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Métodos de Pesquisa Reitor Carlos Alexandre Netto ViceReitor e PróReitor de Coordenação Acadêmica Rui Vicente Oppermann SECRETARIA DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Secretário Sérgio Roberto Kieling Franco ViceSecretário Silvestre Novak Comitê Editorial Lovois de Andrade Miguel Mara Lucia Fernandes Carneiro Silvestre Novak Sílvio Luiz Souza Cunha Sérgio Roberto Kieling Franco presidente EDITORA DA UFRGS Diretora Sara Viola Rodrigues Conselho Editorial Alexandre Santos Ana Lígia Lia de Paula Ramos Carlos Alberto Steil Cornelia Eckert Maria do Rocio Fontoura Teixeira Rejane Maria Ribeiro Teixeira Rosa Nívea Pedroso Sergio Schneider Susana Cardoso Tania Mara Galli Fonseca Valéria N Oliveira Monaretto Sara Viola Rodrigues presidente FNDE Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação UNIVERSIDADE ABERTA DO BRASIL CAPES SEAD Secretaria de Educação a Distância iepe série estudos e pesquisas Centro de Estudos e Pesquisas Econômicas UFRGS PGDR PROGRAMA DE PÓSGRADUAÇÃO EM DESENVOLVIMENTO RURAL EXERCÍCIO Faça uma introdução de pesquisa com base nos 6 elementos apresentados 1 CAPA 2 CONTEXTUALIZAÇÃO 3 RECORTES 4OBJETIVOS 5JUSTIFICATIVA 6 METODOLOGIA ELABORE UMA INTRODUÇÃO COM 3 A 4 PÁGINAS Data limite para a entrega até o dia 08072025 Atividade Avaliativa 2 Métodos de Pesquisa Tatiana Engel Gerhardt Denise Tolfo Silveira Organizadoras EAD SÉRIE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA UFRGS EDITORA SEAD Secretaria de Educação a Distância CURSO DE GRADUAÇÃO TECNOLÓGICA PLANEJAMENTO E GESTÃO PARA O DESENVOLVIMENTO RURAL dos Autores 1a edição 2009 Direitos reservados desta edição Universidade Federal do Rio Grande do Sul Capa e projeto gráfico Carla M Luzzatto Revisão Ignacio Antonio Neis Sabrina Pereira de Abreu e Rosany Schwarz Rodrigues Editoração eletrônica Luciane Delani Universidade Aberta do Brasil UABUFRGS Coordenador Luis Alberto Segovia Gonzalez Curso de Graduação Tecnológica Planejamento e Gestão para o Desenvolvimento Rural Coordenação Acadêmica Lovois de Andrade Miguel Coordenação Operacional Eliane Sanguiné ISBN 9788538600718 Métodos de pesquisa organizado por Tatiana Engel Gerhardt e Denise Tolfo Silveira coordenado pela Universidade Aberta do Brasil UABUFRGS e pelo Curso de Graduação Tecnológica Planejamento e Gestão para o Desenvolvimento Rural da SEADUFRGS Porto Alegre Editora da UFRGS 2009 120 p il 175x25cm Série Educação a Distância Inclui figuras quadros e anexos Inclui referências 1Metodologia da pesquisa científica 2 Métodos de pesquisa 3 Pesquisa científica Elaboração 4 Projeto de pesquisa Estruturação 5 Tecnologia da informação e co municação Pesquisa 6 Ética Plágio I Gerhardt Tatiana Engel II Silveira Denise Tolfo III Universidade Aberta do Brasil IV Universidade Federal do Rio Grande do Sul Secretaria de Educação a Distância Graduação Tecnológica Planejamento e Gestão para o Desenvolvimento Rural CDU 001891 M939 CIPBrasil Dados Internacionais de Catalogação na Publicação Jaqueline Trombin Bibliotecária responsável CRB10979 SUMÁRIO Introdução 9 Unidade 1 Aspectos teóricos e conceituais 11 Tatiana Engel Gerhardt e Aline Corrêa de Souza 11 Conceitosbase 11 111 O que é pesquisa 12 112 O que é metodologia 12 113 O que é conhecimento 13 114 O que é senso comum 13 115 O que é conhecimento científico 14 116 O que é ciência 14 12 Construção do conhecimento17 121 Conhecimento empírico 18 122 Conhecimento filosófico 19 123 Conhecimento teológico 20 124 Conhecimento científico 22 1241 Método científico 25 13 Referências 29 Unidade 2 A pesquisa científica 31 Denise Tolfo Silveira e Fernanda Peixoto Córdova 21 Tipos de pesquisa 31 211 Quanto à abordagem 31 2111 Pesquisa qualitativa 31 2112 Pesquisa quantitativa 33 212 Quanto à natureza 34 2121 Pesquisa básica 34 2122 Pesquisa aplicada 35 213 Quanto aos objetivos 35 2131 Pesquisa exploratória 35 2132 Pesquisa descritiva 35 2133 Pesquisa explicativa 35 214 Quanto aos procedimentos 36 2141 Pesquisa experimental 36 2142 Pesquisa bibliográfica 37 2143 Pesquisa documental 37 2144 Pesquisa de campo 37 2145 Pesquisa expostfacto 38 2146 Pesquisa de levantamento 38 2147 Pesquisa com survey 39 2148 Estudo de caso 39 2149 Pesquisa participante 40 21410 Pesquisaação 40 21411 Pesquisa etnográfica 41 21412 Pesquisa etnometodológica41 22 Referências 42 Unidade 3 A construção da pesquisa 43 Tatiana Engel Gerhardt 31 Algumas condutas que dificultam começar ou começar mal uma pesquisa 43 32 Processo de elaboração da pesquisa científica 46 321 Os três grandes eixos da pesquisa 46 322 As sete etapas da pesquisa 46 3221 Primeira etapa a questão inicial 48 3222 Segunda etapa a exploração do tema 49 3223 Terceira etapa a problemática 51 3224 Quarta etapa a construção do modelo de análise 53 3225 Quinta etapa a coleta de dados 56 3226 Sexta etapa a análise das informações 58 3227 Sétima etapa as conclusões 61 33 Referência 64 Unidade 4 Estrutura do projeto de pesquisa 65 Tatiana Engel Gerhardt Ieda Cristina Alves Ramos Deise Lisboa Riquinho e Daniel Labernarde dos Santos 41 Estrutura do projeto de pesquisa 65 411 Título do projeto 65 412 Introdução 66 413 Revisão bibliográfica 66 414 Procedimentos metodológicos 67 4141 Escolher o tipo de pesquisa 67 4142 Estabelecer população e amostra 68 4143 Determinar as técnicas de coleta de dados 68 4144 Técnicas de análise de dados 80 415 Aspectos éticos 86 416 Bibliografia 87 417 Cronograma 87 7 EAD 418 Orçamento 87 42 Referências 87 Unidade 5 Tecnologias de informação e comunicação 89 Denise Tolfo Silveira Fernanda Peixoto Córdova e André Luis Machado Bueno 51 Usos das Tecnologias de Informação e Comunicação 89 511 Ferramentas de apoio à pesquisa 90 5111 Ferramentas de busca bibliográfica em bases de dados 90 5112 Sistemas de Informação 91 52 Ética plágio 92 521 Legislação sites 92 53 Referências 93 Bibliografia de base 93 Bibliografia complementar 93 Glossário 95 Anexo A Notas para a elaboração e o desenvolvimento do método de observação 101 Anexo B Alguns problemas formais na redação de textos acadêmicos 105 Anexo C Algumas dicas de estilo para a redação técnicocientífica111 Anexo D Plágio eletrônico e ética 113 9 EAD INTRODUÇÃO Esta disciplina propõese a tratar os princípios fundamentais da pesquisa cien tífica do tema ao problema a revisão da literatura a classificação das pesquisas e o planejamento da pesquisa Também desenvolve conteúdos referentes aos enfoques específicos de pesquisas quantitativas e qualitativas às referências teóricas e suas implicações para a realização da pesquisa aos instrumentos e técnicas de pesqui sa mostrando suas características possibilidades e limites Desenvolve igualmente conteúdos sobre a escolha a adaptação o desenvolvimento e a aplicação dos instru mentos e técnicas Por fim são trabalhados conteúdos sobre a análise qualitativa e quantitativa dos dados e o uso das novas tecnologias de informação e comunicação Os objetivos gerais da disciplina são 1 fornecer o instrumental teórico e metodológico para que ao final da disciplina o aluno tenha subsídios para compreender e explicar o que é ciência e metodo logia da pesquisa científica 2 estabelecer relações diferenças e similitudes entre o conhecimento científico e outras modalidades de conhecimento 3 conhecer métodos e processos aplicáveis à pesquisa em suas diversas etapas A disciplina será conduzida por meio da leitura de textos didáticos e científicos da apresentação de vídeos do fornecimento de uma relação bibliográfica comple mentar de apoio e da prática dialógica em ambiente virtual Os mecanismos de avaliação envolvem atividades relacionadas aos conteúdos em ambiente virtual a produção de um trabalho final e avaliação presencial A carga horária semanal é de 2 horas 2 créditos 30 horas 11 EAD UNIDADE 1 ASPECTOS TEÓRICOS E CONCEITUAIS Tatiana Engel Gerhardt e Aline Corrêa de Souza INTRODUÇÃO Esta unidade explora aspectos teóricos e conceituais referentes à metodologia científica introduzindo alguns conceitos básicos de pesquisa Também apresenta as diferentes formas de construção do conhecimento científico A construção desta unidade foi baseada nas publicações de Fonseca 2002 Tartuce 2006 e Gil 2007 OBJETIVOS Os objetivos da Unidade 1 são 1 introduzir os conceitosbase sobre a metodologia científica e a produção do conhecimento 2 caracterizar os diferentes tipos de conhecimento e seus pressupostos 3 discutir o processo de construção do conhecimento científico 11 CONCEITOSBASE Tartuce 2006 aponta que a metodologia científica trata de método e ciência Método do grego methodos methodos significa literalmente caminho para chegar a um fim é portanto o caminho em direção a um objetivo metodologia é o es tudo do método ou seja é o corpo de regras e procedimentos estabelecidos para realizar uma pesquisa científica deriva de ciência a qual compreende o conjunto de conhecimentos precisos e metodicamente ordenados em relação a determinado do mínio do saber Metodologia científica é o estudo sistemático e lógico dos métodos empregados nas ciências seus fundamentos sua validade e sua relação com as teorias científicas Em geral o método científico compreende basicamente um conjunto de dados iniciais e um sistema de operações ordenadas adequado para a formulação de conclusões de acordo com certos objetivos predeterminados A atividade preponderante da metodologia é a pesquisa O conhecimento hu mano caracterizase pela relação estabelecida entre o sujeito e o objeto podendose dizer que esta é uma relação de apropriação A complexidade do objeto a ser conhe cido determina o nível de abrangência da apropriação Assim a apreensão simples 12 EAD da realidade cotidiana é um conhecimento popular ou empírico enquanto o estudo aprofundado e metódico da realidade enquadrase no conhecimento científico O questionamento do mundo e do homem quanto à origem liberdade ou destino remete ao conhecimento filosófico TARTUCE 2006 111 O que é pesquisa Segundo Gil 2007 p 17 pesquisa é definida como o procedimento racional e sistemático que tem como objetivo pro porcionar respostas aos problemas que são propostos A pesquisa de senvolvese por um processo constituído de várias fases desde a for mulação do problema até a apresentação e discussão dos resultados Só se inicia uma pesquisa se existir uma pergunta uma dúvida para a qual se quer buscar a resposta Pesquisar portanto é buscar ou procurar resposta para alguma coisa As razões que levam à realização de uma pesquisa científica podem ser agrupa das em razões intelectuais desejo de conhecer pela própria satisfação de conhecer e razões práticas desejo de conhecer com vistas a fazer algo de maneira mais eficaz Para se fazer uma pesquisa científica não basta o desejo do pesquisador em realizála é fundamental ter o conhecimento do assunto a ser pesquisado além de recursos humanos materiais e financeiros É irreal a visão romântica de que o pes quisador é aquele que inventa e promove descobertas por ser genial Claro que se há de considerar as qualidades pessoais do pesquisador pois ele não se atreveria a iniciar uma pesquisa se seus dados teóricos estivessem escritos numa língua que ele desco nhece Mas por outro lado ninguém duvida que a probabilidade de ser bem sucedi da uma pesquisa quando existem amplos recursos materiais e financeiros para pagar um tradutor por exemplo é muito maior do que outra com recursos deficientes Assim quando formos elaborar um projeto de pesquisa devemos levar em consideração inicialmente nossos próprios limites Nisso não se inclui o fato de não sabermos ler numa determinada língua pois se o trabalho for importante e estiver escrito em russo devemos encaminhálo para tradução à pessoa habilitada O planejamento passo a passo de todos os processos que serão utilizados faz parte da primeira fase da pesquisa científica que envolve ainda a escolha do tema a formulação do problema a especificação dos objetivos a construção das hipóteses e a operacionalização dos métodos veremos esses passos em detalhe nas Unidades 3 e 4 112 O que é metodologia Para Fonseca 2002 methodos significa organização e logos estudo sistemático pesquisa investigação ou seja metodologia é o estudo da organização dos caminhos a serem percorridos para se realizar uma pesquisa ou um estudo ou para se fazer ciência Etimologicamente significa o estudo dos caminhos dos instrumentos utili zados para fazer uma pesquisa científica 13 EAD É importante salientar a diferença entre metodologia e métodos A metodolo gia se interessa pela validade do caminho escolhido para se chegar ao fim proposto pela pesquisa portanto não deve ser confundida com o conteúdo teoria nem com os procedimentos métodos e técnicas Dessa forma a metodologia vai além da des crição dos procedimentos métodos e técnicas a serem utilizados na pesquisa indi cando a escolha teórica realizada pelo pesquisador para abordar o objeto de estudo No entanto embora não sejam a mesma coisa teoria e método são dois termos inse paráveis devendo ser tratados de maneira integrada e apropriada quando se escolhe um tema um objeto ou um problema de investigação MINAYO 2007 p 44 Minayo 2007 p 44 define metodologia de forma abrangente e concomitante a como a discussão epistemológica sobre o caminho do pen samento que o tema ou o objeto de investigação requer b como a apresentação adequada e justificada dos métodos técnicas e dos ins trumentos operativos que devem ser utilizados para as buscas relativas às indagações da investigação c e como a criatividade do pesquisa dor ou seja a sua marca pessoal e específica na forma de articular teo ria métodos achados experimentais observacionais ou de qualquer outro tipo específico de resposta às indagações específicas 113 O que é conhecimento De acordo com Fonseca 2002 p 10 o homem é por natureza um animal curioso Desde que nasce interage com a natureza e os objetos à sua volta interpretando o uni verso a partir das referências sociais e culturais do meio em que vive Apropriase do conhecimento através das sensações que os seres e os fenômenos lhe transmitem A partir dessas sensações elabora re presentações Contudo essas representações não constituem o objeto real O objeto real existe independentemente de o homem o conhecer ou não O conhecimento humano é na sua essência um esforço para resolver contradições entre as representações do objeto e a realidade do mesmo Assim o conhecimento dependendo da forma pela qual se chega a essa representação pode ser classificado de popular senso comum teológico mítico filosófico e científico Veremos mais adiante os diferentes tipos de conhecimento 114 O que é senso comum O senso comum segundo Fonseca 2002 p 10 surge da necessidade de re solver problemas imediatos A nossa vida desenvolvese em torno do senso comum Adquirido através de ações não planejadas ele surge instintivo espontâneo subjetivo acríti co permeado pelas opiniões emoções e valores de quem o produz Assim 14 EAD o senso comum varia de acordo com o conhecimento relativo da maioria dos sujeitos num determinado momento histórico Um dos exemplos de senso comum mais conhecido foi o de considerar que a Terra era o centro do Universo e que o Sol girava em torno dela Galileu ao afirmar que era a Terra que girava em volta do Sol quase foi queimado pela Inquisição Por tanto o senso comum é uma forma específica de conhecimento A cultura popular é baseada no senso comum Apesar de não ser sofisticada não é menos importante sendo crescentemente reconhecida 115 O que é conhecimento científico Diante das inúmeras formas de conhecimento o que é afinal conhecimento cien tífico Explicita ainda Fonseca 2002 p 11 O conhecimento científico é produzido pela investigação científica através de seus métodos Resultante do aprimoramento do senso co mum o conhecimento científico tem sua origem nos seus procedimen tos de verificação baseados na metodologia científica É um conheci mento objetivo metódico passível de demonstração e comprovação O método científico permite a elaboração conceitual da realidade que se deseja verdadeira e impessoal passível de ser submetida a testes de fal seabilidade Contudo o conhecimento científico apresenta um caráter provisório uma vez que pode ser continuamente testado enriquecido e reformulado Para que tal possa acontecer deve ser de domínio público 116 O que é ciência A publicação de Fonseca 2002 p 112 nos diz que a ciência é uma forma particular de conhecer o mundo É o saber produzido através do raciocínio lógico associado à expe rimentação prática Caracterizase por um conjunto de modelos de observação identificação descrição investigação experimental e ex planação teórica de fenômenos O método científico envolve técnicas exatas objetivas e sistemáticas Regras fixas para a formação de con ceitos para a condução de observações para a realização de experi mentos e para a validação de hipóteses explicativas O objetivo básico da ciência não é o de descobrir verdades ou de se cons tituir como uma compreensão plena da realidade Deseja fornecer um conhecimento provisório que facilite a interação com o mundo pos sibilitando previsões confiáveis sobre acontecimentos futuros e indicar mecanismos de controle que possibilitem uma intervenção sobre eles Vista desta forma a ciência adquiriu alto poder em relação ao conhecimento produzido e mantém uma posição privilegiada em relação aos demais conhecimentos o do senso comum por exemplo Essa posição privilegiada foi adquirida pela ciên cia ao longo da história sobretudo pelas conquistas efetuadas pela Biologia Química e Física por meio da construção do método científico Entretanto devese ter clareza de que a ciência é apenas uma das formas de se conhecer o mundo e portanto de que existem outras formas de tornar o mundo inteligível Na sociedade ocidental segundo Minayo 2007 a ciência é a forma hegemônica de construção do conhecimento embora seja considerada por muitos críticos como um novo mito da atualidade por causa de sua pretensão de ser único motor e critério de verdade p 35 Não concordando com o absolutismo do sentido e valor da ciência Minayo 2007 p 35 lembra que desde tempos imemoriais as religiões a filosofia os mitos a poesia e a arte têm sido instrumentos poderosos de conhecimento desvendando lógicas profundas do inconsciente coletivo da vida cotidiana e do destino humano Boaventura de Souza Santos sociólogo português no livro Um discurso sobre as ciências 1987 enquadra a natureza da ciência em três momentos Paradigma da modernidade Crise do paradigma dominante Paradigma emergente Fonseca 2002 p 112 expõe assim resumidamente esses três momentos O paradigma da modernidade é o dominante hoje em dia Substanciase nas ideias de Copérnico Kepler Galileu Newton Bacon e Descartes Construído com base no modelo das ciências naturais o paradigma da modernidade apresenta uma e só uma forma de conhecimento verdadeiro e uma racionalidade experimental quantitativa e neutra De acordo com o autor essa racionalidade é mecanicista pois considera o homem e o universo como máquinas é reducionista pois reduz o todo às partes e é cartesiano pois separa o mundo naturalempírico dos outros mundos não verificáveis como o espiritualsimbólico O autor apresenta outros pormenores do paradigma a a distinção entre conhecimento científico e conhecimento do senso comum entre natureza e pessoa humana corpo e mente corpo e espírito b a certeza da experiência ordenada c a linguagem matemática como o modelo de representação d a medição dos dados coletados e a análise que compõe o todo em partes f a busca de causas que aspira à formulação de leis à luz de regularidades observadas com vista a prever o comportamento futuro dos fenômenos g a expulsão da intenção h a ideia do mundo máquina i a possibilidade de descobrir as leis da sociedade Santos afirma ainda que a crise do paradigma dominante tem como referências as ideias de Einsten e os conceitos de relatividade e simultaneidade que colocaram o tempo e o espaço absolutos de Newton em debate Heisenberg e Bohr cujos conceitos de incerteza e continuum abalaram o rigor da medição Gödel que provou a impossibilidade da completa medição e defendeu que o rigor da matemática carece ele próprio de fundamento Ilya Prigogine que propôs uma nova visão de matéria e natureza O homem encontrase num momento de revisão sobre o rigor científico pautado no rigor matemático e de construção de novos paradigmas em vez de eternidade a história em vez do determinismo a impossibilidade em vez do mecanicismo 16 EAD a espontaneidade e a autoorganização em vez da reversibilidade a irreversibilidade e a evolução em vez da ordem a desordem em vez da necessidade a criatividade e o acidente O paradigma emergente deve se alicerçar nas premissas de que todo o conhecimento científiconatural é científicosocial todo co nhecimento é local e total o conhecimento pode ser utilizado fora do seu contexto de origem todo conhecimento é autoconhecimento o conhecimento analisado sob uma prisma mais contemplativo que ati vo todo conhecimento científico visa constituirse em senso comum o conhecimento científico dialoga com outras formas de conheci mento deixandose penetrar por elas Para Santos a ciência encontrase num movimento de transição de uma racionalidade ordenada previsível quantificável e testável para uma ou tra que enquadra o acaso a desordem o imprevisível o interpenetrável e o interpretável Um novo paradigma que se aproxima do senso comum e do local sem perder de vista o discurso científico e o global Minayo 2007 p 35 menciona duas razões para a hegemonia contemporânea da ciência como forma de conhecimento Uma externa que se acelerou a partir da modernidade e diz respeito a seu poder de dar respostas técnicas e tecnológicas aos problemas postos pelo desenvolvimento social e humano Embora esse ponto seja discu tível uma vez que problemas cruciais como pobreza miséria fome e violência continuam a desafiar as civilizações sem que a ciência tenha sido capaz de oferecer respostas e propostas efetivas A razão de ordem interna consiste no fato de os cientistas terem sido capazes de estabe lecer uma linguagem universal fundamentada em conceitos métodos e técnicas para a compreensão do mundo das coisas dos fenômenos dos processos das relações e das representações Regras universais e padrões rígidos permitindo uma linguagem comum divulgada e conhecida no mundo inteiro atualização e críticas permanentes fizeram da ciência a crença mais respeitável a partir da modernidade 17 EAD ANOTE Sugestão de leitura SANTOS Boaventura de Sousa Um discurso sobre as ciências na transição para uma ciência pósmoderna Estudos Avançados São Paulo v 2 n 2 p 4671 1988 Disponível em httpwwwscielobrscielophpscriptsciarttextpidS010340141988000200007lng ennrmiso Acesso em 8 jul 2007 Prépublicação 12 CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO Tartuce 2006 p 5 convidanos a refletir sobre o conceito de conhecimento como ponto de partida para entendermos como se dá a construção do conhecimento Assim o conhecimento pode ser definido como sendo a manifestação da consciência de conhecer Ao viver o ser humano tem experiências progressivas da dor e do prazer da fome e saciedade do quente e do frio entre muitas outras É o conhecimento que se dá pela vivência circunstancial e estrutural das propriedades necessárias à adaptação interpretação e assimilação do meio interior e exterior do ser Dessa maneira ocorrem então as relações entre sensação percepção e conhecimento sendo que a percepção tem uma função mediadora entre o mundo caótico dos sentidos e o mundo mais ou menos organi zado da atividade cognitiva É importante frisar que o conhecimento como também o ato de conhecer existe como forma de solução de problemas próprios e comuns à vida O conhecimento como forma de solução problemática mais ou me nos complexa ocorre em torno do fluxo e refluxo em que se dá a base da idealização pensamento memorização reflexão e criação os quais acontecem com maior ou menor intensidade acompanhando parâmetros cronológicos e de consciência do refletido e do irrefletido O conhecimento é um processo dinâmico e inacabado serve como refe rencial para a pesquisa tanto qualitativa como quantitativa das relações so ciais como forma de busca de conhecimentos próprios das ciências exatas e experimentais Portanto o conhecimento e o saber são essenciais e exis tenciais no homem ocorre entre todos os povos independentemente de raça crença porquanto no homem o desejo de saber é inato As diversificações na busca do saber e do conhecimento segundo carac teres e potenciais humanos originaram contingentes teóricos e práticos diferentes a serem destacados em níveis e espécies O homem em seu ato de conhecer conhece a realidade vivencial porque se os fenômenos agem sobre os seus sentidos ele também pode agir sobre os fatos adqui rindo uma experiência pluridimensional do universo De acordo com o movimento que orienta e organiza a atividade humana conhecer agir aprender e outros conhecimentos se dão em níveis diferenciados de apreensão da realidade embora estejam interrelacionados A definição clássica de conhecimento originada em Platão diz que ele consiste de crença verdadeira e justificada Em filosofia mais especificamente em epistemologia crença é um estado mental que pode ser verdadeiro ou falso Ela representa o elemento subjetivo do conhecimento Platão iniciador da tradição epistemológica opôs a crença ou opinião doxa em grego ao conceito de conhecimento Uma pessoa pode acreditar em algo e ainda assim ter dúvidas Acreditar em alguma coisa é dar a isso mais de 50 de chance de ser verdadeiro Acreditar é ação A crença é a certeza que se tem de alguma coisa É uma tomada de posição em que se acredita nela até o fim ou seja é sinônimo de convicção fé conjunto de ideias sobre alguma coisa etc atitude que admite uma coisa verdadeira Verdade significa o que é real ou possivelmente real dentro de um sistema de valores Esta qualificação implica o imaginário a realidade e a ficção questões centrais tanto em antropologia cultural artes filosofia e na própria razão O que é a verdade afinal Para Nietzsche a verdade é um ponto de vista Ele não define nem aceita definição da verdade porque diz que não se pode alcançar uma certeza sobre isso Em epistemologia justificação é um tipo de autorização a crer em alguma coisa Quando o indivíduo acredita em alguma coisa verdadeira e está justificado a crer sua crença é conhecimento Assim a justificação é um elemento fundamental do conhecimento Atualmente têmse como pressuposto que para que ocorra a construção do conhecimento há que se estabelecer uma relação entre o sujeito e o objeto de conhecimento Assumindo o pressuposto de que todo conhecimento humano reporta a um ponto de vista e a um lugar social compreendese que são quatro os pontos principais da busca do conhecimento Conhecimento empírico Conhecimento filosófico Conhecimento científico Conhecimento teológico 121 Conhecimento empírico É o conhecimento que adquirimos no cotidiano por meio de nossas experiências É construído por meio de tentativas e erros num agrupamento de ideias É caracterizado pelo senso comum pela forma espontânea e direta de entendermos Tartuce 2006 p 6 traz alguns elementos relacionados a esse tipo de conhecimento É o conhecimento obtido ao acaso após inúmeras tentativas ou seja o conhecimento adquirido através de ações não planejadas É o conhecimento do dia a dia que se obtém pela experiência cotidiana É espontâneo focalista sendo por isso considerado incompleto carente de objetividade Ocorre por meio do relacionamento diário do homem com as coisas Não há a intenção e a preocupação de atingir o que o objeto contém além das aparências Fundamento apenas na experiência doutrina ou atitude que admite quanto à origem do conhecimento de que este provenha apenas da experiência Dentre suas características destacamos Conjunto de opiniões geralmente aceitas em épocas determinadas e que as opiniões contrárias aparecem como aberrações individuais É valorativo por excelência pois se fundamenta numa operação operada com base em estados de ânimo e emoções É também reflexivo É verificável É falível e inexato O principal mérito do método empírico é o de assinalar com vigor a importância da experiência na origem dos nossos conhecimentos O conhecimento empírico se constitui assim em outra forma de conhecer e de se colocar no mundo 122 Conhecimento filosófico A palavra filosofia foi introduzida por Pitágoras e é composta em grego de philos amigo e sophia sabedoria Quanto à conceituação de Filosofia veja estes dados apresentados por Tartuce 2006 p 6 A Filosofia é a fonte de todas as áreas do conhecimento humano e todas as ciências não só dependem dela como nela se incluem É a ciência das primeiras causas e princípios A Filosofia é destituída de objeto particular mas assume o papel orientador de cada ciência na solução de problemas universais Progressivamente constatase que cada área do conhecimento desvinculase da Filosofia em função da forma como trata o objeto que é para a mesma a matéria Em toda trajetória filosófica surgiram ideias e teorias de grandes filósofos convergentes e divergentes Portanto se há generalidades não há consenso Isto pode ser exemplificado por expoentes como Pitágoras a alma governa o mundo As partes do universo unidas entre si refletem a harmonia expressas pelos números quantidades Sócrates o conhecimento é o guia da virtude Conhecete a ti mesmo e conhece a verdade que o outro encerra SIC Platão as ideias não são representações das coisas mas é a verdade das coisas Santo Agostinho preconiza que a razão é a dimensão espiritual São Tomás de Aquino considera o homem como indivíduo estudandoo na prospecção de matéria e forma admitindo que o universo seja dirigido pelo princípio da perfeição Francis Bacon no Renascimento defende a Filosofia por meio de concepções ligadas a pesquisas e experimentações Rousseau no século XVIII dá prioridade à sensibilidade em detrimento da razão O homem é naturalmente bom a sociedade o perverte Tratase de uma reflexão eminente moral defendendo a democracia vivida na dimensão da liberdade e da igualdade Locke empirista inglês defende a tese de que o homem ao nascer é uma tábua rasa sobre a qual a experiência é gravada A gênese do conhecimento que é a experiência é a sensação e a reflexão as quais geram ideias Kant admite que se o conhecimento se inicia com a experiência este não resulta só da experiência Hegel desenvolve uma filosofia cujo ponto de partida são as ideias inicialmente heterogêneas e por isso confusas Para tornálas claras devese considerar o vir a ser ou seja o objeto feito Todo dado racional é real e todo dado real é racional Marx constrói o materialismo dialético e materialismo histórico que defende a tese de que as contradições existem na Natureza Portanto dispõese a interpretar essas realidades que se são contraditórias são concretas A sua metodologia considera os seguintes itens próprios ao sistema a matéria o trabalho e a estrutura econômica 21 EAD divinos e superiores que controlam a Vida e o Universo Resulta do acúmulo de re velações transmitidas oralmente ou por inscrições imutáveis e procura dar respostas às questões que não sejam inteligíveis às outras esferas conhecimento Exemplos são os textos sagrados tais como a Bíblia o Alcorão ou Corão o livro sagrado do isla mismo as Escrituras de Nitiren Daishonin monge budista do Japão do século XIII que fundou o budismo Nitiren entre outros Adquirido a partir da aceitação de axiomas da fé teológica esse conhecimento é fruto da revelação da divindade por meio de indivíduos inspirados que apresentam respostas aos mistérios que permeiam a mente humana Teixeira nos apresenta em um texto algumas reflexões sobre essa forma de conhecimento A incumbência do Teólogo é provar a existência de Deus e que os tex tos bíblicos foram escritos mediante inspiração divina devendo por isso ser realmente aceitos como verdades absolutas e incontestáveis Hoje diferentemente do passado histórico a Ciência não se permite ser subjugada às influências de doutrinas da fé e quem está procuran do rever seus dogmas e reformulálos para não se opor à mentalidade científica do homem contemporâneo é a Teologia João Ruiz 1995 Isso porém é discutível pois não há nada mais perfeito do que a har monia e o equilíbrio do Universo que de qualquer modo está no co nhecimento da humanidade embora esta não tenha mãos que possam apalpálo ou olhos que possam divisar seu horizonte infinito A fé não é cega baseiase em experiências espirituais históricas arqueológicas e coletivas que lhe dão sustentação O conhecimento pode ter função de libertação ou de opressão O conhecimento pode ser libertador não só de indivíduos como também de grupos humanos Atualmente a detenção do conhecimento é um tipo de poder disputado entre as nações Contudo o conhecimento pode ser usado como mecanismo de opressão Quantas pessoas e nações se utilizam do conhecimento que detêm para oprimir Para discutir estas questões recémcitadas vêse a necessidade de insti tuirmos um novo paradigma para discussão do conhecimento o conhe cimento moderno entendese por conhecimento moderno a discussão em torno do conhecimento É a capacidade de questionar avaliar parâ metros de toda a história e reconstruir inovar e intervir É válido que além de discutir os paradigmas do conhecimento é necessário avaliar o problema específico do questionamento científico fonte imorredoura da inovação tornada hoje obsessiva No entanto a competência ino vadora sem precedentes pode estar muito mais a serviço da exclusão do que da cidadania solidária e da emancipação humana O fato de o mercado neoliberal estar se dando muito bem com o conhecimento tem afastado a escola e a universidade das coisas concretas da vida O questionamento sempre foi a alavanca crucial do conhecimento sen do que para mudar alguma coisa é imprescindível desfazêla em parte ou com parâmetros desfazêla totalmente A lógica do questionar leva a uma coerência temerária de a tudo desfazer para inovar Como exem plo a informática onde cada computador novo é feito para ser jogado fora literalmente morre de véspera e não sendo possível imaginar um computador final eterno E é neste foco que se nos apegarmos à estagnação também iremos para o lixo Podemos então afirmar a reconstrução provisória dentro do ponto de vista desconstrutivo pois tudo que existe hoje será objeto de questionamento e quem sabe mudanças O questionamento é assim passível de ser questionado quando cria um ambiente desfavorável ao homem e à natureza É importante conciliarmos o conhecimento com outras virtudes essenciais para o saber humano como a sensibilidade popular bom senso sabedoria experiência de vida ética etc Conhecer é comunicarse interagir com diferentes perspectivas e modos de compreensão inovando e modificando a realidade A relação entre conhecimento e democracia modernamente caracterizase como uma relação intrínseca o poder do conhecimento se impõe através de várias formas de dominação econômica política social etc A diferença entre pobres e ricos é determinada pelo fato de se deter ou não conhecimento já que o acesso à renda define as chances das pessoas e sociedades cada vez mais estas chances serão definidas pelo acesso ao conhecimento Convencionouse que em liderança política é indispensável nível superior E no topo da pirâmide social encontramos o conhecimento como o fator diferencial É inimaginável o progresso técnico que o conhecimento pode nos proporcionar como é facilmente imaginável o risco da destruição total Para equalizar esta distorção o preço maior é a dificuldade de arrumar a felicidade que parceira da sabedoria e do bom senso é muitas vezes desestabilizada pela soberba do conhecimento De forma geral podemos dizer que o conhecimento é o distintivo principal do ser humano é virtude e método central de análise e intervenção da realidade Também é ideologia com base científica a serviço da elite eou da corporação dos cientistas quando isenta de valores E finalmente pode ser a perversidade do ser humano quando é feito e usado para fins de destruição Disponível em httpwwwserprofessoruniversitarioprobrlerphpmodulo11texto631 puras o desenvolvimento de teorias e aplicadas a aplicação de teorias às necessidades humanas ou naturais o estudo do mundo natural e sociais o estudo do comportamento humano e da sociedade As Ciências Sociais têm peculiaridades que as distinguem das ciências naturais Os fenômenos humanos não ocorrem de forma semelhante à do mundo físico impossibilitando a previsibilidade A quantificação dos resultados é falha e limitada Os pesquisadores têm crenças que podem prejudicar os resultados de suas pesquisas O método por si só não pode explicar um fenômeno social TARTUCE 2006 p 8 Essa distinção entre as ciências naturais e as ciências sociais é objeto ainda hoje de inúmeras controvérsias e de disputas de poder entre os diferentes campos de estudo na academia A postura mais comum é a atribuição de status científico ao que pode ser quantificado e uma pequena tolerância par estudos qualitativos como ferramentas para a exploração de variáveis a serem testadas estatisticamente Minayo MinayoGómez 2003 p118 nos fazem a esse respeito três considerações importantes 1 Não há nenhum método melhor do que o outro o método caminho do pensamento ou seja o bom método será sempre aquele capaz de conduzir o investigador a alcançar as respostas para suas perguntas ou dizendo de outra forma a desenvolver seu objeto explicálo ou compreendêlo dependendo de sua proposta adequação do método ao problema de pesquisa 2 Os números uma das formas explicativas da realidade são uma linguagem assim como as categorias empíricas na abordagem qualitativa o são e cada abordagem pode ter seu espaço específico e adequado 3 Entendendo que a questão central da cientificidade de cada uma delas é de outra ordem a qualidade tanto quantitativa quanto qualitativa depende da pertinência relevância e uso adequado de todos os instrumentos Veremos na Unidade 2 mais detalhes sobre a pesquisa quantitativa e qualitativa Retomando a definição de conhecimento científico de acordo com Tartuce 2006 p 8 temos que o conhecimento científico exige demonstrações submetese à comprovação ao teste O senso comum representa a pedra fundamental do conhecimento humano e estrutura a captação do mundo empírico imediato para se transformar posteriormente em um conteúdo elaborado que por intermédio do bom senso poderá conduzir às soluções de problemas mais complexos e comuns até as formas de solução metodicamente elaboradas e que compõe o proceder científico Suas características são É real factual porque lida com ocorrências ou fatos Constitui um conhecimento contingente pois suas proposições ou hipóteses têm sua veracidade ou falsidade conhecida por intermédio da experiência e não apenas razão como ocorre no conhecimento filosófico É sistemático Possui características de verificabilidade É falível em virtude de não ser definitivo absoluto ou final e por este motivo é aproximadamente exato Vemos que o conhecimento científico se dá à medida que se investiga o que se pode fazer sobre a formulação de problemas que exigem estudos minuciosos para seu equacionamento Utilizase o conhecimento científico para se conseguir por intermédio da pesquisa constatar variáveis As variáveis são a presença eou ausência de um determinado fenômeno inserido em dada realidade Essa constatação se dá para que o estudioso possa dissertar ou agir adequadamente sobre as características do fenômeno que o fato apresenta Representativamente o estudioso pode estar interessado em investigar a situação do menor abandonado e delinquente com o objetivo de descrever as suas características como também procurar conhecer os fenômenos que encerram este fato para sobre eles fenômenos agir Quer aconteça o procedimento mantido para um ou outro objetivo concluise que o procedimento estará presente desde que obedeça a um PROJETO determinado cuja preocupação se estende às generalizações que possam até atender casos particulares A atividade desempenhada pelo cientista tem em vista definir as situações fenomenais pois somente definindoas ele é capaz de tornar conhecidos os conceitos elaborados Dessa maneira o estudioso consegue atingir em termos de conhecimento as qualidades e quantidades próprias e próximas à verdade ou às vezes quase próximas como também a certeza que o fato encerra Pretendese assim atingir o melhor índice de validade e fidelidade do conhecimento de um fenômeno Para atingir tal resultado é necessário que a busca do conhecimento de um fenômeno seja guiada por perguntas básicas que encaminarão o encontro de respostas concernentes e portanto coerentes entre si Essas perguntas podem ser sintetizadas em O que conhecer Por que conhecer Para que conhecer Como conhecer Com que conhecer Em que local conhecer Observase que tais procedimentos acabam por caracterizar uma ação metodológica que direcciona o conhecimento do pesquisador que se dirige a qualquer uma das propostas de formação profissional seja ela própria ao advogado ao psicólogo ao contador ao administrador entre outros Assim sendo a realidade científica é uma realidade construída e que tem significado à medida que oferece características objetivas quantitativamente mensuráveis eou qualitativamente observáveis e controladas Concluindo é possível destacar que O conhecimento científico surgiu a partir das preocupações humanas cotidianas e esse procedimento é consequente do bom senso organizado e sistemático O conhecimento científico considerado como um conhecimento superior exige a utilização de métodos processos técnicas especiais para análise compreensão e intervenção na realidade A abstração e a prática terão que ser dominadas por quem pretende trabalhar cientificamente São inegáveis as contribuições que a Ciência tem em nossas vidas e é difícil imaginar como seria nossa vida hoje sem os inúmeros avanços que a pesquisa científica nos proporcionou Entretanto toda aplicação prática por meio de tecnologias tem um impacto nem sempre positivo como a clonagem e a manipulação genética que levantam inúmeras questões éticas importantes e que merecem reflexão 1241 MÉTODO CIENTÍFICO Considerando o que já foi estudado até aqui reforçase a concepção de que a Ciência é um procedimento metódico cujo objetivo é conhecer interpretar e intervir na realidade tendo como diretriz problemas formulados que sustentam regras e ações adequadas à constituição do conhecimento Tartuce 2006 p 12 apresenta alguns conceitos importantes para melhor compreendermos a natureza do método científico Os métodos científicos são as formas mais seguras inventadas pelos homens para controlar o movimento das coisas que cerceiam um fato e montar formas de compreensão adequada dos fenômenos Fatos acontecem na realidade independentemente de haver ou não quem os conheça Fenômeno é a percepção que o observador tem do fato Pessoas diversas podem observar no mesmo fato fenômenos diferentes dependendo de seu paradigma Paradigmas constituemse em referenciais teóricos que servirão de orientação para a opção metodológica de investigação Mesmo que os paradigmas sejam constituídos por construções teóricas não há cisão entre a teoria e a prática ou entre a teoria e a lei científica Portanto um e outro coexistem gerando o que se pode denominar praxiologia Método Científico é a expressão lógica do raciocínio associada à formulação de argumentos convincentes Esses argumentos uma vez apresentados têm por finalidade informar descrever ou persuadir um fato Para isso o estudioso vai utilizarse de Termos são palavras declarações significações convencionais que se referem a um objeto Conceito é a representação expressão e interiorização daquilo que a coisa é compreensão da coisa É a idealização do objeto O conceito é uma atividade mental que conduz um conhecimento tornando não apenas compreensível essa pessoa ou essa coisa mas todas as pessoas e coisas da mesma época Definição é a manifestação e apreensão dos elementos contidos no conceito tratando de decidir em torno do que se duvida ou do que é ambivalente Saber utilizar adequadamente termos conceitos e definições significa metodologicamente expressar na Ciência aquilo que o indivíduo sabe e quer transmitir Método Dedutivo René Descartes 15961650 apresenta o Método Dedutivo a partir da matemática e de suas regras de evidência análise síntese e enumeração Esse método parte do geral e a seguir desce para o particular O protótipo do raciocínio dedutivo é o silogismo que a partir de duas proposições chamadas premissas retira uma terceira chamada conclusão Exemplo Todo mamífero tem um coração Ora todos os cães são mamíferos Logo todos os cães têm um coração No exemplo apresentado as duas premissas são verdadeiras portanto a conclusão é verdadeira Partese de princípios reconhecidos como verdadeiros e indiscutíveis possibilitando chegar a conclusões de maneira puramente formal em virtude de sua lógica Este método tem larga aplicação na Matemática e na Física cujos princípios podem ser enunciados por leis Já nas Ciências Sociais seu uso é mais restrito em virtude da dificuldade de se obterem argumentos gerais cuja veracidade não possa ser colocada em dúvida Gil 1999 Método Indutivo Para Francis Bacon 15611626 o conhecimento científico é o único caminho seguro para a verdade dos fatos Como Galileu critica Aristóteles filósofo grego por considerar que o silogismo e o processo de abstração não propiciam um conhecimento completo do universo O conhecimento é fundamentado exclusivamente na experiência sem levar em consideração princípios preestabelecidos O conhecimento científico para Bacon tem por finalidade servir o homem e darlhe poder sobre a natureza Bacon um dos fundadores do Método Indutivo considera as circunstâncias e a frequência com que ocorre determinado fenômeno os casos em que o fenômeno não se verifica os casos em que o fenômeno apresenta intensidade diferente 27 EAD Exemplo Antônio é mortal Benedito é mortal Carlos é mortal Zózimo é mortal Ora Antônio Benedito Carlos e Zózimo são homens Logo todos os homens são mortais A partir da observação é possível formular uma hipótese explicativa da causa do fenômeno Portanto por meio da indução chegase a conclusões que são apenas prováveis Método HipotéticoDedutivo Este método foi definido por Karl Popper a partir de suas críticas ao método indutivo Para ele o método indutivo não se justifica pois o salto indutivo de al guns para todos exigiria que a observação de fatos isolados fosse infinita O método hipotéticodedutivo pode ser explicado a partir do seguinte esquema PROBLEMA HIPÓTESES DEDUÇÃO DE CONSEQUÊNCIAS OBSERVADAS TENTATIVA DE FALSEAMENTO CORROBORAÇÃO Quando os conhecimentos disponíveis sobre um determinado assunto são in suficientes para explicar um fenômeno surge o problema Para tentar explicar o problema são formuladas hipóteses destas deduzemse consequências que deverão ser testadas ou falseadas Falsear significa tentar tornar falsas as consequências dedu zidas das hipóteses Enquanto no método dedutivo se procura confirmar a hipótese no método hipotéticodedutivo se procuram evidências empíricas para derrubála Quando não se consegue derrubar a hipótese temse sua corroboração segundo Popper a hipótese se mostra válida pois superou todos os testes porém ela não é defi nitivamente confirmada pois a qualquer momento poderá surgir um fato que a invalide Neste módulo introdutório não se pretende fazer uma revisão de correntes filosóficas em cursos mais extensos como os de Mestrado e Doutorado essas cor rentes são normalmente apresentadas em disciplinas específicas sobre metodologia científica que abordam a filosofia e epistemologia da ciência1 Entendemos que o aluno que pretende desenvolver um projeto de pesquisa uma monografia ou artigo científico terá que buscar muitos subsídios para essa tare fa Essa preparação envolve leitura tanto sobre o tema a ser investigado quanto sobre a metodologia de pesquisa a ser utilizada Para uma leitura mais aprofundada em métodos de pesquisa consulte a bibliografia que se encontra ao final deste módulo e alguns sites na Internet apresentados a seguir 1 Veja no Glossário alguns termos utilizados na produção do conhecimento científico como por exemplo epistemologia 28 EAD ANOTE Fontes para leitura sobre Métodos de pesquisa em desenvolvimento rural httpwwwieaspgovbroutpublicacoesasp201htm httpgipafcnptiaembrapabrbibliografi aselecaoportemasmetodologia httpwwwagriculturaurbanaorgbrRAUAU5AU5html httpwwwiicaorgbrDocsPublicacoesPublicacoesIICASergioBuarquepdf httpwwwiicaorgbrDocsPublicacoesPublicacoesIICAINPAzip httpwww6ufrgsbrpgdrtextos10ousodometodopdf LEMBRESE Ao longo dos módulos o aluno pode ir organizando suas ideias sobre possíveis temas de inte resse de pesquisa para um trabalho fi nal do curso relatório de pesquisa ou produção de um artigo A Internet é um recurso incrível para explorar as ideias Tornase pesquisador quem começa a investigar e registrar essas ideias Tornase cientista quem sistematiza sua investi gação e comunica seus resultados no formato padronizado da Ciência IMPORTANTE Após a leitura desta Unidade refl ita sobre a questão levantada por Minayo 2007 p 35 O que a Ciência possui de diferente em relação às outras modalidades de saber Exercício de fixação do que foi estudado2 1 O conhecimento científico foi se desenvolvendo aos poucos apropriando se da realidade da natureza Você crê que ele já atingiu a verdade em alguma área do universo real Por quê 2 O que é mais verdadeiro o objeto real ou o conhecimento que temos dele 3 Por que motivo o conhecimento científico depende de investigação metódica 4 Por que o conhecimento científico se esforça para ser exato e claro Isso tem a ver com a busca da verdade 5 O método científico é infalível Por quê 6 O que aconteceria se a Ciência aceitasse a concepção de verdade eterna para o conhecimento que ela tem da realidade 2 Adaptado de TARTUCE 2006 29 EAD 13 REFERÊNCIAS FONSECA J J S Metodologia da pesquisa científica Fortaleza UEC 2002 Apostila GIL A C Métodos e técnicas de pesquisa social 5 ed São Paulo Atlas 1999 Como elaborar projetos de pesquisa 4 ed São Paulo Atlas 2007 MINAYO M C S MINAYOGOMÉZ C Difíceis e possíveis relações entre méto dos quantitativos e qualitativos nos estudos de problemas de saúde In GOLDEN BERG P MARSIGLIA R M G GOMES M H A Orgs O clássico e o novo ten dências objetos e abordagens em ciências sociais e saúde Rio de Janeiro Fiocruz 2003 p11742 MINAYO M C S O desafio do conhecimento Pesquisa qualitativa em saúde São Paulo HUCITEC 2007 TARTUCE T J A Métodos de pesquisa Fortaleza UNICE Ensino Superior 2006 Apostila This page is blank 31 EAD UNIDADE 2 A PESQUISA CIENTÍFICA Denise Tolfo Silveira e Fernanda Peixoto Córdova INTRODUÇÃO A pesquisa é a atividade nuclear da Ciência Ela possibilita uma aproximação e um entendimento da realidade a investigar A pesquisa é um processo permanen temente inacabado Processase por meio de aproximações sucessivas da realidade fornecendonos subsídios para uma intervenção no real A pesquisa científica é o resultado de um inquérito ou exame minucioso rea lizado com o objetivo de resolver um problema recorrendo a procedimentos cientí ficos Lehfeld 1991 referese à pesquisa como sendo a inquisição o procedimento sistemático e intensivo que tem por objetivo descobrir e interpretar os fatos que estão inseridos em uma determinada realidade OBJETIVOS Os objetivos desta Unidade são 1 identificar os diferentes tipos de pesquisa quanto à sua abordagem sua natureza seus objetivos e seus procedimentos 2 selecionar a modalidade de pesquisa adequada ao objeto de pesquisa 21 TIPOS DE PESQUISA 211 Quanto à abordagem 2111 PESQUISA QUALITATIVA A pesquisa qualitativa não se preocupa com representatividade numérica mas sim com o aprofundamento da compreensão de um grupo social de uma or ganização etc Os pesquisadores que adotam a abordagem qualitativa opõemse ao pressuposto que defende um modelo único de pesquisa para todas as ciências já que as ciências sociais têm sua especificidade o que pressupõe uma metodologia própria As sim os pesquisadores qualitativos recusam o modelo positivista aplicado ao estudo da 32 EAD vida social uma vez que o pesquisador não pode fazer julgamentos nem permitir que seus preconceitos e crenças contaminem a pesquisa GOLDENBERG 1997 p 34 Os pesquisadores que utilizam os métodos qualitativos buscam explicar o por quê das coisas exprimindo o que convém ser feito mas não quantificam os valores e as trocas simbólicas nem se submetem à prova de fatos pois os dados analisados são nãométricos suscitados e de interação e se valem de diferentes abordagens Na pesquisa qualitativa o cientista é ao mesmo tempo o sujeito e o objeto de suas pesquisas O desenvolvimento da pesquisa é imprevisível O conhecimento do pesquisador é parcial e limitado O objetivo da amostra é de produzir informações aprofundadas e ilustrativas seja ela pequena ou grande o que importa é que ela seja capaz de produzir novas informações DESLAURIERS 1991 p 58 A pesquisa qualitativa preocupase portanto com aspectos da realidade que não podem ser quantificados centrandose na compreensão e explicação da dinâ mica das relações sociais Para Minayo 2001 a pesquisa qualitativa trabalha com o universo de significados motivos aspirações crenças valores e atitudes o que cor responde a um espaço mais profundo das relações dos processos e dos fenômenos que não podem ser reduzidos à operacionalização de variáveis Aplicada inicialmente em estudos de Antropologia e Sociologia como contraponto à pesquisa quantitativa dominante tem alargado seu campo de atuação a áreas como a Psicologia e a Educa ção A pesquisa qualitativa é criticada por seu empirismo pela subjetividade e pelo envolvimento emocional do pesquisador MINAYO 2001 p 14 As características da pesquisa qualitativa são objetivação do fenômeno hie rarquização das ações de descrever compreender explicar precisão das relações entre o global e o local em determinado fenômeno observância das diferenças entre o mundo social e o mundo natural respeito ao caráter interativo entre os objetivos buscados pelos investigadores suas orientações teóricas e seus dados empíricos bus ca de resultados os mais fidedignos possíveis oposição ao pressuposto que defende um modelo único de pesquisa para todas as ciências Entretanto o pesquisador deve estar atento para alguns limites e riscos da pes quisa qualitativa tais como excessiva confiança no investigador como instrumento de coleta de dados risco de que a reflexão exaustiva acerca das notas de campo possa representar uma tentativa de dar conta da totalidade do objeto estudado além de controlar a influência do observador sobre o objeto de estudo falta de detalhes sobre os processos através dos quais as conclusões foram alcançadas falta de observância de aspectos diferentes sob enfoques diferentes certeza do próprio pesquisador com relação a seus dados sensação de dominar profundamente seu objeto de estudo en volvimento do pesquisador na situação pesquisada ou com os sujeitos pesquisados 33 EAD 2112 PESQUISA QUANTITATIVA Esclarece Fonseca 2002 p 20 Diferentemente da pesquisa qualitativa os resultados da pesquisa quantitativa podem ser quantificados Como as amostras geralmente são grandes e consideradas representativas da população os resultados são tomados como se constituíssem um retrato real de toda a popula ção alvo da pesquisa A pesquisa quantitativa se centra na objetividade Influenciada pelo positivismo considera que a realidade só pode ser compreendida com base na análise de dados brutos recolhidos com o auxílio de instrumentos padronizados e neutros A pesquisa quan titativa recorre à linguagem matemática para descrever as causas de um fenômeno as relações entre variáveis etc A utilização conjunta da pesquisa qualitativa e quantitativa permite recolher mais informações do que se poderia conseguir isoladamente O quadro 1 abaixo compara os principais aspectos da pesquisa qualitativa e da pesquisa quantitativa Aspecto Pesquisa Quantitativa Pesquisa Qualitativa Enfoque na interpretação do objeto menor maior Importância do contexto do ob jeto pesquisado menor maior Proximidade do pesquisador em relação aos fenômenos es tudados menor maior Alcance do estudo no tempo instantâneo intervalo maior Quantidade de fontes de dados uma várias Ponto de vista do pesquisador externo à organização interno à organização Quadro teórico e hipóteses defi nidas rigorosamente menos estruturadas Quadro 1 Comparação dos aspectos da pesquisa qualitativa com os da pesquisa quantitativa Fonte FONSECA 2002 A pesquisa quantitativa que tem suas raízes no pensamento positivista lógico tende a enfatizar o raciocínio dedutivo as regras da lógica e os atributos mensuráveis da experiência humana Por outro lado a pesquisa qualitativa tende a salientar os aspectos dinâmicos holísticos e individuais da experiência humana para apreender a totalidade no contexto daqueles que estão vivenciando o fenômeno POLIT BE CKER E HUNGLER 2004 p 201 O quadro 2 apresenta uma comparação entre o método quantitativo e o método qualitativo 34 EAD Pesquisa Quantitativa Pesquisa Qualitativa Focaliza uma quantidade pequena de conceitos Tenta compreender a totalidade do fenômeno mais do que focalizar conceitos específi cos Inicia com ideias preconcebidas do modo pelo qual os conceitos estão relacionados Possui poucas ideias preconcebidas e salienta a importância das interpretações dos eventos mais do que a interpretação do pesquisador Utiliza procedimentos estruturados e instrumentos formais para coleta de dados Coleta dados sem instrumentos formais e estruturados Coleta os dados mediante condições de controle Não tenta controlar o contexto da pesquisa e sim captar o contexto na totalidade Enfatiza a objetividade na coleta e análise dos dados Enfatiza o subjetivo como meio de compreender e interpretar as experiências Analisa os dados numéricos através de procedimentos estatísticos Analisa as informações narradas de uma forma organizada mas intuitiva Quadro 2 Comparação entre o método quantitativo e o método qualitativo Elaborado a partir de POLIT et al 2004 Assim como visto até aqui tanto a pesquisa quantitativa quanto a pesquisa qualitativa apresentam diferenças com pontos fracos e fortes Contudo os elementos fortes de um complementam as fraquezas do outro fundamentais ao maior desen volvimento da Ciência INFORMAÇÃO Ver capítulo 7 O planejamento de pesquisas qualitativas em ALVESMAZZOTTI GEWANDSZNAJDER 1998 p 14778 ANOTE A visão de que o conhecimento produzido na área das ciências naturais tem mais validade do que o conhecimento produzido na área das ciências sociais e humanas ainda persiste embora muito se tenha avançado A ideia de Galileu segundo a qual conhecer signifi ca quantifi car por muito tempo esteve presente na produção do conhecimento por isso a pesquisa quantitativa mesmo nas Ciências Sociais era utilizada como único meio até as discussões se iniciarem na década de 1980 no Brasil em torno da abordagem qualitativa de pesquisa para a análise e apreensão dos fenômenos humanos PIETROBON 2006 p 78 SUGESTÃO Assista ao fi lme O ponto de mutação ou leia o livro com o mesmo título de Fritjof Capra físico austríaco que retrata a história do pensamento científi co para apoiar a ideia de que é preciso quebrar as bases da ciência moderna pautada no sistema matemático cartesiano que vê o mundo como uma máquina perfeita a serviço do homem para entender o quanto ao longo de séculos ela convergiu do modo como a natureza incluindo nós humanos se organiza e mantém a vida 212 Quanto à natureza 2121 PESQUISA BÁSICA Objetiva gerar conhecimentos novos úteis para o avanço da Ciência sem apli cação prática prevista Envolve verdades e interesses universais 35 EAD 2122 PESQUISA APLICADA Objetiva gerar conhecimentos para aplicação prática dirigidos à solução de problemas específicos Envolve verdades e interesses locais 213 Quanto aos objetivos Para Gil 2007 com base nos objetivos é possível classificar as pesquisas em três grupos 2131 PESQUISA EXPLORATÓRIA Este tipo de pesquisa tem como objetivo proporcionar maior familiaridade com o problema com vistas a tornálo mais explícito ou a construir hipóteses A grande maioria dessas pesquisas envolve a levantamento bibliográfico b entre vistas com pessoas que tiveram experiências práticas com o problema pesquisado e c análise de exemplos que estimulem a compreensão GIL 2007 Essas pesquisas podem ser classificadas como pesquisa bibliográfica e estudo de caso GIL 2007 2132 PESQUISA DESCRITIVA A pesquisa descritiva exige do investigador uma série de informações sobre o que deseja pesquisar Esse tipo de estudo pretende descrever os fatos e fenômenos de determinada realidade TRIVIÑOS 1987 São exemplos de pesquisa descritiva estudos de caso análise documental pes quisa expostfacto Para Triviños 1987 p 112 os estudos descritivos podem ser criticados por que pode existir uma descrição exata dos fenômenos e dos fatos Estes fogem da possibilidade de verificação através da observação Ainda para o autor às vezes não existe por parte do investigador um exame crítico das informações e os resultados podem ser equivocados e as técnicas de coleta de dados como questionários escalas e entrevistas podem ser subjetivas apenas quantificáveis gerando imprecisão 2133 PESQUISA EXPLICATIVA Este tipo de pesquisa preocupase em identificar os fatores que determinam ou que contribuem para a ocorrência dos fenômenos GIL 2007 Ou seja este tipo de pesquisa explica o porquê das coisas através dos resultados oferecidos Segundo Gil 2007 p 43 uma pesquisa explicativa pode ser a continuação de outra descritiva posto que a identificação de fatores que determinam um fenômeno exige que este esteja suficientemente descrito e detalhado 36 EAD Pesquisas desse tipo podem ser classificadas como experimentais e expost facto GIL 2007 214 Quanto aos procedimentos De acordo com Fonseca 2002 a pesquisa possibilita uma aproximação e um entendimento da realidade a investigar como um processo permanentemente ina cabado Ela se processa através de aproximações sucessivas da realidade fornecendo subsídios para uma intervenção no real Segundo este autor a pesquisa científica é o resultado de um inquérito ou exame minucioso realizado com o objetivo de resolver um problema recorrendo a procedimentos científicos Investigase uma pessoa ou grupo capacitado sujeito da investigação abordando um aspecto da realidade objeto da investigação no senti do de comprovar experimentalmente hipóteses investigação experimental ou para descrevêla investigação descritiva ou para explorála investigação exploratória Para se desenvolver uma pesquisa é indispensável selecionar o método de pes quisa a utilizar De acordo com as características da pesquisa poderão ser escolhidas diferentes modalidades de pesquisa sendo possível aliar o qualitativo ao quantitativo 2141 PESQUISA EXPERIMENTAL O estudo experimental segue um planejamento rigoroso As etapas de pesquisa iniciam pela formulação exata do problema e das hipóteses que delimitam as vari áveis precisas e controladas que atuam no fenômeno estudado TRIVIÑOS 1987 Para Gil 2007 a pesquisa experimental consiste em determinar um objeto de estudo selecionar as variáveis que seriam capazes de influenciálo definir as formas de controle e de observação dos efeitos que a variável produz no objeto Já segundo Fonseca 2002 p 38 A pesquisa experimental seleciona grupos de assuntos coincidentes submeteos a tratamentos diferentes verificando as variáveis estranhas e checando se as diferenças observadas nas respostas são estatistica mente significantes Os efeitos observados são relacionados com as variações nos estímulos pois o propósito da pesquisa experimental é apreender as relações de causa e efeito ao eliminar explicações con flitantes das descobertas realizadas Sendo assim a elaboração de instrumentos para a coleta de dados deve ser submetida a testes para assegurar sua eficácia em medir aquilo que a pesquisa se propõe a medir A pesquisa experimental pode ser desenvolvida em laboratório onde o meio ambiente criado é artificial ou no campo onde são criadas as condições de manipu lação dos sujeitos nas próprias organizações comunidades ou grupos Para Fonseca 2002 as duas modalidades de pesquisa mais comuns são pesquisas experimentais apenas com dois grupos homogêneos denominados experimental e de controle Aplicado um estímulo ao grupo experimental no final comparamse os dois grupos para avaliar as alterações pesquisas experimentais antesdepois com um único grupo definido previamente em função de suas características e geralmente reduzido 2142 PESQUISA BIBLIOGRÁFICA A pesquisa bibliográfica é feita a partir do levantamento de referências teóricas já analisadas e publicadas por meios escritos e eletrônicos como livros artigos científicos páginas de web sites Qualquer trabalho científico iniciase com uma pesquisa bibliográfica que permite ao pesquisador conhecer o que já se estudou sobre o assunto Existem porém pesquisas científicas que se baseiam unicamente na pesquisa bibliográfica procurando referências teóricas publicadas com o objetivo de recolher informações ou conhecimentos prévios sobre o problema a respeito do qual se procura a resposta FONSECA 2002 p 32 Para Gil 2007 p 44 os exemplos mais característicos desse tipo de pesquisa são sobre investigações sobre ideologias ou aquelas que se propõem à análise das diversas posições acerca de um problema 2143 PESQUISA DOCUMENTAL A pesquisa documental trilha os mesmos caminhos da pesquisa bibliográfica não sendo fácil por vezes distinguilas A pesquisa bibliográfica utiliza fontes constituídas por material já elaborado constituído basicamente por livros e artigos científicos localizados em bibliotecas A pesquisa documental recorre a fontes mais diversificadas e dispersas sem tratamento analítico tais como tabelas estatísticas jornais revistas relatórios documentos oficiais cartas filmes fotografias pinturas tapeçarias relatórios de empresas vídeos de programas de televisão etc FONSECA 2002 p 32 2144 PESQUISA DE CAMPO A pesquisa de campo caracterizase pelas investigações em que além da pesquisa bibliográfica eou documental se realiza coleta de dados junto a pessoas com o recurso de diferentes tipos de pesquisa pesquisa expostfacto pesquisaação pesquisa participante etc FONSECA 2002 38 EAD 2145 PESQUISA EXPOSTFACTO A pesquisa expostfacto tem por objetivo investigar possíveis relações de causa e efeito entre um determinado fato identificado pelo pesqui sador e um fenômeno que ocorre posteriormente A principal carac terística deste tipo de pesquisa é o fato de os dados serem coletados após a ocorrência dos eventos A pesquisa expostfacto é utilizada quando há impossibilidade de apli cação da pesquisa experimental pelo fato de nem sempre ser possível manipular as variáveis necessárias para o estudo da causa e do seu efeito FONSECA 2002 p 32 Como exemplo desse tipo de pesquisa podese citar um estudo sobre a eva são escolar quando se tenta analisar suas causas Num estudo experimental seria o inverso tomandose primeiramente um grupo de alunos a quem seria dado um determinado tratamento e observandose depois o índice de evasão 2146 PESQUISA DE LEVANTAMENTO Fonseca 2002 aponta que este tipo de pesquisa é utilizado em estudos explo ratórios e descritivos o levantamento pode ser de dois tipos levantamento de uma amostra ou levantamento de uma população também designado censo Esclarece o autor 2002 p 33 O Censo populacional constituía única fonte de informação sobre a situação de vida da população nos municípios e localidades Os cen sos produzem informações imprescindíveis para a definição de po líticas públicas estaduais e municipais e para a tomada de decisões de investimentos sejam eles provenientes da iniciativa privada ou de qualquer nível de governo Foram recenseados todos os moradores em domicílios particulares permanentes e improvisados e coletivos na data de referência Através de pesquisas mensais do comércio da indústria e da agricultura é possível recolher informações sobre o seu desempenho A coleta de dados realizase em ambos os casos através de questionários ou entrevistas Entre as vantagens dos levantamentos temos o conhecimento direto da reali dade economia e rapidez e obtenção de dados agrupados em tabelas que possibili tam uma riqueza na análise estatística Os estudos descritivos são os que mais se adéquam aos levantamentos Exem plos são os estudos de opiniões e atitudes GIL 2007 p 52 39 EAD 2147 PESQUISA COM SURVEY É a pesquisa que busca informação diretamente com um grupo de interesse a respeito dos dados que se deseja obter Tratase de um procedimento útil especial mente em pesquisas exploratórias e descritivas SANTOS 1999 A pesquisa com survey pode ser referida como sendo a obtenção de dados ou informações sobre as características ou as opiniões de determinado grupo de pessoas indicado como representante de uma populaçãoalvo utilizando um questionário como instrumento de pesquisa FONSECA 2002 p 33 Nesse tipo de pesquisa o respondente não é identificável portanto o sigilo é garantido São exemplos desse tipo de estudo as pesquisas de opinião sobre determi nado atributo a realização de um mapeamento geológico ou botânico 2148 ESTUDO DE CASO Esta modalidade de pesquisa é amplamente usada nas ciências biomédicas e sociais GIL 2007 p 54 Um estudo de caso pode ser caracterizado como um estudo de uma entidade bem definida como um programa uma instituição um siste ma educativo uma pessoa ou uma unidade social Visa conhecer em profundidade o como e o porquê de uma determinada situação que se supõe ser única em muitos aspectos procurando descobrir o que há nela de mais essencial e característico O pesquisador não pretende intervir sobre o objeto a ser estudado mas revelálo tal como ele o percebe O estudo de caso pode decorrer de acordo com uma perspectiva in terpretativa que procura compreender como é o mundo do ponto de vista dos participantes ou uma perspectiva pragmática que visa simplesmente apresentar uma perspectiva global tanto quanto pos sível completa e coerente do objeto de estudo do ponto de vista do investigador FONSECA 2002 p 33 Para AlvesMazzotti 2006 p 640 os exemplos mais comuns para esse tipo de estudo são os que focalizam apenas uma unidade um indivíduo como os casos clínicos descritos por Freud um pequeno grupo como o estudo de Paul Willis so bre um grupo de rapazes da classe trabalhadora inglesa uma instituição como uma escola um hospital um programa como o Bolsa Família ou um evento a eleição do diretor de uma escola Ainda segundo a autora podemos ter também estudos de casos múltiplos nos quais vários estudos são conduzidos simultaneamente vários indivíduos como por exemplo professores alfabetizadores bemsucedidos várias instituições como por exemplo diferentes escolas que estão desenvolvendo um mesmo projeto 40 EAD 2149 PESQUISA PARTICIPANTE Este tipo de pesquisa caracterizase pelo envolvimento e identificação do pes quisador com as pessoas investigadas A pesquisa participante foi criada por Bronislaw Malinowski para conhecer os nati vos das ilhas Trobriand ele foi se tornar um deles Rompendo com a sociedade ocidental montava sua tenda nas aldeias que desejava estudar aprendia suas línguas e observava sua vida quotidiana FONSECA 2002 Exemplos de aplicação da pesquisa participante são o estabelecimento de programas públicos ou plataformas políticas e a determinação de ações básicas de grupos de trabalho 21410 PESQUISAAÇÃO Define Thiollent 1988 A pesquisa ação é um tipo de investigação social com base empírica que é concebida e realizada em estreita associação com uma ação ou com a resolução de um problema coletivo no qual os pesquisadores e os participantes representativos da situação ou do problema estão envolvidos de modo cooperativo ou participativo Por sua vez Fonseca 2002 precisa A pesquisaação pressupõe uma participação planejada do pesquisa dor na situação problemática a ser investigada O processo de pesquisa recorre a uma metodologia sistemática no sentido de transformar as realidades observadas a partir da sua compreensão conhecimento e compromisso para a ação dos elementos envolvidos na pesquisa p 34 O objeto da pesquisaação é uma situação social situada em conjunto e não um conjunto de variáveis isoladas que se poderiam analisar inde pendentemente do resto Os dados recolhidos no decurso do trabalho não têm valor significativo em si interessando enquanto elementos de um processo de mudança social O investigador abandona o papel de observador em proveito de uma atitude participativa e de uma rela ção sujeito a sujeito com os outros parceiros O pesquisador quando participa na ação traz consigo uma série de conhecimentos que serão o substrato para a realização da sua análise reflexiva sobre a realidade e os elementos que a integram A reflexão sobre a prática implica em modificações no conhecimento do pesquisador p 35 Para Gil 2007 p 55 a pesquisaação tem sido alvo de controvérsia devido ao envolvimento ativo do pesquisador e à ação por parte das pessoas ou grupos envol vidos no problema Apesar das críticas essa modalidade de pesquisa tem sido usada por pesquisadores identificados pelas ideologias reformistas e participativas 21411 PESQUISA ETNOGRÁFICA A pesquisa etnográfica pode ser entendida como o estudo de um grupo ou povo As características específicas da pesquisa etnográfica são o uso da observação participante da entrevista intensiva e da análise de documentos a interação entre pesquisador e objeto pesquisado a flexibilidade para modificar os rumos da pesquisa a ênfase no processo e não nos resultados finais a visão dos sujeitos pesquisados sobre suas experiências a não intervenção do pesquisador sobre o ambiente pesquisado a variação do período que pode ser de semanas de meses e até de anos a coleta dos dados descritivos transcritos literalmente para a utilização no relatório Exemplos desse tipo são as pesquisas realizadas sobre os processos educativos que analisam as relações entre escola professor aluno e sociedade com o intuito de conhecer profundamente os diferentes problemas que sua interação desperta 21412 PESQUISA ETNOMETODOLÓGICA O termo etnometodologia designa uma corrente da Sociologia americana que surgiu na Califórnia no final da década de 1960 tendo como principal marco fundador a publicação do livro de Harold Garfinkel Studies in Ethnomethodology Estudos sobre Etnometodologia em 1967 COULON 1995 p 7 O termo etnometodologia se refere nas suas raízes gregas às estratégias que as pessoas utilizam cotidianamente para viver Tendo essa referência por norte a pesquisa etnometodológica visa compreender como as pessoas constroem ou reconstruem a sua realidade social Para a pesquisa etnometodológica fenômenos sociais não determinam de fora a conduta humana A conduta humana é o resultado da interação social que se produz continuamente através da sua prática quotidiana Os seres humanos são capazes de ativamente definir e articular procedimentos de acordo com as circunstâncias e as situações sociais em que estão implicados A pesquisa etnometodológica analisa deste modo os procedimentos a que os indivíduos recorrem para concretizar as suas ações diárias FONSECA 2002 p 36 Para estudar as ações dos sujeitos na vida quotidiana a pesquisa etnometodológica baseiase em uma multiplicidade de instrumentos entre os quais podemos citar a observação direta a observação participante entrevistas estudos de relatórios e documentos administrativos gravações em vídeo e áudio 42 EAD Assim a análise etnometodológica esclarece de que maneira as coisas vêm a ser como são nos grupos sociais de que maneira cada grupo e cada membro apreende e dá sentido à realidade e por quais processos intersubjetivos a mediação da linguagem entre os grupos e seus lugares constrói a realidade social que afirmam COULON 1995 p 90 SUGESTÕES Ver capítulo 4 Como classifi car as pesquisas em GIL 1987 p 10515 2007 p 4157 Ver capítulo 4 Alguns temas no desenvolvimento de uma pesquisa em TRIVIÑOS 1987 p10915 22 REFERÊNCIAS ALVESMAZZOTTI A J GEWANDSZNAJDER F O método nas ciências naturais e sociais pesquisa quantitativa e qualitativa São Paulo Pioneira 1998 Usos e abusos dos estudos de caso Cadernos de Pesquisa online v 36 n 129 p 63751 2006 COULON Alan Etnometodologia Trad de Ephraim Ferreira Alves Petrópolis Vozes 1995 FONSECA J J S Metodologia da pesquisa científica Fortaleza UEC 2002 Apostila GIL A C Como elaborar projetos de pesquisa 4 ed São Paulo Atlas 2007 GOLDENBERG M A arte de pesquisar Rio de Janeiro Record 1997 PIETROBON S R G A prática pedagógica e a construção do conhecimento cien tífico Práxis Educativa Ponta Grossa v 1 n 2 p 7786 juldez 2006 POLIT D F BECK C T HUNGLER B P Fundamentos de pesquisa em enferma gem métodos avaliação e utilização Trad de Ana Thorell 5 ed Porto Alegre Artmed 2004 SANTOS A R Metodologia científica a construção do conhecimento Rio de Janeiro DPA 1999 THIOLLENT M Metodologia da pesquisaação São Paulo Cortez Autores Associa dos 1988 TRIVIÑOS A N S Introdução à pesquisa em ciências sociais a pesquisa qualitativa em educação São Paulo Atlas 1987 43 EAD UNIDADE 3 A CONSTRUÇÃO DA PESQUISA Tatiana Engel Gerhardt INTRODUÇÃO Esta Unidade explora aspectos teóricos e conceituais referentes às diferentes etapas de construção de uma pesquisa científica apontando os principais eixos de uma pesquisa e a lógica que os une OBJETIVOS Os objetivos desta Unidade são 1 conhecer os eixos e as etapas que compõem um projeto de pesquisa e 2 compreender a importância do projeto para a realização da pesquisa científica 31 ALGUMAS CONDUTAS QUE DIFICULTAM COMEÇAR OU COMEÇAR MAL UMA PESQUISA Optamos para iniciar esta Unidade por nos apoiar no excelente manual de introdução à pesquisa científica de Quivy Campenhoudt 19953 os quais muito didaticamente nos apresentam diferentes condutas que facilitam e dificultam a ela boração de uma pesquisa Segundo esses autores 1995 p 10 no início de uma pesquisa ou de um trabalho o cenário é prati camente o mesmo sabemos vagamente que queremos estudar tal ou tal problema por exemplo o desenvolvimento de uma região o fun cionamento de uma instituição a introdução de novas tecnologias ou as atividades de uma associação mas não sabemos muito bem como abordar a questão Desejamos que o trabalho seja útil e que possamos chegar ao fim mas temos o sentimento de nos perder antes mesmo de termos começado O caos original não deve ser fonte de preocupação ao contrário ele é a marca de um espírito inquieto que não alimenta simplismos e certezas já prontas O problema é como sair disso 3 As passagens citadas da obra de QUIVY CAMPENHOUDT 1995 foram traduzidas por Tatiana Engel Gerhardt No início de uma pesquisa como não sabemos muito bem como proceder ou por onde começar o que normalmente fazemos é o que Quivy Campenhoudt 1995 p 10 chamam de fuga antecipada Segundo os autores ela pode tomar diferentes formas entre as quais são citadas a gulodice livresca ou estatística o impasse das hipóteses e a ênfase obscura A gulodice livresca ou estatística Quivy Campenhoudt 1995 p 10 chamam de gulodice livresca ou estatística o fato de encher a cabeça com uma grande quantidade de livros de artigos ou de dados numéricos esperando encontrar em um parágrafo ou um gráfico a luz que permitirá enfim precisar corretamente e de maneira satisfatória o objetivo e o tema de trabalho que desejamos pesquisar Esta atitude conduz de forma constante à desmotivação pois a abundância de informações mal absorvidas conduz a embaralhar ainda mais as ideias É preciso portanto voltar para trás reaprender a refletir mais do engolir as informações a ler em profundidade poucos textos escolhidos cuidadosamente e a interpretar judiciosamente alguns dados estatísticos particularmente significativos A fuga por antecipação não é somente inútil mas sobretudo prejudicial Muitos estudantes abandonam seus projetos de pesquisa de final de curso de mestrado ou doutorado por terem assim começado É preferível escolher o caminho mais simples e mais curto para chegar ao melhor resultado Isso implica que não devemos nos engajar em um trabalho importante sem antes termos refletido sobre o que queremos saber e de que forma devemos proceder Descongestionar o cérebro de números e palavras é o primeiro passo para começar a pensar de forma ordenada e criativa QUIVY CAMPENHOUDT 1995 p10 Dessa forma é preferível começar de forma organizada o trabalho escolhendo os textos que realmente irão contribuir para aprofundar o tema a ser desenvolvido na pesquisa O impasse das hipóteses Outra forma corrente da fuga por antecipação é apontada por esses autores 1995 p 11 o impasse das hipóteses consiste precisamente na coleta de dados antes de se terem formulado as hipóteses de pesquisa e em preocuparse com a escolha e a colocação em prática das técnicas de pesquisa antes mesmo de se saber exatamente o que se vai pesquisar e portanto para que elas devem servir É comum encontrarmos estudantes que declaram querer fazer uma pesquisa com questionário junto a uma dada população sem que eles tenham qualquer hipótese de trabalho não sabendo nem mesmo o que desejam pesquisar Somente podemos escolher uma técnica de investigação se tivermos uma ideia do tipo de dados ou informações que queremos coletar Isso implica que devemos começar definindo muito bem o projeto de pesquisa Esta forma de fuga por antecipação é corrente e é decorrente da crença de que o uso das técnicas de pesquisa determina o valor intelectual e o caráter científico do trabalho Mas para que serve colocar em prática técnicas de pesquisa se elas correspondem a um projeto superficial e mal definido Outros pensam ainda que basta acumular um grande número de informações sobre um tema e submetêlo a uma variedade de técnicas estatísticas para descobrir a resposta às questões que se colocam Eles caem assim em uma armadilha Assim a coleta de dados deve iniciar após termos realmente problematizado o tema a ser pesquisado ou seja após termos conseguido colocarnos questões pertinentes sobre o tema que ainda não foram tratadas por outros estudos A ênfase obscura Esta terceira forma de fuga antecipada é segundo os autores 1995 p 11 frequente nos pesquisadores iniciantes que são impressionados e intimidados pela sua recente entrada na universidade e pelo que eles pensam ser a Ciência Para assegurar uma credibilidade eles acreditam ser útil expressarse de forma difícil e incompreensível e seguidamente eles raciocinam também dessa forma Duas formas dominam seus projetos de pesquisa ou de trabalho a ambição desmesurada e a confusão total Tanto pode ser a reconstrução industrial de sua região que lhes parece o impasse quanto o futuro do ensino quanto ainda o destino dos países em desenvolvimento Essas declarações de intenções se expressam em uma linguagem ao mesmo tempo vazia e enfática que dificilmente esconde um projeto de pesquisa claro e interessante A primeira coisa a ser feita por seu orientadortutor será ajudálos a serem simples e claros Para vencer essas eventuais reticências é preciso pedirlhes sistematicamente que definam todas as palavras utilizadas e expliquem todas as frases que formulam de forma que se deem conta rapidamente de que eles mesmos não compreendem o que estão dizendo Esta terceira forma de mal começar uma pesquisa nos indica a necessidade de termos uma linguagem clara e objetiva mas que ao mesmo tempo seja científica acadêmica Esse é um exercício difícil e que demanda investimento por parte do pesquisador mas de suma importância para que todos os conceitos e termos utilizados ganhem sentido na formulação do projeto e não sejam colocados meramente ao acaso Num texto científico cada palavra cada conceito tem peso pois representa um ponto de vista uma visão de mundo por parte do pesquisador No campo da pesquisa científica o que importa acima de tudo é que um bom trabalho é aquele que busca a verdade Não a verdade absoluta estabelecida uma vez por todas pelos dogmas mas uma verdade que se permite questionar e que se aprofunda incessantemente pelo desejo do pesquisador de compreender de forma mais justa a realidade na qual vivemos e que construímos 46 EAD Frente a esses elementos vejamos então como proceder para a construção de uma pesquisa de forma a assegurarlhe um bom começo Para tal utilizaremos os esquemas didáticos propostos por Quivy Campenhoudt 1995 ao abordarem o processo de elaboração da pesquisa científica desde os princípioseixos que a nor teiam até o desenvolvimento das etapas para colocála em prática 32 PROCESSO DE ELABORAÇÃO DA PESQUISA CIENTÍFICA 321 Os três grandes eixos da pesquisa Para compreender a articulação das etapas de uma pesquisa Quivy Cam penhoudt 1995 falam rapidamente sobre os princípios contidos nos três eixos de uma pesquisa e da lógica que os une A ruptura O primeiro eixo necessário para se fazer pesquisa é a rup tura Nossa bagagem teórica possui várias armadilhas pois uma grande parte das nossas ideias se inspira em aparências imediatas ou em partida rismos Elas são seguidamente ilusórias e preconceituosas Construir uma pesquisa nessas bases é construíla sobre um terreno arenoso Daí a im portância da ruptura que consiste em romper com as ideias preconcebidas e com as falsas evidências que nos dão somente a ilusão de compreender as coisas A ruptura é portanto o primeiro eixo constitutivo das etapas metodológicas da pesquisa p 15 A construção Esta ruptura só se efetua ao nos referirmos a um sistema conceitual organizado suscetível de expressar a lógica que o pesquisador supõe ser a base do objeto em estudo É graças a esta teoria que se podem construir as propostas explicativas do objeto em estudo e que se pode elaborar o plano de pesquisa a ser realizado as operações necessárias a serem colocadas em prática e os resultados esperados ao final da pesquisa Sem esta construção teórica não há pesquisa válida pois não podemos submeter à prova qualquer proposta As propostas explicativas devem ser o produto de um trabalho racional fundamentado numa lógica e num sis tema conceitual validamente constituído p 17 A constatação Uma proposta de pesquisa tem direito ao status cientí fico quando ela é suscetível de ser verificada por informações da realidade concreta Esta comprovação dos fatos é chamada constatação ou experi mentação Ela corresponde ao terceiro eixo das etapas da pesquisa p 17 322 As sete etapas da pesquisa Os três eixos da pesquisa científica não são independentes uns dos outros Assim por exemplo a ruptura não é realizada unicamente no início da pesquisa ela é realizada também na construção da pesquisa E a construção não pode acontecer sem a ruptura necessária nem a constatação pois a qualidade desta está intimamen te ligada à qualidade da construção da pesquisa No desenvolvimento concreto de uma pesquisa os três eixos metodológicos são realizados ao longo de uma sucessão 47 EAD de operações que podem ser agrupadas em sete etapas Por razões didáticas a fi gura 1 abaixo distingue de forma precisa as sete diferentes etapas As sete etapas compõemse dos seguintes elementos a formulação da questão inicial a exploração da questão inicial por meio de leitura e de coleta de dados exploratória a elabo ração da problemática a construção de um modelo de análise a coleta de dados a análise das informações e as conclusões As flechas de retroação nos lembram que essas diferentes etapas estão em interação constante ou seja a cada etapa devemos reportarnos às etapas anteriores a fim de mantermos coerência e lógica ao longo da pesquisa Vejamos então cada uma dessas etapas separadamente e que relações elas mantêm com etapas anteriores ao longo da elaboração da pesquisa Figura 1 Etapas da pesquisa científi ca Fonte QUIVY CAMPENHOUDT 1995 3221 PRIMEIRA ETAPA A QUESTÃO INICIAL A melhor forma de começar um trabalho de pesquisa segundo Quivy Campenhoudt 1995 consiste em formular um projeto a partir de uma questão inicial através desta questão o pesquisador tentará expressar o mais precisamente possível o que ele busca conhecer elucidar compreender melhor A questão inicial servirá de fio condutor da pesquisa Para preencher corretamente essa função a questão inicial deve apresentar qualidades de clareza exequibilidade e pertinência Qualidades de clareza Ser precisa Ser concisa e unívoca Qualidades de exequibilidade Ser realista Qualidades de pertinência Ser uma questão verdadeira Abordar o que já existe sobre o tema e fundamentar as transformações do novo estudo sobre o tema Ter a intenção de compreensão dos fenômenos estudados p 35 Exercício de aplicação formulação de uma questão inicial Formule uma questão inicial Teste esta questão com um grupo de colegas ou amigos de forma a assegurar que ela está clara e precisa e portanto pode ser compreendida por todos da mesma forma Formule a questão ao grupo sem expor seu sentido ou dar explicações Cada pessoa do grupo deve expor a forma como compreendeu a pergunta A questão será precisa se as interpretações convergirem e corresponderem às intenções do pesquisador Verifique se a questão contém igualmente as outras qualidades apresentadas acima Caso contrário reformule a questão e reinicie o processo LEMBRESE A insistência na questão inicial devese ao fato de que muitas vezes o pesquisador não lhe dá o devido valor pois ou ela lhe parece evidente implicitamente ou ele pensa que avançando ele a verá mais claramente Isso é um engano Fazendo o papel de fio condutor da pesquisa a questão inicial deve ajudar a progredir nas leituras e na coleta de dados exploratória Quanto mais esse guia for preciso mais rapidamente o pesquisador avançará Ou seja é trabalhando e retrabalhando sua questão inicial que o pesquisador conseguirá fazer a ruptura com as ideias preconcebidas e com a ilusão da transparência Enfim existe ainda uma última razão decisiva para efetuar cuidadosamente este exercício as hipóteses de trabalho que constituem os eixos centrais de uma pesquisa se apresentam como propostas de respostas à questão inicial QUIVY CAMPENHOUDT 1995 p 38 3222 SEGUNDA ETAPA A EXPLORAÇÃO DO TEMA A exploração do tema consiste em realizar leituras entrevistas exploratórias e em utilizar outros métodos complementares de exploração do tema caso seja necessário e indispensável A leitura Escolha e organização das leituras Constituem critérios de escolha segundo Quivy Campenhoudt 1995 p 44 partir da questão inicial evitar um grande número de textos escolher textos de síntese num primeiro momento para em seguida procurar textos que não apresentem somente dados mas que tenham análise e interpretações escolher textos que apresentem abordagens e enfoques diferentes sobre o tema escolher os locais de busca de informações e de textos sobre o tema bibliotecas Internet Exercício de aplicação escolha das primeiras leituras5 Escolha dois ou três textos sobre o tema de pesquisa Parta de sua questão inicial Relembre os critérios de escolha das leituras que foram mencionados acima Identifique os temas de leitura que lhe parecem mais próximos de sua questão inicial Consulte uma ou outra pessoa informada sobre o tema Proceda à pesquisa de documentos e textos através da técnica de pesquisa bibliográfica Como ler Fazer resumos colocar em evidência as ideias principais e suas articulações de forma a tornar clara a unidade de pensamento do autor A qualidade de um resumo está diretamente ligada à qualidade da leitura realizada Exercício de aplicação fazer um resumo das primeiras leituras6 Fazer resumos dos textos é um trabalho longo No decorrer desse trabalho não se esqueça de sua questão inicial e seja particularmente preciso quanto às ideias que estão diretamente ligadas a ela Você não lerá os textos gratuitamente mas sim para progredir em sua pesquisa Tenha sempre em mente seus objetivos Após ter terminado esse exercício faça o próximo que completa o primeiro Comparação dos textos a fim de buscar elementos de reflexão e pistas de trabalho mais interessantes 5 QUIVY CAMPENHOUDT 1995 p 601 6 QUIVY CAMPENHOUDT 1995 p 601 Primeiro compare os textos a partir dos pontos de vista adotados pelos diferentes autores convergências divergências e complementaridades e dos conteúdos convergências divergências e complementaridades Após evidencie pistas de pesquisa interessantes para seu estudo quais são os textos mais próximos de sua questão inicial quais pistas sugerem Feito esse trabalho pare para refletir sobre sua questão inicial A coleta de informações exploratórias A coleta de informações exploratórias pode ser realizada através de entrevistas de observações ou de busca de informaçõesdados em bancos de dados secundários documentos etc Tendo sido formulada provisoriamente a questão inicial necessita ter certa qualidade de informações sobre o objeto em estudo e encontrar a melhor forma de abordálo Esta é a função do trabalho exploratório Este se compõe de duas partes que podem ser realizadas paralelamente a leitura como vimos acima e a coleta de informações através de entrevistas documentos observações As leituras servem primeiramente para nos informarmos das pesquisas já realizadas sobre o tema e obtermos contribuições para o projeto de pesquisa Graças a essas leituras o pesquisador poderá evidenciar a perspectiva que lhe parece mais pertinente para abordar seu objeto de estudo A escolha das leituras requer ser feita em função de critérios precisos ligações com a questão inicial dimensão razoável de leituras elementos de análise e interpretação abordagens diversificadas tempo consagrado à reflexão pessoal e às trocas de pontos de vista Enfim os resumos corretamente estruturados permitirão tirar ideias essenciais dos textos estudados e comparálos As entrevistas e observações completam as leituras Elas permitem ao pesquisador tomar consciência dos aspectos da questão que sua própria experiência e suas leituras não puderam evidenciar As entrevistas ou observações exploratórias podem preencher essa função quando não são muito diretivas pois o objetivo não consiste em validar as ideias preconcebidas do pesquisador mas em encontrar outras ideias Três tipos de interlocutores são interessantes para desenvolver essas técnicas especialistas científicos sobre o tema em estudo informantes privilegiados e pessoas diretamente envolvidas Ao final desta etapa o pesquisador poderá ser levado a reformular sua questão inicial de modo que ela leve em conta o trabalho exploratório QUIVY CAMPENHOUDT 1995 p 44 Esta é uma etapa importante da pesquisa pois se bem desenvolvida permitirá que a próxima etapa a construção do problema de pesquisa ou problemática seja feita com facilidade e clareza Uma boa exploração do tema a ser pesquisado conduz quase que naturalmente o pesquisador à elaboração do problema 51 EAD 3223 TERCEIRA ETAPA A PROBLEMÁTICA A problemática é a abordagem ou a perspectiva teórica que decidimos adotar para tratar o problema colocado pela questão inicial Ela é uma forma de interrogar os objetos estudados Construir uma problemática significa responder a questão como vou abordar tal objeto A concepção de uma problemática segundo Quivy Campenhoudt 1995 p 1023 pode ser feita em dois momentos Num primeiro momento fazemos um levantamento das problemá ticas possíveis evidenciamos suas características e as comparamos Para isso utilizamos os resultados do trabalho exploratório Com ajuda de referenciais esquemas inteligíveis modelos explicativos fornecidos pelas aulas teóricas ou pelos livros de referência sobre o tema tenta mos elucidar as perspectivas teóricas que estão por trás das diferentes abordagens encontradas Num segundo momento escolhemos e explicitamos nossa própria problemática com conhecimento de causa Escolher é adotar um quadro teórico que convém e se adapta ao pro blema e que temos a capacidade de dominar o suficiente Para explicitar sua problemática redefinese o melhor possível o objeto da pesquisa precisando qual o ângulo em que decidimos abordálo e reformulando a questão inicial de forma que ela se torne a questão central da pesquisa Paralelamente expõese a orientação teórica escolhida ajustandoa em função do objeto de pesquisa de forma a obter um sistema conceitual organizado apropriado ao que se está procurando pesquisar Ainda segundo os autores acima mencionados 1995 p 103 a formulação da questão inicial que se torna ao longo do trabalho a questão central da pesquisa as leituras as entrevistas e observa ções exploratórias e a problemática constituem de fato componentes complementares de um processo em espiral onde se efetua a ruptura e onde se elaboram os fundamentos do modelo de análise que opera cionalizará a perspectiva escolhida A figura 2 abaixo ilustra esse processo a partir da questão inicial etapa 1 iniciamos a exploração do tema através de leituras e da coleta de dados exploratória etapa 2 Essa segunda etapa nunca se desvinculará da primeira uma vez que deve mos a todo o momento voltar à questão inicial questionandonos sobre sua pertinên cia Da mesma forma a exploração do tema conduzirá à elaboração da problemática que nos reportará às leituras e à coleta de dados efetuados a fim de verificarmos a pertinência e adequação do problema elaborado Ao longo dessas três primeiras eta pas as flechas de retroação na figura 2 indicam esse vaievem as interações entre a questão inicial e o problema formulado e correspondem ao eixo da ruptura como vimos anteriormente ou seja o da necessidade de romper ao longo dessas etapas com as ideias preconcebidas e com as falsas evidências Etapa 1 A questão inicial Etapa 2 A exploração As leituras A coleta de dados exploratória Etapa 3 A problemática Figura 2 Interação entre as três primeiras etapas da pesquisa Fonte QUIVY CAMPENHOUDT 1995 A interação que observamos entre as três etapas figura 2 encontrase novamente nas etapas seguintes Assim a problemática chega à sua formulação final através da construção do modelo de análise etapa 4 A construção distinguese da problematização por seu caráter operacional pois a construção deve servir de guia para a coleta de dados Exercício de aplicação escolha e explicitação de uma problemática7 Este exercício consiste em aplicar à sua pesquisa as operações relativas à construção de uma problemática Quais são as diferentes abordagens do problematema reveladas por suas leituras e pela coleta de dados exploratória De que modelos explicativos surgem essas diferentes abordagens Procure ajuda em suas aulas teóricas ou em livros de referência sobre o tema que proponham um esquema inteligível ou modelos explicativos do social A partir dessa elucidação quais são as perspectivas possíveis para seu trabalho Compareas 7 QUIVY CAMPENHOUDT 1995 p 103 Que problemática você julga mais adaptável a seu projeto e por quê Escolha um quadro teórico existente que você domine sem muitas dificuldades Em que contexto de pesquisa essa problemática já foi explorada Quais são os problemas conceituais e metodológicos eventualmente encontrados nas pesquisas anteriores Como você explicitária sua problemática Quais são os conceitos e ideiaschave Como você reformularia a questão central da pesquisa bem como as questões específicas Para realizar esse exercício são necessárias leituras complementares Quais e onde encontrálas Após ter tomado conhecimento desses textos complementares reformule sua problemática 3224 QUARTA ETAPA A CONSTRUÇÃO DO MODELO DE ANÁLISE Uma vez construída a problemática é preciso partir para a elaboração de um modelo de análise ou seja elaborar as hipóteses ou questões de estudo que surgiram da problemática e que deverão ser respondidas ou não a partir de conceitos modelos teóricos etc Esclarecem Quivy Campenhoudt 1995 p 149 O modelo de análise constitui o prolongamento natural da problemática articulando de forma operacional os referenciais e as pistas que serão finalmente escolhidos para guiar o trabalho de coleta de dados e a análise Ele é composto de conceitos e hipóteses que estão interligados para formar conjuntamente um quadro de análise coerente A conceitualização ou a construção de conceitos constitui uma construção abstrata que tenta dar conta do real Nesse sentido ela não dá conta de todas as dimensões e aspectos do real mas somente o que expressa o essencial segundo o ponto de vista do pesquisador Tratase portanto de uma construçãoseleção A construção de um conceito consiste em designar dimensões que o constituem e em precisar os indicadores graças aos quais essas dimensões poderão ser mensuradas Distinguemse os conceitos operacionais isolados que são construídos empiricamente a partir das observações diretas ou das informações coletadas e dos conceitos sistêmicos que são construídos pelo raciocínio abstrato e se caracterizam em princípio por um grau de ruptura mais alto com as ideias preconcebidas e com a ilusão da transparência Duas formas são sugeridas para a construção das hipóteses quadro 3 e figura 3 54 EAD Método hipotéticoindutivo Método hipotéticodedutivo A construção parte da observação O indicador é de natureza empírica A partir dele constroemse novos con ceitos novas hipóteses e o modelo que será submetido à prova dos fatos A construção parte de um postulado ou conceito como modelo de interpretação do objeto estudado Esse modelo gera através de um traba lho lógico as hipóteses os conceitos e os indicadores para os quais será neces sário buscar correspondentes no real Quadro 3 Métodos hipotéticoindutivo e hipotéticodedutivo Fonte QUIVY CAMPENHOUDT 1995 Quando iniciamos uma pesquisa pela primeira vez a abordagem hipotético indutiva normalmente prevalece ou seja construímos nossas hipóteses e indica dores a partir da observação do campo empírico derivando daí novos conceitos e novas hipóteses que serão submetidas à comprovação pelo modelo estabelecido Na sequência quando se possuem algumas ideias conceituais a respeito do tema tra balhado que possam explicar o objeto de estudo a abordagem hipotéticodedutiva passa a ter mais importância Isso quer dizer que a construção das hipóteses parte de um postulado ou conceito como modelo de interpretação do objeto estudado Na realidade essas duas abordagens se articulam pois todos os modelos elaborados por uma pesquisa científica comportam dedução e indução Figura 3 Métodos hipotéticoindutivo e hipotéticodedutivo Fonte QUIVY CAMPENHOUDT 1995 Quivy Campenhoudt 1995 p 150 definem uma hipótese como uma proposta que antecipa uma relação entre dois termos que de acordo com o caso podem ser de conceitos ou de fenômenos Ela é portanto uma proposta provisória uma presunção que requer ser verificada A hipótese será confrontada numa etapa posterior da pesquisa aos dados coletados Para ser objeto dessa verificação empírica uma hipótese deve ser falsa Isso significa primeiramente que ela deve poder ser testada indefinidamente e deve portanto ter um caráter de generalidade e em seguida ela deve aceitar enunciados contrários que são teoricamente suscetíveis de serem verificados Somente o respeito a essas exigências metodológicas permite colocar em prática o espírito da pesquisa que se caracteriza sobretudo pelo questionamento constante dos resultados provisórios da produção do conhecimento Esta é também uma etapa importante do processo de elaboração de uma pesquisa pois associada às etapas anteriores conduzirá quase que naturalmente o pesquisador à etapa seguinte de elaboração da metodologia de coleta de dados Exercício de aplicação definição de conceitos de base e formulação das hipóteses principais da pesquisa Para efetuar este exercício com sucesso eis algumas sugestões Parta de uma questão precisa revista e corrigida pelo trabalho exploratório e pela problemática Não queime etapas Este exercício constitui o fim natural de um trabalho exploratório corretamente realizado e de uma reflexão sobre sua problemática Consulte autores reconhecidos Não hesite em utilizar seus conceitos e inspirarse em suas hipóteses Nesse caso preocupese em indicar claramente as referências utilizadas Tratase de uma questão de honestidade intelectual e também de validade externa de seu trabalho Cuide da coerência de seu modelo de análise coloque claramente em evidência como você concebe as relações entre conceitos e hipóteses Procure sempre ser claro e objetivo Lembrese que a qualidade é mais importante que a quantidade um ou dois conceitos centrais e uma ou duas hipóteses principais são na maior parte dos casos suficientes Não se preocupe com conceitos e hipóteses secundários pois após ter adquirido certeza dos conceitos e hipóteses centrais formulará mais facilmente outros conceitos e hipóteses Exercício de aplicação explicitar o modelo de análise Este exercício consiste em detalhar e tornar operacionais as hipóteses e os conceitos principais definidos no exercício precedente Portanto Para os conceitos defina suas eventuais dimensões e seus indicadores Para as hipóteses identifique as variáveis anunciadas para cada hipótese e estabeleça as relações entre as diferentes hipóteses 3225 QUINTA ETAPA A COLETA DE DADOS A coleta de dados compreende o conjunto de operações por meio das quais o modelo de análise é confrontado aos dados coletados Ao longo dessa etapa várias informações são portanto coletadas Elas serão sistematicamente analisadas na etapa posterior Conceber essa etapa de coleta de dados deve levar em conta três questões a serem respondidas O que coletar Com quem coletar Como coletar O que coletar Os dados a serem coletados são aqueles úteis para testar as hipóteses Eles são determinados pelas variáveis e pelos indicadores Podemos chamálos de dados pertinentes Com quem coletar Tratase a seguir de recortar o campo das análises empíricas em um espaço geográfico e social bem como num espaço de tempo De acordo com o caso o pesquisador poderá estudar a população total ou somente uma amostra representativa quantitativamente ou ilustrativa qualitativamente dessa população Como coletar Esta terceira questão referese aos instrumentos de coleta de dados que comporta três operações Conceber um instrumento capaz de fornecer informações adequadas e necessárias para testar as hipóteses por exemplo um questionário ou um roteiro de entrevistas ou de observações Testar o instrumento antes de utilizálo sistematicamente para se assegurar de seu grau de adequação e de precisão Colocálo sistematicamente em prática e proceder assim à coleta de dados pertinentes ANOTE Em estatística uma variável é um atributo mensurável que varia entre indivíduos Variável quantitativa É aquela que é numericamente mensurável por exemplo a idade a altura o peso Estas variáveis ainda se subdividem em Variável quantitativa contínua É aquela que assume valores dentro de um conjunto contínuo caso típico dos números reais São exemplos o peso ou a altura de uma pessoa Variável quantitativa discreta É aquela que assume valores dentro de um espaço finito ou enumerável caso típico dos números inteiros Um exemplo é o número de filhos de uma pessoa Variável qualitativa É aquela que se baseia em qualidades e não é mensurável numericamente Estas variáveis ainda se subdividem em Variável qualitativa ordinal É aquela que pode ser colocada em ordem por exemplo a classe social A B C D ou E e a variável peso medida em três níveis pouco pesado pesado muito pesado Variável qualitativa nominal É aquela que não pode ser hierarquizada ou ordenada como a cor dos olhos o local de nascimento Já um indicador é um parâmetro que mede a diferença entre a situação desejada e a situação atual ou seja ele indica o estado atual do ponto medido É um instrumento de medição cujos resultados são utilizados nas reuniões de Análise Crítica O indicador permite quantificar um processo Seus índices expressam o grau de aceitação em porcentagem de uma característica São exemplos de indicadores Indicador social por exemplo o Índice de Desenvolvimento Humano IDH índices de alfabetização taxas de mortalidade etc Indicador de sustentabilidade ambiental emissões atmosféricas qualidade da água efluentes tratados etc Na coleta de dados o importante não é somente coletar informações que deem conta dos conceitos através dos indicadores mas também obter essas informações de forma que se possa aplicar posteriormente o tratamento necessário para testar as hipóteses Portanto é necessário antecipar ou seja preocuparse desde a concepção do instrumento com o tipo de informação que ele permitirá fornecer e com o tipo de análise que deverá e poderá ser feito posteriormente A escolha entre os diferentes métodos de coleta de dados depende das hipóteses de trabalho e da definição dos dados pertinentes decorrentes da problemática É igualmente importante levar em conta as exigências de formação necessárias para colocar em prática de forma correta cada método escolhido Exercício de aplicação concepção da coleta de dados Este exercício consiste em aplicar as noções estudadas nesta etapa a seu próprio trabalho Essa aplicação efetuase em três fases O que coletar A definição dos dados pertinentes Que informações são necessárias para testar as hipóteses Para responder a essa pergunta relembre primeiramente as hipóteses os conceitos e seus indicadores Com quem coletar A delimitação do campo de análise e a seleção das unidades de coleta de dados Levando em consideração as informações necessárias qual é a unidade de coleta de dados que se impõe indivíduo instituição associação município país Que delimitações dar ao campo de análise Quantos indivíduos instituições etc Qual é a área geográfica a ser considerada Qual é o período de tempo a ser levado em conta Em função dessas delimitações será melhor coletar os dados sobre a totalidade da população sobre uma amostra representativa método quantitativo ou somente sobre uma amostra ilustrativa de certas características desta população método qualitativo Para delimitar o campo de análise leve em conta igualmente seus prazos de execução seus recursos e o método de coleta de dados que você pensa utilizar antecipação Como coletar A escolha do método de coleta de dados mais adequado Que método de coleta é o mais apropriado Para responder a essa questão leve em conta as hipóteses de trabalho e a definição de dados pertinentes o tipo de análise que será feito posteriormente tratase também de antecipar a etapa seguinte e sua própria formação metodológica 3226 SEXTA ETAPA A ANÁLISE DAS INFORMAÇÕES O objetivo de uma pesquisa segundo Quivy Campenhoudt 1995 p 213 é responder à questão inicial etapa 1 para isso o pesquisador elabora hipóteses ou questões de pesquisa e desenvolve a coleta de dados necessários Uma vez que os dados foram coletados tratase de verificar se essas informações correspondem às hipóteses ou seja se os resultados observados correspondem aos resultados esperados pelas hipóteses ou questões da pesquisa Assim o primeiro passo da análise das informações é a verificação empírica Mas a realidade é sempre mais complexa do que as hipóteses e questões elaboradas pelo pesquisador e uma coleta de dados rigorosa sempre traz à tona outros elementos ou outras relações não cogitados inicialmente Nesse sentido a análise das informações tem uma segunda função a de interpretar os fatos não cogitados rever ou afinar as hipóteses para que ao final o pesquisador seja capaz de propor modificações e pistas de reflexão e de pesquisa para o futuro Quivy Campenhoudt 1995 p 243 definem a sexta etapa da pesquisa ou seja a análise das informações como a etapa que faz o tratamento das informações obtidas pela coleta de dados para apresentála de forma a poder comparar os resultados esperados pelas hipóteses No cenário de uma análise de dados quantitativos essa etapa compreende três operações Entretanto os princípios deste método podem ser transpostos em grande parte a outros tipos de métodos 59 EAD A primeira operação consiste em descrever os dados Isso reme te por um lado a apresentálos agregados ou não sob a forma re querida pelas variáveis implicadas nas hipóteses e por outro lado de apresentálos de forma que as características dessas variáveis sejam evidenciadas pela descrição A segunda operação consiste em mensurar as relações entre as variá veis da maneira como essas relações foram previstas pelas hipóteses A terceira operação consiste em comparar as relações observadas com as relações teoricamente esperadas pela hipótese e mensurar o distanciamento entre elas Se o distanciamento é nulo ou muito pe queno podese concluir que a hipótese está confirmada caso con trário será preciso examinar de onde provém esse distanciamento e tirar as conclusões apropriadas Os principais métodos de análise das informações são a análise estatística dos dados método quantitativo e a análise de conteúdo método qualitativo No desenvolvimento da análise Quivy Campenhoudt 1995 p 222 enfa tizam que cada hipótese elaborada na fase de construção expressa as relações que pensamos serem corretas e que devem ser confirmadas pela coleta de dados Os resultados encontrados são os que resultam das opera ções precedentes É comparando os resultados encontrados com os resultados esperados pela hipótese que poderemos tirar as conclusões Se houver divergência entre os resultados observados e os resultados esperados será necessário examinar de onde provém esse distancia mento e em que a realidade é diferente do que se presumia no início elaborando novas hipóteses e a partir de uma nova análise dos dados disponíveis examinar em que medida elas se confirmam Nesse caso será necessário completar a coleta de dados Essa interação entre a análise as hipóteses e a coleta de dados é representada na figura 4 abaixo pelas duas flechas de retroação ou seja a análise das informações vai invariavelmente remeter nos a verificar ou ao menos a refletir sobre a construção do modelo de análise sua pertinência e coerência e igualmente a coleta de dados pertinência e rigor Figura 4 Interação entre as etapas 4 e 7 da pesquisa Fonte QUIVY CAMPENHOUDT 1995 Exercício de aplicação análise das informações Nesta etapa é ainda mais difícil dar referenciais precisos para um trabalho pessoal tamanha é a diversidade de problemas e técnicas de análise As cinco questões abaixo podem entretanto ajudar a evoluir na maioria dos trabalhos Quais são as variáveis implicadas nas hipóteses Quais são as informações que correspondem às variáveis ou que devem ser agregadas para serem descritas A distribuição das variáveis é normal conforme as hipóteses Como expressar os dados para evidenciar suas principais características Com que tipo de variável é preciso trabalhar nominal ordinal ou contínua discreta e quais são as técnicas de análise compatíveis com esses dados 3227 SÉTIMA ETAPA AS CONCLUSÕES A conclusão de um trabalho de pesquisa comportará três partes conforme Quivy Campenhoudt 1995 p 24753 1 Síntese das grandes linhas da pesquisa Preparar a produção do texto que deve apresentar a questão da pesquisa ou seja a questão inicial em sua formulação final apresentar as principais características do modelo de análise particularmente as hipóteses apresentar o campo de coleta de dados os métodos escolhidos e a coleta de informações realizada comparar os resultados esperados pela hipótese com os resultados obtidos bem como fazer uma breve descrição das principais distâncias encontradas entre ambos 2 Novos aportes do conhecimento produzido que são de dois tipos Novos conhecimentos relativos ao objeto de análise Os novos conhecimentos produzidos relativos ao objeto são aqueles que podemos evidenciar respondendo a duas questões O que sei a mais sobre o objeto de análise O que sei além do objeto de análise Quanto mais o pesquisador se distanciar das ideias preconcebidas do conhecimento corrente e se preocupar com sua problemática mais terá chances de que o novo conhecimento produzido relativos ao objeto de estudo traga contribuições Novos conhecimentos teóricos Para aprofundar o conhecimento sobre um domínio concreto da realidade o pesquisador definiu uma problemática e elaborou um modelo de análise composto de conceitos e de hipóteses Ao longo de seu trabalho não somente esse domínio concreto foi explicitado como também a pertinência da problemática e do modelo de análise foi testada Assim um trabalho de pesquisa deve permitir igualmente a avaliação da problemática e do modelo de análise Não se trata para o pesquisador iniciante de fazer grandes descobertas teóricas inéditas e de grande interesse para a comunidade científica mas sim de ele próprio descobrir novas perspectivas teóricas mesmo que elas sejam amplamente conhecidas Nossa ótica aqui é a da formação 3 Perspectivas práticas Todo pesquisador deseja que seu trabalho sirva para alguma coisa O problema é que as conclusões de uma pesquisa conduzem raramente a uma aplicação prática clara e indiscutível Tratase de consequências práticas que certos elementos de análise implicam claramente Se sim por quais elementos de análise e em que a implicação é indiscutível Tratase mais de pistas de ação que as análises sugerem sem induzilas de forma automática e incontestável 62 EAD Vários pesquisadores esperam de seus trabalhos resultados práticos e que cons tituam guias de intervenção para as decisões e ações Isso é possível em estudos de caráter mais técnico como por exemplo os estudos de mercado Mas por via de regra as relações entre pesquisa e ação não são assim tão diretas Segue na figura 5 um recapitulativo das etapas da pesquisa tal qual proposto por Quivy Campenhoudt 63 EAD Figura 5 Recapitulativo das etapas da pesquisa Fonte QUIVY CAMPENHOUDT 1995 64 EAD 33 REFERÊNCIA QUIVY R CAMPENHOUDT L V Manuel de recherche en sciences sociales Paris Dunod 1995 65 EAD UNIDADE 4 ESTRUTURA DO PROJETO DE PESQUISA Tatiana Engel Gerhardt Ieda Cristina Alves Ramos Deise Lisboa Riquinho e Daniel Labernarde dos Santos INTRODUÇÃO Esta Unidade explora a estrutura do projeto de pesquisa título introdução revisão bibliográfica procedimentos metodológicos bibliografia cronograma e or çamento Detalha os elementos importantes que devem constar em cada item OBJETIVOS Os objetivos desta Unidade são 1 conhecer os elementos que compõem um projeto de pesquisa e 2 compreender as formas de organizar e sistematizar os diferentes elementos constitutivos de um projeto de pesquisa 41 ESTRUTURA DO PROJETO DE PESQUISA Após termos abordado as etapas de uma pesquisa falaremos do texto que es trutura uma pesquisa ou seja do texto que rege e sintetiza o momento analítico do processo de investigação o projeto de pesquisa A formulação de um projeto de pesquisa normalmente não ocorre no início do processo mas sim uma vez delimi tado o tema e o problema correspondente da pesquisa e com base na escolha de um quadro teórico elaboradas as hipóteses e em função destas selecionados tanto a documentação pertinente quanto os métodos e técnicas que serão empregados A estrutura de um projeto completo de pesquisa é a seguinte 411 Título do projeto Simplifique usando conceitos e expressões claras Sempre pode ser mudado ao longo do trabalho Um bom título é conciso não entra em detalhes provoca e atrai por meio da síntese de ideias Subtítulo Utilize subtítulo apenas para clarificar caso contrário ele é desnecessário Títulos grandes podem gerar confusão 66 EAD 412 Introdução Pode conter o tema a justificativa as questões ou hipóteses formulação deli mitação problema específico a resolver quanto ao tema no decorrer da pesquisa o que será pesquisado a pergunta justificativa segundo os critérios habituais relevância originalidade a necessidade de incluir este item na pesquisa normalmente exigirá uma exposição do que já foi feito acerca do tema ou de temas próximos no contexto da disciplina em que a pesquisa se desenvolve ou de disciplinas diferentes mas pertinentes ao tema em questão viabilidade interesse pessoal por que escolheu esse problema e objetivos estes podem ser apresentados em item separado após a introdução ou no texto da introdução A redação dos objetivos deve ser extremamente breve quanto ao que se pretende obter nos diversos níveis que forem pertinentes para a realização da pesquisa em questão Tal exposição deve ser inteligível mesmo para pessoas não espe cializadas na disciplina em cujo contexto se formula e se realiza a pesquisa ANOTE DOXSEY DE RIZ 20022003 p 26 alertam Você já sabe que escreve um objetivo começando com um verbo Porém que verbo usar Richardson dá a seguinte orientação Usualmente em uma pesquisa exploratória o objetivo geral começa pelos verbos conhecer identifi car examinar levantar e descobrir em uma pesquisa descritiva inicia com os verbos caracterizar descrever e traçar e em uma pesquisa explicativa começa pelos verbos anali sar avaliar verifi car explicar etc 413 Revisão bibliográfica estado da arte Expor resumidamente as principais ideias já discutidas por outros autores que trataram do problema levantando críticas e dúvidas quando for o caso Explicar no que seu trabalho vai se diferenciar dos trabalhos já produzidos sobre o problema a ser trabalhado eou no que vai contribuir para seu conhecimento Quanto ao quadro teórico o erro mais frequente é formulálo de forma genérica ou abstrata demais quando o que interessa é que ele seja adequado ao recorte temático a ser investigado quanto à formulação das hipóteses ou das questões não basta enunciálas no projeto é preciso também justificálas uma a uma em texto argumentativo INFORMAÇÃO Elaborando resumos e fi chamentos DOXSEY DE RIZ 20022003 p 356 nos dão algumas orientações A pesquisa ou levanta mento bibliográfi co é um importante estágio na elaboração do quadro inicial Se o pesquisador utiliza teorias e conceitos para estudar fenômenos a leitura é um hábito que deve ser cultivado Pela leitura o pesquisador fi ca conhecendo o que outros pesquisadores e autores disseram a respeito do fenômeno que pretende estudar Para que você possa otimizar seu tempo é bom que ao ler um livro um documento ou qualquer outro material você vá levantando as infor mações que poderão ser úteis Além de comentar resumidamente as ideias apresentadas você pode por exemplo destacar o que o próprio autor diz sobre a obra ao apresentála Pode também escrever destacar trechos para serem usados em citações É preciso não esquecer de anotar as referências da obra que devem constar do item referências bibliográfi cas caso a obra venha a fazer parte do quadro teórico da pesquisa ou a ser citada no texto Na Unidade 4 serão abordados os tipos de material que o pesquisador pode consultar bem como a maneira correta de apresentar as referências das fontes consultadas 414 Procedimentos metodológicos como verificar as hipóteses ou questões de pesquisa Estes incluem tanto os tipos de pesquisa quanto as técnicas de coleta e análise de dados Também incluem os procedimentos éticos para pesquisas que envolvem seres humanos Indicam como realizar a pesquisa especificando suas etapas e os procedimentos que serão adotados em cada uma delas 4141 ESCOLHER O TIPO DE PESQUISA Adotar o esquema apresentado na Unidade 2 Esclarecer se a pesquisa é de natureza básica ou aplicada e quanto aos objetivos se é exploratória descritiva ou explicativa Indicar também o procedimento a ser adotado pesquisa experimental levantamento estudo de caso pesquisa bibliográfica ou outro ANOTE O objetivo determina o caráter da pesquisa Segundo DOXSEY DE RIZ 20022003 p 25 o objetivo geral da pesquisa esclarece o que se pretende alcançar com a investigação Explicita também o caráter da pesquisa se ela é exploratória descritiva ou explicativa Vamos rever as características de cada uma delas Pesquisas exploratórias buscam uma abordagem do fenômeno pelo levantamento de informações que poderão levar o pesquisador a conhecer mais a seu respeito Pesquisas descritivas são realizadas com o intuito de descrever as características do fenômeno Pesquisas explicativas num estudo dessa natureza o pesquisador procura explicar causas e consequências da ocorrência do fenômeno O caráter da pesquisa influencia todo o desenvolvimento da pesquisa a começar pela maneira como o pesquisador determina os objetivos de sua investigação INFORMAÇÃO O pesquisador iniciante mais explora do que explica Vale lembrar conforme DOXSEY DE RIZ 20022003 p 267 que pesquisadores iniciantes como é o caso dos estudantes de graduação e de pósgraduação lato sensu geralmente realizam pesquisas de caráter exploratório É preciso esclarecer que a exploração do fenômeno tem como objetivos desenvolver esclarecer e modificar conceitos e ideias Esse tipo de pesquisa é realizado especialmente quando há poucas informações disponíveis sobre o tema ao qual se relaciona o objeto de estudo Justamente devido ao escasso conhecimento do assunto o planejamento é flexível de forma que os vários aspectos relativos ao fato possam ser considerados A escassez de informações torna difícil a formulação de hipóteses como requerem as pesquisas descritivas e explicativas Na verdade é sobre as pesquisas científicas que descrevem e explicam os fenômenos que você mais ouve falar Bons trabalhos científicos muitas vezes são trabalhos simples Pesquisadores iniciantes não precisam confeccionar projetos complicados ou ficar imobilizados pela mistificação desnecessária da pesquisa É importante ter foco no problema a ser estudado traçar um plano executável com os recursos e o tempo disponível e usar procedimentos adequados para a proposta 68 EAD 4142 ESTABELECER POPULAÇÃO E AMOSTRA Definir o universo de estudo e a forma como será selecionada a amostra INFORMAÇÃO A unidade de análise e os sujeitos da pesquisa Confi ra a orientação dada por DOXSEY DE RIZ 20022003 p 445 É importante levar em conta um detalhe muitas vezes omitido sobre metodologia de pesquisa é a lembrança sobre a delimitação do foco do estudo Foco é uma questão de escolha e especi fi cação de limites É essencial determinar qual será a principal fonte das informações a serem coletadas A unidade de análise pode ser uma pessoa um grupo uma empresa uma sala de aula um município Pode ser confi gurada em outro âmbito num âmbito mais macro um setor econômico uma divisão de uma instituição ou uma escola Independentemente do âm bito da análise precisamos saber quais os sujeitos da pesquisa A escolha de quem vai ser estudado mantém uma relação estreita com dois aspectos principais 1 até que ponto que remos generalizar ou concluir algo para um pequeno grupo ou para uma população maior e 2 quantos casos indivíduos unidades de observação precisam ser estudados para que os resultados sejam considerados científi cos As técnicas de amostragem permitem reduzir o número de sujeitos numa pesquisa sem risco de invalidar resultados ou de impossibilitar a generalização para a população como um todo Nos trabalhos quantitativos a generalização está determinada pela amostragem aleatória e pela estatística inferencial mas essas técnicas não são relevantes para a pesquisa qualitativa RICHARDSON 1999 p 101 Mas se seu estudo não utiliza técnicas de amostragem uma abordagem quantitativa quantos sujeitos ou unidades de observação são necessários Infelizmente não existem regras para responder à pergunta Para a pesquisa qualitativa o pesquisador seleciona os sujeitos de acordo com o problema da pesquisa Quem sabe mais sobre o problema Quem pode validar tal informação com outro ponto de vista ou uma visão mais crítica dessa situação problemática O iniciante em pesquisa científi ca muitas vezes pensa que a pesquisa qualitativa é o caminho mais indica do para se exercitar na pesquisa porque exige um número menor de entrevistas questionários ou observações etc A pesquisa quantitativa é percebida como mais complicada e demorada com um maior número de observações necessárias Vários fatores infl uenciam as decisões tomadas pelo pesquisador no planejamento de um projeto O tamanho e a complexidade da população são os principais determinantes no tamanho e no tipo de amostra contemplado As pesquisas qualitativas permitem maior liberdade na composição dos casos eou unidades a serem escolhidas Ao mesmo tempo em que observamos questões pragmáticas no desenho do estudo o pesquisador deve evitar que preferências valores pessoais ou fatores de conve niência afetem suas decisões sobre a população a ser estudada O bom senso não é sufi ciente para determinar o tamanho da amostra em pesquisas quantitativas É necessário utilizar as fórmulas evitando regras simplistas pelas quais o pesquisador aplica uma porcentagem X ao número total população universo para calcular a amostra Via de regra evitamse estudos quantitativos exploratórios ou descritivos com menos de 30 casos Dependendo do estudo muitas vezes apenas um grupo será insufi ciente para a pesquisa quantitativa ou qualitativa Por outro lado um bom estudo de caso pode envolver uma família uma pequena escola ou instituição No fi nal das contas você pesquisadora é quem determina a abrangência e es pecifi cação de seu estudo É de suma importância portanto um planejamento e justifi cativa adequados para as estratégias adotadas em sua proposta 4143 DETERMINAR AS TÉCNICAS DE COLETA DE DADOS Descrever as técnicas utilizadas para a coleta de dados e os instrumentos utili zados de acordo com o tipo de técnica escolhida a serem apresentados em anexo A coleta de dados é a busca por informações para a elucidação do fenômeno ou fato que o pesquisador quer desvendar O instrumental técnico elaborado pelo pesquisador para o registro e a medição dos dados deverá preencher os seguintes requisitos validez confiabilidade e precisão A seguir são apresentados os tipos de técnicas de coleta de dados ou instrumentos de coleta de dados 1 Pesquisa bibliográfica Considerada mãe de toda pesquisa fundamentase em fontes bibliográficas ou seja os dados são obtidos a partir de fontes escritas portanto de uma modalidade específica de documentos que são obras escritas impressas em editoras comercializadas em livrarias e classificadas em bibliotecas 2 Pesquisa documental É aquela realizada a partir de documentos contemporâneos ou retrospectivos considerados cientificamente autênticos nãofraudados tem sido largamente utilizada nas ciências sociais na investigação histórica a fim de descrevercomparar fatos sociais estabelecendo suas características ou tendências Nesse tipo de coleta de dados os documentos são tipificados em dois grupos principais fontes de primeira mão e fontes de segunda mão Os de primeira mão são os que não receberam qualquer tratamento analítico tais como documentos oficiais reportagens de jornal cartas contratos diários filmes fotografias gravações gravuras pinturas a óleo desenhos técnicos etc Os de segunda mão são os que de alguma forma já foram analisados tais como relatórios de pesquisa relatórios de empresas tabelas estatísticas manuais internos de procedimentos pareceres de perito decisões de juízes entre outros A pesquisa documental abrange arquivos públicos arquivos privados dados de registro um acontecimento em observância a normas legais e administrativas dados de recenseamento demográficos educacionais de criminalidade eleitorais de alistamento de saúde de atividades industriais de contribuições e benefícios de registro de veículos 3 Pesquisa eletrônica É constituída por informações extraídas de endereços eletrônicos disponibilizados em home page e site a partir de livros folhetos manuais guias artigos de revistas artigos de jornais etc Apesar de sua importante contribuição para a investigação científica nem toda informação disponibilizada em meios eletrônicos deve ser considerada como sendo de caráter científico Há de se observar a procedência do site ou da home page 4 Questionário É um instrumento de coleta de dados constituído por uma série ordenada de perguntas que devem ser respondidas por escrito pelo informante sem a presença do pesquisador Objetiva levantar opiniões crenças sentimentos interesses expectativas situações vivenciadas A linguagem utilizada no questionário deve ser simples e direta para que quem vá responder compreenda com clareza o que está sendo perguntado Quadro 4 Vantagens e desvantagens do uso de questionário VANTAGENS Economiza tempo e viagens e obtém grande número de dados Atinge maior número de pessoas simultaneamente Abrange uma área geográfica mais ampla Economiza pessoal tanto em treinamento quanto em trabalho de campo Obtém respostas mais rápidas e mais precisas Propicia maior liberdade nas respostas em razão do anonimato Dá mais segurança pelo fato de suas respostas não serem identificadas Expõe a menos riscos de distorções pela não influência do pesquisador Dá mais tempo para responder e em hora mais favorável Permite mais uniformidade na avaliação em virtude da natureza impessoal do instrumento Obtém respostas que materialmente seriam inacessíveis DESVANTAGENS É pequena a percentagem dos questionários que voltam Deixa grande número de perguntas sem respostas Não pode ser aplicado a pessoas analfabetas Não é possível ajudar o informante em questões mal compreendidas Leva a uma uniformidade aparente devido à dificuldade de compreensão por parte dos informantes Uma questão pode influenciar outra quando é feita a leitura de todas as perguntas antes do início das respostas A devolução tardia prejudica o calendário ou sua utilização O desconhecimento das circunstâncias em que foram preenchidos torna difícil o controle e a verificação Nem sempre é o escolhido quem responde ao questionário invalidando portanto as respostas Exige um universo mais homogêneo Adaptado de httpwwwlcsantosprobrarquivosTecnicasdeColetadeDados 2202200710 4857pdf Acesso em 27 fev 2008 Processo de elaboração do questionário Requer a observância de normas precisas a fim de aumentar sua eficácia e validade Em sua organização devemse levar em conta os tipos a ordem os grupos de perguntas sua formulação além de tudo aquilo que se sabe sobre percepção estereótipos mecanismos de defesa liderança etc Existem três tipos de questões fechadas abertas e mistas Nas questões abertas o informante responde livremente da forma que desejar e o entrevistador anota tudo o que for declarado Nas questões fechadas o informante deve escolher uma resposta entre as constantes de uma lista predeterminada indicando aquela que melhor corresponda à que deseja fornecer Este último caso favorece uma padronização e uniformização dos dados coletados pelo questionário maior do que no caso das perguntas abertas Contudo a maior parte dos questionários apresenta uma proporção variável entre os dois tipos de questões As questões mistas fechadas e abertas são aquelas em que dentro de uma lista predeterminada há um item aberto por exemplo outros Préteste do questionário Depois de redigido o questionário precisa ser testado antes de sua utilização definitiva por meio da aplicação de alguns exemplares em uma pequena população escolhida 5 Formulário É o nome geralmente usado para designar uma coleção de questões que são formuladas e anotadas por um entrevistador numa situação face a face com o entrevistado As perguntas devem ser ordenadas das mais simples às mais complexas vale lembrar que as perguntas devem referirse a uma ideia cada vez e possibilitar uma única interpretação sempre respeitado o nível de conhecimento do informante Tanto o questionário quanto o formulário por se constituírem de perguntas padronizadas são instrumentos de pesquisa mais adequados à quantificação porque são mais fáceis de serem codificados e tabulados propiciando comparações com outros dados relacionados ao tema pesquisado O questionário e o formulário são instrumentos que se diferenciam apenas no que se refere à forma de aplicação O questionário é preenchido pelo próprio entrevistado e o formulário é preenchido indiretamente isto é pelo entrevistador Quadro 5 Vantagens e desvantagens do uso do formulário VANTAGENS DESVANTAGENS Utilizado para quase todos os segmentos da população alfabetizados analfabetos populações heterogêneas Presença do pesquisador que pode explicitar os objetivos da pesquisa orientar o preenchimento do formulário e elucidar significados de perguntas que não estejam muito claras Flexibilidade para adaptarse às necessidades de cada situação podendo o entrevistador reformular itens ou ajustar o formulário à compreensão de cada informante Obtenção de dados mais complexos e úteis Facilidade na aquisição de um número representativo de informantes em determinado grupo Uniformidade dos símbolos utilizados pois é preenchido pelo próprio pesquisador Menos liberdade nas respostas em virtude da presença do entrevistador Risco de distorções devido à influência do aplicador Menor prazo para responder às perguntas não havendo tempo para pensar as respostas podem ser invalidadas Mais demorado por ser aplicado a uma pessoa de cada vez Insegurança nas respostas por não haver anonimato Pessoas detentoras de informações necessárias podem estar em localidades muito distantes tornando a resposta difícil demorada e dispendiosa Adaptado de httpwwwlcsantosprobrarquivosTecnicasdeColetadeDados 2202200710 4857pdf Acesso em 27 fev 2008 Préteste do formulário Como para o questionário recomendase o préteste para o formulário visando evitar possíveis falhas ou imprecisões na redação complexidade das questões questões desnecessárias constrangimentos para o informante exaustão etc IMPORTANTE Antes de fazer a escolha entre o uso de um questionário e o uso de um formulário reflita sobre as vantagens e desvantagens de ambas as técnicas O mesmo vale para a escolha de qualquer técnica de coleta de dados Nenhuma técnica é capaz de responder por si só à complexidade de um determinado tema de pesquisa portanto é essencial que ao escolher uma técnica em detrimento de outra você tenha clareza quanto às suas possibilidades e limitações para responder às questões da pesquisa 6 Entrevista Esta constitui uma técnica alternativa para se coletarem dados não documentados sobre determinado tema É uma técnica de interação social uma forma de diálogo assimétrico em que uma das partes busca obter dados e a outra se apresenta como fonte de informação A entrevista pode ter caráter exploratório ou ser uma coleta de informações A de caráter exploratório é relativamente estruturada já a de coleta de informações é altamente estruturada Tipos de entrevista Entrevista estruturada Na entrevista estruturada seguese um roteiro previamente estabelecido as perguntas são predeterminadas O objetivo é obter diferentes respostas à mesma pergunta possibilitando que sejam comparadas O entrevistador não tem liberdade Entrevista semiestruturada O pesquisador organiza um conjunto de questões roteiro sobre o tema que está sendo estudado mas permite e às vezes até incentiva que o entrevistado fale livremente sobre assuntos que vão surgindo como desdobramentos do tema principal Entrevista nãoestruturada Também é denominada nãodiretiva o entrevistado é solicitado a falar livremente a respeito do tema pesquisado Ela busca a visão geral do tema É recomendada nos estudos exploratórios Entrevista orientada O entrevistador focaliza sua atenção sobre uma experiência dada e seus efeitos isso quer dizer que ele sabe por antecipação os tópicos ou informações que deseja obter com a entrevista Entrevista em grupo Pequenos grupos de entrevistados respondem simultaneamente às questões de maneira informal As respostas são organizadas posteriormente pelo entrevistador numa avaliação global Entrevista informal É geralmente utilizada em estudos exploratórios a fim de possibilitar ao pesquisador um conhecimento mais aprofundado da temática que está sendo investigada Pode fornecer pistas para o encaminhamento da pesquisa a seleção de outros informantes ou mesmo a revisão das hipóteses inicialmente levantadas Instrumentos acessórios Filmadora gravador bloco para anotações e outros Roteiro É uma lista dos tópicos que o entrevistador deve seguir durante a entrevista Isso permite uma flexibilidade quanto à ordem ao propor as questões originando variedade de respostas ou até mesmo outras questões Na elaboração do roteiro devese levar em consideração a distribuição do tempo para cada área ou assunto a formulação de perguntas cujas respostas possam ser descritivas e analíticas para evitar respostas dicotômicas simnão a atenção para manter o controle dos objetivos a serem atingidos para evitar que o entrevistado extrapole o tema proposto Quadro 6 Vantagens e desvantagens do uso de entrevistas VANTAGENS DESVANTAGENS Não exige que o entrevistado saiba ler e escrever Apresenta muita flexibilidade pois o entrevistador pode facilmente adaptarse às características das pessoas e às circunstâncias em que se desenvolve a entrevista Possibilita captar a expressão corporal do entrevistado bem como a tonalidade da voz e a ênfase nas respostas Possibilita ao respondente o esclarecimento das questões Permite a obtenção de dados com elevado nível de profundidade Oferece maior garantia de respostas do que o questionário Possibilita que os dados sejam analisados quantitativa e qualitativamente Acarreta custos com o treinamento de pessoal e a aplicação das entrevistas Requer mais tempo Implica ausência de anonimato Propicia influência exercida pelo aspecto pessoal do entrevistador Permite influência das opiniões pessoais do entrevistador sobre as respostas do entrevistado Acarreta dificuldade na tabulação e na análise dos dados no caso das entrevistas abertas Adaptado de httpwwwlcsantosprobrarquivos TecnicasdeColetadeDado22022007104857pdf Acesso em 27 fev 2008 Contato inicial Para que a entrevista seja adequadamente realizada é necessário antes de mais nada que o entrevistador seja bem recebido Algumas vezes o grupo de pessoas a ser entrevistado é preparado antecipadamente mediante comunicação escrita ou contato prévio IMPORTANTE A entrevista difere do questionário e do formulário pela posição do pesquisador entrevistador no caso do questionário este é respondido pelo entrevistado sem a presença do entrevistador 7 Observação É uma técnica que faz uso dos sentidos para a apreensão de determinados aspectos da realidade Ela consiste em ver ouvir e examinar os fatos os fenômenos que se pretende investigar A técnica da observação desempenha importante papel no contexto da descoberta e obriga o investigador a ter um contato mais próximo com o objeto de estudo INFORMAÇÃO Consulte o ANEXO A para obter orientações em relação à técnica da observação para a coleta de dados Tipos de observação Simples ou assistemática O pesquisador permanece abstraído da situação estudada apenas observa de maneira espontânea como os fatos ocorrem e controla os dados obtidos Nessa categoria não se utilizam meios técnicos especiais para coletar os dados nem é preciso fazer perguntas diretas aos informantes É comumente utilizada em casos de estudos exploratórios nos quais os objetivos não estão claramente especificados pode ser que o pesquisador sinta a necessidade de redefinir seus objetivos ao longo do processo É muito apropriada para o estudo de condutas mais manifestadas das pessoas na vida social Sistemáticanãoparticipante Também conhecida como observação passiva O pesquisador não se integra ao grupo observado permanecendo de fora Presencia o fato mas não participa dele não se deixa envolver pelas situações faz mais o papel de espectador O procedimento tem caráter sistemático Esse tipo de observação é usado em pesquisas que requerem uma descrição mais detalhada e precisa dos fenômenos ou em testes de hipóteses Na técnica de coleta de dados presumese que o pesquisador saiba exatamente que informações são relevantes para atingir os objetivos propostos Nesse sentido antes de executar a observação sistemática há necessidade de se elaborar um plano para sua execução Quadro 7 Vantagens e desvantagens da observação sistemáticanãoparticipante VANTAGENS DESVANTAGENS Possibilita a obtenção de elementos para a definição do problema da pesquisa Favorece a construção de hipóteses acerca do problema pesquisado Facilita a obtenção de dados sem produzir querelas ou suspeitas nos membros das comunidades grupos ou instituições que estão sendo estudadas É canalizada pelos gostos e afeições do pesquisador Muitas vezes a atenção deste é desviada para o lado pitoresco exótico ou raro do fenômeno O registro das observações depende frequentemente da memória do investigador Dá ampla margem à interpretação subjetiva ou parcial do fenômeno estudado Adaptado de GIL 1999 Participante O investigador participa até certo ponto como membro da comunidade ou população pesquisada A ideia de sua incursão na população é ganhar a confiança do grupo ser influenciado pelas características dos elementos do grupo e ao mesmo tempo conscientizálos da importância da investigação Este tipo de observação foi introduzido nas ciências sociais pelos antropólogos no estudo das chamadas sociedades primitivas A técnica de observação participante ocorre pelo contato direto do pesquisador com o fenômeno observado Obtém informações sobre a realidade dos atores sociais em seus próprios contextos Importância da técnica A observação participante permite captar uma variedade de situações ou fenômenos que não são obtidos por meio de perguntas Os fenômenos são observados diretamente na própria realidade A observação participante apreende o que há de mais imponderável e evasivo na vida real Quadro 8 Vantagens e desvantagens da observação participante VANTAGENS DESVANTAGENS Facilita o rápido acesso a dados sobre situações habituais em que os membros da comunidade se encontram envolvidos Permite acesso a dados que a comunidade ou grupo considera de domínio privado Capta palavras de esclarecimento que acompanham o comportamento dos observados Pode causar restrição devido aos papéis que o pesquisador assume no grupo e na comunidade Pode limitar uma observação a um retrato da população estudada Em população com estratificação social o pesquisador pode ter difícil acesso a estratos diferentes daquele com o qual está identificado Pode provocar desconfiança da população ou grupo estudado limitando a qualidade da observação Adaptado de GIL 1999 76 EAD INFORMAÇÃO Com a observação os fatos são percebidos diretamente sem qualquer intermediação É uma técnica mais empregada na Etnografi a 8 Diário de campoNotas de campo O diário de campo enquanto técnica de pesquisafoi utilizado inicialmente pela Antropologia classicamente representada pelo antropólogo Bronisław Malinowski o primeiro a sistematizar as observações realizadas em suas pesquisas etnográficas Existem diferentes concepções e contribuições em relação à elaboração e ao uso de um diário de campo Apresentamos sucintamente apenas algumas delas Segundo Falkembach 1987 o diário de campo é um instrumento de anotações um caderno com espaço suficiente para anotações comentários e reflexão para uso in dividual do investigador em seu dia a dia Nele se anotam todas as observações de fatos concretos fenômenos sociais acontecimentos relações verificadas experiências pes soais do investigador suas reflexões e comentários Ele facilita criar o hábito de escrever e observar com atenção descrever com precisão e refletir sobre os acontecimentos O diário de campo muito utilizado em estudos antropológicos é um ins trumento muito complexo que permite o registro das informações observações e reflexões surgidas no decorrer da investigação ou no momento observado Tratase do detalhamento descritivo e pessoal sobre os interlocutores grupos e ambientes estudados Podemos considerálo por suas características como um instrumento de interpretaçãointerrogação LOPES 1993 É como um diário de bordo onde se anotam dia após dia com estilo telegrá fico os eventos da observação e a progressão da pesquisa BEAUD WEBER 1998 Polit Hungler 1995 incluem a dimensão de cunho mais interpretativo das anotações considerando que durante a observação de um fato o pesquisador já pode registrar algumas análises sobre o acontecimento É o relato escrito daquilo que o investigador ouve vê experiencia e pensa no decurso da coleta de dados BOGDAN BIKLEN 1994 ANOTE Um exemplo interessante e raro de diário de campo se encontra referido na obra de Carlos Rodrigues Brandão intitulada O afeto da terra Para os interessados nessa técnica de pesquisa e de compreensão das relações entre os homens e os seres da natureza no mundo rural vale a pena ler BRANDÃO C R O afeto da terra imaginários sensibilidades e motivações de relacionamen tos com a natureza e o meio ambiente entre agricultores e criadores sitiantes do bairro dos Pretos nas encostas paulistas da serra da Mantiqueira em Joanópolis SP Campinas Ed da UNICAMP 1999 Como construir um diário de campo As anotações no diário de campo devem conter duas partes uma descritiva e uma reflexiva Parte descritiva é a parte das anotações onde deve haver preocupação em captar as características das pessoas ações e conversas observadas de acordo com o local de estudo BOGDAN BIKLEN 1994 Descrição dos sujeitos Reconstrução dos diálogos Descrição do espaço físico Relatos de acontecimentos particulares Descrição da atividade Comportamento postura do observador Parte reflexiva é a parte das anotações que apreende mais o ponto de vista do observador suas ideias e preocupações Essa fase de registro mais subjetivo segundo Bogdan Biklen 1994 comporta reflexões sobre os seguintes itens a análise o método os conflitos e dilemas éticos o ponto de vista do observador pontos de clarificação Como desenvolver o diário de campo na fase de coleta de dados segundo Beaud Weber 1998 Em um caderno na página da direita anotamse datas nomes de pessoas de lugares na página da esquerda anotamse questões hipóteses leituras tudo o que faz parte da vida intelectual do pesquisador Essas análises são úteis e podem servir como os primeiros embriões de seu plano de redação definitivo Requisitos precisão senso de detalhes e honestidade escrupulosa ANOTE Exemplificando um modelo de diário de campo Título Data Horário Local da observação Descritivo aparência fala gestos desenho do espaço pessoas envolvidas comportamento do pesquisador C O comentários Reflexivo especulações pensamentos reflexões metodologia pressupostos C O comentários Página da esquerda do caderno Diário da pesquisa reflexivo questionamentos levantados a partir da observação e desenvolvimento de análises que servirão para orientar a observação decidir quem ou o que será observado posteriormente e sobretudo início do plano de redação do relatório da pesquisa questões hipóteses dúvidas leituras Página da direita do caderno Diário da observação descritivo anotações breves datadas e localizadas anotações de impressões e descrições a quem onde como quando o que aconteceu Assim como as demais técnicas de coleta de dados o uso do diário de campo apresenta vantagens e desvantagens conforme o quadro 9 abaixo as quais devem ser levadas em consideração no momento da escolha de tal técnica Quadro 9 Vantagens e desvantagens do uso do diário de campo VANTAGENS DESVANTAGENS Não é uma técnica isolada de coleta de dados em pesquisa qualitativa Não requer conhecimento aprofundado para ser usado Busca a checagem das informações e explora tópicos de difícil abordagem Pode perder o foco e deixar passar aspectos importantes da pesquisa Elaborado a partir de ALVESMAZZOTTI GEWANDSZNAJDER 1998 ANOTE Sugestões para o diário de campo segundo BOGDAN BIKLEN 1994 Não adiar a tarefa Registrar antes de falar para não confundir Escrever as anotações em lugar sossegado e tranquilo Darse tempo para escrever as notas Esboçar fraseschave e tópicos antes de começar a escrever Escrever de forma cronológica Deixar as conversas e acontecimentos fluírem no papel Acrescentar o que foi esquecido na primeira escrita Compreender que esse método é trabalhoso e demanda tempo Em relação aos diferentes tipos de coleta de dados acima apresentados Doxsey De Riz 2003 p 36 apontam elementos importantes para reflexão Pesquisar é conhecer a realidade É levantar informações significativas e representativas existentes nesta realidade às quais chamamos dados Às vezes esses dados atributos e características das pessoas e dos fenômenos que elegemos estudar podem ser observados contados medidos diretamente São informações tangíveis Outras vezes não Muitos fenômenos que interessam ao educador e ao cientista não podem ser medidos ou observados diretamente Nas Ciências Humanas precisamos estimular respostas questionar e observar para produzir os nossos dados Esses dados então são examinados para que possamos lhes atribuir significados Interpretamos e analisamos as informações coletadas para discernir padrões de respostas tendências e associações É necessário então utilizar ferramentas que nos permitam chegar a coletar organizar e analisar os dados Os instrumentos são os mecanismos pelos quais organizamos e sistematizamos a coleta de informações Para ser considerado um mecanismo adequado confiável o formato do instrumento precisa facilitar o registro eficiente das informações procuradas Na coleta de dados é também necessário garantir a uniformidade de aplicação do instrumento de unidade de análise para outra ou seja de uma pessoa de um grupo de uma situação para outra Ver Richardson Capítulo 11 Confiabilidade e validade p 174 Isso significa que o instrumento de coleta questionário ficha de observação roteiro de entrevista etc deve ser organizado de tal maneira que a forma de sua aplicação não altere a natureza dos dados registrados Os itens e perguntas são padronizados em termos de seu formato É importante construir instrumentos que coletem informações que correspondam à realidade pesquisada ou seja que os instrumentos sejam válidos que produzam informações verdadeiras e válidas para o objetivo do estudo Para Richardson 1999 um instrumento é valido quando mede o que deseja Decisão importante Resumir o que já foi dito ou ir a campo Doxsey De Riz 2003 p 389 trazemnos alguns elementos importantes para tomar esta decisão ao preparar o projeto de pesquisa um dos tópicos que devem ser incluídos é a especificação dos procedimentos metodológicos planejados para realizar o estudo Dentre as informações que devem constar deste item está a classificação da pesquisa quanto á coleta de dados A confusão mais frequente entre os pesquisadores iniciantes está relacionada justamente a isso A grande maioria informa que vai realizar uma pesquisa do tipo bibliográfica Se este for o tipo de pesquisa a ser realizado significa que você vai produzir um ensaio teórico vai ler algumas obras e a partir disso fazer uma síntese do pensamento dos autores consultados A pesquisa bibliográfica utiliza exclusivamente 80 EAD a coleta de informações conceitos e dados em livros O que é preciso ter claro é o seguinte não se deve confundir a construção do quadro teórico ou referencial teórico com a pesquisa bibliográfica Toda pes quisa tem algum tipo de referencial que é uma revisão sistemática da literatura existente obras textos artigos informação de sites da Internet dissertações teses monografias relatórios técnicos revistas científicas resenhos cartas documentos escritos etc publicados ou não Todo pesquisador precisa consultar livros mas essa consulta aos livros apenas não caracteriza a pesquisa como bibliográfica É importante ressaltar que uma pesquisa bibliográfica é aquela em que os dados apresentados provêm apenas de livros e artigos consultados Também é importante saber que para coletar os dados o pesquisador pode escolher outro caminho a saber por meio de uma pesquisa de campo Doxsey De Riz 2003 p 389 expli citam qual é esse outro caminho tratase de um estudo empírico no qual o pesquisador sai a campo para conhecer determinada realidade no interior da qual usando os instrumentos e técnicas já especificados coleta dados para sua pesquisa A escolha de um método específico depende principalmente do objeto do estudo mas o fator tempo e a necessidade para usar um ou vários métodos em conjunto influenciam a seleção Pesquisadores iniciantes não precisam ter domínio ou conhecimento de todos os métodos apre sentados no quadro mas é importante saber da abrangência de possibili dades disponíveis Alguns tipos de estudo usam mais do que um método ou técnica de coleta de dados O bom estudo de caso exige a utilização de documentos da observação e da coleta de informações diretamente com os principais atores envolvidos no problema No entanto o pes quisador pode optar por um método único por exemplo a observação participante para explorar um problema menos pesquisado Em resumo há conexões lógicas e metodológicas entre o tipo de pesquisa os métodos e procedimentos selecionados e os próprios objetivos Em geral para quem está iniciando saber que o elenco de métodos é grande raramente tranquiliza ou resolve o problema da escolha 4144 TÉCNICAS DE ANÁLISE DE DADOS Descrição dos procedimentos adotados para a análise dos dados quantitativos análise estatística tipos de testes estatísticos escolhidos etc qualitativos análise de conteúdo análise de discurso etc 41441 Técnicas de análise de dados quantitativos A análise tem como objetivo organizar os dados de forma que fique possível o fornecimento de respostas para o problema proposto Em relação às formas que os processos de análise de dados quantitativos podem assumir tomando como referência Gil 2006 observamse em boa parte das pesquisas os seguintes passos estabelecimento de categorias codificação e tabulação análise estatística dos dados Estabelecimento de categorias Para que as informações possam ser adequadamente analisadas fazse necessário organizálas o que é feito mediante seu agrupamento em certo número de categorias Em muitas situações o estabelecimento de categorias é uma tarefa bastante simples como no caso das investigações que tiveram os dados obtidos a partir de instrumentos padronizados Por exemplo numa pesquisa em que os entrevistados tinham 12 17 24 32 45 62 e 74 anos de idade o agrupamento dos indivíduos pode ser feito nas seguintes categorias por faixa etária menores de 18 anos entre 18 e 60 anos e maiores de 60 anos É necessário que as categorias sejam suficientes para incluir todas as respostas e sejam organizadas de forma tal que não seja possível colocar uma determinada resposta em mais de uma categoria Codificação e tabulação Codificação é o processo pelo qual os dados brutos são transformados em símbolos que possam ser tabulados Isso pode ocorrer antes ou após a coleta A precodificação ocorre frequentemente em levantamentos em que os questionários são constituídos por perguntas fechadas cujas alternativas estão associadas a códigos impressos no próprio questionário como aparece no exemplo abaixo Sexo 1 Masculino 2 Feminino Religião 1 Católico 2 Evangélico 3 Espírita 4 Umbandista A tabulação é o processo que consiste em agrupar e contar os casos que estão nas várias categorias de análise ou seja a tabulação simples consiste na simples contagem das frequências das categorias de cada conjunto O processamento por computador é muito útil quando se trabalha com um grande volume de dados como no caso dos levantamentos não apenas porque o tempo destinado à tabulação fica reduzido mas também pelo fato de o computador armazenar os dados de maneira acessível organizálos e analisálos estatisticamente Análise estatística dos dados Esta análise implica processamento de dados através da geração normalmente mediante o emprego de técnicas de cálculo matemático da apresentação os dados podem ser organizados em gráficos ou tabelas e da interpretação A descrição das variáveis é imprescindível como um passo para a adequada interpretação dos resultados de uma investigação Dependendo do objeto a ser estudado e de suas características um tipo de dado aqui entendido como algo que pode ser convertido em números pode ser conseguido por meio de um processo de mensuração característico ou tradicional Silva 2003 cita três tipos básicos com relação à natureza do processo de mensuração Escala nominal ou classificadora de nomear É a mensuração aplicada em um nível mais básico quando números ou outros símbolos são usados para classificar objetos ou pessoas ou características de ambos ou para identificar os grupos a que vários objetos ou pessoas pertencem A primeira organização de dados consiste em distribuir características de indivíduos ou de objetos em categorias e contar a frequência com que ocorrem Alguns tipos de dados nominais mais comuns em pesquisas são por exemplo sexo masculino e feminino classe socioeconômica alta média e baixa partido político de preferência orientação no tempo presente passado e futuro etc Escala ordinal ou escala por postos de ordem Quando se quer ultrapassar a simples atribuição de um rótulo ou nome a um indivíduo ou objeto podemse classificar os dados em categorias segundo um ordenamento preestabelecido como por exemplo ordenação do grau de concordância com uma assertiva concordo plenamente concordo indiferente discordo discordo plenamente avaliação de um produto ou serviço muito insatisfeito relativamente insatisfeito neutro relativamente satisfeito e muito satisfeito classificação de alunos 1º 2º 3º 30º O nível ordinal fornece informações sobre a ordenação mas não indica a magnitude das diferenças entre os valores Assim por exemplo quando classificamos alunos de uma turma sabemos que o 1º apresentou melhor desempenho em um teste mas não podemos inferir que ele sabe mais que o 2º ou mais que o 3º etc Só podemos afirmar que ele foi classificado em primeiro lugar Escala intervalar de intervalos É aplicável quando a escala tem todas as características de uma escala ordinal e além disso se conhecem as distâncias entre dois números quaisquer da escala unidade de medida e o zero da escala de medida existe por convenção como quando se mede por exemplo temperatura Celsius Fahrenheit altura metro centímetro pés peso tonelada quilograma grama 83 EAD Podemos de forma simplificada classificar a análise dos dados como análise univariada bivariada e multivariada Utilizamos a análise univariada para estudar a distribuição de apenas uma variável a análise bivariada quando trabalhamos com duas variáveis e a análise multivariada para os casos de mais de duas variáveis Para que esses dados sejam considerados válidos devem ser submetidos a testes estatísticos que não serão aqui abordados por se tratar de matéria complexa e porque eles são bastante explorados nos manuais de estatística No entanto é importante frisar que não podemos tratar qualquer tipo de mensuração com os mesmos testes ou méto dos estatísticos e que devemos atentar para o fato de que há metodologias específicas É claro que o tratamento matemático de qualquer coleção de números sempre pode ser processado ou submetido a uma fórmula mas se ela não tiver sentido de valida de ou relação causal não pode ser considerada pois o resultado embora exista concreta mente não tem qualquer relação com o objeto de conhecimento O quadro 10 abaixo apresenta uma síntese dos métodos e técnicas adequados para cada tipo de mensuração Quadro 10 Tipos de mensuração x possíveis testes apropriados Escalas Relações defi nidoras Testes estatísticos adequados Nominal Equivalência Número de casos Percentagens Moda Correlações de contingência Quiquadrado Teste exato de Fisher Frequência Teste binomial Mcnemar Cochran Q Coefi ciente de contingência Ordinal Equivalência Maior do que Todos os anteriores e mais rs de Spearmam τ de Kendal W de Kendall Mediana Percentis Decis quartis Desvio quartílico Correlação de postos Teste de sinais Teste de KolmogorovSmirnov Teste U MannWhitney Teste de Kruskal Wallis Intervalar Equivalência Maior do que Razão conhecida de dois inter valos quaisquer Todos os anteriores e mais Média Desviopadrão Média aritmética Desvio padrão variância Desvio médio Intervalo amplitude total am plitude média Correlação de produtomo mento testet testeF testeZ Adaptado de SILVA 2003 41442 Técnicas de análise de dados qualitativos Para analisar compreender e interpretar um material qualitativo fazse necessário superar a tendência ingênua a acreditar que a interpretação dos dados será mostrada espontaneamente ao pesquisador é preciso penetrar nos significados que os atores sociais compartilham na vivência de sua realidade Dessa forma serão apresentadas duas possibilidades teóricas e práticas de análise do material qualitativo a saber análise de conteúdo e análise do discurso A análise de conteúdo é uma técnica de pesquisa e como tal tem determinadas características metodológicas objetividade sistematização e inferência Segundo Bardin 1979 p 42 ela representa um conjunto de técnicas de análise das comunicações que visam a obter por procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens indicadores quantitativos ou não que permitam a inferência de conhecimentos relativos às condições de produção e recepção dessas mensagens Do ponto de vista operacional a análise de conteúdo inicia pela leitura das falas realizada por meio das transcrições de entrevistas depoimentos e documentos Geralmente todos os procedimentos levam a relacionar estruturas semânticas significantes com estruturas sociológicas significados dos enunciados e articular a superfície dos enunciados dos textos com os fatores que determinam suas características variáveis psicossociais contexto cultural e processos de produção de mensagem Esse conjunto analítico visa a dar consistência interna às operações MINAYO 2007 Existem várias modalidades de análise de conteúdo dentre as quais destacamos análise lexical análise de expressão análise de relações análise temática e análise de enunciação No entanto será definida aqui a análise temática porque além de ser a mais simples é considerada apropriada para as investigações qualitativas A análise temática trabalha com a noção de tema o qual está ligado a uma afirmação a respeito de determinado assunto comporta um feixe de relações e pode ser graficamente representada por meio de uma palavra frase ou resumo Para Minayo 2007 p 316 a análise temática consiste em descobrir os núcleos de sentido que compõem uma comunicação cuja presença ou frequência signifique alguma coisa para o objetivo analítico visado De acordo com a mesma autora operacionalmente a análise temática ocorre em três fases Préanálise organização do que vai ser analisado exploração do material por meio de várias leituras também é chamada de leitura flutuante Exploração do material é o momento em que se codifica o material primeiro fazse um recorte do texto após escolhemse regras de contagem e por último classificamse e agregamse os dados organizandoos em categorias teóricas ou empíricas Tratamento dos resultados nesta fase trabalhamse os dados brutos permitindo destaque para as informações obtidas as quais serão interpretadas à luz do quadro 85 EAD Na fase de organização e tratamento dos dados poderá ser utilizado o software NVivo 20 programa que auxilia na análise de material qualitativo com as ferramentas de co dificação e armazenamento de textos em categorias específicas GUIZZO et al 2003 A análise do discurso objetiva realizar uma reflexão sobre as condições de produção e apreensão do significado de textos produzidos em diferentes campos como por exemplo o religioso o filosófico o jurídico e o sociopolítico Os pres supostos básicos desta análise podem ser resumidos em dois 1 o sentido de uma palavra ou de uma expressão não existe em si mesmo ao contrário expressa posições ideológicas em jogo no processo sóciohistórico no qual as relações são produzidas 2 toda formação discursiva dissimula pela pretensão de transparência e dependên cia formações ideológicas PÊCHEUX 1988 Segundo Minayo 2007 a análise do discurso situase ao mesmo tempo em uma apropriação da linguística tradicional e da análise de conteúdo bem como na crítica des sas abordagens evidenciando que elas são práticasteóricas historicamente definidas É importante definir alguns conceitos desenvolvidos na perspectiva da análise de discurso Texto é a unidade de análise desde uma simples palavra ou frase até um documento completo a partir da qual são possíveis recortes Leitura permite múltiplas interpretações Silêncio ocupa lugar de relevância nesta técnica de análise tanto quanto a palavra ele tem suas condições de produção Por exemplo o silêncio imposto pelo oprimido pode expressar formas de resistência Tipos de discursos discurso lúdico apresenta simetria e reversibilidade entre os interlocutores e máxima polissemia discurso polêmico apresenta simetria e reversibilidade menor e algum grau de polissemia discurso autoritário é totalmente assimétrico e possibilita poucas interpretações polissêmicas Caráter recalcado da matriz do sentido adotando a linha da psicaná lise a fala é marcada por dois níveis 1 aponta o que não é conhecido pelo sujeito pesquisado na zona do inconsciente 2 provoca ocultação parcial préconsciente consciente em relação à sua fala Os procedimentos de análise segundo Orlandi 1987 são divididos em qua tro 1 em primeiro lugar procedese ao estudo das palavras do texto separando adjetivos substantivos verbos e advérbios 2 realizase a construção das frases 3 constróise uma rede semântica que evidencia uma dinâmica intermediária entre o social e a gramática 4 por fim elaborase a análise considerando a produção social do texto como constitutiva de seu próprio sentido 86 EAD Quadro 11 Comparação entre a análise de conteúdo e a análise do discurso ANÁLISE DE CONTEÚDO ANÁLISE DO DISCURSO A interpretação da análise de conteúdo poderá ser tanto quantitativa quanto qualitativa A interpretação poderá ser somente qualitativa Trabalha com o conteúdo espera compreender o pensamento do sujeito através do conteúdo expresso no texto Trabalha com o sentido que o sujeito manifesta em seu discurso e não com o conteúdo Supõe a transparência da linguagem Supõe que a linguagem não é transparente mas opaca Visa no texto justamente uma série de signifi ca ções que o codifi cador detecta por meio de indi cadores que a ele estão ligados O analista fará uma leitura do texto enfocando a posição discursiva do sujeito legitimada so cialmente pela união social da história com a ideologia que produz sentidos Elaborado a partir de CAREGNATO MUTTI 2006 INFORMAÇÃO Como realizar a descrição dos dados A descrição dos dados obtidos na pesquisa é feita geral mente de acordo com os objetivos do estudo GIL 1999 415 Aspectos éticos Segundo Goldim 2001 disponível em httpwwwufrgsbrbioeticaprojeto htm o aspecto ético fundamental neste item é a garantia de que não haverá discrimi nação na seleção dos indivíduos nem exposição destes a riscos desnecessários Quando forem pesquisados grupos de pessoas em estados ou condições especiais eles devem merecer cuidados diferenciados como nos casos de gestantes crianças e adolescen tes doentes mentais prisioneiros estudantes militares empregados de instituições de saúde membros de comunidades menos desenvolvidas e outros Segundo esse autor httpwwwufrgsbrbioeticahelsin4htmetica os aspectos éticos relativos ao projeto devem ser esclarecidos no item Método Os es senciais são a adequada avaliação da relação riscobenefício a obtenção do consen timento informado e a garantia da preservação da privacidade A avaliação da relação riscobenefício deve ser feita por meio de dados internacionais e locais Quando houver a utilização de grupos comparativos deve ser avaliada a existência de equipo lência entre as diferentes intervenções A forma de obtenção do Consentimento Infor mado httpwwwufrgsbrbioeticares19696htmcinf deve ser descrita e o modelo do Termo de Consentimento httpwwwufrgsbrbioeticaconspesqhtm que será utilizado deve ser anexado ao projeto Os autores também devem assegurar a preservação dos dados a confidencialidade httpwwwufrgsbrbioeticares19696 htmIII3i e o anonimato dos indivíduos pesquisados Quando o projeto utilizar dados secundários como por exemplo dados de prontuários de pacientes ou de ba ses de dados os pesquisadores devem comprometerse formalmente com a garantia da privacidade dessas informações 87 EAD INFORMAÇÃO Consulte o documento do Ministério da Saúde sobre Normas para Pesquisa Envolvendo Seres Humanos nos seguintes links httpwwwufrgsbrbioeticaRes19696htm httpdtr2001saudegovbreditoraprodutoslivrospdf030559MPpdf 416 Bibliografia A bibliografia citada eou consultada deve ter suas referências no final do projeto de acordo com as normas oficiais httpwwwabntorgbrdefault aspresolucao1280X1024 417 Cronograma Este consiste na distribuição das etapas de realização da pesquisa no tempo normalmente expresso em meses necessários após a redação do projeto ele assume com frequência a forma de um quadro ou tabela onde constam as atividades que se rão desempenhadas e os meses em que as atividades serão levadas a cabo podendose marcar com um X cada um dos meses pertinentes a cada atividade INFORMAÇÃO Veja o capítulo 15 de GIL 2007 p 15560 para obter maiores detalhes sobre a elaboração de um cronograma do projeto de pesquisa 418 Orçamento Consiste na estimativa dos gastos com a pesquisa considerando os custos referentes a cada etapa segundo itens de despesa custos de pessoal custos de material e outros INFORMAÇÃO Veja o capítulo 15 de GIL 2007 p 15560 para obter maiores detalhes sobre a elaboração de um orçamento do projeto de pesquisa INFORMAÇÃO Consulte os documentos na página da ABNT httpwwwabntorgbrdefaultaspresolucao1280X1024 para obter maiores detalhes sobre a estrutura de trabalhos científi cos segundo as normas da ABNT 2007 Consulte também os textos dos Anexos B e C sobre alguns problemas na redação de textos acadêmicos Dicas de redação e Redação e estilo 42 REFERÊNCIAS ALVESMAZZOTTI A J GEWANDSZNAJDER F O método nas ciências naturais e sociais pesquisa quantitativa e qualitativa São Paulo Pioneira 1998 BARDIN L Análise de conteúdo Lisboa Ed 70 1979 BAUER M W GASKELL G Orgs Pesquisa qualitativa com texto imagem e som Manual prático Petrópolis Vozes 2002 88 EAD BOGDAN R C BIKLEN S K Notas de campo In BOGDAN R C BIKLEN S K Investigação qualitativa em educação uma introdução às teorias e aos métodos Porto Porto Editora 1994 p15075 BEAUD S WEBER F Guide de lenquête de terrain produire et analyser des données ethnographiques Paris La Découverte 1998 BUY A Técnicas de pesquisa observação questionário e entrevista 2005 Disponível emhttpwwwusersrdcpucriobrimagositemetodologiatextosanabuy htm Acesso em 7 set 2006 CAREGNATO R C A MUTTI R Pesquisa qualitativa análise de discurso versus aná lise de conteúdo Florianópolis 2006 Texto Contexto Enfermagem CORTES S M V Técnicas de coleta e análise qualitativa de dados Cadernos de Socio logia Porto Alegre PPGSIFCHUFRGS v 9 p 1147 1998 DOXSEY J R DE RIZ J Metodologia da pesquisa científica ESAB Escola Superior Aberta do Brasil 20022003 Apostila FALKEMBACH E M F Diário de campo um instrumento de reflexão Contexto e educação Ijuí v 2 n 7 p 1924 julset 1987 GERHARDT T E LOPES M J M ROESE A SOUZA A A construção e a utilização do diário de campo em pesquisas científicas International Journal of Qualitative Methods 2005 GIL A C Métodos e técnicas de pesquisa social São Paulo Atlas 1999 Como elaborar projetos de pesquisa 4 ed São Paulo Atlas 2007 GHIGLIONE R MATALON B O inquérito teoria e prática Oeiras Celta 1997 GUIZZO B S et al O software QSR NVivo 20 na análise qualitativa de dados ferramenta para a pesquisa em ciências humanas e da saúde Revista Gaúcha de Enfer magem Porto Alegre v 24 n 1 p 5360 abr 2003 LOPES M J M Les soins images et realités le quotidien soignant au Brésil Paris Université de Paris VII 1993 Tese de Doutorado MARCONI M A LAKATOS E M Técnicas de pesquisa planejamento e execução São Paulo Atlas 1985 Fundamentos da metodologia científica 5 ed São Paulo Atlas 2003 CRUZ NETO O O trabalho de campo como descoberta e criação In MINAYO M C S Org Pesquisa social teoria método e criatividade 21 ed Petrópolis Vozes 2002 MINAYO M C de S O desafio do conhecimento 10 ed São Paulo HUCITEC 2007 ORLANDI E P A linguagem e seu funcionamento as formas do discurso Campinas Pontes 1987 PÊCHEUX M Semântica e disurso Campinas UNICAMP 1988 QUIVY R CAMPENHOUDT L V Manuel de recherche en sciences sociales Paris Du nod 1995 RICHARDSON R J Pesquisa social métodos e técnicas São Paulo Atlas 2007 SANTOS L C Técnicas de coleta de dados instrumentos de coleta de dados Dis ponível em wwwlcsantosprobrarquivosTecnicasdeColetadeDados 2 2 0 22007104857pdf Acesso em 27 fev 2008 SILVA D Tópicos avançados de estatística na pesquisa em Administração de Empre sas Notas de aula 2003 TRIVIÑOS A N S Introdução à pesquisa em Ciências Sociais a pesquisa qualitativa em educação São Paulo Atlas 1987 UNIDADE 5 TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO Denise Tolfo Silveira Fernanda Peixoto Córdova e André Luis Machado Bueno INTRODUÇÃO Esta unidade explora os usos das tecnologias de informação e comunicação NTIC na pesquisa científica exemplificando as principais ferramentas de busca e trazendo elementos sobre a utilização ética de tais tecnologias OBJETIVOS Os objetivos desta Unidade são 1 identificar ferramentas de busca de informação através das tecnologias de informação e comunicação 2 discutir os critérios de seleção das fontes de informação e 3 identificar e discutir os principais problemas éticos e profissionais na utilização das NTIC na pesquisa científica 51 USOS DAS TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO As tecnologias de informação e comunicação disponibilizam grande volume e diversidade de informações que implicam o desenvolvimento de habilidades e a reconstrução permanente de conhecimentos que tornam a seleção e o tratamento da informação eficientes e objetivos No âmbito da pesquisa as tecnologias de informação e comunicação possibilitam a elaboração e o gerenciamento dos projetos o gerenciamento de recursos materiais humanos e financeiros dos projetos a pesquisa bibliográfica a coleta de dados a aquisição de sinais imagens e dados laboratoriais o controle de equipamentos de laboratório a análise estatística e numérica de dados a descoberta automática simulação o uso de ferramentas de apoio à publicação ilustração e apresentação em congressos e intercomunicação 511 Ferramentas de apoio à pesquisa 5111 FERRAMENTAS DE BUSCA BIBLIOGRÁFICA EM BASES DE DADOS A preparação cuidadosa de uma pesquisa bibliográfica é condição essencial para seu sucesso de uma pesquisa Quanto mais adequada for essa preparação mais rapidamente os resultados serão atingidos FONSECA 2002 É importante que o pesquisador se lembre que durante a pesquisa é possível introduzir alterações Na preparação da busca de informação devem ser levados em conta alguns aspectos tais como a definição do contexto da busca o tipo de informação que se deseja o tempo disponível para a busca o volume de informação desejada o procedimento de busca que envolve dividir a informação em itens classificar os itens por ordem de importância selecionar palavras chaves para os itens a consciência das limitações de ordem linguística a informação disponível é redigida em inglês e os mecanismos de tradução não são precisos as limitações de ordem cronológica nem sempre é possível enquadrar a informação temporalmente a limitação geográfica a informação disponível provém de uma minoria de países as limitações de credibilidade a informação disponível nem sempre é fidedigna a seleção dos recursos disponíveis na World Wide Web www índices catálogos meta pesquisas etc Índices ou mecanismos de busca funcionam como listas telefônicas devendo o assunto ser procurado em seus arquivos ou bancos de dados Catálogos agrupam os endereços encontrados por categoria facilitando a busca Metabusca dispõem de mecanismos que acessam a vários índices simultaneamente economizando tempo e aumentando as chances de encontrar o que se está procurando Os catálogos de bibliotecas são organizados em geral por títulos autores e assuntos Nesses catálogos podem ser encontrados livros folhetos dissertações teses e materiais especiais CDROM vídeos etc disponíveis no acervo da biblioteca mas não os artigos publicados em periódicos ou em coletâneas Muitas bibliotecas já oferecem catálogos em meio eletrônico para consulta no local ou via conexão remota online via Internet Navegue no Sistema Automatizado de Bibliotecas SABiUFRGS veja o tutorial disponibilizado a seguir INFORMAÇÃO RECURSOS SABiWeb httpwwwbibliotecaufrgsbrTreSabiWeb22pdf Atenção salve este arquivo em pdf em sua área de trabalho e após abra o arquivo para visualizar o tutorial de como utilizar o SABiUFRGS A pesquisa de periódicos A pesquisa de artigos de periódicos se dá por meio de índices especializados que mantêm para uma determinada área de conhecimento um levantamento de artigos de um grande número de periódicos Nos índices os arquivos são indexados por palavraschave autor título e assunto e incluem as referências dos que autores foram citados e por quem os resumos eou textos completos dos artigos Atualmente a maioria dos índices especializados é comercializada mas eles podem ser consultados nas bibliotecas que os subscrevem disponíveis online ou nas versões eletrônicas em CDROM ou em disquetes Devido a restrições de direitos autorais alguns incluem o texto completo dos artigos de parte dos periódicos indexados Nesses casos os artigos podem ser impressos O Portal de Periódicos da CAPES Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior disponibiliza para professores pesquisadores alunos e funcionários de 163 instituições de ensino superior e de pesquisa em todo o país acesso imediato à produção científica nacional e internacional Esse serviço oferecido pela CAPES possibilita acesso aos textos completos de artigos de mais de 11419 revistas internacionais nacionais e estrangeiras e a mais de 90 bases de dados com resumos de documentos em todas as áreas do conhecimento Inclui também uma seleção de importantes fontes de informação acadêmica com acesso gratuito na Internet O uso do Portal é livre e gratuito para os usuários das instituições participantes O acesso é realizado a partir de qualquer terminal ligado à Internet localizado nas instituições ou por elas autorizado INFORMAÇÃO Veja como o Portal pode ser acessado por membros da UFRGS fora da universidade http wwwbibliotecaufrgsbrcapeshtm A revista Ciência e Saúde Coletiva v 12 n 1 Rio de Janeiro janmar 2007 inclui vários artigos sobre agrotóxicos e questões agrárias 5112 SISTEMAS DE INFORMAÇÃO Dados estatísticos também podem ser encontrados na Web IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística httpwwwibgegovbr Estatísticas da Previdência Social MPAS httpwwwmpasgovbr12htm Social Indicators of Development World Bank CIESIN httpwwwciesinorgICwbanksidhomehtml Trends in Developing Economies TIDES World Bank httpwwwciesinorgICwbanktdehomehtml World Tables World Bank 19721992 1994 edition httpwwwciesinorgICwbankwtableshtml FEE Fundação de Economia e Estatística httpwwwfeetchebrsitefeeptcontentcapaindexphp 52 ÉTICA PLÁGIO Ética é uma palavra de origem grega com duas etimologias possíveis A primeira é a palavra éthos com e curto que pode ser traduzida por costume a segunda que também se escreve éthos porém com e longo significa propriedade do caráter A primeira é a que serviu de base para a tradução latina moralis enquanto a segunda é a que de alguma forma orienta a utilização atual que damos à palavra ética Ética é a investigação geral sobre aquilo que é bom MOORE 1975 p 4 De acordo com o Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa ética é o estudo dos juízos de apreciação referentes à conduta humana susceptível de qualificação do ponto de vista do bem o do mal Já plágio pode ser definido como o ato de assinar ou apresentar uma obra intelectual de qualquer natureza texto música obra pictórica fotografia obra audiovisual contendo partes de uma obra que pertença a outro autor sem colocar os créditos para esse autor original Segundo Lécio Augusto Ramos professor de Metodologia da Pesquisa do curso de Comunicação Social da Universidade Estácio de Sá disponível em httpwww andesorgbrimprensaultimascontatoviewaspkey3974 há três tipos muito comuns de plágio plágio integral a transcrição sem citação da fonte de um texto completo plágio parcial a cópia de algumas frases ou parágrafos de diversas fontes para dificultar a identificação plágio conceitual a apropriação de um ou vários conceitos ou de uma teoria que o autor de um texto apresenta como se fossem seus De acordo com a legislação há outros conceitos relacionados com plágio heteropplágio o fato de um autor apropriarse de obra de outra pessoa autoplagio o fato de um autor copiar trechos seus e distribuílos em diferentes artigos como se fossem originais Veja a respeito de plágio os artigos 5 8 e 9 da Resolução 072004 Código disciplinar discente da UFRGS httpwwwufrgsbrcepeRes0704htm 521 Legislação sites É possível encontrar na Internet compilações de instrumentos legais Legislação Brasileira Senado Federal httpwwwsenadogovbr Diário Oficial Imprensa Nacional httpwwwingovbr 93 EAD INFORMAÇÃO Para recuperar a informação eletrônica pela Internet veja httpwwwcedufscbrursulapapersbuscanethtml A respeito de plágio eletrônico e ética leia o artigo do Anexo D A respeito de ética veja httpwwwufrgsbrbioeticaeticahtm 53 REFERÊNCIAS MOORE G E Princípios éticos São Paulo Abril Cultural 1975 GOLDIM J R Bioética e interdisciplinariedade Educação Subjetividade Poder v 4 p 248 1997 Bibliografia de base DEMO P Metodologia do conhecimento científico São Paulo Atlas 2000 GIL A C Métodos e técnicas de pesquisa social 4 ed São Paulo Atlas 1994 Como elaborar projetos de pesquisa 4 ed São Paulo Atlas 2007 LAKATOS E M de A MARCONI M de A Fundamentos da metodologia científica São Paulo Atlas 2003 ALVESMAZZOTTI A J GEWANDSZNAJDER F O método nas ciências naturais e sociais pesquisa quantitativa e qualitativa São Paulo Pioneira 1998 Bibliografia complementar BRANDÃO C R Org Pesquisa participante 8 ed São Paulo Brasiliense 1990 CHALMERS A O que é ciência afinal Trad de Raul Fiker São Paulo Brasiliense 1982 CHIZZOTI A Pesquisa em ciências humanas e sociais São Paulo Cortez 1991 DEMO P Metodologia científica em ciências sociais 2 ed São Paulo Atlas 1989 FLICK U Uma introdução à pesquisa qualitativa 2 ed Porto Alegre Bookman 2004 FODDY W Como perguntar teoria e prática da construção de perguntas em entrevis tas e questionários Oeiras Celta 1996 FOUREZ G A construção das ciências introdução à filosofia e à ética das ciências São Paulo Ed da UNESP 1995 GRANGER G G A ciência e as ciências São Paulo Ed da UNESP 1994 KÖCHE J C Fundamentos de metodologia científica teoria e prática da pesquisa Pe trópolis Vozes 1997 LAKATOS E M MARCONI M A Metodologia científica São Paulo Atlas 1991 LAVILLE C DIONE J A construção do saber manual de metodologia em ciências humanas Porto Alegre Artmed 1999 MACEDO N D Iniciação à pesquisa bibliográfica um guia do estudante para a funda mentação de pesquisa São Paulo Loyola 1994 MINAYO M C S Org Pesquisa social teoria método e criatividade Petrópolis Vozes 2001 94 EAD SALOMON D V Como fazer uma monografia São Paulo Martins Fontes 1997 SANTOS B S Um discurso sobre as ciências Porto Afrontamento 1987 SEABRA G F Pesquisa científica o método em questão Brasília Ed da UnB 2001 SEVERINO A J Metodologia do trabalho científico São Paulo Cortez 2000 THIOLENT M Metodologia da pesquisaação São Paulo Cortez 1992 TRIVIÑOS A N S Introdução à pesquisa em ciências sociais a pesquisa qualitativa em educação São Paulo Atlas 1987 YIN R K Estudo de caso planejamento e métodos Trad de Daniel Grassi Porto Alegre Bookman 2001 95 EAD GLOSSÁRIO Agradecimento Manifestação de gratidão do autor da pesquisa às pessoas ou entidades que colaboraram em seu trabalho Deve ser curto e objetivo Amostra Parcela significativa da população ou do universo pesquisado geralmente aceita como representativa Análise Estudo pormenorizado de cada parte do todo para conhecer melhor sua natu reza suas funções relações causas etc Constitui a tarefa central da pesquisa Anexo Documento não elaborado pelo autor do relatório de pesquisa que constitui um suporte para fundamentação comprovação elucidação ou ilustração do texto É um elemento opcional Apêndice Documento texto artigo ou outro material qualquer elaborado pelo próprio autor e que se destina apenas a complementar as ideias desenvolvidas no decorrer do trabalho É um elemento opcional Bibliografia Lista de obras citadas consultadas ou sugeridas pelo autor do trabalho de pesquisa Capa Serve para proteger o trabalho Nela devem constar o nome do autor o título do trabalho e a instituição onde a pesquisa foi realizada Capítulo Cada uma das partes do relatório de pesquisa O primeiro capítulo conterá a Introdução e o último a Conclusão do autor Entre eles as partes que relatam o desenvolvimento e os resultados da pesquisa Ciência Conjunto organizado de conhecimentos relativos a um determinado objeto acumulados por meio de métodos próprios de coleta e análise de dados Citação Transcrição ou a menção de obras ou partes de obras ou outros documentos Coleta de dados Fase da pesquisa em que se reúnem dados ou informações por meio de técnicas e instrumentos específicos 96 EAD Conclusão Parte final do trabalho onde o autor avalia e resume os resultados obtidos propondo soluções e aplicações práticas Conhecimento científico Conhecimento racional sistemático exato e verificável da realidade Sua con sistência está nos procedimentos de verificação adotados segundo os princípios da metodologia científica Conhecimento empírico Conhecimento baseado na experiência e na observação metódicas ou não Conhecimento filosófico Conhecimento especulativo sobre fenômenos fruto do raciocínio e da refle xão humana Busca dar sentido aos fenômenos gerais do universo ultrapassando os limites formais da ciência Conhecimento teológico Conhecimento baseado na revelação ou seja na palavra de Deus comunicada aos homens Por sua natureza não pode ser confirmado ou negado pois depende da fé ou crença religiosa de cada indivíduo Corpo do texto Desenvolvimento do tema pesquisado dividido em partes capítulos ou itens entre a Introdução e a Conclusão Cronograma Planejamento das diferentes atividades da pesquisa de acordo com a metodo logia adotada distribuídas dentro de períodos predeterminados de tempo É geral mente esquematizado graficamente Dedicatória Parte prétextual opcional em que o autor homenageia afetivamente alguma pessoa ou um grupo de pessoas ou outras instâncias Dedução Processo de raciocínio através do qual é possível partindo de uma ou mais pre missas aceitas como verdadeiras a obtenção de uma conclusão necessária e evidente Despesas de pessoal Descrição das despesas decorrentes do pagamento de pessoal seja por contra tação temporária seja por contratação pela CLT Dialética Arte do diálogo ou da discussão baseada na força da argumentação Dissertação Relatório de pesquisa científica sobre um tema único e bem delimitado com aprofundamento superior ao de uma monografia para a obtenção do grau de Mestre por exigência do Parecer n 97765 do então Conselho Federal de Educação Entrevista Instrumento de pesquisa utilizado com o objetivo de coletar dados oralmente ou por escrito numa interação entre o pesquisador e os informantes 97 EAD Epistemologia Conjunto de conhecimentos que tem por objetivo determinar a natureza as carac terísticas gerais e o alcance do conhecimento humano refletindo especialmente a respeito das relações entre sujeito e objeto É também chamada de Teoria do Conhecimento Experimento Situação provocada com o objetivo de observar sob controle a relação que existe entre determinados fenômenos Fichamento Processo de anotações de coletas de dados registradas em fichas para posterior consulta Folha de Rosto Folha seguinte à capa que deve conter as mesmas informações contidas na capa e as informações essenciais sobre a origem do trabalho Glossário Conjunto de termos e expressões correntes em trabalhos de pesquisa ou pouco conhecidas pelo virtual leitor acompanhadas de definição Gráfico Representação plana de dados físicos econômicos sociais ou outros por meio de grandezas geométricas ou de figuras Hermenêutica Teoria ou ciência voltada à interpretação dos signos e de seu valor simbólico Hipótese Suposição que se faz na tentativa de explicar o problema formulado em relação ao tema da pesquisa A hipótese é provisória podendo ser posteriormente confir mada ou negada Indicadores Quantificação da realidade com vistas a oferecer um panorama em relação por exemplo à qualidade de vida da população de um país à sua esperança de vida ao nascer ao acesso à água potável à educação Índice ou Índice remissivo Relação alfabética detalhada dos assuntos nomes de pessoas nomes geográfi cos acontecimentos citados no decorrer do trabalho acompanhados da indicação das páginas em que ocorrem no texto Alguns autores usam o termo Índice com o mesmo sentido de Sumário Indução Raciocínio que parte de dados particulares fatos experiências e por meio de uma sequência de operações cognitivas chega a leis ou conceitos mais gerais indo da experiência à teoria Instrumento de pesquisa Meio utilizado pelo pesquisador para a coleta de dados como o são por exem plo questionários entrevistas gravações 98 EAD Introdução Primeira parte de um relatório de pesquisa onde o pesquisador apresenta em linhas gerais o que o leitor encontrará no corpo do texto Apesar do nome Introdu ção é a última parte a ser redigida pelo autor Justificativa Parte fundamental do projeto de pesquisa onde se expõem as razões de ordem teórica desenvolvimento da ciência e de ordem prática aplicação da ciência pelas quais a pesquisa proposta é importante Material permanente Conjunto de materiais usados na pesquisa que têm duração contínua ou que se desgastam mais dificilmente tais como automóveis materiais audiovisuais projeto res retroprojetores máquinas fotográficas filmadoras mesas cadeiras armários geladeiras computadores etc Material de consumo Conjunto de materiais que têm duração limitada ou que se consomem e se desgastam tais como giz filmes fotográficos fitas de vídeo gasolina material de limpeza sabão detergentes vassouras etc Método Conjunto sistemático de regras e procedimentos que se respeitados em uma pesquisa científica conduzem a resultados consistentes Metodologia Corpo de regras e diligências estabelecidas para realizar uma pesquisa científi ca Pode significar o mesmo que Método Monografia Tratamento por escrito de um tema específico bem delimitado Pode ser con siderado em dois níveis de iniciação à ciência em sentido amplo ou de pesquisa científica em sentido estrito Objetivo Finalidade meta pela qual se realiza a pesquisa Procura explicitar o que se pre tende alcançar com a execução da pesquisa Normalmente se distinguem objetivos gerais e objetivos específicos Paráfrase Reprodução do conteúdo de um texto ou de uma passagem de um texto por meio de palavras diferentes das empregadas pelo autor Pesquisa Ação metódica ou investigação através da qual se busca uma resposta a um problema de natureza científica Pesquisa disciplinar Aquela que usa o conhecimento de uma determinada disciplina para investigar e analisar um objeto de estudo 99 EAD Pesquisa interdisciplinar Aquela que torna possível o diálogo e a colaboração entre disciplinas diferentes no estudo de um problema comum com base nos saberes e na articulação das ciências Pesquisa multidisciplinar Aquela que abrange muitas disciplinas devendo no entanto a elaboração do problema de pesquisa caber a cada uma delas Pesquisa transdisciplinar Forma específica de autoorganização do conhecimento que tenta estabelecer conexões com outros subsistemas externos ao domínio científico em complexas interações com os sistemas de ordenamento político da economia e da cultura Polissêmico Adjetivo que se refere a palavras com mais de um significado Premissa Cada uma das proposições que compõem um silogismo e nas quais se baseia a conclusão Por extensão é o ponto ou a ideia de que se parte para armar um raciocínio Problema Questão inicial marco referencial inicial que lança o pesquisador a seu trabalho de pesquisa Problematização Formulação do problema que consiste em dizer de maneira clara explícita compreensível e operacional qual é a dificuldade que se pretende resolver limitando sua abrangência e apresentando suas características Recursos financeiros Descrição minuciosa de todo o dinheiro necessário para cobrir as despesas pre vistas para a realização da pesquisa seja para Material Permanente seja para Material de Consumo seja para Pessoal Resenha Análise crítica ou informativa sintética de um livro ou parte de um livro de um artigo ou de outro tipo de documento É também chamada de Recensão Revisão de Literatura Fase da pesquisa em que se recolhem informações documentais sobre os co nhecimentos já acumulados acerca do tema da pesquisa Literatura significa nesta expressão o conjunto de obras científicas filosóficas etc sobre determinado assun to matéria ou questão É o mesmo que Revisão Bibliográfica Técnica Forma segura e ágil para se cumprir algum tipo de atividade com a utilização de instrumental apropriado Teoria Conjunto de princípios e definições que servem para dar organização lógica a aspectos selecionados da realidade empírica As proposições de uma teoria são con sideradas leis se já foram suficientemente comprovadas e hipóteses se constituem ainda problema de investigação Goldenberg 1998 p 1067 100 EAD Palavras e expressões latinas utilizadas em relatórios de pesquisa apud ou ap citado por conforme segundo É usada em citações de segunda mão ou seja para indicar a fonte de uma citação indireta et alii ou et al e outros É usada quando a obra foi executada por mais de três autores citase o nome do primeiro seguido da expressão et alii ou et al ibdem ou ibid no mesmo lugar na mesma obra Permite evitar a repetição do título de uma obra já citada idem ou id o mesmo autor Permite evitar a repetição do nome do autor já citado in em É usada para indicar em que obra se encontra determinado artigo capítulo ou parte citada infra abaixo linhas ou páginas adiante ipsis litteris literalmente com as mesmas palavras É usada para expressar que a citação é fi el ou literal ipsis verbis com as mesmas palavras literalmente É usada da mesma maneira que ipsis litteris loco citato ou loc cit no lugar citado ou seja na obra citada opus citatum ou op cit na obra citada passim ou pass aqui e ali em várias passagens sequentia ou seq ou et seq e seguintes que se seguem sic assim É usada para indicar que o original está reproduzido exatamente por errado ou estranho que possa parecer supra acima linhas acima ou páginas atrás Tese Trabalho científico acadêmico mais avançado que a Dissertação distinguindo se desta por constituir uma contribuição original para a solução de problemas e para o avanço científico na área em que o tema é tratado Tópico Subdivisão do assunto ou do tema Universo Totalidade de indivíduos pessoas animais coisas entidades etc que pos suem as mesmas características definidas para um determinado problema a ser pes quisado Em pesquisa é sinônimo de População Variáveis Características pelas quais os indivíduos de um universo ou de uma população se distinguem entre si tais como sexo idade peso estatura formação classe social e outras 101 EAD ANEXO A NOTAS PARA A ELABORAÇÃO E O DESENVOLVIMENTO DO MÉTODO DE OBSERVAÇÃO Tatiana Engel Gerhardt A observação participante É a inserção prolongada do pesquisador em um meio de vida de trabalho Defrontamosnos em carne e osso com a realidade que queremos estudar Devemos observar mais de perto os que a vivem e interagir com eles Nessa expressão temos observação e participação Temos então dois tipos de situações que se combinam o pesquisador é testemunha estamos na observação e o pesquisador é coator esta mos na interação na participação A observação permite descrever o que vemos mas também faz emergir ques tões que serão exploradas nas entrevistas sobre o que procuramos compreender das representações do simbólico das relações sociais das interações lógicas etc Essas questões não podem ser coletadas como por exemplo um conjunto ou uma amostra de pedras que reunimos e colocamos numa caixa e enviamos para um laboratório para análise A compreensão dessas questões subjetivas se constrói não está dada Se o conceito de observação comporta muitas coisas em sua definição o de participação é muito mais evasivo Seu objetivo é mergulhar na vida de uma comu nidade de um serviço de um grupo social etc Porque estar no ambiente é uma condição necessária para acessar a fontes de informações importantes e diversas em campos aparentemente distantes do problema estudado mas que permitem com preender o fenômeno em toda a sua extensão Impregnarse Não tiramos um peixe fora da água para ver como ele nada Quando a observação levanta questões às vezes modifica a problemática inicial Assim sendo como um pesquisador pode pensar as boas questões a serem colocadas sobre determinado tema se ele se contenta com partir de seus próprios pressupostos de seus próprios quadros de pensamento Dessa forma em visitas sistemáticas aprofundamos aperfeiçoamos a compreensão das coisas sabendo que de todo jeito haverá conhecimento a que não teremos acesso segredos Uma problemática inicial pode graças à observação modificarse Ou seja Não partimos para colorir um desenho previamente traçado Partimos com uma problemática que permite fazer um guia de observação não de observação inocente mas de observações estruturadas em função do que pesquisamos Mas cabe ao pesquisador de campo observar aquilo para o que não está preparado estar em condições de produzir dados que o obrigarão a modificar suas próprias hipóteses A pesquisa de campo deve se dar por objetivo desmentir o provérbio bambara O estrangeiro só vê o que já conhece É uma regra básica e uma posição epistemológica a definição e os limites do objeto não são colocados a priori mas construídos ao longo da pesquisa e submetidos a eventuais reajustes à medida que esta vai evoluindo Os indivíduos para este tipo de abordagem são indivíduos não abstraídos de suas condições concretas de existência de trabalho etc diferentemente dos indivíduos pesquisados por amostra e que devem ser representativos de variáveis abstratas e padronizadas É importante ter consciência da postura intelectual que está por trás Para os antropólogos a construção do objeto de estudo se apoia no ponto de vista êmico ou seja que tenta apreender o objeto a partir de categorias pertinentes para o informante Portanto todos esses elementos fazem parte do papel do pesquisador indireto mas importante que ajuda a avançar dentro de uma problemática decodificar fatos e gestos aprender certos códigos que ajudarão a passar o mais despercebido possível em seu campo Essas questões influenciam o trabalho de campo como também inconscientemente mas eficazmente a maneira de interpretar os dados relativos à pesquisa Podemos comparar isso ao aprendizado de uma língua O domínio que o pesquisador adquire sobre os sistemas de sentido do grupo que ele estuda é obtido em grande parte de forma inconsciente como uma criança que aprende sua língua materna Portanto vá ao barzinho após o trabalho com as pessoas que participam de seu trabalho de campo Questionarse sobre determinado tema não é possível somente fazendo entrevistas com os indivíduos e observandoos trabalhar É essencial também acompanhar os indivíduos que não estão trabalhando ou fora de sua hora de trabalho É nesses momentos que eles dirão coisas importantes e que poderemos vêlos ou ouvilos questionandoos diretamente sobre o objeto que nos interessa 103 EAD A observação participante é portanto uma forma de produção de dados que provém da pesquisa de campo e que pode ser utilizada antes ou depois das entrevis tas e também de forma isolada Nela o pesquisador é testemunha e coautor Resumidamente A informação coletada a partir de um caso particular dis curso sobre um determinado tema e suas práticas constitui na metodologia qualita tiva uma forma particular de um fenômeno que é mais geral mais amplo Os casos concretos tomados em sua singularidade não são considerados como representativos mas exemplares pois não estamos em uma pesquisa de representatividade no senti do quantitativo Os casos os indivíduos as situações são exemplares e nesse sentido ilustram fenômenos que reencontramos em outros lugares em outros grupos A partir de um único indivíduo veremos que o menor de nossos atos é sustentado pela cultura Não procuramos portanto estabelecer uma amostra no sentido quantitativo do termo na medida em que uma realidade ou uma determinada situação não tem necessidade de ser representativa no sentido estrito para ser pertinente qualitati vamente A partir do estudo de qualquer caso individual podemos então aprender tantas coisas quanto em casos múltiplos Na abordagem qualitativa um informante não pode ser considerado somente representante da cultura estudada porque os fenômenos observados junto aos sujeitos tomam uma coloração diferente segundo a história pessoal de cada um O informante é ao contrário uma testemunha e um produto cujos pensamentos raciocínios ló gicos e práticas remetem às lógicas sociais e a determinados sistemas simbólicos E é recorrendo a muitos estudos de casos individuais que se respondem uns aos outros portanto através da comparação das perspectivas das situações de uns e outros que medimos a tensão existente entre fenômenos individuais e fenômenos coletivos O que levantamos são talvez situações não constantes mas ao menos recorrentes a partir de casos diferentes onde a análise permitirá fazer aparecer uma unidade Em relação à pesquisa quantitativa não podemos fazer uma pesquisa quantitativa falar mais do que ela pode dizer Podemos propor uma descrição das principais representações que certos atores fazem em relação a determinado problema nem mais nem menos e das práticas que elaboram Mas não podemos quantificar o que é colocado em evidência 105 EAD ANEXO B ALGUNS PROBLEMAS FORMAIS NA REDAÇÃO DE TEXTOS ACADÊMICOS Para redigir é preciso 1 ter algo a dizer 2 ao escrever submeter os pensamentos a alguma ordem que faça sentido Em termos gerais os aspectos a considerar seriam 1 há certas ideias ou fatos que se quer comunicar 2 tais ideias deverão ser plasmadas em palavras e expressões 3 as palavras e expressões deverão ser englobadas em frases e parágrafos gramati calmente corretos e dotados de clareza 4 palavras frases e parágrafos devem fluir de uma para oa outroa espelhando em sua ordem de aparecimento no texto um pensamento ordenado e lógico 5 o que se escreve destinase a um público específico com certas características e exigências por exemplo não é o mesmo escrever um email a um amigo e redigir uma comunicação destinada a ser apresentada quando de uma reunião científica Os defeitos de redação podem aparecer em qualquer dos pontos acima O reda tor pode não ter claro o que pretende comunicar ou pior ainda pode não ter nada a dizer Neste último caso naturalmente não deveria redigir coisa alguma Se tem algo a dizer mas não o tem claro deve primeiro esclarecer o que pensa e só então redigir Seu vocabulário pode ser inadequado para uma redação acadêmica ou muito pobre Isto se corrige lendo textos de bons autores bem como ouvindo pessoas de bom nível acadêmico que dominem o vocabulário necessário ou com elas trocando ideias por exemplo frequentando ou pelo menos acompanhando com atenção as reuniões cien tíficas de seu setor de estudos As frases e parágrafos podem violar as regras gramaticais estabelecidas que não cabe a ninguém inventar enquanto escreve ou ser pouco claras seja por essa mesma seja por outra razão A gramática como qualquer outra coisa pode ser aprendida e treinada A transição de um parágrafo ao seguinte talvez seja abrupta ou pouco lógica ou a ordem de apresentação dos dados e argumentos quiçá não seja a melhor O ordenamento desejável pode ser obtido mediante a confecção de um plano antes de começar a redigir um plano assim segue algumas regras gerais que não são de aprendizagem muito difícil Por fim a redação possivelmente não se adéque ao tipo de público a que se destina por estar plasmada por exemplo num registro coloquial da língua ao se tratar de um texto que deveria usar o registro erudito formal Extraído de CARDOSO C F Metodologia da pesquisa Minicurso do Centro de Estudos Interdisci plinares da Antiguidade out nov 2004 106 EAD do mesmo idioma Nada impede o redator de esforçarse no sentido de uma adequação do registro de seu texto ao público específico a que se dirige Resolver equações e redigir textos são coisas que funcionam segundo regras bem diferentes em cada caso Em especial a redação só tem normas flexíveis todas elas conhecedoras em alguns casos de exceções legítimas Por exemplo embora a repetição de palavras deva ser evitada ela é permissível em certas construções e deve empregarse quando a clareza o exija O uso pertinente das regras da redação depen de do bom senso e do treinamento que permitem ao autor achar a expressão mais adequada em cada ponto de seu texto Um dos conselhos mais úteis talvez o mais útil de todos que se podem dar a quem procura treinar uma boa redação é o seguinte ache e elimine as palavras inúteis Quase sempre a releitura atenta de um texto permite encontrar palavras ociosas com muita frequência adjetivos ou frases limitativas detalhes inúteis ou excessivos repetições das mesmas noções mediante palavras diferentes explicações desneces sárias que insultam a inteligência do leitor ou ouvinte Em todos estes casos riscar o que sobra é uma excelente ideia Outros conselhos são os seguintes sempre como regras gerais pois todos ad mitem exceções 1 prefira palavras curtas simples e familiares evite palavras longas e jargão 2 prefira o termo concreto ao abstrato 3 prefira o ativo ao passivo 4 prefira a palavra única a uma locução equivalente composta de várias palavras 5 prefira o vocabulário português consagrado a neologismos anglicismos galicis mos etc bem como o vocabulário erudito ao coloquial ou chulo A expressão na eventualidade de pode quase sempre ser substituída com proveito por um simples se ou caso Aquela locução é indireta eventualidade é termo longo se é muito mais inteligível de forma imediata por ser termo usual e familiar da língua Em português existe na atualidade o péssimo hábito de preferir o abstrato ao concreto Assim em lugar de busca do lucro falase em busca da lucratividade o que além de pomposo é jargão e anglicismo Aliás os anglicismos vicejam como erva daninha Um dos mais praticados hoje em dia originado num ambiente de economistas é a expressão demanda por do inglês demand for em lugar do correto demanda ou procura de Há também certa tendência a preferir o passivo ao ativo como em não fui comunicado expressão absurda gramatical mente que se usa em vez de não se me comunicou não me comunicaram tal coisa ou num passivo correto isto não me foi comunicado O passivo poderá preferirse quando se desejar que a ênfase recaia numa ação genérica sem sujeito definido como em alugamse quartos com o sentido de quartos são alugados não se querendo dizer por quem Na construção de frases e parágrafos os conselhos principais podem ser os seguintes 107 EAD 1 Cada parágrafo deve conter uma única afirmação ou noção central situada na cláusula gramaticalmente principal do parágrafo se ele contiver duas ou mais afirmações ou ideias importantes dividao em dois ou mais parágrafos 2 Prefira quase sempre a ordem natural das palavras na frase sujeitopredicado complemento evitando as inversões causadoras de ambiguidade 3 Palavras que modificam ou qualificam outras tais como adjetivos e advérbios devem situarse o mais perto que for possível dos termos que modificam ou qualificam também neste caso para evitar possíveis ambiguidades ou uma for ma tortuosa e pouco fluida de expressão 4 O uso de pronomes que substituam outros termos deve ser objeto de cuidado so planejamento ainda aqui num esforço para evitar a ambiguidade 5 As primeiras e as últimas palavras de um parágrafo atraem mais a atenção do que as demais assim o que se quer enfatizar no parágrafo deve vir no início ou no final e não no meio dele 6 Não introduza em excesso num parágrafo expressões ou frases que modifi quem ou qualifiquem as afirmações 7 Quase sempre é preferível a forma mais breve à mais longa de armar frases e parágrafos entretanto a busca da brevidade não deve prejudicar a clareza Como se pode ver muitas das regras se referem à eliminação da ambiguidade Por exemplo uma frase como Os alunos devem apresentarse no terreno de ginás tica só de tênis é ambígua devido a uma construção ruim que entre outras coisas pode dar a entender que tais alunos devam aparecer nus só de tênis A frase um aviso colegial provavelmente pretendesse comunicar uma de duas coisas ou ambas Só se admite o uso de tênis pelos alunos durante as aulas de ginástica ou O uso de tênis pelos alunos é obrigatório nas aulas de ginástica Os pronomes substitutivos e o que podem facilmente causar ambiguidade Por exemplo Eu vi os anúncios dos tênis Nike de que não gostei Ou ainda Eu vi os anúncios dos tênis Nike mas não gostei deles Em ambos os casos a pessoa não gostou dos anúncios ou dos tênis O mesmo quanto a cláusulas do seguinte tipo Eu vi Ana sentada numa pedra com o tornozelo torcido pode parecer involuntariamente cômico ao sugerir uma pedra cujo tornozelo esteja torcido A outra grande busca que é a da concisão e não pela concisão vejam lá às vezes deve ceder o lugar a repetições quando necessárias para garantir a clareza das afirmações Num dos exemplos acima seria melhor dizer Eu vi os anúncios dos tênis Nike mas não gostei desses tênis apesar da repetição da palavra tênis pois em tal caso não haveria ambiguidade Se tratarmos agora do uso dos elementos gramaticais de conexão os principais são 1 partículas de conexão como e mas embora etc 2 advérbios e locuções de sentido adverbial como evidentemente por exem plo já que é assim como veremos etc 108 EAD 3 pronomes e artigos por exemplo quando uma frase começa com Ele ou com O homem em questão por exemplo uma conexão está sendo estabele cida necessariamente com algo dito antes 4 repetições gramaticalmente válidas por exemplo aquelas introduzidas pela pa lavra tal A conexão eventualmente também separação ou oposição entre partes inte grantes do discurso depende dos elementos acima e também do bom uso da pontua ção Quanto aos elementos gramaticais de conexão é preciso antes de mais nada aprender o que cada um deles de fato quer dizer as gradações semânticas e lógicas que impliquem seu emprego Uma questão mais geral é a seguinte que grau de co nexão deve estabelecerse entre os elementos do discurso Não existem regras fixas Tanto se pode pecar pela ausência ou parcimônia excessiva das conexões e transições tornando o discurso desconexo e por conseguinte obscuro como pelo excesso de conexões Existe nos ouvintes e leitores como em todos os seres humanos algo que se conhece como competência textual e permite omitir algumas das conexões ou tran sições deixandoas implícitas sem prejuízo da compreensão Quando se ouve ou lê Soou um tiro A ave caiu quem ouvir ou ler inferirá sem dificuldade por si mesmo a que a ave caiu porque foi atingida pelo tiro A articulação mais geral do texto depende de certo planejamento prévio cujo detalhe necessário pode variar com a prática acumulada Também neste ponto as regras não são absolutas Se por um lado é verdade que um texto acadêmico não planejado tende a ser mal organizado e pouco lógico em suas articulações bem como na ordem de apresentação dos dados e argumentos também é verdade que enquan to se redige novas possibilidades costumam apresentarse novas ideias inclusive quanto ao ordenamento geral podem surgir Se tais elementos não previstos de início forem válidos e interessantes não há razão alguma para não operar mudanças no planejamento inicial com a finalidade de introduzilos Há autores que chegam ao resultado final mediante sucessivas e às vezes nu merosas versões reescrevem portanto seu próprio texto até que este os satisfaça Pessoalmente acho que isso é uma perda de tempo Com alguma prática é perfei tamente possível redigir o texto numa única versão corrigindoa sem dúvida com cuidado e se for o caso nela introduzindo algumas modificações o que é bem diferente de produzir diversas aproximações antes da versão final e também um processo menos longo A releitura do texto produzido para correção e polimento é essencial O me lhor método consiste em deixar repousar o texto por alguns dias antes de proceder à mencionada releitura se esta for feita imediatamente após terminada a redação o autor não conseguirá perceber de fora o produto de seu trabalho e deixará de detectar problemas que algum tempo depois se lhe tornariam patentes ao reler Ao retomar o trabalho e reexaminálo para correções e ajustes convirá formu lar para si mesmo certas perguntas 109 EAD 1 Será que permaneci no interior de minha temática principal sem introduzir recheios irrelevâncias detalhes excessivos desenvolvimentos colaterais Ou o desenvolvimento dos tópicos centrais é suficiente 2 Cada parágrafo do texto é uma unidade natural e equilibrada bem situada no conjunto Existem tópicos fora de contexto aparentemente isolados ou irrele vantes 3 Minhas frases são concisas e diretas ou longas demais e tortuosas Seu sentido é sempre claro Todos os pronomes substitutivos usados têm de fato um ante cedente 4 Serei capaz de definir cada palavra que usei sem exceção Empreguei na maioria dos casos termos concretos e usuais evitando modismos jargão e termos vagos 5 O efeito geral do texto é o pretendido ao planejálo Não haverá partes maçan tes ou pesadas 6 Uma pessoa não especializada no assunto entenderá o meu texto As afirma ções nele contidas estarão suficientemente apoiadas em dados exemplos e ou tros elementos imprescindíveis 1 INSTRUMENTALIZAÇÃO PARA O ENSINO A DISTÂNCIA Mára Lúcia Fernandes Carneiro 2 DINÂMICA E DIFERENCIAÇÃO DE SISTEMAS AGRÁRIOS Lovois de Andrade Miguel Org 3 TEORIAS DO DESENVOLVIMENTO Marcelo Antônio Conterato Eduardo Ernesto Filippi 4 TEMÁTICAS RURAIS DO LOCAL AO REGIONAL Roberto Verdum Luiz Fernando Mazzini Fontoura 5 MÉTODOS DE PESQUISA Tatiana Engel Gerhardt Denise Toflo Silveira Orgs 111 EAD ANEXO C ALGUMAS DICAS DE ESTILO PARA A REDAÇÃO TÉCNICOCIENTÍFICA 1 Redação técnicocientífica algumas sugestões para o aprimoramen to de textos científicos Disponível em httpwwwcnpaembrapabrrbofartigos912005010rbof913957 9672005pdf 2 Notas e reflexões sobre redação científica Disponível em httpwwwhottoposcomregeq2notasereflexsobreredahtm 113 EAD ANEXO D PLÁGIO ELETRÔNICO E ÉTICA José Palazzo M de Oliveira httppalazzoprobr 2 de dezembro de 2005 Tenho sempre defendido um uso adequado do copyright Esta é a posição que defendi na crônica Publicações Livres onde apoiei a liberdade de publicação na Web na crônica Segredo na Pesquisa procurei demonstrar os efeitos daninhos da apropriação do conhecimento por grupos econômicos ou acadêmicos Por outro lado sempre defendo a necessidade de ética na pesquisa e no ensino em minha página da Univer sidade incluí uma página denominada Código de Honra onde saliento a necessidade de trabalho individual sem apropriações indébitas de trabalhos de outros Uma frase de efeito atribuída a Isaac Newton condensa esta posição In the sciences we are now uniquely privileged to sit side by side with the giants on whose shoulders we stand Aliás uma parte desta frase foi tomada como mote pelo Scholar Google acho que para balizar o uso correto deste serviço Estas reflexões e a minha página sobre a honra surgiram devido a uma série de fatos em que infelizmente estive envolvido Todo professor sabe que a cola é um elemento inevitável no ensino há sempre um momento de fraqueza quando alguns alunos caem em tentação de achar caminhos mais fáceis Mas a situação está se tor nando muito difícil Vamos ver os fatos a que me referi estou citando sem ordem cronológica para evitar identificação uma proposta de tese de doutorado em que a pessoa copia cerca de 10 páginas de outro aluno uma dissertação de mestrado em que o candidato reprovado utiliza um software comercial como se fosse sua contri buição alunos da graduação que copiam códigos completos da Web em um trabalho de disciplina dois orientandos que entregam para seu orientador um artigo em inglês para envio a um congresso o artigo volta pois o chair submeteuo a um verificador de plágio e mais de 55 eram textos achados na Web um aluno de especialização que apresenta a proposta de trabalho de conclusão copiado totalmente de duas fontes na Web um aluno de mestrado que apresenta uma dissertação idêntica a um trabalho individual de mestrado Basta Tudo isso ocorreu em vários anos recentes e em várias Universidades Será que estou carregado ou esta é uma situação geral Acho 114 EAD que é geral vocês já fizeram esta consulta Olhem só o número de ofertas de desen volvimento de trabalhos acadêmicos Há algo de muito errado em nossa sociedade Uma das origens destas atitudes pode estar na ganância de produtores de mate rial com copyright que estimula a cópia alternativa um eufemismo para a pirataria de músicas de software e de outros materiais digitais Aí entra a defesa da liberdade de publicação e de copiar legalmente partes de código Acho que uma analogia pode ser feita com a Lei Seca uma visão fundamentalista e míope levou à expansão de senfreada do gangsterismo na década de 30 nos USA O mesmo acontece com o uso imoderado de direitos sobre material cultural Isto não é uma defesa da pirataria é uma constatação de como começa o processo Esta ganância levou a partes significativas da sociedade a achar normal copiar material digital O afrouxamento do respeito pela propriedade ou melhor pelo di reito de autoria está levando grande parte de nossos alunos a acharem normal copiar conteúdos acadêmicos e o que é pior a nem tomarem consciência de que essa cópia é fraude e séria Inicialmente essa cópia usada como uma defesa do cidadão passa a ser um comportamento fraudulento quando as barreiras éticas cedem então tudo é permitido Em um texto no Blog citei a defesa de que Copiar e recombinar deveriam ser direitos inalienáveis de todo ser vivo tal como foi apresentada em uma palestra no XXV Congresso da Sociedade Brasileira de Computação Essa apresentação deixou muito clara qual a diferença entre a atitude criadora e a cópia ilegal Uma posição criteriosa e não gananciosa de respeito da propriedade cultural acho não nos teria levado a este ponto Toda esta reflexão surgiu quando li essa notícia Detetives digi tais caçam plagiadores online da Agência Estado Existe também outro serviço e devem existir muitos outros mais o Plagiarism que trata deste assunto consulta em inglês Acho que está na hora de lançarmos uma campanha nacional nas Universi dades sobre o tema Não é absolutamente aceitável a cópia de trabalhos alheios sem sua citação É preciso uma campanha educativa e ao mesmo tempo uma repressão enérgica Por um lado é essencial que deixemos claro para nossos alunos que cópias sem dar os créditos é errado Isso deve ser feito desde pequenas coisas como colocar figuras em trabalhos acadêmicos sem citação da fonte esses pequenos detalhes são a origem da insensibilização para cópias maiores Na UFRGS foi adotado o código disciplinar discente citado em minha página sobre a honra que pune essas atitudes Por uma campanha de Respeito e Integridade Acadêmica Esta pode ser nossa contribuição para melhorar o País nesta hora de falta de integridade moral e de libe ração da fraude Impressão Gráfica da UFRGS Rua Ramiro Barcelos 2500 Porto Alegre RS FoneFax 51 33085083 graficaufrgsbr wwwgraficaufrgsbr Editora da UFRGS Ramiro Barcelos 2500 Porto Alegre RS 90035003 Fonefax 51 33085645 edito raufrgsbr wwweditoraufrgsbr Direção Sara Viola Rodrigues Editoração Paulo Antonio da Silveira coordena dor Carla M Luzzatto Fernanda Kautzmann Luciane Delani Maria da Glória Almeida dos Santos e Rosangela de Mello suporte editorial Samir Duarte da Silva e Tales Gubes Vaz bolsistas Administração Najára Machado coordenadora Angela Bittencourt Laerte Balbinot Dias Jaqueline Trombin e Valéria da Silva Gomes suporte administrativo Getúlio Ferreira de Almeida Janer Bittencourt Apoio Idalina Louzada e Laércio Fontoura Press Release 04 December 2022 For immediate dissemination Police Regional Office X Regional Directorate for Operations Leadership of Unified Command Staff attended by Criminal Investigation and Detection Group Deputy Directorrated Police Colonel Josefino M Natividad Jr Commander of BCPO Police Brigadier General Rodel M Baligutfit Police Regional Director Police Lieutenant Colonel Joel B Bagano CCID Operations Police Lieutenant Colonel Iluminado A Garcia Jr City Director Police Colonel Alli Gae P Pabillaran who opened the meeting and the ceremony with a prayer Police Brigadier General Rodel M Baligutfit briefed the Administration PRO 10 Logistics and Facilitation of this month general review and assessment concluding the month of November on preliminary preparation for ASEAN and the Vice Presidents visit conducted at the Police Regional Office X Training Room Refer to the presentation and discussion on the following Summary of Activities for the month of November Assessment and results on operational activities Assessment of police personnel Assessment of detection and investigation Report on Crime Situation monthly update and priority action on crime situation Highlight on Traffic Activity and Status of frequently relationships and updates Report on order and peace situation Community and stakeholder complementations Special Assignments 0 concern on civil disturbances terrorist activities illegal drugs most wanted persons MWPs border control safe and secure environments Other matters and modus operandi Conformed by Police Inspector Edralyn M Dionela EncryptionDirector One Stop Shop BCPO Photocopier Metafax 2F Print Stationery Department 230 PM 752022 PRESS BRIEFING INTERCOMMANDER MEETING MEETING WITH ACTING HEAD OF POLICE GENERAL MA JOSIE FAJARDO RELEVANT ISSUES Chief Police Superintendent Reniel R Villote City Director Butuan City Police Office BCPO 1 Association of Southeast Asian Nations ASEAN 2 ASEAN Tourism Forum ATF 3 ASEAN Finance and Insurance Services AFIS 4 Visit of Vice President 900 Personnel will be deployed for regional responsibility Task Forces will be formally created Short time to conduct retraining from January to February Muslim groups Ready to conduct intelligence operations and coordination with national agencies Capacity building activities scheduled Possible hostile groups to sabotage the event 5 Consent DecreeUnarmed Policemen Number of MP deleted from MP to were replaced by DS welcomed 71 Provinces with no weapons employed behind in addition to bodyguard Security There is a need to conduct massive campaign on POSITIVE IMAGE This includes cohesion and collaboration to social maps and heightened community engagement Important roles of LGUs and NGOs in the Metro Manila area 6 Proposal to increase the background check for new policemen from up to 2 years 7 Homemakers and former Members from the military In the lower ranks Vital in policing Some may need retraining or refresher to deal with law and order situation To be deployed concentrated only 8 Police Ranks Sculpture 9 Joint presentation 10 Reforms within the Police Transparency Social responsibility Institutional needs Accountability derived from the high standards of the PNP 11 Use of social media information dissemination but with RESPONSIBLE DISSEMINATION Illegal drug and cybercrime activities are high 12 Pending Promotions Immediate actions 13 Proper Coordination 14 Transparency ending PAGCOR Benefits Benefits for the personnel generate transparency Good Image Legitimacy 15 Ethics and Moral Values Major concern in the PNP 16 Community Oriented Policing Service COPS Vital part of the PNP Liaison of police with the community Visionoriented implementation 17 Law Enforcement LE Operations Needs regular meetings and coordination 18 Regional Building Complementary with the Chief Police Officer Planning for the regional community relations unit 19 PNPInternal Affairs Service To monitor and receive complaints 20 Creation of the Office of the Police Chief OPC To monitor developments implementation and performance 21 Cooperation with Vice President Honorable Sara Duterte Police personnel to support the VPs directive on sustainable peace and order 22 Creation of a onestop shop in the BCPO for police coordination 23 Rebound of crime in the city is environmentally influenced 24 Police visibility is a vital aspect of crime prevention 25 Rehabilitation of the old police camp building 26 Advocacy for police welfare 27 Effectiveness of Police Operations in Butuan City 28 Orientation programs for the personnel 29 Concern on the next generation of recruits 30 For immediate implementation of the internal orders to accumulate better police standards Conformed by Police Inspector Edralyn M Dionela Photocopier Metafax 2F Print Stationery Department PRESS RELEASE For immediate dissemination Police Regional Office X Regional Directorate for Operations Leadership of Unified Command Staff attended by Criminal Investigation and Detection Group Deputy Directorrated Police Colonel Josefino M Natividad Jr Commander of BCPO Police Brigadier General Rodel M Baligutfit Police Regional Director Police Lieutenant Colonel Joel B Bagano CCID Operations Police Lieutenant Colonel Iluminado A Garcia Jr City Director Policsmewachment I GP Alli Gae P Pabillaran who ass opened the meeting on J ceremony with a prayer Dela Corte the Administration PR 10 Logistics and facilitator of this month general review and assessment concluding the month of November on preliminary preparation for ASEAN and the Vice Presidents visit conducted at the Police Regional Office X training room Refer to the presentation and discussion on the following Summary of Activities for the month of November Assessment and results on operational activities Assessment of police personnel Assessment of detection and investigation Report on Crime Situation monthly update and priority act on crime situation Highlight on Traffic Activity and Status of frequently relationships and updates Report on order and peace situation Community and stakeholder complementations Special Assignments 0 concern on civil disturbances terrorist activities illegal drugs most wanted persons MWPs border control safe and secure environments Other matters and modus operandi Conformed by Police Inspector Edralyn M Dionela EncryptionDirector One Stop Shop BCPO Photocopier Metafax 2F Print Stationery Department OKFFEF A ESTRUTURA DE UM PROJETO DE PESQUISA Metodologia da Pesquisa em Geografia PROFESSORA JULIANA CRISTINA FRANZ Metodologia da Pesquisa É uma carta de intenção de explicitação da proposta de estudo que se pretende realizar É o planejamenjto da pesquisa O QUE É O PROJETO DE PESQUISA Na elaboração de um projeto de pesquisa três pontos são cruciais a problemática os questionamentos e a operacionalização ROBERTO LOBATO CORRÊA A PROBLEMÁTICA Lançar um problema sobre um dado aspecto da realidade a partir daí organizar um conjunto de práticas que permite resolver o problema Problemática está associada a uma série de perguntas O QUÊ ONDE QUANDO POR QUÊ ONDE Pergunta essencial principalmente aos geógrafos Recorte espacial do objeto de pesquisa O QUÊ Recorte do objeto de pesquisa Objeto deve ser claramente definido Recorte temático da pesquisa QUANDO Recorte temporal que pode ser o presente uma secção de tempo do passado ou um período que se estende até o presente POR QUÊ É DECISIVA O que nos levou a fazer estes recortes OS QUESTIONAMENTOS A partir da Problemática podemos lançar algumas questões sobre o nosso objeto escolhido Questionamentos intimamente ligados à problemática escolhida SUBQUESTÕES Desdobramentos da questão central Subquestões não necessariamente são geográficas QUESTÃO CENTRAL Deve ser geográfica Considerar a dimensão espacial do objeto Pode ser dividida em subquestões A OPERACIONALIZAÇÃO Ligada a questao do como como efetivamente as questões formuladas serão respondidas Dois aspectos são relevantes na operacionalização as fontes e os procedimentos EXERCÍCIO PRÁTICO Elaborar uma Introdução CAPA ABNT 14724 1 2 Contextualize o tema 21 Traga dados importantes sobre o seu tema 22 Do que se trata a sua pesquisa a grande área do que vai ser pesquisado 23 Fazer um recorte direcionando para aquilo que de fato você vai pesquisar EXERCÍCIO PRÁTICO Elaborar uma Introdução 3 Em que cenário você vai observar esse fenômeno 31 O que já se sabe sobre esse tema e recorte seja breve 311 O que ainda não se sabe e precisa ser respondido Mostre o que ainda precisa ser explorado lacuna de pesquisa 4 Problematização do que você já viu sobre o tema mostrando qual o problema a tua pesquisa vai resolver 41 Indicar de maneira clara quais são os objetivos da pesquisa O objetivo só faz sentido porque existe uma lacuna de pesquisa EXERCÍCIO PRÁTICO Elaborar uma Introdução 5 Qual a importância de se pesquisar esse tema justificativa os motivos pelos quais pesquisar o seu tema é importante Contribuição teórica Explanar como tua pesquisa vai ajudar no avanço da tua área como ela agrega ao que já foi dito por algum autor que lacuna ela vai preencher e como a literatura vai ganhar em ter o teu trabalho com que outras áreas ela vai ajudar Contribuições na prática Evidencie os impactos da tua pesquisa que área ela vai impactar e como vai ser esse impacto Relevância social Como tua pesquisa vai impactar a sociedade Como ela ajuda as pessoas EXERCÍCIO PRÁTICO Elaborar uma Introdução 6 Mostre a metodologia que foi adotada para realizar o trabalho EXERCÍCIO Faça uma introdução de pesquisa com base nos 6 elementos apresentados ADOTANDO A FORMATAÇÃO DA ABNT 1 CAPA 2 CONTEXTUALIZAÇÃO 3 RECORTES 4OBJETIVOS 5JUSTIFICATIVA 6 METODOLOGIA ELABORE UMA INTRODUÇÃO COM 3 A 4 PÁGINAS Deve haver compatibilidade entre os questionamentos e a operacionalização começando pela factibilidade de se responder as questões formuladas ROBERTO LOBATO CORRÊA Referências CORRÊA Roberto L Elaboração de Projeto de Pesquisa um guia prático para geógrafos Geosul Florianópolis v 11 n 2122 1996 p 169172 DIEZ Carmen L HORN Geraldo B Orientações para elaboração de projetos e monografias Petrópolis Vozes 2004 GERHARDT Tatiana E A construção da pesquisa In GERHARDT Tatiana E SILVEIRA Denise T orgs Métodos de pesquisa Porto Alegre Editora da UFRGS 2009 p 4364 VENTURI Luis Ensaios Geográficos São Paulo Humanitas 2008 The first Butoh dance lesson in Hualien City I was invited to perform at a Butoh gathering in Hualien City on July 15th 2007 but due to illness I was unable to attend The dance artist Ms Lee Mei Ying who is also committed to the promotion of Butoh dance invited me to complete Butoh dance training at Hualien City Art Space on July 27th This is the first formal teaching activity of Butoh dance in Hualien City and it is expected to be held from July to December every Friday from 730 pm to 930 pm 太龍舞光法 The first teaching activity of Butoh dance in Hualien City 2007072720071214 every Friday 19302130 locationHualien City Art Space teacherLee Mei Ying premier studentRoger Ko another studentYang Shu Hua last day performanceDecember 14th 2007 photographerHsiao Hui Hu studentKo Wei Sheng studentYu Hsu Lin teacherLee Mei Ying studentYen Hui Cheng premier studentRoger Ko lighting manMasaki Sato managerMark Chen studentZhang WeiCheng studentGary Ko studentHsiao LiNing studentYang Shu Hua studentChien Yu studentChen PeiNing organizerLee RongLuen sponsorHualien County Government organizerHualien City Art Space photographerHsiao Hui Hu lighting manMasaki Sato studentYen Hui Cheng performerHsiao LiNing teacherLee Mei Ying lighting manMasaki Sato photoHsiao Hui Hu teacherLee Mei Ying studentChien Yu studentKo Wei Sheng UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE FURG ELVIO FERNANDO GULARTE FREIRE USO DE BIOFERTILIZANTES NA AGRICULTURA FAMILIAR RIO GRANDE RS 2025 1 CONTEXTUALIZAÇÃO Nas últimas décadas o modelo agrícola intensivo baseado na mecanização no uso de sementes geneticamente modificadas e na aplicação massiva de fertilizantes químicos tem contribuído significativamente para o aumento da produção de alimentos No entanto esse mesmo modelo tem gerado impactos ambientais severos como a contaminação de solos e recursos hídricos além da perda da biodiversidade e da degradação da saúde do agricultor Diante desse cenário tornase urgente a busca por práticas agrícolas mais sustentáveis e acessíveis aos pequenos produtores que formam a base da agricultura familiar no Brasil Os biofertilizantes surgem como uma alternativa promissora a essa problemática Derivados de compostos orgânicos resíduos agroindustriais ou culturas microbianas os biofertilizantes atuam no fornecimento de nutrientes ao solo e às plantas além de melhorar a microbiota do solo promovendo equilíbrio ecológico e maior resistência das culturas Diferente dos fertilizantes químicos eles são biodegradáveis de baixo custo e compatíveis com práticas agroecológicas De acordo com dados do IBGE 2021 a agricultura familiar é responsável por aproximadamente 70 dos alimentos que chegam à mesa dos brasileiros Contudo esse setor enfrenta desafios constantes quanto ao acesso a tecnologias e insumos sustentáveis o que justifica o aprofundamento em práticas como o uso de biofertilizantes especialmente nas regiões que apresentam forte vocação agrícola como o Sul do Brasil 2 RECORTES Este trabalho terá como foco os pequenos produtores rurais do Sul do Brasil mais especificamente dos estados do Rio Grande do Sul Santa Catarina e Paraná no período compreendido entre os anos de 2020 e 2025 O recorte espacial privilegia a análise de comunidades agrícolas onde a agricultura familiar é predominante e onde há registros ainda que limitados de iniciativas voltadas ao uso de biofertilizantes O recorte temporal 20202025 se justifica por ser um período de grande estímulo a práticas sustentáveis por meio de políticas públicas e financiamentos específicos como o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar Pronaf bem como iniciativas de extensão rural voltadas à agroecologia Além disso o período coincide com o avanço das discussões ambientais no contexto do Acordo de Paris e da Agenda 2030 da ONU reforçando a importância da transição ecológica no campo Apesar de já existirem estudos sobre biofertilizantes muitos ainda se concentram em grandes propriedades ou em condições laboratoriais Pouco se sabe sobre sua adoção real percepções dos agricultores familiares limitações técnicas e impactos práticos no cotidiano das lavouras menores Essa lacuna precisa ser preenchida com dados empíricos adaptados à realidade social e econômica dos pequenos produtores 3 OBJETIVOS O objetivo geral desta pesquisa é analisar o uso de biofertilizantes como alternativa sustentável ao uso de fertilizantes químicos por pequenos produtores familiares no Sul do Brasil entre os anos de 2020 e 2025 Já os objetivos específicos Investigar os tipos de biofertilizantes mais utilizados por agricultores familiares nos três estados da região Sul Avaliar os impactos agronômicos e econômicos do uso de biofertilizantes nas pequenas propriedades Identificar os principais desafios e limitações enfrentadas pelos agricultores familiares na adoção dessa tecnologia Verificar o papel das instituições públicas e privadas como EMATER universidades e ONGs na difusão e incentivo ao uso de biofertilizantes 4 JUSTIFICATIVA A presente pesquisa justificase por três dimensões principais teórica prática e social Contribuição teórica Este trabalho pretende contribuir com o campo da agronomia ao sistematizar e analisar o uso de biofertilizantes na agricultura familiar sob a perspectiva da sustentabilidade e da viabilidade produtiva Embora existam estudos técnicos sobre a produção de biofertilizantes há carência de pesquisas voltadas para a realidade dos pequenos produtores especialmente nas regiões com forte tradição agropecuária como o Sul do Brasil Contribuições na prática Na prática o estudo poderá servir como base para programas de extensão rural capacitação técnica e formulação de políticas públicas voltadas à transição agroecológica Além disso poderá orientar pequenos produtores sobre as vantagens e limitações da substituição de insumos químicos por biofertilizantes promovendo maior autonomia produtiva e redução de custos Relevância social A pesquisa também tem relevância social pois busca promover uma agricultura mais justa e sustentável que beneficie diretamente os agricultores familiares e a população consumidora ao fomentar alimentos mais saudáveis com menor impacto ambiental Além disso valoriza o saber local e práticas tradicionais aliando inovação tecnológica à preservação ambiental 5 METODOLOGIA A presente pesquisa adotará uma abordagem qualitativa com elementos quantitativos configurandose como um estudo descritivo e exploratório Inicialmente será realizado um levantamento bibliográfico e documental em fontes como artigos científicos dissertações teses relatórios técnicos e documentos institucionais disponíveis em bancos de dados como IBGE MAPA Embrapa além de legislações e programas governamentais que tratem da agricultura familiar e da utilização de biofertilizantes no Brasil Esse levantamento tem por objetivo fornecer o embasamento teórico necessário à análise do objeto de estudo além de auxiliar na formulação das categorias analíticas que nortearão a interpretação dos dados empíricos Como parte da investigação empírica serão selecionadas pequenas propriedades agrícolas localizadas nos estados do Rio Grande do Sul Santa Catarina e Paraná que estejam inseridas no contexto da agricultura familiar e que façam uso ou tenham tentado adotar práticas com biofertilizantes entre os anos de 2020 e 2025 A seleção desses casos será baseada na disponibilidade de acesso e na relevância das experiências relatadas para os objetivos da pesquisa Serão realizadas entrevistas semiestruturadas com agricultores familiares técnicos de extensão rural e representantes de instituições públicas ou privadas envolvidas na promoção da agroecologia e do uso de biofertilizantes As entrevistas visam compreender as motivações as dificuldades os impactos percebidos e o nível de conhecimento sobre os biofertilizantes por parte dos diferentes atores envolvidos Sempre que possível será realizada também observação de campo a fim de registrar diretamente as práticas adotadas nas propriedades e verificar as condições de aplicação e manejo dos biofertilizantes Os dados coletados serão organizados em categorias temáticas e analisados com base na técnica de análise de conteúdo buscando identificar padrões contradições desafios e potencialidades associadas ao uso de biofertilizantes no contexto da agricultura familiar da região Sul do Brasil REFERÊNCIAS BRASIL Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento MAPA Política Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica PNAPO Brasília MAPA 2012 Disponível em httpswwwgovbrmdaptbrcondrafnoticiascondrafResumo3Planapo1pdf Acesso em 07 jul 2025 EMBRAPA Biofertilizantes alternativas sustentáveis para a agricultura Brasília Embrapa 2020 IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística Censo Agropecuário 2017 Agricultura Familiar Rio de Janeiro IBGE 2021 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE FURG ELVIO FERNANDO GULARTE FREIRE USO DE BIOFERTILIZANTES NA AGRICULTURA FAMILIAR RIO GRANDE RS 2025 1 CONTEXTUALIZAÇÃO Nas últimas décadas o modelo agrícola intensivo baseado na mecanização no uso de sementes geneticamente modificadas e na aplicação massiva de fertilizantes químicos tem contribuído significativamente para o aumento da produção de alimentos No entanto esse mesmo modelo tem gerado impactos ambientais severos como a contaminação de solos e recursos hídricos além da perda da biodiversidade e da degradação da saúde do agricultor Diante desse cenário tornase urgente a busca por práticas agrícolas mais sustentáveis e acessíveis aos pequenos produtores que formam a base da agricultura familiar no Brasil Os biofertilizantes surgem como uma alternativa promissora a essa problemática Derivados de compostos orgânicos resíduos agroindustriais ou culturas microbianas os biofertilizantes atuam no fornecimento de nutrientes ao solo e às plantas além de melhorar a microbiota do solo promovendo equilíbrio ecológico e maior resistência das culturas Diferente dos fertilizantes químicos eles são biodegradáveis de baixo custo e compatíveis com práticas agroecológicas De acordo com dados do IBGE 2021 a agricultura familiar é responsável por aproximadamente 70 dos alimentos que chegam à mesa dos brasileiros Contudo esse setor enfrenta desafios constantes quanto ao acesso a tecnologias e insumos sustentáveis o que justifica o aprofundamento em práticas como o uso de biofertilizantes especialmente nas regiões que apresentam forte vocação agrícola como o Sul do Brasil 2 RECORTES Este trabalho terá como foco os pequenos produtores rurais do Sul do Brasil mais especificamente dos estados do Rio Grande do Sul Santa Catarina e Paraná no período compreendido entre os anos de 2020 e 2025 O recorte espacial privilegia a análise de comunidades agrícolas onde a agricultura familiar é predominante e onde há registros ainda que limitados de iniciativas voltadas ao uso de biofertilizantes O recorte temporal 20202025 se justifica por ser um período de grande estímulo a práticas sustentáveis por meio de políticas públicas e financiamentos específicos como o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar Pronaf bem como iniciativas de extensão rural voltadas à agroecologia Além disso o período coincide com o avanço das discussões ambientais no contexto do Acordo de Paris e da Agenda 2030 da ONU reforçando a importância da transição ecológica no campo Apesar de já existirem estudos sobre biofertilizantes muitos ainda se concentram em grandes propriedades ou em condições laboratoriais Pouco se sabe sobre sua adoção real percepções dos agricultores familiares limitações técnicas e impactos práticos no cotidiano das lavouras menores Essa lacuna precisa ser preenchida com dados empíricos adaptados à realidade social e econômica dos pequenos produtores 3 OBJETIVOS O objetivo geral desta pesquisa é analisar o uso de biofertilizantes como alternativa sustentável ao uso de fertilizantes químicos por pequenos produtores familiares no Sul do Brasil entre os anos de 2020 e 2025 Já os objetivos específicos Investigar os tipos de biofertilizantes mais utilizados por agricultores familiares nos três estados da região Sul Avaliar os impactos agronômicos e econômicos do uso de biofertilizantes nas pequenas propriedades Identificar os principais desafios e limitações enfrentadas pelos agricultores familiares na adoção dessa tecnologia Verificar o papel das instituições públicas e privadas como EMATER universidades e ONGs na difusão e incentivo ao uso de biofertilizantes 4 JUSTIFICATIVA A presente pesquisa justificase por três dimensões principais teórica prática e social Contribuição teórica Este trabalho pretende contribuir com o campo da agronomia ao sistematizar e analisar o uso de biofertilizantes na agricultura familiar sob a perspectiva da sustentabilidade e da viabilidade produtiva Embora existam estudos técnicos sobre a produção de biofertilizantes há carência de pesquisas voltadas para a realidade dos pequenos produtores especialmente nas regiões com forte tradição agropecuária como o Sul do Brasil Contribuições na prática Na prática o estudo poderá servir como base para programas de extensão rural capacitação técnica e formulação de políticas públicas voltadas à transição agroecológica Além disso poderá orientar pequenos produtores sobre as vantagens e limitações da substituição de insumos químicos por biofertilizantes promovendo maior autonomia produtiva e redução de custos Relevância social A pesquisa também tem relevância social pois busca promover uma agricultura mais justa e sustentável que beneficie diretamente os agricultores familiares e a população consumidora ao fomentar alimentos mais saudáveis com menor impacto ambiental Além disso valoriza o saber local e práticas tradicionais aliando inovação tecnológica à preservação ambiental 5 METODOLOGIA A presente pesquisa adotará uma abordagem qualitativa com elementos quantitativos configurandose como um estudo descritivo e exploratório Inicialmente será realizado um levantamento bibliográfico e documental em fontes como artigos científicos dissertações teses relatórios técnicos e documentos institucionais disponíveis em bancos de dados como IBGE MAPA Embrapa além de legislações e programas governamentais que tratem da agricultura familiar e da utilização de biofertilizantes no Brasil Esse levantamento tem por objetivo fornecer o embasamento teórico necessário à análise do objeto de estudo além de auxiliar na formulação das categorias analíticas que nortearão a interpretação dos dados empíricos Como parte da investigação empírica serão selecionadas pequenas propriedades agrícolas localizadas nos estados do Rio Grande do Sul Santa Catarina e Paraná que estejam inseridas no contexto da agricultura familiar e que façam uso ou tenham tentado adotar práticas com biofertilizantes entre os anos de 2020 e 2025 A seleção desses casos será baseada na disponibilidade de acesso e na relevância das experiências relatadas para os objetivos da pesquisa Serão realizadas entrevistas semiestruturadas com agricultores familiares técnicos de extensão rural e representantes de instituições públicas ou privadas envolvidas na promoção da agroecologia e do uso de biofertilizantes As entrevistas visam compreender as motivações as dificuldades os impactos percebidos e o nível de conhecimento sobre os biofertilizantes por parte dos diferentes atores envolvidos Sempre que possível será realizada também observação de campo a fim de registrar diretamente as práticas adotadas nas propriedades e verificar as condições de aplicação e manejo dos biofertilizantes Os dados coletados serão organizados em categorias temáticas e analisados com base na técnica de análise de conteúdo buscando identificar padrões contradições desafios e potencialidades associadas ao uso de biofertilizantes no contexto da agricultura familiar da região Sul do Brasil REFERÊNCIAS BRASIL Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento MAPA Política Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica PNAPO Brasília MAPA 2012 Disponível em httpswwwgovbrmdaptbrcondrafnoticiascondrafResumo3Planapo1pdf Acesso em 07 jul 2025 EMBRAPA Biofertilizantes alternativas sustentáveis para a agricultura Brasília Embrapa 2020 IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística Censo Agropecuário 2017 Agricultura Familiar Rio de Janeiro IBGE 2021
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Métodos de Pesquisa Reitor Carlos Alexandre Netto ViceReitor e PróReitor de Coordenação Acadêmica Rui Vicente Oppermann SECRETARIA DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Secretário Sérgio Roberto Kieling Franco ViceSecretário Silvestre Novak Comitê Editorial Lovois de Andrade Miguel Mara Lucia Fernandes Carneiro Silvestre Novak Sílvio Luiz Souza Cunha Sérgio Roberto Kieling Franco presidente EDITORA DA UFRGS Diretora Sara Viola Rodrigues Conselho Editorial Alexandre Santos Ana Lígia Lia de Paula Ramos Carlos Alberto Steil Cornelia Eckert Maria do Rocio Fontoura Teixeira Rejane Maria Ribeiro Teixeira Rosa Nívea Pedroso Sergio Schneider Susana Cardoso Tania Mara Galli Fonseca Valéria N Oliveira Monaretto Sara Viola Rodrigues presidente FNDE Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação UNIVERSIDADE ABERTA DO BRASIL CAPES SEAD Secretaria de Educação a Distância iepe série estudos e pesquisas Centro de Estudos e Pesquisas Econômicas UFRGS PGDR PROGRAMA DE PÓSGRADUAÇÃO EM DESENVOLVIMENTO RURAL EXERCÍCIO Faça uma introdução de pesquisa com base nos 6 elementos apresentados 1 CAPA 2 CONTEXTUALIZAÇÃO 3 RECORTES 4OBJETIVOS 5JUSTIFICATIVA 6 METODOLOGIA ELABORE UMA INTRODUÇÃO COM 3 A 4 PÁGINAS Data limite para a entrega até o dia 08072025 Atividade Avaliativa 2 Métodos de Pesquisa Tatiana Engel Gerhardt Denise Tolfo Silveira Organizadoras EAD SÉRIE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA UFRGS EDITORA SEAD Secretaria de Educação a Distância CURSO DE GRADUAÇÃO TECNOLÓGICA PLANEJAMENTO E GESTÃO PARA O DESENVOLVIMENTO RURAL dos Autores 1a edição 2009 Direitos reservados desta edição Universidade Federal do Rio Grande do Sul Capa e projeto gráfico Carla M Luzzatto Revisão Ignacio Antonio Neis Sabrina Pereira de Abreu e Rosany Schwarz Rodrigues Editoração eletrônica Luciane Delani Universidade Aberta do Brasil UABUFRGS Coordenador Luis Alberto Segovia Gonzalez Curso de Graduação Tecnológica Planejamento e Gestão para o Desenvolvimento Rural Coordenação Acadêmica Lovois de Andrade Miguel Coordenação Operacional Eliane Sanguiné ISBN 9788538600718 Métodos de pesquisa organizado por Tatiana Engel Gerhardt e Denise Tolfo Silveira coordenado pela Universidade Aberta do Brasil UABUFRGS e pelo Curso de Graduação Tecnológica Planejamento e Gestão para o Desenvolvimento Rural da SEADUFRGS Porto Alegre Editora da UFRGS 2009 120 p il 175x25cm Série Educação a Distância Inclui figuras quadros e anexos Inclui referências 1Metodologia da pesquisa científica 2 Métodos de pesquisa 3 Pesquisa científica Elaboração 4 Projeto de pesquisa Estruturação 5 Tecnologia da informação e co municação Pesquisa 6 Ética Plágio I Gerhardt Tatiana Engel II Silveira Denise Tolfo III Universidade Aberta do Brasil IV Universidade Federal do Rio Grande do Sul Secretaria de Educação a Distância Graduação Tecnológica Planejamento e Gestão para o Desenvolvimento Rural CDU 001891 M939 CIPBrasil Dados Internacionais de Catalogação na Publicação Jaqueline Trombin Bibliotecária responsável CRB10979 SUMÁRIO Introdução 9 Unidade 1 Aspectos teóricos e conceituais 11 Tatiana Engel Gerhardt e Aline Corrêa de Souza 11 Conceitosbase 11 111 O que é pesquisa 12 112 O que é metodologia 12 113 O que é conhecimento 13 114 O que é senso comum 13 115 O que é conhecimento científico 14 116 O que é ciência 14 12 Construção do conhecimento17 121 Conhecimento empírico 18 122 Conhecimento filosófico 19 123 Conhecimento teológico 20 124 Conhecimento científico 22 1241 Método científico 25 13 Referências 29 Unidade 2 A pesquisa científica 31 Denise Tolfo Silveira e Fernanda Peixoto Córdova 21 Tipos de pesquisa 31 211 Quanto à abordagem 31 2111 Pesquisa qualitativa 31 2112 Pesquisa quantitativa 33 212 Quanto à natureza 34 2121 Pesquisa básica 34 2122 Pesquisa aplicada 35 213 Quanto aos objetivos 35 2131 Pesquisa exploratória 35 2132 Pesquisa descritiva 35 2133 Pesquisa explicativa 35 214 Quanto aos procedimentos 36 2141 Pesquisa experimental 36 2142 Pesquisa bibliográfica 37 2143 Pesquisa documental 37 2144 Pesquisa de campo 37 2145 Pesquisa expostfacto 38 2146 Pesquisa de levantamento 38 2147 Pesquisa com survey 39 2148 Estudo de caso 39 2149 Pesquisa participante 40 21410 Pesquisaação 40 21411 Pesquisa etnográfica 41 21412 Pesquisa etnometodológica41 22 Referências 42 Unidade 3 A construção da pesquisa 43 Tatiana Engel Gerhardt 31 Algumas condutas que dificultam começar ou começar mal uma pesquisa 43 32 Processo de elaboração da pesquisa científica 46 321 Os três grandes eixos da pesquisa 46 322 As sete etapas da pesquisa 46 3221 Primeira etapa a questão inicial 48 3222 Segunda etapa a exploração do tema 49 3223 Terceira etapa a problemática 51 3224 Quarta etapa a construção do modelo de análise 53 3225 Quinta etapa a coleta de dados 56 3226 Sexta etapa a análise das informações 58 3227 Sétima etapa as conclusões 61 33 Referência 64 Unidade 4 Estrutura do projeto de pesquisa 65 Tatiana Engel Gerhardt Ieda Cristina Alves Ramos Deise Lisboa Riquinho e Daniel Labernarde dos Santos 41 Estrutura do projeto de pesquisa 65 411 Título do projeto 65 412 Introdução 66 413 Revisão bibliográfica 66 414 Procedimentos metodológicos 67 4141 Escolher o tipo de pesquisa 67 4142 Estabelecer população e amostra 68 4143 Determinar as técnicas de coleta de dados 68 4144 Técnicas de análise de dados 80 415 Aspectos éticos 86 416 Bibliografia 87 417 Cronograma 87 7 EAD 418 Orçamento 87 42 Referências 87 Unidade 5 Tecnologias de informação e comunicação 89 Denise Tolfo Silveira Fernanda Peixoto Córdova e André Luis Machado Bueno 51 Usos das Tecnologias de Informação e Comunicação 89 511 Ferramentas de apoio à pesquisa 90 5111 Ferramentas de busca bibliográfica em bases de dados 90 5112 Sistemas de Informação 91 52 Ética plágio 92 521 Legislação sites 92 53 Referências 93 Bibliografia de base 93 Bibliografia complementar 93 Glossário 95 Anexo A Notas para a elaboração e o desenvolvimento do método de observação 101 Anexo B Alguns problemas formais na redação de textos acadêmicos 105 Anexo C Algumas dicas de estilo para a redação técnicocientífica111 Anexo D Plágio eletrônico e ética 113 9 EAD INTRODUÇÃO Esta disciplina propõese a tratar os princípios fundamentais da pesquisa cien tífica do tema ao problema a revisão da literatura a classificação das pesquisas e o planejamento da pesquisa Também desenvolve conteúdos referentes aos enfoques específicos de pesquisas quantitativas e qualitativas às referências teóricas e suas implicações para a realização da pesquisa aos instrumentos e técnicas de pesqui sa mostrando suas características possibilidades e limites Desenvolve igualmente conteúdos sobre a escolha a adaptação o desenvolvimento e a aplicação dos instru mentos e técnicas Por fim são trabalhados conteúdos sobre a análise qualitativa e quantitativa dos dados e o uso das novas tecnologias de informação e comunicação Os objetivos gerais da disciplina são 1 fornecer o instrumental teórico e metodológico para que ao final da disciplina o aluno tenha subsídios para compreender e explicar o que é ciência e metodo logia da pesquisa científica 2 estabelecer relações diferenças e similitudes entre o conhecimento científico e outras modalidades de conhecimento 3 conhecer métodos e processos aplicáveis à pesquisa em suas diversas etapas A disciplina será conduzida por meio da leitura de textos didáticos e científicos da apresentação de vídeos do fornecimento de uma relação bibliográfica comple mentar de apoio e da prática dialógica em ambiente virtual Os mecanismos de avaliação envolvem atividades relacionadas aos conteúdos em ambiente virtual a produção de um trabalho final e avaliação presencial A carga horária semanal é de 2 horas 2 créditos 30 horas 11 EAD UNIDADE 1 ASPECTOS TEÓRICOS E CONCEITUAIS Tatiana Engel Gerhardt e Aline Corrêa de Souza INTRODUÇÃO Esta unidade explora aspectos teóricos e conceituais referentes à metodologia científica introduzindo alguns conceitos básicos de pesquisa Também apresenta as diferentes formas de construção do conhecimento científico A construção desta unidade foi baseada nas publicações de Fonseca 2002 Tartuce 2006 e Gil 2007 OBJETIVOS Os objetivos da Unidade 1 são 1 introduzir os conceitosbase sobre a metodologia científica e a produção do conhecimento 2 caracterizar os diferentes tipos de conhecimento e seus pressupostos 3 discutir o processo de construção do conhecimento científico 11 CONCEITOSBASE Tartuce 2006 aponta que a metodologia científica trata de método e ciência Método do grego methodos methodos significa literalmente caminho para chegar a um fim é portanto o caminho em direção a um objetivo metodologia é o es tudo do método ou seja é o corpo de regras e procedimentos estabelecidos para realizar uma pesquisa científica deriva de ciência a qual compreende o conjunto de conhecimentos precisos e metodicamente ordenados em relação a determinado do mínio do saber Metodologia científica é o estudo sistemático e lógico dos métodos empregados nas ciências seus fundamentos sua validade e sua relação com as teorias científicas Em geral o método científico compreende basicamente um conjunto de dados iniciais e um sistema de operações ordenadas adequado para a formulação de conclusões de acordo com certos objetivos predeterminados A atividade preponderante da metodologia é a pesquisa O conhecimento hu mano caracterizase pela relação estabelecida entre o sujeito e o objeto podendose dizer que esta é uma relação de apropriação A complexidade do objeto a ser conhe cido determina o nível de abrangência da apropriação Assim a apreensão simples 12 EAD da realidade cotidiana é um conhecimento popular ou empírico enquanto o estudo aprofundado e metódico da realidade enquadrase no conhecimento científico O questionamento do mundo e do homem quanto à origem liberdade ou destino remete ao conhecimento filosófico TARTUCE 2006 111 O que é pesquisa Segundo Gil 2007 p 17 pesquisa é definida como o procedimento racional e sistemático que tem como objetivo pro porcionar respostas aos problemas que são propostos A pesquisa de senvolvese por um processo constituído de várias fases desde a for mulação do problema até a apresentação e discussão dos resultados Só se inicia uma pesquisa se existir uma pergunta uma dúvida para a qual se quer buscar a resposta Pesquisar portanto é buscar ou procurar resposta para alguma coisa As razões que levam à realização de uma pesquisa científica podem ser agrupa das em razões intelectuais desejo de conhecer pela própria satisfação de conhecer e razões práticas desejo de conhecer com vistas a fazer algo de maneira mais eficaz Para se fazer uma pesquisa científica não basta o desejo do pesquisador em realizála é fundamental ter o conhecimento do assunto a ser pesquisado além de recursos humanos materiais e financeiros É irreal a visão romântica de que o pes quisador é aquele que inventa e promove descobertas por ser genial Claro que se há de considerar as qualidades pessoais do pesquisador pois ele não se atreveria a iniciar uma pesquisa se seus dados teóricos estivessem escritos numa língua que ele desco nhece Mas por outro lado ninguém duvida que a probabilidade de ser bem sucedi da uma pesquisa quando existem amplos recursos materiais e financeiros para pagar um tradutor por exemplo é muito maior do que outra com recursos deficientes Assim quando formos elaborar um projeto de pesquisa devemos levar em consideração inicialmente nossos próprios limites Nisso não se inclui o fato de não sabermos ler numa determinada língua pois se o trabalho for importante e estiver escrito em russo devemos encaminhálo para tradução à pessoa habilitada O planejamento passo a passo de todos os processos que serão utilizados faz parte da primeira fase da pesquisa científica que envolve ainda a escolha do tema a formulação do problema a especificação dos objetivos a construção das hipóteses e a operacionalização dos métodos veremos esses passos em detalhe nas Unidades 3 e 4 112 O que é metodologia Para Fonseca 2002 methodos significa organização e logos estudo sistemático pesquisa investigação ou seja metodologia é o estudo da organização dos caminhos a serem percorridos para se realizar uma pesquisa ou um estudo ou para se fazer ciência Etimologicamente significa o estudo dos caminhos dos instrumentos utili zados para fazer uma pesquisa científica 13 EAD É importante salientar a diferença entre metodologia e métodos A metodolo gia se interessa pela validade do caminho escolhido para se chegar ao fim proposto pela pesquisa portanto não deve ser confundida com o conteúdo teoria nem com os procedimentos métodos e técnicas Dessa forma a metodologia vai além da des crição dos procedimentos métodos e técnicas a serem utilizados na pesquisa indi cando a escolha teórica realizada pelo pesquisador para abordar o objeto de estudo No entanto embora não sejam a mesma coisa teoria e método são dois termos inse paráveis devendo ser tratados de maneira integrada e apropriada quando se escolhe um tema um objeto ou um problema de investigação MINAYO 2007 p 44 Minayo 2007 p 44 define metodologia de forma abrangente e concomitante a como a discussão epistemológica sobre o caminho do pen samento que o tema ou o objeto de investigação requer b como a apresentação adequada e justificada dos métodos técnicas e dos ins trumentos operativos que devem ser utilizados para as buscas relativas às indagações da investigação c e como a criatividade do pesquisa dor ou seja a sua marca pessoal e específica na forma de articular teo ria métodos achados experimentais observacionais ou de qualquer outro tipo específico de resposta às indagações específicas 113 O que é conhecimento De acordo com Fonseca 2002 p 10 o homem é por natureza um animal curioso Desde que nasce interage com a natureza e os objetos à sua volta interpretando o uni verso a partir das referências sociais e culturais do meio em que vive Apropriase do conhecimento através das sensações que os seres e os fenômenos lhe transmitem A partir dessas sensações elabora re presentações Contudo essas representações não constituem o objeto real O objeto real existe independentemente de o homem o conhecer ou não O conhecimento humano é na sua essência um esforço para resolver contradições entre as representações do objeto e a realidade do mesmo Assim o conhecimento dependendo da forma pela qual se chega a essa representação pode ser classificado de popular senso comum teológico mítico filosófico e científico Veremos mais adiante os diferentes tipos de conhecimento 114 O que é senso comum O senso comum segundo Fonseca 2002 p 10 surge da necessidade de re solver problemas imediatos A nossa vida desenvolvese em torno do senso comum Adquirido através de ações não planejadas ele surge instintivo espontâneo subjetivo acríti co permeado pelas opiniões emoções e valores de quem o produz Assim 14 EAD o senso comum varia de acordo com o conhecimento relativo da maioria dos sujeitos num determinado momento histórico Um dos exemplos de senso comum mais conhecido foi o de considerar que a Terra era o centro do Universo e que o Sol girava em torno dela Galileu ao afirmar que era a Terra que girava em volta do Sol quase foi queimado pela Inquisição Por tanto o senso comum é uma forma específica de conhecimento A cultura popular é baseada no senso comum Apesar de não ser sofisticada não é menos importante sendo crescentemente reconhecida 115 O que é conhecimento científico Diante das inúmeras formas de conhecimento o que é afinal conhecimento cien tífico Explicita ainda Fonseca 2002 p 11 O conhecimento científico é produzido pela investigação científica através de seus métodos Resultante do aprimoramento do senso co mum o conhecimento científico tem sua origem nos seus procedimen tos de verificação baseados na metodologia científica É um conheci mento objetivo metódico passível de demonstração e comprovação O método científico permite a elaboração conceitual da realidade que se deseja verdadeira e impessoal passível de ser submetida a testes de fal seabilidade Contudo o conhecimento científico apresenta um caráter provisório uma vez que pode ser continuamente testado enriquecido e reformulado Para que tal possa acontecer deve ser de domínio público 116 O que é ciência A publicação de Fonseca 2002 p 112 nos diz que a ciência é uma forma particular de conhecer o mundo É o saber produzido através do raciocínio lógico associado à expe rimentação prática Caracterizase por um conjunto de modelos de observação identificação descrição investigação experimental e ex planação teórica de fenômenos O método científico envolve técnicas exatas objetivas e sistemáticas Regras fixas para a formação de con ceitos para a condução de observações para a realização de experi mentos e para a validação de hipóteses explicativas O objetivo básico da ciência não é o de descobrir verdades ou de se cons tituir como uma compreensão plena da realidade Deseja fornecer um conhecimento provisório que facilite a interação com o mundo pos sibilitando previsões confiáveis sobre acontecimentos futuros e indicar mecanismos de controle que possibilitem uma intervenção sobre eles Vista desta forma a ciência adquiriu alto poder em relação ao conhecimento produzido e mantém uma posição privilegiada em relação aos demais conhecimentos o do senso comum por exemplo Essa posição privilegiada foi adquirida pela ciên cia ao longo da história sobretudo pelas conquistas efetuadas pela Biologia Química e Física por meio da construção do método científico Entretanto devese ter clareza de que a ciência é apenas uma das formas de se conhecer o mundo e portanto de que existem outras formas de tornar o mundo inteligível Na sociedade ocidental segundo Minayo 2007 a ciência é a forma hegemônica de construção do conhecimento embora seja considerada por muitos críticos como um novo mito da atualidade por causa de sua pretensão de ser único motor e critério de verdade p 35 Não concordando com o absolutismo do sentido e valor da ciência Minayo 2007 p 35 lembra que desde tempos imemoriais as religiões a filosofia os mitos a poesia e a arte têm sido instrumentos poderosos de conhecimento desvendando lógicas profundas do inconsciente coletivo da vida cotidiana e do destino humano Boaventura de Souza Santos sociólogo português no livro Um discurso sobre as ciências 1987 enquadra a natureza da ciência em três momentos Paradigma da modernidade Crise do paradigma dominante Paradigma emergente Fonseca 2002 p 112 expõe assim resumidamente esses três momentos O paradigma da modernidade é o dominante hoje em dia Substanciase nas ideias de Copérnico Kepler Galileu Newton Bacon e Descartes Construído com base no modelo das ciências naturais o paradigma da modernidade apresenta uma e só uma forma de conhecimento verdadeiro e uma racionalidade experimental quantitativa e neutra De acordo com o autor essa racionalidade é mecanicista pois considera o homem e o universo como máquinas é reducionista pois reduz o todo às partes e é cartesiano pois separa o mundo naturalempírico dos outros mundos não verificáveis como o espiritualsimbólico O autor apresenta outros pormenores do paradigma a a distinção entre conhecimento científico e conhecimento do senso comum entre natureza e pessoa humana corpo e mente corpo e espírito b a certeza da experiência ordenada c a linguagem matemática como o modelo de representação d a medição dos dados coletados e a análise que compõe o todo em partes f a busca de causas que aspira à formulação de leis à luz de regularidades observadas com vista a prever o comportamento futuro dos fenômenos g a expulsão da intenção h a ideia do mundo máquina i a possibilidade de descobrir as leis da sociedade Santos afirma ainda que a crise do paradigma dominante tem como referências as ideias de Einsten e os conceitos de relatividade e simultaneidade que colocaram o tempo e o espaço absolutos de Newton em debate Heisenberg e Bohr cujos conceitos de incerteza e continuum abalaram o rigor da medição Gödel que provou a impossibilidade da completa medição e defendeu que o rigor da matemática carece ele próprio de fundamento Ilya Prigogine que propôs uma nova visão de matéria e natureza O homem encontrase num momento de revisão sobre o rigor científico pautado no rigor matemático e de construção de novos paradigmas em vez de eternidade a história em vez do determinismo a impossibilidade em vez do mecanicismo 16 EAD a espontaneidade e a autoorganização em vez da reversibilidade a irreversibilidade e a evolução em vez da ordem a desordem em vez da necessidade a criatividade e o acidente O paradigma emergente deve se alicerçar nas premissas de que todo o conhecimento científiconatural é científicosocial todo co nhecimento é local e total o conhecimento pode ser utilizado fora do seu contexto de origem todo conhecimento é autoconhecimento o conhecimento analisado sob uma prisma mais contemplativo que ati vo todo conhecimento científico visa constituirse em senso comum o conhecimento científico dialoga com outras formas de conheci mento deixandose penetrar por elas Para Santos a ciência encontrase num movimento de transição de uma racionalidade ordenada previsível quantificável e testável para uma ou tra que enquadra o acaso a desordem o imprevisível o interpenetrável e o interpretável Um novo paradigma que se aproxima do senso comum e do local sem perder de vista o discurso científico e o global Minayo 2007 p 35 menciona duas razões para a hegemonia contemporânea da ciência como forma de conhecimento Uma externa que se acelerou a partir da modernidade e diz respeito a seu poder de dar respostas técnicas e tecnológicas aos problemas postos pelo desenvolvimento social e humano Embora esse ponto seja discu tível uma vez que problemas cruciais como pobreza miséria fome e violência continuam a desafiar as civilizações sem que a ciência tenha sido capaz de oferecer respostas e propostas efetivas A razão de ordem interna consiste no fato de os cientistas terem sido capazes de estabe lecer uma linguagem universal fundamentada em conceitos métodos e técnicas para a compreensão do mundo das coisas dos fenômenos dos processos das relações e das representações Regras universais e padrões rígidos permitindo uma linguagem comum divulgada e conhecida no mundo inteiro atualização e críticas permanentes fizeram da ciência a crença mais respeitável a partir da modernidade 17 EAD ANOTE Sugestão de leitura SANTOS Boaventura de Sousa Um discurso sobre as ciências na transição para uma ciência pósmoderna Estudos Avançados São Paulo v 2 n 2 p 4671 1988 Disponível em httpwwwscielobrscielophpscriptsciarttextpidS010340141988000200007lng ennrmiso Acesso em 8 jul 2007 Prépublicação 12 CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO Tartuce 2006 p 5 convidanos a refletir sobre o conceito de conhecimento como ponto de partida para entendermos como se dá a construção do conhecimento Assim o conhecimento pode ser definido como sendo a manifestação da consciência de conhecer Ao viver o ser humano tem experiências progressivas da dor e do prazer da fome e saciedade do quente e do frio entre muitas outras É o conhecimento que se dá pela vivência circunstancial e estrutural das propriedades necessárias à adaptação interpretação e assimilação do meio interior e exterior do ser Dessa maneira ocorrem então as relações entre sensação percepção e conhecimento sendo que a percepção tem uma função mediadora entre o mundo caótico dos sentidos e o mundo mais ou menos organi zado da atividade cognitiva É importante frisar que o conhecimento como também o ato de conhecer existe como forma de solução de problemas próprios e comuns à vida O conhecimento como forma de solução problemática mais ou me nos complexa ocorre em torno do fluxo e refluxo em que se dá a base da idealização pensamento memorização reflexão e criação os quais acontecem com maior ou menor intensidade acompanhando parâmetros cronológicos e de consciência do refletido e do irrefletido O conhecimento é um processo dinâmico e inacabado serve como refe rencial para a pesquisa tanto qualitativa como quantitativa das relações so ciais como forma de busca de conhecimentos próprios das ciências exatas e experimentais Portanto o conhecimento e o saber são essenciais e exis tenciais no homem ocorre entre todos os povos independentemente de raça crença porquanto no homem o desejo de saber é inato As diversificações na busca do saber e do conhecimento segundo carac teres e potenciais humanos originaram contingentes teóricos e práticos diferentes a serem destacados em níveis e espécies O homem em seu ato de conhecer conhece a realidade vivencial porque se os fenômenos agem sobre os seus sentidos ele também pode agir sobre os fatos adqui rindo uma experiência pluridimensional do universo De acordo com o movimento que orienta e organiza a atividade humana conhecer agir aprender e outros conhecimentos se dão em níveis diferenciados de apreensão da realidade embora estejam interrelacionados A definição clássica de conhecimento originada em Platão diz que ele consiste de crença verdadeira e justificada Em filosofia mais especificamente em epistemologia crença é um estado mental que pode ser verdadeiro ou falso Ela representa o elemento subjetivo do conhecimento Platão iniciador da tradição epistemológica opôs a crença ou opinião doxa em grego ao conceito de conhecimento Uma pessoa pode acreditar em algo e ainda assim ter dúvidas Acreditar em alguma coisa é dar a isso mais de 50 de chance de ser verdadeiro Acreditar é ação A crença é a certeza que se tem de alguma coisa É uma tomada de posição em que se acredita nela até o fim ou seja é sinônimo de convicção fé conjunto de ideias sobre alguma coisa etc atitude que admite uma coisa verdadeira Verdade significa o que é real ou possivelmente real dentro de um sistema de valores Esta qualificação implica o imaginário a realidade e a ficção questões centrais tanto em antropologia cultural artes filosofia e na própria razão O que é a verdade afinal Para Nietzsche a verdade é um ponto de vista Ele não define nem aceita definição da verdade porque diz que não se pode alcançar uma certeza sobre isso Em epistemologia justificação é um tipo de autorização a crer em alguma coisa Quando o indivíduo acredita em alguma coisa verdadeira e está justificado a crer sua crença é conhecimento Assim a justificação é um elemento fundamental do conhecimento Atualmente têmse como pressuposto que para que ocorra a construção do conhecimento há que se estabelecer uma relação entre o sujeito e o objeto de conhecimento Assumindo o pressuposto de que todo conhecimento humano reporta a um ponto de vista e a um lugar social compreendese que são quatro os pontos principais da busca do conhecimento Conhecimento empírico Conhecimento filosófico Conhecimento científico Conhecimento teológico 121 Conhecimento empírico É o conhecimento que adquirimos no cotidiano por meio de nossas experiências É construído por meio de tentativas e erros num agrupamento de ideias É caracterizado pelo senso comum pela forma espontânea e direta de entendermos Tartuce 2006 p 6 traz alguns elementos relacionados a esse tipo de conhecimento É o conhecimento obtido ao acaso após inúmeras tentativas ou seja o conhecimento adquirido através de ações não planejadas É o conhecimento do dia a dia que se obtém pela experiência cotidiana É espontâneo focalista sendo por isso considerado incompleto carente de objetividade Ocorre por meio do relacionamento diário do homem com as coisas Não há a intenção e a preocupação de atingir o que o objeto contém além das aparências Fundamento apenas na experiência doutrina ou atitude que admite quanto à origem do conhecimento de que este provenha apenas da experiência Dentre suas características destacamos Conjunto de opiniões geralmente aceitas em épocas determinadas e que as opiniões contrárias aparecem como aberrações individuais É valorativo por excelência pois se fundamenta numa operação operada com base em estados de ânimo e emoções É também reflexivo É verificável É falível e inexato O principal mérito do método empírico é o de assinalar com vigor a importância da experiência na origem dos nossos conhecimentos O conhecimento empírico se constitui assim em outra forma de conhecer e de se colocar no mundo 122 Conhecimento filosófico A palavra filosofia foi introduzida por Pitágoras e é composta em grego de philos amigo e sophia sabedoria Quanto à conceituação de Filosofia veja estes dados apresentados por Tartuce 2006 p 6 A Filosofia é a fonte de todas as áreas do conhecimento humano e todas as ciências não só dependem dela como nela se incluem É a ciência das primeiras causas e princípios A Filosofia é destituída de objeto particular mas assume o papel orientador de cada ciência na solução de problemas universais Progressivamente constatase que cada área do conhecimento desvinculase da Filosofia em função da forma como trata o objeto que é para a mesma a matéria Em toda trajetória filosófica surgiram ideias e teorias de grandes filósofos convergentes e divergentes Portanto se há generalidades não há consenso Isto pode ser exemplificado por expoentes como Pitágoras a alma governa o mundo As partes do universo unidas entre si refletem a harmonia expressas pelos números quantidades Sócrates o conhecimento é o guia da virtude Conhecete a ti mesmo e conhece a verdade que o outro encerra SIC Platão as ideias não são representações das coisas mas é a verdade das coisas Santo Agostinho preconiza que a razão é a dimensão espiritual São Tomás de Aquino considera o homem como indivíduo estudandoo na prospecção de matéria e forma admitindo que o universo seja dirigido pelo princípio da perfeição Francis Bacon no Renascimento defende a Filosofia por meio de concepções ligadas a pesquisas e experimentações Rousseau no século XVIII dá prioridade à sensibilidade em detrimento da razão O homem é naturalmente bom a sociedade o perverte Tratase de uma reflexão eminente moral defendendo a democracia vivida na dimensão da liberdade e da igualdade Locke empirista inglês defende a tese de que o homem ao nascer é uma tábua rasa sobre a qual a experiência é gravada A gênese do conhecimento que é a experiência é a sensação e a reflexão as quais geram ideias Kant admite que se o conhecimento se inicia com a experiência este não resulta só da experiência Hegel desenvolve uma filosofia cujo ponto de partida são as ideias inicialmente heterogêneas e por isso confusas Para tornálas claras devese considerar o vir a ser ou seja o objeto feito Todo dado racional é real e todo dado real é racional Marx constrói o materialismo dialético e materialismo histórico que defende a tese de que as contradições existem na Natureza Portanto dispõese a interpretar essas realidades que se são contraditórias são concretas A sua metodologia considera os seguintes itens próprios ao sistema a matéria o trabalho e a estrutura econômica 21 EAD divinos e superiores que controlam a Vida e o Universo Resulta do acúmulo de re velações transmitidas oralmente ou por inscrições imutáveis e procura dar respostas às questões que não sejam inteligíveis às outras esferas conhecimento Exemplos são os textos sagrados tais como a Bíblia o Alcorão ou Corão o livro sagrado do isla mismo as Escrituras de Nitiren Daishonin monge budista do Japão do século XIII que fundou o budismo Nitiren entre outros Adquirido a partir da aceitação de axiomas da fé teológica esse conhecimento é fruto da revelação da divindade por meio de indivíduos inspirados que apresentam respostas aos mistérios que permeiam a mente humana Teixeira nos apresenta em um texto algumas reflexões sobre essa forma de conhecimento A incumbência do Teólogo é provar a existência de Deus e que os tex tos bíblicos foram escritos mediante inspiração divina devendo por isso ser realmente aceitos como verdades absolutas e incontestáveis Hoje diferentemente do passado histórico a Ciência não se permite ser subjugada às influências de doutrinas da fé e quem está procuran do rever seus dogmas e reformulálos para não se opor à mentalidade científica do homem contemporâneo é a Teologia João Ruiz 1995 Isso porém é discutível pois não há nada mais perfeito do que a har monia e o equilíbrio do Universo que de qualquer modo está no co nhecimento da humanidade embora esta não tenha mãos que possam apalpálo ou olhos que possam divisar seu horizonte infinito A fé não é cega baseiase em experiências espirituais históricas arqueológicas e coletivas que lhe dão sustentação O conhecimento pode ter função de libertação ou de opressão O conhecimento pode ser libertador não só de indivíduos como também de grupos humanos Atualmente a detenção do conhecimento é um tipo de poder disputado entre as nações Contudo o conhecimento pode ser usado como mecanismo de opressão Quantas pessoas e nações se utilizam do conhecimento que detêm para oprimir Para discutir estas questões recémcitadas vêse a necessidade de insti tuirmos um novo paradigma para discussão do conhecimento o conhe cimento moderno entendese por conhecimento moderno a discussão em torno do conhecimento É a capacidade de questionar avaliar parâ metros de toda a história e reconstruir inovar e intervir É válido que além de discutir os paradigmas do conhecimento é necessário avaliar o problema específico do questionamento científico fonte imorredoura da inovação tornada hoje obsessiva No entanto a competência ino vadora sem precedentes pode estar muito mais a serviço da exclusão do que da cidadania solidária e da emancipação humana O fato de o mercado neoliberal estar se dando muito bem com o conhecimento tem afastado a escola e a universidade das coisas concretas da vida O questionamento sempre foi a alavanca crucial do conhecimento sen do que para mudar alguma coisa é imprescindível desfazêla em parte ou com parâmetros desfazêla totalmente A lógica do questionar leva a uma coerência temerária de a tudo desfazer para inovar Como exem plo a informática onde cada computador novo é feito para ser jogado fora literalmente morre de véspera e não sendo possível imaginar um computador final eterno E é neste foco que se nos apegarmos à estagnação também iremos para o lixo Podemos então afirmar a reconstrução provisória dentro do ponto de vista desconstrutivo pois tudo que existe hoje será objeto de questionamento e quem sabe mudanças O questionamento é assim passível de ser questionado quando cria um ambiente desfavorável ao homem e à natureza É importante conciliarmos o conhecimento com outras virtudes essenciais para o saber humano como a sensibilidade popular bom senso sabedoria experiência de vida ética etc Conhecer é comunicarse interagir com diferentes perspectivas e modos de compreensão inovando e modificando a realidade A relação entre conhecimento e democracia modernamente caracterizase como uma relação intrínseca o poder do conhecimento se impõe através de várias formas de dominação econômica política social etc A diferença entre pobres e ricos é determinada pelo fato de se deter ou não conhecimento já que o acesso à renda define as chances das pessoas e sociedades cada vez mais estas chances serão definidas pelo acesso ao conhecimento Convencionouse que em liderança política é indispensável nível superior E no topo da pirâmide social encontramos o conhecimento como o fator diferencial É inimaginável o progresso técnico que o conhecimento pode nos proporcionar como é facilmente imaginável o risco da destruição total Para equalizar esta distorção o preço maior é a dificuldade de arrumar a felicidade que parceira da sabedoria e do bom senso é muitas vezes desestabilizada pela soberba do conhecimento De forma geral podemos dizer que o conhecimento é o distintivo principal do ser humano é virtude e método central de análise e intervenção da realidade Também é ideologia com base científica a serviço da elite eou da corporação dos cientistas quando isenta de valores E finalmente pode ser a perversidade do ser humano quando é feito e usado para fins de destruição Disponível em httpwwwserprofessoruniversitarioprobrlerphpmodulo11texto631 puras o desenvolvimento de teorias e aplicadas a aplicação de teorias às necessidades humanas ou naturais o estudo do mundo natural e sociais o estudo do comportamento humano e da sociedade As Ciências Sociais têm peculiaridades que as distinguem das ciências naturais Os fenômenos humanos não ocorrem de forma semelhante à do mundo físico impossibilitando a previsibilidade A quantificação dos resultados é falha e limitada Os pesquisadores têm crenças que podem prejudicar os resultados de suas pesquisas O método por si só não pode explicar um fenômeno social TARTUCE 2006 p 8 Essa distinção entre as ciências naturais e as ciências sociais é objeto ainda hoje de inúmeras controvérsias e de disputas de poder entre os diferentes campos de estudo na academia A postura mais comum é a atribuição de status científico ao que pode ser quantificado e uma pequena tolerância par estudos qualitativos como ferramentas para a exploração de variáveis a serem testadas estatisticamente Minayo MinayoGómez 2003 p118 nos fazem a esse respeito três considerações importantes 1 Não há nenhum método melhor do que o outro o método caminho do pensamento ou seja o bom método será sempre aquele capaz de conduzir o investigador a alcançar as respostas para suas perguntas ou dizendo de outra forma a desenvolver seu objeto explicálo ou compreendêlo dependendo de sua proposta adequação do método ao problema de pesquisa 2 Os números uma das formas explicativas da realidade são uma linguagem assim como as categorias empíricas na abordagem qualitativa o são e cada abordagem pode ter seu espaço específico e adequado 3 Entendendo que a questão central da cientificidade de cada uma delas é de outra ordem a qualidade tanto quantitativa quanto qualitativa depende da pertinência relevância e uso adequado de todos os instrumentos Veremos na Unidade 2 mais detalhes sobre a pesquisa quantitativa e qualitativa Retomando a definição de conhecimento científico de acordo com Tartuce 2006 p 8 temos que o conhecimento científico exige demonstrações submetese à comprovação ao teste O senso comum representa a pedra fundamental do conhecimento humano e estrutura a captação do mundo empírico imediato para se transformar posteriormente em um conteúdo elaborado que por intermédio do bom senso poderá conduzir às soluções de problemas mais complexos e comuns até as formas de solução metodicamente elaboradas e que compõe o proceder científico Suas características são É real factual porque lida com ocorrências ou fatos Constitui um conhecimento contingente pois suas proposições ou hipóteses têm sua veracidade ou falsidade conhecida por intermédio da experiência e não apenas razão como ocorre no conhecimento filosófico É sistemático Possui características de verificabilidade É falível em virtude de não ser definitivo absoluto ou final e por este motivo é aproximadamente exato Vemos que o conhecimento científico se dá à medida que se investiga o que se pode fazer sobre a formulação de problemas que exigem estudos minuciosos para seu equacionamento Utilizase o conhecimento científico para se conseguir por intermédio da pesquisa constatar variáveis As variáveis são a presença eou ausência de um determinado fenômeno inserido em dada realidade Essa constatação se dá para que o estudioso possa dissertar ou agir adequadamente sobre as características do fenômeno que o fato apresenta Representativamente o estudioso pode estar interessado em investigar a situação do menor abandonado e delinquente com o objetivo de descrever as suas características como também procurar conhecer os fenômenos que encerram este fato para sobre eles fenômenos agir Quer aconteça o procedimento mantido para um ou outro objetivo concluise que o procedimento estará presente desde que obedeça a um PROJETO determinado cuja preocupação se estende às generalizações que possam até atender casos particulares A atividade desempenhada pelo cientista tem em vista definir as situações fenomenais pois somente definindoas ele é capaz de tornar conhecidos os conceitos elaborados Dessa maneira o estudioso consegue atingir em termos de conhecimento as qualidades e quantidades próprias e próximas à verdade ou às vezes quase próximas como também a certeza que o fato encerra Pretendese assim atingir o melhor índice de validade e fidelidade do conhecimento de um fenômeno Para atingir tal resultado é necessário que a busca do conhecimento de um fenômeno seja guiada por perguntas básicas que encaminarão o encontro de respostas concernentes e portanto coerentes entre si Essas perguntas podem ser sintetizadas em O que conhecer Por que conhecer Para que conhecer Como conhecer Com que conhecer Em que local conhecer Observase que tais procedimentos acabam por caracterizar uma ação metodológica que direcciona o conhecimento do pesquisador que se dirige a qualquer uma das propostas de formação profissional seja ela própria ao advogado ao psicólogo ao contador ao administrador entre outros Assim sendo a realidade científica é uma realidade construída e que tem significado à medida que oferece características objetivas quantitativamente mensuráveis eou qualitativamente observáveis e controladas Concluindo é possível destacar que O conhecimento científico surgiu a partir das preocupações humanas cotidianas e esse procedimento é consequente do bom senso organizado e sistemático O conhecimento científico considerado como um conhecimento superior exige a utilização de métodos processos técnicas especiais para análise compreensão e intervenção na realidade A abstração e a prática terão que ser dominadas por quem pretende trabalhar cientificamente São inegáveis as contribuições que a Ciência tem em nossas vidas e é difícil imaginar como seria nossa vida hoje sem os inúmeros avanços que a pesquisa científica nos proporcionou Entretanto toda aplicação prática por meio de tecnologias tem um impacto nem sempre positivo como a clonagem e a manipulação genética que levantam inúmeras questões éticas importantes e que merecem reflexão 1241 MÉTODO CIENTÍFICO Considerando o que já foi estudado até aqui reforçase a concepção de que a Ciência é um procedimento metódico cujo objetivo é conhecer interpretar e intervir na realidade tendo como diretriz problemas formulados que sustentam regras e ações adequadas à constituição do conhecimento Tartuce 2006 p 12 apresenta alguns conceitos importantes para melhor compreendermos a natureza do método científico Os métodos científicos são as formas mais seguras inventadas pelos homens para controlar o movimento das coisas que cerceiam um fato e montar formas de compreensão adequada dos fenômenos Fatos acontecem na realidade independentemente de haver ou não quem os conheça Fenômeno é a percepção que o observador tem do fato Pessoas diversas podem observar no mesmo fato fenômenos diferentes dependendo de seu paradigma Paradigmas constituemse em referenciais teóricos que servirão de orientação para a opção metodológica de investigação Mesmo que os paradigmas sejam constituídos por construções teóricas não há cisão entre a teoria e a prática ou entre a teoria e a lei científica Portanto um e outro coexistem gerando o que se pode denominar praxiologia Método Científico é a expressão lógica do raciocínio associada à formulação de argumentos convincentes Esses argumentos uma vez apresentados têm por finalidade informar descrever ou persuadir um fato Para isso o estudioso vai utilizarse de Termos são palavras declarações significações convencionais que se referem a um objeto Conceito é a representação expressão e interiorização daquilo que a coisa é compreensão da coisa É a idealização do objeto O conceito é uma atividade mental que conduz um conhecimento tornando não apenas compreensível essa pessoa ou essa coisa mas todas as pessoas e coisas da mesma época Definição é a manifestação e apreensão dos elementos contidos no conceito tratando de decidir em torno do que se duvida ou do que é ambivalente Saber utilizar adequadamente termos conceitos e definições significa metodologicamente expressar na Ciência aquilo que o indivíduo sabe e quer transmitir Método Dedutivo René Descartes 15961650 apresenta o Método Dedutivo a partir da matemática e de suas regras de evidência análise síntese e enumeração Esse método parte do geral e a seguir desce para o particular O protótipo do raciocínio dedutivo é o silogismo que a partir de duas proposições chamadas premissas retira uma terceira chamada conclusão Exemplo Todo mamífero tem um coração Ora todos os cães são mamíferos Logo todos os cães têm um coração No exemplo apresentado as duas premissas são verdadeiras portanto a conclusão é verdadeira Partese de princípios reconhecidos como verdadeiros e indiscutíveis possibilitando chegar a conclusões de maneira puramente formal em virtude de sua lógica Este método tem larga aplicação na Matemática e na Física cujos princípios podem ser enunciados por leis Já nas Ciências Sociais seu uso é mais restrito em virtude da dificuldade de se obterem argumentos gerais cuja veracidade não possa ser colocada em dúvida Gil 1999 Método Indutivo Para Francis Bacon 15611626 o conhecimento científico é o único caminho seguro para a verdade dos fatos Como Galileu critica Aristóteles filósofo grego por considerar que o silogismo e o processo de abstração não propiciam um conhecimento completo do universo O conhecimento é fundamentado exclusivamente na experiência sem levar em consideração princípios preestabelecidos O conhecimento científico para Bacon tem por finalidade servir o homem e darlhe poder sobre a natureza Bacon um dos fundadores do Método Indutivo considera as circunstâncias e a frequência com que ocorre determinado fenômeno os casos em que o fenômeno não se verifica os casos em que o fenômeno apresenta intensidade diferente 27 EAD Exemplo Antônio é mortal Benedito é mortal Carlos é mortal Zózimo é mortal Ora Antônio Benedito Carlos e Zózimo são homens Logo todos os homens são mortais A partir da observação é possível formular uma hipótese explicativa da causa do fenômeno Portanto por meio da indução chegase a conclusões que são apenas prováveis Método HipotéticoDedutivo Este método foi definido por Karl Popper a partir de suas críticas ao método indutivo Para ele o método indutivo não se justifica pois o salto indutivo de al guns para todos exigiria que a observação de fatos isolados fosse infinita O método hipotéticodedutivo pode ser explicado a partir do seguinte esquema PROBLEMA HIPÓTESES DEDUÇÃO DE CONSEQUÊNCIAS OBSERVADAS TENTATIVA DE FALSEAMENTO CORROBORAÇÃO Quando os conhecimentos disponíveis sobre um determinado assunto são in suficientes para explicar um fenômeno surge o problema Para tentar explicar o problema são formuladas hipóteses destas deduzemse consequências que deverão ser testadas ou falseadas Falsear significa tentar tornar falsas as consequências dedu zidas das hipóteses Enquanto no método dedutivo se procura confirmar a hipótese no método hipotéticodedutivo se procuram evidências empíricas para derrubála Quando não se consegue derrubar a hipótese temse sua corroboração segundo Popper a hipótese se mostra válida pois superou todos os testes porém ela não é defi nitivamente confirmada pois a qualquer momento poderá surgir um fato que a invalide Neste módulo introdutório não se pretende fazer uma revisão de correntes filosóficas em cursos mais extensos como os de Mestrado e Doutorado essas cor rentes são normalmente apresentadas em disciplinas específicas sobre metodologia científica que abordam a filosofia e epistemologia da ciência1 Entendemos que o aluno que pretende desenvolver um projeto de pesquisa uma monografia ou artigo científico terá que buscar muitos subsídios para essa tare fa Essa preparação envolve leitura tanto sobre o tema a ser investigado quanto sobre a metodologia de pesquisa a ser utilizada Para uma leitura mais aprofundada em métodos de pesquisa consulte a bibliografia que se encontra ao final deste módulo e alguns sites na Internet apresentados a seguir 1 Veja no Glossário alguns termos utilizados na produção do conhecimento científico como por exemplo epistemologia 28 EAD ANOTE Fontes para leitura sobre Métodos de pesquisa em desenvolvimento rural httpwwwieaspgovbroutpublicacoesasp201htm httpgipafcnptiaembrapabrbibliografi aselecaoportemasmetodologia httpwwwagriculturaurbanaorgbrRAUAU5AU5html httpwwwiicaorgbrDocsPublicacoesPublicacoesIICASergioBuarquepdf httpwwwiicaorgbrDocsPublicacoesPublicacoesIICAINPAzip httpwww6ufrgsbrpgdrtextos10ousodometodopdf LEMBRESE Ao longo dos módulos o aluno pode ir organizando suas ideias sobre possíveis temas de inte resse de pesquisa para um trabalho fi nal do curso relatório de pesquisa ou produção de um artigo A Internet é um recurso incrível para explorar as ideias Tornase pesquisador quem começa a investigar e registrar essas ideias Tornase cientista quem sistematiza sua investi gação e comunica seus resultados no formato padronizado da Ciência IMPORTANTE Após a leitura desta Unidade refl ita sobre a questão levantada por Minayo 2007 p 35 O que a Ciência possui de diferente em relação às outras modalidades de saber Exercício de fixação do que foi estudado2 1 O conhecimento científico foi se desenvolvendo aos poucos apropriando se da realidade da natureza Você crê que ele já atingiu a verdade em alguma área do universo real Por quê 2 O que é mais verdadeiro o objeto real ou o conhecimento que temos dele 3 Por que motivo o conhecimento científico depende de investigação metódica 4 Por que o conhecimento científico se esforça para ser exato e claro Isso tem a ver com a busca da verdade 5 O método científico é infalível Por quê 6 O que aconteceria se a Ciência aceitasse a concepção de verdade eterna para o conhecimento que ela tem da realidade 2 Adaptado de TARTUCE 2006 29 EAD 13 REFERÊNCIAS FONSECA J J S Metodologia da pesquisa científica Fortaleza UEC 2002 Apostila GIL A C Métodos e técnicas de pesquisa social 5 ed São Paulo Atlas 1999 Como elaborar projetos de pesquisa 4 ed São Paulo Atlas 2007 MINAYO M C S MINAYOGOMÉZ C Difíceis e possíveis relações entre méto dos quantitativos e qualitativos nos estudos de problemas de saúde In GOLDEN BERG P MARSIGLIA R M G GOMES M H A Orgs O clássico e o novo ten dências objetos e abordagens em ciências sociais e saúde Rio de Janeiro Fiocruz 2003 p11742 MINAYO M C S O desafio do conhecimento Pesquisa qualitativa em saúde São Paulo HUCITEC 2007 TARTUCE T J A Métodos de pesquisa Fortaleza UNICE Ensino Superior 2006 Apostila This page is blank 31 EAD UNIDADE 2 A PESQUISA CIENTÍFICA Denise Tolfo Silveira e Fernanda Peixoto Córdova INTRODUÇÃO A pesquisa é a atividade nuclear da Ciência Ela possibilita uma aproximação e um entendimento da realidade a investigar A pesquisa é um processo permanen temente inacabado Processase por meio de aproximações sucessivas da realidade fornecendonos subsídios para uma intervenção no real A pesquisa científica é o resultado de um inquérito ou exame minucioso rea lizado com o objetivo de resolver um problema recorrendo a procedimentos cientí ficos Lehfeld 1991 referese à pesquisa como sendo a inquisição o procedimento sistemático e intensivo que tem por objetivo descobrir e interpretar os fatos que estão inseridos em uma determinada realidade OBJETIVOS Os objetivos desta Unidade são 1 identificar os diferentes tipos de pesquisa quanto à sua abordagem sua natureza seus objetivos e seus procedimentos 2 selecionar a modalidade de pesquisa adequada ao objeto de pesquisa 21 TIPOS DE PESQUISA 211 Quanto à abordagem 2111 PESQUISA QUALITATIVA A pesquisa qualitativa não se preocupa com representatividade numérica mas sim com o aprofundamento da compreensão de um grupo social de uma or ganização etc Os pesquisadores que adotam a abordagem qualitativa opõemse ao pressuposto que defende um modelo único de pesquisa para todas as ciências já que as ciências sociais têm sua especificidade o que pressupõe uma metodologia própria As sim os pesquisadores qualitativos recusam o modelo positivista aplicado ao estudo da 32 EAD vida social uma vez que o pesquisador não pode fazer julgamentos nem permitir que seus preconceitos e crenças contaminem a pesquisa GOLDENBERG 1997 p 34 Os pesquisadores que utilizam os métodos qualitativos buscam explicar o por quê das coisas exprimindo o que convém ser feito mas não quantificam os valores e as trocas simbólicas nem se submetem à prova de fatos pois os dados analisados são nãométricos suscitados e de interação e se valem de diferentes abordagens Na pesquisa qualitativa o cientista é ao mesmo tempo o sujeito e o objeto de suas pesquisas O desenvolvimento da pesquisa é imprevisível O conhecimento do pesquisador é parcial e limitado O objetivo da amostra é de produzir informações aprofundadas e ilustrativas seja ela pequena ou grande o que importa é que ela seja capaz de produzir novas informações DESLAURIERS 1991 p 58 A pesquisa qualitativa preocupase portanto com aspectos da realidade que não podem ser quantificados centrandose na compreensão e explicação da dinâ mica das relações sociais Para Minayo 2001 a pesquisa qualitativa trabalha com o universo de significados motivos aspirações crenças valores e atitudes o que cor responde a um espaço mais profundo das relações dos processos e dos fenômenos que não podem ser reduzidos à operacionalização de variáveis Aplicada inicialmente em estudos de Antropologia e Sociologia como contraponto à pesquisa quantitativa dominante tem alargado seu campo de atuação a áreas como a Psicologia e a Educa ção A pesquisa qualitativa é criticada por seu empirismo pela subjetividade e pelo envolvimento emocional do pesquisador MINAYO 2001 p 14 As características da pesquisa qualitativa são objetivação do fenômeno hie rarquização das ações de descrever compreender explicar precisão das relações entre o global e o local em determinado fenômeno observância das diferenças entre o mundo social e o mundo natural respeito ao caráter interativo entre os objetivos buscados pelos investigadores suas orientações teóricas e seus dados empíricos bus ca de resultados os mais fidedignos possíveis oposição ao pressuposto que defende um modelo único de pesquisa para todas as ciências Entretanto o pesquisador deve estar atento para alguns limites e riscos da pes quisa qualitativa tais como excessiva confiança no investigador como instrumento de coleta de dados risco de que a reflexão exaustiva acerca das notas de campo possa representar uma tentativa de dar conta da totalidade do objeto estudado além de controlar a influência do observador sobre o objeto de estudo falta de detalhes sobre os processos através dos quais as conclusões foram alcançadas falta de observância de aspectos diferentes sob enfoques diferentes certeza do próprio pesquisador com relação a seus dados sensação de dominar profundamente seu objeto de estudo en volvimento do pesquisador na situação pesquisada ou com os sujeitos pesquisados 33 EAD 2112 PESQUISA QUANTITATIVA Esclarece Fonseca 2002 p 20 Diferentemente da pesquisa qualitativa os resultados da pesquisa quantitativa podem ser quantificados Como as amostras geralmente são grandes e consideradas representativas da população os resultados são tomados como se constituíssem um retrato real de toda a popula ção alvo da pesquisa A pesquisa quantitativa se centra na objetividade Influenciada pelo positivismo considera que a realidade só pode ser compreendida com base na análise de dados brutos recolhidos com o auxílio de instrumentos padronizados e neutros A pesquisa quan titativa recorre à linguagem matemática para descrever as causas de um fenômeno as relações entre variáveis etc A utilização conjunta da pesquisa qualitativa e quantitativa permite recolher mais informações do que se poderia conseguir isoladamente O quadro 1 abaixo compara os principais aspectos da pesquisa qualitativa e da pesquisa quantitativa Aspecto Pesquisa Quantitativa Pesquisa Qualitativa Enfoque na interpretação do objeto menor maior Importância do contexto do ob jeto pesquisado menor maior Proximidade do pesquisador em relação aos fenômenos es tudados menor maior Alcance do estudo no tempo instantâneo intervalo maior Quantidade de fontes de dados uma várias Ponto de vista do pesquisador externo à organização interno à organização Quadro teórico e hipóteses defi nidas rigorosamente menos estruturadas Quadro 1 Comparação dos aspectos da pesquisa qualitativa com os da pesquisa quantitativa Fonte FONSECA 2002 A pesquisa quantitativa que tem suas raízes no pensamento positivista lógico tende a enfatizar o raciocínio dedutivo as regras da lógica e os atributos mensuráveis da experiência humana Por outro lado a pesquisa qualitativa tende a salientar os aspectos dinâmicos holísticos e individuais da experiência humana para apreender a totalidade no contexto daqueles que estão vivenciando o fenômeno POLIT BE CKER E HUNGLER 2004 p 201 O quadro 2 apresenta uma comparação entre o método quantitativo e o método qualitativo 34 EAD Pesquisa Quantitativa Pesquisa Qualitativa Focaliza uma quantidade pequena de conceitos Tenta compreender a totalidade do fenômeno mais do que focalizar conceitos específi cos Inicia com ideias preconcebidas do modo pelo qual os conceitos estão relacionados Possui poucas ideias preconcebidas e salienta a importância das interpretações dos eventos mais do que a interpretação do pesquisador Utiliza procedimentos estruturados e instrumentos formais para coleta de dados Coleta dados sem instrumentos formais e estruturados Coleta os dados mediante condições de controle Não tenta controlar o contexto da pesquisa e sim captar o contexto na totalidade Enfatiza a objetividade na coleta e análise dos dados Enfatiza o subjetivo como meio de compreender e interpretar as experiências Analisa os dados numéricos através de procedimentos estatísticos Analisa as informações narradas de uma forma organizada mas intuitiva Quadro 2 Comparação entre o método quantitativo e o método qualitativo Elaborado a partir de POLIT et al 2004 Assim como visto até aqui tanto a pesquisa quantitativa quanto a pesquisa qualitativa apresentam diferenças com pontos fracos e fortes Contudo os elementos fortes de um complementam as fraquezas do outro fundamentais ao maior desen volvimento da Ciência INFORMAÇÃO Ver capítulo 7 O planejamento de pesquisas qualitativas em ALVESMAZZOTTI GEWANDSZNAJDER 1998 p 14778 ANOTE A visão de que o conhecimento produzido na área das ciências naturais tem mais validade do que o conhecimento produzido na área das ciências sociais e humanas ainda persiste embora muito se tenha avançado A ideia de Galileu segundo a qual conhecer signifi ca quantifi car por muito tempo esteve presente na produção do conhecimento por isso a pesquisa quantitativa mesmo nas Ciências Sociais era utilizada como único meio até as discussões se iniciarem na década de 1980 no Brasil em torno da abordagem qualitativa de pesquisa para a análise e apreensão dos fenômenos humanos PIETROBON 2006 p 78 SUGESTÃO Assista ao fi lme O ponto de mutação ou leia o livro com o mesmo título de Fritjof Capra físico austríaco que retrata a história do pensamento científi co para apoiar a ideia de que é preciso quebrar as bases da ciência moderna pautada no sistema matemático cartesiano que vê o mundo como uma máquina perfeita a serviço do homem para entender o quanto ao longo de séculos ela convergiu do modo como a natureza incluindo nós humanos se organiza e mantém a vida 212 Quanto à natureza 2121 PESQUISA BÁSICA Objetiva gerar conhecimentos novos úteis para o avanço da Ciência sem apli cação prática prevista Envolve verdades e interesses universais 35 EAD 2122 PESQUISA APLICADA Objetiva gerar conhecimentos para aplicação prática dirigidos à solução de problemas específicos Envolve verdades e interesses locais 213 Quanto aos objetivos Para Gil 2007 com base nos objetivos é possível classificar as pesquisas em três grupos 2131 PESQUISA EXPLORATÓRIA Este tipo de pesquisa tem como objetivo proporcionar maior familiaridade com o problema com vistas a tornálo mais explícito ou a construir hipóteses A grande maioria dessas pesquisas envolve a levantamento bibliográfico b entre vistas com pessoas que tiveram experiências práticas com o problema pesquisado e c análise de exemplos que estimulem a compreensão GIL 2007 Essas pesquisas podem ser classificadas como pesquisa bibliográfica e estudo de caso GIL 2007 2132 PESQUISA DESCRITIVA A pesquisa descritiva exige do investigador uma série de informações sobre o que deseja pesquisar Esse tipo de estudo pretende descrever os fatos e fenômenos de determinada realidade TRIVIÑOS 1987 São exemplos de pesquisa descritiva estudos de caso análise documental pes quisa expostfacto Para Triviños 1987 p 112 os estudos descritivos podem ser criticados por que pode existir uma descrição exata dos fenômenos e dos fatos Estes fogem da possibilidade de verificação através da observação Ainda para o autor às vezes não existe por parte do investigador um exame crítico das informações e os resultados podem ser equivocados e as técnicas de coleta de dados como questionários escalas e entrevistas podem ser subjetivas apenas quantificáveis gerando imprecisão 2133 PESQUISA EXPLICATIVA Este tipo de pesquisa preocupase em identificar os fatores que determinam ou que contribuem para a ocorrência dos fenômenos GIL 2007 Ou seja este tipo de pesquisa explica o porquê das coisas através dos resultados oferecidos Segundo Gil 2007 p 43 uma pesquisa explicativa pode ser a continuação de outra descritiva posto que a identificação de fatores que determinam um fenômeno exige que este esteja suficientemente descrito e detalhado 36 EAD Pesquisas desse tipo podem ser classificadas como experimentais e expost facto GIL 2007 214 Quanto aos procedimentos De acordo com Fonseca 2002 a pesquisa possibilita uma aproximação e um entendimento da realidade a investigar como um processo permanentemente ina cabado Ela se processa através de aproximações sucessivas da realidade fornecendo subsídios para uma intervenção no real Segundo este autor a pesquisa científica é o resultado de um inquérito ou exame minucioso realizado com o objetivo de resolver um problema recorrendo a procedimentos científicos Investigase uma pessoa ou grupo capacitado sujeito da investigação abordando um aspecto da realidade objeto da investigação no senti do de comprovar experimentalmente hipóteses investigação experimental ou para descrevêla investigação descritiva ou para explorála investigação exploratória Para se desenvolver uma pesquisa é indispensável selecionar o método de pes quisa a utilizar De acordo com as características da pesquisa poderão ser escolhidas diferentes modalidades de pesquisa sendo possível aliar o qualitativo ao quantitativo 2141 PESQUISA EXPERIMENTAL O estudo experimental segue um planejamento rigoroso As etapas de pesquisa iniciam pela formulação exata do problema e das hipóteses que delimitam as vari áveis precisas e controladas que atuam no fenômeno estudado TRIVIÑOS 1987 Para Gil 2007 a pesquisa experimental consiste em determinar um objeto de estudo selecionar as variáveis que seriam capazes de influenciálo definir as formas de controle e de observação dos efeitos que a variável produz no objeto Já segundo Fonseca 2002 p 38 A pesquisa experimental seleciona grupos de assuntos coincidentes submeteos a tratamentos diferentes verificando as variáveis estranhas e checando se as diferenças observadas nas respostas são estatistica mente significantes Os efeitos observados são relacionados com as variações nos estímulos pois o propósito da pesquisa experimental é apreender as relações de causa e efeito ao eliminar explicações con flitantes das descobertas realizadas Sendo assim a elaboração de instrumentos para a coleta de dados deve ser submetida a testes para assegurar sua eficácia em medir aquilo que a pesquisa se propõe a medir A pesquisa experimental pode ser desenvolvida em laboratório onde o meio ambiente criado é artificial ou no campo onde são criadas as condições de manipu lação dos sujeitos nas próprias organizações comunidades ou grupos Para Fonseca 2002 as duas modalidades de pesquisa mais comuns são pesquisas experimentais apenas com dois grupos homogêneos denominados experimental e de controle Aplicado um estímulo ao grupo experimental no final comparamse os dois grupos para avaliar as alterações pesquisas experimentais antesdepois com um único grupo definido previamente em função de suas características e geralmente reduzido 2142 PESQUISA BIBLIOGRÁFICA A pesquisa bibliográfica é feita a partir do levantamento de referências teóricas já analisadas e publicadas por meios escritos e eletrônicos como livros artigos científicos páginas de web sites Qualquer trabalho científico iniciase com uma pesquisa bibliográfica que permite ao pesquisador conhecer o que já se estudou sobre o assunto Existem porém pesquisas científicas que se baseiam unicamente na pesquisa bibliográfica procurando referências teóricas publicadas com o objetivo de recolher informações ou conhecimentos prévios sobre o problema a respeito do qual se procura a resposta FONSECA 2002 p 32 Para Gil 2007 p 44 os exemplos mais característicos desse tipo de pesquisa são sobre investigações sobre ideologias ou aquelas que se propõem à análise das diversas posições acerca de um problema 2143 PESQUISA DOCUMENTAL A pesquisa documental trilha os mesmos caminhos da pesquisa bibliográfica não sendo fácil por vezes distinguilas A pesquisa bibliográfica utiliza fontes constituídas por material já elaborado constituído basicamente por livros e artigos científicos localizados em bibliotecas A pesquisa documental recorre a fontes mais diversificadas e dispersas sem tratamento analítico tais como tabelas estatísticas jornais revistas relatórios documentos oficiais cartas filmes fotografias pinturas tapeçarias relatórios de empresas vídeos de programas de televisão etc FONSECA 2002 p 32 2144 PESQUISA DE CAMPO A pesquisa de campo caracterizase pelas investigações em que além da pesquisa bibliográfica eou documental se realiza coleta de dados junto a pessoas com o recurso de diferentes tipos de pesquisa pesquisa expostfacto pesquisaação pesquisa participante etc FONSECA 2002 38 EAD 2145 PESQUISA EXPOSTFACTO A pesquisa expostfacto tem por objetivo investigar possíveis relações de causa e efeito entre um determinado fato identificado pelo pesqui sador e um fenômeno que ocorre posteriormente A principal carac terística deste tipo de pesquisa é o fato de os dados serem coletados após a ocorrência dos eventos A pesquisa expostfacto é utilizada quando há impossibilidade de apli cação da pesquisa experimental pelo fato de nem sempre ser possível manipular as variáveis necessárias para o estudo da causa e do seu efeito FONSECA 2002 p 32 Como exemplo desse tipo de pesquisa podese citar um estudo sobre a eva são escolar quando se tenta analisar suas causas Num estudo experimental seria o inverso tomandose primeiramente um grupo de alunos a quem seria dado um determinado tratamento e observandose depois o índice de evasão 2146 PESQUISA DE LEVANTAMENTO Fonseca 2002 aponta que este tipo de pesquisa é utilizado em estudos explo ratórios e descritivos o levantamento pode ser de dois tipos levantamento de uma amostra ou levantamento de uma população também designado censo Esclarece o autor 2002 p 33 O Censo populacional constituía única fonte de informação sobre a situação de vida da população nos municípios e localidades Os cen sos produzem informações imprescindíveis para a definição de po líticas públicas estaduais e municipais e para a tomada de decisões de investimentos sejam eles provenientes da iniciativa privada ou de qualquer nível de governo Foram recenseados todos os moradores em domicílios particulares permanentes e improvisados e coletivos na data de referência Através de pesquisas mensais do comércio da indústria e da agricultura é possível recolher informações sobre o seu desempenho A coleta de dados realizase em ambos os casos através de questionários ou entrevistas Entre as vantagens dos levantamentos temos o conhecimento direto da reali dade economia e rapidez e obtenção de dados agrupados em tabelas que possibili tam uma riqueza na análise estatística Os estudos descritivos são os que mais se adéquam aos levantamentos Exem plos são os estudos de opiniões e atitudes GIL 2007 p 52 39 EAD 2147 PESQUISA COM SURVEY É a pesquisa que busca informação diretamente com um grupo de interesse a respeito dos dados que se deseja obter Tratase de um procedimento útil especial mente em pesquisas exploratórias e descritivas SANTOS 1999 A pesquisa com survey pode ser referida como sendo a obtenção de dados ou informações sobre as características ou as opiniões de determinado grupo de pessoas indicado como representante de uma populaçãoalvo utilizando um questionário como instrumento de pesquisa FONSECA 2002 p 33 Nesse tipo de pesquisa o respondente não é identificável portanto o sigilo é garantido São exemplos desse tipo de estudo as pesquisas de opinião sobre determi nado atributo a realização de um mapeamento geológico ou botânico 2148 ESTUDO DE CASO Esta modalidade de pesquisa é amplamente usada nas ciências biomédicas e sociais GIL 2007 p 54 Um estudo de caso pode ser caracterizado como um estudo de uma entidade bem definida como um programa uma instituição um siste ma educativo uma pessoa ou uma unidade social Visa conhecer em profundidade o como e o porquê de uma determinada situação que se supõe ser única em muitos aspectos procurando descobrir o que há nela de mais essencial e característico O pesquisador não pretende intervir sobre o objeto a ser estudado mas revelálo tal como ele o percebe O estudo de caso pode decorrer de acordo com uma perspectiva in terpretativa que procura compreender como é o mundo do ponto de vista dos participantes ou uma perspectiva pragmática que visa simplesmente apresentar uma perspectiva global tanto quanto pos sível completa e coerente do objeto de estudo do ponto de vista do investigador FONSECA 2002 p 33 Para AlvesMazzotti 2006 p 640 os exemplos mais comuns para esse tipo de estudo são os que focalizam apenas uma unidade um indivíduo como os casos clínicos descritos por Freud um pequeno grupo como o estudo de Paul Willis so bre um grupo de rapazes da classe trabalhadora inglesa uma instituição como uma escola um hospital um programa como o Bolsa Família ou um evento a eleição do diretor de uma escola Ainda segundo a autora podemos ter também estudos de casos múltiplos nos quais vários estudos são conduzidos simultaneamente vários indivíduos como por exemplo professores alfabetizadores bemsucedidos várias instituições como por exemplo diferentes escolas que estão desenvolvendo um mesmo projeto 40 EAD 2149 PESQUISA PARTICIPANTE Este tipo de pesquisa caracterizase pelo envolvimento e identificação do pes quisador com as pessoas investigadas A pesquisa participante foi criada por Bronislaw Malinowski para conhecer os nati vos das ilhas Trobriand ele foi se tornar um deles Rompendo com a sociedade ocidental montava sua tenda nas aldeias que desejava estudar aprendia suas línguas e observava sua vida quotidiana FONSECA 2002 Exemplos de aplicação da pesquisa participante são o estabelecimento de programas públicos ou plataformas políticas e a determinação de ações básicas de grupos de trabalho 21410 PESQUISAAÇÃO Define Thiollent 1988 A pesquisa ação é um tipo de investigação social com base empírica que é concebida e realizada em estreita associação com uma ação ou com a resolução de um problema coletivo no qual os pesquisadores e os participantes representativos da situação ou do problema estão envolvidos de modo cooperativo ou participativo Por sua vez Fonseca 2002 precisa A pesquisaação pressupõe uma participação planejada do pesquisa dor na situação problemática a ser investigada O processo de pesquisa recorre a uma metodologia sistemática no sentido de transformar as realidades observadas a partir da sua compreensão conhecimento e compromisso para a ação dos elementos envolvidos na pesquisa p 34 O objeto da pesquisaação é uma situação social situada em conjunto e não um conjunto de variáveis isoladas que se poderiam analisar inde pendentemente do resto Os dados recolhidos no decurso do trabalho não têm valor significativo em si interessando enquanto elementos de um processo de mudança social O investigador abandona o papel de observador em proveito de uma atitude participativa e de uma rela ção sujeito a sujeito com os outros parceiros O pesquisador quando participa na ação traz consigo uma série de conhecimentos que serão o substrato para a realização da sua análise reflexiva sobre a realidade e os elementos que a integram A reflexão sobre a prática implica em modificações no conhecimento do pesquisador p 35 Para Gil 2007 p 55 a pesquisaação tem sido alvo de controvérsia devido ao envolvimento ativo do pesquisador e à ação por parte das pessoas ou grupos envol vidos no problema Apesar das críticas essa modalidade de pesquisa tem sido usada por pesquisadores identificados pelas ideologias reformistas e participativas 21411 PESQUISA ETNOGRÁFICA A pesquisa etnográfica pode ser entendida como o estudo de um grupo ou povo As características específicas da pesquisa etnográfica são o uso da observação participante da entrevista intensiva e da análise de documentos a interação entre pesquisador e objeto pesquisado a flexibilidade para modificar os rumos da pesquisa a ênfase no processo e não nos resultados finais a visão dos sujeitos pesquisados sobre suas experiências a não intervenção do pesquisador sobre o ambiente pesquisado a variação do período que pode ser de semanas de meses e até de anos a coleta dos dados descritivos transcritos literalmente para a utilização no relatório Exemplos desse tipo são as pesquisas realizadas sobre os processos educativos que analisam as relações entre escola professor aluno e sociedade com o intuito de conhecer profundamente os diferentes problemas que sua interação desperta 21412 PESQUISA ETNOMETODOLÓGICA O termo etnometodologia designa uma corrente da Sociologia americana que surgiu na Califórnia no final da década de 1960 tendo como principal marco fundador a publicação do livro de Harold Garfinkel Studies in Ethnomethodology Estudos sobre Etnometodologia em 1967 COULON 1995 p 7 O termo etnometodologia se refere nas suas raízes gregas às estratégias que as pessoas utilizam cotidianamente para viver Tendo essa referência por norte a pesquisa etnometodológica visa compreender como as pessoas constroem ou reconstruem a sua realidade social Para a pesquisa etnometodológica fenômenos sociais não determinam de fora a conduta humana A conduta humana é o resultado da interação social que se produz continuamente através da sua prática quotidiana Os seres humanos são capazes de ativamente definir e articular procedimentos de acordo com as circunstâncias e as situações sociais em que estão implicados A pesquisa etnometodológica analisa deste modo os procedimentos a que os indivíduos recorrem para concretizar as suas ações diárias FONSECA 2002 p 36 Para estudar as ações dos sujeitos na vida quotidiana a pesquisa etnometodológica baseiase em uma multiplicidade de instrumentos entre os quais podemos citar a observação direta a observação participante entrevistas estudos de relatórios e documentos administrativos gravações em vídeo e áudio 42 EAD Assim a análise etnometodológica esclarece de que maneira as coisas vêm a ser como são nos grupos sociais de que maneira cada grupo e cada membro apreende e dá sentido à realidade e por quais processos intersubjetivos a mediação da linguagem entre os grupos e seus lugares constrói a realidade social que afirmam COULON 1995 p 90 SUGESTÕES Ver capítulo 4 Como classifi car as pesquisas em GIL 1987 p 10515 2007 p 4157 Ver capítulo 4 Alguns temas no desenvolvimento de uma pesquisa em TRIVIÑOS 1987 p10915 22 REFERÊNCIAS ALVESMAZZOTTI A J GEWANDSZNAJDER F O método nas ciências naturais e sociais pesquisa quantitativa e qualitativa São Paulo Pioneira 1998 Usos e abusos dos estudos de caso Cadernos de Pesquisa online v 36 n 129 p 63751 2006 COULON Alan Etnometodologia Trad de Ephraim Ferreira Alves Petrópolis Vozes 1995 FONSECA J J S Metodologia da pesquisa científica Fortaleza UEC 2002 Apostila GIL A C Como elaborar projetos de pesquisa 4 ed São Paulo Atlas 2007 GOLDENBERG M A arte de pesquisar Rio de Janeiro Record 1997 PIETROBON S R G A prática pedagógica e a construção do conhecimento cien tífico Práxis Educativa Ponta Grossa v 1 n 2 p 7786 juldez 2006 POLIT D F BECK C T HUNGLER B P Fundamentos de pesquisa em enferma gem métodos avaliação e utilização Trad de Ana Thorell 5 ed Porto Alegre Artmed 2004 SANTOS A R Metodologia científica a construção do conhecimento Rio de Janeiro DPA 1999 THIOLLENT M Metodologia da pesquisaação São Paulo Cortez Autores Associa dos 1988 TRIVIÑOS A N S Introdução à pesquisa em ciências sociais a pesquisa qualitativa em educação São Paulo Atlas 1987 43 EAD UNIDADE 3 A CONSTRUÇÃO DA PESQUISA Tatiana Engel Gerhardt INTRODUÇÃO Esta Unidade explora aspectos teóricos e conceituais referentes às diferentes etapas de construção de uma pesquisa científica apontando os principais eixos de uma pesquisa e a lógica que os une OBJETIVOS Os objetivos desta Unidade são 1 conhecer os eixos e as etapas que compõem um projeto de pesquisa e 2 compreender a importância do projeto para a realização da pesquisa científica 31 ALGUMAS CONDUTAS QUE DIFICULTAM COMEÇAR OU COMEÇAR MAL UMA PESQUISA Optamos para iniciar esta Unidade por nos apoiar no excelente manual de introdução à pesquisa científica de Quivy Campenhoudt 19953 os quais muito didaticamente nos apresentam diferentes condutas que facilitam e dificultam a ela boração de uma pesquisa Segundo esses autores 1995 p 10 no início de uma pesquisa ou de um trabalho o cenário é prati camente o mesmo sabemos vagamente que queremos estudar tal ou tal problema por exemplo o desenvolvimento de uma região o fun cionamento de uma instituição a introdução de novas tecnologias ou as atividades de uma associação mas não sabemos muito bem como abordar a questão Desejamos que o trabalho seja útil e que possamos chegar ao fim mas temos o sentimento de nos perder antes mesmo de termos começado O caos original não deve ser fonte de preocupação ao contrário ele é a marca de um espírito inquieto que não alimenta simplismos e certezas já prontas O problema é como sair disso 3 As passagens citadas da obra de QUIVY CAMPENHOUDT 1995 foram traduzidas por Tatiana Engel Gerhardt No início de uma pesquisa como não sabemos muito bem como proceder ou por onde começar o que normalmente fazemos é o que Quivy Campenhoudt 1995 p 10 chamam de fuga antecipada Segundo os autores ela pode tomar diferentes formas entre as quais são citadas a gulodice livresca ou estatística o impasse das hipóteses e a ênfase obscura A gulodice livresca ou estatística Quivy Campenhoudt 1995 p 10 chamam de gulodice livresca ou estatística o fato de encher a cabeça com uma grande quantidade de livros de artigos ou de dados numéricos esperando encontrar em um parágrafo ou um gráfico a luz que permitirá enfim precisar corretamente e de maneira satisfatória o objetivo e o tema de trabalho que desejamos pesquisar Esta atitude conduz de forma constante à desmotivação pois a abundância de informações mal absorvidas conduz a embaralhar ainda mais as ideias É preciso portanto voltar para trás reaprender a refletir mais do engolir as informações a ler em profundidade poucos textos escolhidos cuidadosamente e a interpretar judiciosamente alguns dados estatísticos particularmente significativos A fuga por antecipação não é somente inútil mas sobretudo prejudicial Muitos estudantes abandonam seus projetos de pesquisa de final de curso de mestrado ou doutorado por terem assim começado É preferível escolher o caminho mais simples e mais curto para chegar ao melhor resultado Isso implica que não devemos nos engajar em um trabalho importante sem antes termos refletido sobre o que queremos saber e de que forma devemos proceder Descongestionar o cérebro de números e palavras é o primeiro passo para começar a pensar de forma ordenada e criativa QUIVY CAMPENHOUDT 1995 p10 Dessa forma é preferível começar de forma organizada o trabalho escolhendo os textos que realmente irão contribuir para aprofundar o tema a ser desenvolvido na pesquisa O impasse das hipóteses Outra forma corrente da fuga por antecipação é apontada por esses autores 1995 p 11 o impasse das hipóteses consiste precisamente na coleta de dados antes de se terem formulado as hipóteses de pesquisa e em preocuparse com a escolha e a colocação em prática das técnicas de pesquisa antes mesmo de se saber exatamente o que se vai pesquisar e portanto para que elas devem servir É comum encontrarmos estudantes que declaram querer fazer uma pesquisa com questionário junto a uma dada população sem que eles tenham qualquer hipótese de trabalho não sabendo nem mesmo o que desejam pesquisar Somente podemos escolher uma técnica de investigação se tivermos uma ideia do tipo de dados ou informações que queremos coletar Isso implica que devemos começar definindo muito bem o projeto de pesquisa Esta forma de fuga por antecipação é corrente e é decorrente da crença de que o uso das técnicas de pesquisa determina o valor intelectual e o caráter científico do trabalho Mas para que serve colocar em prática técnicas de pesquisa se elas correspondem a um projeto superficial e mal definido Outros pensam ainda que basta acumular um grande número de informações sobre um tema e submetêlo a uma variedade de técnicas estatísticas para descobrir a resposta às questões que se colocam Eles caem assim em uma armadilha Assim a coleta de dados deve iniciar após termos realmente problematizado o tema a ser pesquisado ou seja após termos conseguido colocarnos questões pertinentes sobre o tema que ainda não foram tratadas por outros estudos A ênfase obscura Esta terceira forma de fuga antecipada é segundo os autores 1995 p 11 frequente nos pesquisadores iniciantes que são impressionados e intimidados pela sua recente entrada na universidade e pelo que eles pensam ser a Ciência Para assegurar uma credibilidade eles acreditam ser útil expressarse de forma difícil e incompreensível e seguidamente eles raciocinam também dessa forma Duas formas dominam seus projetos de pesquisa ou de trabalho a ambição desmesurada e a confusão total Tanto pode ser a reconstrução industrial de sua região que lhes parece o impasse quanto o futuro do ensino quanto ainda o destino dos países em desenvolvimento Essas declarações de intenções se expressam em uma linguagem ao mesmo tempo vazia e enfática que dificilmente esconde um projeto de pesquisa claro e interessante A primeira coisa a ser feita por seu orientadortutor será ajudálos a serem simples e claros Para vencer essas eventuais reticências é preciso pedirlhes sistematicamente que definam todas as palavras utilizadas e expliquem todas as frases que formulam de forma que se deem conta rapidamente de que eles mesmos não compreendem o que estão dizendo Esta terceira forma de mal começar uma pesquisa nos indica a necessidade de termos uma linguagem clara e objetiva mas que ao mesmo tempo seja científica acadêmica Esse é um exercício difícil e que demanda investimento por parte do pesquisador mas de suma importância para que todos os conceitos e termos utilizados ganhem sentido na formulação do projeto e não sejam colocados meramente ao acaso Num texto científico cada palavra cada conceito tem peso pois representa um ponto de vista uma visão de mundo por parte do pesquisador No campo da pesquisa científica o que importa acima de tudo é que um bom trabalho é aquele que busca a verdade Não a verdade absoluta estabelecida uma vez por todas pelos dogmas mas uma verdade que se permite questionar e que se aprofunda incessantemente pelo desejo do pesquisador de compreender de forma mais justa a realidade na qual vivemos e que construímos 46 EAD Frente a esses elementos vejamos então como proceder para a construção de uma pesquisa de forma a assegurarlhe um bom começo Para tal utilizaremos os esquemas didáticos propostos por Quivy Campenhoudt 1995 ao abordarem o processo de elaboração da pesquisa científica desde os princípioseixos que a nor teiam até o desenvolvimento das etapas para colocála em prática 32 PROCESSO DE ELABORAÇÃO DA PESQUISA CIENTÍFICA 321 Os três grandes eixos da pesquisa Para compreender a articulação das etapas de uma pesquisa Quivy Cam penhoudt 1995 falam rapidamente sobre os princípios contidos nos três eixos de uma pesquisa e da lógica que os une A ruptura O primeiro eixo necessário para se fazer pesquisa é a rup tura Nossa bagagem teórica possui várias armadilhas pois uma grande parte das nossas ideias se inspira em aparências imediatas ou em partida rismos Elas são seguidamente ilusórias e preconceituosas Construir uma pesquisa nessas bases é construíla sobre um terreno arenoso Daí a im portância da ruptura que consiste em romper com as ideias preconcebidas e com as falsas evidências que nos dão somente a ilusão de compreender as coisas A ruptura é portanto o primeiro eixo constitutivo das etapas metodológicas da pesquisa p 15 A construção Esta ruptura só se efetua ao nos referirmos a um sistema conceitual organizado suscetível de expressar a lógica que o pesquisador supõe ser a base do objeto em estudo É graças a esta teoria que se podem construir as propostas explicativas do objeto em estudo e que se pode elaborar o plano de pesquisa a ser realizado as operações necessárias a serem colocadas em prática e os resultados esperados ao final da pesquisa Sem esta construção teórica não há pesquisa válida pois não podemos submeter à prova qualquer proposta As propostas explicativas devem ser o produto de um trabalho racional fundamentado numa lógica e num sis tema conceitual validamente constituído p 17 A constatação Uma proposta de pesquisa tem direito ao status cientí fico quando ela é suscetível de ser verificada por informações da realidade concreta Esta comprovação dos fatos é chamada constatação ou experi mentação Ela corresponde ao terceiro eixo das etapas da pesquisa p 17 322 As sete etapas da pesquisa Os três eixos da pesquisa científica não são independentes uns dos outros Assim por exemplo a ruptura não é realizada unicamente no início da pesquisa ela é realizada também na construção da pesquisa E a construção não pode acontecer sem a ruptura necessária nem a constatação pois a qualidade desta está intimamen te ligada à qualidade da construção da pesquisa No desenvolvimento concreto de uma pesquisa os três eixos metodológicos são realizados ao longo de uma sucessão 47 EAD de operações que podem ser agrupadas em sete etapas Por razões didáticas a fi gura 1 abaixo distingue de forma precisa as sete diferentes etapas As sete etapas compõemse dos seguintes elementos a formulação da questão inicial a exploração da questão inicial por meio de leitura e de coleta de dados exploratória a elabo ração da problemática a construção de um modelo de análise a coleta de dados a análise das informações e as conclusões As flechas de retroação nos lembram que essas diferentes etapas estão em interação constante ou seja a cada etapa devemos reportarnos às etapas anteriores a fim de mantermos coerência e lógica ao longo da pesquisa Vejamos então cada uma dessas etapas separadamente e que relações elas mantêm com etapas anteriores ao longo da elaboração da pesquisa Figura 1 Etapas da pesquisa científi ca Fonte QUIVY CAMPENHOUDT 1995 3221 PRIMEIRA ETAPA A QUESTÃO INICIAL A melhor forma de começar um trabalho de pesquisa segundo Quivy Campenhoudt 1995 consiste em formular um projeto a partir de uma questão inicial através desta questão o pesquisador tentará expressar o mais precisamente possível o que ele busca conhecer elucidar compreender melhor A questão inicial servirá de fio condutor da pesquisa Para preencher corretamente essa função a questão inicial deve apresentar qualidades de clareza exequibilidade e pertinência Qualidades de clareza Ser precisa Ser concisa e unívoca Qualidades de exequibilidade Ser realista Qualidades de pertinência Ser uma questão verdadeira Abordar o que já existe sobre o tema e fundamentar as transformações do novo estudo sobre o tema Ter a intenção de compreensão dos fenômenos estudados p 35 Exercício de aplicação formulação de uma questão inicial Formule uma questão inicial Teste esta questão com um grupo de colegas ou amigos de forma a assegurar que ela está clara e precisa e portanto pode ser compreendida por todos da mesma forma Formule a questão ao grupo sem expor seu sentido ou dar explicações Cada pessoa do grupo deve expor a forma como compreendeu a pergunta A questão será precisa se as interpretações convergirem e corresponderem às intenções do pesquisador Verifique se a questão contém igualmente as outras qualidades apresentadas acima Caso contrário reformule a questão e reinicie o processo LEMBRESE A insistência na questão inicial devese ao fato de que muitas vezes o pesquisador não lhe dá o devido valor pois ou ela lhe parece evidente implicitamente ou ele pensa que avançando ele a verá mais claramente Isso é um engano Fazendo o papel de fio condutor da pesquisa a questão inicial deve ajudar a progredir nas leituras e na coleta de dados exploratória Quanto mais esse guia for preciso mais rapidamente o pesquisador avançará Ou seja é trabalhando e retrabalhando sua questão inicial que o pesquisador conseguirá fazer a ruptura com as ideias preconcebidas e com a ilusão da transparência Enfim existe ainda uma última razão decisiva para efetuar cuidadosamente este exercício as hipóteses de trabalho que constituem os eixos centrais de uma pesquisa se apresentam como propostas de respostas à questão inicial QUIVY CAMPENHOUDT 1995 p 38 3222 SEGUNDA ETAPA A EXPLORAÇÃO DO TEMA A exploração do tema consiste em realizar leituras entrevistas exploratórias e em utilizar outros métodos complementares de exploração do tema caso seja necessário e indispensável A leitura Escolha e organização das leituras Constituem critérios de escolha segundo Quivy Campenhoudt 1995 p 44 partir da questão inicial evitar um grande número de textos escolher textos de síntese num primeiro momento para em seguida procurar textos que não apresentem somente dados mas que tenham análise e interpretações escolher textos que apresentem abordagens e enfoques diferentes sobre o tema escolher os locais de busca de informações e de textos sobre o tema bibliotecas Internet Exercício de aplicação escolha das primeiras leituras5 Escolha dois ou três textos sobre o tema de pesquisa Parta de sua questão inicial Relembre os critérios de escolha das leituras que foram mencionados acima Identifique os temas de leitura que lhe parecem mais próximos de sua questão inicial Consulte uma ou outra pessoa informada sobre o tema Proceda à pesquisa de documentos e textos através da técnica de pesquisa bibliográfica Como ler Fazer resumos colocar em evidência as ideias principais e suas articulações de forma a tornar clara a unidade de pensamento do autor A qualidade de um resumo está diretamente ligada à qualidade da leitura realizada Exercício de aplicação fazer um resumo das primeiras leituras6 Fazer resumos dos textos é um trabalho longo No decorrer desse trabalho não se esqueça de sua questão inicial e seja particularmente preciso quanto às ideias que estão diretamente ligadas a ela Você não lerá os textos gratuitamente mas sim para progredir em sua pesquisa Tenha sempre em mente seus objetivos Após ter terminado esse exercício faça o próximo que completa o primeiro Comparação dos textos a fim de buscar elementos de reflexão e pistas de trabalho mais interessantes 5 QUIVY CAMPENHOUDT 1995 p 601 6 QUIVY CAMPENHOUDT 1995 p 601 Primeiro compare os textos a partir dos pontos de vista adotados pelos diferentes autores convergências divergências e complementaridades e dos conteúdos convergências divergências e complementaridades Após evidencie pistas de pesquisa interessantes para seu estudo quais são os textos mais próximos de sua questão inicial quais pistas sugerem Feito esse trabalho pare para refletir sobre sua questão inicial A coleta de informações exploratórias A coleta de informações exploratórias pode ser realizada através de entrevistas de observações ou de busca de informaçõesdados em bancos de dados secundários documentos etc Tendo sido formulada provisoriamente a questão inicial necessita ter certa qualidade de informações sobre o objeto em estudo e encontrar a melhor forma de abordálo Esta é a função do trabalho exploratório Este se compõe de duas partes que podem ser realizadas paralelamente a leitura como vimos acima e a coleta de informações através de entrevistas documentos observações As leituras servem primeiramente para nos informarmos das pesquisas já realizadas sobre o tema e obtermos contribuições para o projeto de pesquisa Graças a essas leituras o pesquisador poderá evidenciar a perspectiva que lhe parece mais pertinente para abordar seu objeto de estudo A escolha das leituras requer ser feita em função de critérios precisos ligações com a questão inicial dimensão razoável de leituras elementos de análise e interpretação abordagens diversificadas tempo consagrado à reflexão pessoal e às trocas de pontos de vista Enfim os resumos corretamente estruturados permitirão tirar ideias essenciais dos textos estudados e comparálos As entrevistas e observações completam as leituras Elas permitem ao pesquisador tomar consciência dos aspectos da questão que sua própria experiência e suas leituras não puderam evidenciar As entrevistas ou observações exploratórias podem preencher essa função quando não são muito diretivas pois o objetivo não consiste em validar as ideias preconcebidas do pesquisador mas em encontrar outras ideias Três tipos de interlocutores são interessantes para desenvolver essas técnicas especialistas científicos sobre o tema em estudo informantes privilegiados e pessoas diretamente envolvidas Ao final desta etapa o pesquisador poderá ser levado a reformular sua questão inicial de modo que ela leve em conta o trabalho exploratório QUIVY CAMPENHOUDT 1995 p 44 Esta é uma etapa importante da pesquisa pois se bem desenvolvida permitirá que a próxima etapa a construção do problema de pesquisa ou problemática seja feita com facilidade e clareza Uma boa exploração do tema a ser pesquisado conduz quase que naturalmente o pesquisador à elaboração do problema 51 EAD 3223 TERCEIRA ETAPA A PROBLEMÁTICA A problemática é a abordagem ou a perspectiva teórica que decidimos adotar para tratar o problema colocado pela questão inicial Ela é uma forma de interrogar os objetos estudados Construir uma problemática significa responder a questão como vou abordar tal objeto A concepção de uma problemática segundo Quivy Campenhoudt 1995 p 1023 pode ser feita em dois momentos Num primeiro momento fazemos um levantamento das problemá ticas possíveis evidenciamos suas características e as comparamos Para isso utilizamos os resultados do trabalho exploratório Com ajuda de referenciais esquemas inteligíveis modelos explicativos fornecidos pelas aulas teóricas ou pelos livros de referência sobre o tema tenta mos elucidar as perspectivas teóricas que estão por trás das diferentes abordagens encontradas Num segundo momento escolhemos e explicitamos nossa própria problemática com conhecimento de causa Escolher é adotar um quadro teórico que convém e se adapta ao pro blema e que temos a capacidade de dominar o suficiente Para explicitar sua problemática redefinese o melhor possível o objeto da pesquisa precisando qual o ângulo em que decidimos abordálo e reformulando a questão inicial de forma que ela se torne a questão central da pesquisa Paralelamente expõese a orientação teórica escolhida ajustandoa em função do objeto de pesquisa de forma a obter um sistema conceitual organizado apropriado ao que se está procurando pesquisar Ainda segundo os autores acima mencionados 1995 p 103 a formulação da questão inicial que se torna ao longo do trabalho a questão central da pesquisa as leituras as entrevistas e observa ções exploratórias e a problemática constituem de fato componentes complementares de um processo em espiral onde se efetua a ruptura e onde se elaboram os fundamentos do modelo de análise que opera cionalizará a perspectiva escolhida A figura 2 abaixo ilustra esse processo a partir da questão inicial etapa 1 iniciamos a exploração do tema através de leituras e da coleta de dados exploratória etapa 2 Essa segunda etapa nunca se desvinculará da primeira uma vez que deve mos a todo o momento voltar à questão inicial questionandonos sobre sua pertinên cia Da mesma forma a exploração do tema conduzirá à elaboração da problemática que nos reportará às leituras e à coleta de dados efetuados a fim de verificarmos a pertinência e adequação do problema elaborado Ao longo dessas três primeiras eta pas as flechas de retroação na figura 2 indicam esse vaievem as interações entre a questão inicial e o problema formulado e correspondem ao eixo da ruptura como vimos anteriormente ou seja o da necessidade de romper ao longo dessas etapas com as ideias preconcebidas e com as falsas evidências Etapa 1 A questão inicial Etapa 2 A exploração As leituras A coleta de dados exploratória Etapa 3 A problemática Figura 2 Interação entre as três primeiras etapas da pesquisa Fonte QUIVY CAMPENHOUDT 1995 A interação que observamos entre as três etapas figura 2 encontrase novamente nas etapas seguintes Assim a problemática chega à sua formulação final através da construção do modelo de análise etapa 4 A construção distinguese da problematização por seu caráter operacional pois a construção deve servir de guia para a coleta de dados Exercício de aplicação escolha e explicitação de uma problemática7 Este exercício consiste em aplicar à sua pesquisa as operações relativas à construção de uma problemática Quais são as diferentes abordagens do problematema reveladas por suas leituras e pela coleta de dados exploratória De que modelos explicativos surgem essas diferentes abordagens Procure ajuda em suas aulas teóricas ou em livros de referência sobre o tema que proponham um esquema inteligível ou modelos explicativos do social A partir dessa elucidação quais são as perspectivas possíveis para seu trabalho Compareas 7 QUIVY CAMPENHOUDT 1995 p 103 Que problemática você julga mais adaptável a seu projeto e por quê Escolha um quadro teórico existente que você domine sem muitas dificuldades Em que contexto de pesquisa essa problemática já foi explorada Quais são os problemas conceituais e metodológicos eventualmente encontrados nas pesquisas anteriores Como você explicitária sua problemática Quais são os conceitos e ideiaschave Como você reformularia a questão central da pesquisa bem como as questões específicas Para realizar esse exercício são necessárias leituras complementares Quais e onde encontrálas Após ter tomado conhecimento desses textos complementares reformule sua problemática 3224 QUARTA ETAPA A CONSTRUÇÃO DO MODELO DE ANÁLISE Uma vez construída a problemática é preciso partir para a elaboração de um modelo de análise ou seja elaborar as hipóteses ou questões de estudo que surgiram da problemática e que deverão ser respondidas ou não a partir de conceitos modelos teóricos etc Esclarecem Quivy Campenhoudt 1995 p 149 O modelo de análise constitui o prolongamento natural da problemática articulando de forma operacional os referenciais e as pistas que serão finalmente escolhidos para guiar o trabalho de coleta de dados e a análise Ele é composto de conceitos e hipóteses que estão interligados para formar conjuntamente um quadro de análise coerente A conceitualização ou a construção de conceitos constitui uma construção abstrata que tenta dar conta do real Nesse sentido ela não dá conta de todas as dimensões e aspectos do real mas somente o que expressa o essencial segundo o ponto de vista do pesquisador Tratase portanto de uma construçãoseleção A construção de um conceito consiste em designar dimensões que o constituem e em precisar os indicadores graças aos quais essas dimensões poderão ser mensuradas Distinguemse os conceitos operacionais isolados que são construídos empiricamente a partir das observações diretas ou das informações coletadas e dos conceitos sistêmicos que são construídos pelo raciocínio abstrato e se caracterizam em princípio por um grau de ruptura mais alto com as ideias preconcebidas e com a ilusão da transparência Duas formas são sugeridas para a construção das hipóteses quadro 3 e figura 3 54 EAD Método hipotéticoindutivo Método hipotéticodedutivo A construção parte da observação O indicador é de natureza empírica A partir dele constroemse novos con ceitos novas hipóteses e o modelo que será submetido à prova dos fatos A construção parte de um postulado ou conceito como modelo de interpretação do objeto estudado Esse modelo gera através de um traba lho lógico as hipóteses os conceitos e os indicadores para os quais será neces sário buscar correspondentes no real Quadro 3 Métodos hipotéticoindutivo e hipotéticodedutivo Fonte QUIVY CAMPENHOUDT 1995 Quando iniciamos uma pesquisa pela primeira vez a abordagem hipotético indutiva normalmente prevalece ou seja construímos nossas hipóteses e indica dores a partir da observação do campo empírico derivando daí novos conceitos e novas hipóteses que serão submetidas à comprovação pelo modelo estabelecido Na sequência quando se possuem algumas ideias conceituais a respeito do tema tra balhado que possam explicar o objeto de estudo a abordagem hipotéticodedutiva passa a ter mais importância Isso quer dizer que a construção das hipóteses parte de um postulado ou conceito como modelo de interpretação do objeto estudado Na realidade essas duas abordagens se articulam pois todos os modelos elaborados por uma pesquisa científica comportam dedução e indução Figura 3 Métodos hipotéticoindutivo e hipotéticodedutivo Fonte QUIVY CAMPENHOUDT 1995 Quivy Campenhoudt 1995 p 150 definem uma hipótese como uma proposta que antecipa uma relação entre dois termos que de acordo com o caso podem ser de conceitos ou de fenômenos Ela é portanto uma proposta provisória uma presunção que requer ser verificada A hipótese será confrontada numa etapa posterior da pesquisa aos dados coletados Para ser objeto dessa verificação empírica uma hipótese deve ser falsa Isso significa primeiramente que ela deve poder ser testada indefinidamente e deve portanto ter um caráter de generalidade e em seguida ela deve aceitar enunciados contrários que são teoricamente suscetíveis de serem verificados Somente o respeito a essas exigências metodológicas permite colocar em prática o espírito da pesquisa que se caracteriza sobretudo pelo questionamento constante dos resultados provisórios da produção do conhecimento Esta é também uma etapa importante do processo de elaboração de uma pesquisa pois associada às etapas anteriores conduzirá quase que naturalmente o pesquisador à etapa seguinte de elaboração da metodologia de coleta de dados Exercício de aplicação definição de conceitos de base e formulação das hipóteses principais da pesquisa Para efetuar este exercício com sucesso eis algumas sugestões Parta de uma questão precisa revista e corrigida pelo trabalho exploratório e pela problemática Não queime etapas Este exercício constitui o fim natural de um trabalho exploratório corretamente realizado e de uma reflexão sobre sua problemática Consulte autores reconhecidos Não hesite em utilizar seus conceitos e inspirarse em suas hipóteses Nesse caso preocupese em indicar claramente as referências utilizadas Tratase de uma questão de honestidade intelectual e também de validade externa de seu trabalho Cuide da coerência de seu modelo de análise coloque claramente em evidência como você concebe as relações entre conceitos e hipóteses Procure sempre ser claro e objetivo Lembrese que a qualidade é mais importante que a quantidade um ou dois conceitos centrais e uma ou duas hipóteses principais são na maior parte dos casos suficientes Não se preocupe com conceitos e hipóteses secundários pois após ter adquirido certeza dos conceitos e hipóteses centrais formulará mais facilmente outros conceitos e hipóteses Exercício de aplicação explicitar o modelo de análise Este exercício consiste em detalhar e tornar operacionais as hipóteses e os conceitos principais definidos no exercício precedente Portanto Para os conceitos defina suas eventuais dimensões e seus indicadores Para as hipóteses identifique as variáveis anunciadas para cada hipótese e estabeleça as relações entre as diferentes hipóteses 3225 QUINTA ETAPA A COLETA DE DADOS A coleta de dados compreende o conjunto de operações por meio das quais o modelo de análise é confrontado aos dados coletados Ao longo dessa etapa várias informações são portanto coletadas Elas serão sistematicamente analisadas na etapa posterior Conceber essa etapa de coleta de dados deve levar em conta três questões a serem respondidas O que coletar Com quem coletar Como coletar O que coletar Os dados a serem coletados são aqueles úteis para testar as hipóteses Eles são determinados pelas variáveis e pelos indicadores Podemos chamálos de dados pertinentes Com quem coletar Tratase a seguir de recortar o campo das análises empíricas em um espaço geográfico e social bem como num espaço de tempo De acordo com o caso o pesquisador poderá estudar a população total ou somente uma amostra representativa quantitativamente ou ilustrativa qualitativamente dessa população Como coletar Esta terceira questão referese aos instrumentos de coleta de dados que comporta três operações Conceber um instrumento capaz de fornecer informações adequadas e necessárias para testar as hipóteses por exemplo um questionário ou um roteiro de entrevistas ou de observações Testar o instrumento antes de utilizálo sistematicamente para se assegurar de seu grau de adequação e de precisão Colocálo sistematicamente em prática e proceder assim à coleta de dados pertinentes ANOTE Em estatística uma variável é um atributo mensurável que varia entre indivíduos Variável quantitativa É aquela que é numericamente mensurável por exemplo a idade a altura o peso Estas variáveis ainda se subdividem em Variável quantitativa contínua É aquela que assume valores dentro de um conjunto contínuo caso típico dos números reais São exemplos o peso ou a altura de uma pessoa Variável quantitativa discreta É aquela que assume valores dentro de um espaço finito ou enumerável caso típico dos números inteiros Um exemplo é o número de filhos de uma pessoa Variável qualitativa É aquela que se baseia em qualidades e não é mensurável numericamente Estas variáveis ainda se subdividem em Variável qualitativa ordinal É aquela que pode ser colocada em ordem por exemplo a classe social A B C D ou E e a variável peso medida em três níveis pouco pesado pesado muito pesado Variável qualitativa nominal É aquela que não pode ser hierarquizada ou ordenada como a cor dos olhos o local de nascimento Já um indicador é um parâmetro que mede a diferença entre a situação desejada e a situação atual ou seja ele indica o estado atual do ponto medido É um instrumento de medição cujos resultados são utilizados nas reuniões de Análise Crítica O indicador permite quantificar um processo Seus índices expressam o grau de aceitação em porcentagem de uma característica São exemplos de indicadores Indicador social por exemplo o Índice de Desenvolvimento Humano IDH índices de alfabetização taxas de mortalidade etc Indicador de sustentabilidade ambiental emissões atmosféricas qualidade da água efluentes tratados etc Na coleta de dados o importante não é somente coletar informações que deem conta dos conceitos através dos indicadores mas também obter essas informações de forma que se possa aplicar posteriormente o tratamento necessário para testar as hipóteses Portanto é necessário antecipar ou seja preocuparse desde a concepção do instrumento com o tipo de informação que ele permitirá fornecer e com o tipo de análise que deverá e poderá ser feito posteriormente A escolha entre os diferentes métodos de coleta de dados depende das hipóteses de trabalho e da definição dos dados pertinentes decorrentes da problemática É igualmente importante levar em conta as exigências de formação necessárias para colocar em prática de forma correta cada método escolhido Exercício de aplicação concepção da coleta de dados Este exercício consiste em aplicar as noções estudadas nesta etapa a seu próprio trabalho Essa aplicação efetuase em três fases O que coletar A definição dos dados pertinentes Que informações são necessárias para testar as hipóteses Para responder a essa pergunta relembre primeiramente as hipóteses os conceitos e seus indicadores Com quem coletar A delimitação do campo de análise e a seleção das unidades de coleta de dados Levando em consideração as informações necessárias qual é a unidade de coleta de dados que se impõe indivíduo instituição associação município país Que delimitações dar ao campo de análise Quantos indivíduos instituições etc Qual é a área geográfica a ser considerada Qual é o período de tempo a ser levado em conta Em função dessas delimitações será melhor coletar os dados sobre a totalidade da população sobre uma amostra representativa método quantitativo ou somente sobre uma amostra ilustrativa de certas características desta população método qualitativo Para delimitar o campo de análise leve em conta igualmente seus prazos de execução seus recursos e o método de coleta de dados que você pensa utilizar antecipação Como coletar A escolha do método de coleta de dados mais adequado Que método de coleta é o mais apropriado Para responder a essa questão leve em conta as hipóteses de trabalho e a definição de dados pertinentes o tipo de análise que será feito posteriormente tratase também de antecipar a etapa seguinte e sua própria formação metodológica 3226 SEXTA ETAPA A ANÁLISE DAS INFORMAÇÕES O objetivo de uma pesquisa segundo Quivy Campenhoudt 1995 p 213 é responder à questão inicial etapa 1 para isso o pesquisador elabora hipóteses ou questões de pesquisa e desenvolve a coleta de dados necessários Uma vez que os dados foram coletados tratase de verificar se essas informações correspondem às hipóteses ou seja se os resultados observados correspondem aos resultados esperados pelas hipóteses ou questões da pesquisa Assim o primeiro passo da análise das informações é a verificação empírica Mas a realidade é sempre mais complexa do que as hipóteses e questões elaboradas pelo pesquisador e uma coleta de dados rigorosa sempre traz à tona outros elementos ou outras relações não cogitados inicialmente Nesse sentido a análise das informações tem uma segunda função a de interpretar os fatos não cogitados rever ou afinar as hipóteses para que ao final o pesquisador seja capaz de propor modificações e pistas de reflexão e de pesquisa para o futuro Quivy Campenhoudt 1995 p 243 definem a sexta etapa da pesquisa ou seja a análise das informações como a etapa que faz o tratamento das informações obtidas pela coleta de dados para apresentála de forma a poder comparar os resultados esperados pelas hipóteses No cenário de uma análise de dados quantitativos essa etapa compreende três operações Entretanto os princípios deste método podem ser transpostos em grande parte a outros tipos de métodos 59 EAD A primeira operação consiste em descrever os dados Isso reme te por um lado a apresentálos agregados ou não sob a forma re querida pelas variáveis implicadas nas hipóteses e por outro lado de apresentálos de forma que as características dessas variáveis sejam evidenciadas pela descrição A segunda operação consiste em mensurar as relações entre as variá veis da maneira como essas relações foram previstas pelas hipóteses A terceira operação consiste em comparar as relações observadas com as relações teoricamente esperadas pela hipótese e mensurar o distanciamento entre elas Se o distanciamento é nulo ou muito pe queno podese concluir que a hipótese está confirmada caso con trário será preciso examinar de onde provém esse distanciamento e tirar as conclusões apropriadas Os principais métodos de análise das informações são a análise estatística dos dados método quantitativo e a análise de conteúdo método qualitativo No desenvolvimento da análise Quivy Campenhoudt 1995 p 222 enfa tizam que cada hipótese elaborada na fase de construção expressa as relações que pensamos serem corretas e que devem ser confirmadas pela coleta de dados Os resultados encontrados são os que resultam das opera ções precedentes É comparando os resultados encontrados com os resultados esperados pela hipótese que poderemos tirar as conclusões Se houver divergência entre os resultados observados e os resultados esperados será necessário examinar de onde provém esse distancia mento e em que a realidade é diferente do que se presumia no início elaborando novas hipóteses e a partir de uma nova análise dos dados disponíveis examinar em que medida elas se confirmam Nesse caso será necessário completar a coleta de dados Essa interação entre a análise as hipóteses e a coleta de dados é representada na figura 4 abaixo pelas duas flechas de retroação ou seja a análise das informações vai invariavelmente remeter nos a verificar ou ao menos a refletir sobre a construção do modelo de análise sua pertinência e coerência e igualmente a coleta de dados pertinência e rigor Figura 4 Interação entre as etapas 4 e 7 da pesquisa Fonte QUIVY CAMPENHOUDT 1995 Exercício de aplicação análise das informações Nesta etapa é ainda mais difícil dar referenciais precisos para um trabalho pessoal tamanha é a diversidade de problemas e técnicas de análise As cinco questões abaixo podem entretanto ajudar a evoluir na maioria dos trabalhos Quais são as variáveis implicadas nas hipóteses Quais são as informações que correspondem às variáveis ou que devem ser agregadas para serem descritas A distribuição das variáveis é normal conforme as hipóteses Como expressar os dados para evidenciar suas principais características Com que tipo de variável é preciso trabalhar nominal ordinal ou contínua discreta e quais são as técnicas de análise compatíveis com esses dados 3227 SÉTIMA ETAPA AS CONCLUSÕES A conclusão de um trabalho de pesquisa comportará três partes conforme Quivy Campenhoudt 1995 p 24753 1 Síntese das grandes linhas da pesquisa Preparar a produção do texto que deve apresentar a questão da pesquisa ou seja a questão inicial em sua formulação final apresentar as principais características do modelo de análise particularmente as hipóteses apresentar o campo de coleta de dados os métodos escolhidos e a coleta de informações realizada comparar os resultados esperados pela hipótese com os resultados obtidos bem como fazer uma breve descrição das principais distâncias encontradas entre ambos 2 Novos aportes do conhecimento produzido que são de dois tipos Novos conhecimentos relativos ao objeto de análise Os novos conhecimentos produzidos relativos ao objeto são aqueles que podemos evidenciar respondendo a duas questões O que sei a mais sobre o objeto de análise O que sei além do objeto de análise Quanto mais o pesquisador se distanciar das ideias preconcebidas do conhecimento corrente e se preocupar com sua problemática mais terá chances de que o novo conhecimento produzido relativos ao objeto de estudo traga contribuições Novos conhecimentos teóricos Para aprofundar o conhecimento sobre um domínio concreto da realidade o pesquisador definiu uma problemática e elaborou um modelo de análise composto de conceitos e de hipóteses Ao longo de seu trabalho não somente esse domínio concreto foi explicitado como também a pertinência da problemática e do modelo de análise foi testada Assim um trabalho de pesquisa deve permitir igualmente a avaliação da problemática e do modelo de análise Não se trata para o pesquisador iniciante de fazer grandes descobertas teóricas inéditas e de grande interesse para a comunidade científica mas sim de ele próprio descobrir novas perspectivas teóricas mesmo que elas sejam amplamente conhecidas Nossa ótica aqui é a da formação 3 Perspectivas práticas Todo pesquisador deseja que seu trabalho sirva para alguma coisa O problema é que as conclusões de uma pesquisa conduzem raramente a uma aplicação prática clara e indiscutível Tratase de consequências práticas que certos elementos de análise implicam claramente Se sim por quais elementos de análise e em que a implicação é indiscutível Tratase mais de pistas de ação que as análises sugerem sem induzilas de forma automática e incontestável 62 EAD Vários pesquisadores esperam de seus trabalhos resultados práticos e que cons tituam guias de intervenção para as decisões e ações Isso é possível em estudos de caráter mais técnico como por exemplo os estudos de mercado Mas por via de regra as relações entre pesquisa e ação não são assim tão diretas Segue na figura 5 um recapitulativo das etapas da pesquisa tal qual proposto por Quivy Campenhoudt 63 EAD Figura 5 Recapitulativo das etapas da pesquisa Fonte QUIVY CAMPENHOUDT 1995 64 EAD 33 REFERÊNCIA QUIVY R CAMPENHOUDT L V Manuel de recherche en sciences sociales Paris Dunod 1995 65 EAD UNIDADE 4 ESTRUTURA DO PROJETO DE PESQUISA Tatiana Engel Gerhardt Ieda Cristina Alves Ramos Deise Lisboa Riquinho e Daniel Labernarde dos Santos INTRODUÇÃO Esta Unidade explora a estrutura do projeto de pesquisa título introdução revisão bibliográfica procedimentos metodológicos bibliografia cronograma e or çamento Detalha os elementos importantes que devem constar em cada item OBJETIVOS Os objetivos desta Unidade são 1 conhecer os elementos que compõem um projeto de pesquisa e 2 compreender as formas de organizar e sistematizar os diferentes elementos constitutivos de um projeto de pesquisa 41 ESTRUTURA DO PROJETO DE PESQUISA Após termos abordado as etapas de uma pesquisa falaremos do texto que es trutura uma pesquisa ou seja do texto que rege e sintetiza o momento analítico do processo de investigação o projeto de pesquisa A formulação de um projeto de pesquisa normalmente não ocorre no início do processo mas sim uma vez delimi tado o tema e o problema correspondente da pesquisa e com base na escolha de um quadro teórico elaboradas as hipóteses e em função destas selecionados tanto a documentação pertinente quanto os métodos e técnicas que serão empregados A estrutura de um projeto completo de pesquisa é a seguinte 411 Título do projeto Simplifique usando conceitos e expressões claras Sempre pode ser mudado ao longo do trabalho Um bom título é conciso não entra em detalhes provoca e atrai por meio da síntese de ideias Subtítulo Utilize subtítulo apenas para clarificar caso contrário ele é desnecessário Títulos grandes podem gerar confusão 66 EAD 412 Introdução Pode conter o tema a justificativa as questões ou hipóteses formulação deli mitação problema específico a resolver quanto ao tema no decorrer da pesquisa o que será pesquisado a pergunta justificativa segundo os critérios habituais relevância originalidade a necessidade de incluir este item na pesquisa normalmente exigirá uma exposição do que já foi feito acerca do tema ou de temas próximos no contexto da disciplina em que a pesquisa se desenvolve ou de disciplinas diferentes mas pertinentes ao tema em questão viabilidade interesse pessoal por que escolheu esse problema e objetivos estes podem ser apresentados em item separado após a introdução ou no texto da introdução A redação dos objetivos deve ser extremamente breve quanto ao que se pretende obter nos diversos níveis que forem pertinentes para a realização da pesquisa em questão Tal exposição deve ser inteligível mesmo para pessoas não espe cializadas na disciplina em cujo contexto se formula e se realiza a pesquisa ANOTE DOXSEY DE RIZ 20022003 p 26 alertam Você já sabe que escreve um objetivo começando com um verbo Porém que verbo usar Richardson dá a seguinte orientação Usualmente em uma pesquisa exploratória o objetivo geral começa pelos verbos conhecer identifi car examinar levantar e descobrir em uma pesquisa descritiva inicia com os verbos caracterizar descrever e traçar e em uma pesquisa explicativa começa pelos verbos anali sar avaliar verifi car explicar etc 413 Revisão bibliográfica estado da arte Expor resumidamente as principais ideias já discutidas por outros autores que trataram do problema levantando críticas e dúvidas quando for o caso Explicar no que seu trabalho vai se diferenciar dos trabalhos já produzidos sobre o problema a ser trabalhado eou no que vai contribuir para seu conhecimento Quanto ao quadro teórico o erro mais frequente é formulálo de forma genérica ou abstrata demais quando o que interessa é que ele seja adequado ao recorte temático a ser investigado quanto à formulação das hipóteses ou das questões não basta enunciálas no projeto é preciso também justificálas uma a uma em texto argumentativo INFORMAÇÃO Elaborando resumos e fi chamentos DOXSEY DE RIZ 20022003 p 356 nos dão algumas orientações A pesquisa ou levanta mento bibliográfi co é um importante estágio na elaboração do quadro inicial Se o pesquisador utiliza teorias e conceitos para estudar fenômenos a leitura é um hábito que deve ser cultivado Pela leitura o pesquisador fi ca conhecendo o que outros pesquisadores e autores disseram a respeito do fenômeno que pretende estudar Para que você possa otimizar seu tempo é bom que ao ler um livro um documento ou qualquer outro material você vá levantando as infor mações que poderão ser úteis Além de comentar resumidamente as ideias apresentadas você pode por exemplo destacar o que o próprio autor diz sobre a obra ao apresentála Pode também escrever destacar trechos para serem usados em citações É preciso não esquecer de anotar as referências da obra que devem constar do item referências bibliográfi cas caso a obra venha a fazer parte do quadro teórico da pesquisa ou a ser citada no texto Na Unidade 4 serão abordados os tipos de material que o pesquisador pode consultar bem como a maneira correta de apresentar as referências das fontes consultadas 414 Procedimentos metodológicos como verificar as hipóteses ou questões de pesquisa Estes incluem tanto os tipos de pesquisa quanto as técnicas de coleta e análise de dados Também incluem os procedimentos éticos para pesquisas que envolvem seres humanos Indicam como realizar a pesquisa especificando suas etapas e os procedimentos que serão adotados em cada uma delas 4141 ESCOLHER O TIPO DE PESQUISA Adotar o esquema apresentado na Unidade 2 Esclarecer se a pesquisa é de natureza básica ou aplicada e quanto aos objetivos se é exploratória descritiva ou explicativa Indicar também o procedimento a ser adotado pesquisa experimental levantamento estudo de caso pesquisa bibliográfica ou outro ANOTE O objetivo determina o caráter da pesquisa Segundo DOXSEY DE RIZ 20022003 p 25 o objetivo geral da pesquisa esclarece o que se pretende alcançar com a investigação Explicita também o caráter da pesquisa se ela é exploratória descritiva ou explicativa Vamos rever as características de cada uma delas Pesquisas exploratórias buscam uma abordagem do fenômeno pelo levantamento de informações que poderão levar o pesquisador a conhecer mais a seu respeito Pesquisas descritivas são realizadas com o intuito de descrever as características do fenômeno Pesquisas explicativas num estudo dessa natureza o pesquisador procura explicar causas e consequências da ocorrência do fenômeno O caráter da pesquisa influencia todo o desenvolvimento da pesquisa a começar pela maneira como o pesquisador determina os objetivos de sua investigação INFORMAÇÃO O pesquisador iniciante mais explora do que explica Vale lembrar conforme DOXSEY DE RIZ 20022003 p 267 que pesquisadores iniciantes como é o caso dos estudantes de graduação e de pósgraduação lato sensu geralmente realizam pesquisas de caráter exploratório É preciso esclarecer que a exploração do fenômeno tem como objetivos desenvolver esclarecer e modificar conceitos e ideias Esse tipo de pesquisa é realizado especialmente quando há poucas informações disponíveis sobre o tema ao qual se relaciona o objeto de estudo Justamente devido ao escasso conhecimento do assunto o planejamento é flexível de forma que os vários aspectos relativos ao fato possam ser considerados A escassez de informações torna difícil a formulação de hipóteses como requerem as pesquisas descritivas e explicativas Na verdade é sobre as pesquisas científicas que descrevem e explicam os fenômenos que você mais ouve falar Bons trabalhos científicos muitas vezes são trabalhos simples Pesquisadores iniciantes não precisam confeccionar projetos complicados ou ficar imobilizados pela mistificação desnecessária da pesquisa É importante ter foco no problema a ser estudado traçar um plano executável com os recursos e o tempo disponível e usar procedimentos adequados para a proposta 68 EAD 4142 ESTABELECER POPULAÇÃO E AMOSTRA Definir o universo de estudo e a forma como será selecionada a amostra INFORMAÇÃO A unidade de análise e os sujeitos da pesquisa Confi ra a orientação dada por DOXSEY DE RIZ 20022003 p 445 É importante levar em conta um detalhe muitas vezes omitido sobre metodologia de pesquisa é a lembrança sobre a delimitação do foco do estudo Foco é uma questão de escolha e especi fi cação de limites É essencial determinar qual será a principal fonte das informações a serem coletadas A unidade de análise pode ser uma pessoa um grupo uma empresa uma sala de aula um município Pode ser confi gurada em outro âmbito num âmbito mais macro um setor econômico uma divisão de uma instituição ou uma escola Independentemente do âm bito da análise precisamos saber quais os sujeitos da pesquisa A escolha de quem vai ser estudado mantém uma relação estreita com dois aspectos principais 1 até que ponto que remos generalizar ou concluir algo para um pequeno grupo ou para uma população maior e 2 quantos casos indivíduos unidades de observação precisam ser estudados para que os resultados sejam considerados científi cos As técnicas de amostragem permitem reduzir o número de sujeitos numa pesquisa sem risco de invalidar resultados ou de impossibilitar a generalização para a população como um todo Nos trabalhos quantitativos a generalização está determinada pela amostragem aleatória e pela estatística inferencial mas essas técnicas não são relevantes para a pesquisa qualitativa RICHARDSON 1999 p 101 Mas se seu estudo não utiliza técnicas de amostragem uma abordagem quantitativa quantos sujeitos ou unidades de observação são necessários Infelizmente não existem regras para responder à pergunta Para a pesquisa qualitativa o pesquisador seleciona os sujeitos de acordo com o problema da pesquisa Quem sabe mais sobre o problema Quem pode validar tal informação com outro ponto de vista ou uma visão mais crítica dessa situação problemática O iniciante em pesquisa científi ca muitas vezes pensa que a pesquisa qualitativa é o caminho mais indica do para se exercitar na pesquisa porque exige um número menor de entrevistas questionários ou observações etc A pesquisa quantitativa é percebida como mais complicada e demorada com um maior número de observações necessárias Vários fatores infl uenciam as decisões tomadas pelo pesquisador no planejamento de um projeto O tamanho e a complexidade da população são os principais determinantes no tamanho e no tipo de amostra contemplado As pesquisas qualitativas permitem maior liberdade na composição dos casos eou unidades a serem escolhidas Ao mesmo tempo em que observamos questões pragmáticas no desenho do estudo o pesquisador deve evitar que preferências valores pessoais ou fatores de conve niência afetem suas decisões sobre a população a ser estudada O bom senso não é sufi ciente para determinar o tamanho da amostra em pesquisas quantitativas É necessário utilizar as fórmulas evitando regras simplistas pelas quais o pesquisador aplica uma porcentagem X ao número total população universo para calcular a amostra Via de regra evitamse estudos quantitativos exploratórios ou descritivos com menos de 30 casos Dependendo do estudo muitas vezes apenas um grupo será insufi ciente para a pesquisa quantitativa ou qualitativa Por outro lado um bom estudo de caso pode envolver uma família uma pequena escola ou instituição No fi nal das contas você pesquisadora é quem determina a abrangência e es pecifi cação de seu estudo É de suma importância portanto um planejamento e justifi cativa adequados para as estratégias adotadas em sua proposta 4143 DETERMINAR AS TÉCNICAS DE COLETA DE DADOS Descrever as técnicas utilizadas para a coleta de dados e os instrumentos utili zados de acordo com o tipo de técnica escolhida a serem apresentados em anexo A coleta de dados é a busca por informações para a elucidação do fenômeno ou fato que o pesquisador quer desvendar O instrumental técnico elaborado pelo pesquisador para o registro e a medição dos dados deverá preencher os seguintes requisitos validez confiabilidade e precisão A seguir são apresentados os tipos de técnicas de coleta de dados ou instrumentos de coleta de dados 1 Pesquisa bibliográfica Considerada mãe de toda pesquisa fundamentase em fontes bibliográficas ou seja os dados são obtidos a partir de fontes escritas portanto de uma modalidade específica de documentos que são obras escritas impressas em editoras comercializadas em livrarias e classificadas em bibliotecas 2 Pesquisa documental É aquela realizada a partir de documentos contemporâneos ou retrospectivos considerados cientificamente autênticos nãofraudados tem sido largamente utilizada nas ciências sociais na investigação histórica a fim de descrevercomparar fatos sociais estabelecendo suas características ou tendências Nesse tipo de coleta de dados os documentos são tipificados em dois grupos principais fontes de primeira mão e fontes de segunda mão Os de primeira mão são os que não receberam qualquer tratamento analítico tais como documentos oficiais reportagens de jornal cartas contratos diários filmes fotografias gravações gravuras pinturas a óleo desenhos técnicos etc Os de segunda mão são os que de alguma forma já foram analisados tais como relatórios de pesquisa relatórios de empresas tabelas estatísticas manuais internos de procedimentos pareceres de perito decisões de juízes entre outros A pesquisa documental abrange arquivos públicos arquivos privados dados de registro um acontecimento em observância a normas legais e administrativas dados de recenseamento demográficos educacionais de criminalidade eleitorais de alistamento de saúde de atividades industriais de contribuições e benefícios de registro de veículos 3 Pesquisa eletrônica É constituída por informações extraídas de endereços eletrônicos disponibilizados em home page e site a partir de livros folhetos manuais guias artigos de revistas artigos de jornais etc Apesar de sua importante contribuição para a investigação científica nem toda informação disponibilizada em meios eletrônicos deve ser considerada como sendo de caráter científico Há de se observar a procedência do site ou da home page 4 Questionário É um instrumento de coleta de dados constituído por uma série ordenada de perguntas que devem ser respondidas por escrito pelo informante sem a presença do pesquisador Objetiva levantar opiniões crenças sentimentos interesses expectativas situações vivenciadas A linguagem utilizada no questionário deve ser simples e direta para que quem vá responder compreenda com clareza o que está sendo perguntado Quadro 4 Vantagens e desvantagens do uso de questionário VANTAGENS Economiza tempo e viagens e obtém grande número de dados Atinge maior número de pessoas simultaneamente Abrange uma área geográfica mais ampla Economiza pessoal tanto em treinamento quanto em trabalho de campo Obtém respostas mais rápidas e mais precisas Propicia maior liberdade nas respostas em razão do anonimato Dá mais segurança pelo fato de suas respostas não serem identificadas Expõe a menos riscos de distorções pela não influência do pesquisador Dá mais tempo para responder e em hora mais favorável Permite mais uniformidade na avaliação em virtude da natureza impessoal do instrumento Obtém respostas que materialmente seriam inacessíveis DESVANTAGENS É pequena a percentagem dos questionários que voltam Deixa grande número de perguntas sem respostas Não pode ser aplicado a pessoas analfabetas Não é possível ajudar o informante em questões mal compreendidas Leva a uma uniformidade aparente devido à dificuldade de compreensão por parte dos informantes Uma questão pode influenciar outra quando é feita a leitura de todas as perguntas antes do início das respostas A devolução tardia prejudica o calendário ou sua utilização O desconhecimento das circunstâncias em que foram preenchidos torna difícil o controle e a verificação Nem sempre é o escolhido quem responde ao questionário invalidando portanto as respostas Exige um universo mais homogêneo Adaptado de httpwwwlcsantosprobrarquivosTecnicasdeColetadeDados 2202200710 4857pdf Acesso em 27 fev 2008 Processo de elaboração do questionário Requer a observância de normas precisas a fim de aumentar sua eficácia e validade Em sua organização devemse levar em conta os tipos a ordem os grupos de perguntas sua formulação além de tudo aquilo que se sabe sobre percepção estereótipos mecanismos de defesa liderança etc Existem três tipos de questões fechadas abertas e mistas Nas questões abertas o informante responde livremente da forma que desejar e o entrevistador anota tudo o que for declarado Nas questões fechadas o informante deve escolher uma resposta entre as constantes de uma lista predeterminada indicando aquela que melhor corresponda à que deseja fornecer Este último caso favorece uma padronização e uniformização dos dados coletados pelo questionário maior do que no caso das perguntas abertas Contudo a maior parte dos questionários apresenta uma proporção variável entre os dois tipos de questões As questões mistas fechadas e abertas são aquelas em que dentro de uma lista predeterminada há um item aberto por exemplo outros Préteste do questionário Depois de redigido o questionário precisa ser testado antes de sua utilização definitiva por meio da aplicação de alguns exemplares em uma pequena população escolhida 5 Formulário É o nome geralmente usado para designar uma coleção de questões que são formuladas e anotadas por um entrevistador numa situação face a face com o entrevistado As perguntas devem ser ordenadas das mais simples às mais complexas vale lembrar que as perguntas devem referirse a uma ideia cada vez e possibilitar uma única interpretação sempre respeitado o nível de conhecimento do informante Tanto o questionário quanto o formulário por se constituírem de perguntas padronizadas são instrumentos de pesquisa mais adequados à quantificação porque são mais fáceis de serem codificados e tabulados propiciando comparações com outros dados relacionados ao tema pesquisado O questionário e o formulário são instrumentos que se diferenciam apenas no que se refere à forma de aplicação O questionário é preenchido pelo próprio entrevistado e o formulário é preenchido indiretamente isto é pelo entrevistador Quadro 5 Vantagens e desvantagens do uso do formulário VANTAGENS DESVANTAGENS Utilizado para quase todos os segmentos da população alfabetizados analfabetos populações heterogêneas Presença do pesquisador que pode explicitar os objetivos da pesquisa orientar o preenchimento do formulário e elucidar significados de perguntas que não estejam muito claras Flexibilidade para adaptarse às necessidades de cada situação podendo o entrevistador reformular itens ou ajustar o formulário à compreensão de cada informante Obtenção de dados mais complexos e úteis Facilidade na aquisição de um número representativo de informantes em determinado grupo Uniformidade dos símbolos utilizados pois é preenchido pelo próprio pesquisador Menos liberdade nas respostas em virtude da presença do entrevistador Risco de distorções devido à influência do aplicador Menor prazo para responder às perguntas não havendo tempo para pensar as respostas podem ser invalidadas Mais demorado por ser aplicado a uma pessoa de cada vez Insegurança nas respostas por não haver anonimato Pessoas detentoras de informações necessárias podem estar em localidades muito distantes tornando a resposta difícil demorada e dispendiosa Adaptado de httpwwwlcsantosprobrarquivosTecnicasdeColetadeDados 2202200710 4857pdf Acesso em 27 fev 2008 Préteste do formulário Como para o questionário recomendase o préteste para o formulário visando evitar possíveis falhas ou imprecisões na redação complexidade das questões questões desnecessárias constrangimentos para o informante exaustão etc IMPORTANTE Antes de fazer a escolha entre o uso de um questionário e o uso de um formulário reflita sobre as vantagens e desvantagens de ambas as técnicas O mesmo vale para a escolha de qualquer técnica de coleta de dados Nenhuma técnica é capaz de responder por si só à complexidade de um determinado tema de pesquisa portanto é essencial que ao escolher uma técnica em detrimento de outra você tenha clareza quanto às suas possibilidades e limitações para responder às questões da pesquisa 6 Entrevista Esta constitui uma técnica alternativa para se coletarem dados não documentados sobre determinado tema É uma técnica de interação social uma forma de diálogo assimétrico em que uma das partes busca obter dados e a outra se apresenta como fonte de informação A entrevista pode ter caráter exploratório ou ser uma coleta de informações A de caráter exploratório é relativamente estruturada já a de coleta de informações é altamente estruturada Tipos de entrevista Entrevista estruturada Na entrevista estruturada seguese um roteiro previamente estabelecido as perguntas são predeterminadas O objetivo é obter diferentes respostas à mesma pergunta possibilitando que sejam comparadas O entrevistador não tem liberdade Entrevista semiestruturada O pesquisador organiza um conjunto de questões roteiro sobre o tema que está sendo estudado mas permite e às vezes até incentiva que o entrevistado fale livremente sobre assuntos que vão surgindo como desdobramentos do tema principal Entrevista nãoestruturada Também é denominada nãodiretiva o entrevistado é solicitado a falar livremente a respeito do tema pesquisado Ela busca a visão geral do tema É recomendada nos estudos exploratórios Entrevista orientada O entrevistador focaliza sua atenção sobre uma experiência dada e seus efeitos isso quer dizer que ele sabe por antecipação os tópicos ou informações que deseja obter com a entrevista Entrevista em grupo Pequenos grupos de entrevistados respondem simultaneamente às questões de maneira informal As respostas são organizadas posteriormente pelo entrevistador numa avaliação global Entrevista informal É geralmente utilizada em estudos exploratórios a fim de possibilitar ao pesquisador um conhecimento mais aprofundado da temática que está sendo investigada Pode fornecer pistas para o encaminhamento da pesquisa a seleção de outros informantes ou mesmo a revisão das hipóteses inicialmente levantadas Instrumentos acessórios Filmadora gravador bloco para anotações e outros Roteiro É uma lista dos tópicos que o entrevistador deve seguir durante a entrevista Isso permite uma flexibilidade quanto à ordem ao propor as questões originando variedade de respostas ou até mesmo outras questões Na elaboração do roteiro devese levar em consideração a distribuição do tempo para cada área ou assunto a formulação de perguntas cujas respostas possam ser descritivas e analíticas para evitar respostas dicotômicas simnão a atenção para manter o controle dos objetivos a serem atingidos para evitar que o entrevistado extrapole o tema proposto Quadro 6 Vantagens e desvantagens do uso de entrevistas VANTAGENS DESVANTAGENS Não exige que o entrevistado saiba ler e escrever Apresenta muita flexibilidade pois o entrevistador pode facilmente adaptarse às características das pessoas e às circunstâncias em que se desenvolve a entrevista Possibilita captar a expressão corporal do entrevistado bem como a tonalidade da voz e a ênfase nas respostas Possibilita ao respondente o esclarecimento das questões Permite a obtenção de dados com elevado nível de profundidade Oferece maior garantia de respostas do que o questionário Possibilita que os dados sejam analisados quantitativa e qualitativamente Acarreta custos com o treinamento de pessoal e a aplicação das entrevistas Requer mais tempo Implica ausência de anonimato Propicia influência exercida pelo aspecto pessoal do entrevistador Permite influência das opiniões pessoais do entrevistador sobre as respostas do entrevistado Acarreta dificuldade na tabulação e na análise dos dados no caso das entrevistas abertas Adaptado de httpwwwlcsantosprobrarquivos TecnicasdeColetadeDado22022007104857pdf Acesso em 27 fev 2008 Contato inicial Para que a entrevista seja adequadamente realizada é necessário antes de mais nada que o entrevistador seja bem recebido Algumas vezes o grupo de pessoas a ser entrevistado é preparado antecipadamente mediante comunicação escrita ou contato prévio IMPORTANTE A entrevista difere do questionário e do formulário pela posição do pesquisador entrevistador no caso do questionário este é respondido pelo entrevistado sem a presença do entrevistador 7 Observação É uma técnica que faz uso dos sentidos para a apreensão de determinados aspectos da realidade Ela consiste em ver ouvir e examinar os fatos os fenômenos que se pretende investigar A técnica da observação desempenha importante papel no contexto da descoberta e obriga o investigador a ter um contato mais próximo com o objeto de estudo INFORMAÇÃO Consulte o ANEXO A para obter orientações em relação à técnica da observação para a coleta de dados Tipos de observação Simples ou assistemática O pesquisador permanece abstraído da situação estudada apenas observa de maneira espontânea como os fatos ocorrem e controla os dados obtidos Nessa categoria não se utilizam meios técnicos especiais para coletar os dados nem é preciso fazer perguntas diretas aos informantes É comumente utilizada em casos de estudos exploratórios nos quais os objetivos não estão claramente especificados pode ser que o pesquisador sinta a necessidade de redefinir seus objetivos ao longo do processo É muito apropriada para o estudo de condutas mais manifestadas das pessoas na vida social Sistemáticanãoparticipante Também conhecida como observação passiva O pesquisador não se integra ao grupo observado permanecendo de fora Presencia o fato mas não participa dele não se deixa envolver pelas situações faz mais o papel de espectador O procedimento tem caráter sistemático Esse tipo de observação é usado em pesquisas que requerem uma descrição mais detalhada e precisa dos fenômenos ou em testes de hipóteses Na técnica de coleta de dados presumese que o pesquisador saiba exatamente que informações são relevantes para atingir os objetivos propostos Nesse sentido antes de executar a observação sistemática há necessidade de se elaborar um plano para sua execução Quadro 7 Vantagens e desvantagens da observação sistemáticanãoparticipante VANTAGENS DESVANTAGENS Possibilita a obtenção de elementos para a definição do problema da pesquisa Favorece a construção de hipóteses acerca do problema pesquisado Facilita a obtenção de dados sem produzir querelas ou suspeitas nos membros das comunidades grupos ou instituições que estão sendo estudadas É canalizada pelos gostos e afeições do pesquisador Muitas vezes a atenção deste é desviada para o lado pitoresco exótico ou raro do fenômeno O registro das observações depende frequentemente da memória do investigador Dá ampla margem à interpretação subjetiva ou parcial do fenômeno estudado Adaptado de GIL 1999 Participante O investigador participa até certo ponto como membro da comunidade ou população pesquisada A ideia de sua incursão na população é ganhar a confiança do grupo ser influenciado pelas características dos elementos do grupo e ao mesmo tempo conscientizálos da importância da investigação Este tipo de observação foi introduzido nas ciências sociais pelos antropólogos no estudo das chamadas sociedades primitivas A técnica de observação participante ocorre pelo contato direto do pesquisador com o fenômeno observado Obtém informações sobre a realidade dos atores sociais em seus próprios contextos Importância da técnica A observação participante permite captar uma variedade de situações ou fenômenos que não são obtidos por meio de perguntas Os fenômenos são observados diretamente na própria realidade A observação participante apreende o que há de mais imponderável e evasivo na vida real Quadro 8 Vantagens e desvantagens da observação participante VANTAGENS DESVANTAGENS Facilita o rápido acesso a dados sobre situações habituais em que os membros da comunidade se encontram envolvidos Permite acesso a dados que a comunidade ou grupo considera de domínio privado Capta palavras de esclarecimento que acompanham o comportamento dos observados Pode causar restrição devido aos papéis que o pesquisador assume no grupo e na comunidade Pode limitar uma observação a um retrato da população estudada Em população com estratificação social o pesquisador pode ter difícil acesso a estratos diferentes daquele com o qual está identificado Pode provocar desconfiança da população ou grupo estudado limitando a qualidade da observação Adaptado de GIL 1999 76 EAD INFORMAÇÃO Com a observação os fatos são percebidos diretamente sem qualquer intermediação É uma técnica mais empregada na Etnografi a 8 Diário de campoNotas de campo O diário de campo enquanto técnica de pesquisafoi utilizado inicialmente pela Antropologia classicamente representada pelo antropólogo Bronisław Malinowski o primeiro a sistematizar as observações realizadas em suas pesquisas etnográficas Existem diferentes concepções e contribuições em relação à elaboração e ao uso de um diário de campo Apresentamos sucintamente apenas algumas delas Segundo Falkembach 1987 o diário de campo é um instrumento de anotações um caderno com espaço suficiente para anotações comentários e reflexão para uso in dividual do investigador em seu dia a dia Nele se anotam todas as observações de fatos concretos fenômenos sociais acontecimentos relações verificadas experiências pes soais do investigador suas reflexões e comentários Ele facilita criar o hábito de escrever e observar com atenção descrever com precisão e refletir sobre os acontecimentos O diário de campo muito utilizado em estudos antropológicos é um ins trumento muito complexo que permite o registro das informações observações e reflexões surgidas no decorrer da investigação ou no momento observado Tratase do detalhamento descritivo e pessoal sobre os interlocutores grupos e ambientes estudados Podemos considerálo por suas características como um instrumento de interpretaçãointerrogação LOPES 1993 É como um diário de bordo onde se anotam dia após dia com estilo telegrá fico os eventos da observação e a progressão da pesquisa BEAUD WEBER 1998 Polit Hungler 1995 incluem a dimensão de cunho mais interpretativo das anotações considerando que durante a observação de um fato o pesquisador já pode registrar algumas análises sobre o acontecimento É o relato escrito daquilo que o investigador ouve vê experiencia e pensa no decurso da coleta de dados BOGDAN BIKLEN 1994 ANOTE Um exemplo interessante e raro de diário de campo se encontra referido na obra de Carlos Rodrigues Brandão intitulada O afeto da terra Para os interessados nessa técnica de pesquisa e de compreensão das relações entre os homens e os seres da natureza no mundo rural vale a pena ler BRANDÃO C R O afeto da terra imaginários sensibilidades e motivações de relacionamen tos com a natureza e o meio ambiente entre agricultores e criadores sitiantes do bairro dos Pretos nas encostas paulistas da serra da Mantiqueira em Joanópolis SP Campinas Ed da UNICAMP 1999 Como construir um diário de campo As anotações no diário de campo devem conter duas partes uma descritiva e uma reflexiva Parte descritiva é a parte das anotações onde deve haver preocupação em captar as características das pessoas ações e conversas observadas de acordo com o local de estudo BOGDAN BIKLEN 1994 Descrição dos sujeitos Reconstrução dos diálogos Descrição do espaço físico Relatos de acontecimentos particulares Descrição da atividade Comportamento postura do observador Parte reflexiva é a parte das anotações que apreende mais o ponto de vista do observador suas ideias e preocupações Essa fase de registro mais subjetivo segundo Bogdan Biklen 1994 comporta reflexões sobre os seguintes itens a análise o método os conflitos e dilemas éticos o ponto de vista do observador pontos de clarificação Como desenvolver o diário de campo na fase de coleta de dados segundo Beaud Weber 1998 Em um caderno na página da direita anotamse datas nomes de pessoas de lugares na página da esquerda anotamse questões hipóteses leituras tudo o que faz parte da vida intelectual do pesquisador Essas análises são úteis e podem servir como os primeiros embriões de seu plano de redação definitivo Requisitos precisão senso de detalhes e honestidade escrupulosa ANOTE Exemplificando um modelo de diário de campo Título Data Horário Local da observação Descritivo aparência fala gestos desenho do espaço pessoas envolvidas comportamento do pesquisador C O comentários Reflexivo especulações pensamentos reflexões metodologia pressupostos C O comentários Página da esquerda do caderno Diário da pesquisa reflexivo questionamentos levantados a partir da observação e desenvolvimento de análises que servirão para orientar a observação decidir quem ou o que será observado posteriormente e sobretudo início do plano de redação do relatório da pesquisa questões hipóteses dúvidas leituras Página da direita do caderno Diário da observação descritivo anotações breves datadas e localizadas anotações de impressões e descrições a quem onde como quando o que aconteceu Assim como as demais técnicas de coleta de dados o uso do diário de campo apresenta vantagens e desvantagens conforme o quadro 9 abaixo as quais devem ser levadas em consideração no momento da escolha de tal técnica Quadro 9 Vantagens e desvantagens do uso do diário de campo VANTAGENS DESVANTAGENS Não é uma técnica isolada de coleta de dados em pesquisa qualitativa Não requer conhecimento aprofundado para ser usado Busca a checagem das informações e explora tópicos de difícil abordagem Pode perder o foco e deixar passar aspectos importantes da pesquisa Elaborado a partir de ALVESMAZZOTTI GEWANDSZNAJDER 1998 ANOTE Sugestões para o diário de campo segundo BOGDAN BIKLEN 1994 Não adiar a tarefa Registrar antes de falar para não confundir Escrever as anotações em lugar sossegado e tranquilo Darse tempo para escrever as notas Esboçar fraseschave e tópicos antes de começar a escrever Escrever de forma cronológica Deixar as conversas e acontecimentos fluírem no papel Acrescentar o que foi esquecido na primeira escrita Compreender que esse método é trabalhoso e demanda tempo Em relação aos diferentes tipos de coleta de dados acima apresentados Doxsey De Riz 2003 p 36 apontam elementos importantes para reflexão Pesquisar é conhecer a realidade É levantar informações significativas e representativas existentes nesta realidade às quais chamamos dados Às vezes esses dados atributos e características das pessoas e dos fenômenos que elegemos estudar podem ser observados contados medidos diretamente São informações tangíveis Outras vezes não Muitos fenômenos que interessam ao educador e ao cientista não podem ser medidos ou observados diretamente Nas Ciências Humanas precisamos estimular respostas questionar e observar para produzir os nossos dados Esses dados então são examinados para que possamos lhes atribuir significados Interpretamos e analisamos as informações coletadas para discernir padrões de respostas tendências e associações É necessário então utilizar ferramentas que nos permitam chegar a coletar organizar e analisar os dados Os instrumentos são os mecanismos pelos quais organizamos e sistematizamos a coleta de informações Para ser considerado um mecanismo adequado confiável o formato do instrumento precisa facilitar o registro eficiente das informações procuradas Na coleta de dados é também necessário garantir a uniformidade de aplicação do instrumento de unidade de análise para outra ou seja de uma pessoa de um grupo de uma situação para outra Ver Richardson Capítulo 11 Confiabilidade e validade p 174 Isso significa que o instrumento de coleta questionário ficha de observação roteiro de entrevista etc deve ser organizado de tal maneira que a forma de sua aplicação não altere a natureza dos dados registrados Os itens e perguntas são padronizados em termos de seu formato É importante construir instrumentos que coletem informações que correspondam à realidade pesquisada ou seja que os instrumentos sejam válidos que produzam informações verdadeiras e válidas para o objetivo do estudo Para Richardson 1999 um instrumento é valido quando mede o que deseja Decisão importante Resumir o que já foi dito ou ir a campo Doxsey De Riz 2003 p 389 trazemnos alguns elementos importantes para tomar esta decisão ao preparar o projeto de pesquisa um dos tópicos que devem ser incluídos é a especificação dos procedimentos metodológicos planejados para realizar o estudo Dentre as informações que devem constar deste item está a classificação da pesquisa quanto á coleta de dados A confusão mais frequente entre os pesquisadores iniciantes está relacionada justamente a isso A grande maioria informa que vai realizar uma pesquisa do tipo bibliográfica Se este for o tipo de pesquisa a ser realizado significa que você vai produzir um ensaio teórico vai ler algumas obras e a partir disso fazer uma síntese do pensamento dos autores consultados A pesquisa bibliográfica utiliza exclusivamente 80 EAD a coleta de informações conceitos e dados em livros O que é preciso ter claro é o seguinte não se deve confundir a construção do quadro teórico ou referencial teórico com a pesquisa bibliográfica Toda pes quisa tem algum tipo de referencial que é uma revisão sistemática da literatura existente obras textos artigos informação de sites da Internet dissertações teses monografias relatórios técnicos revistas científicas resenhos cartas documentos escritos etc publicados ou não Todo pesquisador precisa consultar livros mas essa consulta aos livros apenas não caracteriza a pesquisa como bibliográfica É importante ressaltar que uma pesquisa bibliográfica é aquela em que os dados apresentados provêm apenas de livros e artigos consultados Também é importante saber que para coletar os dados o pesquisador pode escolher outro caminho a saber por meio de uma pesquisa de campo Doxsey De Riz 2003 p 389 expli citam qual é esse outro caminho tratase de um estudo empírico no qual o pesquisador sai a campo para conhecer determinada realidade no interior da qual usando os instrumentos e técnicas já especificados coleta dados para sua pesquisa A escolha de um método específico depende principalmente do objeto do estudo mas o fator tempo e a necessidade para usar um ou vários métodos em conjunto influenciam a seleção Pesquisadores iniciantes não precisam ter domínio ou conhecimento de todos os métodos apre sentados no quadro mas é importante saber da abrangência de possibili dades disponíveis Alguns tipos de estudo usam mais do que um método ou técnica de coleta de dados O bom estudo de caso exige a utilização de documentos da observação e da coleta de informações diretamente com os principais atores envolvidos no problema No entanto o pes quisador pode optar por um método único por exemplo a observação participante para explorar um problema menos pesquisado Em resumo há conexões lógicas e metodológicas entre o tipo de pesquisa os métodos e procedimentos selecionados e os próprios objetivos Em geral para quem está iniciando saber que o elenco de métodos é grande raramente tranquiliza ou resolve o problema da escolha 4144 TÉCNICAS DE ANÁLISE DE DADOS Descrição dos procedimentos adotados para a análise dos dados quantitativos análise estatística tipos de testes estatísticos escolhidos etc qualitativos análise de conteúdo análise de discurso etc 41441 Técnicas de análise de dados quantitativos A análise tem como objetivo organizar os dados de forma que fique possível o fornecimento de respostas para o problema proposto Em relação às formas que os processos de análise de dados quantitativos podem assumir tomando como referência Gil 2006 observamse em boa parte das pesquisas os seguintes passos estabelecimento de categorias codificação e tabulação análise estatística dos dados Estabelecimento de categorias Para que as informações possam ser adequadamente analisadas fazse necessário organizálas o que é feito mediante seu agrupamento em certo número de categorias Em muitas situações o estabelecimento de categorias é uma tarefa bastante simples como no caso das investigações que tiveram os dados obtidos a partir de instrumentos padronizados Por exemplo numa pesquisa em que os entrevistados tinham 12 17 24 32 45 62 e 74 anos de idade o agrupamento dos indivíduos pode ser feito nas seguintes categorias por faixa etária menores de 18 anos entre 18 e 60 anos e maiores de 60 anos É necessário que as categorias sejam suficientes para incluir todas as respostas e sejam organizadas de forma tal que não seja possível colocar uma determinada resposta em mais de uma categoria Codificação e tabulação Codificação é o processo pelo qual os dados brutos são transformados em símbolos que possam ser tabulados Isso pode ocorrer antes ou após a coleta A precodificação ocorre frequentemente em levantamentos em que os questionários são constituídos por perguntas fechadas cujas alternativas estão associadas a códigos impressos no próprio questionário como aparece no exemplo abaixo Sexo 1 Masculino 2 Feminino Religião 1 Católico 2 Evangélico 3 Espírita 4 Umbandista A tabulação é o processo que consiste em agrupar e contar os casos que estão nas várias categorias de análise ou seja a tabulação simples consiste na simples contagem das frequências das categorias de cada conjunto O processamento por computador é muito útil quando se trabalha com um grande volume de dados como no caso dos levantamentos não apenas porque o tempo destinado à tabulação fica reduzido mas também pelo fato de o computador armazenar os dados de maneira acessível organizálos e analisálos estatisticamente Análise estatística dos dados Esta análise implica processamento de dados através da geração normalmente mediante o emprego de técnicas de cálculo matemático da apresentação os dados podem ser organizados em gráficos ou tabelas e da interpretação A descrição das variáveis é imprescindível como um passo para a adequada interpretação dos resultados de uma investigação Dependendo do objeto a ser estudado e de suas características um tipo de dado aqui entendido como algo que pode ser convertido em números pode ser conseguido por meio de um processo de mensuração característico ou tradicional Silva 2003 cita três tipos básicos com relação à natureza do processo de mensuração Escala nominal ou classificadora de nomear É a mensuração aplicada em um nível mais básico quando números ou outros símbolos são usados para classificar objetos ou pessoas ou características de ambos ou para identificar os grupos a que vários objetos ou pessoas pertencem A primeira organização de dados consiste em distribuir características de indivíduos ou de objetos em categorias e contar a frequência com que ocorrem Alguns tipos de dados nominais mais comuns em pesquisas são por exemplo sexo masculino e feminino classe socioeconômica alta média e baixa partido político de preferência orientação no tempo presente passado e futuro etc Escala ordinal ou escala por postos de ordem Quando se quer ultrapassar a simples atribuição de um rótulo ou nome a um indivíduo ou objeto podemse classificar os dados em categorias segundo um ordenamento preestabelecido como por exemplo ordenação do grau de concordância com uma assertiva concordo plenamente concordo indiferente discordo discordo plenamente avaliação de um produto ou serviço muito insatisfeito relativamente insatisfeito neutro relativamente satisfeito e muito satisfeito classificação de alunos 1º 2º 3º 30º O nível ordinal fornece informações sobre a ordenação mas não indica a magnitude das diferenças entre os valores Assim por exemplo quando classificamos alunos de uma turma sabemos que o 1º apresentou melhor desempenho em um teste mas não podemos inferir que ele sabe mais que o 2º ou mais que o 3º etc Só podemos afirmar que ele foi classificado em primeiro lugar Escala intervalar de intervalos É aplicável quando a escala tem todas as características de uma escala ordinal e além disso se conhecem as distâncias entre dois números quaisquer da escala unidade de medida e o zero da escala de medida existe por convenção como quando se mede por exemplo temperatura Celsius Fahrenheit altura metro centímetro pés peso tonelada quilograma grama 83 EAD Podemos de forma simplificada classificar a análise dos dados como análise univariada bivariada e multivariada Utilizamos a análise univariada para estudar a distribuição de apenas uma variável a análise bivariada quando trabalhamos com duas variáveis e a análise multivariada para os casos de mais de duas variáveis Para que esses dados sejam considerados válidos devem ser submetidos a testes estatísticos que não serão aqui abordados por se tratar de matéria complexa e porque eles são bastante explorados nos manuais de estatística No entanto é importante frisar que não podemos tratar qualquer tipo de mensuração com os mesmos testes ou méto dos estatísticos e que devemos atentar para o fato de que há metodologias específicas É claro que o tratamento matemático de qualquer coleção de números sempre pode ser processado ou submetido a uma fórmula mas se ela não tiver sentido de valida de ou relação causal não pode ser considerada pois o resultado embora exista concreta mente não tem qualquer relação com o objeto de conhecimento O quadro 10 abaixo apresenta uma síntese dos métodos e técnicas adequados para cada tipo de mensuração Quadro 10 Tipos de mensuração x possíveis testes apropriados Escalas Relações defi nidoras Testes estatísticos adequados Nominal Equivalência Número de casos Percentagens Moda Correlações de contingência Quiquadrado Teste exato de Fisher Frequência Teste binomial Mcnemar Cochran Q Coefi ciente de contingência Ordinal Equivalência Maior do que Todos os anteriores e mais rs de Spearmam τ de Kendal W de Kendall Mediana Percentis Decis quartis Desvio quartílico Correlação de postos Teste de sinais Teste de KolmogorovSmirnov Teste U MannWhitney Teste de Kruskal Wallis Intervalar Equivalência Maior do que Razão conhecida de dois inter valos quaisquer Todos os anteriores e mais Média Desviopadrão Média aritmética Desvio padrão variância Desvio médio Intervalo amplitude total am plitude média Correlação de produtomo mento testet testeF testeZ Adaptado de SILVA 2003 41442 Técnicas de análise de dados qualitativos Para analisar compreender e interpretar um material qualitativo fazse necessário superar a tendência ingênua a acreditar que a interpretação dos dados será mostrada espontaneamente ao pesquisador é preciso penetrar nos significados que os atores sociais compartilham na vivência de sua realidade Dessa forma serão apresentadas duas possibilidades teóricas e práticas de análise do material qualitativo a saber análise de conteúdo e análise do discurso A análise de conteúdo é uma técnica de pesquisa e como tal tem determinadas características metodológicas objetividade sistematização e inferência Segundo Bardin 1979 p 42 ela representa um conjunto de técnicas de análise das comunicações que visam a obter por procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens indicadores quantitativos ou não que permitam a inferência de conhecimentos relativos às condições de produção e recepção dessas mensagens Do ponto de vista operacional a análise de conteúdo inicia pela leitura das falas realizada por meio das transcrições de entrevistas depoimentos e documentos Geralmente todos os procedimentos levam a relacionar estruturas semânticas significantes com estruturas sociológicas significados dos enunciados e articular a superfície dos enunciados dos textos com os fatores que determinam suas características variáveis psicossociais contexto cultural e processos de produção de mensagem Esse conjunto analítico visa a dar consistência interna às operações MINAYO 2007 Existem várias modalidades de análise de conteúdo dentre as quais destacamos análise lexical análise de expressão análise de relações análise temática e análise de enunciação No entanto será definida aqui a análise temática porque além de ser a mais simples é considerada apropriada para as investigações qualitativas A análise temática trabalha com a noção de tema o qual está ligado a uma afirmação a respeito de determinado assunto comporta um feixe de relações e pode ser graficamente representada por meio de uma palavra frase ou resumo Para Minayo 2007 p 316 a análise temática consiste em descobrir os núcleos de sentido que compõem uma comunicação cuja presença ou frequência signifique alguma coisa para o objetivo analítico visado De acordo com a mesma autora operacionalmente a análise temática ocorre em três fases Préanálise organização do que vai ser analisado exploração do material por meio de várias leituras também é chamada de leitura flutuante Exploração do material é o momento em que se codifica o material primeiro fazse um recorte do texto após escolhemse regras de contagem e por último classificamse e agregamse os dados organizandoos em categorias teóricas ou empíricas Tratamento dos resultados nesta fase trabalhamse os dados brutos permitindo destaque para as informações obtidas as quais serão interpretadas à luz do quadro 85 EAD Na fase de organização e tratamento dos dados poderá ser utilizado o software NVivo 20 programa que auxilia na análise de material qualitativo com as ferramentas de co dificação e armazenamento de textos em categorias específicas GUIZZO et al 2003 A análise do discurso objetiva realizar uma reflexão sobre as condições de produção e apreensão do significado de textos produzidos em diferentes campos como por exemplo o religioso o filosófico o jurídico e o sociopolítico Os pres supostos básicos desta análise podem ser resumidos em dois 1 o sentido de uma palavra ou de uma expressão não existe em si mesmo ao contrário expressa posições ideológicas em jogo no processo sóciohistórico no qual as relações são produzidas 2 toda formação discursiva dissimula pela pretensão de transparência e dependên cia formações ideológicas PÊCHEUX 1988 Segundo Minayo 2007 a análise do discurso situase ao mesmo tempo em uma apropriação da linguística tradicional e da análise de conteúdo bem como na crítica des sas abordagens evidenciando que elas são práticasteóricas historicamente definidas É importante definir alguns conceitos desenvolvidos na perspectiva da análise de discurso Texto é a unidade de análise desde uma simples palavra ou frase até um documento completo a partir da qual são possíveis recortes Leitura permite múltiplas interpretações Silêncio ocupa lugar de relevância nesta técnica de análise tanto quanto a palavra ele tem suas condições de produção Por exemplo o silêncio imposto pelo oprimido pode expressar formas de resistência Tipos de discursos discurso lúdico apresenta simetria e reversibilidade entre os interlocutores e máxima polissemia discurso polêmico apresenta simetria e reversibilidade menor e algum grau de polissemia discurso autoritário é totalmente assimétrico e possibilita poucas interpretações polissêmicas Caráter recalcado da matriz do sentido adotando a linha da psicaná lise a fala é marcada por dois níveis 1 aponta o que não é conhecido pelo sujeito pesquisado na zona do inconsciente 2 provoca ocultação parcial préconsciente consciente em relação à sua fala Os procedimentos de análise segundo Orlandi 1987 são divididos em qua tro 1 em primeiro lugar procedese ao estudo das palavras do texto separando adjetivos substantivos verbos e advérbios 2 realizase a construção das frases 3 constróise uma rede semântica que evidencia uma dinâmica intermediária entre o social e a gramática 4 por fim elaborase a análise considerando a produção social do texto como constitutiva de seu próprio sentido 86 EAD Quadro 11 Comparação entre a análise de conteúdo e a análise do discurso ANÁLISE DE CONTEÚDO ANÁLISE DO DISCURSO A interpretação da análise de conteúdo poderá ser tanto quantitativa quanto qualitativa A interpretação poderá ser somente qualitativa Trabalha com o conteúdo espera compreender o pensamento do sujeito através do conteúdo expresso no texto Trabalha com o sentido que o sujeito manifesta em seu discurso e não com o conteúdo Supõe a transparência da linguagem Supõe que a linguagem não é transparente mas opaca Visa no texto justamente uma série de signifi ca ções que o codifi cador detecta por meio de indi cadores que a ele estão ligados O analista fará uma leitura do texto enfocando a posição discursiva do sujeito legitimada so cialmente pela união social da história com a ideologia que produz sentidos Elaborado a partir de CAREGNATO MUTTI 2006 INFORMAÇÃO Como realizar a descrição dos dados A descrição dos dados obtidos na pesquisa é feita geral mente de acordo com os objetivos do estudo GIL 1999 415 Aspectos éticos Segundo Goldim 2001 disponível em httpwwwufrgsbrbioeticaprojeto htm o aspecto ético fundamental neste item é a garantia de que não haverá discrimi nação na seleção dos indivíduos nem exposição destes a riscos desnecessários Quando forem pesquisados grupos de pessoas em estados ou condições especiais eles devem merecer cuidados diferenciados como nos casos de gestantes crianças e adolescen tes doentes mentais prisioneiros estudantes militares empregados de instituições de saúde membros de comunidades menos desenvolvidas e outros Segundo esse autor httpwwwufrgsbrbioeticahelsin4htmetica os aspectos éticos relativos ao projeto devem ser esclarecidos no item Método Os es senciais são a adequada avaliação da relação riscobenefício a obtenção do consen timento informado e a garantia da preservação da privacidade A avaliação da relação riscobenefício deve ser feita por meio de dados internacionais e locais Quando houver a utilização de grupos comparativos deve ser avaliada a existência de equipo lência entre as diferentes intervenções A forma de obtenção do Consentimento Infor mado httpwwwufrgsbrbioeticares19696htmcinf deve ser descrita e o modelo do Termo de Consentimento httpwwwufrgsbrbioeticaconspesqhtm que será utilizado deve ser anexado ao projeto Os autores também devem assegurar a preservação dos dados a confidencialidade httpwwwufrgsbrbioeticares19696 htmIII3i e o anonimato dos indivíduos pesquisados Quando o projeto utilizar dados secundários como por exemplo dados de prontuários de pacientes ou de ba ses de dados os pesquisadores devem comprometerse formalmente com a garantia da privacidade dessas informações 87 EAD INFORMAÇÃO Consulte o documento do Ministério da Saúde sobre Normas para Pesquisa Envolvendo Seres Humanos nos seguintes links httpwwwufrgsbrbioeticaRes19696htm httpdtr2001saudegovbreditoraprodutoslivrospdf030559MPpdf 416 Bibliografia A bibliografia citada eou consultada deve ter suas referências no final do projeto de acordo com as normas oficiais httpwwwabntorgbrdefault aspresolucao1280X1024 417 Cronograma Este consiste na distribuição das etapas de realização da pesquisa no tempo normalmente expresso em meses necessários após a redação do projeto ele assume com frequência a forma de um quadro ou tabela onde constam as atividades que se rão desempenhadas e os meses em que as atividades serão levadas a cabo podendose marcar com um X cada um dos meses pertinentes a cada atividade INFORMAÇÃO Veja o capítulo 15 de GIL 2007 p 15560 para obter maiores detalhes sobre a elaboração de um cronograma do projeto de pesquisa 418 Orçamento Consiste na estimativa dos gastos com a pesquisa considerando os custos referentes a cada etapa segundo itens de despesa custos de pessoal custos de material e outros INFORMAÇÃO Veja o capítulo 15 de GIL 2007 p 15560 para obter maiores detalhes sobre a elaboração de um orçamento do projeto de pesquisa INFORMAÇÃO Consulte os documentos na página da ABNT httpwwwabntorgbrdefaultaspresolucao1280X1024 para obter maiores detalhes sobre a estrutura de trabalhos científi cos segundo as normas da ABNT 2007 Consulte também os textos dos Anexos B e C sobre alguns problemas na redação de textos acadêmicos Dicas de redação e Redação e estilo 42 REFERÊNCIAS ALVESMAZZOTTI A J GEWANDSZNAJDER F O método nas ciências naturais e sociais pesquisa quantitativa e qualitativa São Paulo Pioneira 1998 BARDIN L Análise de conteúdo Lisboa Ed 70 1979 BAUER M W GASKELL G Orgs Pesquisa qualitativa com texto imagem e som Manual prático Petrópolis Vozes 2002 88 EAD BOGDAN R C BIKLEN S K Notas de campo In BOGDAN R C BIKLEN S K Investigação qualitativa em educação uma introdução às teorias e aos métodos Porto Porto Editora 1994 p15075 BEAUD S WEBER F Guide de lenquête de terrain produire et analyser des données ethnographiques Paris La Découverte 1998 BUY A Técnicas de pesquisa observação questionário e entrevista 2005 Disponível emhttpwwwusersrdcpucriobrimagositemetodologiatextosanabuy htm Acesso em 7 set 2006 CAREGNATO R C A MUTTI R Pesquisa qualitativa análise de discurso versus aná lise de conteúdo Florianópolis 2006 Texto Contexto Enfermagem CORTES S M V Técnicas de coleta e análise qualitativa de dados Cadernos de Socio logia Porto Alegre PPGSIFCHUFRGS v 9 p 1147 1998 DOXSEY J R DE RIZ J Metodologia da pesquisa científica ESAB Escola Superior Aberta do Brasil 20022003 Apostila FALKEMBACH E M F Diário de campo um instrumento de reflexão Contexto e educação Ijuí v 2 n 7 p 1924 julset 1987 GERHARDT T E LOPES M J M ROESE A SOUZA A A construção e a utilização do diário de campo em pesquisas científicas International Journal of Qualitative Methods 2005 GIL A C Métodos e técnicas de pesquisa social São Paulo Atlas 1999 Como elaborar projetos de pesquisa 4 ed São Paulo Atlas 2007 GHIGLIONE R MATALON B O inquérito teoria e prática Oeiras Celta 1997 GUIZZO B S et al O software QSR NVivo 20 na análise qualitativa de dados ferramenta para a pesquisa em ciências humanas e da saúde Revista Gaúcha de Enfer magem Porto Alegre v 24 n 1 p 5360 abr 2003 LOPES M J M Les soins images et realités le quotidien soignant au Brésil Paris Université de Paris VII 1993 Tese de Doutorado MARCONI M A LAKATOS E M Técnicas de pesquisa planejamento e execução São Paulo Atlas 1985 Fundamentos da metodologia científica 5 ed São Paulo Atlas 2003 CRUZ NETO O O trabalho de campo como descoberta e criação In MINAYO M C S Org Pesquisa social teoria método e criatividade 21 ed Petrópolis Vozes 2002 MINAYO M C de S O desafio do conhecimento 10 ed São Paulo HUCITEC 2007 ORLANDI E P A linguagem e seu funcionamento as formas do discurso Campinas Pontes 1987 PÊCHEUX M Semântica e disurso Campinas UNICAMP 1988 QUIVY R CAMPENHOUDT L V Manuel de recherche en sciences sociales Paris Du nod 1995 RICHARDSON R J Pesquisa social métodos e técnicas São Paulo Atlas 2007 SANTOS L C Técnicas de coleta de dados instrumentos de coleta de dados Dis ponível em wwwlcsantosprobrarquivosTecnicasdeColetadeDados 2 2 0 22007104857pdf Acesso em 27 fev 2008 SILVA D Tópicos avançados de estatística na pesquisa em Administração de Empre sas Notas de aula 2003 TRIVIÑOS A N S Introdução à pesquisa em Ciências Sociais a pesquisa qualitativa em educação São Paulo Atlas 1987 UNIDADE 5 TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO Denise Tolfo Silveira Fernanda Peixoto Córdova e André Luis Machado Bueno INTRODUÇÃO Esta unidade explora os usos das tecnologias de informação e comunicação NTIC na pesquisa científica exemplificando as principais ferramentas de busca e trazendo elementos sobre a utilização ética de tais tecnologias OBJETIVOS Os objetivos desta Unidade são 1 identificar ferramentas de busca de informação através das tecnologias de informação e comunicação 2 discutir os critérios de seleção das fontes de informação e 3 identificar e discutir os principais problemas éticos e profissionais na utilização das NTIC na pesquisa científica 51 USOS DAS TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO As tecnologias de informação e comunicação disponibilizam grande volume e diversidade de informações que implicam o desenvolvimento de habilidades e a reconstrução permanente de conhecimentos que tornam a seleção e o tratamento da informação eficientes e objetivos No âmbito da pesquisa as tecnologias de informação e comunicação possibilitam a elaboração e o gerenciamento dos projetos o gerenciamento de recursos materiais humanos e financeiros dos projetos a pesquisa bibliográfica a coleta de dados a aquisição de sinais imagens e dados laboratoriais o controle de equipamentos de laboratório a análise estatística e numérica de dados a descoberta automática simulação o uso de ferramentas de apoio à publicação ilustração e apresentação em congressos e intercomunicação 511 Ferramentas de apoio à pesquisa 5111 FERRAMENTAS DE BUSCA BIBLIOGRÁFICA EM BASES DE DADOS A preparação cuidadosa de uma pesquisa bibliográfica é condição essencial para seu sucesso de uma pesquisa Quanto mais adequada for essa preparação mais rapidamente os resultados serão atingidos FONSECA 2002 É importante que o pesquisador se lembre que durante a pesquisa é possível introduzir alterações Na preparação da busca de informação devem ser levados em conta alguns aspectos tais como a definição do contexto da busca o tipo de informação que se deseja o tempo disponível para a busca o volume de informação desejada o procedimento de busca que envolve dividir a informação em itens classificar os itens por ordem de importância selecionar palavras chaves para os itens a consciência das limitações de ordem linguística a informação disponível é redigida em inglês e os mecanismos de tradução não são precisos as limitações de ordem cronológica nem sempre é possível enquadrar a informação temporalmente a limitação geográfica a informação disponível provém de uma minoria de países as limitações de credibilidade a informação disponível nem sempre é fidedigna a seleção dos recursos disponíveis na World Wide Web www índices catálogos meta pesquisas etc Índices ou mecanismos de busca funcionam como listas telefônicas devendo o assunto ser procurado em seus arquivos ou bancos de dados Catálogos agrupam os endereços encontrados por categoria facilitando a busca Metabusca dispõem de mecanismos que acessam a vários índices simultaneamente economizando tempo e aumentando as chances de encontrar o que se está procurando Os catálogos de bibliotecas são organizados em geral por títulos autores e assuntos Nesses catálogos podem ser encontrados livros folhetos dissertações teses e materiais especiais CDROM vídeos etc disponíveis no acervo da biblioteca mas não os artigos publicados em periódicos ou em coletâneas Muitas bibliotecas já oferecem catálogos em meio eletrônico para consulta no local ou via conexão remota online via Internet Navegue no Sistema Automatizado de Bibliotecas SABiUFRGS veja o tutorial disponibilizado a seguir INFORMAÇÃO RECURSOS SABiWeb httpwwwbibliotecaufrgsbrTreSabiWeb22pdf Atenção salve este arquivo em pdf em sua área de trabalho e após abra o arquivo para visualizar o tutorial de como utilizar o SABiUFRGS A pesquisa de periódicos A pesquisa de artigos de periódicos se dá por meio de índices especializados que mantêm para uma determinada área de conhecimento um levantamento de artigos de um grande número de periódicos Nos índices os arquivos são indexados por palavraschave autor título e assunto e incluem as referências dos que autores foram citados e por quem os resumos eou textos completos dos artigos Atualmente a maioria dos índices especializados é comercializada mas eles podem ser consultados nas bibliotecas que os subscrevem disponíveis online ou nas versões eletrônicas em CDROM ou em disquetes Devido a restrições de 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Portal pode ser acessado por membros da UFRGS fora da universidade http wwwbibliotecaufrgsbrcapeshtm A revista Ciência e Saúde Coletiva v 12 n 1 Rio de Janeiro janmar 2007 inclui vários artigos sobre agrotóxicos e questões agrárias 5112 SISTEMAS DE INFORMAÇÃO Dados estatísticos também podem ser encontrados na Web IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística httpwwwibgegovbr Estatísticas da Previdência Social MPAS httpwwwmpasgovbr12htm Social Indicators of Development World Bank CIESIN httpwwwciesinorgICwbanksidhomehtml Trends in Developing Economies TIDES World Bank httpwwwciesinorgICwbanktdehomehtml World Tables World Bank 19721992 1994 edition httpwwwciesinorgICwbankwtableshtml FEE Fundação de Economia e Estatística httpwwwfeetchebrsitefeeptcontentcapaindexphp 52 ÉTICA PLÁGIO Ética é uma palavra de origem grega com duas etimologias possíveis A primeira é a palavra éthos com e curto que pode ser traduzida por costume a segunda que também se escreve éthos porém com e longo significa propriedade do caráter A primeira é a que serviu de base para a tradução latina moralis enquanto a segunda é a que de alguma forma orienta a utilização atual que damos à palavra ética Ética é a investigação geral sobre aquilo que é bom MOORE 1975 p 4 De acordo com o Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa ética é o estudo dos juízos de apreciação referentes à conduta humana susceptível de qualificação do ponto de vista do bem o do mal Já plágio pode ser definido como o ato de assinar ou apresentar uma obra intelectual de qualquer natureza texto música obra pictórica fotografia obra audiovisual contendo partes de uma obra que pertença a outro autor sem colocar os créditos para esse autor original Segundo Lécio Augusto Ramos professor de Metodologia da Pesquisa do curso de Comunicação Social da Universidade Estácio de Sá disponível em httpwww andesorgbrimprensaultimascontatoviewaspkey3974 há três tipos muito comuns de plágio plágio integral a transcrição sem citação da fonte de um texto completo plágio parcial a cópia de algumas frases ou parágrafos de diversas fontes para dificultar a identificação plágio conceitual a apropriação de um ou vários conceitos ou de uma teoria que o autor de um texto apresenta como se fossem seus De acordo com a legislação há outros conceitos relacionados com plágio heteropplágio o fato de um autor apropriarse de obra de outra pessoa autoplagio o fato de um autor copiar trechos seus e distribuílos em diferentes artigos como se fossem originais Veja a respeito de plágio os artigos 5 8 e 9 da Resolução 072004 Código disciplinar discente da UFRGS httpwwwufrgsbrcepeRes0704htm 521 Legislação sites É possível encontrar na Internet compilações de instrumentos legais Legislação Brasileira Senado Federal httpwwwsenadogovbr Diário Oficial Imprensa Nacional httpwwwingovbr 93 EAD INFORMAÇÃO Para recuperar a informação eletrônica pela Internet veja httpwwwcedufscbrursulapapersbuscanethtml A respeito de plágio eletrônico e ética leia o artigo do Anexo D A respeito de ética veja httpwwwufrgsbrbioeticaeticahtm 53 REFERÊNCIAS MOORE G E Princípios éticos São Paulo Abril Cultural 1975 GOLDIM J R Bioética e interdisciplinariedade Educação Subjetividade Poder v 4 p 248 1997 Bibliografia de base DEMO P Metodologia do conhecimento científico São Paulo Atlas 2000 GIL A C Métodos e técnicas de pesquisa social 4 ed São Paulo Atlas 1994 Como elaborar projetos de pesquisa 4 ed São Paulo Atlas 2007 LAKATOS E M de A MARCONI M de A Fundamentos da metodologia científica São Paulo Atlas 2003 ALVESMAZZOTTI A J GEWANDSZNAJDER F O método nas ciências naturais e sociais pesquisa quantitativa e qualitativa São Paulo Pioneira 1998 Bibliografia complementar BRANDÃO C R Org Pesquisa participante 8 ed São Paulo Brasiliense 1990 CHALMERS A O que é ciência afinal Trad de Raul Fiker São Paulo Brasiliense 1982 CHIZZOTI A Pesquisa em ciências humanas e sociais São Paulo Cortez 1991 DEMO P Metodologia científica em ciências sociais 2 ed São Paulo Atlas 1989 FLICK U Uma introdução à pesquisa qualitativa 2 ed Porto Alegre Bookman 2004 FODDY W Como perguntar teoria e prática da construção de perguntas em entrevis tas e questionários Oeiras Celta 1996 FOUREZ G A construção das ciências introdução à filosofia e à ética das ciências São Paulo Ed da UNESP 1995 GRANGER G G A ciência e as ciências São Paulo Ed da UNESP 1994 KÖCHE J C Fundamentos de metodologia científica teoria e prática da pesquisa Pe trópolis Vozes 1997 LAKATOS E M MARCONI M A Metodologia científica São Paulo Atlas 1991 LAVILLE C DIONE J A construção do saber manual de metodologia em ciências humanas Porto Alegre Artmed 1999 MACEDO N D Iniciação à pesquisa bibliográfica um guia do estudante para a funda mentação de pesquisa São Paulo Loyola 1994 MINAYO M C S Org Pesquisa social teoria método e criatividade Petrópolis Vozes 2001 94 EAD SALOMON D V Como fazer uma monografia São Paulo Martins Fontes 1997 SANTOS B S Um discurso sobre as ciências Porto Afrontamento 1987 SEABRA G F Pesquisa científica o método em questão Brasília Ed da UnB 2001 SEVERINO A J Metodologia do trabalho científico São Paulo Cortez 2000 THIOLENT M Metodologia da pesquisaação São Paulo Cortez 1992 TRIVIÑOS A N S Introdução à pesquisa em ciências sociais a pesquisa qualitativa em educação São Paulo Atlas 1987 YIN R K Estudo de caso planejamento e métodos Trad de Daniel Grassi Porto Alegre Bookman 2001 95 EAD GLOSSÁRIO Agradecimento Manifestação de gratidão do autor da pesquisa às pessoas ou entidades que colaboraram em seu trabalho Deve ser curto e objetivo Amostra Parcela significativa da população ou do universo pesquisado geralmente aceita como representativa Análise Estudo pormenorizado de cada parte do todo para conhecer melhor sua natu reza suas funções relações causas etc Constitui a tarefa central da pesquisa Anexo Documento não elaborado pelo autor do relatório de pesquisa que constitui um suporte para fundamentação comprovação elucidação ou ilustração do texto É um elemento opcional Apêndice Documento texto artigo ou outro material qualquer elaborado pelo próprio autor e que se destina apenas a complementar as ideias desenvolvidas no decorrer do trabalho É um elemento opcional Bibliografia Lista de obras citadas consultadas ou sugeridas pelo autor do trabalho de pesquisa Capa Serve para proteger o trabalho Nela devem constar o nome do autor o título do trabalho e a instituição onde a pesquisa foi realizada Capítulo Cada uma das partes do relatório de pesquisa O primeiro capítulo conterá a Introdução e o último a Conclusão do autor Entre eles as partes que relatam o desenvolvimento e os resultados da pesquisa Ciência Conjunto organizado de conhecimentos relativos a um determinado objeto acumulados por meio de métodos próprios de coleta e análise de dados Citação Transcrição ou a menção de obras ou partes de obras ou outros documentos Coleta de dados Fase da pesquisa em que se reúnem dados ou informações por meio de técnicas e instrumentos específicos 96 EAD Conclusão Parte final do trabalho onde o autor avalia e resume os resultados obtidos propondo soluções e aplicações práticas Conhecimento científico Conhecimento racional sistemático exato e verificável da realidade Sua con sistência está nos procedimentos de verificação adotados segundo os princípios da metodologia científica Conhecimento empírico Conhecimento baseado na experiência e na observação metódicas ou não Conhecimento filosófico Conhecimento especulativo sobre fenômenos fruto do raciocínio e da refle xão humana Busca dar sentido aos fenômenos gerais do universo ultrapassando os limites formais da ciência Conhecimento teológico Conhecimento baseado na revelação ou seja na palavra de Deus comunicada aos homens Por sua natureza não pode ser confirmado ou negado pois depende da fé ou crença religiosa de cada indivíduo Corpo do texto Desenvolvimento do tema pesquisado dividido em partes capítulos ou itens entre a Introdução e a Conclusão Cronograma Planejamento das diferentes atividades da pesquisa de acordo com a metodo logia adotada distribuídas dentro de períodos predeterminados de tempo É geral mente esquematizado graficamente Dedicatória Parte prétextual opcional em que o autor homenageia afetivamente alguma pessoa ou um grupo de pessoas ou outras instâncias Dedução Processo de raciocínio através do qual é possível partindo de uma ou mais pre missas aceitas como verdadeiras a obtenção de uma conclusão necessária e evidente Despesas de pessoal Descrição das despesas decorrentes do pagamento de pessoal seja por contra tação temporária seja por contratação pela CLT Dialética Arte do diálogo ou da discussão baseada na força da argumentação Dissertação Relatório de pesquisa científica sobre um tema único e bem delimitado com aprofundamento superior ao de uma monografia para a obtenção do grau de Mestre por exigência do Parecer n 97765 do então Conselho Federal de Educação Entrevista Instrumento de pesquisa utilizado com o objetivo de coletar dados oralmente ou por escrito numa interação entre o pesquisador e os informantes 97 EAD Epistemologia Conjunto de conhecimentos que tem por objetivo determinar a natureza as carac terísticas gerais e o alcance do conhecimento humano refletindo especialmente a respeito das relações entre sujeito e objeto É também chamada de Teoria do Conhecimento Experimento Situação provocada com o objetivo de observar sob controle a relação que existe entre determinados fenômenos Fichamento Processo de anotações de coletas de dados registradas em fichas para posterior consulta Folha de Rosto Folha seguinte à capa que deve conter as mesmas informações contidas na capa e as informações essenciais sobre a origem do trabalho Glossário Conjunto de termos e expressões correntes em trabalhos de pesquisa ou pouco conhecidas pelo virtual leitor acompanhadas de definição Gráfico Representação plana de dados físicos econômicos sociais ou outros por meio de grandezas geométricas ou de figuras Hermenêutica Teoria ou ciência voltada à interpretação dos signos e de seu valor simbólico Hipótese Suposição que se faz na tentativa de explicar o problema formulado em relação ao tema da pesquisa A hipótese é provisória podendo ser posteriormente confir mada ou negada Indicadores Quantificação da realidade com vistas a oferecer um panorama em relação por exemplo à qualidade de vida da população de um país à sua esperança de vida ao nascer ao acesso à água potável à educação Índice ou Índice remissivo Relação alfabética detalhada dos assuntos nomes de pessoas nomes geográfi cos acontecimentos citados no decorrer do trabalho acompanhados da indicação das páginas em que ocorrem no texto Alguns autores usam o termo Índice com o mesmo sentido de Sumário Indução Raciocínio que parte de dados particulares fatos experiências e por meio de uma sequência de operações cognitivas chega a leis ou conceitos mais gerais indo da experiência à teoria Instrumento de pesquisa Meio utilizado pelo pesquisador para a coleta de dados como o são por exem plo questionários entrevistas gravações 98 EAD Introdução Primeira parte de um relatório de pesquisa onde o pesquisador apresenta em linhas gerais o que o leitor encontrará no corpo do texto Apesar do nome Introdu ção é a última parte a ser redigida pelo autor Justificativa Parte fundamental do projeto de pesquisa onde se expõem as razões de ordem teórica desenvolvimento da ciência e de ordem prática aplicação da ciência pelas quais a pesquisa proposta é importante Material permanente Conjunto de materiais usados na pesquisa que têm duração contínua ou que se desgastam mais dificilmente tais como automóveis materiais audiovisuais projeto res retroprojetores máquinas fotográficas filmadoras mesas cadeiras armários geladeiras computadores etc Material de consumo Conjunto de materiais que têm duração limitada ou que se consomem e se desgastam tais como giz filmes fotográficos fitas de vídeo gasolina material de limpeza sabão detergentes vassouras etc Método Conjunto sistemático de regras e procedimentos que se respeitados em uma pesquisa científica conduzem a resultados consistentes Metodologia Corpo de regras e diligências estabelecidas para realizar uma pesquisa científi ca Pode significar o mesmo que Método Monografia Tratamento por escrito de um tema específico bem delimitado Pode ser con siderado em dois níveis de iniciação à ciência em sentido amplo ou de pesquisa científica em sentido estrito Objetivo Finalidade meta pela qual se realiza a pesquisa Procura explicitar o que se pre tende alcançar com a execução da pesquisa Normalmente se distinguem objetivos gerais e objetivos específicos Paráfrase Reprodução do conteúdo de um texto ou de uma passagem de um texto por meio de palavras diferentes das empregadas pelo autor Pesquisa Ação metódica ou investigação através da qual se busca uma resposta a um problema de natureza científica Pesquisa disciplinar Aquela que usa o conhecimento de uma determinada disciplina para investigar e analisar um objeto de estudo 99 EAD Pesquisa interdisciplinar Aquela que torna possível o diálogo e a colaboração entre disciplinas diferentes no estudo de um problema comum com base nos saberes e na articulação das ciências Pesquisa multidisciplinar Aquela que abrange muitas disciplinas devendo no entanto a elaboração do problema de pesquisa caber a cada uma delas Pesquisa transdisciplinar Forma específica de autoorganização do conhecimento que tenta estabelecer conexões com outros subsistemas externos ao domínio científico em complexas interações com os sistemas de ordenamento político da economia e da cultura Polissêmico Adjetivo que se refere a palavras com mais de um significado Premissa Cada uma das proposições que compõem um silogismo e nas quais se baseia a conclusão Por extensão é o ponto ou a ideia de que se parte para armar um raciocínio Problema Questão inicial marco referencial inicial que lança o pesquisador a seu trabalho de pesquisa Problematização Formulação do problema que consiste em dizer de maneira clara explícita compreensível e operacional qual é a dificuldade que se pretende resolver limitando sua abrangência e apresentando suas características Recursos financeiros Descrição minuciosa de todo o dinheiro necessário para cobrir as despesas pre vistas para a realização da pesquisa seja para Material Permanente seja para Material de Consumo seja para Pessoal Resenha Análise crítica ou informativa sintética de um livro ou parte de um livro de um artigo ou de outro tipo de documento É também chamada de Recensão Revisão de Literatura Fase da pesquisa em que se recolhem informações documentais sobre os co nhecimentos já acumulados acerca do tema da pesquisa Literatura significa nesta expressão o conjunto de obras científicas filosóficas etc sobre determinado assun to matéria ou questão É o mesmo que Revisão Bibliográfica Técnica Forma segura e ágil para se cumprir algum tipo de atividade com a utilização de instrumental apropriado Teoria Conjunto de princípios e definições que servem para dar organização lógica a aspectos selecionados da realidade empírica As proposições de uma teoria são con sideradas leis se já foram suficientemente comprovadas e hipóteses se constituem ainda problema de investigação Goldenberg 1998 p 1067 100 EAD Palavras e expressões latinas utilizadas em relatórios de pesquisa apud ou ap citado por conforme segundo É usada em citações de segunda mão ou seja para indicar a fonte de uma citação indireta et alii ou et al e outros É usada quando a obra foi executada por mais de três autores citase o nome do primeiro seguido da expressão et alii ou et al ibdem ou ibid no mesmo lugar na mesma obra Permite evitar a repetição do título de uma obra já citada idem ou id o mesmo autor Permite evitar a repetição do nome do autor já citado in em É usada para indicar em que obra se encontra determinado artigo capítulo ou parte citada infra abaixo linhas ou páginas adiante ipsis litteris literalmente com as mesmas palavras É usada para expressar que a citação é fi el ou literal ipsis verbis com as mesmas palavras literalmente É usada da mesma maneira que ipsis litteris loco citato ou loc cit no lugar citado ou seja na obra citada opus citatum ou op cit na obra citada passim ou pass aqui e ali em várias passagens sequentia ou seq ou et seq e seguintes que se seguem sic assim É usada para indicar que o original está reproduzido exatamente por errado ou estranho que possa parecer supra acima linhas acima ou páginas atrás Tese Trabalho científico acadêmico mais avançado que a Dissertação distinguindo se desta por constituir uma contribuição original para a solução de problemas e para o avanço científico na área em que o tema é tratado Tópico Subdivisão do assunto ou do tema Universo Totalidade de indivíduos pessoas animais coisas entidades etc que pos suem as mesmas características definidas para um determinado problema a ser pes quisado Em pesquisa é sinônimo de População Variáveis Características pelas quais os indivíduos de um universo ou de uma população se distinguem entre si tais como sexo idade peso estatura formação classe social e outras 101 EAD ANEXO A NOTAS PARA A ELABORAÇÃO E O DESENVOLVIMENTO DO MÉTODO DE OBSERVAÇÃO Tatiana Engel Gerhardt A observação participante É a inserção prolongada do pesquisador em um meio de vida de trabalho Defrontamosnos em carne e osso com a realidade que queremos estudar Devemos observar mais de perto os que a vivem e interagir com eles Nessa expressão temos observação e participação Temos então dois tipos de situações que se combinam o pesquisador é testemunha estamos na observação e o pesquisador é coator esta mos na interação na participação A observação permite descrever o que vemos mas também faz emergir ques tões que serão exploradas nas entrevistas sobre o que procuramos compreender das representações do simbólico das relações sociais das interações lógicas etc Essas questões não podem ser coletadas como por exemplo um conjunto ou uma amostra de pedras que reunimos e colocamos numa caixa e enviamos para um laboratório para análise A compreensão dessas questões subjetivas se constrói não está dada Se o conceito de observação comporta muitas coisas em sua definição o de participação é muito mais evasivo Seu objetivo é mergulhar na vida de uma comu nidade de um serviço de um grupo social etc Porque estar no ambiente é uma condição necessária para acessar a fontes de informações importantes e diversas em campos aparentemente distantes do problema estudado mas que permitem com preender o fenômeno em toda a sua extensão Impregnarse Não tiramos um peixe fora da água para ver como ele nada Quando a observação levanta questões às vezes modifica a problemática inicial Assim sendo como um pesquisador pode pensar as boas questões a serem colocadas sobre determinado tema se ele se contenta com partir de seus próprios pressupostos de seus próprios quadros de pensamento Dessa forma em visitas sistemáticas aprofundamos aperfeiçoamos a compreensão das coisas sabendo que de todo jeito haverá conhecimento a que não teremos acesso segredos Uma problemática inicial pode graças à observação modificarse Ou seja Não partimos para colorir um desenho previamente traçado Partimos com uma problemática que permite fazer um guia de observação não de observação inocente mas de observações estruturadas em função do que pesquisamos Mas cabe ao pesquisador de campo observar aquilo para o que não está preparado estar em condições de produzir dados que o obrigarão a modificar suas próprias hipóteses A pesquisa de campo deve se dar por objetivo desmentir o provérbio bambara O estrangeiro só vê o que já conhece É uma regra básica e uma posição epistemológica a definição e os limites do objeto não são colocados a priori mas construídos ao longo da pesquisa e submetidos a eventuais reajustes à medida que esta vai evoluindo Os indivíduos para este tipo de abordagem são indivíduos não abstraídos de suas condições concretas de existência de trabalho etc diferentemente dos indivíduos pesquisados por amostra e que devem ser representativos de variáveis abstratas e padronizadas É importante ter consciência da postura intelectual que está por trás Para os antropólogos a construção do objeto de estudo se apoia no ponto de vista êmico ou seja que tenta apreender o objeto a partir de categorias pertinentes para o informante Portanto todos esses elementos fazem parte do papel do pesquisador indireto mas importante que ajuda a avançar dentro de uma problemática decodificar fatos e gestos aprender certos códigos que ajudarão a passar o mais despercebido possível em seu campo Essas questões influenciam o trabalho de campo como também inconscientemente mas eficazmente a maneira de interpretar os dados relativos à pesquisa Podemos comparar isso ao aprendizado de uma língua O domínio que o pesquisador adquire sobre os sistemas de sentido do grupo que ele estuda é obtido em grande parte de forma inconsciente como uma criança que aprende sua língua materna Portanto vá ao barzinho após o trabalho com as pessoas que participam de seu trabalho de campo Questionarse sobre determinado tema não é possível somente fazendo entrevistas com os indivíduos e observandoos trabalhar É essencial também acompanhar os indivíduos que não estão trabalhando ou fora de sua hora de trabalho É nesses momentos que eles dirão coisas importantes e que poderemos vêlos ou ouvilos questionandoos diretamente sobre o objeto que nos interessa 103 EAD A observação participante é portanto uma forma de produção de dados que provém da pesquisa de campo e que pode ser utilizada antes ou depois das entrevis tas e também de forma isolada Nela o pesquisador é testemunha e coautor Resumidamente A informação coletada a partir de um caso particular dis curso sobre um determinado tema e suas práticas constitui na metodologia qualita tiva uma forma particular de um fenômeno que é mais geral mais amplo Os casos concretos tomados em sua singularidade não são considerados como representativos mas exemplares pois não estamos em uma pesquisa de representatividade no senti do quantitativo Os casos os indivíduos as situações são exemplares e nesse sentido ilustram fenômenos que reencontramos em outros lugares em outros grupos A partir de um único indivíduo veremos que o menor de nossos atos é sustentado pela cultura Não procuramos portanto estabelecer uma amostra no sentido quantitativo do termo na medida em que uma realidade ou uma determinada situação não tem necessidade de ser representativa no sentido estrito para ser pertinente qualitati vamente A partir do estudo de qualquer caso individual podemos então aprender tantas coisas quanto em casos múltiplos Na abordagem qualitativa um informante não pode ser considerado somente representante da cultura estudada porque os fenômenos observados junto aos sujeitos tomam uma coloração diferente segundo a história pessoal de cada um O informante é ao contrário uma testemunha e um produto cujos pensamentos raciocínios ló gicos e práticas remetem às lógicas sociais e a determinados sistemas simbólicos E é recorrendo a muitos estudos de casos individuais que se respondem uns aos outros portanto através da comparação das perspectivas das situações de uns e outros que medimos a tensão existente entre fenômenos individuais e fenômenos coletivos O que levantamos são talvez situações não constantes mas ao menos recorrentes a partir de casos diferentes onde a análise permitirá fazer aparecer uma unidade Em relação à pesquisa quantitativa não podemos fazer uma pesquisa quantitativa falar mais do que ela pode dizer Podemos propor uma descrição das principais representações que certos atores fazem em relação a determinado problema nem mais nem menos e das práticas que elaboram Mas não podemos quantificar o que é colocado em evidência 105 EAD ANEXO B ALGUNS PROBLEMAS FORMAIS NA REDAÇÃO DE TEXTOS ACADÊMICOS Para redigir é preciso 1 ter algo a dizer 2 ao escrever submeter os pensamentos a alguma ordem que faça sentido Em termos gerais os aspectos a considerar seriam 1 há certas ideias ou fatos que se quer comunicar 2 tais ideias deverão ser plasmadas em palavras e expressões 3 as palavras e expressões deverão ser englobadas em frases e parágrafos gramati calmente corretos e dotados de clareza 4 palavras frases e parágrafos devem fluir de uma para oa outroa espelhando em sua ordem de aparecimento no texto um pensamento ordenado e lógico 5 o que se escreve destinase a um público específico com certas características e exigências por exemplo não é o mesmo escrever um email a um amigo e redigir uma comunicação destinada a ser apresentada quando de uma reunião científica Os defeitos de redação podem aparecer em qualquer dos pontos acima O reda tor pode não ter claro o que pretende comunicar ou pior ainda pode não ter nada a dizer Neste último caso naturalmente não deveria redigir coisa alguma Se tem algo a dizer mas não o tem claro deve primeiro esclarecer o que pensa e só então redigir Seu vocabulário pode ser inadequado para uma redação acadêmica ou muito pobre Isto se corrige lendo textos de bons autores bem como ouvindo pessoas de bom nível acadêmico que dominem o vocabulário necessário ou com elas trocando ideias por exemplo frequentando ou pelo menos acompanhando com atenção as reuniões cien tíficas de seu setor de estudos As frases e parágrafos podem violar as regras gramaticais estabelecidas que não cabe a ninguém inventar enquanto escreve ou ser pouco claras seja por essa mesma seja por outra razão A gramática como qualquer outra coisa pode ser aprendida e treinada A transição de um parágrafo ao seguinte talvez seja abrupta ou pouco lógica ou a ordem de apresentação dos dados e argumentos quiçá não seja a melhor O ordenamento desejável pode ser obtido mediante a confecção de um plano antes de começar a redigir um plano assim segue algumas regras gerais que não são de aprendizagem muito difícil Por fim a redação possivelmente não se adéque ao tipo de público a que se destina por estar plasmada por exemplo num registro coloquial da língua ao se tratar de um texto que deveria usar o registro erudito formal Extraído de CARDOSO C F Metodologia da pesquisa Minicurso do Centro de Estudos Interdisci plinares da Antiguidade out nov 2004 106 EAD do mesmo idioma Nada impede o redator de esforçarse no sentido de uma adequação do registro de seu texto ao público específico a que se dirige Resolver equações e redigir textos são coisas que funcionam segundo regras bem diferentes em cada caso Em especial a redação só tem normas flexíveis todas elas conhecedoras em alguns casos de exceções legítimas Por exemplo embora a repetição de palavras deva ser evitada ela é permissível em certas construções e deve empregarse quando a clareza o exija O uso pertinente das regras da redação depen de do bom senso e do treinamento que permitem ao autor achar a expressão mais adequada em cada ponto de seu texto Um dos conselhos mais úteis talvez o mais útil de todos que se podem dar a quem procura treinar uma boa redação é o seguinte ache e elimine as palavras inúteis Quase sempre a releitura atenta de um texto permite encontrar palavras ociosas com muita frequência adjetivos ou frases limitativas detalhes inúteis ou excessivos repetições das mesmas noções mediante palavras diferentes explicações desneces sárias que insultam a inteligência do leitor ou ouvinte Em todos estes casos riscar o que sobra é uma excelente ideia Outros conselhos são os seguintes sempre como regras gerais pois todos ad mitem exceções 1 prefira palavras curtas simples e familiares evite palavras longas e jargão 2 prefira o termo concreto ao abstrato 3 prefira o ativo ao passivo 4 prefira a palavra única a uma locução equivalente composta de várias palavras 5 prefira o vocabulário português consagrado a neologismos anglicismos galicis mos etc bem como o vocabulário erudito ao coloquial ou chulo A expressão na eventualidade de pode quase sempre ser substituída com proveito por um simples se ou caso Aquela locução é indireta eventualidade é termo longo se é muito mais inteligível de forma imediata por ser termo usual e familiar da língua Em português existe na atualidade o péssimo hábito de preferir o abstrato ao concreto Assim em lugar de busca do lucro falase em busca da lucratividade o que além de pomposo é jargão e anglicismo Aliás os anglicismos vicejam como erva daninha Um dos mais praticados hoje em dia originado num ambiente de economistas é a expressão demanda por do inglês demand for em lugar do correto demanda ou procura de Há também certa tendência a preferir o passivo ao ativo como em não fui comunicado expressão absurda gramatical mente que se usa em vez de não se me comunicou não me comunicaram tal coisa ou num passivo correto isto não me foi comunicado O passivo poderá preferirse quando se desejar que a ênfase recaia numa ação genérica sem sujeito definido como em alugamse quartos com o sentido de quartos são alugados não se querendo dizer por quem Na construção de frases e parágrafos os conselhos principais podem ser os seguintes 107 EAD 1 Cada parágrafo deve conter uma única afirmação ou noção central situada na cláusula gramaticalmente principal do parágrafo se ele contiver duas ou mais afirmações ou ideias importantes dividao em dois ou mais parágrafos 2 Prefira quase sempre a ordem natural das palavras na frase sujeitopredicado complemento evitando as inversões causadoras de ambiguidade 3 Palavras que modificam ou qualificam outras tais como adjetivos e advérbios devem situarse o mais perto que for possível dos termos que modificam ou qualificam também neste caso para evitar possíveis ambiguidades ou uma for ma tortuosa e pouco fluida de expressão 4 O uso de pronomes que substituam outros termos deve ser objeto de cuidado so planejamento ainda aqui num esforço para evitar a ambiguidade 5 As primeiras e as últimas palavras de um parágrafo atraem mais a atenção do que as demais assim o que se quer enfatizar no parágrafo deve vir no início ou no final e não no meio dele 6 Não introduza em excesso num parágrafo expressões ou frases que modifi quem ou qualifiquem as afirmações 7 Quase sempre é preferível a forma mais breve à mais longa de armar frases e parágrafos entretanto a busca da brevidade não deve prejudicar a clareza Como se pode ver muitas das regras se referem à eliminação da ambiguidade Por exemplo uma frase como Os alunos devem apresentarse no terreno de ginás tica só de tênis é ambígua devido a uma construção ruim que entre outras coisas pode dar a entender que tais alunos devam aparecer nus só de tênis A frase um aviso colegial provavelmente pretendesse comunicar uma de duas coisas ou ambas Só se admite o uso de tênis pelos alunos durante as aulas de ginástica ou O uso de tênis pelos alunos é obrigatório nas aulas de ginástica Os pronomes substitutivos e o que podem facilmente causar ambiguidade Por exemplo Eu vi os anúncios dos tênis Nike de que não gostei Ou ainda Eu vi os anúncios dos tênis Nike mas não gostei deles Em ambos os casos a pessoa não gostou dos anúncios ou dos tênis O mesmo quanto a cláusulas do seguinte tipo Eu vi Ana sentada numa pedra com o tornozelo torcido pode parecer involuntariamente cômico ao sugerir uma pedra cujo tornozelo esteja torcido A outra grande busca que é a da concisão e não pela concisão vejam lá às vezes deve ceder o lugar a repetições quando necessárias para garantir a clareza das afirmações Num dos exemplos acima seria melhor dizer Eu vi os anúncios dos tênis Nike mas não gostei desses tênis apesar da repetição da palavra tênis pois em tal caso não haveria ambiguidade Se tratarmos agora do uso dos elementos gramaticais de conexão os principais são 1 partículas de conexão como e mas embora etc 2 advérbios e locuções de sentido adverbial como evidentemente por exem plo já que é assim como veremos etc 108 EAD 3 pronomes e artigos por exemplo quando uma frase começa com Ele ou com O homem em questão por exemplo uma conexão está sendo estabele cida necessariamente com algo dito antes 4 repetições gramaticalmente válidas por exemplo aquelas introduzidas pela pa lavra tal A conexão eventualmente também separação ou oposição entre partes inte grantes do discurso depende dos elementos acima e também do bom uso da pontua ção Quanto aos elementos gramaticais de conexão é preciso antes de mais nada aprender o que cada um deles de fato quer dizer as gradações semânticas e lógicas que impliquem seu emprego Uma questão mais geral é a seguinte que grau de co nexão deve estabelecerse entre os elementos do discurso Não existem regras fixas Tanto se pode pecar pela ausência ou parcimônia excessiva das conexões e transições tornando o discurso desconexo e por conseguinte obscuro como pelo excesso de conexões Existe nos ouvintes e leitores como em todos os seres humanos algo que se conhece como competência textual e permite omitir algumas das conexões ou tran sições deixandoas implícitas sem prejuízo da compreensão Quando se ouve ou lê Soou um tiro A ave caiu quem ouvir ou ler inferirá sem dificuldade por si mesmo a que a ave caiu porque foi atingida pelo tiro A articulação mais geral do texto depende de certo planejamento prévio cujo detalhe necessário pode variar com a prática acumulada Também neste ponto as regras não são absolutas Se por um lado é verdade que um texto acadêmico não planejado tende a ser mal organizado e pouco lógico em suas articulações bem como na ordem de apresentação dos dados e argumentos também é verdade que enquan to se redige novas possibilidades costumam apresentarse novas ideias inclusive quanto ao ordenamento geral podem surgir Se tais elementos não previstos de início forem válidos e interessantes não há razão alguma para não operar mudanças no planejamento inicial com a finalidade de introduzilos Há autores que chegam ao resultado final mediante sucessivas e às vezes nu merosas versões reescrevem portanto seu próprio texto até que este os satisfaça Pessoalmente acho que isso é uma perda de tempo Com alguma prática é perfei tamente possível redigir o texto numa única versão corrigindoa sem dúvida com cuidado e se for o caso nela introduzindo algumas modificações o que é bem diferente de produzir diversas aproximações antes da versão final e também um processo menos longo A releitura do texto produzido para correção e polimento é essencial O me lhor método consiste em deixar repousar o texto por alguns dias antes de proceder à mencionada releitura se esta for feita imediatamente após terminada a redação o autor não conseguirá perceber de fora o produto de seu trabalho e deixará de detectar problemas que algum tempo depois se lhe tornariam patentes ao reler Ao retomar o trabalho e reexaminálo para correções e ajustes convirá formu lar para si mesmo certas perguntas 109 EAD 1 Será que permaneci no interior de minha temática principal sem introduzir recheios irrelevâncias detalhes excessivos desenvolvimentos colaterais Ou o desenvolvimento dos tópicos centrais é suficiente 2 Cada parágrafo do texto é uma unidade natural e equilibrada bem situada no conjunto Existem tópicos fora de contexto aparentemente isolados ou irrele vantes 3 Minhas frases são concisas e diretas ou longas demais e tortuosas Seu sentido é sempre claro Todos os pronomes substitutivos usados têm de fato um ante cedente 4 Serei capaz de definir cada palavra que usei sem exceção Empreguei na maioria dos casos termos concretos e usuais evitando modismos jargão e termos vagos 5 O efeito geral do texto é o pretendido ao planejálo Não haverá partes maçan tes ou pesadas 6 Uma pessoa não especializada no assunto entenderá o meu texto As afirma ções nele contidas estarão suficientemente apoiadas em dados exemplos e ou tros elementos imprescindíveis 1 INSTRUMENTALIZAÇÃO PARA O ENSINO A DISTÂNCIA Mára Lúcia Fernandes Carneiro 2 DINÂMICA E DIFERENCIAÇÃO DE SISTEMAS AGRÁRIOS Lovois de Andrade Miguel Org 3 TEORIAS DO DESENVOLVIMENTO Marcelo Antônio Conterato Eduardo Ernesto Filippi 4 TEMÁTICAS RURAIS DO LOCAL AO REGIONAL Roberto Verdum Luiz Fernando Mazzini Fontoura 5 MÉTODOS DE PESQUISA Tatiana Engel Gerhardt Denise Toflo Silveira Orgs 111 EAD ANEXO C ALGUMAS DICAS DE ESTILO PARA A REDAÇÃO TÉCNICOCIENTÍFICA 1 Redação técnicocientífica algumas sugestões para o aprimoramen to de textos científicos Disponível em httpwwwcnpaembrapabrrbofartigos912005010rbof913957 9672005pdf 2 Notas e reflexões sobre redação científica Disponível em httpwwwhottoposcomregeq2notasereflexsobreredahtm 113 EAD ANEXO D PLÁGIO ELETRÔNICO E ÉTICA José Palazzo M de Oliveira httppalazzoprobr 2 de dezembro de 2005 Tenho sempre defendido um uso adequado do copyright Esta é a posição que defendi na crônica Publicações Livres onde apoiei a liberdade de publicação na Web na crônica Segredo na Pesquisa procurei demonstrar os efeitos daninhos da apropriação do conhecimento por grupos econômicos ou acadêmicos Por outro lado sempre defendo a necessidade de ética na pesquisa e no ensino em minha página da Univer sidade incluí uma página denominada Código de Honra onde saliento a necessidade de trabalho individual sem apropriações indébitas de trabalhos de outros Uma frase de efeito atribuída a Isaac Newton condensa esta posição In the sciences we are now uniquely privileged to sit side by side with the giants on whose shoulders we stand Aliás uma parte desta frase foi tomada como mote pelo Scholar Google acho que para balizar o uso correto deste serviço Estas reflexões e a minha página sobre a honra surgiram devido a uma série de fatos em que infelizmente estive envolvido Todo professor sabe que a cola é um elemento inevitável no ensino há sempre um momento de fraqueza quando alguns alunos caem em tentação de achar caminhos mais fáceis Mas a situação está se tor nando muito difícil Vamos ver os fatos a que me referi estou citando sem ordem cronológica para evitar identificação uma proposta de tese de doutorado em que a pessoa copia cerca de 10 páginas de outro aluno uma dissertação de mestrado em que o candidato reprovado utiliza um software comercial como se fosse sua contri buição alunos da graduação que copiam códigos completos da Web em um trabalho de disciplina dois orientandos que entregam para seu orientador um artigo em inglês para envio a um congresso o artigo volta pois o chair submeteuo a um verificador de plágio e mais de 55 eram textos achados na Web um aluno de especialização que apresenta a proposta de trabalho de conclusão copiado totalmente de duas fontes na Web um aluno de mestrado que apresenta uma dissertação idêntica a um trabalho individual de mestrado Basta Tudo isso ocorreu em vários anos recentes e em várias Universidades Será que estou carregado ou esta é uma situação geral Acho 114 EAD que é geral vocês já fizeram esta consulta Olhem só o número de ofertas de desen volvimento de trabalhos acadêmicos Há algo de muito errado em nossa sociedade Uma das origens destas atitudes pode estar na ganância de produtores de mate rial com copyright que estimula a cópia alternativa um eufemismo para a pirataria de músicas de software e de outros materiais digitais Aí entra a defesa da liberdade de publicação e de copiar legalmente partes de código Acho que uma analogia pode ser feita com a Lei Seca uma visão fundamentalista e míope levou à expansão de senfreada do gangsterismo na década de 30 nos USA O mesmo acontece com o uso imoderado de direitos sobre material cultural Isto não é uma defesa da pirataria é uma constatação de como começa o processo Esta ganância levou a partes significativas da sociedade a achar normal copiar material digital O afrouxamento do respeito pela propriedade ou melhor pelo di reito de autoria está levando grande parte de nossos alunos a acharem normal copiar conteúdos acadêmicos e o que é pior a nem tomarem consciência de que essa cópia é fraude e séria Inicialmente essa cópia usada como uma defesa do cidadão passa a ser um comportamento fraudulento quando as barreiras éticas cedem então tudo é permitido Em um texto no Blog citei a defesa de que Copiar e recombinar deveriam ser direitos inalienáveis de todo ser vivo tal como foi apresentada em uma palestra no XXV Congresso da Sociedade Brasileira de Computação Essa apresentação deixou muito clara qual a diferença entre a atitude criadora e a cópia ilegal Uma posição criteriosa e não gananciosa de respeito da propriedade cultural acho não nos teria levado a este ponto Toda esta reflexão surgiu quando li essa notícia Detetives digi tais caçam plagiadores online da Agência Estado Existe também outro serviço e devem existir muitos outros mais o Plagiarism que trata deste assunto consulta em inglês Acho que está na hora de lançarmos uma campanha nacional nas Universi dades sobre o tema Não é absolutamente aceitável a cópia de trabalhos alheios sem sua citação É preciso uma campanha educativa e ao mesmo tempo uma repressão enérgica Por um lado é essencial que deixemos claro para nossos alunos que cópias sem dar os créditos é errado Isso deve ser feito desde pequenas coisas como colocar figuras em trabalhos acadêmicos sem citação da fonte esses pequenos detalhes são a origem da insensibilização para cópias maiores Na UFRGS foi adotado o código disciplinar discente citado em minha página sobre a honra que pune essas atitudes Por uma campanha de Respeito e Integridade Acadêmica Esta pode ser nossa contribuição para melhorar o País nesta hora de falta de integridade moral e de libe ração da fraude Impressão Gráfica da UFRGS Rua Ramiro Barcelos 2500 Porto Alegre RS FoneFax 51 33085083 graficaufrgsbr wwwgraficaufrgsbr Editora da UFRGS Ramiro Barcelos 2500 Porto Alegre RS 90035003 Fonefax 51 33085645 edito raufrgsbr wwweditoraufrgsbr Direção Sara Viola Rodrigues Editoração Paulo Antonio da Silveira coordena dor Carla M Luzzatto Fernanda Kautzmann Luciane Delani Maria da Glória Almeida dos Santos e Rosangela de Mello suporte editorial Samir Duarte da Silva e Tales Gubes Vaz bolsistas Administração Najára Machado coordenadora Angela Bittencourt Laerte Balbinot Dias Jaqueline Trombin e Valéria da Silva Gomes suporte administrativo Getúlio Ferreira de Almeida Janer Bittencourt Apoio Idalina Louzada e Laércio Fontoura Press Release 04 December 2022 For immediate dissemination Police Regional Office X Regional Directorate for Operations Leadership of Unified Command Staff attended by Criminal Investigation and Detection Group Deputy Directorrated Police Colonel Josefino M Natividad Jr Commander of BCPO Police Brigadier General Rodel M Baligutfit Police Regional Director Police Lieutenant Colonel Joel B Bagano CCID Operations Police Lieutenant Colonel Iluminado A Garcia Jr City Director Police Colonel Alli Gae P Pabillaran who opened the meeting and the ceremony with a prayer Police Brigadier General Rodel M Baligutfit briefed the Administration PRO 10 Logistics and Facilitation of this month general review and assessment concluding the month of November on preliminary preparation for ASEAN and the Vice Presidents visit conducted at the Police Regional Office X Training Room Refer to the presentation and discussion on the following Summary of Activities for the month of November Assessment and results on operational activities Assessment of police personnel Assessment of detection and investigation Report on Crime Situation monthly update and priority action on crime situation Highlight on Traffic Activity and Status of frequently relationships and updates Report on order and peace situation Community and stakeholder complementations Special Assignments 0 concern on civil disturbances terrorist activities illegal drugs most wanted persons MWPs border control safe and secure environments Other matters and modus operandi Conformed by Police Inspector Edralyn M Dionela EncryptionDirector One Stop Shop BCPO Photocopier Metafax 2F Print Stationery Department 230 PM 752022 PRESS BRIEFING INTERCOMMANDER MEETING MEETING WITH ACTING HEAD OF POLICE GENERAL MA JOSIE FAJARDO RELEVANT ISSUES Chief Police Superintendent Reniel R Villote City Director Butuan City Police Office BCPO 1 Association of Southeast Asian Nations ASEAN 2 ASEAN Tourism Forum ATF 3 ASEAN Finance and Insurance Services AFIS 4 Visit of Vice President 900 Personnel will be deployed for regional responsibility Task Forces will be formally created Short time to conduct retraining from January to February Muslim groups Ready to conduct intelligence operations and coordination with national agencies Capacity building activities scheduled Possible hostile groups to sabotage the event 5 Consent DecreeUnarmed Policemen Number of MP deleted from MP to were replaced by DS welcomed 71 Provinces with no weapons employed behind in addition to bodyguard Security There is a need to conduct massive campaign on POSITIVE IMAGE This includes cohesion and collaboration to social maps and heightened community engagement Important roles of LGUs and NGOs in the Metro Manila area 6 Proposal to increase the background check for new policemen from up to 2 years 7 Homemakers and former Members from the military In the lower ranks Vital in policing Some may need retraining or refresher to deal with law and order situation To be deployed concentrated only 8 Police Ranks Sculpture 9 Joint presentation 10 Reforms within the Police Transparency Social responsibility Institutional needs Accountability derived from the high standards of the PNP 11 Use of social media information dissemination but with RESPONSIBLE DISSEMINATION Illegal drug and cybercrime activities are high 12 Pending Promotions Immediate actions 13 Proper Coordination 14 Transparency ending PAGCOR Benefits Benefits for the personnel generate transparency Good Image Legitimacy 15 Ethics and Moral Values Major concern in the PNP 16 Community Oriented Policing Service COPS Vital part of the PNP Liaison of police with the community Visionoriented implementation 17 Law Enforcement LE Operations Needs regular meetings and coordination 18 Regional Building Complementary with the Chief Police Officer Planning for the regional community relations unit 19 PNPInternal Affairs Service To monitor and receive complaints 20 Creation of the Office of the Police Chief OPC To monitor developments implementation and performance 21 Cooperation with Vice President Honorable Sara Duterte Police personnel to support the VPs directive on sustainable peace and order 22 Creation of a onestop shop in the BCPO for police coordination 23 Rebound of crime in the city is environmentally influenced 24 Police visibility is a vital aspect of crime prevention 25 Rehabilitation of the old police camp building 26 Advocacy for police welfare 27 Effectiveness of Police Operations in Butuan City 28 Orientation programs for the personnel 29 Concern on the next generation of recruits 30 For immediate implementation of the internal orders to accumulate better police standards Conformed by Police Inspector Edralyn M Dionela Photocopier Metafax 2F Print Stationery Department PRESS RELEASE For immediate dissemination Police Regional Office X Regional Directorate for Operations Leadership of Unified Command Staff attended by Criminal Investigation and Detection Group Deputy Directorrated Police Colonel Josefino M Natividad Jr Commander of BCPO Police Brigadier General Rodel M Baligutfit Police Regional Director Police Lieutenant Colonel Joel B Bagano CCID Operations Police Lieutenant Colonel Iluminado A Garcia Jr City Director Policsmewachment I GP Alli Gae P Pabillaran who ass opened the meeting on J ceremony with a prayer Dela Corte the Administration PR 10 Logistics and facilitator of this month general review and assessment concluding the month of November on preliminary preparation for ASEAN and the Vice Presidents visit conducted at the Police Regional Office X training room Refer to the presentation and discussion on the following Summary of Activities for the month of November Assessment and results on operational activities Assessment of police personnel Assessment of detection and investigation Report on Crime Situation monthly update and priority act on crime situation Highlight on Traffic Activity and Status of frequently relationships and updates Report on order and peace situation Community and stakeholder complementations Special Assignments 0 concern on civil disturbances terrorist activities illegal drugs most wanted persons MWPs border control safe and secure environments Other matters and modus operandi Conformed by Police Inspector Edralyn M Dionela EncryptionDirector One Stop Shop BCPO Photocopier Metafax 2F Print Stationery Department OKFFEF A ESTRUTURA DE UM PROJETO DE PESQUISA Metodologia da Pesquisa em Geografia PROFESSORA JULIANA CRISTINA FRANZ Metodologia da Pesquisa É uma carta de intenção de explicitação da proposta de estudo que se pretende realizar É o planejamenjto da pesquisa O QUE É O PROJETO DE PESQUISA Na elaboração de um projeto de pesquisa três pontos são cruciais a problemática os questionamentos e a operacionalização ROBERTO LOBATO CORRÊA A PROBLEMÁTICA Lançar um problema sobre um dado aspecto da realidade a partir daí organizar um conjunto de práticas que permite resolver o problema Problemática está associada a uma série de perguntas O QUÊ ONDE QUANDO POR QUÊ ONDE Pergunta essencial principalmente aos geógrafos Recorte espacial do objeto de pesquisa O QUÊ Recorte do objeto de pesquisa Objeto deve ser claramente definido Recorte temático da pesquisa QUANDO Recorte temporal que pode ser o presente uma secção de tempo do passado ou um período que se estende até o presente POR QUÊ É DECISIVA O que nos levou a fazer estes recortes OS QUESTIONAMENTOS A partir da Problemática podemos lançar algumas questões sobre o nosso objeto escolhido Questionamentos intimamente ligados à problemática escolhida SUBQUESTÕES Desdobramentos da questão central Subquestões não necessariamente são geográficas QUESTÃO CENTRAL Deve ser geográfica Considerar a dimensão espacial do objeto Pode ser dividida em subquestões A OPERACIONALIZAÇÃO Ligada a questao do como como efetivamente as questões formuladas serão respondidas Dois aspectos são relevantes na operacionalização as fontes e os procedimentos EXERCÍCIO PRÁTICO Elaborar uma Introdução CAPA ABNT 14724 1 2 Contextualize o tema 21 Traga dados importantes sobre o seu tema 22 Do que se trata a sua pesquisa a grande área do que vai ser pesquisado 23 Fazer um recorte direcionando para aquilo que de fato você vai pesquisar EXERCÍCIO PRÁTICO Elaborar uma Introdução 3 Em que cenário você vai observar esse fenômeno 31 O que já se sabe sobre esse tema e recorte seja breve 311 O que ainda não se sabe e precisa ser respondido Mostre o que ainda precisa ser explorado lacuna de pesquisa 4 Problematização do que você já viu sobre o tema mostrando qual o problema a tua pesquisa vai resolver 41 Indicar de maneira clara quais são os objetivos da pesquisa O objetivo só faz sentido porque existe uma lacuna de pesquisa EXERCÍCIO PRÁTICO Elaborar uma Introdução 5 Qual a importância de se pesquisar esse tema justificativa os motivos pelos quais pesquisar o seu tema é importante Contribuição teórica Explanar como tua pesquisa vai ajudar no avanço da tua área como ela agrega ao que já foi dito por algum autor que lacuna ela vai preencher e como a literatura vai ganhar em ter o teu trabalho com que outras áreas ela vai ajudar Contribuições na prática Evidencie os impactos da tua pesquisa que área ela vai impactar e como vai ser esse impacto Relevância social Como tua pesquisa vai impactar a sociedade Como ela ajuda as pessoas EXERCÍCIO PRÁTICO Elaborar uma Introdução 6 Mostre a metodologia que foi adotada para realizar o trabalho EXERCÍCIO Faça uma introdução de pesquisa com base nos 6 elementos apresentados ADOTANDO A FORMATAÇÃO DA ABNT 1 CAPA 2 CONTEXTUALIZAÇÃO 3 RECORTES 4OBJETIVOS 5JUSTIFICATIVA 6 METODOLOGIA ELABORE UMA INTRODUÇÃO COM 3 A 4 PÁGINAS Deve haver compatibilidade entre os questionamentos e a operacionalização começando pela factibilidade de se responder as questões formuladas ROBERTO LOBATO CORRÊA Referências CORRÊA Roberto L Elaboração de Projeto de Pesquisa um guia prático para geógrafos Geosul Florianópolis v 11 n 2122 1996 p 169172 DIEZ Carmen L HORN Geraldo B Orientações para elaboração de projetos e monografias Petrópolis Vozes 2004 GERHARDT Tatiana E A construção da pesquisa In GERHARDT Tatiana E SILVEIRA Denise T orgs Métodos de pesquisa Porto Alegre Editora da UFRGS 2009 p 4364 VENTURI Luis Ensaios Geográficos São Paulo Humanitas 2008 The first Butoh dance lesson in Hualien City I was invited to perform at a Butoh gathering in Hualien City on July 15th 2007 but due to illness I was unable to attend The dance artist Ms Lee Mei Ying who is also committed to the promotion of Butoh dance invited me to complete Butoh dance training at Hualien City Art Space on July 27th This is the first formal teaching activity of Butoh dance in Hualien City and it is expected to be held from July to December every Friday from 730 pm to 930 pm 太龍舞光法 The first teaching activity of Butoh dance in Hualien City 2007072720071214 every Friday 19302130 locationHualien City Art Space teacherLee Mei Ying premier studentRoger Ko another studentYang Shu Hua last day performanceDecember 14th 2007 photographerHsiao Hui Hu studentKo Wei Sheng studentYu Hsu Lin teacherLee Mei Ying studentYen Hui Cheng premier studentRoger Ko lighting manMasaki Sato managerMark Chen studentZhang WeiCheng studentGary Ko studentHsiao LiNing studentYang Shu Hua studentChien Yu studentChen PeiNing organizerLee RongLuen sponsorHualien County Government organizerHualien City Art Space photographerHsiao Hui Hu lighting manMasaki Sato studentYen Hui Cheng performerHsiao LiNing teacherLee Mei Ying lighting manMasaki Sato photoHsiao Hui Hu teacherLee Mei Ying studentChien Yu studentKo Wei Sheng UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE FURG ELVIO FERNANDO GULARTE FREIRE USO DE BIOFERTILIZANTES NA AGRICULTURA FAMILIAR RIO GRANDE RS 2025 1 CONTEXTUALIZAÇÃO Nas últimas décadas o modelo agrícola intensivo baseado na mecanização no uso de sementes geneticamente modificadas e na aplicação massiva de fertilizantes químicos tem contribuído significativamente para o aumento da produção de alimentos No entanto esse mesmo modelo tem gerado impactos ambientais severos como a contaminação de solos e recursos hídricos além da perda da biodiversidade e da degradação da saúde do agricultor Diante desse cenário tornase urgente a busca por práticas agrícolas mais sustentáveis e acessíveis aos pequenos produtores que formam a base da agricultura familiar no Brasil Os biofertilizantes surgem como uma alternativa promissora a essa problemática Derivados de compostos orgânicos resíduos agroindustriais ou culturas microbianas os biofertilizantes atuam no fornecimento de nutrientes ao solo e às plantas além de melhorar a microbiota do solo promovendo equilíbrio ecológico e maior resistência das culturas Diferente dos fertilizantes químicos eles são biodegradáveis de baixo custo e compatíveis com práticas agroecológicas De acordo com dados do IBGE 2021 a agricultura familiar é responsável por aproximadamente 70 dos alimentos que chegam à mesa dos brasileiros Contudo esse setor enfrenta desafios constantes quanto ao acesso a tecnologias e insumos sustentáveis o que justifica o aprofundamento em práticas como o uso de biofertilizantes especialmente nas regiões que apresentam forte vocação agrícola como o Sul do Brasil 2 RECORTES Este trabalho terá como foco os pequenos produtores rurais do Sul do Brasil mais especificamente dos estados do Rio Grande do Sul Santa Catarina e Paraná no período compreendido entre os anos de 2020 e 2025 O recorte espacial privilegia a análise de comunidades agrícolas onde a agricultura familiar é predominante e onde há registros ainda que limitados de iniciativas voltadas ao uso de biofertilizantes O recorte temporal 20202025 se justifica por ser um período de grande estímulo a práticas sustentáveis por meio de políticas públicas e financiamentos específicos como o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar Pronaf bem como iniciativas de extensão rural voltadas à agroecologia Além disso o período coincide com o avanço das discussões ambientais no contexto do Acordo de Paris e da Agenda 2030 da ONU reforçando a importância da transição ecológica no campo Apesar de já existirem estudos sobre biofertilizantes muitos ainda se concentram em grandes propriedades ou em condições laboratoriais Pouco se sabe sobre sua adoção real percepções dos agricultores familiares limitações técnicas e impactos práticos no cotidiano das lavouras menores Essa lacuna precisa ser preenchida com dados empíricos adaptados à realidade social e econômica dos pequenos produtores 3 OBJETIVOS O objetivo geral desta pesquisa é analisar o uso de biofertilizantes como alternativa sustentável ao uso de fertilizantes químicos por pequenos produtores familiares no Sul do Brasil entre os anos de 2020 e 2025 Já os objetivos específicos Investigar os tipos de biofertilizantes mais utilizados por agricultores familiares nos três estados da região Sul Avaliar os impactos agronômicos e econômicos do uso de biofertilizantes nas pequenas propriedades Identificar os principais desafios e limitações enfrentadas pelos agricultores familiares na adoção dessa tecnologia Verificar o papel das instituições públicas e privadas como EMATER universidades e ONGs na difusão e incentivo ao uso de biofertilizantes 4 JUSTIFICATIVA A presente pesquisa justificase por três dimensões principais teórica prática e social Contribuição teórica Este trabalho pretende contribuir com o campo da agronomia ao sistematizar e analisar o uso de biofertilizantes na agricultura familiar sob a perspectiva da sustentabilidade e da viabilidade produtiva Embora existam estudos técnicos sobre a produção de biofertilizantes há carência de pesquisas voltadas para a realidade dos pequenos produtores especialmente nas regiões com forte tradição agropecuária como o Sul do Brasil Contribuições na prática Na prática o estudo poderá servir como base para programas de extensão rural capacitação técnica e formulação de políticas públicas voltadas à transição agroecológica Além disso poderá orientar pequenos produtores sobre as vantagens e limitações da substituição de insumos químicos por biofertilizantes promovendo maior autonomia produtiva e redução de custos Relevância social A pesquisa também tem relevância social pois busca promover uma agricultura mais justa e sustentável que beneficie diretamente os agricultores familiares e a população consumidora ao fomentar alimentos mais saudáveis com menor impacto ambiental Além disso valoriza o saber local e práticas tradicionais aliando inovação tecnológica à preservação ambiental 5 METODOLOGIA A presente pesquisa adotará uma abordagem qualitativa com elementos quantitativos configurandose como um estudo descritivo e exploratório Inicialmente será realizado um levantamento bibliográfico e documental em fontes como artigos científicos dissertações teses relatórios técnicos e documentos institucionais disponíveis em bancos de dados como IBGE MAPA Embrapa além de legislações e programas governamentais que tratem da agricultura familiar e da utilização de biofertilizantes no Brasil Esse levantamento tem por objetivo fornecer o embasamento teórico necessário à análise do objeto de estudo além de auxiliar na formulação das categorias analíticas que nortearão a interpretação dos dados empíricos Como parte da investigação empírica serão selecionadas pequenas propriedades agrícolas localizadas nos estados do Rio Grande do Sul Santa Catarina e Paraná que estejam inseridas no contexto da agricultura familiar e que façam uso ou tenham tentado adotar práticas com biofertilizantes entre os anos de 2020 e 2025 A seleção desses casos será baseada na disponibilidade de acesso e na relevância das experiências relatadas para os objetivos da pesquisa Serão realizadas entrevistas semiestruturadas com agricultores familiares técnicos de extensão rural e representantes de instituições públicas ou privadas envolvidas na promoção da agroecologia e do uso de biofertilizantes As entrevistas visam compreender as motivações as dificuldades os impactos percebidos e o nível de conhecimento sobre os biofertilizantes por parte dos diferentes atores envolvidos Sempre que possível será realizada também observação de campo a fim de registrar diretamente as práticas adotadas nas propriedades e verificar as condições de aplicação e manejo dos biofertilizantes Os dados coletados serão organizados em categorias temáticas e analisados com base na técnica de análise de conteúdo buscando identificar padrões contradições desafios e potencialidades associadas ao uso de biofertilizantes no contexto da agricultura familiar da região Sul do Brasil REFERÊNCIAS BRASIL Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento MAPA Política Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica PNAPO Brasília MAPA 2012 Disponível em httpswwwgovbrmdaptbrcondrafnoticiascondrafResumo3Planapo1pdf Acesso em 07 jul 2025 EMBRAPA Biofertilizantes alternativas sustentáveis para a agricultura Brasília Embrapa 2020 IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística Censo Agropecuário 2017 Agricultura Familiar Rio de Janeiro IBGE 2021 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE FURG ELVIO FERNANDO GULARTE FREIRE USO DE BIOFERTILIZANTES NA AGRICULTURA FAMILIAR RIO GRANDE RS 2025 1 CONTEXTUALIZAÇÃO Nas últimas décadas o modelo agrícola intensivo baseado na mecanização no uso de sementes geneticamente modificadas e na aplicação massiva de fertilizantes químicos tem contribuído significativamente para o aumento da produção de alimentos No entanto esse mesmo modelo tem gerado impactos ambientais severos como a contaminação de solos e recursos hídricos além da perda da biodiversidade e da degradação da saúde do agricultor Diante desse cenário tornase urgente a busca por práticas agrícolas mais sustentáveis e acessíveis aos pequenos produtores que formam a base da agricultura familiar no Brasil Os biofertilizantes surgem como uma alternativa promissora a essa problemática Derivados de compostos orgânicos resíduos agroindustriais ou culturas microbianas os biofertilizantes atuam no fornecimento de nutrientes ao solo e às plantas além de melhorar a microbiota do solo promovendo equilíbrio ecológico e maior resistência das culturas Diferente dos fertilizantes químicos eles são biodegradáveis de baixo custo e compatíveis com práticas agroecológicas De acordo com dados do IBGE 2021 a agricultura familiar é responsável por aproximadamente 70 dos alimentos que chegam à mesa dos brasileiros Contudo esse setor enfrenta desafios constantes quanto ao acesso a tecnologias e insumos sustentáveis o que justifica o aprofundamento em práticas como o uso de biofertilizantes especialmente nas regiões que apresentam forte vocação agrícola como o Sul do Brasil 2 RECORTES Este trabalho terá como foco os pequenos produtores rurais do Sul do Brasil mais especificamente dos estados do Rio Grande do Sul Santa Catarina e Paraná no período compreendido entre os anos de 2020 e 2025 O recorte espacial privilegia a análise de comunidades agrícolas onde a agricultura familiar é predominante e onde há registros ainda que limitados de iniciativas voltadas ao uso de biofertilizantes O recorte temporal 20202025 se justifica por ser um período de grande estímulo a práticas sustentáveis por meio de políticas públicas e financiamentos específicos como o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar Pronaf bem como iniciativas de extensão rural voltadas à agroecologia Além disso o período coincide com o avanço das discussões ambientais no contexto do Acordo de Paris e da Agenda 2030 da ONU reforçando a importância da transição ecológica no campo Apesar de já existirem estudos sobre biofertilizantes muitos ainda se concentram em grandes propriedades ou em condições laboratoriais Pouco se sabe sobre sua adoção real percepções dos agricultores familiares limitações técnicas e impactos práticos no cotidiano das lavouras menores Essa lacuna precisa ser preenchida com dados empíricos adaptados à realidade social e econômica dos pequenos produtores 3 OBJETIVOS O objetivo geral desta pesquisa é analisar o uso de biofertilizantes como alternativa sustentável ao uso de fertilizantes químicos por pequenos produtores familiares no Sul do Brasil entre os anos de 2020 e 2025 Já os objetivos específicos Investigar os tipos de biofertilizantes mais utilizados por agricultores familiares nos três estados da região Sul Avaliar os impactos agronômicos e econômicos do uso de biofertilizantes nas pequenas propriedades Identificar os principais desafios e limitações enfrentadas pelos agricultores familiares na adoção dessa tecnologia Verificar o papel das instituições públicas e privadas como EMATER universidades e ONGs na difusão e incentivo ao uso de biofertilizantes 4 JUSTIFICATIVA A presente pesquisa justificase por três dimensões principais teórica prática e social Contribuição teórica Este trabalho pretende contribuir com o campo da agronomia ao sistematizar e analisar o uso de biofertilizantes na agricultura familiar sob a perspectiva da sustentabilidade e da viabilidade produtiva Embora existam estudos técnicos sobre a produção de biofertilizantes há carência de pesquisas voltadas para a realidade dos pequenos produtores especialmente nas regiões com forte tradição agropecuária como o Sul do Brasil Contribuições na prática Na prática o estudo poderá servir como base para programas de extensão rural capacitação técnica e formulação de políticas públicas voltadas à transição agroecológica Além disso poderá orientar pequenos produtores sobre as vantagens e limitações da substituição de insumos químicos por biofertilizantes promovendo maior autonomia produtiva e redução de custos Relevância social A pesquisa também tem relevância social pois busca promover uma agricultura mais justa e sustentável que beneficie diretamente os agricultores familiares e a população consumidora ao fomentar alimentos mais saudáveis com menor impacto ambiental Além disso valoriza o saber local e práticas tradicionais aliando inovação tecnológica à preservação ambiental 5 METODOLOGIA A presente pesquisa adotará uma abordagem qualitativa com elementos quantitativos configurandose como um estudo descritivo e exploratório Inicialmente será realizado um levantamento bibliográfico e documental em fontes como artigos científicos dissertações teses relatórios técnicos e documentos institucionais disponíveis em bancos de dados como IBGE MAPA Embrapa além de legislações e programas governamentais que tratem da agricultura familiar e da utilização de biofertilizantes no Brasil Esse levantamento tem por objetivo fornecer o embasamento teórico necessário à análise do objeto de estudo além de auxiliar na formulação das categorias analíticas que nortearão a interpretação dos dados empíricos Como parte da investigação empírica serão selecionadas pequenas propriedades agrícolas localizadas nos estados do Rio Grande do Sul Santa Catarina e Paraná que estejam inseridas no contexto da agricultura familiar e que façam uso ou tenham tentado adotar práticas com biofertilizantes entre os anos de 2020 e 2025 A seleção desses casos será baseada na disponibilidade de acesso e na relevância das experiências relatadas para os objetivos da pesquisa Serão realizadas entrevistas semiestruturadas com agricultores familiares técnicos de extensão rural e representantes de instituições públicas ou privadas envolvidas na promoção da agroecologia e do uso de biofertilizantes As entrevistas visam compreender as motivações as dificuldades os impactos percebidos e o nível de conhecimento sobre os biofertilizantes por parte dos diferentes atores envolvidos Sempre que possível será realizada também observação de campo a fim de registrar diretamente as práticas adotadas nas propriedades e verificar as condições de aplicação e manejo dos biofertilizantes Os dados coletados serão organizados em categorias temáticas e analisados com base na técnica de análise de conteúdo buscando identificar padrões contradições desafios e potencialidades associadas ao uso de biofertilizantes no contexto da agricultura familiar da região Sul do Brasil REFERÊNCIAS BRASIL Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento MAPA Política Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica PNAPO Brasília MAPA 2012 Disponível em httpswwwgovbrmdaptbrcondrafnoticiascondrafResumo3Planapo1pdf Acesso em 07 jul 2025 EMBRAPA Biofertilizantes alternativas sustentáveis para a agricultura Brasília Embrapa 2020 IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística Censo Agropecuário 2017 Agricultura Familiar Rio de Janeiro IBGE 2021