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Comunicação e Expressão
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COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO Professora Me Fátima Christina Calicchio GRADUAÇÃO Unicesumar C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ Núcleo de Educação a Distância CALICCHIO Fátima Christina Comunicação e Expressão Fátima Christina Calicchio MaringáPr UniCesumar 2016 Reimpresso em 2019 216 p Graduação EaD 1 Comunicação 2 Expressão 3 Linguagem 4 EaD I Título ISBN 9788545902447 CDD 22 ed 3022 CIP NBR 12899 AACR2 Ficha catalográfica elaborada pelo bibliotecário João Vivaldo de Souza CRB8 6828 Impresso por Reitor Wilson de Matos Silva ViceReitor Wilson de Matos Silva Filho PróReitor Executivo de EAD William Victor Kendrick de Matos Silva PróReitor de Ensino de EAD Janes Fidélis Tomelin Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi NEAD Núcleo de Educação a Distância Diretoria Executiva Chrystiano Mincof James Prestes Tiago Stachon Diretoria de Graduação e Pósgraduação Kátia Coelho Diretoria de Permanência Leonardo Spaine Diretoria de Design Educacional Débora Leite Head de Produção de Conteúdos Celso Luiz Braga de Souza Filho Head de Curadoria e Inovação Jorge Luiz Vargas Prudencio de Barros Pires Gerência de Produção de Conteúdo Diogo Ribeiro Garcia Gerência de Projetos Especiais Daniel Fuverki Hey Gerência de Processos Acadêmicos Taessa Penha Shiraishi Vieira Gerência de Curadoria Giovana Costa Alfredo Supervisão do Núcleo de Produção de Materiais Nádila Toledo Supervisão Operacional de Ensino Luiz Arthur Sanglard Coordenador de Conteúdo Fabiane Carniel Designer Educacional Camila Zaguini Projeto Gráfico Jaime de Marchi Junior José Jhonny Coelho Arte Capa Arthur Cantareli Silva Ilustração Capa Bruno Pardinho Editoração Thomas Hudson Costa Qualidade Textual Yara Martins Dias Ilustração André Luís Onishi Bruno Pardinho Em um mundo global e dinâmico nós trabalhamos com princípios éticos e profissionalismo não so mente para oferecer uma educação de qualidade mas acima de tudo para gerar uma conversão in tegral das pessoas ao conhecimento Baseamonos em 4 pilares intelectual profissional emocional e espiritual Iniciamos a Unicesumar em 1990 com dois cursos de graduação e 180 alunos Hoje temos mais de 100 mil estudantes espalhados em todo o Brasil nos quatro campi presenciais Maringá Curitiba Ponta Grossa e Londrina e em mais de 300 polos EAD no país com dezenas de cursos de graduação e pósgraduação Produzimos e revisamos 500 livros e distribuímos mais de 500 mil exemplares por ano Somos reconhecidos pelo MEC como uma instituição de excelência com IGC 4 em 7 anos consecutivos Estamos entre os 10 maiores grupos educacionais do Brasil A rapidez do mundo moderno exige dos educa dores soluções inteligentes para as necessidades de todos Para continuar relevante a instituição de educação precisa ter pelo menos três virtudes inovação coragem e compromisso com a quali dade Por isso desenvolvemos para os cursos de Engenharia metodologias ativas as quais visam reunir o melhor do ensino presencial e a distância Tudo isso para honrarmos a nossa missão que é promover a educação de qualidade nas diferentes áreas do conhecimento formando profissionais cidadãos que contribuam para o desenvolvimento de uma sociedade justa e solidária Vamos juntos PróReitor de Ensino de EAD Diretoria de Graduação e Pósgraduação Seja bemvindoa caroa acadêmicoa Você está iniciando um processo de transformação pois quando investimos em nossa formação seja ela pessoal ou profissional nos transformamos e consequentemente transformamos também a sociedade na qual estamos inseridos De que forma o fazemos Criando oportu nidades eou estabelecendo mudanças capazes de alcançar um nível de desenvolvimento compatível com os desafios que surgem no mundo contemporâneo O Centro Universitário Cesumar mediante o Núcleo de Educação a Distância oa acompanhará durante todo este processo pois conforme Freire 1996 Os homens se educam juntos na transformação do mundo Os materiais produzidos oferecem linguagem dialógica e encontramse integrados à proposta pedagógica con tribuindo no processo educacional complementando sua formação profissional desenvolvendo competên cias e habilidades e aplicando conceitos teóricos em situação de realidade de maneira a inserilo no mercado de trabalho Ou seja estes materiais têm como principal objetivo provocar uma aproximação entre você e o conteúdo desta forma possibilita o desenvolvimento da autonomia em busca dos conhecimentos necessá rios para a sua formação pessoal e profissional Portanto nossa distância nesse processo de cresci mento e construção do conhecimento deve ser apenas geográfica Utilize os diversos recursos pedagógicos que o Centro Universitário Cesumar lhe possibilita Ou seja acesse regularmente o Studeo que é o seu Ambiente Virtual de Aprendizagem interaja nos fóruns e enquetes assista às aulas ao vivo e participe das dis cussões Além disso lembrese que existe uma equipe de professores e tutores que se encontra disponível para sanar suas dúvidas e auxiliáloa em seu processo de aprendizagem possibilitandolhe trilhar com tranqui lidade e segurança sua trajetória acadêmica Professora Me Fátima Christina Calicchio Mestra em Letras na área de Estudos Linguísticos pela Universidade Estadual de Maringá 2014 Especialista em Língua Portuguesa pelo Instituto Paranaense de Ensino e Faculdades Maringá 2010 Graduada em Letras com habilitações PortuguêsInglês e respectivas literaturas pela Universidade Estadual de Maringá 2009 professora mediadora do curso de Letras Tem experiência na área de Linguística atuando principalmente nos seguintes temas ensino de produção textual e análise linguística AUTORA SEJA BEMVINDOA É com satisfação que começamos nossa disciplina de Comunicação e Expressão e es tudar a Língua Portuguesa não é estudar somente múltiplas linguagens mas também seus múltiplos impactos sociodiscursivos Nesse sentido a disciplina de Comunicação e Expressão tem como ponto de partida a relação entre as manifestações linguísticas como competências que devem ser de senvolvidas ao longo de toda a vida e o período da graduação é substancial para o estreitamento do processo de construção do conhecimento da língua sobretudo para as relações sociais em suas diversas esferas da comunicação Em outras palavras a dis ciplina de Língua Portuguesa ou Comunicação e Expressão deste curso foi elaborada para lhe servir de instrumento de apoio e cumpre a função de contribuir para que você acadêmico tenha acesso aos saberes linguísticos necessários para o exercício da sua profissão e da cidadania Voltada para o acadêmico como indivíduo imerso em uma rica variedade de linguagens este material foi elaborado conforme as concepções interacionistas e pragmáticas da linguagem Essas concepções preveem uma alteridade com relação ao uso da língua gem isto é as abordagens Interacionista e Pragmáticas da língua gem relacionamse às condições de produção que extrapolam a esfera da língua como sistema de signos uma vez que é pela língua gem é só por intermédio dela nas relações entre os falantes de uma determinada situação comunicativa que os indivíduos se constituem como su jeitos ativos capazes de refletirem interagirem e agirem no e com o mundo A seguir apresentamos os componentes que constituem as cinco unidades deste livro de estudos Na primeira unidade abordaremos um estudo sobre as concepções de linguagem nas perspectivas Estruturalista e Sociodiscursiva um estudo sobre os tipos de linguagem como verbal não verbal mista e digital Ainda nessa unidade abordaremos também um estudo sobre as Variações Linguísticas Na segunda unidade nós nos ocuparemos do estudo sobre o funcionamento da lín gua gem e comunicação Além disso também nos ocuparemos de um estudo sobre as funções da língua gem na construção dos enunciados E por fim apresentaremos um estudo sobre o processamento da leitura nos enunciados Na terceira unidade apresentamos um estudo no plano da expressão escrita como a or tografia a acentuação as figuras de sintaxe na construção dos enunciados Ainda nessa unidade apresentaremos um estudo sobre a Semântica e seus elementos na construção dos enunciados APRESENTAÇÃO COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO Na quarta unidade oferecemos de forma introdutória um estudo acerca da sintaxe Para tanto desenvolveremos esse estudo com base na relação entre Gramática e Discurso Para encerrar na quinta unidade da Semântica Gramática e Comunicação veremos sobre os estudos dos Operadores Argumentativos da Modalização dos Implícitos e das Figuras de Linguagem na construção dos enunciados e para isso projetaremos esses estudos nas perspectivas da Semântica Argumentativa e o Funcionalismo Lin guístico Desejo que este material lhe proporcione um estudo bastante produtivo Abraços Professora Fátima Christina Calicchio APRESENTAÇÃO SUMÁRIO 09 UNIDADE I LÍNGUA E LINGUAGEM 15 Introdução 16 Concepção de Linguagem e Língua 18 Concepção Estruturalista da Línguagem 21 Concepção Pragmática da Línguagem 24 O Signo Linguístico 25 Noções de Linguagens Linguagem Verbal e Não Verbal 31 As Variedades Linguísticas na Construção dos Enunciados 51 Considerações Finais UNIDADE II LINGUAGEM E COMUNICAÇÃO 61 Introdução 62 Interação Verbal Comunicação 63 Processo Comunicativo 65 As Funções da Língua gem na Construção dos Enunciados 73 Processamento da Leitura 77 Conhecimento Linguístico 78 Conhecimento de Mundo 80 Conhecimento Socionteracional 88 Considerações Finais SUMÁRIO UNIDADE III A EXPRESSÃO ESCRITA E A SEMÂNTICA 95 Introdução 96 Ortografia 98 Questões Notacionais da Língua 108 Acentuação 113 Semântica 115 Sinonímia e Antonímia 117 Hiponímia e Hiperonímia 119 Polissemia 120 Ambiguidade na Construção dos Enunciados 124 Considerações Finais UNIDADE IV GRAMÁTICA E COMUNICAÇÃO 131 Introdução 132 O Que é Gramática 135 Tipos de Gramática 142 Sinais de Pontuação 150 As Figuras de Sintaxe na Construção dos Enunciados 156 Concordância Verbal e Nominal na Construção dos Enunciados 164 A Sintaxe de Colocação na Construção dos Enunciados SUMÁRIO 11 168 Vícios e Dificuldades no Uso na Línguagem 172 Considerações Finais UNIDADE V SEMÂNTICA GRAMÁTICA E COMUNICAÇÃO 179 Introdução 180 Operadores Argumentativos e os Enunciados 186 A Modalização e a Construção dos Enunciados 191 Os Implícitos NãoDitos nos Enunciados 195 Figuras de Linguagem nos Enunciados 201 Considerações Finais 208 CONCLUSÃO 209 REFERÊNCIAS 213 GABARITO UNIDADE I Professora Me Fátima Christina Calicchio LÍNGUA E LINGUAGEM Objetivos de Aprendizagem Reconhecer a natureza da língua gem Identificar elementos da língua gem Identificar características da língua gem verbal e da língua gem não verbal Compreender os sistemas simbólicos das diferentes linguagens e usálas como meios de interação de organização cognitiva de leitura da realidade Conscientização da importância do estudo da língua gem como fator de inserção crítica e consciente no mundo das relações sociais Plano de Estudo A seguir apresentamse os tópicos que você estudará nesta unidade Concepção de linguagem e língua Concepção estruturalista da língua gem Concepção pragmática da língua gem O signo linguístico Noções de linguagens linguagem verbal e não verbal As variedades linguísticas na construção dos enunciados INTRODUÇÃO Nesta unidade o foco de discussões centrase no funcionamento da linguagem e da língua Nesse sentido destacamse os processos da dinâmica interacional levando em consideração os interlocutores os contextos em que a interação se dá e seus efeitos Como ponto de partida para as discussões abordarseá a concepção de lín gua gem como instrumento integrador da organização do mundo e da própria realidade evidenciando que o uso dessa língua gem pode adequarse à situa ção comunicativa De igual maneira explorarseá os sistemas de símbolos das diferentes lin guagens e seus usos como meio de interação organização cognitiva e de leitura da realidade Para tanto trabalharseá com o enunciado que expressa nos sos pensamentos e renovase por meio da língua como nosso tema nuclear Portanto ressaltase nesta unidade a importância do estudo da língua gem para a compreensão dos enunciados a fim de ampliar as possibilidades de enten der o mundo que nos cerca Dessa forma caroa alunoa a seguir apresentarseá condições para que você como acadêmicoa de um curso que tem como natureza a comunicação reflexões sobre as relações existentes entre língua gem e os seus contextos de uso Assim serão expostos nesta unidade I a concepção de Linguagem e Língua as noções de signo linguístico os tipos de linguagens e as variações linguísticas na construção dos enunciados Introdução Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 15 LÍNGUA E LINGUAGEM Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 I U N I D A D E 16 CONCEPÇÃO DE LINGUAGEM E LÍNGUA Muitas são as teorias que tentam explicar o que é e como se processa a língua gem Nesse sentido esta disciplina apresenta um recorte Como ponto de par tida vamos abordar uma perspectiva estrutural seguida por uma postura mais inatista e fecharseá as discussões sobre o nosso objeto nuclear a concepção de língua gem por um viés mais interacional Esse recorte foi realizado por acreditar que um estudo que pressupõe uma reflexão sobre a língua gem não poderia deixar de fazer referência às correntes linguísticas que mais se evidenciaram no campo dos estudos linguísticos Quais sejam a Estruturalista a Inatista e a Pragmática Cabe ainda ressaltar que a discussão aqui empreendida centrase de forma basilar em definir a concepção de língua gem1 subjacente a cada uma das refe ridas teorias Assim enfatizarseá que as teorias de língua gem aqui tratadas subjazem também teorias de aprendizagem as quais influenciam diretamente na forma como é concebido o saber linguístico2 Dessa forma caroa alunoa vamos iniciar nossa excursão pelos estudos da Língua Portuguesa ao examinarmos as concepções de linguagem e de língua Segundo Koch 2013 no decorrer do curso da história a linguagem humana tem sido concebida de formas diversas as quais podem ser sintetizadas em a Linguagem como espelho do mundo e do pensamento b Linguagem como ferramenta de comunicação c Linguagem como forma de ação e interação A primeira concepção é a mais antiga contudo ainda há defensores na atu alidade Essa concepção de linguagem como expressão do pensamento fundamentase segundo Perfeito 2005 na tradição gramatical e se rompe a partir do advento da linguística moderna com os estudos de Saussure 1 Os vocábulos língua e linguagem são usados como sinônimos nesta disciplina 2 Saberconhecimento linguístico deve ser entendido como os componentes morfológico sintático semânticos e pragmático Concepção de Linguagem e Língua Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 17 Essa concepção pautavase na dicotomia do certo e errado no uso da língua A esse respeito Travaglia 1996 p 21 assim se expressa as pessoas não se expressam por bem porque não pensam A expressão se constrói no interior da mente sendo sua exteriorização apenas uma tradução A enunciação é um ato monológico individual que não é afetado pelo outro nem pelas circunstâncias que constituem a situação social em que a enunciação acontece Observe que essa concepção defende que a função da linguagem é representar refletir o pensamento e conhecimento de mundo humano Em outras palavras para essa concepção existe uma forma correta de uso da linguagem que equi vale a forma correta de pensamento Essa visão é defendida pela Gramatica Normativa que favorece os falantes da variedade do português padrão Nesse sentido a concepção de língua como expressão do pensamento está relacionada às chamadas Gramáticas Normativas isto é uma língua modelar padrão Portanto as regras da Gramática Normativa expressam uma obrigação e uma avaliação dual de certo e errado da língua gem É por isso que nessa Gramática a concepção que se tem da língua é aquela que valoriza a forma de falar e escrever da norma padrão e o seu aprendizado limitado à exposição da normatização gramatical Por seu turno a segunda concepção entende a linguagem como um código que tem a função de transmitir conhecimentos Dessa forma observamos que essa perspectiva está intrinsecamente ligada aos elementos comunicativos em que o falante deseja transmitir uma mensagem a um ouvinte e assim colocaa em código codificação e a remete para o outro através de um ca nal ondas sonoras ou luminosas O outro recebe os sinais codificados e os transforma de novo em mensagem informações É a decodifica ção TRAVAGLIA 1996 p 2223 Como podemos notar para Travaglia 1996 nessa concepção a linguagem é concebida como uma ferramenta que tem a função de transmitir uma mensa gem uma informação Segundo Geraldi 1984 essa concepção de língua faz uso da variedade padrão e despreza as demais variedades linguísticas LÍNGUA E LINGUAGEM Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 I U N I D A D E 18 Por último a terceira concebe a linguagem como mecanismo de interação e ação entre os membros de uma determinada situação comunicativa isto é a linguagem é vista como um processo de interação humana de atividade socio cultural MARTELOTTA 2009 p 238 A esse respeito Travaglia 2003 p 23 assim se expressa Nessa concepção o que o indivíduo faz ao usar a língua não é tão somente traduzir e exteriorizar um pensamento ou transmitir infor mações a outrem mas sim realizar ações agir atuar sobre o interlo cutor ouvinteleitor A linguagem é pois um lugar de interação hu mana de interação comunicativa pela produção de efeitos de sentido entre interlocutores em uma dada situação de comunicação e em um contexto sóciohistórico e ideológico Observe que essa concepção defende que as manifestações linguísticas são pro duzidas por indivíduos concretos em situações concretas em uma determinada situação de produção Dessa forma como podemos observar as concepções mais tradicionais concebem a língua como um sistema como estrutura já a mais moderna a concebe como um produto sóciohistórico e ideológico Para melhor entendermos as concepções de língua gem vejamos a noção de cada uma dessas perspectivas nos tópicos que seguem CONCEPÇÃO ESTRUTURALISTA DA LÍNGUAGEM Com base em estudos da Linguística moderna de Ferdinand de Saussure a par tir de uma obra póstuma O curso de linguística geral compilada por três de seus discípulos podemos entender a linguagem como uma habilidade isto é a capa cidade que somente os seres humanos possuem de se comunicarem por meio de línguas que segundo Corrêa 2002 p 22 Do ponto de vista do que representa para a espécie humana esse termo designaria a faculdade própria do ser humano de produzir sentido tendo portanto uma abrangência universal Concepção Estruturalista da LínguaGEM Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 19 Passemos ao conceito saussuriano de língua Para Saussure esse conceito não pode ser usado de forma intercambiável com os idiomas históricos o Português o Francês o Italiano dentre outros idiomas mas deve ser tomado como o pro duto da capacidade humana de produzir signos e combinálos em sistemas isto é ao tratar da questão sobre a linguagem os estudos saussurianos concebem a lín gua como um sistema como uma rede de combinações ao privilegiar a estrutura interna da língua dissociada de seu contexto de uso Sobre essa concepção vejamos a língua deve ser estudada em si mesma e por si mesma É o que chamamos estudo imanente da língua o que significa dizer que toda preocupação extralinguística precisa ser abandonada MARTE LOTTA 2009 p 115 Por esse viés genebrino podemos entender que a concepção de linguagem para Saussure tratase de um fenômeno social ao qual ele analisava o código pois lhe interessava apenas o sistema e a forma e não a fala e seu funcionamento Grosso modo para a Teoria Estruturalista podemos inferir que o fenômeno da língua gem é um aspecto universal a língua um aspecto social e a fala um aspecto individual o último não importava para as análises saussurianas Ferdinand Saussure nascido em Genebra Suíça em 1857 é considerado o pai da linguística moderna Estudou em Leipzig Saussure dedicou sua vida ao estudo e ao ensino do sânscrito antiga língua sagrada e literária da Índia per tencente ao grupo IndoEuropeu Defendeu sua tese de doutorado sobre o uso do caso genitivo no Sânscrito e nessa ocasião em seu doutoramento foi concedido o reconhecimento por qualificação máxima summa cum laude Depois de trabalhar como professor na Academia por dez anos foi nomea do professor de gramática comparativa na Universidade de Genebra A pu blicação póstuma em 1916 do CLG Curso de Linguística Geral produzido por dois de seus discípulos Charles Bally e Albert Sechehaye com base em anotações feitas das aulas ministradas por Saussure é considerado um marco para os estudos linguísticos No CLG Saussure caracteriza a língua como uma instituição social e a fala como manifestação das idiossincrasias dos sujeitos Fonte adaptado de Acervo Saber online LÍNGUA E LINGUAGEM Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 I U N I D A D E 20 A partir dos anos 1960 os estudos da linguagem centramse na Teoria Gerativa3 a qual concebe a linguagem com origem em uma base mental Isso significa para essa teoria que a linguagem se processa por meio de um dispositivo inato comum a todos os falantes das línguas naturais4 Essa Teoria foi desenvolvida pela linguística Noam Chomsky 1957 em opo sição à Teoria Behaviorista5 que concebia a língua gem de forma condicionada pelo aspecto social Assim para a Teoria comportamentalista a linguagem se dá por meio de estímulos resposta e reforço Sobre a linguística proposta por Chomsky vejamos as palavras de Marchuschi 2008 p 3536 o que está em jogo em primeira instância não é a análise de línguas nacionais nem suas exteriorizações ou vinculações com a cultura e a sociedade e sim a mente humana e seus princípios gerais a faculdade da linguagem inata e seu funcionamento como base para a aquisição de qualquer língua Como podemos observar caroa alunoa o estudo de Chomsky colocou em xeque a visão empirista da linguagem e lhe conferiu um aspecto racionalista uma vez que para esse estudioso a capacidade de falar deve ser concebida como resultado de uma base biológica capaz de desenvolver a competência linguística dos falantes das línguas naturais e não somente determinado pelo mundo exterior dos indivíduos Com base nas teorias formalistas podemos entender que tanto a concepção estrutural de Saussure quanto a concepção inatista de Chomsky propõem uma visão abstrata da linguagem isto é limitam o seu escopo de análise à estrutura interna do elemento linguístico6 fora do seu contexto de uso Contudo surgiram outras teorias que começaram a se ocupar dos estudos da língua gem como atividade de interação e ação Assim alguns elementos passaram a ser considerados com o advento da Linguística pragmática É sobre isso que discutiremos a seguir 3 Para saber mais sobre a Teoria Gerativa consulte Manual de Linguística MARTELOTTA 2009 p 58 4 Refirome aos idiomas históricos como o idioma Português o Francês o Italiano dentre outros idiomas 5 Observações nesse sentido podem ser vistas em SKINNER Burrrhus Frederic Sobre o behaviorismo M P Villalobos Trad São Paulo Cultrix 2006 Trabalho original publicado em 1974 6 Compreende a fonologia morfologia sintaxe léxico e semântica Concepção Pragmática da LínguaGEM Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 21 CONCEPÇÃO PRAGMÁTICA DA LÍNGUAGEM Antes de nos ocuparmos da terceira concepção de linguagem convém escla recermos a noção de Pragmática que adotamos para esta disciplina Segundo Armengaud 2006 a Pragmática extrapola o quadro das escolas linguísticas tra dicionais ao constituirse como um frutífero cruzamento interdisciplinar para linguistas filósofos psicólogos sociólogos Ela surge com a tentativa de respon der a questões como Que fazemos quando falamos Por que perguntamos ao nosso vizi nho de mesa se ele pode nos passar o sal quando é flagrante e manifes to que ele pode Quem fala e a quem Quem fala e com quem Quem você acha que sou para me falar desse modo Como alguém pode dizer uma coisa completamente diferente daquilo que queria dizer Po demos confiar no sentido literal de uma frase Quais são os usos da linguagem Em que medida a realidade humana é determinada por sua capacidade de linguagem ARMENGAUD 2006 p9 A partir dessas indagações podemos entender que toda forma de interação ação do homem só será efetiva se consideramos o uso da linguagem em situa ções reais de comunicação A título de explicação sobre o que é a Pragmática imagine que em uma determinada situação de comunicação entre amigos de faculdade em uma conversa trivial um falante pergunta ao seu amigo por exem plo se ele foi ao cinema ontem à noite por sua vez o interlocutor desse falante responde que dormiu cedo Com base nessa situação de interação a pergunta de um dos falantes dessa situação comunicativa representa bem o conceito de Pragmática em que a inte ração entre os interlocutores dessa situação comunicativa só pode ser entendido ao considerarmos não somente as informações manifestas mas também o con texto que envolve a situação como o que é sugerido pelo amigo do falante que está implícito que ele não foi ao cinema ao responder que dormiu cedo O QUE DÁ VIDA AO SIGNO É NO USO QUE ELE VIVE ELE TEM EM SI O SOPRO DE VIDA OU O USO É O SEU SOPRO WITTGENSTEIN LÍNGUA E LINGUAGEM Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 I U N I D A D E 22 A rigor essa resposta seria considerada incoerente uma vez que não responde gramaticalmente à pergunta você foi ao cinema ontem à noite Contudo essa situação de interação entre os falantes é uma clara demonstração de que nós falantes por vezes dizemos algo diferente daquilo que gostaríamos de dizer Em vista disso podemos afirmar que a Pragmática vincula o significado de uma ati vidade verbal ao seu contexto de uso A concepção de linguagem como atividade e interação surgiu no final de 1970 com maior expressão no âmbito da filosofia a partir da influência da obra de Wittgenstein do campo da filosofia e de Mikhail Bakhtin do campo da lin guística A partir dos estudos de Wittgenstein há a substituição do paradigma da expressividade para o da comunicabilidade ao dar importância ao uso da lín gua gem O que dá vida ao signo É no uso que ele vive Ele tem em si o sopro de vida Ou o uso é o seu sopro apud ARMENGAUD 2006 p 36 Como podemos observar na exposição do filósofo austríaco a perspectiva que a pragmática instaura para os estudos da linguagem passou a entender que não é a língua que significa que o sentido não está apenas nas palavras mas também ao mesmo tempo está nas palavras nos falantes que as utilizam e nas circunstâncias em que são utilizadas Assim os sentidos produzidos as inten ções comunicativas os objetivos a serem alcançados pelos membros de uma determinada situação de interação não é tão somente verbal Em consonância com a perspectiva pragmática de Wittgenstein destacamos a visão interacionista a qual coloca em evidência um sujeito falante construído sóciohistoricamente e o reconhecimento da linguagem como social e dialógica aliada a situação de comunicação e interação que segundo Bakhtin A verdadeira substância da língua não é constituída por um sistema abstrato de formas linguísticas nem pela enunciação monológica iso lada nem pelo ato psicofisiológico de sua produção mas pelo fenôme no social da interação verbal realizada através da enunciação ou das enunciações A interação verbal constitui assim a realidade fundamen tal da língua BAKHTIN VOLOCHINOV 1999 p 123 Concepção Pragmática da LínguaGEM Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 23 Conforme essa perspectiva sociointeracionista7 a concepção de língua gem implica refletir sobre situações reais de uso da linguagem materializada nos diferentes enunciados que circulam socialmente e que constituem assim nos sas relações discursivas Em outras palavras para Bakhtin Volochinov 1999 a concepção de lin guagem implica em considerar os interlocutores realis que interagem por meio da linguagem realizadas em situações concretas que pressupõe um eu e outro uma temática uma organização discursiva em uma determinada situ ação comunicativa Diante desse quadro sociodiscursivo caroa alunoa podemos inferir que essa perspectiva supera a concepção de linguagem como um sistema autocon tido e autossuficiente haja vista que a perspectiva sociodiscursiva da linguagem prevê uma dinamicidade linguística ao envolver o estudo da linguagem asso ciado aos falantes e aos contextos de uso da expressão linguística A partir desse breve quadro teórico sobre as concepções de linguagem acreditamos que você se encontra preparado para percorrer um caminho a res peito dos tipos de linguagens Contudo antes de tratarmos desse assunto fazse necessário esclarecermos a noção de signo linguístico É sobre isso que tratare mos no tópico a seguir 7 Neste discurso tomamos as concepções Sociointeracionista e Sociodiscursiva como sinônima uma vez que ambas concebem a língua gem constituída a partir de um processo social e interacional LÍNGUA E LINGUAGEM Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 I U N I D A D E 24 O SIGNO LINGUÍSTICO Nós nos comunicamos e interagimos de forma satisfatória por meio da linguagem a qual representa todo o sistema de sinais con vencionais sejam esses de natureza verbal ou não verbal e a língua que representa um sis tema de signos convencionais de natureza gramatical usados pelos membros de uma determinada comunidade no nosso caso a Língua Portuguesa Partindo do pressuposto de que a língua gem é um sistema de signos convencio nados Saussure fundador da linguística moderna produz um estudo científico e dual sobre a linguagem verbal que é a associação entre um significante e um significado à unidade mínima que propõe para a língua que ele chamou de signo linguístico De modo a compreender melhor esse conceito do linguista genebrino vamos utilizar como exemplo a palavra GATO Assim quando a ouvimos de imediato criamos uma imagem sensorial associada à materialização dessa imagem isto é criamos algo que a represente de forma gráfica por meio dos fonemas que for mam as sílabas Vejamos o Esquema 1 Esquema 1 Signo linguístico Fonte a autora CONCEITO SIGNIFICADO IMAGEM ACÚSTICA SIGNIFICANTE Noções de Linguagens Linguagem Verbal e Não Verbal Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 25 Com base no esquema acima podemos entender que para Saussure o signo linguístico palavra é constituído por dois componentes o significado e o sig nificante O primeiro seria o conceito e o segundo a imagem acústica desse conceito Assim teríamos GATO felídeo domesticado pelo homem desde tempos remotos Dicionário Aurélio significado Imagem sensorial mental que é a repre sentação gráfica do signo linguístico GATO significante De acordo com os estudos desse teórico é possível considerar a língua como um sis tema de signos regido por regras socialmente construídas utilizado pelos falantes em suas situações interativas Portanto diante da proposta de Saussure você poderá tomar a noção de signo como uma convenção estabelecida por um grupo de pessoas ou por uma comunidade linguística com base em um conhecimento compartilhado a fim de que ocorra a comunicabilidade entre os falantes Passemos agora ao conceito de linguagens verbais e não verbais NOÇÕES DE LINGUAGENS LINGUAGEM VERBAL E NÃO VERBAL Vimos no tópico anterior que a linguagem é um sistema organizado de símbo los a serviço dos indivíduos de uma determinada situação de interação Esse sistema é amplo complexo extenso e possui propriedades particulares que pos sibilitam a codificação a estruturação das informações sensoriais a captação e a transmissão de sentidos que favorecem a interação entre os homens Fonte arquivo pessoal LÍNGUA E LINGUAGEM Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 I U N I D A D E 26 Diante disso entenda que a principal razão de qualquer ato de linguagem é a produção de sentido haja vista que ao interagir com alguém oralmente ou por escrito você organiza o seu pensamento e se comunica por meio de um sistema lin guístico que possui propriedades específicas de organização ordenação e articulação Nesse sentido para que exista uma interação é fundamental que os participan tes dos enunciados verbal ou não e seus interlocutoresouvintes compartilhem conhecimentos e conheçam as convenções que regem as situações sociais das quais participam A esse respeito vejamos a exposição de Cereja 2013 p 13 Linguagem é a expressão individual e social do ser humano e ao mes mo tempo o elemento comum que possibilita o processo comunicativo entre os sujeitos que vivem em sociedade Por exemplo as palavras as expressões corporais e faciais o desenho a escrita a mímica o código de trânsito o código Morse a pintura as notas musicais a arquitetura a escultura fazem parte da linguagem e têm seus significados con vencionados socialmente Uma vez feita essa breve discussão acima sobre a linguagem esclarecemos que as noções de linguagens aqui são consideradas como atividades socioin terativas desenvolvidas em contextos de uso Sobre essa noção Marchuschi inspirado em Beaugrand 1997 assim se expressa As pessoas usam a língua tão bem precisamente porque ela é um siste ma em constante interação com seus conhecimentos partilhados sobre o seu mundo e sua sociedade MARCHUSCHI 2008 p 81 A partir da fala de Marchuschi 2008 de inspiração em Beaugrand 1997 há a proposta de que o enunciadotexto8 tratase de um evento e não apenas uma sequência simples de palavras escritas e ou faladas Por essa ideia entendemos que as várias linguagens podem ser organizadas em linguagens verbal e não verbal Iniciamos pela primeira a linguagem verbal tem como unidade básica a interação por meio de palavras falada e ou escrita Essa linguagem é bastante eficaz porque possibilita a interação entre os falantes de uma determina situação comunicativa Para um melhor entendimento sobre a linguagem verbal observe o fragmento retirado da obra de Mia Couto 2007 p 5 8 Faço referência aos tipos de linguagens verbal não verbal e mista Noções de Linguagens Linguagem Verbal e Não Verbal Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 27 Nesse fragmento da obra do escritor moçambicano temos um exemplo de lin guagem verbal porque é organizado em forma de palavra escrita que possibilita a interação comunicativa entre os indivíduos que têm conhecimento das con venções que regem a situação de comunicação Ainda caroa alunoa é interessante observar que o texto de Mia Couto não se trata apenas de uma exposição de palavras sequenciadas mas sim de uma conexão entre elementos linguísticos carregados de significações que pressupõe um outro Na linguagem não verbal a interação se dá por meio de sons imagens códi gos linguagem de sinais libras linguagem corporal dentre outras formas de interação acima mencionadas A linguagem não verbal é amplamente explorada em gêneros como reporta gem história em quadrinhos tirinha charge propaganda anúncio cartaz folheto placa entre outros Nesse sentido atentese aos significados atentese às mensa gens que as linguagens não verbais veiculam por meio dos exemplos que seguem a b O QUE FAZ ANDAR A ESTRADA É O SONHO ENQUANTO A GENTE SONHAR A ESTRADA PERMANECERÁ VIVA É PARA ISSO QUE SERVEM OS CAMINHOS PARA NOS FAZEREM PARENTES DO FUTURO TERRA SONÂMBULA DE MIA COUTO LÍNGUA E LINGUAGEM Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 I U N I D A D E 28 c d e No dia a dia essas linguagens não aparecem sozinhas uma vez que estão sem pre associadas de modo a construir significados como no exemplo a que está pressuposto que se faça silêncio Em b temos o símbolo que se coloca na porta e ou em placas para indicar sanitários masculino e feminino Com base na imagem c você pode identi ficar que a linguagem empregada remete ao desflorestamentodesmatamento possivelmente causado pela atividade humana A partir da imagem do exemplo d temos a linguagem de sinais libras que é uma língua gestual de movimento e de espaço das mãos usada para estabele cer a interação entre pessoas que não ouvem Noções de Linguagens Linguagem Verbal e Não Verbal Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 29 Por fim o exemplo da imagem e representa a mídia eletrônica isto é com o advento da informática surgiu também a linguagem digital capaz de armaze nar transmitir informações e possibilitar a interação entre os usuários para que as informações e o conhecimento sejam compartilhados Há ainda as linguagens mistas que normalmente fazem uso das palavras e imagens Essa relação funciona como recurso que pode contribuir para que a intenção do produtor da linguagem mista atinja seus propósitos Para um melhor entendimento sobre essa linguagem vejamos o exemplo que segue Fonte Unicesumar online Diante desse exemplo reflita comigo se considerássemos apenas a parte verbal desse enunciado o efeito de sentido seria o mesmo Certamente não pois os recursos não verbais utilizados nos quadrinhos funcionam como mecanismos favoráveis à construção de sentido desse enunciado LÍNGUA E LINGUAGEM Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 I U N I D A D E 30 Observe alunoa que a língua gem verbal em COMO ESTÁ SENDO O SEU DOMINGO HOJE pressupõe um interlocutor e na base disso encontra se o princípio da interação que privilegia a negociação entre os falantes haja vista que o domingo de cada receptor desse contexto pode ser reconhecido por meio de um dos sentimentos sugeridos pelos emoticons Dessa forma temos os recursos da língua gem não verbal aliados aos recur sos da língua gem verbal os quais dão base para a interpretação o implícito9 Assim podemos entender que a construção de uma interação bemsucedida fundamentase na junção dos elementos que a compõe como a língua gem verbal não verbal e o contexto social em que essa interação ocorre Chegamos ao final deste tópico Ressaltamos que a linguagem seja verbal não verbal mista eou digital funciona como um instrumento de comunicação e interação entre os indivíduos uma vez que ela é um fenômeno natural com valor social Diante disso podemos entender que a linguagem de um povo de uma determinada comunidade de falantes de uma determinada língua surge e se reconstrói junto com o seu modo de ver o mundo sua história sua cultura e nessa construção ela se transforma ao assumir novos valores Como você pode perceber a língua gem é viva pois está em constante processo de transformação Essas transformações não se limitam apenas aos aspectos ortográficos mas também ocorrem na pronúncia das palavras na cria ção de novas palavras ou expressões e até mesmo na criação de sentidos variados para uma mesma palavra Esse processo de mudanças na linguagem é denomi nado de VARIAÇÕES LINGUÍSTICAS É sobre esse tema que discutiremos nos tópicos a seguir 9 Sobre esse conceito veja a unidade V deste livro As Variedades Linguísticas na Construção dos Enunciados Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 31 AS VARIEDADES LINGUÍSTICAS NA CONSTRUÇÃO DOS ENUNCIADOS A Variação Linguística é um fenômeno estudado dentro de uma linha de investigação da Linguística denominada Sociolinguística que se preocupa com o estudo das características e fatores de ordem social que determinam ou influenciam uma língua ou as variedades apresentadas nessa língua Os termos Variação Linguística ou Diversidade Linguística foram introduzidos na literatura lin guística a partir da década de 60 do século passado por meio de uma série de investigações promovidas pelo americano William Labov ao apresentar uma ampliação da dimensão dos aspectos linguísticos sob a perspectiva social geo gráfica e histórica A Variação na linguagem esteve presente em todo o contexto de formação e estruturação da Língua Portuguesa que desde o início até a atualidade sofreu diversas modificações O fator principal para justificar essas transformações devese ao fato da língua ser um elemento vivo e como tal é dinâmica e flexível portanto acompanha as mudanças que ocorrem no mundo na sociedade com a formação de novos grupos sociais na implementação de novas tecnologias etc Por esse viés a Variação Linguística abrange diversos aspectos dentre eles o aspecto social histórico geográfico tornando a língua um elemento hetero gêneo que se comporta de acordo com as diversas situações comunicativas e o contexto em que os falantes estão envolvidos EU FALO TU FALAS ELE FALA LÍNGUA E LINGUAGEM Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 I U N I D A D E 32 Dessa forma entendemos que Norte Sul Leste Oeste de um país tão imenso quanto o Brasil possui um só idioma oficial a Língua Portuguesa Contudo dentro dessa unidade há uma multiplicidade linguística o falar gaúcho que é diferente do paulista que é diferente do carioca que é diferente do goiano do paranaense do baiano do carioca etc Evidentemente todos nós nos entendemos E o que muda na língua é o sotaque muda o vocabulário muda a gíria isto é conforme a classe social con forme a idade e conforme o contexto de uso nas interações entre os falantes a língua gem apresentará uma variação Existe porém um nível culto do Português também chamado de norma padrão que é a linguagem dos livros da impressa e portanto é por meio dela que se transmite um saber sistematizado científico Essa variação da língua portuguesa o nível culto é o que a comunidade esco lar pretende passar Já falamos a nossa língua mas apreender a norma padrão nos possibilita a compreensão de um universo maior de coisas e pessoas Em outros termos a normapadrão tratase de um modelo que serve para orientar os usuários da língua a fazerem uso dela em situações de interação que exigem mais formalidade linguística E a partir daí podemos escolher em determinadas situações que variação usar uma linguagem mais simples familiar em outras a normapadrão Diante disso podemos entender que um sujeito que só fala gírias é tão ente diante quanto um que só fala difícil Assim é preciso que haja uma adequação da linguagem à mensagem e a quem ela se dirige tanto oralmente quanto por escrito isto é nós falantes podemos adaptar naturalmente a nossa língua gem a diferentes contextos de fala Essas adaptações linguísticas levaram estudio sos a falarem em a Variação Diacrônica b Variação Diatópica c Variação Diastrática d Variação Diamésica Vamos agora conhecer cada uma dessas variações As Variedades Linguísticas na Construção dos Enunciados Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 33 VARIAÇÃO DIACRÔNICA Etimologicamente Variação Diacrônica é aquela que se dá por meio do tempo logo todas as línguas naturais estão sujeitas a essa variação A esse respeito Ilari 2009 p 152 explica que as línguas têm uma história externa que diz respeito à maneira como evoluem ao longo do tempo em suas funções sociais e em suas relações com determinada comunidade linguística e uma história in terna que diz respeito às mudanças que vão ocorrendo em sua gramá tica fonologia morfologia sintaxe em seu léxico Para um melhor entendimento da variação Diacrônica observe o fragmento que segue TEXTO 1 CANTIGA DE AMOR TEXTO 2 ALL STAR Quer eu em maneira de proençal fazer agora um cantar damor e querrei muit i loar mia senhor Ca mia senhor quiso Deus fazer tal quando a faz que a fez sabedor de todo bem e de mui gran valor ElRei D Dinis CV 123 CBN 485 Disponível em httpwwwcsbrjorgbrculturaclassicaantologiaMedieval htm Acesso em 09 out 2015 Estranho é gostar tanto do seu All Star azul Estranho é pensar que o bairro das Laranjeiras Satisfeito sorri quando chego ali E entro no elevador Aperto o 12 que é o seu andar Não vejo a hora de te reencontrar E continuar aquela conversa LÍNGUA E LINGUAGEM Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 I U N I D A D E 34 Observe que os textos 1 e 2 têm como temática o amor contudo a linguagem apresentada pelo texto 1 mostrase distante da atualidade pois está escrita em galego português português antigoarcaico Esse português antigo revela um período medieval marcado pelo feudalismo pelo pensamento teocêntrico e os costumes do período como transmitir oralmente os textos por meio das canti gas no caso do exemplo a cantiga de Amor Já a linguagem apresentada pelo texto 2 traz elementos mais próximos da nossa realidade Essa linguagem contemporânea pode ser evidenciada pelas pala vras All Star elevador bairro das laranjeiras Diante dessa exposição entendemos que a Variação Diacrônica fica marcada entre a linguagem dos textos 1 e 2 uma vez que ela é reveladora dos costumes de uma determinada comunidade linguística de um período Isso significa que as línguas como expõe Ilari 2009 evidenciam sua história externa ao acom panharem as transformações socioculturais dos indivíduos Ainda em consonância à exposição de Ilari 2009 a variação diacrônica também pode ser percebida na comparação entre gerações Observe os exem plos do quadro a seguir GÍRIAS MAIS ANTIGAS GÍRIAS NA ATUALIDADE Tá maus está ruim Balada velocidade diversão Tô ki tô estou bem Beca roupa Tutu dinheiro Demorô Isso aí sim Papo firme conversa séria Mala pessoa chata Chapabicho amigo Rolé passear andar sem compromisso Quadrado conservador Colar com andar junto com se aproximar de Quadro 1 Gírias entre gerações Fonte a autora Que não terminamos ontem Ficou pra hoje Nando Reis Disponível em httppensadoruolcombrestranhoseriaseeunaome apaixonasse Acesso em 18 ago 2015 As Variedades Linguísticas na Construção dos Enunciados Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 35 Conhecemos gírias que embora compreensíveis soam antigas além daque las gírias que só os mais velhos compreendem Observe a palavra bicho que significava no contexto dos anos 70 o mesmo que amigo Ao mesmo campo semântico na atualidade dizem véimano que significa amigo em determi nados grupos sociais Existe um caso particular de variação diacrônica marcado pela gramaticali zação Esse é o processo pelo qual uma palavra de sentido pleno passa a exercer outro valorfunção Um exemplo clássico de gramaticalização é a do pronome você que em sua origem era um pronome de tratamento como Vossa Mercê vosmecê e na atualidade é usado como pronome pessoal em substituição ao antigo pronome de segunda pessoa tú Há ainda outra particularidade com relação à gramaticalização de uma pala vra Note que em nossas literaturas em discursos na mídia impressa eletrônica e ou televisiva existe uma recorrência do uso da palavra enquanto que é uma conjunção subordinativa temporal usada com valorfunção de um substantivo Em outros termos o falante tem usado essa palavra com valor equivalente a construções como na condição de na qualidade de Para um melhor entendi mento do uso dessa conjunção Vejamos o trecho desta entrevista que fala sobre o funcionamento da linguagem Como podemos observar alunoa no trecho dessa entrevista de uma linguista brasileira há o uso do enquanto com um valor semântico diferente do usual que nos permite a seguinte paráfrase na condição de seres humanos ou ainda como seres humanos Vejamos outra ocorrência dessa conjunção temporal com valor diferente do apresentado pela Tradição Gramatical GU Como a historicidade influencia o discurso Entrevistador EO Entrevistada Enquanto seres humanos somos seres históricos simbó licos e sociais Ao considerar o sujeito o sentido comecei a me interessar cri ticamente pelo processo dessa identidade assim como pelo modo como os sentidos eram constituídos grifo da autora Disponível em httpredegloboglobocomglobouniversidadenoti cia201211eniorlandifalasobreanalisedodiscursoelinguagememen trevistahtml Acesso em 22 ago 2015 LÍNGUA E LINGUAGEM Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 I U N I D A D E 36 Esse exemplo apresenta o mesmo valor do enquanto materializado no exemplo anterior isto é a entrevistada que nesse exemplo tratase de uma celebridade do meio artístico brasileiro ao opinar sobre algumas questões sociais brasileiras toma a conjunção enquanto equivalente às construções como na condição de ou como ou ainda na qualidade de Para Neves 2000 a gramaticalização configurase por um processo de natureza dinâmica e histórica mas possível de uma interpretação sincrônica A gramática como obra que oferece modelos para pautar deter minados comportamentos verbais em línguas particulares já não tem mais lugar e sentido não existe mais determinada literatura de um determinado período que constitua modelos a ser seguido já não há um determinado momento em que se pode dizer que a literatura mor reu ou se esgotou não existem situações culturais de vazio de criação que suscitem clamor por retorno A criação se desenrola e nas obras o mecanismo vivo da língua inventa torneios mescla registros rompe padrões tradicionalmente assentados e por muitos tidos como imutá veis NEVES 2002 p 23 Em consonância com Neves 2002 Bittencourt 2009 em seus estudos sobre a gramaticalização explica que por exemplo a construção tipo assim pode atuar como um neologismo que caminha num processo de gramaticalização no interior de uma oração como marcador de tempo de lugar de número dentre outros valores Vamos conferir como os falantes fazem uso dessa construção 1 Eu tô achando que vou lá tipo assim dez horas marcador de tempo 2 Você me leva e fica me esperando tipo assim do lado de fora mar cador de lugar 3 É bom comprar tipo assim dez pasteis marcador de número Podíamos decidir ser mais respeitados enquanto povo mais olhados enquanto gente mais seguros e mais protegidos enquanto sociedade grifos da autora Disponível em httpconhecimentopraticouolcombrlinguaportuguesa gramaticaortografia22artigo1789651asp Acesso em 22 ago 15 As Variedades Linguísticas na Construção dos Enunciados Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 37 4 Minha professora de matemática é homem tipo assim ela é troncuda marca uma explicação10 Diante dessa discussão convém refletirmos sobre a linguagem não como um modelo estabelecido de caráter definitivo mas como uma atividade que é construída histórica e socioculturalmente nas interações entre os falantes das comunidades linguísticas VARIAÇÃO DIATÓPICA De acordo com Ilari 2009 Variação Diatópica compreende às diferenças que uma mesma língua apresenta na dimensão do espaço quando é falada em dife rentes regiões de um mesmo país ou em diferentes países Ressalto que para esta disciplina o foco será sobre a variação diatópica no português brasileiro A variação diatópica ou regional pode ser observada do ponto de vista fono lógico morfossintático e lexical Vejamos como o fenômeno da variação regional ocorre a partir do léxico11 na letra da música que segue 10 Disponível em httpperiodicospucminasbrindexphpscriptaarticleview10275pdf Acesso em 19 ago 2015 11 Refirome ao vocabulário da língua Novas palavras denominamse Neologismo Etimologicamente Neo prefi xo grego que significa novo unese a logo do grego logos que exprime a ideia de palavra e a ismo sufixo grego ismos que forma substantivos Fonte a autora TENHOME ESFORÇADO POR NÃO RIR DAS AÇÕES HUMANAS POR NÃO DEPLORÁLAS NEM ODIÁLAS MAS POR COMPREENDÊLAS BARUCH DE ESPINOSA LÍNGUA E LINGUAGEM Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 I U N I D A D E 38 TEXTO 3 Observe que o compositor dessa música usou a palavra aipim contudo a mesma realidade pode ser expressa em outras regiões como macaxeira mandioca Vejamos mais exemplos da variação regional Quitanda mercearia tenda Pão francês cacetinho RS Feira reunião de vendedores Terreno data noroeste do Paraná Vamos agora voltar nossa atenção aos fenômenos de ordem fonológica e mor fossintática Para exemplificarmos a variação no nível fonológico podemos tomar como exemplo a pronúncia do s e z em finais de sílabas ou palavras na fala de cariocas de algumas regiões de Minas Gerais Espírito Santo do Pará Amazonas e Pernambuco mais pronunciado maj rapaz pronunciado como rapaj Há também as pronúncias do s em final de palavras com h Essas pronúncias são caraterísticas das falas de regiões do Nordeste e do Rio de Janeiro Vejamos MAIS pronunciado MAJH CHOPIS CENTIS Mamonas Assassinas Eu di um beijo nela E chamei pra passear A gente fomos no shopping Pra mode a gente lanchar Comi uns bicho estranho com um tal de gergelim Até que tava gostoso mas eu prefiro aipim Quanta gente Quanta alegria Fonte Mamonas Assassinas online As Variedades Linguísticas na Construção dos Enunciados Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 39 Pronúncias do o e e em final de palavras Áreas da região sul e interior de São Paulo LEITE QUENTE pronunciado como LEJTE KÊTE Abertura das vogais pretônicas em regiões do nordeste como DECENTE pronunciado DεSÊTJI Pronúncia retroflexa do r Exemplo PORTA pronunciado Essa pronúncia é uma das características do dialeto caipira que alcançam algu mas regiões do sul de Minas Gerais do Mato Grosso norte do Paraná de Goiás e Tocantins Outra marca do dialeto caipira pode ser observada com a pronúncia do como FILHO pronuncia FIOJO MILHO pronuncia MIJO Em regiões como São Paulo Espírito Santo e Minas Gerais a variação fonética é marcada pela queda do r final dos verbos no infinitivo e dos substantivos ANDAR pronuncia ÃDA LUGAR pronuncia LU GA FLOR pronuncia FLO Quanto ao caráter morfossintático vejamos estes exemplos O uso de Tu e você como pronomes de segunda pessoa São três situações que marcam a variação regional pelo nível morfossintático Vamos aos exemplos 1 PRONOME TU VERBO DE SEGUNDA PESSOA TU ÉS TU VAIS 2 PRONOME TU VERBO NA TERCEIRA PESSOA TU ÉS TU VAI 3 PRONOME VOCÊ E VERBO DA TERCEIRA PESSOA VOCÊ É VOCÊ VAI LÍNGUA E LINGUAGEM Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 I U N I D A D E 40 As variações em 1 e 2 são comuns na região Sul e Nordeste do Brasil já na fala carioca encontrase as variações dos exemplos 2 e 3 Nas demais regi ões do país prevalecem o uso do pronome você verbo da terceira pessoa você évocê vai Como vimos a língua sofre pressões do seu contexto de uso Nesse sen tido é importante que você perceba que as observações que foram apresentadas acima não são estanques VARIAÇÃO DIASTRÁTICA De acordo com Fiorin 2009 essa variação corresponde às diferenças de lin guagem ao compararse diferentes estratos da sociedade como a escolaridade a cultura A Variação Diastrática é conhecida também como português subpa drão isto é a variedade falada por falantes de classes menos escolarizada Em seus estudos o linguista Castilho observou algumas características para a Variação Diastrática no nível fonológico morfológico e sintático No nível fonético há a perda da distinção entre vogal e ditongo Observe este excerto da música de Patativa do Assará que apresenta a variação rastero em vez de rasteiro As Variedades Linguísticas na Construção dos Enunciados Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 41 No nível da morfologia há a perda do S da desinência da primeira pessoa plu ral como em nóis cantamo nóis cantemo em vez de nós cantamos Para ilustrar essa variação vejamos estes versos da canção de Raul Seixas Observe alunoa que a variação em vamo é marcada nesses versos da música de Raul Seixas pela ausência da desinência da primeira pessoa plural que a rigor gramatical teríamos vamos Essa variação está naturalmente também na modalidade da expressão falada Em seus estudos Castilho 1985 aponta a anteposição do advérbio de com paração a adjetivos que já são comparativos mais mió em vez de melhor No nível da sintaxe Castilho 1985 observou a ausência de marca de con cordância na 3ª pessoa do plural do verbo como em os doce mais bonito é para a visita Note essa variação nos versos desta canção de Adoniram Barbosa Há ainda a negação redundante com os indefinidos negativos como ninguém não sabia Além dessa variação Castilho 1985 também destacou o apareci mento de um segundo adverbio de negação depois do verbo como não vem não vem não SAUDOSA MALOCA QUE TRISTEZA QUE NÓIS SENTIA CADA TÁUBA QUE CAÍA DUIA NO CORAÇÃO Disponível em httpletrasmusbradoniranbarbosa43969 Acesso em 28 out 2015 ALUGASE NÓS NÃO VAMO PAGA NADA NÓS NÃO VAMO PAGA NADA É TUDO FREE TÁ NA HORA AGORA É FREE VAMO EMBORA Fonte Raul Seixas online O POETA DA ROÇA MEU VERSO RASTERO SINGELO E SEM GRAÇA NÃO ENTRA NA PRAÇA NO RICO SALÃO Fonte Patativa do Assaré online LÍNGUA E LINGUAGEM Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 I U N I D A D E 42 Vimos por meio dos estudos de Castilho que a Variação Diastrática é marcada pela baixa escolarização dos falantes Em contrapartida ao português subpa drão há o português padrão a norma culta falada pelas pessoas escolarizadas Contudo o uso da norma padrão está diretamente relacionado ao contexto social em que os falantes estão inseridos em suas situações de interações comunicativas Dentro da estratificação social de uma comunidade linguística podemos destacar o uso particular da língua gem de grupos específicos que caracteri zam as gírias Também podemos destacar o modo particular de falar de grupos sociais como fãs de determinados estilos musicais os fãs de rap funk sertanejo de rock and roll Grupos dos skatistas surfistas grafiteiros etc Observem estes exemplos de gírias de funkeiros Quadro 2 Gírias de FunkeirosFunkeiras Fonte Dicionário Eureka online Abalar causar boa impressão Bonde fileira grupo de amigos da mesma comunidade Chapa quente lugar que o clima é agitado Coiote gay enrustido Demorô isso aí sim Gogó pessoa que mente ou a própria mentira que ele conta Já é é isso aí Mulão grupo de muitas pessoas Olhões os funkeiros Osso da borboleta estar numa situação desfavorável Pisante tênis Porpurinada mulher bem tratada cheirosa Presepeiro pessoa que faz uma promessa e procede com safadeza não cumpre o que promete Puxar o bonde formar um grupo de galeras no baile Rapeize rapaziada Responsa confiável agradável divertido Shock Legal muito bom excelente Style estar muito bem arrumado Tá ligado entendeu Tomar bola sofrer prejuízo Veneno bebida alcoólica X9 informante As Variedades Linguísticas na Construção dos Enunciados Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 43 Ainda o modo particular de falar de grupos de profissões também se caracteriza como um tipo de gíria Esse modo particular de falar chamase Jargão por exem plo há os jargões dos jornalistas dos médicos dentistas dentre outras profissões Para ilustrarmos essa variação imagine que em uma consulta com o seu médico como diagnóstico ele lhe informe que você está com uma necrose subcutânea Diante dessa situação provavelmente a linguagem restrita à área específica da medicina conhecida como Mediquês estabeleceria uma situa ção desconfortável uma vez que você como paciente poderia ser leigo com relação a essa variação e não saber que esse diagnóstico se trata de um tipo de infecção na pele Há muitos exemplos referentes aos jargões da área profissional Observem este quadrinho Nessa imagem temos o exemplo de expressões a partir do uso dos estrangei rismos12 que são comuns na área da comunicação Agora vejamos o significado dessas palavras 12 Palavras ou expressões alheias à língua portuguesa BRIEF BUDGET BUSINESS TO BUSINESS FEEDBACK FEEDBACK FULL TIME WORKAHOLIC FULL TIME IC FULL TIME B FUL B F BU F B NETWORK WORKAHOLIC LÍNGUA E LINGUAGEM Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 I U N I D A D E 44 Quadro 3 Algumas expressões usadas em determinadas profissões Texto adaptado de httpwww meirafernandescombrsitenoticiaseartigosid2020 Acesso em 22112015 Dentre as variações da linguagem no tempo no espaço e por níveis de estra tificação econômica cultural e de escolaridade há também a variação entre a linguagem falada e a linguagem escrita No tópico que segue trataremos da última variação a Diamésica Brainstorming método de desenvolvimento de ideias e solução de problemas a partir de uma reunião coletiva Brief sumário síntese informações concisasresumidas sobre um determinado assunto Budget orçamento Business to business transações comerciais entre empresas Dead line prazo para execução de uma atividadeprojeto Feedback sessão de aconselhamento ou posicionamento da performance de um fun cionário Full time tempo integral Headcount número de colaboradores de uma área específica de uma organização Network rede de contatos Workaholic profissional que não consegue desligarse do trabalho viciado em trabalho As expressões idiomáticas são expressões que se caracterizam por não ser possível traduzir o sentido literal se analisadas individualmente Diante dis so reflita elas correspondem a um tipo de gíria Essas expressões também marcaram e marcam gerações Por exemplo você já pisou em ovos Ou entrou pelo cano Teve que quebrar o gelo em alguma situação ou até engolir um sapo Ou ainda descascar o abacaxi Já segurou vela Já encheu linguiça Para saber mais sobre as expressões idiomáticas recomendo que acesse o link disponível em httpwwwdicionariodeexpressoescombrbuscaLetradoletrab Acesso em 19 ago 2015 As Variedades Linguísticas na Construção dos Enunciados Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 45 VARIAÇÃO DIAMÉSICA Ao observarmos nossas atividades linguísticas cotidianas desde a hora em que acordamos até o final do dia alternamos momentos em que falamos e momen tos em que escrevemos Falamos ou escrevemos em situações específicas com propósitos comunicativos bem definidos uma vez que temos uma finalidade específica para interagirmos oralmente ou por escrito A opção do falante por uma forma de interação ou outra linguagem falada ou escrita está diretamente relacionada com um gênero que possibilitará a produção daquilo que desejamos enunciar Assim por exemplo se quisermos reclamar de uma cobrança indevida em uma fatura telefônica podemos optar pelo email eou telefonema à empresa cobradora No primeiro caso optaríamos pela escrita no segundo pela fala A essa versatilidade de interação linguística chamamos de Variação Diamésica Sobre a Variação Diamésica Koch 2012 explica que a língua escrita é um evento sociocomunicativo que tem origem dentro de um processo interacional Ainda segundo essa autora toda linguagem é resultado de uma coprodução entre interlocutores e o que difere a linguagem falada da escrita é a forma como essa coprodução ocorre a coprodução se resume à consideração daquele para quem se escre ve não havendo participação direta e ativa deste na elaboração linguís tica do texto em função do distanciamento entre escritor e leitor Nele a dialogicidade constituise numa relação ideal em que o escritor leva em conta a perspectiva do leitor ou seja dialoga com determinado tipo de leitor cujas respostas e reações ele prevê KOCH 2012 p 13 ZALUZEJO O TEATRO MÁGICO Mas quando alguém te disser ta errado ou errada Que não vai s na cebola e não vai s em feliz Que o x pode ter som de z e o ch pode ter som de x Acredito que errado é aquele que fala correto e não vive o que diz Trecho da música Zaluzejo da trupe O Teatro Mágico Disponível em http musicacombrartistasoteatromagicomzazulejoletrahtml Acesso em 23 ago 2015 LÍNGUA E LINGUAGEM Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 I U N I D A D E 46 Para Koch 2012 na linguagem escrita como os contextos de produção e de recepção não coincidem em termos de tempo e espaço e não há a copresença dos interlocutores o produtorescritor possui mais tempo para a organização geral da linguagem escrita Por sua vez a linguagem falada emerge na situação de interação isto é a linguagem falada é planejada à medida que é produzida na copresença entre os falantes de uma determinada situação comunicativa Por estarem os interlocutores copresentes ocorre uma interlocução ativa que implica um processo de coautoria refletido na materialidade linguística por marcas da produção verbal conjunta Por isso a lingua gem falada difere em muitos pontos da escrita a pelo próprio fato de ser falada b devido às contingências de sua formulação KOCH 2012 p14 Portanto para Koch 2012 linguagem falada e linguagem escrita são duas modalidades da língua e embora utilizem do mesmo sistema linguístico cada uma delas possui características próprias Em outras palavras a distinção entre a modalidade falada e a escrita amparase nas condições de comunicação e pro dução em que demandará estratégias de formulação específicas Por exemplo na linguagem usada ao celular em mídias digitais é natural encontrarmos uma linguagem coloquial uma linguagem mais próxima do coti diano marcada por abreviações como tá tô vc cê hjcom referência à hoje kd cadê A essa variação chamamos de linguagem informal que fala mos com amigos familiares isto é a linguagem do dia a dia A esse respeito em uma entrevista a uma revista regional da cidade de Maringá o professor Juliano Desiderato Antonio explica que o uso de programas de comunicação instantânea pela internet e as mensagens via celular influenciam a forma das mudanças Isso ocorre porque são modalidades híbridas de uso da língua ou seja a comuni cação é instantânea como se fosse uma conversação face a face mas o meio não é a fala e sim o teclado Como resultado surgem diferenças em relação à escrita padrão ANTONIO 2013 p 45 Contudo segundo Koch 2012 convém salientar que fala e escrita não devem ser entendidas de forma dicotômica estanque pois os diversos tipos de práti cas sociais da produção verbal situamse em uma correlação tipológica que de um lado estaria a escrita formal e de outro a fala que é espontânea coloquial As Variedades Linguísticas na Construção dos Enunciados Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 47 A esse respeito Marchuschi 1995 p 13 apud KOCH 2012 p 14 explica que as diferenças entre fala e escrita se dão dentro do continuum tipológico das práticas sociais e não na relação dicotômica de dois polos opostos Ao considerarmos essa correlação entre a linguagem falada e a escrita deve mos levar em conta além do critério do meio se oral se escrito também o critério da proximidade ou distância física social por exemplo e o envolvimento maior ou menor dos interlocutores Sobre isso Koch 2012 p 15 explica que num dos polos estaria situada a conversação face a face no outro a escrita formal como os textos acadêmicos por exemplo O que se ve rifica porém é que existem textos escritos que se situam no contínuo mais próximos ao polo da fala conversacional como bilhetes cartas familiares textos publicitários e textos de humor Como podemos observar segundo a exposição de Koch 2012 é possível infe rir que na correlação entre a modalidade falada e a escrita há linguagens que se situam mais próximas ao polo da conversação fala como podemos observar por meio do exemplo que segue Fonte Unicesumar online LÍNGUA E LINGUAGEM Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 I U N I D A D E 48 Observe que nesse anúncio embora não apresente uma situação face a face entre os interlocutores desse gênero há uma coprodução bem menor é claro mas ela existe entre os envolvidos nessa situação de prática social Isso significa que esse anúncio linguagem híbrida apesar de situarse no polo da modalidade escrita há um contínuo que o aproxima ao polo da modali dade da fala Podemos evidenciar essa proximidade por meio do enunciado que prevê uma alteridade isto é estabelece uma dialogicidade para quem escreve como em quer ganhar vantagens incríveis você ganha descontos na mensa lidade e eles também De igual maneira assim como as linguagens escritas podem se situarem ao polo da fala também existem linguagens faladas que mais se aproximam do polo da escrita formal como as conferências videoconferências entrevistas profis sionais entre outros Diante disso ao considerarmos a diversidade de fenômenos que são possí veis nos estudos sobre as variações linguísticas especificamente a Diamésica não poderíamos deixar de contemplar uma discussão sobre o Preconceito Linguístico A esse respeito Bagno 2004 p 40 expõe que O preconceito linguístico se baseia na crença de que só existe uma úni ca língua portuguesa digna deste nome e que seria a língua ensina da nas escolas explicada nas gramaticas e catalogada nos dicionários Qualquer manifestação linguística que escape desse triângulo escola gramáticadicionário é considerada sob a ótica do preconceito linguís tico errada feia estropiada rudimentar deficiente E não é raro a gente ouvir que isso não é português Podemos apreender pela exposição de Bagno 2004 que o Preconceito Linguístico se trata de um conjunto de ideias distorcidas que se baseiam no mito de uma língua unívoca ideal digna de ser ensinada nas escolas prescritas pelas gramá ticas e compreendidas nos dicionários Em outros termos o preconceito linguístico referese a uma postura que impera na nossa sociedade contra as pessoas que falam uma língua diferente da ensinada na escola que é a norma padrão Para ilustrar como é comum a prática do Preconceito Linguístico em nossa sociedade vejamos um exemplo retirado da obra de Bagno As Variedades Linguísticas na Construção dos Enunciados Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 49 Há a transformação de L em R em encontros consonantais como Cráudia Framengo prano chicrete pranta entre outros Para Bagno 2004 esses usos são condenados e às vezes considerados como fruto de um problema de ordem mental das pessoas que fazem a troca do L pelo R Ainda conforme Bagno 2004 ao considerarmos um estudo científico de pessoas que falam o português subpadrão observaríamos que ocorre um fenô meno fonético que deu origem a formação da língua portuguesa padrão Para um melhor entendimento sobre isso observe o quadro que segue PORTUGUÊS PADRÃO ETMOLOGIA ORIGEM branco blank germânico brando blandu latim cravo clavu latim dobro duplu latim escravo sclavu latim fraco flaccu latim frouxo fluxu latim grude gluten latim obrigar obligare latim praga plaga latim prata plata provençal prega plica latim Quadro 4 Contribuição da fonética na formação da língua portuguesa Fonte adaptado de Bagno 2004 p 41 Conforme expõe o Quadro 4 as palavras do português padrão dessa lista tinham em sua origem um L transformado em R Se considerarmos esse fenômeno compreenderíamos que a maneira de falar de algumas pessoas que falam a varie dade não padrão da nossa língua não significa que elas possuem mais ou menos cultura ou ainda problemas mentais mas sim que o modo de falar dessas pes soas teve uma motivação a partir de uma origem de base histórica que contribuiu para o processo de formação de nossa língua padrão LÍNGUA E LINGUAGEM Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 I U N I D A D E 50 Como podemos notar a variação linguística é uma realidade da linguagem humana e merece que seja refletida sobre os aspectos da heterogeneidade da lín gua Essa reflexão é muito importante pois nossa língua portuguesa é afetada por diversos falares marcados ora por fatores de escolarização ora pela cultura região idade além da influência de heranças linguísticas de culturas diversas Quem não fala de acordo com a norma padrão de prestígio é uma pessoa ignorante Você conhece alguém que não domina a norma padrão de pres tígio mas teve sucesso profissional e pessoal Fonte a autora Considerações Finais Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 51 CONSIDERAÇÕES FINAIS Nesta unidade apresentamos as principais concepções teóricas sobre o funcio namento da linguagem e língua Primeiramente preocupamonos em trazer para você a concepção de lín gua gem a partir do ponto de vista estruturalista seguida por uma postura mais inatista e fechamos as discussões a partir de uma perspectiva pragmática da língua gem Em um segundo momento atemonos ao esclarecimento sobre o que é o signo linguístico Vimos que para Saussure o signo linguístico pode ser tomado como uma convenção constituída por falantes de uma determinada comuni dade linguística com base em um conhecimento compartilhado a fim de que ocorra a comunicabilidade Na sequência nossa atenção centrouse nos estudos sobre a língua gem verbal não verbal mista e a digital Por meio desse estudo conferimos que essas linguagens podem funcionar como mecanismos a serviço da comunicação e inte ração entre os falantes uma vez que ela é um fenômeno natural com valor social E por fim nós nos ocupamos com os estudos sobre as Variações Linguísticas como a Variação Diacrônica Variação Diatópica Variação Diastrática e a Variação Diamésica Ao nos ocuparmos sobre esse estudo vimos que as Variações Linguísticas representam uma evolução e democratização da Língua Portuguesa uma vez que favorecem a conscientização de que a língua não é um elemento homogêneo ao contrário é dinâmica multifacetada e variável em muitos aspectos Isso significa que não existe apenas a norma padrão da língua mas que há diversos falares os quais variam conforme a região a escolaridade a idade a cultura etc Assim a diversidade linguística precisa ser respeitada haja vista que reflete a identidade dos falantes de uma determinada comunidade linguística Espero que com as informações e conceitos abordados nesta unidade eu tenha contribuído com a ampliação de seu conhecimento sobre o funciona mento da linguagem 1 Considere as diferentes concepções de linguagem e expliqueas a Como espelho do mundo e do pensamento b Como instrumento de comunicação c Como forma de ação ou interação 2 Leia este enunciado e assinale a alternativa correta a A expressão OS LINGUÍSTA PIRA pode ser caracterizada como uma variação diacrônica uma vez que traz uma gíria que marcou e marca uma determinada geração de falantes da língua portuguesa b A expressão OS LINGUÍSTA PIRA é marcada pela Variação Diastrática uma vez que essa expressão evidencia um português subpadrão isto é a variedade fa lada por pessoas de classes menos escolarizadas Podese comprovar essa va riedade pela ausência de concordância de número plural em OS LINGUISTA em vez de OS LINGUÍSTAS além da ausência de marca de concordância na 3ª pessoa do plural do verbo pirar que a rigor gramatical ficaria assim OS LINGUISTAS PIRAM c A expressão OS LINGUÍSTA PIRA evidencia uma Variação Diamésica haja vista que essa expressão é uma marca do registro formal da língua d A expressão OS LINGUÍSTA PIRA caracteriza a Variação Diatópica pois essa ma neira de falar compreende as diferenças que uma mesma língua apresenta na dimensão do espaço quando é falada em diferentes regiões do país e A expressão OS LINGUÍSTA PIRA evidencia que ocorreu uma Variação Diastrá tica uma vez que essa expressão marca uma maneira peculiar de um deter minado grupo falar Isto é tratase de um fenômeno denominado de jargões presentes na fala de determinados indivíduos em suas profissões 3 Nesta unidade nós nos ocupamos dos estudos sobre as Variações Linguísticas Assim a fim de refletirmos sobre os fenômenos da língua gem Elabore uma resposta argumentativa de 7 a 12 linhas Para isso você deve responder a esta pergunta qual é a importância das Variações Linguísticas para a riqueza de nos sa língua Quando dizem que alguém fala errado Os linguísta pira Fonte adaptado de Silva online 53 MAIS UM POUCO SOBRE A RELAÇÃO ENTRE LÍNGUAGEM E CONTEXTO DE USO Caro acadêmicoa nesta unidade nós nos ocupamos de um breve estudo sobre as variedades linguísticas Esse estudo nos permitiu uma reflexão sobre conceitos como adequação e inadequação linguística erro norma padrão língua de prestígio português subpadrão gírias internetês entre outras variedades isto é tivemos a oportunidade de refletirmos sobre a relação entre língua gem e sociedade A esse respeito leiamos este fragmento de Alkmin 2012 p 23 Linguagem e sociedade estão ligadas entre si de modo inquestionável Mais do que isso podemos afirmar que essa relação é a base da constitui ção do ser humano A história da humanidade é a história de seres orga nizados em sociedades e detentores de um sistema de comunicação oral ou seja de uma língua Efetivamente a relação entre a linguagem e socie dade não é posta em dúvida por ninguém e não deveria estar ausente portanto das reflexões sobre o fenômeno linguístico Em outros termos podemos pensar que a relação entre língua gem e sociedade é o estudo da língua em seu contexto social isto é em situações naturais de uso da língua que segundo Alkmim 2012 p 33 Seu ponto de partida é a comunidade linguística um conjunto de pessoas que interagem verbalmente e que compartilham um conjunto de normas com respeito aos usos linguísticos Em outras palavras uma comunidade de fala se caracteriza não pelo fato de se construir por pessoas que falam do mesmo modo mas por indivíduos que se relacionam por meio de re des comunicativas diversas e que orientam seu comportamento verbal por um mesmo conjunto de regras Note alunoa que nesse excerto a autora explica que uma comunidade linguística não se caracteriza por pessoas que falam do mesmo modo e sim por pessoas que se relacionam por uma diversidade linguística E aqui chegamos a um ponto interessante dos estudos sobre a língua linguagem pois um olhar um pouco menos acurado da língua em uso poderia levar a uma con cepção equivocada de que a língua gem em seu contexto de uso é uma espécie de caos uma terra de ninguém sujeita portanto ao uso arbitrário de seus recursos ALKMIM 2012 p 54 Pelo contrário O estudo da língua gem em uso permite a nós falantes adequar a nossa linguagem a cada situação de interação verbal haja vista que cada domínio discursivo demandará uma variedade linguística Por esse viés sociolinguístico para um melhor entendimento da relação entre língua lingua gem e contexto de uso tomemos como exemplo a expressão oral e escrita Como vimos nesta unidade há dois polos que se imbricam em um contínuo De um lado a língua falada que se modifica rapidamente para se adaptar a diversos contextos de in teração No outro polo situase a escrita a qual se altera com menos dinamicidade uma vez que é a língua dos documentos registros e como tal é caracterizada por mudanças mais lentas e as regras podem ser determinadas com mais vagar Vimos também que os falantes são usuários da linguagem e não servos dela uma vez ela está a serviço das intenções e propósitos comunicativos dos falantes Assim para estabelecer uma comunicação interação é preciso pois saber que linguagem usar em determinadas situações e identificar os diferentes níveis de formalidade exigidos por usos específicos dela da linguagem Além disso há circunstâncias em que o mais apro priado é recorrer à linguagem falada e há situações e que a linguagem escrita é reco mendável Em vista disso não podemos esperar que as pessoas falem da mesma forma que escre vem mas podemos entender que os falantes podem e devem fazer uma adequação de suas falas aos contextos de comunicaçãointeração isto é não se trata de uma questão de norma e sim uma questão de bom senso linguístico Portanto a imbricação das variedades que a linguagem nos possibilita em seus contex tos de usos pode nos levar a desconstrução da ideia de unicidade de uma determinada variedade Fonte a autora Material Complementar MATERIAL COMPLEMENTAR Neste link você encontrará mais informações sobre a ciência linguística Assistam Disponível em httpswwwyoutubecomwatchv9LA8nzO9XE Acesso em 09 ago 2015 No link abaixo você encontrará um pouco mais a respeito da linguagem bakhtiniana como concepção de língua e constituição do sujeito Disponível em httprevistaescolaabrilcombrformacaofi losofodialogo487608shtml Acesso em 07 ago 2015 Além desse recomendo também a você a fi m de ilustrar o conteúdo sobre linguagem digital a animação que está no link Disponível em httpswwwyoutubecomwatchvkknSsX1S7xI Acesso em 16 ago 2012 Recomendo a você acadêmicoa uma reportagem que apresenta as diferentes formas de se falar no Brasil Confi ra Disponível em httpredegloboglobocomrpctvnoticia201408jornalhojevejatodas reportagensdesotaquesdobrasilhtml Acesso em 17 ago 2015 Além desse link recomendo também a você a leitura deste link que trata das variações linguísticas sob o ponto de vista da trupe O Teatro Mágico Disponível em httpwwwcesumarbrgraduacaoarquivosjornalletras2edicao2007pdf Acesso em 20 ago 2015 Veja ainda sobre as gírias entre períodos diferentes Neste link você encontra mais gírias que marcaram as gerações dos anos 60 até a atualidade Confi ra Disponível em httpandryshqueirozblogspotcombr201106giriasantigaseatuaishtml Acesso em 18 ago 2015 Língua Linguagem Linguística Pondo os Pingos nos ii Marcos Bagno Editora Parábola Sinopse Este livro tenta responder a três perguntas que as pessoas em geral e os estudantes iniciantes nos estudos das letras costumam fazer com frequência o que é língua O que é linguagem O que é linguística Essa obra é voltada aos que começam a adentrar os estudos da linguagem por isso apresenta uma redação escrita no sentido de evitar uma nomenclatura técnica excessiva e falar da maneira mais simples ao público leitor MATERIAL COMPLEMENTAR Curso de Linguística Geral Ferdinand de Saussure Editora Cultrix Sinopse Essa obra póstuma do linguista suíço é tida como o marco inaugural da Linguística Moderna com a fase estruturalista dos estudos da linguagem O livro traz os pressupostos teóricometodológicos dessa escola que terminaram por infl uenciar outras ciências humanas Curso Básico de Linguística Gerativa Eduardo Kennedy Editora Saraiva Sinopse Eduardo Kenedy professor e pesquisador da área oferece aos universitários brasileiros o primeiro material didático escrito em língua portuguesa para um curso introdutório completo sobre linguística gerativa a ciência da linguagem dedicada à dimensão cognitiva das línguas humanas Numa estrutura dialógica com ilustrações e exercícios com respostas este livro preenche assim uma lacuna na literatura linguística no Brasil apresentando à comunidade acadêmica os principais conteúdos do empreendimento gerativista e tratando de temas complexos com profundidade mas utilizandose de linguagem simples e objetiva Esta obra destinase especialmente aos estudantes de graduação e pósgraduação dos cursos de Linguística Letras Fonoaudiologia Psicologia Comunicação e demais áreas interessadas em linguagem e ciências cognitivas Material Complementar MATERIAL COMPLEMENTAR Sobre o Behaviorismo SKINNER B F Editora Cultrix Sinopse Criticado por uns louvado por outros BF Skinner vemse fi rmando há anos como o mais importante e o mais categorizado behaviorista de nosso tempo Suas ideias têm infl uenciado e continuam a infl uenciar as chamadas ciências do comportamento não obstante as incompreensões quando não a má vontade revelada por tantos quanto à natureza e fundamentos científi cos dessas ideias Daí a importância deste Sobre o behaviorismo livro de Skinner que apresenta em linguagem concisa e acessível sua visão do behaviorismo expondolhe os conceitos básicos discutindolhe as implicações mais gerais no campo do conhecimento e refutando as interpretações distorcidas dele veiculadas por seus opositores Para quantos se interessem pelo assunto sobretudo professores e estudantes de Psicologia Sociologia Educação e áreas correlatas este volume constitui assim a melhor a mais fi dedigna introdução ao behaviorismo em geral e ao pensamento de Skinner em particular A Língua de Eulália Novela Sociolinguística Marcos Bagno Editora Contexto Sinopse O autor Marcos Bagno discute o certo e errado da língua falada no livro A Língua de Eulália que trata de alguns problemas de ensino da língua portuguesa e principalmente do preconceito linguístico Para tornar a leitura mais agradável e fácil para leitores em geral Bagno aborda o tema do preconceito linguístico na forma de uma narrativa romanceada com peripécias de enredo personagens dinâmicas É uma narrativa e ao mesmo tempo uma refl exão sociolinguística porque trata de questões que envolvem a relação entre a língua que falamos e a organização da sociedade que vivemos MATERIAL COMPLEMENTAR Línguas Vidas em Português Ano 2004 Sinopse Este fi lme mostra que há no mundo aproximadamente 2700 línguas e 7 mil dialetos As três línguas com maior número de falantes são o mandarim falado na China o hindi falado na Índia e o inglês falado nos Estados Unidos na Inglaterra e em várias partes do mundo O Português ocupa o 7º lugar e é falado por cerca de 200 milhões de pessoas em quatro continentes e no Brasil estão quase 90 dos seus falantes O documentário Língua Vidas em Português 2001 de Victor Lopes mostra como se dá o uso da língua portuguesa em várias partes do mundo Narradores de Javé Ano 2003 Sinopse Somente uma ameaça à própria existência pode mudar a rotina dos habitantes do pequeno vilarejo de Javé É aí que eles se deparam com o anúncio de que a cidade pode desaparecer sob as águas de uma enorme usina hidrelétrica Em resposta à notícia devastadora a comunidade adota uma ousada estratégia decide preparar um documento contando todos os grandes acontecimentos heroicos de sua história para que Javé possa escapar da destruição Como os moradores são em sua maioria analfabetos a primeira tarefa é encontrar alguém que possa escrever as histórias Recomendo este fi lme pois ele suscita uma refl exão sobre a importância da linguagem falada escrita Também nos convida a refl etirmos sobre uma maneira particular de falar de uma determinada comunidade linguística do Brasil UNIDADE II Professora Me Fátima Christina Calicchio LINGUAGEM E COMUNICAÇÃO Objetivos de Aprendizagem Reconhecer a natureza comunicativa da linguagem Identificar as funções da linguagem Prover reflexões sobre as funções da linguagem em diferentes em diferentes situações de interação comunicativa Compreender o processamento da leitura Reconhecer a importância da leitura para a formação acadêmica e para o desenvolvimento da consciência crítica diante da realidade Plano de Estudo A seguir apresentamse os tópicos que você estudará nesta unidade Interação Verbal Comunicação Processo Comunicativo As funções da língua gem na Construção dos Enunciados Processamento de leitura Conhecimento linguístico Conhecimento de mundo Conhecimento interacional INTRODUÇÃO Na unidade I nós nos ocupamos dos estudos sobre o funcionamento da lingua gem e vimos que ela desempenha uma série de funções interacionais uma vez que é por meio da linguagem que expressamos nossos pensamentos transmiti mos informações e interagimos no e com o mundo Por esse viés pela linguagem narramos fatos persuadimos expomos nossas emoções expressamos nossa individualidade por meio da linguagem mante mos boas ou más relações Assim é pela linguagem que criamos formulamos e reformulamos ideias acerca da realidade construímos conceitos simulamos manipulamos ofendemos perdoamos aceitamos rejeitamos amamos enfim vivemos Portanto fazse necessário a você o estudo dos princípios e conceitos que permitem compreender teorias sobre a relação entre a linguagem e comunica ção uma vez que dessa forma você estará mais preparado para atuar de maneira mais competente linguística e socialmente Nos tópicos que seguem nós nos ocuparemos primeiramente de forma breve sobre o processo comunicativo seguido de um breve estudo sobre a Interação Verbal Comunicação posteriormente do estudo das funções da linguagem na construção dos enunciados Por fim trataremos da leitura e inter pretação de enunciados Para tanto buscamos aporte teórico na perspectiva Funcionalista que privilegia em seus estudos a linguagem em contextos natu rais de uso e aliamos a isso enfoques teóricos de estudos da linguística textual de Koch e os estudos de Bakhtin sobre a natureza da linguagem e sujeito Introdução Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 61 LINGUAGEM E COMUNICAÇÃO Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 II U N I D A D E 62 INTERAÇÃO VERBAL COMUNICAÇÃO Olá alunoa Vamos dar continuidade aos nossos estudos Vimos na unidade I três maneiras de se conceber a linguagem como representação do mundo trans missão de informação e como atividade de interação social É sobre essa última concepção que projetaremos as discussões nesta unidade II Como já explicitamos anteriormente a mais contemporânea das concepções de linguagem fundamentase na noção de que linguagem é atividade é forma de ação cujos falantes se comportam conforme suas intenções e propósitos comu nicativos durante a interação verbal O conceito de interação verbal tem na corrente Funcionalista um caráter subs tancial uma vez que para essa teoria a linguagem é vista como um instrumento de interação socialverbal cuja principal função é promover a comunicabilidade Essa abordagem surgiu como um movimento particular dentro do Estruturalismo Linguístico enfatizando a função das unidades linguísticas Sobre a necessidade de se estudar a língua com foco em análises em contex tos sociais de interação Dik 1989 concebe a linguagem como um mecanismo de interação social entre seres humanos usada com o objetivo basilar de esta belecer relações comunicativas entre os interlocutores Dessa forma o Funcionalismo tem em seus estudos o reconhecimento de análises que levam em consideração a linguagem em seu uso efetivo no evento comunicativo Portanto justificamos o tratamento dessa abordagem neste estudo pela importância que ela confere ao estudarmos a linguagem no contexto comu nicativo em que ela ocorre Processo Comunicativo Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 63 PROCESSO COMUNICATIVO Ao tratar de comunicação Roman Jakobson 2003 apresenta algumas funções para a linguagem De acordo com esse linguista para que seja estabelecido a comunicação é necessário que a linguagem esteja vinculada a uma situação de produção comunicativa Para Jakobson há na comunicação um remetente que envia uma men sagem a um destinatário e essa mensagem para ser eficaz requer um contexto ou um referente a que se refere apreensível pelo remetente e pelo destinatário um código total ou parcialmente comum a ambos e um contato isto é um canal físico e uma conexão psicológica entre o remetente e o destinatário que os capacitam a entrar e a permanecer em comunicação FIORIN 2006 p 28 A esse respeito Roman Jakobson 2003 propõe em sua Teoria da Comunicação seis elementos essenciais no processo comunicativo O locutor emissor aquele que enuncia algo a alguém O locutário receptor aquele a quem o enunciado do locutor se dirige A mensagem o enunciado produzido pelo locutor LINGUAGEM E COMUNICAÇÃO Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 II U N I D A D E 64 O código a língua o signo linguístico estabelecido por convenção e que permite compreender a estrutura da mensagem O canal meio físico que conduz a mensagem som ar papel platafor mas digitais O referente o contexto o assunto ao qual a mensagem faz referência Para um melhor entendimento a respeito desses seis elementos vejamos o esquema que segue Figura 1 Esquema da comunicação Fonte a autora Perceba que o locutor e o locutário compartilham do mesmo signo linguístico a fim de que a informação possa ser recebida e decodificada pelo locutário Essa informação decodificada é a mensagem contudo segundo Martelotta 2009 para que haja a comunicação interação verbal não basta que um locutor envie uma mensagem a um locutário Para que essa mensagem seja compreen dida é necessário que ela seja eficaz e para tanto conclui Martelotta 2009 essa mensagem deve constituirse de Signo linguístico Canal de comunicação CONTEXTO MENSAGEM CÓDIGO LOCUTOR LOCUTÁRIO As Funções da Língua GEM na Construção dos Enunciados Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 65 UM CONTEXTO APREENSÍVEL PELO ALOCUTÁRIO UM CÓDIGO QUE SEJA CONHECIDO PELOS PARTICIPANTES DA COMUNI CAÇÃO UM CONTATO OU CANAL FÍSICO QUE PERMITA A INTERAÇÃO ENTRE OS PARTICIPANTES DA COMUNICAÇÃO No próximo tópico apresentaremos a você os estudos acerca das funções da lin guagem para que você possa compreender cada uma dessas funções AS FUNÇÕES DA LÍNGUA GEM NA CONSTRUÇÃO DOS ENUNCIADOS De acordo com Roman Jakobson 2003 em uma situação de comunicação deve haver pelo menos dois falantes interlocutores que podem alternar os papéis ora de locutor ora de locutário A esse respeito Émile Benveniste 1989 em sua Teoria da Enunciação Ato de dizer propõe que em uma determinada situação de comunicaçãointeração um indivíduo se apropria da linguagem e nesse momento instaurase como EU e simultaneamente instaurase o outro como TU é uma enunciação que pres supõe um locutor e um ouvinte e no primeiro a intenção de influen ciar o outro de alguma maneira Em função do eu caracterizamse o aqui o agora e todas as coordenadas espaço temporais Eu e tu porém são reversíveis a cada instante no momento seguinte o interlocutor pode passar a designarse eu passando o antigo eu a tu assim sucessi vamente apud KOCH 2013 p 13 LINGUAGEM E COMUNICAÇÃO Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 II U N I D A D E 66 Segundo Benveniste 1989 o EU e o TU sempre são os participantes da enun ciação isto é são as pessoas enunciativas note alunoa que essa categoria difere da categoria tradicional de pessoa pronominal A característica substancial das pessoas enunciativas está centrada na rever sibilidade Quando dirijo a palavra a alguém ele é o tu quando ele passa a ser eu e eu tornome tu FIORIN 2002 p164 isso significa que em uma situ ação de enunciação as pessoas enunciativas trocam de lugar conforme aquele que toma a palavra o dizer Em vista disso entendemos que a linguagem pode assumir diferentes funções vinculadas à interaçãoatividade verbal que envolve contexto locutor alocutá rio código linguístico conteúdo da mensagem e o contato entre os locutores A seguir vejamos os elementos que representam as Funções da Linguagem pro postos por Roman Jakobson em sua Teoria da Comunicação 1 Função Referencial ou Denotativa 2 Função Emotiva ou Expressiva 3 Apelativa ou Conativa 4 Função Fática 5 Função Poética 6 Função Metalinguística Agora atentese ao esquema abaixo a fim de um melhor entendimento sobre essas funções As Funções da Língua GEM na Construção dos Enunciados Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 67 Figura 2 Funções da linguagem Fonte a autora A seguir vejamos as funções da Língua gem na Construção dos Enunciados 1 Função Referencial Consiste na transmissão de informações do locu tor ao alocutário Essa função está centrada no contexto uma vez que reflete uma preocupação em transmitir conhecimentos referentes a pessoas objetos ou acontecimentos Essa função é essencialmente objetiva limitandose à expressão dos fatos sem que constem opiniões pessoais do emissor Assim a linguagem é formal e deve prevalecer o uso da 3ª pessoa Para ilustrar essa função vejamos o exem plo que segue ALUNOS 2015 online CONTEXTO Função Referencial LOCUTOR Função Emotiva ou Expressiva LOCUTÁRIO Função Conativa ou Apelativa MENSAGEM Função Poética CANAL Função Fática CÓDIGO Função Metalinguística LINGUAGEM E COMUNICAÇÃO Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 II U N I D A D E 68 ALUNOS CRIAM SOFTWARE QUE FORMATA TEXTOS CONFORME NORMAS DA ABNT Três estudantes da pósgraduação em Computação da UFPE Universidade Federal de Pernambuco criaram um software que organiza textos no formato exigido pela ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas O programa está disponível temporariamente de forma gratuita na internet Em entrevista para assessoria de imprensa da Ufal Universidade Federal de Alagoas o estudante Yguaratã Cavalcanti explicou que o FastFormat foi pen sado para facilitar a vida de estudantes e professores que produzem artigos de conferência e periódicos trabalhos de conclusão de curso monografias dis sertações e teses Além de Cavalcanti Bruno Melo e Paulo Silveira passaram os últimos quatro anos desenvolvendo o software O programa possui um blog com tutoriais para facilitar a interação dos usuá rios Lá é possível aprender a como fazer citações escrever o resumo entre outros A função principal desse texto é informar esclarecendoo quanto ao Software que foi criado para formatar automaticamente trabalhos acadêmicos conforme as normas da ABNT As Funções da Língua GEM na Construção dos Enunciados Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 69 Esse texto faz uso da linguagem formal e objetiva além do uso da 3ª pessoa em Três estudantes da pósgraduação o estudante Yguaratã Cavalcanti explicou que Diante disso evidenciamos a predominância da função referencial 2 Função Emotiva ou Expressiva Consiste na exteriorização da emoção do remetente em relação àquilo que fala de modo que essa emoção transpareça no nível da mensagem Essa função está centrada no próprio remetente uma vez que é sua emoção que está em jogo na mensagem A função emotiva ou expressiva é caracterizada pelo uso de verbos na pri meira pessoa pela subjetividade e pelo uso de metáforas ou recursos expressivos para revelar o eu do emissor que enuncia ao mundo Podemos tomar como exemplos os contos os romances alguns poemas enfim os textos que evidenciam o eu do emissor que possuem predominân cia da função emotiva ou expressiva Veja estes versos da canção abaixo Os versos da letra da música da Trupe são marcados pela predominância da fun ção emotiva ou expressiva haja vista que há a marca do eu que enuncia como em no meu coração e o meu coração Ainda nos versos de Fernando Anitelli observase um trocadilho com as expressões há ferrugem e a fé ruge coração de lata e coração dilata Tal jogo de palavras confere ao texto mais expressividade além de revelar a subjeti vidade do compositor uma vez que ele é o foco isto é ele determina as escolhas feitas na construção do enunciado desse enunciado 3 Apelativa ou Conativa Consiste em influenciar o comportamento do destinatário Essa função está centrada no destinatário uma vez que ele é o alvo da informação As propagandas são bons exemplos dessa função pois suas carac terísticas básicas são persuadir convencer enfim agir sobre o seu destinatário QUANDO A FÉ RUGE Quando há ferrugem no meu coração de lata É quando a fé ruge e o meu coração dilata Fonte O Teatro Mágico online LINGUAGEM E COMUNICAÇÃO Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 II U N I D A D E 70 É comum em enunciados que predominam a função Apelativa ou Conativa o emprego de verbos no modo imperativo além de verbos na 2ª e 3ª pessoas e o vocativo Nessa função o foco recai sobre o locutário receptor isto é no outro Vejamos o anúncio que segue Fonte Unicesumar online A função predominante nesse exemplo é a Apelativa ou Conativa uma vez que ela foi construída para o receptor Note há nesse anúncio o uso da 2ª pessoa pronominal você que tem a finalidade de envolver o interlocutor no enun ciado Além desse recurso linguístico há também o uso da expressão só para você que tem a função de aproximar o interlocutor da oportunidade oferecida pela instituição É interessante destacar também que a informalidade em com a gente é proposital pois confere ainda ao interlocutor mais proximidade com a insti tuição haja vista que a oportunidade de se obter o benefício restringese Só para ex aluno da instituição Por fim merece destaque o uso do verbo no impe rativo como em INSCREVASE 4 Função Fática Consiste em iniciar ou prolongar ou terminar um ato de comunicação Portanto essa função está centrada no canal uma vez que não visa propriamente à comunicação mas ao estabelecimento do contato Assim o canal é o suporte por meio do qual a mensagem se encaminha ao receptor As Funções da Língua GEM na Construção dos Enunciados Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 71 Com essa função os interlocutores podem manter testar ou interromper a comunicação Essa manutenção pode ser marcada pelos cumprimentos diários bom dia boa tarde olá tudo bem Caso o meio seja o telefone alô hum tá entendo Vejamos 5 Função Poética Consiste na combinação de elementos linguísticos Está centrada na mensagem e foco na forma isto é no modo como foi organizada já que a estruturaorganização da mensagem agrega sentido ao assunto Assim a intenção não é simplesmente usar a mensagem como um mero veículo de sen tidos mas construir sentido por meio de sua organização textual Essa função é predominante em poemas Vejamos QUADRILHA JOÃO AMAVA TERESA QUE AMAVA RAIMUNDO QUE AMAVA MARIA QUE AMAVA JOAQUIM QUE AMAVA LILI QUE NÃO AMAVA NINGUÉM JOÃO FOI PARA OS ESTADOS UNIDOS TERESA PARA O CONVENTO RAIMUNDO MORREU DE DESASTRE MARIA FICOU PARA TIA JOAQUIM SUICIDOUSE E LILI CASOU COM J PINTO FERNANDES QUE NÃO TINHA ENTRADO NA HISTÓRIA CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE Quadro 5 Quadrilha de Carlos Drummond de Andrade Fonte Drummond online ALÔ HUM TÁ ENTENDO LINGUAGEM E COMUNICAÇÃO Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 II U N I D A D E 72 No texto de Drummond mais do que abordar a temática do desencontro entre a maioria dos personagens o poeta busca construir os sentidos a partir da repe tição do pronome relativo que e do verbo amar como em amava Assim os usos desses recursos linguísticos marcam a predominância da função poética da linguagem logo o foco recai sobre a forma em que o enunciado foi organizado 6 Função Metalinguística Consiste em usar a linguagem para se refe rir à própria linguagem Está centrada no código e sobre a própria linguagem Assim é a mensagem que fala de sua própria produção discursiva Seja ela linguística escrita e ou oral ou extralinguística gestos músicas desenhos pinturas Observe este exemplo que Mário Quintana define o que é poesia pela própria poesia POESIA Impossível qualquer explicação ou a gente aceita à primeira vista ou não acei tará nunca a poesia é o mistério evidente Ela é óbvia mas não é chata como um axioma E embora evidente traz sempre um imprevisível uma surpresa um descobrimento Fonte Mário Quintana online Quando se fala em Contexto do que se fala mesmo Até aqui vimos que a linguagem pode materializar funções variadas desde que associadas ao contexto de uso da língua gem Assim podemos apre ender que ao se falar em contexto se fala dos elementos extra linguísticos isto é falase dos elementos que constituem uma determinada situação co municativa como quem fala e a quem o código linguístico o conhecimen to de mundo entre os interlocutores e a situação de comunicação Isso sig nifica que o contexto é um fator determinante para a produção de sentidos e constituise em tudo aquilo que envolve o texto enunciado Fonte a autora Processamento da Leitura Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 73 Como você pode observar tratamos das funções da linguagem de Roman Jakobson 2003 sob uma perspectiva dialógica da linguagem Dessa forma vimos que as funções da linguagem propostas pelo linguística russo são importantes na construção dos enunciados em situações efetivas de uso da linguagem visto que o foco da construção dos sentidos de uma determi nada situação de interação comunicativa não se restringe somente à transmissão de uma informação mas constróise na interação verbal em contextos de uso da linguagem Em vista disso destacamos a importância da interação entre o sujeito falante linguagem e o contexto sociodiscursivo para que o processo da interação ver bal favoreça aos propósitos comunicativos para que a construção dos sentidos entre os membros de uma determinada situação discursiva seja estabelecida É sobre o processamento da construção dos sentidos que nos ocuparemos nos tópicos que seguem PROCESSAMENTO DA LEITURA Nosso estudo até aqui proporcionou a você aprender que as múltiplas lingua gens e suas funções constituemse como locus para a atribuição e construção de sentidos do e no mundo que nos cerca Assim a construção de sentidos1 efetiva se a partir da manifestação da linguagem vinculada aos seus contextos de uso Isso significa que o processo de leitura tem um caráter voltado para o contexto de uso da linguagem que vai além do nível frásico 1 Refirome ao processo de leitura AS FRONTEIRAS DA MINHA LINGUAGEM SÃO AS FRONTEIRAS DO MEU UNIVERSO WITTGENSTEIN 2015 p 86 LINGUAGEM E COMUNICAÇÃO Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 II U N I D A D E 74 Por esse viés proponho que reflita como se dá o processo de leitura do e no mundo Como lemos e para que lemos Segundo Koch 2013 o funcionamento da leitura é decorrente da concep ção de sujeito de linguagem de texto2 e de sentido que se adota Sobre a noção de sujeito apoiarnosemos na concepção dialógica da lin guagem que defende a construção do sujeito a partir do social isto é o sujeito é construído a partir da interação com o outro conforme postula o Círculo de Bakhtin O Círculo destaca o sujeito não como fantoche das relações sociais mas como um agente um organizador de discursos responsável por seus atos e responsivo ao outro BRAIT 2014 p24 A noção de linguagem que orienta as discussões desta disciplina como já men cionado depreendese dos domínios da linguagem como ação uma vez que há no fenômeno linguístico dependência de fatores socioculturais A esse respeito reportamos à Garcez 1998 p 48 A linguagem não existe no vácuo mas imersa numa rede de valores discursivos de vários níveis Assim todo o universo linguístico cons tróise existe e funciona num universo social coletivo e não pode ser abstraído dessa condição Sob o ponto de vista da linguística textual tomaremos a noção de texto que segundo Beaugrand 1997 p 10 apud MARCUSCHI 2008 p 72 tratase de um evento comunicativo em que convergem ações linguísticas sociais e comunicativa Para a linguística textual isso significa que o texto é uma prática social que possui vida ao ser percebido pelo sujeitoleitor que com ele pode estabelecer uma relação interativa Assim ler é atribuir significados ler é construir significados e sentidos para o texto e com o texto Diante disso alunoa perguntolhes o que é sentido Para Koch 2013 p 11 a noção de sentido encontase na gama de elemen tos implicítos que emergem da relação entre os sujeitos e os contextos de uso da linguagem o sentido de um texto é comstruído na interação textosu jeitos e não algo que preexista a essa interação 2 Para esta disciplina adotamos como intercambiáveis as noções de texto e enunciado Processamento da Leitura Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 75 Para um melhor entendimento sobre o processamento da leitura observe este enunciado Imaginem que um casal está em uma churrascaria e no momento que o gar çom os serve o casal apresenta seguinte diálogo Você já pensou sobre essas religiões africanas que sacrificam animais Acho um absurdo o tipo de prática dessas religiões Pois eles comentem um verdadeiro ato de crueldade com os animais3 3 Texto adaptado pela autora de httpsscontentgru11xxfbcdnnethphotosxta1vt109 s720x7201114869980 98753924253651168253728980055926njpgohd4ea4f1f0d70df82f8aa0329c1783401oe56B09DCD Acesso em 1 nov 2015 VOCÊ JÁ VIU AQUELAS RELIGIÕES QUE SACRIFICAM ANIMAIS É UM ABSURDO MUITA CRUELDADE COM OS BICHINHOS LINGUAGEM E COMUNICAÇÃO Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 II U N I D A D E 76 Esse enunciado representa bem o papel do leitor que em interação com o texto atribuilhe sentido ao considerar não só as informações gramaticalmente cons tituídas como também o que está implicitamente sugerido Podemos tomar como exemplo que nesse contexto o autor sugere uma refle xão sobre as questões de crençasreligiões que entregam animais como aves e carneiros em oferendas aos deuses Esse enunciado sugere ainda que há entre algumas pessoas certa hipocri sia uma vez que o casal da situação apresentada provavelmente alimentase de carne de aves carne bovina etc que também tem sua origem a partir sacrifí cios em abatedouros Como base nesse olhar que lançamos sobre o enunciado acima e nas pala vras de Koch 2013 temos uma demonstração clara de que A leitura é uma atividade na qual se leva as experiências e o conheci mento do leitor A leitura de um texto exige do leitor bem mais que o conhecimento do código linguístico uma vez que o texto não é simples produto da codifi cação de um emissor a ser decodificado por um receptor passivo Indubitavelmente o processamento de leitura privilegia os sujeitos e seus conhe cimentos de mundo em contextos de uso concreto da linguagem Sobre isso assim se expressa Bakhtin 1992 p 290 apud KOCH 2013 p 12 o lugar mesmo de interação é o texto cujo sentido não está lá mas é construído considerandose para tanto as sinalizações textuais da das pelo autor e os conhecimentos do leitor que durante todo o pro cesso de leitura deve assumir uma atitude responsiva ativa Em outras palavras esperase que o leitor concorde ou não com as ideias do autor completeas adapteas etc uma vez que toda compreensão é prenhe de respostas e de uma forma ou de outra forçosamente a produz Como podemos observar para Bakhtin 1992 no processo de leitura o leitor é um coprodutor do texto uma vez que ele pode se aproximar ou se distanciar das ideias que o texto sugere ao mesclar as suas ideias com as ideias que emergem do texto o que é permitido ao leitor pela natureza da incompletude dos textos Conhecimento Linguístico Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 77 Nesse nosso percurso a respeito do processamento da leitura enfatizamos que ela é uma atividade que se dá na interação autortextoleitor Assim nesse pro cesso convém considerar os elementos linguísticos do texto elemento do qual e por meio do qual se estabelece a interação logo a construção de sentidos em um texto segundo Koch 2013 ocorre a partir de três sistemas de conheci mentos o linguístico o de mundo e o sociointeracional Vamos iniciar com o Conhecimento Linguístico CONHECIMENTO LINGUÍSTICO O Conhecimento Linguístico relacionase ao conhecimento dos elementos gra maticais e lexical presentes em um texto Conforme Koch 2013 com base nesse conhecimento o leitor por exemplo pode compreender a organização do mate rial linguístico na superfície textual Pode compreender a função dos usos dos meios de coesão para possibilitar a sequenciação do texto O leitor pode ainda compreender a seleção lexical adequada ao tema Vejamos a importância do conhecimento linguístico para o processamento da leitura no exemplo que segue A língua penetra na vida através dos enunciados concretos que a realizam e é também através dos enunciados concretos que a vida penetra na língua Fonte Bakhtin 1992 LINGUAGEM E COMUNICAÇÃO Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 II U N I D A D E 78 Para a compreensão dessa tira é necessário entender os valores semânticos dos verbos somos e estamos no contexto em que eles ocorrem pois a construção de seu sentido só é possível ao entendermos a ideia que emergem deles sobre a rapidez de nossa efemeridade neste mundo uma vez que o valor do verbo somos implica em um estado do sujeito um sujeito que é deste mundo Por seu turno o valor semântico do verbo estar tem uma ideia que cor responde a um momento breve neste mundo Certamente poderíamos realizar muitas leituras em relação à tirinha contudo nesse texto o valor atribuído ao verbo estamos é um elemento relevante para a construção de sentido dessa tira que nos permite inferir que estamos de passagem neste mundo Passemos agora ao Conhecimento de mundo CONHECIMENTO DE MUNDO De acordo com Koch 2009 o Conhecimento de mundo referese aos conhe cimentos gerais sobre o mundo Segundo essa linguista há dois tipos de conhecimento de mundo o declarativo constituído por proposições a respeito dos fatos do mundo por exemplo a capital do estado do Paraná é Curitiba somos Tão Passageiros que nÃo somos estamos ANA C COUTO Conhecimento de Mundo Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 79 O episódico constituído por modelos cognitivos4 socialmente adquiridos por meio da experiência A esse respeito Koch 2009 p 23 inspirada em Van Dijk 1989 explica que os modelos constituem conjuntos de conhecimentos sociocultu ralmente determinados e vivencialmente adquiridos que contêm tanto conhecimentos sobre cenas situações e eventos como conhecimentos procedurais sobre como agir em situações particulares e realizar ativi dades específicas São inicialmente particulares já que resultam das experiências do dia a dia determinados espáciotemporalmente por isso estocados na memória episódica Após uma série de experiências do mesmo tipo tais modelos vãose tornando generalizados com abs tração das circunstâncias particulares específicas e quando similares aos dos demais membros de um grupo passam a fazer parte da memó ria enciclopédica ou semântica Como se observa para Van Dijk 1989 esse conhecimento tem um papel muito importante no processo de atribuição de sentidos a um texto Por exemplo se um texto abordar um assunto do qual o leitor não tem conhecimento de nada adianta o conhecimento linguístico pois o texto não seria compreendido Assim quanto mais conhecimento quanto maior acervo cultural maior o poder de leitura de um indivíduo Para exemplificação sobre o conhecimento de mundo observe o texto a seguir Fonte autor desconhecido 4 Algumas literaturas denominam frames cenários esquemas modelos mentais Alguém aí pergunta pro Jota Quest quando é que vai ficar fácil extremamente fácil LINGUAGEM E COMUNICAÇÃO Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 II U N I D A D E 80 Se não considerarmos o conhecimento de mundo como então alunoa com preender esse enunciado Para a compreensão desse texto é preciso que o leitor tenha conhecimento sobre a canção Fácil da banda Jota Quest Dessa forma o leitor poderia levantar hipóteses criar expectativas e inferir por exemplo que o produtor desse enunciado possivelmente está enfrentando uma situação com plicada laboriosa Diante disso é importante que você entenda que o conhecimento de mundo é aquele que fica armazenado na memória de cada indivíduo e por ocasião do processamento de uma determinada informação o leitor acessaos para que a atribuição de sentidos seja estabelecida isto é é preciso ativar o conhecimento de mundo para produzir sentido por meio do que está posto linguisticamente nos enunciados No próximo tópico nós nos ocuparemos do Conhecimento Sociointeracional CONHECIMENTO SOCIONTERACIONAL Para Koch 2009 o Conhecimento Sociointeracional compreende as formas de interação por meio da linguagem e engloba os conhecimentos do tipo Ilocucional Comunicacional Metacomunicativo e Superestrutural O Conhecimento Ilocucional permite que o leitor reconheça as intenções os propósitos que um falante em uma determinada situação comunicativa pre tende atingir No trecho a seguir extraído da música Vaca Estrela e Boi Fubá de Patativa do Assaré observe um exemplo do conhecimento Sociointeracional Conhecimento Socionteracional Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 81 Fonte Di Paulo e Paulino online Há situações de comunicação em que a construção da produção de sentido fundamentase na ausência do Conhecimento Ilocucional Para um melhor entendimento sobre esse recurso proponho que você reflita sobre este texto PARA QUEM NÃO DORME DE TOUCA Na infância ele era diferente Acreditava nos outros acreditava nas coisas Quando alguém dizia Por que não vai ver se estou na esquina Ele corria até a esquina olhava espe rava um pouco reconfirmava e voltava Não tem ninguém na esquina Texto de Ignácio Loyla Brandão extraído de KOCH p472013 Como podemos observar aluno a a ausência do Conhecimento Ilocucional nesse exemplo provoca o efeito de sentido que a situação sugere uma vez que o personagem entendeu de forma literal o sentido da expressão vai ver se estou na esquina pois o falante dessa situação não entendeu a intenção comunicativa proposta pelo seu interlocutor VACA ESTRELA E BOI FUBÁ Seu dotô me de licença Pra minha história contá Hoje eu tô na terra estranha E é bem triste o meu pená Mas já fui muito feliz Vvendo no meiu lugá Eu sou fio do nordeste Não nego o meu naturá Mas uma seca medonha Me tangeu de lápra cá Lá eu tinha o meu gadinho Não é bom nem imaginá Minha linda vaca Estrela E o meu belo boi Fubá LINGUAGEM E COMUNICAÇÃO Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 II U N I D A D E 82 Portanto podemos apreender que a falta do Conhecimento Ilocucional o estra nhamento do grupo de crianças da atualidade chama a atenção para o princípio de que a atribuição de sentidos em um determinado enunciado não está somente no texto naquilo que é dito mas também está naquilo que é implicitamente sugerido nãodito5 O Conhecimento Comunicacional conforme Koch 2013 relacionase com a quantidade de informação necessária em uma situação comunicativa para que o falanteleitor seja capaz de reconstruir o objetivo do produtor do texto Há necessidade também de que os elementos linguísticos sejam adequados à situação de interação Ainda segundo Koch é necessário que haja uma adequa ção do gênero textual por exemplo à situação de interação Vamos a exemplos que revelam a importância do Conhecimento Comunicacional TEXTO 4 5 Sobre o nãodito veja alunoa a unidade V deste livro preste atenção esse medicamento não deve ser usado em caso de função da medula insuficiente após tratamento citostático ou doenças do sistema he matopoiético ok NÃO SE ESQUEÇA ESSE MEDICAMENTO NÃO DEVE SER USADO EM CASO DE FUNÇÃO DA MEDULA INSUFICIENTE APÓS TRATAMENTO CITOSTÁTICO OU DOENÇAS DO SISTEMA HEMATOPOIÉTICO OK Conhecimento Socionteracional Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 83 TEXTO 5 No texto 4 há o uso da linguagem mais cientifica técnica que somente àque les que fazem parte da área médica conseguiriam manter uma interação verbal satisfatória Por outro lado se considerarmos a linguagem médica direcionada a um paciente sem conhecimento dessa linguagem possivelmente não enten deria o que ocorre com relação a sua saúde por exemplo De igual maneira no texto 4 podese inferir que há uma inadequação da linguagem diante da situação comunicativa uma vez que pelo contexto apresen tado no texto 45 tratase de uma entrevista de emprego na qual o entrevistado está pleiteando uma vaga para a área de língua portuguesa e ao considerarse essa situação de comunicação esperase uma linguagem mais formal e não uma linguagem coloquial como a apresentada pelo falante como em acho bão pois esse tipo de linguagem a coloquial é adequada para uso em ambientes mais informais como reuniões familiares encontro com amigos Já o texto 6 é um excelente exemplo do que vem a ser o Conhecimento Comunicacional já que a fala do segundo quadrinho da tirinha faz uma sele ção de uso da língua gem adequada à situação comunicativa Vamos ao texto 6 ANALISEI O SEU CURRÍCULO E GOSTARIA DE SABER O QUE VOCÊ ACHA DE ASSUMIR A DISCIPLINA DE LÍNGUA PORTUGUESA ACHO MUITO BÃO LINGUAGEM E COMUNICAÇÃO Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 II U N I D A D E 84 TEXTO 6 Fonte Mulher 30 online Como você pode observar o Conhecimento Comunicacional nessa tirinha evidenciase por meio dos elementos linguísticos especificamente quando a personagem feminina adequa a sua fala ao uso de expressões que se revelam mais peculiares à linguagem do gênero masculino Nesse sentido evidentemente essa tirinha nos permite uma leitura que toca em um campo sutil de valores sociais convencionais como o discurso clássico de que homens são insensíveis ao romantismo Diante disso podemos entender que a fala da personagem feminina faz uma adequação de sua linguagem a fim de alcançar os seus propósitos comu nicativos Assim podemos inferir que essa tira retrata que há uma postura linguística que é socialmente mais apropriada para um sexo do que para outro isto é a autora da tirinha Mulher de 30 muito espirituosamente mostra que há diferentes maneiras de dizer de significar aquilo que queremos sem alterar o valor de verdade das coisas Em vista disso as mensagens dos primeiros enunciados são marcadas pela ausência do Conhecimento Comunicacional observem que tanto no texto 4 quanto no texto 5 não existe uma adequação quanto ao uso da linguagem quanto aos papeis dos interlocutores quanto à mensagem e aos propósitos comunicativos Diante dessa exposição é possível entender a relevância sobre o Conhecimento Comunicacional à construção de sentidos haja vista que se uma linguagem Conhecimento Socionteracional Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 85 apresentar um vocabulário inadequado ao seu contexto de uso se os participantes de uma dada situação de interação não compartilharem da mesma linguagem o processamento interativo fica comprometido Outro Conhecimento que consti tui o Conhecimento Sociointeracional referese ao conhecimento Metacognitivo Vejamos a seguir a importância desse recurso à construção de sentidos em um enunciado Conhecimento Metacognitivo de acordo com Koch 2009 é aquele que permite ao locutor assegurar a compreensão do texto e conseguir a aceitação pelo seu interlocutor dos objetivos pelos quais é produzido Conforme Koch 2009 há vários tipos de ações linguísticas presentes em um texto que são importantes para assegurar a compreensão do enunciado como a introdução de sinais de articulação como a organização textual pará frases repetições etc Vejamos o exemplo da fala de Guimarães Rosa para um melhor entendimento sobre esse Conhecimento Observe o realce na grafia do prefixo in que tem a função de chamar a aten ção do leitor à mensagem desse texto Nesse caso destacase a importância de o leitor ter conhecimento sobre o elemento linguístico prefixo que serve para formar palavras em que se adicionado à palavra felicidade o leitor construiria um sentido negativo como não felicidade ou um sentido de oposição a pala vra felicidade infelicidade Infelicidade é questão de prefixo LINGUAGEM E COMUNICAÇÃO Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 II U N I D A D E 86 A partir disso Guimarães Rosa por meio do recurso linguístico in atribui de maneira prática o sentido de algo profundo para as pessoas um sentimento que pode ser marcado pela reversibilidade ora feliz ora infeliz e para tanto basta ao leitor acrescentar ou não o prefixo in isto é ser in feliz é de fato uma questão de escolha gramatical Há ainda segundo Koch 2013 um ter ceiro Conhecimento que se relaciona ao Conhecimento Sociointeracional O Conhecimento Superestrutural Esse conhecimento é também denominado de gêneros textuais Koch 2013 p 54 explica que A identificação de textos como exemplares adequados aos diversos eventos da vida social Envolve também conhecimentos sobre as ma crocategorias ou unidades globais que distinguem vários tipos de tex tos bem como sobre a ordenação ou sequenciação textual em conexão com os objetivos pretendidos Conforme expõe Koch 2013 esse conhecimento permite aos falantes reconhe cerem textos como exemplares de terminado tipo ou gênero Para uma melhor compreensão a esse respeito vejamos os exemplos que seguem TEXTO 7 Figura 3 Gênero email Fonte Windows Microsoft online Conhecimento Socionteracional Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 87 TEXTO 8 Reconhecemos na figura 7 o gênero textual email que sabemos que se trata de um gênero do meio eletrônico que tem por função básica possibilitar o envio e recebimento de mensagens Quanto ao texto 8 sabemos tratarse de uma receita culinária Nesse sen tido nosso conhecimento sobre gêneros textuais nos alerta que o texto 8 por exemplo não é uma fábula ou uma carta de reclamação mas sim uma receita culinária que constituí os gêneros da ordem do instruir Como vimos até aqui ler é construir sentidos e essa construção é social com diferentes contextos e intenções que cercam a produção de sentidos Dessa forma ler é um processo que envolve não só a mundividência do leitor mas os conhecimentos sobre diferentes tipos de gêneros textuais sua organização textual conhecimentos lexicais sintáticos semânticos e pragmáticos isto é a compre ensão a atribuição de sentidos ao um texto depende de vários conhecimentos RECHEIO DE SONHO DE VALSA PARA BOLOS Ingredientes 1 lata de leite condensado 1 e ½ lata de creme de leite 15 bombons Sonho de Valsa Modo de preparo Bata no liquidificador o creme de leite o leite condensado e 10 bombons So nho de Valsa até virar um creme Leve esse creme ao fogo e mexa até ele engrossar Deixe esfriar Pique os 5 bombons Sonho de Valsa que restaram e incorpore ao creme frio Pronto Agora é só rechear o seu bolo LINGUAGEM E COMUNICAÇÃO Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 II U N I D A D E 88 CONSIDERAÇÕES FINAIS Chegamos ao fim de mais uma unidade Como ponto de partida para os estudos sobre LINGUAGEM E COMUNICAÇÃO Desta unidade II trouxemos como foco a perspectiva Funcionalista da linguagem que considera em suas análises a relação entre os meios linguísticos em seus contextos naturais de uso Por meio desse quadro Funcionalista da linguagem também nos ocupamos dos estudos do processo comunicativo e as funções da linguagem propostos pelo linguista Roman Jakobson Vimos por meio desse estudo que as funções da lin guagem são seis referencial emotiva apelativa fática poética e metalinguística que assumem diferentes funções vinculadas ao ato de significar que envolve con texto locutor alocutário o código linguístico a mensagem e o canal Na unidade II vimos sobre o processamento da leitura e para tanto recor remos aos estudos da Linguística Textual e à noção de sujeito vinculado aos estudos de Bakhtin Dessa forma enfatizamos a importância da relação entre a linguagem em seus contextos de usos para que a construção de sentidos dos enunciados se estabeleça Em vista disso buscamos trazer a você alunoa os estudos desenvolvidos por Koch a respeito da interação autortextoleitor Do processamento de leitura assim entendemos que a natureza dialógica da linguagem constrói os sentidos a partir de alguns conhecimentos como o Linguístico o Comunicacional e o Sociointeracional Com base na discussão desse tópico vimos que o processa mento da leitura depende de fatores que extrapolam a superfície textual uma vez que ler é interagir é construir significado para o texto por meio do texto e com o texto 89 1 As propagandas em meios impressos eletrônicos e ou televisivos direcionamse aos seus interlocutores a partir do predomínio de umas das funções da lingua gem que vimos na unidade II Assim indique que função da linguagem é essa e justifique sua resposta 2 Vimos nesta unidade que o processamento de leitura extrapola o nível do texto Nesse sentido explique a importância do Conhecimento de mundo para que o processo de leitura seja satisfatório 3 Sobre o processamento de leitura vimos que para Koch 2013 p 11 o sentido de um texto é comstruído na interação textosujeitos e não algo que preexista a essa interação Diante da visão dessa linguísta analise a imagem abaixo e explique como pode ser contruída a atribuição de sentidos neste enunciado Para isso elabore um texto entre 8 e 12 linhas Fonte EAD Unicesumar online A IMPORTÂNCIA DA LEITURA DIALÓGICA A presente unidade em um dos tópicos contemplou o processamento de leitura Dian te disso vimos a importância de se adotar uma leitura dialógica na construção das mais diferentes realidades nas interações sociais Assim compreender os fatores que cons troem os sentidos nos enunciados como o Conhecimento de Mundo Conhecimento Comunicacional e o Conhecimento Sociointeracional é condição inalienável para um leitor perceber que a construção de sentidos de um enunciado não se limita tão somen te a extração de informações de um texto A leitura dialógica possibilita que seja realizado um confronto de perspectivas e de re construção de atitudes diante do mundo isto é a leitura dialógica vai além da relação entre o leitor e as unidades de sentido na construção de significados possíveis Em vista disso no processo de leitura há então um confronto entre autortextoleitor pois o leitor abandonará uma atitude de passividade diante do texto e passará a ser participante do processo de reconstrução de sentidos porque ele não está só nesse processo de leitura pelo contrário juntamente com o leitor estão sua cultura sua con cepção de língua gem seus procedimentos interpretativos sua ideologia etc Fonte a autora Em consonância à perspectiva dialógica da linguagem sugiro a você alunoa a leitura deste trecho extraído dos Parâmetros Curriculares Nacionais que assim define leitura A leitura é o processo no qual o leitor realiza um trabalho ativo de compreensão e in terpretação do texto a partir de seus objetivos de seu conhecimento sobre o assunto sobre o autor de tudo o que sabe sobre a linguagem etc Não se trata de extrair infor mação decodificando letra por letra palavra por palavra Tratase de uma atividade que implica estratégias de seleção antecipação inferência e verificação sem as quais não é possível proficiência É o uso desses procedimentos que possibilita controlar o que vai sendo lidos 70 permitindo tomar decisões diante de dificuldades de compreensão avançar na busca de esclarecimentos validar no texto suposições feitas Um leitor com petente sabe selecionar dentre os textos que circulam socialmente aqueles que podem atender a suas necessidades conseguindo estabelecer as estratégias adequadas para abordar tais textos O leitor competente é capaz de ler as entrelinhas identificando a partir do que está escrito elementos implícitos estabelecendo relações entre o texto e seus conhecimentos prévios ou entre o texto e outros textos já lidos Fonte Parâmetros 1998 p 6970 Material Complementar MATERIAL COMPLEMENTAR Comunicação nos Textos Norma Discini Editora Contexto Ano 2012 Sinopse Esta obra pretende romper os limites que cercam a comunidade dos estudiosos da linguagem Apresenta se como livro didático e destinase aos não iniciados nos estudos do discurso Tem como objetivo descrever e levar o leitor a descrever mecanismos de construção do sentido nos textos examinados para além da aparência e como construção linguageira do mundo A descrição se respalda por refl exões teóricas e subsidia a produção de texto considerada um fi m a ser perseguido continuamente O Artista Ano 2011 Sinopse Um dos fi lmes mais recentes e um exemplo prototípico de metalinguagem no cinema podem ser conferidos por meio do fi lme O Artista de Michel Hazanavicius Em pleno século XXI o diretor criou um fi lme mudo e em preto e branco para mostrar as transformações pelas quais o cinema e os atores passaram a partir da década de 1930 quando o som chegou às telas procurando aproximar o cinema da vida real UNIDADE III Professora Me Fátima Christina Calicchio A EXPRESSÃO ESCRITA E A SEMÂNTICA Objetivos de Aprendizagem Compreender e refletir sobre as regras ortográficas Compreender e refletir sobre as regras de acentuação Refletir sobre algumas questões notacionais da língua Compreender o que é semântica Compreender e refletir sobre a importância da duplicidade de sentidos na reconstrução dos enunciados Plano de Estudo A seguir apresentamse os tópicos que você estudará nesta unidade Ortografia Questões Notacionais da Língua Acentuação Semântica Sinonímia e Antonímia Hiponímia e Hiperonímia Polissemia Ambiguidade na Construção dos Enunciados INTRODUÇÃO Para iniciar os estudos sobre A EXPRESSÃO ESCRITA E A SEMÂNTICA preocupamonos em fornecer instrumentos para que você possa praticar sua capacidade de compreensão análise e reflexão sobre a expressão escrita orto grafia e suas possibilidades de sentidos semântica Vimos na unidade I que a língua tem convenções próprias e a grafia adequada das palavras por exemplo é regida por essas convenções No início da alfabeti zação um falante começa a tomar conhecimento dessas convenções Depois à mediada que amplia suas práticas de leitura e escrita consolida o seu conheci mento sobre a expressão escrita ortografia e a expressão de sentido semântica Isso significa que o domínio desses saberes é processual Em vista disso seguimos com a abordagem Pragmática da linguagem que envolve a descrição e reflexão sobre os elementos linguísticos em seus contextos de uso Nesse sentido organizamos esta unidade da seguinte maneira Primeiramente apresentaremos o conceito sobre ortografia e os empregos das palavras na construção dos enunciados Na sequência nos ocuparemos da exposição e conceito de casos notacionais da língua em situações comunicati vas que circulam na sociedade No tópico seguinte nós nos ocuparemos também sobre a acentuação das palavras Seguiremos nossos estudos com o conceito de semântica e os ele mentos tratados por esse saber como Sinonímia e Antonímia Hiponímia e Hiperonímia Polissemia E por fim fecharemos esta unidade com reflexões sobre a Ambiguidade na Construção dos Enunciados Introdução Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 95 A EXPRESSÃO ESCRITA E A SEMÂNTICA Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 III U N I D A D E 96 ORTOGRAFIA Na educação básica na oralidade já revelamos nosso domínio sobre regras bási cas do sistema linguístico O nosso contato com as regras da modalidade escrita amplia gradativamente nossa capacidade de reconhecer a natureza dos even tos comunicativos diversos e de fazer escolhas adequadas de uso da língua Essas escolhas adequadas contribuem para a nossa mobilidade social Diariamente somos expostos a práticas sociais especializadas que exigem o nosso planejamento sobre a nossa fala e nossa escrita Essas práticas exigirão por exemplo que utilizemos vocabulários específicos e observação de regras de prestígio definidas pela gramática normativa1 Isso significa que a nossa relação com essas situações indicará a nossa competência comunicativa Em vista disso ter um amplo repertório de recursos comunicativos possi bilita uma comunicação mais adequada e precisa Esse repertório é construído a partir de nossas experiências no convívio social e nas práticas de letramento e nesse espaço a aprendizagem ganha relevância Assim cabe à instituição escolar o ensino da norma padrão isto é a varie dade linguística exigida nas práticas sociais especializadas Há normas que regem essa língua de prestígio e é fundamental conhecêlas Contudo quem nunca ficou com dúvida sobre como escrever alguma palavra Se é com J ou G quando usar S ou Z Quantas vezes já perguntamos e já nos perguntaram isso Nessas situações de dúvida a consulta a um dicionário sempre ajudará Para um melhor entendimento sobre os empregos adequados das letras 1 Veremos esse conteúdo na unidade IV deste livro Ortografia Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 97 palavras vamos ao conceito de ORTOGRAFIA Segundo Ferreira 1992 p 15 ortografia tem por função definir normas segundo as quais as palavras devem ser escritas para que sejam consideradas corretas Isso significa que existe um con junto de regras da gramática normativa que define a escrita correta das palavras Etimologicamente a ortografia surgiu da combinação de elementos de origem grega orto reto direto correto grafia representação escrita de uma palavra Nesse sentido muitas palavras da língua portuguesa têm sua grafia com base em sua etimologia Para que possamos compreender a relevância da orto grafia vejamos o texto 9 Texto 9 A polícia de Florianópolis conseguiu colocar as mãos em um ladrão de carros e colocálo na cadeia devido um fato inusitado O lará pio derrapou no português e foi preso devido uma placa clonada É que ao fazer a cópia da chapa o bandido distraído trocou uma letra e gravou Frorianopolis2 No texto 9 temos o caso do comerciante que viajava por uma rodovia brasileira em Toyota em 2006 Esse é um bom exemplo da importância da ortografia visto que por um erro de grafia da palavra Florianópolis o comerciante despertou a atenção dos policiais e foi parado pela polícia rodoviária porque a placa do automóvel estava com a grafia Frorianopolis isto é a palavra Florianópolis foi grafada com um r em vez de um l Grosso modo a inadequação ortográfica se deve à própria complexidade das regras de ortografia que faz com que seja muito difícil dominar todas as suas peculiaridades Além disso nem sempre é possível recorrer ao dicionário quando surge alguma dúvida 2 Disponível em httpwwwochefaodanoticiacombr201406placacronadaladraodecarrosepreso htmlmore Acesso em 31082015 A EXPRESSÃO ESCRITA E A SEMÂNTICA Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 III U N I D A D E 98 QUESTÕES NOTACIONAIS DA LÍNGUA Como vimos na introdução desta unidade entender o motivo pelo qual algumas palavras que você conhece são grafadas proporcionará mais segurança para escre ver várias outras que seguem a mesma regra É sobre isso que trataremos a seguir O USO DE J OU G O uso da letra J conforme Cereja 2013 Usase nas palavras de origem árabe afri cana e indígena como pajé jiboia biju Em palavras derivadas de outras que já possuem J em seu radical laranjeira deri vado da palavra laranja sujeira derivado da palavra sujo Uso da letra G Usase nas terminações ágio égio ígio ógio úgio como em prestígio refúgio Nas terminações agem igem ugem como em garagem ferrugem Atenção Exceções como pajem e lambujem EMPREGO DE X OU CH Uso da letra X De acordo com os estudos de CEREJA 2013 usase Questões Notacionais da Língua Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 99 Normalmente depois de ditongo como em caixa peixe trouxa Exceções Caucho recauchutar recauchutagem Depois de me em iniciais de palavras como mexer mexilhão enxaqueca Exceções Mecha e derivados Observe que no texto 1 há um uso inadequado da palavra mexer que não se aplica a regra que acabamos de estudar Texto 1 Fonte Só Português online Depois de en nas iniciais de palavras como enxurrada enxaqueca Exceções Encher encharcar enchumaçar e derivados Caso você consulte o dicionário e ainda fique com dúvidas quanto à gra fia de determinada palavra Você pode consultar o vocabulário ortográfico da língua portuguesa VOLP elaborado pela Academia Brasileira de Le tras pela internet O VOLP encontrase no endereço disponível em http wwwacademiaorgbr Fonte a autora A EXPRESSÃO ESCRITA E A SEMÂNTICA Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 III U N I D A D E 100 USO DO S OU Z Conforme Cereja 2013 devese usar o s Nos sufixos ês esa e isa usados na formação de palavras que indicam nacionalidade profissão estado social títulos honoríficos A saber chi nês chinesa burguês burguesa poetisa Nos sufixos oso e osa que têm a noção de cheio de normalmente esses sufixos são usados na formação de adjetivos como delicioso generoso gelatinosa Ainda segundo Cereja 2013 usase a letra z Nos sufixos ez eza que são geralmente usados para formar substanti vos abstratos derivados de adjetivos como rigidez rígido riqueza rico Quando um verbo é formado a partir da soma de um nome substantivo adjetivo sufixo izar como em animal izar animalizar O uso de ç s e ss também provocam muitas dúvidas Vejamos um exemplo de inadequação quanto à grafia da palavra ALMOÇAR Texto 11 Pelo exemplo do texto 11 certa mente o falante possui uma baixa escolaridade e fez o emprego de ss em vez de ç com base no som des ses vocábulos que são iguais Agora vamos às regras para que você possa compreender a forma ade quada quanto ao uso dessas letras FUI AO MOSSAR Questões Notacionais da Língua Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 101 O USO DO Ç Usase Ç em palavras derivadas de vocábulos terminados em to como em intento intenção canto canção exceto exceção Usase Ç em palavras derivadas do verbo ter na terminação como deten ção deter obtenção obter Usase Ç após ditongo quando houver som de s como eleição traição Usase Ç em verbos terminados em çar cujo substantivo equivalente seja terminado em ce ou em ço Observe este exemplo Texto 12 Fonte Só Português online O texto 12 chama a nossa atenção para o fato de que escrever uma palavra de forma inadequada pode por exemplo impactar na demanda de clientes do salão Espaço de beleza haja vista que o uso da palavra Espasso nesse contexto não corresponde nem à regra de uso de Ç nem do ss que nos ocuparemos a seguir A EXPRESSÃO ESCRITA E A SEMÂNTICA Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 III U N I D A D E 102 USO DO SS Escrevemos com ss os substantivos derivados de verbos terminados em gre dir agredir agressão meter comprometer compromisso mitir omitir omissão ceder exceder excesso cutir discutir discussão USO DO S Escrevemos com s as palavras derivadas de verbos que têm em seu radical ND como pretensão pretender RT inversão inverter RG aspersão aspergir PEL expulsão expelir A FIM DEAFIM DE A fim de usase para indicar uma finalidade um propósitointenção do falante Observe uma inadequação quanto ao uso dessa locução prepositiva3 no Texto 1 Fonte Mulher 30 online 3 Conjunto de duas ou mais palavras que em o valor de uma Exemplo Apesar de em vez de ao invés de junto com graças a a respeito de entre outras Questões Notacionais da Língua Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 103 Conforme a fala da personagem dessa tirinha Ricardo não tem mais a inten çãoa vontade uso informal de ficar com alguém No contexto do texto 1 o recomendável seria Ele não está a fim de você Da forma que foi usado afim de indica que Ricardo não está mais afinidade com a rigor essa constru ção seria incoerente contudo como os falantes tomam estas expressões a fim de e afim de como sinônimas a comunicação foi estabelecida Vamos agora a definição de afim de Afim de pode funcionar como adjetivo nesse caso assume o valor de semelhante parecido próximo Se dentro de um contexto a construção afim de for um substantivo assume o valor de afinidade aliados adepto Para um melhor entendimento sobre essa construção leiamos este enunciado ESTÁGIO EM RH Empresa não informado Área de atuação administrativoescritório Atividades Rotinas administrativas Auxílio em recrutamento e seleção Atendimento ao público Informações Necessário estar cursando Administração Ciências Contábeis Gestão de Recur sos Humanos ou áreas afins Escolaridade Ensino Superior Data 31082015 Email rhempregoscombr Imprimir vaga de emprego Quadro 1 Exemplo de uso de afins Fonte adaptado de Maringácom Esse exemplo mostra um uso adequado de afim uma vez que nesse contexto essa palavra tem a função de adjetivo e equivale a áreas próximas semelhantes Agora observe no texto 13 a construção afim de com valor de substantivo A EXPRESSÃO ESCRITA E A SEMÂNTICA Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 III U N I D A D E 104 Texto 13 AO INVÉS DE OU EM VEZ DE Conforme Cereja 2013 ao invés de equivale ao contrário de Isto é é recomen dável o uso dessa expressão quando em um contexto ela indicar ideias contrárias opostas Vejamos um exemplo Ao invés de equivale ao contrário de Isto é é recomendável o uso dessa expressão quando em um contexto ela indicar ideias contrárias opostas Exemplo Ao invés de criticar incetive Em vez de empregase quando no seu contexto de uso indicar substituição em lugarde isto é empregase essa construção para indicar ações diferentes conforme o exemplo que segue Exemplo Em vez de ir ao cinema foi ao teatro HÁ A Segundo Cereja 2013 devese usar há Com referência a tempo passado Quando faz referência ao verbo haver Há mensagens interessantes nas canções da Trupe O Teatro Mágico Com referência a tempo futuro A dois minutos da peça o autor ainda retocava a maquiagem CEREJA 2013 p70 Com referência a distância As receitas de A Nova Culinária Vegana conseguem a façanha de reunir todo mundo desde os afins de churrasco e até os vegetarianos mais estritos ao redor da mesma mesa para desfrutar de refeições apetitosas e inspiradoras in teiramente à base de vegetais Fonte adaptado de Apcius online Sabem que a paz é um outro nome da própria vida Vivemos desde há me ses sob a permanente ameaça do regresso à guerra Discurso proferido por Mia Couto ao receber o título doutor honoris causa pela universidade politécnica de Maputo Fonte Couto online Questões Notacionais da Língua Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 105 Morava a cinco quadras daqui CEREJA 2013 p70 MAS OU MAIS Segundo Bechara 2006 mas tratase a uma conjunção adversativa que aponta uma oposição entre duas ideias expressas Observe este exemplo Acabouse o tempo das ressureições mas continua o das insurreições BECHARA 2006 p 321 Conforme Cereja 2013 mais indica quantidade é o contrário de menos Gostaria de ficar mais com você mas não posso CEREJA 2013 p71 Emprego de Por que por quê porque e porquê A seguir trataremos do emprego do vocábulo PORQUE a fim de que você alunoa se mostre sensível ao grau de formalismo da língua necessário a cada situação de comunicação A seguir você terá a oportunidade de revisar as regras de uso de POR QUE POR QUÊ PORQUE e POR QUÊ POR QUE Usado no início de frases interrogativas e indiretas É possível encontrar usos desse emprego do POR QUE equivalentes a pelo qual por qual por que motivo Observe que no texto 14 há o emprego do por que no início de uma oração interrogativa direta Texto 14 Fonte Mulher 30 online A EXPRESSÃO ESCRITA E A SEMÂNTICA Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 III U N I D A D E 106 Agora vejamos um emprego do por que com valor de por qual motivo por qual razão Texto 15 POR QUÊ Empregase POR QUÊ em final de frases interrogativas ou antes de uma pausa forte A ideia de motivo está implícita em textos com o uso desse POR QUÊ Vamos ao exemplo do uso desse POR QUÊ do texto 16 Texto 16 PORQUE Empregase o PORQUE quando a expressão equivale a uma vez que já que haja vista que pois Isso significa que o PORQUE pode ser uma con junção causal explicativa ou de finalidade Para ilustrar o uso desse vocábulo atentese ao exemplo no texto 17 Se a virtude pode ser ensinada como creio é mais pelo exemplo do que pelos livros Então por que um tratado das virtudes Para isso talvez tentar compre ender o que deveríamos fazer ou ser ou viver e medir como isso pelo menos intelectualmente o caminho que daí nos separa Tarefa modesta tarefa insufi ciente mas necessária Grifo da autora Trecho extraído do livro Pequeno Tratado das Grandes Virtu des André ComteSponville 2009 p 7 Exatamente quando eu não queria eu conheci você eu não sei por quê Não sei por quê Capital Inicial Grifo da autora Questões Notacionais da Língua Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 107 Texto 17 Observe caroa alunoa que o porque em destaque no texto tem um valor equivalente a ama uma vez que ama Ou ainda ama já que ama PORQUÊ Empregase o PORQUÊ em situações que em que ele for substantivado isto é quando o PORQUÊ assumir um valor de substantivo em situações que será sinônimo de motivo razão Para exemplificarmos o uso dessa palavra usaremos novamente o trecho do livro de Rubem Alves Texto 18 O amor não tem porquês Jesus pinta um rosto de deus que a sabedoria não pode entender Ele não faz contabilidade Não soma nem virtudes nem pecados Assim é o amor Não tem porquês Semrazões Ama porque ama Não faz contabilidade nem do mal nem do bem Rubem Alves do livro O Deus que conheço grifo da autora Disponível em httpslaionmonteirowordpresscom20100625oamornaotempor ques Acesso em 24 nov 2015 O amor não tem porquês Jesus pinta um rosto de deus que a sabedoria não pode entender Ele não faz contabilidade Não soma nem virtudes nem pecados Assim é o amor Não tem porquês Rubem Alves do livro o Deus que conheço grifo da autora Disponível em httpslaionmonteirowordpresscom20100625oamornaotempor ques Acesso em 24 nov 2015 A EXPRESSÃO ESCRITA E A SEMÂNTICA Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 III U N I D A D E 108 Como podemos observar alunoa as ocorrências dos vocábulos em destaque funcionam como substantivos nesse contexto uma vez que o uso dessas pala vras é sinônimo de razão motivo conforme explica a formalidade linguística Caroa acadêmicoa até aqui preocupamonos em mostrar a você a impor tância de uma escrita adequada para que as pessoas tenham mais êxito em suas práticas sociais No tópico que segue também objetivamos mostrar a impor tância de outra questão da linguagem a ACENTUAÇÃO ACENTUAÇÃO Para iniciarmos o nosso estudo sobre a importância da acentuação vamos refle tir sobre este enunciado QUEM BEBE E DIRIGE PODE MATAR OU MORRER4 Agora alunoa imagine se o produtor desse enunciado não fosse tão sen sível ao formalismo linguístico e tivesse usado o acento circunflexo no verbo bebe nesse caso teríamos o substantivo bebê e consequentemente um con texto incoerente pois nos permitiria a seguinte paráfrase QUEM BEBÊ PODE MATAR OU MORRER Diante disso em se tratando de conhecimentos gramaticais um dos tópi cos que merece atenção é a acentuação gráfica afinal ter conhecimentos sobre as regras de acentuação nesse enunciado por exemplo funcionou como um sinalizador a mais a ser considerado na produção de sentido tal como podemos verificar pelo enunciado que se trata de uma campanha lançada pelo Denatram de conscientização direcionada a todos os segmentos da sociedade em que as pessoas são orientadas a não dirigir depois de consumir bebida alcoólica Agora vejamos algumas regras de acentuação Regras de acentuação gráfica segundo Bechara2008 4 Disponível em httpeuqueroajudarcuritibafileswordpresscom201209direc3a7c3a3oebebidajpg Acesso em 15 nov 2015 Acentuação Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 109 Levam acento agudo ou circunflexo os monossílabos tônicos termina dos em a s e s o s Exemplos lá pás fé lê pé pés mó só sós Levam acento agudo ou circunflexo os oxítonos terminados em a s es os em ens Exemplos Macapá Carajás café você cipó avô também parabéns Levam acento agudo ou circunflexo os paroxítonos terminados em r is n l us x ps ãs ãos e em ditongo Exemplos caráter táxi táxis lápis tênis pólen éden hífen vírus tórax ônix fênix bíceps órfã irmã órfãs irmãs órgão órgãos Levam acento agudo ou circunflexo todos os proparoxítonos Exemplos lâmpada cômodo levíssimo A EXPRESSÃO ESCRITA E A SEMÂNTICA Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 III U N I D A D E 110 CASOS ESPECIAIS Levam acento os ditongos abertos éi ói e éu Exemplos anéis dói céu Quadro 2 Acentuação de ditongos abertos Fonte a autora Levam acento as vogais i e u tônicas dos hiatos seguidas ou com s nos vocábulos oxítonos e paroxítonos Exemplos aí pais baú gaúcho sanduíche Quadro 3 Acentuação de hiatos Fonte a autora O que são monossílabos tônicos e monossílabos átonos Chamamse monossílabos tônicos as palavras de uma sílaba que têm inten sidade sonora forte Os monossílabos átonos por terem intensidade sonora fraca acabam por apoiaremse em outras palavras tônicas Além do aspecto fonético diferenciamse também pelo significado os monossílabos tônicos têm significação própria enquanto os monossílabos átonos só assumem significado quando estabelecem relação entre outras palavras Os monossílabos que pertencem às classes dos substantivos adjetivos ad vérbios além de alguns pronomes etc são tônicos Por exemplo flor má dá três São monossílabos átonos as preposições as conjunções os artigos e alguns pronomes oblíquos como me nos lhe mas de o Fonte Cereja 2013 De acordo com a reforma ortográfica não se acentuam os ditongos abertos em ei e oi dos vocábulos paroxítonos como ideia estreia heroico asteroide Após a reforma ortográfica não se acentuam mais o I e o U tônicos dos hiatos nos vocábulos paroxítonos precedidos de ditongos Feiura baiuca Acentuação Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 111 Não se acentua mais os hiatos oo ee Exemplo enjoo voo coo deem veem releem EMPREGO DO ACENTO DIFERENCIAL Usase o acento circunflexo na 3ª pessoa do singular do verbo poder no pretérito perfeito do indicativo para diferenciálo da forma verbal desse verbo no presente Exemplo de pôde O escritor holandês Thierry Baudet não pôde contestar o discurso da escri tora senegalesa Fatou Diome no debate sobre imigração e racismo em que o tema era Acolher ou não a miséria do mundo Fonte a autora Exemplo de pode O programa completo com a participação de Fatou Diome pode ser visto em francês no canal do youtube do programa Ce soir Fonte Blogueiras feministas online grifo da autora Para que serve a acentuação A acentuação serve para auxiliar a representação escrita da linguagem Quando ouvimos distinguimos com facilidade uma sílaba tônica de uma sílaba átona Quando lemos entretanto isso não é tão fácil o que pode di ficultar a leitura Assim os sinais de acentuação cumprem o papel de dis tinguir na escrita palavras de grafia idêntica mas de tonicidade diferente como secretáriasecretaria babababá mágoamagoa públicopublico etc Fonte Cereja 2013 p 87 A EXPRESSÃO ESCRITA E A SEMÂNTICA Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 III U N I D A D E 112 Quadro 9 Acento diferencial Fonte a autora VEM OU VÊM TEM OU TÊM INTERVEM OU INTERVÊM a Os verbos vir e ter na 3ª pessoa do plural do modo indicativo recebem o acento circunflexo para diferenciálos da 3ª pessoa do singular Observe estes exemplos b O acadêmico vem ao polo de apoio presencial também para realizar ati vidades avaliativas verbo vir na 3ª pessoa do singular c Os estudantes vêm ao polo de apoio presencia também para realizarem atividades avaliativas verbo vir na 3ª pessoa do plural d O acadêmico dos cursos EAD tem a opção de assistir aulas ao vivo pela internet sob demanda ou ainda em seu polo de apoio presencial verbo ter na 3ª pessoa do singular e Os acadêmicos dos cursos EAD têm a opção de assistir aulas ao vivo pela internet sob demanda ou ainda em seu polo de apoio presencial verbo ters na 3ª pessoa do plural Os verbos derivados de ter e vir como deter manter reter intervir convir etc seguem a regra dos vocábulos oxítonos contudo devese usar o acento circun flexo na 3ª pessoa do plural a O professor mediador intervém sempre que necessário nos fóruns digi tais a fim de orientar os estudantes na elaboração de seus enunciados Terminação em b Os professores mediadores intervêm sempre que necessário nos fóruns digitais a fim de orientar os estudantes na elaboração de seus enuncia dos Acento diferencial para marcação de plural De acordo com a reforma ortográfica não se usa mais acento nos pares pára para pélas pelas pêlos pelos pólospolos e pêrapera A diferença de sentido se dará pelo contexto de uso desses vocábulos Semântica Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 113 c A mulher inteligente se mantém focada naquilo que realmente importa Enunciado adaptado do livro O segredo das mulheres inteligentes Terminação em d As mulheres inteligentes se mantêm focadas naquilo que realmente importa Enunciado extraído do livro O segredo das mulheres inteligentes Acento diferencial para marcação de plural Quadro 10 Trema Fonte a autora Até aqui destacamos que a importância de se ter um conhecimento sobre o for malismo linguístico no plano da escrita é um mecanismo a mais que funciona de forma favorável à produção de sentidos em situações comunicativas No tópico que segue continuaremos a nos ocupar da importância do formalismo linguístico mas não apenas no campo da escrita como também no campo da SEMÂNTICA SEMÂNTICA A Semântica ocupase dos estudos da significação5 dos signos linguísticos e das suas combinações Como lembra Borba 2003 p 225 Se se entender de um modo bem amplo a significação ou sentido como possibilidade de interpretação facilmente se perceberá que toda ativi dade social é produtora de significações uma vez que a todo momento estamos sendo chamados a interpretar entender avaliar reagir às mais diversas situações da vida comunitária A significação é veiculada por signos e portanto a vida social está impregnada deles Sabendose que os signos só são significativos porque fazem parte de conjuntos organi zados então a atividade social produz sistemas de signos para veicular os sistemas de significações em geral e bem assim os sistemas de signos 5 Para esta disciplina tomamos os vocábulos significado e significação como sinônimos De acordo com a reforma ortográfica não se usa mais o trema na língua portu guesa Dessa forma as palavras a seguir assim se grafam frequente cinquen ta tranquilo entre outras A EXPRESSÃO ESCRITA E A SEMÂNTICA Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 III U N I D A D E 114 Nas palavras de Borba a semântica está portanto associada ao significado ao sentido e à interpretação de palavras expressões ou símbolos uma vez que todos os meios de expressão incluem uma correspondência entre as expressões e determinadas situações ou coisas seja do mundo material ou abstrato Isso significa que o mundo que nos cerca e os pensamentos podem ser descritos por meio das expressões analisadas pelo viés da Semântica Conforme a situação de comunicação e as intenções dos usuários das lín guas as palavras e expressões ganham significados diferentes daqueles que estão no dicionário Assim quando a linguagem é empregada no seu sentido literal como está no dicionário a linguagem é Denotativa Quando diferente do sen tido apresentado pelo dicionário é denominada Conotativa Observe o exemplo que segue Texto 20 Como se observa no texto 20 há duas possibilidades de interpretação desse enunciado no primeiro se tomarmos o sentido individual de cada palavra nesse contexto teríamos conforme o dicionário Mini Aurélio 2010 1 Tomar verbo que pode ser pegar segurar ingerir entre outros 2 Chá infusão feita com quaisquer folhas 3 De preposição que exprime a relação entre as palavras 4 Cadeira assento 1 com costas para uma pessoa 2 Disciplina ou maté ria de um curso Pela definição de cada palavra pelo dicionário temos o sentido usual próprio sem abrir margem para outras significações Em outro contexto de uso na combinação dessas palavras teríamos uma significação em sentido conotativo isto é figurado diferente do apresentado pelo dicionário Assim no contexto em que as palavras chá de cadeira foram Em uma consulta de rotina ao médico tomei um chá de cadeira Fonte a autora Sinonímia e Antonímia Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 115 empregadas temos a noção de alguém que passa por uma situação de espera prolongada Dessa forma estamos diante do comportamento linguístico que carrega uma carga semântica com possibilidades de mudanças de significados conforme o contexto de uso da linguagem É essa possibilidade de mudança que os vocábulos assumem em determina das situações de uso que interessa a Semântica que se ocupa dos aspectos como Sinonímia e Antonímia campo lexical e Hiponímia Paronímia e Polissemia no campo semântico Como ponto de partida para o estudo da Semântica por ora estudaremos a SINONÍMIA e ANTONÍMIA SINONÍMIA E ANTONÍMIA Quando duas ou mais palavras apresentam significados próximo denominase SINONÍMIA São exemplos branco claro admirado espantado entre outras Segundo Koch 2009 a Sinonímia funciona como um recurso coesivo a que essa autora denomina de coesão remissiva uma vez que esse recurso pode pro mover a reativação de referentes em um enunciadotexto A coesão por remissão pode no meu entender desempenhar quer a função de reativação de referentes quer a de sinalização textual A reativação de referentes no texto é realizada por meio da referenciarão anafórica formandose deste modo cadeias coesivas mais ou menos longas KOCH 2009 p 46 Conforme essa exposição de Koch 2009 a Sinonímia é um mecanismo que funciona como elemento de coesão textual haja vista que uma variedade de pala vras sinônimas em um enunciado é de grande utilidade para retomar elementos linguísticos que interrelacionam as porções de texto Veja o exemplo que segue A EXPRESSÃO ESCRITA E A SEMÂNTICA Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 III U N I D A D E 116 Texto 21 Observe caroa alunoa que as palavras destacadas no texto 21 têm a função de interrelacionarem as porções textuais desse enunciado como em o menino e o garoto e são vocábulos que se referem ao mesmo ser Aylan pois são empre gados nesse contexto linguístico com o mesmo peso semântico Passemos agora a tratar da ANTONÍMIA A esse respeito Borba 2002 explica que há uma relação inversa entre os significados das palavras isto é quando duas ou mais palavras apresentam significados contrários denominase ANTONÍMIA como em bemmal fortefraco Para um melhor entendimento sobre essa propriedade da Semântica vamos ao texto 22 Texto 22 No texto 22 chamanos a atenção a oposição significativa entre as palavras no qual se dá ao mesmo tempo uma negação entre os sentidos expressos pelos nomes e sua afirmação ora sabemos que o sabor do limão não é doce tampouco que a tranquilidade não se estabelece em meio a um furacão Nesse sentido os valores expressos pelas palavras no texto 22 apresentam um grau de Antonímia me sentindo doce tranquila como limão e como furacão Na última quartafeira 2 o mundo ficou chocado com a imagem de Aylan Kurdi o menino refugiado sírio de três anos que foi encontrado morto em uma praia turca O garoto havia escapado das atrocidades do Estado Islâmico na Síria Grifos da autora1 1 Disponível em httpwwwpragmatismopoliticocombr201509ahistoriadeaylankurdio meninodafotoquefezomundochorarhtml Acesso em 1 set 2015 Hiponímia e Hiperonímia Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 117 HIPONÍMIA E HIPERONÍMIA No campo lexical de acordo com o grau de abrangência ou especificidade que desempenham nos contextos em que são empregadas as palavras são denomi nadas de Hiperonímias ou Hiponímias Palavras que possuem maior abrangência lexical denominamse Hiperonímias por exemplo o nome flores nos remete a palavras como margaridas tulipas rosas cravos camélias entre outras Para um melhor entendimento sobre esse conceito imagine que um estudante busque em um dicionário o significado da palavra democracia Grego demokra tía Governo do povo soberania popular Doutrina ou regime político baseado nos princípios da soberania popular e da distribuição equitativa do poder AURÉLIO 2010 p224 isto é Governo em que o povo exerce a soberania A partir da pes quisa sobre o significado desse vocábulo o estudante passa a apresentar uma sequência ininterruptas de risos causando estranheza nas pessoas que o rodeia Esta situação traz um bom exemplo do conceito de Hiperonímia pois a pala vra democracia pesquisada pelo estudante tem um sentido latu que nos remete a palavras como povo governo igualdade de direitos justiça liberdade E eis aqui o efeito de sentido provocado pelo grau de Hiperonímia desse contexto uma vez que sentimos na prática o valor semântico que a palavra democracia nos faz pensar na atualidade Isso explica a reação do estudante após consultar o significado da palavra democracia O conceito de Hiponímia referese àquelas palavras que possuem um sen tido mais strictu mais específico isto é o grau de abrangência lexical é menor fechado Veja o exemplo no texto 23 A EXPRESSÃO ESCRITA E A SEMÂNTICA Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 III U N I D A D E 118 Texto 23 Fonte Unicesumar online O exemplo do texto 23 chamanos a atenção para o uso strictu estreito especi fico das palavras Gestão Ambiental Geografia e Pedagogia que nesse enunciado são hipônimas do vocábulo aulas Diante disso destacamos a importância do conhecimento desses recursos semânticos no campo lexical para enriquecer e possibilitar o processo de atri buição se sentidos aos textos Passaremos agora aos estudos sobre a POLISSEMIA Polissemia Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 119 POLISSEMIA Quando uma mesma palavra tem a propriedade de apresentar vários sentidos em um uma situação de comunicação denominase POLISSEMIA Por exem plo casa pode significar moradia ou o orifício que serve para passar o botão de uma peça de roupa No caso da polissemia será pelo contexto de uso em que as palavras são empregadas que o significado mais adequado à situação comunicativa será apre endido Observe o exemplo dos textos que seguem Texto 24 Rede Social Fonte Unicesumar online A EXPRESSÃO ESCRITA E A SEMÂNTICA Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 III U N I D A D E 120 Texto 25 Rede de balançodescanso Observe alunoa que o sentido da palavra rede no contexto do texto 24 nos remete às redes de relacionamentos imprescindíveis à comunicação interação Já o contexto do texto 25 nos remete à ideia de rede de balanço ou ainda para dormir em substituição à cama Assim podese evidenciar que há um grau de Polissemia entre os textos 24 e 25 pois eles trabalham com a variedade de sen tidos da palavra rede No tópico que segue nós nos ocuparemos do estudo da AMBIGUIDADE NA CONTRUÇÃO DOS ENUNCIADOS AMBIGUIDADE NA CONSTRUÇÃO DOS ENUNCIADOS Ao considerar uma concepção de linguagem como atividade interativa social entendemos que a linguagem não pode ser fixa pois ela não é um produto homogêneo abstrato Nesse sentido podemos apreender que uma mesma forma linguística pode assumir várias significações conforme os contextos em que são empregadas A respeito da ambiguidade Borba 2002 assim se expressa Ambiguidade na Construção dos Enunciados Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 121 o fenômeno da ambiguidade que tanto pode resultar do emprego de certas palavras de sentido duplo ou triplo são típicas da fala e só existem para o ouvinte já que o falante sempre sabe qual é a signifi cação que está usando É portanto uma questão de interpretação por isso decodificar um valor ou outro depende muito do contexto e da situação BORBA p 233 Pela exposição de Borba podemos entender que a ambiguidade é um elemento Semântico que está orientado paro o discurso do outro que pode funcionar ora como um recurso expressivo a fim de atingir determinados fins comunicativos ora ela pode revelar um problema de clareza e precisão na combinação entre as palavras Vamos ao exemplo do texto 26 para um melhor entendimento sobre esse aspecto da Semântica Texto 26 O texto 26 chamanos atenção pela possibilidade de interpretações que as expres sões desse enunciado nos remetem e como essa possibilidade de interpretações está relacionada a fatores linguísticos e extralinguísticos Dessa forma a análise aqui empreendida pautase em critérios de plausibilidade A primeira seria a de um amor que dure eternamente seguido de uma construção que funciona como um eco do amor eterno expresso pela primeira expressão Na sequência esse texto atribuído ao cantor e compositor Raul Seixas pode fazer referência à relação do Maluco Beleza com os tóxicos E por fim não há como constarmos de forma precisa o que de fato o com positor quis significar com as possibilidades de usos da expressão eternamente uma vez que o fenômeno da ambiguidade tem como caráter irradiar várias dire ções de significados contudo pelo texto 26 podemos entender que a ambiguidade se revelou como um recurso expressivo Além desse encontramos esse recurso Semântico em textos poéticos publi citários e humorísticos a fim de atingirem propósitos comunicativos Diferente do uso da ambiguidade como recurso expressivo vejamos a seguir exemplos da ambiguidade com problema de construção Amar eternamente eterna mente é ter na mente éter na mente eternamente Raul Seixas A EXPRESSÃO ESCRITA E A SEMÂNTICA Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 III U N I D A D E 122 Texto 27 Na tentativa de angariar clientes para a loja certamente o produ tor desse anúncio não imaginou que poderia provocar possibili dades de sentidos com o que está expresso no cartaz Ora se há a informação que qualquer peça custa R2000 vinte reais e o mesmo enunciado informa que existe uma exceção torna essa informação ambígua uma vez que se existe a exceção o produtor do anúncio não poderia falar em qualquer peça Assim entendemos que essa ambiguidade poderia levar o consumidor a pensar em adquirir um produto da loja desse contexto de maior valor por ape nas 2000 vinte reais ou ainda espantar um possível cliente haja vista que a construção do enunciado não é clara nem precisa o que poderia deixar o cliente em dúvida quanto ao teor do anúncio Diante disso temos aqui um caso de mau uso da Ambiguidade Texto 28 De igual maneira o anúncio representado pelo texto 28 chamanos a atenção pelo mau uso da Ambiguidade uma vez que possivelmente o consumidor ficaria em dúvida quanto à possibilidade de ação da direção desse açougue pois o emprego do pronome sua poderia levar o cliente a acreditar que a equipe do açougue tem o hábito de cortar partes do corpo das pes soas que dão preferência em comprar no estabelecimento desse contexto além de cortar a carne que o cliente compra QUALQUER PEÇA QUALQUER PEÇA 2000 R Exceto algumas peças SUA CARNE NA CORTAMOS HORA HORA Ambiguidade na Construção dos Enunciados Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 123 Chegamos ao final desta unidade Por ora nos ocupamos das possibilidades de sentidos que o campo da Semântica pode possibilitar por meio da linguagem Dessa forma destacamos a importância do uso adequado das palavras uma vez que diferentemente da expressão oral que se apoia em expressões faciais cor porais a escrita conta apenas com os recursos expressivos das palavras para tornar a atividade verbal mais precisa clara coerente efetiva No texto abaixo o professor Cereja traz uma leitura interessante sobre as possibilidades de usos da palavra coisa Ao finalizar seu texto o professor nos alertar sobre o uso dela pois segundo ele o uso dessa palavra pode revelar uma limitação do vocabulário Vamos ao texto Palavras multiuso Você é capaz de calcular quantas vezes já usou a palavra coisa E suas deri vadas coisinha coiso coisar coisado Eis aí uma coisa difícil de calcular A palavra coisa apresenta tantos significados que acaba servindo para quase todas as situações do cotidiano Ela está nas conversas do dia a dia na li teratura nas letras de música nos títulos de livros no discurso político na televisão O Dicionário eletrônico Houaiss da língua portuguesa registra de zenove significados para essa palavra De todos o mais geral é tudo quanto existe ou possa existir de natureza corpórea ou incorpórea Fonte adaptado de Cereja 2013 p 382 A EXPRESSÃO ESCRITA E A SEMÂNTICA Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 III U N I D A D E 124 CONSIDERAÇÕES FINAIS Chegamos ao fim de mais uma unidade O percurso até aqui teve como objetivo apresentar estudos sobre o formalismo linguístico da escrita para proporcionar a você a compreensão e reflexão sobre a importância da Ortografia em nossas atividades sociais De igual maneira objetivamos a partir dos estudos sobre as questões nota cionais da língua trazerlhe não apenas informações mas também trazerlhe conhecimento sobre os conceitos que medeiam os usos adequados dos vocá bulos e para isso tentamos fazer uma interface entre a teoria e a prática isto é tentamos aliar a teoria sobre o emprego dos vocábulos na construção dos enun ciados em algumas situações de prática social Nesta unidade III objetivamos ainda oferecer a você acadêmico um estudo sobre as regras ortográficas a fim de possibilitarlhe uma melhor compreensão reflexão e uso dessa formalidade linguística de uma maneira adequada e precisa Nesta unidade objetivamos evidenciar a partir do estudo sobre as regras de acentuação a relevância desse recurso da linguagem no plano da escrita que pode funcionar como um recurso favorável na construção de sentidos em nos sas práticas sociais E por fim preocupamonos em apresentar de forma introdutória estudos sobre o plano Semântico Para tanto intentamos oferecerlhe conceitos alia dos à exposição de situações práticas referentes aos aspectos que a Semântica se ocupa como os sentidos Denotativos e Figurados que os vocábulos podem assu mir conforme os contextos em que são empregados Assim esperamos que a exposição desses conceitos aqui arrolados sirvalhe como ponto de partida para a busca de mais teorias sobre o fenômeno que é a nossa língua gem seja no plano da expressão oral ou escrita 125 1 As palavras a seguir são de origem árabe tupi ou africana Assim reescre vaas com J ou g Alfore canica enipapo iboia Paé biu acaraé irau Fonte adaptado de Cereja 2013 2 Use x ou ch na atividade que segue energar flea pie enoval brea chchu enente coa puar taa valor cola caumba taa prego ingar enerido Fonte adaptado de Ferreira 1992 3 Leia este enunciado e em seguida analiseo e expliqueo quanto ao grau de Ambiguidade Família muda Vende tudo Fonte a autora A CONSTRUÇÃO DOS SENTIDOS NO ENUNCIADO Neste livro especificamente nesta unidade conferimos realce ao estudo da construção dos sentidos no enunciado a fim de mostralhe a importância desse fator em nossas práticas sociais É sobre isso que me ocuparei neste espaço A linguista Ingedore Grunfeld Villaça Koch 2009 explica que a construção de sentidos em um determinado enunciado só é possível se consideramos a natureza sociointera cional da língua gem Isso significa que a construção de sentidos no enunciado reali zase com base na coerência global de um texto E construir essa coerência depende de uma rede de fatores como a situação de comunicação as crenças as convicções os co nhecimentos partilhados e as convenções socioculturais dos falantes Ainda podemos falar dos recursos coesivos que auxiliam na construção dos sentidos Esses recursos têm função coesiva substituírem palavras para evitar repetições função relacional palavras que se relacionam por pertencerem a um mesmo quadro mental e função polissêmica palavras com múltiplos sentidos Em vista disso podemos apreender que o mecanismo da atribuição de sentidos no enunciado fundamentase nos recursos de coesão e coerência da língua gem à luz do aspecto Social e Interativo Fonte a autora Material Complementar MATERIAL COMPLEMENTAR O Texto e a Construção dos Sentidos Autora Ingedore G Villaça Koch Editora Contexto Ano 2009 Sinopse Ingedore G Villaça Koch estuda as atividades discursivas e suas marcas na materialidade linguística Aborda também questões gerais relativas à produção do sentido comuns às modalidades escrita e falada e ainda se detém no estudo da construção dos sentidos no texto falado O ACENTO EM PORTUGÊS Abordagem Fonológicas Autor Gabriel Antunes de Araújo Org Editora Parábola Ano 2007 Sinopse O objetivo desse volume é oferecer uma introdução à problemática do acento em português sob o ponto de vista de várias correntes fonológicas No entanto ele não se limita somente ao acento primário apresentamos aqui textos que oferecem uma discussão a respeito de pontos específi cos da questão do acento Recomendo a você aluno que acesse este link a fi m de ajudálo na interiorização quanto ao uso da regra do X ou ch Confi ra Disponível em httpswwwyoutubecomwatchvqj0uvDed0JE Acesso em 31 ago 2015 UNIDADE IV Professora Me Fátima Christina Calicchio GRAMÁTICA E COMUNICAÇÃO Objetivos de Aprendizagem Promover reflexão sobre o conceito de gramática Compreender e refletir sobre os tipos de gramática Compreender e refletir sobre as regras de pontuação Apresentar e prover reflexão sobre as figuras de sintaxe na construção do enunciado Compreender e refletir sobre a concordância verbal e nominal na construção do enunciado Apresentação compreensão e reflexão sobre a colocação pronominal na construção do enunciado Apresentar e refletir sobre os vícios e dificuldades de redação Plano de Estudo A seguir apresentamse os tópicos que você estudará nesta unidade O que é Gramática Tipos de Gramática Sinais de Pontuação As Figuras de Sintaxe na construção dos enunciados Concordância Verbal e Nominal na construção do enunciado A Sintaxe de Colocação na construção dos enunciados Vícios e dificuldades no uso da língua gem INTRODUÇÃO Nesta unidade falaremos sobre norma A norma da língua Para tanto busca mos oferecer a você de maneira introdutória conhecimentos sobre o formalismo linguístico para que possa chegar ao uso prático da norma Para esta disciplina tomamos os termos norma padrão gramática formalismo linguístico como sinônimos Assim nesta unidade privilegiaremos o estudo da maneira como as palavras se organizam para formar frases orações e porções de textos isto é a sintaxe contudo sempre que possível vamos nos apoiar em uma abordagem que apre senta usos linguísticos reais funcionalismo com a intenção de propiciar uma visão do dinamismo e da heterogeneidade da língua sem deixar de lado eviden temente a premissa que é função da instituição letrada o ensino da variedade padrão Essa variedade precisa ser dominada pelo estudante a fim de que ele possa atender seus objetivos sejam acadêmicos sejam profissionais ou em qual quer instância de sua vida social Nós nos ocuparemos primeiramente sobre o conceito de gramática Para tanto objetivamos a partir da variedade padrão trazer à baila um estudo que está orientado para o saber sobre a língua e não saber a língua isto é saber a forma e a função da língua Em seguida vamos nos ocupar também de um estudo que possibilitará a você conhecimentos sobre os tipos de gramáticas sob as perspectivas tradicional e a funcionalista Na sequência buscamos trazer os estudos sobre a pontuação a fim de prover uma reflexão sobre a importância desse elemento da gramática nas relações de prática social no plano da expressão escrita Seguimos nosso percurso sobre a norma com a apresentação dos estudos sobre as figuras de sintaxe sobre a concordância verbal e nominal e sobre a colo cação pronominal na construção dos enunciados E por fim enceraremos esta quarta unidade com a apresentação de estudos sobre vícios e dificuldades de linguagem referentes à produção escrita Introdução Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 131 GRAMÁTICA E COMUNICAÇÃO Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV U N I D A D E 132 O QUE É GRAMÁTICA Como ponto de partida para esta unidade IV gostaria que você refletisse você sabe o que é Gramática e qual é a sua função Ora se o objetivo desta unidade é prover reflexões sobre a Gramática da nossa língua convém esclarecer o que entendemos por Gramática não mesmo Para Travaglia 2003 há três concepções de Gramática a Gramática Normativa a Descritiva e a Gramática Internalizada Essas concepções a meu ver coexistem contudo possuem suas particularidades Vamos a essas par ticularidades e iniciaremos pela Gramática Normativa que segundo Franchi 1991 p 48 apud TRAVAGLIA 2003 p 24 gramática é o conjunto sistemático de normas para bem falar e escrever estabelecidas pelos especialistas com base no uso da língua consagrada pelos bons escritores e dizer que alguém sabe gramática significa dizer que esse alguém conhece essas normas e as domina tanto nocionalmente quanto operacionalmente Isso significa que a Gramática Normativa foi elaborada por um ideário conser vador elitista que privilegia uma variedade de língua sobre as demais Isto é a Gramática Normativa abarca um conjunto de regras para o bom uso da língua A esse respeito Travaglia 2003 explica que para essa concepção de O Que é Gramática Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 133 Gramática existe apenas a variedade padrão como legítima e todas as demais concepções são excludentes uma vez que suas manifestações linguísticas são consideradas como erros desvios deformações da língua Diante dessa exposição está embutido na Gramática Normativa a ideia de que existe um modelo a ser seguido pelas variantes da língua diferente do modelo elaborado para a classe dominante isto é tratase de uma gramática particula rizada que contempla somente os usos da língua aceitos pela língua de prestígio social A essa concepção de gramática subjaz a concepção de língua como expres são do pensamento logo só escreve bem aquele que pensa bem Passaremos agora a tratar da Gramática Descritiva A gramática que faz uma descrição da estrutura e o funcionamento da língua é denominada Descritiva uma vez que o foco dos estudos dessa concepção centrase no funcionamento da língua em um dado momento em que ela ocorre isto é o estudo é sincrônico Sobre essa concepção descritiva Franchi 1991 p 5253 assim se expressa é um sistema de noções mediante as quais se descrevem os fatos de uma língua permitindo associar a cada expressão dessa língua uma descrição estrutural e estabelecer suas regras de uso de modo a separar o que é gramatical do que não é gramatical apud TRAVAGLIA 2003 p 27 Nas palavras de Franchi 1991 essa concepção de gramática propõe uma homo geneidade do sistema linguístico ao dissociar o estudo da língua do seu contexto de uso Essa vertente está vinculada à concepção de língua como sistema autô noma e autocontida que teve origem a partir dos estudos desenvolvidos por Ferdinand de Saussure com a sua dicotomia entre os estudos da langue e parole1 por exemplo Pelo viés da Gramática Descritiva podemos compreender que ela se ocupa dos estudos do funcionamento da língua em um determinado momento Isso significa que ela não tem a pretensão de entrar na dualidade do certo e errado que assume a postura da Gramática Tradicional mas sim o de explicar e descrever como se dá o sistema linguístico que regula o uso das variedades da língua não padrão A terceira concepção de gramática é a Internalizada que a ela subjaz a 1 Refirome à língua e fala GRAMÁTICA E COMUNICAÇÃO Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV U N I D A D E 134 concepção dialógica da linguagem isto é essa concepção vê a linguagem como uma atividade de interação verbal Vejamos as palavras de Travaglia 2003 p 28 a esse respeito considerando a língua como um conjunto de variedades utilizadas por uma sociedade de acordo com o exigido pela situação de interação comunicativa em que o usuário da língua está engajado percebe a gra mática como o conjunto das regras que o falante de fato aprendeu e das quais lança mão ao falar Essa concepção sobre o que é gramática tem uma visão dinâmica da língua ao focalizar a capacidade que os falantes possuem em adaptar os elementos linguís ticos aos diferentes contextos comunicativos Para Travaglia 2003 nessa perspectiva não existe erro e sim inadequação da variedade da língua com relação ao seu contexto de uso Isso significa que essa concepção defende que a gramática funciona como um mecanismo geral que organiza as línguas organiza o saber intuitivo que todos falantes possuem por isso é internalizada Sobre esse mecanismo geral que organiza também o conjunto de regras que determinam o funcionamento de uma variedade linguís tica Neves 2006 p 29 salienta que São múltiplos os tipos de lições que uma gramática da língua2 pode fornecer no modelo normativo puro a gramática como conjunto de regras que o usuário deve aprender para falar e escrever corretamente a língua no modelo descritivo ou expositivo a gramática como conjunto que descreve os fatos de uma dada língua Feito essa breve introdução sobre o conceito de Gramática no próximo tópico vamos nos ocupar dos estudos sobre os Tipos de Gramática 2 Faz referência à Gramática Internalizada Tipos de Gramática Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 135 TIPOS DE GRAMÁTICA Um trabalho específico com a gramática deve orientarse por um tipo de gramá tica uma vez que como vimos no tópico anterior cada concepção de gramática possui suas peculiaridades logo para cada concepção adotada haverá um tipo de gramática para dar conta de atender a particularidade dessa variedade Em outras palavras podemos entender que o uso da língua está subordinado a um contexto e para cada tipo de uso há também tipos diferentes de gramática para dar conta dessa diversidade Com a evolução dos estudos sobre o funcionamento da linguagem várias propostas de sistematização sobre o uso da língua surgiram Nesse sentido ressaltamos que para esta disciplina fizemos um recorte e nos ocuparemos dos tipos de gramática que mais nos interessam por ora a Gramática Tradicional e a CognitivoFuncional GRAMÁTICA E COMUNICAÇÃO Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV U N I D A D E 136 Cada uma dessas acepções de gramática possui suas particularidades suas fun ções e limitações contudo elas se imbricam durante o processo de interação verbal Para esta disciplina especificamente neste tópico tomaremos a acepção de gramática como uma disciplina de estudo GRAMÁTICA TRADICIONAL Aula de Português A linguagem na superfície estrelada de letras sabe lá o que ela quer dizer Carlos Drummond de Andrade Quando se fala em gramática podese falar de acepções distintas A esse respeito vejamos Gramática como regras que definem o bom funcionamento de de terminada língua Por essa acepção podemos entender que a gra mática corresponde ao saber intuitivo que todo falante possui de sua própria língua que é a gramática internalizada Das regras que definem o bom funcionamento de determinada nor ma como em a gramática da norma padrão Sob uma perspectiva de estudo como a gramática gerativa a gra mática estruturalista a gramática funcionalista Pode referirse a uma disciplina escolar como aulas de gramática De um livro como A gramática do português falado da linguista Maria Helena de Moura Neves 2000 nessa obra a autora se ocupou em pesquisar uma gramática do mundo real e não uma gramática do mundo ideal Fonte adaptado de Antunes 2007 Tipos de Gramática Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 137 Esse excerto da poesia de Drummond nos remete à Gramática Normativa Por exemplo o termo superfície estrelada das letras evidencia que a gramática não está na ponta da língua mas está em um ponto tão alto que a torna quase que inatingível A Gramática Tradicional é conhecida também por Gramática Prescritiva Normativa eou Escolar Esse tipo de gramática se ocupa apenas dos fatos da língua padrão Teve origem na Grécia a partir de estudos de base filosófica que objetivavam entender a relação entre linguagem pensamento e realidade Nas reflexões dos filósofos gregos destacamse estudos da relação entre as palavras e as coisas que eles denominavam Aristóteles propõe a relação entre linguagem e lógica A partir disso inaugurase a visão de que a linguagem é um reflexo da organização do pensamento humano Segundo Martelotta 2009 juntamente com a preocupação de caráter filosó fico a Gramática Grega se preocupava com um modelo ideal de linguagem isto é houve na tradição grega uma preocupação com uma gramática que ditasse um padrão idealizado da língua grega Sobre a gramática como um modelo de ideal de língua a ser seguido Travaglia 2003 p 30 ressalta que a gramática normativa apresenta e dita normas de bem falar e es crever normas para a correta utilização oral e escrita do idioma pres creve o que se deve e o que não se deve usar na língua Essa gramática considera apenas uma variedade da língua como válida como sendo a língua verdadeira Como já vimos anteriormente na tradição gramatical os defensores dessa ver tente têm a função de prescrever o que se deve e o que não se deve usar na língua Em outras palavras a gramática tradicional funciona como uma espécie de lei que regula o uso da língua nas práticas sociais Para um melhor entendimento sobre essa gramática imagine que entre dois falantes em uma determinada situ ação de comunicação um deles inicia a interação desta forma GRAMÁTICA E COMUNICAÇÃO Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV U N I D A D E 138 Texto 29 O exemplo do texto 29 chamanos a atenção pela fala do personagem iniciar o seu enunciado com um pronome obliquo átono A rigor a tradição gramatical condena esse uso uma vez que não se pode iniciar frases com pronome oblí quo átono logo as construções me diga me desculpe são consideradas como erros e ou agramaticais O falante B que faz as correções gramaticais é um genu íno representante da variante da norma de prestígio A seguir daremos realce aos estudos da Gramática Cognitivo Funcional GRAMÁTICA COGNITIVO FUNCIONAL Novamente um excerto da poesia de Drummond contudo nesses versos o poeta referese à Gramática Internalizada a Gramática CognitivoFuncional uma vez que é a gramática de falar e entender Segundo Martelotta 2009 A Gramática Cognitiva Funcional tem como representantes algumas vertentes teóricas como a Linguística Socicognitiva a Linguística Textual a Sociolinguística a Linguística Sociointerativa a Teoria Falante A Me diga uma coisa Falante B O correto é digame Falante A Tá me desculpe Falante B O correto é desculpeme Falante A Danese Falante B Agora acertou Texto adaptado pela autora de httpimages7memedroidcomimagesUPLO ADED10955c1340b2104djpeg Acesso em 1 nov 2015 Aula de Português A linguagem na ponta da língua tão fácil de falar e de entender Carlos Drummond de Andrade Tipos de Gramática Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 139 Funcionalista entre outras Para Martelotta 2003 essas vertentes apresentam em comum alguns pontos como Observam o uso da língua considerandoo fundamental para a compreen são da natureza da linguagem Observam não apenas o nível da frase analisando sobretudo o texto e o diálogo Têm visão da dinâmica das línguas ou seja focalizam a criatividade do fa lante para adaptar às estruturas linguísticas aos diferentes contextos de comunicação Consideram que a linguagem reflete um conjunto complexo de atividades comunicativas sociais e cognitivas integradas com o resto da psicologia humana isto é sua estrutura é consequente de processos gerais de pensa mento que os indivíduos laboram ao criarem significados em situações de interação com outros indivíduos Quadro 11 Características Teóricometodológicas da Gramática CognitivoFuncional Fonte adaptado de Martelotta 2003 Ancorados nessas características que refletem o caráter de uma Gramática CognitivoFuncional podemos entender que esse tipo de gramática se ocupa dos estudos da estrutura dos elementos linguísticos mas também se ocupa de forma substancial dos estudos dos elementos linguísticos e sua relação com a situação de comunicação como os falantes as intenções dos falantes e o con texto comunicativo A esse respeito assim se expressa Martelotta 2009 p 63 a gramática não pode ser vista como independente do uso concreto da língua ou seja do discurso Quando falamos valemonos de uma gramática ou seja de um conjunto de procedimentos necessários para através da utilização de elementos linguísticos produzirmos significa dos em situações reais de comunicação Como podemos observar a Gramática Cognitivo Funcional prevê o estudo da língua a partir de uma situação real de comunicação com falantes reais Em vista disso para Martelotta 2009 há uma coexistência entre a gramática da língua e o discurso Para um melhor entendimento sobre essa relação veja o esquema que segue GRAMÁTICA E COMUNICAÇÃO Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV U N I D A D E 140 Esquema da relação entre Gramática e Discurso adaptado de MARTELOTTA 2009 Como podemos observar caroa alunoa o discurso precisa do formalismo da gramática para se processar e a gramática se alimenta do discurso ao reno varse e adaptarse às novas situações de comunicação que a interação propicia aos falantes em seus contextos comunicativos Vejamos o exemplo do texto 30 para ilustrar o funcionamento entre Gramática e Discurso Texto 30 No poema Neologismo temos um bom exemplo da coexistência entre a Gramática e o Discurso Observe que o poeta cria uma nova palavra especifi camente um verbo um verbo intransitivo Teadorar que a rigor gramatical não precisa de complemento e assim o que eu lírico de Bandeira sente pela pes soa amada não precisa de complemento pois se basta por si Neologismo Beijo pouco falo menos ainda Mas invento palavras Que traduzem a ternura mais funda E mais cotidiana Inventei por exemplo o verbo Teadorar Intransitivo Teadoro Teodora Fonte Bandeira 2002 GRAMÁTICA DISCURSO Tipos de Gramática Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 141 Em vista disso podemos entender que a necessidade do falante represen tado pelo eu lírico de Manuel Bandeira em representar o sentimento pela pessoa amada é motivação para a criação de uma nova palavra como Teadorar que é a partir do nome da pessoa amada Teodora e de um trocadilho que o poeta inventou o verbo Teadorar Assim para atender às necessidades dos falantes as palavras sempre serão recriadas reinventadas A esse respeito podemos pensar nas palavras cria das a partir do advento da tecnologia em nossas vidas as quais já fazem parte de um uso recorrente na língua como tuitar verbo que indica a ação de usar o microblog Twitter ou tuiteiroa com referência àqueles que usam a plata forma de relacionamento do Twitter aqui o falante acrescentou o sufixo eiroa ao substantivo Twitter para formar a palavra tuiteiroa De igual maneira ocorreu com palavras que surgiram no âmbito daqueles que gostam de funk o funkeiroa por exemplo em que o sufixo eiro a uniu se a palavra funk para formar a nova funkeiroa Diante disso observe alunoa que os exemplos aqui elencados fizeram uso da gramática isto é essas novas palavras como Teadorar tuitar tuiteiroa funkeiroa ao serem criadas obedeceram às regras da gramática da Língua Portuguesa Essa dinâmica assevera a coexistência entre gramática e discurso haja vista que os falantes fazem uso dos padrões gramaticais da língua para aten der os seus propósitos comunicativos isto é essa dinâmica confirma a existência entre forma e função Para interagirmos de forma satisfatória conforme as situações de comuni cação em que estamos inseridos precisamos adequar a nossa linguagem a essas situações Por isso estudar o funcionamento da língua como a gramática e o discurso é importante A gramática de uma língua caracterizase por estudos da escrita da classifica ção flexão e derivação das palavras estudos de sintaxe notas sobre as figuras de linguagem E aqui estamos diante de um problema O que incluir e o que deixar de fora quando todos os assuntos dentro de uma gramática parecem indispen sáveis não é Assim alunoa para atender uma finalidade didática tive que fazer um recorte desse conteúdo gramatical que foi organizado conforme vere mos nos tópicos que seguem GRAMÁTICA E COMUNICAÇÃO Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV U N I D A D E 142 SINAIS DE PONTUAÇÃO Ao tratarse dos conhecimentos gramati cais um dos tópicos que merece atenção é a Pontuação que está diretamente ligada ao contexto ao interlocutor às intenções dos falantes Segundo Koch 2012 p 39 a pontua ção deve ser entendida não apenas com a função de marcar contornos entonacionais e deslocamentos sintáticos mas sim em uma visão textualdiscursiva Nessa perspectiva os sinais de pontu ação são vistos como marcas do ritmo da escrita por meio das quais o escrevente sinaliza para o leitor as relações entre as partes da oração bem como uma forma preferencial de leitura Isso significa que a pontuação tem a função de marcar pausas e as entonações além de representar componentes específicos da expressão oral como os gestos a expressão facial assim a pontuação pode tornar a leitura mais fácil e o texto mais claro e preciso Os textos a seguir são exemplificações do quadro que aca bamos de mencionar Vejamos Texto 31 Texto 32 Você Está Precisando Dirigir Um Carro Com Câmbio Em Que Você Não Sen te A Mudança De Marcha Fonte adaptado de Cereja 2013 Você está precisando dirigir um carro com câmbio em que você não sente a mudança de marcha Audi A4 com Multitronic O único câmbio com velocidade contínua Fonte adaptado de Cereja 2013 Sinais de Pontuação Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 143 Os textos 31 e 32 chamam a nossa atenção para o fato de que o uso ou não da pontuação depende do objetivo do produtor do texto isto é da intenção do falante e a maneira como ele quer que seu interlocutor entenda a sua mensagem Observe que no texto 31 há o uso do ponto final posposto a cada palavra Esse recurso linguístico foi proposital haja vista que o produtor desse anúncio tem a intenção de mostrar o tranco de um carro ao mudar de marcha Por seu turno o texto 32 também chama a nossa atenção pois há nesse texto a ausência de pontuação Entendemos que esse recurso da não utilização da pontuação também foi proposital uma vez que o produtor desse anúncio intencionou passar ao seu públicoalvo a sensação que dirigir um carro da marca Audi possibilita uma troca de marcha sem trancos A seguir veremos a impor tância do uso da vírgula O USO DA VÍRGULA Usase a vírgula para Separar termos que exercem a mesma função sintática como sujeito complementos adjuntos predicativos Exceto quando não estão liga dos por e ou nem Eu meu esposo meu filho e meus pais faremos uma viagem nas férias Sujeito Nesse exemplo a vírgula exerce a função de separar os núcleos do sujeito composto Isolar um aposto Maringá campus sede da Unicesumar é uma linda cidade Aposto GRAMÁTICA E COMUNICAÇÃO Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV U N I D A D E 144 Para separar vocativos Tá vendo aquele edifício moço Ajudei a levantar Zé Ramalho Vocativo Isolar o adjunto adverbial quando ele é extenso ou quando se quer destacálo À noite temos aulas ao vivo na EAD Adjunto adverbial Nesse exemplo o adjunto foi isolado por vírgula para destacálo uma vez que ele se encontra deslocado na oração Isso significa que ele aparece na oração anteposto ao verbo Nesse caso deve ser destacado no enunciado para marcar sua posição antes do verbo Para separar expressões explicativas como isto é a saber ou melhor por exemplo entre outras Ostra feliz não faz pérolas Rubem Alves isto é a capacidade de criação só ocorre em meio a muito esforço dedicação Expressão explicativa Para separar nas datas o nome de lugar Maringá 3 de setembro de 2015 O USO DA VÍRGULA NAS ORAÇÕES Para separar as orações coordenadas assindéticas Sinais de Pontuação Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 145 Orações coordenadas assindéticas Para separar as orações coordenadas sindéticas exceto as introduzi das pela conjunção e Mestre não é quem sempre ensina mas quem de repente aprende Guimarães Rosa Oração coord sindética adversativa Para separar orações subordinadas substantivas Somente as orações subordinadas adjetivas explicativas devem ser separadas por vírgula da oração principal Isso significa que as restritivas não Os alunos que passaram no limite das vagas serão beneficiados com uma bolsa de estudos Oração subordinada adjetiva explicativa As orações subordinadas adverbiais são separadas por vírgulas obri gatoriamente se vierem antepostas ou intercaladas à oração principal Se queres prever o futuro estuda o passado Confúcio Oração subord Adverbial condicional Oração principal Vírgula obrigatória Faltando um pedaço O amor é como um raio galopando em desafio Abre fendas cobre vales revolta as águas dos rios Djavan Disponível em httpsletrasmusbrdjavan45524Acesso em 22112015 Se a oração subordinada adverbial vier após a oração principal o uso da vírgula é optativo GRAMÁTICA E COMUNICAÇÃO Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV U N I D A D E 146 Estuda o passado se queres prever o futuro Confúcio Oração principal Oração subord Adverbial Condicional Vírgula optativa O uso da vírgula é obrigatório quando a oração for reduzida de gerún dio particípio e infinitivo Regras simples durante uma discussão Perdendo em argumentos comece a corrigir os erros de português da outra pessoa Língua Portuguesa online Or subord adverbial condicional reduzida de gerúndio PONTO E VÍRGULA Usase o ponto e vírgula Para separar os itens dos enunciados enumerativos Texto Instrucional Cocada com leite condensado 2 xícaras de coco fresco ralado 1 lata de leite condensado 2 xícaras de açúcar 1 colher de sopa de manteiga Modo de preparo Unte uma pedra mármore com um pouco de óleo ou então unte uma assadeira Misture em uma panela o coco leite condensado e açúcar Leve ao fogo e misture bem cozinhe misturando regularmente com uma colher de pau Quando o doce começar a ser soltar do fundo da panela retire do fogo e acrescente a manteiga Despeje sobre o mármore untado e deixe esfriar Corte quadrados de 10 x 10 cm Para separar orações sindéticas adversativas e conclusivas Sinais de Pontuação Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 147 Os estudantes objetivavam montar um grupo se estudos um líder entretanto não foi eleito Or Sindética adversativa deslocada PONTO É utilizado para fechar período Nas abreviaturas Sr Senhor a C antes de Cristo PSpost scriptum etcet coetera PONTO DE INTERROGAÇÃO É utilizado no final de frases interrogativas diretas PONTO DE EXCLAMAÇÃO É utilizado no final de frases exclamativas com a finalidade de indicar estados emocionais como espanto surpresa alegria dor etc Feliz aniversário Eu gosto de olhos que sorriem de gestos que se desculpam de toques que sa bem conversar e de silêncios que se declaram Machado de Assis Disponível em httpkdfrasescom Acesso em 492015 Et Coetera é uma expressão latina que significa entre outras coisas Assim an tes dessa abreviatura entendese que o uso da vírgula é dispensável contudo o acordo ortográfico em vigor no Brasil exige que et seja precedido de vírgula Sua doce palavra seu instante de febre sua gula e jejum sua biblioteca sua lavra de ouro seu terno de vidro sua incoerência seu ódio e agora Carlos Drummond de Andrade online GRAMÁTICA E COMUNICAÇÃO Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV U N I D A D E 148 DOIS PONTOS É utilizado para iniciar palavras expressões orações ou citações que ser vem para enumerar ou esclarecer o que se afirmou anteriormente ASPAS São usadas no início e final de citações para destacar palavras estrangei ras e gírias para indicar a fala de pessoas ou de personagens PARÊNTESES São empregados para separar em um período palavras ou frases expli cativas e nas indicações bibliográficas TRAVESSÃO É utilizado para indicar nos diálogos mudança de interlocutor Já tive medo da morte Hoje não tenho mais O que sinto é uma enorme tristeza Concordo com Mário Quintana Morrer que me importa O diabo é deixar de viver A vida é tão boa Não quero ir embora Rubem Alves online O que as pessoas mais desejam é alguém que as escute de maneira calma e tranquila Em silêncio Sem dar conselhos Sem que digam Se eu fosse você A gente ama não é a pessoa que fala bonito É a pessoa que escuta bonito A fala só é bonita quando ela nasce de uma longa e silenciosa escuta É na escuta que o amor começa E é na nãoescuta que ele termina In O amor que acende a lua Rubem Alves Agora sei apenas o amor nos rouba do tempo Mia Couto O perfume Desta vez porém ele lhe olhou de modo estranho sem parecer crer Puxoua para si e lhe ajeitou as formas arrebitando o pano avespandolhe a cintura De pois perguntou Então não passa um arranjo no rosto Um arranjo Sim uma cor uma tinta Ela se assombrou Virou as costas e entrou na casa de banho embasbacada Excerto extraído do conto de Mia Couto no livro Estórias Abensonhadas Sinais de Pontuação Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 149 DOIS PONTOS É utilizado para iniciar palavras expressões orações ou citações que ser vem para enumerar ou esclarecer o que se afirmou anteriormente ASPAS São usadas no início e final de citações para destacar palavras estrangei ras e gírias para indicar a fala de pessoas ou de personagens PARÊNTESES São empregados para separar em um período palavras ou frases expli cativas e nas indicações bibliográficas TRAVESSÃO É utilizado para indicar nos diálogos mudança de interlocutor Já tive medo da morte Hoje não tenho mais O que sinto é uma enorme tristeza Concordo com Mário Quintana Morrer que me importa O diabo é deixar de viver A vida é tão boa Não quero ir embora Rubem Alves online O que as pessoas mais desejam é alguém que as escute de maneira calma e tranquila Em silêncio Sem dar conselhos Sem que digam Se eu fosse você A gente ama não é a pessoa que fala bonito É a pessoa que escuta bonito A fala só é bonita quando ela nasce de uma longa e silenciosa escuta É na escuta que o amor começa E é na nãoescuta que ele termina In O amor que acende a lua Rubem Alves Agora sei apenas o amor nos rouba do tempo Mia Couto O perfume Desta vez porém ele lhe olhou de modo estranho sem parecer crer Puxoua para si e lhe ajeitou as formas arrebitando o pano avespandolhe a cintura De pois perguntou Então não passa um arranjo no rosto Um arranjo Sim uma cor uma tinta Ela se assombrou Virou as costas e entrou na casa de banho embasbacada Excerto extraído do conto de Mia Couto no livro Estórias Abensonhadas Para destacar ou isolar palavras ou expressões no interior de frases RETICÊNCIAS Indicam a interrupção da frase feita com a finalidade de sugerir dúvida hesitação supressa Metade Prolongamento da frase Metade Nessas frases chamadas nominais e também mas inevitavelmente elíp ticas na realidade não existe verbo o qual entretanto pode ser mentado OTHON GARCIA p 38 2010 E que a minha loucura seja perdoada Porque metade de mim é amor E a outra metade também Oswaldo Montenegro online Porque metade de mim é o que ouço Mas a outra metade é o que calo Oswaldo Montenegro online GRAMÁTICA E COMUNICAÇÃO Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV U N I D A D E 150 Interrupção do pensamento ou sugestão para que o leitor complete o raciocínio Supressão de trechos em textos Diante dessas observações podemos entender que o conhecimento sobre os sinais de pontuação estão a serviço dos propósitos comunicativos Assim asse veramos mais uma vez a relação entre a forma e a função A seguir vamos nos ocupar do estudo sobre as Figuras de Sintaxe na construção do enunciado AS FIGURAS DE SINTAXE NA CONSTRUÇÃO DOS ENUNCIADOS Dentre os recursos que os sentidos conotativos das palavras podem significar destacamos as Figuras de Sintaxe Esse recurso que a linguagem nos possibilita fundamentase na reordenação sintática da estrutura de uma oração As princi pais Figuras de Sintaxe são Elipse é a supressão de termos que se podem subentender pelo contexto Observe o texto 33 Desculpa o atraso Felicidades Parabéns Mensagem do Facebook Lanterna dos afogados Uma noite longa Para uma vida curta Mas já não me importa Basta poder te ajudar Fonte Os Paralamas do Sucesso online As Figuras de Sintaxe na Construção dos Enunciados Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 151 Texto 33 Observe que no texto 33 o produtor desse enunciado omitiu o verbo requer contudo podemos subentendêlo nesse contexto ao reger os complementos como disciplina técnica inspiração Zeugma é omissão de uma unidade linguística já expressa anteriormente no enunciado Para entendermos esse recurso conotativo vejamos Texto 34 No texto 34 se não houvesse a omissão intencional do produtor desse enun ciado teríamos o dia tá lindo Dentro de você o dia tá lindo também Observe O DIA TÁ LINDO DENTRO DE VOCÊ TAMBÉM GRAMÁTICA E COMUNICAÇÃO Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV U N I D A D E 152 alunoa que a construção o dia tá lindo já tinha sido expresso na oração anterior Assim a figura de sintaxe Zeugma confere a esse enunciado mais con cisão e objetividade Polissíndeto tratase da repetição enfática de um síndeto conjunção veja mos o exemplo desta figura de sintaxe no texto 35 Texto 35 No texto 35 o uso repetitivo da conjunção coordenativa e conferiu a esse enun ciado um certo prolongamento à expressão escrita como se o eulírico do poeta desejasse que o leitor interpretasse esse enunciado com mais vagar Assíndeto ao contrário do polissíndeto consiste na omissão de conjunções nos enunciados Veja o texto 36 Soneto de separação De repente do riso fezse o pranto Silencioso e branco como a bruma E das bocas unidas fezse a espuma E das mãos espalmadas fezse o espanto De repente da calma fezse o vento Que dos olhos desfez a última chama E da paixão fezse o pressentimento E do momento imóvel fezse o drama De repente não mais que de repente Fezse de triste o que se fez amante E de sozinho o que se fez contente Fezse do amigo próximo o distante Fezse da vida uma aventura errante De repente não mais que de repente grifos da autora Fonte Vinicius de Moraes online As Figuras de Sintaxe na Construção dos Enunciados Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 153 Texto 36 Se Fernando Anitelli compositor da música o Anjo mais velho não tivesse omi tido a conjunção E teríamos E a tua palavra e a tua história e a tua verdade fazendo escola Esse recurso linguístico conferiu mais fluidez e ritmo a esse enunciado Anáfora tratase da repetição de palavras ou expressões no início de ver sos ou orações Observe o texto que segue Texto 37 No contexto do texto 37 a repetição do termo é no início dos versos dessa canção de Tom Jobim também conferiu a esse enunciado mais ritmo e fluidez a canção Pleonasmo tratase de uma redundância de caráter expressivo que a princípio parece que pouco acresce ao enunciado sob o ponto de vista semântico con tudo do ponto de vista sintático esse recurso confere mais expressividade ao enunciado Vejamos O Anjo mais velho Tua palavra tua história Tua verdade fazendo escola E tua ausência fazendo silêncio em todo lugar Fonte O Teatro Mágico online Águas de Março É pau é pedra é o fim do caminho É um resto de toco é um pouco sozinho É um caco de vidro é a vida é o sol É a noite é a morte é o laço é o anzol Tom Jobim GRAMÁTICA E COMUNICAÇÃO Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV U N I D A D E 154 Texto 38 Observe que nos versos da música de Jorge Bem Jor há a ocorrência de um pleonasmo em chove chuva Note que esse recurso tem por efeito trazer ao enunciado um acréscimo de sentido que ele não teria se não houvesse a marca da redundância pois a palavra chuva traz consigo uma nova instrução de sen tido ao termo chove ao acrescentarlhe uma identidade total que esse item não teria se tivesse sido usado sozinho Nesse sentido o uso do pleonasmo no enun ciado do texto 38 serve para conferir mais ênfase a ideia de chover Chove chuva Chove chuva chove sem parar chove chuva chove sem parar grifos da au tora Fonte Jorge Ben Jor online Como vimos o pleonasmo pode funcionar como um recurso ex pressivo da linguagem contudo há algumas expressões que ao se repeti rem em um determinado contexto configuramse como ideias acessórias isto é desnecessárias A esse respeito vejamos este texto do professor Cere ja 2013 Pleonasmo vicioso Certas expressões entrar para dentro sair para fora subir para cima des cer para baixo reiterar de novo etc constituem redundâncias isto é re petem o significado já contido no termo anterior não acrescentando nada de novo São consideradas vícios de linguagem e devem ser evitadas na va riedade padrão da língua Há entretanto certas construções pleonásticas da linguagem coloquial que embora constituam pleonasmos são aceitáveis na língua padrão ver com os próprios olhos palpar com a mão pisar com os pés chover chuva etc CEREJA 2013 p 328 As Figuras de Sintaxe na Construção dos Enunciados Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 155 Inversão consiste na inversão de termos ou orações em um período Isso signi fica que o falante faz uma inversão da ordem das palavras dentro da oração para atingir objetivos comunicativos expressivos Observe o exemplo do texto 39 Texto 39 Na ordem direta no enunciado do texto 39 teríamos Suas mãos tire de mim Assim podemos perceber que esse recurso linguístico Inversão confere mais expressividade ritmo e topicaliza a ideia que os produtors desse enunciado objetivouram dar mais ênfase Como ao fato de usarem o verbo tirar no iní cio do verso aqui funcionou como ponto de partida para a estruturação do sentido da música Anacoluto ocorre quando há a ocorrência de um termo solto na frase oração enunciado isto é ocorre uma quebra da lógica que provoca uma inade quação sintática Vamos ao exemplo do texto 40 para um melhor entendimento sobre esse recurso linguístico Texto 40 Observe que a expressão humanidade está isolada no enunciado do texto 40 Além disso não existe ligação sintática com a construção está faltando consciência Silepse é um recurso que promove a concordância das palavras com o seu sentido com as ideias que as palavras expressam e não com a sua forma grama tical A silepse pode ser de gênero de número de pessoa Vejamos os exemplos que seguem Será Tire suas mãos de mim Eu não pertenço a você Fonte Dado VillaLobos Renato Russo e Marcelo Bonfá online À humanidade está faltando consciência autor desconhecido online GRAMÁTICA E COMUNICAÇÃO Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV U N I D A D E 156 Silepse de gênero São Paulo não é mais a mesma Concordância com a noção de cidade por isso mesma Silepse de número A turma chegou ao Rock in Rio bem cedo mas resol veram ir à praia Concorda com a ideia pessoas na turma Silepse de pessoa Nós brasileiros somos competentes O falante desse enunciado se coloca entre os brasileiros Caro alunoa diante desse estudo podemos entender que as figuras de sintaxe se apoiam em recursos como em concordar verbos com os sentidos das palavras e não com a forma gramatical repetir conectivos ou omitilos empregar mais de uma palavra para referirse a uma mesma ideia Assim essas figuras funcio nam como recursos expressivos intencionais que ocorrem na combinação das palavras e favorecem a construção da pluralidade de sentidos que os enuncia dos podem abrigar A seguir nós nos ocuparemos do estudo da Concordância Verbal e da Concordância Nominal na construção dos enunciados CONCORDÂNCIA VERBAL E NOMINAL NA CONSTRUÇÃO DOS ENUNCIADOS 1ª estrofe Fora de si eu fico louco eu fico fora de si eu fica assim eu fica fora de mim 2ª estrofe eu fico um pouco depois eu saio daqui eu vai embora eu fico fora de si Concordância Verbal e Nominal na Construção dos Enunciados Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 157 A letra da canção de Arnaldo Antunes a princípio pode nos causar estranha mento devido à falta de concordância entre alguns termos Vamos voltar ao enunciado para refletirmos sobre esse estranhamento Observe alunoa que na 1ª estrofe em eu fico fora de si há um pro blema de concordância nominal ainda nessa estrofe em eu fica assim temos um problema de concordância verbal e em eu fica fora de mim temos uma ina dequação referente à concordância verbal Na 2ª estrofe em eu vai embora temos um problema de concordância ver bal em eu fica fora de si há uma inadequação referente à concordância verbal e nominal e por fim na 3ª estrofe em eu fica bem assim outro caso de pro blema com a concordância verbal Como podemos observar caroa alunoa essa canção intitulada Fora de si é de fácil entendimento uma vez que a temática se centra no estado de insen satez que se encontra o eulírico Diante disso podemos entender que o estranhamento causado pela falta de concordância entre alguns termos constituise como um recurso expressivo que contribui para a manutenção temática desse enunciado que se desenvolve a parir de uma falsa incoerência que reforça a ideia de loucura de que trata a canção Contudo nem sempre a inadequação quanto à relação dos nomes com outros nomes e ou a relação dos nomes com o verbo será intencional com vis tas a atingir efeitos de sentido Assim nos tópicos que seguem traremos um breve estudo sobre a Concordância Nominal e a Concordância Verbal na cons trução dos enunciados Conforme Bechara 2006 a concordância nominal verificase em gênero e em número entre o substantivo e seus determinantes como o adjetivo o pro nome adjetivo o artigo o numeral e o particípio a que se referem 3ª estrofe eu fico loco eu fica bem assim eu fico sem ninguém em mim Fonte Arnaldo Antunes online GRAMÁTICA E COMUNICAÇÃO Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV U N I D A D E 158 Ainda segundo Bechara 2006 a concordância verbal é a que se verifica em número e pessoa entre o sujeito e o verbo do enunciado Vamos às regras gerais e iniciaremos com a Concordância Nominal a Adjetivo anteposto a nomes próprios deve sempre concordar no plural Exemplo O álbum A Melhor Banda de Todos os Tempos da Última Semana é um trabalho dos brilhantes Branco Mello Paulo Miklos Sérgio Britto e Tony Bellotto b Quando um adjetivo atua como predicativo de um sujeito ou de objeto compostos deve concordar com todos os núcleos desses termos Exemplo Pai e filha são virtuosos Marido e mulher são bemhumorados Julguei inapropriadas sua atitude e suas palavras É louvável a polidez e a doçura São louváveis a polidez e a doçura c Quando um único substantivo é modificado por dois ou mais determi nantes no singular podem ser usadas as construções como Aprecio a culinária japonesa e a italiana Aprecio as culinárias japonesa e italiana Se o predicativo do sujeito estiver anteposto ao sujeito pode concordar apenas com o núcleo mais próximo Vejamos Concordância Verbal e Nominal na Construção dos Enunciados Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 159 d No caso de numerais ordinais antepostos a um único substantivo podese usar as construções como Foram aprovados os estudantes do primeiro e segundo ano Foram aprovados os estudantes do primeiro e segundo anos Obrigada disse a coordenadora aos estudantes O padre mesmo fez a leitura da palavra Ela própria deveria ter assumido o erro Anexos seguem os documentos As palavras MEIO CARO BARATO e BASTANTE quando atuam como deter minantes devem concordar com o substantivo a que se referem Observe Judite não é de meias palavras Função de adjetivo São peças caras as meias de compressão Função de substantivo A porta está meio aberta Função de advérbio A conta de luz está muito cara Função de adjetivo As palavras obrigado mesmo próprio e anexo concordam com o nome a que se referem Vejamos GRAMÁTICA E COMUNICAÇÃO Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV U N I D A D E 160 A inscrição do curso custou caro Função de adjetivo Eram livros baratos Função de adjetivo Bastantes são os motivos para eu confiar nele Função de adjetivo Passaremos agora a tratar da Concordância Verbal a Segundo Bechara 2006 quando o sujeito é representado por expressões do tipo parte de a maioria de a maior parte grande parte de e nome no plural o verbo irá para o singular ou plural Vejamos estes exemplos extraídos da gramática do professor Evanildo Bechara 2006 p 557 1 a maior parte deles recusou seguilo com temor do poder da regente 2 e a maior parte dos esquadrões seguiramnos Como podemos observar pelos exemplos de Bechara 2006 a con cordância do verbo com expressão do tipo partitiva seguida de um nome no plural pode ocorrer tanto no singular como no plural Assim note que no exemplo 1 o verbo recusar concorda com a expressão a maior parte valor de singularidade já na situação expressa pelo exemplo 2 o verbo seguir concorda com o nome no plural esquadrões A esse respeito em consonância com Bechara 2006 podemos des tacar a posição de Cegalla 2001 Para esse gramático quando o sujeito é formado por expressão partitiva parte de uma porção de a maioria etc seguida de um substantivo ou pronome no plural o verbo fica no singular ou plural Para um melhor entendimento sobre esse conceito observe os exemplos que seguem 3 A maioria dos eleitores não aprova o governo da presidente O verbo aprovar concorda com a expressão partitiva a maioria de Concordância Verbal e Nominal na Construção dos Enunciados Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 161 4 A maioria dos eleitores não aprovam o governo da presidente O verbo aprovar concorda com nome mais próximo ao verbo eleitores Diante desses exemplos alunoa observe que o verbo quando pos posto ao sujeito pode ir para o singular ou para o plural conforme se queira efetuar uma concordância a rigor gramatical como pode ser observado no exemplo 3 verbo concorda com o coletivo sin gular Ou ainda pode ocorrer uma concordância expressiva com a ideia de pluralidade sugerida pelo nome eleitores do exemplo 4 b Quando o sujeito for formado por expressão que indica quantidade aproximada como cerca de mais de perto de menos de seguida de numeral e substantivo o verbo concorda com o substantivo Perto de mil pessoas estiveram na manifestação c Quando a expressão mais de um se ligar a verbos que exprimem reci procidade o plural será obrigatório Mais de um fã se emocionaram com o show de Elton John na cidade do Rock in Rio d Em caso de nomes próprios a concordância deve ser feita conforme as seguintes situações Se ao sujeito precede um determinante o verbo deve ficar no plural Os Titãs participaram do show de abertura no Rock in Rio em 2015 Se o sujeito é sem determinante o verbo deve ficar no singular Titãs é uma banda de rock brasileiro formada há mais de 30 anos e Se o sujeito é formado por uma expressão que indica porcentagem seguida de substantivo o verbo normalmente concorda com o substantivo 90 dos entrevistados estão insatisfeitos com o governo do PT GRAMÁTICA E COMUNICAÇÃO Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV U N I D A D E 162 f Quando a expressão que indica porcentagem não for seguida de subs tantivo o verbo deve concordar com o número 10 desconhecem o assunto 1 desconhece o assunto g Quando o sujeito é um pronome de tratamento o verbo fica na 3ª pessoa O senhor está bem h Quando o sujeito é o pronome relativo QUE a concordância em número e pessoa é feita com o antecedente desse pronome Fui eu que fiz o jantar i Quando o sujeito é o pronome relativo QUEM o verbo fica na 3ª pes soa do singular ou a concordância com o antecedente a que se refere Fui eu quem fez o jantar Fui eu que fiz o jantar CONCORDÂNCIA DO VERBO E A PALAVRA SE Quando é índice de indeterminação do sujeito o SE acompanha verbos intransitivos transitivos indiretos e de ligação que nesses casos são obrigatoriamente conjugados na 3ª pessoa do singular porque o seu sujeito é indeterminado Precisase de voluntários para cuidar de animais abandonados VTI Quando é um pronome apassivador o SE acompanha verbos transitivos diretos e transitivos diretos e indiretos na formação da voz passiva sinté tica Nesse caso o verbo deve concordar com o sujeito Aos domingos e feriados alugamse bicicletas perto do Parque VTI Sujeito Concordância Verbal e Nominal na Construção dos Enunciados Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 163 VERBOS IMPESSOAIS O verbo haver quando indica existência ou acontecimento é impessoal Nesse caso deve sempre ficar na 3ª pessoa do singular Ainda há esperança para a solução dos problemas sociais desse país Os verbos haver e fazer são impessoais quando indicam ideia de tempo Nesse caso devem permanecer na 3ª pessoa do singular Há meses não o vejo Faz anos que não o vejo Ficam na 3ª pessoa do singular exceto o verbo ser os verbos que indicam fenômenos da natureza Trovejou a noite inteira A CONCORDÂNCIA COM O VERBO SER Quando o sujeito ou o predicativo for nome de pessoa ou pronome pes soal o verbo ser concorda com a pessoa gramatical Francisco era a esperança da mãe Sujeito As alegrias daquele casal são eles os filhos Predicativo Quando colocado entre substantivos comuns com um no singular e outro no plural o verbo ser concordará preferencialmente com o que esti ver no plural GRAMÁTICA E COMUNICAÇÃO Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV U N I D A D E 164 O meu interesse são os livros Sujeito O meu interesse são estas músicas de rock antigo Predicativo Quando o verbo ser indicar horas e distância deverá concordar com a expressão numérica É uma hora São 17 horas Eram três e vinte Daqui até a Faculdade é um quilômetrosão cinco quilômetros Em datas o verbo ser deve concordar com a palavra dias que pode estar subentendida no contexto Hoje é dia 6 de setembro São seis dias de setembro Nesses tópicos vimos que concordância seja nominal seja verbal está asso ciada às intenções dos falantes e aos contextos em que elas ocorrem Nos tópicos que seguem nos ocuparemos com os estudos da Sintaxe de Colocação A SINTAXE DE COLOCAÇÃO NA CONSTRUÇÃO DOS ENUNCIADOS Bechara 2006 denomina a colocação dos pronomes oblíquos átonos no enunciado de Sintaxe de colocação ou de ordem A esse respeito esse autor assim se expressa A colocação dentro de um idioma obedece a tendências variadas quer de ordem estritamente gramatical quer de ordem rítmica psicológica e estilís tica que se coordenam e complementam BECHARA 2006 p 581 A Sintaxe de Colocação na Construção dos Enunciados Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 165 Isso significa que a colocação dos pronomes nos enunciados sejam verbais não verbais ou mistos está orientada ao discurso isto é mesmo que haja um princí pio sintático que rege a colocação das palavras em um determinado enunciado quando um falante por exemplo quer dar destaque ou um sentido diferente àquilo que enuncia seja na expressão escrita e ou falada ele poderá colocar em primeiro plano o termo que deseja dar mais realce A esse respeito reflita sobre este texto do escritor modernista Oswald de Andrade Texto 41 A rigor gramatical na colocação do pronome no início da oração desse texto teríamos um erro uma vez que ocorre uma quebra do princípio sintático que rege a combinação das palavras nos textos no entanto o escritor modernista tinha um conceito diferente sobre esse formalismo linguístico tanto que usou o pronome me no início do verso Esse é um recurso característico da lingua gem informal e faz parte de nossas práticas sociais Afinal você diz ao garçom dême um suco por favor A gramática da nossa língua chama de ordem direta aquela em que os ele mentos linguísticos de uma oração organizamse com um sujeito verbo complemento Vejamos este exemplo que marca o uso adequado do pronome conforme as regras da gramática normativa Pronominais Dême um cigarro Diz a gramática Do professor e do aluno E do mulato sabido Mas o bom negro e o bom branco Da Nação Brasileira Dizem todos os dias Deixa disso camarada Me dá um cigarro Fonte Oswald de Andrade online GRAMÁTICA E COMUNICAÇÃO Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV U N I D A D E 166 Texto 42 Quando há uma alteração nessa ordem a gramática chama de inversa que é aceita pela nossa gramática contudo alguns princípios normativos devem ser obser vados sobretudo no plano da expressão escrita Esses princípios correspondem à colocação dos pronomes pessoais oblíquos átonos me te se lhes os as nos vos Em relação ao verbo ao qual se ligam esses pronomes podem assumir três posições no enunciado Ênclise Próclise e Mesóclise Ênclise referese à colocação do pronome após o verbo O emprego da ênclise pode ser considerada a colocação básica do pronome pois obedece a disposi ção direta dos elementos linguísticos como verbo complemento Vejamos este exemplo Desejote um ótimo final de semana Próclise usase a próclise quando há palavras que atraem o pronome para antes do verbo Quais sejam Partícula negativa Nunca nos revelou sua verdadeira identidade Pronome indefinido Ninguém nos avisou sobre o procedimento a ser adotado Advérbio ou locução adverbial Ligeiramente se levantaram os participantes após o evento Só de manhã me informaram sobre o ocorrido Eu desejo Eu desejo que os seus dias sejam felizes Que as suas noites sejam tranquilas E que não lhe falte paz e amor Grifo da autora Fonte Pregador Luo online A Sintaxe de Colocação na Construção dos Enunciados Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 167 Não disseme ele ao recusar o trabalho e em seguida despediuse Preposição seguida de gerúndio Em se tratando de maus tratos aos animais é bom ficarmos atentos Pronome interrogativo como quem que qual e variações quanto e variações Quem me chamou O que lhe contaram sobre o evento Conjunção subordinativa ou pronome relativo em orações subordinadas Imaginei que conseguiria a aprovação Conjunção subordinativa Mesóclise a mesóclise ocorrerá quando o verbo estiver no futuro do presente e no futuro do pretérito Desde que não haja a condição para a próclise A prova curricular da disciplina de Comunicação e Expressão realizarseá na sextafeira Se pudesse contarlheia o desfecho da trama Sugiro que vá antes pois ninguém te informará o horário da viagem por telefone Uso obrigatório da próclise uma vez que há nesse enunciado uma partícula negativa apesar de constar o verbo no futuro do presente A seguir temos um texto do professor Cereja 2013 que mostra a impor tância do uso adequado da Sintaxe de Colocação em nossas práticas sociais Vamos conferir Caroa alunoa vimos nesse tópico que a Sintaxe de Colocação está associada não só aos princípios que regem a combinação sintática entre as palavras mas também está associada as intenções comunicativas dos falantes e aos contextos Atenção Quando houver vírgula depois de palavra negativa ou advérbio usa se a ênclise GRAMÁTICA E COMUNICAÇÃO Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV U N I D A D E 168 de usos da linguagem A seguir finalizaremos esta unidade com um estudo sobre vícios e dificuldades de uso na linguagem VÍCIOS E DIFICULDADES NO USO NA LÍNGUAGEM Até aqui alunoa este livro trouxe à baila a importância dos elementos linguís ticos e extralinguísticos na construção dos enunciados os quais constituem as nossas relações sociais Nesse sentido nos ocuparemos por ora da exposição de algumas constru ções e ou vícios que mais ocorrem em enunciados como trabalhos de conclusão de curso artigos científicos relatórios monografias dissertações projetos etc Como esses enunciados devem ser redigidos o mais próximo possível do formalismo linguístico listaremos a seguir algumas inadequações que preci sam ser refletidas eou até evitadas quando se trata de estudos sistematizados Para que servem as regras de colocação pronominal Enquanto as regras de colocação pronominal vigentes se mantêm distancia das da prosódia brasileira devemos conhecêlas e dominálas a fim de em pregar adequadamente os pronomes sempre que as situações de interação verbal exigirem a produção de um texto oral ou escrito na norma culta formal da língua Fora dessa exigência a colocação do pronome deve seguir os princípios do bom senso e da eufonia1 Fonte Cereja 2013 p 372 1 Boa sonoridade das palavras no enunciado Os que escrevem com clareza têm leitores os que escrevem de maneira obs cura têm comentaristas Albert Camus Vícios e Dificuldades no Uso na LínguaGEM Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 169 Segundo Inácio Filho 2003 os estrangeirismos isto é as palavras alheias a nossa língua devem ser evita das caso seja necessário usar um estrangeirismo devese destacálo Por exemplo neste livro em algumas dis cussões fiz o uso da palavra lato sensu e strictu por isso que aqui a elas apliquei a forma em itálico Em sua pesquisa Inácio Filho também defende a moderação com relação ao uso de neologismos e de palavras criadas a par tir do sufixo idade como coisidade ludicidade didaticidade mineiridade etc Inácio Filho 2003 ainda nos alerta que não convém transformarmos substantivos e adjetivos em verbos como agudizar agilizar minimizar maximizar priorizar oportunizar precarizar etc Vejamos a seguir as construções que segundo Inácio Filho 2003 devem ser evitadas em trabalhos de natureza acadêmica À nível de usase quando pretendese indicar movimento por exemplo a inflação elevouse a níveis intoleráveis Para referirse a uma esfera um âmbito devese usar em nível de e variáveis Através de a rigor essa construção só pode ser empregada em enunciados que indicam o atravessamento de algo num meio por exemplo a luz chegou através da porta Quando não se tratar disso recomendase mediante por meio de por intermédio de Colocarcolocação colocar significa por introduzir e não afirmar propor Por essa razão não convém usar frases como segundo as colocações de Neves 2000 Fonte Unicesumar online GRAMÁTICA E COMUNICAÇÃO Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV U N I D A D E 170 Como um todo a construção a sociedade como um todo é inadequada na visão de Inácio Filho 2003 pois não indica uma parte da sociedade uma fra ção e sim a sua totalidade Assim quando se quer enfatizar o aspecto de algo no total use todo o toda a Em termos de expressão carente de sentido para Inácio Filho 2003 logo indispensável Por exemplo em um enunciado como em termos de segurança no Brasil use simplesmente a segurança no Brasil Enquanto indica duração uma situação temporária Inácio Filho sugere que evite o uso desse termo para designar condição Por exemplo eu enquanto mãe A rigor gramatical se considerarmos esse termo no modo como foi empregado nesse enunciado significa que em algum momento deixarei de ser mãe Nesse caso o recomendável seria na condição de mãe Ir de encontro a chocarse com Ir ao encontro de concordar com Na medida em que significa uma vez que posto que já que Assim não pode ser confundido com à medida que à medida em que uso inadequado que significa ao mesmo tempo em que à proporção que Onde na linguagem coloquial os falantes usam esse pronome relativo com vários sentidos contudo a rigor essa palavra deve ser usada apenas para referir se a lugar Dessa forma convém foi em Moçambique onde nasceu o escritor Mia Couto e não foi na obra de Mia Couto onde encontrei uma literatura afri cana Nesse contexto recomendase foi na obra de Mia Couto que encontrei uma literatura africana Gerundismo tem origem em expressões usadas no âmbito do telemarke ting O gerundismo faz uso do verbo estar acompanhado do gerúndio para designar uma ação futura como vamos estar fazendo uma reunião na próxima semana também deve ser evitado Observe no texto de Ricardo Freire o uso em excesso do gerundismo que sig nifica para alguns teóricos um modismo e mau uso da língua Caro a acadêmico a até aqui objetivamos ampliar os estudos sobre o for malismo linguístico a fim de conscientizálo acerca do papel que esse saber desempenha na construção das mais diferentes realidades e na interação social Considerações Finais Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 171 Você tem vícios de linguagem Se sim faça uma reflexão sobre as situações em que são empregados e se esse fator impactou de forma negativa ou não nas suas práticas sociais Fonte a autora PARA VOCÊ ESTAR PASSANDO ADIANTE Este artigo foi feito especialmente para que você possa estar recortan do e possa estar deixando discretamente sobre a mesa de alguém que não consiga estar falando sem estar espalhando essa praga terrível da comuni cação moderna o gerundismo Você pode também estar passando por fax estar mandando pelo correio ou estar enviando pela internet O importante é estar garantindo que a pes soa em questão vá estar recebendo esta mensagem de modo que ela pos sa estar lendo e quem sabe consiga até mesmo estar se dando conta da maneira como tudo que ela costuma estar falando deve estar soando nos ouvidos de quem precisa estar escutando Sintase livre para estar fazendo tantas cópias quantas você vá estar achan do necessárias de modo a estar atingindo o maior número de pessoas infec tadas por esta epidemia de transmissão oral Mais do que estar repreendendo ou estar caçoando o objetivo desse movi mento é estar fazendo com que esteja caindo a ficha nas pessoas que costu mam estar falando desse jeito sem estar percebendo Nós temos que estar mostrando a nossos interlocutores que sim Pode estar existindo uma ma neira de estar aprendendo a estar parando de estar falando desse jeito Fonte Freire online GRAMÁTICA E COMUNICAÇÃO Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV U N I D A D E 172 CONSIDERAÇÕES FINAIS Nesta unidade IV você estudou sobre a norma da língua Para tanto iniciamos nossos estudos sobre o conceito de gramáticas como a Gramática Normativa a Descritiva e a Gramática Internalizada e suas diferentes concepções de estudo da língua Na sequência mediante um recorte temático trouxemos um estudo sobre dois tipos de gramática a Tradicional ou Normativa e a Gramática Cognitivo Funcional Por meio desse estudo você teve a oportunidade de compreender de refletir sobre como cada abordagem de gramática explica o funcionamento da língua e que elas não se excluem pelo contrário coexistem Por esse viés da correlação entre Gramática e Discurso projetamos os estu dos sobre os Sinais de Pontuação as Figuras de Sintaxe um estudo sobre a Concordância Nominal e Verbal o estudo da Sintaxe de Colocação coloca ção pronominal e por fim trouxemos um estudo sobre os usos da linguagem Nesse sentido buscamos trazer um estudo que possibilitasse o entendimento e reflexão sobre o funcionamento do formalismo da língua pela interface entre forma e função 173 1 Com base em nossos estudos sobre a importância do uso da vírgula nos enun ciados Observe o enunciado a seguir e explique os sentidos possíveis com e sem o uso desse elemento linguístico Hoje não estou com dor de cabeça Agora tire a vírgula3 2 Observe o texto abaixo e explique sobre a importância do uso da vírgula na construção deste enunciado A vírgula Vírgula pode ser uma pausa ou não Não espere Não espere Pode ser autoritária Aceito obrigado Aceito obrigado Pode acusar a pessoa errada Esse juiz é corrupto Esse juiz é corrupto A vírgula muda uma opinião Não queremos saber Não queremos saber Uma vírgula muda tudo4 3 Leia este enunciado e explique o uso do verbo haver Há duas formas para viver a sua vida uma é acreditar que não existe milagre A outra é acreditar que todas as coisas são um milagre Grifo da autora Albert Einstein 3 Texto adaptado do anúncio publicitário do analgésico Aspirina Disponível em httpssmediacacheak0pinimg com236x3dfbf93dfbf9cc4daddcb26e9fcf379e597dfcjpg Acesso em 24 nov 2015 4 Texto adaptado de httptudibaocombrblogwpcontentuploads201005virgulaabi368x509jpg Acesso em 2 nov 2015 A GRAMÁTICA PELA PERSPECTIVA DO FUNCIONALISMO UM RECORTE Nesta unidade buscamos oferecer a você alunoa um estudo do formalismo linguís tico à luz do Funcionalismo mas o que significa mesmo estudar a língua pelo viés do Funcionalismo Nesta unidade trabalhamos com as noções de forma regra e função contexto de uso particular da língua a fim de ampliar o seu conhecimento sobre a relação entre o Discurso e a Gramática a esse respeito vamos refletir sobre esta afirma ção da linguista e funcionalista Maria Helena de Moura Neves Usar a linguagem não constitui um fato puramente linguístico mas cada instância de comunicação é em pri meiro lugar um evento humano e a partir daí social e cultural NEVES p 37 2006 Em outras palavras podemos apreender que para essa estudiosa dos fenômenos da língua gem a Gramática só faz sentido se associada a um contexto natural de uso o qual é influenciado por fatores socioculturais isto é o contexto natural de uso da língua gem Diante disso alunoa podemos entender que a Gramática será sempre incompleta provisória pois é no e pelo discurso contexto efetivo de uso da língua gem que ela se mantém É sobre essa relação da gramática com o discurso de que se ocupa a Teoria do Funcionalismo Fonte a autora Material Complementar MATERIAL COMPLEMENTAR Sobre a importância da vírgula sugiro que vejam este vídeo Disponível em https wwwyoutubecomwatchvuWKpx5Ls1zg Acesso em 03 set 2015 Além desse vídeo também recomendo a você este vídeo que traz uma refl exão sobre a Gramática e o Discurso Não deixe de assistir Disponível em httpswwwyoutube comwatchvmiWiuv1xT3E Acesso em 02 nov 2015 Gramática de Usos do Português Maria Helena de Moura Neves Editora Unesp Sinopse Tem como objetivo possibilitar uma descrição do uso efetivo dos itens da língua transformando se em gramática referencial do português Prático mas de orientação teórica defi nida é dirigido a toda a comunidade de usuários do idioma tanto para o falante comum que pode obter orientação sobre o uso efi ciente dos recursos de sua língua como para o estudioso do Português que nele pode encontrar uma fonte de dados para pesquisas Texto e Gramática Maria Helena de Moura Neves Editora Contexto Sinopse Neste livro Maria Helena de Moura Neves analisa processos de constituição do enunciado dirigindo a atenção para a gramática que organiza relações constrói signifi cações e defi ne efeitos pragmáticos que afi nal fazem do texto uma peça em função O que se pretende é esmiuçar os usos da língua natural e penetrar na organização real dos enunciados para avaliálos sob os diversos níveis e ângulos que envolvem a atividade Funcionalismo predicação referenciarão polarização e modalização junção são alguns dos assuntos abordados nesta obra essencial para alunos de Letras e professores de Português dos diversos níveis MATERIAL COMPLEMENTAR A Língua das Coisas Ano 2010 Sinopse Em um sítio distante de tudo vivem o menino Lucas e seu avô O avô só sabe a língua do rio dos bichos e das plantas Lucas está cansado da rotina e das histórias inventadas pelo avô que diz pescálas no rio palavra por palavra Um dia a mãe de Lucas vem buscálo para morar na cidade Mesmo contrariado o avô o encoraja a ir para aprender a falar língua de gente Na escola a nova língua não entra na sua cabeça não cabe E para piorar ele começa a escrever uma língua inventada só dele Todos pensam que ele tem um parafuso a menos Em seguida sua mãe recebe a notícia da morte do avô De volta ao sítio Lucas corre em desespero na esperança de encontrálo na ilusão daquela notícia ser uma história inventada Mas não é Desolado ele se senta à margem do rio e sem se dar conta dezenas de palavras são trazidas pela correnteza UNIDADE V Professora Me Fátima Christina Calicchio SEMÂNTICA GRAMÁTICA E COMUNICAÇÃO Objetivos de Aprendizagem Conceituar compreender e refletir sobre a importância dos operadores argumentativos nos enunciados Conceituar compreender e refletir sobre a importância da modalização nos enunciados Identificar os implícitos nos enunciados Identificar as funções da linguagem Plano de Estudo A seguir apresentamse os tópicos que você estudará nesta unidade Operadores argumentativos e os enunciados A modalização e a construção dos enunciados Os implícitos nãoditos nos enunciados Figuras de linguagem nos enunciados INTRODUÇÃO Chegamos à última unidade desta disciplina O percurso teórico e prático que realizamos até aqui visou possibilitar a você reflexões sobre a relação existente entre a linguagem e contexto e para esta quinta unidade continuaremos nos sos estudos pelo viés da concepção de linguagem como atividade de interação Assim organizamos esta unidade da seguinte maneira Primeiramente apresentaremos um estudo sobre os operadores argumen tativos na construção dos enunciados Em um segundo momento vamos nos ocupar dos estudos da relação dos elementos linguísticos que constituem a modalização nos enunciados Na sequência apresentaremos um estudo sobre as informações que emergem na organização dos enunciados isto é as relações implícitas que um enunciado pode revelar E para fechar esta unidade apresentaremos um estudo sobre as figuras de linguagem Para tanto reivindico a relevância dos estudos de teóricos do campo da linguística textual de do campo da perspectiva funcionalista da linguagem Introdução Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 179 SEMÂNTICA GRAMÁTICA E COMUNICAÇÃO Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V U N I D A D E 180 OPERADORES ARGUMENTATIVOS E OS ENUNCIADOS Em nossos estudos até aqui vimos que nos sas relações por meio da linguagem estão calcadas na pluralidade da língua decor rentes das diferentes práticas sociais isto é não usamos a linguagem simplesmente para expressar nossos pensamentos tam pouco apenas a usamos como um veículo de informação Quando interagimos por meio da lin guagem objetivamos atingir determinados propósitos e para tanto fazemos uso dos recursos comunicativos que o sistema linguís tico nos dispõe Sobre a linguagem como forma de ação vejamos esta reflexão de Koch 2013 p 29 Quando interagimos através da linguagem quando nos propomos a jogar o jogo temos sempre objetivos fins a serem atingidos há relações que desejamos estabelecer efeitos que pretendemos causar comportamentos que queremos ver desencadeados isto é pretende mos atuar sobre os outros de determinada maneira obter deles determinadas reações Grosso modo podemos entender que para Koch 2013 a linguagem é inerente mente argumentativa isto é toda vez que falamos argumentamos Isso significa que a gramática de uma língua dispõe de elementos linguísticos que têm a fun ção de determinar o modo como o que é dito deve ser compreendido Esses elementos são denominados pela Semântica argumentativa de Operadores argumentativos que são os responsáveis pelo encadeamento dos enunciados ao estruturálos e determinar a sua orientação discursiva ou seja a maneira como deve ser compreendida determinada informação em um enunciado A Semântica Argumentativa propõe uma lista de elementos linguísticos que possuem força argumentativa como Operadores Argumentativos e os Enunciados Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 181 a Elementos que assinalam o argumento mais forte de uma escala para uma conclusão até mesmo até mesmo inclusive Veja Observe a força que a palavra mesmo marca neste enunciado Fonte Unicesumar online Segundo a Semântica Argumentativa há também a possibilidade de os elemen tos linguísticos direcionarem o discurso ao assinalarem o argumento mais fraco A apresentação foi coroada de sucesso pois estiveram presentes personalida des do mundo artístico pessoas influentes no meio político e esteve presente a Presidente da República grifo da autora Fonte adaptado de Koch 2013 A apresentação não teve sucesso a Presidente não compareceu nem as pes soas de influência no meio político e nem mesmo personalidades do mundo artístico grifo da autora Fonte adaptado de Koch 2013 SEMÂNTICA GRAMÁTICA E COMUNICAÇÃO Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V U N I D A D E 182 como ao menos pelo menos nem nem mesmo no mínimoVejamos b Operadores que somam argumentos a favor de uma mesma conclusão ou argumentos que fazem parte de uma mesma classe argumentativa e tam bém ainda nem e não não só mas também tanto como além de além disso a par de etc Observe algumas possibilidades de formular enunciados com esses recursos linguísticos Francisco é o melhor candidato pois tem boa formação experiência e bom relacionamento interpessoal Francisco é o melhor candidato pois não só tem boa formação mas tam bém experiência e um bom relacionamento interpessoal Francisco é o melhor candidato porque além de ter boa formação tem expe riência no cargo e tambémainda tem um bom relacionamento interpessoal Francisco é o melhor candidato tanto tem boa formação como experiência no cargo além dissoa par disso tem um bom relacionamento interpessoal c Operadores que introduzem uma conclusão relativa a argumentos apresen tados em enunciados anteriores portanto logo por conseguinte pois por isso em decorrência consequentemente etc Fonte Unicesumar online Operadores Argumentativos e os Enunciados Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 183 Vejamos outras formulações possíveis com base nesse enunciado Todos nós enfrentamos batalhas diariamente Portantologo seja gentil com as pessoas você não conhece as batalhas que elas enfrentam d Operadores que introduzem argumentos alternativos que levam a conclu sões diferentes ou opostas ou ou então querquer seja seja etc Observe a força argumentativa marcada pelo operador ou então na canção de Gilberto Gil e Operadores que estabelecem relações de comparação entre elementos com vistas a uma dada conclusão mais que menos que tão como do que etc Neste enunciado o operador argumentativo do que tem a função de guiar a compreensão do discurso para uma conclusão f Operadores que introduzem uma justificativa ou explicação sobre o enun ciado anterior porque que já que pois etc Estrela O contrário também Bem que pode acontecer De uma estrela brilhar Quando a lágrima cair Ou então De uma estrela cadente se jogar Só pra ver A flor do seu sorriso se abrir Fonte Gilberto Gil online Aceitai o meu ensino e não a prata e o conhecimento antes do que o ouro escolhido Porque melhor é a sabedoria do que joias e de tudo o que se deseja nada se pode comparar com ela Pv 81011 SEMÂNTICA GRAMÁTICA E COMUNICAÇÃO Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V U N I D A D E 184 Fonte Unicesumar online g Operadores que contrapõem argumentos orientados para conclusões con trárias mas porém contudo todavia no entanto etc embora ainda que posto que apesar que etc Texto 43 Somos donos dos nossos atos mas não donos dos nossos sentimentos Somos culpados pelo que fazemos mas não pelo que sentimos Podemos prometer atos mas não podemos prometer sentimentos Atos são pássaros engaiolados Sentimentos são pássaros em voo Fonte Rubem Alves Operadores Argumentativos e os Enunciados Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 185 Texto 44 Segundo Koch 2013 os operadores do grupo do mas e do grupo do embora possuem funcionamento com valores semânticos que se aproximam uma vez que eles opõem argumentos de perspectivas diferentes que orientam para uma conclusão contrária A diferença entre esses grupos relacionase a estratégias argumentativas uti lizadas pelo falante Por exemplo quando o falante usa operadores do grupo do mas emprega a estratégia do suspense pois ele cria uma expectativa de conclu são em seu interlocutor e depois introduz os argumentos que guiaráão o interlocutor à conclusão Observe o exemplo do Texto 43 nesse enunciado o autor lança uma expec tativa isto é cria um suspense na mente de seu interlocutor em Somos donos de nossos atos para depois por meio do operador mas romper essa ideia de suspense No caso do grupo do operador embora há uma estratégia argumentativa que funciona de forma contrária ao grupo do mas Ao empregar o embora o falante faz uso da estratégia da antecipação dos argumentos isto é anuncia pre viamente que o argumento será anulado Observe o exemplo do texto 44 em Embora o candidato se tivesse esforçado nessa porção de texto o falante faz uma antecipação sobre o que vai acontecer com o candidato ou seja a não aprovação Então com o uso do operador argu mentativo embora há uma quebra de expectativa já no início do enunciado Diante dessa reflexão alunoa podemos entender que tanto o operador do grupo mas quanto o operador do grupo do embora possuem forças argumen tativas que podem guiar o discurso para conclusões contrárias Embora o candidato se tivesse esforçado não conseguiu a aprovação SEMÂNTICA GRAMÁTICA E COMUNICAÇÃO Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V U N I D A D E 186 Até aqui vimos que os operadores argumentativos funcionam não apenas como organizadores sequenciais dos enunciados mas também funcionam como ele mentos que orientam as sequências argumentativas dos discursos isto é possuem marcas que direcionam como aquilo que é dito deve ser compreendido a fim de convencer o outro Nos tópicos que seguem vamos nos ocupar de outro recurso linguístico que revela a linguagem como forma de ação a modalização A MODALIZAÇÃO E A CONSTRUÇÃO DOS ENUNCIADOS Quando enunciamos fazemos uso de estratégias discursivas que podem levar os nossos interlocutores à persuasão uma vez que todo enunciado é per meado de marcas linguísticas que nos permitem avaliar a intenção comunicativa dos falantes Essas marcas linguísticas são denominadas de modalização A respeito da modalização Neves 2000 p 244 explica que compõe uma classe ampla de elementos que têm como carac terística básica expressar alguma intervenção do falante na defini ção da validade e do valor de seu enunciado modalizar quanto ao valor de verdade modalizar quanto ao dever restringir o domínio definir a atitude e até avaliar a própria formulação linguística Koch 2013 destaca a importância do estudo dos operadores argumen tativos que pertencem aos grupos do mas operadores adversativos e do embora operadores concessivos como elementos favoráveis à pro gressão textual Vejamos estes exemplos extraídos de KOCH 2013 p 91 aguardava ansiosa o momento da partida Aflita aproximouse da janela Mas a chuva persistia operador adversativo Embora nada tivesse de seu nunca reclamava e era feliz operador concessivo Grifos da autora Fonte a autora A Modalização e a Construção dos Enunciados Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 187 Isso significa que nós falantes ao enunciarmos estamos sempre avaliando julgando em busca de influir sobre o comportamento dos nossos interlocu tores com vistas a evidenciar como aquilo que foi dito deve ser compreendido Como podemos perceber caroa alunoa a modalização tem como qua dro teórico a linguagem como atividade de interaçãoação Nesse sentido os estudos sobre a modalização têm como fundamento teórico a visão funciona lista da linguagem que considera a língua como um instrumento que determina relações comunicativas entre os falantes e que a gramática da língua deve ser estudada ao interligar a Sintaxe a Semântica e a Pragmática O estudo sobre a modalização é complexo ora porque variam o campo de estudo ora porque variam as orientações teóricas e ainda ora porque se privilegia um tipo ou outro de modalização Para a discussão desse tópico nesta unidade optamos pelas modalidades Epistêmica Deôntica e Atitudinal Ressaltamos que a cada noção que a moda lidade materializa subjaz um elemento linguístico que nos permite evidenciar a intenção do falante Comecemos pela Modalidade Epistêmica Esta localizase no eixo do conhe cimento do enunciado do falante e exprime o grau de certeza em relação aquilo que é enunciado Segundo Neves 2010 p 160 modalidade epistêmica é a força com que o falante acredita na veracidade de uma proposição Conforme Neves 2010 os graus básicos da modalidade Epistêmica que a língua oferece para marcar os graus do possível são parafraseados em Usar a língua significa realizar ações A ação verbal constitui uma atividade social efetuada por indivíduos sociais com o fim de realizar tarefas comuni cativas ligadas com a troca de representações metas e interesses Fonte Koch 2013 p 18 SEMÂNTICA GRAMÁTICA E COMUNICAÇÃO Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V U N I D A D E 188 É absolutamente possível que o convite seja enviado É indiscutivelmente possível que o concite seja enviado É bem possível que o convite seja enviado É possível que o convite seja enviado Seria possível que o convite fosse enviado É muito possível que o convite seja enviado Seria muito pouco possível que o convite seja enviado É quase impossível que o convite seja enviado Seria quase impossível que o convite seja enviado A modalidade Epistêmica pode ser a Subjetiva o falante se envolve com o valor de verdade de seu enunciado b Objetiva o falante se distância do comprometimento com o valor de ver dade de seu enunciado A esse respeito Neves 1996 p 179 explica que No extremo da certeza há um enunciador que avalia como verdadeiro o conteúdo de seu enunciado apresentandoo como uma asseveração afirmação ou negação sem espaço para dúvida e sem relativização Por outro lado muitos enunciados oferecem um discurso com marcas do possível e no entanto contêm elementos gramaticais que em prin cípio confirmam certeza ao enunciado Diante da exposição de Neves 1996 podemos entender que o grau de certeza expresso no enunciado permite ao falante dar credibilidade ao seu discurso sem espaço para dúvida ou relativização Vejamos É absolutamente possível que o convite seja enviado Nesse enunciado podemos perceber a atuação do modalizador epistêmico mar cado pela expressão absolutamente possível que funciona como um recurso para revelar o grau de certeza do falante com o que foi dito uma vez que esse falante apresenta o seu enunciado como uma afirmação logo não abre espaço para dúvida A Modalização e a Construção dos Enunciados Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 189 Mesmo em enunciados construídos em primeira pessoa o falante ganha credibilidade ao situar seu enunciado no campo do gradual e do possível haja vista que nesse tipo de atuação do modalizador epistêmico o falante se distân cia do comprometimento com o valor de verdade do enunciado ao exprimir uma não certeza Vejamos este exemplo para um melhor entendimento da atu ação desse modalizador Eu acho que o convite será enviado Algumas expressões que exprimem não certeza são acho que penso que pare ceme tenho a impressão que eu acredito que etc Segundo Neves 2012 há ainda outra possibilidade de o falante eximirse da responsabilidade com o valor de verdade de seu enunciado por meio de expres sões que atribuem a responsabilidade do fato expresso a uma fonte externa isto é a terceiros como afirma diz que disseram entre outras Observe este exemplo Dizem que o convite virá Vimos que por meio da modalização um mesmo enunciado pode ser modali zados por diferentes expressões linguísticas como certos advérbios ou locução adverbial talvez provavelmente certamente possivelmente etc Quem recebeu o convite necessariamente confirmará a presença Quem recebeu o convite deverá confirmar a presença Quem recebeu o convite tem de confirmar a presença Nesses exemplos verificase que ao conteúdo do enunciado foi acrescentado por meio do elemento modalizador sob qual perspectiva ele deve ser entendido Passaremos agora a tratar do estudo da modalidade deôntica Vimos que na modalidade epistêmica os elementos linguísticos incidem no nível da avaliação do falante isto é do seu julgamento juízo de valor em relação a um determinado fato possível De maneira diferente na modalidade deôntica o nível de incidên cia é outro está na própria ação do falante De acordo com Neves 2010 a modalidade deôntica caracterizase por ele mentos que exprimem obrigações proibição e permissões Diferentemente da modalidade epistêmica que marca grau do possível até o impossível Na modali dade deôntica o grau é marcado do absolutamente obrigatório até o permitido A modalidade deôntica é classificada por Neves 2010 em dois tipos SEMÂNTICA GRAMÁTICA E COMUNICAÇÃO Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V U N I D A D E 190 a Obrigação moral interna ditada pela consciência como em Temos que admitir o convite será enviado b Obrigação material externa ditada por imposição de circunstâncias externas como em Aqueles que receberam o convite têm por obrigação confirmar a presença até o prazo determinado pelo evento Um mesmo enunciado pode ser modalizado por meio de vários elementos linguísticos de diferentes tipos como vimos até aqui e uma dessas possibilida des é o caso dos verbos dever e poder a esses verbos podem atribuir em um mesmo enunciado um valor epistêmico ou um valor deôntico O verbo poder pode significar capacidadehabilidadepermissão ou uma simples possibilidade O verbo dever pode significar obrigação ordem ou uma simples necessidade de acordo com o enunciado A esse respeito observe os enunciados que seguem Os convidados podem apresentarem em traje social exprime uma possibilidade valor epistêmico Os convidados devem apresentarem em traje social exprime uma obrigação valor deôntico Como mencionamos neste tópico além dos modalizadores epistêmicos que expri mem possibilidades o deôntico que marca uma obrigação do falante existem também os modalizadores que marcam uma atitude ou estado psicológico do falante Os exemplos que seguem foram retirados de um estudo sobre a atuação da modalização em enunciados de autoajuda Vejamos Devemos abrir a boca para abençoar o nosso irmão para adorarmos ao Senhor Mas infelizmente muitos têm sido des truídos pela falta de sabedoria CALICCHIO 2010 p 713 Nesse exemplo podemos observar que o modalizador marcado pelo adver bio infelizmente não assinala o modo como o falante desse enunciado fala De maneira diferente nesse contexto o adverbio revela uma atitude do autor desse enunciado ao envolverse emotivamente ao que parece lamenta o fato de as pes soas não bendizerem as outras e louvarem a Deus Os Implícitos NãoDitos nos Enunciados Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 191 Podemos ainda destacar a existência de modalizadores delimitadores que marcam o domínio dentro do qual um enunciado deve ser entendido Para Neves 2000 os modalizadores delimitadores estabelecem os limites das afirmações e das negações Isso significa que esse modalizador define o âmbito que o enun ciado deve ser compreendido Politicamente ele ganhou credibilidade Esse exemplo põe em relevo mediante o modalizador como devemos compre ender a maneira como o falante que pressupomos ser uma autoridade do meio político ganhou credibilidade consideração Isso significa que o modalizador criou uma delimitação sob a qual perspectiva o interlocutor deve fazer a leitura desse enunciado Os estudos da modalização aqui realizado a partir de um olhar teórico funcionalista evidenciou que os elementos linguísticos estão à disposição das intenções comunicativas dos falantes isto é a linguagem é uma estrutura maleável que se organiza de forma constante conforme as necessidades comunicativas No tópico seguinte nos ocuparemos do estudo sobre os implícitos nos enunciados OS IMPLÍCITOS NÃODITOS NOS ENUNCIADOS O conceito de implícito que adotamos para esta disciplina delineiase a partir da concepção que é no enunciado pelo enunciado e com o enunciado que a linguagem se torna uma ati vidade de interação Assim a noção de implícito em um enunciado está presente pelo nãodizer pelo silêncio ou pela ausên cia isto é um sentido implícito pode ser entendido como um sentido que fica em torno de uma deter minada discussão porque ele não vem explicitado no enunciado A esse respeito vejamos as palavras de Orlandi 2009 SEMÂNTICA GRAMÁTICA E COMUNICAÇÃO Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V U N I D A D E 192 Consideramos que há sempre no dizer um nãodizer necessário Quan do se diz x o nãodito y permanece como uma relação de sentido que informa o dizer de x Isto é uma formação discursiva pressupõe uma outra terra significa pela sua diferença com Terra com co ragem significa pela sua relação com sem medo etc Além disso o que já foi dito mas já foi esquecido tem um efeito sobre o dizer que se atualiza em uma formulação Em outras palavras o interdiscurso determina o intradiscurso o dizer presentificado se sustenta na me mória ausência discursiva ORLANDI 2009 P 8384 Em outras palavras isso sugere que todo enunciado se constitui não só pelo que é marcado explicitamente mas também se constitui pelo sentido nãomarcado explicitamente isto é o sentido que está posto gramaticalmente e pelo sentido que não está posto explicitamente mas carrega sentido que são capazes de esta belecer outros sentidos ao enunciado Veja o exemplo do texto 45 Texto 45 O enunciado do texto 45 chamanos a atenção não só pela mensagem que veicula por meio das palavras mas o que está pressuposto é que antes se fazia com pras no Paraguai Além desses dois um que está posto e o outro pressuposto não dito mas presente há também aquele que emerge desses dois sentidos que seria o nãodito COMPRAS NO PARAGUAI COMPRAS NO PARAGUAI 1994 2015 1994 2015 Adeus Sentiremos muito a sua falta Saudades eternas Os Implícitos NãoDitos nos Enunciados Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 193 No caso desse contexto a razão que deu origem a morte metafórica das compras no Paraguai por exemplo constituise como a possível causa daquilo que está subentendido implícito Esse nãodito sugere ao leitorinterlocutor que a causa poderia ser a alta do dólar Esse fator seria o motivo para que as pes soas não fossem mais ao Paraguai para fazer compras Orlandi 2009 explica que há outras maneiras de se trabalhar com os implí citos em um enunciado Tratase do silêncio Essa linguista explica que há o silêncio fundador esse conceito indica que o sentido sempre pode ser outro E o silenciamento que subcategorizase em Silêncio constitutivo uma palavra apaga outras palavras para dizer é preciso nãodizer Vejamos este exemplo Texto 46 Fonte Unicesumar online SEMÂNTICA GRAMÁTICA E COMUNICAÇÃO Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V U N I D A D E 194 Conforme Orlandi 2009 para dizer é preciso não dizer então podemos enten der que no exemplo do texto 46 há um nãodito ou silêncio constitutivo que diz coragem Essa ideia é confirmada pelo elemento não linguístico isto é pela imagem de um felino e exatamente esse nãodito provocou o efeito de sentido desse enunciado que ao ver dessa autora trabalha com a noção de incentivo pois não teríamos o mesmo efeito de sentido com a paráfrase vai Coragem por exemplo Silêncio local é a censura o que se proíbe dizer em uma determinada esfera discursiva Em outras palavras é aquilo que faz um sujeito não dizer o que poderia dizer Para ilustrarmos esse conceito vejamos o exemplo do texto 47 Texto 47 No caso do enunciado do texto 47 temos um exemplo de silenciamento local Podemos entender que a banda ao dizer A gente quer a vida como a vida quer está silenciando nós cidadãos queremos e merecemos ter os nossos direitos respeitados considerados Comida Bebida é água Comida é pasto Você tem sede de que Você tem fome de que A gente não quer só comida A gente quer comida diversão e arte A gente não quer só comida A gente quer saída para qualquer parte A gente não quer só comida A gente quer bebida diversão balé A gente não quer só comida A gente quer a vida como a vida quer Fonte Titãs online Figuras de Linguagem nos Enunciados Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 195 Podemos destacar ainda nessa canção dos Titãs que em A gente quer comida diversão e arte foi silenciado outro dizer nós queremos ter direito ao trabalho que nos proporcionará o nosso alimento do corpo e também o alimento da dignidade de termos acesso à cultura à educação Esse recurso é responsável pelo efeito de sentido dessa canção Diante desse estudo alunoa podemos entender que o nãodizer implícito defendido pela Semântica Argumentativa é um fator importante na atribuição de sentidos de um enunciado A seguir vamos nos ocupar dos sentidos possíveis que as figuras de linguagem podem possibilitar FIGURAS DE LINGUAGEM NOS ENUNCIADOS Vimos na unidade IV deste livro a importâncias das figuras de Sintaxe na cons trução dos enunciados Neste tópico trataremos das figuras de linguagem também na construção dos enunciados Há situações comunicativas que fazem uso das palavras em sentido conotativo para atingirem seus propósitos de comunicação A esse respeito Fiorin 2006 p 65 assim se expressa O silêncio é signo de confiança E se a linguagem atravessa a verdade com a máscara da neutralidade é porque ela é palco e aí cabem outras representa ções Por que não a do compromisso com o seu tempo e com a sua gente Fonte KOCH 2008 p 6 SEMÂNTICA GRAMÁTICA E COMUNICAÇÃO Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V U N I D A D E 196 A linguagem autoriza toda sorte de alterações de significado de violações semânticas quando ultrapassam as fronteiras estabele cidas entre o animado e o inanimado o humano e o não huma no o concreto e o abstrato etc Como podemos observar pelas palavras de Fiorin 2006 e pelo exemplo do texto 48 a seguir as figuras de linguagem podem e são empregadas com um sentido novo diferente para tornar os enunciados mais expressivos e refletir aquilo que os falantes querem dizer As figuras de linguagem são Metáfora consiste no emprego de um termo com um significado do habi tual com base em uma relação similaridade entre o sentido próprio e o sentido conotativo Portanto a metáfora implica em uma comparação em que o conec tivo comparativo fica subentendido Vamos a um exemplo Texto 48 Podemos observar que Rubem Alves nesse texto empregou uma linguagem conotativa isto é figurada que é aquela diferente do sentido do dicionário a fim de atingir um sentido mais amplo para o seu enunciado Nesse contexto Rubem Alves faz uma comparação subentendida entre o sujeito mulher e um tecido Podemos entender por meio desse recurso linguístico que o poeta quis aproximar as características de um tecido que se faz por vários fios à mulher Comparação é a figura de linguagem que consiste no emprego de uma pala vra no sentido de aproximar dois seres em razão de alguma semelhança existente entre eles de tal modo que as características de um sejam atribuídas ao outro Observe este exemplo A amada é um tecido de sensações e fantasias Uma lembrança Rubem Braga online Figuras de Linguagem nos Enunciados Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 197 Texto 49 Observe que nesse exemplo o eulírico faz uma comparação ao aproximar o termo amor a raio pela semelhança de modo que as características do amor sejam atribuídas ao raio Note alunoa que essa comparação foi feita de modo explicitado pelo conectivo como Metonímia é uma forma de comparação contudo essa comparação se dá pela substituição de um termo por outro mais adequado a uma situação comu nicativa A metonímia ocorre quando se emprega O efeito pela causa e viceversa Alcançou seus objetivos graças ao seu próprio suor suor efeito causa esforço O autor pela obra Adoro ler Rubem Alves ler o livro a obra de Rubem e não o Rubem Alves O continente pelo conteúdo Consumiram muitas caixas de chocolate consumiram os chocolates e não as caixas A marca pelo produto Preciso ir ao mercado comprar Bom Bril com prar a palha de aço pois Bom Bril é a marca O concreto pelo abstrato respeite os meu cabelos bancos respeitar a idade O lugar pelo produto O noivo em sua festa de despedida de solteiro ofereceu Havanas aos amigos Havanas charuto produzido em Havana A parte pelo todo Falta amor para tirar tantos animais abandonados das ruas faltam pessoas voluntários O singular pelo plural O brasileiro é muito receptivo o povo brasileiro os brasileiros A matéria pelo objeto Tenham cuidado com meus cristais algum mate rial de cristal como copos taças brinquedos etc Faltando um pedaço O amor é como um raio galopando em desafio Abre fendas cobre vales revolta as águas dos rios Djavan online SEMÂNTICA GRAMÁTICA E COMUNICAÇÃO Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V U N I D A D E 198 Antítese consiste no uso de palavras com sentidos opostos para construir um novo sentido Texto 50 Observe que a antítese aparece no sentido expresso pela palavra longa em opo sição ao sentido da palavra curta Paradoxo consiste na afirmação de algo aparentemente contraditória verda deiro mas que apresenta uma contradição logica Vejamos o exemplo do texto 51 Texto 51 Muitas vezes o produtor de um enunciado quer expressar uma oposição muito mais forte que a antítese chega ao nível da oposição de ideias contudo essa opo sição é lógica Podemos observar essa contradição lógica nos versos em destaque na canção de Lulu Santos Veja em Tudo o que cala fala mais alto ao coração Apesar do emprego de elementos que se excluem como algo que cala mas fala mais alto se fundem e criam um efeito expressivo nesse contexto Hipérbole o exagero é usado para dar ênfase a uma determinada situação Vejamos Uma noite longa Pra uma vida curta Mas já não me importa Basta poder te ajudar Fonte Paralamas do Sucesso online Certas coisas Cada voz que canta o amor não diz Tudo o que quer dizer Tudo o que cala fala Mais alto ao coração Silenciosamente eu te falo com paixão Lulu Santos online Figuras de Linguagem nos Enunciados Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 199 Texto 52 Observe que no exemplo do texto 52 o autor com a intenção de mostrar a ideia de cansaço extremo exagera ao dizer que precisa dormir por três dias Merece destaque também o uso do verbo precisar no gerúndio Esse emprego funciona como ênfase a ideia de exagero do autor uma vez que o gerúndio tem ideia de continuidade Eufemismo tratase do uso de um termo que intenciona suavizar uma ideia Vamos a um exemplo para um melhor entendimento dessa figura de linguagem Texto 53 O uso da expressão colhido pela morte nesse enunciado do texto 53 é um bom exemplo da figura de linguagem eufemismo pois essa expressão causou menos impacto do que se tivesse usado por exemplo esta paráfrase que aos 66 anos morre em Assim entendese a opção dos editores do livro de Mattoso Câmara pela expressão colhido pela morte haja vista que de fato ela suavizou a ideia da morte do pesquisador Mattoso Ficaram prontas apenas duas partes da obra Mas como partes foram revisadas e dadas como definitivas pelo Autor que aos 66 anos foi colhido pela morte no dia 4 de fevereiro de 1970 Fonte Mattoso Câmara 2008 p 8 grifos da autora PRECISANDO DAQUELA DORMIDINHA BÁSICA DE UNS TRÊS DIAS SEMÂNTICA GRAMÁTICA E COMUNICAÇÃO Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V U N I D A D E 200 Ironia recurso usado para obter um efeito humorístico ou crítico por meio de um termo em sentido oposto ao usual Reflita sobre a ironia neste exemplo Texto 54 Observe que a ironia fica marcada no início do primeiro verso pela expressão vamos celebrar haja vista que os motivos elencados pelo compositor não carac terizam como situações convencionais para celebração ora celebramos a uma conquista por exemplo E os motivos que Renato Russo expõe nos versos dessa música fazem referência a problemas sociais que merecem atenção Assim o uso da expressão Vamos celebrar nesse contexto configurase como uma ideia con trária ao que de fato poderíamos inferir por exemplo que essa canção da banda Legião Urbana revela uma crítica não só as autoridades mas também à sociedade Prosopopeia ou personificação consiste em atribuir sentimentos e ou ações humanas a seres ou objetos inanimados Texto 55 Perfeição Vamos celebrar nossa justiça A ganância e a difamação Vamos celebrar os preconceitos O voto dos analfabetos Comemorar a água podre E todos os impostos Queimadas mentiras E sequestros Legião Urbana online Durma medo meu Às vezes um não sei Janela madrugada luz tardia E o medo nos acorda Pára e bate o coração Fonte O Teatro Mágico online Considerações Finais Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 201 Observe que no título dessa canção da Trupe O Teatro Mágico há o emprego da prosopopeia pois foi atribuído uma ação de um ser animado que é o ato de dormir a um sentimento como o medo Também há o emprego da prosopopeia no 3º verso desse excerto em E o medo nos acorda Para e bate o coração Aqui também foram atribuídas ações como acordar fazer parar e fazer bater o coração que são características dos seres humanos e não do termo medo Chegamos ao fim desta unidade Esperamos até aqui termos contribuído para a ampliação do seu conhecimento a respeito da relação entre os elementos linguísticos em seus contextos concretos de uso CONSIDERAÇÕES FINAIS Pelo estudo da Semântica Gramática e Comunicação objetivamos trazer con ceitos para que você possa não só compreender como também refletir sobre os elementos que extrapolam o limite dos textos Assim trouxemos primeiramente um estudo sobre a importância dos operadores argumentativos nos enunciados e vimos que esses elementos funcionam como recursos argumentativos que auxi liam no processo de interação verbal Posteriormente buscamos apresentar um estudo da atuação da modalidade nos enunciados Mediante esse estudo vimos que a modalização é um recurso linguístico que está orientada ao discurso e constituese como elementos reve ladores das intenções dos falantes Na sequência trouxemos um estudo sobre os implícitos nos enunciados nesse tópico evidenciamos a importância dos nãoditos nas palavras de Orlandi para a atribuição de sentidos em um determinado enunciado Por último apresentamos um estudo sobre o conceito e o funcionamento das figuras de linguagem na construção dos enunciados Por meio desse estudo evidenciamos que os produtores dos enunciados fazem o uso das palavras em sen tido conotativo para conferir mais expressividade àquilo que é dito enunciado 1 Leia este texto e faça o que se pede A Cegueira do Amor Todos os sentimentos dos homens reunidos num lugar da terra tiveram uma ideia Vamos brincar de escondeesconde A curiosidade sem poder conterse perguntou Escondeesconde O que é isso É um jogo explicou a loucura em que eu fecho meus olhos conto até 100 enquanto vocês se escondem Quando eu terminar começo a procurálos e o primeiro que eu encontrar ocupa o meu lugar no jogo O entusiasmo dançou a alegria deu tantos saltos que acabou convencendo a dúvida e até a apatia que nunca se interessava por nada Mas nem todos participaram A verdade preferiu não se esconder A soberba opinou que era um jogo muito tolo e a covardia preferiu não se arriscar Um dois três Começou a contar a loucura A primeira a se esconder foi a pressa A fé subiu ao céu e a inveja se escondeu atrás da sombra do triunfo que com seu próprio esforço tinha conseguido subir na copa da árvore mais alta O esquecimento Não me recordo onde se escondeu Quando a loucura estava lá pelo número 99 o amor ainda não havia achado lugar para se esconder Até que encontrou um roseiral e decidiu ocultarse entre as rosas 100 Terminou de contar a loucura E começou a busca A primeira a apare cer foi à pressa Depois escutou a fé Num descuido encontrou a inveja e claro pôde deduzir onde estava o triunfo 203 O texto A Cegueira do Amor foi estruturado pelo uso de uma figura de lin guagem Assim identifique e explique a importância dessa figura na construção desse enunciado 2 Nesta unidade vimos um estudo sobre os tipos de gramáticas Nesse sen tido para você aprender a Gramática Normativa é importante Justi fique sua resposta A dúvida foi mais fácil ainda Encontroua sentada numa cerca sem decidir em que lado se esconder E assim foi encontrando a todos O talento nas ervas frescas A angústia numa cova escura Apenas o amor não aparecia Quando a loucura estava quase desistindo encontrou um roseiral pegou uma forquilha e começou a mover os ramos No mesmo instante ouviuse um doloroso grito Os espinhos tinham ferido o amor nos olhos A loucura não sabia o que fazer para se desculpar Chorou rezou implorou e até prometeu ser seu guia Desde então o amor é cego e a loucura sempre o acompanha1 1 Disponível em httpgshowglobocomprogramasmaisvocev2011MaisVoce0MUL14436211035400 ACEGUEIRADOAMORhtml Acesso em 24 nov 2015 3 Vimos nesta unidade que os implícitos nãoditos funcionam como recur so expressivos do produtor de um determinado enunciado Dessa forma analise o enunciado abaixo a partir do conceito de silenciamento constitutivo Fonte Unicesumar online 205 UMA REFLEXÃO SOBRE OS IMPLÍCITOS Nesta unidade falamos sobre a importância dos meios linguísticos para prover a você um estudo sobre os sentidos que estão à margem do enunciado isto é os sentidos implícitos contudo esse estudo apenas serviu como ponto de partida para um estudo mais especifico sobre a Semântica do texto Em vista disso convidoo a refletir sobre esta exposição de Koch 2008 À semântica do texto cabe explicar a representação da estrutura do significado de um texto ou de um segmento deste particularmente as relações de sentido que vão além do significado das frases KOCH p 10 2008 Para Koch 2008 à Semântica do texto cumpre o papel de mostrar que além da signifi cação explicita há toda uma gama de significações implícitas diretamente relacionadas às intenções dos falantes ou seja é por meio desse nível que emergem os efeitos de sentido que um produtor pretender provocar no seu interlocutor Ainda é nesse nível que a sua atitude de leitor do e no mundo se revelará com maior ou menor grau de engajamento com relação aos enunciados que reproduz a maneira en fim de como você representa a si mesmo ao outro e ao mundo por meio da língua gem Assim saliento a importância de você acadêmicoa tornarse sensível a apreender a sig nificação profunda dos enunciados a fim de reconstruílos eou reinventálos Fonte a autora MATERIAL COMPLEMENTAR No link a seguir você encontrará um pouco mais a respeito dos operadores argumentativos Confi ra Disponível em httpwwwseerufubrindexphpdominiosdelinguagemarticleviewFile144389570 Acesso em 02 nov 2015 Para ampliar o seu conhecimento sobre a Modalização sugiro que leia este artigo que se encontra disponível em httpwwwcchufvbrrevistapdfsvol7artigo4vol71pdf Acesso em 02 nov 2015 Análise de Discurso Principios e Procedimentos Eni P Orlandi Editora Pontes Ano 2009 Sinopse Este livro apresenta um estudo sobre o funcionamento da linguagem Os fundamentos da análise de discurso ao apresentar as concepções teóricas e os procedimentos analíticos para a sua compreensão Assim este livro apresenta refl exões sobre as relações entre o homem a natureza e a sociedade na história Pelo discurso lugar de produção de sentidos e de processos de identifi cação dos sujeitos esta obra pode possibilitar uma melhor compreensão sobre a interpretação na relação do homem com a sua realidade Não só os que se dedicam aos estudos da linguagem mas todos aqueles que no campo das ciências humanas e sociais confrontamse com a articulação entre o simbólico e o político terão neste livro uma apresentação segura sobre o modo de tratar a linguagem como prática social e histórica na história Pelo discurso lugar de produção de sentidos e de Material Complementar MATERIAL COMPLEMENTAR Introdução a Linguística Textual Tragetória e Grandes Temas Ingedore Grunfeld Villaça koch Editora WMF Martins Fontes Ano 2009 Sinopse Nesta obra Ingedore G V Koch dedicase em primeiro lugar a traçar a trajetória da Linguística Textual desde sua origem até nossos dias bem como a assinalar as mudanças de rumo que sofreu durante esse percurso encaminhandoa para o estágio em que atualmente se encontra Em um segundo momento a autora procede a um levantamento dos principais temas que vêm constituindo o centro de interesse dos pesquisadores da área com o intento de familiarizar os leitores com os tipos de questionamento que hoje caracterizam a Linguística Textual e que permitem inclusive fazer projeções quanto ao seu futuro O Leitor Ano 2008 Sinopse Na Alemanha pós2ª Guerra Mundial o adolescente Michael Berg David Kross se envolve por acaso com Hanna Schmitz Kate Winslet uma mulher que tem o dobro de sua idade Apesar das diferenças de classe os dois se apaixonam e vivem uma bonita história de amor Até que um dia Hanna desaparece misteriosamente Oito anos se passam e Berg então um interessado estudante de Direito se surpreende ao reencontrar seu passado de adolescente quando acompanhava um polêmico julgamento por crimes de guerra cometidos pelos nazistas O fi lme O leitor é um bom exemplo para refl etirmos sobre os sentidos que emergem dos enunciados cujas signifi cações fundamentamse nas relações entre o homem e a sua realidade CONCLUSÃO Neste livro apresentamos os principais eixos que podem permear uma disciplina que tem a linguagem e a comunicação como ponto de partida para as mais diver sas práticas sociais Por esse viés na unidade I apresentamos um estudo sobre as concepções de língua gem também nessa unidade destacamos um estudo sobre os tipos de linguagem as variações linguísticas e objetivamos com esse estudo evi denciar que o uso da linguagem deve adaptarse às situações comunicativas Na unidade II objetivamos mostrar o funcionamento da linguagem e para isso apresentamos os princípios teóricos sobre a relação entre a linguagem e a comuni cação Além disso trouxemos um estudo sobre as funções da linguagem na cons trução dos enunciados o processamento da leitura para tanto o nosso trabalho se desenvolveu a partir de um movimento entre a teoria e sua aplicação a fim de le válo a um melhor entendimento sobre a importância do processamento de leitura Na unidade III apresentamos um estudo sobre a importância do conhecimento do formalismo da língua para as nossas práticas sociais Para isso buscamos proporcio narlhe a compreensão e reflexão sobre a importância da ortografia da acentuação e da escrita em nossas práticas sociais Ainda nessa unidade trouxemos um estudo sobre a semântica na construção dos enunciados Na unidade IV apresentamos também um estudo do formalismo linguístico con tudo esse estudo foi abordado com a intenção de trabalhar a forma aliada à função E por fim na unidade V o foco recai sobre a Semântica Gramática e Comunicação Para tanto ocupamonos dos estudos dos Operadores Argumentativos da Modali zação Vimos também nessa unidade um estudo sobre os Sentidos Implícitos nos enunciados Fechamos a unidade V com um estudo sobre as Funções da Linguagem na construção dos enunciados Esperamos que este estudo aqui apresentado sirvalhe de ponto de partida para a busca de mais conhecimento sobre a nossa língua gem e o seu funcionamento CONCLUSÃO REFERÊNCIAS 209 ACERVO Saber Disponível em httpwwwacervosabercombrtrabalhosbiogra fias1ferdinandsaussurephp Acesso em 28 out 2015 ALUNOS criam software que formata textos conforme normas da ABNT Notícias BOL 2015 Disponível em httpnoticiasboluolcombrultimasnoticiaseducacao20150827alunoscriamsof twarequeformatatextosconformenormasdaabnthtm Acesso em 28 ago 2015 ARMENGAUD F A Pragmática Tradução Marcos Marcolino São Paulo Parábola Editorial 2006 BAKHTIN M Marxismo e filosofia da linguagem 6 ed São Paulo HUCITEC 1992a Estética da Criação Verbal Tradução Paulo Bezerra 4 ed São Paulo Martins Fontes 2000 BAGNO M Preconceito linguístico o que é como se faz 34 ed Loyola São Paulo 2004 A língua de Eulália novela sociolinguística 1 ed São Paulo Contexto 2006 BANDEIRA M Meus poemas preferidos São Paulo Ediouro 2002 BRAIT B Org Bakhtin conceitoschave 5 ed 2ª reimpressão São Paulo 2014 BECHARA E Moderna Gramática Portuguesa 37ª ed Rio de Janeiro Lucerna 2006 BLOGUEIRAS feministas Disponível em httpblogueirasfeministascom201505 acolherounaoamiseriadomundoarespostadeumaafricana Acesso em 01 set 2015 BITTENCOUNT VANDA OLIVEIRA Gramaticalização e discurvização no português oral do Brasil O caso tipoassim Disponivel em httpperiodicospucminasbr indexphpscriptaaricleview10275 Acesso em 15 Nov 2015 BORBA F da S Introdução aos estudos linguísticos 13ª edição Campinas Pon tes Editores 2003 CARTER Steven O segredo das mulheres inteligentes Tradução Simone Reisner Rio de Janeiro Sextante 2010 CASTILHO A T de Org Gramática do Português Falado vol I A Ordem Campi nas Editora da UnicampFapesp 1990 2a ed 1991 3a ed 1997 CALICCHIO Fátima Christina Advérbios modalizadores terminados em mente reflexões sobre seu uso em textos de autoajuda In SEMINÁRIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA SÓLETRAS Estudos Linguísticos e Literários 2010 AnaisUENP Uni versidade Estadual do Norte do Paraná Centro de Letras Comunicação e Artes Jacarezinho 2010issn18089216p705 715 REFERÊNCIAS REFERÊNCIAS CEREJA W MAGALHÃES R COCHAR T Gramática Reflexiva São Paulo Atual 2013 CORRÊA M L G Linguagem e comunicação social linguística para comunicado res São Paulo Parábola 2002 COUTO M Terra Sonâmbula São Paulo Companhia das Letras 2007 Estórias abensonhadas 1a ed São Paulo Companhia das Letras 2012 O livro que era uma casa A casa que era um país Disponível em http wwwcontioutracomolivroqueeraumacasaacasaqueeraumpaispormia couto Acesso em 31 ago 2015 DICIONÁRIO Eureka Gírias dos funkeiras Disponível em httpprojetodeleitu 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2ª edSão Paulo Contexto 2009 KOCH I G V Introdução à linguística textual 2ª ed São Paulo Editora Martins Fontes Ler e escreve estratégias de produção textual 2 ed 1ª reimpressão São Paulo Contexto 2012 A Interação pela linguagem 11 ed1ª reimpressão São Paulo Con REFERÊNCIAS 211 texto 2013 MAMONAS Assassinas Chopis Centis Letras Disponível em Disponível em ht tpsletrasmusbrmamonasassassinas24144 Acesso em 22112015 Acesso em 24 nov 2015 MARCUSCHI L A Produção Textual análise de gêneros e produção textual São Paulo Parábola Editorial 2008 MARINGÁCOM O portal da cidade Disponível em wwwmaringacombr Acesso em 23 nov 2015 MARTELOTTA M E Org Manual de linguística 1ed 2ª reimpressão São Paulo Contexto 2009 MULHER 30 Disponível em httpmulher30combrtirinhas Acesso em 30 ago 2015 NEVES M H M In KOCH I G V Org Gramática do Português Falado IV Desen volvimentos Campinas Ed Unicamp 1996 Gramática de usos do português São Paulo Ed UNESP 2000 Texto e gramática São Paulo Contexto 2010 A nova culinária vegana Apicius Disponível em httpwwwapiciuscombrprodu tosdescricaoaspprodutoANOVACULINARIAVEGANA Acesso em 24 nov 2015 O Teatro Mágico Quando a fé ruge Disponível em httpsletrasmusbroteatro magicoquandoaferuge Acesso em 22 nov 2015 PARALAMAS do Sucesso Lanterna dos afogados Disponível em httpsletras musbrosparalamasdosucesso30126 Acesso em 24 nov 2015 PARÂMETROS Curriculares Nacionais Terceiro e quarto ciclos do Ensino Funda mental Língua Portuguesa Secretária de Educação Fundamental Brasília Mec p 6970 1998 PERFEITO A M Concepções de linguagem teorias subjacentes e ensino de língua portuguesa In Concepções de linguagem e ensino de língua portuguesa For mação de professores EAD 18 v 1 ed 1 Maringá EDUEM 2005 p 2775 POSSENTI S Por que não ensinar gramática na escola Campinas Mercado de Letras Associação de Leitura do Brasil 1996 SILVA T R Sopa de Letras Disponível em httpsopadeletrasunipblogspotcom br201210pluralidadeculturalpluralidadehtml Acesso em 24 nov 2015 TRAVAGLIA L C Concepções de linguagem In Gramática e interação uma proposta para o ensino de gramática no 1º e 2º graus São Paulo Cortez 1996 REFERÊNCIAS Gramática e Interação uma proposta para o ensino da gramá tica 9ª ed São Paulo Cortez 2003 WINDOWS Microsoft Disponível em httpres2windowsmicrosoftcomresbox ptptbwindows207main05b04a5794b24dc1bbbda0cfebdd8e2a0jpg Acesso em 22 nov 2015 WITTGENSTEIN L Tractatus LogicoPhilosophicus 2015 Disponível em httppe opleumasseduphil335klement2tlptlppdf Acesso em 22 nov 2015 GABARITO 213 UNIDADE I 1 a Para essa concepção a linguagem tem a função de representarrefletir o pensamento do homem e o seu conhecimento de mundo b A função da linguagem é apenas de transmitir informações c Essa concepção considera a linguagem como forma de ação ou intera ção do homem no e com o mundo 2 B 3 Esperase que o aluno apresente um texto que responda a pergunta do comando Para tanto ele pode apresentar uma reflexão sobre a língua gem ao evidenciar por exemplo que reconhecer e respeitar as Variações Linguísticas podem ser um sinal de sabedoria e cultura ainda o aluno pode argumentar que o reconhecimento que o respeito às variedades que uma língua apresenta pode constituirse como fator para uma interação de forma bemsucedida nas práticas sociais de uso da língua gem de nossa sociedade UNIDADE II 1 Função Conativa ou Apelativa uma vez que o emissor locutor tem a inten ção de induzir o receptor alocutário a adquirir um produto ou contratar um serviço anunciado por exemplo Nesse sentido o propósito é interferir no comportamento do interlocutor É comum nos enunciados em que predo mina essa função a ocorrência de verbos no imperativo isto é que expressam ordem desejo apelo conselho Além disso é comum a utilização de vocativos que identificam diretamente o interlocutor a quem a mensagem é endereçada 2 Segundo Koch 2013 o Conhecimento de mundo é armazenado em nossa memória sob a forma de modelos mentais que são conjuntos de informações sobre determinado assunto São culturalmente determinados e aprendidos por meio da vivência em sociedade Assim esse conhecimento tem um papel muito importante no processo de atribuição de sentidos a um texto pois se um texto GABARITO 214 abordar um assunto do qual o leitor não tem conhecimento de nada adianta o conhecimento linguístico por exemplo pois o texto não seria compreendido Dessa forma quanto mais conhecimento quanto maior acervo cultural maior o poder de leitura de um indivíduo e capacidade de atribuição de sentidos aos enunciados 3 Esperase que o aluno perceba a importância do papel do leitor que em inte ração com o texto atribuilhe sentido ao considerar não só as informações gramaticalmente constituídas como também o que está implicitamente suge rido O aluno pode por exemplo explicar que está implícito nãodito nessa imagem sugere uma leitura ter foco ter coragem dentre outras possibilida des de leitura sempre com base no princípio de que a atribuição de sentidos não se restringe tão somente ao texto mas também está na interação entre o autorleitortexto e extratexto como os conhecimentos linguísticos enci clopédicos e o sociointeracional UNIDADE III 1 Alforje canjica Jenipapo Jiboia Pajé biju acarajé Jirau Fonte adaptado de Cereja 2013 Observação Todas as palavras são grafadas com a letra J 2 Use X ou ch na atividade que segue enxergar flecha piche enxoval brecha chuchu enchente coxa puxar taxa valor colcha caxumba tacha prego xingar enxerido Fonte adaptado de Ferreira 1992 GABARITO 215 3 Esperase que o aluno reconheça o grau de Ambiguidade que se fundamenta em duas possibilidades na primeira poderíamos entender que há uma família cujos membros possuem mudez Nesse sentido poderíamos fazer a seguinte paráfrase Família cujos membros são mudos estão vendendo tudo A outra possibilidade seria marcada pelo verbo mudar Assim teríamos esta paráfrase Família mudouse e por esse motivo vendeu tudo Portanto se acrescentássemos o conectivo e por exemplo nesse enunciado tornarí amos o mais preciso claro e evitaríamos um problema de Ambiguidade UNIDADE IV 1 Esse enunciado permitenos duas interpretações a Hoje não estou com dor de cabeça b Hoje não estou com dor de cabeça Observe que no enunciado em a com o uso da vírgula o falante rejeita algo com a justificativa de que está com dor de cabeça No contexto em que esse enunciado está sugerenos que o falante não fez uso do analgésico Já no contexto do exemplo b se tirarmos a vírgula esse enunciado nos permite inferir que o falante não está com dor de cabeça porque provavelmente fez uso do analgésico Aspirina 2 Não espere Neste enunciado há um pedido para que o interlocutor espere Não espere Já neste o pedido é que o interlocutor não espere Aceito obrigado Neste primeiro enunciado sugerese que o falante deseja algo Aceito obrigado Neste o falante aceita algo mas por imposição Esse juiz é corrupto Neste enunciado acusase alguém ao juiz Esse juiz é corrupto Já neste enunciado o juiz é acusado Não queremos saber Neste primeiro enunciado temse a ideia de um grupo de pessoas não querem ler Não queremos saberNeste segundo enunciado há a ideia de um grupo quer ler GABARITO 216 3 O sentido é de existir pois conforme as regras de concordância dos verbos impessoais devem permanecer na 3ª pessoa do singular exceto o ver ser UNIDADE V 1 Esse enunciado foi estruturado a partir da figura de linguagem prosopopeia pois os sentimentos e as qualidades que figuram no enredo têm caracterís ticas humanas 2 Resposta pessoal O aluno pode manifestar sua opinião favorável ou não o aprendizado da gramática normativa Para tanto o aluno pode fundamen tar sua discussão em uma das concepções de gramática e linguagem que estudamos neste material 3 O aluno deve fundamentar a sua análise do conceito defendido por Orlandi 2009 a qual explica que para dizer é preciso não dizer então o aluno pode explicar por exemplo que nesse enunciado há um nãodito ou silên cio constitutivo que se revela quando no enunciado se diz Sorria quer dizer não fique triste afinal é sábado final de semana Assim o acadê mico pode evidenciar que houve um apagamento da palavra triste para significar a palavra Sorria
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COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO Professora Me Fátima Christina Calicchio GRADUAÇÃO Unicesumar C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ Núcleo de Educação a Distância CALICCHIO Fátima Christina Comunicação e Expressão Fátima Christina Calicchio MaringáPr UniCesumar 2016 Reimpresso em 2019 216 p Graduação EaD 1 Comunicação 2 Expressão 3 Linguagem 4 EaD I Título ISBN 9788545902447 CDD 22 ed 3022 CIP NBR 12899 AACR2 Ficha catalográfica elaborada pelo bibliotecário João Vivaldo de Souza CRB8 6828 Impresso por Reitor Wilson de Matos Silva ViceReitor Wilson de Matos Silva Filho PróReitor Executivo de EAD William Victor Kendrick de Matos Silva PróReitor de Ensino de EAD Janes Fidélis Tomelin Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi NEAD Núcleo de Educação a Distância Diretoria Executiva Chrystiano Mincof James Prestes Tiago Stachon Diretoria de Graduação e Pósgraduação Kátia Coelho Diretoria de Permanência Leonardo Spaine Diretoria de Design Educacional Débora Leite Head de Produção de Conteúdos Celso Luiz Braga de Souza Filho Head de Curadoria e Inovação Jorge Luiz Vargas Prudencio de Barros Pires Gerência de Produção de Conteúdo Diogo Ribeiro Garcia Gerência de Projetos Especiais Daniel Fuverki Hey Gerência de Processos Acadêmicos Taessa Penha Shiraishi Vieira Gerência de Curadoria Giovana Costa Alfredo Supervisão do Núcleo de Produção de Materiais Nádila Toledo Supervisão Operacional de Ensino Luiz Arthur Sanglard Coordenador de Conteúdo Fabiane Carniel Designer Educacional Camila Zaguini Projeto Gráfico Jaime de Marchi Junior José Jhonny Coelho Arte Capa Arthur Cantareli Silva Ilustração Capa Bruno Pardinho Editoração Thomas Hudson Costa Qualidade Textual Yara Martins Dias Ilustração André Luís Onishi Bruno Pardinho Em um mundo global e dinâmico nós trabalhamos com princípios éticos e profissionalismo não so mente para oferecer uma educação de qualidade mas acima de tudo para gerar uma conversão in tegral das pessoas ao conhecimento Baseamonos em 4 pilares intelectual profissional emocional e espiritual Iniciamos a Unicesumar em 1990 com dois cursos de graduação e 180 alunos Hoje temos mais de 100 mil estudantes espalhados em todo o Brasil nos quatro campi presenciais Maringá Curitiba Ponta Grossa e Londrina e em mais de 300 polos EAD no país com dezenas de cursos de graduação e pósgraduação Produzimos e revisamos 500 livros e distribuímos mais de 500 mil exemplares por ano Somos reconhecidos pelo MEC como uma instituição de excelência com IGC 4 em 7 anos consecutivos Estamos entre os 10 maiores grupos educacionais do Brasil A rapidez do mundo moderno exige dos educa dores soluções inteligentes para as necessidades de todos Para continuar relevante a instituição de educação precisa ter pelo menos três virtudes inovação coragem e compromisso com a quali dade Por isso desenvolvemos para os cursos de Engenharia metodologias ativas as quais visam reunir o melhor do ensino presencial e a distância Tudo isso para honrarmos a nossa missão que é promover a educação de qualidade nas diferentes áreas do conhecimento formando profissionais cidadãos que contribuam para o desenvolvimento de uma sociedade justa e solidária Vamos juntos PróReitor de Ensino de EAD Diretoria de Graduação e Pósgraduação Seja bemvindoa caroa acadêmicoa Você está iniciando um processo de transformação pois quando investimos em nossa formação seja ela pessoal ou profissional nos transformamos e consequentemente transformamos também a sociedade na qual estamos inseridos De que forma o fazemos Criando oportu nidades eou estabelecendo mudanças capazes de alcançar um nível de desenvolvimento compatível com os desafios que surgem no mundo contemporâneo O Centro Universitário Cesumar mediante o Núcleo de Educação a Distância oa acompanhará durante todo este processo pois conforme Freire 1996 Os homens se educam juntos na transformação do mundo Os materiais produzidos oferecem linguagem dialógica e encontramse integrados à proposta pedagógica con tribuindo no processo educacional complementando sua formação profissional desenvolvendo competên cias e habilidades e aplicando conceitos teóricos em situação de realidade de maneira a inserilo no mercado de trabalho Ou seja estes materiais têm como principal objetivo provocar uma aproximação entre você e o conteúdo desta forma possibilita o desenvolvimento da autonomia em busca dos conhecimentos necessá rios para a sua formação pessoal e profissional Portanto nossa distância nesse processo de cresci mento e construção do conhecimento deve ser apenas geográfica Utilize os diversos recursos pedagógicos que o Centro Universitário Cesumar lhe possibilita Ou seja acesse regularmente o Studeo que é o seu Ambiente Virtual de Aprendizagem interaja nos fóruns e enquetes assista às aulas ao vivo e participe das dis cussões Além disso lembrese que existe uma equipe de professores e tutores que se encontra disponível para sanar suas dúvidas e auxiliáloa em seu processo de aprendizagem possibilitandolhe trilhar com tranqui lidade e segurança sua trajetória acadêmica Professora Me Fátima Christina Calicchio Mestra em Letras na área de Estudos Linguísticos pela Universidade Estadual de Maringá 2014 Especialista em Língua Portuguesa pelo Instituto Paranaense de Ensino e Faculdades Maringá 2010 Graduada em Letras com habilitações PortuguêsInglês e respectivas literaturas pela Universidade Estadual de Maringá 2009 professora mediadora do curso de Letras Tem experiência na área de Linguística atuando principalmente nos seguintes temas ensino de produção textual e análise linguística AUTORA SEJA BEMVINDOA É com satisfação que começamos nossa disciplina de Comunicação e Expressão e es tudar a Língua Portuguesa não é estudar somente múltiplas linguagens mas também seus múltiplos impactos sociodiscursivos Nesse sentido a disciplina de Comunicação e Expressão tem como ponto de partida a relação entre as manifestações linguísticas como competências que devem ser de senvolvidas ao longo de toda a vida e o período da graduação é substancial para o estreitamento do processo de construção do conhecimento da língua sobretudo para as relações sociais em suas diversas esferas da comunicação Em outras palavras a dis ciplina de Língua Portuguesa ou Comunicação e Expressão deste curso foi elaborada para lhe servir de instrumento de apoio e cumpre a função de contribuir para que você acadêmico tenha acesso aos saberes linguísticos necessários para o exercício da sua profissão e da cidadania Voltada para o acadêmico como indivíduo imerso em uma rica variedade de linguagens este material foi elaborado conforme as concepções interacionistas e pragmáticas da linguagem Essas concepções preveem uma alteridade com relação ao uso da língua gem isto é as abordagens Interacionista e Pragmáticas da língua gem relacionamse às condições de produção que extrapolam a esfera da língua como sistema de signos uma vez que é pela língua gem é só por intermédio dela nas relações entre os falantes de uma determinada situação comunicativa que os indivíduos se constituem como su jeitos ativos capazes de refletirem interagirem e agirem no e com o mundo A seguir apresentamos os componentes que constituem as cinco unidades deste livro de estudos Na primeira unidade abordaremos um estudo sobre as concepções de linguagem nas perspectivas Estruturalista e Sociodiscursiva um estudo sobre os tipos de linguagem como verbal não verbal mista e digital Ainda nessa unidade abordaremos também um estudo sobre as Variações Linguísticas Na segunda unidade nós nos ocuparemos do estudo sobre o funcionamento da lín gua gem e comunicação Além disso também nos ocuparemos de um estudo sobre as funções da língua gem na construção dos enunciados E por fim apresentaremos um estudo sobre o processamento da leitura nos enunciados Na terceira unidade apresentamos um estudo no plano da expressão escrita como a or tografia a acentuação as figuras de sintaxe na construção dos enunciados Ainda nessa unidade apresentaremos um estudo sobre a Semântica e seus elementos na construção dos enunciados APRESENTAÇÃO COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO Na quarta unidade oferecemos de forma introdutória um estudo acerca da sintaxe Para tanto desenvolveremos esse estudo com base na relação entre Gramática e Discurso Para encerrar na quinta unidade da Semântica Gramática e Comunicação veremos sobre os estudos dos Operadores Argumentativos da Modalização dos Implícitos e das Figuras de Linguagem na construção dos enunciados e para isso projetaremos esses estudos nas perspectivas da Semântica Argumentativa e o Funcionalismo Lin guístico Desejo que este material lhe proporcione um estudo bastante produtivo Abraços Professora Fátima Christina Calicchio APRESENTAÇÃO SUMÁRIO 09 UNIDADE I LÍNGUA E LINGUAGEM 15 Introdução 16 Concepção de Linguagem e Língua 18 Concepção Estruturalista da Línguagem 21 Concepção Pragmática da Línguagem 24 O Signo Linguístico 25 Noções de Linguagens Linguagem Verbal e Não Verbal 31 As Variedades Linguísticas na Construção dos Enunciados 51 Considerações Finais UNIDADE II LINGUAGEM E COMUNICAÇÃO 61 Introdução 62 Interação Verbal Comunicação 63 Processo Comunicativo 65 As Funções da Língua gem na Construção dos Enunciados 73 Processamento da Leitura 77 Conhecimento Linguístico 78 Conhecimento de Mundo 80 Conhecimento Socionteracional 88 Considerações Finais SUMÁRIO UNIDADE III A EXPRESSÃO ESCRITA E A SEMÂNTICA 95 Introdução 96 Ortografia 98 Questões Notacionais da Língua 108 Acentuação 113 Semântica 115 Sinonímia e Antonímia 117 Hiponímia e Hiperonímia 119 Polissemia 120 Ambiguidade na Construção dos Enunciados 124 Considerações Finais UNIDADE IV GRAMÁTICA E COMUNICAÇÃO 131 Introdução 132 O Que é Gramática 135 Tipos de Gramática 142 Sinais de Pontuação 150 As Figuras de Sintaxe na Construção dos Enunciados 156 Concordância Verbal e Nominal na Construção dos Enunciados 164 A Sintaxe de Colocação na Construção dos Enunciados SUMÁRIO 11 168 Vícios e Dificuldades no Uso na Línguagem 172 Considerações Finais UNIDADE V SEMÂNTICA GRAMÁTICA E COMUNICAÇÃO 179 Introdução 180 Operadores Argumentativos e os Enunciados 186 A Modalização e a Construção dos Enunciados 191 Os Implícitos NãoDitos nos Enunciados 195 Figuras de Linguagem nos Enunciados 201 Considerações Finais 208 CONCLUSÃO 209 REFERÊNCIAS 213 GABARITO UNIDADE I Professora Me Fátima Christina Calicchio LÍNGUA E LINGUAGEM Objetivos de Aprendizagem Reconhecer a natureza da língua gem Identificar elementos da língua gem Identificar características da língua gem verbal e da língua gem não verbal Compreender os sistemas simbólicos das diferentes linguagens e usálas como meios de interação de organização cognitiva de leitura da realidade Conscientização da importância do estudo da língua gem como fator de inserção crítica e consciente no mundo das relações sociais Plano de Estudo A seguir apresentamse os tópicos que você estudará nesta unidade Concepção de linguagem e língua Concepção estruturalista da língua gem Concepção pragmática da língua gem O signo linguístico Noções de linguagens linguagem verbal e não verbal As variedades linguísticas na construção dos enunciados INTRODUÇÃO Nesta unidade o foco de discussões centrase no funcionamento da linguagem e da língua Nesse sentido destacamse os processos da dinâmica interacional levando em consideração os interlocutores os contextos em que a interação se dá e seus efeitos Como ponto de partida para as discussões abordarseá a concepção de lín gua gem como instrumento integrador da organização do mundo e da própria realidade evidenciando que o uso dessa língua gem pode adequarse à situa ção comunicativa De igual maneira explorarseá os sistemas de símbolos das diferentes lin guagens e seus usos como meio de interação organização cognitiva e de leitura da realidade Para tanto trabalharseá com o enunciado que expressa nos sos pensamentos e renovase por meio da língua como nosso tema nuclear Portanto ressaltase nesta unidade a importância do estudo da língua gem para a compreensão dos enunciados a fim de ampliar as possibilidades de enten der o mundo que nos cerca Dessa forma caroa alunoa a seguir apresentarseá condições para que você como acadêmicoa de um curso que tem como natureza a comunicação reflexões sobre as relações existentes entre língua gem e os seus contextos de uso Assim serão expostos nesta unidade I a concepção de Linguagem e Língua as noções de signo linguístico os tipos de linguagens e as variações linguísticas na construção dos enunciados Introdução Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 15 LÍNGUA E LINGUAGEM Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 I U N I D A D E 16 CONCEPÇÃO DE LINGUAGEM E LÍNGUA Muitas são as teorias que tentam explicar o que é e como se processa a língua gem Nesse sentido esta disciplina apresenta um recorte Como ponto de par tida vamos abordar uma perspectiva estrutural seguida por uma postura mais inatista e fecharseá as discussões sobre o nosso objeto nuclear a concepção de língua gem por um viés mais interacional Esse recorte foi realizado por acreditar que um estudo que pressupõe uma reflexão sobre a língua gem não poderia deixar de fazer referência às correntes linguísticas que mais se evidenciaram no campo dos estudos linguísticos Quais sejam a Estruturalista a Inatista e a Pragmática Cabe ainda ressaltar que a discussão aqui empreendida centrase de forma basilar em definir a concepção de língua gem1 subjacente a cada uma das refe ridas teorias Assim enfatizarseá que as teorias de língua gem aqui tratadas subjazem também teorias de aprendizagem as quais influenciam diretamente na forma como é concebido o saber linguístico2 Dessa forma caroa alunoa vamos iniciar nossa excursão pelos estudos da Língua Portuguesa ao examinarmos as concepções de linguagem e de língua Segundo Koch 2013 no decorrer do curso da história a linguagem humana tem sido concebida de formas diversas as quais podem ser sintetizadas em a Linguagem como espelho do mundo e do pensamento b Linguagem como ferramenta de comunicação c Linguagem como forma de ação e interação A primeira concepção é a mais antiga contudo ainda há defensores na atu alidade Essa concepção de linguagem como expressão do pensamento fundamentase segundo Perfeito 2005 na tradição gramatical e se rompe a partir do advento da linguística moderna com os estudos de Saussure 1 Os vocábulos língua e linguagem são usados como sinônimos nesta disciplina 2 Saberconhecimento linguístico deve ser entendido como os componentes morfológico sintático semânticos e pragmático Concepção de Linguagem e Língua Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 17 Essa concepção pautavase na dicotomia do certo e errado no uso da língua A esse respeito Travaglia 1996 p 21 assim se expressa as pessoas não se expressam por bem porque não pensam A expressão se constrói no interior da mente sendo sua exteriorização apenas uma tradução A enunciação é um ato monológico individual que não é afetado pelo outro nem pelas circunstâncias que constituem a situação social em que a enunciação acontece Observe que essa concepção defende que a função da linguagem é representar refletir o pensamento e conhecimento de mundo humano Em outras palavras para essa concepção existe uma forma correta de uso da linguagem que equi vale a forma correta de pensamento Essa visão é defendida pela Gramatica Normativa que favorece os falantes da variedade do português padrão Nesse sentido a concepção de língua como expressão do pensamento está relacionada às chamadas Gramáticas Normativas isto é uma língua modelar padrão Portanto as regras da Gramática Normativa expressam uma obrigação e uma avaliação dual de certo e errado da língua gem É por isso que nessa Gramática a concepção que se tem da língua é aquela que valoriza a forma de falar e escrever da norma padrão e o seu aprendizado limitado à exposição da normatização gramatical Por seu turno a segunda concepção entende a linguagem como um código que tem a função de transmitir conhecimentos Dessa forma observamos que essa perspectiva está intrinsecamente ligada aos elementos comunicativos em que o falante deseja transmitir uma mensagem a um ouvinte e assim colocaa em código codificação e a remete para o outro através de um ca nal ondas sonoras ou luminosas O outro recebe os sinais codificados e os transforma de novo em mensagem informações É a decodifica ção TRAVAGLIA 1996 p 2223 Como podemos notar para Travaglia 1996 nessa concepção a linguagem é concebida como uma ferramenta que tem a função de transmitir uma mensa gem uma informação Segundo Geraldi 1984 essa concepção de língua faz uso da variedade padrão e despreza as demais variedades linguísticas LÍNGUA E LINGUAGEM Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 I U N I D A D E 18 Por último a terceira concebe a linguagem como mecanismo de interação e ação entre os membros de uma determinada situação comunicativa isto é a linguagem é vista como um processo de interação humana de atividade socio cultural MARTELOTTA 2009 p 238 A esse respeito Travaglia 2003 p 23 assim se expressa Nessa concepção o que o indivíduo faz ao usar a língua não é tão somente traduzir e exteriorizar um pensamento ou transmitir infor mações a outrem mas sim realizar ações agir atuar sobre o interlo cutor ouvinteleitor A linguagem é pois um lugar de interação hu mana de interação comunicativa pela produção de efeitos de sentido entre interlocutores em uma dada situação de comunicação e em um contexto sóciohistórico e ideológico Observe que essa concepção defende que as manifestações linguísticas são pro duzidas por indivíduos concretos em situações concretas em uma determinada situação de produção Dessa forma como podemos observar as concepções mais tradicionais concebem a língua como um sistema como estrutura já a mais moderna a concebe como um produto sóciohistórico e ideológico Para melhor entendermos as concepções de língua gem vejamos a noção de cada uma dessas perspectivas nos tópicos que seguem CONCEPÇÃO ESTRUTURALISTA DA LÍNGUAGEM Com base em estudos da Linguística moderna de Ferdinand de Saussure a par tir de uma obra póstuma O curso de linguística geral compilada por três de seus discípulos podemos entender a linguagem como uma habilidade isto é a capa cidade que somente os seres humanos possuem de se comunicarem por meio de línguas que segundo Corrêa 2002 p 22 Do ponto de vista do que representa para a espécie humana esse termo designaria a faculdade própria do ser humano de produzir sentido tendo portanto uma abrangência universal Concepção Estruturalista da LínguaGEM Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 19 Passemos ao conceito saussuriano de língua Para Saussure esse conceito não pode ser usado de forma intercambiável com os idiomas históricos o Português o Francês o Italiano dentre outros idiomas mas deve ser tomado como o pro duto da capacidade humana de produzir signos e combinálos em sistemas isto é ao tratar da questão sobre a linguagem os estudos saussurianos concebem a lín gua como um sistema como uma rede de combinações ao privilegiar a estrutura interna da língua dissociada de seu contexto de uso Sobre essa concepção vejamos a língua deve ser estudada em si mesma e por si mesma É o que chamamos estudo imanente da língua o que significa dizer que toda preocupação extralinguística precisa ser abandonada MARTE LOTTA 2009 p 115 Por esse viés genebrino podemos entender que a concepção de linguagem para Saussure tratase de um fenômeno social ao qual ele analisava o código pois lhe interessava apenas o sistema e a forma e não a fala e seu funcionamento Grosso modo para a Teoria Estruturalista podemos inferir que o fenômeno da língua gem é um aspecto universal a língua um aspecto social e a fala um aspecto individual o último não importava para as análises saussurianas Ferdinand Saussure nascido em Genebra Suíça em 1857 é considerado o pai da linguística moderna Estudou em Leipzig Saussure dedicou sua vida ao estudo e ao ensino do sânscrito antiga língua sagrada e literária da Índia per tencente ao grupo IndoEuropeu Defendeu sua tese de doutorado sobre o uso do caso genitivo no Sânscrito e nessa ocasião em seu doutoramento foi concedido o reconhecimento por qualificação máxima summa cum laude Depois de trabalhar como professor na Academia por dez anos foi nomea do professor de gramática comparativa na Universidade de Genebra A pu blicação póstuma em 1916 do CLG Curso de Linguística Geral produzido por dois de seus discípulos Charles Bally e Albert Sechehaye com base em anotações feitas das aulas ministradas por Saussure é considerado um marco para os estudos linguísticos No CLG Saussure caracteriza a língua como uma instituição social e a fala como manifestação das idiossincrasias dos sujeitos Fonte adaptado de Acervo Saber online LÍNGUA E LINGUAGEM Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 I U N I D A D E 20 A partir dos anos 1960 os estudos da linguagem centramse na Teoria Gerativa3 a qual concebe a linguagem com origem em uma base mental Isso significa para essa teoria que a linguagem se processa por meio de um dispositivo inato comum a todos os falantes das línguas naturais4 Essa Teoria foi desenvolvida pela linguística Noam Chomsky 1957 em opo sição à Teoria Behaviorista5 que concebia a língua gem de forma condicionada pelo aspecto social Assim para a Teoria comportamentalista a linguagem se dá por meio de estímulos resposta e reforço Sobre a linguística proposta por Chomsky vejamos as palavras de Marchuschi 2008 p 3536 o que está em jogo em primeira instância não é a análise de línguas nacionais nem suas exteriorizações ou vinculações com a cultura e a sociedade e sim a mente humana e seus princípios gerais a faculdade da linguagem inata e seu funcionamento como base para a aquisição de qualquer língua Como podemos observar caroa alunoa o estudo de Chomsky colocou em xeque a visão empirista da linguagem e lhe conferiu um aspecto racionalista uma vez que para esse estudioso a capacidade de falar deve ser concebida como resultado de uma base biológica capaz de desenvolver a competência linguística dos falantes das línguas naturais e não somente determinado pelo mundo exterior dos indivíduos Com base nas teorias formalistas podemos entender que tanto a concepção estrutural de Saussure quanto a concepção inatista de Chomsky propõem uma visão abstrata da linguagem isto é limitam o seu escopo de análise à estrutura interna do elemento linguístico6 fora do seu contexto de uso Contudo surgiram outras teorias que começaram a se ocupar dos estudos da língua gem como atividade de interação e ação Assim alguns elementos passaram a ser considerados com o advento da Linguística pragmática É sobre isso que discutiremos a seguir 3 Para saber mais sobre a Teoria Gerativa consulte Manual de Linguística MARTELOTTA 2009 p 58 4 Refirome aos idiomas históricos como o idioma Português o Francês o Italiano dentre outros idiomas 5 Observações nesse sentido podem ser vistas em SKINNER Burrrhus Frederic Sobre o behaviorismo M P Villalobos Trad São Paulo Cultrix 2006 Trabalho original publicado em 1974 6 Compreende a fonologia morfologia sintaxe léxico e semântica Concepção Pragmática da LínguaGEM Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 21 CONCEPÇÃO PRAGMÁTICA DA LÍNGUAGEM Antes de nos ocuparmos da terceira concepção de linguagem convém escla recermos a noção de Pragmática que adotamos para esta disciplina Segundo Armengaud 2006 a Pragmática extrapola o quadro das escolas linguísticas tra dicionais ao constituirse como um frutífero cruzamento interdisciplinar para linguistas filósofos psicólogos sociólogos Ela surge com a tentativa de respon der a questões como Que fazemos quando falamos Por que perguntamos ao nosso vizi nho de mesa se ele pode nos passar o sal quando é flagrante e manifes to que ele pode Quem fala e a quem Quem fala e com quem Quem você acha que sou para me falar desse modo Como alguém pode dizer uma coisa completamente diferente daquilo que queria dizer Po demos confiar no sentido literal de uma frase Quais são os usos da linguagem Em que medida a realidade humana é determinada por sua capacidade de linguagem ARMENGAUD 2006 p9 A partir dessas indagações podemos entender que toda forma de interação ação do homem só será efetiva se consideramos o uso da linguagem em situa ções reais de comunicação A título de explicação sobre o que é a Pragmática imagine que em uma determinada situação de comunicação entre amigos de faculdade em uma conversa trivial um falante pergunta ao seu amigo por exem plo se ele foi ao cinema ontem à noite por sua vez o interlocutor desse falante responde que dormiu cedo Com base nessa situação de interação a pergunta de um dos falantes dessa situação comunicativa representa bem o conceito de Pragmática em que a inte ração entre os interlocutores dessa situação comunicativa só pode ser entendido ao considerarmos não somente as informações manifestas mas também o con texto que envolve a situação como o que é sugerido pelo amigo do falante que está implícito que ele não foi ao cinema ao responder que dormiu cedo O QUE DÁ VIDA AO SIGNO É NO USO QUE ELE VIVE ELE TEM EM SI O SOPRO DE VIDA OU O USO É O SEU SOPRO WITTGENSTEIN LÍNGUA E LINGUAGEM Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 I U N I D A D E 22 A rigor essa resposta seria considerada incoerente uma vez que não responde gramaticalmente à pergunta você foi ao cinema ontem à noite Contudo essa situação de interação entre os falantes é uma clara demonstração de que nós falantes por vezes dizemos algo diferente daquilo que gostaríamos de dizer Em vista disso podemos afirmar que a Pragmática vincula o significado de uma ati vidade verbal ao seu contexto de uso A concepção de linguagem como atividade e interação surgiu no final de 1970 com maior expressão no âmbito da filosofia a partir da influência da obra de Wittgenstein do campo da filosofia e de Mikhail Bakhtin do campo da lin guística A partir dos estudos de Wittgenstein há a substituição do paradigma da expressividade para o da comunicabilidade ao dar importância ao uso da lín gua gem O que dá vida ao signo É no uso que ele vive Ele tem em si o sopro de vida Ou o uso é o seu sopro apud ARMENGAUD 2006 p 36 Como podemos observar na exposição do filósofo austríaco a perspectiva que a pragmática instaura para os estudos da linguagem passou a entender que não é a língua que significa que o sentido não está apenas nas palavras mas também ao mesmo tempo está nas palavras nos falantes que as utilizam e nas circunstâncias em que são utilizadas Assim os sentidos produzidos as inten ções comunicativas os objetivos a serem alcançados pelos membros de uma determinada situação de interação não é tão somente verbal Em consonância com a perspectiva pragmática de Wittgenstein destacamos a visão interacionista a qual coloca em evidência um sujeito falante construído sóciohistoricamente e o reconhecimento da linguagem como social e dialógica aliada a situação de comunicação e interação que segundo Bakhtin A verdadeira substância da língua não é constituída por um sistema abstrato de formas linguísticas nem pela enunciação monológica iso lada nem pelo ato psicofisiológico de sua produção mas pelo fenôme no social da interação verbal realizada através da enunciação ou das enunciações A interação verbal constitui assim a realidade fundamen tal da língua BAKHTIN VOLOCHINOV 1999 p 123 Concepção Pragmática da LínguaGEM Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 23 Conforme essa perspectiva sociointeracionista7 a concepção de língua gem implica refletir sobre situações reais de uso da linguagem materializada nos diferentes enunciados que circulam socialmente e que constituem assim nos sas relações discursivas Em outras palavras para Bakhtin Volochinov 1999 a concepção de lin guagem implica em considerar os interlocutores realis que interagem por meio da linguagem realizadas em situações concretas que pressupõe um eu e outro uma temática uma organização discursiva em uma determinada situ ação comunicativa Diante desse quadro sociodiscursivo caroa alunoa podemos inferir que essa perspectiva supera a concepção de linguagem como um sistema autocon tido e autossuficiente haja vista que a perspectiva sociodiscursiva da linguagem prevê uma dinamicidade linguística ao envolver o estudo da linguagem asso ciado aos falantes e aos contextos de uso da expressão linguística A partir desse breve quadro teórico sobre as concepções de linguagem acreditamos que você se encontra preparado para percorrer um caminho a res peito dos tipos de linguagens Contudo antes de tratarmos desse assunto fazse necessário esclarecermos a noção de signo linguístico É sobre isso que tratare mos no tópico a seguir 7 Neste discurso tomamos as concepções Sociointeracionista e Sociodiscursiva como sinônima uma vez que ambas concebem a língua gem constituída a partir de um processo social e interacional LÍNGUA E LINGUAGEM Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 I U N I D A D E 24 O SIGNO LINGUÍSTICO Nós nos comunicamos e interagimos de forma satisfatória por meio da linguagem a qual representa todo o sistema de sinais con vencionais sejam esses de natureza verbal ou não verbal e a língua que representa um sis tema de signos convencionais de natureza gramatical usados pelos membros de uma determinada comunidade no nosso caso a Língua Portuguesa Partindo do pressuposto de que a língua gem é um sistema de signos convencio nados Saussure fundador da linguística moderna produz um estudo científico e dual sobre a linguagem verbal que é a associação entre um significante e um significado à unidade mínima que propõe para a língua que ele chamou de signo linguístico De modo a compreender melhor esse conceito do linguista genebrino vamos utilizar como exemplo a palavra GATO Assim quando a ouvimos de imediato criamos uma imagem sensorial associada à materialização dessa imagem isto é criamos algo que a represente de forma gráfica por meio dos fonemas que for mam as sílabas Vejamos o Esquema 1 Esquema 1 Signo linguístico Fonte a autora CONCEITO SIGNIFICADO IMAGEM ACÚSTICA SIGNIFICANTE Noções de Linguagens Linguagem Verbal e Não Verbal Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 25 Com base no esquema acima podemos entender que para Saussure o signo linguístico palavra é constituído por dois componentes o significado e o sig nificante O primeiro seria o conceito e o segundo a imagem acústica desse conceito Assim teríamos GATO felídeo domesticado pelo homem desde tempos remotos Dicionário Aurélio significado Imagem sensorial mental que é a repre sentação gráfica do signo linguístico GATO significante De acordo com os estudos desse teórico é possível considerar a língua como um sis tema de signos regido por regras socialmente construídas utilizado pelos falantes em suas situações interativas Portanto diante da proposta de Saussure você poderá tomar a noção de signo como uma convenção estabelecida por um grupo de pessoas ou por uma comunidade linguística com base em um conhecimento compartilhado a fim de que ocorra a comunicabilidade entre os falantes Passemos agora ao conceito de linguagens verbais e não verbais NOÇÕES DE LINGUAGENS LINGUAGEM VERBAL E NÃO VERBAL Vimos no tópico anterior que a linguagem é um sistema organizado de símbo los a serviço dos indivíduos de uma determinada situação de interação Esse sistema é amplo complexo extenso e possui propriedades particulares que pos sibilitam a codificação a estruturação das informações sensoriais a captação e a transmissão de sentidos que favorecem a interação entre os homens Fonte arquivo pessoal LÍNGUA E LINGUAGEM Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 I U N I D A D E 26 Diante disso entenda que a principal razão de qualquer ato de linguagem é a produção de sentido haja vista que ao interagir com alguém oralmente ou por escrito você organiza o seu pensamento e se comunica por meio de um sistema lin guístico que possui propriedades específicas de organização ordenação e articulação Nesse sentido para que exista uma interação é fundamental que os participan tes dos enunciados verbal ou não e seus interlocutoresouvintes compartilhem conhecimentos e conheçam as convenções que regem as situações sociais das quais participam A esse respeito vejamos a exposição de Cereja 2013 p 13 Linguagem é a expressão individual e social do ser humano e ao mes mo tempo o elemento comum que possibilita o processo comunicativo entre os sujeitos que vivem em sociedade Por exemplo as palavras as expressões corporais e faciais o desenho a escrita a mímica o código de trânsito o código Morse a pintura as notas musicais a arquitetura a escultura fazem parte da linguagem e têm seus significados con vencionados socialmente Uma vez feita essa breve discussão acima sobre a linguagem esclarecemos que as noções de linguagens aqui são consideradas como atividades socioin terativas desenvolvidas em contextos de uso Sobre essa noção Marchuschi inspirado em Beaugrand 1997 assim se expressa As pessoas usam a língua tão bem precisamente porque ela é um siste ma em constante interação com seus conhecimentos partilhados sobre o seu mundo e sua sociedade MARCHUSCHI 2008 p 81 A partir da fala de Marchuschi 2008 de inspiração em Beaugrand 1997 há a proposta de que o enunciadotexto8 tratase de um evento e não apenas uma sequência simples de palavras escritas e ou faladas Por essa ideia entendemos que as várias linguagens podem ser organizadas em linguagens verbal e não verbal Iniciamos pela primeira a linguagem verbal tem como unidade básica a interação por meio de palavras falada e ou escrita Essa linguagem é bastante eficaz porque possibilita a interação entre os falantes de uma determina situação comunicativa Para um melhor entendimento sobre a linguagem verbal observe o fragmento retirado da obra de Mia Couto 2007 p 5 8 Faço referência aos tipos de linguagens verbal não verbal e mista Noções de Linguagens Linguagem Verbal e Não Verbal Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 27 Nesse fragmento da obra do escritor moçambicano temos um exemplo de lin guagem verbal porque é organizado em forma de palavra escrita que possibilita a interação comunicativa entre os indivíduos que têm conhecimento das con venções que regem a situação de comunicação Ainda caroa alunoa é interessante observar que o texto de Mia Couto não se trata apenas de uma exposição de palavras sequenciadas mas sim de uma conexão entre elementos linguísticos carregados de significações que pressupõe um outro Na linguagem não verbal a interação se dá por meio de sons imagens códi gos linguagem de sinais libras linguagem corporal dentre outras formas de interação acima mencionadas A linguagem não verbal é amplamente explorada em gêneros como reporta gem história em quadrinhos tirinha charge propaganda anúncio cartaz folheto placa entre outros Nesse sentido atentese aos significados atentese às mensa gens que as linguagens não verbais veiculam por meio dos exemplos que seguem a b O QUE FAZ ANDAR A ESTRADA É O SONHO ENQUANTO A GENTE SONHAR A ESTRADA PERMANECERÁ VIVA É PARA ISSO QUE SERVEM OS CAMINHOS PARA NOS FAZEREM PARENTES DO FUTURO TERRA SONÂMBULA DE MIA COUTO LÍNGUA E LINGUAGEM Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 I U N I D A D E 28 c d e No dia a dia essas linguagens não aparecem sozinhas uma vez que estão sem pre associadas de modo a construir significados como no exemplo a que está pressuposto que se faça silêncio Em b temos o símbolo que se coloca na porta e ou em placas para indicar sanitários masculino e feminino Com base na imagem c você pode identi ficar que a linguagem empregada remete ao desflorestamentodesmatamento possivelmente causado pela atividade humana A partir da imagem do exemplo d temos a linguagem de sinais libras que é uma língua gestual de movimento e de espaço das mãos usada para estabele cer a interação entre pessoas que não ouvem Noções de Linguagens Linguagem Verbal e Não Verbal Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 29 Por fim o exemplo da imagem e representa a mídia eletrônica isto é com o advento da informática surgiu também a linguagem digital capaz de armaze nar transmitir informações e possibilitar a interação entre os usuários para que as informações e o conhecimento sejam compartilhados Há ainda as linguagens mistas que normalmente fazem uso das palavras e imagens Essa relação funciona como recurso que pode contribuir para que a intenção do produtor da linguagem mista atinja seus propósitos Para um melhor entendimento sobre essa linguagem vejamos o exemplo que segue Fonte Unicesumar online Diante desse exemplo reflita comigo se considerássemos apenas a parte verbal desse enunciado o efeito de sentido seria o mesmo Certamente não pois os recursos não verbais utilizados nos quadrinhos funcionam como mecanismos favoráveis à construção de sentido desse enunciado LÍNGUA E LINGUAGEM Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 I U N I D A D E 30 Observe alunoa que a língua gem verbal em COMO ESTÁ SENDO O SEU DOMINGO HOJE pressupõe um interlocutor e na base disso encontra se o princípio da interação que privilegia a negociação entre os falantes haja vista que o domingo de cada receptor desse contexto pode ser reconhecido por meio de um dos sentimentos sugeridos pelos emoticons Dessa forma temos os recursos da língua gem não verbal aliados aos recur sos da língua gem verbal os quais dão base para a interpretação o implícito9 Assim podemos entender que a construção de uma interação bemsucedida fundamentase na junção dos elementos que a compõe como a língua gem verbal não verbal e o contexto social em que essa interação ocorre Chegamos ao final deste tópico Ressaltamos que a linguagem seja verbal não verbal mista eou digital funciona como um instrumento de comunicação e interação entre os indivíduos uma vez que ela é um fenômeno natural com valor social Diante disso podemos entender que a linguagem de um povo de uma determinada comunidade de falantes de uma determinada língua surge e se reconstrói junto com o seu modo de ver o mundo sua história sua cultura e nessa construção ela se transforma ao assumir novos valores Como você pode perceber a língua gem é viva pois está em constante processo de transformação Essas transformações não se limitam apenas aos aspectos ortográficos mas também ocorrem na pronúncia das palavras na cria ção de novas palavras ou expressões e até mesmo na criação de sentidos variados para uma mesma palavra Esse processo de mudanças na linguagem é denomi nado de VARIAÇÕES LINGUÍSTICAS É sobre esse tema que discutiremos nos tópicos a seguir 9 Sobre esse conceito veja a unidade V deste livro As Variedades Linguísticas na Construção dos Enunciados Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 31 AS VARIEDADES LINGUÍSTICAS NA CONSTRUÇÃO DOS ENUNCIADOS A Variação Linguística é um fenômeno estudado dentro de uma linha de investigação da Linguística denominada Sociolinguística que se preocupa com o estudo das características e fatores de ordem social que determinam ou influenciam uma língua ou as variedades apresentadas nessa língua Os termos Variação Linguística ou Diversidade Linguística foram introduzidos na literatura lin guística a partir da década de 60 do século passado por meio de uma série de investigações promovidas pelo americano William Labov ao apresentar uma ampliação da dimensão dos aspectos linguísticos sob a perspectiva social geo gráfica e histórica A Variação na linguagem esteve presente em todo o contexto de formação e estruturação da Língua Portuguesa que desde o início até a atualidade sofreu diversas modificações O fator principal para justificar essas transformações devese ao fato da língua ser um elemento vivo e como tal é dinâmica e flexível portanto acompanha as mudanças que ocorrem no mundo na sociedade com a formação de novos grupos sociais na implementação de novas tecnologias etc Por esse viés a Variação Linguística abrange diversos aspectos dentre eles o aspecto social histórico geográfico tornando a língua um elemento hetero gêneo que se comporta de acordo com as diversas situações comunicativas e o contexto em que os falantes estão envolvidos EU FALO TU FALAS ELE FALA LÍNGUA E LINGUAGEM Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 I U N I D A D E 32 Dessa forma entendemos que Norte Sul Leste Oeste de um país tão imenso quanto o Brasil possui um só idioma oficial a Língua Portuguesa Contudo dentro dessa unidade há uma multiplicidade linguística o falar gaúcho que é diferente do paulista que é diferente do carioca que é diferente do goiano do paranaense do baiano do carioca etc Evidentemente todos nós nos entendemos E o que muda na língua é o sotaque muda o vocabulário muda a gíria isto é conforme a classe social con forme a idade e conforme o contexto de uso nas interações entre os falantes a língua gem apresentará uma variação Existe porém um nível culto do Português também chamado de norma padrão que é a linguagem dos livros da impressa e portanto é por meio dela que se transmite um saber sistematizado científico Essa variação da língua portuguesa o nível culto é o que a comunidade esco lar pretende passar Já falamos a nossa língua mas apreender a norma padrão nos possibilita a compreensão de um universo maior de coisas e pessoas Em outros termos a normapadrão tratase de um modelo que serve para orientar os usuários da língua a fazerem uso dela em situações de interação que exigem mais formalidade linguística E a partir daí podemos escolher em determinadas situações que variação usar uma linguagem mais simples familiar em outras a normapadrão Diante disso podemos entender que um sujeito que só fala gírias é tão ente diante quanto um que só fala difícil Assim é preciso que haja uma adequação da linguagem à mensagem e a quem ela se dirige tanto oralmente quanto por escrito isto é nós falantes podemos adaptar naturalmente a nossa língua gem a diferentes contextos de fala Essas adaptações linguísticas levaram estudio sos a falarem em a Variação Diacrônica b Variação Diatópica c Variação Diastrática d Variação Diamésica Vamos agora conhecer cada uma dessas variações As Variedades Linguísticas na Construção dos Enunciados Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 33 VARIAÇÃO DIACRÔNICA Etimologicamente Variação Diacrônica é aquela que se dá por meio do tempo logo todas as línguas naturais estão sujeitas a essa variação A esse respeito Ilari 2009 p 152 explica que as línguas têm uma história externa que diz respeito à maneira como evoluem ao longo do tempo em suas funções sociais e em suas relações com determinada comunidade linguística e uma história in terna que diz respeito às mudanças que vão ocorrendo em sua gramá tica fonologia morfologia sintaxe em seu léxico Para um melhor entendimento da variação Diacrônica observe o fragmento que segue TEXTO 1 CANTIGA DE AMOR TEXTO 2 ALL STAR Quer eu em maneira de proençal fazer agora um cantar damor e querrei muit i loar mia senhor Ca mia senhor quiso Deus fazer tal quando a faz que a fez sabedor de todo bem e de mui gran valor ElRei D Dinis CV 123 CBN 485 Disponível em httpwwwcsbrjorgbrculturaclassicaantologiaMedieval htm Acesso em 09 out 2015 Estranho é gostar tanto do seu All Star azul Estranho é pensar que o bairro das Laranjeiras Satisfeito sorri quando chego ali E entro no elevador Aperto o 12 que é o seu andar Não vejo a hora de te reencontrar E continuar aquela conversa LÍNGUA E LINGUAGEM Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 I U N I D A D E 34 Observe que os textos 1 e 2 têm como temática o amor contudo a linguagem apresentada pelo texto 1 mostrase distante da atualidade pois está escrita em galego português português antigoarcaico Esse português antigo revela um período medieval marcado pelo feudalismo pelo pensamento teocêntrico e os costumes do período como transmitir oralmente os textos por meio das canti gas no caso do exemplo a cantiga de Amor Já a linguagem apresentada pelo texto 2 traz elementos mais próximos da nossa realidade Essa linguagem contemporânea pode ser evidenciada pelas pala vras All Star elevador bairro das laranjeiras Diante dessa exposição entendemos que a Variação Diacrônica fica marcada entre a linguagem dos textos 1 e 2 uma vez que ela é reveladora dos costumes de uma determinada comunidade linguística de um período Isso significa que as línguas como expõe Ilari 2009 evidenciam sua história externa ao acom panharem as transformações socioculturais dos indivíduos Ainda em consonância à exposição de Ilari 2009 a variação diacrônica também pode ser percebida na comparação entre gerações Observe os exem plos do quadro a seguir GÍRIAS MAIS ANTIGAS GÍRIAS NA ATUALIDADE Tá maus está ruim Balada velocidade diversão Tô ki tô estou bem Beca roupa Tutu dinheiro Demorô Isso aí sim Papo firme conversa séria Mala pessoa chata Chapabicho amigo Rolé passear andar sem compromisso Quadrado conservador Colar com andar junto com se aproximar de Quadro 1 Gírias entre gerações Fonte a autora Que não terminamos ontem Ficou pra hoje Nando Reis Disponível em httppensadoruolcombrestranhoseriaseeunaome apaixonasse Acesso em 18 ago 2015 As Variedades Linguísticas na Construção dos Enunciados Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 35 Conhecemos gírias que embora compreensíveis soam antigas além daque las gírias que só os mais velhos compreendem Observe a palavra bicho que significava no contexto dos anos 70 o mesmo que amigo Ao mesmo campo semântico na atualidade dizem véimano que significa amigo em determi nados grupos sociais Existe um caso particular de variação diacrônica marcado pela gramaticali zação Esse é o processo pelo qual uma palavra de sentido pleno passa a exercer outro valorfunção Um exemplo clássico de gramaticalização é a do pronome você que em sua origem era um pronome de tratamento como Vossa Mercê vosmecê e na atualidade é usado como pronome pessoal em substituição ao antigo pronome de segunda pessoa tú Há ainda outra particularidade com relação à gramaticalização de uma pala vra Note que em nossas literaturas em discursos na mídia impressa eletrônica e ou televisiva existe uma recorrência do uso da palavra enquanto que é uma conjunção subordinativa temporal usada com valorfunção de um substantivo Em outros termos o falante tem usado essa palavra com valor equivalente a construções como na condição de na qualidade de Para um melhor entendi mento do uso dessa conjunção Vejamos o trecho desta entrevista que fala sobre o funcionamento da linguagem Como podemos observar alunoa no trecho dessa entrevista de uma linguista brasileira há o uso do enquanto com um valor semântico diferente do usual que nos permite a seguinte paráfrase na condição de seres humanos ou ainda como seres humanos Vejamos outra ocorrência dessa conjunção temporal com valor diferente do apresentado pela Tradição Gramatical GU Como a historicidade influencia o discurso Entrevistador EO Entrevistada Enquanto seres humanos somos seres históricos simbó licos e sociais Ao considerar o sujeito o sentido comecei a me interessar cri ticamente pelo processo dessa identidade assim como pelo modo como os sentidos eram constituídos grifo da autora Disponível em httpredegloboglobocomglobouniversidadenoti cia201211eniorlandifalasobreanalisedodiscursoelinguagememen trevistahtml Acesso em 22 ago 2015 LÍNGUA E LINGUAGEM Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 I U N I D A D E 36 Esse exemplo apresenta o mesmo valor do enquanto materializado no exemplo anterior isto é a entrevistada que nesse exemplo tratase de uma celebridade do meio artístico brasileiro ao opinar sobre algumas questões sociais brasileiras toma a conjunção enquanto equivalente às construções como na condição de ou como ou ainda na qualidade de Para Neves 2000 a gramaticalização configurase por um processo de natureza dinâmica e histórica mas possível de uma interpretação sincrônica A gramática como obra que oferece modelos para pautar deter minados comportamentos verbais em línguas particulares já não tem mais lugar e sentido não existe mais determinada literatura de um determinado período que constitua modelos a ser seguido já não há um determinado momento em que se pode dizer que a literatura mor reu ou se esgotou não existem situações culturais de vazio de criação que suscitem clamor por retorno A criação se desenrola e nas obras o mecanismo vivo da língua inventa torneios mescla registros rompe padrões tradicionalmente assentados e por muitos tidos como imutá veis NEVES 2002 p 23 Em consonância com Neves 2002 Bittencourt 2009 em seus estudos sobre a gramaticalização explica que por exemplo a construção tipo assim pode atuar como um neologismo que caminha num processo de gramaticalização no interior de uma oração como marcador de tempo de lugar de número dentre outros valores Vamos conferir como os falantes fazem uso dessa construção 1 Eu tô achando que vou lá tipo assim dez horas marcador de tempo 2 Você me leva e fica me esperando tipo assim do lado de fora mar cador de lugar 3 É bom comprar tipo assim dez pasteis marcador de número Podíamos decidir ser mais respeitados enquanto povo mais olhados enquanto gente mais seguros e mais protegidos enquanto sociedade grifos da autora Disponível em httpconhecimentopraticouolcombrlinguaportuguesa gramaticaortografia22artigo1789651asp Acesso em 22 ago 15 As Variedades Linguísticas na Construção dos Enunciados Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 37 4 Minha professora de matemática é homem tipo assim ela é troncuda marca uma explicação10 Diante dessa discussão convém refletirmos sobre a linguagem não como um modelo estabelecido de caráter definitivo mas como uma atividade que é construída histórica e socioculturalmente nas interações entre os falantes das comunidades linguísticas VARIAÇÃO DIATÓPICA De acordo com Ilari 2009 Variação Diatópica compreende às diferenças que uma mesma língua apresenta na dimensão do espaço quando é falada em dife rentes regiões de um mesmo país ou em diferentes países Ressalto que para esta disciplina o foco será sobre a variação diatópica no português brasileiro A variação diatópica ou regional pode ser observada do ponto de vista fono lógico morfossintático e lexical Vejamos como o fenômeno da variação regional ocorre a partir do léxico11 na letra da música que segue 10 Disponível em httpperiodicospucminasbrindexphpscriptaarticleview10275pdf Acesso em 19 ago 2015 11 Refirome ao vocabulário da língua Novas palavras denominamse Neologismo Etimologicamente Neo prefi xo grego que significa novo unese a logo do grego logos que exprime a ideia de palavra e a ismo sufixo grego ismos que forma substantivos Fonte a autora TENHOME ESFORÇADO POR NÃO RIR DAS AÇÕES HUMANAS POR NÃO DEPLORÁLAS NEM ODIÁLAS MAS POR COMPREENDÊLAS BARUCH DE ESPINOSA LÍNGUA E LINGUAGEM Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 I U N I D A D E 38 TEXTO 3 Observe que o compositor dessa música usou a palavra aipim contudo a mesma realidade pode ser expressa em outras regiões como macaxeira mandioca Vejamos mais exemplos da variação regional Quitanda mercearia tenda Pão francês cacetinho RS Feira reunião de vendedores Terreno data noroeste do Paraná Vamos agora voltar nossa atenção aos fenômenos de ordem fonológica e mor fossintática Para exemplificarmos a variação no nível fonológico podemos tomar como exemplo a pronúncia do s e z em finais de sílabas ou palavras na fala de cariocas de algumas regiões de Minas Gerais Espírito Santo do Pará Amazonas e Pernambuco mais pronunciado maj rapaz pronunciado como rapaj Há também as pronúncias do s em final de palavras com h Essas pronúncias são caraterísticas das falas de regiões do Nordeste e do Rio de Janeiro Vejamos MAIS pronunciado MAJH CHOPIS CENTIS Mamonas Assassinas Eu di um beijo nela E chamei pra passear A gente fomos no shopping Pra mode a gente lanchar Comi uns bicho estranho com um tal de gergelim Até que tava gostoso mas eu prefiro aipim Quanta gente Quanta alegria Fonte Mamonas Assassinas online As Variedades Linguísticas na Construção dos Enunciados Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 39 Pronúncias do o e e em final de palavras Áreas da região sul e interior de São Paulo LEITE QUENTE pronunciado como LEJTE KÊTE Abertura das vogais pretônicas em regiões do nordeste como DECENTE pronunciado DεSÊTJI Pronúncia retroflexa do r Exemplo PORTA pronunciado Essa pronúncia é uma das características do dialeto caipira que alcançam algu mas regiões do sul de Minas Gerais do Mato Grosso norte do Paraná de Goiás e Tocantins Outra marca do dialeto caipira pode ser observada com a pronúncia do como FILHO pronuncia FIOJO MILHO pronuncia MIJO Em regiões como São Paulo Espírito Santo e Minas Gerais a variação fonética é marcada pela queda do r final dos verbos no infinitivo e dos substantivos ANDAR pronuncia ÃDA LUGAR pronuncia LU GA FLOR pronuncia FLO Quanto ao caráter morfossintático vejamos estes exemplos O uso de Tu e você como pronomes de segunda pessoa São três situações que marcam a variação regional pelo nível morfossintático Vamos aos exemplos 1 PRONOME TU VERBO DE SEGUNDA PESSOA TU ÉS TU VAIS 2 PRONOME TU VERBO NA TERCEIRA PESSOA TU ÉS TU VAI 3 PRONOME VOCÊ E VERBO DA TERCEIRA PESSOA VOCÊ É VOCÊ VAI LÍNGUA E LINGUAGEM Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 I U N I D A D E 40 As variações em 1 e 2 são comuns na região Sul e Nordeste do Brasil já na fala carioca encontrase as variações dos exemplos 2 e 3 Nas demais regi ões do país prevalecem o uso do pronome você verbo da terceira pessoa você évocê vai Como vimos a língua sofre pressões do seu contexto de uso Nesse sen tido é importante que você perceba que as observações que foram apresentadas acima não são estanques VARIAÇÃO DIASTRÁTICA De acordo com Fiorin 2009 essa variação corresponde às diferenças de lin guagem ao compararse diferentes estratos da sociedade como a escolaridade a cultura A Variação Diastrática é conhecida também como português subpa drão isto é a variedade falada por falantes de classes menos escolarizada Em seus estudos o linguista Castilho observou algumas características para a Variação Diastrática no nível fonológico morfológico e sintático No nível fonético há a perda da distinção entre vogal e ditongo Observe este excerto da música de Patativa do Assará que apresenta a variação rastero em vez de rasteiro As Variedades Linguísticas na Construção dos Enunciados Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 41 No nível da morfologia há a perda do S da desinência da primeira pessoa plu ral como em nóis cantamo nóis cantemo em vez de nós cantamos Para ilustrar essa variação vejamos estes versos da canção de Raul Seixas Observe alunoa que a variação em vamo é marcada nesses versos da música de Raul Seixas pela ausência da desinência da primeira pessoa plural que a rigor gramatical teríamos vamos Essa variação está naturalmente também na modalidade da expressão falada Em seus estudos Castilho 1985 aponta a anteposição do advérbio de com paração a adjetivos que já são comparativos mais mió em vez de melhor No nível da sintaxe Castilho 1985 observou a ausência de marca de con cordância na 3ª pessoa do plural do verbo como em os doce mais bonito é para a visita Note essa variação nos versos desta canção de Adoniram Barbosa Há ainda a negação redundante com os indefinidos negativos como ninguém não sabia Além dessa variação Castilho 1985 também destacou o apareci mento de um segundo adverbio de negação depois do verbo como não vem não vem não SAUDOSA MALOCA QUE TRISTEZA QUE NÓIS SENTIA CADA TÁUBA QUE CAÍA DUIA NO CORAÇÃO Disponível em httpletrasmusbradoniranbarbosa43969 Acesso em 28 out 2015 ALUGASE NÓS NÃO VAMO PAGA NADA NÓS NÃO VAMO PAGA NADA É TUDO FREE TÁ NA HORA AGORA É FREE VAMO EMBORA Fonte Raul Seixas online O POETA DA ROÇA MEU VERSO RASTERO SINGELO E SEM GRAÇA NÃO ENTRA NA PRAÇA NO RICO SALÃO Fonte Patativa do Assaré online LÍNGUA E LINGUAGEM Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 I U N I D A D E 42 Vimos por meio dos estudos de Castilho que a Variação Diastrática é marcada pela baixa escolarização dos falantes Em contrapartida ao português subpa drão há o português padrão a norma culta falada pelas pessoas escolarizadas Contudo o uso da norma padrão está diretamente relacionado ao contexto social em que os falantes estão inseridos em suas situações de interações comunicativas Dentro da estratificação social de uma comunidade linguística podemos destacar o uso particular da língua gem de grupos específicos que caracteri zam as gírias Também podemos destacar o modo particular de falar de grupos sociais como fãs de determinados estilos musicais os fãs de rap funk sertanejo de rock and roll Grupos dos skatistas surfistas grafiteiros etc Observem estes exemplos de gírias de funkeiros Quadro 2 Gírias de FunkeirosFunkeiras Fonte Dicionário Eureka online Abalar causar boa impressão Bonde fileira grupo de amigos da mesma comunidade Chapa quente lugar que o clima é agitado Coiote gay enrustido Demorô isso aí sim Gogó pessoa que mente ou a própria mentira que ele conta Já é é isso aí Mulão grupo de muitas pessoas Olhões os funkeiros Osso da borboleta estar numa situação desfavorável Pisante tênis Porpurinada mulher bem tratada cheirosa Presepeiro pessoa que faz uma promessa e procede com safadeza não cumpre o que promete Puxar o bonde formar um grupo de galeras no baile Rapeize rapaziada Responsa confiável agradável divertido Shock Legal muito bom excelente Style estar muito bem arrumado Tá ligado entendeu Tomar bola sofrer prejuízo Veneno bebida alcoólica X9 informante As Variedades Linguísticas na Construção dos Enunciados Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 43 Ainda o modo particular de falar de grupos de profissões também se caracteriza como um tipo de gíria Esse modo particular de falar chamase Jargão por exem plo há os jargões dos jornalistas dos médicos dentistas dentre outras profissões Para ilustrarmos essa variação imagine que em uma consulta com o seu médico como diagnóstico ele lhe informe que você está com uma necrose subcutânea Diante dessa situação provavelmente a linguagem restrita à área específica da medicina conhecida como Mediquês estabeleceria uma situa ção desconfortável uma vez que você como paciente poderia ser leigo com relação a essa variação e não saber que esse diagnóstico se trata de um tipo de infecção na pele Há muitos exemplos referentes aos jargões da área profissional Observem este quadrinho Nessa imagem temos o exemplo de expressões a partir do uso dos estrangei rismos12 que são comuns na área da comunicação Agora vejamos o significado dessas palavras 12 Palavras ou expressões alheias à língua portuguesa BRIEF BUDGET BUSINESS TO BUSINESS FEEDBACK FEEDBACK FULL TIME WORKAHOLIC FULL TIME IC FULL TIME B FUL B F BU F B NETWORK WORKAHOLIC LÍNGUA E LINGUAGEM Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 I U N I D A D E 44 Quadro 3 Algumas expressões usadas em determinadas profissões Texto adaptado de httpwww meirafernandescombrsitenoticiaseartigosid2020 Acesso em 22112015 Dentre as variações da linguagem no tempo no espaço e por níveis de estra tificação econômica cultural e de escolaridade há também a variação entre a linguagem falada e a linguagem escrita No tópico que segue trataremos da última variação a Diamésica Brainstorming método de desenvolvimento de ideias e solução de problemas a partir de uma reunião coletiva Brief sumário síntese informações concisasresumidas sobre um determinado assunto Budget orçamento Business to business transações comerciais entre empresas Dead line prazo para execução de uma atividadeprojeto Feedback sessão de aconselhamento ou posicionamento da performance de um fun cionário Full time tempo integral Headcount número de colaboradores de uma área específica de uma organização Network rede de contatos Workaholic profissional que não consegue desligarse do trabalho viciado em trabalho As expressões idiomáticas são expressões que se caracterizam por não ser possível traduzir o sentido literal se analisadas individualmente Diante dis so reflita elas correspondem a um tipo de gíria Essas expressões também marcaram e marcam gerações Por exemplo você já pisou em ovos Ou entrou pelo cano Teve que quebrar o gelo em alguma situação ou até engolir um sapo Ou ainda descascar o abacaxi Já segurou vela Já encheu linguiça Para saber mais sobre as expressões idiomáticas recomendo que acesse o link disponível em httpwwwdicionariodeexpressoescombrbuscaLetradoletrab Acesso em 19 ago 2015 As Variedades Linguísticas na Construção dos Enunciados Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 45 VARIAÇÃO DIAMÉSICA Ao observarmos nossas atividades linguísticas cotidianas desde a hora em que acordamos até o final do dia alternamos momentos em que falamos e momen tos em que escrevemos Falamos ou escrevemos em situações específicas com propósitos comunicativos bem definidos uma vez que temos uma finalidade específica para interagirmos oralmente ou por escrito A opção do falante por uma forma de interação ou outra linguagem falada ou escrita está diretamente relacionada com um gênero que possibilitará a produção daquilo que desejamos enunciar Assim por exemplo se quisermos reclamar de uma cobrança indevida em uma fatura telefônica podemos optar pelo email eou telefonema à empresa cobradora No primeiro caso optaríamos pela escrita no segundo pela fala A essa versatilidade de interação linguística chamamos de Variação Diamésica Sobre a Variação Diamésica Koch 2012 explica que a língua escrita é um evento sociocomunicativo que tem origem dentro de um processo interacional Ainda segundo essa autora toda linguagem é resultado de uma coprodução entre interlocutores e o que difere a linguagem falada da escrita é a forma como essa coprodução ocorre a coprodução se resume à consideração daquele para quem se escre ve não havendo participação direta e ativa deste na elaboração linguís tica do texto em função do distanciamento entre escritor e leitor Nele a dialogicidade constituise numa relação ideal em que o escritor leva em conta a perspectiva do leitor ou seja dialoga com determinado tipo de leitor cujas respostas e reações ele prevê KOCH 2012 p 13 ZALUZEJO O TEATRO MÁGICO Mas quando alguém te disser ta errado ou errada Que não vai s na cebola e não vai s em feliz Que o x pode ter som de z e o ch pode ter som de x Acredito que errado é aquele que fala correto e não vive o que diz Trecho da música Zaluzejo da trupe O Teatro Mágico Disponível em http musicacombrartistasoteatromagicomzazulejoletrahtml Acesso em 23 ago 2015 LÍNGUA E LINGUAGEM Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 I U N I D A D E 46 Para Koch 2012 na linguagem escrita como os contextos de produção e de recepção não coincidem em termos de tempo e espaço e não há a copresença dos interlocutores o produtorescritor possui mais tempo para a organização geral da linguagem escrita Por sua vez a linguagem falada emerge na situação de interação isto é a linguagem falada é planejada à medida que é produzida na copresença entre os falantes de uma determinada situação comunicativa Por estarem os interlocutores copresentes ocorre uma interlocução ativa que implica um processo de coautoria refletido na materialidade linguística por marcas da produção verbal conjunta Por isso a lingua gem falada difere em muitos pontos da escrita a pelo próprio fato de ser falada b devido às contingências de sua formulação KOCH 2012 p14 Portanto para Koch 2012 linguagem falada e linguagem escrita são duas modalidades da língua e embora utilizem do mesmo sistema linguístico cada uma delas possui características próprias Em outras palavras a distinção entre a modalidade falada e a escrita amparase nas condições de comunicação e pro dução em que demandará estratégias de formulação específicas Por exemplo na linguagem usada ao celular em mídias digitais é natural encontrarmos uma linguagem coloquial uma linguagem mais próxima do coti diano marcada por abreviações como tá tô vc cê hjcom referência à hoje kd cadê A essa variação chamamos de linguagem informal que fala mos com amigos familiares isto é a linguagem do dia a dia A esse respeito em uma entrevista a uma revista regional da cidade de Maringá o professor Juliano Desiderato Antonio explica que o uso de programas de comunicação instantânea pela internet e as mensagens via celular influenciam a forma das mudanças Isso ocorre porque são modalidades híbridas de uso da língua ou seja a comuni cação é instantânea como se fosse uma conversação face a face mas o meio não é a fala e sim o teclado Como resultado surgem diferenças em relação à escrita padrão ANTONIO 2013 p 45 Contudo segundo Koch 2012 convém salientar que fala e escrita não devem ser entendidas de forma dicotômica estanque pois os diversos tipos de práti cas sociais da produção verbal situamse em uma correlação tipológica que de um lado estaria a escrita formal e de outro a fala que é espontânea coloquial As Variedades Linguísticas na Construção dos Enunciados Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 47 A esse respeito Marchuschi 1995 p 13 apud KOCH 2012 p 14 explica que as diferenças entre fala e escrita se dão dentro do continuum tipológico das práticas sociais e não na relação dicotômica de dois polos opostos Ao considerarmos essa correlação entre a linguagem falada e a escrita deve mos levar em conta além do critério do meio se oral se escrito também o critério da proximidade ou distância física social por exemplo e o envolvimento maior ou menor dos interlocutores Sobre isso Koch 2012 p 15 explica que num dos polos estaria situada a conversação face a face no outro a escrita formal como os textos acadêmicos por exemplo O que se ve rifica porém é que existem textos escritos que se situam no contínuo mais próximos ao polo da fala conversacional como bilhetes cartas familiares textos publicitários e textos de humor Como podemos observar segundo a exposição de Koch 2012 é possível infe rir que na correlação entre a modalidade falada e a escrita há linguagens que se situam mais próximas ao polo da conversação fala como podemos observar por meio do exemplo que segue Fonte Unicesumar online LÍNGUA E LINGUAGEM Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 I U N I D A D E 48 Observe que nesse anúncio embora não apresente uma situação face a face entre os interlocutores desse gênero há uma coprodução bem menor é claro mas ela existe entre os envolvidos nessa situação de prática social Isso significa que esse anúncio linguagem híbrida apesar de situarse no polo da modalidade escrita há um contínuo que o aproxima ao polo da modali dade da fala Podemos evidenciar essa proximidade por meio do enunciado que prevê uma alteridade isto é estabelece uma dialogicidade para quem escreve como em quer ganhar vantagens incríveis você ganha descontos na mensa lidade e eles também De igual maneira assim como as linguagens escritas podem se situarem ao polo da fala também existem linguagens faladas que mais se aproximam do polo da escrita formal como as conferências videoconferências entrevistas profis sionais entre outros Diante disso ao considerarmos a diversidade de fenômenos que são possí veis nos estudos sobre as variações linguísticas especificamente a Diamésica não poderíamos deixar de contemplar uma discussão sobre o Preconceito Linguístico A esse respeito Bagno 2004 p 40 expõe que O preconceito linguístico se baseia na crença de que só existe uma úni ca língua portuguesa digna deste nome e que seria a língua ensina da nas escolas explicada nas gramaticas e catalogada nos dicionários Qualquer manifestação linguística que escape desse triângulo escola gramáticadicionário é considerada sob a ótica do preconceito linguís tico errada feia estropiada rudimentar deficiente E não é raro a gente ouvir que isso não é português Podemos apreender pela exposição de Bagno 2004 que o Preconceito Linguístico se trata de um conjunto de ideias distorcidas que se baseiam no mito de uma língua unívoca ideal digna de ser ensinada nas escolas prescritas pelas gramá ticas e compreendidas nos dicionários Em outros termos o preconceito linguístico referese a uma postura que impera na nossa sociedade contra as pessoas que falam uma língua diferente da ensinada na escola que é a norma padrão Para ilustrar como é comum a prática do Preconceito Linguístico em nossa sociedade vejamos um exemplo retirado da obra de Bagno As Variedades Linguísticas na Construção dos Enunciados Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 49 Há a transformação de L em R em encontros consonantais como Cráudia Framengo prano chicrete pranta entre outros Para Bagno 2004 esses usos são condenados e às vezes considerados como fruto de um problema de ordem mental das pessoas que fazem a troca do L pelo R Ainda conforme Bagno 2004 ao considerarmos um estudo científico de pessoas que falam o português subpadrão observaríamos que ocorre um fenô meno fonético que deu origem a formação da língua portuguesa padrão Para um melhor entendimento sobre isso observe o quadro que segue PORTUGUÊS PADRÃO ETMOLOGIA ORIGEM branco blank germânico brando blandu latim cravo clavu latim dobro duplu latim escravo sclavu latim fraco flaccu latim frouxo fluxu latim grude gluten latim obrigar obligare latim praga plaga latim prata plata provençal prega plica latim Quadro 4 Contribuição da fonética na formação da língua portuguesa Fonte adaptado de Bagno 2004 p 41 Conforme expõe o Quadro 4 as palavras do português padrão dessa lista tinham em sua origem um L transformado em R Se considerarmos esse fenômeno compreenderíamos que a maneira de falar de algumas pessoas que falam a varie dade não padrão da nossa língua não significa que elas possuem mais ou menos cultura ou ainda problemas mentais mas sim que o modo de falar dessas pes soas teve uma motivação a partir de uma origem de base histórica que contribuiu para o processo de formação de nossa língua padrão LÍNGUA E LINGUAGEM Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 I U N I D A D E 50 Como podemos notar a variação linguística é uma realidade da linguagem humana e merece que seja refletida sobre os aspectos da heterogeneidade da lín gua Essa reflexão é muito importante pois nossa língua portuguesa é afetada por diversos falares marcados ora por fatores de escolarização ora pela cultura região idade além da influência de heranças linguísticas de culturas diversas Quem não fala de acordo com a norma padrão de prestígio é uma pessoa ignorante Você conhece alguém que não domina a norma padrão de pres tígio mas teve sucesso profissional e pessoal Fonte a autora Considerações Finais Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 51 CONSIDERAÇÕES FINAIS Nesta unidade apresentamos as principais concepções teóricas sobre o funcio namento da linguagem e língua Primeiramente preocupamonos em trazer para você a concepção de lín gua gem a partir do ponto de vista estruturalista seguida por uma postura mais inatista e fechamos as discussões a partir de uma perspectiva pragmática da língua gem Em um segundo momento atemonos ao esclarecimento sobre o que é o signo linguístico Vimos que para Saussure o signo linguístico pode ser tomado como uma convenção constituída por falantes de uma determinada comuni dade linguística com base em um conhecimento compartilhado a fim de que ocorra a comunicabilidade Na sequência nossa atenção centrouse nos estudos sobre a língua gem verbal não verbal mista e a digital Por meio desse estudo conferimos que essas linguagens podem funcionar como mecanismos a serviço da comunicação e inte ração entre os falantes uma vez que ela é um fenômeno natural com valor social E por fim nós nos ocupamos com os estudos sobre as Variações Linguísticas como a Variação Diacrônica Variação Diatópica Variação Diastrática e a Variação Diamésica Ao nos ocuparmos sobre esse estudo vimos que as Variações Linguísticas representam uma evolução e democratização da Língua Portuguesa uma vez que favorecem a conscientização de que a língua não é um elemento homogêneo ao contrário é dinâmica multifacetada e variável em muitos aspectos Isso significa que não existe apenas a norma padrão da língua mas que há diversos falares os quais variam conforme a região a escolaridade a idade a cultura etc Assim a diversidade linguística precisa ser respeitada haja vista que reflete a identidade dos falantes de uma determinada comunidade linguística Espero que com as informações e conceitos abordados nesta unidade eu tenha contribuído com a ampliação de seu conhecimento sobre o funciona mento da linguagem 1 Considere as diferentes concepções de linguagem e expliqueas a Como espelho do mundo e do pensamento b Como instrumento de comunicação c Como forma de ação ou interação 2 Leia este enunciado e assinale a alternativa correta a A expressão OS LINGUÍSTA PIRA pode ser caracterizada como uma variação diacrônica uma vez que traz uma gíria que marcou e marca uma determinada geração de falantes da língua portuguesa b A expressão OS LINGUÍSTA PIRA é marcada pela Variação Diastrática uma vez que essa expressão evidencia um português subpadrão isto é a variedade fa lada por pessoas de classes menos escolarizadas Podese comprovar essa va riedade pela ausência de concordância de número plural em OS LINGUISTA em vez de OS LINGUÍSTAS além da ausência de marca de concordância na 3ª pessoa do plural do verbo pirar que a rigor gramatical ficaria assim OS LINGUISTAS PIRAM c A expressão OS LINGUÍSTA PIRA evidencia uma Variação Diamésica haja vista que essa expressão é uma marca do registro formal da língua d A expressão OS LINGUÍSTA PIRA caracteriza a Variação Diatópica pois essa ma neira de falar compreende as diferenças que uma mesma língua apresenta na dimensão do espaço quando é falada em diferentes regiões do país e A expressão OS LINGUÍSTA PIRA evidencia que ocorreu uma Variação Diastrá tica uma vez que essa expressão marca uma maneira peculiar de um deter minado grupo falar Isto é tratase de um fenômeno denominado de jargões presentes na fala de determinados indivíduos em suas profissões 3 Nesta unidade nós nos ocupamos dos estudos sobre as Variações Linguísticas Assim a fim de refletirmos sobre os fenômenos da língua gem Elabore uma resposta argumentativa de 7 a 12 linhas Para isso você deve responder a esta pergunta qual é a importância das Variações Linguísticas para a riqueza de nos sa língua Quando dizem que alguém fala errado Os linguísta pira Fonte adaptado de Silva online 53 MAIS UM POUCO SOBRE A RELAÇÃO ENTRE LÍNGUAGEM E CONTEXTO DE USO Caro acadêmicoa nesta unidade nós nos ocupamos de um breve estudo sobre as variedades linguísticas Esse estudo nos permitiu uma reflexão sobre conceitos como adequação e inadequação linguística erro norma padrão língua de prestígio português subpadrão gírias internetês entre outras variedades isto é tivemos a oportunidade de refletirmos sobre a relação entre língua gem e sociedade A esse respeito leiamos este fragmento de Alkmin 2012 p 23 Linguagem e sociedade estão ligadas entre si de modo inquestionável Mais do que isso podemos afirmar que essa relação é a base da constitui ção do ser humano A história da humanidade é a história de seres orga nizados em sociedades e detentores de um sistema de comunicação oral ou seja de uma língua Efetivamente a relação entre a linguagem e socie dade não é posta em dúvida por ninguém e não deveria estar ausente portanto das reflexões sobre o fenômeno linguístico Em outros termos podemos pensar que a relação entre língua gem e sociedade é o estudo da língua em seu contexto social isto é em situações naturais de uso da língua que segundo Alkmim 2012 p 33 Seu ponto de partida é a comunidade linguística um conjunto de pessoas que interagem verbalmente e que compartilham um conjunto de normas com respeito aos usos linguísticos Em outras palavras uma comunidade de fala se caracteriza não pelo fato de se construir por pessoas que falam do mesmo modo mas por indivíduos que se relacionam por meio de re des comunicativas diversas e que orientam seu comportamento verbal por um mesmo conjunto de regras Note alunoa que nesse excerto a autora explica que uma comunidade linguística não se caracteriza por pessoas que falam do mesmo modo e sim por pessoas que se relacionam por uma diversidade linguística E aqui chegamos a um ponto interessante dos estudos sobre a língua linguagem pois um olhar um pouco menos acurado da língua em uso poderia levar a uma con cepção equivocada de que a língua gem em seu contexto de uso é uma espécie de caos uma terra de ninguém sujeita portanto ao uso arbitrário de seus recursos ALKMIM 2012 p 54 Pelo contrário O estudo da língua gem em uso permite a nós falantes adequar a nossa linguagem a cada situação de interação verbal haja vista que cada domínio discursivo demandará uma variedade linguística Por esse viés sociolinguístico para um melhor entendimento da relação entre língua lingua gem e contexto de uso tomemos como exemplo a expressão oral e escrita Como vimos nesta unidade há dois polos que se imbricam em um contínuo De um lado a língua falada que se modifica rapidamente para se adaptar a diversos contextos de in teração No outro polo situase a escrita a qual se altera com menos dinamicidade uma vez que é a língua dos documentos registros e como tal é caracterizada por mudanças mais lentas e as regras podem ser determinadas com mais vagar Vimos também que os falantes são usuários da linguagem e não servos dela uma vez ela está a serviço das intenções e propósitos comunicativos dos falantes Assim para estabelecer uma comunicação interação é preciso pois saber que linguagem usar em determinadas situações e identificar os diferentes níveis de formalidade exigidos por usos específicos dela da linguagem Além disso há circunstâncias em que o mais apro priado é recorrer à linguagem falada e há situações e que a linguagem escrita é reco mendável Em vista disso não podemos esperar que as pessoas falem da mesma forma que escre vem mas podemos entender que os falantes podem e devem fazer uma adequação de suas falas aos contextos de comunicaçãointeração isto é não se trata de uma questão de norma e sim uma questão de bom senso linguístico Portanto a imbricação das variedades que a linguagem nos possibilita em seus contex tos de usos pode nos levar a desconstrução da ideia de unicidade de uma determinada variedade Fonte a autora Material Complementar MATERIAL COMPLEMENTAR Neste link você encontrará mais informações sobre a ciência linguística Assistam Disponível em httpswwwyoutubecomwatchv9LA8nzO9XE Acesso em 09 ago 2015 No link abaixo você encontrará um pouco mais a respeito da linguagem bakhtiniana como concepção de língua e constituição do sujeito Disponível em httprevistaescolaabrilcombrformacaofi losofodialogo487608shtml Acesso em 07 ago 2015 Além desse recomendo também a você a fi m de ilustrar o conteúdo sobre linguagem digital a animação que está no link Disponível em httpswwwyoutubecomwatchvkknSsX1S7xI Acesso em 16 ago 2012 Recomendo a você acadêmicoa uma reportagem que apresenta as diferentes formas de se falar no Brasil Confi ra Disponível em httpredegloboglobocomrpctvnoticia201408jornalhojevejatodas reportagensdesotaquesdobrasilhtml Acesso em 17 ago 2015 Além desse link recomendo também a você a leitura deste link que trata das variações linguísticas sob o ponto de vista da trupe O Teatro Mágico Disponível em httpwwwcesumarbrgraduacaoarquivosjornalletras2edicao2007pdf Acesso em 20 ago 2015 Veja ainda sobre as gírias entre períodos diferentes Neste link você encontra mais gírias que marcaram as gerações dos anos 60 até a atualidade Confi ra Disponível em httpandryshqueirozblogspotcombr201106giriasantigaseatuaishtml Acesso em 18 ago 2015 Língua Linguagem Linguística Pondo os Pingos nos ii Marcos Bagno Editora Parábola Sinopse Este livro tenta responder a três perguntas que as pessoas em geral e os estudantes iniciantes nos estudos das letras costumam fazer com frequência o que é língua O que é linguagem O que é linguística Essa obra é voltada aos que começam a adentrar os estudos da linguagem por isso apresenta uma redação escrita no sentido de evitar uma nomenclatura técnica excessiva e falar da maneira mais simples ao público leitor MATERIAL COMPLEMENTAR Curso de Linguística Geral Ferdinand de Saussure Editora Cultrix Sinopse Essa obra póstuma do linguista suíço é tida como o marco inaugural da Linguística Moderna com a fase estruturalista dos estudos da linguagem O livro traz os pressupostos teóricometodológicos dessa escola que terminaram por infl uenciar outras ciências humanas Curso Básico de Linguística Gerativa Eduardo Kennedy Editora Saraiva Sinopse Eduardo Kenedy professor e pesquisador da área oferece aos universitários brasileiros o primeiro material didático escrito em língua portuguesa para um curso introdutório completo sobre linguística gerativa a ciência da linguagem dedicada à dimensão cognitiva das línguas humanas Numa estrutura dialógica com ilustrações e exercícios com respostas este livro preenche assim uma lacuna na literatura linguística no Brasil apresentando à comunidade acadêmica os principais conteúdos do empreendimento gerativista e tratando de temas complexos com profundidade mas utilizandose de linguagem simples e objetiva Esta obra destinase especialmente aos estudantes de graduação e pósgraduação dos cursos de Linguística Letras Fonoaudiologia Psicologia Comunicação e demais áreas interessadas em linguagem e ciências cognitivas Material Complementar MATERIAL COMPLEMENTAR Sobre o Behaviorismo SKINNER B F Editora Cultrix Sinopse Criticado por uns louvado por outros BF Skinner vemse fi rmando há anos como o mais importante e o mais categorizado behaviorista de nosso tempo Suas ideias têm infl uenciado e continuam a infl uenciar as chamadas ciências do comportamento não obstante as incompreensões quando não a má vontade revelada por tantos quanto à natureza e fundamentos científi cos dessas ideias Daí a importância deste Sobre o behaviorismo livro de Skinner que apresenta em linguagem concisa e acessível sua visão do behaviorismo expondolhe os conceitos básicos discutindolhe as implicações mais gerais no campo do conhecimento e refutando as interpretações distorcidas dele veiculadas por seus opositores Para quantos se interessem pelo assunto sobretudo professores e estudantes de Psicologia Sociologia Educação e áreas correlatas este volume constitui assim a melhor a mais fi dedigna introdução ao behaviorismo em geral e ao pensamento de Skinner em particular A Língua de Eulália Novela Sociolinguística Marcos Bagno Editora Contexto Sinopse O autor Marcos Bagno discute o certo e errado da língua falada no livro A Língua de Eulália que trata de alguns problemas de ensino da língua portuguesa e principalmente do preconceito linguístico Para tornar a leitura mais agradável e fácil para leitores em geral Bagno aborda o tema do preconceito linguístico na forma de uma narrativa romanceada com peripécias de enredo personagens dinâmicas É uma narrativa e ao mesmo tempo uma refl exão sociolinguística porque trata de questões que envolvem a relação entre a língua que falamos e a organização da sociedade que vivemos MATERIAL COMPLEMENTAR Línguas Vidas em Português Ano 2004 Sinopse Este fi lme mostra que há no mundo aproximadamente 2700 línguas e 7 mil dialetos As três línguas com maior número de falantes são o mandarim falado na China o hindi falado na Índia e o inglês falado nos Estados Unidos na Inglaterra e em várias partes do mundo O Português ocupa o 7º lugar e é falado por cerca de 200 milhões de pessoas em quatro continentes e no Brasil estão quase 90 dos seus falantes O documentário Língua Vidas em Português 2001 de Victor Lopes mostra como se dá o uso da língua portuguesa em várias partes do mundo Narradores de Javé Ano 2003 Sinopse Somente uma ameaça à própria existência pode mudar a rotina dos habitantes do pequeno vilarejo de Javé É aí que eles se deparam com o anúncio de que a cidade pode desaparecer sob as águas de uma enorme usina hidrelétrica Em resposta à notícia devastadora a comunidade adota uma ousada estratégia decide preparar um documento contando todos os grandes acontecimentos heroicos de sua história para que Javé possa escapar da destruição Como os moradores são em sua maioria analfabetos a primeira tarefa é encontrar alguém que possa escrever as histórias Recomendo este fi lme pois ele suscita uma refl exão sobre a importância da linguagem falada escrita Também nos convida a refl etirmos sobre uma maneira particular de falar de uma determinada comunidade linguística do Brasil UNIDADE II Professora Me Fátima Christina Calicchio LINGUAGEM E COMUNICAÇÃO Objetivos de Aprendizagem Reconhecer a natureza comunicativa da linguagem Identificar as funções da linguagem Prover reflexões sobre as funções da linguagem em diferentes em diferentes situações de interação comunicativa Compreender o processamento da leitura Reconhecer a importância da leitura para a formação acadêmica e para o desenvolvimento da consciência crítica diante da realidade Plano de Estudo A seguir apresentamse os tópicos que você estudará nesta unidade Interação Verbal Comunicação Processo Comunicativo As funções da língua gem na Construção dos Enunciados Processamento de leitura Conhecimento linguístico Conhecimento de mundo Conhecimento interacional INTRODUÇÃO Na unidade I nós nos ocupamos dos estudos sobre o funcionamento da lingua gem e vimos que ela desempenha uma série de funções interacionais uma vez que é por meio da linguagem que expressamos nossos pensamentos transmiti mos informações e interagimos no e com o mundo Por esse viés pela linguagem narramos fatos persuadimos expomos nossas emoções expressamos nossa individualidade por meio da linguagem mante mos boas ou más relações Assim é pela linguagem que criamos formulamos e reformulamos ideias acerca da realidade construímos conceitos simulamos manipulamos ofendemos perdoamos aceitamos rejeitamos amamos enfim vivemos Portanto fazse necessário a você o estudo dos princípios e conceitos que permitem compreender teorias sobre a relação entre a linguagem e comunica ção uma vez que dessa forma você estará mais preparado para atuar de maneira mais competente linguística e socialmente Nos tópicos que seguem nós nos ocuparemos primeiramente de forma breve sobre o processo comunicativo seguido de um breve estudo sobre a Interação Verbal Comunicação posteriormente do estudo das funções da linguagem na construção dos enunciados Por fim trataremos da leitura e inter pretação de enunciados Para tanto buscamos aporte teórico na perspectiva Funcionalista que privilegia em seus estudos a linguagem em contextos natu rais de uso e aliamos a isso enfoques teóricos de estudos da linguística textual de Koch e os estudos de Bakhtin sobre a natureza da linguagem e sujeito Introdução Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 61 LINGUAGEM E COMUNICAÇÃO Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 II U N I D A D E 62 INTERAÇÃO VERBAL COMUNICAÇÃO Olá alunoa Vamos dar continuidade aos nossos estudos Vimos na unidade I três maneiras de se conceber a linguagem como representação do mundo trans missão de informação e como atividade de interação social É sobre essa última concepção que projetaremos as discussões nesta unidade II Como já explicitamos anteriormente a mais contemporânea das concepções de linguagem fundamentase na noção de que linguagem é atividade é forma de ação cujos falantes se comportam conforme suas intenções e propósitos comu nicativos durante a interação verbal O conceito de interação verbal tem na corrente Funcionalista um caráter subs tancial uma vez que para essa teoria a linguagem é vista como um instrumento de interação socialverbal cuja principal função é promover a comunicabilidade Essa abordagem surgiu como um movimento particular dentro do Estruturalismo Linguístico enfatizando a função das unidades linguísticas Sobre a necessidade de se estudar a língua com foco em análises em contex tos sociais de interação Dik 1989 concebe a linguagem como um mecanismo de interação social entre seres humanos usada com o objetivo basilar de esta belecer relações comunicativas entre os interlocutores Dessa forma o Funcionalismo tem em seus estudos o reconhecimento de análises que levam em consideração a linguagem em seu uso efetivo no evento comunicativo Portanto justificamos o tratamento dessa abordagem neste estudo pela importância que ela confere ao estudarmos a linguagem no contexto comu nicativo em que ela ocorre Processo Comunicativo Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 63 PROCESSO COMUNICATIVO Ao tratar de comunicação Roman Jakobson 2003 apresenta algumas funções para a linguagem De acordo com esse linguista para que seja estabelecido a comunicação é necessário que a linguagem esteja vinculada a uma situação de produção comunicativa Para Jakobson há na comunicação um remetente que envia uma men sagem a um destinatário e essa mensagem para ser eficaz requer um contexto ou um referente a que se refere apreensível pelo remetente e pelo destinatário um código total ou parcialmente comum a ambos e um contato isto é um canal físico e uma conexão psicológica entre o remetente e o destinatário que os capacitam a entrar e a permanecer em comunicação FIORIN 2006 p 28 A esse respeito Roman Jakobson 2003 propõe em sua Teoria da Comunicação seis elementos essenciais no processo comunicativo O locutor emissor aquele que enuncia algo a alguém O locutário receptor aquele a quem o enunciado do locutor se dirige A mensagem o enunciado produzido pelo locutor LINGUAGEM E COMUNICAÇÃO Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 II U N I D A D E 64 O código a língua o signo linguístico estabelecido por convenção e que permite compreender a estrutura da mensagem O canal meio físico que conduz a mensagem som ar papel platafor mas digitais O referente o contexto o assunto ao qual a mensagem faz referência Para um melhor entendimento a respeito desses seis elementos vejamos o esquema que segue Figura 1 Esquema da comunicação Fonte a autora Perceba que o locutor e o locutário compartilham do mesmo signo linguístico a fim de que a informação possa ser recebida e decodificada pelo locutário Essa informação decodificada é a mensagem contudo segundo Martelotta 2009 para que haja a comunicação interação verbal não basta que um locutor envie uma mensagem a um locutário Para que essa mensagem seja compreen dida é necessário que ela seja eficaz e para tanto conclui Martelotta 2009 essa mensagem deve constituirse de Signo linguístico Canal de comunicação CONTEXTO MENSAGEM CÓDIGO LOCUTOR LOCUTÁRIO As Funções da Língua GEM na Construção dos Enunciados Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 65 UM CONTEXTO APREENSÍVEL PELO ALOCUTÁRIO UM CÓDIGO QUE SEJA CONHECIDO PELOS PARTICIPANTES DA COMUNI CAÇÃO UM CONTATO OU CANAL FÍSICO QUE PERMITA A INTERAÇÃO ENTRE OS PARTICIPANTES DA COMUNICAÇÃO No próximo tópico apresentaremos a você os estudos acerca das funções da lin guagem para que você possa compreender cada uma dessas funções AS FUNÇÕES DA LÍNGUA GEM NA CONSTRUÇÃO DOS ENUNCIADOS De acordo com Roman Jakobson 2003 em uma situação de comunicação deve haver pelo menos dois falantes interlocutores que podem alternar os papéis ora de locutor ora de locutário A esse respeito Émile Benveniste 1989 em sua Teoria da Enunciação Ato de dizer propõe que em uma determinada situação de comunicaçãointeração um indivíduo se apropria da linguagem e nesse momento instaurase como EU e simultaneamente instaurase o outro como TU é uma enunciação que pres supõe um locutor e um ouvinte e no primeiro a intenção de influen ciar o outro de alguma maneira Em função do eu caracterizamse o aqui o agora e todas as coordenadas espaço temporais Eu e tu porém são reversíveis a cada instante no momento seguinte o interlocutor pode passar a designarse eu passando o antigo eu a tu assim sucessi vamente apud KOCH 2013 p 13 LINGUAGEM E COMUNICAÇÃO Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 II U N I D A D E 66 Segundo Benveniste 1989 o EU e o TU sempre são os participantes da enun ciação isto é são as pessoas enunciativas note alunoa que essa categoria difere da categoria tradicional de pessoa pronominal A característica substancial das pessoas enunciativas está centrada na rever sibilidade Quando dirijo a palavra a alguém ele é o tu quando ele passa a ser eu e eu tornome tu FIORIN 2002 p164 isso significa que em uma situ ação de enunciação as pessoas enunciativas trocam de lugar conforme aquele que toma a palavra o dizer Em vista disso entendemos que a linguagem pode assumir diferentes funções vinculadas à interaçãoatividade verbal que envolve contexto locutor alocutá rio código linguístico conteúdo da mensagem e o contato entre os locutores A seguir vejamos os elementos que representam as Funções da Linguagem pro postos por Roman Jakobson em sua Teoria da Comunicação 1 Função Referencial ou Denotativa 2 Função Emotiva ou Expressiva 3 Apelativa ou Conativa 4 Função Fática 5 Função Poética 6 Função Metalinguística Agora atentese ao esquema abaixo a fim de um melhor entendimento sobre essas funções As Funções da Língua GEM na Construção dos Enunciados Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 67 Figura 2 Funções da linguagem Fonte a autora A seguir vejamos as funções da Língua gem na Construção dos Enunciados 1 Função Referencial Consiste na transmissão de informações do locu tor ao alocutário Essa função está centrada no contexto uma vez que reflete uma preocupação em transmitir conhecimentos referentes a pessoas objetos ou acontecimentos Essa função é essencialmente objetiva limitandose à expressão dos fatos sem que constem opiniões pessoais do emissor Assim a linguagem é formal e deve prevalecer o uso da 3ª pessoa Para ilustrar essa função vejamos o exem plo que segue ALUNOS 2015 online CONTEXTO Função Referencial LOCUTOR Função Emotiva ou Expressiva LOCUTÁRIO Função Conativa ou Apelativa MENSAGEM Função Poética CANAL Função Fática CÓDIGO Função Metalinguística LINGUAGEM E COMUNICAÇÃO Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 II U N I D A D E 68 ALUNOS CRIAM SOFTWARE QUE FORMATA TEXTOS CONFORME NORMAS DA ABNT Três estudantes da pósgraduação em Computação da UFPE Universidade Federal de Pernambuco criaram um software que organiza textos no formato exigido pela ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas O programa está disponível temporariamente de forma gratuita na internet Em entrevista para assessoria de imprensa da Ufal Universidade Federal de Alagoas o estudante Yguaratã Cavalcanti explicou que o FastFormat foi pen sado para facilitar a vida de estudantes e professores que produzem artigos de conferência e periódicos trabalhos de conclusão de curso monografias dis sertações e teses Além de Cavalcanti Bruno Melo e Paulo Silveira passaram os últimos quatro anos desenvolvendo o software O programa possui um blog com tutoriais para facilitar a interação dos usuá rios Lá é possível aprender a como fazer citações escrever o resumo entre outros A função principal desse texto é informar esclarecendoo quanto ao Software que foi criado para formatar automaticamente trabalhos acadêmicos conforme as normas da ABNT As Funções da Língua GEM na Construção dos Enunciados Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 69 Esse texto faz uso da linguagem formal e objetiva além do uso da 3ª pessoa em Três estudantes da pósgraduação o estudante Yguaratã Cavalcanti explicou que Diante disso evidenciamos a predominância da função referencial 2 Função Emotiva ou Expressiva Consiste na exteriorização da emoção do remetente em relação àquilo que fala de modo que essa emoção transpareça no nível da mensagem Essa função está centrada no próprio remetente uma vez que é sua emoção que está em jogo na mensagem A função emotiva ou expressiva é caracterizada pelo uso de verbos na pri meira pessoa pela subjetividade e pelo uso de metáforas ou recursos expressivos para revelar o eu do emissor que enuncia ao mundo Podemos tomar como exemplos os contos os romances alguns poemas enfim os textos que evidenciam o eu do emissor que possuem predominân cia da função emotiva ou expressiva Veja estes versos da canção abaixo Os versos da letra da música da Trupe são marcados pela predominância da fun ção emotiva ou expressiva haja vista que há a marca do eu que enuncia como em no meu coração e o meu coração Ainda nos versos de Fernando Anitelli observase um trocadilho com as expressões há ferrugem e a fé ruge coração de lata e coração dilata Tal jogo de palavras confere ao texto mais expressividade além de revelar a subjeti vidade do compositor uma vez que ele é o foco isto é ele determina as escolhas feitas na construção do enunciado desse enunciado 3 Apelativa ou Conativa Consiste em influenciar o comportamento do destinatário Essa função está centrada no destinatário uma vez que ele é o alvo da informação As propagandas são bons exemplos dessa função pois suas carac terísticas básicas são persuadir convencer enfim agir sobre o seu destinatário QUANDO A FÉ RUGE Quando há ferrugem no meu coração de lata É quando a fé ruge e o meu coração dilata Fonte O Teatro Mágico online LINGUAGEM E COMUNICAÇÃO Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 II U N I D A D E 70 É comum em enunciados que predominam a função Apelativa ou Conativa o emprego de verbos no modo imperativo além de verbos na 2ª e 3ª pessoas e o vocativo Nessa função o foco recai sobre o locutário receptor isto é no outro Vejamos o anúncio que segue Fonte Unicesumar online A função predominante nesse exemplo é a Apelativa ou Conativa uma vez que ela foi construída para o receptor Note há nesse anúncio o uso da 2ª pessoa pronominal você que tem a finalidade de envolver o interlocutor no enun ciado Além desse recurso linguístico há também o uso da expressão só para você que tem a função de aproximar o interlocutor da oportunidade oferecida pela instituição É interessante destacar também que a informalidade em com a gente é proposital pois confere ainda ao interlocutor mais proximidade com a insti tuição haja vista que a oportunidade de se obter o benefício restringese Só para ex aluno da instituição Por fim merece destaque o uso do verbo no impe rativo como em INSCREVASE 4 Função Fática Consiste em iniciar ou prolongar ou terminar um ato de comunicação Portanto essa função está centrada no canal uma vez que não visa propriamente à comunicação mas ao estabelecimento do contato Assim o canal é o suporte por meio do qual a mensagem se encaminha ao receptor As Funções da Língua GEM na Construção dos Enunciados Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 71 Com essa função os interlocutores podem manter testar ou interromper a comunicação Essa manutenção pode ser marcada pelos cumprimentos diários bom dia boa tarde olá tudo bem Caso o meio seja o telefone alô hum tá entendo Vejamos 5 Função Poética Consiste na combinação de elementos linguísticos Está centrada na mensagem e foco na forma isto é no modo como foi organizada já que a estruturaorganização da mensagem agrega sentido ao assunto Assim a intenção não é simplesmente usar a mensagem como um mero veículo de sen tidos mas construir sentido por meio de sua organização textual Essa função é predominante em poemas Vejamos QUADRILHA JOÃO AMAVA TERESA QUE AMAVA RAIMUNDO QUE AMAVA MARIA QUE AMAVA JOAQUIM QUE AMAVA LILI QUE NÃO AMAVA NINGUÉM JOÃO FOI PARA OS ESTADOS UNIDOS TERESA PARA O CONVENTO RAIMUNDO MORREU DE DESASTRE MARIA FICOU PARA TIA JOAQUIM SUICIDOUSE E LILI CASOU COM J PINTO FERNANDES QUE NÃO TINHA ENTRADO NA HISTÓRIA CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE Quadro 5 Quadrilha de Carlos Drummond de Andrade Fonte Drummond online ALÔ HUM TÁ ENTENDO LINGUAGEM E COMUNICAÇÃO Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 II U N I D A D E 72 No texto de Drummond mais do que abordar a temática do desencontro entre a maioria dos personagens o poeta busca construir os sentidos a partir da repe tição do pronome relativo que e do verbo amar como em amava Assim os usos desses recursos linguísticos marcam a predominância da função poética da linguagem logo o foco recai sobre a forma em que o enunciado foi organizado 6 Função Metalinguística Consiste em usar a linguagem para se refe rir à própria linguagem Está centrada no código e sobre a própria linguagem Assim é a mensagem que fala de sua própria produção discursiva Seja ela linguística escrita e ou oral ou extralinguística gestos músicas desenhos pinturas Observe este exemplo que Mário Quintana define o que é poesia pela própria poesia POESIA Impossível qualquer explicação ou a gente aceita à primeira vista ou não acei tará nunca a poesia é o mistério evidente Ela é óbvia mas não é chata como um axioma E embora evidente traz sempre um imprevisível uma surpresa um descobrimento Fonte Mário Quintana online Quando se fala em Contexto do que se fala mesmo Até aqui vimos que a linguagem pode materializar funções variadas desde que associadas ao contexto de uso da língua gem Assim podemos apre ender que ao se falar em contexto se fala dos elementos extra linguísticos isto é falase dos elementos que constituem uma determinada situação co municativa como quem fala e a quem o código linguístico o conhecimen to de mundo entre os interlocutores e a situação de comunicação Isso sig nifica que o contexto é um fator determinante para a produção de sentidos e constituise em tudo aquilo que envolve o texto enunciado Fonte a autora Processamento da Leitura Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 73 Como você pode observar tratamos das funções da linguagem de Roman Jakobson 2003 sob uma perspectiva dialógica da linguagem Dessa forma vimos que as funções da linguagem propostas pelo linguística russo são importantes na construção dos enunciados em situações efetivas de uso da linguagem visto que o foco da construção dos sentidos de uma determi nada situação de interação comunicativa não se restringe somente à transmissão de uma informação mas constróise na interação verbal em contextos de uso da linguagem Em vista disso destacamos a importância da interação entre o sujeito falante linguagem e o contexto sociodiscursivo para que o processo da interação ver bal favoreça aos propósitos comunicativos para que a construção dos sentidos entre os membros de uma determinada situação discursiva seja estabelecida É sobre o processamento da construção dos sentidos que nos ocuparemos nos tópicos que seguem PROCESSAMENTO DA LEITURA Nosso estudo até aqui proporcionou a você aprender que as múltiplas lingua gens e suas funções constituemse como locus para a atribuição e construção de sentidos do e no mundo que nos cerca Assim a construção de sentidos1 efetiva se a partir da manifestação da linguagem vinculada aos seus contextos de uso Isso significa que o processo de leitura tem um caráter voltado para o contexto de uso da linguagem que vai além do nível frásico 1 Refirome ao processo de leitura AS FRONTEIRAS DA MINHA LINGUAGEM SÃO AS FRONTEIRAS DO MEU UNIVERSO WITTGENSTEIN 2015 p 86 LINGUAGEM E COMUNICAÇÃO Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 II U N I D A D E 74 Por esse viés proponho que reflita como se dá o processo de leitura do e no mundo Como lemos e para que lemos Segundo Koch 2013 o funcionamento da leitura é decorrente da concep ção de sujeito de linguagem de texto2 e de sentido que se adota Sobre a noção de sujeito apoiarnosemos na concepção dialógica da lin guagem que defende a construção do sujeito a partir do social isto é o sujeito é construído a partir da interação com o outro conforme postula o Círculo de Bakhtin O Círculo destaca o sujeito não como fantoche das relações sociais mas como um agente um organizador de discursos responsável por seus atos e responsivo ao outro BRAIT 2014 p24 A noção de linguagem que orienta as discussões desta disciplina como já men cionado depreendese dos domínios da linguagem como ação uma vez que há no fenômeno linguístico dependência de fatores socioculturais A esse respeito reportamos à Garcez 1998 p 48 A linguagem não existe no vácuo mas imersa numa rede de valores discursivos de vários níveis Assim todo o universo linguístico cons tróise existe e funciona num universo social coletivo e não pode ser abstraído dessa condição Sob o ponto de vista da linguística textual tomaremos a noção de texto que segundo Beaugrand 1997 p 10 apud MARCUSCHI 2008 p 72 tratase de um evento comunicativo em que convergem ações linguísticas sociais e comunicativa Para a linguística textual isso significa que o texto é uma prática social que possui vida ao ser percebido pelo sujeitoleitor que com ele pode estabelecer uma relação interativa Assim ler é atribuir significados ler é construir significados e sentidos para o texto e com o texto Diante disso alunoa perguntolhes o que é sentido Para Koch 2013 p 11 a noção de sentido encontase na gama de elemen tos implicítos que emergem da relação entre os sujeitos e os contextos de uso da linguagem o sentido de um texto é comstruído na interação textosu jeitos e não algo que preexista a essa interação 2 Para esta disciplina adotamos como intercambiáveis as noções de texto e enunciado Processamento da Leitura Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 75 Para um melhor entendimento sobre o processamento da leitura observe este enunciado Imaginem que um casal está em uma churrascaria e no momento que o gar çom os serve o casal apresenta seguinte diálogo Você já pensou sobre essas religiões africanas que sacrificam animais Acho um absurdo o tipo de prática dessas religiões Pois eles comentem um verdadeiro ato de crueldade com os animais3 3 Texto adaptado pela autora de httpsscontentgru11xxfbcdnnethphotosxta1vt109 s720x7201114869980 98753924253651168253728980055926njpgohd4ea4f1f0d70df82f8aa0329c1783401oe56B09DCD Acesso em 1 nov 2015 VOCÊ JÁ VIU AQUELAS RELIGIÕES QUE SACRIFICAM ANIMAIS É UM ABSURDO MUITA CRUELDADE COM OS BICHINHOS LINGUAGEM E COMUNICAÇÃO Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 II U N I D A D E 76 Esse enunciado representa bem o papel do leitor que em interação com o texto atribuilhe sentido ao considerar não só as informações gramaticalmente cons tituídas como também o que está implicitamente sugerido Podemos tomar como exemplo que nesse contexto o autor sugere uma refle xão sobre as questões de crençasreligiões que entregam animais como aves e carneiros em oferendas aos deuses Esse enunciado sugere ainda que há entre algumas pessoas certa hipocri sia uma vez que o casal da situação apresentada provavelmente alimentase de carne de aves carne bovina etc que também tem sua origem a partir sacrifí cios em abatedouros Como base nesse olhar que lançamos sobre o enunciado acima e nas pala vras de Koch 2013 temos uma demonstração clara de que A leitura é uma atividade na qual se leva as experiências e o conheci mento do leitor A leitura de um texto exige do leitor bem mais que o conhecimento do código linguístico uma vez que o texto não é simples produto da codifi cação de um emissor a ser decodificado por um receptor passivo Indubitavelmente o processamento de leitura privilegia os sujeitos e seus conhe cimentos de mundo em contextos de uso concreto da linguagem Sobre isso assim se expressa Bakhtin 1992 p 290 apud KOCH 2013 p 12 o lugar mesmo de interação é o texto cujo sentido não está lá mas é construído considerandose para tanto as sinalizações textuais da das pelo autor e os conhecimentos do leitor que durante todo o pro cesso de leitura deve assumir uma atitude responsiva ativa Em outras palavras esperase que o leitor concorde ou não com as ideias do autor completeas adapteas etc uma vez que toda compreensão é prenhe de respostas e de uma forma ou de outra forçosamente a produz Como podemos observar para Bakhtin 1992 no processo de leitura o leitor é um coprodutor do texto uma vez que ele pode se aproximar ou se distanciar das ideias que o texto sugere ao mesclar as suas ideias com as ideias que emergem do texto o que é permitido ao leitor pela natureza da incompletude dos textos Conhecimento Linguístico Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 77 Nesse nosso percurso a respeito do processamento da leitura enfatizamos que ela é uma atividade que se dá na interação autortextoleitor Assim nesse pro cesso convém considerar os elementos linguísticos do texto elemento do qual e por meio do qual se estabelece a interação logo a construção de sentidos em um texto segundo Koch 2013 ocorre a partir de três sistemas de conheci mentos o linguístico o de mundo e o sociointeracional Vamos iniciar com o Conhecimento Linguístico CONHECIMENTO LINGUÍSTICO O Conhecimento Linguístico relacionase ao conhecimento dos elementos gra maticais e lexical presentes em um texto Conforme Koch 2013 com base nesse conhecimento o leitor por exemplo pode compreender a organização do mate rial linguístico na superfície textual Pode compreender a função dos usos dos meios de coesão para possibilitar a sequenciação do texto O leitor pode ainda compreender a seleção lexical adequada ao tema Vejamos a importância do conhecimento linguístico para o processamento da leitura no exemplo que segue A língua penetra na vida através dos enunciados concretos que a realizam e é também através dos enunciados concretos que a vida penetra na língua Fonte Bakhtin 1992 LINGUAGEM E COMUNICAÇÃO Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 II U N I D A D E 78 Para a compreensão dessa tira é necessário entender os valores semânticos dos verbos somos e estamos no contexto em que eles ocorrem pois a construção de seu sentido só é possível ao entendermos a ideia que emergem deles sobre a rapidez de nossa efemeridade neste mundo uma vez que o valor do verbo somos implica em um estado do sujeito um sujeito que é deste mundo Por seu turno o valor semântico do verbo estar tem uma ideia que cor responde a um momento breve neste mundo Certamente poderíamos realizar muitas leituras em relação à tirinha contudo nesse texto o valor atribuído ao verbo estamos é um elemento relevante para a construção de sentido dessa tira que nos permite inferir que estamos de passagem neste mundo Passemos agora ao Conhecimento de mundo CONHECIMENTO DE MUNDO De acordo com Koch 2009 o Conhecimento de mundo referese aos conhe cimentos gerais sobre o mundo Segundo essa linguista há dois tipos de conhecimento de mundo o declarativo constituído por proposições a respeito dos fatos do mundo por exemplo a capital do estado do Paraná é Curitiba somos Tão Passageiros que nÃo somos estamos ANA C COUTO Conhecimento de Mundo Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 79 O episódico constituído por modelos cognitivos4 socialmente adquiridos por meio da experiência A esse respeito Koch 2009 p 23 inspirada em Van Dijk 1989 explica que os modelos constituem conjuntos de conhecimentos sociocultu ralmente determinados e vivencialmente adquiridos que contêm tanto conhecimentos sobre cenas situações e eventos como conhecimentos procedurais sobre como agir em situações particulares e realizar ativi dades específicas São inicialmente particulares já que resultam das experiências do dia a dia determinados espáciotemporalmente por isso estocados na memória episódica Após uma série de experiências do mesmo tipo tais modelos vãose tornando generalizados com abs tração das circunstâncias particulares específicas e quando similares aos dos demais membros de um grupo passam a fazer parte da memó ria enciclopédica ou semântica Como se observa para Van Dijk 1989 esse conhecimento tem um papel muito importante no processo de atribuição de sentidos a um texto Por exemplo se um texto abordar um assunto do qual o leitor não tem conhecimento de nada adianta o conhecimento linguístico pois o texto não seria compreendido Assim quanto mais conhecimento quanto maior acervo cultural maior o poder de leitura de um indivíduo Para exemplificação sobre o conhecimento de mundo observe o texto a seguir Fonte autor desconhecido 4 Algumas literaturas denominam frames cenários esquemas modelos mentais Alguém aí pergunta pro Jota Quest quando é que vai ficar fácil extremamente fácil LINGUAGEM E COMUNICAÇÃO Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 II U N I D A D E 80 Se não considerarmos o conhecimento de mundo como então alunoa com preender esse enunciado Para a compreensão desse texto é preciso que o leitor tenha conhecimento sobre a canção Fácil da banda Jota Quest Dessa forma o leitor poderia levantar hipóteses criar expectativas e inferir por exemplo que o produtor desse enunciado possivelmente está enfrentando uma situação com plicada laboriosa Diante disso é importante que você entenda que o conhecimento de mundo é aquele que fica armazenado na memória de cada indivíduo e por ocasião do processamento de uma determinada informação o leitor acessaos para que a atribuição de sentidos seja estabelecida isto é é preciso ativar o conhecimento de mundo para produzir sentido por meio do que está posto linguisticamente nos enunciados No próximo tópico nós nos ocuparemos do Conhecimento Sociointeracional CONHECIMENTO SOCIONTERACIONAL Para Koch 2009 o Conhecimento Sociointeracional compreende as formas de interação por meio da linguagem e engloba os conhecimentos do tipo Ilocucional Comunicacional Metacomunicativo e Superestrutural O Conhecimento Ilocucional permite que o leitor reconheça as intenções os propósitos que um falante em uma determinada situação comunicativa pre tende atingir No trecho a seguir extraído da música Vaca Estrela e Boi Fubá de Patativa do Assaré observe um exemplo do conhecimento Sociointeracional Conhecimento Socionteracional Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 81 Fonte Di Paulo e Paulino online Há situações de comunicação em que a construção da produção de sentido fundamentase na ausência do Conhecimento Ilocucional Para um melhor entendimento sobre esse recurso proponho que você reflita sobre este texto PARA QUEM NÃO DORME DE TOUCA Na infância ele era diferente Acreditava nos outros acreditava nas coisas Quando alguém dizia Por que não vai ver se estou na esquina Ele corria até a esquina olhava espe rava um pouco reconfirmava e voltava Não tem ninguém na esquina Texto de Ignácio Loyla Brandão extraído de KOCH p472013 Como podemos observar aluno a a ausência do Conhecimento Ilocucional nesse exemplo provoca o efeito de sentido que a situação sugere uma vez que o personagem entendeu de forma literal o sentido da expressão vai ver se estou na esquina pois o falante dessa situação não entendeu a intenção comunicativa proposta pelo seu interlocutor VACA ESTRELA E BOI FUBÁ Seu dotô me de licença Pra minha história contá Hoje eu tô na terra estranha E é bem triste o meu pená Mas já fui muito feliz Vvendo no meiu lugá Eu sou fio do nordeste Não nego o meu naturá Mas uma seca medonha Me tangeu de lápra cá Lá eu tinha o meu gadinho Não é bom nem imaginá Minha linda vaca Estrela E o meu belo boi Fubá LINGUAGEM E COMUNICAÇÃO Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 II U N I D A D E 82 Portanto podemos apreender que a falta do Conhecimento Ilocucional o estra nhamento do grupo de crianças da atualidade chama a atenção para o princípio de que a atribuição de sentidos em um determinado enunciado não está somente no texto naquilo que é dito mas também está naquilo que é implicitamente sugerido nãodito5 O Conhecimento Comunicacional conforme Koch 2013 relacionase com a quantidade de informação necessária em uma situação comunicativa para que o falanteleitor seja capaz de reconstruir o objetivo do produtor do texto Há necessidade também de que os elementos linguísticos sejam adequados à situação de interação Ainda segundo Koch é necessário que haja uma adequa ção do gênero textual por exemplo à situação de interação Vamos a exemplos que revelam a importância do Conhecimento Comunicacional TEXTO 4 5 Sobre o nãodito veja alunoa a unidade V deste livro preste atenção esse medicamento não deve ser usado em caso de função da medula insuficiente após tratamento citostático ou doenças do sistema he matopoiético ok NÃO SE ESQUEÇA ESSE MEDICAMENTO NÃO DEVE SER USADO EM CASO DE FUNÇÃO DA MEDULA INSUFICIENTE APÓS TRATAMENTO CITOSTÁTICO OU DOENÇAS DO SISTEMA HEMATOPOIÉTICO OK Conhecimento Socionteracional Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 83 TEXTO 5 No texto 4 há o uso da linguagem mais cientifica técnica que somente àque les que fazem parte da área médica conseguiriam manter uma interação verbal satisfatória Por outro lado se considerarmos a linguagem médica direcionada a um paciente sem conhecimento dessa linguagem possivelmente não enten deria o que ocorre com relação a sua saúde por exemplo De igual maneira no texto 4 podese inferir que há uma inadequação da linguagem diante da situação comunicativa uma vez que pelo contexto apresen tado no texto 45 tratase de uma entrevista de emprego na qual o entrevistado está pleiteando uma vaga para a área de língua portuguesa e ao considerarse essa situação de comunicação esperase uma linguagem mais formal e não uma linguagem coloquial como a apresentada pelo falante como em acho bão pois esse tipo de linguagem a coloquial é adequada para uso em ambientes mais informais como reuniões familiares encontro com amigos Já o texto 6 é um excelente exemplo do que vem a ser o Conhecimento Comunicacional já que a fala do segundo quadrinho da tirinha faz uma sele ção de uso da língua gem adequada à situação comunicativa Vamos ao texto 6 ANALISEI O SEU CURRÍCULO E GOSTARIA DE SABER O QUE VOCÊ ACHA DE ASSUMIR A DISCIPLINA DE LÍNGUA PORTUGUESA ACHO MUITO BÃO LINGUAGEM E COMUNICAÇÃO Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 II U N I D A D E 84 TEXTO 6 Fonte Mulher 30 online Como você pode observar o Conhecimento Comunicacional nessa tirinha evidenciase por meio dos elementos linguísticos especificamente quando a personagem feminina adequa a sua fala ao uso de expressões que se revelam mais peculiares à linguagem do gênero masculino Nesse sentido evidentemente essa tirinha nos permite uma leitura que toca em um campo sutil de valores sociais convencionais como o discurso clássico de que homens são insensíveis ao romantismo Diante disso podemos entender que a fala da personagem feminina faz uma adequação de sua linguagem a fim de alcançar os seus propósitos comu nicativos Assim podemos inferir que essa tira retrata que há uma postura linguística que é socialmente mais apropriada para um sexo do que para outro isto é a autora da tirinha Mulher de 30 muito espirituosamente mostra que há diferentes maneiras de dizer de significar aquilo que queremos sem alterar o valor de verdade das coisas Em vista disso as mensagens dos primeiros enunciados são marcadas pela ausência do Conhecimento Comunicacional observem que tanto no texto 4 quanto no texto 5 não existe uma adequação quanto ao uso da linguagem quanto aos papeis dos interlocutores quanto à mensagem e aos propósitos comunicativos Diante dessa exposição é possível entender a relevância sobre o Conhecimento Comunicacional à construção de sentidos haja vista que se uma linguagem Conhecimento Socionteracional Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 85 apresentar um vocabulário inadequado ao seu contexto de uso se os participantes de uma dada situação de interação não compartilharem da mesma linguagem o processamento interativo fica comprometido Outro Conhecimento que consti tui o Conhecimento Sociointeracional referese ao conhecimento Metacognitivo Vejamos a seguir a importância desse recurso à construção de sentidos em um enunciado Conhecimento Metacognitivo de acordo com Koch 2009 é aquele que permite ao locutor assegurar a compreensão do texto e conseguir a aceitação pelo seu interlocutor dos objetivos pelos quais é produzido Conforme Koch 2009 há vários tipos de ações linguísticas presentes em um texto que são importantes para assegurar a compreensão do enunciado como a introdução de sinais de articulação como a organização textual pará frases repetições etc Vejamos o exemplo da fala de Guimarães Rosa para um melhor entendimento sobre esse Conhecimento Observe o realce na grafia do prefixo in que tem a função de chamar a aten ção do leitor à mensagem desse texto Nesse caso destacase a importância de o leitor ter conhecimento sobre o elemento linguístico prefixo que serve para formar palavras em que se adicionado à palavra felicidade o leitor construiria um sentido negativo como não felicidade ou um sentido de oposição a pala vra felicidade infelicidade Infelicidade é questão de prefixo LINGUAGEM E COMUNICAÇÃO Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 II U N I D A D E 86 A partir disso Guimarães Rosa por meio do recurso linguístico in atribui de maneira prática o sentido de algo profundo para as pessoas um sentimento que pode ser marcado pela reversibilidade ora feliz ora infeliz e para tanto basta ao leitor acrescentar ou não o prefixo in isto é ser in feliz é de fato uma questão de escolha gramatical Há ainda segundo Koch 2013 um ter ceiro Conhecimento que se relaciona ao Conhecimento Sociointeracional O Conhecimento Superestrutural Esse conhecimento é também denominado de gêneros textuais Koch 2013 p 54 explica que A identificação de textos como exemplares adequados aos diversos eventos da vida social Envolve também conhecimentos sobre as ma crocategorias ou unidades globais que distinguem vários tipos de tex tos bem como sobre a ordenação ou sequenciação textual em conexão com os objetivos pretendidos Conforme expõe Koch 2013 esse conhecimento permite aos falantes reconhe cerem textos como exemplares de terminado tipo ou gênero Para uma melhor compreensão a esse respeito vejamos os exemplos que seguem TEXTO 7 Figura 3 Gênero email Fonte Windows Microsoft online Conhecimento Socionteracional Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 87 TEXTO 8 Reconhecemos na figura 7 o gênero textual email que sabemos que se trata de um gênero do meio eletrônico que tem por função básica possibilitar o envio e recebimento de mensagens Quanto ao texto 8 sabemos tratarse de uma receita culinária Nesse sen tido nosso conhecimento sobre gêneros textuais nos alerta que o texto 8 por exemplo não é uma fábula ou uma carta de reclamação mas sim uma receita culinária que constituí os gêneros da ordem do instruir Como vimos até aqui ler é construir sentidos e essa construção é social com diferentes contextos e intenções que cercam a produção de sentidos Dessa forma ler é um processo que envolve não só a mundividência do leitor mas os conhecimentos sobre diferentes tipos de gêneros textuais sua organização textual conhecimentos lexicais sintáticos semânticos e pragmáticos isto é a compre ensão a atribuição de sentidos ao um texto depende de vários conhecimentos RECHEIO DE SONHO DE VALSA PARA BOLOS Ingredientes 1 lata de leite condensado 1 e ½ lata de creme de leite 15 bombons Sonho de Valsa Modo de preparo Bata no liquidificador o creme de leite o leite condensado e 10 bombons So nho de Valsa até virar um creme Leve esse creme ao fogo e mexa até ele engrossar Deixe esfriar Pique os 5 bombons Sonho de Valsa que restaram e incorpore ao creme frio Pronto Agora é só rechear o seu bolo LINGUAGEM E COMUNICAÇÃO Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 II U N I D A D E 88 CONSIDERAÇÕES FINAIS Chegamos ao fim de mais uma unidade Como ponto de partida para os estudos sobre LINGUAGEM E COMUNICAÇÃO Desta unidade II trouxemos como foco a perspectiva Funcionalista da linguagem que considera em suas análises a relação entre os meios linguísticos em seus contextos naturais de uso Por meio desse quadro Funcionalista da linguagem também nos ocupamos dos estudos do processo comunicativo e as funções da linguagem propostos pelo linguista Roman Jakobson Vimos por meio desse estudo que as funções da lin guagem são seis referencial emotiva apelativa fática poética e metalinguística que assumem diferentes funções vinculadas ao ato de significar que envolve con texto locutor alocutário o código linguístico a mensagem e o canal Na unidade II vimos sobre o processamento da leitura e para tanto recor remos aos estudos da Linguística Textual e à noção de sujeito vinculado aos estudos de Bakhtin Dessa forma enfatizamos a importância da relação entre a linguagem em seus contextos de usos para que a construção de sentidos dos enunciados se estabeleça Em vista disso buscamos trazer a você alunoa os estudos desenvolvidos por Koch a respeito da interação autortextoleitor Do processamento de leitura assim entendemos que a natureza dialógica da linguagem constrói os sentidos a partir de alguns conhecimentos como o Linguístico o Comunicacional e o Sociointeracional Com base na discussão desse tópico vimos que o processa mento da leitura depende de fatores que extrapolam a superfície textual uma vez que ler é interagir é construir significado para o texto por meio do texto e com o texto 89 1 As propagandas em meios impressos eletrônicos e ou televisivos direcionamse aos seus interlocutores a partir do predomínio de umas das funções da lingua gem que vimos na unidade II Assim indique que função da linguagem é essa e justifique sua resposta 2 Vimos nesta unidade que o processamento de leitura extrapola o nível do texto Nesse sentido explique a importância do Conhecimento de mundo para que o processo de leitura seja satisfatório 3 Sobre o processamento de leitura vimos que para Koch 2013 p 11 o sentido de um texto é comstruído na interação textosujeitos e não algo que preexista a essa interação Diante da visão dessa linguísta analise a imagem abaixo e explique como pode ser contruída a atribuição de sentidos neste enunciado Para isso elabore um texto entre 8 e 12 linhas Fonte EAD Unicesumar online A IMPORTÂNCIA DA LEITURA DIALÓGICA A presente unidade em um dos tópicos contemplou o processamento de leitura Dian te disso vimos a importância de se adotar uma leitura dialógica na construção das mais diferentes realidades nas interações sociais Assim compreender os fatores que cons troem os sentidos nos enunciados como o Conhecimento de Mundo Conhecimento Comunicacional e o Conhecimento Sociointeracional é condição inalienável para um leitor perceber que a construção de sentidos de um enunciado não se limita tão somen te a extração de informações de um texto A leitura dialógica possibilita que seja realizado um confronto de perspectivas e de re construção de atitudes diante do mundo isto é a leitura dialógica vai além da relação entre o leitor e as unidades de sentido na construção de significados possíveis Em vista disso no processo de leitura há então um confronto entre autortextoleitor pois o leitor abandonará uma atitude de passividade diante do texto e passará a ser participante do processo de reconstrução de sentidos porque ele não está só nesse processo de leitura pelo contrário juntamente com o leitor estão sua cultura sua con cepção de língua gem seus procedimentos interpretativos sua ideologia etc Fonte a autora Em consonância à perspectiva dialógica da linguagem sugiro a você alunoa a leitura deste trecho extraído dos Parâmetros Curriculares Nacionais que assim define leitura A leitura é o processo no qual o leitor realiza um trabalho ativo de compreensão e in terpretação do texto a partir de seus objetivos de seu conhecimento sobre o assunto sobre o autor de tudo o que sabe sobre a linguagem etc Não se trata de extrair infor mação decodificando letra por letra palavra por palavra Tratase de uma atividade que implica estratégias de seleção antecipação inferência e verificação sem as quais não é possível proficiência É o uso desses procedimentos que possibilita controlar o que vai sendo lidos 70 permitindo tomar decisões diante de dificuldades de compreensão avançar na busca de esclarecimentos validar no texto suposições feitas Um leitor com petente sabe selecionar dentre os textos que circulam socialmente aqueles que podem atender a suas necessidades conseguindo estabelecer as estratégias adequadas para abordar tais textos O leitor competente é capaz de ler as entrelinhas identificando a partir do que está escrito elementos implícitos estabelecendo relações entre o texto e seus conhecimentos prévios ou entre o texto e outros textos já lidos Fonte Parâmetros 1998 p 6970 Material Complementar MATERIAL COMPLEMENTAR Comunicação nos Textos Norma Discini Editora Contexto Ano 2012 Sinopse Esta obra pretende romper os limites que cercam a comunidade dos estudiosos da linguagem Apresenta se como livro didático e destinase aos não iniciados nos estudos do discurso Tem como objetivo descrever e levar o leitor a descrever mecanismos de construção do sentido nos textos examinados para além da aparência e como construção linguageira do mundo A descrição se respalda por refl exões teóricas e subsidia a produção de texto considerada um fi m a ser perseguido continuamente O Artista Ano 2011 Sinopse Um dos fi lmes mais recentes e um exemplo prototípico de metalinguagem no cinema podem ser conferidos por meio do fi lme O Artista de Michel Hazanavicius Em pleno século XXI o diretor criou um fi lme mudo e em preto e branco para mostrar as transformações pelas quais o cinema e os atores passaram a partir da década de 1930 quando o som chegou às telas procurando aproximar o cinema da vida real UNIDADE III Professora Me Fátima Christina Calicchio A EXPRESSÃO ESCRITA E A SEMÂNTICA Objetivos de Aprendizagem Compreender e refletir sobre as regras ortográficas Compreender e refletir sobre as regras de acentuação Refletir sobre algumas questões notacionais da língua Compreender o que é semântica Compreender e refletir sobre a importância da duplicidade de sentidos na reconstrução dos enunciados Plano de Estudo A seguir apresentamse os tópicos que você estudará nesta unidade Ortografia Questões Notacionais da Língua Acentuação Semântica Sinonímia e Antonímia Hiponímia e Hiperonímia Polissemia Ambiguidade na Construção dos Enunciados INTRODUÇÃO Para iniciar os estudos sobre A EXPRESSÃO ESCRITA E A SEMÂNTICA preocupamonos em fornecer instrumentos para que você possa praticar sua capacidade de compreensão análise e reflexão sobre a expressão escrita orto grafia e suas possibilidades de sentidos semântica Vimos na unidade I que a língua tem convenções próprias e a grafia adequada das palavras por exemplo é regida por essas convenções No início da alfabeti zação um falante começa a tomar conhecimento dessas convenções Depois à mediada que amplia suas práticas de leitura e escrita consolida o seu conheci mento sobre a expressão escrita ortografia e a expressão de sentido semântica Isso significa que o domínio desses saberes é processual Em vista disso seguimos com a abordagem Pragmática da linguagem que envolve a descrição e reflexão sobre os elementos linguísticos em seus contextos de uso Nesse sentido organizamos esta unidade da seguinte maneira Primeiramente apresentaremos o conceito sobre ortografia e os empregos das palavras na construção dos enunciados Na sequência nos ocuparemos da exposição e conceito de casos notacionais da língua em situações comunicati vas que circulam na sociedade No tópico seguinte nós nos ocuparemos também sobre a acentuação das palavras Seguiremos nossos estudos com o conceito de semântica e os ele mentos tratados por esse saber como Sinonímia e Antonímia Hiponímia e Hiperonímia Polissemia E por fim fecharemos esta unidade com reflexões sobre a Ambiguidade na Construção dos Enunciados Introdução Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 95 A EXPRESSÃO ESCRITA E A SEMÂNTICA Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 III U N I D A D E 96 ORTOGRAFIA Na educação básica na oralidade já revelamos nosso domínio sobre regras bási cas do sistema linguístico O nosso contato com as regras da modalidade escrita amplia gradativamente nossa capacidade de reconhecer a natureza dos even tos comunicativos diversos e de fazer escolhas adequadas de uso da língua Essas escolhas adequadas contribuem para a nossa mobilidade social Diariamente somos expostos a práticas sociais especializadas que exigem o nosso planejamento sobre a nossa fala e nossa escrita Essas práticas exigirão por exemplo que utilizemos vocabulários específicos e observação de regras de prestígio definidas pela gramática normativa1 Isso significa que a nossa relação com essas situações indicará a nossa competência comunicativa Em vista disso ter um amplo repertório de recursos comunicativos possi bilita uma comunicação mais adequada e precisa Esse repertório é construído a partir de nossas experiências no convívio social e nas práticas de letramento e nesse espaço a aprendizagem ganha relevância Assim cabe à instituição escolar o ensino da norma padrão isto é a varie dade linguística exigida nas práticas sociais especializadas Há normas que regem essa língua de prestígio e é fundamental conhecêlas Contudo quem nunca ficou com dúvida sobre como escrever alguma palavra Se é com J ou G quando usar S ou Z Quantas vezes já perguntamos e já nos perguntaram isso Nessas situações de dúvida a consulta a um dicionário sempre ajudará Para um melhor entendimento sobre os empregos adequados das letras 1 Veremos esse conteúdo na unidade IV deste livro Ortografia Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 97 palavras vamos ao conceito de ORTOGRAFIA Segundo Ferreira 1992 p 15 ortografia tem por função definir normas segundo as quais as palavras devem ser escritas para que sejam consideradas corretas Isso significa que existe um con junto de regras da gramática normativa que define a escrita correta das palavras Etimologicamente a ortografia surgiu da combinação de elementos de origem grega orto reto direto correto grafia representação escrita de uma palavra Nesse sentido muitas palavras da língua portuguesa têm sua grafia com base em sua etimologia Para que possamos compreender a relevância da orto grafia vejamos o texto 9 Texto 9 A polícia de Florianópolis conseguiu colocar as mãos em um ladrão de carros e colocálo na cadeia devido um fato inusitado O lará pio derrapou no português e foi preso devido uma placa clonada É que ao fazer a cópia da chapa o bandido distraído trocou uma letra e gravou Frorianopolis2 No texto 9 temos o caso do comerciante que viajava por uma rodovia brasileira em Toyota em 2006 Esse é um bom exemplo da importância da ortografia visto que por um erro de grafia da palavra Florianópolis o comerciante despertou a atenção dos policiais e foi parado pela polícia rodoviária porque a placa do automóvel estava com a grafia Frorianopolis isto é a palavra Florianópolis foi grafada com um r em vez de um l Grosso modo a inadequação ortográfica se deve à própria complexidade das regras de ortografia que faz com que seja muito difícil dominar todas as suas peculiaridades Além disso nem sempre é possível recorrer ao dicionário quando surge alguma dúvida 2 Disponível em httpwwwochefaodanoticiacombr201406placacronadaladraodecarrosepreso htmlmore Acesso em 31082015 A EXPRESSÃO ESCRITA E A SEMÂNTICA Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 III U N I D A D E 98 QUESTÕES NOTACIONAIS DA LÍNGUA Como vimos na introdução desta unidade entender o motivo pelo qual algumas palavras que você conhece são grafadas proporcionará mais segurança para escre ver várias outras que seguem a mesma regra É sobre isso que trataremos a seguir O USO DE J OU G O uso da letra J conforme Cereja 2013 Usase nas palavras de origem árabe afri cana e indígena como pajé jiboia biju Em palavras derivadas de outras que já possuem J em seu radical laranjeira deri vado da palavra laranja sujeira derivado da palavra sujo Uso da letra G Usase nas terminações ágio égio ígio ógio úgio como em prestígio refúgio Nas terminações agem igem ugem como em garagem ferrugem Atenção Exceções como pajem e lambujem EMPREGO DE X OU CH Uso da letra X De acordo com os estudos de CEREJA 2013 usase Questões Notacionais da Língua Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 99 Normalmente depois de ditongo como em caixa peixe trouxa Exceções Caucho recauchutar recauchutagem Depois de me em iniciais de palavras como mexer mexilhão enxaqueca Exceções Mecha e derivados Observe que no texto 1 há um uso inadequado da palavra mexer que não se aplica a regra que acabamos de estudar Texto 1 Fonte Só Português online Depois de en nas iniciais de palavras como enxurrada enxaqueca Exceções Encher encharcar enchumaçar e derivados Caso você consulte o dicionário e ainda fique com dúvidas quanto à gra fia de determinada palavra Você pode consultar o vocabulário ortográfico da língua portuguesa VOLP elaborado pela Academia Brasileira de Le tras pela internet O VOLP encontrase no endereço disponível em http wwwacademiaorgbr Fonte a autora A EXPRESSÃO ESCRITA E A SEMÂNTICA Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 III U N I D A D E 100 USO DO S OU Z Conforme Cereja 2013 devese usar o s Nos sufixos ês esa e isa usados na formação de palavras que indicam nacionalidade profissão estado social títulos honoríficos A saber chi nês chinesa burguês burguesa poetisa Nos sufixos oso e osa que têm a noção de cheio de normalmente esses sufixos são usados na formação de adjetivos como delicioso generoso gelatinosa Ainda segundo Cereja 2013 usase a letra z Nos sufixos ez eza que são geralmente usados para formar substanti vos abstratos derivados de adjetivos como rigidez rígido riqueza rico Quando um verbo é formado a partir da soma de um nome substantivo adjetivo sufixo izar como em animal izar animalizar O uso de ç s e ss também provocam muitas dúvidas Vejamos um exemplo de inadequação quanto à grafia da palavra ALMOÇAR Texto 11 Pelo exemplo do texto 11 certa mente o falante possui uma baixa escolaridade e fez o emprego de ss em vez de ç com base no som des ses vocábulos que são iguais Agora vamos às regras para que você possa compreender a forma ade quada quanto ao uso dessas letras FUI AO MOSSAR Questões Notacionais da Língua Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 101 O USO DO Ç Usase Ç em palavras derivadas de vocábulos terminados em to como em intento intenção canto canção exceto exceção Usase Ç em palavras derivadas do verbo ter na terminação como deten ção deter obtenção obter Usase Ç após ditongo quando houver som de s como eleição traição Usase Ç em verbos terminados em çar cujo substantivo equivalente seja terminado em ce ou em ço Observe este exemplo Texto 12 Fonte Só Português online O texto 12 chama a nossa atenção para o fato de que escrever uma palavra de forma inadequada pode por exemplo impactar na demanda de clientes do salão Espaço de beleza haja vista que o uso da palavra Espasso nesse contexto não corresponde nem à regra de uso de Ç nem do ss que nos ocuparemos a seguir A EXPRESSÃO ESCRITA E A SEMÂNTICA Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 III U N I D A D E 102 USO DO SS Escrevemos com ss os substantivos derivados de verbos terminados em gre dir agredir agressão meter comprometer compromisso mitir omitir omissão ceder exceder excesso cutir discutir discussão USO DO S Escrevemos com s as palavras derivadas de verbos que têm em seu radical ND como pretensão pretender RT inversão inverter RG aspersão aspergir PEL expulsão expelir A FIM DEAFIM DE A fim de usase para indicar uma finalidade um propósitointenção do falante Observe uma inadequação quanto ao uso dessa locução prepositiva3 no Texto 1 Fonte Mulher 30 online 3 Conjunto de duas ou mais palavras que em o valor de uma Exemplo Apesar de em vez de ao invés de junto com graças a a respeito de entre outras Questões Notacionais da Língua Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 103 Conforme a fala da personagem dessa tirinha Ricardo não tem mais a inten çãoa vontade uso informal de ficar com alguém No contexto do texto 1 o recomendável seria Ele não está a fim de você Da forma que foi usado afim de indica que Ricardo não está mais afinidade com a rigor essa constru ção seria incoerente contudo como os falantes tomam estas expressões a fim de e afim de como sinônimas a comunicação foi estabelecida Vamos agora a definição de afim de Afim de pode funcionar como adjetivo nesse caso assume o valor de semelhante parecido próximo Se dentro de um contexto a construção afim de for um substantivo assume o valor de afinidade aliados adepto Para um melhor entendimento sobre essa construção leiamos este enunciado ESTÁGIO EM RH Empresa não informado Área de atuação administrativoescritório Atividades Rotinas administrativas Auxílio em recrutamento e seleção Atendimento ao público Informações Necessário estar cursando Administração Ciências Contábeis Gestão de Recur sos Humanos ou áreas afins Escolaridade Ensino Superior Data 31082015 Email rhempregoscombr Imprimir vaga de emprego Quadro 1 Exemplo de uso de afins Fonte adaptado de Maringácom Esse exemplo mostra um uso adequado de afim uma vez que nesse contexto essa palavra tem a função de adjetivo e equivale a áreas próximas semelhantes Agora observe no texto 13 a construção afim de com valor de substantivo A EXPRESSÃO ESCRITA E A SEMÂNTICA Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 III U N I D A D E 104 Texto 13 AO INVÉS DE OU EM VEZ DE Conforme Cereja 2013 ao invés de equivale ao contrário de Isto é é recomen dável o uso dessa expressão quando em um contexto ela indicar ideias contrárias opostas Vejamos um exemplo Ao invés de equivale ao contrário de Isto é é recomendável o uso dessa expressão quando em um contexto ela indicar ideias contrárias opostas Exemplo Ao invés de criticar incetive Em vez de empregase quando no seu contexto de uso indicar substituição em lugarde isto é empregase essa construção para indicar ações diferentes conforme o exemplo que segue Exemplo Em vez de ir ao cinema foi ao teatro HÁ A Segundo Cereja 2013 devese usar há Com referência a tempo passado Quando faz referência ao verbo haver Há mensagens interessantes nas canções da Trupe O Teatro Mágico Com referência a tempo futuro A dois minutos da peça o autor ainda retocava a maquiagem CEREJA 2013 p70 Com referência a distância As receitas de A Nova Culinária Vegana conseguem a façanha de reunir todo mundo desde os afins de churrasco e até os vegetarianos mais estritos ao redor da mesma mesa para desfrutar de refeições apetitosas e inspiradoras in teiramente à base de vegetais Fonte adaptado de Apcius online Sabem que a paz é um outro nome da própria vida Vivemos desde há me ses sob a permanente ameaça do regresso à guerra Discurso proferido por Mia Couto ao receber o título doutor honoris causa pela universidade politécnica de Maputo Fonte Couto online Questões Notacionais da Língua Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 105 Morava a cinco quadras daqui CEREJA 2013 p70 MAS OU MAIS Segundo Bechara 2006 mas tratase a uma conjunção adversativa que aponta uma oposição entre duas ideias expressas Observe este exemplo Acabouse o tempo das ressureições mas continua o das insurreições BECHARA 2006 p 321 Conforme Cereja 2013 mais indica quantidade é o contrário de menos Gostaria de ficar mais com você mas não posso CEREJA 2013 p71 Emprego de Por que por quê porque e porquê A seguir trataremos do emprego do vocábulo PORQUE a fim de que você alunoa se mostre sensível ao grau de formalismo da língua necessário a cada situação de comunicação A seguir você terá a oportunidade de revisar as regras de uso de POR QUE POR QUÊ PORQUE e POR QUÊ POR QUE Usado no início de frases interrogativas e indiretas É possível encontrar usos desse emprego do POR QUE equivalentes a pelo qual por qual por que motivo Observe que no texto 14 há o emprego do por que no início de uma oração interrogativa direta Texto 14 Fonte Mulher 30 online A EXPRESSÃO ESCRITA E A SEMÂNTICA Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 III U N I D A D E 106 Agora vejamos um emprego do por que com valor de por qual motivo por qual razão Texto 15 POR QUÊ Empregase POR QUÊ em final de frases interrogativas ou antes de uma pausa forte A ideia de motivo está implícita em textos com o uso desse POR QUÊ Vamos ao exemplo do uso desse POR QUÊ do texto 16 Texto 16 PORQUE Empregase o PORQUE quando a expressão equivale a uma vez que já que haja vista que pois Isso significa que o PORQUE pode ser uma con junção causal explicativa ou de finalidade Para ilustrar o uso desse vocábulo atentese ao exemplo no texto 17 Se a virtude pode ser ensinada como creio é mais pelo exemplo do que pelos livros Então por que um tratado das virtudes Para isso talvez tentar compre ender o que deveríamos fazer ou ser ou viver e medir como isso pelo menos intelectualmente o caminho que daí nos separa Tarefa modesta tarefa insufi ciente mas necessária Grifo da autora Trecho extraído do livro Pequeno Tratado das Grandes Virtu des André ComteSponville 2009 p 7 Exatamente quando eu não queria eu conheci você eu não sei por quê Não sei por quê Capital Inicial Grifo da autora Questões Notacionais da Língua Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 107 Texto 17 Observe caroa alunoa que o porque em destaque no texto tem um valor equivalente a ama uma vez que ama Ou ainda ama já que ama PORQUÊ Empregase o PORQUÊ em situações que em que ele for substantivado isto é quando o PORQUÊ assumir um valor de substantivo em situações que será sinônimo de motivo razão Para exemplificarmos o uso dessa palavra usaremos novamente o trecho do livro de Rubem Alves Texto 18 O amor não tem porquês Jesus pinta um rosto de deus que a sabedoria não pode entender Ele não faz contabilidade Não soma nem virtudes nem pecados Assim é o amor Não tem porquês Semrazões Ama porque ama Não faz contabilidade nem do mal nem do bem Rubem Alves do livro O Deus que conheço grifo da autora Disponível em httpslaionmonteirowordpresscom20100625oamornaotempor ques Acesso em 24 nov 2015 O amor não tem porquês Jesus pinta um rosto de deus que a sabedoria não pode entender Ele não faz contabilidade Não soma nem virtudes nem pecados Assim é o amor Não tem porquês Rubem Alves do livro o Deus que conheço grifo da autora Disponível em httpslaionmonteirowordpresscom20100625oamornaotempor ques Acesso em 24 nov 2015 A EXPRESSÃO ESCRITA E A SEMÂNTICA Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 III U N I D A D E 108 Como podemos observar alunoa as ocorrências dos vocábulos em destaque funcionam como substantivos nesse contexto uma vez que o uso dessas pala vras é sinônimo de razão motivo conforme explica a formalidade linguística Caroa acadêmicoa até aqui preocupamonos em mostrar a você a impor tância de uma escrita adequada para que as pessoas tenham mais êxito em suas práticas sociais No tópico que segue também objetivamos mostrar a impor tância de outra questão da linguagem a ACENTUAÇÃO ACENTUAÇÃO Para iniciarmos o nosso estudo sobre a importância da acentuação vamos refle tir sobre este enunciado QUEM BEBE E DIRIGE PODE MATAR OU MORRER4 Agora alunoa imagine se o produtor desse enunciado não fosse tão sen sível ao formalismo linguístico e tivesse usado o acento circunflexo no verbo bebe nesse caso teríamos o substantivo bebê e consequentemente um con texto incoerente pois nos permitiria a seguinte paráfrase QUEM BEBÊ PODE MATAR OU MORRER Diante disso em se tratando de conhecimentos gramaticais um dos tópi cos que merece atenção é a acentuação gráfica afinal ter conhecimentos sobre as regras de acentuação nesse enunciado por exemplo funcionou como um sinalizador a mais a ser considerado na produção de sentido tal como podemos verificar pelo enunciado que se trata de uma campanha lançada pelo Denatram de conscientização direcionada a todos os segmentos da sociedade em que as pessoas são orientadas a não dirigir depois de consumir bebida alcoólica Agora vejamos algumas regras de acentuação Regras de acentuação gráfica segundo Bechara2008 4 Disponível em httpeuqueroajudarcuritibafileswordpresscom201209direc3a7c3a3oebebidajpg Acesso em 15 nov 2015 Acentuação Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 109 Levam acento agudo ou circunflexo os monossílabos tônicos termina dos em a s e s o s Exemplos lá pás fé lê pé pés mó só sós Levam acento agudo ou circunflexo os oxítonos terminados em a s es os em ens Exemplos Macapá Carajás café você cipó avô também parabéns Levam acento agudo ou circunflexo os paroxítonos terminados em r is n l us x ps ãs ãos e em ditongo Exemplos caráter táxi táxis lápis tênis pólen éden hífen vírus tórax ônix fênix bíceps órfã irmã órfãs irmãs órgão órgãos Levam acento agudo ou circunflexo todos os proparoxítonos Exemplos lâmpada cômodo levíssimo A EXPRESSÃO ESCRITA E A SEMÂNTICA Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 III U N I D A D E 110 CASOS ESPECIAIS Levam acento os ditongos abertos éi ói e éu Exemplos anéis dói céu Quadro 2 Acentuação de ditongos abertos Fonte a autora Levam acento as vogais i e u tônicas dos hiatos seguidas ou com s nos vocábulos oxítonos e paroxítonos Exemplos aí pais baú gaúcho sanduíche Quadro 3 Acentuação de hiatos Fonte a autora O que são monossílabos tônicos e monossílabos átonos Chamamse monossílabos tônicos as palavras de uma sílaba que têm inten sidade sonora forte Os monossílabos átonos por terem intensidade sonora fraca acabam por apoiaremse em outras palavras tônicas Além do aspecto fonético diferenciamse também pelo significado os monossílabos tônicos têm significação própria enquanto os monossílabos átonos só assumem significado quando estabelecem relação entre outras palavras Os monossílabos que pertencem às classes dos substantivos adjetivos ad vérbios além de alguns pronomes etc são tônicos Por exemplo flor má dá três São monossílabos átonos as preposições as conjunções os artigos e alguns pronomes oblíquos como me nos lhe mas de o Fonte Cereja 2013 De acordo com a reforma ortográfica não se acentuam os ditongos abertos em ei e oi dos vocábulos paroxítonos como ideia estreia heroico asteroide Após a reforma ortográfica não se acentuam mais o I e o U tônicos dos hiatos nos vocábulos paroxítonos precedidos de ditongos Feiura baiuca Acentuação Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 111 Não se acentua mais os hiatos oo ee Exemplo enjoo voo coo deem veem releem EMPREGO DO ACENTO DIFERENCIAL Usase o acento circunflexo na 3ª pessoa do singular do verbo poder no pretérito perfeito do indicativo para diferenciálo da forma verbal desse verbo no presente Exemplo de pôde O escritor holandês Thierry Baudet não pôde contestar o discurso da escri tora senegalesa Fatou Diome no debate sobre imigração e racismo em que o tema era Acolher ou não a miséria do mundo Fonte a autora Exemplo de pode O programa completo com a participação de Fatou Diome pode ser visto em francês no canal do youtube do programa Ce soir Fonte Blogueiras feministas online grifo da autora Para que serve a acentuação A acentuação serve para auxiliar a representação escrita da linguagem Quando ouvimos distinguimos com facilidade uma sílaba tônica de uma sílaba átona Quando lemos entretanto isso não é tão fácil o que pode di ficultar a leitura Assim os sinais de acentuação cumprem o papel de dis tinguir na escrita palavras de grafia idêntica mas de tonicidade diferente como secretáriasecretaria babababá mágoamagoa públicopublico etc Fonte Cereja 2013 p 87 A EXPRESSÃO ESCRITA E A SEMÂNTICA Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 III U N I D A D E 112 Quadro 9 Acento diferencial Fonte a autora VEM OU VÊM TEM OU TÊM INTERVEM OU INTERVÊM a Os verbos vir e ter na 3ª pessoa do plural do modo indicativo recebem o acento circunflexo para diferenciálos da 3ª pessoa do singular Observe estes exemplos b O acadêmico vem ao polo de apoio presencial também para realizar ati vidades avaliativas verbo vir na 3ª pessoa do singular c Os estudantes vêm ao polo de apoio presencia também para realizarem atividades avaliativas verbo vir na 3ª pessoa do plural d O acadêmico dos cursos EAD tem a opção de assistir aulas ao vivo pela internet sob demanda ou ainda em seu polo de apoio presencial verbo ter na 3ª pessoa do singular e Os acadêmicos dos cursos EAD têm a opção de assistir aulas ao vivo pela internet sob demanda ou ainda em seu polo de apoio presencial verbo ters na 3ª pessoa do plural Os verbos derivados de ter e vir como deter manter reter intervir convir etc seguem a regra dos vocábulos oxítonos contudo devese usar o acento circun flexo na 3ª pessoa do plural a O professor mediador intervém sempre que necessário nos fóruns digi tais a fim de orientar os estudantes na elaboração de seus enunciados Terminação em b Os professores mediadores intervêm sempre que necessário nos fóruns digitais a fim de orientar os estudantes na elaboração de seus enuncia dos Acento diferencial para marcação de plural De acordo com a reforma ortográfica não se usa mais acento nos pares pára para pélas pelas pêlos pelos pólospolos e pêrapera A diferença de sentido se dará pelo contexto de uso desses vocábulos Semântica Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 113 c A mulher inteligente se mantém focada naquilo que realmente importa Enunciado adaptado do livro O segredo das mulheres inteligentes Terminação em d As mulheres inteligentes se mantêm focadas naquilo que realmente importa Enunciado extraído do livro O segredo das mulheres inteligentes Acento diferencial para marcação de plural Quadro 10 Trema Fonte a autora Até aqui destacamos que a importância de se ter um conhecimento sobre o for malismo linguístico no plano da escrita é um mecanismo a mais que funciona de forma favorável à produção de sentidos em situações comunicativas No tópico que segue continuaremos a nos ocupar da importância do formalismo linguístico mas não apenas no campo da escrita como também no campo da SEMÂNTICA SEMÂNTICA A Semântica ocupase dos estudos da significação5 dos signos linguísticos e das suas combinações Como lembra Borba 2003 p 225 Se se entender de um modo bem amplo a significação ou sentido como possibilidade de interpretação facilmente se perceberá que toda ativi dade social é produtora de significações uma vez que a todo momento estamos sendo chamados a interpretar entender avaliar reagir às mais diversas situações da vida comunitária A significação é veiculada por signos e portanto a vida social está impregnada deles Sabendose que os signos só são significativos porque fazem parte de conjuntos organi zados então a atividade social produz sistemas de signos para veicular os sistemas de significações em geral e bem assim os sistemas de signos 5 Para esta disciplina tomamos os vocábulos significado e significação como sinônimos De acordo com a reforma ortográfica não se usa mais o trema na língua portu guesa Dessa forma as palavras a seguir assim se grafam frequente cinquen ta tranquilo entre outras A EXPRESSÃO ESCRITA E A SEMÂNTICA Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 III U N I D A D E 114 Nas palavras de Borba a semântica está portanto associada ao significado ao sentido e à interpretação de palavras expressões ou símbolos uma vez que todos os meios de expressão incluem uma correspondência entre as expressões e determinadas situações ou coisas seja do mundo material ou abstrato Isso significa que o mundo que nos cerca e os pensamentos podem ser descritos por meio das expressões analisadas pelo viés da Semântica Conforme a situação de comunicação e as intenções dos usuários das lín guas as palavras e expressões ganham significados diferentes daqueles que estão no dicionário Assim quando a linguagem é empregada no seu sentido literal como está no dicionário a linguagem é Denotativa Quando diferente do sen tido apresentado pelo dicionário é denominada Conotativa Observe o exemplo que segue Texto 20 Como se observa no texto 20 há duas possibilidades de interpretação desse enunciado no primeiro se tomarmos o sentido individual de cada palavra nesse contexto teríamos conforme o dicionário Mini Aurélio 2010 1 Tomar verbo que pode ser pegar segurar ingerir entre outros 2 Chá infusão feita com quaisquer folhas 3 De preposição que exprime a relação entre as palavras 4 Cadeira assento 1 com costas para uma pessoa 2 Disciplina ou maté ria de um curso Pela definição de cada palavra pelo dicionário temos o sentido usual próprio sem abrir margem para outras significações Em outro contexto de uso na combinação dessas palavras teríamos uma significação em sentido conotativo isto é figurado diferente do apresentado pelo dicionário Assim no contexto em que as palavras chá de cadeira foram Em uma consulta de rotina ao médico tomei um chá de cadeira Fonte a autora Sinonímia e Antonímia Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 115 empregadas temos a noção de alguém que passa por uma situação de espera prolongada Dessa forma estamos diante do comportamento linguístico que carrega uma carga semântica com possibilidades de mudanças de significados conforme o contexto de uso da linguagem É essa possibilidade de mudança que os vocábulos assumem em determina das situações de uso que interessa a Semântica que se ocupa dos aspectos como Sinonímia e Antonímia campo lexical e Hiponímia Paronímia e Polissemia no campo semântico Como ponto de partida para o estudo da Semântica por ora estudaremos a SINONÍMIA e ANTONÍMIA SINONÍMIA E ANTONÍMIA Quando duas ou mais palavras apresentam significados próximo denominase SINONÍMIA São exemplos branco claro admirado espantado entre outras Segundo Koch 2009 a Sinonímia funciona como um recurso coesivo a que essa autora denomina de coesão remissiva uma vez que esse recurso pode pro mover a reativação de referentes em um enunciadotexto A coesão por remissão pode no meu entender desempenhar quer a função de reativação de referentes quer a de sinalização textual A reativação de referentes no texto é realizada por meio da referenciarão anafórica formandose deste modo cadeias coesivas mais ou menos longas KOCH 2009 p 46 Conforme essa exposição de Koch 2009 a Sinonímia é um mecanismo que funciona como elemento de coesão textual haja vista que uma variedade de pala vras sinônimas em um enunciado é de grande utilidade para retomar elementos linguísticos que interrelacionam as porções de texto Veja o exemplo que segue A EXPRESSÃO ESCRITA E A SEMÂNTICA Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 III U N I D A D E 116 Texto 21 Observe caroa alunoa que as palavras destacadas no texto 21 têm a função de interrelacionarem as porções textuais desse enunciado como em o menino e o garoto e são vocábulos que se referem ao mesmo ser Aylan pois são empre gados nesse contexto linguístico com o mesmo peso semântico Passemos agora a tratar da ANTONÍMIA A esse respeito Borba 2002 explica que há uma relação inversa entre os significados das palavras isto é quando duas ou mais palavras apresentam significados contrários denominase ANTONÍMIA como em bemmal fortefraco Para um melhor entendimento sobre essa propriedade da Semântica vamos ao texto 22 Texto 22 No texto 22 chamanos a atenção a oposição significativa entre as palavras no qual se dá ao mesmo tempo uma negação entre os sentidos expressos pelos nomes e sua afirmação ora sabemos que o sabor do limão não é doce tampouco que a tranquilidade não se estabelece em meio a um furacão Nesse sentido os valores expressos pelas palavras no texto 22 apresentam um grau de Antonímia me sentindo doce tranquila como limão e como furacão Na última quartafeira 2 o mundo ficou chocado com a imagem de Aylan Kurdi o menino refugiado sírio de três anos que foi encontrado morto em uma praia turca O garoto havia escapado das atrocidades do Estado Islâmico na Síria Grifos da autora1 1 Disponível em httpwwwpragmatismopoliticocombr201509ahistoriadeaylankurdio meninodafotoquefezomundochorarhtml Acesso em 1 set 2015 Hiponímia e Hiperonímia Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 117 HIPONÍMIA E HIPERONÍMIA No campo lexical de acordo com o grau de abrangência ou especificidade que desempenham nos contextos em que são empregadas as palavras são denomi nadas de Hiperonímias ou Hiponímias Palavras que possuem maior abrangência lexical denominamse Hiperonímias por exemplo o nome flores nos remete a palavras como margaridas tulipas rosas cravos camélias entre outras Para um melhor entendimento sobre esse conceito imagine que um estudante busque em um dicionário o significado da palavra democracia Grego demokra tía Governo do povo soberania popular Doutrina ou regime político baseado nos princípios da soberania popular e da distribuição equitativa do poder AURÉLIO 2010 p224 isto é Governo em que o povo exerce a soberania A partir da pes quisa sobre o significado desse vocábulo o estudante passa a apresentar uma sequência ininterruptas de risos causando estranheza nas pessoas que o rodeia Esta situação traz um bom exemplo do conceito de Hiperonímia pois a pala vra democracia pesquisada pelo estudante tem um sentido latu que nos remete a palavras como povo governo igualdade de direitos justiça liberdade E eis aqui o efeito de sentido provocado pelo grau de Hiperonímia desse contexto uma vez que sentimos na prática o valor semântico que a palavra democracia nos faz pensar na atualidade Isso explica a reação do estudante após consultar o significado da palavra democracia O conceito de Hiponímia referese àquelas palavras que possuem um sen tido mais strictu mais específico isto é o grau de abrangência lexical é menor fechado Veja o exemplo no texto 23 A EXPRESSÃO ESCRITA E A SEMÂNTICA Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 III U N I D A D E 118 Texto 23 Fonte Unicesumar online O exemplo do texto 23 chamanos a atenção para o uso strictu estreito especi fico das palavras Gestão Ambiental Geografia e Pedagogia que nesse enunciado são hipônimas do vocábulo aulas Diante disso destacamos a importância do conhecimento desses recursos semânticos no campo lexical para enriquecer e possibilitar o processo de atri buição se sentidos aos textos Passaremos agora aos estudos sobre a POLISSEMIA Polissemia Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 119 POLISSEMIA Quando uma mesma palavra tem a propriedade de apresentar vários sentidos em um uma situação de comunicação denominase POLISSEMIA Por exem plo casa pode significar moradia ou o orifício que serve para passar o botão de uma peça de roupa No caso da polissemia será pelo contexto de uso em que as palavras são empregadas que o significado mais adequado à situação comunicativa será apre endido Observe o exemplo dos textos que seguem Texto 24 Rede Social Fonte Unicesumar online A EXPRESSÃO ESCRITA E A SEMÂNTICA Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 III U N I D A D E 120 Texto 25 Rede de balançodescanso Observe alunoa que o sentido da palavra rede no contexto do texto 24 nos remete às redes de relacionamentos imprescindíveis à comunicação interação Já o contexto do texto 25 nos remete à ideia de rede de balanço ou ainda para dormir em substituição à cama Assim podese evidenciar que há um grau de Polissemia entre os textos 24 e 25 pois eles trabalham com a variedade de sen tidos da palavra rede No tópico que segue nós nos ocuparemos do estudo da AMBIGUIDADE NA CONTRUÇÃO DOS ENUNCIADOS AMBIGUIDADE NA CONSTRUÇÃO DOS ENUNCIADOS Ao considerar uma concepção de linguagem como atividade interativa social entendemos que a linguagem não pode ser fixa pois ela não é um produto homogêneo abstrato Nesse sentido podemos apreender que uma mesma forma linguística pode assumir várias significações conforme os contextos em que são empregadas A respeito da ambiguidade Borba 2002 assim se expressa Ambiguidade na Construção dos Enunciados Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 121 o fenômeno da ambiguidade que tanto pode resultar do emprego de certas palavras de sentido duplo ou triplo são típicas da fala e só existem para o ouvinte já que o falante sempre sabe qual é a signifi cação que está usando É portanto uma questão de interpretação por isso decodificar um valor ou outro depende muito do contexto e da situação BORBA p 233 Pela exposição de Borba podemos entender que a ambiguidade é um elemento Semântico que está orientado paro o discurso do outro que pode funcionar ora como um recurso expressivo a fim de atingir determinados fins comunicativos ora ela pode revelar um problema de clareza e precisão na combinação entre as palavras Vamos ao exemplo do texto 26 para um melhor entendimento sobre esse aspecto da Semântica Texto 26 O texto 26 chamanos atenção pela possibilidade de interpretações que as expres sões desse enunciado nos remetem e como essa possibilidade de interpretações está relacionada a fatores linguísticos e extralinguísticos Dessa forma a análise aqui empreendida pautase em critérios de plausibilidade A primeira seria a de um amor que dure eternamente seguido de uma construção que funciona como um eco do amor eterno expresso pela primeira expressão Na sequência esse texto atribuído ao cantor e compositor Raul Seixas pode fazer referência à relação do Maluco Beleza com os tóxicos E por fim não há como constarmos de forma precisa o que de fato o com positor quis significar com as possibilidades de usos da expressão eternamente uma vez que o fenômeno da ambiguidade tem como caráter irradiar várias dire ções de significados contudo pelo texto 26 podemos entender que a ambiguidade se revelou como um recurso expressivo Além desse encontramos esse recurso Semântico em textos poéticos publi citários e humorísticos a fim de atingirem propósitos comunicativos Diferente do uso da ambiguidade como recurso expressivo vejamos a seguir exemplos da ambiguidade com problema de construção Amar eternamente eterna mente é ter na mente éter na mente eternamente Raul Seixas A EXPRESSÃO ESCRITA E A SEMÂNTICA Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 III U N I D A D E 122 Texto 27 Na tentativa de angariar clientes para a loja certamente o produ tor desse anúncio não imaginou que poderia provocar possibili dades de sentidos com o que está expresso no cartaz Ora se há a informação que qualquer peça custa R2000 vinte reais e o mesmo enunciado informa que existe uma exceção torna essa informação ambígua uma vez que se existe a exceção o produtor do anúncio não poderia falar em qualquer peça Assim entendemos que essa ambiguidade poderia levar o consumidor a pensar em adquirir um produto da loja desse contexto de maior valor por ape nas 2000 vinte reais ou ainda espantar um possível cliente haja vista que a construção do enunciado não é clara nem precisa o que poderia deixar o cliente em dúvida quanto ao teor do anúncio Diante disso temos aqui um caso de mau uso da Ambiguidade Texto 28 De igual maneira o anúncio representado pelo texto 28 chamanos a atenção pelo mau uso da Ambiguidade uma vez que possivelmente o consumidor ficaria em dúvida quanto à possibilidade de ação da direção desse açougue pois o emprego do pronome sua poderia levar o cliente a acreditar que a equipe do açougue tem o hábito de cortar partes do corpo das pes soas que dão preferência em comprar no estabelecimento desse contexto além de cortar a carne que o cliente compra QUALQUER PEÇA QUALQUER PEÇA 2000 R Exceto algumas peças SUA CARNE NA CORTAMOS HORA HORA Ambiguidade na Construção dos Enunciados Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 123 Chegamos ao final desta unidade Por ora nos ocupamos das possibilidades de sentidos que o campo da Semântica pode possibilitar por meio da linguagem Dessa forma destacamos a importância do uso adequado das palavras uma vez que diferentemente da expressão oral que se apoia em expressões faciais cor porais a escrita conta apenas com os recursos expressivos das palavras para tornar a atividade verbal mais precisa clara coerente efetiva No texto abaixo o professor Cereja traz uma leitura interessante sobre as possibilidades de usos da palavra coisa Ao finalizar seu texto o professor nos alertar sobre o uso dela pois segundo ele o uso dessa palavra pode revelar uma limitação do vocabulário Vamos ao texto Palavras multiuso Você é capaz de calcular quantas vezes já usou a palavra coisa E suas deri vadas coisinha coiso coisar coisado Eis aí uma coisa difícil de calcular A palavra coisa apresenta tantos significados que acaba servindo para quase todas as situações do cotidiano Ela está nas conversas do dia a dia na li teratura nas letras de música nos títulos de livros no discurso político na televisão O Dicionário eletrônico Houaiss da língua portuguesa registra de zenove significados para essa palavra De todos o mais geral é tudo quanto existe ou possa existir de natureza corpórea ou incorpórea Fonte adaptado de Cereja 2013 p 382 A EXPRESSÃO ESCRITA E A SEMÂNTICA Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 III U N I D A D E 124 CONSIDERAÇÕES FINAIS Chegamos ao fim de mais uma unidade O percurso até aqui teve como objetivo apresentar estudos sobre o formalismo linguístico da escrita para proporcionar a você a compreensão e reflexão sobre a importância da Ortografia em nossas atividades sociais De igual maneira objetivamos a partir dos estudos sobre as questões nota cionais da língua trazerlhe não apenas informações mas também trazerlhe conhecimento sobre os conceitos que medeiam os usos adequados dos vocá bulos e para isso tentamos fazer uma interface entre a teoria e a prática isto é tentamos aliar a teoria sobre o emprego dos vocábulos na construção dos enun ciados em algumas situações de prática social Nesta unidade III objetivamos ainda oferecer a você acadêmico um estudo sobre as regras ortográficas a fim de possibilitarlhe uma melhor compreensão reflexão e uso dessa formalidade linguística de uma maneira adequada e precisa Nesta unidade objetivamos evidenciar a partir do estudo sobre as regras de acentuação a relevância desse recurso da linguagem no plano da escrita que pode funcionar como um recurso favorável na construção de sentidos em nos sas práticas sociais E por fim preocupamonos em apresentar de forma introdutória estudos sobre o plano Semântico Para tanto intentamos oferecerlhe conceitos alia dos à exposição de situações práticas referentes aos aspectos que a Semântica se ocupa como os sentidos Denotativos e Figurados que os vocábulos podem assu mir conforme os contextos em que são empregados Assim esperamos que a exposição desses conceitos aqui arrolados sirvalhe como ponto de partida para a busca de mais teorias sobre o fenômeno que é a nossa língua gem seja no plano da expressão oral ou escrita 125 1 As palavras a seguir são de origem árabe tupi ou africana Assim reescre vaas com J ou g Alfore canica enipapo iboia Paé biu acaraé irau Fonte adaptado de Cereja 2013 2 Use x ou ch na atividade que segue energar flea pie enoval brea chchu enente coa puar taa valor cola caumba taa prego ingar enerido Fonte adaptado de Ferreira 1992 3 Leia este enunciado e em seguida analiseo e expliqueo quanto ao grau de Ambiguidade Família muda Vende tudo Fonte a autora A CONSTRUÇÃO DOS SENTIDOS NO ENUNCIADO Neste livro especificamente nesta unidade conferimos realce ao estudo da construção dos sentidos no enunciado a fim de mostralhe a importância desse fator em nossas práticas sociais É sobre isso que me ocuparei neste espaço A linguista Ingedore Grunfeld Villaça Koch 2009 explica que a construção de sentidos em um determinado enunciado só é possível se consideramos a natureza sociointera cional da língua gem Isso significa que a construção de sentidos no enunciado reali zase com base na coerência global de um texto E construir essa coerência depende de uma rede de fatores como a situação de comunicação as crenças as convicções os co nhecimentos partilhados e as convenções socioculturais dos falantes Ainda podemos falar dos recursos coesivos que auxiliam na construção dos sentidos Esses recursos têm função coesiva substituírem palavras para evitar repetições função relacional palavras que se relacionam por pertencerem a um mesmo quadro mental e função polissêmica palavras com múltiplos sentidos Em vista disso podemos apreender que o mecanismo da atribuição de sentidos no enunciado fundamentase nos recursos de coesão e coerência da língua gem à luz do aspecto Social e Interativo Fonte a autora Material Complementar MATERIAL COMPLEMENTAR O Texto e a Construção dos Sentidos Autora Ingedore G Villaça Koch Editora Contexto Ano 2009 Sinopse Ingedore G Villaça Koch estuda as atividades discursivas e suas marcas na materialidade linguística Aborda também questões gerais relativas à produção do sentido comuns às modalidades escrita e falada e ainda se detém no estudo da construção dos sentidos no texto falado O ACENTO EM PORTUGÊS Abordagem Fonológicas Autor Gabriel Antunes de Araújo Org Editora Parábola Ano 2007 Sinopse O objetivo desse volume é oferecer uma introdução à problemática do acento em português sob o ponto de vista de várias correntes fonológicas No entanto ele não se limita somente ao acento primário apresentamos aqui textos que oferecem uma discussão a respeito de pontos específi cos da questão do acento Recomendo a você aluno que acesse este link a fi m de ajudálo na interiorização quanto ao uso da regra do X ou ch Confi ra Disponível em httpswwwyoutubecomwatchvqj0uvDed0JE Acesso em 31 ago 2015 UNIDADE IV Professora Me Fátima Christina Calicchio GRAMÁTICA E COMUNICAÇÃO Objetivos de Aprendizagem Promover reflexão sobre o conceito de gramática Compreender e refletir sobre os tipos de gramática Compreender e refletir sobre as regras de pontuação Apresentar e prover reflexão sobre as figuras de sintaxe na construção do enunciado Compreender e refletir sobre a concordância verbal e nominal na construção do enunciado Apresentação compreensão e reflexão sobre a colocação pronominal na construção do enunciado Apresentar e refletir sobre os vícios e dificuldades de redação Plano de Estudo A seguir apresentamse os tópicos que você estudará nesta unidade O que é Gramática Tipos de Gramática Sinais de Pontuação As Figuras de Sintaxe na construção dos enunciados Concordância Verbal e Nominal na construção do enunciado A Sintaxe de Colocação na construção dos enunciados Vícios e dificuldades no uso da língua gem INTRODUÇÃO Nesta unidade falaremos sobre norma A norma da língua Para tanto busca mos oferecer a você de maneira introdutória conhecimentos sobre o formalismo linguístico para que possa chegar ao uso prático da norma Para esta disciplina tomamos os termos norma padrão gramática formalismo linguístico como sinônimos Assim nesta unidade privilegiaremos o estudo da maneira como as palavras se organizam para formar frases orações e porções de textos isto é a sintaxe contudo sempre que possível vamos nos apoiar em uma abordagem que apre senta usos linguísticos reais funcionalismo com a intenção de propiciar uma visão do dinamismo e da heterogeneidade da língua sem deixar de lado eviden temente a premissa que é função da instituição letrada o ensino da variedade padrão Essa variedade precisa ser dominada pelo estudante a fim de que ele possa atender seus objetivos sejam acadêmicos sejam profissionais ou em qual quer instância de sua vida social Nós nos ocuparemos primeiramente sobre o conceito de gramática Para tanto objetivamos a partir da variedade padrão trazer à baila um estudo que está orientado para o saber sobre a língua e não saber a língua isto é saber a forma e a função da língua Em seguida vamos nos ocupar também de um estudo que possibilitará a você conhecimentos sobre os tipos de gramáticas sob as perspectivas tradicional e a funcionalista Na sequência buscamos trazer os estudos sobre a pontuação a fim de prover uma reflexão sobre a importância desse elemento da gramática nas relações de prática social no plano da expressão escrita Seguimos nosso percurso sobre a norma com a apresentação dos estudos sobre as figuras de sintaxe sobre a concordância verbal e nominal e sobre a colo cação pronominal na construção dos enunciados E por fim enceraremos esta quarta unidade com a apresentação de estudos sobre vícios e dificuldades de linguagem referentes à produção escrita Introdução Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 131 GRAMÁTICA E COMUNICAÇÃO Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV U N I D A D E 132 O QUE É GRAMÁTICA Como ponto de partida para esta unidade IV gostaria que você refletisse você sabe o que é Gramática e qual é a sua função Ora se o objetivo desta unidade é prover reflexões sobre a Gramática da nossa língua convém esclarecer o que entendemos por Gramática não mesmo Para Travaglia 2003 há três concepções de Gramática a Gramática Normativa a Descritiva e a Gramática Internalizada Essas concepções a meu ver coexistem contudo possuem suas particularidades Vamos a essas par ticularidades e iniciaremos pela Gramática Normativa que segundo Franchi 1991 p 48 apud TRAVAGLIA 2003 p 24 gramática é o conjunto sistemático de normas para bem falar e escrever estabelecidas pelos especialistas com base no uso da língua consagrada pelos bons escritores e dizer que alguém sabe gramática significa dizer que esse alguém conhece essas normas e as domina tanto nocionalmente quanto operacionalmente Isso significa que a Gramática Normativa foi elaborada por um ideário conser vador elitista que privilegia uma variedade de língua sobre as demais Isto é a Gramática Normativa abarca um conjunto de regras para o bom uso da língua A esse respeito Travaglia 2003 explica que para essa concepção de O Que é Gramática Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 133 Gramática existe apenas a variedade padrão como legítima e todas as demais concepções são excludentes uma vez que suas manifestações linguísticas são consideradas como erros desvios deformações da língua Diante dessa exposição está embutido na Gramática Normativa a ideia de que existe um modelo a ser seguido pelas variantes da língua diferente do modelo elaborado para a classe dominante isto é tratase de uma gramática particula rizada que contempla somente os usos da língua aceitos pela língua de prestígio social A essa concepção de gramática subjaz a concepção de língua como expres são do pensamento logo só escreve bem aquele que pensa bem Passaremos agora a tratar da Gramática Descritiva A gramática que faz uma descrição da estrutura e o funcionamento da língua é denominada Descritiva uma vez que o foco dos estudos dessa concepção centrase no funcionamento da língua em um dado momento em que ela ocorre isto é o estudo é sincrônico Sobre essa concepção descritiva Franchi 1991 p 5253 assim se expressa é um sistema de noções mediante as quais se descrevem os fatos de uma língua permitindo associar a cada expressão dessa língua uma descrição estrutural e estabelecer suas regras de uso de modo a separar o que é gramatical do que não é gramatical apud TRAVAGLIA 2003 p 27 Nas palavras de Franchi 1991 essa concepção de gramática propõe uma homo geneidade do sistema linguístico ao dissociar o estudo da língua do seu contexto de uso Essa vertente está vinculada à concepção de língua como sistema autô noma e autocontida que teve origem a partir dos estudos desenvolvidos por Ferdinand de Saussure com a sua dicotomia entre os estudos da langue e parole1 por exemplo Pelo viés da Gramática Descritiva podemos compreender que ela se ocupa dos estudos do funcionamento da língua em um determinado momento Isso significa que ela não tem a pretensão de entrar na dualidade do certo e errado que assume a postura da Gramática Tradicional mas sim o de explicar e descrever como se dá o sistema linguístico que regula o uso das variedades da língua não padrão A terceira concepção de gramática é a Internalizada que a ela subjaz a 1 Refirome à língua e fala GRAMÁTICA E COMUNICAÇÃO Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV U N I D A D E 134 concepção dialógica da linguagem isto é essa concepção vê a linguagem como uma atividade de interação verbal Vejamos as palavras de Travaglia 2003 p 28 a esse respeito considerando a língua como um conjunto de variedades utilizadas por uma sociedade de acordo com o exigido pela situação de interação comunicativa em que o usuário da língua está engajado percebe a gra mática como o conjunto das regras que o falante de fato aprendeu e das quais lança mão ao falar Essa concepção sobre o que é gramática tem uma visão dinâmica da língua ao focalizar a capacidade que os falantes possuem em adaptar os elementos linguís ticos aos diferentes contextos comunicativos Para Travaglia 2003 nessa perspectiva não existe erro e sim inadequação da variedade da língua com relação ao seu contexto de uso Isso significa que essa concepção defende que a gramática funciona como um mecanismo geral que organiza as línguas organiza o saber intuitivo que todos falantes possuem por isso é internalizada Sobre esse mecanismo geral que organiza também o conjunto de regras que determinam o funcionamento de uma variedade linguís tica Neves 2006 p 29 salienta que São múltiplos os tipos de lições que uma gramática da língua2 pode fornecer no modelo normativo puro a gramática como conjunto de regras que o usuário deve aprender para falar e escrever corretamente a língua no modelo descritivo ou expositivo a gramática como conjunto que descreve os fatos de uma dada língua Feito essa breve introdução sobre o conceito de Gramática no próximo tópico vamos nos ocupar dos estudos sobre os Tipos de Gramática 2 Faz referência à Gramática Internalizada Tipos de Gramática Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 135 TIPOS DE GRAMÁTICA Um trabalho específico com a gramática deve orientarse por um tipo de gramá tica uma vez que como vimos no tópico anterior cada concepção de gramática possui suas peculiaridades logo para cada concepção adotada haverá um tipo de gramática para dar conta de atender a particularidade dessa variedade Em outras palavras podemos entender que o uso da língua está subordinado a um contexto e para cada tipo de uso há também tipos diferentes de gramática para dar conta dessa diversidade Com a evolução dos estudos sobre o funcionamento da linguagem várias propostas de sistematização sobre o uso da língua surgiram Nesse sentido ressaltamos que para esta disciplina fizemos um recorte e nos ocuparemos dos tipos de gramática que mais nos interessam por ora a Gramática Tradicional e a CognitivoFuncional GRAMÁTICA E COMUNICAÇÃO Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV U N I D A D E 136 Cada uma dessas acepções de gramática possui suas particularidades suas fun ções e limitações contudo elas se imbricam durante o processo de interação verbal Para esta disciplina especificamente neste tópico tomaremos a acepção de gramática como uma disciplina de estudo GRAMÁTICA TRADICIONAL Aula de Português A linguagem na superfície estrelada de letras sabe lá o que ela quer dizer Carlos Drummond de Andrade Quando se fala em gramática podese falar de acepções distintas A esse respeito vejamos Gramática como regras que definem o bom funcionamento de de terminada língua Por essa acepção podemos entender que a gra mática corresponde ao saber intuitivo que todo falante possui de sua própria língua que é a gramática internalizada Das regras que definem o bom funcionamento de determinada nor ma como em a gramática da norma padrão Sob uma perspectiva de estudo como a gramática gerativa a gra mática estruturalista a gramática funcionalista Pode referirse a uma disciplina escolar como aulas de gramática De um livro como A gramática do português falado da linguista Maria Helena de Moura Neves 2000 nessa obra a autora se ocupou em pesquisar uma gramática do mundo real e não uma gramática do mundo ideal Fonte adaptado de Antunes 2007 Tipos de Gramática Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 137 Esse excerto da poesia de Drummond nos remete à Gramática Normativa Por exemplo o termo superfície estrelada das letras evidencia que a gramática não está na ponta da língua mas está em um ponto tão alto que a torna quase que inatingível A Gramática Tradicional é conhecida também por Gramática Prescritiva Normativa eou Escolar Esse tipo de gramática se ocupa apenas dos fatos da língua padrão Teve origem na Grécia a partir de estudos de base filosófica que objetivavam entender a relação entre linguagem pensamento e realidade Nas reflexões dos filósofos gregos destacamse estudos da relação entre as palavras e as coisas que eles denominavam Aristóteles propõe a relação entre linguagem e lógica A partir disso inaugurase a visão de que a linguagem é um reflexo da organização do pensamento humano Segundo Martelotta 2009 juntamente com a preocupação de caráter filosó fico a Gramática Grega se preocupava com um modelo ideal de linguagem isto é houve na tradição grega uma preocupação com uma gramática que ditasse um padrão idealizado da língua grega Sobre a gramática como um modelo de ideal de língua a ser seguido Travaglia 2003 p 30 ressalta que a gramática normativa apresenta e dita normas de bem falar e es crever normas para a correta utilização oral e escrita do idioma pres creve o que se deve e o que não se deve usar na língua Essa gramática considera apenas uma variedade da língua como válida como sendo a língua verdadeira Como já vimos anteriormente na tradição gramatical os defensores dessa ver tente têm a função de prescrever o que se deve e o que não se deve usar na língua Em outras palavras a gramática tradicional funciona como uma espécie de lei que regula o uso da língua nas práticas sociais Para um melhor entendimento sobre essa gramática imagine que entre dois falantes em uma determinada situ ação de comunicação um deles inicia a interação desta forma GRAMÁTICA E COMUNICAÇÃO Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV U N I D A D E 138 Texto 29 O exemplo do texto 29 chamanos a atenção pela fala do personagem iniciar o seu enunciado com um pronome obliquo átono A rigor a tradição gramatical condena esse uso uma vez que não se pode iniciar frases com pronome oblí quo átono logo as construções me diga me desculpe são consideradas como erros e ou agramaticais O falante B que faz as correções gramaticais é um genu íno representante da variante da norma de prestígio A seguir daremos realce aos estudos da Gramática Cognitivo Funcional GRAMÁTICA COGNITIVO FUNCIONAL Novamente um excerto da poesia de Drummond contudo nesses versos o poeta referese à Gramática Internalizada a Gramática CognitivoFuncional uma vez que é a gramática de falar e entender Segundo Martelotta 2009 A Gramática Cognitiva Funcional tem como representantes algumas vertentes teóricas como a Linguística Socicognitiva a Linguística Textual a Sociolinguística a Linguística Sociointerativa a Teoria Falante A Me diga uma coisa Falante B O correto é digame Falante A Tá me desculpe Falante B O correto é desculpeme Falante A Danese Falante B Agora acertou Texto adaptado pela autora de httpimages7memedroidcomimagesUPLO ADED10955c1340b2104djpeg Acesso em 1 nov 2015 Aula de Português A linguagem na ponta da língua tão fácil de falar e de entender Carlos Drummond de Andrade Tipos de Gramática Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 139 Funcionalista entre outras Para Martelotta 2003 essas vertentes apresentam em comum alguns pontos como Observam o uso da língua considerandoo fundamental para a compreen são da natureza da linguagem Observam não apenas o nível da frase analisando sobretudo o texto e o diálogo Têm visão da dinâmica das línguas ou seja focalizam a criatividade do fa lante para adaptar às estruturas linguísticas aos diferentes contextos de comunicação Consideram que a linguagem reflete um conjunto complexo de atividades comunicativas sociais e cognitivas integradas com o resto da psicologia humana isto é sua estrutura é consequente de processos gerais de pensa mento que os indivíduos laboram ao criarem significados em situações de interação com outros indivíduos Quadro 11 Características Teóricometodológicas da Gramática CognitivoFuncional Fonte adaptado de Martelotta 2003 Ancorados nessas características que refletem o caráter de uma Gramática CognitivoFuncional podemos entender que esse tipo de gramática se ocupa dos estudos da estrutura dos elementos linguísticos mas também se ocupa de forma substancial dos estudos dos elementos linguísticos e sua relação com a situação de comunicação como os falantes as intenções dos falantes e o con texto comunicativo A esse respeito assim se expressa Martelotta 2009 p 63 a gramática não pode ser vista como independente do uso concreto da língua ou seja do discurso Quando falamos valemonos de uma gramática ou seja de um conjunto de procedimentos necessários para através da utilização de elementos linguísticos produzirmos significa dos em situações reais de comunicação Como podemos observar a Gramática Cognitivo Funcional prevê o estudo da língua a partir de uma situação real de comunicação com falantes reais Em vista disso para Martelotta 2009 há uma coexistência entre a gramática da língua e o discurso Para um melhor entendimento sobre essa relação veja o esquema que segue GRAMÁTICA E COMUNICAÇÃO Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV U N I D A D E 140 Esquema da relação entre Gramática e Discurso adaptado de MARTELOTTA 2009 Como podemos observar caroa alunoa o discurso precisa do formalismo da gramática para se processar e a gramática se alimenta do discurso ao reno varse e adaptarse às novas situações de comunicação que a interação propicia aos falantes em seus contextos comunicativos Vejamos o exemplo do texto 30 para ilustrar o funcionamento entre Gramática e Discurso Texto 30 No poema Neologismo temos um bom exemplo da coexistência entre a Gramática e o Discurso Observe que o poeta cria uma nova palavra especifi camente um verbo um verbo intransitivo Teadorar que a rigor gramatical não precisa de complemento e assim o que eu lírico de Bandeira sente pela pes soa amada não precisa de complemento pois se basta por si Neologismo Beijo pouco falo menos ainda Mas invento palavras Que traduzem a ternura mais funda E mais cotidiana Inventei por exemplo o verbo Teadorar Intransitivo Teadoro Teodora Fonte Bandeira 2002 GRAMÁTICA DISCURSO Tipos de Gramática Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 141 Em vista disso podemos entender que a necessidade do falante represen tado pelo eu lírico de Manuel Bandeira em representar o sentimento pela pessoa amada é motivação para a criação de uma nova palavra como Teadorar que é a partir do nome da pessoa amada Teodora e de um trocadilho que o poeta inventou o verbo Teadorar Assim para atender às necessidades dos falantes as palavras sempre serão recriadas reinventadas A esse respeito podemos pensar nas palavras cria das a partir do advento da tecnologia em nossas vidas as quais já fazem parte de um uso recorrente na língua como tuitar verbo que indica a ação de usar o microblog Twitter ou tuiteiroa com referência àqueles que usam a plata forma de relacionamento do Twitter aqui o falante acrescentou o sufixo eiroa ao substantivo Twitter para formar a palavra tuiteiroa De igual maneira ocorreu com palavras que surgiram no âmbito daqueles que gostam de funk o funkeiroa por exemplo em que o sufixo eiro a uniu se a palavra funk para formar a nova funkeiroa Diante disso observe alunoa que os exemplos aqui elencados fizeram uso da gramática isto é essas novas palavras como Teadorar tuitar tuiteiroa funkeiroa ao serem criadas obedeceram às regras da gramática da Língua Portuguesa Essa dinâmica assevera a coexistência entre gramática e discurso haja vista que os falantes fazem uso dos padrões gramaticais da língua para aten der os seus propósitos comunicativos isto é essa dinâmica confirma a existência entre forma e função Para interagirmos de forma satisfatória conforme as situações de comuni cação em que estamos inseridos precisamos adequar a nossa linguagem a essas situações Por isso estudar o funcionamento da língua como a gramática e o discurso é importante A gramática de uma língua caracterizase por estudos da escrita da classifica ção flexão e derivação das palavras estudos de sintaxe notas sobre as figuras de linguagem E aqui estamos diante de um problema O que incluir e o que deixar de fora quando todos os assuntos dentro de uma gramática parecem indispen sáveis não é Assim alunoa para atender uma finalidade didática tive que fazer um recorte desse conteúdo gramatical que foi organizado conforme vere mos nos tópicos que seguem GRAMÁTICA E COMUNICAÇÃO Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV U N I D A D E 142 SINAIS DE PONTUAÇÃO Ao tratarse dos conhecimentos gramati cais um dos tópicos que merece atenção é a Pontuação que está diretamente ligada ao contexto ao interlocutor às intenções dos falantes Segundo Koch 2012 p 39 a pontua ção deve ser entendida não apenas com a função de marcar contornos entonacionais e deslocamentos sintáticos mas sim em uma visão textualdiscursiva Nessa perspectiva os sinais de pontu ação são vistos como marcas do ritmo da escrita por meio das quais o escrevente sinaliza para o leitor as relações entre as partes da oração bem como uma forma preferencial de leitura Isso significa que a pontuação tem a função de marcar pausas e as entonações além de representar componentes específicos da expressão oral como os gestos a expressão facial assim a pontuação pode tornar a leitura mais fácil e o texto mais claro e preciso Os textos a seguir são exemplificações do quadro que aca bamos de mencionar Vejamos Texto 31 Texto 32 Você Está Precisando Dirigir Um Carro Com Câmbio Em Que Você Não Sen te A Mudança De Marcha Fonte adaptado de Cereja 2013 Você está precisando dirigir um carro com câmbio em que você não sente a mudança de marcha Audi A4 com Multitronic O único câmbio com velocidade contínua Fonte adaptado de Cereja 2013 Sinais de Pontuação Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 143 Os textos 31 e 32 chamam a nossa atenção para o fato de que o uso ou não da pontuação depende do objetivo do produtor do texto isto é da intenção do falante e a maneira como ele quer que seu interlocutor entenda a sua mensagem Observe que no texto 31 há o uso do ponto final posposto a cada palavra Esse recurso linguístico foi proposital haja vista que o produtor desse anúncio tem a intenção de mostrar o tranco de um carro ao mudar de marcha Por seu turno o texto 32 também chama a nossa atenção pois há nesse texto a ausência de pontuação Entendemos que esse recurso da não utilização da pontuação também foi proposital uma vez que o produtor desse anúncio intencionou passar ao seu públicoalvo a sensação que dirigir um carro da marca Audi possibilita uma troca de marcha sem trancos A seguir veremos a impor tância do uso da vírgula O USO DA VÍRGULA Usase a vírgula para Separar termos que exercem a mesma função sintática como sujeito complementos adjuntos predicativos Exceto quando não estão liga dos por e ou nem Eu meu esposo meu filho e meus pais faremos uma viagem nas férias Sujeito Nesse exemplo a vírgula exerce a função de separar os núcleos do sujeito composto Isolar um aposto Maringá campus sede da Unicesumar é uma linda cidade Aposto GRAMÁTICA E COMUNICAÇÃO Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV U N I D A D E 144 Para separar vocativos Tá vendo aquele edifício moço Ajudei a levantar Zé Ramalho Vocativo Isolar o adjunto adverbial quando ele é extenso ou quando se quer destacálo À noite temos aulas ao vivo na EAD Adjunto adverbial Nesse exemplo o adjunto foi isolado por vírgula para destacálo uma vez que ele se encontra deslocado na oração Isso significa que ele aparece na oração anteposto ao verbo Nesse caso deve ser destacado no enunciado para marcar sua posição antes do verbo Para separar expressões explicativas como isto é a saber ou melhor por exemplo entre outras Ostra feliz não faz pérolas Rubem Alves isto é a capacidade de criação só ocorre em meio a muito esforço dedicação Expressão explicativa Para separar nas datas o nome de lugar Maringá 3 de setembro de 2015 O USO DA VÍRGULA NAS ORAÇÕES Para separar as orações coordenadas assindéticas Sinais de Pontuação Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 145 Orações coordenadas assindéticas Para separar as orações coordenadas sindéticas exceto as introduzi das pela conjunção e Mestre não é quem sempre ensina mas quem de repente aprende Guimarães Rosa Oração coord sindética adversativa Para separar orações subordinadas substantivas Somente as orações subordinadas adjetivas explicativas devem ser separadas por vírgula da oração principal Isso significa que as restritivas não Os alunos que passaram no limite das vagas serão beneficiados com uma bolsa de estudos Oração subordinada adjetiva explicativa As orações subordinadas adverbiais são separadas por vírgulas obri gatoriamente se vierem antepostas ou intercaladas à oração principal Se queres prever o futuro estuda o passado Confúcio Oração subord Adverbial condicional Oração principal Vírgula obrigatória Faltando um pedaço O amor é como um raio galopando em desafio Abre fendas cobre vales revolta as águas dos rios Djavan Disponível em httpsletrasmusbrdjavan45524Acesso em 22112015 Se a oração subordinada adverbial vier após a oração principal o uso da vírgula é optativo GRAMÁTICA E COMUNICAÇÃO Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV U N I D A D E 146 Estuda o passado se queres prever o futuro Confúcio Oração principal Oração subord Adverbial Condicional Vírgula optativa O uso da vírgula é obrigatório quando a oração for reduzida de gerún dio particípio e infinitivo Regras simples durante uma discussão Perdendo em argumentos comece a corrigir os erros de português da outra pessoa Língua Portuguesa online Or subord adverbial condicional reduzida de gerúndio PONTO E VÍRGULA Usase o ponto e vírgula Para separar os itens dos enunciados enumerativos Texto Instrucional Cocada com leite condensado 2 xícaras de coco fresco ralado 1 lata de leite condensado 2 xícaras de açúcar 1 colher de sopa de manteiga Modo de preparo Unte uma pedra mármore com um pouco de óleo ou então unte uma assadeira Misture em uma panela o coco leite condensado e açúcar Leve ao fogo e misture bem cozinhe misturando regularmente com uma colher de pau Quando o doce começar a ser soltar do fundo da panela retire do fogo e acrescente a manteiga Despeje sobre o mármore untado e deixe esfriar Corte quadrados de 10 x 10 cm Para separar orações sindéticas adversativas e conclusivas Sinais de Pontuação Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 147 Os estudantes objetivavam montar um grupo se estudos um líder entretanto não foi eleito Or Sindética adversativa deslocada PONTO É utilizado para fechar período Nas abreviaturas Sr Senhor a C antes de Cristo PSpost scriptum etcet coetera PONTO DE INTERROGAÇÃO É utilizado no final de frases interrogativas diretas PONTO DE EXCLAMAÇÃO É utilizado no final de frases exclamativas com a finalidade de indicar estados emocionais como espanto surpresa alegria dor etc Feliz aniversário Eu gosto de olhos que sorriem de gestos que se desculpam de toques que sa bem conversar e de silêncios que se declaram Machado de Assis Disponível em httpkdfrasescom Acesso em 492015 Et Coetera é uma expressão latina que significa entre outras coisas Assim an tes dessa abreviatura entendese que o uso da vírgula é dispensável contudo o acordo ortográfico em vigor no Brasil exige que et seja precedido de vírgula Sua doce palavra seu instante de febre sua gula e jejum sua biblioteca sua lavra de ouro seu terno de vidro sua incoerência seu ódio e agora Carlos Drummond de Andrade online GRAMÁTICA E COMUNICAÇÃO Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV U N I D A D E 148 DOIS PONTOS É utilizado para iniciar palavras expressões orações ou citações que ser vem para enumerar ou esclarecer o que se afirmou anteriormente ASPAS São usadas no início e final de citações para destacar palavras estrangei ras e gírias para indicar a fala de pessoas ou de personagens PARÊNTESES São empregados para separar em um período palavras ou frases expli cativas e nas indicações bibliográficas TRAVESSÃO É utilizado para indicar nos diálogos mudança de interlocutor Já tive medo da morte Hoje não tenho mais O que sinto é uma enorme tristeza Concordo com Mário Quintana Morrer que me importa O diabo é deixar de viver A vida é tão boa Não quero ir embora Rubem Alves online O que as pessoas mais desejam é alguém que as escute de maneira calma e tranquila Em silêncio Sem dar conselhos Sem que digam Se eu fosse você A gente ama não é a pessoa que fala bonito É a pessoa que escuta bonito A fala só é bonita quando ela nasce de uma longa e silenciosa escuta É na escuta que o amor começa E é na nãoescuta que ele termina In O amor que acende a lua Rubem Alves Agora sei apenas o amor nos rouba do tempo Mia Couto O perfume Desta vez porém ele lhe olhou de modo estranho sem parecer crer Puxoua para si e lhe ajeitou as formas arrebitando o pano avespandolhe a cintura De pois perguntou Então não passa um arranjo no rosto Um arranjo Sim uma cor uma tinta Ela se assombrou Virou as costas e entrou na casa de banho embasbacada Excerto extraído do conto de Mia Couto no livro Estórias Abensonhadas Sinais de Pontuação Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 149 DOIS PONTOS É utilizado para iniciar palavras expressões orações ou citações que ser vem para enumerar ou esclarecer o que se afirmou anteriormente ASPAS São usadas no início e final de citações para destacar palavras estrangei ras e gírias para indicar a fala de pessoas ou de personagens PARÊNTESES São empregados para separar em um período palavras ou frases expli cativas e nas indicações bibliográficas TRAVESSÃO É utilizado para indicar nos diálogos mudança de interlocutor Já tive medo da morte Hoje não tenho mais O que sinto é uma enorme tristeza Concordo com Mário Quintana Morrer que me importa O diabo é deixar de viver A vida é tão boa Não quero ir embora Rubem Alves online O que as pessoas mais desejam é alguém que as escute de maneira calma e tranquila Em silêncio Sem dar conselhos Sem que digam Se eu fosse você A gente ama não é a pessoa que fala bonito É a pessoa que escuta bonito A fala só é bonita quando ela nasce de uma longa e silenciosa escuta É na escuta que o amor começa E é na nãoescuta que ele termina In O amor que acende a lua Rubem Alves Agora sei apenas o amor nos rouba do tempo Mia Couto O perfume Desta vez porém ele lhe olhou de modo estranho sem parecer crer Puxoua para si e lhe ajeitou as formas arrebitando o pano avespandolhe a cintura De pois perguntou Então não passa um arranjo no rosto Um arranjo Sim uma cor uma tinta Ela se assombrou Virou as costas e entrou na casa de banho embasbacada Excerto extraído do conto de Mia Couto no livro Estórias Abensonhadas Para destacar ou isolar palavras ou expressões no interior de frases RETICÊNCIAS Indicam a interrupção da frase feita com a finalidade de sugerir dúvida hesitação supressa Metade Prolongamento da frase Metade Nessas frases chamadas nominais e também mas inevitavelmente elíp ticas na realidade não existe verbo o qual entretanto pode ser mentado OTHON GARCIA p 38 2010 E que a minha loucura seja perdoada Porque metade de mim é amor E a outra metade também Oswaldo Montenegro online Porque metade de mim é o que ouço Mas a outra metade é o que calo Oswaldo Montenegro online GRAMÁTICA E COMUNICAÇÃO Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV U N I D A D E 150 Interrupção do pensamento ou sugestão para que o leitor complete o raciocínio Supressão de trechos em textos Diante dessas observações podemos entender que o conhecimento sobre os sinais de pontuação estão a serviço dos propósitos comunicativos Assim asse veramos mais uma vez a relação entre a forma e a função A seguir vamos nos ocupar do estudo sobre as Figuras de Sintaxe na construção do enunciado AS FIGURAS DE SINTAXE NA CONSTRUÇÃO DOS ENUNCIADOS Dentre os recursos que os sentidos conotativos das palavras podem significar destacamos as Figuras de Sintaxe Esse recurso que a linguagem nos possibilita fundamentase na reordenação sintática da estrutura de uma oração As princi pais Figuras de Sintaxe são Elipse é a supressão de termos que se podem subentender pelo contexto Observe o texto 33 Desculpa o atraso Felicidades Parabéns Mensagem do Facebook Lanterna dos afogados Uma noite longa Para uma vida curta Mas já não me importa Basta poder te ajudar Fonte Os Paralamas do Sucesso online As Figuras de Sintaxe na Construção dos Enunciados Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 151 Texto 33 Observe que no texto 33 o produtor desse enunciado omitiu o verbo requer contudo podemos subentendêlo nesse contexto ao reger os complementos como disciplina técnica inspiração Zeugma é omissão de uma unidade linguística já expressa anteriormente no enunciado Para entendermos esse recurso conotativo vejamos Texto 34 No texto 34 se não houvesse a omissão intencional do produtor desse enun ciado teríamos o dia tá lindo Dentro de você o dia tá lindo também Observe O DIA TÁ LINDO DENTRO DE VOCÊ TAMBÉM GRAMÁTICA E COMUNICAÇÃO Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV U N I D A D E 152 alunoa que a construção o dia tá lindo já tinha sido expresso na oração anterior Assim a figura de sintaxe Zeugma confere a esse enunciado mais con cisão e objetividade Polissíndeto tratase da repetição enfática de um síndeto conjunção veja mos o exemplo desta figura de sintaxe no texto 35 Texto 35 No texto 35 o uso repetitivo da conjunção coordenativa e conferiu a esse enun ciado um certo prolongamento à expressão escrita como se o eulírico do poeta desejasse que o leitor interpretasse esse enunciado com mais vagar Assíndeto ao contrário do polissíndeto consiste na omissão de conjunções nos enunciados Veja o texto 36 Soneto de separação De repente do riso fezse o pranto Silencioso e branco como a bruma E das bocas unidas fezse a espuma E das mãos espalmadas fezse o espanto De repente da calma fezse o vento Que dos olhos desfez a última chama E da paixão fezse o pressentimento E do momento imóvel fezse o drama De repente não mais que de repente Fezse de triste o que se fez amante E de sozinho o que se fez contente Fezse do amigo próximo o distante Fezse da vida uma aventura errante De repente não mais que de repente grifos da autora Fonte Vinicius de Moraes online As Figuras de Sintaxe na Construção dos Enunciados Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 153 Texto 36 Se Fernando Anitelli compositor da música o Anjo mais velho não tivesse omi tido a conjunção E teríamos E a tua palavra e a tua história e a tua verdade fazendo escola Esse recurso linguístico conferiu mais fluidez e ritmo a esse enunciado Anáfora tratase da repetição de palavras ou expressões no início de ver sos ou orações Observe o texto que segue Texto 37 No contexto do texto 37 a repetição do termo é no início dos versos dessa canção de Tom Jobim também conferiu a esse enunciado mais ritmo e fluidez a canção Pleonasmo tratase de uma redundância de caráter expressivo que a princípio parece que pouco acresce ao enunciado sob o ponto de vista semântico con tudo do ponto de vista sintático esse recurso confere mais expressividade ao enunciado Vejamos O Anjo mais velho Tua palavra tua história Tua verdade fazendo escola E tua ausência fazendo silêncio em todo lugar Fonte O Teatro Mágico online Águas de Março É pau é pedra é o fim do caminho É um resto de toco é um pouco sozinho É um caco de vidro é a vida é o sol É a noite é a morte é o laço é o anzol Tom Jobim GRAMÁTICA E COMUNICAÇÃO Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV U N I D A D E 154 Texto 38 Observe que nos versos da música de Jorge Bem Jor há a ocorrência de um pleonasmo em chove chuva Note que esse recurso tem por efeito trazer ao enunciado um acréscimo de sentido que ele não teria se não houvesse a marca da redundância pois a palavra chuva traz consigo uma nova instrução de sen tido ao termo chove ao acrescentarlhe uma identidade total que esse item não teria se tivesse sido usado sozinho Nesse sentido o uso do pleonasmo no enun ciado do texto 38 serve para conferir mais ênfase a ideia de chover Chove chuva Chove chuva chove sem parar chove chuva chove sem parar grifos da au tora Fonte Jorge Ben Jor online Como vimos o pleonasmo pode funcionar como um recurso ex pressivo da linguagem contudo há algumas expressões que ao se repeti rem em um determinado contexto configuramse como ideias acessórias isto é desnecessárias A esse respeito vejamos este texto do professor Cere ja 2013 Pleonasmo vicioso Certas expressões entrar para dentro sair para fora subir para cima des cer para baixo reiterar de novo etc constituem redundâncias isto é re petem o significado já contido no termo anterior não acrescentando nada de novo São consideradas vícios de linguagem e devem ser evitadas na va riedade padrão da língua Há entretanto certas construções pleonásticas da linguagem coloquial que embora constituam pleonasmos são aceitáveis na língua padrão ver com os próprios olhos palpar com a mão pisar com os pés chover chuva etc CEREJA 2013 p 328 As Figuras de Sintaxe na Construção dos Enunciados Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 155 Inversão consiste na inversão de termos ou orações em um período Isso signi fica que o falante faz uma inversão da ordem das palavras dentro da oração para atingir objetivos comunicativos expressivos Observe o exemplo do texto 39 Texto 39 Na ordem direta no enunciado do texto 39 teríamos Suas mãos tire de mim Assim podemos perceber que esse recurso linguístico Inversão confere mais expressividade ritmo e topicaliza a ideia que os produtors desse enunciado objetivouram dar mais ênfase Como ao fato de usarem o verbo tirar no iní cio do verso aqui funcionou como ponto de partida para a estruturação do sentido da música Anacoluto ocorre quando há a ocorrência de um termo solto na frase oração enunciado isto é ocorre uma quebra da lógica que provoca uma inade quação sintática Vamos ao exemplo do texto 40 para um melhor entendimento sobre esse recurso linguístico Texto 40 Observe que a expressão humanidade está isolada no enunciado do texto 40 Além disso não existe ligação sintática com a construção está faltando consciência Silepse é um recurso que promove a concordância das palavras com o seu sentido com as ideias que as palavras expressam e não com a sua forma grama tical A silepse pode ser de gênero de número de pessoa Vejamos os exemplos que seguem Será Tire suas mãos de mim Eu não pertenço a você Fonte Dado VillaLobos Renato Russo e Marcelo Bonfá online À humanidade está faltando consciência autor desconhecido online GRAMÁTICA E COMUNICAÇÃO Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV U N I D A D E 156 Silepse de gênero São Paulo não é mais a mesma Concordância com a noção de cidade por isso mesma Silepse de número A turma chegou ao Rock in Rio bem cedo mas resol veram ir à praia Concorda com a ideia pessoas na turma Silepse de pessoa Nós brasileiros somos competentes O falante desse enunciado se coloca entre os brasileiros Caro alunoa diante desse estudo podemos entender que as figuras de sintaxe se apoiam em recursos como em concordar verbos com os sentidos das palavras e não com a forma gramatical repetir conectivos ou omitilos empregar mais de uma palavra para referirse a uma mesma ideia Assim essas figuras funcio nam como recursos expressivos intencionais que ocorrem na combinação das palavras e favorecem a construção da pluralidade de sentidos que os enuncia dos podem abrigar A seguir nós nos ocuparemos do estudo da Concordância Verbal e da Concordância Nominal na construção dos enunciados CONCORDÂNCIA VERBAL E NOMINAL NA CONSTRUÇÃO DOS ENUNCIADOS 1ª estrofe Fora de si eu fico louco eu fico fora de si eu fica assim eu fica fora de mim 2ª estrofe eu fico um pouco depois eu saio daqui eu vai embora eu fico fora de si Concordância Verbal e Nominal na Construção dos Enunciados Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 157 A letra da canção de Arnaldo Antunes a princípio pode nos causar estranha mento devido à falta de concordância entre alguns termos Vamos voltar ao enunciado para refletirmos sobre esse estranhamento Observe alunoa que na 1ª estrofe em eu fico fora de si há um pro blema de concordância nominal ainda nessa estrofe em eu fica assim temos um problema de concordância verbal e em eu fica fora de mim temos uma ina dequação referente à concordância verbal Na 2ª estrofe em eu vai embora temos um problema de concordância ver bal em eu fica fora de si há uma inadequação referente à concordância verbal e nominal e por fim na 3ª estrofe em eu fica bem assim outro caso de pro blema com a concordância verbal Como podemos observar caroa alunoa essa canção intitulada Fora de si é de fácil entendimento uma vez que a temática se centra no estado de insen satez que se encontra o eulírico Diante disso podemos entender que o estranhamento causado pela falta de concordância entre alguns termos constituise como um recurso expressivo que contribui para a manutenção temática desse enunciado que se desenvolve a parir de uma falsa incoerência que reforça a ideia de loucura de que trata a canção Contudo nem sempre a inadequação quanto à relação dos nomes com outros nomes e ou a relação dos nomes com o verbo será intencional com vis tas a atingir efeitos de sentido Assim nos tópicos que seguem traremos um breve estudo sobre a Concordância Nominal e a Concordância Verbal na cons trução dos enunciados Conforme Bechara 2006 a concordância nominal verificase em gênero e em número entre o substantivo e seus determinantes como o adjetivo o pro nome adjetivo o artigo o numeral e o particípio a que se referem 3ª estrofe eu fico loco eu fica bem assim eu fico sem ninguém em mim Fonte Arnaldo Antunes online GRAMÁTICA E COMUNICAÇÃO Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV U N I D A D E 158 Ainda segundo Bechara 2006 a concordância verbal é a que se verifica em número e pessoa entre o sujeito e o verbo do enunciado Vamos às regras gerais e iniciaremos com a Concordância Nominal a Adjetivo anteposto a nomes próprios deve sempre concordar no plural Exemplo O álbum A Melhor Banda de Todos os Tempos da Última Semana é um trabalho dos brilhantes Branco Mello Paulo Miklos Sérgio Britto e Tony Bellotto b Quando um adjetivo atua como predicativo de um sujeito ou de objeto compostos deve concordar com todos os núcleos desses termos Exemplo Pai e filha são virtuosos Marido e mulher são bemhumorados Julguei inapropriadas sua atitude e suas palavras É louvável a polidez e a doçura São louváveis a polidez e a doçura c Quando um único substantivo é modificado por dois ou mais determi nantes no singular podem ser usadas as construções como Aprecio a culinária japonesa e a italiana Aprecio as culinárias japonesa e italiana Se o predicativo do sujeito estiver anteposto ao sujeito pode concordar apenas com o núcleo mais próximo Vejamos Concordância Verbal e Nominal na Construção dos Enunciados Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 159 d No caso de numerais ordinais antepostos a um único substantivo podese usar as construções como Foram aprovados os estudantes do primeiro e segundo ano Foram aprovados os estudantes do primeiro e segundo anos Obrigada disse a coordenadora aos estudantes O padre mesmo fez a leitura da palavra Ela própria deveria ter assumido o erro Anexos seguem os documentos As palavras MEIO CARO BARATO e BASTANTE quando atuam como deter minantes devem concordar com o substantivo a que se referem Observe Judite não é de meias palavras Função de adjetivo São peças caras as meias de compressão Função de substantivo A porta está meio aberta Função de advérbio A conta de luz está muito cara Função de adjetivo As palavras obrigado mesmo próprio e anexo concordam com o nome a que se referem Vejamos GRAMÁTICA E COMUNICAÇÃO Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV U N I D A D E 160 A inscrição do curso custou caro Função de adjetivo Eram livros baratos Função de adjetivo Bastantes são os motivos para eu confiar nele Função de adjetivo Passaremos agora a tratar da Concordância Verbal a Segundo Bechara 2006 quando o sujeito é representado por expressões do tipo parte de a maioria de a maior parte grande parte de e nome no plural o verbo irá para o singular ou plural Vejamos estes exemplos extraídos da gramática do professor Evanildo Bechara 2006 p 557 1 a maior parte deles recusou seguilo com temor do poder da regente 2 e a maior parte dos esquadrões seguiramnos Como podemos observar pelos exemplos de Bechara 2006 a con cordância do verbo com expressão do tipo partitiva seguida de um nome no plural pode ocorrer tanto no singular como no plural Assim note que no exemplo 1 o verbo recusar concorda com a expressão a maior parte valor de singularidade já na situação expressa pelo exemplo 2 o verbo seguir concorda com o nome no plural esquadrões A esse respeito em consonância com Bechara 2006 podemos des tacar a posição de Cegalla 2001 Para esse gramático quando o sujeito é formado por expressão partitiva parte de uma porção de a maioria etc seguida de um substantivo ou pronome no plural o verbo fica no singular ou plural Para um melhor entendimento sobre esse conceito observe os exemplos que seguem 3 A maioria dos eleitores não aprova o governo da presidente O verbo aprovar concorda com a expressão partitiva a maioria de Concordância Verbal e Nominal na Construção dos Enunciados Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 161 4 A maioria dos eleitores não aprovam o governo da presidente O verbo aprovar concorda com nome mais próximo ao verbo eleitores Diante desses exemplos alunoa observe que o verbo quando pos posto ao sujeito pode ir para o singular ou para o plural conforme se queira efetuar uma concordância a rigor gramatical como pode ser observado no exemplo 3 verbo concorda com o coletivo sin gular Ou ainda pode ocorrer uma concordância expressiva com a ideia de pluralidade sugerida pelo nome eleitores do exemplo 4 b Quando o sujeito for formado por expressão que indica quantidade aproximada como cerca de mais de perto de menos de seguida de numeral e substantivo o verbo concorda com o substantivo Perto de mil pessoas estiveram na manifestação c Quando a expressão mais de um se ligar a verbos que exprimem reci procidade o plural será obrigatório Mais de um fã se emocionaram com o show de Elton John na cidade do Rock in Rio d Em caso de nomes próprios a concordância deve ser feita conforme as seguintes situações Se ao sujeito precede um determinante o verbo deve ficar no plural Os Titãs participaram do show de abertura no Rock in Rio em 2015 Se o sujeito é sem determinante o verbo deve ficar no singular Titãs é uma banda de rock brasileiro formada há mais de 30 anos e Se o sujeito é formado por uma expressão que indica porcentagem seguida de substantivo o verbo normalmente concorda com o substantivo 90 dos entrevistados estão insatisfeitos com o governo do PT GRAMÁTICA E COMUNICAÇÃO Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV U N I D A D E 162 f Quando a expressão que indica porcentagem não for seguida de subs tantivo o verbo deve concordar com o número 10 desconhecem o assunto 1 desconhece o assunto g Quando o sujeito é um pronome de tratamento o verbo fica na 3ª pessoa O senhor está bem h Quando o sujeito é o pronome relativo QUE a concordância em número e pessoa é feita com o antecedente desse pronome Fui eu que fiz o jantar i Quando o sujeito é o pronome relativo QUEM o verbo fica na 3ª pes soa do singular ou a concordância com o antecedente a que se refere Fui eu quem fez o jantar Fui eu que fiz o jantar CONCORDÂNCIA DO VERBO E A PALAVRA SE Quando é índice de indeterminação do sujeito o SE acompanha verbos intransitivos transitivos indiretos e de ligação que nesses casos são obrigatoriamente conjugados na 3ª pessoa do singular porque o seu sujeito é indeterminado Precisase de voluntários para cuidar de animais abandonados VTI Quando é um pronome apassivador o SE acompanha verbos transitivos diretos e transitivos diretos e indiretos na formação da voz passiva sinté tica Nesse caso o verbo deve concordar com o sujeito Aos domingos e feriados alugamse bicicletas perto do Parque VTI Sujeito Concordância Verbal e Nominal na Construção dos Enunciados Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 163 VERBOS IMPESSOAIS O verbo haver quando indica existência ou acontecimento é impessoal Nesse caso deve sempre ficar na 3ª pessoa do singular Ainda há esperança para a solução dos problemas sociais desse país Os verbos haver e fazer são impessoais quando indicam ideia de tempo Nesse caso devem permanecer na 3ª pessoa do singular Há meses não o vejo Faz anos que não o vejo Ficam na 3ª pessoa do singular exceto o verbo ser os verbos que indicam fenômenos da natureza Trovejou a noite inteira A CONCORDÂNCIA COM O VERBO SER Quando o sujeito ou o predicativo for nome de pessoa ou pronome pes soal o verbo ser concorda com a pessoa gramatical Francisco era a esperança da mãe Sujeito As alegrias daquele casal são eles os filhos Predicativo Quando colocado entre substantivos comuns com um no singular e outro no plural o verbo ser concordará preferencialmente com o que esti ver no plural GRAMÁTICA E COMUNICAÇÃO Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV U N I D A D E 164 O meu interesse são os livros Sujeito O meu interesse são estas músicas de rock antigo Predicativo Quando o verbo ser indicar horas e distância deverá concordar com a expressão numérica É uma hora São 17 horas Eram três e vinte Daqui até a Faculdade é um quilômetrosão cinco quilômetros Em datas o verbo ser deve concordar com a palavra dias que pode estar subentendida no contexto Hoje é dia 6 de setembro São seis dias de setembro Nesses tópicos vimos que concordância seja nominal seja verbal está asso ciada às intenções dos falantes e aos contextos em que elas ocorrem Nos tópicos que seguem nos ocuparemos com os estudos da Sintaxe de Colocação A SINTAXE DE COLOCAÇÃO NA CONSTRUÇÃO DOS ENUNCIADOS Bechara 2006 denomina a colocação dos pronomes oblíquos átonos no enunciado de Sintaxe de colocação ou de ordem A esse respeito esse autor assim se expressa A colocação dentro de um idioma obedece a tendências variadas quer de ordem estritamente gramatical quer de ordem rítmica psicológica e estilís tica que se coordenam e complementam BECHARA 2006 p 581 A Sintaxe de Colocação na Construção dos Enunciados Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 165 Isso significa que a colocação dos pronomes nos enunciados sejam verbais não verbais ou mistos está orientada ao discurso isto é mesmo que haja um princí pio sintático que rege a colocação das palavras em um determinado enunciado quando um falante por exemplo quer dar destaque ou um sentido diferente àquilo que enuncia seja na expressão escrita e ou falada ele poderá colocar em primeiro plano o termo que deseja dar mais realce A esse respeito reflita sobre este texto do escritor modernista Oswald de Andrade Texto 41 A rigor gramatical na colocação do pronome no início da oração desse texto teríamos um erro uma vez que ocorre uma quebra do princípio sintático que rege a combinação das palavras nos textos no entanto o escritor modernista tinha um conceito diferente sobre esse formalismo linguístico tanto que usou o pronome me no início do verso Esse é um recurso característico da lingua gem informal e faz parte de nossas práticas sociais Afinal você diz ao garçom dême um suco por favor A gramática da nossa língua chama de ordem direta aquela em que os ele mentos linguísticos de uma oração organizamse com um sujeito verbo complemento Vejamos este exemplo que marca o uso adequado do pronome conforme as regras da gramática normativa Pronominais Dême um cigarro Diz a gramática Do professor e do aluno E do mulato sabido Mas o bom negro e o bom branco Da Nação Brasileira Dizem todos os dias Deixa disso camarada Me dá um cigarro Fonte Oswald de Andrade online GRAMÁTICA E COMUNICAÇÃO Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV U N I D A D E 166 Texto 42 Quando há uma alteração nessa ordem a gramática chama de inversa que é aceita pela nossa gramática contudo alguns princípios normativos devem ser obser vados sobretudo no plano da expressão escrita Esses princípios correspondem à colocação dos pronomes pessoais oblíquos átonos me te se lhes os as nos vos Em relação ao verbo ao qual se ligam esses pronomes podem assumir três posições no enunciado Ênclise Próclise e Mesóclise Ênclise referese à colocação do pronome após o verbo O emprego da ênclise pode ser considerada a colocação básica do pronome pois obedece a disposi ção direta dos elementos linguísticos como verbo complemento Vejamos este exemplo Desejote um ótimo final de semana Próclise usase a próclise quando há palavras que atraem o pronome para antes do verbo Quais sejam Partícula negativa Nunca nos revelou sua verdadeira identidade Pronome indefinido Ninguém nos avisou sobre o procedimento a ser adotado Advérbio ou locução adverbial Ligeiramente se levantaram os participantes após o evento Só de manhã me informaram sobre o ocorrido Eu desejo Eu desejo que os seus dias sejam felizes Que as suas noites sejam tranquilas E que não lhe falte paz e amor Grifo da autora Fonte Pregador Luo online A Sintaxe de Colocação na Construção dos Enunciados Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 167 Não disseme ele ao recusar o trabalho e em seguida despediuse Preposição seguida de gerúndio Em se tratando de maus tratos aos animais é bom ficarmos atentos Pronome interrogativo como quem que qual e variações quanto e variações Quem me chamou O que lhe contaram sobre o evento Conjunção subordinativa ou pronome relativo em orações subordinadas Imaginei que conseguiria a aprovação Conjunção subordinativa Mesóclise a mesóclise ocorrerá quando o verbo estiver no futuro do presente e no futuro do pretérito Desde que não haja a condição para a próclise A prova curricular da disciplina de Comunicação e Expressão realizarseá na sextafeira Se pudesse contarlheia o desfecho da trama Sugiro que vá antes pois ninguém te informará o horário da viagem por telefone Uso obrigatório da próclise uma vez que há nesse enunciado uma partícula negativa apesar de constar o verbo no futuro do presente A seguir temos um texto do professor Cereja 2013 que mostra a impor tância do uso adequado da Sintaxe de Colocação em nossas práticas sociais Vamos conferir Caroa alunoa vimos nesse tópico que a Sintaxe de Colocação está associada não só aos princípios que regem a combinação sintática entre as palavras mas também está associada as intenções comunicativas dos falantes e aos contextos Atenção Quando houver vírgula depois de palavra negativa ou advérbio usa se a ênclise GRAMÁTICA E COMUNICAÇÃO Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV U N I D A D E 168 de usos da linguagem A seguir finalizaremos esta unidade com um estudo sobre vícios e dificuldades de uso na linguagem VÍCIOS E DIFICULDADES NO USO NA LÍNGUAGEM Até aqui alunoa este livro trouxe à baila a importância dos elementos linguís ticos e extralinguísticos na construção dos enunciados os quais constituem as nossas relações sociais Nesse sentido nos ocuparemos por ora da exposição de algumas constru ções e ou vícios que mais ocorrem em enunciados como trabalhos de conclusão de curso artigos científicos relatórios monografias dissertações projetos etc Como esses enunciados devem ser redigidos o mais próximo possível do formalismo linguístico listaremos a seguir algumas inadequações que preci sam ser refletidas eou até evitadas quando se trata de estudos sistematizados Para que servem as regras de colocação pronominal Enquanto as regras de colocação pronominal vigentes se mantêm distancia das da prosódia brasileira devemos conhecêlas e dominálas a fim de em pregar adequadamente os pronomes sempre que as situações de interação verbal exigirem a produção de um texto oral ou escrito na norma culta formal da língua Fora dessa exigência a colocação do pronome deve seguir os princípios do bom senso e da eufonia1 Fonte Cereja 2013 p 372 1 Boa sonoridade das palavras no enunciado Os que escrevem com clareza têm leitores os que escrevem de maneira obs cura têm comentaristas Albert Camus Vícios e Dificuldades no Uso na LínguaGEM Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 169 Segundo Inácio Filho 2003 os estrangeirismos isto é as palavras alheias a nossa língua devem ser evita das caso seja necessário usar um estrangeirismo devese destacálo Por exemplo neste livro em algumas dis cussões fiz o uso da palavra lato sensu e strictu por isso que aqui a elas apliquei a forma em itálico Em sua pesquisa Inácio Filho também defende a moderação com relação ao uso de neologismos e de palavras criadas a par tir do sufixo idade como coisidade ludicidade didaticidade mineiridade etc Inácio Filho 2003 ainda nos alerta que não convém transformarmos substantivos e adjetivos em verbos como agudizar agilizar minimizar maximizar priorizar oportunizar precarizar etc Vejamos a seguir as construções que segundo Inácio Filho 2003 devem ser evitadas em trabalhos de natureza acadêmica À nível de usase quando pretendese indicar movimento por exemplo a inflação elevouse a níveis intoleráveis Para referirse a uma esfera um âmbito devese usar em nível de e variáveis Através de a rigor essa construção só pode ser empregada em enunciados que indicam o atravessamento de algo num meio por exemplo a luz chegou através da porta Quando não se tratar disso recomendase mediante por meio de por intermédio de Colocarcolocação colocar significa por introduzir e não afirmar propor Por essa razão não convém usar frases como segundo as colocações de Neves 2000 Fonte Unicesumar online GRAMÁTICA E COMUNICAÇÃO Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV U N I D A D E 170 Como um todo a construção a sociedade como um todo é inadequada na visão de Inácio Filho 2003 pois não indica uma parte da sociedade uma fra ção e sim a sua totalidade Assim quando se quer enfatizar o aspecto de algo no total use todo o toda a Em termos de expressão carente de sentido para Inácio Filho 2003 logo indispensável Por exemplo em um enunciado como em termos de segurança no Brasil use simplesmente a segurança no Brasil Enquanto indica duração uma situação temporária Inácio Filho sugere que evite o uso desse termo para designar condição Por exemplo eu enquanto mãe A rigor gramatical se considerarmos esse termo no modo como foi empregado nesse enunciado significa que em algum momento deixarei de ser mãe Nesse caso o recomendável seria na condição de mãe Ir de encontro a chocarse com Ir ao encontro de concordar com Na medida em que significa uma vez que posto que já que Assim não pode ser confundido com à medida que à medida em que uso inadequado que significa ao mesmo tempo em que à proporção que Onde na linguagem coloquial os falantes usam esse pronome relativo com vários sentidos contudo a rigor essa palavra deve ser usada apenas para referir se a lugar Dessa forma convém foi em Moçambique onde nasceu o escritor Mia Couto e não foi na obra de Mia Couto onde encontrei uma literatura afri cana Nesse contexto recomendase foi na obra de Mia Couto que encontrei uma literatura africana Gerundismo tem origem em expressões usadas no âmbito do telemarke ting O gerundismo faz uso do verbo estar acompanhado do gerúndio para designar uma ação futura como vamos estar fazendo uma reunião na próxima semana também deve ser evitado Observe no texto de Ricardo Freire o uso em excesso do gerundismo que sig nifica para alguns teóricos um modismo e mau uso da língua Caro a acadêmico a até aqui objetivamos ampliar os estudos sobre o for malismo linguístico a fim de conscientizálo acerca do papel que esse saber desempenha na construção das mais diferentes realidades e na interação social Considerações Finais Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 171 Você tem vícios de linguagem Se sim faça uma reflexão sobre as situações em que são empregados e se esse fator impactou de forma negativa ou não nas suas práticas sociais Fonte a autora PARA VOCÊ ESTAR PASSANDO ADIANTE Este artigo foi feito especialmente para que você possa estar recortan do e possa estar deixando discretamente sobre a mesa de alguém que não consiga estar falando sem estar espalhando essa praga terrível da comuni cação moderna o gerundismo Você pode também estar passando por fax estar mandando pelo correio ou estar enviando pela internet O importante é estar garantindo que a pes soa em questão vá estar recebendo esta mensagem de modo que ela pos sa estar lendo e quem sabe consiga até mesmo estar se dando conta da maneira como tudo que ela costuma estar falando deve estar soando nos ouvidos de quem precisa estar escutando Sintase livre para estar fazendo tantas cópias quantas você vá estar achan do necessárias de modo a estar atingindo o maior número de pessoas infec tadas por esta epidemia de transmissão oral Mais do que estar repreendendo ou estar caçoando o objetivo desse movi mento é estar fazendo com que esteja caindo a ficha nas pessoas que costu mam estar falando desse jeito sem estar percebendo Nós temos que estar mostrando a nossos interlocutores que sim Pode estar existindo uma ma neira de estar aprendendo a estar parando de estar falando desse jeito Fonte Freire online GRAMÁTICA E COMUNICAÇÃO Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV U N I D A D E 172 CONSIDERAÇÕES FINAIS Nesta unidade IV você estudou sobre a norma da língua Para tanto iniciamos nossos estudos sobre o conceito de gramáticas como a Gramática Normativa a Descritiva e a Gramática Internalizada e suas diferentes concepções de estudo da língua Na sequência mediante um recorte temático trouxemos um estudo sobre dois tipos de gramática a Tradicional ou Normativa e a Gramática Cognitivo Funcional Por meio desse estudo você teve a oportunidade de compreender de refletir sobre como cada abordagem de gramática explica o funcionamento da língua e que elas não se excluem pelo contrário coexistem Por esse viés da correlação entre Gramática e Discurso projetamos os estu dos sobre os Sinais de Pontuação as Figuras de Sintaxe um estudo sobre a Concordância Nominal e Verbal o estudo da Sintaxe de Colocação coloca ção pronominal e por fim trouxemos um estudo sobre os usos da linguagem Nesse sentido buscamos trazer um estudo que possibilitasse o entendimento e reflexão sobre o funcionamento do formalismo da língua pela interface entre forma e função 173 1 Com base em nossos estudos sobre a importância do uso da vírgula nos enun ciados Observe o enunciado a seguir e explique os sentidos possíveis com e sem o uso desse elemento linguístico Hoje não estou com dor de cabeça Agora tire a vírgula3 2 Observe o texto abaixo e explique sobre a importância do uso da vírgula na construção deste enunciado A vírgula Vírgula pode ser uma pausa ou não Não espere Não espere Pode ser autoritária Aceito obrigado Aceito obrigado Pode acusar a pessoa errada Esse juiz é corrupto Esse juiz é corrupto A vírgula muda uma opinião Não queremos saber Não queremos saber Uma vírgula muda tudo4 3 Leia este enunciado e explique o uso do verbo haver Há duas formas para viver a sua vida uma é acreditar que não existe milagre A outra é acreditar que todas as coisas são um milagre Grifo da autora Albert Einstein 3 Texto adaptado do anúncio publicitário do analgésico Aspirina Disponível em httpssmediacacheak0pinimg com236x3dfbf93dfbf9cc4daddcb26e9fcf379e597dfcjpg Acesso em 24 nov 2015 4 Texto adaptado de httptudibaocombrblogwpcontentuploads201005virgulaabi368x509jpg Acesso em 2 nov 2015 A GRAMÁTICA PELA PERSPECTIVA DO FUNCIONALISMO UM RECORTE Nesta unidade buscamos oferecer a você alunoa um estudo do formalismo linguís tico à luz do Funcionalismo mas o que significa mesmo estudar a língua pelo viés do Funcionalismo Nesta unidade trabalhamos com as noções de forma regra e função contexto de uso particular da língua a fim de ampliar o seu conhecimento sobre a relação entre o Discurso e a Gramática a esse respeito vamos refletir sobre esta afirma ção da linguista e funcionalista Maria Helena de Moura Neves Usar a linguagem não constitui um fato puramente linguístico mas cada instância de comunicação é em pri meiro lugar um evento humano e a partir daí social e cultural NEVES p 37 2006 Em outras palavras podemos apreender que para essa estudiosa dos fenômenos da língua gem a Gramática só faz sentido se associada a um contexto natural de uso o qual é influenciado por fatores socioculturais isto é o contexto natural de uso da língua gem Diante disso alunoa podemos entender que a Gramática será sempre incompleta provisória pois é no e pelo discurso contexto efetivo de uso da língua gem que ela se mantém É sobre essa relação da gramática com o discurso de que se ocupa a Teoria do Funcionalismo Fonte a autora Material Complementar MATERIAL COMPLEMENTAR Sobre a importância da vírgula sugiro que vejam este vídeo Disponível em https wwwyoutubecomwatchvuWKpx5Ls1zg Acesso em 03 set 2015 Além desse vídeo também recomendo a você este vídeo que traz uma refl exão sobre a Gramática e o Discurso Não deixe de assistir Disponível em httpswwwyoutube comwatchvmiWiuv1xT3E Acesso em 02 nov 2015 Gramática de Usos do Português Maria Helena de Moura Neves Editora Unesp Sinopse Tem como objetivo possibilitar uma descrição do uso efetivo dos itens da língua transformando se em gramática referencial do português Prático mas de orientação teórica defi nida é dirigido a toda a comunidade de usuários do idioma tanto para o falante comum que pode obter orientação sobre o uso efi ciente dos recursos de sua língua como para o estudioso do Português que nele pode encontrar uma fonte de dados para pesquisas Texto e Gramática Maria Helena de Moura Neves Editora Contexto Sinopse Neste livro Maria Helena de Moura Neves analisa processos de constituição do enunciado dirigindo a atenção para a gramática que organiza relações constrói signifi cações e defi ne efeitos pragmáticos que afi nal fazem do texto uma peça em função O que se pretende é esmiuçar os usos da língua natural e penetrar na organização real dos enunciados para avaliálos sob os diversos níveis e ângulos que envolvem a atividade Funcionalismo predicação referenciarão polarização e modalização junção são alguns dos assuntos abordados nesta obra essencial para alunos de Letras e professores de Português dos diversos níveis MATERIAL COMPLEMENTAR A Língua das Coisas Ano 2010 Sinopse Em um sítio distante de tudo vivem o menino Lucas e seu avô O avô só sabe a língua do rio dos bichos e das plantas Lucas está cansado da rotina e das histórias inventadas pelo avô que diz pescálas no rio palavra por palavra Um dia a mãe de Lucas vem buscálo para morar na cidade Mesmo contrariado o avô o encoraja a ir para aprender a falar língua de gente Na escola a nova língua não entra na sua cabeça não cabe E para piorar ele começa a escrever uma língua inventada só dele Todos pensam que ele tem um parafuso a menos Em seguida sua mãe recebe a notícia da morte do avô De volta ao sítio Lucas corre em desespero na esperança de encontrálo na ilusão daquela notícia ser uma história inventada Mas não é Desolado ele se senta à margem do rio e sem se dar conta dezenas de palavras são trazidas pela correnteza UNIDADE V Professora Me Fátima Christina Calicchio SEMÂNTICA GRAMÁTICA E COMUNICAÇÃO Objetivos de Aprendizagem Conceituar compreender e refletir sobre a importância dos operadores argumentativos nos enunciados Conceituar compreender e refletir sobre a importância da modalização nos enunciados Identificar os implícitos nos enunciados Identificar as funções da linguagem Plano de Estudo A seguir apresentamse os tópicos que você estudará nesta unidade Operadores argumentativos e os enunciados A modalização e a construção dos enunciados Os implícitos nãoditos nos enunciados Figuras de linguagem nos enunciados INTRODUÇÃO Chegamos à última unidade desta disciplina O percurso teórico e prático que realizamos até aqui visou possibilitar a você reflexões sobre a relação existente entre a linguagem e contexto e para esta quinta unidade continuaremos nos sos estudos pelo viés da concepção de linguagem como atividade de interação Assim organizamos esta unidade da seguinte maneira Primeiramente apresentaremos um estudo sobre os operadores argumen tativos na construção dos enunciados Em um segundo momento vamos nos ocupar dos estudos da relação dos elementos linguísticos que constituem a modalização nos enunciados Na sequência apresentaremos um estudo sobre as informações que emergem na organização dos enunciados isto é as relações implícitas que um enunciado pode revelar E para fechar esta unidade apresentaremos um estudo sobre as figuras de linguagem Para tanto reivindico a relevância dos estudos de teóricos do campo da linguística textual de do campo da perspectiva funcionalista da linguagem Introdução Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 179 SEMÂNTICA GRAMÁTICA E COMUNICAÇÃO Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V U N I D A D E 180 OPERADORES ARGUMENTATIVOS E OS ENUNCIADOS Em nossos estudos até aqui vimos que nos sas relações por meio da linguagem estão calcadas na pluralidade da língua decor rentes das diferentes práticas sociais isto é não usamos a linguagem simplesmente para expressar nossos pensamentos tam pouco apenas a usamos como um veículo de informação Quando interagimos por meio da lin guagem objetivamos atingir determinados propósitos e para tanto fazemos uso dos recursos comunicativos que o sistema linguís tico nos dispõe Sobre a linguagem como forma de ação vejamos esta reflexão de Koch 2013 p 29 Quando interagimos através da linguagem quando nos propomos a jogar o jogo temos sempre objetivos fins a serem atingidos há relações que desejamos estabelecer efeitos que pretendemos causar comportamentos que queremos ver desencadeados isto é pretende mos atuar sobre os outros de determinada maneira obter deles determinadas reações Grosso modo podemos entender que para Koch 2013 a linguagem é inerente mente argumentativa isto é toda vez que falamos argumentamos Isso significa que a gramática de uma língua dispõe de elementos linguísticos que têm a fun ção de determinar o modo como o que é dito deve ser compreendido Esses elementos são denominados pela Semântica argumentativa de Operadores argumentativos que são os responsáveis pelo encadeamento dos enunciados ao estruturálos e determinar a sua orientação discursiva ou seja a maneira como deve ser compreendida determinada informação em um enunciado A Semântica Argumentativa propõe uma lista de elementos linguísticos que possuem força argumentativa como Operadores Argumentativos e os Enunciados Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 181 a Elementos que assinalam o argumento mais forte de uma escala para uma conclusão até mesmo até mesmo inclusive Veja Observe a força que a palavra mesmo marca neste enunciado Fonte Unicesumar online Segundo a Semântica Argumentativa há também a possibilidade de os elemen tos linguísticos direcionarem o discurso ao assinalarem o argumento mais fraco A apresentação foi coroada de sucesso pois estiveram presentes personalida des do mundo artístico pessoas influentes no meio político e esteve presente a Presidente da República grifo da autora Fonte adaptado de Koch 2013 A apresentação não teve sucesso a Presidente não compareceu nem as pes soas de influência no meio político e nem mesmo personalidades do mundo artístico grifo da autora Fonte adaptado de Koch 2013 SEMÂNTICA GRAMÁTICA E COMUNICAÇÃO Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V U N I D A D E 182 como ao menos pelo menos nem nem mesmo no mínimoVejamos b Operadores que somam argumentos a favor de uma mesma conclusão ou argumentos que fazem parte de uma mesma classe argumentativa e tam bém ainda nem e não não só mas também tanto como além de além disso a par de etc Observe algumas possibilidades de formular enunciados com esses recursos linguísticos Francisco é o melhor candidato pois tem boa formação experiência e bom relacionamento interpessoal Francisco é o melhor candidato pois não só tem boa formação mas tam bém experiência e um bom relacionamento interpessoal Francisco é o melhor candidato porque além de ter boa formação tem expe riência no cargo e tambémainda tem um bom relacionamento interpessoal Francisco é o melhor candidato tanto tem boa formação como experiência no cargo além dissoa par disso tem um bom relacionamento interpessoal c Operadores que introduzem uma conclusão relativa a argumentos apresen tados em enunciados anteriores portanto logo por conseguinte pois por isso em decorrência consequentemente etc Fonte Unicesumar online Operadores Argumentativos e os Enunciados Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 183 Vejamos outras formulações possíveis com base nesse enunciado Todos nós enfrentamos batalhas diariamente Portantologo seja gentil com as pessoas você não conhece as batalhas que elas enfrentam d Operadores que introduzem argumentos alternativos que levam a conclu sões diferentes ou opostas ou ou então querquer seja seja etc Observe a força argumentativa marcada pelo operador ou então na canção de Gilberto Gil e Operadores que estabelecem relações de comparação entre elementos com vistas a uma dada conclusão mais que menos que tão como do que etc Neste enunciado o operador argumentativo do que tem a função de guiar a compreensão do discurso para uma conclusão f Operadores que introduzem uma justificativa ou explicação sobre o enun ciado anterior porque que já que pois etc Estrela O contrário também Bem que pode acontecer De uma estrela brilhar Quando a lágrima cair Ou então De uma estrela cadente se jogar Só pra ver A flor do seu sorriso se abrir Fonte Gilberto Gil online Aceitai o meu ensino e não a prata e o conhecimento antes do que o ouro escolhido Porque melhor é a sabedoria do que joias e de tudo o que se deseja nada se pode comparar com ela Pv 81011 SEMÂNTICA GRAMÁTICA E COMUNICAÇÃO Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V U N I D A D E 184 Fonte Unicesumar online g Operadores que contrapõem argumentos orientados para conclusões con trárias mas porém contudo todavia no entanto etc embora ainda que posto que apesar que etc Texto 43 Somos donos dos nossos atos mas não donos dos nossos sentimentos Somos culpados pelo que fazemos mas não pelo que sentimos Podemos prometer atos mas não podemos prometer sentimentos Atos são pássaros engaiolados Sentimentos são pássaros em voo Fonte Rubem Alves Operadores Argumentativos e os Enunciados Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 185 Texto 44 Segundo Koch 2013 os operadores do grupo do mas e do grupo do embora possuem funcionamento com valores semânticos que se aproximam uma vez que eles opõem argumentos de perspectivas diferentes que orientam para uma conclusão contrária A diferença entre esses grupos relacionase a estratégias argumentativas uti lizadas pelo falante Por exemplo quando o falante usa operadores do grupo do mas emprega a estratégia do suspense pois ele cria uma expectativa de conclu são em seu interlocutor e depois introduz os argumentos que guiaráão o interlocutor à conclusão Observe o exemplo do Texto 43 nesse enunciado o autor lança uma expec tativa isto é cria um suspense na mente de seu interlocutor em Somos donos de nossos atos para depois por meio do operador mas romper essa ideia de suspense No caso do grupo do operador embora há uma estratégia argumentativa que funciona de forma contrária ao grupo do mas Ao empregar o embora o falante faz uso da estratégia da antecipação dos argumentos isto é anuncia pre viamente que o argumento será anulado Observe o exemplo do texto 44 em Embora o candidato se tivesse esforçado nessa porção de texto o falante faz uma antecipação sobre o que vai acontecer com o candidato ou seja a não aprovação Então com o uso do operador argu mentativo embora há uma quebra de expectativa já no início do enunciado Diante dessa reflexão alunoa podemos entender que tanto o operador do grupo mas quanto o operador do grupo do embora possuem forças argumen tativas que podem guiar o discurso para conclusões contrárias Embora o candidato se tivesse esforçado não conseguiu a aprovação SEMÂNTICA GRAMÁTICA E COMUNICAÇÃO Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V U N I D A D E 186 Até aqui vimos que os operadores argumentativos funcionam não apenas como organizadores sequenciais dos enunciados mas também funcionam como ele mentos que orientam as sequências argumentativas dos discursos isto é possuem marcas que direcionam como aquilo que é dito deve ser compreendido a fim de convencer o outro Nos tópicos que seguem vamos nos ocupar de outro recurso linguístico que revela a linguagem como forma de ação a modalização A MODALIZAÇÃO E A CONSTRUÇÃO DOS ENUNCIADOS Quando enunciamos fazemos uso de estratégias discursivas que podem levar os nossos interlocutores à persuasão uma vez que todo enunciado é per meado de marcas linguísticas que nos permitem avaliar a intenção comunicativa dos falantes Essas marcas linguísticas são denominadas de modalização A respeito da modalização Neves 2000 p 244 explica que compõe uma classe ampla de elementos que têm como carac terística básica expressar alguma intervenção do falante na defini ção da validade e do valor de seu enunciado modalizar quanto ao valor de verdade modalizar quanto ao dever restringir o domínio definir a atitude e até avaliar a própria formulação linguística Koch 2013 destaca a importância do estudo dos operadores argumen tativos que pertencem aos grupos do mas operadores adversativos e do embora operadores concessivos como elementos favoráveis à pro gressão textual Vejamos estes exemplos extraídos de KOCH 2013 p 91 aguardava ansiosa o momento da partida Aflita aproximouse da janela Mas a chuva persistia operador adversativo Embora nada tivesse de seu nunca reclamava e era feliz operador concessivo Grifos da autora Fonte a autora A Modalização e a Construção dos Enunciados Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 187 Isso significa que nós falantes ao enunciarmos estamos sempre avaliando julgando em busca de influir sobre o comportamento dos nossos interlocu tores com vistas a evidenciar como aquilo que foi dito deve ser compreendido Como podemos perceber caroa alunoa a modalização tem como qua dro teórico a linguagem como atividade de interaçãoação Nesse sentido os estudos sobre a modalização têm como fundamento teórico a visão funciona lista da linguagem que considera a língua como um instrumento que determina relações comunicativas entre os falantes e que a gramática da língua deve ser estudada ao interligar a Sintaxe a Semântica e a Pragmática O estudo sobre a modalização é complexo ora porque variam o campo de estudo ora porque variam as orientações teóricas e ainda ora porque se privilegia um tipo ou outro de modalização Para a discussão desse tópico nesta unidade optamos pelas modalidades Epistêmica Deôntica e Atitudinal Ressaltamos que a cada noção que a moda lidade materializa subjaz um elemento linguístico que nos permite evidenciar a intenção do falante Comecemos pela Modalidade Epistêmica Esta localizase no eixo do conhe cimento do enunciado do falante e exprime o grau de certeza em relação aquilo que é enunciado Segundo Neves 2010 p 160 modalidade epistêmica é a força com que o falante acredita na veracidade de uma proposição Conforme Neves 2010 os graus básicos da modalidade Epistêmica que a língua oferece para marcar os graus do possível são parafraseados em Usar a língua significa realizar ações A ação verbal constitui uma atividade social efetuada por indivíduos sociais com o fim de realizar tarefas comuni cativas ligadas com a troca de representações metas e interesses Fonte Koch 2013 p 18 SEMÂNTICA GRAMÁTICA E COMUNICAÇÃO Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V U N I D A D E 188 É absolutamente possível que o convite seja enviado É indiscutivelmente possível que o concite seja enviado É bem possível que o convite seja enviado É possível que o convite seja enviado Seria possível que o convite fosse enviado É muito possível que o convite seja enviado Seria muito pouco possível que o convite seja enviado É quase impossível que o convite seja enviado Seria quase impossível que o convite seja enviado A modalidade Epistêmica pode ser a Subjetiva o falante se envolve com o valor de verdade de seu enunciado b Objetiva o falante se distância do comprometimento com o valor de ver dade de seu enunciado A esse respeito Neves 1996 p 179 explica que No extremo da certeza há um enunciador que avalia como verdadeiro o conteúdo de seu enunciado apresentandoo como uma asseveração afirmação ou negação sem espaço para dúvida e sem relativização Por outro lado muitos enunciados oferecem um discurso com marcas do possível e no entanto contêm elementos gramaticais que em prin cípio confirmam certeza ao enunciado Diante da exposição de Neves 1996 podemos entender que o grau de certeza expresso no enunciado permite ao falante dar credibilidade ao seu discurso sem espaço para dúvida ou relativização Vejamos É absolutamente possível que o convite seja enviado Nesse enunciado podemos perceber a atuação do modalizador epistêmico mar cado pela expressão absolutamente possível que funciona como um recurso para revelar o grau de certeza do falante com o que foi dito uma vez que esse falante apresenta o seu enunciado como uma afirmação logo não abre espaço para dúvida A Modalização e a Construção dos Enunciados Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 189 Mesmo em enunciados construídos em primeira pessoa o falante ganha credibilidade ao situar seu enunciado no campo do gradual e do possível haja vista que nesse tipo de atuação do modalizador epistêmico o falante se distân cia do comprometimento com o valor de verdade do enunciado ao exprimir uma não certeza Vejamos este exemplo para um melhor entendimento da atu ação desse modalizador Eu acho que o convite será enviado Algumas expressões que exprimem não certeza são acho que penso que pare ceme tenho a impressão que eu acredito que etc Segundo Neves 2012 há ainda outra possibilidade de o falante eximirse da responsabilidade com o valor de verdade de seu enunciado por meio de expres sões que atribuem a responsabilidade do fato expresso a uma fonte externa isto é a terceiros como afirma diz que disseram entre outras Observe este exemplo Dizem que o convite virá Vimos que por meio da modalização um mesmo enunciado pode ser modali zados por diferentes expressões linguísticas como certos advérbios ou locução adverbial talvez provavelmente certamente possivelmente etc Quem recebeu o convite necessariamente confirmará a presença Quem recebeu o convite deverá confirmar a presença Quem recebeu o convite tem de confirmar a presença Nesses exemplos verificase que ao conteúdo do enunciado foi acrescentado por meio do elemento modalizador sob qual perspectiva ele deve ser entendido Passaremos agora a tratar do estudo da modalidade deôntica Vimos que na modalidade epistêmica os elementos linguísticos incidem no nível da avaliação do falante isto é do seu julgamento juízo de valor em relação a um determinado fato possível De maneira diferente na modalidade deôntica o nível de incidên cia é outro está na própria ação do falante De acordo com Neves 2010 a modalidade deôntica caracterizase por ele mentos que exprimem obrigações proibição e permissões Diferentemente da modalidade epistêmica que marca grau do possível até o impossível Na modali dade deôntica o grau é marcado do absolutamente obrigatório até o permitido A modalidade deôntica é classificada por Neves 2010 em dois tipos SEMÂNTICA GRAMÁTICA E COMUNICAÇÃO Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V U N I D A D E 190 a Obrigação moral interna ditada pela consciência como em Temos que admitir o convite será enviado b Obrigação material externa ditada por imposição de circunstâncias externas como em Aqueles que receberam o convite têm por obrigação confirmar a presença até o prazo determinado pelo evento Um mesmo enunciado pode ser modalizado por meio de vários elementos linguísticos de diferentes tipos como vimos até aqui e uma dessas possibilida des é o caso dos verbos dever e poder a esses verbos podem atribuir em um mesmo enunciado um valor epistêmico ou um valor deôntico O verbo poder pode significar capacidadehabilidadepermissão ou uma simples possibilidade O verbo dever pode significar obrigação ordem ou uma simples necessidade de acordo com o enunciado A esse respeito observe os enunciados que seguem Os convidados podem apresentarem em traje social exprime uma possibilidade valor epistêmico Os convidados devem apresentarem em traje social exprime uma obrigação valor deôntico Como mencionamos neste tópico além dos modalizadores epistêmicos que expri mem possibilidades o deôntico que marca uma obrigação do falante existem também os modalizadores que marcam uma atitude ou estado psicológico do falante Os exemplos que seguem foram retirados de um estudo sobre a atuação da modalização em enunciados de autoajuda Vejamos Devemos abrir a boca para abençoar o nosso irmão para adorarmos ao Senhor Mas infelizmente muitos têm sido des truídos pela falta de sabedoria CALICCHIO 2010 p 713 Nesse exemplo podemos observar que o modalizador marcado pelo adver bio infelizmente não assinala o modo como o falante desse enunciado fala De maneira diferente nesse contexto o adverbio revela uma atitude do autor desse enunciado ao envolverse emotivamente ao que parece lamenta o fato de as pes soas não bendizerem as outras e louvarem a Deus Os Implícitos NãoDitos nos Enunciados Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 191 Podemos ainda destacar a existência de modalizadores delimitadores que marcam o domínio dentro do qual um enunciado deve ser entendido Para Neves 2000 os modalizadores delimitadores estabelecem os limites das afirmações e das negações Isso significa que esse modalizador define o âmbito que o enun ciado deve ser compreendido Politicamente ele ganhou credibilidade Esse exemplo põe em relevo mediante o modalizador como devemos compre ender a maneira como o falante que pressupomos ser uma autoridade do meio político ganhou credibilidade consideração Isso significa que o modalizador criou uma delimitação sob a qual perspectiva o interlocutor deve fazer a leitura desse enunciado Os estudos da modalização aqui realizado a partir de um olhar teórico funcionalista evidenciou que os elementos linguísticos estão à disposição das intenções comunicativas dos falantes isto é a linguagem é uma estrutura maleável que se organiza de forma constante conforme as necessidades comunicativas No tópico seguinte nos ocuparemos do estudo sobre os implícitos nos enunciados OS IMPLÍCITOS NÃODITOS NOS ENUNCIADOS O conceito de implícito que adotamos para esta disciplina delineiase a partir da concepção que é no enunciado pelo enunciado e com o enunciado que a linguagem se torna uma ati vidade de interação Assim a noção de implícito em um enunciado está presente pelo nãodizer pelo silêncio ou pela ausên cia isto é um sentido implícito pode ser entendido como um sentido que fica em torno de uma deter minada discussão porque ele não vem explicitado no enunciado A esse respeito vejamos as palavras de Orlandi 2009 SEMÂNTICA GRAMÁTICA E COMUNICAÇÃO Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V U N I D A D E 192 Consideramos que há sempre no dizer um nãodizer necessário Quan do se diz x o nãodito y permanece como uma relação de sentido que informa o dizer de x Isto é uma formação discursiva pressupõe uma outra terra significa pela sua diferença com Terra com co ragem significa pela sua relação com sem medo etc Além disso o que já foi dito mas já foi esquecido tem um efeito sobre o dizer que se atualiza em uma formulação Em outras palavras o interdiscurso determina o intradiscurso o dizer presentificado se sustenta na me mória ausência discursiva ORLANDI 2009 P 8384 Em outras palavras isso sugere que todo enunciado se constitui não só pelo que é marcado explicitamente mas também se constitui pelo sentido nãomarcado explicitamente isto é o sentido que está posto gramaticalmente e pelo sentido que não está posto explicitamente mas carrega sentido que são capazes de esta belecer outros sentidos ao enunciado Veja o exemplo do texto 45 Texto 45 O enunciado do texto 45 chamanos a atenção não só pela mensagem que veicula por meio das palavras mas o que está pressuposto é que antes se fazia com pras no Paraguai Além desses dois um que está posto e o outro pressuposto não dito mas presente há também aquele que emerge desses dois sentidos que seria o nãodito COMPRAS NO PARAGUAI COMPRAS NO PARAGUAI 1994 2015 1994 2015 Adeus Sentiremos muito a sua falta Saudades eternas Os Implícitos NãoDitos nos Enunciados Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 193 No caso desse contexto a razão que deu origem a morte metafórica das compras no Paraguai por exemplo constituise como a possível causa daquilo que está subentendido implícito Esse nãodito sugere ao leitorinterlocutor que a causa poderia ser a alta do dólar Esse fator seria o motivo para que as pes soas não fossem mais ao Paraguai para fazer compras Orlandi 2009 explica que há outras maneiras de se trabalhar com os implí citos em um enunciado Tratase do silêncio Essa linguista explica que há o silêncio fundador esse conceito indica que o sentido sempre pode ser outro E o silenciamento que subcategorizase em Silêncio constitutivo uma palavra apaga outras palavras para dizer é preciso nãodizer Vejamos este exemplo Texto 46 Fonte Unicesumar online SEMÂNTICA GRAMÁTICA E COMUNICAÇÃO Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V U N I D A D E 194 Conforme Orlandi 2009 para dizer é preciso não dizer então podemos enten der que no exemplo do texto 46 há um nãodito ou silêncio constitutivo que diz coragem Essa ideia é confirmada pelo elemento não linguístico isto é pela imagem de um felino e exatamente esse nãodito provocou o efeito de sentido desse enunciado que ao ver dessa autora trabalha com a noção de incentivo pois não teríamos o mesmo efeito de sentido com a paráfrase vai Coragem por exemplo Silêncio local é a censura o que se proíbe dizer em uma determinada esfera discursiva Em outras palavras é aquilo que faz um sujeito não dizer o que poderia dizer Para ilustrarmos esse conceito vejamos o exemplo do texto 47 Texto 47 No caso do enunciado do texto 47 temos um exemplo de silenciamento local Podemos entender que a banda ao dizer A gente quer a vida como a vida quer está silenciando nós cidadãos queremos e merecemos ter os nossos direitos respeitados considerados Comida Bebida é água Comida é pasto Você tem sede de que Você tem fome de que A gente não quer só comida A gente quer comida diversão e arte A gente não quer só comida A gente quer saída para qualquer parte A gente não quer só comida A gente quer bebida diversão balé A gente não quer só comida A gente quer a vida como a vida quer Fonte Titãs online Figuras de Linguagem nos Enunciados Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 195 Podemos destacar ainda nessa canção dos Titãs que em A gente quer comida diversão e arte foi silenciado outro dizer nós queremos ter direito ao trabalho que nos proporcionará o nosso alimento do corpo e também o alimento da dignidade de termos acesso à cultura à educação Esse recurso é responsável pelo efeito de sentido dessa canção Diante desse estudo alunoa podemos entender que o nãodizer implícito defendido pela Semântica Argumentativa é um fator importante na atribuição de sentidos de um enunciado A seguir vamos nos ocupar dos sentidos possíveis que as figuras de linguagem podem possibilitar FIGURAS DE LINGUAGEM NOS ENUNCIADOS Vimos na unidade IV deste livro a importâncias das figuras de Sintaxe na cons trução dos enunciados Neste tópico trataremos das figuras de linguagem também na construção dos enunciados Há situações comunicativas que fazem uso das palavras em sentido conotativo para atingirem seus propósitos de comunicação A esse respeito Fiorin 2006 p 65 assim se expressa O silêncio é signo de confiança E se a linguagem atravessa a verdade com a máscara da neutralidade é porque ela é palco e aí cabem outras representa ções Por que não a do compromisso com o seu tempo e com a sua gente Fonte KOCH 2008 p 6 SEMÂNTICA GRAMÁTICA E COMUNICAÇÃO Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V U N I D A D E 196 A linguagem autoriza toda sorte de alterações de significado de violações semânticas quando ultrapassam as fronteiras estabele cidas entre o animado e o inanimado o humano e o não huma no o concreto e o abstrato etc Como podemos observar pelas palavras de Fiorin 2006 e pelo exemplo do texto 48 a seguir as figuras de linguagem podem e são empregadas com um sentido novo diferente para tornar os enunciados mais expressivos e refletir aquilo que os falantes querem dizer As figuras de linguagem são Metáfora consiste no emprego de um termo com um significado do habi tual com base em uma relação similaridade entre o sentido próprio e o sentido conotativo Portanto a metáfora implica em uma comparação em que o conec tivo comparativo fica subentendido Vamos a um exemplo Texto 48 Podemos observar que Rubem Alves nesse texto empregou uma linguagem conotativa isto é figurada que é aquela diferente do sentido do dicionário a fim de atingir um sentido mais amplo para o seu enunciado Nesse contexto Rubem Alves faz uma comparação subentendida entre o sujeito mulher e um tecido Podemos entender por meio desse recurso linguístico que o poeta quis aproximar as características de um tecido que se faz por vários fios à mulher Comparação é a figura de linguagem que consiste no emprego de uma pala vra no sentido de aproximar dois seres em razão de alguma semelhança existente entre eles de tal modo que as características de um sejam atribuídas ao outro Observe este exemplo A amada é um tecido de sensações e fantasias Uma lembrança Rubem Braga online Figuras de Linguagem nos Enunciados Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 197 Texto 49 Observe que nesse exemplo o eulírico faz uma comparação ao aproximar o termo amor a raio pela semelhança de modo que as características do amor sejam atribuídas ao raio Note alunoa que essa comparação foi feita de modo explicitado pelo conectivo como Metonímia é uma forma de comparação contudo essa comparação se dá pela substituição de um termo por outro mais adequado a uma situação comu nicativa A metonímia ocorre quando se emprega O efeito pela causa e viceversa Alcançou seus objetivos graças ao seu próprio suor suor efeito causa esforço O autor pela obra Adoro ler Rubem Alves ler o livro a obra de Rubem e não o Rubem Alves O continente pelo conteúdo Consumiram muitas caixas de chocolate consumiram os chocolates e não as caixas A marca pelo produto Preciso ir ao mercado comprar Bom Bril com prar a palha de aço pois Bom Bril é a marca O concreto pelo abstrato respeite os meu cabelos bancos respeitar a idade O lugar pelo produto O noivo em sua festa de despedida de solteiro ofereceu Havanas aos amigos Havanas charuto produzido em Havana A parte pelo todo Falta amor para tirar tantos animais abandonados das ruas faltam pessoas voluntários O singular pelo plural O brasileiro é muito receptivo o povo brasileiro os brasileiros A matéria pelo objeto Tenham cuidado com meus cristais algum mate rial de cristal como copos taças brinquedos etc Faltando um pedaço O amor é como um raio galopando em desafio Abre fendas cobre vales revolta as águas dos rios Djavan online SEMÂNTICA GRAMÁTICA E COMUNICAÇÃO Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V U N I D A D E 198 Antítese consiste no uso de palavras com sentidos opostos para construir um novo sentido Texto 50 Observe que a antítese aparece no sentido expresso pela palavra longa em opo sição ao sentido da palavra curta Paradoxo consiste na afirmação de algo aparentemente contraditória verda deiro mas que apresenta uma contradição logica Vejamos o exemplo do texto 51 Texto 51 Muitas vezes o produtor de um enunciado quer expressar uma oposição muito mais forte que a antítese chega ao nível da oposição de ideias contudo essa opo sição é lógica Podemos observar essa contradição lógica nos versos em destaque na canção de Lulu Santos Veja em Tudo o que cala fala mais alto ao coração Apesar do emprego de elementos que se excluem como algo que cala mas fala mais alto se fundem e criam um efeito expressivo nesse contexto Hipérbole o exagero é usado para dar ênfase a uma determinada situação Vejamos Uma noite longa Pra uma vida curta Mas já não me importa Basta poder te ajudar Fonte Paralamas do Sucesso online Certas coisas Cada voz que canta o amor não diz Tudo o que quer dizer Tudo o que cala fala Mais alto ao coração Silenciosamente eu te falo com paixão Lulu Santos online Figuras de Linguagem nos Enunciados Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 199 Texto 52 Observe que no exemplo do texto 52 o autor com a intenção de mostrar a ideia de cansaço extremo exagera ao dizer que precisa dormir por três dias Merece destaque também o uso do verbo precisar no gerúndio Esse emprego funciona como ênfase a ideia de exagero do autor uma vez que o gerúndio tem ideia de continuidade Eufemismo tratase do uso de um termo que intenciona suavizar uma ideia Vamos a um exemplo para um melhor entendimento dessa figura de linguagem Texto 53 O uso da expressão colhido pela morte nesse enunciado do texto 53 é um bom exemplo da figura de linguagem eufemismo pois essa expressão causou menos impacto do que se tivesse usado por exemplo esta paráfrase que aos 66 anos morre em Assim entendese a opção dos editores do livro de Mattoso Câmara pela expressão colhido pela morte haja vista que de fato ela suavizou a ideia da morte do pesquisador Mattoso Ficaram prontas apenas duas partes da obra Mas como partes foram revisadas e dadas como definitivas pelo Autor que aos 66 anos foi colhido pela morte no dia 4 de fevereiro de 1970 Fonte Mattoso Câmara 2008 p 8 grifos da autora PRECISANDO DAQUELA DORMIDINHA BÁSICA DE UNS TRÊS DIAS SEMÂNTICA GRAMÁTICA E COMUNICAÇÃO Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V U N I D A D E 200 Ironia recurso usado para obter um efeito humorístico ou crítico por meio de um termo em sentido oposto ao usual Reflita sobre a ironia neste exemplo Texto 54 Observe que a ironia fica marcada no início do primeiro verso pela expressão vamos celebrar haja vista que os motivos elencados pelo compositor não carac terizam como situações convencionais para celebração ora celebramos a uma conquista por exemplo E os motivos que Renato Russo expõe nos versos dessa música fazem referência a problemas sociais que merecem atenção Assim o uso da expressão Vamos celebrar nesse contexto configurase como uma ideia con trária ao que de fato poderíamos inferir por exemplo que essa canção da banda Legião Urbana revela uma crítica não só as autoridades mas também à sociedade Prosopopeia ou personificação consiste em atribuir sentimentos e ou ações humanas a seres ou objetos inanimados Texto 55 Perfeição Vamos celebrar nossa justiça A ganância e a difamação Vamos celebrar os preconceitos O voto dos analfabetos Comemorar a água podre E todos os impostos Queimadas mentiras E sequestros Legião Urbana online Durma medo meu Às vezes um não sei Janela madrugada luz tardia E o medo nos acorda Pára e bate o coração Fonte O Teatro Mágico online Considerações Finais Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 201 Observe que no título dessa canção da Trupe O Teatro Mágico há o emprego da prosopopeia pois foi atribuído uma ação de um ser animado que é o ato de dormir a um sentimento como o medo Também há o emprego da prosopopeia no 3º verso desse excerto em E o medo nos acorda Para e bate o coração Aqui também foram atribuídas ações como acordar fazer parar e fazer bater o coração que são características dos seres humanos e não do termo medo Chegamos ao fim desta unidade Esperamos até aqui termos contribuído para a ampliação do seu conhecimento a respeito da relação entre os elementos linguísticos em seus contextos concretos de uso CONSIDERAÇÕES FINAIS Pelo estudo da Semântica Gramática e Comunicação objetivamos trazer con ceitos para que você possa não só compreender como também refletir sobre os elementos que extrapolam o limite dos textos Assim trouxemos primeiramente um estudo sobre a importância dos operadores argumentativos nos enunciados e vimos que esses elementos funcionam como recursos argumentativos que auxi liam no processo de interação verbal Posteriormente buscamos apresentar um estudo da atuação da modalidade nos enunciados Mediante esse estudo vimos que a modalização é um recurso linguístico que está orientada ao discurso e constituese como elementos reve ladores das intenções dos falantes Na sequência trouxemos um estudo sobre os implícitos nos enunciados nesse tópico evidenciamos a importância dos nãoditos nas palavras de Orlandi para a atribuição de sentidos em um determinado enunciado Por último apresentamos um estudo sobre o conceito e o funcionamento das figuras de linguagem na construção dos enunciados Por meio desse estudo evidenciamos que os produtores dos enunciados fazem o uso das palavras em sen tido conotativo para conferir mais expressividade àquilo que é dito enunciado 1 Leia este texto e faça o que se pede A Cegueira do Amor Todos os sentimentos dos homens reunidos num lugar da terra tiveram uma ideia Vamos brincar de escondeesconde A curiosidade sem poder conterse perguntou Escondeesconde O que é isso É um jogo explicou a loucura em que eu fecho meus olhos conto até 100 enquanto vocês se escondem Quando eu terminar começo a procurálos e o primeiro que eu encontrar ocupa o meu lugar no jogo O entusiasmo dançou a alegria deu tantos saltos que acabou convencendo a dúvida e até a apatia que nunca se interessava por nada Mas nem todos participaram A verdade preferiu não se esconder A soberba opinou que era um jogo muito tolo e a covardia preferiu não se arriscar Um dois três Começou a contar a loucura A primeira a se esconder foi a pressa A fé subiu ao céu e a inveja se escondeu atrás da sombra do triunfo que com seu próprio esforço tinha conseguido subir na copa da árvore mais alta O esquecimento Não me recordo onde se escondeu Quando a loucura estava lá pelo número 99 o amor ainda não havia achado lugar para se esconder Até que encontrou um roseiral e decidiu ocultarse entre as rosas 100 Terminou de contar a loucura E começou a busca A primeira a apare cer foi à pressa Depois escutou a fé Num descuido encontrou a inveja e claro pôde deduzir onde estava o triunfo 203 O texto A Cegueira do Amor foi estruturado pelo uso de uma figura de lin guagem Assim identifique e explique a importância dessa figura na construção desse enunciado 2 Nesta unidade vimos um estudo sobre os tipos de gramáticas Nesse sen tido para você aprender a Gramática Normativa é importante Justi fique sua resposta A dúvida foi mais fácil ainda Encontroua sentada numa cerca sem decidir em que lado se esconder E assim foi encontrando a todos O talento nas ervas frescas A angústia numa cova escura Apenas o amor não aparecia Quando a loucura estava quase desistindo encontrou um roseiral pegou uma forquilha e começou a mover os ramos No mesmo instante ouviuse um doloroso grito Os espinhos tinham ferido o amor nos olhos A loucura não sabia o que fazer para se desculpar Chorou rezou implorou e até prometeu ser seu guia Desde então o amor é cego e a loucura sempre o acompanha1 1 Disponível em httpgshowglobocomprogramasmaisvocev2011MaisVoce0MUL14436211035400 ACEGUEIRADOAMORhtml Acesso em 24 nov 2015 3 Vimos nesta unidade que os implícitos nãoditos funcionam como recur so expressivos do produtor de um determinado enunciado Dessa forma analise o enunciado abaixo a partir do conceito de silenciamento constitutivo Fonte Unicesumar online 205 UMA REFLEXÃO SOBRE OS IMPLÍCITOS Nesta unidade falamos sobre a importância dos meios linguísticos para prover a você um estudo sobre os sentidos que estão à margem do enunciado isto é os sentidos implícitos contudo esse estudo apenas serviu como ponto de partida para um estudo mais especifico sobre a Semântica do texto Em vista disso convidoo a refletir sobre esta exposição de Koch 2008 À semântica do texto cabe explicar a representação da estrutura do significado de um texto ou de um segmento deste particularmente as relações de sentido que vão além do significado das frases KOCH p 10 2008 Para Koch 2008 à Semântica do texto cumpre o papel de mostrar que além da signifi cação explicita há toda uma gama de significações implícitas diretamente relacionadas às intenções dos falantes ou seja é por meio desse nível que emergem os efeitos de sentido que um produtor pretender provocar no seu interlocutor Ainda é nesse nível que a sua atitude de leitor do e no mundo se revelará com maior ou menor grau de engajamento com relação aos enunciados que reproduz a maneira en fim de como você representa a si mesmo ao outro e ao mundo por meio da língua gem Assim saliento a importância de você acadêmicoa tornarse sensível a apreender a sig nificação profunda dos enunciados a fim de reconstruílos eou reinventálos Fonte a autora MATERIAL COMPLEMENTAR No link a seguir você encontrará um pouco mais a respeito dos operadores argumentativos Confi ra Disponível em httpwwwseerufubrindexphpdominiosdelinguagemarticleviewFile144389570 Acesso em 02 nov 2015 Para ampliar o seu conhecimento sobre a Modalização sugiro que leia este artigo que se encontra disponível em httpwwwcchufvbrrevistapdfsvol7artigo4vol71pdf Acesso em 02 nov 2015 Análise de Discurso Principios e Procedimentos Eni P Orlandi Editora Pontes Ano 2009 Sinopse Este livro apresenta um estudo sobre o funcionamento da linguagem Os fundamentos da análise de discurso ao apresentar as concepções teóricas e os procedimentos analíticos para a sua compreensão Assim este livro apresenta refl exões sobre as relações entre o homem a natureza e a sociedade na história Pelo discurso lugar de produção de sentidos e de processos de identifi cação dos sujeitos esta obra pode possibilitar uma melhor compreensão sobre a interpretação na relação do homem com a sua realidade Não só os que se dedicam aos estudos da linguagem mas todos aqueles que no campo das ciências humanas e sociais confrontamse com a articulação entre o simbólico e o político terão neste livro uma apresentação segura sobre o modo de tratar a linguagem como prática social e histórica na história Pelo discurso lugar de produção de sentidos e de Material Complementar MATERIAL COMPLEMENTAR Introdução a Linguística Textual Tragetória e Grandes Temas Ingedore Grunfeld Villaça koch Editora WMF Martins Fontes Ano 2009 Sinopse Nesta obra Ingedore G V Koch dedicase em primeiro lugar a traçar a trajetória da Linguística Textual desde sua origem até nossos dias bem como a assinalar as mudanças de rumo que sofreu durante esse percurso encaminhandoa para o estágio em que atualmente se encontra Em um segundo momento a autora procede a um levantamento dos principais temas que vêm constituindo o centro de interesse dos pesquisadores da área com o intento de familiarizar os leitores com os tipos de questionamento que hoje caracterizam a Linguística Textual e que permitem inclusive fazer projeções quanto ao seu futuro O Leitor Ano 2008 Sinopse Na Alemanha pós2ª Guerra Mundial o adolescente Michael Berg David Kross se envolve por acaso com Hanna Schmitz Kate Winslet uma mulher que tem o dobro de sua idade Apesar das diferenças de classe os dois se apaixonam e vivem uma bonita história de amor Até que um dia Hanna desaparece misteriosamente Oito anos se passam e Berg então um interessado estudante de Direito se surpreende ao reencontrar seu passado de adolescente quando acompanhava um polêmico julgamento por crimes de guerra cometidos pelos nazistas O fi lme O leitor é um bom exemplo para refl etirmos sobre os sentidos que emergem dos enunciados cujas signifi cações fundamentamse nas relações entre o homem e a sua realidade CONCLUSÃO Neste livro apresentamos os principais eixos que podem permear uma disciplina que tem a linguagem e a comunicação como ponto de partida para as mais diver sas práticas sociais Por esse viés na unidade I apresentamos um estudo sobre as concepções de língua gem também nessa unidade destacamos um estudo sobre os tipos de linguagem as variações linguísticas e objetivamos com esse estudo evi denciar que o uso da linguagem deve adaptarse às situações comunicativas Na unidade II objetivamos mostrar o funcionamento da linguagem e para isso apresentamos os princípios teóricos sobre a relação entre a linguagem e a comuni cação Além disso trouxemos um estudo sobre as funções da linguagem na cons trução dos enunciados o processamento da leitura para tanto o nosso trabalho se desenvolveu a partir de um movimento entre a teoria e sua aplicação a fim de le válo a um melhor entendimento sobre a importância do processamento de leitura Na unidade III apresentamos um estudo sobre a importância do conhecimento do formalismo da língua para as nossas práticas sociais Para isso buscamos proporcio narlhe a compreensão e reflexão sobre a importância da ortografia da acentuação e da escrita em nossas práticas sociais Ainda nessa unidade trouxemos um estudo sobre a semântica na construção dos enunciados Na unidade IV apresentamos também um estudo do formalismo linguístico con tudo esse estudo foi abordado com a intenção de trabalhar a forma aliada à função E por fim na unidade V o foco recai sobre a Semântica Gramática e Comunicação Para tanto ocupamonos dos estudos dos Operadores Argumentativos da Modali zação Vimos também nessa unidade um estudo sobre os Sentidos Implícitos nos enunciados Fechamos a unidade V com um estudo sobre as Funções da Linguagem na construção dos enunciados Esperamos que este estudo aqui apresentado sirvalhe de ponto de partida para a busca de mais conhecimento sobre a nossa língua gem e o seu funcionamento CONCLUSÃO REFERÊNCIAS 209 ACERVO Saber Disponível em httpwwwacervosabercombrtrabalhosbiogra fias1ferdinandsaussurephp Acesso em 28 out 2015 ALUNOS criam software que formata textos conforme normas da ABNT Notícias BOL 2015 Disponível em httpnoticiasboluolcombrultimasnoticiaseducacao20150827alunoscriamsof twarequeformatatextosconformenormasdaabnthtm Acesso em 28 ago 2015 ARMENGAUD F A Pragmática Tradução Marcos Marcolino São Paulo Parábola Editorial 2006 BAKHTIN M Marxismo e filosofia da linguagem 6 ed São Paulo HUCITEC 1992a Estética da Criação Verbal Tradução Paulo Bezerra 4 ed São Paulo Martins Fontes 2000 BAGNO M Preconceito linguístico o que é como se faz 34 ed Loyola São Paulo 2004 A língua de Eulália novela sociolinguística 1 ed São Paulo Contexto 2006 BANDEIRA M Meus poemas preferidos São Paulo Ediouro 2002 BRAIT B Org Bakhtin conceitoschave 5 ed 2ª reimpressão São Paulo 2014 BECHARA E Moderna Gramática Portuguesa 37ª ed Rio de Janeiro Lucerna 2006 BLOGUEIRAS feministas Disponível em httpblogueirasfeministascom201505 acolherounaoamiseriadomundoarespostadeumaafricana Acesso em 01 set 2015 BITTENCOUNT VANDA OLIVEIRA Gramaticalização e discurvização no português oral do Brasil O caso tipoassim Disponivel em httpperiodicospucminasbr indexphpscriptaaricleview10275 Acesso em 15 Nov 2015 BORBA F da S Introdução aos estudos linguísticos 13ª edição Campinas Pon tes Editores 2003 CARTER Steven O segredo das mulheres inteligentes Tradução Simone Reisner Rio de Janeiro Sextante 2010 CASTILHO A T de Org Gramática do Português Falado vol I A Ordem Campi nas Editora da UnicampFapesp 1990 2a ed 1991 3a ed 1997 CALICCHIO Fátima Christina Advérbios modalizadores terminados em mente reflexões sobre seu uso em textos de autoajuda In SEMINÁRIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA SÓLETRAS Estudos Linguísticos e Literários 2010 AnaisUENP Uni versidade Estadual do Norte do Paraná Centro de Letras Comunicação e Artes Jacarezinho 2010issn18089216p705 715 REFERÊNCIAS REFERÊNCIAS CEREJA W MAGALHÃES R COCHAR T Gramática Reflexiva São Paulo Atual 2013 CORRÊA M L G Linguagem e comunicação social linguística para comunicado res São Paulo Parábola 2002 COUTO M Terra Sonâmbula São Paulo Companhia das Letras 2007 Estórias abensonhadas 1a ed São Paulo Companhia das Letras 2012 O livro que era uma casa A casa que era um país Disponível em http wwwcontioutracomolivroqueeraumacasaacasaqueeraumpaispormia couto Acesso em 31 ago 2015 DICIONÁRIO Eureka Gírias dos funkeiras Disponível em httpprojetodeleitu raeurekablogspotcombr201407giriasdefunkeirashtml Acesso em 24 nov 2015 DIK S C The theory of Functional Grammar Part I The structure of the clause Dordrecht Foris 1989 DRUMMOND Quadrilha Disponível em httpdrummondmemoriavivacombr algumapoesiaquadrilha Acesso em 28 ago 2015 FERREIRA M Aprender e praticar gramática São Paulo FTD 1992 FERREIRA AURÉLIO O dicionario da lingua portuguesa 8º ed Curitiba Positivo 2010 FIORIN J L Org Introdução à linguística Princípios de análise São Paulo Con texto 2002 Org Introdução à linguística Vol II Objetos teóricos 5 ed São Paulo Contexto 2006 GARCIA O M Comunicação em prosa moderna 27ª ed Rio de Janeiro Fundação Getúlio Vargas 2010 GARCEZ L A escrita e o outro UNB Brasília 1998 GERALDI J W Concepções de linguagem e ensino de português In Org O texto na sala de aula 2 ed Cascavel PR Assoeste 1984 p 4148 INÁCIO G F A monografia nos cursos de graduação 3 Ed Uberlândia Edufu 2003 ILARI R Org O português da gente a língua que estudamos a língua que fala mos 2ª edSão Paulo Contexto 2009 KOCH I G V Introdução à linguística textual 2ª ed São Paulo Editora Martins Fontes Ler e escreve estratégias de produção textual 2 ed 1ª reimpressão São Paulo Contexto 2012 A Interação pela linguagem 11 ed1ª reimpressão São Paulo Con REFERÊNCIAS 211 texto 2013 MAMONAS Assassinas Chopis Centis Letras Disponível em Disponível em ht tpsletrasmusbrmamonasassassinas24144 Acesso em 22112015 Acesso em 24 nov 2015 MARCUSCHI L A Produção Textual análise de gêneros e produção textual São Paulo Parábola Editorial 2008 MARINGÁCOM O portal da cidade Disponível em wwwmaringacombr Acesso em 23 nov 2015 MARTELOTTA M E Org Manual de linguística 1ed 2ª reimpressão São Paulo Contexto 2009 MULHER 30 Disponível em httpmulher30combrtirinhas Acesso em 30 ago 2015 NEVES M H M In KOCH I G V Org Gramática do Português Falado IV Desen volvimentos Campinas Ed Unicamp 1996 Gramática de usos do português São Paulo Ed UNESP 2000 Texto e gramática São Paulo Contexto 2010 A nova culinária vegana Apicius Disponível em httpwwwapiciuscombrprodu tosdescricaoaspprodutoANOVACULINARIAVEGANA Acesso em 24 nov 2015 O Teatro Mágico Quando a fé ruge Disponível em httpsletrasmusbroteatro magicoquandoaferuge Acesso em 22 nov 2015 PARALAMAS do Sucesso Lanterna dos afogados Disponível em httpsletras musbrosparalamasdosucesso30126 Acesso em 24 nov 2015 PARÂMETROS Curriculares Nacionais Terceiro e quarto ciclos do Ensino Funda mental Língua Portuguesa Secretária de Educação Fundamental Brasília Mec p 6970 1998 PERFEITO A M Concepções de linguagem teorias subjacentes e ensino de língua portuguesa In Concepções de linguagem e ensino de língua portuguesa For mação de professores EAD 18 v 1 ed 1 Maringá EDUEM 2005 p 2775 POSSENTI S Por que não ensinar gramática na escola Campinas Mercado de Letras Associação de Leitura do Brasil 1996 SILVA T R Sopa de Letras Disponível em httpsopadeletrasunipblogspotcom br201210pluralidadeculturalpluralidadehtml Acesso em 24 nov 2015 TRAVAGLIA L C Concepções de linguagem In Gramática e interação uma proposta para o ensino de gramática no 1º e 2º graus São Paulo Cortez 1996 REFERÊNCIAS Gramática e Interação uma proposta para o ensino da gramá tica 9ª ed São Paulo Cortez 2003 WINDOWS Microsoft Disponível em httpres2windowsmicrosoftcomresbox ptptbwindows207main05b04a5794b24dc1bbbda0cfebdd8e2a0jpg Acesso em 22 nov 2015 WITTGENSTEIN L Tractatus LogicoPhilosophicus 2015 Disponível em httppe opleumasseduphil335klement2tlptlppdf Acesso em 22 nov 2015 GABARITO 213 UNIDADE I 1 a Para essa concepção a linguagem tem a função de representarrefletir o pensamento do homem e o seu conhecimento de mundo b A função da linguagem é apenas de transmitir informações c Essa concepção considera a linguagem como forma de ação ou intera ção do homem no e com o mundo 2 B 3 Esperase que o aluno apresente um texto que responda a pergunta do comando Para tanto ele pode apresentar uma reflexão sobre a língua gem ao evidenciar por exemplo que reconhecer e respeitar as Variações Linguísticas podem ser um sinal de sabedoria e cultura ainda o aluno pode argumentar que o reconhecimento que o respeito às variedades que uma língua apresenta pode constituirse como fator para uma interação de forma bemsucedida nas práticas sociais de uso da língua gem de nossa sociedade UNIDADE II 1 Função Conativa ou Apelativa uma vez que o emissor locutor tem a inten ção de induzir o receptor alocutário a adquirir um produto ou contratar um serviço anunciado por exemplo Nesse sentido o propósito é interferir no comportamento do interlocutor É comum nos enunciados em que predo mina essa função a ocorrência de verbos no imperativo isto é que expressam ordem desejo apelo conselho Além disso é comum a utilização de vocativos que identificam diretamente o interlocutor a quem a mensagem é endereçada 2 Segundo Koch 2013 o Conhecimento de mundo é armazenado em nossa memória sob a forma de modelos mentais que são conjuntos de informações sobre determinado assunto São culturalmente determinados e aprendidos por meio da vivência em sociedade Assim esse conhecimento tem um papel muito importante no processo de atribuição de sentidos a um texto pois se um texto GABARITO 214 abordar um assunto do qual o leitor não tem conhecimento de nada adianta o conhecimento linguístico por exemplo pois o texto não seria compreendido Dessa forma quanto mais conhecimento quanto maior acervo cultural maior o poder de leitura de um indivíduo e capacidade de atribuição de sentidos aos enunciados 3 Esperase que o aluno perceba a importância do papel do leitor que em inte ração com o texto atribuilhe sentido ao considerar não só as informações gramaticalmente constituídas como também o que está implicitamente suge rido O aluno pode por exemplo explicar que está implícito nãodito nessa imagem sugere uma leitura ter foco ter coragem dentre outras possibilida des de leitura sempre com base no princípio de que a atribuição de sentidos não se restringe tão somente ao texto mas também está na interação entre o autorleitortexto e extratexto como os conhecimentos linguísticos enci clopédicos e o sociointeracional UNIDADE III 1 Alforje canjica Jenipapo Jiboia Pajé biju acarajé Jirau Fonte adaptado de Cereja 2013 Observação Todas as palavras são grafadas com a letra J 2 Use X ou ch na atividade que segue enxergar flecha piche enxoval brecha chuchu enchente coxa puxar taxa valor colcha caxumba tacha prego xingar enxerido Fonte adaptado de Ferreira 1992 GABARITO 215 3 Esperase que o aluno reconheça o grau de Ambiguidade que se fundamenta em duas possibilidades na primeira poderíamos entender que há uma família cujos membros possuem mudez Nesse sentido poderíamos fazer a seguinte paráfrase Família cujos membros são mudos estão vendendo tudo A outra possibilidade seria marcada pelo verbo mudar Assim teríamos esta paráfrase Família mudouse e por esse motivo vendeu tudo Portanto se acrescentássemos o conectivo e por exemplo nesse enunciado tornarí amos o mais preciso claro e evitaríamos um problema de Ambiguidade UNIDADE IV 1 Esse enunciado permitenos duas interpretações a Hoje não estou com dor de cabeça b Hoje não estou com dor de cabeça Observe que no enunciado em a com o uso da vírgula o falante rejeita algo com a justificativa de que está com dor de cabeça No contexto em que esse enunciado está sugerenos que o falante não fez uso do analgésico Já no contexto do exemplo b se tirarmos a vírgula esse enunciado nos permite inferir que o falante não está com dor de cabeça porque provavelmente fez uso do analgésico Aspirina 2 Não espere Neste enunciado há um pedido para que o interlocutor espere Não espere Já neste o pedido é que o interlocutor não espere Aceito obrigado Neste primeiro enunciado sugerese que o falante deseja algo Aceito obrigado Neste o falante aceita algo mas por imposição Esse juiz é corrupto Neste enunciado acusase alguém ao juiz Esse juiz é corrupto Já neste enunciado o juiz é acusado Não queremos saber Neste primeiro enunciado temse a ideia de um grupo de pessoas não querem ler Não queremos saberNeste segundo enunciado há a ideia de um grupo quer ler GABARITO 216 3 O sentido é de existir pois conforme as regras de concordância dos verbos impessoais devem permanecer na 3ª pessoa do singular exceto o ver ser UNIDADE V 1 Esse enunciado foi estruturado a partir da figura de linguagem prosopopeia pois os sentimentos e as qualidades que figuram no enredo têm caracterís ticas humanas 2 Resposta pessoal O aluno pode manifestar sua opinião favorável ou não o aprendizado da gramática normativa Para tanto o aluno pode fundamen tar sua discussão em uma das concepções de gramática e linguagem que estudamos neste material 3 O aluno deve fundamentar a sua análise do conceito defendido por Orlandi 2009 a qual explica que para dizer é preciso não dizer então o aluno pode explicar por exemplo que nesse enunciado há um nãodito ou silên cio constitutivo que se revela quando no enunciado se diz Sorria quer dizer não fique triste afinal é sábado final de semana Assim o acadê mico pode evidenciar que houve um apagamento da palavra triste para significar a palavra Sorria