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NÚCLEO DE ENSINO A DISTÂNCIA NEAD Página 61 Professor Emanuel Novaes Vasconcelos email manulagroyahoocombr GRADUAÇÃO UNEC EAD CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA DISCIPLINA Fitopatologia I DISCIPLINA Fitopatologia I 60 EPIDEMIOLOGIA DE FITOPATOLOGIAS 61 INTRODUÇÃO Etimologicamente poderseia definir epidemiologia como o campo da ciência que estuda epidemias ou o que estuda as doenças em determinadas populações Em se tratando de fitopatologias assim como em outras áreas das ciências é impor tante ressaltar que não se devem analisar apenas as populações dos cultivares nes ta dinâmica A definição de epidemiologia deve considerar os demais aspectos que regem esta dinâmica Posto isto definese epidemiologia como o estudo da popu lação de patógenos de hospedeiros e de indivíduos doentes sob a influência de fa tores antrópicos e ambientais Com esta definição notase que a dinâmica epide miológica é também susceptível a variações sendo que esta pode apresentar dife rentes velocidades e frequências Epidemia poliética é aquela em que o caráter epidêmico se mostra evidente após anos em curso Inicialmente o aumento na frequência de indivíduos doentes é negligenciado sendo considerado muitas vezes como normal dentro do espectro amostral Entretanto nem toda epidemia leva anos para se tornar evidente Epide mia explosiva é aquela de desenvolvimento rápido em tempo muito curto ao passo que epidemia tardívaga é aquela que o desenvolvimento transcorre em um tempo mais curto Figura 1 Episódios de epidemia tendem a ser restritos a determinados locais Contudo é importante salientar que quando a população patogênica se espalha para várias culturas abrangendo áreas extremamente vastas denominase uma condição de pandemia Outra informação digna de nota é que comumente associase epidemia com o surgimento e aumento da frequência de uma determinada patogenia em uma determinada área ou região Contudo nem sempre uma determinada doença se en contra em expansão geográfica Dito isto temos que endemia não é o oposto de epidemia Endemia é quando uma determinada doença está muito frequentemente presente em uma determinada área geográfica sem se mostrar em expansão Neste caso temse que a taxa de infecção se equipara à taxa de remoção do determinado patógeno da população AULA 6 NÚCLEO DE ENSINO A DISTÂNCIA NEAD Página 62 Professor Emanuel Novaes Vasconcelos email manulagroyahoocombr GRADUAÇÃO UNEC EAD CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA DISCIPLINA Fitopatologia I DISCIPLINA Fitopatologia I Apesar de os conceitos anteriormente explicitados não se pode considerar que uma doença seja apenas epidêmica enquanto outra seja exclusivamente en dêmica Observase na natureza que há a possibilidade de esses dois eventos esta rem ligados alternando entre si a depender de fatores ambientais Isto decorre do fato de que a relação entre patógenohospedeiro é estreitamente ligada a fatores ambientais Em outras palavras o princípio básico que baseia a dinâmica epidemio lógica é a relação entre as taxas de infecção e remoção Enquanto uma planta está passando pelo processo de infecção o patógeno está se instalando em seus teci dos sendo que em encontrando as condições ideais conseguem se espalhar e completar o seu ciclo de vida espalhando esporos infecciosos para outras plantas inicialmente sadias Em contrapartida o hospedeiro apresenta uma série de meca nismos de defesa podendo acarretar a remoção do tecido lesionado e reduzindo a produção e liberação de esporos infecciosos para outras plantas Logo em momen tos propícios para o desenvolvimento do patógeno podemos observar o desenvol vimento de quadros ou episódios epidêmicos Entretanto quando a taxa de infecção se equipara à taxa de remoção temos um quadro tendendo à endemia onde não há expansão do patógeno Esta relação pode ser observada na Figura 2 Figura 1 Representação gráfica elucidando a diferença entre epidemia poliética epidemia explosi va e epidemia tardívaga Fonte O Autor NÚCLEO DE ENSINO A DISTÂNCIA NEAD Página 63 Professor Emanuel Novaes Vasconcelos email manulagroyahoocombr GRADUAÇÃO UNEC EAD CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA DISCIPLINA Fitopatologia I DISCIPLINA Fitopatologia I Outro termo bastante comum na área é o de epidemia cíclica Este referese à transformação de uma patogenia de caráter endêmico transformando inda que momentaneamente em epidêmico em decorrência de fatores como o microclima por exemplo Como estas alterações podem ser sazonais esses episódios também podem ser Epidemias e endemias tendem a ser mais localizadas causando perdas pe quenas ou moderadas Alguns quadros são controlados naturalmente tendo sido deflagrados por eventos naturais por exemplo Outras por outro lado são controla das por meio do uso de químicos ou manejo de cultura Caso estes controles natu rais ou antrópicos não ocorram ocasionalmente estes quadros se espalham resul tando em perdas gigantescas na agropecuária Com isso notase que a epidemiologia apresenta duas facetas uma acadê mica e outra prática Foi a partir dos avanços da epidemiologia na fitopatologia que muitas perdas foram evitadas ou minoradas Logo podese dizer que os objetivos dos estudos epidemiológicos são a Estudar a evolução das doenças em populações de hospedeiros b Avaliar os prejuízos absolutos e relativos causados pelas doenças nas cul turas c Avaliar os efeitos simples e as interações entre resistência do hospedeiro medidas sanitárias uso de fungicidas e outras medidas de controle d Avaliar a eficiência técnica e econômica das medidas de controle em cada etapa sobre os agroecosssitemas Figura 2 Balanço entre a taxa de infecção e remoção em uma epidemia e endemia Fonte Amorim e colaboradores 2011 NÚCLEO DE ENSINO A DISTÂNCIA NEAD Página 64 Professor Emanuel Novaes Vasconcelos email manulagroyahoocombr GRADUAÇÃO UNEC EAD CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA DISCIPLINA Fitopatologia I DISCIPLINA Fitopatologia I e Estabelecer estratégias de controle das doenças e aperfeiçoálas para a proteção das culturas 62 ELEMENTOS DA EPIDEMIOLOGIA Conforme aludido no início da aula o surgimento de doenças e epidemias é condicionado a uma série de fatores que devem estar presente em um momento oportuno para que elas interajam entre si Inicialmente consideravase apenas a interação entre duas populações de hospedeiros e patógenos Além destas duas populações consideravase outro fa tor o meio ambiente para que se desse a interação destas duas A partir desta inte ração entre populações em um determinado ambiente tínhamos o desenvolvimento de uma terceira população a população de lesão ou de indivíduos doentes Figu ra 3 Contudo atualmente sabese que não é apenas estes elementos que deter minarão a dinâmica epidêmica em uma determinada cultura Na verdade para o en Figura 3 Representação entre a relação entre a população de hospedeiro e de patógeno em um determinado ambiente dando origem à população de lesão Fonte O Autor NÚCLEO DE ENSINO A DISTÂNCIA NEAD Página 65 Professor Emanuel Novaes Vasconcelos email manulagroyahoocombr GRADUAÇÃO UNEC EAD CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA DISCIPLINA Fitopatologia I DISCIPLINA Fitopatologia I tendimento do desenvolvimento de uma epidemia ou mesmo de uma endemia faz se necessário a inserção de novos elementos Deste modo novos elementos são considerados nesta equação Podese observar na Figura 4 que o homem assume uma função neste sistema patossistema O seu papel é tanto maior quanto maior for a sua relação com o mesmo Em outras palavras sistemas agrícolas tendem a apresentar um papel do homem na dinâmica epidêmica maior que em sistemas na turais Com isso podese observar que a epidemiologia de doenças de plantas é uma área multifacetada indo muito além das populações hospedeira e patogênica O estudo epidemiológico usa de uma abordagem ecológica onde diferentes níveis de organização são abrangidos 63 CONDIÇÕES QUE AFETAM O DESENVOLVIMENTO DE EPIDEMIAS Conforme referido na seção anterior a epidemiologia é uma ciência que de manda uma abordagem ecológica Apesar de haver uma ênfase no estudo populaci onal de hospedeiros e patógenos a epidemiologia não se restringe a isto Figura 4 Representação do patossistema agrícola Notase que nesta representação o tempo representado pela altura do tetraedro em vermelho Fonte O Autor NÚCLEO DE ENSINO A DISTÂNCIA NEAD Página 66 Professor Emanuel Novaes Vasconcelos email manulagroyahoocombr GRADUAÇÃO UNEC EAD CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA DISCIPLINA Fitopatologia I DISCIPLINA Fitopatologia I Para se compreender a dinâmica de uma epidemia e entender como essas populações funciona devemos também considerar as variações em nível de indiví duo A quantidade de lesões que determinada doença causa o número de esporos por cada lesão por exemplo são fatores a nível de indivíduo que são essenciais pa ra uma compreensão mais ampla de determinadas epidemias Simultaneamente destacase que para se ter uma visão mais clara da dinâ mica epidêmica há a necessidade do estudo a nível de comunidade isto é de um conjunto de populações em uma mesma região Isto porque além de termos três po pulações em questão devese considerar que estas estão em íntima conexão A ex pansão ou retração de determinadas doenças vai depender da interação observada entre as populações Imaginemos por exemplo que uma população hospedeira in teragindo com uma população de insetos população de patógenos e até mesmo com a população de outras culturas Tudo isso pode facilitar ou dificultar a progres são ou regressão de uma determinada doença em uma cultura Posto que epidemias e endemias sejam processos dinâmicos vários fatores devem ser considerados Dentre eles temos a Fatores do hospedeiro fatores intrínsecos ligados à população do hospedeiro como resistência e variabilidade genética da população ti po de cultura idade e desenvolvimento das culturas b Fatores do patógeno fatores intrínsecos ligados à população patogê nica tais como virulência e agressividade do patógeno taxa de inocu lação e disseminação do inóculo patológico fisiologia do patógeno c Fatores do ambiente fatores ligados ao meio ambiente em que am bas as populações estão localizadas como luz umidade temperatura tipo do solo d Fatores de homem fatores ligados direta ou indiretamente à atuação do homem em uma determinada plantação como o preparo do plantio manejo do material cultivado introdução de patógenos de modo aci dental NÚCLEO DE ENSINO A DISTÂNCIA NEAD Página 67 Professor Emanuel Novaes Vasconcelos email manulagroyahoocombr GRADUAÇÃO UNEC EAD CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA DISCIPLINA Fitopatologia I DISCIPLINA Fitopatologia I Notase que os fatores supracitados serão mais profundamente discutidos na próxima aula quando se discutirá sobre a fisiologia do parasitismo 64 CURVAS DE PROGRESSO E CLASSIFICAÇÃO EPIDEMIOLÓGICA DE DOENÇAS Epidemias podem ser estudadas por várias frentes Entretanto o seu desen volvimento é melhor observável ao plotarmos em um gráfico a densidade populacio nal de um determinado patógeno ou a proporção da doença versus o tempo É atra vés desta relação que se pode observar interações entre o patógeno o hospedeiro e o ambiente Ademais é observando esta rede de interação que se torna possíveis serem traçadas estratégias de contingência de determinadas epidemias bem como o desenvolvimento de modelagem preditiva de novos episódios futuros Estas curvas de progressão podem ser elaboradas para qualquer patossistema podese abranger qualquer tipo de hospedeiro eg anual perene decidual qualquer tipo de patóge no eg fungos bactérias vírus ou qualquer outro agente causal e de qualquer tempo de duração eg curta média ou longa duração Independentemente do tipo de patossistema vários parâmetros essenciais para a completa compreensão da di nâmica epidêmica podem ser assinalados a partir da plotagem dentre ele destaca se I Início da epidemia t0 II Quantidade do inóculo inicial y0 III Taxa de progressão da doença r IV Forma da curva V Quantidade máxima de patógenos ymáx VI Quantidade final da doença yf VII Duração da epidemia 641Classificação epidemiolpogica de doenças O quadro epidemiológico de uma determinada doença em plantas pode ser entendido e estudado de diferentes modos Porém todos os eventos que transcor NÚCLEO DE ENSINO A DISTÂNCIA NEAD Página 68 Professor Emanuel Novaes Vasconcelos email manulagroyahoocombr GRADUAÇÃO UNEC EAD CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA DISCIPLINA Fitopatologia I DISCIPLINA Fitopatologia I rem desde o momento da infecção até o surgimento de lesões e possivelmente a morte do hospedeiro são determinados como ciclo de infecção Figura 5 Tendo o ciclo de infecção como medida unitária podemos classificar os processos epidêmi cos de dois modos processosmonocíclicos e processospolicíclicos Figura 6 Epidemias monocíclicas são aquelas que durante um período de colheita re aliza apenas um ciclo de infecção A depender do nível de detalhamento que se busca outros elementos do ciclo de vida do patógeno também podem ser acresci dos A doença porém ocorre em um determinado período de tempo por isso tam bém se faz necessário discriminar três períodos muito importantes I Período de incubação Período que transcorre desde a deposição do patógeno em seu hospedeiro até o surgimento dos primeiros sintomas II Período latente Período que transcorre desde a deposição do parasito até o surgimento de sinais estruturas reprodutivas dos parasitos III Período infeccioso Período transcorrido em que as lesões nos hospe deiros continuam a produzir estruturas reprodutivas Figura 5 Representação de um ciclo de infecção simplificado Fonte httpswwwapsnetorgedcenterdisimpactmngmnttopcEpidemi ologiaPortPagesDisease20Progressaspx NÚCLEO DE ENSINO A DISTÂNCIA NEAD Página 69 Professor Emanuel Novaes Vasconcelos email manulagroyahoocombr GRADUAÇÃO UNEC EAD CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA DISCIPLINA Fitopatologia I DISCIPLINA Fitopatologia I Como a característica dos monociclos são fechadas a um ciclo de infecção esperase o espalhamento de doenças deste perfil assuma o formato de uma linha reta desenvolvimento retilíneo motivo pelo qual é comumente denominada como doenças de juros simples sempre dependentes do inóculo inicial Contudo não é este o padrão que se observa Adicionalmente há os processos classificados como policíclicos também de nominados como doenças de juros compostos Esperase que o desenvolvimento e espalhamento dessa categoria de doença em uma plantação assumam um pa drão exponencial Ou seja a cultura é tomada mais rapidamente quando comparado com doenças monocíclicas Isto porque neste desenvolvimento ocorrem múltiplos ciclos de infecção consecutivos potencializando o efeito do inóculo inicial do cultivo Ou seja em policíclicos o que se desenvolve é uma cadeia de infecção Figura 7 Figura 6 Representação de processos monocíclicos e policíclicos Fonte httpswwwembrapabrdocuments135530037478345Sobreviv2BC2ACncia2Ccomponent esepidemiol2BC2A6gicosecontrolepdf4fb0e75e627e16fbd5d63506a42bc9ff NÚCLEO DE ENSINO A DISTÂNCIA NEAD Página 70 Professor Emanuel Novaes Vasconcelos email manulagroyahoocombr GRADUAÇÃO UNEC EAD CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA DISCIPLINA Fitopatologia I DISCIPLINA Fitopatologia I 642 Estimativa de crescimento epidemiológico de doenças de plantas Conforme apresentado na seção anterior quando consideramos as popula ções de lesões ou mesmo a população de patógenos em uma determinada cultura ela pode assumir um comportamento monocíclico caso típico observado na mur chadefusário do tomateiro cujo agente causal Fusariumoxysporumfsplycopersici coloniza o xilema das plantas infectadas ou um comportamento policíclico caso típico observado na queima das folhas do inhame cujo agente causal Curculariae ragrostidis pode produzir uma nova geração a cada quinzena Figura 7Representação de uma cadeia de infecção Fonte Adaptado de Teng e colaboradores 1977 NÚCLEO DE ENSINO A DISTÂNCIA NEAD Página 71 Professor Emanuel Novaes Vasconcelos email manulagroyahoocombr GRADUAÇÃO UNEC EAD CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA DISCIPLINA Fitopatologia I DISCIPLINA Fitopatologia I No primeiro caso considerando que as plantas doentes não propagam a do ença para o restante da população em um mesmo ciclo de cultura Logo podese concluir que a velocidade de desenvolvimento da epidemia não está atrelada a quantidade da doença em um determinado instante Nestes casos a quantidade de plantas doentes y em um determinado momento depende da frequência de contato entre a planta hospedeira com o seu parasita inóculo original Neste caso a cinéti ca de desenvolvimento pode ser descrita pela fórmula abaixo 𝑑𝑦 𝑑𝑡 𝑄 𝑅 onde dydt é a velocidade de aumento de uma determinada doença Q é a quantidade de inóculo previamente existente e R é a taxa de infecção Integrando a fórmula temos que 𝑌 𝑦0 𝑄 𝑅 𝑡 onde y0 é a quantidade da doença em t0 Ao plotarmos os valores para a equação acima observarseá uma linha reta Figura 8 No caso de doenças de ciclo policíclico a velocidade do aumento da doença em uma plantação é proporcional a quantidade de doença em cada instante Isto é quanto mais doença estiver presente em uma plantação mais rapidamente ela se propagará no restante da plantação Neste caso a cinética de crescimento pode ser representada pela equação abaixo 𝑑𝑦 𝑑𝑡 𝑟 𝑡 onde y é a quantidade da doença e r é a taxa de infecção Realizando o mesmo procedimento visto nas equações apresentadas para doenças monocíclicas temos a seguinte integralização 𝑦 𝑦0𝑒𝑥𝑝𝑟𝑡 NÚCLEO DE ENSINO A DISTÂNCIA NEAD Página 72 Professor Emanuel Novaes Vasconcelos email manulagroyahoocombr GRADUAÇÃO UNEC EAD CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA DISCIPLINA Fitopatologia I DISCIPLINA Fitopatologia I onde y0 é a quantidade da doença no tempo t0 A curva descrita por esta fór mula apresenta uma curva exponencial Figura 8 É importante ressaltar que em se tratando de quantidade de doença peque na as curvas real e modelada se assemelham Contudo à medida que se aumenta a quantidade de doença na plantação fatores diversos como competição limitação de nutrientes Logo notase que à medida que a quantidade de patógeno aumenta a sua taxa de crescimento apresentará uma desaceleração Logo as equações de juros simples e compostos podem ser alteradas conforme apresentado abaixo 𝑑𝑦 𝑑𝑡 𝑄 𝑅 1 𝑦 onde 1y representa a quantidade de tecido sadio e yser a proporção da doença Integrando esta equação temos ln1 1 𝑦 ln1 1 𝑦0 𝑄 𝑅 𝑡 A curva descrita acima é conhecida como monomolecular Figura 9 Seguindo o raciocínio anterior no caso de doenças policíclicas temos Figura 8 Curvas de crescimento linear e exponencial Fonte Michereff 2001 NÚCLEO DE ENSINO A DISTÂNCIA NEAD Página 73 Professor Emanuel Novaes Vasconcelos email manulagroyahoocombr GRADUAÇÃO UNEC EAD CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA DISCIPLINA Fitopatologia I DISCIPLINA Fitopatologia I 𝑑𝑦 𝑑𝑡 𝑟 𝑡 1 𝑦 onde 1 y representa a quantidade de tecido sadio e y a proporção da do ença Integrando esta equação temos ln1 1 𝑦 ln1 1 𝑦0 𝑟 𝑡 A curva descrita acima é conhecida como logística Figura 9 É importante ressaltar que há outras curvas de progressão de doenças em plantas como I Modelo de Gompertz II Modelo de Richards III Modelo dependente do tempo Figura 9 Curvas de crescimento monomolecular e logístico Fonte Michereff 2001 NÚCLEO DE ENSINO A DISTÂNCIA NEAD Página 74 Professor Emanuel Novaes Vasconcelos email manulagroyahoocombr GRADUAÇÃO UNEC EAD CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA DISCIPLINA Fitopatologia I DISCIPLINA Fitopatologia I 65 QUANTIFICAÇÃO DE DOENÇAS A determinação da quantidade de doenças é fundamental para se poder pla nejar qualquer medida de controle da mesma bem como para determinar a eficiên cia de um determinado químico eg bactericida fungicida herbicida etc ou para se determinar a capacidade de resistência de um determinado varietal frente a um pa tógeno Podese comparar a relevância da quantificação de uma doença em uma população vegetal a uma diagnose correta haja vista ser de extrema importância além de saber o agente causal de uma fitopatologia sabermos também como a epi demia está se comportando em determinado patossistema Contudo apesar de a sua importância ser amplamente reconhecida há ine quívocos problemas para a execução desta quantificação Dois conceitos importan tes para o início da quantificação de uma infestação de determinado patógeno em uma cultura são Incidência referente à quantidade de plantas ou partes de plantas do entes em uma determinada população ou amostragem Severidade referente à porcentagem da área ou volume de tecidos acometidos por sintomas Quanto aos métodos de avaliação ou estimativa de propagação de uma de terminada doença em uma cultura há os métodos diretos onde a quantificação da doença se dá diretamente através dos sintomas e os métodos indiretos onde a estimativa se dá através da população de patógenos 651Métodos Diretos de Avaliação de Doenças Os métodos diretos de avaliação de doenças conforme aludido anteriormente baseiase em estimar diretamente por meio de sintomas presentes nas plantações Entre os métodos podese citar 1 Quantificação da Incidência A incidência de uma determinada doen ça em uma cultura é a métrica mais simples e rápida de obtenção NÚCLEO DE ENSINO A DISTÂNCIA NEAD Página 75 Professor Emanuel Novaes Vasconcelos email manulagroyahoocombr GRADUAÇÃO UNEC EAD CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA DISCIPLINA Fitopatologia I DISCIPLINA Fitopatologia I Neste método contase por exemplo a quantidade de plantas com murcha bacteriana ou de plantas com carvão A partir destes dados podese traçar uma ideia da intensidade de cada doença sem subjeti vidade alguma Neste método vale ressaltar que os dados têm que ser discutidos com cuidado uma vez que não se considera a intensidade de um determi nado sintoma apenas se este está presente na cultura ou ausente Ou tra limitação para o uso desta técnica é que ela só pode ser utilizada para patogenias que atacam a planta como um todo ou para cultivos cuja comercialização fica comprometida ou mesmo impossibilitada como as podridões dos frutos 2 Quantificação da severidade Estimar a severidade de uma doença é mais apropriada para doenças foliares como manchas crestamentos ferrugens oídios e míldios Nestes casos a percentagem da área de tecido foliar acometida por uma patogenia retrata melhor a intensidade da doença do que a incidência Para facilitar o uso desta métrica usamse três métodos escalas descritivas escalas diagramáticas e de imagens de vídeo por computador Escala descritiva usamse chaves com gradação para quantificar do enças Cada um desses graus deve ser devidamente descrito e defini do para o emprego do método Escala diagramática é a representação ilustrada de uma série de plan tas ou de suas partes Figura 10 Atualmente são as principais ferra mentas de avaliação de severidade de uma doença NÚCLEO DE ENSINO A DISTÂNCIA NEAD Página 76 Professor Emanuel Novaes Vasconcelos email manulagroyahoocombr GRADUAÇÃO UNEC EAD CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA DISCIPLINA Fitopatologia I DISCIPLINA Fitopatologia I Í𝑛𝑑𝑖𝑐𝑒 𝑑𝑒 𝐼𝑛𝑓𝑒𝑐çã𝑜 𝑔𝑟𝑎𝑢 𝑑𝑎 𝑒𝑠𝑐𝑎𝑙𝑎 𝑓𝑟𝑒𝑞𝑢ê𝑛𝑐𝑖𝑎 100 𝑛 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 𝑑𝑒 𝑢𝑛𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒𝑠 𝑔𝑟𝑎𝑢 𝑚á𝑥𝑖𝑚𝑜 𝑑𝑎 𝑒𝑠𝑐𝑎𝑙𝑎 3 Análise de imagens de vídeo por computador Neste sistema utili zase de softwares para que o conversor de imagens possa analisar áreas sadias e doentes Formamse nestes casos áreas com sombre amentos diferenciados para a representação da percentagem acometi da ou sadia em uma determinada doença Vale destacar que neste mé todo também se vê reduzida a subjetividade do avaliador 652Métodos Indiretos de Avaliação de Doenças A estimativa direta para avaliação de doenças em fitopatologias que têm como agentes causais nematoides ou por vírus é mais complicada de ser realizada principalmente por estas patologias terem como principais sintomas a perda de vigor redução na produtividade da planta ou enfezamento Para estes tipos de patologias usase preferencialmente a determinação da população de patógenos Em viroses por exemplo há ocasiões em que a presença do agente causal não está diretamente relacionada com a presença de sintomas Nestes casos usa se técnicas serológicas Ademais o uso de técnicas serológicas como ELISA por Figura 10 Escala diagramática para avaliação da severidade da mancha alvo da soja Fonte Soares e colaboradores NÚCLEO DE ENSINO A DISTÂNCIA NEAD Página 77 Professor Emanuel Novaes Vasconcelos email manulagroyahoocombr GRADUAÇÃO UNEC EAD CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA DISCIPLINA Fitopatologia I DISCIPLINA Fitopatologia I exemplo tem sido relevante no entendimento correlato do índice de partículas virais no hospedeiro com a severidade de uma doença no mesmo hospedeiro Para nematóides a população de patógenos é estimada a partir de amostragens de solos e raízes com posterior contagem dos indivíduos Estes dados servem tanto para a orientação de medidas para controle patogênico quanto para estimativas de danos potenciais causados por tais patógenos BIBLIOGRAFIA AGRIOS GN Plant Pathology New Yorkm Elsevier Academic Press 2005 AMORIM L REZENDE JAM BERGAMIN FILHO A eds Manual de Fitopato logia Volume 1 Princípios e Conceitos 4ª Edição Editora Agronômica Ceres Ltda São Paulo 2011 704p GLAWE DA Thomas J Burrill Pioneer in Plant Pathology Annual Review of Phy topathology 301 1725 1992 KIRÁLY X KLEMENT Z SOLYMOSY F VÖRÖS J Methods in plant pathology Elsevier Amsterdan 1974 509p MICHEREFF S J Fundamentos de Fitopatologia Recife Universidade Federal Ru ral de Pernambuco UFRPE 2001 172 p REECE J B URRY L A CAIN M L WASSERMAN S A MINORSKY P V JACKSON R B Bacteria and archaea In Campbell biology 10 Ed p 569 San Francisco CA Pearson 2011 ROBAZZA W TELEKEN J GOMES G Modelagem Matemática do Crescimento de Microrganismos em Alimentos TEMA Tendências em Matemática Aplicada e Computacional 111 2010 SOARES RM GODOY CV OLIVEIRA M C N Escala diagramática para avali ação da severidade da mancha alvo da soja Tropical Plant Pathology v 34 n 5 p 333338 2009
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NÚCLEO DE ENSINO A DISTÂNCIA NEAD Página 61 Professor Emanuel Novaes Vasconcelos email manulagroyahoocombr GRADUAÇÃO UNEC EAD CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA DISCIPLINA Fitopatologia I DISCIPLINA Fitopatologia I 60 EPIDEMIOLOGIA DE FITOPATOLOGIAS 61 INTRODUÇÃO Etimologicamente poderseia definir epidemiologia como o campo da ciência que estuda epidemias ou o que estuda as doenças em determinadas populações Em se tratando de fitopatologias assim como em outras áreas das ciências é impor tante ressaltar que não se devem analisar apenas as populações dos cultivares nes ta dinâmica A definição de epidemiologia deve considerar os demais aspectos que regem esta dinâmica Posto isto definese epidemiologia como o estudo da popu lação de patógenos de hospedeiros e de indivíduos doentes sob a influência de fa tores antrópicos e ambientais Com esta definição notase que a dinâmica epide miológica é também susceptível a variações sendo que esta pode apresentar dife rentes velocidades e frequências Epidemia poliética é aquela em que o caráter epidêmico se mostra evidente após anos em curso Inicialmente o aumento na frequência de indivíduos doentes é negligenciado sendo considerado muitas vezes como normal dentro do espectro amostral Entretanto nem toda epidemia leva anos para se tornar evidente Epide mia explosiva é aquela de desenvolvimento rápido em tempo muito curto ao passo que epidemia tardívaga é aquela que o desenvolvimento transcorre em um tempo mais curto Figura 1 Episódios de epidemia tendem a ser restritos a determinados locais Contudo é importante salientar que quando a população patogênica se espalha para várias culturas abrangendo áreas extremamente vastas denominase uma condição de pandemia Outra informação digna de nota é que comumente associase epidemia com o surgimento e aumento da frequência de uma determinada patogenia em uma determinada área ou região Contudo nem sempre uma determinada doença se en contra em expansão geográfica Dito isto temos que endemia não é o oposto de epidemia Endemia é quando uma determinada doença está muito frequentemente presente em uma determinada área geográfica sem se mostrar em expansão Neste caso temse que a taxa de infecção se equipara à taxa de remoção do determinado patógeno da população AULA 6 NÚCLEO DE ENSINO A DISTÂNCIA NEAD Página 62 Professor Emanuel Novaes Vasconcelos email manulagroyahoocombr GRADUAÇÃO UNEC EAD CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA DISCIPLINA Fitopatologia I DISCIPLINA Fitopatologia I Apesar de os conceitos anteriormente explicitados não se pode considerar que uma doença seja apenas epidêmica enquanto outra seja exclusivamente en dêmica Observase na natureza que há a possibilidade de esses dois eventos esta rem ligados alternando entre si a depender de fatores ambientais Isto decorre do fato de que a relação entre patógenohospedeiro é estreitamente ligada a fatores ambientais Em outras palavras o princípio básico que baseia a dinâmica epidemio lógica é a relação entre as taxas de infecção e remoção Enquanto uma planta está passando pelo processo de infecção o patógeno está se instalando em seus teci dos sendo que em encontrando as condições ideais conseguem se espalhar e completar o seu ciclo de vida espalhando esporos infecciosos para outras plantas inicialmente sadias Em contrapartida o hospedeiro apresenta uma série de meca nismos de defesa podendo acarretar a remoção do tecido lesionado e reduzindo a produção e liberação de esporos infecciosos para outras plantas Logo em momen tos propícios para o desenvolvimento do patógeno podemos observar o desenvol vimento de quadros ou episódios epidêmicos Entretanto quando a taxa de infecção se equipara à taxa de remoção temos um quadro tendendo à endemia onde não há expansão do patógeno Esta relação pode ser observada na Figura 2 Figura 1 Representação gráfica elucidando a diferença entre epidemia poliética epidemia explosi va e epidemia tardívaga Fonte O Autor NÚCLEO DE ENSINO A DISTÂNCIA NEAD Página 63 Professor Emanuel Novaes Vasconcelos email manulagroyahoocombr GRADUAÇÃO UNEC EAD CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA DISCIPLINA Fitopatologia I DISCIPLINA Fitopatologia I Outro termo bastante comum na área é o de epidemia cíclica Este referese à transformação de uma patogenia de caráter endêmico transformando inda que momentaneamente em epidêmico em decorrência de fatores como o microclima por exemplo Como estas alterações podem ser sazonais esses episódios também podem ser Epidemias e endemias tendem a ser mais localizadas causando perdas pe quenas ou moderadas Alguns quadros são controlados naturalmente tendo sido deflagrados por eventos naturais por exemplo Outras por outro lado são controla das por meio do uso de químicos ou manejo de cultura Caso estes controles natu rais ou antrópicos não ocorram ocasionalmente estes quadros se espalham resul tando em perdas gigantescas na agropecuária Com isso notase que a epidemiologia apresenta duas facetas uma acadê mica e outra prática Foi a partir dos avanços da epidemiologia na fitopatologia que muitas perdas foram evitadas ou minoradas Logo podese dizer que os objetivos dos estudos epidemiológicos são a Estudar a evolução das doenças em populações de hospedeiros b Avaliar os prejuízos absolutos e relativos causados pelas doenças nas cul turas c Avaliar os efeitos simples e as interações entre resistência do hospedeiro medidas sanitárias uso de fungicidas e outras medidas de controle d Avaliar a eficiência técnica e econômica das medidas de controle em cada etapa sobre os agroecosssitemas Figura 2 Balanço entre a taxa de infecção e remoção em uma epidemia e endemia Fonte Amorim e colaboradores 2011 NÚCLEO DE ENSINO A DISTÂNCIA NEAD Página 64 Professor Emanuel Novaes Vasconcelos email manulagroyahoocombr GRADUAÇÃO UNEC EAD CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA DISCIPLINA Fitopatologia I DISCIPLINA Fitopatologia I e Estabelecer estratégias de controle das doenças e aperfeiçoálas para a proteção das culturas 62 ELEMENTOS DA EPIDEMIOLOGIA Conforme aludido no início da aula o surgimento de doenças e epidemias é condicionado a uma série de fatores que devem estar presente em um momento oportuno para que elas interajam entre si Inicialmente consideravase apenas a interação entre duas populações de hospedeiros e patógenos Além destas duas populações consideravase outro fa tor o meio ambiente para que se desse a interação destas duas A partir desta inte ração entre populações em um determinado ambiente tínhamos o desenvolvimento de uma terceira população a população de lesão ou de indivíduos doentes Figu ra 3 Contudo atualmente sabese que não é apenas estes elementos que deter minarão a dinâmica epidêmica em uma determinada cultura Na verdade para o en Figura 3 Representação entre a relação entre a população de hospedeiro e de patógeno em um determinado ambiente dando origem à população de lesão Fonte O Autor NÚCLEO DE ENSINO A DISTÂNCIA NEAD Página 65 Professor Emanuel Novaes Vasconcelos email manulagroyahoocombr GRADUAÇÃO UNEC EAD CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA DISCIPLINA Fitopatologia I DISCIPLINA Fitopatologia I tendimento do desenvolvimento de uma epidemia ou mesmo de uma endemia faz se necessário a inserção de novos elementos Deste modo novos elementos são considerados nesta equação Podese observar na Figura 4 que o homem assume uma função neste sistema patossistema O seu papel é tanto maior quanto maior for a sua relação com o mesmo Em outras palavras sistemas agrícolas tendem a apresentar um papel do homem na dinâmica epidêmica maior que em sistemas na turais Com isso podese observar que a epidemiologia de doenças de plantas é uma área multifacetada indo muito além das populações hospedeira e patogênica O estudo epidemiológico usa de uma abordagem ecológica onde diferentes níveis de organização são abrangidos 63 CONDIÇÕES QUE AFETAM O DESENVOLVIMENTO DE EPIDEMIAS Conforme referido na seção anterior a epidemiologia é uma ciência que de manda uma abordagem ecológica Apesar de haver uma ênfase no estudo populaci onal de hospedeiros e patógenos a epidemiologia não se restringe a isto Figura 4 Representação do patossistema agrícola Notase que nesta representação o tempo representado pela altura do tetraedro em vermelho Fonte O Autor NÚCLEO DE ENSINO A DISTÂNCIA NEAD Página 66 Professor Emanuel Novaes Vasconcelos email manulagroyahoocombr GRADUAÇÃO UNEC EAD CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA DISCIPLINA Fitopatologia I DISCIPLINA Fitopatologia I Para se compreender a dinâmica de uma epidemia e entender como essas populações funciona devemos também considerar as variações em nível de indiví duo A quantidade de lesões que determinada doença causa o número de esporos por cada lesão por exemplo são fatores a nível de indivíduo que são essenciais pa ra uma compreensão mais ampla de determinadas epidemias Simultaneamente destacase que para se ter uma visão mais clara da dinâ mica epidêmica há a necessidade do estudo a nível de comunidade isto é de um conjunto de populações em uma mesma região Isto porque além de termos três po pulações em questão devese considerar que estas estão em íntima conexão A ex pansão ou retração de determinadas doenças vai depender da interação observada entre as populações Imaginemos por exemplo que uma população hospedeira in teragindo com uma população de insetos população de patógenos e até mesmo com a população de outras culturas Tudo isso pode facilitar ou dificultar a progres são ou regressão de uma determinada doença em uma cultura Posto que epidemias e endemias sejam processos dinâmicos vários fatores devem ser considerados Dentre eles temos a Fatores do hospedeiro fatores intrínsecos ligados à população do hospedeiro como resistência e variabilidade genética da população ti po de cultura idade e desenvolvimento das culturas b Fatores do patógeno fatores intrínsecos ligados à população patogê nica tais como virulência e agressividade do patógeno taxa de inocu lação e disseminação do inóculo patológico fisiologia do patógeno c Fatores do ambiente fatores ligados ao meio ambiente em que am bas as populações estão localizadas como luz umidade temperatura tipo do solo d Fatores de homem fatores ligados direta ou indiretamente à atuação do homem em uma determinada plantação como o preparo do plantio manejo do material cultivado introdução de patógenos de modo aci dental NÚCLEO DE ENSINO A DISTÂNCIA NEAD Página 67 Professor Emanuel Novaes Vasconcelos email manulagroyahoocombr GRADUAÇÃO UNEC EAD CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA DISCIPLINA Fitopatologia I DISCIPLINA Fitopatologia I Notase que os fatores supracitados serão mais profundamente discutidos na próxima aula quando se discutirá sobre a fisiologia do parasitismo 64 CURVAS DE PROGRESSO E CLASSIFICAÇÃO EPIDEMIOLÓGICA DE DOENÇAS Epidemias podem ser estudadas por várias frentes Entretanto o seu desen volvimento é melhor observável ao plotarmos em um gráfico a densidade populacio nal de um determinado patógeno ou a proporção da doença versus o tempo É atra vés desta relação que se pode observar interações entre o patógeno o hospedeiro e o ambiente Ademais é observando esta rede de interação que se torna possíveis serem traçadas estratégias de contingência de determinadas epidemias bem como o desenvolvimento de modelagem preditiva de novos episódios futuros Estas curvas de progressão podem ser elaboradas para qualquer patossistema podese abranger qualquer tipo de hospedeiro eg anual perene decidual qualquer tipo de patóge no eg fungos bactérias vírus ou qualquer outro agente causal e de qualquer tempo de duração eg curta média ou longa duração Independentemente do tipo de patossistema vários parâmetros essenciais para a completa compreensão da di nâmica epidêmica podem ser assinalados a partir da plotagem dentre ele destaca se I Início da epidemia t0 II Quantidade do inóculo inicial y0 III Taxa de progressão da doença r IV Forma da curva V Quantidade máxima de patógenos ymáx VI Quantidade final da doença yf VII Duração da epidemia 641Classificação epidemiolpogica de doenças O quadro epidemiológico de uma determinada doença em plantas pode ser entendido e estudado de diferentes modos Porém todos os eventos que transcor NÚCLEO DE ENSINO A DISTÂNCIA NEAD Página 68 Professor Emanuel Novaes Vasconcelos email manulagroyahoocombr GRADUAÇÃO UNEC EAD CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA DISCIPLINA Fitopatologia I DISCIPLINA Fitopatologia I rem desde o momento da infecção até o surgimento de lesões e possivelmente a morte do hospedeiro são determinados como ciclo de infecção Figura 5 Tendo o ciclo de infecção como medida unitária podemos classificar os processos epidêmi cos de dois modos processosmonocíclicos e processospolicíclicos Figura 6 Epidemias monocíclicas são aquelas que durante um período de colheita re aliza apenas um ciclo de infecção A depender do nível de detalhamento que se busca outros elementos do ciclo de vida do patógeno também podem ser acresci dos A doença porém ocorre em um determinado período de tempo por isso tam bém se faz necessário discriminar três períodos muito importantes I Período de incubação Período que transcorre desde a deposição do patógeno em seu hospedeiro até o surgimento dos primeiros sintomas II Período latente Período que transcorre desde a deposição do parasito até o surgimento de sinais estruturas reprodutivas dos parasitos III Período infeccioso Período transcorrido em que as lesões nos hospe deiros continuam a produzir estruturas reprodutivas Figura 5 Representação de um ciclo de infecção simplificado Fonte httpswwwapsnetorgedcenterdisimpactmngmnttopcEpidemi ologiaPortPagesDisease20Progressaspx NÚCLEO DE ENSINO A DISTÂNCIA NEAD Página 69 Professor Emanuel Novaes Vasconcelos email manulagroyahoocombr GRADUAÇÃO UNEC EAD CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA DISCIPLINA Fitopatologia I DISCIPLINA Fitopatologia I Como a característica dos monociclos são fechadas a um ciclo de infecção esperase o espalhamento de doenças deste perfil assuma o formato de uma linha reta desenvolvimento retilíneo motivo pelo qual é comumente denominada como doenças de juros simples sempre dependentes do inóculo inicial Contudo não é este o padrão que se observa Adicionalmente há os processos classificados como policíclicos também de nominados como doenças de juros compostos Esperase que o desenvolvimento e espalhamento dessa categoria de doença em uma plantação assumam um pa drão exponencial Ou seja a cultura é tomada mais rapidamente quando comparado com doenças monocíclicas Isto porque neste desenvolvimento ocorrem múltiplos ciclos de infecção consecutivos potencializando o efeito do inóculo inicial do cultivo Ou seja em policíclicos o que se desenvolve é uma cadeia de infecção Figura 7 Figura 6 Representação de processos monocíclicos e policíclicos Fonte httpswwwembrapabrdocuments135530037478345Sobreviv2BC2ACncia2Ccomponent esepidemiol2BC2A6gicosecontrolepdf4fb0e75e627e16fbd5d63506a42bc9ff NÚCLEO DE ENSINO A DISTÂNCIA NEAD Página 70 Professor Emanuel Novaes Vasconcelos email manulagroyahoocombr GRADUAÇÃO UNEC EAD CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA DISCIPLINA Fitopatologia I DISCIPLINA Fitopatologia I 642 Estimativa de crescimento epidemiológico de doenças de plantas Conforme apresentado na seção anterior quando consideramos as popula ções de lesões ou mesmo a população de patógenos em uma determinada cultura ela pode assumir um comportamento monocíclico caso típico observado na mur chadefusário do tomateiro cujo agente causal Fusariumoxysporumfsplycopersici coloniza o xilema das plantas infectadas ou um comportamento policíclico caso típico observado na queima das folhas do inhame cujo agente causal Curculariae ragrostidis pode produzir uma nova geração a cada quinzena Figura 7Representação de uma cadeia de infecção Fonte Adaptado de Teng e colaboradores 1977 NÚCLEO DE ENSINO A DISTÂNCIA NEAD Página 71 Professor Emanuel Novaes Vasconcelos email manulagroyahoocombr GRADUAÇÃO UNEC EAD CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA DISCIPLINA Fitopatologia I DISCIPLINA Fitopatologia I No primeiro caso considerando que as plantas doentes não propagam a do ença para o restante da população em um mesmo ciclo de cultura Logo podese concluir que a velocidade de desenvolvimento da epidemia não está atrelada a quantidade da doença em um determinado instante Nestes casos a quantidade de plantas doentes y em um determinado momento depende da frequência de contato entre a planta hospedeira com o seu parasita inóculo original Neste caso a cinéti ca de desenvolvimento pode ser descrita pela fórmula abaixo 𝑑𝑦 𝑑𝑡 𝑄 𝑅 onde dydt é a velocidade de aumento de uma determinada doença Q é a quantidade de inóculo previamente existente e R é a taxa de infecção Integrando a fórmula temos que 𝑌 𝑦0 𝑄 𝑅 𝑡 onde y0 é a quantidade da doença em t0 Ao plotarmos os valores para a equação acima observarseá uma linha reta Figura 8 No caso de doenças de ciclo policíclico a velocidade do aumento da doença em uma plantação é proporcional a quantidade de doença em cada instante Isto é quanto mais doença estiver presente em uma plantação mais rapidamente ela se propagará no restante da plantação Neste caso a cinética de crescimento pode ser representada pela equação abaixo 𝑑𝑦 𝑑𝑡 𝑟 𝑡 onde y é a quantidade da doença e r é a taxa de infecção Realizando o mesmo procedimento visto nas equações apresentadas para doenças monocíclicas temos a seguinte integralização 𝑦 𝑦0𝑒𝑥𝑝𝑟𝑡 NÚCLEO DE ENSINO A DISTÂNCIA NEAD Página 72 Professor Emanuel Novaes Vasconcelos email manulagroyahoocombr GRADUAÇÃO UNEC EAD CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA DISCIPLINA Fitopatologia I DISCIPLINA Fitopatologia I onde y0 é a quantidade da doença no tempo t0 A curva descrita por esta fór mula apresenta uma curva exponencial Figura 8 É importante ressaltar que em se tratando de quantidade de doença peque na as curvas real e modelada se assemelham Contudo à medida que se aumenta a quantidade de doença na plantação fatores diversos como competição limitação de nutrientes Logo notase que à medida que a quantidade de patógeno aumenta a sua taxa de crescimento apresentará uma desaceleração Logo as equações de juros simples e compostos podem ser alteradas conforme apresentado abaixo 𝑑𝑦 𝑑𝑡 𝑄 𝑅 1 𝑦 onde 1y representa a quantidade de tecido sadio e yser a proporção da doença Integrando esta equação temos ln1 1 𝑦 ln1 1 𝑦0 𝑄 𝑅 𝑡 A curva descrita acima é conhecida como monomolecular Figura 9 Seguindo o raciocínio anterior no caso de doenças policíclicas temos Figura 8 Curvas de crescimento linear e exponencial Fonte Michereff 2001 NÚCLEO DE ENSINO A DISTÂNCIA NEAD Página 73 Professor Emanuel Novaes Vasconcelos email manulagroyahoocombr GRADUAÇÃO UNEC EAD CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA DISCIPLINA Fitopatologia I DISCIPLINA Fitopatologia I 𝑑𝑦 𝑑𝑡 𝑟 𝑡 1 𝑦 onde 1 y representa a quantidade de tecido sadio e y a proporção da do ença Integrando esta equação temos ln1 1 𝑦 ln1 1 𝑦0 𝑟 𝑡 A curva descrita acima é conhecida como logística Figura 9 É importante ressaltar que há outras curvas de progressão de doenças em plantas como I Modelo de Gompertz II Modelo de Richards III Modelo dependente do tempo Figura 9 Curvas de crescimento monomolecular e logístico Fonte Michereff 2001 NÚCLEO DE ENSINO A DISTÂNCIA NEAD Página 74 Professor Emanuel Novaes Vasconcelos email manulagroyahoocombr GRADUAÇÃO UNEC EAD CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA DISCIPLINA Fitopatologia I DISCIPLINA Fitopatologia I 65 QUANTIFICAÇÃO DE DOENÇAS A determinação da quantidade de doenças é fundamental para se poder pla nejar qualquer medida de controle da mesma bem como para determinar a eficiên cia de um determinado químico eg bactericida fungicida herbicida etc ou para se determinar a capacidade de resistência de um determinado varietal frente a um pa tógeno Podese comparar a relevância da quantificação de uma doença em uma população vegetal a uma diagnose correta haja vista ser de extrema importância além de saber o agente causal de uma fitopatologia sabermos também como a epi demia está se comportando em determinado patossistema Contudo apesar de a sua importância ser amplamente reconhecida há ine quívocos problemas para a execução desta quantificação Dois conceitos importan tes para o início da quantificação de uma infestação de determinado patógeno em uma cultura são Incidência referente à quantidade de plantas ou partes de plantas do entes em uma determinada população ou amostragem Severidade referente à porcentagem da área ou volume de tecidos acometidos por sintomas Quanto aos métodos de avaliação ou estimativa de propagação de uma de terminada doença em uma cultura há os métodos diretos onde a quantificação da doença se dá diretamente através dos sintomas e os métodos indiretos onde a estimativa se dá através da população de patógenos 651Métodos Diretos de Avaliação de Doenças Os métodos diretos de avaliação de doenças conforme aludido anteriormente baseiase em estimar diretamente por meio de sintomas presentes nas plantações Entre os métodos podese citar 1 Quantificação da Incidência A incidência de uma determinada doen ça em uma cultura é a métrica mais simples e rápida de obtenção NÚCLEO DE ENSINO A DISTÂNCIA NEAD Página 75 Professor Emanuel Novaes Vasconcelos email manulagroyahoocombr GRADUAÇÃO UNEC EAD CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA DISCIPLINA Fitopatologia I DISCIPLINA Fitopatologia I Neste método contase por exemplo a quantidade de plantas com murcha bacteriana ou de plantas com carvão A partir destes dados podese traçar uma ideia da intensidade de cada doença sem subjeti vidade alguma Neste método vale ressaltar que os dados têm que ser discutidos com cuidado uma vez que não se considera a intensidade de um determi nado sintoma apenas se este está presente na cultura ou ausente Ou tra limitação para o uso desta técnica é que ela só pode ser utilizada para patogenias que atacam a planta como um todo ou para cultivos cuja comercialização fica comprometida ou mesmo impossibilitada como as podridões dos frutos 2 Quantificação da severidade Estimar a severidade de uma doença é mais apropriada para doenças foliares como manchas crestamentos ferrugens oídios e míldios Nestes casos a percentagem da área de tecido foliar acometida por uma patogenia retrata melhor a intensidade da doença do que a incidência Para facilitar o uso desta métrica usamse três métodos escalas descritivas escalas diagramáticas e de imagens de vídeo por computador Escala descritiva usamse chaves com gradação para quantificar do enças Cada um desses graus deve ser devidamente descrito e defini do para o emprego do método Escala diagramática é a representação ilustrada de uma série de plan tas ou de suas partes Figura 10 Atualmente são as principais ferra mentas de avaliação de severidade de uma doença NÚCLEO DE ENSINO A DISTÂNCIA NEAD Página 76 Professor Emanuel Novaes Vasconcelos email manulagroyahoocombr GRADUAÇÃO UNEC EAD CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA DISCIPLINA Fitopatologia I DISCIPLINA Fitopatologia I Í𝑛𝑑𝑖𝑐𝑒 𝑑𝑒 𝐼𝑛𝑓𝑒𝑐çã𝑜 𝑔𝑟𝑎𝑢 𝑑𝑎 𝑒𝑠𝑐𝑎𝑙𝑎 𝑓𝑟𝑒𝑞𝑢ê𝑛𝑐𝑖𝑎 100 𝑛 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 𝑑𝑒 𝑢𝑛𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒𝑠 𝑔𝑟𝑎𝑢 𝑚á𝑥𝑖𝑚𝑜 𝑑𝑎 𝑒𝑠𝑐𝑎𝑙𝑎 3 Análise de imagens de vídeo por computador Neste sistema utili zase de softwares para que o conversor de imagens possa analisar áreas sadias e doentes Formamse nestes casos áreas com sombre amentos diferenciados para a representação da percentagem acometi da ou sadia em uma determinada doença Vale destacar que neste mé todo também se vê reduzida a subjetividade do avaliador 652Métodos Indiretos de Avaliação de Doenças A estimativa direta para avaliação de doenças em fitopatologias que têm como agentes causais nematoides ou por vírus é mais complicada de ser realizada principalmente por estas patologias terem como principais sintomas a perda de vigor redução na produtividade da planta ou enfezamento Para estes tipos de patologias usase preferencialmente a determinação da população de patógenos Em viroses por exemplo há ocasiões em que a presença do agente causal não está diretamente relacionada com a presença de sintomas Nestes casos usa se técnicas serológicas Ademais o uso de técnicas serológicas como ELISA por Figura 10 Escala diagramática para avaliação da severidade da mancha alvo da soja Fonte Soares e colaboradores NÚCLEO DE ENSINO A DISTÂNCIA NEAD Página 77 Professor Emanuel Novaes Vasconcelos email manulagroyahoocombr GRADUAÇÃO UNEC EAD CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA DISCIPLINA Fitopatologia I DISCIPLINA Fitopatologia I exemplo tem sido relevante no entendimento correlato do índice de partículas virais no hospedeiro com a severidade de uma doença no mesmo hospedeiro Para nematóides a população de patógenos é estimada a partir de amostragens de solos e raízes com posterior contagem dos indivíduos Estes dados servem tanto para a orientação de medidas para controle patogênico quanto para estimativas de danos potenciais causados por tais patógenos BIBLIOGRAFIA AGRIOS GN Plant Pathology New Yorkm Elsevier Academic Press 2005 AMORIM L REZENDE JAM BERGAMIN FILHO A eds Manual de Fitopato logia Volume 1 Princípios e Conceitos 4ª Edição Editora Agronômica Ceres Ltda São Paulo 2011 704p GLAWE DA Thomas J Burrill Pioneer in Plant Pathology Annual Review of Phy topathology 301 1725 1992 KIRÁLY X KLEMENT Z SOLYMOSY F VÖRÖS J Methods in plant pathology Elsevier Amsterdan 1974 509p MICHEREFF S J Fundamentos de Fitopatologia Recife Universidade Federal Ru ral de Pernambuco UFRPE 2001 172 p REECE J B URRY L A CAIN M L WASSERMAN S A MINORSKY P V JACKSON R B Bacteria and archaea In Campbell biology 10 Ed p 569 San Francisco CA Pearson 2011 ROBAZZA W TELEKEN J GOMES G Modelagem Matemática do Crescimento de Microrganismos em Alimentos TEMA Tendências em Matemática Aplicada e Computacional 111 2010 SOARES RM GODOY CV OLIVEIRA M C N Escala diagramática para avali ação da severidade da mancha alvo da soja Tropical Plant Pathology v 34 n 5 p 333338 2009