·

Engenharia de Produção ·

Administração Financeira

Envie sua pergunta para a IA e receba a resposta na hora

Fazer Pergunta

Texto de pré-visualização

ADMINISTRAÇÃO E ECONOMIA Antonio Albano B Moreira Jackson Teixeira Bittencourt Gestão ADMINISTRAÇÃO E ECONOMIA Antonio Albano B Moreira Jackson Teixeira Bittencourt A Administração é uma ciência universal utilizada desde a criação humana na vida pessoal e coletiva para atingir resultados com recursos que estavam disponíveis sob diversas formas Os impérios as migrações os enriquecimentos e tantos outros fatores deramse a partir de práticas rudimentares ou complexas em que a Administração não era explicitamente registrada Vivemos um período de transições rápidas e radicais em todos os ramos da atividade humana São tempos difíceis para as organizações porque mudanças normalmente são traumáticas e causam perdas para aqueles que não se adaptam aos rápidos e novos tempos Principalmente hoje são essenciais o estudo a reflexão o embasamento nos princípios e fundamentos da Administração e acima de tudo agilidade e inovação Os principais temas econômicos da atualidade noticiados pela mídia nacional e internacional estão intrinsecamente relacionados com a própria existência da sociedade moderna na medida em que esses temas têm influência direta no cotidiano das pessoas Muitas vezes não conseguimos entender qual a razão de algumas medidas econômicas adotadas por nossos economistas e ou dirigentes governamentais contudo não podemos viver à margem dessas questões pois elas influenciam ou irão influenciar direta ou indiretamente a vida de todos os cidadãos Durante os capítulos adiante iremos transitar sobre conceitos básicos criar significados com base na história dos acontecimentos e ainda dialogar sobre a gestão atual e a economia brasileira Tudo isso de forma clara e objetiva Curitiba 2021 Administração e Economia Antonio Albano B Moreira Jackson Teixeira Bittencourt Ficha Catalográfica elaborada pela Editora Fael M838a Moreira Antonio Albano B Administração e economia Antonio Albano B Moreira Jackson Teixeira Bittencourt Curitiba Fael 2021 234 p 9786586557664 1 Administração 2 Economia I Bittencourt Jackson Teixeira II Título CDD 658 Direitos desta edição reservados à Fael É proibida a reprodução total ou parcial desta obra sem autorização expressa da Fael FAEL Direção Acadêmica Francisco Carlos Sardo Coordenação Editorial Angela Krainski Dallabona Revisão Editora Coletânea Projeto Gráfico Sandro Niemicz Imagem da Capa StockadobecomLookerStudio ArteFinal Hélida Garcia Fraga Sumário Carta ao Aluno 5 1 Conceitos básicos de administração e organização 7 2 Abordagem científicaclássica da administração 21 3 Teoria das relações humanas 53 4 A moderna gestão 65 5 Princípios de Economia Escassez Tradeoffs e Custo de Oportunidade Fronteira das Possibilidades de Produção Problemas Econômicos e Sistemas Econômicos 111 6 Economia de mercado modelo microeconômico demanda e seus determinantes oferta e seus determinantes equilíbrio do mercado 131 7 Moeda inflação e sistema financeiro 149 8 Políticas macroeconômicas e comércio internacional 169 9 Teoria da firma produção e custos 189 10 Economia Brasileira Contemporânea Planos de Estabilização Inserção na Globalização e os Entraves da Economia Brasileira 205 Gabarito 223 Referências 231 Prezadoa alunoa A compreensão dos fatos está ligada à aprendizagem sig nificativa quando vemos sentido naquilo que está sendo apre sentado e muitas vezes iniciamos um processo de substituição de ideias ligadas ao senso comum por conhecimentos cientí ficos A administração e a economia estão atreladas ao nosso cotidiano Em qualquer nível todos nós tomamos decisões sobre administração e economia em nossas vidas mesmo sem percebermos E aqui vale um ponto de atenção sempre cuidar para que essas decisões por mais corriqueiras que sejam não se baseiem no senso comum A melhor maneira de se evitar isso é pesquisar estudar A atividade econômica é de fundamental importância para a sobrevivência humana e para o progresso de toda sociedade Os princípios da administração e da economia são apresentados nesta obra de forma clara e concisa possibilitando reflexões sobre Carta ao Aluno 6 Administração e Economia a maneira com a qual as sociedades decidem empregar seus recursos e as consequências dessas decisões Vivenciamos um momento ímpar na história pandemia eleitos climáticos conflitos geopolíticos desigual dade inovação tecnológica inteligência artificial todos esses fatores independente se positivos ou negativos afetam diretamente a economia global e a administração de recursos e pessoas Estudar e compreender essa dinâmica tornase estratégico independente de sua área direta de atu ação ou formação Bons estudos 1 Conceitos básicos de administração e organização Temos observado nos últimos tempos algumas opiniões contrárias ao estudo da Teoria Geral da Administração a tradi cional TGA dentro dos cursos de Administração O principal argumento usado é o fato de que esse estudo versa sobre um pas sado distante e remonta ao início da formalização das organiza ções empresariais Usando dos mesmos argumentos poderíamos invalidar também o estudo da história ou mesmo dos conceitos mais bási cos de qualquer outra ciência tradicional Por exemplo podería mos deixar de estudar as operações aritméticas básicas por estas serem muito antigas e terem sido estabelecidas em um passado distante A resposta com certeza é não tanto para a matemática como para qualquer outra ciência 8 Administração e Economia É por meio das pesquisas e dos estudos que consolidaram conhe cimentos sobre como as pessoas se organizam em busca de resultados comuns e de como essas organizações podem melhorar sua eficiência e eficácia em busca desses resultados que podemos nos espelhar para melhorar o funcionamento das organizações atuais fazêlas mais competi tivas e mais importante poder fazêlas mais duráveis e sólidas Apesar de todo o avanço que se fez no estudo e na disseminação da Administração ainda temos índices muito elevados de mortalidade prematura das nossas empresas causados por falta de aplicação de conceitos administrativos já amplamente estudados e comprovados 11 A Administração atual O estudo histórico da evolução da Administração por meio da sua teoria e das várias concepções e visões surgidas ao longo do tempo embasados em estudos científicos nada mais é do que o processo da evolução de uma ciência construindo novos conhecimentos e conceitos em princípios e fundamentos já estabelecidos anteriormente O fato de na sua forma tradicional o estudo da Administração voltarse principal mente à análise das teorias administrativas baseadas e estabelecidas em realidades e organizações completamente diferentes das atuais de forma alguma invalida a utilização desses princípios e fundamentos pelas orga nizações atuais Essa evolução revela uma ciência viva e em constante atividade e desenvolvimento provocando com isso o grande desafio para os admi nistradores e organizações de aplicarem os princípios e os conceitos de modo que as organizações beneficiemse e se promova uma melhoria contínua de cada organização de forma específica e da Administração como um todo 111 A importância e o papel do administrador A Administração ou gestão e o administrador ou gestor termos com sentidos sinônimos e utilizações idênticas na sua atividade são respon sáveis por atingir os objetivos dos grupos sob sua responsabilidade e portanto estão presentes em todas as organizações tendo em vista que 9 Conceitos básicos de administração e organização são um conjunto organizado de recursos humanos físicos e monetários trabalhando organizados por meio de um sistema de processos funcionais valores políticas cultura e práticas para um objetivo comum É a partir do trabalho do gestor transformando conhecimento em ganhos que a organização chega aos seus objetivos O mundo atual caracterizado pela necessidade constante por melhores resultados exigi dos às organizações sejam elas públicas privadas ou de caráter social leva à pressão por uma constante melhoria dos processos organizacionais e da produtividade aos seus gestores O esforço em atingir esses resul tados não é o foco da gestão mas sim o resultado alcançado mediante este esforço NOBREGA 2004 Caracterizase então o papel do administrador ou gestor como pode ser denominado como a busca constante pela melhoria na produtividade e nos resultados das suas organizações ou setores de uma organização por meio da otimização da utilização de todos os recursos e processos colo cados à sua disposição no alcance dos objetivos propostos Dessa forma geral verificamos que a presença de um administrador ou gestor se faz necessária em qualquer tipo de organização organismo ou grupo social definido com um objetivo comum estabelecido Por isso enfatizamos a importância do estudo dos princípios e fun damentos históricos não só para entender o passado mas também para a aplicação de tais elementos garantindo assim resultados semelhantes NOBREGA 2004 Sabemos que os princípios básicos de uma ciência são estes mesmas condições mesmos processos mesmos componentes darão o mesmo resultado sob as mesmas condições ambientais Sob esse enfoque amplo descrito anteriormente o papel do admi nistrador adquire importância dentro das empresas já que é dele que se espera o planejamento das estratégias e das ações empresariais o acom panhamento diário dessas ações estabelecidas e quanto elas estão contri buindo para os objetivos propostos a gestão dos recursos financeiros nas suas especificidades dos recebimentos pagamentos financiamentos e aplicações dos recursos materiais envolvendo máquinas equipamen tos edifícios e matériasprimas e a sua compra manutenção e venda a gestão de todos os aspectos que envolvem a gestão dos recursos huma 10 Administração e Economia nos da organização seleção recrutamento relacionamentos interpesso ais análise da satisfação treinamento e demissão de funcionários Por tanto o campo de atuação do administrador é bastante amplo e variado cabendo hoje diversas atividades relacionadas e correlatas a um admi nistrador profissional De forma mais resumida podemos afirmar que a Administração trata da condução das organizações lucrativas ou não lucrativas de uma forma racional das suas atividades E essa condução deve ocorrer mediante o planejamento a organização a direção e o controle de todas as atividades que ocorrem em uma organização decorrentes de uma diferenciação e divisão do trabalho CHIAVENATO 2004 Apesar de recentes no Brasil os cursos de Administração são relati vamente antigos nos Estados Unidos tendo ali surgido no fim do século XIX na Wharton School em 1881 Enquanto já havia formadose algo em torno de 50 mil administradores 4 mil mestres e 100 doutores nos EUA surgia em 1952 o início do estudo da Administração no Brasil FEA USP 2012 Não é mera coincidência a criação das escolas de Administração no Brasil e o início dos períodos do processo de desenvolvimento no país Inicialmente de forma tímida no período Vargas e mais concre tamente no governo Juscelino O início da industrialização e o cres cimento das empresas geram uma necessidade muito grande de um contingente de mão de obra qualificada para gerir essas empresas e ocupar cargos intermediários de gestão Essa necessidade de profissio nais qualificados gera a necessidade da formação de administradores profissionais por meio do ensino formal profissional da Administra ção O início desse ensino foi marcado pela criação da Fundação Getu lio Vargas FGV e da FEAUSP FEAUSP 2012 Atualmente o estudo profissional da Administração está amplamente difundido e solidificado A profissão de administrador é regulamentada mediante a Lei n 47691965 e sua atividade registrada e fiscalizada por meio dos Conselhos profissionais estaduais e o federal o Conselho Regio nal de Administração CRA em nível estadual e o Conselho Federal de Administração CFA em nível federal 11 Conceitos básicos de administração e organização 112 As organizações atuais e o administrador Se de alguma forma a grande diversidade de organizações presentes no mundo atual poderia levar a crer em uma dificuldade de adaptação interna do administrador a cada uma delas e às suas especificidades e heterogenei dades isso não ocorre devido ao fato de que o papel do administrador é determinado e estabelecido como a definição das estratégias o diagnóstico das situações e dos problemas a priorização e a alocação dos recursos o planejamento da sua aplicação e a criação de diferenciais competitivos por meio da inovação de processos e produtos CHIAVENATO 2004 Mesmo considerando todas as diversificações de tamanho estrutura características tipos de produtos ou processos as organizações podem ser classificadas em dois grandes grupos lucrativas as chamadas empresas privadas e as não lucrativas aí incluindo um grande leque de organiza ções desde as filantrópicas ONGs igrejas até os serviços públicos exér cito etc Por outro lado percebemos que a procura por profissionais com petentes da Administração focados em resultados aumenta em função da alta competição que o mundo globalizado provocou em todos os setores da economia Desde as pequenas empresas até os grandes grupos multina cionais todas as organizações devem buscar suas vantagens competitivas e seus diferenciais sob a liderança de administradores competentes Dentro desse leque variado e extenso de organizações e cargos nelas existentes o administrador deve procurar na sua formação adquirir deter minadas habilidades que o levem a se destacar perante seus pares e a gal gar cargos nas estruturas das organizações Essas habilidades podem ser divididas em três grandes grupos CHIAVENATO 2004 2 Habilidades técnicas são aquelas decorrentes do conhecimento e da experiência profissional e são a implantação de métodos téc nicas e processos para a realização das tarefas é o fazer 2 Habilidades humanas relacionadas ao convívio social com seus colegas É a capacidade de trabalhar em equipe e de propor soluções à interação à liderança e à resolução de conflitos 2 Habilidade conceitual referese à capacidade de abstra ção de visualizar o futuro de tomar decisões por meio do 12 Administração e Economia raciocínio e do diagnóstico das situações e alternativas dis poníveis de interpretar o ambiente os dados disponíveis a missão da organização e poder levála a novos horizontes e a novos patamares de eficácia e produtividade otimizando recursos e aproveitando oportunidades De acordo com o crescimento que o administrador terá dentro da estrutura hierárquica essas três habilidades serão exigidas de forma diferente Partindo do nível operacional temos aqui um forte predo mínio e necessidade das habilidades técnicas os conhecimentos e os métodos são as exigências dos cargos de supervisão ainda muito ligados ao acompanhamento e ao controle das atividades operacionais e com fraca presença da aplicação das habilidades humanas Conforme o admi nistrador sobe na escala hierárquica as atividades operacionais ficam mais distantes e logo ele precisa aplicar suas habilidades humanas de liderança resolução de conflitos e de trabalho em equipe Esse nível caracterizase pelos cargos de gerência intermediária é o chamado nível tático da organização No nível mais alto da organização a alta direção temos uma forte presença da necessidade de habilidades con ceituais É o predomínio das ideias da abstração das tomadas de decisão estratégicas que envolvem toda a organização e uma perspectiva de médio e longo prazo na sua maioria Paralelamente ao desenvolvimento dessas habilidades exigese do administrador três tipos de competências no exercício da sua atividade Essas competências devem ser duráveis e constituir a base sólida da atu ação do profissional porque as rápidas mudanças a que as empresas são expostas não devem provocar a sua obsolescência CHIAVENATO 2004 Para isso o administrador deve orientar sua competência dentro de linhas mestras duráveis o conhecimento seu referencial sua base de decisão sua experiência profissional e não deve estar estagnado e imutável O profissional deste século deve estar em constante aprendizado e ter a capacidade do aprender a aprender a habilidade de colocar seu conheci mento em prática o saber fazer e aplicar Deve ainda ter a capacidade de identificar dentro da sua bagagem cognitiva quais elementos podem ser 13 Conceitos básicos de administração e organização aplicados em cada caso e em cada desafio da sua carreira e ter a segurança nessa aplicação Por último é necessária uma competência comportamen tal ou atitude para poder interagir com o mundo que o rodeia liderar suas equipes no alcance dos objetivos estabelecer o ritmo e o estilo de trabalho que vai ser observado imitado e seguido É a forma como as outras duas habilidades anteriores são colocadas para o grupo e os outros Essas três competências são as guias mestras que nortearão a carreira do administra dor rumo ao sucesso e ao topo da organização Saiba mais Henry Mintzberg norteamericano nascido em 2 de setembro de 1939 é PhD em Administração É autor e acadêmico referên cia na Administração com vários estudos e livros relacionados às funções de gerência administração e análises sobre as fun ções dessa área Para além das competências relacionadas Mintzberg em seus estu dos identificou e catalogou dez papéis executados pelo administrador catalogados em três grupos classificatórios interpessoais informacionais e decisórios apud CHIAVENATO 2004 Os papéis interpessoais são aqueles que se relacionam com as pessoas como o próprio nome indica Eles se referem à forma como o administrador se relaciona com as pessoas e as influencia em decorrência das suas habilidades humanas Os papéis informacionais têm a ver com as informações com as quais o administrador lida com a rede de informações que ele precisa montar seu desenvolvimento e manutenção bem como à forma como ele troca essas informações com seus colegas Os papéis decisórios relacionamse na forma como o administrador toma decisões escolhe opções processa e usa as informações e também como põe em prática suas habilidades huma nas e de relacionamento interpessoal Podemos ver no quadro 11 os dez papéis do administrador a classificação desses três grupos de papéis e seus componentes mais simples 14 Administração e Economia Quadro 11 Os dez papéis do administrador Categoria Papel Atividade Interpessoal Representação Assume deveres cerimoniais e simbó licos representa a organização acom panha visitantes assina documentos legais Liderança Dirige e motiva pessoas treina acon selha orienta e se comunica com os subordinados Ligação Mantém redes de comunicação dentro e fora da organização usa malotes tele fonemas e reuniões Informacional Monitoração Manda e recebe informação lê revistas e relatórios e mantém contatos pesso ais Disseminação Envia informação para os membros de outras organizações envia memoran dos e relatórios telefonemas e contatos Portavoz Transmite informações para pessoas de fora através de conversas relatórios e memorandos Decisorial Empreen dimento Inicia projetos identifica novas ideias assume riscos delega responsabilida des de ideias para outros Resolução de conflitos Toma ação corretiva em disputas ou crise resolve conflitos entre subordina dos adapta o grupo a crises e mudan ças Alocação de recursos Decide a quem atribui recursos Pro grama orça e estabelece prioridades Negociação Representa os interesses da organização em negociações com sindicatos em vendas compras ou financiamentos Fonte Chiavenato 2004 p 5 15 Conceitos básicos de administração e organização Quadro 12 Os dez papéis do administrador Categoria Papel Atividade Interpessoal Representação Assume deveres cerimoniais e simbóli cos representa a organização acompa nha visitantes assina documentos legais Liderança Dirige e motiva pessoas treina aconse lha orienta e se comunica com os subor dinados Ligação Mantém redes de comunicação dentro e fora da organização usa malotes telefo nemas e reuniões Informacional Monitoração Manda e recebe informação lê revistas e relatórios e mantém contatos pessoais Disseminação Envia informação para os membros de outras organizações envia memorandos e relatórios telefonemas e contatos Portavoz Transmite informações para pessoas de fora através de conversas relatórios e memorandos Decisorial Empreendi mento Inicia projetos identifica novas ideias assume riscos delega responsabilidades de ideias para outros Resolução de conflitos Toma ação corretiva em disputas ou crise resolve conflitos entre subordina dos adapta o grupo a crises e mudanças Alocação de recursos Decide a quem atribui recursos Pro grama orça e estabelece prioridades Negociação Representa os interesses da organização em negociações com sindicatos em vendas compras ou financiamentos Fonte Chiavenato 2004 p 5 16 Administração e Economia 12 Origem histórica da Administração Mesmo que só recentemente tenha sido formalizada a profissão de administrador e a Administração estabelecidose como uma ciência as funções e os princípios administrativos já estão presentes desde a forma ção dos pri meiros grupos humanos Nos diversos registros da história da humanidade na sua evolução e principalmente na sua organização em sociedade de alguma forma estiveram presentes competências adminis trativas para que essas ações ou sociedades organizadas tivessem sucesso 121 A Administração através dos tempos A necessidade da caçada em grupo dos antigos homens há milhões de anos levouos a organizaremse de forma a obter o melhor resultado nas suas empreitadas e a registrar suas experiências e táticas para que em futuras caçadas usassem os mesmos modelos de sucesso como ficou registrado em pinturas conservadas em várias cavernas da Europa Mais recente que nossos ancestrais rupestres da mesma forma 4 mil anos aC os egípcios demonstraram alta utilização das funções da gestão para o sucesso na construção das suas pirâmides utilização tão eficaz que até hoje discutese qual organização e gestão utilizadas e a forma como elas foram construídas além de se reconhecer que uma alta competência de planejamento organização e controle da gestão egípcia se fez presente nessas construções Várias outras demonstrações de conceitos de gestão até hoje usados estão presentes em registros históricos Na Bíblia encontramos o regis tro de Moisés como um gestor ao vêlo seguir os conselhos de Jatro seu sogro sobre a forma como organizar as tribos judaicas estrutural mente e hierarquicamente e como funcionaria o processo de comando e de comunicação entre ele os líderes das tribos e todos os seus compo nentes Ali ele já aplicaria os conceitos da delegação pois concedeulhes a autoridade da tomada de decisões como seus representantes diretos Limitando a autoridade desses chefes a assuntos mais simples cabendo à autoridade dos assuntos mais complexos a si próprio por meio de um processo de comunicação na estrutura hierárquica estaria ou não Moisés 17 Conceitos básicos de administração e organização aplicando princípios de estruturação organizacional que muitos séculos depois foram formalizados em manuais organogramas e fluxogramas até hoje usados em todas as organizações Com certeza podemos afirmar que sim Podemos afirmar também que a Administração da forma como a vemos hoje começou nesses antigos modelos de estruturação e gestão CHIAVENATO 2004 Várias outras demonstrações da aplicação de princípios e práticas administrativas foram registradas ao longo dos séculos e em variados lugares do planeta tendo sempre em comum a preocupação da organiza ção do controle da produtividade e da maximização dos recursos utiliza dos Podemos verificar esses fatos históricos no quadro 12 que trata da linha do tempo da Administração a seguir Ao longo do tempo têm sido sempre muito presentes as funções da Administração principalmente as militares e religiosas em que se fazem necessárias organização e hierarquia muito formais além de uma definição muito clara de funções A Administração ganhou muito das experiências militar e religiosa e seus conceitos bemsucedidos Ainda hoje temos muito presentes nas nossas organizações formas e similaridades herdadas prin cipalmente da organização militar e mais especificamente dos exércitos Individualmente também observamos essa presença A partir da necessidade da execução da mais simples tarefa humana diária qual a sequência das tarefas domésticas a executar como elaborar uma receita culinária ou qual o trajeto a fazer para otimizar minhas tarefas na rua etc Algumas das funções básicas da Administração estarão presentes caso o objetivo seja a otimização e o sucesso nessas tarefas sejam elas o plane jamento da sequência correta das tarefas a executar a verificação sobre se existem os componentes certos da receita e a quantidade certa ou qual o tempo gasto para o deslocamento de um lugar a outro para poder chegar aos compromissos a tempo O estudo e a aplicação da gestão estão presentes de forma mais sim ples nos aspetos mais práticos e corriqueiros da vida humana a sua apli cação consciente trará imensos benefícios na busca do sucesso pessoal e profissional mediante planejamento pessoal ou da carreira organização de tempo e recursos execução do planejado e no aspecto mais prático a otimização de recursos financeiros 18 Administração e Economia Quadro 13 Linha do tempo da Administração Período e local Evento 3000 aC Mesopotâmia Civilização suméria Escrituração de operações comer ciais Primeiros dirigentes e funcionários administrativos profissionais Século XXVI aC Egito Construção da Grande Pirâmide Evidências de planeja mento organização e controle sofisticados Século XXIV aC China O Imperador Yao usa o princípio da assessoria para diri gir o país de forma descentralizada Século XVIII aC Babilônia Código de Hamurabi Escrituração meticulosa de opera ções Evidências de ênfase no controle Século XVI aC Egito Descentralização do reino Logística militar para a prote ção das províncias Século XII aC China Constituição da Dinastia Chow Século VIII aC Roma Começo do Império Romano que duraria 12 séculos Os embriões de todas as instituições administrativas moder nas são criados nesse período Século VI aC China Confúcio expõe uma doutrina sobre o comportamento ético dos cidadãos e dos governantes Século V aC China Mêncio procura sistematizar princípios de administração Século V aC Grécia Democracia ética qualidade método científico teoriza ção e outras ideias fundamentais Século IV aC China SunTzu prescreve princípios de estratégia e comporta mento gerencial Século III aC Roma O exército romano é o modelo para os exércitos nos séculos seguintes Esse modelo influenciaria outros tipos de organizações 1494 Gênova Luca Pacioli divulga o sistema de partidas dobradas para escrituração contábil no livro Summa de Arithmetica Geo metria Proportioni et Proportionalità Obras completas de aritmética geometria proporções e proporcionalidades 19 Conceitos básicos de administração e organização Período e local Evento Século XVI Veneza O Arsenal de Veneza usa contabilidade de custos nume ração de peças inventariadas peças padronizadas e inter cambiáveis e técnicas de administração de suprimentos O Arsenal também utiliza uma linha de montagem para equipar os navios Em 1574 durante uma visita de Hen rique III da França um navio foi montado equipado e posto ao mar em uma hora Século XVI Florença Maquiavel publica O príncipe um tratado sobre a arte de governar em que são enunciadas as capacidades do dirigente Meados do século XVIII Inglaterra Início da Revolução Industrial 1776 Inglaterra A riqueza das nações de Adam Smith descreve e elogia o princípio da divisão do trabalho e a especialização dos trabalhadores Final do século XVIII Europa e Estados Unidos Desenvolvese a produção baseada em peças padroniza das e intercambiáveis 1810 Escócia Robert Owen inicia uma experiência de administração humanista na fiação New Lanark Início do século XIX França Primeiros sistemas de participação nos resultados para os trabalhadores Início do século XIX Inglaterra Primeiros sindicatos de trabalhadores Final do século XIX Alemanha Wilhelm Wundt cria a psicologia experimental 1881 Esta dos Unidos Joseph Wharton funda a primeira faculdade de Admi nistração Final do século XIX até os anos 10 do século XX Estados Unidos Movimento da Administração Científica Fonte adaptado de Maximiano 2010 p 15 20 Administração e Economia Da teoria para a prática A necessidade da aplicação dos conceitos e funções da Administra ção está presente em todos os setores da atividade humana Isso se torna evidente na forma como a aplicação desses conceitos e funções leva ao sucesso determinadas organizações ou atividades ou como a falta ou má execução dessas funções faz com que os resultados pretendidos não sejam alcançados Para que sejam evidenciadas tais premissas propomos a verificação durante um período relativamente curto por exemplo uma semana da presença da necessidade ou mesmo da falta de conceitos e aplicação das funções básicas do administrador prever planejar organi zar controlar e avaliar por meio da observação de notícias emitidas pelos meios de comunicação de massa bem como dos resultados apresentados pelas organizações em geral Podem ser observados por exemplo os índi ces de mortalidade das empresas brasileiras e as suas causas relativas à falta da aplicação tanto de princípios da Administração quanto das fun ções administrativas Síntese Mesmo que tenham evoluído ao longo da história do homem em sociedade os princípios fundamentos e conceitos básicos da Adminis tração sempre estiveram presentes e exerceram influência sobre a sobre vivência e sucesso das organizações Em parte ou na sua totalidade as funções administrativas de prever planejar organizar controlar e avaliar estiveram e ainda estão presentes na atividade do administrador Essas funções bem como as competências básicas necessárias relativas aos conhecimentos exigidos ao cargo as habilidades em transformar esses conhecimentos em prática o comportamento determinado em melhorar e inovar mais os dez papéis exigidos ao administrador catalogados por Mintzberg nas categorias de papéis da interpessoalidade da relação infor macional e da relativa às tomadas de decisão são fundamentais a todas as organizações lucrativas ou não lucrativas para que atinjam os resultados pretendidos mediante eficaz utilização de todos os recursos disponibiliza dos ao administrador 2 Abordagem científicaclássica da administração A partir dessa situação geral que se vivia no mundo indus trial da época mais a intensa concorrência no mercado a neces sidade de estudos sobre como melhorar tal situação forma uma consequência natural Assim surgiram paralelamente nos EUA por meio de Frederick Taylor e na Europa com Henri Fayol os primeiros princípios e estudos para o estabelecimento da ciência da Administração 21 Administração Científica A partir da implantação do racionalismo de Descartes que estabelecia o poder da razão e do método para a resolução de todos os problemas e negando todo o conhecimento empírico os ramos da ciência passaram a substituir o conhecimento tradicio nal pelo racional e com isso a formalizar as bases científicas dos diversos ramos do conhecimento No entanto o trabalho indus trial ainda não tinha sido atingido pelo processo de racionaliza 22 Administração e Economia ção já estabelecido nas outras ciências Com o panorama geral de insatis fação e desorganização existentes nesse ambiente estavam estabelecidas as condições para que surgissem esses estudos A Abordagem Clássica na sua vertente da Administração Científica focou seus estudos e observações na busca da eficiência máxima na exe cução das tarefas fabris e na melhor forma para sua execução O papel do administrador era mediante observação dos tempos e movimentos e padronização achar a eficiência máxima da operação 211 Taylor e a ciência da Administração O principal expoente do início da Administração Científica foi o engenheiro Frederick Winslow Taylor 18561915 Independente de se considerar Taylor como seu criador o movimento da Administração Científica teve a participação de várias outras pessoas que trabalharam na busca da resolução dos problemas da época já citados e na obtenção de eficiência e produtividade por meio de bases científicas com princí pios e técnicas que poderiam ser sistematizadas e utilizadas por todas as organizações MAXIMIANO 2010 Apesar de esses estudiosos terem contribuído muito com o desenvolvimento da Administração Científica todos eles destacavam a liderança de Taylor nesse movimento a qual foi reforçada pela importância de suas contribuições e estudos no processo de estabelecimento da Administração como ciência Devemos destacar também que algumas das bases do movimento da Administração Científica como a divisão do trabalho a especialização das tarefas e os problemas da produção em massa já tinham sido salien tados e detectados por Adam Smith em seu livro A riqueza das Nações em 1776 Toda essa base histórica mais a situação das empresas encon traram em Taylor a mente brilhante o espírito de observação e a grande experiência em fábrica capazes de observar e definir os problemas que se viviam nos ambientes fabris da época Seu gosto por esse ambiente o fez trocar a tradição familiar da advocacia e iniciar uma carreira industrial bemsucedida que o levou de simples trabalhador a engenheiro chefe em 12 anos Paralelamente à sua ascensão no trabalho o gosto pela indústria o levou a estudar na parte da noite engenharia área em que teve uma car 23 Abordagem científicaclássica da administração reira também brilhante obtendo o título de mestre Ele chegou a ter várias invenções patenteadas comprovando o brilhantismo da sua capacidade Na sua carreira como engenheiro Taylor pôde observar os proble mas vividos na época Sobressaindo entre vários os listados a seguir MAXIMIANO 2010 2 Falta de clareza e noção das responsabilidades entre trabalhadores por parte da Administração e quais tarefas lhe eram atribuídas 2 Salários fixos que provocavam a desmotivação dos trabalhado res em produzir mais 2 Trabalhadores deixavam de cumprir suas responsabilidades 2 Falta de embasamento na tomada de decisão por parte dos admi nistradores baseandose em opiniões e intuição 2 Falta de coordenação nas atividades interdepartamentais 2 Trabalhadores não treinados e sem aptidão para as tarefas que lhes eram designadas 2 Falta de visão estratégica dos gerentes no sentido de que um melhor desempenho e a busca por excelência em todos os níveis levaria a uma melhor performance empresarial e consequente mente a retribuições a eles e seus operários 2 Falta de padrões operacionais provocava conflitos entre operários e capatazes em função de divergência de resultados da produção Esses problemas comuns nas empresas da época e que ainda pode mos observar em muitas empresas atuais tornaramse uma preocupação para Taylor ao longo da sua carreira e o levaram a várias observações e experiências no sentido da sua resolução Reflita Quando são apontados os problemas existentes nas empre sas e mais especificamente nas indústrias do início do século passado e que levaram à criação da Ciência da Administração podemos pensar que esse tipo de problema não existe nas orga 24 Administração e Economia nizações atuais O que observamos contudo é muitas pequenas e microempresas e algumas médias até viverem ambientes com a configuração de problemas semelhantes aos encontrados por Taylor e seus pares Já que se estabeleceram alguns princí pios naquela época para resolver tais problemas por que não utilizar as mesmas soluções propostas por Taylor nas empresas atuais para solucionálos Como não poderia deixar de ser em função dos problemas da Admi nistração do período serem eminentemente fabris o movimento da Admi nistração Científica surgiu na Sociedade Americana de Engenheiros insti tuição presidida por Taylor em determinada época A ideia central do movimento da Administração Científica foi a orga nização racional do trabalho visando eliminar o empirismo aos diferen tes processos de trabalho Por meio da uniformidade de interesses entre patrões e empregados e da aplicação dos princípios da racionalização do trabalho ambos poderiam ganhar o máximo possível As bases conceitu ais que apoiaram o movimento são destacadas a seguir 2 O homem visto como uma máquina eminentemente racional e que sempre toma as decisões mais apropriadas à solução do p roblema maximizando assim os resultados Movido basica mente por incentivos financeiros e recompensas por isso se estabeleceriam bases padronizadas de incentivos É impor tante referir que na época consideravase o homem como vadio totalmente interesseiro e sem motivação para o tra balho fazendoo apenas porque poderia sem as recompen sas salariais e incentivos de produtividade morrer de fome Esse conceito é classificado como Homo economicus ou homem econômico e vinha provocando um posicionamento por parte da Administração em um sentimento de imputação de culpa ao operário de todos os males que aconteciam nas fábricas e em uma isenção dos gerentes quanto a essa respon sabilidade Ao longo do tempo e com a evolução das outras ciências sociais principalmente da psicologia e da evolução 25 Abordagem científicaclássica da administração do homem em sociedade poderemos observar a correspon dente evolução do conceito do homem e seu posicionamento perante as organizações 2 O estudo minucioso de tempos e movimentos repetitivos exe cutados pelos operários nos seus trabalhos A partir desse estudo encontrar a melhor maneira de executar a tarefa enfo cando quase em totalidade as tarefas a serem executadas para construir a partir daí o restante da organização fabril e das recompensas salariais 2 Criação dos métodos de trabalho que levassem ao desempenho máximo em cada tarefa incluindose nisso as máquinas mais indicadas a cada operação 2 Paralelamente ao estudo das tarefas e do melhor método de executálas a análise da fadiga humana decorrente da execução repetitiva e prolongada dessas tarefas 2 A especialização do operário a partir de uma divisão racional do trabalho a ser executado Sendo estabelecida a especiali zação exigida ao trabalhador a seleção adequada dos traba lhadores seria mais fácil e o seu treinamento em cada tarefa uma consequência racional 2 Uma decorrência da divisão do trabalho foi a organização da estrutura fabril em cargos e a definição das tarefas de responsa bilidade desses cargos eliminando assim alguns dos problemas existentes na época da indefinição de responsabilidades e falta de comando 2 Estabelecimento de prêmios de produção e incentivos salariais em função da definição clara das tarefas dos métodos de traba lho e tempos e movimentos Com esses elementos era possível a definição de padrões de produtividade 2 Criação das condições ambientais físicas necessárias ao bom andamento do trabalho e à sua melhor execução por parte do operário Em decorrência do estudo dos condicionantes da fadiga humana na tarefa seriam proporcionadas as melhores 26 Administração e Economia condições de conforto físico para que o operário pudesse produ zir o máximo possível 2 Definição da supervisão funcional com clarificação do alcance e a necessária especialização e conhecimento do supervisor para cada tarefa a ser supervisionada Essas foram portanto as ideias que nortearam e sustentaram a racionalização da Administração e estabeleceram um método cientí fico no estudo da área o que fundamentou o seu reconhecimento como ciência A busca final da Administração Científica foi a da eficiência máxima das operações mediante a padronização de tempos e movimen tos executados pelos operários A padronização aconteceria por meio da divisão do trabalho mais detalhada possível e do estudo dos tempos e movimentos necessários para a execução das tarefas decorrentes dessa divisão sempre buscando a mais eficiente forma de execução A partir dessa padronização ocorreria a seleção o treinamento e os pagamentos dos incentivos dos operários 212 Princípios organizacionais Apesar do foco inicial dos estudos de Taylor e da Sociedade Ameri cana de Engenheiros Mecânicos ser a resolução do problema dos salários com a evolução dos estudos foi percebido que o problema da remuneração dos operários sua produtividade e a consequente premiação e incentivo à melhoria da produção era apenas um daqueles com que se debatiam as indústrias da época A análise mais profunda da situação vigente permitiu perceber outras variáveis influenciadoras e ampliar a visão do problema Como pode ser observado na figura 21 que aborda os três momentos da Administração Científica o movimento para a formação de tal Adminis tração se dividiu em três fases distintas saindo do enfoque na produtivi dade e na remuneração dos operários para o estabelecimento e a consolida ção dos princípios norteadores da Administração Científica substituindo os velhos métodos de trabalho empíricos e assim ampliando o enfoque do chão de fábrica pressuposto inicial dos estudos para as organizações como um todo Por exemplo a recomendação da dissociação da tarefa 27 Abordagem científicaclássica da administração de planejar da atividade produtiva tornandoa mais global e formalizada MAXIMINIANO 2006 Figura 21 Três momentos da Administração Científica Primeira fase Segunda fase Ù Ataque ao problema dos salários Ù Estudo sis temático do tempo Ù Definição de tempos padrão Ù Sistema de administração de tarefas Ù Aplicação de escopo da tarefa para a administração Ù Definição de princípios de administração do trabalho Ù Consolidação dos princípios Ù Proposição de divisão de autoridade e responsabili dades dentro da empresa Ù Distinção entre técnicas e princípios Terceira fase Fonte Maximiano 2010 p 54 Os princípios estabelecidos na época como a base de toda a Admi nistração tiveram a participação de vários estudiosos e formaram muitos outros mas alguns ficaram mais presentes Taylor salientou quatro mas deixou registrados muitos outros decorrentes ou complementares a estes 1 princípio do planejamento o método empírico usado na época e comandado pela vontade do operário deveria ser substi tuído por um planejamento rigoroso das tarefas a serem executa das estabelecendo um método científico de trabalho para todas as tarefas 2 princípio de preparo a partir do estabelecimento do melhor método para a realização de cada tarefa o passo seguinte deveria ser a escolha científica do trabalhador mais indicado a executar essa tarefa de acordo com sua habilidade e treinálo adequadamente para que pudesse atingir a produtividade máxima estabelecida no método determinado Além da atenção na máxima e melhor exe cução das tarefas pelos operários estabeleceuse nesse princípio também uma atenção na escolha na preparação e na disposição das 28 Administração e Economia máquinas dentro da fábrica da maneira mais científica para que se pudesse ter a máxima produtividade e a menor perda de tempo entre tarefas e movimentações dos materiais 3 princípio da execução a execução das tarefas feita da melhor e mais produtiva maneira exigia que elas fossem distribuídas e as responsabilidades determinadas aos operários 4 princípio do controle tendo o método sido estabelecido os operários bem escolhidos e treinados as tarefas distribuídas o passo seguinte mais lógico é a verificação da execução das tarefas a qual deve seguir os padrões estabelecidos e o que foi planejado anteriormente Reflita Será que hoje esses princípios já estão solidificados e ampla mente aplicados em todos os ambientes fabris das micro e pequenas empresas às grandes Não estariam aqui os primórdios das nossas normas de produ ção com qualidade Para além desses quatro princípios mais importantes outros foram estabelecidos e que ou eram essenciais aos quatro principais ou eram sua decorrência de forma mais detalhada 1 Decompor todas as atividades a serem exercidas pelos operá rios nas suas mais elementares operações sua análise estudo e medição dos tempos gastos em cada movimento O objetivo era estabelecer a melhor maneira com os movimentos mais rápido e econômicos verificando assim a forma como os operários deveriam executar cada tarefa de maneira minuciosa 2 Selecionar os trabalhadores para cada tarefa a ser executada em função dos tempos e movimentos estabelecidos como padrão de forma mais científica possível 29 Abordagem científicaclássica da administração 3 Especializar treinar e instruir os trabalhadores de maneira que eles fossem capazes de executar as operações da forma como foram estabelecidas anteriormente 4 Separar as funções operacionais de preparação e operação 5 Engajar os operários na busca da produtividade e no alcance dos padrões de produção estabelecidos por meio de incentivos e prê mios de produção maiores caso estes fossem ultrapassados 6 Planejar e preparar a produção tanto estabelecendo metas de produção métodos e processos de execução tempos de prepa ração das máquinas como determinando máquinas ferramentas equipamentos e todos os recursos necessários para a melhor exe cução da produção 7 As vantagens resultantes da racionalização do trabalho divi didas proporcionalmente a todos os interessados patrão ope rários e clientes 8 Manter a execução do trabalho nos níveis pretendidos melhorá lo e corrigilo por meio de controle 9 Organizar os processos equipamentos e matérias necessários à produção em uma classificação otimizada ao seu uso Como pudemos observar esses princípios se concentram mais no estudo do trabalho e na especialização e controle da melhor maneira de realizar as tarefas Talvez em decorrência de os estudos terem sido fei tos na Sociedade Americana de Engenheiros e mais especificamente por Taylor um mestre em engenharia a Abordagem Clássica na sua vertente da Administração Científica ficou portanto conhecida como a Aborda gem Científica focada nas tarefas e na melhor forma da sua execução 213 Avaliação da Administração Científica Não obstante o grande avanço que as empresas obtiveram com a utilização dos princípios da Administração Científica como não poderia deixar de acontecer esta recebeu pesadas críticas quanto à sua implan tação e abordagem 30 Administração e Economia Com a total racionalização da operação fabril foram obtidos enormes ganhos de produtividade eliminação de desperdícios e redução de custos além disso o grande ganho da possibilidade de uma produção em massa o que contribuía em larga escala para a redução de custos da manufatura Essa redução de custos permitiu que os bens manufaturados chegassem ao mercado com preços mais baixos sem comprometer os ganhos dos ope rários como vinha acontecendo até então Para se obter um custo mais baixo o caminho natural vinha sendo baixar os salários dos operários até então a principal causa de todos os males das organizações A Administração Científica veio introduzir um novo conceito indus trial a era da máquina e da produção em massa A total racionalização mecanicismo e estudo de tempos e métodos nos mínimos detalhes era a regra geral a ser aplicada para tudo E quando se falava tudo incluíamse também os operários vistos única e simplesmente como recursos forne cedores da mão de obra capaz de fazer funcionar as máquinas ou outros equipamentos e que consequentemente deveriam ter comportamentos semelhantes às máquinas sempre repetidos da mesma forma otimizada e evitar sinais de fadiga que pudessem provocar mudança de ritmo de trabalho ou fazer movimentos fora dos preestabelecidos Daí o rótulo de mecanicista a esse movimento A empresa e tudo a ela relacionado resumiamse a uma organização rígida racional e padronizada em perfeita sincronia como engrenagens de uma máquina Aqui notamos que a atenção aos aspectos subjetivos do ser humano como suas emoções sentimentos e as necessidades sociais foi rele gada a um segundo plano apenas com foco na produtividade Como expoente crítico nessa priorização da força do trabalho físico do elemento humano das empresas da época temos o filme Tempos modernos de Charlie Chaplin Dica de filme Para entender melhor o ambiente em que se vivia na época da implantação dos princípios da Administração Científica indica mos filme Tempos modernos de Charlie Chaplin no YouTube no link httpyoutubeDkpovzYBT8 Observe que um filme produzido em 1936 mantémse atual confrontandonos com 31 Abordagem científicaclássica da administração uma comparação encontrada em algumas empresas já logo na abertura Algumas das situações apresentadas e ridicularizadas estão presentes nas observações críticas das posições contrárias aos postulados da Administração Científica TEMPOS modernos Disponível em httpwwwyoutube comwatchvDkpovzYBT8featureyoutube Acesso em 11 jul 2012 Os próprios operários também começaram a se insurgir por meio dos sindicatos e com greves contra os altos tempospadrão que eram estabe lecidos como metas de produção a grande repetição de movimentos e o trabalho apenas mecânico e sem qualquer significação pessoal que eles exe cutavam fazendo dar errado uma das principais premissas estabelecidas por Taylor de que os princípios da Administração iriam harmonizar as relações entre patrões e operários Essa revolta tomou proporções tão grandes que o Congresso Americano mandou investigar o que estava se passando Outra crítica feita ao movimento foi a de que dividindo as tarefas na sua composição de movimentos mais elementares possíveis e treinando os operários nessas pequenas tarefas estaria provocandose uma especia lização de tal modo detalhada que ao operário não restaria mais nenhuma qualificação da tarefa bastava ser treinado de forma exclusiva na tarefa que iria executar MAXIMIANO 2010 A visão muito elementar do papel do ser humano na organização eliminava totalmente os elementos sociais inerentes aos funcionários atuando em grupo O que interessava para a organização era apenas a capacidade física do operário posta em atividade em conjunto com as máquinas Em complemento levantouse a crítica de que eram postos de lado os aspectos informais da organização bem como a vida social dos trabalhadores Apesar de o próprio nome Administração Científica conter o aspecto ciência na sua composição foram levantadas muitas críticas de que esse movimento não poderia ser considerado uma ciência porque não continha todos os elementos necessários a uma comprovação científica a pesquisa e a experimentação científica de comprovação das teses 32 Administração e Economia Mesmo existindo outros tipos de atividades nas empresas a limitação do campo de aplicação da Administração Científica no ambiente fabril foi motivo de críticas também A formação de engenheiro de Taylor e sua experiência essencialmente industrial provocaram o estreitamento do foco ao ambiente fabril O tipo de proposta apresentado pela Administração Científica deuse essencialmente no sentido de estabelecer princípios sobre como deveria funcionar a produção Uma série de receitas prescrições e normas padro nizando a forma como deveria funcionar nada explicou acerca do fun cionamento Para os críticos ao movimento isto era limitante na maneira como deveriam ser levadas em consideração as prescrições Limitandose ao estudo minucioso das tarefas e do método de traba lho a Administração Científica deixou de lado as interações da empresa com o meio que a rodeia considerandoas como sistemas fechados nos quais o funcionamento das suas partes é determinado e padronizado não apresentando variações o que não condiz com a realidade das empresas que é de sistemas abertos influenciados pelo meio ambiente e imprevisí veis no seu comportamento Mesmo com todas as críticas que sofreu decorrentes do pioneirismo é inegável que o movimento da Administração Científica deu início ao desenvolvimento da Administração e melhorou a forma de atuação das empresas da época com suas inovações em termos de padronização racionalização e uso de métodos científicos Foi o primeiro movimento a introduzir os conceitos do aumento de produtividade por meio de métodos científicos e apresentou novos conceitos na forma de se ganhar dinheiro Resumidamente é possível afirmar que a Administração Científica teve sua base formada pelas premissas de comando e controle uma única maneira certa de fazer mão de obra e não recursos humanos e segurança nem insegurança Ao estabelecer como função principal da gerência pla nejamento e controles rígidos e aos operadores a execução das tarefas de forma obediente estabeleceuse também uma forte relação de comando do supervisor para o operário de cunho hierárquico semelhante a uma estrutura militar em que o gerente determina a melhor maneira de execu 33 Abordagem científicaclássica da administração tar as tarefas e cabe ao operário utilizar esse método sem questionar e tirar dele o melhor partido no objetivo da máxima produtividade A visão de que os operários consistem em mão de obra disponível em contraponto à visão dos trabalhadores como recursos humanos não esti mula nenhum envolvimento tanto de um lado como do outro nas relações de trabalho Era desprezado o reconhecimento aos operários bem como eralhes vedado o acesso a ter responsabilidades além daquelas já descri tas anteriormente A empresa não se comprometia com nenhuma lealdade para com os operários esperando deles uma lealdade funcional Em con trapartida elas garantiam uma relativa e pseudo estabilidade e segurança no trabalho Tudo parecia estabelecido controlado e estável Mesmo com as análises feitas e apontados pelos críticos pontos negativos à Administração Científica devemos admitir que uma série de fatos e consequências importantes à Administração atual são decorrên cia daquela Uma dessas decorrências é a busca constante por parte da Administração de produtividade e rentabilidade Até hoje a mola propul sora da Administração é essa busca a constante e necessária renovação de processos e práticas para o aumento da produtividade e da rentabilidade das empresas Assim não podemos de maneira alguma retirar o mérito de Taylor no desenvolvimento industrial da sua época e consequências decorrentes da implantação das suas ideias por isso ele é considerado o pai da Administração CHIAVENATO 2004 22 Teoria Clássica Paralelamente ao desenvolvimento das ideias da Administração Científica lideradas por Taylor nos EUA e focadas principalmente na tarefa e no trabalho surgia na mesma época na França uma corrente de pensamento um pouco diferente no foco mas também preocupada em estabelecer as bases e os princípios da Administração O expoente dessa corrente foi Henry Fayol 18411925 que se dedicou a estudar a Admi nistração dando ênfase à estrutura 34 Administração e Economia Fayol fez toda a sua carreira profissional em uma mesma empresa a mineradora e metalúrgica francesa Comambault chegando ao cargo de diretorgeral com a empresa em situação desastrosa Conseguiu ao longo do tempo levála ao sucesso financeiro e administrativo Essa carreira exitosa permitiu que após sua aposentadoria aos 77 anos iniciasse a divulgação dos seus princípios baseados na sua experiência profissional de sucesso Fundou o Centro de Estudos Administrativos que passou a difundir suas ideias por meio de reuniões que congrega vam industriais militares funcionários de governo e filósofos fran ceses Lecionou também na Escola Superior de Guerra da França e suas ideias foram adotadas na Marinha francesa Suas análises sobre as ideias de Taylor o levaram a afirmar que eram complementares às suas MAXIMIANO 2010 221 A visão de Fayol da Administração e as suas funções Na sua obra Administração geral e industrial Fayol estabelece que administrar é uma função diferente das outras atividades de uma empresa Seria algo diferenciado das funções de finanças produção comerciais ou técnicas As funções administrativas estariam acima des tas O autor estabelece ainda que essa função administrativa envolve cinco elementos ou funções básicas inerentes ao trabalho do administra dor prever organizar comandar coordenar e controlar Ele foi o pioneiro em estabelecer que o trabalho de administrar deveria estar desvincu lado às demais atividades de uma empresa Aparentemente um conceito simples mas que se desdobra em várias consequências essenciais ao trabalho e à importância do administrador Dentro da ótica de Fayol o dirigente ao alcançar os postos mais altos na hierarquia da empresa deveria se desvencilhar dos aspectos técnicos da produção e se dedicar às funções essenciais do administrador citadas anteriormente 35 Abordagem científicaclássica da administração Figura 22 Proporção da função administrativa nos níveis hierárquicos Funções administrativas Mais altos Mais baixos Outras funções não administrativas Proporcionalidade da função administrativa nos diferentes níveis hierárquicos da empresa Ù Prever Ù Organizar Ù Comandar Ù Coordenar Ù Controlar Fonte adaptado de Chiavenato 2004 p 64 Essa visão de Fayol é bastante atual e perspicaz já que a todo o momento vemos nas organizações bons técnicos ao serem promovidos a cargos de níveis acima na estrutura tornaremse maus ou totalmente incompetentes administradores por não conseguirem se desfazer das habi lidades técnicas dos cargos mais operacionais e não conseguirem pensar sob a ótica das funções administrativas necessárias à execução das tarefas administrativas como pode ser visto na figura 22 que trata da proporcio nalidade da função administrativa Quanto mais altos os cargos na escala hierárquica da empresa mais a visão do administrador deve se tornar glo bal no sentido da visão total da empresa mais as funções de previsão organização comando coordenação e controle da Administração devem ser feitas e menos as habilidades e funções de operação serão necessárias Fayol tornou claro e estabeleceu as bases do atual papel dos cha mados cargos executivos Muitas empresas para tentar minimizar essas dificuldades de adaptação treinam seus chefes e administradores con forme vão sendo promovidos para exercer as novas funções nos cha mados treinamentos de chefia e liderança Essa dificuldade encontrada 36 Administração e Economia pelas empresas não é só vista dentro das instituições ao serem feitas as promoções também podem ser observadas quando um bom técnico resolve montar sua própria empresa e não consegue abandonar seu modo de raciocinar focado na produção e passar a pensar mais administrativa estratégica e globalmente A Administração como uma atividade inclusa em todos os procedi mentos humanos seja na família negócios ou governo que exigissem de alguma forma ações de planejamento organização comando coorde nação e controle foi uma das contribuições importantes de Fayol para a solidificação e a expansão da área Como já visto anteriormente Fayol apresenta o conceito de que todas as empresas têm seis funções bem definidas e atuando em conjunto con forme o quadro 21 Quadro 21 Funções administrativas de Fayol Funções Responsabilidades Administrativa Coordenação das outras funções Disposição de todos nos objetivos Financeira Gestão dos capitais Aplicação de recursos Busca de recursos Contábeis Registros e controles de custos e estoques Balanços Técnicas Produção de bens e serviços Comerciais Negociação Compra Venda Segurança de bens e pessoas Preservação Proteção Fonte adaptado de Maximiano 2010 p 73 A função administrativa é a que exerce o papel essencial da Adminis tração e se coloca na cúpula das outras cinco funções Com a evolução das atividades econômicas e empresariais esses conceitos foram mudando 37 Abordagem científicaclássica da administração os nomes adaptandose e tornandose mais ou menos importantes como é o caso da função de segurança por conta da evolução dos conceitos da Administração Contudo foi a partir desse conceito inicial que outros pensadores puderam evoluir para novos conceitos Como é o exemplo da função de recursos humanos incluída nesse rol pela grande importância para as empresas do fator humano e da sua gerência Para além dessa classificação das funções empresariais Fayol estabe leceu qual o papel e quais as funções do administrador nas empresas Ele verificou que o processo administrativo estava acima coordenando todas as outras funções da empresa e teria em sua composição os cinco elemen tos destacados a seguir 2 Planejar estabelece os objetivos da empresa especificando tam bém a forma como alcançálos A partir de uma visão do futuro desenvolvendo um plano de ações para atingir as metas traçadas É a primeira das funções servirá para operacionalizar as demais funções com a formalização das metas e forma de atuação 2 Organizar arranjo de todos os recursos da empresa sejam humanos financeiros ou materiais alocandoos da melhor forma possível para atingir o estabelecido 2 Coordenar a coordenação dos esforços de toda a empresa é fundamental para implantar o planejamento e tornálo viável para atingir as metas traçadas 2 Comandar é o processo de executar as tarefas pelos subordina dos e que eles façam o que tem de ser feito Para tal as relações hierárquicas precisam estar bem definidas suas responsabili dades amplitude de comando e relações hierárquicas e o grau de participação e colaboração de cada um para a realização dos objetivos definidos 2 Controlar definir os padrões e as medidas de desempenho que permitam assegurar que as atitudes empregadas serão as mais compatíveis com o que a empresa espera O controle objetiva assegurar que tudo seja feito o mais igual possível ao que foi estabelecido 38 Administração e Economia Paralelamente Fayol refletiu sobre os conceitos de Administração e organização e suas diferenças Para ele seriam conceitos diferentes sendo a Administração o mais global incluindo um conjunto de pro cessos i ntegrados abrangendo os aspectos da previsão comando e con trole Organização é um conceito menos abrangente envolvendo apenas os aspectos relativos à estruturação da empresa na sua forma portanto fazendo parte do conceito abrangente da Administração Para Fayol a ideia que ele possuía sobre o funcionamento da empresa como um sistema racional de regras e autoridade justificando sua existên cia no fornecimento de bens e serviços aos clientes não se aplicava apenas a organizações industriais e sim a todas as empresas Na sua visão após a organização da empresa os colaboradores precisam de ordens para saber o que fazer e serem coordenados da melhor maneira e com controle para que sejam atingidos os resultados planejados Ele criou 16 deveres específicos para os gerentes poderem exercer seu papel contendo MAXIMIANO 2010 1 preparação e planejamento cuidadosos e execução rigorosa 2 coerência entre objetivos e recursos da empresa com a organiza ção humana e material 3 autoridade competente enérgica única e construtiva 4 harmonização das atividades e coordenação dos esforços 5 decisões estabelecidas de forma precisa simples e nítida 6 seleção do pessoal de forma eficiente e organizada 7 obrigações definidas de forma clara 8 encorajamento do senso de responsabilidade bem como da ini ciativa dos colaboradores 9 justa e adequada recompensa pelos serviços prestados 10 uso de sanções para erros e faltas 11 manutenção da disciplina na organização sob sua responsabilidade 12 interesses gerais acima dos interesses pessoais 13 manutenção da unidade de comando 39 Abordagem científicaclássica da administração 14 supervisão à ordem material e humana 15 manutenção do controle de tudo 16 evitar excessos de burocracia papéis e regulamentos 222 Os princípios da Administração segundo Fayol Completando sua obra de sistematização da Administração Fayol estabeleceu 14 princípios orientadores do administrador os quais estão listados a seguir 1 Divisão do trabalho divisão das tarefas e especialização de pessoas em um número limitado para realizálas de modo a aumentar a eficiência 2 Autoridade e responsabilidade autoridade é o direito de dar ordens e o poder de esperar a correspondente obediência Em contrapartida à autoridade vem a responsabilidade de obedecer e prestar contas da execução das ordens O equilíbrio entre a autoridade e a responsabilidade são fundamentais para o êxito da relação 3 Disciplina respeito aos acordos estabelecidos entre a empresa e os funcionários mantendo a obediência a eles 4 Unidade de comando a cada empregado corresponde apenas um chefe e só dele devese receber ordens É o princípio da autoridade única 5 Unidade de direção uma só orientação e plano para cada grupo de atividades que tenham o mesmo objetivo 6 Subordinação dos interesses individuais aos interesses gerais o interesse da empresa e dos planos sobressai e elimina interesses particulares e opiniões 7 Remuneração do pessoal deve ser equitativa e justa com base em fatores internos e externos e na garantia da satisfação para os empregados e para a organização em termos de retribuição 40 Administração e Economia 8 Centralização equilíbrio entre a concentração da autoridade no topo da hierarquia da organização sua capacidade de executar as responsabilidades a contento e a iniciativa dos subordinados 9 Cadeia escalar hierarquia da estrutura da empresa A série de chefes do primeiro escalão ao último definindo a linha de auto ridade e responsabilidade da empresa Princípio do comando 10 Ordem um lugar para cada pessoa e cada pessoa no seu lugar Igualmente para os recursos materiais 11 Equidade tratamento de forma idêntica a todos com benevo lência e justiça sem deixar de aplicar a energia e o rigor quando necessário 12 Estabilidade do pessoal a manutenção das equipes promove seu desenvolvimento e gera maior eficiência ao contrário dos impactos negativos da rotatividade 13 Iniciativa promoção do aumento do zelo e das atividade dos agentes e fazêlos ter iniciativas que assegurem o sucesso do planejado dentro dos limites da autoridade e disciplina 14 Espírito de equipe desenvolvimento e manutenção da harmo nia e união entre as pessoas da organização incentiválas a man ter este espírito Esses princípios foram a base para a criação da Teoria Clássica da Administração Da mesma forma como foram lançados os princípios da Administração Científica aqui também sobressaem os enfoques normativos e prescritivos indicando ao administrador como deve se comportar e atuar Sugestão de leitura Sugerimos uma pesquisa sobre os fundamentos e princípios atuais de excelência da gestão no site da Fundação Nacional da Qualidade FNQ disponível em httpwwwfnqorgbr site377defaultaspx FNQ 2012b A partir dessa leitura será possível verificar a atualidade de alguns dos princípios estabe lecidos por Fayol 41 Abordagem científicaclássica da administração 223 A Teoria da Administração Mesmo com enfoques diferentes os autores clássicos pretenderam criar uma teoria administrativa consistente e científica baseada nos con ceitos principais da divisão do trabalho da especialização nas tarefas e nos trabalhadores na coordenação por parte dos superiores hierárquicos e na separação das atividades de linha e staff Figura 23 Desdobramento da abordagem clássica da Administração Abordagem clássica Administração Científica Ênfase tarefas Teoria Clássica Ênfase estruturas Fonte adaptado de Chiavenato 2001a p 54 Apesar das visões diferentes resumidas por meio da figura 23 Taylor e Fayol complementaramse em seus conceitos e abordagens e o conjunto das suas visões deu o corpo necessário à criação da Teoria Administrativa Como podemos ver no quadro 22 a seguir nem uma nem outra abor dagem seriam suficientes por si só pois uma atende preferencialmente à parte operacional e à outra o restante administrativo dando o enfoque completo a uma empresa Quadro 22 Enfoques de Taylor e Fayol Administração científica Administração clássica Precursor Frederick Taylor Henri Fayol Origem Chão de fábrica Gerência administrativa Ênfase Adoção de métodos racionais e padronizados máxima divi são de tarefas Estrutura formal da empresa adoção de príncipios adminis trativos pelos altos escalões Enfoque Produção Gerência administrativa Fonte adaptado de Chiavenato 2004 p 74 42 Administração e Economia Todos os autores da Teoria Clássica foram unânimes em afirmar o estudo e a atenção da Administração cientificamente em contraponto ao empirismo e à improvisação existente na época introduzindo a técnica científica O que se pretendia era a criação da Ciência da Administração exigindose portanto um método de ensino organizado e sistemático para a formação dos administradores a exemplo das outras profissões baseadas na ciência Em relação à organização a Teoria da Administração a estabeleceu como uma série de cargos e órgãos arrumados de forma estruturada de tal modo dispostos que as funções organizacionais pudessem ser feitas de maneira a interrelacionar essas partes separadas entre si e os objetivos globais como um todo Aqui vemos uma forte influência das antigas estruturas organizacio nais principalmente a militar e a eclesiástica muito rígidas tradicionais e hierarquizadas mantendo ainda uma forte ligação com o passado Não podemos tirar o mérito das teorias clássicas de salvar as empresas do caos primitivo em que se encontravam ainda sob forte influência da Revolução Industrial No entanto sob o aspecto exclusivamente das organizações e a forma como se reúnem as partes dessa organização em torno do obje tivo geral nada se avançou para além da imitação das estruturas militares e eclesiásticas com forte ênfase na hierarquia e na cadeia de comando Podemos entender uma organização como a forma de associação em torno de um objetivo comum na qual os seres humanos correspondemse Temos portanto a caracterização de uma organização por um fim comum e a forma da associação Um implica o outro e viceversa a forma de asso ciação vai ou não facilitar o atendimento do fim comum A estrutura organizacional e a forma como é montada dão o tom de como a empresa vai funcionar É a estrutura que estabelece a cadeia de comando a linha de autoridade entre as posições da organização a res ponsabilidade de cada uma na estrutura e as responsabilidades atribuí das a cada posição a cadeia de comando ou cadeia escalar estabelecida pela estrutura da organização de acordo com os princípios estabelecidos na época deve basearse no princípio da unidade de comando um só comando superior para cada nível ou escala inferior 43 Abordagem científicaclássica da administração Outro ponto fundamental para a criação da ciência da Administração foi o princípio da especialização e da divisão do trabalho A divisão clara e definida do trabalho caracteriza uma organização Essa divisão é a base e a essência da organização e a fonte orientadora para a montagem da estru tura Ela conduz a uma diferenciação das tarefas e à quebra da homoge neidade Nesse aspecto o pensamento da época era de que quanto maior a divisão do trabalho maior a possibilidade de treinamento e especialização e em consequência seria obtida uma maior produtividade e eficiência Para os clássicos a divisão do trabalho poderia se dar em duas dire ções como veremos a seguir 1 Vertical de acordo com os níveis hierárquicos de autoridade e responsabilidade É a hierarquia quem estabelece os graus de responsabilidade de cada cargo Quanto mais alto na escala hie rárquica maior a responsabilidade Quanto mais definidas as linhas de autoridade mais eficientes seriam as organizações Para definir a autoridade hierárquica e de comando entre um superior e o subordinado dáse o nome de autoridade de linha 2 Horizontal de acordo com as atividades da organização Usando o conceito da especialização do trabalho e o princípio da homo geneidade das tarefas aglutinadas Em cada nível hierárquico as atividades são designadas para departamentos ou seções especí ficas de forma homogênea A divisão do trabalho na horizontal e de acordo com os critérios de homogeneidade é chamada de departamentalização e pode ser de vários tipos como veremos mais adiante CHIAVENATO 2004 Um dos elementos incluídos por Fayol no rol dos elementos funda mentais para a Administração foi o princípio da coordenação Para o teó rico a coordenação é a unificação de esforços e atividades de maneira harmônica reunindo em torno dos objetivos os esforços comuns Pode mos ainda definir coordenação como a orientação de todos os envolvidos na obtenção de um alvo ou de um objetivo a ser alcançado Para alguns autores a coordenação é obrigatória para o sucesso das organizações A premissa básica era que quanto maior fosse a organização da divisão 44 Administração e Economia do trabalho tanto vertical como horizontal maior seria a necessidade de coordenação para que se conseguisse a eficiência do todo organizacional Um ponto enfatizado na Abordagem Clássica da Administração é a estruturação de forma simples da organização por meio da organização linear Esse tipo de organização baseiase em quatro princípios adminis trativos apresentados a seguir 1 Unidade única e supervisão única cada subordinado responde unicamente a apenas um superior 2 Unidade de direção os objetivos da organização devem orientar a elaboração de todos os planos inferiores para que a união des tes formem planos superiores e maiores 3 Centralização da autoridade a autoridade máxima da organiza ção deve se concentrar no seu topo escalar 4 Cadeia escalar a autoridade deve se estruturar de forma escalar em níveis hierárquicos nos quais uma autoridade associada a um nível hierárquico subordinase a um nível hierárquico supe rior até o topo em que se concentraria a autoridade máxima Esse tipo de organização toma a forma de uma pirâmide Nesse ponto encontramos divergências entre os seguidores da Administração Científica que preconizavam a autoridade funcional devido ao seu foco essencial na tarefa Já os seguidores da Teoria Clássica por partirem do topo da estrutura para o detalhe discordavam da organização funcional porque esse tipo de organização ia contra o princípio da unidade de comando cada subordi nado teria vários superiores de acordo com o tipo de assunto a ser analisado Nesse aspecto passam a ser definidos três tipos de formatação das organi zações A organização linear em que se estabelece o princípio da unidade de comando de forma rígida Para que esses departamentos possam exercer suas atividades a con tento surge a necessidade de criar a organização de apoio a essas ativi dades fim os órgãos de staff ou de apoio assessoria fornecedores de serviços recomendações apoio e aconselhamento aos órgãos de linha já que estes não têm a condição de prover este tipo de serviço Os serviços fornecidos por esses órgãos de apoio não podem ser impostos aos órgãos 45 Abordagem científicaclássica da administração de linha serão apenas oferecidos Assim surgem dois tipos de autoridade a de linha na qual existe a autoridade formal dos gerentes com poder para dirigir e controlar os subordinados imediatos e a autoridade de staff atri buída aos especialistas não tem poder nem autoridade apenas aconselha orienta e recomenda aos gerentes de linha das suas áreas de especializa ção como poderiam conduzir suas ações no que tange ao assunto especí fico de conhecimento do staff 23 Os seguidores das ideias iniciais Paralelamente aos dois maiores expoentes da Administração Clás sica outros pesquisadores tiveram papel de destaque no desenvolvimento das ideias iniciais do movimento da criação da Administração Científica e na sua aplicação na melhoria da eficiência das empresas da época Alguns deles foram fundamentais no mundo da Administração e mudaram com pletamente a forma como as indústrias passaram a trabalhar como é o caso de Henry Ford Por outro lado é importante realçar que sendo Taylor o pioneiro da Administração Científica não podemos esquecer nomes importantes que antes dele já tinham implantado práticas de Administração ou escrito sobre o assunto É o caso de Adam Smith da Inglaterra que em 1776 com seu livro A riqueza das nações fala da divisão do trabalho e da espe cialização do trabalhador como meios de obter mais produtividade 231 Os seguidores de Taylor Como já afirmamos é necessário mencionar que antes de Taylor outros nomes já vinham demonstrando iniciativas no sentido da sistemati zação e padronização das práticas do trabalho e da Administração no fim do século XVIII Para resolver problemas nas oficinas sob seu comando o capitão Henry Metcalfe 18471917 do Arsenal Armado Frankford EUA publicou seus métodos para melhorar os processos de produção das Oficinas Públicas No segundo caso o de Henry Towne 18441924 alguns autores dizem até que foi um forte influenciador das ideias de Taylor pois ambos conviveram tanto na Midvale Steel Co na qual Taylor 46 Administração e Economia teve o apogeu da sua carreira como na Sociedade Americana de Enge nheiros Mecânicos em que chegou a ser presidente Towne propôs que a administração de fábrica tivesse a mesma importância da administração da engenharia e que a Sociedade Americana de Engenheiros Mecânicos tivesse papel de liderança na implantação do modelo de empresas com a engenharia e a administração juntas nas práticas de fábrica sugestão aceita pela Sociedade anos depois SILVA 2005 Independentemente da importância que Taylor teve na liderança da Sociedade Americana de Engenheiros Mecânicos para a implantação da Administração Científica teremos de realçar o papel da própria Sociedade em si seus membros e alguns outros estudiosos ressaltandose os descritos a seguir 2311 Frank Gilbreth 18681924 e Lilian Gilbreth 18781972 Frank Gilbreth e sua esposa Lilian deram muitas contribuições ao desenvolvimento de sistemas administrativos mas sua participação espe cial foi nos estudos da fadiga humana Elas iniciaram suas carreiras apli cando a metodologia de Taylor no estudo dos tempos e movimentos mas depois direcionaram seus estudos à fadiga humana para acharem a melhor maneira de se realizar uma tarefa e aumentar a eficiência da produção Eles estabeleceram que toda a tarefa poderia ser reduzida a movimentos ele mentares aos quais deram o nome therbligs Gilbreth ao contrário For malizaram a definição de eficiência como a correta utilização dos meios de produção disponíveis estabelecendo que a eficiência seria a razão entre os produtos resultantes e os recursos utilizados Portanto quanto menor fos sem os recursos utilizados e maior a produção consequentemente maior seria a eficiência Gilbreth nos seus estudos relacionou os efeitos da fadiga humana na eficiência do indivíduo demonstrando algumas decorrências que ainda hoje 47 Abordagem científicaclássica da administração estão em discussão tais como o aumento de doenças do número de acidentes de trabalho a queda na qualidade do trabalho e da produtividade entre outras Ele ainda propôs quais seriam os princípios influenciadores da eco nomia de movimentos que deveriam ser analisados no estudo dos tempos e movimentos SILVA 2005 1 relativos ao corpo humano 2 relativos ao local de trabalho 3 relativos aos equipamentos e ferramentas Gilbreth lançou a tese A psicologia da administração que foi um dos primeiros estudos sobre o homem na indústria Lilian considerava o ambiente e as chances dadas aos funcionários essenciais para o aprimo ramento da produtividade 2312 Henry Gantt 18611919 Tal como os outros seguidores Gantt também foi fortemente influenciado por Taylor com quem trabalhou durante vários anos A par tir da sua carreira solo deu algumas contribuições originais Uma delas foi o sistema de pagamento por incentivo tarefabônus em que o traba lhador ganhava um bônus monetário ao alcançar um determinado padrão de produção Esse sistema foi melhor aceito que um anteriormente pro posto por Taylor Trabalhou com Taylor na Midvalle Steel Co e desenvolveu méto dos gráficos para representar planos e possibilitar melhor controle gerencial Gantt destacou a importância dos fatores tempo custo e pla nejamento para a realização do trabalho método até hoje utilizado e que leva o seu nome Na figura 24 sobre o gráfico de Gantt destacada a seguir poderemos ver um exemplo simples da utilização da meto dologia iniciada por esse estudioso para o controle do desempenho do planejado em relação ao realizado 48 Administração e Economia Figura 24 Gráfico de Gantt Operação 1 Operação 2 Operação 3 Tempo Programado Realizado Fonte adaptado de Silva 2005 p 127 2313 Carl Barth 18601939 Contratado por Taylor por ser professor de Matemática Barth dedicouse aos estudos dos complexos problemas matemáticos dos experimentos de corte de metais para melhoria da alimentação e da velocidade das máquinas 2314 Harrington Emerson 18531931 Mesmo sendo contemporâneo de Taylor os estudos de Harrington Emerson tomaram um rumo diferente quanto aos do referido autor enfatizando a grande pro dutividade das organizações corretas No livro Doze prin cípios da eficiência estabeleceu os 12 princípios que deram título à obra 2 ideais claramente definidos objetivos 2 senso comum bom senso 2 orientação competente disciplina tratamento justo 2 registros confiáveis e imediatos 2 prontidão rapidez nas rotinas 2 padrões e programações 2 condições padronizadas operações padronizadas 2 instruções escritas nas práticaspadrão 2 recompensas pela eficiência 49 Abordagem científicaclássica da administração Ele certamente antecipou a Administração por Objetivos APO ela borando os primeiros trabalhos sobre a seleção e treinamento de empregados 2315 Henry Ford 18631947 Dos seguidores de Taylor o nome mais destacado sem dúvida nenhuma é o de Henry Ford Ele é visto como um dos grandes responsáveis pelo salto qualitativo no desenvolvimento organizacional atual Ford representa a indústria na Administração Clássica Ele não tinha formação acadêmica nem em engenharia mas tinha um objetivo muito particular e prático em mente a aplicação dos conceitos de eficiência de forma muito prática em uma fábrica de automóveis Ford divergia de Taylor sobre a forma como atingir a eficiência ao contrário do método de Taylor segundo o qual o operário executava as tarefas em um tempo estipulado pela Administração No seu método Ford fez os operários adaptaremse ao ritmo da produção com a criação da linha de montagem Ele não torna rígidos os movimentos dos operá rios os faz adaptaremse de forma mais cômoda possível e de acordo com as aptidões de cada um ao processo Ford não estava muito interessado nos estudos profundos sobre a indústria como um todo ou em estudos das relações dos trabalhadores e trabalho Interessavase pela eficiência como uma redução de custo preços de um lado e a produção motivação e salá rios de outro de forma particular na sua fábrica O pragmatismo de Ford perpetuouse com sua famosa frase Todos podem ter o carro da cor que quiserem desde que o carro seja preto Ciente da importância do consumo em massa agilizou a produção em massa em série e em uma cadeia contínua Criou assim alguns conceitos de fabricação para agilizar a produção reduzir os custos e o tempo de produção 2 Integração vertical e horizontal produção integrada da maté riaprima ao produto final acabado integração vertical e insta lação de uma rede de distribuição imensa integração horizontal 2 Padronização iniciando a utilização da linha de montagem e a padronização do equipamento utilizado obtinhase agilidade e redução nos custos Em contrapartida a flexibilização do pro duto era prejudicada 50 Administração e Economia 2 Economicidade redução dos estoques e agilização da produção Seus princípios de trabalho denotavam a visão prática que Ford tinha Ele orientava sua visão pela produtividade a máxima produção em um período pela intensificação giro de capital com sua mínima imobiliza ção e pela economicidade mínimo de matériaprima Ford foi tão bemsucedido na aplicação dos seus princípios e ideias que criou a primeira linha de montagem em 1913 com a produtividade de um carro a cada 84 minutos Seu sistema de trabalho em linha de mon tagem por meio de fabricação em série objetivava 2 minimizar os movimentos dos operários para ganhar tempo 2 eliminar os movimentos desnecessários das ações dos trabalhadores 2 racionalizar o trabalho visando alcançar economias de escala reduzindo custos de produção de um único modelo de automóvel 2 adaptar os movimentos do operário e a sua eficiência à veloci dade da linha de montagem 2 o material a ser produzido é que se movimenta e ia até o ope rário reduzindo assim os tempos perdidos entre as operações O sistema de Ford teve a importante função social de democratizar o consumo do automóvel O objetivo era produzir um ford em um tempo redu zido para colocálo no mercado no menor prazo o que conseguiu com êxito Também propôs um sistema de pagamento por bônus vinculado à produtividade Mesmo com todo o sucesso que teve os métodos de Ford sofre ram críticas 2 produção de um único modelo 2 preocupação com a quantidade em relação à qualidade 2 foco no produto e não no mercado 2 eficiência do sistema prejudicada pois não favorecia a inovação e a adaptação ao mercado Essas críticas ficaram mais evidentes a partir do momento em que a General Motors com uma política mais voltada para o mercado e sem poder concorrer com a Ford no mercado de massa começou a pro 51 Abordagem científicaclássica da administração dução de modelos para várias faixas de consumidores cada um com sofisticação preços e acessórios direcionados para a renda da faixa de consumidor a atingir Da teoria para a prática O fato que levou os vários autores da Teoria Clássica da Administra ção ao estudo da Administração ter sido um problema existente à época nos ambientes fabris nos permite achar as evidências de uma ligação muito forte da aplicação dos princípios da Administração às atividades do dia a dia das empresas O interessante é que as padronizações implantadas na época por Taylor Fayol e seus seguidores são bases essenciais ao bom funcionamento das empresas hoje em dia Sugerimos como exemplo a verificação da aplicação do princípio da divisão do trabalho na estrutura ção das empresas atuais ou a divisão por função indicada por Fayol pre sente de forma natural na cabeça de todo administrador como a maneira mais eficiente de organizar as funções de apoio de uma empresa tais como contabilidade RH comercial marketing etc Outro exemplo muito evi dente são os conceitos im plantados por Henry Ford da produção em massa e da linha de montagem como forma de aumento de produtividade e redu ção de custos e preços A escala de produção em massa alcançada hoje pela China provocou uma queda muito grande dos preços dos produtos manufaturados gerando em outros países uma crise nesse tipo de pro duto pelo fato de as empresas não conseguirem preços tão baixos como os alcançados pela China em função da escala mais reduzida 3 Teoria das relações humanas 31 Teoria das relações humanas O foco na eficiência da Administração Clássica trouxe mui tas críticas por seu aspecto mecanicista e racional no tratamento da produção A preocupação com o trabalhador era quase exclusi vamente focada na tentativa de que ele se tornasse o mais produ tivo possível e que executasse as tarefas de forma rápida repeti tiva e mais eficiente sempre Mesmo os estudos sobre a fadiga e seus impactos na produtividade tinham como objetivo a questão da produtividade e o trabalhador era visto apenas como parte de uma engrenagem que não poderia parar em detrimento da redução de custos e aumento da produção Uma corrente de estudos vinculados às ciências sociais e da psicologia trata do estudo do homem no ambiente de trabalho suas interações e mútuas influências revelando a importância do aspecto emocional do trabalhador e sua relação em grupo 54 Administração e Economia 311 Avaliação das consequências da Administração Clássica Teorias Transitivas A visão totalmente mecanicista sobre o ser humano na sua relação com o ambiente de trabalho começou a ser questionada primeiro pelos sindicatos e depois pela psicologia industrial O mundo estava saindo da grande recessão econômica e cada vez mais buscavase a eficiência nas organizações mas apesar ou por causa disso iniciouse uma corrente que questionava os princípios da Administração Clássica As ciências sociais estavam se desenvolvendo principalmente a psicologia e sua vertente industrial O estudo do homem de sua relação com o trabalho e de sua relação no grupo e suas interdependências fortaleceuse por meio de estudos e pesquisas Surgiu a corrente que mais ferrenhamente se opôs à Teoria Clássica e seus preceitos mediante evidências de que existiam outros aspectos que influenciavam a produtividade humana dentro das organi zações Esses aspectos relacionavamse ao lado humano e não mecani cista ou operacional das organizações Dois pontos formaram a preocupação da psicologia industrial 1 a adaptação do trabalhador ao trabalho estuda os testes psi cológicos na seleção científica dos trabalhadores Todo o estudo das características exigidas aos trabalhadores para cada tipo de trabalho a seleção dentro dessas exigências toda a orientação profissional os fatores da aprendizagem a influência psicoló gica da fadiga a fisiologia do trabalho e a análise dos acidentes de trabalho 2 a adaptação do trabalho ao trabalhador tem como foco de estudo os aspectos mais psicológicos do trabalhador sua perso nalidade a do chefe e a relação desta com os trabalhadores os fatores motivacionais os incentivos do trabalho a liderança sob o ponto de vista psicológico e o impacto nos operários as rela ções sociais e interpessoais dentro da organização e as comuni cações formais e não formais 55 Teoria das relações humanas A partir desse novo olhar sobre o ambiente industrial e os questiona mentos críticos à Administração Clássica foi se solidificando uma nova teoria da Administração para sistematizar todos os novos conceitos resul tantes das pesquisas e estudos para explicar e orientar as relações huma nas dentro das empresas a chamada Teoria Humanista da Administração Contudo antes de essa teoria solidificarse como tal alguns autores já vinham falando de novos pontos a serem discutidos sobre o ambiente fabril e iniciativas da introdução da psicologia e da sociologia no âmbito da Administração O resultado desses trabalhos estudos e pesquisas foi catalogado como Teorias Transitivas da Administração O velho conceito do trabalhador apático preguiçoso movido apenas a recompensas monetárias o conceito do Homo economicus homem eco nômico começava a ser questionado e deixado de lado por algumas orga nizações e especialistas A satisfação do trabalhador passava a ser impor tante para as organizações responsáveis e o lado humano da empresa começou a ser considerado importante e impactante nas organizações Um dos expoentes dessa época Ordway Tead 18601933 começou na década de 20 do século XX a propagar o relaxamento nos preceitos científicos rígidos e a analisar também as relações entre o comportamento do operário no seu ambiente de trabalho e seus temores ambições e seu complexo psicológico Também ressaltou a necessidade da compreensão da natureza humana como base para a compreensão do comportamento admi nistrativo Iniciou ainda os primeiros conceitos sobre a liderança da Admi nistração Tead considerava que as atividades de administrar eram próprias de certas pessoas que teriam a missão de ordenar e aglutinar facilitar os esforços do grupo para atingir os resultados estabelecidos previamente Para ele a Administração seria como uma arte própria de alguns e não poderia ser aprendida só alguns teriam os dons especiais capazes de administrar de forma a ter a colaboração da equipe Na sua concepção o administrador precisava ser também educador e exercer a liderança para além do seu papel profissional para poder influenciar e educar Na questão da liderança ele afirmava que o chefe deve exercer o papel de influencia dor para seus subordinados sendo o elemento fundamental para a execução da democracia dentro da empresa CHIAVENATO 2001a Tead estava 56 Administração e Economia assim definindo como deveria ser o comportamento e a atuação do líder um influenciador aglutinador educador um agente moral e o símbolo principal da democracia na empresa sendo o executor das diretivas e disseminador da visão global da empresa Dica de filme A animação A fuga das galinhas retrata em diversos momen tos a capacidade do líder em aglutinar os colaboradores em torno de uma ideia motiválos e influenciálos na busca de objetivos comuns A FUGA das galinhas Direção de Peter Lord Nick Park EUA DreamWorks PicturesUniversal Pictures do Brasil 2000 1 filme 84 min sonoro legenda color 35mm A democracia empresarial na visão de Tead é a forma de administrar que permite que a escolha dos objetivos seja compartilhada por todos que cria o sentimento de liberdade que proporciona a colaboração e a inicia tiva dos subordinados uma liderança pessoal presente e que estimule a participação que resulte em uma organização coesa e engrandecida em torno dos seus objetivos Dessa forma ele estabelece que a empresa não existe apenas para a obtenção de lucro e para a satisfação dos emprega dos com bons salários distribuídos ela tem outros papéis a desempenhar legais para com a Estado funcionais para com seus clientes técnicos relativos aos seus processos pessoais nas relações interpessoais públicos nas relações com a sociedade e lucrativos O sucesso na obtenção desses objetivos depende de os trabalhadores aceitarem e trabalharem por eles Aí cresce a importância do papel do líder em saber formular e difundir tais objetivos A forma mais indicada para estabelecêlos é aquela na qual eles são formulados pelo grupo o papel do líder é o de dirigilo no alcance desses objetivos Entre os psicólogos que estudaram o papel do ser humano nas empre sas o nome que mais se destacou foi o de Mary Parker Follet 18681933 quem teve a visão de separar nas organizações os psicólogos especialis 57 Teoria das relações humanas tas dos sociólogos e assim apartar as análises psicológicas das sociológi cas no estudo da participação do ser humano nas empresas e seus compo nentes internos e na relação com o grupo social Follet defendia a ideia de que as pessoas deviam contribuir espontaneamente e que o gerente teria o papel de integrador dessas contribuições especializadas nas funções empresariais de marketing produção finanças e relações industriais novo nome atribuído ao departamento de gerenciamento dos recursos humanos O gerente aprende a exercer sua função por si próprio por meio da obser vação de suas experiências Follet ainda conceitua vários outros elementos da Administração os quais são apresentados a seguir 2 A organização como força viva que não é fixa que se constitui de pessoas e como tal reage aos estímulos externos que não podem ser definidos com precisão pela sua aleatoriedade E estabelece que em função dessa interação constante e viva com os estímulos todos os problemas da empresa são problemas de relações humanas 2 Reforça a participação da psicologia na Administração aju dando com suas técnicas a melhorar o desempenho das pessoas na organização e nas relações interpessoais Ela foi pioneira na abordagem da motivação humana Conceitua a existência da liderança como uma consequência do grupo e deve ter uma atu ação de aglutinação para obter a melhor participação de cada um em vez de ser uma execução de poder do líder 2 Estabelece que não é possível determinar nenhuma regra univer sal para tomadas de decisão em decorrência de que a decisão é contextualizada ao momento da decisão e à situação existente A única variável a ser levada em consideração deve ser a situação 2 Para manter a tradição também estabelece princípios da Admi nistração No entanto nesse caso a grande contribuição é a de que os princípios se aplicam não só a organizações empresariais mas a todo tipo de atividade humana E os princípios são decor rência da forma como ela vê uma organização o princípio do contato direto entre responsáveis e interessados o princípio de 58 Administração e Economia planejamento no qual as relações são estabelecidas o princípio das relações recíprocas entre todos os fatores de uma determi nada situação e o princípio do processo contínuo de coordena ção a preocupação constante e básica de todo dirigente e a ser exercido a todo o momento A corrente dos sociólogos na Administração teve seu expoente em 1938 com Chester Barnard um executivo americano que fez propostas sobre a cooperação na organização Apresentamos algumas dessas pro postas a seguir 2 Os seres humanos não são estáticos e fixos sofrem mudanças constantes conforme as mudanças do ambiente Também não estão isolados atuam por interações com outros seres huma nos havendo influência mútua Além disso os indivíduos têm limitações na sua atuação e a cooperação surge da necessidade de suplantálas 2 A organização existe por meio das cooperações entre seus mem bros quando eles interagem cooperam e têm propósitos comuns Portanto a organização é um conjunto de atividades coordena das de indivíduos Ela é um sistema cooperativo racional 2 A autoridade é um problema constante nas organizações e depende da forma como a comunicação entre o chefe e o subor dinado acontece Como essa comunicação se desenrola assim a autoridade terá ou não sucesso caso a comunicação não seja entendida ou aceite que não existe autoridade 2 Dentro desse novo conceito de organização o papel do adminis trador além dos tradicionais de planejar organizar dirigir e con trolar tem acrescida a função de manter os esforços em clima de cooperação O novo paradigma de Administração ocorre por meio dos resultados e não por meio do controle Sem dúvida Barnard antecipou a forma de trabalho do executivo moderno e influenciou vários autores modernos 59 Teoria das relações humanas 312 A experiência de Hawthorne e o ser humano na empresa Um dos fatores para a solidificação da Teoria das Relações Humanas é o experimento de Hawthorne feito por Helton Mayo e equipe Além dessa experiência os outros dois fatores dominantes para o surgimento dessa teoria foram a necessidade de humanizar e democratizar a Administração vinda do mecanicismo da Administração Clássica e o desenvolvimento das chamadas ciências humanas sociologia psicologia antropologia etc Os experimentos de Hawthorne foram muito importantes para a teoria das organizações por vários motivos Em primeiro lugar porque foi nesses estudos que os teóricos puderam observar na prática como o trabalho em grupo as atitudes e as necessidades dos empregados afetam a motivação e o comportamento O segundo ponto observado foi a grande complexi dade dos problemas de produção em relação à produtividade Salientase nessa experiência a possibilidade que se teve de comprovar a importância do método científico experimental na comprovação e estudo das hipóteses organizacionais Contudo o mais marcante nessa experiência foi o fato de que o objetivo de estudo era diferente do atingido mas em função da mente aberta dos pesquisadores percebeuse a existência de outras hipó teses em ação e assim eles direcionaram seu estudo às novas hipóteses surgidas espontaneamente A experiência de Hawthorne aconteceu na Western Electric Company entre 1924 e 1927 e teve como objetivo estudar a influência da iluminação na produtividade do departamento de montagem de relés para telefones Tal departamento era composto somente por moças as quais executavam seu trabalho de forma manual que dependia exclusivamente do seu esforço e rapidez No entanto a empresa preocupavase mais em conhecer os seus funcionários do que propriamente em aumentar a produção Na época a Western já praticava uma política de recursos humanos voltada ao bem estar dos funcionários A experiência de Hawthorne dividiuse em quatro fases distintas Na primeira fase foram estudados os fatores de iluminação As teorias organizacionais da época consideravam que os trabalhadores eram apenas motivados por fatores econômicos e externos Então nessa primeira fase 60 Administração e Economia foram realizados quatro experimentos cada um buscando algo diferente dos anteriores orientados por um grupo de testes e outro de controle No primeiro experimento os trabalhadores de três departamentos foram sub metidos a diferentes níveis de iluminação O experimento revelou que os índices de produtividade aumentavam com a melhora da iluminação não em uma razão direta desse aumento Algo revelador a eficiência da produ ção nem sempre diminuía quando se reduzia a iluminação No segundo experimento foram escolhidos dois grupos de traba lhadores em número igual foram dispostos em duas salas uma sob ilu minação constante e a outra sob iluminação variável Mais uma vez nada pôde ser afirmado sobre a alteração de eficiência na produção em função da variação na iluminação pois as variações verificadas não foram significativas O terceiro experimento foi efetuado com dois grupos de trabalha dores um controlado sob nível de iluminação fixa e outro sob mudanças controladas no nível de iluminação O que se observou foi que a produti vidade dos dois grupos cresceu conforme crescia o nível de iluminação e tornouse constante de acordo com a constância do nível de iluminação Contudo o grupo de teste manteve a produtividade mesmo diminuindo o nível de luminosidade até ela tornarse muito fraca Esses experimentos falharam no seu propósito a correlação entre o esforço e a iluminação mas tiveram uma profunda influência na evolução das teorias organiza cionais As questões levantadas ainda não tinham sido observadas nem consideradas como hipóteses Em função da observação de que mesmo baixando os níveis de ilu minação ao limite da escuridão a produtividade não diminuiu a mente aberta dos pesquisadores constatou que estavam na presença de outros fatores e que seria necessária a pesquisa e a descoberta desses outros fatores que não a iluminação foi a chamada segunda fase da experiên cia de Hawthorne Nessa fase a seleção das operadoras obedeceu a critérios rigorosos bem como o arranjo da operação e a sala em que se dariam as experiên cias Nessa experiência foram introduzidas novas variáveis a serem pes 61 Teoria das relações humanas quisadas horários de descanso lanches reduções no período de trabalho e sistema de pagamento Além disso uma das operadoras atuava como um tipo de abastecedora e supervisora do trabalho Buscavase identificar entre as variáveis testadas aquela que mais se relacionava com a produ tividade Após rigoroso método de experimentação mais uma vez a pro dutividade subia em função da melhoria das variáveis independentes mas continuava crescendo mesmo com a volta dos fatores ao estágio inicial do experimento Os pesquisadores consideraram que o fato da presença e o grupo de trabalhadoras estar sob observação poderia levar a resultados diferentes e que o grupo na sala de testes estava sob condições sociais diferentes das existentes na fábrica Com base nos experimentos da sala de testes ficou claro para os pesqui sadores que o comportamento do supervisor era importante para a produtivi dade Então na terceira fase dos experimentos preparouse um programa de entrevistas buscando apurar os sentimentos e as atitudes dos trabalhadores perante o trabalho e as atitudes dos supervisores Foram entrevistados cerca de 21 mil empregados Por meio das entrevistas revelouse a existência de uma organização paralela à organização da empresa e com forte influência nos funcionários criada por relações de confiança e lealdade entre si e com a instituição Essa lealdade à organização informal do grupo poderia trazer problemas para a empresa A quarta fase da experiência objetivava estudar os mecanismos e os processos dos pequenos grupos sociais dentro da empresa em que pôde se observar que o grupo punia os membros que não participassem das decisões em relação à produtividade Nessa última fase foi possível a observação das relações entre a organização informal dos operários e a organização formal da fábrica e a preponderância do informal sobre o formal A experiência de Hawthorne ocorreu entre os anos de 1927 e 1932 quando foi encerrada por motivos não vinculados ao seu desenvolvimento Entretanto a influência de seus resultados sobre a teoria administrativa foi fundamental e derrubou as convicções da Administração Científica sobre a produtividade calcadas na divisão das tarefas no estudo dos tempos e movimentos e na especialização SILVA 2005 62 Administração e Economia Quadro 31 As quatro fases da experiência de Hawthorne Primeira fase Segunda fase Terceira fase Quarta fase Estudos da iluminação Sala de teste de montagem de relés Entrevistas Observação dos mecanismos e processos dos pequenos grupos Não conclusivo na relação da iluminação e produtividade A descoberta de que os grupos com atenção e interação melhoravam a produtividade com a interação Revelação da existência de grupos informais Predominância do informal sobre o formal Fonte adaptado de Silva 2005 p 203208 As conclusões da experiência de Hawthorne são 1 o nível de produção é resultante da integração social do trabalha dor no grupo com suas normas e expectativas 2 o comportamento do indivíduo se apoia totalmente no grupo social do qual participa 3 o comportamento dos trabalhadores está condicionado a normas e padrões sociais 4 os trabalhadores participam de grupos sociais dentro da orga nização e mantêmse em uma constante interação social pela diversidade diária de relações existentes 5 ao contrário do pregado a maneira mais eficiente de divisão do trabalho não é a especialização O conteúdo e a natureza do cargo são importantes e podem gerar resultados de produtividade 6 devem merecer atenção especial da Teoria das Relações Humanas os componentes emocionais não planejados e irra cionais do ser humano 63 Teoria das relações humanas As bases da Teoria das Relações Humanas foram estabelecidas com os seguintes pressupostos 2 lembrarse que a organização é um conjunto de grupos de pessoas 2 enfatizar as pessoas pois é por meio delas da sua aglutinação em torno de objetivos e das relações entre elas que se forma a organização 2 usar os conhecimentos da psicologia para melhor entender os trabalhadores 2 delegar autoridade dando mais importância aos cargos e às fun ções exercidas nos níveis inferiores da hierarquia 2 oferecer autonomia ao empregado ele pode ser responsável e produtivo mesmo sem uma supervisão e controles rígidos 2 confiar e ter abertura nas relações com os trabalhadores e entre supervisores e subordinados 2 enfatizar as relações entre as pessoas 2 confiar nas pessoas 2 estudar e entender as dinâmicas grupal e interpessoal Surge assim em oposição à anterior visão do homem o Homem Social Totalmente diferente daquele indivíduo mesquinho e interesseiro da Teoria Clássica surge agora uma visão de que os trabalhadores têm sentimentos emoções interesses de satisfação pessoal relacionamse e podem ser confiáveis O trabalho pode ser resultante de fatores motivacio nais e a satisfação na sua execução está diretamente relacionada à inserção em grupos sociais A supervisão e a liderança influenciam o comporta mento do grupo e por consequência os membros do grupo e as normas do grupo controlam os níveis de produção 4 A moderna gestão A partir da década de 70 do século XX paralelamente ao crescimento da economia globalizada a situação econômica do mundo passou por grandes transformações que fizeram as empresas buscar por modelos de gestão que trouxessem resulta dos práticos em termos de competitividade em relação aos seus concorrentes Os clientes buscavam por produtos mais baratos mais eficientes e de melhor qualidade Tradicionalmente a indústria automobilística é o carro chefe da economia industrial local em que as principais inova ções no campo da Administração surgiram O choque do petróleo de 1974 veio provocar uma revisão nos modelos estratégicos das empresas automobilísticas americanas em relação à eficiência de seus produtos e à concorrência que os automóveis japoneses apresentavam na relação custo benefício e qualidade Esse cho que no modelo tradicional de estratégias industriais baseadas em produção com grandes volumes de estoques e em empurrar 66 Administração e Economia produtos para os canais de vendas e índices de qualidade da ordem de defeitos por cem e os modelos japoneses de qualidade assegurada com defeitos por mil novas técnicas de produção por Kamban e Just in time produção sem estoques e produtos puxados pelo mercado mais a solidi ficação dos conceitos da Teoria Contingencial provocaram uma grande alteração nos ambientes industriais 41 Administração japonesa A partir do fim da Segunda Guerra Mundial a necessidade de reconstruir o país levou o Japão a criar um modelo de organização eco nômico e diferenciado O que se observou foi uma forte determinação e união de todo o povo a organização das empresas foi direcionada pelo governo e houve uma forte necessidade de se apoiar nas exportações pelas características físicas do país com uma falta de recursos primários e uma pequena extensão O modelo escolhido para garantir o crescimento do conjunto das indústrias como um todo foi o da intervenção do governo Para isso as empresas foram organizadas em polos grupos centralizados por uma grande montadora de produtos finais principalmente automobilísticas e eletroeletrônicas e à sua volta a cadeia de fornecedores que a abaste ciam até o topo da grande empresa 411 Administração participativa e CCQ Aliado ao modelo econômico protegido e direcionado pelo governo um modelo de organização começou a surgir nas indústrias a partir da necessidade da resolução de problemas de qualidade que os produtos japoneses apresentavam e das marcantes características culturais do povo A chamada Administração japonesa surgiu do chão de fábrica em função da já mencionada necessidade de produzir com máxima eficiência de eliminaremse os desperdícios e de garantir a melhoria contínua tanto nos processos como nos produtos Essa impactante situação do país estar se reconstruindo e existirem poucos recursos disponíveis marcou a forma como os ambientes fabris organizaramse e como trabalharam 67 A moderna gestão A necessidade de aumentar a qualidade dos produtos japoneses para que pudessem entrar nos mercados internacionais provocou a busca pelas autoridades industriais japonesas de nomes de destaque nos estudos sobre a qualidade nos EUA Assim os nomes de Joseph Juran e W Edwards Deming surgiram quando os produtos japoneses começaram a desbancar os ameri canos nos mercados internacionais em preço e qualidade e as empresas ocidentais voltaramse para descobrir quais as razões do sucesso japonês Para Deming quem determina a qualidade dos produtos não são apenas as especificações técnicas dos produtos e sim as necessidades e exigências do consumidor aliados a uma utilização de ferramentas de controle estatístico de qualidade e à seleção criteriosa dos fornece dores da empresa A prática da melhoria da qualidade recomendada por Deming apud SILVA 2001 são os 14 passos a seguir 1 criar uma visão consistente de um produto ou serviço 2 assumir a liderança da empresa 3 terminar com as inspeções 4 selecionar um fornecedor preferencial 5 melhorar continuamente o processo 6 promover a aprendizagem no trabalho 7 encarar a liderança como algo que todos aprendam 8 evitar liderar criando medo 9 trabalhar em equipes 10 eliminar a imposição de metas 11 abandonar a gestão por objetivos baseandose nos indicado res quantitativos 12 não classificar o desempenho dos empregados por ranking 13 criar um programa de formação para os empregados 14 impor a mudança como tarefa de todos os trabalhadores Joseph Moses Juran 19042008 engenheiro eletricista pela Univer sidade de Minnesota EUA desenvolveu trabalhos de qualidade na GE Além disso como professor e consultor ampliou a visão da qualidade e preconiza a participação desta na estratégia da empresa e não somente o foco nas técnicas de controle de qualidade Com ele é quebrado o para 68 Administração e Economia digma de que maior qualidade significa maiores custos com o conceito de que menos desperdícios e menos defeitos geram menos custos mais satisfação dos clientes e por consequência maiores lucros Para Juran a qualidade dividese em três partes 1 melhoria da qualidade 2 planejamento da qualidade 3 controle de qualidade Deming e Juran criaram uma linha de seguidores entre eles Kaoru I shikawa que adaptou o método da qualidade para as condições culturais do Japão Sua contribuição foi importante a ponto da ferramenta de causa e efeito amplamente utilizada no mundo todo levar seu nome Gráfico de Causa e Efeito ou Gráfico de Ishikawa Temos a implantação dos sete instrumentos de controle de qualidade o Diagrama de Pareto o Diagrama de Causa e Efeito o Histograma as Folhas de Controle o Diagramas de Escada os Gráficos de controle e os Fluxos de controle Segundo Ishikawa a utilização destas ferramentas resolve 95 dos problemas de qualidade Com o objetivo do zero defeito as indústrias japonesas aplicaram os conceitos de qualidade até a sistematização de sistemas mais sofisti cados e ampliados por estudiosos do mundo inteiro sua implantação foi solidificada no mundo industrial Atualmente tratase a qualidade de forma global na empresa o Total Quality Control Controle Total da Qua lidade TQC ou o Total Quality Management Gerenciamento da Qua lidade Total TQM é um processo sistêmico e estratégico que garante a excelência organizacional A filosofia de que a qualidade se faz com a participação dos funcioná rios iniciase com os Círculos de Controle de Qualidade CCQ também atribuídos a Ishikawa e amplamente difundidos no Ocidente na década de 80 do século XX Os CCQ hoje chamados de Círculos de Qualidade consistem em pequenos grupos de funcionários com média de um número de nove que se reúnem de forma regular e voluntariamente para discutir os projetos relacionados ao trabalho com o objetivo de sempre avançar na melhoria dos processos e do trabalho Esses círculos são organizados treinados nas técnicas de qualidade e incentivados até com premiações pela organização para sempre buscarem por meio de sugestões melho 69 A moderna gestão rias para a qualidade e para a produtividade projeto de ferramentas redu ção de custos manutenção segurança e proteção ambiental Os círculos de qualidade têm grande impacto nos resultados das empresas baseados no conceito de que quem melhor conhece o processo é quem trabalha nele e no conceito do Kaizen que diz respeito à busca da melhoria contínua em tudo Este conceito prega que sempre é possível fazer e ser de uma maneira melhor Atualmente e em decorrência das técnicas japonesas de admi nistração industrial para se tornar competitiva uma indústria deve incorporar a Administração participativa japonesa con ceito que evoluiu para a moderna ideia de células autônomas de produção em que toda a gestão do grupo é feita pelos próprios participantes do grupo até o extremo de o grupo escolher quem supervisionará e qual será a forma de supervisão Do ponto de vista da produção o sistema japonês que alcançou grande repercussão pelo sucesso que obteve fundamentase no sistema aplicado na Toyota sendo seu maior idealizador o engenheiro Taiichi Ohno do qual decorreram as duas outras denominações do método Sis tema Toyota de Produção ou Ohnoísmo Esse método baseiase no con trole da produção feito de forma visual pelos próprios operários O três conceitos básicos em que se apoia o sistemas são destacados a seguir 1 Just in Time envolve a redução dos custos e a agilização do fluxo do processo produtivo com a programação das chegadas dos materiais às estações de trabalho em que são aplicados no momento certo de seu uso Para atingir tal sofisticação é neces sária uma forte integração com as etapas anteriores da cadeia de produção tanto internas como externas Permite cortar os custos de manutenção de estoque maximizar o uso do espaço e de forma indireta atingir eficiência e qualidades em toda a cadeia 2 Kanban método de programação da produção e movimentação do material em que o próprio operador programa seu trabalho de 70 Administração e Economia forma visual Na língua japonesa a palavra kanban significa um marcador cartão sinal ou placa utilizado para controlar a necessidade de mais material para as etapas seguintes Esse sistema também é conceituado como a produção puxada pelo nível seguinte 3 Kaizen conceito de melhoria contínua dos processos e pessoas em busca da eficiência Esses conceitos com a transferência do controle das tarefas para os operários foram por esse motivo chamados de Administração participa tiva Essa forma participativa de gestão surge inicialmente com os CCQ dentro dos quais a participação dos funcionários nas decisões melhorias e estabelecimento de metas é valorizada e até delegada Por meio dela o subordinado ganha maior grau de poder na tomada de decisões e obtém melhores decisões Tendo por base todas essas características da Administração japo nesa o pesquisador americano William Ouchi 1943 professor PhD pela Universidade de Chicago e interessado em descobrir as causas da produtividade japonesa lançou o livro Teoria Z sistematizando todos esses conceitos em uma teoria para a qual ele deu o nome de Teoria Z em uma sequência das teorias X e Y de Douglas McGregor Ouchi baseia sua teoria em características muito próprias da cultura japonesa que são o emprego estável e vitalício e a fidelidade do empregado à empresa em que iniciou sua carreira após a formação escolar a remune ração por antiguidade que depois evoluiu para um sistema de remunera ção associado ao desempenho escolaridade e antiguidade e a formação de sindicatos por empresas possibilitando maior conjunto de interesses comuns entre os funcionários Segundo Chiavenato 2001b a Teoria Z orienta que toda a Admi nistração deve ser focada na participação de todos os funcionários nas decisões que devem ser tomadas em consenso e orientadas a longo prazo Para que isso ocorra de forma bemsucedida os seguintes cuida dos devem ser tomados 2 os objetivos devem estar claros para todos os funcionários e os administradores devem levar em consideração o sistema de cren 71 A moderna gestão ças a cultura existente e a forma certa de comunicação Os objeti vos são obtidos através de consenso entre todos por meio de con versas informais 2 a existência de um espírito comum da busca pela excelência empresarial e individual Os padrões de excelência são discuti dos e estabelecidos de comum acordo com todos 2 as estratégias do negócio têm de estar claras e definidas aten dendo às necessidades do consumidor as tendências do mer cado e os concorrentes 2 a criação de um forte espírito de equipe voltado para a resolução de problemas 2 uma estrutura de trabalho e informação que permita a ampla par ticipação de todos nas decisões 2 as recompensas devem ser correspondentes aos esforços e com prometimento dos funcionários Os objetivos organizacionais se atingem com a satisfação dos objetivos individuais Para a Teoria Z a Administração tem de ser participativa porque a complexidade dos detalhes de cada tarefa só pode ser conhecida por quem executa essa tarefa portanto só eles poderão tomar as melhores decisões relativas à sua tarefa Apesar da pouca expressividade da Teoria Z alguns conceitos da Administração participativa permanecem ativos continuam a ser usados e foram até desenvolvidos para formas mais abrangentes de participação nas decisões da empresa envolvendo até fornecedores e clientes nessas deci sões Essa abrangência nas tomadas de decisão envolvendo fornecedores e clientes parte da visão da interligação de interesses de toda a cadeia de produção e a importância das trocas de informações entre os elos dessa cadeia para a sobrevivência da cadeia como um todo Essa visão da importância da colaboração de todos na busca do sucesso das organizações e da interligação dos interesses entre as partes envolvidas leva ao conceito da coparticipação de todos os funcionários na tomada de decisão de interesse comum na melhoria da eficiência por meio de programas de sugestões e nas formas mais avançadas de super visão a chamada autogestão ou células autogerenciáveis que consiste 72 Administração e Economia na escolha pelos próprios funcionários das unidades de produção das pessoas supervisionadas e da forma como serão supervisionados Esse modelo que vem apresentando resultados positivos no aumento da produtividade e satisfação e resultados para os funcionários contrapõe se ao modelo mais tradicional e ainda bastante difundido de Administra ção o modelo diretivo em que as ordens e direcionamentos são estabele cidos pela hierarquia superior 42 Foco na produtividade Como consequência da crise do petróleo ocorrida na década de 70 do século XX o início da expansão da globalização os mercados inter nacionais de automóveis e eletroeletrônicos sendo dominados pelas empre sas japonesas as empresas foram levadas a uma busca pela redução dos seus custos de operação e o aumento da produtividade a qualquer preço Com o crescimento econômico o número de empresas concorrentes aumentou e proporcionou também um aumento de opções disponíveis aos consumidores de produtos concorrentes e substituíveis Essa situação levou a uma inversão na força de comando no processo de compra saindo das empresas e passando para o lado dos consumidores que passam a escolher o produto que lhes dê maior valor de benefício por valor mone tário aplicado à compra 421 Processo de redução de custos e estrutura A inversão no processo das decisões de compra passando para o lado dos consumidores provocou uma mudança na forma de as empre sas administrarem seus custos e despesas Se anteriormente eram elas quem determinavam o preço das mercadorias agora a situação inverteuse e quem estabelece o preço é o mercado Essa situação nova provoca uma forte tendência de as empresas reduzirem custos e despesas e os primeiros pontos a serem analisados e que estão sob o controle interno da organização são os processos de exe cução a estrutura da organização e seu componente humano A análise da estrutura com objetivo de redução de custos e aumento da eficiência 73 A moderna gestão implica reformatações nos modelos de organização hierárquica redução das pessoas e aumento da produção Alguns modelos de otimização de processos tiveram larga disse minação tornouse quase uma obrigação das empresas os analisarem e avaliarem a possibilidade da sua implantação total ou parte Entre os mais difundidos temos a reengenharia os processos de Downsizing e Empowerment ou Empoderamento 4211 Reengenharia A reengenharia é um processo que pretende reprojetar a forma de funcionamento da empresa por meio do estudo e reformatação dos seus processos Segundo os autores dessa filosofia a reengenharia questiona e analisa com o que realmente a empresa se preocupa Segundo Michael Hummer e James Champy apud SILVA 2005 autores do livro Reen genharia da corporação essa nova forma de projetar a maneira como a empresa faz negócios parte de uma pergunta inicial que todos os gerentes devem fazer se houvesse a necessidade de iniciar a empresa novamente e formatála que tipo de empresa seria baseado na experi ência adquirida e nas tecnologias disponíveis As organizações tendem a se estagnar quando os funcionários com cargos de decisão começam a olhar mais para o seu espaço próximo emprego e departamento e menos de forma abrangente para as relações com outros departamentos e outras pessoas Procurando atingir melhorias drásticas em pontos críticos do desem penho como custos qualidade serviço e velocidade a reengenharia pro põese enquanto mudança radical e fundamental nos processos de negócio As quatro palavraschave no processo de reengenharia são 1 fundamental referese ao mais básico e fundamental que uma empresa tem de responder por que faz o que faz e por que isso é feito desse modo Assim pretendese um novo olhar novas regras e abordagens sobre as operações da empresa 74 Administração e Economia 2 radical por recomendar que se desconsiderem completamente todos os processos e estruturas existentes para provocar novas maneiras de fazer os mesmos objetivos 3 processos por ser o foco da reengenharia a remodelação radical dos processos e não das tarefas para a estrutura para as pessoas e os serviços 4 drástica porque se pretendem não evoluções em cima dos modelos existentes mas uma nova maneira de fazer as coisas que provém ganho em saltos e não em pequenas evoluções gra duais Para que isso aconteça é necessário destruir os modelos existentes o novo surge somente pela destruição Para a reengenharia mesmo os trabalhos individuais bem definidos e bem executados não significam trabalhos eficientes é preciso que se ques tione se não existe uma maneira mais eficaz de se fazer essa tarefa pela importância que ela tem no contexto maior da organização Uma das mar cas da reengenharia é o conceito de que sucesso no passado não garante um sucesso no futuro não existem vantagens vitoriosas permanentes Um questionamento feito pela reengenharia diz respeito à forma como as empresas utilizam a Tecnologia da Informação TI A maioria das empresas não usa todo o potencial de ganho em velocidade e de automação dos processos e das tarefas feitos de forma diferente com a ajuda da TI Apenas concentramse em transferir o processo atual mesmo que possi velmente menos eficiente para um processo auxiliado pela TI e com isso automatizando processos ineficientes transferindo essa ineficiência para o sistema informatizado Algumas comparações podem ser feitas entre a reengenharia e a Teo ria da Qualidade mas elas têm premissas bem diferentes como podemos observar no quadro 41 Quadro 41 Reengenharia X TQM Administração da Qualidade Total Reengenharia TQM Pressuposições ques tionadas Fundamental Desejos e necessidades dos clientes 75 A moderna gestão Reengenharia TQM Escopo de mudança Radical De baixo para cima Orientação Processos Processos Metas de melhoria Drástica Incremental Fonte adaptado de Silva 2005 A ênfase da reengenharia é a eliminação dos desperdícios de passos e tempos nas tarefas que são realizadas normalmente após um processo de reengenharia bemfeito o ganho em termos de rapidez de execução e diminuição de etapas nos fluxos de documentos é muito grande A reengenharia recebeu muitas críticas principalmente porque os pro cessos não foram bem conduzidos não se completou o ciclo ou foi usado com objetivos diferentes daqueles para que ela foi criada A crítica mais comum que tem sido feita diz respeito ao fato de ela preconizar mudanças drásticas e tam bém de que a filosofia se resumia em um corte puro e simples de funcionários Os cincos passos para uma boa reengenharia são 1 dar o controle de cada processo a uma pessoa que se tornará o proprietário desse processo e o levará até ao fim 2 mapear o processo por meio de documentação específica para esse fim como o fluxograma 3 eliminar pontos de dificuldade potenciais no sistema por exem plo mais elementos que podem causar erros como pessoas mecanismos documentos 4 concluir a tarefa o mais rápido possível mais foco no fim da tarefa do que no seu controle 5 tornar a reengenharia um processo contínuo Pelas suas características drásticas e de formas radicais o processo de reengenharia não é fácil e envolve muitos aspectos comportamentais Portanto para que se atinja o sucesso é importante ter alguns cuidados na forma de condução A liderança tem de estar definida e ter autoridade para efetuar mudanças deve existir um processo de mudança comportamental conduzido de acordo com os preceitos que as teorias comportamentais recomendam para que se consiga mudança e desenvolvimento organiza 76 Administração e Economia cionais e com isso sejam superadas as resistências à mudança que nor malmente são grandes 4212 Downsizing Rightsizing Outro processo de redução que teve grande utilização é chamado Downsizing ou Rightsizing diminuição de tamanho ou ter o tamanho certo e é um processo de redução de tamanho da organização principal mente com a diminuição dos níveis hierárquicos redução essa que visa obter uma rápida diminuição de custos A ideia de tornar a organização menor tanto a vertical eliminando níveis hierárquicos da estrutura como a horizontal com a redução de pessoas dentro de cada linha horizontal sobrecarrega os que ficam com as responsabilidades e tarefas que eram executadas pelos cargos que foram eliminados As desvantagens do Downsizing são 2 custos associados à demissão de pessoas recolocação e indeni zações 2 custos de treinamento dos empregados remanescentes às novas responsabilidades 2 declínio no moral dos funcionários remanescentes pelo medo de também serem cortados seus cargos 2 queda na qualidade do trabalho feito pelos remanescentes por acúmulo de funções e baixa do moral Apesar de ser o processo de redução de custos mais fácil de executar e normalmente o mais tentador com executivos novos com pressão por resultados imediatos é o menos profundo e abrangente na análise das suas consequências o que envolve maior custo direto e indireto e pode com prometer o moral profundamente 4213 Empowerment Empoderamento Durante certo tempo foi muito usado o conceito de Empowerment ou Empoderamento mas esse processo é uma delegação feita de outra forma O Empowerment é a passagem da autoridade e da responsabili dade a delegação permanente da tomada de decisão para os funcionários 77 A moderna gestão No entanto esse processo deve ser feito de maneira que os funcio nários possam tomar as decisões da melhor forma possível treinando os fornecendo as informações e recursos necessários recompensandoos pelo aumento das responsabilidades Motivar os funcionários é o principal objetivo do processo de Empowerment pela percepção que eles têm da importância do trabalho para a organização Isso levaos a sentiremse mais competentes e com isso a ganharem a autoconfiança para poderem tomar decisões com mais segurança Com esse sentimento de importância a motivação de parti cipar de forma ativa aumenta e leva os funcionários a se tornarem mais ativos na sugestão de melhorias e a conduzirem processos de mudanças organizacionais com mais sucesso Os custos da implantação dessa filosofia de trabalho são 2 mais treinamentos em função do aumento das responsabilidades 2 selecionar pessoal melhor qualificado para poder desempenhar melhor as tarefas com maior responsabilidade 2 salários mais altos para poder contratar e reter funcionários mais competentes 2 menor ênfase no acerto pela primeira vez 2 funcionários mais empoderados podem extrapolar suas fun ções no atendimento aos clientes Os benefícios obtidos pelo Empowerment são 2 empregados mais ativos e confiantes para atender rapidamente às queixas dos consumidores 2 um sentimento de confiança nos empregados sobre eles pró prios e sobre seu trabalho 2 motivação e entusiasmo dos funcionários eles criam relações mais entusiásticas e pessoais com os clientes 2 empregados mais dispostos em participar com sugestões de melhorias ou na prevenção de problemas futuros O Empowerment está mais focado para empresas prestadoras de ser viços nas quais os clientes precisam ser atendidos com rapidez e calorosa 78 Administração e Economia mente Isso se conseguirá com funcionários com mais autoridade motiva dos entusiasmados e ativos não só para atender com qualidade mas para resolver rápida e calorosamente problemas de insatisfação dos clientes 4214 Administração holística Este conceito baseiase na visão da organização vista como um todo completo que atua em conjunto e deve ser vista como tal não como partes integradas Nesta ótica o todo é muito mais que a simples soma das partes que o compõem tal qual um sistema aberto que é visto como um todo nas suas interações com o ambiente O conceito da organização holística e da forma de administração cor respondente é decorrência das novas visões que as ciências passaram a ter do homem como um ser indivisível a forma de funcionamento do homem deve ser analisada como um todo e não em separado por cada órgão ou componente Um sistema ou organização só pode ser entendido como um todo e não em separado 4215 Benchmarking O processo de Benchmarking é uma busca constante das organi zações por melhor desempenho mediante um processo de melhorias nas suas práticas operacionais administrativas e gerencias pela com paração entre as suas práticas e as práticas inovadoras e de excelência adotadas por outras empresas tanto do mesmo ramo concorrentes como de outros ramos ou as empresas semelhantes de uma mesma organização com várias unidades Esse processo de comparação requer uma metodologia de busca das melhores e mais inovadoras práticas existentes no mercado sua análise sistematização dessas práticas e estabelecimento de uma metodologia de incorporação dessas práticas à organização 4216 Learn organization A partir das obras de Peter Senge solidificouse a visão de que a empresa deve criar uma forma de constante aprendizado e incorporação à sua cultura e comportamento às experiências adquiridas ao longo do tempo e que esse aprendizado impulsione de forma contínua a inovação e 79 A moderna gestão a renovação constantes tão necessárias às organizações inseridas em um ambiente tão cheio de mudanças rápidas como o atual Algumas formas sistêmicas e métodos foram criados para que esse aprendizado seja incorporado ao dia a dia à cultura e ao processo organi zacional em uma forma de absorção da constante mudança organizacional 4217 Terceirização É basicamente um processo de busca de redução de custos e foco nas atividades principais da empresa o chamado core business pela trans ferência de atividades anteriormente executadas internamente pela organi zação para serem executadas por parceiros fornecedores ou até a criação de empresas novas dedicadas a essa atividade A empresa que terceiriza uma de suas atividades para uma outra empresa terceirizada pretende que por meio dessa transferência e compra desses serviços tenha uma maior qualidade no serviço e menor custo pela especialização no serviço contratado pela empresa terceirizada Exemplo comum desse tipo de funcionamento é a terceirização de serviços de segu rança limpeza contratação de funcionário contabilidade etc Reflita Perceba que a forma como se sentem os funcionários se motiva dos e entusiasmados reflete no atendimento a clientes e na auto nomia que eles têm para rapidamente resolver as insatisfações e problemas dos clientes Fica evidente que funcionários empoderados são muito melho res no atendimento e provocam sentimentos de mais cordiali dade nos clientes 422 Melhoria contínua e PDCA O conceito da melhoria contínua foi popularizado por meio da divul gação do sistema japonês de Administração fabril e ficou mais conhecido como Kaizen Por meio do Kaizen criase uma cultura de busca contínua 80 Administração e Economia por maiores níveis de produtividade e eficiência É um processo cíclico que vai crescendo todo mês e ao se iniciar um novo ciclo no mês seguinte o mais usual colocamse novas metas mais audaciosas que as anteriores A princípio o topo da empresa o nível estratégico estabelece as metas e os objetivos para a organização como um todo e essas metas des cem pela estrutura hierárquica detalhandose a cada nível e atingindo todos as etapas Por outro lado do nível operacional da empresa sobem as infor mações necessárias para abastecer os níveis superiores a tomarem decisões e estabelecerem metas mais realistas e sobem também os indicadores de desempenho que vão se aglutinando nível a nível para que ao chega rem ao topo sejam os indicadores de desempenho globais da organização como vemos na figura 41 A cúpula da empresa estabelece as metas de vendas lucros custos eliminação de desperdícios etc A organização trabalha para que essas metas sejam atingidas e retorna para os níveis superiores os resultados atingidos e as informações necessárias para abastecer tomadas de decisão e estabelecimento de novas metas Assim repetese o ciclo de melhoria contínua com metas mais desafiadoras e de melhores desempenhos Figura 41 Ciclo da melhoria contínua Informações Indicadores de desempenho Nível estratégico Nível gerencial Nível operacional Indicadores Metas Objetivos Fonte adaptado de Abreu e Rezende 2009 p 112133 81 A moderna gestão A ferramenta criada para impulsionar essa filosofia de trabalho amplamente divulgada e usada por todos os tipos de empresas foi o ciclo PlanDoCheckAct PDCA atualmente a última etapa do ciclo tem sido chamada de Learn em vez de Act O ciclo PDCA foi criado por Walter Andrew Shewhart 18911967 e divulgado por Deming que foi quem o incluiu no seu sistema de melhoria contínua da qualidade e divulgou sua utilização Atualmente a ferramenta de PDCA não se restringe mais ao sistema da qualidade está sendo usada em todas as outras áreas da empresa O ciclo PDCA representa as funções do administrador criadas por Fayol na Teoria Clássica adaptada aos novos conceitos da qualidade melhoria contínua e produtividade Inicialmente seu uso era direcionado para estatística e métodos de amostragem da qualidade depois foi ampliado e tornouse a ferramenta da função administrar O ciclo PDCA tem por obje tivo tornar claros e ágeis os processos de gestão bem como organizálos Figura 42 Ciclo PDCA Verificar se as ações implementadas atin giram os resultados desejados Agir melhorando Implementar e monitorar os resultados Preparar equipe para implantação Definir método e padrões de trabalho Definir objetivos e metas A act C check D do P plan Fonte adaptado de Campos 2004 p 34 e p 206 O ciclo PDCA é constituído por quatro etapas sequenciais mas que interagem umas com as outras podem acontecer ao mesmo tempo e são interdependentes Vamos apresentar essas etapas a seguir 82 Administração e Economia 4221 Plan planejar Essa é a etapa inicial do processo e constitui a fase de planejamento que se subdivide em duas partes a definição dos objetivos e metas por meio de um levantamento de dados boas ferramentas de análise ambiental análise de causas e efeitos e uma clara visão dos cenários futuros a outra subdivisão é o estabelecimento de métodos e padrões de trabalho desejados para resolver o problema ou executar a tarefa pretendida Nessa fase do PDCA é necessário definir 2 o processo a ser gerenciado o problema a ser resolvido ou as metas a serem atingidas 2 os métodos a serem utilizados no alcance dos objetivos 2 os padrões de desempenho pretendidos 2 as metas a serem atingidas para se alcançarem os objetivos 4222 Do executar Nessa etapa ocorre a execução das tarefas planejadas na fase anterior No entanto para que as tarefas sejam feitas com qualidade é necessário que se prepare a equipe para a sua implementação mediante escolha das pessoas certas para cada tarefa treinamento dessas pessoas para darlhes todas as condições de forma a atingir os padrões de desempenho estabele cidos Depois a sequência é implementar as ações e monitorar os resulta dos por meio dos indicadores já estabelecidos na fase anterior É muito importante realçar que sem o envolvimento das pessoas no alcance dos objetivos não há comprometimento nem sucesso nos resul tados Para que se consiga tal compromisso é preciso treinar e liderar as pessoas em torno dos objetivos da empresa É importante nessa fase a coleta dos dados certos e mais indicados para que o monitoramento tenha sucesso 4223 Check verificar Após a realização das tarefas o próximo passo é verificar se as metas e os padrões estabelecidos no planejamento foram atingidos na execu ção Isso é feito utilizando as metas estabelecidas e os dados monitorados anteriormente A partir dessa verificação e análise não se deve apenas 83 A moderna gestão apontar divergências entre metas e resultados alcançados mas principal mente verificar as causas dessas divergências É importante que todos essas dados sejam registrados para que o conhecimento se absorva e para consultas futuras 4224 Act ação Essa é fase do agir melhorando absorvendo as avaliações feitas na fase anterior Esta ação envolve determinar novos planos de ação metas objetivos e padrões de trabalho para que se inicie um novo ciclo Esses novos planos devem melhorar os indicadores do ciclo anterior a quali dade a eficiência e a eficácia melhorando e corrigindo as falhas quando houver ou estabelecendo novos patamares de desempenho superior Em função dessa característica de absorver a experiência do ciclo anterior e melhorar ou corrigir os resultados obtidos essa etapa também é chamada de Learn que significa aprender A ferramenta PDCA pela simplicidade de elaboração e execução pode ser aplicada a todos os tipos de empresas até em nível individual A sua importância é grande pelos motivos já apontados e por apresentar resultados muito positivos Devido a essa combinação de simplicidade facilidade de elabora ção e bons resultados a metodologia espalhouse e solidificouse por todas as organizações O ciclo PDCA pode ser implantado de forma mais global como o planejamento da empresa como um todo e ir detalhando e dividindo os planos conforme se desce na estrutura hierárquica e chegase ao nível mais operacional no qual o PDCA pode representar planos individuais 423 Ferramentas da qualidade Um dos principais responsáveis pela implantação e pela expansão dos conceitos de qualidade no Japão Kaoru Ishikawa estabeleceu sete ferra mentas que auxiliam a melhorar a qualidade Foi a partir da ampla utilização e do sucesso desses instrumentos que sua utilização ampliouse de simples ferramentas de qualidade do produto e processo industriais para a amplia 84 Administração e Economia ção da sua utilização como ferramentas da Administração e dos processos gerais da Administração As ferramentas da qualidade vieram juntarse a outras ferramentas como o fluxograma e o organograma para se tornarem instrumentos da Administração Como vimos anteriormente as sete ferramentas da qualidade implan tadas por Ishikawa são o Diagrama de Pareto o Diagrama de Causa e Efeito o Histograma as Folhas de Controle os Diagramas de Escada os Gráficos de Controle e os Fluxos de Controle que segundo Ishikawa resolvem 95 dos problemas de qualidade As ferramentas da qualidade e da gestão mais utilizadas são destaca das a seguir 4231 Diagrama de Pareto Essa ferramenta baseiase nos estudos de Vilfredo Pareto 18481923 economista político e sociólogo que em 1897 executou um estudo sobre a distribuição de renda Com tal estudo percebeuse que a distribuição de riqueza não se dava de maneira uniforme havendo grande concentração 80 nas mãos de uma pequena parcela da população 20 Comprovou se a aplicabilidade desse conceito de 8020 a vários ramos da economia e da Administração estabelecendo que 80 dos resultados são explicados por 20 das causas No caso específico da qualidade significa que 20 das causas provo cam 80 dos defeitos Para a Administração de forma geral o conceito de Pareto pode ser útil se colocado para grandes volumes de ocorrências tornase mais evidente por exemplo afirmar que 20 dos clientes são responsáveis por 80 das receitas 20 dos produtos são responsáveis por 80 das vendas ou do lucro conceito muito usado na Administração de grandes supermercados Ele também é muito conhecido como Clas sificação ABC em que os itens são dividos em três abrindo uma escala dos 30 referentes às causas seguintes às mais importantes e que são responsáveis por 15 dos resultados Assim 50 das causas respondem por 95 dos resultados restando 50 das causas para serem responsáveis por apenas 5 dos resultados Portanto a primeira ação do administrador é identificar 20 de ocor rências que representam 80 dos resultados das tarefas ou produtos do 85 A moderna gestão seu processo concentrando seus esforços principais na gestão destes e depois seguindo a escala focando nos 30 seguintes assim conseguese identificar e administrar 95 dos resuldados do seu trabalho Normalmente esse conceito é usado graficamente para melhor visuali zação e tem uma metodologia própria a ser seguida para se chegar ao gráfico Figura 43 Diagrama de Pareto 200 Quantidade de itens inspecionados 5000 Quantidade de itens defeituosos 1 de abril a 30 de junho 180 160 140 120 100 80 60 40 20 Percetagem acumulada 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 Outros D B F A C E A Trinca D Deformação B Risco E Fenda C Mancha F Porosidade Fonte adaptado de Kume 1993 p 25 4232 Diagrama de Ishikawa Esse diagrama é também conhecido pelos nomes de gráfico espinha de peixe por sua semelhança gráfica com uma espinha de peixe ou grá fico causa e efeito pelo seu objetivo 86 Administração e Economia Essa ferramenta busca atingir as causas principais dos problemas por meio de uma metodologia de busca dos porquês dos problemas e subpro blemas até achar a causa real que provoca o efeito que queremos eliminar Figura 44 Estrutura do Diagrama de Ishikawa ou de causa e efeito Operadores Máquina Peças e materiais Métodos de operação Fadiga Enfermidade Concentração Treinamento Educação Habilidade Experiência Moral Atenção Item Peça Inspeção Método Estabilidade Operação Desequilíbrio Deformação Abrasão Fixação Armazenagem Dimensão Posição Sequência Quantidade do material Diâmetro Montagem Ritmo Componente Ângulo Trabalho Perfil Grau de aperto Procedimento Forma Dispositivos e ferramentas Saúde Variação dimensional Fonte adaptado de Kume 1993 p 39 Esse diagrama é também conhecido por 6M pois na sua estrutura todos tipos de problemas podem ser classificados como pertencentes a seis tipos diferentes de causas que têm como inicial a letra M A busca da solução deve seguir dentro desses tipos de causas 2 Método a maneira como está sendo executado 2 Matériaprima problemas de especificação ou qualidade 2 Mão de obra problemas de execução ou treinamento 2 Máquinas referentes aos equipamentos 2 Medição falta de precisão ou especificação 2 Meio ambiente fatores externos ao ambiente da tarefa 87 A moderna gestão Para se fazer o diagrama é necessária a identificação dos subpro blemas que estão levando ao problema raiz ou seja é preciso chegar às causas remotas e reais que nos levam ao efeito final o problema raiz 4233 5W3H Essa ferramenta não faz parte do lote inicial das chamadas ferramen tas da qualidade mas é de grande utilidade para que o administrador esta beleça planos de ação verifique o andamento do planejamento Pode tam bém ser usada para outras finalidades como a investigação de processos para detectar as suas falhas O nome da ferramenta vem das inicias em inglês das perguntas a serem respondidas como podemos ver no quadro 42 Quadro 42 Método 5W3H Perguntas Inglês Português Explicação 5W What O quê Que ação será executada Who Quem Quem será o responsável o exe cutor e os participantes da ação Where Onde Onde será executada a ação When Quando Quando será executada a ação Why Por quê Por que a ação será executada 3H How Como Como será executada a ação How much Quanto custa Quanto vai custar a ação How measure Como medir Como será medido o progresso e os resultados da ação Fonte adaptado de Campos 2004 p 59 Pela utilização dessa ferramenta é possível estabelecer as funções da Administração ou o PDCA de forma mais fácil 88 Administração e Economia 4234 Histograma A utilização da estatística aos meios de produção como foco nas aná lises de qualidade foi amplamente explorada Esse é o caso do histograma a representação em um gráfico de colunas do número de ocorrências por tipo de ocorrências no fenômeno em estudo A grande utilidade dessa ferramenta é que por meio só do esforço da elaboração e da simples visualização do gráfico ficam evidentes os fenô menos de maior ocorrência O processo de elaboração do histograma serve como o início de um estudo e é importante ferramenta para identificar o tipo de distribuição do fenômeno Figura 45 Exemplo de histogramas 0 Característica peso idade Ocorrências 5 10 15 20 25 30 Fonte Talentus 2012 s p Figura 46 Estratificação Total de acidente Departamento Manutenção Mês Tipo de Acidente Total Corte Queimadura Fraturas Janeiro 6 5 4 15 Fevereiro 6 4 3 13 Março 4 4 2 10 Abril 1 1 1 3 Maio 3 1 2 6 Junho 1 1 0 2 Julho 3 1 1 5 89 A moderna gestão Tipo de acidente Departamento Manutenção Corte Queimadura Fratura 0 Janeiro Fevereiro Março Maio Junho Julho Abril 1 2 3 4 5 6 7 Fonte Cantidio 2012 s p 4235 Folhas de controle Folhas de verificação são instrumentos que facilitam o processo de coletar e analisar os dados a serem estudados São tabelas ou planilhas que economizarão tempo na preparação dos dados pela orientação que é dada à coleta eliminando o trabalho de se desenhar figuras ou escrever números repetitivos Com o uso das folhas de verificação direcionase a análise de dados para que se evite erros de dispersão Tabela 41 Folha de controle Características Lote 1 Lote 2 Lote 3 Lote 4 Lote 5 Lote 6 Manchada 4 Quebrada 2 5 5 4 3 Pequena 3 Fonte Qualidade Brasil 2012 s p 90 Administração e Economia 4236 Diagrama de dispersão Esse tipo de diagrama é usado para verificar de forma fácil e visual a ocorrência de mudanças em variáveis de um processo em estudo As ocorrências são relacionadas a duas variáveis quantitativas que são inseridas no espaço cartesiano nas variáveis X e Y Caso ocorra uma alteração grande de uma das variáveis em estudo dentro das ten dências e concentração de todas as ocorrências o fato é perceptível visualmente e pelas formulas matemáticas de regressão e progressão linear é possível estabelecer as tendências das ocorrências Figura 47 Diagramas de dispersão Custo Real X Estimado Custo aparente real 3000 3000 3500 3500 4000 4000 4500 5000 5500 6000 6500 7000 7500 4500 5000 5500 6000 6500 7000 7500 Coef correlação 094 Primeira bissetriz Custo aparente estimado Fonte Cantidio 2012 s p 0 0 2 2 4 6 y 4 6 x Pontos suspeitos n 30 Fonte Kumo 1993 p 78 91 A moderna gestão 4237 Gráficos de controle Esse é mais um componente estatístico aplicado aos processos indus triais e administrativos Com o registro das ocorrências em gráfico é pos sível verificar continuamente se os fatores em análise mantêmse dentro dos limites estabelecidos Figura 48 Gráficos de controle LSE 2 40 35 30 25 20 15 10 5 1 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 LSC LIC LIC Diâmetro para rolamento em 0001 mm Análise de estabilidade do processo Norton semieixo Diâmetro para rolamento Sequência de produção Fonte Cantidio 2012 s p Limite superior de controle Linha central Limite inferior de controle Gráfico de controle para processo sob controle x Gráfico de controle para processo fora de controle x Fonte Kume 1993 p 98 4238 Fluxos de controle Tais fluxos são as representações gráficas da sequência de ações verificações e tomadas de decisão para orientar a execução das tarefas e 92 Administração e Economia garantir que ela seja feita sempre da forma correta Os fluxos de controle são considerados como fluxogramas chamados ainda de carta de fluxo do processo Gráfico de processamento e gráfico de sequência são definidos como a representação gráfica por meio de símbolos predefinidos de cada fase de um processo ou de um trabalho registrando a análise detalhada das tarefas sua sequência tomadas de decisão e os responsáveis eou as uni dades organizacionais envolvidas Os fluxogramas são de ampla utilização da Administração em todas as áreas como forma de sistematizar e padronizar as tarefas São utilizados nas fases da divisão e especialização do trabalho na estruturação da organização Figura 49 Fluxo de controle Início Seleção de barras Corte Sim Sim Sim Não Não Dobrar Dobrar Armar Área de expedição Carregamento de caminhão Estoque intermediário Armação da ferragem Fim Não Armar Fonte Reinvenção 2012 s p Com o amplo uso da ferramenta fluxograma obtemos os seguin tes benefícios 2 padronização da representação dos métodos administrativos e operacionais 2 maior rapidez da descrição dos métodos de trabalho 93 A moderna gestão 2 leitura e entendimento facilitados pelo uso de simbologia padrão 2 análise melhorada pela facilidade da visualização 2 facilidade de localização e identificação dos pontos que são mais importantes As vantagens resultantes do uso do fluxograma são o levantamento e análise de qualquer método administrativo a apresentação real do funcio namento a visualização integrada de um método administrativo Para que se atinjam melhores benefícios com o uso do fluxograma recomendamos algumas perguntas que permitem analisar o processo uma utilização conjunta do fluxograma e dos 5W3H 2 Por que essa fase é necessária Tem influência no resultado final da rotina analisada 2 O que é feito nessa fase 2 Para que serve essa fase 2 Onde essa fase deve ser feita Uma mudança deno local permi tiria maior simplificação 2 Quando essa fase deve ser feita A sequência está na ordem correta 2 Quanto tempo dura a execução dessa fase 2 Quem deve executar essa fase Há alguém melhor qualificado para executála Seria mais lógico que outra pessoa a executasse 2 Como essa fase está sendo executada A utilização das ferramentas da qualidade em toda a Administração das organizações traz mais consistência e metodologia para a execução das funções do administrador fazendo delas não só ferramentas de quali dade mas ferramentas da Administração 43 Excelência da gestão O estudo mais avançado da gestão atualmente é a busca da exce lência organizacional por meio de práticas e princípios fundamentados em c ritérios mundialmente aceitos como os fundamentos de uma gestão de excelência Esses fundamentos e critérios são estabelecidos por asso 94 Administração e Economia ciações de vários países e poucas variações apresentam de país para país Aqui no Brasil tais práticas têm sido conduzidas pela Fundação para o Prêmio Nacional da Qualidade mais tarde somente Fundação Nacional da Qualidade FNQ Em vários estados outros organismos foram criados ou responsabilizados para conduzir as empresas locais a um patamar de qualidade e produtividade idêntico ao das melhores empresas mundiais as chamadas Empresas de Classe Mundial 431 Fundamentos e critérios da excelência Em meados dos anos 80 do século XX as organizações americanas sentiram a necessidade de melhorar as suas práticas para atingir mais qua lidade e produtividade nos seus produtos Um grupo de especialistas ana lisou uma série de empresas com resultados de sucesso para verificar quais características as levaram a serem consideradas ilhas de excelência e a se diferenciarem das demais empresas que se encontravam em patamares inferiores de qualidade e produtividade Essas características foram identificadas e constituíamse como valo res organizacionais pertencentes à cultura das organizações praticados pelas pessoas da organização desde a base da estrutura até o topo Esses valores deram origem aos fundamentos para a criação de uma cultura de gestão voltada para os resultados deram origem também aos critérios de avaliação e à estrutura do Prêmio Malcolm Baldrige National Quality Award MBNQA em 1987 No Brasil o movimento para a melhoria da produtividade e da quali dade das empresas começou em 1991 com a instituição da Fundação para o Prêmio Nacional da Qualidade entidade sem fins lucrativos fundada por 39 organizações públicas e privadas A primeira premiação ocorreu em 1992 abordando os critérios do prêmio da MBNQA Ao longo desse tempo foram feitas no prêmio evoluções para acompanhar as tendências de evolução da tecnologia de gestão das organizações bem como uma aproximação das organizações de prêmios semelhantes em outros países Desde então a consciência das empresas em relação à importância de ado tar práticas de gestão fundamentadas na excelência só aumentou e passou a ser aplicada a empresas de todos os tamanhos das micro e pequenas às 95 A moderna gestão grandes multinacionais A referência em relação aos critérios de excelên cia é o modelo criado pela FNQ em concordância com organismos seme lhantes da maioria dos países Para os valores iniciais identificados nas empresas de sucesso foram considerados os fundamentos para a criação de uma cultura organizacio nal voltada para resultados A partir desses fundamentos estabeleceramse os critérios identificadores de uma empresa com um padrão de excelência de gestão A excelência da gestão e da qualidade não se relaciona apenas à qualidade dos produtos em si mas de forma abrangente à qualidade dos processos de gestão que proporcionam às empresas que adotam essas práti cas alcançarem níveis de produtividade e de resultados não alcançados pelas outras empresas que não as adotam Os fundamentos da excelência baseiamse em conceitos simples e em um modelo flexível sem a prescrição de ferramentas e práticas específicas de gestão e pode ser aplicado a qualquer tipo de organização nos setores públicos e privados com ou sem finalidade de lucro e de qualquer porte Os fundamentos da excelência que expressam os conceitos reconhecidos inter nacionalmente como os fundamentos que levam organizações a se tornarem empresas de Classe Mundial são destacados a seguir FNQ 2012b 4311 Pensamento sistêmico É uma visão global da empresa e do entendimento das relações de interdependência entre os diversos subsistemas que compõem uma orga nização bem como a decorrência desse sistema ser aberto as relações entre a organização e o ambiente externo 4312 Aprendizado organizacional A organização deve absorver as práticas e os conhecimentos por meio de percepção reflexão avaliação e compartilhamento de experiências bus cando alcançar novos estágios de conhecimento Esse conceito de apren dizagem organizacional foi incorporado ao ciclo da gestão o PDCA que mais tarde passou para PDCL com ao letra L significando Learn ou seja aprender Tudo isso para deixar claro que o processo de avaliação não é simplesmente uma avaliação mas a incorporação dos conhecimentos adquiridos à organização 96 Administração e Economia 4313 Cultura de inovação É proporcionar um ambiente que gere vantagens competitivas para a organização por meio do estimulo à criatividade à experimentação e implementação de novas ideias 4314 Liderança e constância de propósitos É a importância de as lideranças da empresa criarem relações de qualidade e proteção dos interesses das partes bem como agir de forma aberta democrática inspiradora e motivadora 4315 Orientação por processos e informações As tomadas de decisão devem ser embasadas em informações coleta das levando em conta os riscos identificados As atividades e os processos de trabalho devem ser compreendidos e segmentados 4316 Visão de futuro É a compreensão dos fatores que afetam a organização a curto e longo prazo bem como o ecossistema e o ambiente externo em que a empresa se insere 4317 Geração de valor É atender a todas as partes interessadas com resultados consistentes e sustentáveis de aumento de valor tangível e intangível 4318 Valorização das pessoas Tratase da criação de condições de maximização do desempe nho para que por meio do comprometimento do desenvolvimento de competências e de espaços para empreender as pessoas realizemse profissional e humanamente 4319 Conhecimento sobre o cliente e o mercado Tratase do conhecimento e entendimento do cliente e do mercado para criar sustentavelmente valor para o cliente e gerar vantagens competitivas 97 A moderna gestão 43110 Desenvolvimento de parcerias É o desenvolvimento de atividades em conjunto com outras organi zações para alavancar e complementar a utilização das competências de cada organização gerar benefícios para ambas as partes 43111 Responsabilidade social É definida pela postura ética e transparente da organização com todos os públicos com os quais ela se relaciona A empresa precisa fazer parte do desenvolvimento sustentável da sociedade preservando recursos ambien tais e culturais para gerações futuras A estratégia deve incluir ações para a redução das desigualdades sociais e o respeito pela diversidade Esses são os fundamentos da excelência da Gestão encontrados em organizações de classe mundial Eles são a base teórica de uma boa ges tão são postos em prática e avaliados por oito critérios como podemos verificar na figura 410 Figura 410 Fundamentos X critérios de excelência Desenvolvimento de parcerias Aprendizado organizacional Pensamento sistêmico Cultura da inovação Liderança e constância de propósitos Visão de futuro Orientação por processos e informações Valorização das pessoas Conhecimento do cliente e do mercado Responsabilidade social Geração de valor Pessoas Sociedade Clientes Processos Estratégias e planos Liderança Resultados Informações e conhecimento Fonte FNQ 2012c 98 Administração e Economia Há uma correspondência colorida entre os fundamentos e os critérios resultantes alguns fundamentos estão destacados em cor sem correspon dência nos critérios pois são transversais a todos os outros Os critérios são a aplicação prática dos fundamentos O círculo representativo dos critérios de excelência tem essa forma para representativamente mostrar a empresa como um sistema que interage com o meio ambiente que o rodeia permeado de informações e conhecimento O sucesso de uma empresa depende da relação com seus clientes do conhecimento sobre eles e do atendimento de suas necessidades e expectativas O conhecimento dessas necessidades pode ser utilizado para reter os clientes Para que a empresa garanta a sua continuidade ela deve identificar entender e satisfazer às necessidades mediante uma interação ética cum prindo as leis da sociedade em que se insere De posse destas informações a liderança estabelece a forma de atuação da empresa seus princípios den tro dos fundamentos da excelência A liderança estabelece as estratégias da empresa que direcionarão a organização e seu desempenho estabelecendo suas posições compe titivas Os quatro critérios anteriormente especificados são a parte Plan P do ciclo PDCA As pessoas devem ser escolhidas treinadas e satisfeitas para poderem executar suas tarefas em um ambiente que lhes dê as melhores condições para isso A partir de pessoas escolhidas e preparadas os processos podem ser executados criando valor para os clientes e aperfeiçoando o relaciona mento com os fornecedores Assim concluise a etapa da execução do Do D do ciclo PDCA Para complementar e ciclo na etapa do Control C são mensurados os resultados em relação a vários aspectos da organização Os efeitos das práticas de gestão podem ser comparados às metas estabelecidas é preciso fazer as correções de rumo ou reforçar as ações implementadas Esses resultados apresentados pelas informações e o conhecimento retornam a toda a organização complementando o ciclo PDCA com a Action A Essas informações representam a inteligência da gestão da organização 99 A moderna gestão Saiba mais O site da FNQ na opção produtos ou serviçoscursos gratuitos online disponibiliza cursos para os profissionais que dese jam aprofundar seus conhecimentos sobre a origem e os funda mentos do Modelo de Excelência da Gestão MEG FNQ Federação Nacional de Qualidade 2012a Disponível em httpwwwfnqorgbr Acesso em 29 nov 2012 Assim são estabelecidos os fundamentos e critérios necessários para uma empresa atingir uma gestão de excelência e poder usufruir do aumento de produtividade e resultados consequentes 44 Perspectivas futuras Desde o longínquo nascimento da ciência da Administração no iní cio do século passado muitos foram os enfoques abordados pelos dedica dos pesquisadores que tentaram sistematizar e analisar a ciência da Admi nistração O sentido sempre foi o de tornar as empresas mais eficientes produtivas e eficazes Esse é o papel e o desafio maior do administrador manter as organizações em que trabalham vivas e competitivas Esse desafio está se tornando cada vez mais difícil com a necessi dade de adaptações muito rápidas a um ambiente externo cada vez mais complexo Atualmente o ambiente econômico é turbulento e cheio de mudanças a globalização aumentou a interdependência e a influência dos mercados com muita concorrência não só local mas por vezes ampliada a todo o planeta pelo comércio eletrônico No campo da tecnologia o pro cesso de mudanças é muito mais rápido e as empresas precisam sempre se inovar com risco de ficarem de fora do mercado No aspecto humano as mudanças também foram muitas desde a época do início da Teoria Clássica Os seres humanos também estão em processos de transformação rápida em função da forma como desde muito jovens têm acesso a infor mações e à tecnologia Para além de tudo isso o administrador ainda sobre as pressões da sociedade sobre as empresas nas questões de sustentabili dade social e ambiental 100 Administração e Economia 441 O impacto da internet e das ferramentas de TI O uso das tecnologias da informação e comunicação ou TI como também é designada a informática promoveu e promove crescentemente mudanças radicais na forma de se administrar e fazer negócios A partir da década de 80 do século XX com o lançamento do PC por parte da IBM com um preço acessível com a miniaturização dos com ponentes digitais e aumento nas velocidades das linhas de comunicação digital o uso da TI por parte das empresas disseminouse O uso das redes de computadores com a descentralização das ativi dades ligadas ao processamento eletrônico de dados em vez de computa dores centrais foi o grande motor do crescimento do uso da TI por parte das organizações Esse avanço tecnológico proporcionou um maior uso dessa ferramenta nos processos administrativos e o grande motor do exer cício da Administração a ponto de hoje termos um computador na mesa de todos os funcionários sendo que sem ele a atividade de Administração não pode mais ser executada Assim a forma como se realizam as funções da Administração mudaram completamente Atualmente existem siste mas informatizados e aplicativos para todas as funções administrativas Em função da existência desses aplicativos e da redução dos valo res necessários à sua implantação as empresas tiveram a oportunidade de expandir o uso do computador para todas as suas áreas Isso permi tiu à Administração automatizar os processos administrativos primeiro de uma forma setorizada depois com a integração de todos os sistemas Isso aconteceu pelo crescimento da tecnologia de bancos de dados e pelo aumento do poder computacional A conjugação da diminuição de preços do aumento do poder computacional e de armazenamento veio rapida mente acelerar a passagem dos processos administrativos manuais para sistemas informatizados com isso ganhouse eficiência e produtividade o grande motivo da implantação de sistemas integrados para toda a empresa os Enterprise Resource Planning gerenciamento do planejamento dos recursos da empresa ainda que haja muita reclamação em função de implantações mal executadas e administradas Inicialmente os sistemas informatizados surgiram apenas para pro porcionar um maior controle das tarefas operacionais das áreas de apoio 101 A moderna gestão folha de pagamento contabilidade financeiras fiscais controle de esto ques etc Depois em uma etapa posterior as tarefas de controle das ope rações fabris passaram também a ser processadas de forma informati zada Os processos estavam sendo controlados mas não integrados O passo seguinte foi a integração de todos os sistemas e a implantação do conceito de banco de dados em que a mesma informação estava apenas gravada e pode ser usada por todos que dela precisassem Esse avanço proporcionou a criação dos ERP sistemas totalmente integrados que incorporam os conceitos organizacionais usados na época A visão sistêmica das organizações também era aplicada aos modelos informatizados a mesma informação que dava entrada no sistema era usada e integrada com outras tarefas que dependiam dessa informação A organização passou a ser vista e controlada com poucos processos globais compostos por vários subprocessos Exemplo disso é o processo que se inicia com o pedido pelo cliente e termina com o recebimento da venda efetuada passando pela confirmação do pedido programação da produ ção produção disponibilidade venda distribuição e recebimento Surge o conceito de que a informação é única em todas as etapas dos processos globais e cada etapa é cliente da etapa anterior e fornecedora da etapa seguinte A departamentalização diluise pela influência da tecnologia usada as fronteiras das tarefas departamentais diluemse para a criação de uma visão integrada de um processo a ser completado com o atendimento e satisfação do cliente final Essa é a integração horizontal da estrutura pelo conceito da empresa como um conjunto de processos globais Os sistemas começaram a ser ferramentas também de comunicação entre departamentos e na vertical o fato de a alimentação dos dados exigi dos em uma etapa já ficarem disponíveis para consulta e serem aplicados a etapas seguintes na vertical e na horizontal eliminou uma grande circula ção de documentos e facilitou a rapidez na tomada de decisão Na análise vertical das organizações a evolução da parte tecnológica da TI cresceu em potencial computacional velocidade de processamento e recursos de programação propiciando que mais funções da Administra ção sejam transferidas para os sistemas e que sua capacidade de proces sar grandes volumes de informação tenha rapidez que os ER humanos 102 Administração e Economia Também tivemos avanço nas aplicações direcionadas para atividades indivi duais de e scritório que ficaram mais poderosas dando ao administrador uma série de ferramentas para facilitar o seu trabalho aumentar sua eficiência e produtividade como é o caso de processadores de texto planilhas eletrônicas gerenciadores de bancos de dados individuais e aplicativos de apresentações Os sistemas começaram a entrar nas áreas da tomada de decisão das empresas primeiro com a aglutinação e o fornecimento rápido de resumos listas e gráficos depois mais aprofundadamente na análise dos dados históricos armazenados com técnicas matemáticas e estatísticas chegando ao topo da organização como grandes ferramentas de apoio à tomada de decisões como o conceito do Business Intelligence BI inteligência aplicada aos negócios Atualmente o BI é uma das áreas em que mais se investe em de TI com o objetivo de trabalhar com inteligên cia baseado nos dados históricos e também para conseguir descobrir a principal dificuldade inerente ao trabalho da Administração eliminar a incerteza do meio ambiente olhar para os históricos existentes achar tendências externas baseadas em coleta de dados do ambiente e eliminar as incertezas do futuro com a criação de cenários previstos Essa nova utilização da TI nas organizações causou impactos positivos na melhoria geral da produtividade e na eficiência de empresas de todos os tipos porque até as micro e pequenas têm a possibilidade de usar aplicativos e ferramentas de tomada de decisão gratuitas ou a custos muito acessíveis A estrutura de dados e informações está representada na figura 411 Figura 411 sEstrutura e fluxo de informações Nível estratégico Informações Indicadores de desempenho Indicadores Metas Objetivos Nível gerencial Nível operacional Decisão Análise das informações Geração de informação Organização dos dados Coleta e controle dos dados Fonte adaptado de Abreu e Rezende 2009 p 112133 103 A moderna gestão A partir de 1996 houve uma explosão da utilização da internet como meio de comunicação empresarial Primeiro as empresas começaram a utilizála como meio rápido de comunicação por meio do email ocorreu a facilitação da criação de redes virtuais pela internet integrando seus departamentos e filiais geograficamente distantes Isso foi um avanço muito grande para o administrador que soube usar a ferramenta como forma de aumento de produtividade e eficiência Paralelamente houve avanços das comunicações e eletrônica como saltos de produtividade no aumento das capacidades de armazenamento miniaturização dos componentes velocidade de processamentos aumento da capacidade das comunicações digitais que permitiram que o aumento do uso da TI atingisse todos os ambientes e meios A utilização intensiva da internet e dos meios móveis de comu nicação permitiu a convergência de utilização de texto voz imagem geolocalização e dados tudo no mesmo aparelho móvel os chamados telefones móveis inteligentes As novas fronteiras que se abrem às organizações para aumentar sua eficiência e produtividade no relacionamento comercial com outras empresas e clientes é enorme As aplicações móveis cresceram a inclusão de chips a produtos embarcando a inteligência para facilitar a sua utiliza ção por parte dos clientes avançou e a indústria automobilística não ficou de fora criando automóveis cada vez mais inteligentes O desafio atual para o administrador e para as organizações é a expansão da utilização das chamadas mídias sociais com base na inter net A forma como as pessoas estão se ligando e se organizando em redes sociais e em ambientes virtuais está mudando comportamentos e formas de consumo e trabalho obrigando o administrador a se adaptar às novas formas de relacionamentos surgidas com grande velocidade pelas inova ções constantes nas áreas da telefonia móvel e as aplicações embasadas nela e na internet O poder está saindo do eixo das empresas e das hierarquias e pas sando para as mãos do cliente e das organizações em rede aglutinadas em torno de objetivos comuns A tradicional estrutura de poder hierárquico está sendo substituída por uma força de poder em rede sem lideranças 104 Administração e Economia ganhando uma força ainda maior que a soma das forças individuais de cada participante A organização em rede social sempre existiu com os meios tradicionais mas com um meio fácil como os programas sociais da internet ampliouse e ganha cada vez mais força As empresas precisam se adaptar a essa mudança na forma de fazer negócios Dica de filme Para entender qual o assunto em estudo na nova ciência das redes sociais e o que se atinge quando se consegue criar uma inteligência maior que a soma das inteligências individuais assista ao filme Macrowikinomics Murmuratio no YouTube MACROWIKINOMICS Murmuration Disponível em httpwwwyoutubecomwatchvo4QRouhIKwo Acesso em 14 jul 2012 442 O que virá por aí Os desafios da Administração atual são grandes novas perspectivas e preo cupações surgem a cada momento para que o administrador mante nhase atento atualizado e inovese a todo o momento Alguns desses desafios são 2 o surgimento de novas organizações mais enxutas rápidas ino vadoras e flexíveis 2 a nova era do conhecimento e da economia do conhecimento transferindo para esse recurso o papel de principal recurso eco nômico e o motor da economia e das organizações 2 as mudanças muito rápidas no conhecimento e nos novos conhe cimentos que surgem a única coisa certa que temos é a mudança constante e o crescimento do conhecimento 2 a queda do emprego vitalício e a passagem para o conceito de empregabilidade novos tipos de trabalho surgem com os novos 105 A moderna gestão conhecimentos e as pessoas terão de se adaptar a essa realidade de ter vários empregos ao longo da vida 2 crescimento do trabalho autônomo com a característica do auto gerenciamento do trabalho 2 crescimento da valorização dos funcionários pela capacidade inovadora 2 crescimento da necessidade de desenvolver o empreendedo rismo individual para que possa ser aplicado como gerador de novas empresas ou dentro das organizações como intra empreendedorismo As organizações precisam ser cada vez mais velozes mais focadas no core business mais flexíveis amigáveis responsáveis socioambientais amigáveis com seus clientes e funcionários e inovadoras Elas precisam adaptarse às novas características exigidas 2 devem ser flexíveis 2 não hierárquicas 2 baseadas na participação de funcionários fornecedores e clientes 2 criativas e empreendedoras 2 baseadas em redes sociais e empresariais 4421 Responsabilidade social e ambiental Um dos maiores desafios da Administração das empresas é a sua identificação como uma empresa responsável social e ambientalmente e que se preocupa com a sustentabilidade Essa visão envolve o papel social da empresa e os impactos que ela causa no ambiente em que se insere É o modelo stakeholder conceito segundo o qual os interessados no bom funcionamento das empresas não são apenas os acionistas ou proprietá rios mas todos os envolvidos no processo e no ambiente em que se insere a empresa Desse modo de ver uma organização parte o princípio de que foi a sociedade que forneceu o poder da organização funcionar e o legiti mou Portanto a empresa tem a responsabilidade de se preocupar com a sociedade e o meio ambiente pois é nele e para ele que a organização atua e a continuidade da sua operação depende também da existência dessa 106 Administração e Economia sociedade e dos recursos ambientais que ela precisa para operar Essa visão de interdependência total entre organizações sociedade e ambiente é fundamental para que a sociedade como um todo possa continuar funcio nando já que os recursos ambientais são limitados Como partes interessadas no funcionamento das organizações temos os chamados stakeholders que são os acionistas ou proprietários os fun cionários o meio ambiente natural os fornecedores os clientes os con correntes e a sociedade Todos esses elementos que compõem o ambiente interno e externo da empresa influenciam e são influenciados e se inter relacionam como sistemas abertos participantes de sistemas maiores necessitando portanto uns dos outros para realizar suas funções 4422 Ética A questão da ética nos negócios sempre foi algo presente mas nunca antes se falou tanto como agora em todos os países As empresas grandes e principalmente dos países mais desenvolvidos sempre exi giram por parte de seus executivos a necessidade de cumprimento de códigos de ética rígida Nesses países a justiça atua muito próxima das práticas organizacionais e pune exemplarmente quando os executivos quebram as condutas legais e éticas Ainda assim temos visto acontecer vários casos de falta de ética por parte de altos executivos que são punidos pela justiça comum o que tem levado principalmente as empresas de capital aberto a manter um código de conduta ética cada vez mais rígido por parte de seus dirigentes A sociedade como um todo e principalmente os acionistas já perceberam que o custo da conduta antiética na condução dos negócios é muito alto para esses e as empresas em particular Para coibir essas práticas novos conceitos de Administração têm sur gido e sido difundidos eles englobam a preocupação ética como o caso da governança corporativa 4423 Qual o futuro Um exercício de futurologia é difícil mas a certeza que se tem é de que a necessidade da presença da Administração se faz presente em todas 107 A moderna gestão as organizações Desde o momento que surgiu a Administração foi capaz de se adaptar e criar modelos que puderam levar as organizações aos está gios em que se encontram da mesma forma como ainda hoje existem os conceitos de divisão de trabalho especialização tipos de estrutura etc Tais conceitos são usados com novas roupagens e adaptados às necessida des que as organizações tiveram de sobreviver nos ambientes novos que se formam Ao longo desses anos desde os primeiros 14 princípios que Fayol estabeleceu também a Administração atual irá achar por meio de adaptações espontâneas ou de pesquisadores e estudiosos formas de adap tação aos desafios que surgirão para as organizações no futuro próximo A Administração e o seu papel de melhorar o desempenho a pro dutividade e a eficiência das organizações de todos os tipos ainda tem desafios grandes a resolver Apesar de termos avançado muito em concei tos princípios e práticas por parte da Administração e da TGA muitas empresas ainda se perdem nas estatísticas de mortalidade prematura pela falta da aplicação e conhecimento de princípios básicos que já tinham sido determinados como essenciais à Administração pelos seus criadores As pesquisas das causas dessa mortalidade prematura nos mostram que a Administração ainda tem muito que ser utilizada e útil Esse período que a sociedade vive bastante influenciado e modifi cado pela utilização da internet de forma generalizada dos eletroeletrôni cos dos vídeo games da telefonia móvel inteligente e da ampla utilização das mídias sociais gera um tipo de sociedade virtual que desafia todas as organizações a entenderem o que se passa e a participarem dela Um novo tipo de homem parece estar surgindo a evolução do Homo economicus identificado nos primórdios da formatação da Administração como ciên cia Que tipo de homem está surgindo dessa turbulência geral que esta mos vivendo da mobilidade da ubiquidade do geoprocessamento das realidades virtuais aumentadas e expandidas e da inteligência e conectivi dade das coisas Um homem social um homem integrado conectado influenciado e influenciador que participa de redes sociais virtuais para consumir e trabalhar 108 Administração e Economia Saiba mais O avanço da tecnologia da comunicação e informação cresceu muito pelo aumento da capacidade de transmissão de dados por fio ou sem fio da velocidade de processamento da capaci dade de armazenamento da miniaturização dos equipamentos avanço nas linguagens de programação e da convergência de mídias para um equipamento apenas como é o caso dos apare lhos de telefonia móvel Esse avanço tecnológico provocou uma série de formas novas de fazer as coisas desde as mais simples até as mais complexas como o comando de equipamento por meio do pensamento mesmo à distância Muito interessante e desafiador é saber mais o que todos esses novos conceitos nominados significam e que tipo de utilidade eles têm para melhorar a vida do ser humano Para além do simples uso dessa tecnologia de forma lúdica vemos o nascimento de uma nova classe de pessoas completamente adaptadas e integradas já nascidas e alfabetizadas neste ambiente dominado pelas mudanças tecnológicas e que se tornaram consumidores administradores e economicamente ativos Isso tem alterado completamente a forma das organizações funcionarem sejam elas privadas sem fins lucrativos públi cas ou políticas Esse é o grande desafio com que a Administração depara se como conviver nessas novas formas de organizações Esse é um ambiente bastante desafiador de um lado há algumas organizações pequenas e familiares sem a Administração colocada em prática e por outro temos organizações perfeitamente adaptadas aos novos tempos do uso da TI da realidade digital e das mídias sociais O papel da TGA no sentido do estudo e sistematização de princípios práticas e orientações na forma das organizações se estruturarem e funcio narem sempre se fará necessário pois o mundo é feito pela participação dos homens em sociedade que se organiza com outros humanos para atender a suas necessidades o ser só se torna humano quando se organiza em torno de outros humanos mesmo que de formas virtuais sempre serão formas 109 A moderna gestão de organização sociais mediante diversos meios Apesar de muito novos já existem amplos estudos e literatura sobre essas novas formas de trabalho de empresas e de organização o que garante a continuidade da importância do estudo da Teoria Geral da Administração e da atividade da Administração Da teoria para prática A gestão moderna tem se voltado muito mais para as questões práti cas da melhoria da qualidade da produtividade e da eficiência do que para a criação de teorias e princípios ou para se propor a discutir a essência da Administração O que se vê é uma busca pelas melhores práticas e fer ramentas que permitam ao administrador exercer sua função da melhor forma Nesse período acontece uma preocupação maior quanto ao desen volvimento de metodologias e estudos mais voltados para a prática como é o caso das ferramentas da qualidade que extrapolaram o departamento de qualidade e transformaramse em ferramentas da gestão Um dos fatores que levou a essa preocupação prescritiva que se vive atualmente foi a grande concorrência existente em todos os mercados e as mudanças rápidas da TI e dos mercados Síntese A forte penetração dos produtos japoneses nos mercados americano e europeu o aumento da concorrência principalmente na indústria auto mobilística e de eletroeletrônicos levou as empresas do mundo inteiro a analisarem e tentarem imitar as técnicas de Administração japonesa como os CCQ e a Administração participativa Paralelamente também se voltaram as atenções para as estruturas em busca da rápida redução de custos ou para a melhoria na relação com os clientes como é o caso do Downsizing e do Empowerment De um foco inicial da Administração em grandes empresas os cri térios de excelência avaliados por meio dos prêmios de qualidade são estendidos para as microempresas que podem atingir padrões de gestão excelentes e nos níveis das melhores práticas mundiais Assim as empre sas podem usar da grande quantidade de materiais disponíveis para que possam melhorar suas práticas rumo à excelência 5 Princípios de Economia Escassez Tradeoffs e Custo de Oportunidade Fronteira das Possibilidades de Produção Problemas Econômicos e Sistemas Econômicos Uma importante pergunta a ser feita antes de estudar econo mia é por que estudar economia A resposta seria porque a economia é extremamente interes sante uma vez que afeta tudo o que fazemos em nosso ambiente de trabalho nas compras em um shopping center e na hora da eleição O que é estudado na disciplina de economia nos fornece Administração e Economia 112 ferramentas de análise para melhor compreender o mundo que nos cerca e os problemas com os quais nos defrontamos diariamente 2 Ao decorrer da disciplina vamos procurar responder perguntas como 2 por que a escassez é um problema de ordem econômica 2 por que os preços sobem 2 como o governo atua sobre os problemas de ordem econômica 2 o que é uma economia de mercado e como ela determina os preços 2 qual a influência da taxa de juros na atividade produtiva 2 por que o desemprego vem aumentando nos últimos anos Enfim o que a economia como ciência busca explicar 51 Economia origens e conceitos 511 Breve histórico A palavra economia tem sua origem no grego derivada de oikonomia e foi empregada pela primeira vez pelo filósofo Xenofonte 440335 aC bem como por Platão 427347 aC e Aristóteles 384322 aC pelo último mencionado quando se referia à riqueza Oikos quer dizer casa e nomos quer dizer lei ou seja administração da riqueza Porém não se observou na Grécia Antiga nenhuma forma de sistema econômico desenvolvido pois a preocupação central daquela sociedade era basicamente com os estudos filo sóficos éticos e políticos PASSOS 2010 Foi no período do Mercantilismo 14501750 mas principalmente no Iluminismo século XVIII que o pensamento econômico surgiu através da administração pública em que a função de economista era aconselhar aos governantes particularmente da Espanha e de Portugal sobre como aumentar a riqueza da nação Esse período também denominado como fase comercial do capitalismo foi marcado por grandes transformações 113 Princípios de Economia Escassez Tradeoffs e Custo de Oportunidade Fronteira das Possibilidades de Produção Problemas Econômicos e Sistemas Econômicos 2 intelectual explosão artística e literária Renascimento e Ilu minismo que disseminaram para a sociedade a descoberta de novos fatos novas ideias novos conceitos etc 2 religiosa o movimento revolucionário da Reforma implantada por Calvino Calvinismo dando origem à religião evangélica que ao contrário da Igreja Católica religião predominante no período do Feudalismo não condenava a busca pelo lucro o que foi essencial para o desencadear do sistema capitalista a par tir da iniciativa privada ou seja o desenvolvimento de negó cios e consequentemente o surgimento de grandes empresas 2 política o surgimento de uma forma moderna de Estado o Estadonação coordenador dos recursos materiais e humanos da nação 2 geográfica novos fluxos comerciais decorrentes das grandes descobertas e dos limites do mundo 2 padrão de vida o desejo por parte da sociedade de bemestar social como uma melhor alimentação habitação mais confor tável viagens etc 2 econômica monetização da economia nos grandes centros comerciais ou seja início da utilização da moeda como instru mento de troca Entretanto foi a publicação do livro A Riqueza das Nações em 1776 de Adam Smith 17231790 o que tornou a economia uma ciência ministrada nos grandes centros universitários da Europa dando um caráter científico aos problemas de ordem econômica A economia pode ser definida como a ciência que estuda como o indivíduo e a sociedade decidem empregar recursos produtivos escassos na produção de bens e serviços de modo a distribuílos entre várias pes soas e grupos da sociedade a fim de satisfazer as necessidades humanas VASCONCELLOS 2004 p 2 Mendes 2004 p 3 ao abordar o con ceito de economia destaca que sua principal função é descobrir como o mundo econômico funciona Ou seja ela analisa o funcionamento do sistema econômico Administração e Economia 114 Dentro desse contexto a ciência econômica também pode ser enten dida de forma sistêmica como a ciência que estuda o capitalismo ou seja as relações de produção capitalistas pois esse fato está diretamente relacionado com o surgimento da economia como uma ciência no século XVIII conforme relatado anteriormente 52 Escassez e os problemas econômicos 521 Escassez O problema econômico reside no fato de que os recursos disponíveis para a humanidade são escassos mas as necessidades da humanidade são ilimitadas o que implica em escolhas pela sociedade Entendese por escassez a situação em que os recursos são limitados e podem ser utilizados de diferentes maneiras de tal modo que devemos sacrificar uma coisa por outra MENDES 2004 p 3 A escassez existe devido ao fato das necessidades humanas como alimentação roupas habitação etc serem ilimitadas frente à disposição de recursos produtivos como fábricas máquinas e equipamentos ou seja tais recursos são relati vamente insuficientes para suprir as necessidades de toda uma sociedade É importante observar que escassez não é sinônimo de pobreza Pobreza significa ter poucos bens e escassez significa ter mais necessidades que o possível para satisfazêlas Sendo assim a escassez é encontrada em todos os países indepen dentemente de ser rico ou pobre Podemos afirmar que os Estados Unidos possuem menos problemas que a Somália por exemplo porém isso não neutraliza o problema da escassez para os americanos Devido ao pro blema da escassez as sociedades devem efetuar uma escolha sobre como aplicar seus esforços nos recursos disponíveis frente às necessida des ilimitadas surgindo assim o custo de oportunidade Para entendermos melhor a escassez podemos utilizar os seguintes exemplos práticos e cotidianos 2 dinheiro imagine que uma pessoa um pai de família recebe R 100000 por mês e desse total R 30000 são dedicados às com 115 Princípios de Economia Escassez Tradeoffs e Custo de Oportunidade Fronteira das Possibilidades de Produção Problemas Econômicos e Sistemas Econômicos pras no supermercado Logo essa pessoa deverá fazer escolhas sobre o que comprar e em que quantidade comprar certos produ tos implicando em renunciar a outros que ela desejava adquirir 2 tempo imagine que você irá dedicar oito horas de estudo todos os finais de semana neste semestre afinal de contas você é um universitário Para tanto terá de renunciar a outras atividades como ir ao cinema assistir a um jogo de futebol namorar etc 2 espaço imagine que no bairro onde você mora uma deter minada área é destinada para a construção de um parque Isso implica em uma redução de espaços para o desenvolvimento da atividade econômica como a construção de uma indústria ou de um shopping center 2 gastos do governo o Governo Federal anualmente elabora um plano orçamentário para aplicar seus recursos oriundos dos impostos e outras arrecadações A aplicação desses recursos deve ser destinada a necessidades básicas da sociedade como saúde educação e habitação bem como a defesa nacional como armas e aviões Nem todas as necessidades serão atendidas É importante observar que na atualidade pensamos que necessita mos de bens como carros computadores geladeiras cinemas TV a cabo cosméticos máquina fotográfica digital etc Ou seja nossas necessidades vão além da esfera biológica de sobrevivência se renovando a cada dia Dessa forma devemos passar a interpretar as necessidades ilimitadas não apenas a partir da esfera biológica mas da esfera psicológica As necessidades humanas analisadas a partir da esfera psicológica apresentam uma relação direta com a noção de nível de padrão de vida 522 Problemas econômicos Segundo Passos 2010 qualquer economia tem a necessidade de refletir sobre três problemas econômicos básicos o que e quanto produzir como produzir e para que produzir Esses problemas são uma consequên cia da escassez dos recursos e impactam de forma significativa a estrutura produtiva e consequentemente social de uma nação Administração e Economia 116 a O que e quanto produzir A sociedade deverá decidir quais produtos deverão ser produzidos carros alimentos casas soja café bicicleta geladeira etc e em que quantidades deverão estar disponíveis Tratase de uma decisão que extra pola a esfera puramente econômica b Como produzir A sociedade deverá decidir quais recursos técnicos serão utilizados na produção destes bens e se serão utilizados métodos de produção inten sivos em capital ou em mão de obra por exemplo Buscase pela eficiên cia produtiva ou seja o menor custo por unidade produzida c Para quem produzir É necessário decidir como será distribuída a produção já que a socie dade é composta por diferentes indivíduos no que diz respeito à renda Praticamente toda a produção é canalizada para o mercado e irá adquirir quem tiver renda Quanto mais concentrada for a renda menor será o mer cado consumidor É importante lembrar que se não houvesse o problema da escassez essas perguntas não fariam sentido 53 Sistema econômico Sistema econômico é um complexo tecido de relações diretas e indi retas pelas quais as pessoas chegam a dispor de variadíssima gama de bens capazes de satisfazer suas múltiplas necessidades e desejos materiais É dessa forma que as pessoas dividem socialmente seu trabalho funcio nando de maneira integrada mediante uma corrente de trocas de produtos e prestação de serviços múltiplos Cabe ressaltar que dois sistemas econômicos procuraram resolver os problemas econômicos o capitalismo e o socialismo As nações capitalistas procuraram resolver o que e quanto produ zir como produzir e para quem produzir por meio de uma economia de mercado ou seja uma economia onde produtores e consumidores são 117 Princípios de Economia Escassez Tradeoffs e Custo de Oportunidade Fronteira das Possibilidades de Produção Problemas Econômicos e Sistemas Econômicos livres para definir o que e quanto produzir demanda e oferta O desen volvimento da tecnologia fruto de maciços investimentos em educação e pesquisa propiciou um significativo avanço nos modos de produção capi talista tornando sustentável o crescimento econômico como produzir Com a proliferação da indústria e de uma rede de empresas de comércio e serviços o mercado de trabalho se expandiu neste sistema gerando um grande contingente de trabalhadores e empresários com renda salários e lucros o que propiciou a realização da produção capitalista através do consumo para quem produzir O Socialismo procurou resolver os problemas econômicos por meio de uma economia planificada em que o Estado determina o que e quanto produzir como produzir e para quem produzir Porém foi ineficiente e entrou em colapso no início dos anos de 1990 54 Fronteira das Possibilidades de Produção FPP A Fronteira de Possibilidades de Produção FPP mostra as combina ções de produto como computadores e carros por exemplo que uma eco nomia tem possibilidades de produzir Uma economia pode produzir qual quer combinação que se encontre na fronteira ou até mesmo fora dela Entretanto pontos além da fronteira não são viáveis devido aos recursos da economia A fronteira de possibilidades de produção é demonstrada a partir de um gráfico o qual relaciona as possibilidades de produção de dois bens em uma economia se todos os recursos fossem utilizados como por exemplo para a produção de carros e computadores Ao atingir o limite da fronteira de possibilidade de produção a única maneira de obter mais de um produto computador por exemplo é obtendo menos do outro produto carro por exemplo Com isso podemos observar que a fronteira de possibilidades de pro dução nos mostra um tradeoff situação de escolha conflitante que as economias enfrentam ou seja um custo de oportunidade Administração e Economia 118 Figura 51 Fronteira das Possibilidades de Produção FPP Carros Computadores 3000 1000 Fronteira das Possibilidades de Produção Fonte Passos 2010 A fronteira de possibilidade de produção demonstra o tradeoff entre a produção de diferentes bens num dado momento pois o tradeoff pode mudar ao longo do tempo Se houver um avanço tecnológico na indústria de computadores a economia poderá produzir mais computadores deslo cando a curva da fronteira de possibilidade de produção Podemos entender melhor por meio de um exemplo suponha uma nação que produz alimentos eou máquinas Esta nação pode fazer diver sas escolhas mas há um limite para todas elas Observe os pontos A B C D E e F da FPP a seguir PASSOS 2010 Figura 52 Pontos da FPP Alimentos milhões de toneladas 0 Máquinas milhares 2 4 6 8 10 E D C B F 10 8 6 4 2 A Fonte Passos 2010 119 Princípios de Economia Escassez Tradeoffs e Custo de Oportunidade Fronteira das Possibilidades de Produção Problemas Econômicos e Sistemas Econômicos Cada ponto representa uma situação em que é preciso deixar de pro duzir um dos bens em detrimento de outro E aqui aparece um importante princípio da teoria econômica o custo de oportunidade Situações 2 A todos os fatores econômicos de produção estão alocados na produção de alimentos 2 D todos os fatores econômicos de produção estão alocados na produção de máquinas 2 B e C fatores econômicos de produção distribuídos na produção de alimentos e máquinas 2 A curva ABCD indica todas as possibilidades de produção de alimentos e máquinas nessa economia Pleno Emprego 2 E economia com capacidade ociosa ou com desemprego ou seja os fatores econômicos de produção estão subutilizados 2 F fatores econômicos de produção insuficientes Tiramos desse modelo dois conceitos importantes i pleno emprego em que todos os fatores econômicos de produção estão sendo utilizados em sua plenitude e ii capacidade ociosa a nação tem os recursos mas está com desemprego Por exemplo uma indústria que tem a capacidade produzir 1000 produtos por dia mas está produzindo 700 logo tem uma capacidade ociosa de 300 produtos ou 30 Vale destacar que estamos tratando de uma economia no curto prazo No longo prazo os fatores econômicos de produção podem se expandir alcançando o ponto F por exemplo 541 Custo de oportunidade A fronteira de possibilidades de produção implica na geração de um custo de oportunidade A transferência dos fatores econômicos de pro dução de determinado bem X para produzir um outro bem Y implica um custo de oportunidade que é igual ao sacrifício de deixar de produzir parte do bem X para produzir mais do bem Y Administração e Economia 120 Mas preste bem atenção custo de oportunidade é o valor da melhor alternativa que está sendo perdida ou sacrificada Isso implica em ter que fazer escolhas Enfrentamos custo de oportunidade em diversas situações de nosso cotidiano sair para comer uma pizza com os amigos ou estudar economia Casar ou permanecer solteiro Ele se repete no mundo corporativo as empresas também o enfrentam em suas estratégias de tomada de decisão abrir uma nova filial ou deixar o dinheiro aplicado no mercado financeiro Investir em programas de treinamento de mão de obra ou comprar novos computadores E o governo em políticas públicas ampliar os programas de benefícios sociais ou construir novos hospitais 55 Fluxo circular O fluxo circular é uma representação esquemática modelo da orga nização de uma economia Numa economia simplificada as decisões são tomadas por famílias e empresas As famílias e as empresas interagem no mercado de bens e serviços em que as famílias são compradoras e as empre sas vendedoras e no mercado de fatores de produção em que as empresas são compradoras e as famílias vendedoras conforme figura a seguir Figura 53 Fluxo circular Fluxo monetário Fluxo de bens e serviços MERCADO DE FATORES DE PRODUÇÃO EMPRESAS Produzem e vendem bens e serviços e contratam fatores de produção trabalho FAMÍLIAS Consomem bens e servi ços e são proprietárias e vendedoras de trabalho MERCADO DE BENS E SERVIÇOS Fonte Passos 2010 121 Princípios de Economia Escassez Tradeoffs e Custo de Oportunidade Fronteira das Possibilidades de Produção Problemas Econômicos e Sistemas Econômicos 56 Sistema econômico e os setores de produção Um sistema econômico tem como objetivo a ordem institucional do modo de organização da vida econômica de uma determinada sociedade Sistema econômico é um complexo tecido de relações diretas e indi retas pelas quais as pessoas chegam a dispor de variadíssima gama de bens capazes de satisfazer suas múltiplas necessidades e desejos materiais É dessa forma que as pessoas dividem socialmente seu trabalho funcio nando de maneira integrada mediante uma corrente de trocas de produtos e prestação de serviços múltiplos As atividades produtivas de uma sociedade contemporânea distri buemse por inúmeras unidades produtoras empresas A organização dos fatores dentro de tais unidades assim como a direção de suas atividades cabe a pessoas ou grupos de caráter privado ou público genericamente denominados organizadores da produção empresários governo etc As unidades produtoras operantes no quadro de uma nação executam funções que se integram no funcionamento global do sistema São exem plos de unidades produtoras usina siderúrgica supermercado cinema restaurante indústria automobilística barbearia faculdade etc Para efeito de análise e enfoque a economia procura classificar as unidades produto ras de um sistema econômico através de setores conforme a seguir a Setor Primário agricultura lavouras pecuária criação de animais para abate como gado suínos aves e pesca extração vegetal produção florestal ou seja são os recursos naturais b Setor Secundário indústrias de extração mineral minerais metálicos e não metálicos indústrias da transformação alimen tos vestuário calçados mecânica mobiliário etc ou seja ativi dades de transformação indústria da construção civil constru ções e edificações c Setor Terciário subdividido em Comércio comercialização de mercadorias no atacado e no varejo Serviços produto sem expressão material educação trans porte comunicação consultoria e assessoria governo diver são bancos etc Administração e Economia 122 No geral observase uma intensa utilização do fator terra no setor primário do fator capital no setor secundário ou seja nas indústrias e do fator trabalho no setor terciário A partir da análise simultânea da participação relativa valores per centuais em relação ao total de cada setor de atividade econômica pri mário secundário e terciário é possível perceber a estrutura produtiva de diversas economias e consequentemente comparálas Além da compa ração é essencial conhecer a estrutura produtiva de uma economia para efeito de política e planejamento econômico 561 Classificação dos Bens de Produção Os bens de produção são os desejos da sociedade materializados em mercadorias e podem ser classificados segundo sua natureza a Bens de consumo satisfação direta das necessidades humanas como alimentos bebidas roupas livros CDs etc b Bens de capital máquinas e equipamentos c Bens intermediários sofrem novas transformações antes de se tornarem bens de consumo ou bens de capital como por exem plo a matériaprima Os bens de produção são considerados como mercadorias tangíveis provenientes dos setores primário secundário ou terciário Já os serviços são considerados intangíveis e são provenientes do setor terciário 562 Aparelho produtivo O funcionamento das unidades produtoras empresas dá origem a dois fluxos simultâneos o fluxo real constituído por bens e serviços e o fluxo nominal constituído pelos rendimentos distribuídos pelo sistema Os detentores de rendimento de um lado e os ofertantes de mer cadoria de outro encontramse no mercado onde a produção atinge seu destino final No mercado os preços são determinados segundo os princípios de oferta e demanda e são expressos em unidades monetárias real dólar 123 Princípios de Economia Escassez Tradeoffs e Custo de Oportunidade Fronteira das Possibilidades de Produção Problemas Econômicos e Sistemas Econômicos euro peso etc conforme a figura a seguir onde RN fator terra reser vas naturais T fator trabalho Recursos Humanos e K fator capital máquinas e equipamentos Figura 54 Aparelho produtivo Tecno T RN K logia Mercado Produto Renda Damanda Oferta Aparelho produtivo Primário Secundário Terciário Remuneração do trabalho assalariados Rendas da propriedade lucros juros etc Alimentos Vestuário Habilitação Seviços educação transporte etc equipamentos Organizadores da produção Unidades produtoras Fonte elaborada pelo autor 563 Fatores econômicos de produção A produção pode ser considerada a atividade econômica fundamental de qualquer sistema econômico Os fatores de produção de uma determi nada nação são constituídos pelas reservas naturais pelos recursos huma nos pelas diferentes categorias do capital pela disponibilidade e desen volvimento de novas tecnologias e pela capacidade empresarial Logo os fatores de produção podem ser denominados por Terra Trabalho Capital Inovação Tecnológica e Empreendedorismo Como os recursos são escassos é a partir da eficiência econômica do emprego desses cinco fatores de produção que poderão ser bem ou mal aten didas as necessidades ilimitadas da coletividade como destacado por Heil broner 2001 p 17 ao mencionar que o trabalho a terra e o capital contra tados ou dispensados em uma sociedade de mercado são chamados fatores Administração e Economia 124 de produção e grande parte da economia tem a ver com o modo como o mercado combina as contribuições essenciais desses fatores à produção Entendese por produção a atividade econômica principal fun damental Para que ocorra a produção são necessários os recursos de produção ou os fatores de produção e a partir de seu emprego temse como resultado o padrão de atendimento das necessidades ilimitadas individuais e coletivas a Fator terra ou reservas naturais conjunto dos elementos da natureza utilizados no processo de produção como solo sub solo água hidrologia e clima flora e fauna em geral Como todos os demais fatores as reservas naturais são escassas e pas síveis de exaustão como o petróleo e a água O próprio cresci mento econômico de certa forma acelera a exaustão das reser vas e vem exigindo novas formas governar o que deu origem ao desenvolvimento sustentável na busca pelo equilíbrio de longo prazo entre crescimento econômico disponibilidades naturais e desenvolvimento social A remuneração aos proprietários desse fator é o aluguel b Fator trabalho ou recursos humanos conjunto de toda a ati vidade humana através do esforço físico eou mental utilizada na produção de bens e serviços Com o surgimento do sistema capitalista o trabalho passou a ser utilizado em larga escala for mando assim o mercado de trabalho onde ocorre a compra e a venda de serviços de mão de obra entre empresários e trabalha dores A remuneração aos proprietários desse fator é o salário c Fator capital é o conjunto de riquezas acumuladas pela socie dade no decorrer do tempo abrangendo todos os bens materiais produzidos pela sociedade que são utilizados na produção como infraestrutura econômica energia telecomunicações transportes infraestrutura social educação saúde lazer segurança construções fábricas empresas privadas e públicas residên cias etc 125 Princípios de Economia Escassez Tradeoffs e Custo de Oportunidade Fronteira das Possibilidades de Produção Problemas Econômicos e Sistemas Econômicos transportes ônibus caminhões aeronaves embarcações trens máquinas utilizadas nos setores primário secundário e terciário d Tecnologia é o conjunto de conhecimentos e habilidades que dão sustentação ao processo de produção A capacidade tecno lógica de uma nação é representada pela expressão knowhow ou seja saber fazer Essa capacidade deverá estar presente em toda a cadeia produtiva dos bens produzidos em uma nação atra vés do conhecimento tecnológico que é gerado e acumulado a partir da Pesquisa e Desenvolvimento PD tendo como con sequência a inovação tecnológica e Empreendedorismo é importante observar que a mobilização de todos os recursos citados pressupõe a existência de uma capa cidade empreendedora ou seja de empresários e gestores Para tanto é preciso que o empreendedor desenvolva as seguintes características visão estratégica gestão de riscos espírito ino vador sensibilidade para perceber novas oportunidades desen volvimento de projetos capacidade de organizar o empreendi mento Podemos dizer que a necessidade do sistema econômico por pessoas capacitadas para o empreendedorismo criou o Curso de Administração A remuneração aos proprietários desse fator é o lucro 564 Sistema capitalista breve conceito Uma simples mas importante pergunta que deve ser feita por um administrador ou qualquer cientista social é a seguinte de onde viemos Se o administrador conseguir responder essa pergunta com certeza terá subsídios para uma discussão mais avançada para onde estamos indo O sistema econômico capitalista tem um método próprio de autorre gulação em que o governo pouco interfere nas decisões econômicas ou seja a economia é regida pelo mercado através das forças de demanda desejo de consumir um produto e oferta desejo de produzir um bem ou serviço Administração e Economia 126 Todos os fatores de produção Terra Trabalho Capital Inovação Tecnológica e Empreendedorismo são de propriedade privada oriunda da iniciativa privada impulsionada pelo desejo de alcançar o lucro a partir da combinação eficiente entre tais fatores Mendes 2004 p 17 faz uma ótima analogia entre os diversos siste mas econômicos e regimes políticos conhecidos em nossa história a Socialismo você tem duas vacas o Estado toma uma e a dá a alguém b Comunismo você tem duas vacas o Estado toma as duas e lhe dá o leite c Fascismo você tem duas vacas o Estado toma as duas e lhe vende o leite d Nazismo você tem duas vacas o Estado toma as duas e mata você e Capitalismo você tem duas vacas você vende uma e compra um touro A ideia ao apresentar essa analogia de caráter humorístico é eviden ciar a propriedade privada como mola propulsora do sistema econômico capitalista no que diz respeito à constituição de uma economia de mercado ou seja as atividades econômicas estão nas mãos de homens e mulheres da nossa sociedade que controlam livremente as possibilidades de lucros ou prejuízos não sendo subordinados ao Estado ou a algum senhor Antes do sistema capitalista não havia fatores de produção a terra o trabalho e o capital não eram mercadorias à venda O trabalho por exem plo era parte de um acordo entre servo e senhor Essas são características do primeiro grande sistema econômico de nossa história o Feudalismo Nesse sistema a base de sustentação era formada por um tripé constituído pelo Estado Monárquico a Igreja Católica e o senhor feudal Após significativas transformações históricas o capitalismo surge como o desfecho revolucionário de tais transformações sendo responsável em tornar a sociedade livre no sentido de produzir e comprar bens e serviços e mais igualitária envolvendo todos os cidadãos num grande 127 Princípios de Economia Escassez Tradeoffs e Custo de Oportunidade Fronteira das Possibilidades de Produção Problemas Econômicos e Sistemas Econômicos projeto de vida que possibilitasse o acesso a todos ao bemestar social Para tanto era necessária uma economia de mercado para que através do progresso e da não intervenção do Estado fossem geradas oportunidades a todos Conforme destacou Heilbroner 2001 p 26 o Capitalismo deu origem ao que chamamos de padrão de vida em ascensão um aumento constante regular e sistemático do número da variedade e da quantidade de bens materiais desfrutados pelo grosso da sociedade Nenhum processo semelhante jamais ocorrera antes Com o capitalismo o tripé continua porém com outros atores o Estado Moderno a Igreja anglosaxã poste riormente a religião evangélica e o empresário capitalista Podemos afirmar então que o capitalismo é um sistema que propicia que as necessidades ilimitadas sejam saciadas de forma mais eficiente e consequentemente mais rápida Não há dúvidas de que diversas socieda des alcançaram o bemestar social através do capitalismo porém isso não ocorreu de forma homogênea Há muita pobreza e desigualdade social em diversos países capitalistas pelo mundo como é caso do Brasil Podemos sintetizar o sistema capitalista em cinco características i a propriedade privada dos meios de produção fatores de produção terra trabalho capital inovação tecnológica e empreendedorismo dos bens e serviços de consumo car ros café softwares correios passagem aérea casas etc e do dinheiro crédito para o consumo e para a produção II o sistema de preços controla o funcionamento da economia III a possibilidade de obter lucro IV a competição como um incentivo ao desenvolvimento de novas tecnologias e V a redução da participação do Estado na economia É importante refletir que a partir do momento em que o sistema capi talista surgiu a produção de mercadorias foi muito intensa abundante e diversificada sendo necessária uma organização eficiente do processo de produção e consequentemente de distribuição das mercadorias através de uma administração das matériasprimas das máquinas da quantidade Administração e Economia 128 produzida das pessoas dos estoques da qualidade do marketing entre outras atividades Atividades 1 Sobre os sistemas econômicos de produção assinale V para as afirmações verdadeiras e F para as falsas O sistema comunista procurou resolver os problemas econômi cos o que e quanto como e para quem produzir através de uma economia planificada ou seja sob a orientação do Estado O sistema comunista procurou resolver os problemas econômi cos o que e quanto como e para quem produzir através de uma economia planificada No sistema comunista a propriedade dos fatores econômicos de produção é privada O sistema capitalista procurou resolver os problemas econômi cos o que e quanto como e para quem produzir através de uma economia planificada ou seja sob a orientação do Estado O sistema capitalista procurou resolver os problemas econômi cos o que e quanto como e para quem produzir através de uma economia de mercado ou seja sob a orientação do mercado 2 Sobre os fatores econômicos de produção assinale V para as afir mações verdadeiras e F para as falsas O empreendedorismo tem a função de organizar e coordenar a atividade produtiva O fator capital referese à infraestrutura criada a partir da pro dução capitalista bem como das pessoas o que hoje a literatura denomina capital humano Qualquer país pode desenvolver tecnologia independentemente de sua estrutura educacional 129 Princípios de Economia Escassez Tradeoffs e Custo de Oportunidade Fronteira das Possibilidades de Produção Problemas Econômicos e Sistemas Econômicos As nações não precisam investir em pesquisa e desenvolvi mento PD pois uma nova tecnologia pode ser adquirida a qualquer momento O fator trabalho referese ao conjunto de toda atividade humana desempenhada pelas pessoas no processo produtivo de uma nação Todos os fatores de produção são escassos O fator trabalho referese ao conjunto de toda a atividade humana empenhada na produção de bens e serviços O fator capital referese ao volume de dinheiro em circulação na economia O desenvolvimento da tecnologia de uma nação depende da sua capacidade de gerar conhecimento através da pesquisa A tecnologia é fruto da competição entre as empresas 3 Estudamos que o capitalismo apresenta cinco características Assi nale com X a alternativa correta Propriedade privada dos meios de produção tabelamento dos preços lucro competição forte participação do Estado Propriedade pública dos meios de produção tabelamento dos preços lucro competição forte participação do Estado Propriedade privada dos meios de produção sistema de preços controla o funcionamento da economia lucro competição redu ção da participação do Estado Propriedade privada dos meios de produção sistema de preços controla o funcionamento da economia lucro competição forte participação do Estado 4 A Confeitaria Rei do Doce é especializada em bolos e tortas A empresa dispõe de 5 horas por dia para se dedicar ao forno Em 1 hora é possível preparar 1 bolo e 2 tortas Com as informações do quadro abaixo complete as quantidades produzidas de bolos e de tortas Preencha os campos de quantidades produzidas Administração e Economia 130 HORAS UTILIZADAS QUANTIDADE PRODUZIDA ESCOLHA BOLOS TORTAS BOLOS TORTAS A 5 0 B 4 1 C 3 2 D 2 3 E 1 4 F 0 5 6 Economia de mercado modelo microeconômico demanda e seus determinantes oferta e seus determinantes equilíbrio do mercado Você já se questionou alguma vez sobre de onde vem os preços Ou por que aquele celular dos seus sonhos é tão caro Uma das principais formas de compreender como os preços se formam é por meio dos Modelos de Demanda e Oferta e con sequentemente o equilíbrio entre essas forças Sim demanda e oferta agem como forças da mesma forma que a gravidade age sobre os objetos Experimente jogar uma caneta para o alto ela irá cair rolar pelo chão e parar Ao parar ou melhor quando estiver em equilíbrio podemos afirmar que a força gravitacional foi a responsável Administração e Economia 132 Em muitos casos os preços em uma economia de mercado e em um mercado perfeitamente competitivo são formados pelas for ças entre a demanda e a oferta O resultado desse conflito é o preço de equilíbrio ou o preço de mercado de um bem ou serviço Para compreender melhor como isso funciona vamos estru turar essas forças em um modelo O mundo é muito complexo e difuso para compreendêlo precisamos estruturar as ideias em modelos que representem a realidade de forma concisa e objetiva 61 Modelo microeconômico Modelo é uma tentativa de representar a realidade a partir de um instrumental matemático como o uso de diagramas equações e gráficos Ele omite porém detalhes para que se possa ter uma ideia geral e em nosso caso uma ideia do funcionamento do mercado Todos os modelos são construídos a partir de hipóteses São essenciais três hipóteses para a compreensão da microeconomia e do funcionamento do mercado 1ª A alteração em uma das variáveis do modelo como o nível de preços tem um reflexo na demanda desde que as demais variáveis do sistema permaneçam constantes cete ris paribus 2ª Os consumidores e os produtores são racionais 3ª Presença de inúmeras empresas no mercado concor rência O modelo também implica em um princípio básico a quan tidade demandada varia inversamente proporcional ao movimento nos preços Essa é a Lei ou o Princípio da Demanda e implica tam bém em uma convenção matemática as curvas de oferta e demanda como funções lineares retas de um sistema de coordenadas A curva de demanda é negativamente inclinada e a curva de oferta é positivamente inclinada 133 Economia de mercado modelo microeconômico demanda e seus determinantes oferta e seus determinantes equilíbrio do mercado 611 Representação gráfica O filósofo René Descartes desenvolveu uma forma de análise gráfica em que as equações algébricas são representadas em ter mos de curvas geométricas o Sistema de Coordenadas Cartesiano A partir desse modelo é possível visualizar as relações entre por exemplo preço e quantidade demandada com a utilização de um sistema de coordenadas que proporciona a localização de um deter minado ponto no espaço O sistema cartesiano tem por base duas retas perpendicula res L1 eixo das abscissas e L2 eixo das ordenadas no plano O ponto 0 é conhecido como origem A reta é formada de um con junto de pontos a partir das atribuições de valores nos eixos x e y composto por quatro quadrantes No modelo microeconômico é utilizado apenas o quadrante com ambos os eixos positivos do sis tema cartesiano pois a oferta a demanda e o preço são em geral valores positivos portanto utilizamos o I Quadrante do sistema de coordenadas Figura 61 Plano cartesiano IV Q L2 Y II Q IQ 0 x L1 III Q Fonte elaborada pelo autor Administração e Economia 134 Portanto na análise microeconômica usaremos a seguinte convenção para a elaboração de gráficos Figura 62 Demanda e oferta Q quantidade P preço O oferta D demanda Fonte adaptada de Passos 2010 Matematicamente é importante efetuar duas observações em relação às curvas de demanda e de oferta 1ª A declividade de uma Curva de Demanda é normalmente negativa pois à medida que o preço aumenta a quantidade procu rada diminui e viceversa são forças inversas 2ª A declividade de uma Curva de Oferta é normalmente posi tiva pois à medida que o preço aumenta a quantidade ofertada aumenta e viceversa são forças diretas 62 Funcionamento do mercado demanda oferta e equilíbrio Podemos entender o funcionamento do mercado por meio de dois grandes grupos segundo sua função compradores e vendedores Em con junto compradores e vendedores interagem originando os mercados Logo o mercado é um grupo de vendedores e compradores que interagem entre si resultando na possibilidade da troca Os mercados estão no centro da ativi 135 Economia de mercado modelo microeconômico demanda e seus determinantes oferta e seus determinantes equilíbrio do mercado dade econômica e muitas das questões e temas mais interessantes da eco nomia estão relacionadas com o modelo de funcionamento dos mercados O lado dos compradores compõe a demanda por bens e serviços e é composto pelos consumidores O lado dos vendedores compõe a oferta de bens e serviços sendo composto pelas empresas Os mercados não são necessariamente pontos no espaço geográfico Em alguns mercados podemos encontrar os compradores e os vendedores interagindo como em lojas em feiras etc Em outros como na Bolsa de Valores existem intermediários que são as corretoras que efetuam as tran sações para compradores e vendedores Também é importante destacar o mercado eletrônico ou seja as transações de compra e venda que aconte cem na Internet Todas essas transações são balizadas pelos preços praticados nesses mercados O preço tem a função de ajustar a quantidade ofertada com a quantidade demandada formando o preço de equilíbrio O preço é for mado conforme o nível de concorrência existente ou seja depende da estrutura de mercado concorrência perfeita concorrência monopolista oligopólio monopólio oligopsônio monopsônio monopólio bilateral cartel e truste em que o bem ou serviço se encontra Estudaremos essas estruturas mais adiante Podese dizer então que o mercado é como se fosse um instrumento de organização da economia 621 Demanda Demanda é a quantidade de um determinado bem ou serviço que o consumidor deseja adquirir a cada nível de preço Perceba que demanda é um desejo não uma realização o que quer dizer que todos nós deseja mos inúmeros bens que ainda não possuímos necessidades ilimitadas MANKIW 2020 O objetivo da Teoria da Demanda é demonstrar as escolhas dos consumidores entre os diversos bens e serviços a partir de seu orça mento rendimento Administração e Economia 136 Além do preço de um bem ou serviço e da renda dos consumido res outros fatores também determinam a demanda como os preços dos outros bens substitutos e complementares o gosto dos consumidores e a demografia 6211 Determinantes da demanda Existem vários fatores que dão origem ao consumo de bens e servi ços em alguns casos até mesmo a cor da embalagem pode determinar a compra de um bem Vamos focar em seis determinantes da demanda que são de alcance mais geral ou seja têm validade para a maioria da população de um país A Preço do bem B Preço dos outros bens C Renda dos consumidores D Gosto e preferência dos consumidores E Demografia F Expectativas dos agentes econômicos a Quantidade demandada versus Preço do bem Princípio geral Temos uma relação inversa entre o preço e a quantidade demandada Quando o preço de um bem cai ficando mais barato em relação aos seus concorrentes os consumidores deverão aumentar o desejo em adquirilo Quando o preço do bem sobe os consumidores tendem a diminuir o desejo em adquirilo e demandam por outro bem concorrente MANKIW 2020 Quando Px Dx e quando Px Dx Esta é uma hipótese testada em diversos produtos mas apresenta a limitação do ceteris paribus Podemos construir uma curva mostrando a relação entre a demanda e o preço da mercadoria denominada Curva de Demanda Ela mostra a relação entre o preço da mercadoria e a quantidade desse bem que o con sumidor está disposto a adquirir 137 Economia de mercado modelo microeconômico demanda e seus determinantes oferta e seus determinantes equilíbrio do mercado Figura 63 Curva de Demanda Qx Px D Fonte adaptada de Mankiw 2020 Quadro 61 Exemplo de demanda de sorvetes Preço do sorvete Quantidade demandada em mil unidades R 4 20 R 6 15 R 7 11 R 10 5 Fonte adaptada de Mankiw 2020 Figura 64 Demonstração gráfica da curva de demanda Qx Px D 1000 700 600 400 5 11 15 20 Fonte adaptada de Mankiw 2020 Administração e Economia 138 b Quantidade demandada versus Preço dos outros bens O aumento do preço de um determinado bem x poderá causar o aumento ou a redução da demanda do bem y A reação depende do tipo de relação existente entre os bens x e y Px Dy e Dy depende da relação entre os bens Caso 1 Bens substitutos Px Dy O aumento no preço do bem x provoca o aumento na demanda pelo bem y O consumo de um y substitui o consumo do outro x bens concorrentes Exemplo manteiga e margarina café e chá metrô e ônibus CocaCola e PepsiCola etc Caso 2 Bens complementares Px Dy O aumento no preço do bem x provoca uma queda na demanda pelo bem y Isso ocorre porque estes bens são consumidos conjuntamente Exemplos pão e margarina camisa de colarinho e gravata aparelho de DVD e DVDs celular e operadora lapiseira e grafite etc c Quantidade demandada versus Renda dos consumidores Em geral existe uma relação crescente e direta entre a renda e a demanda de um bem Quando a renda aumenta a demanda do bem tam bém deve aumentar éR D Figura 65 Demonstração gráfica Efeito da Renda Px D Px0 D Qx0 Qx1 Qx Fonte adaptada de Mankiw 2020 139 Economia de mercado modelo microeconômico demanda e seus determinantes oferta e seus determinantes equilíbrio do mercado Obs o aumento na renda provoca o deslocamento da curva de demanda para a direita Há contudo uma exceção para este padrão Alguns bens deixam de ser adquiridos quando a renda dos consumidores aumenta Exceção Bens inferiores bens de Giffen A quantidade deman dada destes bens varia inversamente proporcional à renda dos consumi dores A demanda por estes bens diminui à medida que a renda aumenta d Quantidade demandada versus Gosto do consumidor A quantidade que um consumidor escolhe comprar de determinada mercadoria depende também de suas preferências Se estas preferências mudam a curva de demanda também deve ser alterada Desse modo o marketing por meio de campanhas publicitárias provoca o deslocamento da Curva de Demanda para a direita pois se constitui em um incentivo à demanda É importante ressaltar que o marketing cria necessidades de consumo nas pessoas estimulando a demanda por um produto específico Figura 66 Demonstração gráfica Gosto do consumidor Px D Px0 D Qx0 Qx1 Qx Fonte adaptada de Mankiw 2020 e Demografia A demografia referese ao estudo quantitativo número de pessoas e qualitativo onde vivem e como vivem da população de um país Con forme a configuração espacial dessas variáveis organizamse os processos de produção e distribuição dos bens e serviços em uma economia Administração e Economia 140 À medida que o número da população aumenta a demanda por habi tação saúde alimentação áreas de lazer roupas etc também aumenta deslocando a curva de demanda para a direita exatamente como os gráfi cos dos casos C e D Atualmente a população brasileira é de aproximadamente 200 milhões de habitantes distribuídos em mais de 5500 municípios A maior parte desta população 80 está basicamente concentrada nas áreas urba nas e apresenta uma taxa de crescimento média de aproximadamente 14 ao ano o que representa um contingente de 25 milhões de pessoas a mais Como a maior parte da população se concentra nas áreas urbanas as regiões metropolitanas vêm se transformando em grandes polos de produ ção e consumo sendo denominadas de metrópoles é Pop D f Expectativa dos agentes econômicos A expectativa dos agentes econômicos também é muito importante para a determinação da demanda Imagine que diversos consumidores acreditam que o preço de um determinado aparelho celular irá reduzir dentro de alguns meses A demanda será menor inicialmente pois esses consumidores irão adiar a compra na expectativa de preços menores E claro se esses consumidores acreditarem que o preço subirá no futuro anteciparão suas compras Mas a expectativa também pode estar relacionada à situação econô mica e política do país Um cenário de crise por exemplo irá desaquecer a demanda diante da preocupação com o desemprego 6212 Variação da demanda versus Variação na quantidade demandada É muito importante compreender a diferença entre a variação na demanda e a variação na quantidade demandada Uma variação na demanda diz respeito ao deslocamento da curva de demanda provocado quando houve uma variação em um dos determi nantes da demanda que não seja o preço do bem ou serviço A variação 141 Economia de mercado modelo microeconômico demanda e seus determinantes oferta e seus determinantes equilíbrio do mercado na quantidade demandada diz respeito ao movimento ao longo da curva de demanda como resposta ao movimento exclusivamente dos preços Com isso os determinantes da demanda preço dos outros bens gosto dos consumidores e renda promovem um deslocamento na curva de Demanda ou seja uma variação na Demanda já o Preço do bem e as expectativas provocam uma variação na quantidade demandada de um bem ou serviço Perceba isso no gráfico a seguir Figura 67 Deslocamento da curva de demanda Px D Px0 D Qx0 Qx1 Qx Px1 b c a Fonte adaptada de Mankiw 2020 O gráfico apresenta duas simulações um deslocamento ao longo da curva de demanda do ponto a ao ponto b demonstrando uma varia ção na quantidade demandada Já a situação do ponto b para o ponto c demonstra um deslocamento da curva de demanda ou seja uma variação na demanda Partiremos agora para o outro lado do mercado o lado da oferta dos produtores de bens e serviços 63 Oferta Oferta é a quantidade de bem ou serviço que os produtores desejam produzir e vender a cada nível de preços Perceba que como a demanda a oferta também é um desejo um plano MANKIW 2020 Administração e Economia 142 A lógica da oferta entretanto diferese da demanda Observe o Princípio da Oferta quanto maio for o preço de um bem mais interes sante se torna produzilo A oferta apresenta uma relação direta entre quantidade e nível de preço enquanto a demanda apresenta uma relação inversa ceteris paribus Isso pode ser explicado por meio das margens de lucro no preço quanto maior o preço maior tende a ser a margem de lucro ceteris paribus Você deve estar se questionando mas isso não faz sentido Este questionamento será esclarecido mais adiante quando abordar mos o equilíbrio de mercado Figura 68 Curva de oferta Px Qx O Fonte adaptada de Mankiw 2020 A curva de oferta tem inclinação positiva demonstrando a relação positiva entre preço e quantidade Suponha uma sorveteria à medida que o preço do sorvete aumenta o empresário se sente estimulado em produzir mais visando mais lucro Quadro 62 Exemplo de oferta de sorvetes Preço do sorvete Quantidade de ofertada em mil unidades R 5 10 R 8 16 R 10 25 Fonte Mankiw 2020 143 Economia de mercado modelo microeconômico demanda e seus determinantes oferta e seus determinantes equilíbrio do mercado Figura 69 Demonstração gráfica da Curva de oferta Px 500 10 25 Qx 1000 Fonte adaptada de Mankiw 2020 631 Determinantes da oferta Como a demanda a oferta também tem seus determinantes Vamos estudar seis deles A Preço do bem B Preço dos insumos C Preço dos produtos substitutos D Número de concorrentes E Expectativa dos agentes econômicos F Inovação tecnológica a Preço do bem Oferta é a quantidade de bem ou serviço que os produtores desejam produzir e vender a cada nível de preços e quanto maiores os preços maior será a oferta Isso provoca um movimento ao longo da curva de oferta conforme demonstra o gráfico a seguir Administração e Economia 144 Figura 610 Curva de oferta Px 500 10 25 Qx 1000 O Fonte adaptada de Mankiw 2020 b Preço dos insumos O preço dos insumos ou seja da matériaprima tem expressiva influência na oferta de bens e serviços a ponto de fazer deslocar a curva de oferta devido a uma variação no insumo Se o preço do insumo aumen tar teremos um deslocamento para a esquerda na curva de oferta caso contrário para a direita c Preço dos produtos substitutos Produtos substitutos como na demanda também podem afetar o nível de oferta Os aparelhos celulares destruíram o mercado de máquinas fotográficas digitais o mesmo vale para o CD player com a entrada da música digital no mercado d Número de concorrentes Quanto maior for o número de empresas em um mercado maior será a concorrência Isso promove o deslocamento para a direita da curva de oferta ou seja uma variação na oferta e Expectativa dos agentes econômicos A expectativa dos agentes econômicos também é muito importante para a determinação da oferta Os produtores também observam cenários futuros que podem ser positivos ou negativos Uma crise política por 145 Economia de mercado modelo microeconômico demanda e seus determinantes oferta e seus determinantes equilíbrio do mercado exemplo que gera impacto na condução de políticas macroeconômicas afetam tais expectativas deslocando a curva de oferta para a esquerda Mas um cenário positivo para a economia mundial tende a deslocar a curva de oferta para a direita já as empresas percebem que haverá um aumento na demanda em grande escala f Inovação tecnológica Uma inovação tecnológica promove o aumento da capacidade produ tiva de uma empresa sempre que esta consegue produzir mais utilizando a mesma quantidade de insumos Ou seja ocorre o aumento na produti vidade de trabalhadores eou máquinas e equipamentos Logo a curva de oferta se desloca para a direita Mas uma nova arma fruto de uma inovação pode levar o país a um conflito bélico A guerra tende a promover uma redução na oferta deslo candoa para a esquerda 64 Equilíbrio do mercado Chegou o momento de esclarecer o questionamento sobre como se formam os preços No final do século XIX e início do XX havia uma discussão entre os novos economistas o preço era determinado pela demanda ou pela oferta O grupo estava dividido até a chegada do economista inglês Alfred Marshall Marshall indagou a todos sobre qual parte de uma tesoura corta a folha de papel a de cima ou a de baixo O próprio economista deu a resposta e acabou com a discussão ambas as partes disse Marshall Ou seja tanto a demanda como a oferta formam os preços Lembra do exemplo da gravidade Então aqui ocorre o mesmo o conflito entre produtores e consumidores estabelece um preço de mercado o preço de equilíbrio O preço em uma economia de mercado é determinado tanto pela demanda quanto pela oferta A interseção das Curvas de Oferta e Demanda é chamada de Ponto de Equilíbrio ou Preço de Equilíbrio E Administração e Economia 146 Nesse ponto E a quantidade que os consumidores desejam comprar é exatamente igual à quantidade que os produtores desejam vender Pode mos dizer que existe uma coincidência de desejos Para qualquer preço superior a Px0 a quantidade que os ofertantes desejam vender é maior que a que os consumidores desejam comprar excesso de oferta De outra parte para qualquer preço inferior a Px0 sur girá um excesso de demanda Exemplo equilíbrio excesso de oferta e escassez de demanda Quadro 63 Demonstração das situações de mercado Demanda e oferta do bem x Preço em R Demanda Oferta Situação de demanda Situação de oferta 10000 1300 80 Excesso Escassez 30000 900 300 Excesso Escassez 50000 600 600 Equilíbrio Equilíbrio 80000 400 900 Escassez Excesso 100000 200 1200 Escassez Excesso Fonte Mankiw 2020 O gráfico a seguir apresenta a situação de equilíbrio bem como as áreas de excesso e escassez tanto de demanda quanto de oferta Figura 611 Demonstração gráfica da Escassez e do Excedente Px Qx Qx0 Px0 Dx c d E b a O Fonte adaptada de Mankiw 2020 147 Economia de mercado modelo microeconômico demanda e seus determinantes oferta e seus determinantes equilíbrio do mercado 2 Os pontos a b c e d constituem os estados de escassez ou excesso 2 O ponto a demonstra uma escassez de demanda frente ao ponto b um excesso de oferta Motivo o preço está acima do equilíbrio é alto Então a distância entre esses dois pontos se refere ao excesso de oferta 2 O ponto c é uma escassez de oferta frente ao ponto d um excesso de demanda Motivo o preço está abaixo do equí librio Logo a distância entre esses dois pontos se refere ao excesso de demanda Perceba que na prática o preço de mercado não é apenas algo estático mas sim dinâmico Formular erroneamente o preço de mercado implica em fazer ajustes mais do que isso implica em não conseguir se sustentar em um mercado Atividades 1 Explique cada uma das hipóteses do Modelo Microeconômico uti lizado na análise da demanda oferta e equilíbrio 2 Um excesso de demanda gera uma escassez de oferta porque o nível de preço aumentou e neste caso é preciso reduzir o preço para retornar ao equilíbrio original Esta afirmação é Verdadeira ou Falsa Justifique 3 As afirmações a seguir referemse à demanda de um bem ou serviço Para as verdadeiras assinale com V e para as falsas com F A quantidade demandada varia inversamente ao movimento nos preços ou seja à medida que o preço de um bem ou serviço aumenta a quantidade demandada reduz A curva de demanda é positivamente inclinada porque expressa a relação direta entre o preço de um bem e sua quan tidade demandada Administração e Economia 148 Quando um bem X tem um aumento no seu preço e possui um substituto próximo Y a demanda deste substituto Y aumentará em função da queda na demanda do bem X Quando um determinado bem Z é consumido em conjunto com outro bem W ou seja de forma complementar o aumento no preço do bem Z ocasionará um aumento na demanda do bem complementar W O Efeito Substituição pode nos demonstrar quão sensível é a demanda de um bem ou seja tem uma relação direta com a sen sibilidade dos consumidores 4 A divulgação de uma pesquisa científica sobre o consumo da fruta kiwi demonstrando seus benefícios sobre o emagrecimento gerou um expressivo aumento na demanda dessa fruta Como a oferta é rígida no curto prazo ou seja não é possível aumentar a produção antes de pelo menos seis meses o que acontece com o nível de preços Demonstre essa situação graficamente 7 Moeda inflação e sistema financeiro 71 Moeda A moeda é sem dúvidas um dos principais agregados eco nômicos da atualidade Se tivéssemos que dar um adjetivo ao sis tema capitalista nos dias de hoje seria capitalismo financeiro A complexidade dos sistemas financeiros é cada vez maior e moeda possui um mercado próprio o mercado financeiro Inclu sive trataremos de sistema financeiro na parte final deste capítulo Conforme Passos 2016 basicamente a moeda possui três funções primordiais a Meio de troca ela deve servir de intermediação nas trocas e transações sendo a função mais importante b Denominador comum de medida de valor i o preço é a expressão monetária do valor de bens e serviços servindo como instrumento de medição do valor das mercadorias em uma economia Para tanto a própria moeda precisa ter valor Administração e Economia 150 c Reserva de valor é de fundamental importância que seja pos sível guardar dinheiro para aquisições futuras e para a acumula ção de riqueza A moeda deverá assumir essas três funções simultaneamente sendo assim uma moeda forte e confiável Mas claramente nem sempre foi assim Moeda é uma construção social e existe de formas diferentes desde a antiguidade Podemos considerar que a moedamercadoria foi a primeira forma de estabelecer trocas entre as comunidades O quadro a seguir apresenta um breve histórico Quadro 71 Fases da moedamercadoria Antiguidade até 410 DC Região Moeda Egito Cobre Babilônia Cobre prata cevada Pérsia Gado Índia Animais domésticos arroz China Conchas seda sal Idade média 410 a 1453 Alemanha Gado cereais mel Noruega Gado escravos tecido Rússia Gado prata China Arroz chá sal prata Japão Cobre pérolas arroz Idade moderna 1453 a 1789 Estados unidos Fumo cereais madeira gado Canadá Peles cereais França Metais precioso cereais Japão Arroz Fonte adaptado de Passos e Nogami 2016 151 Moeda inflação e sistema financeiro No entanto estabelecer trocas dessa forma foi se tornando cada vez mais difícil pois o escambo depende da dupla coincidência de interes ses ou seja se você produz madeira e quer trocar por alimento terá que encontrar alguém que produz alimento e deseja madeira Difícil não é A segunda fase da moeda procurou resolver o problema por meio dos metais com a adoção da moeda metálica a troca era realizada com o uso de moeda cunhada e o soberano garantia o valor do metal cunhagem da esfinge do governante PASSOS 2016 Inicialmente a produção de moeda utilizou do cobre bronze e ferro que foram substituídos pela prata e ouro por uma questão de valor econômico Entretanto surgiu um problema o transporte a longas distâncias em função do peso e do risco de assalto Após o século XIV o intenso fluxo comercial na Europa exigiu uma nova forma de moeda a moedapapel A moedapapel em formato de papel de fato foi a emissão de um certificado de depósito em Casas de Custódia onde se depositavam as moedas metálicas sob garantia Os certificados passaram a circular e tomaram o lugar das moedas metálicas O papel possuía um lastro a prata eou ouro depositado Logo as pessoas aceitavam como meio de troca com segurança e confiança Algumas Casas de Custódia no entanto passaram a emitir recibos sem lastro gerando inflação e descontrole necessitando da intervenção do Estado para corrigir o volume de moeda em circulação Foi assim que surgiram os bancos nacionais Banco da Inglaterra Banco da Alemanha etc Esses bancos com o passar do tempo transformaramse em Bancos Centrais com o monopólio da emissão de moeda PASSOS 2016 Manter o lastro em metais preciosos não era uma tarefa fácil como vimos anteriormente a escassez está bastante presente neste caso Com o avanço do capitalismo após a Segunda Guerra Mundial emitir moeda com lastro em prata e ouro se tornou insustentável Com o acordo de Bretton Woods EUA em 1944 do qual o Brasil fez parte a emissão de moeda passou a ser lastreada segundo as reservas Administração e Economia 152 em dólar de cada país processo abandonado em 1971 Atualmente os sis temas monetários são fiduciários moeda fiduciária Não há mais lastro a emissão passou a ser gerenciada pelas autoridades monetárias nesse caso os Bancos Centrais Dessa forma a emissão de moeda deve respeitar a expansão da ativi dade econômica medida pelo PIB De outra forma irá gerar inflação uma vez que o excesso de moeda reduz as taxas de juros e aumenta o consumo de forma desordenada Como mencionado anteriormente a moeda tem seu próprio mercado Logo tem seu próprio preço O preço da moeda é a taxa de juros A confiança em uma moeda depende hoje de austeridade monetária fruto da gestão da política fiscal e principalmente da política monetária de um país Mas como se formam as taxas de juros Há uma espécie de taxa básica em todas as economias modernas ou seja o preço inicial da moeda No Brasil conhecemos essa taxa como Selic O Sistema Especial de Liquidação e Custódia Selic é um programa que administra a emissão de títulos públicos do Tesouro Nacional A origem desses títulos está no déficit do governo Esse processo evita que o governo emita moeda para pagar suas dívidas por exemplo o que oca sionaria inflação Então a partir dos déficits o governo federal emite títulos que o financiam É importante ressaltar que a dívida não é necessariamente do governo mas sim da nação estradas aeroportos hospitais leitos de UTIs universidades etc O governo financia o avanço da sociedade e muitas vezes isso ultrapassa seu orçamento gerando dívida Quem adquire esses títulos de dívida a maioria bancos financia o déficit do governo Mas não existe almoço de graça lembra O governo remunera esses credores por meio de uma taxa de juros a taxa Selic A Selic é considerada a taxa básica da economia porque é usada em operações entre o Banco Central e os demais bancos e entre os próprios 153 Moeda inflação e sistema financeiro bancos do sistema financeiro por isso tem influência sobre os juros de toda a economia A partir dela os bancos também definem quanto cobram em empréstimos a empresas e pessoas físicas A partir de 1999 o Banco Central do Brasil passou a estabelecer metas para a Selic A meta da taxa Selic é definida em reuniões do Copom Comitê de Política Monetária O Copom foi instituído em 20 de junho de 1996 com o objetivo de estabelecer as diretrizes da política monetária e de definir a taxa de juros O Copom é comandado pelo presidente do BACEN e formado pelos membros da diretoria Outros países também possuem esse tipo de insti tuição Federal Open Market Committee FOMC do Banco Central dos Estados Unidos Fed Central Bank Council do Banco Central da Alema nha Monetary Policy Committee MPC do Banco Central da Inglaterra O objetivo da meta é anunciar as intenções da política monetária que pode ser de viés expansionista ou restritivo estudaremos as políticas macroeconômicas no capítulo 8 E como se formam as demais taxas de juros no sistema financeiro Basicamente três motivos influenciam as taxas de juros em todo sistema segundo Passos 2016 2 A A própria Taxa Selic quando está alta torna o custo inicial do dinheiro mais dispendioso 2 B O risco das operações vale destacar que em um cenário de crise onde empresas passam dificuldades e o desemprego é elevado o risco de liberar crédito é mais alto logo a taxa de juros será maior 2 C Concentração do sistema bancário quanto mais concen trado for o sistema bancário de um determinado país maior será a taxa de juros cobrada pelos bancos Atualmente temos aproxi madamente 150 bancos no Brasil mas apenas cinco deles con centram 80 do faturamento total Mas todas as moedas estão vulneráveis ao contágio de um vírus a inflação Administração e Economia 154 72 Inflação Em período de pandemia falar em vírus faz todo sentido não acha Sim a inflação é uma espécie de vírus que destrói o valor real de uma moeda O fenômeno macroeconômico da inflação pode ser definido como o processo persistente de aumento no nível geral de preços resultando em perda do poder de compra da moeda aumento contínuo e generalizados dos preços PASSOS 2016 Mas por que existe inflação O fenômeno pode ser explicado a partir de três situações 2 A Os choques entre oferta e demanda os produtos agrícolas são um bom exemplo 2 B O problema da inconsistência dinâmica ou Curva de Phillips inflação versus desemprego O gráfico a seguir demonstra a rela ção inversa entre inflação e desemprego Determinadas econo mias apresentam tal problema quando a taxa de desemprego reduz significativamente o consumo aumenta muito e rápido gerando inflação Figura 71 Curva de Philips Taxa de inflação π π π µ µ Taxa de desemprego µ A B CP Fonte Passos 2016 2 C Senhoriagem já comentamos sobre ela a emissão descon trolada de moeda 155 Moeda inflação e sistema financeiro 721 Tipos de Inflação Conforme Makiw 2020 a inflação pode partir tanto da demanda quanto da oferta 2 A Inflação de demanda ocorre a partir do excesso de demanda agregada em relação à produção oferta agregada 2 B Inflação de custos de oferta ocorre a partir do aumento nos preços dos custos de produção decorrentes por exemplo da taxa de câmbio matériaprima importada dos pisos dos salários aumentos reais via sindicatos e das estruturas de mer cado oligopólios e mercados concentrados 2 C Inflação inercial ocorre quando os agentes econômicos adaptam suas expectativas a uma determinada taxa de inflação sendo esta taxa esperada denominada de inflação inercial Uma vez incorporada ela passa a ser integrada em contratos e acor dos informais A tendência é que essa taxa de inflação se eleve no decorrer do tempo em virtude de aumentos nos preços supe riores às expectativas devido à falta de credibilidade na moeda corrente o que provocará uma distorção nos preços e uma cami nhada para a hiperinflação 722 Efeitos da Inflação A inflação como um vírus tem efeitos nocivos sobre uma economia e todos os agentes econômicos pessoas empresas e governo são afetados por ela PASSOS 2016 2 A Distribuição de renda provoca a redução do poder aquisi tivo das classes que dependem de rendimento fixo classe assa lariada Na população com baixos rendimentos por exemplo a inflação funciona como um imposto imposto inflacionário pois desintegra parcela do rendimento mensal 2 B Balança comercial encarece o produto nacional estimu lando a importação o que poderá aumentar o déficit na balança e influenciar na taxa de câmbio Administração e Economia 156 2 C Efeito tanzi corrosão da arrecadação do governo necessi tando da indexação dos tributos 2 D Expectativas dos agentes econômicos o setor empresarial é sensível às distorções de preços causadas pela inflação com prometendo assim as expectativas futuras ou seja as decisões empresariais são postergadas O mesmo tende a ocorrer com o consumo das famílias a aquisição de bens em especial financia dos ficam para outro momento O Brasil já passou períodos de inflação elevadíssima denominado de hiperinflação Na década de 1980 e início dos anos 1990 a inflação foi avas saladora chegamos a quase três mil porcento 3000 de inflação ao ano Os preços subiam todos os dias e alguns diversas vezes no mesmo dia Mas com o Plano Real a história mudou Conseguimos incubar o vírus com uma arquitetura de políticas macroeconômicas conhecida como tripé macroeconômico metas para inflação superávit primário e taxa de câmbio O gráfico a seguir apresenta a série histórica da inflação desde 1980 Figura 72 Série histórica da inflação 0 500 1000 1500 2000 2500 1980 1981 1982 1983 1984 1985 1986 1987 1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 Inflação IPCA Fonte Ipea Instituto de Pesquisa Aplicada Perceba que a inflação no início dos anos de 1980 já estava bastante alta entre 100 e 300 Após sucessivos fracassos de planos de estabi lização Cruzado Cruzado Novo Bresser Verão e Collor o Plano Real definitivamente enquadrou a inflação 157 Moeda inflação e sistema financeiro Somente nos três primeiros meses de 1990 a inflação foi de apro ximadamente 440 Se acumular o real por 20 anos não é atingido esse patamar O mapa a seguir apresenta a inflação para todos os países no ano de 2020 É possível observar que a grande maioria dos países está com infla ção baixa entre zero e dez por cento Uma inflação sob controle é de fundamental importância para uma economia a estabilização dos preços é prerrogativa para investidores e consumidores Com os preços estáveis os empresários podem planejar compras futuras projetar fluxos de caixa e construir cenários O mesmo vale para as famílias que podem comprar a crédito sem se preocupar com os valores futuros das prestações por exemplo Figura 73 Inflação pelo mundo 2020 25 ou mais 10 25 3 10 0 3 menos de 0 sem dados Fonte Fundo Monetário Internacional FMI Quando os jornais noticiam que a inflação do mês passado foi 078 você deve ficar imaginando como chegaram nesse valor Algumas pessoas ficam até desconfiadas achando que o número é uma manipulação já que o responsável pelo cálculo é o próprio governo Administração e Economia 158 Porém é muito difícil manipulálo visto que o método de cálculo é aberto à comunidade Os dados das pesquisas de campo estão disponíveis Segundo o Instituto de Geografia e Estatística IBGE inflação é o nome dado ao aumento dos preços de produtos e serviços e é calculada pelos índices de preços comumente chamados de índices de inflação O IBGE é órgão do governo responsável pelo cálculo de índices de preços 723 Índices de preços Segundo o IBGE o propósito de um índice de preços é medir a variação de preços de uma cesta de produtos e serviços consu mida pela população O resultado mostra se os preços aumentaram ou diminuíram de um mês para o outro A cesta é definida pela Pesquisa de Orçamentos Familiares POF do IBGE que entre outras questões verifica o que a população consome e quanto do rendimento familiar é gasto em cada produto arroz feijão passagem de ônibus material escolar médico cinema entre outros Os índices portanto levam em conta não apenas a variação de preço de cada item mas também o peso que ele tem no orçamento das famílias O IBGE possui um Sistema Nacional de Índices de Preços ao Consu midor SNIPC que consiste em uma combinação de processos destina dos a produzir índices de preços ao consumidor O objetivo é acompanhar a variação de preços de um conjunto de produtos e serviços consumidos pelas famílias O Índice de Preços ao Consumidor Amplo o IPCA é produzido pelo IBGE desde 1980 com o objetivo de medir as variações de preços ao consumidor refletindo a variação dos preços das cestas de consumo das famílias com recebimento mensal de 1 a 40 saláriosmínimos indepen dentemente da fonte e o INPC das famílias com rendimento mensal de 1 a 8 salários mínimos com chefes assalariados É importante destacar que o IPCA é utilizado pelo Bacen para o acompanhamento das metas de inflação A tabela e o gráfico a seguir apresentam a ponderação do IPCA for mado por nove cestas de consumo cada uma com ponderação correspon dente conforme Pesquisa de Orçamentos Familiares POF 159 Moeda inflação e sistema financeiro Tabela 71 Estrutura de ponderação do IPCA Descrição Peso Índice geral 100 Alimentação e Bebidas 19 Habitação 15 Artigos de Residência 4 Vestuário 5 Transportes 21 Saúde e Cuidados Pessoais 13 Despesas pessoais 11 Educação 6 Comunicação 6 Fonte IBGE Diretoria de Pesquisas Figura 74 Ponderação do IPCA Alimentação e bebidas Artigos de residência Transportes Despesas pessoais Comunicação Habitação Vesstuário Saúde e cuidados pessoais Educação 6 6 19 15 11 13 21 5 4 Fonte IBGE Diretoria de Pesquisas Administração e Economia 160 A tabela e o gráfico do IPCA demonstram que em média o brasileiro consome 19 de seu rendimento em alimentos e bebidas 15 em habita ção 4 em artigos de residência e assim sucessivamente IBGE Quando você lê nos noticiários que a inflação foi de 078 no mês passado por exemplo isso significa que em média os preços subiram 078 em relação ao período anterior Perceba que são nove cestas de consumo com mais de 250 itens no total Isso significa que para ter inflação é preciso que diversos itens de diversas cestas apresentem aumentos contínuos nos preços Existem outros índices de preços inclusive calculados por outras instituições como o Índice Geral de Preços do Mercado IGPM da Fun dação Getúlio Vargas FGV muito conhecido como índice do aluguel porque é utilizado nos reajustes anuais dos aluguéis de imóveis Sua meto dologia é distinta do IPCA por isso os resultados são diferentes mas a lógica é a mesma 724 Metas de Inflação do Banco Central Bacen Tratase de um mecanismo pelo qual o Bacen anuncia metas para a inflação que devem ser atingidas a partir das políticas macroeconômicas em especial a política monetária ou seja se a inflação ameaçar sair da meta os juros se alteram como medida de contenção BACEN 2020 A proposta das metas é funcionar como um coordenador de expectati vas sobre a inflação futura inibindo a indexação ligada à inflação passada sendo o IPCA o índice utilizado para tal finalidade A tabela a seguir apresenta as metas para inflação desde sua implan tação em 1999 até o ano de 2022 Tabela 72 Metas para a inflação Ano Meta Banda pp Inflação Efetiva IPCA aa 1999 80 2 894 2000 60 2 597 161 Moeda inflação e sistema financeiro Ano Meta Banda pp Inflação Efetiva IPCA aa 2001 40 2 767 2002 35 2 1253 2003 40 25 93 2004 55 25 76 2005 45 25 569 2006 45 2 314 2007 45 2 446 2008 45 2 59 2009 45 2 431 2010 45 2 591 2011 45 2 65 2012 45 2 584 2013 45 2 591 2014 45 2 641 2015 45 2 1067 2016 45 2 629 2017 45 15 295 2018 45 15 375 2019 425 15 431 2020 40 15 2021 375 15 2022 35 15 Fonte Banco Central do Brasil 2020 Na coluna Meta está o valor esperado para a inflação mas tratase de um número muito absoluto preciso sabemos que os preços flutuam Administração e Economia 162 Para tanto o Bacen estipula limite inferior e superior uma espécie de um leque para a flutuação os pontos percentuais pp da coluna Banda pp Por exemplo no ano de 2020 a meta é 4 com limite inferior em 25 e limite superior em 55 15 pp para cima e para baixo A figura a seguir ilustra bem a trajetória da meta de inflação e seus limites inferiores e superiores Figura 75 Evolução das metas de inflação Fonte Banco Central do Brasil 2020 Enquanto a inflação flutuar dentro dos limites inferiores e superiores não ocorrem medidas por parte da autoridade monetária para inter ferir nos preços Como veremos no capítulo 8 as políticas macroeco nômicas fiscal monetária e cambial atuam em conjunto para cumprir as metas de inflação 73 Sistema Financeiro Nacional Um sistema financeiro nacional é formado pelas instituições de perfil financeiro de uma nação como por exemplo bancos seguradoras corretoras agentes de investimentos entre outros 163 Moeda inflação e sistema financeiro Segundo Passos 2016 o Sistema Financeiro Nacional do Brasil se originou a partir da criação do Banco do Brasil em 1808 por Dom João VI o primeiro agente financeiro no país Entretanto é somente nas déca das de 1950 e 1960 que os bancos comerciais proliferaram O Banco Central do Brasil principal agente do sistema financeiro foi criado em 1965 para coordenálo O caráter de sistema aos agentes financeiros no Brasil vem da Lei N 459564 de 31 de dezembro de 1964 a qual introduziu as diretrizes para uma nova estrutura e a disci plina para os agentes Após o ano de 1967 os agentes financeiros marcaram uma nova fase do sistema financeiro nacional através de fusões e incorporações bancá rias gerando uma relativa concentração Em 1987 o Conselho Monetário Nacional órgão supremo do Sis tema Financeiro Nacional determinou que os intermediários financeiros se transformassem em bancos múltiplos Isso provocou uma grande refor mulação na estrutura de agências bancárias visto que elas passaram a ofe recer uma maior diversidade de produtos financeiros Entre as décadas de 1980 e meados de 1990 muitas instituições financeiras obtiveram lucros acima da média devido ao processo de hipe rinflação instalado no país floating Isso aconteceu porque as instituições financeiras como os bancos eram as primeiras a receber o dinheiro numa economia inflacionada A partir do Plano Real o sistema financeiro nacional precisou passar por uma nova reestruturação em que a qualidade dos serviços financeiros passou a predominar Na atualidade apesar de uma forte concentração bancária novos agentes entraram em ação como as Cooperativas de Crédito e as Fintechs startups do mercado financeiro PASSOS 2016 731 Estrutura do Sistema Financeiro Nacional O Sistema Financeiro Nacional é formado por dois subsistemas o sistema normativo e o sistema operativo O sistema normativo é com posto pelo Conselho Monetário Nacional CMN Banco Central do Brasil Administração e Economia 164 BCB e Comissão de Valores Mobiliários CVM Já o sistema operativo é composto pelas instituições financeiras públicas e privadas que estão atuando no mercado financeiro Sistema normativo 2 Conselho Monetário Nacional CMN 2 Banco Central do Brasil BACEN 2 Comissão de Valores Mobiliários CVM Sistema operativo 2 Banco do Brasil BB e Caixa Econômica Federal CEF 2 Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico Social BNDES 2 Demais instituições financeiras públicas e privadas A figura a seguir apresenta a estrutura e lógica do sistema financeiro nacional Figura 76 Estrutura do Sistema Financeiro Sistema Financeiro Unidades Superavitárias Governo Empresas Famílias Unidades Deficitárias Governo Empresas Famílias Intemediadores Financeiros Bancos e Caixas Econômicas Bancos de Investimentos e Financeiras Fudos de Investimentos Outros Mercados Financeiros Capitais Derivativos Crédito Divisa Outros Ativos Financeiros Ações Títulos privados Derivativos Títulos públicos Outros Fonte elaborada pelo autor 165 Moeda inflação e sistema financeiro 7311 Autoridades monetárias Conforme Passos 2016 as autoridades monetárias do Sistema Financeiro Nacional são o Conselho Monetário Nacional órgão máximo do sistema o Banco Central executor da política monetária e a Comis são de Valores Mobiliários fiscalização do mercado de valores mobiliá rios como as Bolsas de Valores O Conselho Monetário Nacional o órgão máximo do sistema finan ceiro nacional é constituído por três membros 2 Ministério da Fazenda 2 Ministério do Planejamento Orçamento 2 Banco Central Suas atribuições são a A adaptação do volume dos meios de pagamento às demandas da economia nacional b A administração do valor da moeda para inibir o processo infla cionário em consequência de distúrbios macroeconômicos c A regulação do valor externo da moeda no intuito de equilibrar o balanço de pagamentos d A orientação da aplicação de recursos de instituições privadas do sistema financeiro e A busca pela austeridade monetária ou seja por uma moeda forte f A busca pela liquidez do sistema econômico bem como das ins tituições financeiras g A coordenação da política monetária A Comissão de Valores Mobiliários tem o objetivo de regular o mer cado de valores mobiliários É uma autarquia federal vinculada ao Minis tério da Fazenda Foi criada pela Lei n 6385 com o objetivo de discipli nar fiscalizar e promover a expansão desenvolvimento e funcionalidade Administração e Economia 166 do mercado de valores mobiliários conforme orientação do Conselho Monetário Nacional Suas atribuições são a A fiscalização da emissão e distribuição de valores mobiliários no mercado financeiro bem como o funcionamento das Bolsas de Valores no território nacional b A fiscalização da emissão e distribuição de títulos das socieda des anônimas relatórios das demonstrações financeiras balanço patrimonial demonstração dos resultados do exercício etc compra de ações emitidas pela própria empresa entre outras c A fiscalização de práticas que contrariam os interesses dos investidores A CVM também tem como finalidade fiscalizar o mercado de títulos de renda variável a Emissão e distribuição de valores mobiliários no mercado finan ceiro b Intermediação no mercado mobiliário c Operações nas Bolsas de Valores d Administração da carteira de valores mobiliários e Auditoria das sociedades anônimas O Banco Central do Brasil Bacen foi criado através da Lei n 4595 de 1964 como uma autarquia federal vinculada ao sistema financeiro nacional Seu objetivo é assegurar o equilíbrio monetário zelando pela adequação da liquidez do sistema econômico ao manter as reservas cam biais em níveis adequados para assegurar a formação de poupança e da estabilidade macroeconômica do sistema financeiro nacional O Bacen funciona como órgão executor da política monetária no sis tema financeiro e suas atribuições são as seguintes a O banco dos bancos operação de redesconto 167 Moeda inflação e sistema financeiro b Gestão do Sistema Financeiro fiscalização normatização e intervenções c Execução da política monetária controle dos meios de paga mentos através do open market operação de redesconto e depó sito compulsório d Emissão de moeda responsável pela emissão dos meios de pagamentos e consequentemente do saneamento da economia e Banco do governo financiamento ao Tesouro Nacional f Gestor das reservas cambiais administração das entradas e saí das de dólares na economia brasileira Também cabe ao Bacen a A emissão de papelmoeda e moeda metálica conforme a demanda do sistema financeiro e da população b O recebimento dos depósitos compulsórios dos bancos comer ciais c Realizar a operação de redesconto conforme as necessidades dos bancos comerciais d Regulação do serviço de compensação de cheques e outros papéis e Efetuar a venda e compra de títulos da dívida pública federal f Controlar o crédito bem como sua multiplicação g Fiscalizar e se necessário punir as instituições financeiras 74 Estudo de caso a inflação no Zimbabwe África O índice anual de inflação alcançou um nível recorde de 231 milhões por cento no Zimbabwe em meados de 2010 A informação foi publicada pelo jornal estatal The Herald citando estatísticas oficiais do governo Administração e Economia 168 A economia do Zimbabwe está arruinada por uma inflação fora de controle uma taxa de desemprego próxima dos 80 e uma série de carên cias básicas Aproximadamente 80 de sua população vive abaixo do patamar de pobreza Uma luta política entre o atual governo e a oposi ção também mantém o país em turbulência Para tentar frear o aumento dos preços as autoridades multiplicaram em vão as medidas econômicas entre elas a desvalorização da moeda e o lançamento de novas notas com o corte de dez zeros antes o país chegou a lançar uma nota de 100 bilhões de dólares zimbabuanos Algumas lojas da capital Harare também foram autorizadas a negociar em moeda estrangeira Uma nota de 20 mil dólares zimbabuanos já circula no país e são distribuídas em massa pelo governo As notas são feitas de papel inferior e sem medidas de segurança como marcas dágua Atividades 1 Qual é o impacto da inflação nas famílias com rendimento fixo sobretudo nas de baixo rendimento 2 Qual é o principal objetivo na adoção de um programa de metas para a inflação 3 Qual a relação da meta de inflação com o planejamento financeiro de médio e longo prazos de uma empresa 4 Como o governo faz para medir a inflação em especial o IPCA 8 Políticas macroeconômicas e comércio internacional As políticas macroeconômicas são mecanismos do governo federal para gerar estabilidade econômica e consequentemente crescimento econômico As mais utilizadas são as políticas fis cal monetária e cambial A política fiscal é um instrumento que o governo dispõe para arrecadar tributos controlar as despesas e efetuar investimentos que está sob a gestão do Ministério da Economia A política monetária é um instrumento que serve para con trolar a liquidez do sistema econômico Dessa forma controla o nível das taxas de juros em toda a economia e está sob a gestão do Banco Central Bacen A política cambial é um instrumento que atua sobre a taxa de câmbio por meio dos regimes cambiais e está sob gestão do Banco Central Bacen Vamos compreender e analisar cada uma delas Administração e Economia 170 81 Política Fiscal A política fiscal possui dois fluxos a arrecadação e os gastos Quando a arrecadação supera o valor dos gastos temos um superávit e quando a arrecadação é menor que os gastos do governo um déficit Atenção déficit é uma situação em que o governo gasta mais do que arrecada logo parte de seus gastos não foi financiada pela arrecada ção Isso significa que é preciso financiar os gastos públicos e isso pode ser feito por emissão de moeda o que tende a gerar inflação ou por meio da emissão de títulos públicos A política fiscal como mencionado pode gerar crescimento econô mico através de uma política expansionista A política fiscal expansionista funciona da seguinte forma 2 aumento dos gastos públicos em investimento público como estradas portos aeroportos universidades hospitais etc 2 redução da carga tributária estímulo ao investimento privado e ao consumo das famílias Já a política fiscal restritiva utiliza o processo inverso 2 redução dos gastos públicos 2 aumento da carga tributária desestímulo ao investimento pri vado e ao consumo das famílias Uma política fiscal restritiva acontece quando os déficits se tornam elevados e há um descontrole das finanças públicas O quadro a seguir apresenta os efeitos multiplicadores de políticas fiscais Quadro 81 Efeitos da Política Fiscal Expansiva Restritiva Aumento dos gastos públicos e redução da carga tributária Redução dos gastos públicos e aumento da carga tributária Aumento nos investimentos Aumento no nível de emprego Redução nos investimentos Queda no nível de emprego 171 Políticas macroeconômicas e comércio internacional Expansiva Restritiva Aumento dos gastos públicos e redução da carga tributária Redução dos gastos públicos e aumento da carga tributária Aumento na renda Aumento no consumo Crescimento econômico Queda na renda Queda consumo Recessão Fonte elaborado pelo autor 82 Política Monetária O grande objetivo da política monetária é controlar a oferta da moeda através do Banco Central O Banco Central possui três canais para controlar a oferta de moeda e consequentemente a liquidez do sistema financeiro 2 Depósitos compulsórios referemse aos depósitos que os ban cos comerciais efetuam junto ao Bacen a partir de seus depósitos à vista Bacen controla o valor 2 Operação de open market é a compra e a venda de títulos públi cos balizados pela Selic 2 Redesconto liberação de recursos do Bacen a bancos comerciais Todos os depósitos na rede bancária podem ser utilizados pelos ban cos comerciais para empréstimo e é assim que os bancos lucram No entanto 10 deve ficar nas agências ou em uma tesouraria para saques diários Com isso sobram 90 dos recursos para empréstimos Porém existe um elevado risco se todos os bancos do sistema financeiro empres tarem esses 90 uma alta inadimplência e até mesmo os calores O Banco Central criou uma espécie de trava o depósito compulsório para conter esses empréstimos e a multiplicação do dinheiro na economia Desse modo o Bacen também pode ter controle sobre as taxas de juros A operação de open market é o meio de financiar o tesouro Lem bra de que quando temos um déficit o governo emite títulos públicos Administração e Economia 172 Essa operação é a gestão dos títulos públicos emitidos pelo tesouro Como os principais compradores são os bancos comerciais o Bacen além de intermediar a dívida pública controla as taxas de juros trocando títulos por dinheiro e viceversa O redesconto é uma situação de socorro aos bancos usada em casos extremos como uma possível insolvência A política monetária também é utilizada para gerar estabilidade eco nômica e crescimento A política monetária expansionista ou expansiva utiliza os canais da seguinte forma 2 depósito compulsório Bacen REDUZ taxa do compulsório junto aos bancos 2 open market Bacen COMPRA títulos 2 redesconto Bacen REDUZ a taxas de empréstimos e AUMENTA prazos para pagamento aos bancos As consequências desses procedimentos são 2 AUMENTO da liquidez do sistema econômico 2 REDUÇÃO nas taxas de juros Com um maior volume de dinheiro em circulação as taxas de juros reduzem estimulando a atividade econômica Entretanto assim como a política fiscal a monetária também pode ser restritiva da seguinte forma 2 depósito compulsório Bacen AUMENTA taxa do compulsó rio junto aos bancos 2 open market Bacen VENDE títulos 2 redesconto Bacen AUMENTA a taxas de empréstimos e REDUZ prazos para pagamento aos bancos Esses procedimentos reduzem o volume de dinheiro na economia e consequentemente aumentam as taxas de juros 173 Políticas macroeconômicas e comércio internacional As consequências desses procedimentos são 2 REDUÇÃO da liquidez do sistema econômico 2 AUMENTO nas taxas de juros O quadro a seguir apresenta os efeitos multiplicadores da política monetária expansionista e restritiva Quadro 82 Efeitos da Política Monetária Expansiva Restritiva Aumento na oferta de moeda Reduz a taxa de juros Eleva o nível de investimentos Eleva o nível de emprego Eleva o nível de renda Aumenta o consumo Crescimento econômico Diminui oferta de moeda Eleva a taxa de juros Reduz o nível de investimentos Reduz o nível de emprego Reduz o nível de renda Reduz o consumo Recessão Fonte elaborado pelo autor 821 Equilíbrio no Mercado Monetário O equilíbrio no mercado monetário ocorre quando a oferta e a demanda por moeda alcançam uma determinada taxa de juros que atenda tanto a demanda quanto a oferta conforme gráfico a seguir Figura 81 Equilíbrio o Mercado Monetário OM Oferta de Moeda DM Demanda de Moeda E tx Taxa de Juros Quantidade de Moeda Fonte elaborada pelo autor Administração e Economia 174 Os gráficos em seguida demonstram movimentos na oferta monetária e os impactos na taxa de juros Figura 82 Política Monetária Expansionista Efeito redução na taxa de juros DM E tj1 Taxa de Juros Quantidade de Moeda E OM OM tj2 Aumento na oferta monetária Fonte elaborada pelo autor Figura 83 Política Monetária Restritiva Efeito aumento na taxa de juros DM E tj2 Taxa de Juros Quantidade de Moeda OM OM tj1 Redução na oferta monetária E Fonte elaborada pelo autor Um aumento na oferta monetária mantendo as demais variáveis constantes tende a reduzir as taxas de juros no sistema financeiro Uma redução tende a gerar um aumento nas taxas de juros 175 Políticas macroeconômicas e comércio internacional Esse movimento é de extrema importância para a atividade econô mica pois as taxas de juros no sistema financeiro influenciam o nível de investimento na economia Dentro desse contexto a expectativa de lucro é a variável que irá determinar a decisão de investir por parte dos empresários Entretanto essa expectativa é baseada a partir da Taxa Interna de Retorno TIR de um investimento a qual é confrontada com o custo do capital ou seja com a taxa de juros vigente no mercado financeiro Logo a decisão de investir depende das taxas de juros Quanto maior for a taxa de juros menor será o nível de investimento e viceversa ou seja o investimento é inverso à taxa de juros Em um cenário de política monetária restritiva onde os juros são altos o investimento privado reduzirá Em um cenário expansionista os juros reduzem e os investimentos aumentam Figura 84 Relação Investimento versus Juros Um aumento na taxa de juros reduz o nível de investimentos Taxa de Juros Nível de investimento tj2 tj1 Níve de investimento ni2 ni1 Fonte elaborada pelo autor 83 Política Cambial O objetivo da política cambial é a administração da taxa de câmbio e o controle das operações cambiais buscando o equilíbrio das contas externas a partir das relações com o resto do mundo Administração e Economia 176 Taxa de câmbio é o preço de uma moeda em relação a outra Quando falamos em política cambial estamos falando na relação entre real R e dólar US pois o dólar se tornou a moeda de referência para transa ções internacionais A determinação da taxa de câmbio pode ocorrer de duas formas 2 institucionalmente decisão das autoridades econômicas com a fixação periódica das taxas taxas fixas de câmbio 2 funcionamento do mercado as taxas flutuam em decorrên cia das pressões de oferta e demanda por divisas estrangeiras taxas flutuantes Os movimentos de demanda e oferta de moeda estrangeira alteram a taxa de câmbio Demanda decorre das importações e de todas as opera ções que resultam na saída de moeda estrangeira do país Oferta é decor rente das exportações e de todas as operações que dão origem à entrada de moeda estrangeira no país O gráfico a seguir demonstra um equilíbrio na taxa de câmbio a partir de um determinado nível de demanda e de oferta de dólares por exemplo Figura 85 Taxa de Câmbio Taxa de câmbio Quantidade US O UU D UU Fonte elaborada pelo autor Deixar a taxa de câmbio completamente livre para flutuar no entanto tende a gerar muita incerteza Imagine uma empresa que vai importar um 177 Políticas macroeconômicas e comércio internacional equipamento cujo pagamento ocorrerá no futuro ou um exportador que não tem nenhuma previsão sobre o câmbio Tornase assim muito difícil qualquer tipo de planejamento financeiro Controlar a taxa de câmbio também torna o Banco Central um refém É necessário passar o dia interferindo no mercado de câmbio Os bancos centrais costumam interferir na taxa de câmbio de forma distinta por meio de regimes cambiais 831 Regimes Cambiais Regimes cambiais são um conjunto de regras e instituições que regu lam o funcionamento do mercado cambial Principais regimes 2 câmbio fixo o valor da taxa é determinado pelo Bacen através de intervenções no mercado 2 câmbio flutuante a taxa é determinada a partir da oferta e da demanda da moeda estrangeira mercado 2 bandas cambiais adoção de limiares mínimos e máximos para a taxa de câmbio O Brasil adotou esse regime no período de 1995 a 1999 isso foi propiciado pela elevada reserva de dólares no país Figura 86 Bandas Cambiais Cotação Limiar Máximo Limiar Mínimo Fonte elaborada pelo autor 2 Dirty floating a expressão dirty floating quer dizer flutuação suja Nesse regime ocorre um misto entre câmbio fixo e câmbio Administração e Economia 178 flutuante ou seja a taxa de câmbio flutua mas ocorrem inter venções do Bacen quando necessário A maioria dos países utiliza o dirty floating e as mudanças na taxa de câmbio são denominadas de valorização e desvalorização cambial Esse regime é parecido com as bandas ou seja há um limiar mínimo e um liminar máximo para taxa de câmbio no entanto nesse caso a abertura é maior a taxa pode flutuar até certo ponto em que se comprometem os preços internos inflação por exemplo 2 Valorização a moeda nacional se torna mais forte é preciso menos reais R por dólar US significa uma queda na taxa de câmbio 2 Desvalorização a moeda nacional se torna mais fraca é preciso mais reais R por dólar US significa um aumento na taxa de câmbio 84 Tripé macroeconômico Os três pilares da economia brasileira estruturados em conjunto com o FMI Fundo Monetário Internacional a partir de janeiro de 1999 esta beleceram metas para inflação superávit primário e câmbio A taxa de câmbio flutuante no regime dirty floating para ajustar as contas externas taxa de juro real para garantir o cumprimento das metas de inflação supe rávit primário crescente para conter o endividamento do setor público 2 As metas são 2 metas de inflação 2 superávit primário 2 câmbio flutuante A proposta do tripé é criar um ambiente estável A estabilidade macroeconômica é fundamental para uma economia gerar investimentos e consequentemente crescimento econômico A Figura 87 ilustra a ideia 179 Políticas macroeconômicas e comércio internacional Figura 87 Tripé Macroeconômico Câmbio flutuante Metas fiscais Crescimento sustentado Metas fiscais Fonte elaborada pelo autor O que está por trás do tripé Ou seja de que forma o tripé pode assegurar as metas As metas são cumpridas por meio das políticas macroeconômicas 2 política monetária 2 política cambial 2 política fiscal Quando há uma instabilidade macroeconômica e os indicadores começam a sair das metas inflação e dívida pública elevada por exemplo as políticas macroeconômicas entram em ação Nesse caso políticas res tritivas monetária e fiscal atuam para ajustar preços e dívida As metas são fundamentais para fornecer uma previsibilidade da con dução da política econômica ao longo do tempo Administração e Economia 180 85 Comércio Internacional 851 Balanço de Pagamentos BP Conforme o FMI balanço de pagamentos é o registro sistemático das transações econômicas durante um dado período de tempo entre os seus residentes e os residentes do resto do mundo Os registros no BP são normalmente efetuados em dólares norte americanos US a partir das seguintes subdivisões 2 conta corrente exibe todos os fluxos que afetam diretamente a renda nacional presente A conta corrente subdividese em balanço comercial balanço de serviços balanço de rendas e balanço de transferências unilaterais correntes Balanço de tran sações correntes é o somatório dessas quatro subcontas 2 conta de capital e financeira registra os fluxos de todos os ativos internacionais que irão afetar a renda nacional futura A conta capital e financeira subdividese em movimentos de capi tais autônomos e fluxos de capitais compensatórios Na perspectiva contábil o balanço de pagamentos é um registro das transações de um país com o mundo exterior Na perspectiva econômica o balanço de pagamentos é o resultado síntese do funcionamento global da economia nacional é a expressão das condições conjunturais e estru turais da economia nacional e também reflexo de eventos ocorridos na esfera mundial 852 Determinantes das exportações a Renda mundial um aumento na renda mundial tende a estimu lar o consumo no âmbito mundial propiciando um aumento nas exportações b Taxa de câmbio uma desvalorização na taxa de câmbio esti mula as exportações c Preços externos um aumento nos preços internacionais estimu lará as exportações 181 Políticas macroeconômicas e comércio internacional d Preços internos um aumento dos preços dos produtos exportá veis no mercado interno provocará uma redução nas exportações e Incentivos à exportação estímulos ao setor exportador como subsídios e políticas públicas tendem a elevar as exportações 853 Determinantes das importações a Renda nacional um aumento no produto e na renda nacional provocará um aumento nas importações como de matériaspri mas bens de consumo e bens de capital b Taxa de câmbio um aumento na taxa de câmbio desvalorização cambial inviabiliza as importações c Preços externos um aumento nos preços externos provocará uma queda nas importações d Preços internos um aumento nos preços dos produtos internos provocará uma elevação nas importações e Barreiras a imposição de barreiras tarifárias e nãotarifárias pode provocar uma redução nas importações 854 Balança Comercial BC A balança comercial registra as transações de compra importação e venda exportação de produtos tangíveis ou bens As mercadorias são registradas pelo valor de mercado no local do embarque sem computar as despesas com seguro e transporte modalidade free on board O saldo na balança comercial é a diferença entre a exportação e a importação de bens BC Xb Mb Em que BC Saldo da balança comercial Xb Exportação de bens Mb Importação de bens Administração e Economia 182 Superávit e déficit na balança comercial 2 Superávit na balança comercial acontece quando as exporta ções são maiores em US que as importações ou seja há uma entrada maior de divisas US no país e o saldo é positivo 2 Déficit na balança comercial acontece quando as importações são maiores em US que as exportações ou seja há uma saída de divisas e o saldo é negativo O quadro a seguir demonstra um exemplo Quadro 83 Exemplo Balança Comercial Economia A Economia B Economia C Xb 200 80 90 Mb 150 120 90 Bc 50 40 0 Fluxo real saída de bens entrada de bens equilíbrio Fluxo monetário entrada de bens saída de bens equilíbrio Situação superávit comercial déficit comercial equilíbrio Fonte elaborado pelo autor 855 Regulação do Comércio Internacional GATT e OMC GATT Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio firmado em 1947 O objetivo é reduzir tarifas efetivadas no pósguerra sob liderança dos Esta dos Unidos e da Inglaterra constituído por 23 nações 183 Políticas macroeconômicas e comércio internacional Apesar de ser um acordo na época provisório permaneceu por 47 anos até a Rodada do Uruguai em 1994 quando foi criada a Organização Mundial do Comércio OMC Funções da OMC 2 facilitar a implantação dos acordos e instrumentos jurídicos negociados 2 servir de foro para negociações de regras multilaterais para a liberalização do comércio 2 supervisionar a aplicação de regras acordadas por meio de seus comitês e conselhos 2 implementar o mecanismo de exame das políticas comerciais 2 cooperar com o FMI e o Banco Mundial 856 Regulação Muitos países utilizam barreiras tarifárias e não tarifárias em suas políticas comerciais Tarifas de importação instrumento de política comercial 2 Imposto específico montante cobrado por unidade de produto importado 2 Ad valorem imposto cobrado como um percentual do preço Tem como finalidade proteger setores produtivos de uma nação da concorrência externa As barreiras não tarifárias se transformaram em instrumentos de controle das importações Exemplo ISO padrões de qualidade medidas fitossanitárias normas etc O objetivo da adoção de tarifas é proteger o mercado interno Mesmo em um ambiente mundial cada vez mais globalizado a maioria das nações protege seu mercado interno por meio de barreiras tarifárias e não tarifárias Administração e Economia 184 As não tarifárias são na verdade barreiras sutis ou seja procuram impedir a entrada de um produto em sua economia sem gerar conflito ou retaliação Muitos países inclusive os mais desenvolvidos e mais liberais utilizam ou já utilizaram mecanismos protecionistas 857 Protecionismo Os principais argumentos para adoção de medidas protecionistas são 1 Proteção à Indústria Nascente A indústria nascente é a etapa do desenvolvimento em que a indústria ainda não alcançou um nível de produção que lhe permita beneficiarse das economias de escala Seu objetivo é garantir certa reserva de mer cado tornandose livre da concorrência com indústrias maduras É um dos argumentos mais antigos de proteção e foi constatado pelo economista Friedrich List A proteção à indústria alemã por exemplo foi fundamental para sur gir a vantagem comparativa a indústria nascente alemã seria asfixiada pela indústria inglesa Foi a política comercial de países como Estados Unidos Alemanha e Japão No Brasil foi a política comercial do Plano de Metas de JK nos anos de 195060 2 Redução do Desemprego A política externa tem o sentido de geração de empregos em especial os empregos gerados no setor industrial com disseminação para os demais setores da economia como o terciário A ausência de uma proteção tende a gerar desemprego no país importador Exemplo o aumento da demanda por carros japoneses nos EUA acabou em um acordo entre os governos de tais países o Japão efetuou restrições às exportações de carros para os EUA 3 Estímulo à Substituição de Importações Tratase da política adotada por países menos desenvolvidos tradi cionais exportadores de produtos primários e importadores de manufatu rados Há casos como da América Latina em que a capacidade de impor tar manufaturados essenciais para o crescimento econômico era perdida por falta de divisas receita cambial 185 Políticas macroeconômicas e comércio internacional Para tanto há a necessidade de intervenção do Estado para promover o desenvolvimento de uma indústria dinâmica capaz de substituir os pro dutos importados No Brasil o Processo de Substituições de Importação PSI é um bom exemplo 4 Diferença entre Salários Indústria e Agricultura Ocorre em economias dualistas com a presença de um setor agrícola de subsistência e uma indústria dinâmica Com isso defender a indústria interna significa fazer uma compensação setorial para equalizar as distor ções na renda 5 Impedimento ao Comércio Desleal Cada nação deve exportar seus produtos a preços justos concorrendo lealmente com a indústria interna da nação importadora O comércio des leal distorce e até destrói a vantagem comparativa As práticas de subsídios e dumping acabam por constituir a própria expressão de relações desleais de negócios internacionais Subsídio é a concessão de um benefício por parte do governo para as empresas exportadoras aumentar exportações e reduzir as importações O objetivo é a inserção no mercado externo atra vés de guerra de preços que visa o domínio sobre tal mercado A prática desleal mais conhecida é o dumping uma prática comercial em que o preço do produto fica muitas vezes abaixo do custo Ou seja o preço é inferior ao cobrado pelo próprio país exportador em seu mercado interno O objetivo é a inserção no mercado externo através de guerra de preços que visa o domínio sobre tal mercado 8571 Tipos de Dumping 2 Dumping predatório penetração de mercado com o objetivo de expulsar os concorrentes 2 Dumping esporádico ocorre em casos de excesso de oferta o excedente de produção é desovado no mercado externo com preço menor que do mercado interno importador erro de plane jamento ou crise local Administração e Economia 186 2 Dumping persistente esforço de empresas em concorrên cia monopolista para maximizar lucro No mercado interno a empresa não enfrenta uma concorrência significativa mas no mercado externo a concorrência é mais acirrada Isso leva as empresas a praticarem um preço mais elevado no mercado interno baixa concorrência e um preço mais baixo nos merca dos externos elevada concorrência Medidas antidumping têm sido cada vez mais utilizadas nos negó cios internacionais Muitos países adotam tais medidas como uma regra A maioria das nações procura proteger setores específicos com medidas antidumping sobretudo setores como metais produtos siderúrgicos bens de capital máquinas e equipamentos química plástico papel e celulose têxtil As medidas antidumping visam anular o dano à indústria doméstica 86 Segurança Nacional Tem como objetivo proteger determinada indústria que é considerada fundamental para a defesa do país Indústria bélica energia e agricultura por exemplo 87 Balanço de pagamentos Desequilíbrios na balança comercial que refletem no balanço de pagamentos podem gerar crises cambiais O protecionismo se justifica para evitar tais desequilíbrios e crises cambiais A própria OMC permite restrições às importações para nações que estão com desequilíbrios nas contas externas Atividades 1 O que define a moeda é sua liquidez ou seja a capacidade que possui de ser um ativo prontamente disponível e aceito para as 187 Políticas macroeconômicas e comércio internacional mais diversas transações Além disso três outras características a definem A Instrumento de troca valor de troca ter a esfinge de um líder político B Instrumento de troca denominador comum e reserva de valor C Valor de troca compra de bens possuir valor de face D Denominador comum possuir valor de face compra de bens E Gerar inflação possuir valor de face instrumento de troca 2 Leia o texto a seguir sobre a política cambal adotada no Plano Real Como o câmbio passou a funcionar a partir de 1999 quando pas sou a ser flutuante Em meio a uma crise cambial e com as reservas em dólares do Bra sil esvaziadas em janeiro de 1999 o BC emitiu um comunicado a partir de hoje o Banco Central deixará que o mercado interbancá rio defina a taxa de câmbio Na prática isso era uma permissão para que os bancos compras sem e vendessem dólares entre si sem o intermédio ou a interven ção do BC O valor do dólar em relação ao real deixou de ser a principal forma de controle inflacionário e seu valor passou a osci lar de acordo com a oferta e a demanda do mercado O BC então parou definitivamente de interferir no câmbio a par tir de 1999 Não Ao comunicar o mercado que o câmbio passaria a ser flutu ante o BC também informou o seguinte o Banco Central poderá intervir nos mercados ocasionalmente e de forma limitada com o objetivo de conter movimentos desordenados das taxas de câm bio O que isso significa na prática é que o BC mesmo com câm bio flutuante pode intervir no mercado caso o valor do dólar em relação ao real chegue a um patamar que por algum motivo seja considerado muito alto ou muito baixo Administração e Economia 188 É por isso que esse regime cambial é chamado de flutuante sujo ao contrário do flutuante puro em que não há nenhum tipo de interferência 1994 Câmbio fixo Logo que o real foi adotado como moeda no Brasil o governo fixou o câmbio em R1 por dólar De 1995 a 1999 Câmbio fixo deslizante ou Regime de Banda Cambial O BC estabelecia uma banda limitando o crescimento e a queda do câmbio De 1999 até agora Câmbio flutuante sujo O valor do dólar passou a oscilar de acordo com oferta e demanda porém com algumas ações do BC Atualmente o regime cambial utilizado pelo Bacen é o flutuante com intervenção ou seja a princípio o Bacen não interfere no mer cado de câmbio A partir dessa política a taxa de câmbio é esta belecida pela oferta e demanda de dólares na economia brasileira sofrendo intervenções quando necessário Suponha que ocorra uma saída expressiva de dólares do país reduzindo as reservas cam biais o que pode ocorrer com as seguintes variáveis 21 Taxa de câmbio US Justifique 22 Preços dos produtos internos que dependem de importa ção Justifique 23 Apresente alternativas que o Banco Central possui para rever ter tal situação de forma rápida 9 Teoria da firma produção e custos Quando falamos em produção é importante pensar não ape nas nos produtos mas também nos fatores de produção Terra trabalho capital e empreendedorismo Além disso temos a tecnologia método de combinação dos fatores eco nômicos de produção é o conjunto de processos de produção que conhecemos Para produzir qualquer tipo de bem como um veículo por exemplo é preciso combinar esses fatores econômicos de pro dução lembrando que como tais recursos são escassos a efi ciência produtiva é essencial para o crescimento sustentável de uma economia Com isso podemos afirmar que a empresa ou firma é a unidade básica do sistema econômico em especial do sistema capitalista de produção e consequentemente de uma economia de mercado Administração e Economia 190 Como já mencionado a tecnologia é essencial para a utilização efi ciente dos fatores econômicos de produção ou seja é possível produzir de diferentes formas Por exemplo utilizandose de mais mão de obra do que de capital ou viceversa Sendo assim os conceitos de eficiência técnica e eficiência econômica são fundamentais PASSOS 2016 2 Eficiência Técnica o método de produção é tecnicamente mais eficiente se permitir a obtenção da mesma quantidade de produto que os outros métodos com a utilização de menor quantidade de todos os fatores econômicos de produção 2 Eficiência Econômica o método de produção é economica mente mais eficiente se permitir a obtenção da mesma quanti dade de produto que os métodos alternativos ao menor custo Desse modo a empresa deve buscar a melhor combinação possível para obter a eficiência A teoria de produção analisa a empresa como uma unidade produtiva e utiliza instrumentos matemáticos para medição de sua eficiência Para essa teoria a empresa funciona como uma função de produção Existem outros aspectos que refletem na produtividade o valor do salário e até subjetivos como o ânimo dos trabalhadores mas não serão captados por essa teoria A função de produção é a relação que indica a quantidade máxima que se pode obter de um produto em um determinado período de tempo conforme o volume de utilização de quantidades de fatores econômicos de produção Então Q ƒ L K T Onde Q quantidade produzida L trabalho K capital T terra 191 Teoria da firma produção e custos Os fatores econômicos de produção conforme Passos 2016 podem ser fixos e variáveis Os fatores fixos não podem ser alterados no curto prazo Por exemplo a ampliação de um parque industrial ou um novo edifício uma vez que esses exemplos envolvem obras bem como aquisição de matériaprima e projeto de viabilidade técnica e econômica Os fatores variáveis podem se alterar no longo prazo na verdade todos os fatores podem mudar no longo prazo Logo no longo prazo o tamanho da empresa pode alterar ou seja pode ampliar sua capacidade produtiva com a aquisição de mais máquinas e equipamentos como pode reduzir sua produção vendendo tais máquinas e equipamentos No curto prazo pelo menos um dos fatores econômicos de produção é fixo Nos exemplos que iremos utilizar o fator terra e capital serão fixos e o fator trabalho variável No longo prazo todos os fatores são variáveis o tamanho da empresa pode mudar PASSOS 2016 911 Produção no Curto Prazo Uma vez estipulado o período da produção iremos focar a produção nesse período por meio de um exemplo Suponha uma fazenda que cultiva trigo No curto prazo não é possível ampliar a área pois o fazendeiro pre cisaria adquirir novas terrar se estiverem à venda tratar a terra e depois iniciar o cultivo Isso só será possível no longo prazo Exemplo Q ƒ L Exemplo área de cultivo de trigo Fator terra é fixo Fator trabalho é variável Logo para aumentar a produção deverá aumentar a mão de obra ou seja o fator trabalho Como a produção se comporta à medida que o número de trabalhadores se altera Perceba que o fator trabalho é variável porque normalmente há mão de obra disponível no mercado de trabalho bastando fazer uma seleção de pessoas conforme perfil desejado Administração e Economia 192 Curva de Produção Total À medida que combinamos unidades adicionais de um fator de produção variável a um dado montante de fatores de produção fixos a produção inicialmente cresce Em seguida atinge um valor máximo e depois decresce Vamos agora para os principais conceitos e fórmulas para medir a produtividade dos fatores econômicos de produção Produto Médio Pme ou Produtividade O Pme é a divisão da produção total Q pela quantidade do fator variável ou seja neste exemplo trabalho L Pme Q L O Pme aumenta à medida que a quantidade empregada de mão de obra aumenta alcança um máximo e então decresce Produto Marginal Pmg O Pmg é a variação na produção total decorrente da variação de uma unidade no fator de produção variável Pmg Q L O Pmg inicialmente cresce depois decresce chega a zero e pode ser negativo Por que o produto total Q o produto médio Pme e o produto mar ginal Pmg têm esse comportamento Responderemos mais à frente O exemplo da área de cultivo de trigo está expresso na Tabela 41 O fator terra T representa 10 hectares e é o fator fixo O fator trabalho L aumenta de uma em uma unidade formando 9 simulações de nível de pro dução de 0 a 8 trabalhadores no cultivo de trigo A quantidade produzida em toneladas Q aumenta à medida que uma unidade a mais do fator tra balho L é inserida no processo mas para de crescer e depois decresce Na quarta coluna da Tabela 41 temos o Pme e na quinta o Pmg 193 Teoria da firma produção e custos Tabela 91 Cultivo de trigo T L Q Pme Pmg QL QL 10 0 0 0 0 10 1 10 10 10 10 2 22 11 12 10 3 39 13 17 10 4 52 13 13 10 5 60 12 8 10 6 60 10 0 10 7 56 8 4 10 8 48 6 8 Fonte elaborada pelo autor a partir de Passos 2016 Perceba que à medida que se insere uma unidade do fator variável neste exemplo o fator trabalho L tanto o Pme como o Pmg assumem o mesmo comportamento a produção de trigo cresce estaciona mesmo com mais uma unidade de L e passa a ser decrescente As figuras 41 e 42 demonstram o comportamento das curvas do pro duto total Q ou seja a quantidade de trigo produzida em cada situação e as curvas do Pme e do Pmg Figura 41 Produto Total Q 1 2 3 4 5 6 7 8 9 40 50 60 10 20 30 0 70 Fonte elaborada a partir de Passos 2016 Administração e Economia 194 Figura 92 PME E PMG 10 5 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 15 20 5 10 Pme Pmg Fonte elaborada a partir de Passos 2016 As formas das curvas de Pme e Pmg derivam do formato da curva de produto total ou seja crescem inicialmente atingem um máximo e depois decrescem Imagine se o fazendeiro for inserindo mais pessoas no cultivo de trigo com uma área fixa chegará um momento que os trabalhadores machucarão uns aos outros com a enxada Tratase obviamente de um exemplo exagerado mas que demonstra que há um número ótimo de trabalhadores em uma empresa seja ela qual for Imagine agora uma loja de vestuário quanto mais vendedores ela tiver mais vai atender Não Chegará um momento exagerando também para ilustração que terá mais vendedores que clientes na loja O mesmo vale para uma padaria quanto mais padeiros mantendose fixos o tamanho da cozinha e o número de fornos chegará um momento que eles ficarão ociosos pois não haverá mesas talheres e fornos sufi cientes para todos produzirem pães Isso inclusive irá acarretar perdas de insumos reduzindo a produtividade Qual é o ponto ideal 195 Teoria da firma produção e custos Levando em consideração o curto prazo é quando se obtém o maior Pme e o maior Pmg possível No exemplo da fazenda de cultivo de trigo seria na situação quatro com três trabalhadores onde o produto total Q é 39 toneladas o Pme é 13 e o Pmg 17 A explicação para isso está no princípio ou Lei dos rendimentos decrescentes também conhecido como princípio da produtividade mar ginal decrescente Esse princípio é de fundamental importância para as empresas esta belecerem o volume de produção ideal no curto prazo Princípio dos Rendimentos Decrescentes Conforme Hubbard 2010 aumentando a quantidade de um fator de produção variável enquanto os demais permanecem fixos a produção total aumentará mas a partir de certo ponto os acréscimos resultantes no produto se tornarão menores Continuando o aumento na quantidade utilizada do fator variável a produção alcançará um máximo e depois decrescerá 92 Teoria dos Custos A grande motivação de fazer negócio é o lucro mas um dos maiores focos de atenção do gerenciamento de negócios diz respeito aos custos É preciso maximizar o lucro no entanto minimizar os custos é uma questão de sobrevivência no mercado também De que forma mensurar controlar e minimizar os custos A teoria econômica procura contribuir com a gestão empresarial por meio da teo ria dos custos demonstrando como os economistas analisam o comporta mento dos custos No curto prazo os custos irão se comportar de forma parecida com as curvas de produção mas no efeito contrário ou seja iniciam em queda param de cair e passam a aumentar pelo mesmo princípio Administração e Economia 196 A divisão dos custos conforme Passos 2016 pode ser dada da seguinte forma 2 Custos Fixos CF associados ao emprego dos fatores econô micos de produção fixos como por exemplo aluguel juros seguros impostos etc Esses custos independem da produção isso quer dizer que se a empresa está produzindo ou não terá que pagálos 2 Custos Variáveis CV associados à utilização de fatores econô micos de produção varáveis matériaprima energia elétrica mão de obra etc Esses custos aumentarão à medida que a produção aumentar e diminuirão com uma queda na atividade produtiva 2 Custo Total CT CT CF CV Tabela 92 Distribuição de custos total fixo e variável Q CF CV CT 0 18000 000 18000 1 18000 9000 27000 2 18000 12000 30000 3 18000 13500 31500 4 18000 16500 34500 5 18000 22500 40500 6 18000 36000 54000 Fonte elaborada a partir de Passos 2016 197 Teoria da firma produção e custos Figura 93 Curva de Custo Fixo 20000 15000 10000 25000 30000 5000 000 1 2 3 4 5 6 7 CF 35000 40000 Fonte elaborada a partir de Passos 2016 Figura 94 Curva de Custo Variável 20000 15000 10000 25000 30000 5000 000 1 2 3 4 5 6 7 CV 35000 40000 Fonte elaborada a partir de Passos 2016 Administração e Economia 198 Figura 95 Curvas de Custo Fixo Variável e Total 40000 30000 20000 50000 60000 10000 000 1 2 3 4 5 6 7 CF CV CT Fonte elaborada a partir de Passos 2016 921 Comportamento da Curva de Custo Variável CV O formato da curva deriva da Lei dos rendimentos decrescentes Enquanto os rendimentos decrescentes não vigoram o CV aumenta a uma taxa decrescente Após o início dos rendimentos decrescentes a concavi dade da curva configura para cima crescendo a taxas crescentes É idêntica à curva de custo total 922 Custo Fixo Médio CFme e Custo Variável Médio CVme A curva de custo fixo médio CFme é resultado da divisão do custo fixo pela quantidade produzida CFme CF Q O custo fixo é constante o CFme diminui à medida que a produção aumenta o que significa que cada unidade do produto responde por uma parcela menor de custo fixo A curva inclinase para baixo e para a direita 199 Teoria da firma produção e custos 923 Custo Fixo Médio CFme e Custo Variável Médio CVme O custo variável médio CVme é resultado da divisão do custo vari ável pela quantidade produzida CVme CV Q Inicialmente decresce alcança um mínimo e depois cresce A curva tem a forma de U O CVme é igual ao preço do fator variável L divi dido pelo produto médio do fator variável 924 Custo Médio Cme e Custo Marginal Cmg O custo médio Cme é resultado da divisão do custo total pelo volume de produção Cme CT Q A curva também tem a forma de U De início enquanto a produção aumenta tanto a eficiência dos fatores fixos quanto das variáveis aumenta Depois o Cme atinge um mínimo e aumenta em seguida 925 Médio Cme e Custo Marginal Cmg O custo marginal Cmg é o acréscimo no custo total resultante do acréscimo de uma unidade de produção Corresponde ao custo adicional em que se incorre ao produzir mais uma unidade de produto Cmg CT Q A curva também tem forma de U O Cmg será mínimo quando o Pmg for máximo A tabela e a figura a seguir são exemplos de como se comportam as curvas de custos no curto prazo Administração e Economia 200 Tabela 93 Distribuição dos Custos 1 2 3 4 5 6 7 8 Q CF CV CT CFme CVme Cme Cmg 0 18000 000 18000 000 000 000 000 1 18000 9000 27000 18000 9000 27000 9000 2 18000 12000 30000 9000 6000 15000 3000 3 18000 13500 31500 6000 4500 10500 1500 4 18000 16500 34500 4500 4125 8625 3000 5 18000 22500 40500 3600 4500 8100 6000 6 18000 36000 54000 3000 6000 9000 13500 Fonte elaborada a partir de Passos 2016 Figura 96 Curvas de Custos CFme CVme Cme Cmg 15000 10000 20000 25000 5000 000 1 2 3 4 5 6 30000 Fonte elaborada a partir de Passos 2016 93 Custos no Longo Prazo No longo prazo todos os fatores econômicos de produção são variá veis E é no longo prazo que as empresas planejam suas atividades 201 Teoria da firma produção e custos 931 Economias Deseconomias Retornos Constantes de Escala e Economias de Escopo Conforme Passos 2016 o custo médio de longo prazo CmeLP tem o formato de U e à medida que o tamanho da instalação e a escala de operação se tornam maiores os custos caem atingem um mínimo e depois se elevam 932 Economias de Escala e de Escopo Por que as grandes empresas dominam alguns setores e não outros Por que atividades como paisagismo alta costura e gastronomia especializada não utilizam economias de escala ou escopo Qual o tamanho da empresa que deve ser adotado As economias de escala e escopo estão presentes em processos de produção distribuição e varejo em larga escala em que apresentam van tagens competitivas por meio de redução de custos Características de economias de escala 2 quando o custo médio Cme é decrescente 2 pois os custos médios de uma empresa podem diminuir inicial mente na medida que a empresa dilui os custos fixos pela produ ção de maior volume ao longo do tempo 2 por isso ocorrem por exemplo fusões 2 foco da produção ou prestação de serviços em uma única ativi dade econômica 2 divisão e especialização do trabalho 2 preço dos fatores econômicos de produção compras em grande proporção possibilitam grandes descontos 2 maior facilidade na obtenção de empréstimos capacidade de pagamento maior e facilidade na colocação de ações na bolsa de valores Administração e Economia 202 2 equipamentos robustos certas máquinas são viáveis apenas em grandes negócios 2 eficiência do capital custo unitário menor reduz o custo médio gerando economias de escala Características de retornos constantes de escala 2 o CmeLP não altera ao longo da produção mesmo com o aumento da empresa Características de deseconomias de escala 2 CmeLP aumenta 2 limitação da eficiência administrativa problemas de gestão 2 preço crescente dos fatores econômicos de produção a crescente demanda por fatores econômicos pode elevar os seus preços Figura 97 O Comportamento do CmeLP ao Longo da Produção CmeLP Economias de escala Retornos constantes de escala Deseconomias de escala Q CmeLP Fonte elaborada a partir de Passos 2016 Já a economia de escopo existe se a empresa conseguir fazer economias à medida que aumenta a variedade de bens produzidos ou serviços prestados O foco está no custo total CT Qx Qy CT Qx 0 CT 0 Qy É mais barato para uma única empresa produzir conjuntamente X e Y do que para uma empresa produzir X e outra Y 203 Teoria da firma produção e custos Atividades 1 Uma loja de vestuário feminino apresenta 8 situações que relacio nam o número de trabalhadores L e a quantidade de clientes aten didos por hora Q Como não é possível ampliar a loja no curto prazo há um limite para o número de trabalhadores e clientes aten didos Para tanto calcule a produtividade média e marginal para essa loja destacando o nível ideal Após os cálculos demonstre o comportamento das curvas em um gráfico OBS o fator de produção fixo é a loja o fator variável é o número de trabalhadores e o número de clientes é a produção por hora Situação Nº Trabalhadores Pessoas atendidas Produtividade L Q Pme Pmg 0 0 A 1 3 B 2 7 C 3 12 D 4 16 E 5 18 F 6 19 G 7 18 H 8 16 2 Suponha uma empresa que apresenta a estrutura de custos conforme o quadro a seguir para atender seus clientes Calcule as lacunas de custos em branco e demonstre as curvas de CF CV e CT em um gráfico e as curvas de CFme CVme Cme e Cmg em outro gráfico destacando o ponto ideal Administração e Economia 204 Clientes Estrutura de Custos Q CF CV CT Cfme Cvme Cme Cmg 0 2000 000 1 2000 1250 2 2000 1937 3 2000 2250 4 2000 2700 5 2000 3250 6 2000 3900 7 2000 4883 8 2000 6100 9 2000 7700 10 2000 10000 3 As formas das curvas de produto total e de produto marginal ser vem para ilustrar o princípio dos rendimentos decrescentes Des creva esse princípio 4 A curva de custo fixo médio CFme diferentemente das demais não apresenta o formato de U no curto prazo Explique por que essa curva é diferente 10 Economia Brasileira Contemporânea Planos de Estabilização Inserção na Globalização e os Entraves da Economia Brasileira Conforme estudamos no capítulo anterior o virtuoso cres cimento econômico da segunda metade dos anos de 1960 e da década de 1970 foram marcados pelo endividamento externo o crescimento via endividamento O ano de 1979 marcou os 12 anos desse modelo mas o Segundo Choque do Petróleo e o cenário externo mudaram a situação O ministro do planejamento Mario Henrique Simonsen alega que a única alternativa seria um ajuste recessivo para con trolar a economia O ministro não tolerava a inflação adotando políticas fiscal e monetária restritivas Desse modo muitas crí ticas do setor privado bem como do governo levaram a uma substituição e Delfim Netto retorna ao comando da economia Administração e Economia 206 Como a dívida externa necessita de reservas cambiais dólares para o pagamento Delfim promoveu uma maxidesvalorização cambial em apro ximadamente 30 para estimular as exportações captação de divisas sem custos Tarifas públicas foram corrigidas e gastos em investimentos redu zidos pois segundo Delfim o déficit alimentava a inflação Abreu 2014 Mas o problema é que o câmbio desvalorizado e as tarifas públicas corrigidas aceleraram a inflação que saltou de 38 para 93 ao final de 1979 O aumento da inflação promoveu um reajuste semestral dos salários que eram anuais Aliado à indexação dos contratos mesmo com taxas de inflação do passado instalase um processo de inflação inercial no país No biênio 197980 apesar do cenário inflacionário o PIB cresceu 8 fruto de uma expansão das exportações e do crescimento inercial do II PND A partir de 1981 o ajuste explicitamente recessivo reduziu a demanda interna com intuito de gerar excedentes exportáveis Nas pala vras do ministro exportar é o que importa O objetivo era aumentar a receita cambial para cumprir as dívidas A política monetária restritiva atuou sobre o balanço de pagamen tos reduziu o déficit em conta corrente queda na demanda e empurrou as empresas inclusive públicas para o mercado internacional exporta ção O PIB encolheu 22 mas houve uma reversão no déficit na balança comercial tornandoa superavitária Apesar disso as reservas cambiais continuaram caindo e nem os juros altos foram capazes de atrair capital o cenário externo era muito ruim O aumento da inflação atacou fortemente as contas públicas gerando o efeito Tanzi O ajuste externo foi bemsucedido mas por causa da reces são e do alto desemprego Em 1984 iniciamse os Movimentos Diretas Já 101 Planos de Estabilização Econômica Conforme Abreu 2014 o processo inflacionário havia se tornado uma doença crônica na economia brasileira e havia explicações distintas entre os economistas para a origem desse processo Tratase das teorias de viés ortodoxa e heterodoxa 207 Economia Brasileira Contemporânea Planos de Estabilização Inserção na Globalização e os Entraves da Economia Brasileira Os ortodoxos veem a inflação essencialmente como o resultado de um excesso de demanda promovido por um governo que gasta além do que arrecada financiando seus gastos por meio da expansão monetária Não negam a inflação de custos quando o governo não é o promotor da inflação está sendo conivente com ela sancionando a alta de preços por uma política monetária frouxa A solução seria o ajuste fiscal e a política monetária restritiva Já os heterodoxos partem do princípio de que existe a possibilidade teórica da inflação de demanda porém no mundo real em especial nas economias em desenvolvimento existem gargalos de oferta que se trans formam em processos inflacionários pela existência do conflito distributivo As pressões de custos são fonte de aceleração inflacionária adqui rindo um caráter inercial Diferente dos ortodoxos há uma ênfase nos efeitos da inflação sobre a distribuição de renda Dessa forma a expansão monetária é vista como acomodatícia sendo um resultado da inflação e não a causa A solução seria não utilizar de ajustes fiscais e política monetária restritiva que reduzem o produto mas não os preços e sim evitar a inér cia desindexando a economia Com isso as políticas fiscal e monetária se tornam de fato eficientes Para esse grupo de economistas a inflação inercial e as expectati vas adaptativas explicam muito bem o processo os agentes econômicos olham para a inflação passada na hora de definir os preços futuros pois ela é a melhor previsão para o futuro Muitos dos planos de estabilização que vamos estudar agora adota ram uma única vertente ou um mix de ambas 1011 Plano Cruzado Conforme Abreu 2014 o Plano Cruzado foi o começo de suces sivos planos de estabilização econômica Sua implantação se deu em 28 de fevereiro de 1986 sob o Governo José Sarney e o ministro da fazenda Dílson Funaro Administração e Economia 208 O Plano buscou frear a hiperinflação por meio de uma reforma mone tária e o congelamento dos preços salários e tarifas públicas O congelamento de preços é uma forma radical de tentar conter a inflação pois é a atuação do governo sobre a formação de preços da inicia tiva privada Arbitrar sobre os preços já havia ocorrido antes não somente na economia brasileira e nunca funcionou A moeda era o cruzeiro Cr e com a reforma monetária foram cortados três zeros e deuse origem a uma nova moeda o cruzado Cz Cr 100000 Cz 100 Os objetivos eram 1 criar a imagem de uma nova moeda forte e neutra da inflação 2 intervenção nos contratos preços congelados e taxa de câm bio também Foi criada a Sunab Superintendência Nacional de Abastecimento e Preços e publicada uma lista de preços quem não a respeitasse seria multado Surgiram os fiscais do Sarney 3 desindexação era proibida a indexação de contratos com pra zos de um ano 4 Índices de Preços e Cadernetas de Poupança IPC as poupan ças passaram a ter rendimentos trimestrais e não mensais 5 política salarial congelamento dos salários com dissídios anu ais Para evitar perdas sempre que a inflação acumulasse 20 seria pago um gatilho salarial mas o reajuste não poderia ultrapassar 20 O sucesso inicial foi estrondoso o IPC que estava em torno de 15 ao mês baixou para praticamente zero nos meses seguintes Com a estabi lidade o emprego cresceu 20 em 1986 O crescimento da economia foi puxado pela capacidade ociosa O nível de utilização passou de 81 para 86 no quarto trimestre de 1986 Esse crescimento elevou a demanda por moeda e o governo acre ditava que poderia fazer uma expansão monetária para acomodar tal demanda mas acabou por promover uma expansão exagerada na oferta de 209 Economia Brasileira Contemporânea Planos de Estabilização Inserção na Globalização e os Entraves da Economia Brasileira moeda acarretando uma forte redução nas taxas de juros Isso promoveu uma expansão do crédito e o boom do consumo A demanda muito aquecida gerou o desabastecimento dos merca dos Produtos que estavam em promoção no dia do congelamento 28 de fevereiro por exemplo e tiveram que ficar congelados foram os primeiros a desaparecer As filas em busca de mercadorias passaram a se tornar comuns e com isso o fenômeno do ágio começou a ser utilizado com frequência O ágio era um valor extra cobrado pelas empresas mas na verdade funcionava como uma correção dos preços ou seja uma inflação camuflada O governo percebeu que o aquecimento da economia poderia gerar um colapso de abastecimento já que os preços estavam congelados mas descongelálos parcialmente seria difícil de administrar e descongelálos totalmente poderia acionar o gatilho e piorar a situação O volume de importações também estava preocupando os resulta dos da balança comercial e a necessidade de reservas cambiais dólares já era presente Em meio a isso o governo começou a se dividir nos rumos da política econômica Em 23 de julho de 1986 é lançado o Cruzadinho um pacote fiscal para desaquecer o consumo Em paralelo o governo pretendia com o pacote financiar um plano de investimentos em infraestrutura Porém o pacote não foi eficiente para ambos os objetivos Em novembro de 1986 o PMDB venceu as eleições e anunciou um novo plano Cruzado II 1012 Plano Cruzado II Conforme Abreu 2014 o Cruzado II foi uma válvula de escape para o abandono do congelamento Os preços começaram a ser reajustados e a inflação em janeiro de 1987 chegou a 168 Com a piora nas contas externas em fevereiro de 1987 foi solicitada a moratória dos juros externos o que promoveu uma redução de recursos externos no país Em abril o então ministro Dilson Funaro e toda sua equipe pedem demissão Administração e Economia 210 É possível apontar nove erros do Cruzado 1 o diagnóstico de que a inflação era puramente inercial estava equivocado 2 os abonos salariais promoviam explosão do consumo que já ocorre após um plano de estabilização 3 políticas monetária e fiscal frouxas sendo que deveriam evitar o aquecimento no consumo 4 o congelamento durou muito 11 meses sendo que a previsão era de 3 meses 5 diferente dos salários os preços foram congelados em nível cor rente e não médio gerando distorções de preços 6 o gatilho salarial agravou a questão da indexação 7 a economia informal ficou fora do congelamento 8 o câmbio fixo detonou as contas externas 9 a defasagem das tarifas públicas piorou a situação fiscal do governo Em uma economia de mercado na maior parcela dos casos os pre ços são determinados pelo mercado pelas forças de demanda e oferta como estudado nos capítulos iniciais O governo arbitrar por meio de um congelamento não faz sentido pois se algum empresário entende que está perdendo margem de lucro com o congelamento ele fecha as portas Isso é comum de ocorrer em períodos de congelamento a oferta reduz e somente isso já basta para uma volta da inflação com mais força ainda Plano Bresser O Plano Bresser foi lançado em junho 1987 sob o comando do ministro Luiz Carlos Bresser Pereira Políticas fiscal e monetária rigo rosas foram usadas no combate à inflação bem como o congelamento total de preços por três meses Mas o problema era que a prática da política de congelamento entrou em descrédito e desse modo não foi respeitada ABREU 2014 211 Economia Brasileira Contemporânea Planos de Estabilização Inserção na Globalização e os Entraves da Economia Brasileira A inflação alta e o déficit elevado foram o alvo das políticas Sendo assim o governo elevou impostou e reduziu gastos inclusive com inves timentos de grande porte Como a economia estava muito próxima do pleno emprego tais investimentos eram essenciais e não foram realizados o que pressionava mais ainda a inflação O ministro Bresser Pereira demitiuse em janeiro de 1988 sendo substituído por Maílson da Nóbrega 1014 Plano Verão O Plano Verão foi implantado em janeiro de 1989 no verão sob comando do ministro Maílson da Nóbrega Foi criada uma nova moeda o cruzado novo NCz que cortou três zeros Cz 100000 NCz 100 Abreu 2014 O Plano também adotou o congelamento de preços e salários A infla ção baixou no primeiro mês de sua implantação fevereiro mas no mês seguinte entrou em rota ascendente Ocorreu um grande aumento da infla ção que ultrapassou os 80 ao mês na virada do ano de 1989 para 1990 O comportamento da economia no período de 1985 a 1990 foi mar cado por uma inflação média de 470 ao ano Apesar disso obteve um crescimento do PIB de 43 ao ano No início dos planos a inflação baixava forçada pelo congelamento mas em seguida retornava com mais força 1015 Plano Collor Foi implementado pelo então presidente da República Fernando Collor de Mello eleito de forma democrática eleições após décadas e sob a tutela da ministra da fazenda Zélia Cardoso de Mello Abreu 2014 Em março de 1990 foi reintroduzido o cruzeiro Cr e também foi adotado o congelamento de preços O Plano Collor pode ser dividido em duas etapas Collor I e Collor II Administração e Economia 212 O Plano Collor I estava diante de uma inflação mensal de 81 em março de 1990 e a alternativa encontrada pela ministra foi a desmo netização da economia por meio do sequestro de liquidez confisco da poupança Todas as aplicações financeiras acima de 50 mil 80 delas foram bloqueadas por 18 meses com o objetivo de restringir a liquidez para acabar com a inflação inercial O congelamento causou uma forte redução no comércio e na pro dução industrial e a economia retraiu em 43 com uma forte queda na produção industrial Com a redução da geração de dinheiro de 30 para 9 do PIB reti rou 80 da moeda em circulação e a taxa de inflação caiu de 81 em março para 9 em junho As principais medidas foram 2 80 dos depósitos do overnight das contas correntes ou das cadernetas de poupança acima de NCz 50 mil foram congela dos por 18 meses recebendo durante esse período uma rentabi lidade equivalente à taxa de inflação mais 6 ao ano 2 substituição da moeda corrente o cruzado novo pelo cruzeiro à razão de NCz 100 Cr 100 2 criação do IOF um imposto sobre as operações financeiras 2 foram congelados preços e salários Além disso foram eliminados vários tipos de incentivos fiscais para importações exportações agricultura os incentivos fiscais das Regiões Norte e Nordeste da indústria de computadores e a criação de um imposto sobre as grandes fortunas bem como a extinção de vários institutos governamentais e anúncio de intenção do governo de reduzir funcionários públicos Houve a liberação do câmbio e várias medidas para promover uma gradual abertura na economia brasileira em relação à concorrência externa Tais reformas foram uma ruptura com o modelo clássico brasileiro de crescimento com elevada participação do Estado e proteções tarifárias 213 Economia Brasileira Contemporânea Planos de Estabilização Inserção na Globalização e os Entraves da Economia Brasileira O Plano Collor II foi implementado em janeiro de 1991 e foi marcado pela saída da ministra Zélia e a chegada de Marcílio Marques Moreira no seu lugar decretando um novo congelamento de preços No entanto como em planos anteriores após o Cruzado o congela mento de preços estava em total descrédito devido à falta de credibilidade no governo e no controle de tal intervenção O confisco da poupança foi uma das atitudes mais questionadas em toda a história da economia brasileira contemporânea Para a maioria dos economistas foi um grande equívoco que acabou por levar ao impeach ment do presidente Collor em setembro de 1992 Apesar de todos os problemas e equívocos do Plano Collor I e II houve um avanço em políticas de modernização da economia brasileira Collor deixou três legados 2 abertura comercial 2 privatizações 2 política industrial e de comércio exterior Após o impeachment os anos de 1992 e 1993 foram marcados por um período de alta rotatividade nos ministérios inclusive com a passagem de Fernando Henrique Cardoso futuro presidente e um dos mentores do Plano Real que viria para acabar de uma vez com o processo inflacionário crônico e promover a estabilidade macroeconômica entre outras medidas até hoje vigentes 1016 Plano Real e o Governo FHC O Plano Real teve início em fevereiro de 1994 com o lançamento da Medida Provisória nº 434 no governo de Itamar Franco com Fernando Henrique Cardoso FHC como ministro da fazenda A Medida instituiu a Unidade Real de Valor URV Abreu 2014 O Plano foi elaborado sob a liderança do ministro da fazenda Fernando Henrique Cardoso com uma equipe de economistas formada por Gustavo Franco Pérsio Arida Pedro Malan Edmar Bacha e André Lara Rezende Administração e Economia 214 A URV pode ser considerada a parte escritural da nossa atual moeda o real R tendo início obrigatório no dia 1º de março de 1994 Fun cionou como um índice de preços servindo como unidade de conta e referência de valor estudamos as funções da moeda no capítulo 7 No entanto no dia 1º de julho do mesmo ano a URV se tornou a nova base monetária o real Ao funcionar como um índice de preços muitos contratos e ativos se indexaram na URV o que possibilitou a transição para a moeda As principais medidas foram 1 política fiscal restritiva aumento dos impostos e redução dos gastos públicos no sentido de aumentar o controle das contas públicas 2 criação da URV Unidade Real de Valor como método pra desindexar a economia 3 criar uma moeda forte ao longo prazo 4 política monetária restritiva aumento nas taxas de juros geração de rendimentos elevados aos investidores nacionais e internacionais 2 Nacionais depósitos à vista eram enxugados por meio dos depósitos compulsórios 2 Internacionais compra de divisa por meio de capital especulativo Consequência redução do consumo e queda da inflação bem como fortalecimento da moeda nacional frente ao dólar 5 reduzir impostos sobre importação para promover o aumento da concorrência inibindo preços elevados de empresas nacionais em mercados oligopolizadoscartelizados 6 controle do câmbio para manter o real valorizado diante o dólar o que possibilitou a importação e ao mesmo tempo a concor rência interna O câmbio apreciado próximo de R 100 por US 100 também tinha o objetivo de não gerar uma inflação cambial ver Tabela 101 215 Economia Brasileira Contemporânea Planos de Estabilização Inserção na Globalização e os Entraves da Economia Brasileira A valorização cambial foi uma das medidas mais importantes visto que além de não provocar uma inflação de custos possibilitava que os agentes econômicos importassem bens e serviços com grande poder de compra evitando ainda mais uma inflação Tabela 101 Taxa de Câmbio R x US Ano Taxa US 1994 0846 1995 0973 1996 1039 1997 1116 1998 1209 Fonte Banco Central do Brasil Política fiscal e monetária restritiva por meio de juros elevadíssimos e contenção dos gastos públicos bem como de um câmbio valorizado impossibilitaram a continuidade e o surgimento de um processo inflacio nário dispensando a necessidade de congelamento de preços O Plano Real propiciou um ambiente macroeconômico estável fazendo com que os preços se acomodassem e o próprio mercado ditasse as regras ou seja o governo promoveu a estabilidade macroeconômico tão almejada sem intervenções radicais nos mercados como o congela mento por exemplo A inflação acumulada havia chegado a 75859 no primeiro semes tre de 1994 No segundo semestre a taxa de inflação acumulada foi de 1872 Mediante a estabilidade o PIB cresceu 567 em 1994 com o setor industrial apresentando expansão de 7 A agropecuária apresentou crescimento ainda maior de 76 A partir do segundo mandato 1998 a política macroeconômica em especial a cambial sofreu alterações importantes Houve o abandono do regime cambial rígido ou seja da valorização cambial para regime fle xível Em 1999 o governo adotou as orientações do Fundo Monetário Administração e Economia 216 Internacional FMI e implementou o tripé macroeconômico que vigora até os dias de hoje O governo Fernando Henrique Cardoso que perdurou entre 1995 a 2002 foi marcado pela consolidação da estabilização macroeconômica fundamental para a retomada do crescimento econômico sustentável e o fim de um processo histórico de 30 anos de indexação 1964 a 1994 associado ao baixo crescimento e aumento da carga tributária Legado Um tripé de políticas econômicas metas de inflação câmbio flutuante e austeridade fiscal o tripé macroeconômico que estudamos no capítulo 8 2 Mudanças estruturais importantes a Lei de Responsabili dade Fiscal a Previdência Social o ajuste fiscal nos esta dos o fim dos monopólios estatais nos setores de petróleo e telecomunicações 2 Globalização fluxos de Investimento Externo Direto IDE de na média quase US20 bilhõesano nos oito anos Mudanças importantes a privatizações b fim dos monopólios estatais nos setores de petróleo e telecomu nicações c mudança no tratamento do capital estrangeiro d saneamento do sistema financeiro Proer e reforma parcial da Previdência Social f renegociação das dívidas estaduais g aprovação da Lei de Responsabilidade Fiscal LRF h ajuste fiscal a partir de 1999 metas fiscais i criação de uma série de agências reguladoras de serviços de uti lidade pública 217 Economia Brasileira Contemporânea Planos de Estabilização Inserção na Globalização e os Entraves da Economia Brasileira j estabelecimento do sistema de metas de inflação como modelo de política monetária A Tabela 102 apresenta o resultado de indicadores econômicos no período do governo FHC Tabela 102 Indicadores Econômicos Governo FHC Indicadores 19951998 19992002 19952002 ao ano Crescimento do PIB 25 21 23 Inflação IPCA 97 88 93 Taxa de Desemprego 63 77 70 Taxa de Investimento 52 39 07 Fonte Gremaud 2017 Mas FHC ficou devendo a reforma tributária e a superação da vulne rabilidade externa A Figura 101 apresenta a evolução da inflação desde 1980 Figura 101 Evolução do IPCA 1980 a 2012 0 300 600 900 1200 1500 1980 1981 1982 1983 1984 1985 1986 1987 1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 Inflação IPCA 1800 2400 2700 Fonte Ipea Administração e Economia 218 A década de 1980 como já mencionado inicia com uma inflação na casa dos 100 chegando a quase 300 em 1985 e baixando no ano de 1986 fruto do congelamento de preços do Plano Cruzado No entanto após a intervenção sobre os preços a inflação aliada ao aumento dos ágios explode para próximo de 2000 nos anos seguintes Em 1991 a redução tem relação com o congelamento de preços e o con fisco da poupança no Plano Collor que agravou ainda mais a situação e a inflação chegou a quase 3000 em 1993 Com o Plano Real a partir de 1994 a inflação nunca mais voltou a patamares dos períodos anteriores e sem congelamento de preços ou qualquer outro tipo de intervenção governamental que não corrobore a lógica do mercado Em síntese o Plano Real promoveu condições para a estabilidade macroeconômica Além disso conforme estudamos em capítulos anteriores uma vez está vel o próximo passo da economia é crescer Apesar de ter alcançado a estabi lidade no governo FHC as taxas de crescimento conforme Tabela 102 não foram significativas um crescimento médio do PIB de 23 ao ano A retomada do crescimento econômico ficaria a cargo do próximo governo de Luiz Inácio Lula da Silva 1017 Os Governos Lula e Dilma As eleições de 2002 colocaram Lula no poder e antes mesmo de assumir provocou uma grande turbulência na economia brasileira Isso porque o Partido dos Trabalhadores PT com viés socialista gerou incertezas sobre os investidores em especial os estrangeiros pro movendo uma fuga de capitais e uma expressiva desvalorização cambial ou seja uma crise cambial O Risco País chegou ao patamar de 2500 pontos conforme Figura 102 e ficou conhecido como efeito Lula pelos mercados financeiros 219 Economia Brasileira Contemporânea Planos de Estabilização Inserção na Globalização e os Entraves da Economia Brasileira Figura 102 Riscopaís 0 500 1000 1500 2000 2500 3000 out2002 395 set2002 2446 dez2008 250 out2008 677 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 Risco Brasil EMBI Brasil e dólar Comercial Correlação diária entre os índices é alta 055 450 400 350 300 250 200 150 100 050 000 Fonte Ipea Contudo ao iniciar os trabalhos como presidente da República Lula nomeou para o cargo de presidente do Banco Central o expresidente mun dial do Bank Boston Henrique Meirelles mantendo inicialmente todo o restante da Diretoria anterior em claro sinal de continuidade Anunciou as metas de inflação para 2003 e 2004 de 85 e 55 respectivamente que implicavam um forte declínio em relação à taxa efetivamente observada em 2002 reforçando a política antiinflacionária Abreu 2014 Elevou a taxa de juros básica Selic nas reuniões do Comitê de Polí tica Monetária Copom mostrando que isso não era mais um problema para o PT Definiu um aperto da meta de superávit primário que passou de 375 para 425 do PIB em 2003 e ordenou cortes do gasto público para viabilizar o objetivo fiscal deixando de lado antigas promessas de incremento do gasto Colocou na Lei de Diretrizes Orçamentárias o obje tivo de manter a meta fiscal de 425 do PIB de superávit primário para o período de 2004 a 2006 Essas propostas representaram uma mudança completa em relação à maneira como o PT via a política econômica até poucos meses antes Administração e Economia 220 Com essas medidas a economia brasileira voltou à estabilidade e apre sentou crescimento econômico superior ao governo anterior Tabela 103 Tabela 103 Indicadores Econômicos do Governo Lula Indicadores 20032006 20072010 20032010 ao ano Crescimento do PIB 35 45 40 Inflação IPCA 64 51 57 Taxa de Desemprego 109 80 95 Taxa de Investimento 159 180 170 Fonte Gremaud 2017 Grande parte do crescimento no período Lula deveuse ao cres cimento da renda mundial e consequentemente das exportações de commodities elevando o país ao investment grade uma espécie de selo de garantia de bom pagador pois apresenta baixo risco de default em abril de 2008 Ademais apesar da forte recessão causada pela crise financeira inter nacional de 2008 o Brasil sofreu impactos negativos em 2009 mas reto mou o crescimento de forma expressiva em 2010 o que pode ser obser vado pela taxa de crescimento do PIB em 75 O governo Lula promoveu a manutenção da estabilidade macroeco nômica promoveu avanços sociais e colocou o Brasil como investment grade o que possibilitou apontar para um sucessor sem dificuldades nas eleições de 2010 Dilma Rousseff Dilma tomou ações divergentes do governo Lula em especial na con dução da política macroeconômica Nomeou um novo presidente para o Banco Central uma pessoa de sua confiança e manteve no Ministério do Planejamento Guido Mantega promovendo uma política com maior parti cipação do Estado na economia diversas estatais foram criadas Mas a mudança na condução da política com destaque para o aban dono do tripé macroeconômico foi marcada pela adoção de medidas 221 Economia Brasileira Contemporânea Planos de Estabilização Inserção na Globalização e os Entraves da Economia Brasileira heterodoxas de caráter desenvolvimentista denominada de nova matriz macroeconômica Abreu 2014 Nos quatro primeiros anos de seu governo a taxa de inflação pres sionou a Meta de Inflação encostando em seu limiar máximo no perí odo de 65 e o endividamento aumentou em especial com gastos na área social Após sua reeleição foi acusada de pedalada fiscal ou seja por efetuar operações orçamentárias por meio do Tesouro Nacional que não estavam previstas na legislação e sofreu um processo de impeachment em 2015 Os anos seguintes sob comando do vicepresidente Michel Temer foram marcados por uma profunda recessão com taxas negativas de cres cimento econômico aumento do desemprego e ajustes fiscais e mone tários restritivos bem como a volta de Henrique Meireles agora como ministro da fazenda retomando o tripé macroeconômico para promover a estabilidade novamente Abreu 2014 102 Entraves da Economia Brasileira os velhos problemas que permanecem São inúmeros os entraves da economia brasileira e apesar de mudan ças na forma de governo nos últimos 50 anos democrático militar social democracia socialista liberal os problemas ainda perduram Um dos grandes entraves é a poupança doméstica que é muito baixa e pressiona os juros elevados o que tende a travar o empreendedorismo tornando a taxa de investimentos insuficiente para promover um cresci mento econômico de longo prazo A educação também tem reflexo direto sobre a atividade econômica A baixa produtividade da mão de obra brasileira é resultado de nível de escolaridade baixo e de má qualidade comprometendo a competitividade da empresa brasileira em especial no mercado internacional Para comprometer ainda mais temos uma carga tributária complexa e elevada com gasto público alto mas sem retornos para a sociedade Administração e Economia 222 Nossa infraestrutura carece de expressivos investimentos e a corrupção parece fazer parte do DNA de nossa política Apesar de bons momentos da economia brasileira em relação ao cres cimento econômico a concentração de renda e a desigualdade social asso lam nossa sociedade Ainda somos uma Belíndia Nesses últimos 50 anos assistimos a um verdadeiro stop and go apresentando taxas de crescimento alternadas alta baixa negativa ao longo do tempo Em diversos momentos estabilizamos a economia obti vemos crescimento entramos em crise estabilizamos novamente gera mos crescimento entramos em crise e assim sucessivamente Para romper com o stop and go e alcançar um crescimento econômico sustentável em busca do desenvolvimento econômico será preciso um Pro jeto de Nação construído não por um governo eleito mas sim pela socie dade civil organizada que cobre de forma mais efetiva os governantes Atividades 1 Destaque os principais objetivos do Plano Cruzado 2 Estudamos que a maioria dos planos de estabilização utilizaram o mecanismo de congelamento de preços para conter o processo inflacionário mas nenhuma vez tal processo funcionou Por quê 3 O Plano Real foi bemsucedido em frear o processo inflacionário crônico na economia brasileira Destaque as principais medidas e mecanismos de estabilização macroeconômica 4 A partir dos entraves da economia brasileira destacados no final deste capítulo apresente outros entraves que estão presentes em nossa economia Gabarito Administração e Economia 224 5 Princípios de Economia Escassez Tradeoffs e Custo de Oportunidade Fronteira das Possibilidades de Produção Problemas Econômicos e Sistemas Econômicos 1 F V F F V 2 V V F F V V F F V V 3 X Propriedade privada dos meios de produção sistema de preços controla o funcionamento da economia lucro competição redu ção da participação do Estado Propriedade privada dos meios de produção sistema de preços controla o funcionamento da economia lucro competição forte participação do Estado HORAS UTILIZADAS QUANTIDADE PRODUZIDA ESCOLHA BOLOS TORTAS BOLOS TORTAS A 5 0 5 0 B 4 1 4 2 C 3 2 3 4 D 2 3 2 6 E 1 4 1 8 F 0 5 0 10 225 Gabarito 6 Economia de mercado modelo microeconômico demanda e seus determinantes oferta e seus determinantes equilíbrio do mercado 1 1ª A alteração em uma das variáveis do modelo como o nível de preços tem um reflexo na demanda desde que as demais variáveis do sistema permanecem constantes ceteris paribus 2ª Os consumidores e os produtores são racionais 3ª Presença de inúmeras empresas no mercado con corrência 2 Falsa pois o excesso de demanda é consequência de um preço mais baixo e não mais alto 3 V F V F V 4 O estudante deve apresentar um gráfico com a curva de demanda e oferta e o movimento na curva de demanda para a direita deslocamento da curva para direita Administração e Economia 226 7 Moeda inflação e sistema financeiro 1 O impacto é a perda do poder aquisitivo da classe e consequente mente um maior nível de empobrecimento da nação 2 Estabelecer um nível aceitável de inflação normalmente baixa por meio das políticas macroeconômicas 3 A meta de inflação possibilita aos empresários uma visão mais equi librada do futuro dos preços em uma economia Assim é possível efetuar planejamento financeiro com mais previsibilidade 4 O governo através de órgãos competentes utiliza índices de pre ços que são instrumentos de medição dos preços O IPCA é com posto por nove cestas de consumo cada uma com peso específico Ocorre inflação quando diversos itens de diversas cestas passam a aumentar persistentemente 8 Políticas macroeconômicas e comércio internacional 1 Alternativa B 2 21 A taxa de câmbio aumenta Com a redução na oferta de dólares a taxa de câmbio sofre desvalorização 22 Os preços aumentam Componentes importados sofrem rea juste cambial ou seja tornamse mais caros e os empresários tendem a repassar aos preços 23 A alternativa mais rápida é o Banco Central passar a ven der dólar à vista 227 Gabarito 9 Teoria da firma produção e custos 1 Situação Nº Trabalhadores Pessoas atendidas Produtividade L Q Pme Pmg 0 0 0 0 A 1 3 30 30 B 2 7 35 40 C 3 12 40 50 D 4 16 40 40 E 5 18 36 20 F 6 19 32 10 G 7 18 26 10 H 8 16 20 20 1 0 1 2 3 2 3 4 5 6 A B C D E F G H Pme Pmg 0 Administração e Economia 228 2 Clientes Estrutura de Custos Q CF CV CT Cfme Cvme Cme Cmg 0 2000 000 2000 000 1 2000 1250 3250 2000 1250 3250 1250 2 2000 1937 3937 1000 969 1969 687 3 2000 2250 4250 667 750 1417 313 4 2000 2700 4700 500 675 1175 450 5 2000 3250 5250 400 650 1050 550 6 2000 3900 5900 333 650 983 650 7 2000 4883 6883 286 698 983 983 8 2000 6100 8100 250 763 1013 1217 9 2000 7700 9700 222 856 1078 1600 10 2000 10000 12000 200 1000 1200 2300 80 60 40 100 120 20 0 140 CF CV CT 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 229 Gabarito Cfme 0 15 10 20 25 5 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 30 35 CFme CVme CMe e CMg Cmg Cme Cvme 3 Aumentando a quantidade de um fator de produção variável enquanto os demais permanecem fixos a produção total aumentará mas a partir de certo ponto os acréscimos resultantes no produto se tornarão menores Ao continuar o aumento na quantidade utilizada do fator variá vel a produção alcançará um máximo e depois decrescerá 4 A curva de custo fixo médio CFme é resultado da divisão do custo fixo pela quantidade produzida O custo fixo é constante o CFme diminui à medida que a produção aumenta o que significa que cada unidade do produto responde por uma parcela menor de custo fixo 10 Economia Brasileira Contemporânea Planos de Estabilização Inserção na Globalização e os Entraves da Economia Brasileira 1 1 Criar a imagem de uma nova moeda forte e neutra da inflação 2 Intervenção nos contratos preços congelados e taxa de câm bio também Foi criada a Sunab Superintendência Nacional de Abastecimento e Preços e publicada uma lista de preços quem não a respeitasse seria multado Surgiram os fiscais do Sarney Administração e Economia 230 3 Desindexação era proibida a indexação de contratos com prazos de um ano 4 Índices de Preços e Cadernetas de Poupança IPC as pou panças passaram a ter rendimentos trimestrais e não mensais 5 Política Salarial congelamento dos salários com dissídios anuais Para evitar perdas sempre que a inflação acumulasse 20 seria pago um gatilho salarial mas o reajuste não poderia ultrapassar 20 2 Porque o congelamento de preços interfere de forma direta na for mação dos preços impossibilitando eventuais repasses de custo por exemplo implicando em uma revisão do negócio por parte do empresário Em muitos casos houve redução na oferta pressio nando ainda mais o aumento dos preços Vale destacar que em uma economia de mercado quem define os preços é o mercado não o governo 3 Política fiscal restritiva criação da URV Unidade Real de Valor como método pra desindexar a economia política monetária res tritiva redução de impostos sobre importação para promover o aumento da concorrência controle do câmbio para manter o real valorizado diante o dólar A estabilidade macroeconômica foi alcançada com o tripé macroeconômico com metas fiscal monetária e cambial 4 Nesse caso o estudante deve abordar outros problemas da econo mia brasileira não mencionados no texto bem como apresentar suas justificativas A ideia é promover uma discussão a partir de reflexões sobre nosso país Referências Administração e Economia 232 ABREU A F de REZENDE D D A Tecnologia da informação apli cada a sistemas de informação empresariais 6 ed São Paulo Atlas 2009 ABREU M org A ordem do progresso São Paulo Campus 2014 BACHA E Belíndia 20 fábulas e ensaios sobre o país dos contrastes Rio de Janeiro Civilização Brasileira 2012 BERNANKE B FRANK R Princípios de Economia Rio de Janeiro Artmed 2018 CAMPOS V F TQC controle da qualidade total no estilo japonês Nova Lima INDG TecS 2004 CANTIDIO S Solução de problemas com o uso do PDCA e das ferra mentas da qualidade Disponível em httpsandrocanwordpresscom tagdiagramadepareto Acesso em 14 jul 2012 CASTRO A B 7 Ensaios sobre a economia brasileira Rio de Janeiro Forense 1977 CASTRO A B SOUZA F P A economia brasileira em marcha for çada São Paulo Paz e Terra 2004 CHIAVENATO I Introdução à teoria geral da Administração 3 ed Rio de Janeiro Elsevier 2004 CHIAVENATO I Teoria geral da administração 3 ed Rio de Janeiro Elsevier 2001a v 1 CHIAVENATO I Teoria geral da administração 3 ed Rio de Janeiro Elsevier 2001b v 2 FEAUSP A profissão administrador Disponível em httpwwwfea uspbrconteudophpi194 Acesso em 16 fev 2012 FNQ Federação Nacional de Qualidade 2012a Disponível em http wwwfnqorgbr Acesso em 29 nov 2012 FURTADO C Formação econômica do Brasil São Paulo E ABREU M org A ordem do progresso São Paulo Campus 2014 233 Referências FURTADO C Formação econômica do Brasil São Paulo Editora Nacional 1991 GIAMBIAGI F org Economia brasileira contemporânea Rio de Janeiro Elsevier 2013 GREMAUD A org Economia brasileira contemporânea São Paulo Atlas 2013 GREMAUD A org Economia brasileira contemporânea São Paulo Gen 2017 HARFORD T O Economista Clandestino Ataca Novamente São Paulo Record 2017 HUBBARD R G OBRIEN A Introdução à Economia Porto Alegre Bookman 2010 HUNTER J C O monge e o executivo uma história sobre a essência da liderança 14 ed Rio de Janeiro Sextante 2004 INFLAÇÃO pelo mundo Fundo Monetário Internacional FMI Washing ton EUA 2020 Disponível em wwwimforg Acesso em 26 ago 2021 KRUGMAN P Introdução à Economia São Paulo Campus 2016 KUME H Métodos estatísticos para melhoria da qualidade São Paulo Editora Gente 1993 LESSA C 15 Anos de política econômica São Paulo Brasiliense 1983 MANKIW N G Introdução à Economia São Paulo Cengage 2020 MAXIMIANO A C A Fundamentos de administração manual completo para cursos de formação tecnológica e sequenciais São Paulo Atlas 2004 MAXIMIANO A C A Teoria geral da administração da revolução urbana à revolução digital 6 ed São Paulo Atlas 2010 MELLO J C O capitalismo tardio São Paulo Brasiliense 1998 Administração e Economia 234 METAS para Inflação Banco Central do Brasil Bacen Brasília 2020 Disponível em wwwbacengovbr Acesso em 26 ago 2021 NOBREGA C A ciência da gestão marketing inovação e estratégia Rio de Janeiro Senac Rio 2004 PASSOS C R M NOGAMI O Princípios de Economia São Paulo Cengage 2016 REGO J M MARQUES M Formação econômica do Brasil São Paulo Saraiva 2011 SÉRIE Histórica da Inflação IPEA Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada Brasília 2020 Disponível em wwwipeagovbr Acesso em 26 ago 2021 SILVA R O da Teorias da administração São Paulo Pioneira Thom son Learning 2005 SUZIGAN W Indústria brasileira origem e desenvolvimento São Paulo Hucitec 2000 TALENTUS As sete ferramentas da qualidade Disponível em http wwwtalentusconsultoriacomhistogramaphp Acesso em 14 jul 2012 TAVARES M C Ciclo e crise o movimento recente da industrialização brasileira São Paulo Editora Unicamp 1998 TAVARES M C Da substituição de importações ao capitalismo finan ceiro Rio de Janeiro Zahar 1981 ADMINISTRAÇÃO E ECONOMIA Antonio Albano B Moreira Jackson Teixeira Bittencourt Gestão ADMINISTRAÇÃO E ECONOMIA Antonio Albano B Moreira Jackson Teixeira Bittencourt A Administração é uma ciência universal utilizada desde a criação humana na vida pessoal e coletiva para atingir resultados com recursos que estavam disponíveis sob diversas formas Os impérios as migrações os enriquecimentos e tantos outros fatores deramse a partir de práticas rudimentares ou complexas em que a Administração não era explicitamente registrada Vivemos um período de transições rápidas e radicais em todos os ramos da atividade humana São tempos difíceis para as organizações porque mudanças normalmente são traumáticas e causam perdas para aqueles que não se adaptam aos rápidos e novos tempos Principalmente hoje são essenciais o estudo a reflexão o embasamento nos princípios e fundamentos da Administração e acima de tudo agilidade e inovação Os principais temas econômicos da atualidade noticiados pela mídia nacional e internacional estão intrinsecamente relacionados com a própria existência da sociedade moderna na medida em que esses temas têm influência direta no cotidiano das pessoas Muitas vezes não conseguimos entender qual a razão de algumas medidas econômicas adotadas por nossos economistas e ou dirigentes governamentais contudo não podemos viver à margem dessas questões pois elas influenciam ou irão influenciar direta ou indiretamente a vida de todos os cidadãos Durante os capítulos adiante iremos transitar sobre conceitos básicos criar significados com base na história dos acontecimentos e ainda dialogar sobre a gestão atual e a economia brasileira Tudo isso de forma clara e objetiva