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ARTIGO ARTICLE 2199 1 Centro LatinoAmericano de Estudos sobre Violência e Saúde Jorge Careli Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca Fundação Oswaldo Cruz Av Brasil 4306 sala 700 Manguinhos 21040361 Rio de Janeiro RJ ceciliaclavesfiocruzbr 2 Instituto de Pesquisa Clínica Evandro Chagas Fundação Oswaldo Cruz Impacto das atividades profissionais na saúde física e mental dos policiais civis e militares do Rio de Janeiro RJ Brasil The impact of professional activities on the physical and mental health of the civil and military police of Rio de Janeiro RJ Brazil Resumo Neste artigo analisamos o adoecimento físico e mental de policiais civis e militares do Estado do Rio de Janeiro segundo condições de trabalho e atividades profissionais Utilizamos a mesma metodologia para o estudo de duas catego rias abordagem quantitativa amostragem alea tória simples por conglomerados alcançando um total de 1458 policiais civis e 1108 policiais mi litares que responderam a questionários anôni mos e abordagem qualitativa grupos focais com 143 profissionais e 18 entrevistas com gestores de ambas as polícias Os dados aqui apresentados são todos originais Constatamos sobrepeso e obe sidade em especial na Polícia Militar e precária frequência de atividade física e informação de ele vados níveis de colesterol especialmente na Polí cia Civil Dores no pescoço nas costas ou na colu na problemas de visão dores de cabeça e enxa quecas foram os principais problemas encontra dos A presença de lesões físicas permanentes foi relatada por 162 dos membros das duas corpo rações sendo mais relevantes entre os militares que também apresentam mais elevada frequência de sofrimento psíquico SRQ20 Enfatizamos a necessidade de mudanças nas dimensões indivi dual e profissional e nos aspectos institucionais referentes às condições e à organização do traba lho e dos serviços de saúde Palavraschave Saúde dos policiais Saúde e tra balho Saúde mental e trabalho Abstract In this article we analyze the physical and mental stress and illness of military and civil police force officers in the State of Rio de Janeiro Brazil due to their working conditions and pro fessional activities The same methodology was used for the study of two categories namely a quantita tive approach simple random sampling by con glomerates involving a total of 1458 civil police officers and 1108 military police officers who answered questionnaires anonymously and a qualitative approach focal groups involving 143 professionals and 18 interviews with managers of both police forces The data presented here are all original Disorders identified were overweight and obesity in both forces but mainly in the Military Police low frequency of physical exercise and high levels of cholesterol especially in the Civil Police The main health complaints are neck back or spi nal cord pain eyesight complaints and headaches migraines Sixteen point two per cent of officers of both forces reported physical lesions that were more prevalent in the Military Police among whom psychic suffering was also more frequent SRQ 20 The need for changes in the individual and professional dimensions and in institutional as pects regarding the conditions and organization of work and of health services is emphasized Key words Health of police officers Work and health Work and mental health Maria Cecília de Souza Minayo 1 Simone Gonçalves de Assis 1 Raquel Vasconcellos Carvalhaes de Oliveira 2 2200 Minayo MCS et al Introdução Neste artigo tratamos das condições de saúde dos policiais civis e militares do Rio de Janeiro aqui entendidas de diversos ângulos o do prazer e do sofrimento traduzidos em realização ou des gaste o dos riscos vividos e percebidos como es truturantes da profissão e o dos agravos físicos que associam condições de vida e de trabalho com disposições biológicas Tratamos também as doenças como resultantes dos danos psicos sociais que combinam peculiaridades biológicas do sujeito com sofrimento desgaste e estresse no trabalho Pesquisando as bases Scientific Electronic Li brary Online SciELO e Latin American and Caribbean Health Sciences Lilacs constatamos que pouco tem sido publicado a respeito das con dições de saúde física e mental de policiais17 no Brasil e na América Latina Na base Medline os textos sobre o tema são mais abundantes po rém predominam os que versam sobre ações policiais em detrimento dos que dizem respeito à pessoa e especialmente às suas condições de saúde Buscamos neste texto responder em parte a essa lacuna do conhecimento por meio da apre sentação de informações sobre a saúde dos poli ciais assunto que fez parte de uma pesquisa com parativa que além desse tema tratou de seu pro cesso de trabalho e de sua qualidade de vida A hipótese que orientou a pesquisa compa rativa é de que encontraríamos uma situação mais exacerbada de riscos pessoais e coletivos e de problemas de saúde entre policiais militares tendo em vista a sua exposição ostensiva no pro cesso de trabalho de segurança pública Isso re almente ficou constatado No Brasil a Polícia Civil tem uma função judiciária sendo o primei ro elo na produção da justiça criminal tendo como tarefa principal a investigação e a denúncia de crimes e a Polícia Militar realiza vigilância os tensiva e atua na preservação da ordem pública As duas corporações por delegação constitucio nal são de cunho estadual ficando a cargo da Polícia Federal atividades de polícia judiciária e de repressão aos crimes que dizem respeito ao âmbito da federação em fronteiras portos e aeroportos crimes fazendários tráfico de dro gas e outros Descrevemos a seguir os principais conceitos que utilizamos neste artigo Condição de saúde diz respeito à articula ção entre disposições biológicas e situações so ciais culturais e ambientais de existência Na aná lise da interação entre saúde e trabalho coloca mos em jogo dois planos o âmbito do processo de trabalho com potencial de repercussão sobre a saúde e o âmbito da subjetividade e da vivência profissional O trabalho e a profissão têm um caráter po sitivo para a realização dos sujeitos pois o ser humano por meio de suas atividades transfor ma e cria coisas e ao fazêlo transformase e se recria Porém em sua abordagem filosófica Marx8 chama a atenção também para o fato de que frequentemente o trabalho é fator de alie nação Assim as dinâmicas específicas de pro dução e de relações laborais tanto podem pro duzir saúde bemestar físico e emocional como podem também ser marcadas por insatisfações estresse sofrimento Essa dialética é também tra tada por Dejours et al9 em vários momentos de sua obra Para abordar as possíveis relações sinérgicas entre processo de trabalho e saúdedoença bus camos a contribuição de diferentes conceitos hoje estudados pela área de saúde do trabalhador Na epidemiologia das doenças do trabalho risco é o conceito central entendido como probabilida de medida de exposição situação ou fator que determinam efeitos adversos10 Além de ser um conceito teórico risco é uma noção instrumental fundamental para a vigilância em saúde pois como refere Machado10 a identificação consen sual de um modelo de determinação do agravo per mite a concepção de estratégias de intervenção e até a legitima No caso da saúde dos policiais no entanto risco é mais que uma medida de expo sição ou dispositivo técnico é um conceito estru turante da própria profissão Trabalhamos também conjuntamente com as noções de adoecimento físico de sobrecarga de trabalho e de sofrimento psíquico11 indicando ele mentos físicos químicos mecânicos fisiológicos e emocionais que interagem dinamicamente entre si e com o corpo do trabalhador Mas agregamos também as noções de mecanismos de defesa e de resistência individuais e coletivos pois conside ramos que às pressões do trabalho e às enfermi dades interpõese o indivíduo e o grupo em sua potencialidade própria sendo possuidor da ca pacidade de compreender as situações de risco e perigo de reagir e de superálas Material e método O ponto central desta pesquisa foi o processo de trabalho como lócus de realização de atividades técnicas de relações interpares e hierárquicas de criação de representações e de expressão de sub 2201 Ciência Saúde Coletiva 16421992209 2011 jetividades Metodologicamente utilizamos a es tratégia de triangulação de métodos12 lançando mão concomitantemente de técnicas quantita tivas e qualitativas na abordagem empírica Para a investigação quantitativa adotamos uma amostra aleatória simples por conglomera dos Entendemos como conglomerado a unidade física delegacia academia de polícia batalhão com o seu respectivo grupo de profissionais Uni dades administrativas e operacionais fizeram parte de cada uma das amostras As duas foram calcula das de acordo com listagens oficiais contendo todas as unidades policiais da capital do estado do Rio de Janeiro e o efetivo de cada uma delas especificado segundo cargos Na Polícia Civil selecionamos 38 unidades e 2746 policiais e inves tigamos 39 unidades e 1458 policiais Na Polícia Militar sorteamos 18 unidades e 1700 policiais e conseguimos pesquisar 19 e 1108 agentes O nú mero menor de entrevistados que o previsto no cálculo da amostra se deve a vários motivos gran de inconsistência nas estatísticas de alocação de pessoal fornecidas pelas corporações transferên cias de policiais de uma unidade para outra du rante o período de pesquisa de campo horários variados de trabalho das pessoas sorteadas difi cultando encontrálas realização de atividades imprevistas pelos policiais e grupos selecionados exigindo várias marcações e muitas delas sem su cesso e também recusas por motivos pessoais Os instrumentos de pesquisa foram elabora dos coletivamente e criticados por especialistas ad hoc nas áreas de saúde do trabalhador e de segu rança pública Os questionários aplicados conti nham questões sobre 1 características socioeco nômicas 2 processo e condições de trabalho 3 condições de saúde e 4 qualidade de vida Esse instrumento foi entregue aos policiais em envelope lacrado e autopreenchido anonimamente As variáveis utilizadas para a pesquisa quan titativa foram índice de massa corporal infor mação do profissional sobre peso dividido pela estatura elevada ao quadrado baixo peso 20 kgm2 normal 2024 kgm2 sobrepeso 1529 kgm2 e obesidade 30 kgm2 prática regu lar de atividades físicas frequência com que se exercita pelo menos por vinte minutos nível de colesterol elevado e de pressão arterial informa do por profissional de saúde ao longo da vida problemas de saúde apresentados ou tratados no último ano doenças do aparelho respirató rio digestivo músculos peles e ossos proble mas glandulares e das células sanguíneas siste ma nervoso aparelho urinário doenças trans missíveis visão audição e fala lesões físicas per manentes atendimento emergencial internações hospitalares e cirurgias no último ano Também foi utilizada a escala SRQ20 Self Report Questionnaire desenvolvida por Harding et al13 que mede a existência de sofrimento psí quico ou seja sentimento de malestar inespecí fico com repercussões fisiológicas e psicológicas que podem acarretar limitações severas no dia a dia chegando a se transformar em doença pela sua intensidade e cronicidade A versão aplicada foi validada em português por Mari e Williams14 tendo como ponto de corte 78 de respostas posi tivas para homem e mulher respectivamente No processo analítico utilizamos uma técni ca de expansão da amostra procedimento esta tístico que permitiu cobrir a totalidade da popu lação pesquisada cerca de 11000 policiais civis e 38000 policiais militares15 As análises foram fei tas com o software SPSS versão 100 para descri ção de frequências simples e cruzamento de variá veis No texto essas diferenças apenas são men cionadas quando estatisticamente significativas p05 Para abordagem qualitativa construímos instrumentos como grupos focais entrevista se miestruturada individual e observações de cam po e triangulamos várias perspectivas múltiplos informantes observadores e técnicas de aproxi mação e de compreensão da realidade Na Polí cia Civil fizemos dez entrevistas com gestores dos setores operacional e administrativo e gru pos focais com 51 profissionais 40 homens e 11 mulheres Na Polícia Militar realizamos oito entrevistas sete com gestores de setores operacio nal administrativo e de unidade de saúde e uma com psicóloga de unidade operacional especial além de grupos focais que envolveram 92 poli ciais 84 homens e oito mulheres A pesquisa qualitativa cumpriu as seguintes etapas 1 transcrição e digitação das gravações de entrevistas individuais e grupais 2 atribui ção de códigos aos entrevistados e às pessoas por eles mencionadas 3 leitura compreensiva dos textos transcritos buscando identificar especifi cidades e visão global dos depoimentos 4 ela boração de estruturas de análise agrupando tre chos de depoimentos mais ilustrativos sobre pro cesso de trabalho risco e saúde 5 identificação das ideias centrais presentes nesses eixos 6 iden tificação dos sentidos atribuídos às ideias 7 elaboração de sínteses interpretativas Promovemos um exercício de triangulação dos achados quantitativos e qualitativos ativi dade que atravessou todo o processo de pesqui sa No final procedemos a uma abordagem com 2202 Minayo MCS et al parativa em dois níveis dos estratos dentro da mesma corporação operacionais e administra tivos e entre as duas corporações entre si civis e militares Desse processo foram obtidas novas sínteses interpretativas em torno de cada eixo te mático segundo especificidades e interseções en tre as duas forças policiais A pesquisa cumpriu todos os prérequisitos éticos exigidos pelo Con selho Nacional de Saúde do Brasil tendo sido aprovada por um Comitê de Ética em Pesquisa Apresentação dos resultados Problemas e riscos quanto à saúde física Na Tabela 1 constatamos que nas duas cor porações há 60 ou mais profissionais acima do peso ideal e os policiais militares apresentam um quadro de maior gravidade A obesidade observada com maior frequên cia em policiais militares constitui relevante fa tor de risco que se associa à morte por hiperten são ao aumento do colesterol e do açúcar san guíneo Assinalamos que a medida do peso cor poral dos policiais civis e militares é 32 supe rior à média da população brasileira segundo a Pesquisa Nacional sobre Saúde e Nutrição16 a prática de atividade física também é menor do que a encontrada entre vários grupos profissio nais17 e inclusive do que a observada em policiais de outros estados brasileiros18 Perguntamos aos entrevistados sobre a prá tica regular de atividades físicas e sobre seu con dicionamento físico seja com a finalidade de melhorar a saúde seja com fins estéticos A prá tica de exercícios foi mais destacada por policiais militares 514 em frequência igual ou superior a uma vez na semana E um em cada quatro não realiza nenhum tipo de atividade física regular Entre os policiais civis o sedentarismo está ainda mais presente Tabela 2 A vida sedentária des ses agentes ocupa um papel decisivo no seu adoe cimento uma vez que compromete danosamen te sua energia rouba sua vitalidade e sua eficiên cia profissional Embora não tenhamos realizado avaliação clínica e procedido a exames laboratoriais dos pesquisados algumas respostas dão indício de problemas de saúde 31 dos policiais civis e 261 dos policiais militares já foram alertados por médicos de que têm níveis elevados de coles terol p001 Esse problema entre os policiais está associado a elevado nível de massa corporal sedentarismo ingesta hipercalórica e hiperlipídi ca e estresse vivido no trabalho A grande preva lência de distúrbios gastrintestinais encontrada nos dois grupos se relaciona à baixa qualidade da dieta alimentar e a sintomas psicossomáticos A hipertensão que atinge atualmente grandes contingentes populacionais no Brasil também é relatada por policiais militares e civis Tabela 3 associada ao alto nível de tensão e estresse no trabalho A frequência dos vários problemas de saúde referidos pelos policiais pode ser constatada na Tabela 3 organizada de forma decrescente Ape nas as questões que tiveram frequência superior a 10 são visualizadas Constatamos que os três principais proble mas de saúde são os mesmos em ambas as cor porações predominando dores no pescoço cos tas ou coluna distúrbios de visão miopia astig matismo vista cansada e outros e dores de ca beça e enxaquecas Os dois primeiros sintomas são mais comuns entre os policiais civis e o últi mo entre os policiais militares Tanto os policiais militares como os civis nos grupos focais referiram ainda que muitos são afetados também por doenças que ocorrem na população em geral por causa do contato muito próximo sobretudo com presos sarna e con juntivite entre outras Tabela 2 Distribuição proporcional dos policiais civis e militares segundo a frequência de atividades físicas Frequência de atividades físicas Quatro ou mais vezes por semana Uma a três vezes por semana Três vezes por mês a poucas vezes no ano Não pratica atividade física Civil 79 282 175 464 Militar 131 383 238 248 p001 Tabela 1 Distribuição proporcional dos policiais civis e militares segundo o índice de massa corporal Índice de massa corporal Abaixo do peso Normal Sobrepeso Obeso Civil 35 373 417 175 Militar 19 303 483 195 p001 2203 Ciência Saúde Coletiva 16421992209 2011 Os agravos osteomusculares têm posição re levante na saúde desses agentes Entre os polici ais militares predominam dores no pescoço cos tas ou coluna torção ou luxação de articulação e outros agravos relativos a músculos Os poli ciais civis relatam maior frequência de bursites artrites e reumatismos Constatamos tendência similar nas duas corporações para alergias e pro blemas de pele A predominância de lesões sobre músculos ossos e pele está diretamente relacio nada ao exercício profissional O gestor de saúde da Polícia Militar refere que a maioria dos pedi dos de licença médica se deve a problemas de ortopedia porque a natureza da profissão exige que os policiais corram saltem deem tiro por isso sofrem frequentes traumas físicos Em se guida aos agravos ortopédicos as intervenções neurocirúrgicas as enfermidades cardiovascula res e as demandas de clínica geral são os princi pais motivos para afastamento do trabalho Os problemas de saúde apresentados nas corpora ções foram encontrados em outras pesquisas como as de Bourguignon et al5 e Rodrigues19 Na abordagem qualitativa os policiais rea firmaram os dados obtidos dos questionários acrescentando o envelhecimento precoce como uma das resultantes de sua vida de trabalho Um oficial militar participante de um grupo focal comentou A sobrecarga vai causando um envelhecimen to precoce no homem Nós temos muitos policiais hipertensos e com problema de coluna pelo peso do armamento Hoje ele leva duas armas curtas de um quilo duas pistolas mais um fuzil de pouco mais de três quilos dois carregadores de um quilo cada um mais um colete Ele acrescenta pelo me nos mais quatro quilos ao corpo dele Quatro qui los para alguém que a cada dois dias está transpor tando isso uma noite inteira o dia inteiro Problemas de visão audição e fala são res ponsáveis por quatro tipos de agravos nos ór gãos dos sentidos listados na Tabela 3 Os poli ciais militares têm mais distúrbios nos ouvidos e os civis nos olhos Quanto ao sistema digesti vo ambos os grupos reclamam de gastrite crô nica e de desconforto por indigestão Esses dis túrbios se relacionam com dieta inadequada e com estressores ambientais e profissionais Os maiores riscos à saúde se encontram nas atividades de confronto das duas corporações Todos se referem à elevada frequência de feri mentos à bala e fraturas que necessitam de cirur gia como danos do confronto resultantes da atividade diária de combate ao narcotráfico se gundo disseram vários gestores operacionais Os acidentes de trabalho também são frequentes os policiais aqui estão envolvidos em combate diari amente e os problemas que eles mais sofrem são os danos referentes a esses confrontos são ferimentos por projéteis de arma de fogo e fraturas comenta um dos comandantes de um batalhão Para o gestor de saúde da Polícia Militar as lesões por arma de fogo os traumas e a hipertensão são adoecimentos inerentes à profissão O alto nível de tensão no trabalho que gera hipertensão atin ge também grandes contingentes dos policiais civis embora em menores proporções Os depoi mentos dos policiais coincidem com os dados que encontramos nos questionários As vivências do trabalho de confronto osten sivo se manifestam na frequência e nos tipos de lesões físicas As mais comuns são as deformida des permanentes de membros inferiores e supe riores e podem ser visualizadas na Tabela 4 Um total de 162 dos policiais das duas corpora ções tem lesões físicas permanentes 171 entre militares e 93 entre civis p001 A maioria Tabela 3 Problemas de saúde de policiais civis e militares mais apresentados ou tratados no último ano Problemas de saúde Dores no pescoço costas ou coluna Defeito na visão Dores de cabeça frequentes enxaquecas Outro problema do aparelho reprodutivo mulheres somente Torção ou luxação de articulação Deficiência auditiva em um ou ambos os ouvidos Rinite alérgica Sinusite Outro problema de músculos ou tendões Hipertensão arterial Alergia de pele dermatite alérgica urticária Outro problema de audição em um ou ambos os ouvidos Outro problema de ossos ou cartilagens Gastrite crônica Indigestão frequente Dengue Outro problema com os olhos Constipação frequente Outro problema de pele Artrite ou qualquer outro tipo de reumatismo Bursite Civil 420 502 276 123 183 112 234 196 170 161 151 48 102 142 106 180 90 116 94 148 110 Militar 388 361 318 249 238 237 224 204 185 174 160 143 134 127 121 109 108 106 103 92 86 p05 p005 p001 2204 Minayo MCS et al dos policiais militares atribui à atividade profis sional a causa dessas lesões 809 entre os policiais civis essa associação cai para 282 p001 Muitos também sofrem incapacidade tem porária No último ano estudado por nós 216 dos policiais militares e 67 dos civis 67 p001 tiveram que ser afastados do trabalho por esse motivo Outro indicador importante dos riscos vividos no trabalho foi a necessidade do atendimento de emergência que nos últi mos 12 meses também foi muito elevado 449 entre militares e 41 entre civis p006 necessi taram desse tipo de cuidado assim como as internações hospitalares que no último ano atin giram 143 dos militares e 164 dos civis p003 É importante ressaltar que elevadas proporções de policiais civis e militares sofreram cirurgias no último ano 49 passaram por uma e 18 por mais de uma Muitas dessas interven ções estão vinculadas a acidentes de trabalho ou são consequências das atividades profissionais Informações sobre o forte impacto das ativi dades laborais sobre a saúde dos policiais já ha viam sido apresentadas por Souza e Minayo em 20052 tomando como base as informações so bre hospitalizações As internações motivadas por agressões sofridas em confronto correspon deram à taxa de 010 por mil habitantes na po pulação geral e a 034 por mil na população mas culina As taxas de lesões e traumas por agres sões não fatais foram de 929 para a Polícia Mili tar nesse mesmo ano Comparativamente a taxa de morbidade hospitalar da Polícia Militar em 2000 foi 9290 vezes maior que a da população da cidade do Rio de Janeiro e 2732 vezes a da popu lação masculina do Brasil indicando a vulnera bilidade dos agentes que atuam nas ruas Em ambos os grupos os policiais ressalta ram o que mais temem seu afastamento defini tivo do trabalho por invalidez provocada por agravos ou lesões antes de completar os trinta anos de carreira quando poderiam se aposen tar Geralmente os que ficam incapacitados de forma temporária ou permanente para as ativi dades típicas são encaminhados para atuação interna e administrativa muitas vezes com pre juízo de promoções e aumento do soldo Esse temor tem fundamento em dados concretos Na citada pesquisa Souza e Minayo2 encontraram acelerado crescimento de incapacitados físicos permanentes e temporários no período de 2000 a 2004 no Rio de Janeiro Em 2000 foram 1118 praças e 79 oficiais e em 2004 3450 praças e 211 oficiais nessa situação No caso estudado desta camos que o incremento atinge os dois círculos da corporação militar E também que ocorrem diferenças abissais quanto ao crescimento pro porcional das vítimas 1665 de oficiais e 2275 de praças no referido período São também mui to elevados os dados referentes aos policiais ci vis de 1994 a 2004 foram aposentados no Rio de Janeiro por laudo médico 594 desses profissio nais tendo diagnóstico de lesões temporárias e permanentes como uma das principais causas2 Problemas psicossociais relações entre saúde física e mental A relação entre adoecimento físico sobrecar ga de trabalho e sofrimento psíquico é claramente identificada entre os servidores das duas corpo rações No entanto observamos maior intensi dade de sofrimento psíquico sintomas psicos somáticos depressivos e de ansiedade entre po liciais militares 336 em relação aos civis 203 p001 As expressões de sofrimento podem ser visualizadas na Tabela 5 Elas são tam bém mencionadas pelo comandante geral de saú de quando fala do grande número de licenças concedidas por motivos de distúrbios psiquiá tricos embora existam muitas restrições dos che fes de unidades para liberar seus subordinados para obterem tratamento por esses motivos Oficiais disseram nas entrevistas que as queixas de sofrimento psíquico têm o intuito de conse guir dispensa do serviço por isso a atenção so bre esses problemas não constitui prioridade da corporação Percentual significativo de profissionais infor ma dormir mal sentirse nervoso triste e Tabela 4 Distribuição proporcional dos policiais civis e militares segundo os tipos de lesões físicas permanentes Tipos de lesões físicas permanentes Deformidade permanente ou rigidez constante de pé perna ou coluna Deformidade permanente ou rigidez constante de dedo mão ou braço Paralisia permanente de qualquer tipo Dedo ou membro amputado Incapacidade para reter fezes ou urina Seio rim ou pulmão retirado Outra incapacidade Civil 34 39 08 04 03 04 15 Militar 77 52 20 15 14 11 65 p05 p005 p001 2205 Ciência Saúde Coletiva 16421992209 2011 cansado tornando mais penosa a realização de suas atividades profissionais Na visão dos policiais operacionais sobretu do os que compõem o grupo das praças na Polí cia Militar o ciclo mais baixo na hierarquia os mesmos fatores responsáveis pela sua péssima qualidade de vida afetam sua saúde ter dois empregos trabalhar noite e dia ficar 12 horas na rua tendo comido apenas uma refeição traba lhar sob pressão ter que ficar alerta e dormir pouco Os policiais civis também associam a bai xa qualidade de vida às condições e situações do trabalho As escalas de trabalho de oito por 12 horas são consideradas pelos entrevistados como alta mente desgastantes Dentre os agravos advindos desse regime os policiais destacam irritabilida de insônia e envelhecimento precoce citados também nos dados quantitativos São muito mais afetados os que têm escala de 24 horas porque sabem que um cochilo significaria mui tas vezes a vida deles gestor operacional Se gundo os policiais das duas corporações o ex cesso de trabalho somado às poucas horas de sono e repouso é responsável pela fadiga e pelo cansaço Por isso consideram que seu trabalho é fonte de estresse e gerador de enfermidades Essa visão atravessa os estratos e setores administra tivos e operacionais Entre os efeitos do não cuidado com as situa ções de estresse e de sofrimento mental destaca mos as formações reativas sobretudo nos ca sos em que os policiais cometem violências ou assistem a cenas de violência que redundam em mortes Uma delas é a banalização das intercor rências outra é o tratamento jocoso dos episó dios de confronto como bem esclarece o depoi mento de um gestor operacional da Polícia Mili tar Há uma carga de anormalidade muito grande que nós naturalizamos como normal Eu volto a viatura toda furada e eles rindo Falam assim Puxa vida Quase pegou você Outra ainda é a fuga das situações de risco reais ou imaginárias como é comentado por um entrevistado Um policial operacional faltou ao serviço e ao retor nar recebeu a punição de ficar seis dias detido Ao ser questionado pelo absenteísmo pelo supe rior retrucou Tudo bem eu faltei aquele dia por que tive um feeling de que eu ia morrer pelo me nos não morri Fico preso mas não morri Nesse sentido Anderson et al20 estudando as relações entre agravos físicos e psicológicos em policiais no desempenho de sua atividade constataram que eles sofrem estresse físico e psicológico ante cipado quando saem para o trabalho embora os maiores níveis de estresse psicológico ocor ram antes e durante os incidentes críticos O gestor da área de saúde da corporação militar ressalta que um psicólogo é orientado a acompanhar o policial quando porventura ele é baleado Mas essa é uma atividade recente como também é ainda uma novidade o cargo de psi cólogo militar Os policiais não estão acostu mados com atendimento psicológico havendo muito preconceito em relação aos que procuram apoio como se eles estivessem admitindo que estão se tornando loucos Em resumo a atividade profissional é repre sentada pelos agentes de segurança pública de forma dialética A maioria a considera como fonte de prazer e de satisfação os policiais gostam de sentir esse medo essa adrenalina disseram al guns dos civis num grupo focal Até o estresse é citado de forma positiva como fonte de excita ção para a realização do trabalho No caso da Polícia Militar os mais jovens que estão há me nos tempo na corporação e fazem atividades os tensivas gostam do enfrentamento falam dele com entusiasmo O sentimento de prazer e de Tabela 5 Distribuição proporcional dos policiais civis e militares segundo os sintomas de sofrimento psíquico que ocorrem atualmente Sintomas de sofrimento psíquico Dorme mal Nervosoa tensoa ou agitadoa Sentese triste Sentese cansado o tempo todo Dores de cabeça frequentemente Dificuldade para realizar com satisfação suas atividades diárias Cansase com facilidade Falta de apetite Má digestão Assustase com facilidade Tem sensações desagradáveis no estômago Tem perdido o interesse pelas coisas Dificuldade de pensar com clareza Dificuldade no serviço o trabalho é penoso e causa sofrimento Dificuldade para tomar decisões Tremores na mão Chorado mais que o costume Incapaz de desempenhar um papel útil na vida Sentese uma pessoa inútil sem préstimo Tem tido ideia de acabar com a vida Civil 395 488 336 249 249 245 272 96 236 162 208 184 163 84 152 91 128 332 57 33 Militar 535 475 390 355 353 343 340 146 262 256 234 227 224 204 194 166 136 91 90 50 p05 p005 p001 2206 Minayo MCS et al amor à profissão é verdadeiro e o captamos na pesquisa se lhes fosse dado escolher de novo mais de 70 dos membros de ambas as corpo rações escolheriam outra vez a mesma profis são No entanto esse sentido de pertença é con traposto ao ressentimento pela falta de reconhe cimento social o que segundo os policiais mais os aflige A verdade é que o policial ama a polícia e ama a corporação disse um praça num grupo focal acrescentando O policial é apaixonado pela Polícia Militar mas a Polícia Militar não gosta dele Tanto não gosta que os nossos governantes não o valorizam Assim a maioria considera o trabalho também como fonte de sofrimento e de adoecimento De várias formas assinalam que o estresse é responsável por doenças subjetivas não reconhecidas pelo médico clínico tais como as enxaquecas e as dores de estômago Dizem que por se tratar de sintomas subjetivos não são le vados em consideração pelas chefias e não são tomados a sério quando eles se queixam Discussão dos resultados Destacamos inicialmente que limitações de or dem metodológica são comuns às investigações realizadas com a polícia em todo o mundo espe cialmente no Brasil seja pelas restrições ao aces so a informações por parte das corporações seja pelo receio que os policiais têm de serem prejudi cados quando informam sobre si próprios No entanto a reflexão apresentada neste artigo ten ta superar em parte as muitas limitações na medida em que combina dados quantitativos e qualitativos e os confronta com os achados da literatura nacional e internacional Os resultados deste estudo indicam 1 que as corporações policiais se destacam da popula ção em geral e de outras categorias profissionais pela pesada carga de trabalho e sofrimento justifi cando portanto seu maior desgaste físico e men tal 2 que as diferentes ações e condições de traba lho das duas corporações influenciam suas dife rentes formas de adoecer 3 que o sofrimento psíquico derivado das condições e situações de tra balho é muito pouco considerado nos cuidados de saúde oferecidos pelas corporações 4 que os policiais operacionais estão mais suscetíveis aos riscos e aos agravos provenientes do trabalho De modo geral o sofrimento físico e mental é resultante do conjunto de situações vivenciadas no cotidiano do trabalho Nesse contexto identi ficamos fatores que associam problemas de con dições e organização ocupacional entre eles es casso treinamento e falta de planejamento das atividades com excessiva jornada de trabalho pouco tempo para descanso e lazer precárias con dições materiais e técnicas e baixos salários4152122 Do ponto de vista físico poderíamos escalo nar os agravos à saúde dos policiais em três ní veis Em primeiro lugar os que dizem respeito às chamadas causas externas que correspondem ao número de lesões incapacitantes temporárias e permanentes ocorridas por questões profissio nais e que ocorrem dentro e fora das corpora ções Em segundo lugar os que se referem a seu estilo de vida como alimentação desbalanceada irregularidade de rotina de sono sedentarismo e isolamento social Em terceiro lugar os que com binam os riscos das atividades com o estilo de vida sobretudo os distúrbios osteomusculares grastrintestinais e as enfermidades crônicode generativas destacandose as enfermidades car diovasculares Nosso trabalho mostra a conver gência entre problemas médicos com sintomas de sofrimento mental o que é confirmado pela literatura internacional Estudos como os de Mohr et al23 CDC24 e Cheenan e Van Hasselt25 corroboram nossos achados destacando as condições de maior vul nerabilidade desses profissionais em relação à população em geral Numa convergência de diag nóstico esses autores indicam a confluência de fatores que contribuem para elevadas taxas de adoecimento Citam especificamente problemas gastrintestinais hipertensão arterial doenças coronárias mudança de padrão de alimentação e maior exposição a acidentes Cheenan e Van Hasselt25 chamam a atenção ainda para a con fluência de sintomas físicos com pensamentos intrusivos desordem póstraumática alcoolis mo uso abusivo de drogas mudanças nas res postas emocionais assalto de pesadelos estado de hipervigilância e dificuldades para dormir No mesmo sentido Gershon et al26 e Vena et al27 ressaltam elevadas taxas de suicídio e de tentati vas de suicídio risco de neoplasias combinadas câncer digestivo e de tecidos linfáticos arteri osclerose e doenças do coração entre policiais americanos A pesquisa de Harpold e Feemster28 confirma os estudos de Vena et al27 evidencian do nesse grupo de trabalhadores maior susceti bilidade ao adoecimento por câncer enfermida des do coração hipertensão dores de cabeça insônia dores crônicas nas costas e nos pés pro blemas sexuais e reprodutivos que também cita mos em nossa pesquisa Em 2005 indagandose sobre as lacunas das pesquisas americanas a respeito da saúde mental 2207 Ciência Saúde Coletiva 16421992209 2011 dos policiais Kelley29 usou um instrumento de medição para avaliar as condições de 179 desses profissionais A pesquisa convergiu com a de Gershon et al26 evidenciando altas taxas de es tresse ocupacional excessivo descontrole emocio nal doenças físicas associadas e alcoolismo bai xa expectativa de vida e envelhecimento precoce No entanto além dos agravos já repetidamente citados Kelley29 acrescentou que são comuns nes se grupo a prática de violência doméstica e gran de quantidade de divórcio e confirmou a forte incidência de suicídio e de tentativas problemas já assinalados por Vena et al27 e Gershon et al26 em proporções e severidade muito mais elevadas que na população em geral O estudo de Gershon et al26 avança na dis cussão das especificidades dos agravos à saúde dos policiais ressaltando a importância do es tresse cumulativo de cunho laboral Por meio de uma pesquisa com policiais americanos acima de cinquenta anos esses autores mostram efei tos associados que se manifestam em comporta mentos de inadequação como alcoolismo joga tina descontrolada comportamento agressivo maior exposição a acidentes ansiedade insônia hipervigilância sintomas de estresse póstrau mático episódios de explosão emocional e dores crônicas Tudo isso converge para o envelheci mento precoce É bem verdade que os dados sobre a articula ção entre problemas físicos e sofrimento mental precisam ser vistos com cautela uma vez que ain da são escassas as fontes para comparação To davia a relevância do tema fica explícita na de manda insistente dos policiais para que as cor porações instituam formas eficazes e bem elabo radas de apoio psicossocial para seus membros Conclusões Estrategicamente é importante perguntar no fi nal deste artigo se seria possível aos policiais desenvolver outro estilo de vida ou melhorar as condições atuais que lhes geram tantos efeitos deletérios à saúde Os dados comparativos com outros países que apresentamos aqui nos mostram que exis tem problemas comuns ao exercício das ativida des policiais Do ponto de vista físico obesidade agravos gastrintestinais hipertensão arterial doenças coronarianas e o desenvolvimento de alguns tipos de câncer dentre outros agravos são alguns que os acometem de forma muito mais acentuada e em proporções muito mais ele vadas do que na população em várias partes do mundo Em alguns países como é o caso do Bra sil e especificamente no Rio de Janeiro também as taxas de mortalidade e de morbidade por cau sas externas são muito superiores entre os poli ciais do que as que se referem à população como um todo e a qualquer outro grupo específico Do ponto de vista emocional os estudos internacio nais e também o nosso reafirmaram os efeitos do risco e do desgaste sobre o psiquismo dos policiais resultando em alcoolismo e drogadic ção insônia estado de hipervigilância aumento da agressividade ou embotamento da sensibili dade levando a dificuldades conjugais e à violên cia intrafamiliar e perpetração tentativa ou idea ção de suicídio Ressaltamos que os casos de sui cídios ou de tentativas entre os policiais do Rio de Janeiro necessitariam de um estudo muito mais específico pois apenas pudemos assinalar esse ponto numa escala de sofrimento mental Por fim ressaltamos com apoio em várias pes quisas internacionais que na medida de seu enve lhecimento o policial acumula efeitos associados ao estresse laboral como inadequação de com portamento como alcoolismo jogatina descon trolada comportamento agressivo maior expo sição a acidentes ansiedade insônia explosões emocionais e vários tipos de dores crônicas Tudo isso converge para o envelhecimento precoce Hoje o tema relativo à saúde dos policiais no chamado mundo desenvolvido de certa forma ultrapassou o diagnóstico e entrou numa fase de proposições sobre o tipo de condições técnicas relacionais subjetivas e de qualidade de vida que o Estado precisa lhes proporcionar reformando suas instituições e valorizando seu trabalho Em vários países existem programas de avaliação e de reforma institucional e de apoio social e emo cional a esses profissionais pilares das institui ções democráticas No caso dos policiais do Rio de Janeiro estamos num patamar ainda inferior ao de muitas regiões do mundo Cumprimos ain da a fase da análise situacional Entendemos que evidenciar os problemas concretos de saúde físi ca e mental desses servidores permitirá a suas corporações traçar planos de ação que valori zem seus membros na prática mediante uma crítica corajosa aos processos de trabalho às condições gerais de prestação de serviços e à si tuação de sua vida fora da instituição Ressaltamos ainda que se algum plano de ação transformadora for realizado pelas corpo rações policiais a favor de seus membros é fun damental destacar a importância da participa ção deles São eles que reconhecem a despeito de 2208 Minayo MCS et al toda sofisticação técnica as sutis diferenças exis tentes entre o trabalho prescrito e o trabalho real e todos os processos que explicam seu adoeci mento São essas brechas que devem ser modifi cadas para obtenção de resultados promissores visando à segurança da pessoa que cuida de nos sa segurança pública Colaboradores MCS Minayo SG Assis e RVO Carvalhaes parti ciparam igualmente de todas as etapas da elabo ração do artigo Referências Silveira NM Vasconcellos SJL Cruz LP Kiles RF Silva TP Castilhos DG Gauer GJC Avaliaçao de burnout em uma amostra de policiais civis Rev Psiq RS 2005 27159163 Souza ER Minayo MCS Policial risco como pro fissão morbimortalidade vinculada ao trabalho Cien Saude Colet 2005 104917928 Aldé L Ossos do ofício processo de trabalho e percep ções de saúde no Instituto MédicoLegal do Rio de Janeiro dissertação Rio de Janeiro Escola Nacio nal de Saúde Pública Sergio Arouca Fundação Oswaldo Cruz 2003 Minayo MCS Souza ER Missão investigar entre o ideal e a realidade de ser policial Rio de Janeiro Garamond 2003 Bourguignon DR Borges LH Brasil APR Fellipe EV Milanezi EL Cazarotto JL Análise das condi ções de trabalho e saúde dos trabalhadores da Po lícia Civil no Espírito Santo Revista Brasileira de Saúde Ocupacional 1998 2495113 Monteiro MC Biscaia JR Amorim CA Valle B O sedentarismo na Polícia Militar do Paraná Fisioter Mov 1998 11930 Peixoto ECS Cunha AA Chaves EL As cardiopa tias no pessoal da ativa da Polícia Militar do estado do Rio de Janeiro sua influência na capacidade laborativa e reforma do policial militar Rev Socerj 1994 72633 Marx K O capital crítica da economia política Rio de Janeiro Civilização Brasileira 1968 Dejours C Abdoucheli E Jayet C Psicodinâmica do trabalho contribuições da escola dejouriana à análise da relação prazer sofrimento e trabalho São Paulo Atlas 1994 Machado IMH Processo de vigilância em saúde do trabalhador Cad Saude Publica 1997 13Supl2 3345 Laurell AC Noriega M Processo de produção e saú de trabalho e desgaste operário São Paulo Hucitec 1989 Minayo MCS Assis SG Souza ER Avaliação por triangulação de métodos abordagem de programas sociais Rio de Janeiro Editora Fiocruz 2005 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 2209 Ciência Saúde Coletiva 16421992209 2011 Harding TW Arango MV Baltazar J Climent CE Ibrahim HHA LadridoIgnacio L Mental disor ders in primary health care a study of their fre quency and diagnosis in four developing countries Psychological Medicine 1980 10231241 Mari JJ Williams P A validity study of a psychiatric screening questionnaire SRQ20 in primare care in the city of São Paulo British Journal of Psychiatry 1986 1482326 Minayo MCS Souza ER Estudo comparativo sobre riscos profissionais segurança e saúde ocupacional dos policiais civis e militares do estado do Rio de Janei ro relatório de pesquisa Rio de Janeiro Claves 2005 documento na Internet acessado 2009 mar 22 Disponível em httpwwwmjgovbrsenasp p e s q u i s a s a p l i c a d a s a n p o c s p r o j a p r o v estcompsobmariapdf Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IBGE Pesquisa de orçamentos familiares 20022003 análise da disponibilidade domiciliar de alimentos e do estado nutricional no Brasil Rio de Janeiro IBGE 2004 Beltrão IK Duchiade MP Chor D Valente J Fon seca MMJ Andrade CR Lima JM Pesquisa de saú de dos associados da Cassi relatório de pesquisa Rio de Janeiro IBGEFiocruz 1996 Arruda L O trabalho de praças policiais militares reservistas em Fortaleza fator contributivo de quali dade de vida dissertação Fortaleza Universidade Estadual do Ceará 2000 Rodrigues G As representações sociais do trabalha dor policial militar sobre a sua instituição uma con tribuição da enfermagem para a saúde mental do tra balhador dissertação Rio de Janeiro Centro de Ciências Biológicas e da Saúde Universidade do Estado do Rio de Janeiro 2000 Anderson GS Litzenberger R Plecas D Physical evidence of police officer stress Policing an inter national journal of police strategies management 2002 25399420 Soares LE Ribeiro CAC SÉ JTS Rodrigues JAS Car neiro LP Mapeamento da criminalidade letal In Soares LE Violência e política no Rio de Janeiro Rio de Janeiro Relume Dumará Iser 1996 p 217242 13 14 15 16 17 18 19 20 21 Muniz J Ser policial é sobretudo uma razão de ser cultura e cotidiano da Polícia Militar do Rio de Janei ro tese Rio de Janeiro Instituto Universitário de Pesquisa do Rio de JaneiroUniversidade Candido Mendes 1999 Mohr D Vedantham K Neylan T Metzler TJ Best S Marmar CR The mediating effects of sleep in the relationship between traumatic stress and health symptoms in urban police officers Psychosom Med 2003 65485489 Centers for Disease Control and Prevention Health hazard evaluation of police officers and firefighters after Hurricane Katrina New Orleans Louisiana October 1728 and November 30December 5 2005 MMWR Morb Mortal Wkly Rep 2006 55456458 Cheenan DC Van Hasselt VB Precoce identifica tion to reaction of Police stress FBI Law Enforce ment Bulletin 2003 121217 Gershon RRM Lin S Li X Work stress in aging police officers Journal of Occupational Environ ment Medicine 2002 44160167 Vena JE Vilanti JM Marshall J Fiedler RC Mor tality of a municipal worker cohort III Police of ficers Am J Ind Med 1986 10383397 Harpold JA Feemster SL Negative influences of Police stress FBI Law Enforcement Bulletin 2002 116 Kelley TM Mental health and prospective police professionals Policing an International Journal of Police Strategies Management 2005 28629 Artigo apresentado em 20022008 Aprovado em 09042008 Versão final apresentada em 11042008 22 23 24 25 26 27 28 29