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Linguagem e Argumentação 6º Aula Escrita o caos nosso de cada dia Objetivos de aprendizagem Ao término desta aula vocês serão capazes de compreender a importância da escrita identificar os principais problemas da escrita entender como se dá o processo da construção da escrita Você percebeu quanto conhecimento precisa adquirir para produzir um texto Observou a importância da leitura a fim de se ter informações para escrever apesar de leitura e escrita serem processos diferentes Viu como é fundamental ter noção dos fatores de textualidade A próxima aula trata sobre a escrita Vamos em frente Bons estudos 33 1 A Escrita 2 O processo da produção textual escrita 1 A Escrita A escrita é uma atividade que acompanha o homem há milhares de anos uma vez que formas primitivas dessa atividade surgiram desde 3200 aC aproximadamente Em nossa sociedade ainda é uma atividade de poucos privilegiados embora os dados oficiais apontem para uma queda considerável do índice de analfabetismo Esses dados no entanto não nos permitem avaliar o nível de competência referente à qualidade da expressão escrita dos considerados alfabetizados Ainda que a escrita esteja presente em nossas vidas há muitos anos não é de se estranhar a aversão que alunos e profissionais de várias áreas demonstram diante da necessidade de escrever Não é raro também ouvirmos sobre as dificuldades enfrentadas para produzir um texto por mais curto que seja Essa aversão é consequência da dificuldade uma vez que ninguém sente prazer em realizar algo que o faça sentirse incompetente É no mínimo curioso o fato de nossos alunos terem aulas de língua portuguesa durante onze anos e não conseguirem resolver problemas muito simples como o do uso correto do verbo fazer quando indica tempo decorrido Faz 20 anos que moro aqui e num período de quatro anos conseguirem adquirir uma formação que os autoriza a exercer uma profissão Vemos sair das universidades profissionais muito competentes em suas áreas específicas porém muitos carregam para além do curso superior a dificuldade com a escrita Não se trata portanto de incapacidade de nossos alunos não é mesmo O problema da escrita vai muito além das questões gramaticais e esbarra nas dificuldades de organização do pensamento perpassando pelo terreno da ética O texto que não é claro e por isso não informa se esse é o seu papel ou dá margem a informações distorcidas não é ético e só se fala em falta de ética na política Os textos problemáticos acumulamse em várias instâncias desde artigos científicos livros didáticos dissertações de mestradodoutorado a placas colocadas em terrenos baldios Irandé Antunes 2006 p2527 elenca os principais problemas percebidos no trabalho com a escrita no Ensino Fundamental um processo de aquisição da escrita que ignora a interferência decisiva do sujeito aprendiz na construção e na testagem de suas hipóteses de representação gráfica da língua a prática de uma escrita mecânica e periférica centrada Seções de estudo inicialmente nas habilidades motoras de produzir sinais gráficos e mais adiante na memorização pura e simples de regras ortográficas para muita gente não saber escrever ainda equivale a escrever com erros de ortografia a prática de uma escrita artificial e inexpressiva realizada em exercícios de criar listas de palavras soltas ou ainda de formar frases Tais palavras e frases isoladas desvinculadas de qualquer contexto comunicativo são vazias do sentido e das intenções com que as pessoas dizem as coisas que têm a dizer Além do mais esses exercícios de formar frases soltas afastam os alunos daquilo que eles fazem naturalmente quando interagem com os outros que é construir peças inteiras ou seja textos com unidade com começo meio e fim para expressar sentidos e intenções Parece incrível mas é na escola que as pessoas exercitam a linguagem ao contrário ou seja a linguagem que não diz nada Nessa linguagem vazia os princípios básicos da textualidade são violados porque o que se diz é reduzido a uma sequência de frases desligadas umas das outras sem qualquer perspectiva de ordem ou de progressão e sem responder a qualquer tipo particular de contexto social a prática de uma escrita sem função destituída de qualquer valor interacional sem autoria e sem recepção apenas para exercitar uma vez que por ela não se estabelece a relação pretendida entre a linguagem e o mundo entre o autor e o leitor do texto a prática de uma escrita que se limita a oportunidades de exercitar aspectos não relevantes da língua nessa altura do processo de apreensão da escrita como por exemplo a fixação nos exercícios de separação de sílabas de reconhecimento de dígrafos encontros vocálicos e consonantais e outros inteiramente adiáveis a prática enfim de uma escrita improvisada sem planejamento e sem revisão na qual o que conta é prioritariamente a tarefa de realizála não importa o que se diga e o como se faz É a língua da escola como observou um menino sabido É na redação sem propósitos nem público leitor definidos só o professor lê e não raro marca com um ok ou com sua rubrica traduzindo a ideia de que nada tem a dizer sobre o que leu ou não leu que muitos professores vão levando o ano letivo e reclamando que os alunos não sabem escrever A escrita é uma atividade interativa e exige que o escritor leve em conta o leitor embora este não esteja presente no ato da escrita visto ser ele o termômetro que indicará se o vocabulário foi bem ou mal escolhido ou se o estilo utilizado está em sintonia com o propósito do texto Escrever é um processo e como tal se dá em diversas etapas A primeira delas é o planejamento sugerido por Antunes 2006 p 55 da seguinte forma a delimitar o tema de seu texto e aquilo que lhe dará unidade b eleger os objetivos c escolher o gênero d delimitar os critérios de ordenação das ideias e prever as condições de seus leitores e a forma linguística mais formal ou menos formal que seu texto deve assumir A segunda etapa é a escrita propriamente dita e envolve 34 Linguagem e Argumentação reflexão e escolhas das estruturas frasais do vocabulário etc A terceira etapa tão importante quanto as demais é a da revisão e da reescrita É esta a fase que em geral não permitimos que nossos alunos concretizem nunca há tempo Outro aspecto frequentemente esquecido nos ensinos Fundamental e Médio mas diariamente lembrado e cobrado na universidade diz respeito à importância do registro escrito das pesquisas realizadas As feiras de ciências abrem espaço para o incentivo à pesquisa que vê queimada o que deveria ser a sua última etapa a da escrita dos resultados obtidos Essa atitude perde espaço para as exposições que valorizam todo tipo de recurso transformando esse momento em apresentações de verdadeiros shows Não estamos dizendo absolutamente com isso que nas feiras de ciências não se devam utilizar recursos sofisticados ou que os alunos ainda adolescentes precisem iniciar a escrita de monografias A intenção aqui é apenas refletir sobre o comportamento paradoxal de uma educação que em relação à escrita não incentiva mas cobra Na próxima seção expomos um artigo sobre o processo da produção textual escrita Continue lendo 2 O processo da produção textual escrita Para melhor entendimento de tais conceitos é importante que você leia parte do artigo publicado na Revista Interletras O processo da produção textual escrita de autoria da professora Maria Alice de Mello Fernandes 1 A prática da produção textual escrita Apesar do atual discurso pedagógico valorizar a produção textual no ensino da Língua Portuguesa percebese que o tradicionalismo impõese a todas as tendências e tentativas de mudanças na prática Professores têm privilegiado no ensino de Língua Portuguesa os conteúdos gramaticais de maneira sistematizada esquecendose de que somente no desenvolvimento da produção de texto quando o escritor direciona a sua própria escrita esses conhecimentos são úteis O conhecimento dos aspectos gramaticais e discursivos não faz do aluno um bom escritor É preciso que as dificuldades e problemas sejam trabalhados objetivando contribuir para a capacitação dos alunos na produção de textos que atendam aos critérios de clareza precisão correção e organização À medida que as bancas de vestibulares foramse apercebendo de que os candidatos não conseguiam expressar suas ideias de maneira organizada a redação passou a ter um peso maior na seleção chegando mesmo a ser considerada uma prova eliminatória A partir de então a produção de textos passou a ser mais enfatizada em todas as séries principalmente no ensino médio em que o vestibular tornou se um dos principais objetivosalvos da escola do professor do aluno e da família Diversos estudos e manuais sobre tal aprendizado foram produzidos no entanto quase nada se modificou A dificuldade permanece e em muitas escolas modelos ou receitas são ensinados aos alunos principalmente nas terceiras séries do ensino médio e nos cursinhos com propósitos imediatistas não proporcionando oportunidades ao alunovestibulando para o desenvolvimento de habilidades que verdadeiramente favoreçam a maturidade e a criatividade na produção textual Muitos alunos são reprovados por causa das dificuldades para redigir um texto pois não conseguem organizar e expressar as ideias de forma clara precisa e coerente Sem dúvida boa parte dessa dificuldade está relacionada com a não utilização das estratégias necessárias para elaborar um texto bem como com a falta de conhecimento sobre superestrutura textual1 e fatores de textualidade como coesão e coerência A retenção no entanto não tem resolvido o problema pois ao final de mais um ano pouco progresso é observado Na verdade parece que a dificuldade não é só dos alunos mas também dos professores que em sua maioria não se sentem preparados suficientemente para ensinar ou desenvolver tal atividade de maneira eficaz Boa parte desses professores acredita que trabalhar com produção de texto significa determinar toda semana um tema para que os alunos desenvolvam e que o aluno que tem domínio das regras gramaticais consiga redigir um texto em que as ideias estejam articuladas Escrever é uma habilidade e para que ela se desenvolva há necessidade de que o indivíduo participe de um processo que envolve três etapas2 planejamento textualização e revisãoreescritura o que exige bastante empenho Serafini 1994 p 22 expressa a convicção de que é possível ensinar a compor porque é possível dividir o processo da composição em atividades básicas e utilizar para cada uma delas técnicas e procedimentos específicos É comum professores estabelecerem que em uma aula ou no máximo em duas os alunos devem escrever seus textos cujos temas são indicados por eles ou escolhidos pelos alunos imaginando ser possível nesse tempo exíguo passar por todas as etapas que o processo de produção textual exige Redigindo nessas circunstâncias com certeza escrever tornar seá uma atividade estressante e bloqueadora e não criativa e prazerosa como deve ser Jolibert 1994 p 16 considera que a produção de um escrito pode proporcionar prazer de inventar de construir um texto prazer de compreender como ele funciona prazer de buscar as palavras prazer de vencer as dificuldades encontradas o prazer do Ah Sim prazer de encontrar o tipo de escrita e as formulações mais adequadas à situação prazer de progredir prazer da tarefa levada até o fim do texto bem apresentado Além do prazer o aluno precisa saber que a escrita tem outras funções e é bastante útil para sua vida diferentemente do que pensa pois a prática da escola apenas o leva a valorizar o texto escrito para o professor Deve ser conduzido ainda a perceber que o domínio da escrita proporcionalhe poder 35 contribuindo como fator decisivo para que seja ouvido respeitado compreendido pois a escrita é uma das formas pelas quais manifesta a sua visão de mundo Toda produção de texto deve ser planejada e o tempo disponível precisa ser bem distribuído quaisquer que sejam as situações de escritura do texto As fases do processo de produção textual podem ser trabalhadas e desenvolvidas em momentos diferentes Ao iniciar a primeira etapa a do planejamento textual é necessário ter presente alguns parâmetros da situação comunicativa que irão nortear o texto ou seja identificar o destinatário3 percebendo qual é o tipo de interlocutor normalmente quando o texto é produzido como dever da escola é o professor mas dependendo do tema o destinatário poderá ser outro perceber o eu como enunciador ou seja quem o escritor está representando naquele momento de interlocução ter clareza do objetivo do texto se o mesmo quer convencer quer divertir quer relatar ou quer ser avaliado Professor e aluno devem antes de ser iniciado o processo esclarecer qualquais as prioridades do texto a ser escrito identificar o objeto do texto a ser produzido que pode ser percebido pelo tema ou por intermédio de explicações do professor quando se trata de redação escolar Serafini 1994 p 26 assinala que outros elementos devem ser esclarecidos antes de ser iniciado o processo de escrita a tipologia do texto dificilmente é esclarecida pelo professor Sabese que no ensino médio nos vestibulares e no ensino superior o texto argumentativo é o mais solicitado mas um tema pode oportunizar a escrita de outros gêneros e por isso o professor deve explicar ao aluno qual deles será trabalhado a extensão do texto não é pelo tamanho do texto que se confirma a habilidade de escrever O texto sintético sem dados supérfluos mostra maior competência do escritor do que um texto longo e exaustivo os critérios de avaliação esclarecidos ao aluno facilitam seu trabalho no sentido de direcionar todo seu empenho para o resultado esperado Observando as etapas do planejamento textual pode se constatar que esse tipo de trabalho na maioria das situações não é feito e muitas vezes desconhecido pelo professor Fica claro que o professor de Língua Portuguesa nem sempre está preparado para desenvolver junto aos alunos esse processo cuja importância é indiscutível quando se pretende formar escritores competentes Após a reflexão sobre a tarefa de escrita a ser desenvolvida o produtor deverá buscar em sua memória a longo prazo todos os conhecimentos que já possui a respeito do assunto qual o tipo de texto que se justifica entre as opções possíveis assim como qual a melhor forma de apresentálo para seu auditório ou destinatário Realizado tal procedimento o aluno deverá organizar as ideias e associálas para que possa redigir o seu texto Antes porém julgase ser fundamental que se organizem essas ideias em um esquemaesqueleto de tal maneira que ao expressálas no texto possam se apresentar articuladas sem contradições e progressivamente Considerase essa atividade de organização inicial como resultante de todas as citadas anteriormente e caso não seja efetuada correse o risco de todo o planejamento perder o seu verdadeiro sentido Há estudiosos de produção textual escrita que recomendam ao aluno que antes de fazer o esquema esqueleto do texto seja efetuada uma coleta de ideias fatos e observações que possam ajudar na elaboração do texto escrevendo num papel os pontoschave ou perguntas para que se possa ter um direcionamento Serafini 1994 p 47 indica que deve ser usada a técnica dos grupos associativos quando as ideias são reunidas em grupos do geral para o particular ou viceversa Iniciase depois a fase de organização seleção e decisão podendo ser feita uma subdivisão esclarecedora que aponte causas consequências e soluções ou para melhor visualização fazer uso de mapas que contenham num primeiro momento a ideia central e a partir dela os grupos num segundo momento as ideias expostas já devem estar organizadas de acordo com o texto que se pretende redigir Finalmente necessitase ainda decidir sobre a tese ou ponto de vista quando se trata de argumentativo para que finalmente seja feito esquemaesqueleto e a seguir o texto A autora afirma com o mapa visualizamos espacialmente um resumo sintético de nosso texto com o roteiro vamos decidir a ordem sequencial das ideias e dos argumentos a serem usados no texto O mapa na verdade proporciona a possibilidade de se distinguir as ideias principais das secundárias o que facilita a articulação do texto enquanto o roteiro significa a hipótese do texto que se verifica à medida que se realiza a escritura desse texto devendo as partes estarem interrelacionadas umas às outras Temse consciência de que essa etapa inicial do planejamento da organização do texto se realizada da maneira como foi descrita demandará bastante tempo do produtor mas defendese a importância e a necessidade da mesma pois se o aluno tem dificuldade para organizar o seu texto realizar essas atividades estimula reflexões que favorecem a organização das ideias para a produção do texto solicitado Por meio do esquemaesqueleto ao estabelecer a racional do texto o aluno estará compreendendo de forma significativa organizada e articulada as ideias envolvidas na abordagem De que adianta o professor trabalhar exigindo do aluno uma redação a cada aula se ele não investe no desenvolvimento das habilidades necessárias Para que serve o professor ter pilhas e mais pilhas de textos para serem corrigidos e avaliados se esse produto das aulas não revela o crescimento do aluno Com tantos textos como o professor poderá corrigilos e avaliálos de forma que os erros sejam meios de perceber as insuficiências a serem superadas A segunda etapa é a denominada de textualização e ocorre quando o produtor do texto interiorizou todas as fases da primeira etapa e começa a redigilo com base no esquema 36 Linguagem e Argumentação observando a articulação a progressão e a conservação de informações durante a feitura do texto Vários são os fatores de textualidade que devem ser respeitados quando o aluno propõese a produzir um texto e como a maioria dos autores que abordam o estudo do texto desejase destacar a importância nesse segundo momento da coerência e da coesão responsáveis respectivamente pelo sentido do texto e pela conexão entre as partes Ao terminar a escritura do texto o processo ainda não acabou A terceira etapa revisãoreescritura do texto processase durante ou após a leitura É relevante como as anteriores pois já se constatou que à medida que o autor distanciase do produto para depois retomálo há um amadurecimento em relação ao que foi escrito e uma fácil percepção das modificações necessárias Retomando a aula Chegamos assim ao final da aula 06 Esperamos que você tenha entendido 1 A Escrita Explicamos a escrita sua importância e identificamos os principais problemas dela 2 O processo da produção textual escrita Vimos através de um artigo científico como se dá o processo da construção da escrita E agora começou a ficar mais claro como redigir um texto Caso persistam com dúvidas nos envie pelo Quadro de Avisos Vale a pena FIAD Raquel Salek A escrita na universidade Revista da ABRALIN v 10 n 4 p 357369 2011 Vale a pena ler Minhas anotações
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Linguagem e Argumentação 6º Aula Escrita o caos nosso de cada dia Objetivos de aprendizagem Ao término desta aula vocês serão capazes de compreender a importância da escrita identificar os principais problemas da escrita entender como se dá o processo da construção da escrita Você percebeu quanto conhecimento precisa adquirir para produzir um texto Observou a importância da leitura a fim de se ter informações para escrever apesar de leitura e escrita serem processos diferentes Viu como é fundamental ter noção dos fatores de textualidade A próxima aula trata sobre a escrita Vamos em frente Bons estudos 33 1 A Escrita 2 O processo da produção textual escrita 1 A Escrita A escrita é uma atividade que acompanha o homem há milhares de anos uma vez que formas primitivas dessa atividade surgiram desde 3200 aC aproximadamente Em nossa sociedade ainda é uma atividade de poucos privilegiados embora os dados oficiais apontem para uma queda considerável do índice de analfabetismo Esses dados no entanto não nos permitem avaliar o nível de competência referente à qualidade da expressão escrita dos considerados alfabetizados Ainda que a escrita esteja presente em nossas vidas há muitos anos não é de se estranhar a aversão que alunos e profissionais de várias áreas demonstram diante da necessidade de escrever Não é raro também ouvirmos sobre as dificuldades enfrentadas para produzir um texto por mais curto que seja Essa aversão é consequência da dificuldade uma vez que ninguém sente prazer em realizar algo que o faça sentirse incompetente É no mínimo curioso o fato de nossos alunos terem aulas de língua portuguesa durante onze anos e não conseguirem resolver problemas muito simples como o do uso correto do verbo fazer quando indica tempo decorrido Faz 20 anos que moro aqui e num período de quatro anos conseguirem adquirir uma formação que os autoriza a exercer uma profissão Vemos sair das universidades profissionais muito competentes em suas áreas específicas porém muitos carregam para além do curso superior a dificuldade com a escrita Não se trata portanto de incapacidade de nossos alunos não é mesmo O problema da escrita vai muito além das questões gramaticais e esbarra nas dificuldades de organização do pensamento perpassando pelo terreno da ética O texto que não é claro e por isso não informa se esse é o seu papel ou dá margem a informações distorcidas não é ético e só se fala em falta de ética na política Os textos problemáticos acumulamse em várias instâncias desde artigos científicos livros didáticos dissertações de mestradodoutorado a placas colocadas em terrenos baldios Irandé Antunes 2006 p2527 elenca os principais problemas percebidos no trabalho com a escrita no Ensino Fundamental um processo de aquisição da escrita que ignora a interferência decisiva do sujeito aprendiz na construção e na testagem de suas hipóteses de representação gráfica da língua a prática de uma escrita mecânica e periférica centrada Seções de estudo inicialmente nas habilidades motoras de produzir sinais gráficos e mais adiante na memorização pura e simples de regras ortográficas para muita gente não saber escrever ainda equivale a escrever com erros de ortografia a prática de uma escrita artificial e inexpressiva realizada em exercícios de criar listas de palavras soltas ou ainda de formar frases Tais palavras e frases isoladas desvinculadas de qualquer contexto comunicativo são vazias do sentido e das intenções com que as pessoas dizem as coisas que têm a dizer Além do mais esses exercícios de formar frases soltas afastam os alunos daquilo que eles fazem naturalmente quando interagem com os outros que é construir peças inteiras ou seja textos com unidade com começo meio e fim para expressar sentidos e intenções Parece incrível mas é na escola que as pessoas exercitam a linguagem ao contrário ou seja a linguagem que não diz nada Nessa linguagem vazia os princípios básicos da textualidade são violados porque o que se diz é reduzido a uma sequência de frases desligadas umas das outras sem qualquer perspectiva de ordem ou de progressão e sem responder a qualquer tipo particular de contexto social a prática de uma escrita sem função destituída de qualquer valor interacional sem autoria e sem recepção apenas para exercitar uma vez que por ela não se estabelece a relação pretendida entre a linguagem e o mundo entre o autor e o leitor do texto a prática de uma escrita que se limita a oportunidades de exercitar aspectos não relevantes da língua nessa altura do processo de apreensão da escrita como por exemplo a fixação nos exercícios de separação de sílabas de reconhecimento de dígrafos encontros vocálicos e consonantais e outros inteiramente adiáveis a prática enfim de uma escrita improvisada sem planejamento e sem revisão na qual o que conta é prioritariamente a tarefa de realizála não importa o que se diga e o como se faz É a língua da escola como observou um menino sabido É na redação sem propósitos nem público leitor definidos só o professor lê e não raro marca com um ok ou com sua rubrica traduzindo a ideia de que nada tem a dizer sobre o que leu ou não leu que muitos professores vão levando o ano letivo e reclamando que os alunos não sabem escrever A escrita é uma atividade interativa e exige que o escritor leve em conta o leitor embora este não esteja presente no ato da escrita visto ser ele o termômetro que indicará se o vocabulário foi bem ou mal escolhido ou se o estilo utilizado está em sintonia com o propósito do texto Escrever é um processo e como tal se dá em diversas etapas A primeira delas é o planejamento sugerido por Antunes 2006 p 55 da seguinte forma a delimitar o tema de seu texto e aquilo que lhe dará unidade b eleger os objetivos c escolher o gênero d delimitar os critérios de ordenação das ideias e prever as condições de seus leitores e a forma linguística mais formal ou menos formal que seu texto deve assumir A segunda etapa é a escrita propriamente dita e envolve 34 Linguagem e Argumentação reflexão e escolhas das estruturas frasais do vocabulário etc A terceira etapa tão importante quanto as demais é a da revisão e da reescrita É esta a fase que em geral não permitimos que nossos alunos concretizem nunca há tempo Outro aspecto frequentemente esquecido nos ensinos Fundamental e Médio mas diariamente lembrado e cobrado na universidade diz respeito à importância do registro escrito das pesquisas realizadas As feiras de ciências abrem espaço para o incentivo à pesquisa que vê queimada o que deveria ser a sua última etapa a da escrita dos resultados obtidos Essa atitude perde espaço para as exposições que valorizam todo tipo de recurso transformando esse momento em apresentações de verdadeiros shows Não estamos dizendo absolutamente com isso que nas feiras de ciências não se devam utilizar recursos sofisticados ou que os alunos ainda adolescentes precisem iniciar a escrita de monografias A intenção aqui é apenas refletir sobre o comportamento paradoxal de uma educação que em relação à escrita não incentiva mas cobra Na próxima seção expomos um artigo sobre o processo da produção textual escrita Continue lendo 2 O processo da produção textual escrita Para melhor entendimento de tais conceitos é importante que você leia parte do artigo publicado na Revista Interletras O processo da produção textual escrita de autoria da professora Maria Alice de Mello Fernandes 1 A prática da produção textual escrita Apesar do atual discurso pedagógico valorizar a produção textual no ensino da Língua Portuguesa percebese que o tradicionalismo impõese a todas as tendências e tentativas de mudanças na prática Professores têm privilegiado no ensino de Língua Portuguesa os conteúdos gramaticais de maneira sistematizada esquecendose de que somente no desenvolvimento da produção de texto quando o escritor direciona a sua própria escrita esses conhecimentos são úteis O conhecimento dos aspectos gramaticais e discursivos não faz do aluno um bom escritor É preciso que as dificuldades e problemas sejam trabalhados objetivando contribuir para a capacitação dos alunos na produção de textos que atendam aos critérios de clareza precisão correção e organização À medida que as bancas de vestibulares foramse apercebendo de que os candidatos não conseguiam expressar suas ideias de maneira organizada a redação passou a ter um peso maior na seleção chegando mesmo a ser considerada uma prova eliminatória A partir de então a produção de textos passou a ser mais enfatizada em todas as séries principalmente no ensino médio em que o vestibular tornou se um dos principais objetivosalvos da escola do professor do aluno e da família Diversos estudos e manuais sobre tal aprendizado foram produzidos no entanto quase nada se modificou A dificuldade permanece e em muitas escolas modelos ou receitas são ensinados aos alunos principalmente nas terceiras séries do ensino médio e nos cursinhos com propósitos imediatistas não proporcionando oportunidades ao alunovestibulando para o desenvolvimento de habilidades que verdadeiramente favoreçam a maturidade e a criatividade na produção textual Muitos alunos são reprovados por causa das dificuldades para redigir um texto pois não conseguem organizar e expressar as ideias de forma clara precisa e coerente Sem dúvida boa parte dessa dificuldade está relacionada com a não utilização das estratégias necessárias para elaborar um texto bem como com a falta de conhecimento sobre superestrutura textual1 e fatores de textualidade como coesão e coerência A retenção no entanto não tem resolvido o problema pois ao final de mais um ano pouco progresso é observado Na verdade parece que a dificuldade não é só dos alunos mas também dos professores que em sua maioria não se sentem preparados suficientemente para ensinar ou desenvolver tal atividade de maneira eficaz Boa parte desses professores acredita que trabalhar com produção de texto significa determinar toda semana um tema para que os alunos desenvolvam e que o aluno que tem domínio das regras gramaticais consiga redigir um texto em que as ideias estejam articuladas Escrever é uma habilidade e para que ela se desenvolva há necessidade de que o indivíduo participe de um processo que envolve três etapas2 planejamento textualização e revisãoreescritura o que exige bastante empenho Serafini 1994 p 22 expressa a convicção de que é possível ensinar a compor porque é possível dividir o processo da composição em atividades básicas e utilizar para cada uma delas técnicas e procedimentos específicos É comum professores estabelecerem que em uma aula ou no máximo em duas os alunos devem escrever seus textos cujos temas são indicados por eles ou escolhidos pelos alunos imaginando ser possível nesse tempo exíguo passar por todas as etapas que o processo de produção textual exige Redigindo nessas circunstâncias com certeza escrever tornar seá uma atividade estressante e bloqueadora e não criativa e prazerosa como deve ser Jolibert 1994 p 16 considera que a produção de um escrito pode proporcionar prazer de inventar de construir um texto prazer de compreender como ele funciona prazer de buscar as palavras prazer de vencer as dificuldades encontradas o prazer do Ah Sim prazer de encontrar o tipo de escrita e as formulações mais adequadas à situação prazer de progredir prazer da tarefa levada até o fim do texto bem apresentado Além do prazer o aluno precisa saber que a escrita tem outras funções e é bastante útil para sua vida diferentemente do que pensa pois a prática da escola apenas o leva a valorizar o texto escrito para o professor Deve ser conduzido ainda a perceber que o domínio da escrita proporcionalhe poder 35 contribuindo como fator decisivo para que seja ouvido respeitado compreendido pois a escrita é uma das formas pelas quais manifesta a sua visão de mundo Toda produção de texto deve ser planejada e o tempo disponível precisa ser bem distribuído quaisquer que sejam as situações de escritura do texto As fases do processo de produção textual podem ser trabalhadas e desenvolvidas em momentos diferentes Ao iniciar a primeira etapa a do planejamento textual é necessário ter presente alguns parâmetros da situação comunicativa que irão nortear o texto ou seja identificar o destinatário3 percebendo qual é o tipo de interlocutor normalmente quando o texto é produzido como dever da escola é o professor mas dependendo do tema o destinatário poderá ser outro perceber o eu como enunciador ou seja quem o escritor está representando naquele momento de interlocução ter clareza do objetivo do texto se o mesmo quer convencer quer divertir quer relatar ou quer ser avaliado Professor e aluno devem antes de ser iniciado o processo esclarecer qualquais as prioridades do texto a ser escrito identificar o objeto do texto a ser produzido que pode ser percebido pelo tema ou por intermédio de explicações do professor quando se trata de redação escolar Serafini 1994 p 26 assinala que outros elementos devem ser esclarecidos antes de ser iniciado o processo de escrita a tipologia do texto dificilmente é esclarecida pelo professor Sabese que no ensino médio nos vestibulares e no ensino superior o texto argumentativo é o mais solicitado mas um tema pode oportunizar a escrita de outros gêneros e por isso o professor deve explicar ao aluno qual deles será trabalhado a extensão do texto não é pelo tamanho do texto que se confirma a habilidade de escrever O texto sintético sem dados supérfluos mostra maior competência do escritor do que um texto longo e exaustivo os critérios de avaliação esclarecidos ao aluno facilitam seu trabalho no sentido de direcionar todo seu empenho para o resultado esperado Observando as etapas do planejamento textual pode se constatar que esse tipo de trabalho na maioria das situações não é feito e muitas vezes desconhecido pelo professor Fica claro que o professor de Língua Portuguesa nem sempre está preparado para desenvolver junto aos alunos esse processo cuja importância é indiscutível quando se pretende formar escritores competentes Após a reflexão sobre a tarefa de escrita a ser desenvolvida o produtor deverá buscar em sua memória a longo prazo todos os conhecimentos que já possui a respeito do assunto qual o tipo de texto que se justifica entre as opções possíveis assim como qual a melhor forma de apresentálo para seu auditório ou destinatário Realizado tal procedimento o aluno deverá organizar as ideias e associálas para que possa redigir o seu texto Antes porém julgase ser fundamental que se organizem essas ideias em um esquemaesqueleto de tal maneira que ao expressálas no texto possam se apresentar articuladas sem contradições e progressivamente Considerase essa atividade de organização inicial como resultante de todas as citadas anteriormente e caso não seja efetuada correse o risco de todo o planejamento perder o seu verdadeiro sentido Há estudiosos de produção textual escrita que recomendam ao aluno que antes de fazer o esquema esqueleto do texto seja efetuada uma coleta de ideias fatos e observações que possam ajudar na elaboração do texto escrevendo num papel os pontoschave ou perguntas para que se possa ter um direcionamento Serafini 1994 p 47 indica que deve ser usada a técnica dos grupos associativos quando as ideias são reunidas em grupos do geral para o particular ou viceversa Iniciase depois a fase de organização seleção e decisão podendo ser feita uma subdivisão esclarecedora que aponte causas consequências e soluções ou para melhor visualização fazer uso de mapas que contenham num primeiro momento a ideia central e a partir dela os grupos num segundo momento as ideias expostas já devem estar organizadas de acordo com o texto que se pretende redigir Finalmente necessitase ainda decidir sobre a tese ou ponto de vista quando se trata de argumentativo para que finalmente seja feito esquemaesqueleto e a seguir o texto A autora afirma com o mapa visualizamos espacialmente um resumo sintético de nosso texto com o roteiro vamos decidir a ordem sequencial das ideias e dos argumentos a serem usados no texto O mapa na verdade proporciona a possibilidade de se distinguir as ideias principais das secundárias o que facilita a articulação do texto enquanto o roteiro significa a hipótese do texto que se verifica à medida que se realiza a escritura desse texto devendo as partes estarem interrelacionadas umas às outras Temse consciência de que essa etapa inicial do planejamento da organização do texto se realizada da maneira como foi descrita demandará bastante tempo do produtor mas defendese a importância e a necessidade da mesma pois se o aluno tem dificuldade para organizar o seu texto realizar essas atividades estimula reflexões que favorecem a organização das ideias para a produção do texto solicitado Por meio do esquemaesqueleto ao estabelecer a racional do texto o aluno estará compreendendo de forma significativa organizada e articulada as ideias envolvidas na abordagem De que adianta o professor trabalhar exigindo do aluno uma redação a cada aula se ele não investe no desenvolvimento das habilidades necessárias Para que serve o professor ter pilhas e mais pilhas de textos para serem corrigidos e avaliados se esse produto das aulas não revela o crescimento do aluno Com tantos textos como o professor poderá corrigilos e avaliálos de forma que os erros sejam meios de perceber as insuficiências a serem superadas A segunda etapa é a denominada de textualização e ocorre quando o produtor do texto interiorizou todas as fases da primeira etapa e começa a redigilo com base no esquema 36 Linguagem e Argumentação observando a articulação a progressão e a conservação de informações durante a feitura do texto Vários são os fatores de textualidade que devem ser respeitados quando o aluno propõese a produzir um texto e como a maioria dos autores que abordam o estudo do texto desejase destacar a importância nesse segundo momento da coerência e da coesão responsáveis respectivamente pelo sentido do texto e pela conexão entre as partes Ao terminar a escritura do texto o processo ainda não acabou A terceira etapa revisãoreescritura do texto processase durante ou após a leitura É relevante como as anteriores pois já se constatou que à medida que o autor distanciase do produto para depois retomálo há um amadurecimento em relação ao que foi escrito e uma fácil percepção das modificações necessárias Retomando a aula Chegamos assim ao final da aula 06 Esperamos que você tenha entendido 1 A Escrita Explicamos a escrita sua importância e identificamos os principais problemas dela 2 O processo da produção textual escrita Vimos através de um artigo científico como se dá o processo da construção da escrita E agora começou a ficar mais claro como redigir um texto Caso persistam com dúvidas nos envie pelo Quadro de Avisos Vale a pena FIAD Raquel Salek A escrita na universidade Revista da ABRALIN v 10 n 4 p 357369 2011 Vale a pena ler Minhas anotações