar medidas que efetivamente amenizem os problemas que porventura possam surgir Para uma melhor compreensão avalie as três situações apresentadas a seguir Situação 1 Imagine que uma construtora foi contratada para efetuar a construção de uma ponte sobre um rio que corta duas importantes cidades A empresa sabe que em deter minada época do ano as chances de chover são praticamente nulas e que o rio estará seco nessa época facilitando o processo de construção da ponte Então a construtora solicita a especialistas um estudo meteorológico que aponta os níveis de chuva ao longo do ano e um histórico dos últimos dez anos Com base nesse estudo verifica assim que entre os meses de maio e julho seria o melhor período para a obra uma vez que as chuvas são muito raras e que o nível do rio é extremamente baixo nessa época do ano Isso demonstra que a cons trutora está tentando ao utilizar dados estatísticos diminuir os riscos durante a construção uma vez que o processo consumirá menos recursos se for realizado no período de estiagem De outra maneira caso a empresa resolvesse iniciar as obras em qualquer época do ano cor reria o risco de que as chuvas atrapalhassem o andamento da construção da ponte fazendo com que o tempo da obra se estendesse e que os custos fossem elevados Situação 2 Uma grande rede de lojas que possui um crediário próprio e financia os pro dutos diretamente aos clientes recebeu um cliente que trabalha como operário na construção civil Apesar de ter uma boa renda e vínculo empregatício há bastante tempo existem outros elementos que necessitam ser levados em consideração para apontar eventuais riscos de o financiamento não ser pago Para tanto é de suma importância apurar informações que in diquem como está o ramo da construção civil identificando as chances que o cliente tem de perder o emprego Um conjunto de boas informações coletadas no cadastro pode esclarecer os riscos que cada cliente representa para o negócio e dessa forma a empresa pode tomar decisões mais assertivas diminuindo as chances de não receber os valores emprestados Riscos de crédito de pessoas físicas e jurídicas 3 Gestão de Riscos Operações de Crédito 42 Situação 3 Uma empresa da área de agronegócio planta soja e abastece o mercado na cional e internacional A empresa comprou relatórios meteorológicos os quais indicam uma grande possibilidade de haver furações na região de maior produção dos Estados Unidos Em outro estudo observou uma grande possibilidade de aumento do consumo de soja na China Diante de tais possibilidades a empresa resolve então ampliar em 25 a área plan tada de soja para a próxima safra a fim de ajudar no abastecimento desses dois países e aumentar o seu faturamento Nesse caso os gestores avaliaram os riscos de tais fatos acon tecerem com base em relatórios confiáveis Nesse cenário é necessário no entanto avaliar se não irá acontecer uma supersafra de soja nos demais países o que provocaria uma redução no preço da saca por conta da oferta excessiva do produto Perceba que é de suma importância que as empresas se subsidiem com dados e infor mações para que as decisões tenham uma maior chance de serem acertadas Desse modo os gestores reduzem os riscos de um resultado ruim tomando a decisão mais correta possível levando em conta os mais variados cenários Prever o que pode acontecer em relação a determinado contrato de financiamento vem se tornando cada vez mais fácil na medida em que os dados e as informações coletadas se tornam precisos e pertinentes ao que se pretende avaliar As três situações citadas têm em comum o uso de informações seguras para mapear um cenário visando à tomada de decisões Em todos os casos mencionados é evidente a tentativa dos gestores de tentar entender quais são as chances de determinados fatos aconte cerem possibilitando a tomada da melhor decisão possível em cada contexto Dessa forma é possível perceber que para administrar riscos é preciso compreendêlos entendendo as reais chances de certos fatos ocorrerem buscando mensurar os seus impactos de maneira antecipada e verificando todas as possibilidades que estão ao alcance das empresas a fim de reduzir eventuais prejuízos ao cotidiano de suas operações A obtenção de dados é um fator crucial para a tomada de decisão como visto até aqui No entanto essas informações precisam ser levantadas por meio de fontes confiáveis pois no caso de haver dados imprecisos ou incorretos isso dificultará a gestão da empresa no momento de tomar decisões Todas as organizações enfrentam incertezas em seus processos e o grande desafio é determinar o grau dessas incertezas e verificar se a empresa está preparada para correr e mapear esses riscos de forma a administrálos da maneira mais eficiente possível Da mesma forma muitas empresas vivem riscos reais relacionados a diferentes even tos como o lançamento de um novo produto ou serviço a aquisição de um novo equipa mento para produção a venda a prazo para um novo cliente etc Esses e muitos outros fatos trazem a necessidade de uma minuciosa análise e uma adequada gestão de riscos que se fazem necessárias para que a empresa não desperdice tempo e recursos o que pode provo car problemas em suas operações Para poder avaliar todos os riscos envolvidos em uma operação de concessão de crédi to é fundamental a análise dos elementos descritos na Figura 2 a seguir Riscos de crédito de pessoas físicas e jurídicas Gestão de Riscos Operações de Crédito 3 43 Figura 2 Riscos envolvidos na concessão de crédito Risco de crédito Risco de mercado Risco de liquidez Risco operacional Risco legal Risco de reputação ou imagem Risco sistêmico Risco Fonte Elaborada pelo autor com base em SOBEL 2000 apud GONÇALVES NETO CALÔBA MOTTA 2009 Robert Sobel 2000 citado por Gonçalves et al 2009 p 103104 esclarece os riscos financeiros apontados na figura Risco de crédito Decorre de uma obrigação advinda de um empréstimo e que pode não ser cumprida por quaisquer motivos causando perdas Risco de mercado Esse tipo de risco está sujeito à variação de preços de um ativo financeiro Por exemplo no mercado de commodities uma fazenda produz soja e empresta de um banco algumas centenas de milhares de reais para preparar a pro dução mas no momento da colheita o preço da saca está bem abaixo do esperado o que causa prejuízos e dificuldades financeiras para honrar o compromisso com a entidade financeira Risco de liquidez O termo liquidez é uma expressão contábil relacionada à veloci dade com que um dado ativo é convertido em caixa o que aponta para a capacida de de pagamento já que uma empresa que possui liquidez dispõe de condição de pagamento ao passo que empresas com baixa liquidez têm dificuldade em pagar dívidas Por vezes o mercado não tem interesse em negociar um ativo afetando de forma anormal o seu valor As instituições que concedem crédito devem ficar atentas às condições que podem levar à redução de liquidez de uma empresa para a qual foi concedido crédito Aspectos como a capacidade de geração de caixa e ex pectativas de crescimento ou encolhimento do mercado podem revelar que o soli citante de crédito terá dificuldades futuras para honrar compromissos assumidos Riscos de crédito de pessoas físicas e jurídicas 3 Gestão de Riscos Operações de Crédito 44 Risco operacional O operacional diz respeito às operações necessárias para o bom fun cionamento do negócio Essas operações estão sujeitas por exemplo a falhas advindas de fraudes ou catástrofes resultando em perdas inesperadas para as empresas Risco legal Está relacionado a eventuais perdas decorrentes de problemas em contratos processos judiciais ou sentenças jurídicas que afetem negativamente os processos operacionais e até mesmo a organização da instituição Risco de reputação ou imagem É decorrente de uma publicidade negativa ver dadeira ou não e que pode gerar perdas de clientes e consequentemente declínio da receita da empresa Risco sistêmico Ocorre quando uma ou mais instituições têm problemas finan ceiros que provocam danos substanciais a outras instituições ou até mesmo pro blemas no sistema financeiro em geral 32 Riscos envolvidos na concessão de crédito O mercado está repleto de incertezas O mundo globalizado em que todos os países estão conectados de alguma maneira faz com que um país fique sensível aos fatos que ocor rem no planeta Eleições crises financeiras e políticas atentados terroristas são exemplos de fatos que provocam efeitos na economia como um todo como a diminuição da atividade econômica o aumento do desemprego etc deixando os mercados vulneráveis São diversas as variáveis que envolvem os negócios e muitas delas podem ser contro ladas pelas empresas como falta de planejamento equipe desqualificada controles inade quados etc Mas uma importante parcela desses fatores não pode ser controlada como taxa de juros e inflação nível de desemprego mudanças nas políticas monetárias etc Portanto os gestores precisam mapear essas variáveis e ter uma visão nítida de quais são os impactos provocados por cada uma Todavia não basta conhecer essas variáveis é necessário interpretálas para elaborar estratégias que conduzam a empresa ao sucesso Fatos que impactam na vida financeira dos consumidores irão refletir na maneira como eles consomem produtos e serviços Assim os gestores devem perceber os aspectos externos à empresa que podem influenciar nos negó cios Entender as chances que determinadas situações têm de acontecer como por exemplo o aumento da taxa de juros faz parte de um conjunto de percepções fundamentais para a tomada de decisões relacionadas à concessão de crédito Entre os vários riscos presentes na economia estão as operações que envolvem emprés timos de recursos e esse risco precisa ser mensurado para que se possa avaliar de maneira clara as chances de que o recurso emprestado seja devolvido de acordo com condições pre viamente estipuladas Não avaliar de maneira correta os riscos envolvidos nesses tipos de operação pode ocasionar prejuízos que em alguns casos são difíceis de serem absorvidos pela empresa que concede o crédito Riscos de crédito de pessoas físicas e jurídicas Gestão de Riscos Operações de Crédito 3 45 Segundo Caouette Altman e Narayanan 2000 uma vez que o crédito pode ser defi nido como a expectativa de recebimento de determinado valor em um prazo previamente estabelecido o risco de crédito nada mais é do que a possibilidade de que essa expectativa não se concretize Esse risco se relaciona com a quantidade o valor envolvido na operação e as chances reais de o montante ser ou não devolvido no prazo e nas condições definidas Nesse sentido Bessis 1998 aponta que o risco de crédito apresenta duas dimensões Dimensão quantitativa está relacionada ao montante total que pode ser de fato perdido na operação de crédito Dimensão qualitativa diz respeito à probabilidade de perda financeira em uma determinada operação Desse modo é possível compreender que quanto menor for a probabilidade de o mon tante emprestado não ser devolvido de acordo com as condições pactuadas maior será a qualidade do crédito e portanto menores serão os riscos A Figura 3 a seguir ilustra os principais elementos que envolvem um processo de concessão de crédito O risco diz respeito às possibilidades de ganhos ou prejuízos decor rentes da operação a incerteza se relaciona com a situação de dúvida ou insegurança que envolve a concessão de crédito e por fim o retorno é o total dos ganhos obtidos estejam eles dentro ou fora do esperado no momento da concessão do crédito ROSA AZZOLIN SOARES 2015 Figura 3 Elementos que envolvem a concessão de crédito Risco Incerteza Retorno Fonte ROSA AZZOLIN SOARES 2015 Adaptado 33 Gestão de riscos A gestão de riscos está diretamente relacionada com as informações necessárias para a redução dos impactos causados por incertezas De alguma maneira todos estão sujeitos a riscos e estes por sua vez devem ser devidamente mapeados e compreendidos de modo a facilitar o processo de tomada de decisão Qual é a probabilidade de um funcionário perder o emprego Quais são os fatos que levariam a isso De que maneira é possível evitar que isso ocorra Esses questionamentos remetem a um risco vivido diariamente por muitas pessoas Cabe ao funcionário levantar informações sobre a saúde financeira da empresa onde trabalha qual é o plano estratégico para o negócio expansão ou retração como anda a economia e o mercado quais são os principais concorrentes da área se o produto ou serviço da empresa é competitivo além de analisar suas próprias habilidades e o seu posicionamento dentro da empresa São muitas informações a serem levantadas para compreender quais são os riscos reais Diante deles Riscos de crédito de pessoas físicas e jurídicas 3 Gestão de Riscos Operações de Crédito 46 caberia ao funcionário a decisão de tomar medidas para aumentar a sua empregabilidade ao perceber com antecedência que a empresa onde trabalha tem riscos reais de falência ele pode por exemplo distribuir currículos em outras empresas e investir em cursos de apri moramento ou que ampliem sua área de atuação A gestão de risco necessita fundamentalmente de informações confiáveis e pertinentes pois de nada adianta ter acesso a informações que de alguma maneira estão erradas ou defasadas Da mesma maneira é fundamental levantar informações pertinentes e que são importantes ao processo de análise de risco Com as informações adequadas em mãos os gestores devem utilizar ferramentas esta tísticas para poder avaliar de que maneira elas representam riscos reais Muitas vezes um determinado risco é mensurado e a possibilidade de que efetivamente aconteça um proble ma é tão pequena que nenhuma medida precisa ser tomada para remediar eventuais danos De acordo com Stuchi 2003 o risco de crédito dividese em cinco grandes áreas Figura 4 Áreas de risco de crédito Risco de crédito Degradação de garantias Inadimplência Degradação do crédito Concentração de crédito Risco soberano Fonte Elaborada com base em STUCHI 2003 Ainda conforme Stuchi 2003 esses riscos relacionados na Figura 4 podem ser descritos da seguinte forma Risco de inadimplência Está relacionado com a perda dos recursos emprestados pela incapacidade completa ou parcial de pagamento pelo tomador do crédito O risco de inadimplência é o principal receio daqueles que concederam o crédito e que esperam recebêlo de volta Risco de concentração de crédito Ocorre quando não há diversificação das ope rações de crédito concedidas Em outras palavras referese ao risco que se assume Riscos de crédito de pessoas físicas e jurídicas Gestão de Riscos Operações de Crédito 3 47 ao conceder crédito de maneira majoritária para empresas de um mesmo setor da economia Por exemplo em caso de uma crise setorial as empresas que operam em ramos similares sofrerão juntas e consequentemente terão maiores dificulda des em honrar os compromissos assumidos com os seus credores Imagine uma instituição financeira que concede empréstimos principalmente para construtoras Caso o setor da construção civil entre em crise por algum motivo todas as empre sas desse setor sofrerão consequências existindo um risco elevado de a instituição financeira não receber os recursos emprestados Risco de degradação do crédito Diz respeito à manutenção da capacidade de pagamento pelo tomador de crédito Por exemplo no caso de redução no nível de emprego em uma determinada região é fundamental o monitoramento dessa questão para que não sejam assumidos riscos desnecessários durante o processo de concessão de crédito Risco soberano Está relacionado às chances de não pagamento pelo devedor quando ele está em um país diferente daquele que concedeu o crédito devido a vários fatores entre eles restrições impostas pelo governo Como exemplo há os títulos de dívida pública de países econômica e politicamente instáveis onde existe uma chance razoável de o governo decretar uma moratória e não pagar o que deve Risco de degradação de garantias Diz respeito aos riscos envolvidos pela perda parcial ou total das garantias oferecidas pelo tomador dos recursos Por exemplo a perda de valor de uma máquina industrial devido a um incêndio na fábrica Caso o devedor não consiga honrar o pagamento da dívida contraída o credor não terá o bem deixado em garantia uma vez que este foi perdido Assim a gestão de risco deve ser feita analisandose vários aspectos pois muitas vezes os riscos estão presentes em fatos que a princípio não são alvo de olhares mais atentos Por exemplo uma empresa fornece insumos produtivos a um determinado cliente que os vende a prazo É impossível falar em gestão de riscos nesse caso sem avaliar todas as circunstân cias e possibilidades que fariam com que o tomador de crédito não efetuasse o pagamento Esses fatores passam por uma análise criteriosa da saúde da empresa bem como das ga rantias que possam ser fornecidas para uma eventual falta de pagamento Além de tudo isso devese avaliar a qualidade da gestão da empresa e outros vários aspectos como seu histórico de pagamento Uma gestão eficiente de risco faz com que as pessoas e empresas possam avaliar de ma neira antecipada os fatos que têm uma razoável possibilidade de acontecer e perceber qual o impacto de tais fatos na sua vida Perceber que um determinado fato não tem nenhum ou pouco efeito é entender que os riscos se existem nesse caso são de tal maneira insignifican tes que não merecem tanta atenção Já o inverso deve fazer com que as pessoas e empresas gastem mais tempo procurando uma solução para minimizar os efeitos desses riscos devi damente mapeados evitandose futuros problemas Riscos de crédito de pessoas físicas e jurídicas 3 Gestão de Riscos Operações de Crédito 48 Ampliando seus conhecimentos O texto a seguir auxilia a ampliar a visão e o entendimento sobre o risco de crédito apresentados neste capítulo Risco de crédito BRITO ASSAF NETO 2008 O conceito de crédito pode ser analisado sob diversas perspectivas Para uma instituição financeira crédito referese principalmente à atividade de colocar um valor à disposição de um tomador de recursos sob a forma de um empréstimo ou financiamento mediante compromisso de paga mento em uma data futura O crédito geralmente envolve a expectativa do recebimento de um valor em um certo período de tempo Nesse sentido Caouette et al 1999 p 1 afirmam que o risco de crédito é a chance de que essa expectativa não se cumpra De forma mais específica o risco de crédito pode ser enten dido como a possibilidade de o credor incorrer em perdas em razão de as obrigações assumidas pelo tomador não serem liquidadas nas condições pactuadas Segundo Bessis 1998 p 81 o risco de crédito pode ser definido pelas per das geradas por um evento de default do tomador ou pela deterioração da sua qualidade de crédito Há diversas situações que podem caracterizar um evento de default de um tomador O autor cita como exemplo o atraso no pagamento de uma obrigação o descumprimento de uma cláusula contratual restritiva covenant o início de um procedimento legal como a concordata e a falência ou ainda a inadimplência de natureza econômica que ocorre quando o valor econômico dos ativos da empresa se reduz a um nível inferior ao das suas dívidas indicando que os fluxos de caixa esperados não são suficientes para liquidar as obrigações assumidas A deterioração da qualidade de crédito do tomador não resulta em uma perda imediata para a instituição financeira mas sim no incremento da probabilidade de que um evento de default venha a ocorrer Nos siste mas de classificação de risco as alterações na qualidade de crédito dos tomadores dão origem às chamadas migrações de risco Cada instituição financeira adota seu próprio conceito de evento de default que está nor malmente relacionado ao atraso no pagamento de um compromisso assu mido pelo tomador por períodos como 60 ou 90 dias Riscos de crédito de pessoas físicas e jurídicas Gestão de Riscos Operações de Crédito 3 49 O risco de crédito pode ser avaliado a partir dos seus componentes que compreendem o risco de default o risco de exposição e o risco de recu peração O risco de default está associado à probabilidade de ocorrer um evento de default com o tomador em um certo período de tempo o risco de exposição decorre da incerteza em relação ao valor do crédito no momento do default enquanto o risco de recuperação se refere à incer teza quanto ao valor que pode ser recuperado pelo credor no caso de um default do tomador O risco de recuperação depende do tipo do default ocorrido e das caracte rísticas da operação de crédito como valor prazo e garantias O risco de default é também tratado por risco cliente pois está vinculado às carac terísticas intrínsecas do tomador de crédito Os riscos de exposição e de recuperação são tratados por risco operação uma vez que estão associa dos a fatores específicos da operação de crédito A mensuração de risco de crédito é o processo de quantificar a possibi lidade de a instituição financeira incorrer em perdas caso os fluxos de caixa esperados com as operações de crédito não se confirmem O risco de default constitui a principal variável desse processo podendo ser definido como a incerteza em relação à capacidade de o devedor honrar os seus compromissos assumidos Atividades 1 Risco está relacionado somente à possibilidade de perdas Explique 2 Como o modelo de gestão de uma empresa pode impactar nos riscos a que ela está sujeita 3 Qual é o impacto da gestão de risco na sobrevivência das empresas Referências BESSIS Joël Risk management in banking Chichester West Sussex England Wiley 1998 BRAGA R Fundamentos e Técnicas de Administração Financeira Atlas1995 BRITO G A Silva ASSAF NETO Alexandre Modelo de classificação de risco de crédito de empresas Revista Contabilidade Finanças São Paulo v 19 n 46 p 1829 janabr 2008 Riscos de crédito de pessoas físicas e jurídicas 3 Gestão de Riscos Operações de Crédito 50 CAOUETTE J B ALTMAN E I NARAYANAN P Gestão do risco de crédito o próximo desafio financeiro Rio de Janeiro Qualitymark 2000 DOUGLAS M Risk and blame Essays in cultural theory LondonNew York Routledge 1992 GITMAN Lawrence J Princípios de administração financeira 7 ed São Paulo Harbra 1997 GONÇALVES NETO Armando CALÔBA Guilherme M MOTTA Regis da Rocha Engenharia eco nômica In GONÇALVES NETO et al Engenharia econômica e finanças Rio de Janeiro Elsevier 2009 LUESKA Laszlo Cerveira Modelos de gestão de risco de crédito em instituição financeira São Paulo 2009 LUHMANN N Social Systems Stanford Stanford University Press1996 LUPTON D Risk Londres Routledge 1999 PORTER M E Competitive strategy techniques for analysing industries and competitors New York Free Press 1980 ROSA Luiz Itamar AZZOLIN José Laudelino SOARES Juliano Lima Análise de crédito e cobran ça Curitiba Universidade Positivo 2015 ROSSETTIJP et al Finanças corporativas teoria e prática empresarial no Brasil Rio de Janeiro Elsevier 2008 STUCHI L G Quantificação de risco de crédito uma aplicação do modelo creditrisk para finan ciamento das atividades rurais e agroindustriais 2003 120f Dissertação Mestrado em Ciências com concentração em Economia Aplicada Programa de pósgraduação em Ciências Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz Piracicaba SP 2003 Resolução 1 Risco está relacionado com a possibilidade de que algo ocorra o que pode ser algo positivo ou negativo e que na prática pode trazer benefícios ou malefícios 2 A forma com a empresa é conduzida por seus gestores pode impactar os riscos a que ela está sujeita Dessa forma entendese que uma empresa mesmo que saudável financeiramente quando mal gerida poderá em algum momento apresentar difi culdades como uma diminuição da sua liquidez 3 Quando uma empresa compreende os riscos envolvidos na sua operação ela tem mais chances de construir meios para tomar decisões eficientes reduzindo as possi bilidades de dificuldades na sua operação Gestão de Riscos Operações de Crédito 51 4 Inadimplência Neste capítulo veremos os conceitos sobre inadimplência assim como os seus efei tos na vida das pessoas e das empresas Serão abordados os principais fatores que ocasionam a falta de pagamento e de que maneira é possível fazer uma gestão da ina dimplência a fim de minimizar os seus impactos nas organizações Esperamos com isso possibilitar a compreensão do que é a inadimplência seus efeitos bem como os mecanismos de gestão e controle que possam auxiliar a gestão na tomada de decisão em relação a esse problema Inadimplência 4 Gestão de Riscos Operações de Crédito 52 41 Importância da análise de crédito na inadimplência A inadimplência é reflexo de um conjunto de fragilidades e aspectos que vão além da falta de pagamento da não observância de prazos do descumprimento de determinado contrato de empréstimo financiamento ou algo similar O termo inadimplência está relacio nado ao descumprimento de obrigações assumidas todavia é necessário entender quais são os motivos os causadores da inadimplência e de que maneira a falta de pagamento interfere na vida das pessoas e empresas tanto daqueles que solicitaram recursos e por algum mo tivo não conseguiram honrar o pagamento como daqueles que emprestaram seus recursos esperando recebêlos dentro do prazo estipulado Para Teixeira 2005 a inadimplência deve ser compreendida como a quebra de um contrato pelo devedor Isso normalmente acontece quando aquele que recebeu o crédito não têm os meios para honrar suas obrigações ou se os tiver outros fatores impedem o paga mento da dívida Ainda segundo o mesmo autor o termo jurídico inadimplência é utilizado para designar uma situação em que não houve o cumprimento de cláusula contratual e que de alguma maneira pode representar a insolvência ou seja a perda de capacidade de paga mento do devedor Teixeira complementa que não se pode confundir atraso no pagamento com inadim plência uma vez que o atraso está relacionado a eventualidades pontuais que em pouco tempo são sanadas Esse é o caso de algum devedor que por exemplo esqueceu a data de vencimento perdeu o boleto ou teve um imprevisto que não compromete as condi ções de pagamento acordadas entre o devedor e o credor Já a inadimplência diz respeito a algo mais complexo em que o devedor perde a capacidade de pagamento temporária ou definitivamente podendo gerar consequências para aquele que emprestou os recur sos TEIXEIRA 2005 São muitos os problemas gerados pela inadimplência Afinal na maioria dos casos os credores necessitam que os recursos emprestados sejam devolvidos para que não sejam prejudicadas suas operações Não são raras as ocasiões em que elevados índices de ina dimplência levam empresas a terem que solicitar recursos a instituições financeiras para manter as suas operações evitando problemas ainda mais graves como a paralisação de suas atividades Assim a inadimplência pode causar a descontinuidade das operações de quem empres ta recursos e não gerencia de maneira adequada os seus recebíveis Tal controle é fundamen tal para evitar um volume de recursos não devolvidos fora dos padrões previamente esta belecidos Inevitavelmente quem empresta recursos terá em algum momento dificuldades para receber dos seus clientes esses valores Como exemplo imagine uma empresa que fabrica móveis para escritórios e tem um faturamento mensal de 250 mil reais Esses recursos são fundamentais para pagar os custos operacionais as despesas administrativas e comerciais e ainda remunerar os sócios No en tanto 70 das vendas feitas pela empresa são a prazo o que corresponde a aproximadamente Inadimplência Gestão de Riscos Operações de Crédito 4 53 R 175 mil A empresa percebeu que apesar de uma análise de crédito criteriosa feita para as vendas a prazo ela está com uma taxa de inadimplência de 15 o que representam R 2625000 Esses recursos não retornaram ao caixa da empresa que necessita pagar os seus fornecedores assim como demais custos e despesas Se nada for feito em um ano a empresa perderá o faturamento equivalente a bem mais de um mês de atividades Infelizmente esse exemplo ocorre em muitas empresas brasileiras Quando não con trolada a inadimplência pode ser um dos motivos para o encerramento das atividades im pactando no fluxo de caixa interferindo em uma relação equilibrada entre o que a empresa gasta e o que ela recebe em suas operações A inadimplência prejudica não somente os credores que não recebem os recursos empres tados mas também os devedores uma vez que estes passarão por um processo de cobrança no qual em muitos casos terão os seus nomes colocados em serviços de proteção ao crédito como Cadastro de Emitentes de Cheques sem Fundos do Banco Central CCF é um banco de dados com nomes de pessoas físicas e jurídicas que emitem cheques sem dispor de saldo em sua conta para o pagamento BANCO CENTRAL DO BRASIL 2017a Serasa Experian é uma empresa que possui um banco de dados onde são arma zenadas informações cadastrais de pessoas físicas e jurídicas que entre outras coi sas revelam dívidas não pagas enviadas por uma rede de credores conveniados bem como registros de protesto de título ações judiciais cheques sem fundos e outros registros provenientes de fontes públicas e oficiais O Serasa é um dos mais importantes e conhecidos órgãos de proteção ao crédito que envolve bancos lojas comerciais bem como uma gama muito grande de empresas de pequeno médio e grande porte as quais se utilizam de seus serviços fornecendo e recebendo infor mações disponíveis em seu sistema de dados SERASA 2017 Serviço de Proteção ao Crédito SPC também muito conhecido o SPC é um ban co de dados de informações de crédito A entidade é privada e gerida pelas câma ras de dirigentes lojistas e associações comerciais de todo o Brasil que alimentam o sistema com dados e informações levantados nas operações comerciais de seus associados SPC 2017 Órgãos de proteção ao crédito como esses são responsáveis por uma grande rede de dados e informações que ajudam a minimizar os riscos envolvidos na concessão de crédito constituindose em uma grande ferramenta de proteção para as empresas de todo o Brasil Assim todas as empresas que têm acesso a essas bases de dados poderão visualizar a infor mação de que determinada pessoa física ou jurídica não honrou compromissos firmados Nesse contexto o que acontece posteriormente é que as pessoas com o nome negativado termo comumente utilizado para aqueles que têm o seu nome inserido na base de dados dos órgãos de proteção ao crédito passam a adquirir um status de mau pagadores o que normalmente inviabiliza novas compras a prazo no comércio ou a aquisição de empréstimos ou financiamentos de instituições financeiras Cada caso no entanto merece ser analisado de maneira individualizada como na situação relatada a seguir Inadimplência 4 Gestão de Riscos Operações de Crédito 54 Como exemplo de como a negativação pode ser um problema para pessoas e empresas considere o seguinte exemplo uma pessoa que teve de fazer uma viagem por muitos dias a trabalho esqueceu de solicitar o bloqueio dos serviços de internet da sua residência A empresa que presta o serviço tentou entrar em contato com ele diversas vezes sem sucesso e depois de certo tempo sem receber o pagamento das mensalidades optou por colocar o nome do cliente na base de dados de um órgão de proteção ao crédito Algum tempo depois já de volta ao Brasil o cliente foi a uma concessionária comprar um carro No entanto ao pedir o financiamento do automóvel ficou sabendo que seu nome havia sido negativado o que o impediu de conseguir o financiamento mesmo tendo um bom perfil de crédito de monstrado por sua alta renda mensal e vários bens em seu nome Esse exemplo demonstra que a concessionária sem fazer uma análise acurada recusou o financiamento ao cliente Contudo uma análise um pouco mais criteriosa verificando as informações complementares da negativação que são informadas a quem solicita dados aos órgãos de proteção de crédito apontaria que o valor referente aos atrasos não refletia um comprometimento financeiro elevado e sim o um esquecimento por parte do cliente Isso mostra que as informações contidas nas bases de dados de órgãos de proteção devem ser utilizadas mas ponderações precisam ser feitas para que não ocorram recusas de crédito indevidas Afinal nesse caso um bom negócio deixou de ser concretizado embora não re presentasse um risco alto para a empresa Portanto o cliente deveria ter conhecimento de suas dívidas para não perder oportunidades Por outro lado ao analisar dados de uma empresa ou pessoa física que consta na base de dados dos órgãos de proteção ao crédito como um mau pagador cujos valores e nú meros de contratos não honrados representam um grande montante e ocorrem com certa frequência o emprestador de recursos deve recusar o crédito considerando que tal negócio representa um grande risco Nesse caso para que tal transação seja realizada em muitos casos o credor solicita garantias como um bem que fica atrelado ao pagamento do crédito concedido Assim caso o devedor não honre o compromisso firmado o credor consegue de maneira fácil acessar o bem do devedor e utilizálo para saldar a dívida contraída 42 Fatores condicionantes de inadimplência Nas empresas com a expansão do crédito é necessário um processo de análise cada vez mais eficiente e que promova a redução nos riscos de modo a não prejudicar suas ativida des No entanto a inadimplência precisa ser entendida para que a gestão de risco possa se tornar mais eficiente e minimizar as consequências geradas pela falta de pagamento que afeta direta e indiretamente não somente os consumidores como também toda a rede pro dutiva Walbuza 2003 argumenta que a inadimplência pode motivar melhores processos de análise de crédito e risco nos mais variados segmentos de mercado mas esses processos também podem provocar uma redução na expansão de crédito Inadimplência Gestão de Riscos Operações de Crédito 4 55 Para tentar evitar que a inadimplência se torne um grande problema é necessário fazer uma análise de crédito que dê ao credor a chance de uma tomada de decisão mais segura É evidente que sempre existirá o fator risco numa operação como essa no entanto é de suma importância que cuidados sejam tomados e que os riscos envolvidos sejam mapeados e mitigados Assim quem decide sobre a concessão de crédito pode perceber os elementos envolvidos e se preparar adequadamente para esse processo Algo que infelizmente acontece com certa frequência durante o processo de concessão de crédito são as fraudes pessoas se utilizam de documentos falsos ou até mesmo fornecem informações inverídicas sobre as suas condições financeiras para receber determinado cré dito sabendo de antemão que não terão condições de pagálo Essas fraudes podem ser evi tadas ou pelo menos terem os seus efeitos reduzidos com um bom treinamento da equipe de analistas de crédito bem como de uma boa rede de banco de dados Para Bernardes Reis e Horita 2009 as empresas credoras devem ficar atentas para o nível de inadimplência da sua carteira de clientes o qual deve ser o menor possível tendo em vista que ele influencia diretamente nos resultados financeiros da organização É fundamental que as empresas busquem um equilíbrio em relação à política de con cessão de crédito Quando se adota uma política muito rígida há uma diminuição signifi cativa no volume de crédito concedido e consequentemente uma diminuição dos custos da empresa em relação às cobranças Por outro lado tal política também acaba inibindo as vendas o que pode prejudicar os negócios Assim buscar o equilíbrio é essencial para que não haja redução das vendas O contrário também precisa ser observado pois quando há uma política muito liberal na concessão de crédito ou seja quando são aceitos clientes que representam grandes riscos o volume das vendas até pode aumentar mas a inadimplência e os custos de cobrança também acabam aumentando tornando o negócio inviável Hoji 2003 corrobora esse pensamento ao afirmar que uma política de crédito liberal acaba elevando as vendas bem mais do que uma política mais rígida todavia provoca mais investimentos em contas a receber gerando também mais problemas para o recebimento do que foi emprestado além de exigir um esforço maior de cobrança Muitos são os fatores que provocam a inadimplência No que diz respeito às pessoas físicas o Sebrae 2016 aponta como as principais causas dificuldades financeiras pessoais que impossibilitam o cumprimento de obrigações desemprego falta de controle nos gastos compras para terceiros atraso de salário comprometimento de renda com outras despesas redução de renda doenças uso do dinheiro com outras compras Inadimplência 4 Gestão de Riscos Operações de Crédito 56 máfé Em relação às pessoas jurídicas de acordo com o SPC 2017 podese apontar como principais motivos para a inadimplência falta de planejamento financeiro crise econômica aumento dos custos operacionais e financeiros queda nas vendas aumento das taxas de juros É importante destacar que nas empresas pequenas e familiares é muito comum o ges tor ser o próprio proprietário confundindo o dinheiro da empresa com o seu próprio di nheiro o que provoca um desvio do capital de giro da empresa para satisfazer necessidades pessoais sem o devido registro contábil podendo levar a dificuldades financeiras Riscos operacionais também podem favorecer a inadimplência e por isso as empresas que conce dem crédito necessitam de boas ferramentas e empregados bem treinados para analisar e reduzir esses riscos 421 Inadimplência de pessoas físicas A Tabela 1 a seguir aponta quais são os segmentos com maiores taxas de inadimplên cia de pessoas físicas segundo estudo divulgado no segundo semestre de 2016 pelo Serasa Experian Esses dados estão apresentados em trimestres Tabela 1 Inadimplência de pessoas físicas por segmento Segmento 201406 201503 201506 201509 201512 201603 BancoCartão 316 307 294 279 269 272 Utilities 152 151 167 170 177 179 Telefonia 150 165 158 160 164 151 Varejo 148 139 132 129 129 132 Serviços 93 90 101 107 112 114 Financeiras Leasing 90 83 81 90 86 90 Outros 51 64 68 67 63 61 Fonte SERASA EXPERIAN 2016d Segundo a pesquisa o segmento que se mantém em primeiro lugar são as dívidas com bancos e cartões de crédito representando 272 do valor total da inadimplência em março de 2016 Contudo o que chama atenção na pesquisa é o setor de utilities água luz e gás Inadimplência Gestão de Riscos Operações de Crédito 4 57 que representa 179 do total de dívidas atrasadas Podese perceber um aumento grada tivo desde março de 2015 no não pagamento dessas contas por mais que os consumido res evitem deixar de pagálas para não terem o fornecimento desses serviços interrompido SERASA EXPERIAN 2016d Outra pesquisa do Serasa Experian 2016b aponta que 772 dos 60 milhões de inadim plentes do país ganham até dois salários mínimos sendo que 40 deles recebem entre um e dois salários mínimos e 372 ganham menos de um salário O mesmo estudo indica que quando a inadimplência das pessoas físicas é mensurada por faixa etária os indivíduos que têm entre 18 e 25 anos e os que estão na faixa dos 41 a 50 anos são os que mais têm dívidas representando 155 e 191 dos inadimplentes respectivamente SERASA EXPERIAN 2016b A Tabela 2 ilustra a inadimplência por faixa etária e por trimestre levando em con sideração a população economicamente ativa do Brasil Tabela 2 Inadimplência por faixa etária Faixa etária 201503 201506 201509 201512 201603 18 25 147 143 154 155 157 26 30 143 143 140 139 137 31 35 144 144 141 139 138 36 40 125 125 124 124 124 41 50 192 192 191 191 191 51 60 126 126 127 127 128 61 mais 122 122 124 124 125 Fonte SERASA EXPERIAN 2016b Embora o maior número de inadimplentes esteja na faixa dos 41 a 50 anos chama aten ção o fato de a inadimplência vir aumentando no grupo de jovens entre 18 e 25 anos pos sivelmente estimulada pelo crescimento do desemprego nos últimos anos o que prejudica os mais inexperientes No caso dos indivíduos de 41 a 50 anos pesam em seus orçamentos as responsabilidades da família como prestação do carro e da casa mensalidades escolares gastos com planos de saúde entre outros que tornam difícil o pagamento das contas O Serasa Experian 2016c também apontou que a maior parte da inadimplência é de dívidas antigas cerca de 71 estão atrasadas há mais de um ano Os consumidores têm priorizado o pagamento de dívidas com valores menores e referentes ao consumo do dia a dia como água ou luz Essas são obrigações que geralmente não ficam sem pagamento por muito tempo e podem ser cobradas diretamente pelas empresas O mapa do Brasil a seguir Figura 1 revela quais são as regiões do país com os maiores índices de inadimplência Inadimplência 4 Gestão de Riscos Operações de Crédito 58 Figura 1 Mapa da inadimplência no Brasil Região Agosto2015 Sudeste 452 Nordeste 247 Sul 136 Norte 85 Centro Oeste 80 247 452 80 136 85 Fonte SERASA EXPERIAN 2015 Adaptado De acordo com os dados apresentados no mapa a região Sudeste é responsável por 459 de toda a inadimplência do país seguida pela região Nordeste com 247 o Sul com 136 o Norte com 85 e o CentroOeste com 8 SERASA EXPERIAN 2015 O alto número de inadimplência no Sudeste devese principalmente ao fato de essa ser a região mais populosa do Brasil segundo estimativa do IBGE em 2016 havia quase 85 milhões de pessoas na região de um total de mais de 206 milhões de brasileiros IBGE 2016 422 Inadimplência de pessoas jurídicas Em relação às empresas a inadimplência tem apresentado patamares altos Segundo le vantamento do Serasa Experian em 2016 44 milhões de empresas estavam negativadas de um total de 8 milhões em operação ou seja mais de 50 É importante apontar que dívidas em atraso por mais de 60 dias em média já causam a negativação de pessoas e empresas SERASA EXPERIAN 2016a De acordo com a pesquisa do total de empresas inadimplen tes 452 são comerciais e 45 do segmento de serviços Tabela 3 Inadimplência Gestão de Riscos Operações de Crédito 4 59 Tabela 3 Inadimplência de pessoas jurídicas por setor de atuação Setor Comério 452 Serviço 450 Indústria 89 Primário 06 Terceiro 01 Financeiro 01 Fonte SERASA EXPERIAN 2016a Os segmentos de comércio e serviços foram os mais afetados com a crise econômica As pessoas passaram a consumir menos o que prejudicou bastante esses setores É na re gião Sudeste que se concentra a maioria das empresas inadimplentes do país cerca de 51 SERASA EXPERIAN 2016a Ainda segundo a mesma pesquisa 571 das empresas ina dimplentes deve a apenas um credor mas 205 têm contas em atraso com três ou mais credores O tempo de funcionamento também é um fator importante na inadimplência Como mostra a Tabela 4 as empresas que estão buscando se estabilizar no mercado as que têm entre 2 e 10 anos representam quase 60 das pessoas jurídicas inadimplentes do país Tabela 4 Inadimplência de acordo com a idade da empresa Faixa etária da empresa Até 1 ano 64 2 a 5 anos 370 6 a 10 anos 227 11 a 15 anos 127 Acima de 15 anos 213 Fonte SERASA EXPERIAN 2016a Sejam quais forem os motivos que levam uma pessoa física ou jurídica a não honrar seus compromissos financeiros é importante considerar que a inadimplência muitas vezes não prejudica apenas o credor e o devedor mas toda uma cadeia econômica já que a falta de pagamento pode gerar desemprego e o aumento nos preços dos produtos e serviços Inadimplência 4 Gestão de Riscos Operações de Crédito 60 43 Gestão da inadimplência A gestão das empresas credoras deve ter ferramentas para minimizar os efeitos do não recebimento de valores de dívidas de seus clientes A prevenção remete a uma série de procedimentos que serão vistos adiante como a construção de uma detalhada política de crédito alinhada com o planejamento estratégico da empresa Afinal é preciso ter em mente aonde a empresa pretende chegar e como será feito esse percurso Dessa forma a gestão da inadimplência passa essencialmente pela gestão de riscos compreender quem merece e quem não merece receber crédito é necessário para um equilí brio financeiro adequado evitandose a perda de negócios e sem que esse modelo gere ris cos elevados para a empresa Assim essa gestão de riscos também é necessária uma vez que reflete na saúde financeira da empresa já que os recebíveis compõem valores fundamentais para o bom andamento do processo produtivo seja a empresa uma indústria uma empresa comercial ou uma prestadora de serviços Para Walbuza 2003 combater a inadimplência de maneira eficiente exige das empre sas um conhecimento das causas da existência dela pois somente assim é possível construir um controle preciso capaz de prevenila No entanto para a maioria das empresas é impos sível evitar que a inadimplência ocorra pois a probabilidade de perdas faz parte do proces so de concessão de crédito e dificilmente poderá ser eliminada Em outras palavras podemos dizer que inadimplência é um problema a ser gerido pelos administradores das empresas uma vez que eliminála é uma tarefa difícil Todavia é preciso encontrar caminhos para que ela permaneça em patamares aceitáveis e que uma boa metodologia de cobrança possa trazer de volta a maior parte dos recursos em atraso Medidas que são lançadas na tentativa de recuperar créditos precisam ser feitas de ma neira que não impactem na fidelização do cliente Dependendo do caso é necessário que a empresa busque entender os reais motivos da demora no pagamento buscando alternativas plausíveis para que o cliente possa não somente pagar o valor devido mas também conti nuar sendo um cliente Tal processo não deve potenciar problemas na relação entre credor e devedor afinal este último deve perceber o credor como um aliado alguém disponível e flexível para resolver um problema que em muitos casos é passageiro Tacitamente gerir a inadimplência está profundamente relacionado ao fluxo de caixa das empresas o qual por sua vez está alinhado ao ciclo operacional pelo qual elas passam No caso das indústrias o ciclo operacional inicia com a aquisição dos insumos produtivos quando estes chegam à empresa são armazenados e posteriormente utilizados no processo fabril no qual são transformados em produto acabado que é armazenado até ser vendido e entregue ao cliente que pagará por ele à vista ou a prazo A Figura 2 representa um ciclo operacional em uma empresa industrial Com base nes se modelo é possível perceber como esse ciclo poderia ocorrer nas demais empresas sejam elas comerciais ou prestadoras de serviços Inadimplência Gestão de Riscos Operações de Crédito 4 61 Figura 2 Ciclo operacional Ciclo financeiro Ciclo Econômico Rotação dos estoques Compra de mercadoria Venda Pagamento ao fornecedor Recebimento duplicata Prazo médio de recebimento Prazo médio de paga mento mês 0 mês 1 mês 12 mês 2 Fonte ASSAF NETO LIMA 2014 Adaptado Tendo como referência o ciclo operacional apresentado é possível entender como a ina dimplência pode prejudicar o bom funcionamento das atividades Como a compra de insu mos inicia o ciclo é importante que ela seja feita a prazo contanto que isso não represente grandes despesas financeiras devido aos juros Desse modo o pagamento dessas dívidas fica mais próximo do recebimento do valor pago no caso de vendas a prazo pelo cliente Para que isso ocorra a empresa precisa ter crédito com seus fornecedores pois não os pagar pode provocar o encerramento da negociação a prazo Outro momento em que a inadimplência interfere nesse ciclo e que precisa ser muito bem gerido é o recebimento das vendas É fundamental que a empresa tenha uma boa es tratégia de vendas seja à vista ou a prazo No entanto tal estratégia deve ser feita de tal maneira que não prejudique o fluxo de recebimentos pois estes serão fundamentais para o pagamento dos fornecedores bem como dos demais custos e despesas administrativas e comerciais Quando não é feita uma gestão adequada da inadimplência a empresa pode deixar de receber pelos produtos vendidos o que diminui seus recursos financeiros e causa a neces sidade de empréstimos A princípio tomar recursos emprestados não é um problema para as empresas mas poderá se tornar caso sejam emprestados sem um planejamento prévio sem uma análise financeira adequada para que se possa perceber se as despesas financeiras geradas com isso poderão ser absorvidas pelas operações desenvolvidas nos negócios A falta de gestão da inadimplência é uma realidade para muitas empresas o que pode leválas a grandes dificuldades financeiras com fortes impactos nas suas operações Gerir inadimplência não é algo isolado mas sim um elemento dentro do complexo sistema operacional que envolve as empresas Assim é preciso que cada empresa tenha um bom planejamento estratégico que saiba quais são as suas pretensões seus objetivos compreendendo quais são os esforços necessários para alcançar o que foi planejado Se a po lítica de concessão de crédito alinhada ao planejamento da empresa determina que é fun damental vender a prazo oferecendo ao cliente a possibilidade de dividir as suas compras Inadimplência 4 Gestão de Riscos Operações de Crédito 62 em muitas prestações é relevante buscar meios para se proteger de eventuais atrasos ou até mesmo de não pagamentos Pois quanto maiores forem os prazos maiores serão as chances de que algo de errado ocorra Uma maneira para reduzir eventuais riscos é vender os títulos a instituições financeiras Para ficar mais claro considere a situação a seguir Imagine que determinada empresa comercial vende móveis e eletrônicos no centro da sua cidade e que você foi até a loja comprar uma geladeira nova para sua casa O vendedor lhe mostrou um modelo que você julgou ser adequado às suas necessidades mas o valor é alto impossibilitando o pagamento à vista Você passa por uma análise de crédito e seu cré dito é aprovado normalmente por um banco ou financeira parceiro dessa loja A geladeira custa R 150000 à vista mas você se compromete a pagar 24 parcelas mensais de R 12500 para o banco com o qual assinou o contrato de financiamento No dia seguinte a empresa comercial onde você adquiriu a geladeira recebe do banco o valor à vista R 150000 É im portante salientar que a instituição financeira fez uma avaliação do risco envolvido na tran sação no momento em que você realizou a compra e ficará com o risco em relação à operação de crédito No entanto para a empresa comercial está tudo de acordo com o planejado pois a geladeira foi comprada do fabricante por R 80000 e o valor recebido é suficiente para pagar o fornecedor e ainda os custos operacionais assim como as demais despesas Desse modo o risco é transferido para a instituição financeira no momento da compra As empresas que vendem seus produtos em um grande número de parcelas tendem a negociar os seus recebíveis pois necessitam de liquidez para manter as suas operações Assim seja qual for a instituição financeira envolvida o mais importante nesse processo é a realização de um estudo para verificar se os descontos na venda dos recebíveis podem ou não ser absorvidos pela operação Ampliando seus conhecimentos O texto apresentado a seguir explica o papel da cobrança de dívidas e os procedimentos mais utilizados pelas empresas para recuperar os créditos em atraso Função e procedimentos de cobrança SANTOS 2010 p 219 A função da cobrança é a de recuperar créditos em atraso de uma forma que não cause prejuízos financeiros aos credores nem comprometa a ido neidade dos clientes no mercado de crédito Para isso toda carteira de Inadimplência Gestão de Riscos Operações de Crédito 4 63 crédito bem administrada deve ter o suporte de uma política de cobrança que incorpore os procedimentos tradicionais utilizados para a recupera ção total ou parcial do crédito contato telefônico envio de cartas visitas pessoais uso de agências de cobrança e protesto Contato telefônico constitui uma das primeiras ações do gestor de cobrança para a regularização do pagamento da dívida Antes de efetuar a ligação é importante que o gestor de cobrança esteja com todas as infor mações relevantes do cliente como dados cadastrais pessoas de con tato objetivo da conversa histórico de crédito com informações de limi tes empréstimos frequência de utilização de limites valores médios de utilização de crédito outras modalidades de financiamentos contraídos garantias vinculadas perfil de pagamento etc mapa de acompanhamento atualizado com a posição do cliente Além disso deve ter elaborada a rela ção de questões a serem abordadas e a proposta para a regularização do crédito Se o cliente tiver um argumento plausível para o atraso podemse fazer acordos para estender o prazo de pagamento Se todas as tentativas anteriores falharem os profissionais jurídicos podem fazer uma ligação para o cliente para alertarlhe quanto às penalizações que serão aplicadas em caso da não amortização da dívida Cartas alguns dias após o vencimento do crédito o credor normalmente envia uma carta cortês lembrando o cliente de sua obrigação Se o paga mento do crédito não for regularizado dentro de certo período uma segunda carta mais enfática pode ser remetida Visitas pessoais essa técnica é muito comum para encontrar o cliente e buscar a regularização do crédito Todavia em muitos casos esse pro cedimento não funciona tendo em vista as dificuldades para localizar o cliente É importante que os credores façam uma avaliação da relação custo benefício para verificar se o gasto associado à cobrança externa justifica os valores a serem recuperados Ao ser contatada uma agência externa é sempre necessário que os credores peçam referências façam confirmações das mesmas e obtenham um indicador sobre o percentual de sucesso na recuperação de créditos Inadimplência 4 Gestão de Riscos Operações de Crédito 64 Atividades 1 Acreditase que a inadimplência esteja presente na vida da maioria das empresas No entanto ela tem o potencial quando não gerida de prejudicar tanto o credor como o devedor Como isso é possível 2 Quais são os principais pontos a serem observados para que se possa ter uma boa gestão da inadimplência 3 Entre os principais condicionantes da inadimplência está a falta de planejamento financeiro das empresas Nesse sentido o que poderia ser feito pelos gestores para minimizar os riscos Referências ASSAF NETO Alexandre LIMA Fabiano Guasti Curso de administração financeira 3 ed São Paulo 2014 BERNARDES Amanda Crescenti Budóia REIS Bruna Thayse de Carvalho Vigarani dos HORITA Ricardo Yoshio Administrando a inadimplência em tempos de crise São Paulo 2009 BANCO CENTRAL DO BRASIL Disponível em httpwwwbcbgovbrprebcatendeportservi cos8asp Acesso em 15 de maio de 2017 HOJI M Administração financeira uma abordagem prática 5 ed São Paulo Atlas 2003 IBGE Estimativas populacionais para os municípios e as Unidades da Federação brasileiros em 01072016 Disponível em httpwwwibgegovbrhomeestatisticapopulacaoestimativa2016de faultshtm Acesso em 1 jun 2017 SANTOS José Odálio dos Análise de crédito empresas pessoas físicas agronegócio e pecuária 3 ed São Paulo Atlas 2010 SEBRAE Política de cobrança e controle de inadimplência Disponível em httpswwwsebraecom brsitesPortalSebraeartigospoliticadecobrancaecontroledainadimplencia91ac438af1c92410Vg nVCM100000b272010aRCRD Acesso em 07 jan 2017a SERASA Inadimplência atinge mais da metade das empresas e bate recorde revela Serasa Experian 10 jun 2016d Disponível em httpnoticiasserasaexperiancombrblog20160610inadimplencia atingemaisdametadedasempresasebaterecorderevelaserasaexperian Acesso em 31 maio 2017 Inadimplência atinge 94 milhões de jovens no Brasil revela estudo inédito da Serasa Experian 24 maio 2016b Disponível em httpnoticiasserasaexperiancombrblog20160524 inadimplenciaatinge94milhoesdejovensnobrasilrevelaestudoineditodaserasaexperian Acesso em 31 maio 2017 Nível de Inadimplência começa a estabilizar 22 ago 2016c Disponível em httpswwwse rasaexperiancombrparaorientarniveldeinadimplenciacomecaestabilizar Acesso em 07 jan 2017 Nordeste é a única região do país onde as mulheres estão mais inadimplentes que os ho mens revela estudo da Serasa Experian 16 nov 2015 Disponível em httpnoticiasserasaexperian combrblog20151116nordesteeaunicaregiaodopaisondeasmulheresestaomaisinadimplen tesqueoshomensrevelaestudodaserasaexperian Inadimplência Gestão de Riscos Operações de Crédito 4 65 Volume de dívidas atrasadas com água e luz bate recorde histórico revela Serasa Experian 16 maio 2016a Disponível em httpnoticiasserasaexperiancombrblog20160516volumededi vidasatrasadascomaguaeluzbaterecordehistoricorevelaserasaexperian Acesso em 31 maio 2017 SERVIÇO DE PROTEÇÃO AO CRÉDITO SPC Disponível em httpswwwspcbrasilorgbrinstitu cionalspcbrasil Acesso em 15 maio 2017 PORTAL UOL ECONOMIA Entenda o que é grau de investimento Disponível em httpeconomia uolcombrfinancaspessoaisguiasfinanceirosentendaoqueegraudeinvestimentohtm Acesso em 07 jan 2017 TEIXEIRA J Inadimplência no setor educacional Espírito Santo Hoper 2005 WALBUZA Cenyra Maria Análise da inadimplência dos consumidores na região metropolitana de Vitória ES 2003 122 f Dissertação Mestrado Curso de Engenharia de Produção Universidade Federal de Santa Catarina Florianópolis 2003 Resolução 1 Os credores podem ser prejudicados na medida em que os recursos emprestados não forem devolvidos pois isso pode interferir no fluxo de caixa da empresa Em relação ao devedor pode sofrer com a inserção do seu nome nos órgãos de proteção ao crédito o que dificultaria o acesso a outros créditos futuramente 2 Alguns pontos precisam ser analisados como a necessidade de uma boa política de crédito que não seja tão rigorosa e prejudique as vendas nem tão permissiva que provoque um aumento na inadimplência O ideal é uma adequada e eficiente análise de crédito que possibilite a redução dos riscos envolvidos na concessão dos recursos aos clientes 3 O planejamento financeiro é fundamental para que as empresas possam avaliar até que ponto a melhor escolha é captar de terceiros ou utilizar capital próprio Antes disso é preciso verificar se o recurso que será consumido de fato merece ser utiliza do de tal forma o que pode ser verificado com uma análise de viabilidade econômica financeira de projetos Easy apparel sewing embellishments add interest and charm with very little effort Plus you can make your own embellishments with these simple easy sewing projects Gestão de Riscos Operações de Crédito 67 5 Análise de operações financeiras envolvendo riscos de crédito Este capítulo busca apresentar o que são operações financeiras e sua influência na vida das pessoas e empresas Apresenta também os principais tipos de garantia uti lizados no processo de concessão de crédito buscando apontar qual o mais adequado para cada tipo de operação além de apresentar quais são as operações de créditos mais comuns no mercado financeiro explicitando as suas diferenças e finalidades Análise de operações financeiras envolvendo riscos de crédito 5 Gestão de Riscos Operações de Crédito 68 51 Operações financeiras considerações gerais Inicialmente é importante compreender que as finanças corporativas evoluíram com a economia mundial Em um contexto econômico cada vez mais competitivo e interligado em que se exigem resultados cada vez mais expressivos as operações financeiras represen tam um caminho nem sempre seguro para se alcançar os objetivos desejados Entendese por operações financeiras as operações realizadas pelas empresas com o objetivo de gerar recursos financeiros Para Assaf Neto e Lima 2014 as finanças podem se subdividir em Mercado financeiro compreende os estudos relativos aos comportamentos dos mercados valores mobiliários negociados mundo afora nas bolsas de valores de todo o planeta e que estão ligadas entre si Também diz respeito às instituições financeiras que atuam nesse segmento Finanças corporativas as finanças corporativas por sua vez se relacionam com o processo de tomada de decisões nas organizações destacando as operações que envolvam a concessão de crédito que sem dúvida têm uma grande relevância no mercado mundial Finanças pessoais as finanças pessoais estudam os investimentos e financiamen tos das pessoas físicas Essa classificação pode ser observada na figura a seguir Figura 1 Áreas das finanças Finanças Mercado financeiro Finanças corpora tivas Finanças pessoais Fonte ASSAF NETO LIMA 2014 As finanças se encarregam de muitas atividades e são grandes as suas responsabilida des afinal todas as atividades da empresa de alguma maneira estão relacionadas a elas Dentre as inúmeras atividades podese dizer que existem algumas funções principais da área de finanças descritas conforme Assaf Neto e Lima 2014 Planejamento financeiro procura deixar claro quais são as necessidades de cres cimento da empresa assim como identifica eventuais dificuldades e problemas futuros É por meio desse planejamento ainda que é possível ao administrador financeiro selecionar com maior margem de segurança os ativos mais rentáveis e condizentes com os negócios da empresa de forma a estabelecer uma rentabilida de mais satisfatória sobre os investimentos Análise de operações financeiras envolvendo riscos de crédito Gestão de Riscos Operações de Crédito 5 69 Controle financeiro dedicase a acompanhar e avaliar todo o desempenho finan ceiro da empresa como custos e despesas margens de ganhos volume de vendas liquidez de caixa endividamento etc Análises de desvios que venham a ocorrer entre os resultados previstos e realizados assim como propostas de medidas cor retivas necessárias são algumas das funções básicas da controladoria financeira Administração de ativos deve perseguir a melhor estrutura em termos de risco e retorno dos investimentos ativos empresariais e proceder a um gerenciamento eficiente de seus valores A administração dos ativos acompanha também as defa sagens que podem ocorrer entre entradas e saídas de dinheiro de caixa o que é geralmente associado à gestão do capital de giro administração de passivos que se volta para a aquisição de fundos financiamentos e o gerenciamento de sua composição proporção entre capital próprio e capital de terceiros procurando definir a estrutura de capital mais adequada em termos de liquidez redução de custos e risco financeiro As funções apresentadas se relacionam com o processo de concessão de crédito A fun ção planejamento financeiro por exemplo analisa a necessidade de se levantar recursos junto a terceiros Esses recursos antes de serem solicitados devem ser alvo de uma avaliação financeira minuciosa para que se possa entender qual retorno financeiro será alcançado em virtude do recurso tomado emprestado A função controle financeiro ao avaliar informações como custos despesas e margens de ganhos pode avaliar o impacto da inadimplência por exemplo no resultado da empresa e de que maneira esse resultado está interferindo na lu cratividade e rentabilidade do negócio Ao avaliar e comparar os resultados previstos com os realizados a empresa pode entender se está no caminho correto ou se algum ajuste pre cisa ser feito A função administração de ativos também em muitos casos se relaciona à concessão de crédito uma vez que muitos ativos são adquiridos mediante financiamento de curto ou de longo prazo A aquisição de um ativo deve passar por uma avaliação econômicafinanceira para que se possa entender os reais motivos da sua aquisição e se o referido ativo dará o re torno esperado dando à empresa a oportunidade de pagar dentro dos prazos estipulados o crédito adquirido para a sua aquisição Geralmente nesses casos levase em consideração o valor pelo qual será adquirido o bem a depreciação prevista para o período o valor pelo qual o ativo será vendido ao final do período e o retorno trazido pelo bem assim como os custos e despesas gerados por ele ao longo da sua vida dentro da empresa Esse conjunto de informações são fundamentais para que o gestor possa de maneira antecipada avaliar se realmente vale ou não a pena pedir crédito para a aquisição de um determinado ativo A empresa precisa avaliar a necessidade de adquirir determinado bem pois a falta desse ativo pode prejudicar ou dificultar a reali zação de atividades importantes Boa parte das operações financeiras que envolvem concessão de crédito passa pela participação de instituições financeiras que funcionam como intermediadores dentro de um mercado ávido em realizar negócios Essas instituições financeiras se posicionam en tre dois grandes grupos de agentes econômicos de um lado estão aqueles que possuem Análise de operações financeiras envolvendo riscos de crédito 5 Gestão de Riscos Operações de Crédito 70 disponibilidade de caixa para aplicações agentes superavitários e de outro aqueles que necessitam de crédito agentes deficitários Segundo Assaf Neto e Lima 2014 essa intermediação no mercado financeiro tem como objetivo harmonizar os interesses dos agentes econômicos superavitários em aplicar suas poupanças e dos deficitários ávidos em tomar recursos emprestados A Figura 2 ilustra essa relação de intermediação feita pelas instituições financeiras Tais instituições são fundamentais para que operações financeiras ocorram e possam movimen tar a economia favorecendo a geração de emprego e renda Figura 2 Intermediação feita pelas instituições financeiras Agente deficitário tomador Instituição financeira Agente superavitário poupador Fonte ASSAF NETO LIMA 2014 De acordo com a figura o agente deficitário é aquele que tem que pagar juros como for ma de remunerar o agente superavitário assim como o intermediário financeiro que recebe uma comissão pelo serviço prestado cabendo a ele devolver ao poupador os recursos depo sitados com o acréscimo de juros Em suma os intermediários financeiros são responsáveis por grande parte das operações financeiras Em muitos casos essas instituições emitem títu los visando à obtenção de fundos junto aos agentes econômicos e logo em seguida utilizam os fundos levantados para conceder empréstimos a terceiros Operações como estas consistem em uma das principais fontes de renda do mercado fi nanceiro uma vez que existe uma diferença considerável no Brasil entre as taxas de juros pa gas aos fornecedores de fundos e as taxas de juros cobradas dos demandadores de recursos Todavia é necessário que se diga que operações financeiras fazem parte da vida das pessoas físicas e jurídicas e nem sempre estão atreladas à participação de um intermediário financeiro Em muitos momentos as empresas fazem uso de artifícios para suprir determina das necessidades ou veem em certas oportunidades as circunstâncias ideais para aumentar a rentabilidade do negócio Para ilustrar imagine a seguinte situação hipotética uma determinada empresa ne cessita comprar uma grande quantidade de insumos para a fabricação dos seus produtos Para tanto possui duas alternativas a primeira consiste em acionar o fornecedor e pedir um prazo para pagamento que esteja alinhado com o processo fabril assim como com o recebi mento do valor pago pelo cliente final Caso o fornecedor inicial não consiga as condições ideais a empresa pode procurar novos fornecedores sem prejuízo à qualidade do item for necido que consigam alcançar as exigências e condições apresentadas A outra alternativa seria pedir um empréstimo bancário e efetuar a compra das mercadorias à vista Apesar de a segunda alternativa acarretar em um custo financeiro juros se apresenta como factível em caso do fornecedor não aceitar receber mais adiante Entretanto a empresa deverá negociar um bom desconto para pagar o fornecedor mais cedo como forma de recu perar o todo ou pelo menos uma parte dos juros pagos pelo capital emprestado Análise de operações financeiras envolvendo riscos de crédito Gestão de Riscos Operações de Crédito 5 71 52 Garantias de crédito As operações envolvendo crédito são comuns em todas as partes do planeta em maior ou menor escala Muitas dessas operações envolvem valores pequenos muitas vezes relacio nados a bens de consumo de baixo valor Nessas situações não é preciso falar em garantias O termo garantia é bastante utilizado no dia a dia das pessoas e entender sua aplica ção dentro do contexto do mercado de crédito é relativamente simples O que se precisa compreender são as principais formas de garantias utilizadas pelo mercado já que todas são tentativas de que se cumpra o compromisso acordado Na área de finanças garantia é um ativo um título de crédito um contrato uma fiança ou um aval que o banco exige para conceder um crédito com menor risco SEBRAE 2017 Silva 2003 colabora com esse pensamento na medida em que argumenta que as garan tias ocorrem quando se exige do devedor uma promessa de contraprestação Tal garantia dará condições para o credor receber o patrimônio do devedor colocado em garantia do seu avalista ou mesmo do seu fiador Para Cassiolato Britto e Vargas 2002 os mecanismos decorrentes das garantias de crédito são vastamente utilizados no mundo Tais mecanismos possibilitam o acesso ao crédito às pessoas físicas e jurídicas que em condições normais não teriam condições de conseguir recursos junto a terceiros As garantias dão uma chance àqueles que não têm condições financeiras adequadas para estar elegível a um determinado crédito Muitas vezes o cliente possui bens como casa terre no veículos que são passíveis de serem colocados à disposição como garantias ou até mesmo dispõe de outras pessoas dispostas a entrarem no negócio como fiadoras ou avalistas Essas pessoas que às vezes estão passando por uma dificuldade financeira ou que que não passariam no crivo rigoroso de uma análise de crédito podem encontrar nos mecanismos re lacionados a concessão de garantias como uma alternativa para conseguir o recurso desejado Para Silva 2003 as garantias podem ser divididas em dois grandes grupos destacados a seguir Garantias intrínsecas estão relacionadas às leis e aos acordos firmados e estão sobre a proteção de códigos comerciais firmados em contratos em que a figura do cliente está atrelada ao pagamento do bem adquirido ou do recurso concedido pelo credor Tal procedimento de concessão de crédito lhe dá o direito uma vez descrito em contrato de cobrar juros como forma de pagamento Muitos econo mistas dizem que os juros nada mais são do que uma espécie de aluguel do capital concedido Garantias acessórias dizem respeito aos mecanismos de reforço das garantias intrínsecas como uma tentativa de proteção à falta de pagamento do devedor Tornamse assim uma ferramenta que promove uma segurança adicional àquele que está emprestando um determinado recurso É preciso deixar claro que não é interessante para nenhum credor ter que executar o devedor de tal forma que precise tomar para si o bem colocado em garantia e vendêlo tal procedimento é demorado em muitas situações e apresenta custos operacionais para as empresas Análise de operações financeiras envolvendo riscos de crédito 5 Gestão de Riscos Operações de Crédito 72 Em suma os tipos descritos de garantias são complementares e têm como papel redu zir os riscos envolvidos nas operações de crédito para quem está emprestando o dinheiro Para o devedor e para a economia os tipos de garantias mencionadas anteriormente são de suma importância pois sem a figura da garantia em muitas ocasiões o empréstimo não seria fechado Nsa história há vários períodos de crises econômicas Esses momentos trazem consigo medo e insegurança em relação à capacidade de pagamento das pessoas e das empresas Ao mesmo tempo é fundamental que possibilidades sejam criadas para favorecer o acesso ao crédito às pessoas assim como às organizações Entretanto nesses momentos os riscos são maiores e as chances de que acordos firmados não sejam cumpridos é grande Dessa forma a garantia se torna grande aliada pois favorece a possibilidade de fechamento de negócios e ajuda a economia a voltar a crescer São muitas as possibilidades de garantias o que possibilita ao cliente uma série de alter nativas para acessar ao crédito Cabe à instituição financeira avaliar as garantias oferecidas pelo cliente para que ele possa receber o crédito em condições favoráveis e seguras para ambas as partes Existem aqueles que possuem bens que podem ser deixados em garantia mas há mui tos clientes que não possuem bens disponíveis e também necessitam do crédito Diversos ti pos de bens podem ser usados como garantias é fundamental que as instituições financeiras possam orientar corretamente o cliente possibilitandolhe o acesso ao crédito Há dois tipos de garantias as garantias pessoais também chamadas de fidejussórias e as garantias reais Segundo Souza 2002 nas garantias pessoais há uma terceira pessoa que se compromete a pagar a obrigação acertada ao credor caso o devedor não a pague são a fiança e o aval Já nas garantias reais há um bem que pertence ao devedor ou a um terceiro que tenha valor suficiente para o ressarcimento do credor caso o devedor não faça o paga mento da obrigação contratada Podem ser penhora alienação fiduciária anticrese caução hipoteca e seguro de crédito Quadro 1 Tipos de garantias Garantias pessoais Aval Fiança Garantias reais Penhora Alienação fiduciária Anticrese Caução Hipoteca Seguro de crédito Fonte Elaborado pelo autor Veja a seguir cada uma dessas garantias Aval é uma modalidade pautada na figura do avalista pessoa que se respon sabiliza em pagar a dívida contraída pelo tomador do recurso SILVA 2003 Tal modalidade no entanto só é possível de ser realizada quando a figura do avalista Análise de operações financeiras envolvendo riscos de crédito Gestão de Riscos Operações de Crédito 5 73 consegue comprovar que tem condições de honrar o compromisso se necessário Fica claro dessa forma que o credor deve realizar uma análise de crédito tanto do titular como do avalista Para Santos 2010 o aval é uma modalidade bastante comum É de fundamental importância que o avalista tenha patrimônio disponí vel para cobrir o débito com os respectivos encargos Ainda segundo o autor o avalista é solidário na dívida contraída ou seja ele deve pagála em caso de im possibilidade do titular do contrato Fiança nessa modalidade se encontra a figura do fiador constituído por uma pessoa física ou jurídica que é a principal responsável pelo pagamento das obriga ções assumidas pelo afiançado SILVA 2003 A fiança está sempre atrelada a um contrato sendo uma garantia de caráter pessoal e fidejussória fazendo com que o fiador seja solidário ao devedor afiançado ou seu coobrigado para o cumpri mento das obrigações assumidas SCHRICKEL 1997 Penhora é uma modalidade de garantia caracterizada como garantia real ou seja são bens como casas terrenos automóveis que ficam como garantia em caso de não pagamento SILVA 2003 No caso da penhora o devedor entrega um de terminado bem ao credor como garantia de pagamento da dívida que está sendo contraída e caso esta não seja paga dentro das condições estabelecidas em contra to o credor recebe a posse definitiva do bem penhorado Alienação fiduciária ao contrário da penhora o bem em garantia é formalmente transferido ao credor No entanto o devedor continua utilizando o bem mesmo este estando alienado O bem alienado é devolvido após o pagamento completo da dívida contraída Também constitui uma garantia real aplicável sobre máquinas equipamentos veículos e imóveis Nessa situação o devedor assume a figura de fiel depositário não podendo vendêlo alienálo sem a prévia concordância do credor sob pena de prisão administrativa SANTOS 2010 Anticrese tratase de um tipo específico de garantia real em que a posse do bem também é transferida ao credor No entanto este ficará com os rendimentos oriun dos do bem deixado em garantia até que a dívida seja totalmente paga Exemplo um cliente possui um imóvel comercial que aluga a um terceiro Além da posse do bem o credor ficará com o aluguel pago pelo inquilino do devedor Assim essa receita servirá para compor o acordo firmado ajudando no pagamento do crédito recebido SILVA 2003 Caução nesse tipo de garantia o devedor deixa cheques notas promissórias e duplicatas por exemplo como garantia do pagamento da dívida Caso o devedor não realize o pagamento dentro das condições firmadas será dada ao credor a posse definitiva da caução SILVA 2003 Hipoteca bastante comum e conhecida no mercado brasileiro e mundial Nesse tipo de operação é dado como garantia um bem imóvel O devedor continua com a posse do bem deixado em garantia todavia só terá a sua propriedade de volta após a quitação da dívida SILVA 2003 Análise de operações financeiras envolvendo riscos de crédito 5 Gestão de Riscos Operações de Crédito 74 Seguro de crédito cada vez mais comum no Brasil é uma modalidade de garan tia na qual o devedor firma acordo com uma seguradora que honrará o compro misso firmado junto ao credor em caso de incapacidade do devedor Desse modo o credor terá a garantia que poderá cobrar da seguradora contratada o pagamento do valor devido SILVA 2003 53 Principais operações financeiras envolvendo concessão de crédito As operações financeiras foram se diversificando e ganhando uma gama de novas pos sibilidades que são responsáveis por muitos negócios concretizados a cada segundo em todo o planeta Dentro desse contexto é fundamental que as concessionárias de crédito conheçam os seus clientes e suas necessidades e entendam a fundo as suas capacidades de pagamento para poder oferecer a eles as melhores modalidades de crédito capazes de satisfazer suas necessidades As operações financeiras estão relacionadas às pessoas físicas que precisam resolver questões como eventuais emergências financeiras que podem ser momentâneas como pon tuais desequilíbrios no orçamento familiar financiamento de compras de bens duráveis aquisição de bens patrimoniais de valor mais alto que irá compor o patrimônio pessoal etc Já as operações financeiras envolvendo empresas são necessárias para a satisfação de necessidades normalmente relacionadas à aquisição de bens de produção como máquinas veículos assim como bens de maior valor como imóveis e terrenos As empresas também fazem uso de operações creditícias para resolver problemas de caixa que podem ser pon tuais como o pagamento de 13º salário ou algum desequilíbrio momentâneo que esteja interferindo no bom andamento do negócio Há duas modalidades de crédito às quais os clientes podem recorrer as linhas rotativas e as linhas pontuais SANTOS 2010 Linhas rotativas são limites de crédito disponibilizados ao cliente repetidamen te Ficam à disposição do cliente que pode utilizálas quantas vezes necessitar Como são mais arriscadas para o banco acabam sendo mais caras para o cliente Linhas pontuais ou casuais são disponibilizadas em situações especiais não repetitivas fora das necessidades usuais do tomador de empréstimo Se como mencionado as necessidades são diversas também diversas devem ser as possibilidades de linhas disponíveis para que as pessoas físicas e jurídicas tenham condi ções de avaliar de acordo com suas possibilidades qual a melhor escolha possível para o recebimento do crédito Dentre as opções possíveis seguem as mais comuns presentes no dia a dia das pessoas físicas e jurídicas SANTOS 2010 Análise de operações financeiras envolvendo riscos de crédito Gestão de Riscos Operações de Crédito 5 75 Cheque especial modalidade de crédito rotativo que serve para atender a even tuais necessidades dos correntistas de banco Tal crédito é disponibilizado ao cor rentista pelo banco após uma análise de crédito que possa avaliar os riscos envol vidos As taxas de juros do cheque especial são extremamente elevadas no Brasil Cartão de crédito originalmente era concedido apenas a clientes que representa vam baixíssimo risco Logo se popularizou e hoje é uma das formas mais populares de acesso ao crédito A modalidade permite que o seu titular possa fazer compras e saques utilizando um limite previamente estabelecido alvo de uma análise de crédito preliminar capaz de identificar qual o limite mais adequado para o cliente A possibilidade de utilização em um número imenso de estabelecimentos comer ciais faz do cartão de crédito uma opção segura e prática Essas características de alguma forma justificam o seu uso por grande escala da população Contrato de crédito essa modalidade possibilita ao cliente obter recursos para necessidades pontuais como a reforma de uma casa financiamento estudantil aquisição de bens como veículos imóveis etc Tais contratos podem ou não pedir garantias Crédito direto ao consumidor essa modalidade está diretamente relacionada ao financiamento de bens duráveis como por exemplo móveis eletrodomésticos e veículos É bastante comum em alguns casos que envolvem bens duráveis de maior valor como veículos o bem ficar alienado ao credor até que toda a dívida seja paga Crédito imobiliário fundamental para que a população possa adquirir ou cons truir imóveis residenciais e comerciais com prazos mais longos que em alguns ca sos podem a chegar a 35 anos O imóvel fruto do crédito é tratado como uma ga rantia para a operação assim como outras garantias a depender de cada contrato Leasing é uma modalidade de crédito bastante comum Tratase de uma ope ração de arrendamento ou aluguel de veículos aviões barcos etc O bem fica em garantia ao credor até o fim do pagamento pelo devedor Uma característica dessa modalidade é que ao fim do contrato o devedor normalmente tem alternativas como a compra do bem pelo valor residual do contrato a apresentação de tercei ros que possam comprar o bem pelo mesmo valor residual ou devolver o bem ao credor Crédito corporativo é cada vez mais comum que empresas se utilizem de crédi tos específicos para sanar suas necessidades Como exemplo podemos citar linhas de créditos para a aquisição de matériaprima ou até mesmo para o pagamento de mão de obra A liberação do crédito fica atrelada ao fim estabelecido normalmen te o credor cria mecanismos de controle para que o recurso seja destinado efetiva mente ao fim pelo qual foi solicitado Compror essa modalidade de operação está atrelada a uma operação de compra em que o comprador pede o crédito a uma instituição financeira que fica respon sável em pagar o fornecedor Nessa operação existe uma série de benefícios para Análise de operações financeiras envolvendo riscos de crédito 5 Gestão de Riscos Operações de Crédito 76 ambas as partes para o fornecedor a certeza de que irá receber para o comprador a possibilidade de negociar descontos Para a instituição financeira que atua como intermediária no negócio também é interessante porque ela irá ganhar comissão em forma de juros Vendor essa modalidade permite a empresas comercializarem suas mercadorias oferecendo prazos atraentes aos seus clientes Estes se sentem atraídos pela possi bilidade de efetuar a compra em modalidades como cheque prédatado ou boleto bancário A empresa comercial negocia junto a instituições financeiras esses rece bíveis recebendo assim o valor à vista A instituição financeira em contrapartida cobra uma comissão na operação É uma modalidade bastante utilizada no Brasil e merece o reforço de algumas considerações É fundamental que a empresa co mercial faça tal operação sabendo como as taxas cobradas pelo banco poderão ser absorvidas Caso contrário a empresa poderá ter prejuízo Em muitas situações essa modalidade pode demonstrar incapacidade de caixa das empresas que utili zam desse meio para antecipar recebíveis de maneira não planejada Adiantamento sobre contratos de câmbio ACC é uma operação de crédito na qual uma determinada instituição financeira fornece um adiantamento que pode ser total ou parcial de recursos em moeda nacional Isso ocorre mesmo antes do envio da mercadoria ou da prestação de serviço no exterior Tais valores adian tados correspondem ao valor da mercadoriaserviço em moeda estrangeira Esse tipo de operação é de suma importância para as empresas que exportam pois lhe proporcionam a chance de antecipar recebíveis o que reduz riscos e impacta no fluxo de caixa das empresas Adiantamentos sobre cambiais entregues ACE diferentemente do ACC essa modalidade tratase de um adiantamento que ocorre após o embarque da merca doria ao exterior Nesse caso o exportador dispõe de todos os documentos referen tes a esse embarque como o conhecimento de embarque marítimo aéreo ou rodo viário Com a entrega desses documentos a instituição financeira pode realizar a cobrança dos valores no exterior Financiamentos à importação representam linhas de crédito captadas geralmen te no exterior para financiar as operações dos importadores por um prazo negocia do com o banco Essa linha de crédito pode ser obtida pela empresa importadora com instituições financeiras nacionais ou internacionais Financiamentos à exportação dizem respeito a linhas de crédito oriundas de ban cos privados ou estatais como do BNDES Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social que têm como principal objetivo fomentar o processo de ex portação uma tentativa de aumentar a competitividade das empresas exportado res nacionais Como visto existe uma infinidade de operações financeiras destinadas à concessão de crédito Muitas têm um objetivo específico que leva em consideração características pecu liares de operações que correspondem a áreas distintas da economia Isso ocorre pelo fato Análise de operações financeiras envolvendo riscos de crédito Gestão de Riscos Operações de Crédito 5 77 de a economia ser muito dinâmica transações comerciais possuem as suas especificidades e para isso devem contar com linhas específicas também para que se busque uma customi zação do crédito concedido Tais medidas ajudam também na redução de risco na medida em que ao estratificar as operações obtémse um maior conhecimento em relação a cada uma delas Ampliando seus conhecimentos O texto a seguir trata sobre a importância de se avaliar a idoneidade do devedor antes de lhe oferecer o crédito Essa análise é fundamental para se ter uma ideia do risco que se corre diante de cada tipo de cliente A importância em avaliar a idoneidade do devedor SANTOS 2003 Os clientes podem ser classificados nas seguintes categorias Sem restritivos Alertas Restritivos ou impeditivos Sem restritivos não existem informações desabonadoras do cliente no mercado de crédito Alertas são apontamentos de natureza informativa e interna à área de crédito de cada credor que não impedem a concessão de novos finan ciamentos Apenas se exige uma análise de crédito mais criteriosa Restritivos esses apontamentos indicam que as pessoas físicas pos suem informações desabonadoras com o credor e mercado de crédito representadas em sua maioria por registros de atrasos renegocia ções e geração de prejuízos para os credores As informações restriti vas dividemse em apontamentos de caráter subjetivo e apontamentos de caráter objetivo Os apontamentos de caráter subjetivo não são de conhecimento do mercado de crédito e seu uso é interno e exclusivo do credor que a seu critério fará o acompanhamento com a finalidade de regularização Exemplos transações liquidadas com prejuízo Os Análise de operações financeiras envolvendo riscos de crédito 5 Gestão de Riscos Operações de Crédito 78 apontamentos de caráter objetivo são em sua maioria de conheci mento do mercado de crédito Exemplos protestos composição de dívida inclusão no cadastro de emitentes de cheques sem fundos ação de busca e apreensão Impeditivos são apontamentos que impedem que pessoas físicas ope rem com o credor por motivo de ordem legal ou normativa Atividades 1 As operações financeiras possuem os mais variados objetivos No entanto no que diz respeito à concessão de crédito de que maneira tais operações podem contribuir com as operações de uma empresa 2 Dentro do contexto da concessão de crédito o que são garantias Qual o seu papel 3 Qual o motivo de existirem tantas opções em relação a linhas de créditos disponíveis no mercado Referências ASSAF NETO Alexrandre LIMA Fabiano Guasti Curso de administração financeira 3 edSão Paulo2014 CASSIOLATO J E BRITTO J VARGAS M Formatos organizacionais para financiamento de ar ranjos e sistemas de MPME In Interagir para competir promoção de arranjos produtivos e inovati vos no Brasil p249285 Brasília SebraeFinep 2002 SANTOS José Odálio dos Análise de crédito empresas e pessoas físicas São Paulo Atlas 2003 SEBRAE Dicionário financeiro Disponível em httpswwwsebraecombrSebraePortal20Sebrae Anexosdicionariofinanceiropdf Acesso em 19 maio 2017 SILVA Jose Pereira da Gestão e análise de risco de crédito 4 ed São Paulo Atlas 2003 SOUZA Sylvio Capanema de Considerações sobre a cumulação das garantias pessoais e reais na alienação fiduciária Jus Navigandi ano 6 n 56 Teresina abr 2002 Disponível em httpsjuscombr artigos2910consideracoessobreacumulacaodasgarantiaspessoaisereaisnaalienacaofiducia ria Acesso em 19 maio 2017 SCHRICKEL Wolfgang Kurt Análise de Crédito 3 ed São Paulo Atlas 1997 Resolução 1 As operações financeiras relacionadas à concessão de crédito são fundamentais para financiar investimentos capazes de alavancar financeiramente as empresas fazendo com que elas possam investir possibilitando uma maior competitividade Análise de operações financeiras envolvendo riscos de crédito Gestão de Riscos Operações de Crédito 5 79 2 As garantias são um artifício legal para garantir que as empresas tomadoras de re cursos possam honrar os seus compromissos assumidos junto aos seus credores O seu papel principal é reduzir risco quando bem utilizada a garantia poderá ser aces sada para que o credor possa reaver de alguma forma o recurso ora emprestado 3 O motivo principal é oferecer ao cliente crédito que vá ao encontro das suas neces sidades com taxas de juros carência e condições alinhadas com as expectativas do devedor 3 Easy Embellishments for ApparelPatterns Included Gestão de Riscos Operações de Crédito 81 6 Avaliação de empresas para definir limites de crédito Neste capítulo serão estudados os conceitos e definições sobre análise de demons trações contábeis São apresentadas as principais informações contidas em cada um dos relatórios contábeis apresentados pela empresa bem como de que maneira essas informações podem ser utilizadas ao longo de um processo de concessão de crédito e análise de risco Esperase que ao final do capítulo o leitor possa compreender quais são os principais mecanismos de análise de demonstrações contábeis e que possa inter pretar os indicadores extraídos dessas demonstrações de uma maneira eficiente favo recendo o processo de tomada de decisão Avaliação de empresas para definir limites de crédito 6 Gestão de Riscos Operações de Crédito 82 61 Análise de crédito de empresas Como visto assim como as pessoas físicas as pessoas jurídicas estão sujeitas à análise de crédito Tal procedimento é necessário para que se possa avaliar as condições financeiras de determinada empresa em assumir uma dívida A análise de crédito destinada às pessoas jurídicas deve apontar elementos que possam suprir de informações a empresa credora dando condições para a tomada de decisões assertiva reduzindo assim os riscos envolvidos nos processos de concessão de crédito Segundo Rosa Azzolin e Soares 2015 alguns procedimentos devem ser considerados durante a análise de crédito de pessoas jurídicas análise cadastral da empresa verificação da idoneidade análise financeira e patrimonial análise de relacionamento análise setorial Veja a seguir esses procedimentos mais detalhadamente Análise cadastral da empresa assim como feito com as pessoas físicas é neces sário levantar as informações que identifiquem a empresa solicitante de crédito Alguns dados como número do CNPJ Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica e número da inscrição estadual podem fornecer informações a respeito da atividade principal da empresa bem como verificar se ela está ativa Verificação de idoneidade a idoneidade da empresa está relacionada com a ho nestidade com o fato de a empresas honrarem seus compromissos Então como mensurar essa qualidade em uma pessoa jurídica Uma das maneiras é levan tar informações junto aos órgãos de proteção ao crédito como SPC Serasa Esses órgãos fornecem dados que revelam se uma determinada empresa está inserida em seu banco de dados como inadimplente com dívidas Essas informações são fundamentais para que a análise de crédito tenha subsídios necessários para uma tomada de decisão adequada Análise financeira e patrimonial esse tipo de análise aponta se a empresa tem ou não condições de assumir uma determinada dívida e traz informações levan tadas por meio de indicadores econômicos e financeiros como o grau de endivi damento da empresa rentabilidade entre outros Avaliar o patrimônio é de suma importância pois em muitos casos é necessário que sejam dadas garantias para que determinado crédito seja liberado Dessa forma levantar se a empresa possui bens como imóveis casas terrenos apartamentos galpões etc máquinas equi pamentos veículos é essencial para que se possa apontar eventuais garantias que possam ser fornecidas diminuindo assim os riscos presentes na operação Sendo assim considere a seguinte situação Uma empresa procura uma loja para adquirir uma máquina muito cara e quer comprála a prazo e sem entrada Para Avaliação de empresas para definir limites de crédito Gestão de Riscos Operações de Crédito 6 83 tanto a loja fez uma análise de crédito para levantar as condições da empresa so licitante e verifica que ela apresenta bons resultados financeiros e possui muitos bens que podem ser deixados como garantia entre eles várias máquinas e equi pamentos Também analisando as demonstrações contábeis é possível avaliar a situação financeira de uma determinada empresa ao analisar o seu volume de venda os lucros apresentados o grau de endividamento de rentabilidade e lucra tividade do negócio tais informações podem fornecer um parâmetro necessário para que a análise de crédito aponte se a empresa tem ou não condições de assu mir uma determinada dívida Análise de relacionamentos nesse ponto da análise de crédito devem ser levan tadas informações sobre o relacionamento da empresa solicitante de crédito com outras empresas para que se possa avaliar como essa empresa se comporta e se tem boas referências Tais informações são importantes pois alguns fatos podem não ser apontados pelos órgãos de proteção ao crédito Por exemplo uma deter minada empresa não tem o seu nome incluso nos órgãos de proteção ao crédito como inadimplente todavia costuma atrasar pagamentos aos seus fornecedores Dessa forma levantando informações junto aos clientes e fornecedores é possível perceber de que maneira a empresa que solicita o crédito se relaciona com os seus stakeholders Esse conjunto de informações ajuda o analista de crédito a apontar possíveis inconsistências que podem sinalizar dificuldades financeiras Análise setorial é necessário avaliar como está a situação do setor em que a empresa solicitante de crédito está inserida Dessa forma o credor poderá avaliar se o setor está passando por um período econômico favorável ou não Esse tipo de levantamento pode fazer com que o analista de crédito possa tomar algumas medidas como a solicitação de garantias para que o negócio seja fechado Assim o credor pode tomar as devidas precauções reduzindo os riscos envolvidos na ope ração de concessão de crédito Uma análise setorial feita de modo adequado tam bém apontará como a empresa solicitante se posiciona no mercado Dessa forma é possível perceber o poder exercido pelos principais concorrentes os riscos de novos entrantes ou até mesmo o poder exercido por seus fornecedores e clientes Todos esses pontos a serem levantados desde o levantamento cadastral até a aná lise setorial são fundamentais para que o credor possa avaliar se o crédito deve ou não ser liberado e se liberado dentro de que condições É comum que empresas solicitem crédito aos seus fornecedores da mesma forma que os clientes pedem crédito à empresa por isso é importante entender como proceder em ambos os casos Em relação ao fornecedor nesse caso a empresa pedirá crédito ao fornecedor pagando suas compras a prazo Esse fornecedor fará uma análise de crédito da empresa para verificar o quanto é seguro emprestar os recursos solicitados O fornecedor pode após a análise de crédito recusar o pedido ou aproválo Aprovando pode liberar um limite rotativo de crédito evitando assim que uma nova análise seja feita a cada nova compra O fornecedor pode dessa Avaliação de empresas para definir limites de crédito 6 Gestão de Riscos Operações de Crédito 84 maneira efetuar novas análises de tempos em tempos para renovar o limite atribuído aumentandoo ou reduzindoo de acordo com as novas realidades financeiras do seu cliente Em relação ao cliente a mesma empresa que pediu crédito ao seu fornecedor pode de acordo com a política de crédito adotada efetuar vendas a prazo Desse modo deve fazer uso de mecanismos eficientes que favoreçam a venda Tais mecanismos podem ocorrer por meio de cartão de crédito cheque pré datado boleto bancário etc Algumas dessas formas de recebimento apresen tam risco reduzido como os cartões de crédito outras devem ser utilizadas mediante uma análise de crédito como no caso de vendas realizadas com cheque ou boleto 62 Análise das demonstrações financeiras Para uma tomada de decisões eficiente é fundamental que se tenha informações confiá veis Nesse sentido as demonstrações contábeis formam uma importante fonte de informa ções sobre o patrimônio bem como sobre a situação financeira das empresas Esses relató rios apresentam fatos contábeis que são responsáveis pela variação patrimonial As demonstrações contábeis têm por objetivo proporcionar informações sobre a posição patrimonial e financeira desempenho e os fluxos de caixa da empresa Essas informações precisam ser úteis para seus usuários em suas avaliações e tomada de decisões econômicas As demonstrações contábeis também apresentam os resultados da atuação da administra ção frente seus deveres e responsabilidades na gestão dos recursos Proporcionam informa ção sobre ativos passivos patrimônio líquido receitas e despesas fluxos de caixa Essas informações ajudam seus usuários a prever os futuros fluxos de caixa da empresa 621 Balanço Patrimonial É a principal demonstração contábil responsável por fornecer informações que refle tem a estrutura patrimonial das empresas os bens direitos e as obrigações tanto no curto quanto no longo prazo Por meio da análise dos balanços ao longo dos anos é possível iden tificar a evolução do patrimônio e ele está em expansão ou regredindo Avaliação de empresas para definir limites de crédito Gestão de Riscos Operações de Crédito 6 85 O balanço está organizado de tal maneira que reflete os bens e direitos chamados de ativos as obrigações passivo e o patrimônio líquido recursos que pertencem aos sócios das empresas como apresentado na estrutura a seguir Quadro 1 Estrutura do Balanço Patrimonial Balanço Patrimonial Ativo Passivo Patrimônio Líquido Fonte MARION 2015 O Balanço Patrimonial é útil em uma análise de crédito pois mostra quais sãos os bens imóveis máquinas equipamentos entre outros e direitos dinheiro depositado no banco investimentos entre outros Dessa forma é possível perceber o tamanho de uma empresa e se possui bens que podem ser utilizados como garantia Essa análise pode demonstrar ain da o montante de dívidas da empresa tanto no curto prazo como no longo O balanço ainda apresenta o patrimônio líquido da empresa o conjunto de informações que demonstram o capital pertencente aos sócios O modelo apresentado a seguir ilustra o Balanço Patrimonial de uma determinada empresa Quadro 2 Modelo de Balanço Patrimonial ATIVO CIRCULANTE PASSIVO CIRCULANTE Caixa Fornecedores Bancos Impostos e taxas Duplicatas a receber Salários a pagar Investimentos Empréstimos de Curto Prazo Estoque ATIVO NÃO CIRCULANTE EXIGÍVEL A LONGO PRAZO Investimentos Financiamentos IMOBILIZADO Empréstimos Imóveis Móveis e Utensílios Veículos Equipamentos PATRIMÔNIO LÍQUIDO Terrenos Capital Social Depreciação acumulada Reserva de Lucro TOTAL ATIVO PASSIVO PATRIMÔNIO LIQUIDO Fonte MARION 2015 Adaptado Avaliação de empresas para definir limites de crédito 6 Gestão de Riscos Operações de Crédito 86 622 Demonstração de Resultado do Exercício DRE Informa a composição do lucro de uma empresa evidenciando não somente qual foi o lucro ou prejuízo em um período como também todos os elementos que compõem tal re sultado A DRE é importante na análise de crédito pois aponta um conjunto de informações sobre o resultado financeiro da empresa Ao verificar a DRE de vários períodos é possível observar a evolução de receitas e despesas do negócio o que pode ser favorável ou não du rante o processo de concessão de crédito O modelo a seguir apresenta a DRE Quadro 3 Modelo de Demonstração do Resultado do Exercício DRE Demonstração do Resultado do Exercício RECEITA BRUTA DE VENDAS Impostos sobre venda Devoluções de vendas Abatimentos RECEITA LÍQUIDA Custo dos produtos vendidos RESULTADO OPERACIONAL BRUTO DESPESAS OPERACIONAIS Despesas com vendas Despesas administrativas DESPESAS FINANCEIRAS LÍQUIDAS Despesas Financeiras RESULTADO OPERACIONAL ANTES DO IR E CSLL Provisão para IR e CSLL RESULTADO LÍQUIDO DO EXERCÍCIO Fonte MARION 2015 Adaptado 623 Demonstração dos Fluxos de Caixa DFC Evidencia os valores que entram e saem do caixa da empresa durante certo período ou seja demonstra qual era o montante de recursos disponíveis apresentando quais foram as saídas e entradas de recursos relacionados às atividades operacionais de investimento e de financiamento A DFC categoriza de que maneira ocorreram os fluxos reais de recursos seja na entrada por conta da venda de mercadoria e serviços ou na saída como compra de ativos ou pagamentos diversos Enquanto a DRE demonstra as entradas e saídas por competência a DFC mostra o fluxo monetário O modelo a seguir apresenta a DFC Avaliação de empresas para definir limites de crédito Gestão de Riscos Operações de Crédito 6 87 Quadro 4 Modelo de Demonstração do Fluxo de Caixa DFC Demonstração do Fluxo de Caixa Das Atividades Operacionais Recebimentos de clientes e outros Pagamentos a fornecedores Pagamentos à funcionários Pagamentos à credores diversos Das Atividades de Investimentos Recebimento de venda de imobilizado Aquisição de Ativo Permanente Recebimento de dividendos Das Atividades de Financiamento Novos empréstimos Amortização de empréstimos Emissão de debêntures Integralização de capital Paramento de dividendos Aumento Diminuição nas disponibilidades Disponibilidades no início do período Disponibilidades no final do período Fonte MARION 2015 Adaptado A DFC pode ser utilizada nos processos de concessão de crédito quando o objetivo for apurar os fluxos de saídas e entradas de dinheiro e o seu impacto nas disponibilidades da empresa Tal análise pode auxiliar na construção do diagnóstico sobre a situação financeira da empresa 624 Demonstração do Valor Adicionado DVA Evidencia de que maneira uma empresa gera riqueza em determinado período de monstrando também a sua distribuição Empresas movem a economia e entender de que maneira a riqueza gerada por um empreendimento é distribuída para a sociedade é o prin cipal objetivo dessa demonstração contábil O modelo a seguir apresenta a DVA de uma determinada empresa Avaliação de empresas para definir limites de crédito 6 Gestão de Riscos Operações de Crédito 88 Quadro 5 Modelo da Demonstração do Valor Adicionado Demonstração do Valor Adicionado 1 RECEITAS Vendas de mercadorias produtos e serviços Provisões para devedores duvidosos Não operacionais 2 INSUMOS ADQUIRIDOS DE TERCEIROS Matériasprimas consumidas Custos das mercadorias e serviços vendidos Materiais energia serviços de terceiros e outros PerdaRecuperação de valores ativos 3 VALOR ADICIONADO BRUTO 4 RETENÇÕES Depreciação amortização e exaustão 5 VALOR ADICIONADO LÍQUIDO PRODUZIDO PELA ENTIDADE 6 VALOR ADICIONADO RECEBIDO EM TRANSFERÊNCIA Resultado de equivalência patrimonial Receitas financeiras 7 VALOR ADICIONADO TOTAL A DISTRIBUIR 8 DISTRIBUIÇÃO DO VALOR ADICIONADO Pessoal e encargos Impostos taxas e contribuições Juros e aluguéis Juros s capital próprio e dividendos Lucros retidos prejuízo do exercício Fonte MARION 2015 Adaptado 625 Demonstrações dos Lucros ou Prejuízos Acumulados O principal objetivo dessa demonstração contábil é evidenciar os fatos que provocaram alterações nos lucros ou prejuízos das empresas Esse relatório contábil pode explicar as alterações entre o saldo inicial e o final da conta além dos lucros ou prejuízos acumulados que estão no patrimônio líquido Avaliação de empresas para definir limites de crédito Gestão de Riscos Operações de Crédito 6 89 Quadro 6 Modelo de Demonstração dos Lucros ou Prejuízos Acumulados Demonstração dos Lucros ou Prejuízos Acumulados 1 Saldo no início do período 2 Alterações ocorridas no período 21 Aumento diminuição de capital 22 Demais alterações 3 Ajustes de exercícios anteriores 4 Saldo ajustado 5 Reversão de reservas de lucro 6 Lucro ou prejuízo do exercício 7 Saldo à disposição 8 Proposição para destinação dos lucros 9 Reservas 10 Dividendos 11 Saldo do final do exercício Fonte MARION 2015 Adaptado 63 Principais indicadores financeiros Em todas as análises os dados são retirados das demonstrações elaboradas pela con tabilidade Para analisar a situação financeira da empresa são utilizados os indicadores de liquidez que medem a capacidade da empresa para saldar suas obrigações financeiras a partir da comparação entre os direitos realizáveis e as exigibilidades Tais indicadores de vem ser calculados para vários anos para que se adquira uma perspectiva histórica A coleta dos dados para fazer essa análise é feita no Balanço Patrimonial Analisar a rentabilidade revela aspectos econômicos por mensurar a capacidade de geração de resultados pela em presa A coleta de dados para essa análise é feita tanto no Balanço Patrimonial quanto na Demonstração de Resultado do Exercício Na estrutura de capital de uma empresa os indicadores são utilizados basicamente para aferir a composição a estrutura das suas fontes passivas de recursos Ilustram quanto de recursos próprios patrimônio líquido e de recursos de terceiros passivos são utilizados para financiar os ativos totais da empresa Os capitais são representados pelas aplicações de curto e longo prazo efetuadas por proprietários ou terceiros respectivamente onerosos quando existe um custo de captação e não onerosos sem custo de captação São compostos pelos seguintes indicadores liquidez endividamento rentabilidade Avaliação de empresas para definir limites de crédito 6 Gestão de Riscos Operações de Crédito 90 631 Indicadores de liquidez Os indicadores de liquidez favorecem a análise da capacidade de a empresa pagar suas dívidas São eles Liquidez Corrente Liquidez Geral Liquidez Seca Liquidez Imediata Onde Liquidez Corrente LC Indica o quanto a empresa possui em dinheiro bens e direitos no curto prazo em com paração com as dívidas a serem pagas também no curto prazo Esse quociente determina quanto a empresa tem em valores circulantes para cada R 100 de dívidas Quanto maior for o quociente de liquidez corrente melhor será a situação financeira da empresa Ativo Circulante Passivo Circulante Liquidez Corrente Se o índice encontrado for igual a R 100 é possível afirmar que a empresa possui recursos suficientes para pagar as suas dívidas de curto prazo Se o índice encontrado for superior a R 100 a empresa se encontra em uma situação em que não somente consegue pagar as suas dívidas como também sobram recursos Assim é possível verificar o Ativo Circulante superior ao Passivo Circulante Liquidez Geral LG O indicador de Liquidez Geral mostra o quanto a empresa possui em dinheiro tanto no curto quanto no longo prazo para liquidar suas dívidas totais Determinase quanto a empresa possui de ativos para cada R 100 de passivos Quanto maior for o quociente de liquidez geral melhor é a situação da empresa Ativo Circulante Ativo realizável a longo prazo Passivo Circulante Exigível a longo prazo Liquidez Geral É importante destacar que tal análise deve ser feita levando em consideração vários períodos assim é possível perceber que o índice encontrado está em evolução melhorando ou piorando com o tempo Quando possível é fundamental também comparar os índices encontrados com o índice médio do mercado em que a empresa analisada está inserida Liquidez Seca LS O indicador de Liquidez Seca não considera os estoques em sua análise Esse indicador supõe que os estoques são necessários para a atividade da empresa e constituem uma espé cie de investimento permanente no Ativo Circulante Determina quanto a empresa tem em Avaliação de empresas para definir limites de crédito Gestão de Riscos Operações de Crédito 6 91 valores circulantes reduzido o valor do estoque para cada R 100 de dívidas Quanto maior for o quociente de Liquidez Seca melhor é a situação da empresa Ativo Circulante Estoque Passivo Circulante Liquidez Seca Liquidez Imediata LI O indicador de Liquidez Imediata representa a porcentagem das dívidas a curto prazo em condições de serem liquidadas imediatamente É obtido mediante a divisão dos valores disponíveis de imediato caixa e bancos pelo valor do Passivo Circulante Esse quociente determina quanto a empresa tem de disponibilidades para saldar imediatamente cada R 100 de dívidas Esse quociente tem pouca relevância pois as empresas não mantêm ele vados valores em caixa em detrimento de aplicações na própria atividade Dessa maneira diferentemente dos demais quocientes de liquidez em que quanto maior for o quociente melhor é a situação da empresa o quociente de Liquidez Imediata se elevado pode repre sentar ociosidade de recursos financeiros Liquidez Imediata Disponibilidades Passivo Circulante Veja um exemplo com esses indicadores Com esse Balanço Patrimonial utilizado como exemplo é possível calcular todos os indicadores de liquidez Quadro 7 Exemplo de Balanço Patrimonial ATIVO 311216 PASSIVO 311216 Circulante 20000 Circulante 19000 Caixa e bancos 3000 Fornecedores 9000 Clientes a receber 5000 Empréstimos 4000 Estoques 12000 Impostos 6000 Não Circulante 56000 Não Circulante 30000 Real A longo prazo 23000 Empréstimos 30000 Imobilizado 33000 PL 27000 Capital social 20000 Res de lucro 7000 ATIVO TOTAL 76000 PASSIVO TOTAL 76000 Fonte Elaborado pelo autor Liquidez Geral AC Ativo realizável a longo prazo Passivo Circulante Exigível a longo prazo Liquidez geral 43000 49000 088 Avaliação de empresas para definir limites de crédito 6 Gestão de Riscos Operações de Crédito 92 Para o cálculo da Liquidez Geral temse 20 mil que é o valor do Ativo Circulante mais 23 mil que é o Ativo realizável no longo prazo sendo dividido pela soma do Passivo Circulante e Passivo Não Circulante que é 19 mil mais 30 mil Dessa forma o resultado é 088 Isso significa que para cada 1 real que a empresa tem de dívidas no curto e longo pra zos ela possui 88 centavos para pagar Liquidez Corrente Ativo Circulante Passivo Circulante Liquidez Corrente 20000 19000 105 No cálculo da Liquidez Corrente temse 20 mil divididos por 19 mil sendo igual a 105 Isso significa que para cada 1 real que a empresa tem de dívidas no curto prazo ela possui 105 para pagar Liquidez Seca Ativo Circulante Estoques Passivo Circulante Liquidez Seca 20000 12000 19000 042 A Liquidez Seca é calculada com o valor do Ativo Circulante descontandose os esto ques e dividido pelo valor do Passivo Circulante Esse cálculo dá um valor de quarenta e dois centavos Isso significa que a empresa possui 42 centavos para cada 1 real de dívidas no curto prazo Liquidez Imediata Disponível Passivo Circulante Liquidez Imediata 3000 19000 016 E por fim o indicador de Liquidez Imediata mostra que a empresa tem 16 centavos em caixa e bancos para cada 1 real de dívida para pagar suas dívidas no curto prazo 632 Indicadores de endividamento A estrutura de capital ou estrutura patrimonial é a combinação de todas as fontes de financiamento dívidas ou capital próprio utilizados pela empresa Capital é o total de re cursos próprios ou de terceiros que financiam as necessidades de longo prazo da empresa Os indicadores desse grupo mostram as grandes linhas de decisões financeiras Em termos de obtenção e aplicação de recursos os principais são participação de capitais de terceiros composição do endividamento endividamento geral 6321 Participação de capitais de terceiros sobre o capital próprio O indicador de capital de terceiros evidencia a participação de capitais de terceiros so bre o capital próprio e indica se os recursos provenientes de terceiros superam os recursos próprios Também indica o quanto a empresa tomou de capitais de terceiros para cada 100 Avaliação de empresas para definir limites de crédito Gestão de Riscos Operações de Crédito 6 93 de capital próprio investido Ou ainda o percentual de capital de terceiros em relação ao Patrimônio Líquido Capitais de terceiros Patrimônio Líquido PCT Utilizando dados contidos no modelo de balanço temse os seguintes resultados 19 mil mais 30 mil dividido por 27 mil Obtendo um valor de 181 que multiplicado por 100 dá 181 Este valor de 181 informa que para cada 100 reais que empresa possui ela tem 181 reais de dívidas tanto no curto como no longo prazo 6322 Composição do Endividamento CE O indicador de composição do endividamento representa a relação das exigibilidades e tem como objetivo identificar que percentual de dívidas da empresa é de curto prazo As dívidas de curto prazo são utilizadas normalmente para financiar o Ativo Circulante e as de longo prazo para financiar o Ativo Não Circulante Com a análise da composição do endi vidamento é possível responder algumas questões como qual é o percentual de obrigações de curto prazo em relação às obrigações totais Ou ainda quanto da dívida deverá ser paga no curto prazo Passivo Circulante Capitais de terceiros CE Utilizando os dados do balanço apresentado temos os seguintes resultados Para calcu lar a composição do endividamento pegase o valor do Passivo Circulante e dividese pelo valor total de capitais de terceiros ou seja a soma do Passivo Circulante e Não Circulante Dessa forma temse 19 mil divididos pela soma de 19 mil mais 30 mil O valor de 039 é multiplicado por cem para se ter o valor em percentual de 39 Isso significa que do total de dívidas da empresa 39 são de curto prazo 6323 Endividamento geral EG O Endividamento Geral é o indicador que revela a participação do capital de terceiros sobre o total de recursos próprios e de terceiros É mais utilizado na análise da estrutura patrimonial e expressa a porcentagem que o endividamento representa sobre todas as fontes de recursos Endividamento é uma situação oposta à liquidez Se o resultado for superior a 50 indica que a empresa utiliza mais capital de terceiros do que capital próprio e de acordo com Gitman 2004 p 51 quanto mais alto for o valor desse índice maior o grau de endividamento da empresa e mais elevado seu grau de alavancagem financeira Capitais de terceiros Patrimônio Líquido Endividamento Geral Avaliação de empresas para definir limites de crédito 6 Gestão de Riscos Operações de Crédito 94 Para calcular esse indicador utilizando os dados do Balanço Patrimonial temse 19 mil mais 30 mil divididos por 27 mil Obtémse um valor de 181 que multiplicado por 100 dá 181 Esse valor de 181 informa que para cada 100 reais que empresa possui ela tem 181 de dívidas tanto no curto como no longo prazo 633 Indicadores de rentabilidade Esse grupo de índices pode apontar quão rentável é a atividade da empresa Os princi pais indicadores são retorno sobre o ativos ROA retorno sobre o patrimônio líquido ROE 6331 Retorno Sobre os Ativos RSA ou ROA A rentabilidade do ativo Return on Assets total indica quanto a empresa obtém de lucro para cada 100 de investimento total Evidencia o potencial de geração de lucros pela em presa considerando os valores investidos Também conhecido pela literatura como retorno sobre investimentos rentabilidade dos investimentos poder de ganho da empresa É obtido dividindose o lucro líquido do período pelo valor do Ativo Total Médio Lucro Líquido Ativo Total médio ROI 6332 Retorno sobre o Patrimônio Líquido RSPL ou ROE A rentabilidade do Patrimônio Líquido mede a capacidade de a empresa gerar retorno indicando quanto obtém de lucro para cada R 100 de capital próprio Na literatura inter nacional denominase ROE Return on Equity É a taxa de retorno dos acionistas e mede o desempenho do lucro em relação ao capital próprio É obtido por meio da divisão do Lucro Líquido pelo Patrimônio Líquido Médio Lucro Líquido Patrimônio Líquido Médio ROE Ampliando seus conhecimentos O desempenho de uma organização pode ser mensurado de diversas formas por meio de informações financeiras contábeis dados não finan ceiros entre outros Essa análise ganha ainda mais importância quando serve de base para um processo de aprovação de crédito Avaliação de empresas para definir limites de crédito Gestão de Riscos Operações de Crédito 6 95 Mensuração do desempenho organizacional CRUZ ANDRICH MUGNAINI 2010 Mas como mensurar o desempenho organizacional Para responder a esta pergunta é necessário que tenhamos o pleno entendimento da complexi dade da mensuração de desempenho nas organizações levando em consi deração a demonstração de algumas das principais abordagens existentes Para começar é importante lembrar que nenhuma medida de desem penho pode ser considerada plena e completa para servir a urna análise estratégica Sendo assim é necessário o pleno entendimento de cada uma das abordagens que em conjunto podem acrescentar de forma mais con sistente relações sobre formas estratégicas de desempenho Partindo deste pressuposto um possível conceito para desempenho é o resultado da comparação entre o valor criado pela organização e o valor esperado pelos acionistas Se o resultado for satisfatório os recur sos continuarão disponíveis caso contrário os acionistas poderão pro curar formas alternativas de retorno Assim há três possibilidades de desempenho desempenho normal o resultado é equivalente ao espe rado superior o resultado é superior ao esperado e inferior resultado abaixo do esperado Atividades 1 Qual a importância das demonstrações contábeis para a análise da situação econô mica e financeira das empresas 2 As demonstrações contábeis são uma importante fonte de informações Como as informações contidas nessas demonstrações financeiras podem auxiliar na tomada de decisões durante o processo de análise de crédito 3 Dentre os principais índices financeiros que podem ser extraídos das demonstrações contábeis quais são aqueles que podem passar informações sobre o poder de paga mento da empresa Como essas informações podem ser utilizadas pelo analista de crédito para tomada de decisão Avaliação de empresas para definir limites de crédito 6 Gestão de Riscos Operações de Crédito 96 Referências CRUZ June Alisson Westarb ANDRICH Emir Guimarães MUGNAINI Alexandre Análise das de monstrações financeiras teoria e prática Curitiba Juruá 2010 GITMAN L J Princípios da administração financeira 10 ed São Paulo Pearson Addison Wesley 2004 ROSA Luiz Itamar AZZOLIN José Laudelino SOARES Juliano Lima Análise de crédito e cobran ça Curitiba Universidade Positivo 2015 MARION José Carlos Contabilidade básica 11 ed São Paulo Atlas 2015 MARION José Carlos Contabilidade Empresarial 17 ed São Paulo Atlas2015 MORANTE Antonio Salvador Análise das demonstrações financeiras aspectos contábeis da de monstração de resultado e do balanço patrimonial 2 ed São Paulo Atlas 2009 Resolução 1 O lucro é sem dúvida o principal indicador de desempenho de uma empresa É pos sível avaliar com profundidade se o lucro obtido por uma determinada empresa está ou não dentro das expectativas dos sócios e se esse lucro é sustentável Essa e muitas outras informações financeiras são encontradas nas demonstrações contábeis 2 As demonstrações contábeis o Balanço Patrimonial e DRE possuem informações que permitem o cálculo dos indicadores de rentabilidade liquidez endividamento possibilitando uma análise global da empresa em um ou mais períodos 3 Os índices de liquidez são capazes de indicar a capacidade de pagamento de uma empresa ao se comparar seus ativos com as suas dívidas Tais informações indica ram se a empresa tem ou não capacidade de honrar compromissos assumidos Gestão de Riscos Operações de Crédito 97 7 Avaliação de pessoas físicas para definir limites de crédito Com a leitura deste capítulo será possível entender a estrutura necessária à aná lise de crédito de pessoas físicas e os seus principais mecanismos para levantamento de informações necessárias à construção de parâmetros e indicadores que auxiliarão na tomada de decisões Esperase que ao final do capítulo o leitor possa reconhecer as principais ferramentas para a análise de crédito de pessoas físicas Avaliação de pessoas físicas para definir limites de crédito 7 Gestão de Riscos Operações de Crédito 98 71 Análise de crédito de pessoas físicas O processo de concessão de crédito se inicia quando pessoas físicas buscam empresas para adquirir produtos e serviços que satisfaçam seus desejos e necessidades Para entender a diferença entre desejo e necessidade pense na seguinte situação Em muitos momentos uma pessoa consegue satisfazer suas necessidades mas nem sempre seus desejos são sa ciados A publicidade e a propaganda são ferramentas importantes nesse processo e sem dúvida impulsionam o consumo pois diversos anúncios incitam as compras O consumo necessita muitas vezes do crédito ora porque o consumidor não dispõe dos recursos neces sários para efetuar a compra à vista do objeto desejado ora devido a condições favoráveis de financiamento Existem inúmeras possibilidades de crédito linhas específicas para pessoas físicas como o crédito imobiliário cheque especial crédito direto ao consumidor crédito pessoal crédito estudantil empréstimos consignados etc Cada uma dessas possibilidades existe para que as pessoas possam ter acesso a bens e serviços que normalmente não conseguiriam com os seus recursos disponíveis No entanto não se pode esquecer que essas operações são possíveis pela existência do poupador agente superavitário ou seja pessoas físicas e jurídicas que por meio de bancos e instituições financeiras financiam operações em contra partida de um retorno financeiro oferecido pelo banco pelo depósito desses valores Existem também algumas empresas que fazem a concessão de crédito por crediários próprios porém é importante dizer que precisam abrir ou ter uma instituição financeira para realizar operações com juros Nesse caso quem é o agente superavitário é a própria em presa que cede capital a essa instituição financeira agindo como intermediária na operação E se por um lado existem pessoas interessadas em poupar e receber juros do outro lado existem pessoas precisando desses recursos Como visto anteriormente um elemento fundamental nesse processo é a análise de crédito responsável por reduzir os riscos envolvidos nessas operações Nesse processo de concessão de crédito a pessoas físicas é importante que se mantenha a carteira de crédito dentro de um índice de inadimplência aceitável ou seja dentro das expectativas do tipo de negócio e do mercado Compreender a capacidade de pagamento de uma pessoa é antecipar futuros proble mas de recebimento o que acaba sendo até muito mais complexo do que comercializar um produto ou serviço Isso exige entender os fatos que levam ao não pagamento levando em consideração que existem perfis distintos dentro de uma infinidade de possibilidades e tipos de clientes Outro aspecto importante dentro dessa análise é compreender a evolução do tomador de recursos Analisar como foi o seu comportamento ao longo de um determina do período enumerando e identificando suas características e a partir desse estudo mais aprofundado entender de que maneira uma liberação maior ou menor de crédito poderá ser concedida fazendo ajustes do empréstimo de recursos à capacidade atual de pagamento do cliente Avaliação de pessoas físicas para definir limites de crédito Gestão de Riscos Operações de Crédito 7 99 É fundamental perceber também que dentre os vários fatores determinantes da con cessão de crédito a uma pessoa física elementos conjunturais precisam ser avaliados Sendo assim observar aspectos macroeconômicos é de suma importância para reduzir riscos ga rantindo o retorno dos recursos emprestados Dentro de todos esses aspectos uma análise eficiente necessariamente terá que analisar o momento do mercado e da economia dando condições para uma tomada de decisão assertiva As empresas têm investido cada vez mais em tecnologia de informação para construir premissas corretas e criar condições para reduzir risco nos processos de concessão de crédi to Essas soluções se baseiam muito em dados estatísticos que uma vez levantados correta mente podem aumentar o desempenho de quem concede o crédito Na avaliação da concessão de crédito para as pessoas físicas podem ser utilizados os Cs do crédito como a estatística ou julgamental ou ambos A análise estatística pode ser usada quando se tem um número grande de pessoas solicitando um crédito de pequeno valor as decisões precisam ser rápidas e com adequado nível de segurança Esses pequenos créditos concedidos geram pequenas receitas pequenos ganhos e seu retorno às vezes pode ser me nor do que o custo de utilização da técnica julgamental O credit scoring assim como o behavior scoring são fortes aliados nesse processo O pri meiro é fundamental pois atribuir pontuação às mais diferentes variáveis apontadas em uma análise de crédito faz com que a empresa valorize pontos que foram sinalizados por estudos estatísticos como os mais relevantes O credit scoring é um método estatístico utili zado para analisar uma base de clientes grande Outro ponto importante é o behavior scoring que leva em consideração o comportamen to do cliente ao longo de um determinado tempo analisando de que maneira ele se relaciona com a empresa assim como o seu perfil de consumo e pagamento 72 Parâmetros para estabelecer limites de crédito a pessoas físicas Dentro do contexto da análise de crédito primeiro precisa se definir quais são os parâ metros mínimos para que um cliente seja considerado um bom pagador para ter seu finan ciamento aprovado assim como aquelas características que são entendidas como desfavo ráveis para o crédito Os parâmetros devem ser estabelecidos de acordo com a política de crédito da empresa que irá conceder o crédito em outras palavras nas diretrizes adotadas ao conceder esses créditos a terceiros Tais parâmetros balizam uma série de outros elemen tos que juntos tentam trazer equilíbrio financeiro para a empresa Uma empresa que consegue estipular bons parâmetros corre menos riscos ao liberar crédito É evidente que risco zero não existe pois por mais eficientes e cuidadosas que sejam as análises em algum momento seus critérios acabam por aprovar alguns clientes propen sos a virar inadimplentes Entretanto se essa inadimplência for pequena e bem administra da não trará danos à saúde financeira da instituição que a aprova Avaliação de pessoas físicas para definir limites de crédito 7 Gestão de Riscos Operações de Crédito 100 Esses parâmetros servirão como base para as etapas apresentadas a seguir e que repre sentam os processos existentes dentro da análise de crédito para pessoas físicas Tal processo é amplamente utilizado sendo uma realidade na grande maioria das empresas que conce dem crédito Figura 1 Etapas do processo de avaliação de crédito Etapa 1 Solicitação de crédito Etapa 2 Cadastro Etapa 3 Análise Credit Scoring e behaviour Scoring Etapa 4 Liberação ou recusa do crédito Fonte Elaborada pelo autor Para que o processo funcione de maneira adequada a empresa precisa estipular parâ metros que possam ir ao encontro das suas expectativas Assim para determinada empresa que concede crédito clientes com alto nível de escolaridade merecem uma pontuação maior no seu credit score Dentro dessa busca e construção dos parâmetros para concessão de cré dito é importante salientar que as empresas devem observar todos os aspectos que podem influenciar na inadimplência direta ou indiretamente Os aspectos do processo de concessão de crédito são análise cadastral análise de idoneidade análise financeira análise de relacionamento análise dos fatores externos análise de negócios 721 Análise cadastral Todo o processo de análise de crédito inicia inevitavelmente com um cadastro Sendo assim é de suma importância que se faça um cadastro que possa levantar as informações que de fato são importantes para a empresa É comum perceber que muitas empresas não tomam os cuidados necessários em relação a esse quesito pois ao construir um cadastro colocam elementos que não trazem informações importantes Por outro lado o cliente que Avaliação de pessoas físicas para definir limites de crédito Gestão de Riscos Operações de Crédito 7 101 está fornecendo os dados além do crédito necessita que o processo seja eficiente de tal ma neira que não provoque embaraços O cadastro deve ser sucinto de modo a favorecer a rapidez e fluidez das informações que estão sendo coletadas A análise será feita com base no que foi levantado assim a em presa poderá construir os parâmetros que indicam o que é esperado e aceitável Para algu mas empresas é importante saber há quanto tempo o cliente mora na mesma residência mas para outras essa pode ser uma informação irrelevante dentro do processo Para melhor ilustrar segue a seguir um exemplo de ficha cadastral bancária dentre tan tos existentes utilizada nos processos de concessão de crédito 722 Análise de idoneidade Por meio do acesso aos órgãos de proteção ao crédito bem como à base de dados comparti lhada entre empresas de um mesmo setor é possível levantar o perfil de um determinado cliente em relação aos créditos recebidos e que estão relacionados a empréstimos financiamentos etc Fazer uma varredura junto à base de dados desses órgãos é importante para que se possa avaliar o perfil e perceber se este está ou não dentro do esperado para um cliente Algumas empresas são mais conservadoras que outras então a qualquer sinal que aponte um risco por menor que seja a empresa utilizar a prerrogativa de recusar a solicita ção de crédito Por sua vez outras empresas são mais suscetíveis a conceder crédito mesmo que o cliente tenha um histórico menos favorável Não existe uma regra única para a concessão de crédito porém cada empresa deve ali nhar a sua política de concessão de credito fazendo com que esta favoreça as suas vendas sem comprometer sua sustentabilidade financeira 723 Análise financeira Tão importante quanto as demais etapas avaliar as condições financeiras de um cliente é fundamental para perceber o seu poder de pagamento avaliando assim o risco envolvido na operação A empresa deve estipular parâmetros que lhe dê condições de estabelecer qual crédito é mais adequado ou até mesmo recusar a concessão de crédito Para tal a empresa levanta informações sobre a renda do cliente é possui outros rendimentos bem como quais são os seus gastos mensais Dessa forma é possível avaliar a atual situação financeira do cliente e se este pode ou não assumir novas dívidas de acordo com os parâmetros estipulados 724 Análise de relacionamento Para fazer uma análise de crédito adequada é importante levantar de que forma esse cliente se relaciona com a empresa Apurar o seu histórico de crédito e pagamento é sem dúvida um elemento importante sendo responsabilidade da empresa verificar se eventuais atrasos são ou não fatores a serem considerados como impeditivos Avaliação de pessoas físicas para definir limites de crédito 7 Gestão de Riscos Operações de Crédito 102 725 Análise dos fatores externos A empresa pode também criar parâmetros relacionados a fatores externos e que muitas vezes não estão sobre o controle do cliente como taxa de desemprego inflação crescimento do país Fatores como esses podem apontar para um cenário que indique que o cliente po deria ter dificuldades para honrar seus compromissos Salientase que é importante utilizar uma boa ferramenta um software que dê condições à empresa de não somente possuir tais dados como também de utilizálos de tal forma que facilitem a tomada de decisão relacio nada ao crédito 726 Análise de negócios Quando quem busca o crédito é uma pessoa física ou sócio de uma empresa é impor tante que se faça uma análise criteriosa de ambos empresa e sócio e que se criem parâme tros para avaliar até que ponto eventuais dificuldades financeiras da empresa podem ser aceitas mesmo que quem esteja solicitando o crédito seja uma pessoa física 73 Principais indicadores financeiros O papel dos indicadores financeiros é sinalizar e alertar os tomadores de decisão sobre um ponto específico que mereça atenção especial ou que os auxiliem a conduzir a operação dentro de parâmetros préestabelecidos Existem inúmeros indicadores que podem ser utilizados para auxiliar nos processos de análise de crédito O importante é entender quais podem ser mais importantes para cada tipo de negócio Quando se fala em análise de risco e crédito um termo bastante utilizado é o rating que nada mais é do que uma classificação utilizada para pessoas físicas e jurídicas Segundo uma escala é avaliada a capacidade de pagamento de compromissos acordados dentro de prazos préestabelecidos O termo é muito conhecido principalmente por sua utilização para ava liar países e empresas apontando aqueles que oferecem um maior risco bem como aqueles que apresentam um risco menor Para que serve o rating afinal O rating é bastante utilizado em processos de análise de crédito e ajuda a apontar a melhor decisão em relação à solicitação feita pelo cliente seja essa solicitação qual for como por exemplo um empréstimo pessoal um financiamento de veículo imóvel equipamento ou limite de cheque especial Em suma o rating funciona como uma opinião que ilustra a capacidade futura de pagamento dos devedores pessoas físicas e jurídicas dentro das condições estipuladas prazos pagamento do principal e dos juros Portanto é de suma importância um bom acompanhamento e monitoramento da ca pacidade de pagamento do cliente Tais medidas auxiliam os emprestadores de recursos na prevenção de perdas Para que esse processo tenha sucesso é essencial a construção de mecanismos que possam fornecer informações confiáveis Blatt 1999 argumenta que as Avaliação de pessoas físicas para definir limites de crédito Gestão de Riscos Operações de Crédito 7 103 informações confiáveis são fatores determinantes para o sucesso da concessão de crédito Essas informações podem ser acessadas de diversas formas as financeiras principalmente pois são fonte fundamental para que se possa avaliar os riscos que um determinado cliente apresenta A seguir são apresentadas algumas das principais fontes de informações utiliza das para comprovar os rendimentos de uma pessoa física Essas informações são essenciais pois a renda vai esclarecer qual a capacidade de pagamento do cliente Evidentemente ou tros dados precisam ser levantados para compreender até que ponto essa renda comprova da está ou não comprometida São comprovante de rendimentos Declaração do Imposto de Renda o governo federal por meio da receita federal define quais são as pessoas obrigadas a fazer a declaração do imposto de renda Nessa declaração consta não somente os rendimentos anuais de uma pessoa física como os elementos que compõem o seu patrimônio A declaração do imposto de renda é um dos documentos oficiais que esclarece informações sobre as finanças de uma pessoa física e pode ser utilizada como comprovante de rendimentos e patrimônio Importante ressaltar que se fazem necessárias ressalvas à medida que a declaração informa os dados que foram transmitidos e que podem ser retifica dos assim o credor deve criar mecanismos para comprovar que tais informações condizem com a verdade Carteira de trabalho pode ser solicitada em um processo de análise de crédito como um documento onde consta informação não somente sobre os rendimentos como também o tempo em que o funcionário trabalha na empresa No entanto algumas informações complementares podem se fazer necessárias à medida que o valor em carteira não corresponda com a realidade como no caso de profissionais que atuam no setor comercial e que ganham comissão de vendas Muitas vezes se fazem necessários documentos que complementem as informações contidas na carteira de trabalho como o holerite HoleriteContracheque tratase de um comprovante de renda que informa o salário do funcionário especificando o seu cargo dentro da empresa a data de contratação e todos os valores que compõem o seu salário como adicionais grati ficações descontos etc É comum que as empresas que concedem crédito solicitem os holerites dos últimos meses o que pode variar de acordo com a abrangência do que está sendo solicitado A ressalva nesse ponto é criar medidas para que se possa comprovar que o que está sendo apresentado de fato é verdadeiro A análise de crédito precisa construir padrões de segurança e mecanismos para evitar que ações de falsificações tenham êxito e uma maneira eficiente é entrar em contato com o departamento de Recursos Humanos da empresa para efetuar confirmações ou cruzar com outras bases de dados internas e de outros órgãos governamentais e de captura de dados para apurar que o cliente de fato trabalha na empresa indicada no holerite e que os valores ali informados correspondem com a verdade Decore a sigla significa Declaração Comprobatória de Percepção de Rendimentos É muito utilizada pelos profissionais que têm dificuldade de comprovar renda Avaliação de pessoas físicas para definir limites de crédito 7 Gestão de Riscos Operações de Crédito 104 para esses casos a pessoa procura o seu contador que normalmente solicita documentos como extratos bancários declaração do imposto de renda entre ou tros documentos que possam ajudar na construção dessa declaração Ela obriga toriamente deve ser redigida por um contador devidamente habilitado junto ao Conselho Regional de Contabilidade É importante esclarecer que assim como os demais documentos informados até aqui nesta seção esse é um documento que precisa ser avaliado sempre com muito cuidado para que se possa ter a máxima certeza de que as informações contidas correspondem de fato com a realidade Extrato Bancário pode ser utilizado durante a análise de crédito como um docu mento acessório Normalmente os credores não utilizam o extrato bancário como único comprovante de renda mas naqueles casos em que o cliente tem dificulda des de comprovar seus rendimentos em virtude da sua atuação profissional fato bastante comum no Brasil que tem muitos trabalhadores na informalidade ou seja sem nenhum registro empregatício ou que possa esclarecer os seus rendi mentos O extrato bancário pode apontar a movimentação bancária do cliente de tal maneira que auxilia como fonte de informações Cabe aqui ressaltar essa uti lização acessória pelo fato de que em determinadas situações a movimentação comprovada em um extrato bancário pode dizer respeito a fatos isolados e que não representam um fluxo contínuo de renda advinda de uma atividade profissional Levantar a renda de quem busca o crédito é de suma importância mas não menos im portante para que se possa construir indicadores financeiros de uma pessoa física é apontar quais são as despesas da pessoa Tais fatos podem ser levantados com a construção de um bom cadastro assim é possível verificar dados como número de filhos estado civil ocupa ção do esposoa etc O cruzamento da receita com as despesas assim como um apontamento correto do histórico do cliente não somente nas operações feitas em uma empresa mas nas demais empresas onde elea possui relacionamento comercial é essencial para traçar indicadores que levem à tomada de decisão eficiente sobre o aceite ou recusa do crédito como também no estabelecimento de limites Ampliando seus conhecimentos A seguir leia o trecho de uma matéria interessante feita pelo SPC que aponta uma realidade bem brasileira o empréstimo do nome para dívidas de terceiros Com a melhoria do acesso à informação pela população esse assunto se tornou muito conhecido mas ainda assim pessoas emprestam seus nomes para ajudar os outros e acabam tendo sérios problemas Avaliação de pessoas físicas para definir limites de crédito Gestão de Riscos Operações de Crédito 7 105 70 dos consumidores não tomam qualquer garantia quando emprestam o nome diz SPC Brasil SPC 2013 Especialistas do SPC recomendam ao consumidor tomar uma série de cui dados para não se comprometer com dívidas alheias O maior risco é cair na inadimplência Seu nome é o seu maior patrimônio A frase é dita por muitos mas nem todos tomam o devido cuidado na hora de preservar esse bem Uma pes quisa nacional realizada pelo Serviço de Proteção ao Crédito SPC Brasil e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas CNDL com con sumidores inadimplentes e adimplentes descobriu que sete em cada dez entrevistados não se previnem quando emprestam o próprio nome para que terceiros realizem compras De acordo com o levantamento a incidência é ainda maior entre os con sumidores inadimplentes Pelo menos 20 dos inadimplentes admitem ter o costume de emprestar o próprio nome a terceiros e dentre esse per centual 96 reconhecem que não se resguardam contra eventuais riscos de calote uso indevido do nome ou a possibilidade de ficar com o nome sujo Apenas 2 afirmaram que elaboram um contrato com o solicitante 2 ficam com um cheque prédatado e menos de 1 fazem uma nota promissória Atividades 1 Quais os cuidados a serem tomados ao analisar o crédito de uma pessoa física 2 Como avaliar a idoneidade de uma pessoa física pode de fato reduzir os riscos na concessão de crédito 3 Qual a importância da construção de um cadastro adequado Referências BANCO VIPAL Ficha cadastral Disponível em httpwwwbancovipalcombrprodutoseservi cosemprestimogarantidofichacadastral Acesso em 11 fev 2017 BLATT Adriano Avaliação de risco e decisão de crédito um enfoque prático São Paulo Nobel 1999 Avaliação de pessoas físicas para definir limites de crédito 7 Gestão de Riscos Operações de Crédito 106 CRUZ June Alisson Westarb ANDRICH Emir Guimarães MUGNAINI Alexandre Análise das de monstrações financeiras teoria e prática Curitiba Juruá 2010 MICHAELIS Dicionário da língua portuguesa Disponível em httpmichaelisuolcombrbus car0ftpalavracrc389dito Acesso em 12 fev 2017 SPC Serviço de Proteção ao Crédito Disponível em httpswwwspcbrasilorgbrpesquisaspesqui sa882 Acesso em 12 fev 2017 Resolução 1 É fundamental ter uma confiável base de dados que possa trazer informações ver dadeiras e atualizadas sobre o perfil do cliente Dessa forma é possível determinar a sua capacidade de pagamento Importante também é o correto levantamento das informações do cadastro bem elaborado da verificação das informações apresenta das pelo cliente entre outros 2 Avaliar a idoneidade por meio do acesso à base de dados dos órgãos de proteção ao crédito ou à informações contidas dentro do sistema de informação da empresa que está concedendo o crédito é importante à medida que tais informações podem construir um perfil do cliente que está solicitando o crédito Esse perfil descreve se o cliente é bom ou mau pagador se tem histórico de atrasos etc Dessa forma é possível mapear o risco existente em cada operação de concessão de crédito 3 Uma boa análise de crédito se inicia com a construção de um bom cadastro que seja capaz de levantar de maneira sucinta e eficiente as informações mais importantes sobre o cliente Gestão de Riscos Operações de Crédito 107 8 Política de crédito Neste capítulo será possível compreender os conceitos básicos de política de cré dito e de que maneira eles poderão ser utilizados para atingir os objetivos traçados pelo planejamento estratégico das empresas Será possível também reconhecer os principais tipos de políticas de crédito bem como os benefícios trazidos pelo seu uso estratégico Política de crédito 8 Gestão de Riscos Operações de Crédito 108 81 Conceitos iniciais O processo de concessão de crédito e análise de risco requer uma série de ações que em conjunto tornam mais seguro o empréstimo de recursos a terceiros No entanto são muitos os fatores a serem analisados e levados em consideração As empresas competem de manei ra acirrada com os seus concorrentes tentando oferecer sempre as melhores condições seja na qualidade dos produtos e serviços seja no atendimento ao cliente Fatores econômicos em geral exigem cautela no que se refere à concessão de crédito em virtude dos riscos oferecidos mas ao mesmo tempo as empresas precisam alavancar as suas vendas Criar condições favoráveis como preço e prazo adequados é fundamental à construção de uma política para concessão desses créditos Ou seja as empresas necessitam formatar os procedimentos necessários para concessão de crédito de tal modo que possam favorecer as vendas sem elevar os riscos no negócio Para os diversos tipos de empresas existem diferentes situações referentes à concessão de crédito pois são muitos os cenários e as possibilidades Todavia é possível perceber quais são os cuidados a serem tomados quando se pretende formular uma política de crédi to Silva 1997 p 103 argumenta que políticas em administração de empresas são instru mentos que determinam padrões de decisões para resoluções de problemas semelhantes Nesse contexto é preciso entender que a política de crédito deve ser utilizada como um norteador àqueles que tomam as decisões relacionadas à análise de crédito e tais decisões devem estar alinhadas com as expectativas e os planos da empresa que concede o crédito pois dessa maneira esse instrumento servirá como meio de redução de risco Ainda para Silva 1997 é possível definir política de crédito como um guia para decisão de crédito porém não é a decisão o regente do processo de concessão de crédito porém não concede o crédito um orientador para concessão de crédito para o objetivo desejado mas não é ob jetivo em si Essas definições apontam todas para um mesmo caminho o do entendimento da po lítica de crédito como um direcionador um orientador para a tomada de decisão Nesse sentido Mueller 1990 afirma que a política de crédito é a base o que sustenta e orienta a cultura e a consciência de crédito Dessa forma é possível compreender que a construção de tal mecanismo independentemente do tipo de empresa e do seu ramo ou porte é funda mental para que se tenham decisões seguras ao final do processo Essa mesma reflexão é adotada por Paiva 1997 p 17 quando afirma que a definição e a manutenção de uma política de crédito têm como objetivo orientar todos os envolvidos de forma direta e indireta nas decisões de aplicação dos ativos Além disso a política de crédito é vista como normas e princípios a serem seguidos e com base em premissas instituídas as decisões são tomadas Além de entender a política de crédito também é importante compreender seu papel no planejamento estratégico de uma empresa Toda empresa deve ter de forma clara o seu Política de crédito Gestão de Riscos Operações de Crédito 8 109 planejamento traçado em espaço de tempo que favoreça o atingimento de metas preestabe lecidas pela gestão Assim empresas que concedem crédito aos seus clientes seja na forma de empréstimo de recursos financeiros por meio de financeiras e bancos seja na venda a prazo de mer cadorias e serviços precisam instituir uma política de crédito para definir de que maneira será feita a concessão quais os mecanismos a serem utilizados ou ainda quais os agentes internos que terão autonomia para a liberação dos recursos a serem emprestados Outros elementos podem ser observados como a sensibilidade ao risco o valor a ser concedido mediante o volume de vendas à vista assim como a normatização de todo esse processo para que se possa ter de maneira clara os procedimentos adotados pela empresa em dado momento Para exemplificar imagine a seguinte situação A empresa Isabela Móveis Ltda atua há 30 anos no ramo de móveis projetados e está situada na zona leste da cidade de São Paulo Nos últimos meses a empresa decidiu implantar uma política de crédito e dessa forma irá normatizar todo o processo de concessão de crédito fortalecendo as decisões tomadas Tal procedimento se faz necessário em virtude do aumento da inadimplência assim como do acirramento da concorrência no setor que agora possui um número maior de competidores A empresa tem de forma bem clara as diretrizes do seu planejamento estratégico sabe aon de quer chegar no mercado entende perfeitamente o seu posicionamento bem como tem de maneira clara a identificação do perfil dos seus clientes Com essas definições fica mais fácil para a Isabela Móveis definir quais são os procedimentos a serem adotados ao longo do processo de concessão de crédito A construção de uma política de crédito exigirá da empresa uma revisão nos proce dimentos adotados ao longo da análise de crédito de seus clientes É importante avaliar se existem falhas ou ajustes que possam ser identificados deixando o processo ágil e eficiente Isso se faz necessário pois a base para a eficiência é que a estrutura da análise esteja cons truída sobre pilares fortes e que favoreçam um bom desempenho Feito isso a empresa construirá uma política de credito que esteja alinhada com o seu planejamento estratégico pois pretende expandir as suas vendas aumentando a sua participação no mercado porém sabe que isso deve ser feito de maneira segura A empresa Isabela Móveis Ltda então decidiu adotar uma política de crédito mais liberal a qual irá permitir que clientes que anteriormente tinham crédito negado possam ser reavaliados para poder efetuar compras parceladas na loja Nesse caso clientes com o nome no serviço de proteção ao crédito como SPC e Serasa terão o crédito aprovado desde que a dívida não ultrapasse 30 da sua renda trimestral Serão revistos os procedimentos para concessão de crédito a profissionais liberais e autônomos que não possuem vínculos empre gatícios possibilitando condições para que esses indivíduos possam adquirir móveis na loja com pagamentos em um número de parcelas adequado às suas necessidades Esse exemplo mostra alguns cuidados a serem considerados quando se pretende conceder crédito aos clientes Inicialmente é necessário entender que uma política de crédito eficiente precisa estar alinhada com os objetivos da empresa definindo aonde ela pretende chegar Política de crédito 8 Gestão de Riscos Operações de Crédito 110 Algo a ser considerado é a compreensão de qual é o seu públicoalvo idade classe so cial bem como todos os elementos que o definam claramente Dessa forma a empresa pode rá saber quem é o seu cliente e oferecer condições não somente de qualidade no atendimento como também para a compra com o preço e prazo adequados Também é necessário construir uma política de crédito equilibrada favorecendo as ven das auxiliando na manutenção da liquidez e inibindo o aumento da inadimplência o que pode impactar no fluxo de caixa da empresa e interferir no seu ciclo operacional e financeiro Tal situação é sabidamente um grande problema que quando não administrado de forma adequada poderá levar ao fechamento da empresa Algumas dificuldades operacionais também fazem parte da vida das empresas A im provisação dos processos de concessão de crédito e a falta de clareza ao identificar para que tipo de cliente se pretende vender fazem com que recursos sejam desperdiçados ao se ofere cer crédito para clientes que não terão condições de honrálo ou negar crédito para clientes com grande potencial porém não devidamente identificados 82 Uso estratégico da política de crédito É importante que as empresas tenham de maneira muito clara todos os elementos que compõem o seu planejamento estratégico pois tal ação fará com que ela saiba responder questões como Onde se está Para onde se pretende ir Como chegar lá Qual a capacidade financeira da empresa Qual o perfil dos seus atuais clientes A empresa possui fonte de informação adequada e segura As respostas para esses questionamentos deverão estar alinhadas com o que a empresa de fato pretende São inúmeras as empresas que não têm de maneira clara respostas para questionamentos simples como esses A falta de objetivos claros provoca desperdício de recursos na medida em que se gasta muita energia quando se poderia encontrar meios mais eficientes para chegar aonde se pretende Planejar pode parecer inicialmente algo complexo e inviável para muitas empresas No entanto mesmo que inicialmente seja de fato algo complexo é fundamental que pequenos passos sejam dados pelos gestores para que se possa deixar claro onde a empresa está e aon de pretende chegar bem como quais serão os meios que farão com que a empresa consiga alcançar os objetivos e as metas pretendidos O que se precisa entender é que uma vez definido o planejamento estratégico da em presa todos os esforços deverão ir ao encontro dos objetivos e das metas Esses esforços precisam estar em todas as ações da empresa em todas as áreas setores e departamentos sincronizados em prol do que a organização quer para si Política de crédito Gestão de Riscos Operações de Crédito 8 111 Para esclarecer o papel da política de crédito no planejamento é necessário relembrar alguns pontos importantes O primeiro deles é que todo e qualquer empreendimento deve zelar por sua saúde financeira Dessa forma a empresa terá condições de continuar exercen do suas atividades Isso se deve ao fluxo adequado de vendas alinhado com sua capacidade produtiva que por sua vez está em sintonia com o posicionamento estratégico da empresa dentro de determinado setor e mercado Outro ponto importante é garantir que as vendas efetuadas se transformem em recebi mentos em entrada de recursos no caixa da empresa Com isso é possível preservar o fluxo adequado de recursos para o andamento da atividade da empresa Tal necessidade pode ser percebida quando se lembra dos ciclos econômico e financeiro Ciclo econômico compreende desde a compra dos insumos necessários para a produção dos produtos e serviços a venda ao cliente e seu recebimento Ciclo financeiro diz respeito ao espaço de tempo entre o pagamento do fornece dor e o recebimento do cliente A política de crédito deve constituir uma estratégia adequada para a compra de insumos produtivos avaliando de maneira eficiente a necessidade de pagamento à vista ou a prazo dos insumos produtivos Porém o modo como se compra deverá estar alinhado com a política de vendas as condições oferecidas aos clientes irão impactar no fluxo de caixa da empresa Dessa forma se uma empresa compra insumos produtivos à vista e vende aos clientes a prazo poderá precisar de recursos para suprir durante certo tempo a necessidade de recursos financeiros para cumprir com as suas obrigações cotidianas Nesse ponto se faz necessário o uso estra tégico de uma política de crédito adequada de tal maneira que favoreça o bom andamento do empreendimento evitando a falta de recursos ou que a empresa necessite de fontes ex ternas com o pagamento de juros de maneira desnecessária Pode a princípio parecer simples comprar insumos a prazo e vender aos clientes de maneira que se receba antes do pagamento dos fornecedores Essa é sem dúvida uma es tratégia ideal mas nem sempre é de simples aplicação Isso se dá em parte pela dificuldade em construir uma base de informações adequada em relação aos custos operacionais Esses dados são fundamental para a empresa durante a construção de sua política de crédito de finindo como serão concedidos os créditos aos clientes Uma empresa que vende produtos e serviços deve ter bem claro o seu posicionamento no mercado bem como o perfil dos clientes que pretende atender Assim a empresa deve decidir se adotará uma política de crédito mais liberal moderada ou conservadora Deve também alinhar o modo que vai conceder crédito com os riscos que está ou não disposta a assumir Isso necessitará de um rigor maior ou menor no processo de análise de crédito visando evitar a inadimplência fora dos padrões estipulados pela empresa o que pode inter ferir no bom andamento dos ciclos econômicos e financeiros É fundamental que tudo esteja alinhado e em harmonia pois dessa forma a empresa irá encontrar um equilíbrio operacio nal o que facilitará o atingimento dos objetivos traçados pela gestão e consequentemente trará a rentabilidade pretendida Tal alinhamento é algo complexo de ser alcançado e deve Política de crédito 8 Gestão de Riscos Operações de Crédito 112 ser buscada sempre uma responsabilidade compartilhada por todos os departamentos da empresa Sem um trabalho em conjunto e em equipe esse equilíbrio financeiro e operacional será uma meta não alcançada Para ficar ainda mais claro analise o caso descrito a seguir A empresa XYZ Ltda atua no ramo de material de construção com mais de 30 filiais espalhadas pelas regiões Sul e Sudeste do país e hoje emprega mais de 5 mil funcionários e tem um faturamento anual de R 350 milhões A empresa compra produtos para revenda dos seus diversos fornecedores e adota pagamentos à vista para aqueles fornecedores que concedem descontos acima de 8 e compra com prazos que normalmente variam de 45 a 90 dias dependendo dos valores envolvidos Em relação às vendas feitas aos seus clientes a empresa adota a parceria com as prin cipais bandeiras de cartões de crédito pagando uma taxa de 5 às administradoras de car tões A empresa normalmente parcela as compras em 3 ou 6 parcelas dependendo do valor comprado Para compras com valores superiores a XYZ dispõe de um crediário próprio com o qual os seus clientes podem adquirir produtos mediante análise de crédito A empresa tem bem definida a sua política de crédito de tal maneira que facilita a com pra feita por profissionais liberais autônomos e micro e pequenos empresários que têm di ficuldades em comprovar sua renda mensal A XYZ Ltda elaborou o seu cadastro de clien tes a fim de que alguns documentos complementares possam servir como comprovação de renda A empresa também não nega crédito quando eventualmente pessoas que buscam o crediário tenham os seus cônjuges com o nome incluído em órgãos de proteção ao crédito Dessa forma a empresa alavanca as suas vendas com uma política de crédito liberal mas para que isso não provoque um aumento descontrolado da inadimplência os analistas de crédito da loja passam por treinamentos constantes A empresa também faz um controle rigoroso dos recebimentos que são devidamente tratados por um departamento de cobran ça eficiente Essa política de crédito é vista atualmente pelos sócios como um dos fatores da expansão da loja nos últimos cinco anos algo que havia sido planejado por sua gestão 83 Tipos de políticas de crédito As políticas de crédito são criadas com um objetivo muito específico reger a maneira como as empresas irão conceder crédito Esse importante mecanismo interferirá no risco assumido pela empresa nos processos de concessão de crédito No entanto para que se possa construir uma política de crédito adequada é fundamen tal que se tenha o máximo de informações e que estas possam auxiliar a gestão nas tomadas de decisão No organograma a seguir é possível observar de que maneira tais informações estão agrupadas Política de crédito Gestão de Riscos Operações de Crédito 8 113 Figura 1 Organograma de sistema de informações gerenciais Sistema de informações gerenciais Informações internas Informações externas Cadastro Contábeis Publicações Pesquisas Fonte TSURO CENTA 2007 p 39 Adaptado Na sequência estão detalhadas as partes desse sistema Cadastro fonte de entrada de dados Uma boa decisão dependerá de como os da dos são levantados e tratados Um cadastro bem feito ajudará a empresa a levantar informações importantes para conhecer a fundo o perfil do cliente que está solici tando o crédito Um cadastro mal feito no entanto poderá trazer redundâncias e informações irrelevantes para identificar o perfil do cliente além de tomar muito tempo para ser preenchido Contábeis quando tratamos de pessoas jurídicas é de suma importância que in formações contábeis sejam levantadas Por meio delas é possível traçar um perfil da empresa solicitante de crédito e se ela tem as condições para receber recursos emprestados Juntamente com as informações cadastrais as informações contábeis formam um pacote de dados internos levantados pela própria empresa Pesquisas para ajudar a empresa no processo de concessão de crédito uma série de pesquisas poderão ser feitas em vários locais e bases de dados externas como nos órgãos de proteção ao crédito e outras bases de dados compartilhadas Publicações existe uma série de bases de dados disponíveis em publicações seto riais bem como de órgãos e entidades que exercem controle como Banco Central e entidades setoriais como juntas comerciais etc Tais publicações podem trazer informações importantes sobre a conjuntura econômica Com esse conjunto de informações é possível entender o mercado e quais são os clien tes que a empresa busca Durante a construção de uma política de crédito os elementos do planejamento estratégico precisam ser levados em consideração como o posicionamento da empresa no mercado Tão importante quanto levantar as informações é o tratamento destas para que se possa apurar com exatidão qual política é a mais adequada para a empresa Assim evitase o desperdício de tempo e recursos Da mesma forma as decisões mais asser tivas trarão melhores resultados à empresa emprestadora de recursos Política de crédito 8 Gestão de Riscos Operações de Crédito 114 A figura a seguir aponta os principais tipos de políticas de crédito que servirão como balizadoras para tomadas de decisões que envolvam a concessão de crédito Figura 2 Tipos de políticas de crédito Política de crédito Crédito liberal Crédito rigoroso Crédito rigoroso Crédito liberal Crédito moderado Cobranças rigorosas Cobranças liberais Cobranças rigorosas Cobranças liberais Cobranças moderadas Fonte ROSA AZZOLIN SOARES 2015 Delimitar é uma maneira de criar um protocolo seja qual for o cenário que envolva a empresa e o seu planejamento Assim é possível tomar decisões não somente mais ade quadas como mais rápidas Os tipos de política de crédito apontadas pelos autores Rosa Azzolin e Soares 2015 podem ser descritos como apresentado na sequência Política liberal com cobranças rigorosas a empresa poderá adotar uma política li beral Dessa forma irá conceder crédito a clientes dos mais distintos perfis É uma maneira para que se possa alavancar as vendas uma vez que não são construídas barreiras de entrada ou seja o acesso ao crédito é facilitado Adotase tal postura quando se tem um planejamento que favoreça as vendas o faturamento Dessa forma a empresa estará sinalizando para o mercado que ali é um local em que o cliente não terá dificuldade de adquirir bens com pagamentos parcelados de ma neira pouco burocrática É comum que tal postura faça parte da comunicação feita aos clientes por meio de publicidade Se de fato tal postura ajudará nas vendas por outro lado a empresa precisará redobrar os cuidados com os processos de aná lise de crédito e cobrança Esse tipo de política de crédito facilita o acesso dos clien tes aos recursos mas é fundamental que seja feito de maneira responsável Não avaliar a capacidade de pagamento é um erro que refletirá no aumento substancial da inadimplência o que poderá trazer problemas para a empresa Essa política li beral com cobranças rigorosas necessita de uma equipe treinada no departamento de cobrança pois em muitos casos será preciso um esforço adicional para negociar pagamentos em atraso sem que desconfortos sejam gerados com os clientes Crédito rigoroso com cobranças liberais essa política de crédito é construída com base em um maior rigor em relação aos clientes que solicitam crédito à empresa Tal postura deverá estar alinhada com o que a empresa espera dos seus clientes o fato de ser mais exigente trará uma carteira de maior qualidade com um percen tual de risco menor necessitando de uma capacidade de cobrança menor uma vez que está emprestando recursos a clientes com maior capacidade de pagamento e Política de crédito Gestão de Riscos Operações de Crédito 8 115 com um nível de inadimplência menor Dessa forma a cobrança deverá ser ade quada ao perfil de clientes escolhidos como alvo uma vez que eventuais atrasos estarão mais relacionados a fatos como esquecimento do que à falta de recursos para o seu pagamento Se por um lado essa política de crédito trará uma maior qualidade da carteira de clientes por outro lado ela dificultará o acesso ao crédito Essa estratégia deverá se alinhar com o que a empresa espera para os resultados de venda Crédito rigoroso com cobranças rigorosas um maior rigor na concessão de cré dito trará para a empresa um perfil de cliente com maior capacidade de honrar compromissos assumidos Mas se além disso a empresa ainda for intolerante com atrasos poderá ter como resultado um controle ainda mais rigoroso em relação aos atrasos sinalizando que não tolerará que compromissos assumidos não sejam honrados dentro dos prazos preestabelecidos Dessa forma serão necessárias boas ferramentas de cobrança o que poderá ser feito com o auxílio de tecnologias de comunicação Os resultados pretendidos para esse tipo de política é uma inadim plência em patamares muito baixos Dessa forma pretendese atingir resultados financeiros alinhados com o que previamente foi planejado pela gestão Crédito liberal com cobranças liberais essa política leva em consideração a neces sidade clara de vender a qualquer custo mesmo que isso signifique um aumento significativo da inadimplência Políticas liberais favorecem um aumento das ven das pois de maneira indistinta facilitam o acesso ao crédito para clientes que têm dificuldade em comprar produtos e serviços Assim a empresa tem como principais respostas um aumento das vendas um posicionamento no mercado e ao adotar cobranças liberais taxas de inadimplência mais elevadas No entanto tal postura pode quando bem administrada ser exitosa na medida em que um au mento de faturamento alavanca financeiramente a empresa e as dívidas em atraso podem refletir a cobrança de juros Porém alguns cuidados precisam ser ressal tados Liberal não necessariamente significa irresponsabilidade na concessão do crédito e essa postura deve ser levada em consideração afinal existem clientes que refletem um risco extremamente elevado Quando medidas como a adoção de garantias não são adotadas o risco poderá se concretizar em falta de pagamento com possibilidades nulas de recebimento Crédito moderado com cobranças moderadas para aquelas empresas que buscam um meio termo adotar uma postura moderada pode ser considerado Dessa for ma evitase comportamentos liberais ou rigorosos na política de crédito Com esse formato a empresa terá como regra descrita por sua política de crédito a criação de um filtro que permita a aprovação de crédito a clientes sempre com um pouco de cautela mas sem um rigor exacerbado Nesse contexto a empresa busca um equilíbrio com a formação de uma boa carteira de clientes que represente níveis de inadimplência dentro de patamares aceitáveis mas ao mesmo tempo que isso não represente uma redução nas vendas Política de crédito 8 Gestão de Riscos Operações de Crédito 116 Ampliando seus conhecimentos Controles corporativos BANCO DO BRASIL 2017 A Política de Crédito do Banco do Brasil contém orientações de caráter estratégico que norteiam as ações de gerenciamento do risco de crédito no Conglomerado Financeiro É aprovada pelo Conselho de Administração e revisada anualmente e encontrase disponível para todos os funcionários Estruturada em quatro blocos Aspectos Gerais Assunção de Risco de Crédito Cobrança e Recuperação de Crédito e Gerenciamento do Risco de Crédito aplicase a todos os negócios que envolvam risco de crédito e contém entre outros tópicos conceito de risco de crédito segregação de funções decisões colegiadas apetite de risco limites de risco classificação de clientes condições para assunção de risco orientações para cobrança e recuperação de crédito perda esperada capital econômico e regulatório níveis de provisão e de capital testes de estresse e análise de sensibilidade e planejamento de capital A divulgação de informações do risco de crédito é um processo per manente e contínuo As premissas consideradas na seleção e divulga ção das informações são as melhores práticas a legislação bancária as Política de crédito Gestão de Riscos Operações de Crédito 8 117 necessidades dos usuários os interesses do Banco a confidencialidade e a relevância da informação As áreas operacionais da estrutura de geren ciamento do risco de crédito comunicam permanentemente os escalões superiores à exposição do risco para fins de acompanhamento das ações de gestão e tomada de decisão pela Alta Administração A utilização de instrumentos mitigadores do risco de crédito está decla rada na Política de Crédito presente nas decisões estratégicas e formali zada nas normas de crédito atingindo todos os níveis da organização e abrangendo todas as etapas do gerenciamento do risco de crédito Atividades 1 Qual é o papel da política de crédito 2 Por que a política de crédito deve estar alinhada com o planejamento estratégico da empresa 3 De que maneira a política de crédito poderá ser utilizada no controle da inadimplência Referências BANCO DO BRASIL Controles corporativos Disponível em httpwww45bbcombrdocsri ra2010portra15htm Acesso em 24 jun 2017 MUELLER P H Liquidez bancaria fundamentos básicos Revista Tecnologia de Crédito Nº 15 p 57 a 74 São Paulo SERASA 1999 PAIVA C A C Administração do risco de crédito Rio de Janeiro Qualitymark 1997 ROSA Luiz Itamar AZZOLIN José Laudelino SOARES Juliano Lima Análise de crédito e cobran ça Curitiba Universidade Positivo 2015 SILVA Jose Pereira da Gestão e análise de risco de credito São Paulo Atlas 1997 TSURO SK CENTA SA Crédito no varejo para pessoas físicas e jurídicas Curitiba Editora Ibpex2007 Resolução 1 A política de crédito tem um papel fundamental na gestão de recebíveis e pagamen tos das empresas Ela determina a estratégica a ser adotada pela empresa ao conce Política de crédito 8 Gestão de Riscos Operações de Crédito 118 der crédito aos seus clientes Isso fará com que a empresa assuma mais ou menos riscos na hora de emprestar recursos 2 A política de crédito deve se alinhar ao planejamento estratégico pois a empresa deve ter bem definidos quais são os objetivos a serem alcançados Também favorece o atingimento desses objetivos à medida que está diretamente relacionada à conces são de crédito 3 Caso a empresa esteja preocupada com os seus atuais níveis de inadimplência ao adotar uma política de crédito mais rigorosa somente liberará crédito para aqueles clientes com possibilidades maiores de pagamento reduzindo assim os riscos de não pagamento Dessa forma a empresa será mais criteriosa durante o processo de análise de crédito dos seus clientes Pom Pom Trim Pull the trim gently during the sewing process and the pom poms will fluff up and lay flat along the seam Fringe Trim Machine stitch the fringe trim over the edge of your garment and attach it with another row of stitching Scalloped Trim Fold the scalloped trim in half lengthwise Machine stitch the fold to your garment edge Easy to accomplish and will add lots of fun to a plain garment Happy Sewing Patterns for all three trims are includedand easy to make Anita Calitri 3 Simple Easy Embellishments for Apparel 45 Gestão de Riscos Operações de Crédito Ronaldo Madeira Fundação Biblioteca Nacional ISBN 9788538763116 9 788538 763116
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Gestão de Riscos Operações de Crédito Ronaldo Madeira Fundação Biblioteca Nacional ISBN 9788538763116 9 788538 763116 El mejor inmobiliario en Brasil y Latinoamérica MSL inversión en propiedades únicas Oferta exclusiva amplia variedad de viviendas locales comerciales y naves industriales riesgos y sector inmobiliario en América Latina Negocios seguros y rentables Conecta invierte y administra desde España y Europa MSL oportunidad de inversión llave en mano Gracias a nuestra amplia red de colaboradores y acceso privilegiado a los desarrolladores podemos ofrecer una selección de productos exclusivos y diferenciadores IESDE BRASIL SA 2017 Gestão de Riscos Operações de Crédito Ronaldo Madeira Todos os direitos reservados IESDE BRASIL SA Al Dr Carlos de Carvalho 1482 CEP 80730200 Batel Curitiba PR 0800 708 88 88 wwwiesdecombr Capa IESDE BRASIL SA Imagem da capa IkonStudioiStockPhoto CIPBRASIL CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS RJ M181g Madeira Ronaldo Gestão de riscos operações de crédito Ronaldo Madeira 1 ed Curitiba PR IESDE Brasil SA 2017 118 p il 21 cm ISBN 9788538763116 1 Contabilidade Estudo e ensino 1308053 CDD 65815 CDU 65815 2017 IESDE BRASIL SA É proibida a reprodução mesmo parcial por qualquer processo sem autorização por escrito dos autores e do detentor dos direitos autorais Apresentação A concessão de crédito para pessoas físicas e jurídicas é um assun to considerado de suma importância para as organizações comerciais e instituições financeiras Afinal conceder crédito sem uma boa avaliação pode gerar grandes transtornos e prejuízos para as empresas devido ao grande risco de inadimplência Por esse motivo esta obra estruturada em oito capítulos procura contribuir com informações e orientações ao leitor sobre a gestão de risco de modo a garantir o pagamento do crédito concedido e a redução de riscos No Capítulo 1 são apresentados os conceitos iniciais sobre crédito suas principais finalidades e seus objetivos além de um breve panorama sobre a concessão de crédito no Brasil No Capítulo 2 são estudadas as principais variáveis que sustentam uma análise de crédito e que permitem uma avaliação mais adequada do tomador de crédito visando à redução de riscos O Capítulo 3 trata especificamente sobre risco Inicialmente é expli cado o que é risco e são apresentados os principais riscos envolvidos nas operações de concessão de crédito tanto para pessoas físicas como para jurídicas No Capítulo 4 são apresentados os conceitos sobre inadimplência assim como os seus efeitos na vida das pessoas e empresas São discuti dos os principais fatores que ocasionam a falta de pagamento e de que maneira é possível fazer uma gestão da inadimplência a fim de minimizar os seus impactos nas organizações O Capítulo 5 busca explicar o que são operações financeiras Apresenta também os principais tipos de garantia utilizados no processo de concessão de crédito buscando apontar qual o mais adequado para cada tipo de operação além de apresentar quais são as operações de cré ditos mais comuns no mercado financeiros explicitando as suas diferen ças e finalidades No Capítulo 6 é discutida a análise de demonstrações contábeis bus candose analisar quais são as principais informações contidas em cada Sumário um dos relatórios contábeis apresentados pela empresa bem como de que maneira essas informações podem ser utilizadas em um processo de conces são de crédito e análise de risco Pela leitura do Capítulo 7 é possível entender os principais mecanismos para análise de crédito de pessoas físicas e como levantar as informações necessárias para a construção de parâmetros e indicadores que auxiliam na tomada de decisões Por fim o Capítulo 8 apresenta os conceitos básicos de política de cré dito e de que maneira ela pode ser utilizada para que as empresas atinjam os objetivos traçados pelo seu planejamento estratégico Boa leitura Sobre os autores Sumário Ronaldo Madeira Mestre em Administração de Empresas pela Universidade Regional de Blumenau Pósgraduado em Auditoria e Controladoria pela PUCCampinas e em Gestão Estratégica de Custos pela PUC PR Graduado em Ciências Contábeis pelo Centro de Ensino Superior do Vale do Parnaíba Coordenador e professor atuando nas áreas de Administração Planejamento Estratégico Planejamento Orçamentário Contabilidade Geral Sistemas de Informação Inteligência Competitiva e Tecnologia da Informação 6 Gestão de Riscos Operações de Crédito Sumário Sumário 1 Conceitos de crédito e riscos de crédito 9 11 Crédito conceitos iniciais e principais finalidades 10 12 Cenário histórico da concessão de crédito no Brasil 13 13 Papel das instituições financeiras 16 2 Fundamentos e princípios da análise de crédito 23 21 Os 5 Cs do crédito 24 22 Análise de crédito técnicas de análise 27 23 Elaboração e emissão de pareceres sobre crédito 33 3 Riscos de crédito de pessoas físicas e jurídicas 39 31 Riscos definições 40 32 Riscos envolvidos na concessão de crédito 44 33 Gestão de riscos 45 4 Inadimplência 51 41 Importância da análise de crédito na inadimplência 52 42 Fatores condicionantes de inadimplência 54 43 Gestão da inadimplência 60 Gestão de Riscos Operações de Crédito 7 Sumário Sumário 5 Análise de operações financeiras envolvendo riscos de crédito 67 51 Operações financeiras considerações gerais 68 52 Garantias de crédito 71 53 Principais operações financeiras envolvendo concessão de crédito 74 6 Avaliação de empresas para definir limites de crédito 81 61 Análise de crédito de empresas 82 62 Análise das demonstrações financeiras 84 63 Principais indicadores financeiros 89 7 Avaliação de pessoas físicas para definir limites de crédito 97 71 Análise de crédito de pessoas físicas 98 72 Parâmetros para estabelecer limites de crédito a pessoas físicas 99 73 Principais indicadores financeiros 102 8 Política de crédito 107 81 Conceitos iniciais 108 82 Uso estratégico da política de crédito 110 83 Tipos de políticas de crédito 112 Tranquilidad y seguridad para compradores y vendedores La confidencialidad se garantiza mediante el cifrado integral de la comunicación digital entre todos los participantes implicados Las negociaciones se llevan a cabo de forma segura y transparente sin revelar la identidad de las partes Sí Trato personalizado El agente dispone de herramientas específicas para segmentar y analizar el tipo de cliente y producto Nuestro equipo selecciona cuidadosamente las ofertas potencialmente interesantes y facilita a ambos perfiles la negociación Asesoramiento profesional Los profesionales acompañan a las partes durante todo el proceso de venta MSL asistir a la formación MSL saltar el proceso de formación MSL gestionar el proceso de venta Gestión de la cadena de suministro optimizada La comunicación entre los bancos y las personas a cargo de la transacción se realiza a través de una plataforma integrada digital y segura lo que reduce el tiempo y los errores de producción 4 Venta Segura y Confidencial Operación fácil y segura Precio competitivo Control del proceso Seguimiento integral Acceso exclusivo a productos únicos de inversión profesional en Brasil y Latam Gestão de Riscos Operações de Crédito 9 1 Conceitos de crédito e riscos de crédito Neste primeiro capítulo são apresentados os conceitos iniciais sobre crédito e suas principais finalidades e objetivos buscandose analisar seu papel no dia a dia das pes soas e das empresas e compreender que maneira a concessão de crédito dinamiza e promove o desenvolvimento de um país É apresentado também um breve panorama sobre a concessão de crédito no Brasil e a atuação das instituições financeiras a fim de compreender os mecanismos existentes atualmente e os seus impactos na realidade dos indivíduos bem como em toda a economia Conceitos de crédito e riscos de crédito 1 Gestão de Riscos Operações de Crédito 10 11 Crédito conceitos iniciais e principais finalidades A palavra crédito pode ter inúmeras interpretações sob os mais diferentes aspectos dependendo da sua utilização No entanto é abordado aqui o seu aspecto econômico rela cionado à concessão de recursos Para iniciar são apresentadas algumas definições sobre o tema para que se possa começar a desvendar esse importante assunto Segundo Santos 2000 o termo crédito no contexto financeiro pode ser definido como a modalidade de financiamento destinada a possibilitar a realização de transações comerciais entre empresas e seus clientes Para Schrickel 1997 o crédito pode ser entendido como todo e qualquer ato de vontade ou disposição de alguém para destacar ou ceder durante um determinado período de tempo parte do seu patrimônio a um terceiro com a expectativa de que esse recurso volte à sua posse integralmente depois de decorrido o tempo estipula do Securato 2002 reforça esse pensamento de Schrickel 1997 ao conceber o crédito como uma operação em que um indivíduo ou empresa cede temporariamente um determinado recurso a outra pessoa Essas definições refletem muito bem o papel do crédito na vida das pessoas e das organizações Ao longo da história da humanidade a economia mundial se desenvolveu e se modifi cou assim como as maneiras de conceder crédito às pessoas físicas e jurídicas No entanto duas figuras permanecem necessariamente nesse contexto o emprestador do crédito e o tomador de crédito O emprestador de crédito pessoa física ou jurídica dispõe de recursos a serem emprestados por um prazo de tempo previamente estipulado sob determinadas condições para pagamento também devidamente definidas Os bancos são um cla ro exemplo de instituições financeiras que concedem créditos aos seus clientes seja na forma de empréstimos em dinheiro seja no financiamento de bens como veículos equipamentos imóveis etc O tomador de crédito é a pessoa física ou jurídica que necessita de recursos para suprir determinadas necessidades e que não dispõe de capital suficiente para isso ou que enxerga no crédito disponibilizado uma possibilidade de fazer um bom ne gócio Em suma por meio do crédito as pessoas físicas podem satisfazer necessi dades de consumo assim como adquirir bens de que necessitam enquanto as em presas se utilizam de crédito para suprir eventuais necessidades de capital de giro ou de investimentos em ativos permanentes relacionados ao processo produtivo Nesse contexto quais seriam então as principais necessidades a serem supridas pela concessão de crédito Para Santos 2000 essas principais necessidades no caso das pessoas físicas são Conceitos de crédito e riscos de crédito Gestão de Riscos Operações de Crédito 1 11 a Empréstimos emergenciais Eventuais desequilíbrios no orçamento familiar podem motivar a necessidade de empréstimos feitos diretamente a instituições financeiras Tais empréstimos estão alinhados com as condições de pagamento do cliente o que é um fator determinante para estipular o valor máximo do crédito assim como o prazo para pagamento b Financiamento de bensserviços Muitas vezes a necessidade imediata de adquirir um determinado bem provoca no consumidor a obrigação de solicitar um crédito para que se viabilize sua aquisição ficando o pagamento fixado para uma data posterior Assim como nos empréstimos emergenciais o financiamento de bens e serviços está alinhado com a capacidade de pagamento do consumidor Ainda segundo Santos 2000 as principais necessidades das pessoas jurídicas são c Investimento em ativos É muito comum que as empresas necessitem de recursos para adquirir bens que serão utilizados no seu processo produtivo ora por não dis porem de capital para a aquisição ora por entenderem que a utilização de capital de terceiros seja estrategicamente mais vantajosa d Fluxo de caixa Desequilíbrios no orçamento das empresas podem provocar a ne cessidade da captação de recursos como para sanar falta de caixa necessário para pagar salários e fornecedores assim como demais compromissos e Capital de giro Em muitas empresas existe uma diferença entre os prazos de pa gamento dos fornecedores e o recebimento dos clientes Eventuais distorções po dem ser supridas pela captação de recursos de terceiros para manter suas ativida des regulares De acordo com Caouette Altman e Narayanan 2000 o crédito fornece meios para que as pessoas físicas ou jurídicas possam comprar bens o que provoca aumento da ativida de econômica gerando empregos aumentando oportunidades financeiras e favorecendo o crescimento das empresas A concessão de crédito não é um privilégio das entidades finan ceiras ela é uma ferramenta utilizada também pelas indústrias pelo comércio e por presta dores de serviços como um artifício para promover vendas e acesso aos produtosserviços que são produzidos Silva 2003 reforça o argumento anterior na medida em que esclarece que o crédito tem um importante papel econômico e social pois a possibilita às empresas aumentar seu nível de atividade b estimula o consumo influenciando na demanda por produtos c ajuda as pessoas a obterem moradia bens e até alimentos d facilita a execução de projetos para os quais as empresas não disponham de recur sos próprios suficientes Conceitos de crédito e riscos de crédito 1 Gestão de Riscos Operações de Crédito 12 A concessão de crédito favorece portanto o aquecimento econômico Todavia é pre ciso salientar que tanto a concessão de crédito quanto sua captação precisam ocorrer de maneira segura de forma que não tragam transtornos para as instituições como o não rece bimento dos recursos emprestados e para as pessoas físicas uma vez que o endividamento das famílias é uma realidade na economia brasileira Para deixar mais claro imagine uma pessoa que resolve comprar uma nova televisão para a sua casa e atraída pelas condições de uma grande loja decide comprar um equipa mento bem acima das suas necessidades A loja facilitou o pagamento e o cliente não preci sou efetuar nenhum investimento inicial ficando a entrada para dali a 90 dias O que essa pessoa deveria fazer antes de efetuar a compra O mais prudente seria fazer uma análise do seu poder de pagamento bem como verifi car se o equipamento adquirido é o ideal para suas necessidades Desse modo será possível evitar adquirir um bem que gere uma prestação que extrapole o seu orçamento mensal Em suma seria fundamental que o cliente nessa situação avaliasse o seu desejo e sua real neces sidade bem como a sua capacidade de pagamento Seguindo o contexto dessa situação hipotética a Figura 1 ilustra o filtro pelo qual deve passar a análise sobre o desejo a necessidade e a capacidade de pagamento Esses ele mentos precisam ser avaliados por pessoas físicas e jurídicas antes da solicitação de crédito Figura 1 Filtro de decisão do tomador de crédito Necessidade Capacidade de pagamento Desejo Fonte Elaborada pelo autor Em relação às pessoas jurídicas quando elas captam recursos precisam avaliar qual a melhor alternativa utilizar capital próprio ou capital de terceiros Devem levantar informa ções como taxas de juros e carência para o pagamento e analisar se de fato o empréstimo é viável Em certos casos a empresa dispõe de recursos para utilizar na compra de um de terminado bem ou para fazer o investimento desejado Primeiramente é necessário ava liar se o investimento está alinhado com o planejamento estratégico da empresa e se existe Conceitos de crédito e riscos de crédito Gestão de Riscos Operações de Crédito 1 13 uma viabilidade econômicafinanceira ou seja se o investimento trará o retorno esperado Afinal a decisão de investir está alinhada não somente à capacidade de pagamento mas também ao planejamento da empresa e aos estudos de viabilidade financeira das ações que necessitam de recursos de terceiros Uma vez feitos todos esses levantamentos a empresa pode decidir qual será a fonte do recurso própria ou a utilização de capital de terceiros Como se pode perceber captar recursos não é uma tarefa simples principalmente quando existe uma grande quantidade de entidades oferecendo crédito Assim as empresas devem construir um fluxo adequado para decidir sobre o processo de captação de recursos como demonstra a figura a seguir Figura 2 Fluxo para utilização do recurso Planejamento estratégico Investimento Levantamento de recursos financeiros Escolha entre capital pró prio x capital de terceiros Estudo de viabili dade econômica financeira Fonte Elaborada pelo autor Da mesma maneira que existem cuidados a serem tomados durante a decisão de solici tar o crédito o emprestador de recursos deve se precaver por meio de uma série de medidas para avaliar a liberação ou não do crédito Tais medidas serão alvo de aprofundamento neste livro no entanto o que é preciso entender neste momento é que de ambos os lados se faz necessária uma avaliação criteriosa seja para captar o crédito seja para concedêlo 12 Cenário histórico da concessão de crédito no Brasil As operações relacionadas à circulação de moeda de crédito são definidas supervisio nadas e executadas por instituições responsáveis por sua normatização Esse sistema finan ceiro teve um marco fundamental no país a partir da chegada da Família Real ao Brasil o que provocou um maior dinamismo nas ações do Estado em relação a esse tema Para Gomes e Brugger 2008 a chegada da Corte portuguesa em 1808 sem dúvida im pulsionou esse processo tanto que em 12 de outubro do mesmo ano por meio de um alvará concedido pelo príncipe regente Dom João de Bragança com o intuito de promover a cria ção de indústrias Outro importante marco do sistema financeiro nacional foi a criação em 1861 da Caixa Econômica e Monte Socorro no Rio de Janeiro atualmente Caixa Econômica Federal com o propósito institucional de incentivar a poupança e fornecer crédito sob a forma de penhor ou seja a entrega de algum bem como uma joia à instituição financeira como garantia para o pagamento do crédito concedido Conceitos de crédito e riscos de crédito 1 Gestão de Riscos Operações de Crédito 14 Costa Neto 2004 argumenta que isso ocorria com empréstimos de curto prazo pois nunca ultrapassavam nove meses os montes de socorro de empréstimos sob penhor A fonte principal dos recursos destinados aos empréstimos provinham da Caixa Econômica bem como do governo e de doações e legados de origem particular Tais incentivos se tornariam fundamentais para a construção do país pois a falta de recursos próprios era um fator impeditivo para a realização de investimentos aos empreen dimentos no Brasil Com o passar dos anos a economia brasileira passou por um profundo processo de crescimento tornandose mais dinâmica Esse crescimento teve como incentivo a concessão de crédito advinda das instituições financeiras nacionais e também internacionais as quais aos poucos foram se multiplicando e alcançando cada vez mais a dimensão necessária para um país continental como o Brasil Um sinal claro dessa expansão foi a criação em 1909 do Banco do Estado de São Paulo primeiro banco estadual criado no Brasil fato que se repetiu país afora com a criação de inú meros bancos estaduais como o do Espírito Santo e o de Minas Gerais ambos em 1911 com um forte apoio de capital estrangeiro interessado em fomentar o desenvolvimento princi palmente da agricultura COSTA NETO 2004 Ao logo das décadas o sistema financeiro nacional que será abordado em no próximo tópico evoluiu com a economia brasileira A Figura 3 a seguir ilustra essa estrutura norma tizadora formada pelo Conselho Monetário Nacional pelo Conselho Nacional de Seguros Privados e pelo Conselho Nacional de Previdência Complementar Entre estes destacase o Conselho Monetário Nacional CMN que segundo o Banco Central 2017c é responsá vel por formular a política da moeda e do crédito objetivando a estabilidade da moeda e o desenvolvimento econômico e social do país Sob a égide do CMN estão o Banco Central do Brasil e as instituições financeiras responsáveis entre outras atividades por ações de concessão de crédito Figura 3 Estrutura do sistema financeiro nacional Sistema Finan ceiro Nacional Sistema Norma tivo Institui ções Fi nanceiras Públicas princi pais Banco do Brasil Caixa BNDES Privadas BACEN CVM Ministério da Fa zenda Conselho Monetário Nacional CMN Conselho Nac de Seguros Privados CMSP Conselho Nac de Previdência Complementar CGPC Fonte BANCO CENTRAL DO BRASIL 2017b Adaptado Ainda sobre as principais intuições do sistema financeiro do país merecem destaque as instituições apresentadas no quadro a seguir Conceitos de crédito e riscos de crédito Gestão de Riscos Operações de Crédito 1 15 Quadro 1 Principais bancos criados pelo governo brasileiro Instituição Fundação Papel Banco do Brasil 1808 Atua no desenvolvimento regional constituindo canais de direcionamento do crédito para fomentar o desen volvimento econômico e a infraestrutura das respectivas regiões Caixa Econômica Federal 1861 Exerce um papel no desenvolvimento urbano e na jus tiça social do país visto que atua fortemente em setores como habitação saneamento básico infraestrutura e prestação de serviços BNDES 1952 Tem como principal atuação o fomento de empresas concedendo crédito e auxiliando assim o desenvolvi mento do país Banco Central 1964 Tem como missão institucional a estabilidade do poder de compra da moeda e a solidez do sistema financeiro Fonte BANCO CENTRAL DO BRASIL 2017d IPEA 2011 CAIXA ECONÔMICA FEDERAL 2017 Adaptado Com o passar dos anos a economia mundial se tornou cada vez mais dinâmica refle tindo a evolução humana e o aumento da complexidade existente nas transações comerciais Muitos foram os desafios econômicos enfrentados pelo Brasil a saída da sua posição como Colônia e depois as dificuldades como país independente porém ainda sobre o regime monarquista e sob forte influência portuguesa a mudança para o regime republicano o aumento da produção agrícola e o desenvolvimento industrial formam o retrato de parte dos inúmeros desafios encontrados muitos deles superados com a concessão de créditos Entre os desafios da economia brasileira o combate à inflação mereceu uma atenção es pecial principalmente em virtude do seu impacto no dia a dia das famílias e das empresas Para Gonçalves 2007 com a implantação do Plano Real o sistema financeiro nacional passou a sofrer profundas transformações em todo seu comportamento e sua estrutura modificando a forma de atuação dos agentes financeiros e principalmente das instituições financeiras Essas instituições que lucravam principalmente em virtude das altas taxas de inflação passaram a procurar outras formas de obtenção de receitas Nesse contexto tor nouse fundamental uma expansão dos produtos bancários acompanhando uma nova fase de crescimento econômico trazida pela estabilização da economia Gonçalves 2007 reforça que com a estabilização econômica ocorrida após o Plano Real a principal fonte de receita bancária derivada da própria inflação chegou ao seu fim Esse momento de mudança econômica provocou de imediato uma redução na concessão de crédito parcialmente explicada pela redução gradual no número de bancos em operação no país Em períodos em que altos índices de inflação e juros eram uma realidade muitos investidores preferiram investir no mercado financeiro em vez de na produção Para Cintra 2006 a perda das instituições financeiras por conta do controle da inflação provocou uma expansão gradual das políticas ativas de concessão de empréstimos sobretudo as de curto prazo Cintra 2006 também afirma que a confiança gerada na economia em virtude da esta bilização da economia ampliou a demanda por bens de consumo mas sobretudo por bens duráveis promovida em parte pela preservação do poder de consumo e pelo aumento real Conceitos de crédito e riscos de crédito 1 Gestão de Riscos Operações de Crédito 16 dos salários Contudo com a crise política e econômica deflagrada a partir de 2016 a análise de concessão de crédito tornouse mais rigorosa 13 Papel das instituições financeiras As instituições financeiras são constantemente vistas como vilãs pela sociedade Essa visão muitas vezes se justifica pela alta taxa de juros cobrada muitas vezes incompatível com os juros recebidos nas aplicações financeiras Desse modo os lucros bilionários dessas instituições observados pela sociedade provocam um constante desconforto e uma exigên cia cada vez maior por serviços bancários mais eficientes e condizentes com a expectativa dos seus correntistas Quando se fala em instituições financeiras na maioria das vezes vêm à mente a figura dos bancos e seus principais produtos oferecidos como empréstimos finan ciamentos aplicações etc No entanto Chaves 2014 esclarece que o sistema financeiro nacional é formado por um conjunto de instituições mecanismos e instrumentos voltados ao direcionamento da poupança popular e para o investimento Para tanto é fundamental a existência de dois sub sistemas que sustentem essa estrutura um subsistema normativo e outro operativo sendo que o normativo é formado pelas normas legais expedidas pela autoridade monetária en quanto o subsistema operativo é formado pelas instituições financeiras públicas e privadas Segundo Lacerda 2003 as instituições financeiras existem para oferecer alternativas de aplicação e captação de recursos financeiros respectivamente para poupadores e toma dores de capital O mesmo autor afirma que para potencializar seus resultados essas ope rações foram divididas em várias vertentes sendo as principais delas o mercado de crédito o mercado de câmbio o mercado monetário o mercado de capitais O mercado de crédito é operado em curto médio ou longo prazo com recursos desti nados ao financiamento das necessidades das pessoas físicas e jurídicas utilizando bancos comerciais Os recursos emprestados são captados de terceiros ficando a cargo das insti tuições financeiras analisar e absorver os riscos envolvidos na operação LACERDA 2003 As diversas instituições financeiras que operam no mercado brasileiro podem ser clas sificadas em bancos comerciais bancos de investimentos financeiras corretoras de valores Conceitos de crédito e riscos de crédito Gestão de Riscos Operações de Crédito 1 17 sociedades de crédito imobiliário bancos múltiplos agências de fomento bancos de desenvolvimento bancos de câmbio cooperativas de crédito companhias hipotecárias Entre muitas outras funções as instituições financeiras são as responsáveis por servir de intermediárias entre o agente detentor ou poupador que possui os recursos e o agente tomador aquele que necessita dos recursos As atividades exercidas pelas instituições financeiras têm um crucial papel nos merca dos nacional e internacional principalmente por serem responsáveis por minimizar incerte zas e riscos funcionando como suporte para a aplicação e captação de recursos Esse papel está alinhado às constantes exigências de maximização dos ganhos mas sem deixar de lado a segurança e a agilidade Encontramse na figura dessas instituições as condições funda mentais para propiciar uma manutenção contínua de fluxo de recursos entre investidores e poupadores FORTUNA 2002 As instituições financeiras estão amparadas por um sistema financeiro que se desenvol veu ao longo dos séculos em função da necessidade de produção e comercialização de bens A Constituição de 1988 diz no seu artigo 192 BRASIL 1988 que o sistema financeiro nacional é estruturado de forma a promover o desenvolvimento equilibrado do país e servir aos interesses da coletividade em todas as partes que o compõem abrangendo as cooperati vas de crédito É também regulado por leis complementares que dispõem inclusive sobre a participação do capital estrangeiro nas instituições que o integram Para Chaves 2013 além desses objetivos expressos nas leis as instituições financeiras têm como objetivo garantir a aplicação dos meios financeiros necessários ao desenvolvimento econômico e social viabili zando a transferência de recursos entre poupadores e tomadores de capital Esse papel só pode ser exercido devido à existência da figura do poupador de recursos que ao investir seu capital em uma instituição financeira espera que em um determinado prazo possa reaver seus recursos acrescidos de juros Do outro lado dessa equação estão aqueles que necessitam de recursos e que se utilizam das mesmas instituições a fim de con seguir o capital necessário para suprir as suas necessidades Esse capital emprestado deverá ser pago levandose em consideração que as instituições financeiras cobram juros pelo em préstimo de recursos e esses juros servem como remuneração das instituições Esse ciclo pode ser visualizado na Figura 3 que demonstra a origem do recurso a ser emprestado no poupador o qual ao investir seu capital em uma instituição financeira cria uma expectativa de retorno dentro de determinado prazo Do mesmo modo a figura apre senta a instituição financeira como ponte entre o poupador e o tomador de recursos Conceitos de crédito e riscos de crédito 1 Gestão de Riscos Operações de Crédito 18 Figura 4 Ciclo do recurso disponível ao crédito Instituição financeira Tomador de crédito Instituição financeira Poupador Fonte Elaborada pelo autor Nesse contexto surge um questionamento necessário como seria o mundo sem as ins tituições financeiras Será que a humanidade teria se desenvolvido economicamente sem essas instituições Como as pessoas físicas e jurídicas conseguiriam suprir as suas necessi dades caso não possuíssem capital Nos dias atuais é difícil imaginar uma economia sem a figura das instituições financei ras Nesse caso esse cenário se apresentaria com profundas ineficiências uma vez que as pessoas físicas e jurídicas somente conseguiriam investir caso tivessem construído reservas financeiras o que impediria os desprovidos de recursos de levar adiante seus projetos de investimento SANTOS 2001 No contexto brasileiro hoje a sociedade tem cobrado das instituições financeiras mais transparência e juros mais parecidos com os cobrados em países desenvolvidos Existe ainda um longo caminho a ser percorrido pela sociedade brasileira até que seja possível que as taxas de juros praticadas pelas instituições financeiras sejam mais adequadas à realidade do país Para Nakano 2005 explicar por que as taxas reais de juros no Brasil são as mais altas do mundo é uma das questões mais complexas e controversas da economia É um desafio que precisa ser enfrentado O Banco Central brasileiro utiliza a taxa de juros como instru mento para ajuste da inflação levando em consideração que o país utiliza um regime de meta inflacionária Por sua vez Mendonça 2007 reforça esse argumento ao dizer que a taxa de juros é o principal instrumento da autoridade monetária para guiar as expectativas do público em um regime de metas para inflação e os sucessivos descumprimentos da meta anunciada levam a uma menor rigidez na definição da taxa Selic a taxa básica de juros da economia brasileira Conceitos de crédito e riscos de crédito Gestão de Riscos Operações de Crédito 1 19 Ampliando seus conhecimentos Para complementar o texto deste capítulo leia a seguir o trecho de um artigo que traça um panorama da atuação dos bancos públicos no sistema econômicofinanceiro do Brasil O papel dos bancos públicos na economia brasileira ARAÚJO CINTRA 2011 p 78 O sistema bancário brasileiro passou durante a segunda metade da década de 1990 por grandes transformações que resultaram em enxu gamento do número de instituições e na entrada de bancos estrangeiros Neste contexto os bancos públicos também sofreram importantes modi ficações o Banco do Brasil BB e a Caixa Econômica Federal CEF foram reestruturados o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social BNDES passou a atuar no desmonte do velho Estado nacionaldesenvol vimentista à frente do programa de privatizações das empresas estatais as instituições financeiras estaduais foram privatizadas sob o comandado do Banco Central do Brasil BCB Essas transformações foram condicionadas por amplo conjunto de fatores de natureza macroeconômica estrutural e regulatória Entre esses destacamse a estabilidade dos preços promovida pelo Plano Real a adesão ao Acordo de Basileia a integração do sistema bancário doméstico com o internacional seja pela maior liberdade de entrada e saída de investimentos estrangeiros e nacionais seja pela maior presença de instituições estrangeiras Nesse período é possível caracterizar a atuação dos bancos públicos fede rais em pelo menos quatro grandes dimensões A primeira diz respeito à atuação setorial sustentando os segmentos industrial rural e imobiliário em distintas fases dos ciclos de crédito Muito embora o estoque de cré dito dos bancos privados tenha crescido entre 2004 e 2008 a taxas mais elevadas do que as dos bancos públicos estes tiveram um desempenho relevante quanto ao crédito setorial O fomento ao desenvolvimento constitui uma típica função dos bancos públicos em particular mas não exclusivamente no provimento de financiamento de longo prazo modalidade em que o setor bancário pri vado brasileiro pouco atua em geral utilizandose de fontes externas O BNDES persiste como o principal banco de fomento brasileiro figurando se entre os maiores do mundo entre os seus congêneres Conceitos de crédito e riscos de crédito 1 Gestão de Riscos Operações de Crédito 20 Atividades 1 A busca por crédito está diretamente relacionada à satisfação de determinada ne cessidade ou desejo O que precisa ser levado em consideração antes de solicitar um crédito 2 Qual a contribuição social que o crédito traz à economia 3 Qual é o papel exercido pelas instituições financeiras e de que maneira elas contri buem com o desenvolvimento econômico do país Referências ARAÚJO Victor Leonardo de CINTRA Marcos Antonio Macedo O papel dos bancos públicos fede rais na economia brasileira IPEA Texto para discussão 1604 2011 BANCO CENTRAL DO BRASIL Página 1 Disponível em httpwwwbcbgovbrfisinfoinstitui coesasp Acesso em 13 jul 2016 Página 2 Disponível em https wwwbcb govbrPre CMNEntenda 20o20CMN asp Acesso em 27 de mar 2017 Página 3 Disponível em httpswwwbcbgovbrhtmsnovaPaginaSPBPapelDoBancoCentral asp Acesso em 27 de mar 2017 Página 8 Disponível em httpswwwbcbgovbrhtmseditalBanespaasp Acesso em 17 de abr 2017 BRASIL Constituição 1988 Constituição da República Federativa do Brasil Brasília DF Senado Federal Centro Gráfico 1988 CAIXA ECONÔMICA FEDERAL Disponível em httpwwwcaixagovbrsobreacaixaapresenta caoPaginasdefaultaspx Acesso em 27 mar 2017 CAOUETTE J B ALTMAN E I NARAYANAN P Gestão do risco de crédito o próximo grande desafio financeiro Rio de Janeiro Qualitymark 2000 CHAVES Vinícius Figueiredo A importância da atividade financeira na economia e o papel do Estado na regulação do mercado de capitais In Giovani Clark Paulo Ricardo Opuszka Maria Stela Campos da Silva Org Direito e Economia II 1 ed Florianópolis CONPEDI 2014 CINTRA Marcos Antonio Macedo 2006 A reestruturação do sistema bancário brasileiro e os ciclos de crédito entre 1995 e 2005 Política Econômica em Foco nº 7 nov 2005 Disponível em http repositorioipeagovbrbitstream1105816201td1604pdf Acesso em 27 mar 2017 COSTA NETO Yttrio Corrêa da Bancos oficiais no Brasil origem e aspectos de seu desenvolvimento Brasília Banco Central do Brasil 2004 FORTUNA Eduardo Mercado financeiro produtos e serviços 15 ed rev e atual Rio de Janeiro Qualitymark 2002 FRANCO Gustavo H B 1990 A primeira década republicana In ABREU Marcelo P org A ordem do progresso cem anos de política econômica republicana 18891989 Rio de Janeiro Campus 1990 Conceitos de crédito e riscos de crédito Gestão de Riscos Operações de Crédito 1 21 GOMES Laurentino BRUGGER Rita Bromberg 1808 como uma rainha louca um príncipe medroso e uma corte corrupta enganaram Napoleão e mudaram a história de Portugal e do Brasil São Paulo Planeta jovem 2008 GONÇALVES Tiago Cordeiro O sistema financeiro brasileiro evolução do crédito no brasil pós Plano Real 69p Dissertação Fundação Armando Alvares Penteado 2007 LAMEIRA Valdir de Jesus Mercado de Capitais 2 ed Rio de Janeiro Forense Universitária 2003 MENDONÇA Helder Ferreira de Metas para inflação e taxa de juros no Brasil uma análise do efeito dos preços livres e administrados Revista de Economia Política vol 27 n 3 107 p 431451 ju lhosetembro2007 Disponível em httpwwwscielobrpdfrepv27n3v27n3a07 Acesso em 17 de abr 2017 NAKANO Yoshiaki Revista Conjuntura Econômica nov 2005 Disponível em fileCUsersad minDownloads28218519931PBpdf Acesso em 17 abr 2017 PEREIRA L A PEREIRA L V O Setor Público Brasileiro 18901945 Texto para discussão IPEA n 845 2001 SANTOS Fernando Teixeira dos Avaliação Geral e Perspectivas de Regulação do Mercado de Capitais In Colóquio Internacional A Regulação Financeira em Portugal num Mercado em Mudança Disponível em httpwwwfducptcediprepdfscoloquiosciregulacaofinanceira FTeixeia Santosresumopdf Acesso em 14 dez 2016 SANTOS José Odálio dos Analise de credito empresas e pessoas físicas abordagem teóricoprática com foco em técnicas de julgamento credit scoring linhas de credito garantias e estratégias para diversificação de riscos São Paulo Atlas 2000 SCHRICKEL Wolfgang Kurt Análise de crédito concessão e gerência de empréstimos 3 ed São Paulo Atlas 1997 SECURATO José Roberto Coord Crédito Análise e avaliação do risco pessoas físicas e jurídicas São Paulo Saint Paul 2002 SILVA Jose Pereira da Gestão e análise de risco de crédito 4 ed São Paulo Atlas 2003 UNESCO Declaração de Salamanca 1994 Disponível em httpportalmecgovbrseesparquivos pdfsalamancapdf Acesso em 9 jul 2016 Resolução 1 Antes de solicitar um determinado crédito é de suma importância uma avaliação para que se possa perceber a real necessidade do recurso a ser solicitado No caso de pessoas jurídicas fazer uma avaliação econômica financeira para verificar se o recurso de fato é necessário e se a aquisição desse crédito irá trazer os resultados esperados No caso de pessoas físicas é importante avaliar se é necessário de fato o crédito e se a dívida que está sendo contraída cabe no orçamento pessoal 2 O crédito é fundamental para que se façam investimentos sejam eles públicos ou privados É por meio da concessão de crédito que as empresas conseguem em mui tos casos recursos necessários para dinamizar seu processo produtivo gerando mais riquezas e empregos Conceitos de crédito e riscos de crédito 1 Gestão de Riscos Operações de Crédito 22 3 As instituições financeiras são o elo que liga as pessoas que detém recursos àquelas que necessitam de crédito Também cabe às instituições o papel de avaliar os riscos envolvidos nessas transações bem como absorver esses riscos e suas consequências quando o tomador de crédito não paga o que deve Em suma as instituições finan ceiras por meio dessa intermediação promovem o desenvolvimento do país uma vez que as pessoas físicas e jurídicas de posse do crédito efetuam investimentos bem como adquirem bens e serviços movimentando a economia e gerando empregos Gestão de Riscos Operações de Crédito 23 2 Fundamentos e princípios da análise de crédito Neste segundo capítulo são apresentadas as principais variáveis que sustentam uma análise de crédito também conhecidas como os 5 Cs do crédito que permitem uma avaliação mais adequada do cliente visando à redução de riscos Também são analisados os elementos que formam as técnicas de julgamento para análise de crédito fundamentais no processo de concessão de crédito para pessoas físicas e jurídicas e por fim é explicado como deve ser elaborado um parecer sobre crédito e quais os prin cipais cuidados envolvidos nesse processo Fundamentos e princípios da análise de crédito 2 Gestão de Riscos Operações de Crédito 24 21 Os 5 Cs do crédito Inicialmente é preciso entender que o processo de concessão de crédito requer cuida dos pois quem concede precisa reduzir os seus riscos e garantir que os recursos empresta dos sejam devolvidos dentro do prazo estipulado Para Braga 1995 essa análise de crédito nada mais é do que a imputação de valores a variáveis previamente determinadas possibili tando a construção de um parecer sobre uma determinada operação de crédito Ao longo do tempo inúmeros modelos de classificação de risco e de análise de crédito foram sendo cons truídos para determinar qualitativamente a capacidade de pagamento das pessoas físicas e jurídicas Esses modelos visam possibilitar uma maior confiança nas análises de crédito fazendo com que as decisões tomadas gerem o menor percentual de perdas possível Todavia o desenvolvimento econômico pede crédito disponível Nesse contexto de um lado existem pessoas físicas e jurídicas com excesso de capital e de outro encontramse aquelas que necessitam de crédito para realizar as suas necessidades A evolução da econo mia mundial potencializou a necessidade de mais crédito e consequentemente de modelos de análise de crédito cada vez mais sofisticados que impulsionassem a economia e que miti gassem tornassem mais brandos os riscos das entidades emprestadoras de recursos Para Thomas Edelman e Crook 2002 até o início do século XX a análise de crédito era feita de um modo subjetivo com base no julgamento de um ou mais analistas Nesse contexto Schrickel 1997 afirma que a análise de crédito está relacionada com a habilidade de construir decisões relativas à concessão de crédito tendo como cenário um ambiente de incertezas em constante mutação Ainda segundo o mesmo autor os principais objetivos da análise de crédito seriam entre outras coisas o mapeamento de riscos a evidenciação da capacidade de pagamento a estruturação e a qualificação do limite de crédito Para tanto fazse necessário o levantamento de dados e informações a fim de que se possa avaliar da maneira mais adequada o tomador dos recursos verificando de maneira eficiente a sua ca pacidade de pagamento bem como os demais riscos envolvidos na operação Securato et al 2007 afirmam que a análise do crédito está alicerçada na coleta de in formações do solicitante ou seja de quem está concedendo o crédito assim como na confir mação das informações coletadas e demais consultas à base de dados disponíveis Para que esse processo se torne eficiente é fundamental que as informações estejam organizadas de tal forma que possibilitem ao emprestador do recurso ter condições de emprestar parte dos seus bens de forma ágil e segura Nesse sentido em 1972 a expressão 5 Cs do crédito foi criada pelos pesquisadores Fred Weston e Eugene Brigham Segundo eles para tornar o processo de crédito mais eficiente deveriam ser observados cinco pontos centrais Figura 1 Fundamentos e princípios da análise de crédito Gestão de Riscos Operações de Crédito 2 25 Figura 1 5 Cs do crédito 5 Cs do crédito Capacidade Capital Condições Colateral Caráter Fonte Elaborada pelo autor Cada um desses elementos é fundamental para uma análise de crédito eficaz Ao longo dos anos novos Cs foram adicionados ao processo de análise todavia ainda necessitam de consenso em relação a sua utilização A seguir são discriminados cada um desses 5 Cs seu papel e sua finalidade 211 Caráter Segundo Santos 2010 p 30 o caráter está associado à idoneidade do cliente no mer cado de crédito Para a análise desse critério é indispensável que os credores disponham de informações históricas de seus clientes Para se fazer uma análise de crédito é de suma importância verificar o caráter da pessoa física ou jurídica que está solicitando o crédito Dessa maneira será possível observar ao se analisar em uma base de dados segura se o solicitante é idôneo e se desfruta de crédito Em outras palavras é preciso analisar se o solicitante de crédito é um bom pagador se pos sui o nome limpo na praça e se tem um bom histórico de créditos tomados e pagos sem atraso ou maiores problemas Hoji 1999 argumenta que esse é o item mais importante na análise de crédito pois examina o caráter do cliente mesmo que esse elemento possua um alto grau de subjetividade uma vez que pretende mensurar aspectos morais e éticos Fundamentos e princípios da análise de crédito 2 Gestão de Riscos Operações de Crédito 26 Para Lemes Junior et al 2002 o caráter está relacionado ao comportamento do cliente no que diz respeito ao cumprimento das obrigações assumidas com terceiros e assim eventuais descumprimentos refletirão na avaliação desse caráter Quando por exemplo um determinado cliente possui títulos protestados isso pode ser considerado como uma evi dência de que ele passa por dificuldades financeiras 212 Capacidade Diz respeito à capacidade de pagamento das pessoas físicas e jurídicas que solicitam o crédito Em relação às pessoas físicas é possível avaliar tal capacidade levantando infor mações como renda escolaridade estado civil número de dependentes etc Em relação às pessoas jurídicas devese verificar as demonstrações contábeis para que se possa avaliar a saúde financeira do negócio Para Droms e Procianoy 2002 esse C diz respeito à capacidade financeira de um indivíduo ou de uma empresa em cumprir os prazos e valores a serem pagos Ainda segun do os autores mesmo que se perceba as melhores das intenções em honrar prazos e valores recebidos analisar a capacidade financeira do tomador é um fator primordial para poder conceder o crédito Gitman 2002 por sua vez levando em consideração as pessoas jurídicas define a ca pacidade como o potencial de determinado cliente em quitar um crédito solicitado A aná lise das demonstrações contábeis em especial os índices de endividamento e liquidez são usualmente utilizadas para verificar a real capacidade de pagamento do solicitante 213 Capital No contexto das empresas podese entender que o capital se refere à transformação de negócios em recursos financeiros Segundo Tsuru e Centa 2007 capital nada mais é do que o patrimônio econômicofinanceiro de uma pessoa física ou jurídica que dá suporte ao crédito solicitado Já para Rosa Azzolin e Soares 2015 o capital leva em consideração a capacidade de geração de caixa de uma empresa e se essa capacidade está ou não alinhada com suas expectativas de rentabilidade e lucratividade No que diz respeito às pessoas físi cas como afirmam Lemes Junior et al 2002 é preciso avaliar se a renda mensal está ou não comprometida com prestações mensais como aluguel consórcios etc Para Santos 2010 o capital pode ser mensurado levandose em consideração a situa ção financeira do cliente medida pela composição quantitativa e qualitativa dos seus re cursos assim como pela identificação de onde eles são aplicados e como são financiados Como exemplo imagine uma empresa que possui ativos bens e direitos que somem R 1 milhão Esses recursos aplicados em ativos tiveram como origem os sócios ou foram captados de terceiros Os sócios exigem desse empreendimento uma lucratividade de 30 ao ano ou seja essa empresa deveria proporcionar um resultado de R 300 mil anuais Isso demonstraria que a empresa possui uma capacidade de geração de caixa por meio da venda de produtosserviços que está alinhada com a expectativa dos sócios os quais entendem Fundamentos e princípios da análise de crédito Gestão de Riscos Operações de Crédito 2 27 que tal resultado é suficiente para remunerálos assim como para continuar operando de maneira competitiva no mercado Agora imagine que por algum motivo como uma crise econômica um aumento da concorrência ou o aparecimento de um produtoserviço subs tituto essa empresa tenha perdido a sua capacidade de gerar caixa e que apresente uma rentabilidade de 15 ao ano Isso refletirá diretamente nos seus resultados levandoa a ter dificuldades financeiras o que impactará sua capacidade em honrar compromissos finan ceiros assumidos com terceiros 214 Condições Diz respeito aos cenários econômico e empresarial vigentes em determinado momento ou quaisquer circunstâncias que demonstrem ser desfavoráveis à concessão do crédito Para Miura e Davi 2000 alguns elementos micro ou macroeconômicos fogem do controle das pessoas físicas ou jurídicas como medidas de política econômica câmbio taxa de juros abertura de mercado alterações tributárias ou a possibilidade de que fenômenos naturais ocorram Fatores relacionados ao mercado como a entrada de um novo concorrente bem como outros elementos que impactem na competitividade estão entre os principais aspectos que moldam a análise desse C MIURA DAVI 2000 Santos 2010 reforça esse entendimento na medida em que argumenta que esse C diz respeito à sensibilidade da capacidade de pagamento dos clientes em relação à ocorrência de fatores externos adversos ou sistemáticos Tais fatores se referem a crises assim como a outras mudanças no cenário econômico por exemplo o aumento da inflação 215 Colateral Diz respeito às garantias que eventualmente possam ser dadas no momento da soli citação de crédito Isso é bastante comum nos casos de financiamento de veículos quando o bem fica em nome da entidade que está concedendo o crédito como uma garantia para eventuais dificuldades que ocorram no pagamento Para Lemes Junior et al 2002 esse C significa o que poderá ser oferecido em ga rantia pelo cliente no momento da solicitação de crédito como bens ou outros recursos dis poníveis para cobrir o valor exigido pela transação Por sua vez Droms e Procianoy 2002 afirmam que colateral nada mais é do que a garantia empenhada pelo solicitante do crédito no momento em que busca em alguma entidade recursos para satisfazer a sua necessidade 22 Análise de crédito técnicas de análise Todo processo de análise de crédito tem sempre como base as informações coletadas e levantadas sobre o pretenso tomador de crédito bem como sobre seu contexto e demais fatores que o influenciam É de suma importância que essas informações sejam confiáveis e que ao mesmo tempo sejam analisadas com base em metodologias eficientes para que se Fundamentos e princípios da análise de crédito 2 Gestão de Riscos Operações de Crédito 28 possa reduzir riscos garantindo assim decisões mais assertivas em relação à concessão de crédito Tais medidas podem aumentar substancialmente as chances de o detentor de recur sos ter de volta o capital emprestado de acordo com as condições acordadas Para Santos 2006 o processo de análise de crédito utiliza duas técnicas principais a julgamental e a estatística A primeira tem como base o julgamento humano e a segunda é baseada em modelos estatísticos É importante salientar que tais formas de analisar crédito não conflitam entre si e po dem ser utilizadas tanto para as pessoas físicas como para as jurídicas A depender da estru tura organizacional do emprestador de recursos este poderá utilizar ferramentas de ambas as técnicas para analisar e tomar decisões relacionadas à concessão de crédito Santos 2000 aponta que o cadastro é fundamental nesse processo pois importantes informações são levantadas e servem de base para a averiguação da idoneidade assim como da capacidade econômicofinanceira do cliente com o propósito de construir um parecer sobre o crédito a ser liberado A base informacional para um cadastro de pessoa física envolve entre outros estado civil escolaridade profissão rendimentos patrimônio consulta a órgãos de proteção ao crédito Ainda segundo Santos 2000 em se tratando de cadastro de pessoa jurídica são impor tantes informações como valor patrimonial da empresa endividamento lucro patrimônio líquido referências bancárias e de fornecedores informações financeiras dos sócios 221 Técnica baseada em estatística O uso de ferramentas estatísticas para análise de crédito tornouse um caminho natural à medida que os sistemas de informações foram evoluindo A utilização de estatística nesse processo é um importante instrumento para a tomada de decisão de tal maneira que os riscos possam ser dirimidos e os resultados potencializados Nesse contexto o credit score surge como uma das mais potentes armas para auxiliar no processo de análise de crédito Fundamentos e princípios da análise de crédito Gestão de Riscos Operações de Crédito 2 29 2211 Credit score Segundo Rosa Azzolin e Soares 2015 o credit score é um modelo de análise de crédito que por meio de um balizamento préformatado atribui pontos ao solicitante de crédito de acordo com o seu perfil segregando características que possam vir a ser entendidas como positivas ou negativas à entidade que está concedendo o crédito Tais características indicam por meio da pontuação atingida se o solicitante do crédito tem ou não potencial para rece bêlo Na Figura 2 é possível entender como o credit score está inserido no processo decisório de crédito Figura 2 Credit score no processo de concessão de crédito Cliente Modelo credit score Estatísticas para análise do crédito 2 Solicitador de crédito 2 Atribui uma pontu ação para auxiliar no processo de con cessão do crédito 2 Sistema de pontuação Fonte SOUZA CHAIA 2000 Adaptado Para Rosa Azzolin e Soares 2015 essa metodologia tenta definir quem são potencial mente os bons pagadores aqueles que têm condições para honrar as obrigações maus pagadores aqueles que eventualmente não têm condições para cumprir as obrigações relacionadas aos créditos recebidos Lewis 1992 complementa informando que os modelos de credit score são sistemas que conferem determinada pontuação de acordo com variáveis de decisão de crédito de um proponente por meio da aplicação de técnicas estatísticas Esses modelos têm como objetivo identificar características que possam distinguir os bons dos maus pagadores Para Araujo e Carmona 2007 a pontuação que resulta da equação de credit score pode ser analisada como a probabilidade de o solicitante não pagar o que deve ao se comparar a pon tuação de um crédito atingida com uma pontuação mínima estabelecida como ponto de corte Tal mecanismo pode ser utilizado levandose em conta o risco de quem está concedendo o crédito ou seja a pontuação mínima exigida poderá ser maior ou menor de acordo com as exi gências estabelecidas Dessa forma a ideia fundamental dos modelos de credit score é identificar quais são os fatoreschave que podem influenciar a adimplência ou inadimplência dos tomado res de recursos Partindo desse modelo é possível classificar esses clientes em grupos distintos o que é fundamental para a tomada de decisão em relação à concessão de crédito Fundamentos e princípios da análise de crédito 2 Gestão de Riscos Operações de Crédito 30 Santos 2010 ilustra o modelo de credit score por meio da tabela a seguir que descreve a pontuação concedida de acordo com o perfil do solicitante de crédito Tabela 1 Pontuação de acordo com o perfil do devedor Característica do devedor Pontuação Ocupação 0 a 10 Propriedade da moradia 0 a 10 Histórico de restrições 0 a 10 Tempo no trabalho atual 0 a 10 Tempo na moradia atual 0 a 10 Estado civil 0 a 10 Número de dependentes 0 a 10 Comprometimento da renda 0 a 10 Relacionamento bancário 0 a 10 Fonte SANTOS 2010 p 171 Adaptado Observando a tabela podese verificar que de acordo com as características de cada cliente e com premissas preestabelecidas o modelo de credit score atribui maior ou menor pontuação Assim para uma determinada empresa o fato de o devedor residir no mesmo endereço há mais de seis meses pode gerar certo número de pontos enquanto outra em presa atribuirá uma quantidade menor de pontos para esse quesito ao entender que essa informação é menos relevante ou seja que não tem grande impacto em relação aos riscos envolvidos na operação Mesmo que não exista uma receita predefinida em relação à quantidade de pontos a atribuir sabese que no mercado atual elementos como os listados a seguir são normal mente levados em consideração no momento de se analisar crédito utilizando um modelo de credit score histórico financeiro eventuais dívidas pendentes tempo em que teve crédito disponível características dos créditos adquiridos anteriormente É importante mencionar que não existe uma receita préformatada e universal em re lação à pontuação a ser concedida O modelo de credit score tem como base a necessidade de construção de uma pontuação que represente o risco em conceder o crédito de acordo com grupos distintos clusters Essa pontuação evidentemente poderá ser alterada ao longo do tempo à medida que as condições econômicas e culturais sofram mudanças No momento da construção de suas premissas uma empresa que está concedendo crédito deve levar em consideração dados estatísticos de fontes seguras para subsidiar a definição da pontuação Tais fontes de informação são fundamentais para que se possa decidir de maneira mais se gura as características que merecem mais pontos e aquelas que devem obter menos pontos Fundamentos e princípios da análise de crédito Gestão de Riscos Operações de Crédito 2 31 Para ilustrar analise uma situação imagine que no ano de 1981 na cidade de São Paulo uma loja de móveis já utilizava o modelo de credit score para analisar o crédito daqueles clien tes que necessitavam parcelar a compra de produtos Com a utilização desse sistema eram concedidos muitos pontos para o perfil de cliente que tinha mais de dez anos de trabalho na mesma empresa No entanto mais de trinta anos depois pesquisas apontam que o tempo máximo de permanência no mesmo emprego no Brasil é de menos de três anos Sendo as sim a mesma empresa sem sombra de dúvidas teve de mudar a pontuação concedida para esse elemento levantado no cadastro do cliente Se tal característica perde a importância nada mais correto que ponderar sobre a atribuição de pontos Da mesma forma elementos que ao longo de determinado tempo ganham mais valor devem ter a pontuação aumentada para que represente de madeira mais adequada o grau de risco que se quer refletir É apresentado a seguir Tabela 2 um modelo genérico para demonstrar de que manei ra poderiam ser atribuídos pontos ao cliente levandose em conta o modelo de credit score Tabela 2 Exemplo de modelo de pontuação para concessão de crédito Fatores determinantes da qualidade do crédito Pontuação de risco OcupaçãoAtividade profissional Diretor 100 GerenteSupervisor 80 Analista 70 Trabalhar não especializado 50 Estudante e funcionário de meio período 40 Estudante 20 Propriedade da moradia Própria 80 Alugada 50 Mora com amigos ou parentes 10 Classificação do crédito inclui a pesquisa de idoneidade Nunca possuiu restrições 100 Não apresenta restrições já possuiu restrições 80 Apresenta restrições valor apresentado até 30 da renda líquida 40 Apresenta restrições valor apresentado de 31 a 50 da renda líquida 50 Apresenta restrições valor superior a 30 da renda líquida 100 Fonte Elaborada pelo autor As considerações da tabela tratam de pessoas físicas Mas como podem ser avaliadas as pessoas jurídicas Fundamentos e princípios da análise de crédito 2 Gestão de Riscos Operações de Crédito 32 O mesmo modelo de avaliação de crédito também pode ser aplicado para pessoas jurí dicas e as empresas podem obter pontuações maiores ou menores de acordo com outras características determinadas que são de algum modo importantes para quem está conce dendo o crédito No contexto do credit score as principais informações levantadas para se estipular essa pontuação são tempo de existência da empresa faturamento mensal índices financeiros como de liquidez endividamento etc eventuais dívidas pendentes montantes de créditos recebidos valor do patrimônio características dos créditos adquiridos anteriormente capacidade de gestão 222 Técnica julgamental Para Rosa Azzolin e Soares 2015 a técnica julgamental tem como base a análise de um conjunto de informações a respeito do solicitante cabendo ao emprestador dos recursos avaliar o grau de certeza de que o recurso será devolvido e a partir disso decidir se o crédito deve ser concedido ou não Como visto anteriormente as informações levantadas que servem de base para o julga mento estão pautadas nos 5 Cs do crédito e é de suma importância que todas as informações sejam confiáveis a fim de que se possa ter uma base sólida para o julgamento das pessoas físicas e das pessoas jurídicas Isso não elimina o caráter subjetivo da decisão final pois mesmo que certos princípios sejam definidos pelo emprestador não é raro analistas diver girem em relação à concessão ou não do crédito bem como nos valores a serem liberados Segundo Santos 2000 essa análise pautada em julgamento leva em consideração algu mas fases como as descritas a seguir Análise documental Nela são feitos levantamentos a respeito da situação le gal dos clientes No caso das pessoas físicas são verificados documentos como o cadastro de pessoa física CPF o registro geral RG a declaração de Imposto de Renda entre outros documentos Para pessoas jurídicas essa fase da análise deverá verificar documentos como o contrato social e suas devidas alterações do cumentos pessoais dos sócios como CPF e RG a inscrição na junta comercial o alvará etc O objetivo principal nessa etapa da análise é identificar o solicitante de crédito e evitar fraudes documentais Análise de idoneidade Essa análise é feita por meio de pesquisa em órgãos de proteção ao crédito os chamados bureaus de crédito SERASA SPC Boa Vista etc para verificar se o cliente possui pendências em aberto com outras empresas e ins tituições financeiras Além disso quem está cedendo o crédito analisa eventuais Fundamentos e princípios da análise de crédito Gestão de Riscos Operações de Crédito 2 33 operações anteriores feitas dentro da própria empresa Essa junção de informações internas e externas sobre o comportamento creditício do cliente pessoa física e jurídica pode apontar se ele foi um bom ou mau pagador refletindo assim sua idoneidade Análise financeira e patrimonial Para pessoas físicas essa é a avaliação da ren da mensal e de sua regularidade os riscos de esses rendimentos cessarem além do patrimônio do tomador de recursos Em relação às pessoas jurídicas é feita uma análise contábil e financeira da empresa verificandose a capacidade de pagamen to e estrutura patrimonial bens direitos e obrigações e outros pontos que podem comprometer a entrada de caixa para a empresa Análise cadastral Tem como base a revisão das informações levantadas no ca dastro Para pessoas físicas algumas características como estado civil número de dependentes escolaridade patrimônio idade entre outras são avaliadas para ve rificar outras condicionantes que afetam a estrutura de gastos e o equilíbrio finan ceiro do indivíduo No caso de pessoas jurídicas algumas informações levantadas no cadastro inicial são confirmadas como referências bancárias carteira de clien tes fornecedores etc É importante ressaltar que a técnica julgamental utiliza os resultados dos métodos es tatísticos para que se elabore de maneira eficiente um julgamento correto sobre a concessão do crédito Com base nesse conjunto de dados e informações é possível entender que o uso de estatística é fundamental para uma correta avaliação dos riscos envolvidos na concessão de crédito pois tais ferramentas dão uma dimensão mais apropriada dos riscos envolvidos nas mais variadas circunstâncias 23 Elaboração e emissão de pareceres sobre crédito O processo de emissão de pareceres sobre crédito deve ser feito com base em todas as informações coletadas analisadas e julgadas nas etapas anteriores Afinal informações bem analisadas podem ajudar empresas e pessoas a construir conhecimentos o que favorece a tomada de decisão diminuindo os riscos envolvidos no processo Se dados como esses não forem suficientes em muitos casos são agendadas visitas às empresas para que se possa verificar in loco suas instalações e demais características Com isso quem concede crédito percebe com mais clareza os requisitos e as taxas a serem estipu lados Desse modo a empresa terá condições de conceder o crédito adequado ao cliente e este poderá ter a segurança de que está fazendo negócio com a empresa mais adequada para atender suas necessidades Após o preenchimento do cadastro partese para um segundo momento no qual se faz necessária uma análise das informações colhidas com o objetivo de dimensionar de maneira mais adequada os riscos da operação de crédito É evidente que riscos sempre Fundamentos e princípios da análise de crédito 2 Gestão de Riscos Operações de Crédito 34 estarão presentes quando se fala em concessão de crédito pois mesmo com uma análise criteriosa algumas situações adversas podem ocorrer fazendo com que o cliente não pague o crédito emprestado Para ficar mais claro imagine que a empresa X fez um grande financiamento para sua expansão e que uma grande instituição financeira após uma criteriosa análise de crédito concedeu alguns milhões de reais para a operação Todavia poucos meses depois os dois principais concorrentes da empresa X anunciam a abertura de filiais na mesma região de atuação Por mais que tenha sido mapeado pela instituição financeira o risco de um novo concorrente a entrada de fato de novas empresas na disputa pelo mercado pode provocar uma maior dificuldade do tomador de empréstimo em honrar os compromissos assumidos Por esses e outros motivos a análise de crédito sempre terá o elemento risco envol vido O papel do emprestador de recursos é construir uma análise eficiente para que possa perceber os riscos envolvidos e assim construir um parecer adequado a cada cliente Desse modo não recusará crédito àqueles que tenham condições de pagar bem como reduzirá o crédito para clientes que em virtude das mais variadas circunstâncias tenham razoável possibilidade de não honrar o compromisso assumido O processo de construção de um parecer sobre concessão de crédito deve portanto se guir algumas etapas A extração de informações nos dados cadastrais serve de alicerce para um parecer adequado sobre o crédito solicitado resultando na aprovação e definição dos limites de crédito ou na sua recusa quando os riscos envolvidos forem substancialmente al tos para os padrões estipulados pela empresa Tal processo pode ser visualizado na Figura 3 Figura 3 Processo de construção de parecer de crédito Levantamento de dados cadastrais Emissão de parecer Transformação dos dados em informações para subsidiar a emissão de um parecer sobre a concessão do crédito Dados Fonte Elaborada pelo autor Em muitas situações o parecer sobre a concessão ou não do crédito é feito com base em premissas previamente definidas pela empresa levandose em consideração padrões entendidos como necessários para aprovação do crédito Tais situações podem ocorrer nos casos em que exista um histórico favorável de créditos já concedidos e devidamente pagos bem como perfis de clientes desejados pela empresa Parametrizando o sistema de maneira adequada buscando informações pertinentes e confiáveis a empresa pode se tornar mais eficiente na análise de crédito dinamizando o processo É evidente que cuidados precisam ser tomados para evitar riscos como o de mensuração equivocada de determinados perfis bem como fraudes que vão desde a Fundamentos e princípios da análise de crédito Gestão de Riscos Operações de Crédito 2 35 utilização de documentos falsos até a manipulação de informações que não correspon dem com a realidade Ampliando seus conhecimentos O texto a seguir explica como são coletadas informações sobre o cliente e seu relacionamento com seus credores de modo a se traçar uma análise do solicitante de crédito e fazer uma avaliação adequada da sua capaci dade de pagamento Análise de relacionamento SANTOS 2010 p 3839 No caso do histórico de relacionamento com o credor os analistas cole tam as seguintes informações relacionadas aos financiamentos e limites de crédito médias extraídas de valores aprovados índices de utilização frequência de utilização taxa de juros pontualidade etc No que tange ao mercado de crédito os analistas enfrentam maiores dificuldades para obter as mesmas informações face a recusa de empresas que mantêm transações de crédito com o cliente Todavia podem orientar suas deci sões baseandose em referências comerciais e bancárias Além das informações de relacionamento bancário os credores também podem obter informações de relacionamento comercial Dentre as fontes para fornecer informações da conduta de pagamento dos clientes desta camse as empresas que detêm histórico de vendas a prazo e as empresas gestoras de informações de risco de crédito ex Serasa que fornecem dados relacionados ao número de consultas com o CNPJ cadastro nacio nal de pessoas jurídicas dos clientes ao valor das compras realizadas e à natureza dos itens comprados O levantamento do número de consultas do CNPJ em conjunto com a análise de informações financeiras e de idoneidade pode evidenciar urna deterioração da capacidade de pagamento dos clientes Caso esse seja o caso o esperado é que os clientes enfrentem maiores dificuldades para obter financiamentos e fazer compras a prazo Com isso tanto o número de tentativas para obter financiamentos e comprar a prazo como o número de consultas de seus CNPJs aumentam Fundamentos e princípios da análise de crédito 2 Gestão de Riscos Operações de Crédito 36 Os valores das compras realizadas no período recente são confrontados com o faturamento comprovado dos clientes para se verificar capacidade de pagamento pontual das dívidas Já a verificação da natureza dos itens comprados no período recente contribui para sinalizar se de fato são compras relacionadas com as necessidades de consumo dos clientes ou se estão relacionados com ações de golpistas os quais falsificam informa ções cadastrais financeiras patrimoniais e de idoneidade na tentativa de comprar itens de várias modalidades visando obter benefícios variados como a revenda ilegal Atividades 1 Qual é o papel de um sistema de informações adequado na análise de crédito 2 O elemento caráter compõe um dos 5 Cs do crédito Em qual medida ele é importante e por quê 3 Como o modelo de credit score pode auxiliar as empresas na análise de crédito Referências BRAGA R Fundamentos e técnicas de administração financeira São Paulo Atlas 1995 DROMS Willian G PROCIANOY Jairo L Finanças para executivos nãofinanceiros Porto Alegre Bookman 2002 GITMAN Lawrence J Princípios de administração financeira 7 ed São Paulo Harbra 2002 HOJI Masakazu Administração financeira uma abordagem prática São Paulo Atlas 1999 LEMES JUNIOR Antônio Barbosa et al Administração financeira princípios fundamentos e práticas brasileiras Rio de Janeiro Campus 2002 LANG Larry R Strategy for personal finance 15 ed MCGrawHill Boston1993 MIURA Yuko DAVI Marcos Cesar Antunes Utilização de instrumentos de avaliação de riscos para concessão de créditos às pessoas jurídicas Akrópolis Revista de Ciências Humanas da Unipar Umuarama v 8 n 1 p 4861 janmar 2000 ROSA Luiz Itamar AZZOLIN José Laudelino SOARES Juliano Lima Análise de crédito e cobran ça Curitiba Universidade Positivo 2015 SANTOS José Odálio dos Análise de crédito empresas e pessoas físicas 2 ed São Paulo Atlas 2006 SANTOS José Odálio dos Análise de crédito empresas pessoas físicas agronegócio e pecuária 3 ed São Paulo Atlas 2010 SANTOS José Odálio dos Analise de crédito empresas e pessoas físicas abordagem teóricoprática com foco em técnicas de julgamento credit scoring linhas de crédito garantias e estratégias para diversificação de riscos São Paulo Atlas 2000 Fundamentos e princípios da análise de crédito Gestão de Riscos Operações de Crédito 2 37 SCHRICKEL K W Análise de crédito concessão e gerência de empréstimos 2 ed São Paulo Atlas 1995 SECURATO José Roberto et al Crédito análise e avaliação do risco São Paulo Saint Paul 2007 SOUZA Almir Ferreira CHAIA Alexandre Jorge Política de crédito uma análise qualitativa dos processos em empresas Caderno de Pesquisas em Administração São Paulo v 7 n 3 julset 2000 THOMAS L C EDELMAN D B CROOK J N Credit Scoring and Its Applications Editora SIAM 2002 TSURU Sérgio Kazuo CENTA Sergio Alexandre Crédito no varejo para pessoas físicas e jurídicas 2 ed Curitiba Ibpex 2007 WESTON J Fred BRIGHAM Eugene P Managerial Finance New York Holt 1972 Resolução 1 As informações formam a principal matériaprima de uma análise de crédito Um conjunto de informações adequadas e confiáveis torna o processo de análise de cré dito mais eficiente 2 Ao analisar o caráter de um solicitante de crédito buscase verificar sua integridade moral no que se refere à disposição em honrar compromissos assumidos 3 O modelo de credit score favorece a construção de uma pontuação baseada no perfil do cliente na qual vários fatores são levados em consideração como no caso de pessoas físicas idade estado civil escolaridade ocupação etc Tais características com base em estudos estatísticos apontam o risco envolvido em uma determinada operação de crédito Estamos aquí para ayudarte en todas las fases de la transacción Consultoría Apoyo en la definición de objetivos estructura jurídica y financiera para rentabilizar tu inversión Análisis y estudio de mercado Valoración y análisis de las mejores opciones para maximizar tu rentabilidad y minimizar los riesgos Búsqueda de financiación Asesoramiento en relación a la financiación bancaria y obtención de recursos para facilitar tu inversión Gestión del proyecto Seguimiento y control de todo el proceso desde la valoración hasta la formalización y entrega del inmueble Asesoría legal y fiscal Apoyo en la gestión de contratos y trámites para cumplir con los requisitos legales y fiscales Asistencia postventa Resolución de cualquier incidencia administración y gestión del inmueble para garantizar tu tranquilidad Paso a paso Tu éxito es el nuestro Vamos a acompañarte en todo momento ofreciéndote un servicio profesional de alta calidad y a medida Gestão de Riscos Operações de Crédito 39 3 Riscos de crédito de pessoas físicas e jurídicas Este capítulo trata sobre riscos de crédito inicialmente explicando o que é risco e apresentando os principais riscos envolvidos nas operações de concessão de crédito tanto para as pessoas físicas como para as jurídicas Também são abordados temas rela cionados à gestão de riscos e o seu papel no processo de oferta de crédito Pretendese com isso que este texto possa compor um arcabouço conceitual acerca do tema auxi liandoo a compreender a importância da gestão de risco para as organizações Riscos de crédito de pessoas físicas e jurídicas 3 Gestão de Riscos Operações de Crédito 40 31 Riscos definições A palavra risco é bastante utilizada em inúmeros contextos Por exemplo existe o risco biológico em que há a possibilidade de contágio por meio do contato com microorganis mos perigosos Na área de administração o termo risco é associado às noções de incerteza pois se refere à probabilidade de um evento ocorrer e aos impactos resultantes desse evento caso ele ocorra Ao se mensurar antecipadamente os riscos de determinadas situações é possível tomar medidas para minimizar eventuais danos e até mesmo enxergar possíveis ganhos não perceptíveis em uma primeira análise Para Lupton 1999 a noção exata da necessidade da gestão de risco surgiu na época das Grandes Navegações com o estabelecimento do seguro marítimo que era utilizado para descrever os perigos que poderiam ocorrer durante uma viagem Nessa época a economia mundial passava por um momento de grandes transformações em que se faziam necessá rios mecanismos de proteção que de alguma maneira reduzissem os riscos envolvidos nas operações relacionadas à navegação mercantil Segundo Douglas 1992 nesse período o risco estava relacionado tanto à probabilidade das perdas que poderiam acontecer em de corrência da viagem quanto às chances relacionadas a possíveis ganhos Luhmann 1996 afirma que o termo risco pode ser definido como a ameaça ou probabi lidade de uma ação ou determinado evento afetar benéfica ou maleficamente as operações de uma organização impactando no atingimento dos seus objetivos Em outras palavras o risco se relaciona diretamente a incertezas cabendo às organizações a construção de meca nismos eficientes para mapear essas incertezas gerenciando assim os riscos Por meio de estudos estatísticos é possível apontar quais são os riscos de um deter minado fato acontecer como por exemplo o risco de que aconteçam quedas de energia A mensuração desse risco para um hospital pode interferir no aumento ou não dos investi mentos em geradores de energia assegurando assim que sejam mantidas minimamente as suas operações cotidianas Já para uma fábrica de sorvete mensurar os riscos relacionados ao clima pode ser fator decisivo no aumento ou redução de investimos que impactem no volume de sorvete a ser produzido Seguradoras do mundo inteiro utilizam ferramentas matemáticas e estatísticas para men surar riscos e avaliar quais preços devem ser cobrados pelas apólices de seguros Empresas também tentam avaliar os riscos em determinadas operações de fábrica e assim determinar quais são as medidas mais adequadas a serem tomadas em relação a cada processo A Figura 1 sintetiza os elementos que de alguma maneira estão relacionados ao tema Incerteza diz respeito a fatos que podem ou não acontecer em determinado contexto Probabilidade referese às chances de que esse determinado fato ocorra Eventualidade é sempre passível de mensuração por meio de ferramentas estatísticas Ameaça faz referência às chances de determinado fato negativo acontecer ou não Riscos de crédito de pessoas físicas e jurídicas Gestão de Riscos Operações de Crédito 3 41 Figura 1 Fatores relacionados ao risco Incerteza Eventualidade Riscos Ameaça Probabilidade Fonte Elaborada pelo autor Seja qual for o contexto precisamos entender que os riscos sempre estarão presentes na vida das pessoas bem como no dia a dia das empresas Assim cabe às pessoas e às empresas compreender os riscos que as cercam e como eles podem interferir no seu cotidiano pois dessa maneira é possível planejar medidas que efetivamente amenizem os problemas que porventura possam surgir Para uma melhor compreensão avalie as três situações apresentadas a seguir Situação 1 Imagine que uma construtora foi contratada para efetuar a construção de uma ponte sobre um rio que corta duas importantes cidades A empresa sabe que em deter minada época do ano as chances de chover são praticamente nulas e que o rio estará seco nessa época facilitando o processo de construção da ponte Então a construtora solicita a especialistas um estudo meteorológico que aponta os níveis de chuva ao longo do ano e um histórico dos últimos dez anos Com base nesse estudo verifica assim que entre os meses de maio e julho seria o melhor período para a obra uma vez que as chuvas são muito raras e que o nível do rio é extremamente baixo nessa época do ano Isso demonstra que a cons trutora está tentando ao utilizar dados estatísticos diminuir os riscos durante a construção uma vez que o processo consumirá menos recursos se for realizado no período de estiagem De outra maneira caso a empresa resolvesse iniciar as obras em qualquer época do ano cor reria o risco de que as chuvas atrapalhassem o andamento da construção da ponte fazendo com que o tempo da obra se estendesse e que os custos fossem elevados Situação 2 Uma grande rede de lojas que possui um crediário próprio e financia os pro dutos diretamente aos clientes recebeu um cliente que trabalha como operário na construção civil Apesar de ter uma boa renda e vínculo empregatício há bastante tempo existem outros elementos que necessitam ser levados em consideração para apontar eventuais riscos de o financiamento não ser pago Para tanto é de suma importância apurar informações que in diquem como está o ramo da construção civil identificando as chances que o cliente tem de perder o emprego Um conjunto de boas informações coletadas no cadastro pode esclarecer os riscos que cada cliente representa para o negócio e dessa forma a empresa pode tomar decisões mais assertivas diminuindo as chances de não receber os valores emprestados Riscos de crédito de pessoas físicas e jurídicas 3 Gestão de Riscos Operações de Crédito 42 Situação 3 Uma empresa da área de agronegócio planta soja e abastece o mercado na cional e internacional A empresa comprou relatórios meteorológicos os quais indicam uma grande possibilidade de haver furações na região de maior produção dos Estados Unidos Em outro estudo observou uma grande possibilidade de aumento do consumo de soja na China Diante de tais possibilidades a empresa resolve então ampliar em 25 a área plan tada de soja para a próxima safra a fim de ajudar no abastecimento desses dois países e aumentar o seu faturamento Nesse caso os gestores avaliaram os riscos de tais fatos acon tecerem com base em relatórios confiáveis Nesse cenário é necessário no entanto avaliar se não irá acontecer uma supersafra de soja nos demais países o que provocaria uma redução no preço da saca por conta da oferta excessiva do produto Perceba que é de suma importância que as empresas se subsidiem com dados e infor mações para que as decisões tenham uma maior chance de serem acertadas Desse modo os gestores reduzem os riscos de um resultado ruim tomando a decisão mais correta possível levando em conta os mais variados cenários Prever o que pode acontecer em relação a determinado contrato de financiamento vem se tornando cada vez mais fácil na medida em que os dados e as informações coletadas se tornam precisos e pertinentes ao que se pretende avaliar As três situações citadas têm em comum o uso de informações seguras para mapear um cenário visando à tomada de decisões Em todos os casos mencionados é evidente a tentativa dos gestores de tentar entender quais são as chances de determinados fatos aconte cerem possibilitando a tomada da melhor decisão possível em cada contexto Dessa forma é possível perceber que para administrar riscos é preciso compreendêlos entendendo as reais chances de certos fatos ocorrerem buscando mensurar os seus impactos de maneira antecipada e verificando todas as possibilidades que estão ao alcance das empresas a fim de reduzir eventuais prejuízos ao cotidiano de suas operações A obtenção de dados é um fator crucial para a tomada de decisão como visto até aqui No entanto essas informações precisam ser levantadas por meio de fontes confiáveis pois no caso de haver dados imprecisos ou incorretos isso dificultará a gestão da empresa no momento de tomar decisões Todas as organizações enfrentam incertezas em seus processos e o grande desafio é determinar o grau dessas incertezas e verificar se a empresa está preparada para correr e mapear esses riscos de forma a administrálos da maneira mais eficiente possível Da mesma forma muitas empresas vivem riscos reais relacionados a diferentes even tos como o lançamento de um novo produto ou serviço a aquisição de um novo equipa mento para produção a venda a prazo para um novo cliente etc Esses e muitos outros fatos trazem a necessidade de uma minuciosa análise e uma adequada gestão de riscos que se fazem necessárias para que a empresa não desperdice tempo e recursos o que pode provo car problemas em suas operações Para poder avaliar todos os riscos envolvidos em uma operação de concessão de crédi to é fundamental a análise dos elementos descritos na Figura 2 a seguir Riscos de crédito de pessoas físicas e jurídicas Gestão de Riscos Operações de Crédito 3 43 Figura 2 Riscos envolvidos na concessão de crédito Risco de crédito Risco de mercado Risco de liquidez Risco operacional Risco legal Risco de reputação ou imagem Risco sistêmico Risco Fonte Elaborada pelo autor com base em SOBEL 2000 apud GONÇALVES NETO CALÔBA MOTTA 2009 Robert Sobel 2000 citado por Gonçalves et al 2009 p 103104 esclarece os riscos financeiros apontados na figura Risco de crédito Decorre de uma obrigação advinda de um empréstimo e que pode não ser cumprida por quaisquer motivos causando perdas Risco de mercado Esse tipo de risco está sujeito à variação de preços de um ativo financeiro Por exemplo no mercado de commodities uma fazenda produz soja e empresta de um banco algumas centenas de milhares de reais para preparar a pro dução mas no momento da colheita o preço da saca está bem abaixo do esperado o que causa prejuízos e dificuldades financeiras para honrar o compromisso com a entidade financeira Risco de liquidez O termo liquidez é uma expressão contábil relacionada à veloci dade com que um dado ativo é convertido em caixa o que aponta para a capacida de de pagamento já que uma empresa que possui liquidez dispõe de condição de pagamento ao passo que empresas com baixa liquidez têm dificuldade em pagar dívidas Por vezes o mercado não tem interesse em negociar um ativo afetando de forma anormal o seu valor As instituições que concedem crédito devem ficar atentas às condições que podem levar à redução de liquidez de uma empresa para a qual foi concedido crédito Aspectos como a capacidade de geração de caixa e ex pectativas de crescimento ou encolhimento do mercado podem revelar que o soli citante de crédito terá dificuldades futuras para honrar compromissos assumidos Riscos de crédito de pessoas físicas e jurídicas 3 Gestão de Riscos Operações de Crédito 44 Risco operacional O operacional diz respeito às operações necessárias para o bom fun cionamento do negócio Essas operações estão sujeitas por exemplo a falhas advindas de fraudes ou catástrofes resultando em perdas inesperadas para as empresas Risco legal Está relacionado a eventuais perdas decorrentes de problemas em contratos processos judiciais ou sentenças jurídicas que afetem negativamente os processos operacionais e até mesmo a organização da instituição Risco de reputação ou imagem É decorrente de uma publicidade negativa ver dadeira ou não e que pode gerar perdas de clientes e consequentemente declínio da receita da empresa Risco sistêmico Ocorre quando uma ou mais instituições têm problemas finan ceiros que provocam danos substanciais a outras instituições ou até mesmo pro blemas no sistema financeiro em geral 32 Riscos envolvidos na concessão de crédito O mercado está repleto de incertezas O mundo globalizado em que todos os países estão conectados de alguma maneira faz com que um país fique sensível aos fatos que ocor rem no planeta Eleições crises financeiras e políticas atentados terroristas são exemplos de fatos que provocam efeitos na economia como um todo como a diminuição da atividade econômica o aumento do desemprego etc deixando os mercados vulneráveis São diversas as variáveis que envolvem os negócios e muitas delas podem ser contro ladas pelas empresas como falta de planejamento equipe desqualificada controles inade quados etc Mas uma importante parcela desses fatores não pode ser controlada como taxa de juros e inflação nível de desemprego mudanças nas políticas monetárias etc Portanto os gestores precisam mapear essas variáveis e ter uma visão nítida de quais são os impactos provocados por cada uma Todavia não basta conhecer essas variáveis é necessário interpretálas para elaborar estratégias que conduzam a empresa ao sucesso Fatos que impactam na vida financeira dos consumidores irão refletir na maneira como eles consomem produtos e serviços Assim os gestores devem perceber os aspectos externos à empresa que podem influenciar nos negó cios Entender as chances que determinadas situações têm de acontecer como por exemplo o aumento da taxa de juros faz parte de um conjunto de percepções fundamentais para a tomada de decisões relacionadas à concessão de crédito Entre os vários riscos presentes na economia estão as operações que envolvem emprés timos de recursos e esse risco precisa ser mensurado para que se possa avaliar de maneira clara as chances de que o recurso emprestado seja devolvido de acordo com condições pre viamente estipuladas Não avaliar de maneira correta os riscos envolvidos nesses tipos de operação pode ocasionar prejuízos que em alguns casos são difíceis de serem absorvidos pela empresa que concede o crédito Riscos de crédito de pessoas físicas e jurídicas Gestão de Riscos Operações de Crédito 3 45 Segundo Caouette Altman e Narayanan 2000 uma vez que o crédito pode ser defi nido como a expectativa de recebimento de determinado valor em um prazo previamente estabelecido o risco de crédito nada mais é do que a possibilidade de que essa expectativa não se concretize Esse risco se relaciona com a quantidade o valor envolvido na operação e as chances reais de o montante ser ou não devolvido no prazo e nas condições definidas Nesse sentido Bessis 1998 aponta que o risco de crédito apresenta duas dimensões Dimensão quantitativa está relacionada ao montante total que pode ser de fato perdido na operação de crédito Dimensão qualitativa diz respeito à probabilidade de perda financeira em uma determinada operação Desse modo é possível compreender que quanto menor for a probabilidade de o mon tante emprestado não ser devolvido de acordo com as condições pactuadas maior será a qualidade do crédito e portanto menores serão os riscos A Figura 3 a seguir ilustra os principais elementos que envolvem um processo de concessão de crédito O risco diz respeito às possibilidades de ganhos ou prejuízos decor rentes da operação a incerteza se relaciona com a situação de dúvida ou insegurança que envolve a concessão de crédito e por fim o retorno é o total dos ganhos obtidos estejam eles dentro ou fora do esperado no momento da concessão do crédito ROSA AZZOLIN SOARES 2015 Figura 3 Elementos que envolvem a concessão de crédito Risco Incerteza Retorno Fonte ROSA AZZOLIN SOARES 2015 Adaptado 33 Gestão de riscos A gestão de riscos está diretamente relacionada com as informações necessárias para a redução dos impactos causados por incertezas De alguma maneira todos estão sujeitos a riscos e estes por sua vez devem ser devidamente mapeados e compreendidos de modo a facilitar o processo de tomada de decisão Qual é a probabilidade de um funcionário perder o emprego Quais são os fatos que levariam a isso De que maneira é possível evitar que isso ocorra Esses questionamentos remetem a um risco vivido diariamente por muitas pessoas Cabe ao funcionário levantar informações sobre a saúde financeira da empresa onde trabalha qual é o plano estratégico para o negócio expansão ou retração como anda a economia e o mercado quais são os principais concorrentes da área se o produto ou serviço da empresa é competitivo além de analisar suas próprias habilidades e o seu posicionamento dentro da empresa São muitas informações a serem levantadas para compreender quais são os riscos reais Diante deles Riscos de crédito de pessoas físicas e jurídicas 3 Gestão de Riscos Operações de Crédito 46 caberia ao funcionário a decisão de tomar medidas para aumentar a sua empregabilidade ao perceber com antecedência que a empresa onde trabalha tem riscos reais de falência ele pode por exemplo distribuir currículos em outras empresas e investir em cursos de apri moramento ou que ampliem sua área de atuação A gestão de risco necessita fundamentalmente de informações confiáveis e pertinentes pois de nada adianta ter acesso a informações que de alguma maneira estão erradas ou defasadas Da mesma maneira é fundamental levantar informações pertinentes e que são importantes ao processo de análise de risco Com as informações adequadas em mãos os gestores devem utilizar ferramentas esta tísticas para poder avaliar de que maneira elas representam riscos reais Muitas vezes um determinado risco é mensurado e a possibilidade de que efetivamente aconteça um proble ma é tão pequena que nenhuma medida precisa ser tomada para remediar eventuais danos De acordo com Stuchi 2003 o risco de crédito dividese em cinco grandes áreas Figura 4 Áreas de risco de crédito Risco de crédito Degradação de garantias Inadimplência Degradação do crédito Concentração de crédito Risco soberano Fonte Elaborada com base em STUCHI 2003 Ainda conforme Stuchi 2003 esses riscos relacionados na Figura 4 podem ser descritos da seguinte forma Risco de inadimplência Está relacionado com a perda dos recursos emprestados pela incapacidade completa ou parcial de pagamento pelo tomador do crédito O risco de inadimplência é o principal receio daqueles que concederam o crédito e que esperam recebêlo de volta Risco de concentração de crédito Ocorre quando não há diversificação das ope rações de crédito concedidas Em outras palavras referese ao risco que se assume Riscos de crédito de pessoas físicas e jurídicas Gestão de Riscos Operações de Crédito 3 47 ao conceder crédito de maneira majoritária para empresas de um mesmo setor da economia Por exemplo em caso de uma crise setorial as empresas que operam em ramos similares sofrerão juntas e consequentemente terão maiores dificulda des em honrar os compromissos assumidos com os seus credores Imagine uma instituição financeira que concede empréstimos principalmente para construtoras Caso o setor da construção civil entre em crise por algum motivo todas as empre sas desse setor sofrerão consequências existindo um risco elevado de a instituição financeira não receber os recursos emprestados Risco de degradação do crédito Diz respeito à manutenção da capacidade de pagamento pelo tomador de crédito Por exemplo no caso de redução no nível de emprego em uma determinada região é fundamental o monitoramento dessa questão para que não sejam assumidos riscos desnecessários durante o processo de concessão de crédito Risco soberano Está relacionado às chances de não pagamento pelo devedor quando ele está em um país diferente daquele que concedeu o crédito devido a vários fatores entre eles restrições impostas pelo governo Como exemplo há os títulos de dívida pública de países econômica e politicamente instáveis onde existe uma chance razoável de o governo decretar uma moratória e não pagar o que deve Risco de degradação de garantias Diz respeito aos riscos envolvidos pela perda parcial ou total das garantias oferecidas pelo tomador dos recursos Por exemplo a perda de valor de uma máquina industrial devido a um incêndio na fábrica Caso o devedor não consiga honrar o pagamento da dívida contraída o credor não terá o bem deixado em garantia uma vez que este foi perdido Assim a gestão de risco deve ser feita analisandose vários aspectos pois muitas vezes os riscos estão presentes em fatos que a princípio não são alvo de olhares mais atentos Por exemplo uma empresa fornece insumos produtivos a um determinado cliente que os vende a prazo É impossível falar em gestão de riscos nesse caso sem avaliar todas as circunstân cias e possibilidades que fariam com que o tomador de crédito não efetuasse o pagamento Esses fatores passam por uma análise criteriosa da saúde da empresa bem como das ga rantias que possam ser fornecidas para uma eventual falta de pagamento Além de tudo isso devese avaliar a qualidade da gestão da empresa e outros vários aspectos como seu histórico de pagamento Uma gestão eficiente de risco faz com que as pessoas e empresas possam avaliar de ma neira antecipada os fatos que têm uma razoável possibilidade de acontecer e perceber qual o impacto de tais fatos na sua vida Perceber que um determinado fato não tem nenhum ou pouco efeito é entender que os riscos se existem nesse caso são de tal maneira insignifican tes que não merecem tanta atenção Já o inverso deve fazer com que as pessoas e empresas gastem mais tempo procurando uma solução para minimizar os efeitos desses riscos devi damente mapeados evitandose futuros problemas Riscos de crédito de pessoas físicas e jurídicas 3 Gestão de Riscos Operações de Crédito 48 Ampliando seus conhecimentos O texto a seguir auxilia a ampliar a visão e o entendimento sobre o risco de crédito apresentados neste capítulo Risco de crédito BRITO ASSAF NETO 2008 O conceito de crédito pode ser analisado sob diversas perspectivas Para uma instituição financeira crédito referese principalmente à atividade de colocar um valor à disposição de um tomador de recursos sob a forma de um empréstimo ou financiamento mediante compromisso de paga mento em uma data futura O crédito geralmente envolve a expectativa do recebimento de um valor em um certo período de tempo Nesse sentido Caouette et al 1999 p 1 afirmam que o risco de crédito é a chance de que essa expectativa não se cumpra De forma mais específica o risco de crédito pode ser enten dido como a possibilidade de o credor incorrer em perdas em razão de as obrigações assumidas pelo tomador não serem liquidadas nas condições pactuadas Segundo Bessis 1998 p 81 o risco de crédito pode ser definido pelas per das geradas por um evento de default do tomador ou pela deterioração da sua qualidade de crédito Há diversas situações que podem caracterizar um evento de default de um tomador O autor cita como exemplo o atraso no pagamento de uma obrigação o descumprimento de uma cláusula contratual restritiva covenant o início de um procedimento legal como a concordata e a falência ou ainda a inadimplência de natureza econômica que ocorre quando o valor econômico dos ativos da empresa se reduz a um nível inferior ao das suas dívidas indicando que os fluxos de caixa esperados não são suficientes para liquidar as obrigações assumidas A deterioração da qualidade de crédito do tomador não resulta em uma perda imediata para a instituição financeira mas sim no incremento da probabilidade de que um evento de default venha a ocorrer Nos siste mas de classificação de risco as alterações na qualidade de crédito dos tomadores dão origem às chamadas migrações de risco Cada instituição financeira adota seu próprio conceito de evento de default que está nor malmente relacionado ao atraso no pagamento de um compromisso assu mido pelo tomador por períodos como 60 ou 90 dias Riscos de crédito de pessoas físicas e jurídicas Gestão de Riscos Operações de Crédito 3 49 O risco de crédito pode ser avaliado a partir dos seus componentes que compreendem o risco de default o risco de exposição e o risco de recu peração O risco de default está associado à probabilidade de ocorrer um evento de default com o tomador em um certo período de tempo o risco de exposição decorre da incerteza em relação ao valor do crédito no momento do default enquanto o risco de recuperação se refere à incer teza quanto ao valor que pode ser recuperado pelo credor no caso de um default do tomador O risco de recuperação depende do tipo do default ocorrido e das caracte rísticas da operação de crédito como valor prazo e garantias O risco de default é também tratado por risco cliente pois está vinculado às carac terísticas intrínsecas do tomador de crédito Os riscos de exposição e de recuperação são tratados por risco operação uma vez que estão associa dos a fatores específicos da operação de crédito A mensuração de risco de crédito é o processo de quantificar a possibi lidade de a instituição financeira incorrer em perdas caso os fluxos de caixa esperados com as operações de crédito não se confirmem O risco de default constitui a principal variável desse processo podendo ser definido como a incerteza em relação à capacidade de o devedor honrar os seus compromissos assumidos Atividades 1 Risco está relacionado somente à possibilidade de perdas Explique 2 Como o modelo de gestão de uma empresa pode impactar nos riscos a que ela está sujeita 3 Qual é o impacto da gestão de risco na sobrevivência das empresas Referências BESSIS Joël Risk management in banking Chichester West Sussex England Wiley 1998 BRAGA R Fundamentos e Técnicas de Administração Financeira Atlas1995 BRITO G A Silva ASSAF NETO Alexandre Modelo de classificação de risco de crédito de empresas Revista Contabilidade Finanças São Paulo v 19 n 46 p 1829 janabr 2008 Riscos de crédito de pessoas físicas e jurídicas 3 Gestão de Riscos Operações de Crédito 50 CAOUETTE J B ALTMAN E I NARAYANAN P Gestão do risco de crédito o próximo desafio financeiro Rio de Janeiro Qualitymark 2000 DOUGLAS M Risk and blame Essays in cultural theory LondonNew York Routledge 1992 GITMAN Lawrence J Princípios de administração financeira 7 ed São Paulo Harbra 1997 GONÇALVES NETO Armando CALÔBA Guilherme M MOTTA Regis da Rocha Engenharia eco nômica In GONÇALVES NETO et al Engenharia econômica e finanças Rio de Janeiro Elsevier 2009 LUESKA Laszlo Cerveira Modelos de gestão de risco de crédito em instituição financeira São Paulo 2009 LUHMANN N Social Systems Stanford Stanford University Press1996 LUPTON D Risk Londres Routledge 1999 PORTER M E Competitive strategy techniques for analysing industries and competitors New York Free Press 1980 ROSA Luiz Itamar AZZOLIN José Laudelino SOARES Juliano Lima Análise de crédito e cobran ça Curitiba Universidade Positivo 2015 ROSSETTIJP et al Finanças corporativas teoria e prática empresarial no Brasil Rio de Janeiro Elsevier 2008 STUCHI L G Quantificação de risco de crédito uma aplicação do modelo creditrisk para finan ciamento das atividades rurais e agroindustriais 2003 120f Dissertação Mestrado em Ciências com concentração em Economia Aplicada Programa de pósgraduação em Ciências Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz Piracicaba SP 2003 Resolução 1 Risco está relacionado com a possibilidade de que algo ocorra o que pode ser algo positivo ou negativo e que na prática pode trazer benefícios ou malefícios 2 A forma com a empresa é conduzida por seus gestores pode impactar os riscos a que ela está sujeita Dessa forma entendese que uma empresa mesmo que saudável financeiramente quando mal gerida poderá em algum momento apresentar difi culdades como uma diminuição da sua liquidez 3 Quando uma empresa compreende os riscos envolvidos na sua operação ela tem mais chances de construir meios para tomar decisões eficientes reduzindo as possi bilidades de dificuldades na sua operação Gestão de Riscos Operações de Crédito 51 4 Inadimplência Neste capítulo veremos os conceitos sobre inadimplência assim como os seus efei tos na vida das pessoas e das empresas Serão abordados os principais fatores que ocasionam a falta de pagamento e de que maneira é possível fazer uma gestão da ina dimplência a fim de minimizar os seus impactos nas organizações Esperamos com isso possibilitar a compreensão do que é a inadimplência seus efeitos bem como os mecanismos de gestão e controle que possam auxiliar a gestão na tomada de decisão em relação a esse problema Inadimplência 4 Gestão de Riscos Operações de Crédito 52 41 Importância da análise de crédito na inadimplência A inadimplência é reflexo de um conjunto de fragilidades e aspectos que vão além da falta de pagamento da não observância de prazos do descumprimento de determinado contrato de empréstimo financiamento ou algo similar O termo inadimplência está relacio nado ao descumprimento de obrigações assumidas todavia é necessário entender quais são os motivos os causadores da inadimplência e de que maneira a falta de pagamento interfere na vida das pessoas e empresas tanto daqueles que solicitaram recursos e por algum mo tivo não conseguiram honrar o pagamento como daqueles que emprestaram seus recursos esperando recebêlos dentro do prazo estipulado Para Teixeira 2005 a inadimplência deve ser compreendida como a quebra de um contrato pelo devedor Isso normalmente acontece quando aquele que recebeu o crédito não têm os meios para honrar suas obrigações ou se os tiver outros fatores impedem o paga mento da dívida Ainda segundo o mesmo autor o termo jurídico inadimplência é utilizado para designar uma situação em que não houve o cumprimento de cláusula contratual e que de alguma maneira pode representar a insolvência ou seja a perda de capacidade de paga mento do devedor Teixeira complementa que não se pode confundir atraso no pagamento com inadim plência uma vez que o atraso está relacionado a eventualidades pontuais que em pouco tempo são sanadas Esse é o caso de algum devedor que por exemplo esqueceu a data de vencimento perdeu o boleto ou teve um imprevisto que não compromete as condi ções de pagamento acordadas entre o devedor e o credor Já a inadimplência diz respeito a algo mais complexo em que o devedor perde a capacidade de pagamento temporária ou definitivamente podendo gerar consequências para aquele que emprestou os recur sos TEIXEIRA 2005 São muitos os problemas gerados pela inadimplência Afinal na maioria dos casos os credores necessitam que os recursos emprestados sejam devolvidos para que não sejam prejudicadas suas operações Não são raras as ocasiões em que elevados índices de ina dimplência levam empresas a terem que solicitar recursos a instituições financeiras para manter as suas operações evitando problemas ainda mais graves como a paralisação de suas atividades Assim a inadimplência pode causar a descontinuidade das operações de quem empres ta recursos e não gerencia de maneira adequada os seus recebíveis Tal controle é fundamen tal para evitar um volume de recursos não devolvidos fora dos padrões previamente esta belecidos Inevitavelmente quem empresta recursos terá em algum momento dificuldades para receber dos seus clientes esses valores Como exemplo imagine uma empresa que fabrica móveis para escritórios e tem um faturamento mensal de 250 mil reais Esses recursos são fundamentais para pagar os custos operacionais as despesas administrativas e comerciais e ainda remunerar os sócios No en tanto 70 das vendas feitas pela empresa são a prazo o que corresponde a aproximadamente Inadimplência Gestão de Riscos Operações de Crédito 4 53 R 175 mil A empresa percebeu que apesar de uma análise de crédito criteriosa feita para as vendas a prazo ela está com uma taxa de inadimplência de 15 o que representam R 2625000 Esses recursos não retornaram ao caixa da empresa que necessita pagar os seus fornecedores assim como demais custos e despesas Se nada for feito em um ano a empresa perderá o faturamento equivalente a bem mais de um mês de atividades Infelizmente esse exemplo ocorre em muitas empresas brasileiras Quando não con trolada a inadimplência pode ser um dos motivos para o encerramento das atividades im pactando no fluxo de caixa interferindo em uma relação equilibrada entre o que a empresa gasta e o que ela recebe em suas operações A inadimplência prejudica não somente os credores que não recebem os recursos empres tados mas também os devedores uma vez que estes passarão por um processo de cobrança no qual em muitos casos terão os seus nomes colocados em serviços de proteção ao crédito como Cadastro de Emitentes de Cheques sem Fundos do Banco Central CCF é um banco de dados com nomes de pessoas físicas e jurídicas que emitem cheques sem dispor de saldo em sua conta para o pagamento BANCO CENTRAL DO BRASIL 2017a Serasa Experian é uma empresa que possui um banco de dados onde são arma zenadas informações cadastrais de pessoas físicas e jurídicas que entre outras coi sas revelam dívidas não pagas enviadas por uma rede de credores conveniados bem como registros de protesto de título ações judiciais cheques sem fundos e outros registros provenientes de fontes públicas e oficiais O Serasa é um dos mais importantes e conhecidos órgãos de proteção ao crédito que envolve bancos lojas comerciais bem como uma gama muito grande de empresas de pequeno médio e grande porte as quais se utilizam de seus serviços fornecendo e recebendo infor mações disponíveis em seu sistema de dados SERASA 2017 Serviço de Proteção ao Crédito SPC também muito conhecido o SPC é um ban co de dados de informações de crédito A entidade é privada e gerida pelas câma ras de dirigentes lojistas e associações comerciais de todo o Brasil que alimentam o sistema com dados e informações levantados nas operações comerciais de seus associados SPC 2017 Órgãos de proteção ao crédito como esses são responsáveis por uma grande rede de dados e informações que ajudam a minimizar os riscos envolvidos na concessão de crédito constituindose em uma grande ferramenta de proteção para as empresas de todo o Brasil Assim todas as empresas que têm acesso a essas bases de dados poderão visualizar a infor mação de que determinada pessoa física ou jurídica não honrou compromissos firmados Nesse contexto o que acontece posteriormente é que as pessoas com o nome negativado termo comumente utilizado para aqueles que têm o seu nome inserido na base de dados dos órgãos de proteção ao crédito passam a adquirir um status de mau pagadores o que normalmente inviabiliza novas compras a prazo no comércio ou a aquisição de empréstimos ou financiamentos de instituições financeiras Cada caso no entanto merece ser analisado de maneira individualizada como na situação relatada a seguir Inadimplência 4 Gestão de Riscos Operações de Crédito 54 Como exemplo de como a negativação pode ser um problema para pessoas e empresas considere o seguinte exemplo uma pessoa que teve de fazer uma viagem por muitos dias a trabalho esqueceu de solicitar o bloqueio dos serviços de internet da sua residência A empresa que presta o serviço tentou entrar em contato com ele diversas vezes sem sucesso e depois de certo tempo sem receber o pagamento das mensalidades optou por colocar o nome do cliente na base de dados de um órgão de proteção ao crédito Algum tempo depois já de volta ao Brasil o cliente foi a uma concessionária comprar um carro No entanto ao pedir o financiamento do automóvel ficou sabendo que seu nome havia sido negativado o que o impediu de conseguir o financiamento mesmo tendo um bom perfil de crédito de monstrado por sua alta renda mensal e vários bens em seu nome Esse exemplo demonstra que a concessionária sem fazer uma análise acurada recusou o financiamento ao cliente Contudo uma análise um pouco mais criteriosa verificando as informações complementares da negativação que são informadas a quem solicita dados aos órgãos de proteção de crédito apontaria que o valor referente aos atrasos não refletia um comprometimento financeiro elevado e sim o um esquecimento por parte do cliente Isso mostra que as informações contidas nas bases de dados de órgãos de proteção devem ser utilizadas mas ponderações precisam ser feitas para que não ocorram recusas de crédito indevidas Afinal nesse caso um bom negócio deixou de ser concretizado embora não re presentasse um risco alto para a empresa Portanto o cliente deveria ter conhecimento de suas dívidas para não perder oportunidades Por outro lado ao analisar dados de uma empresa ou pessoa física que consta na base de dados dos órgãos de proteção ao crédito como um mau pagador cujos valores e nú meros de contratos não honrados representam um grande montante e ocorrem com certa frequência o emprestador de recursos deve recusar o crédito considerando que tal negócio representa um grande risco Nesse caso para que tal transação seja realizada em muitos casos o credor solicita garantias como um bem que fica atrelado ao pagamento do crédito concedido Assim caso o devedor não honre o compromisso firmado o credor consegue de maneira fácil acessar o bem do devedor e utilizálo para saldar a dívida contraída 42 Fatores condicionantes de inadimplência Nas empresas com a expansão do crédito é necessário um processo de análise cada vez mais eficiente e que promova a redução nos riscos de modo a não prejudicar suas ativida des No entanto a inadimplência precisa ser entendida para que a gestão de risco possa se tornar mais eficiente e minimizar as consequências geradas pela falta de pagamento que afeta direta e indiretamente não somente os consumidores como também toda a rede pro dutiva Walbuza 2003 argumenta que a inadimplência pode motivar melhores processos de análise de crédito e risco nos mais variados segmentos de mercado mas esses processos também podem provocar uma redução na expansão de crédito Inadimplência Gestão de Riscos Operações de Crédito 4 55 Para tentar evitar que a inadimplência se torne um grande problema é necessário fazer uma análise de crédito que dê ao credor a chance de uma tomada de decisão mais segura É evidente que sempre existirá o fator risco numa operação como essa no entanto é de suma importância que cuidados sejam tomados e que os riscos envolvidos sejam mapeados e mitigados Assim quem decide sobre a concessão de crédito pode perceber os elementos envolvidos e se preparar adequadamente para esse processo Algo que infelizmente acontece com certa frequência durante o processo de concessão de crédito são as fraudes pessoas se utilizam de documentos falsos ou até mesmo fornecem informações inverídicas sobre as suas condições financeiras para receber determinado cré dito sabendo de antemão que não terão condições de pagálo Essas fraudes podem ser evi tadas ou pelo menos terem os seus efeitos reduzidos com um bom treinamento da equipe de analistas de crédito bem como de uma boa rede de banco de dados Para Bernardes Reis e Horita 2009 as empresas credoras devem ficar atentas para o nível de inadimplência da sua carteira de clientes o qual deve ser o menor possível tendo em vista que ele influencia diretamente nos resultados financeiros da organização É fundamental que as empresas busquem um equilíbrio em relação à política de con cessão de crédito Quando se adota uma política muito rígida há uma diminuição signifi cativa no volume de crédito concedido e consequentemente uma diminuição dos custos da empresa em relação às cobranças Por outro lado tal política também acaba inibindo as vendas o que pode prejudicar os negócios Assim buscar o equilíbrio é essencial para que não haja redução das vendas O contrário também precisa ser observado pois quando há uma política muito liberal na concessão de crédito ou seja quando são aceitos clientes que representam grandes riscos o volume das vendas até pode aumentar mas a inadimplência e os custos de cobrança também acabam aumentando tornando o negócio inviável Hoji 2003 corrobora esse pensamento ao afirmar que uma política de crédito liberal acaba elevando as vendas bem mais do que uma política mais rígida todavia provoca mais investimentos em contas a receber gerando também mais problemas para o recebimento do que foi emprestado além de exigir um esforço maior de cobrança Muitos são os fatores que provocam a inadimplência No que diz respeito às pessoas físicas o Sebrae 2016 aponta como as principais causas dificuldades financeiras pessoais que impossibilitam o cumprimento de obrigações desemprego falta de controle nos gastos compras para terceiros atraso de salário comprometimento de renda com outras despesas redução de renda doenças uso do dinheiro com outras compras Inadimplência 4 Gestão de Riscos Operações de Crédito 56 máfé Em relação às pessoas jurídicas de acordo com o SPC 2017 podese apontar como principais motivos para a inadimplência falta de planejamento financeiro crise econômica aumento dos custos operacionais e financeiros queda nas vendas aumento das taxas de juros É importante destacar que nas empresas pequenas e familiares é muito comum o ges tor ser o próprio proprietário confundindo o dinheiro da empresa com o seu próprio di nheiro o que provoca um desvio do capital de giro da empresa para satisfazer necessidades pessoais sem o devido registro contábil podendo levar a dificuldades financeiras Riscos operacionais também podem favorecer a inadimplência e por isso as empresas que conce dem crédito necessitam de boas ferramentas e empregados bem treinados para analisar e reduzir esses riscos 421 Inadimplência de pessoas físicas A Tabela 1 a seguir aponta quais são os segmentos com maiores taxas de inadimplên cia de pessoas físicas segundo estudo divulgado no segundo semestre de 2016 pelo Serasa Experian Esses dados estão apresentados em trimestres Tabela 1 Inadimplência de pessoas físicas por segmento Segmento 201406 201503 201506 201509 201512 201603 BancoCartão 316 307 294 279 269 272 Utilities 152 151 167 170 177 179 Telefonia 150 165 158 160 164 151 Varejo 148 139 132 129 129 132 Serviços 93 90 101 107 112 114 Financeiras Leasing 90 83 81 90 86 90 Outros 51 64 68 67 63 61 Fonte SERASA EXPERIAN 2016d Segundo a pesquisa o segmento que se mantém em primeiro lugar são as dívidas com bancos e cartões de crédito representando 272 do valor total da inadimplência em março de 2016 Contudo o que chama atenção na pesquisa é o setor de utilities água luz e gás Inadimplência Gestão de Riscos Operações de Crédito 4 57 que representa 179 do total de dívidas atrasadas Podese perceber um aumento grada tivo desde março de 2015 no não pagamento dessas contas por mais que os consumido res evitem deixar de pagálas para não terem o fornecimento desses serviços interrompido SERASA EXPERIAN 2016d Outra pesquisa do Serasa Experian 2016b aponta que 772 dos 60 milhões de inadim plentes do país ganham até dois salários mínimos sendo que 40 deles recebem entre um e dois salários mínimos e 372 ganham menos de um salário O mesmo estudo indica que quando a inadimplência das pessoas físicas é mensurada por faixa etária os indivíduos que têm entre 18 e 25 anos e os que estão na faixa dos 41 a 50 anos são os que mais têm dívidas representando 155 e 191 dos inadimplentes respectivamente SERASA EXPERIAN 2016b A Tabela 2 ilustra a inadimplência por faixa etária e por trimestre levando em con sideração a população economicamente ativa do Brasil Tabela 2 Inadimplência por faixa etária Faixa etária 201503 201506 201509 201512 201603 18 25 147 143 154 155 157 26 30 143 143 140 139 137 31 35 144 144 141 139 138 36 40 125 125 124 124 124 41 50 192 192 191 191 191 51 60 126 126 127 127 128 61 mais 122 122 124 124 125 Fonte SERASA EXPERIAN 2016b Embora o maior número de inadimplentes esteja na faixa dos 41 a 50 anos chama aten ção o fato de a inadimplência vir aumentando no grupo de jovens entre 18 e 25 anos pos sivelmente estimulada pelo crescimento do desemprego nos últimos anos o que prejudica os mais inexperientes No caso dos indivíduos de 41 a 50 anos pesam em seus orçamentos as responsabilidades da família como prestação do carro e da casa mensalidades escolares gastos com planos de saúde entre outros que tornam difícil o pagamento das contas O Serasa Experian 2016c também apontou que a maior parte da inadimplência é de dívidas antigas cerca de 71 estão atrasadas há mais de um ano Os consumidores têm priorizado o pagamento de dívidas com valores menores e referentes ao consumo do dia a dia como água ou luz Essas são obrigações que geralmente não ficam sem pagamento por muito tempo e podem ser cobradas diretamente pelas empresas O mapa do Brasil a seguir Figura 1 revela quais são as regiões do país com os maiores índices de inadimplência Inadimplência 4 Gestão de Riscos Operações de Crédito 58 Figura 1 Mapa da inadimplência no Brasil Região Agosto2015 Sudeste 452 Nordeste 247 Sul 136 Norte 85 Centro Oeste 80 247 452 80 136 85 Fonte SERASA EXPERIAN 2015 Adaptado De acordo com os dados apresentados no mapa a região Sudeste é responsável por 459 de toda a inadimplência do país seguida pela região Nordeste com 247 o Sul com 136 o Norte com 85 e o CentroOeste com 8 SERASA EXPERIAN 2015 O alto número de inadimplência no Sudeste devese principalmente ao fato de essa ser a região mais populosa do Brasil segundo estimativa do IBGE em 2016 havia quase 85 milhões de pessoas na região de um total de mais de 206 milhões de brasileiros IBGE 2016 422 Inadimplência de pessoas jurídicas Em relação às empresas a inadimplência tem apresentado patamares altos Segundo le vantamento do Serasa Experian em 2016 44 milhões de empresas estavam negativadas de um total de 8 milhões em operação ou seja mais de 50 É importante apontar que dívidas em atraso por mais de 60 dias em média já causam a negativação de pessoas e empresas SERASA EXPERIAN 2016a De acordo com a pesquisa do total de empresas inadimplen tes 452 são comerciais e 45 do segmento de serviços Tabela 3 Inadimplência Gestão de Riscos Operações de Crédito 4 59 Tabela 3 Inadimplência de pessoas jurídicas por setor de atuação Setor Comério 452 Serviço 450 Indústria 89 Primário 06 Terceiro 01 Financeiro 01 Fonte SERASA EXPERIAN 2016a Os segmentos de comércio e serviços foram os mais afetados com a crise econômica As pessoas passaram a consumir menos o que prejudicou bastante esses setores É na re gião Sudeste que se concentra a maioria das empresas inadimplentes do país cerca de 51 SERASA EXPERIAN 2016a Ainda segundo a mesma pesquisa 571 das empresas ina dimplentes deve a apenas um credor mas 205 têm contas em atraso com três ou mais credores O tempo de funcionamento também é um fator importante na inadimplência Como mostra a Tabela 4 as empresas que estão buscando se estabilizar no mercado as que têm entre 2 e 10 anos representam quase 60 das pessoas jurídicas inadimplentes do país Tabela 4 Inadimplência de acordo com a idade da empresa Faixa etária da empresa Até 1 ano 64 2 a 5 anos 370 6 a 10 anos 227 11 a 15 anos 127 Acima de 15 anos 213 Fonte SERASA EXPERIAN 2016a Sejam quais forem os motivos que levam uma pessoa física ou jurídica a não honrar seus compromissos financeiros é importante considerar que a inadimplência muitas vezes não prejudica apenas o credor e o devedor mas toda uma cadeia econômica já que a falta de pagamento pode gerar desemprego e o aumento nos preços dos produtos e serviços Inadimplência 4 Gestão de Riscos Operações de Crédito 60 43 Gestão da inadimplência A gestão das empresas credoras deve ter ferramentas para minimizar os efeitos do não recebimento de valores de dívidas de seus clientes A prevenção remete a uma série de procedimentos que serão vistos adiante como a construção de uma detalhada política de crédito alinhada com o planejamento estratégico da empresa Afinal é preciso ter em mente aonde a empresa pretende chegar e como será feito esse percurso Dessa forma a gestão da inadimplência passa essencialmente pela gestão de riscos compreender quem merece e quem não merece receber crédito é necessário para um equilí brio financeiro adequado evitandose a perda de negócios e sem que esse modelo gere ris cos elevados para a empresa Assim essa gestão de riscos também é necessária uma vez que reflete na saúde financeira da empresa já que os recebíveis compõem valores fundamentais para o bom andamento do processo produtivo seja a empresa uma indústria uma empresa comercial ou uma prestadora de serviços Para Walbuza 2003 combater a inadimplência de maneira eficiente exige das empre sas um conhecimento das causas da existência dela pois somente assim é possível construir um controle preciso capaz de prevenila No entanto para a maioria das empresas é impos sível evitar que a inadimplência ocorra pois a probabilidade de perdas faz parte do proces so de concessão de crédito e dificilmente poderá ser eliminada Em outras palavras podemos dizer que inadimplência é um problema a ser gerido pelos administradores das empresas uma vez que eliminála é uma tarefa difícil Todavia é preciso encontrar caminhos para que ela permaneça em patamares aceitáveis e que uma boa metodologia de cobrança possa trazer de volta a maior parte dos recursos em atraso Medidas que são lançadas na tentativa de recuperar créditos precisam ser feitas de ma neira que não impactem na fidelização do cliente Dependendo do caso é necessário que a empresa busque entender os reais motivos da demora no pagamento buscando alternativas plausíveis para que o cliente possa não somente pagar o valor devido mas também conti nuar sendo um cliente Tal processo não deve potenciar problemas na relação entre credor e devedor afinal este último deve perceber o credor como um aliado alguém disponível e flexível para resolver um problema que em muitos casos é passageiro Tacitamente gerir a inadimplência está profundamente relacionado ao fluxo de caixa das empresas o qual por sua vez está alinhado ao ciclo operacional pelo qual elas passam No caso das indústrias o ciclo operacional inicia com a aquisição dos insumos produtivos quando estes chegam à empresa são armazenados e posteriormente utilizados no processo fabril no qual são transformados em produto acabado que é armazenado até ser vendido e entregue ao cliente que pagará por ele à vista ou a prazo A Figura 2 representa um ciclo operacional em uma empresa industrial Com base nes se modelo é possível perceber como esse ciclo poderia ocorrer nas demais empresas sejam elas comerciais ou prestadoras de serviços Inadimplência Gestão de Riscos Operações de Crédito 4 61 Figura 2 Ciclo operacional Ciclo financeiro Ciclo Econômico Rotação dos estoques Compra de mercadoria Venda Pagamento ao fornecedor Recebimento duplicata Prazo médio de recebimento Prazo médio de paga mento mês 0 mês 1 mês 12 mês 2 Fonte ASSAF NETO LIMA 2014 Adaptado Tendo como referência o ciclo operacional apresentado é possível entender como a ina dimplência pode prejudicar o bom funcionamento das atividades Como a compra de insu mos inicia o ciclo é importante que ela seja feita a prazo contanto que isso não represente grandes despesas financeiras devido aos juros Desse modo o pagamento dessas dívidas fica mais próximo do recebimento do valor pago no caso de vendas a prazo pelo cliente Para que isso ocorra a empresa precisa ter crédito com seus fornecedores pois não os pagar pode provocar o encerramento da negociação a prazo Outro momento em que a inadimplência interfere nesse ciclo e que precisa ser muito bem gerido é o recebimento das vendas É fundamental que a empresa tenha uma boa es tratégia de vendas seja à vista ou a prazo No entanto tal estratégia deve ser feita de tal maneira que não prejudique o fluxo de recebimentos pois estes serão fundamentais para o pagamento dos fornecedores bem como dos demais custos e despesas administrativas e comerciais Quando não é feita uma gestão adequada da inadimplência a empresa pode deixar de receber pelos produtos vendidos o que diminui seus recursos financeiros e causa a neces sidade de empréstimos A princípio tomar recursos emprestados não é um problema para as empresas mas poderá se tornar caso sejam emprestados sem um planejamento prévio sem uma análise financeira adequada para que se possa perceber se as despesas financeiras geradas com isso poderão ser absorvidas pelas operações desenvolvidas nos negócios A falta de gestão da inadimplência é uma realidade para muitas empresas o que pode leválas a grandes dificuldades financeiras com fortes impactos nas suas operações Gerir inadimplência não é algo isolado mas sim um elemento dentro do complexo sistema operacional que envolve as empresas Assim é preciso que cada empresa tenha um bom planejamento estratégico que saiba quais são as suas pretensões seus objetivos compreendendo quais são os esforços necessários para alcançar o que foi planejado Se a po lítica de concessão de crédito alinhada ao planejamento da empresa determina que é fun damental vender a prazo oferecendo ao cliente a possibilidade de dividir as suas compras Inadimplência 4 Gestão de Riscos Operações de Crédito 62 em muitas prestações é relevante buscar meios para se proteger de eventuais atrasos ou até mesmo de não pagamentos Pois quanto maiores forem os prazos maiores serão as chances de que algo de errado ocorra Uma maneira para reduzir eventuais riscos é vender os títulos a instituições financeiras Para ficar mais claro considere a situação a seguir Imagine que determinada empresa comercial vende móveis e eletrônicos no centro da sua cidade e que você foi até a loja comprar uma geladeira nova para sua casa O vendedor lhe mostrou um modelo que você julgou ser adequado às suas necessidades mas o valor é alto impossibilitando o pagamento à vista Você passa por uma análise de crédito e seu cré dito é aprovado normalmente por um banco ou financeira parceiro dessa loja A geladeira custa R 150000 à vista mas você se compromete a pagar 24 parcelas mensais de R 12500 para o banco com o qual assinou o contrato de financiamento No dia seguinte a empresa comercial onde você adquiriu a geladeira recebe do banco o valor à vista R 150000 É im portante salientar que a instituição financeira fez uma avaliação do risco envolvido na tran sação no momento em que você realizou a compra e ficará com o risco em relação à operação de crédito No entanto para a empresa comercial está tudo de acordo com o planejado pois a geladeira foi comprada do fabricante por R 80000 e o valor recebido é suficiente para pagar o fornecedor e ainda os custos operacionais assim como as demais despesas Desse modo o risco é transferido para a instituição financeira no momento da compra As empresas que vendem seus produtos em um grande número de parcelas tendem a negociar os seus recebíveis pois necessitam de liquidez para manter as suas operações Assim seja qual for a instituição financeira envolvida o mais importante nesse processo é a realização de um estudo para verificar se os descontos na venda dos recebíveis podem ou não ser absorvidos pela operação Ampliando seus conhecimentos O texto apresentado a seguir explica o papel da cobrança de dívidas e os procedimentos mais utilizados pelas empresas para recuperar os créditos em atraso Função e procedimentos de cobrança SANTOS 2010 p 219 A função da cobrança é a de recuperar créditos em atraso de uma forma que não cause prejuízos financeiros aos credores nem comprometa a ido neidade dos clientes no mercado de crédito Para isso toda carteira de Inadimplência Gestão de Riscos Operações de Crédito 4 63 crédito bem administrada deve ter o suporte de uma política de cobrança que incorpore os procedimentos tradicionais utilizados para a recupera ção total ou parcial do crédito contato telefônico envio de cartas visitas pessoais uso de agências de cobrança e protesto Contato telefônico constitui uma das primeiras ações do gestor de cobrança para a regularização do pagamento da dívida Antes de efetuar a ligação é importante que o gestor de cobrança esteja com todas as infor mações relevantes do cliente como dados cadastrais pessoas de con tato objetivo da conversa histórico de crédito com informações de limi tes empréstimos frequência de utilização de limites valores médios de utilização de crédito outras modalidades de financiamentos contraídos garantias vinculadas perfil de pagamento etc mapa de acompanhamento atualizado com a posição do cliente Além disso deve ter elaborada a rela ção de questões a serem abordadas e a proposta para a regularização do crédito Se o cliente tiver um argumento plausível para o atraso podemse fazer acordos para estender o prazo de pagamento Se todas as tentativas anteriores falharem os profissionais jurídicos podem fazer uma ligação para o cliente para alertarlhe quanto às penalizações que serão aplicadas em caso da não amortização da dívida Cartas alguns dias após o vencimento do crédito o credor normalmente envia uma carta cortês lembrando o cliente de sua obrigação Se o paga mento do crédito não for regularizado dentro de certo período uma segunda carta mais enfática pode ser remetida Visitas pessoais essa técnica é muito comum para encontrar o cliente e buscar a regularização do crédito Todavia em muitos casos esse pro cedimento não funciona tendo em vista as dificuldades para localizar o cliente É importante que os credores façam uma avaliação da relação custo benefício para verificar se o gasto associado à cobrança externa justifica os valores a serem recuperados Ao ser contatada uma agência externa é sempre necessário que os credores peçam referências façam confirmações das mesmas e obtenham um indicador sobre o percentual de sucesso na recuperação de créditos Inadimplência 4 Gestão de Riscos Operações de Crédito 64 Atividades 1 Acreditase que a inadimplência esteja presente na vida da maioria das empresas No entanto ela tem o potencial quando não gerida de prejudicar tanto o credor como o devedor Como isso é possível 2 Quais são os principais pontos a serem observados para que se possa ter uma boa gestão da inadimplência 3 Entre os principais condicionantes da inadimplência está a falta de planejamento financeiro das empresas Nesse sentido o que poderia ser feito pelos gestores para minimizar os riscos Referências ASSAF NETO Alexandre LIMA Fabiano Guasti Curso de administração financeira 3 ed São Paulo 2014 BERNARDES Amanda Crescenti Budóia REIS Bruna Thayse de Carvalho Vigarani dos HORITA Ricardo Yoshio Administrando a inadimplência em tempos de crise São Paulo 2009 BANCO CENTRAL DO BRASIL Disponível em httpwwwbcbgovbrprebcatendeportservi cos8asp Acesso em 15 de maio de 2017 HOJI M Administração financeira uma abordagem prática 5 ed São Paulo Atlas 2003 IBGE Estimativas populacionais para os municípios e as Unidades da Federação brasileiros em 01072016 Disponível em httpwwwibgegovbrhomeestatisticapopulacaoestimativa2016de faultshtm Acesso em 1 jun 2017 SANTOS José Odálio dos Análise de crédito empresas pessoas físicas agronegócio e pecuária 3 ed São Paulo Atlas 2010 SEBRAE Política de cobrança e controle de inadimplência Disponível em httpswwwsebraecom brsitesPortalSebraeartigospoliticadecobrancaecontroledainadimplencia91ac438af1c92410Vg nVCM100000b272010aRCRD Acesso em 07 jan 2017a SERASA Inadimplência atinge mais da metade das empresas e bate recorde revela Serasa Experian 10 jun 2016d Disponível em httpnoticiasserasaexperiancombrblog20160610inadimplencia atingemaisdametadedasempresasebaterecorderevelaserasaexperian Acesso em 31 maio 2017 Inadimplência atinge 94 milhões de jovens no Brasil revela estudo inédito da Serasa Experian 24 maio 2016b Disponível em httpnoticiasserasaexperiancombrblog20160524 inadimplenciaatinge94milhoesdejovensnobrasilrevelaestudoineditodaserasaexperian Acesso em 31 maio 2017 Nível de Inadimplência começa a estabilizar 22 ago 2016c Disponível em httpswwwse rasaexperiancombrparaorientarniveldeinadimplenciacomecaestabilizar Acesso em 07 jan 2017 Nordeste é a única região do país onde as mulheres estão mais inadimplentes que os ho mens revela estudo da Serasa Experian 16 nov 2015 Disponível em httpnoticiasserasaexperian combrblog20151116nordesteeaunicaregiaodopaisondeasmulheresestaomaisinadimplen tesqueoshomensrevelaestudodaserasaexperian Inadimplência Gestão de Riscos Operações de Crédito 4 65 Volume de dívidas atrasadas com água e luz bate recorde histórico revela Serasa Experian 16 maio 2016a Disponível em httpnoticiasserasaexperiancombrblog20160516volumededi vidasatrasadascomaguaeluzbaterecordehistoricorevelaserasaexperian Acesso em 31 maio 2017 SERVIÇO DE PROTEÇÃO AO CRÉDITO SPC Disponível em httpswwwspcbrasilorgbrinstitu cionalspcbrasil Acesso em 15 maio 2017 PORTAL UOL ECONOMIA Entenda o que é grau de investimento Disponível em httpeconomia uolcombrfinancaspessoaisguiasfinanceirosentendaoqueegraudeinvestimentohtm Acesso em 07 jan 2017 TEIXEIRA J Inadimplência no setor educacional Espírito Santo Hoper 2005 WALBUZA Cenyra Maria Análise da inadimplência dos consumidores na região metropolitana de Vitória ES 2003 122 f Dissertação Mestrado Curso de Engenharia de Produção Universidade Federal de Santa Catarina Florianópolis 2003 Resolução 1 Os credores podem ser prejudicados na medida em que os recursos emprestados não forem devolvidos pois isso pode interferir no fluxo de caixa da empresa Em relação ao devedor pode sofrer com a inserção do seu nome nos órgãos de proteção ao crédito o que dificultaria o acesso a outros créditos futuramente 2 Alguns pontos precisam ser analisados como a necessidade de uma boa política de crédito que não seja tão rigorosa e prejudique as vendas nem tão permissiva que provoque um aumento na inadimplência O ideal é uma adequada e eficiente análise de crédito que possibilite a redução dos riscos envolvidos na concessão dos recursos aos clientes 3 O planejamento financeiro é fundamental para que as empresas possam avaliar até que ponto a melhor escolha é captar de terceiros ou utilizar capital próprio Antes disso é preciso verificar se o recurso que será consumido de fato merece ser utiliza do de tal forma o que pode ser verificado com uma análise de viabilidade econômica financeira de projetos Easy apparel sewing embellishments add interest and charm with very little effort Plus you can make your own embellishments with these simple easy sewing projects Gestão de Riscos Operações de Crédito 67 5 Análise de operações financeiras envolvendo riscos de crédito Este capítulo busca apresentar o que são operações financeiras e sua influência na vida das pessoas e empresas Apresenta também os principais tipos de garantia uti lizados no processo de concessão de crédito buscando apontar qual o mais adequado para cada tipo de operação além de apresentar quais são as operações de créditos mais comuns no mercado financeiro explicitando as suas diferenças e finalidades Análise de operações financeiras envolvendo riscos de crédito 5 Gestão de Riscos Operações de Crédito 68 51 Operações financeiras considerações gerais Inicialmente é importante compreender que as finanças corporativas evoluíram com a economia mundial Em um contexto econômico cada vez mais competitivo e interligado em que se exigem resultados cada vez mais expressivos as operações financeiras represen tam um caminho nem sempre seguro para se alcançar os objetivos desejados Entendese por operações financeiras as operações realizadas pelas empresas com o objetivo de gerar recursos financeiros Para Assaf Neto e Lima 2014 as finanças podem se subdividir em Mercado financeiro compreende os estudos relativos aos comportamentos dos mercados valores mobiliários negociados mundo afora nas bolsas de valores de todo o planeta e que estão ligadas entre si Também diz respeito às instituições financeiras que atuam nesse segmento Finanças corporativas as finanças corporativas por sua vez se relacionam com o processo de tomada de decisões nas organizações destacando as operações que envolvam a concessão de crédito que sem dúvida têm uma grande relevância no mercado mundial Finanças pessoais as finanças pessoais estudam os investimentos e financiamen tos das pessoas físicas Essa classificação pode ser observada na figura a seguir Figura 1 Áreas das finanças Finanças Mercado financeiro Finanças corpora tivas Finanças pessoais Fonte ASSAF NETO LIMA 2014 As finanças se encarregam de muitas atividades e são grandes as suas responsabilida des afinal todas as atividades da empresa de alguma maneira estão relacionadas a elas Dentre as inúmeras atividades podese dizer que existem algumas funções principais da área de finanças descritas conforme Assaf Neto e Lima 2014 Planejamento financeiro procura deixar claro quais são as necessidades de cres cimento da empresa assim como identifica eventuais dificuldades e problemas futuros É por meio desse planejamento ainda que é possível ao administrador financeiro selecionar com maior margem de segurança os ativos mais rentáveis e condizentes com os negócios da empresa de forma a estabelecer uma rentabilida de mais satisfatória sobre os investimentos Análise de operações financeiras envolvendo riscos de crédito Gestão de Riscos Operações de Crédito 5 69 Controle financeiro dedicase a acompanhar e avaliar todo o desempenho finan ceiro da empresa como custos e despesas margens de ganhos volume de vendas liquidez de caixa endividamento etc Análises de desvios que venham a ocorrer entre os resultados previstos e realizados assim como propostas de medidas cor retivas necessárias são algumas das funções básicas da controladoria financeira Administração de ativos deve perseguir a melhor estrutura em termos de risco e retorno dos investimentos ativos empresariais e proceder a um gerenciamento eficiente de seus valores A administração dos ativos acompanha também as defa sagens que podem ocorrer entre entradas e saídas de dinheiro de caixa o que é geralmente associado à gestão do capital de giro administração de passivos que se volta para a aquisição de fundos financiamentos e o gerenciamento de sua composição proporção entre capital próprio e capital de terceiros procurando definir a estrutura de capital mais adequada em termos de liquidez redução de custos e risco financeiro As funções apresentadas se relacionam com o processo de concessão de crédito A fun ção planejamento financeiro por exemplo analisa a necessidade de se levantar recursos junto a terceiros Esses recursos antes de serem solicitados devem ser alvo de uma avaliação financeira minuciosa para que se possa entender qual retorno financeiro será alcançado em virtude do recurso tomado emprestado A função controle financeiro ao avaliar informações como custos despesas e margens de ganhos pode avaliar o impacto da inadimplência por exemplo no resultado da empresa e de que maneira esse resultado está interferindo na lu cratividade e rentabilidade do negócio Ao avaliar e comparar os resultados previstos com os realizados a empresa pode entender se está no caminho correto ou se algum ajuste pre cisa ser feito A função administração de ativos também em muitos casos se relaciona à concessão de crédito uma vez que muitos ativos são adquiridos mediante financiamento de curto ou de longo prazo A aquisição de um ativo deve passar por uma avaliação econômicafinanceira para que se possa entender os reais motivos da sua aquisição e se o referido ativo dará o re torno esperado dando à empresa a oportunidade de pagar dentro dos prazos estipulados o crédito adquirido para a sua aquisição Geralmente nesses casos levase em consideração o valor pelo qual será adquirido o bem a depreciação prevista para o período o valor pelo qual o ativo será vendido ao final do período e o retorno trazido pelo bem assim como os custos e despesas gerados por ele ao longo da sua vida dentro da empresa Esse conjunto de informações são fundamentais para que o gestor possa de maneira antecipada avaliar se realmente vale ou não a pena pedir crédito para a aquisição de um determinado ativo A empresa precisa avaliar a necessidade de adquirir determinado bem pois a falta desse ativo pode prejudicar ou dificultar a reali zação de atividades importantes Boa parte das operações financeiras que envolvem concessão de crédito passa pela participação de instituições financeiras que funcionam como intermediadores dentro de um mercado ávido em realizar negócios Essas instituições financeiras se posicionam en tre dois grandes grupos de agentes econômicos de um lado estão aqueles que possuem Análise de operações financeiras envolvendo riscos de crédito 5 Gestão de Riscos Operações de Crédito 70 disponibilidade de caixa para aplicações agentes superavitários e de outro aqueles que necessitam de crédito agentes deficitários Segundo Assaf Neto e Lima 2014 essa intermediação no mercado financeiro tem como objetivo harmonizar os interesses dos agentes econômicos superavitários em aplicar suas poupanças e dos deficitários ávidos em tomar recursos emprestados A Figura 2 ilustra essa relação de intermediação feita pelas instituições financeiras Tais instituições são fundamentais para que operações financeiras ocorram e possam movimen tar a economia favorecendo a geração de emprego e renda Figura 2 Intermediação feita pelas instituições financeiras Agente deficitário tomador Instituição financeira Agente superavitário poupador Fonte ASSAF NETO LIMA 2014 De acordo com a figura o agente deficitário é aquele que tem que pagar juros como for ma de remunerar o agente superavitário assim como o intermediário financeiro que recebe uma comissão pelo serviço prestado cabendo a ele devolver ao poupador os recursos depo sitados com o acréscimo de juros Em suma os intermediários financeiros são responsáveis por grande parte das operações financeiras Em muitos casos essas instituições emitem títu los visando à obtenção de fundos junto aos agentes econômicos e logo em seguida utilizam os fundos levantados para conceder empréstimos a terceiros Operações como estas consistem em uma das principais fontes de renda do mercado fi nanceiro uma vez que existe uma diferença considerável no Brasil entre as taxas de juros pa gas aos fornecedores de fundos e as taxas de juros cobradas dos demandadores de recursos Todavia é necessário que se diga que operações financeiras fazem parte da vida das pessoas físicas e jurídicas e nem sempre estão atreladas à participação de um intermediário financeiro Em muitos momentos as empresas fazem uso de artifícios para suprir determina das necessidades ou veem em certas oportunidades as circunstâncias ideais para aumentar a rentabilidade do negócio Para ilustrar imagine a seguinte situação hipotética uma determinada empresa ne cessita comprar uma grande quantidade de insumos para a fabricação dos seus produtos Para tanto possui duas alternativas a primeira consiste em acionar o fornecedor e pedir um prazo para pagamento que esteja alinhado com o processo fabril assim como com o recebi mento do valor pago pelo cliente final Caso o fornecedor inicial não consiga as condições ideais a empresa pode procurar novos fornecedores sem prejuízo à qualidade do item for necido que consigam alcançar as exigências e condições apresentadas A outra alternativa seria pedir um empréstimo bancário e efetuar a compra das mercadorias à vista Apesar de a segunda alternativa acarretar em um custo financeiro juros se apresenta como factível em caso do fornecedor não aceitar receber mais adiante Entretanto a empresa deverá negociar um bom desconto para pagar o fornecedor mais cedo como forma de recu perar o todo ou pelo menos uma parte dos juros pagos pelo capital emprestado Análise de operações financeiras envolvendo riscos de crédito Gestão de Riscos Operações de Crédito 5 71 52 Garantias de crédito As operações envolvendo crédito são comuns em todas as partes do planeta em maior ou menor escala Muitas dessas operações envolvem valores pequenos muitas vezes relacio nados a bens de consumo de baixo valor Nessas situações não é preciso falar em garantias O termo garantia é bastante utilizado no dia a dia das pessoas e entender sua aplica ção dentro do contexto do mercado de crédito é relativamente simples O que se precisa compreender são as principais formas de garantias utilizadas pelo mercado já que todas são tentativas de que se cumpra o compromisso acordado Na área de finanças garantia é um ativo um título de crédito um contrato uma fiança ou um aval que o banco exige para conceder um crédito com menor risco SEBRAE 2017 Silva 2003 colabora com esse pensamento na medida em que argumenta que as garan tias ocorrem quando se exige do devedor uma promessa de contraprestação Tal garantia dará condições para o credor receber o patrimônio do devedor colocado em garantia do seu avalista ou mesmo do seu fiador Para Cassiolato Britto e Vargas 2002 os mecanismos decorrentes das garantias de crédito são vastamente utilizados no mundo Tais mecanismos possibilitam o acesso ao crédito às pessoas físicas e jurídicas que em condições normais não teriam condições de conseguir recursos junto a terceiros As garantias dão uma chance àqueles que não têm condições financeiras adequadas para estar elegível a um determinado crédito Muitas vezes o cliente possui bens como casa terre no veículos que são passíveis de serem colocados à disposição como garantias ou até mesmo dispõe de outras pessoas dispostas a entrarem no negócio como fiadoras ou avalistas Essas pessoas que às vezes estão passando por uma dificuldade financeira ou que que não passariam no crivo rigoroso de uma análise de crédito podem encontrar nos mecanismos re lacionados a concessão de garantias como uma alternativa para conseguir o recurso desejado Para Silva 2003 as garantias podem ser divididas em dois grandes grupos destacados a seguir Garantias intrínsecas estão relacionadas às leis e aos acordos firmados e estão sobre a proteção de códigos comerciais firmados em contratos em que a figura do cliente está atrelada ao pagamento do bem adquirido ou do recurso concedido pelo credor Tal procedimento de concessão de crédito lhe dá o direito uma vez descrito em contrato de cobrar juros como forma de pagamento Muitos econo mistas dizem que os juros nada mais são do que uma espécie de aluguel do capital concedido Garantias acessórias dizem respeito aos mecanismos de reforço das garantias intrínsecas como uma tentativa de proteção à falta de pagamento do devedor Tornamse assim uma ferramenta que promove uma segurança adicional àquele que está emprestando um determinado recurso É preciso deixar claro que não é interessante para nenhum credor ter que executar o devedor de tal forma que precise tomar para si o bem colocado em garantia e vendêlo tal procedimento é demorado em muitas situações e apresenta custos operacionais para as empresas Análise de operações financeiras envolvendo riscos de crédito 5 Gestão de Riscos Operações de Crédito 72 Em suma os tipos descritos de garantias são complementares e têm como papel redu zir os riscos envolvidos nas operações de crédito para quem está emprestando o dinheiro Para o devedor e para a economia os tipos de garantias mencionadas anteriormente são de suma importância pois sem a figura da garantia em muitas ocasiões o empréstimo não seria fechado Nsa história há vários períodos de crises econômicas Esses momentos trazem consigo medo e insegurança em relação à capacidade de pagamento das pessoas e das empresas Ao mesmo tempo é fundamental que possibilidades sejam criadas para favorecer o acesso ao crédito às pessoas assim como às organizações Entretanto nesses momentos os riscos são maiores e as chances de que acordos firmados não sejam cumpridos é grande Dessa forma a garantia se torna grande aliada pois favorece a possibilidade de fechamento de negócios e ajuda a economia a voltar a crescer São muitas as possibilidades de garantias o que possibilita ao cliente uma série de alter nativas para acessar ao crédito Cabe à instituição financeira avaliar as garantias oferecidas pelo cliente para que ele possa receber o crédito em condições favoráveis e seguras para ambas as partes Existem aqueles que possuem bens que podem ser deixados em garantia mas há mui tos clientes que não possuem bens disponíveis e também necessitam do crédito Diversos ti pos de bens podem ser usados como garantias é fundamental que as instituições financeiras possam orientar corretamente o cliente possibilitandolhe o acesso ao crédito Há dois tipos de garantias as garantias pessoais também chamadas de fidejussórias e as garantias reais Segundo Souza 2002 nas garantias pessoais há uma terceira pessoa que se compromete a pagar a obrigação acertada ao credor caso o devedor não a pague são a fiança e o aval Já nas garantias reais há um bem que pertence ao devedor ou a um terceiro que tenha valor suficiente para o ressarcimento do credor caso o devedor não faça o paga mento da obrigação contratada Podem ser penhora alienação fiduciária anticrese caução hipoteca e seguro de crédito Quadro 1 Tipos de garantias Garantias pessoais Aval Fiança Garantias reais Penhora Alienação fiduciária Anticrese Caução Hipoteca Seguro de crédito Fonte Elaborado pelo autor Veja a seguir cada uma dessas garantias Aval é uma modalidade pautada na figura do avalista pessoa que se respon sabiliza em pagar a dívida contraída pelo tomador do recurso SILVA 2003 Tal modalidade no entanto só é possível de ser realizada quando a figura do avalista Análise de operações financeiras envolvendo riscos de crédito Gestão de Riscos Operações de Crédito 5 73 consegue comprovar que tem condições de honrar o compromisso se necessário Fica claro dessa forma que o credor deve realizar uma análise de crédito tanto do titular como do avalista Para Santos 2010 o aval é uma modalidade bastante comum É de fundamental importância que o avalista tenha patrimônio disponí vel para cobrir o débito com os respectivos encargos Ainda segundo o autor o avalista é solidário na dívida contraída ou seja ele deve pagála em caso de im possibilidade do titular do contrato Fiança nessa modalidade se encontra a figura do fiador constituído por uma pessoa física ou jurídica que é a principal responsável pelo pagamento das obriga ções assumidas pelo afiançado SILVA 2003 A fiança está sempre atrelada a um contrato sendo uma garantia de caráter pessoal e fidejussória fazendo com que o fiador seja solidário ao devedor afiançado ou seu coobrigado para o cumpri mento das obrigações assumidas SCHRICKEL 1997 Penhora é uma modalidade de garantia caracterizada como garantia real ou seja são bens como casas terrenos automóveis que ficam como garantia em caso de não pagamento SILVA 2003 No caso da penhora o devedor entrega um de terminado bem ao credor como garantia de pagamento da dívida que está sendo contraída e caso esta não seja paga dentro das condições estabelecidas em contra to o credor recebe a posse definitiva do bem penhorado Alienação fiduciária ao contrário da penhora o bem em garantia é formalmente transferido ao credor No entanto o devedor continua utilizando o bem mesmo este estando alienado O bem alienado é devolvido após o pagamento completo da dívida contraída Também constitui uma garantia real aplicável sobre máquinas equipamentos veículos e imóveis Nessa situação o devedor assume a figura de fiel depositário não podendo vendêlo alienálo sem a prévia concordância do credor sob pena de prisão administrativa SANTOS 2010 Anticrese tratase de um tipo específico de garantia real em que a posse do bem também é transferida ao credor No entanto este ficará com os rendimentos oriun dos do bem deixado em garantia até que a dívida seja totalmente paga Exemplo um cliente possui um imóvel comercial que aluga a um terceiro Além da posse do bem o credor ficará com o aluguel pago pelo inquilino do devedor Assim essa receita servirá para compor o acordo firmado ajudando no pagamento do crédito recebido SILVA 2003 Caução nesse tipo de garantia o devedor deixa cheques notas promissórias e duplicatas por exemplo como garantia do pagamento da dívida Caso o devedor não realize o pagamento dentro das condições firmadas será dada ao credor a posse definitiva da caução SILVA 2003 Hipoteca bastante comum e conhecida no mercado brasileiro e mundial Nesse tipo de operação é dado como garantia um bem imóvel O devedor continua com a posse do bem deixado em garantia todavia só terá a sua propriedade de volta após a quitação da dívida SILVA 2003 Análise de operações financeiras envolvendo riscos de crédito 5 Gestão de Riscos Operações de Crédito 74 Seguro de crédito cada vez mais comum no Brasil é uma modalidade de garan tia na qual o devedor firma acordo com uma seguradora que honrará o compro misso firmado junto ao credor em caso de incapacidade do devedor Desse modo o credor terá a garantia que poderá cobrar da seguradora contratada o pagamento do valor devido SILVA 2003 53 Principais operações financeiras envolvendo concessão de crédito As operações financeiras foram se diversificando e ganhando uma gama de novas pos sibilidades que são responsáveis por muitos negócios concretizados a cada segundo em todo o planeta Dentro desse contexto é fundamental que as concessionárias de crédito conheçam os seus clientes e suas necessidades e entendam a fundo as suas capacidades de pagamento para poder oferecer a eles as melhores modalidades de crédito capazes de satisfazer suas necessidades As operações financeiras estão relacionadas às pessoas físicas que precisam resolver questões como eventuais emergências financeiras que podem ser momentâneas como pon tuais desequilíbrios no orçamento familiar financiamento de compras de bens duráveis aquisição de bens patrimoniais de valor mais alto que irá compor o patrimônio pessoal etc Já as operações financeiras envolvendo empresas são necessárias para a satisfação de necessidades normalmente relacionadas à aquisição de bens de produção como máquinas veículos assim como bens de maior valor como imóveis e terrenos As empresas também fazem uso de operações creditícias para resolver problemas de caixa que podem ser pon tuais como o pagamento de 13º salário ou algum desequilíbrio momentâneo que esteja interferindo no bom andamento do negócio Há duas modalidades de crédito às quais os clientes podem recorrer as linhas rotativas e as linhas pontuais SANTOS 2010 Linhas rotativas são limites de crédito disponibilizados ao cliente repetidamen te Ficam à disposição do cliente que pode utilizálas quantas vezes necessitar Como são mais arriscadas para o banco acabam sendo mais caras para o cliente Linhas pontuais ou casuais são disponibilizadas em situações especiais não repetitivas fora das necessidades usuais do tomador de empréstimo Se como mencionado as necessidades são diversas também diversas devem ser as possibilidades de linhas disponíveis para que as pessoas físicas e jurídicas tenham condi ções de avaliar de acordo com suas possibilidades qual a melhor escolha possível para o recebimento do crédito Dentre as opções possíveis seguem as mais comuns presentes no dia a dia das pessoas físicas e jurídicas SANTOS 2010 Análise de operações financeiras envolvendo riscos de crédito Gestão de Riscos Operações de Crédito 5 75 Cheque especial modalidade de crédito rotativo que serve para atender a even tuais necessidades dos correntistas de banco Tal crédito é disponibilizado ao cor rentista pelo banco após uma análise de crédito que possa avaliar os riscos envol vidos As taxas de juros do cheque especial são extremamente elevadas no Brasil Cartão de crédito originalmente era concedido apenas a clientes que representa vam baixíssimo risco Logo se popularizou e hoje é uma das formas mais populares de acesso ao crédito A modalidade permite que o seu titular possa fazer compras e saques utilizando um limite previamente estabelecido alvo de uma análise de crédito preliminar capaz de identificar qual o limite mais adequado para o cliente A possibilidade de utilização em um número imenso de estabelecimentos comer ciais faz do cartão de crédito uma opção segura e prática Essas características de alguma forma justificam o seu uso por grande escala da população Contrato de crédito essa modalidade possibilita ao cliente obter recursos para necessidades pontuais como a reforma de uma casa financiamento estudantil aquisição de bens como veículos imóveis etc Tais contratos podem ou não pedir garantias Crédito direto ao consumidor essa modalidade está diretamente relacionada ao financiamento de bens duráveis como por exemplo móveis eletrodomésticos e veículos É bastante comum em alguns casos que envolvem bens duráveis de maior valor como veículos o bem ficar alienado ao credor até que toda a dívida seja paga Crédito imobiliário fundamental para que a população possa adquirir ou cons truir imóveis residenciais e comerciais com prazos mais longos que em alguns ca sos podem a chegar a 35 anos O imóvel fruto do crédito é tratado como uma ga rantia para a operação assim como outras garantias a depender de cada contrato Leasing é uma modalidade de crédito bastante comum Tratase de uma ope ração de arrendamento ou aluguel de veículos aviões barcos etc O bem fica em garantia ao credor até o fim do pagamento pelo devedor Uma característica dessa modalidade é que ao fim do contrato o devedor normalmente tem alternativas como a compra do bem pelo valor residual do contrato a apresentação de tercei ros que possam comprar o bem pelo mesmo valor residual ou devolver o bem ao credor Crédito corporativo é cada vez mais comum que empresas se utilizem de crédi tos específicos para sanar suas necessidades Como exemplo podemos citar linhas de créditos para a aquisição de matériaprima ou até mesmo para o pagamento de mão de obra A liberação do crédito fica atrelada ao fim estabelecido normalmen te o credor cria mecanismos de controle para que o recurso seja destinado efetiva mente ao fim pelo qual foi solicitado Compror essa modalidade de operação está atrelada a uma operação de compra em que o comprador pede o crédito a uma instituição financeira que fica respon sável em pagar o fornecedor Nessa operação existe uma série de benefícios para Análise de operações financeiras envolvendo riscos de crédito 5 Gestão de Riscos Operações de Crédito 76 ambas as partes para o fornecedor a certeza de que irá receber para o comprador a possibilidade de negociar descontos Para a instituição financeira que atua como intermediária no negócio também é interessante porque ela irá ganhar comissão em forma de juros Vendor essa modalidade permite a empresas comercializarem suas mercadorias oferecendo prazos atraentes aos seus clientes Estes se sentem atraídos pela possi bilidade de efetuar a compra em modalidades como cheque prédatado ou boleto bancário A empresa comercial negocia junto a instituições financeiras esses rece bíveis recebendo assim o valor à vista A instituição financeira em contrapartida cobra uma comissão na operação É uma modalidade bastante utilizada no Brasil e merece o reforço de algumas considerações É fundamental que a empresa co mercial faça tal operação sabendo como as taxas cobradas pelo banco poderão ser absorvidas Caso contrário a empresa poderá ter prejuízo Em muitas situações essa modalidade pode demonstrar incapacidade de caixa das empresas que utili zam desse meio para antecipar recebíveis de maneira não planejada Adiantamento sobre contratos de câmbio ACC é uma operação de crédito na qual uma determinada instituição financeira fornece um adiantamento que pode ser total ou parcial de recursos em moeda nacional Isso ocorre mesmo antes do envio da mercadoria ou da prestação de serviço no exterior Tais valores adian tados correspondem ao valor da mercadoriaserviço em moeda estrangeira Esse tipo de operação é de suma importância para as empresas que exportam pois lhe proporcionam a chance de antecipar recebíveis o que reduz riscos e impacta no fluxo de caixa das empresas Adiantamentos sobre cambiais entregues ACE diferentemente do ACC essa modalidade tratase de um adiantamento que ocorre após o embarque da merca doria ao exterior Nesse caso o exportador dispõe de todos os documentos referen tes a esse embarque como o conhecimento de embarque marítimo aéreo ou rodo viário Com a entrega desses documentos a instituição financeira pode realizar a cobrança dos valores no exterior Financiamentos à importação representam linhas de crédito captadas geralmen te no exterior para financiar as operações dos importadores por um prazo negocia do com o banco Essa linha de crédito pode ser obtida pela empresa importadora com instituições financeiras nacionais ou internacionais Financiamentos à exportação dizem respeito a linhas de crédito oriundas de ban cos privados ou estatais como do BNDES Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social que têm como principal objetivo fomentar o processo de ex portação uma tentativa de aumentar a competitividade das empresas exportado res nacionais Como visto existe uma infinidade de operações financeiras destinadas à concessão de crédito Muitas têm um objetivo específico que leva em consideração características pecu liares de operações que correspondem a áreas distintas da economia Isso ocorre pelo fato Análise de operações financeiras envolvendo riscos de crédito Gestão de Riscos Operações de Crédito 5 77 de a economia ser muito dinâmica transações comerciais possuem as suas especificidades e para isso devem contar com linhas específicas também para que se busque uma customi zação do crédito concedido Tais medidas ajudam também na redução de risco na medida em que ao estratificar as operações obtémse um maior conhecimento em relação a cada uma delas Ampliando seus conhecimentos O texto a seguir trata sobre a importância de se avaliar a idoneidade do devedor antes de lhe oferecer o crédito Essa análise é fundamental para se ter uma ideia do risco que se corre diante de cada tipo de cliente A importância em avaliar a idoneidade do devedor SANTOS 2003 Os clientes podem ser classificados nas seguintes categorias Sem restritivos Alertas Restritivos ou impeditivos Sem restritivos não existem informações desabonadoras do cliente no mercado de crédito Alertas são apontamentos de natureza informativa e interna à área de crédito de cada credor que não impedem a concessão de novos finan ciamentos Apenas se exige uma análise de crédito mais criteriosa Restritivos esses apontamentos indicam que as pessoas físicas pos suem informações desabonadoras com o credor e mercado de crédito representadas em sua maioria por registros de atrasos renegocia ções e geração de prejuízos para os credores As informações restriti vas dividemse em apontamentos de caráter subjetivo e apontamentos de caráter objetivo Os apontamentos de caráter subjetivo não são de conhecimento do mercado de crédito e seu uso é interno e exclusivo do credor que a seu critério fará o acompanhamento com a finalidade de regularização Exemplos transações liquidadas com prejuízo Os Análise de operações financeiras envolvendo riscos de crédito 5 Gestão de Riscos Operações de Crédito 78 apontamentos de caráter objetivo são em sua maioria de conheci mento do mercado de crédito Exemplos protestos composição de dívida inclusão no cadastro de emitentes de cheques sem fundos ação de busca e apreensão Impeditivos são apontamentos que impedem que pessoas físicas ope rem com o credor por motivo de ordem legal ou normativa Atividades 1 As operações financeiras possuem os mais variados objetivos No entanto no que diz respeito à concessão de crédito de que maneira tais operações podem contribuir com as operações de uma empresa 2 Dentro do contexto da concessão de crédito o que são garantias Qual o seu papel 3 Qual o motivo de existirem tantas opções em relação a linhas de créditos disponíveis no mercado Referências ASSAF NETO Alexrandre LIMA Fabiano Guasti Curso de administração financeira 3 edSão Paulo2014 CASSIOLATO J E BRITTO J VARGAS M Formatos organizacionais para financiamento de ar ranjos e sistemas de MPME In Interagir para competir promoção de arranjos produtivos e inovati vos no Brasil p249285 Brasília SebraeFinep 2002 SANTOS José Odálio dos Análise de crédito empresas e pessoas físicas São Paulo Atlas 2003 SEBRAE Dicionário financeiro Disponível em httpswwwsebraecombrSebraePortal20Sebrae Anexosdicionariofinanceiropdf Acesso em 19 maio 2017 SILVA Jose Pereira da Gestão e análise de risco de crédito 4 ed São Paulo Atlas 2003 SOUZA Sylvio Capanema de Considerações sobre a cumulação das garantias pessoais e reais na alienação fiduciária Jus Navigandi ano 6 n 56 Teresina abr 2002 Disponível em httpsjuscombr artigos2910consideracoessobreacumulacaodasgarantiaspessoaisereaisnaalienacaofiducia ria Acesso em 19 maio 2017 SCHRICKEL Wolfgang Kurt Análise de Crédito 3 ed São Paulo Atlas 1997 Resolução 1 As operações financeiras relacionadas à concessão de crédito são fundamentais para financiar investimentos capazes de alavancar financeiramente as empresas fazendo com que elas possam investir possibilitando uma maior competitividade Análise de operações financeiras envolvendo riscos de crédito Gestão de Riscos Operações de Crédito 5 79 2 As garantias são um artifício legal para garantir que as empresas tomadoras de re cursos possam honrar os seus compromissos assumidos junto aos seus credores O seu papel principal é reduzir risco quando bem utilizada a garantia poderá ser aces sada para que o credor possa reaver de alguma forma o recurso ora emprestado 3 O motivo principal é oferecer ao cliente crédito que vá ao encontro das suas neces sidades com taxas de juros carência e condições alinhadas com as expectativas do devedor 3 Easy Embellishments for ApparelPatterns Included Gestão de Riscos Operações de Crédito 81 6 Avaliação de empresas para definir limites de crédito Neste capítulo serão estudados os conceitos e definições sobre análise de demons trações contábeis São apresentadas as principais informações contidas em cada um dos relatórios contábeis apresentados pela empresa bem como de que maneira essas informações podem ser utilizadas ao longo de um processo de concessão de crédito e análise de risco Esperase que ao final do capítulo o leitor possa compreender quais são os principais mecanismos de análise de demonstrações contábeis e que possa inter pretar os indicadores extraídos dessas demonstrações de uma maneira eficiente favo recendo o processo de tomada de decisão Avaliação de empresas para definir limites de crédito 6 Gestão de Riscos Operações de Crédito 82 61 Análise de crédito de empresas Como visto assim como as pessoas físicas as pessoas jurídicas estão sujeitas à análise de crédito Tal procedimento é necessário para que se possa avaliar as condições financeiras de determinada empresa em assumir uma dívida A análise de crédito destinada às pessoas jurídicas deve apontar elementos que possam suprir de informações a empresa credora dando condições para a tomada de decisões assertiva reduzindo assim os riscos envolvidos nos processos de concessão de crédito Segundo Rosa Azzolin e Soares 2015 alguns procedimentos devem ser considerados durante a análise de crédito de pessoas jurídicas análise cadastral da empresa verificação da idoneidade análise financeira e patrimonial análise de relacionamento análise setorial Veja a seguir esses procedimentos mais detalhadamente Análise cadastral da empresa assim como feito com as pessoas físicas é neces sário levantar as informações que identifiquem a empresa solicitante de crédito Alguns dados como número do CNPJ Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica e número da inscrição estadual podem fornecer informações a respeito da atividade principal da empresa bem como verificar se ela está ativa Verificação de idoneidade a idoneidade da empresa está relacionada com a ho nestidade com o fato de a empresas honrarem seus compromissos Então como mensurar essa qualidade em uma pessoa jurídica Uma das maneiras é levan tar informações junto aos órgãos de proteção ao crédito como SPC Serasa Esses órgãos fornecem dados que revelam se uma determinada empresa está inserida em seu banco de dados como inadimplente com dívidas Essas informações são fundamentais para que a análise de crédito tenha subsídios necessários para uma tomada de decisão adequada Análise financeira e patrimonial esse tipo de análise aponta se a empresa tem ou não condições de assumir uma determinada dívida e traz informações levan tadas por meio de indicadores econômicos e financeiros como o grau de endivi damento da empresa rentabilidade entre outros Avaliar o patrimônio é de suma importância pois em muitos casos é necessário que sejam dadas garantias para que determinado crédito seja liberado Dessa forma levantar se a empresa possui bens como imóveis casas terrenos apartamentos galpões etc máquinas equi pamentos veículos é essencial para que se possa apontar eventuais garantias que possam ser fornecidas diminuindo assim os riscos presentes na operação Sendo assim considere a seguinte situação Uma empresa procura uma loja para adquirir uma máquina muito cara e quer comprála a prazo e sem entrada Para Avaliação de empresas para definir limites de crédito Gestão de Riscos Operações de Crédito 6 83 tanto a loja fez uma análise de crédito para levantar as condições da empresa so licitante e verifica que ela apresenta bons resultados financeiros e possui muitos bens que podem ser deixados como garantia entre eles várias máquinas e equi pamentos Também analisando as demonstrações contábeis é possível avaliar a situação financeira de uma determinada empresa ao analisar o seu volume de venda os lucros apresentados o grau de endividamento de rentabilidade e lucra tividade do negócio tais informações podem fornecer um parâmetro necessário para que a análise de crédito aponte se a empresa tem ou não condições de assu mir uma determinada dívida Análise de relacionamentos nesse ponto da análise de crédito devem ser levan tadas informações sobre o relacionamento da empresa solicitante de crédito com outras empresas para que se possa avaliar como essa empresa se comporta e se tem boas referências Tais informações são importantes pois alguns fatos podem não ser apontados pelos órgãos de proteção ao crédito Por exemplo uma deter minada empresa não tem o seu nome incluso nos órgãos de proteção ao crédito como inadimplente todavia costuma atrasar pagamentos aos seus fornecedores Dessa forma levantando informações junto aos clientes e fornecedores é possível perceber de que maneira a empresa que solicita o crédito se relaciona com os seus stakeholders Esse conjunto de informações ajuda o analista de crédito a apontar possíveis inconsistências que podem sinalizar dificuldades financeiras Análise setorial é necessário avaliar como está a situação do setor em que a empresa solicitante de crédito está inserida Dessa forma o credor poderá avaliar se o setor está passando por um período econômico favorável ou não Esse tipo de levantamento pode fazer com que o analista de crédito possa tomar algumas medidas como a solicitação de garantias para que o negócio seja fechado Assim o credor pode tomar as devidas precauções reduzindo os riscos envolvidos na ope ração de concessão de crédito Uma análise setorial feita de modo adequado tam bém apontará como a empresa solicitante se posiciona no mercado Dessa forma é possível perceber o poder exercido pelos principais concorrentes os riscos de novos entrantes ou até mesmo o poder exercido por seus fornecedores e clientes Todos esses pontos a serem levantados desde o levantamento cadastral até a aná lise setorial são fundamentais para que o credor possa avaliar se o crédito deve ou não ser liberado e se liberado dentro de que condições É comum que empresas solicitem crédito aos seus fornecedores da mesma forma que os clientes pedem crédito à empresa por isso é importante entender como proceder em ambos os casos Em relação ao fornecedor nesse caso a empresa pedirá crédito ao fornecedor pagando suas compras a prazo Esse fornecedor fará uma análise de crédito da empresa para verificar o quanto é seguro emprestar os recursos solicitados O fornecedor pode após a análise de crédito recusar o pedido ou aproválo Aprovando pode liberar um limite rotativo de crédito evitando assim que uma nova análise seja feita a cada nova compra O fornecedor pode dessa Avaliação de empresas para definir limites de crédito 6 Gestão de Riscos Operações de Crédito 84 maneira efetuar novas análises de tempos em tempos para renovar o limite atribuído aumentandoo ou reduzindoo de acordo com as novas realidades financeiras do seu cliente Em relação ao cliente a mesma empresa que pediu crédito ao seu fornecedor pode de acordo com a política de crédito adotada efetuar vendas a prazo Desse modo deve fazer uso de mecanismos eficientes que favoreçam a venda Tais mecanismos podem ocorrer por meio de cartão de crédito cheque pré datado boleto bancário etc Algumas dessas formas de recebimento apresen tam risco reduzido como os cartões de crédito outras devem ser utilizadas mediante uma análise de crédito como no caso de vendas realizadas com cheque ou boleto 62 Análise das demonstrações financeiras Para uma tomada de decisões eficiente é fundamental que se tenha informações confiá veis Nesse sentido as demonstrações contábeis formam uma importante fonte de informa ções sobre o patrimônio bem como sobre a situação financeira das empresas Esses relató rios apresentam fatos contábeis que são responsáveis pela variação patrimonial As demonstrações contábeis têm por objetivo proporcionar informações sobre a posição patrimonial e financeira desempenho e os fluxos de caixa da empresa Essas informações precisam ser úteis para seus usuários em suas avaliações e tomada de decisões econômicas As demonstrações contábeis também apresentam os resultados da atuação da administra ção frente seus deveres e responsabilidades na gestão dos recursos Proporcionam informa ção sobre ativos passivos patrimônio líquido receitas e despesas fluxos de caixa Essas informações ajudam seus usuários a prever os futuros fluxos de caixa da empresa 621 Balanço Patrimonial É a principal demonstração contábil responsável por fornecer informações que refle tem a estrutura patrimonial das empresas os bens direitos e as obrigações tanto no curto quanto no longo prazo Por meio da análise dos balanços ao longo dos anos é possível iden tificar a evolução do patrimônio e ele está em expansão ou regredindo Avaliação de empresas para definir limites de crédito Gestão de Riscos Operações de Crédito 6 85 O balanço está organizado de tal maneira que reflete os bens e direitos chamados de ativos as obrigações passivo e o patrimônio líquido recursos que pertencem aos sócios das empresas como apresentado na estrutura a seguir Quadro 1 Estrutura do Balanço Patrimonial Balanço Patrimonial Ativo Passivo Patrimônio Líquido Fonte MARION 2015 O Balanço Patrimonial é útil em uma análise de crédito pois mostra quais sãos os bens imóveis máquinas equipamentos entre outros e direitos dinheiro depositado no banco investimentos entre outros Dessa forma é possível perceber o tamanho de uma empresa e se possui bens que podem ser utilizados como garantia Essa análise pode demonstrar ain da o montante de dívidas da empresa tanto no curto prazo como no longo O balanço ainda apresenta o patrimônio líquido da empresa o conjunto de informações que demonstram o capital pertencente aos sócios O modelo apresentado a seguir ilustra o Balanço Patrimonial de uma determinada empresa Quadro 2 Modelo de Balanço Patrimonial ATIVO CIRCULANTE PASSIVO CIRCULANTE Caixa Fornecedores Bancos Impostos e taxas Duplicatas a receber Salários a pagar Investimentos Empréstimos de Curto Prazo Estoque ATIVO NÃO CIRCULANTE EXIGÍVEL A LONGO PRAZO Investimentos Financiamentos IMOBILIZADO Empréstimos Imóveis Móveis e Utensílios Veículos Equipamentos PATRIMÔNIO LÍQUIDO Terrenos Capital Social Depreciação acumulada Reserva de Lucro TOTAL ATIVO PASSIVO PATRIMÔNIO LIQUIDO Fonte MARION 2015 Adaptado Avaliação de empresas para definir limites de crédito 6 Gestão de Riscos Operações de Crédito 86 622 Demonstração de Resultado do Exercício DRE Informa a composição do lucro de uma empresa evidenciando não somente qual foi o lucro ou prejuízo em um período como também todos os elementos que compõem tal re sultado A DRE é importante na análise de crédito pois aponta um conjunto de informações sobre o resultado financeiro da empresa Ao verificar a DRE de vários períodos é possível observar a evolução de receitas e despesas do negócio o que pode ser favorável ou não du rante o processo de concessão de crédito O modelo a seguir apresenta a DRE Quadro 3 Modelo de Demonstração do Resultado do Exercício DRE Demonstração do Resultado do Exercício RECEITA BRUTA DE VENDAS Impostos sobre venda Devoluções de vendas Abatimentos RECEITA LÍQUIDA Custo dos produtos vendidos RESULTADO OPERACIONAL BRUTO DESPESAS OPERACIONAIS Despesas com vendas Despesas administrativas DESPESAS FINANCEIRAS LÍQUIDAS Despesas Financeiras RESULTADO OPERACIONAL ANTES DO IR E CSLL Provisão para IR e CSLL RESULTADO LÍQUIDO DO EXERCÍCIO Fonte MARION 2015 Adaptado 623 Demonstração dos Fluxos de Caixa DFC Evidencia os valores que entram e saem do caixa da empresa durante certo período ou seja demonstra qual era o montante de recursos disponíveis apresentando quais foram as saídas e entradas de recursos relacionados às atividades operacionais de investimento e de financiamento A DFC categoriza de que maneira ocorreram os fluxos reais de recursos seja na entrada por conta da venda de mercadoria e serviços ou na saída como compra de ativos ou pagamentos diversos Enquanto a DRE demonstra as entradas e saídas por competência a DFC mostra o fluxo monetário O modelo a seguir apresenta a DFC Avaliação de empresas para definir limites de crédito Gestão de Riscos Operações de Crédito 6 87 Quadro 4 Modelo de Demonstração do Fluxo de Caixa DFC Demonstração do Fluxo de Caixa Das Atividades Operacionais Recebimentos de clientes e outros Pagamentos a fornecedores Pagamentos à funcionários Pagamentos à credores diversos Das Atividades de Investimentos Recebimento de venda de imobilizado Aquisição de Ativo Permanente Recebimento de dividendos Das Atividades de Financiamento Novos empréstimos Amortização de empréstimos Emissão de debêntures Integralização de capital Paramento de dividendos Aumento Diminuição nas disponibilidades Disponibilidades no início do período Disponibilidades no final do período Fonte MARION 2015 Adaptado A DFC pode ser utilizada nos processos de concessão de crédito quando o objetivo for apurar os fluxos de saídas e entradas de dinheiro e o seu impacto nas disponibilidades da empresa Tal análise pode auxiliar na construção do diagnóstico sobre a situação financeira da empresa 624 Demonstração do Valor Adicionado DVA Evidencia de que maneira uma empresa gera riqueza em determinado período de monstrando também a sua distribuição Empresas movem a economia e entender de que maneira a riqueza gerada por um empreendimento é distribuída para a sociedade é o prin cipal objetivo dessa demonstração contábil O modelo a seguir apresenta a DVA de uma determinada empresa Avaliação de empresas para definir limites de crédito 6 Gestão de Riscos Operações de Crédito 88 Quadro 5 Modelo da Demonstração do Valor Adicionado Demonstração do Valor Adicionado 1 RECEITAS Vendas de mercadorias produtos e serviços Provisões para devedores duvidosos Não operacionais 2 INSUMOS ADQUIRIDOS DE TERCEIROS Matériasprimas consumidas Custos das mercadorias e serviços vendidos Materiais energia serviços de terceiros e outros PerdaRecuperação de valores ativos 3 VALOR ADICIONADO BRUTO 4 RETENÇÕES Depreciação amortização e exaustão 5 VALOR ADICIONADO LÍQUIDO PRODUZIDO PELA ENTIDADE 6 VALOR ADICIONADO RECEBIDO EM TRANSFERÊNCIA Resultado de equivalência patrimonial Receitas financeiras 7 VALOR ADICIONADO TOTAL A DISTRIBUIR 8 DISTRIBUIÇÃO DO VALOR ADICIONADO Pessoal e encargos Impostos taxas e contribuições Juros e aluguéis Juros s capital próprio e dividendos Lucros retidos prejuízo do exercício Fonte MARION 2015 Adaptado 625 Demonstrações dos Lucros ou Prejuízos Acumulados O principal objetivo dessa demonstração contábil é evidenciar os fatos que provocaram alterações nos lucros ou prejuízos das empresas Esse relatório contábil pode explicar as alterações entre o saldo inicial e o final da conta além dos lucros ou prejuízos acumulados que estão no patrimônio líquido Avaliação de empresas para definir limites de crédito Gestão de Riscos Operações de Crédito 6 89 Quadro 6 Modelo de Demonstração dos Lucros ou Prejuízos Acumulados Demonstração dos Lucros ou Prejuízos Acumulados 1 Saldo no início do período 2 Alterações ocorridas no período 21 Aumento diminuição de capital 22 Demais alterações 3 Ajustes de exercícios anteriores 4 Saldo ajustado 5 Reversão de reservas de lucro 6 Lucro ou prejuízo do exercício 7 Saldo à disposição 8 Proposição para destinação dos lucros 9 Reservas 10 Dividendos 11 Saldo do final do exercício Fonte MARION 2015 Adaptado 63 Principais indicadores financeiros Em todas as análises os dados são retirados das demonstrações elaboradas pela con tabilidade Para analisar a situação financeira da empresa são utilizados os indicadores de liquidez que medem a capacidade da empresa para saldar suas obrigações financeiras a partir da comparação entre os direitos realizáveis e as exigibilidades Tais indicadores de vem ser calculados para vários anos para que se adquira uma perspectiva histórica A coleta dos dados para fazer essa análise é feita no Balanço Patrimonial Analisar a rentabilidade revela aspectos econômicos por mensurar a capacidade de geração de resultados pela em presa A coleta de dados para essa análise é feita tanto no Balanço Patrimonial quanto na Demonstração de Resultado do Exercício Na estrutura de capital de uma empresa os indicadores são utilizados basicamente para aferir a composição a estrutura das suas fontes passivas de recursos Ilustram quanto de recursos próprios patrimônio líquido e de recursos de terceiros passivos são utilizados para financiar os ativos totais da empresa Os capitais são representados pelas aplicações de curto e longo prazo efetuadas por proprietários ou terceiros respectivamente onerosos quando existe um custo de captação e não onerosos sem custo de captação São compostos pelos seguintes indicadores liquidez endividamento rentabilidade Avaliação de empresas para definir limites de crédito 6 Gestão de Riscos Operações de Crédito 90 631 Indicadores de liquidez Os indicadores de liquidez favorecem a análise da capacidade de a empresa pagar suas dívidas São eles Liquidez Corrente Liquidez Geral Liquidez Seca Liquidez Imediata Onde Liquidez Corrente LC Indica o quanto a empresa possui em dinheiro bens e direitos no curto prazo em com paração com as dívidas a serem pagas também no curto prazo Esse quociente determina quanto a empresa tem em valores circulantes para cada R 100 de dívidas Quanto maior for o quociente de liquidez corrente melhor será a situação financeira da empresa Ativo Circulante Passivo Circulante Liquidez Corrente Se o índice encontrado for igual a R 100 é possível afirmar que a empresa possui recursos suficientes para pagar as suas dívidas de curto prazo Se o índice encontrado for superior a R 100 a empresa se encontra em uma situação em que não somente consegue pagar as suas dívidas como também sobram recursos Assim é possível verificar o Ativo Circulante superior ao Passivo Circulante Liquidez Geral LG O indicador de Liquidez Geral mostra o quanto a empresa possui em dinheiro tanto no curto quanto no longo prazo para liquidar suas dívidas totais Determinase quanto a empresa possui de ativos para cada R 100 de passivos Quanto maior for o quociente de liquidez geral melhor é a situação da empresa Ativo Circulante Ativo realizável a longo prazo Passivo Circulante Exigível a longo prazo Liquidez Geral É importante destacar que tal análise deve ser feita levando em consideração vários períodos assim é possível perceber que o índice encontrado está em evolução melhorando ou piorando com o tempo Quando possível é fundamental também comparar os índices encontrados com o índice médio do mercado em que a empresa analisada está inserida Liquidez Seca LS O indicador de Liquidez Seca não considera os estoques em sua análise Esse indicador supõe que os estoques são necessários para a atividade da empresa e constituem uma espé cie de investimento permanente no Ativo Circulante Determina quanto a empresa tem em Avaliação de empresas para definir limites de crédito Gestão de Riscos Operações de Crédito 6 91 valores circulantes reduzido o valor do estoque para cada R 100 de dívidas Quanto maior for o quociente de Liquidez Seca melhor é a situação da empresa Ativo Circulante Estoque Passivo Circulante Liquidez Seca Liquidez Imediata LI O indicador de Liquidez Imediata representa a porcentagem das dívidas a curto prazo em condições de serem liquidadas imediatamente É obtido mediante a divisão dos valores disponíveis de imediato caixa e bancos pelo valor do Passivo Circulante Esse quociente determina quanto a empresa tem de disponibilidades para saldar imediatamente cada R 100 de dívidas Esse quociente tem pouca relevância pois as empresas não mantêm ele vados valores em caixa em detrimento de aplicações na própria atividade Dessa maneira diferentemente dos demais quocientes de liquidez em que quanto maior for o quociente melhor é a situação da empresa o quociente de Liquidez Imediata se elevado pode repre sentar ociosidade de recursos financeiros Liquidez Imediata Disponibilidades Passivo Circulante Veja um exemplo com esses indicadores Com esse Balanço Patrimonial utilizado como exemplo é possível calcular todos os indicadores de liquidez Quadro 7 Exemplo de Balanço Patrimonial ATIVO 311216 PASSIVO 311216 Circulante 20000 Circulante 19000 Caixa e bancos 3000 Fornecedores 9000 Clientes a receber 5000 Empréstimos 4000 Estoques 12000 Impostos 6000 Não Circulante 56000 Não Circulante 30000 Real A longo prazo 23000 Empréstimos 30000 Imobilizado 33000 PL 27000 Capital social 20000 Res de lucro 7000 ATIVO TOTAL 76000 PASSIVO TOTAL 76000 Fonte Elaborado pelo autor Liquidez Geral AC Ativo realizável a longo prazo Passivo Circulante Exigível a longo prazo Liquidez geral 43000 49000 088 Avaliação de empresas para definir limites de crédito 6 Gestão de Riscos Operações de Crédito 92 Para o cálculo da Liquidez Geral temse 20 mil que é o valor do Ativo Circulante mais 23 mil que é o Ativo realizável no longo prazo sendo dividido pela soma do Passivo Circulante e Passivo Não Circulante que é 19 mil mais 30 mil Dessa forma o resultado é 088 Isso significa que para cada 1 real que a empresa tem de dívidas no curto e longo pra zos ela possui 88 centavos para pagar Liquidez Corrente Ativo Circulante Passivo Circulante Liquidez Corrente 20000 19000 105 No cálculo da Liquidez Corrente temse 20 mil divididos por 19 mil sendo igual a 105 Isso significa que para cada 1 real que a empresa tem de dívidas no curto prazo ela possui 105 para pagar Liquidez Seca Ativo Circulante Estoques Passivo Circulante Liquidez Seca 20000 12000 19000 042 A Liquidez Seca é calculada com o valor do Ativo Circulante descontandose os esto ques e dividido pelo valor do Passivo Circulante Esse cálculo dá um valor de quarenta e dois centavos Isso significa que a empresa possui 42 centavos para cada 1 real de dívidas no curto prazo Liquidez Imediata Disponível Passivo Circulante Liquidez Imediata 3000 19000 016 E por fim o indicador de Liquidez Imediata mostra que a empresa tem 16 centavos em caixa e bancos para cada 1 real de dívida para pagar suas dívidas no curto prazo 632 Indicadores de endividamento A estrutura de capital ou estrutura patrimonial é a combinação de todas as fontes de financiamento dívidas ou capital próprio utilizados pela empresa Capital é o total de re cursos próprios ou de terceiros que financiam as necessidades de longo prazo da empresa Os indicadores desse grupo mostram as grandes linhas de decisões financeiras Em termos de obtenção e aplicação de recursos os principais são participação de capitais de terceiros composição do endividamento endividamento geral 6321 Participação de capitais de terceiros sobre o capital próprio O indicador de capital de terceiros evidencia a participação de capitais de terceiros so bre o capital próprio e indica se os recursos provenientes de terceiros superam os recursos próprios Também indica o quanto a empresa tomou de capitais de terceiros para cada 100 Avaliação de empresas para definir limites de crédito Gestão de Riscos Operações de Crédito 6 93 de capital próprio investido Ou ainda o percentual de capital de terceiros em relação ao Patrimônio Líquido Capitais de terceiros Patrimônio Líquido PCT Utilizando dados contidos no modelo de balanço temse os seguintes resultados 19 mil mais 30 mil dividido por 27 mil Obtendo um valor de 181 que multiplicado por 100 dá 181 Este valor de 181 informa que para cada 100 reais que empresa possui ela tem 181 reais de dívidas tanto no curto como no longo prazo 6322 Composição do Endividamento CE O indicador de composição do endividamento representa a relação das exigibilidades e tem como objetivo identificar que percentual de dívidas da empresa é de curto prazo As dívidas de curto prazo são utilizadas normalmente para financiar o Ativo Circulante e as de longo prazo para financiar o Ativo Não Circulante Com a análise da composição do endi vidamento é possível responder algumas questões como qual é o percentual de obrigações de curto prazo em relação às obrigações totais Ou ainda quanto da dívida deverá ser paga no curto prazo Passivo Circulante Capitais de terceiros CE Utilizando os dados do balanço apresentado temos os seguintes resultados Para calcu lar a composição do endividamento pegase o valor do Passivo Circulante e dividese pelo valor total de capitais de terceiros ou seja a soma do Passivo Circulante e Não Circulante Dessa forma temse 19 mil divididos pela soma de 19 mil mais 30 mil O valor de 039 é multiplicado por cem para se ter o valor em percentual de 39 Isso significa que do total de dívidas da empresa 39 são de curto prazo 6323 Endividamento geral EG O Endividamento Geral é o indicador que revela a participação do capital de terceiros sobre o total de recursos próprios e de terceiros É mais utilizado na análise da estrutura patrimonial e expressa a porcentagem que o endividamento representa sobre todas as fontes de recursos Endividamento é uma situação oposta à liquidez Se o resultado for superior a 50 indica que a empresa utiliza mais capital de terceiros do que capital próprio e de acordo com Gitman 2004 p 51 quanto mais alto for o valor desse índice maior o grau de endividamento da empresa e mais elevado seu grau de alavancagem financeira Capitais de terceiros Patrimônio Líquido Endividamento Geral Avaliação de empresas para definir limites de crédito 6 Gestão de Riscos Operações de Crédito 94 Para calcular esse indicador utilizando os dados do Balanço Patrimonial temse 19 mil mais 30 mil divididos por 27 mil Obtémse um valor de 181 que multiplicado por 100 dá 181 Esse valor de 181 informa que para cada 100 reais que empresa possui ela tem 181 de dívidas tanto no curto como no longo prazo 633 Indicadores de rentabilidade Esse grupo de índices pode apontar quão rentável é a atividade da empresa Os princi pais indicadores são retorno sobre o ativos ROA retorno sobre o patrimônio líquido ROE 6331 Retorno Sobre os Ativos RSA ou ROA A rentabilidade do ativo Return on Assets total indica quanto a empresa obtém de lucro para cada 100 de investimento total Evidencia o potencial de geração de lucros pela em presa considerando os valores investidos Também conhecido pela literatura como retorno sobre investimentos rentabilidade dos investimentos poder de ganho da empresa É obtido dividindose o lucro líquido do período pelo valor do Ativo Total Médio Lucro Líquido Ativo Total médio ROI 6332 Retorno sobre o Patrimônio Líquido RSPL ou ROE A rentabilidade do Patrimônio Líquido mede a capacidade de a empresa gerar retorno indicando quanto obtém de lucro para cada R 100 de capital próprio Na literatura inter nacional denominase ROE Return on Equity É a taxa de retorno dos acionistas e mede o desempenho do lucro em relação ao capital próprio É obtido por meio da divisão do Lucro Líquido pelo Patrimônio Líquido Médio Lucro Líquido Patrimônio Líquido Médio ROE Ampliando seus conhecimentos O desempenho de uma organização pode ser mensurado de diversas formas por meio de informações financeiras contábeis dados não finan ceiros entre outros Essa análise ganha ainda mais importância quando serve de base para um processo de aprovação de crédito Avaliação de empresas para definir limites de crédito Gestão de Riscos Operações de Crédito 6 95 Mensuração do desempenho organizacional CRUZ ANDRICH MUGNAINI 2010 Mas como mensurar o desempenho organizacional Para responder a esta pergunta é necessário que tenhamos o pleno entendimento da complexi dade da mensuração de desempenho nas organizações levando em consi deração a demonstração de algumas das principais abordagens existentes Para começar é importante lembrar que nenhuma medida de desem penho pode ser considerada plena e completa para servir a urna análise estratégica Sendo assim é necessário o pleno entendimento de cada uma das abordagens que em conjunto podem acrescentar de forma mais con sistente relações sobre formas estratégicas de desempenho Partindo deste pressuposto um possível conceito para desempenho é o resultado da comparação entre o valor criado pela organização e o valor esperado pelos acionistas Se o resultado for satisfatório os recur sos continuarão disponíveis caso contrário os acionistas poderão pro curar formas alternativas de retorno Assim há três possibilidades de desempenho desempenho normal o resultado é equivalente ao espe rado superior o resultado é superior ao esperado e inferior resultado abaixo do esperado Atividades 1 Qual a importância das demonstrações contábeis para a análise da situação econô mica e financeira das empresas 2 As demonstrações contábeis são uma importante fonte de informações Como as informações contidas nessas demonstrações financeiras podem auxiliar na tomada de decisões durante o processo de análise de crédito 3 Dentre os principais índices financeiros que podem ser extraídos das demonstrações contábeis quais são aqueles que podem passar informações sobre o poder de paga mento da empresa Como essas informações podem ser utilizadas pelo analista de crédito para tomada de decisão Avaliação de empresas para definir limites de crédito 6 Gestão de Riscos Operações de Crédito 96 Referências CRUZ June Alisson Westarb ANDRICH Emir Guimarães MUGNAINI Alexandre Análise das de monstrações financeiras teoria e prática Curitiba Juruá 2010 GITMAN L J Princípios da administração financeira 10 ed São Paulo Pearson Addison Wesley 2004 ROSA Luiz Itamar AZZOLIN José Laudelino SOARES Juliano Lima Análise de crédito e cobran ça Curitiba Universidade Positivo 2015 MARION José Carlos Contabilidade básica 11 ed São Paulo Atlas 2015 MARION José Carlos Contabilidade Empresarial 17 ed São Paulo Atlas2015 MORANTE Antonio Salvador Análise das demonstrações financeiras aspectos contábeis da de monstração de resultado e do balanço patrimonial 2 ed São Paulo Atlas 2009 Resolução 1 O lucro é sem dúvida o principal indicador de desempenho de uma empresa É pos sível avaliar com profundidade se o lucro obtido por uma determinada empresa está ou não dentro das expectativas dos sócios e se esse lucro é sustentável Essa e muitas outras informações financeiras são encontradas nas demonstrações contábeis 2 As demonstrações contábeis o Balanço Patrimonial e DRE possuem informações que permitem o cálculo dos indicadores de rentabilidade liquidez endividamento possibilitando uma análise global da empresa em um ou mais períodos 3 Os índices de liquidez são capazes de indicar a capacidade de pagamento de uma empresa ao se comparar seus ativos com as suas dívidas Tais informações indica ram se a empresa tem ou não capacidade de honrar compromissos assumidos Gestão de Riscos Operações de Crédito 97 7 Avaliação de pessoas físicas para definir limites de crédito Com a leitura deste capítulo será possível entender a estrutura necessária à aná lise de crédito de pessoas físicas e os seus principais mecanismos para levantamento de informações necessárias à construção de parâmetros e indicadores que auxiliarão na tomada de decisões Esperase que ao final do capítulo o leitor possa reconhecer as principais ferramentas para a análise de crédito de pessoas físicas Avaliação de pessoas físicas para definir limites de crédito 7 Gestão de Riscos Operações de Crédito 98 71 Análise de crédito de pessoas físicas O processo de concessão de crédito se inicia quando pessoas físicas buscam empresas para adquirir produtos e serviços que satisfaçam seus desejos e necessidades Para entender a diferença entre desejo e necessidade pense na seguinte situação Em muitos momentos uma pessoa consegue satisfazer suas necessidades mas nem sempre seus desejos são sa ciados A publicidade e a propaganda são ferramentas importantes nesse processo e sem dúvida impulsionam o consumo pois diversos anúncios incitam as compras O consumo necessita muitas vezes do crédito ora porque o consumidor não dispõe dos recursos neces sários para efetuar a compra à vista do objeto desejado ora devido a condições favoráveis de financiamento Existem inúmeras possibilidades de crédito linhas específicas para pessoas físicas como o crédito imobiliário cheque especial crédito direto ao consumidor crédito pessoal crédito estudantil empréstimos consignados etc Cada uma dessas possibilidades existe para que as pessoas possam ter acesso a bens e serviços que normalmente não conseguiriam com os seus recursos disponíveis No entanto não se pode esquecer que essas operações são possíveis pela existência do poupador agente superavitário ou seja pessoas físicas e jurídicas que por meio de bancos e instituições financeiras financiam operações em contra partida de um retorno financeiro oferecido pelo banco pelo depósito desses valores Existem também algumas empresas que fazem a concessão de crédito por crediários próprios porém é importante dizer que precisam abrir ou ter uma instituição financeira para realizar operações com juros Nesse caso quem é o agente superavitário é a própria em presa que cede capital a essa instituição financeira agindo como intermediária na operação E se por um lado existem pessoas interessadas em poupar e receber juros do outro lado existem pessoas precisando desses recursos Como visto anteriormente um elemento fundamental nesse processo é a análise de crédito responsável por reduzir os riscos envolvidos nessas operações Nesse processo de concessão de crédito a pessoas físicas é importante que se mantenha a carteira de crédito dentro de um índice de inadimplência aceitável ou seja dentro das expectativas do tipo de negócio e do mercado Compreender a capacidade de pagamento de uma pessoa é antecipar futuros proble mas de recebimento o que acaba sendo até muito mais complexo do que comercializar um produto ou serviço Isso exige entender os fatos que levam ao não pagamento levando em consideração que existem perfis distintos dentro de uma infinidade de possibilidades e tipos de clientes Outro aspecto importante dentro dessa análise é compreender a evolução do tomador de recursos Analisar como foi o seu comportamento ao longo de um determina do período enumerando e identificando suas características e a partir desse estudo mais aprofundado entender de que maneira uma liberação maior ou menor de crédito poderá ser concedida fazendo ajustes do empréstimo de recursos à capacidade atual de pagamento do cliente Avaliação de pessoas físicas para definir limites de crédito Gestão de Riscos Operações de Crédito 7 99 É fundamental perceber também que dentre os vários fatores determinantes da con cessão de crédito a uma pessoa física elementos conjunturais precisam ser avaliados Sendo assim observar aspectos macroeconômicos é de suma importância para reduzir riscos ga rantindo o retorno dos recursos emprestados Dentro de todos esses aspectos uma análise eficiente necessariamente terá que analisar o momento do mercado e da economia dando condições para uma tomada de decisão assertiva As empresas têm investido cada vez mais em tecnologia de informação para construir premissas corretas e criar condições para reduzir risco nos processos de concessão de crédi to Essas soluções se baseiam muito em dados estatísticos que uma vez levantados correta mente podem aumentar o desempenho de quem concede o crédito Na avaliação da concessão de crédito para as pessoas físicas podem ser utilizados os Cs do crédito como a estatística ou julgamental ou ambos A análise estatística pode ser usada quando se tem um número grande de pessoas solicitando um crédito de pequeno valor as decisões precisam ser rápidas e com adequado nível de segurança Esses pequenos créditos concedidos geram pequenas receitas pequenos ganhos e seu retorno às vezes pode ser me nor do que o custo de utilização da técnica julgamental O credit scoring assim como o behavior scoring são fortes aliados nesse processo O pri meiro é fundamental pois atribuir pontuação às mais diferentes variáveis apontadas em uma análise de crédito faz com que a empresa valorize pontos que foram sinalizados por estudos estatísticos como os mais relevantes O credit scoring é um método estatístico utili zado para analisar uma base de clientes grande Outro ponto importante é o behavior scoring que leva em consideração o comportamen to do cliente ao longo de um determinado tempo analisando de que maneira ele se relaciona com a empresa assim como o seu perfil de consumo e pagamento 72 Parâmetros para estabelecer limites de crédito a pessoas físicas Dentro do contexto da análise de crédito primeiro precisa se definir quais são os parâ metros mínimos para que um cliente seja considerado um bom pagador para ter seu finan ciamento aprovado assim como aquelas características que são entendidas como desfavo ráveis para o crédito Os parâmetros devem ser estabelecidos de acordo com a política de crédito da empresa que irá conceder o crédito em outras palavras nas diretrizes adotadas ao conceder esses créditos a terceiros Tais parâmetros balizam uma série de outros elemen tos que juntos tentam trazer equilíbrio financeiro para a empresa Uma empresa que consegue estipular bons parâmetros corre menos riscos ao liberar crédito É evidente que risco zero não existe pois por mais eficientes e cuidadosas que sejam as análises em algum momento seus critérios acabam por aprovar alguns clientes propen sos a virar inadimplentes Entretanto se essa inadimplência for pequena e bem administra da não trará danos à saúde financeira da instituição que a aprova Avaliação de pessoas físicas para definir limites de crédito 7 Gestão de Riscos Operações de Crédito 100 Esses parâmetros servirão como base para as etapas apresentadas a seguir e que repre sentam os processos existentes dentro da análise de crédito para pessoas físicas Tal processo é amplamente utilizado sendo uma realidade na grande maioria das empresas que conce dem crédito Figura 1 Etapas do processo de avaliação de crédito Etapa 1 Solicitação de crédito Etapa 2 Cadastro Etapa 3 Análise Credit Scoring e behaviour Scoring Etapa 4 Liberação ou recusa do crédito Fonte Elaborada pelo autor Para que o processo funcione de maneira adequada a empresa precisa estipular parâ metros que possam ir ao encontro das suas expectativas Assim para determinada empresa que concede crédito clientes com alto nível de escolaridade merecem uma pontuação maior no seu credit score Dentro dessa busca e construção dos parâmetros para concessão de cré dito é importante salientar que as empresas devem observar todos os aspectos que podem influenciar na inadimplência direta ou indiretamente Os aspectos do processo de concessão de crédito são análise cadastral análise de idoneidade análise financeira análise de relacionamento análise dos fatores externos análise de negócios 721 Análise cadastral Todo o processo de análise de crédito inicia inevitavelmente com um cadastro Sendo assim é de suma importância que se faça um cadastro que possa levantar as informações que de fato são importantes para a empresa É comum perceber que muitas empresas não tomam os cuidados necessários em relação a esse quesito pois ao construir um cadastro colocam elementos que não trazem informações importantes Por outro lado o cliente que Avaliação de pessoas físicas para definir limites de crédito Gestão de Riscos Operações de Crédito 7 101 está fornecendo os dados além do crédito necessita que o processo seja eficiente de tal ma neira que não provoque embaraços O cadastro deve ser sucinto de modo a favorecer a rapidez e fluidez das informações que estão sendo coletadas A análise será feita com base no que foi levantado assim a em presa poderá construir os parâmetros que indicam o que é esperado e aceitável Para algu mas empresas é importante saber há quanto tempo o cliente mora na mesma residência mas para outras essa pode ser uma informação irrelevante dentro do processo Para melhor ilustrar segue a seguir um exemplo de ficha cadastral bancária dentre tan tos existentes utilizada nos processos de concessão de crédito 722 Análise de idoneidade Por meio do acesso aos órgãos de proteção ao crédito bem como à base de dados comparti lhada entre empresas de um mesmo setor é possível levantar o perfil de um determinado cliente em relação aos créditos recebidos e que estão relacionados a empréstimos financiamentos etc Fazer uma varredura junto à base de dados desses órgãos é importante para que se possa avaliar o perfil e perceber se este está ou não dentro do esperado para um cliente Algumas empresas são mais conservadoras que outras então a qualquer sinal que aponte um risco por menor que seja a empresa utilizar a prerrogativa de recusar a solicita ção de crédito Por sua vez outras empresas são mais suscetíveis a conceder crédito mesmo que o cliente tenha um histórico menos favorável Não existe uma regra única para a concessão de crédito porém cada empresa deve ali nhar a sua política de concessão de credito fazendo com que esta favoreça as suas vendas sem comprometer sua sustentabilidade financeira 723 Análise financeira Tão importante quanto as demais etapas avaliar as condições financeiras de um cliente é fundamental para perceber o seu poder de pagamento avaliando assim o risco envolvido na operação A empresa deve estipular parâmetros que lhe dê condições de estabelecer qual crédito é mais adequado ou até mesmo recusar a concessão de crédito Para tal a empresa levanta informações sobre a renda do cliente é possui outros rendimentos bem como quais são os seus gastos mensais Dessa forma é possível avaliar a atual situação financeira do cliente e se este pode ou não assumir novas dívidas de acordo com os parâmetros estipulados 724 Análise de relacionamento Para fazer uma análise de crédito adequada é importante levantar de que forma esse cliente se relaciona com a empresa Apurar o seu histórico de crédito e pagamento é sem dúvida um elemento importante sendo responsabilidade da empresa verificar se eventuais atrasos são ou não fatores a serem considerados como impeditivos Avaliação de pessoas físicas para definir limites de crédito 7 Gestão de Riscos Operações de Crédito 102 725 Análise dos fatores externos A empresa pode também criar parâmetros relacionados a fatores externos e que muitas vezes não estão sobre o controle do cliente como taxa de desemprego inflação crescimento do país Fatores como esses podem apontar para um cenário que indique que o cliente po deria ter dificuldades para honrar seus compromissos Salientase que é importante utilizar uma boa ferramenta um software que dê condições à empresa de não somente possuir tais dados como também de utilizálos de tal forma que facilitem a tomada de decisão relacio nada ao crédito 726 Análise de negócios Quando quem busca o crédito é uma pessoa física ou sócio de uma empresa é impor tante que se faça uma análise criteriosa de ambos empresa e sócio e que se criem parâme tros para avaliar até que ponto eventuais dificuldades financeiras da empresa podem ser aceitas mesmo que quem esteja solicitando o crédito seja uma pessoa física 73 Principais indicadores financeiros O papel dos indicadores financeiros é sinalizar e alertar os tomadores de decisão sobre um ponto específico que mereça atenção especial ou que os auxiliem a conduzir a operação dentro de parâmetros préestabelecidos Existem inúmeros indicadores que podem ser utilizados para auxiliar nos processos de análise de crédito O importante é entender quais podem ser mais importantes para cada tipo de negócio Quando se fala em análise de risco e crédito um termo bastante utilizado é o rating que nada mais é do que uma classificação utilizada para pessoas físicas e jurídicas Segundo uma escala é avaliada a capacidade de pagamento de compromissos acordados dentro de prazos préestabelecidos O termo é muito conhecido principalmente por sua utilização para ava liar países e empresas apontando aqueles que oferecem um maior risco bem como aqueles que apresentam um risco menor Para que serve o rating afinal O rating é bastante utilizado em processos de análise de crédito e ajuda a apontar a melhor decisão em relação à solicitação feita pelo cliente seja essa solicitação qual for como por exemplo um empréstimo pessoal um financiamento de veículo imóvel equipamento ou limite de cheque especial Em suma o rating funciona como uma opinião que ilustra a capacidade futura de pagamento dos devedores pessoas físicas e jurídicas dentro das condições estipuladas prazos pagamento do principal e dos juros Portanto é de suma importância um bom acompanhamento e monitoramento da ca pacidade de pagamento do cliente Tais medidas auxiliam os emprestadores de recursos na prevenção de perdas Para que esse processo tenha sucesso é essencial a construção de mecanismos que possam fornecer informações confiáveis Blatt 1999 argumenta que as Avaliação de pessoas físicas para definir limites de crédito Gestão de Riscos Operações de Crédito 7 103 informações confiáveis são fatores determinantes para o sucesso da concessão de crédito Essas informações podem ser acessadas de diversas formas as financeiras principalmente pois são fonte fundamental para que se possa avaliar os riscos que um determinado cliente apresenta A seguir são apresentadas algumas das principais fontes de informações utiliza das para comprovar os rendimentos de uma pessoa física Essas informações são essenciais pois a renda vai esclarecer qual a capacidade de pagamento do cliente Evidentemente ou tros dados precisam ser levantados para compreender até que ponto essa renda comprova da está ou não comprometida São comprovante de rendimentos Declaração do Imposto de Renda o governo federal por meio da receita federal define quais são as pessoas obrigadas a fazer a declaração do imposto de renda Nessa declaração consta não somente os rendimentos anuais de uma pessoa física como os elementos que compõem o seu patrimônio A declaração do imposto de renda é um dos documentos oficiais que esclarece informações sobre as finanças de uma pessoa física e pode ser utilizada como comprovante de rendimentos e patrimônio Importante ressaltar que se fazem necessárias ressalvas à medida que a declaração informa os dados que foram transmitidos e que podem ser retifica dos assim o credor deve criar mecanismos para comprovar que tais informações condizem com a verdade Carteira de trabalho pode ser solicitada em um processo de análise de crédito como um documento onde consta informação não somente sobre os rendimentos como também o tempo em que o funcionário trabalha na empresa No entanto algumas informações complementares podem se fazer necessárias à medida que o valor em carteira não corresponda com a realidade como no caso de profissionais que atuam no setor comercial e que ganham comissão de vendas Muitas vezes se fazem necessários documentos que complementem as informações contidas na carteira de trabalho como o holerite HoleriteContracheque tratase de um comprovante de renda que informa o salário do funcionário especificando o seu cargo dentro da empresa a data de contratação e todos os valores que compõem o seu salário como adicionais grati ficações descontos etc É comum que as empresas que concedem crédito solicitem os holerites dos últimos meses o que pode variar de acordo com a abrangência do que está sendo solicitado A ressalva nesse ponto é criar medidas para que se possa comprovar que o que está sendo apresentado de fato é verdadeiro A análise de crédito precisa construir padrões de segurança e mecanismos para evitar que ações de falsificações tenham êxito e uma maneira eficiente é entrar em contato com o departamento de Recursos Humanos da empresa para efetuar confirmações ou cruzar com outras bases de dados internas e de outros órgãos governamentais e de captura de dados para apurar que o cliente de fato trabalha na empresa indicada no holerite e que os valores ali informados correspondem com a verdade Decore a sigla significa Declaração Comprobatória de Percepção de Rendimentos É muito utilizada pelos profissionais que têm dificuldade de comprovar renda Avaliação de pessoas físicas para definir limites de crédito 7 Gestão de Riscos Operações de Crédito 104 para esses casos a pessoa procura o seu contador que normalmente solicita documentos como extratos bancários declaração do imposto de renda entre ou tros documentos que possam ajudar na construção dessa declaração Ela obriga toriamente deve ser redigida por um contador devidamente habilitado junto ao Conselho Regional de Contabilidade É importante esclarecer que assim como os demais documentos informados até aqui nesta seção esse é um documento que precisa ser avaliado sempre com muito cuidado para que se possa ter a máxima certeza de que as informações contidas correspondem de fato com a realidade Extrato Bancário pode ser utilizado durante a análise de crédito como um docu mento acessório Normalmente os credores não utilizam o extrato bancário como único comprovante de renda mas naqueles casos em que o cliente tem dificulda des de comprovar seus rendimentos em virtude da sua atuação profissional fato bastante comum no Brasil que tem muitos trabalhadores na informalidade ou seja sem nenhum registro empregatício ou que possa esclarecer os seus rendi mentos O extrato bancário pode apontar a movimentação bancária do cliente de tal maneira que auxilia como fonte de informações Cabe aqui ressaltar essa uti lização acessória pelo fato de que em determinadas situações a movimentação comprovada em um extrato bancário pode dizer respeito a fatos isolados e que não representam um fluxo contínuo de renda advinda de uma atividade profissional Levantar a renda de quem busca o crédito é de suma importância mas não menos im portante para que se possa construir indicadores financeiros de uma pessoa física é apontar quais são as despesas da pessoa Tais fatos podem ser levantados com a construção de um bom cadastro assim é possível verificar dados como número de filhos estado civil ocupa ção do esposoa etc O cruzamento da receita com as despesas assim como um apontamento correto do histórico do cliente não somente nas operações feitas em uma empresa mas nas demais empresas onde elea possui relacionamento comercial é essencial para traçar indicadores que levem à tomada de decisão eficiente sobre o aceite ou recusa do crédito como também no estabelecimento de limites Ampliando seus conhecimentos A seguir leia o trecho de uma matéria interessante feita pelo SPC que aponta uma realidade bem brasileira o empréstimo do nome para dívidas de terceiros Com a melhoria do acesso à informação pela população esse assunto se tornou muito conhecido mas ainda assim pessoas emprestam seus nomes para ajudar os outros e acabam tendo sérios problemas Avaliação de pessoas físicas para definir limites de crédito Gestão de Riscos Operações de Crédito 7 105 70 dos consumidores não tomam qualquer garantia quando emprestam o nome diz SPC Brasil SPC 2013 Especialistas do SPC recomendam ao consumidor tomar uma série de cui dados para não se comprometer com dívidas alheias O maior risco é cair na inadimplência Seu nome é o seu maior patrimônio A frase é dita por muitos mas nem todos tomam o devido cuidado na hora de preservar esse bem Uma pes quisa nacional realizada pelo Serviço de Proteção ao Crédito SPC Brasil e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas CNDL com con sumidores inadimplentes e adimplentes descobriu que sete em cada dez entrevistados não se previnem quando emprestam o próprio nome para que terceiros realizem compras De acordo com o levantamento a incidência é ainda maior entre os con sumidores inadimplentes Pelo menos 20 dos inadimplentes admitem ter o costume de emprestar o próprio nome a terceiros e dentre esse per centual 96 reconhecem que não se resguardam contra eventuais riscos de calote uso indevido do nome ou a possibilidade de ficar com o nome sujo Apenas 2 afirmaram que elaboram um contrato com o solicitante 2 ficam com um cheque prédatado e menos de 1 fazem uma nota promissória Atividades 1 Quais os cuidados a serem tomados ao analisar o crédito de uma pessoa física 2 Como avaliar a idoneidade de uma pessoa física pode de fato reduzir os riscos na concessão de crédito 3 Qual a importância da construção de um cadastro adequado Referências BANCO VIPAL Ficha cadastral Disponível em httpwwwbancovipalcombrprodutoseservi cosemprestimogarantidofichacadastral Acesso em 11 fev 2017 BLATT Adriano Avaliação de risco e decisão de crédito um enfoque prático São Paulo Nobel 1999 Avaliação de pessoas físicas para definir limites de crédito 7 Gestão de Riscos Operações de Crédito 106 CRUZ June Alisson Westarb ANDRICH Emir Guimarães MUGNAINI Alexandre Análise das de monstrações financeiras teoria e prática Curitiba Juruá 2010 MICHAELIS Dicionário da língua portuguesa Disponível em httpmichaelisuolcombrbus car0ftpalavracrc389dito Acesso em 12 fev 2017 SPC Serviço de Proteção ao Crédito Disponível em httpswwwspcbrasilorgbrpesquisaspesqui sa882 Acesso em 12 fev 2017 Resolução 1 É fundamental ter uma confiável base de dados que possa trazer informações ver dadeiras e atualizadas sobre o perfil do cliente Dessa forma é possível determinar a sua capacidade de pagamento Importante também é o correto levantamento das informações do cadastro bem elaborado da verificação das informações apresenta das pelo cliente entre outros 2 Avaliar a idoneidade por meio do acesso à base de dados dos órgãos de proteção ao crédito ou à informações contidas dentro do sistema de informação da empresa que está concedendo o crédito é importante à medida que tais informações podem construir um perfil do cliente que está solicitando o crédito Esse perfil descreve se o cliente é bom ou mau pagador se tem histórico de atrasos etc Dessa forma é possível mapear o risco existente em cada operação de concessão de crédito 3 Uma boa análise de crédito se inicia com a construção de um bom cadastro que seja capaz de levantar de maneira sucinta e eficiente as informações mais importantes sobre o cliente Gestão de Riscos Operações de Crédito 107 8 Política de crédito Neste capítulo será possível compreender os conceitos básicos de política de cré dito e de que maneira eles poderão ser utilizados para atingir os objetivos traçados pelo planejamento estratégico das empresas Será possível também reconhecer os principais tipos de políticas de crédito bem como os benefícios trazidos pelo seu uso estratégico Política de crédito 8 Gestão de Riscos Operações de Crédito 108 81 Conceitos iniciais O processo de concessão de crédito e análise de risco requer uma série de ações que em conjunto tornam mais seguro o empréstimo de recursos a terceiros No entanto são muitos os fatores a serem analisados e levados em consideração As empresas competem de manei ra acirrada com os seus concorrentes tentando oferecer sempre as melhores condições seja na qualidade dos produtos e serviços seja no atendimento ao cliente Fatores econômicos em geral exigem cautela no que se refere à concessão de crédito em virtude dos riscos oferecidos mas ao mesmo tempo as empresas precisam alavancar as suas vendas Criar condições favoráveis como preço e prazo adequados é fundamental à construção de uma política para concessão desses créditos Ou seja as empresas necessitam formatar os procedimentos necessários para concessão de crédito de tal modo que possam favorecer as vendas sem elevar os riscos no negócio Para os diversos tipos de empresas existem diferentes situações referentes à concessão de crédito pois são muitos os cenários e as possibilidades Todavia é possível perceber quais são os cuidados a serem tomados quando se pretende formular uma política de crédi to Silva 1997 p 103 argumenta que políticas em administração de empresas são instru mentos que determinam padrões de decisões para resoluções de problemas semelhantes Nesse contexto é preciso entender que a política de crédito deve ser utilizada como um norteador àqueles que tomam as decisões relacionadas à análise de crédito e tais decisões devem estar alinhadas com as expectativas e os planos da empresa que concede o crédito pois dessa maneira esse instrumento servirá como meio de redução de risco Ainda para Silva 1997 é possível definir política de crédito como um guia para decisão de crédito porém não é a decisão o regente do processo de concessão de crédito porém não concede o crédito um orientador para concessão de crédito para o objetivo desejado mas não é ob jetivo em si Essas definições apontam todas para um mesmo caminho o do entendimento da po lítica de crédito como um direcionador um orientador para a tomada de decisão Nesse sentido Mueller 1990 afirma que a política de crédito é a base o que sustenta e orienta a cultura e a consciência de crédito Dessa forma é possível compreender que a construção de tal mecanismo independentemente do tipo de empresa e do seu ramo ou porte é funda mental para que se tenham decisões seguras ao final do processo Essa mesma reflexão é adotada por Paiva 1997 p 17 quando afirma que a definição e a manutenção de uma política de crédito têm como objetivo orientar todos os envolvidos de forma direta e indireta nas decisões de aplicação dos ativos Além disso a política de crédito é vista como normas e princípios a serem seguidos e com base em premissas instituídas as decisões são tomadas Além de entender a política de crédito também é importante compreender seu papel no planejamento estratégico de uma empresa Toda empresa deve ter de forma clara o seu Política de crédito Gestão de Riscos Operações de Crédito 8 109 planejamento traçado em espaço de tempo que favoreça o atingimento de metas preestabe lecidas pela gestão Assim empresas que concedem crédito aos seus clientes seja na forma de empréstimo de recursos financeiros por meio de financeiras e bancos seja na venda a prazo de mer cadorias e serviços precisam instituir uma política de crédito para definir de que maneira será feita a concessão quais os mecanismos a serem utilizados ou ainda quais os agentes internos que terão autonomia para a liberação dos recursos a serem emprestados Outros elementos podem ser observados como a sensibilidade ao risco o valor a ser concedido mediante o volume de vendas à vista assim como a normatização de todo esse processo para que se possa ter de maneira clara os procedimentos adotados pela empresa em dado momento Para exemplificar imagine a seguinte situação A empresa Isabela Móveis Ltda atua há 30 anos no ramo de móveis projetados e está situada na zona leste da cidade de São Paulo Nos últimos meses a empresa decidiu implantar uma política de crédito e dessa forma irá normatizar todo o processo de concessão de crédito fortalecendo as decisões tomadas Tal procedimento se faz necessário em virtude do aumento da inadimplência assim como do acirramento da concorrência no setor que agora possui um número maior de competidores A empresa tem de forma bem clara as diretrizes do seu planejamento estratégico sabe aon de quer chegar no mercado entende perfeitamente o seu posicionamento bem como tem de maneira clara a identificação do perfil dos seus clientes Com essas definições fica mais fácil para a Isabela Móveis definir quais são os procedimentos a serem adotados ao longo do processo de concessão de crédito A construção de uma política de crédito exigirá da empresa uma revisão nos proce dimentos adotados ao longo da análise de crédito de seus clientes É importante avaliar se existem falhas ou ajustes que possam ser identificados deixando o processo ágil e eficiente Isso se faz necessário pois a base para a eficiência é que a estrutura da análise esteja cons truída sobre pilares fortes e que favoreçam um bom desempenho Feito isso a empresa construirá uma política de credito que esteja alinhada com o seu planejamento estratégico pois pretende expandir as suas vendas aumentando a sua participação no mercado porém sabe que isso deve ser feito de maneira segura A empresa Isabela Móveis Ltda então decidiu adotar uma política de crédito mais liberal a qual irá permitir que clientes que anteriormente tinham crédito negado possam ser reavaliados para poder efetuar compras parceladas na loja Nesse caso clientes com o nome no serviço de proteção ao crédito como SPC e Serasa terão o crédito aprovado desde que a dívida não ultrapasse 30 da sua renda trimestral Serão revistos os procedimentos para concessão de crédito a profissionais liberais e autônomos que não possuem vínculos empre gatícios possibilitando condições para que esses indivíduos possam adquirir móveis na loja com pagamentos em um número de parcelas adequado às suas necessidades Esse exemplo mostra alguns cuidados a serem considerados quando se pretende conceder crédito aos clientes Inicialmente é necessário entender que uma política de crédito eficiente precisa estar alinhada com os objetivos da empresa definindo aonde ela pretende chegar Política de crédito 8 Gestão de Riscos Operações de Crédito 110 Algo a ser considerado é a compreensão de qual é o seu públicoalvo idade classe so cial bem como todos os elementos que o definam claramente Dessa forma a empresa pode rá saber quem é o seu cliente e oferecer condições não somente de qualidade no atendimento como também para a compra com o preço e prazo adequados Também é necessário construir uma política de crédito equilibrada favorecendo as ven das auxiliando na manutenção da liquidez e inibindo o aumento da inadimplência o que pode impactar no fluxo de caixa da empresa e interferir no seu ciclo operacional e financeiro Tal situação é sabidamente um grande problema que quando não administrado de forma adequada poderá levar ao fechamento da empresa Algumas dificuldades operacionais também fazem parte da vida das empresas A im provisação dos processos de concessão de crédito e a falta de clareza ao identificar para que tipo de cliente se pretende vender fazem com que recursos sejam desperdiçados ao se ofere cer crédito para clientes que não terão condições de honrálo ou negar crédito para clientes com grande potencial porém não devidamente identificados 82 Uso estratégico da política de crédito É importante que as empresas tenham de maneira muito clara todos os elementos que compõem o seu planejamento estratégico pois tal ação fará com que ela saiba responder questões como Onde se está Para onde se pretende ir Como chegar lá Qual a capacidade financeira da empresa Qual o perfil dos seus atuais clientes A empresa possui fonte de informação adequada e segura As respostas para esses questionamentos deverão estar alinhadas com o que a empresa de fato pretende São inúmeras as empresas que não têm de maneira clara respostas para questionamentos simples como esses A falta de objetivos claros provoca desperdício de recursos na medida em que se gasta muita energia quando se poderia encontrar meios mais eficientes para chegar aonde se pretende Planejar pode parecer inicialmente algo complexo e inviável para muitas empresas No entanto mesmo que inicialmente seja de fato algo complexo é fundamental que pequenos passos sejam dados pelos gestores para que se possa deixar claro onde a empresa está e aon de pretende chegar bem como quais serão os meios que farão com que a empresa consiga alcançar os objetivos e as metas pretendidos O que se precisa entender é que uma vez definido o planejamento estratégico da em presa todos os esforços deverão ir ao encontro dos objetivos e das metas Esses esforços precisam estar em todas as ações da empresa em todas as áreas setores e departamentos sincronizados em prol do que a organização quer para si Política de crédito Gestão de Riscos Operações de Crédito 8 111 Para esclarecer o papel da política de crédito no planejamento é necessário relembrar alguns pontos importantes O primeiro deles é que todo e qualquer empreendimento deve zelar por sua saúde financeira Dessa forma a empresa terá condições de continuar exercen do suas atividades Isso se deve ao fluxo adequado de vendas alinhado com sua capacidade produtiva que por sua vez está em sintonia com o posicionamento estratégico da empresa dentro de determinado setor e mercado Outro ponto importante é garantir que as vendas efetuadas se transformem em recebi mentos em entrada de recursos no caixa da empresa Com isso é possível preservar o fluxo adequado de recursos para o andamento da atividade da empresa Tal necessidade pode ser percebida quando se lembra dos ciclos econômico e financeiro Ciclo econômico compreende desde a compra dos insumos necessários para a produção dos produtos e serviços a venda ao cliente e seu recebimento Ciclo financeiro diz respeito ao espaço de tempo entre o pagamento do fornece dor e o recebimento do cliente A política de crédito deve constituir uma estratégia adequada para a compra de insumos produtivos avaliando de maneira eficiente a necessidade de pagamento à vista ou a prazo dos insumos produtivos Porém o modo como se compra deverá estar alinhado com a política de vendas as condições oferecidas aos clientes irão impactar no fluxo de caixa da empresa Dessa forma se uma empresa compra insumos produtivos à vista e vende aos clientes a prazo poderá precisar de recursos para suprir durante certo tempo a necessidade de recursos financeiros para cumprir com as suas obrigações cotidianas Nesse ponto se faz necessário o uso estra tégico de uma política de crédito adequada de tal maneira que favoreça o bom andamento do empreendimento evitando a falta de recursos ou que a empresa necessite de fontes ex ternas com o pagamento de juros de maneira desnecessária Pode a princípio parecer simples comprar insumos a prazo e vender aos clientes de maneira que se receba antes do pagamento dos fornecedores Essa é sem dúvida uma es tratégia ideal mas nem sempre é de simples aplicação Isso se dá em parte pela dificuldade em construir uma base de informações adequada em relação aos custos operacionais Esses dados são fundamental para a empresa durante a construção de sua política de crédito de finindo como serão concedidos os créditos aos clientes Uma empresa que vende produtos e serviços deve ter bem claro o seu posicionamento no mercado bem como o perfil dos clientes que pretende atender Assim a empresa deve decidir se adotará uma política de crédito mais liberal moderada ou conservadora Deve também alinhar o modo que vai conceder crédito com os riscos que está ou não disposta a assumir Isso necessitará de um rigor maior ou menor no processo de análise de crédito visando evitar a inadimplência fora dos padrões estipulados pela empresa o que pode inter ferir no bom andamento dos ciclos econômicos e financeiros É fundamental que tudo esteja alinhado e em harmonia pois dessa forma a empresa irá encontrar um equilíbrio operacio nal o que facilitará o atingimento dos objetivos traçados pela gestão e consequentemente trará a rentabilidade pretendida Tal alinhamento é algo complexo de ser alcançado e deve Política de crédito 8 Gestão de Riscos Operações de Crédito 112 ser buscada sempre uma responsabilidade compartilhada por todos os departamentos da empresa Sem um trabalho em conjunto e em equipe esse equilíbrio financeiro e operacional será uma meta não alcançada Para ficar ainda mais claro analise o caso descrito a seguir A empresa XYZ Ltda atua no ramo de material de construção com mais de 30 filiais espalhadas pelas regiões Sul e Sudeste do país e hoje emprega mais de 5 mil funcionários e tem um faturamento anual de R 350 milhões A empresa compra produtos para revenda dos seus diversos fornecedores e adota pagamentos à vista para aqueles fornecedores que concedem descontos acima de 8 e compra com prazos que normalmente variam de 45 a 90 dias dependendo dos valores envolvidos Em relação às vendas feitas aos seus clientes a empresa adota a parceria com as prin cipais bandeiras de cartões de crédito pagando uma taxa de 5 às administradoras de car tões A empresa normalmente parcela as compras em 3 ou 6 parcelas dependendo do valor comprado Para compras com valores superiores a XYZ dispõe de um crediário próprio com o qual os seus clientes podem adquirir produtos mediante análise de crédito A empresa tem bem definida a sua política de crédito de tal maneira que facilita a com pra feita por profissionais liberais autônomos e micro e pequenos empresários que têm di ficuldades em comprovar sua renda mensal A XYZ Ltda elaborou o seu cadastro de clien tes a fim de que alguns documentos complementares possam servir como comprovação de renda A empresa também não nega crédito quando eventualmente pessoas que buscam o crediário tenham os seus cônjuges com o nome incluído em órgãos de proteção ao crédito Dessa forma a empresa alavanca as suas vendas com uma política de crédito liberal mas para que isso não provoque um aumento descontrolado da inadimplência os analistas de crédito da loja passam por treinamentos constantes A empresa também faz um controle rigoroso dos recebimentos que são devidamente tratados por um departamento de cobran ça eficiente Essa política de crédito é vista atualmente pelos sócios como um dos fatores da expansão da loja nos últimos cinco anos algo que havia sido planejado por sua gestão 83 Tipos de políticas de crédito As políticas de crédito são criadas com um objetivo muito específico reger a maneira como as empresas irão conceder crédito Esse importante mecanismo interferirá no risco assumido pela empresa nos processos de concessão de crédito No entanto para que se possa construir uma política de crédito adequada é fundamen tal que se tenha o máximo de informações e que estas possam auxiliar a gestão nas tomadas de decisão No organograma a seguir é possível observar de que maneira tais informações estão agrupadas Política de crédito Gestão de Riscos Operações de Crédito 8 113 Figura 1 Organograma de sistema de informações gerenciais Sistema de informações gerenciais Informações internas Informações externas Cadastro Contábeis Publicações Pesquisas Fonte TSURO CENTA 2007 p 39 Adaptado Na sequência estão detalhadas as partes desse sistema Cadastro fonte de entrada de dados Uma boa decisão dependerá de como os da dos são levantados e tratados Um cadastro bem feito ajudará a empresa a levantar informações importantes para conhecer a fundo o perfil do cliente que está solici tando o crédito Um cadastro mal feito no entanto poderá trazer redundâncias e informações irrelevantes para identificar o perfil do cliente além de tomar muito tempo para ser preenchido Contábeis quando tratamos de pessoas jurídicas é de suma importância que in formações contábeis sejam levantadas Por meio delas é possível traçar um perfil da empresa solicitante de crédito e se ela tem as condições para receber recursos emprestados Juntamente com as informações cadastrais as informações contábeis formam um pacote de dados internos levantados pela própria empresa Pesquisas para ajudar a empresa no processo de concessão de crédito uma série de pesquisas poderão ser feitas em vários locais e bases de dados externas como nos órgãos de proteção ao crédito e outras bases de dados compartilhadas Publicações existe uma série de bases de dados disponíveis em publicações seto riais bem como de órgãos e entidades que exercem controle como Banco Central e entidades setoriais como juntas comerciais etc Tais publicações podem trazer informações importantes sobre a conjuntura econômica Com esse conjunto de informações é possível entender o mercado e quais são os clien tes que a empresa busca Durante a construção de uma política de crédito os elementos do planejamento estratégico precisam ser levados em consideração como o posicionamento da empresa no mercado Tão importante quanto levantar as informações é o tratamento destas para que se possa apurar com exatidão qual política é a mais adequada para a empresa Assim evitase o desperdício de tempo e recursos Da mesma forma as decisões mais asser tivas trarão melhores resultados à empresa emprestadora de recursos Política de crédito 8 Gestão de Riscos Operações de Crédito 114 A figura a seguir aponta os principais tipos de políticas de crédito que servirão como balizadoras para tomadas de decisões que envolvam a concessão de crédito Figura 2 Tipos de políticas de crédito Política de crédito Crédito liberal Crédito rigoroso Crédito rigoroso Crédito liberal Crédito moderado Cobranças rigorosas Cobranças liberais Cobranças rigorosas Cobranças liberais Cobranças moderadas Fonte ROSA AZZOLIN SOARES 2015 Delimitar é uma maneira de criar um protocolo seja qual for o cenário que envolva a empresa e o seu planejamento Assim é possível tomar decisões não somente mais ade quadas como mais rápidas Os tipos de política de crédito apontadas pelos autores Rosa Azzolin e Soares 2015 podem ser descritos como apresentado na sequência Política liberal com cobranças rigorosas a empresa poderá adotar uma política li beral Dessa forma irá conceder crédito a clientes dos mais distintos perfis É uma maneira para que se possa alavancar as vendas uma vez que não são construídas barreiras de entrada ou seja o acesso ao crédito é facilitado Adotase tal postura quando se tem um planejamento que favoreça as vendas o faturamento Dessa forma a empresa estará sinalizando para o mercado que ali é um local em que o cliente não terá dificuldade de adquirir bens com pagamentos parcelados de ma neira pouco burocrática É comum que tal postura faça parte da comunicação feita aos clientes por meio de publicidade Se de fato tal postura ajudará nas vendas por outro lado a empresa precisará redobrar os cuidados com os processos de aná lise de crédito e cobrança Esse tipo de política de crédito facilita o acesso dos clien tes aos recursos mas é fundamental que seja feito de maneira responsável Não avaliar a capacidade de pagamento é um erro que refletirá no aumento substancial da inadimplência o que poderá trazer problemas para a empresa Essa política li beral com cobranças rigorosas necessita de uma equipe treinada no departamento de cobrança pois em muitos casos será preciso um esforço adicional para negociar pagamentos em atraso sem que desconfortos sejam gerados com os clientes Crédito rigoroso com cobranças liberais essa política de crédito é construída com base em um maior rigor em relação aos clientes que solicitam crédito à empresa Tal postura deverá estar alinhada com o que a empresa espera dos seus clientes o fato de ser mais exigente trará uma carteira de maior qualidade com um percen tual de risco menor necessitando de uma capacidade de cobrança menor uma vez que está emprestando recursos a clientes com maior capacidade de pagamento e Política de crédito Gestão de Riscos Operações de Crédito 8 115 com um nível de inadimplência menor Dessa forma a cobrança deverá ser ade quada ao perfil de clientes escolhidos como alvo uma vez que eventuais atrasos estarão mais relacionados a fatos como esquecimento do que à falta de recursos para o seu pagamento Se por um lado essa política de crédito trará uma maior qualidade da carteira de clientes por outro lado ela dificultará o acesso ao crédito Essa estratégia deverá se alinhar com o que a empresa espera para os resultados de venda Crédito rigoroso com cobranças rigorosas um maior rigor na concessão de cré dito trará para a empresa um perfil de cliente com maior capacidade de honrar compromissos assumidos Mas se além disso a empresa ainda for intolerante com atrasos poderá ter como resultado um controle ainda mais rigoroso em relação aos atrasos sinalizando que não tolerará que compromissos assumidos não sejam honrados dentro dos prazos preestabelecidos Dessa forma serão necessárias boas ferramentas de cobrança o que poderá ser feito com o auxílio de tecnologias de comunicação Os resultados pretendidos para esse tipo de política é uma inadim plência em patamares muito baixos Dessa forma pretendese atingir resultados financeiros alinhados com o que previamente foi planejado pela gestão Crédito liberal com cobranças liberais essa política leva em consideração a neces sidade clara de vender a qualquer custo mesmo que isso signifique um aumento significativo da inadimplência Políticas liberais favorecem um aumento das ven das pois de maneira indistinta facilitam o acesso ao crédito para clientes que têm dificuldade em comprar produtos e serviços Assim a empresa tem como principais respostas um aumento das vendas um posicionamento no mercado e ao adotar cobranças liberais taxas de inadimplência mais elevadas No entanto tal postura pode quando bem administrada ser exitosa na medida em que um au mento de faturamento alavanca financeiramente a empresa e as dívidas em atraso podem refletir a cobrança de juros Porém alguns cuidados precisam ser ressal tados Liberal não necessariamente significa irresponsabilidade na concessão do crédito e essa postura deve ser levada em consideração afinal existem clientes que refletem um risco extremamente elevado Quando medidas como a adoção de garantias não são adotadas o risco poderá se concretizar em falta de pagamento com possibilidades nulas de recebimento Crédito moderado com cobranças moderadas para aquelas empresas que buscam um meio termo adotar uma postura moderada pode ser considerado Dessa for ma evitase comportamentos liberais ou rigorosos na política de crédito Com esse formato a empresa terá como regra descrita por sua política de crédito a criação de um filtro que permita a aprovação de crédito a clientes sempre com um pouco de cautela mas sem um rigor exacerbado Nesse contexto a empresa busca um equilíbrio com a formação de uma boa carteira de clientes que represente níveis de inadimplência dentro de patamares aceitáveis mas ao mesmo tempo que isso não represente uma redução nas vendas Política de crédito 8 Gestão de Riscos Operações de Crédito 116 Ampliando seus conhecimentos Controles corporativos BANCO DO BRASIL 2017 A Política de Crédito do Banco do Brasil contém orientações de caráter estratégico que norteiam as ações de gerenciamento do risco de crédito no Conglomerado Financeiro É aprovada pelo Conselho de Administração e revisada anualmente e encontrase disponível para todos os funcionários Estruturada em quatro blocos Aspectos Gerais Assunção de Risco de Crédito Cobrança e Recuperação de Crédito e Gerenciamento do Risco de Crédito aplicase a todos os negócios que envolvam risco de crédito e contém entre outros tópicos conceito de risco de crédito segregação de funções decisões colegiadas apetite de risco limites de risco classificação de clientes condições para assunção de risco orientações para cobrança e recuperação de crédito perda esperada capital econômico e regulatório níveis de provisão e de capital testes de estresse e análise de sensibilidade e planejamento de capital A divulgação de informações do risco de crédito é um processo per manente e contínuo As premissas consideradas na seleção e divulga ção das informações são as melhores práticas a legislação bancária as Política de crédito Gestão de Riscos Operações de Crédito 8 117 necessidades dos usuários os interesses do Banco a confidencialidade e a relevância da informação As áreas operacionais da estrutura de geren ciamento do risco de crédito comunicam permanentemente os escalões superiores à exposição do risco para fins de acompanhamento das ações de gestão e tomada de decisão pela Alta Administração A utilização de instrumentos mitigadores do risco de crédito está decla rada na Política de Crédito presente nas decisões estratégicas e formali zada nas normas de crédito atingindo todos os níveis da organização e abrangendo todas as etapas do gerenciamento do risco de crédito Atividades 1 Qual é o papel da política de crédito 2 Por que a política de crédito deve estar alinhada com o planejamento estratégico da empresa 3 De que maneira a política de crédito poderá ser utilizada no controle da inadimplência Referências BANCO DO BRASIL Controles corporativos Disponível em httpwww45bbcombrdocsri ra2010portra15htm Acesso em 24 jun 2017 MUELLER P H Liquidez bancaria fundamentos básicos Revista Tecnologia de Crédito Nº 15 p 57 a 74 São Paulo SERASA 1999 PAIVA C A C Administração do risco de crédito Rio de Janeiro Qualitymark 1997 ROSA Luiz Itamar AZZOLIN José Laudelino SOARES Juliano Lima Análise de crédito e cobran ça Curitiba Universidade Positivo 2015 SILVA Jose Pereira da Gestão e análise de risco de credito São Paulo Atlas 1997 TSURO SK CENTA SA Crédito no varejo para pessoas físicas e jurídicas Curitiba Editora Ibpex2007 Resolução 1 A política de crédito tem um papel fundamental na gestão de recebíveis e pagamen tos das empresas Ela determina a estratégica a ser adotada pela empresa ao conce Política de crédito 8 Gestão de Riscos Operações de Crédito 118 der crédito aos seus clientes Isso fará com que a empresa assuma mais ou menos riscos na hora de emprestar recursos 2 A política de crédito deve se alinhar ao planejamento estratégico pois a empresa deve ter bem definidos quais são os objetivos a serem alcançados Também favorece o atingimento desses objetivos à medida que está diretamente relacionada à conces são de crédito 3 Caso a empresa esteja preocupada com os seus atuais níveis de inadimplência ao adotar uma política de crédito mais rigorosa somente liberará crédito para aqueles clientes com possibilidades maiores de pagamento reduzindo assim os riscos de não pagamento Dessa forma a empresa será mais criteriosa durante o processo de análise de crédito dos seus clientes Pom Pom Trim Pull the trim gently during the sewing process and the pom poms will fluff up and lay flat along the seam Fringe Trim Machine stitch the fringe trim over the edge of your garment and attach it with another row of stitching Scalloped Trim Fold the scalloped trim in half lengthwise Machine stitch the fold to your garment edge Easy to accomplish and will add lots of fun to a plain garment Happy Sewing Patterns for all three trims are includedand easy to make Anita Calitri 3 Simple Easy Embellishments for Apparel 45 Gestão de Riscos Operações de Crédito Ronaldo Madeira Fundação Biblioteca Nacional ISBN 9788538763116 9 788538 763116