·
Engenharia Civil ·
Fundações e Contenções
Send your question to AI and receive an answer instantly
Recommended for you
Preview text
Fundações e Obras de Terra Caros alunos as vídeo aulas desta disciplina encontramse no AVA Ambiente Virtual de Aprendizagem Unidade 3 Estimativa de Recalques e Conceitos de projetos Introdução da Unidade Introdução Nessa unidade iremos conhecer os principais conceitos relacionados ao projeto de estruturas e fundações Vamos comparar as bases teóricas com a experiência prática e as limitações dos métodos permitindo a você aluno ter a consciência dos conceitos e preceitos de um projeto Vamos conhecer métodos de se investigar e estimar os parâmetros do solo afim de aplicar em projeto os conceitos Vamos também conhecer os métodos para estimativa de recalques e o como devese fazer a amostragem para representar o maciço de solos Objetivos Reconhecer as diferenças ente o comportamento analítico e real de uma fundação Reconhecer as limitações da técnica e avaliar maneiras de contornar dificuldades Identificar fatores que influenciam no comportamento da fundação e estrutura Apreender a contornar eventuais efeitos não considerados usando o fator de segurança Conteúdo programático Aula 1 Investigação preliminar e previsão de recalques Aula 2 Conceitos de projeto e dimensionamento estrutural Referências HACHICH W et al Fundações Teoria e Prática São Paulo ABMSABEF PINI 1996 CINTRA J C A AOKI N Fundações por estacas projeto geotécnico São Paulo SP Oficina de Textos 2010 CINTRA J C A AOKI N ALBIERO JH Fundações diretas projeto geotécnico São Paulo SP Oficina de Textos 2011 Aula 1 Investigação preliminar e previsão de recalques O cálculo e previsão do comportamento dos elementos de fundação dependem da estratigrafia do solo do nível do lençol freático e dos parâmetros geotécnicos A investigação do subsolo deve ser capaz de descrever estas características de forma a nortear as decisões e cálculos do engenheiro geotécnico Existem portanto diversas técnicas de investigação que visam descrever o subsolo com diferentes objetivos e aplicações No entanto a obtenção dos parâmetros geotécnicos não é uma tarefa simples Para estimar estes parâmetros existem uma série de ensaios que podem ser realizados em campo ou no laboratório Com estes ensaios podemos estimar ou medir comportamentos mecânicos do solo Para fazermos a estimativas usamos de correlações que são regras e equações que correlacionam diferentes parâmetros do solo No entanto é importante lembrar que os parâmetros geotécnicos apresentam grande variabilidade de tal forma que sua estimativa pode incorrer em vários erros Por isso é importante conhecer cada um dos métodos de ensaio bem como sua limitação aplicabilidade e conceitos mecânicos envolvidos VIDEO AULA Você poderá também assistir às videoaulas em seu celular Basta apontar a câmera para os QRCodes distribuídos neste conteúdo Pode ser necessário instalar um aplicativo de leitura QRcode no celular e efetuar login na sua conta Gmail Videoaula 1 Utilize o QRcode para assistir 11 Investigação do Subsolo Os métodos de investigação do subsolo estão registrados baseados na ABNT NBR 8036 a qual estabelece o número mínimo de sondagens para se fazer em uma obra e os critérios de posicionamento e sondagem A quantidade estabelecida é de no mínimo um furo para cada 200 m² de área de projeção em planta do edifico No caso de empreendimentos com área menor do que 200m² devese executar 2 furos e para áreas de 200m² a 400m² devese executar 3 furos Geralmente devido ao alto custo de mobilização da equipe não se faz menos que três furos Embora em obras pequenas seja comum embora errado a não execução de sondagens Essa negligência com a sondagem e o projeto de fundações pode ser observada nos recalques que são observados em obras desse tipo Para obras maiores entre 1200m² e 2400m² devese executar uma sondagem a cada 400m² Para empreendimentos maiores que 2400m² devese determinar um plano especial de sondagem Os furos de sondagem devem ser dispostos de forma a representar o terreno permitindo a representação em duas direções para isto o terceiro furo não deve estar alinhado aos demais Os furos também devem ser posicionados de forma a representar o centro de carga do empreendimento Figura 11 Planta baixa de Edifico Exemplo Fonte httpwwwpasqualinicombrinfoimigrantesphp Na figura 11 o exemplo de um edifício ao qual estão locados 3 pontos de sondagem Repare que os 3 pontos não estão alinhados SP01 e SP03 representam os extremos do edifício enquanto SP02 busca representar o centro de carga do edifico que é onde está alocado o núcleo rígido escada e elevadores A escolha do tipo de sondagem também é importante pois o SP01 SP02 equipamento e procedimento devem ser escolhidos de forma a obter os parâmetros do solo que se precisa para o cálculo nas condições de tensão que o solo vai estar no projeto Os ensaios e métodos de investigação são divididos em diretos semidiretos e indiretos Os métodos diretos são aqueles que medem propriedades mecânicas diretamente e permitem a coleta de amostras Os métodos indiretos são métodos que não permitem a coleta de amostra e medem outras propriedades do solo tais como resistividade tempo propagação de onda podem determinar as características mecânicas indiretamente Os métodos semidiretos são métodos que mede propriedades mecânicas mas não coletam amostras portanto determinam a estratigrafia indiretamente A figura abaixo resume os principais métodos utilizados na prospecção do subsolo Figura 12 Ensaios in loco métodos diretos e indiretos Fonte do autor Os principais métodos indiretos são a eletroresistividade o método sísmico e o GPR ground penetration radar Na eletroresistivade são colocados terminais eletrônicos no solo com uma determinada diferença de potencial entre eles fazendo surgir uma corrente elétrica a qual podese medir a resistência do solo O método sísmico consiste em posicionar geofones que captam as ondas mecânicas que podem ser oriundas de terremotos ou de fontes externas A medida que essas ondas se propagam no interior do solo elas refratam ou refletem em função da estratigrafia e propriedade do material permitindo que se estime o subsolo O GPR é um radar de ondas eletromagnéticas de baixa frequência cujo princípio de funcionamento é semelhante ao método sísmico isto é pelas propriedades da onda refletida é possível estimar o comportamento do subsolo Figura 13 Ensaios indiretos GPR sísmico e Eletroresistividade Os métodos diretos e semidiretos englobam os métodos mais utilizados em engenharia geotécnica são eles SPT Standard Penetration Test Teste de penetração padronizado CPT Cone Penetration Test Teste de penetração de cone DMT Dilatometer Test Teste do dilatometro PMT Pressurometer Test Teste do pressurometro Vane Test DPL DPM DPH DPSH Dynamic Probing Golpes dinâmicos mecanizados O SPT e o CPT são os mais usados em fundações e serão detalhados separadamente O DMT e o PMT são testes feitos com a pressurização que permite obter a tensão horizontal a qual se aplica no solo para um determinado deslocamento No DMT cravase no solo uma paleta que tem uma membrana flexível à medida que se aplica pressão na membrana ela deslocase solicitando o solo São feitas duas leituras de pressão a pressão a qual iguala a tensão do solo e a pressão correspondente a 11 mm de deformação o que permite determinar parte da curva tensão deformação horizontal do solo No PMT é feito um préfuro no qual posicionase um pressurometro circular e aplicase pressões em uma membrana flexível Esse procedimento permite anotar a pressão e deformação para montar a curva tensão deformação horizontal do solo Figura 13 Procedimento de execução do SPT Fonte Branco 2014 O vane test é um ensaio no qual se crava uma paleta no solo em formato de cruz Posteriormente essa paleta é rotacionada e a força é medida com o auxílido de um torquimetro O Dynamic Probing é um teste no qual aplicase golpes dinâmicos de martelos e cargas padronizadas no solo com o auxílio de um maquinário A medida que a sonda penetra no solo são anotados os números de golpes necessários para fazer a penetração Esse ensaio pode ser executado com diversos martelos o DPL light é executado com o peso leve o DPM médium é executado com o peso médio o DPM médium é executado com o peso médio o DPM médium é executado com o peso médio VIDEO AULA 12 Cone Penetration Test O cone penetration test é um ensaio estático no qual um cone penetra o solo a uma velocidade constante de 20 mms A medida que o amostrador penetra no solo sensores que estão no cone registram a resistência oferecida pelo solo ao cone Videoaula 2 Utilize o QRcode para assistir O cone é composto por duas partes básicas a ponteira do cone a qual registra a resistência de ponta do cone 𝑞𝑐 e a luva a qual registra o atrito na lateral do cone 𝑓𝑠 Podese ainda instalar outros sensores no cone tais como sensor de poropressão de eletro resisitividade e pressurometros Dessa maneira o ensaio pode medir outras características além das mecânicas A execução do ensaio permite avaliar a resistência continuamente ao longo da profundidade no entanto o ensaio não permite a coleta de amostra por isso a identificação da estratigrafia é feita de maneira semidireta Figura 13 Procedimento de execução do CPT Fonte Branco 2014 Por ser estático o ensaio precisa de uma reação que geralmente é feita pelo próprio equipamento ou por um caminhão Este ensaio permite a obtenção de parâmetros de resistência que são próximos ao comportamento real de uma estaca 13 Standard Penetration Test O ensaio de SPT é um ensaio de penetração dinâmica onde um amostrador penetra no solo através de golpes de um martelo O ensaio é robusto e de fácil aplicação O amostrador é bipartido o que permite a coleta de amostras deformadas e portanto a obtenção direta da estratigrafia O ensaio procedese conforme a ABNT NBR 6484 de início instalase um tubo guia no primeiro metro do solo o qual é simplesmente escavado com um trado helicoidal Dessa maneira o ensaio iniciase a partir do primeiro metro Recolhido o trado instalase o amostrador e então o amostrador é golpeado com um martelo de 65 kg que cai a uma altura padronizada de 75 cm O operador anota o número de golpes necessários para penetrar cada 15 cm até 45 cm Retirase então o amostrador e recolhese a amostra a qual será encaminhada a identificação tátilvisual Os próximos 55 cm são escavados com o trado helicoidal e o ensaio reiniciase no próximo metro Figura 13 Procedimento de execução do SPT httpsblogdopetcivilcom20151116sondagemdesolosensaioapercussaosptesquema2 O ensaio em si não mede um parâmetro geotécnico mede um índice que está relacionado ao comportamento mecânico do solo O índice de resistência a penetração NSPT corresponde a soma dos golpes necessários para penetração dos últimos 30 cm Esse número é usado para representar o comportamento do solo camadas mais resistentes precisarão de mais golpes para a mesma penetração e camadas menos resistentes precisarão de menos golpes Existem diversas correlações que buscam descrever parâmetros do solo em função do índice de resistência a penetração Estas correlações devem ser usadas com cuidado pois sua validação experimental foi aplicada para um tipo de solo específico e o uso para outros tipos pode sugerir erros Então é preciso conhecer os limites e aplicabilidades de cada uma delas A seguir apresentamos algumas correlações que como já citamos devem ser usadas com prudência sempre consultando os trabalhos originais para entender os limites e aplicabilidade das mesmas 𝑐 10 𝑁𝑠𝑝𝑡 Teixeira 1996 𝜑 28 04𝑁𝑠𝑝𝑡 Godoy 1983 𝜑 15 20 𝑁𝑠𝑝𝑡 Teixeira 1996 𝐸 𝛼 𝐾 𝑁𝑠𝑝𝑡 Teixeira 1996 𝐸 𝛼 𝑁𝑠𝑝𝑡14 Sandroni 1992 14 Estimativa de recalques e Dano associado O solo é o suporte de qualquer edificação ou estrutura sendo assim qualquer deformação do maciço será repassada para a estrutura Ainda que as estruturas sejam extremamente rígidas esse fenômeno é inevitável pois todo material apresenta deformações a questão fica em determinar quais os limites destes deslocamentos 141 Recalques Um elemento de fundação pode deslocarse verticalmente horizontalmente e pode rotacionar Figura121 Estes deslocamentos são as deformações do maciço de solos que está imediatamente abaixo da fundação Chamamos de recalque 𝜌 a componente vertical da fundação de 𝜔 a rotação do elemento de fundação e de x y os deslocamentos horizontais Figura 121 Deslocamentos das fundações Fonte adaptado de Alonso 1991 O recalque é o mais importante entre os deslocamentos é o deslocamento que afeta a maioria das nossas estruturas correntes que são estruturas pesadas cuja força gravitacional é predominante A ABNT NBR 61222010 define algumas condições de recalque podem ocorrer que são sensivelmente importantes para a análise estrutural Recalque absoluto 𝜌 recalque absoluto de um ponto Recalque relativo 𝜌 recalque de um ponto em relação a outro ponto Razão de deflexão 𝜌𝑙 também é se referido por distorção angular é o recalque relativo dividido pela distância entre os pontos Recalque uniforme 𝜌 0 ocorre quando o recalque relativo é nulo nesse caso não há dano associado à estrutura A norma não impõe os valores limites de deslocamentos apenas orienta alguns critérios para que o projetista definia qual o deslocamento é aceitável para e estrutura da edificação A definição dos valores limites de projeto para os deslocamentos e deformações deve considerar a A confiabilidade com a qual os valores de deslocamentos aceitáveis podem ser estabelecidos b Velocidade dos recalques e movimentos do terreno de fundação c Tipo de estrutura e material de construção d Tipo de fundação e Natureza do solo f Finalidade da obra g Influência nas estruturas utilidades e edificações vizinhas FONTE NBR6122 2010 A definição destes valores não é tarefa simples e depende do uso da edificação cada edificação terá uma tolerância diferente à recalques Fica a cargo do engenheiro projetista definir o valor a limitar os recalques em função de cada caso Nas referências bibliográficas existem várias propostas e ensaios realizados e embora estas propostas sejam diferentes entre si existe certa tendência ente os valores Burland 1977 associou diversas situações e danos causados em função dos recalques estes valores devem seguir como guia para determinar a aceitação ou não do recalque mas cada situação tem sua peculiaridade e deve ser tratada pelo engenheiro responsável Figura 123 Razão de deflexão e dano associado Conhecidos os limites dos recalques vamos abordar agora o cálculo a estimativa das deformações do maciço Para isso dividimos o recalque em duas parcelas básicas Recalque 𝜌 𝜌𝑖𝑚 𝜌𝑎𝑑 Recalque imediato 𝜌𝑖𝑚 Recalque por adensamento 𝜌𝑎𝑑 Estas parcelas compõe o recalque observado em edificações 142 Recalque Imediato O recalque imediato é aquele que ocorre logo após a aplicação da carga ou seja imediatamente após a aplicação da carga Tratase de uma deformação do maciço que consideramos ocorrer sem variação do índice de vazios em outras palavras não ocorre rearranjo da estrutura do solo O recalque imediato é estimado pela teoria da elasticidade justamente por não ocorrer rearranjo da estrutura ou seja ocorrer apenas deformações da estrutura do solo Mas é preciso atenção o solo é essencialmente um material de comportamento não elástico ou seja as deformações aplicadas dificilmente são restituídas A avaliação do comportamento do solo pode ser feita através de dois ensaios básicos ensaio de compressão confinada edométrica e ensaio de compressão triaxial Não é comum fazer o ensaio de compressão simples embora possa ser feito pelo triaxial Por apresentarem diferentes condições de confinamento o resultado dos ensaios retorna parâmetros com valores diferentes os quais cabe ao engenheiro geotécnico interpretar e analisar Para então escolher os parâmetros a serem usados na estimativa do recalque A formula da teoria de elasticidade é corrigida por um fator esse fator de Influência correlacionada a rigidez da placa que aplica a carga e seu formato em função do recalque esperado resultando na formulação de Perloff 𝜌 𝐼 𝜎0𝐵 𝐸 1 𝜐2 𝜎0 é a carga aplicada 𝐵 é a base da aplicação 𝐸 e 𝜈 são parâmetros mecânicos do solo 𝐼 é um fator de influência que pode ser obtido na tabela a seguir Figura 14 Fatores de carga de fundações diretas VIDEO AULA Videoaula 3 Utilize o QRcode para assistir Leitura Leia o capítulo 03 de CINTRA J C A AOKI N ALBIERO JH Fundações diretas projeto geotécnico São Paulo SP Oficina de Textos 2011 Disponível na biblioteca httpsplataformabvirtualcombrLeitorLoader38868pdf Leia o Capitulo 03 de CINTRA J C A AOKI N Fundações por estacas projeto geotécnico São Paulo SP Oficina de Textos 2010 Disponível na biblioteca httpsplataformabvirtualcombrLeitorPublicacao38862pdf Aula 2 Conceitos de projeto e dimensionamento estrutural A determinação da capacidade de carga de fundações profundas é um dos assuntos de maior visibilidade na área de engenharia de fundações justamente pelo interesse econômico envolvido em fundações de maior capacidade de carga No entanto para determinarmos a capacidade estrutural de um elemento usamos de vários pressupostos e conceitos iniciais Estes conceitos se forem verdadeiros nos conduzem a obtenção da capacidade de carga real de uma fundação no entanto se estes conceitos estiverem equivocados teremos dificuldades em estimar a real resistência de uma fundação Por isso é importante conhecer as condições de contorno e aplicabilidade dos modelos teóricos além de entender as diferenças deles para o mundo físico aonde diversos fatores podem influenciar na capacidade de carga de um elemento Mesmo quando não for possível prever ou estimar todos os efeitos em uma fundação é importante prever mecanismos que garantam a segurança estrutural do empreendimento Dessa maneira o projeto de fundações abrange outras decisões além do cálculo e dimensionamento 21 Incertezas Variabilidades e outros Fatores O comportamento de um elemento de fundação influencia significativamente no comportamento da estrutura por isso além da capacidade de carga é necessário conhecer os efeitos e condições de contorno que influenciam no comportamento da fundação Além dos fatores mecânicos existem outros fatores que influenciam no desempenho e comportamento de uma fundação estes fatores nem sempre são considerados em cálculos no entanto o projetista de fundações deve prever estes efeitos e considerar as suas repercussões em sua estrutura A água é o fator que mais influência no comportamento do solo pois o teor de umidade altera significativamente a resistência ao cisalhamento por alterar a coesão Ainda no caso de solos colapsíveis por exemplo a adição de água causa o desmoronamento da estrutura interna do solo causando o colapso e redução significativa da capacidade de carga quando comparada a uma situação sem água Tendo esse conceito em mente podem ser executadas outras estruturas que evitem a ocorrência deste efeito A execução de calçadas drenos e beiral afastam a água do elemento de fundação evitando a ocorrência de recalques Em fundações próximas à copos de água é importante prever o efeito do solapamento quando a corrente do rio causa o processo de erosão do solo sobre o qual está apoiado um elemento de fundação A erosão pode causar diminuição da capacidade resistente recalques excessivos ou até mesmo a ruptura completa de uma fundação Na execução de edificações vizinhas podem ocorrer diversos efeitos podemos ter a sobreposição de bulbos de tensões que acaba por sobrecarregar o solo e causar recalques excessivos As vibrações e escavações também podem influenciar significativamente o estado de tensões do solo e por consequência seu comportamento A rigidez da estrutura também influência no comportamento e solicitação das fundações Estruturas mais rígidas com elevada hiperestaticidade tem maior capacidade de redistribuir esforços e acabam por homogeneizar as solicitações em fundações com recalques diferenciais Já em estruturas mais flexíveis com baixa hiperestaticidade essa capacidade é mais reduzida e os danos associados ao recalque ficam mais aparentes 22 Fator de Segurança Nem todos estes efeitos podem ser estimados com exatidão por isso o projetista deve decidir sobre como tratalos e devese adicionar um fator de segurança uma folga de resistência afim de absorver eventuais variabilidades dos materiais das cargas e ações O fator de segurança é portanto uma distância mínima entre solicitação e resistência ou seja é uma folga de resistência Esse conceito visa englobar segurança variabilidade incertezas e erros A disponibilidade de informações contribui para diminuir as incertezas um solo de comportamento homogêneo permite a diminuição das variabilidades envolvidas Sendo assim cada caso deve ter um fator de segurança diferente sendo sempre maior que os limites mínimos normativos A própria ABNT NBR 6122 permite que sejam utilizados fatores de segurança menores caso sejam executadas provas de carga Justamente por que provas de carga permitem obter o comportamento experimental de uma fundação o que permite calibrar e conferir os modelos analíticos de cálculo 23 Análises e Simulações Numéricas Com o advento da computação as análises e cálculos ganharam muito espaço no meio técnico Surgiram diversos programas utilizando a técnica de elementos finitos que permitem a simulação de diversos comportamentos da estrutura e fundação Essa técnica permitiu um avanço no entendimento de diversos problemas da engenharia e diversos problemas da área de fundações O avanço computacional permitiu ao engenheiro comparar diversas situações tipologias e soluções geotécnicas No entanto o uso de análises computacionais complexas pode iludir o operador no quesito de segurança Uma análise mais complexa com efeitos de não linearidade física com variações do teor de umidade não necessariamente significa que é mais segura Justamente por que em simulações numéricas de alto nível é difícil estimar os parâmetros geotécnicos para alimentar o computador Nesse cenário uma análise complexa é de difícil compreensão pelo engenheiro o qual deve ter capacidade técnica para entender as simulações Uma análise mais simplista com parâmetros balizados em experimentos pode conduzir a resultados mais próximos do real portanto mais seguros Por isso as análises e simulações não devem ser demasiadamente complexas ou demasiadamente simplistas devem ser adequadas para resolver cada um dos problemas que se enfrenta O engenheiro deve complicar as análises até o limite do seu entendimento pois ele é responsável por avaliar a simulação e validar a mesma isto é avaliar se a simulação realmente representa o comportamento real VIDEO AULA 23 Baldrames e Blocos de fundação Os blocos de fundação são estruturas rígidas que transmitem a carga dos pilares às estacas Estes blocos podem ser flexíveis nestes casos a análise deve computar a rigidez do bloco sendo assim as cargas serão distribuídas nas estacas de maneira desigual Para o dimensionamento dos blocos de fundação usamos a teoria das escoras e tirantes considerando os parâmetros previstos na ABNT NBR 6118 Essa teoria baseiase nos experimentos e constatações de Blévot e Frémy 1967 posteriormente complementada e desenvolvido por Schlaich 1987 consiste em admitir que no interior do bloco de concreto surgirão regiões comprimidas escoras de concreto e regiões tracionadas tirantes armaduras formando um arranjo que pode ser decomposto em treliças Videoaula 1 Utilize o QRcode para assistir Figura 21 Regiões de Tração e compressão em blocos Além de funcionar como suporte às paredes as vigas baldrame tem a função de solidarizar as fundações absorvendo esforços horizontais Essa função é muito importante pois permite que as fundações sejam carregadas predominantemente à compressão Além disso as vigas funcionam como travamentos às fundações permitindo a redistribuição de esforços Tendo esses conceitos em mente o projeto e concepção dos baldrames e blocos deve seguir certos preceitos Os baldrames devem procurar travar os blocos contra instabilidades e travar os pontos de carga nas direções horizontal e vertical As vigas alavancam tem uma função diferente servem para sustentar um pilar em balanço geralmente sobre uma divisa O projeto dessas estruturas segue o dimensionamento estrutural dos elementos de concreto Quanto a parte geotécnica o engenheiro responsável deve atentarse que as vigas alavancam solicitam estacas a compressão e a tração Estes elementos são importantes e precisam ser executados com zelo pois geralmente são elementos com pouca capacidade de redistribuição de esforços A figura 22 mostra a planta de formas de baldrames e blocos repare que nessa planta temos blocos funcionando como alavanca apoiados sobre duas estacas e temos vigas que são usadas como travamento dos blocos e pilares Figura 22 Formas de Vigas Baldrame e Blocos de Fundação Fonte do autor VIDEO AULA 23 Dimensionamento Estrutural O dimensionamento estrutural dos elementos de fundação deve seguir as normas referentes ao projeto estrutural do material constituinte da fundação isto é estacas e sapatas de concreto devem seguir o dimensionamento conforme a ABNT NBR 61182014 estacas de aço devem seguir o dimensionamento conforme ABNT NBR 88802006 e estacas de madeira devem seguir a ABNT NBR 71901982 Videoaula 2 Utilize o QRcode para assistir A ABNT NBR 6122 prevê algumas peculiaridades nas características do concreto que precisam ser observadas tais como slump fck mínimo relação águacimento Por isso também é preciso observar a norma de Fundações simultaneamente Na maioria dos casos as fundações estão submetidas predominantemente a efeitos de compressão o que acaba conduzindo às questões de armadura mínima que é estabelecida pela ABNT NBR 6122 e ABNT NBR NBR 6118 As sapatas quando submetidas ao efeito de compressão obedecem aos conceitos de biela e tirante assim como blocos de fundação Dessa maneira seu dimensionamento é feito conforme a ABNT NBR 6118 Nos outros casos é importante levar em consideração cada esforço e bem como a aplicação conjunta deles para chegar ao dimensionamento estrutural da fundação VIDEO AULA Leitura Leia o capítulo 04 de CINTRA J C A AOKI N ALBIERO JH Fundações diretas projeto geotécnico São Paulo SP Oficina de Textos 2011 Disponível na biblioteca httpsplataformabvirtualcombrLeitorLoader38868pdf Leia o Capitulo 04 de CINTRA J C A AOKI N Fundações por estacas projeto geotécnico São Paulo SP Oficina de Textos 2010 Disponível na biblioteca httpsplataformabvirtualcombrLeitorPublicacao38862pdf Videoaula3 Utilize o QRcode para assistir Encerramento Nessa unidade aprendemos as limitações dos métodos de dimensionamento conseguimos compreender as dificuldades e contornalas de tal maneira que é importante ter estes conceitos em mente no projeto de uma fundação Videoaula Resolução de Exercícios Utilize o QRcode para assistir Esperamos que este guia o tenha ajudado compreender a organização e o funcionamento de seu curso Outras questões importantes relacionadas ao curso serão disponibilizadas pela coordenação Grande abraço e sucesso Esperamos que este guia o tenha ajudado compreender a organização e o funcionamento de seu curso Outras questões importantes relacionadas ao curso serão disponibilizadas pela coordenação Grande abraço e sucesso
Send your question to AI and receive an answer instantly
Recommended for you
Preview text
Fundações e Obras de Terra Caros alunos as vídeo aulas desta disciplina encontramse no AVA Ambiente Virtual de Aprendizagem Unidade 3 Estimativa de Recalques e Conceitos de projetos Introdução da Unidade Introdução Nessa unidade iremos conhecer os principais conceitos relacionados ao projeto de estruturas e fundações Vamos comparar as bases teóricas com a experiência prática e as limitações dos métodos permitindo a você aluno ter a consciência dos conceitos e preceitos de um projeto Vamos conhecer métodos de se investigar e estimar os parâmetros do solo afim de aplicar em projeto os conceitos Vamos também conhecer os métodos para estimativa de recalques e o como devese fazer a amostragem para representar o maciço de solos Objetivos Reconhecer as diferenças ente o comportamento analítico e real de uma fundação Reconhecer as limitações da técnica e avaliar maneiras de contornar dificuldades Identificar fatores que influenciam no comportamento da fundação e estrutura Apreender a contornar eventuais efeitos não considerados usando o fator de segurança Conteúdo programático Aula 1 Investigação preliminar e previsão de recalques Aula 2 Conceitos de projeto e dimensionamento estrutural Referências HACHICH W et al Fundações Teoria e Prática São Paulo ABMSABEF PINI 1996 CINTRA J C A AOKI N Fundações por estacas projeto geotécnico São Paulo SP Oficina de Textos 2010 CINTRA J C A AOKI N ALBIERO JH Fundações diretas projeto geotécnico São Paulo SP Oficina de Textos 2011 Aula 1 Investigação preliminar e previsão de recalques O cálculo e previsão do comportamento dos elementos de fundação dependem da estratigrafia do solo do nível do lençol freático e dos parâmetros geotécnicos A investigação do subsolo deve ser capaz de descrever estas características de forma a nortear as decisões e cálculos do engenheiro geotécnico Existem portanto diversas técnicas de investigação que visam descrever o subsolo com diferentes objetivos e aplicações No entanto a obtenção dos parâmetros geotécnicos não é uma tarefa simples Para estimar estes parâmetros existem uma série de ensaios que podem ser realizados em campo ou no laboratório Com estes ensaios podemos estimar ou medir comportamentos mecânicos do solo Para fazermos a estimativas usamos de correlações que são regras e equações que correlacionam diferentes parâmetros do solo No entanto é importante lembrar que os parâmetros geotécnicos apresentam grande variabilidade de tal forma que sua estimativa pode incorrer em vários erros Por isso é importante conhecer cada um dos métodos de ensaio bem como sua limitação aplicabilidade e conceitos mecânicos envolvidos VIDEO AULA Você poderá também assistir às videoaulas em seu celular Basta apontar a câmera para os QRCodes distribuídos neste conteúdo Pode ser necessário instalar um aplicativo de leitura QRcode no celular e efetuar login na sua conta Gmail Videoaula 1 Utilize o QRcode para assistir 11 Investigação do Subsolo Os métodos de investigação do subsolo estão registrados baseados na ABNT NBR 8036 a qual estabelece o número mínimo de sondagens para se fazer em uma obra e os critérios de posicionamento e sondagem A quantidade estabelecida é de no mínimo um furo para cada 200 m² de área de projeção em planta do edifico No caso de empreendimentos com área menor do que 200m² devese executar 2 furos e para áreas de 200m² a 400m² devese executar 3 furos Geralmente devido ao alto custo de mobilização da equipe não se faz menos que três furos Embora em obras pequenas seja comum embora errado a não execução de sondagens Essa negligência com a sondagem e o projeto de fundações pode ser observada nos recalques que são observados em obras desse tipo Para obras maiores entre 1200m² e 2400m² devese executar uma sondagem a cada 400m² Para empreendimentos maiores que 2400m² devese determinar um plano especial de sondagem Os furos de sondagem devem ser dispostos de forma a representar o terreno permitindo a representação em duas direções para isto o terceiro furo não deve estar alinhado aos demais Os furos também devem ser posicionados de forma a representar o centro de carga do empreendimento Figura 11 Planta baixa de Edifico Exemplo Fonte httpwwwpasqualinicombrinfoimigrantesphp Na figura 11 o exemplo de um edifício ao qual estão locados 3 pontos de sondagem Repare que os 3 pontos não estão alinhados SP01 e SP03 representam os extremos do edifício enquanto SP02 busca representar o centro de carga do edifico que é onde está alocado o núcleo rígido escada e elevadores A escolha do tipo de sondagem também é importante pois o SP01 SP02 equipamento e procedimento devem ser escolhidos de forma a obter os parâmetros do solo que se precisa para o cálculo nas condições de tensão que o solo vai estar no projeto Os ensaios e métodos de investigação são divididos em diretos semidiretos e indiretos Os métodos diretos são aqueles que medem propriedades mecânicas diretamente e permitem a coleta de amostras Os métodos indiretos são métodos que não permitem a coleta de amostra e medem outras propriedades do solo tais como resistividade tempo propagação de onda podem determinar as características mecânicas indiretamente Os métodos semidiretos são métodos que mede propriedades mecânicas mas não coletam amostras portanto determinam a estratigrafia indiretamente A figura abaixo resume os principais métodos utilizados na prospecção do subsolo Figura 12 Ensaios in loco métodos diretos e indiretos Fonte do autor Os principais métodos indiretos são a eletroresistividade o método sísmico e o GPR ground penetration radar Na eletroresistivade são colocados terminais eletrônicos no solo com uma determinada diferença de potencial entre eles fazendo surgir uma corrente elétrica a qual podese medir a resistência do solo O método sísmico consiste em posicionar geofones que captam as ondas mecânicas que podem ser oriundas de terremotos ou de fontes externas A medida que essas ondas se propagam no interior do solo elas refratam ou refletem em função da estratigrafia e propriedade do material permitindo que se estime o subsolo O GPR é um radar de ondas eletromagnéticas de baixa frequência cujo princípio de funcionamento é semelhante ao método sísmico isto é pelas propriedades da onda refletida é possível estimar o comportamento do subsolo Figura 13 Ensaios indiretos GPR sísmico e Eletroresistividade Os métodos diretos e semidiretos englobam os métodos mais utilizados em engenharia geotécnica são eles SPT Standard Penetration Test Teste de penetração padronizado CPT Cone Penetration Test Teste de penetração de cone DMT Dilatometer Test Teste do dilatometro PMT Pressurometer Test Teste do pressurometro Vane Test DPL DPM DPH DPSH Dynamic Probing Golpes dinâmicos mecanizados O SPT e o CPT são os mais usados em fundações e serão detalhados separadamente O DMT e o PMT são testes feitos com a pressurização que permite obter a tensão horizontal a qual se aplica no solo para um determinado deslocamento No DMT cravase no solo uma paleta que tem uma membrana flexível à medida que se aplica pressão na membrana ela deslocase solicitando o solo São feitas duas leituras de pressão a pressão a qual iguala a tensão do solo e a pressão correspondente a 11 mm de deformação o que permite determinar parte da curva tensão deformação horizontal do solo No PMT é feito um préfuro no qual posicionase um pressurometro circular e aplicase pressões em uma membrana flexível Esse procedimento permite anotar a pressão e deformação para montar a curva tensão deformação horizontal do solo Figura 13 Procedimento de execução do SPT Fonte Branco 2014 O vane test é um ensaio no qual se crava uma paleta no solo em formato de cruz Posteriormente essa paleta é rotacionada e a força é medida com o auxílido de um torquimetro O Dynamic Probing é um teste no qual aplicase golpes dinâmicos de martelos e cargas padronizadas no solo com o auxílio de um maquinário A medida que a sonda penetra no solo são anotados os números de golpes necessários para fazer a penetração Esse ensaio pode ser executado com diversos martelos o DPL light é executado com o peso leve o DPM médium é executado com o peso médio o DPM médium é executado com o peso médio o DPM médium é executado com o peso médio VIDEO AULA 12 Cone Penetration Test O cone penetration test é um ensaio estático no qual um cone penetra o solo a uma velocidade constante de 20 mms A medida que o amostrador penetra no solo sensores que estão no cone registram a resistência oferecida pelo solo ao cone Videoaula 2 Utilize o QRcode para assistir O cone é composto por duas partes básicas a ponteira do cone a qual registra a resistência de ponta do cone 𝑞𝑐 e a luva a qual registra o atrito na lateral do cone 𝑓𝑠 Podese ainda instalar outros sensores no cone tais como sensor de poropressão de eletro resisitividade e pressurometros Dessa maneira o ensaio pode medir outras características além das mecânicas A execução do ensaio permite avaliar a resistência continuamente ao longo da profundidade no entanto o ensaio não permite a coleta de amostra por isso a identificação da estratigrafia é feita de maneira semidireta Figura 13 Procedimento de execução do CPT Fonte Branco 2014 Por ser estático o ensaio precisa de uma reação que geralmente é feita pelo próprio equipamento ou por um caminhão Este ensaio permite a obtenção de parâmetros de resistência que são próximos ao comportamento real de uma estaca 13 Standard Penetration Test O ensaio de SPT é um ensaio de penetração dinâmica onde um amostrador penetra no solo através de golpes de um martelo O ensaio é robusto e de fácil aplicação O amostrador é bipartido o que permite a coleta de amostras deformadas e portanto a obtenção direta da estratigrafia O ensaio procedese conforme a ABNT NBR 6484 de início instalase um tubo guia no primeiro metro do solo o qual é simplesmente escavado com um trado helicoidal Dessa maneira o ensaio iniciase a partir do primeiro metro Recolhido o trado instalase o amostrador e então o amostrador é golpeado com um martelo de 65 kg que cai a uma altura padronizada de 75 cm O operador anota o número de golpes necessários para penetrar cada 15 cm até 45 cm Retirase então o amostrador e recolhese a amostra a qual será encaminhada a identificação tátilvisual Os próximos 55 cm são escavados com o trado helicoidal e o ensaio reiniciase no próximo metro Figura 13 Procedimento de execução do SPT httpsblogdopetcivilcom20151116sondagemdesolosensaioapercussaosptesquema2 O ensaio em si não mede um parâmetro geotécnico mede um índice que está relacionado ao comportamento mecânico do solo O índice de resistência a penetração NSPT corresponde a soma dos golpes necessários para penetração dos últimos 30 cm Esse número é usado para representar o comportamento do solo camadas mais resistentes precisarão de mais golpes para a mesma penetração e camadas menos resistentes precisarão de menos golpes Existem diversas correlações que buscam descrever parâmetros do solo em função do índice de resistência a penetração Estas correlações devem ser usadas com cuidado pois sua validação experimental foi aplicada para um tipo de solo específico e o uso para outros tipos pode sugerir erros Então é preciso conhecer os limites e aplicabilidades de cada uma delas A seguir apresentamos algumas correlações que como já citamos devem ser usadas com prudência sempre consultando os trabalhos originais para entender os limites e aplicabilidade das mesmas 𝑐 10 𝑁𝑠𝑝𝑡 Teixeira 1996 𝜑 28 04𝑁𝑠𝑝𝑡 Godoy 1983 𝜑 15 20 𝑁𝑠𝑝𝑡 Teixeira 1996 𝐸 𝛼 𝐾 𝑁𝑠𝑝𝑡 Teixeira 1996 𝐸 𝛼 𝑁𝑠𝑝𝑡14 Sandroni 1992 14 Estimativa de recalques e Dano associado O solo é o suporte de qualquer edificação ou estrutura sendo assim qualquer deformação do maciço será repassada para a estrutura Ainda que as estruturas sejam extremamente rígidas esse fenômeno é inevitável pois todo material apresenta deformações a questão fica em determinar quais os limites destes deslocamentos 141 Recalques Um elemento de fundação pode deslocarse verticalmente horizontalmente e pode rotacionar Figura121 Estes deslocamentos são as deformações do maciço de solos que está imediatamente abaixo da fundação Chamamos de recalque 𝜌 a componente vertical da fundação de 𝜔 a rotação do elemento de fundação e de x y os deslocamentos horizontais Figura 121 Deslocamentos das fundações Fonte adaptado de Alonso 1991 O recalque é o mais importante entre os deslocamentos é o deslocamento que afeta a maioria das nossas estruturas correntes que são estruturas pesadas cuja força gravitacional é predominante A ABNT NBR 61222010 define algumas condições de recalque podem ocorrer que são sensivelmente importantes para a análise estrutural Recalque absoluto 𝜌 recalque absoluto de um ponto Recalque relativo 𝜌 recalque de um ponto em relação a outro ponto Razão de deflexão 𝜌𝑙 também é se referido por distorção angular é o recalque relativo dividido pela distância entre os pontos Recalque uniforme 𝜌 0 ocorre quando o recalque relativo é nulo nesse caso não há dano associado à estrutura A norma não impõe os valores limites de deslocamentos apenas orienta alguns critérios para que o projetista definia qual o deslocamento é aceitável para e estrutura da edificação A definição dos valores limites de projeto para os deslocamentos e deformações deve considerar a A confiabilidade com a qual os valores de deslocamentos aceitáveis podem ser estabelecidos b Velocidade dos recalques e movimentos do terreno de fundação c Tipo de estrutura e material de construção d Tipo de fundação e Natureza do solo f Finalidade da obra g Influência nas estruturas utilidades e edificações vizinhas FONTE NBR6122 2010 A definição destes valores não é tarefa simples e depende do uso da edificação cada edificação terá uma tolerância diferente à recalques Fica a cargo do engenheiro projetista definir o valor a limitar os recalques em função de cada caso Nas referências bibliográficas existem várias propostas e ensaios realizados e embora estas propostas sejam diferentes entre si existe certa tendência ente os valores Burland 1977 associou diversas situações e danos causados em função dos recalques estes valores devem seguir como guia para determinar a aceitação ou não do recalque mas cada situação tem sua peculiaridade e deve ser tratada pelo engenheiro responsável Figura 123 Razão de deflexão e dano associado Conhecidos os limites dos recalques vamos abordar agora o cálculo a estimativa das deformações do maciço Para isso dividimos o recalque em duas parcelas básicas Recalque 𝜌 𝜌𝑖𝑚 𝜌𝑎𝑑 Recalque imediato 𝜌𝑖𝑚 Recalque por adensamento 𝜌𝑎𝑑 Estas parcelas compõe o recalque observado em edificações 142 Recalque Imediato O recalque imediato é aquele que ocorre logo após a aplicação da carga ou seja imediatamente após a aplicação da carga Tratase de uma deformação do maciço que consideramos ocorrer sem variação do índice de vazios em outras palavras não ocorre rearranjo da estrutura do solo O recalque imediato é estimado pela teoria da elasticidade justamente por não ocorrer rearranjo da estrutura ou seja ocorrer apenas deformações da estrutura do solo Mas é preciso atenção o solo é essencialmente um material de comportamento não elástico ou seja as deformações aplicadas dificilmente são restituídas A avaliação do comportamento do solo pode ser feita através de dois ensaios básicos ensaio de compressão confinada edométrica e ensaio de compressão triaxial Não é comum fazer o ensaio de compressão simples embora possa ser feito pelo triaxial Por apresentarem diferentes condições de confinamento o resultado dos ensaios retorna parâmetros com valores diferentes os quais cabe ao engenheiro geotécnico interpretar e analisar Para então escolher os parâmetros a serem usados na estimativa do recalque A formula da teoria de elasticidade é corrigida por um fator esse fator de Influência correlacionada a rigidez da placa que aplica a carga e seu formato em função do recalque esperado resultando na formulação de Perloff 𝜌 𝐼 𝜎0𝐵 𝐸 1 𝜐2 𝜎0 é a carga aplicada 𝐵 é a base da aplicação 𝐸 e 𝜈 são parâmetros mecânicos do solo 𝐼 é um fator de influência que pode ser obtido na tabela a seguir Figura 14 Fatores de carga de fundações diretas VIDEO AULA Videoaula 3 Utilize o QRcode para assistir Leitura Leia o capítulo 03 de CINTRA J C A AOKI N ALBIERO JH Fundações diretas projeto geotécnico São Paulo SP Oficina de Textos 2011 Disponível na biblioteca httpsplataformabvirtualcombrLeitorLoader38868pdf Leia o Capitulo 03 de CINTRA J C A AOKI N Fundações por estacas projeto geotécnico São Paulo SP Oficina de Textos 2010 Disponível na biblioteca httpsplataformabvirtualcombrLeitorPublicacao38862pdf Aula 2 Conceitos de projeto e dimensionamento estrutural A determinação da capacidade de carga de fundações profundas é um dos assuntos de maior visibilidade na área de engenharia de fundações justamente pelo interesse econômico envolvido em fundações de maior capacidade de carga No entanto para determinarmos a capacidade estrutural de um elemento usamos de vários pressupostos e conceitos iniciais Estes conceitos se forem verdadeiros nos conduzem a obtenção da capacidade de carga real de uma fundação no entanto se estes conceitos estiverem equivocados teremos dificuldades em estimar a real resistência de uma fundação Por isso é importante conhecer as condições de contorno e aplicabilidade dos modelos teóricos além de entender as diferenças deles para o mundo físico aonde diversos fatores podem influenciar na capacidade de carga de um elemento Mesmo quando não for possível prever ou estimar todos os efeitos em uma fundação é importante prever mecanismos que garantam a segurança estrutural do empreendimento Dessa maneira o projeto de fundações abrange outras decisões além do cálculo e dimensionamento 21 Incertezas Variabilidades e outros Fatores O comportamento de um elemento de fundação influencia significativamente no comportamento da estrutura por isso além da capacidade de carga é necessário conhecer os efeitos e condições de contorno que influenciam no comportamento da fundação Além dos fatores mecânicos existem outros fatores que influenciam no desempenho e comportamento de uma fundação estes fatores nem sempre são considerados em cálculos no entanto o projetista de fundações deve prever estes efeitos e considerar as suas repercussões em sua estrutura A água é o fator que mais influência no comportamento do solo pois o teor de umidade altera significativamente a resistência ao cisalhamento por alterar a coesão Ainda no caso de solos colapsíveis por exemplo a adição de água causa o desmoronamento da estrutura interna do solo causando o colapso e redução significativa da capacidade de carga quando comparada a uma situação sem água Tendo esse conceito em mente podem ser executadas outras estruturas que evitem a ocorrência deste efeito A execução de calçadas drenos e beiral afastam a água do elemento de fundação evitando a ocorrência de recalques Em fundações próximas à copos de água é importante prever o efeito do solapamento quando a corrente do rio causa o processo de erosão do solo sobre o qual está apoiado um elemento de fundação A erosão pode causar diminuição da capacidade resistente recalques excessivos ou até mesmo a ruptura completa de uma fundação Na execução de edificações vizinhas podem ocorrer diversos efeitos podemos ter a sobreposição de bulbos de tensões que acaba por sobrecarregar o solo e causar recalques excessivos As vibrações e escavações também podem influenciar significativamente o estado de tensões do solo e por consequência seu comportamento A rigidez da estrutura também influência no comportamento e solicitação das fundações Estruturas mais rígidas com elevada hiperestaticidade tem maior capacidade de redistribuir esforços e acabam por homogeneizar as solicitações em fundações com recalques diferenciais Já em estruturas mais flexíveis com baixa hiperestaticidade essa capacidade é mais reduzida e os danos associados ao recalque ficam mais aparentes 22 Fator de Segurança Nem todos estes efeitos podem ser estimados com exatidão por isso o projetista deve decidir sobre como tratalos e devese adicionar um fator de segurança uma folga de resistência afim de absorver eventuais variabilidades dos materiais das cargas e ações O fator de segurança é portanto uma distância mínima entre solicitação e resistência ou seja é uma folga de resistência Esse conceito visa englobar segurança variabilidade incertezas e erros A disponibilidade de informações contribui para diminuir as incertezas um solo de comportamento homogêneo permite a diminuição das variabilidades envolvidas Sendo assim cada caso deve ter um fator de segurança diferente sendo sempre maior que os limites mínimos normativos A própria ABNT NBR 6122 permite que sejam utilizados fatores de segurança menores caso sejam executadas provas de carga Justamente por que provas de carga permitem obter o comportamento experimental de uma fundação o que permite calibrar e conferir os modelos analíticos de cálculo 23 Análises e Simulações Numéricas Com o advento da computação as análises e cálculos ganharam muito espaço no meio técnico Surgiram diversos programas utilizando a técnica de elementos finitos que permitem a simulação de diversos comportamentos da estrutura e fundação Essa técnica permitiu um avanço no entendimento de diversos problemas da engenharia e diversos problemas da área de fundações O avanço computacional permitiu ao engenheiro comparar diversas situações tipologias e soluções geotécnicas No entanto o uso de análises computacionais complexas pode iludir o operador no quesito de segurança Uma análise mais complexa com efeitos de não linearidade física com variações do teor de umidade não necessariamente significa que é mais segura Justamente por que em simulações numéricas de alto nível é difícil estimar os parâmetros geotécnicos para alimentar o computador Nesse cenário uma análise complexa é de difícil compreensão pelo engenheiro o qual deve ter capacidade técnica para entender as simulações Uma análise mais simplista com parâmetros balizados em experimentos pode conduzir a resultados mais próximos do real portanto mais seguros Por isso as análises e simulações não devem ser demasiadamente complexas ou demasiadamente simplistas devem ser adequadas para resolver cada um dos problemas que se enfrenta O engenheiro deve complicar as análises até o limite do seu entendimento pois ele é responsável por avaliar a simulação e validar a mesma isto é avaliar se a simulação realmente representa o comportamento real VIDEO AULA 23 Baldrames e Blocos de fundação Os blocos de fundação são estruturas rígidas que transmitem a carga dos pilares às estacas Estes blocos podem ser flexíveis nestes casos a análise deve computar a rigidez do bloco sendo assim as cargas serão distribuídas nas estacas de maneira desigual Para o dimensionamento dos blocos de fundação usamos a teoria das escoras e tirantes considerando os parâmetros previstos na ABNT NBR 6118 Essa teoria baseiase nos experimentos e constatações de Blévot e Frémy 1967 posteriormente complementada e desenvolvido por Schlaich 1987 consiste em admitir que no interior do bloco de concreto surgirão regiões comprimidas escoras de concreto e regiões tracionadas tirantes armaduras formando um arranjo que pode ser decomposto em treliças Videoaula 1 Utilize o QRcode para assistir Figura 21 Regiões de Tração e compressão em blocos Além de funcionar como suporte às paredes as vigas baldrame tem a função de solidarizar as fundações absorvendo esforços horizontais Essa função é muito importante pois permite que as fundações sejam carregadas predominantemente à compressão Além disso as vigas funcionam como travamentos às fundações permitindo a redistribuição de esforços Tendo esses conceitos em mente o projeto e concepção dos baldrames e blocos deve seguir certos preceitos Os baldrames devem procurar travar os blocos contra instabilidades e travar os pontos de carga nas direções horizontal e vertical As vigas alavancam tem uma função diferente servem para sustentar um pilar em balanço geralmente sobre uma divisa O projeto dessas estruturas segue o dimensionamento estrutural dos elementos de concreto Quanto a parte geotécnica o engenheiro responsável deve atentarse que as vigas alavancam solicitam estacas a compressão e a tração Estes elementos são importantes e precisam ser executados com zelo pois geralmente são elementos com pouca capacidade de redistribuição de esforços A figura 22 mostra a planta de formas de baldrames e blocos repare que nessa planta temos blocos funcionando como alavanca apoiados sobre duas estacas e temos vigas que são usadas como travamento dos blocos e pilares Figura 22 Formas de Vigas Baldrame e Blocos de Fundação Fonte do autor VIDEO AULA 23 Dimensionamento Estrutural O dimensionamento estrutural dos elementos de fundação deve seguir as normas referentes ao projeto estrutural do material constituinte da fundação isto é estacas e sapatas de concreto devem seguir o dimensionamento conforme a ABNT NBR 61182014 estacas de aço devem seguir o dimensionamento conforme ABNT NBR 88802006 e estacas de madeira devem seguir a ABNT NBR 71901982 Videoaula 2 Utilize o QRcode para assistir A ABNT NBR 6122 prevê algumas peculiaridades nas características do concreto que precisam ser observadas tais como slump fck mínimo relação águacimento Por isso também é preciso observar a norma de Fundações simultaneamente Na maioria dos casos as fundações estão submetidas predominantemente a efeitos de compressão o que acaba conduzindo às questões de armadura mínima que é estabelecida pela ABNT NBR 6122 e ABNT NBR NBR 6118 As sapatas quando submetidas ao efeito de compressão obedecem aos conceitos de biela e tirante assim como blocos de fundação Dessa maneira seu dimensionamento é feito conforme a ABNT NBR 6118 Nos outros casos é importante levar em consideração cada esforço e bem como a aplicação conjunta deles para chegar ao dimensionamento estrutural da fundação VIDEO AULA Leitura Leia o capítulo 04 de CINTRA J C A AOKI N ALBIERO JH Fundações diretas projeto geotécnico São Paulo SP Oficina de Textos 2011 Disponível na biblioteca httpsplataformabvirtualcombrLeitorLoader38868pdf Leia o Capitulo 04 de CINTRA J C A AOKI N Fundações por estacas projeto geotécnico São Paulo SP Oficina de Textos 2010 Disponível na biblioteca httpsplataformabvirtualcombrLeitorPublicacao38862pdf Videoaula3 Utilize o QRcode para assistir Encerramento Nessa unidade aprendemos as limitações dos métodos de dimensionamento conseguimos compreender as dificuldades e contornalas de tal maneira que é importante ter estes conceitos em mente no projeto de uma fundação Videoaula Resolução de Exercícios Utilize o QRcode para assistir Esperamos que este guia o tenha ajudado compreender a organização e o funcionamento de seu curso Outras questões importantes relacionadas ao curso serão disponibilizadas pela coordenação Grande abraço e sucesso Esperamos que este guia o tenha ajudado compreender a organização e o funcionamento de seu curso Outras questões importantes relacionadas ao curso serão disponibilizadas pela coordenação Grande abraço e sucesso