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Engenharia Civil ·
Mecânica dos Solos 2
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RESISTÊNCIA AO CISALHAMENTO DO SOLO Isabela Ferreira Batista Resistência ao Cisalhamento do Solo 2 Olá aluno a Unifacear Seja bemvindo a à aula Resistência ao Cisalhamento do solo INTRODUÇÃO Olá querido aluno seja muito bemvindo a mais uma aula no nosso curso Mecânica dos Solos Na aula passada aprenderemos a calcular as tensões internas em diferentes planos e consequentemente obter a tensão máxima de ruptura do solo para isso aprendemos a resolver questões por meio do Círculo de Morh Nesta aula continuaremos o nosso estudo sobre a resistência do solo em especial a resistência ao cisalhamento que é diretamente influenciada pela caracterização do solo Figura 1 O foco dessa aula é entender o comportamento quando a resistência ao cisalhamento das argilas e das areias Figura 1 Areias versus Argilas Fonte Lemos Santos 1984 ENSAIOS DE CISALHAMENTO Neste capítulo iremos entender como a resistência de um solo pode ser determinada em laboratório Vamos supor que você foi designado para trabalhar em uma obra de grande porte e sua função inicial é verificar a capacidade de suporte do solo onde a obra será instalada Seu cheque manda você coletar o solo levar para um laboratório onde a amostra será ensaiada e após receber os resultados você também deve analisálos e apresentar o Resistência ao Cisalhamento do Solo 3 resultado comentado na próxima reunião de planejamento Bateu o desespero não é mesmo Inicialmente você precisa saber quais são os ensaios possíveis de serem realizados em laboratório que conforme Caputo 1988 são Cisalhamento direto Consiste em determinar sob uma tensão normal qual a tensão de cisalhamento capaz de provocar a ruptura de uma amostra Compressão triaxial aparelhos constituídos por uma câmara cilíndrica de parede transparente no interior da qual se coloca a amostra envolvida por uma membrana de borracha muito delgada A câmara cilíndrica é cheia com um líquido geralmente água que se pode submeter a uma pressão Compressão simples Tratase de um caso especial de compressão triaxial sem o carregamento provocado pela água Compressão Diametral Lobo Carneiro Corpo de prova cilíndrico é colocado entre duas placas planas e paralelas sendo aplicada uma carga compressiva no plano diametral do corpo de prova A carga é aplicada comprimindo o corpo de prova na direção perpendicular ao seu eixo A força aplicada é medida e a deformação do corpo de prova é monitorada durante o ensaio Este ensaio foi proposto em 1943 pelo Engenheiro e Professor Fernando Lobo Carneiro e hoje é conhecido como Brazilian Test Caputo 1988 também destaca que tais ensaios devem reproduzir as diferentes condições de solicitação existentes nos maciços que se encontram na realidade e por causa disso os ensaios de cisalhamento classificamse em três grupos Ensaio lento ou com drenagem Ensaio rápido ou sem drenagem Ensaio rápido com préadensamento COMPORTAMENTO DAS AREIAS Vamos estudar agora a resistência das areias inicialmente é preciso entender que as areias têm um comportamento completamente diferente das argilas Areias são materiais granulares com pouca porcentagem de finos Pinto 2006 afirma que areias 20 ou 40 de finos argila e silte tem seu comportamento alterado Mas qual são as diferenças no comportamento da areia em comparação as argilas As areias são mais permeáveis Resistência ao Cisalhamento do Solo 4 Sob carregamento externo há tempo para dissipação da pressão neutra Tensões definidas em termos de pressão efetiva Ao aplicar carregamento axial o corpo de prova apresenta tensão desviadora também é observado aumento da deformação Pinto 2006 Figura 2 Resultados de ensaios a compressão triaxial Areias fofas versus areias compactas Pinto 2006 Figura 3 Resultados de ensaios a compressão triaxial Areias fofas versus areias compactas Pinto 2006 Na Figura 4 é apresentado do círculo de Mohr nesse caso a resistência da areia será definida pelo ângulo de atrito interno efetivo Resistência ao Cisalhamento do Solo 5 Figura 4 Resultados de ensaios a compressão triaxial Areias fofas versus areias compactas Pinto 2006 Observe também caro aluno que em areias compactas a tensão desviadora cresce mais rapidamente com a deformação e após atingir a resistência máxima a tensão desviadora passa a se estabilizar esse é o que chamamos de resistência residual Um ponto muito importante que merece destaque é que os corpos de provas apresentam uma redução de volume nos momentos iniciais do ensaio contudo antes de atingir a resistência máxima o volume do corpo de prova aumenta Isso acontece pois a areia diminui de volume ao ser carregada axialmente quando se encontra fofa e se dilata quando compacta PINTO 2006 A resistência ao cisalhamento do solo arenoso pode ser avaliada por meio de ensaios como o ensaio de cisalhamento direto o ensaio de compressão triaxial e o ensaio de penetrômetro de cone O ensaio de cisalhamento direto é realizado comprimindose um corpo de prova de solo entre duas placas enquanto o ensaio de compressão triaxial envolve a aplicação de pressões hidrostáticas e confinamento ao corpo de prova antes de se aplicar uma carga axial O ensaio de penetrômetro de cone é um ensaio in situ que utiliza um cone para penetrar no solo e medir a resistência do solo A resistência do solo arenoso é geralmente influenciada pela compactação do solo ou seja quanto mais compacto o solo maior será sua resistência ao cisalhamento Além disso a presença de finos no solo pode afetar a resistência do solo arenoso uma vez que os finos podem atuar como um lubrificante entre os grãos do solo reduzindo assim a resistência ao cisalhamento Resistência ao Cisalhamento do Solo 6 Além disso estudos indicam que a resistência das áreas é influenciada por suas características como Distribuição granulométrica Formato dos grãos Tamanho dos grãos Composição mineralógica Presença de água Quanto melhor a distribuição dos grãos maior será o ângulo de atrito e consequentemente maior a resistência das areias Veja a Figura 5 qual situação apresenta melhor resistência a ou b Figura 5 Entrosamento de areias quanto a granulometria Fonte Pinto 2006 Na situação a a resistência será determinada pelas partículas finas pois não há entrosamento entre as partículas maiores Já na situação b os grãos finos ocupam os espaços entre os grãos grossos aumentando o entrosamento e consequentemente a resistência OBS Pinto 2006 destaca que o coeficiente de não uniformidade das areias é definido pela relação entre os diâmetros correspondentes a 60 e 10 na curva granulométrica e não a duas porcentagens distintas dos extremos pois pequena porcentagem de finos interfere mais na não uniformidade do que pequenas porcentagens de grossos Além disso o formato dos grãos Figura 6 também interferem na resistência ao cisalhamento uma vez que as partículas esféricas e arredondadas possuem ângulo de atrito menores Figura 6 Entrosamento de areias quanto ao formato dos grãos Resistência ao Cisalhamento do Solo 7 Pinto 2006 O índice de vazios de uma areia é consequente das condições de sua deposição na natureza por isso uma areia fofa permanece fofa ainda que sob uma elevada carga ou seja para uma areia ser compacta ela deve se formar compacta ou pelo efeito de vibrações segundo Pinto 2006 COMPORTAMENTO DAS ARGILAS Como já comentado anteriormente as argilas apresentam baixa permeabilidade logo a água presente no solo influencia diretamente em sua resistência Além disso Pinto 2006 destaca que a resistência das argilas depende do índice de vazios que ela se encontra e esse índice de vazios é decorrente das tensões atuais e passadas Vale ressaltar que as argilas sedimentares se formam com elevado índices de vazios se em um ensaio ela se encontrar compactada significa que essa argila foi preadensada em algum momento de sua história Assim como nas areias o atrito entre as partículas de argila também influencia na existência ao cisalhamento por isso Pinto 2006 ressalta a importância de estudar o comportamento das argilas em ensaios drenados Neste tópico veremos algumas situações típicas em argilas pre adensadas e normalmente adensadas vamos começar analisando a Figura 7 Neste gráfico conseguimos visualizar a tensão de adensamento do passado Como assim As argilas possuem uma memória representada na curva tracejada Reta Virgem Já a linha continua representa o seu estado atual Figura 7 Gráfico índice de vazios versus pressão hidrostática de adensamento Resistência ao Cisalhamento do Solo 8 Pinto 2006 Pinto 2006 apresentou resultados para tensão confinante de 4 e 8 em valor absoluto e veremos agora os principais resultados Durante o carregamento axial o corpo de prova apresenta redução de volume da mesma ordem de grandeza ligeiramente maior apenas para tensões confinantes maiores Figura 8 Figura 8 Variação do volume do corpo de prova durante ensaio triaxial em argilas com tensões acima da tensão de préadensamento Pinto 2006 Vamos ver agora resultados da mesma argila porém submetidas a um ensaio com tensões abaixo da tensão de préadensamento Nesse caso os índices de vazios são menores bem próximos do seu estado de formação isso significa que existe uma maior proximidade de suas partículas como observado na Figura 9 Figura 9 Variação do volume do corpo de prova durante ensaio triaxial em argilas com tensões abaixo da tensão de préadensamento Pinto 2006 Resistência ao Cisalhamento do Solo 9 Vamos agora ver uma comparação dos resultados de um ensaio em argilas com carregamento drenado CD e não drenado CU O ensaio CU não ocorre a drenagem da água assim ao carregar o corpo de prova ocorre o aparecimento da pressão neutra esta pressão neutra reduz a pressão efetiva e consequentemente provoca uma menor resistência da argila comparado com uma situação CD conforme Figura 10 Figura 10 Comparação CU e CD Pinto 2006 Na Figura 11 podemos ver o comportamento da pressão neutra durante um ensaio drenado e não drenado Observe que para CD não há variação da pressão neutra enquanto em ensaios CU a pressão neutra aumenta ao longo do ensaio Figura 11 Comparação CU e CD Pressão Neutra Pinto 2006 Com base neste ensaio axial drenado e não drenado sob a mesma tensão confinante com solo normalmente adensado podemos concluir que acima da tensão de pré adensamento a resistência não drenada é proporcional à tensão de adensamento PINTO 2006 Resistência ao Cisalhamento do Solo 10 Em ensaios sob condições de sobreadensamento o corpo de prova apresenta uma diminuição de volume menor do que em situação normalmente adensado sem a drenagem a pressão neutra apresenta um desenvolvimento também menor CONSIDERAÇÕES FINAIS Voltando ao nosso exemplo inicial segue o passo a passo do desafio que seu chefe passou para você Passo 1 Determinar a forma de coleta do solo amostra deformada ou amostra indeformada Passo 2 Realizar caracterização do solo de forma a determinar se o solo é areias ou argila Passo 3 Diante do resiltado do passo 2 determinar o ensaio drenado não drenado Passo 4 Determinar a tensão de realização do ensaio préadensado ou normalmente adensado Passo 5 Realizar o ensaio em laboratório Passo 6 Analisar os resultados Resistência ao Cisalhamento do Solo 11 ALGUNS SOLOS TÍPICOS Solos residuais são solos que se formam a partir da decomposição in situ de rochas e sedimentos Eles são encontrados em regiões onde a erosão é baixa e o tempo de exposição ao intemperismo é longo Esses solos podem apresentar características diferentes dependendo da composição mineralógica das rochas de origem Solos lateríticos são solos tropicais caracterizados por uma camada superficial rica em óxidos de ferro e alumínio o que lhes confere uma cor avermelhada Eles se formam a partir da intemperização química de rochas ricas em ferro e alumínio em condições de clima quente e úmido Esses solos têm baixa capacidade de suporte e portanto são inadequados para construções de grande porte Solos não saturados são solos que contêm ar e água mas não estão completamente saturados Eles podem apresentar variações em sua densidade e resistência dependendo do teor de umidade A mecânica dos solos não saturados é complexa e requer modelos específicos para descrever seu comportamento Esses solos são comuns em regiões com clima árido e semiárido Resistência ao Cisalhamento do Solo 12 RESUMO Neste tópico encerramos nossa disciplina foi uma caminhada longa e densa Muitos novos assuntos e conceitos que com certeza não foram exauridos por isso te convido a continuar seus estudos nessa área que é muito interessante Deixo aqui um resumo do que vimos até aqui sobre Mecânica dos Solos e dicas de boas práticas que você deve estar atendo A mecânica dos solos é uma área da engenharia civil que estuda o comportamento e as propriedades dos solos incluindo sua resistência deformação permeabilidade compactação entre outros Essa área é fundamental para a realização de projetos geotécnicos tais como fundações estradas barragens túneis entre outros A mecânica dos solos é dividida em duas áreas principais a mecânica dos solos aplicada e a mecânica dos solos teórica A mecânica dos solos aplicada se concentra na aplicação dos princípios e teorias da mecânica dos solos para projetar e construir estruturas e obras de engenharia civil Já a mecânica dos solos teórica se concentra na compreensão dos mecanismos fundamentais que governam o comportamento dos solos Entre os conceitos fundamentais da mecânica dos solos estão a classificação dos solos que é baseada em suas propriedades físicas e mecânicas a análise de tensões e deformações em solos que é importante para determinar a capacidade de suporte do solo e a estabilidade de estruturas e a investigação geotécnica que envolve a realização de ensaios de laboratório e campo para determinar as propriedades do solo e as condições do subsolo Além disso a mecânica dos solos também aborda questões como a estabilidade de taludes a compactação de solos a permeabilidade do solo a consolidação e recalques de solos entre outros Por isso é fundamental que os engenheiros civis tenham conhecimentos sólidos em mecânica dos solos para garantir a segurança e eficiência das estruturas e obras que projetam e constroem Resistência ao Cisalhamento do Solo 13 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CAPUTO Eduardo Mecânica dos Solos e suas Aplicações Rio de Janeiro LTC 1988 LEMOS RC SANTOS RD Manual de descrição e coleta de solo no campo 2ed Campinas Sociedade Brasileira de Ciência do Solo EmbrapaSNLCS 1984 46p PINTO Carlos de Sousa Curso básico de mecânica dos solos São Paulo Oficina de Textos 2006 Disponível em httpsplataformabvirtualcombrAcervoPublicacao170502
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RESISTÊNCIA AO CISALHAMENTO DO SOLO Isabela Ferreira Batista Resistência ao Cisalhamento do Solo 2 Olá aluno a Unifacear Seja bemvindo a à aula Resistência ao Cisalhamento do solo INTRODUÇÃO Olá querido aluno seja muito bemvindo a mais uma aula no nosso curso Mecânica dos Solos Na aula passada aprenderemos a calcular as tensões internas em diferentes planos e consequentemente obter a tensão máxima de ruptura do solo para isso aprendemos a resolver questões por meio do Círculo de Morh Nesta aula continuaremos o nosso estudo sobre a resistência do solo em especial a resistência ao cisalhamento que é diretamente influenciada pela caracterização do solo Figura 1 O foco dessa aula é entender o comportamento quando a resistência ao cisalhamento das argilas e das areias Figura 1 Areias versus Argilas Fonte Lemos Santos 1984 ENSAIOS DE CISALHAMENTO Neste capítulo iremos entender como a resistência de um solo pode ser determinada em laboratório Vamos supor que você foi designado para trabalhar em uma obra de grande porte e sua função inicial é verificar a capacidade de suporte do solo onde a obra será instalada Seu cheque manda você coletar o solo levar para um laboratório onde a amostra será ensaiada e após receber os resultados você também deve analisálos e apresentar o Resistência ao Cisalhamento do Solo 3 resultado comentado na próxima reunião de planejamento Bateu o desespero não é mesmo Inicialmente você precisa saber quais são os ensaios possíveis de serem realizados em laboratório que conforme Caputo 1988 são Cisalhamento direto Consiste em determinar sob uma tensão normal qual a tensão de cisalhamento capaz de provocar a ruptura de uma amostra Compressão triaxial aparelhos constituídos por uma câmara cilíndrica de parede transparente no interior da qual se coloca a amostra envolvida por uma membrana de borracha muito delgada A câmara cilíndrica é cheia com um líquido geralmente água que se pode submeter a uma pressão Compressão simples Tratase de um caso especial de compressão triaxial sem o carregamento provocado pela água Compressão Diametral Lobo Carneiro Corpo de prova cilíndrico é colocado entre duas placas planas e paralelas sendo aplicada uma carga compressiva no plano diametral do corpo de prova A carga é aplicada comprimindo o corpo de prova na direção perpendicular ao seu eixo A força aplicada é medida e a deformação do corpo de prova é monitorada durante o ensaio Este ensaio foi proposto em 1943 pelo Engenheiro e Professor Fernando Lobo Carneiro e hoje é conhecido como Brazilian Test Caputo 1988 também destaca que tais ensaios devem reproduzir as diferentes condições de solicitação existentes nos maciços que se encontram na realidade e por causa disso os ensaios de cisalhamento classificamse em três grupos Ensaio lento ou com drenagem Ensaio rápido ou sem drenagem Ensaio rápido com préadensamento COMPORTAMENTO DAS AREIAS Vamos estudar agora a resistência das areias inicialmente é preciso entender que as areias têm um comportamento completamente diferente das argilas Areias são materiais granulares com pouca porcentagem de finos Pinto 2006 afirma que areias 20 ou 40 de finos argila e silte tem seu comportamento alterado Mas qual são as diferenças no comportamento da areia em comparação as argilas As areias são mais permeáveis Resistência ao Cisalhamento do Solo 4 Sob carregamento externo há tempo para dissipação da pressão neutra Tensões definidas em termos de pressão efetiva Ao aplicar carregamento axial o corpo de prova apresenta tensão desviadora também é observado aumento da deformação Pinto 2006 Figura 2 Resultados de ensaios a compressão triaxial Areias fofas versus areias compactas Pinto 2006 Figura 3 Resultados de ensaios a compressão triaxial Areias fofas versus areias compactas Pinto 2006 Na Figura 4 é apresentado do círculo de Mohr nesse caso a resistência da areia será definida pelo ângulo de atrito interno efetivo Resistência ao Cisalhamento do Solo 5 Figura 4 Resultados de ensaios a compressão triaxial Areias fofas versus areias compactas Pinto 2006 Observe também caro aluno que em areias compactas a tensão desviadora cresce mais rapidamente com a deformação e após atingir a resistência máxima a tensão desviadora passa a se estabilizar esse é o que chamamos de resistência residual Um ponto muito importante que merece destaque é que os corpos de provas apresentam uma redução de volume nos momentos iniciais do ensaio contudo antes de atingir a resistência máxima o volume do corpo de prova aumenta Isso acontece pois a areia diminui de volume ao ser carregada axialmente quando se encontra fofa e se dilata quando compacta PINTO 2006 A resistência ao cisalhamento do solo arenoso pode ser avaliada por meio de ensaios como o ensaio de cisalhamento direto o ensaio de compressão triaxial e o ensaio de penetrômetro de cone O ensaio de cisalhamento direto é realizado comprimindose um corpo de prova de solo entre duas placas enquanto o ensaio de compressão triaxial envolve a aplicação de pressões hidrostáticas e confinamento ao corpo de prova antes de se aplicar uma carga axial O ensaio de penetrômetro de cone é um ensaio in situ que utiliza um cone para penetrar no solo e medir a resistência do solo A resistência do solo arenoso é geralmente influenciada pela compactação do solo ou seja quanto mais compacto o solo maior será sua resistência ao cisalhamento Além disso a presença de finos no solo pode afetar a resistência do solo arenoso uma vez que os finos podem atuar como um lubrificante entre os grãos do solo reduzindo assim a resistência ao cisalhamento Resistência ao Cisalhamento do Solo 6 Além disso estudos indicam que a resistência das áreas é influenciada por suas características como Distribuição granulométrica Formato dos grãos Tamanho dos grãos Composição mineralógica Presença de água Quanto melhor a distribuição dos grãos maior será o ângulo de atrito e consequentemente maior a resistência das areias Veja a Figura 5 qual situação apresenta melhor resistência a ou b Figura 5 Entrosamento de areias quanto a granulometria Fonte Pinto 2006 Na situação a a resistência será determinada pelas partículas finas pois não há entrosamento entre as partículas maiores Já na situação b os grãos finos ocupam os espaços entre os grãos grossos aumentando o entrosamento e consequentemente a resistência OBS Pinto 2006 destaca que o coeficiente de não uniformidade das areias é definido pela relação entre os diâmetros correspondentes a 60 e 10 na curva granulométrica e não a duas porcentagens distintas dos extremos pois pequena porcentagem de finos interfere mais na não uniformidade do que pequenas porcentagens de grossos Além disso o formato dos grãos Figura 6 também interferem na resistência ao cisalhamento uma vez que as partículas esféricas e arredondadas possuem ângulo de atrito menores Figura 6 Entrosamento de areias quanto ao formato dos grãos Resistência ao Cisalhamento do Solo 7 Pinto 2006 O índice de vazios de uma areia é consequente das condições de sua deposição na natureza por isso uma areia fofa permanece fofa ainda que sob uma elevada carga ou seja para uma areia ser compacta ela deve se formar compacta ou pelo efeito de vibrações segundo Pinto 2006 COMPORTAMENTO DAS ARGILAS Como já comentado anteriormente as argilas apresentam baixa permeabilidade logo a água presente no solo influencia diretamente em sua resistência Além disso Pinto 2006 destaca que a resistência das argilas depende do índice de vazios que ela se encontra e esse índice de vazios é decorrente das tensões atuais e passadas Vale ressaltar que as argilas sedimentares se formam com elevado índices de vazios se em um ensaio ela se encontrar compactada significa que essa argila foi preadensada em algum momento de sua história Assim como nas areias o atrito entre as partículas de argila também influencia na existência ao cisalhamento por isso Pinto 2006 ressalta a importância de estudar o comportamento das argilas em ensaios drenados Neste tópico veremos algumas situações típicas em argilas pre adensadas e normalmente adensadas vamos começar analisando a Figura 7 Neste gráfico conseguimos visualizar a tensão de adensamento do passado Como assim As argilas possuem uma memória representada na curva tracejada Reta Virgem Já a linha continua representa o seu estado atual Figura 7 Gráfico índice de vazios versus pressão hidrostática de adensamento Resistência ao Cisalhamento do Solo 8 Pinto 2006 Pinto 2006 apresentou resultados para tensão confinante de 4 e 8 em valor absoluto e veremos agora os principais resultados Durante o carregamento axial o corpo de prova apresenta redução de volume da mesma ordem de grandeza ligeiramente maior apenas para tensões confinantes maiores Figura 8 Figura 8 Variação do volume do corpo de prova durante ensaio triaxial em argilas com tensões acima da tensão de préadensamento Pinto 2006 Vamos ver agora resultados da mesma argila porém submetidas a um ensaio com tensões abaixo da tensão de préadensamento Nesse caso os índices de vazios são menores bem próximos do seu estado de formação isso significa que existe uma maior proximidade de suas partículas como observado na Figura 9 Figura 9 Variação do volume do corpo de prova durante ensaio triaxial em argilas com tensões abaixo da tensão de préadensamento Pinto 2006 Resistência ao Cisalhamento do Solo 9 Vamos agora ver uma comparação dos resultados de um ensaio em argilas com carregamento drenado CD e não drenado CU O ensaio CU não ocorre a drenagem da água assim ao carregar o corpo de prova ocorre o aparecimento da pressão neutra esta pressão neutra reduz a pressão efetiva e consequentemente provoca uma menor resistência da argila comparado com uma situação CD conforme Figura 10 Figura 10 Comparação CU e CD Pinto 2006 Na Figura 11 podemos ver o comportamento da pressão neutra durante um ensaio drenado e não drenado Observe que para CD não há variação da pressão neutra enquanto em ensaios CU a pressão neutra aumenta ao longo do ensaio Figura 11 Comparação CU e CD Pressão Neutra Pinto 2006 Com base neste ensaio axial drenado e não drenado sob a mesma tensão confinante com solo normalmente adensado podemos concluir que acima da tensão de pré adensamento a resistência não drenada é proporcional à tensão de adensamento PINTO 2006 Resistência ao Cisalhamento do Solo 10 Em ensaios sob condições de sobreadensamento o corpo de prova apresenta uma diminuição de volume menor do que em situação normalmente adensado sem a drenagem a pressão neutra apresenta um desenvolvimento também menor CONSIDERAÇÕES FINAIS Voltando ao nosso exemplo inicial segue o passo a passo do desafio que seu chefe passou para você Passo 1 Determinar a forma de coleta do solo amostra deformada ou amostra indeformada Passo 2 Realizar caracterização do solo de forma a determinar se o solo é areias ou argila Passo 3 Diante do resiltado do passo 2 determinar o ensaio drenado não drenado Passo 4 Determinar a tensão de realização do ensaio préadensado ou normalmente adensado Passo 5 Realizar o ensaio em laboratório Passo 6 Analisar os resultados Resistência ao Cisalhamento do Solo 11 ALGUNS SOLOS TÍPICOS Solos residuais são solos que se formam a partir da decomposição in situ de rochas e sedimentos Eles são encontrados em regiões onde a erosão é baixa e o tempo de exposição ao intemperismo é longo Esses solos podem apresentar características diferentes dependendo da composição mineralógica das rochas de origem Solos lateríticos são solos tropicais caracterizados por uma camada superficial rica em óxidos de ferro e alumínio o que lhes confere uma cor avermelhada Eles se formam a partir da intemperização química de rochas ricas em ferro e alumínio em condições de clima quente e úmido Esses solos têm baixa capacidade de suporte e portanto são inadequados para construções de grande porte Solos não saturados são solos que contêm ar e água mas não estão completamente saturados Eles podem apresentar variações em sua densidade e resistência dependendo do teor de umidade A mecânica dos solos não saturados é complexa e requer modelos específicos para descrever seu comportamento Esses solos são comuns em regiões com clima árido e semiárido Resistência ao Cisalhamento do Solo 12 RESUMO Neste tópico encerramos nossa disciplina foi uma caminhada longa e densa Muitos novos assuntos e conceitos que com certeza não foram exauridos por isso te convido a continuar seus estudos nessa área que é muito interessante Deixo aqui um resumo do que vimos até aqui sobre Mecânica dos Solos e dicas de boas práticas que você deve estar atendo A mecânica dos solos é uma área da engenharia civil que estuda o comportamento e as propriedades dos solos incluindo sua resistência deformação permeabilidade compactação entre outros Essa área é fundamental para a realização de projetos geotécnicos tais como fundações estradas barragens túneis entre outros A mecânica dos solos é dividida em duas áreas principais a mecânica dos solos aplicada e a mecânica dos solos teórica A mecânica dos solos aplicada se concentra na aplicação dos princípios e teorias da mecânica dos solos para projetar e construir estruturas e obras de engenharia civil Já a mecânica dos solos teórica se concentra na compreensão dos mecanismos fundamentais que governam o comportamento dos solos Entre os conceitos fundamentais da mecânica dos solos estão a classificação dos solos que é baseada em suas propriedades físicas e mecânicas a análise de tensões e deformações em solos que é importante para determinar a capacidade de suporte do solo e a estabilidade de estruturas e a investigação geotécnica que envolve a realização de ensaios de laboratório e campo para determinar as propriedades do solo e as condições do subsolo Além disso a mecânica dos solos também aborda questões como a estabilidade de taludes a compactação de solos a permeabilidade do solo a consolidação e recalques de solos entre outros Por isso é fundamental que os engenheiros civis tenham conhecimentos sólidos em mecânica dos solos para garantir a segurança e eficiência das estruturas e obras que projetam e constroem Resistência ao Cisalhamento do Solo 13 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CAPUTO Eduardo Mecânica dos Solos e suas Aplicações Rio de Janeiro LTC 1988 LEMOS RC SANTOS RD Manual de descrição e coleta de solo no campo 2ed Campinas Sociedade Brasileira de Ciência do Solo EmbrapaSNLCS 1984 46p PINTO Carlos de Sousa Curso básico de mecânica dos solos São Paulo Oficina de Textos 2006 Disponível em httpsplataformabvirtualcombrAcervoPublicacao170502