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Psicologia ·
Psicologia Institucional
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227 Psicologia Teoria e Pesquisa AbrJun 2010 Vol 26 n 2 pp 227234 Adolescência através dos Séculos Teresa Helena SchoenFerreira1 Maria AznarFarias Universidade Federal de São Paulo Edwiges Ferreira de Mattos Silvares Universidade de São Paulo RESUMO A sociedade contemporânea ocidental estendeu o período da adolescência que não é mais encarada apenas como uma preparação para a vida adulta mas passou a adquirir sentido em si mesma como um estágio do ciclo vital O presente artigo procura descrever como os adolescentes eram vistos e tratados desde a antiguidade até os dias de hoje a partir de textos literários ou filosóficos e estudos científicos O material bibliográfico a respeito da adolescência caracterizase por três etapas distintas a descrição dos padrões de comportamento ajustamento pessoal e relacionamento a resolução de problemas reais por meio do conhecimento científico e o desenvolvimento positivo do indivíduo considerando os adolescentes como o futuro da humanidade Palavraschave adolescência história teorias sobre adolescência Adolescence through the Centuries ABSTRACT Contemporary western society has extended the period of adolescence which is no longer seen as a preparation for adult life but began to make sense of itself as part of the human lifecycle The present article aims to describe how adolescents have been seen and treated from antiquity to the present days as reported by literary or philosophical texts and scientific studies The bibliographic material on adolescence is characterized by three distinct stages description of behavior personal adjustment and relationship patterns problem solving through scientific knowledge and the positive development of the individual considering adolescents as the future of mankind Keywords adolescence history theories of adolescence 1 Endereço para correspondência Universidade Federal de São Paulo Centro de Atendimento e Apoio ao Adolescente CAAA Rua Botucatu 715 Vila Clementino Email teresaschoendpedepmbr rpetrass uolcombr 2 A OMS ainda aceita um outro estágio juventude que vai dos 15 aos 25 anos englobando o período intermediário e final da adolescência e o período inicial da vida adulta 3 Em alguns casos alguns artigos dessa lei podem ser estendidos aos 21 anos A adolescência é definida como um período biopsicos social que compreende segundo a Organização Mundial de Saúde OMS 1965 a segunda década da vida ou seja dos 10 aos 20 anos Esse também é o critério adotado pelo Ministério da Saúde do Brasil Brasil 2007a e pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IBGE Brasil 2007b Para o Estatuto da Criança e do Adolescente ECA o período vai dos 12 aos 18 anos Brasil 2007c Em geral a adoles cência iniciase com as mudanças corporais da puberdade e termina com a inserção social profissional e econômica na sociedade adulta Formigli Costa Porto 2000 As mudanças biológicas da puberdade são universais e visíveis modificando as crianças dandolhes altura forma e sexualidade de adultos À primeira vista a adolescência apresentase vinculada à idade portanto referindose à biolo gia ao estado e à capacidade do corpo Santos 2005 Essas mudanças entretanto não transformam por si só a pessoa em um adulto São necessárias outras mais variadas e menos visíveis para alcançar a verdadeira maturidade Berger Thompson 1997 mudanças e adaptações que dirigem o indivíduo para a vida adulta Bianculli 1997 Essas incluem as alterações cognitivas sociais e de perspectiva sobre a vida Martins Trindade Almeida 2003 Santos 2005 A adolescência é uma época de grandes transformações as quais repercutem não só no indivíduo mas em sua família e comunidade Kalina e Laufer 1974 entendem a adolescência como o segundo grande salto para a vida o salto em direção a si mesmo como ser individual Eses autores distinguem puber dade de adolescência Puberdade referese aos fenômenos fisiológicos que compreendem as mudanças corporais e hormonais enquanto adolescência diz respeito aos compo nentes psicossociais desse mesmo processo Melvin e Wolk mar 1993 também fazem essa diferenciação consideram que na puberdade está mais acentuada a maturação física e que a idade real de início pode variar muito sendo para as meninas em torno dos 10 anos e para os meninos 12 anos O ritmo em que ocorrem as mudanças da puberdade também é diferente para as meninas e para os meninos havendo uma variabilidade dentro do mesmo grupo sexual Bee 2003 Serra 1997 A adolescência cujo início coincide com a puberdade é influenciada pelas manifestações desta A Organização Mundial de Saúde também considera esses dois conceitos como distintos Bianculli 1997 Na puberdade ocorrem mudanças orgânicas que tendem à maturação biológica adulta com dimorfismo sexual e capaci dade reprodutiva e na adolescência há adaptação às novas 228 Psic Teor e Pesq Brasília AbrJun 2010 Vol 26 n 2 pp 227234 T H SchoenFerreira Cols estruturas físicas psicológicas e ambientais Por isso Lidz 1983 e Serra 1997 dizem existir várias adolescências de acordo com as características de cada pessoa e de seu contexto social e histórico Ao mesmo tempo em que é proposta a universalidade do estágio da adolescência observase que ela depende de uma inserção histórica e cultural que determina portanto variadas formas de viver a adolescência de acordo com o gênero o grupo social e a geração Martins cols 2003 A escola apesar de ser obrigatória para todos os adoles centes proporciona recursos pessoais e sociais hábitos de saúde interações sociais descoberta de oportunidades por exemplo que são aproveitados de maneira distinta pelos alunos Hargreaves Earl Ryan 2001 Marturano Elias Campos 2004 Serra 1997 o que também influencia na maneira individual de viver a adolescência Os adolescentes apresentam diversidade de grupos ati tudes comportamentos gostos valores e filosofia de vida Como diz Serra 1997 há diversos mundos e diversas formas de ser adolescente p 29 As experiências vividas ao longo de sua vida marcam o indivíduo como ser único apesar de compartilhar algumas características com outros jovens A sociedade contemporânea ocidental não apenas esten deu o período da adolescência como também os elementos constitutivos da experiência juvenil e seus conteúdos Abra mo Branco 2005 Adolescência hoje não é mais encarada apenas como uma preparação para a vida adulta mas passou a adquirir sentido em si mesma A palavra adolescência vem do latim adolescere que significa crescer Segundo Melvin e Wolkmar 1993 a pa lavra adolescence foi utilizada pela primeira vez na língua inglesa em 1430 referindose às idades de 14 a 21 anos para os homens e 12 a 21 anos para as mulheres Apesar de ser um estágio desenvolvimental oficialmente inaugurado com Stanley Hall em 1904 Cole Cole 2004 Melvin Wolkmar 1993 Mussen Conger Kagan Huston 1995 Santrock 2003 registros na literatura especialmente textos sobre educação documentam algumas características associadas ao adolescente na história da humanidade Sprin thall e Collins 1999 afirmam que os componentes psico lógicos e fisiológicos fundamentais desse período sempre existiram nas pessoas independente do período histórico ou cultural embora nem sempre se reconhecessem as caracte rísticas específicas da adolescência Exemplificando com a amizade questão muito relevante nessa fase Brun 2007 escreve que a mesma responde a uma necessidade essencial de encontro com o outro e esteve presente desde a aurora das civilizações embora com características das diferentes culturas ou épocas Somente nos séculos XIX e XX acontecimentos so ciais demográficos e culturais parecem ter propiciado o estabelecimento da adolescência como período distinto do desenvolvimento humano Kimmel Weiner 1998 Dessa forma entendese que a psicologia do adolescente tem um longo passado com uma curta história Pfromm Netto 1979 Steinberg Lerner 2004 Informações sobre a adolescência foram recolhidas por meio de estudos sobre as cerimônias de iniciação ocorridas em povos primitivos prosseguindo com as especulações filosóficas ou textos literários ao longo da história da huma nidade que geralmente registravam as classes mais altas e desembocando nos estudos científicos ocorridos a partir do século XX Pfromm Netto 1979 Embora ainda pouco estudada a adolescência tem sido vista desde a Antiguidade pelo prisma da impulsividade e excitabilidade Na Grécia Antiga os jovens eram submetidos a um verdadeiro adestramento cujo fim seria inculcarlhes as virtudes cívicas e militares Aos 16 anos podiam falar nas assembleias A maioridade civil era atingida aos 18 anos oca sião em que eram inscritos nos registros públicos da cidade Grossman 1998 A ginástica era bastante utilizada para o desenvolvimento físico e moral das crianças e jovens As moças faziam exercícios esportivos a fim de adquirir saúde e vigor para seu futuro de mães de família Casavamse aos 15 ou 16 anos Viase a fase da puberdade como um período de preparação para os afazeres da vida adulta no caso do sexo masculino a guerra ou a política no caso do sexo feminino a maternidade Era possível que alguns jovens se dedicassem à filosofia geralmente aqueles de famílias mais abastadas que não necessitavam da sua força de trabalho Assis e cols 2003 analisando Platão séc IV aC observaram que ele enfatizou características negativas dos jovens advertindoos quanto ao uso de bebida alcoólica antes dos 18 anos achando que era o mesmo que colocar fogo no fogo Mas segundo a análise de Santrock 2003 Platão também considerou que o raciocínio seria uma característica do homem que só apareceria na adolescência Por isso as crianças deveriam passar mais tempo brincando e os jovens estudando Sprinthall e Collins 2009 Assis e cols 2003 e Cole e Cole 2004 ressaltam que Aristóteles séc IV aC des creveu os jovens no século IV aC como apaixonados irascíveis e capazes de serem levados por seus impulsos Ele considerava que os jovens eram exageradamente positivos em suas afirmações e que se imaginavam oniscientes embora considerasse que o aspecto mais importante da adolescência fosse a habilidade para escolher e que a autodeterminação seria um indício de maturidade Para ele o exercício intenso visando competições só deveria ocorrer três anos após o término da puberdade para não comprometer o desenvolvi mento biológico No início do Império Romano a educação dos mais jovens ficava a cargo dos pais sendo uma educação bastante prática procurando formar o agricultor o cidadão ou o guerreiro A partir do século II aC as classes mais abastadas passaram a hospedar em suas casas algum mestre grego para educar seus filhos e aqueles que não tinham a mesma possibilidade enviavam seus filhos para escolas Grossman 1998 conta que os meninos romanos da elite aos 12 anos deixavam o ensino elementar e passavam a estudar os autores clássicos e a mitologia com o objetivo de adornar o espírito Aos 14 anos abandonavam as vestes infantis tendo o direito de fazer tudo o que um jovem gostasse de fazer Alguns jovens como complementação de seus estudos viajavam à Grécia Aos 16 ou 17 anos podiam optar pela carreira pública ou entrar para o exército Não existia maioridade legal o indivíduo era considerado impúbere até que o pai ou o tutor conside rasse que estava na idade de tomar as vestes de homem e cortar o primeiro bigode No período entre a puberdade e o casamento a indulgência dos pais era admissível deviase 229 Psic Teor e Pesq Brasília AbrJun 2010 Vol 26 n 2 pp 227234 Adolescência conceder algum privilégio ao calor da juventude Por outro lado as meninas aos 12 anos eram consideradas em idade de casar O casamento se consumava no máximo aos 14 anos quando então eram consideradas adultas Parece que aos poucos a educação romana perdeu a ideia de praticidade e passou a ser um ornamento intelectual com isso começase a observar uma distância maior entre os jovens de acordo com a classe social embora muitos escravos recebessem ensinamentos necessários à prática de seus serviços que podiam até abranger a leitura cálculos e a filosofia Entretanto observamos que desde o início do Impé rio Romano permanecia a ideia de que para tornar um adulto integrado à sociedade era preciso instruir os mais jovens Ao longo do século II difundiuse uma nova moral que confinava a prática sexual ao casamento Época em que os médicos prescreviam a ginástica e os estudos filosóficos para tirar dos jovens a energia venérea que podia englobar tanto o sexo quanto o consumo do álcool Nesse período acrescentaramse mudanças na concepção de maioridade A passagem à idade de homem adulto já não era um fato físico reconhecido por um direito habitual e sim uma ficção jurídi ca de impúbere passavase a menor legal Grossman 1998 Nessa época surgiu a ideia de que as escolas deveriam ter períodos de descanso entre os momentos de estudo Sprinthall e Collins 1999 estudando Santo Agostinho séc V observaram que ele abordou questões que considera va relevantes em relação aos jovens inclusive certa aversão à escola sugerindo uma educação mais jovial alegre tranquila e com brincadeiras Na Idade Média o indivíduo vivia em comunidades feudais as quais se constituíam como um ambiente bastante familiar onde todos se conheciam Os papéis tanto de gênero quanto profissional eram determinados pela comunidade Grossman 1998 descreve que nessa época o desenvol vimento era entendido como um fenômeno quantitativo e não qualitativo As crianças e adolescentes eram conside rados adultos em miniatura Garrod Smulyan Powers Kilkenny 1995 necessitando apenas de crescer em termos quantitativos em todos os aspectos físicos e mentais da es pécie humana Dessa forma assim que a criança superava o período de alto risco de mortalidade ela logo era misturada com os adultos e ia aprendendo as tarefas crenças e valores que seriam solicitados quando se tornassem adultos Garrod cols 1995 Grossman 1998 Uma forma de o jovem adquirir uma profissão nessa época era através das Corporações de Ofício Estas eram compostas de três classes os mestres donos das oficinas responsáveis pelo ensino e educação dos aprendizes os aprendizes que não recebiam salário geralmente eram pa rentes e moravam com o mestre e o jornaleiro que já havia terminado o período de aprendizagem e recebia salário Entre os nobres para os mais jovens havia o treinamento para se tornar cavaleiro Um treinamento bastante intenso e que demorava vários anos Nas universidades surgiram os cornificianos que eram estudantes que desejavam uma redução no programa de estudos O casamento costumava ser realizado entre 12 ou 15 anos com a noiva mais nova que o noivo A partir do séc XII a Igreja Católica passou a exigir o consentimento mútuo dos noivos para a união embora na prática os pais pudessem persuadir a filha a dar seu consentimento Dessa forma podemos observar que os jovens começam a ter algum poder de decisão em relação à sua própria vida Costa 2008 Alguns mosteiros criaram escolas onde se educavam crianças até os 15 anos independente da classe social Relatos da época mostram que esses jovens se organizavam em gru pos de idades semelhantes para brincar e jogar Costa 2002 A ideia de fases ou idades da vida começou a ser mais difundida na Idade Média observando as diferentes formas de assistência necessárias ao cuidado sustento e abrigo dos indivíduos e suas funções sociais no decorrer do ciclo vital Souza Homet 1999 Sob a influência de Aristóteles as fases correspondiam a períodos de sete anos A segunda idade era chamada de pueritia e ia dos sete aos 14 anos A terceira idade dos 14 aos 21 anos era chamada de adolescência porque a pessoa estaria pronta para procriar Nessa idade o indivíduo cresceria toda a grandeza que lhe fosse devida pela natureza Para alguns a adolescência terminava no vigési mo primeiro ano mas para outros durava até os 28 anos podendo ser estendida até os 3035 anos Grossman 1998 Erikson 1998 ressalta que Shakespeare séc XVI escreveu um poema intitulado As sete idades do Homem onde incluía a idade do estudante que é resmungão e não gosta da escola e a mocidade referindose ao período da adolescência que seria a idade do amante ou a do soldado Diversos estudiosos da literatura inglesa perguntam se o clássico Romeu e Julieta retrataria a rebelião dos jovens contra as tradições dos pais BrooksGunn 1995 Grossman 1998 destaca que Rosseau séc XVIII em seu tratado sobre a natureza humana e a educação sugeriu características da adolescência as quais continuam influen ciando o pensamento atual a respeito desse período Para Garrod e cols 1995 esse filósofo enfatizou o processo de desenvolvimento de forma qualitativa Rousseau con siderava a adolescência o período de maior instabilidade e conflito emocional os quais eram provocados pela maturação biológica Para ele tanto as mudanças biológicas quanto as sociais eram acompanhadas por uma mudança nos processos psicológicos incluindo o desenvolvimento da capacidade de pensar com lógica Gallantin 1978 observou que para Rousseau o raciocínio era desenvolvido na adolescência motivo pelo qual aconselhava que a educação prosseguisse depois dos 12 anos Santrock 2003 ressalta que esse filósofo considerava a adolescência como um renascimento período em que o indivíduo recapitula os estágios anteriores da vida procurando seu lugar na sociedade Dessa forma sua opinião era de que tanto a criança quanto o adolescente não eram iguais ao adulto De acordo com Ariès 1981 na Idade Moderna criou se um novo papel para o Estado o qual passou a interferir com maior frequência no espaço social formas de agir na família comunidade grupos religiosos e educacionais O desenvolvimento da alfabetização e a facilidade de leitura de livros distanciaram os indivíduos de sua própria comunidade O estabelecimento de novas formas de religião ao longo dos séculos XVI e XVII exigiu dos fiéis uma devoção mais íntima e pessoal Esse movimento inspirou a necessidade de proteger as crianças e jovens das tentações da vida cuidando da moralidade O colégio tornouse então uma instituição essencial da sociedade local de instrução e educação As 230 Psic Teor e Pesq Brasília AbrJun 2010 Vol 26 n 2 pp 227234 T H SchoenFerreira Cols crianças e adolescentes passaram a ser educados em luga res separados e fechados sob a autoridade de especialistas adultos As práticas escolares se destinavam à faixa etária dos 10 aos 25 anos não havendo a preocupação da separação da população escolar em classes determinadas por faixas etárias A segunda infância dessa forma não se distinguia da adolescência A longa duração da infância provinha provavelmente da indiferença que existia ao fenômeno propriamente biológico a puberdade Não se possuía o conceito do que hoje chamamos ado lescência embora os indivíduos começassem a se organizar em grupos de jovens que funcionariam como sociedades temporárias formadas no âmbito das vilas e dos bairros Essas novas formas de socialização eram destinadas exclu sivamente ao público masculino No século XIX a sociedade se tornou uma vasta popula ção anônima onde as pessoas já não se conheciam Esse é um período marcado pelo fortalecimento dos Estados Nacionais pela redefinição dos papéis sociais de mulheres e crianças pelo avanço acelerado da industrialização e da técnica e pela organização dos trabalhadores Áries 1978 Um duplo movimento percorre as relações entre pais e filhos De um lado um investimento crescente no filho identificado como o futuro da família e por outro a visão do filho como objeto de amor No Brasil observase a criação de escolas para meninas onde as jovens poderiam por meio de uma educação intelectual religiosa e moral prepararemse para serem mães dignas e capazes de ensinar seus próprios filhos Sarat Sarat 2007 A infância passa a ser encarada como um momento privilegiado da vida e a criança é identificada como uma pessoa Nesse momento a figura do adolescente é delineada com precisão Alguns marcos indicam o início e o fim dessa etapa esse período é delimitado no menino como o que se estende entre a primeira comunhão e o bacharelado e na menina da primeira comunhão ao casamento Áries 1978 Ao longo do século XIX a adolescência passa a ser reco nhecida como um momento crítico da existência humana É temida como uma fase de riscos em potencial para o próprio indivíduo e para a sociedade como um todo Em linhas gerais parece que a ideia do que hoje cha mamos adolescência pressentida a partir do século XVIII Grossman 1998 está associada às novas maneiras de viver no grupo social onde o indivíduo está inserido Com a industrialização e a instituição de sistemas educacionais obrigatórios ela pode finalmente ser mais observada Pode se então dizer que a adolescência foi conhecida primeiro pelos educadores Na segunda metade do século XIX foram organizados os primeiros serviços de saúde dedicados especialmente aos alunos de colégios fundandose em 1884 a Associação de Médicos Escolares Silber 1997 Há o interesse mé dico voltado para os alunos dos internatos provavelmente mobilizado pelas modificações decorrentes do processo biológico de amadurecimento dos internos a puberdade e pelas manifestações decorrentes de seu comportamento e das transformações sexuais As teorias de Freud começaram a ter mais vulto e a sexualidade que até então focava apenas a reprodução começou a ser vista como parte integrante do desenvolvimento do ser humano Talvez por necessidades de adaptação à escola os psi cólogos também começaram a estudar a adolescência Entre eles estava Stanley Hall que descreveu esse período como uma época de emotividade e estresse aumentados Legitimou a adolescência como uma etapa que requer estudo e atenção inaugurando assim o estudo científico da adolescência Para Hall 1925 a adolescência era basicamente biológica Para ele a adolescência era entendida como zona de turbulência e contestação constituindose em uma linha de fraturas e erupções vulcânicas no seio das famílias A constante vigilância aos adolescentes e o distanciamen to com que eram tratados por suas famílias despertaram a necessidade de conquista de sua privacidade Houve o cres cimento de diários íntimos e das amizades com seus pares A escolha de uma amiga íntima constituíase em episódio importante na vida de uma adolescente Era também intensa a amizade entre os adolescentes do sexo masculino Foi cria do em 1908 o Movimento Escoteiro BadenPowel sd No final do século XIX já havia sido criada a Associação Cristã de Moços ACM Também surgiram diversos movimentos de juventude ligados ou não a associações profissionais e confrarias especialmente na Alemanha após a primeira Grande Guerra marcados segundo Haroche 2006 pela rejeição das estruturas adultas vigentes motivados pelo clima de desencantamento com o status quo O século XX foi um período em que as guerras marcaram o desenvolvimento da adolescência Nos períodos que prece deram a I e a II Guerra Mundial a literatura enfatizava a in dolência indisciplina e preguiça dos adolescentes enquanto que durante as guerras e nos anos seguintes os pesquisadores demonstravam a importância do trabalho dos adolescentes para manter a sociedade tal qual eles conheciam Steinberg Lerner 2004 Amazonas e Braga 2007 relatam que as modificações ocorridas no interior das famílias trouxeram novas posições para seus membros inclusive o adolescente pois não era mais o gênero que definia os papéis Entretanto Fávero e Abrão 2006 observam que a mídia parece manter os papéis masculinos e femininos privilegiando o status masculino em programas dirigidos a adolescentes Durante a segunda e a terceira décadas do século XX foram iniciados diversos estudos do ciclo vital especialmente nos Estados Unidos e GrãBretanha a partir de programas que acompanhavam as crianças até a vida adulta Papalia Olds Feldman 2006 Dessa forma nas décadas de 40 e 50 começaram a aparecer os resultados de estudos longitudinais envolvendo grupos diversos de pessoas Entre eles podemos citar os estudos da equipe de Havighurst 1957 Suas ideias mostram as tarefas evolutivas como lições que o ser huma no deve aprender dentro de um período relativamente restrito para que se desenvolva de modo satisfatório e possa ingressar vitorioso na próxima etapa do ciclo evolutivo Em cada fase do desenvolvimento humano portanto o indivíduo tem que adquirir algum tipo de habilidade e fazer alguma sorte de ajustamento às demandas da vida Rosa 1988 p 131 Havighurst 1957 propôs algumas tarefas evolutivas para o período da adolescência aceitar o próprio corpo estabe lecer relações sociais mais maduras com os pares de ambos os sexos desenvolver o papel social de gênero alcançar a independência dos pais e de outros adultos com relação aos aspectos emocional pessoal e econômico escolher uma 231 Psic Teor e Pesq Brasília AbrJun 2010 Vol 26 n 2 pp 227234 Adolescência ocupação e prepararse para a mesma prepararse para o matrimônio e a vida em família desenvolver a cidadania e comportamentos sociais responsáveis além de conquistar uma identidade pessoal uma escala de valores e uma filosofia de vida que guiem o comportamento do indivíduo As tarefas acima citadas aparecem de distintas formas em diversos autores que estudam adolescência Adams 1998 Alencar Silva Silva Diniz 2008 Fávero Abraão 2006 Hargreaves cols 2001 Lidz 1983 Vargas Nelson 2001 É comum a discussão sobre se são tarefas relacionadas à faixa etária independentes da cultura ou se estão restritas à sociedade ocidental em especial a norteamericana e se ainda valem para hoje em dia A questão sobre a universalidade ou não da adolescência é um tema importante e alguns historiadores interessados nesse problema defendem que a adolescência é uma construção social Os estudos da Antropologia Social revolucionaram essa forma de pensar a adolescência mostrando uma possi bilidade de entender as fases do desenvolvimento humano de forma totalmente nova ressaltando duas importantes questões a adolescência não precisa ser necessariamente um período turbulento e as características do desenvolvimento psicossocial não são universais Em Samoa sociedade estu dada por Margaret Mead Grossman 1998 Santrock 2003 Sprinthall Collins 1999 por exemplo o desenvolvimento era gradual calmo e sem impactos profundos A organização social a inserção no mundo adulto e as atividades realizadas pelos indivíduos favoreciam uma adolescência relativamente livre de estresse Os desenvolvimentistas modernos especialmente aqueles que estudam a adolescência tentam explicar como os fatores biológicos sociais cognitivos comportamentais e culturais estão interligados no desenvolvimento inclusive na transição da infância para a vida adulta Erikson observou a integração entre esses fatores a partir de seus estudos sobre os proble mas desenvolvidos pelos jovens militares que apresentavam dificuldades de se adaptar à vida que levavam antes da II Guerra Mundial quando seus planos foram interrompidos para servir à pátria Adams 1998 Nos Estados Unidos durante a década de 50 do século passado apareceu o fenômeno denominado juventude transviada ou rebelde sem causa Grossman 1998 Já começava a se delinear de modo bastante claro uma cons ciência etária a oposição jovem nãojovem Marty 2006 afirma que a adolescência está amalgamada na violência entretanto esta não é exclusiva dos jovens embora para essa autora um determinado nível de violência seja próprio dessa fase do desenvolvimento Considera a adolescência como um processo de arrombamento pubertário tal como os bombardeios aéreos durante as guerras Aberastury e cols 1980 identificaram a Síndrome da Adolescência Normal onde diversos comportamentos considerados patológicos em outros estágios do ciclo vital são considerados esperados e normais no período da adolescência Os anos 60 inauguram um novo estilo de mobilização e contestação social os quais contribuíram para a percepção da adolescência como uma subcultura Garrod cols 1995 Os jovens passaram a negar todas as manifestações visíveis dessa sociedade Esse movimento transformaria a juventude em um grupo com um novo foco de contestação Surgiu um termo novo contracultura Inicialmente o fenômeno seria caracterizado por seus sinais mais evidentes cabelos compridos roupas coloridas misticismo um tipo de música e drogas significando uma nova maneira de pensar modos diferentes de se relacionar com o mundo e com as pessoas De um lado surgia o movimento hippie com sua filosofia por outro lado a introdução da política nos movimentos es tudantis universitários Grossman 1998 Brun 2007 relata que muitos pais se ressentem de certas amizades de seus filhos quando influenciados pelo grupo de pares cometem transgressões sociais ou sexuais Entretanto não eram todos os jovens que estavam em um ou outro movimento Para Mussen Conger e Kagan 1977 tratase de uma tendência de assumir que os adolescentes sejam todos iguais uma supersimplificação que não recebe apoio de estudos sérios Estudos atuais enfocam essa fase do desenvolvimento obser vando diversas variáveis que podem influenciar o indivíduo como raça sexo nível socioeconômico história pessoal contexto cultura entre tantas Erikson 1972 utilizando as propostas da psicanálise e os achados da Antropologia Cultural propôs a Teoria Psi cossocial na qual sugere que o ambiente também participa na construção da personalidade do indivíduo Sifuentes Dessen e Oliveira 2007 entendem que as etapas do ciclo vital e portanto a adolescência são observações de fatos sociais e psicológicos cujas características dependem do contexto em que estão inseridas Essa mudança na visão do desenvolvimento é de grande importância abrindo novas fronteiras para o entendimento do desenvolvimento e mais especificamente da adolescência Na virada para o séc XXI apareceu a expressão onda jovem para denominar o grande número de indivíduos que estão nessa faixa etária devido a explosão da taxa de natalidade que ocorreu no início da década de 80 do século anterior Esses jovens se depararam com um cenário eco nômico adverso dificuldades para arrumar e se manter no emprego incremento dos problemas sociais especialmente os urbanos Brasil 1999 Matheus 2003 modificações nos valores sociais falta de perspectivas diminuição da influên cia e controle tradicionalmente exercida pela família igreja e comunidade Vargas Nelson 2001 Ao mesmo tempo a criança e o adolescente passam a ser considerados sujeitos de direito e em fase especial de desenvolvimento afirmando a ideia de proteção integral do estado Espindula Santos 2004 À medida que os governos tomam consciência da im portância de se proteger o desenvolvimento do ser humano a adolescência tornase um período mais identificável no ciclo vital Sprinthall Collins 1999 Com esse histórico da posição dos adolescentes e da adolescência na sociedade através dos séculos podese considerar esse estágio uma invenção cultural Rappaport 1982 ou um luxo Serra 1997 que só sociedades ou gru pos sociais mais desenvolvidos se permitem A concepção da adolescência parece estar relacionada à democratização da educação e ao surgimento de leis trabalhistas Gallantin 1978 Segundo BucherMaluschke 2007 a lei é perce bida como protegendo apenas os mais ricos e não alcança as camadas menos favorecidas economicamente onde os relacionamentos são permeados pela força bruta ou pela lei do mais forte Percebese uma intromissão maior do serviço 232 Psic Teor e Pesq Brasília AbrJun 2010 Vol 26 n 2 pp 227234 T H SchoenFerreira Cols público junto aos adolecentes especialmente a polícia e o Poder Judiciário Amazonas e Braga 2007 colocam que esse fenômeno começou a ocorrer no Brasil a partir de 1900 dependendo da região geográfica e das camadas sociais Ain da encontramos grupos sociais que compreendem a criança adolescente como um ser menos importante que ainda não adquiriu o status de pessoa Morais CerqueiraSantos Mou ra Vaz Koller 2007 As culturas mais sofisticadas tecnicamente retardam o ingresso do jovem nas estruturas sociais sendo cada vez maior a exigência de estudos e especialização para ingressar no mercado de trabalho Consequentemente o indivíduo pre cisa de mais tempo para cumprir as tarefas da adolescência e esse período se estende Embora atualmente a idade média de casamento da mulher brasileira seja 241 anos quase um terço das jovens já teve pelo menos um filho Brasil 1999 Gallantin 1978 Rappaport 1982 Grossman 1998 e Santrock 2003 entre outros destacam o fato evidenciado por alguns filósofos de que a adolescência começa na biologia e termina na cultura Mussen cols 1995 tanto assim que nas sociedades mais simples essa fase pode ser breve TraversoYepez Pinheiro 2002 Os psicólogos evolu cionistas partem do princípio de que o ser humano é uma espécie animal com maior nível de sofisticação e que seus algoritmos mentais foram desenvolvidos na época em que éramos caçadorescoletores e podem não estar bem adaptados à sociedade contemporânea É necessária uma reorganização comportamental decorrente da luta interna entre os genes cérebro educação recebida história individual no seu grupo social e estímulos Lopes Vasconcelos 2008 A Organização Mundial da Saúde 1965 utiliza o termo juventude para evocar a faixa etária entre 15 e 24 anos em função do prolongamento da fase na qual não são assumidas as responsabilidades ditas adultas Postergouse o matrimônio ampliouse a necessidade de permanecer no lar paterno emancipação tardia aumentouse o número de nascimentos fora do matrimônio fatores que levam o indivíduo a conviver com mais pessoas de diferentes idades e ambientes sem laços consanguíneos com a maioria delas com diferentes escalas de valores ideias e crenças Vargas Nelson 2001 e por mais tempo As modificações intro duzidas na vida moderna exigem que os indivíduos tenham mais tempo para cumprir as tarefas evolutivas propostas para a referida faixa etária A escola também modificou seu papel em relação ao adolescente até tempos atrás esperavase que ele fosse preparado para assumir uma profissão portanto os cursos costumavam ter uma vertente profissionalizante bastante acentuada Atualmente a educação básica busca somente fornecer subsídios para o desenvolvimento pleno do ser humano sem a preocupação da profissionalização Sifuentes e cols 2007 concordam que as mudanças e continuidades que o adolescente vivencia no seu processo de desenvolvimento tem relação com essa fase específica mu danças físicas e cognitivas e também com às modificações que ocorrem na sociedade em que participa Da mesma forma que observamos mudanças no entendi mento do que é adolescência também observamos mudanças em como os teóricos abordam essa etapa Hoje observamos uma perspectiva de estudar todo o ciclo vital considerando então a adolescência como mais uma etapa com caracte rísticas próprias que atuarão na construção das trajetórias de vida de cada indivíduo dentro de um contexto sóciocultural Sifuentes cols 2007 Steinberg e Lerner 2004 observaram três perspectivas a primeira compreendida entre as décadas de 50 a 80 do sé culo passado enfatizava os estudos descritivos de padrões de comportamento ajustamento pessoal e relacionamento além de estudos sobre as possíveis trajetórias que os indivíduos podem seguir ao longo do desenvolvimento A segunda pers pectiva da década de 80 aos dias de hoje enfatiza a aplicação dos conhecimentos científicos na resolução de problemas reais A terceira perspectiva está interessada em promover o desenvolvimento positivo do indivíduo especialmente ao se conscientizar que os adolescentes representam o futuro da humanidade Os cientistas estão engajados em transformar esse coorte em adultos capazes e comprometidos consigo suas famílias comunidades e sociedade em geral Esperamos ter mostrado como o entendimento da adoles cência as exigências e comportamentos é composto pelas variáveis presentes nas culturas em distintas épocas as quais para responder a novas demandas materializavam seus ideais em instituições e comportamentos que buscavam facilitar a assunção dos direitos e deveres do adulto Referências Aberastury A Knobel M Ferrer E S L Goldstein R Z Jarast S G Kalina E Paz L R Rolla E H 1980 Adolescência Porto Alegre Artes Médicas Abramo H W Branco P P M 2005 Retratos da juventude brasileira análises de uma pesquisa nacional São Paulo Fundação Perseu Abramo e Instituto Cidadania Adams G R 1998 The objective measure of ego identity status A reference manual slse Alencar R A Silva L Silva F A Diniz R E S 2008 Desenvolvimento de uma proposta de educação sexual para adolescentes Ciência Educação 14 159168 Amazonas M C L A Braga M G R 2006 Reflexões acerca das novas formas de parentalidade e suas possíveis vicissitudes culturais e subjetivas Ágora 9 177191 Ariès P 1981 História social da criança e da família 2ª ed Rio de Janeiro LTC Assis S G Avanci J Q Silva C M F Malaquias J V Santos N C Oliveira R V C 2003 A representação social do ser adolescente um passo decisivo na promoção da saúde Ciência Saúde Coletiva 8 669679 BadenPowell sd Guia do chefe escoteiro 4ª ed Rio de Janeiro Escoteira Bee H 2003 A criança em desenvolvimento 9 ªed Porto Alegre Artmed Berger K S Thompson R A 1997 El desarrollo de la persona desde la niñez a la adolescencia 4ª ed Madrid Medica Panamericana Bianculli C H 1997 Realidad y propuestas para continencia de la transición adolescente en nuestro medio Adolescência Latinoamericana 1 3139 Brasil 1999 População jovem no Brasil Rio de Janeiro IBGE 233 Psic Teor e Pesq Brasília AbrJun 2010 Vol 26 n 2 pp 227234 Adolescência Brasil 2007a Saúde de adolescentes e jovens Caderneta Retirado em 21032007 de httpportalsaudegovbrsaude Brasil 2007b Indicadores sociais Crianças e adolescentes Retirado em 21032007 de httpwwwibgegovbrhome Brasil 2007c Lei nº 8069 de 13 de julho de 1990 Retirado em 20032007 de httpwwwplanaltogovbrccivil03Leis L8069htm BrooksGunn J 1995 The invention of adolescence Retirado em 10052010 de httpwwwpsychologytodaycom articles199501theinventionadolescence Brun D 2007 A gramática amorosa da amizade Ágora 10 311319 BucherMaluschke J S N F 2007 Lei transgressões famílias e instituições elementos para uma reflexão sistêmica Psicologia Teoria e Pesquisa 23 8387 Cole M Cole S 2004 O desenvolvimento da criança e do adolescente Porto Alegre Artmed Costa R 2002 A educação infantil na Idade Média Videtur 17 1320 Costa R 2008 A educação na Idade Média a retórica nova 1301 de Ramon Llull Notadum 16 2938 Erikson E H 1972 Identidade juventude e crise Rio de Janeiro Zahar Erikson E H 1998 O ciclo de vida completo Porto Alegre Artes Médicas Espindula D H P Santos M F S 2004 Representações sobre a adolescência a partir da ótica dos educadores sociais de adolescentes em conflito com a lei Psicologia em Estudo 9 357367 Fávero M H Abrão L G M 2006 Malhando o gênero o grupo focal e os atos da fala na interação de adolescentes com a telenovela Psicologia Teoria e Pesquisa 22 175182 Formigli V L A Costa M C O Porto L A 2000 Evaluation of a comprehensive adolescent health care service Cadernos de Saúde Pública 16 831841 Gallantin J 1978 Adolescência e individualidade uma abordagem conceitual da psicologia da adolescência São Paulo Harper Row do Brasil Garrod A Smulyan L Powers S Kilkenny R 1995 Adolescent portraits Identity relationships and challenges 2ª ed Boston Allyn and Bacon Grossman E 1998 La adolescencia cruzando los siglos Adolescencia Latinoamericana 1 6874 Hall G S 1925 Adolescence Its psychology and its relations to physiology anthropology sociology sex crime religion and educations Vol I e II New York D Appleton Hargreaves A Earl L Ryan J 2001 Educação para mudança recriando a escola para adolescentes Porto Alegre Artes Médicas Haroche C 2006 Subjetividades e aspirações os movimentos de juventude na Alemanha 19181933 Ágora 9 925 Havighurst R J 1957 Human development and education New York Longmans Green and CoKalina E Laufer H 1974 Aos pais de adolescentes Rio de Janeiro Cobra Morato Kimmel D C Weiner IB 1998 La adolescencia una transición del desarrollo Barcelona Ariel Lidz T 1983 A pessoa seu desenvolvimento durante o ciclo vital Porto Alegre Artes Médicas Lopes R G Vasconcellos S 2008 Implicações da teoria da evolução para a psicologia a perspectiva da psicologia evolucionista Estudos de Psicologia 25 123130 Martins P O Trindade Z A Almeida A M O 2003 O ter e o ser representações sociais da adolescência entre adolescentes de inserção urbana e rural Psicologia Reflexão e Crítica 16 555568 Marturano E M Elias L C S Campos M A S 2004 O percurso entre a meninice e a adolescência mecanismos de vulnerabilidade e proteção Em Marturano E M Linhares M B M Loureiro S R Orgs Vulnerabilidade e proteção indicadores na trajetória de desenvolvimento do escolar pp251 288 São Paulo Casa do Psicólogo Marty F 2006 Adolescência violência e sociedade Ágora 9 119131 Matheus T C 2003 O discurso adolescente numa sociedade na virada do século Psicologia USP 14 8594 Melvin L Wolkmar FR 1993 Aspectos clínicos do desenvolvimento na infância e adolescência 3a ed Porto Alegre Artes Médicas Morais N A CerqueiraSantos E Moura A S Vaz M Koller S 2007 Exploração sexual comercial de crianças e adolescentes um estudo com caminhoneiros brasileiros Psicologia Teoria e Pesquisa 23 263271 Mussen P H Conger J J Kagan J 1977 Desenvolvimento e personalidade da criança São Paulo Harbra Mussen P H Conger J J Kagan J Huston A C 1995 Desenvolvimento e personalidade da criança São Paulo Harbra Organização Mundial da Saúde 1965 Problemas de la salud de la adolescencia Informe de un comité de expertos de la OMS Informe técnico n 308 Genebra Papalia D E Olds S W Feldman R D 2006 Desenvolvimento humano 8ª ed Porto Alegre Artmed Pfromm Netto S 1979 Psicologia da adolescência São Paulo Pioneira Rappaport C R 1982 Psicologia do desenvolvimento A idade escolar e a adolescência Vol 4 São Paulo EPU Rosa M 1988 Psicologia evolutiva problemática do desenvolvimento 4ª ed Petrópolis Vozes Santos L M M 2005 O papel da família e dos pares na escolha profissional Psicologia em Estudo 10 5766 Santrock J W 2003 Adolescência 8ª ed Rio de Janeiro LTC Sarat M Sarat L 2007 Histórias de viajantes e suas missões civilizadora Em Anais do X Simpósio Internacional Processo Civilizador pp 18 Campinas UNICAMP Retirado em 2942008 de httpwwwfefunicampbrsipcanais8Magda20 Sarat20UNIMEP20pdf Serra E 1997 Adolescência perspectiva evolutiva Em Anais do VII Congreso INFAD pp 2428 Oviedo Espanha Sifuentes T R Dessen M A Oliveira M C S L 2007 Desenvolvimento humano desafios para a compreensão das trajetórias probabilísticas Psicologia Teoria e Pesquisa 23 379385 Silber T J 1997 Medicina de la adolescencia Una nueva subespecialidad de la Pediatría y la Medicina Interna en la América del Norte Adolescencia Latinoamericana 1 1115 Souza N A Homet R 1999 Los viejos y la vejez en la Edad Media Sociedad e imaginario Revista Brasileira de História 19 313318 Sprinthall N A Collins W A 1999 Psicologia do adolescente uma abordagem desenvolvimentista 2ª ed Lisboa Fundação Calouste Gulbenkian 234 Psic Teor e Pesq Brasília AbrJun 2010 Vol 26 n 2 pp 227234 T H SchoenFerreira Cols Steinberg L Lerner R M 2004 The scientific study of adolescence A brief history The Journal of Early Adolescence 24 4554 TraversoYepez M A Pinheiro V S 2002 Adolescência saúde e contexto social esclarecendo práticas Psicologia Sociedade 14 13314 Vargas C Nelson A 2001 Cambios en la familia repercusiones en la práctica pediátrica Revista Chilena de Pediatria 72 7780 Recebido em 10092007 Primeira decisão editorial em 19032010 Versão final em 13052010 Aceito em 13052010 n Mar 05 2024 Plagiarism Scan Report Excluded URL None Content Checked for Plagiarism O artigo intitulado Adolescência através dos séculos escrito por Teresa Helena SchoenFerreira aborda principalmente questões relacionadas a evolução da adolescência conforme as modicações sociais e transformações históricas O estudo foi baseado em aspectos cientícos e losócos A autora destacou três fases para a formação do conceito de adolescência padrões características descrições inuência em aspectos comportamentais e capacidade de interação social o foco central foi associado ao desenvolvimento do individuo Inicialmente a autora aborda o período biopsicossocial da adolescência na visão de Ferreira este é constituído por formações estruturais perante a idade de 10 a 20 anos os dados coletados pela autora são foram baseados através de informações da Organização Mundial da Saúde OMS conforme destacado a adolescia é marcada por transformações psicológicas e físicas em geral o adolescente tem mudanças corporais com a puberdade logo do início dessa fase adiante sua vida é marcada com a descoberta de aspectos emocionais prossionais e sociais Além disso as percepções cognitivas também são alteradas no início da adolescência entre 12 e 15 anos Todas essas mudanças são essenciais para que o indivíduo esteja totalmente preparado para a vida adulta A adolescência é marcada por um período destinado a descobertas e transformações a autora traz o papel da comunidade família e amigos como um dos fundamentos para a construção de um adulto ético e moral O artigo traz alguns autores para a fundamentação metodológica como Melvin Trindade e Almeida Assim proporcionando uma maior conança ao leitor sobre a conabilidade presente dentro da construção da obra À puberdade é destacada por Ferreira como uma fase da adolescência em que o jovem passa por mudanças hormonais além de alterações comportamentais Melvin 1993 A puberdade se inicia para as meninas em torno dos 10 anos e para os meninos aos 12 a adolescência portando é resultado de um agrupamento de acontecimentos que levam a construção do ser adulto A adolescência também é marcada por mudanças nos gostos nas percepções sociais nos hábitos nos grupos sociais nas descobertas e na forma como as oportunidades da vida são agarradas Os grupos sociais ganham destaque no tema pois cada um possui aspectos relevantes que auxiliam na construção da personalidade desses indivíduos quanto adolescentes as experiências adquiridas durante essa constrição são fundamentais pois marcam a vida e possuem autonomia para inuenciar a personalidade na fase adulta Desde a 0 Plagiarized 100 Unique Characters6598 Words986 Sentences44 Speak Time 8 Min Page 1 of 3 antiguidade como a presenta autora adolescência é um período cheio de Impulsividade e que permite o aprimoramento da personalidade a autora destaca algumas civilizações antigas em que os jovens eram submetidos a eventos como adestramento am de moldar suas características pessoais Na Grécia antiga os adolescentes passavam por rituais que os levavam a vida adulta aqueles que eram aprovados nos testes submetidos eram considerados aptos a vida cívicas e militares Dentro dessas civilizações os adolescentes poderiam a falar dentro das assembleias apenas com essa aprovação que ocorriam durante o início dos dezesseis anos de vida A ginástica era posta como um meio de organizar a moralidade das crianças também como uma maneira de exército físico O casamento era normal aos 14 ou 15 anos A puberdade dentro dessas civilizações era uma preparação para o matrimônio e para as mulheres a obrigatoriedade da maternidade No império romano a educação dos adolescentes era atribuída aos pais dos jovens a educação não era um meio viável muitos já eram destinados a agricultura ou guerreiros Somente os adolescentes da elite romana continuavam com seus estudos com 14 anos cava proibidos de vestir roupas infantis e passavam a utilizar vestimentas de adultos Na visão da autora cada uma dessas civilizações possuíam seus hábitos e costumes levando a construção da adolescência não existia maioridade o jovem era considerado impúbere até que seus pais o denominassem assim Autora destaca que dentro da idade média os adolescentes eram submetidos a viverem em comunidades feudais onde todos se conheciam O gênero era posto como uma questão predominante na época as crianças ocupavam a função de miniatura de adultos trabalhando na medida em que seus corpos conseguiam comprovadamente poucas crianças venciam risco da mortalidade na infância durante o período colonial De acordo com Ferreira o século XX foi marcado por guerras que corromperam o desenvolvimento de milhares de crianças especialmente durante a adolescência Muitos desenvolveram problemas psicológicos servos durante a I e II Guerra Mundial era um período restrito a vivenciar a adolescência as experiências saudáveis de tal fase Existem diversos problemas em todo da adolescência uma delas é a aceitação ao seu próprio corpo durante essa fase de modicações corporais a autora destaca como muitos adolescentes passam a se odiar e a criar armaduras sociais além disso problemas como emprego independência e aspectos emocionais também são problemáticas da adolescência Alguns historiadores abordam a adolescência relacionandoas a fatores independentes da cultura e sociedade Apensar disso é de suma relevância entender que a sociedade e outras questões sociais desempenham um fator predominante na construção do indivíduo para muitos historiadores o tema não é estudado com relevância embora seja uma forma vinda de construções sociais Durante a leitura do artigo é possível entender que cada comunidade e sociedade em diferentes tempos históricos possuem características interessantes que foram uma espécie de pilar para os adolescentes da época Os gregos criavam os jovens para serem pensadores visando o matrimonio e a vida conjugal os romanos criavam seus jovens mais humildes para o campo e para as guerras enquanto os mais ricos eram Page 2 of 3 direcionados a centralidade do poder Desse modo notase que a construção do artigo foi baseada em diferentes conceitos históricos assim como aspectos relevantes em todas as civilizações destacadas A adolescência é um período de modicações psicológicas emocionais e físicas Todos os fatores presentes são encontrados no meio social e cultural que esses indivíduos estão inseridos A autora trouxe uma linguagem clara e objetiva durante sua abordagem cientíca contribuindo para a percepção do leitor sobre o tema a abordagem direcionada a divergentes fases temporais resultou em um complexo de Sources Home Blog Testimonials About Us Privacy Policy Copyright 2024 Plagiarism Detector All right reserved Page 3 of 3 RESUMO DE ARTIGO ADOLESCÊNCIA ATRAVÉS DOS SÉCULOS O artigo intitulado Adolescência através dos séculos escrito por Teresa Helena SchoenFerreira aborda principalmente questões relacionadas a evolução da adolescência conforme as modificações sociais e transformações históricas O estudo foi baseado em aspectos científicos e filosóficos A autora destacou três fases para a formação do conceito de adolescência padrões características descrições influência em aspectos comportamentais e capacidade de interação social o foco central foi associado ao desenvolvimento do indivíduo Inicialmente a autora aborda o período biopsicossocial da adolescência na visão de Ferreira este é constituído por formações estruturais perante a idade de 10 a 20 anos os dados coletados pela autora foram baseados através de informações da Organização Mundial da Saúde OMS conforme destacado a adolescência é marcada por transformações psicológicas e físicas em geral o adolescente tem mudanças corporais com a puberdade logo do início dessa fase adiante sua vida é marcada com a descoberta de aspectos emocionais profissionais e sociais Além disso as percepções cognitivas também são alteradas no início da adolescência entre 12 e 15 anos Todas essas mudanças são necessárias para que esses jovens estejam preparados para enfrentar desafios da vida adulta A adolescência é marcada por um período destinado a descobertas e transformações a autora traz o papel da comunidade família e amigos como um dos fundamentos para a construção de um adulto ético e moral O artigo traz alguns autores para a fundamentação metodológica como Melvin Trindade e Almeida Assim proporcionando uma maior confiança ao leitor sobre a confiabilidade presente dentro da construção da obra À puberdade é destacada por Ferreira como uma fase da adolescência em que o jovem passa por mudanças hormonais além de alterações comportamentais Melvin 1993 A puberdade se inicia para as meninas em torno dos 10 anos e para os meninos aos 12 a adolescência portando é resultado de um agrupamento de acontecimentos que levam a construção do ser adulto A adolescência também é marcada por mudanças nos gostos nas percepções sociais nos hábitos nos grupos sociais nas descobertas e na forma como as oportunidades da vida são agarradas Os grupos sociais ganham destaque no tema pois cada um possui aspectos relevantes que auxiliam na construção da personalidade desses indivíduos quanto adolescentes as experiências adquiridas durante essa constrição são fundamentais pois marcam a vida e possuem autonomia para influenciar a personalidade na fase adulta Desde a antiguidade como a presenta autora adolescência é um período cheio de Impulsividade que permite o aprimoramento da personalidade a autora destaca algumas civilizações antigas em que os jovens eram submetidos a eventos como adestramento visando moldar suas características pessoais Na Grécia antiga os adolescentes passavam por rituais que os levavam a vida adulta aqueles que eram aprovados nos testes submetidos eram considerados aptos a vida cívicas e militares Dentro dessas civilizações os adolescentes poderiam a falar dentro das assembleias apenas com essa aprovação que ocorriam durante o início dos dezesseis anos de vida A ginástica era posta como um meio de organizar a moralidade das crianças também como uma maneira de exército físico O casamento era normal aos 14 ou 15 anos A puberdade dentro dessas civilizações era uma preparação para o matrimônio e para as mulheres a obrigatoriedade da maternidade No império romano a educação dos adolescentes era atribuída aos pais dos jovens a educação não era um meio viável muitos já eram destinados à agricultura ou guerreiros Somente os adolescentes da elite romana continuavam com seus estudos com 14 anos ficavam proibidos de vestir roupas infantis e passavam a utilizar vestimentas de adultos Na visão da autora cada uma dessas civilizações possuíam seus hábitos e costumes levando a construção da adolescência não existia maioridade o jovem era considerado impúbere até que seus pais o denominassem assim Autora destaca que dentro da idade média os adolescentes eram submetidos a viverem em comunidades feudais onde todos se conheciam O gênero era posto como uma questão predominante na época as crianças ocupavam a função de miniatura de adultos trabalhando enquanto conseguiam comprovadamente poucas crianças venciam risco da mortalidade na infância durante o período colonial Segundo Ferreira o século XX foi marcado por guerras que corromperam o desenvolvimento de milhares de crianças especialmente durante a adolescência Muitos desenvolveram problemas psicológicos servos durante a I e II Guerra Mundial era um período restrito a vivenciar a adolescência as experiências saudáveis de tal fase Existem diversos problemas em todo da adolescência uma delas é a aceitação ao seu próprio corpo durante essa fase de modificações corporais a autora destaca como muitos adolescentes passam a se odiar e a criar armaduras sociais além disso problemas como emprego independência e aspectos emocionais também são problemáticas da adolescência Alguns historiadores abordam a adolescência relacionandoas a fatores independentes da cultura e sociedade Apensar disso é de suma relevância entender que a sociedade e outras questões sociais desempenham um fator predominante na construção do indivíduo para muitos historiadores o tema não é estudado com relevância embora seja uma forma vinda de construções sociais Durante a leitura do artigo é possível entender que cada comunidade e sociedade em diferentes tempos históricos possuem características interessantes que foram uma espécie de pilar para os adolescentes da época Os gregos criavam os jovens para serem pensadores visando o matrimônio e a vida conjugal os romanos criavam seus jovens mais humildes para o campo e para as guerras enquanto os mais ricos eram direcionados a centralidade do poder Desse modo notase que a construção do artigo foi baseada em diferentes conceitos históricos assim como aspectos relevantes em todas as civilizações destacadas A adolescência é um período de modificações psicológicas emocionais e físicas Todos os fatores presentes são encontrados no meio social e cultural que esses indivíduos estão inseridos A autora trouxe uma linguagem clara e objetiva durante sua abordagem científica contribuindo para a percepção do leitor sobre o tema Sua abordagem direcionada a divergentes fases temporais resultou em um complexo de percepções sobre os fatores que colaboram para a formação da vida adulta de cordo com os fatos vivenciados através da adolescência REFERENCIAS SCHOEN Teresa Helena Ferreira Adolescência através dos séculos Universidade Federal de São Paulo São Paulo Vol 26 n 2 2024 QUESTÕES 1 Com base no artigo de Teresa Helena Schoen Ferreira quais aspectos são necessários para diferenciar puberdade de adolescência Respostas Puberdade referese aos fenômenos fisiológicos que compreendem as mudanças corporais e hormonais enquanto adolescência diz respeito aos componentes psicossociais desse mesmo processo A adolescência é definida como um período biopsicossocial A adolescência apresentase vinculada à idade portanto referindose à biologia ao estado e à capacidade do corpo embora essencial seja a questão biológica a adolescência também está ligada a fatores sociais e psicológicos Portanto os aspectos necessários são fatores fisiológicos sociais culturais e psicológicos 2 Diferencie da adolescência em Roma para a adolescência na Grécia antiga Resposta Na Grécia Antiga os jovens eram submetidos a um verdadeiro adestramento cujo fim seria inculcarlhes as virtudes cívicas e militares Aos 16 anos podiam falar nas assembleias A maioridade civil era atingida aos 18 anos ocasião em que eram inscritos nos registros públicos da cidade Romano a educação dos mais jovens ficava a cargo dos pais sendo uma educação bastante prática procurando formar o agricultor o cidadão ou o guerreiro Aos 14 anos abandonavam as vestes infantis tendo o direito de fazer tudo o que um jovem gostasse de faze 3 Destaque alguns pontos da adolescência na Idade Média As crianças e adolescentes eram considerados adultos em miniatura necessitando apenas de crescer em termos quantitativos em todos os aspectos físicos e mentais da espécie humana Dessa forma assim que a criança superava o período de alto risco de mortalidade ela logo era misturada com os adultos e ia aprendendo as tarefas crenças e valores que seriam solicitados quando se tornassem adultos 4 Identifique a alternativa correta Qual o efeito principal decorrente da constante vigilância empregada aos adolescentes no século XIX e o distanciamento de tais indivíduos por parte de suas famílias a Crescimento de diários íntimos e aumento das amizades com pares b Redução da necessidade de privacidade entre os adolescentes c Aumento da supervisão familiar sobre as atividades dos adolescentes d Diminuição da importância das amizades entre adolescentes RESPOSTA A
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227 Psicologia Teoria e Pesquisa AbrJun 2010 Vol 26 n 2 pp 227234 Adolescência através dos Séculos Teresa Helena SchoenFerreira1 Maria AznarFarias Universidade Federal de São Paulo Edwiges Ferreira de Mattos Silvares Universidade de São Paulo RESUMO A sociedade contemporânea ocidental estendeu o período da adolescência que não é mais encarada apenas como uma preparação para a vida adulta mas passou a adquirir sentido em si mesma como um estágio do ciclo vital O presente artigo procura descrever como os adolescentes eram vistos e tratados desde a antiguidade até os dias de hoje a partir de textos literários ou filosóficos e estudos científicos O material bibliográfico a respeito da adolescência caracterizase por três etapas distintas a descrição dos padrões de comportamento ajustamento pessoal e relacionamento a resolução de problemas reais por meio do conhecimento científico e o desenvolvimento positivo do indivíduo considerando os adolescentes como o futuro da humanidade Palavraschave adolescência história teorias sobre adolescência Adolescence through the Centuries ABSTRACT Contemporary western society has extended the period of adolescence which is no longer seen as a preparation for adult life but began to make sense of itself as part of the human lifecycle The present article aims to describe how adolescents have been seen and treated from antiquity to the present days as reported by literary or philosophical texts and scientific studies The bibliographic material on adolescence is characterized by three distinct stages description of behavior personal adjustment and relationship patterns problem solving through scientific knowledge and the positive development of the individual considering adolescents as the future of mankind Keywords adolescence history theories of adolescence 1 Endereço para correspondência Universidade Federal de São Paulo Centro de Atendimento e Apoio ao Adolescente CAAA Rua Botucatu 715 Vila Clementino Email teresaschoendpedepmbr rpetrass uolcombr 2 A OMS ainda aceita um outro estágio juventude que vai dos 15 aos 25 anos englobando o período intermediário e final da adolescência e o período inicial da vida adulta 3 Em alguns casos alguns artigos dessa lei podem ser estendidos aos 21 anos A adolescência é definida como um período biopsicos social que compreende segundo a Organização Mundial de Saúde OMS 1965 a segunda década da vida ou seja dos 10 aos 20 anos Esse também é o critério adotado pelo Ministério da Saúde do Brasil Brasil 2007a e pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IBGE Brasil 2007b Para o Estatuto da Criança e do Adolescente ECA o período vai dos 12 aos 18 anos Brasil 2007c Em geral a adoles cência iniciase com as mudanças corporais da puberdade e termina com a inserção social profissional e econômica na sociedade adulta Formigli Costa Porto 2000 As mudanças biológicas da puberdade são universais e visíveis modificando as crianças dandolhes altura forma e sexualidade de adultos À primeira vista a adolescência apresentase vinculada à idade portanto referindose à biolo gia ao estado e à capacidade do corpo Santos 2005 Essas mudanças entretanto não transformam por si só a pessoa em um adulto São necessárias outras mais variadas e menos visíveis para alcançar a verdadeira maturidade Berger Thompson 1997 mudanças e adaptações que dirigem o indivíduo para a vida adulta Bianculli 1997 Essas incluem as alterações cognitivas sociais e de perspectiva sobre a vida Martins Trindade Almeida 2003 Santos 2005 A adolescência é uma época de grandes transformações as quais repercutem não só no indivíduo mas em sua família e comunidade Kalina e Laufer 1974 entendem a adolescência como o segundo grande salto para a vida o salto em direção a si mesmo como ser individual Eses autores distinguem puber dade de adolescência Puberdade referese aos fenômenos fisiológicos que compreendem as mudanças corporais e hormonais enquanto adolescência diz respeito aos compo nentes psicossociais desse mesmo processo Melvin e Wolk mar 1993 também fazem essa diferenciação consideram que na puberdade está mais acentuada a maturação física e que a idade real de início pode variar muito sendo para as meninas em torno dos 10 anos e para os meninos 12 anos O ritmo em que ocorrem as mudanças da puberdade também é diferente para as meninas e para os meninos havendo uma variabilidade dentro do mesmo grupo sexual Bee 2003 Serra 1997 A adolescência cujo início coincide com a puberdade é influenciada pelas manifestações desta A Organização Mundial de Saúde também considera esses dois conceitos como distintos Bianculli 1997 Na puberdade ocorrem mudanças orgânicas que tendem à maturação biológica adulta com dimorfismo sexual e capaci dade reprodutiva e na adolescência há adaptação às novas 228 Psic Teor e Pesq Brasília AbrJun 2010 Vol 26 n 2 pp 227234 T H SchoenFerreira Cols estruturas físicas psicológicas e ambientais Por isso Lidz 1983 e Serra 1997 dizem existir várias adolescências de acordo com as características de cada pessoa e de seu contexto social e histórico Ao mesmo tempo em que é proposta a universalidade do estágio da adolescência observase que ela depende de uma inserção histórica e cultural que determina portanto variadas formas de viver a adolescência de acordo com o gênero o grupo social e a geração Martins cols 2003 A escola apesar de ser obrigatória para todos os adoles centes proporciona recursos pessoais e sociais hábitos de saúde interações sociais descoberta de oportunidades por exemplo que são aproveitados de maneira distinta pelos alunos Hargreaves Earl Ryan 2001 Marturano Elias Campos 2004 Serra 1997 o que também influencia na maneira individual de viver a adolescência Os adolescentes apresentam diversidade de grupos ati tudes comportamentos gostos valores e filosofia de vida Como diz Serra 1997 há diversos mundos e diversas formas de ser adolescente p 29 As experiências vividas ao longo de sua vida marcam o indivíduo como ser único apesar de compartilhar algumas características com outros jovens A sociedade contemporânea ocidental não apenas esten deu o período da adolescência como também os elementos constitutivos da experiência juvenil e seus conteúdos Abra mo Branco 2005 Adolescência hoje não é mais encarada apenas como uma preparação para a vida adulta mas passou a adquirir sentido em si mesma A palavra adolescência vem do latim adolescere que significa crescer Segundo Melvin e Wolkmar 1993 a pa lavra adolescence foi utilizada pela primeira vez na língua inglesa em 1430 referindose às idades de 14 a 21 anos para os homens e 12 a 21 anos para as mulheres Apesar de ser um estágio desenvolvimental oficialmente inaugurado com Stanley Hall em 1904 Cole Cole 2004 Melvin Wolkmar 1993 Mussen Conger Kagan Huston 1995 Santrock 2003 registros na literatura especialmente textos sobre educação documentam algumas características associadas ao adolescente na história da humanidade Sprin thall e Collins 1999 afirmam que os componentes psico lógicos e fisiológicos fundamentais desse período sempre existiram nas pessoas independente do período histórico ou cultural embora nem sempre se reconhecessem as caracte rísticas específicas da adolescência Exemplificando com a amizade questão muito relevante nessa fase Brun 2007 escreve que a mesma responde a uma necessidade essencial de encontro com o outro e esteve presente desde a aurora das civilizações embora com características das diferentes culturas ou épocas Somente nos séculos XIX e XX acontecimentos so ciais demográficos e culturais parecem ter propiciado o estabelecimento da adolescência como período distinto do desenvolvimento humano Kimmel Weiner 1998 Dessa forma entendese que a psicologia do adolescente tem um longo passado com uma curta história Pfromm Netto 1979 Steinberg Lerner 2004 Informações sobre a adolescência foram recolhidas por meio de estudos sobre as cerimônias de iniciação ocorridas em povos primitivos prosseguindo com as especulações filosóficas ou textos literários ao longo da história da huma nidade que geralmente registravam as classes mais altas e desembocando nos estudos científicos ocorridos a partir do século XX Pfromm Netto 1979 Embora ainda pouco estudada a adolescência tem sido vista desde a Antiguidade pelo prisma da impulsividade e excitabilidade Na Grécia Antiga os jovens eram submetidos a um verdadeiro adestramento cujo fim seria inculcarlhes as virtudes cívicas e militares Aos 16 anos podiam falar nas assembleias A maioridade civil era atingida aos 18 anos oca sião em que eram inscritos nos registros públicos da cidade Grossman 1998 A ginástica era bastante utilizada para o desenvolvimento físico e moral das crianças e jovens As moças faziam exercícios esportivos a fim de adquirir saúde e vigor para seu futuro de mães de família Casavamse aos 15 ou 16 anos Viase a fase da puberdade como um período de preparação para os afazeres da vida adulta no caso do sexo masculino a guerra ou a política no caso do sexo feminino a maternidade Era possível que alguns jovens se dedicassem à filosofia geralmente aqueles de famílias mais abastadas que não necessitavam da sua força de trabalho Assis e cols 2003 analisando Platão séc IV aC observaram que ele enfatizou características negativas dos jovens advertindoos quanto ao uso de bebida alcoólica antes dos 18 anos achando que era o mesmo que colocar fogo no fogo Mas segundo a análise de Santrock 2003 Platão também considerou que o raciocínio seria uma característica do homem que só apareceria na adolescência Por isso as crianças deveriam passar mais tempo brincando e os jovens estudando Sprinthall e Collins 2009 Assis e cols 2003 e Cole e Cole 2004 ressaltam que Aristóteles séc IV aC des creveu os jovens no século IV aC como apaixonados irascíveis e capazes de serem levados por seus impulsos Ele considerava que os jovens eram exageradamente positivos em suas afirmações e que se imaginavam oniscientes embora considerasse que o aspecto mais importante da adolescência fosse a habilidade para escolher e que a autodeterminação seria um indício de maturidade Para ele o exercício intenso visando competições só deveria ocorrer três anos após o término da puberdade para não comprometer o desenvolvi mento biológico No início do Império Romano a educação dos mais jovens ficava a cargo dos pais sendo uma educação bastante prática procurando formar o agricultor o cidadão ou o guerreiro A partir do século II aC as classes mais abastadas passaram a hospedar em suas casas algum mestre grego para educar seus filhos e aqueles que não tinham a mesma possibilidade enviavam seus filhos para escolas Grossman 1998 conta que os meninos romanos da elite aos 12 anos deixavam o ensino elementar e passavam a estudar os autores clássicos e a mitologia com o objetivo de adornar o espírito Aos 14 anos abandonavam as vestes infantis tendo o direito de fazer tudo o que um jovem gostasse de fazer Alguns jovens como complementação de seus estudos viajavam à Grécia Aos 16 ou 17 anos podiam optar pela carreira pública ou entrar para o exército Não existia maioridade legal o indivíduo era considerado impúbere até que o pai ou o tutor conside rasse que estava na idade de tomar as vestes de homem e cortar o primeiro bigode No período entre a puberdade e o casamento a indulgência dos pais era admissível deviase 229 Psic Teor e Pesq Brasília AbrJun 2010 Vol 26 n 2 pp 227234 Adolescência conceder algum privilégio ao calor da juventude Por outro lado as meninas aos 12 anos eram consideradas em idade de casar O casamento se consumava no máximo aos 14 anos quando então eram consideradas adultas Parece que aos poucos a educação romana perdeu a ideia de praticidade e passou a ser um ornamento intelectual com isso começase a observar uma distância maior entre os jovens de acordo com a classe social embora muitos escravos recebessem ensinamentos necessários à prática de seus serviços que podiam até abranger a leitura cálculos e a filosofia Entretanto observamos que desde o início do Impé rio Romano permanecia a ideia de que para tornar um adulto integrado à sociedade era preciso instruir os mais jovens Ao longo do século II difundiuse uma nova moral que confinava a prática sexual ao casamento Época em que os médicos prescreviam a ginástica e os estudos filosóficos para tirar dos jovens a energia venérea que podia englobar tanto o sexo quanto o consumo do álcool Nesse período acrescentaramse mudanças na concepção de maioridade A passagem à idade de homem adulto já não era um fato físico reconhecido por um direito habitual e sim uma ficção jurídi ca de impúbere passavase a menor legal Grossman 1998 Nessa época surgiu a ideia de que as escolas deveriam ter períodos de descanso entre os momentos de estudo Sprinthall e Collins 1999 estudando Santo Agostinho séc V observaram que ele abordou questões que considera va relevantes em relação aos jovens inclusive certa aversão à escola sugerindo uma educação mais jovial alegre tranquila e com brincadeiras Na Idade Média o indivíduo vivia em comunidades feudais as quais se constituíam como um ambiente bastante familiar onde todos se conheciam Os papéis tanto de gênero quanto profissional eram determinados pela comunidade Grossman 1998 descreve que nessa época o desenvol vimento era entendido como um fenômeno quantitativo e não qualitativo As crianças e adolescentes eram conside rados adultos em miniatura Garrod Smulyan Powers Kilkenny 1995 necessitando apenas de crescer em termos quantitativos em todos os aspectos físicos e mentais da es pécie humana Dessa forma assim que a criança superava o período de alto risco de mortalidade ela logo era misturada com os adultos e ia aprendendo as tarefas crenças e valores que seriam solicitados quando se tornassem adultos Garrod cols 1995 Grossman 1998 Uma forma de o jovem adquirir uma profissão nessa época era através das Corporações de Ofício Estas eram compostas de três classes os mestres donos das oficinas responsáveis pelo ensino e educação dos aprendizes os aprendizes que não recebiam salário geralmente eram pa rentes e moravam com o mestre e o jornaleiro que já havia terminado o período de aprendizagem e recebia salário Entre os nobres para os mais jovens havia o treinamento para se tornar cavaleiro Um treinamento bastante intenso e que demorava vários anos Nas universidades surgiram os cornificianos que eram estudantes que desejavam uma redução no programa de estudos O casamento costumava ser realizado entre 12 ou 15 anos com a noiva mais nova que o noivo A partir do séc XII a Igreja Católica passou a exigir o consentimento mútuo dos noivos para a união embora na prática os pais pudessem persuadir a filha a dar seu consentimento Dessa forma podemos observar que os jovens começam a ter algum poder de decisão em relação à sua própria vida Costa 2008 Alguns mosteiros criaram escolas onde se educavam crianças até os 15 anos independente da classe social Relatos da época mostram que esses jovens se organizavam em gru pos de idades semelhantes para brincar e jogar Costa 2002 A ideia de fases ou idades da vida começou a ser mais difundida na Idade Média observando as diferentes formas de assistência necessárias ao cuidado sustento e abrigo dos indivíduos e suas funções sociais no decorrer do ciclo vital Souza Homet 1999 Sob a influência de Aristóteles as fases correspondiam a períodos de sete anos A segunda idade era chamada de pueritia e ia dos sete aos 14 anos A terceira idade dos 14 aos 21 anos era chamada de adolescência porque a pessoa estaria pronta para procriar Nessa idade o indivíduo cresceria toda a grandeza que lhe fosse devida pela natureza Para alguns a adolescência terminava no vigési mo primeiro ano mas para outros durava até os 28 anos podendo ser estendida até os 3035 anos Grossman 1998 Erikson 1998 ressalta que Shakespeare séc XVI escreveu um poema intitulado As sete idades do Homem onde incluía a idade do estudante que é resmungão e não gosta da escola e a mocidade referindose ao período da adolescência que seria a idade do amante ou a do soldado Diversos estudiosos da literatura inglesa perguntam se o clássico Romeu e Julieta retrataria a rebelião dos jovens contra as tradições dos pais BrooksGunn 1995 Grossman 1998 destaca que Rosseau séc XVIII em seu tratado sobre a natureza humana e a educação sugeriu características da adolescência as quais continuam influen ciando o pensamento atual a respeito desse período Para Garrod e cols 1995 esse filósofo enfatizou o processo de desenvolvimento de forma qualitativa Rousseau con siderava a adolescência o período de maior instabilidade e conflito emocional os quais eram provocados pela maturação biológica Para ele tanto as mudanças biológicas quanto as sociais eram acompanhadas por uma mudança nos processos psicológicos incluindo o desenvolvimento da capacidade de pensar com lógica Gallantin 1978 observou que para Rousseau o raciocínio era desenvolvido na adolescência motivo pelo qual aconselhava que a educação prosseguisse depois dos 12 anos Santrock 2003 ressalta que esse filósofo considerava a adolescência como um renascimento período em que o indivíduo recapitula os estágios anteriores da vida procurando seu lugar na sociedade Dessa forma sua opinião era de que tanto a criança quanto o adolescente não eram iguais ao adulto De acordo com Ariès 1981 na Idade Moderna criou se um novo papel para o Estado o qual passou a interferir com maior frequência no espaço social formas de agir na família comunidade grupos religiosos e educacionais O desenvolvimento da alfabetização e a facilidade de leitura de livros distanciaram os indivíduos de sua própria comunidade O estabelecimento de novas formas de religião ao longo dos séculos XVI e XVII exigiu dos fiéis uma devoção mais íntima e pessoal Esse movimento inspirou a necessidade de proteger as crianças e jovens das tentações da vida cuidando da moralidade O colégio tornouse então uma instituição essencial da sociedade local de instrução e educação As 230 Psic Teor e Pesq Brasília AbrJun 2010 Vol 26 n 2 pp 227234 T H SchoenFerreira Cols crianças e adolescentes passaram a ser educados em luga res separados e fechados sob a autoridade de especialistas adultos As práticas escolares se destinavam à faixa etária dos 10 aos 25 anos não havendo a preocupação da separação da população escolar em classes determinadas por faixas etárias A segunda infância dessa forma não se distinguia da adolescência A longa duração da infância provinha provavelmente da indiferença que existia ao fenômeno propriamente biológico a puberdade Não se possuía o conceito do que hoje chamamos ado lescência embora os indivíduos começassem a se organizar em grupos de jovens que funcionariam como sociedades temporárias formadas no âmbito das vilas e dos bairros Essas novas formas de socialização eram destinadas exclu sivamente ao público masculino No século XIX a sociedade se tornou uma vasta popula ção anônima onde as pessoas já não se conheciam Esse é um período marcado pelo fortalecimento dos Estados Nacionais pela redefinição dos papéis sociais de mulheres e crianças pelo avanço acelerado da industrialização e da técnica e pela organização dos trabalhadores Áries 1978 Um duplo movimento percorre as relações entre pais e filhos De um lado um investimento crescente no filho identificado como o futuro da família e por outro a visão do filho como objeto de amor No Brasil observase a criação de escolas para meninas onde as jovens poderiam por meio de uma educação intelectual religiosa e moral prepararemse para serem mães dignas e capazes de ensinar seus próprios filhos Sarat Sarat 2007 A infância passa a ser encarada como um momento privilegiado da vida e a criança é identificada como uma pessoa Nesse momento a figura do adolescente é delineada com precisão Alguns marcos indicam o início e o fim dessa etapa esse período é delimitado no menino como o que se estende entre a primeira comunhão e o bacharelado e na menina da primeira comunhão ao casamento Áries 1978 Ao longo do século XIX a adolescência passa a ser reco nhecida como um momento crítico da existência humana É temida como uma fase de riscos em potencial para o próprio indivíduo e para a sociedade como um todo Em linhas gerais parece que a ideia do que hoje cha mamos adolescência pressentida a partir do século XVIII Grossman 1998 está associada às novas maneiras de viver no grupo social onde o indivíduo está inserido Com a industrialização e a instituição de sistemas educacionais obrigatórios ela pode finalmente ser mais observada Pode se então dizer que a adolescência foi conhecida primeiro pelos educadores Na segunda metade do século XIX foram organizados os primeiros serviços de saúde dedicados especialmente aos alunos de colégios fundandose em 1884 a Associação de Médicos Escolares Silber 1997 Há o interesse mé dico voltado para os alunos dos internatos provavelmente mobilizado pelas modificações decorrentes do processo biológico de amadurecimento dos internos a puberdade e pelas manifestações decorrentes de seu comportamento e das transformações sexuais As teorias de Freud começaram a ter mais vulto e a sexualidade que até então focava apenas a reprodução começou a ser vista como parte integrante do desenvolvimento do ser humano Talvez por necessidades de adaptação à escola os psi cólogos também começaram a estudar a adolescência Entre eles estava Stanley Hall que descreveu esse período como uma época de emotividade e estresse aumentados Legitimou a adolescência como uma etapa que requer estudo e atenção inaugurando assim o estudo científico da adolescência Para Hall 1925 a adolescência era basicamente biológica Para ele a adolescência era entendida como zona de turbulência e contestação constituindose em uma linha de fraturas e erupções vulcânicas no seio das famílias A constante vigilância aos adolescentes e o distanciamen to com que eram tratados por suas famílias despertaram a necessidade de conquista de sua privacidade Houve o cres cimento de diários íntimos e das amizades com seus pares A escolha de uma amiga íntima constituíase em episódio importante na vida de uma adolescente Era também intensa a amizade entre os adolescentes do sexo masculino Foi cria do em 1908 o Movimento Escoteiro BadenPowel sd No final do século XIX já havia sido criada a Associação Cristã de Moços ACM Também surgiram diversos movimentos de juventude ligados ou não a associações profissionais e confrarias especialmente na Alemanha após a primeira Grande Guerra marcados segundo Haroche 2006 pela rejeição das estruturas adultas vigentes motivados pelo clima de desencantamento com o status quo O século XX foi um período em que as guerras marcaram o desenvolvimento da adolescência Nos períodos que prece deram a I e a II Guerra Mundial a literatura enfatizava a in dolência indisciplina e preguiça dos adolescentes enquanto que durante as guerras e nos anos seguintes os pesquisadores demonstravam a importância do trabalho dos adolescentes para manter a sociedade tal qual eles conheciam Steinberg Lerner 2004 Amazonas e Braga 2007 relatam que as modificações ocorridas no interior das famílias trouxeram novas posições para seus membros inclusive o adolescente pois não era mais o gênero que definia os papéis Entretanto Fávero e Abrão 2006 observam que a mídia parece manter os papéis masculinos e femininos privilegiando o status masculino em programas dirigidos a adolescentes Durante a segunda e a terceira décadas do século XX foram iniciados diversos estudos do ciclo vital especialmente nos Estados Unidos e GrãBretanha a partir de programas que acompanhavam as crianças até a vida adulta Papalia Olds Feldman 2006 Dessa forma nas décadas de 40 e 50 começaram a aparecer os resultados de estudos longitudinais envolvendo grupos diversos de pessoas Entre eles podemos citar os estudos da equipe de Havighurst 1957 Suas ideias mostram as tarefas evolutivas como lições que o ser huma no deve aprender dentro de um período relativamente restrito para que se desenvolva de modo satisfatório e possa ingressar vitorioso na próxima etapa do ciclo evolutivo Em cada fase do desenvolvimento humano portanto o indivíduo tem que adquirir algum tipo de habilidade e fazer alguma sorte de ajustamento às demandas da vida Rosa 1988 p 131 Havighurst 1957 propôs algumas tarefas evolutivas para o período da adolescência aceitar o próprio corpo estabe lecer relações sociais mais maduras com os pares de ambos os sexos desenvolver o papel social de gênero alcançar a independência dos pais e de outros adultos com relação aos aspectos emocional pessoal e econômico escolher uma 231 Psic Teor e Pesq Brasília AbrJun 2010 Vol 26 n 2 pp 227234 Adolescência ocupação e prepararse para a mesma prepararse para o matrimônio e a vida em família desenvolver a cidadania e comportamentos sociais responsáveis além de conquistar uma identidade pessoal uma escala de valores e uma filosofia de vida que guiem o comportamento do indivíduo As tarefas acima citadas aparecem de distintas formas em diversos autores que estudam adolescência Adams 1998 Alencar Silva Silva Diniz 2008 Fávero Abraão 2006 Hargreaves cols 2001 Lidz 1983 Vargas Nelson 2001 É comum a discussão sobre se são tarefas relacionadas à faixa etária independentes da cultura ou se estão restritas à sociedade ocidental em especial a norteamericana e se ainda valem para hoje em dia A questão sobre a universalidade ou não da adolescência é um tema importante e alguns historiadores interessados nesse problema defendem que a adolescência é uma construção social Os estudos da Antropologia Social revolucionaram essa forma de pensar a adolescência mostrando uma possi bilidade de entender as fases do desenvolvimento humano de forma totalmente nova ressaltando duas importantes questões a adolescência não precisa ser necessariamente um período turbulento e as características do desenvolvimento psicossocial não são universais Em Samoa sociedade estu dada por Margaret Mead Grossman 1998 Santrock 2003 Sprinthall Collins 1999 por exemplo o desenvolvimento era gradual calmo e sem impactos profundos A organização social a inserção no mundo adulto e as atividades realizadas pelos indivíduos favoreciam uma adolescência relativamente livre de estresse Os desenvolvimentistas modernos especialmente aqueles que estudam a adolescência tentam explicar como os fatores biológicos sociais cognitivos comportamentais e culturais estão interligados no desenvolvimento inclusive na transição da infância para a vida adulta Erikson observou a integração entre esses fatores a partir de seus estudos sobre os proble mas desenvolvidos pelos jovens militares que apresentavam dificuldades de se adaptar à vida que levavam antes da II Guerra Mundial quando seus planos foram interrompidos para servir à pátria Adams 1998 Nos Estados Unidos durante a década de 50 do século passado apareceu o fenômeno denominado juventude transviada ou rebelde sem causa Grossman 1998 Já começava a se delinear de modo bastante claro uma cons ciência etária a oposição jovem nãojovem Marty 2006 afirma que a adolescência está amalgamada na violência entretanto esta não é exclusiva dos jovens embora para essa autora um determinado nível de violência seja próprio dessa fase do desenvolvimento Considera a adolescência como um processo de arrombamento pubertário tal como os bombardeios aéreos durante as guerras Aberastury e cols 1980 identificaram a Síndrome da Adolescência Normal onde diversos comportamentos considerados patológicos em outros estágios do ciclo vital são considerados esperados e normais no período da adolescência Os anos 60 inauguram um novo estilo de mobilização e contestação social os quais contribuíram para a percepção da adolescência como uma subcultura Garrod cols 1995 Os jovens passaram a negar todas as manifestações visíveis dessa sociedade Esse movimento transformaria a juventude em um grupo com um novo foco de contestação Surgiu um termo novo contracultura Inicialmente o fenômeno seria caracterizado por seus sinais mais evidentes cabelos compridos roupas coloridas misticismo um tipo de música e drogas significando uma nova maneira de pensar modos diferentes de se relacionar com o mundo e com as pessoas De um lado surgia o movimento hippie com sua filosofia por outro lado a introdução da política nos movimentos es tudantis universitários Grossman 1998 Brun 2007 relata que muitos pais se ressentem de certas amizades de seus filhos quando influenciados pelo grupo de pares cometem transgressões sociais ou sexuais Entretanto não eram todos os jovens que estavam em um ou outro movimento Para Mussen Conger e Kagan 1977 tratase de uma tendência de assumir que os adolescentes sejam todos iguais uma supersimplificação que não recebe apoio de estudos sérios Estudos atuais enfocam essa fase do desenvolvimento obser vando diversas variáveis que podem influenciar o indivíduo como raça sexo nível socioeconômico história pessoal contexto cultura entre tantas Erikson 1972 utilizando as propostas da psicanálise e os achados da Antropologia Cultural propôs a Teoria Psi cossocial na qual sugere que o ambiente também participa na construção da personalidade do indivíduo Sifuentes Dessen e Oliveira 2007 entendem que as etapas do ciclo vital e portanto a adolescência são observações de fatos sociais e psicológicos cujas características dependem do contexto em que estão inseridas Essa mudança na visão do desenvolvimento é de grande importância abrindo novas fronteiras para o entendimento do desenvolvimento e mais especificamente da adolescência Na virada para o séc XXI apareceu a expressão onda jovem para denominar o grande número de indivíduos que estão nessa faixa etária devido a explosão da taxa de natalidade que ocorreu no início da década de 80 do século anterior Esses jovens se depararam com um cenário eco nômico adverso dificuldades para arrumar e se manter no emprego incremento dos problemas sociais especialmente os urbanos Brasil 1999 Matheus 2003 modificações nos valores sociais falta de perspectivas diminuição da influên cia e controle tradicionalmente exercida pela família igreja e comunidade Vargas Nelson 2001 Ao mesmo tempo a criança e o adolescente passam a ser considerados sujeitos de direito e em fase especial de desenvolvimento afirmando a ideia de proteção integral do estado Espindula Santos 2004 À medida que os governos tomam consciência da im portância de se proteger o desenvolvimento do ser humano a adolescência tornase um período mais identificável no ciclo vital Sprinthall Collins 1999 Com esse histórico da posição dos adolescentes e da adolescência na sociedade através dos séculos podese considerar esse estágio uma invenção cultural Rappaport 1982 ou um luxo Serra 1997 que só sociedades ou gru pos sociais mais desenvolvidos se permitem A concepção da adolescência parece estar relacionada à democratização da educação e ao surgimento de leis trabalhistas Gallantin 1978 Segundo BucherMaluschke 2007 a lei é perce bida como protegendo apenas os mais ricos e não alcança as camadas menos favorecidas economicamente onde os relacionamentos são permeados pela força bruta ou pela lei do mais forte Percebese uma intromissão maior do serviço 232 Psic Teor e Pesq Brasília AbrJun 2010 Vol 26 n 2 pp 227234 T H SchoenFerreira Cols público junto aos adolecentes especialmente a polícia e o Poder Judiciário Amazonas e Braga 2007 colocam que esse fenômeno começou a ocorrer no Brasil a partir de 1900 dependendo da região geográfica e das camadas sociais Ain da encontramos grupos sociais que compreendem a criança adolescente como um ser menos importante que ainda não adquiriu o status de pessoa Morais CerqueiraSantos Mou ra Vaz Koller 2007 As culturas mais sofisticadas tecnicamente retardam o ingresso do jovem nas estruturas sociais sendo cada vez maior a exigência de estudos e especialização para ingressar no mercado de trabalho Consequentemente o indivíduo pre cisa de mais tempo para cumprir as tarefas da adolescência e esse período se estende Embora atualmente a idade média de casamento da mulher brasileira seja 241 anos quase um terço das jovens já teve pelo menos um filho Brasil 1999 Gallantin 1978 Rappaport 1982 Grossman 1998 e Santrock 2003 entre outros destacam o fato evidenciado por alguns filósofos de que a adolescência começa na biologia e termina na cultura Mussen cols 1995 tanto assim que nas sociedades mais simples essa fase pode ser breve TraversoYepez Pinheiro 2002 Os psicólogos evolu cionistas partem do princípio de que o ser humano é uma espécie animal com maior nível de sofisticação e que seus algoritmos mentais foram desenvolvidos na época em que éramos caçadorescoletores e podem não estar bem adaptados à sociedade contemporânea É necessária uma reorganização comportamental decorrente da luta interna entre os genes cérebro educação recebida história individual no seu grupo social e estímulos Lopes Vasconcelos 2008 A Organização Mundial da Saúde 1965 utiliza o termo juventude para evocar a faixa etária entre 15 e 24 anos em função do prolongamento da fase na qual não são assumidas as responsabilidades ditas adultas Postergouse o matrimônio ampliouse a necessidade de permanecer no lar paterno emancipação tardia aumentouse o número de nascimentos fora do matrimônio fatores que levam o indivíduo a conviver com mais pessoas de diferentes idades e ambientes sem laços consanguíneos com a maioria delas com diferentes escalas de valores ideias e crenças Vargas Nelson 2001 e por mais tempo As modificações intro duzidas na vida moderna exigem que os indivíduos tenham mais tempo para cumprir as tarefas evolutivas propostas para a referida faixa etária A escola também modificou seu papel em relação ao adolescente até tempos atrás esperavase que ele fosse preparado para assumir uma profissão portanto os cursos costumavam ter uma vertente profissionalizante bastante acentuada Atualmente a educação básica busca somente fornecer subsídios para o desenvolvimento pleno do ser humano sem a preocupação da profissionalização Sifuentes e cols 2007 concordam que as mudanças e continuidades que o adolescente vivencia no seu processo de desenvolvimento tem relação com essa fase específica mu danças físicas e cognitivas e também com às modificações que ocorrem na sociedade em que participa Da mesma forma que observamos mudanças no entendi mento do que é adolescência também observamos mudanças em como os teóricos abordam essa etapa Hoje observamos uma perspectiva de estudar todo o ciclo vital considerando então a adolescência como mais uma etapa com caracte rísticas próprias que atuarão na construção das trajetórias de vida de cada indivíduo dentro de um contexto sóciocultural Sifuentes cols 2007 Steinberg e Lerner 2004 observaram três perspectivas a primeira compreendida entre as décadas de 50 a 80 do sé culo passado enfatizava os estudos descritivos de padrões de comportamento ajustamento pessoal e relacionamento além de estudos sobre as possíveis trajetórias que os indivíduos podem seguir ao longo do desenvolvimento A segunda pers pectiva da década de 80 aos dias de hoje enfatiza a aplicação dos conhecimentos científicos na resolução de problemas reais A terceira perspectiva está interessada em promover o desenvolvimento positivo do indivíduo especialmente ao se conscientizar que os adolescentes representam o futuro da humanidade Os cientistas estão engajados em transformar esse coorte em adultos capazes e comprometidos consigo suas famílias comunidades e sociedade em geral Esperamos ter mostrado como o entendimento da adoles cência as exigências e comportamentos é composto pelas variáveis presentes nas culturas em distintas épocas as quais para responder a novas demandas materializavam seus ideais em instituições e comportamentos que buscavam facilitar a assunção dos direitos e deveres do adulto Referências Aberastury A Knobel M Ferrer E S L Goldstein R Z Jarast S G Kalina E Paz L R Rolla E H 1980 Adolescência Porto Alegre 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caminhoneiros brasileiros Psicologia Teoria e Pesquisa 23 263271 Mussen P H Conger J J Kagan J 1977 Desenvolvimento e personalidade da criança São Paulo Harbra Mussen P H Conger J J Kagan J Huston A C 1995 Desenvolvimento e personalidade da criança São Paulo Harbra Organização Mundial da Saúde 1965 Problemas de la salud de la adolescencia Informe de un comité de expertos de la OMS Informe técnico n 308 Genebra Papalia D E Olds S W Feldman R D 2006 Desenvolvimento humano 8ª ed Porto Alegre Artmed Pfromm Netto S 1979 Psicologia da adolescência São Paulo Pioneira Rappaport C R 1982 Psicologia do desenvolvimento A idade escolar e a adolescência Vol 4 São Paulo EPU Rosa M 1988 Psicologia evolutiva problemática do desenvolvimento 4ª ed Petrópolis Vozes Santos L M M 2005 O papel da família e dos pares na escolha profissional Psicologia em Estudo 10 5766 Santrock J W 2003 Adolescência 8ª ed Rio de Janeiro LTC Sarat M Sarat L 2007 Histórias de viajantes e suas missões civilizadora Em Anais do X Simpósio Internacional Processo Civilizador pp 18 Campinas UNICAMP Retirado em 2942008 de httpwwwfefunicampbrsipcanais8Magda20 Sarat20UNIMEP20pdf Serra E 1997 Adolescência perspectiva evolutiva Em Anais do VII Congreso INFAD pp 2428 Oviedo Espanha Sifuentes T R Dessen M A Oliveira M C S L 2007 Desenvolvimento humano desafios para a compreensão das trajetórias probabilísticas Psicologia Teoria e Pesquisa 23 379385 Silber T J 1997 Medicina de la adolescencia Una nueva subespecialidad de la Pediatría y la Medicina Interna en la América del Norte Adolescencia Latinoamericana 1 1115 Souza N A Homet R 1999 Los viejos y la vejez en la Edad Media Sociedad e imaginario Revista Brasileira de História 19 313318 Sprinthall N A Collins W A 1999 Psicologia do adolescente uma abordagem desenvolvimentista 2ª ed Lisboa Fundação Calouste Gulbenkian 234 Psic Teor e Pesq Brasília AbrJun 2010 Vol 26 n 2 pp 227234 T H SchoenFerreira Cols Steinberg L Lerner R M 2004 The scientific study of adolescence A brief history The Journal of Early Adolescence 24 4554 TraversoYepez M A Pinheiro V S 2002 Adolescência saúde e contexto social esclarecendo práticas Psicologia Sociedade 14 13314 Vargas C Nelson A 2001 Cambios en la familia repercusiones en la práctica pediátrica Revista Chilena de Pediatria 72 7780 Recebido em 10092007 Primeira decisão editorial em 19032010 Versão final em 13052010 Aceito em 13052010 n Mar 05 2024 Plagiarism Scan Report Excluded URL None Content Checked for Plagiarism O artigo intitulado Adolescência através dos séculos escrito por Teresa Helena SchoenFerreira aborda principalmente questões relacionadas a evolução da adolescência conforme as modicações sociais e transformações históricas O estudo foi baseado em aspectos cientícos e losócos A autora destacou três fases para a formação do conceito de adolescência padrões características descrições inuência em aspectos comportamentais e capacidade de interação social o foco central foi associado ao desenvolvimento do individuo Inicialmente a autora aborda o período biopsicossocial da adolescência na visão de Ferreira este é constituído por formações estruturais perante a idade de 10 a 20 anos os dados coletados pela autora são foram baseados através de informações da Organização Mundial da Saúde OMS conforme destacado a adolescia é marcada por transformações psicológicas e físicas em geral o adolescente tem mudanças corporais com a puberdade logo do início dessa fase adiante sua vida é marcada com a descoberta de aspectos emocionais prossionais e sociais Além disso as percepções cognitivas também são alteradas no início da adolescência entre 12 e 15 anos Todas essas mudanças são essenciais para que o indivíduo esteja totalmente preparado para a vida adulta A adolescência é marcada por um período destinado a descobertas e transformações a autora traz o papel da comunidade família e amigos como um dos fundamentos para a construção de um adulto ético e moral O artigo traz alguns autores para a fundamentação metodológica como Melvin Trindade e Almeida Assim proporcionando uma maior conança ao leitor sobre a conabilidade presente dentro da construção da obra À puberdade é destacada por Ferreira como uma fase da adolescência em que o jovem passa por mudanças hormonais além de alterações comportamentais Melvin 1993 A puberdade se inicia para as meninas em torno dos 10 anos e para os meninos aos 12 a adolescência portando é resultado de um agrupamento de acontecimentos que levam a construção do ser adulto A adolescência também é marcada por mudanças nos gostos nas percepções sociais nos hábitos nos grupos sociais nas descobertas e na forma como as oportunidades da vida são agarradas Os grupos sociais ganham destaque no tema pois cada um possui aspectos relevantes que auxiliam na construção da personalidade desses indivíduos quanto adolescentes as experiências adquiridas durante essa constrição são fundamentais pois marcam a vida e possuem autonomia para inuenciar a personalidade na fase adulta Desde a 0 Plagiarized 100 Unique Characters6598 Words986 Sentences44 Speak Time 8 Min Page 1 of 3 antiguidade como a presenta autora adolescência é um período cheio de Impulsividade e que permite o aprimoramento da personalidade a autora destaca algumas civilizações antigas em que os jovens eram submetidos a eventos como adestramento am de moldar suas características pessoais Na Grécia antiga os adolescentes passavam por rituais que os levavam a vida adulta aqueles que eram aprovados nos testes submetidos eram considerados aptos a vida cívicas e militares Dentro dessas civilizações os adolescentes poderiam a falar dentro das assembleias apenas com essa aprovação que ocorriam durante o início dos dezesseis anos de vida A ginástica era posta como um meio de organizar a moralidade das crianças também como uma maneira de exército físico O casamento era normal aos 14 ou 15 anos A puberdade dentro dessas civilizações era uma preparação para o matrimônio e para as mulheres a obrigatoriedade da maternidade No império romano a educação dos adolescentes era atribuída aos pais dos jovens a educação não era um meio viável muitos já eram destinados a agricultura ou guerreiros Somente os adolescentes da elite romana continuavam com seus estudos com 14 anos cava proibidos de vestir roupas infantis e passavam a utilizar vestimentas de adultos Na visão da autora cada uma dessas civilizações possuíam seus hábitos e costumes levando a construção da adolescência não existia maioridade o jovem era considerado impúbere até que seus pais o denominassem assim Autora destaca que dentro da idade média os adolescentes eram submetidos a viverem em comunidades feudais onde todos se conheciam O gênero era posto como uma questão predominante na época as crianças ocupavam a função de miniatura de adultos trabalhando na medida em que seus corpos conseguiam comprovadamente poucas crianças venciam risco da mortalidade na infância durante o período colonial De acordo com Ferreira o século XX foi marcado por guerras que corromperam o desenvolvimento de milhares de crianças especialmente durante a adolescência Muitos desenvolveram problemas psicológicos servos durante a I e II Guerra Mundial era um período restrito a vivenciar a adolescência as experiências saudáveis de tal fase Existem diversos problemas em todo da adolescência uma delas é a aceitação ao seu próprio corpo durante essa fase de modicações corporais a autora destaca como muitos adolescentes passam a se odiar e a criar armaduras sociais além disso problemas como emprego independência e aspectos emocionais também são problemáticas da adolescência Alguns historiadores abordam a adolescência relacionandoas a fatores independentes da cultura e sociedade Apensar disso é de suma relevância entender que a sociedade e outras questões sociais desempenham um fator predominante na construção do indivíduo para muitos historiadores o tema não é estudado com relevância embora seja uma forma vinda de construções sociais Durante a leitura do artigo é possível entender que cada comunidade e sociedade em diferentes tempos históricos possuem características interessantes que foram uma espécie de pilar para os adolescentes da época Os gregos criavam os jovens para serem pensadores visando o matrimonio e a vida conjugal os romanos criavam seus jovens mais humildes para o campo e para as guerras enquanto os mais ricos eram Page 2 of 3 direcionados a centralidade do poder Desse modo notase que a construção do artigo foi baseada em diferentes conceitos históricos assim como aspectos relevantes em todas as civilizações destacadas A adolescência é um período de modicações psicológicas emocionais e físicas Todos os fatores presentes são encontrados no meio social e cultural que esses indivíduos estão inseridos A autora trouxe uma linguagem clara e objetiva durante sua abordagem cientíca contribuindo para a percepção do leitor sobre o tema a abordagem direcionada a divergentes fases temporais resultou em um complexo de Sources Home Blog Testimonials About Us Privacy Policy Copyright 2024 Plagiarism Detector All right reserved Page 3 of 3 RESUMO DE ARTIGO ADOLESCÊNCIA ATRAVÉS DOS SÉCULOS O artigo intitulado Adolescência através dos séculos escrito por Teresa Helena SchoenFerreira aborda principalmente questões relacionadas a evolução da adolescência conforme as modificações sociais e transformações históricas O estudo foi baseado em aspectos científicos e filosóficos A autora destacou três fases para a formação do conceito de adolescência padrões características descrições influência em aspectos comportamentais e capacidade de interação social o foco central foi associado ao desenvolvimento do indivíduo Inicialmente a autora aborda o período biopsicossocial da adolescência na visão de Ferreira este é constituído por formações estruturais perante a idade de 10 a 20 anos os dados coletados pela autora foram baseados através de informações da Organização Mundial da Saúde OMS conforme destacado a adolescência é marcada por transformações psicológicas e físicas em geral o adolescente tem mudanças corporais com a puberdade logo do início dessa fase adiante sua vida é marcada com a descoberta de aspectos emocionais profissionais e sociais Além disso as percepções cognitivas também são alteradas no início da adolescência entre 12 e 15 anos Todas essas mudanças são necessárias para que esses jovens estejam preparados para enfrentar desafios da vida adulta A adolescência é marcada por um período destinado a descobertas e transformações a autora traz o papel da comunidade família e amigos como um dos fundamentos para a construção de um adulto ético e moral O artigo traz alguns autores para a fundamentação metodológica como Melvin Trindade e Almeida Assim proporcionando uma maior confiança ao leitor sobre a confiabilidade presente dentro da construção da obra À puberdade é destacada por Ferreira como uma fase da adolescência em que o jovem passa por mudanças hormonais além de alterações comportamentais Melvin 1993 A puberdade se inicia para as meninas em torno dos 10 anos e para os meninos aos 12 a adolescência portando é resultado de um agrupamento de acontecimentos que levam a construção do ser adulto A adolescência também é marcada por mudanças nos gostos nas percepções sociais nos hábitos nos grupos sociais nas descobertas e na forma como as oportunidades da vida são agarradas Os grupos sociais ganham destaque no tema pois cada um possui aspectos relevantes que auxiliam na construção da personalidade desses indivíduos quanto adolescentes as experiências adquiridas durante essa constrição são fundamentais pois marcam a vida e possuem autonomia para influenciar a personalidade na fase adulta Desde a antiguidade como a presenta autora adolescência é um período cheio de Impulsividade que permite o aprimoramento da personalidade a autora destaca algumas civilizações antigas em que os jovens eram submetidos a eventos como adestramento visando moldar suas características pessoais Na Grécia antiga os adolescentes passavam por rituais que os levavam a vida adulta aqueles que eram aprovados nos testes submetidos eram considerados aptos a vida cívicas e militares Dentro dessas civilizações os adolescentes poderiam a falar dentro das assembleias apenas com essa aprovação que ocorriam durante o início dos dezesseis anos de vida A ginástica era posta como um meio de organizar a moralidade das crianças também como uma maneira de exército físico O casamento era normal aos 14 ou 15 anos A puberdade dentro dessas civilizações era uma preparação para o matrimônio e para as mulheres a obrigatoriedade da maternidade No império romano a educação dos adolescentes era atribuída aos pais dos jovens a educação não era um meio viável muitos já eram destinados à agricultura ou guerreiros Somente os adolescentes da elite romana continuavam com seus estudos com 14 anos ficavam proibidos de vestir roupas infantis e passavam a utilizar vestimentas de adultos Na visão da autora cada uma dessas civilizações possuíam seus hábitos e costumes levando a construção da adolescência não existia maioridade o jovem era considerado impúbere até que seus pais o denominassem assim Autora destaca que dentro da idade média os adolescentes eram submetidos a viverem em comunidades feudais onde todos se conheciam O gênero era posto como uma questão predominante na época as crianças ocupavam a função de miniatura de adultos trabalhando enquanto conseguiam comprovadamente poucas crianças venciam risco da mortalidade na infância durante o período colonial Segundo Ferreira o século XX foi marcado por guerras que corromperam o desenvolvimento de milhares de crianças especialmente durante a adolescência Muitos desenvolveram problemas psicológicos servos durante a I e II Guerra Mundial era um período restrito a vivenciar a adolescência as experiências saudáveis de tal fase Existem diversos problemas em todo da adolescência uma delas é a aceitação ao seu próprio corpo durante essa fase de modificações corporais a autora destaca como muitos adolescentes passam a se odiar e a criar armaduras sociais além disso problemas como emprego independência e aspectos emocionais também são problemáticas da adolescência Alguns historiadores abordam a adolescência relacionandoas a fatores independentes da cultura e sociedade Apensar disso é de suma relevância entender que a sociedade e outras questões sociais desempenham um fator predominante na construção do indivíduo para muitos historiadores o tema não é estudado com relevância embora seja uma forma vinda de construções sociais Durante a leitura do artigo é possível entender que cada comunidade e sociedade em diferentes tempos históricos possuem características interessantes que foram uma espécie de pilar para os adolescentes da época Os gregos criavam os jovens para serem pensadores visando o matrimônio e a vida conjugal os romanos criavam seus jovens mais humildes para o campo e para as guerras enquanto os mais ricos eram direcionados a centralidade do poder Desse modo notase que a construção do artigo foi baseada em diferentes conceitos históricos assim como aspectos relevantes em todas as civilizações destacadas A adolescência é um período de modificações psicológicas emocionais e físicas Todos os fatores presentes são encontrados no meio social e cultural que esses indivíduos estão inseridos A autora trouxe uma linguagem clara e objetiva durante sua abordagem científica contribuindo para a percepção do leitor sobre o tema Sua abordagem direcionada a divergentes fases temporais resultou em um complexo de percepções sobre os fatores que colaboram para a formação da vida adulta de cordo com os fatos vivenciados através da adolescência REFERENCIAS SCHOEN Teresa Helena Ferreira Adolescência através dos séculos Universidade Federal de São Paulo São Paulo Vol 26 n 2 2024 QUESTÕES 1 Com base no artigo de Teresa Helena Schoen Ferreira quais aspectos são necessários para diferenciar puberdade de adolescência Respostas Puberdade referese aos fenômenos fisiológicos que compreendem as mudanças corporais e hormonais enquanto adolescência diz respeito aos componentes psicossociais desse mesmo processo A adolescência é definida como um período biopsicossocial A adolescência apresentase vinculada à idade portanto referindose à biologia ao estado e à capacidade do corpo embora essencial seja a questão biológica a adolescência também está ligada a fatores sociais e psicológicos Portanto os aspectos necessários são fatores fisiológicos sociais culturais e psicológicos 2 Diferencie da adolescência em Roma para a adolescência na Grécia antiga Resposta Na Grécia Antiga os jovens eram submetidos a um verdadeiro adestramento cujo fim seria inculcarlhes as virtudes cívicas e militares Aos 16 anos podiam falar nas assembleias A maioridade civil era atingida aos 18 anos ocasião em que eram inscritos nos registros públicos da cidade Romano a educação dos mais jovens ficava a cargo dos pais sendo uma educação bastante prática procurando formar o agricultor o cidadão ou o guerreiro Aos 14 anos abandonavam as vestes infantis tendo o direito de fazer tudo o que um jovem gostasse de faze 3 Destaque alguns pontos da adolescência na Idade Média As crianças e adolescentes eram considerados adultos em miniatura necessitando apenas de crescer em termos quantitativos em todos os aspectos físicos e mentais da espécie humana Dessa forma assim que a criança superava o período de alto risco de mortalidade ela logo era misturada com os adultos e ia aprendendo as tarefas crenças e valores que seriam solicitados quando se tornassem adultos 4 Identifique a alternativa correta Qual o efeito principal decorrente da constante vigilância empregada aos adolescentes no século XIX e o distanciamento de tais indivíduos por parte de suas famílias a Crescimento de diários íntimos e aumento das amizades com pares b Redução da necessidade de privacidade entre os adolescentes c Aumento da supervisão familiar sobre as atividades dos adolescentes d Diminuição da importância das amizades entre adolescentes RESPOSTA A