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3 QUÍMICA NOVA NA ESCOLA N 13 MAIO 2001 QUÍMICA E SOCIEDADE A seção Química e sociedade apresenta artigos que focalizam diferentes interrelações entre ciência e sociedade procurando analisar o potencial e as limitações da ciência na tentativa de compreender e solucionar problemas sociais Química e conservação de dentes Um pouco de história A preocupação em cuidar dos dentes remonta às mais antigas civilizações a exemplo dos gregos romanos árabes maias e chineses Celso 25 aC 50 dC que viveu em Roma preconizava a extra ção de dentes de leite para facilitar a erupção do dente permanente no lugar certo na arcada dentária As atividades relacionadas aos tra tamentos dentários eram inicialmente exercidas por pessoas não qualifi cadas ambulantes ciganos barbei ros caixeirosviajantes e posterior mente já no século II da nossa era por profissionais ligados à medicina O aprendizado das práticas odontoló gicas seguiu os moldes das corpora ções medievais O indivíduo que alme java aprender um ofício associavase a um mestre que lhe ensinava os segre dos desse ofício Esta situação perma neceu inalterada por muito tempo pois a primeira escola de odontologia do mundo foi criada nos Estados Unidos em 1840 Entre as práticas usadas para a conservação dos dentes os dentifrí cios ocupam um papel importante O primeiro creme dental surgiu no Egito há cerca de quatro mil anos Era um material à base de pedrapomes pul verizada e vinagre que era esfregado nos dentes com pequenos ramos de arbustos No século I da nossa era os romanos acrescentaram a essa pasta mel sangue carvão olhos de caran guejos ossos moídos da cabeça de coelhos e urina humana todos com a finalidade de deixar os dentes mais brancos O primeiro dentifrício comercial foi desenvolvido em 1850 nos Estados Unidos Inicialmente na forma de um pó foi modificado pos teriormente para a for ma de pasta com o nome comercial de Creme Dentifrício do Dr Sheffield Um au mento da comercia lização das pastas de dente ocorreu quando elas começaram a ser embaladas em tubos metálicos flexí veis Nos dias de hoje os dentifrícios po dem ser encontrados na forma de pó de pasta creme dental e de líquido embora os dentifrícios líquidos não se jam muito comuns em nosso país A função primordial dos dentifrícios é atuar como agente auxiliar na esco vação visando à limpeza dos dentes A relação entre alimentação higiene bucal e prevenção das cáries é o que veremos a seguir As cáries dentárias e a alimentação Na nossa boca existem milhares de microrganismos Por causa de sua temperatura amena e constante de 36 C de sua umidade permanente e pelo fluxo de nutrientes alimentos durante alguns períodos do dia a boca pode ser conside rada como um am biente ideal para a proliferação de mi crorganismos Qual é a relação entre estes microrga nismos como por exemplo as bacté rias e as cáries den tárias A teoria que relaciona o apareci mento de cáries com o desenvolvi mento de colônias de bactérias na bo ca foi formulada em 1890 por um cien tista americano chamado WD Miller A experiência que mostrou o elo entre bactérias e cáries foi a seguinte Miller colocou um dente extraído em um tu bo adicionou um pouco de saliva e um Roberto R da Silva Geraldo A Luzes Ferreira Joice de A Baptista e Francisco Viana Diniz Neste artigo são abordados alguns aspectos da química dos dentifrícios destacando sua composição variada bem como sua função na limpeza e prevenção das cáries dentárias Também é feita uma pequena discussão sobre as restaurações acrílicas e com amálgamas dentifrícios higiene bucal amálgamas O primeiro creme dental surgiu no Egito há cerca de quatro mil anos Era um material à base de pedra pomes pulverizada e vinagre que era esfregado nos dentes com pequenos ramos de arbustos Recebido em 20301 aceito em 10401 4 QUÍMICA NOVA NA ESCOLA N 13 MAIO 2001 Química e conservação de dentes pedaço de pão Com o passar do tem po observou que o dente se corroía Quando ele aquecia a saliva causan do portanto a morte das bactérias o dente não se corroía A partir destas e de outras observações Miller formulou a hipótese de que a cárie resultava da produção de ácidos orgânicos pelas bactérias orais a partir de um alimento fermentável como por exemplo o pão Hoje sabese que as bactérias vão lentamente formando um biofilme que se deposita sobre a superfície do den te Alimentandose do açúcar contido nos alimentos ou formado pela ação da saliva sobre outras substâncias as bactérias vão se multiplicando rapida mente dando origem ao que se deno mina placa bacteriana O açúcar ao ser metabolizado pelas bactérias é transfor mado em ácidos orgânicos Um deles é o ácido lático Os outros ácidos em quantidades pequenas são o acético o fórmico e o succínico Deve ser observado que mesmo em dietas pobres em açúcares constatase tam bém a formação de placas bacterianas Os ácidos produzidos na fermenta ção metabolismo do açúcar pelas bactérias são os responsáveis pelas cáries Mas como isso ocorre O esmalte do dente Figura 1 é constituído de um material muito pouco solúvel em água e cujo principal componente é a hidroxiapatita Ca5PO43OH um composto iônico formado por íons Ca2 PO4 3 e OH Em um processo chamado desmine ralização uma quantidade muito pe quena de hidroxiapatita pode se dis solver em processo descrito pela equação Ca5PO43OHs H2Ol 5Ca2aq 3PO4 3aq OHaq Esse processo é normal e ocorre naturalmente O processo inverso a mineralização também é normal A mineralização e a desminerali zação podem acontecer com rapidez diferentes Durante a formação do dente dentro do osso ocorre somen te a mineralização Quando o dente é exposto ao meio bucal a desminera lização passa a ocorrer Nos adultos por sua vez os dois processos podem ocorrer com a mesma rapidez isto é atingem um equilíbrio Uma condição de equilíbrio acontece quando duas reações opostas entre si ocorrem com a mesma rapidez No entanto em crianças ou em adultos se a concen tração de ácidos tor nase muito elevada em um determinado ponto sobre a super fície do esmalte a rapidez da desmi neralização pode ser maior que a da mi neralização condu zindo à formação de uma cárie dentária Os principais fatores que determi nam a estabilidade da apatita na pre sença da saliva são o pH e as concen trações dos íons cálcio fosfato e flúor em solução A concentração dos íons H3Oaq que altera o pH da saliva é uma das principais responsáveis pela deterioração dos dentes À medida que a placa bacteriana cresce a concen tração dos ácidos orgânicos produzi dos pelas bactérias cresce aumentan do a concentração dos íons H3Oaq segundo a equação RCOOHaq H2Ol H3Oaq RCOOaq Os íons H3Oaq podem reagir com os íons OHaq produzidos na desmineralização levando à formação de água H3Oaq OHaq 2H2Ol Os íons OHaq são essenciais no processo de mineralização sua neutra lização por íons H3Oaq reduz consi deravelmente este pro cesso Se a desmi neralização se proces sa com uma dada ra pidez e a mineralização em uma rapidez muito menor o resultado é uma perda de material do dente O pH normal da boca é em torno de 68 a desmineralização tornase predominante a um pH abaixo de 55 A diminuição do pH na boca pode ser causada diretamente pelo consumo de frutas ácidas e bebidas ou indireta mente pela ingestão de alimentos con tendo carboidratos fermentáveis que permitem produção de ácidos pelas bactérias No caso da ingestão de um refrigerante contendo açúcar o pH da boca pode atingir um valor abaixo de 55 após 10 minutos Ele retorna ao seu valor normal após uma hora quando o açúcar é removido ou consumido O que pode ser feito para prevenir o aparecimento de cáries As pastas de dente desempenham um papel importante nesse processo preventivo como veremos a seguir Os efeitos dos dentifrícios sobre os dentes Há um ditado que diz Em dentes limpos não se formam cáries A lim peza dos dentes envolve a escovação com uso de dentifrícios Mas do ponto de vista da química o que é um dentifrício A principal função do dentifrício é auxiliar na limpeza de superfícies aces síveis dos dentes retirando manchas e detritos e dificultando a formação da Figura 1 O esmalte do dente é constituído de hidroxiapatita Logo abaixo do esmalte está a dentina Os nervos e os vasos sangüíneos estão localizados na polpa Alimentandose do açúcar contido nos alimentos ou formado pela ação da saliva sobre outras substâncias as bactérias vão se multiplicando rapidamente dando origem ao que se denomina placa bacteriana 5 QUÍMICA NOVA NA ESCOLA N 13 MAIO 2001 Química e conservação de dentes placa bacteriana A composição básica de dentifrício em pasta geralmente envolve substân cias que desempenham as funções de abrasivo ou agente de polimento corante espumante umectante agluti nante edulcorante solvente e agente terapêutico A composição típica dos dentifrícios é ilustrada na Tabela 1 Além das substâncias com essas funções outras podem ser adiciona das flavorizantes espessantes con servantes e aromatizantes Do ponto de vista da função do dentifrício os abrasivos são os ingre dientes mais importantes por serem essenciais para a limpeza adequada Os abrasivos são pós insolúveis em água geralmente sintetizados em labo ratório para manter a uniformidade e tamanho das partículas Os abrasivos mais comumente usados são monoi drogenofosfato de cálcio CaHPO4 carbonato de cálcio CaCO3 piro fosfato de cálcio Ca2P2O7 dióxido de silício SiO2 óxido de magnésio MgO metafosfato de sódio NaPO3 e óxido de alumínio Al2O3 Um denti frício pode conter um ou mais tipos de abrasivos A pasta de den te deve ser sufi cientemente abra siva para remover manchas mas não para desgastar de mais o esmalte sua ação deve proporcionar uma su perfície limpa e polida Diferentes abra sivos promovem diferentes graus de polimento nos dentes O espumante é um detergente Sua função é diminuir a tensão superficial da pasta permitindo a penetração nas fissuras e auxiliar na remoção dos de tritos da superfície do esmalte O espu mante mais comum empregado em pastas é o sulfato de sódio e laurila H3CCH210CH2OSO3Na Os flavorizantes são óleos com sa bor que promovem um efeito refrescan te óleo de hortelã por exemplo O solvente usado é a água Ela pro porciona a consistência desejada mantendo o dentifrício fluido ao mes mo tempo solubiliza outros constituin tes como os corantes e os fluoretos O umectante é adicionado para im pedir a secagem do dentifrício tal co mo acontece quando a tampa não é recolocada no tubo após o uso e me lhora o aspecto e a consistência do produto Os umectantes mais comu mente usados são a glicerina C3H5OH3 o sorbitol C6H8OH6 e o polietilenoglicol HOCH2CH2 OCH2CH2nOCH2CH2OH O aglutinante é incluído para impe dir a separação dos componentes lí quidos e sólidos e auxiliar na manuten ção da consistência do dentifrício No passado gomas naturais eram usadas para este fim Atualmente são substi tuídas por materiais sinté ticos Um exemplo é a carboximetilcelulose Os edulcorantes são substâncias que confe rem ao dentifrício o sabor doce Sacarose açúcar comum e outros carboidratos não po dem ser usados como edulcorantes porque são metabolisados por bacté rias originando ácidos Os edulco rantes mais comumente usados são o sorbitol C6H8OH6 e a sacarina Os agentes terapêuticos têm fun ções específicas nos dentifrícios Alguns são bactericidas formol e triclo san Outros são antiácidos como o bicarbonato de sódio NaHCO3 Al guns dentifrícios contêm ingredientes que auxiliam na remoção das manchas causadas nos dentes pelo cigarro Al gumas pessoas possuem dentes hipersensíveis sensação de dor cau sada por alimentos quentes frios ou azedos nestes casos os dentistas recomendam o uso de dentifrícios con tendo nitrato de potássio KNO3 ou citrato de sódio C6H5O7Na3 ou cloreto de estrôncio SrCl2 O agente terapêu tico mais importante é um composto fluorado Testes têm demonstrado que o flúor ajuda a proteger os dentes con tra as cáries como será visto adiante O flúor e a prevenção da cárie O fato de que compostos contendo flúor têm efeitos sobre o esmalte dos dentes é conhecido desde 1874 Na quela ocasião um médico na Alema nha observou mudanças nos dentes de cães quando compostos fluorados eram adicionados à alimentação Em 1902 um farmacêutico holandês anun ciou a venda de um composto fluorado para fortalecer os dentes Em 1908 dentistas norteamericanos obser varam a presença de manchas nos dentes de crianças da cidade de Colo rado Springs Essas manchas foram atribuídas à presença de grandes quantidades de compostos fluorados na água que abastecia a cidade Daquela época até os dias de hoje muito se avançou na compreensão do efeito dos compostos fluorados sobre a prevenção da cárie O princípio ativo nesse processo é o íon fluoreto F Este íon interfere no equilíbrio mineralização desmineralização visto anteriormente Ca5PO43OHs H2Ol 5Ca2aq 3PO4 3aq OH aq Na presença dos íons F um outro equilíbrio se estabelece a saber 5Ca2aq 3PO4 3aq Faq Ca5PO43Fs Tabela 1 Composição típica de dentifrícios porcentagens em massa Componente Abrasivo 2055 Solvente água 1525 Umectante 2035 Espumante 12 Aglutinante 13 Corante e edulcorante 12 Agente terapêutico 01 Dentifrício em pasta geralmente envolve substâncias que desempenham as funções de abrasivo ou agente de polimento corante espumante umectante aglutinante edulcorante solvente e agente terapêutico 6 QUÍMICA NOVA NA ESCOLA N 13 MAIO 2001 Química e conservação de dentes Nesse processo uma nova substân cia é formada a fluorapatita Ca5PO43F O esmalte passa a ser en tão um material modificado Os íons fluoreto não substituem todos os íons OH Uma pequena incorporação de íons F é suficiente para alterar as proprieda des do esmalte tor nandoo menos sus cetível ao ataque por ácidos Esse novo material contendo uma mistura de hidro xiapatita Ca5PO43OH e fluorapatita Ca5PO43F é denominado fluorohi droxiapatita Os compostos de flúor mais usados são o fluoreto de sódio NaF o fluoreto de estanho II SnF2 e o monofluor fostato de sódio Na4PO4F A presença deste último composto nos rótulos dos dentifrícios é identificada pela sigla MFP do inglês meta fluor phosphate A quantidade de flúor presente nas pastas é geralmente indicada em par tes por milhão ppm Assim 1500 ppm de flúor significam 1500 mg de com posto fluorado por grama de pasta 1500 mgg Os dentifrícios agindo em colabo ração com a escova auxiliam na limpe za dos dentes e possibilitam a incorpo ração de íons fluoreto ao esmalte Essas duas ações têm contribuído for temente para a pre venção das cáries A Tabela 2 contém exemplos de alguns dentifrícios comerci ais indicando suas respectivas compo sições Mesmo nos casos em que a cárie acaba se formando a química ainda tem propostas para atuar em prol do con forto humano como visto a seguir Restauração dos dentes amálgamas e polímeros Uma vez formada a cárie nosso or ganismo não é capaz de restaurar o tecido lesado Assim sendo os dentis tas têm que retirar o tecido lesado pre parar e desinfetar bem a cavidade e então tapála com um material que te nha propriedades tais como boa resistência física a atritos boa resistên cia química a ácidos pouca expansi bilidade cor próxima da cor natural dos dentes bom acabamento preço aces sível etc As restaurações de dentes são feitas hoje em dia usando basica mente dois tipos de materiais os amál gamas e as resinas poliméricas Definese como amálgama toda combinação do mercúrio metálico com metais eou com ligas metálicas Os amálgamas possuem excelentes pro priedades físicas e químicas resistên cia ao atrito pouca expansibilidade reatividade lenta com ácidos quanto à cor eles deixam muito a desejar por essa ser muito diferente da cor natural dos dentes Os químicos desenvolve ram e colocaram à disposição dos den tistas dezenas de ligas cujos com ponentes principais estão indicados na Tabela 3 Nessas ligas a prata reage com o estanho formando o composto Ag3Sn segundo a reação 3Ags Sns Ag3Sns A liga de prataestanho contendo o composto Ag3Sn é muito quebra diça Esta propriedade é alterada adicionandose quantidades variáveis dos metais cobre e zinco Ao se mis turar a liga prataestanho com o mercú rio no momento de tapar a cavidade Produto Colgate herbal Sensodine original Gessy cristal Sorriso ação total Abrasivo silicato de sódio óxido de titânio óxido de silício carbonato de cálcio dióxido de silício fosfato trisódico silicato de sódio carbonato de cálcio silicato de sódio Espumante lauril sulfato de sódio igpon lauril sulfato de sódio e extrato de juá lauril sulfato de sódio Corante e edulcorante sacarina sorbitol verde 7 sacarina sódica sorbitol corante vermelho sorbitol sacarina xilitol sorbitol sacarina sódica Solvente água água água álcool etílico água Umectante polietileno glicol glicerina Espessante carragenato goma celulosa Aglutinante carboximetil celulose cellosize carboximetil celulose sal de sódio carboximetil celulose Agente terapêutico monofluorofosfato de sódio eugenol cloreto de estrôncio carbonato de cálcio monofluorofosfato de sódio bicarbonato de sódio triclosan monofluorofosfato de sódio Aromatizante extrato de Eucaliptus globulus extrato de mirra extrato de manzanila extrato de melaleuca extrato de salvia aromas não especificado óleo de hortelã presente e não especificado Conservante metilparabeno formaldeído metilparabeno triclosan Tabela 2 Composição qualitativa de alguns dentifrícios comerciais Produto Colgate herbal Sensodine original Gessy cristal Sorriso ação total O flúor ajuda a proteger os dentes contra as cáries pois o íon fluoreto interfere no equilíbrio mineralização desmineralização que envolve o esmalte dos dentes 7 QUÍMICA NOVA NA ESCOLA N 13 MAIO 2001 Química e conservação de dentes Curiosidades Uma lenda dos assírios século sétimo antes de Cristo dizia que uma cárie era causada por uma minhoca que bebia o sangue contido nos dentes e que retirava seu alimento pela raízes encrustadas no osso da mandíbula O homem de Neanderthal usava palitos obtidos de gravetos Os romanos desenvolveram palitos refinados feitos de ouro e prata Marco Polo em sua viagem à China em 1270 observou o hábito de homens e mulheres cobrirem os dentes com ouro moldado no formato dos dentes Não se sabe se a função era terapêutica ou apenas cosmética O óxido nitroso N2O foi usado como anestésico pela primeira vez em 1844 na extração de um dente O éter etílico CH3CH2OCH2CH3 foi usado como anestésico pela primeira vez também na extração de dentes em 1846 Se dermos uma mordida em um pedaço de papel alumínio colocado em cima de uma obturação de amálgama em um dente nosso sentiremos uma forte dor causada por uma corrente galvânica que pode chegar a até 30 µA Tabela 3 Ligas metálicas mais comumente usadas em odontologia e suas respectivas composições porcentagens em massa Metais Prata 667 a 745 Estanho 253 a 270 Cobre 00 a 60 Zinco 00 a 19 ocorre a seguinte reação 8Ag3Sns 37Hgl 12Ag2Hg3s Sn8Hgs O composto Ag3Sn é usado em excesso Assim o amálgama é um material complexo contendo os com postos metálicos Ag3Sn que não reagiu por estar em excesso Ag2Hg3 Sn8Hg além dos metais cobre e zinco A despeito da discussão sobre os efeitos tóxicos causados aos seres vi vos pelo mercúrio vide Química Nova na Escola n 12 novembro de 2000 pesquisas revelam que a contamina ção proveniente de amálgamas é relati vamente baixa O amálgama propicia mais vantagens do que desvantagens principalmente no que diz respeito ao preço e à durabilidade Isso faz do amálgama um material de amplo uso na odontologia atualmente O segundo tipo de material usado nas restaurações é designado pelo nome de resinas poliméricas ou sim plesmente polímeros O que são polí meros Polímeros do grego poli muitos meros partes são compos tos de cadeias muito longas formados pela repetição de unidades molecu lares pequenas chamadas de monô meros Um polímero muito usado em odontologia é o polimetacrilato de meti la obtido pela polimerização do meta crilato de metila eou de outros monô meros derivados do metacrilato Figu ra 2 Essa reação de polimerização ocor re na presença de catalisadores Há dois tipos de catalisadores usados a luz ultravioleta e o pe róxido de benzoila O monômero é um lí quido viscoso e o polí mero um sólido resis tente Para modificar as propriedades do polímero são mistu rados ao monômero antes da colocação do catalisador os cha mados agentes de carga Estes são substâncias fina mente pulverizadas que servem para melhorar a resistência física e química a cor evitar expansão durante a polime rização e facilitar o acabamento final após ser colocado na cavidade do den te Os agentes de carga mais comuns são o vidro a sílica outros polímeros etc todos finamente pulverizados As partículas têm forma definida e medem de 1 µm a 20 µm de diâmetro 1 µm 106 m As resinas polimé ricas têm muitas van tagens sobre o amál gama A principal de las é a cor que chega a ser idêntica à dos dentes pois o dentista pode alterar esta pro priedade pela adição de diferentes cargas As principais desvan tagens são o preço alto e sua menor durabilidade Além de serem usadas para a res tauração de cáries dentárias as resinas poliméricas são empregadas na fabri cação de dentes artificiais e de denta duras Concluindo A compreensão sobre o mecanis mo de formação das cáries permitiu o desenvolvimento de procedimentos para evitálas incluindose aí o uso de dentifrícios como auxiliar na escovação dos dentes A variedade de pastas de dentes é muito grande Qual pasta devemos usar É impossível uma única pasta Figura 2 Reação de polimerização do metacrilato de metila Pesquisas revelam que a contaminação proveniente de amálgamas é relativamente baixa O amálgama propicia mais vantagens do que desvantagens principalmente no que diz respeito ao preço e à durabilidade 8 QUÍMICA NOVA NA ESCOLA N 13 MAIO 2001 atender a todas as necessidades das pessoas No entanto entender um pouco sobre sua composição e função pode nos auxiliar em algumas deci sões Por exemplo certas pessoas têm dentes com exposição da dentina que é muito mais macia e sensível que o esmalte Para essas pessoas é reco mendável o uso de dentifrícios sem abrasivos Entretanto é importante res saltar que os dentifrícios não são agen tes milagrosos que resolverão todos os problemas da saúde bucal Por outro lado o fato deles conterem deter minadas substâncias com funções específicas não os torna produtos de consumo indispensáveis De fato para alguns dentistas o uso de dentifrícios é perfeitamente dispensável Enten dem que uma boa escovação após a Para saber mais DUARTE M O livro das invenções São Paulo Cia das Letras 1997 p 8182 LARA EHG PANZERI H OGASA WARA MS DEL CIAMPO JO e MO RAES JT Avaliação laboratorial dos dentifrícios comerciais Revista da Asso ciação Brasileira de Odontologia v 4 n 3 p 176183 1996 SOUZA JR e BARBOSA AC Conta minação por mercúrio e o caso da Ama zônia Química Nova na Escola n 12 p 37 2000 RING ME História ilustrada da odon tologia Trad de FG do Nascimento São Paulo Manole 1998 ingestão de alimentos é suficiente pa ra a prevenção das cáries Enfim os dentifrícios são um mate rial complexo contendo substâncias compatíveis que não reagem entre si ou que reagem muito lentamente com a finalidade de auxiliar a higiene bucal com conseqüente redução das cáries e também produzindo um hálito com odor agradável Roberto R da Silva bobsilvaunbbr bacharel em química pela UFMG e doutor em química orgânica pela USP é docente do Instituto de Química da Uni versidade de Brasília IQUnB Geraldo A Luzes Ferreira bacharel em química pela UFMG e doutor em química agrícola e ambiental pela Universidade da Califórnia Davis é docente aposentado do IQ UnB Joice de A Baptista licenciada em química pela Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de São Bernardo do Campo mestre em educação pela UFMT e doutoranda do IQUnB é docente do IQUnB Fran cisco Viana Diniz cirurgião dentista pela UnB é aluno do programa de mestrado da Faculdade de Ciências da Saúde da UnB área de concentração em Odonto logia Abstract Chemistry and the Conservation of Teeth Some aspects of the chemistry of dentifrices are reviewed highlighting their varied composition as well as their function in the cleaning of teeth and prevention of dental caries A small discussion is also made of acrylic and amalgam fillings Keywords dentifrices mouth hygiene amalgams Resenha Física Mais Que Divertida Em um mundo onde as tarefas re petitivas são cada vez mais relegadas a robôs e a softwares tornase impres cindível estimular crianças jo vens e o público em geral a des cobrir a beleza da física e suas aplicações práticas através do trabalho artesanal criativo Física mais que divertida busca asso ciar a ciência ao prazer da desco berta com ênfase nos fenô menos de nosso diaadia Trata se de um enfoque totalmente inédito que visa instigar a criati vidade o trabalho em equipe e a inovação São mais de 100 experiências e protótipos envol vendo robótica foguetes aque cimento solar fibras ópticas la sers aerodinâmica antenas parabólicas discos voadores hovercrafts bolhas gigantes analogias do mundo atômico e muito mais A grande maioria das experiências propostas requer apenas materiais reciclados e de baixo custo e ferramentas de uso doméstico Os leitores são ins truídos sobre como realizar os experimentos levando em conta normas básicas de segurança e onde encontrar itens menos familiares como glicerina bastões de acrílico e tubos de cobre É um livro dedicado a todos que acreditam que a ciência e a Química e conservação de dentes tecnologia existem para promover o crescimento social pessoal e econô mico Física mais que divertida preenche uma enorme lacuna de experimentos de nossos livros didáticos dedi cados ao ensino de ciências Seu enfoque lúdico alia riquesa de imaginação seleção cuida dosa dos experimentos rigor científico e uma linguagem aces sível a leigos Esta obra inova dora beneficiará um público bastante amplo e será particu larmente útil a alunos e docen tes de nossas licenciaturas Beatriz Alvarenga UFMG Física mais que divertida In ventos eletrizantes baseados em materiais reciclados e de baixo custo Eduardo de Campo Vala dares Belo Horizonte Editora da UFMG 2000 120 p ISBN 85 70412479 R 2600 O livro po de ser adquirido diretamente da Editora UFMG httpwwweditoraufmgbr fone 31 34994650 fax 31 34994768