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FORRAGICULTURA E PASTAGEM AULA 4 Profª Maria Cecília Doska CONVERSA INICIAL Nesta etapa estudaremos algumas das plantas leguminosas forrageiras tanto perenes quanto anuais de inverno e de verão que são muito utilizadas na alimentação animal e nas pastagens do nosso Brasil principalmente na região Sul Os objetivos desta etapa são aprender as características morfológicas e agronômicas das diferentes espécies de leguminosas de inverno e verão compreender os manejos de adaptação e estabelecimento destas em um sistema de pastoreio TEMA 1 LEGUMINOSAS FORRAGEIRAS ANUAIS DE INVERNO ERVILHACA E TREVO VESICULOSO 11 ERVILHACA VICIA SATIVA 111 Descrição morfológica A ervilhaca é uma leguminosa herbácea desprovida de pelos de coloração verdeclara e caules finos e flexíveis As raízes são profundas e ramificadas As folhas são parienadas compostas e gavinha terminal As flores são vermelho violáceas solitárias ou germinadas sobre pedúnculos axilares aristados curtos ou pouco mais compridos que as estípulas Fontaneli Santos Fontaneli 2012 Ocorre ruptura natural das vagens maduras e as sementes caem ao solo no final do ciclo 3 a 10 sementesvagem 112 Características agronômicas É planta de clima temperado a subtropical anual e sensível ao frio à deficiência hídrica e ao calor embora muitas plantas tenham se adaptado a invernos rigorosos e secos Derpsch Calegari 1992 Pode ser aproveitada como adubação verde na melhoria da fertilidade do solo fixa até 130 kg de nitrogêniohaano como forragem verde feno silagem ou como grãos secos e tostados triturados na alimentação animal Fontaneli Santos Fontaneli 2012 Figura 1 Flor da ervilhaca Crédito OrestligetkaAdobe Stock 113 Adaptação e estabelecimento É uma planta que apresenta boa capacidade de rebrote e pode desenvolverse do outono até o início da primavera época em que floresce Produz bem em solos argilosos e férteis mas adaptase a solos arenosos adequadamente fertilizados Não tolera solos muito úmidos nem os excessivamente ácidos Fontaneli Santos Fontaneli 2012 Para adubação de manutenção seguir a indicação para a cultura Sociedade Brasileira de Ciência do Solo SBCS 2004 A época mais indicada para a semeadura é de abril a maio e pode ser efetuada a lanço ou em linhas e feita em plantio direto A profundidade não deverá ser maior que três a cinco centímetros e a densidade de semeadura varia de 40 a 60 kg de sementeha 114 Manejo A ervilhaca é uma forragem que constitui um importante alimento para os animais e seu pastejo deve ocorrer antes da floração pois a quantidade de proteínas de folhas é aproximadamente o dobro da de caules Consorciase bem com azevém com centeio ou com aveia preta melhorando a qualidade nutritiva da pastagem para ruminantes Não é muito resistente ao pisoteio no entanto quando consorciada com gramínea pode ser usada em pastejo direto desde que observadas as condições de manejo da gramínea associada Fontaneli Santos Fontaneli 2012 A ervilhaca pode produzir até 40 t MSha com 15 a 20 PB Figura 2 Planta ervilhaca Crédito tamuAdobe Stock 12 TREVO VESICULOSO TRIFOLIUM VESICULOSUM SAVI 121 Descrição morfológica É uma planta que apresenta hábito de crescimento prostrado a semiereto As folhas são em formato de flecha não pilosas e geralmente apresentam uma marca branca em V Ball Hoveland Lacefield 2007 As flores são na sua maioria brancas e de formato cônico podem variar de rósea a vermelhopúrpura O florescimento e a produção de sementes ocorrem durante período longo que se estende do fim da primavera ao final do verão e as sementes apresentam coloração marrom avermelhada sendo que a maioria delas tem um tegumento duro impermeável necessitando de escarificação para iniciar o processo de germinação Fontaneli Santos Fontaneli 2012 122 Características agronômicas O trevo vesiculoso apresenta ressemeadura natural e pode persistir no solo por muitos anos É resistente à seca não tem tolerância à acidez do solo deve ser cultivado em solos com pH próximo a 60 e necessita de boa quantidade de potássio e fósforo para produzir alta quantidade de forragem porém na primavera é mais tardio que os demais trevos Também não tolera geadas sombreamento e solos encharcados Pode ser usado com sucesso no consórcio com várias gramíneas anuais de inverno como aveia preta azevém e centeio Figura 3 Trevo vesiculoso Crédito Elba CabreraAdobe Stock 123 Adaptação e estabelecimento O trevo vesiculoso germina bem em baixa temperatura Para calagem e adubação seguir as indicações para a espécie SBCS 2004 Segundo Fontaneli Santos e Fontaneli 2012 necessita de inoculante específico para germinação das sementes por ser uma leguminosa A época de semeadura estendese de abril a maio e a quantidade de sementes varia de 6 a 8 kgha quando plantado sozinho e de 5 a 6 kgha quando consorciado Ele também pode ser estabelecido sob sistema plantio direto A escarificação de semente pode ser realizada ao mergulhálas acondicionadas em saco de algodão em um recipiente com água fervente durante 90 segundos Após devese deixar secar as sementes e proceder à inoculação com Rhizobium específico e à peletização que protege o inoculante e aumenta o diâmetro facilitando a semeadura Fontaneli Santos Fontaneli 2012 Figura 4 Detalhe característico das folhas coroa branca do trevo vesiculoso Crédito ValterAdobe Stock 124 Manejo O trevo vesiculoso apresenta estabelecimento lento porém na primavera ocorre grande produção de massa verde primeiro ano de estabelecimento do plantio Do segundo ano em diante produz forragem mais cedo propiciando forrageamento já no outono Fontaneli Santos Fontaneli 2012 Essa planta produz forragem de digestibilidade elevada Ball Hoveland Lacefield 2007 É resistente ao pisoteio e raramente produz timpanismo Consorciado com aveia preta e com azevém proporciona excelente ganho de peso animal durante a estação fria em razão do exemplar desenvolvimento vegetativo Apresenta ainda ótimo poder de recuperação o que possibilita novos cortes ou pastejos a cada quatro ou seis semanas Fontaneli Santos Fontaneli 2012 O trevo vesiculoso pode produzir até 50 t MSha com teores de proteína variando entre 16 a 20PB Ainda pode ser semeado do final do verão até o início do inverno sendo recomendado de 7 a 11 kgha de sementes e quando consorciado de 5 a 6 kgha A profundidade de semeadura recomendada é de um a dois centímetros Fontaneli Santos Fontaneli 2012 TEMA 2 LEGUMINOSAS FORRAGEIRAS ANUAIS DE VERÃO CROTALÁRIA E LABLAB 21 CROTALÁRIA CROTALARIA JUNCEA 211 Descrição morfológica A crotalaria juncea é uma planta de porte ereto e arbustivo e que apresenta caule semilenhoso ramificado na parte superior e com hastes estriadas Tem folhas simples elípticas e lanceoladas As flores têm de dois a três centímetros de comprimento e originam vagens longas com 10 a 20 grãos Apresenta porte mais alto e ciclo vegetativo mais longo que a C spectabilis Herling Pereira 2016 Figura 5 Crotalaria juncea Crédito nuwatphotoAdobe Stock 212 Características agronômicas A crotalaria juncea se adapta bem em solos de média fertilidade e acidez não tolera níveis altos de alumínio e apresenta boa resistência à seca e ao frio Não tolera solos muito úmidos nem sombreamento excessivo diminui seu desenvolvimento e produção de massa verde Seu ciclo desde o plantio até o florescimento dura cerca de 120 a 150 dias Normalmente produz de 10 a 15 t de MSha Algumas plantas de crotalária podem apresentar um composto tóxico chamado de alcaloide pirrolizidínico que pode causar prejuízos aos animais como diarreias diminuição do apetite paralisia ruminal incoordenação motora taquicardia e em casos muito graves pode leválos à morte É encontrado principalmente nas flores e sementes na época da fluorescência das plantas Figura 6 Detalhe da flor da crotalaria Crédito RungAdobe Stock 213 Manejo A crotalária é utilizada principalmente na adubação verde e cobertura do solo por ser uma planta pouco exigente e com grande potencial de fixação biológica de nitrogênio Também pode ser utilizada em consórcio com algumas gramíneas como capim sudão Ela apresenta crescimento rápido e não resiste a geadas Sua semeadura deve ocorrer entre setembro e janeiro podendo ser estendida até março em regiões de clima mais quente Para adubação verde podese efetuar o corte das plantas aos 120 dias após a semeadura Figura 7 Fruto tipo vagem da Crotalária Crédito NarattarwanAdobe Stock 22 LABLAB DOLICHOS LABLAB 221 Descrição morfológica É uma planta que apresenta colmos longos e trepadores bem como folhas compostas com estípulas pequenas e pontiagudas As flores estão dispostas em racemos axilares pedunculados e podem ser de cor branca rosada ou violácea Seus frutos são pequenos e contêm de três a cinco sementes ovais A frutificação ocorre em tempos diferentes durante a fase produtiva comportandose dessa forma como planta anual ou bianual sendo quase perene Herling Pereira 2016 222 Características agronômicas É uma leguminosa de clima tropical anual ou bianual de hábito de crescimento trepador Não são tolerantes a geadas e são pouco tolerantes às secas prolongadas Tem preferência por locais em que a temperatura média está entre 19 e 24C Adaptase aos solos argilosos até os arenosos com melhor desempenho em áreas drenadas e férteis Em solos com fertilidade baixa e pH inferior a 55 normalmente o crescimento é mais lento Pode produzir até 8 t MShaano com teores de proteína bruta de 12 a 18 Herling Pereira 2016 Figura 8 Frutos vagem do lablab Crédito pikuminAdobe Stock 223 Adaptação e estabelecimento Conforme Herling e pereira 2016 é uma planta que pode ser ensilada juntamente com o milho ou o sorgo podendo inclusive ser semeado misturado com as sementes de milho Quando as sementes são armazenadas devese efetuar o seu tratamento em função do ataque de carunchos É uma planta que tem êxito para utilização forrageira apesar de que o excesso de forragem na fase do florescimento do lablab ministrado aos animais poderá além de provocar timpanismo que é o acúmulo excessivo de gases no rúmen e retículo estômagos transmitir um gosto amargo ao leite 224 Manejo O plantio é recomendado entre os meses de setembro e dezembro e pode ser plantio solteiro ou consorciado com milho e outras culturas perenes A semeadura poderá ser feita a lanço em linhas espaçamento entrelinhas de 50 cm ou em covas matraca com espaçamento entrelinhas de 40 cm dando em torno de 45 kgha de sementes O manejo de corte deve ser feito no florescimento com o início da formação de vagens 130 a 180 dias Se for utilizada como forrageira no inverno e se houver um bom manejo pode rebrotar e possibilitar um novo pastoreio Figura 9 Lablab Crédito jayanta85Adobe Stock TEMA 3 LEGUMINOSAS FORRAGEIRAS ANUAIS DE VERÃO MUCUNA PRETA E FEIJÃO GUANDU 31 MUCUNA PRETA MUCUNA PRURIENS 311 Descrição morfológica É uma planta que vegeta bem em climas quentes apresenta caule longo fino e flexível e tem hábito de trepadeira Sua inflorescência é em racemos axilares multifloridos e a cor das suas flores é violácea As folhas são trifoliadas com folíolos grandes e membranosos e a sua vagem contém até seis sementes de coloração preta 312 Características agronômicas O estabelecimento da planta forrageira mucuna preta é rápido e esta compete bastante com outras espécies durante seu crescimento A produção de massa verde é grande pode ser utilizada como cobertura verde produzindo grande quantidade de matéria orgânica e adaptase aos mais diferentes tipos de solo desde os arenosos até os argilosos com média fertilidade É tolerante à seca sombra altas temperaturas e ligeiramente resistente ao encharcamento É uma planta anual ou bianual trepadora e de ampla adaptação Herling Pereira 2016 Segundo os autores apresenta desenvolvimento vegetativo vigoroso e acentuada rusticidade adaptandose bem às condições de deficiência hídrica e de temperaturas altas A mucuna preta produz entre 40 e 50 toneladas de massa verde e seis a nove toneladas de massa seca É rica principalmente em proteínas sendo indicada especialmente para animais em crescimento e fêmeas em lactação Herling Pereira 2016 Figura 10 Fruto vagem da mucuna preta Crédito tinglee1631Adobe Stock 313 Manejo A propagação da mucuna preta é feita por sementes que são colocadas em covas espaçadas cerca de um metro e cinco centímetros de profundidade O plantio pode ser desde setembro até março São necessários 20 a 40 kg de sementesha Germinam com rapidez e podem ser cortadas com dois a três meses de idade o que faz com que elas tornem a brotar gerando um segundo corte Como a forrageira verde é muito apreciada pelos animais que devoram totalmente a planta folhas e caule Também podem ser utilizadas para fenação e ensilagem As recomendações de corte vão dos 90 aos 150 dias após a semeadura A mucuna pode ser plantada isoladamente ou em consórcio com outras culturas Pelo fato de ser uma planta muito agressiva não tem sido recomendado o seu plantio em culturas muito adensadas Ao final do ciclo a mucuna seca formando um manto sobre o solo de alguns centímetros Essa camada funciona como uma excelente cobertura morta Herling Pereira 2016 Figura 11 Mucuna preta Crédito ipuwadolAdobe Stock 32 FEIJÃO GUANDU CAJANUS CAJAN 321 Descrição morfológica O feijão guandu apresenta folhas com três folíolos inteiros e pequenas manchas resinosas no dorso É uma planta de crescimento ereto caule lenhoso e que contém amido na fase vegetativa que desaparece na fase reprodutiva quando as reservas são mobilizadas para o preenchimento das vagens Godoy Santos 2010 É importante ressaltar que essa leguminosa é caracterizada como arbustiva semiperene com ciclo de vida de até três anos quando podada anualmente Brasil 2000 As flores geralmente nascem em racemos terminais ou axilares de 4 a 12 cm e tem longo pedúnculo Apresentam coloração amarela com ou sem estrias avermelhadasroxas As vagens têm de quatro a sete sementes de coloração variável desde marrom claro ou escuro até acinzentado às vezes com pintas avermelhadas creme ou roxa Brasil 2000 Figura 12 Fruto vagem do feijão guandu Crédito gv imageadobe stock 322 Características agronômicas O feijão guandu não tem grandes exigências climáticas e de solos desenvolvendose satisfatoriamente em regiões de climas tropical subtropical e semiárido sendo cultivado com temperaturas variando de 26 a 30C na estação chuvosa e de 17 a 22C no restante do ano Singh Oswalt 1992 É uma cultura recomendada para solos com baixa fertilidade mas tem demonstrado bons resultados em solos bem drenados de média a alta fertilidade Também apresenta tolerância à seca provável razão para a adaptabilidade a solos arenosos e apesar de preferir locais com alta pluviosidade principalmente durante a estação chuvosa é uma planta que não tolera encharcamento Herling Pereira 2016 Figura 13 Feijão guandu Crédito Gv Image1shutterstock 323 Manejo Na alimentação animal o guandu é oferecido como feno picado como banco de proteína seco moído sob a forma de farelo sob pastejo verde picado ou em consorciação com gramíneas Ramos et al 1996 Pesquisas têm demonstrado que a produção de forragem do guandu está relacionada principalmente às condições do solo No estudo realizado por Anésio et al 2012 com diferentes níveis de adubação e sob vários cortes a produtividade por hectare alcançada foi de 3225489 kg O interesse em utilizálo na alimentação animal se deve principalmente ao seu elevado teor de proteína bruta PB Em sua composição a forragem aproveitável do guandu folhas flores vagens e ramos apresenta entre 20 e 23 de proteínas 13 de lipídios e em torno de 50 de glicídios Anésio et al 2012 Bonamigo 1999 Brasil 2000 O guandu cru moído é pouco eficiente para suínos em razão da baixa palatabilidade para esse monogástrico entretanto havendo bastante oferta da matériaprima grãos este pode ser normalmente consumido após ser cozido por 60 minutos o que garante uma melhor aceitabilidade pelos animais na verdade é um tempo estimado de cozimento para que se garanta que sua palatabilidade melhore e facilite a digestão O maior emprego de guandu na alimentação animal é recomendado na nutrição de frangos e galinhas visto poder ser consumido cru independentemente da idade dos animais Brasil 2000 Nas criações de bovino de corte a aceitação pelos animais pode ser um fator limitante do uso do guandu em pastejo É importante que o pastejo seja realizado alto sendo removidas apenas as partes de maior valor nutritivo vagens folhas e caules tenros Pastejo feito a cerca de 80 cm da superfície do solo e em intervalos superiores a 90 dias resultam em maiores rendimentos de matéria seca e de proteína bruta do guandu Herling Pereira 2016 TEMA 4 LEGUMINOSAS FORRAGEIRAS PERENES DE INVERNO TREVO BRANCO E TREVO VERMELHO 41 TREVO BRANCO TRIFOLIUM REPENS 411 Descrição morfológica O trevo branco é uma leguminosa perene e que se reestabelece por ressemeadura natural Tem hábito de crescimento prostrado caule estolonífero e raízes pivotantes Pode ser considerada planta bienal renovandose pela emissão de estolões a cada estação de crescimento ou anualmente por ressemeadura natural quando há períodos de seca drástica durante o verão Ball Hoveland Lacefield 2007 A planta apresenta folhas digitadas sem pilosidade com bordas serrilhadas com estípulas com manchas esbranquiçadas em forma de V erguidas largamente pecioladas trifolioladas Fontaneli Santos Fontaneli 2012 A flor é branca ou levemente rósea com inflorescência em forma de capítulo O legume tem de duas a quatro sementes 412 Características agronômicas É a leguminosa forrageira de produção invernal mais usada para pastejo direto em associação com gramíneas Ball Hoveland Lacefield 2007 De todos os tipos de trevo para alimentação animal é o mais cultivado no mundo todo Conforme pesquisa de Fontaneli Santos e Fontaneli 2012 é uma planta típica de clima temperado que não tolera elevadas temperaturas desenvolvese bem em solos neutros e com elevado nível de matéria orgânica É razoavelmente tolerante à geada e vegeta bem à sombra O trevo branco é planta que produz abundante e densa folhagem No inverno as folhas são menores do que na primavera e no verão É ótima restauradora de solo com grande capacidade de fixação de nitrogênio atmosférico Fontaneli Santos Fontaneli 2012 Figura 14 Flores do trevo branco Crédito 豆助 Adobe Stock 413 Adaptação e estabelecimento O trevo branco é uma planta forrageira de fácil adaptação à maioria dos solos altos ou baixos desde que úmidos ou sujeitos a regime de precipitações pluviais adequados Se estabelece bem em solo com pH superior a 60 Para calagem e adubação seguir a indicação para a cultura SBCS 2004 A época de semeadura do trevo branco vai de abril a junho e pode ser estabelecida sob plantio direto A profundidade de semeadura não deverá ultrapassar 10 cm e a quantidade de semente a ser usada é de 2 kgha tanto para o cultivo solteiro como para cultivo consorciado Pode ser consorciada com azevém cornichão trevo vermelho e festuca 414 Manejo É uma planta bem aceita pelos animais em todas as estações do ano e com rendimento de forragem elevado É tolerante ao pastejo e ao pisoteio produzindo forragem de valor nutritivo elevado que resulta em ganho de peso também elevado Ball Hoveland Lacefield 2007 É uma forrageira agressiva em condições de clima e solo favoráveis tendo a dominância sobre as gramíneas componentes da pastagem Por esse motivo é aconselhável consorciar com gramíneas e mantêlas em proporções elevadas sendo o mínimo de 60 de forragem na base seca para evitar problemas de timpanismo nos animais ruminantes Ball Hoveland Lacefield 2007 No primeiro ano da pastagem após três a quatro meses da semeadura as ramificações enraizadas vão originar estolões que se tornam independentes emitindo novos estolões das gemas axilares o que forma um sistema secundário e terciário expandindose pela área e perenizando a planta Fontaneli Santos Fontaneli 2012 O pastejo deve ser iniciado quando as plantas formarem uma cobertura de solo uniforme Pode atingir uma produtividade de 50 t MSha e com um bom valor proteico Figura 15 Pastagem de trevo branco banco de proteínas Crédito 豆助 Adobe Stock 42 TREVO VERMELHO TRIFOLIUM PRATENSE 421 Descrição morfológica É uma leguminosa bienal ou perene de curta duração O hábito de crescimento é ereto e pode atingir até 070 m de altura Ball Hoveland Lacefield 2007 O trevo vermelho tem folhas trifolioladas oblongas ou elípticas sem pilosidade e com estípulas Os pecíolos são longos cilíndricos e glabros Fontaneli Santos Fontaneli 2012 A inflorescência é formada em capítulos terminais ovoides de cor vermelha ou violeta Figura 16 Flores do trevo vermelho Crédito Axel GutjahrAdobe Stock 422 Características agronômicas O trevo vermelho é uma planta rústica palatável e nutritiva alto teor de proteína Admite múltiplos aproveitamentos como corte pastejo direto fenação e adubação verde Ball Hoveland Lacefield 2007 Sua grande importância advém da produtividade e valor nutritivo elevados semelhante ao da alfafa Consorciase bem com azevém com aveia preta com centeio e com festuca Fontaneli Santos Fontaneli 2012 423 Adaptação e estabelecimento É uma planta que gosta de climas frios suportando geadas É exigente em fertilidade requerendo pH entre 60 e 70 Necessita solos bem drenados Para adubação de manutenção seguir a indicação para a cultura SBCS 2004 Segundo Fontaneli Santos e Fontaneli 2012 a melhor época de semeadura de trevo vermelho entendese de abril a maio e pode ser estabelecido sob plantio direto A quantidade de semente varia de 8 a 10 kgha quando plantado solitário e de 6 a 8 kgha de semente quando consorciado profundidade de um centímetro 424 Manejo É uma planta pouco resistente ao pastejo sendo mais usada para fenação em virtude do porte ereto Como seu crescimento é rápido pode se soltar os animais com 90 dias após a semeadura O uso para feno deve ser no início do florescimento e a altura de corte deve ser de dez centímetros acima do solo Companhia Riograndense de Adubos 1980 Quando consorciado seguese o referencial da gramínea para iniciar o pastejo O trevo vermelho pastejado diretamente com gramíneas praticamente elimina o risco de timpanismo em animais além de fornecer valores nutritivos equilibrados Fontaneli Santos Fontaneli 2012 Ainda pode produzir até 60 t MSha De alto valor forrageiro e de estabelecimento rápido e fácil Ball Hoveland Lacefield 2007 consorciase bem com gramíneas anuais e perenes É muito indicada a sua consorciação com azevém com aveia preta com centeio e com trigo Pode também ser consorciado com outras leguminosas como trevo subterrâneo trevo branco e cornichão Figura 17 Plantio de trevo vermelho consorciado com gramínea Crédito 流星 号 Adobe Stock TEMA 5 LEGUMINOSAS FORRAGEIRAS PERENES DE VERÃO AMENDOIM FORRAGEIRO E ALFAFA 51 AMENDOIM FORRAGEIRO ARACHIS PINTOI 511 Descrição morfológica O amendoim forrageiro é uma espécie perene de estatura menor que 40 centímetros de altura com flores amarelas a alaranjadas brilhantes que praticamente não produzem sementes Seu estabelecimento dáse por via vegetativa especialmente por rizomas É a espécie mais utilizada no mundo sendo a única com registro formal de cultivares para uso em pastagens no Brasil Brasil 2007 É uma espécie estolonífera vigorosa com caules prostrados quando cresce densamente Figura 18 Flor do amendoim forrageiro Crédito naenaejungAdobe Stock 512 Características agronômicas Conforme Fontaneli Santos e Fontaneli 2012 uma pastagem estabelecida de amendoim forrageiro tem uma camada espessa de rizomas logo abaixo da superfície do solo que é um material abundante para multiplicação Esses rizomas fazem com que a planta tolere uma variação ampla de estresses ambientais como seca ou sobrepastejos periódicos resultando em longa persistência O amendoim forrageiro é uma planta que não tolera solos encharcados É a leguminosa tropical cultivada que melhor combina valor nutritivo proteína e digestibilidade elevadas 13 a 16 e 60 a 79 respectivamente com persistência em uma condição ampla de ambientes Williams Chambliss 1999 com possibilidades de fazer parte dos sistemas de produção de integração lavourapecuária ILP 513 Adaptação e estabelecimento Conforme Fontaneli Santos e Fontaneli 2012 o amendoim forrageiro tem certa tolerância a excesso de umidade mas é preferível seu estabelecimento em solos bem drenados e com acidez e fertilidade corrigidas Assim a primeira providência é fazer uma amostragem criteriosa do solo para as consequentes correções A vegetação existente deve ser dessecada antes do preparo do solo A preparação da área deve ser criteriosa e as mudas devem ser distribuídas uniformemente sobre a superfície do terreno incorporadas levemente grade leve semiaberta e compactadas rolo para possibilitar o bom contato do material vegetativo com o solo A época de estabelecimento pode ser no início da primavera ou fim de verão quando há boa disponibilidade hídrica ou possibilidade de irrigação Figura 19 Banco de proteína de amendoim forrageiro Crédito JokoAdobe Stock 514 Manejo O feno de amendoim forrageiro é palatável para todos os animais Segundo Pittman e Kretschmer 2006 o teor de proteína bruta e a digestibilidade da forragem de amendoim forrageiro varia aproximadamente entre 1523 e 5075 respectivamente Williams e Chambliss 1999 indicam o pastejo rotacionado para maximizar o rendimento de amendoim forrageiro A altura de resteva deve ser de dez centímetros potreiro com no máximo uma semana de ocupação e seis semanas de descanso Em pastoreio com lotação contínua a alturaalvo das plantas não deve ser inferior a 15 cm 52 ALFAFA MEDICAGO SATIVA 521 Descrição morfológica É uma leguminosa herbácea perene de verão e que contém caules de hábito ereto Estes são folhosos e saem da coroa da planta próximo da superfície do solo podendo atingir de 060 a 090 m de altura Ball Hoveland Lacefield 2007 As folhas são trifolioladas compostas de folíolos oblongos As flores apresentam coloração em tons de azulado a violáceo em racemos Os legumes são espiralados e têm de duas a cinco sementes Fontaneli Santos Fontaneli 2012 Figura 20 Flor da alfafa Crédito orestligetkaAdobe Stock 522 Características agronômicas É a leguminosa de mais ampla adaptação no mundo que cresce em clima temperado tropical e subtropical Ball Hoveland Lacefield 2007 Produz grande quantidade de forragem nas regiões de clima temperado principalmente no período quente É rica em proteína cálcio fósforo e vitaminas A e C Nuernberg Milan Silveira 1992 Por sua qualidade e produção essa leguminosa é reconhecida mundialmente como a rainha das forrageiras É uma das forrageiras de mais elevado valor muito apreciada por animais tanto em forma de feno como em pastejo direto É a leguminosa mais adaptada a solos neutros ou alcalinos Fontaneli Santos Fontaneli 2012 523 Estabelecimento O estabelecimento de um alfafal é segundo Oliveira e Oliveira 1999 a fase mais importante pois a possibilidade de correção dos fatores de insucesso durante esse período é mínima Segundo esses autores três fatores são mais difíceis de serem corrigidos o aparecimento de falhas na semeadura a não efetivação de simbiose com o Sinorhizobium meliloti que promove a fixação biológica de nitrogênio atmosférico o aparecimento de doenças causadores de tombamento dampingoff de plântulas O controle de plantas daninhas é imprescindível para obtenção de rendimentos de forragem elevados além de facilitar os tratos culturais evitandose possíveis hospedeiros de patógenos e de insetos pragas Brighenti Castro 2008 Após estabelecida não gosta de excessos de umidade suporta quedas de temperatura apresenta grande resistência a seca e necessita de considerável fertilidade natural É indispensável seguir as indicações de calagem e de adubação para a cultura SBCS 2004 É espécie exigente em pH em torno de 65 e em fertilidade A época de semeadura é no outono abril ou na primavera setembro A primeira época é a mais adequada pois as plantas sofrem menos com a concorrência de plantas daninhas e ao chegar o verão já estão com raízes bem desenvolvidas o que possibilita maior resistência a secas Ainda ganhase tempo pois na primavera já se poderá usála Fontaneli Santos Fontaneli 2012 A semeadura deverá ser feita em linhas espaçadas de 030 a 040 m Para o estabelecimento de um campo de alfafa indicamse de 10 a 15 kgha de semente e a profundidade de semeadura deve ser ao redor de dois centímetros ou menos A alfafa pode ser estabelecida sob sistema plantio direto Figura 21 Banco de proteínas de alfafa Crédito bearokAdobe Stock 514 Manejo As leguminosas geralmente têm valor nutritivo maior do que as gramíneas no mesmo estádio de desenvolvimento Entretanto elas são mais exigentes em práticas de manejo do que as gramíneas mas economizam adubo nitrogenado fazendoas componentes importantes em pastagens McGraw Nelson 2003 Com manejo e adubação adequados a alfafa proporciona de seis a oito cortes produzindo no mínimo 10 tha de massa seca em forma de forragem de altíssima qualidade Fontaneli Santos Fontaneli 2012 O primeiro corte de alfafa ocorre cerca de 90 a 100 dias após a emergência de plântulas Os cortes sucessivos deverão ser realizados mediante observação decorrente da brotação basilar e intervalo do último corte intervalo de 28 dias na primaveraverão 35 dias no outono e em latitude maiores acima de 50 dias no inverno A floração fenômeno básico para orientação do momento de corte em alfafa só é válida como referência em climas temperados Haddad Castro 1999 Entretanto como no período frio não há florescimento os cortes podem ser norteados pela altura do rebrote na base da planta devendose cortála sempre que a planta atingir cerca de 8 a 10 cm poupando a brotação basilar e assegurando rápido restabelecimento da área foliar Isso geralmente propicia um a dois cortes no inverno o que é uma característica importante pois a espécie tem o seu período de produção da primavera ao outono Fontaneli Santos Fontaneli 2012 Um feno de boa qualidade é obtido quando se operacionaliza bem as etapas de corte secagem e o armazenamento O corte deve ser realizado pela manhã depois da evaporação do orvalho quando o tempo estiver com baixa probabilidade de chuva O ponto de enfardamento é determinado torcendose um punhado de alfafa com as mãos se não surgir umidade no material ou se já estiver quebradiço está pronto para enfardar com teor de umidade entre 16 e 20 Nuernberg Milan Silveira 1992 FINALIZANDO Nesta etapa podemos estudar algumas das mais variadas espécies de leguminosas forrageiras que podem ser utilizadas na alimentação dos animais de produção especialmente os ruminantes Aprendemos as características morfológicas o estabelecimento e adaptação da cultura do manejo e das características agronômicas de leguminosas anuais e perenes tanto espécies de verão quanto de inverno e como saber disso é importante para um bom manejo e estabelecimento de sistemas de pastagem Vale ressaltar que esse assunto não se encerra por aqui pois a variedade de plantas leguminosas forrageiras é grande logo estudálas e conhecêlas pode tornar nosso trabalho a campo muito mais eficiente e lucrativo REFERÊNCIAS ANÉSIO A H C et al Avaliação dos teores de proteína bruta PB e da relação folhacaule do feijão guandu Bambuí MGp5 2012 BALL D M HOVELAND C S LACEFIELD G D Southern forages 4 ed Lawrenceville Georgia International Plant Nutrition Institute IPNI 2007 322 p BONAMIGO L A A cultura do milheto no Brasil implantação e desenvolvimento no Cerrado In FARIAS NETO A L et al Ed Workshop Internacional de Milheto Planaltina 1999 p 3165 BRASIL Ministério de Agricultura Pecuária e Abastecimento Mapa Integração LavouraPecuáriaFloresta ILPF Registro Nacional de Cultivares RNC Brasília 2007 Disponível em https wwwgovbragriculturapt brassuntos insumosagropecuariosinsumosagricolassementesemudas Acesso em 25 jun 2023 Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária Embrapa Amazônia Oriental Recomendação Técnica n 102000 Guandu leguminosa para controle de mato adubação verde do solo e alimentação animal Disponível em httpsainfocnptiaembrapabrdigitalbitstreamitem386251GuanduLeguminosaControleMatopdf Acesso em 25 jul 2023 BRIGHENTI A CASTRO C de Controle de plantas daninhas em alfafa In FERREIRA R P et al Ed Cultivo e utilização da alfafa nos trópicos São Carlos Embrapa Pecuária Sul 2008 p 5394 COMPANHIA RIOGRANDENSE DE ADUBOS Espécies forrageiras para o Sul do Brasil Porto Alegre 1980 40 p DERPSCH R CALEGARI A Plantas para adubação verde de inverno Londrina Iapar 1992 80 p IAPAR Circular 73 FONTANELI R S SANTOS H P FONTANELI R S Forrageiras para integração lavourapecuária na região sulbrasileira Brasília Embrapa 2012 GODOY R SANTOS P M Guandu BRS Mandarin São Carlos Embrapa Pecuária Sudeste 2010 HADDAD M M CASTRO F G F Sistema de produção In SIMPÓSIO SOBRE MANEJO DA PASTAGEM 16 Piracicaba Anais Piracicaba FEALQ 1999 p 722 HERLING V R PEREIRA L E T Morfologia de plantas forrageiras Pirassununga Editora da USP 2016 MCGRAW R L NELSON C J Legumes for northern areas In BARNES R F et al Ed Forages an introduction to grassland agriculture 6th ed Iowa Blackwell Publishing professional 2003 v 1 p 171190 SOCIEDADE BRASILEIRA DE CIÊNCIA DO SOLO SBCS Comissão de Química e Fertilidade do Solo Manual de adubação e de calagem para os estados do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina 10 ed Porto Alegre 2004 NUERNBERG N MILAN P A SILVEIRA C A M Manual de produção de alfafa Florianópolis Epagri 1992 102 p OLIVEIRA P P A OLIVEIRA W S de Estabelecimento da cultura In SIMPÓSIO SOBRE MANEJO DA PASTAGEM 16 1999 Piracicaba Anais Piracicaba FEALQ 1999 p 6793 PITTMAN W D KRITSCHMER A E Legumes for tropical and subtropical areas In BARNES R F et al Ed Forages the science of grassland agriculture 6 ed Ames Blackwell Publishing Professional 2006 v 2 p 191210 RAMOS J M et al Grain yield biomass and leaf area of triticale in response to sowing date and cutting stage in three contrasting Mediterranean environments Journal of Agricultural Science Cambridge v 126 p 253258 1996 SINGH F OSWALT D L Major Pests of 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