·
Cursos Gerais ·
Parasitologia
Send your question to AI and receive an answer instantly
Preview text
Leishmaniose\n\nA primeira observação dos parasitas pertencentes ao gênero Leishmania foi feita por Cunningham, em 1885, em casos de leishmaniose visceral na Índia. Em seguida vários outros pesquisadores passaram a encontrar e descrever o parasita até, em 1903, Ross criou o gênero Leishmania.\n\nNo Brasil, a leishmaniose era conhecida por Cerqueira desde 1855, através do encontro de lesões na pele similares ao botão-do-oriente. Em 1908, durante a construção da Estrada de Ferro Noroeste do Brasil, em São Paulo, ocorreram numerosos casos, principalmente na cidade de Bauru, ficando conhecida como ulcera-de-Bauru, os quais foram nomeados por Gaspar Vianna, em 1911, como Leishmania braziliensis.\n\nASPECTOS BIOLÓGICOS:\nA leishmaniose tegumentar americana é uma doença causada por parasitas do gênero Leishmania onde, seu ciclo biológico é realizado em dois hospedeiros, um vertebrado e um invertebrado (heteroxeno).\n\nOs hospedeiros vertebrados incluem grande variedade de mamíferos: roedores, entendidos (tatu, tamaná, preguiças), marsupiais (gambá), canídeos e primatas, incluindo o homem.\n\nOs hospedeiros invertebrados são pequenos insetos da ordem Diptera, gênero Lutzomyia. Nestes insetos ocorre parte do ciclo biológico do parasita.\n\nAs espécies que provocam doença no homem, particularmente as que ocorreram no Brasil são: Leishmania (Viannia) braziliensis; Leishmania (Viannia) guyanensis; Leishmania (Viannia) lainsoni; Leishmania (Viannia) shawi; Leishmania (Viannia) naiff; Leishmania (Viannia) amazonensis.\n\nMORFOLOGIA DOS VERMES ADULTOS:\nFormas amastigotas. Apresenta-se tipicamente óvides ou esféricas onde, podemos encontrar vacúolos, um único núcleo que se apresenta esférico ou ovidé dispoto em geral em um dos lados da célula. O cinetoplasto em forma de um pequeno bastão, situado na maioria das vezes próximo ao núcleo, não há flagelo livre. Formas promastigotas. São formas alongadas em cuja região anterior emerge um flagelo livre. O núcleo se assembla ao da forma amastigota situado na região anterior, variando bastante na sua posição.\n\nForma paramastigotas. Apresentam-se ovals ou arredondados com o cinetoplaste margeando o núcleo ou posterior a este um pequeno flagelo livre.\n\nREPRODUÇÃO:\nO processo de reprodução das leishmânia é feito por divisão binária. Nas formas promastigotas existentes no trato digestivo do vetor, o primeiro sinal desta divisão é a formação de um segundo flagelo que sempre permanece no original. \nA reprodução das formas amastigotas ocorre no interior dos fagossomas de macrófagos, também por divisão binária, de modo similar as promastigotas.\n\nCICLO BIOLÓGICO:\nAs formas amastigotas de Leishmania são encontradas parasitando células do sistema mononuclear fagocitário (SMF) do hospedeiro vertebrado, principalmente macrófagos residentes na pele. Sobrevivem e se multiplicam nestas células, que é especializada na destruição de agentes estranhos.\nAs formas promastigotas e paramastigotas são encontradas no tubo digestivo dos flebotomíneos livres ou aderidas ao epitélio intestinal. Ciclo no vetor.\n1 - A infecção do inseto ocorre quando a fêmea pica o vertebrado para exercer o repasto sanguíneo e juntamente com o sangue ingere macrófagos parasitados com formas amastigotas. No trato digestivo ou no estômago do inseto, os macrófagos se rompem liberando as formas amastigotas. Estas formas sofrem divisão binária e se transformam em formas promastigotas rapidamente, que também por processos sucessivos de divisão multiplicam-se ainda no sangue ingerido, que é envolto por uma membrana peitorífica secretada pelas células do estômago do inseto. Após três ou quatro dias esta membrana se rompe às formas promastigotas ficam livres.\n\n2 - As formas promastigotas permanecem reproduzindo por divisão binária, podendo seguir dois caminhos, dependendo da espécie do parasita.\n\nNo primeiro caminho, as formas promastigotas das espécies pertencentes ao subgênero Viannia dirigem-se para o intestino onde se localizam nas regiões. do piloro e íleo (seção peripilar). Nesta região ocorre a transformação das formas promastigotas em amastigotas que permanecem aderidas pelo flagelo ao epitélio intestinal, onde ainda se dividem. Após as divisões, novamente ocorre transformação em promastigotas que migram através do estômago em direção a faringe do inseto.\n\n> No segundo caminho, as formas promastigotas das espécies pertencentes ao subgênero Leishmania multiplicam-se livremente ou aderentes às paredes do estômago (seção suprapilaria). Em seguida, ocorre migração dos flagelos para a região anterior do estômago onde se transformam em paramastigotas, colonizando o estômago e a faringe. Nesta região, diferenciam-se novamente em paramastigotas metacíclicas.\n\nO tempo necessário para que o ciclo se complete varia entre três e cinco dias para diferentes espécies.\n\n* Ciclo no vertebrado. \n 1 - Durante o processo de alimentação de flebotomíneo e ocorre a transmissão do parasito. Na tentativa de ingestão da sangue, as formas promastigotas são introduzidas no local da picada. Dentro de quatro a oito horas, esses flagelados são internalizados pelos macrófagos teciduais. \n 2 - Rapidamente as formas promastigotas se transformam em amastigotas que são encontradas 24 horas após a fagocitose. Dentro dos macrófagos (vacúolo fagocitário), as formas amastigotas estão adaptadas ao novo meio fisiológico e resistem à ação destruidora dos lisossomas, multiplicando-se por divisão binária até ocupar todo o citoplasma.\n 3 - Esgotando a resistência da membrana do macrófago esta se rompe e libera as formas amastigotas no tecido, sendo novamente fagocitadas, iniciando no local uma reação inflamatória.\n\n* TRANSMISSÃO: \nA transmissão ocorre pela picada de insetos hematófagos pertencentes ao gênero Lutzomyia conhecido no Brasil como por bergui, mosquito-palma e tatuiquira, entre outros. * PATOGENIA: \nNo início da infecção as formas promastigotas são inoculadas na derme durante o repasto sanguíneo do flebotomíneo. As células destruídas pela probóscide do inseto e a saliva inoculada atraem para a área células mononucleares, os macrófagos e outras células da série branca. Papel importante é realizado pelo macrófago, célula especializada em identificar e destruir corpos estranhos, incluindo o parasito.\n\nCertos macrófagos são capazes de destruir os parasitas diretamente, enquanto outros necessitam ser estimulados. Somente macrófagos fixos (histiócitos) não-estimulados são hábeis para o estabelecimento da infecção.\n\nEste período, que corresponde ao tempo decorrido entre a picada do inseto e o aparecimento de lesão inicial, varia entre duas semanas e três meses, segundo observações feitas no Brasil. As lesões iniciais são semelhantes, independentemente da espécie de parasito. Esta forma inicial pode regredir espontaneamente após um breve curso abortivo, pode permanecer estacionária ou evoluir para um nódulo térmico chamado \"histocitoma\", localizado sempre no sitio da picada do vetor. * FORMAS CLÍNICAS: \nUm amplo aspecto de formas pode ser visto na leishmaniose tegumentar americana (LTA), variando de uma lesão autoresolutiva a lesões defigurant. Esta variação está intimamente ligada ao estado imunológico do paciente e às espécies de Leishmania.\n\nApesar da ampla variedade de formas clínicas encontradas em paciente com LTA, podemos agrupá-las em três tipos básicos: leishmaniose cutânea (LC), leishmaniose cutaneomucosa (LCM) e leishmaniose cutânea difusa (LCD).\n\n* Leishmaniose Cutânea (LC): \nA leishmaniose cutânea é caracterizada por úlcera únicas ou múltiplas confinadas na derme, com epiderme ulcerada. As espécies de Leishmania que produzem essa forma clínica nas Américas Central e do Sul pertencem ao complexo mexicana e braziliensis. No Brasil, as espécies que têm sido encontradas parasitando os homens são:\n\n* Leishmania braziliensis: Provocam no homem lesões conhecidas como úlcera-de-Bauru, ferida brava ou ferida seca. As lesões primárias são geralmente únicas, ou em pequeno número, mas frequentemente de grandes dimensões, com úlceras em forma de cratera. O curso da infecção geralmente é irregular e crônico; e a tendência para a cura espontânea. Esta espécie é a responsável pela forma cutânea mais destrutiva dentre as demais conhecidas.\n* Leishmania guyanensis: Esta espécie causa no homem lesões cutâneas conhecidas por pian bois. Pode apresentar sob a forma de úlcera única do tipo \"cratera de lua\" e frequentemente disseminam-se dando origem a úlceras similares pelo corpo.\n* Leishmania amazonensis: Em geral, esta espécie produz, lesões ulceradas simples e limitadas, contendo numerosos parasitas nos bordos da lesão. Não é um parasito comum do homem devido provavelmente aos hábitos noturnos do vetor.\n* Leishmania lasionis: Trata-se de uma nova espécie isolada recentemente de outro pacientes com lesões cutâneas no Estado do Pará. Produz úlcera cutânea única e não há evidências de envolvimento nasofaríngeo. Pouco se conhece ainda sobre este parasito. Leishmaniose Cutânea Difusa (LCF):\nCaracteriza-se pela formação de lesões difusas não-ulceradas por toda a pele, contendo grande número de amastigotas. Esta forma clínica é provocada por parasito do complexo mexicana, cujo agente etiológico é L. pifanoi, na Venezuela, e L. amazonensis, no Brasil.\nPROFILAXIA:\n• Uso de inseticidas para combater o vetor onde, a desinsetização do ambiente domiciliar e peridomiciliar também não reduz a incidência da doença,\n• Evitar o desmatamento para manter o ambiente natural do vetor,\n• Uso de repelentes e mosquiteiros,\nA solução ideal para o controle da leishmaniose tegumentar, particularmente no Brasil, é a produção de uma vacina.\nDIAGNOSTICO LABORATORIAL:\n• Exame direto de esfregaços corados: No material colhido por biópsia ou curatagem nos bordos da lesão, material corado por Giemsa ou Leishman.\n• Exame histopatológico: Os fragmentos da pele obtidos pela biópsia são submetidos às técnicas histopatológicas pelo patologista.\n• Cultura: Pode ser feita a cultura de fragmentos do tecido ou de aspirados dos bordos da lesão e de linfonodos de áreas próximas a esta.\nTRATAMENTO:\n• Antimonial pentavalente - Glucantime (antimonato de N-metilglucamina).\n• Imunoterapia com Leshvacín* Seriado.\n• Imunoterapia com Leshvacín* Associado ao BCG.\n• Imunoterapia com Leshvacín* Seriado Associado ao Glucantime*.\n• Imunoterapia com Leshvacín* Associado ao BCG e Glucantime*.\nDAVID PEREIRA NEVES. In: Parasitologia Humana, 11ª ed. - São Paulo: Editora Atheneu, 2005, cap. 08.\nREY. In: Bases de Parasitologia Médica, 2ª ed. - Editora Guanabara Koogan, 2002, cap 05.\nW. JHON SPICER. In: Bacteriologia, Micologia e Parasitologia Clínica, Editora Guanabara koogan, 2002, pág 76 Leishmaniose Tegumentar do Velho Mundo\nA leishmaniose tegumentar que ocorre no Velho Mundo é, sem dúvida, uma antiga doença do homem. Ocorre desde o Senegal, na África, até a Índia e Mongólia, Sul da França e Namíbia. Os tradicionais centro de distribuição de especiarias no passado que originaram os nomes de botão-do-oriente, botão-de-delhi, botão-de-bagdad, botão-dealepo.\nAGENTE ETIOLÓGICO:\nTrês espécies de Leishmania pertencentes ao subgênero Leishmania são conhecidas como agentes etiológicos do botão-do-oriente.\n• Leishmania (L.) tropica, Leishmania (L.) major, Leishmania (L.) aethiopica.\nMORFOLOGIA:\nSimilares a Leishmania braziliensis, se distinguem entre si e de outras espécies através do perfil eletroforético de isoenzimas e de outras técnicas na área de biologia molecular.\n• Leishmania (L.) tropica - É o agente etiológico da leishmaniose cutânea antropofótica ou urbana. Produz úlceras crônicas e indolores na pele, que podem demorar um ano ou mais para cicatrizarem espontaneamente. O período de incubação varia de dois a oito meses. Após a cura, normalmente, o paciente adquire imunidade contra reinfecções. Em uma pequena proporção de casos não ocorre a cura espontânea e pequenas lesões se desenvolvem sobre o próximo da margem da cicatriz estendendo-se insidiosamente sobre ampla área da pele.\nA úlcera é seca, de progressão lenta, habitualmente na face, e se caracteriza com atividades periféricas. Se não tratados, pode ser destrutivas e desfigurantes.\nDAVID PEREIRA NEVES. In: Parasitologia Humana, 11ª ed. - São Paulo: Editora Atheneu, 2005, cap. 09.\nREY. In: Bases de Parasitologia Médica, 2ª ed. - Editora Guanabara Koogan, 2002, cap 05. • Leishmania (L.) major - É o agente etiológico da leishmaniose cutânea zoonótica ou rural. Produzem úlceras indolores. Período de incubação é, em geral, inferior a quatro meses.\nA úlcera é úmida, e com frequência são multiplicadas, especialmente em imigrantes não-imunes.\n• Leishmania (L.) aethiopica - Este parasita do modo geral produz lesões cutâneas simples e, com menor frequência, leishmania oronasal. No entanto, pode produzir a leishmaniose cutânea difusa (LCD). Na forma LCD se disseminam pela pele, especialmente na face e áreas expostas dos membros, que muitas vezes se assemelham à hanseníase.\nA úlcera não cicatriza espontaneamente e tende a haver recaídas depois do tratamento.\nDIAGNÓSTICO:\nSemelhante ao utilizado na leishmaniose tegumentar americana.\nEPIDEMIOLOGIA:\n• Na leishmaniose cutânea antropofótica ou urbana causada pela L. tropica, o homem é considerado o único hospedeiro que mantém a infecção na natureza.\n• Na leishmaniose cutânea zoonótica ou rural causada pela L. major, a doença é mantida geralmente por reservatórios que são roedores de hábitos diurnos (Arvicanthis niloticus no oeste da África).\n• A leishmaniose cutânea por L. aethiopica ocorre principalmente em áreas montanhosas da Etiópia e Monte Elgon, no Quênia. Os hospedeiros que mantêm o parasita pertencem principalmente aos gêneros Procavia e Heterohyrax. Os vetores são P. longipes e P. pedifer.\nDAVID PEREIRA NEVES. In: Parasitologia Humana, 11ª ed. - São Paulo: Editora Atheneu, 2005, cap. 09.\nREY. In: Bases de Parasitologia Médica, 2ª ed. - Editora Guanabara Koogan, 2002, cap 05. Leishmaniose Visceral Americana\n\nA leishmaniose visceral é uma doença causa por parasitos do complexo Leishmania donovani na África, Ásia, Europa e nas Américas. Na Índia é conhecida como Kala-Azar, palavra de origem indiana com significado de “doença negra” e febre Dum-Dum.\n\nAGENTE ETIOLÓGICO:\nA leishmaniose visceral é causada, em todo mundo, por parasitos do complexo Leishmania donovani que inclui três espécies de Leishmania:\n• Leishmania (L.) donovani – Provoca o calazar, forma visceral e a leishmaniose dérmica pós calazar em adultos.\n• Leishmania (L.) infantum – Zoonose (cão, roedores, etc.) provoca a forma visceral, principalmente em crianças.\n• Leishmania (L.) chagasi – É a responsável pela forma clínica da leishmaniose visceral. Zoonose (cão, raposas, gambá, roedores), provoca a forma visceral, principalmente em crianças.\n\nASPECTOS BIOLÓGICOS:\nA morfologia das formas amastigotas, promastigotas e paramastigotas de Leishmania chagasi são semelhantes às outras formas já descritas.\n• No hospedeiro vertebrado – as formas amastigotas de L. chagasi são encontradas parasitando o sistema mononuclear fagocitário (SMF), principalmente macrófagos. No homem localiza-se em gânglios linfóides, como medula óssea, baço, fígado e linfonodos, que podem ser encontrados densamente parasitados. Além desses órgãos, podem envolver os rins, placas de Peyer no intestino, pulmões e pele. Raramente as formas amastigotas podem ser encontradas no sangue, no interior de leucócitos, na íris, na placenta e no timo.\n• No hospedeiro invertebrado – são encontradas formas amastigotas, promastigotas e paramastigotas no intestino médio e anterior do Lutzomyia longipalpis. A infecção do Lutzomyia longipalpis ocorre da mesma forma da leishmaniose americana.\n\nDAVID PEREIRA NEVES. In: Parasitologia Humana, 1st ed. – São Paulo: Editora Atheneu, 2005, cap. 10.\nREV. In: Bases de Parasitologia Médica, 2nd ed. – Editora Guanabara Koogan, 2002, pp. 69-95.\nW. JHON SPICER. In: Bacteriologia, Metodologia e Parasitologia Clínica, Editora Guanabara Koogan, 2002, pp. 76
Send your question to AI and receive an answer instantly
Preview text
Leishmaniose\n\nA primeira observação dos parasitas pertencentes ao gênero Leishmania foi feita por Cunningham, em 1885, em casos de leishmaniose visceral na Índia. Em seguida vários outros pesquisadores passaram a encontrar e descrever o parasita até, em 1903, Ross criou o gênero Leishmania.\n\nNo Brasil, a leishmaniose era conhecida por Cerqueira desde 1855, através do encontro de lesões na pele similares ao botão-do-oriente. Em 1908, durante a construção da Estrada de Ferro Noroeste do Brasil, em São Paulo, ocorreram numerosos casos, principalmente na cidade de Bauru, ficando conhecida como ulcera-de-Bauru, os quais foram nomeados por Gaspar Vianna, em 1911, como Leishmania braziliensis.\n\nASPECTOS BIOLÓGICOS:\nA leishmaniose tegumentar americana é uma doença causada por parasitas do gênero Leishmania onde, seu ciclo biológico é realizado em dois hospedeiros, um vertebrado e um invertebrado (heteroxeno).\n\nOs hospedeiros vertebrados incluem grande variedade de mamíferos: roedores, entendidos (tatu, tamaná, preguiças), marsupiais (gambá), canídeos e primatas, incluindo o homem.\n\nOs hospedeiros invertebrados são pequenos insetos da ordem Diptera, gênero Lutzomyia. Nestes insetos ocorre parte do ciclo biológico do parasita.\n\nAs espécies que provocam doença no homem, particularmente as que ocorreram no Brasil são: Leishmania (Viannia) braziliensis; Leishmania (Viannia) guyanensis; Leishmania (Viannia) lainsoni; Leishmania (Viannia) shawi; Leishmania (Viannia) naiff; Leishmania (Viannia) amazonensis.\n\nMORFOLOGIA DOS VERMES ADULTOS:\nFormas amastigotas. Apresenta-se tipicamente óvides ou esféricas onde, podemos encontrar vacúolos, um único núcleo que se apresenta esférico ou ovidé dispoto em geral em um dos lados da célula. O cinetoplasto em forma de um pequeno bastão, situado na maioria das vezes próximo ao núcleo, não há flagelo livre. Formas promastigotas. São formas alongadas em cuja região anterior emerge um flagelo livre. O núcleo se assembla ao da forma amastigota situado na região anterior, variando bastante na sua posição.\n\nForma paramastigotas. Apresentam-se ovals ou arredondados com o cinetoplaste margeando o núcleo ou posterior a este um pequeno flagelo livre.\n\nREPRODUÇÃO:\nO processo de reprodução das leishmânia é feito por divisão binária. Nas formas promastigotas existentes no trato digestivo do vetor, o primeiro sinal desta divisão é a formação de um segundo flagelo que sempre permanece no original. \nA reprodução das formas amastigotas ocorre no interior dos fagossomas de macrófagos, também por divisão binária, de modo similar as promastigotas.\n\nCICLO BIOLÓGICO:\nAs formas amastigotas de Leishmania são encontradas parasitando células do sistema mononuclear fagocitário (SMF) do hospedeiro vertebrado, principalmente macrófagos residentes na pele. Sobrevivem e se multiplicam nestas células, que é especializada na destruição de agentes estranhos.\nAs formas promastigotas e paramastigotas são encontradas no tubo digestivo dos flebotomíneos livres ou aderidas ao epitélio intestinal. Ciclo no vetor.\n1 - A infecção do inseto ocorre quando a fêmea pica o vertebrado para exercer o repasto sanguíneo e juntamente com o sangue ingere macrófagos parasitados com formas amastigotas. No trato digestivo ou no estômago do inseto, os macrófagos se rompem liberando as formas amastigotas. Estas formas sofrem divisão binária e se transformam em formas promastigotas rapidamente, que também por processos sucessivos de divisão multiplicam-se ainda no sangue ingerido, que é envolto por uma membrana peitorífica secretada pelas células do estômago do inseto. Após três ou quatro dias esta membrana se rompe às formas promastigotas ficam livres.\n\n2 - As formas promastigotas permanecem reproduzindo por divisão binária, podendo seguir dois caminhos, dependendo da espécie do parasita.\n\nNo primeiro caminho, as formas promastigotas das espécies pertencentes ao subgênero Viannia dirigem-se para o intestino onde se localizam nas regiões. do piloro e íleo (seção peripilar). Nesta região ocorre a transformação das formas promastigotas em amastigotas que permanecem aderidas pelo flagelo ao epitélio intestinal, onde ainda se dividem. Após as divisões, novamente ocorre transformação em promastigotas que migram através do estômago em direção a faringe do inseto.\n\n> No segundo caminho, as formas promastigotas das espécies pertencentes ao subgênero Leishmania multiplicam-se livremente ou aderentes às paredes do estômago (seção suprapilaria). Em seguida, ocorre migração dos flagelos para a região anterior do estômago onde se transformam em paramastigotas, colonizando o estômago e a faringe. Nesta região, diferenciam-se novamente em paramastigotas metacíclicas.\n\nO tempo necessário para que o ciclo se complete varia entre três e cinco dias para diferentes espécies.\n\n* Ciclo no vertebrado. \n 1 - Durante o processo de alimentação de flebotomíneo e ocorre a transmissão do parasito. Na tentativa de ingestão da sangue, as formas promastigotas são introduzidas no local da picada. Dentro de quatro a oito horas, esses flagelados são internalizados pelos macrófagos teciduais. \n 2 - Rapidamente as formas promastigotas se transformam em amastigotas que são encontradas 24 horas após a fagocitose. Dentro dos macrófagos (vacúolo fagocitário), as formas amastigotas estão adaptadas ao novo meio fisiológico e resistem à ação destruidora dos lisossomas, multiplicando-se por divisão binária até ocupar todo o citoplasma.\n 3 - Esgotando a resistência da membrana do macrófago esta se rompe e libera as formas amastigotas no tecido, sendo novamente fagocitadas, iniciando no local uma reação inflamatória.\n\n* TRANSMISSÃO: \nA transmissão ocorre pela picada de insetos hematófagos pertencentes ao gênero Lutzomyia conhecido no Brasil como por bergui, mosquito-palma e tatuiquira, entre outros. * PATOGENIA: \nNo início da infecção as formas promastigotas são inoculadas na derme durante o repasto sanguíneo do flebotomíneo. As células destruídas pela probóscide do inseto e a saliva inoculada atraem para a área células mononucleares, os macrófagos e outras células da série branca. Papel importante é realizado pelo macrófago, célula especializada em identificar e destruir corpos estranhos, incluindo o parasito.\n\nCertos macrófagos são capazes de destruir os parasitas diretamente, enquanto outros necessitam ser estimulados. Somente macrófagos fixos (histiócitos) não-estimulados são hábeis para o estabelecimento da infecção.\n\nEste período, que corresponde ao tempo decorrido entre a picada do inseto e o aparecimento de lesão inicial, varia entre duas semanas e três meses, segundo observações feitas no Brasil. As lesões iniciais são semelhantes, independentemente da espécie de parasito. Esta forma inicial pode regredir espontaneamente após um breve curso abortivo, pode permanecer estacionária ou evoluir para um nódulo térmico chamado \"histocitoma\", localizado sempre no sitio da picada do vetor. * FORMAS CLÍNICAS: \nUm amplo aspecto de formas pode ser visto na leishmaniose tegumentar americana (LTA), variando de uma lesão autoresolutiva a lesões defigurant. Esta variação está intimamente ligada ao estado imunológico do paciente e às espécies de Leishmania.\n\nApesar da ampla variedade de formas clínicas encontradas em paciente com LTA, podemos agrupá-las em três tipos básicos: leishmaniose cutânea (LC), leishmaniose cutaneomucosa (LCM) e leishmaniose cutânea difusa (LCD).\n\n* Leishmaniose Cutânea (LC): \nA leishmaniose cutânea é caracterizada por úlcera únicas ou múltiplas confinadas na derme, com epiderme ulcerada. As espécies de Leishmania que produzem essa forma clínica nas Américas Central e do Sul pertencem ao complexo mexicana e braziliensis. No Brasil, as espécies que têm sido encontradas parasitando os homens são:\n\n* Leishmania braziliensis: Provocam no homem lesões conhecidas como úlcera-de-Bauru, ferida brava ou ferida seca. As lesões primárias são geralmente únicas, ou em pequeno número, mas frequentemente de grandes dimensões, com úlceras em forma de cratera. O curso da infecção geralmente é irregular e crônico; e a tendência para a cura espontânea. Esta espécie é a responsável pela forma cutânea mais destrutiva dentre as demais conhecidas.\n* Leishmania guyanensis: Esta espécie causa no homem lesões cutâneas conhecidas por pian bois. Pode apresentar sob a forma de úlcera única do tipo \"cratera de lua\" e frequentemente disseminam-se dando origem a úlceras similares pelo corpo.\n* Leishmania amazonensis: Em geral, esta espécie produz, lesões ulceradas simples e limitadas, contendo numerosos parasitas nos bordos da lesão. Não é um parasito comum do homem devido provavelmente aos hábitos noturnos do vetor.\n* Leishmania lasionis: Trata-se de uma nova espécie isolada recentemente de outro pacientes com lesões cutâneas no Estado do Pará. Produz úlcera cutânea única e não há evidências de envolvimento nasofaríngeo. Pouco se conhece ainda sobre este parasito. Leishmaniose Cutânea Difusa (LCF):\nCaracteriza-se pela formação de lesões difusas não-ulceradas por toda a pele, contendo grande número de amastigotas. Esta forma clínica é provocada por parasito do complexo mexicana, cujo agente etiológico é L. pifanoi, na Venezuela, e L. amazonensis, no Brasil.\nPROFILAXIA:\n• Uso de inseticidas para combater o vetor onde, a desinsetização do ambiente domiciliar e peridomiciliar também não reduz a incidência da doença,\n• Evitar o desmatamento para manter o ambiente natural do vetor,\n• Uso de repelentes e mosquiteiros,\nA solução ideal para o controle da leishmaniose tegumentar, particularmente no Brasil, é a produção de uma vacina.\nDIAGNOSTICO LABORATORIAL:\n• Exame direto de esfregaços corados: No material colhido por biópsia ou curatagem nos bordos da lesão, material corado por Giemsa ou Leishman.\n• Exame histopatológico: Os fragmentos da pele obtidos pela biópsia são submetidos às técnicas histopatológicas pelo patologista.\n• Cultura: Pode ser feita a cultura de fragmentos do tecido ou de aspirados dos bordos da lesão e de linfonodos de áreas próximas a esta.\nTRATAMENTO:\n• Antimonial pentavalente - Glucantime (antimonato de N-metilglucamina).\n• Imunoterapia com Leshvacín* Seriado.\n• Imunoterapia com Leshvacín* Associado ao BCG.\n• Imunoterapia com Leshvacín* Seriado Associado ao Glucantime*.\n• Imunoterapia com Leshvacín* Associado ao BCG e Glucantime*.\nDAVID PEREIRA NEVES. In: Parasitologia Humana, 11ª ed. - São Paulo: Editora Atheneu, 2005, cap. 08.\nREY. In: Bases de Parasitologia Médica, 2ª ed. - Editora Guanabara Koogan, 2002, cap 05.\nW. JHON SPICER. In: Bacteriologia, Micologia e Parasitologia Clínica, Editora Guanabara koogan, 2002, pág 76 Leishmaniose Tegumentar do Velho Mundo\nA leishmaniose tegumentar que ocorre no Velho Mundo é, sem dúvida, uma antiga doença do homem. Ocorre desde o Senegal, na África, até a Índia e Mongólia, Sul da França e Namíbia. Os tradicionais centro de distribuição de especiarias no passado que originaram os nomes de botão-do-oriente, botão-de-delhi, botão-de-bagdad, botão-dealepo.\nAGENTE ETIOLÓGICO:\nTrês espécies de Leishmania pertencentes ao subgênero Leishmania são conhecidas como agentes etiológicos do botão-do-oriente.\n• Leishmania (L.) tropica, Leishmania (L.) major, Leishmania (L.) aethiopica.\nMORFOLOGIA:\nSimilares a Leishmania braziliensis, se distinguem entre si e de outras espécies através do perfil eletroforético de isoenzimas e de outras técnicas na área de biologia molecular.\n• Leishmania (L.) tropica - É o agente etiológico da leishmaniose cutânea antropofótica ou urbana. Produz úlceras crônicas e indolores na pele, que podem demorar um ano ou mais para cicatrizarem espontaneamente. O período de incubação varia de dois a oito meses. Após a cura, normalmente, o paciente adquire imunidade contra reinfecções. Em uma pequena proporção de casos não ocorre a cura espontânea e pequenas lesões se desenvolvem sobre o próximo da margem da cicatriz estendendo-se insidiosamente sobre ampla área da pele.\nA úlcera é seca, de progressão lenta, habitualmente na face, e se caracteriza com atividades periféricas. Se não tratados, pode ser destrutivas e desfigurantes.\nDAVID PEREIRA NEVES. In: Parasitologia Humana, 11ª ed. - São Paulo: Editora Atheneu, 2005, cap. 09.\nREY. In: Bases de Parasitologia Médica, 2ª ed. - Editora Guanabara Koogan, 2002, cap 05. • Leishmania (L.) major - É o agente etiológico da leishmaniose cutânea zoonótica ou rural. Produzem úlceras indolores. Período de incubação é, em geral, inferior a quatro meses.\nA úlcera é úmida, e com frequência são multiplicadas, especialmente em imigrantes não-imunes.\n• Leishmania (L.) aethiopica - Este parasita do modo geral produz lesões cutâneas simples e, com menor frequência, leishmania oronasal. No entanto, pode produzir a leishmaniose cutânea difusa (LCD). Na forma LCD se disseminam pela pele, especialmente na face e áreas expostas dos membros, que muitas vezes se assemelham à hanseníase.\nA úlcera não cicatriza espontaneamente e tende a haver recaídas depois do tratamento.\nDIAGNÓSTICO:\nSemelhante ao utilizado na leishmaniose tegumentar americana.\nEPIDEMIOLOGIA:\n• Na leishmaniose cutânea antropofótica ou urbana causada pela L. tropica, o homem é considerado o único hospedeiro que mantém a infecção na natureza.\n• Na leishmaniose cutânea zoonótica ou rural causada pela L. major, a doença é mantida geralmente por reservatórios que são roedores de hábitos diurnos (Arvicanthis niloticus no oeste da África).\n• A leishmaniose cutânea por L. aethiopica ocorre principalmente em áreas montanhosas da Etiópia e Monte Elgon, no Quênia. Os hospedeiros que mantêm o parasita pertencem principalmente aos gêneros Procavia e Heterohyrax. Os vetores são P. longipes e P. pedifer.\nDAVID PEREIRA NEVES. In: Parasitologia Humana, 11ª ed. - São Paulo: Editora Atheneu, 2005, cap. 09.\nREY. In: Bases de Parasitologia Médica, 2ª ed. - Editora Guanabara Koogan, 2002, cap 05. Leishmaniose Visceral Americana\n\nA leishmaniose visceral é uma doença causa por parasitos do complexo Leishmania donovani na África, Ásia, Europa e nas Américas. Na Índia é conhecida como Kala-Azar, palavra de origem indiana com significado de “doença negra” e febre Dum-Dum.\n\nAGENTE ETIOLÓGICO:\nA leishmaniose visceral é causada, em todo mundo, por parasitos do complexo Leishmania donovani que inclui três espécies de Leishmania:\n• Leishmania (L.) donovani – Provoca o calazar, forma visceral e a leishmaniose dérmica pós calazar em adultos.\n• Leishmania (L.) infantum – Zoonose (cão, roedores, etc.) provoca a forma visceral, principalmente em crianças.\n• Leishmania (L.) chagasi – É a responsável pela forma clínica da leishmaniose visceral. Zoonose (cão, raposas, gambá, roedores), provoca a forma visceral, principalmente em crianças.\n\nASPECTOS BIOLÓGICOS:\nA morfologia das formas amastigotas, promastigotas e paramastigotas de Leishmania chagasi são semelhantes às outras formas já descritas.\n• No hospedeiro vertebrado – as formas amastigotas de L. chagasi são encontradas parasitando o sistema mononuclear fagocitário (SMF), principalmente macrófagos. No homem localiza-se em gânglios linfóides, como medula óssea, baço, fígado e linfonodos, que podem ser encontrados densamente parasitados. Além desses órgãos, podem envolver os rins, placas de Peyer no intestino, pulmões e pele. Raramente as formas amastigotas podem ser encontradas no sangue, no interior de leucócitos, na íris, na placenta e no timo.\n• No hospedeiro invertebrado – são encontradas formas amastigotas, promastigotas e paramastigotas no intestino médio e anterior do Lutzomyia longipalpis. A infecção do Lutzomyia longipalpis ocorre da mesma forma da leishmaniose americana.\n\nDAVID PEREIRA NEVES. In: Parasitologia Humana, 1st ed. – São Paulo: Editora Atheneu, 2005, cap. 10.\nREV. In: Bases de Parasitologia Médica, 2nd ed. – Editora Guanabara Koogan, 2002, pp. 69-95.\nW. JHON SPICER. In: Bacteriologia, Metodologia e Parasitologia Clínica, Editora Guanabara Koogan, 2002, pp. 76