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Medicina ·
Biologia
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CLASSIFICAÇÃO DAS VITAMINAS\n\nO critério para a classificação das vitaminas diz respeito à sua solubilidade. Vitaminas hidrossolúveis são aquelas que se dissolvem em água e outros solventes polares, e vitaminas lipossolúveis são aquelas solúveis apenas em óleos, gorduras e outros solventes orgânicos apolares.\n\nEsta divisão em hídrico e lipossolúvel acaba permitindo uma outra divisão: vitaminas hidrossolúveis, são encontradas em alimentos ricos em água, como levaduras, frutas e verduras, basicamente, e as lipossolúveis são encontradas em alimentos gordurosos, como óleos e sementes, ou ricos em lipídios carotenoides, como cenoura e beterraba.\n\nMiúdos de carne (fígado, coração, moela, etc), leite e ovos são alimentos bem completos em termos de vitaminas, sendo boas fontes de quaisquer vitaminas.\n\nVitaminas hidrossolúveis: Complexo B, C e P.\nVitaminas lipossolúveis: A, D, E e K.\n\nAs vitaminas lipossolúveis são mais fáceis de armazenar, em particular no fígado. Assim, é mais fácil uma hipovitaminose por elas do que pelas hidrossolúveis. De modo semelhante, é mais fácil uma hipovitaminose por vitaminas hidrossolúveis do que pelas lipossolúveis.\n\nVITAMINAS HIDROSSOLÚVEIS\n\n1. COMPLEXO B\n\nO complexo B compreende uma série de vitaminas encontradas em fontes semelhantes, como vegetais folhosos e leveduras, e que atuam como coenzimas ligadas ao processo de respiração celular. Assim, a falta nutricional delas leva a males semelhantes, como dermatoses e neurites, resultantes da deficiência enzimática na oxidação da glicose.\n\nAs dermatites (inflamação na pele) acontecem porque a pele está em constante descamação (a camada mais externa da epiderme, dita córnea, é composta por células mortas; estas são continuamente eliminadas pelo atrito da pele com outros corpos, como os próprios sabonetes de banho, por exemplo) e reposição (novas células são produzidas para substituir as que foram perdidas, a fim de manter a integridade da pele). Como a produção de novas células consome energia, a falta desta, ocasionada pela deficiência de complexo B, impede a reposição das células da epiderme e só acontece a descamação, o que causa a inflamação.\n\nAs neurites acontecem porque os neurônios dependem exclusivamente da energia proveniente da quebra da glicose. Com a falta do complexo B, este processo fica prejudicado e, consequentemente, as células nervosas. Estas neurites causam dores nos nervos, fraqueza muscular e demência. 1.1. VITAMINA B1 OU TIAMINA\n\nA tiamina, aneuirina ou vitamina B1 foi a primeira vitamina a ser isolada. É obtida na alimentação na forma de cloridrato de tiamina, mas a forma ativa é a TPP, tiamina pirofosfato, que aparece através da fosforilação da tiamina com duas moléculas de ácido fosfórico (H3PO4).\n\nO requisito diário de tiamina é, em geral, para o homem, de doses diárias (independentemente da idade) entre 1 e 2 mg. As principais fontes são vegetais de folhas verdes, cuticula de arroz (e arroz integral), legumes, carne de porco, miúdos de carne (fígado, coração, rim) e outros. No homem, os melhores depósitos de TPP (tiamina ativa) são fígado, coração e rins.\n\nNa carência de B1, ocorre distúrbio metabólico na etapa de formação de acetil-coA, com acúmulo anormal de compostos intermediários, o que se expressa clinicamente como o beribéri (do japonês “eu não possuo”, ou não posso”), também chamado shoshin (palavra de origem galesa que significa debilidade).\n\nO beribéri é uma polineuropatia generalizada caracterizada pela falta de iniciativa, anorexia, depressão mental, dores nos nervos, fadiga e paralisia dos membros e sintomas fisiológicos decorrentes dos problemas neurológicos.\n\n1.2. VITAMINA B2 OU RIBOFLAVINA\n\nTambém é conhecida como riboflavina, a vitamina B2 atua na forma de FAD (flavina-adenina-dinucleotídeo) em combinação com enzimas desidrogenases (flavoproteínas ou flavinas desidrogenases). Estas enzimas atuam através da oxidação de compostos pela retirada de hidrogênios.\n\nNo Ciclo de Krebs, o FAD atua como acceptor intermediário de elétrons/hidrogênios, acumulando energia eletroes no final do processo respiratório, o FADH2 transfere elétrons para o oxigênio através dos citocromos, liberando a energia acumulada para que ela produza ATP e íons H+, regenerando o FAD.\n\nA riboflavina é obtida em leite e derivados, folhas verdes, cereais e legumes, ovos e miúdos de carne. A flora bacteriana intestinal produz pequenas quantidades de B2, o que impede formas muito graves de avitaminose. A recomendação diária varia de 0,4 mg para lactentes e 1,9 mg para mulheres que estão amamentando.\n\nA carência de B2 pode resultar em:\n\n- queilite ou estomatite angular (fissuras do canto da boca e inflamação local, descamação e formação de crostas);\n\n- glosite (inflamação da língua);\n\n- problemas oculares (córnea anormalmente vascularizada por proliferação e congestão de capilares, fadiga óptica e fotofobia);\n\n- dermatitis na região do nariz e esgoto. 1.5 VITAMINA B6 OU PIRIDOXINA\n\nO grupo da vitamina B6 consiste em três compostos intimamente relacionados, piridoxina, piridoxal e piridoxamina, os quais são biologicamente facilmente interconvertíveis. A forma ativa é o piridoxal-fosfato, podendo ocorrer também na forma amina, piridoxamina-fosfato.\n\nA vitamina B6 age no metabolismo de aminoácidos no fígado, nos processos de transaminação e desaminação. Transaminação, para quem não lembra, é a produção de aminoácidos naturais no corpo a partir dos aminoácidos essenciais obtidos na dieta. Já a desaminação é a remoção de grupos amino dos aminoácidos, para que eles possam ser utilizados na atividade respiratória. É mais ou menos assim:\n\nAminoácidos\n\nDesaminação\n\nÁcidos Orgânicos\n\nCiclo de Krebs\n\nEnergia\n\nAmônia (tóxica)\n\nCiclo da oritina\n\nUréia (menos tóxica)\n\nA informação referente ao conteúdo de piridoxina nos alimentos é ainda incompleta, devido às dificuldades de análise. Boas fontes são fígado, carne, cereais integrais, soja, milho e outros vegetais. O requisito diário de B6 está entre 1,5 e 2 mg para adultos.\n\nOs sintomas mais comuns da carência são:\n\n– a dermatite seborreica ao redor dos olhos, nariz, boca e atrás das orelhas;\n\n– dores nas extremidades do corpo, seguida de prejuízo motor, a acrodinia;\n\n– além disto, a deficiência na transaminação dos aminoácidos leva a uma desaminação (retirada do grupo amina) excessiva dos mesmos, provocando um aumento na produção de ureia (derivada da desaminação de aminoácidos), que é tóxica.\n\nTome nota: ascorbato funciona como uma barreira de proteção ao colágeno, oxidando-se a ácido dehidroascórbico antes que a oxidação afete os tecidos, preservando-os íntegros.\n\nNão se sabe exatamente como, mas o ácido ascórbico também parece aumentar a resistência do organismo contra danos causados por queimaduras e toxinas bacterianas, apesar de haver questionamentos a respeito dessa ação.\n\nOs alimentos mais ricos em vitamina C são as frutas cítricas e certas verduras e legumes. Excelentes fontes são acerola, quivi, caju, pimentão, limão, laranja, tomate, batata e verduras crucíferas. Como a vitamina C é muito sensível à oxidação, as condições de armazenamento e métodos de preparo influenciam significativamente no teor final de vitamina nos alimentos. O congelamento em si e seu armazenamento neste estado é acompanhado de pequena perda, mas lavagem (perda mecânica), exposição prolongada à temperatura ambiente e cozimento pode conduzir a perdas de até 50%.\n\nExistem razões controversiais nas recomendações de uma ingestão diária satisfatória de vitamina C. O requerido diário parece estar em cerca de 45 mg por dia para adultos, recomendando-se quantidades pouco maiores para gestantes e menores para lactentes. No organismo humano, o armazenamento ocorre em grãos como fígado, pâncreas e glândulas supra-renais.\n\nA hipovitaminose de vitamina C acarreta uma doença conhecida como escorbuto. Atualmente raro, o escorbuto em sua forma clássica era comum em marinheiros e exploradores que dependiam de dietas baseadas em conservas e carnes salgadas, ausentes de vegetais e frutas frescas.\n\nO efeito básico na carência de vitamina C é o prejuízo na formação de colágeno e dificuldade na manutenção da integridade do mesmo, pois ele tende a se oxidar. Desta maneira, a substância fundamental dos tecidos conjuntivos começa a se degradar, acarretando na destruição dos mesmos. Os sintomas decorrentes são vários:\n\n- Hemorragias aparecem, devido à degradação do tecido conjuntivo dos vasos. Tais hemorragias são principalmente cutâneas (na pele), periorbitais (o que provoca dor nos movimentos relacionados a estas articulações) e gengivais.\n\n- Com a falta de colágeno, não há como manter a matriz que sustenta os sais de cálcio (carbonato, fosfato e hidroxiapatita) em ossos e dentes, que ficam esponjosos e quebradiços. Fraturas passam a ocorrer com facilidade e não há uma fixação adequada dos dentes nos alvéolos de maxila e mandíbula, tornando os dentes passíveis de cair e cheios de cavidades e escoriações.\n\n- A cicatrização fica deficiente, pois não há colágeno para formar o tecido conjuntivo responsável pela cicatrização.\n\n- Por fim, em casos mais avançados, ocorrem também hemorragias gastrointestinais, geniturinárias e mesocerebrais, provocando inclusive distúrbios de ordem neurológica.\n\nCamões, em sua obra-prima, os Lusíadas, descreve assim o escorbuto: \"E foi o que de doença crua e feia,\nA mais que eu nunca vi, desamparam\nMuitos a vida, e em terra estranha e alheia\nOs ossos para sempre sepultaram.\nQuem haverá que sem o ver o creia?\n\nAprecia c'um fétido e bruto\nCheiro, que o ar vizinho inficionava:\nNão tínhamos ali médico astuto,\nCirurgião sutil menos se achava;\nMas qualquer, neste ofício pouco instruído\nPela carne já podre assi cortava,\nComo se fora morta; e bem convinha,\nPois que morto ficava quem a tinha.\"\n\n\"Os Lusíadas\" – Camões, Canto V, 81/82\n\nO organismo torna-se frágil e sensível a infecções, que passam a instalar-se com facilidade (as mucosas, revestidas internamente por tecido conjuntivo e primeira barreira contra a ação de microorganismos, encontram-se fragilizadas). Dai a chamada função anti-infectosa da vitamina C.\n\nO combate que a vitamina C dá a gripes e resfriados está num aumento generalizado de resistência orgânica por mecanismos ainda não plenamente conhecidos, mas provavelmente envolvendo o aumento na produção de anticorpos.\n\nTambém conhecida como heperidina, rutina, citrina ou bioflavonoides, tem a função de evitar uma excessiva fragilidade e permeabilidade dos capilares sanguíneos. Como um dos seus sinônimos sugere, as principais fontes são frutas cítricas, além de vegetais folhosos. Vinho e chocolate amargo são também boas fontes!\n\nTome nota: A vitamina D também participa da atividade de osteoblastos e osteoclastos, propiciando o crescimento normal dos ossos em resposta a estímulos mecânicos que atuam sobre eles. A deficiência dessa vitamina leva a uma diminuição da atividade dos osteoblastos, de modo que a matriz orgânica não é adequadamente produzida, assim como o excesso do mesmo acelera a ossificação do disco epifisial (solidatura das epífises), o que pode acelerar a parada no crescimento.\n\nA vitamina D propriamente dita é obtida apenas em fontes animais (peixes, fígado, gema de ovo, etc), mas seus precursores são abundantes em vegetais de folhas verdes e amarelas e em frutas e raízes amarelas (cenoura, batata-doce, batata, etc). Outras fontes são leite, manteiga, tomate, etc. As necessidades diárias estão em torno de 5000 UI para homens, 4000 para mulheres, e cerca de 1400 para lactentes. A UI para a vitamina A é de 0,3 μg de retinol. (UI ou Unidade Internacional é uma unidade de medida de dose de certas substâncias como vitaminas e varia conforme a substância). A ingestão excessiva (5000 UI para adultos) provoca hipervitaminose, caracterizada por aumento no fígado (hepatomegalia; o fígado é o órgão do corpo humano responsável pelo armazenamento de 95% da vitamina A no mesmo) e de alterações na aparência e descamação da pele (dermatite), prurido generalizado, queda de cabelos, náuseas e dores de cabeça.\n\nResumidamente, a hipovitaminose, como já discutido, caracteriza-se por xerodermia, xeroftalmia e hemeralopia, blefarocalazia.\n\n2. VITAMINA D OU CALCIFEROL\n\nA vitamina D é um derivado do colesterol, sendo, pois, um esteroide. Existem vários compostos esteroides capazes de prevenir e curar o raquitismo, como os vitamines D1, D2, D3 e D4. Dentre estes, têm importância prática fundamental a vitamina D2 e D3.\n\n- A vitamina D2 ou ergocalciferol é preparada pela irradiação ultravioleta a partir do ergosterol (provitamina D2) dos vegetais.\n\n- A vitamina D3 ou colecalciferol ou 7-deidrocolecsterol ativado é um composto muito semelhante; forma-se na pele humana diante da luz solar ou por irradiação ultravioleta a partir da provitamina D3 (7-deidrocolesterol). Daí a importância de banhos de sol em bebês e crianças muito jovens: a ativação da vitamina D pelo componente ultravioleta dos raios de sol.\n\nEstrutura da vitamina D. Volte à aula de lipídios e compare com a estrutura do colesterol. A semelhança é bastante grande. Ambas as moléculas de vitamina D em sua forma ativa, caem na circulação sanguínea e são convertidas em 25-hidroxicolecalciferol (25D) no fígado, que depois é convertido em 1,25-dihidroxicolecalciferol (1,25D) nos rins. Esta última molécula tem ação hormonal e é responsável pelos efeitos da vitamina D.\n\nA vitamina D aumenta a utilização e retenção de cálcio e fósforo na dieta aumentando a absorção dos mesmos no intestino; possui também o efeito específico de reduzir a excreção de fósforo na urina, estimulando sua reabsorção pelos túbulos renais.\n\nUma carência da vitamina D resulta em absorção intestinal inadequada de cálcio e fósforo. Os maiores reflexos desta falta de cálcio no organismo serão-se nos ossos, que precisam grandes quantidades deste mineral para manter a sua rigidez, provenientes desta mineralização.\n\nEm crianças, isto acarreta uma doença conhecida como raquitismo. Neste caso, a matriz orgânica cartilaginosa previu a formação do osso e formada, mas os sais de cálcio e fósforo não são depositados por não estarem presentes. Os ossos não crescem, pois, de maneira adequada, resultando em deficiências de crescimento e alterações na estrutura normal dos ossos. Além disso, a falta de rígidez nos ossos pela sua desmineralização faz com que os ossos dos membros inferiores curvem-se ante o peso do próprio corpo, ou para dentro, como o nome gerações e diante. Problemas de coluna como escoliose (desvio lateral), cifose (projeção da região torácica e cervical para frente), e lordose (projeção da região lombar para trás) e peito-de-pombo ou pectum carenatum (projeção das costelas para frente) também podem ocorrer. For fim, a ossificação pode também num crânio mole e na erupção tardia, má-formação e excessiva fragilidade dos dentes de crianças raquíticas.\n\nGenuvalgo e genuvaro, respectivamente.\n\nTome nota: Atualmente, sabe-se que vários tecidos do corpo humano apresentam receptores para a forma funcional da vitamina D (1,25D). Dentre as regiões estimuladas pela vitamina D, estão as células imunológicas. Assim, sabe-se que banhos de sol são úteis para a manutenção da resistência orgânica. Por exemplo, antes do advento dos antibióticos, a tuberculose, causada pela bactéria Mycobacterium tuberculosis, era tratada empiricamente com banhos de sol. Não se sabia por que, mas a ação da vitamina D é a principal candidata para explicar o efeito da \"terapia do sol\".\nA maioria dos alimentos contém quantidades pequenas de D. Os alimentos que a têm são de origem animal. Peixes de água salgada, especialmente aqueles com alto teor de óleo (salmão, sardinha, arenque), são as fontes mais ricas. Gemas de ovos e leite bovino possuem quantidades substanciais (no caso dos leites utilizados para dieta de lactentes, é adicionado um suplemento de vitamina D para satisfazer as necessidades da vitamina). A ingestão diária recomendada está em cerca de 400 UI (com a única variação D para a vitamina D em 0,025 mg), sendo a média consumida em torno de 300 a 3000 UI.\nA ingestão em doses de 10.000 a 20.000 UI diárias para crianças e 100.000 UI para adultos leva a uma hipervitaminose. Tal síndrome tem por sintomas anorexia, vômitos, dor de cabeça, sonolência e diarreia. Mais: os níveis de cálcio e fósforo aumentam, e depósitos de cálcio passam a ser encontrados no coração, grandes vasos, túbulos renais e outros tecidos moles.\n\nObservação: Apesar do nome da condição causada pela falta de vitamina D no adulto não ser osteoporose, e sim osteomalácia, a osteoporose é multifatorial, estando relacionada a fatores como deficiência hormonal e velhice, sendo que fatores como o excesso de cafeína e nicotina e a falta de vitamina A e vitamina D podem contribuir para seu surgimento e/ou agravamento. TABELA DE RESUMO\n\nVitamina Denominação Efeito da Hipovitaminose\nB1 Tiamina beribéri\nB2 Riboflavina (FAD) dermatite; quelite\nPP ou B3 Nicotinamida (NAD) pelagra\nH Biotina seborreia; alopecia\nB5 Ácido Pantotênico (Coenzima A) dermatite; neurite\nB6 Piridoxina acrodinia\nB9 Ácido Fólico anemia perniciosa; espinha bífida; anencefalia\nB12 Cianocobalamina anemia perniciosa\nC Ácido Ascórbico escorbuto\nP Bioflavonóides fragilidade capilar\nA Retinol ou Axeroftol hemeralopia; xeroftalmia; xerodermia\nD Colecalciferol raquitismo (infância); osteomalácia (idade adulta)\nE Tocopherol esterilidade masculina; aborto; distrofia do miocárdio\nK Filoquinona e Menaquinona hemorragias
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CLASSIFICAÇÃO DAS VITAMINAS\n\nO critério para a classificação das vitaminas diz respeito à sua solubilidade. Vitaminas hidrossolúveis são aquelas que se dissolvem em água e outros solventes polares, e vitaminas lipossolúveis são aquelas solúveis apenas em óleos, gorduras e outros solventes orgânicos apolares.\n\nEsta divisão em hídrico e lipossolúvel acaba permitindo uma outra divisão: vitaminas hidrossolúveis, são encontradas em alimentos ricos em água, como levaduras, frutas e verduras, basicamente, e as lipossolúveis são encontradas em alimentos gordurosos, como óleos e sementes, ou ricos em lipídios carotenoides, como cenoura e beterraba.\n\nMiúdos de carne (fígado, coração, moela, etc), leite e ovos são alimentos bem completos em termos de vitaminas, sendo boas fontes de quaisquer vitaminas.\n\nVitaminas hidrossolúveis: Complexo B, C e P.\nVitaminas lipossolúveis: A, D, E e K.\n\nAs vitaminas lipossolúveis são mais fáceis de armazenar, em particular no fígado. Assim, é mais fácil uma hipovitaminose por elas do que pelas hidrossolúveis. De modo semelhante, é mais fácil uma hipovitaminose por vitaminas hidrossolúveis do que pelas lipossolúveis.\n\nVITAMINAS HIDROSSOLÚVEIS\n\n1. COMPLEXO B\n\nO complexo B compreende uma série de vitaminas encontradas em fontes semelhantes, como vegetais folhosos e leveduras, e que atuam como coenzimas ligadas ao processo de respiração celular. Assim, a falta nutricional delas leva a males semelhantes, como dermatoses e neurites, resultantes da deficiência enzimática na oxidação da glicose.\n\nAs dermatites (inflamação na pele) acontecem porque a pele está em constante descamação (a camada mais externa da epiderme, dita córnea, é composta por células mortas; estas são continuamente eliminadas pelo atrito da pele com outros corpos, como os próprios sabonetes de banho, por exemplo) e reposição (novas células são produzidas para substituir as que foram perdidas, a fim de manter a integridade da pele). Como a produção de novas células consome energia, a falta desta, ocasionada pela deficiência de complexo B, impede a reposição das células da epiderme e só acontece a descamação, o que causa a inflamação.\n\nAs neurites acontecem porque os neurônios dependem exclusivamente da energia proveniente da quebra da glicose. Com a falta do complexo B, este processo fica prejudicado e, consequentemente, as células nervosas. Estas neurites causam dores nos nervos, fraqueza muscular e demência. 1.1. VITAMINA B1 OU TIAMINA\n\nA tiamina, aneuirina ou vitamina B1 foi a primeira vitamina a ser isolada. É obtida na alimentação na forma de cloridrato de tiamina, mas a forma ativa é a TPP, tiamina pirofosfato, que aparece através da fosforilação da tiamina com duas moléculas de ácido fosfórico (H3PO4).\n\nO requisito diário de tiamina é, em geral, para o homem, de doses diárias (independentemente da idade) entre 1 e 2 mg. As principais fontes são vegetais de folhas verdes, cuticula de arroz (e arroz integral), legumes, carne de porco, miúdos de carne (fígado, coração, rim) e outros. No homem, os melhores depósitos de TPP (tiamina ativa) são fígado, coração e rins.\n\nNa carência de B1, ocorre distúrbio metabólico na etapa de formação de acetil-coA, com acúmulo anormal de compostos intermediários, o que se expressa clinicamente como o beribéri (do japonês “eu não possuo”, ou não posso”), também chamado shoshin (palavra de origem galesa que significa debilidade).\n\nO beribéri é uma polineuropatia generalizada caracterizada pela falta de iniciativa, anorexia, depressão mental, dores nos nervos, fadiga e paralisia dos membros e sintomas fisiológicos decorrentes dos problemas neurológicos.\n\n1.2. VITAMINA B2 OU RIBOFLAVINA\n\nTambém é conhecida como riboflavina, a vitamina B2 atua na forma de FAD (flavina-adenina-dinucleotídeo) em combinação com enzimas desidrogenases (flavoproteínas ou flavinas desidrogenases). Estas enzimas atuam através da oxidação de compostos pela retirada de hidrogênios.\n\nNo Ciclo de Krebs, o FAD atua como acceptor intermediário de elétrons/hidrogênios, acumulando energia eletroes no final do processo respiratório, o FADH2 transfere elétrons para o oxigênio através dos citocromos, liberando a energia acumulada para que ela produza ATP e íons H+, regenerando o FAD.\n\nA riboflavina é obtida em leite e derivados, folhas verdes, cereais e legumes, ovos e miúdos de carne. A flora bacteriana intestinal produz pequenas quantidades de B2, o que impede formas muito graves de avitaminose. A recomendação diária varia de 0,4 mg para lactentes e 1,9 mg para mulheres que estão amamentando.\n\nA carência de B2 pode resultar em:\n\n- queilite ou estomatite angular (fissuras do canto da boca e inflamação local, descamação e formação de crostas);\n\n- glosite (inflamação da língua);\n\n- problemas oculares (córnea anormalmente vascularizada por proliferação e congestão de capilares, fadiga óptica e fotofobia);\n\n- dermatitis na região do nariz e esgoto. 1.5 VITAMINA B6 OU PIRIDOXINA\n\nO grupo da vitamina B6 consiste em três compostos intimamente relacionados, piridoxina, piridoxal e piridoxamina, os quais são biologicamente facilmente interconvertíveis. A forma ativa é o piridoxal-fosfato, podendo ocorrer também na forma amina, piridoxamina-fosfato.\n\nA vitamina B6 age no metabolismo de aminoácidos no fígado, nos processos de transaminação e desaminação. Transaminação, para quem não lembra, é a produção de aminoácidos naturais no corpo a partir dos aminoácidos essenciais obtidos na dieta. Já a desaminação é a remoção de grupos amino dos aminoácidos, para que eles possam ser utilizados na atividade respiratória. É mais ou menos assim:\n\nAminoácidos\n\nDesaminação\n\nÁcidos Orgânicos\n\nCiclo de Krebs\n\nEnergia\n\nAmônia (tóxica)\n\nCiclo da oritina\n\nUréia (menos tóxica)\n\nA informação referente ao conteúdo de piridoxina nos alimentos é ainda incompleta, devido às dificuldades de análise. Boas fontes são fígado, carne, cereais integrais, soja, milho e outros vegetais. O requisito diário de B6 está entre 1,5 e 2 mg para adultos.\n\nOs sintomas mais comuns da carência são:\n\n– a dermatite seborreica ao redor dos olhos, nariz, boca e atrás das orelhas;\n\n– dores nas extremidades do corpo, seguida de prejuízo motor, a acrodinia;\n\n– além disto, a deficiência na transaminação dos aminoácidos leva a uma desaminação (retirada do grupo amina) excessiva dos mesmos, provocando um aumento na produção de ureia (derivada da desaminação de aminoácidos), que é tóxica.\n\nTome nota: ascorbato funciona como uma barreira de proteção ao colágeno, oxidando-se a ácido dehidroascórbico antes que a oxidação afete os tecidos, preservando-os íntegros.\n\nNão se sabe exatamente como, mas o ácido ascórbico também parece aumentar a resistência do organismo contra danos causados por queimaduras e toxinas bacterianas, apesar de haver questionamentos a respeito dessa ação.\n\nOs alimentos mais ricos em vitamina C são as frutas cítricas e certas verduras e legumes. Excelentes fontes são acerola, quivi, caju, pimentão, limão, laranja, tomate, batata e verduras crucíferas. Como a vitamina C é muito sensível à oxidação, as condições de armazenamento e métodos de preparo influenciam significativamente no teor final de vitamina nos alimentos. O congelamento em si e seu armazenamento neste estado é acompanhado de pequena perda, mas lavagem (perda mecânica), exposição prolongada à temperatura ambiente e cozimento pode conduzir a perdas de até 50%.\n\nExistem razões controversiais nas recomendações de uma ingestão diária satisfatória de vitamina C. O requerido diário parece estar em cerca de 45 mg por dia para adultos, recomendando-se quantidades pouco maiores para gestantes e menores para lactentes. No organismo humano, o armazenamento ocorre em grãos como fígado, pâncreas e glândulas supra-renais.\n\nA hipovitaminose de vitamina C acarreta uma doença conhecida como escorbuto. Atualmente raro, o escorbuto em sua forma clássica era comum em marinheiros e exploradores que dependiam de dietas baseadas em conservas e carnes salgadas, ausentes de vegetais e frutas frescas.\n\nO efeito básico na carência de vitamina C é o prejuízo na formação de colágeno e dificuldade na manutenção da integridade do mesmo, pois ele tende a se oxidar. Desta maneira, a substância fundamental dos tecidos conjuntivos começa a se degradar, acarretando na destruição dos mesmos. Os sintomas decorrentes são vários:\n\n- Hemorragias aparecem, devido à degradação do tecido conjuntivo dos vasos. Tais hemorragias são principalmente cutâneas (na pele), periorbitais (o que provoca dor nos movimentos relacionados a estas articulações) e gengivais.\n\n- Com a falta de colágeno, não há como manter a matriz que sustenta os sais de cálcio (carbonato, fosfato e hidroxiapatita) em ossos e dentes, que ficam esponjosos e quebradiços. Fraturas passam a ocorrer com facilidade e não há uma fixação adequada dos dentes nos alvéolos de maxila e mandíbula, tornando os dentes passíveis de cair e cheios de cavidades e escoriações.\n\n- A cicatrização fica deficiente, pois não há colágeno para formar o tecido conjuntivo responsável pela cicatrização.\n\n- Por fim, em casos mais avançados, ocorrem também hemorragias gastrointestinais, geniturinárias e mesocerebrais, provocando inclusive distúrbios de ordem neurológica.\n\nCamões, em sua obra-prima, os Lusíadas, descreve assim o escorbuto: \"E foi o que de doença crua e feia,\nA mais que eu nunca vi, desamparam\nMuitos a vida, e em terra estranha e alheia\nOs ossos para sempre sepultaram.\nQuem haverá que sem o ver o creia?\n\nAprecia c'um fétido e bruto\nCheiro, que o ar vizinho inficionava:\nNão tínhamos ali médico astuto,\nCirurgião sutil menos se achava;\nMas qualquer, neste ofício pouco instruído\nPela carne já podre assi cortava,\nComo se fora morta; e bem convinha,\nPois que morto ficava quem a tinha.\"\n\n\"Os Lusíadas\" – Camões, Canto V, 81/82\n\nO organismo torna-se frágil e sensível a infecções, que passam a instalar-se com facilidade (as mucosas, revestidas internamente por tecido conjuntivo e primeira barreira contra a ação de microorganismos, encontram-se fragilizadas). Dai a chamada função anti-infectosa da vitamina C.\n\nO combate que a vitamina C dá a gripes e resfriados está num aumento generalizado de resistência orgânica por mecanismos ainda não plenamente conhecidos, mas provavelmente envolvendo o aumento na produção de anticorpos.\n\nTambém conhecida como heperidina, rutina, citrina ou bioflavonoides, tem a função de evitar uma excessiva fragilidade e permeabilidade dos capilares sanguíneos. Como um dos seus sinônimos sugere, as principais fontes são frutas cítricas, além de vegetais folhosos. Vinho e chocolate amargo são também boas fontes!\n\nTome nota: A vitamina D também participa da atividade de osteoblastos e osteoclastos, propiciando o crescimento normal dos ossos em resposta a estímulos mecânicos que atuam sobre eles. A deficiência dessa vitamina leva a uma diminuição da atividade dos osteoblastos, de modo que a matriz orgânica não é adequadamente produzida, assim como o excesso do mesmo acelera a ossificação do disco epifisial (solidatura das epífises), o que pode acelerar a parada no crescimento.\n\nA vitamina D propriamente dita é obtida apenas em fontes animais (peixes, fígado, gema de ovo, etc), mas seus precursores são abundantes em vegetais de folhas verdes e amarelas e em frutas e raízes amarelas (cenoura, batata-doce, batata, etc). Outras fontes são leite, manteiga, tomate, etc. As necessidades diárias estão em torno de 5000 UI para homens, 4000 para mulheres, e cerca de 1400 para lactentes. A UI para a vitamina A é de 0,3 μg de retinol. (UI ou Unidade Internacional é uma unidade de medida de dose de certas substâncias como vitaminas e varia conforme a substância). A ingestão excessiva (5000 UI para adultos) provoca hipervitaminose, caracterizada por aumento no fígado (hepatomegalia; o fígado é o órgão do corpo humano responsável pelo armazenamento de 95% da vitamina A no mesmo) e de alterações na aparência e descamação da pele (dermatite), prurido generalizado, queda de cabelos, náuseas e dores de cabeça.\n\nResumidamente, a hipovitaminose, como já discutido, caracteriza-se por xerodermia, xeroftalmia e hemeralopia, blefarocalazia.\n\n2. VITAMINA D OU CALCIFEROL\n\nA vitamina D é um derivado do colesterol, sendo, pois, um esteroide. Existem vários compostos esteroides capazes de prevenir e curar o raquitismo, como os vitamines D1, D2, D3 e D4. Dentre estes, têm importância prática fundamental a vitamina D2 e D3.\n\n- A vitamina D2 ou ergocalciferol é preparada pela irradiação ultravioleta a partir do ergosterol (provitamina D2) dos vegetais.\n\n- A vitamina D3 ou colecalciferol ou 7-deidrocolecsterol ativado é um composto muito semelhante; forma-se na pele humana diante da luz solar ou por irradiação ultravioleta a partir da provitamina D3 (7-deidrocolesterol). Daí a importância de banhos de sol em bebês e crianças muito jovens: a ativação da vitamina D pelo componente ultravioleta dos raios de sol.\n\nEstrutura da vitamina D. Volte à aula de lipídios e compare com a estrutura do colesterol. A semelhança é bastante grande. Ambas as moléculas de vitamina D em sua forma ativa, caem na circulação sanguínea e são convertidas em 25-hidroxicolecalciferol (25D) no fígado, que depois é convertido em 1,25-dihidroxicolecalciferol (1,25D) nos rins. Esta última molécula tem ação hormonal e é responsável pelos efeitos da vitamina D.\n\nA vitamina D aumenta a utilização e retenção de cálcio e fósforo na dieta aumentando a absorção dos mesmos no intestino; possui também o efeito específico de reduzir a excreção de fósforo na urina, estimulando sua reabsorção pelos túbulos renais.\n\nUma carência da vitamina D resulta em absorção intestinal inadequada de cálcio e fósforo. Os maiores reflexos desta falta de cálcio no organismo serão-se nos ossos, que precisam grandes quantidades deste mineral para manter a sua rigidez, provenientes desta mineralização.\n\nEm crianças, isto acarreta uma doença conhecida como raquitismo. Neste caso, a matriz orgânica cartilaginosa previu a formação do osso e formada, mas os sais de cálcio e fósforo não são depositados por não estarem presentes. Os ossos não crescem, pois, de maneira adequada, resultando em deficiências de crescimento e alterações na estrutura normal dos ossos. Além disso, a falta de rígidez nos ossos pela sua desmineralização faz com que os ossos dos membros inferiores curvem-se ante o peso do próprio corpo, ou para dentro, como o nome gerações e diante. Problemas de coluna como escoliose (desvio lateral), cifose (projeção da região torácica e cervical para frente), e lordose (projeção da região lombar para trás) e peito-de-pombo ou pectum carenatum (projeção das costelas para frente) também podem ocorrer. For fim, a ossificação pode também num crânio mole e na erupção tardia, má-formação e excessiva fragilidade dos dentes de crianças raquíticas.\n\nGenuvalgo e genuvaro, respectivamente.\n\nTome nota: Atualmente, sabe-se que vários tecidos do corpo humano apresentam receptores para a forma funcional da vitamina D (1,25D). Dentre as regiões estimuladas pela vitamina D, estão as células imunológicas. Assim, sabe-se que banhos de sol são úteis para a manutenção da resistência orgânica. Por exemplo, antes do advento dos antibióticos, a tuberculose, causada pela bactéria Mycobacterium tuberculosis, era tratada empiricamente com banhos de sol. Não se sabia por que, mas a ação da vitamina D é a principal candidata para explicar o efeito da \"terapia do sol\".\nA maioria dos alimentos contém quantidades pequenas de D. Os alimentos que a têm são de origem animal. Peixes de água salgada, especialmente aqueles com alto teor de óleo (salmão, sardinha, arenque), são as fontes mais ricas. Gemas de ovos e leite bovino possuem quantidades substanciais (no caso dos leites utilizados para dieta de lactentes, é adicionado um suplemento de vitamina D para satisfazer as necessidades da vitamina). A ingestão diária recomendada está em cerca de 400 UI (com a única variação D para a vitamina D em 0,025 mg), sendo a média consumida em torno de 300 a 3000 UI.\nA ingestão em doses de 10.000 a 20.000 UI diárias para crianças e 100.000 UI para adultos leva a uma hipervitaminose. Tal síndrome tem por sintomas anorexia, vômitos, dor de cabeça, sonolência e diarreia. Mais: os níveis de cálcio e fósforo aumentam, e depósitos de cálcio passam a ser encontrados no coração, grandes vasos, túbulos renais e outros tecidos moles.\n\nObservação: Apesar do nome da condição causada pela falta de vitamina D no adulto não ser osteoporose, e sim osteomalácia, a osteoporose é multifatorial, estando relacionada a fatores como deficiência hormonal e velhice, sendo que fatores como o excesso de cafeína e nicotina e a falta de vitamina A e vitamina D podem contribuir para seu surgimento e/ou agravamento. TABELA DE RESUMO\n\nVitamina Denominação Efeito da Hipovitaminose\nB1 Tiamina beribéri\nB2 Riboflavina (FAD) dermatite; quelite\nPP ou B3 Nicotinamida (NAD) pelagra\nH Biotina seborreia; alopecia\nB5 Ácido Pantotênico (Coenzima A) dermatite; neurite\nB6 Piridoxina acrodinia\nB9 Ácido Fólico anemia perniciosa; espinha bífida; anencefalia\nB12 Cianocobalamina anemia perniciosa\nC Ácido Ascórbico escorbuto\nP Bioflavonóides fragilidade capilar\nA Retinol ou Axeroftol hemeralopia; xeroftalmia; xerodermia\nD Colecalciferol raquitismo (infância); osteomalácia (idade adulta)\nE Tocopherol esterilidade masculina; aborto; distrofia do miocárdio\nK Filoquinona e Menaquinona hemorragias