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Medicina Veterinária ·

Macroeconomia 1

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CAPÍTULO 3 Macroeconomia Fundamentos de Economia Introdução Neste Capítulo você vai compreender as principais medidas de avaliação do comportamento de uma economia como um todo sendo capaz de distinguir os fenômenos da macroeconomia e da microeconomia Você será introduzido aos principais instrumentos da política macroeconômica o que lhe permitirá realizar análises práticas a partir desses Também deverá ser apresentado às medidas de mensuração da atividade econômica de um país entendendo os agregados que descrevem a economia através da produção e da circulação de bens assim como o fluxo monetário necessário para sua efetivação Por fim você será capaz de relacionar os efeitos da atividade econômica e das expectativas dos agentes sobre o nível geral de preços da economia compreendendo as principais causas e consequências da inflação Dessa forma ao final deste Capítulo você entenderá como o contexto econômico no qual está inserido pode influenciar tomadas de decisão no nível da organização bem como de decisões pessoais 1 Introdução à Macroeconomia Você já deve ter percebido que em determinados momentos é muito fácil encontrar um emprego enquanto em outros a oferta de vagas é reduzida Também já deve ter notado que o seu salário que em um ano lhe permitia adquirir uma certa quantidade de produtos em outro ano pode não lhe dar a mesma capacidade de compra Tais fenômenos moldam como você se insere nos mercados de trabalho e de consumo de bens ou seja definem o contexto no qual você se insere em um sistema econômico E é justamente este o objetivo da macroeconomia compreender e descrever as condições econômicas que determinarão o comportamento dos agentes do mercado consumidores investidores e firmas Essa breve contextualização provavelmente fez você refletir sobre as principais diferenças entre a microeconomia e a macroeconomia Conforme visto anteriormente a microeconomia tem o intuito de aprofundar as questões relativas ao comportamento dos agentes econômicos de modo a permitir a compreensão de como eles interagem nos mercados formando preços Nesse sentido são objetos da microeconomia questões relativas às decisões de compra por parte do consumidor à alocação dos insumos produtivos para se ofertar uma quantidade que maximize o lucro por parte da firma e à realização de investimentos para elevação de capacidade de produção A macroeconomia tem como principal objetivo realizar uma análise ampla das condições econômicas que moldam a tomada de decisão desses agentes do mercado Ou seja apresenta os determinantes do desempenho econômico geral de uma economia 11 Estrutura de análise macroeconômica A análise macroeconômica contempla alguns temas essenciais atividade econômica desemprego inflação e flutuações de curto prazo relativas aos ciclos de negócios Partiremos portanto para a elucidação de cada uma dessas variáveis Logo após desdobraremos o escopo de atuação do governo por meio das políticas macroeconômicas apresentando as principais formas de intervenção governamental nas variáveis vistas 111 Atividade econômica Você já deve ter ouvido falar a respeito do Produto Interno Bruto PIB O PIB é a variável comumente adotada para mensurar o crescimento econômico de um país Mas você já parou para refletir sobre o que essa taxa de crescimento quer dizer O PIB de um país mede o valor de mercado de todas as transações de bens e serviços finais de uma economia em um determinado período do ano Usualmente o PIB pode ser medido por meio de diferentes óticas SAIBA MAIS Além da categorização a respeito dos bens existe outra forma de classificálos mas de acordo com a proximidade do mercado consumidor final Pesquise e reflita a respeito dessa categorização de bens Ótica da produção somatório da receita gerada aos produtores de bens finais localizados no país pela venda de produtos finais na economia Nessa ótica desconsiderase o valor gerado pelo consumo intermediário Ótica da despesa somatório dos gastos dos agentes econômicos com a aquisição de bens na economia Portanto é a soma do consumo das famílias despesas da sociedade civil com bens e serviços finais dos gastos do governo dos gastos com investimentos por parte das empresas e por fim do saldo da balança comercial que nada mais é do que a diferença entre o valor gerado pelas exportações nacionais e o valor gasto com as importações Ótica da renda somatório da renda gerada pelos fatores de produção dentro do sistema econômico ou seja salários aluguéis e lucros PRATIQUE No Brasil o PIB é divulgado trimestralmente pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IBGE Entre no Sistema das Contas Trimestrais Nacionais SCTN disponível no site httpwwwsidraibgegovbr e faça uma análise das séries estatísticas do PIB nacional nas três óticas descritas Mas afinal se o PIB pode ser mensurado por meio dessas três óticas estaríamos assumindo que os valores apresentados por cada uma deveria ser equivalente Isso seria possível A resposta é sim Para que possamos entender esse raciocínio é importante voltarmos ao Fluxo Circular da Renda Conforme visto toda a produção de bens finais é vendida no mercado de bens finais Nesse sentido podemos inferir que o valor da produção de bens finais ótica da produção deverá ter como contrapartida um gasto com essa produção ótica da despesa Ao mesmo tempo essa despesa só é possível de ser realizada na medida em que esses agentes receberam uma renda representada pela remuneração dos fatores de produção ótica da renda no Fluxo Circular da Renda Mas qual a importância do PIB para a descrição e a análise do contexto econômico de um país De maneira geral o PIB serve como uma medida de evolução do processo de satisfação das necessidades de um país ou seja quando o PIB apresenta uma taxa de crescimento isso pode ser resultado de um maior volume de necessidades sendo satisfeitas nesse contexto podemos afirmar que mais riqueza está sendo gerada nesse país Mas para que possamos chegar a essa conclusão é muito importante distinguir o PIB Nominal e o PIB Real PIB Nominal medido a preços correntes Isso significa que sua mensuração se dá por meio da contabilização dos preços no ano corrente de análise PIB Real PIB Nominal corrigido pela inflação sendo calculado a preços constantes Para tanto devese fixar um ano e deflacionar os demais Imagine uma economia que produz apenas batatas roupas e carros conforme apresentado na tabela a seguir Tabela 1 PIB Nominal vs PIB Real Fonte Adaptado de GIANNETTI DA FONSECA 2011 p 247 Note que o PIB Nominal saltou de 232 milhões em 2013 para 2646 milhões em 2014 uma taxa de crescimento de aproximadamente 1405 No entanto será que a população sentiria essa suposta elevação da riqueza gerada Como já discutido a renda gerada para as empresas por meio das vendas de bens e serviços servirá para o pagamento dos fatores de produção salário aluguel e lucros os quais retornarão à economia por meio do consumo dos bens e serviços As empresas que comercializam os bens dessa economia obtiveram ganhos de receita que foram na realidade resultado do aumento dos preços observe que as quantidades produzidas nos dois anos foram iguais Nesse sentido a população irá gastar mais com sua cesta de consumo Portanto para saber se houve algum ganho real de bemestar é preciso analisar o comportamento do PIB Real cujo anobase será 2013 Assim vamos calcular o PIB Real de 2014 considerando os preços estabelecidos no ano base Quando calculamos o PIB dos dois anos com os preços fixados em 2013 observamos um resultado diferente o crescimento do PIB no período foi nulo 0 o que nos remete à ideia de que a atividade econômica desse país está estagnada Por que isso aconteceu A riqueza gerada por uma economia referese ao número de necessidades humanas que são satisfeitas por um determinado período de tempo dada uma certa quantidade de fatores de produção disponíveis A tabela mostra que de 2013 para 2014 as quantidades produzidas de todos os bens não sofreram alteração Isso significa que ao longo de um ano inteiro essa economia foi incapaz de elevar sua capacidade de satisfação de necessidades Portanto o resultado real foi um crescimento de 0 Assim aquele crescimento de 1405 deveuse à elevação dos preços ler tópico 113 de 1405 na medida em que o PIB Real não apresentou variação de um ano para outro Segue portanto que o PIB Real é calculado da seguinte forma PIB Real PIB NominalDeflator100 onde o deflator é o número índice de inflação você pode utilizar o IPCA para deflacionar o PIB Nominal brasileiro Não se esqueça de que o ano base do indicador de inflação tem de ser o mesmo do PIB Real PRATIQUE Com base na fórmula do PIB Real apresentada você saberia calcular qual foi a taxa de inflação de 2014 em relação a 2013 112 Desemprego A taxa de desemprego de uma economia é dada pela divisão do número de desempregados pelo total da população disponível no mercado de trabalho De maneira geral a Teoria Econômica distingue o desemprego por meio de três categorias friccional cíclico e estrutural O desemprego friccional é aquele que decorre de um processo natural de busca por emprego Imagine que você esteja empregado em um setor comercial mas seu sonho é trabalhar na área financeira Depois de finalizar o processo de qualificação na área financeira você resolve largar seu atual emprego para perseguir seu sonho Enquanto não encontra um novo emprego sua condição é de desempregado mas note que essa situação foi perseguida por você mesmo de modo que podemos classificála como desemprego voluntário Naturalmente esse tipo de desemprego não tende a ser preocupante na medida em que reflete um desejo do próprio agente que oferta trabalho no mercado de trabalho O desemprego cíclico é caracterizado pela evolução do desemprego em cada fase do ciclo econômico sendo o tipo de desemprego que mais preocupa os economistas Em momentos de crescimento do PIB as empresas tendem a contratar maior número de funcionários para que consigam efetivar seus planos de crescimento Em momentos de crise no entanto as empresas costumam iniciar processos de demissão visando adequar sua estrutura produtiva a um cenário de vendas reduzidas Existe portanto uma parcela do desemprego que é resultado direto da atividade econômica em momentos de crescimento as taxas de desemprego cíclico tendem a cair ao passo que em momentos de retração começam a apresentar indicadores cada vez mais elevados Por fim temos o desemprego estrutural que é resultado do desenvolvimento tecnológico Esse tipo de desemprego surge quando uma tecnologia torna obsoleto um determinado tipo de trabalho Foi justamente essa a razão da redução dos empregos gerados por dois setores econômicos ao longo das últimas décadas automobilístico e bancário O processo de automação em ambos os segmentos substituiu parte expressiva da mão de obra por máquinas No setor automobilístico a automação inseriu robôs na linha de montagem causando demissões em massa nas montadoras Já o setor bancário reduziu a demanda por serviços na agência o que ocasionou demissões ao instalar caixas eletrônicos bem como os serviços feitos via internet 113 Inflação A inflação se refere ao movimento de elevação dos níveis de preços gerais de uma economia Sua mensuração se dá através de númerosíndices que lhes permitirão calcular uma variação percentual para cada período de análise Usualmente os indicadores de inflação são divididos de acordo com a cesta de bens que os constitui Índice de Preços ao Consumidor calculados a partir de uma cesta de bens consumida pela população Como exemplo é possível citar o índice de Preços ao Consumidor Amplo IPCA do IBGE Índices de Preços ao Produtor calculados a partir de cestas compostas por matérias primas Como exemplo é possível citar o Índice de Preços ao Produtor Amplo IPA da FGV Mas ao analisar de uma maneira prática como a elevação de preços tende a afetar as decisões econômicas dos agentes de mercado Situação 1 Como a inflação afeta a decisão do consumidor Você está em um estágio cuja remuneração mensal é de R 80000 Como você é estudioso mas também gosta de se divertir nas horas vagas gasta seu salário integralmente na aquisição de livros e com atividades de lazer como cinema e shows Neste primeiro ano em que esteve empregado a média de preço do livro era de R 5000 e dos gastos relativos a cada hora de lazer era na média de R 3500 Dadas as suas preferências ao final do mês você costumava gastar seu salário comprando 9 livros R 45000 e 10 horas de lazer R 35000 Ao completar um ano no trabalho seu chefe lhe chamou para uma reunião e anunciou um reajuste salarial de 5 de modo que seu rendimento agora é de R 84000 Será que você aumentou sua capacidade de compra Para responder a essa pergunta não basta olhar para a forma como seu rendimento evoluiu no ano Você também deverá questionar a maneira como os preços dos bens que você adquire evoluiu Se por exemplo o preço do livro foi para R 6000 e o da hora de lazer foi para R 4200 note que agora você deverá adquirir menores quantidades dos dois bens a aquisição de 9 livros lhe custaria agora R 54000 enquanto a mesma quantidade de horas de lazer lhe exigiria um montante de R 42000 Nesse sentido para manter a mesma capacidade de compra você deveria estar ganhando R 96000 e não R 84000 Por que isso aconteceu Perceba que os preços das mercadorias que costuma adquirir evoluíram em 10 ao passo que seu rendimento cresceu apenas 5 Essa relação entre preços e renda determina o poder de compra do consumidor Em processos inflacionários os rendimentos podem crescer em menor velocidade quando comparados à evolução dos preços de modo que na prática se observa uma menor capacidade de compra Portanto um dos principais resultados de processos inflacionários pode ser a corrosão do poder de compra dos indivíduos o que resulta em uma redução do bemestar Situação 2 Como a inflação afeta a decisão das firmas Imagine que você atue na área de compras de insumos de uma empresa Antes de realizar os contratos de compra com seus principais fornecedores é absolutamente relevante que você avalie a proposta realizada de pagamento de acordo com a sua expectativa quanto à inflação Por quê Se você acredita que o preço do insumo que está negociando vá sofrer uma elevação de preço de cerca de 15 em 12 meses e o seu fornecedor está disposto a fechar o contrato a preços presentes para pagamento em duas parcelas uma à vista e outra ao final de 12 meses você tende a aceitar a proposta Isso porque mesmo exigindo 50 do pagamento no ato da assinatura do contrato ao final do período você deveria pagar 15 a mais pelo restante da compra Logo as expectativas quanto à inflação são muito importantes para diversos tipos de decisões no nível da firma 114 Flutuações de curto prazo relativas aos ciclos de negócios Os ciclos que os negócios encontram têm relação direta com as fases do crescimento econômico ou seja estão ligados ao comportamento do PIB Real Mais do que isso a fase na qual se encontra a economia tende a puxar e ser puxada pelo comportamento das demais variáveis macroeconômicas como desemprego e inflação Por isso mensurar e prever de maneira correta os ciclos econômicos nos quais as empresas se inserem é de extrema importância para a tomada de decisão PRATIQUE DORNBUSCH R FISCHER S 1991 O ciclo de negócios é um padrão mais ou menos regular de expansão recuperação e de contração recessão da atividade econômica em torno de uma trajetória tendencial de crescimento MANKIW G 2009 Flutuações da atividade econômica medidas pelo número de pessoas empregadas ou pela produção de bens e serviços O comportamento do PIB Real não segue uma tendência linear de crescimento apresentando flutuações ao longo do tempo o que caracteriza períodos de crescimento econômico seguidos de estagnação eou recessão Apesar das flutuações as economias tendem a apresentar uma tendência de crescimento entre um ciclo e outro que representa os avanços econômicos que temos ao longo do tempo Dessa forma se formos representar o fenômeno dos ciclos dos negócios encontraremos algo conforme se segue Figura 1 Ciclos econômicos Fonte DORNBUSCH R FISCHER S 1991 p 17 Dessa forma saber identificar a fase do ciclo na qual se encontra o negócio é extremamente importante tanto para os decisores quanto para os formuladores de política econômica Em relação a estes últimos o diagnóstico correto permite a formulação e a implementação de políticas macroeconômicas adequadas como forma de acentuar os resultados da economia em fases de crescimento bem como atenuar e combater as implicações das recessões 12 Instrumentos de política macroeconômica Conforme já discutido o Estado pode tomar uma série de medidas visando ajustar o desempenho da economia a seus objetivos de curto e longo prazo através da formulação e da implementação de políticas econômicas as quais se dividem de acordo com seu escopo de atuação fiscal monetária externa e de renda Discutiremos a seguir os principais instrumentos de cada uma delas pontuando seus objetivos quanto à correção das flutuações econômicas 121 Política fiscal Você deve lembrar que alguns anos atrás o governo federal concedeu uma série de benefícios fiscais como a redução do IPI Imposto Sobre os Produtos Industrializados em setores que vendiam bens de consumo duráveis como automóveis geladeiras e fogões É possível que você também já tenha percebido que em algumas fases o governo inicia uma série de obras de infraestrutura Mas afinal de contas qual a relação dessas medidas com os objetivos de política econômica Quando o governo pretende estimular a atividade econômica por meio dos instrumentos fiscais tende a elevar seus gastos e reduzir os impostos caracterizando uma política fiscal expansionista Voltando aos exemplos apresentados quando o governo reduziu o IPI permitiu que os produtos beneficiados fossem vendidos a preços mais baixos A redução de preço por sua vez eleva a demanda por esses bens Essa elevação da demanda dos bens exige em contrapartida uma maior disponibilidade de renda para o consumo Nesse sentido esse tipo de medida tem maior efeito quando conjugada a uma maior massa salarial É justamente nesse ponto que inserimos na análise a segunda medida apresentada elevação dos gastos públicos Quando o governo executa obras de infraestrutura gera empregos diretos e indiretos Ao gerar emprego eleva a renda disponível na economia que será gasta em bens e serviços Dessa forma a maneira pela qual o governo executa seus gastos e estrutura sua forma de arrecadação determina o tipo de política fiscal a qual está submissa aos objetivos de desempenho econômico Assim os dois principais instrumentos de Política Fiscal são a Política de Gastos e a Política Tributária os quais apresentam diferentes tendências para cada objetivo fiscal expansão ou contração da atividade econômica Tabela 2 Expansão econômica X Contração econômica Fonte Autor Título da tabela 01 Título da tabela 02 Título da tabela 03 Nome da primeira linha 01 Nome da primeira linha 02 Nome da primeira linha 03 Nome da segunda linha 01 Nome da segunda linha 02 Nome da segunda linha 03 Nome da terceira linha 01 Nome da terceira linha 02 Nome da terceira linha 03 Tabela 2 Expansão econômica X Contração econômica Fonte Autor Quando a economia se encontra em um ciclo recessivo a atividade econômica pode ser estimulada pelo governo com uma política fiscal expansionista Até então esse tipo de ação parece até óbvia Mas se observarmos a política fiscal contracionista nos perguntamos por que reduzir os gastos do governo e elevar impostos se isso tende a desestimular o crescimento econômico Quando e por que o governo deve perseguir a desaceleração econômica Para tanto devemos nos ater aos possíveis efeitos de uma política fiscal expansionista nos cofres públicos e na inflação Ao estimular a demanda em uma economia há uma tendência natural de elevação de preços ainda mais quando os investimentos privados não acompanham esse movimento Quando a inflação começa a se acelerar uma das formas de frear esse processo é desestimular o consumo dos bens para que não se tenha mais pressão por parte do mercado consumidor Nesse sentido uma política fiscal contracionista pode visar controlar algum processo inflacionário que tenha se instalado na economia Por outro lado a política fiscal expansionista ao mesmo tempo em que eleva os gastos do governo reduz sua arrecadação ocasionando um déficit público O déficit público é resultado de uma situação em que o governo gasta mais do que arrecada Assim como você pode eventualmente gastar mais do que a renda que tem disponível o governo também pode Mas essa situação não se sustenta no longo prazo Nesse sentido uma política fiscal contracionista tem como um dos seus objetivos o ajuste das contas públicas 122 Política monetária Já vimos no fluxo circular da renda que toda compra de bens e serviços exige como contrapartida um pagamento Na medida em que temos a moeda como meio de troca toda transação exige um estoque de moeda para ser efetivado É justamente nesse sentido que surge a política monetária que estabelece a forma de atuação do governo sobre a quantidade de moeda disponível na economia O Banco Central BACEN é a instituição responsável pelo controle da oferta de moeda na economia Nesse sentido é ele quem formula e executa as ações das políticas monetárias por meio dos seguintes instrumentos recolhimento dos compulsórios depósitos que os bancos comerciais são obrigados a realizar junto ao BACEN operações de open market compra e venda de títulos públicos e políticas de redesconto empréstimos do BACEN aos bancos comerciais Para que os agentes econômicos respondam de maneira desejada em cada um desses instrumentos apresentados o BACEN utiliza a taxa de juros como sinalizador Por exemplo quando há elevação da taxa o retorno dos títulos públicos fica mais atrativo Os agentes econômicos compram esses títulos entregando ao BACEN vendedor do título a moeda que estava em circulação Dessa forma o BACEN consegue reduzir a quantidade de moeda em circulação o que tende a frear os processos inflacionários Assim como a política fiscal a política monetária pode ser dividida de acordo com o seu fim Política monetária contracionista elevação da taxa de juros com redução da quantidade de moeda circulante na economia Política monetária expansionista redução da taxa de juros com elevação da moeda circulante na economia 123 Política externa A política externa estabelece a forma como o governo controla as variáveis relativas ao setor externo da economia e é dividida em dois escopos cambial e comercial 1231 Política cambial A política cambial referese a como o governo administra o valor da sua moeda em comparação a outras ou seja sua taxa de câmbio O valor da taxa de câmbio tem uma relação direta com os fundamentos do mercado de câmbio ou em outras palavras com a oferta e demanda por moeda estrangeira A forma como é realizado esse controle depende do regime de câmbio existente Regime de Câmbio Fixo nesse tipo de regime o BACEN se compromete a manter fixa a taxa de câmbio Para tanto deverá utilizar as reservas internacionais para manter fixo o preço da moeda Regime de Câmbio Flutuante nesse caso o BACEN não atua no mercado de câmbio assim a taxa flutua de acordo com a interação entre oferta e demanda de moeda estrangeira De maneira geral a vantagem de um Regime de Câmbio Fixo se assenta no fato de haver redução das incertezas e dos movimentos especulativos no mercado de câmbio Por sua vez um Regime de Câmbio Fixo pode levar as reservas internacionais a níveis preocupantes resultando em desequilíbrios ao balanço de pagamentos Já o Regime de Câmbio Flutuante tem como vantagem o equilíbrio do balanço de pagamentos ao passo que traz maiores incertezas quanto aos contratos firmados em moeda estrangeira e à possibilidade de especulação 1232 Política comercial O governo também pode atuar nas relações externas por meio de políticas que visem alterar os fluxos de mercadorias entre o seu país e os demais ou seja pode estabelecer instrumentos que estimulem eou desincentivem importações e exportações As exportações referemse ao fluxo de mercadorias produzidas internamente e que são vendidas para países estrangeiros Portanto quando deseja estimular a venda de produtos ao exterior costuma estabelecer incentivos fiscais como redução dos impostos que incidem sobre as mercadorias a serem exportadas e creditícios como as taxas de juros subsidiadas Já as importações são os bens comprados por um país que foram produzidos em outro As políticas que visam incentivar a entrada de produtos importados em um país podem ter como objetivo por exemplo a modernização de um parque fabril Nesses casos o governo tende a reduzir impostos sobre os produtos importados que pretende beneficiar No entanto muitas vezes a intenção do governo está no estímulo à indústria local fazendolhe tomar medidas que coíbam a entrada de importados Como exemplo temos a imposição de barreiras que podem ter natureza tarifária impostos e quantitativas cotas de importação 124 Políticas de renda As políticas de renda constituemse por meio da atuação direta do governo sobre as rendas em especial salários e aluguéis O instrumento de atuação se dá através do controle e do congelamento desses rendimentos Dessa forma o estabelecimento de um salário mínimo a ser praticado em uma economia está no âmbito da política nacional de renda Também temos as políticas de congelamento de preços comumente empregadas nos planos econômicos antiinflacionários 2 Contabilidade Social No primeiro item deste Capítulo discutimos os agregados macroeconômicos e a forma como o governo atua sobre eles Abordamos as principais variáveis da Teoria Macroeconômica e os instrumentos de política econômica Esses agregados por sua vez são medidas que resultam de um sistema de mensuração criado no âmbito da Contabilidade Social Detalharemos a seguir esse processo de mensuração da atividade econômica 21 Medida do Produto e da Renda Nacional A atividade econômica de um país pode ser mensurada de diversas formas Por exemplo o número de falências e concordatas em um determinado período pode servir de termômetro do desempenho da economia Em fases de crescimento econômico as firmas costumam ter maior facilidade de operação uma vez que encontram mais facilmente demanda diminuindo o número de pedidos de falência Quando a economia está em recessão ocorre o oposto as empresas de economia tendem a enfrentar demanda retraída o que eleva essa taxa Outro instrumento auxiliar seria o consumo de energia em momentos de expansão econômica as fábricas costumam operar com maior utilização de sua capacidade produtiva ao passo que em momentos de retração elas tendem a deixar mais máquinas ociosas utilizando portanto menos energia Todas essas medidas contudo são apenas instrumentos auxiliares que dão dicas a respeito do comportamento da atividade econômica Na prática conforme já vimos inicialmente precisamos entender o processo de mensuração do Produto Nacional e da Renda Nacional Para tanto imaginemos uma economia que produza apenas dois tipos de bens alimentos e vestuário tendo os seus resultados apresentados na tabela a seguir Tabela 3 Valor total da produção e total de renda gerada Fonte Adaptado de GIANNETTI DA FONSECA 2011 p 237 Observe que a tabela apresentada não contempla a mensuração dos insumos intermediários Por exemplo para fabricar alimentos foi necessário utilizar sementes defensivos entre outros insumos Da mesma forma para produzir vestuário é necessário utilizar fibras tecidos etc Por que ao expor o processo de Mensuração do Produto e da Renda Nacional não contabilizamos as transações intermediárias ou seja as transações que se referem à compra de insumos e que ocorrem entre empresas A resposta para essa pergunta é muito mais simples do que se imagina pois o valor dessas transações já está embutido no preço final dos produtos vendidos ao mercado consumidor Nesse sentido se contabilizássemos esse tipo de transação no produto nacional enfrentaríamos um problema de dupla contagem Isso quer dizer que as transações intermediárias nunca deverão ser contabilizadas Não Para fazermos isso precisamos nos ater ao processo de mensuração do Valor Adicionado ou seja a discriminação do quanto cada insumo adiciona valor ao produto final 211 Valor adicionado Para compreender o processo de mensuração do Valor adicionado vamos abordar um exemplo ainda mais simplificado Imaginemos que nossa economia produza apenas um bem final livro Seu processo de fabricação envolve a combinação de tinta e papel os quais originamse de corantes e madeira respectivamente Vamos supor que a madeira é extraída diretamente da natureza ao passo que o corante estava acumulado em estoques ou seja havia sido produzido em um momento anterior ao período no qual queremos mensurar a atividade Tabela 4 Valor adicionado Fonte GIANNETTI DA FONSECA 2011 p 239 Nessa tabela temos discriminado o valor das vendas de cada estágio da produção 1 com os custos inerentes a cada um 2 Como estabelecemos que a madeira é extraída diretamente da natureza não atribuímos custo a essa etapa Como o corante estava estocado também não foi atribuído custo algum As tintas por sua vez apresentam os custos de produção relativos à compra do corante para sua fabricação e o papel da madeira Assim temos que o somatório do valor da produção de bens é de 490 mil desse valor 290 mil referiramse à aquisição de matériasprimas de modo que o Valor adicionado à produção totalizou 200 mil Ao considerarmos portanto a produção de intermediários no cálculo do produto e renda dessa economia teremos Tabela 5 Contas de Produto e Renda Fonte GIANNETTI DA FONSECA 2011 p 239 e 240 A contabilização da produção leva em consideração o valor gerado pela venda dos livros e dos bens intermediários os quais devem ser subtraídos A descrição da renda estabelece o detalhamento da remuneração em todas as atividades as quais devem bater com o Valor adicionado à produção de livros 212 Despesa nacional Todavia conforme apresentado no início deste Capítulo a identidade entre Produto Nacional e Renda Nacional também é válida para a despesa nacional Quando o sistema econômico é composto de famílias empresas governo e também realiza transações comerciais com o cenário externo vamos caracterizar a despesa nacional através da soma dos gastos de cada um desses agentes com o produto nacional DN C I G XM onde C despesas das famílias com bens de consumo I Despesas das empresas com investimentos G gastos do governo X exportações e M importações 213 Poupança e investimento Até então supomos que as famílias gastam sua renda disponível na aquisição de bens de consumo Mas e se elas decidirem poupar parte de sua renda para cobrir emergências que possam surgir em algum momento futuro Também estabelecemos que as empresas produziam somente bens de consumo Excluímos da análise a fabricação de máquinas e equipamentos indispensáveis para a produção desses tipos de bens Como devemos tratar esses eventos na mensuração da atividade econômica Bom é justamente através deles que surgem os conceitos Poupança e Investimento A poupança é a parcela da renda que não é gasta em consumo no período analisado ou seja referese ao montante gerado pelo pagamento dos fatores de produção salários juros aluguéis e lucros às famílias que não foi destinado ao consumo de bens S RN C onde S poupança RN renda nacional C consumo agregado O investimento referese a toda alocação de recurso que visa aumentar a capacidade de produção das empresas inseridas no sistema econômico Nesse sentido envolve a aquisição de máquinas e equipamentos bens de capital e a variação de estoques de produtos não consumidos I Investimento em bens de capital Variação de estoques É importante lembrar que essa definição não contempla investimentos em aplicações financeiras pois esses não aumentam a capacidade física de produção das empresas Da mesma forma a aquisição de maquinários usados também não deve entrar na contabilização pois se de um lado está elevando a capacidade de produção de quem compra de outro alguém está se desfazendo desta ou seja alguém realizou um desinvestimento Nesse caso incorreríamos no mesmo erro de dupla contagem discutido anteriormente Como todo equipamento tem uma vida útil chega um dado momento que a empresa que o utiliza precisa substituílo Toda reposição de um maquinário já obsoleto não eleva a capacidade de produção mas a mantém Nesse sentido ao inserirmos na análise o conceito de depreciação criase uma nova medida do Produto Nacional o Produto Nacional Líquido PNL PNL PNB Depreciação onde PNB é o Produto Nacional Bruto 214 Produto Nacional e Produto Interno A globalização dos mercados acentuou o processo de internacionalização das empresas ao mesmo tempo que permitiu uma maior rede de interações entre os agentes econômicos que não se situam nas mesmas fronteiras Portanto é absolutamente importante distinguir a origem dos fatores de produção no processo de geração do produto da economia Por exemplo imagine uma empresa brasileira que tenha uma filial localizada na França Nesse caso temos um capital nacional sendo empregado em outro país mas que pode remeter lucros para cá Ao mesmo tempo temos muitas empresas estrangeiras operando em território nacional para fabricar os produtos utilizam mão de obra e matériaprima daqui mas remetem seus lucros para as matrizes Por meio desses dois exemplos podemos desenhar um fluxo de capital que não respeita fronteiras rendas geradas em outros países são constantemente remetidas para cá assim como empresas de capital estrangeiro remetem rendas geradas internamente Delimitamos que a diferença entre esses dois movimentos entrada e saída de capital que decorrem de transferências externas caracteriza a Renda Líquida dos Fatores Externos RLFE RLFE Renda recebida do exterior Renda enviada ao exterior Se considerarmos esses movimentos no Processo de Mensuração do Produto temos o Produto Nacional Bruto mas se desconsiderarmos esse fluxo da análise chegamos ao Produto Interno Bruto PIB PIB PNB RLFE SAIBA MAIS MANKIW NG 2009 Produto Nacional Bruto PNB é a renda total dos residentes permanentes de um país Difere do PIB por incluir a renda que nossos cidadãos ganham no exterior e por excluir a renda que os estrangeiros ganham aqui Por exemplo quando um cidadão do Canadá trabalha temporariamente nos Estados Unidos sua produção é parte do PIB americano mas não é parte do PNB americano sua produção é parte do PNB canadense Para a maioria dos países incluindo os Estados Unidos os residentes domésticos são responsáveis pela maior parte da produção interna de modo que o PIB e o PNB são muito próximos VASCONCELLOS M A S GARCIA M E 1998 p 104 O Produto Interno Bruto PIB é o somatório de todos os bens e serviços finais produzidos dentro do território nacional num dado período valorizados a preço de mercado sem levar em consideração se os fatores de produção são de propriedade de residentes ou não residentes 22 Teoria da Determinação da Renda Na discussão a respeito dos ciclos econômicos vimos que os agregados macroeconômicos apresentam comportamentos distintos em cada uma de suas fases Assim apesar de o produto nacional apresentar uma tendência e crescimento ao longo dos anos no curto prazo desvios ocorrem há fases em que o produto nacional tende a elevarse acima da média e outras em que podemos observar queda do produto real Vimos também que a política fiscal atua diretamente sobre esses movimentos John Maynard Keynes foi o principal responsável por mostrar o papel da política fiscal na condução da economia ao pleno emprego ou seja a importância da política fiscal na correção das flutuações de curto prazo do produto nacional Mas para que possamos entender de fato as implicações dessas medidas sobre a inflação vamos discorrer sobre a Teoria de Determinação da Renda tendo como ponto de partida o modelo keynesiano básico 221 Oferta agregada demanda agregada e equilíbrio Antes de detalharmos o modelo fazse necessário estabelecer algumas hipóteses que moldarão as nossas variáveis de análise Keynes acreditava que a economia vive flutuações de curto prazo ou seja o nível do produto nacional é dado em uma situação em que há desemprego e outros recursos produtivos ociosos Nesse sentido discutiremos a seguir o impacto dessa suposição para o formato da curva de oferta agregada 2211 Oferta agregada A principal implicação dessa suposição referese ao fato de que os produtores ofertantes nessa economia ao produzirem sempre com capacidade ociosa e em um cenário de desemprego quando há um choque positivo de demanda podem elevar sua produção sem haver qualquer necessidade de elevação de preços Para entender o que isso quer dizer imagine que você é um fabricante de ventiladores e que o verão tem apresentado temperaturas muito elevadas o que impulsiona a demanda acima da sua expectativa Tendo em vista que possui algumas máquinas ociosas no processo produtivo e que há desemprego na economia você consegue elevar sua produção sem ter que elevar os preços dos ventiladores No entanto se essa economia alcança o pleno emprego dos recursos tornase impossível aumentar a produção mesmo com elevações no nível de preços pois todos os insumos disponíveis para a produção já estão devidamente alocados em estruturas produtivas Se formos representar a oferta agregada dessa economia considerando os dois cenários expostos teremos a seguinte situação Figura 2 Curva de oferta agregada Fonte Adaptado de LANZANA VASCONCELLOS 2011 p 256 Isso significa que a economia ao esgotar a utilização dos seus recursos disponíveis alcançou a sua capacidade máxima de produção para sempre Ou seja toda a economia tem um limite de possibilidades de crescimento Em um cenário de curto prazo é bastante razoável imaginar que haja tal limite Contudo quando expandimos o horizonte temporal da análise percebemos que esse limite é possível de ser alterado Para que possamos compreender tal processo voltemos ao conceito da Curva de Possibilidades de Produção CPP Cada ponto ao longo da CPP representava diferentes combinações de alocações de insumos para a produção de bens em uma economia Fazendo um paralelo com os conceitos vistos agora a CPP representa o nível de oferta agregada da economia mediante a utilização plena de todos os recursos produtivos Isso significa que cada um dos eventos que podem deslocar a CPP deslocam também a Curva de Oferta Agregada Por exemplo uma elevação da produtividade em uma economia significa que para um mesmo nível de emprego de recursos temse uma maior quantidade de bens sendo gerados Um dos eventos mais comuns capazes de elevar a produtividade é o progresso tecnológico 2212 Demanda agregada A curva de demanda agregada representa o quanto o total de consumidores dessa economia demandarão para cada nível de preços possível ou seja a curva de demanda agregada reflete o nível de despesa que essa economia alcança para diferentes níveis de preços Como já havíamos caracterizado anteriormente a despesa dos agentes em um sistema econômico é dada por DA C I G X M onde DA demanda agregada C consumo das famílias I investimento realizado pelas empresas G gastos do governo X M demanda líquida do setor externo Na medida em que elevações de preços reduzem o poder de compra dos agentes do sistema econômico dizemos que a curva de demanda agregada é negativamente inclinada Figura 3 Demanda agregada Fonte LANZANA AE T VASCONCELLOS MAS 2011 p 257 2213 Equilíbrio Como já havíamos determinado que Despesas são exatamente iguais ao Produto em uma economia o equilíbrio macroeconômico de curto prazo se dá no ponto em que a Demanda Agregada se iguala à Oferta Agregada DA OA Figura 4 Equilíbrio macroeconômicoFigura 4 Equilíbio macroecoômico Fonte LANZANA A E T VASCONCELLOS M A S 2011 p 257 Ao observar esse gráfico quando se enfrenta um cenário de desemprego segmento horizontal da curva de oferta agregada uma política fiscal expansionista que eleve os gastos do governo desloca a curva de demanda agregada para a direita DA0 DA1 Esse deslocamento gera um novo ponto de equilíbrio que permite a elevação da renda nacional sem qualquer alteração do nível de preços Assim chegase à conclusão de que mediante cenários de desemprego é possível elevar a renda de equilíbrio dessa economia sem haver qualquer tipo de pressão inflacionária Dessa forma conforme já discutido para se elevar o produto sem pressões inflacionárias no longo prazo é imprescindível elevar a produtividade do trabalho por meio do desenvolvimento tecnológico SAIBA MAIS Keynes foi um grande defensor da política fiscal como instrumento de correção dos ciclos econômicos Discuta o significado de sua famosa frase que resume suas conclusões a respeito do debate com os economistas clássicos No longo prazo estaremos todos mortos 2214 Determinantes dos agregados macroeconômicos O consumo agregado de um país no mercado de bens e serviços é influenciado por diversos fatores como disponibilidade de crédito expectativas quanto à renda futura etc No entanto existe um fator que diversos estudos apontaram como sendo absolutamente fundamental no processo de determinação do nível de consumo em uma economia renda disponível para aquisição de bens Na medida em que existe governo em um sistema econômico supomos que a renda disponível se caracterizará como a renda livre de impostos que poderá ser destinada para aquisição de bens Nesse sentido C ƒ Y d Yd onde C consumo agregado Yd renda nacional disponível Y d Yd Y T onde Y renda nacional T tributos Dado que existe um nível de consumo de sobrevivência supõese que há uma parcela do consumo que será independente do nível de renda disponível a qual chamaremos de consumo autônomo Por outro lado ao assumir a existência de poupança na economia supomos que nem todo acréscimo de renda é gasto integralmente em consumo Surge então o conceito de Propensão Marginal a Consumir o que nos permite chegar à seguinte função de consumo agregado C a b Y d b Yd onde C consumo agregado a consumo autônomo b propensão marginal a consumir e Yd renda disponível Como estabelecemos a existência de poupança por parte dos agentes econômicos vamos precisar conceituar a poupança agregada montante da renda nacional disponível que não foi gasto em consumo Reflete portanto o consumo abdicado no presente para poder ser efetivado no futuro S Y d Yd C onde S poupança agregada Y d Yd renda disponível C consumo agregado Da mesma forma que para montar a função de consumo tivemos que estabelecer um coeficiente no qual cada renda gerada se traduzia em consumo propensão marginal a consumir precisamos adotar o mesmo procedimento para a poupança Como a renda disponível ou é gasta em consumo ou é poupada para consumo futuro temos que a propensão marginal a poupar é S Y d a bY d SYd abYd S Y d a bY d S Yda bYd S a 1 b Y d onde S a1b Ydonde 1 b propensão marginal a poupar Vamos entender essa relação entre propensão marginal a poupar e consumir através de um exemplo prático Diversos estudos apontam que países menos desenvolvidos tendem a apresentar menores níveis de propensão marginal a poupar Isso ocorre pois a renda gerada neles é menor do que em países desenvolvidos Nesse sentido as pessoas não têm um hábito de formação de poupança Imaginemos que no Brasil em média a cada R 100 de renda gerada R 15 são poupados e o restante R 8500 são gastos Nesse sentido 15 da renda gerada se transforma em poupança ao passo que 85 é gasta no consumo de bens Logo a propensão marginal a consumir é igual a 085 ao passo que a propensão marginal a poupar é igual a 015 Por fim vamos discorrer sobre o investimento agregado caracterizado por um estoque de capital que é revertido na aquisição de bens que sejam capazes de elevar a capacidade de produção das firmas Como o investimento agregado é resultado da decisão das firmas independe do nível de renda disponível Seus determinantes referemse à rentabilidade esperada com a aquisição do ativo e à taxa de juros do mercado Para saber se vale a pena investir em um determinado maquinário o decisor compara a rentabilidade esperada com a taxa de juros Se a taxa de juros superar a rentabilidade significa que o custo será maior do que o retorno logo não investe Se a taxa de juros foi inferior à rentabilidade significa que o custo é menor do que o retorno compensando investir 23 Introdução à Teoria Monetária Todo sistema econômico está ancorado em relações de trocas Adam Smith já anunciava essa característica quando creditou ao homem uma tendência à realização de trocas e barganhas Essa tendência aos processos de negociação é apontada por Heilbroner 1980 As comunidades têm negociado entre si desde pelo menos a última Idade Glacial Temos provas de que caçadores de mamutes das estepes russas obtiveram em troca conchas mediterrâneas o mesmo acontecendo com os caçadores do CroMagnon dos vales centrais da França De fato nas charnecas da Pomerânia no Nordeste da Alemanha arqueólogos encontraram uma caixa de carvalho repleta com os restos de suas alças de couro originais na qual havia uma adaga uma cabeça de foice e uma agulha tudo de fabricação da Idade do Bronze De acordo com as conjecturas dos especialistas era muito provável que isso fosse o mostruário de um protótipo de vendedor ambulante um representante itinerante que recolhia encomendas para a produção especializada de sua comunidade HEILBRONER 1980 p 39 Quando a sociedade se organiza de maneira rudimentar tendo a produção uma característica de subsistência as trocas ocorrem apenas em função do excedente gerado Quando se tem esse tipo de relação de troca há a necessidade de coincidir desejos se você deseja adquirir batatas mas só tem um excedente de milho precisará encontrar alguém que esteja disposto a trocar batatas por milho Quando as sociedades vão aumentando seus desejos de consumo através da descoberta desenvolvimento de novos bens foi se intensificando a necessidade de criar algum intermediário para as trocas Foi nesse contexto que surgiu a moeda No decorrer da história a moeda evoluiu bastante Fonte Adaptado de TROSTER 2011 p 277278 Por meio desse processo de evolução definese que a moeda deve cumprir três funções básicas Meio de troca permite que as trocas ocorram de maneira ágil dentro de um sistema econômico Foi justamente o desenvolvimento dessa função da moeda que permitiu a especialização e a divisão do trabalho Unidade de conta permite que se comparem os valores das mercadorias tendo uma base monetária comum O desenvolvimento dessa função permite que a moeda seja utilizada para fins puramente contábeis Reserva de valor assegura a possibilidade de abdicar do consumo presente para realizálo futuramente Ou seja permite que o seu detentor mantenha o seu poder de compra quando a estoca A unidade monetária de cada país é definida por lei No Brasil temos o Real representado simbolicamente por R nos Estados Unidos o dólar US na Inglaterra a Libra Esterlina etc SAIBA MAIS Assista ao filme A ascenção do dinheiro baseado no livro do professor Ferguson de Harvard Produzido em 2008 conta de maneira muito interessante os impactos do dinheiro na nossa sociedade Foi vencedor do prêmio Emmy de melhor documentário de 2009 231 Agregados monetários no Brasil Quando analisamos a moeda na Teoria Macroeconômica privilegiaremos sua função de meio de troca Nesse sentido vamos caracterizar os meios de pagamento da economia brasileira O Papel Moeda em Poder do Público PMPP é definido como o montante de dinheiro que está disponível ao setor privado não bancário e que pode ser convertido imediatamente em transações mais elevado grau de liquidez¹ Se somálos ao dinheiro que está no caixa dos bancos chegamos ao montante de Papel Moeda Emitido PME PME PMPP caixa dos bancos O Banco Central BACEN obriga os bancos comerciais a manterem uma reserva de moeda no próprio Banco Central dando origem à nossa Base Monetária Base Monetária PME reservas dos bancos junto ao BACEN Você deve estar se perguntando onde entra na contabilização do estoque de moeda o dinheiro que não está no caixa dos bancos ou que não está em circulação na economia Seria esse o caso do dinheiro aplicado em títulos financeiros Dado que aplicações financeiras não têm o mesmo grau de liquidez do papel moeda criamse diferentes agregados monetários ordenados de acordo com o grau de liquidez onde M1 tem o maior grau de liquidez e M4 o menor Fonte Adaptado de TROSTER 2011 p 282 232 Oferta de moeda na economia No Brasil cabe exclusivamente ao BACEN a condução da política monetária Como vimos anteriormente a política monetária atua diretamente no controle da oferta de moeda na economia Ou seja o BACEN tem a função de manter a liquidez da economia de modo a permitir que o fluxo real de trocas dentro do sistema econômico encontre a sua contrapartida monetária Apesar do monopólio na emissão de moeda por parte do BACEN os bancos comerciais atuam ativamente na criação de moeda em um sistema econômico Para que possamos compreender como isso ocorre é importante entender alguns mecanismos de atuação dos bancos Quando você realiza um depósito em conta corrente o dinheiro depositado não fica parado pois o banco sabe que as pessoas não costumam resgatálo integralmente em poucas horas ou dias Nesse sentido o banco pega o seu depósito e o transforma em crédito para outra pessoa por meio de linhas de empréstimo Mas essa conversão não se dá em seu valor integral pois o banco sabe que apesar de não resgatar integralmente o dinheiro os saques ocorrem ao longo de um determinado período Nesse sentido eles mantêm uma parcela do depósito em cofres Esse valor guardado deverá ser revertido para as operações de caixa dos bancos comerciais e é definido como o somatório das reservas técnicas compulsórias e voluntárias junto ao BACEN Para ilustrar esse efeito de criação de moeda imaginemos um depósito inicial de 10000 em uma economia cuja porcentagem de reserva dos bancos comerciais sobre os depósitos à vista é de 20 Isso significa que desse depósito inicial de 10000 2000 ficam em poder do banco e os 8000 restantes viram empréstimo Quem tomou esses 8000 emprestados realiza algum pagamento que tende a virar um novo depósito o que por sua vez gera um novo empréstimo conforme apresentado na tabela a seguir Fonte Adaptado de VASCONCELLOS GARCIA 1998 p 139 Pelos dados apresentados observase que com uma necessidade de reserva de 20 a cada 10000 depositados geramse 50000 em circulação Assim é possível descrever esse efeito multiplicador da moeda como m 1r onde m efeito multiplicador bancário r porcentagem de reserva dos bancos comerciais sobre os depósitos à vista Esse multiplicador não leva em consideração a possibilidade de o público reter moeda e não realizar integralmente os depósitos Se considerarmos o total emitido de moeda em uma economia nem tudo se converte em depósitos ou seja uma parcela se mantém em poder do público outra nos cofres das firmas Assim são agregadas na análise algumas variáveis de modo a se chegar em um multiplicador da base monetária m MB onde M saldo dos meios de pagamentos moeda em poder do público saldo dos depósitos à vista B saldo da base monetária saldo da moeda em poder público total das reservas bancárias Restanos portanto entender o que leva as pessoas a reterem moeda ou seja manter a moeda em mãos sem aplicála em algum título financeiro que lhe renda alguma remuneração juros SAIBA MAIS Como os compulsórios foram utilizados para fazer face aos efeitos no Brasil da crise internacional de 2008 Crise do Subprime Ao contrário de outras economias como os EUA e a maioria dos países europeus o sistema bancário brasileiro encontravase bem capitalizado por ocasião da eclosão da crise internacional de 2008 e sem exposição aos papéis lastreados em hipotecas subprime do mercado imobiliário norteamericano Naqueles países a rápida deterioração dos indicadores de solvência dos bancos motivou a adoção de medidas emergenciais de contenção da crise mediante o uso em grande escala de recursos fiscais Já no caso do Brasil as medidas adotadas pelo Governo e pelo Banco Central do Brasil para mitigar os efeitos da crise sobre o sistema bancário doméstico visaram principalmente compensar a expressiva diminuição da liquidez nos mercados financeiros tanto no país como no exterior e não envolveram recursos fiscais Nesse sentido a existência de confortável volume de depósitos compulsórios recursos que vale lembrar pertencem aos próprios bancos permitiu ao BCB injetar liquidez rapidamente no sistema bancário brasileiro contribuindo para a normalização das condições de crédito na economia Inicialmente foram liberados recursos recolhidos relativamente à Exigibilidade Adicional ao que se seguiu a liberação de valores do Compulsório sobre Recursos a Prazo Contudo verificouse que tais recursos ficaram empoçados nos grandes bancos A estratégia então adotada foi a de liberação seletiva de recursos que deveriam ser direcionados à aquisição de ativos ou à realização de depósitos deem bancos pequenos e médios Os recursos a serem recolhidos em espécie e sem remuneração foram liberados para aplicação em instituições com Patrimônio de Referência de até R 7 bilhões e que não fizessem parte dos conglomerados dos aplicadores Para evitar a concentração cada banco poderia aplicar somente 20 de tais recursos em uma mesma instituição O conjunto de medidas relacionadas aos compulsórios ocasionou a redução do montante agregado recolhido de pouco mais de R 250 bilhões para cerca de R 180 bilhões Fonte BANCO CENTRAL DO BRASIL 2015 p 56 233 Demanda por moeda A demanda por moeda se constitui como o estoque de moeda que não está em poder das instituições financeiras ou seja o que está nas mãos do público ou nos depósitos à vista em bancos Diversos estudos apontam três principais determinantes da demanda por moeda Necessidade de realizar transações as transações do dia a dia como gastos com alimentação locomoção lazer etc Quanto maior a renda maior tende a ser o volume retido de moeda Precaução muitas pessoas e empresas retêm uma certa quantia de dinheiro para cobrir despesas imprevistas que podem vir a surgir como um pneu furado atraso no recebimento de algum valor devido etc A demanda por moeda por precaução também tem relação positiva com o nível de renda Especulação a necessidade de aproveitar alguma oportunidade de aplicação financeira faz com que os investidores costumem deixar disponível um montante de moeda que tenha liquidez imediata Nesse caso a demanda por moeda responde mais à taxa de juros quanto maior a taxa mais onerosa é a retenção uma vez que as aplicações tendem a trazer retornos mais elevados 234 Taxa de juros nominal e real Assim como já vimos que a inflação pode corroer o poder de compra da população ela tem um papel relevante nas decisões relativas a investimentos Nesse caso é de suma importância distinguir a taxa de juros nominal da taxa de juros real Taxa de juros nominal mede o preço pago ao poupador por suas decisões de poupar ou seja de transferir o consumo presente para o consumo futuro VASCONCELLOS GARCIA 1998 p 143 Taxa de juros real mede o retorno de uma aplicação em termos de quantidades de bens isto é já descontada a taxa de inflação VASCONCELLOS GARCIA 1998 p 143 Para entender de maneira clara os dois conceitos imaginemos um mês que apresentou uma inflação de 12 Nesse mesmo mês a taxa de juros nominal foi de 10 Qual deverá ser a taxa real de inflação Para realizar esse cálculo precisamos estabelecer a fórmula da taxa de juros real r 1i1π 1 onde r taxa de juros real i taxa de juros nominal π taxa de inflação No exemplo apresentado temos i 01 π 0012 Aplicando a fórmula r 10110012 1 r 111012 1 r 0087 Portanto a taxa de juros real do período foi de 87 235 Interligando o lado real da economia com o lado monetário Na medida em que toda transação que compõe o lado real da economia exige uma contrapartida monetária chegase à conclusão de que o produto nacional precisa ter uma correspondência com o total de meios de pagamento da economia Por que não afirmamos de uma vez que eles precisam se igualar Porque a moeda não fica parada Uma mesma unidade monetária pode ser a base de mais de uma transação Imagine que você saque uma parcela do seu salário e vá realizar compras O dinheiro que você utiliza servirá como troco de alguma outra venda Esse troco será utilizado em outra transação e assim por diante Então para que se possa estabelecer essa correspondência fazse necessária a elucidação de mais um termo velocidaderenda da moeda A velocidaderenda da moeda é o número de vezes em que o estoque de moeda passa de mão em mão criando renda VASCONCELLOS GARCIA 1998 p 144 Seu cálculo é dado por meio da divisão do PIB nominal pelo saldo dos meios de pagamento M V PIB nominalM Agora sim é possível realizar a ligação entre os lados real e monetário de uma economia equação construída no âmbito da Teoria Quantitativa da Moeda MV Py onde M saldo dos meios de pagamento V velocidaderenda da moeda P nível geral de preços y PIB real 236 Efeitos reais das políticas monetárias Finalmente estamos aptos a entender como a alteração da oferta de moeda pode impactar a atividade econômica e a inflação em uma economia Para tanto vamos entender o impacto de uma política monetária mediante dois cenários pleno emprego e desemprego Cenário de pleno emprego quando há pleno emprego expansões da demanda agregada não são acompanhadas pela elevação da oferta no curto prazo o que se traduz em inflação Nesse sentido quando há inflação em termos de política monetária o desejo do Banco Central se traduz no combate da inflação Para tanto ele deverá reduzir o estoque de moeda disponível como forma de desacelerar o processo inflacionário M queda V constante Pqueday constante MquedaVconstantePquedayconstante Fonte VASCONCELLOS GARCIA 1998 Cenário de desemprego quando há desemprego é possível expandir o produto nacional sem gerar pressões inflacionárias Nesse sentido a autoridade monetária pode agir de modo a estimular o crescimento do PIB real elevando a quantidade de moeda na economia fracM aumenta 10 V constante P contante yaumenta 10 fracMaumenta10VconstantePcontanteyaumenta10 Fonte VASCONCELLOS GARCIA 1998 24 Inflação A inflação é a elevação generalizada dos preços dos bens em uma economia Quando existente em níveis elevados e por longos períodos de tempo constituise numa ameaça ao valor real da moeda Mas seus efeitos vão muito além do que foi discutido até aqui E o diagnóstico correto de suas causas é a base para a condução de políticas fiscais e monetárias assertivas Este Capítulo portanto tem o intuito de aprofundar as causas e os efeitos de processos inflacionários na economia 241 Causas da inflação Em linhas gerais a literatura econômica aponta para três principais causas de processos inflacionários excesso de demanda elevação de custos e tendência inercial de elevação de preços Como a demanda pode exercer influência sobre os preços Segundo o fundamento de mercado para que haja elevações nos preços dos bens qualquer nível de preço que estabeleça uma procura maior que a oferta ou seja qualquer nível de preço que esteja abaixo do preço de equilíbrio tende a puxar os preços para cima Mas esse evento se refere a um mercado específico e não à economia como um todo Quando a economia está aquecida o consumo costuma ser a variável que responde mais facilmente a esse cenário Nesse sentido a demanda agregada tende a deslocarse positivamente em uma velocidade mais rápida do que a oferta agregada Isso ocorre pois a elevação da oferta agregada exige a realização de investimentos que costumam ter um prazo maior para efetivação O raciocínio é simples para comprar basta ter o rendimento à disposição Para se realizar o investimento mesmo com o recurso financeiro em mãos é necessário um período de tempo para que a decisão se transforme em uma maior capacidade de produção Isso posto em cenários de crescimento econômico quando o consumo cresce a taxas mais aceleradas do que os investimentos há uma tendência natural para processos inflacionários Nesses casos a forma mais prudente de controle são desestímulos à demanda agregada os quais ocorrem por meio de políticas monetária eou fiscal restritivas Como os custos exercem influência sobre os preços As empresas tendem a repassar elevações de seus custos de produção ao preço que praticam nos mercados Nesse sentido qualquer elevação de custo pode se traduzir em inflação E quanto mais essencial for o insumo para diferentes cadeias produtivas maior tende a ser a pressão inflacionária Por exemplo qual dos choques apresentados a seguir tende a causar maior pressão inflacionária Imaginemos que as plantações de laranja na Flórida sejam afetadas severamente pelos furacões em uma determinada safra o que fará com que o preço da laranja no mercado internacional sofra pressões positivas Essa elevação do preço da laranja irá alterar os custos de produção da indústria de suco de laranja No entanto na economia como um todo na medida em que o extratosuco de laranja não é um insumo essencial a maioria das cadeias produtivas não sofre impactos diretos desse aumento Contudo quando os países da OPEP decidem elevar os preços do petróleo de maneira artificial o impacto inflacionário é muito maior Isso ocorre pois o petróleo é matériaprima essencial para uma grande quantidade de cadeias produtivas Mas sobretudo o principal impacto para a economia ocorre por alterar os preços dos combustíveis Como a distribuição de bens depende do deslocamento dos produtos qualquer aumento no preço do petróleo tende a reverberar como pressão nos custos relativos à logística gerando pressões inflacionárias significativas Mas um dos exemplos mais discutidos a respeito da inflação de custos referese aos impactos de elevações do salário mínimo Quando as elevações do salário mínimo superam os ganhos de produtividade da mão de obra há uma tendência para instauração de processos inflacionários Naturalmente na medida em que grande parte dos fenômenos causadores de inflação de custos não é tipicamente econômica seu combate por meio de política econômica é mais complicado Como remediar os efeitos de desastres naturais Como lidar com decisões que foram tomadas em um âmbito político Nessas situações o governo costuma atuar por meio das políticas de renda fixandocongelando os preços Mas essas medidas não se sustentam no longo prazo podendo inclusive acentuar a inflação quando retiradas Foi o que aconteceu em alguns planos econômicos de combate à inflação Como a inércia pode exercer influência na inflação Em economias caracterizadas historicamente por indicadores elevados de inflação ocorre o que alguns autores chamam de memória inflacionária Com o processo persistente de inflação os ofertantes acabam por elevar seus preços mesmo quando não há fundamento para tanto seja por pressão de demanda ou de custos O combate a esse tipo de inflação também é bastante complicado na medida em que deve atacar as expectativas dos agentes econômicos Enquanto os agentes não tiverem segurança de que o poder de compra estará assegurado haverá repasses contínuos das expectativas elevadas de inflação para o preço do bem SAIBA MAIS Você já deve ter ouvido falar a respeito do processo inflacionário que foi resolvido com a implementação do Plano Real Mas quais foram as razões de tamanho sucesso Muitos autores argumentam que o sucesso do plano estava no diagnóstico correto das causas da inflação o que permitiu a configuração de um rol de medidas certeiras Segue uma análise de Luque e Vasconcellos 2011 a respeito do sucesso do Plano Real Em 1994 no governo Itamar Franco tendo como ministro da Fazenda Fernando Henrique Cardoso implementouse o Plano Real Este por sua vez representou um avanço em relação aos planos anteriores reconhecendo que as principais causas da inflação brasileira estavam no desequilíbrio do setor público e nos mecanismos de indexação Após a reforma monetária inicial a política antiinflacionária concentrouse nas chamadas âncoras monetária e cambial A âncora monetária consistiu no estabelecimento da taxa de juros e da taxa do compulsório sobre os depósitos à vista relativamente elevadas para controlar a demanda agregada A âncora cambial consistiu na valorização do real associada ao regime de câmbio fixo Ao tornar o real relativamente valorizado em relação às moedas estrangeiras em particular ao dólar as importações tornaramse mais baratas aumentouse a concorrência com produtos produzidos brasileiros ancorandose os preços internos Nesse aspecto devese considerar que contribuiu para esse resultado a abertura comercial iniciada timidamente no governo Sarney e incrementada no governo Collor de Mello através de redução das tarifas de importação e de barreiras alfandegárias LUQUE VASCONCELLOS 2011 p 325326 Alguns autores questionam o sucesso do Plano na medida em que o regime de câmbio ocasionou uma crise no Balanço de Pagamentos brasileiro em 1999 A partir dessa crise passouse a se adotar um regime de câmbio flutuante atrelado a um regime de metas de inflação No entanto não há como negar o sucesso do Plano na resolução do problema crônico de inflação brasileira Síntese Neste Capítulo você entrou em contato com as principais variáveis e problemas da macroeconomia Ao aprofundar os tópicos entendeu como o governo costuma combater os efeitos danosos de cada etapa dos ciclos econômicos Nesse sentido compreendeu os atores envolvidos os instrumentos e resultados esperados de cada tipo de política econômica seja ela fiscal monetária externa ou de renda Percebeu que nem sempre se deve procurar estimular a economia principalmente quando esta enfrenta um processo inflacionário Por isso enfrentamos tantas dificuldades no nosso atual cenário econômico como conjugar o combate à inflação com a atividade econômica desaquecida na medida em que políticas antiinflacionárias tendem a desaquecer a atividade econômica Apesar de algumas dúvidas perdurarem você com certeza está mais preparado para analisar o cenário da tomada de decisões podendo diminuir o risco inerente a cada uma delas Referências Bibliográficas BANCO CENTRAL DO BRASIL Depósitos Compulsórios com informações até março de 2015 2015 Disponível em httpwww4bcbgovbrpecgciportfocusFAQ2012DepC3B3sitos20CompulsC3B3riospdf Acesso em 2 jul 2015 DORNBUSCH R FISCHER S Macroeconomia 2 ed São Paulo Makron McGrawHill 1991 GIANNETTI DA FONSECA M Agregados macroeconômicos introdução à contabilidade social In PINHO D B VASCONCELLOS M A S TONETO JÚNIOR R Org Introdução à Economia São Paulo Saraiva 2011 HEILBRONER RL A Formação da Sociedade Econômica 5 ed Rio de Janeiro Zahar 1980 LANZANA A E T VASCONCELLOS M A S Determinação da renda e produto nacionais In PINHO D B VASCONCELLOS M A S TONETO JÚNIOR R Org Introdução à Economia São Paulo Saraiva 2011 LUQUE C A VASCONCELLOS M A S O problema da inflação In PINHO D B VASCONCELLOS M A S TONETO JÚNIOR R Org Introdução à Economia São Paulo Saraiva 2011 MANKIW N G Introdução à Economia 3 ed São Paulo Cengage Learning 2009 TROSTER R L Moeda e bancos In PINHO D B VASCONCELLOS M A S TONETO JR R Org Introdução à Economia São Paulo Saraiva 2011 VASCONCELLOS M A S GARCIA M E Fundamentos de economia São Paulo Saraiva 1998 2019 LAUREAT Todos direitos reservados