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Economia ·

Matemática Financeira

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12 12 A economia e o ciclo do café no Segundo Reinado A economia e o ciclo do café no Segundo Reinado HISTÓRIA DO BRASIL IMPÉRIO Jair Silveira Cordeiro A economia e o ciclo do café no Segundo Reinado Objetivos de apren dizagem A o f i n a l d e s t e t e x t o v o c ê d e v e a p r e s e n t a r o s s e g u i n t e s a p r e n d i z a d o s Identificar as condições econômicas e sociais que originaram o ciclo do café no Brasil Apontar as diferentes características das regiões produtoras de café Explicar o papel da mão de obra imigrante e africana nas fazendas de café Introdução A e x p a n s ão do i m p é r i o f r a n c ê s s ob a l i d e r a nç a de N a p o l e ão B o n a p a r t e contra o reino de Portugal na primeira década do século XIX resultou na fuga da Coroa portuguesa para a sua colônia brasileira o que alterou o t i p o de r e l aç ão c o l o n i a l e n t r e P o r t u g a l e B r a s i l N o â m b i t o p o l í t i c o a c h e gada da Coroa portuguesa possibilitou o acesso de novos setores sociais ligados à agricultura agroexportadora e à alta administração da Corte ao n ú c l e o d e c i s ór i o do p o d e r n a e s f e r a e c onô m i c a a a b e r t u r a d o s p o r t o s br a s i l e i r o s ao c om é r c i o i n t e r n a c i o n a l e m 1 8 0 8 e a f or m aç ão do T r a t a do de Comércio e de Amizade com a Inglaterra aniquilaram o monopólio m e r c a n t i l p o r t u g u ê s c o m o B r a s i l o q u e a m p l i o u s u a a t iv i d a d e e c onô m i c a e n a s e a r a s o c i a l c om o s u r g i m e n t o de n o v o s g r u p o s s o c i a i s q ue p a s s a r a m a a t u a r e m p r o l d o s s e u s i n t e r e s s e s c om o p e q u e n o s c om e r c i a n t e s t r a b a l h a do r e s d a a d m i n i s t r a ç ã o d e s p a c h a n t e s e f i n a n c i s t a s a l é m d o s g r a nde s p r opr i e t á r i o s d e t e rr a s e d o s e s c r a v o s a t o r e s c e n t r a i s n o m o de l o p r o d u t i v o a g r o e x p o r t a do r e s c r a v i s t a p r e p ond e r a n t e a t é e n t ã o a e s t r u t u r a s o c i a l s e t or no u m a i s c o m p l e x a T a i s t r a n s f or m a ç õ e s p r o d u z i r a m a r u p t u r a entre as elites portuguesa e brasileira resultando na independência do B r a s i l e m 1 8 22 A m o n a r qu i a e s t r ut u r o u s e e c o n o m i c a m e n t e n a a m p l i a ç ão d a c u l t u r a a g r o e x p o r t a dor a do c a f é b a s e a d a n o i n í c i o n o t r a b a l h o e s c r a v o e d e p o i s n o t r a b a l h o d o s i m i g r a n t e s e u r o p e u s o q ue p e r m i t i u a a c u m u l a ç ão de c a pi t a l s u f i c i e n t e p a r a a i n v e r s ão de i n v e s t i m e n t o s p r o p o r c i o n a ndo o d e s e n v o l v i m e n t o do c a p i t a l i s m o i n d u s t r i a l br a s i l e i r o N e s t e c a p í t u l o v o c ê e s t u d a r á de f or m a o b j e t iv a c omo o d e s e n v o l vimento do ciclo do café colaborou para a estruturação social do Brasil du r a n t e o S e g u ndo R e i n a d o a p a r t i r d a c a r a c t e r i z aç ão d a s r e g i õ e s p r o dutoras e das formas de inserção do trabalho imigrante na produção do café em substituição à mão de obra escrava Exílio da corte portuguesa e as transformações econômicas e sociais no Brasil As primeiras décadas do século XIX foram marcadas por fatos políticos e econômicos que transformaram profundamente o transcurso histórico do Brasil e de Portugal A Revolução Industrial na Inglaterra e o projeto expansionista da França liderada por Napoleão Bonaparte impactaram drasticamente nas relações entre as metrópoles europeias e as colônias americanas estruturadas em um regime de monopólio comercial e de privilégios tributários que atendiam aos interesses das metrópoles E isso não foi diferente na relação entre Portugal e Brasil A ameaça de invasão das forças militares francesas em Portugal fez com que a D João VI e sua Corte fugissem para o Brasil em 1808 alterando definitivamente o padrão da relação colonial Nesse novo cenário restava a D João VI tomar medidas que alavancassem a economia brasileira como ainda em 1808 o decreto à abertura dos portos do Brasil às nações amigas o que representou o fim do monopólio mercantil com Portugal Para Proença 1987 tal medida beneficiou a Inglaterra única nação amiga na época que demandava matériasprimas do Brasil para seu crescente parque industrial O Tratado de Comércio e de Amizade do Brasil com a Inglaterra em 1810 também foi um fato importante em relação à nova política econômica do país já que previu a alteração das taxas aduaneiras em benefício da Inglaterra em detrimento dos demais países inclusive Portugal colocandoa como princi pal parceiro comercial do Brasil De acordo com Proença 1987 a taxação aduaneira sobre os produtos ingleses passou a ser de 15 enquanto para os navios portugueses de 16 e sobre mercadorias estrangeiras transportadas por outros navios estrangeiros de 24 Entre os anos de 1808 e 1820 houve um incremento no movimento no Porto do Rio de Janeiro de 714 dos quais apenas 30 eram de navios portugueses Se em um primeiro momento a entrada de uma grande quantidade de produtos a preços sem concorrência fez baixar o custo de vida no Brasil depois o cenário se alterou quando os desequilíbrios na balança comercial se acentuaram Ainda conforme Proença 1987 isso se deu pelo baixo potencial de produção industrial do Brasil e pela concorrência de produtos como o café e o açúcar produzidos em grande escala pelas colônias inglesas impossibili tando ao país manter o nível das exportações em quantidade suficiente para contrabalançar os pagamentos dos produtos que importava O cenário econômico brasileiro não era confortável O crescente déficit na balança comercial em razão do aumento da demanda interna por produtos manufaturados vindos da Inglaterra a perda de espaço no comércio inter nacional dos tradicionais produtos agrícolas açúcar e algodão e a ausência de um produto que pudesse alavancar o comércio internacional estagnaram a economia do Brasil até o surgimento do café produto que passou a ser de grande aceitação no mercado internacional Em paralelo no âmbito político a Revolução do Porto em 1820 foi um evento decisivo para os novos rumos das relações entre Brasil e Portugal já que representou a comoção de importantes setores portugueses quanto às questões política econômica e militar de Portugal durante a estadia de D João VI no Brasil De acordo com Fausto 1996 a revolução ocorreu pela insatisfação com a ausência do rei e dos órgãos do governo em Portugal pelas consequências negativas da liberdade de comércio que beneficiava mais o Brasil em detrimento de Portugal e pela falta de apoio ao exército português Os revolucionários também exigiam o retorno do rei e da Corte a Portugal bem como que a situação colonial com o Brasil voltasse a ser o padrão vigente até a vinda de D João VI ao país Com medo de perder o trono e diante da impossibilidade do retorno ao status quo colonial tradicional pela influência inglesa não restou alternativa a D João VI que não o retorno a Portugal Segundo Fausto 1996 o retorno de D João VI ocorreu em abril de 1821 acompanhado de 4 mil portugueses deixando em seu lugar como príncipe regente seu filho Pedro Tal fato representou uma inflexão na política brasileira pois logo em seguida em 1822 D Pedro com aliados brasileiros declarou a independência do Brasil Figura 1 Foi nesse cenário de transformação política e econômica que a produção cafeeira adquiriu de um lado o status de motor econômico do país que propiciou o acúmulo de capital para o início do desenvolvimento industrial e de outro de sustentação política do Estado Imperial baseado na produção agroexportadora escravista do café liderado pelos grandes proprietários de terras do Vale do Paraíba e do Oeste Paulista Figura 2 Figura 1 Imagem da Independência do Brasil no dia 7 de setembro de 1822 F o nte I nde p endên ci a 2 0 1 7 d o cu m e nt o on li n e F igur a 2 Imig r a n t es it al i a n os t r a b a l ha nd o em uma c o l h e it a d e c afé n o O e s t e P aul i s ta F o nte O s f a z ende ir o s 2 0 2 0 d o cu m e nt o on li n e Importância do café para o desenvolvimento econômico do Brasil no Segundo Reinado Do final do período colonial até o início do Segundo Reinado em 1840 o Brasil passou por situações distintas no âmbito político e econômico Con forme Fausto 1996 no âmbito político o país viveu grandes atribulações como as disputas políticas envolvendo o processo de independência a tentativa de recuperação do trono pelos portugueses a abdicação de D Pedro I e o período das Regências Trina e Una de 1831 a 1840 Já no âmbito econômico passou por um momento de imutabilidade quanto à sua estrutura produtiva apesar de absorver diversos elementos que impactaram na economia ou seja durante esse período enquanto diferentes grupos disputavam a hegemonia do poder política da colônia e do Estado Imperial a base econômica manteve o mesmo suporte ancorado no modelo agroexportador escravista Para Furtado 1984 p 90 a economia brasileira se assentava da seguinte forma Observada em conjunto a economia brasileira se apresentava como uma constelação de sistemas em que alguns se articulavam entre si e outros per maneciam praticamente isolados As articulações se operavam em torno de dois polos principais as economias do açúcar e do ouro Articulada ao núcleo açucareiro se bem que de forma cada vez mais frouxo estava a pecuária nordestina Articulado ao núcleo mineiro estava o hinterland pecuário sulino que se estendia de São Paulo ao Rio Grande No Norte estavam os dois centros autônomos do Maranhão e do Pará Este último vivia exclusivamente da economia extrativa florestal organizada pelos jesuítas com base na exploração da mão de obra indígena O Maranhão se bem constituísse um sistema autônomo articulavase com a região açucareira através da periferia pecuária Nesse cenário surgiu o café como produto agrícola que alavancou a eco nomia brasileira e fundamentou a política imperial até a proclamação da República Segundo Furtado 1984 o café apareceu como uma nova fonte de riqueza para o país na década de 1830 e como principal produto de exportação cuja progressão seguiu firme nos anos seguintes Fruto originário da África o café se espalhou por vários lugares do mundo chegando à Guiana Francesa lugar de onde foi trazido pelo português Francisco de Melo Palheta em 1727 De acordo com Lima 2008 as primeiras sementes foram plantadas no Pará e posteriormente levadas ao Rio de Janeiro por volta de 1760 quando o café passou a ser utilizado no consumo doméstico e cultivado em pequenos pomares e hortas nos arredores da capital da colônia A partir de então o produto começou a ser produzido em grande escala na região do Vale do Paraíba Desenvolvimento da economia cafeeira no Vale do Paraíba O desenvolvimento inicial da produção cafeeira no Brasil se deu no Vale do Paraíba em razão das boas condições climáticas da água abundante da grande extensão de terras e da boa localização geográfica para escoa mento da produção de acordo com Lima 2008 a região é formada por uma grande bacia hidrográfica composta por 57000 km 2 de áreas distribuídas no Rio de Janeiro 306 em Minas Gerais 367 e em São Paulo 237 As condições favoráveis de solo clima topografia e abundantes quantidades de terras virgens disponíveis possibilitaram a plantação em larga escala Além disso Fausto 1996 destaca que a proximidade do porto do Rio de Janeiro mesmo com o transporte precário facilitando o escoamento da produção e os contatos para obtenção de crédito e a compra de mercadorias foram elementos importantes para o sucesso da produção do café na região A região foi ocupada principalmente pelos antepassados dos comerciantes dos pequenos proprietários e dos militares de alta patente ligados à exploração do ouro em Minas Gerais e aos cargos na administração da Corte portuguesa Esses desbravadores da produção cafeeira não chegaram à região de mãos vazias trazendo consigo os capitais acumulados com a mineração do ouro e a mão de obra formada por escravos que trabalharam até o exaurimento da mineração formados por comerciantes da corte aristocratas e burocratas do Reino e do Império que incentivados pelo governo por meio de sementes de café e terras saíram sobretudo da região litorânea para plantar café no Vale FAUSTO 1996 Com essas condições o sucesso da produção cafeeira no Vale do Paraíba seria apenas uma questão de tempo Implementação da fazenda cafeeira e seus personagens A fazenda cafeeira foi constituída no formato tradicional das grandes proprie dades de terra e na utilização da mão de obra escrava nas lavouras Para Lima 2008 a produção do café envolvia principalmente dois atores os fazendeiros do café conhecidos como os barões do café e o negro escravo responsável pelo trabalho nas lavouras Contudo por sua complexidade o ciclo produtivo do café envolvia outros personagens importantes Ainda conforme Lima 2008 também participavam dessa cadeia produtiva o tropeiro responsável pelo escoamento e transporte do café até os portos de embarque o comissário que respondia pelos interesses do fazendeiro na venda do café e os exportadores Além do investimento financeiro os cafezais demandavam o preparo da terra e o plantio a colheita o tratamento o beneficiamento em geral reali zado sem nenhum maquinário e o transporte até a exportação O resultado da produção dependia do trabalho penoso e desgastante feito pelos escravos segundo Fausto 1996 nas lavouras fluminenses um escravo tratava de 4 mil a 7 mil pés de café o que indica que o trabalho era intenso e que o café era pouco cuidado em razão da falta de mão de obra Durante o século XIX muitas vilas e cidades surgiram em virtude do vínculo com a produção cafeeira Entretanto nem todas as localidades pros peraram e algumas perderam a importância ou até mesmo desapareceram na medida em que o processo produtivo se alterou com o passar do tempo Lima 2008 destaca como principais centros produtores de café nesse período as cidades de Resende e Vassouras no Rio de Janeiro Taubaté Pindamonhangaba e Lorena em São Paulo e Juiz de Fora em Minas Gerais E qual era o destino do café produzido Com o mercado interno de consumo ainda em formação a maior parte da produção era destinada ao mercado ex terno sobretudo para os Estados Unidos e a Alemanha países que não tinham relações comerciais com outros grandes produtores de café FAUSTO 1996 O auge do café na região fluminense do Vale perdurou até o momento em que as terras começaram a dar sinais de esgotamento e saturação passando a se tornar improdutivas Isso se deu pelo uso de técnicas inadequadas de plantio e cultivo além do aumento expressivo de falta de mão de obra escrava decorrente das restrições impostas ao tráfico negreiro e da abolição da escra vidão em 1888 Lima 2008 constata que a posse de escravos representava de 40 a 50 do patrimônio dos fazendeiros e as restrições ao tráfico negreiro e o término do fluxo de escravos para os cafezais com a abolição tornaram a derrocada inevitável Enquanto a produção do café entrou em crise no Vale fluminense passou a ser introduzida com bastante intensidade no interior de São Paulo na região chamada de Oeste Paulista na qual o café adquiriu status de ouro negro e se consolidou como o principal produto da economia do Brasil O êxito da produção cafeeira no Oeste Paulista foi possível graças à grande disponibilidade de terras às condições mais favoráveis de solo e de clima para a lavoura à implementação de novas tecnologias arado e despolpador e ao momento histórico vivido no país com a restrição cada vez maior ao acesso de escravos FAUSTO 1996 levando à substituição da mão de obra escrava pelo trabalho livre do imigrante europeu Além disso a capacidade criativa da elite cafeeira em perceber que o setor produtivo precisava de um sistema de transportes adequado para o escoamento da produção a fim de facilitar sua comercialização foi outro fator responsá vel pelo sucesso da indústria cafeeira Para Toledo 2012 essa questão foi expressa na construção da conexão ferroviária SantosJundiaí e no contrato de imigração formulado pela Província de São Paulo possibilitando a vinda de 90 mil europeus em 3 anos para a Província Com boas condições de solo e clima o investimento em tecnologia no sistema produtivo e a mão de obra imigrante abundante e qualificada a produção do café obteve sucesso A produção cafeeira do Vale do Paraíba e do Oeste Paulista produziu uma elite agrária com perfil comercial e empreendedor cujas ações em prol do café deixaram marcas importantes na estrutura política econômica e social brasi leira repercutindo nos momentos históricos posteriores Assim constituiuse uma economia capitalista baseada na formação de núcleos urbanos trabalho livre expansão do comércio da indústria e do sistema de crédito TOLEDO 2012 o que possibilitou aos fazendeiros do café se inserirem na vida política provincial e imperial transformandose na sustentação política e econômica do império Devemos destacar que a vida dos escravos em algumas fazendas cafeeiras não se restringia ao trabalho desgastante das lavouras de café Exemplo disso foi o que a c o nt e c eu na fa z e n da S a n t a C ru z n o R io d e J a n e i ro q u e in ic i a l m e nt e p e r t e n c e r a a os jesuítas onde foi criado o Observatório de Música para ensinar música e canto aos e s c r a v os q ue s e a p r e s e n t a v a m na s so le n i d a des e f e s ti v i d a des o f i cia i s d a c i d a d e S ob r e es s e a s s u nto v er ma i s i n f or m a ç õ es em S c h w a r c z 1 9 9 8 Relevância da imigração para o êxito da economia cafeeira paulista A crise do sistema colonial tradicional entre Brasil e Portugal e o início das Revoluções Industrial na Inglaterra e em outros países da Europa foram fatores importantes para o início das medidas restritivas à utilização de mão de obra escrava no Brasil e nas demais colônias americanas No Brasil a restrição ao tráfico de escravos teve início legalmente em 1807 com o comprometimento de D João VI com a Inglaterra de cooperar nas ações contra o comércio de escravos e na restrição do tráfico negreiro dos seus súditos em territórios africanos sob seus domínios Entretanto ao longo das décadas seguintes o tráfico de escravos permaneceu Como aponta Costa 1998 a falta de controle pela marinha brasileira da entrada dos navios clandestinos e a existência de um mercado consumidor desse produto formado pelos proprietários rurais e principalmente pelos fazendeiros do café retardaram a cessação do ingresso de escravos no país até 1856 O fim do ingresso de escravos no Brasil repercutiu a partir da segunda metade do século XIX com a falta de mão de obra nos cafezais do Vale do Paraíba sobretudo no Oeste Paulista A diminuição dos escravos nas lavouras e a elevada taxa de mortalidade diminuíram ainda mais o número de traba lhadores na lavoura o que passou a exigir dos fazendeiros a criação de uma alternativa à falta de mão de obra Costa 1998 demonstra que a precariedade da vida dos escravos nas lavouras decorrente da má habitação da má nutrição e dos maus cuidados com a saúde repercutiu no alto índice de mortalidade infantil 88 e no tempo de vida útil para o trabalho do escravo em média de 15 anos As restrições ao tráfico negreiro a abolição da escravatura e a alta morta lidade dos escravos levaram os fazendeiros do café a buscarem uma solução alternativa ao déficit de mão de obra nos cafezais E qual foi a solução encon trada E como ela se processou Inicialmente após 1850 o tráfico interpro vincial oriundo das lavouras de açúcar do Nordeste deu conta das demandas da produção do café mas essa solução perdeu fôlego posteriormente Fausto 1996 constata que a partir de 1874 houve um declínio da população escrava em todas as regiões do país em razão da abolição da escravatura e dos altos índices de mortalidade entre os escravos A solução definitiva foi encontrada com a imigração de mão de obra euro peia sobretudo a italiana após sucessivas tentativas para encontrar a melhor maneira de convencêlos a vir para o Brasil A política migratória brasileira passou essencialmente por três tentativas até alcançar o objetivo Após o fracasso das políticas de imigração patrocinadas por Nicolau de Campos Vergueiro em 1847 e pela província de São Paulo em 1871 somente em 1886 a política imigratória alcançou sucesso De acordo com Fausto 1996 a submissão dos imigrantes a uma rígida disciplina com a impossibilidade de locomoção nas fazendas a proibição de se corresponderem com os familiares que ficaram na Europa além das precárias condições de vida que encontravam no Brasil faziam com que retornassem ao seu país de origem Somente com a criação da Sociedade Promotora da Imigração em 1886 promovendo uma série de propagandas nos países da Europa para mostrar as condições favoráveis que o imigrante encontraria no Brasil o agravamento da crise na Itália decorrente da unificação do país e as transformações capi talistas que colocavam muitos trabalhadores em situações difíceis a ideia de imigração entre os italianos ganha impulso Para Fausto 1996 em associação a esses fatores o pagamento do transporte para o Brasil e a disponibilidade de alojamentos e de subsídios para a plantação do café constituíram elementos crucias para que os imigrantes italianos se convencessem a vir para o Brasil o que resultou nos últimos anos do Império em um aumento da imigração para São Paulo de 6500 em 1885 para 91826 em 1888 composta neste último ano por 90 de italianos trabalhadores do campo e pequenos proprietários rurais oriundos da Lombardia e de Vêneto no norte da Itália Assim o fluxo de mão de obra imigrante possibilitou a economia cafeeira a se transformar no motor da economia brasileira até as primeiras décadas do século XX servindo de base política social e econômica para o desenvolvi mento industrial e capitalista no país C O S T A E V Da M ona r qui a a R ep ú b li c a mom e nt o s d e c is i v o s 6 e d São P au l o E d us p 1 99 8 F A U S T O B H i s t ó ri a do B r a s i l 4 e d Sã o Pa u l o Edus p 1 996 F U R T A D O C F orma ç ão e c onô m i c a do B r a s i l 1 9 e d Sã o Pa u l o E d N a ci o na l 1 9 8 4 IN D E PE N D Ê N CI A d o B r asi l t em f a t os p ou c o c o n h e ci d o s I n N O T Í CI A S a o m in u t o O e i r a s 2 s e t 2 0 1 7 D i s p o n í v el e m h t tp s i nd e p e nd e n c i a d o b r a s i l t e m f a t o s p ou c o c o n h e c id o s A c e s so e m 2 2 ag o 2 0 2 0 LI M A R G S O cic lo do c af é no v a l e p a r ai b a n o I n I N ST I TU T O C i d ade V iva Rio de Ja n ei r o 2 0 0 8 p 1 3 3 9 D i s p o n í v el e m w p c o nt e n t u p l oa d s 2 0 0 8 0 6 c i c l o d o c a f e pg 1 3 a 3 9 p d f A c e s s o e m 2 6 ag o 2 0 2 0 O S F A ZE N D E IR O S d o o e s t e p a u l i s ta I n M U L T I RI O R io d e J a n e i ro 2 0 2 0 D i s p o n í v el e m h tml A c es s o e m 22 ag o 2 0 2 0 P R O E N Ç A M C A i nd ep endên ci a do B r a s i l r e l a ç õ es e x t e r n a s p o r t u g u e s a s 1 8 0 8 1 8 2 5 L i s b o a L iv r os Hori z o nte 1 9 8 7 S C H W AR C Z L M A s b ar b a s do i m p e r ado r D P e d r o II um mo na r c a n os t r óp i c o s Sã o Pa u l o C o m p an hi a d a s L et r a s 1 9 9 8 T O L E D O R A O cic l o d o c afé e o p r o c es s o d e u rb a n i z açã o d o Es tad o d e Sã o Pa u l o H i s t o r ie n R e c i f e v 6 n 3 p 7 6 8 9 2 0 1 2 O s lin k s p a r a s i t es da w eb f orn e ci d os n e s t e c apítu l o f or am t o d os t e s tad os e s eu f u n ci o na m e nt o f oi c o m p r o vad o n o mom e nt o da p u b l i caçã o d o m a t e r i al N o e n t a nto a rede é extremamente dinâmica suas páginas estão constantemente mudando de l o c al e c o n t e úd o A s s im os e d i t o r e s d e cla r am n ã o t er qua l q u er r e s p o n s a b il i d ad e sob r e qua l id ad e p r e c i s ã o o u i nt e g r a l id ad e d a s i n f or m a ç õ es r efe r id a s em t a i s lin k s Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para esta Unidade de Aprendizagem Na Biblioteca Virtual da Instituigao vocé encontra a obra na integra INTEGRADAS Conteudo A economia e o ciclo do café no Segundo Reinado 0 2 2 A economia e o ciclo do café no Segundo Reinado A economia e o ciclo do café no Segundo Reinado 0 0 A economia e o ciclo do café no Segundo Reinado A economia e o ciclo do café no Segundo Reinado A economia e o ciclo do café no Segundo Reinado 3 4 4 A economia e o ciclo do café no Segundo Reinado A economia e o ciclo do café no Segundo Reinado A economia e o ciclo do café no Segundo Reinado 0 6 6 A economia e o ciclo do café no Segundo Reinado A economia e o ciclo do café no Segundo Reinado A economia e o ciclo do café no Segundo Reinado 5 6 6 A economia e o ciclo do café no Segundo Reinado A economia e o ciclo do café no Segundo Reinado A economia e o ciclo do café no Segundo Reinado 7 8 8 A economia e o ciclo do café no Segundo Reinado A economia e o ciclo do café no Segundo Reinado A economia e o ciclo do café no Segundo Reinado 7 8 8 A economia e o ciclo do café no Segundo Reinado A economia e o ciclo do café no Segundo Reinado A economia e o ciclo do café no Segundo Reinado 9 10 10 A economia e o ciclo do café no Segundo Reinado A economia e o ciclo do café no Segundo Reinado A economia e o ciclo do café no Segundo Reinado 9 10 10 A economia e o ciclo do café no Segundo Reinado A economia e o ciclo do café no Segundo Reinado A economia e o ciclo do café no Segundo Reinado 11 A economia e o ciclo do café no Segundo Reinado 11 12 12 A economia e o ciclo do café no Segundo Reinado A economia e o ciclo do café no Segundo Reinado