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Arquitetura e Urbanismo ·
Metodologia da Pesquisa
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1Problematização As cidades nas últimas décadas vêm passando por sérios processos de reestruturação urbana pautados em novos conceitos denominados de empreendedorismo urbano ou city marketing que resultam na venda da cidade processo esse denominado por Harvey 2001 de produção capitalista do espaço Entre outras coisas baseiase na negociação do capital financeiro com os poderes locais que buscam maximizar a atratividade local como chamariz para o desenvolvimento capitalista Estratégias para a reestruturação urbana são pautadas nas atrações para o consumo e entretenimento como construção de arenas esportivas shopping centers centros de convenções entre outros equipamentos em menor escala até os novos bairros planejados pautados em conceitos até então não muito condizentes com a realidade brasileira como as smarts cities e new urbanism em maior escala Conforme pensamento de Harvey 2001 a cidade tem de parecer um lugar inovador estimulante criativo e seguro para se viver ou visitar para divertirse e consumir A partir dessa mudança de paradigma em relação a novos processos de governança urbana do administrativo urbano para o empreendedorismo urbano se faz necessária a avaliação dessas estruturas urbanas que vem sendo construídas Dessa forma nessa pesquisa optouse inicialmente pela avaliação dos shoppings centers que vem se multiplicando nas cidades brasileiras e induzindo os novos rumos da urbanização 11 O surgimento dos shoppings centers Os shoppings centers também conhecidos como centros de compra planejados é um contraponto do comércio espontâneo existente nos centros tradicionais e que surgem para manter uma relação de menor impacto com as áreas habitacionais ao mesmo tempo em que promove maior comodidade no abastecimento da população Esse produto imobiliário com o é denominado por Garrefa 2011 é resultado de processos de descentralização territorial o qual as cidades devem se expandir em direção aos subúrbios Apesar dos shoppings centers serem nos dias atuais associados à cultura americana suas raízes encontrase na Europa De acordo com Padilha 2006 a história dos shoppings na Europa é inseparável da criação e do desenvolvimento das galerias e lojas de departamento parisienses e londrinas já que foi nessa forma de comércio baseado no aspecto arquitetônico caracterizadas pelas passagens cobertas para pedestres que definitivamente o consumo entrou no imaginário social dos europeus E o momento do consumo nos novos centros comerciais passa a ser desejado e vivenciado como verdadeira atração uma vez que se associa a passeios e lazer Mas são nos Estados Unidos no pós guerra quando se vivia um crescimento econômico e uma metropolização planejada que se dá as origens dos shoppings Para Padilha 2006 os shoppings surgem principalmente como remédios para os males urbanos preenchendo o vazio existencial na vida das pessoas após a guerra Ele é fruto do desenvolvimento do comércio que vão desde as indústrias caseiras lojas armazéns lojas de departamento até aos grandes shoppings 12 Os shoppings no Brasil A chegada dos shoppings no Brasil se inicia na década de 60 na cidade de São Paulo seguindo o padrão norteamericano E só a partir dos anos 80 é que se amplia para outras cidades brasileiras De acordo com Padilha 2006 os shoppings no Brasil estão associados ao aumento da população ao aumento do número de mulheres no mercado de trabalho e da população nas cidades De acordo com Leitão 2009 o fenômeno dos shoppings centers no Brasil tem significados diferentes dos outros lugares do mundo os quais comprometem a vida no espaço urbano e o desenho da cidade na medida em que negam a função pública da rua Para a autora os shoppings brasileiros não desempenham apenas a função de centro de compras que os caracterizam em outros contextos sociais mas desempenham uma enorme gama de serviços e atividades como cinemas praças de alimentação espaços para festas consultórios médicos agências bancárias cabeleireiros entre outros Porém acolhem apenas os iguais rejeitando aqueles que não pertencem ao mesmo grupo social e sendo assim destinamse a oferecer mais um espaço de distinção do que um ambiente para compras Ainda segundo Leitão 2009 ao que diz respeito à configuração urbanística os shoppings constituise em espaços de guetos em enormes bolsões edificados apartados dos espaços que os circunda assentados muitas vezes no ambiente construído como elefantes em lojas de louça O seu entorno se transforma para acolher esses espaços independentemente da ameaça que os mesmos possam causar a outras áreas da cidade além de contribuir para a segregação socioespacial Com base nesses preceitos é que Leitão chama esse espaço de brasileirinho da silva ao enfatizar os padrões arquitetônicos no Brasil que parece indicar a opção da sociedade brasileira por um modo de vida privado e privatista ao extremo que entre outras características nega a rua A expressão Brasileirinha da Silva foi utilizada na obra de Gilberto Freyre Casa Grande e Senzala para se referir a produção arquitetônica brasileira que desde a sua origem tem conotações patriarcais a medida que se fecham contra a rua conforme o autor é a origem da CasaGrande De acordo com Padilha 2006 o shopping center o qual considera como uma nova cidade do capital pode ser entendido como um espaço privado anunciado como público criado para solucionar alguns problemas da cidade A cidade gera uma série de desajustes de desigualdades e de contradições mas também possibilita a criação de espaços considerados alternativos como o próprio shopping center Entretanto como tudo é alternativo o acesso real ao shopping center restringese a uma pequena parte da população Assim o espaço urbano do capital desencadeia uma série de problemas para todos enquanto possibilita alternativas para outros Os shoppings também se transformaram em pontos de encontro exercendo um papel desempenhado pelo espaço público em qualquer sociedade que além de ser aberto sem condição ou limitação para que a ele se tenha acesso é o espaço da pluralidade e do convívio com a diversidade diferente dos shoppings onde renda e classe social são condições imprescindíveis para nele ser bem recebido LEITÃO 2009 No entanto apesar de pontos de encontro parece que não para todas as classes sociais É o que se percebe com os recentes encontros de jovens de periferias marcados nos shoppings conhecidos como os rolezinhos Os shoppings de centros de compras a espaço de lazer são justificados pelo conforto segurança limpeza e modernidade que redesenham as cidades De um lado atrai para que pessoas sintam mais satisfação no mundo artificial de dentro e de outro se contrapõem se exclui se diferencia do mundo real de fora PADILHA 2006 Se é evidenciado a partir dele formas de segregação socioespacial seja pelo contraste com o entorno seja pela tentativa de se constituir um espaço público mesmo não sendo permeável a todas as classe por outro lado é objeto de desejo de boa parte da sociedade observado pela fato de se querer morar perto de um desses empreendimentos além de não haver nenhum tipo de contestação quando da sua implantação oriundas de projetos urbanos Ao contrário no imaginário popular se classifica o grau de desenvolvimento de uma cidade pela existência de shoppings como pelo tamanho e número de lojas dos mesmos Dessa forma questionase Qual o papel dos shoppings centers nas cidades brasileiras Quais os efeitos dos projetos de regeneração urbana que colocam os shoppings centers como elemento indutor do desenvolvimento A implantação desse tipo de empreendimento contribui para uma maior integração ou maior segregação socioespacial Como resposta a essas questões partese das seguintes hipóteses Os shoppings contribuem para a negação ou substituição dos espaços públicos porém não acessível a todas as classes sociais Os shoppings contribuem para o aumento da segregação socioespacial já presente nas cidades brasileiras contribuindo para a formação de guetos urbanos
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1Problematização As cidades nas últimas décadas vêm passando por sérios processos de reestruturação urbana pautados em novos conceitos denominados de empreendedorismo urbano ou city marketing que resultam na venda da cidade processo esse denominado por Harvey 2001 de produção capitalista do espaço Entre outras coisas baseiase na negociação do capital financeiro com os poderes locais que buscam maximizar a atratividade local como chamariz para o desenvolvimento capitalista Estratégias para a reestruturação urbana são pautadas nas atrações para o consumo e entretenimento como construção de arenas esportivas shopping centers centros de convenções entre outros equipamentos em menor escala até os novos bairros planejados pautados em conceitos até então não muito condizentes com a realidade brasileira como as smarts cities e new urbanism em maior escala Conforme pensamento de Harvey 2001 a cidade tem de parecer um lugar inovador estimulante criativo e seguro para se viver ou visitar para divertirse e consumir A partir dessa mudança de paradigma em relação a novos processos de governança urbana do administrativo urbano para o empreendedorismo urbano se faz necessária a avaliação dessas estruturas urbanas que vem sendo construídas Dessa forma nessa pesquisa optouse inicialmente pela avaliação dos shoppings centers que vem se multiplicando nas cidades brasileiras e induzindo os novos rumos da urbanização 11 O surgimento dos shoppings centers Os shoppings centers também conhecidos como centros de compra planejados é um contraponto do comércio espontâneo existente nos centros tradicionais e que surgem para manter uma relação de menor impacto com as áreas habitacionais ao mesmo tempo em que promove maior comodidade no abastecimento da população Esse produto imobiliário com o é denominado por Garrefa 2011 é resultado de processos de descentralização territorial o qual as cidades devem se expandir em direção aos subúrbios Apesar dos shoppings centers serem nos dias atuais associados à cultura americana suas raízes encontrase na Europa De acordo com Padilha 2006 a história dos shoppings na Europa é inseparável da criação e do desenvolvimento das galerias e lojas de departamento parisienses e londrinas já que foi nessa forma de comércio baseado no aspecto arquitetônico caracterizadas pelas passagens cobertas para pedestres que definitivamente o consumo entrou no imaginário social dos europeus E o momento do consumo nos novos centros comerciais passa a ser desejado e vivenciado como verdadeira atração uma vez que se associa a passeios e lazer Mas são nos Estados Unidos no pós guerra quando se vivia um crescimento econômico e uma metropolização planejada que se dá as origens dos shoppings Para Padilha 2006 os shoppings surgem principalmente como remédios para os males urbanos preenchendo o vazio existencial na vida das pessoas após a guerra Ele é fruto do desenvolvimento do comércio que vão desde as indústrias caseiras lojas armazéns lojas de departamento até aos grandes shoppings 12 Os shoppings no Brasil A chegada dos shoppings no Brasil se inicia na década de 60 na cidade de São Paulo seguindo o padrão norteamericano E só a partir dos anos 80 é que se amplia para outras cidades brasileiras De acordo com Padilha 2006 os shoppings no Brasil estão associados ao aumento da população ao aumento do número de mulheres no mercado de trabalho e da população nas cidades De acordo com Leitão 2009 o fenômeno dos shoppings centers no Brasil tem significados diferentes dos outros lugares do mundo os quais comprometem a vida no espaço urbano e o desenho da cidade na medida em que negam a função pública da rua Para a autora os shoppings brasileiros não desempenham apenas a função de centro de compras que os caracterizam em outros contextos sociais mas desempenham uma enorme gama de serviços e atividades como cinemas praças de alimentação espaços para festas consultórios médicos agências bancárias cabeleireiros entre outros Porém acolhem apenas os iguais rejeitando aqueles que não pertencem ao mesmo grupo social e sendo assim destinamse a oferecer mais um espaço de distinção do que um ambiente para compras Ainda segundo Leitão 2009 ao que diz respeito à configuração urbanística os shoppings constituise em espaços de guetos em enormes bolsões edificados apartados dos espaços que os circunda assentados muitas vezes no ambiente construído como elefantes em lojas de louça O seu entorno se transforma para acolher esses espaços independentemente da ameaça que os mesmos possam causar a outras áreas da cidade além de contribuir para a segregação socioespacial Com base nesses preceitos é que Leitão chama esse espaço de brasileirinho da silva ao enfatizar os padrões arquitetônicos no Brasil que parece indicar a opção da sociedade brasileira por um modo de vida privado e privatista ao extremo que entre outras características nega a rua A expressão Brasileirinha da Silva foi utilizada na obra de Gilberto Freyre Casa Grande e Senzala para se referir a produção arquitetônica brasileira que desde a sua origem tem conotações patriarcais a medida que se fecham contra a rua conforme o autor é a origem da CasaGrande De acordo com Padilha 2006 o shopping center o qual considera como uma nova cidade do capital pode ser entendido como um espaço privado anunciado como público criado para solucionar alguns problemas da cidade A cidade gera uma série de desajustes de desigualdades e de contradições mas também possibilita a criação de espaços considerados alternativos como o próprio shopping center Entretanto como tudo é alternativo o acesso real ao shopping center restringese a uma pequena parte da população Assim o espaço urbano do capital desencadeia uma série de problemas para todos enquanto possibilita alternativas para outros Os shoppings também se transformaram em pontos de encontro exercendo um papel desempenhado pelo espaço público em qualquer sociedade que além de ser aberto sem condição ou limitação para que a ele se tenha acesso é o espaço da pluralidade e do convívio com a diversidade diferente dos shoppings onde renda e classe social são condições imprescindíveis para nele ser bem recebido LEITÃO 2009 No entanto apesar de pontos de encontro parece que não para todas as classes sociais É o que se percebe com os recentes encontros de jovens de periferias marcados nos shoppings conhecidos como os rolezinhos Os shoppings de centros de compras a espaço de lazer são justificados pelo conforto segurança limpeza e modernidade que redesenham as cidades De um lado atrai para que pessoas sintam mais satisfação no mundo artificial de dentro e de outro se contrapõem se exclui se diferencia do mundo real de fora PADILHA 2006 Se é evidenciado a partir dele formas de segregação socioespacial seja pelo contraste com o entorno seja pela tentativa de se constituir um espaço público mesmo não sendo permeável a todas as classe por outro lado é objeto de desejo de boa parte da sociedade observado pela fato de se querer morar perto de um desses empreendimentos além de não haver nenhum tipo de contestação quando da sua implantação oriundas de projetos urbanos Ao contrário no imaginário popular se classifica o grau de desenvolvimento de uma cidade pela existência de shoppings como pelo tamanho e número de lojas dos mesmos Dessa forma questionase Qual o papel dos shoppings centers nas cidades brasileiras Quais os efeitos dos projetos de regeneração urbana que colocam os shoppings centers como elemento indutor do desenvolvimento A implantação desse tipo de empreendimento contribui para uma maior integração ou maior segregação socioespacial Como resposta a essas questões partese das seguintes hipóteses Os shoppings contribuem para a negação ou substituição dos espaços públicos porém não acessível a todas as classes sociais Os shoppings contribuem para o aumento da segregação socioespacial já presente nas cidades brasileiras contribuindo para a formação de guetos urbanos