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Pesq agropec bras Brasília v48 n2 p157166 fev 2013 DOI 101590S0100204X2013000200005 Desempenho agronômico de plantas de cobertura usadas na proteção do solo no período de pousio Wellington Pereira de Carvalho1 Gabriel José de Carvalho2 Dyrson de Oliveira Abbade Neto2 e Luíz Gustavo Vieira Teixeira2 1Embrapa Cerrados BR 020 Km 18 Caixa Postal 08223 CEP 73310970 Planaltina DF Email wellingtoncarvalhoembrapabr 2Universidade Federal de Lavras Caixa Postal 3037 CEP 37200000 Lavras MG Email gabuflabr dyrsonpogmailcom luguteixeirayahoocombr Resumo O objetivo deste trabalho foi identificar espécies com alta produção de fitomassa para proteção do solo no período de pousio O experimento foi realizado com três espécies da família Leguminosae e três da família Poaceae de 2009 a 2010 na área experimental do campus da Universidade Federal de Lavras Minas Gerais As espécies avaliadas foram crotalária anagiroide Crotalaria anagyroides feijãodeporco Canavalia ensiformis guanduanão Cajanus cajan aveiapreta Avena strigosa sorgo Sorghum bicolor e milheto Pennisetum glaucum semeadas em cultivo solteiro e consorciado O feijãodeporco e o sorgo apresentaram as maiores taxas de cobertura do solo em cultivo solteiro enquanto o milheto apresentou a menor O sorgo em cultivo solteiro e consorciado com feijãodeporco e guanduanão apresenta a maior produção de matéria verde e matéria seca enquanto o guanduanão apresenta a menor produção de matéria verde e a crotalária anagiroide a menor produção de matéria seca Por ocasião da implantação da cultura comercial o tratamento que proporcionou a maior quantidade de palha sobre o solo foi o consórcio entre feijãodeporco e sorgo Termos para indexação Avena strigosa Cajanus cajan Pennisetum glaucum Sorghum bicolor cultivo consorciado taxa de cobertura Agronomic performance of cover crops used as ground cover mulching in the fallow period Abstract The objective of this work was to identify species with high production of phytomass for ground cover in the fallow period The experiment was carried out from 2009 to 2010 with three species of the family Leguminosae and three of the family Poaceae in the experimental area of the campus of the Universidade Federal de Lavras Minas Gerais Brazil The evaluated species were caracas rattlebox Crotalaria anagyroides jack bean Canavalia ensiformis pigeon pea Cajanus cajan black oat Avena strigosa sorghum Sorghum bicolor and pearl millet Pennisetum glaucum sown with and without intercropping Jack bean and sorghum showed the highest rate of soil covering in single cropping whereas pearl millet the lowest Sorghum in single cropping and intercropped with jack bean and pigeon pea shows the largest production of green matter and dry matter whereas pigeon pea presents the lowest production of green matter and caracas rattlebox the lowest production of dry matter At the implantation of the commercial culture the largest amount of straw above the soil was provided by the intercropping between jack bean and sorghum Index terms Avena strigosa Cajanus cajan Pennisetum glaucum Sorghum bicolor intercropping rate of soil covering Introdução A prática de proteger o solo com plantas de cobertura ou adubos verdes é vantajosa não somente durante o verão mas também na entressafra especialmente na região do Cerrado onde as áreas agricultáveis ficam sujeitas à radiação solar à erosão eólica e à infestação por plantas espontâneas no período de pousio Balbinot Júnior et al 2008 Neste sentido a sucessão de culturas com a safrinha além de possibilitar a diversificação das atividades na propriedade ocupa parte do período de pousio e é uma prática recomendável em sistemas agrícolas sustentáveis Balbinot Júnior et al 2009 O uso de culturas de cobertura no período de safrinha pode melhorar a qualidade do solo Giacomini et al 2003 A produção de matéria seca das espécies utilizadas para cobertura do solo depende das condições climáticas edáficas fitossanitárias das práticas de 158 WP de Carvalho et al Pesq agropec bras Brasília v48 n2 p157166 fev 2013 DOI 101590S0100204X2013000200005 manejo e em grande parte também da agressividade do sistema radicular uma vez que sua profundidade está relacionada à maior produção de biomassa Carvalho Amabile 2006 A vantagem da utilização de plantas de cobertura da família das leguminosas está no seu potencial de produção de biomassa e na sua capacidade de fornecer nitrogênio à cultura sucessora Matheis et al 2006 Entretanto essas plantas apresentam baixa relação CN e podem apresentar elevada taxa de decomposição de seus resíduos Teixeira et al 2009 Já as poáceas destacamse pela alta produção de biomassa e de resíduos com relação CN elevada o que pode contribuir para redução na taxa de decomposição e para liberação mais lenta de nutrientes no solo Silva et al 2012 Além disso o uso de poáceas como plantas de cobertura é importante para a absorção de nutrientes especialmente do potássio de camadas subsuperficiais e disponibilização na superfície do solo Boer et al 2007 O cultivo consorciado dessas espécies pode proporcionar benefícios aos sistemas de produção Isso porque essas plantas apresentam características intrínsecas que resultam na exploração de camadas distintas de solo no favorecimento de grupos da biota do solo na ciclagem diferenciada de nutrientes Cherr et al 2006 na estruturação física do solo e na produção de matéria seca com relação CN intermediária que permitiria menor taxa de decomposição de resíduos culturais Neste contexto avaliar o desempenho de espécies consorciadas é de alta relevância O objetivo deste trabalho foi identificar espécies com alta produção de fitomassa para proteção do solo no período de pousio Material e Métodos O experimento foi conduzido no campo experimental do Departamento de Agricultura da Universidade Federal de Lavras Minas Gerais 21º14S e 45º00W a 919 m de altitude durante três anos 2008 2009 e 2010 no período da safrinha ou seja durante a primeira quinzena de março De acordo com a classificação de Köppen o clima da região é de transição entre Cwb e Cwa com duas estações bem definidas uma fria e seca de abril a setembro e uma quente e úmida de outubro a março Os dados de precipitação umidade relativa e temperatura no período experimental estão descritos na Figura 1 A análise do solo da área experimental classificado como Latossolo Vermelho distroférrico Santos et al 2006 indicou na profundidade 020 m os seguintes resultados pH H2O 60 01 cmol dm3 de Al 22 mg dm3 de P 613 mg dm3 de K 19 cmol dm3 de Ca 08 cmol dm3 de Mg 29 cmol dm3 de H Al 2 dag kg1 de MO 17 mg dm3 de Zn 3658 mg dm3 de Fe 45 mg dm3 de Mn 3 mg dm3 de Cu 02 mg dm3 de B 91 mg dm3 de S 490 g kg1 de areia 153 g kg1 de silte e 357 g kg1 de argila A área experimental esteve sob pastagem de Urochloa brizantha Syn Brachiaria brizantha nos três anos anteriores à instalação do experimento Em fevereiro de 2008 realizouse calagem de acordo com a análise de solo e posterior aração com grade aradora seguida de gradagem niveladora para destorroamento Na segunda semana de março procedeuse a outra gradagem niveladora com abertura dos sulcos e semeadura manual das espécies de plantas de cobertura Como experimentalmente não houve controle de plantas infestantes após a semeadura houve comprometimento da maioria das parcelas e portanto não foram coletados dados naquele ano Em 2009 foi realizada capina manual da área na segunda semana de março com abertura manual dos sulcos e semeadura manual das espécies de plantas de cobertura em cultivo mínimo sem revolvimento do solo Aos 30 dias após a emergência DAE efetuou se nova capina manual As plantas de cobertura utilizadas foram as leguminosas crotalária anagiroide Crotalaria anagyroides Kunth feijãodeporco Canavalia ensiformis L DC e guanduanão Cajanus cajan L Millsp e as poáceas aveiapreta Avena strigosa Schreb sorgo Sorghum bicolor L Moench cultivar BRS 506 e milheto Pennisetum glaucum L RBr variedade BRS 1501 Utilizouse o delineamento experimental de blocos ao acaso com quatro repetições e 16 tratamentos crotalária anagiroide feijãodeporco guanduanão aveiapretasorgo milheto crotalária anagiroide aveiapreta crotalária anagiroide sorgo crotalária anagiroide milheto feijãodeporco aveiapreta feijãodeporco sorgo feijãodeporco milheto guanduanão aveiapreta guanduanão sorgo guanduanão milheto e testemunha com vegetação Desempenho agronômico de plantas de cobertura 159 Pesq agropec bras Brasília v48 n2 p157166 fev 2013 DOI 101590S0100204X2013000200005 espontânea As parcelas apresentaram dimensões de 4 m de largura e 4 m de comprimento com bordadura de 05 m nas laterais e nas extremidades das linhas e área útil de 9 m2 As espécies de plantas de cobertura foram semeadas no espaçamento de 05 m entre linhas quando em cultivo solteiro feijãodeporco e três poáceas e no espaçamento de 025 m entre linhas para crotalária anagiroide e guanduanão em cultivo solteiro e consorciado Não foram feitas aplicações de fertilizantes na semeadura e em cobertura Aos 20 DAE foi feito o desbaste tendose ajustado a população de plantas para dez plantas por metro para feijãodeporco milheto e sorgo solteiros e consorciados 25 e 20 plantas por metro para crotalária e guanduanão solteiros e consorciados respectivamente dez plantas por metro para milheto solteiro e consorciado dez plantas por metro para sorgo solteiro e consorciado e 40 plantas por metro para aveiapreta solteira e consorciada Sodré Filho et al 2004 As leguminosas foram inoculadas com inoculante específico coquetel das estirpes CPACC2 CPACB10 e CPACF2 O período decorrido entre o plantio e o corte das plantas de cobertura quando 50 das plantas estavam no período de floração foi de 75 dias para milheto e aveiapreta 80 dias para guanduanão e vegetação espontânea 91 dias para sorgo e feijãodeporco e 121 dias para crotalária anagiroide Para os tratamentos em consórcio o corte foi realizado quando a espécie mais precoce atingiu 50 de floração Em 2010 repetiuse o mesmo procedimento de 2009 e o período decorrido entre a semeadura e o corte das plantas de cobertura quando 50 das plantas estavam no período de floração foi de 76 dias para milheto e aveiapreta 82 dias para guanduanão e vegetação espontânea 90 dias para sorgo e feijãodeporco e 118 dias para crotalária anagiroide Em 2009 e 2010 foram avaliadas as seguintes variáveis taxa de cobertura do solo proporcionada pelas plantas de cobertura massa de matéria verde das Figura 1 Temperatura média mensal C precipitação pluvial mm e umidade relativa do ar no local do experimento em 2009 e 2010 160 WP de Carvalho et al Pesq agropec bras Brasília v48 n2 p157166 fev 2013 DOI 101590S0100204X2013000200005 plantas de cobertura após o corte massa de matéria seca após o corte percentagem de cobertura do solo por palhadas das plantas de cobertura em setembro antes do início do período chuvoso e em outubro após o início do período chuvoso e massa de matéria seca das plantas de cobertura antes da semeadura da cultura sucessora A taxa de cobertura aos 15 30 45 60 e 75 DAE pelas plantas de cobertura foi avaliada com uso de quadrado de madeira de 05 m de lado com rede de barbantes espaçados a cada 005 m em que a presença ou não da cobertura vegetal dentro dos espaços entre os barbantes foi empregada para determinar a cobertura do solo proporcionada Sodré Filho et al 2004 Quando cada tratamento atingiu 50 de floração retirouse uma subamostra de 1 m2 de dentro da área útil das parcelas tendose coletado separadamente nos tratamentos consorciados toda a parte aérea de poáceas e leguminosas que foram acondicionadas em sacos de papel As amostras foram levadas para secagem em estufa com circulação forçada de ar a 60C até atingirem massa de matéria seca constante A partir da massa de matéria seca das poáceas e das leguminosas e da massa de matéria seca total após o corte foi calculada a percentagem de poáceas e leguminosas desses tratamentos Em seguida as plantas foram cortadas com roçadeira costal motorizada e todo o material da área útil foi reunido ensacado para determinar a massa de matéria verde após o corte e novamente espalhado no local de origem Esses dados foram utilizados para calcular a relação massa de matéria verde massa de matéria seca RVS No primeiro dia de setembro antes do início do período chuvoso avaliouse a percentagem de cobertura das palhadas das plantas de cobertura tendose lançado o quadrado de madeira de 05 m com a rede de barbantes quatro vezes por parcela O período médio decorrido entre o corte das plantas de cobertura e a avaliação foi de 109 dias para milheto e aveiapreta 90 dias para guanduanão e vegetação espontânea 79 dias para sorgo e feijãodeporco e 50 dias para crotalária anagiroide O mesmo procedimento foi repetido 60 dias depois em 31 de outubro com precipitação pluvial acumulada durante o período de 2526 mm em 2009 e de 1869 mm em 2010 Na segunda semana de novembro coletouse toda a palha remanescente na área útil das parcelas que foi pesada e espalhada novamente no local de origem para se obter a massa de palhada das plantas de cobertura antes da semeadura da cultura sucessora Os dados foram submetidos à análise de variância por meio do programa computacional Sisvar e nos casos de significância pelo teste F as médias foram agrupadas pelo teste de ScottKnott a 5 de probabilidade Também foi realizada análise de correlação entre as variáveis avaliadas Resultados e Discussão Os consórcios feijãodeporco aveiapreta e feijãodeporco sorgo foram os tratamentos que proporcionaram maior taxa de cobertura do solo aos 15 DAE Tabela 1 O milheto em cultivo solteiro proporcionou a menor taxa de cobertura em todas as avaliações com 385 da área coberta pelo consórcio feijãodeporco sorgo aos 75 dias Esse resultado é indicativo de que o espaçamento utilizado para o milheto de 05 m não foi o ideal para um adequado revestimento do solo pela planta em condição de déficit hídrico Possivelmente o espaçamento de 025 m utilizado para crotalária anagiroide e guanduanão teria proporcionado melhor cobertura Mechede et al 2007 com uso do espaçamento de 05 m no período da seca mas com irrigação obtiveram taxa de cobertura de 9125 para milheto em cultivo solteiro Na avaliação realizada aos 75 DAE os consórcios feijãodeporco aveiapreta feijãodeporco milheto feijãodeporco sorgo guanduanão sorgo e crotalária anagiroide sorgo proporcionaram maior taxa de cobertura do solo Na comparação entre as três leguminosas em cultivo solteiro o feijãodeporco apresentou crescimento inicial rápido e maior cobertura do solo pela parte aérea em todas as avaliações Figura 2 Esse comportamento também foi verificado em campo por Carvalho Amabile 2006 que atribuem essa característica ao crescimento acelerado e às amplas folhas cotiledonares da espécie que favorecem a rápida cobertura do solo A crotalária anagiroide e o guanduanão apresentaram cobertura do solo inicial superior à da vegetação espontânea testemunha mas foram superadas por esta a partir de 21 dias do plantio Favero et al 2001 avaliaram a taxa de cobertura de cinco leguminosas e constataram que o feijãodeporco proporcionou cobertura de 51 83 e 81 aos 28 54 e 86 DAE respectivamente Os autores relataram sinais de início Desempenho agronômico de plantas de cobertura 161 Pesq agropec bras Brasília v48 n2 p157166 fev 2013 DOI 101590S0100204X2013000200005 de senescência por ocasião da última avaliação com diminuição na biomassa ressecamento e queda de folhas mais baixas e consequente redução na cobertura do solo na terceira época de avaliação No presente trabalho o feijãodeporco teve crescimento contínuo da emergência até a floração aos 75 DAE quando foi cortado sem apresentar sinais de senescência A partir da derivada da equação de regressão obtida constatouse que a época em que o feijãodeporco atingiria a maior taxa de cobertura do solo seria aos 84 DAE O crescimento do guanduanão foi inferior ao do feijãodeporco até a época do corte Favero et al 2001 também observaram taxa de cobertura inferior pelo guanduanão em comparação ao feijãodeporco até a avaliação aos 54 DAE No entanto após esse período os autores observaram maior crescimento da parte aérea do guanduanão que chegou a proporcionar 44 de cobertura aos 86 DAE tendo superado a do feijãodeporco As curvas de regressão entre a taxa de cobertura e a época de amostragem ajustaramse ao modelo quadrático para todos os tratamentos avaliados Figura 2 A curva representada pelo sorgo apresentou comportamento semelhante à da testemunha apesar dos diferentes tipos de hábito de crescimento com o sorgo mostrando maior crescimento inicial Para sorgo semeado em setembro na mesma área e sob as mesmas condições de adubação e espaçamento Barros 2009 obteve taxa de cobertura do solo de 11 54 e 66 aos 17 27 e 39 dias após a semeadura DAS respectivamente Esse resultado mostra crescimento inicial mais acelerado até 27 DAS em razão da época mais favorável à semeadura e após esse período 39 DAS a taxa de cobertura assemelhase à obtida aos 45 dias no presente trabalho que foi de 66 Pelo estudo de derivada a época em que o sorgo atingiria a maior taxa de cobertura do solo seria aos 91 DAE As taxas de cobertura da aveiapreta e do milheto foram inferiores às do sorgo e da testemunha As curvas de regressão para crotalária anagiroide consorciada com as três poáceas mostraram que os consórcios com aveiapreta e sorgo apresentaram taxas de cobertura semelhantes aos 15 DAE após essa primeira leitura houve maior aumento da cobertura do solo no consórcio com sorgo Figura 3 O consórcio com milheto teve crescimento inicial mais acelerado que a testemunha mas após os 45 DAE foi superado e apresentou a menor taxa de cobertura na época do corte Para o feijãodeporco os consórcios com aveiapreta e sorgo apresentaram incremento da cobertura do solo semelhante ao longo das amostragens apesar da diferença de altura de planta entre as duas poáceas Figura 3 A aveiapreta em decorrência da má adaptação ao período da safrinha na região apresentou altura média na época do corte de 045 m Tabela 1 Taxa de cobertura do solo 1 proporcionada pela parte aérea de plantas de cobertura aos 15 30 45 60 e 75 dias após a emergência DAE2 Espécie 15 DAE 30 DAE 45 DAE 60 DAE 75 DAE Feijãodeporco aveiapreta 4275a 6475a 9050a 9900a 9950a Feijãodeporco sorgo 3975a 6400a 9525a 10000a 10000a Feijãodeporco milheto 3100b 5600a 8850a 9700a 9950a Feijãodeporco 2475b 4325b 7050b 8375b 8750b Guanduanão sorgo 1775c 4850b 9100a 9700a 9825a Crotalária anagiroide sorgo 1775c 4025b 8675a 9600a 9650a Crotalária anagiroide aveiapreta 1625c 2925c 6400c 7775b 8225b Guanduanão aveiapreta 1120c 1675d 6200c 7150c 7725b Crotalária anagiroide milheto 975c 2350c 5275d 6875c 7775b Crotalária anagiroide 950c 1475d 2775f 5275d 5850c Sorgo 925c 2800c 6575c 8150b 8775b Aveiapreta 800d 1050d 4450e 5450d 6075c Guanduanão milheto 625d 2025d 5700d 6775c 7725b Guanduanão 625d 1525d 4225e 5650d 6125c Milheto 425d 1475d 2750f 3375e 3850d Testemunha 375c 1725d 5125d 7525b 7900b 1Valores médios das avaliações realizadas em 2009 e 2010 2Médias seguidas de letras iguais nas colunas pertencem a um mesmo grupo pelo teste de ScottKnott a 5 de probabilidade 162 WP de Carvalho et al Pesq agropec bras Brasília v48 n2 p157166 fev 2013 DOI 101590S0100204X2013000200005 em comparação à altura média do feijãodeporco que foi de 053 m já o sorgo apresentou altura de 115 m A semelhança entre a taxa de cobertura dos dois consórcios pode ser explicada pela própria morfologia da leguminosa principalmente suas folhas largas que cobrem rapidamente toda a área em sua volta independentemente da planta companheira Pelo mesmo motivo o consórcio feijãodeporco milheto apresentou crescimento inicial um pouco mais lento porém na época do corte apresentou a mesma cobertura dos dois outros consórcios A capacidade do feijãodeporco em cobrir rapidamente o solo também foi observada por Favero et al 2001 que encontraram taxa de cobertura de 83 aos 56 DAE A taxa de cobertura do consórcio do feijãodeporco com as três poáceas foi superior à da testemunha Figura 2 Cobertura do solo proporcionada pelo cultivo solteiro de A leguminosas e B poáceas Os resultados referemse às médias entre as avaliações realizadas em 2009 e 2010 Figura 3 Cobertura do solo proporcionada pelo consórcio das poáceas aveiapreta AVP milheto MIL e sorgo SOR com A crotalária CRO B feijãodeporco FDP e C guanduanão GUA Os resultados referemse às médias entre as avaliações realizadas em 2009 e 2010 Desempenho agronômico de plantas de cobertura 163 Pesq agropec bras Brasília v48 n2 p157166 fev 2013 DOI 101590S0100204X2013000200005 Para o guanduanão os consórcios com aveiapreta e milheto apresentaram incremento na taxa de cobertura semelhante ao da vegetação espontânea testemunha ao longo do período de avaliação O consórcio com sorgo no entanto destacouse com maior taxa de cobertura do solo Figura 3 Em termos gerais as plantas de cobertura apresentaram baixa produção tanto de massa de matéria verde como de matéria seca Tabela 2 Um dos fatores que contribuíram para esse baixo rendimento foi a ausência de adubação em uma área que há três anos não recebia qualquer tipo de fertilizante De acordo com Spehar Lara Cabezas 2000 a avaliação sem a influência de fertilizantes contribui para selecionar as melhores espécies para cultivo no Cerrado que devem apresentar entre outras a característica de rusticidade com alta eficiência no uso e na ciclagem de nutrientes já existentes no solo especialmente nitrogênio fósforo e potássio uma vez que não se recomenda a fertilização para esse tipo de cultura Outro fator que concorreu para a baixa produção de biomassa foi a semeadura em período não favorável para o desenvolvimento das plantas O sorgo foi a planta de cobertura que produziu maior quantidade de matéria verde tanto em cultivo solteiro como em consorciado Tabela 2 Quando em consórcio com guanduanão e feijãodeporco sua produção de matéria verde foi maior que quando em consórcio com crotalária anagiroide Esses dados comprovam a rusticidade e a resistência ao déficit hídrico dessa espécie que recebeu durante seu ciclo vegetativo 228 mm de chuva em 2009 e apenas 103 mm em 2010 Para sorgo semeado em setembro na mesma área e sob as mesmas condições de fertilização Barros 2009 obteve produção de 308 Mg ha1 de matéria verde O guanduanão foi a espécie que produziu a menor quantidade de matéria verde tendose equiparado à testemunha com vegetação espontânea Também verificouse baixa produção no tratamento com crotalária anagiroide A baixa produção de matéria verde dessas leguminosas pode ser atribuída à redução da quantidade de horasluz que começa a se acentuar em maio A sensibilidade das leguminosas ao fotoperíodo mencionada por Carvalho Amabile 2006 é menos acentuada no feijãodeporco de acordo com o presente trabalho A correlação entre a produção de matéria verde e de matéria seca após o corte foi naturalmente bastante elevada para todos os tratamentos r 099 O tratamento feijãodeporco sorgo Tabela 2 Massa de matéria verde MV e seca MS de plantas de cobertura após o corte relação MVMS RVS percentagem de matéria seca de poáceas nos tratamentos consorciados percentagem de cobertura de palhadas de plantas de cobertura em setembro e outubro e massa de matéria seca de palhada de plantas de cobertura antes da semeadura da cultura sucessora1 Espécie Matéria verde Matéria seca RVS Matéria seca Cobertura de palhadas Matéria seca de poáceas Setembro Outubro de palhada kg ha1 kg ha1 Guanduanão sorgo 15204a 4657a 332b 8745 7625b 4250b 2254c Feijãodeporco sorgo 15155a 4611a 330b 5894 9000a 7250a 3128a Sorgo 14465a 4756a 310b 7250b 4500b 2692b Crotalária anagiroide sorgo 12378b 4129b 302b 7749 7625b 4625b 2086d Feijãodeporco milheto 8260c 2494c 335b 4611 4625d 1625d 960f Feijãodeporco 8116c 2369c 340b 6125c 2625c 1382e Feijãodeporco aveiapreta 8114c 2486c 330b 2417 3750e 1125e 760f Crotalária anagiroide milheto 4995d 1390d 350b 7983 3325e 350f 853f Guanduanão milheto 4531d 1390d 327b 7303 2950e 400f 872f Aveiapreta 4216e 1532d 275c 900f 200f 498g Crotalária anagiroide aveiapreta 3706e 1330d 280c 5941 1450f 250f 308h Milheto 3371f 968e 350b 1500f 275f 609g Guanduanão aveiapreta 3142f 1214d 260c 5685 1300f 250f 548g Crotalária anagiroide 2676f 527f 527a 4500d 925e 450g Guanduanão 2123g 955e 232c 1750f 325f 397g Testemunha 1678g 616f 267c 2700e 225f 130i CV 800 965 884 1372 2132 899 1Médias seguidas de letras iguais nas colunas pertencem a um mesmo grupo pelo teste de ScottKnott a 5 de probabilidade Valores médios das avaliações realizadas em 2009 e 2010 164 WP de Carvalho et al Pesq agropec bras Brasília v48 n2 p157166 fev 2013 DOI 101590S0100204X2013000200005 produziu a maior quantidade de matéria seca e nesse consórcio o sorgo contribuiu com 5894 da matéria seca total A produção de matéria seca de sorgo semeado em setembro encontrada por Barros 2009 em experimento na mesma área e sob as mesmas condições de adubação foi de 695 Mg ha1 A crotalária anagiroide produziu a menor quantidade de matéria seca tendose igualado à testemunha de vegetação espontânea seguida do guanduanão e do milheto Tabela 2 Teixeira et al 2010 em área com histórico de quatro anos com cultura do feijoeiro obtiveram rendimento de 236 Mg ha1 de matéria seca de milheto semeado no final do período das águas A falta de fertilização aliada ao estresse hídrico relacionado à época de plantio são provavelmente os principais responsáveis pelo fato de nenhum tratamento ter atingido a média de produção de matéria seca de 50 Mg ha1 considerada como a quantidade adequada de resíduos para se obter boa taxa de cobertura do solo Menezes et al 2009 O efeito do déficit hídrico na redução da produção de palhada fica evidente no trabalho de Torres et al 2008 em que foram obtidos para sorgo 71 e 40 Mg ha1 de matéria seca nos períodos das águas e da seca respectivamente e para milheto 103 e 36 Mg ha1 de matéria seca Os valores obtidos a partir da relação massa de matéria verdemassa de matéria seca RVS permitiram de forma preliminar a classificação das plantas de cobertura quanto ao seu conteúdo de matéria seca em baixa RVS5 média RVS de 3 a 5 e alta RVS3 De acordo com essa classificação a crotalária anagiroide é a espécie que produz a fitomassa com menor conteúdo de matéria seca e o guanduanão e a aveiapreta as que apresentaram maior conteúdo de matéria seca seguidas da vegetação espontânea e dos consórcios aveiapreta crotalária anagiroide e aveiapreta guanduanão A avaliação das palhadas de cobertura no início de setembro após o período da seca indicou que houve pouca perda de massa de matéria seca durante esse período Tabelas 1 e 2 provavelmente em decorrência da baixa precipitação Figura 1 Altas taxas de decomposição da fitomassa de resíduos vegetais são observadas em condições de elevada temperatura e precipitação que ocorrem no período das águas Boer et al 2008 Leite et al 2010 Soratto et al 2012 verificaram redução de 50 na matéria seca de milheto após 33 dias no campo no período das águas A correlação entre percentagem de cobertura e produção de matéria seca foi altamente significativa r 087 e os tratamentos que produziram maior quantidade de palha todos contendo sorgo proporcionaram maior cobertura no início de setembro A crotalária anagiroide no entanto propiciou maior cobertura do solo em setembro que o guanduanão embora tenha produzido menos palha Podese atribuir essa diferença em relação ao comportamento geral ao fato de na época da avaliação terem decorrido em média 50 dias do corte da crotalária anagiroide e 90 dias do corte do guanduanão A percentagem de cobertura obtida no final de outubro teve correlação altamente significativa com a observada no início de setembro r 094 e também com a massa de matéria seca avaliada logo após o corte das plantas de cobertura r 092 Apesar de decorridos 60 dias do início de setembro ao final de outubro entre uma avaliação e outra com a ocorrência de quantidade razoável de precipitação Figura 1 o comportamento da cobertura fosse semelhante As parcelas com sorgo proporcionaram a maior percentagem de cobertura com destaque para o consórcio feijãodeporco sorgo que apresentou redução de apenas 1944 no período Entre as leguminosas com baixa produção de palha a crotalária anagiroide propiciou maior cobertura que o guanduanão As reduções na percentagem de cobertura do solo pela palhada foram relativamente pequenas nos tratamentos com sorgo 3793 e nos consórcios desta poácea com crotalária anagiroide 3934 e guanduanão 4426 Tabela 2 O tratamentocontrole com plantas infestantes apresentou maior redução na cobertura do solo 9167 e entre as plantas de cobertura estudadas a maior redução foi observada para o consórcio crotalária anagiroide milheto 8947 Sodré Filho et al 2004 avaliaram a percentagem de cobertura de plantas de cobertura em agosto e outubro no Distrito Federal e encontraram redução nessa variável de 6049 para aveiapreta 4253 para crotalária anagiroide 6375 para guanduanão e 6265 para milheto Essa redução foi menor que a obtida no presente trabalho que foi de 7777 para aveiapreta 7944 para crotalária anagiroide 8142 para guanduanão e 8166 para milheto provavelmente pela menor precipitação ocorrida durante o período de avaliação 80 mm no trabalho desses autores Desempenho agronômico de plantas de cobertura 165 Pesq agropec bras Brasília v48 n2 p157166 fev 2013 DOI 101590S0100204X2013000200005 A avaliação da palhada das plantas de cobertura realizada antes da semeadura da cultura sucessora em outubro Tabela 2 também apresentou correlação altamente significativa com a produção de matéria seca avaliada logo após o corte das plantas r 095 Consequentemente os tratamentos que produziram maior quantidade de matéria seca todos contendo sorgo apresentaram maiores massas de matéria seca de palhada nessa segunda pesagem Devese levar em consideração que os tratamentos com sorgo foram cortados em média 15 dias após os tratamentos com milheto e aveiapreta tendo permanecido menos tempo em contato com o solo A testemunha com vegetação espontânea e o consórcio crotalária anagiroide aveiapreta foram os tratamentos que apresentaram menor massa de palhada antes da semeadura da cultura sucessora Conclusões 1 Entre as leguminosas avaliadas o feijãodeporco apresenta a maior taxa de cobertura do solo até a época de corte em comparação ao guanduanão e à crotalária anagiroide já entre as poáceas o sorgo apresenta a maior taxa de cobertura do solo até a época de corte quando comparado à aveiapreta e ao milheto 2 O milheto em cultivo solteiro proporciona a menor taxa de cobertura do solo até a época de corte 3 Das espécies avaliadas sorgo sorgo feijão deporco e sorgo guanduanão apresentam a maior produção de matéria verde e seca enquanto o guanduanão apresenta a menor produção de matéria verde e a crotalária a menor produção de matéria seca 4 Na época da implantação da cultura sucessora a maior quantidade de palha cobrindo o solo é proveniente do consórcio feijãodeporco sorgo Referências BALBINOT JÚNIOR AA MORAES A PELISSARI A DIECKOW J VEIGA M Formas de uso do solo no inverno e sua relação com a infestação de plantas daninhas em milho Zea mays cultivado em sucessão Planta Daninha v26 p569576 2008 DOI 101590S010083582008000300012 BALBINOT JÚNIOR AA CARVALHO PCF VEIGA M MORAES A PELISSARI A Desempenho da cultura do feijão após diferentes formas de uso do solo no inverno Ciência Rural v39 p2340 2009 DOI 101590S010384782009000800011 BARROS DL Plantas de cobertura e seus efeitos no solo e na cultura do milho verde 2009 50p Dissertação Mestrado Universidade Federal de Lavras Lavras BOER CA ASSIS RL SILVA GP BRAZ AJBP BARROSO ALL CARGNELUTTI FILHO A PIRES FR Biomassa decomposição e cobertura do solo ocasionada por resíduos culturais de três espécies vegetais na região CentroOeste do Brasil Revista Brasileira de Ciência do Solo v32 p843851 2008 DOI 101590S010006832008000200038 CARVALHO AM de AMABILE RF Plantas condicionadoras de solo interações edafoclimáticas uso e manejo In CARVALHO AM de AMABILE RF Ed Cerrado adubação verde Planaltina Embrapa Cerrados 2006 369p CHERR CM SCHOLBERG JMS MCSORLEY R Green manure approaches to crop production a synthesis Agronomy Journal v98 p302319 2006 DOI 102134agronj20050035 FAVERO C JUCKSCH I ALVARENGA RC COSTA LM da Modificações na população de plantas espontâneas na presença de adubos verdes Pesquisa Agropecuária Brasileira v36 p13551362 2001 DOI 101590S0100204X2001001100005 GIACOMINI SJ AITA C VENDRUSCOLO ERO CUBILLA M NICOLOSO RS FRIES MR Matéria seca relação CN e acúmulo de nitrogênio fósforo e potássio em misturas de plantas de cobertura de solo Revista Brasileira de Ciência do Solo v27 p325334 2003 DOI 101590S0100 06832003000200012 LEITE LFC FREITAS RCA SAGRILO S GALVÃO SRS Decomposição e liberação de nutrientes de resíduos vegetais depositados sobre Latossolo Amarelo no cerrado Maranhense Revista Ciência Agronômica v41 p2935 2010 MATHEIS HASM AZEVEDO FA de VICTÓRIA FILHO R Adubação verde no manejo de plantas daninhas na cultura de citros Laranja v27 p101110 2006 MESCHEDE DK FERREIRA AB RIBEIRO JÚNIOR CC Avaliação de diferentes coberturas na supressão de plantas daninhas no Cerrado Planta Daninha v25 p465471 2007 DOI 101590S010083582007000300005 MENEZES LAS LEANDRO WM OLIVEIRA JUNIOR JP FERREIRA ACB SANTANA JG BARROS RG Produção de fitomassa de diferentes espécies isoladas e consorciadas com potencial de utilização para cobertura do solo Bioscience Journal v25 p712 2009 SANTOS HG dos JACOMINE PKT ANJOS LHC dos OLIVEIRA VA de OLIVEIRA JB de COELHO MR LUMBRERAS JF CUNHA TJF Ed Sistema brasileiro de classificação de solos 2ed Rio de janeiro Embrapa Solos 2006 306p SILVA JAN SOUZA CMA SILVA CJ BOTTEGA SP Crescimento e produção de espécies forrageiras consorciadas com pinhãomanso Pesquisa Agropecuária Brasileira v47 p769775 2012 DOI 101590S0100204X2012000600006 SODRÉ FILHO J CARDOSO AN CARMONA R CARVALHO AM de Fitomassa e cobertura do solo de 166 WP de Carvalho et al Pesq agropec bras Brasília v48 n2 p157166 fev 2013 DOI 101590S0100204X2013000200005 culturas de sucessão ao milho na Região do Cerrado Pesquisa Agropecuária Brasileira v39 p327334 2004 DOI 101590 S0100204X2004000400005 SORATTO RP CRUSCIOL CAC COSTA CHM NETO JF CASTRO GSA Produção decomposição e ciclagem de nutrientes em resíduos de crotalária e milheto cultivados solteiros e consorciados Pesquisa Agropecuária Brasileira v47 p14621470 2012 DOI 101590S0100204X2012001000008 SPEHAR CR LARA CABEZAS WAR Introdução e seleção de espécies para a diversificação do sistema produtivo nos cerrados In ENCONTRO REGIONAL DE PLANTIO DIRETO NO CERRADO 4 1999 Uberlândia Plantio direto na integração lavourapecuária anais Uberlândia Universidade Federal de Uberlândia 2000 p179188 TEIXEIRA CM CARVALHO GJ ANDRADE MJB SILVA CA PEREIRA JM Decomposição e liberação de nutrientes das palhadas de milheto e milheto crotalária no plantio direto do feijoeiro Acta Scientiarum Agronomy v31 p647653 2009 DOI 104025actasciagronv31i41356 TEIXEIRA CM CARVALHO GJ SILVA CA ANDRADE MJB PEREIRA JM Liberação de macronutrientes das palhadas de milheto solteiro e consorciado com feijãodeporco sob cultivo de feijão Revista Brasileira de Ciência do Solo v34 p497505 2010 DOI 101590S010006832010000200023 TORRES JLR PEREIRA MG FABIAN AJ Produção de fitomassa por plantas de cobertura e mineralização de seus resíduos em plantio direto Pesquisa Agropecuária Brasileira v43 p421428 2008 DOI 101590S0100204X2008000300018 Recebido em 22 de abril de 2011 e aprovado em 18 de janeiro de 2013