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Gestão Ambiental

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FAZENDA IRMÃOS MAZZOCHIN Proprietário Genésio Mazzochin e Filhos MaracajúMS Aline Coelho Frasca Pedro Lopes Garcia Gustavo Spadotti Amaral Castro Thomas José Justo Miorini Caracterização da região e da propriedade A Agropecuária Irmãos Mazzochin está localizada na região de MaracajúMS Latitude 2136 Longitude 5510 Altitude 350500m em um terreno suavemente ondulado de textura argilosa a muito argilosa e tem área total de 1060 ha sendo que destes 810 ha são explorados para atividades agropecuárias A média de precipitação pluvial mm anual de MaracajuMS é considerada boa conforme dados contidos na Figura 1 durante o período de 1996 à 2005 Pela Figura 1 percebese que a média de todos os anos ultrapassa os 1000 mm de precipitação pluvial sendo que a média anual está ao redor de 1420 mm Na propriedade existem sete tratores uma semeadora TD Semeato para pastagem três semeadoras para semeadura direta soja e milho e duas colhedoras com ajuste sojamilho Os problemas da propriedade começaram a surgir em 2000 quando o grupo começou a constatar queda da produtividade dos grãos da safra de verão principalmente devido ao aparecimento do nematóide das raízes do gênero Rotylenchulus O nematóide reniforme Rotylenchulus reniformis Lindford Oliveira 1940 é um importante parasita de várias culturas de interesse econômico Até o início da atual década R reniformis foi considerado um parasita secundário para a soja Entretanto sua ocorrência tem aumentado de forma consistente nos últimos anos principalmente no Estado de Mato Grosso do Sul Asmus 2005 Constitui em emergente problema fitossanitário às lavouras de soja daquele Estado onde altas populações do nematóide têm sido associadas a perdas em produtividades na cultura Asmus 2005 As fêmeas de Rotylenchulus reniformis destroem as células epidérmais necrosam células vizinhas e provocam colapso do parênquima cortical injuriando também o floema de onde obtém seu alimento Como consequência as raízes danificadas paralisam seu crescimento Devido à ausência de sintomas externos nas raízes tornase necessária a análise de solo e raízes em laboratório Lordello 1981 TABELA 1 Cronograma de implantação do Sistema Integração LavouraPecuária Ano Pastagem Lavoura 2006 ha 170 ha 630 ha 2007 ha 270 ha 530 ha 2008 ha 200 ha 600 ha 2009 ha 355 ha 445 ha 2010 ha 400 ha 400 ha O grupo começou a utilizar o sistema Integração LavouraPecuária no ano de 2006 com uma área de 170 hectares Já no ano seguinte utilizou uma área de 270 hectares para a Integração No 3º ano o consórcio ocorreu para uma área de 210 hectares Pretendese no 5º ano ter 400 hectares de pastagem e 400 hectares de lavoura O proprietário deseja equilibrar o balanço entre pastagem e lavoura para a proporção de 13 de pasto para 23 de lavoura No 1º ano foi utilizado o capim MG 5 B brizantha e nos anos seguintes utilizouse Mombaça P maximum cv Mombaça O capim Mombaça que requer solos de média a alta fertilidade para adequado e rápido estabelecimento bem como para cobertura total do solo No entanto os resultados obtidos até o momento indicam que esta gramínea é mais eficiente na utilização do fósforo P disponível Os rendimentos de matéria seca estão em torno de 15 a 20 t ha¹ ano¹ O primeiro pastejo deve ser realizado 90 a 120 dias após a semeadura Os ganhos de peso animal¹ dia¹ variam de 450 a 700 g no período chuvoso e de 150 a 350 g na época de estiagem Os ganhos de peso ha¹ estão em torno de 350 a 500 kg O pastejo é iniciado quando as plantas atingem entre 090 a 10 m de altura as quais devem ser rebaixadas até cerca de 30 a 40 cm Sempre que possível utilizase pastejo rotativo de modo a otimizar o desempenho animal e a persistência da pastagem A forrageira MG 5XaraésToledo é considerada uma das mais resistentes à seca com mais volume de massa por hectare folhas mais largas raízes mais profundas e ótima palatabilidade e digestibilidade Mesmo no período da seca essa gramínea se mantém verde por mais tempo Com todas estas características a braquiária MG5 é uma excelente alternativa na formação de pastagens As forrageiras ficam com o crescimento estagnado sob a cultura do milho até que este comece a entrar no estágio final de desenvolvimento quando suas folhas começam a amarelecer permitindo que os raios solares atinjam a forrageira que neste momento volta a se desenvolver No momento da colheita do milho a braquiária já está estabelecida sendo que após a colheita em apenas 45 dias já se tem o pasto formado e propício para a alimentação do gado Este pasto por possuir grandes quantidades de reservas e se beneficiar da adubação aplicada nos cultivos de safra soja e safrinha milho poderá ter rápido desenvolvimento principalmente quando ocorrerem períodos de elevações das temperaturas e precipitações pluviais dentro das estações de outono e inverno Com isso ele se torna rústico o suficiente para suportar as adversidades do clima durante o inverno resistindo à seca e a leves geadas se mantendo verde até a próxima estação chuvosa suprindo as necessidades de alimentação do gado neste período Vale ainda ressaltar que pelo melhor desenvolvimento radicular que gera melhor aproveitamento de água e pela absorção dos nutrientes residuais das culturas antecessoras a pastagem de primeiro ano nunca seca sendo uma importante fonte de alimentação aos animais na época das secas Um dos motivos para começar a utilizar o sistema ILP e a rotação de culturas é a necessidade de eliminar ou minimizar os prejuízos causados pelo nematóide das raízes do gênero Rotylenchulus A primeira alternativa foi adotar um sistema de rotação de culturas com a semeadura de uma cultura de safrinha após a soja e um cereal de inverno na entressafra Esta técnica porém se mostrou ineficiente devido aos problemas com veranico que comumente afetam a região Segundo a Fundação Agrisul no Mato Grosso experimentos evidenciaram que em áreas infestadas por nematóide do solo Rotylenchulus reniformis o cultivo de braquiária e nabo forrageiro reduziram significativamente a presença dos nematóides em relação ao tratamento em alqueive refletindo na produtividade do algodoeiro cultivado em SPD na sequência Adotando o ILP o grupo conseguiu não só reduzir o potencial de dano do nematóide do gênero Rotylenchulus mas também elevar seus ganhos com a engorda de novilhas durante a estação seca gerando lucro com a pecuária e benefícios agronômicos para as culturas subsequentes A Tabela 2 mostra a redução do número de larvas por 200 cm³ de solo com a utilização do sistema ILP De 3910 larvas por 200 cm³ de solo caiu para 880 larvas 200 cm³ de solo Isso mostra a importância da rotação de cultura e da Integração na supressão deste patógeno Um dos primeiros problemas que ocorreram quando se adotou o ILP foi que a propriedade não possuía cercas Logo o investimento inicial foi alto No 1º ano os talhões possuíam uma área de 17 hectares o que era muito grande O tamanho ideal dos talhões foi de 12 a 15 hectares pois o animal caminhava pela área inteira e não ficava próximo ao bebedouro causando desuniformidade no pasto Os lotes são formados por 400 cabeças A fazenda possui cerca de 1400 cabeças de gado sendo que as novas pastagens são implementadas pelo sistema ILP Quanto à pecuária o grupo adota um sistema de engorda para o rebanho Novilhas de 15 meses cerca de 200 kg são arrematadas em leilões na região e passam 12 meses na fazenda saindo com 390 kg cabeça¹ totalizando em média um ganho de 05 kg cabeça¹ dia¹ As novilhas estão indo para o frigorífico com 141 com rendimento de carcaça de 52 Como suplemento o produtor utiliza sal mineral nos cochos misturados com resíduos de milho soja e aveia 100g de resíduo kg¹ de sal O produtor salienta que durante todos os ciclos das secas possui sempre 200 cabeças já prontas para o abate a fim de aumentar a liquidez da propriedade em caso de secas ou geadas mais severas A Tabela 3 mostra que a média de lotação de cabeça por hectare está na faixa de 4 cabeças Ou seja no período das águas o produtor terá mais gado que no período da seca Para reverter esta situação quando chega o período da seca o produtor já tem 200 cabeças para vender para frigorífico aumento da liquidez da propriedade em caso de secas ou geadas mais severas Como durante o período da seca o número de cabeças de gado cai pela metade as novilhas em estado avançado as mais velhas são suplementadas e as novilhas jovens continuam no pasto pois estas sentem menos TABELA 3 Taxa de lotação do pasto TABELA 4 Média de produtividade da soja e milho safrinha em sacas ha1 para as safras 200506 200607 e 200708 e a média dos 3 anos TABELA 5 Demonstrativo Agricultura x Pecuária quanto à área ha Custo R ha1 Renda Bruta R ha1 e Rentabilidade R ha1 Utilização de híbrido simples ou cultivar adaptada na safrinha O híbrido simples é extremamente produtivo mas este não pode expressar todo seu potencial na região Por isso a prática talvez deva ser repensada já que a produtividade está relativamente baixa mesmo sendo milho safrinha Algumas propriedades na mesma região chegam a produzir mais de 100 sacas ha1 na safrinha Logo talvez fosse interessante a utilização de um híbrido duplo ou uma cultivar adaptada à região Isso reduziria os custos com sementes e com os tratos culturais adubação pulverizações pois seria utilizada uma planta mais rústica Rotações de culturas Para instalar o sistema o produtor semeia a soja logo no início das chuvas conseguindo assim adiantar em alguns dias a colheita da soja Após a colheita desta o produtor semeia o pasto e depois o milho safrinha E a rotação fica sempre entre a soja e o milho safrinha O que se poderia fazer seria rotacionar mais a área com feijão algodão guandu ou crotalária para ajudar a resolver o problema do nematoide Rotylenchulus Devese apenas tomar cuidado com a utilização da crotalária no Sistema de Integração LavouraPecuária pois pode causar intoxicação ao gado Logo se for usar a crotalária teria que ser só para fazer a rotação e não utilizar na integração A crotalária é utilizada na adubação verde e cobertura do solo por serem plantas pouco exigentes e com grande potencial de fixação biológica de nitrogênio N 100 a 300 kg de N ha1 ano1 No mercado está faltando sementes de crotalária com isso o produtor poderia investir na produção de sementes desta leguminosa gerando mais uma alternativa de renda para a propriedade A semeadura da pastagem separada da semeadura do milho safrinha Esta técnica poderia ser eliminada com a utilização de um compartimento adicional afixado na semeadora de milho Figura 2 possibilitando semear o pasto junto com milho safrinha economizando o combustível além de horas do trator e do funcionário Outra alternativa seria a mistura da semente das forrageiras com o fertilizante de semeadura do milho safrinha semeando ambas simultaneamente Nesta opção a semente da forrageira seria depositada em uma camada mais profunda que a semente do milho Com isso a emergência da cultura granífera ocorreria antes impedindo com isso o rápido desenvolvimento da forrageira que permaneceria latente até que o milho iniciasse o processo de maturação Uma terceira alternativa para a formação da pastagem na ILP é a semeadura do pasto à lança em présemeadura do milho safrinha Estudos desenvolvidos na Fundação MS indicam que o revolvimento do solo causado pela semeadura do milho safrinha a 045 m já é suficiente para o recozimento das sementes das forrageiras garantindo a germinação das sementes das forrageiras FIGURA 2 Semeadora adaptada com compartimento extra para armazenamento das sementes das forrageiras na parte frontal A e dispositivo de distribuição à lança das sementes tipo leque B Sistema com baixa disponibilidade de nitrogênio Foi constatado que o sistema estava com baixa disponibilidade de N e que o teor de matéria orgânica vem diminuindo com o passar dos anos Para solucionar este problema o produtor precisaria de um aporte de N no sistema seja ele pela adição de fertilizantes ou mesmo pela utilização de adubos verdes Fazer a présecagem do excesso de forrageira do verão para fornecimento na seca O sistema de présecagem da forragem é um sistema onde o produtor consegue fazer um corte do excesso de forragem do verão para conseguir armazenar parte desta produção até o inverno Com isso ele minimiza as perdas com a sobra de pasto no verão e a falta de pasto no inverno Isso poderia fazer com que o produtor não diminuísse o número de cabeças por hectare na chegada da estação seca