·

Engenharia de Produção ·

Logística

Envie sua pergunta para a IA e receba a resposta na hora

Fazer Pergunta

Texto de pré-visualização

RELATO DA IMPLEMENTAÇÃO DE UM SISTEMA KANBAN EM UMA EMPRESA FABRICANTE DE UTENSÍLIOS DOMÉSTICOS DE ALUMÍNIO Josadak Astorino Marçola UNIP josadakgestareconsultoriacombr José Antonio Tonetto UNIARA tonettojayahoocombr José Henrique de Andrade EESCUSP jandradescuspbr Este artigo tem como objetivo relatar e descrever o processo de implementação do sistema Kanban na área de Preparação de Blanks discos e placas de uma empresa fabricante de utensílios domésticos de alumínio Em decorrência da alteração noo cenário competitivo as empresas precisam buscar formas de alinhar sua gestão e atender com qualidade baixo custo e rapidez sua demanda Neste sentido a filosofia Just in Time e seus sistemas trazem contribuições significativas para as empresas no atendimento destes requisitos e na busca e eliminação de desperdícios Para consecução do objetivo proposto foi realizada uma revisão bibliográfica descrevendo os elementos principais do sistema kanban parte integrante da filosofia Just in Time e um estudo de caso salientandose as ferramentas e metodologias desenvolvidas e adaptadas para o caso em questão Como principais resultados foram observados ganhos quantitativos e qualitativos na empresa e no seu controle de produção com o estabelecimento de uma produção puxada tais como redução do inventário maior cumprimento dos prazos de entrega e maior envolvimento dos funcionários de chãodefábrica Por fim são listadas algumas ações de melhoria no sistema implementado as quais podem originar trabalhos futuros Palavraschaves Kanban Just in Time Produção puxada Controle da produção XXIX ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO A Engenharia de Produção e o Desenvolvimento Sustentável Integrando Tecnologia e Gestão Salvador BA Brasil 06 a 09 de outubro de 2009 XXIX ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO A Engenharia de Produção e o Desenvolvimento Sustentável Integrando Tecnologia e Gestão Salvador BA Brasil 06 a 09 de outubro de 2009 2 1 Introdução O aumento da competitividade no atual cenário empresarial exige que as empresas cada vez mais racionalizem a utilização de recursos materiais humanos financeiros estrutura física de modo a oferecer ao mercado produtos adequados Os recursos das empresas industriais na sua grande maioria estão alocados na área de produção Nesse sentido uma correta gestão da produção no dimensionamento dos recursos fabris e posterior ativação desses recursos no tempo é fatorchave para manutenção ou aumento da competitividade da empresa Uma filosofia que auxilia grandemente as empresas na busca de competitividade é a melhoria continua Melhoria contínua dos produtos processos e principalmente eliminação dos desperdícios Conforme Peinado 1999 quando se trata de desperdícios podese aplicar uma filosofia muito peculiar para este caso que é o Just in Time JIT Como um subsistema da filosofia JIT existe o sistema Kanban que atua basicamente no controle de produção auxiliando na eliminação de alguns desperdícios tais como excesso de inventário de produtos acabados e inventário de materiais ou componentes em processo altos níveis de lead time superprodução de alguns itens com baixa demanda altos níveis de atraso devido à quebra repentina de estoque ou outros fatores BLAGA et al 2007 Este artigo tem como objetivo relatar o caso da implementação do sistema kanban de produção no setor de preparação de blanks de uma indústria de utensílios domésticos de alumínio A escolha deste setor como protótipo do projeto na empresa ocorreu por esta área ser abastecedora das demais células de fabricação ter processo fabril bem delineado e comportado sendo também uma área gargalo do processo de fabricação 2 Just in Time e sistema Kanban Taiichi Ohno criador do Sistema Toyota de Produção forma pela qual também é conhecido o JIT desenvolveu uma idéia simples a eliminação total dos desperdícios Desperdício é tudo aquilo que não acrescenta nenhum valor ao produto Por esta definição são desperdícios filas de materiais excesso de material produção além do programado o tempo de espera a movimentação de material preparações de máquina processos errados e produção de peças defeituosas Rossetti et al 2008 O JIT é uma filosofia baseada na eliminação de desperdícios no processo de manufatura O conceito central é ter as peças certas no lugar certo no tempo certo e exatamente na quantidade certa nem mais nem menos O JIT leva a estoques bem menores custo mais baixo e melhor qualidade quando comparado aos sistemas convencionais Além de eliminar desperdícios a filosofia JIT procura utilizar a capacidade plena dos colaboradores pois a eles é delegada a autoridade para produzir itens de qualidade para atender em tempo o próximo passo do processo produtivo De acordo com Rossetti et al 2008 em um sistema JIT onde a qualidade é essencial o colaborador tem a autoridade de parar um processo produtivo se identificar algo que não esteja dentro do previsto Deverá também estar preparado para corrigir a falha ou então pedir ajuda aos colegas de trabalho De acordo com Mukhopadhyay e Shanker 2005 a essência do Just in Time é o kanban um termo japonês para registro visual que direta ou indiretamente por meio dos seus elementos XXIX ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO A Engenharia de Produção e o Desenvolvimento Sustentável Integrando Tecnologia e Gestão Salvador BA Brasil 06 a 09 de outubro de 2009 3 cartão quadro contentor e modo de funcionamento governa as operações no chãodefabrica Segundo Oliveira 2005 o sistema kanban pode ser considerado como uma técnica de controle visual para o balanceamento da produção O sistema coloca em prática conceitos inovadores do Sistema Toyota de Produção a fim de melhorar o nivelamento e controle da produção e a minimizar os estoques intermediários e finais Dessa forma podese dizer que o sistema kanban melhora o planejamento da produção de acordo com os princípios do Just in Time produzindo na quantidade certa no momento certo aquilo que é necessário Corrêa et al 2001 afirmam que o sistema kanban segue a lógica de puxar a produção produzindo somente o necessário em quantidades e períodos adequados à demanda dos setores produtivos consumidores ou de produtos finais Segundo Slack et al 2002 o Kanban é um método de operacionalizar o sistema de planejamento e controle puxado da produção Já Alves 1996 afirma que é uma ferramenta gerencial de controle da produção com a qual é determinada a fabricação do lote de um setor produtivo com base no consumo do setor subseqüente Á luz destas definições tornase claro que o sistema Kanban possui mais de uma função nas empresas enquadrandose dentro de diversos objetivos empresariais Tal assertiva é corroborada por Peinado 1999 ao afirmar que o Kanban não deve ser considerado apenas como uma forma isolada de controle de estoques mas que no seu projeto de implantação outras necessidades concomitantes são requeridas para o perfeito funcionamento do sistema como multifuncionalidade dos operários qualificação e desenvolvimento dos fornecedores sistemas de manutenção das máquinas operatrizes práticas do sistema de gestão da qualidade ISO 9000 programas 5S entre outros 21 Cartão Kanban Segundo Ribeiro 1989 o cartão kanban é responsável pela comunicação e ativação de todo o processo de produção Não existe um modelo padronizado de cartão Ele deverá conter as informações necessárias para a perfeita operação atendendo as características próprias de cada empresa O sistema kanban original trabalha com dois cartões cartão de produção e cartão de requisição movimentação A figura 1 mostra um exemplo de cartão no qual são apresentados o código de barra do referido item seu código descrição cor do componente quantidade do lote de produção e contentor Código 235555113 Descrição PrestocolorDisney Montada Cor Amarelo Vivo Quantidade 4000 pçscx Contentor B3 XXIX ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO A Engenharia de Produção e o Desenvolvimento Sustentável Integrando Tecnologia e Gestão Salvador BA Brasil 06 a 09 de outubro de 2009 4 Figura1 Cartão Kanban Fonte Adaptado de Moura 1996 Para Tubino 2000 o sistema kanban funciona baseado no uso de sinalizações para ativar a produção e movimentação dos itens pela fábrica Essas sinalizações são convencionalmente feitas com base nos cartões kanban e nos painéis portakanban porém podem ser utilizados outros meios para transmitir essas informações Também enquadrase como uma ferramenta de gestão visual para simplificação do controle de produção O autor comenta ainda que os cartões convencionalmente utilizados são confeccionados de material durável para suportar o manuseio decorrente da movimentação constante entre os estoques do cliente e do fornecedor do item Cada empresa ao implantar seu sistema kanban confecciona seus próprios cartões de acordo com suas próprias necessidades de informações De modo geral o cartão do kanban tem 4 funções no chãodefábrica identificar o item acionar a fabricação autorizar a movimentação e controlar o nível de estoque O número de cartões kanban limita os lotes a serem produzidos e não permite que dois ou mais lotes de um mesmo produto sejam produzidos simultaneamente Para Aguiar e Peinado 2007 o número de cartões kanban esta diretamente relacionado com a velocidade de consumo na linha de montagem e com o tempo de reposição necessário para suprimento dos lotes Segundo Kouri et al 2008 os tamanhos dos lotes são cuidadosamente calculados com base em exatas necessidades de fabricação e ciclo de produção 22 Quadro Kanban Segundo Forno et al 2007 o sistema kanban tradicional emprega painéis ou quadros de sinalização chamados de painéis portakanban junto aos pontos de armazenagem espalhados pela produção com a finalidade de sinalizar o fluxo de movimentação e consumo dos itens a partir da fixação dos cartões nesses quadros Cada seção eou célula de fabricação deve ter seus quadros de Kanban A orientação é que eles sejam alocados próximos às células produtivas e às áreas de entrada e saída de material Não existe um modelo único de quadro kanban A figura 2 mostra um exemplo típico de quadro kanban identificando os itens a serem produzidos por esta área específica as faixas de prioridade de atendimento e a quantidade de cartões por faixa 4 6 3 A B C F E D G H I J Identificação do item Informações adicionais Número de cartões em cada faixa Urgente Atenção Normal Quadro Kanban Figura2 Quadro Kanban Cores XXIX ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO A Engenharia de Produção e o Desenvolvimento Sustentável Integrando Tecnologia e Gestão Salvador BA Brasil 06 a 09 de outubro de 2009 5 Fonte Adaptado de Moura 1996 23 Contentores Contentor de estoques é um recipiente padronizado cuja função é armazenar e transportar as peças Cada item é designado para ser colocado em contentores específicos com um tamanho de lote calculado e prédeterminado É uma boa prática identificar a designação do contentor no cartão Kanban Igualmente os contentores devem apresentar uma codificação Cada cartão representa um contentor 24 Funcionamento do Sistema kanban controlado por cartão Para funcionar corretamente devese utilizar o conceito de clientefornecedor interno Cada seção é ao mesmo tempo cliente e fornecedora Fornecedora quando envia o material solicitado para a seção cliente e cliente quando recebe o cartão e o contentor para produzir e alocar o material produzido a Colocação do cartão no quadro Quando o cliente interno retirar um contentor do estoque para atender uma demanda do cliente final deve remover o cartão do contentor e colocar o cartão no seu local pré estabelecido no quadro kanban Ao colocar o cartão no quadro o cliente está automaticamente solicitando à seção fornecedora a fabricação do material especificado no cartão Para a colocação dos cartões no quadro as seguintes regras devem ser observadas A colocação deve ser feita de baixo para cima respeitando a coluna onde ele deve estar posicionado Primeiro completase o total de cartões especificado para a faixa verde posteriormente completase os cartões relativos à faixa a amarela e por último são alocados os cartões pertinentes a faixa vermelha b Retirada de cartão do quadro Cada cartão é equivalente a uma Ordem de Fabricação A seção fornecedora deve produzir somente os itens que possuem cartões colocados no quadro respeitando a quantidade de cartões desses itens Para retirada dos cartões dos quadros as seguintes regras devem ser obedecidas Esgotar todos os itens que apresentam cartões na faixa vermelha ou seja o item de maior prioridade no quadro Itens que possuem um maior número de cartões na faixa amarela esgotandose o quadro horizontalmente e não verticalmente atendendo os diferentes itens que no decorrer do tempo vão se tornando mais urgentes Caso todos os cartões se encontrem na faixa verde seqüenciar sob o critério de menor tempo de preparação de máquina Virar o cartão que está sendo produzido indicando assim que o item está sendo processado Colocar os componentes fabricados nas caixas vazias que deram origem aos cartões no quadro retirar o cartão do quadro colocar na caixa correspondente e levála para o supermercado de saída XXIX ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO A Engenharia de Produção e o Desenvolvimento Sustentável Integrando Tecnologia e Gestão Salvador BA Brasil 06 a 09 de outubro de 2009 6 3 Estudo de Caso Metodologicamente o presente trabalho pode ser classificado como um estudo de caso De acordo com Yin 2001 p32 o estudo de caso é uma investigação empírica que investiga um fenômeno contemporâneo dentro de um contexto da vida real no qual múltiplas fontes de evidência são usadas Este tipo de procedimento envolve o estudo profundo e exaustivo de um ou poucos objetos de maneira que permita o seu amplo e detalhado conhecimento A empresa objeto de estudo pertence ao setor metal mecânico fabrica utensílios domésticos de alumínio e está localizada no interior do Estado de São Paulo A companhia foi fundada em 1960 conta atualmente com 180 funcionários e produz mais de 600 itens finais segmentados em 9 linhas de produtos fabricando 10 mil produtos acabados por dia que corresponde a 4 toneladas de alumínio processadas diariamente Os principais macroprocessos de fabricação da empresa estudada são mostrados na figura 3 explicitando sua seqüência assim como produtos e subprodutos de cada etapa Fabricação do Blank 2 Preparação de Blanks Fabricação do Produto Acabado 3 Estamparia 4 Polimento 6 Embalagem 1 Fundição 5 Montagem Discos Lingotes de alumínio Placas desbastadas Corpos e tampas Corpos e tampas polidos Produto acabado Produto acabado embalado Placas acabadas Figura 3 Macroprocesso de fabricação dos utensílios domésticos de alumínio Fonte Elaboração própria Estes Macroprocessos podem ser sumarizados conforme abaixo 1 Fundição recebese o lingote de alumínio do fornecedor externo e efetuase a fundição do material para obtenção das placas brutas 2 Preparação de Blanks as placas brutas são desbastadas a quente Posteriormente são desbastadas a frio Na seqüência são cortadas e laminadas de acordo com a espessura final do produto acabado Dentro desse processo os discos são cortados em prensas de acordo com o diâmetro necessário 3 Estamparia Os discos são estampados em prensas hidráulicas para obtenção dos corpos eou tampas dos produtos finais 4 Polimento Neste processo os produtos são polidos e lustrados na parte externa e lixados na parte interna finalizandose o acabamento das tampas e corpos 5 Montagem Em seguida os produtos são encaminhados para o setor de montagem onde serão adicionados os acessórios como suportes cabos alças poméis e etiquetas XXIX ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO A Engenharia de Produção e o Desenvolvimento Sustentável Integrando Tecnologia e Gestão Salvador BA Brasil 06 a 09 de outubro de 2009 7 6 Embalagem Por último os produtos são colocados em caixas direcionados para almoxarifado de produtos acabados ou expedição 31 Problema Neste tipo de processo fabril a área de Preparação de Blanks governa toda a produção Além de ser o processo mais lento é área fornecedora interna que supre todos os demais setores da empresa também é o recurso gargalo do sistema e é o momento no qual a definição do produto acabado ocorre Foi observado que o método de gestão da produção vigente não era adequado ao ambiente fabril o que agravava os resultados finais da operação O programa de fabricação dos discos era feito de forma empírica e manual com supervisor da área baseandose em listagem de pedidos em aberto listagem de itens em falta na expedição e eventualmente verificandose os níveis de estoque de produtos acabados ou seja a decisões de fabricação eram tomadas de modo empírico e informal sem uma sistemática definida Notese que a referência era sempre as necessidades de produto acabado Tal situação ocasiona diversos problemas no sistema fabril tais como aumento do número itens faltantes para fechamento de pedidos aumento do estoque de produto acabado paradas nãoplanejadas de algumas linhas de produção por falta de material baixa produtividade dos setores fabris gestão centralizada na chefia gerando falta de autonomia e inexistência de autocontrole por parte dos operários 32 Objetivos da implementação do sistema Kanban Os principais objetivos a serem atingidos com a implementação do Kanban são Minimizar atrasos dos pedidos Diminuir estoque principalmente de produtos acabados que representam o maior valor de inventário da companhia Melhorar a alimentação e fluxo dos materiais para as áreas subseqüentes do processo de fabricação Simplificar e desburocratizar o controle do chãodefábrica 33 Atividades desenvolvidas para preparação da implementação Para a implementação do sistema foram levantadas todas as medidas de discos fabricados e os respectivos produtos fabricados com cada medida Identificouse que uma mesma medida fabrica mais de um produto Cerca de 220 tipos de discos são utilizados para produzir a gama de aproximadamente 600 produtos caracterizando um sistema implosivo de estrutura do produto conforme mostra figura 4 XXIX ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO A Engenharia de Produção e o Desenvolvimento Sustentável Integrando Tecnologia e Gestão Salvador BA Brasil 06 a 09 de outubro de 2009 8 Produto acabado 600 Discos 220 Matériaprima 01 Processo de transformação Figura 4 Caracterização do sistema de produção em relação à transformação do material Fonte Elaboração própria Feito isso levantouse o consumo mensal de cada medida de disco Após obtenção desses dados os discos foram classificados de acordo com consumo mensal Foi determinado que discos com consumo mensal maior ou igual a mil peças seriam fabricados semanalmente produtos com consumo mensal menor que mil e maior ou igual a quinhentos seriam fabricados para duas semanas e os produtos com consumo mensal menor que quinhentos seriam fabricados para quatro semanas O cartão Kanban desenvolvido para a empresa é apresentado na figura 5 e as informações contidas no mesmo são detalhadas a seguir Disco Nome Qte Peso Unitário gr 3250 67984 Localização Classe semanas Laminação 1 Quantidade de Placas Espessura de Desbaste 385 Pressionella 45 Litros Polida e Antiaderente 390 x 210 mole 597 Operação Descrição 10 Desbaste a frio 20 Guilhotina Laminador 01 Laminador 02 Laminador 03 Laminador 04 Laminador 05 Laminador 06 40 Prensa de corte 50 Forno de recozimento 60 Estoque de discos 30 X a Frente b Verso Figura 5 Cartão Kanban desenvolvido para a empresa Fonte Elaboração própria Na parte frontal do cartão são apresentadas as informações técnicas que caracterizam o disco São elas XXIX ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO A Engenharia de Produção e o Desenvolvimento Sustentável Integrando Tecnologia e Gestão Salvador BA Brasil 06 a 09 de outubro de 2009 9 Disco medida do disco e dureza do material A gama de mais de 600 produtos da empresa é fabricada com cerca de 220 medidas diferentes de discos A informação contida no cartão identifica a medida do disco e os classifica de acordo com propriedades de dureza do material duro meioduro e mole Nome produtos fabricados com esta medida O cartão identifica os produtos que serão fabricados com cada tipo de medida Há casos em que a mesma medida é utilizada para fabricar diferentes produtos acabados Esta informação é importante para as próximas áreas do processo produtivo Quantidade Qte quantidade de discos que será produzido com este cartão A quantidade de discos do cartão indica para o operador o número de discos que será produzido de acordo com a quantidade de placas desbastadas Peso Unitário peso do disco em gramas Informa o peso em gramas de cada disco Essa informação é importante para calcular o lote de placas que será produzida no kanban de disparo caso haja pedidos de venda além das estimativas previamente calculadas Localização setor no qual é fabricado o disco Classe tempo em semanas que representa o consumo das placas a serem fabricadas É utilizado para calcular a quantidade de cartões Quantidade de Placas quantidade de placas que devem ser desbastadas O número de placas a serem desbastadas é calculado de acordo com o consumo de cada medida Pode se dizer que essa informação funciona como o lote da ordem de produção para o operador de desbaste indicando a quantidade que deverá ser produzida Espessura de desbaste espessura na qual a placa deve ficar ao término deste processo Como citado anteriormente a quantidade de placas funciona como o lote da ordem de produção do operador de desbaste já a espessura de desbaste é a especificação do lote e informa a espessura em milímetros na qual o operador de desbaste deverá deixar a placa final A espessura que a placa deverá ser desbastada é definida conforme uma tabela fornecida pela empresa As informações contidas no verso do cartão indicam o roteiro de fabricação dos discos com as respectivas operações detalhadas a seguir Operação 10 A operação inicial é o desbaste a frio local onde os discos começam a se diferenciar de acordo com as informações contidas na parte frontal do cartão Operação 20 As placas já desbastadas são cortadas na guilhotina com cerca de 20 mm de sobremetal para permitir melhor aproveitamento das placas na operação de corte dos discos Operação 30 Placas desbastadas e cortadas são movimentadas para o laminador indicado onde ocorrerá o processo de laminação até atingirse a espessura final do disco Operação 40 Depois de laminadas as placas são cortadas nas prensas de corte assumindo a forma de discos Operação 50 Os discos são encaminhados para o forno de recozimento Operação 60 Os discos são paletizados e armazenados no estoque Para preenchimento da parte frontal do cartão executouse os seguintes passos Identificação de todas as dimensões de discos existentes no cadastro de itens da empresa XXIX ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO A Engenharia de Produção e o Desenvolvimento Sustentável Integrando Tecnologia e Gestão Salvador BA Brasil 06 a 09 de outubro de 2009 10 Relacionamento dos discos demanda dependente com seus respectivos produtos acabados demanda independente cabendo ressaltar que o mesmo disco pode ser utilizado por mais de um produto acabado Identificação do consumo médio mensal de cada produto acabado e cálculo da quantidade de cada diferente tipo de disco consumido por mês Após determinação da quantidade de disco por cartão aplicase fórmula matemática que relaciona peso do disco quantidade do disco e fator de aproveitamento para calcular o número de placas matériaprima do disco requerido para fabricação da quantidade de discos Essa informação é utilizada pelo operário que realiza a operação de desbaste a frio operação 010 Foi desenvolvido também um kanban de disparo aplicado para itens com pequeno volume de produção e não regularmente produzidos É um cartão na cor azul que autoriza a produção de uma quantidade determinada de componentes No final do quadro kanban há uma área reservada para este tipo de cartão Processada a quantidade estabelecida no kanban de disparo os componentes são movimentados para a próxima seção e o cartão é recolhido pela área de Planejamento e Controle de Produção O quadro Kanban desenvolvido para o projeto é mostrado na figura 6 Notese que é um quadro monocromático na cor preta onde os cartões coloridos são inseridos O cartão da cor branca alocado sempre na 1ª coluna identifica e reserva a localização do item no quadro ou seja determina a linha do quadro que irá receber os cartões daquele determinado item Os demais cartões verde amarelo e vermelho respectivamente colunas 2 3 e 4 devem respeitar tal indexação no momento em que forem alocados no quadro Essa característica acrescenta flexibilidade ao sistema pois permite que itens e seus respectivos cartões de identificação na cor branca sejam retirados do quadro de forma rápida e sem necessidade de refazêlo O quadro onde estão os cartões de todas as medidas fabricadas é organizado em ordem crescente de diâmetro e de acordo com as características de dureza do material mole meio duro e duro Existe somente um supermercado em todo o sistema produtivo Esse supermercado armazena os discos e fisicamente esta após a última operação do processo de fabricação de discos É nesta área que foi fixado o quadro facilitando assim a gestão visual por parte dos colaboradores que operam o sistema XXIX ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO A Engenharia de Produção e o Desenvolvimento Sustentável Integrando Tecnologia e Gestão Salvador BA Brasil 06 a 09 de outubro de 2009 11 Figura 6 Quadro Kanban desenvolvido Fonte Elaboração própria O funcionário responsável pela operação de laminação em desbaste retira duas vezes por dia os cartões vermelhos eou amarelos do supermercado de discos e levaos para o quadro de cartões de sua máquina Com auxílio do programador da produção e supervisor de chãode fábrica procede o seqüenciamento das tarefas ordenando os cartões de acordo com a prioridade de alimentação das demais áreas internas e atendimento de pedidos Cabe ressaltar que o cartão acompanha fisicamente a peça durante todo o processo de fabricação indicando próximas operações e seu respectivo grupo de máquina desempenhando as funções de ordem de fabricação e identificação da peça até ser finalizada a fabricação e dar entrada no supermercado de discos como mostra o mapofluxograma representado na figura 7 Os cartões foram desenvolvidos de acordo com as necessidades específicas da produção de discos não havendo a necessidade da utilização de contentores uma vez que os discos fabricados são paletizados e armazenados no estoque XXIX ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO A Engenharia de Produção e o Desenvolvimento Sustentável Integrando Tecnologia e Gestão Salvador BA Brasil 06 a 09 de outubro de 2009 12 Laminadores de Acabamento Prensas Forno de Recozimento Estoque de Discos Quadro Kanban Carimbadeiras Laminador de Desbaste Guilhotinas Guilhotina Tesoura Rotativa Laminador de Acabamento Figura 7 Mapofluxograma da fabricação de discos na área de Preparação de Blanks Fonte Elaboração própria 34 Implantação A fase de implantação durou dois meses e requereu maior dispêndio de tempo da equipe do projeto Todos os funcionários do setor de Preparação de Blanks participaram das diversas seções de treinamento com entregas de apostilas explicativas e simulações no próprio local de trabalho Reuniões semanais sistemáticas foram realizadas entre a equipe de projeto o supervisor da área e principais operadores do kanban no chãodefábrica Procedimentos operacionais foram escritos e divulgados a todos os funcionários envolvidos com o sistema Kanban Por último houve acompanhamento direto do Planejamento e Controle da Produção a fim de garantir a disciplina do funcionamento do sistema As principais dificuldades encontradas durante o processo de implantação foram Resistência do supervisor da área em substituir as planilhas do programa de produção diária pelos cartões kanban Não obediência ao tamanho do lote fixado para cada item fabricando quantidades diferentes das especificadas Troca constante do funcionário responsável pela última operação do processo de fabricação cuja incumbência é alocar cartões junto aos discos processados para posterior movimentação para o supermercado de discos 4 Resultados Após seis meses de operação na empresa a aplicação do sistema kanban trouxe resultados visíveis Abaixo são descritos os principais resultados quantitativos e qualitativos obtidos XXIX ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO A Engenharia de Produção e o Desenvolvimento Sustentável Integrando Tecnologia e Gestão Salvador BA Brasil 06 a 09 de outubro de 2009 13 a Quantitativos Diminuição do número de produtos faltantes para fechamento dos pedidos em 30 principalmente pela mudança de filosofia ao transformálo num sistema puxado a partir do almoxarifado de produtos acabados Aumento da produção dos Blanks discos e placas em 14 por meio da melhoria da alimentação Diminuição do estoque de produtos acabados em 20 Aumento do giro de estoque de 10 para 12 vezes ao ano b Qualitativos Simplificação do processo de coordenação do chãodefábrica pois os diversos documentos anteriormente utilizados planilhas programa e folhas de processo foram substituídos pelo kanban Maior envolvimento dos funcionários na produção pois entenderam a delegação de autonomia dada a eles para funcionamento do sistema aumentando sua satisfação e comprometimento com o trabalho Aumento de contribuições e sugestões dadas pelos funcionários para melhoria do sistema no tocante a identificação movimentação de materiais incorporação de outras informações no cartão Melhoria do fluxo de materiais com a segregação de áreas específicas para alocação dos diferentes tipos de discos e placas 5 Conclusões Apesar de estar numa fase inicial de desenvolvimento e implantação na empresa requerendo uma série de aprimoramentos e melhorias o sistema Kanban se mostrou extremamente útil para realização das atividades inerentes ao controle de produção no chãodefábrica Os aspectos relativos à melhoria da coordenação autocontrole simplificação do processo de gestão e desburocratização de algumas atividades se mostraram muito mais relevantes do que os resultados quantitativos advindos da sua implementação Os próximos passos são Expandir o kanban para demais setores produtivos da empresa Identificar o ferramental utilizado para fabricação no verso do cartão suprindo uma necessidade de informação do chãodefábrica com simplicidade sem a criação de novos formulários e documentos Trabalhar maçicamente na redução do tempo de preparação das máquinas operatrizes Controlar fisicamente o inventário em processo Referências AGUIAR GF PEINADO J Compreendendo o Kanban um ensino interativo ilustrado Curitiba Revista da Vinci vol 4 n 1 p 133146 2007 ALVES JM O Just in Time reduz os custos do processo produtivo Congresso Internacional de Custos 4 out 1996 CampinasSP UNICAMP p 535563 1996 BLAGA F VESSELENYI T MOGA I Study about the implementation of kanban for fabrication XXIX ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO A Engenharia de Produção e o Desenvolvimento Sustentável Integrando Tecnologia e Gestão Salvador BA Brasil 06 a 09 de outubro de 2009 14 management concerning the manufacturing line of the product gas cooker grate Annals of the Orade University Fascicle of Management and Tecnnological Engineering Vol VI p 1384 1389 2007 CORRÊA HL GIANESI IGN CAON M Planejamento Programação e Controle da Produção São Paulo Editora Atlas 2001 FORNO AJD TUBINO DF VALLEACR Implementação de Kanban de fornecedor transporte e produção estudo de caso em empresa de cabines de máquinas agrícolas XXVII Encontro Nacional de Engenharia de Produção Foz do IguaçuPR 2007 GOMES CFS RIBEIRO PCC Gestão da Cadeia de Suprimentos Integrada à Tecnologia da Informação São Paulo Thomson 2004 KOURI IA SALMIMAA TJ VILPOLA IH The principles and planning process of an electronic kanban system In SOBH T ELLEITHY K MAHMOOD A KARIM MA Novel Algorithms and Techniques in Telecommunications Automation and Industrial Electronics Springer Netherlands p 99104 2008 MOURA RA Kanban a simplicidade do controle de produção 4ª ed São Paulo Instituto de Movimentação e Armazenagem de Materias IMAM 1996 MUKHOPADHYAY SK SHANKER S Kanban implementation at a tyre manufacturing plant a case study Production Planning and Control vol 16 n 15 p 488 499 2005 PEINADO J O papel do sistema Kanban na redução de inventário Revista FAE Curitiba v2 maioago o 27 34 1999 RIBEIRO PD Kanba uma experiência bem sucedida Rio de Janeiro Editora Atlas 1989 OLIVEIRA FEM Considerações sobre o Kanban Revista do Centro de Ciências Administrativas Fortaleza vol 11 n especial p 103110 2005 ROSSETTI EK BARROS MS TÓDERO M DENICOL S CAMARGO ME Sistema Just in Time conceitos imprescindíveis Revista Qualits Vol7 n 2 p 16 2008 SLACK N CHAMBERS S JOHNSTON R Administração da Produção 2a ed São Paulo Atlas 2002 TUBINO D F Manual de Planejamento e Controle da Produção São Paulo Atlas 2000 YIN R K Estudo de caso planejamento e métodos 2a ed Porto AlegreRS Bookman 2001