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Indaial 2020 Semiótica e PercePção ViSual Prof Jorge Elias Dolzan 1a Edição Copyright UNIASSELVI 2020 Elaboração Prof Jorge Elias Dolzan Revisão Diagramação e Produção Centro Universitário Leonardo da Vinci UNIASSELVI Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI Indaial Impresso por D665s Dolzan Jorge Elias Semiótica e percepção visual Jorge Elias Dolzan Indaial UNIASSELVI 2020 217 p il ISBN 9786556632896 ISBN Digital 9786556632841 1 Semiótica Brasil 2 Percepção visual Brasil II Centro Universitário Leonardo da Vinci CDD 7452 aPreSentação Para iniciar o estudo relacionado à disciplina de Semiótica e à Percepção Visual é necessária uma breve contextualização destas duas temáticas tão pertinentes à formação de profissionais ligados às áreas de projeto planejamento e criação A noção de que processos criativos resultem em produtosserviços para o mercado que precisa perceber estes produtos não apenas como necessários utilitariamente mas como carregados de significados e sentidos pode contribuir para demonstrar a importância da semiótica e da percepção visual na formação de profissionais ligados às áreas de projeto de produto seja ele gráfico industrial moda interiores arquitetura entre outros Afinal de contas é preciso ter um vasto repertório visual para dar forma às ideias que serão geradas nos processos criativos de projeto Ainda é preciso entender que existe uma teoria que dá conta dos processos de significação e da linguagem visual na qual temos pouca formação em nossa passagem escolar há um peso considerável no letramento mas poucas são as metodologias de ensino escolar que dão ênfase à linguagem visual E quando optamos por áreas profissionais ligadas ao projeto e aqui entram a arte em todos os seus manifestos a arquitetura o design entre outras carecemos de tal formação Em paralelo à importância do letramento visual da capacidade de ler e produzir formas e elementos visuais somos cobrados profissionalmente pela capacidade de entregar conceitos dar e entender os significados por trás dos textos visuais ou seja de que nossos produtos possam se vender por si só que o resultado de nosso trabalho seja entendido pelo nosso cliente Além de que precisamos de certa forma buscar muitos destes conceitos nos contextos em que está inserido o públicoalvo dos nossos projetos De certa forma além de ter o letramento visual precisamos saber o que vamos escrever visualmente E aí entra a semiótica como uma ciência que dá conta sob certa perspectiva desta leitura de mundo e de como podemos produzir para que este mesmo mundo compreenda Cada vez mais nos vemos inseridos em uma sociedade onde as relações sociais estão pautadas na imagem e na capacidade de comunicação que o mundo visual e audiovisual proporciona Dentro disso a percepção visual se torna impactante à medida que o entendimento de como percebemos e compomos o mundo à nossa volta vem se tornando ferramenta diferenciadora para o sucesso pessoal e profissional Em outra perspectiva mas referente ao mesmo objeto vemos que a capacidade de interpretar coerentemente os elementos de comunicação e a inteligência de darmos sentido ao que queremos comunicar tem base operacional na Semiótica que de forma introdutória pode ser entendida como a ciência que estuda os signos A junção destas duas áreas Semiótica e Percepção Visual tem coerência mas nos coloca num cenário complexo e denso em abordagens a ser trabalhada em uma disciplina Desta forma além de fazer um recorte dos teóricos vamos num primeiro momento dividir as duas temáticas tratando da semiótica e depois da percepção visual para então ao final unir as duas dando conta do objetivo geral da disciplina desenvolver a capacidade de análise e crítica a partir da noção de percepção visual com base na semiótica O livro didático está estruturado em três unidades com a pretensão de discutir os temas a semiótica a percepção visual e a semiótica e a percepção visual nos processos de design Na Unidade 1 estudaremos a semiótica Serão tratados os conceitos introdutórios de semiologia e semiótica E de forma específica serão trabalhadas definições sobre a semiologia e o plano de expressão e plano de conteúdo e sobre a semiótica e a tricotomia do signo ícone índice e símbolo Na Unidade 2 estudaremos a percepção visual Abordaremos a percepção visual e aprofundamentos nas leis da organização da forma Gestalt e nos princípios técnicas e elementos básicos da composição Na Unidade 3 estudaremos a semiótica e a percepção visual nos processos de design com análise de casos que permitam a aplicabilidade da semiótica na percepção visual identificando as categorias de conteúdo nos formantes da macroestrutura dos textos não verbais Estas unidades dão conta de suportar a disciplina Semiótica e Percepção Visual que tem como objetivo geral o desenvolvimento da capacidade do discente de analisar e criticar projetos de design a partir da noção de percepção visual com base na semiótica Contextualizando estas duas áreas esta apresentação permite que sejam observados que a disciplina pretende proporcionar aos alunos a instrumentalização necessária ao desenvolvimento de exercícios teóricos e práticos relacionados à semiótica e à percepção visual promover o entendimento da semiótica como ciência base para o desenvolvimento de projeto de design sensibilizar e instrumentalizar o discente para o uso intencional de elementos da linguagem visual e potencializar a capacidade analítica e crítica do discente com base em fundamentos que suportem seus posicionamentos profissionais Ciente de que alcançar estes objetivos está relacionado diretamente com o comprometimento de todos os envolvidos desejamos bons estudos e sucesso Prof Jorge Elias Dolzan Você já me conhece das outras disciplinas Não É calouro Enfim tanto para você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano há novidades em nosso material Na Educação a Distância o livro impresso entregue a todos os acadêmicos desde 2005 é o material base da disciplina A partir de 2017 nossos livros estão de visual novo com um formato mais prático que cabe na bolsa e facilita a leitura O conteúdo continua na íntegra mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagramação no texto aproveitando ao máximo o espaço da página o que também contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel por exemplo Assim a UNIASSELVI preocupandose com o impacto de nossas ações sobre o ambiente apresenta também este livro no formato digital Assim você acadêmico tem a possibilidade de estudálo com versatilidade nas telas do celular tablet ou computador Eu mesmo UNI ganhei um novo layout você me verá frequentemente e surgirei para apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto em questão Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos para que você nossa maior prioridade possa continuar seus estudos com um material de qualidade Aproveito o momento para convidálo para um batepapo sobre o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes ENADE Bons estudos NOTA Olá acadêmico Iniciamos agora mais uma disciplina e com ela um novo conhecimento Com o objetivo de enriquecer seu conhecimento construímos além do livro que está em suas mãos uma rica trilha de aprendizagem por meio dela você terá contato com o vídeo da disciplina o objeto de aprendizagem materiais complementares entre outros todos pensados e construídos na intenção de auxiliar seu crescimento Acesse o QR Code que levará ao AVA e veja as novidades que preparamos para seu estudo Conte conosco estaremos juntos nesta caminhada LEMBRETE Sumário UNIDADE 1 SEMIÓTICA 1 TÓPICO 1 EFEITOS DE SENTIDO NO PROCESSO SEMIÓTICO 3 1 INTRODUÇÃO 3 2 EFEITOS DE SENTIDO NO PROCESSO SEMIÓTICO 3 RESUMO DO TÓPICO 18 AUTOATIVIDADE 9 TÓPICO 2 CONCEITOS INTRODUTÓRIOS SEMIOLOGIA E SEMIÓTICA 11 1 INTRODUÇÃO 11 2 BASES INICIAIS DE SEMIOLOGIA E SEMIÓTICA 11 3 SEMIOLOGIA 15 4 SEMIÓTICA 19 41 A PRIMEIRIDADE 21 42 A SECUNDIDADE 22 43 A TERCEIRIDADE22 5 CATEGORIAS DO SIGNO 23 6 TRICOTOMIA DO SIGNO 24 61 REPRESENTÂMEN 25 62 INTERPRETANTE 31 RESUMO DO TÓPICO 240 AUTOATIVIDADE 41 TÓPICO 3 A SEMIOLOGIA E A SEMIÓTICA 43 1 INTRODUÇÃO 43 2 A SEMIOLOGIA E O PLANO DE EXPRESSÃO E PLANO DE CONTEÚDO 43 3 A SEMIÓTICA E A TRICOTOMIA DO SIGNO ÍCONE ÍNDICE E SÍMBOLO 47 LEITURA COMPLEMENTAR 52 RESUMO DO TÓPICO 355 AUTOATIVIDADE 56 REFERÊNCIAS 63 UNIDADE 2 PERCEPÇÃO VISUAL 65 TÓPICO 1 PERCEPÇÃO VISUAL FISIOLOGIA E PSICOLOGIA DA VISÃO 67 1 INTRODUÇÃO 67 2 PERCEPÇÃO VISUAL FISIOLOGIA E PSICOLOGIA DA VISÃO 68 3 FISIOLOGIA E PSICOLOGIA DA VISÃO 72 RESUMO DO TÓPICO 179 AUTOATIVIDADE 80 TÓPICO 2 AS LEIS DA ORGANIZAÇÃO DA FORMA GESTALT 83 1 INTRODUÇÃO 83 2 AS LEIS DA GESTALT 83 3 PRINCÍPIOS DA COMPOSIÇÃO DA GESTALT 88 31 UNIDADE 88 32 SEGREGAÇÃO 89 33 PROXIMIDADE 90 34 SEMELHANÇA90 35 UNIFICAÇÃO 91 36 FECHAMENTO 92 37 CONTINUIDADE 93 RESUMO DO TÓPICO 294 AUTOATIVIDADE 95 TÓPICO 3 PRINCÍPIOS TÉCNICAS E ELEMENTOS BÁSICOS DA COMPOSIÇÃO 101 1 INTRODUÇÃO 101 2 OUTROS PRINCÍPIOS E TÉCNICAS 101 21 HARMONIA 101 22 CONTRASTE 102 23 EQUILÍBRIO 105 24 EQUILÍBRIO E INSTABILIDADE 108 25 REGULARIDADE E IRREGULARIDADE 108 26 SIMPLICIDADE E COMPLEXIDADE 109 27 UNIDADE E FRAGMENTAÇÃO 109 28 ECONOMIA E PROFUSÃO 110 29 MINIMIZAÇÃO E EXAGERO 111 210 PREVISIBILIDADE E ESPONTANEIDADE 111 211 ATIVIDADE E ESTASE 112 212 SUTILEZA E OUSADIA 112 213 NEUTRALIDADE E ÊNFASE 113 214 TRANSPARÊNCIA E OPACIDADE 113 215 ESTABILIDADE E VARIAÇÃO 114 216 EXATIDÃO E DISTORÇÃO 114 217 PLANURA E PROFUNDIDADE 115 218 SINGULARIDADE E JUSTAPOSIÇÃO 115 219 SEQUENCIALIDADE E ACASO 116 220 AGUDEZA E DIFUSÃO 116 221 REPETIÇÃO E EPISODICIDADE 117 3 ELEMENTOS VISUAIS 118 31 O PONTO 118 32 A LINHA 120 33 A FORMA121 34 A DIREÇÃO 122 35 O MOVIMENTO 123 36 A ESCALA 124 37 A DIMENSÃO 126 38 A TEXTURA 127 39 O TOM 128 310 A COR 129 LEITURA COMPLEMENTAR 132 RESUMO DO TÓPICO 3138 AUTOATIVIDADE 139 REFERÊNCIAS 143 UNIDADE 3 SEMIÓTICA E PERCEPÇÃO VISUAL 145 TÓPICO 1 A PERCEPÇÃO VISUAL E OS PRINCÍPIOS DE ESTILO 147 1 INTRODUÇÃO 147 2 PRINCÍPIOS E HABILIDADES DE ESTILO 148 3 OS DOIS ESTÁGIOS DO PROCESSAMENTO VISUAL 148 4 A PRIMEIRA PERCEPÇÃO GLOBAL 150 5 A HIPÓTESE VISUAL 151 RESUMO DO TÓPICO 1158 AUTOATIVIDADE 159 TÓPICO 2 ANÁLISE DICOTÔMICA 163 1 INTRODUÇÃO 163 2 ANÁLISE DICOTÔMICA A LEITURA COM BASE NA SEMIOLOGIA OU SEMIÓTICA SAUSSUREANA 163 3 PLANOS DE EXPRESSÃO E CONTEÚDO 164 31 PLANO DE EXPRESSÃO 164 32 PLANO DE CONTEÚDO 166 4 ANÁLISE DICOTÔMICA PLANO DE EXPRESSÃO E PLANO DE CONTEÚDO 166 RESUMO DO TÓPICO 2175 AUTOATIVIDADE 176 TÓPICO 3 ANÁLISE TRICOTÔMICA 179 1 INTRODUÇÃO 179 2 ANÁLISE TRICOTÔMICA A LEITURA COM BASE NA SEMIÓTICA DE PEIRCE 179 3 ANÁLISE TRICOTÔMICA AS CATEGORIAS DO OBJETO ÍCONE ÍNDICE E SÍMBOLO 185 4 REFERÊNCIAS ICÔNICAS 194 5 REFERÊNCIAS INDICIÁTICAS 195 6 REFERÊNCIAS SIMBÓLICAS 196 LEITURA COMPLEMENTAR 197 RESUMO DO TÓPICO 3203 AUTOATIVIDADE 204 REFERÊNCIAS 207 1 UNIDADE 1 SEMIÓTICA OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS A partir do estudo desta unidade você deverá ser capaz de compreender as noções de sentido dentro da noção de representação sígnica aprender o que é signo e como se dá o processo de significação conhecer os conceitos de semiologia e semiótica como fundamento para o entendimento de semiótica refletir acerca da capacidade humana de interpretar e produzir signos potencializar a capacidade analítica e crítica de leitura de objetos sígnicos com base na semiologia plano de expressão e plano de conteúdo e na semiótica ícone índice e símbolo Esta unidade está dividida em três tópicos No decorrer da unidade você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado TÓPICO 1 EFEITOS DE SENTIDO NO PROCESSO SEMIÓTICO TÓPICO 2 CONCEITOS INTRODUTÓRIOS SEMIOLOGIA E SEMIÓTICA TÓPICO 3 A SEMIOLOGIA E A SEMIÓTICA Preparado para ampliar seus conhecimentos Respire e vamos em frente Procure um ambiente que facilite a concentração assim absorverá melhor as informações CHAMADA 3 TÓPICO 1 UNIDADE 1 EFEITOS DE SENTIDO NO PROCESSO SEMIÓTICO 1 INTRODUÇÃO Desde sua origem o ser humano se questiona como as coisas são capazes de significar outras coisas Tanto que organizou pensamento para explicar inúmeros fenômenos naturais alguns atribuiu às divindades outros à observação do próprio fenômeno e para alguns se utilizou de métodos que chamou de ciência As divindades gregas por exemplo davam conta de explicar fenômenos naturais A observação do amanhecer e do anoitecer deu conta de explicar que o sol girava em torno da Terra que depois pelo método científico foi reorganizando colocando a Terra como um astro que gira sobre si mesmo e ao redor do Sol Tanto o movimento dos astros quanto os fenômenos naturais observados são objetos que surgiram da capacidade de investigação humana Parecendo suprir a necessidade e a vontade humana de dar conta de explicar de alguma forma o que lhe atinge E a semiótica ocupa posição privilegiada nesse processo se entendermos inicialmente que se trata da ciência geral dos signos Veremos que onde houver abordagens acerca de coisas e seus significados ela se fará presente Neste primeiro tópico vamos compreender as noções de sentido dentro da noção de representação sígnica contribuindo para a reflexão acerca da capacidade humana de interpretar e produzir signos Também potencializamos a capacidade analítica e crítica de leitura de objetos sígnicos com base na semiologia Plano de Expressão e Plano de Conteúdo e na semiótica Ícone Índice e Símbolo 2 EFEITOS DE SENTIDO NO PROCESSO SEMIÓTICO Somos seres capazes de dar sentido a tudo que nos relacionamos Quantas vezes você vivenciou situações onde o uso de uma determinada roupa durante o êxito de um time de futebol fez com que esta mesma roupa fosse usada nas próximas partidas do mesmo time na ideia de existir sentido entre o uso de determinada peça do vestuário e a vitória dele Note que as duas coisas provavelmente não tenham sentido algum passam a ter sentido para uma determinada pessoa em uma determinada ocasião aí está um exemplo de como o ser humano é um produtor de sentido por excelência UNIDADE 1 SEMIÓTICA 4 Esta mesma lógica ocupa o fazer promocional de um projetista que ao definir uma cartela de cores visa dar um sentido a sua coleção Isso vale também para a cartela de tecidos de texturas de aviamentos Todavia diferente do exemplo do time de futebol os sentidos aqui deverão ser partilhados por outros pelo mercado pelo públicoalvo Esta noção de sentido é importante ser entendida para que possamos iniciar nosso entendimento sobre a semiótica Então de forma introdutória trataremos sobre o sentido A abordagem sobre sentido pode se limitar ao entendimento que você tem do dia a dia Que tal buscar o conceito do termo sentido em um dicionário Quanto tem relação com o seu fazer profissional Veja os que podem ser encontrados 1 Que se ofende ou melindra facilmente suscetível sensível 2 Que causa pesar plangente lamentoso canto SENTIDO 3 Repassado de mágoa ressentido magoado 4 Que está em começo de decomposição um tanto podre ou estragado 5 Substantivo masculino FISIOLOGIA faculdade de perceber uma modalidade específica de sensações que correspondem a órgãos determinados são cinco os sentidos tato visão audição paladar e olfato 6 Substantivo masculino faculdade de sentir ou perceber de compreender senso 7 Substantivo masculino faculdade de julgar bom senso tino 8 Substantivo masculino aquilo que se pretende alcançar quando se realiza uma ação alvo fim propósito suas últimas ações não tiveram SENTIDO nenhum 9 Substantivo masculino ponto de vista modo de considerar aspecto face em que SENTIDO você está falando 10 Substantivo masculino encadeamento coerente de coisas ou fatos lógica cabimento a renúncia do ministro não tem SENTIDO 11 Substantivo masculino consciência razão discernimento mais us no pl recuperou os SENTIDOS depois de meses em coma 12 Substantivo masculino concentração da atividade mental atenção pensamento ele estuda mas com o SENTIDO na televisão 13 Substantivo masculino aplicação dos sentidos para evitar algo ruim cuidado cautela tenha SENTIDO no que faz 14 Substantivo masculino orientação segundo a qual se efetua um movimento SENTIDO horário 15 Substantivo masculino FILOSOFIA faculdade de captar determinada classe ou grupo de sensações estabelecendo um contato intuitivo e imediato com a realidade e assentando desta maneira os fundamentos empíricos do processo cognitivo 16 Substantivo masculino LEXICOGRAFIALEXICOLOGIA cada um dos significados de uma palavra ou locução acepção INTERESSANTE TÓPICO 1 EFEITOS DE SENTIDO NO PROCESSO SEMIÓTICO 5 17 Substantivo masculino LINGUÍSTICALÓGICA aquilo que uma palavra ou frase podem significar num contexto determinado significado falam em relatividade no sentido einsteiniano do termo 18 Conjunto de funções da vida orgânica que buscam experimentar o prazer físico a sensualidade 19 Faculdades intelectuais o raciocínio 20 Interjeição expressa cautela advertência recomendação 21 Interjeição MILITAR TERMO voz de comando para chamar a atenção da tropa São muitos os conceitos atenção aos de número 5 6 7 15 16 17 18 e 19 estes ficam mais em linha ao SENTIDO que se quer para sentido em nossa abordagem FONTE httpswwwgooglecomsearchqSENTIDOoqSENTIDOaqschrome 69i57j0l7980j1j4sourceidchromeieUTF8 Acesso em 23 set 2020 O termo sentido pode ser compreendido como o processo fisiológico de receber e reconhecer as sensações e os estímulos que nos chegam através dos cinco sentidos visão audição olfato tato e paladar Este processo ancora a base conceitual de semiótica afinal se estamos tratando como já foi dito da ciência que estuda o signo a capacidade de receber e reconhecer as sensações e os estímulos que nos chegam e acabam tendo algum significado é relevante O entendimento para esta atividade de dar sentido aos fenômenos se ajusta à ideia de semiose O significado de semiose vai aparecer mais à frente Neste momento é interessante considerar que semiose é o processo cognitivo humano ou seja é o processo que ocorre quando elaboramos qualquer raciocínio lógico para interpretar fenômenos que nos chegam pelos sentidos ESTUDOS FUTUROS É importante considerar então que os seres humanos são produtores de sentido por excelência HOHLFELDT MARTINO FRANÇA 2014 para que se possa assegurar que haverá sentido em tudo basta que o ser humano interfira de forma intencional Ao passearmos na rua encontramos inúmero objetos e aplicamos de alguma forma uma atividade semelhante à da leitura no nosso dia a dia passamos nosso tempo a ler Lemos primeiro imagens formas gestos posturas comportamentos tal cor nos chama a atenção tal celular nos diz o status social de seu proprietário tal roupa nos diz da dose de excentricidade de seu portador Sim Nestas leituras além de receber os estímulos reconhecemos em nosso repertório e damos certo sentido ou seja certo significado UNIDADE 1 SEMIÓTICA 6 Ao olharmos para a história encontraremos exemplos do ser humano ser um produtor de sentidos um bom exemplo disso está na arte na arquitetura na própria indumentária Cada um em sua época a partir dos fenômenos vividos produziu objetos de acordo com seus contextos e em alguns casos entregaram para a humanidade documentos capazes de representar de significar seu período Escolha uma obra de um artista famoso Uma pintura uma escultura uma música Faça uma busca na internet e veja o quanto esta obra representa para a época em que foi criada note que ela é capaz de representar uma época DICAS A capacidade de dar sentido às coisas coloca o ser humano na condição de ser um ser significador pois para ele uma cor um desenho um cheiro um barulho tudo pode significar alguma coisa Este processo está diretamente relacionado com a capacidade deste ser humano de interagir com seu ambiente Afinal o processo de significação a princípio é um processo de interação do ser humano com os fenômenos de seu ambiente conhecido como processo fenomenológico Para ajudar neste entendimento da capacidade de significarmos através de processos fenomenológicos assista ao curta de comédia romântica Signs de 2008 Apresentado no Schweppes Short Film Festival 2009 o curtametragem foi premiado com o Ouro na categoria Cyber do Cannes Lions International Advertising Festival em 2009 Foi dirigido por Patrick Hughes estratégia proposta pela agência neozelandesa Publicis Mojo para a subsidiária do CocaCola Group Foi um dos vídeos mais vistos na Internet naquele ano 2009 Acesse o link httpsyoutubeH0QoU59B37E Acesso em 15 ago 2020 DICAS TÓPICO 1 EFEITOS DE SENTIDO NO PROCESSO SEMIÓTICO 7 Ainda abordando a noção de sentido podemos fazer a seguinte reflexão um objeto só tem sentido se for sentido Perceba que o verbo sentir aqui oferece duas maneiras de ser interpretado a primeira na capacidade de representar de significar e a segunda na capacidade de tocar nossos sentidos seja o da visão da audição do olfato do tato eou do paladar O ponto de honra desse pensamento que interessa à abordagem semiótica é a noção de efeito de sentido Os objetos não apenas têm sentido mas são sentidos Produzir sentido não é transmitir algo já dado mas construir uma dimensão sensível em ato de troca HOHLFELDT MARTINO FRANÇA 2014 p 290 Interessante isso pois muitas coisas que passam a ter sentido para a gente ganham sentido quando nos permitimos interagir promover atos de troca com esta coisa Mais interessante é que a cada nova interação com esta mesma coisa podemos construir novos sentidos Fica evidente aqui que é a ação intencional que parece mover esta capacidade de dar sentido Perceba que um produto de moda carregado de conceito e em linha com uma tendência de consumo precisa apresentar em sua composição elementos que produzam o sentido desejado pela marca e construam um espaço sensível de troca Como exemplo podemos pensar este produto composto não apenas pela roupa mas com um tag uma arara com uma vitrina posicionado em uma loja que tem uma iluminação uma música ambiente uma fragrância que se bem trabalhado estimularão o ato de troca ou seja vão promover discursos e interações que serão experenciados por parte do consumidor induzindoo ao entendimento do conceito de coleção e ao estilo que a marca está comercializando Desta forma o processo de significação é resultado de um processo relacional onde se tem as propriedades da coisa e as potencialidades de significar desta coisa 8 Neste tópico você aprendeu que O ser humano é um ser produtor de sentido por excelência Sentido tem uma variedade de significados mas é importante entendêlo como a faculdade de perceber uma modalidade específica de sensações que correspondem a órgãos determinados faculdade de sentir ou perceber de compreender senso como a faculdade de julgar bom senso tino e como faculdade de captar determinada classe ou grupo de sensações estabelecendo um contato intuitivo e imediato com a realidade e assentando desta maneira os fundamentos empíricos do processo cognitivo É importante entender o sentido como cada um dos significados de uma palavra ou locução acepção como aquilo que uma palavra ou frase podem significar num contexto determinado seu significado tem a ver como o raciocínio A noção de sentido é importante para que possamos iniciar o entendimento sobre a semiótica à medida que esta noção tenha relação com a semiose RESUMO DO TÓPICO 1 9 1 Uma forma de exercitar o conteúdo até agora é aproveitar uma saída sua pelas lojas de sua cidade Escolha uma vitrine específica e procure tirar delas algumas afirmações Qual é o públicoalvo da loja Que tipo de produto vende É possível arriscar o valor médio de um produto Qual seria o diferencial da loja E então aponte quais os elementos da vitrine que deram estes sentidos para você Vamos praticar tomando como base uma das vitrines da rede De Fursac VITRINE E SEUS SENTIDOS FONTE httpsi2wpcomfarm6staticflickrcom53015660386039bde9ceb848 jpgzoom2 Acesso em 12 abr 2020 Qual o públicoalvo da loja Que tipo de produto vende É possível arriscar o valor médio de um produto Qual seria o diferencial da loja Com base nos elementos da vitrine que dão sentidos é possível afirmar I Uma primeira coisa o que é sentido para você é correto afinal sentimos coisas diferentes o que importa neste momento é que exista lógica II A vitrine da imagem nos declara alguns sentidos o do públicoalvo ser masculino vende trajes masculinos como ternos Dá para arriscar que a alfaiataria seria um diferencial e que os valores colocam a loja como de produtos caros III Os objetos que dão sentido são os dois manequins masculinos o traje que cada um está vestido os elementos explodidos que fazem menção a camisaria e acessórios caso das gravatas sugerem alfaiataria e o conceito clean minimalista cujo estilo tanto no design quanto na arquitetura induz a um determinado perfil de consumidor voltado mais para a classe A IV É impossível perceber que uma vitrine é uma peça de comunicação pois mesmo bem trabalhada ela não dá conta de dizer declarar um determinado conteúdo AUTOATIVIDADE 10 Assinale a alternativa CORRETA a Somente a alternativa I está correta b Todas as alternativas estão corretas c Somente a alternativa III está correta d As alternativas I II e III estão corretas 2 O termo semiose surge de forma introdutória neste tópico Ao que foi declarado ele tem relação com a noção de dar sentido às coisas Noção de excelência do ser humano Dentro disso é possível afirmar a Que o ato ou efeito de dar sentido é exclusivo do ser humano Nem um outro ser vivo dá conta disso b Que o ser humano somente dá sentido aos fenômenos que lhe chegam pela visão Ao ver o homem é um significador por excelência c O processo de sentir só terá sentido se for sentido d Que sentir é uma abstração e apenas existe no campo das ideias 3 Ainda que de forma introdutória o termo processo fenomenológico apareceu no conteúdo que afirmação abaixo dá conta de explicar o mesmo a Trata da noção espiritualizada dos fenômenos extraterrenos b Trata de um processo de interação do ser humano com os fenômenos de seu ambiente c Trata de um processo de interação do ser humano com os fenômenos internos de sua psiquê d Trata de um processo de interação fenomenológica do ser humano com ele mesmo desconsiderando qualquer agente externo e Trata da noção ativa do ser humano ao excluir acontecimentos que estão agindo no ambiente onde ele está operando 4 Os seres humanos são produtores de sentido por excelência Explique como se dá a noção de efeito de sentido dentro do pensar um projeto 5 A noção de sentido é importante para que se possamos iniciar o entendimento sobre a semiótica a medida que esta noção tem relação com a semiose Que relação é essa 11 TÓPICO 2 UNIDADE 1 CONCEITOS INTRODUTÓRIOS SEMIOLOGIA E SEMIÓTICA 1 INTRODUÇÃO Iniciamos o segundo tópico desta unidade Nela aprenderemos o que é signo e como se dá o processo de significação Contribuiremos para a reflexão acerca da capacidade humana de interpretar e produzir signos e potencializaremos a capacidade analítica e crítica de leitura de objetos sígnicos com base na semiologia Plano de Expressão e Plano de Conteúdo e na semiótica ícone índice e símbolo Como já vimos o ser humano é produtor de sentido por excelência Sentido que tem uma variedade de significados e que neste momento é importante entendêlo como a faculdade de perceber uma modalidade específica de sensações que correspondem a órgãos determinados São cinco os sentidos tato visão audição paladar e olfato faculdade de sentir ou perceber de compreender senso como a faculdade de julgar bom senso tino e como faculdade de captar determinada classe ou grupo de sensações estabelecendo um contato intuitivo e imediato com a realidade e assentando desta maneira os fundamentos empíricos do processo cognitivo Esta noção de sentido é importante para que se possamos iniciar o entendimento sobre a semiótica à medida que esta noção tem relação com a semiose e que a mesma se dá no processo dar significação as coisas sendo a semiose o objeto principal de toda abordagem semiótica 2 BASES INICIAIS DE SEMIOLOGIA E SEMIÓTICA O ponto de partida da ciência que estuda os signos é o axioma de que toda esta capacidade de dar sentido às coisas se faz essencialmente por um processo que a semiótica aborda Seu objeto de estudo o signo pode ser considerado uma ideia que se refere a outras ideias e objetos do mundo tendo assim sentido Desta forma somos levados a criar e acumular repertório à medida que vamos significando nosso mundo Um signo precisa ser percebido por pelo menos um dos nossos sentidos Podemos ver uma forma uma cor podemos escutar um som uma fala podemos cheirar um perfume uma fumaça podemos tocar uma superfície quente áspera ou ainda podemos saborear um amargor um cítrico podemos 12 UNIDADE 1 SEMIÓTICA absorver fenômenos do mundo e ainda dar a eles sentidos outros que passam a significar algo naquele instante Quando sentimos o cheiro de fumaça podemos deduzir que estamos perto do fogo sem mesmo ver o fogo a fumaça neste momento significa fogo É com isso que a semiótica se ocupa Veja que interessante isso no campo da moda quando uma coleção quer falar de liberdade e romance deve ser capaz de apresentar peças de roupa acessórios que conseguem representar isso Que no momento que o cliente vê a peça provaa sente estes conceitos e se somarmos então um editorial a vitrine a loja o tag a abordagem de vendas constatamos o quão importante é ter a semiótica em nossa formação Para Elisabeth WaltherBense 2000 as primeiras noções de signo são encontradas nos gregos que sustentavam sua existência como sinal sobretudo verbal Tendo em vista que ao sinalizar o verbo duplicava uma coisa um fenômeno uma realidade permitindo debates acerca do original e da cópia ou seja a palavra maçã que dá conta de duplicar a coisa a fruta é mais original É cópia Em comparação com a fruta que passa a representar perceba que ao ler a palavra maçã deve ter vindo uma imagem na sua cabeça que dá conta do seu real de maçã O termo semiótica vem do grego seme semeiotikos intérprete de signos Enquanto o termo signo deriva do latim signum que vem do grego secnom extrair uma parte de seccionar portanto a semiótica como disciplina dáse na análise do funcionamento dos sistemas de signos e de suas interpretações A ideia platônica de signo é de que o mundo real não passava de uma imitação do mundo das ideias Seu modelo se mostrou triádico com os seguintes componentes nome noção ou ideia e coisa WALTHERBENSE 2000 Quando exemplificamos anteriormente com maçã dá para perceber este modelo triádico acontecendo o nome maçã fez surgir a noçãoa ideia imagem da maçã na cabeça que nos leva à coisa a fruta Já a ideia aristotélica de signo estava pautada na crença de que Aristóteles tinha do mundo perceptível sensorialmente Acreditava que prevaleciam as funções intelectuais do homem desta forma o signo era fruto de convenções e davam conta de representar realidades nas quais os homens se inseriam WALTHERBENSE 2000 Assim delineou uma separação entre signo certo e signo incerto sendo o primeiro resultante das interações naturais no sentido de prova se tem febre logo está doente febre significa estar doente e o segundo resultante de hipóteses de generalizações que ele considerava signo fraco se tem lábios estourados então tem febre nem sempre lábios estourados tem relação com febre TÓPICO 2 CONCEITOS INTRODUTÓRIOS SEMIOLOGIA E SEMIÓTICA 13 Por volta do ano 300 aC ainda na Grécia a abordagem aconteceu em diferenciar signos naturais aqueles que ocorrem livremente na natureza dos signos convencionais aqueles que foram criados para dar conta dos fenômenos de comunicação WALTHERBENSE 2000 Na Idade Média Santo Agostinho estabeleceu bases ocidentais sobre o signo apresentando uma definição interessante em que signo seria uma coisa que além de produzir sensações faz com que estas tragam à mente de quem está sentido uma outra coisa como consequência de si mesma E conseguiu dar uma distinção aos signos naturais e signos convencionais em que os primeiros são produzidos sem intenção mas são capazes de remeter a outras coisas E os segundos são os que os seres humanos partilham intencionalmente para dar conta de serem compreendidos Desta forma expressou a capacidade de as palavras parecerem correlatos das ideias das palavras mentais o que afetaria muitos estudos futuros sobre os signos WALTHERBENSE 2000 Esta noção de sentido e capacidade de dar significado aos fenômenos que nos circulam como já foi dito nos acompanha historicamente Durante o século XVII várias abordagens trouxeram o entendimento sobre esta noção de sentido que abordamos aqui de maneira a dar um nome para ela WALTHER BENSE 2000 Caso do médico Eric Henry Stubbes que em 1670 tratando da ideia de sintomas organizou suas abordagens nominandoas de semiótica num sentido bem restrito à ciência médica dedicada ao estudo e a interpretações de sinais patológicos dentro da lógica que uma dor pode ser sintoma de uma enfermidade Vinte anos depois John Locke usou o mesmo termo em sua obra o Ensaio acerca do Entendimento Humano Ao nos aproximarmos do século XIX a teoria do signo se consolidava cada vez mais com as questões do conhecimento dando conta do contexto que se formava como moderno e muitas demandas relacionadas à sociedade da informação no movimento das mensagens como eram produzidas e compartilhadas Um contexto que contribuiu para afirmar a semiótica como a ciência que se ocupa da vida dos signos no interior da convivência social Indo dos mecanismos relativos ao conhecimento até as orientações formais dos conteúdos dos sentidos E foi neste século XIX que as correntes contemporâneas da semiótica surgiram em especial duas delas uma europeia mais restritiva tendo como base a linguística e outra norteamericana mais abrangente com base em todo e qualquer fenômeno capaz de representar algo em seu lugar inclusive o signo linguístico 14 UNIDADE 1 SEMIÓTICA Dois termos que apareceram neste momento precisam ser apresentados Linguística que é a ciência que tem por objeto a linguagem humana em seus aspectos fonético morfológico sintático semântico social e psicológico as línguas consideradas como estrutura de forma bem grosseira a língua escrita as palavras e signo linguístico que é um elemento representativo que tem dois aspectos o significado e o significante Exemplo da palavra maçã quando a escutamos vem a nossa mente uma imagem do objeto e não a palavra ao escutar a palavra maça é pouco provável que em nossa mente se construa o M o A o Ç e A com rapidamente visualizamos a fruta maçã Aí está a noção de signo pois um termo linguístico uma palavra é capaz de representar algo em seu lugar NOTA A capacidade de representar algo é a base primeira para o entendimento de signo São muitos os exemplos possíveis e todos levam à lógica de que ao entrarmos em contato com algum fenômeno um objeto um cheiro um som uma palavra escritafalada somos levados a lembrar alguma coisa que não está a nossa frente estando então em contato com um signo Todos já vivemos momentos em que falamos Isto me fez lembrar de uma coisa um perfume que fez lembrar de uma pessoa um barulho que nos fez afirmar que uma motocicleta se aproxima uma fumaça que nos fez crer que havia fogo Em todos estes momentos o cheiro do perfume o barulho do motor a visão da fumaça fizeram lembrar de uma pessoa sem que estivesse ali no caso do perfume fez afirmar que estava se aproximando uma moto sem se quer vermos tal veículo no caso do barulho do motor e fez pensar no fogo vendo apenas fumaça Tal qual um detetive nos relacionamos com os fenômenos que nos circulam desvendandoos e assumindo posturas frente às pistas Uma dada situação nos oferece fenômenos que sugerem leituras que sejam identificados perceba que o barulho do motor no exemplo anterior para ser assumido como de moto tem certas peculiaridades que diferem de um carro de um liquidificador Há quem já tenha vivenciado muito este determinado fenômeno que pode ter maiores informações sobre ele assim um mecânico de motocicletas ou um motociclista experiente em motos pode não só afirmar que está se aproximando uma moto mas dizer o tipo de moto quiçá até sua marca e potência Neste momento vale o entendimento de que signo tem a capacidade de representar algo para alguém em determinado contexto No design de moda disciplinas técnicas como modelagem costura nos habilitam a decifrar elementos do vestuário da mesma forma que o mecânico motociclista consegue dar considerações mais específicas apenas ouvindo um barulho de motor Percebese neste caminho à medida que vamos estudando um determinado conteúdo ficamos mais aguçados em identificar elementos e afirmar conceitos que dão conta de explicálos TÓPICO 2 CONCEITOS INTRODUTÓRIOS SEMIOLOGIA E SEMIÓTICA 15 O ser humano significa o que lhe é significante Esta afirmação nos dá a primeira noção para entendermos a lógica europeia em que a partir do entendimento das palavras elas passam a significar À medida que vamos aprimorando o nosso vocabulário vamos permitindo significar e fazer com que muitas palavras nos sejam significantes ou seja uma palavra tem a capacidade de representar algo em seu lugar quando escutamos a palavra praia somos capazes de trazer o conceito que temos de praia com nossa vivência de praia Deixando evidente que se trata de um processo dicotômico escuto a palavra e penso em seu conceito Toda e qualquer palavra será signo quando este processo dicotômico ocorrer ou seja uma palavra significante tem que ter significado seu conceito seu entendimento para que se possa afirmar que é signo Vale ressaltar que todo e qualquer termo que você lê ou escuta e tem pouco entendimento sobre ele parece que ele não faz tanto sentido para você Perceba aqui um exemplo legal para signo linguístico perceba o desconforto de entrar em contato com uma palavra que você nunca ouviu ou leu ela não tem sentido não faz sentido ou seja ela não tem capacidade de representar algo em seu lugar aí é bom pesquisar sobre ela No caso de palavras o dicionário que pode ser online é um lugar bom para pesquisar que tal fazer isso para o termo dicotômico lido anteriormente Você pode pesquisa por dicotomia O entendimento deste termo ajudará como base conceitual para o conteúdo que estamos tratando aqui NOTA A noção do signo linguístico está veiculada diretamente com a corrente mais restritiva das duas que surgiram no século XIX a europeia que ficou conhecida como semiologia e tem como principal expoente Ferdinand de Saussure 3 SEMIOLOGIA O filósofo e linguista suíço Ferdinand de Saussure 18571913 elaborou teorias que contribuíram para o desenvolvimento da linguística como ciência autônoma exercendo grande influência sobre o campo literário e dos estudos culturais Para Saussure signo tem sua base conceitual e organizativa na estrutura linguística de uma determinada cultura ou seja na língua principalmente falada WALTHERBENSE 2000 16 UNIDADE 1 SEMIÓTICA Aqui fica evidente pensarmos que à medida que nos letramos que vamos estudando e aprendendo mais significativa fica nossa linguagem tal raciocínio ajuda no entendimento de que o signo para Saussure tem arbitrariedade inerente pois precisa das convenções linguísticas Perceba que quando buscamos no dicionário o entendimento de uma palavra entramos em contato com seu significado convencional e quando damos uso a ela em nosso processo de comunicação estamos sujeitos à arbitrariedade do termo da capacidade de ele representar o que queremos expressar ou seja estamos sujeitos à arbitrariedade do signo Por isso que é muito inteligente saber para quem estamos falando assim podemos escolher as palavras mais coerentes para este perfil de pessoas É claro existem palavras cuja convenção não é arbitrária elas são transmitidas de diferentes tipos de estruturas gramaticais percebidas de forma funcional caso das onomatopeias a partir da reprodução aproximada com os recursos que se dispões da língua de um som natural a ela associado um exemplo se dá quando imitamos um animal para nominálo miaumiau para gato auau para cachorro Voltamos à noção de signo linguístico e de como a palavra enunciada significante precisa de seu conceito significado para que dicotomicamente o signo exista FIGURA 1 SIGNO DICOTÔMICO FONTE O autor O significado é o conceito que é assimilado mentalmente quando lemos ou ouvimos a palavra O significante tem a ver com a forma semântica e fonética da palavra que por sua vez é composta por letras e sons O olhar de Ferdinand de Saussure tratava de noções meramente psicológicas mas atualmente o significante seria a forma material perante o significado TÓPICO 2 CONCEITOS INTRODUTÓRIOS SEMIOLOGIA E SEMIÓTICA 17 No tópico a seguir vamos ampliar a visão saussuriana dando conta de tratar do significante como forma material perante o significado ESTUDOS FUTUROS Para Saussure 1990 p 124 signo não une uma coisa e um nome mas um conceito e uma imagem acústica Esta última não é o som material puramente físico mas a marca psíquica desse som a sua representação fornecida pelo testemunho dos sentidos é sensorial e se por vezes lhe chamamos material é neste sentido e por oposição ao outro termo da associação o conceito geralmente mais abstrato Dentro disso imagem acústica significante é arbitrário não motivado pois não existe relação entre ele e a coisa que representa Para Saussure 1990 o signo é sempre mental sendo uma representação que um sujeito tem de algo na sua mente em determinado momento de sua vida FIGURA 2 IMAGEM ACÚSTICA E CONCEITO FONTE O autor 18 UNIDADE 1 SEMIÓTICA Se a palavra gato for pronunciada o som desta pronúncia cria na mente de quem escuta algo correspondente a ela perceba que existe na mente deste sujeito uma estrutura capaz de reconhecer o som da palavra e a sua maneira cria se uma imagem referente à palavra esta seria a imagem acústica existindo assim uma imagem da palavra na mente de quem a escutou Desta forma o significante é a imagem mental de uma rede sonora repertório de quem escutou Então toda vez que chega um som que é sentido por um dos sentidos no caso o auditivo e tem sentido no cérebro tendo significado estamos na presença de um processo de signo Dentro desta lógica o signo é sempre mental Se neste momento entendermos que o som que ouvimos não é puramente físico mas também a impressão deste som em nossos sentidos e que quando recebido se torna significante por ter de alguma forma uma imagem mental associada a ele nos levando a um significado conceitos relacionados ao determinado som estamos em linha com o pensamento de Saussure Ao tornar o signo uma entidade mental Saussure faz com que o signo sempre associe um significante a um significado possibilitando que esta concepção tenha papel central na distinção histórica entre signos naturais que ele entende como motivados e signos arbitrários ou convencionais Esta arbitrariedade deve dar a ideia de que o significante não depende da livre escolha do sujeito falante este não tem motivação alguma pois não existe na realidade qualquer ligação material entre a palavra e a coisa que ela representa SAUSSURE 1990 p 83 Esta corrente considera que o signo é resultado do significante significado sendo ele sempre mental e é a representação de algo que se tem na mente Em se pensando na língua essa se fecha em regras e convenções de um determinado sistema significante perceba que para o mesmo significado vamos ter significantes diferentes dependendo do sistema cultural que estamos inseridos fica evidente quando pensamos a palavra gato no português e cat no inglês mas da mesma forma nos regionalismos em nosso país temos inúmeras palavras que significam a mesma coisa mas são diferentes dependendo da região em que estamos No mercado de moda isto pode ser pertinente quando nos reportamos às tribos e aos estilos Estas regras e convenções colocam a existência do signo para Saussure como arbitrária Colocando a perspectiva estruturalista como fundamento em que o significante surge primeiro a partir de uma imagem mental de um conceito ou seja um objeto um fenômeno só será signo se já existir um conceito relacionado a ele aí temos a arbitrariedade deste signo TÓPICO 2 CONCEITOS INTRODUTÓRIOS SEMIOLOGIA E SEMIÓTICA 19 Quantas vezes você se perguntou por que tal palavra está atribuída para um determinado objeto Por que mesa é mesa Note que a resposta não tem uma lógica caso de palavras como as onomatopeias auau para cachorro miau para gato Mesa tem um significado atribuído por convenções por regras ou seja ela foi atribuída e é usada de forma arbitrária na língua portuguesa INTERESSANTE Esta capacidade dicotômica de significante e significado do signo no pensamento saussuriano apresenta dois grandes problemas Primeiro não considera a matéria externa ficando somente com a palavra Segundo ao afirmar que o significado é o conceito da coisa não especifica a coisa pois se existem significantes diferentes haverá variações nos significados Estes dois problemas mostram uma vontade de expandir para que possamos assumir sons cores gestos odores gostos texturas formas ou seja toda e qualquer coisa inclusive as palavras que sejam capazes de representar algo em seu lugar E aí entramos na corrente mais abrangente a norteamericana que tem como base todo e qualquer fenômeno capaz de representar algo em seu lugar inclusive o signo linguístico esta corrente é a Semiótica 4 SEMIÓTICA O filósofo e físico norteamericano Charles Sanders Peirce 18391917 assentou as bases da semiótica alicerçado em um pensamento O simples ato de olhar está carregado de interpretação Trazendo uma abordagem mais ampla ao que vinha sendo construído por Ferdinand de Saussure na Europa no mesmo período Quando analisamos o pensamento alicerce de Peirce percebemos que a corrente norteamericana tem fundamento nos processos fenomenológicos ou seja na fenomenologia que pode ser entendida como uma postura frente ao mundo Como uma metodologia que dá importância aos fenômenos em si e quanto afetam nossos sentidos Se pararmos para pensar muito do que sabemos sobre nosso mundo vem deste método os cheiros as texturas as formas um ruído uma imagem em uma revista até mesmo uma palavra Enfim tudo que se apresenta a nossa mente através de nossos sentidos Lembra a maçã é possível afirmar que a imagem que se forma na sua cabeça tem a ver com as experiências de maçãs como fenômenos se você só viu imagens desta fruta terá uma imagem 20 UNIDADE 1 SEMIÓTICA mais visual mas se já comeu uma conseguirá atribuir barulho gosto acidez Imagina se você já colheu uma na macieira Perceba que a fenomenologia pode ser encarada como uma postura frente ao mundo ao se pesquisar um públicoalvo só ver imagens na tela pode dar uma noção diferente do que poder participar de momentos dos fenômenos que este público vive em seus contextos Trazer o pensamento de Peirce como um de seus alicerces pode ajudar O simples ato de olhar está carregado de interpretação Para Peirce 2005 p 46 signo é aquilo que representa algo para alguém É alguma coisa que se dirige a alguém isto é cria na mente da pessoa um signo equivalente ou talvez um signo mais desenvolvido Ao signo assim criado denomino interpretante do primeiro signo O signo representa alguma coisa seu objeto Representa esse objeto não em todos os seus aspectos mas com referência a um tipo de ideia que eu por vezes denominei fundamento do representâmen Para Peirce 2005 é irrelevante discutir o que é mental e o que não é mental no debate sobre o signo mas se torna importante determinar se o pensamento é dirigido ou não aos objetos reais afinal real é o que significa que tem sentido em qualquer coisa de real Esta postura ajuda a evitar posicionamentos falsos de dar a uma palavra por exemplo um sentido universal externo ao pensamento e se afastar da ideia de que se pode conceber coisas de forma independente das relações que se tem no espírito capacidade inventiva do ser humano A noção de signo para Peirce é toda e qualquer coisa que representa uma outra coisa em seu lugar objeto e que produz um efeito interpretativo Se pensarmos dentro da lógica da semiologia vemos que aqui a semiótica peirciana dá conta dos problemas saussurianos Peirce considera a matéria externa e dá conta de especificar a coisa Com isso se a semiologia era dialógica aqui vamos ter um posicionamento triádico em que o signo é composto de três partes que serão chamadas de categorias a primeiridade a secundidade e a terceiridade Estas partes podem ser assim pensadas FIGURA 3 PARTES QUE COMPÕEM O MODELO TRIÁDICO FONTE O autor TÓPICO 2 CONCEITOS INTRODUTÓRIOS SEMIOLOGIA E SEMIÓTICA 21 Interessante perceber que essa alguma coisa é captada pelos órgãos dos sentidos mas também percebida de forma intencional dentro de uma noção de que perceber é traduzir alguma coisa fenômeno evento objeto captado pelos sentidos em um julgamento Uma vez captada é levada a um processo de comparações com outras coisas já percebidas chegando até a capacidade de nominála Pensando estas três partes como categorias temos a primeiridade como aquele momento de percepção primeira inicial quando captamos alguma coisa temos a secundidade como o momento de comparação com o que já fora percebido e temos a terceiridade como o momento de construção de definição de nominação Como já mencionado a teoria do signo de Charles S Peirce está alicerçada à fenomenologia permite alargar as capacidades interpretativas à medida que entende o intérprete o observador o sujeito com autonomia em relação ao produtor de sentido ao enunciador Em outras palavras a noção e efeito de sentido nesta teoria é fugidia à medida que o enunciador pode ter pensado em dizer algo mas seu intérprete não precisa necessariamente entender da maneira que enunciador pretendia Esta liberdade faz com que o enunciador esteja preparado para isso e tenha competência para ajustar o signo para tenha êxito em sua comunicação A teoria de Charles S Peirce está concebida como doutrina em que todo e qualquer tipo de semiose é possível Ela é tão geral e abstrata a ponto de poder dar conta de qualquer processo sígnico esteja ele no invisível mundo físico nos movimentos sociais SANTAELLA 2002 p 36 A noção peirciana é pragmatista está pautada num processo lógico semiótico de como as ideias surgem Tal processo é pensado em três ramos SANTAELLA 2002 o primeiro que se ocupa da fisiologia das formas das funções e dos elementos formais a gramática especulativa o segundo que consiste na abordagem classificatória e de comparações a lógica crítica e o terceiro que se dá no estudo dos métodos nas fórmulas que os mais variados tipos de raciocínio dão origem a retórica especulativa A abordagem do signo por Peirce por ser pragmatista baseiase na noção de que o sentido de um conceito pode ser explicado ao considerarmos seus efeitos práticos desta forma ela se mostra metodológica tendo uma ordem e procedimentos que são as categóricas de primeiridade secundidade e terceiridade 41 A PRIMEIRIDADE É a primeira das categorias de uma experiência de mundo É a categoria do ser Está nas qualidades das coisas Relativa às propriedades de um fenômeno que podem ser descritas por exemplo tal coisa é azul Esta categoria direciona para a ideia de primeira concepção sígnica de Peirce que é préreflexiva o da abstração pura De forma prática é mais ou menos como um sentimento uma sensação primeira não é consciente nem elaborada É aquilo que é nada mais que isso 22 UNIDADE 1 SEMIÓTICA 42 A SECUNDIDADE Em contraposição à primeiridade categoria do ser a secundidade é a da ocorrência da existência segundo ao que já se sentiu Diferente da primeiridade na secundidade já existe uma elaboração consciente já se faz comparações já se enseja particularidades do fenômeno em análise Enquanto a primeira é atemporal na secundidade existe a noção de tempo afinal para se chegar às comparações é preciso ter passado pela primeiridade Nesta categoria só se tem consciência da qualidade de algo pois é possível constatar com outra qualidade Acidental e singular a secundidade tem na existência no registro de sentimento um fato Se a primeira é da qualidade esta a segunda é da relação 43 A TERCEIRIDADE Completa a tríade Se a primeiridade é a do ser a secundidade é do existir a terceiridade é do interpretar na capacidade de a coisa ser signo ou seja tem a ver com o que o fenômeno é primeiridade no que existe nele em comparação a outros secundidade e no quanto é possível construir algo que não está ali de significar Se a primeira é da qualidade a segunda da relação esta é da representação do que Peirce vai chamar de signo em si De forma geral a primeiridade sempre será a percepção algo rápido e abstrato a secundidade está relacionada ao fato quanto o que foi percebido permite ensejar particularidades processo de comparação de dúvida e a terceiridade está atrelada à capacidade do que foi percebido e fez pensar representar algo em seu lugar de ser signo Esse processo triádico em que se tem o signo o elemento designado e a pessoa a quem ele se destina como signo se chama semiose que para Peirce é o processo no qual o signo tem um efeito cognitivo sobre o intérprete NÖTH 1998 p 128 Se a semiótica é a ciência que tem por tarefa estudar todos os tipos possíveis de ações sígnicas a semiose é o seu objeto de estudo Se no projeto de produtos para o mercado estamos mergulhados em processos de desenvolvimento de conceitos que planejam causar algum efeito cognitivo no públicoalvo de uma marca fica evidente o valor da semiótica para os profissionais desta área E quanto a entender os processos de significação de semiose dos consumidores frente aos valores comercializados é definidor do sucesso Dentro da teoria de Charles S Peirce essas três categorias são chamadas no âmbito fenomenológico de faculdades Sendo a primeira condicionada à capacidade de ver de sentir conduzindo à segunda faculdade que implica um TÓPICO 2 CONCEITOS INTRODUTÓRIOS SEMIOLOGIA E SEMIÓTICA 23 esforço ou seja quando se atenta para ensejando particularidades chegando então na terceira faculdade que faz com que tal aspecto incidental do sentir da primeira e consciente das relações da segunda possa ser generalizado cabendo poder chegar a um conceito de nominar o fenômeno sentido por exemplo Interessante perceber que as faculdades que devemos entender para dar conta das categorias e principalmente para compreendermos a semiótica como uma metodologia dos processos cognitivos que vivemos cotidianamente são três A primeira é a rara faculdade de sentir o que está diante da gente Tal como se apresenta sem qualquer interpretação Veja se consegues exercitar tal faculdade observado uma cena um objeto um evento uma música e descrevendoa como ela é sem atribuir nenhum valor A segunda faculdade é mais como um compromisso Um comportamento que deve ser treinado uma postura frente ao fenômeno observado de detetive de busca de aspectos específicos ao fenômeno em observação que só pode estar nele e em nenhum outro similar Buscando o que o faz único detectando os elementos desta unicidade sob todos os seus disfarces Esta faculdade nos pede tempo quanto mais tivermos mais vamos construir relações possíveis A terceira faculdade é a de generalizar como um matemático devemos buscar definir fórmulas que sejam capazes de da conta dos elementos que fazem do fenômeno agora único ser pensado de forma generalizada Esta fórmula abstrata garantirá a compreensão do fenômeno purificandoo de todos os elementos estranhos e irrelevantes nos dando bases para construção de conceitos Esta faculdade se bem trabalhada nos coloca como construtores de novos conhecimentos Com base nestas faculdades e nas categorias Peirce classifica o signo como Representâmen objeto e interpretante 5 CATEGORIAS DO SIGNO A variação e a quantidade dos signos são tão grandes que Charles S Peirce organizouos em categorias classificandoos a partir das faculdades em uma tríade composta pelo representâmen aquilo que funciona como signo pelo objeto o que é referido pelo signo e pelo interpretante no efeito do signo de quem o interpreta 24 UNIDADE 1 SEMIÓTICA FIGURA 4 TRICOTOMIA DO SIGNO EM PEIRCE FONTE O autor A ideia central é que dentro das faculdades já discutidas o signo é composto pelas três categorias simultaneamente mas de forma didática pragmatista Peirce apresenta cada uma delas numa sequência Dentro disso a primeira categoria é a capacidade de ser signo ou seja a capacidade de funcionar como signo de ser representativa o representâmen É através dele que o signo tem sentido seja por semelhança por alguma relação ou por convenção O objeto é a coisa externa do signo o fenômeno que toca os sentidos enquanto o interpretante dá conta do processo interpretativo e não deve ser confundido com o ser humano Estas nomenclaturas são importantes para o entendimento da semiótica peirciana Uma dica legal é pegar uma folha A4 e montar este triângulo bem no centro dela e a partir desta parte ir completando com as novas nomenclaturas que surgirem ATENCAO 6 TRICOTOMIA DO SIGNO A noção tricotômica fica declarada na figura anterior onde para que o signo exista é preciso ter os três pontos representâmen objeto e interpretante porém Peirce 2005 organizou um raciocínio em sua teoria que em cada um destes pontos existem outros três pontos cada ponto é tricotômico ou seja que no representâmen existem três categorias internas a ele da mesma forma no objeto e no interpretante Parece confuso Mas vamos por partes TÓPICO 2 CONCEITOS INTRODUTÓRIOS SEMIOLOGIA E SEMIÓTICA 25 Se até agora foram apresentadas as faculdades primeiridade secundidade e terceiridade que pelas categorias seriam respectivamente representâmen objeto e interpretante E que na primeira estarão relacionadas às capacidades e às qualidades iniciais de já serem representativas ou seja de serem signo na segunda estarão relacionadas às condições de sentido como sugestões possíveis de representar de ser signo e na terceira a capacidade de afirmar de como convenção garantir a representação de ser signo Perceba que o conteúdo parece repetitivo E é isso mesmo por isso a dica anterior é boa pois a repetição vai construindo o entendimento IMPORTANTE 61 REPRESENTÂMEN A capacidade de ser signo é a primeiridade dele Ela terá as três faculdades também condicionadas aos fatores que dão capacidade de ser signo suas qualidades suas propriedades que lhe são singulares e suas características que o legitimam em caráter de lei Assim temos FIGURA 5 TRICOTOMIA DO REPRESENTÂMEN FONTE O autor 26 UNIDADE 1 SEMIÓTICA Qualissigno é a qualidade que já é signo Diz respeito aos elementos menos particulares como cores texturas formas entre outras Para assumir esta capacidade é preciso expor os sentidos aos fenômenos sem nenhum juízo somente sentir os fenômenos pelos fenômenos O qualissigno está nas qualidades Como descreve Santaella 2002 p 12 uma cor qualquer cor um azulclaro sem considerar onde essa cor está corporificada sem considerar se é uma cor existente e sem considerar seu contexto Tomemos apenas a cor nela mesma só cor pura cor Quantos artistas não fizeram obras para nos embriagar apenas com uma cor Por que e como uma simples cor pode funcionar como signo Ora uma simples cor como o azulclaro imediatamente produz uma cadeia associativa que nos faz lembrar céu roupa de bebê etc por isso mesmo esse tom de azul costuma ser chamado de azulceleste ou azul bebê A mera cor não é o céu não é roupa de bebê mas lembra sugere isso Esse poder de sugestão que a mera qualidade apresenta lhe dá a capacidade para funcionar como signo pois quando o azul lembra o céu essa qualidade da cor passa a funcionar como quasesigno de céu O mesmo tipo de situação também se cria com quaisquer outras qualidades como o cheiro o som os volumes as texturas etc Nos projetos de design de moda os qualissignos predominantes estão nas formas e elementos puros cores tons manchas brilhos contornos formas texturas movimentos ritmos contrastes entre outros sendo que a combinação destes não vem de conexão alguma extraída da experiência externa Podem ser entendidos como formas não objetivas por não representarem nenhum objeto identificável ficam no campo das abstrações a cor pela cor a textura pela textura a forma pela forma Exemplos práticos para qualissigno são encontrados nas experiências estéticas modernistas caso da obra Delicate Tension no 85 de Wassily Kandinsky FIGURA 6 REPRESENTAÇÃO EM TONS DE CINZA DA OBRA DELICATE TENSION Nº 85 DE WASSILY KANDINSKY FONTE httpsipinimgcomoriginals4223ec4223ec9ee31a88ee6b462a6279186996jpg Acesso em 14 abr 2020 TÓPICO 2 CONCEITOS INTRODUTÓRIOS SEMIOLOGIA E SEMIÓTICA 27 Em obras como essa as qualidades sensíveis se fazem presentes permitindo visões de formas nunca vistas em experiências externas Cores no caso da imagem gradações de cinzas formas linhas planos nos oferecem uma experiência totalmente nova nada de semelhante existe e por isso então tudo pode se assemelhar aqui está o frescor da primeiridade do representâmen da possibilidade de ser signo do qualissigno Acesse o link que está como fonte da figura acima ou pesquise na internet pelo nome da obra para poder ver a imagem colorida DICAS A partir do momento que os fenômenos sentidos fazem pensar ganham juízo de valor mesmo que bem inicial estamos na secundidade no sinssigno em que o aspecto de ser signo já o particulariza já o individualiza Para assumir esta capacidade é preciso assumir a observação do modo particular como o signo se forma observando características existenciais que no fenômeno observado é irreptível é único A noção de que se está na experiência de sinssigno quando abandonada a abstração do qualissigno é possível de um modo ou de outro de alguma maneira identificar representações reconhecíveis fora do objeto experenciado No campo da moda o desenho de moda terá elementos gráficos cores linhas texturas formas que combinadas nos permitem ver representado um corpo um tecido Nos desenhos do estilista Christian Lacroix é possível ter a secundidade do representâmen declarada à medida que as linhas se organizam para dar a sugestão de braços de rosto de volume de movimento Da mesma forma que a representação do vestido se dá pela singularidade das manchas cromáticas e das texturas do conjunto de linhas do desenho 28 UNIDADE 1 SEMIÓTICA FIGURA 7 REPRESENTAÇÃO EM TONS DE CINZA DE UM DESENHO DO ESTILISTA CHRISTIAN LACROIX ONTE httpsipinimgcom474xeb5589eb55892fd2817193da0de8ac5a00ec53jpg Aces so em 14 abr 2020 Havendo a capacidade de observar as particularidades do fenômeno pode ser possível a partir destas particularidades abstrair o geral deste particular colocandoo em uma classe geral potencializando o fenômeno à uma convenção uma regra uma norma Esta seria a terceiridade o legissigno O legissigno é uma convenção que representa algo em seu lugar é uma lei que é signo Não é algo singular mas alguma coisa que se tem acordado ser significante São predominantes nas formas que só podem ser entendidas com a ajuda de alguma convenção cultural Um exemplo interessante aqui está nas representações gráficas de moda é preciso entender as convenções para saber o que é um desenho estilizado ou croqui um desenho técnico uma ilustração de moda um desenho de figurino Cada uma dessas representações gráficas tem suas convenções que as legitimam dentro de determinado conceito OBJETO Dependendo do representâmen ou seja da propriedade do signo será diferente a maneira como o signo se faz representar pelo objeto São três tipos de propriedade qualidade singularidade existência e lei também são três os tipos de propriedades de relações que o signo poderá ter com o objeto a que se aplica Quanto ao objeto o signo pode ser denominado como ícone índice e símbolo TÓPICO 2 CONCEITOS INTRODUTÓRIOS SEMIOLOGIA E SEMIÓTICA 29 FIGURA 8 TRICOTOMIA DO OBJETO FONTE O autor Como ícone o signo aparece como semelhança ao que representa e tem autopoder de sugestão já pelas qualidades é possível afirmar o que representa Tem fortes condições de substituir a coisa que representa caso de um desenho de mulher para representar mulher O ícone mantém relação de analogia com aquilo que representa O desenho figurativo uma fotografia a imagem de uma casa são ícones por se assemelharem com os objetos reais FIGURA 9 REPRESENTAÇÃO DE CASA FONTE httpsdesenhospracolorircombrwpcontentuploadsCasas16jpeg Acesso em 14 abr 2020 30 UNIDADE 1 SEMIÓTICA Importante lembrar que a relação de semelhança não é somente visual ela pode ser tátil auditiva olfativa e gustativa Se não houver semelhança poderão existir duas condições do objeto ser signo uma delas é por relação ou seja pela capacidade que alguns elementos singulares algumas particularidades sugerirem o que representam Haverá alguma conexão que liga uma coisa com outra Caso da fumaça para fogo de um chão molhado para chuva ou seja quando as particularidades indiciam o que está possível de representação o índice Na ilustração anterior icônica de casa temos uma representação indiciática onde a imagem nos sugere que dentro da casa tenha um fogo aceso No desenho os elementos gráficos que saem da chaminé nos remetem ao ícone de fumaça mas indiciam fogo Não vemos o fogo mas se há fumaça há fogo E a outra é por convenção o símbolo em que de forma arbitrária o objeto representa a partir de uma associação de ideias ou seja existe uma lei uma convenção um pacto coletivo que determina que aquele signo represente seu objeto ou seja daquela maneira representado Um objeto representa alguma coisa como símbolo não porque é semelhante ícone nem porque tem alguma particularidade que permita relações índice mas sim porque algum sistema definiu por convenção tal representação símbolo Na figura anterior algumas convenções estão declaradas uma delas é que a imagem ilustra um dia ensolarado dadas as convenções da representação gráfica circular que remete ao sol pois tem cinco formas triangulares ao seu redor sugerindo por convenção raios solares Se formos pensar na ideia de símbolo peirciana ela é muito parecida com a ideia de signo linguístico de Saussure por mais que estes pensadores elaboraram suas teorias na mesma época eles nunca se encontraram nem se conheceram Peirce no Estados Unidos da América e Saussure na Europa formularam teorias que tratam de um mesmo tema mas se apresentam em alguns momentos até de forma contraditória Isto pode ficar melhor entendido a partir da leitura do artigo A Semiótica A base para a linguagem visual de Deivi Eduardo Oliari FONTE httpwwwintercomorgbrpapersnacionais2004resumosR21152pdf Acesso em 22 set 2020 DICAS TÓPICO 2 CONCEITOS INTRODUTÓRIOS SEMIOLOGIA E SEMIÓTICA 31 62 INTERPRETANTE Já vimos que o representâmen é a condição primeira do signo existir Que o objeto é aquilo que determinará o signo e é o que o representa sendo a segunda condição Agora vamos para a terceira que é o interpretante o efeito interpretativo que o signo produz em uma mente ou em um sistema capaz de interpretar este último comentário é necessário para seguirmos a sugestão de Peirce de não limitarmos o interpretante ao ser humano Se existe a capacidade de ver semelhança ícone relações índice e assumir convenções símbolo ou de pelas qualidades termos signo qualissigno ou através de singularidade de certas qualidades termos sinssigno ou ainda de sermos capazes de generalizar em convenções legissigno é por que existem efeitos sobre o interpretante que ocorrem em três momentos um primeiro rema um segundo discente e um terceiro argumento FIGURA 10 TRICOTOMIA DO INTERPRETANTE FONTE O autor Rema é efeito primeiro que um signo provoca no intérprete Tratase de uma simples qualidade de sentido que permite um valor emocional Uma determinada situação em uma circunstância que faz um fenômeno ser percebido é condição do rema porém quando este fenômeno solicita do interpretante alguma ação física ou mental ou seja exige um dispêndio de energia está na condição de discente mas quando o signo é interpretado por meio de regras e convenções internalizadas pelo intérprete temse a condição do argumento 32 UNIDADE 1 SEMIÓTICA No discente há um esforço uma vontade de buscar relações Se voltarmos à figura anterior da casa vamos perceber que a capacidade remática está na condição de que o desenho provoca no observador ao passar o olho pela página o desenho chama sua atenção indiferente da emoção causada houve a primeiridade rema quando assumimos que o desenho ilustra um dia é porque a terceiridade está declarada como um argumento é possível afirmar sem dúvida que é dia Todavia a secundidade sempre sugere ela pode ser discutida O índice de fogo formas que representam a fumaça não nos afirma fogo nos sugere e então como detetives percorremos a imagem em suas possibilidades questionandoa provocando idas e vindas para tomar conclusões que nem sempre serão seguras Este é o discente Você sabe que professores são chamados de docentes nas universidades E que alunos são chamados de discentes Olha que interessante Se alunos formam o corpo discente eles devem ser os questionadores os que não se conformam e que se permitem mudar de opiniões desde que exista lógica e coerência para isso INTERESSANTE O processo em que signo tem um efeito cognitivo sobre o intérprete que o estimula a pensar a semiose para Peirce desenvolvese em três etapas a primeiridade a secundidade e a terceiridade ocorrem sucessivamente e são interligadas de maneira que na primeiridade ocorrem o qualissigno o ícone e o rema Compreendendo o campo do possível do sensível do qualitativo emocional se trata da apresentação de algo para os sentidos imediata e integralmente por onde se captam as qualidades deste algo como um sentimento instantâneo fugaz precedido de qualquer elaboração posterior Passada a primeira etapa que é pura impressão vem a sensação o confronto a consciência de algo concreto vem a secundidade em que ocorrem o sinssigno o índice e o discente Compreendendo o domínio da experiência da realidade da ação energético O momento em que o sujeito da semiose por meio de níveis progressivos de consciência passa de um pensamento de impressão pura e instantânea de algo primeiridade alcança um pensamento de constatação resultante de uma sensação desse algo como presença concreta secundidade e então chega na percepção da realidade exterior ele está na terceiridade em que ocorrem legissigno o símbolo e o argumento Compreendendo tudo que dependa da consciência da inteligência racionalidade TÓPICO 2 CONCEITOS INTRODUTÓRIOS SEMIOLOGIA E SEMIÓTICA 33 A semiótica peirciana pode ser organizada pelo esquema a seguir as relações sígnicas QUADRO 1 CATEGORIAS DO SIGNO FONTE O autor com base em Peirce 2005 Categorias do signo Representâmen Objeto Interpretante Primeiridade Qualissigno ícone rema Secundidade Sinssigno índice discente Terceiridade Legissigno símbolo argumento As três categorias em conjunto permitem uma divisão do signo em dez classes de signos que são para Peirce 2005 possíveis relações categóricas por onde passam as possibilidades interpretativas A primeira classe de signo é qualissigno icônico remático QUADRO 2 QUALISSIGNO ICÔNICO REMÁTICO FONTE O autor com base em Peirce 2005 Categorias do signo Representâmen Objeto Interpretante Primeiridade qualissigno ícone rema Secundidade Sinssigno índice discente Terceiridade Legissigno símbolo argumento É quando uma qualidade já é signo caso do tom de cinza Pura sensibilidade entramos em contato com o fenômeno cromático cinza FIGURA 11 TOM DE CINZA FONTE O autor 34 UNIDADE 1 SEMIÓTICA A segunda classe de signo é sinssigno icônico remático QUADRO 3 SINSSIGNO ICÔNICO REMÁTICO FONTE O autor com base em Peirce 2005 Categorias do signo Representâmen Objeto Interpretante Primeiridade qualissigno Ícone rema Secundidade sinssigno Índice discente Terceiridade legissigno símbolo argumento Tratase de um objeto particular e real que pelas suas qualidades enuncia a ideia de outro objeto Os diagramas desenhos técnicos dão conta de ser signos nesta classe FIGURA 12 REPRESENTAÇÃO GRÁFICA DE UMA CAMISA FONTE httpsbrpinterestcompin527343437596135203 Acesso em 23 set 2020 A terceira classe de signo é sinssigno indicial e remático QUADRO 4 SINSSIGNO INDICIAL REMÁTICO FONTE O autor com base em Peirce 2005 Categorias do signo Representâmen Objeto Interpretante Primeiridade qualissigno Ícone rema Secundidade sinssigno índice discente Terceiridade legissigno símbolo argumento TÓPICO 2 CONCEITOS INTRODUTÓRIOS SEMIOLOGIA E SEMIÓTICA 35 Dá conta de dirigir a atenção a um fenômeno determinado pela sua própria presença Um grito de dor é um exemplo A quarta classe de signo é sinssigno indicial discente QUADRO 5 SINSSIGNO INDICIAL DISCENTE FONTE O autor com base em Peirce 2005 Categorias do signo Representâmen Objeto Interpretante Primeiridade qualissigno Ícone rema Secundidade sinssigno Índice discente Terceiridade legissigno símbolo argumento Signo ainda afetado diretamente pelo seu objeto mas consegue dar informações sobre este objeto finalidade Um catavento é exemplo para este signo FIGURA 13 FOTOGRAFIA DE UM CATAVENTO FONTE httpsurbanartsvteximgcombrarquivosids4744325236025IMA043046 jpgv637194245047930000 Acesso em 14 abr 2020 A quinta classe de signo é legissigno icônico remático QUADRO 6 LEGISSIGNO ICÔNICO REMÁTICO FONTE O autor com base em Peirce 2005 Categorias do signo Representâmen Objeto Interpretante Primeiridade qualissigno Ícone rema Secundidade sinssigno Índice discente Terceiridade legissigno símbolo argumento 36 UNIDADE 1 SEMIÓTICA É um ícone interpretado com regra como lei Pode ser o mesmo diagrama da segunda classe mas sua capacidade de se definir em leis é importante Ele se representa pelas regras Veja um diagrama eletrônico como fica difícil se não conhecemos as regras que o estabelecem FIGURA 14 REPRESENTAÇÃO GRÁFICA DE UM DISPOSITIVO ELÉTRICO FONTE httpseletricidadesemsegredosblogfileswordpresscom201805a2png Acesso em 14 abr 2020 A sexta classe de signo é legissigno indicial remático QUADRO 7 LEGISSIGNO INDICIAL REMÁTICO FONTE Adaptado de Peirce 2005 Categorias do signo Representâmen Objeto Interpretante Primeiridade qualissigno Ícone rema Secundidade sinssigno índice discente Terceiridade legissigno símbolo argumento É um signo que está delimitado por uma lei geral que de tal modo atrai a atenção para este objeto Um exemplo são as sirenes de ambulância e de bombeiro cada uma tem uma frequência que diz exatamente de qual é A sétima classe de signo é legissigno indicial discente QUADRO 8 LEGISSIGNO INDICIAL DISCENTE FONTE O autor com base em Peirce 2005 Categorias do signo Representâmen Objeto Interpretante Primeiridade qualissigno ícone rema Secundidade sinssigno índice discente Terceiridade legissigno símbolo argumento TÓPICO 2 CONCEITOS INTRODUTÓRIOS SEMIOLOGIA E SEMIÓTICA 37 Signo que está delimitado por uma lei geral afetada por um objeto real que consegue fornecer informações definidas sobre esse objeto Uma placa de trânsito é um exemplo FIGURA 15 REPRESENTAÇÃO EM TOM DE CINZA DE UMA SINALIZAÇÃO DE TRÂNSITO FONTE httpswwwnovaflexisencaocombrwpcontentuploads201808 127092013122011236444265412651f56we1f56ef1236r65jpg Acesso em 14 abr 2020 A oitava classe de signo é legissigno simbólico remático QUADRO 9 LEGISSIGNO SIMBÓLICO REMÁTICO FONTE Adaptado de Peirce 2005 Categorias do signo Representâmen Objeto Interpretante Primeiridade qualissigno ícone rema Secundidade sinssigno índice discente Terceiridade legissigno símbolo argumento É um signo convencional que não tem nenhum caráter propositivo Exemplos são os substantivos comuns A bandeira branca significando paz FIGURA 16 IMAGEM DE BANDEIRA BRANCA FONTE httpspostoavendacomwpcontentuploads201405postodegasolinaavenda bandeirabrancajpg Acesso em 14 abr 2020 38 UNIDADE 1 SEMIÓTICA A nona classe de signo é legissigno simbólico discente QUADRO 10 LEGISSIGNO SIMBÓLICO DISCENTE FONTE Adaptado de Peirce 2005 Categorias do signo Representâmen Objeto Interpretante Primeiridade qualissigno ícone rema Secundidade sinssigno índice discente Terceiridade legissigno símbolo argumento Combina símbolos remáticos da oitava classe em proposições Qualquer proposição completa é exemplo de signo nesta classe se na oitava classe os substantivos comuns foram exemplo aqui uma proposição com base nele será Nenhum cisne é negro E no que compete à ideia de cor branca para paz um ambiente todo branco pode sugerir tranquilidade A décima classe de signo é legissigno simbólico argumental QUADRO 11 LEGISSIGNO SIMBÓLICO ARGUMENTAL Categorias do signo Representâmen Objeto Interpretante Primeiridade qualissigno Ícone rema Secundidade sinssigno Índice discente Terceiridade legissigno símbolo argumento FONTE Adaptado de Peirce 2005 A décima classe do signo é a mais racional de todas Se formos pensar em um exemplo uma proposição que opera no campo dos silogismos caberia Exemplo de silogismo todos os homens são mortais os gregos são homens logo os gregos são mortais Se formos para o campo do design é possível assumir como exemplo a cor branca para determinados uniformes não apenas por remeter e convenção a uma classe profissional caso de médicos cozinheiros mas porque nas diretrizes e normas de saúde a cor branca permite identificar sujeira e problemas de contaminação assim a cor branca em uniformes profissional está atrelada a décima classe do signo sendo seu uso explicado de forma racional se o cliente for destas classes profissionais e solicitar outras cores para suas roupas profissionais o direcionamento que cabe é trabalhar com tons claros tendo em vista que ao sujar funcionarão de forma semelhante ao branco TÓPICO 2 CONCEITOS INTRODUTÓRIOS SEMIOLOGIA E SEMIÓTICA 39 Como vimos é possível dividir os signos em 10 classes que nada mais são que desdobramentos lógicos de combinações possíveis dentro das tríades porém Peirce 2005 nos faz considerar ser um terrível problema afirmar a qual classe pertence um signo pois ele pode assumir características diversas junto a várias circunstâncias É importante saber das 10 classes contudo antes disto o que deve operar a lógica E foi o método lógico de classificar os signos que deu relevância para a grande contribuição de Peirce Como afirmamos no início deste tópico a capacidade de representar algo é a primeira base para o entendimento de um signo E neste momento deve ser possível entender que existem duas correntes que estudam esta capacidade uma mais restritiva focada na palavra a semiologia na noção dicotômica de Ferdinand de Saussure em que signo é a relação entre significante e significado E outra nada restritiva a semiótica na noção tricotômica de Charles Sanders Peirce em que signo tem sua relação categorizada em três tricotomias representâmen qualissigno sinssigno e legissigno objeto ícone índice e símbolo e interpretante rema discente e argumento Claro que a abordagem e o entendimento destas duas correntes são densas e solicitam um aprofundamento maior para os mais interessados 40 RESUMO DO TÓPICO 2 Neste tópico você aprendeu que Durante o século XIX surgiram duas correntes uma europeia a semiologia e outra norteamericana a semiótica e que estas duas correntes têm seus principais teóricos Saussure para a semiologia e Peirce para a semiótica A visão saussuriana é do signo linguístico assumindo principalmente a palavra falada como principal objeto de abordagem Para Saussure na semiologia o signo é formado pelo significado e pelo significante Na semiologia o signo é dicotômico formado pelo significante e significado O significado é o conceito da coisa e o significante é como essa coisa se manifesta A visão peirciana é do signo em geral assumindo todo e qualquer coisa que representa algo em seu lugar inclusive a palavra Para Peirce na semiótica o signo é formado por três categorias a primeiridade a secundidade e a terceiridade Essa categorização é chamada de tricotômica do signo que se apresenta pelo representâmen pelo objeto e pelo interpretante A tricotomia se repete para cada um deles ficando para o representâmen a primeiridade o qualissigno a secundidade o sinssigno e a terceiridade o legissigno A tricotomia se repete para cada um deles ficando para o objeto a primeiridade o ícone a secundidade o índice e a terceiridade o símbolo A tricotomia se repete para cada um deles ficando para o interpretante a primeiridade o rema a secundidade o discente e a terceiridade o argumento O signo é toda e qualquer coisa que representa algo em seu lugar 41 1 A relação lógica do fenômeno e significado surge inicialmente na medicina Ao final do século XVII Henry Stubbes aponta um ramo da ciência médica dedicado ao estudo da interpretação dos sinais sintomas Tal ramo científico ampliase e tem como objeto qualquer sistema sígnico Por volta do século XVIII o nome começa a aparecer com os seus respectivos estudiosos Com base nessa introdução assinale a alternativa CORRETA a Somente a semiologia que tem nos estudos do norteamericano Charles Peirce seu principal expoente b Semiologia com Peirce e Semiótica com Saussure c Semiologia com Saussure e Semiótica com Peirce d Somente a semiótica que tem nos estudos de Saussure sua base central e Nenhuma das alternativas pois a afirmação introdutória está equivocada afinal semiótica não tem relação alguma com a medicina 2 Quando iniciamos um entendimento semiótico percebemos que a abordagem científica surge num mesmo período mas em lugares diferentes Semiótica e semiologia se diferem por isso a primeira com berço nos Estados Unidos da América e a segunda na França contexto europeu Além desta outras diferenças marcam esse entendimento Qual das alternativas não apresenta uma diferença entre estas duas correntes a A semiologia entende que o signo é resultado de uma dicotomia enquanto que a semiótica entende que o signo é tricotômico b O verbo a palavra é signo tanto para a semiologia quanto para a semiótica c Enquanto a semiótica dá conta de todo e qualquer fenômeno como signo a semiologia se limita ao verbo a palavra d A abordagem semiótica em Peirce é mais generalista do que a abordagem saussuriana na semiologia 3 A semiologia e a semiótica têm como base o entendimento que signo é alguma coisa que representa algo em seu lugar A partir da introdução avalie as asserções a seguir e a relação proposta entre elas I Uma palavra será signo considerando que seus falantes estejam em um mesmo contexto linguístico PORQUE II Se formos pensar na palavra mãe ela é significante para os falantes da língua portuguesa tendo significando similiar à palavra mother para os falantes da língua inglesa AUTOATIVIDADE 42 A respeito dessas asserções assinale a opção CORRETA a As asserções I e II são proposições verdadeiras e a II é uma justificativa correta da I b As asserções I e II são proposições verdadeiras mas a II não é uma justificativa correta da I c A asserção I é uma proposição verdadeira e a II é uma proposição falsa d A asserção I é uma proposição falsa e a II é uma proposição verdadeira e As asserções I e II são proposições falsas 4 A tricotômica da semiótica de Peirce entende que existem momentos diferentes de semiose de processar o significado das coisas Apresenta quais são estas categorias e como são chamadas 5 Descobrir o conceito determinar as formas como ele será manipulado combinar todas as exigências possíveis para que o projeto dê conta de reprentálo demanda do profissional de projeto a capacidade de produzir objetos que sejam capazem de significar Um muitos casos se utlizam das convenções do mercado tendências de cores de materiais por exemplo Ao usar das convenção em relação ao objeto qual categoria signícia da tricotomia da semiótica de Peirce o projetista está tomando como base 43 TÓPICO 3 UNIDADE 1 A SEMIOLOGIA E A SEMIÓTICA 1 INTRODUÇÃO Iniciamos o terceiro tópico desta unidade Nela você conhecerá os conceitos de semiologia e semiótica como fundamento para o entendimento de semiótica contribuindo para a reflexão acerca da capacidade humana de interpretar e produzir signos potencializando a capacidade analítica e crítica de leitura de objetos sígnicos com base na semiologia Plano de Expressão e Plano de Conteúdo e na semiótica ícone índice e símbolo O entendimento inicial para este tópico é perceber que o foco linguístico da semiologia de Saussure que se limitava à palavra principalmente falada vai ganhar amplitude com outros teóricos que passaram a chamála também de semiótica Oportunizando mesmo de forma dicotômica seja possível abordar o signo de forma genérica O recorte deste tópico tem o objetivo de focar dentro de cada uma das correntes estudadas até aqui o entendimento das abordagens semióticas possíveis possibilitando que se tenha duas maneiras de abordar o signo 2 A SEMIOLOGIA E O PLANO DE EXPRESSÃO E PLANO DE CONTEÚDO Ao conceber o signo dicotomicamente com base no significante e no significado Ferdinand de Saussure ofereceu condições teóricas para que se pudesse pensar não apenas na linguagem verbal mas também na relação entre som e sentido Neste contexto aparecem dois grandes nomes da semiótica Louis Trolle Hjelmslev um dos grandes teóricos do Círculo Linguístico de Copenhague não somente deu continuidade às visões linguísticas de Saussure como as sistematizou para as demais linguagens humanas expandido o objeto saussuriano Seu pensamento foi uma das fontes definidoras da Semiótica de Algirdas Julien Greimas fundador da Escola de Semiótica de Paris nos anos de 1960 cuja obra teórica foi solidamente construída abarcando teoria prática e epistemologia De fato para este a semiótica está na capacidade de exercitar a descrição e análise Na visão greimasiana na esteira do pensamento de Hjelmslev toda análise de qualquer fenômeno significante precisa considerar uma estrutura fundamental profunda ao dar conta dela temse garantida a significação 44 UNIDADE 1 SEMIÓTICA Tanto a semiótica quanto a semiologia têm um corpo teórico consistente e vasto Nossa disciplina objetiva o entendimento destas áreas recortando a abordagem nas posturas não se aprofundando em cada teórico Contudo se você tem interesse em conhecer cada um deles vale acessar o google scholar httpsscholargooglecombr e colocar o nome dos teóricos que aparecem ATENCAO O ponto de partida deste subtópico é o modelo semiótico desenvolvido por A J Greimas e colaboradores em linha com as propostas de Louis Hjelmslev o dinamarquês mais saussuriano dos linguistas que apresentou uma linha de pensamento em que as noções de significante e significado sofreram ajustes consideráveis passando a ser chamadas de plano de expressão significante e plano de conteúdo significado substituindo a ideia de signo entre as duas e atribuindo a esta relação a ideia de semiose como processo de produção de sentido FIGURA 17 PLANO DE EXPRESSÃO E PLANO DE CONTEÚDO FONTE O autor O plano de expressão pode ser definido como instância de exteriorização do conteúdo onde ficam manifestadas as qualidades concretas dos elementos e estímulos que tocam os órgãos sensoriais Quanto mais complexo o objeto mais se deve investigálo para dar conta de assumir seu significado Um bom exemplo são os desfiles de moda várias expressões looks perfil das modelos músicas iluminação alocação espaço layout da passarela entre outros elementos devem dar conta em conjunto do conteúdo conceito da coleção apresentada TÓPICO 3 A SEMIOLOGIA E A SEMIÓTICA 45 Um designer de moda tem que ter bem claro o conteúdo conceito da coleção que está desenvolvendo para então expressar em seus desenhos linhas cores texturas cartela de materiais entre outros elementos que vão ser sentidos pelo seu públicoalvo promovendo o ato de compra Amplie isso para o vitrinismo para um editorial para um desfile e vemos a complexidade aumentando INTERESSANTE Outro ponto interessante aqui que tem como base a lógica de Hjelmslev é o entendimento de que o plano de expressão pode ter variações dando conta das diversidades de estilos ou seja um conteúdo pode ser expresso de várias formas No design dois projetistas podem expressar o mesmo conteúdo de formas diferentes cada um dando conta de expressálo conforme seu estilo de desenho e de trabalho Todavia é claro que alguns elementos de expressão se pensados dentro de uma mesma cultura vão ser similares Na Unidade 2 estudaremos os elementos visuais e então perceberemos que um elemento visual tem potencial para expressar um determinado conteúdo Cabe como exemplo aqui a ideia das formas curvascirculares que se mostram mais orgânicas que as lineares então se dois designers expressam fluidez em seus desenhos é bem provável que as formas curvascirculares aparecerão nas duas expressões ESTUDOS FUTUROS Os conteúdos estão impregnados de sentidos já articulados por formas acrescidas de hábitos e condições sociais que influenciam diretamente na maneira como devem ser expressos Interessante perceber que o plano de expressão indica os elementos que participam da homologação com o plano de conteúdo e que na composição do primeiro vamos ter elementos principais secundários e outros que complementam o todo Em resumo nós podemos destacar que um objeto sígnico aqui tratado terá elementos de enunciação do plano de conteúdo elementos de expressão do plano de expressão e os efeitos de sentido da semiose da capacidade de significar de ter significado 46 UNIDADE 1 SEMIÓTICA Para Hjelmslev 1975 p 49 um signo que funciona que designa e que significa é acima de tudo um signo portador de uma significação Ele não pode ser definido como alguma coisa de natureza vazia ou seja a condição do signo é ser signo é significar Havendo aqui a necessidade da contextualização pois descontextualizado fica desprovido de significado E dentro disso sua máxima relação sígnica se dá pelas relações que mantêm com outros signos dentro de um determinado contexto Esta ideia fica mais clara quando pegamos um determinado signo e o analisamos fora e dentro de um determinado contexto No pensamento de Hjelmslev mais voltado à linguística vamos tomar a palavra botão vêse que isolada nem sempre é possível relacionar a um sentido havendo aqui um esvaziamento de sentido lembrese de que ausência de sentido não é somente não ter sentido algum mas permitir muitos sentidos o que nos leva a não assumir sentido algum A palavra botão na língua portuguesa tem vários significados mas quando aplicada em um determinado contexto direcionada desta forma ela tem sentido Chame o elevador apertando o botão Feche sua calça apertando o botão são sentenças que colocam a palavra botão em contexto diferentes dando a mesma palavra sentidos diferentes isoladamente signo algum tem significação Toda significação de signo nasce de um contexto HJELMSLEV 1975 p 50 Portanto entendemos isso como um contexto de situação ou um contexto explícito Vale ressaltar que cores materiais podem ser considerados elementos significativos como expressões de signos quando desempenham funções de sentido caso contrário são elementos vazios de significação Entretanto quando compõem um objeto dão conta de ser signos e ao significarem permitem que o objeto na sua totalidade tenha o significado do conteúdo pretendido Pensando com foco no desenvolvimento de produtos é permitir ver que plano de conteúdo e plano de expressão funcionam dicotomicamente Cada uma dessas partes parece ter outras internamente como afirma Hjelmslev 1975 e mostra o quadro a seguir QUADRO 12 PLANO DE CONTEÚDO E PLANO DE EXPRESSÀO FONTE O autor SIGNO Plano de Conteúdo Forma do conteúdo É a estrutura do conteúdo como narrativa como língua na falaescrita Substância do conteúdo É o pensamento a ideia a significação Plano de Expressão Forma da expressão São os elementos da forma traços cores texturas materiais na linguagem verbal são as palavras os fonemas Substância da expressão São as composições na linguagem verbal os sons articulados pela fala os textos escritos TÓPICO 3 A SEMIOLOGIA E A SEMIÓTICA 47 Num contexto íntimo à comunicação e a todo período considerado de contracultura que marcou a segunda metade do século XX a semiótica de que aqui estamos tratando tem outro pensador Rolland Barthes que redefiniu a semiologia Rolland Barthes reinterpretando Hjelmslev esclarece que qualquer sistema de significação e aí podemos entender o design comporta um plano de expressão e um plano de conteúdo e sua significação consiste na relação entre estes dois planos Para este autor o vestuário constituía um excelente objeto poético Primeiramente porque ele mobiliza com muita variedade todas as qualidades da matéria substância forma cor tactilidade movimento apresentação luminosidade e depois porque em contato com o corpo e funcionando ao mesmo tempo como seu substituto e sua cobertura é ele certamente objeto de um investimento muito importante BARTHES 1979 p 42 Rollando Barthes em Paris nos anos de 1960 na École Pratique des Hautes Études en Sciences Sociales se notabilizou como um dos principais representantes do estruturalismo entre algumas obras o livro Sistema da Moda editora Martins Fontes é pertinente para a formação em design de moda e em áreas relacionadas à comunicação INTERESSANTE Neste momento de nossa disciplina a ideia é mostrar que é possível trabalhar com uma postura semiótica a partir da noção dicotômica de Saussure Ampliando para as noções de plano de conteúdo e plano de expressão tratadas até aqui 3 A SEMIÓTICA E A TRICOTOMIA DO SIGNO ÍCONE ÍNDICE E SÍMBOLO Da mesma forma que nos permitimos retornar à semiologia e mostrar de forma mais aplicável dentro da semiótica tricotômica de Peirce é possível fazer um recorte para que ela fique menos complexa Vimos que a semiótica peirciana entende o signo como resultado de relações triádicas em suma composto pelo representâmen pelo objeto e pelo interpretante em categorias de primeiridade secundidade e terceiridade A noção de que todo este sistema opera quando estamos abordando o signo é importante 48 UNIDADE 1 SEMIÓTICA QUADRO 13 CATEGORIAS TRICOTÔMICA DE PEIRCE FONTE O autor Categorias do signo Representâmen Objeto Interpretante Primeiridade qualissigno ícone rema Secundidade sinssigno índice discente Terceiridade legissigno símbolo argumento O desenvolvimento de projeto em design tem sua natureza diretamente ligada ao pensamento criativo Um fenômeno interno mental que sugere percepção inconsciente consciente e conhecimento envolvendo aspectos psíquicos afetivos e o sistema sensóriomotor ou seja quando nos damos conta que no desenvolvimento de projeto estamos nos ocupando de um processo criativo todo nosso sistema sensorial psíquico parece estar operando e nos vemos assumindo uma postura singular que não separa corpo e mente E tudo isso parece acontecer se nos darmos conta O ato de projetar que é ato de criação é ato de linguagem gerada pelo corpo e também é ato de incluir as percepções ambientais podendo então resultar em processos que ocorrem internamente eou no entorno do contexto do projeto Em linha com a semiótica peirciana há neste processo a percepção do sujeito do que ele vêsente do contexto e do que ele já viu recordando o que já indicia e até daquilo que ele consegue extrair do contexto informações de forma consciente É possível perceber as três categorias no processo de primeiridade o signo desperta na consciência do projetista uma qualidade imediata não há reconhecimento nem análise dela apenas é sentida uma sensação Então os elementos que a compõe e suas propriedades como cores formas texturas etc se apresentam em qualidades do fenômeno havendo neles então a constatação de algo existente em secundidade fazendo o signo se apresentar de forma consciente provocando recordações de experiências já vividas E então ocorre o julgamento a síntese a certeza sendo esta a terceiridade Essas categorias mostram que no processo criativo que é o de projetar são perpassadas as experiências como qualidade de relações e de representação as três categorias de Peirce Por vezes a definição de uma cartela de cores de uma coleção não vem apenas da certeza de algo que está em terceiridade assumida como verdade e síntese nas tendências de um determinado bureau Ela pode aparecer de uma experiência de primeiridade quando o projetista se permitiu vivenciar situações do públicoalvo da marca e então movido mais pelo sentimento do que pela razão definiu uma cor uma tonalidade uma composição Este exemplo mostra quanto o projeto o ato criativo é singular O projetista está imerso num processo dinâmico onde a cada momento precisa tomar decisões e fazer escolhas TÓPICO 3 A SEMIOLOGIA E A SEMIÓTICA 49 Ao considerarmos o processo criativo como dinâmico e então caracterizado por uma constante articulação é possível que se tenha uma infinidade de ideias de associações Basta que se tenha lógica e que esta consiga ser explicada Uma ideia leva a outra nenhum signo é completo estático todo signo se completa em outro e assim por diante ATENCAO Todo projeto contém signos ordenados por regras cuja finalidade é permitir sua comunicação seu entendimento O contexto sentido por um profissional pode ser por ele incorporado e transformado e resultar em novas formas de representação O projeto pode ser entendido como processo de modulação que traduz formas similares iguais icônicas que têm relação e remetem aos fenômenos indiciáticas e que se sustentam em regras em normas simbólicas Uma maneira de ilustrar isso é definirmos o tema automóveis À medida que nos damos tempo para pensar nele vemos quão importante é termos o carro como referência ou seja o desenho de um carro se mostra icônico em suas qualidades dá conta de representar automóveis FIGURA 18 REPRESENTAÇÃO DE UM AUTOMÓVEL FONTE httpsamordepapeiscombrwpcontentuploads201911carrosparacolorir47jpg Acesso em 16 abr 2020 Para darmos conta de representar carro e ficarmos no tema automóveis ícone fazem de forma rápida olhando a figura acima dado o contexto cultural que vivemos não precisa esforço para vermos a representação de automóvel porém algumas representações gráficas podem indiciar automóveis como exemplo a marca de pneus que passaram sobre uma superfície 50 UNIDADE 1 SEMIÓTICA FIGURA 19 REPRESENTAÇÃO DE MARCAS DE PNEU DE UM AUTOMÓVEL FONTE httpsptdreamstimecomtrilhadesujeiradoprotetordarodacarrosilhuetapneu pretailustraovetorisoladanofundobrancoimage144799156 Acesso em 29 set 2020 Ao olharmos para as duas imagens acima elas dão conta de representar automóveis a partir da noção de experiência do automóvel no mundo ou seja o desenho do carro é ícone de carro pois é similar em suas qualidades representa o automóvel Enquanto a representação de marca de pneus numa superfície representa automóveis a partir da sugestão Ela sugere automóvel mas não o declara Para termos esta noção precisamos buscar detalhes a partir de comparações de experiências já vividas Sabese que é uma marca de pneu que dada sua largura e elementos não é de bicicleta nem de motocicleta e conseguimos ver referência ao carro sem ele estar ali representado diretamente Assumimos o automóvel na figura da mesma forma que assumimos fogo ao vermos fumaça chuva para chão molhado ou seja o desenho da marca de pneu indicia automóvel reforçando a presença do índice secundidade Quando vamos para a categoria da terceiridade na representação de automóveis vamos perceber que as relações se dão com base em regras em normas ou seja em expressões que foi preciso aprender E que de forma arbitrária dá conta de representar automóvel FIGURA 20 REPRESENTAÇÃO EM TOM DE CINZA DA MARCA DA VOLKSWAGEN FONTE httpslogodownloadorgwpcontentuploads201402volkswagenvwlogo0 2048x2048png Acesso em 16 abr 2020 TÓPICO 3 A SEMIOLOGIA E A SEMIÓTICA 51 A marca da Volkswagen dá conta de representar automóveis porém para isso acontecer é preciso conhecer a marca esta representação não se faz apenas pelos traços circulares e triangulares ou da mesma forma no fato da composição remeter às letras V e W talvez isso até contribua para o conceito da marca mas é no conhecimento da marca que se faz capaz de representar automóveis e faz isso como Símbolo em terceiridade 52 UNIDADE 1 SEMIÓTICA LEITURA COMPLEMENTAR SEMIÓTICA APLICADA AO DESIGN DE MODA UMA LEITURA DE ARTIGOS CIENTÍFICOS Joana Brolhani Thyenne Vilela Introdução A teoria Semiótica apresentada como Teoria Geral dos Signos conduz o acadêmico de moda a compreender o processo de comunicação e identificar os fatores que influenciam a significação de uma mensagem Instrumentaliza e desenvolve intersemioses entre as diferentes linguagens que constituem os ambientes humanos além de exercitar a produção de linguagens como resultado dos processos de organização dos signos por habilidades teóricas e práticas A fim de reconhecer os usos da semiótica no design de moda verificando possíveis aplicações e resultados analíticos foi identificada a oportunidade trabalhar com amostras de artigos científicos publicados em eventos de design A escolha dos artigos se deu devido ao caráter exploratório que em hipótese além de apresentar o referencial teórico potencializam apresentar também a teoria aplicada em análises de projetos em design de moda É necessário esclarecer que o resultado final da avaliação crítica dos artigos não acompanhados dos artigos originais reduziria a representação significativa da crítica para junto ao leitor Por isso definiuse direcionar o conteúdo desse artigo para os procedimentos que conduziram a leitura do pesquisador de graduação que investiga a semiótica aplicada ao design de moda sendo possível replicar esse percurso para os demais pesquisadores interessados Identificação de artigos científicos com referencial da teoria Semiótica Com base na metodologia de Lakatos e Marconi 1991 foi possível o desenvolvimento da pesquisa de seleção e organização dos 11 artigos científicos na área de Design de Moda que usassem como referência principal a 1 Graduanda do curso de Design de Moda da Universidade Positivo Pesquisadora no Programa de Iniciação Científica PIC desta universidade 2 Mestre em Comunicação e Linguagens pela Universidade Tuiuti do Paraná Docente nos cursos de Design da Universidade Positivo desde 2004 Orientadora do TCC Trabalho de Conclusão de Curso Design de Moda 2 Semiótica Foi realizado o fichamento bibliográfico indicando 1 Título do artigo 2 Autores e vínculo acadêmico 3 Resumo do artigo 4 Evento e ano de publicação 5 Link da referência online Em seguida foi desenvolvida e preenchida uma ficha para identificar em cada um dos artigos TÓPICO 3 A SEMIOLOGIA E A SEMIÓTICA 53 selecionados 1 Quais autores da semiótica o artigo apresentava 2 Qual foi a referência utilizada 3 Uma cópia de uma citação relevante do autor 4 O modo como a teoria foi abordada no artigo a Teórico com aplicação argumentativa b Teórico com aplicação analítica Cabe aqui apresentar os títulos dos artigos selecionados e respectivas instituições Design de Moda o corpo a roupa e o espaço que os habita UESP A interrelação entre moda corpolatria e mídia UEM Comunicação moda e semiótica pressupostos para o estudo da história do jeans em campanhas publicitárias UEM UFPR A semiótica e a Moda UNICAMP Por uma tipologia de estilos Fronteiras da construção da aparência do corpo UFPE Apresentação e discussão do Modelo exploratório de intervenção de design Meid SORBONNE UFPE Pioneiras da Moda de Autor em Portugal UNL A linguagem visual do vestuário da revista Manequim na década de 1960 UFC UFPE O vestir como dispositivo simbólico da arte UFPE A mensagem pela imagem análise semiótica das fotografias publicitárias da coleção verão 2007 da WJ acessórios UNIASSELVISC Publicidade de perfume uma análise plástica do sensível PUCSP Dos autores mais presentes nos artigos selecionados é possível reconhecer uma divisão entre referências à semiótica francesa Greimas Barthes Baudrillard Floch Castilho Martins etc e referências à semiótica americana Peirce Santaella Pignatari Brosso Valente etc Por meio de questionário aplicado online a pesquisadores e professores de semiótica em cursos de design de diferentes localidades identificouse que 70 adotam determinada linha de pesquisa devido à herança acadêmica e os demais porque estudaram as diferentes linhas e optaram por trabalhar com uma determinada Sendo assim definiuse não adentrar a discussão quanto à linha de pesquisa e sim em como os conceitos teóricos estavam sendo abordados nos artigos De 11 artigos 5 apresentaram a teoria aplicada à análise de projetos de moda abordagem teóricoprática os demais artigos concentraram nas abordagens especificamente teóricas Reconhecimento de abordagens teóricopráticas Para explorar quais as condutas e critérios adotados para a aplicação da teoria no design de moda foram selecionados 3 artigos que indicavam algum tipo de análise A fim de identificar possíveis sistemas analíticos foi verificado em cada artigo o uso de 1 Tabela 2 Texto analítico discursivo 3 Uso de imagem do objeto 4 Uso de imagem auxiliar ao projeto e ou editada 5 Outros O resultado apresenta que todos os artigos realizaram análise mediada 3 por texto analítico discursivo e uso de imagem do objeto Isso indica que diante dos artigos selecionados nessa pesquisa as análises semióticas adotam o método descritivo quantitativo de apropriação da teoria na prática 54 UNIDADE 1 SEMIÓTICA Avaliação da teoria como base analíticaprática Em seguida foi realizada uma leitura exploratória quanto à qualidade da análise no artigo Foi desenvolvido e aplicado um formulárioguia e para cada item indicar os autores as citações pertinentes e uma breve discussão argumentativa a partir das informações disponíveis no artigo O formulárioguia apresentava as seguintes questões 1 O objeto e o contexto do objeto analítico foram anunciados explicados 2 Os conceitos teóricos foram explicados considerando público leigo com os respectivos autores indicados 3 Os conceitos teóricos foram resgatados durante a análise 4 Foi apresentado um referencial teórico complementar à semiótica Se sim quais e qual a influência dos mesmos para a análise semiótica 5 A análise favoreceu uma discussão com resultados Se sim houve o resgate dos conceitos teóricos nessa discussão Vale ressaltar que o item 4 favoreceu o reconhecimento da necessidade de um referencial teórico complementar à semiótica que condicione a representação de signos com lógica na leitura das linguagens O resultado desse processo avaliativo revela que o conhecimento dos códigos empregados bem como das teorias afins é repertório fundante para então ter a semiótica como mediadora do processo Para apresentar a leitura avaliativa realizada seria necessária também a apresentação dos artigos originais evitando recortes críticos sem a devida referência o que ocasionaria possíveis ruídos para o leitor reduzindo a compreensão do que conduziu um ou outro argumento por parte do pesquisador Considerações finais A pesquisa apresentada foi conduzida a partir de questões entorno de como a semiótica estava sendo aplicada no design de moda quais eram os autores as abordagens e os tipos de análises Como trata de uma iniciação científica o que é mais relevante no presente artigo é o percurso investigativo do graduando afim de atender a essas questões Portanto os procedimentos adotados que poderão guiar futuras análises É relevante considerar que em uma área criativa como o design de moda o uso da semiótica pode ser potencializado como guia processual no desenvolvimento de projetos ou como guia analítico de linguagens da moda A teoria depende de uma prática que a revele articulada com outras teorias que fundamentam a produção da linguagem na área pois o repertório de quem se destina a realizar uma análise semiótica exige referências da natureza da linguagem investigada bem como do reconhecimento do contexto do público destino e da situação de aplicação sem esse referencial preliminar a teoria semiótica não se aplica FONTE BROLHANI Joanna VILELA Thyenne Semiótica aplicada ao design de moda uma leitura de artigos científicos 11º Colóquio de Moda 8ª Edição Internacional 2º Congresso Brasileiro de Iniciação Científica em Design e Moda 2015 Disponível em httpwww coloquiomodacombranaisColoquio20de20Moda20202015POSTERPOEIXO1 DESIGNPO1SEMIOTICAAPLICADAAODESIGNDEMODApdf Acesso em 13 out 2020 55 RESUMO DO TÓPICO 3 Neste tópico você aprendeu que A semiologia saussuriana que só tratava do signo linguístico ganhou a possibilidade de tratar de outros tipos de signo a partir da noção de outros pensadores que atribuíram a noção dicotômica de Plano de Expressão e Plano de Conteúdo A semiótica peirciana pode sofrer um recorte em sua tricotomia e trabalhada apenas e uma de suas categorias caso do objeto ícone índice e símbolo É possível analisar um objeto que não seja apenas linguístico a partir da noção dicotômica Plano de Expressão e Plano de Conteúdo eou a partir da noção tricotômica ícone índice e símbolo Considerando as categorias do objeto a primeiridade do objeto é o ícone e sua relação sígnica se faz por similaridade a secundidade do objeto é o índice e sua capacidade sígnica se faz por relação indireta e a terceiridade do objeto é o símbolo e sua capacidade sígnica se faz em grande parte por convenção Ficou alguma dúvida Construímos uma trilha de aprendizagem pensando em facilitar sua compreensão Acesse o QR Code que levará ao AVA e veja as novidades que preparamos para seu estudo CHAMADA 56 1 Analise a imagem disponível no site Fashion Bubbles um dos maiores sites de tendências em lifestyle para fazer uma análise rápida Você pode usar o espaço reservado ao lado da imagem e então observála listando primeiro os elementos de expressão liste o máximo de coisas que você vê na imagem depois que esta lista estiver bem completa procure ver o que estes elementos isolados ou em conjunto enunciam sugerem como conteúdo perceba que isso tem muito a ver com seu nível de conhecimento e claro com sua capacidade de ter ideias tudo vale desde que tenha lógica claro Após estas duas listas você consegue fazer uma síntese Você consegue montar um pequeno texto colocando em palavras o que a imagem diz Se possível escreva dentro da área de sua formação Atenção A imagem foi modificada para tons de cinza Em destaque apenas vale mencionar que o vestido na imagem seria azul veja no link a seguir para ter acesso à imagem colorida Em nossa leitura daremos direcionamentos para esta cor ao mesmo tempo que vamos também ler o tom cinza que se forma no vestido na imagem impressa aqui FONTE httpswwwfashionbubblescomestiloacordoverao2021aiaquaapostawgsn Acesso em 22 set 2020 AUTOATIVIDADE Liste os elementos de expressão Plano de Expressão O que cada elemento listado enuncia Plano de Conteúdo Há algum sentido no que está expresso e enunciado efeito de sentido 57 Normalmente resvalamos na descrição de objetos conhecidos que vemos uma mulher modelo com outra ao fundo um vestido cinza sapatos botas pretas piso elementos que remetem à divisória com bases circulares Não está errado Contudo podemos nos ocupar do que está expresso na imagem como elementos como as linhas onduladas que formam o vestido cinza o própria forma cinza que representa vestido elementos semicirculares posicionados no piso dando a ideia que são as bases das divisórias desses semicírculos saem linhas mais curvas em vertical no canto superior direito estas linhas curvas ficam mais evidentes linhas retas do piso cinza formas pretas da mancha ao fundo que remete a uma segunda modelo dos sapatos que se espelham no piso cinza que tal completar com estes direcionamentos sua lista Liste tudo o que você vê Se formos para os elementos de enunciação plano de conteúdo a imagem em seus elementos expressos pode sugerir algumas coisas as formas onduladas dão conta de enunciar um conteúdo nos remetem a fluido uma forma que sugere líquido podendo até ser pensada como um tecido trama como tecnologia têxtil A formas circulares que sustentam pequenas linhas verticais pode nos remeter galhos ainda mais quando somadas às linhas curvas do canto superior direito induzindo de forma abstrata a antenas e tramas de galhos Da mesma forma as linhas retas do piso que mostram uma outra trama só que está mais organizada mais métrica por onde o reflexo dos sapatos sugere um espaço virtual espelho E então podemos assumir os efeitos de sentido em que uma modelo pois a mulher parece estar desfilando lança um look seu vestido cinza num espaço composto por redes e antenas que nos remetem à tecnologia onde a modelo parece se virtualizar A imagem dá o sentido de que no contexto tecnológico o tom cinza do vestido parece ganhar espaço Ao considerarmos ao que foi chamado atenção no enunciado onde a imagem colorida daria conta de mostrar um vestido azul a ideia líquida ganha conotação de água Podemos perceber que a imagem dá conta pelos seus elementos de expressão e elementos de enunciação sugerem o efeito de sentido que a WGSN Worth Global Style Network vem apostando como tendência de cor verão 2021 que é o Azul Elétrico AI Aqua inspirada na tecnologia e por isso fica importante ver a imagem real e perceber que a cor azul compõe a imagem O legal do exercício é que se lançarmos o olhar novamente à imagem outros elementos parecem ficar evidentes reforçando enunciações ou trazendo novas enunciações e promovendo efeitos de sentidos mais consistentes e novos Interessante perceber que cada elemento é portador de significação e que somados promovem a imagem como portadora também de significação dando a ela um significando maior que dá conta de um todo Perceba o impacto de uma fotografia em um desfile onde o enquadramento o foco a luz a velocidade podem interferir diretamente no discurso final da coleção e do trabalho de um designer 58 Com base na análise assinale V para verdadeiro e F para falsa cada uma das seguintes sentenças Os elementos de expressão são compostos pela estrutura sensível que o objeto em análise nos oferece Entendese como estrutura sensível todos os elementos do objeto que tocam os nossos um ou mais dos nossos cinco sentidos A estrutura sensível é formada apenas pelo que é visto apenas pelo sentido da visão Desta forma se estivéssemos assistindo o desfile da imagem analisada a música não afetaria o efeito de sentido do objeto em análise A noção de que para todos elementos de expressão exista uma enunciação é basilar para a noção de efeito de sentido e da ideia de signo Não existe relação alguma entre signo e a noção de efeito de sentido Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA a V V F V F b V V V V V c F F V F V d V F V F V 2 Analise a mesma imagem do exercício anterior para completar a tabela ao lado Você pode se apoiar nos direcionamentos de efeitos de sentido da resposta anterior fique à vontade de deixar mais dentro do que você respondeu perceba que ele contribui para o Plano de Conteúdo e como você conseguia dar a ele uma narrativa Os elementos que dão conta da narrativa vão precisar ter sentido no caso de uma imagem fotográfica precisam ficar visíveis alguns mais evidentes que outros E aí então você pode listar quais elementos estão expressos na imagem dando conta do Plano de Expressão Atenção Lembrese de que a imagem foi modificada para tons de cinza Em destaque apenas vale mencionar que o vestido na imagem seria azul Em nossa leitura daremos direcionamentos para esta cor ao mesmo tempo que vamos também ler o tom cinza que se forma no vestido na imagem impressa aqui FONTE httpswwwfashionbubblescomestiloacordoverao2021aiaquaapostaw gsn Acesso em 22 set 2020 59 SIGNO Plano de Conteúdo Plano de Expressão Mais do que uma resposta o exercício aqui é promover a capacidade de transformar ideias o que foi sua narrativa em expressões Em muitos casos percebemos que nossa capacidade de ideação é impregnada de elementos que são nossos e isso é muito importante pois é isso que faz com que seu trabalho no momento de escolher expressões sejam únicos que o trabalho tenha o seu estilo a sua assinatura E então quando vamos para o campo de expressão vemos que a imagem poderia ser outra com outro enquadramento com outra velocidade com outros elementos no lugar dos que estão ali expressos Se você percebeu isso neste exercício parabéns A ideia aqui é que você pode ser capaz de fazer uma crítica a um produto neste caso uma fotografia de algum profissional pautada em fundamentos lógicos que tenha sentido Mais uma coisa perceba que os outros só vão entender seu posicionamento se haver lógica também para eles então cuidado para não ficar tendo ideias que só para você tem lógica pois seu trabalho sua crítica se for o caso tem que profissional para os outros Um exemplo a cor cinza que ocupa boa parte da imagem tem lógica ainda mais se considerada na imagem colorida que seria azul pois a foto de onde foi tirada está declarando uma tendência de cor como vimos pela WGSN o azul é muito usado na área da tecnológica e tem tudo a ver com água certo Então por mais que você não concorde o peso da cor azul na imagem tem lógica e ainda mais ostentada pela modelo afinal como tendência ela remete ao uso como vestimenta 60 Com base na análise assinale V para verdadeiro e F para falsa cada uma das seguintes sentenças O plano de expressão dá conta dos elementos formais cromáticos imagéticos que formam a estrutura do objeto O plano de expressão seria o significante e o plano de conteúdo se organiza dentro da mesma ideia do significado na semiologia O signo tem relação com a capacidade de cada elemento do plano de expressão ter enunciações no plano de conteúdo O signo só vai ocorrer quando o plano de expressão não tiver nenhuma relação com plano de conteúdo Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA a V V V V b V V F F c V V V F d F V F F 3 A semiótica peirciana direciona que o objeto tem três categorias ícone índice e símbolo analise as sentenças a seguir I A primeiridade do objeto está relacionada ao fato de podermos ver representações similares nos signos ou seja que uma representação gráfica será signo se for igual ao objeto que ela representa o desenho de uma cadeira é um exemplo disso II A secundidade do objeto está nas relações indiretas nos fenômenos que indiciam suas representações Caso do chão molhado para a chuva não vemos a chuva mas pelo chão molhado é provável que choveu III A terceiridade do objeto está nas convenções sígnicas Em grande parte são arbitrárias Caso da luz vermelha no semáforo significando pare IV Em comparação com a primeiridade a secundidade dispende mais energia pois nela que ficamos indo e voltando na busca de afirmações sobre a representação Ela não é direta e por ao indiciar ela faz com o que o interpretante enseje particularidades para chegar em algum posicionamento frente ao signo Assinale a alternativa CORRETA a Todas as sentenças estão corretas b As sentenças I II e II estão corretas c Somente a sentença III está correta d Todas as sentenças estão incorretas 61 4 Continuando com a mesma imagem dos exercícios anteriores observe a imagem e aponte três elementos nela que são três ícones três índices e três símbolos Atenção lembrese novamente de que a imagem foi modificada para tons de cinza Em destaque apenas vale mencionar que o vestido na imagem seria azul Em nossa leitura daremos direcionamentos para esta cor ao mesmo tempo que vamos também ler o tom cinza que se forma no vestido na imagem impressa aqui FONTE httpswwwfashionbubblescomestiloacordoverao2021aiaquaaposta wgsn Acesso em 22 set 2020 5 Um projetista ao ter uma ideia de produto dá forma a essa ideia através de um esboço esse seria a expressão do conteúdo que a ideia tem Vemos nessa afirmação uma explicação rápida do Plano de Expressão e do Plano de Conteúdo que dicotomicamente dão conta do signo a partir da corrente saussuriana Explique com suas palavras o que seria o Plano de Conteúdo e o Plano de Expressão Ícones Índices Símbolos 63 REFERÊNCIAS BARTHES R Sistema da moda São Paulo Nacional USP 1979 HJELMSLEV L Prolegômenos a uma teoria da linguagem 2 ed São Paulo Perspectiva 1975 HOHLFELDT A MARTINO L C FRANÇA V V Org Teorias da comunicação conceitos escolas e tendências 14 ed Petrópolis Vozes 2014 NÖTH W Panorama da semiótica de Platão a Peirce 2 ed rev São Paulo Annablume 1998 PEIRCE C S Semiótica 4 ed São Paulo Perspectiva 2005 SANTAELLA L Semiótica aplicada São Paulo Pioneira Thomson Learning 2002 SAUSSURE F Curso de linguística geral São Paulo Edusp 1990 WALTHERBENSE E A teoria geral dos signos São Paulo Perspectiva 2000 65 UNIDADE 2 PERCEPÇÃO VISUAL OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS A partir do estudo desta unidade você deverá ser capaz de compreender o que é percepção visual e como se dá a capacidade de representar visualmente ideias e conceitos entender de forma introdutória a fisiologia e psicologia da visão aprender os princípios da Lei da Gestalt da organização da forma conhecer os princípios e as técnicas básicas da composição visual identificar os elementos básicos da composição visual Esta unidade está dividida em três tópicos No decorrer da unidade você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado TÓPICO 1 PERCEPÇÃO VISUAL FISIOLOGIA E PSICOLOGIA DA VISÃO TÓPICO 2 AS LEIS DA ORGANIZAÇÃO DA FORMA GESTALT TÓPICO 3 PRINCÍPIOS TÉCNICAS E ELEMENTOS BÁSICOS DA COMPOSIÇÃO Preparado para ampliar seus conhecimentos Respire e vamos em frente Procure um ambiente que facilite a concentração assim absorverá melhor as informações CHAMADA 67 UNIDADE 2 TÓPICO 1 PERCEPÇÃO VISUAL FISIOLOGIA E PSICOLOGIA DA VISÃO 1 INTRODUÇÃO Para iniciar esta segunda unidade vale lembrar que o conteúdo de semiótica até aqui trabalhado oportunizou não apenas um entendimento de que se trata de uma ciência que se ocupa do signo e de todo o processo de significação a semiose mas que estamos imersos em um cotidiano onde recebemos uma quantidade considerável de textos visuais e não visuais e aplicamos a eles certa leitura e certa compreensão A semiótica indiferente da corrente assumida ocupase do processo de significação destes textos Dos não visuais que nos chegam pelo olfato pelo paladar pela audição pelo tato e dos visuais que colocam a visão como o principal sentido E este último a visão é o primeiro quando somos indagados sobre o que sentimos de algum fenômeno A capacidade de perceber visualmente vai além da acuidade visual do ver bem Da mesma forma que não basta saber ler é preciso entender o que se está lendo a percepção visual trata da capacidade de leitura e da capacidade interpretativa do texto percebido visualmente e então o que já tratamos dentro da semiótica ajuda bastante Se somos capazes de perceber visualmente e entender o percebido adquirimos habilidade para construir fenômenos visuais que serão percebidos visualmente ou seja o que faz um bom escritor é a capacidade de leitura e interpretação do que lê Profissionais da área de projeto precisam de habilidades de um bom escritor para construir textos visuais e de um repertório considerável para representar visualmente suas ideias seus conceitos seus projetos Este momento da disciplina vai ao encontro disso aproximar o aluno das bases do alfabeto visual e as possíveis relações gramaticais para que se possa dar conta de sensibilizar e instrumentalizar o discente para o uso intencional de elementos da linguagem visual um dos objetivos desta disciplina Além de desenvolver somado à semiótica a capacidade de análise e crítica de textos visuais e projetos de design em linha com o objetivo geral da disciplina UNIDADE 2 PERCEPÇÃO VISUAL 68 2 PERCEPÇÃO VISUAL FISIOLOGIA E PSICOLOGIA DA VISÃO Por mais que sentimos o mundo com nossos cinco sentidos este tópico assume o foco na visão Tratando de algumas qualidades deste sentido e de certa forma contribuindo para aprimorála e gerenciála O conteúdo aqui tratado limitar seá aos meios visuais dando ênfase aos exemplos relacionados às artes e ao design Para que se entenda um objeto destas duas áreas devese dar valor ao todo O que se vê Qual é a dinâmica das formas e das cores Este olhar total pode ser assumido em suas qualidades em primeiridade das categorias de Peirce Este olhar inicial ajudará em muito no entendimento das partes com destreza vaise percorrendo a estrutura total do objeto para então reconhecer as principais características e então poder explorar com domínio os detalhes interdependentes Ao analisar um objeto de design uma obra de arte perceba se fazendo isso inicialmente nos damos conta de um olhar geral de um todo do objeto para então percorrer suas partes Da mesma forma ao desenvolver um projeto de design ou de arte o profissional precisa da segurança e da capacidade de transformar suas ideias seus conceitos em elementos de expressão aqui é possível assumir o Plano de Conteúdo ideias conceitos com o Plano de Expressão elementos da composição as formas as cores as texturas Para tanto é necessário que se tenha entendimento das categorias visuais dos princípios adjacentes e das relações estruturais em jogo para que se possa sem intervir na capacidade inovadora promover a coerência e o refinamento da composição final formadas por cada parte Pense no que faz um bom escritor que tem uma bela história em mente ele até pode inovar em seu texto mas precisa ter coerência gramatical e refinamento na escrita para entregar um texto de qualidade Se um objeto utilizado para ser percebido visualmente passar uma mensagem ele precisa ser objetivo assim fazse necessário que a sua composição tenha legibilidade para todos e por todos da mesma maneira Se não tiver isso ele será percebido visualmente mas não será interpretado da maneira que seu produtor planejou fracassando em seu maior objetivo a comunicação Vale a pena entender aqui que obter sucesso na comunicação faz com que um automóvel seja entendido como tal um automóvel tem que ser visualmente planejado para que se consiga não apenas denominarse automóvel mas declarar suas potências e até mesmo a marca que o construiu Ao chegarmos perto de um automóvel salvo exceções mais inovadoras devemos saber onde estão as portas e como abrilas Ao nos sentarmos no banco do motorista o panorama visual que percebemos deve nos informar onde está o câmbio e onde acionamos a parte elétrica que quando ligado nos disponibilizará num painel uma quantidade de informações nos comunicando sobre as funções dele Perceba que por mais que a função principal do automóvel é ser veículo motorizado de transporte a função comunicativa determinada pela sua composição visual em grande parte tem papel definidor no sucesso de uso Isso vale para um controle de televisão para um telefone celular para uma mochila para uma calça Todos estes objetos funcionam TÓPICO 1 PERCEPÇÃO VISUAL FISIOLOGIA E PSICOLOGIA DA VISÃO 69 utilitariamente mas para isso precisam através da composição de seus elementos visuais expressarem como devem ser manuseados Perceber os designers como profissionais que têm o papel de construtores destes textos é dar ainda mais valor à profissão que na maioria das vezes tem reconhecimento somente em atribuir beleza aos seus produtos então além de projetar utilitariamente um produto o designer tem que fazer com que ele comunique seu manuseio seus atributos e ainda deixálo dentro do gosto do belo de seu cliente De fato projetar com a aptidão é um trabalho que requer algumas habilidades de seu profissional Nesta linha de pensamento é preciso considerar que um objeto será percebido de uma maneira dentro de um determinado contexto Cada pessoa tem um repertório imagético dentro de si que faz parte de sua experiência de vida e que se acumulou com o passar do tempo muitos de forma consciente e outros de forma inconsciente Algumas distantes de um passado outras próximas mais atuais e junto a tudo isso as que causaram mais ou menos determinadas emoções Isso tudo é relevante à medida que o objeto depois de projetado deixa de pertencer ao projetista ele se torna de seu cliente Quem o projetou não vai mais estar ao lado dele para explicálo o objeto tem que se explicar sozinho e isso se dá em grande parte pelo o que deixa expresso visualmente pelo o que seus clientes expectadores percebem É neste cenário complexo que designers precisam saber que elementos que formas que cores que contrastes que texturas devem ser usadas para comunicar determinadas informações para um determinado perfil de clientela Se voltarmos ao que já estudamos uma afirmação pode ser repetida aqui só tem sentido aquilo que é sentido Sim Só tem sentido aquilo que faz sentido Não há o que questionar quando uma excelente costureira querendo comprar um belo vestido nota um na vitrine entra na loja pede para ver o vestido e por fim não o compra Mesmo que o vestido esteja dentro das condições de preço acessíveis para ela É certo que o motivo da não aquisição não faz e nem tem sentido para boa parte das pessoas que entram na loja e o compram O entendimento de tecido de acabamento de sua confecção de sua modelagem e outros requisitos que compõem o vestido comunicaram à costureira que o objeto não estava adequado aos seus padrões de qualidade Um consumidor que pouco sabe disso é atraído pela beleza e pelo preço do vestido Por fim acaba comprandoo Além disso vai usálo com a maior satisfação Se lhe falarem que a modelagem poderia ser outra que o corte do tecido deveria estar de outra forma ele não saberá o que dizer até porque tudo isso não lhe faz sentido No seu repertório esses elementos não lhe dizem nada Ampliar o repertório alarga possibilidades de contato com as realidades dispostas à nossa frente percebemos mais vemos mais É interessante perceber o quanto vamos ampliando nosso repertório à medida que investimos um tempo para observar determinada coisa por exemplo a textura de alguns tecidos Um tecido de algodão vai apresentar uma determinada característica quando comparado a uma seda O couro e suas nuances de toque comparadas com o corino Tudo o que vemos tem características próprias da mesma forma que tudo o que queremos comunicar deverá ter características próprias também UNIDADE 2 PERCEPÇÃO VISUAL 70 Wassily Kandinsky foi professor de uma das principais escolas do design moderno a Escola Bauhaus Sua disciplina tratava da linguagem visual e ele utilizava um exercício que vamos fazer aqui A seguir teremos dois espaços cada um com um ponto tomando como limite cada espaço O exercício é fazer um traço que inicie no ponto e termine nele sem tirar o lápis ou caneta do papel O resultado será uma forma linear fechada procure fugir de desenhos existentes Faça uma forma livre ok No primeiro espaço a linha deverá representar um relacionamento feliz um casamento feliz No segundo espaço a linha deverá representar um relacionamento conflituoso um casamento cheio de brigas Este exercício dá conta do que estamos tratando até aqui Cada pessoa expressa os seus conteúdos com base em seu repertório então não tem um certo ou errado para este exercício o que precisa ter é lógica A ideia do exercício é mostrar como somos levados a manifestar em linhas em traços nas formas situações subjetivas neste caso o sentimento é de casamento feliz no primeiro espaço e de casamento conflituoso no segundo espaço A noção de felicidade nos passa uma sensação orgânica linhas onduladas mudanças graduais leveza Enquanto a noção de conflito nos sugere sensações de contrastes de ruído linhas retas pontiagudas mudanças repentinas peso Interessante perceber aqui que muito dos conteúdos que vamos expressar estão impregnados do nosso contexto da nossa cultura e por consequência os traços as linhas devem dar conta de expressar da forma como as linhas acima Pode haver uma possibilidade de aparecerem respostas contrárias não tem problema Todavia a probabilidade de mais pessoas seguirem esta lógica é maior ainda mais em nossa cultura que tal você fazer isso com seus amigos Com seus colegas de trabalho INTERESSANTE TÓPICO 1 PERCEPÇÃO VISUAL FISIOLOGIA E PSICOLOGIA DA VISÃO 71 Em um único traço em uma única linha é possível comunicar Um ponto interessante aqui é perceber que projetistas designers artistas gráficos devem projetar imagens que do início tenham a capacidade de aparecerem nas superfícies que são rabiscadas parece básico mas acreditamos que no exercício anterior poucos ou ninguém optou em pegar um lápis branco para desenhar as linhas Intuitivamente a escolha foi de um grafite de uma tinta que contrastasse com o fundo A intuição aqui nos faz tratar de um assunto muito importante dada nossa cultura e o quanto estamos imersos num mundo visual muitas das coisas ocorrem por intuição E nesta disciplina muito do que é intuitivo deverá ser pensado intencionalmente Volte ao exercício anterior e perceba com que cor você fez a linha Se houvesse a possibilidade de escolher uma cor para dar ainda mais expressão à linha você mudaria a cor da sua linha Certamente teria que escolher uma cor para a linha do espaço 1 diferente da cor para a linha do espaço 2 Perceba que você deve ter realizado o exercício de forma intuitiva optando por uma cor do lápis ou caneta que se destacasse frente ao fundo mas se além disso você conscientemente quisesse optar por uma cor que também expressasse teria uma ação intencional sobre a superfície Este pequeno exemplo ilustra esta mudança de atitude que como projetista em seus projetos deverá assumir IMPORTANTE Este pensar intencional dentro dos processos de percepção visual fica evidente quando entendemos que percebemos visualmente tudo o que nossos olhos conseguem ver Dos fenômenos do mundo caso das nuvens no céu uma árvore até as intervenções humanas caso de uma linha no papel de um projeto de um cartaz de um edifício Fenômenos que comunicam mensagens de acordo com os contextos onde estão inseridos e que entre todas essas mensagens que passam através dos nossos olhos é possível fazer pelo menos duas distinções pode ser casual ou intencional MUNARI 1997 p 65 Como casual estão os fenômenos visuais que ocorrem sem que tenham interesses de comunicar algo claro que uma nuvem no céu pode ser interpretada como um evento climático mas a princípio ela não se fez intencionalmente para passar tal mensagem Ao contrário de uma fumaça no céu criada por alguém que perdido em uma floresta consegue fazer fogo e produzir fumaça para que seja encontrado A casualidade de um fenômeno visual dá liberdade de interpretações para quem a recebe Ao contrário o fenômeno intencional deve ser recebido de maneira que seja entendido o seu significado e aqui vemos que para quem está perdido em uma floresta só fazer fumaça pode não dizer muito de sua condição afinal pessoas que a visualizam podem interpretar como uma queimada Será preciso que o produtor module a fumaça talvez com algumas folhas criando fumaças maiores e menores que quando vistas de longe pode indiciar que alguém a está manipulando e então passar a ser coerente interpretar que alguém causa a fumaça UNIDADE 2 PERCEPÇÃO VISUAL 72 3 FISIOLOGIA E PSICOLOGIA DA VISÃO No processo de comunicação que estamos tratando é possível compreender como emissor de uma mensagem visual todo e qualquer fenômeno visual casual ou intencional E para quem o percebe podemos chamar de receptor Ao perceber a mensagem visual é interessante considerar que o receptor terá três filtros sensorial cultural e operativo como mostra a figura FIGURA 1 OS FILTROS DO RECEPTOR AO RECEBER A MENSAGEM VISUAL FONTE Adaptado de Munari 1997 p 70 Emissor Receptor Filtros operacionais Filtros culturais Filtros sensoriais Mensagens Visuais Qualquer fenômeno visual Estes três filtros por mais que na ilustração se mostrem distintos não os são E nem seguem a ordem ilustrada O que é necessário entender é que ao receber uma mensagem visual esta deverá passar pelo filtro sensorial a mensagem deverá ser sentida caso da cor que para um daltônico este filtro limitará o sentir determinadas cores ou se conter elementos muito pequenos pode não ser captada pelo olho humano Outro filtro é o cultural que pode apenas deixar passar mensagens que compõem seu repertório cultural ou seja o receptor só reconhecerá a mensagem por fazer parte de sua cultura caso de estilos de moda onde ao ver uma pessoa com um look que não faz parte de sua cultura o receptor pode afirmar que a pessoa vista está fora de moda malvestida que tem mal gosto E um outro filtro o operacional onde a mensagem recebida é confrontada pelas condicionantes psicofisiológicas MUNARI 1997 que constituem o perfil do receptor caso de uma cena de um desenho animado onde uma criança interpreta de uma maneira mais infantilizada e a mesma cena ganha conotações políticas para um adulto TÓPICO 1 PERCEPÇÃO VISUAL FISIOLOGIA E PSICOLOGIA DA VISÃO 73 É importante entender a existência destes filtros para como produtor de mensagens visuais considerar cada um deles Ao desenvolver um projeto de um produto caso de uma jaqueta por exemplo é importante assumir que este objeto além de um produto que será utilizado como vestuário será suporte visual de uma marca de um estilo e claro de uma mensagem que deverá comunicar que se trata de uma jaqueta Como suporte visual entendese o conjunto de elementos que tornam visível a mensagem todas aquelas partes que devem ser consideradas e aprofundadas para poderem ser utilizadas com a máxima coerência em relação à informação São elas Textura Forma Estrutura Módulo Movimento Não é simples e talvez nem seja possível estabelecer uma fronteira exata entre as partes enunciadas até porque elas se apresentam muitas vezes todas juntas MUNARI 1997 p 69 O reconhecimento dos filtros sensoriais culturais e operacionais apresentados destacam o ser humano como figura central dentro da noção de receptor de mensagens visuais Colocando em questão a capacidade de receber o estímulo visual como ponto crucial para pelo menos permitir um fundamento básico para profissionais que em seus projetos precisam dar conta disso caso dos designers Desta forma uma aproximação sobre a visão como processo fisiológico por onde se distinguem formas e cores é relevante A medida que na percepção visual o olho é o principal órgão Ao tratarmos da fisiologia da visão é importante compreender a complexidade de tal abordagem e que aqui se buscará uma abordagem básica permitindo fundamentos introdutórios acerca de tal conteúdo NOTA A noção física de que vemos os objetos a partir dos raios luminosos que eles refletem é fundamento para compreender que o globo ocular o olho é o órgão que recebe estes raios do exterior e os transformam em informação elétrica que é enviada ao cérebro que se transformará em uma imagem do objeto que se está vendo De forma geral o processo básico da percepção visual humana se dá no fato da luz atingir o globo ocular o olho ela passa pela córnea tocando a íris que permite sua passagem pela pupila abertura que dilata ou comprime regulando a quantidade de luz a luz então chega ao cristalino e é focada sobre a retina camada fina de tecido nervoso sensível à luz sua função é transformar a luz em estímulo nervoso é nela que a energia luminosa é convertida eletroquimicamente em padrões nos neurônios e que são codificados pelo UNIDADE 2 PERCEPÇÃO VISUAL 74 sistema nervoso cerebral STERNBERG 2010 Na retina existe um ponto focal a fóvea que dá conta das definições focais da imagem ali projetada todo o resto da retina dá conta do que está ao redor do objeto visto Se retornarmos aos filtros vemos aqui que os sensoriais se dão mais no campo do olho e os outros dois já estariam mais na padronização neural e codificação cerebral FIGURA 2 O GLOBO OCULAR FONTE httpespecialistaemcataratacombrnovowpcontentuploads201612como enxergamosjpg Acesso em 27 ago 2020 A camada fina de tecido que forma a retina apresenta uma diversidade celular duas delas em especial merecem destaque neste momento as cônicas e as bastonetes As primeiras são especializadas pela agudeza da visão e pelas cores As segundas são sensíveis apenas à intensidade não têm a mesma capacidade de resolução de detalhes e não sentem as cores mas dão de possibilitar que enxerguemos com pouca luz Reconhecer objetos é questão primeira na capacidade de percepção visual neste processo são mais percebidas as composições mais bem organizadas mais simples e estáveis isso se dá pela lei de Prägnanz que a teoria da Gestalt analisa A Teoria da Gestalt é muito importante para profissionais do design da comunicação Ela trata da percepção e da sensação do movimento dos processos psicológicos que ocorrem com o sujeito diante de um estímulo e estuda como este estímulo é percebido Vamos tratar mais à frente da teoria da Gestalt ESTUDOS FUTUROS TÓPICO 1 PERCEPÇÃO VISUAL FISIOLOGIA E PSICOLOGIA DA VISÃO 75 O sistema ocular tem papel importante em todo este processo pois além de levar os estímulos luminosos os objetos para a retina e convertêlos em impulsos padrões para o sistema nervoso ele é composto por uma estrutura que dá conta de distinguir figura e fundo onde a figura o objeto focado vai ter uma forma mais bem definida em oposição ao fundo Como afirma Jonathan Crary 1999 p 72 A percepção visual por exemplo é inseparável do movimento muscular do olho e do esforço físico envolvido na busca de foco em um objeto A noção de que a luz é a matériaprima da visão é tão importante que os mecanismos de captação de luz para a reprodução da imagem têm como base esta mesma noção O entendimento da máquina fotográfica é similar ao mecanismo ocular humano e entender o papel da luz é muito relevante Leia o artigo Fotografia a escrita da luz de Angélica Lüersen que poderá ajudar neste entendimento Confira em httpwww intercomorgbrpapersregionaissul2007resumosR05201pdf DICAS Perceber visualmente é um processo que ocorre em etapas sucessivas a partir do momento que a luz refletida por um objeto chega aos nossos olhos Com relação à intensidade de luz de acordo com a luminosidade a visão pode ser fotópica modo normal quando os objetos estão iluminados pela luz do dia aciona basicamente as células cônicas tendo sua acuidade acentuada E a visão pode ser estocópica visão noturna Onde as células bastonetes são ativadas permitindo uma percepção sem cores e de fraca acuidade visual Com relação ao comprimento de onda luminosa a visão se dá na percepção das cores do espectro luminoso o arcoíris em que a cor varia de acordo com o comprimento de onda Na figura a seguir nós vamos perceber que das ondas existentes algumas conseguem ser captadas pelo olho humano estas compõem o espectro eletromagnético visível pelo ser humano UNIDADE 2 PERCEPÇÃO VISUAL 76 FIGURA 3 ESPECTRO ELETROMAGNÉTICO VISÍVEL AO OLHO HUMANO FONTE httpss4staticbrasilescolauolcombrimg201906espectrovisiveljpg Acesso em 27 ago 2020 vermelho laranja amarelo verde ciano azul violeta Com os maiores comprimentos de onda as ondas de rádio as microondas e o infravermelho ultrapassam o limite máximo possível para ser captado pelo olho humano que então em forma decrescente tem seu espectro visível composto pelo vermelho laranja amarelo verde ciano azul e violeta Abaixo do comprimento do violeta os comprimentos não mais visíveis pelo ser humano são o ultravioleta o raio X e os raios gamas Vale lembrar que por mais que não visualizamos todos estes comprimentos de onda nos atingem e podem causar danos ao nosso corpo caso dos raios ultravioletas UVA e UVB que causam queimaduras Por muito tempo se pensou no olho humano como um órgão que captava e transmitia informações sem processálas Atualmente é sabido que as informações trafegam sem interrupções da retina ao sistema nervoso e um vai interferido no outro Quantas vezes focados em um problema não percebemos coisas no nosso campo de visão De fato as expectativas do espectador influenciam o processo de percepção dele Por mais que seja o olho que capte a luz é o cérebro a partir das informações que chegam à retina que enxerga Tratamos até aqui da fisiologia da visão do mecanismo que faz o olho ver mas é muito importante discutir a capacidade de enxergar que é o cérebro ou melhor da capacidade cerebral de assumir os olhos como um dos órgãos para o processo de percepção visual A Grosso modo e dentro de um significado mais geral popular filosófico e de senso comum o ver remete à percepção e o conhecimento do ambiente através do sentido da visão Já o enxergar remete a um sentido mais profundo que ultrapassa a limitação fisiológica do sentido da visão Alguém pode ver em um museu uma pintura surrealista e não entender o seu conteúdo porém alguém com senso ou dotes artísticos ao observar a mesma obra enxergará além de sua visão comum o conteúdo da pintura COSTA et al 2015 p 5 TÓPICO 1 PERCEPÇÃO VISUAL FISIOLOGIA E PSICOLOGIA DA VISÃO 77 Se retornarmos ao exemplo da costureira que não adquiriu o vestido anteriormente vemos que ela enxergou coisas na peça que outros consumidores não enxergaram Se voltarmos aos filtros ilustrados na Figura 2 podemos constatar que o processo de receber uma mensagem tem mais sentido no enxergar onde além de ver filtro sensorial se somam o repertório cultural e operacional com seus respectivos filtros Esta discussão do ver e enxergar é muito interessante Uma obra muito pertinente é a obra Ensaio sobre a Cegueira romance do escritor português José Saramago publicado em 1995 que tem o filme de 2008 sob a direção de Fernando Meirelles DICAS Entender que existem diferenças conceituais entre o ver e o enxergar provoca uma reflexão importante para que se possa entender as nuances da percepção visual Principalmente pelo fato de que toda nossa atenção visual fica condicionada aos nossos interesses aos fatos que movem nossos olhos pelas coisas Quantas vezes deixamos de ver coisas porque naquele momento elas não faziam parte de nossos interesses Diferente da lente de nossa máquina fotográfica nossos olhos por mais que recebam todas as imagens externas dará por intermédio do cérebro um recorte deixando em primeiro plano o que tem a ver com nossos interesses Um exemplo interessante para isso e aí vale para qualquer outro sentido é pensar em um problema de projeto surge uma demanda para desenvolver roupas para mulheres grávidas perceba que a partir deste momento não importa onde você vá você parece ver mulheres grávidas Sem o problema de projeto muitas delas mesmo estando em seu campo de visão não seriam percebidas você não as veria Trazendo para o campo das artes muitos quadros de artistas famosos brincam com o duplo sentido em suas obras Elas provocam o nosso olhar e o que percebemos visualmente UNIDADE 2 PERCEPÇÃO VISUAL 78 FIGURA 4 PINTURA DE DUPLO SENTIDO DE VLADIMIR KUSH FONTE https2bpblogspotcomoM04u4aq9YUHwUHCQohIAAAAAAACF0Q uwzvCZYt2TQs1600VladimirKush1965RussianSurrealistpainterTuttArtjpg Acesso em 27 ago 2020 Por mais que esteja em tons de cinza a obra do surrealista russo Vladimir Kush brinca com o ver e enxergar ilustrando as possibilidades que nosso repertório impõe à maneira como olhamos para as coisas De fato ver e enxergar são ações diferentes se no primeiro olhar vemos a representação de um rosto enxergamos um rosto é somente quando nos permitimos ver os detalhes que nos damos conta que não se trata de um rosto mas de uma composição de elementos que nos induzem a enxergar outra coisa Esta capacidade de perceber o todo em decorrência das partes é base para uma das principais teorias do design a Gestalt 79 Neste tópico você aprendeu que Para percebermos visualmente um objeto é necessário um olhar geral dele É preciso considerar que um objeto será percebido de uma maneira dentro de um determinado contexto Cada pessoa tem um repertório imagético dentro de si que faz parte de sua experiência de vida e que se acumulou muitas de forma conscientes e outras inconscientes Existem fenômenos visuais casuais e intencionais Ao recebermos uma mensagem visual ela entra em contato com três filtros sensorial cultural e operativo Somos capazes de perceber apenas alguns comprimentos de onde de luz que vão do vermelho até o violeta Existem diferenças conceituais entre o ver e o enxergar RESUMO DO TÓPICO 1 80 1 A abordagem inicial que permitimos dar aos fenômenos qualificará o diagnóstico da situação que estamos analisando O olhar inicial ajuda muito no entendimento das partes com destreza vaise percorrendo a estrutura total do objeto para reconhecer as principais características e então poder explorar com domínio os detalhes interdependentes A partir da leitura deste texto avalie as asserções a seguir e a relação proposta entre elas I Ao analisar um objeto de design uma obra de arte uma situação de projeto é importante assumir essa abordagem indo do todo para as partes e das partes para o todo PORQUE II Nesse ir e vir vamos descobrindo as categorias visuais os princípios adjacentes e as relações estruturais em jogo para poder promover a coerência e o refinamento da leitura visual Assinale a alternativa CORRETA a As asserções I e II são proposições verdadeiras e a II é uma justificativa correta da I b As asserções I e II são proposições verdadeiras mas a II não é uma justificativa correta da I c A asserção I é uma proposição verdadeira e a II é uma proposição falsa d A asserção I é uma proposição falsa e a II é uma proposição verdadeira 2 Vale a pena entender que para obter sucesso na comunicação um automóvel deve ser entendido como tal Tem que ser visualmente planejado para que se consiga não apenas dizerse automóvel mas declarar suas potências e até mesmo a marca que o construiu Ao chegarmos perto de um automóvel salvo exceções mais inovadoras devemos saber onde estão as portas e como abrilas Ao nos sentarmos no banco do motorista o panorama visual que percebemos deve nos informar onde está o câmbio e onde acionamos a parte elétrica que quando ligado nos disponibilizará num painel uma quantidade de informações nos comunicando sobre as funções dele Perceba que por mais que a função principal do automóvel é ser veículo motorizado de transporte a função comunicativa determinada pela sua composição visual em grande parte tem papel definidor no sucesso de uso A partir da leitura desse texto avalie as asserções a seguir e a relação proposta entre elas AUTOATIVIDADE 81 I Se um objeto utilizado para ser percebido visualmente e passar uma mensagem precisa ter objetividade fazse necessário que sua composição tenha legibilidade para todos e por todos da mesma maneira PORQUE II Indiferente disso ele será percebido visualmente e será interpretado seguramente da maneira que seu produtor planejou alcançando o objetivo de comunicar Assinale a alternativa CORRETA a As asserções I e II são proposições verdadeiras e a II é uma justificativa correta da I b As asserções I e II são proposições verdadeiras mas a II não é uma justificativa correta da I c A asserção I é uma proposição verdadeira e a II é uma proposição falsa d A asserção I é uma proposição falsa e a II é uma proposição verdadeira 3 De forma bem geral o processo básico da percepção visual humana se dá no fato da luz atingir o globo ocular o olho ela passa pela córnea tocando a íris que permite sua passagem pela pupila abertura que dilata ou comprime regulando a quantidade de luz a luz então chega ao cristalino e é focada sobre a retina camada fina de tecido nervoso sensível à luz sua função é transformar a luz em estímulo nervoso é nela que a energia luminosa é convertida eletroquimicamente em padrões nos neurônios e que são codificados pelo sistema nervoso cerebral STERNBERG 2010 A camada fina de tecido que forma a retina apresenta uma diversidade celular duas delas em especial merecem destaque neste momento as cônicas e as bastonetes As primeiras são especializadas pela agudeza da visão e pelas cores E as segundas são sensíveis apenas à intensidade não tem a mesma capacidade de resolução de detalhes e não sentem as cores mas dão de possibilitar que enxerguemos com pouca luz A partir da leitura desse texto avalie as asserções a seguir e a relação proposta entre elas FONTE Adaptado de STERNBERG R J Psicologia Cognitiva São Paulo CENGAGE Learning 2010 Assinale a alternativa CORRETA 82 I Com relação à intensidade de luz de acordo com a luminosidade a visão pode ser fotópica modo normal quando os objetos estão iluminados pela luz do dia aciona basicamente as células cônicas tendo sua acuidade acentuada PORQUE II Durante a visão noturna a visão pode ser estocópica Onde as células bastonetes são ativadas permitindo uma percepção sem cores e de fraca acuidade visual Assinale a alternativa CORRETA a A asserção I é uma proposição verdadeira e a II é uma proposição falsa b A asserção I é uma proposição falsa e a II é uma proposição verdadeira c As asserções I e II são proposições verdadeiras e a II complementa corretamente da I d As asserções I e II são proposições verdadeiras mas a II não complementa a I 4 entre todas essas mensagens que passam através dos nossos olhos é possível fazer pelo menos duas distinções pode ser casual ou intencional MUNARI 1997 p 65 A partir da leitura desse texto explique o que mensagem casual e mensagem intencional exemplificando cada uma delas FONTE Adaptado de MUNARI B Design e comunicação visual contribuição para uma metodologia didática São Paulo Martins Fontes 1997 5 No processo de comunicação é possível compreender como emissor de uma mensagem visual todo e qualquer fenômeno visual E para quem o percebe podemos chamar de receptor Neste processo de transmitir e receber uma mensagem visual é interessante considerar três filtros sensorial cultural e operativo MUNARI 1997 A partir da leitura desse texto explique cada um dos filtros FONTE Adaptado de MUNARI B Design e comunicação visual contribuição para uma metodologia didática São Paulo Martins Fontes 1997 83 UNIDADE 2 TÓPICO 2 AS LEIS DA ORGANIZAÇÃO DA FORMA GESTALT 1 INTRODUÇÃO Iniciamos o segundo tópico desta unidade Nela aprenderemos os princípios que regem a Gestalt entendendo o que faz um objeto alcançar a boa forma ou seja ter a capacidade de se mostrar legível e com alto grau de pregnância Na percepção visual quando inseridos no lado do produtor da mensagem precisamos assumir uma postura de comunicador organizando e desenvolvendo o objeto imagem mensagem de maneira que seja de fácil compreensão entendimento e memorização Do outro lado como receptores leitores apreciamos a boa composição e valorizamos as experiências que uma vez memorizadas podem facilmente ser lembradas No cenário diversificado de mensagens visuais a capacidade de atrair a atenção e promover a facilidade em ser lembrado se tornam requisitos dos projetos de profissionais como designers publicitários entre outros A as leis ou princípios da Gestalt apresentam parâmetros seguros para o bom desenvolvimento dos projetos nessas áreas 2 AS LEIS DA GESTALT Nos processos de leitura ou produção de objetos que devem ser percebidos visualmente tanto a experiência quanto o comportamento de ver e enxergar são importantes A Gestalt é uma escola de psicologia experimental Considerase que Christian von Ehrenfels filósofo austríaco de fins do século XIX foi o precursor da psicologia da Gestalt Mais tarde por volta de 1910 teve seu início mais efetivo por meio de três nomes principais Max Wertheimer 18801943 Wolfgang Kohler 18871967 e Kurt Koffka 18861941 da Universidade de Frankfurt GOMES FILHO 2008 p 18 84 UNIDADE 2 PERCEPÇÃO VISUAL Atua principalmente na forma e tem grande relevância nos estudos de percepção linguagem conduta e dinâmica de grupos sociais dando conta de sugerir respostas ao porquê gostamos mais de uma coisa do que de outra Em um sentido mais geral o termo Gestalt significa uma interação de parte em oposição à soma do todo GOMES FILHO 2008 p 18 Está relacionada com forma figura e estrutura que tem como já mencionado na lei de Prägnanz lei da pregnância uma postura norteadora à medida que seus principais expoentes forneceram direcionamentos sobre os princípios organizacionais que devem ser aplicados na percepção do mundo Quando saímos de um lugar que tinha muita fumaça e ficamos com o cheiro dela em nossas roupas falamos que ficamos impregnados de fumaça Esta mesma noção vale aqui para a lei de Prägnanz que nos processos de comunicação e percepção de mundo nos direciona a maneira que devemos seguir para fazer com que o objeto desenvolvido fique impregnado na pessoa ou seja o objeto é tão bem organizado que quando alguém o vê entra em contato com ele fica impregnado dele consegue lembrar dele Isso foi tão intenso no design que na segunda metade do século XX se criou o conceito da boa forma que tem tudo a ver com esta lei e com a Gestalt Se você algum dia já ouviu ou usou a premissa menos é mais ela está em linha com o que estamos estudando aqui INTERESSANTE A Lei da Prägnanz é definida da seguinte forma As forças de organização da forma tendem a se dirigir tanto quanto o permitam as condições dadas no sentido da harmonia e do equilíbrio visual Qualquer padrão de estímulo tende a ser visto de tal modo que a estrutura resultante é tão simples quanto o permitam as condições dadas GOMES FILHO 2008 p 36 A ideia aqui é que quanto mais simples mais equilibrado homogêneo e regular for o objeto mais pregnante ele será A descomplicação visual potencializa o objeto dentro desta lei Na figura a seguir nós vemos alguns exemplos da Lei da Prägnanz onde na sequência de cima para baixo o nível de pregnância vai diminuindo O termo é o mesmo mas os primeiros facilitam a leitura dada a composição visual de suas tipografias Imagine você lendo um texto com a última letra O esforço solicitado deixaria a leitura cansativa Por isso ao produzir um texto é estratégico escolher fontes mais pregnantes TÓPICO 2 AS LEIS DA ORGANIZAÇÃO DA FORMA GESTALT 85 FIGURA 5 EXEMPLO DA PREGNÂNCIA NA TIPOGRAFIA FONTE Adaptada de Gomes Filho 2008 Esta legibilidade exemplificada na figura anterior também vai aparecer nas composições contrastes entre figura e fundo precisam ser considerados nas composições vamos pegar o termo mais pregnante e ver como ele perde a pregnância em decorrência do seu contraste com o fundo FIGURA 6 EXEMPLO DA PREGNÂNCIA FIGURA E FUNDO FONTE Adaptada de Gomes Filho 2008 Além de promover a facilidade de legibilidade a pregnância trata do sentido psicológico da organização formal do objeto à medida que ele tenha a melhor estrutura a melhor composição Para tanto alguns critérios são apontados por Gomes Filho 2008 p 37 1 Quanto melhor ou mais clara for a organização visual da forma do objeto em termos de facilidade de compreensão e rapidez de leitura ou interpretação maior será seu o seu grau de pregnância 2 Naturalmente quanto pior ou mais complicada e confusa for a organização visual da forma do objeto menor será o seu grau de pregnância 86 UNIDADE 2 PERCEPÇÃO VISUAL Um passeio pela cidade ou pelo shopping pode possibilitar um belo exercício deste conteúdo Você pode organizar uma escala de julgamento para o nível de pregnância estabelecendo um grau onde 1 o objeto tem péssima pregnância e 10 se ele tem alto nível de pregnância O site Fashionismo em agosto de 2010 publicou a matéria O poder de uma vitrine que trata de quanto uma vitrine comunica e convida o consumidor a entrar no estabelecimento FONTE httpswwwfashionismocombr201008opoderdeumavitrine Acesso em 27 ago 2020 É apenas para ilustrar este exercício que você pode fazer Analisando estas duas imagens qual pontuação cada uma ganharia O legal é ter fotografias das vitrines que você pontuou para depois analisar e identificar que elementos contribuíram para o julgamento de cada uma No caso destas duas vitrines percebese que as duas têm baixo grau de pregnância Na comparação entre estas duas observase que a segunda terá um grau de julgamento quanto à pregnância maior em função de estar composta por elementos similares papéis que remetem a cédulas que contribuem para a harmonização facilitando o percurso do olhar do centro da vitrine para baixo onde se concentram Em contraposição a primeira vitrine apresenta elementos circulares em sua composição mas além de formas diferentes bolas e cilíndricas se localizam por toda a vitrine fazendo com que o percurso do olhar seja bem maior que na segunda vitrine Além do percurso do olhar a diversidade de elementos que compõe a primeira e relação à segunda compromete seu julgamento do grau de pregnância INTERESSANTE TÓPICO 2 AS LEIS DA ORGANIZAÇÃO DA FORMA GESTALT 87 A legibilidade de um objeto dentro da noção de percepção visual tem na Lei da Prägnanz um guia para a efetividade de sua compreensão analítica acerca da sua totalidade Tratandose de um juízo que se faz da organização visual do objeto considerando suas partes e os graus psicológicos que aferimos nas avaliações nos exemplos e exercícios que propomos não avaliamos as partes isoladas as suas relações com o todo de suas composições A Gestalt entende que o que acontece no olho humano é diferente com o que acontece no cérebro e que a percepção é da junção destes dois momentos é do todo é unificada Não percebemos formas isoladas vamos perceber sempre relações onde uma parte depende da outra Na figura a seguir vemos um exemplo disso por mais que pareçam diferentes os dois círculos centrais têm o mesmo tamanho FIGURA 7 ILUSÃO DE ÓTICA FONTE Adaptado de Gomes Filho 2008 A ilusão de ótica acima declara visualmente o postulado gestaltiano onde todo e qualquer processo consciente toda a forma percebida está relacionada às forças que integram o processo fisiológico cerebral A hipótese da Gestalt para explicar a origem dessas forças integradoras é atribuir ao sistema nervoso central um dinamismo autorregulador que à procura de sua própria estabilidade tende a organizar as formas em todos coerentes e unificados GOMES FILHO 2008 p 19 Esta capacidade autorreguladora por mais espontânea que seja parece seguir alguns princípios básicos chamadas forças de organização ou de lei de organização da forma perceptual 88 UNIDADE 2 PERCEPÇÃO VISUAL O princípio inicial se dá no fato de que as formas visuais precisam estar segregadas desiguais ou unificadas similares E para que possam formar unidades fazse necessário o contraste entre as partes descontinuidade dos estímulos ou a conformidade estímulos homogêneos sem contraste Um exemplo é a diferença de estimulação que os pontos pretos da figura anterior explicitam em contraste com o fundo branco Fica evidente que à medida que vamos escurecendo o fundo vamos diminuindo a percepção das formas circulares veja isto acontecendo na Figura 27 São as relações de segregação e unificação que dão conta da formação de unidades como pontos linhas formas manchas 3 PRINCÍPIOS DA COMPOSIÇÃO DA GESTALT A lei de organização da forma perceptual também é conhecida por Lei da Gestalt que apresenta uma espécie de alfabeto básico para a leitura e produção de textos visuais Ao analisar um objeto os princípios apresentados a seguir favorecem a articulação analítica e interpretativa do objeto Os princípios são Unidade Segregação Unificação Fechamento Continuidade Proximidade Semelhança que levam a uma postura frente a pregnância do objeto Este último regulado pela Lei da Prägnanz 31 UNIDADE Identificada em um único elemento a forma encerrase em si mesma Pode ter um ou mais elementos que configuram um todo único A unidade pode ser percebida pelas relações de similaridade destas partes pode haver unidade formal dimensional cromática Se houver mais de uma unidade em um objeto é interessante eleger as unidades principais desde que permitam a leitura do objeto como um todo FIGURA 8 UNIDADE VISUAL TRÊS LISTRAS DA MARCA ADIDAS FONTE httpswwwflaticoncomsvgstaticiconssvg731731962svg Acesso em 27 ago 2020 As três barras que compõem a marca da Adidas mostram um bom exemplo para a unidade É formada pela mesma faixa retangular cortada em tamanho diferente e organizada paralelamente TÓPICO 2 AS LEIS DA ORGANIZAÇÃO DA FORMA GESTALT 89 32 SEGREGAÇÃO A capacidade de separar dando destaque ao que está se separando pode ajudar na noção deste princípio A capacidade de evidenciar notar destacar unidades de uma composição pode ser um recurso realizado através de cores formas dimensões posicionamentos Somos capazes de diferenciar e evidenciar objetos mesmo que sobrepostos E isso vai depender do padrão estético forma cor dimensão entre outros tem em comparação ao outro No design trabalhar com elementos contrastantes podem ajudar neste princípio havendo ainda a possibilidade de organizar por hierarquia a segregação dando maior peso a um conjunto de elementos do que outros FIGURA 9 SEGREGAÇÃO NA MARCA DO CARREFOUR FONTE Adaptado de httpsuploadwikimediaorgwikipediacommons55bCarrefourlogosvg Acesso em 27 ago 2020 Uma flor tem unidade visual à medida que composta por unidades similares que formam um conjunto de pétalas que são unidades particulares mas que juntas dão conta do todo de uma flor A noção de unidade deve considerar os elementos similares que organizem partes que promovem uma composição única de um todo Por exemplo no desenvolvimento de moda a cartela da cor ajuda a garantir unidade para cada peça e para toda uma coleção Na figura anterior vemos duas versões da marca do Carrefour As duas mostram a segregação com seus fundos o contraste dos tons de cinza escuros destaca as marcas do fundo branco tal destaque faz com que os elementos ganhem destaque Na marca da esquerda temos ainda a evidência de dois elementos diferentes pelos tons de cinza na marca colorida o elemento em cinza claro é vermelho e outro elemento cinza mais escuro é azul nesta composição a segregação sugere formas que apontam para lados opostos Já a marca da direita remete ao princípio da unidade pois os dois elementos têm o mesmo tom de cinza escuro e por unidade sugerem uma mesma forma um losango que tem um C de Carrefour cortandoo Aqui vemos como pode ser inteligente saber compor formas com base nos princípios da Gestalt 90 UNIDADE 2 PERCEPÇÃO VISUAL 33 PROXIMIDADE Ao aproximarmos elementos uns dos outros oferecemos ao leitor a possibilidade de vêlos juntos constituindo unidade de um todo ou um todo por si só Se você olhar esta página verá que as letras mais próximas sugerem palavras e que a cada espaço maior entre elas uma nova palavra aparece no conjunto das palavras temos os parágrafos Entretanto vamos nos apoiar nas duas marcas que usamos nos princípios anteriores FIGURA 10 PROXIMIDADE ELEMENTOS SEPARADOS DAS MARCAS ADIDAS E CARREFOUR FONTE O autor Os elementos que dão unidade a cada uma das marcas quando distanciados não sugerem o que precisam comunicar A aproximação de cada um permite a visualização de um todo capaz de dizer da Adidas e dizer de Carrefour 34 SEMELHANÇA Semelhança e proximidade parecem uma agir sobre a outra E ambas têm forte relação com a unidade Elementos semelhantes facilitam o estabelecimento de agrupamentos E condições iguais os estímulos mais semelhantes entre si seja por forma cor tamanho peso direção e localização terão maior tendência a ser agrupados a constituir parte ou unidades Em condições iguais os estímulos originados por semelhança e em maior proximidade terão também maior tendência a serem agrupados a constituírem unidades GOMES FILHO 2008 p 35 TÓPICO 2 AS LEIS DA ORGANIZAÇÃO DA FORMA GESTALT 91 FIGURA 11 SEMELHANÇA DOS ELEMENTOS DAS MARCAS ADIDAS E CARREFOUR FONTE O autor Vemos na parte superior da figura que as formas e cores similares atraem o olho para que se atribua unidade o que mais circular segrega as formas mais retas da mesma forma que o tom cinza mais claro segrega o mais escuro As semelhanças das formas e cores permitem que possamos pensálas como unidades e quando aproximadas oportunizam as imagens das marcas citadas Conhecida também como similaridade a semelhança é considerada a lei mais óbvia à medida que agrupamos quase que intuitivamente objetos similares É o que fazemos na segunda vitrine do exercício anterior com as cédulas 35 UNIFICAÇÃO Tanto a proximidade quanto a semelhança concorrem fortemente para a unificação que consiste na semelhança dos elementos apresentado na composição visual A unificação é verificada quando um objeto apresenta harmonia equilíbrio e coerência visual Numa composição podemos ter níveis de unificação Havendo composições mais unificadas e outra nem tanto Dependendo do caso é possível atribuir valores de qualidade para uma determinada leitura Analisaremos o exemplo que João Gomes Filho 2008 p 31 apresenta para ilustrar a unificação 92 UNIDADE 2 PERCEPÇÃO VISUAL FIGURA 12 UNIFICAÇÃO EM QUATRO EXEMPLOS FONTE Gomes Filho 2008 p 31 Os quatro exemplos apresentados na figura anterior apresentam facilmente o conceito de unificação Na primeira figura temse uma unificação perfeita possui equilíbrio e harmonia pelas próprias leis da Gestalt de proximidade semelhança fechamento e boa continuidade Na segunda a unificação é prejudicada por uma unidade vazada e por uma unidade cinza um ruído visual Na terceira figura a unificação é mais prejudicada ainda pelo vazio de duas unidades perdidas e por outra que destoa pela forma circular além de seu tom cinza Finalmente na quarta figura a unificação simplesmente desaparece perdeu o equilíbrio e a harmonia pela completa desordenação e irregularidade formal e cromática GOMES FILHO 2008 p 31 os termos entre aspas foram alterados pois a figura do autor é colorida e aqui foi reproduzida em tons de cinza 36 FECHAMENTO Obtido pela continuidade e agrupamento de elementos que promovem um todo mais completo mais fechado Não se trata de um fechamento físico mas de uma sensação de fechamento É pelo fechamento resultando da aproximação que a Marca do Carrefour sugere a letra C cortando um losango depois que percebemos tal fechamento passamos a enxergar ora o losango vazado pelo C ora duas formas que apontam para direções opostas FIGURA 13 FECHAMENTO FORMAL E MARCA DO INMETRO FONTE Adaptada de httpsasmetroorgbr Acesso em 27 ago 2020 TÓPICO 2 AS LEIS DA ORGANIZAÇÃO DA FORMA GESTALT 93 Nestas duas manifestações visuais o fechamento pode ser exemplificado As forças de organização da forma dirigemse sempre para uma ordem espacial lógica confirmando o significado formal desejado GOMES FILHO 2008 p 32 O triângulo equilátero formado pelos três semicírculos e as duas letras iniciais da marca InMetro formada pela forma espelhada e rebatida neste caso vemos em preto o I e vazando ele o N Neste segundo caso percebese o fator denotativo já no primeiro o fator abstrato ou conotativo porém é importante entender que é a postura artística que instiga a atração visual destas formas e promovem formas de alta pregnância quando trabalhadas de forma sútil 37 CONTINUIDADE A sucessão das partes sem quebras ou interrupções sugerindo uma trajetória ou oportunizando fluidez visual é a continuidade Ela está na tendência da organização de elementos de maneira a um acompanhar o outro permitindo a continuidade de um movimento numa direção específica FIGURA 14 CONTINUIDADE Fonte O autor O círculo e suas variações definem a melhor continuidade que ocorre quando existe uma fluidez visual que sugere um sentido estável Na representação ao lado percebese a continuidade fluindo por forma e tamanho Sempre que se trabalha com elementos similares próximos à sugestão de continuidade pode ser oportuna para orientar o leitor para um lugar específico da composição Os princípios da lei de organização da forma perceptual Lei da Gestalt são as bases norteadoras para que se alcance composições que sejam coerentes aos objetivos da comunicação em jogo Não existe uma regra correta para alcançar compor visualmente o que existe é um alto grau de compreensão do que vai acontecer em termos de significado se fizermos determinadas ordenações das partes que nos permitam organizar e orquestrar os meios visuais DONDIS 1997 p 29 Para isso os princípios estudados até agora ajudam mas outros devem ser considerados 94 RESUMO DO TÓPICO 2 Neste tópico você aprendeu que Quanto mais simples mais equilibrado homogêneo e regular for o objeto mais pregnante ele será e que é esse o princípio da Lei da Prägnanz A teoria da Gestalt entende que o que acontece no olho humano é diferente com o que acontece no cérebro e que a percepção é da junção destes dois momentos é do todo e é unificada Pela teoria da Gestalt não percebemos formas isoladas percebemos sempre relações onde uma parte depende da outra A teoria da Gestalt pode ser entendida como a Lei da Gestalt ou como a Lei da organização da forma perceptual Ao nos apoiarmos à Lei da Gestalt para analisar um objeto os princípios que devemos no apoiar são unidade segregação unificação fechamento continuidade proximidade semelhança e a própria Lei da Prägnanz 95 1 Um objeto que atende à Lei da Prägnanz apresenta clareza e promove sua leitura de forma fácil Para que possamos poder validar o nível de pregnância de um objeto basta ver se conseguimonos lembrar do objeto sem estar à frente dele Quanto mais lembramos o objeto em sua totalidade com suas partes mais pregnante será Se olharmos as três imagens a seguir e formos tratar da pregnância de cada objeto ali representado é possível afirmar que I A possibilidade de poder lembrar de cada um dos pares de sapato tem muito a ver com a sua capacidade de armazenar detalhes Perceba que o sapato que vai pedir um menor esforço em seus detalhes é o segundo Dos três pares ele é mais pregnante sugere a monocromia poucos elementos poucas texturas enquanto os outros dois parece ter mais de uma textura elementos decorativos estruturais Pense da seguinte forma se daqui alguns dias você se recortar deste exercício é bem possível que o segundo sapato você terá com mais segurança para descrevêlo II O primeiro sapato você lembrará mas quando chegar nos elementos caso da textura do salto e da base e do laço que será mais difícil lembrar com segurança da mesma forma o terceiro aquelas tiras que seguram a armação quantas eram Perceba que o segundo é mais fácil de ficar impregnado em você III Feche seus olhos e lembre de uma peça do vestuário que você desenharia com segurança claro que pode aparecer aquela peça que de tanto você usar você lembre em sua totalidade mas a probabilidade de aparecer desenhos de peças básicas sem estampas como Tshirts básicas vestidos básicos e bermudasshorts básicos Estas são peças pregnantes sua neutralidade clareza harmonia unidade potencializamnas para compor looks com outras peças facilmente AUTOATIVIDADE 96 Com base no que é possível afirmar acerca das sentenças apresentadas assinale a alternativa CORRETA a A Lei da Prägnanz garante que quanto mais elementos mais fácil de lembrar do objeto b A Lei da Prägnanz está relacionada com a afirmação menos é mais c A Lei da Prägnanz não pode estar relacionada com a capacidade de comunicação de um objeto d Ao garantir a Lei da Prägnanz um objeto fica complicado de ser percebido 2 Vamos retornar a uma vitrine de que tratamos anteriormente httpswww fashionismocombr201008opoderdeumavitrine Focaremos apenas no que se mostrou mais pregnante das duas até porque quanto mais utilizamos os princípios da Gestalt estudados até aqui maior a probabilidade de chegarmos em uma composição que atenderá à Lei da Prägnanz Neste exercício analise a imagem da vitrine e descreva como estão declarados cada princípio de composição Unidade Segregação Proximidade Semelhança Unificação Fechamento Continuidade 97 Este exercício tem dois objetivos primeiro exercitar o olhar para identificar cada princípio oportunizando o entendimento de cada um Segundo entender que os princípios se completam e de como trabalhar um é trabalhar o outro Cada um tem seu olhar e ele deve ser pensando dentro da lógica Dentro disso leia com atenção as sentenças a seguir I Unidade Se voltarmos ao exercício anterior onde analisamos o grau de pregnância de duas vitrines podemos ver que o conjunto de cédulas formas que são iguais garante unidade à vitrine As a tonalidade cinza é que faz da imagem uma unidade de fato II Segregação é possível ver que as unidades cédulas e manequim se segregam por quantidade dimensão posicionamento a forma em barra branca que declara AUTOBANK para garantir o entendimento de que se trata deste ambiente estes elementos permitem que a vitrine tenha uma leitura dentro da temática conteúdo pretendida III Proximidade mas a proximidade é estratégia interessante e também é vista nesta vitrine As cédulas que se aproximam do chão sugerindo quantidade as formas mais orgânicas que dão conta de compor o manequim as formas lineares geométricas em tons cinzas escuros que sugerem um caixa eletrônico IV Semelhança elementos semelhantes facilitam o estabelecimento de agrupamentos na vitrine a composição ao segregar bem as partes ajuda muito nisso pois boa parte dos elementos semelhantes já estão agrupados mas alguns que aparecem isolados dão destaque ao formato de cada elemento isso vale para as cédulas que parecem sair do caixa eletrônico que sugerem estar caído dada a quantidade de elementos semelhantes na parte de baixo e como a estampa do vestido ganha destaque com isso pois não nenhum outro elemento similar a ela existe fora do vestido V Unificação os tons de cinza unificam a vitrine e declaram a mesma como harmonia equilíbrio e coerência visual Percebese que os elementos semelhantes e a proximidade ajudam a compor a vitrine com partes unificadas a parte inferior onde temos uma textura formada pelas cédulas a parte superior que tem uma composição geométrica com elementos que se fecham em si E a parte do meio da imagem onde todas as formas se destacam e o corpo da modelo parece segregarse em relação à parede e ao caixaeletrônico VI Fechamento vários elementos por proximidade inclusive parecem se fechar os elementos do caixaeletrônica fecham a imagem dele Da mesma forma que a barra superior declara a palavra AUTOBANK explicitando o espaço que a vitrine representa Os elementos orgânicos da textura do vestido se fecham dando a ele destaque VII Continuidade No caso da continuidade vemos como os elementos que por semelhança sugerem direções do olhar Algumas linhas retas sugerem a noção de perspectiva veja a figura que enquadra a palavra AUTOBANK por exemplo Enquanto as cédulas que caem vão formando uma linha curva que sugere um alagamento do espaço de onde saltam as duas pernas que por proximidade explicitam uma ponta direcionada ao look da modelo que se segrega de toda a composição ganhando o devido destaque 98 Com base no que é possível afirmar acerca dos princípios apresentados assinale a alternativa CORRETA a Todas as sentenças estão corretas b As sentenças I II III e VII estão corretas c As sentenças II IV V VI e VI estão corretas d As sentenças I III e V estão corretas 3 A Gestalt é uma escola de Psicologia Experimental Considerase que Christian von Ehrenfels filósofo austríaco de fins do século XIX foi o precursor da psicologia da Gestalt Mais tarde por volta de 1910 teve seu início mais efetivo por meio de três nomes principais Max Wertheimer 18801943 Wolfgang Köhler 18871967 e Kurt Koffka 18861941 da Universidade de Frankfurt GOMES FILHO 2008 p 18 A partir da leitura desse texto avalie as asserções a seguir e a relação proposta entre elas I A Gestalt atua principalmente na forma e tem grande relevância nos estudos de percepção linguagem conduta e dinâmica de grupos sociais dando conta de sugerir respostas ao porquê gostamos mais de uma coisa do que de outra PORQUE II Em um sentido mais geral o termo Gestalt tem seu significado relacionado à interação de parte em oposição ao todo Assinale a alternativa CORRETA a A asserção I é uma proposição verdadeira e a II é uma proposição falsa b A asserção I é uma proposição falsa e a II é uma proposição verdadeira c As asserções I e II são proposições verdadeiras e a II complementa corretamente da I d As asserções I e II são proposições verdadeiras mas a II não complementa a I 4 Reconhecer objetos é questão primeira na capacidade de percepção visual neste processo são mais percebidas as composições mais bem organizadas mais simples e estáveis isso se dá pela lei de Prägnanz que a teoria da Gestalt analisa A partir da afirmação explique o que é a Lei da Prägnanz lei da pregnância exemplificando 5 Vemos na figura a seguir a mesma palavra escrita com tipografias diferentes Aponte qual delas tem maior pregnância justificando sua resposta Explique cada um dos filtros 99 FONTE Adaptado de Gomes Filho 2008 101 UNIDADE 2 TÓPICO 3 PRINCÍPIOS TÉCNICAS E ELEMENTOS BÁSICOS DA COMPOSIÇÃO 1 INTRODUÇÃO Iniciamos o terceiro tópico desta unidade e nela vamos conhecer outros princípios que parecem completar a Lei da Gestalt ou de certa forma estão intrínsecos a ela Entendendo que alguns princípios apresentam técnicas opostas à Gestalt e mesmo assim ter poder na composição visual Neste tópico nós vamos explorar técnicas no âmbito da polaridade caso do equilíbrio e instabilidade regularidade e irregularidade simplicidade e complexidade unidade e fragmentação economia e profusão minimização e exagero previsibilidade e espontaneidade atividade e estase sutileza e ousadia neutralidade e ênfase transparência e opacidade estabilidade e variação exatidão e distorção planura e profundidade singularidade e justaposição sequencialidade e acaso agudeza e difusão e repetição e episodicidade A análise de um objeto pode identificar muitas das técnicas e dos princípios em sua estrutura e cabe ao profissional saber usar a variedade dos princípios e as inúmeras técnicas na composição estrutural do seu objeto Este tópico os apresentará vamos lá 2 OUTROS PRINCÍPIOS E TÉCNICAS No desenvolvimento de um objeto um produto de design por exemplo são utilizados um número considerável quantidade de elementos cores formas texturas e estratégias proporção posição tamanho relacionados com base nos princípios da Lei da Gestalt unidade segregação unificação fechamento continuidade proximidade semelhança pregnância mas é possível perceber a existência de outros princípios que regem a composição caso da harmonia do contraste e de outras técnicas e elementos básicos da composição visual 21 HARMONIA A harmonia está relacionada à boa organização e boa proporção em toda a composição visual Quando os fatores de equilíbrio ordem e regularidade visual permitem clareza e simplicidade na leitura da composição temse a harmonia plena 102 UNIDADE 2 PERCEPÇÃO VISUAL FIGURA 15 HARMONIA FONTE O autor A figura apresenta a harmonia pela ordem na disposição dos elementos e tem concordâncias formais entre suas unidades O organismo humano parece buscar a harmonia um estado de tranquilidade e resolução que os zenbudistas chamam de meditação em repouso absoluto DONDIS 1997 p 108 um objeto harmônico sugere a redução da tensão a racionalização resolve as confusões visuais dando conta de garantir a Lei da Prägnanz Quando fica evidente este contexto harmônico é que o contraste ganha valor 22 CONTRASTE Se a vontade humana é a harmonia o contraste é estratégia opositora a isso Como já mencionamos é pelo contraste que é possível ver imagine um desenho branco sobre um fundo branco este baixo contraste dificultará a visualização do desenho para darmos visualização é preciso acentuar a oposição cromática do fundo ou do desenho e isso basicamente é o contraste A importância e o significado do contraste começam no nível básico da visão pela presença ou ausência da luz É a força que torna visível as estratégias da composição visual É de todas as técnicas a mais importante para o controle visual de uma mensagem bisou tridimensional É também um processo de articulação visual em uma força vital para a criação de um todo coerente GOMES FILHO 2008 p 62 O contraste ganha valor inclusive na comunicação à medida que ele potencializa as oposições como comentamos inicialmente o traço escuro sobre um fundo branco potencializa a visualização de um desenho Entendendo isso é preciso sutileza para trabalhar com ele ainda mais quando optar pelo contraste é estratégia é expressar transmitir uma ideia O contraste é o aguçador de todo significado é o definidor básico das ideias Entendemos muito mais a felicidade quando a contrapomos à tristeza e o mesmo se pode dizer com relação aos opostos amor e ódio DONDIS 1997 p 121 TÓPICO 3 PRINCÍPIOS TÉCNICAS E ELEMENTOS BÁSICOS DA COMPOSIÇÃO 103 Retorne ao início desta unidade e veja as linhas que você compôs para expressar a ideia de casamento feliz e de casamento conflituoso o contraste destas duas situações provavelmente estará manifestado em suas expressões INTERESSANTE De todas as técnicas o contraste é obrigatoriamente o mais existente nas manifestações visuais sendo uma referência obrigatória tanto na composição visual como um todo ou na caraterização de um elemento específico pelo fato de que ele garante a articulação e a expressão visual pretendidas Só será possível evidenciar um elemento de uma composição se promovermos este por contraste No croqui do estilista Christian Lacroix nós vemos como ele utilizou o contraste para dar ênfase aos elementos específicos expressando transparências nos ombros em contraste com a opacidade expressa na representação do vestido na cintura FIGURA 16 OS CONTRATSES NA REPRESENTAÇÃO GRÁFICA DO ESTILISTA CHRISTIAN LACROIX FONTE httpwwwparisartourscomwpcontentuploads201612 eb55892fd2817193da0de8ac5a00ec531jpg Acessado em 27 ago 2020 No croqui de Lacroix é possível perceber o contrate de tom onde a claridade ou a obscuridade relativas promovem intensidades contrastantes analisando a imagem é evidente que existem divisões dos extremos tonais que são suficientes para expressar por contraste as diferenças de volumes de peso e 104 UNIDADE 2 PERCEPÇÃO VISUAL de tamanho de elementos que estão compondo a peça do vestuário representada pelo estilista Outros contrastes que aprecem na figura são contraste de forma onde linhas sugerem texturas diferentes umas mais esvoaçantes que outras que na ausência de linhas expressam tecidos lisos Contraste de escala onde pequenos traços que sugerem amarrações laços nas mangas dão força dada ao seu tamanho menor ao elemento de amarração na cintura um laço que parece cinturar a peça no corpo de quem a veste INTERESSANTE Com apenas dois elementos vamos exercitar o que estamos tratando aqui Recorte um quadrado em uma folha de papel branca de tamanho 10x10cm tendo como base um A4 E uma moeda Usando o quadrado como base coloque a moeda sobre o papel quadrado Inicialmente vemos que a moeda se contrasta com o fundo branco Agora posicione a moeda dentro do quadrado de maneira criando uma composição harmônica Veja que interessante Harmonia como tratamos aqui é um estado de repouso absoluto desta forma há uma probabilidade de a moeda estar posicionada em um lugar dentro do quadrado que provoque um relaxamento das tensões visuais ou seja que nosso olhar não fique vagando a composição em busca de uma situação considerada melhor Assim é bem possível que a posição mais sugestiva seja o centro do quadrado Interessante perceber que nós nos comportamos como um instrumento de medida como nos diz Rudolf Arnheim 2005 vamos levando a moeda de forma que ela esteja distanciada das quatro bordas igualmente buscando o centro geométrico da figura Desta forma garantimos a composição harmonia visual em todos os sentidos Note que se posicionarmos a moeda sem esta capacidade de medida a figura fica pedindo isso TÓPICO 3 PRINCÍPIOS TÉCNICAS E ELEMENTOS BÁSICOS DA COMPOSIÇÃO 105 Com este exercício colocamos em evidência técnicas de composição que se apoiam na ideia que a experiência visual é dinâmica ARNHEIM 2005 p 4 Perceba quanto a moeda tem vontade de se posicionar no centro e parece se puxada para esta posição por forças que não estão declaradas na imagem Esse exercício nos mostra que existem mais coisas no campo de visão do que a retina consegue captar lembrese das diferenças entre ver e enxergar e como este fator induz o comportamento de quem compõe visualmente A vontade de pausa sugerida pela harmonia declara que as energias envolvidas na composição atingiriam o mínimo pouco há para deixar a mesma em equilíbrio 23 EQUILÍBRIO Assim como para a harmonia o ser humano tem uma tendência de buscar o equilíbrio é da natureza dele Desta forma o equilíbrio é referência visual forte quando recebe ou produz informações visuais A noção horizontalvertical compõe a base do ser humano com o meio ambiente e com o espaço que ele vai compor seus objetos que passam a ter eixo vertical com referência horizontal e juntos determinam as condicionantes estruturais que dão conta do equilíbrio conhecido como eixo de sentido FIGURA 17 TESTE DE MAITLAND GRAVES FONTE Adaptado de Arnheim 2005 p 14 106 UNIDADE 2 PERCEPÇÃO VISUAL Ilustrando um exemplo dos testes feitos por Maitland Graves para determinar a sensibilidade de estudantes foi descrita por Arnheim 2005 p 14 assim A figura da esquerda é bem equilibrada Há bastante vida nesta combinação de quadrados e retângulos de vários tamanhos proporções e direções mas eles se prendem uns aos outros de tal modo que cada elemento permanece em seu lugar tudo é necessário nada está procurando mudar Compare a vertical interna claramente estabelecida de a com sua patética contraparte vacilante em b Em b as proporções baseiamse em diferenças tão pequenas que deixam os olhos na incerteza de contemplar igualdade ou desigualdade simetria ou assimetria quadrado ou retângulo Não se pode dizer o que a figura tenta transmitir Neste exemplo alguns fatores relevantes quanto ao equilíbrio cujas propriedades relevantes são Peso e direção Dependendo da posição ou do tamanho de um elemento ele pode ganhar peso na composição e com isso atrai a atenção Para que se consiga dar a esta composição equilíbrio fazse necessário inserir outros elementos que contrabalancem seu peso As obras de Piet Mondria são composições equilibradas com base em estruturas onde pesos e direções são potencializados FIGURA 18 REPRESENTAÇÃO EM TONS DE CINZA DA OBRA DE PIET MONDRIAN FONTE Adaptada de httptwixarmem5gm Acesso em 27 ago 2020 Mesmo em tons de cinza é possível ver que quadrados de tons iguais se apresentam em tamanhos diferentes e estão posicionados estrategicamente para que a obra tenha equilíbrio A capacidade do artista quase que matemática é elogiável pois é preciso competência visual para alcançar esta composição visual TÓPICO 3 PRINCÍPIOS TÉCNICAS E ELEMENTOS BÁSICOS DA COMPOSIÇÃO 107 Simetria e assimetria toda composição apresenta pelo menos um eixo que divide o objeto ao meio quando as partes são iguais ou se assemelham a composição é simétrica quando elas não são iguais a composição será assimétrica Dada a relação de igualdade das duas partes as composições simétricas têm a tendência de serem percebidas mais facilmente E dada a uma estrutura que se repete podem se tornar algo monótono enfadonho e sem graça A composição da Figura 19 é um exemplo disso e dada a possibilidade de a mesma ter eixos horizontal vertical e diagonal que a dividem é chamada de Simetria Axial neste tipo o equilíbrio é absolutamente perfeito FIGURA 19 SIMETRIA NUMA FOTOGRAFIA DE PAISAGEM FONTE httpsolharescomsimetriaaxialnaturalfoto8109719html Acessa em 27 ago 2020 A fotografia de paisagem se mostra simétrica por pesos e direções de seus elementos É possível ver o eixo de simetria vertical 1 o eixo de simetria horizontal 2 e até os eixos simétricos diagonais 3a 3b Já a assimetria é a ausência de simetria Uma composição assimétrica para alcançar o equilíbrio demanda de um esforço árduo por parte de seu produtor Na composição de Piet Mondrian Figura 18 o contraste assimétrico se manifesta em todos os eixos Os pesos das figuras geométricas e os contrastes das linhas pretas e dos tons de cinza conferem um resultado plástico além de equilibrado interessante Cabe ao profissional responsável em compor visualmente um objeto seja ele um desenho um produto uma coleção de moda entender de que forma ele quer atingir seu público alvo As composições equilibradas harmônicas e que vão em linha à Lei da Prägnanz direcionam o discurso visual para a simplicidade para a sensatez Todavia nem sempre é isso que atrairá a clientela entender que é possível utilizar técnicas opostas a isso pode contribuir para o repertório deste profissional Desta forma vamos apresentar algumas técnicas visuais que pode servir como estratégias na comunicação DONDIS 1997 108 UNIDADE 2 PERCEPÇÃO VISUAL 24 EQUILÍBRIO E INSTABILIDADE Já tratamos do equilíbrio que numa composição visual pode ser trabalhado na definição de um centro de suspensão que dará norte para os pesos e direções e para os eixos de simetria Já a instabilidade é oposta ao equilíbrio FIGURA 20 EQUILÍBRIO 1 E INSTABILIDADE 2 FONTE O autor 25 REGULARIDADE E IRREGULARIDADE Enquanto a regularidade potencializa a uniformidade dos elementos da composição e institui uma ordem na estrutura organizacional a Irregularidade vai enfatizar o inesperado comprometendo o que seria ordinário na estrutura organizacional da composição FIGURA 21 REGULARIDADE 1 E IRREGULARIDADE 2 FONTE O autor TÓPICO 3 PRINCÍPIOS TÉCNICAS E ELEMENTOS BÁSICOS DA COMPOSIÇÃO 109 26 SIMPLICIDADE E COMPLEXIDADE A ordem e a uniformidade são norteadoras da simplicidade cujas formas se apresentam sem complicações e se maiores elaborações Enquanto a composição complexa é compreendida por uma quantidade eou variedade considerável de elementos precisamos de artifícios complicados em sua organização FIGURA 22 SIMPLICIDADE 1 E COMPLEXIDADE 2 FONTE O autor 27 UNIDADE E FRAGMENTAÇÃO A unidade já foi trabalhada anteriormente e neste momento é importante salientar que está relacionada com o equilíbrio adequado de vários elementos em uma composição que os totaliza visualmente Esta totalização fica tão harmonizada que passa a ser vista como uma única coisa A fragmentação ao contrário decompõe os elementos e as unidades possíveis deixando cada uma das partes da composição relacionadas entre si conservando o caráter individual de cada uma 110 UNIDADE 2 PERCEPÇÃO VISUAL FIGURA 23 UNIDADE 1 E FRAGMENTAÇÃO 2 FONTE Adaptada de httpsipinimgcomoriginals58 e99c58e99cacda07ba7a8714b5581e22f81ejpg Acesso em 30 out 2020 28 ECONOMIA E PROFUSÃO A economia é numa organização sensata coerente e parcimoniosa na utilização de elementos visuais A profusão pelo contrário se apresenta cheia de elementos com muitos detalhes e ornamentos pode ser entendida como uma estratégia de enriquecimento visual associando seu discurso ao poder e à riqueza enquanto a economia está relacionada ao conservadorismo e pureza da forma FIGURA 24 ECONOMIA 1 E PROFUSÃO 2 FONTE O autor TÓPICO 3 PRINCÍPIOS TÉCNICAS E ELEMENTOS BÁSICOS DA COMPOSIÇÃO 111 29 MINIMIZAÇÃO E EXAGERO Equivalentes da polaridade econômica e profusão a minimização se mostra mais abrandada dando conta de expressar o máximo com o mínimo de elementos O Exagero recorre à expressão profusa e extravagante dando ênfase à agressividade intensificando e amplificando seu discurso FIGURA 25 MINIMIZAÇÃO 1 E EXAGERO 2 FONTE O autor 210 PREVISIBILIDADE E ESPONTANEIDADE Uma composição previsível sugere ordem e convenção tem a possibilidade de oferecer elementos que deixam previsível como a mesma será composta Por outro lado a espontaneidade parece não ser planejada de forma impulsiva e livre surpreende em sua composição FIGURA 26 PREVISIBILIDADE 1 E ESPONTANEIDADE 2 FONTE O autor 112 UNIDADE 2 PERCEPÇÃO VISUAL 211 ATIVIDADE E ESTASE Atividade reflete visualmente o movimento sugerindo ou representando isso Toda a energia e o estímulo da técnica visual Atividade é acalentada pela Estase que busca no equilíbrio o efeito de repouso e tranquilidade FIGURA 27 ATIVIDADE 1 E ESTASE 2 FONTE O autor 212 SUTILEZA E OUSADIA Embora delicada e requintada a sutileza apresenta criteriosa concepção apresentando composições de grande habilidade e inventividade É uma técnica que apresenta saídas distintas e apuradas A ousadia tem na obviedade sua lógica objetivando a máxima visibilidade deve ser utilizada com audácia confiança e segurança FIGURA 28 SUTILEZA 1 E OUSADIA 2 FONTE O autor TÓPICO 3 PRINCÍPIOS TÉCNICAS E ELEMENTOS BÁSICOS DA COMPOSIÇÃO 113 213 NEUTRALIDADE E ÊNFASE A neutralidade aparece em ocasiões em que a composição tem uma estrutura visual que pouco provoca o observador Enquanto a ênfase quebra esta atmosfera criando elementos provocativos realçado por fortes contrastes determinados elementos FIGURA 29 NEUTRALIDADE 1 E ÊNFASE 2 FONTE O autor 214 TRANSPARÊNCIA E OPACIDADE Nesta polaridade a transparência vai envolver detalhes que permitem que os elementos situados na parte de trás sejam revelados Enquanto a opacidade os bloqueia totalmente FIGURA 30 TRANSPARÊNCIA 1 E OPACIDADE 2 FONTE O autor 114 UNIDADE 2 PERCEPÇÃO VISUAL 215 ESTABILIDADE E VARIAÇÃO A uniformização e a coerência da composição definem a estabilidade A variação exige mudanças e elaborações caracterizandose pela diversidade e sortimento dos elementos da composição FIGURA 31 ESTABILIDADE 1 E VARIAÇÃO 2 FONTE O autor 216 EXATIDÃO E DISTORÇÃO A exatidão é a reprodução fiel de como nossos olhos veem É quando a composição dá conta de representar o fenômeno como ele é no real Uma fotografia é um bom exemplo para a Exatidão Já a distorção altera o realismo da exatidão age sobre a composição desviando a forma regular a forma verdadeira FIGURA 32 EXATIDÃO 1 E DISTORÇÃO 2 FONTE O autor TÓPICO 3 PRINCÍPIOS TÉCNICAS E ELEMENTOS BÁSICOS DA COMPOSIÇÃO 115 217 PLANURA E PROFUNDIDADE Duas técnicas que estão submetidas ao entendimento da perspectiva No caso da planura não existe a perspectiva e nem efeitos de luz e sombra Quando a perspectiva aparece assim como os efeitos de luz e sombra temos a profundidade FIGURA 33 PLANURA 1 E PROFUNDIDADE 2 FONTE O autor 218 SINGULARIDADE E JUSTAPOSIÇÃO A singularidade dá ênfase a um elemento específico ela focaliza deixando este elemento independentemente de qualquer outro elemento da composição A justaposição sugere a interação entre os elementos estabelecendo relações entre elas tornandoas dependentes uma das outras na composição FIGURA 34 SINGULARIDADE 1 E JUSTAPOSIÇÃO 2 FONTE O autor 116 UNIDADE 2 PERCEPÇÃO VISUAL 219 SEQUENCIALIDADE E ACASO Quando a composição apresenta uma ordem lógica e permite que se tenha uma resposta compositiva ordinária temos a sequencialidade que provoca uma disposição de elementos similares ou não segundo um padrão rítmico Já a ausência de planejamento rítmico a desorganização ordinária define o acaso cuja estrutura composicional se mostra acidental FIGURA 35 SEQUENCIALIDADE 1 E ACASO 2 FONTE O autor 220 AGUDEZA E DIFUSÃO Agudeza definese na clareza física e de expressão da composição cujos elementos se mostra precisos com linhascontornos rígidos com efeito final claro e de fácil interpretação Enquanto a suavidade e a menor precisão caracterizam a composição difusa que cria uma atmosfera de sentimento e calor DONDIS 1997 p 158 FIGURA 36 AGUDEZA 1 E DIFUSÃO 2 FONTE O autor Dondis 1997 p 158 TÓPICO 3 PRINCÍPIOS TÉCNICAS E ELEMENTOS BÁSICOS DA COMPOSIÇÃO 117 221 REPETIÇÃO E EPISODICIDADE Quando a composição apresenta elementos visuais ininterruptos que a unifica temse a repetição onde a continuidade dá união à composição Já a técnica da episodicidade apresenta elementos desconexos com conexões frágeis ela reforça a individualidade de cada elemento sem desqualificar a composição como um todo FIGURA 37 REPETIÇÃO 1 E EPISODICIDADE 2 FONTE O autor Retiradas da obra de Donis A Dondis Sintaxe da linguagem visual estas técnicas são ferramentas importantes na mão do designer Muitas outras técnicas visuais podem ser exploradas descobertas e empregadas na composição sempre no âmbito da polaridade açãoreação luminosidade embaçamento cor monocromatismo angularidade rotundidade verticalidade horizontalidade delineamento mecanicidade intersecção paralelismo Seus estados antagônicos de polaridade dão ao compositor visual uma grande oportunidade de aguçar graças à utilização do contraste a obra em que são aplicados DONDIS 1997 p 160 Interessante perceber que a percepção da forma é o resultado de uma interação entre o objeto físico e o meio de luz agindo como transmissor de informação condições e imagens que prevalecem no sistema nervoso do observador que é em parte determinada pela própria experiência visual GOMES FILHO 2008 p 41 Quando olhamos para uma vitrine podemos perceber o esquema do plano de expressão convertendo a forma fotográfica que espelha o real da vitrine em um conjunto de formas abstratas linhas retângulos círculo que vão contribuir para o entendimento mais apurado da vitrine Isso ajuda a entender que estes elementos formais se tornam uma espécie de alfabeto visual Este alfabeto é formado pelos elementos visuais que são o ponto a linha a forma a direção o movimento a escala a dimensão a textura o tom e a cor 118 UNIDADE 2 PERCEPÇÃO VISUAL 3 ELEMENTOS VISUAIS Os elementos visuais formam a base do que vemos como letras de um alfabeto ponto linha forma direção movimento escala dimensão textura tom e cor se mesclam construindo elementos que sozinhos ou em conjunto formar as composições visuais Um pequeno número que é matériaprima de toda e qualquer informação visual Assim como um alfabeto e a gramática fica à disposição do escritor os elementos visuais ficam à disposição do artista visual do designer que dado o seu repertório gramatical visual caso do entendimento dos princípios e das técnicas visuais garantirá composições que sejam lidas compreendidas e convençam a aquisição de seus valores por parte de seus consumidores Para que possamos entender os elementos vamos tratar de cada um deles isoladamente 31 O PONTO O elemento mais simples da comunicação visual Irredutível Todo e qualquer ponto tem forte poder de atração FIGURA 38 O PONTO Isolado o pondo concentra a atenção do espectador Quando trabalhado em conjunto e com a mesma proporção o ponto age como eixos de para do olhar fazendo com que se percorra as distâncias que supostamente cada um limita Perceba na Figura 38 que do lado esquerdo nosso olho repousa no ponto isolado e quando dentro de uma figura como o quadrado ele chama a atenção concentra as forças de toda a composição Agora se posicionarmos dois pontos ou mais veremos que o conjunto dos pontos dirigem o olhar FONTE O autor TÓPICO 3 PRINCÍPIOS TÉCNICAS E ELEMENTOS BÁSICOS DA COMPOSIÇÃO 119 FIGURA 39 PONTO E A DIREÇÃO DO OLHAR FONTE O autor A aproximação dos pontos permite a sensação de tonalidades quanto mais próximos mais fortes os tons quanto mais distantes mais suaves Essa capacidade contribuiu para o surgimento de um movimento artístico chamado de pontilhismo que como manifesto dá conta de expressar o poder de atração dos pontos numa composição visual FIGURA 40 TÉCNICA DO PONTILHISMO FONTE https3bpblogspotcomRw8gAkJImYWMCSVvhZGIAAAAAAAAAG0eG02q h2hZNQpjGA1dRpfOglGLNQLHNwCLcBs320olho2Bpontojpg Acesso em 27 ago 2020 A aproximação de elementos para intensificar as tonalidades é um recurso interessante Muitos artistas visuais se utilizam disso na história os artistas do pontilhismo exploraram os processos de fusão contraste e organização que se concretizam nos olhos do espectador DONDIS 1997 p 54 Potencializando o papel do olhar na percepção visual O ponto como elemento primeiro de qualquer composição induz a qualquer outro elemento 120 UNIDADE 2 PERCEPÇÃO VISUAL Muito do que estamos vendo nesta disciplina conversa diretamente com a história da arte Que tal um retorno a ela para poder entrar em contato com artistas e obras que dão conta de exemplificar toda essa teoria Acesse httpsarterefcomartenomundo9 coisasquevoceprecisasabersobreopontilhismo e veja o exemplo do pontilhismo INTERESSANTE 32 A LINHA Como vimos os pontos quando vão se aproximando dirigem o olhar e aumentam a tonalidade do conjunto que compõem Esta aproximação quando impossibilita a identificação dos pontos nos leva à experiência da linha Tanto que uma forma de conceituar linha é pela noção do ponto movimentarse no espaço deixando uma marca contínua uma linha FIGURA 41 A LINHA FONTE O autor A linha nunca é estática uma vez que ela é o ponto em movimento É um elemento da composição inquieto e questionador de todo e qualquer desenho Todavia ela não é vaga ela é decisiva delimita A linha dá forma às ideias e permite organizar o sistema visual para que ideias sejam pensadas FIGURA 42 CROQUI ARQUITETÔNICO FONTE Adaptada de httpsmirs3cdncfbehancenetprojectmodules2800 opt12dd5d8943891435e7e512c2340cjpg Acesso em 27 ago 2020 TÓPICO 3 PRINCÍPIOS TÉCNICAS E ELEMENTOS BÁSICOS DA COMPOSIÇÃO 121 A linha é o elemento essencial do desenho tanto na escrita quanto na capacidade de ser desenho Pode assumir formas muito diversas para expressar uma grande variedade de estados de espírito DONDIS 1997 p 57 lembrese do exercício de representar pela linha o sentimento de casamento feliz e de casamento conflituoso A linha dá conta de retirar tudo o que é supérfluo e expressar Delicada ou grosseira reta ou ondulada a linha tem poder personalizar o traço de seu executor potencializando a identidade no traço expressão máxima do estilo de um artista Da mesma forma que pode ser fria sem identidade em desenhos de mapas projetos técnicos e engrenagens de máquinas A linha pode ser entendida como limite Difícil de ser encontrada na natureza ela aparece nos limites de uma rachadura na parede nos limites das sobras de uma árvore na calçada no contraste dos fios de luz com o céu azulado Ela potencializa então as formas que nos chegam à visão 33 A FORMA É descrita delimitada pela linha Sua complexidade é articulada pela linha Apenas três formas básicas existem o quadrado o círculo e o triângulo Com características específicas cada um dá conta de representar determinados significados em alguns casos de forma arbitrária FIGURA 43 AS FORMAS BÁSICAS QUADRADO CÍRCULO E TRIÂNGULO FONTE O autor Ao quadrado se associam enfado honestidade retidão e esmero ao triângulo ação conflito tensão ao círculo infinitude calidez proteção DONDIS 1997 p 58 Estas formas básicas são planas e a partir das mais variadas combinações dão conta de formar todas as outras formas 122 UNIDADE 2 PERCEPÇÃO VISUAL FIGURA 44 EXEMPLOS DA VARIAÇÃO FORMAL DAS COMBINAÇÕES DAS FORMAS BÁSICAS FONTE O autor Se entendemos que a linha surge do movimento do ponto pelo espaço podemos entender que a forma surge do movimento linear neste mesmo espaço São as direções que a linha percorre que dão as formas que vemos 34 A DIREÇÃO As três formas básicas surgem de três direções básicas da direção horizontal e vertical vamos ter as formas quadráticas da direção angular vamos ter as formas triangulares e da direção em curva vamos ter as formas circulares FIGURA 45 DIREÇÕES VISUAIS BÁSICAS FONTE O autor Da mesma maneira que as formas básicas cada direção tem significados importantes a direção verticalhorizontal constitui a referência primária do homem em termos de bemestar e maneabilidade Seu significado mais básico tem a ver com a estabilidade em todas as questões visuais A necessidade de equilíbrio não é uma necessidade exclusiva do homem dele também necessitam todas as coisas construídas e desenhadas A direção diagonal tem referência direta com a TÓPICO 3 PRINCÍPIOS TÉCNICAS E ELEMENTOS BÁSICOS DA COMPOSIÇÃO 123 ideia de estabilidade É a formulação oposta a força direcional mais instável e consequentemente mais provocadora das formulações visuais Seu significado é ameaçador e quase literalmente perturbador As forças direcionais curvas têm significados associados à abrangência à repetição e à calidez Todas as forças direcionais são de grande importância para a intenção compositiva voltada para um efeito e um significado definidos DONDIS 1997 p 60 FIGURA 46 TENSÕES FORMAIS CONFORME AS DIREÇÕES FONTE O autor 35 O MOVIMENTO Este elemento visual está mais implícito que explícito nas composições visuais Contudo é um dos principais recursos visuais do funcionamento das estruturas visuais Se formos pensar no movimento explícito vamos percebêlo no cinema nos audiovisuais onde de fato a imagem se expressa em movimento ou em mecanismos que tenham no movimento sua expressão podemos pensar aqui em vitrines que tenham elementos que fiquem se movimentando Todavia a maneira implícita de se declarar faz do movimento um dos principais recursos das imagens estáticas Muitas imagens estáticas podem em sua composição sugerir movimentos como resposta à posição de elementos eou recursos visuais que formam a estrutura visual dela Se voltarmos à Figura 39 vamos ver que a combinação de dois ou mais pontos ao sugerirem direção sugerem movimento O olhar do espectador vai e volta entre os elementos visuais que neste exemplo são similares pontos 124 UNIDADE 2 PERCEPÇÃO VISUAL FIGURA 47 MOVIMENTO EM IMAGENS ESTÁTICAS FONTE O autor É este vagar do olhar essa exploração visual da estrutura que promove movimento à composição Em nossa cultura Ocidente a convenção da leitura arbitraria esta exploração induz o olhar a percorrer um caminho na página Este vagar também está condicionado às questões fisiológicas caso de na busca de um suposto equilíbrio exploramos as imagens pelos eixos de sentido vertical horizontal e diagonal além do próprio olho apresentar movimentos musculares que o deixam sempre em movimento percorrendo o espaço de visão este tipo de movimento ocular organiza padrões de esquadrinhamento que são tão individuais e únicos quanto as impressões digitais DONDIS 1997 p 81 Essas capacidades de olhar sozinhas ou em conjunto deixam claro que existe movimento nas imagens da mesma forma que nos processos de visão 36 A ESCALA Os elementos que constituem uma composição podem ser diferentes um dos outros estas diferenças constituem as escalas uma cor é mais forte que outra uma forma é maior que a outra A escala pode ser estabelecida não só através do tamanho relativo das pistas visuais mas também através das relações com o campo ou com o ambiente DONDIS 1997 p 72 O resultado destas relações nunca é absoluto podem sofrer modificações no decorrer da experiência do olhar comparado a um elemento tal forma é menor mas se mostra mais intensa que outra forma e por aí vai TÓPICO 3 PRINCÍPIOS TÉCNICAS E ELEMENTOS BÁSICOS DA COMPOSIÇÃO 125 FIGURA 48 ESCALA E A VARIAÇÃO NAS RELAÇÕES FONTE O autor Um mesmo círculo pode ser considerado grande em relação à figura que o contém e pequeno quando situado dentro de uma figura maior O tamanho relativo da composição interfere na afirmação sobre um mesmo elemento deixando relativa toda e qualquer afirmação sobre as comparações A escala nos permite então termos uma dimensão dos elementos a partir de um valor Em mapas por exemplo ela indica que uma determinada medida no desenho representa outra medida no mundo real No caso de um desenho técnico onde o desenho a proporcionalidade do desenho para a peça final é feito em escala normalmente 110 um para dez Onde na peça real o que for 100 cm de altura terá no desenho 10 cm A escala vai aparecer na indústria do vestuário nos tamanhos variáveis das peças P M G com base em uma escala proporcional à média das medidas do corpo humano em uma determinada etnia FIGURA 49 ESCALA EM DESENHOS TÉCNICOS FONTE Adaptada de httpwwwrenataperitocomp2078 Acesso em 27 ago 2020 126 UNIDADE 2 PERCEPÇÃO VISUAL Existem outras relações de escala que se fazem por fórmulas de proporção caso da seção áurea fórmula matemática de grande elegância visual Ela é muito usada para o desenvolvimento de marcas mas seu papel básico é proporcionar uma certa sensação de equilíbrio para o espectador assim ao desenvolvermos um projeto com base na proporção áurea estamos colocando toda a composição em linha com a Lei da Prägnanz A proporção áurea é discutida e apresentada por vários autores e profissionais da área do design das artes da comunicação da arquitetura e outras Se você buscar na internet terá acesso a vários conteúdos interessantes sobre o tema Disponibilizamos um site para mostrar isso httpsdesignculturecombrfinalmenteaprendaaaplicar proporcaoaurea Boa pesquisa DICAS Entender que ao relacionarmos os elementos de uma composição a partir de uma escala nos faz perceber quanto isso pode afetar os significados e o quanto poderá interferir nos objetivos pretendidos em jogo na composição Controlar a escala é dominar o discurso manipulando os elementos a favor do que se pretende com projeto 37 A DIMENSÃO A dimensão de objetos tridimensionais é lógica e real porém imagens bidimensionais dão conta de representar a dimensão através da ilusão o desenho a pintura a fotografia por mais que representam objetos tridimensionais não os são É possível representar a dimensão por várias maneiras uma das principais é a técnica da perspectiva Os resultados da perspectiva podem ficar mais intensos com a manipulação de claroescuro luz e sombra A perspectiva tem base matemática e em regras múltiplas e complexas A representação utilizando a perspectiva permite o realismo nos desenhos Muitos sites e vídeos ajudam a entender esta técnica que tal uma pesquisa na internet sobre este tema Segue um link que pode ajudar nisso httpscomodesenharbemfeitocombrdesenho emperspectiva DICAS TÓPICO 3 PRINCÍPIOS TÉCNICAS E ELEMENTOS BÁSICOS DA COMPOSIÇÃO 127 A dimensão permite nos aproximarmos da técnica já estudada da exatidão Um cubo no espaço ganha dimensões exatas de um cubo se seguir as regras métricas da perspectiva por exemplo FIGURA 50 DIMENSÕES DE UM CUBO PELA PERSPECTIVA FONTE O autor A dimensão real é a dominante no desenho de projetos Por mais que se trabalhe com escalas em um determinado momento o tamanho de 11 um para um se torna o recurso mais sensato para diminuir os riscos no momento de confecção das peças A capacidade de produzir o objeto na dimensão real de forma tridimensional é chamada de mockup que num projeto é um modelo em escala proporcional ou real de um dispositivo capaz de demonstrar seu funcionamento No design de moda a peça piloto pode ser entendida assim O problema aparece quando há a necessidade de apresentarmos a dimensão real numa representação bidimensional por mais que se possa dar ao desenho uma ilusão tridimensional utilizando a perspectiva por exemplo uma técnica dentro da área de projeto são os desenhos das vistas do objeto Mostrando o mesmo em partes caso da Ficha Técnica da Figura 49 38 A TEXTURA A ideia visual para o tato é a trabalhada na textura Um objeto pode apresentar texturas que não são perceptíveis pelo tato apenas pela visão caso dum uma composição de linhas impresso em papel em um tecido Boa parte da experiência com a textura é visual quando há o toque ampliamos o níveo desta experiência Visualizar um casaco de pele e poder tocálo oferece uma experiência primeiramente visual observamos uma composição visual que nos remete à determinada textura e depois ao tocar confirmamos o que olhos sugeriram Um outro exemplo é visualizarmos um casaco cujo tecido imita em 128 UNIDADE 2 PERCEPÇÃO VISUAL desenho a textura de uma pele neste caso a sensação primeira é a mesma da anterior Todavia quando tocamos a textura sentida é diferente dos que os olhos sugeriram Assim vamos que a capacidade de trabalhar com a textura em uma composição visual é sugerir estas experiências que podem ser confirmadas com o tato ou não FIGURA 51 REPRESENTAÇÃO VISUAL DE COURO FONTE httpss3saeast1amazonawscomloja2248f138f8b8d8c37caaaef0e325150c7jpg Acesso em 27 ago 2020 39 O TOM A base do tom está na utilização de técnicas de representação que se utilizam da intensidade da obscuridade ou claridade do que se quer representar O tom pode ser entendido como a variação de luz mas é bom ressaltar que quando falamos de tonalidade em artes gráficas pintura fotografia e cinema fazemos referência a algum tipo de pigmento tinta ou nitrato de prata que se usa para simular o tom natural DONDIS 1997 p 61 Entre a obscuridade e a luz existe uma infinidade de tons na natureza mas nas artes visuais essas tonalidades são bem mais limitadas Entre o branco e o preto existem tonalidades de cinza perceptíveis aos olhos quanto à variação tonal e isso é relevante na reprodução de composições visuais FIGURA 52 VARIAÇÃO DE TONALIDADE DO BRANCO AO PRETO FONTE Adaptada de Dondis 1997 p 62 TÓPICO 3 PRINCÍPIOS TÉCNICAS E ELEMENTOS BÁSICOS DA COMPOSIÇÃO 129 Na segunda composição da imagem percebese que um mesmo tom de cinza colocado em composição com outras tonalidades modificase dramaticamente Esta composição tonal pode resultar em sugestões dimensionais já tratamos da possibilidade métrica de resultar dimensão tridimensional aos desenhos bidimensionais mas isso é possível também através da variação tonal FIGURA 53 DIMENSÃO RESULTANTE DA VARIAÇÃO TONAL FONTE O autor 310 A COR Enquanto a tonalidade nos dá noção de profundidade de dimensão a cor sugere emoção Isso é interessante pois conseguimos expressar informações através de desenhos em preto e branco mas quando inserimos cor exaltamos sentidos emocionais se voltarmos a exercício das linhas que expressavam um relacionamento feliz e outro conflituoso podemos lembrar que na sequencia dele foi levantada a possibilidade de desenharmos a linha com um traço colorido e que dependendo do relacionamento teríamos cores diferentes em cada uma destas linhas Esta capacidade de a cor sugerir sentidos está relacionada aos fenômenos da natureza um dia ensolarado com um céu azul nos faz ter um comportamento diferente de um dia chuvoso com o céu cinza nebuloso se formos pensar no azul e no cinza como possibilidade para representar a felicidade certamente a cor azul seria a mais provável De outra maneira estamos impregnados de cores com peso simbólico que arbitrariamente tem seus significados atrelados a determinados contextos culturais a cor vermelha significando pare nos semáforos é um exemplo disso Assim cada cor está carregada de sentidos e eles devem ser considerados quando analisamos ou desenvolvemos um objeto 130 UNIDADE 2 PERCEPÇÃO VISUAL Muitas são as teorias da cor não vamos tratar delas aqui Vamos tratar da cor como elemento visual e dentro disso ela pode ser dividida em três dimensões A cor em si matiz ou croma a pureza da cor saturação e a variação de tonalidade da cor o brilho as gradações de luz e sombra atribuídas a ela Quanto à matiz existem três matizes elementares primários vermelho azul e amarelo Cada uma delas representa determinadas qualidades ao vermelho se atribui relações emocionais ativas Ao azul se atribui passividade e suavidade E ao amarelo calor sendo a cor mais próxima da luz Quando associadas organizam outros significados O vermelho um matiz provocador é abrandado ao misturarse com o azul e intensificado ao misturarse com amarelo As mesmas mudanças de efeito são obtidas com o amarelo que se suaviza ao se misturar com o azul DONDIS 1997 p 65 Estas misturas oportunizam o surgimento de outras cores Ao combinarmos as cores primárias vermelho azul e amarelo vamos ter as cores secundárias violeta vermelho azul verde azul amarelo e laranja amarelo vermelho A partir destas combinações é possível montar o Círculo Cromático Quando falamos de cores primárias e suas combinações que vão resultar em cores secundárias a visão do Círculo Cromático surge Muitos são os livros sites e vídeos que tratam deles Clique no link para ter acesso a uma abordagem sobre o Círculo Cromático httpreformavisualcomcirculocromatico DICAS Quanto à saturação que é a pureza relativa da cor podese entender que ela se compõe das cores primárias e secundárias elas são tão intensas que são as preferidas pelas crianças Quanto mais intensa ou saturada for a coloração de um objeto ou acontecimento visual mais carregado estará de expressão e emoção DONDIS 1997 p 66 Quanto ao brilho estamos atribuindo à cor mais luz ou menos luz ou seja variando a tonalidade dela Um televisor em cores é um excelente mecanismo para a demonstração desse fato visual Ao acionarmos o controle da cor até que a emissão fique em branco e preto e tenhamos uma imagem monocromática estaremos gradualmente removendo a saturação cromática O processo não afeta em absoluto os valores tonais da imagem Aumentar ou diminuir a saturação vem demonstrar a constância do tom provando que a cor e o tom coexistem na percepção sem se modificarem entre si DONDIS 1997 p 66 TÓPICO 3 PRINCÍPIOS TÉCNICAS E ELEMENTOS BÁSICOS DA COMPOSIÇÃO 131 A cor é um elemento visual emocional e representativo deve ser considerado em todos os projetos profissionais como elemento pode poderoso no impacto do objeto no mercado que estará envolvido Todos os elementos aqui apresentados são os ingredientes de toda composição visual Quando bem dosadas oportunizam discursos palatáveis aos que se aventuram consumir Podem ser entendidos como os meios essenciais da mensagem visual saber que eles existem e entender como funcionam pode ser um diferencial importante na carreira de profissionais da área das artes visuais da arquitetura do design 132 UNIDADE 2 PERCEPÇÃO VISUAL LEITURA COMPLEMENTAR CATÁLOGO DE REFERÊNCIAS PARA A SÍNTESE VISUAL EM PROJETO DE DESIGN DE MODA Introdução Considerando que o vestuário pode ser um meio de construir discursos simbólicos por intermédio de uma linguagem não verbal fica evidente que o estudo de ferramentas facilitadoras da composição visual no projeto de tais artefatos é fundamental para a valorização do repertório metodológico de designers de moda Por isso o presente estudo pretende desenvolver um material gráfico com exemplos documentados do uso de ferramentas de síntese imagética no design de moda proporcionando um referencial didático de consulta para estudantes designers ou empresas de moda Metodologia O principal método utilizado foi o levantamento teórico sobre a Sintaxe da Linguagem Visual abordando a composição de imagens e as ferramentas de síntese imagética utilizadas na concepção de produtos de moda Também foi utilizada uma pesquisa de campo com profissionais atuantes em empresas de moda para constatar o uso de imagens no processo criativo A partir de tais análises foram determinados os parâmetros de conteúdo do catálogo de referências Sintaxe da linguagem visual A linguagem visual é construída por um vocabulário de elementos compositivos e suas relações integrando pontos linhas planos volumes formatos tamanhos cores texturas direção posição espaço etc Esses elementos podem ser relacionados dentro de estruturas de organização como repetição gradação ou radiação compondo uma gramática de informações não verbais elaborada sobre os conceitos de polaridade das Técnicas Visuais equilíbrio instabilidade unidade fragmentação previsibilidade espontaneidade etc Ferramentas de síntese imagética Para Sanches 2012 a síntese imagética auxilia na sistematização do projeto de design de moda e ao mesmo tempo é uma importante ferramenta metodológica na interpretação expressão e disseminação da dimensão estéticosimbólica de produtos uma vez que a percepção humana é amplamente dominada pela visão Assim quando uma imagem é observada o cérebro identifica seus componentes linhas cores texturas etc e processa uma série de relações para produzir um significado BAXTER 1995 TÓPICO 3 PRINCÍPIOS TÉCNICAS E ELEMENTOS BÁSICOS DA COMPOSIÇÃO 133 No âmbito do design de moda a comunicação por meio de referências imagéticas incluindo os desenhos de representação do produto pode ser utilizada de acordo com a fase de projeto na qual o designer se encontra conforme especificado no Quadro 1 QUADRO 1 FASES DE PROJETOS E FERRAMENTAS IMAGÉTICAS CORRESPONDENTES FONTE PRÓPRIA 2013 BASEADO EM HATADANI 2011 Especificação do Projeto Síntese do Universo do Consumidor Painel de Estilo de Vida Coletânea de imagens que representam valores sociais e pessoais do público alvo a ser atingido procura retratar também outros tipos de produtos usados pelo consumidor e que devem se compor ao produto a ser projetado BAXTER p 190 1995 Pesquisa de Conteúdo de Moda Painel de Tendências Coletânea de imagens de tendências de moda microtendências que auxiliam nas formas cores e modelagem Baseiase no estudo de macrotendência no qual é analisado o comportamento do consumidor Delimitação Conceitual Definição de Princípios Funcionais e de Estilo Moodboard Contém as impressões subjetivas materializadas em uma coletânea de imagens que o item a ser criado deve obter Representa a emoção principal que o produto transmitirá ao primeiro olhar BAXTER1995 Painel Semântico Imagem ou composição sintética de imagens que exprimem a linguagem estéticoformal que os produtos deverão obter Para isso os elementos visuais que o compõe devem ser analisados selecionados e interrelacionados SANCHES p 4 2007 Auxiliam na escolha de cores formas texturas etc Painel de Tema Visual Coletânea de imagens de produtos que possuem as mesmas impressões subjetivas que o produto a ser criado deverá ter Geração de Alternativas Geração de alternativas de solução de problema Esboços e Croquis caracterizase como um desenho ágil realizado à mão apenas com papel e lápis Por meio dele o designer consegue reproduzir todos os seus pensamentos sem barreiras de restrição assim como num brainstorming HATADANI MENEZES p 72 2011 Serve tanto para uma comunicação pessoal quanto para membros de uma equipe de projeto Avaliação e Elaboração Escolha das alternativas Plano de Coleção Reunião dos croquis selecionados e representados por desenhos de estilo e não mais esboços em uma única prancha Serve para a verificação da unidade da coleção e para comunicar sua intenção a terceiros apresentando suas ideias às pessoas com poder de decisão sobre a fabricação dos produtos Detalhamento e Configuração Desenhos Técnicos linguagem gráfica utilizada na indústria que tem como principal objetivo orientar a fabricação de um produto Nele a representação de formas dimensões e detalhamentos ocorre por meio de linhas números símbolos e especificações escritas e organizadas de forma precisa HATADANI MENEZES p 76 2011 Além de auxiliar na comunicação entre designer e produção também ajuda o próprio designer na escolha de aviamentos tipos de acabamentos e costuras justamente por ser uma representação gráfica que requer o máximo de detalhamento do produto 134 UNIDADE 2 PERCEPÇÃO VISUAL Pesquisa de campo Após a entrevista parcialmente estruturada com 4 designers atuantes no mercado concluiuse que cada um possui um processo criativo específico e que muitas vezes estes são dependentes do local onde trabalham Mesmo assim todos utilizam e consideram a pesquisa com imagens essencial mesmo que não construam painéis ou utilizem sempre uma mesma ferramenta em específico Catálogo virtual de referências Após a pesquisa bibliográfica percebeuse que para a utilização plena de ferramentas de síntese imagética é muito importante um conhecimento prévio sobre a construção da sintaxe da linguagem visual Neste sentido Sanches 2012 descreve o percurso do raciocínio de composição visual da seguinte forma FIGURA 1 PERCURSO DO RACIOCÍNIO DE COMPOSIÇÃO VISUAL FONTE Sanches 2012 Baseado nesse raciocínio fezse necessária a adição de informações sobre a sintaxe visual e suas aplicações na moda com a intenção de embasar teoricamente o usuário do catálogo virtual para que o mesmo possa fazer uso das ferramentas de síntese imagética sem maiores dificuldades TÓPICO 3 PRINCÍPIOS TÉCNICAS E ELEMENTOS BÁSICOS DA COMPOSIÇÃO 135 O catálogo foi organizado de forma simples em formato de CD com os seguintes tópicos principais Introdução Elementos e Princípios da Comunicação Visual Técnicas Visuais Série Fibonacci e Ferramentas de Síntese Imagética FIGURA 2 EXEMPLO DO CONTEÚDO DO CATÁLOGO FONTE A autora 2013 No exemplo ilustrado pela Figura 2 observase o uso do contraste de gravidade no caso levepesado na moda por meio da mistura de materiais o couro material de aspecto pesado e rígido em contraste ao que parece ser um tecido leve e maleável como o chiffon 136 UNIDADE 2 PERCEPÇÃO VISUAL FIGURA 3 EXEMPLO DO CONTEÚDO DO CATÁLOGO FONTE A autora 2013 Já no exemplo ilustrado pela Figura 3 observase na moda o uso da anomalia em estruturas por meio da abrupta diferença entre os lados direito e esquerdo do produto A quebra da regularidade estrutural da estampa listras assim como a quebra da regularidade da modelagem servem para causar um certo impacto ao consumidor no momento em que o produto foge de um modelo óbvio Considerações finais Embora o resultado do projeto seja pautado na investigação de aplicações práticas da linguagem visual a pesquisa bibliográfica mostrouse fundamental para a elaboração do produto final Sem ela seria impossível delimitar diretrizes para o conteúdo do catálogo para que este se tornasse realmente útil Assim após a pesquisa bibliográfica ocorreu a síntese dos principais conteúdos da Sintaxe da Linguagem Visual que deveriam estar presentes no CD auxiliando o entendimento da leitura de imagens Cada conteúdo foi ilustrado com exemplos de aplicação dos princípios de composição visual em diferentes áreas além da moda TÓPICO 3 PRINCÍPIOS TÉCNICAS E ELEMENTOS BÁSICOS DA COMPOSIÇÃO 137 Já a pesquisa de campo serviu para confirmar a importância da pesquisa imagética no processo de criação dos designers mesmo que estes não destaquem nenhuma ferramenta em específico Por fim o resultado do projeto se mostrou satisfatório uma vez que os objetivos foram atendidos e a importância das ferramentas de síntese imagética foi confirmada FONTE PRADO M M SANCHES M C de F Catálogo de referências para a síntese visual em projeto de design de moda 2014 Disponível em httpwwwcoloquiomodacombranais Coloquio20de20Moda20202014POSTERPOSTEREIXO1DESIGNPOEIXO1Catalogo dereferenciasparaasintesevisualemprojetodedesigndemodapdf Acesso em 13 out 2020 Ficou alguma dúvida Construímos uma trilha de aprendizagem pensando em facilitar sua compreensão Acesse o QR Code que levará ao AVA e veja as novidades que preparamos para seu estudo CHAMADA 138 RESUMO DO TÓPICO 3 Neste tópico você aprendeu que Existem mais princípios que a Lei da Gestalt apresenta e eles são a harmonia o contraste e o equilíbrio Nem sempre os princípios podem ser a estratégia a ser utilizada podendo haver técnicas visuais que se opõem Muitas outras técnicas visuais podem ser exploradas descobertas e empregadas na composição sempre no âmbito da polaridade algumas são equilíbrio e instabilidade regularidade e irregularidade simplicidade e complexidade unidade e fragmentação economia e profusão minimização e exagero previsibilidade e espontaneidade atividade e estase sutileza e ousadia neutralidade e ênfase transparência e opacidade estabilidade e variação exatidão e distorção planura e profundidade singularidade e justaposição sequencialidade e acaso agudeza e difusão e repetição e episodicidade A análise de um objeto pode identificar muitas das técnicas e dos princípios em sua estrutura Um profissional pode usar dos mais variados princípios e de inúmeras técnicas para compor a estrutura do seu objeto Ponto linha forma direção movimento escala dimensão textura tom e cor compõem o Alfabeto Visual Existem três formas básicas o quadrado o triângulo e o círculo Toda e qualquer forma surge da combinação das formas básicas Imagens estáticas podem estar em movimento basta que se trabalhe posicionamento e composição de seus elementos Textura e tonalidade podem contribuir para a representação tridimensional em imagens bidimensionais Conseguimos expressar informações através de desenhos em preto e branco mas quando inserimos cor exaltamos sentidos emocionais 139 AUTOATIVIDADE 1 Voltamos a vitrine tratada nesta unidade httpswwwfashionismocom br201008opoderdeumavitrine Ela tem em sua composição muitas das técnicas estudadas até aqui A alternativa que pode preencher os espaços correspondentes é a Primeira técnica distorção segunda técnica planura terceira técnica acaso b Primeira técnica distorção segunda técnica repetição terceira técnica acaso c Primeira técnica exatidão segunda técnica assimetria terceira técnica espontaneidade d Primeira técnica exatidão segunda técnica simetria terceira técnica previsibilidade e Primeira técnica economia segunda técnica planura terceira técnica ousadia 2 Voltamos à mesma vitrine do exercício anterior Por se tratar de uma imagem visual ela tem os elementos ponto linha forma direção movimento escala dimensão textura tom como seu alfabeto visual Leia atentamente as sentenças a seguir e assinale a alternativa CORRETA Primeira Técnica Segunda Técnica Terceira Técnica 140 FONTE httpswwwfashionismocombr201008opoderdeumavitrine Acesso em 27 ago 2020 a A imagem não permite assumir que o elemento dimensão existe pois não há nem perspectiva e nem textura que reforce isso b O contraste do elemento que representa o cabelo da modelo pode ser entendido como ponto visual pois concentra e atrai a atenção da cena c As linhas verticais não sugerem direcionamento pois estão paralelas uma as outras d Existe variação tonal na imagem é fraca e insuficiente para diferenciar os elementos que compõem a imagem e Os objetos que compõem a imagem não variam em escala 3 A importância e o significado do contraste começa no nível básico da visão pela presença ou ausência da luz É a força que torna visível as estratégias da composição visual É de todas as técnicas a mais importante para o controle visual de uma mensagem bi ou tridimensional É também um processo de articulação visual em uma força vital para a criação de um todo coerente GOMES FILHO 2008 p 62 A partir da leitura desse texto avalie as asserções a seguir e a relação proposta entre elas I O contraste ganha valor à medida que ele potencializa as oposições como comentamos inicialmente o traço escuro sobre um fundo branco potencializa a visualização de um desenho Entendendo isso é preciso sutileza para trabalhar com ele ainda mais quando optar pelo contraste é estratégia é expressar transmitir uma ideia PORQUE II É pelo contraste que aguçamos muitos dos significados como poderíamos identificar uma placa de trânsito se ela não contrastasse com o fundo dela Como entenderíamos a felicidade sem ter experenciado a tristeza 141 Assinale a alternativa CORRETA a As asserções I e II são proposições verdadeiras mas a II não complementa a I b As asserções I e II são proposições verdadeiras e a II complementa corretamente da I c A asserção I é uma proposição verdadeira e a II é uma proposição falsa d A asserção I é uma proposição falsa e a II é uma proposição verdadeira 4 Quando vamos fazer uma fotografia tirar uma foto somos levados mesmo que intuitivamente a organizar o que queremos fotografar Enquadramos o que deverá compor nossa foto e capturamos a cena em nossa câmera fotográfica Ao analisarmos a foto feita nosso olhar percorre a imagem fazendo valer dos princípios da percepção visual um deles é o eixo de simetria A partir da afirmação feita explique o que é o eixo de simetria 5 Assim como o alfabeto e a gramática ficam à disposição do escritor os elementos visuais ficam à disposição do artista visual e do designer que dado o seu repertório gramatical visual caso do entendimento dos princípios e das técnicas visuais garantirá composições que sejam lidas compreendidas e convençam a aquisição de seus valores por parte de seus consumidores Os elementos visuais formam a base do que vemos como letras de um alfabeto ponto linha forma direção movimento escala dimensão textura tom e cor mesclamse construindo elementos que sozinhos ou em conjunto formam as composições visuais Um pequeno número que é matéria prima de toda e qualquer informação visual A partir da leitura desse texto conceitue o elemento Linha Dissertando como ela surge e qual o poder dela como elemento visual 143 REFERÊNCIAS ARNHEIM R Arte e percepção visual uma psicologia da visão criadora São Paulo Pioneira Thomson Learning 2005 COSTA F S M et al Uma luz para os cegos uma reflexão sobre os conceitos de ver e enxergar à luz da literatura Campina Grande UEPB 2015 Disponível em httpsscholargoogleusercontentcom scholarqcacheFMdzZBXQsTgJscholargooglecomvereenxergarhlpt BRassdt05 Acesso em 15 ago 2020 CRARY J Suspensions of perception attention spectacle and modern culture Massachusetts MIT Press 1999 DONDIS D A Sintaxe da linguagem visual São Paulo Martins Fontes 1997 GOMES FILHO J Gestalt do objeto sistema de leitura visual São Paulo Escrituras Editora 2008 MUNARI B Design e comunicação visual contribuição para uma metodologia didática São Paulo Martins Fontes 1997 STERNBERG R J Psicologia cognitiva São Paulo CENGAGE Learning 2010 145 UNIDADE 3 SEMIÓTICA E PERCEPÇÃO VISUAL OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS A partir do estudo desta unidade você deverá ser capaz de compreender a maneira como a percepção visual se relaciona com o estilo dos produtos entender de forma prática a semiótica como ferramenta de análise crítica conhecer princípios de análise semiótica com base na semiologia escolher quais princípios de análise podem ser usados em sua atuação profissional Esta unidade está dividida em três tópicos No decorrer da unidade você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado TÓPICO 1 A PERCEPÇÃO VISUAL E OS PRINCÍPIOS DE ESTILO TÓPICO 2 ANÁLISE DICOTÔMICA TÓPICO 3 ANÁLISE TRICOTÔMICA Preparado para ampliar seus conhecimentos Respire e vamos em frente Procure um ambiente que facilite a concentração assim absorverá melhor as informações CHAMADA 147 UNIDADE 3 TÓPICO 1 A PERCEPÇÃO VISUAL E OS PRINCÍPIOS DE ESTILO 1 INTRODUÇÃO As habilidades e as competências desenvolvidas em profissionais de criação caso dos designers arquitetos artistas entre outros é alavanca para a identificação de estilos individuais que quando bem trabalhados permitem criações com forte impacto inovador Alcançar o estilo em projeto é garantir uma qualidade provocante principalmente no ato de chamar a atenção de atrair a atenção de outras pessoas De certo modo esse seria um dos requisitos mais procurados pelos empregadores e pelo cliente no mercado atual A capacidade de dar estilo às ideias deve ser estimulada para que seja possível expressar algo atrativo que para determinado perfil de pessoas seja belo Essa capacidade de dar estilo agrega valor aos produtos mesmo que em muitos casos a mudança seja apenas superficial caso do produto de moda que a cada nova estação não muda suas estruturas construtivas modelagem corte acabamento mas declara mudanças em sua composição visual cartela de cor de aviamentos entre outros Desenvolver habilidades e competências que promovam o estilo é muito importante Para isso entender a semiótica e a percepção visual se faz coerente e ainda mais conhecer os princípios de estilo Neste tópico voltaremos ao que já foi estudado nas unidades anteriores mas com um foco mais prático dando ênfase aos princípios de estilo propondo uma abordagem voltada ao desenvolvimento de projeto que se direcionam aos objetivos específicos sensibilizar e instrumentalizar o discente para o uso intencional de elementos da linguagem visual e potencializar a capacidade analítica e crítica do discente com base em fundamentos que suportem seus posicionamentos profissionais UNIDADE 3 SEMIÓTICA E PERCEPÇÃO VISUAL 148 A noção de que quando expressamos uma ideia ou entramos em contato com alguma expressão nossos cinco sentidos são estimulados é ponto inicial para que possamos falar do estilo como princípio regulador do fazer em projeto De fato cada vez mais somos estimulados e podemos estimular todos os sentidos caso de uma loja que além do visual de fragrância própria tem música ambiente permite que os produtos sejam tocados e em alguns casos nos dão experiências degustativas de seu conceito Em uma experiência dessa quando bem realizada o cliente é impactado positivamente Todavia devese considerar que grande parte das experiências se fazem no campo do sentido visual A percepção visual é o estímulo maior nas experiências de consumo e muito da atratividade de um produto depende do estilo visual dele Como já estudamos a visão humana se dá pelo olho A luz emitida por um objeto entra nesse órgão sensorial e atinge as células na retina gerando um impulso elétrico A tudo que se vê é fruto da interpretação que o cérebro dá conta de processos que ocorrem no sistema nervoso que é capaz de dividir os diversos componentes dos impulsos imagem que lhe chegam caso de pontos linhas cores direções entre outros Todos esses componentes transmitidos ao cérebro produzem significados e podem ou não ser memorizados pelo indivíduo A engenhosidade cerebral é interessante Basicamente ela processa de algumas maneiras trataremos de três como faz Mike Baxter 2011 em sua obra Projeto de produto guia prático para o design de novos produtos os dois estágios do processamento visual a primeira percepção global e a hipótese visual 3 OS DOIS ESTÁGIOS DO PROCESSAMENTO VISUAL Quando uma imagem nos chega à visão damos contas de abordála de duas formas em dois estágios No primeiro estágio a visão varre a imagem como um grande scanner ela busca padrões e formas Se faz de forma involuntária Perceba que essa involuntariedade tem relação direta com a primeiridade na semiótica peirciana Vasculhe uma imagem desta forma olhe para toda a composição de forma bem geral não dirija o olhar nem a atenção deixe os movimentos do olho vagarem involuntariamente nesse scanneamento tudo que for identificado padrões formas e dão conta de representar alguma coisa pode ser entendido como a primeiridade de Peirce NOTA 2 PRINCÍPIOS E HABILIDADES DE ESTILO TÓPICO 1 A PERCEPÇÃO VISUAL E OS PRINCÍPIOS DE ESTILO 149 FIGURA 1 PROCESSAMENTO VISUAL FONTE Adaptado de Baxter 2011 p 49 Esta figura ilustra estes dois estágios Uma primeira varrida do olhar destaca se existe algo diferente na composição no canto superior direito dela Para perceber isso o esforço foi mínimo e não foi preciso investir intencionalmente atenção eis aqui o primeiro estágio Todavia se vagarmos com intencionalidade a composição nos esforçando é possível identificar uma forma retangular com seis letras X em negrito de altura e oito letras X em negrito de largura Perceba que a intencionalidade o esforço que empreendemos em analisar uma imagem ou composição já nos impõe uma tarefa de legitimar o que é diferente o que se destaca Quando isso ocorre pode ser atribuída a ideia de secundidade do signo peirceano Ao tentarmos particularidades abandonamos a primeiridade de um vasculhar involuntário NOTA O segundo estágio inicia quando passamos a dar foco intencional aos detalhes da imagem Quando algumas partes da composição nos chama a atenção UNIDADE 3 SEMIÓTICA E PERCEPÇÃO VISUAL 150 4 A PRIMEIRA PERCEPÇÃO GLOBAL Todo o processo que ocorre no primeiro estágio pode ser entendido como primeira percepção global ela se dá nos momentos que antecedem a atenção voluntária global segundo estágio e ela é global pois como tratamos ela scannea toda a imagem ela se dá no olhar do todo e não para detalhes por mais que esse olhar do todo já mostre padrões e formas que se destacam orientando ao segundo estágio onde acontecerá o olhar focalizado De certa forma a qualidade dessa scanneada a paciência é primeiro olhar o todo sem assumir nenhum foco dará suporte qualitativo quando o momento de focar surgir Como vimos na figura anterior a scanneada na imagem permitiu visualizar uma área de interesse o retângulo de X em negrito e de imediato a atenção parece parar aí E não nos permitimos voltar a scannear novamente a composição como um todo Perceba se você notou um outro X em negrito Ele está no canto inferior esquerdo Sim Ele é menor único mas se destaca na composição Perceba que após o visualizarmos nossa atenção começa a assumir o foco nesta outra parte da composição dando mais qualidade à análise da imagem como um todo Se pararmos nos primeiros elementos que se destacam podemos perder a identificação de outros elementos não mais nem menos importantes mas potentes em garantir um olhar inovador criativo diferente e com estilo Outro exemplo clássico nas teorias e percepção visual inclusive na Gestalt é o caso das imagens ambíguas dado primeiro estágio do olhar podemos visualizar uma determinada forma um determinado discurso visual e corremos o risco de não visualizamos outra forma outro discurso que faria a imagem ser de fato ambígua Veja a imagem a seguir FIGURA 2 IMAGEM AMBÍGUA FONTE httptwixarmeVjgm Acesso em 19 out 2020 TÓPICO 1 A PERCEPÇÃO VISUAL E OS PRINCÍPIOS DE ESTILO 151 Este é um caso de imagem ambígua mostrando a cabeça e os ombros de uma jovem com a face voltada para o fundo da figura Mostra também a face de uma idosa em perfil É impossível perceber simultaneamente as duas imagens devido à primeira percepção global Se a mente se fixar em uma das duas imagens uma percepção global será produzida Você então pode examinar os detalhes na jovem a linha pronunciada do queixo a elegância da gargantilha o lenço volumoso sobre a cabeça e o luxuoso casaco Na senhora idosa o nariz aquilino a protuberância do queixo os lábios finos e os olhos profundos Geralmente a imagem que você perceber primeiro vai determinar a estratégia para a exploração posterior dos detalhes Para enxergar outra imagem você precisará piscar desviar os olhos ou tirar a figura temporariamente do campo de visão É como se fosse necessário apagar a primeira imagem Depois de percebida essa segunda imagem ela determinará também a exploração posterior dos seus detalhes de modo que não é possível perceber uma das imagens e explorar os detalhes da outra BAXTER 2011 p 5051 Interessante perceber quanto uma imagem um objeto que nos chega pela percepção visual tem poder em atrair nossa atenção Faz de maneira geral incialmente e depois nos prende em seus detalhes Eis aqui um princípio do design para Mike Baxter 2011 p 50 chamar a atenção e depois prender a atenção No projeto de uma vitrine em um shopping por exemplo ela precisa atrair a atenção dos transeuntes Inicialmente eles não saberão do que se trata mas os olhos vão scannear varrer primeiro estágio e organizar elementos e formas que se destacam segundo estágio levandoos a darem foco a esses elementos e essas formas Nesse momento a vitrine prendeu a atenção deles e atualmente isso já pode ser considerado um sucesso no projeto tendo em vista a quantidade vitrines de informações que o transeunte está recebendo naquele momento Veja que se o primeiro estágio não funcionar nada adiantará o segundo 5 A HIPÓTESE VISUAL Todo esse processo de perceber visualmente uma imagem entendendo os dois estágios e a ambiguidade das imagens precisa ser percebido como insuficiente afinal de contas muitas imagens não declaram visualmente não explicitam em sua composição o que podem querer discursar Essa incompletude imagética da mesma forma que a completude nos faz definir hipóteses visuais mentais que projetamos sobre a imagem visualizada ou seja somos levados a ver com o cérebro já tratamos disso na Unidade 2 Padrões visuais nos fazem ver formas que não existem na imagem mas na nossa mente por mais que as formas estejam incompletas na imagem em nossa cabeça elas se completam dando conta de declarar coisas que não estão explícitas na imagem Vamos trazer uma imagem que já utilizamos anteriormente para ilustrar a hipótese visual UNIDADE 3 SEMIÓTICA E PERCEPÇÃO VISUAL 152 FIGURA 3 HIPÓTESE VISUAL FONTE httpswwwyescertcombrvoceconheceoinmetro Acesso em 17 ago 2020 Ao olharmos para as duas composições visuais desta figura nossa mente organizará hipóteses visuais sobre as formas que dada a proximidade e fechamento nos induzem a vermos imagens que não estão materializadas na imagem A esquerda vemos um triângulo enquanto na direta vemos uma imagem ambígua que dá conta de formar as duas letras da marca INMETRO Essas descobertas sobre o nosso processo visual contrariam algumas noções intuitivas Intuitivamente acreditamos que os nossos olhos são janelas para o mundo Mas não é bem assim Nós enxergamos aquilo que pensamos ver Nós olhamos para uma imagem e sem perceber extraímos suas principais características A partir dessas características a nossa mente trabalha na sua identificação com algum padrão conhecido Seguese uma visão mais focalizada guiada por essa visão inicial para se examinar detalhes BAXTER 2011 p 52 Se entendermos que muito do que pensamos está atrelado ao nosso repertório cultural podemos entender que vemos o mundo com certa arbitrariedade ou seja visualizamos no mundo muitas coisas que o nosso contexto cultural social econômico e ideológico nos dita como coerentes e até mesmo corretos Essa arbitrariedade entendida como basilar das hipóteses visuais poder ajudar a entender a terceiridade do signo peirceano Se ao vasculhar a imagem de forma involuntária sem nenhum esforço relacionamos com a primeiridade e quando já assumimos uma postura voluntária de identificar padrões e formas dando atenção voluntária a eles assumimos como secundidade será terceiridade quando de certo modo passamos a ver a partir de padrões arbitrariados pela cultura ideológica por exemplo imagens que não estão declaradas da mesma quando conseguimos nominar o que estamos vendo caso da imagem ambígua mulher jovem ou mulher idosa precisamos arbitrariamente saber o que define uma mulher juventude e velhice NOTA TÓPICO 1 A PERCEPÇÃO VISUAL E OS PRINCÍPIOS DE ESTILO 153 A percepção global é responsável em grande parte pela percepção do estilo da mesma forma que sua noção contribui como habilidade para o desenvolvimento de um objeto estiloso Quando um objeto é percebido globalmente quando ocorre o scanneamento ocorre a atração atrair é sem dúvida uma das principais estratégias de todo e qualquer material que está em oferta Após a tração imediatamente ocorre a fase de préatenção como afirma Baxter 2011 onde se realizam alguns julgamentos ainda sem maiores deliberações e exames detalhados Tente lembrar de um objeto e perceba que a primeira imagem que vem é a visão global dele Conseguimos inclusive ter a visão do seu estilo Aí está a confirmação da importância da percepção global e quanto o estilo de um produto depende desta primeira abordagem Até mesmo no processo criativo quando estamos certos do conceito a ser trabalhado e iniciamos a fase de geração de alternativas os primeiros esboços dão conta em sua maioria da forma global do produto Nossa habilidade de representação nos leva a desenhar formas e composições que tenham o poder representativo do global e ao se confirmando essa forma geral os detalhes começam a ganhar atenção Como bom escritor precisamos dar conta de respeitar algumas regras básicas da escrita visual Falamos muito disso na unidade anterior mas é preciso trazer aqui um recorte do que foi lá tratado Como dito todo o aparato sensorial humano atribui enorme valor à visão Sim Precisamos estimular os outros sentidos e nos dar o deleite de sentir e até de oferecer experiências sensoriais que envolvam estes outros caso de marcas que além do desenho da marca e sua aplicabilidade na fachada da loja e nos uniformes tem um cheiro uma música e permite que seus produtos sejam tocados todas essas experiências ajudam a dar força ao conceito da marca e garantir a memorização do estilo da marca Todavia neste pequeno exemplo a percepção visual parece ser a porta de entrada dessa experiência A Teoria da Gestalt sugere que a visão tem uma predisposição de reconhecimento por meio de padrões Ao lançarmos o primeiro olhar a uma cena a um objeto nosso sistema perceptivo em especial o cérebro ao scannear identifica alguns desses padrões e os ajusta internamente em uma imagem mental que seja capaz de conferir significados Esse processo não é nato ele vem se construindo a partir dos estímulos visuais que recebemos durante nosso crescimento fique à vontade para pensar em quantos estímulos recebermos e quanto mais estímulos mais potente o processo Já estudamos os princípios que regem a Gestalt e a percepção visual todavia focaremos em alguns deles como os padrões tratados aqui O padrão mais observado nessa primeira abordagem do olhar é a simetria O ser humano é hábil em criar eixos de simetria em tudo o que vê parece uma vontade de equilíbrio somos levados a comparar as partes de uma cena de um objeto para ver se o mesmo se mostra equilibrado assim comparamos a parte direita com a esquerda criando imaginariamente uma linha que o divide quase que metricamente Comparamos também a parte de cima com a parte de baixo e assim por diante UNIDADE 3 SEMIÓTICA E PERCEPÇÃO VISUAL 154 FIGURA 4 EIXOS DE SIMETRIA FONTE O autor Somada a essa vontade de equilíbrio que nos permite analisar simetricamente as coisas outros dois padrões se somam proximidade e continuidade No primeiro agrupamos formas próximas dando a elas uma visão de conjunto Enquanto no segundo somos levados a dar continuidade à trajetória de uma linha de um conjunto de coisas que dirigem nosso olhar prolongando sua sequencialidade FIGURA 5 PROXIMIDADE E CONTINUIDADE FONTE Adaptado de httpscaelumonlinepublics3amazonawscom1631gestalt TranscriC3A7C3A3oImagens121cachorrojpg Acesso em 7 out 2020 Com base nesses três padrões uma característica que fica acentuada na percepção humana é a habilidade de separar o que se julga ser mais importante ou seja dar ênfase destaque ao que consideramos ser mais importante no momento em que olhamos a imagem Essa característica é responsável por conseguirmos distinguir em uma cena a figura e o fundo Quando olhamos uma fotografia nossa em uma viagem perceba que somos levados a nos colocar como figura e toda a cena enquadrada do lugar que estávamos como fundo Isso fica tão evidente que chamamos a foto de minha foto por mais que seja uma composição plana em um papel em uma tela de celular evidenciamos o TÓPICO 1 A PERCEPÇÃO VISUAL E OS PRINCÍPIOS DE ESTILO 155 que nos atrai Imagine que essa foto tenha ao fundo um edifício de um grande arquiteto Se sua foto estiver em suas redes sociais e por acaso ser acessada por um estudante de arquitetura que não conhece você mas conhece o edifício para ele a figura será o edifício e o você fará parte do fundo inclusive essa pessoa poderá usar essa foto para ilustrar seu trabalho chamando a foto pelo nome do edifício ou do arquiteto Isso explicaria quando dirigimos a cena antes de fotografála pois uma vez colocado o que queremos como figura e isso pode ocorrer centralizando esses elementos no centro geométrico do enquadramento ou ofuscando os outros elementos delegamos ao restante dos elementos o fundo da composição Permitir esse jogo entre figura e fundo pode ser uma estratégia interessante para atrair a atenção de um número maior de pessoas Um exemplo para isso pode ser visto na imagem ambígua Figura 2 utilizada anteriormente nossa visão fica pulando entre figura e fundo dando figuração à jovem em um momento e à idosa em outro Esta capacidade da imagem de ser figura ou fundo está diretamente relacionada aos padrões simetria proximidade e continuidade somando a estes as noções de tamanho relativo proporção contorno e orientação Quanto mais a imagem for simétrica relativamente pequena contornada e orientada no sentido horizontal ou vertical será mais facilmente identificada com figura BAXTER 2011 p 57 FIGURA 6 FIGURA OU FUNDO FONTE O autor Perceba que ao ganhar proximidade simetria e contorno a imagem da direita permite que possamos ora ver duas faces de perfil ora ver uma taça Essa ambiguidade ilustra o que estamos tratando aqui de figura ou fundo Fica evidente a importância da Gestalt no estilo dos produtos A capacidade de valorizarmos o todo a visão global efetivando a integração de todos os componentes evidencia a funcionalidade das relações das partes em decorrência do todo porém além de considerar a percepção visual as composições formais dos objetos como eles são formatados sua materialidade é preciso considerar que muito desta percepção como já comentamos da unidade anterior está impregnada da maneira como pensamos lembrese das diferenças dentre o ver e o enxergar UNIDADE 3 SEMIÓTICA E PERCEPÇÃO VISUAL 156 Fatores socioculturais econômicos históricos influenciam diretamente em como percebemos e valoramos as coisas Há pouco vimos que uma foto sua em uma viagem pode ser vista de outra maneira por outra pessoa É isso Nosso olhar é dirigido por como pensamos o mundo e a maneira que pensamos é resultado de toda uma vida de aprendizado que empreendemos durante nossa vida Se olharmos três fotografias de épocas diferentes uma de hoje uma de três anos e outra de seis anos atrás e por mais que escolhíamos o que vestir veremos pelas roupas das fotos como somos influenciados pelas tendências de moda e comportamento A cada ano mudanças sutis reorganizam o nosso estilo Entender esse mecanismo e programar habilmente nossos projetos para que sejam capazes de em suas composições apresentarem o que é desejoso pelos clientes é estratégia importante para promover um impacto positivo no comércio Todavia além do fenômeno das tendências de moda o efeito cultural sobre a percepção visual é mais longo e influencia valores e crenças pessoais Se por um lado as tendências de moda contribuem para que tenhamos gostos parecidos os influenciados pela cultura nos permitem ter gostos individuais então é possível uma pessoa ser atraída por um objeto e outra não Certas influências culturais no estilo de produtos podem ter um ciclo de longa duração chegando a ser centenárias BAXTER 2011 p 74 mas é interessante perceber que por mais que tenhamos essas influências das tendências de moda e da cultura o estilo visual de um produto em grande parte será demandado pelo seu cliente podendo ter três níveis de determinação 1 NÍVEL BÁSICO pelo momento que o produto é acessado pelo nosso sistema visual O momento que chamamos anteriormente de scanneamento em que ao determinar nossa percepção visual direcionará elementos onde o foco do olhar se concentrará 2 NÍVEL INTERMEDIÁRIO a partir do momento em que o foco do olhar acontece atributos específicos do processo visual são declarados Passamos a dar atenção aos elementos específicos que pode ser uma marca um acabamento ou um detalhe estrutural 3 NÍVEL MAIS ELEVADO ao focarmos aos detalhes depois de uma investida visual no todo os fatores sociais culturais e comerciais determinam o estilo do objeto que estamos percebendo Nesse momento muito do que nos chegou cultural social e economicamente ajudará a perceber valores no objeto permitindo entender seu valor e iniciar o momento da aquisição O estilo de um produto deve ser considerado um momento do projeto que ocorre em conjunto com outras áreas e em todas as fases de desenvolvimento Não pode e nem deve ser considerado apenas na fase final pois em grande parte o estilo é condicionado e condicionador dos elementos estruturantes dos materiais da composição do objeto desde seu início Como salienta Baxter 2011 p 77 As decisões sobre o estilo precisam ser tomadas em todas as fases desde o planejamento do produto até a engenharia de produção TÓPICO 1 A PERCEPÇÃO VISUAL E OS PRINCÍPIOS DE ESTILO 157 É importante perceber que a percepção visual e a capacidade de analisar e criticar projetos de design a partir da noção de percepção visual com base na semiótica objetivo desta disciplina potencializa a habilidade de pensar os projetos de forma mais atrativas inclusive através do estilo do produto De fato a atração é requisito básico de todo objeto que objetiva alcançar seu mercado e para isso é preciso considerar que um objeto pode chamar atenção de várias formas inclusive por ser visualmente agradável Perceba quantas vezes você desvia o olhar do que está fazendo para ver uma pessoa bem vestida um jardim bem decorado Certamente isso acontece quando em meio a vários produtos um lhe chama atenção ao chamar a atenção um objeto passa a ser desejável Perceba que a maioria dos produtos que passamos a desejar ganham destaque em nossa atenção se pensarmos nestes dois momentos o produto que chama a atenção e ao mesmo tempo é desejável tem forte poder de atração ou seja é atraente Portanto quando somos capazes como projetistas de desenvolverprojetar produtos que chamem a atenção pelo seu estilo e que esse estilo está em linha com os comportamentos de voga no mercado estamos entregando ao mercado produtos atraentes com forte poder de consumo Basicamente o que nos atrai está relacionado com quatro coisas BAXTER 2011 o que já é conhecido o que parece funcionar bem o que parece ajudar a dizer quem sou e o que é bonito Perceba que quando na composição de um produto a ser percebido visualmente escolhemos uma ou mais dessas coisas e estamos assumindo a habilidade de compor objetos com base nos princípios da percepção visual Unidade 2 compreendendo que o objeto que estamos desenvolvendo tenha a capacidade de significar produtos que o cliente já conheça ou representar seu funcionamento ou dar conta de simbolizar status definindo a pessoa que o usará ou ser significante dentro dos valores de beleza considerados pelo mercado consumidor ou seja precisamos ter a competência também em semiótica Unidade 1 158 Neste tópico você aprendeu que Existem dois estágios para o processamento visual a primeira percepção global e a hipótese visual Que a capacidade da imagem de ser figura ou fundo está diretamente relacionada aos padrões simetria proximidade e continuidade somando a estes as noções de tamanho relativo proporção contorno e orientação Que fatores socioculturais econômicos históricos influenciam diretamente em como percebemos e valoramos as coisas O estilo visual de um produto em grande parte será demandado pelo seu cliente podendo ter três níveis de determinação nível básico scanneamento visual nível intermediário foco nos atributos específicos do processo visual e nível mais elevado percepção dos valores do objeto com base na cultura sociedade e economia permite assumir o seu entendimento O estilo de um produto deve ser considerado um momento do projeto que ocorre em conjunto com outras áreas e em todas as fases de desenvolvimento RESUMO DO TÓPICO 1 159 1 Quando olhamos uma vitrine durante um passeio no shopping rapidamente conseguimos ter alguns posicionamentos frente a ela Sabemos por exemplo se somos ou não o públicoalvo os produtos que a loja vende e até mesmo conseguimos ter noção de quanto custaria uma compra naquela loja Vamos tomar a vitrine já utilizada em nossa disciplina da rede De Fursac FONTE httpsi2wpcomfarm6staticflickrcom53015660386039bde9ceb848 jpgzoom2 Acesso em 12 out 2020 Sobre o processo visual aplicado nessa situação podese afirmar que I Ocorrem dois estágios no processo visual a percepção global e a hipótese visual II As condições culturais sociais e econômicas que formam o repertório do expectador não influenciam nada na percepção visual III A percepção visual no primeiro estágio a visão varre a imagem como um grande scanner ela busca padrões e formas Fazse de forma involuntária IV A hipótese visual no segundo estágio tem o seu início quando passamos a dar foco intencional aos detalhes da imagem Assinale a alternativa CORRETA a Somente a afirmativa I está correta b Todas as afirmativas estão corretas c Somente a afirmativa III está correta d As afirmativas I III e IV estão corretas AUTOATIVIDADE 160 2 A imagem que ilustra essa questão é um caso de imagem ambígua mostrando a cabeça e os ombros de uma jovem com a face voltada para o fundo da figura Mostra também a face de uma idosa em perfil É impossível perceber simultaneamente as duas imagens devido à primeira percepção global Se a mente se fixar em uma das duas imagens uma percepção global será produzida Você então pode examinar os detalhes na jovem a linha pronunciada do queixo a elegância da gargantilha o lenço volumoso sobre a cabeça e o luxuoso casaco Na senhora idosa o nariz aquilino a protuberância do queixo os lábios finos e os olhos profundos Geralmente a imagem que você perceber primeiro vai determinar a estratégia para a exploração posterior dos detalhes Para enxergar outra imagem você precisará piscar desviar os olhos ou tirar a figura temporariamente do campo de visão É como se fosse necessário apagar a primeira imagem Depois de percebida essa segunda imagem ela determinará também a exploração posterior dos seus detalhes de modo que não é possível perceber uma das imagens e explorar os detalhes da outra BAXTER 2011 p 5051 A imagem é chamada My Wife and My MotherinLaw Minha Esposa e Minha Sogra em tradução livre é uma ilusão de ótica muito conhecida criada pelo cartunista britânico William Ely Hill em 1915 FONTE httptwixarmeVjgm Acesso em 19 out 2020 A partir da leitura desse texto avalie as asserções a seguir e a relação proposta entre elas I A primeira impressão de uma imagem é resultado da percepção dela como um todo PORQUE II As teorias de percepção visual inclusive na Gestalt entendem que no primeiro estágio do olhar podemos visualizar uma determinada forma um determinado discurso visual correndo o risco de não visualizamos outra forma outro discurso que faria a imagem ser de fato ambígua 161 A respeito dessas asserções assinale a alternativa CORRETA a As asserções I e II são proposições verdadeiras e a II é uma justificativa correta da I b As asserções I e II são proposições verdadeiras mas a II não é uma justificativa correta da I c A asserção I é uma proposição verdadeira e a II é uma proposição falsa d A asserção I é uma proposição falsa e a II é uma proposição verdadeira e As asserções I e II são proposições falsas 3 O estilo visual de um produto pode ter três níveis de determinação Sobre estes níveis analise as sentenças a seguir I O nível básico é responsável pelo momento que o produto é acessado pelo nosso sistema visual O momento que chamamos anteriormente de scanneamento em que ao determinar nossa percepção visual direcionará elementos onde o foco do olhar se concentrará II No nível intermediário se dá o foco do olhar onde atributos específicos do processo visual são declarados Passamos a dar atenção aos elementos específicos que pode ser uma marca um acabamento um detalhe estrutural III No nível mais elevado focando nos detalhes percebemos que os fatores sociais culturais e comerciais determinam o estilo do objeto que estamos percebendo Nesse momento muito do que nos chegou culturalmente socialmente e economicamente ajudará a perceber valores no objeto permitindo entender seu valor e iniciar o momento da aquisição Assinale a alternativa CORRETA a Somente a afirmativa I está correta b Todas as afirmativas estão corretas c Somente a afirmativa III está correta d As afirmativas I III e IV estão corretas 4 As descobertas sobre o nosso processo visual contrariam algumas noções intuitivas Intuitivamente acreditamos que os nossos olhos são janelas para o mundo Mas não é bem assim Nós enxergamos aquilo que pensamos ver Nós olhamos para uma imagem e sem perceber extraímos suas principais características A partir dessas características a nossa mente trabalha na sua identificação com algum padrão conhecido Seguese uma visão mais focalizada guiada por essa visão inicial para se examinar detalhes BAXTER 2011 p 52 Qual é o papel do contexto cultural social e econômico na percepção visual de uma pessoa 5 A percepção visual e a capacidade de analisar e criticar projetos de design a partir da noção de percepção visual com base na semiótica potencializa a habilidade de pensar os projetos de forma mais atrativa inclusive através do estilo do produto De fato a atração é requisito básico de todo objeto que pretende alcançar o seu mercado Cite dois requisitos de atração de um objeto explicandoos 163 UNIDADE 3 TÓPICO 2 ANÁLISE DICOTÔMICA 1 INTRODUÇÃO Iniciamos o segundo tópico desta unidade Entramos no momento da disciplina mais prático Analisaremos imagens com base na semiologia mais especificamente na abordagem dicotômica dos objetos em seus planos de expressão e conteúdo e poder de certa forma criticar e desenvolver objetos que sejam capazes de ser percebidos visualmente em linha com os discursos que pretendem passar É muito importante perceber o valor de se conhecer e saber usar um referencial que dê suporte nas leituras que nos propomos fazer em nossos campos de trabalho No design a capacidade de ler imagens é fundamental para que se possa potencializar o desenvolvimento de objetos pertinentes que devam funcionar esteticamente tocar os sentidos do consumidor utilitariamente e simbolicamente dando conta de representar os valores das marcas que as promovem em seus mercados O entendimento que um objeto funciona de forma estética de forma utilitária e de forma simbólica é importante aqui pois muito do que é expresso em um objeto está relacionado ao discurso que ele quer passar os tais valores mencionados no parágrafo anterior com a maneira como deve ser manuseado de que forma ele diz onde liga onde pega onde aperta onde abre e ainda se é belo se tem o estilo atraente que tratamos no tópico anterior 2 ANÁLISE DICOTÔMICA A LEITURA COM BASE NA SEMIOLOGIA OU SEMIÓTICA SAUSSUREANA Para não escorregarmos num erro comum ainda mais como estudantes daremos como encerrada essa diferença de nomenclaturas A primeira unidade desta disciplina apresentou as duas principais correntes em seus idealizadores semiologia com Saussure e semiótica com Peirce A noção de que estas duas cabem numa mesma nomenclatura ocorreu historicamente na Europa à medida que outros filósofos ocupandose com pressupostos saussurianos deram conta da generalidade do signo tal qual os norteamericanos Aprumados numa mesma linha de pensamento os europeus assumiram o nome Semiótica com base no linguista Algirdas Julius Greimas 19191992 no momento que pretendia dar conta do fenômeno de produção de sentido para todo e qualquer objeto que representasse algo em seu lugar Afastandoo da base semiológica de Saussure 164 UNIDADE 3 SEMIÓTICA E PERCEPÇÃO VISUAL para os iniciados esta polêmica entre os termos Semiologia e Semiótica passou a ser um episódio histórico a partir de 1969 quando Roman Jakobson e a Associação Internacional de Semiótica aceitou a adoção do termo comum Semiótica para designar todo o campo de estudo abarcado tanto pela semiologia quanto pela Semiótica OLIVEIRA 2004 p 17 Na visão greimasiana a semiótica é uma ciência geral dos sistemas sígnicos que possibilita o estudo do conjunto dos processos de produção de sentidos Ela pode ser compreendida como um conjunto de maneiras que permitem o conhecimento de qualquer grandeza que se manifesta aos nossos sentidos Para Greimas de acordo com Oliveira 2004 a semiótica estuda o discurso com base na ideia de que uma estrutura narrativa se manifesta em qualquer tipo de texto não necessariamente verbal A análise que se sustentada na semiótica greimasiana cuja base está nos posicionamentos estruturalistas de Saussure está apoiada na capacidade de percebemos globalmente e criarmos hipóteses como tratado no início desta unidade 3 PLANOS DE EXPRESSÃO E CONTEÚDO O ponto de partida do modelo semiótico desenvolvido por A J Greimas e colaboradores com foi tratado na primeira unidade está na noção de que significante e significado precisaram de ajustes consideráveis passando a ser chamadas de plano de expressão significante e plano de conteúdo significado permitindo que dicotomicamente o signo pode ser toda e qualquer coisa que represente algo em seu lugar além da palavra 31 PLANO DE EXPRESSÃO Ao entrarmos em uma imagem para analisála precisamos nos dar conta de vasculhar o todo de entender o momento da percepção global BAXTER 2011 nos permitindo perceber o plano de expressão tudo o que compõe a imagem e é perceptível ao olhar Neste momento somos capazes de compreender a macroestrutura da imagem visual OLIVEIRA 2004 que pode ser chamada de estrutura básica As primeiras indagações surgem na busca de clareza sobre essa estrutura ela é geométrica Linear Inclinada De que maneira essa estrutura se declara visualmente ao sustentar a composição visual que estamos analisando As certezas sobre isso influenciarão diretamente nas decodificações do significado que aos poucos vão surgindo TÓPICO 2 ANÁLISE DICOTÔMICA 165 Com a estrutura básica definida com a visão total da estrutura realizada iniciase a fase de identificação dos elementos constitutivos pontos linhas cores volumes dimensões entre outras OLIVEIRA 2004 Um novo jogo de indagações deve ser realizado quais os princípios que regem a organização destes elementos constitutivos aqueles tratados em nossa Unidade 2 Que outros elementos compõem a imagem mas que não dão conta de assumirem o posicionamento de constitutivos É o caso do suporte da moldura e do espaço onde está situada a imagem em análise Não existem repostas erradas erro seria não fazer as indagações Compreendida a estrutura básica e identificados os elementos constitutivos é possível estabelecer relações Assim identificados os elementos constitutivos buscamse as articulações entre esses elementos momentânea e mentalmente desfeitas quando da investigação do rol de elementos que constituem a imagem OLIVEIRA 2004 p 24 Neste momento têmse os procedimentos relacionais que podem ocorrer entre elementos entre estes e blocos de elementos entre blocos entre si Um mesmo elemento pode ter um tipo de relação com outro e uma outra forma relacional com outro Para clarear um pouco esta composição intricada que é a imagem poderemos fazer analogias que são bastante simplistas mas têm funcionado Uma das comparações propõe pensar na imagem como um texto verbal onde os elementos constitutivos seriam as palavras e os procedimentos relacionais corresponderiam a sintaxe ou seja ao modo de organizar as palavras entre si Mas é preciso cuidado pois existem distinções para além do aspecto visual de ambos os textos Uma dela é que nem a escrita nem a leitura da imagem são lineares a outra é que cada elemento não concorda com apenas um outro elemento OLIVEIRA 2004 p 25 A análise tratada neste momento sugere um desmonte da imagem Um processo complexo que na busca de efeitos de sentido sugere significações Todo esse processo ocorre no ir e vir no desconstruir e construir os elementos da imagem oportunizando uma cadeia de significações com base em regras que se mostram em linha com os princípios formais trabalhados na Unidade 2 Uma vez vasculhada a estrutura da imagem e identificada seus elementos constitutivos cabe o questionamento como estão organizados os elementos na imagem Qualquer que seja a intenção do projetista da imagem a expressão do conteúdo estará na imagem explicitada em seu texto visual Cabe ao leitor entrar em contato com este texto estético ler e o interpretar passando pelo momento de percepção global e alcançado a hipótese visual BAXTER 2011 Concretizando a autonomia da imagem ou seja que por mais que o autor expresse um determinado conteúdo este só será interpretado e entendido se o objeto a imagem permitir isso ela é autônoma e não pode contar com seu criado ao lado para explicar A imagem passa a falar por si mesma independentemente do que seu autor queria dizer OLIVEIRA 2004 p 26 166 UNIDADE 3 SEMIÓTICA E PERCEPÇÃO VISUAL O leitor passa a ter domínio sobre o objeto imagem que está lendo Ele deve transitar incansavelmente pela imagem indo e vindo pelos elementos e pelos blocos de elementos e para o todo da imagem encontrando detalhes nesse ir e vir que não se declaram nos primeiros olhares É esse vagar intencional pela imagem que faz com ela em sua autonomia tenha condições de expressar seu conteúdo e ainda faz com que o leitor seja capaz de interpretar outros conteúdos bastando para isso que a imagem em seus elementos e seus procedimentos relacionais permita Todo esse envolvimento de varredura e de foco de desconstrução e construção de ir e vir pela imagem permite que o leitor alcance os possíveis significados alcançando então o plano de conteúdo 32 PLANO DE CONTEÚDO Os elementos constitutivos não adquirem sentido isolados precisam das relações seja com outros elementos com blocos ou até mesmo com os espaços com a situação onde estão e como estão posicionados Entender a importância destas relações é vital para que se alcance o plano de conteúdo capacitando o leitor na interpretação do objeto analisado 4 ANÁLISE DICOTÔMICA PLANO DE EXPRESSÃO E PLANO DE CONTEÚDO A análise semiótica de um objeto percebido visualmente é complexa e requer um referencial mínimo para sua realização A expectativa aqui é que tudo o que já foi tratado em nossa disciplina seja capaz de suportar como parâmetro deste momento que se faz de maneira mais prática Além disso a postura do observador frente ao objeto a ser analisado é vital ao processo é preciso abordar o objeto diferentemente do habitual A noção de que se está no momento do scanneamento faz com que o processo de percepção do todo seja intencional visando acessar o sistema objeto em análise visual como um todo o que Baxter 2011 afirma que a percepção global leva à hipótese visual entender que algumas partes do sistema atrairão o olhar e só por isso já se organizam como elementos constitutivo ora potencializando o foco e atenção em um único elemento ora para blocos de elementos assumir o compromisso de voltar ao todo do objeto em observação realizando relações a partir do que está declarado e com base claro em seu repertório social cultural histórico e econômico E por fim ter a noção de que o que se faz expresso no objeto sugere conteúdos que estão em nossa bagagem cultural mas que outras relações podem nos instigar a novas descobertas a uma oxigenação ou aumento de nosso repertório TÓPICO 2 ANÁLISE DICOTÔMICA 167 O processo de significação precisa considerar a totalidade do objeto e toda análise deve ser orientada por um processo de significação que estará sobreposto ao encadeamento de signos que se materializam ou ganham sentidos entre o plano de expressão e o plano de conteúdo GREIMAS CORTÉS 2011 Vamos a um exemplo de leitura realizada por Sandra Ramalho e Oliveira na obra Imagem também se lê da Editora Rosari 2004 Será de uma obra de arte o que de certa forma ajudará no entendimento da abordagem e na maneira como se descreve cada momento FIGURA 7 ANÁLISE DICOTÔMICA DE ENTERRO NA REDE CANDIDO PORTINARI 1944 FONTE httpsi0wpcomvirusdaartenetwpcontentuploads201410enterronaredeportjpg Acessado em 9 out 2020 A obra Enterro na Rede integra a Série Retirantes do artista brasileiro Candido Portinari 19031962 com influências expressionistas trata da situação social do povo brasileiro Essa pequena apresentação é apenas uma forma de respeitar a obra e situála histórica e contextualmente No que se pede em análises semióticas é que o autor e toda sua vontade sejam esquecidas a obra tem que falar por si só Portinari não está aqui nos explicando sua obra e sua obra que deve falar por ela Então vamos seguir a maestria de Sandra Ramalho Oliveira no passo a passo de sua análise semiótica O que se vê Primeiro o todo da obra rapidamente damos conta de observar o todo E aí alguns elementos atraem a atenção são os elementos constitutivos Quase que juntos começamos a fazer relações primeiro pelo olhar perceba que ele vai vagando de um elemento constitutivo a outro de um elemento constitutivo a um bloco de elementos e viceversa Como esses processos ocorrem simultaneamente e de forma muito rápida é necessário pelo menos para fim didático utilizarmos ferramentas de análise em uma delas são os esquemas visuais que vão apresentar as figuras que compõem a estrutura da imagem Nesse esquema são destacados um a um os planos de profundidade propostos diferenciação que é feita através do uso e linhas e cores específicas para contornar e destacar a estrutura de cada um deles OLIVEIRA 2004 p 35 168 UNIDADE 3 SEMIÓTICA E PERCEPÇÃO VISUAL Acesse o link que está como fonte da figura ou pesquise na internet pelo nome da obra para poder ver a imagem colorida DICAS No scanneamento da imagem a planta dos pés da mulher ajoelhada evidenciase pois além da forma está em primeiro plano na obra E com isso observamos o todo desta composição formada pelos dois pés As linhas formadas pelas pernas da mulher ajoelhada direcionam o olhar para os pés e fazem o convite para o olhar retornar para a obra ir para o centro dela Como salienta Oliveira 2004 p 35 A posição dos pés indica a forma que está destacada em toda a imagem o ângulo Como elemento constitutivo o bloco de elementos constitutivos se considerarmos os dois pés direcionam a rotina de toda a imagem que se faz de forma angular e explicitam formas triangulares por toda a composição Os contornos das partes internas e externas dos pés não são paralelos e por estarem eles postos qual mãos postas em oração compõem a diagonalidade da obra e formam dois ângulos que se sobrepõem e remetem o olhar ao centro da tela onde se situa o culto atrás desta mulher a personagem principal da cena o morto Também no centro da tela o ângulo formado pelos pés da mulher central é rebatido por um grande ângulo na verdade um triângulo que se origina do lençol ou rede situado no terceiro plano de profundidade OLIVEIRA 2004 p 35 Tendo os pés da mulher no primeiro plano de profundidade a rede ou lençol no terceiro plano o corpo da mulher no segundo plano de profundidade a composição mantém a rotina angular a saia dela é formada por uma variedade de traços angulares da mesma forma sua blusa Os braços abertos dão conta de um grande triângulo que rebate no segundo plano de profundidade a forma que a rede ou lençol formam no terceiro plano Até nos dedos da mulher as linhas e formas angulares em proporções menores repetem o esquema como que por redundância evidencia a rotina angular da cena Os cabelos formados por traços mesmo mais sinuosos remetem à forma triangular Da mesma forma que alguns elementos da textura do tecido que cobrem os braços da mulher evidenciam linhas e formas angulares Composta por vários elementos constitutivos a mulher se faz um bloco e como bloco se relaciona com toda a obra O ângulo formado pelos braços desta mulher remete o olhar para seu vértice no tronco do corpo dela mesma o qual oculta o centro da rede lugar onde está o morto OLIVEIRA 2004 p 3536 Os procedimentos de figurativização GREIMAS CORTÉS 2011 são revelados durante o processo de geração de sentido colocando o autor da obra como um criador de estratégias no processo interpretativo por meio do plano de TÓPICO 2 ANÁLISE DICOTÔMICA 169 expressão e plano de conteúdo O scanneamento da imagem como um todo nos fez perceber alguns elementos constitutivos caso da planta dos pés no primeiro plano de profundidade caso do corpo da mulher no segundo plano e a composição formada pela rede ou lençol e os carregadores no terceiro plano de profundidade E ainda em termos relacionais foi percebido elementos constitutivos que nos fazem ir e vir em cada um desses planos caso das pernas da mulher que nos fazem sair dos pés e ir para o corpo dela ou voltar do corpo para os pés Caso da forma triangular dos braços da mulher que se rebate com a forma triangular da rede ou lençol indicando uma ponte entre o plano segundo e terceiro Estacionados em um dos planos nosso foco nossa atenção direciona o vagar do olhar para a identificação dos elementos constitutivos e blocos de elementos permitindo os procedimentos relacionais Em nossa análise seguindo a abordagem de Sandra Ramalho e Oliveira 2004 entramos pelos pés primeiro plano de profundidade tratamos do corpo da mulher segundo plano de profundidade e agora vamos para o terceiro plano de profundidade Este plano é composto pela rede ou lençol e seus carregadores duas figuras masculinas O pano da rede apresenta acima da cabeça da mulher um suposto quadrado em tom mais claro que tendo uma parte encoberta deixa aparente no seu contorno um ângulo que é rebatido nas diversas formas angulares do fundo na parte superior da tela A rede forma um triângulo isósceles cujo maior lado é o superior horizontal e quase paralelo ao pau no qual está amarrada bem como à linha que delimita o chão Um ponta de pano à esquerda sai do vértice em direção ao centro inferior da rede as linhas das dobras do ângulo da direita tomam a mesma direção indicando o local onde está depositado o defunto OLIVEIRA 2004 p 36 Os elementos constitutivos que dão conta de rede ou lençol se mostram importantes pois ao rebaterem com os braços da mulher fazem acesso entre os dois planos Todavia além deste bloco de elementos constitutivos o terceiro plano de profundidade é formado por duas figuras masculinas dois carregadores As formas angulares os compõem e nos dão a ideia de marcha de movimento Movimento esse como passos pelo ângulo formado por cada perna ao dar passadas mas também pelos triângulos formados pelas pernas que apontam no sentido inverso ao da rede ou lençol promovendo um movimento plástico vetorial a que o olhar se submente Fica evidente na composição que os três triângulos das pernas e da rede ou lençol se encaixam Outras formas angulares aparecem na composição no braço do carregador que está à frente no carregar à direita da tela e em proporções menores formas angulares dão conta de sua mão e de sua face com destaque ao seu nariz O outro carregador é composto de forma angular também pés volumes da sua vestimenta mãos e cabeça Interessante registrar que as formas angulares que sugerem pontas direcionam o olhar como vetores para uma direção oposta ao trajeto que suas pernas e própria composição parece ir É o olhar sendo direcionando para ir e voltar na imagem 170 UNIDADE 3 SEMIÓTICA E PERCEPÇÃO VISUAL A obra não é composta apenas por linhas e formas angulares ela apresenta linhas sinuosas como as que já forma descritas cabelo da mulher Elas estão evidenciadas no braço direito do homem da esquerda em algumas dobras das vestes da mulher e até nas linhas que compõem os dedos dos pés veja aqui que a linha orgânica mais evidente é do braço do homem da esquerda terceiro plano de profundidade que nos leva para a sinuosidade dos cabelos e de algumas linhas da veste da mulher segundo plano de profundidade chegando aos dedos dos pés primeiro plano de profundidade um novo caminho para vagar entre esses planos Como falamos durante nossa disciplina alguns elementos da imagem vão ganhando destaque à medida que nos permitimos vagar pela imagem ou à medida que a imagem nos direciona o olhar por isso destacamos os elementos que nos fazem entrar e sair de cada plano Este ir e vir nos fazem perceber elementos que antes não víamos estavam lá Todavia passam desapercebidos nos primeiros olhares E não só elementos surgem pode saltar blocos de elementos e até mesmo outros planos que é o que ocorre nessa imagem um quarto plano de profundidade surge Nele nos deparamos com uma figura feminina composta por linhas sinuosas curvas interessante perceber que seus elementos se destacam quando nos damos conta que a obra não é somente angular e vem num lugar da obra que faz o olhar percorrer o todo da tela lembrese de que em linhas sinuosas saímos dos braços do homem da esquerda fomos para o centro nos cabelos e vestes da mulher chegamos aos pés mas a parte da direita da tela com as formas sinuosas das vestes desta figura faz com que cheguemos ali ou seja nosso olhar foi da esquerda à direita da imagem percorrendo toda ela mais uma vez As linhas curvas que compõem essa figura do quarto plano de profundidade estão no contorno do braço visível na cabeça e nas suas pernas ajoelhadas Existem linhas retas e angulares nessa figura mas elas estão posicionadas na parte interna dando conta das linhas interiores dos braços do pescoço e queixo Em suas mãos aparecem triângulos explicitando rigidez e tensão de seus músculos Essas linhas sinuosas percorrem horizontalmente compondo o solo na metade da parte inferior da imagem nos trazendo o quinto plano de profundidade Que forma quadrangular total da tela o fundo do quadro O ritmo sinuoso do chão é quebrado na parte inferior por blocos angulares elementos ríspidos e dificuldades de pedregulhos por onde passa o cortejo fúnebre Já a parte superior dessa linha horizonte sinuosa a composição visual é formada por linhas e formas angulares em algumas dessas formas as pinceladas deixaram elementos pontuais gerando uma textura grosseira OLIVEIRA 2004 p 37 Sugerimos como dica acessar o link que aparece como fonte da Figura 7 para visualizava em cores mas as gradações de cinza da impressão aqui disponibilizada sugerem um olhar total Na obra como um todo destacase TÓPICO 2 ANÁLISE DICOTÔMICA 171 os tons de cinza e os contornos fortes em preto os tons mais escuros de cinza sugere as trevas o sentido mais negativo a melancolia também evidentes nas tensões das formas lineares e angulares que ambienta quase que a totalidade da obra Este preto especialmente nos músculos expostos e nas obras das roupas funciona também para dar profundidade pois é sombra e para compor texturas OLIVEIRA 2004 p 37 Interessante perceber que os contornos pretos ou mais escuros não estão no quarto e quinto plano de profundidade como que os sugerindo como planos de fundo e destacando os três primeiros planos onde o conteúdo parece estar evidenciado Até na obra colorida os tons de cinza tomam conta da composição como que estratégico no plano de comunicação da obra e de seu artista Ao não estar presente para explicar perceba que ele atribuiu ao seu objeto elementos formas cores e os compôs de maneira que declarassem ou sugerissem o que e como deveriam ser lidos e entendidos O cinzento predominante dá a ideia de cinza o que resta depois de um incêndio ou de cadáver o que restou da vida nos descreve Sandra Ramalho Oliveira 2004 p 37 da mesma forma que dias cinzentos são mais melancólicos e o clima triste e melancolia de um cortejo fúnebre pode ser assim cromatizado Pontos linhas e planos formam a estrutura angular e dão conta dos elementos constitutivos das obras direcionam plasticamente gestualidades que ganham ainda mais expressão nas pinceladas onde contornos grosseiros evidenciam a tensão das linhas retas imprimindo figuras que mais parecem ser talhadas em madeira OLIVEIRA 2004 E quando surgem as linhas curvas que também ganham expressividade em suas pinceladas ela parecem deformar as figuras deformação que remete normalmente ao sofrimento A obra toda apresenta uma simetria ela não é absoluta mas é possível situar a mulher ajoelhada no centro simétrico da imagem total o que sugere quebrar a simetria é a segunda mulher lá do quarto plano de profundidade Todavia a sugestão simétrica tem seus rebatimentos por pesos evidente na parte inferior com a parte superior onde o pau que carrega o defunto se faz linha da simetria horizontal As formas lineares e angulares sugerem à obra o que sugerem como elementos isolados linhas direcionam o olhar e ângulos como figura incompleta que é expressa imperfeição algo que precisa ser acabado que precisa ser completo pela ausência de outra parte O ângulo vetoriza mostra e direciona um suposto caminho que não está traçado mas é para onde se deve ir Adotandose esse modo de olhar observase a interrelação entre expressão no nível de manifestação e significação no nível do conteúdo OLIVEIRA 2004 p 38 grifo da autora e que assim complementa 172 UNIDADE 3 SEMIÓTICA E PERCEPÇÃO VISUAL Os pés da mulher central vincados por linhas diversas assim como a superdimensão dos demais membros e músculos evidentes aludem à atividade braçal no cultivo da terra Pés descalços reforçam esta ideia e presentificam uma noção de nobreza A forma dos pés grandes retangulares com toda a base em contato com o solo parece colar o ser humano àquele chão àquela realidade É uma versão da expressão verbal com os pés no chão que pode ser entendido como o estado de quem deixou os sonhos de lado Atentos a linha de simetria vertical que parte do meio dos dois pés divide a cabeça e o triângulo formado pelos braços e o triângulo formado pela rede ou lençol subindo até a borda superior da tela percebemos que essa linha estabelece o eixo da composição principal da composição plástica Inclusive registra metricamente nos dando a exatidão de constatar que o triângulo formado pelos braços da mulher e o inferior do triângulo a rede e o lençol coincidem se sobrepõem Esta coincidência reiterada pelo fato de estar a rede prenhe do morto podem indicar que esta mulher é a mãe do defunto Ou teria sido ele quem fertilizou seu ventre OLIVEIRA 2004 p 38 grifo da autora As possibilidades de efeito de sentido que uma composição pode causar é grande e permite variações tantas quantas o repertório e a curiosidade do analista leitor permitirem Traçada essa linha imaginária da simetria vertical outros elementos constitutivos podem aparecer no plano de expressão e se tornarem relevantes ao plano de conteúdo Fica declarada a mão esquerda do homem que está à direita no pau onde está presa a rede ou lençol posicionada sobre a cabeça da mulher que vela e sofre pelo morto A forma dessa mão se faz ambígua nos remetendo à mão posta que benze e ao mesmo tempo faz figurarse em uma caveira OLIVEIRA 2004 símbolo de morte Outra ambiguidade aparece na ausência ou impossibilidade de vermos a face da mulher que abre os braços Não sabemos se ela está revoltada ou pede por clemência o que é possível afirmar é que ela não está passiva com o cortejo E deve estar sedenta por justiça sede entregue pela forma da rede ou lençol que sugere uma boca aberta provocando o efeito de sentido de querer receber algo para saciar a fome a sede Em meio às ambiguidades e possibilidades interpretativas o autor deve entender que haverá um processo de interpretação realizado pelo leitor analista da obra e que ao considerar esse processo deve ou não intervir tomando posição na manipulação que se caracteriza em levar o leitoranalista a executar o seu programa narrativo GREIMAS CORTÉS 2011 TÓPICO 2 ANÁLISE DICOTÔMICA 173 A quantidade de linhas e ângulos é atravessada por uma linha grossa a vara o pau que segura suporta o corpo e segurar suportada pelos homens que a atravessa por todo o quadro horizontalmente A vara como figurativização de laça atravessa o quadro ela é paralela à linha da terra da realidade da morte ambas as linhas horizontais dão estabilidade à composição contrastando com a diagonalidade dos ângulos OLIVEIRA 2004 p 39 grifo da autora A imposição linear e angular que a rede ou lençol adquire e expressa no desenho sugere um corpo pesado e esguio um defunto minguado amontoado no fundo da rede OLIVEIRA 2004 p 39 grifo da autora Como vetor angular ela ponta para baixo como sendo cova ou para onde será levado seu conteúdo A quantidade de ângulos e seus direcionamentos vetoriais entrecruzam sentidos e sentimentos sugerindo o ir e vir de um olhar que precisa se dar conta das injustiças terrenas sofrimento e divinas a morte Tanto os ângulos com abertura para o céu quando aqueles com abertura a terra podem dar a ideia de cunha ferindo pelo vértice agressão violação ou pelo lado oposto pela abertura do ângulo a ideia de abertura do mesmo de vulnerabilidade de rendição fragilidade aceitação do estupro inevitável OLIVEIRA 2004 p 39 grifo da autora De forma geral a tela ilustra uma cena onde dois homens carregam sobre seus ombros uma vara que tem uma rede amarrada nela e em seu conteúdo algo pesado Mostra duas mulheres uma em primeiro plano que parece lamentar e clamar e outra que reza que lamenta em silêncio O plano de expressão é marcado pela linearidade e formas angulares tendo quebras com elementos sinuosos Por mais que tenha cores e marcado pela tonalidade cinza Ao plano de conteúdo o que está expresso já permite direcionar o olhar para um determinado discurso que quando nos vem o título da obra Enterro na Rede permite que os elementos cores e composição ganhem ainda mais efeito de sentido em seus procedimentos relacionais Percebese aqui o valor do título de uma obra porém muitas podem estar sem o título aí caro leitor é com você nominar a obra e sua postura frente a mesma garantirá êxito nessa tarefa Neste encontrotroca entre expressão e conteúdo pode ser observada a dimensão epistemológica da obra pois além de desvendar as relações precisa também articular as áreas de conhecimento que o estudo de cada obra específica levao a se defrontar Vale dizer embora esse texto pictórico traga todo um conjunto de significados em si passível de leitura em qualquer contexto sociocultural a apreciação cresce em densidade se se dispuser a conhecer um pouco mais sobre o tema o que neste caso é favorecido pelo texto verbal que sendo o título da obra com o texto pictórico interage OLIVEIRA 2004 p 3940 174 UNIDADE 3 SEMIÓTICA E PERCEPÇÃO VISUAL Ao considerar a dimensão epistemológica o conteúdo deste tópico acredita que a definição de epistemologia esteja entendida Para facilitar apresentamos duas definições que podem ajudar se trata de um substantivo feminino ligado à filosofia A primeira definição o relaciona com a reflexão geral em torno da natureza etapas e limites do conhecimento humano especificamente nas relações que se estabelecem entre o sujeito indagativo e o objeto inerte as duas polaridades tradicionais do processo cognitivo teoria do conhecimento E a segunda entende o termo como sendo a frequência do estudo dos postulados conclusões e métodos dos diferentes ramos do saber científico ou das teorias e práticas em geral avaliadas em sua validade cognitiva ou descritas em suas trajetórias evolutivas seus paradigmas estruturais ou suas relações com a sociedade e a história teoria da ciência FONTE httptwixarmeDpgm Acesso em 9 out 2020 NOTA 175 RESUMO DO TÓPICO 2 Neste tópico você aprendeu que Atualmente é possível adotar do termo comum semiótica para designar todo o campo de estudo abarcado tanto pela semiologia quanto pela semiótica Ao analisarmos o plano de expressão somos capazes de compreender a macroestrutura da imagem visual que pode ser chamada de estrutura básica Com a estrutura básica definida com a visão total da estrutura realizada iniciase a fase de identificação dos elementos constitutivos pontos linhas cores volumes dimensões entre outras Compreendida a estrutura básica e identificados os elementos constitutivos é possível estabelecer relações fazer o chamado procedimentos relacionais Os elementos constitutivos não adquirem sentido isolados precisam dos procedimentos relacionais a importância destas relações é vital para que se alcance o plano de conteúdo capacitando o leitor na interpretação do objeto analisado 176 1 para os iniciados esta polêmica entre os termos Semiologia e Semiótica passou a ser um episódio histórico a partir de 1969 quando Roman Jakobson e a Associação Internacional de Semiótica aceitou a adoção do termo comum Semiótica para designar todo o campo de estudo abarcado tanto pela semiologia quanto pela Semiótica OLIVEIRA 2004 p 17 A partir da leitura desse texto avalie as asserções a seguir e a relação proposta entre elas I Durante o século XIX Semiologia e Semiótica eram corrente diferentes além de contexto geopolíticos diferentes e também se diferenciavam pelos teóricos e seus fundamentos porém a noção linguista foi expandida PORQUE II Além do verbo palavra falada todo e qualquer outro fenômeno capaz de representar algo em seu lugar podia ser objeto de análise da semiótica indiferente das duas O que resultou no abandono da semiótica dicotômica prevalecendo apenas análises tricotômicas Assinale a alternativa CORRETA a As asserções I e II são proposições verdadeiras e a II é uma justificativa correta da I b As asserções I e II são proposições verdadeiras mas a II não é uma justificativa correta da I c A asserção I é uma proposição verdadeira e a II é uma proposição falsa d A asserção I é uma proposição falsa e a II é uma proposição verdadeira e As asserções I e II são proposições falsas 2 Para clarear esta composição intricada que é a imagem poderemos fazer analogias que são bastante simplistas mas têm funcionado Uma das comparações propõe pensar na imagem como um texto verbal em que os elementos constitutivos seriam as palavras e os procedimentos relacionais corresponderiam a sintaxe ou seja ao modo de organizar as palavras entre si Mas é preciso cuidado pois existem distinções para além do aspecto visual de ambos os textos Uma dela é que nem a escrita nem a leitura da imagem são lineares a outra é que cada elemento não concorda com apenas um outro elemento OLIVEIRA 2004 p 25 AUTOATIVIDADE 177 A partir da leitura desse texto avalie as asserções a seguir e a relação proposta entre elas I Ao entrarmos em uma imagem para analisála precisamos nos dar conta de vasculhar o todo nos permitindo perceber o plano de expressão tudo o que compõe a imagem e é perceptível ao olhar como consequência desse momento vamos identificando os elementos constitutivos e com o tempo vai se fazendo os procedimentos relacionais que resultarão no plano de conteúdo PORQUE II Chegar no plano de conteúdo é um trabalho de ir e vir Muitos elementos constitutivos são só percebidos depois de inúmeros olhares vasculhadas no todo da imagem a cada elemento constitutivos ou bloco de elementos constitutivos percebidos novos procedimentos relacionais podem ser realizados desvelando conteúdos outros Assinale a alternativa CORRETA a As asserções I e II são proposições verdadeiras e a II é uma justificativa correta da I b As asserções I e II são proposições verdadeiras mas a II não é uma justificativa correta da I c A asserção I é uma proposição verdadeira e a II é uma proposição falsa d A asserção I é uma proposição falsa e a II é uma proposição verdadeira e As asserções I e II são proposições falsas 3 A análise semiótica de um objeto percebido visualmente é complexa e requer um referencial mínimo para sua realização A postura do observador frente ao objeto a ser analisado é vital ao processo é preciso abordar o objeto diferentemente do habitual A partir da introdução dessa questão avalie as asserções a seguir e a relação proposta entre elas I A capacidade de dar tempo à percepção visual é importante para que se tenha qualidade na interpretação de seus elementos constitutivos e de seus processos relacionais PORQUE II Esse tempo quando bem utilizado permitirá processos de ir e vir constantes no objeto em análise qualificando os processos relacionais e promovendo qualidade na intepretação do plano de conteúdo de toda a composição visual 178 Assinale a alternativa CORRETA a As asserções I e II são proposições verdadeiras e a II não é uma justificativa correta da I b As asserções I e II são proposições verdadeiras mas a II é uma justificativa correta da I c A asserção I é uma proposição verdadeira e a II é uma proposição falsa d A asserção I é uma proposição falsa e a II é uma proposição verdadeira e As asserções I e II são proposições falsas 4 A análise com base na semiótica dicotômica entende que todo e qualquer objeto que representa algo em seu lugar é signo ou seja tem significado porque é significante Quais são os planos que se referem significado e significante Explique cada um deles 5 A imagem passa a falar por si mesma independentemente do que seu autor teria querido dizer OLIVEIRA 2004 p 26 Explique a autonomia da imagem 179 UNIDADE 3 TÓPICO 3 ANÁLISE TRICOTÔMICA 1 INTRODUÇÃO Iniciamos o terceiro tópico desta unidade Dando continuidade ao momento da disciplina mais prático trataremos de uma outra maneira de analisar imagens com base na semiótica norteamericana mais especificamente na abordagem tricotômica de Charles S Peirce e poder de certa forma criticar e desenvolver objetos que sejam capazes de serem percebidos visualmente em linha com os discursos que pretendem passar Reforçamos a importância de ter um referencial que dê suporte às leituras que nos propomos fazer em nossos campos de trabalho e com esse tópico a disciplina direciona a segunda referência Se no Tópico 2 desta unidade foi considerado a semiologiasemiótica saussuriana como referencial neste tópico vamos nos apoiar em Peirce Lembramos que no design a capacidade de ler imagens é fundamental para que se possa potencializar o desenvolvimento de objetos pertinentes que devam funcionar esteticamente tocar os sentidos do consumidor utilitariamente e simbolicamente dando conta de representar os valores das marcas que as promovem em seus mercados O entendimento destas funções é muito importante para o profissional de projeto uma vez que dentro da análise tricotômica vamos percorrer as possibilidades de um objeto significar dentro das três categorias sígnicas podendo se mostrar icônico primeiridade indiciático secundidade e simbólico terceiridade e que o processo de coleta de dados pode também estar apoiado nessa categorização Os projetistas configuram seus objetos de maneira que eles devam mostrar seus atributos No campo das artes os atributos estéticos ganham destaque enquanto no design por mais que o estilo a estética tenha certa persuasão os atributos utilitários ganham destaques Assim como dito anteriormente O produto diz de si próprio suas qualidades e características o seu modo de produção o que serve para quem se dirige NIEMEYER 2003 p 15 Desta forma cabe ao projetista coletar os dados e as informações do mercado para dar a elas expressão em seus produtos 2 ANÁLISE TRICOTÔMICA A LEITURA COM BASE NA SEMIÓTICA DE PEIRCE 180 UNIDADE 3 SEMIÓTICA E PERCEPÇÃO VISUAL Assim como Saussure teve seus seguidores a semiótica norteamericana influenciou outros pensadores que deram suas interpretações Um deles em especial foi Umberto Eco 19322016 linguista italiano que em suas obras aproximaram a semiótica do grande público A obra O nome da rosa foi lançada como livro em 1980 e virou filme em 1986 dirigido por JeanJacques ATENCAO Vamos nos apropriar de um trecho do livro das primeiras páginas do livro e em sua leitura vamos entender como a categorias de primeiridade secundidade e terceiridade funcionam na maneira como enxergamos o mundo Vale lembrar que como primeiridade estamos falando das qualidades do mundo dos fenômenos que nos chegam aos sentidos e só em sentir já nos dizem já nos representam algo já se fazem signo enquanto que na secundidade esses fenômenos que nos chegam aos sentidos nos fazem ensejar particularidades fazer comparações com o que já temos em nossa experiência com as coisas do mundo enquanto que na terceiridade tudo que nos tocou os sentidos que nos fez pensar ganha valor cultural ganha relações arbitrárias para que possamos assumir e legitimar o signo nesse terceiro nível O trecho que segue foi retirado da obra de Umberto Eco O nome da rosa Rio de Janeiro Nova Fronteira 1986 mais especificamente das páginas 36 a 39 Um direcionamento para a sua leitura já que estamos também promovendo a leitura análise semiótica do texto afinal compete a você interpretálo correto Faça uma leitura sublinhando trechos que você acredita ser referente a alguma categoria Vamos iniciar esse tópico assumindo a semiótica como uma ferramenta de análise de situações posicionamento que pode ajudar em muito na maneira que coletamos informações e as transformamos em atributos de projeto Existe uma obra conhecida cinematograficamente que pode nos ajudar nesse momento e se chama O nome da rosa obra escrita por Umberto Eco Que tal escolher três cores de lápiscaneta para sublinhar definindo cada cor para cada categoria DICAS TÓPICO 3 ANÁLISE TRICOTÔMICA 181 Para ajudar na leitura o texto é uma narrativa dois frades viajam até a um monastério um dele é o mestre Guilherme e o outro é o aprendiz Adso Adso é o narrador Guilherme está subindo para a Abadia como investigador e o texto se dá no momento em que eles estão subindo o monte para chegar na Abadia Vamos à leitura Primeiro dia Primeira onde se chega aos pés da abadia e Guilherme dá provas de grande argúcia Era uma bela manhã de fins de novembro À noite nevara um pouco e o chão estava coberto de um pelame fresco que não tinha mais que três dedos No escuro logo depois dos laudes tínhamos assistido à missa num vilarejo do vale Depois seguimos viagem rumo às montanhas no despontar do sol Tão logo subimos pela trilha íngreme que se desatava ao redor do monte vi a abadia Não me espantaram nela as muralhas que a cingiam por todos os lados iguais a outras que vi em todo o mundo cristão mas a mole daquele que depois fiquei sabendo ser o Edifício Era uma construção octogonal que a distância parecia um tetrágono figura perfeitíssima que exprime a solidez e a intocabilidade da Cidade de Deus cujos lados meridionais se erguiam sobre o planalto da abadia enquanto os setentrionais pareciam crescer das próprias faldas do monte sobre o qual se enervavam a pique Digo que de certos pontos de baixo parecia que a rocha se prolongava até o céu sem solução de tintas e de matéria e virava a uma certa altura fortaleza e torreão obra de gigantes que tinham grande familiaridade tanto com a terra como com o céu Três fileiras de janelas davam o ritmo trinário de sua sobrelevação de modo que aquilo que era fisicamente quadrado na terra era espiritualmente triangular no céu Ao nos aproximarmos mais via se que a forma quadrangular gerava em cada um de seus ângulos um torreão heptagonal do qual cinco lados se projetavam para fora quatro portanto dos oito lados do octógono maior gerando quatro heptágonos menores que no exterior manifestavamse corno pentágonos E não há quem não veja a admirável harmonia de tantos números santos cada um revelador de um sutilíssimo sentido espiritual Oito o número da perfeição de todo tetrágono quatro o número dos evangelhos cinco o número das zonas do mundo sete o número dos dons do Espírito Santo Pela mole e pela forma o Edifício me pareceu como mais tarde veria no sul da península italiana Castel Ursino ou Gastei dal Monte mas pela posição inacessível era mais tremendo que esses e capaz de gerar temor no viajante que dele se aproximasse devagar E é sorte que sendo uma límpida manhã de inverno a construção não me surgiu como é vista nos dias de tempestade Não direi de modo algum que ela sugerisse sentimentos de alegria Trouxeme espanto e uma inquietação sutil Deus sabe que não eram fantasmas de minhalma imatura e que corretamente eu 182 UNIDADE 3 SEMIÓTICA E PERCEPÇÃO VISUAL interpretava indubitáveis presságios inscritos na pedra desde o dia em que os gigantes nela tocaram e antes que a ilusória vontade dos monges ousasse consagrála à custódia da palavra divina Enquanto os nossos mulos arrastavamse pelo último cotovelo da montanha lá onde o caminho principal se ramificava em trevo dando origem a dois atalhos laterais meu mestre detevese por algum tempo olhando para os lados ao redor da estrada para a estrada e acima da estrada onde uma série de pinheiros sempre verdes formava por um breve trecho um teto natural encanecido de neve Abadia rica disse Ao Abade agrada aparecer bem nas ocasiões públicas Habituado que estava a ouvilo fazer as mais singulares afirmações não o interroguei Mesmo porque após mais um trecho de estrada ouvimos rumores e numa curva apareceu um agitado punhado de monges e de fâmulos Um deles como nos visse veio ao nosso encontro com muita urbanidade Bem vindo senhor disse e não vos admireis se adivinho quem sois porque fomos advertidos de vossa visita Eu sou Remigio de Varagine o despenseiro do mosteiro E se vós sois como creio eu frei Guilherme de Baskerville o Abade precisaria ser avisado Tu ordenou voltandose para alguém do séquito sobe para avisar que nosso visitante está para adentrar os muros Agradeçovos senhor despenseiro respondeu cordialmente meu mestre e tanto mais aprecio a vossa cortesia quanto para saudarme interrompestes a perseguição Entretanto não receeis o cavalo passou por aqui e dirigiuse para o atalho da direita Não poderá ter ido muito longe porque chegado ao depósito de estrume precisará deterse É inteligente demais para lançarse escarpa abaixo Quando o vistes perguntou o despenseiro Na realidade não o vimos não é Adso disse Guilherme voltando se para mim com ar divertido Se estais à procura de Brunello o animal não pode estar senão onde eu disse O despenseiro hesitou Olhou Guilherme em seguida o atalho e por fim perguntou Brunello Como sabeis Vamos disse Guilherme é evidente que andais à procura de Brunello o cavalo favorito do Abade o melhor galopador de vossa escuderia de pelo preto cinco pés de altura de cauda suntuosa de casco pequeno e redondo mas de galope bastante regular cabeça diminuta orelhas finas e olhos grandes Foi para a direita estou vos dizendo e apressaivos em todo caso TÓPICO 3 ANÁLISE TRICOTÔMICA 183 O despenseiro teve um momento de hesitação depois acenou aos seus e tomou o atalho à direita enquanto nossos mulos recomeçavam a subir Quando estava para interrogar Guilherme porque tinha sido mordido pela curiosidade ele fezme um sinal para esperar e de fato alguns instantes depois ouvimos gritos de júbilo e na curva do caminho reapareceram monges e fâmulos conduzindo o cavalo pelo cabresto Passaram por nós continuando a nos olhar um tanto aturdidos e nos precederam em direção à abadia Creio também que Guilherme diminuíra o passo de sua cavalgadura para permitir lhes contar o que acontecera Com efeito tivera oportunidade de perceber que meu mestre em tudo e por tudo homem de altíssima virtude tolerava o vício da vaidade quando se tratava de dar provas de sua argúcia e tendo já apreciado seus dotes de sutil diplomata compreendi que queria chegar à meta precedido de uma sólida fama de homem sábio E agora dizeime não pude me controlar por fim como conseguistes saber tudo isso Meu bom Adso disse meu mestre Durante toda a viagem tenho te ensinado a reconhecer os traços com que nos fala o mundo como um grande livro Alan das Unas dizia que omnis rnundi creatura quasi Jiber et picture nobís est in speculum E pensava na abundante reserva de símbolos com que Deus através de suas criaturas nos fala da vida eterna O universo é ainda mais loquaz do que pensava Alan e não só fala das coisas derradeiras caso em que o faz sempre obscuramente mas também daquelas próximas e nisto é claríssimo Quase me envergonho de repetir aquilo que devias saber No trevo sobre a neve ainda fresca estavam desenhadas com muita clareza as marcas dos cascos de um cavalo que apontavam para o atalho à nossa esquerda A uma distância perfeita e igual um do outro os sinais indicavam que o casco era pequeno e redondo e o galope bastante regular disso então deduzi a natureza do cavalo e o fato de que ele não corria desordenadamente como faz um animal desembestado Lá onde os pinheiros formavam como que um teto natural alguns ramos tinham sido recémpartidos bem na altura de cinco pés Uma das touceiras de amoras onde o animal deve ter virado para tomar o caminho a sua direita enquanto sacudia altivamente a bela cauda trazia presas ainda entre os espinhos longas crinas negras Não vais me dizer afinal que não sabes que aquela senda conduz ao depósito do estrume porque subindo pela curva inferior vimos a baba dos detritos escorrer pelas escarpas aos pés do torreão meridional enfeando a neve e do modo como o trevo estava disposto o caminho não podia senão levar aquela direção Sim disse mas a cabeça pequena as orelhas pontudas os olhos grandes Não sei se os tem mas com certeza os monges acreditam piamente nisso Dizia Isidoro de Sevilha que a beleza de um cavalo exige ut sít exiguum caput et siccum prope pelle ossibus adhaerente aures breves et argutae oculi magni nares 184 UNIDADE 3 SEMIÓTICA E PERCEPÇÃO VISUAL patulae erecta cervix coma densa et cauda ungularum soliditate fixa rotunditas Se o cavalo de que inferi a passagem não fosse realmente o melhor da escuderia não se explicaria por que não foram apenas os cavalariços a perseguilo mas até o despenseiro deuse ao incômodo E um monge que considera um cavalo excelente além de suas formas naturais só pode vêlo assim como as autoridades o descreveram especialmente se aqui endereçoume um sorriso de malícia é um douto beneditino Está bem disse mas por que Brunello Que o Espírito Santo te dê mais esperteza que a que tens meu filho exclamou o mestre Que outro nome lhe darias se até mesmo o grande Buridan que está para tornarse reitor em Paris precisando falar de um belo cavalo não encontrou nome mais natural Assim era meu mestre Sabia ler não apenas no grande livro da natureza mas também no modo como os monges liam os livros da escritura e pensavam através deles Dote que como veremos lhe seria bastante útil nos dias que se seguiriam Sua explicação além disso pareceume àquela altura tão óbvia que a humilhação por não a ter achado sozinho foi superada pelo orgulho de participar dela e quase congratulei a mim mesmo por minha agudeza Tal é a força do verdadeiro que como o bem difundese por si E seja louvado o santo nome de nosso senhor Jesus Cristo por essa bela revelação que tive FONTE ECO Umberto O nome da Rosa Rio de Janeiro Record 1986 p 3639 O interessante na leitura desse texto é que somos levados a entrar no processo de análise semiótica de Guilherme através da narrativa entusiasta de Adso Há nele momentos onde ficam declaradas as categorias semióticas de Peirce mostrando como podemos de certo modo agir para analisar uma determinada ocasião uma cena um evento Fica evidente o momento do scanneamento onde nele já existem referências sígnicas fica declarado e com exemplos a secundidade onde Guilherme traz suas referências que indiciam suas considerações e de forma didática Guilherme explica para Adso como a terceiridade acontece à medida que entendo e acessando o contexto cultural consegue dar nome ao cavalo Este texto é utilizado como exemplo em algumas aulas do Professor do Pós Design DrRichard Perassi Luiz de Sousa que atualmente leciona na Universidade Federal de Santa Catarina Ele escreveu um artigo mostrando como aborda esse texto e uma aqui temos uma dica para a leitura do artigo cuja referência é GHIZZI Eluiza Bortolotto MACHADO Amanda Pires SOUSA Richard Perassi Luiz de Ícones índices e símbolos em um trecho de O nome da rosa Semeiosis semiótica e transdisciplinaridade em revista suporte eletrônico Disponível em httpwwwsemeiosiscombronomedarosa Acessado em 09 nov 2020 DICAS TÓPICO 3 ANÁLISE TRICOTÔMICA 185 3 ANÁLISE TRICOTÔMICA AS CATEGORIAS DO OBJETO ÍCONE ÍNDICE E SÍMBOLO Tal qual o personagem do texto anterior Guilherme o observador que assume analisar semiticamente algum fenômeno precisa parar e observar Scannear o todo do fenômeno fazendo com que aos pontos elementos ou blocos de elementos ganhem destaque provocando relação de indagações acerca de suas singularidades para então norteado pelo seu repertório legitimar o que estará vendo Se formos perceber esses três momentos 1 de observar 2 de ensejar particularidadessingularidades do que está sendo observado e 3 assumir conclusões em alguns casos com base nos valores culturais é base para a construção de conhecimento Então quando nos posicionamentos intencionalmente frente a algum fenômeno e conseguimos assumir que o conhecemos esses três momentos acontecem Interessante notar que quando olhamos para um objeto que já conhecemos que já faz parte de nossa cultura esses momentos ocorrem simultânea e rapidamente a ponto de nem percebemos que passamos por eles Agora quando entramos em contato com algum fenômeno nunca visto perceba que somos levados a ter que observar scannear E então vamos comparando suas singularidades com o que já conhecemos ensejando particularidades que na sequência poderão nos ajudar a darmos um nome um conhecimento sobre o que estamos vendo Na prática profissional a monotonia de projetosclientes similares nos faz assumir verdades conhecimento rapidamente A dica é assumir uma postura que todo cliente por mais que seja do mesmo mercado que outros que você já vem atendendo ou até um cliente que já atende mas que agora chama para uma nova interveçào profissional seja entendido como novo Para que antes de assumirmos verdades sobre ele pois já o conhecemos possamos dar valor e atençào à observaçào e a possibilidade de pensarmos sobre fenômenos singluares que passam a operar nesse momento em sua rotina DICAS Os fenômenos estão relacionados com seus contextos por mais que estejamos à frente de um fenômeno já experenciando e conhecido sempre é bom lembrar que por ser a segunda vez que o experenciamos isso já faz diferença pois não é a primeira e ainda há a coerência de lembrar que o tempo passou e nesse passar do tempo nós mudamos aprendemos coisas novas reorganizamos nossa maneira de pensar e consequentemente de operar no mundo Sígnico o 186 UNIDADE 3 SEMIÓTICA E PERCEPÇÃO VISUAL mundo está em constante transformação adquirindo ressignificações segundo as diferentes culturas e épocas porque as fronteiras espaçotemporais são diferenciadas em cada lugar e em cada momento dado de sua historização RIBEIRO SANTOS 2018 p 79 Como vamos analisar o objeto que foi analisado anteriormente isso faz sentido Nossa análise agora está sustentada na tricotomia peirciana e nos três momentos que estamos tratando aqui valendo lembrar que por se tratar de um exercício sempre haverá maneiras outras de pensar o que será feito aqui é uma descrição com foco no entendimento de como é possível analisar um fenômeno um objeto visual uma obra de arte e não em chegar a conclusões maiores acerca do discurso da obra de arte Dessa forma se durante a análise você chegar a conclusões sobre o discurso o considere válido desde que como já salientamos durante toda a disciplina tenha lógica e coerência Nossa análise tomará como base a leitura realizada por Augusto Gonçalves Ribeiro e Luciana Rocha dos Santos publicada como um capítulo no livro Discussões e aplicações da semiótica de extração peirciana organizada por Marcília Simões e Claudio Manoel de Carvalho para a editora carioca Dialogarts em 2018 Seguindo os passos que esses autores se utilizaram para aborda a obra Enterro na Rede de Candido Portinari na série chamada de Retirante de 1944 FIGURA 8 ANÁLISE TRICOTÔMICA DE ENTERRO NA REDE CANDIDO PORTINARI 1944 FONTE httpsi0wpcomvirusdaartenetwpcontentuploads201410enterronaredeportjpg Acesso em 9 out 2020 Como primeiro momento verificarseão os qualissignos ou as qualidades da aparência depois os sinsignos ou os elementos que são signos por meio da ocorrência e por fim os legissignos dar relações sígnicas que se fazem por meio de leis convenções ou seja seguindo as categorias peircianas da primeiridade secundidade e terceiridade Para a análise é preciso considerar que na primeiridade TÓPICO 3 ANÁLISE TRICOTÔMICA 187 devemos buscar as relações que ocorrem livremente sem esforço de pensamento algum com mais originalidade e irresponsabilidade é que se sente sem explicações maiores ganham registro apenas por tocarem os sentidos e darem algum sentido sem necessidade de explicações e justificativas sem que tenhamos que processar algum raciocínio a propósito no momento que nós pegamos a pensar sobre os sentidos que estamos tendo já somos levados para a secundidade onde ocorrem as relações sígnicas da materialidade da realidade das comparações do ensejar particularidades da incerteza e da dúvida no momento em que essa situação duvidosa quando parecemos seguros de afirmar pautados principalmente nas convenções culturais somos levados para a terceiridade que corresponde à camada da continuidade mediação lei norma hábito regularidade e aprendizagem RIBEIRO SANTOS 2018 p 81 A compreensão de que nos processos de análise semiótica com base nas teorias de Charles Sanders Peirce 2005 existem 10 classes de relações categóricas por onde passam as possibilidades interpretativas é fundamental aqui Nestas possibilidades apresentadas na Unidade 1 teremos maneiras de abordar o objeto da nossa maneira mas para isso precisamos apenas nos lembrar das categorias como mostra o quadro a seguir QUADRO 1 CATEGORIAS TRICOTÔMICA DE PEIRCE FONTE O autor Categorias do signo Representâmen Objeto Interpretante Primeiridade qualissigno ícone rema Secundidade sinssigno índice discente Terceiridade legissigno símbolo argumento Ao analisarmos a obra de Portinar assumiremos o caminhar processual das categorias partindo da primeiridade passando pela secundidade e chegando à terceiridade Em um determinado momento nos posicionaremos para apontar quais objetos na obra são icônicos indiciáticos e simbólicos dentro da relação do objeto como signo por se assemelharem à coisa que representam ícone por indicarem as coisas que representam índice e por normatizarem a coisa que representam símbolo O que de certa forma serão identificados os elementos da obra que nas qualidades já representam primeiridade qualissigno que nas relações de comparações das suas singularidades representam secundidade sinssigno e que nas relações de representarem por normas por lei terceiridade legissigno E o que nos leva a considerar o interpretante no processo na noção de a obra e seus elementos propiciam interpretar primeiridade rema veiculam e sugerem dúvidas e ponderações no interpretar secundidade discente e os que interpretam pelo raciocínio pela lógica terceiridade argumento 188 UNIDADE 3 SEMIÓTICA E PERCEPÇÃO VISUAL Iniciando nossa abordagem analítica da obra continuamos com os níveis apresentados no Tópico 1 desta nossa unidade Onde em nível básico acessamos o objeto como um scanneamento em que ao determinar nossa percepção visual direcionará elementos onde o foco do olhar se concentrará Indo para o nível intermediário onde o foco do olhar acontece atributos específicos do processo visual são declarados Passamos a dar atenção aos elementos específicos que pode ser uma marca um acabamento um detalhe estrutural Chegando ao nível mais elevado ao nos focarmos aos detalhes depois de uma investida visual no todo os fatores sociais culturais e comerciais determinam o estilo do objeto que estamos percebendo O scanneamento a contemplação primeira de uma obra o que deve ser considerado são suas formas as qualidades de como a obra chega aos nossos sentidos caso das linhas traços das cores e dos tons que já podem de forma livre nos sugerir representações Depois vamos descrever melhor os elementos através de nossas reações à existência concreta das ocorrências singulares do que está expresso na obra e pode ser relacionado com o real é quando a obra nos sugere coisas representadas que não estão ali mas se fazem presentes por indicação e finalmente o que passa a representar algo por que compreendemos e normatizamos através de nossa vivência e repertório cultural Como estamos trabalhando com uma obra de arte que se encontra impressa em um livro e que pelo link se faz disponível na internet e acessada em uma tela de computador de tablet de celular é preciso considerar que ela se mostra diferente da original por apresentar características distintas da obra verdadeira que se faz única e está em uma galeria de arte Então muito das qualidades como dimensões textura cromatização tonalidades são diferentes e serão assumidas com as que acessamos na página impressa Ao olharmos a obra nos deparamos com essas qualidades e nos damos conta em qualissigno que a paisagem é diminuta fazse secundária na obra nos oferecendo um aspecto de tensão humana esse sentido é efêmero não é possível descrever nem dar uma definição verbal apenas de forma original e livre nosso olhar ao acaso sente sentimos pela figuração e pelos tons um clima tenso e triste do sertão e seu clima árido de fato as qualidades expressas no quadro nos sugerem mais tristeza e sofrimento do que alegria e felicidade Da mesma forma que iconiza o solo e o clima árido E então tão subitamente como o lugar de onde a cena se passa e o sentimento de tensão que nos foi dado em primeiridade começamos a interagir com a obra a ensejar particularidades e aí já estamos na secundidade Vemonos discutindo com a gente mesmo numa busca de comparar e dialogar como nossas experiências para identificar o que na imagem indicia sentidos que para a gente faz e tem sentido a partir de uma dialética de ação e reação configuramos o TÓPICO 3 ANÁLISE TRICOTÔMICA 189 caráter de existência concreta da paisagem no aqui e agora de sua representação Esta singularidade pode ser observada e apreendida RIBEIRO SANTOS 2018 p 86 Na obra Enterro na rede a paisagem parece desaparecer completamente enfatizando e dramatizando a tensão e a tristeza das figuras humanas que perecem experenciar a morte pela dificuldade geográfica econômica e social Percebemos estar na terceiridade quando o quadro nos traz essa noção de dificuldade social econômica do sertão claro que a cena indicia dificuldade mas ela só dá conta de simbolizar a dificuldade quando o enredo social em que o artista e o quadro pintado nos vêm e por meio do contexto cultural colocamos a discussão da sobrevivência no clima árido onde toda a vida natural se esvai em que o sertanejo está situado Retornamos aos conceitos da Unidade 2 e então os elementos visuais dão conta de formar a base estrutural do que vemos ponto linha forma direção movimento escala dimensão textura tom e cor se mesclam construindo elementos que sozinhos ou em conjunto formam as composições visuais DONDIS 1997 Os elementos visuais da obra têm papel definidor nas demandas de enfocar os detalhes de seu discurso Acesse o link que está como fonte da figura acima ou pesquise na internet pelo nome da obra para poder ver a imagem colorida DICAS Na figura impressa os tons cinzas e escuros dão conta do clima cromático da obra mas na obra colorida que pode ser acessada no link logo abaixo da figura os tons amareloalaranjados predominam na obra nos situando já em primeiridade de um dia de calor seco e árido A dramaticidade da obra é deflagrada por essas tonalidades que com as linhas angulares pontas e pesos visuais nas linhas orgânicas mostra a sutileza do artista ao exaltar ainda mais o sofrimento e a tensão de toda a composição Nem a luz divina nem a escura treva se atualizam nesta tela pois sua finalidade é justamente priorizar o caráter sentimental emocional e humano de um ser social com seu grito de dor devido às privações que sofre em seu mundo terreno RIBEIRO SANTOS 2018 p 92 A cromatização da tela iconiza o árido de um dia quente isso se faz em primeiridade note que não há esforço algum para sentir isso as qualidades da cor e da composição nos sugerem isso Quando acessamos cada elemento e passamos a buscar sentido ensejando particularidades de cada cor de cada 190 UNIDADE 3 SEMIÓTICA E PERCEPÇÃO VISUAL forma expressa na obra estamos em secundidade e aí as cores e os elementos gráficos indiciam ruptura quebra movimento calor e quando acessamos as regras assumimos o discurso da obra de tensão sofrimento tristeza dor aridez e morte Note que os significados das cores apresentados por Dondis 1997 p 65 arbitrariam isso o amarelo é a cor que se considera mais próxima da luz e do calor o vermelho é a mais ativa e emocional o azul é passivo e suave O amarelo e o vermelho tendem a expandirse o azul a contrairse Quando são associadas através de misturas novos significados são obtidos O vermelho um matiz provocador é abrandado ao misturar se com o azul e intensificado ao misturarse com o amarelo que se suaviza ao se misturar com o azul Da mesma forma que os elementos visuais induzem nosso olhar somos capazes de identificar no primeiro olhar pontos linhas e planos e percorrer a obra por meio deles É válido lembrar que sem ponto sem linha não existe o manifesto gráfico Por meio desses elementos e de seus significados visuais é que somos capazes de interpretar os objetos aos quais nos propomos analisar Que tal voltar à Unidade 2 ou em suas anotações e lembrar os conceitos de ponto linha plano dos elementos visuais que trabalhamos Eles podem ajudar no entendimento da análise que estamos realizando DICAS A olharmos a obra vemos formas triangulares piramidais Elas compõem boa parte da textura da obra Em primeiridade vemos formas abstratas linhas que se aproximam e dão conta de elementos piramidais pontas antes de buscar significados maiores ainda em primeiridade vale considerar que formas piramidais têm aspecto concreto e real em nosso mundo como as pirâmides do Egito ou as pirâmides das classes sociais Claro que quando legitimamos as formas piramidais para a cultura egípcia estamos indiscutivelmente na terceiridade afinal esta relação se fez pela cultura Entretanto ao estar nesse nível ao poder ver ali relação com as pirâmides egípcias podemos voltar à categoria primeira e relacionar iconicamente a pirâmide como túmulo lugar onde os faraós sepultavam seus mortos com a finalidade de mantêlos vivos E secundidade a forma piramidal nos indicia trabalho povo trabalhador escravos que as construíram e ainda como pontas direcionam o sentido espiritual E em terceiridade a forma piramidal simboliza essa espiritualidade nos permitindo crer que o artista vê a salvação espiritual como força motora da relação social apresentada em sua tela TÓPICO 3 ANÁLISE TRICOTÔMICA 191 Este mesmo ir e vir nas categorias sígnicas aparece na noção da forma piramidal como pirâmide social Em sua forma temos uma maior quantidade ao distanciar do vértice angular onde estaria menor quantidade isso é icônico na noção primeira de espaço entre as linhas mas ela indicia gráfico quantitativo e simboliza em sua posição de base maior em baixo a ideia de diferentes classes sociais onde as mais baixas têm maior quantidade Uma interferência intencional do artista ao remeter ao cenário social e econômico brasileiro visto que somente um por cento da população detém o poder econômico Portanto a classe dominante concentrase na parte superior RIBEIRO SANTOS 2018 p 94 Quando analisamos a obra percebemos que as principais formas piramidais se apresentam de forma invertida nos provocando novas singularidades ressignificações produzindo em nossa mente outros efeitos de sentido que podemos legitimar em terceiridade E ainda a noção de que percebida em primeiridade virada iconiza o vetor de direção para baixo o que nos indicia que o que está carregado ficará na terra Ou será enterrado Suposições que podem nos levar à conclusão de que ao observar a pirâmide voltada para a terra onde a matéria corpórea fica para o todo sempre que há um momento no qual todos os seres humanos se igualam ou seja a morte Neste momento não há diferenças entre negros e brancos pobres e ricos religiosos ou ateus todos sem exceção vão perecer e se destinar ao mesmo lugar aos braços da mãe Terra RIBEIRO SANTOS 2018 p 95 Ao olhar a obra pela primeira vez saltam aos olhos as figuras humanas em traços esqueléticos e com membros desproporcionais ocupam quase toda a composição visual Iconicamente vemos dois homens em pé duas mulheres ajoelhadas nos damos conta de vermos mãos braços e pés de grandes proporções iconicamente suas formas são similares aos objetos reais Não há esforço para ver isso são pés braços e mãos São homens e mulheres Contudo quando em secundidade ao nos darmos conta das proporções passa a ensejar particularidades porque os pés fixos ao chão são maiores Por que os braços ganham tal destaque Por que os homens sugerem carregar algo cruzando a cena da esquerda para a direita enquanto as mulheres ajoelhadas lamentam um em dor e a frente dos homens no enquadramento e a outra em oração atrás destes homens Essas e outras dúvidas nos declaram que estamos na secundidade e que a busca de certezas só finalizará como em terceiridade legitimarmos posicionamentos caso de que a proporção dos braços simboliza força esforço físico os pés descalços simbolizam pobreza os braços abertos simbolizam dor e questionamento e o ajoelhar pode ser considerado símbolo de resignação religiosa Desta forma o discurso da obra escrito visualmente pelo artista parece nos apresentar o enredo o caráter social da deflagração da miséria do nordestino que vive em um sertão sem possibilidade de prosperar e em uma resignação religiosa que o faz aceitar como destino divinatório tal tragédia humana Tragédia que o artista consegue transpor para a tela através de sua observação da realidade a peculiaridade da significação sócio políticocultural de seu tempo isto é da contextualidade do entre guerra 1944 e transcender aos dias atuais posto que a seca miséria fome sede permanecem inalteradas RIBEIRO SANTOS 2018 p 94 192 UNIDADE 3 SEMIÓTICA E PERCEPÇÃO VISUAL Em nossa análise aos poucos estamos identificando algumas partes em relação ao todo Perceba que essa análise ocorre no ir e vir na imagem Em cada ida e vinda percebemos novas maneiras de interpretar e nos envolver categoricamente com a obra em primeiridade sempre vamos fazer análises diretas sem muito esforço enquanto que na secundidade vamos promover um gasto maior de energia onde levantamos questionamentos a partir de particularidades ou de possibilidades que vamos entendendo a empreender na obra e então assumimos de forma arbitrária na maioria das vezes conclusões sobre tais fenômenos ou processos relacionais Neste momento vamos dar ênfase ao objeto em suas categorias ícone índice e símbolo Trazendo uma distinção de Peirce 2005 para o objeto o objeto dinâmico e o objeto imediato Não abordamos essa distinção de objeto peirciana em nossa fundamentação de semiótica Unidade 1 por uma questão estratégica didática Trazendo essa distinção nesse momento ela fica mais fácil de ser entendida NOTA Santaella 2002 p 15 discorre sobre essa distinção da seguinte forma Quando pronunciamos uma frase nossas palavras falam de alguma coisa se referem a algo se aplicam a uma determinada situação ou estado de coisas Elas têm um contexto Esse algo a que elas se reportam é o seu objeto dinâmico A frase é o signo e aquilo sobre o que ela fala é o objeto dinâmico O modo como o signo representa indica se assemelha sugere evoca aquilo a que ele se refere é o objeto imediato Ele se chama imediato porque só temos acesso ao objeto dinâmico através do objeto imediato pois na sua função mediadora é sempre o signo que nos coloca em contato com tudo aquilo que costumamos chamar realidade Na obra que estamos analisando o objeto dinâmico é a prerrogativa de denúncia sociocultural do autor enquanto o modo particular de como é feito esta denúncia através dos recortes específicos intencionados a partir do artista representa o objeto imediato RIBEIRO SANTOS 2018 p 9798 De forma simples o braço forte expresso no desenho é objeto imediato para o objeto dinâmico de força esforço físico trabalhador TÓPICO 3 ANÁLISE TRICOTÔMICA 193 A obra Enterro na rede trata da força dramática do sertanejo do homem e da mulher sofridos Da dificuldade da sobrevivência árida social brasileira A paisagem não está presente como indício referencial da dor tamanha ao perder um ente querido que em sua primeiridade remática não pode ser descrita porém sentida através das impressões da aparência imediata e indeterminada RIBEIRO SANTOS 2018 p 111 de fato é a situação que somos levados a sentir pelas qualidades da obra onde sem maiores esforços identificamos como ícones a cena de um real possível um cortejo fúnebre em um ambiente de extrema dificuldade e dor Esta dor tornase em um momento segundo um signo decente por veicular uma referencialidade indicativa de todo o sofrimento humano diante da seca ou da guerra A seca é uma batalha contra as adversidades das forças da natureza portanto divina A guerra é uma luta de homens contra homens movidos por interesses políticoeconômicos portanto terrena humana RIBEIRO SANTOS 2018 p 111 O quadro em suas expressões visuais e em seus elementos icônicos figurativos indicia dor e sofrimento Conseguimos enxergar a face em pranto ou desespero da mulher que ajoelhada observa o corpo envolto à rede ou lençol passando por ela O artista a desenhou de costas para o expectador mas deixou índices para que fosse possível imaginar como está a face dela O sofrer da mãe por não aceitar o destino tão cruel de seu filho é de uma enormidade tamanha que ela se ajoelha ao chão em súplicas para não levarem ou melhor não arrancarem de seu seio materno aquele imóvel ser sem respiração e sem fluidez RIBEIRO SANTOS 2018 p 112 Da mesma forma que ao vermos fumaça podemos afirmar a existência de fogo quando vemos o chão da rua molhado podemos afirmar que choveu os elementos visuais da obra permitem que afirmemos como a face da mulher está Não é certo é sempre duvidoso e é isso que define a secundidade A terceiridade sempre será momento de afirmações De dar o aceite às dúvidas porém o fenômeno já pode nos apresentar símbolos objetos impregnados de sentidos arbitrários e presos em convenções culturais Como projetistas autores podemos inserir formas simbólicas para ter certa garantia que nossos expectadores vão entender o que estamos desenvolvendo mas para isso precisamos saber como nossos expectadores pensam e em quais contextos estão inseridos Na obra em questão morte sofrimento e religiosidade parece explícitos na composição Podemos também inferir da cena o formato de cruz que as mãos da mãe perfazem ao ser levantadas Movimento este que nos induz a mais um ato de amor a Deus tão implicitamente revelado sugerindo a salvação humana e evidenciando a religiosidade do nordestino que resignado segue o seu destino sem blasfemar RIBEIRO SANTOS 2018 p 112 194 UNIDADE 3 SEMIÓTICA E PERCEPÇÃO VISUAL Perceba que a indução pela cruz do ato de amor a Deus está carregado da arbitrariedade judaicocristã e tem peso estratégico na composição visual que o artista organizou Os elementos na tela apontam para o enorme drama humano ou seja a morte Os traços negros fortes delineiam as figuras carregadas de dramaticidade plástica suprema realçada pela tonalidade amarela que expande os sentimentos de dor desespero incerteza incompreensão como na música de Gonzaga Eu preguntei a Deus do céu ai Por que tamanha judiação RIBEIRO SANTOS 2018 p 112 Mesmo no campo das artes Portinari o artista da obra que estamos tratando parece se valer do comportamento de um projetista Ele parece ter familiaridade compreensão e domínio do tema que está pintando da mesma forma que designers precisam assumir essas posturas para entregar produtos que funcionem no mercado em que pretendem atuar Como salienta Niemeyer 2003 p 53 Aspectos quanto a tradições costumes valores religião características políticas e econômicas devem ser mapeados na fase inicial do projeto para evitar perda de tempo em futuros ajustes ou o que é pior fracasso da solução adotada Para finalizarmos esse tópico apresentaremos algumas referências que podem indicar quais elementos presentes nos produtos podem propor interpretações que podemos planejar em linha com os valores da empresa do mercado ou até mesmo do cliente 4 REFERÊNCIAS ICÔNICAS Aqui a noção de semelhança é importante Ela pode ser imagética estrutural organizacional e aparece da seguinte maneira Tradição da forma alguns elementos formais parecem se assemelhar com fenômenos reais caso das formas arredondadas e curvas que remetem à produtos infantis Semelhança cromática algumas cores que funcionam no mundo real são usadas para fins semelhantes nos produtos caso dos frutos madures cujas cores quentes vermelho laranja ganha uso em embalagens de produtos alimentícios Semelhança material alguns materiais têm nas suas sensações reais direcionamentos para dar sentidos a objetos caso de materiais metálicos voltados para produtos mais técnicos Metáfora por analogia conseguimos interpretar um produto em referência a outro A ideia de asa de avião para a asa de um pássaro TÓPICO 3 ANÁLISE TRICOTÔMICA 195 Estilo relação das partes de um produto por meio da semelhança O uso de uma cor na composição de várias peças respeitando a cartela de cores e dando unidade à coleção de moda Semelhança de ambiente um objeto tem o uso entendido por que conseguimos visualizálo no ambiente quando o interpretamos uma cadeira de sala de aula tem ambiente diferente de uma cadeira de mesa jantar NIEMEYER 2003 5 REFERÊNCIAS INDICIÁTICAS Considerase aqui uma determinação de causalidade NIEMEYER 2003 p 55 Traços de ferramentas ou de máquina um detalhe de acabamento dá a ideia de feito à mão Cor pelo tingimento conseguimos ter noção do processo se foi industrial ou artesanal Forma indicativa um detalhe um elemento aponta como funciona dirige o olhar Marcas de uso algumas ranhuras mostram que o produto foi usado por alguém Sabemos que um produto já foi usando por alguma mancha nele Outros traços o desgaste feito no acabamento de um mobiliário e madeira para indiciar envelhecimento por exemplo Sinais luminosos e sonoros componente de um produto que sinalizam onde acionar onde apertar Som de uso e barulho de um produto o produto pode fazer barulho ou acender um sinal luminoso para indiciar que está ligado Cheiro um odor ou aroma pode ser interpretado como qualidade de um produto O cheiro de um carro novo por exemplo Toque ao material ao tocarmos em um material podemos pensar sobre seu peso sua resistência Algarismos algarismos desenhados sobre uma interface afere cuidados com determinado produto 196 UNIDADE 3 SEMIÓTICA E PERCEPÇÃO VISUAL 6 REFERÊNCIAS SIMBÓLICAS São estabelecidos culturalmente e então difundidos podendo então passar a serem aplicados NIEMEYER 2003 p 57 Símbolos gráficos nome marca logotipo de uma empresa que aprendemos a relacionar com seus produtos Exemplo Nike Apple Cor simbólica uma cor em uma marca pode estar relacionada a uma regra norma Caso do uso da cor azul para tecnologia Forma simbólica similar a cor simbólica Uma marca em formato de cruz tem peso religioso Posições e posturas simbólicas existem produtos que tem posicionamento cultural pelo uso por exemplo Roupas brancas para a área da saúde Material simbólico um determinado tecido pode simbolizar um status caso da seda A abordagem que trabalhamos em nossa disciplina pretende que seja considerada como fundamento introdutório E que existe muito ainda para se aprofundar tanto em semiótica quanto em percepção visual Muito desse aprofundamento não precisa acontecer teoricamente em cursos e universidades pode ocorrer na prática no comportamento de utilizar a sua maneira o que foi trabalhado aqui Aos poucos durante os usos alguns pontos da teoria ganham entendimento da mesma forma que alguns pontos ferramentais e técnicos de análise vão se aperfeiçoando Nem sempre é fácil assumir a semiótica como ferramenta de projeto mas quando nos permitimos colocar a semiótica e a percepção visual em nossa prática profissional nossos projetos adquirem mais segurança e ficamos mais confiáveis em melhorar no fazer e nosso pensar Em meio à diversidade de ferramentas e técnicas que se disponibilizam para desenvolvimento de projeto a capacidade de gerenciar informações de ter ideias e dar a elas formas à produtos que almejam sucesso no mercado entender que a maneira que operamos no mundo e pensamos sobre eles nos faz profissionais diferentes com poder de impacto no mercado de trabalho TÓPICO 3 ANÁLISE TRICOTÔMICA 197 LEITURA COMPLEMENTAR SEMIÓTICA UMA CIÊNCIA DE DETETIVES Izidoro Blikstein Numa engenhosa alusão a O signo dos Quatro uma das cinquenta e tantas aventuras de Sherlock Holmes escritas por Sir Arthur Conan Doyle duas estrelas da Semiótica Umberto Eco e Thomas Sebeok editaram em 1983 nos Estados Unidos The signo f Three pela Indiana Univesity Press No Brasil O signo de Três é lançado em 1991 tradução de Silvana Garcia pela Perspectiva editora cuja vocação para a Semiótica é marcada por toda uma linha de publicações inaugurada em 1968 com o desbravador Obra Aberta do mesmo Umberto Eco O Signo de Três também é um livro inovador pois é mais um lance audacioso de Eco ao levar a Semiótica para além do elitista e fechado referencial acadêmico e mostrar como a detetivesca ciência dos signos índices e símbolos nos oferece as grandes chaves para desvendar os enigmas do comportamento humano Com efeito O Signo de Três é uma coletânea de dez pequenos ensaios de autoria muito diversa semioticistas filósofos historiadores críticos literários sociólogos dedicados a dois famosos detetives da ficção policial Sherlock Holmes e Auguste Dupin o sagaz investigador de Os Crimes da Rua Morgue de Edgar Allan Poe e ninguém menos que um dos pais da Semiótica o americano Charles Sanders Peirce O que estará fazendo o semioticista Peirce na companhia de Sherlock e Dupin Intrigado com essa estranha reunião o leitor tem plenamente o direito de indagar da pertinência das relações entre histórias de crimes detetives e Semiótica A resposta a tal indagação pode ser obtida na leitura de O signo de Três O leitor perceberá facilmente que muito além das pertinentes e estreitas relações entre investigadores policiais e semioticistas o que se verificam na verdade é que de um lado o método da descoberta ou melhor a heurística sherlockiana constitui uma autêntica operação semiótica e por outro lado a tarefa da Semiótica é coisa de detetive Com efeito em que consiste o trabalho de detetive Basta examinar a etimologia da palavra detetive que nos veio do inglês detective é da raiz latina TEC cobrir a mesma de onde se formaram detector e detectar O termo detectar significa então muito simplesmente descobrir e o detetive é aquele que detecta ou descobre Mas afinal qual é o método de descoberta de Sherlock Holmes o protótipo do detetive metalinguístico sempre disposto a explicar o itinerário de seu raciocínio nas investigações Embora em todas as histórias o herói de Conan Doyle nos brindes com uma exposição de seus procedimentos investigatórios é justamente no cap I de O signo dos Quatro que o leitor se deliciará não só com uma verdadeira aula sobre como decifrar os mais intricados enigmas mas também e sobretudo sobre a razão de ser da profissão sherlockiana E o cap I se abre com uma cena um tanto desconcertante para os admiradores do detetive 198 UNIDADE 3 SEMIÓTICA E PERCEPÇÃO VISUAL Sherlock Holmes tomou o frasco que estava sobre a borda da lareira e abrindo um elegante estojo de marroquim tirou a sua seringa hipodérmica Com os dedos longos brancos e nervosos ajustou a agulha delgada e arregaçou o punho esquerdo da camisa Durante um momento pousou o olhar no pulso e no antebraço vigoroso pontilhado de inúmeras picadas Finalmente espetou a ponta aguda comprimiu o êmbolo e reclinouse na sua poltrona forrada de veludo com um longo suspiro de satisfação O Signo dos Quatro São Paulo Melhoramentos trad de Hamilcar de Garcia 1991 cap I p 7 grifos meus Diante de Watson seu famoso companheiro Holmes acabara de tomar cocaína operação que se repetia pelo menos três vezes por dia nos últimos meses causando grande prazer no próprio Holmes mas perplexidade e irritação em Watson E a esse revoltado Watson o detetive justifica o hábito Meu cérebro disse ele rebelase contra a estagnação Dême problemas dême trabalho dême o mais obtuso criptógramo ou a mais intricada análise e eu estarei no meu elemento Dispensarei então os estimulantes artificiais Detesto a rotina monótona da existência Preciso ter a mente em efervescência cap I p 9 grifos meus Como se vê a pesquisa e a elucubração detetivesca constituem uma condição sine qua non para a sobrevivência Mas não se trata de mera pesquisa policial pois Sherlock tem plena consciência de seu método na medida em que não só investiga como também procura sempre elucidar e teorizar sobre os procedimentos de investigação É o que se depreende do diálogo com Watson É por isso que escolhi a minha profissão especial ou melhor crieia porque sou o único no mundo a exercêla O único detetive particular Perguntei erguendo uma sobrancelha O único detetive particular consultivo Sou o mais alto tribunal de apelação em matéria de pesquisa criminal cap I p 9 Ao impaciente Watson curioso por conhecer os segredos da ciência sherlockiana Holmes explica que ela se baseia muito simplesmente em observação e dedução abdução para Peirce como se verá adiante exemplificandoas com o próprio Watson a observação mostrame que você esteve esta manhã na agência postal da Wigmore Street mas a dedução fazme saber que ali chegando expediu um telegrama cap I p 12 Diante do espanto de Watson que não entende a adivinhação pois não mencionara a ninguém a sua ida ao correio Sherlock expõe a sua heurística A observação dizme que você tem um pequenino torrão avermelhado preso à sola do sapato Exatamente em frente da agência postal da Wigmore Street levantaram a calçada deixando um pouco de terra no caminho de sorte que é difícil não pisar nela ao entrar A terra é de um vermelho típico que até onde sei não se encontra em nenhum outro lugar das redondezas Tudo isto é observação O resto é dedução cap I p 12 grifos meus TÓPICO 3 ANÁLISE TRICOTÔMICA 199 E Sherlock esclarece ao cada vez mais espantado Watson como deduziu que este havia passado um telegrama Ora evidentemente eu sabia que você não tinha escrito uma carta uma vez que passei toda a manhã sentado à sua frente Vejo além disso que há uma folha de selos na sua escrivaninha aberta e um grosso maço de postais Para que iria então à agência postal se não para mandar um telegrama Elimine todos os outros fatores e o que restar deve ser a verdade p 12 grifos meus O método da descoberta consiste pois em observação e dedução Mas dá para perceber a prudência científica de Holmes pois suas deduções não são nem adivinhações e nem afirmações categóricas mas constituem antes de tudo formulações hipotéticas que podem levar à verdade dos fatos Tal prudência pode ser depreendida de algumas expressões cautelosas utilizadas pelo detetive como até onde sei o resto é dedução Para que iria então à agência uso de um modo verbal hipotético e o que restar deve ser verdade Notase portanto que a riqueza e a fecundidade do método está na possibilidade de formular hipóteses baseadas em observações e deduções o fato de Watson não ter contado a ninguém que fora ao correio não impede que o detetive formule uma hipótese provável No entanto a demonstração cabal da eficácia dessa conduta metodológica fica evidente quando Holmes é desafiado a identificar o caráter e os hábitos do proprietário de um relógio que Watson maliciosamente lhe exibe Depois da costumeira e atenta observação o detetive deduz com a suam metódica cautela Se não me disser o contrário julgo que o relógio pertenceu ao seu irmão mais velho que o herdou de seu pai cap I p 13 Watson que achara quase normal a descoberta do proprietário deduzida a partir das iniciais H W e da data gravadas no relógio fica absolutamente indignado pela descrição dos hábitos do irmão feita por Holmes Ele era um homem de hábitos desordenados Iniciou a vida com boas perspectivas mas deitou fora as duas oportunidades viveu algum tempo na pobreza com intervalos ocasionais de prosperidade e por fim entregandose à bebida faleceu Isso é tudo o que posso inferir cap I p 14 Incapaz de aceitar e sobretudo de entender como foi possível chegar a tais inferências pela simples observação de um velho relógio Watson prefere acreditar que Holmes como um bom charlatão cometeu a indignidade de fingir estar fazendo deduções quando na verdade tudo o que o detetive dissera baseavase em indagações bisbilhoteiras sobre a vida daquele infeliz irmão Ao procurar aplacar a ira do companheiro Sherlock acaba de fornecer os elementos fundamentais de seu método de descoberta marcando bem a diferença entre o senso comum realista de Watson para quem o conhecimento se obtém por um contato direto com as pessoas os objetos e enfim os fenômenos e o seu deducionismo lógico que consiste em formulações hipotéticas a partir da 200 UNIDADE 3 SEMIÓTICA E PERCEPÇÃO VISUAL observação de pormenores ou indícios muitas vezes secundários e aparentemente insignificantes Com efeito Sherlock começa por esclarecer que nem sequer sabia da existência do irmão de Watson e que tratava do caso como um problema abstrato esquecendose de que era uma coisa íntima e dolorosa p 14 E para a solução desse problema abstrato Watson deveria compreender que a descrição feita pelo detetive não foi propriamente o relato real da vida do irmão mas apenas um saldo de probabilidades p 15 deduzindo na observação de pequenos indícios encontrados no relógio Assim o desleixo do irmão foi inferido a partir dos arranhões na parte inferior da caixa do relógio consequência do hábito de guardar objetos duros tais como chaves ou moedas no mesmo bolso p 15 quatro números gravados com alfinete na tampa interna procedimento habitual nas casas de penhor na Inglaterra indicam que o irmão de Watson em prováveis apuros financeiros deve ter penhorado o relógio repetidas vezes finalmente sulcos em torno do buraco da chave na tampa interna sugerem dificuldades em introduzir a chave por causa dos escorregões da mão vacilante de um ébrio Nesses exemplos de descobertas sherlockianas encontrase magistralmente resumido o método semiótico que consiste basicamente em formular a explicação hipotética de um conjunto de uma situação ou deu um quadro geral a partir da observação e da leitura de pormenores aparentemente marginais ou irrelevantes Embora possa haver equívocos a hipótese pode dar certo pois a leitura e a interpretação dos pormenores e indícios apoiamse em regras gerais acerca da experiência humana A força do método sherlockianosemiótico reside no fato de que o investigador não precisa em nem mesmo deve estar presente à situação mas tem de sobretudo saber interpretar os dados de que dispõe Tratase mais de percepção perceber é capturar através de do que de uma visão direta dos fatos De fato Sherlock percebeu a ida de Watson ao correio ou o desleixo do irmão através dos pormenores torrão de terra avermelhada no sapato arranhões na caixa do relógio observados e interpretados à luz de regras ou de uma lógica a respeito da experiência humana Para o conhecimento não se trata pois de ver os fatos mas de percebêlos e saber interpretálos O que interessa a Sherlock e à Semiótica é claro não é propriamente o visível mas o inteligível A Semiótica é exatamente isto decifrar o grande embora sem vêlo através do pequeno O semioticista deve formular as hipóteses ou conjecturas que possibilitem o deciframento das situações dos comportamentos dos pensamentos e do discurso com base na observação de pormenores que podem ser índices símbolos ou ícones interpretados a partir de um quadro lógico sobre a experiência humana O pai da Semiótica Charles Sanders Peirce chamou tal procedimento metodológico de abdução fartamente ilustrada nos ensaios de O Signo em Três com o clássico exemplo dos feijões Regra Todos os feijões deste saco são brancos Resultado Estes feijões são brancos Caso Estes feijões provêm deste saco TÓPICO 3 ANÁLISE TRICOTÔMICA 201 Peirce distingue a abdução da dedução e da indução pois enquanto estas apontam para algo que deve ser ou que é de fato operatório a abdução tal como no saldo de probabilidades sherlockiano sugere meramente algo que pode ser O Signo de Três p 202 Esse pode ser mostra a fecundidade da investigação semiótica Como um detetive o semioticista formula hipóteses criativas que vão engendrando outras hipóteses e conduzindo aos play of musement de Peirce jogo de meditação ou de ruminação conforme Thomas Sebeok em Um Dois Três Uberdade Desta Vez ensaio introdutório de O Signo de Três O termo uberdade indica com precisão a tarefa que Peirce atribuiu à Semiótica construir prognósticos sobre a experiência humana e particularmente sobre a nossa conduta futura a partir da interpretação dos índices símbolos e ícones que envolvem o indivíduo O método semiótico da prognosticação é poeticamente ilustrado por Sebeok ao evocar o famoso a criança é o pai do homem de Wordsworth citado por Machado de Assis em Memórias Póstumas de Brás Cubas Mas os jogos de ruminação ou as abduções úberes e criativas já tinham sido praticadas por Auguste Dupin o sagaz detetive criado por Edgar Allan Poe Os Crimes da Rua Morgue como bem observa Nancy Harrowitz em O Arcabouço do Modelo Detetive nono ensaio de O Signo de Três Para Harrowitz Poe é o criador da raciocinação detetivesca um verdadeiro devaneio ou ruminação acerca de indícios aparentemente insignificantes Para os detetives Sherlock Dupine e Peirce a observação do pormenor é de fundamental importância A ideia de que o pequeno conduz ao grande está impecavelmente sintetizada na frase Deus se esconde nos detalhes de Flaibert e Warburg citada em epígrafe no texto Chaves do Mistério Morelli Freud e Sherlock Holmes de Carlo Guinzburg quarto ensaio de O Signo de Três Nesse brilhante trabalho Guinzburg aponta o paralelismo entre Sherlock Freud e o historiador e crítico de pintura Giovanni Morelli baseado na apreensão de detalhes marginais e irrelevantes enquanto chaves reveladoras p 96 Para Morelli o pormenor insignificante é revelador na medida em que como dificilmente pode ser falsificado ou camuflado deve conduzir à revelação do conjunto a que pertence Outro não é o procedimento de Freud ao deterse nos pequenos lapsos de memória ou de linguagem para explicar por exemplo o esquecimento dos nomes próprios em A Psicopatologia da Vida Cotidiana Como oportunamente assinalam Thomas e Jean Umiker Sebeok em Você Conhece o Meu Método segundo ensaio do livro não é mera coincidência o fato de que o Dr Joseph Bell o médico que inspirou Conan Doyle na criação de Sherlock tenha insistido em seus diagnósticos e prognósticos no valor incalculável do infinitamente pequeno p 44 de O Signo de Três A partir da percepção arguta do pequeno a investigação semiótica é uma tarefa criativa e poética o antídoto a que recorria Sherlock para combater a estagnação e a rotina monótona da existência Com efeito é a ruminação é o devaneio é a raciocinação que nos levam a uma geração de sentidos prenhes de outros sentidos que nos permitirão sempre prognosticar 202 UNIDADE 3 SEMIÓTICA E PERCEPÇÃO VISUAL É a semiose infinita de Umberto Eco que pode nos transportar do realismo sem graça do cotidiano para a esfera poética dos prognósticos engendrados pelos play of musement Daí o erro de Zadig de Voltaire que por não saber aterse à sua inteligente abdução sobre as características de um cavalo e caiu no mundo real conforme a luminosa observação de Umberto Eco em Chifres Cascos Canelas último ensaio de O Signo de Três quando foi instado pelos oficiais do rei a justificar a sua hipótese sobre o desaparecimento do cavalo Zadig responde que nada podia dizer pois não tinha visto o animal apesar de têlo descrito à perfeição o que leva os guardas a punilo por considerar Zadig ladrão e mentiroso Os guardas não sabiam a diferença entre um prognóstico semiótico e uma situação concreta do mundo real Zadig por sua vez foi punido porque como observa ironicamente Umberto Eco traiu a Semiótica trocando o inteligível pelo visível Vale observar então que o título O Signo de Três não é só uma alusão aos três semioticistas Sherlock Dupin e Peirce mas também uma homenagem ao método detetivesco de Peirce todo ele baseado em relações triádicas como os três termos das abduções a conexão entre ícone símbolo e índice ou a relação signoobjeto interpretante Já O Signo dos Quatro de Conan Doyle se deve a quatro nomes Jonathan Small Maomé Singh Abdullah Khan e Dost Akbar escritos num velho papel e que podem servir de pista para decifrar o mistério de desaparecimento do Capitão Morstan pai da Srta Morstan que desesperadamente tinha recorrido a Sherlock como o único capaz de descobrir o paradeiro do capitão Para ampliar o escopo da investigação semiótica seria útil ao leitor conhecer a teoria semiológica do belga Éric Buyssens Semiologia e Comunicação Linguística pela Editora Cultrix também baseada na observação e interpretação de indícios Para concluir eu diria que o leitor sairá recompensado da leitura de O Signo de Três pois Umberto Eco Thomas Sebcok e seus companheiros acabam nos mostrando de modo sedutor o que é e para que serve a Semiótica é a ciência do deciframento do mundo e serve para garantir a nossa liberdade de percepção e de pensamento na medida em que pode manter acesa a consciência dos signos índices ícones e símbolos que nos envolvem e com que podemos ser manipulados FONTE BLIKSTEIN Izidoro Semiótica uma ciência de detetives Revista USP p 161166 Disponível em httpswwwrevistasuspbrrevusparticleview2594427675 Acesso em 9 out 2020 203 RESUMO DO TÓPICO 3 Neste tópico você aprendeu que Cabe ao projetista coletar os dados e as informações do mercado para dar a elas expressão em seus produtos Como primeiridade estamos falando das qualidades do mundo dos fenômenos que nos chegam aos sentidos e só em sentir já nos dizem já nos representam algo já se fazem signo Na secundidade esses fenômenos que nos chegam aos sentidos nos fazem ensejar particularidades fazer comparações com o que já temos em nossa experiência com as coisas do mundo Na terceiridade tudo que nos tocou os sentidos que nos fez pensar ganha valor cultural ganha relações arbitrárias para que possamos assumir e legitimar o signo nesse terceiro nível Três momentos observar ensejar particularidadessingularidades do que está sendo observador e assumir conclusões é base para a construção de conhecimento Ficou alguma dúvida Construímos uma trilha de aprendizagem pensando em facilitar sua compreensão Acesse o QR Code que levará ao AVA e veja as novidades que preparamos para seu estudo CHAMADA 204 1 O produto diz de si próprio suas qualidades e características o seu modo de produção o que serve para quem se dirige NIEMEYER 2003 p 15 A partir da leitura desse texto avalie as asserções a seguir e a relação proposta entre elas I Cabe ao projetista coletar os dados e as informações do mercado para dar a elas expressão em seus produtos PORQUE II Os projetistas configuram seus objetos de maneira que eles devam mostrar seus atributos No campo das artes os atributos estéticos ganham destaque enquanto no design por mais que o estilo a estética tenha certa persuasão os atributos utilitários ganham destaques Assinale a alternativa CORRETA a As asserções I e II são proposições verdadeiras e a II é uma justificativa correta da I b As asserções I e II são proposições verdadeiras mas a II não é uma justificativa correta da I c A asserção I é uma proposição verdadeira e a II é uma proposição falsa d A asserção I é uma proposição falsa e a II é uma proposição verdadeira e As asserções I e II são proposições falsas 2 Sígnico o mundo está em constante transformação adquirindo ressignificações segundo as diferentes culturas e épocas porque as fronteiras espaçotemporais são diferenciadas em cada lugar e em cada momento dado de sua historização RIBEIRO SANTOS 2018 p 79 A partir da leitura desse texto avalie as asserções a seguir e a relação proposta entre elas I Os fenômenos estão relacionados com seus contextos por mais que estejamos a frente de um fenômeno já experenciando e conhecido sempre é bom lembrar que por ser a segunda vez que o experenciamos isso já faz diferença pois não é a primeira PORQUE II Somos levados a ter sempre a mesma interpretação de um fenômeno que não mudou Por exemplo um livro ele como objeto não muda então não importa quantas vezes podemos lêlo sempre vamos ter a mesma interpretação AUTOATIVIDADE 205 Assinale a alternativa CORRETA a As asserções I e II são proposições verdadeiras e a II é uma justificativa correta da I b As asserções I e II são proposições verdadeiras mas a II não é uma justificativa correta da I c A asserção I é uma proposição verdadeira e a II é uma proposição falsa d A asserção I é uma proposição falsa e a II é uma proposição verdadeira e As asserções I e II são proposições falsas 3 Ao analisarmos a obra de Portinari vamos assumir o caminhar processual das categorias partindo da primeiridade passando pela secundidade e chegando à terceiridade E um determinado momento vamos nos posicionar para apontar o que objetos na obra são icônicos indiciáticos e simbólicos dentro da relação do objeto como signo por I que representam ícone II que representam índice e III que representam símbolo Assinale a alternativa CORRETA que completa as lacunas corretamente no texto apresentado a I Por normatizarem a coisa II Se assemelharem a coisa III Por indicarem a coisa b I Por normatizarem a coisa II Por indicarem a coisa III Se assemelharem a coisa c I Se assemelharem a coisa II Por indicarem a coisa III Por normatizarem a coisa d I Por indicarem a coisa II Se assemelharem a coisa III Por normatizarem a coisa 4 As categorias da semiótica ajudam a entendermos como acontece o processo de percepção de um objeto Apresente a sequencialidade explicando cada uma delas 5 Em uma análise semiótica com base na tricotomia do objeto temos o ícone índice e símbolo As relações icônicas se fazem por semelhança as simbólicas por convenções culturais mas as indiciáticas são resultados da incerteza as possibilidades lógicas de representação Apresente um exemplo de referência indiciática num objeto de design 207 REFERÊNCIAS BAXTER M Projeto de produto guia prático para o design de novos produtos São Paulo Blücher 2011 DONDIS D A Sintaxe da linguagem visual São Paulo Martins Fontes 1997 ECO Umberto O nome da rosa Rio de Janeiro Record 1986 GREIMAS A J COURTÉS J Dicionário de semiótica 2 ed São Paulo Contexto 2011 NIEMEYER L Elementos de semiótica aplicados ao design Rio de Janeiro 2AB 2003 OLIVEIRA S R e Imagem também se lê São Paulo Rosari 2004 PEIRCE C S Semiótica 4 ed São Paulo Perspectiva 2005 RIBEIRO A G SANTOS L R dos Retirantes menino morto e enterro na rede de portinar um recorte histórico social e semiótico do nordeste brasileiro In SIMÕES D C C M de C Orgs Discussões e aplicações da semiótica de extração peirciana Rio de Janeiro Dialogarts 2018 p 77115 SANTAELLA L A teoria geral dos signos como as linguagens significam as coisas São Paulo Pioneira 2002