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camadas ditas mais profundas dos impactos do mundo externo Entendese que a pobreza do trabalho do sistema PC é necessidade em razão de sua função de proteger o psíquismo dos excessos de excitação tanto do mundo externo quanto do mundo interno pulsional Por isso mesmo a uma existência em que a atenção consciente é permanentemente solicitada a custo da empobrecimento da memória falta o sentido do que Freud chamou de obras psíquica de sucessivas épocas da vida Mais adiante abordar a diferença estabelecida por Walter Benjamin entre experiência e vivência de modo a analisar o sentimento bastante generalizado de empobrecimento da vida nas condições superestimulantes e velozes da modernidade Não há lugar para melancólicos e sonhadores entre os carros e os caminhos da via Dutra Nem entre as solicitações simultâneas do celular do controle remoto do mouse e das câmeras digitais pois já se entendeu que são essas máquinas que nos solicitam que exigem que nos mantenhamos sempre ligados nelas e não o contrário Escrevo propositalmente melancólicos e sonhadores em vez de melancólicos ou sonhadores Meu propósito ao associar melancolia e devaneio é estabelecer uma continuidade entre as antigas manifestações da melancolia e essa forma malestar que hoje denominamos depressões As ruminações autográficas que caracterizam a melancolia freudiana não têm nada a ver com a predisposição à meditação e ao devaneio dos melancólicos da Antiguidade Penso que os herdeiros contemporâneos do lugar de sintomas sociais ocupados pelas melancolias até Freud ou até Walter Benjamin sejam os depressivos Desde que a melancolia freudiana passou a designar o ponto de vista psiquiátrico sobre o que a psiquiatria entende por psicoses maníacodepressivas o lugar da antiga melancolia passou a ser ocupado pelo que chamamos de depressão Instalados em um tempo que lhes parece vazio sob sua aparente imobilidade os depressivos estão mais próximos de encontrar a temporalidade distendida da contemplação e do devaneio do que os neuróticos mais bem adaptados às condições que a vida social lhes impõe O tempo vazio do depressivo recusa a urgência da vida contemporânea e remete a um outro modo de viver o tempo que a modernidade recalcou ou pelo menos reprimiu