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PSICOLOGIA DO ESPORTE E DO EXERCÍCIO PROFESSOR Dr Leonardo Pestillo de Oliveira Quando identificar o ícone QRCODE utilize o aplicativo Uni cesumar Experience para ter acesso aos conteúdos online O download do aplicativo está disponível nas plataformas Acesse o seu livro também disponível na versão digital Google Play App Store 2 PSICOLOGIA DO ESPORTE E DO EXERCÍCIO C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ Núcleo de Educação a Distância OLIVEIRA Leonardo Pestillo de Psicologia do Esporte e do Exercício Leonardo Pestillo de Oliveira Maringá PRUnicesumar 2018 Reimpresso em 2023 168 p Graduação em Educação Física EaD 1 Psicologia do Esporte 2 Rendimento Esportivo 3 EaD I Título ISBN 9788545916604 CDD 22ª Ed 150 CIP NBR 12899 AACR2 NEAD Núcleo de Educação a Distância Av Guedner 1610 Bloco 4 Jd Aclimação Cep 87050900 Maringá Paraná wwwunicesumaredubr 0800 600 6360 Impresso por Coordenadora de Conteúdo Mara Cecilia Rafael Lopes Projeto Gráfico José Jhonny Coelho Editoração Humberto Garcia da Silva Designer Educacional Ana Claudia Salvadego Revisão Textual Meyre Barbosa da Silva Ilustração Bruno Pardinho Mateus Fotos Shutterstock DIREÇÃO UNICESUMAR Reitor Wilson de Matos Silva ViceReitor Wilson de Matos Silva Filho PróReitor Executivo de EAD William Victor Kendrick de Matos Silva PróReitor de Ensino de EAD Janes Fidélis Tomelin Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi NEAD NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Diretoria Executiva Chrystiano Mincof James Prestes Tiago Stachon Diretoria de Graduação e Pósgraduação Kátia Coelho Diretoria de Permanência Leonardo Spaine Diretoria de Design Educacional Débora Leite Head de Produção de Conteúdos Celso Luiz Braga de Souza Filho Head de Curadoria e Inovação Tania Cristiane Yoshie Fukushima Gerência de Produção de Conteúdo Diogo Ribeiro Garcia Gerência de Projetos Especiais Daniel Fuverki Hey Gerência de Processos Acadêmicos Taessa Penha Shiraishi Vieira Gerência de Curadoria Carolina Abdalla Normann de Freitas Supervisão de Produção de Conteúdo Nádila Toledo Em um mundo global e dinâmico nós trabalhamos com princípios éticos e profissionalismo não somente para oferecer uma educação de qualidade mas acima de tudo para gerar uma conversão integral das pessoas ao conhecimento Baseamo nos em 4 pilares intelectual profissional emocional e espiritual Iniciamos a Unicesumar em 1990 com dois cursos de graduação e 180 alunos Hoje temos mais de 100 mil estudantes espalhados em todo o Brasil nos quatro campi presenciais Maringá Curitiba Ponta Grossa e Londrina e em mais de 300 polos EAD no país com dezenas de cursos de graduação e pósgraduação Produzimos e revisamos 500 livros e distribuímos mais de 500 mil exemplares por ano Somos reconhecidos pelo MEC como uma instituição de excelência com IGC 4 em 7 anos consecutivos Estamos entre os 10 maiores grupos educacionais do Brasil A rapidez do mundo moderno exige dos educadores soluções inteligentes para as necessidades de todos Para continuar relevante a instituição de educação precisa ter pelo menos três virtudes inovação coragem e compromisso com a qualidade Por isso desenvolvemos para os cursos de Engenharia metodologias ativas as quais visam reunir o melhor do ensino presencial e a distância Tudo isso para honrarmos a nossa missão que é promover a educação de qualidade nas diferentes áreas do conhecimento formando profissionais cidadãos que contribuam para o desenvolvimento de uma sociedade justa e solidária Vamos juntos Wilson Matos da Silva Reitor da Unicesumar boasvindas Prezadoa Acadêmicoa bemvindoa à Comunidade do Conhecimento Essa é a característica principal pela qual a Unicesumar tem sido conhecida pelos nossos alunos professores e pela nossa sociedade Porém é importante destacar aqui que não estamos falando mais daquele conhecimento estático repetitivo local e elitizado mas de um conhecimento dinâmico renovável em minutos atemporal global democratizado transformado pelas tecnologias digitais e virtuais De fato as tecnologias de informação e comunicação têm nos aproximado cada vez mais de pessoas lugares informações da educação por meio da conectividade via internet do acesso wireless em diferentes lugares e da mobilidade dos celulares As redes sociais os sites blogs e os tablets aceleraram a informação e a produção do conhecimento que não reconhece mais fuso horário e atravessa oceanos em segundos A apropriação dessa nova forma de conhecer transformouse hoje em um dos principais fatores de agregação de valor de superação das desigualdades propagação de trabalho qualificado e de bemestar Logo como agente social convido você a saber cada vez mais a conhecer entender selecionar e usar a tecnologia que temos e que está disponível Da mesma forma que a imprensa de Gutenberg modificou toda uma cultura e forma de conhecer as tecnologias atuais e suas novas ferramentas equipamentos e aplicações estão mudando a nossa cultura e transformando a todos nós Então priorizar o conhecimento hoje por meio da Educação a Distância EAD significa possibilitar o contato com ambientes cativantes ricos em informações e interatividade É um processo desafiador que ao mesmo tempo abrirá as portas para melhores oportunidades Como já disse Sócrates a vida sem desafios não vale a pena ser vivida É isso que a EAD da Unicesumar se propõe a fazer Willian V K de Matos Silva PróReitor da Unicesumar EaD Seja bemvindoa caroa acadêmicoa Você está iniciando um processo de transformação pois quando investimos em nossa formação seja ela pessoal ou profissional nos transformamos e consequentemente transformamos também a sociedade na qual estamos inseridos De que forma o fazemos Criando oportunidades eou estabelecendo mudanças capazes de alcançar um nível de desenvolvimento compatível com os desafios que surgem no mundo contemporâneo O Centro Universitário Cesumar mediante o Núcleo de Educação a Distância oa acompanhará durante todo este processo pois conforme Freire 1996 Os homens se educam juntos na transformação do mundo Os materiais produzidos oferecem linguagem dialógica e encontramse integrados à proposta pedagógica contribuindo no processo educacional complementando sua formação profissional desenvolvendo competências e habilidades e aplicando conceitos teóricos em situação de realidade de maneira a inserilo no mercado de trabalho Ou seja estes materiais têm como principal objetivo provocar uma aproximação entre você e o conteúdo desta forma possibilita o desenvolvimento da autonomia em busca dos conhecimentos necessários para a sua formação pessoal e profissional Portanto nossa distância nesse processo de crescimento e construção do conhecimento deve ser apenas geográfica Utilize os diversos recursos pedagógicos que o Centro Universitário Cesumar lhe possibilita Ou seja acesse regularmente o Studeo que é o seu Ambiente Virtual de Aprendizagem interaja nos fóruns e enquetes assista às aulas ao vivo e participe das discussões Além disso lembrese que existe uma equipe de professores e tutores que se encontra disponível para sanar suas dúvidas e auxiliáloa em seu processo de aprendizagem possibilitandolhe trilhar com tranquilidade e segurança sua trajetória acadêmica boasvindas Débora do Nascimento Leite Diretoria de Design Educacional Janes Fidélis Tomelin PróReitor de Ensino de EAD Kátia Solange Coelho Diretoria de Graduação e Pósgraduação Leonardo Spaine Diretoria de Permanência autor Dr Leonardo Pestillo de Oliveira Pósdoutor em Saúde Global pela Duke UniversityEUA Doutor em Psicologia Social pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo com período sanduíche na Université du Québec à TroisRivièresCanadá Psicólogo pela Universidade Estadual de Maringá Mestre em Educação Física pela Universidade Estadual de Maringá Tem experiência na área de Psicologia com ênfase em Psicologia do Esporte e Promoção da Saúde Atualmente é professor do Mestrado em Pro moção da Saúde e do curso de graduação em Psicologia do Centro Universitário Cesumar UniCesumar Líder do Grupo de PesquisaCNPQ Psicologia Esporte e Saúde PES Membro do Comitê de Ética em Pesquisa da UniCesumar Pesqui sador Bolsista Modalidade Produtividade em Pesquisa para Doutor PPD do Instituto Cesumar de Ciência Tecnologia e Inovação ICETI Link do currículo lattes httplattescnpqbr5641304042011472 apresentação do material PSICOLOGIA DO ESPORTE E DO EXERCÍCIO Professor Dr Leonardo Pestillo de Oliveira Olá prezadoa acadêmicoa é com grande satisfação que apresento a você a nossa disciplina de Psicologia do Esporte e do Exercício como uma disciplina do curso de Educação Física A realização desta disciplina possibilitará a compreensão de elementos da Psicologia que fazem parte do contexto esportivo Tendo conhecimento da importância de se compreender as características psi cológicas envolvidas na prática esportiva seja ela profissional ou não espero que você se sinta inclinado a buscar uma qualificação adequada que possa colaborar com sua atuação profissional após a conclusão desta graduação Todo mecanismo de aprendizagem perpassa duas vias uma delas é responsa bilidade do professor que objetiva transmitir o conteúdo com a preocupação de que este seja realizado com qualidade a outra é a do aluno que deve compreender a importância de cada elemento a ele fornecido pois tratase de um processo em construção constanteVeremos aqui elementos da Psicologia e sua contribuição para o contexto esportivo de rendimento ou não Na Unidade I temos como conteúdo um pouco da história da Psicologia do Esporte e do Exercício no mundo e um pouco de sua história no Brasil Este tópico é importante para termos uma visão geral sobre como a área surgiu compreen deremos as suas principais características e como ela pode ser importante para os praticantes Desmistificaremos um dos principais mitos existentes sobre a área o mito de que a Psicologia do Esporte e do Exercício é importante apenas para atletas profissionais Ou seja precisamos compreender que esta área de atuação está presente em qualquer contexto que envolva o esporte e a atividade física Na Unidade II após termos discutido um pouco do histórico faremos uma discussão sobre como o desenvolvimento humano e o desenvolvimento no con texto esportivo ocorrem concomitantemente Veremos como o esporte pode ser uma ferramenta importante para colaborar com o desenvolvimento de crianças e adolescentes além de verificar como o desenvolvimento de um atleta ocorre quais fases e características são importantes ao longo do tempo Já na Unidade III temos como tema principal as características individuais que influenciam o sujeito a iniciar continuar ou parar uma prática esportiva Al gumas variáveis psicológicas são muito discutidas no contexto da Psicologia do Esporte e do Exercício e teremos alguns tópicos relacionadas a elas Teremos uma discussão sobre a motivação do sujeito como a autoconfiança e as expectativas de rendimento podem influenciar a prática e também quais habilidades psicológicas estão presentes neste contexto Após a discussão de variáveis individuais teremos na Unidade IV uma apre sentação de características presentes na coletividade ou seja no trabalho com grupos A coesão de grupo é uma das variáveis mais discutidas quando se fala em rendimento esportivo mas não podemos deixar de discutir também o papel do líder neste processo bem como a cooperação e a comunicação entre todos os que fazem parte de uma mesma equipe ou grupo Para finalizar teremos na Unidade V a discussão sobre os elementos que envolvem características de saúde e bemestar psicológico Estas características são importantes tanto para trabalharmos com atletas profissionais como com amadores ou pessoas que realizam atividades físicas com objetivo de melhorar sua qualidade de vida Falaremos um pouco sobre como as lesões no esporte podem atrapalhar e até interromper uma carreira de sucesso e também como a prática excessiva do esporte pode vir a se tornar um vilão à saúde física e mental Espero que este enfoque dado a alguns elementos da Psicologia do Esporte e do Exercício possam contribuir para sua formação de forma satisfatória e que possa estimulálo a continuar seus estudos e sua busca por conhecimento sobre a área Com experiência em duas áreas que são fundamentais para esta disciplina formação interdisciplinar quero também fornecer a você um pouco do que a Psicologia do Esporte e do Exercício pode colaborar com a formação de um pro fissional de Educação Física e em sua atuação profissional futura Desejo a você boa leitura e bons estudos sumário UNIDADE I INÍCIO E DESENVOLVIMENTO DA PSICOLOGIA DO ESPORTE E DO EXERCÍCIO 14 Discussões Iniciais Sobre a Psicologia do Esporte e do Exercício 20 Características da Psicologia do Esporte e do Exercício na Atualidade 24 Compreendendo a Relação da Psicologia do Esporte e do Exercício e o Rendimento Esportivo 28 Compreendendo a Relação da Psicologia do Esporte e do Exercício e o Esporte Escolar 31 Considerações finais 36 Referências 38 Gabarito UNIDADE II DESENVOLVIMENTO HUMANO E SUA RELAÇÃO COM O ESPORTE 44 Compreendendo o Desenvolvimento Huma no e Esportivo 50 Personalidade e Esporte 56 Desenvolvimento Psicológico de Crianças e Adolescentes por Meio do Esporte 62 Desenvolvimento da Carreira Esportiva 67 Considerações finais 72 Referências 75 Gabarito UNIDADE III CARACTERÍSTICAS INDIVIDUAIS E RENDIMENTO ES PORTIVO 80 Motivação Para a Prática do Esporte 86 Autoconfiança e Expectativas de Rendimento 90 Treinamento de Habilidades Psicológicas 96 Variáveis Individuais que Podem Ajudar ou Prejudicar o Rendimento Esportivo 101 Considerações finais 106 Referências 109 Gabarito UNIDADE IV ELEMENTOS DE GRUPO E O CONTEXTO ESPORTIVO 114 Como são Formados os Grupos Coesão 118 Liderança no Esporte 122 Comunicação no Esporte 126 Competição e Cooperação do Início da Car reira Esportiva à Profissionalização 130 Considerações finais 135 Referências 137 Gabarito UNIDADE V PRÁTICA ESPORTIVA SAÚDE E BEMESTAR PSICOLÓGICO 142 Prática Esportiva e Promoção da Saúde 146 Prática Esportiva e BemEstar Psicológico 150 Fatores Psicológicos e Lesões Esportivas 154 Consequências do Excesso da Prática Esportiva Elementos Presentes no Rendimento 157 Considerações finais 161 Referências 164 Gabarito 165 conclusão geral Professor Dr Leonardo Pestillo de Oliveira Plano de Estudo A seguir apresentamse os tópicos que você estudará nesta unidade Discussões iniciais sobre a Psicologia do Esporte e do Exercício Características da Psicologia do Esporte e do Exercício na atualidade Compreendendo a relação da Psicologia do Esporte e do Exercício e o rendimento esportivo Compreendendo a relação da Psicologia do Esporte e do Exercício e o esporte escolar Objetivos de Aprendizagem Apresentar elementos históricos sobre como a Psicologia do Esporte e do Exercício desenvolveuse ao longo do tempo Descrever as principais características que a área apresenta atualmente como campo de atuação profissional Discutir como o trabalho da Psicologia do Esporte e do Exercício pode ser inserido no contexto do rendimento esportivo Discutir como o trabalho da Psicologia do Esporte e do Exercício pode ser inserido no contexto esportivo amador e início da carreira esportiva de rendimento INÍCIO E DESENVOLVIMENTO DA PSICOLOGIA DO ESPORTE E DO EXERCÍCIO unidade I INTRODUÇÃO U ma parcela significativa da população tem uma percepção de que a Psicologia é uma área que se ocupa apenas de tra balhar com a área clínica e ainda considerando o estereóti po de loucura termo já não utilizado para descrever pes soas que sofrem de transtornos mentais Enganase quem ainda tem esta visão limitada em relação à área clínica da Psicologia pois há diversos outros campos de atuação em que a Psicologia se faz presente entre eles está o contexto esportivo e é sobre isso que falaremos nesta Unidade I A Psicologia enquanto ciência é jovem quando comparada a outras áreas e por mais que o foco inicial tenha sido a saúde mental das pessoas com transtornos mentais as demais áreas da Psicologia também surgi ram em paralelo Os primeiros estudos da área de Psicologia do Esporte e do Exercício que se tem conhecimento datam do final do século XIX mesmo período em que a Psicologia passa a ser reconhecida enquanto ciência e área específica de atuação Com isso estudaremos alguns elementos do início da área compre enderemos como ela se desenvolveu ao longo do tempo e quais caracte rísticas ainda hoje estão presentes e garantem sua permanência no ce nário atual Um ponto importante a ser discutido também é sobre como a Psicologia do Esporte e do Exercício pode ser ferramenta importante não apenas para psicólogos mas também para profissionais de Educação Física Basta compreendermos qual a função de cada profissional dentro de suas características específicas sabendo quais os limites de atuação e como estas duas áreas podem atuar em conjunto O objetivo principal desta Unidade é fornecer uma visão geral sobre a área e sobre como utilizar estes conhecimentos na atuação profissional seja no esporte de rendimento seja no esporte amador seja inclusive no contex to escolar pois este também é um contexto em que o esporte está presente EDUCAÇÃO FÍSICA 14 PSICOLOGIA DO ESPORTE E DO EXERCÍCIO São mais de 100 anos de história muitas barrei ras muitas conquistas e muitas coisas ainda por se desenvolver Era o ano de 1879 em Leipzig na Alemanha quando Wilhelm Wundt fundou seu Laboratório de Psicologia Experimental um mar co histórico que funda a Psicologia como ciência estabelecendo métodos e objeto próprios de estu do Apesar de ter a Filosofia como base tornarse independente desta área passa a ser importante para as primeiras pesquisas que deram início à sua sistematização e delimitaram os horizontes de seu interesse SOARES 2010 Esta é apenas uma introdução simples de quan do a Psicologia inicia sua trajetória como ciência ela se torna importante para compreender também a história da Psicologia do Esporte e do Exercício ponto principal deste nosso livro Vejamos então como as próximas páginas podem ajudálo a com preender um pouco mais de como a área surgiu e como está nos dias atuais O início de tudo antes do primeiro passo para qualquer caminhada seja ela longa seja curta é o planejamento e cada desafio necessita de um pla nejamento específico focado no que se pretende Discussões Iniciais Sobre a Psicologia do Esporte e do Exercício EDUCAÇÃO FÍSICA 15 realizar levando em consideração todos os pos síveis resultados deste planejamento A sua com preensão sobre como a Psicologia do Esporte e do Exercício surgiu como se desenvolveu e como está atualmente será mais adequada se você também se planejar estabelecer um plano de leitura estudo e principalmente se buscar outras fontes de infor mação pois este livro dará apenas uma explicação geral sobre a área Feito este planejamento começaremos com o que se conhece de início como Psicologia do Es porte e do Exercício e que suscitou as primeiras discussões sobre a área Para isso precisamos defi nir o que pretendemos estudar O que seria então Psicologia do Esporte e do Exercício Weinberg e Gould 2017 dãonos uma definição que nos leva a compreender a área como o estudo científico do comportamento das pessoas quando estão envolvi das em atividades esportivas em atividades físicas e principalmente na aplicação prática deste co nhecimento Ou seja não basta apenas estudarmos os principais conceitos e as características é preci so colocálos em prática Uma definição ainda mais abrangente e que nos permite ter uma visão geral da área é apresentada pela American Psychological Association APA principal organização científica e profissional que representa a Psicologia nos Estados Unidos e que serve de base para muitos outros países Segundo o site da própria organização a Psicologia do Es porte é a capacidade de se utilizar conhecimentos e habilidades psicológicas para atender ao ótimo desempenho e ao bemestar dos atletas aos as pectos sociais e de desenvolvimento de praticantes de esportes e às questões sistêmicas associadas a configurações e a organizações esportivas 2018 online1 Com estas definições podemos perceber que a Psicologia do Esporte e do Exercício é uma área que pode abranger diversos contextos não apenas o do esporte profissional de rendimento em que os atletas fazem do contexto esportivo a sua principal atividade profissional Basta considerarmos que em qualquer local em que o esporte esteja envolvido e que tenhamos pessoas praticando a Psicologia po derá também estar lá levando seus conhecimentos e proporcionando aos praticantes uma busca mais adequada aos resultados Sendo assim podemos considerar dois objetivos principais da área O primeiro seria voltado ao con texto esportivo profissional pois visa a compreender como os fatores psicológicos dos atletas podem afe tar o seu desempenho físico Já o segundo objetivo seria voltado ao público não profissional mas que está de alguma forma envolvido no contexto espor tivo ou seja compreender como a prática esportiva e de exercícios de um sujeito pode afetar o seu de senvolvimento psicológico a sua saúde e o seu bem estar WEINBERG GOULD 2017 Partindo destes dois objetivos podese imagi nar como os pesquisadores começaram a inserir os conhecimentos da Psicologia no contexto esportivo Após compreendermos quais os objetivos da Psico logia do Esporte e do Exercício precisamos saber da sua história como começou e como chegou até os dias atuais A história remetenos à Grécia Anti ga considerada o berço dos estudos sobre a relação mente e corpo Avançando no tempo o final do sé culo XIX fica marcado pelos primeiros estudos e as pesquisas sobre as questões psicológicas no contex to esportivo SAMULSKI 2009 Este desenvolvi mento da Psicologia do Esporte e do Exercício pode ser dividido em seis períodos e alguns dos princi pais fatos estão destacados a seguir 16 PSICOLOGIA DO ESPORTE E DO EXERCÍCIO Entre os anos de 1893 e 1920 alguns países destacaramse sendo considerados os pioneiros dos estudos científicos da área O primeiro deles é os Estados Unidos em 1893 E W Scripture realiza estudos baseados em dados de atletas de Yale e temos na Universidade de Indiana os primeiros experimentos direcionados para a relação entre a Psicologia e o esporte Estes estudos foram conduzidos por Norman Triplett que em 1897 estudou sobre como um adversário pode influenciar no rendimento de um atleta neste caso no ciclismo Seus estudos chegaram a algumas respostas mostrando que a presença de um outro atleta poderia ser um estímulo para a liberação de uma energia que não necessariamente estava manifestada no atleta dando início então aos estu dos da motivação no contexto esportivo GOULD VOELKER 2014 TRIPLETT 1898 Em 1899 Scripture de Yale descreve traços de personalidade que acreditava serem favo recidos pela prática esportiva e em 1918 o ainda estudante Coleman Griffith conduz estudos informais de jogadores de futebol americano e de basquetebol na University of Illinois WEINBERG GOULD 2017 18931920 19211938 Primeiros anos Destaques do Período 1 Destaques do Período 2 Após este período do final do século XIX o início do século XX é marcado pelo desen volvimento dos primeiros laboratórios e Institutos de Psicologia do Esporte Além dos Estados Unidos outros países como Alemanha Japão e Rússia também começaram a investir em pesquisas na área 1920 Robert Schulte dirige um laboratório de psicologia na German High School for Physi cal Education 1920 início do primeiro laboratório de Psicologia do Esporte por P A Rudik em Moscou no Instituto Estatal de Cultura Física Até então alguns estudos isolados eram realizados porém o americano Coleman Gri ffith passa a dedicar sua carreira aos estudos da Psicologia no contexto esportivo En quanto psicólogo da University of Illinois foi nomeado diretor em 1925 do laboratório intitulado Research in Athletics Laboratory o que lhe confere reconhecimento como o pai da Psicologia do Esporte na América do Norte GOULD VOELKER 2014 Entre os anos de 1921 e 1931 Griffith publicou 25 artigos oriundos de pesquisas realizadas sobre Psicologia do Esporte Desenvolvimento de laboratórios e de testes psicológicos EDUCAÇÃO FÍSICA 17 19391965 19661977 Destaques do Período 3 Destaques do Período 4 Já na década de 1940 entra um novo período do desenvolvimento da área em que os estudos tornamse mais específicos e na University of California em Berkeley Franklin Henry foi um dos principais responsáveis pelo desenvolvimento científico da Psicologia do Esporte WEINBERG GOULD 2017 1943 Dorothy Yates trabalha com boxeadores universitários e estuda os efeitos de inter venções de seu treino com relaxamento 1949 Warren Johnson avalia as emoções experimentadas pelos atletas antes das com petições 1951 John Lawther publica Psychology of Coaching Além dos Estados Unidos outros países como Austrália Brasil Inglaterra Alemanha Itália Japão e União Soviética começam a apresentar estudos e trabalhos realizados no contexto da Psicologia do Esporte Neste período o trabalho com atletas envolvia técni cas comportamentais cognitivas e principalmente Franklin Henry e Anna Espenscha de recomendavam a prática mental e visualização EKLUND TENENBAUM 2014 Este período de desenvolvimento científico leva à realização do primeiro Congresso Mundial de Psicologia do Esporte em Roma no ano de 1965 Nesta cidade também foi fundada a International Society of Sport Psychology ISSP Preparação para o futuro Todos estes fatos que marcam o início da área fazem com que ela chegue às univer sidades de forma mais específica não apenas em laboratórios ou estudos isolados mas também em disciplinas dos cursos de graduação Ao mesmo tempo outras as sociações nacionais surgem também em diversos países Em 1966 surgem a Associa tion for Sport Psychology na Alemanha e a North American Society for the Psychology of Sport and Physical Activity NASPSPA nos Estados Unidos e em 1967 a British Society of Sports Psychology Inglaterra e a French Society of Sports Psychology França EKLUND TENENBAUM 2014 Estabelecimento da psicologia do esporte como disciplina acadêmica 18 PSICOLOGIA DO ESPORTE E DO EXERCÍCIO 19782000 2001 ATÉ O PRESENTE Esta expressividade científica adquirida pela área faz com que ela se desenvolva em todo o mun do não apenas em países isolados A realização de eventos científicos e as pesquisas publicadas começam a dar os frutos necessários para que a Psicologia do Esporte tornese uma área conheci da e respeitada tanto no contexto universitário quanto no profissional atuando diretamente com atletas profissionais A fundação de uma revista científica especializada foi um marco importante em 1979 o Journal of Sport Psychology passa a ser referência pois a partir deste momento as pes quisas passam a ser indexadas em um repositório científico como as demais áreas Neste período Dorothy Harris professora na Pennsylvania State University tornase a primeira mulher e a primeira norteamericana a ser membro da International Society of Sport Psychology ISSP GOULD VOELKER 2014 Este se tornaria o primeiro passo para que outras mulheres a seguissem já que nesta época a participação feminina era pouca nos cursos de nível superior da área 1980 O Comitê Olímpico dos EUA cria o Conselho Consultor de Psicologia do Esporte 1984 A cobertura da televisão norteamericana dos Jogos Olímpicos enfatiza a Psicologia do Esporte 1985 O Comitê Olímpico dos EUA emprega o primeiro psicólogo do esporte em tempo integral 1986 O primeiro periódico acadêmico aplicado The Sport Psychologist é publicado 1989 É criado o Journal of Applied Sport Psychology O final do século XX e o início do século XXI considerados o período contemporâneo da Psicologia do Esporte e do Exercício são marcados por demonstrar que este é um campo em ascensão mui to empolgante de se fazer parte porém há muito ainda o que se estudar e desenvolver principal mente em países em que este desenvolvimento científico e profissional ainda pode ser conside rado emergente como o Brasil Já em 1986 a Associação Americana de Psicologia APA criou sua Divisão 47 wwwapa47org voltada especificamente para a Psicologia do Esporte e do Exercício enquanto no Brasil a Psicologia ainda iniciava sua caminhada como profissão regulamentada com pouco mais de 20 anos de história SOARES 2010 Ciência e prática multidisciplinares na Psicologia do Esporte e do Exercício Destaques do Período 5 Destaques do Período 6 Mesmo antes de 1962 ano da regulamentação da profissão de psicólogo no Brasil há relatos de trabalhos de intervenção psicológica no esporte Em 1958 João Carvalhaes então psicólogo do São Paulo Futebol Clube realizou um trabalho junto à seleção brasileira de futebol VIEIRA et al 2010 coincidentemente a equipe foi campeã da Copa do Mundo de Futebol desse ano o primei ro título da equipe nacional EKLUND TENENBAUM 2014 O principal meio de desenvolvimento da Psicologia do Esporte e do Exercício dáse no contexto acadêmico pelas pesquisas realizadas com apoio de instituições de fomento e também no traba lho realizado principalmente por psicólogos junto a atletas e equipes esportivas 2000 A revista Psychology of Sport and Exercise é criada e publicada na Europa 2003 A APA Division 47 tem foco na Psicologia do Esporte como área de proficiência especializada Assim a psicologia do exercício prospera especialmente em ambientes universitários e há um interesse crescente na psicologia aplicada ao esporte Como mostrado neste primeiro momento podemos perceber que não estamos falando de uma área recente porém ainda desconhecida por alguns Fato este que mostra a importância de se debater o assunto nos cursos de graduação de Psicologia e Educação Física por todo o mundo Psicologia contemporânea do esporte e do exercício 19 20 PSICOLOGIA DO ESPORTE E DO EXERCÍCIO É fato que a Psicologia do Esporte e do Exercício cresce no mundo todo estando presente em muitos países seja em cursos universitários seja de especia lização seja no trabalho prático com atletas e equipes esportivas Como já descrito este trabalho prático também está presente em um contexto esportivo não profissional e este é um dos principais motivos pelo qual denominase Psicologia do Esporte referência ao esporte profissional e do Exercício voltado para o esporte não profissional Todo esse desenvolvimento e toda essa expres sividade não significa que o trabalho seja aceito por todos Não estamos falando de uma unanimidade no contexto esportivo visto que ainda hoje mui tos atletas técnicos e comissões técnicas esportivas não incluem o trabalho psicológico no dia a dia de suas equipes Isto se dá principalmente pela he rança histórica da Psicologia sobre o trabalho com a loucura fato que demonstra o desconhecimen to sobre qual seria o principal objetivo do trabalho psicológico principalmente no contexto esportivo em que o ponto principal é justamente fortalecer a estrutura psíquica dos atletas na tentativa de que fatores psicológicos não interfiram negativamente em seu rendimento Esta desconfiança e este desconhecimento so bre o trabalho psicológico no contexto esportivo ocorre devido a alguns fatores Exemplo disso é Características da Psicologia do Esporte e do Exercício na Atualidade EDUCAÇÃO FÍSICA 21 A principal estratégia utilizada para que a área de senvolvase no contexto acadêmico no Brasil é a criação de laboratórios de pesquisa especializados e também a realização de eventos científicos que dão suporte e abrem espaço para as discussões teóricas e práticas entre profissionais da área A Psicologia do Esporte e do Exercício é uma ciência e precisa ser compreendida como tal Por isso a importância de que ela seja inserida cada vez mais no contexto acadêmico abarcando os três pi lares que podemos citar como sendo as principais áreas de atuação na atualidade Alguns autores que no Brasil a disciplina de Psicologia do Espor te e do Exercício não está presente em grande parte dos cursos de graduação de Psicologia ou está pre sente apenas como uma disciplina eletiva Fato que não ocorre com os cursos de Educação Física pois a maioria destes apresenta a disciplina como parte obrigatória de sua matriz curricular RUBIO 2000 como Samulski 2009 e Weinberg e Gould 2017 apontam que o profissional que atua hoje no cam po da Psicologia do Esporte tem a possibilidade de atuar em diversas carreiras Porém há três papéis básicos que condensam as principais atividades são eles o papel de pesquisador o papel de profes sor e o papel de consultor O primeiro registro da relação entre a Psico logia aplicada ao esporte no Brasil é de 1954 Nesse ano João Carvalhaes foi contratado pela Federação Paulista de Futebol para tra balhar na avaliação seleção e treinamento de árbitros de futebol Devido à divulgação de seu trabalho com os árbitros em 1957 foi contratado para aplicar a Psicologia nos atletas do São Paulo Futebol Clube Nesse mesmo ano foi convocado para compor a comissão técnica da Seleção Brasileira de Futebol responsável pela preparação para a Copa de 1958 Fonte Hernandez 2011 SAIBA MAIS A Psicologia do Esporte e do Exercício per mite um leque amplo de possibilidades de atuação Profissionais de Educação Física e de Psicologia devem unir esforços para que esta área se fortaleça ainda mais no Brasil REFLITA Figura 1 Os três papéis básicos da Psicologia do Esporte e do Exercício Fonte o autor 22 PSICOLOGIA DO ESPORTE E DO EXERCÍCIO FUNÇÃO DE PESQUISA A pesquisa é uma função muito importante no con texto da Psicologia do Esporte e do Exercício Neste caso o papel de pesquisador é aquele desenvolvido no campo acadêmico e tem por objetivo aumentar o conhecimento científico da área por meio de pes quisas científicas A maioria dos psicólogos e pro fissionais de Educação Física que atuam na área e que estão vinculados a alguma universidade empe nhamse em desenvolver pesquisas para compreen der melhor este contexto Uma das vantagens da área acadêmica é a possibilidade de realizar pesquisas em conjunto com outros profissionais o que pode cola borar para aumentar a interdisciplinaridade da área fato este importante tendo em vista que o sujeito que está inserido no contexto esportivo precisa ser pensado enquanto um sujeito biopsicossocial como já descrito por Urie Bronfenbrenner na década de 1970 ROSA TUDGE 2013 Como já destacado o papel desempenhado neste caso é o de pesquisador que pode desenvol ver teorias procedimentos de avaliação de atletas e pessoas envolvidas no contexto esportivo além de compreender melhor as variáveis psicológicas que estão envolvidas no esporte e na atividade física O conhecimento que é adquirido na pesquisa servirá de base para uma função que discutiremos em bre ve que é o da intervenção FUNÇÃO DE ENSINO Talvez a área que mais se destaca no Brasil a área do ensino é composta por professores que compar tilham seu conhecimento com alunos interessados em conhecer melhor a área Muitos especialistas em Psicologia do Esporte e do Exercício estão no con texto acadêmico ministrando cursos universitários e compondo corpo docente em disciplinas de cursos de graduação em Psicologia e Educação Física Es tes transmitem seu conhecimento e suas habilidades técnicas acerca da área e é o principal momento em que se pode compreender a relação entre fatores psi cológicos e a prática esportiva ou de atividade física Samulski 2009 destaca algumas metas que de vem ser seguidas pelos professores neste contexto ou seja os principais pontos a serem transmitidos aos alunos como Princípios e fundamentos psicológicos presen tes nos processos de aprendizagem e de ensino Conhecimentos e capacidades psicológicas para a educação prática nos diversos setores de aplicação no esporte Conhecimentos e técnicas em metodologia da pesquisa psicológica FUNÇÃO DE INTERVENÇÃO Após um período de formação profissional é pos sível assumir uma posição de intervenção junto a atletas de esporte individual ou coletivo O principal objetivo neste caso é trabalhar para o desenvolvi mento de habilidades psicológicas para melhorar o desempenho em competições e treinamento VE ALEY 2007 Esta seria talvez a função que mais necessita de desenvolvimento no Brasil tendo em vista a não existência de uma formação específica e também a falta de conhecimento sobre qual seria o papel de um psicólogo esportivo junto a uma equipe ou a um atleta Há muitas atividades que um psicólogo esportivo pode realizar junto a equipes esportivas EDUCAÇÃO FÍSICA 23 atletas profissionais e amadores atletas de equipes escolares ou seja em qualquer contexto envolvendo esporte e atividade física o psicólogo poderá atuar visando ao auxílio dos envolvidos No entanto é pos sível dividirmos em dois tipos de especialidades que encontramos na Psicologia do Esporte e do Exercí cio contemporâneo Psicologia Clínica do Esporte e Psicologia Educacional do Esporte Veremos quais as principais características de cada uma delas Psicologia Clínica do Esporte De acordo com Brewer e Petrie 2014 e Proctor e BoanLenzo 2010 esta é a área em que os profis sionais são qualificados extensivamente em Psico logia Isso porque aprendem a detectar e a tratar in divíduos que apresentam algum tipo de transtorno emocional como depressão ansiedade tendências suicidas entre outros transtornos que são detecta dos também na população geral Além disso este trabalho exige uma autorização específica que neste caso é dada pelos Conselhos Federal e Regional de Psicologia tendo em vista a profundidade de alguns destes problemas exigindo uma qualificação especí fica para tal Há um mito de que o atleta profissional não apre senta transtornos emocionais pois este é visto pela população como um sujeito saudável física e psico logicamente Mas assim como a população geral os atletas e praticantes de atividade física desenvolvem desde transtornos leves até transtornos emocionais graves necessitando assim de tratamento específico Os transtornos mentais estão presentes em qualquer estágio do desenvolvimento humano alguns momen tos com maior prevalência que outros mas há sempre a necessidade de cuidado GULLIVER et al 2012 Psicologia Educacional do Esporte Nesta especialidade os profissionais recebem trei namento extensivo na área de ciência do esporte e do exercício em Educação Física e em Cinesiolo gia Esta é uma área em que os profissionais não são habilitados a tratar transtornos emocionais estando capacitados apenas a compreender os as pectos psicológicos que podem contribuir para um melhor desempenho dos atletas e praticantes de atividade física Este é o gancho importante para justificar como os profissionais da Educação Física podem trabalhar com Psicologia do Esporte e do Exercício O controle da ansiedade o auxílio no desenvol vimento de habilidades psicológicas da confiança e do autocontrole são elementos que não neces sitam de uma habilitação em Psicologia para tal Isso porque na maioria dos casos é o treinador o preparador físico e o especialista em Ciências do Esporte que convivem diariamente com o atleta estando em contato diário com suas característi cas mentais positivas e negativas SI STATLER SAMULSKI 2014 24 PSICOLOGIA DO ESPORTE E DO EXERCÍCIO A Psicologia do Esporte e do Exercício é uma área que cresce exponencialmente no mundo todo Di versos países investem na formação e especialização de profissionais para atuar junto a atletas e delega ções esportivas nas principais competições espor tivas nacionais e internacionais O desenvolvimento de teorias da psicologia e de métodos que sejam es pecíficos para o contexto esportivo pode contribuir para o desenvolvimento tanto da psicologia quanto do esporte SAMULSKI 2009 Uma das principais dificuldades para a Psico logia inserirse no contexto esportivo é o conheci mento sobre qual o seu papel Já destacamos nesta Unidade alguns dos principais serviços que a Psi cologia pode prestar a atletas e equipes esportivas WEINBERG GOULD 2017 Aplicar teorias e mé todos da Psicologia na prática esportiva não significa ser apenas esta a sua função mas há que se pensar na relação teoria e prática o que nem sempre é fácil VIEIRA NASCIMENTO JUNIOR VIEIRA 2013 A intervenção psicológica na prática esportiva seja esporte de rendimento ou escolar seja apenas uma prática esportiva pode ser baseada em pro gramas psicológicos de treinamento aconselha mento e acompanhamento específico de cada mo dalidade em questão LIDOR BLUMENSTEIN Compreendendo a Relação da Psicologia do Esporte e do Exercício e o Rendimento Esportivo EDUCAÇÃO FÍSICA 25 TENENBAUM 2007 Desenvolver habilidades pessoais a percepção psicológica em função do ad versário COIMBRA BARA FILHO MIRANDA 2013 a autoconfiança PALUDO et al 2016 a autodeterminação OLIVEIRA et al 2015 o con trole das emoções DIAS et al 2013 são apenas al gumas das possibilidades de trabalho tendo como foco principal as situações concretas em que os atletas estão envolvidos Há ainda a necessidade de se desenvolver um trabalho baseado nas características dos atletas Principalmente quando se fala em equipes há o de safio de se pensar nas características individuais de cada um dos membros desta Os estudos sobre per sonalidade ajudam a compreender as características de cada sujeito mas não determinam como estes se comportarão nem como responderão a determina dos estímulos que são emitidos ao longo do proces so ROSADO FONSECA SERPA 2013 Para isso há diversas estratégias de treinamento psicológico que podem ser adaptadas às necessidades particu lares de cada atleta levandoos a um autoconheci mento mais elaborado e a uma maior autogestão das emoções WEINBERG GOULD 2017 As exigências de desempenho estão cada dia maiores os atletas buscam a excelência a cada trei namento a cada competição sendo este um dos fatores que naturalmente levam à percepção das diferenças entre um e outro Proporcionalmente às exigências cada vez maiores os atletas convivem com as pressões externas o que interferem direta mente no seu desempenho Voltamos à discussão sobre a necessidade de pensarmos o sujeito neste caso o atleta como um ser biopsicossocial ROSA TUDGE 2013 culminando na percepção de que a preparação esportiva compreende fatores físicos técnicos táticos e psicológicos Toda preparação envolvida no contexto es portivo deve ser pensada e organizada de forma a facilitar o trabalho A intervenção psicológica deve ser estruturada de acordo com a realidade dos atletas eou da equipe esportiva seguindo etapas e pensando na realidade de cada esporte Neste caso o profissional da psicologia ao iniciar um trabalho no contexto esportivo deve levar em consideração as características de periodização do treinamento dos atletas Bompa 1999 apresenta três etapas que podem ser seguidas durante o que se conhece por uma tempo rada de treinamento esportivo 1 Preparação 2 Competição e 3 Transição A partir disso Lidor Blumenstein e Tenenbaum 2007 indicam que a preparação psicológica deve refletir as necessidades específicas dos atletas em cada uma das fases Sendo assim a intervenção psicológica no contexto espor tivo deve ocorrer com uma relação muito próxima da periodização do treinamento 26 PSICOLOGIA DO ESPORTE E DO EXERCÍCIO Seguindo esta perspectiva Vieira Vissoci e Oli veira 2010 aprofundaram esta discussão no cam po da intervenção psicológica e descreveram quatro etapas que podem ser seguidas no acompanhamen to de atletas de rendimento A proposta foi dividida no seguinte modelo Etapa 1 Contato inicial Etapa 2 Levantamento das necessidades Etapa 3 Programa de intervenção Etapa 4 Avaliação dos resultados As duas primeiras etapas do programa de inter venção psicológica são as que ocorrem em menor tempo Isso porque devem ser realizadas logo nos primeiros momentos da intervenção Durante o contato inicial é preciso informar aos envolvidos todas as etapas que serão realizadas bem como qual o papel de cada envolvido neste processo momento de estabelecimento de rapport vínculo entre psicó logos e equipe esportiva e também de definição de metasobjetivos a serem atingidos durante a tempo rada Os objetivos devem ser delimitados de acordo com o cronograma da equipe as competições alvo e também os objetivos individuais tendo em vista que os atletas de esporte coletivo também têm suas metas individuais WEINBERG GOULD 2017 Após todas as apresentações e já com as dúvidas sanadas é o momento de a equipe psicológica realizar o levantamento das necessidades psicológicas para a equipe alvo É preciso ficar a par dos horários de trei namentos os tipos de treinamento e a rotina diária dos atletas pois isto se torna uma ferramenta de conheci mento individual e coletivo dos atletas O foco princi pal é avaliar variáveis psicológicas da equipe e comissão técnica São utilizados testes psicométricos individuais entrevistas e observações de conduta em treinamentos e competições VIEIRA VISSOCI OLIVEIRA 2010 Os dados obtidos nesta avaliação serão utili zados no decorrer do trabalho mas uma das ava liações que ocorre durante todo o trabalho é a observação sistemática de treinamentos e competi ções pois quando realizada de maneira específica funciona como um instrumento que permite aos profissionais da psicologia identificarem padrões de comportamentos dos atletas da comissão téc nica bem como relacionar estes padrões de com portamento dos atletas com o desempenho destes CILLO 2003 As características psicológicas po sitivas e negativas devem ser levadas em considera ção a todo momento pois silenciosamente podem levar os atletas a aumentarem ou diminuírem seu desempenho muitas vezes de forma silenciosa e ao serem negligenciadas podem causar sérias con sequências no decorrer da temporada Com as informações coletadas chega o mo mento de executar o programa de inter venção que seguirá o calendário esportivo da equipe eou do atleta A intervenção psi cológica também deve se guir uma periodização específica isto porque as exigências psico lógicas em cada etapa da tempo rada esportiva se alteram e precisam ser reguladas dependendo das exigências No traba lho com atletas de mo dalidades individu ais as sessões são EDUCAÇÃO FÍSICA 27 realizadas de acordo com as necessidades destes mas a periodicidade semanal é uma das priori dades Nos esportes coletivos esta periodicidade também é preservada com atividades em grupo mas neste caso há uma especificidade que deve ser levada em conta as intervenções individuais com os atletas pois esta individualidade também precisa ser trabalhada não com tanta frequência quanto às atividades em grupo mas sempre que se achar necessário SAMULSKI 2009 As intervenções são realizadas de um lado com características pedagógicas visando a levar os atletas a conhecerem os conceitos psicológicos que os afetam diariamente tais como ativação an siedade humor motivação para a prática entre outros Este conhecimento inicial tem por obje tivo fazer com que os atletas cheguem a um au toconhecimento sobre suas características sendo capazes de resolver seus próprios conflitos emocionais principalmente em momentos de tensão e competição LIDOR BLUMENSTEIN TE NENBAUM 2007 Temas gerais de discus são como coesão de gru po motivação para a prática esportiva melhora da comu nicação entre os membros e auto gestão da saúde mental são es senciais em qual quer equipe Mas fatores específi cos são levados em conta após o levantamento das necessidades individuais Cada equipe terá suas pró prias características e isso deve ser levado em conta O treinamento psicológico que é fornecido aos atle tas tornase importante pois é uma das formas de leválos ao autoconhecimento e à maior capacidade de lidar de maneira eficaz com as exigências físicas e emocionais às quais são expostos WEINBERG GOULD 2017 A intervenção psicológica propriamente dita dura o tempo necessário de acordo com o crono grama da temporada em questão e ao fim é pre ciso realizar uma avaliação de todo o processo vi sando a destacar os pontos positivos e negativos do trabalho Uma forma de se fazer esta avaliação é pelos resultados da equipe ou dos atletas durante a temporada mas basear o sucesso ou o fracasso de um trabalho apenas pelos títulos alcançados pode ser uma estratégia não muito adequada ÁLVAREZ et al 2013 É preciso reconhecer quais mudanças signifi cativas ocorreram durante este processo como os atletas se percebem após todo o trabalho realizado a opinião da comissão técnica ou seja de todos os envolvidos Pois apenas com esta avaliação final é possível realizar uma reestruturação do trabalho para que no ano seguinte as atividades possam ser realizadas de forma mais específica possível O ob jetivo sempre será levar os atletas a melhorarem seu desempenho esportivo mas isso só será possí vel se metas reais forem traçadas Metas reais ten dem a ser atingidas com trabalho e dedicação mas metas que são definidas sem uma avaliação correta tendem a não ser atingidas e podem gerar frus tração sendo um ponto muito negativo em qual quer trabalho que seja realizado WEINBERG GOULD 2017 28 PSICOLOGIA DO ESPORTE E DO EXERCÍCIO Compreendendo a Relação da Psicologia do Esporte e do Exercício e o Esporte Escolar A prática esportiva desde a tenra idade é compro vadamente discutida na literatura nacional e inter nacional como um dos principais fatores que auxi liam na aquisição de uma boa qualidade de vida nos anos posteriores Há discussões importantes sobre quanto mais cedo se começar a adquirir hábitos sau dáveis maiores as chances de que estes hábitos per durem por mais tempo Isso aliado a um estilo de vida com alimentação rica em nutrientes naturais e controle permanente de peso e equilíbrio emocional SILVEIRA 2017 Um dos locais em que estes hábitos podem ser trabalhados e desenvolvidos é a escola Atividades voltadas à Promoção da Saúde devem incluir ele mentos de atividade física comportamentos saudá veis alimentação adequada e controle emocional O esporte escolar analisa de um lado os processos de ensino e aprendizagem e de outro os processos de educação e socialização os comportamentos e as re lações entre professores e alunos e também caracte rísticas psicológicas tais como estresse causado pelo contexto motivação para a prática esportiva e pro cessos de socialização SAMULSKI 2009 A escola não é um local apenas para se apren der elementos técnicocientíficos mas também um local de socialização em que deve se respeitar as EDUCAÇÃO FÍSICA 29 capacidades individuais dos alunos e os incenti varem a praticarem atividades que estimulem sua mente Além disso o desenvolvimento humano deve ser encarado como um processo que ocorre em diversas frentes físico cognitivo afetivo social e moral SANTOS 2016 iniciação de uma criança no esporte é permeada de mudanças novas interações sociais e a possibilidade de se adaptar a novas realidades O esporte praticado nas escolas pode ser tam bém um trampolim para a profissionalização E este aspecto envolve também um ponto importante que é o econômico Quanto mais desigualdade social um país apresenta mais as pessoas buscam alternativas para melhorar suas condições de vida e o esporte é uma destas ferramentas MACHADO MOIOLI PRESOTO 2016 Por isso as relações devem ser estabelecidas sempre visando o desenvolvimento natural das crianças sem a obrigatoriedade de se re alizar uma atividade não desejada A prática esportiva na infância não deve ser en carada apenas como um trampolim social tampou co como uma obrigatoriedade de que estas crianças venham a se tornar atletas profissionais Mesmo que a etapa escolar seja um momento de desligamento das questões familiares a família continua com um papel fundamental no desenvolvimento das crian ças motivo este pelo qual as discussões sobre a rela ção cada vez mais próxima das famílias com o con texto escolar são importantes Toda atividade que o ser humano realiza pre cisa ser um momento que lhe cause prazer e com as crianças e os adolescentes não é diferente Este início da carreira esportiva pode ser um momento não tão agradável assim tendo em vista as diversas variáveis envolvidas neste processo Estas variáveis terão sua parcela de influência na continuidade da prática esportiva mas também na possibilidade de abandono da prática Algumas pesquisas têm sido conduzidas com o intuito de compreender o que se chama de dropout um fenômeno para nomear o abandono esportivo PIRES BRANDÃO MACHADO 2005 Há di Há sempre um foco maior em atletas profissionais quando o assunto é esporte mas estes mesmos atle tas tiveram seu período de aprendizagem e de de senvolvimento antes de se tornarem os atletas que são O comportamento humano adaptase de acor do com as características do ambiente em que está inserido e durante seu desenvolvimento há com portamentos que são inatos ligados aos fatores bio lógicos e os que são moldados pela atividade cultu ral das pessoas com as quais se relaciona Berger e Luckmann 2012 descrevem que o indivíduo nasce e se torna membro de uma sociedade ou seja é um ser social que vive em grupo Ao sair do seio da família e adentrar ao contexto escolar a criança passa a se relacionar com pessoas de outras culturas e locais rompendo com o modelo de educação que vinha recebendo em casa e assim passa a receber influência deste novo núcleo de con vivência BOCK FURTADO TEIXEIRA 2008 A 30 PSICOLOGIA DO ESPORTE E DO EXERCÍCIO versas causas para o abandono precoce da prática esportiva tais como as elevadas exigências técnicas os treinos exaustivos e a não adaptação psicológica às demandas do contexto FONSECA ZECHIN MANGINI 2014 A intervenção psicológica no contexto do início da carreira esportiva perpassa também o contexto escolar e deve ser realizada de forma adequada ten do em vista sua complexidade pois envolve múlti plas responsabilidades Estas responsabilidades são referentes aos próprios atletas jovens aos pais aos técnicos aos professores aos árbitros e até mesmo aos torcedores que acompanham o desenvolvimen to dos jovens atletas A intervenção neste momento visa a uma reflexão por parte dos envolvidos de que o futuro é incerto e o trabalho a ser realizado neste momento é o de direcionar o jovem a ter a capacida de de decidir o que fará com sua vida ao longo dos anos que virão É preciso ficar atento pois o esporte com crianças e adolescentes também tem um caráter recreativo e formativo Não necessariamente se tornarão grandes atletas do esporte mundial mas claro os exemplos dos adultos devem ser utiliza dos também tendo em vista que as crianças e os jovens seguem seus passos e a responsabilidade destes chamados exemplos cresce a cada com portamento realizado 31 considerações finais Para encerrar faremos uma retomada do assunto que foi discutido nesta Unidade cuja estrutura foi elaborada com o intuito de que você alunoa fosse apresenta doa aos elementos iniciais da Psicologia do Esporte e do Exercício Foram apresentados quatro tópicos principais para a compreensão inicial da área Iniciamos falando um pouco sobre como começaram as discussões relacio nadas à importância da Psicologia ao ser utilizada no contexto esportivo para ajudar os atletas a melhorarem seu desempenho Este início foi marcado por ex periências específicas em determinados países que ainda hoje são os grandes produtores científicos da área Em seguida entramos nas discussões sobre como a Psicologia do Esporte e do Exercício está na atualidade as relações entre a Educação Física e a Psicolo gia como grandes áreas precisam se estreitar cada vez mais sempre buscando o desenvolvimento dos interesses em comum Só com a união dos profissionais é que poderemos ter mais destaque no trabalho com o contexto esportivo e a atividade física Finalizamos a Unidade I apresentando duas formas de pensar a atuação da Psicologia do Esporte e do Exercício hoje A intervenção no esporte de rendi mento que é o campo de trabalho em que as pessoas mais acreditam estar inseri da a Psicologia Mas não devemos nos esquecer de que os grandes atletas inicia ram suas carreiras em locais e equipes com características diferentes O início da carreira e seu desenvolvimento que será discutido de forma mais específica na Unidade II precisa ser considerado e muitas vezes o esporte escolar é o início de muitas carreiras de sucesso Espero que esta explicação inicial tenha despertado em você o interesse por compreender melhor quais as contribuições que a Psicologia pode trazer para o contexto esportivo Cada área com suas especificidades pode e deve contribuir para o desenvolvimento humano e assim levar os atletas a melhores desempe nhos dentro de suas próprias possibilidades 32 atividades de estudo 1 Mário sempre quis ser professor de Educação Física no entanto ele se sente frus trado porque seus alunos do Ensino Médio têm pouco interesse em desenvolver capacidades e em aprender habilidades básicas O objetivo de Mário é motivar os alunos sedentários a engajaremse em atividades físicas Neste sentido é im portante que Mário conheça alguns elementos principais da área chamada Psi cologia do Esporte WEINBERG GOULD 2008 Considere as assertivas a seguir I O psicólogo do esporte e do exercício identifica princípios e diretrizes que os profissionais podem usar para ajudar adultos e crianças a participarem e se beneficiarem de atividades esportivas e de exercícios II Entender como os fatores psicológicos afetam o desempenho físico de um indivíduo pode ser considerado um dos objetivos da Psicologia do Esporte III Entender como a participação em esportes e exercícios afeta o desen volvimento psicológico a saúde e o bemestar de uma pessoa pode ser considerado um dos objetivos da Psicologia do Esporte IV A Psicologia do Esporte aplicase a uma ampla parcela da população Assinale a alternativa que contenha assertivas verdadeiras sobre a Psicologia do Esporte a I e II b II e III c I e III d I e IV e I II III e IV 2 Os profissionais que atuam no contexto da Psicologia do Esporte e do Exercício têm possibilidade de atuação junto a diversos atletas e a modalidades esportivas e não apenas atletas profissionais como também atletas amadores e aqueles que praticam atividade física Analise as alternativas a seguir e assinale aquela que melhor representa o motivo pelo qual cada um destes tipos de atletas prati cam o esporteatividade física Siga a ordem atletas profissionais atletas amado res e praticantes de atividade física a Orientados para performance orientados para a superação de recordes foco na competição b Orientados para competição orientados para o bemestar orientados para o lazer c Opção profissional foco na superação pessoal prazer da atividade física d Questão de sobrevivência escolha da prática como meio de vida dificulda de em aderir ao exercício e Reflexão sobre a prática cobrança pessoal e institucional sem intenção de competir 33 atividades de estudo 3 Há muito o que se fazer no contexto da Psicologia do Esporte e do Exercício e isso se define também dependendo da área em que se atua É possível inserir o trabalho da Psicologia do Esporte e do Exercício em diversas frentes como o esporte de rendimento esporte escolar esporte recreativo prevenção saúde e reabilitação Assinale a alternativa correta sobre o esporte escolar a Contexto em que se analisa a modificação dos fatores psíquicos determi nantes do rendimento no esporte com a finalidade de melhorálo e otimi zar o processo de recuperação b É o contexto em que se analisa o comportamento recreativo de grupos de diferentes faixas etárias classes socioeconômicas e atuações de dife rentes motivos c Parte do princípio de se analisar por um lado os processos de ensino e aprendizagem e por outro processos de educação e socialização d Principais temas de análise são esporte e personalidade agressão inte ração entre treinador e atleta estresse psíquico na competição e motiva ção esportiva e Contexto em que são pesquisadas as possibilidades preventivas e terapêu ticas do esporte 4 Muitas discussões são realizadas atualmente sobre esta área de atuação conhe cida como Psicologia do Esporte e do Exercício por isso é importante conhecer qual o propósito desta área Baseandose nas discussões de Weinberg e Gould 2007 descreva o que é definição Psicologia do Esporte e do Exercício ressal tando quais os dois objetivos principais desta área de atuação 5 A atuação profissional mais conhecida no contexto da Psicologia do Esporte e do Exercício está relacionada aos esportes de alto rendimento mas não é só isso o foco do psicólogo do esporte Os psicólogos do esporte modernos seguem car reiras variadas desempenhando três papéis básicos em suas atividades profis sionais Explique quais são os três campos de atuação de um psicólogo esportivo abordando seus papéis principais 34 LEITURA COMPLEMENTAR A leitura a seguir é baseada em um artigo científico que aborda um tipo de pesquisa muito utilizado para se compreender a fundo um tema específico O artigo é uma revisão siste mática de literatura sobre a psicologia do esporte em periódicos da Psicologia Segue um pouco do que encontrarão neste artigo A ampliação da produção do conhecimento científico no Brasil tem levado diferentes áreas a realizar balanços dos estudos e pesquisas desenvolvidas demonstrando a impor tância de tais análises no processo de construção e aperfeiçoamento do conhecimento VIRTUOSO HAUPENTHAL PEREIRA MARTINS KNABBEN ANDRADE 2011 Ao analisar historicamente as investigações e pesquisas no esporte verificase o domínio das ciências biológicas no entanto não podemos deixar de lado os aspectos emocionais decorrentes do esporte especialmente a saúde mental e a necessidade destes aspectos na preparação de atletas ALLEN DE JONG 2006 RIMMELE et al 2007 Segundo Virtuoso et al 2011 são necessários estudos que avaliem a produção literária sobre os mais variados assuntos a fim de apontar lacunas de conhecimento e direcionar trabalhos futuros Na Psicologia do Esporte Aplicada ao Alto Rendimento este levantamen to é importante para visualizar o foco das pesquisas na área os principais assuntos que vêm sendo estudados e quais são as principais carências nesta área A Psicologia do Esporte PE é a ciência que investiga aspectos emocionais no contexto es portivo GOUVEIA 2001 estando vinculada à Psicologia e às Ciências do Esporte Nos EUA a Psicologia do Esporte e do Exercício foi estabelecida como área da American Psychologi cal Association Division 47 em 1986 com o foco nas questões profissionais e de pesquisa Desde então a área tem evoluído aparentemente mas o impacto na profissão ainda tem sido pouco significante AOYAGI PORTENGA POCZWARDOWSKI COHEN STATLER 2012 Fletcher e Wagstaff 2009 apontam como necessidade da PE aplicar efetivamente o que se estuda na teoria e pesquisa na prática esportiva Na Europa a European Federation for the Psychology of Sport and Physical Activity FEPSAC também tem se preocupado com os de safios da Psicologia do Esporte Aplicada WYLLEMAN HARWOOD ELBE REINTS CALUWÉ 2009 Fonte Andrade et al 2015 35 material complementar Psicologia do Esporte teoria e prática Katia Rubio Org Editora Casa do Psicólogo Sinopse este livro coletivo aglutina muitos autores e reúne uma diversidade de temas em uma área que apesar de não ser emergente como a classificamos pois é antiga no Brasil tem recebido nos últimos anos uma importância e divulgação grandes colocandoa acessível aos que iniciam a profissão e escolhem sua área de intervenção e aprofundamento Ele responde a muitas necessidades mas acima de tudo faz circular a Psicologia de forma acessível e estimula o desenvolvimento de disciplinas nos cursos de gra duação em Psicologia É também um livro para muitos pois o conhecimento da Psicologia tem sido necessário para complementar a formação de outros profis sionais A área do esporte tem sido habitada por muitas profissões e a Psicologia com este livro passa a contribuir para qualificar a formação de vários profissio nais e se coloca disponível para debater suas ideias Indicação para Ler The Players Tribune é uma nova plataforma de mídia que fornece conteúdo escrito por atletas profis sionais Oferece diariamente conversas esportivas e publica histórias em primeira pessoa diretamente de atletas Entre eles brasileiros como Ronaldinho Gaúcho e Marta Disponível em httpswwwthe playerstribunecom Indicação para Acessar 36 referências ÁLVAREZ O FALCO C ESTEVAN I MOLI NAGARCÍA J CASTILLO I Intervención psico lógica en un equipo de gimnasia rítmica deportiva Estudio de un caso Revista de Psicología del Depor te v 22 n 2 p 395401 2013 ANDRADE A BRANDT R DOMINSKI F H VILARINO G T COIMBRA D MOREIRA M Psicologia do Esporte no Brasil Revisão em Periódi cos da Psicologia Psicologia em Estudo Maringá v 20 n 2 p 309317 abrjun 2015 BERGER P L LUCKMANN T A construção so cial da realidade tratado de sociologia do conheci mento 34 ed Petrópolis Vozes 2012 BOCK A M B FURTADO O TEIXEIRA M L T Psicologias uma introdução ao estudo de Psico logia São Paulo Saraiva 2008 BOMPA T Periodization theory and methodology of training Champaing Human Kinetics 1999 BREWER B W PETRIE T A Psychopathology in sport and exercise psychology In VAN RAALTE J L BREWER B W Ed Exploring sport and exer cise psychology 3 ed Washington American Psy chological Association 2014 COIMBRA D R BARA FILHO M MIRANDA R Habilidades psicológicas de coping em atletas bra sileiros Motricidade v 9 n 1 p 95106 jan 2013 CILLO E N Análise de jogo como fonte de dados para a intervenção em psicologia do esporte In RU BIO K Org Psicologia do Esporte Aplicada São Paulo Casa do Psicólogo 2003 DIAS C CORTEREAL N CRUZ J F FONSE CA A M Emoções no desporto O que sabemos e o que sentimos que julgamos saber Revista de Psico logía del Deporte v 22 n 2 p 473480 2013 EKLUND R C TENENBAUM G Ed Encyclo pedia of Sport and Exercise Psychology Los Ange les SAGE 2014 FONSECA G M M ZECHIN F MANGINI R E O abandono do futsal na iniciação esportiva Revista Brasileira de Futsal e Futebol São Paulo v 6 n 21 p 169176 setoutnovdez 2014 GOULD D VOELKER D K History of sport psy chology In EKLUND R C TENENBAUM G Ed Encyclopedia of Sport and Exercise Psycholo gy Los Angeles SAGE 2014 p 345350 GULLIVER A GRIFFITHS K M CHRIS TENSEN H MACKINNON A CALEAR A PARSONS A BENNETT K BATTERHAM P STANIMIROVIC E InternetBased Interventions to Promote Mental Health HelpSeeking in Elite Athletes An Exploratory Randomized Controlled Trial Journal of Medical Internet Research v 14 n 3 p 118 2012 HERNANDEZ J A E João Carvalhaes um psicó logo campeão do mundo de futebol Estudos e Pes quisas em Psicologia Rio de Janeiro v 11 n 3 p 10271049 2011 LIDOR R BLUMENSTEIN B TENENBAUM G Psychological aspects of training in European basket ball conceptualization periodization and planning The Sport Psychologist v 21 n 3 p 353367 2007 MACHADO A A MOIOLI A PRESOTO D As interrelações culturais e o esporte infantojuve nil percepções doloridas In BRANDÃO M R F MACHADO A A Competências psicológicas no esporte infantojuvenil Várzea Paulista Fontoura 2016 Cap 10 p 169191 OLIVEIRA L P VISSOCI J R N NASCIMEN TO JUNIOR J R A VIEIRA J L VIEIRA L F BALBINOTTI M A A PEIXOTO E M O papel mediador da autodeterminação sobre o efeito do perfeccionismo nas estratégias de enfrentamento em atletas juniores de futebol Saúde e Desenvolvimen to Humano v 3 n 1 p 716 2015 37 material complementar PALUDO A C NUNES S A N SIMÕES A C FERNANDES M G Relação entre ansiedade com petitiva autoconfiança e desempenho esportivo uma revisão ampla da literatura Psicologia Argu mento v 34 n 85 p 156169 2016 PIRES D A BRANDÃO M R F MACHADO A A A síndrome de Burnout no esporte Motriz Rio Claro v 11 n 3 p 147153 setdez 2005 PROCTOR S BOANLENZO C Prevalence of depressive symptoms in male intercollegiate studen tathletes and nonathletes Journal of Clinical Sport Psychology v 4 n 3 p 204220 sept 2010 ROSA E M TUDGE J Urie Bronfenbrenners Theory of Human Development Its Evolution from Ecology to Bioecology Journal of Family Theory Review v 5 n 4 p 243258 dez 2013 ROSADO A FONSECA C SERPA S Robustez mental uma perspectiva integradora Revista de Psicología del Deporte v 22 n 2 p 495500 2013 RUBIO K Psicologia do Esporte Interfaces pesqui sa e intervenção São Paulo Casa do Psicólogo 2000 SAMULSKI D Introdução à Psicologia do Esporte In SAMULSKI D Psicologia do esporte conceitos e no vas perspectivas Barueri Manole 2009 cap 1 p 120 SANTOS A R R O desenvolvimento moral na perspectiva da psicologia do esporte escolar In BRANDÃO M R F MACHADO A A Compe tências psicológicas no esporte infantojuvenil Várzea Paulista Fontoura 2016 Cap 2 p 2750 SILVEIRA M G G Prevenção da obesidade e de doenças do adulto na infância Petrópolis Vozes 2017 SI G STATLER T SAMULSKI D Preparing ath letes for major competitions In PAPAIOANNOU A G HACKFORT D Ed Routledge Companion to Sport and Exercise Psychology Global perspec tives and fundamental concepts London Routledge 2014 Cap 32 p 495510 SOARES A R A Psicologia no Brasil Psicologia Ciência e Profissão Brasília v 30 n esp p 841 dez 2010 TRIPLETT N L Dynamogenic factors in pace making and competition The American Journal of Psychology v 9 n 4 p 507533 jul 1898 VEALEY R S Mental skills training in sport In TENENBAUM G EKLUND R C Eds Han dbook of sport psychology Hoboken Wiley 2007 VIEIRA L F NASCIMENTO JUNIOR J R A VIEIRA J L L O estado da arte da pesquisa em Psi cologia do Esporte no Brasil Revista de Psicología del Deporte v 22 n 2 p 501507 2013 VIEIRA L F VISSOCI J R N OLIVEIRA L P VIEIRA J L L Psicologia do esporte uma área emergente da psicologia Psicologia em Estudo Ma ringá v 15 n 2 p 391399 jun 2010 WEINBERG R S GOULD D Fundamentos da psicologia do esporte e do exercício Porto Alegre Artmed 2017 Referência online 1Em httpwwwapadivisionsorgdivision47indexaspx Acesso em 30 jul 2018 38 gabarito 1 E 2 C 3 C 4 Definição a É o estudo científico de pessoas e seus comportamentos em atividades esportivas e atividades físicas e a aplicação prática desse conhecimento GILL 1979 Objetivos a Entender como os fatores psicológicos afetam o desempenho físico de um indivíduo b Entender como a participação em esportes e exercícios afeta o desenvolvi mento psicológico a saúde e o bemestar de uma pessoa 5 a Pesquisador busca entender o processo de regulação psicológica da ati vidade física e esportiva Tipos teórica empírica básica aplicada labora torial e estudo de campo b Professor busca assessorar na educação da maioria das pessoas envol vidas no esporte em nível acadêmico para estudantes profissionais do esporte e participantes do esporte c Consultor busca por meio do conhecimento e da competência desen volver duas funções a diagnosticar e avaliar detecção de talentos testes de cognição e habilidades sensóriomotoras e evolução das necessidades dos participantes b por meio da intervenção conduzir de forma coopera tiva com outras pessoas da área aconselhar ou atuar como consultor em situações de problemas especiais gabarito UNIDADE II Professor Dr Leonardo Pestillo de Oliveira Plano de Estudo A seguir apresentamse os tópicos que você estudará nesta unidade Compreendendo o desenvolvimento humano e esportivo Personalidade e esporte Desenvolvimento psicológico de crianças e adolescentes por meio do esporte Desenvolvimento da carreira esportiva Objetivos de Aprendizagem Compreender como o desenvolvimento humano ocorre e sua relação com o esporte Apresentar características de personalidade e sua relação com o desenvolvimento humano e esportivo Compreender como o esporte pode ser um elemento de influência do desenvolvimento psicológico infantil e juvenil Compreender como os atletas se desenvolvem dentro do contexto esportivo as teorias e as fases de desenvolvimento DESENVOLVIMENTO HUMANO E SUA RELAÇÃO COM O ESPORTE unidade II INTRODUÇÃO A pós a apresentação sobre a história da Psicologia do Esporte e do Exercício chega o momento de começarmos a discutir sobre alguns assuntos mais específicos de como pode ser reali zado o trabalho dentro desta área A partir da Unidade II co meçaremos um percurso mais detalhado sobre temáticas que envolvem questões individuais dos atletas e também as questões de grupo No contexto da Psicologia é extremamente importante compreender o desenvolvimento humano É por meio de teorias que nos embasamos para identificar o momento em que as pessoas estão dentro do quadro de desenvolvimento e assim podermos definir também as formas que podemos utilizar para agir junto a estas pessoas Com isso discutiremos um pouco sobre algumas teorias específicas da Psicologia que nos levam a compreender o desenvolvimento humano de forma mais detalhada A partir daí estudaremos também uma característica que todos te mos mas que também é muito específica a personalidade Esta precisa ser compreendida dentro de alguns parâmetros para que cientificamen te possamos entender melhor as pessoas com quem convivemos E já que falaremos sobre desenvolvimento humano estudaremos também como se dá o desenvolvimento de crianças e adolescentes por meio do esporte e quais as contribuições que o contexto esportivo pode trazer para este público como ser um elemento de desenvolvimento moral Por fim veremos por quais fases estas crianças e adolescentes passam até se tornarem atletas profissionais de sucesso ou às vezes nem tanto assim É preciso também dividir as fases de desenvolvimento dentro do contexto esportivo para que assim possamos ter uma visão mais especí fica em cada um dos momentos em que esses atletas estão vivendo 44 PSICOLOGIA DO ESPORTE E DO EXERCÍCIO Compreendendo o Desenvolvimento Humano e Esportivo EDUCAÇÃO FÍSICA 45 Todo profissional que trabalha diretamente com pessoas deve ter conhecimento básico sobre como elas se comportam como elas chegaram até ali en fim é preciso conhecêlas A Psicologia enquanto uma ciência fornece elementos essenciais para que as pessoas possam se relacionar de forma eficiente e em busca de atingir os objetivos traçados em algum contexto no nosso caso o esportivo Todas as decisões que tomamos ao longo de nos sas vidas são baseadas na nossa história passado levando em consideração as pessoas com quem con vivemos diariamente presente e principalmente pensando nos objetivos que pretendemos alcançar futuro Começamos então a nos questionar sobre o porquê de algumas pessoas escolherem se dedicar ao esporte e dentro deste contexto se dedicarem a modalidades esportivas específicas ALVES 2015 SENA et al 2017 Antes de falarmos em desenvolvimento do atle ta precisamos compreender o desenvolvimento do ser humano pois antes de escolher ser atleta o in divíduo precisa aprender a ser um sujeito posto em um contexto As relações humanas são estabeleci das e o primeiro núcleo social em que a criança é inserida é a família LEME et al 2016 o que nos leva a compreender que as principais características que apresentamos atualmente foram também in fluenciadas por esta família A Teoria Bioecológica do Desenvolvimento Hu mano uma proposta consistente de Bronfenbrenner 2011 levanos a compreender por exemplo quais motivos levam as pessoas a se envolverem em de terminadas atividades entre elas as atividades es portivas Esta teoria oferecenos a possibilidade de compreender o desenvolvimento humano a partir de sistemas que influenciam o desenvolvimento ao mesmo tempo em que são influenciados Para começarmos a discutir essa teoria precisa mos entender sua principal característica Segundo Bronfenbrenner 2011 o desenvolvimento humano é resultado da interação entre o indivíduo e o am biente em que ele está inserido Essa interação dá nos a perspectiva de compreender as características deste indivíduo bem como as suas relações com as outras pessoas e com o ambiente Além disso é por meio dela que as atividades são realizadas e tam bém sua história é construída 46 PSICOLOGIA DO ESPORTE E DO EXERCÍCIO A partir do que se observa na Figura 1 podemos com preender a divisão do desenvolvimento humano em etapas ou melhor dizendo em sistemas O desenvolvi mento humano é considerado um processo que depen de de uma interação sinérgica de quatro componentes o Processo a Pessoa o Contexto e o Tempo BRON FENBRENNER 2011 Estas interações constantes ocorrem ao longo do desenvolvimento humano que é tanto produto quanto produtor do seu processo Veja mos as características de cada um destes componentes multidimensional que esta abordagem nos fornece implicando respeitar o espaço de todos os profissio nais envolvidos no processo A representação gráfica do modelo bioecológico pode ser uma das principais formas de compreen dermos o seu significado Isso pode ser ilustrado na Figura 1 As pesquisas sobre o desenvolvimento de atletas apresentam bastante semelhança com as caracterís ticas da abordagem bioecológica pois compreen dem os processos que são gerados ao longo do tem po e o desenvolvimento biopsicossocial do sujeito atleta que está dentro deste ambiente ROTHER MEJIA 2015 Isto nos leva a considerar toda a ótica Figura 1 Modelo de Bronfenbrenner Fonte adaptado de Bronfenbrenner 2011 EDUCAÇÃO FÍSICA 47 PROCESSO O Processo representa todas as mudanças que ocorrem no desenvolvimento da pessoa Bron fenbrenner enfatizou o papel desempenhado pela pessoa em seu próprio desenvolvimento por meio de um mecanismo denominado processos proxi mais ROSA TUDGE 2013 As interações entre a pessoa e o ambiente são importantes mas só serão eficazes se ocorrerem com regularidade e ao longo de períodos extensos de tempo LEME et al 2016 Os processos proximais são o centro da teoria bio ecológica e são vistos como as forças motrizes do desenvolvimento humano BRONFENBRENNER MORRIS 2006 PESSOA O segundo elemento considerado por Bron fenbrenner em sua teoria é a Pessoa Este elemen to envolve características biológicas e psicológicas que são já determinadas mas também envolve as características que surgem como resultado das in terações com o ambiente BRONFENBRENNER 2011 Neste sentido é que se denominam caracte rísticas biopsicológicas que são produto e produ toras do seu desenvolvimento Leme et al 2016 descrevem que este elemento Pessoa apresenta três características biopsicológicas as quais denominam Força Recursos e Demandas Força A Força é considerada a mais provável de in fluenciar os resultados de desenvolvimento de uma pessoa seja de forma geradora ou disrupti va As características desenvolvimentais gerado ras contemplam a curiosidade disposição para engajarse em atividades solitárias ou coletivas prontidão para seguir metas de longo prazo Já as características disruptivas envolvem impulsivida de intempestividade distração falta de habilidade para adiar gratificações imediatas agressividade ROSA TUDGE 2013 Recursos A característica dos Recursos é de influenciar as ha bilidades da pessoa em engajarse efetivamente nos processos proximais BRONFENBRENNER MOR RIS 2006 Estes recursos podem sofrer algumas limitações tais como deficiências que restringem ou inibem o desenvolvimento da pessoa Estas de ficiências podem variar como doenças físicas eou mentais distúrbios genéticos e também podem ser relacionados à competência da pessoa ao conheci mento e às experiências adquiridas ao longo da vida LEME et al 2016 Demandas Por fim as Demandas contemplam as caracterís ticas da pessoa que estimulam ou desencorajam as reações ao ambiente o que pode contribuir ou não para o aumento dos processos proximais BRON FENBRENNER MORRIS 2006 Um exemplo de como nossas características sofrem esta influência são as questões de aparência física idade gênero e etnia que são influenciadas constantemente pelas crenças pelos valores e pelos papéis sociais estabele cidos pela cultura em que a pessoa vive 48 PSICOLOGIA DO ESPORTE E DO EXERCÍCIO CONTEXTO Um dos componentes mais complexos de se compre ender é o Contexto em que se dá o desenvolvimen to composto por sistemas que são interdependen tes com denominações específicas Microssistema Mesossistema Exossistema Macrossistema e Cro nossistema De forma geral Bronfenbrenner 2011 assume que o desenvolvimento humano dáse ou é resultado tanto pelas relações de múltiplas pesso as em seus ambientes próximos o que compreende neste caso o Microssistema e o Mesossistema quan to pelas influências de contextos remotos ou pelo Exossistema e Macrossistema Para compreender os ambientes próximos Bron fenbrenner 2011 descreve o Microssistema como o contexto imediato em que a pessoa se desenvolve e tem suas experiências diretas como a família a es cola no caso de crianças e o local de trabalho para os adultos O Mesossistema constitui um conjunto ou rede de microssistemas contendo as trocas de in terambientes ou seja as relações entre as famílias entre a família e a escola eou trabalho Com relação aos contextos externos o autor de nomina o Exossistema como ambiente que não en volve a participação ativa da pessoa mas neste am biente ocorrem atividades e elementos que afetam a pessoa e ao mesmo tempo são afetados por ela Mais além o Macrossistema pode ser compreendido como a soma de todos os sistemas de ordem inferior e que afetam indiretamente as relações interpessoais e a qualidade de vida das pessoas BRONFENBREN NER MORRIS 2006 envolvem os sistemas po lítico econômico e educacional as ideologias os valores e as crenças que são compartilhados pelos membros da cultura LEME et al 2016 TEMPO O último dos sistemas considerados por Bron fenbrenner é o Cronossistema que é constituído por mudanças ou estabilidades que ocorrem nas ca racterísticas biopsicológicas da pessoa ao longo do seu curso de vida LEME et al 2016 p 185 No modelo bioecológico o conceito de Tempo foi am pliado para incluir o que acontece ao longo do tem po ontogenético e histórico ROSA TUDGE 2013 Operacionalmente o modelo bioecológico pro põe métodos para avaliar os resultados de desenvol vimento que emergem como resultado da participa ção ativa dos quatro componentes do modelo PPCT Processo Pessoa Contexto e Tempo No contexto esportivo esta é uma teoria de extrema valia ten do em vista a possibilidade que elas nos fornece de compreender o processo de desenvolvimento huma no sob a perspectiva de interrelações dos elemen tos que são importantes desde o nascimento até as idades mais avançadas ROTHER MEJIA 2015 O esporte pode ser classificado como um ambiente ou um sistema em que os processos proximais ocorrem ao longo do tempo e que de alguma forma causam o desenvolvimento da pessoa EDUCAÇÃO FÍSICA 50 PSICOLOGIA DO ESPORTE E DO EXERCÍCIO Personalidade e Esporte EDUCAÇÃO FÍSICA 51 Após compreendermos como se dá o desenvolvi mento humano de forma geral a partir dos conhe cimentos de Bronfenbrenner 2011 precisamos detalhar algumas características individuais que nos levam a compreender melhor alguns compor tamentos e atitudes das pessoas Uma das carac terísticas mais discutidas e também mais contro versas é a personalidade que por si só nos leva à compreensão de que somos seres humanos A personalidade é a característica comum a todos os seres humanos e o que nos diferencia dos demais seres vivos Muito se ouve no dia a dia sobre o que é perso nalidade e partindo para a literatura da Psicologia do Esporte Weinberg e Gould 2017 descrevemna como um conjunto de características de uma pessoa que a faz única Pensando nesse conjunto de carac terísticas há diversas teorias e diversos instrumen tos que são utilizados para descrever este fenômeno na vida do ser humano As organizações esportivas fazem esforços constantes para um desenvolvimen to dinâmico e o máximo de facilidades para manter seus atletas mas apesar de todo este esforço apenas uma pequena parcela destes atletas chega ao topo KHAN et al 2016 É comum encontrarmos pesquisas no âmbito esportivo que analisam a personalidade dentro de padrões Podemos considerar que as teorias que compõem o que se conhece por Abordagem Traço são muito utilizadas neste meio Esta abordagem pressupõe que as características principais da perso nalidade de uma pessoa são relativamente estáveis ou seja os traços são permanentes e consistentes em diversas situações Um dos modelos mais aceitos hoje é o dos cinco grandes fatores da personalidade conhecido também como Big 5 ALLEN GREEN LESS JONES 2013 A razão para que os modelos da abordagem traço sejam muito utilizados no contexto esportivo circunda a necessidade de alguns treinadores e ges tores esportivos compreenderem quais atletas terão sucesso ou não a partir de uma medida psicológica Este fato é muito completo tendo em vista que as características atuais de uma pessoa não determi nam o caminho que ela seguirá O fato de um atleta apresentar determinado traço psicológico que o pre disponha a se comportar de determinada maneira não significa que isso ocorrerá em todas as situações WEINBERG GOULD 2017 O Modelo Big 5 é composto por cinco diferentes aspectos associados com o conceito de personalidade Variação individual de um indivíduo sobre o design evolucionário geral para a natureza humana expressa como um padrão em de senvolvimento de Traços disposicionais Adaptações características Histórias de vida integrativas complexas e di ferencialmente situadas Em cultura LIDOR 2014 Baseados em teorias como esta é possível verificar o que se chama de personalidade do esporte referên cia a atletas que possuem determinadas caracterís ticas e qualidades que os levam a se tornar grandes atletas como disciplina inteligência de jogo con trole emocional motivação positiva entre outros SAMULSKI 2009 A principal característica do modelo Big 5 é a definição dos cinco traços de personalidade mais amplos chamados de Extroversão Amabilidade Conscienciosidade Neuroticismo e Abertura para Experiências GOMES GOLINO 2012 Vejamos cada uma destas características como ilustradas na Figura 2 52 PSICOLOGIA DO ESPORTE E DO EXERCÍCIO Alto Busca de atenção Busca por excitação Alto Credulidade Submissão Abnegação Alto Perfeccionismo Workaholic Baixo Frieza Isolada Retraimento social Anedonia Baixo Grandiosidade Insensibilidade Desconfiança Baixo Irresponsabilidade Distração Temeridade EXTROVERSÃO Característica de pessoas consideradas expan sivas e focadas mais em valores externos que internos É muito presente em pessoas comuni cativas que se manifestam de forma livre e com boa desenvoltura GOMES GOLINO 2012 Pes soas com poucas características de extroversão são comumente chamadas de introvertidas sendo mais voltadas para si mesmas e prefe rem experiências íntimas de si mesmas CONSCIENCIOSIDADE Apresentase como uma característica muito presente em pessoas que são confiáveis res ponsáveis organizadas e persistentes Além disso as pesquisas mostram que pessoas com esta característica são mais satisfeitas e com prometidas em seus relacionamentos YANG JOWETT CHAN 2015 AMABILIDADE Amabilidade é a propensão de um indivíduo a acatar a ideia dos outros pois são mais co operativas receptivas e confiáveis um dos in teresses das pessoas com alta amabilidade é justamente o bemestar dos outros O altruís mo representase como uma característica im portante nestas pessoas NUNES et al 2010 Figura 2 Big 5 Fonte adaptado de Gomes e Golino 2012 EDUCAÇÃO FÍSICA 53 Alto Destemor Estabilidade emocional Alto Excentricidade Desregulação perceptiva Baixo Insegurança Instabilidade emocional Vergonha Baixo Mente fechada Inflexível ABERTURA PARA EXPERIÊNCIAS As pessoas fascinadas por novidades são aquelas que geralmente são rotuladas de abertas a novas experiências são criativas curiosas e sensíveis do ponto de vista artísti co NUNES HUTZ 2002 Esta abertura a ex periências leva o indivíduo à maior capacidade de procurar caminhos alternativos pensar em novas formas e maneiras de enfrentar um de safio GOMES GOLINO 2012 ESTABILIDADE EMOCIONAL NEUROTICISMO A principal característica de pessoas com es tabilidade emocional é a capacidade para li darem com as situações que lhe causam es tresse com isso apresentam pouca variação de humor tendo um padrão psíquico mais constante GOMES GOLINO 2012 São ge ralmente pessoas calmas autoconfiantes seguras Já o neuroticismo caracteriza as pessoas com mais instabilidade emocional sendo estas mais ansiosas deprimidas ner vosas e inseguras 54 PSICOLOGIA DO ESPORTE E DO EXERCÍCIO Mais importante que compreender os traços de personalidade do atleta é compreender todo o pro cesso em que ele está inserido qual o contexto qual sua história e principalmente as relações que ele estabelece no momento atual Yang Jowett e Chan 2015 argumentam que como o papel principal de um treinador é apoiar e instruir os seus atletas a personalidade terá um efeito mínimo sobre os atle tas O estudo descobriu que a personalidade dos atletas determinava como seus treinadores viam a qualidade do relacionamento ao passo que a per sonalidade dos treinadores não tinha qualquer efeito sobre a forma como os atletas viam a relação treinadoratleta Além disso o estilo de vínculo que se estabele ce também influencia as próprias percepções sobre a qualidade do relacionamento na díade técnico atleta no entanto apenas o estilo de vínculo dos atletas influencia a percepção dos técnicos sobre a qualidade dos relacionamentos DAVIS JOWETT 2013 Por isso a relação entre técnicos e atletas deve ser uma das variáveis consideradas muito im portantes para o sucesso de um atleta ou de uma equipe As características de liderança serão estu dadas na Unidade IV 56 PSICOLOGIA DO ESPORTE E DO EXERCÍCIO Como já explorado nesta Unidade as características individuais são importantes no processo de desen volvimento humano A personalidade é a principal característica que nos caracteriza enquanto seres humanos e durante a carreira esportiva muitas são as situações em que os atletas são expostos o que auxilia no desenvolvimento de suas características Cada um dentro de sua própria realidade seja es porte de rendimento seja esporte voltado para a saúde e qualidade de vida tem sua história e a cada mudança novos elementos são inseridos em seu re pertório humano CIAMPA 2009 Considerando que o ambiente é um fator impor tante no desenvolvimento humano há que se pensar no contexto esportivo como uma ferramenta de de senvolvimento importantíssima para se vislumbrar uma sociedade pautada em elementos das relações humanas que levam ao bom convívio e ao respeito mútuo Autores como Piaget 2000 destacam que todos são capazes de alguma ação considerada mo ral e esta ação só é possível a partir das relações que o sujeito estabelece com o meio em que habita A moral tende a se desenvolver paralelamente à cogni ção e à afetividade e o autor considera três diferen tes momentos da vida do sujeito para explicar isso Anomia Heteronomia e Autonomia Anomia caracterizase por ausência de consci ência moral não sendo possível apresentar a noção Desenvolvimento Psicológico de Crianças e Adolescentes por Meio do Esporte EDUCAÇÃO FÍSICA 57 de regra social ou de justiça O segundo momento chamado Heteronomia surge quando a criança já é capaz de compreender rudimentarmente as re gras sociais e apresenta pouca noção de justiça Já o último momento conhecido por Autonomia é a fase em que os adolescentes apresentam consciên cia de que as regras são importantes instrumentos que regulam as relações sociais FREITAS 2002 LELEUX 2003 A partir das discussões iniciais de Piaget Kohl berg 1964 1981 1984 desenvolve suas ideias empiricamente e sistematiza todo o conhecimen to sobre o desenvolvimento moral em estágios sequenciais e organizados hierarquicamente Ao apresentar o conceito de competência moral Kohlberg 1964 explica como o sujeito tende a agir conscientemente quando se depara com situ ações que envolvem aspectos morais Por consciên cia moral entendese que é a capacidade de tomar decisões e emitir juízos morais baseados em prin cípios internos e a agir de acordo com tais juízos KOHLBERG 1964 p 425 Kohlberg 1971 explica esses conceitos por meio de três estágios de desenvolvimento moral PréConvencional Convencional e PósConven cional e cada estágio é subdividido em dois níveis como descritos a seguir 58 PSICOLOGIA DO ESPORTE E DO EXERCÍCIO Estágios do Desenvolvimento Níveis de Consciência Moral Noção de Justiça PréConvencional 1 Orientação Puniçãoobediência Ordem Social Os mais fracos devem obediência aos mais fortes Nível 1 Orientação puniçãoobediência Uma ação é considerada boa ou má a partir das consequências físicas que ela gera As crianças neste nível ainda não conseguem realizar operações mentais concretas no sentido de reversibilidade ou seja no sentido da reci procidade lógica A justiça é compreendida no sentido de uma ordem social castigo punição HABERMAS 1990 A criança é capaz de responder a regras culturais noção de bom e mau certo e errado Nível 2 Orientação instrumentalrelativista Todas as ações que satisfazem instrumentalmente as próprias necessidades e ocasionalmente a necessidade dos outros são consideradas ações justas A noção de reversibilidade lógica já está presente e pode ser ilus trada no seguinte ponto tu te inclinas a mim e eu me inclino a ti HABERMAS 1990 p 60 2 Orientação instrumentalrelativista Polidez Troca de agrados ou ofensas Tratar os outros como eles lhe tratam Convencional 3 Orientação Bom moço Compreensão da regra de outro Reflexão sobre o role taking Nível 3 Orientação bom moço O comportamento que agrada aos outros é considerado o ideal e adequado As pessoas consideradas autori dades e as instituições reconhecidas socialmente são importantes pois as regras e convenções determinadas por elas embasam aquilo que é correto e moral Este é o estágio em que o sujeito pode assumir uma função role taking ou diferentes papéis APEL 1994 As crianças neste estágio demonstram como é importante satisfazer as expectativas da família ou do grupo social pertencente Nível 4 Orientação lei e ordem Neste nível observase uma orientação no sentido de autoridade de papéis fixos e de manutenção da ordem social HABERMAS 1990 A manutenção da ordem social é considerada a principal forma de perspectiva moral BATAGLIA MORAIS LEPRE 2010 4 Orientação Lei e Ordem Perspectiva de manutenção da lei e da ordem PósConvencional 5 Orientação Legalismo socialcontratual Princípio racional de legitimação do direito Nível 5 Orientação Legalismo socialcontratual Principal característica deste nível é o princípio do contrato social e dos direitos à vida e à liberdade uma ação justa é aquela que é definida em termos de direitos individuais gerais e padrões examinados pela sociedade BATAGLIA MORAIS LEPRE 2010 Mas é preciso considerar que alguns direitos e valores são considerados re lativos ou seja devem ser sustentados por toda a sociedade independente da opinião da maioria neste caso estamos falando de vida e liberdade LELEUX 2003 Principal característica deste estágio é o sujeito agir de acordo com os princípios morais universais baseados na reciprocidade e igualdade Nível 6 Orientação no sentido de princípios éticos universais Nível de desenvolvimento moral em que está presente o conceito de competência de juízo moral além dos conceitos de reversibilidade e universalidade Neste período justo é aquilo que é definido pela decisão que é tomada de forma autônoma baseada na consciência de acordo com os princípios éticos KOHLBERG 1964 Considerase ainda que neste nível de desenvolvimento moral estejam presentes os princípios éticos univer sais de justiça igualdade de valores válidos pela humanidade 6 Orientação no sentido de princípios éticos universais Moral point of view Quadro 1 Etapas do desenvolvimento moral segundo Kohlberg Fonte Kohlberg 1971 1976 1981 EDUCAÇÃO FÍSICA 59 Estágios do Desenvolvimento Níveis de Consciência Moral Noção de Justiça PréConvencional 1 Orientação Puniçãoobediência Ordem Social Os mais fracos devem obediência aos mais fortes Nível 1 Orientação puniçãoobediência Uma ação é considerada boa ou má a partir das consequências físicas que ela gera As crianças neste nível ainda não conseguem realizar operações mentais concretas no sentido de reversibilidade ou seja no sentido da reci procidade lógica A justiça é compreendida no sentido de uma ordem social castigo punição HABERMAS 1990 A criança é capaz de responder a regras culturais noção de bom e mau certo e errado Nível 2 Orientação instrumentalrelativista Todas as ações que satisfazem instrumentalmente as próprias necessidades e ocasionalmente a necessidade dos outros são consideradas ações justas A noção de reversibilidade lógica já está presente e pode ser ilus trada no seguinte ponto tu te inclinas a mim e eu me inclino a ti HABERMAS 1990 p 60 2 Orientação instrumentalrelativista Polidez Troca de agrados ou ofensas Tratar os outros como eles lhe tratam Convencional 3 Orientação Bom moço Compreensão da regra de outro Reflexão sobre o role taking Nível 3 Orientação bom moço O comportamento que agrada aos outros é considerado o ideal e adequado As pessoas consideradas autori dades e as instituições reconhecidas socialmente são importantes pois as regras e convenções determinadas por elas embasam aquilo que é correto e moral Este é o estágio em que o sujeito pode assumir uma função role taking ou diferentes papéis APEL 1994 As crianças neste estágio demonstram como é importante satisfazer as expectativas da família ou do grupo social pertencente Nível 4 Orientação lei e ordem Neste nível observase uma orientação no sentido de autoridade de papéis fixos e de manutenção da ordem social HABERMAS 1990 A manutenção da ordem social é considerada a principal forma de perspectiva moral BATAGLIA MORAIS LEPRE 2010 4 Orientação Lei e Ordem Perspectiva de manutenção da lei e da ordem PósConvencional 5 Orientação Legalismo socialcontratual Princípio racional de legitimação do direito Nível 5 Orientação Legalismo socialcontratual Principal característica deste nível é o princípio do contrato social e dos direitos à vida e à liberdade uma ação justa é aquela que é definida em termos de direitos individuais gerais e padrões examinados pela sociedade BATAGLIA MORAIS LEPRE 2010 Mas é preciso considerar que alguns direitos e valores são considerados re lativos ou seja devem ser sustentados por toda a sociedade independente da opinião da maioria neste caso estamos falando de vida e liberdade LELEUX 2003 Principal característica deste estágio é o sujeito agir de acordo com os princípios morais universais baseados na reciprocidade e igualdade Nível 6 Orientação no sentido de princípios éticos universais Nível de desenvolvimento moral em que está presente o conceito de competência de juízo moral além dos conceitos de reversibilidade e universalidade Neste período justo é aquilo que é definido pela decisão que é tomada de forma autônoma baseada na consciência de acordo com os princípios éticos KOHLBERG 1964 Considerase ainda que neste nível de desenvolvimento moral estejam presentes os princípios éticos univer sais de justiça igualdade de valores válidos pela humanidade 6 Orientação no sentido de princípios éticos universais Moral point of view 60 PSICOLOGIA DO ESPORTE E DO EXERCÍCIO Toda esta discussão teórica sobre moral tem sua base na Filosofia mas no contexto esportivo estes aspectos são abordados com base na compreensão dos comportamentos de seus membros sendo eles atletas treinadores e demais profissionais envol vidos neste campo de atuação Os estudos sobre agressividade no esporte BREDEMEIER 1994 GUIVERNAU DUDA 2002 são importantes para auxiliar no trabalho com crianças e adolescentes que iniciam sua prática esportiva e estão inseridos em um contexto que pode proporcionar um desenvol vimento global mais inclinado à competência moral WEINBERG GOULD 2017 Mais recentemente os estudos sobre desen volvimento moral por meio do esporte têm au mentado e abordam variáveis distintas mas que se relacionam com a temática por exemplo o fun cionamento moral KAVUSSANU ROBERTS NTOUMANIS 2002 KAVUSSANU SPRAY 2006 julgamento moral PROIOS DOGANIS 2006 e comportamento moral BOARDLEY JA CKSON 2012 Com o avanço do esporte nos últimos anos é importante que as pesquisas tam bém se direcionem a investigar elementos que possam sofrer influência dessa velocidade de de senvolvimento pois as relações humanas necessi tam de elementos teóricos para auxiliar seu per curso tendo em vista que o ser humano está em constante mudança Permanecer no contexto esportivo pode ser um elemento facilitador do desenvolvimento moral do sujeito Quanto mais o sujeito percebe que é capaz de satisfazer suas necessidades de autonomia com a prática esportiva maiores as chances deste emitir orientações morais positivas em relação à prática O desenvolvimento moral é um elemento do de senvolvimento da personalidade do sujeito e com portamentos baseados em autonomia podem ser considerados resultados de maturação e descen tralização do eu e do grupo HABERMAS 1990 características que podem ser facilitadas pelo en volvimento no esporte EDUCAÇÃO FÍSICA 62 PSICOLOGIA DO ESPORTE E DO EXERCÍCIO Desenvolvimento da Carreira Esportiva EDUCAÇÃO FÍSICA 63 Feitas as considerações sobre como o contexto esportivo pode ser um caminho importante para o desenvolvimento geral do ser humano precisamos discutir sobre como um atleta desen volvese desde o início de sua carreira até sua aposentadoria Nem todas as crianças e os adolescentes que se inserem no con texto esportivo chegarão a ser atletas profissionais mas aqueles que o fazem o fazem baseados em alguns pontos importantes que precisam ser discutidos Muitas teorias surgiram ao longo do tempo para explicar este desenvolvimento esportivo e aqui discutiremos a desenvolvida por Wylleman e Lavallee 2004 que avaliam os processos cognitivos emocionais e sociais vivi dos pelos atletas de rendimento durante todo o processo Tendo em vista que geralmente as crianças iniciam a prá tica esportiva baseada no lúdico na brincadeira e sem consi derar a hipótese de se tornar um atleta profissional falar em planejamento da carreira não é simples Este planejamento deve ser baseado nas características pessoais aspectos cogni tivo emocional e comportamental nos níveis de escolarida de nos aspectos socioeconômicos e no tipo de apoio social recebido SAMULSKI MARQUES 2009 Como dito é preciso pensar na carreira esportiva base andose em fases que possam ilustrar cada momento percor rido A maioria das crianças praticam alguma modalidade esportiva principalmente para se divertir mas também por que algumas já sabem que pode fazer bem melhorar suas ha bilidades físicas e cognitivas e para poder permanecer mais tempo com os amigos a razão social para praticar um esporte WEINBERG GOULD 2017 Wylleman e Lavallee 2004 apresentam um modelo de de senvolvimento da carreira esportiva baseado em quatro fases Fase de Iniciação Fase de Desenvolvimento Fase de Excelência e Fase de Aposentadoria Cada fase tem sua própria caracterís tica e está baseada no nível de exigência esportiva Este mode lo pode ser representado no Quadro 1 e leva em consideração tanto as questões essencialmente esportivas quanto questões de ordem psicológica psicossocial e escolaridade 64 PSICOLOGIA DO ESPORTE E DO EXERCÍCIO Considerada uma das fases mais complicadas a aposentadoria representa uma diminuição do en volvimento do atleta em treinamentos e competições esportivas Esta diminuição é experienciada de forma gradual mas cada atleta terá seu momento individual SAMULSKI MARQUES 2009 Esta fase de aposentadoria pode ocorrer por volta dos 35 anos de idade e se estender até os 40 dependendo da modalidade e do atleta SATAMBULOVA WYLLEMAN 2014 Esta fase é característica de crianças que se envolvem em atividades esportivas com o intuito principal de se divertir As atividades lúdi cas sem preocupação com a performance é o principal ponto a ser observado O local onde as crianças se inserem são as escolinhas esportivas de diversas modalidades além das brincadeiras de rua SAMULSKI MARQUES 2009 Esta fase de iniciação pode compreender dos 67 anos até os 1213 anos de idade SATAM BULOVA WYLLEMAN 2014 Após a fase de iniciação em que as brinca deiras reinam como principais atividades os adolescentes começam a se identificar com uma prática mais específica Nesta fase geralmente optam por uma determinada modalidade esportiva e passam a partici par de competições regulares e o nível de comprometimento passa a ser crescente demandando maior organização SAMULSKI MARQUES 2009 Esta fase de desenvolvimento pode compreender dos 1213 anos até os 1819 anos de idade SATAMBULOVA WYLLEMAN 2014 Com a dedicação mais específica em uma modalidade esportiva é possível que os atletas venham a se tornar profissionais e assumam o desejo de investir em sua carreira esportiva O seu estilo de vida passa a ser muito dedicado à performance esportiva SAMULSKI MARQUES 2009 Esta fase de excelência é considerada a mais extensa da carreira esportiva e pode compreender dos 1819 anos até os 3540 anos de idade SATAMBULOVA WYLLEMAN 2014 DESENVOLVIMENTO DA CARREIRA ESPORTIVA FASE DE INICIAÇÃO FASE DE DESENVOLVIMENTO FASE DE EXCELÊNCIA FASE DE APOSENTADORIA EDUCAÇÃO FÍSICA 65 A transição para o esporte induz a uma mu dança de identidade para o atleta Ao pôr fim à sua carreira esportiva um atleta perde uma parte importante de si mesmo espe cialmente se treinar e competir um esporte por grande parte da sua vida Isso pode se aplicar ao atleta jovem que não competirá na faculdade ao colegiado que não competir profissionalmente e ao atleta profissional que estiver se aposentando Como os atletas gastam muito tempo treinando e se dedi cando ao esporte eles têm pouco tempo para explorar outras atividades ou carreiras Isso leva ao fechamento de identidade e a uma forte identidade atlética associada à dificuldade de adaptação após o término da carreira esportiva Fonte Murphy Petitpas e Brewer 1996 SAIBA MAIS Quadro 2 Características do modelo de desenvolvimento da carreira esportiva Fonte Samulski e Marques 2009 Nota As linhas tracejadas indicam que a idade em que acontece a transição é aproximada Idade 10 15 20 25 30 35 Fase de carreira esportiva Iniciação Desenvolvi mento Excelência Aposentadoria Nível psicológico Infância Adolescência Idade Adulta Nível psicossocial Pais irmãos amigos Amigos treinador pais Parceiroa treinador Parceiroa família Escolaridade Ensino fundamental Ensino médio Ensino superior Ocupação profissional Como vimos cada uma destas fases tem suas carac terísticas específicas e de acordo com a Figura 3 é possível observar que estas fases da carreira esportiva ocorrem concomitantemente a outras fases de de senvolvimento como o desenvolvimento psicológico o desenvolvimento psicossocial e a escolaridade Isso demonstra que a carreira de um atleta precisa ser ob servada para além das questões esportivas e é preciso compreender que não basta focar apenas em como ele se desenvolve como atleta mas também como um ser humano SAMULSKI MARQUES 2009 As transi ções que ocorrem de uma fase para outra são resul tados de diversos fatores tanto individuais quanto sociais e a qualidade destas transições também de pende dos fatores de adaptação dos atletas em cada uma das fases como as experiências de desenvolvi mento a identidade a robustez mental a percepção de controle as estratégias de adaptação e o apoio so cial que deve durar desde o início até a aposentadoria BRANDÃO et al 2000 66 PSICOLOGIA DO ESPORTE E DO EXERCÍCIO Pensar na carreira esportiva baseada nestas fases é considerar uma carreira com transições chamadas normativas Esta Transição Esportiva Normativa é re lativamente previsível segundo a lógica do desenvol vimento esportivo seguindo padrões de organização esportiva e sem levar em consideração aspectos que possam atrapalhar este desenvolvimento STAMBU LOVA 2014 Mas é preciso pensar também nas Tran sições Esportivas NãoNormativas que são menos previsíveis e estão relacionadas às questões esportivas como lesões mudanças de clube perda de patrocínio e também a questões não esportivas da vida do atleta que envolvem a separação dos familiares insucesso nos estudos problemas financeiros e relacionamentos afetivos SAMULSKI MARQUES 2009 O apoio social e emocional ao atleta é de ex trema importância nos momentos de transi ção de carreira Geraldine M Murphy REFLITA Pensar nas etapas que um atleta pode passar ao longo de sua vida é de extrema importância principalmente porque como vimos há fatores que são mais previsí veis e os que são menos previsíveis O grande desafio desta temática e da prática é pensar no atleta a partir de seu desenvolvimento biopsicossocial e estar atento aos elementos que podem de alguma maneira influenciar a transição de uma fase a outra O trabalho realizado a partir da integração de diversos profissionais como psicólogos profissionais de Educação Física especia listas em Administração e Marketing Esportivo pode facilitar a possibilidade de diminuir os fatores que pos sam por ventura prejudicar o andamento da carreir 67 considerações finais Chegamos ao final da nossa Unidade II da disciplina de Psicologia do Esporte e do Exercício em que começamos a compreender um pouco mais sobre as carac terísticas específicas das pessoas que estão envolvidas no contexto esportivo no caso os atletas Discutimos aqui quatro pontos que são essenciais para compreendermos um pouco do que ocorre no desenvolvimento humano baseando nossas discus sões no contexto esportivo Pensar no desenvolvimento humano é pensar em quais características são importantes neste momento e para isso utilizamos uma das teorias que nos levam a pensar de forma global este processo a Teoria Bioe cológica do Desenvolvimento Humano de Bronfenbrenner Bronfenbrenner faznos pensar em como nossa vida vai se desenvolvendo em algumas etapas e em relações que vamos assumindo ao longo do tempo Mas in dividualmente é a personalidade que começa a ser importante pois é o conjunto de características que adquirimos ao longo do tempo a partir de características próprias e também de elementos de fora que são internalizados do ambiente das relações que estabelecemos Ao entrarmos especificamente no contexto esportivo vimos como ocorre o desenvolvimento psicológico de crianças e adolescentes por meio do espor te assumindo que o esporte pode ser um ótimo contexto para se adquirir ca racterísticas psicológicas e comportamentais positivas Já quando o assunto é esporte profissional o desenvolvimento da carreira bem estabelecido tornase fundamental para que o atleta possa realizar suas transições de fase de forma saudável até chegar a uma aposentadoria baseada em bons desempenhos e bons relacionamentos dentro do esporte A partir destes elementos o objetivo é levar a você alunoa um pouco da compreensão de como as características individuais são importantes para o de senvolvimento humano e também para o desenvolvimento esportivo seja no contexto esportivo profissional seja no contexto esportivo voltado para a quali dade de vida e que contribui para o desenvolvimento humano 68 atividades de estudo 1 As transições de carreira são elementos importantes para se compreender como o atleta reage às mudanças que ocorrem ao longo de sua vida A fase de aposentadoria é considerada uma das mais complexas tendo em vista que muitos atletas não se preparam para ela e pode apresentar aspectos que dificultam a finalização saudável desta carreira esportiva Considerando esta fase de aposentadoria assinale a alternativa que contém indicadores deste processo mal elaborado a Dificuldade de desenvolver um novo papel social b Proximidade entre nível de aspiração e nível de habilidade c Relacionamentos de apoio ilimitados d Experiência prévia com situação de perda e Apoio das instituições esportivas para a superação desse momento 2 A palavra personalidade tem origem no latim persona que se referia a uma máscara teatral usada pelos atores romanos nas encenações Esses atores antigos usavam máscara que representava o papel em que se projetava este falso eu Sobre a personalidade analise as afirmativas a seguir I Por personalidade os psicólogos contemporâneos querem referirse àqueles padrões relativamente consistentes e duradouros de percep ção pensamento sentimento e comportamento que dão às pessoas identidade distinta II Personalidade é o padrão de características constantes que produzem consistência e individualidade em determinada pessoa III A personalidade não pode ser vista como uma integração ou totalida de complexa e dinâmica moldada por muitas forças Assinale a alternativa correta a Apenas a afirmativa I é correta b Apenas a afirmativa II é correta c Apenas a afirmativa III é correta d Apenas as afirmativas I e II são corretas e Todas as afirmativas estão corretas 69 atividades de estudo 3 Como abordamos a personalidade é um aspecto do ser humano que lhe garante individualidade e permite que sejamos considerados únicos O mo delo Big 5 da personalidade tem sido um dos mais utilizados em diversos contextos inclusive no esportivo Segundo o modelo dos fatores são cinco as dimensões básicas da personalidade Extroversão Amabilidade Conscien ciosidade Estabilidade Emocional ou neurose e Abertura para Experiências Assinale a alternativa que apresenta a definição correta do fator Extroversão a Propensão de um indivíduo para acatar a ideia dos outros As pessoas com esta característica são cooperativas receptivas e confiáveis b Uma pessoa com esta característica é responsável organizada confiá vel e persistente c Referese à capacidade de uma pessoa para lidar com o estresse As pessoas com esta característica costumam ser calmas autoconfiantes e seguras d Referese aos interesses de uma pessoa e ao seu fascínio por novida des Pessoas com esta característica são criativas curiosas e sensíveis artisticamente e Nível de conforto de uma pessoa com seus relacionamentos As pessoas com esta característica costumam ser agregadoras assertivas e sociáveis 4 A carreira esportiva de um atleta envolve diferentes fases As fases da carreira esportiva de um atleta podem estar associadas à progressão pelas categorias de um determinado esporte ou conforme o modelo de Wylleman e Lavallee 2004 podem estar associadas ao nível de exigência esportiva Discorra sobre as quatro fases da carreira esportiva segundo o modelo de Wylleman e Lavallee 2004 5 Em seu livro Weinberg e Gould 2017 apresentam resultados de uma pes quisa de Ewing e Seefeldt 1996 realizada nos Estados Unidos com aproxima damente 8 mil crianças 49 meninos 51 meninas envolvidas em esportes patrocinados tanto na escola como após a escola O objetivo era saber quais motivos levavamnas a praticar a modalidade em que estavam envolvidas Baseado neste estudo e em suas experiências com o contexto esportivo ex plique as principais razões que as crianças citam para a participação ou de sistência no esporte 70 LEITURA COMPLEMENTAR Os estudos sobre o desenvolvimento e as transições da carreira esportiva começaram a aparecer na década de 60 e vêm demonstrando aumento substancial tanto em sua quantidade quanto em sua qualidade especialmente a partir do fim da década de 80 período em que começaram a se manifestar determinadas mudanças nos focos de pesquisa nos quadros teóricos e na atenção aos fatores contextuais que caracterizam a evolução do tema No campo da Psicologia do Esporte o conceito de transição na carreira esportiva foi introduzido com interesse especial no estudo de como exatletas enfrentavam a aposentadoria do esporte competitivo As transições correspondem às mudanças ocorridas durante o processo de desenvolvi mento da carreira esportiva do atleta podendo ser caracterizadas como normativas ou não normativas As transições normativas são relativamente previsíveis e possibilitam a ocorrência de oportunidades que preparam os atletas para lidarem com elas ante cipadamente e mais facilmente pois são geralmente de natureza mais estrutural e organizacional As transições não normativas por sua vez são menos previsíveis pois ocorrem de forma inesperada e consequentemente caracterizamse como as mais di fíceis de se lidar No domínio esportivo enquanto as transições não normativas correspondem às tran sições causadas por fatores como lesões overtraining mudança de equipes clubes treinadores ou companheiros de equipe as transições normativas incluem as do início da especialização esportiva para o treinamento intensivo das categorias de base para a categoria adulta ou ainda do esporte amador para o profissional e da carreira ativa para a aposentadoria esportiva as quais apresentam características próprias que exi gem algum tipo de ajustamento dos esportistas As transições não esportivas por sua vez exigem que os atletas aprendam a lidar com mudanças em nível psicológico passagem da infância para adolescência da adoles cência para idade adulta psicossocial mudanças significativas nos agentes sociais à medida que eles amadurecem acadêmico ou profissional mudanças educacionais e vocacionais Fonte Folle et al 2016 71 material complementar Desenvolvimento de Treinadores e Atletas Pedagogia do Esporte Volume 1 Larissa Rafaela Galatti Alcides José Scaglia Paulo Cesar Montagner Roberto Rodri gues Paes Editores Editora Unicamp Sinopse são múltiplos os caminhos para o desenvolvimento de um atleta O mes mo se passa para que um treinador alcance o nível de excelência no seu contexto de atuação Em ambos os casos tratase de um processo em longo prazo in fluenciado por múltiplos fatores de diferentes naturezas são caminhos reflexivos com momentos com e sem mediação de outros agentes No livro Desenvolvimento de treinadores e atletas Pedagogia do esporte vol 1 esses processos são apre sentados levandonos a refletir sobre procedimentos pedagógicos e pesquisas aplicadas que venham a contribuir para um melhor desenvolvimento de dois dos principais agentes do contexto esportivo atletas e treinadores Para tal a obra reúne 12 capítulos de respeitados autores do tema do Brasil do Canadá do Chile e da Espanha lançandose como livro de referência para os treinadores atletas professores e pesquisadores envolvidos neste complexo universo Indicação para Ler 72 referências ALLEN M S GREENLESS I JONES M Persona lity in sport A comprehensive review International Review of Sport and Exercise Psychology v 6 n 1 p 184208 2013 ALVES F R Fatores motivacionais para a prática de futsal em adolescentes entre 11 e 17 anos Revista Brasileira de Futsal e Futebol Edição Especial Pe dagogia do Esporte São Paulo v 7 n 27 p 579585 2015 APEL K O Estudos de moral moderna Petrópolis Vozes 1994 BATAGLIA P U R MORAIS A LEPRE R M A teoria de Kohlberg sobre o desenvolvimento do ra ciocínio moral e os instrumentos de avaliação de ju ízo e competência moral em uso no Brasil Estudos de Psicologia v 15 n 1 p 2532 janabr 2010 BOARDLEY I D JACKSON B When teammates are viewed as rivals a crossnational investigation of achievement goals and intrateam moral behavior Journal of Sport Exercise Psychology v 34 n 4 p 503 524 2012 BRANDÃO M R F AKEL M C ANDRADE S A GUISELINI M A N MARTINI L A NAS TÁS M A Causas e conseqüências da transição de carreira esportiva uma revisão de literatura Revista Brasileira de Ciência e Movimento v 8 n 1 p 49 58 2000 BREDEMEIER B J L Childrens moral reasoning and their assertive aggressive and submissive ten dencies in sport and daily life Journal of Sport Exercise Psychology v 16 n 1 p 114 1994 BRONFENBRENNER U Bioecologia do Desenvol vimento Humano tornando os seres humanos mais humanos Porto Alegre Artmed 2011 BRONFENBRENNER U MORRIS P A The bio 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tendencies in young soccer players Journal of Moral Education v 31 n 1 p 6785 2002 73 referências HABERMAS J Para a Reconstrução do Materialis mo Histórico Trad Carlos Nelson Coutinho 2 ed São Paulo Brasiliense 1990 KAVUSSANU M ROBERTS G C NTOUMA NIS N Contextual Influences on Moral Functioning of College Basketball Players The Sport Psycholo gist v 16 n 4 p 347367 2002 KAVUSSANU M SPRAY C Contextual Influences on Moral Functioning of Male Youth Footballers The Sport Psychologist v 20 n 1 p 1 23 2006 KHAN B AHMED A ABID G Using the Big Five For Assessing Personality Traits of the Cham pions An Insinuation for the Sports Industry Pakis tan Journal of Commerce and Social Sciences v 10 n 1 p 175191 2016 KOHLBERG L Development of moral character and moral ideology In HOFFMAN M L HOF FMAN L W Eds Review of child development research Vol 1 New York Russel Sage Foundation 1964 p 212321 Essays on Moral Development The Philo sophy of Moral Development Vol 1 San Francisco Harper Row 1981 Vol 2 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Psychology Los Angeles SAGE 2014 p 532535 MURPHY G M PETITPAS A J BREWER B W Identity foreclosure athletic identity and career ma turity in intercollegiate athletes The Sport Psycholo gist v 10 n 3 p 239246 1996 NUNES C H S S HUTZ C S O modelo dos cin co grandes fatores de personalidade In PRIMI R Org Temas em avaliação Psicológica Campinas IBAP 2002 74 referências NUNES C H S S HUTZ C S NUNES M F O Bateria Fatorial de Personalidade Manual Técnico São Paulo Casa do Psicólogo 2010 PIAGET J 1932 Le jugement moral chez lenfant 9e éd Paris Presses Universitaires de France 2000 PROIOS M DOGANIS G Age and education in moral judgment of participants in team sports Per ceptual and Motor Skills v 102 n 1 p 247 253 2006 ROSA E M TUDGE J Urie Bronfenbrenners Theory of Human Development Its Evolution From Ecology to Bioecology Journal of Family Theory Review v 5 n 4 p 243258 2013 ROTHER R L MEJIA M R G Análise da aplica bilidade da Teoria Bioecológica do Desenvolvimento Humano no esporte a partir de uma revisão biblio gráfica Caderno Pedagógico Lajeado v 12 n 3 p 210222 2015 SAMULSKI D Introdução à Psicologia do Esporte In SAMULSKI D Psicologia do esporte conceitos e novas perspectivas Barueri Manole 2009 Cap 3 p 3556 SAMULSKI D MARQUES M Planejamento da carreira esportiva In SAMULSKI D Psicologia do esporte conceitos e novas perspectivas Barueri Ma nole 2009 Cap 19 p 447460 SENA A C HERNANDEZ J A E DUARTE JU NIOR M A VOSER R C Fatores motivacionais que influenciam na prática do futsal um estudo em uma escolinha na cidade de Porto Alegre Revista Brasileira de Futsal e Futebol São Paulo v 9 n 35 ed esp Pedagogia do Esporte p 416421 jandez 2017 STAMBULOVA N Career Transitions In EKLUND R C TENENBAUM G Ed Encyclo pedia of Sport and Exercise Psychology Los Ange les SAGE 2014 p 110115 STAMBULOVA N WYLLEMAN P Athletes ca reer development and transitions In PAPAIOAN NOU A G HACKFORT D Ed Routledge Com panion to Sport and Exercise Psychology Global perspectives and fundamental concepts London Routledge 2014 Cap 39 p 605620 WEINBERG R S GOULD D Fundamentos da psicologia do esporte e do exercício Porto Alegre Artmed 2017 WYLLEMAN P LAVALLEE D A developmen tal perspective on transitions faced by athletes In WEISS M Ed Developmental sport and exerci se psychology a lifespan perspective Morgantown Fitness Information Technology 2004 p 507527 YANG S JOWETT S CHAN D K C Effects of BigFive personality traits on the quality of relation ship and satisfaction in coachathlete dyads Scandi navian Journal of Medicine Science in Sports v 25 n 4 p 568580 2015 75 gabarito 1 A 2 D 3 E 4 Fase de Iniciação é característica de crianças que se envolvem em ativi dades esportivas com o intuito principal de se divertir As atividades lúdicas sem preocupação com a performance é o principal ponto a ser observado Fase de Desenvolvimento os adolescentes começam a se identificar com uma prática mais específica Nesta fase geralmente optam por uma determinada modalidade esportiva e passam a participar de competições regulares e o nível de comprometimento passa a ser crescente deman dando mais organização Fase de Excelência com a dedicação mais específica em uma modali dade esportiva é possível que os atletas venham a se tornar profissionais e assumam o desejo de investir em sua carreira esportiva O seu estilo de vida passa a ser muito dedicado à performance esportiva Fase de Aposentadoria considerada uma das fases mais complicadas a aposentadoria representa diminuição do envolvimento do atleta em trei namentos e competições esportivas Esta diminuição é experienciada de forma gradual e cada atleta terá seu momento individual 5 As crianças participam Para aprender novas habilidades Por diversão Para afiliação Pelas emoções e pela excitação Pelo exercício e condicionamento Pelo desafio da competiçãovencer As crianças desistem por Falha em aprender novas habilidades Falta de diversão Falta de afiliação Falta de emoções e excitação Falta de exercício e condicionamento Falta de desafiofracasso Professor Dr Leonardo Pestillo de Oliveira Plano de Estudo A seguir apresentamse os tópicos que você estudará nesta unidade Motivação para a prática do esporte Autoconfiança e expectativas de rendimento Treinamento de Habilidades Psicológicas Variáveis individuais que podem ajudar ou prejudicar o rendimento esportivo Objetivos de Aprendizagem Compreender os conceitos da motivação e como esta influencia a prática esportiva profissional ou não Descrever como a autoconfiança pode ser um fator de influência no sucesso esportivo Apresentar as principais características do Treinamento de Habilidades Psicológicas THP e como elas podem ajudar o desempenho no esporte e no exercício Discutir sobre três variáveis importantes do indivíduo no contexto esportivo ativação ansiedade e estresse CARACTERÍSTICAS INDIVIDUAIS E RENDIMENTO ESPORTIVO unidade III INTRODUÇÃO O lá alunoa seja bemvindoa à nossa Unidade III do livro da disciplina de Psicologia do Esporte e do Exercício Chega mos ao ponto da disciplina em que estudaremos alguns ele mentos que se destacam por serem mais voltados aos aspectos individuais dos atletas São variáveis que podemos trabalhar para tentar modificálas e assim melhorar a performance esportiva A primeira dessas variáveis é a Motivação uma das questões mais dis cutidas no contexto esportivo e que ainda gera muitas dúvidas o que faz um atleta permanecer motivado para a prática esportiva Como melho rar a motivação de atletas para que continuem na prática São apenas al guns questionamentos que merecem ser discutidos mas não são simples de se responder são muitos fatores que podem influenciar a motivação Uma das variáveis que influencia a motivação e que se relaciona com a temática da personalidade já estudada na disciplina é a Autoconfian ça A percepção de que se é capaz de realizar determinada tarefa é um elemento importante para o desempenho no esporte Além de se rela cionar com a personalidade a autoconfiança pode ser trabalhada e aí entra nossa terceira temática da Unidade o Treinamento de Habilidades Psicológicas THP Treinar habilidades psicológicas significa pensar sobre quais delas são necessárias em determinado momento e em determinado esporte Mes mo fazendo parte de uma mesma equipe já sabemos que cada atleta e cada indivíduo tem suas próprias características por isso a importância de se pensar caso a caso no processo de treinamento psicológico Para fechar a Unidade III abordaremos algumas variáveis que podem ter um papel duplo no desempenho esportivo podem ajudar mas tam bém prejudicar o atleta dependendo de como ela surge e de como o atleta reage a ela Por isso precisamos trabalhar com os atletas no sentido de serem capazes de reconhecer estas variáveis e usálas a seu favor EDUCAÇÃO FÍSICA 80 PSICOLOGIA DO ESPORTE E DO EXERCÍCIO Atletas que já são considerados consagrados em uma modalidade pessoas que praticam atividade física há anos sem interrupção prolongada e que se sentem bem geralmente são consideradas pes soas motivadas para determinada atividade Isso já nos leva a pensar sobre o que vem a ser exata mente esta motivação A motivação é toda ener gia dispensada em uma direção e com intensidade suficiente para atingir um objetivo WEINBERG GOULD 2017 Esta direção significa o quanto uma pessoa no caso o atleta sentese atraída por determinadas situações Já a intensidade significa o quanto essa pessoa atleta se esforça ou quanto de esforço co loca nesta situação Alguns autores consideram que a motivação é um fator indispensável para o sucesso esportivo por isso dividem as discussões acerca da motivação baseandose em determina das características Essa divisão se justifica pelo fato de que os estágios de desenvolvimento espor tivo diferentes exigem tipos diversos de motiva ção Há porém certa discussão mais comum de que a motivação intrínseca seria crucial para o su cesso em todos os níveis VISSOCI et al 2008 Motivação Para a Prática do Esporte EDUCAÇÃO FÍSICA 81 A motivação intrínseca é uma variável que está presente em uma das teorias da motivação mais utilizadas no contexto esportivo nas últi mas três décadas a Teoria da Autodeterminação DECI RYAN 1985 HAGGER CHATZISA RANTIS 2007 Mas nem sempre o pensamento de autodeterminação foi consenso Weinberg e Gould 2017 apresentam três visões que foram surgindo ao longo do tempo e que tentaram de alguma forma compreender o que significa essa motivação humana A primeira destas visões é a chamada Visão centrada no traço que apresenta a ideia de que o comportamento humano motivado ocorre baseado nas características de personalidade da pessoa nas suas necessidades e nos seus objetivos isso permite a ideia de que a pessoa pode ser predisposta ou não ao sucesso Um pensamento contrário a este primei ro é da Visão centrada na situação que discute que a motivação é determinada primariamente pela situação independentemente das características do sujeito Por fim a Visão interacional traznos uma percepção que é considerada a mais aceita atual mente no contexto esportivo pois leva em conside ração tanto as questões do sujeito quanto as questões da situação que o ideal é examinar a forma como estes dois elementos interagem para pensar no com portamento das pessoas Figura 1 Figura 1 Modelo de motivação interacional fatores pessoais e fatores situacionais Fonte adaptado de Weinberg e Gould 2017 FATORES PESSOAIS Personalidade Necessidades Interesses Objetivos FATORES SITUACIONAIS Estilo do lídertécnico Atratividade das instalações Histórico de vitórias e derrotas da equipe Objetivos INTERAÇÃO INDIVÍDUOSITUAÇÃO MOTIVAÇÃO DO PARTICIPANTE 82 PSICOLOGIA DO ESPORTE E DO EXERCÍCIO A partir destas abordagens surgem teorias como a Te oria da Autodeterminação que aponta para a natureza e a função da motivação com base nos aspectos psico lógicos e propõe a motivação dentro de um continuum regulatório DECI RYAN 1985 WILSON et al 2006 Esta teoria tem como base conceber o ser humano com um organismo ativo que é voltado ao crescimento e a um desenvolvimento mais integrado do sentido do self e no sentido da integração com as estruturas sociais Como é uma teoria que tem sua base em um con tinuum apresenta também diferentes processos re gulatórios que dão nome aos diferentes tipos de mo tivação que vão desde uma ausência de motivação até o que se chama autodeterminação Esses tipos de motivação são PELLETIER SARRAZIN 2007 Amotivação Motivação Extrínseca de Regulação Externa Motivação Extrínseca de Regulação Introjetada Motivação Extrínseca de Regulação Identi ficada Motivação Extrínseca de Regulação Integrada Motivação Intrínseca Desmotivação Motivação Extrínseca Motivação Intrínseca Ausência de Regulação intencional Interesse e prazer pela tarefa Regulação Externa Regulação Introjetada Regulação Identifcada Regulação Integrada Contingências de recompensa e punição Motivação Controlada Autoestima dependente do desempenho envolvimento do ego Motivação Moderamente Controlada Importância dos objetivos valores e regulamentos Coerência entre objetivos valores e regulamentos Motivação Moderamente Autonôma Motivação Autonôma Ausência de Motivação Motivação Autonôma Inerente Figura 2 Continuum de autodeterminação Fonte adaptada de Gagné e Deci 2005 EDUCAÇÃO FÍSICA 83 A Amotivação representa uma ausência de moti vação no sujeito este não apresenta intenção nem comportamento proativo o que pode gerar inclu sive desvalorização da atividade e falta de controle pessoal GUIMARÃES BZUNECK 2008 A Motivação Extrínseca no geral é caracte rizada por levar o indivíduo a não se dedicar a uma atividade por prazer mas se dedicar a uma atividade pensando em obter algum tipo de re compensa externa VALLERAND 2004 VALLE RAND 2007 A seguir veremos os tipos de Motivação Extrín seca que foram descritas de acordo com Ntoumanis e Mallett 2014 Motivação Extrínseca de Regulação Externa a principal característica de uma pessoa que realiza uma atividade baseada neste tipo de motivação é obter algum tipo de recompensa ou até mesmo evitar punições Atletas po dem apresentar comportamentos para obter recompensas tangíveis ganhar dinheiro ou troféus A Motivação Extrínseca de Regula ção Externa está associada a baixos níveis de autodeterminação Motivação Extrínseca de Regulação Intro jetada a pessoa realiza uma atividade ou apresenta comportamentos extrinsecamente motivados que são regulados a partir das consequências sentimentais que este com portamento pode gerar Ou seja realiza uma atividade para não se sentir culpado ou com vergonha No esporte é muito comum ver mos atletas jovens praticando alguma moda lidade esportiva porque não querem decep cionar seus pais A Motivação Extrínseca de Regulação Introjetada está associada a baixos níveis de autodeterminação Motivação Extrínseca de Regulação Identifi cada pessoas que apresentam alto índice de identificação realizam suas atividades nem sempre por escolha mas por necessidade e podem não apreciar tal atividade Algumas pessoas podem realizar atividade física ou praticar esportes não porque realmente gos tam mas porque valorizam a importância do engajamento esportivo para suas metas de saúde e desempenho A Motivação Extrínse ca de Regulação Identificada está associada a um endosso pessoal da participação esporti va sendo rica em autodeterminação Motivação Extrínseca de Regulação Integra da ocorre quando os comportamentos são realizados porque são totalmente assimila dos dentro do próprio sistema Isso é comum quando os atletas percebem que seu engaja mento esportivo faz parte de quem realmente são Sendo assim há certa coerência entre o comportamento emitido e os objetivos eou valores da pessoa é uma forma mais autô noma de motivação extrínseca A Motivação Extrínseca de Regulação Integrada está asso ciada a um endosso pessoal da participação esportiva sendo rica em autodeterminação Considerada unidimensional a Motivação Intrín seca é definida e está presente quando uma pessoa realiza uma atividade por si mesma pelo prazer que sente em se engajar em tal atividade PELLE TIER SARRAZIN 2007 Quando uma pessoa se engaja em uma atividade por questões autodetermi nadas o reforço que ela receberá é direcionado às suas funções psicológicas tendo associação entre a motivação intrínseca e o bemestar psicológico No contexto esportivo quando o atletas apresentam alta 84 PSICOLOGIA DO ESPORTE E DO EXERCÍCIO motivação intrínseca estes se envolvem livremente em atividades que consideram interessantes e agra dáveis e que oferecem uma oportunidade de apren dizado e desenvolvimento pessoal NTOUMANIS MALLETT 2014 A Teoria da Autodeterminação está presente em diversos trabalhos sobre a motivação no contexto esportivo e demonstram que as formas autônomas autodeterminadas de regulação motivação intrín seca regulação integrada e identificada compara das às formas de regulação controladas regulação introjetada e externa e amotivação resultam em re sultados mais adaptativos como mais esforço per sistência desempenho e vários índices de bemestar psicológico VALLERAND 2007 Um ponto deve ficar claro não há um tipo me lhor ou pior de motivação quanto mais autodeter minado for um atleta melhor a possibilidade de sucesso Mas é preciso pensarmos que a motivação extrínseca tem seu valor Tipos elevados de motiva ção extrínseca autônoma isto é com regulação in tegrada e identificada no esporte são importantes dado que alguns comportamentos podem não ser inerentemente agradáveis por exemplo exercícios repetitivos durante o treinamento mas podem ter alto valor instrumental A regulação introjetada às vezes pode levar à persistência mas isso é relativamente de curta du ração PELLETIER et al 2001 Recompensas tan gíveis são muito frequentemente usadas no esporte por exemplo bolsas esportivas mas as evidências sugerem que quando usadas para motivar atletas elas resultam em atletas motivados por regulamen tação externa A autodeterminação assentase em três necessi dades psicológicas básicas a necessidade de autono mia de competência e de estabelecimento de vín culos Estas necessidades básicas são consideradas inatas integradas e interdependentes levando ao pensamento de que a satisfação de cada uma delas fortalece e reforça as outras Quando essas necessi dades são satisfeitas os indivíduos experimentarão melhor qualidade de motivação de bemestar psico lógico e se envolverão em comportamentos adapta tivos por exemplo aumento do investimento com portamental NTOUMANIS MALLETT 2014 TREASURE et al 2007 A Autonomia referese ao desejo de sentir a propriedade sobre o comportamento de alguém Já a Competência referese à necessidade de se sentir eficaz e alcançar resultados valiosos Por fim o Estabelecimento de vínculos é o desejo de se sentir aceito e significativamente conectado com os outros DECI RYAN 2002 Estas neces sidades básicas estão presentes nas pesquisas que tratam da Teoria da Autodeterminação e que ten tam exemplificar como essas necessidades estão influenciando o desempenho dos atletas Ou seja no contexto esportivo os atletas experimentarem a satisfação da necessidade de autonomia quando estiverem engajados de maneira positiva em seus planos de treinamento e desenvolvimento pessoal a satisfação de competêncianecessidade ocorrerá quando lhes são dadas oportunidades suficientes e orientação para alcançar o sucesso e a satisfação de necessidade de relacionamento quando eles se sentem aceitos e valorizados por seu treinador e companheiros de equipe 85 86 PSICOLOGIA DO ESPORTE E DO EXERCÍCIO Durante o desenvolvimento da carreira esportiva o atleta deparase com diversas situações que exigem dele tomada de decisão rápida mas nem sempre ela precisa ser imediata Em momentos específicos du rante uma partida por exemplo exigese mais ra pidez e as opções nem sempre são vastas Cada de cisão tomada a partir de um número específico de opções carrega possíveis consequências positivas e ou negativas GRECO 2009 Com o passar do tempo e de acordo com as experi ências vividas as tomadas de decisão tornamse mais eficientes exigindo menos esforço tornandose tam bém mais intencional e consciente TENENBAUM LIDOR 2005 Um elemento importante no processo de tomada de decisão é a autoconfiança que também é adquirida ao longo do tempo As pesquisas mostram a relação direta entre ter autoconfiança e sucesso esportivo tendo em vista o Autoconfiança e Expectativas de Rendimento EDUCAÇÃO FÍSICA 87 quanto os atletas de sucesso demonstramse mais se guros de si e acreditam que suas capacidades podem lhes direcionar para o êxito WEINBERG GOULD 2017 A autoconfiança então seria o grau de certe za que uma pessoa tem em suas capacidades para ser bemsucedidoa em uma situação específica ou em diversas situações VEALEY 2005 Mas é preciso pensar na autoconfiança como um elemento dinâ mico e não estático pois se manifesta em determi nadas situações e varia substancialmente no tempo e em resposta a novas experiências Weinberg e Gould 2017 descrevem uma pes quisa realizada por Vealey e Knight 2002 em que os autores consideram a autoconfiança como uma variável multidimensional podendo haver diver sos tipos de autoconfiança que serão apresenta dos a seguir Primeiro ponto é pensar a autoconfiança na capacidade de executar habilidades físicas mas há também a questão mental e a autoconfiança na ca pacidade de usar as habilidades psicológicas como a mentalização e o diálogo interior Há também a autoconfiança na capacidade de usar as habilidades perceptuais como a tomada de decisão Outro tipo é a autoconfiança no nível de condicionamento físico e na condição de treinamento e para fechar a auto confiança no potencial de aprendizagem e na possi bilidade de melhorar as próprias habilidades No contexto esportivo é viável considerar que a autoconfiança influencie também outras caracte rísticas psicológicas Ela pode facilitar por exem plo a concentração deixando sua mente mais pre parada para concentrarse na tarefa em questão Alcançar metas e objetivos traçados também pode ter ajuda da autoconfiança pois sendo este o obje tivo real as chances de conseguir se manter focado mesmo sob pressão aumentam aumentando tam bém a quantidade e a duração do esforço realizado na busca desse objetivo no caso sua persistência STEFANELLO 2007 Como já descrito a autoconfiança é uma variá vel multidimensional e com isso precisamos pensar individualmente sobre os casos com os quais tra balhamos Mas é preciso também pensar em como a autoconfiança pode em certa medida ser um fa tor negativo para o desempenho esportivo Este fa tor nos leva a pensar em uma autoconfiança ideal WEINBERG GOULD 2017 Esta autoconfiança ideal pode ser melhor compreendida na Figura 3 que mostra a relação em U invertido com o topo da curva inclinado um pouco mais para a direita A partir do que temos na Figura 3 podese perceber que o desempenho esportivo apresenta melhora à medida que a autoconfiança também aumenta Mas há um ponto máximo de desempenho ideal e a partir deste ponto percebese que mesmo a auto confiança aumentando o desempenho diminui Isso significa que problemas de desempenho podem sur gir em situações de pouca autoconfiança mas tam bém quando esta autoconfiança é excessiva Figura 3 Relação entre autoconfiança e desempenho no esporte Fonte adaptada de Weinberg e Gould 2017 Pouco confiante Baixo Alto Confiança adequada Excesso de confiança Desempenho Moderado 88 PSICOLOGIA DO ESPORTE E DO EXERCÍCIO Falta de confiança significa que o sujeito duvida de si próprio Um atleta pode apresentar grandes habilidades físicas para obter sucesso mas não tem tanta confiança em suas capacidades em realizar determinada atividade principalmente em situa ções de grande pressão Isso ocorre também com praticantes de exercício e de atividade física em que a falta de confiança em relação à sua aparência ou à capacidade de permanecer na atividade pode gerar a interrupção desta forma FELTZ ÖNCÜ 2014 O excesso de confiança pode ser interpretado também como uma falsa confiança Neste caso a confiança é maior do que a própria capacidade e isso faz com que o desempenho piore como conse quência da crença do sujeito de que não precisa se preparar ou se esforçar para conseguir o que deseja No entanto o excesso de confiança ainda é menos prejudicial do que a falta de confiança mesmo que ambos possam causar queda de rendimento MIL LER GERACI 2011 Vealey e Chase 2008 apresentam um modelo conceitual de autoconfiança no esporte que apre senta quatro elementos principais 1 Fatores que influenciam a confiança esportiva 2 Fontes de confiança no esporte 3 Construtos de confiança esportiva 4 Consequências da confiança esportiva Fatores que infuenciam a confança esportiva Fatores de confança esportiva Construtos de confança esportiva Consequências de confança esportiva Cultura organizacional Atmosfera social Realização Características demográfcas e de personalidade Autorregulação Confança nas habilidades físicas Confança nas habilidades de tomada de decisões Confança na resiliência Afeto Comportamento Cognição Estes elementos podem ser melhor visualizados na Figura 4 Figura 4 Modelo de autoconfiança no esporte Fonte adaptada de Vealey e Chase 2008 EDUCAÇÃO FÍSICA 89 O modelo conceitual de autoconfiança no esporte levanos a observar que temos dois tipos de fatores que influenciam a confiança questões externas ao sujeito como a cultura organizacional característi cas do ambiente e também questões internas como a personalidade Há também diferentes fontes de confiança esportiva que estão centradas na realiza ção na capacidade de autorregulação e na atmosfera social Sendo a autoconfiança multidimensional os quatro construtos fazem parte deste modelo e como já descritos envolvem a confiança nas habilidades de tomada de decisão confiança nas habilidades fí sicas e confiança na resiliência Para fechar estão as consequências da autoconfiança no esporte que se referem ao afeto ao comportamento e às cognições Pensando no contexto esportivo em que a figura do técnico é fundamental esta figura também pode exer cer influência na autoconfiança dos atletas Essa influ ência pode ocorrer de diversas formas por exemplo ao criar expectativas nos atletas que são chamadas de sinais pessoais Estas influenciam o comportamento dos pró prios técnicos pois se comportam de formas específicas quando têm expectativas altas ou baixas em relação ao atleta Como consequência o desempenho dos atletas pode confirmar ou não as expectativas dos técnicos se estavam certos ou errados sobre as capacidades e poten ciais dos atletas WEINBERG GOULD 2017 O trabalho psicológico no contexto esportivo pode ajudar os atletas a melhorarem sua autoconfian ça tendo como base a melhora no foco no desempe nho maior confiança na atuação e também aumento nos pensamentos confiantes No caso das modalida des coletivas não basta apenas desenvolver a con fiança individual é preciso construir uma confiança coletiva que aumenta também o desenvolvimento de boas relações entre os atletas no momento das com petições e assim atingir as metas que são comuns Como vimos a autoconfiança é um dos fatores que mais influenciam o desempenho dos atletas Técnicos podem ajudar os atletas a aumentarem sua autoeficácia e sua autoconfiança por meio de técni cas específicas que podem ajudar até mesmo atle tas experientes a superar algumas barreiras FELTZ ÖNCÜ 2014 O feedback é importante visto que o treinador que elogia e reconhece quando os atletas têm um bom desempenho é visto como uma base importante para reforçar a autoconfiança deles e atuam como um barômetro inestimável permitindo aos atletas saberem se estão atendendo às expectati vas de seus treinadores BEAUCHAMP 2014 90 PSICOLOGIA DO ESPORTE E DO EXERCÍCIO Melhorar o desempenho é um objetivo diário quando se está inserido no contexto esportivo A busca pela excelência no esporte é inerente e não basta apenas treinar ou desenvolver as habilidades físicas técnicas e táticas Precisamos pensar também nas habilidades psicológicas que são importantes para que os atletas mantenhamse firmes em suas carreiras O Treinamento de Habilidades Psicológica no entanto não serve apenas para atletas de rendimen to Praticantes de exercício e de atividade física tam bém podem ser beneficiados com esta questão pois aprendem a lidar melhor com a raiva a ansiedade e o estresse quando estão em prática VIEIRA et al 2010 As características de personalidade do sujeito são bons indicadores de como se comportam em de terminados momentos mas há sempre a necessida de de monitoramento destas características para que possam ser utilizadas a favor das pessoas Treinamento de Habilidades Psicológicas EDUCAÇÃO FÍSICA 91 Certo grau de ansiedade pode ser considerado um aspecto positivo na motivação dos atletas pois au menta o esforço durante a preparação física Por outro lado o excesso de ansiedade pode levar o atleta a mudanças como tensão muscular ineficácia durante a execução de movimentos dificuldade para tomar decisões e redução da autoconfiança e do prazer pela prática esportiva Ansiedade em menor grau pode resultar pouco esforço e pouca motivação pela prática Um equilíbrio da ansiedade pode levar o atleta a estar autorregulado e a obter bom desempenho durante treinamentos e competições Fonte Balaguer 2005 ATENÇÃO 92 PSICOLOGIA DO ESPORTE E DO EXERCÍCIO A excelência no esporte não ocorre por acaso e mesmo grandes atletas podem ser vítimas de aba timentos mentais e de erros porém o segredo não está em evitar estes problemas e sim em conseguir reverter a situação O autoconhecimento sobre suas habilidades e características tornase o grande trun fo para que o atleta saiba respeitar seus limites e evitar que seu desempenho piore HAGTVET HA NIN 2007 A resistência mental é muitas vezes traduzida em como o atleta tem capacidade de con centração de recuperação frente a um fracasso de saber lidar com a pressão e persistir mesmo em mo mentos de adversidade BULL et al 2005 CRUST CLOUGH 2012 Clough Earle e Sewell 2002 apresentam um modelo de resistência mental baseado em 4Cs Con trole Comprometimento Desafio Challenge e Confiança A definição de cada um destes elementos pode ser observado no Quadro 1 Controle Capacidade do atleta para lidar com diversos elementos ao mesmo tempo São diver sos fatores que podem influenciar o rendimento e o controle faz com que ele perma neça influente em vez de controlado Comprometimento Capacidade do atleta em se manter profundamente envolvido no cumprimento dos objetivos delimitados apesar das dificuldades envolvidas no processo Desafio Challenge Capacidade do atleta para perceber as possíveis ameaças como oportunidades de crescimento pessoal e de seguir em frente Confiança Capacidade do atleta em manter a crença em si mesmo a autoconfiança que deve permanecer apesar das dificuldades do processo Quadro 1 Características dos componentes do Modelo dos 4Cs Fonte adaptado de Clough Earle e Sewell 2002 Muitos atletas técnicos e demais profissionais en volvidos no contexto esportivo ainda têm dúvidas sobre o papel da psicologia para os atletas Mas é preciso compreender que assim como os atletas treinam e aprimoram suas habilidades físicas suas habilidades psicológicas também podem e o devem ser SAMULSKI 2009 O que vem a ser então o Treinamento de Habi lidades Psicológicas Referese à prática sistemática e consistente de habilidades mentais ou psicológicas com o objetivo de melhorar o desempenho aumentar o prazer ou alcançar maior satisfação na atividade es portiva e física WEINBERG GOULD 2017 p 231 Há diversos métodos para se trabalhar com estes ele mentos que visam a modificação do comportamento com o intuito de melhorar o estabelecimento de me tas controle de atenção relaxamento físico e mental entre outros pontos que em alguns textos podemos encontrar definidos como treinamento mental EDUCAÇÃO FÍSICA 93 Mesmo com todas estas características alguns atle tas ainda tendem a negligenciar o treinamento das habilidades psicológicas e podemos resumir isso em três razões básicas falta de conhecimento equí vocos em relação a habilidades psicológicas e falta de tempo WEINBERG GOULD 2017 A falta de conhecimento ocorre dos dois lados tanto atletas não sabem como desenvolver suas pró prias habilidades e também muitos profissionais não sabem exatamente como ensinar Não basta o técni co gritar com os atletas para que eles se concentrem eles já sabem disso portanto a concentração deve ser desenvolvida durante os treinamentos baseada em elementos teóricos como o atleta entender que em momentos em que ele está mais relaxado sua concentração aumenta SAMULSKI 2009 Um dos erros em relação às habilidades psico lógicas é achar que as pessoas já nascem com elas Pode haver uma predisposição a desenvolver carac terísticas positivas para o contexto esportivo mas as habilidades podem ser aprendidas e desenvolvidas dependendo das exigências a que estamos expostos Nenhum atleta chega ao sucesso sem a prática siste mática de suas habilidades físicas e mentais BLU MENSTEIN LIDOR TENENBAUM 2005 O último ponto está na falta de tempo que mui tas vezes é o centro das justificativas de técnicos e atletas sobre o porquê de o sucesso não ter sido atin gido Mas acreditar que uma derrota foi causada por questões que envolvem por exemplo a falta de con centração não faz com que técnicos e atletas reservem tempo para treinar esta habilidade ao contrário é co mum observar o aumento de tempo de treinamento técnico ou físico LIDOR BLUMENSTEIN 2007 O treinamento de habilidades psicológicas é uma ferramenta importantíssima para o desempenho esportivo e não serve apenas para atletas de elite Como já descrito praticantes de atividade física de forma não competitiva são também beneficiados com estas técnicas Não deve ser aplicado somen te a atletas que apresentam problemas psicológicos ou clínicos pois não tem como objetivo a cura de problemas psicológicos e sim desenvolver ca racterísticas positivas como estabelecimento de metas mentalização concentração que são apenas alguns dos elementos importantes a todos os pra ticantes de esporte e atividade física WEINBERG GOULD 2017 94 PSICOLOGIA DO ESPORTE E DO EXERCÍCIO É importante reconhecer que o treinamento de ha bilidades psicológicas tem efetividade comprovada em diversos estudos mas também é importante reconhecer que esta efetividade depende das carac terísticas individuais dos atletas Não basta tratar todos como iguais e pensar que o mesmo tipo de treinamento funcionará para todos é preciso levar em consideração as diferenças individuais SHARP HODGE 2011 e que a conexão com os atletas é im portante para se construir uma boa relação e atender às suas necessidades De acordo com Weinberg e Gould 2017 é pre ciso pensar no programa de treinamento de habi lidades psicológicas em três fases distintas Fase de Educação Fase de Aquisição e Fase de Prática que estão resumidas na Figura 5 Não basta ao atleta treinar apenas suas ha bilidades físicas ele precisa reconhecer a im portância de treinar também suas habilida des psicológicas pois os fatores psicológicos podem ser os principais responsáveis por quedas no desempenho adaptado de Robert S Weinberg e Daniel Gould REFLITA EDUCAÇÃO FÍSICA 95 Se houver controle tanto por parte do profissional que conduzir o programa de treinamento de habilidades psicológicas quanto por parte dos atletas há grandes chances de se obter sucesso É um processo de apren dizagem sistemática e que pode ser consistente quando bem executado Esta prática sistemática terá muita relação com o sucesso no esporte e na atividade física tanto quanto a prática de habilidades físicas FASE DE EDUCAÇÃO Atletas reconhecem a importância da aquisição de habilidades psico lógicas e como elas podem influen ciar o seu desempenho Pode du rar horas ou dias dependendo das características individuais FASE DE PRÁTICA Momento de automatizar as habilida des de ensinar o atleta a integrar sis tematicamente as habilidades psico lógicas em situações de desempenho e simular as habilidades que o atleta deseja aplicar nas competições reais É importante que os atletas mante nham um diário no qual registrem a frequência e a efetividade percebida das estratégias FASE DE AQUISIÇÃO Concentrase em estratégias e técnicas para aprendizagem das diferentes ha bilidades psicológicas Técnicas de ati vação regulação da ansiedade mudar padrões de pensamento relaxamento TRÊS FASES DO TREINAMENTO DE HABILIDADES PSICOLÓGICAS Figura 5 As três fases do treinamento de habilidades psicológicas Fonte Weinberg e Gould 2017 96 PSICOLOGIA DO ESPORTE E DO EXERCÍCIO Estratégias para melhorar o desempenho esportivo são sempre utilizadas por técnicos preparadores físi cos e também por psicólogos A busca por resultados é uma constante no contexto esportivo e por isso os estudos com foco nesta variável são importantes Para a Psicologia do Esporte e do Exercício compreender como os atletas reagem em determinados momentos e situações é importante e também verificar como as questões psicológicas variam em determinadas situa ções OLIVEIRA FOGAGNOLI VIEIRA 2015 Variáveis Individuais que Podem Ajudar ou Prejudicar o Rendimento Esportivo EDUCAÇÃO FÍSICA 97 Uma das variáveis psicológicas mais estudadas e que influenciam diretamente no desempenho dos atletas é o humor O humor reflete os estados emocionais corporais e comportamentais do atle ta assim como também os sentimentos os pensa mentos e o entusiasmo na realização da atividade WEINBERG GOULD 2017 Como já vimos as características psicológicas das pessoas variam de acordo com suas experiências e suas vivências O humor segue este mesmo pa drão pois segue as exigências provenientes do meio em que o atleta está inserido Um ponto importan te também é compreender que a maneira como a pessoa percebe o mundo à sua volta é influenciado pelo seu estado de humor o que pode diminuir ou aumentar o impacto dos acontecimentos e tam bém pode influenciar a forma como essa pessoa se comportará diante dos fatos GAZZANIGA HEA THERTON 2005 Exemplos para isso não faltam basta observar como o atleta comportase em situações de treina mento e em situações de competição A situação de treinamento exige atenção e comportamento com patíveis com a realidade já as competições os jo gos e as particularidades do momento de confronto exigem outro tipo de atenção e comportamento São estas exigências e a forma como o atleta as percebe que podem comprometer o seu desempenho e sa bendo que as exigências em diferentes situações são específicas é que o treinamento de habilidades psi cológicas para evitar as alterações bruscas de humor é importante HAGTVET HANIN 2007 Quanto mais o atleta aprende a reconhecer suas alterações de humor e quanto mais ele con segue controlálas menores as chances de que elas influenciem negativamente no seu desempenho O controle emocional e a capacidade de administrar os níveis de medo estresse e ansiedade causados pela situação faz com que os atletas sejam mais propen sos a alcançar níveis de ativação considerados óti mos e resultados positivos durante uma competição WEINBERG GOULD 2017 Entre algumas tentativas de formular conceitos sobre como trabalhar para que o desempenho de atletas seja o melhor possível Morgan 1979 desen volveu o que ele chamou de Perfil de Estados de Hu mor considerado um modelo de saúde mental que muitos consideram eficiente para prever o sucesso esportivo Este modelo é avaliado a partir de um instrumento psicométrico chamado POMS que no Brasil foi validado por Rohlfs et al 2008 e chama do de Escala de Humor de Brunel Brums Este instrumento avalia seis características do humor do atleta que podem ser grandes indicati vos de como este está do ponto de vista psicológico e também físico Os fatores avaliados são Tensão Fadiga Depressão Raiva Confusão Mental e Vi gor Estes fatores devem ser analisados e podem demonstrar alguns pontos a serem trabalhados com os atletas São cinco fatores considerados ne gativos e quando se apresentam elevados podem indicar uma possível queda de desempenhoVere mos como cada fator pode colaborar com o desem penho dos atletas na Figura 6 98 PSICOLOGIA DO ESPORTE E DO EXERCÍCIO Figura 6 As seis características do humor do atleta Fonte adaptado de Oliveira et al 2015 Rotta 2016 Brandt et al 2011 Weinberg e Gould 2017 Rotta et al 2014 A Tensão é uma variável que se refere aos aspectos de tensão músculoes quelética que não necessariamente é expressa diretamente mas que alguns comportamentos podem ser indicativos como a agitação a inquietação e a hiperatividade OLIVEIRA et al 2015 Outro fator com carga negativa é a Fadiga que muitas vezes é negada pelos atletas pois pode sig nificar consequências negativas para este Ela re presenta estados de esgotamento apatia e baixo nível de energia Os atletas podem verbalizar que não estão cansados mas podem apresentar por exemplo alteração na atenção baixa concentração e memória além de distúrbios de humor e irritabi lidade que são mais percebidos pelos companhei ros de equipe e pessoas próximas ROTTA 2016 Ao contrário da agitação percebida pelos índices altos de tensão e a irri tabilidade da fadiga a Depressão representa um sentimento de inade quação pessoal e leva o atleta a apresentar sentimentos de humor de primido de autovalorização negativa isolamento emocional e tristeza Vale lembrar que não estamos nos referindo à depressão clínica mas sim a um estado depressivo não patológico BRANDT et al 2011 SEIS CARACTERÍSTICAS DO HUMOR DO ATLETA EDUCAÇÃO FÍSICA 99 Muitos atletas podem apresentar também senti mentos de hostilidade e antipatia com relação aos companheiros de equipe e a si mesmo Este fator é chamado de Raiva que é considerado um esta do emocional que pode variar desde sentimentos de leve irritação até a cólera que são sentimentos associados a estímulos do sistema nervoso autô nomo WEINBERG GOULD 2017 A Confusão Mental é um dos fatores também con siderados negativos e que se caracteriza por ser uma possível resposta à ansiedade ao estresse e à depressão Pode ser expressa por sentimentos de incerteza instabilidade para controlar as emoções e dificuldade de manter a atenção ROTTA ROHL FS OLIVEIRA 2014 Por fim temos o fator considerado positivo o Vigor que pode ser expres so pelos sentimentos de energia animação e que são fundamentais para o bom desempenho do atleta A excitação causada pelo vigor é importante para que o atleta tenha disposição e energia física OLIVEIRA et al 2015 100 PSICOLOGIA DO ESPORTE E DO EXERCÍCIO A partir destes seis fatores Morgan avaliou diver sos atletas de rendimento e chegou ao que ele de nomina Perfil Iceberg Este perfil aponta que um atleta bemsucedido tem o fator positivo Vigor aci ma da média da população e os fatores considera dos negativos Tensão Depressão Raiva Fadiga e Confusão Mental abaixo da média da população Este Perfil Iceberg pode ser melhor compreendido por meio da Figura 7 O humor é uma boa variável para se verificar no contexto esportivo e como ressaltado pode dar indicativos importantes para se trabalhar com os atletas Não é a única variável que pode atrapalhar o desempenho dos atletas mas o modelo apresentado por Morgan 1979 mostranos seis fatores que fa zem parte dessa variável psicológica E se bem ana lisados estes podem ajudar muito os profissionais que trabalham diretamente com os atletas Buscar a excelência esportiva é importante porém mais im portante é saber como analisar os fatores que podem influenciar esta busca Tensão Remadores Lutadores Corredores Depressão Raiva Vigor Fadiga Confusão 35 40 45 50 55 60 65 Escore T 50 média da população Figura 7 Exemplo de Perfil Iceberg descrito por Morgan 1979 Fonte Weinberg e Gould 2017 p 39 Este é apenas um indicativo de que o atleta encon trase com saúde mental positiva mas é impor tante ressaltar que é apenas um indicativo Outras fontes devem ser analisadas para se chegar a uma constatação mais confiável É apenas uma maneira de avaliar estes fatores de forma rápida e que pode ser um material a ser utilizado durante os treina mentos e competições Além disso não deve ser utilizado por exemplo como um instrumento de seleção de atletas ou para os considerar aptos para uma partida ou competição 101 considerações finais Nossa Unidade III chega ao fim e nela abordamos mais alguns elementos que são considerados pela literatura importantes para compreendermos o papel da Psicologia do Esporte e do Exercício no trabalho com os atletas Começamos a Unidade discutindo um pouco sobre uma das variáveis mais estudadas no contexto esportivo a Motivação Como sabemos sem motivação não conseguimos alcançar nossos objetivos e com os atletas não é diferente O contexto do esporte é baseado em atingir metas ou no caso vencer É impor tante os profissionais que atuam junto aos atletas compreenderem os principais conceitos que circundam a motivação dos atletas e como ela pode influenciar no desempenho destes E isso é importante também para as pessoas que praticam alguma atividade física ou algum exercício com o objetivo de alcançar melhor qualidade de vida Não é apenas a motivação no entanto que se torna importante neste cenário outras características psicológicas também funcionam como uma mola propul sora da busca pelo desempenho Autoconfiança e expectativas positivas de de sempenho são fundamentais para a caminhada rumo ao sucesso A pessoa que consegue desenvolver a autoconfiança apresenta também um pensamento mais propício para que as atividades diárias sejam mais prazerosas e possam inclusive desenvolver o sentimento de paixão e felicidade na atividade Por isso é importante que as habilidades psicológicas sejam trabalhadas no dia a dia dos atletas Quanto mais habilidade de controlar as emoções os atle tas apresentarem melhor eles saberão lidar com elas em momentos de tensão e estresse Por isso é importante conhecer a si mesmo e desenvolver também a habilidade de controlar o humor bem como os seus fatores envolvidos Uma pes soa com boa capacidade de controlar suas emoções reconhece que há momentos bons e momentos ruins que isso é normal para todos a diferença está em saber como lidar com esta oscilação das emoções Controle é muito importante 102 atividades de estudo 1 De acordo com a Teoria da Autodeterminação a motivação pode ser considerada a partir de duas fontes uma extrínseca e outra intrínseca Sabe se também que não apenas no esporte com petitivo mas nas práticas diárias a motivação é fundamental para alcançar o objetivo proposto DECI RYAN 1985 A partir do que se sabe sobre a Teoria da Autodeterminação assinale a alter nativa correta quanto à Motivação Intrínseca de Experiências Estimulantes a Ocorre quando o indivíduo regulariza en tão seu comportamento com o objetivo de obter uma recompensa ou evitar uma punição A fonte de controle é perseguida pelo indivíduo como sendo completamen te externa a ele b Ocorre quando o indivíduo identificase com as consequências ex sensação de estar mais em forma e ao comportamento ex praticar uma atividade física c É representada por muitos conceitos tais como a exploração a curiosidade os obje tivos intrínsecos de aprender a motivação intrínseca intelectual a motivação intrínse ca de aprender d Ocorre quando uma pessoa faz uma ati vidade pelo simples prazer sem objeti vo aparente nem para aprender nem por realizar qualquer coisa se não por apreciar a atividade ter o prazer e sentir sensações prazerosas representam pro vavelmente a sensação mais pura de mo tivação intrínseca e Ocorre quando uma pessoa sentese moti vada quando faz uma atividade pelo prazer e pela satisfação que sente quando a reali za cria qualquer coisa ou ainda tenta um desafio difícil 2 Estresse ansiedade e medo são algumas emo ções que ocorrem em todos os seres humanos O medo assim como outras emoções primárias tem a função de avisar o organismo sobre pos síveis perigos que venham a ocorrer Ele é bené fico e saudável mas quando se torna excessivo pode se transformar em um transtorno psicoló gico e prejudicar o desempenho de atletas So bre o medo assinale a alternativa correta a O medo é uma das principais emoções ne gativas que um atleta pode sentir o que pode em algumas situações destruir a harmonia psíquica do indivíduo b Sentir medo não tem a ver com fatores cul turais educacionais e sociais por isso se torna fácil interpretar seus motivos c Admitir que está com medo é fácil para atletas em geral pelo fato de ser inerente a todos os seres humanos d A atenção e a velocidade de reação dimi nuem quando um atleta está com medo e Técnicos e dirigentes proíbem seus atletas de sentirem medo em competições 3 O Treinamento de Habilidades Psicológicas é importante tanto para atletas de esportes indi viduais quanto coletivos Sobre o THP analise as afirmativas a seguir I É preciso desenvolver programas de acon selhamento psicológico individualizado com atletas para que estes possam lidar melhor com a sobrecarga emocional cau sada pelas altas exigências do esporte II É importante identificar níveis de ansieda de e estresse e o atleta precisa aprender a se automonitorar e assim direcionar ati vidades específicas que visem a auxiliar os atletas a manejar a ansiedade e o estresse em situações preparatórias e competitivas 103 atividades de estudo III Tanto atletas quanto comissão técnica devem trabalhar em conjunto para que os programas de manejo de estresse de coesão de grupo e promoção da saúde e bemestar funcionem Assinale a alternativa correta a Apenas a afirmativa I está correta b Apenas a afirmativa II está correta c Apenas a afirmativa III está correta d Apenas as afirmativas I e II estão corretas e Todas as afirmativas estão corretas 4 A partir de estudos Weinberg e Gould 2017 definem ansiedade como um estado emocional caracterizado por nervosismo preocupação e apreensão associada à ativação ou à agitação do corpo A ansiedade pode ser um dos fatores que afetam o desempenho de atletas tanto nas com petições quanto nos treinamentos dependendo da fase em que a equipe ou o atleta se encontra Além disso o tipo de esporte pode também ser um fator característico para se observar as mani festações da ansiedade no atleta Sendo assim assinale a alternativa que contenha a descrição correta de como os fatores sexo idade experiên cia tipo de esporte e características da situação estão relacionados com a ansiedade a Sexo indivíduos do sexo feminino apre sentam nível de ansiedade com traço infe rior aos indivíduos do sexo masculino b Idade a ansiedade apresenta um aumen to de intensidade desde a fase da adoles cência até a terceira idade ou seja a últi ma fase de desenvolvimento é o período de vida em que o ser humano se encontra com maiores níveis de ansiedade c Experiência quanto maior o tempo de prática menor será a ansiedade do atleta frente às situações importantes A vivência no esporte faz com que a ansiedade dimi nua d Tipos de Esporte os esportes individuais tendem a provocar menos ansiedade nos atletas e Características da situação quanto mais complexa a situação menor será a mani festação da ansiedade no atleta 5 Assim como a ansiedade o estresse e o medo a ativação tem uma influência direta no desempe nho dos atletas Por isso autores como Weinberg e Gould 2017 trabalham com o objetivo de fa zer com que os atletas compreendam o que chamam de estado ótimo de ativação Assinale a alternativa correta sobre o que se entende por estado ótimo de ativação a Um estado emocional negativo com sen timentos de nervosismo preocupação e apreensão b Estado emocional temporário em constan te variação com sentimentos de apreen são e tensão conscientemente percebidos c Tendência comportamental de perceber como ameaçadoras circunstâncias que objetivamente não são perigosas d É um estado de desequilíbrio substancial entre as demandas físicas e psicológicas impostas pela competição e É uma preparação fisiológica e psicológica geral variando em um continuum de sono profundo e uma intensa agitação 104 LEITURA COMPLEMENTAR Os aspectos psicológicos no contexto esportivo devem ser considerados em todos os esportes independentemente de suas características Ajudar os atletas a regularem sua mente visando ao sucesso esportivo de maneira saudável é fundamental para que haja continuidade de sua carreira e também após o término da carreira o que não é tão simples assim A Psicologia Esportiva referese a aspectos psicológicos que são estudados com preendidos e aplicados no contexto do esporte de rendimento e da atividade física tendo como função colaborar com os praticantes para melhorar seu desempenho profissional ou apenas pela Promoção da Saúde Ao avaliar e analisar os efeitos do esporte no seu praticante a Psicologia pode contri buir para que este seja capaz de melhorar suas habilidades e alcançar novos objetivos WEINBERG GOULD 2008 Não raro é possível encontrar estudos que destacam o quanto os aspectos psicológicos determinam direta ou indiretamente o comportamento de atle tas de rendimento Isso se dá pela especificidade do contexto em que os atletas são subme tidos à constante pressão de uma competição DESCHAMPS DE ROSE JR 2000 Esta influência no entanto é específica a cada modalidade em questão por fatores relati vos à rotina de treinos período de competição preparação e pós competição As alterações psicológicas e comportamentais que ocorrem com os atletas influenciam o seu desempe nho individual e também do grupo quando se trata de esportes coletivos Este é um dos fatores importantes de serem analisados à medida que se torna possível detectar estas mudanças Nos dias atuais o esporte de alto nível está muito equilibrado no que se refere ao preparo físico técnico e tático sendo o fator psicológico fundamental na diferença entre um vence dor e um perdedor A capacidade de um atleta manter a estabilidade emocional colabora com seu potencial de alcance de metas prevenindo inclusive que pensamentos negativos e incapacitantes invadam sua mente prejudicando seu desempenho Fonte Oliveira 2016 105 material complementar Guga um brasileiro Gustavo Kuerten Editora Sextante Sinopse é em junho de 1997 que Gustavo Kuerten inicia a maior virada de sua vida O palco é Roland Garros o torneio de tênis mais charmoso do mundo Como personagem inicialmente coadjuvante e depois protagonista o desconhecido ca beludo surfista e boapraça iria abalar as tradições do esporte refinado e entrar para a história mundial do tênis e do esporte brasileiro Mas sua trajetória brilhante rumo ao topo do ranking tem início muito antes quando ainda era criança em Florianópolis onde seria preparado pela família pelas tragédias e por um treinador que esteve ao seu lado em todos os grandes momentos Em um relato absolutamente sincero empolgante e emocionante Guga revela por meio de seus sentimentos as passagens mais marcantes de sua vida Ele des creve as memórias de sua infância e adolescência com o mesmo estilo modesto e divertido que o caracteriza como jogador A forte base familiar a inspiração no pai a admiração pelo irmão tenista o apoio irrestrito da mãe a paixão pelo irmão caçula e a confiança inabalável do treinador são peças fundamentais em sua história a base que o levou a superar a falta de incentivo a descrença em si mesmo e os adversários mais temidos de sua época Essa jornada sem igual passando pelos torneios juvenis e profissionais o tricam peonato de Roland Garros a chegada ao topo do ranking mundial entre outras conquistas é contada a partir da visão única do menino que nasceu para ser cam peão e cativou o coração de todos os brasileiros Indicação para Ler 106 referências BALAGUER G Anxiety From pumped to panicked In MURPHY S Ed The sport psych handbook ChampaignIL Human Kinetics 2005 p 7392 BEAUCHAMP M R Leadership in sport Tran sactional and transformational In EKLUND R C TENENBAUM G Ed Encyclopedia of Sport and Exercise Psychology Los Angeles SAGE 2014 p 416419 BLUMENSTEIN B LIDOR R TENENBAUM G Periodization and planning of psychological prepa ration in elite combat sport programs The case of judo International Journal of Sport and Exercise Psychology v 3 n 1 p 725 2005 BRANDT R VIANA M S SEGATO 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esportivo Compreender como a comunicação é um ponto importante no contexto esportivo suas qualidades e ruídos Apresentar como a competição e a cooperação podem facilitar o desempenho esportivo desde a infância ELEMENTOS DE GRUPO E O CONTEXTO ESPORTIVO unidade IV INTRODUÇÃO S eja bemvindoa à Unidade IV da nossa disciplina de Psicolo gia do Esporte e do Exercício Iniciaremos neste momento uma discussão acerca de algumas características que são importan tes para pensarmos no contexto esportivo e que envolvem as relações humanas Após verificarmos as variáveis individuais que influenciam o desem penho esportivo e também a prática de atividades físicas falaremos so bre elementos de grupo O primeiro ponto a ser discutido é justamente a coesão elemento dos mais importantes quando se trata de trabalho em equipe pois o trabalho que depende do esforço e da colaboração de todos precisa ser trabalhado diariamente Uma figura que influencia diretamente na coesão de grupo é o líder o sujeito responsável por orientar e estabelecer determinados planos de traba lho para a equipe O estilo de liderança exerce influência direta sobre o com portamento dos atletas e consequentemente no desempenho da equipe Mas a liderança também precisa ser pensada nos esportes individuais em que a relação se torna mais próxima e também sofre com outras variáveis Tanto para uma equipe esportiva ter sucesso quanto para o líder da equipe ter influência positiva sobre os atletas é preciso estabelecer ca nais de comunicação satisfatórios Falar apenas não basta é preciso saber falar assim como é preciso saber ouvir Estas são apenas algumas carac terísticas que devemos pensar quando estabelecermos canais de comuni cação Veremos como esse processo funciona e quais suas influências no desempenho dos atletas Para finalizar a Unidade IV abordaremos um tema complexo princi palmente quando se trata de esporte infantil a competição esportiva Há divergência sobre os riscos e benefícios que a competição pode trazer às crianças e discutiremos algumas destas divergências Abordaremos algumas características envolvidas no contexto competitivo e também qual o papel da cooperação entre pares durante o processo de desenvolvimento da carreira EDUCAÇÃO FÍSICA 114 PSICOLOGIA DO ESPORTE E DO EXERCÍCIO Vamos nos concentrar neste momento nos pro cessos grupais Mesmo os esportes individuais são compostos por equipes que passam grande parte do tempo treinando em grupos A maioria dos téc nicos professores e demais instrutores trabalham diariamente com grupos o que torna este tópico importante para tratarmos de alguns elementos que compõem o trabalho de uma equipe Todas as variáveis psicológicas voltadas para o indivíduo como a personalidade a motivação o hu mor entre outras precisam também ser trabalhadas no grupo Imaginem um grupo de atletas que traba lham diariamente em busca de um mesmo objetivo e cada um tem um objetivo cada um tem uma mo tivação específica e não consegue exatamente traba lhar estas variáveis de forma conjunta Isso dificulta Como são Formados os Grupos Coesão EDUCAÇÃO FÍSICA 115 muito o alcance das metas que foram delimitadas no início do trabalho Uma das estratégias utilizadas por técnicos de sucesso é já no início da temporada assegurar que todos os seus jogadores se ajustem ao conceito de equipe e apoiem uns aos outros WEINBERG GOULD 2017 Mas claro a coesão de equipe não é o único fator que pode levar ao sucesso há outros fatores envolvidos no processo Há exemplos de equipes que apresentam resultados positivos mesmo com uma aparente falta de coesão Uma das primeiras definições de coesão foi re alizada por Festinger Schacter e Back em 1950 delimitando que ela seria um campo composto por forças que agem para que os membros permaneçam no grupo CARRON et al 2002 Estas forças se riam definidas como a a atratividade do grupo e b o controle dos meios A atratividade do grupo é um elemento que se expressa no desejo de um indivíduo ter interações interpessoais com outros membros do grupo e de se envolver nas atividades deste grupo Já o con trole dos meios referese aos benefícios que um indivíduo pode obter ao fazer parte de um grupo WEINBERG GOULD 2017 Mais recentemente Carron Brawley e Widmeyer 1998 trouxeram outra definição mais abrangente em que a coesão é considerada um processo dinâmi co que se reflete na tendência de um grupo unirse e permanecer unido sempre em busca de objetivos e ou para satisfazer as necessidades afetivas dos mem bros deste grupo Esta definição leva a compreender a coesão como elemento multidimensional e tam bém acrescenta dois fatores principais a coesão para a tarefa e a coesão social Quando nos referimos à coesão para a tarefa temos em mente que significa o quanto os mem bros de um grupo trabalham juntos em função de objetivos comuns neste caso a conquista de títulos e vitórias Já a coesão social reflete o quanto os membros desta equipe gostam uns dos outros e também gostam de permanecer na com panhia desses mesmos membros NASCIMEN TO JUNIOR VIEIRA 2013 Do ponto de vista teórico o ideal seria que uma equipe refletisse os dois tipos de coesão de forma satisfatória e elevada Mas nem sempre isso ocorre pois como Weinberg e Gould 2017 relatam diver sas equipes obtiveram resultados importantes mas com problemas de coesão Um exemplo disso foi a equipe do Los Angeles Lakers no início dos anos 2000 em que havia baixa coesão social exemplifi cada por discussões brigas e comportamentos de subgrupos Mesmo com estes problemas a coesão para a tarefa era tão alta que supria a deficiência da coesão social pois mesmo que atletas como Kobe Bryant e Shaquille ONeal não se entendessem fora de quadra dividiam o mesmo objetivo de vitória re sultando em títulos Para compreender melhor esta discussão Car ron 1982 desenvolveu um modelo conceitual Fi gura 1 que auxilia na compreensão de como há di versos fatores envolvidos neste processo de coesão de uma equipe 116 PSICOLOGIA DO ESPORTE E DO EXERCÍCIO A ideia do modelo é demonstrar que há 4 fatores principais que afetam diretamente o desenvolvimento da coesão 1 Fatores Ambientais 2 Fatores Pessoais 3 Fatores de Liderança 4 Fatores de Equipe FATORES DE LIDERANÇA Todo grupo precisa de uma liderança asser tiva e com isso este é um dos fatores con siderados importantes para a manutenção da coesão de grupo Elementos como uma boa comunicação entre técnicos e atletas in fluencia significativamente na coesão CAS TELLANI 2012 Assim como características negativas de um técnico podem afetar ne gativamente a coesão FATORES AMBIENTAIS São considerados os fatores mais gerais e envolvem as normas que mantêm um gru po unido Entre estas normas podese citar os contratos com empresários bolsas de estudo e até as expectativas que a família tem sobre o futuro deste atleta Estes ele mentos podem manter um grupo unido pois às vezes limitam as escolhas de quais grupos gostaria de fazer parte NASCIMEN TO JUNIOR VIEIRA 2013 FATORES PESSOAIS Os fatores pessoais referemse às carac terísticas individuais que cada membro do grupo apresenta Há características que se assemelham mas também característi cas que são muito diferentes mas há de se considerar que a satisfação pessoal é uma das características mais importantes para a manutenção da coesão CARRON DENNIS 2001 Há diversos benefícios pessoais que podem surgir e estão relacionados à coesão como por exemplo a paixão a autoeficácia e níveis menores de ansiedade e depressão PARADIS MARTIN CARRON 2012 FATORES DE EQUIPE Por fim há elementos como as normas de produtividade do grupo os papéis desen volvidos pelos atletas e a estabilidade da equipe que podem influenciar a coesão As pesquisas têm mostrado que equipes que permanecem unidas por longo tempo ten dem a apresentar níveis elevados de coesão de grupo Mesmo as derrotas e fracassos quando compartilhados entre os membros do grupo podem ser importantes para a manutenção da coesão pois demonstra a união entre os membros CARRON et al 2002 EDUCAÇÃO FÍSICA 117 Altos níveis de coesão de grupo podem também aumentar o desempenho pois podem produzir aumento do esforço dos envolvidos no grupo Mas nem sempre isso é fácil pois em alguns casos os objetivos são traçados para o grupo como um todo e buscar objetivos comuns esbarra em ca racterísticas individuais como já vimos As metas dos grupos não são resultado da soma das metas individuais Por isso uma liderança com características positivas comunicação efetiva e aberta para a manutenção da coesão se torna importante levando os atletas a se envolverem no processo e gerando possíveis resultados positivos Fatores Abientais Responsabilidade contratual Orientação organizacional Coesão Relacionada à tarefa Coesão Social Fatores de Equipe Tarefa do grupo Desejo por sucesso do grupo Capacidade de equipe Estabilidade da equipe Fatores Pessoais Orientação individual Satisfação Diferenças individuais Resultados de grupo Estabilidade de equipe Efetividade absoluta e relativa do desempenho Fatores de Liderança Comportamento de liderança Estilo de liderança Personalidade dos técnicos e atletas Resultados individuais Consequências compartamentais Efetividade absoluta e relativa do desempenho Satisfação Figura 1 Modelo conceitual de coesão esportiva Fonte adaptada de Carron 1982X 118 PSICOLOGIA DO ESPORTE E DO EXERCÍCIO Liderança no Esporte EDUCAÇÃO FÍSICA 119 O sucesso de um atleta perpassa diversos elementos entre eles a qualidade da liderança Principalmente no esporte infantil o técnico eou professor deve ensinar a seus atletas quando é apropriado competir e quando é apropriado cooperar WEINBERG GOULD 2017 Seja no esporte coletivo seja no individual o desempenho só será positivo frente a uma liderança eficaz com boa qualidade de comunicação e com es tilos de liderança sob uma perspectiva multidimen sional É preciso pensar ainda sobre a liderança que ocorre entre os próprios atletas Não apenas técni cos mas também atletas são considerados grandes líderes mesmo que aos olhos do público isso não seja tão visível As discussões sobre liderança no contexto es portivo tiveram base nos modelos teóricos da Psi cologia Organizacional porém com algumas dife renças quanto às definições São várias também as definições de liderança pois cada autor conceitua de acordo com sua perspectiva teórica autores diferen tes apresentam definições diferentes NOCE COS TA LOPES 2009 Northouse 2010 define liderança como um processo pelo qual uma pessoa exerce influência sobre um grupo ou uma outra pessoa para que este alcance um determinado objetivo No contex to esportivo pensar em liderança é pensar em um elemento multidimensional em que as ações de um líder visam a tomar decisões motivar os par ticipantes do processo e oferecer feedback cons trutivo o que visa também a mais qualidade nas relações interpessoais 120 PSICOLOGIA DO ESPORTE E DO EXERCÍCIO Figura 2 O modelo multidimensional de liderança no esporte Fonte Chelladurai 2007 5 7 6 4 2 3 Características situacionais Características do líder Características dos membros Comportamento requerido Comportamento real Comportamento preferido Desempenho e satisfação Antecedentes Comportamento do líder Consequências 1 De acordo com este modelo o objetivo final é levar o atleta à satisfação e ao desempenho positivo Mas es tas consequências dependem de alguns antecedentes que são a situação o líder e os membros da equipe Características situacionais Características do líder e Características dos membros que levam a três ti pos de comportamento do líder o comportamento requerido pela situação o comportamento real ba seado nas características próprias do líder e o com portamento preferido baseado nas características preferidas pelos membros da equipe WEINBERG GOULD 2017 Quando uma equipe ou um atleta alcança um resultado positivo é possível que os três aspectos do comportamento do líder estejam de acordo É um cenário em que o líder se comporta de maneira ade quada ao que a situação exige e estes comportamen tos são ao mesmo tempo ajustados às preferências dos membros do grupo Se estas três características do líder estão de acordo e o resultado da equipe atleta foram positivos é provável que estes atletas sintamse satisfeitos CHELLADURAI 2007 Este modelo multidimensional de liderança no esporte foi ao longo dos anos utilizado por mui tos profissionais inseridos no contexto e também foi assunto de diversos trabalhos científicos Tanto que a Escala de Liderança Esportiva CHELLADURAI RIEMER 1998 foi desenvolvida para medir com portamentos de liderança incluindo as preferências dos atletas por comportamentos específicos Esta es cala avalia cinco dimensões que são relacionadas ao processo de liderança no esporte São elas Pensando na questão multidimensional de lide rança Chelladurai 2007 desenvolveu um mo delo especificamente para a atividade física e o esporte chamado Modelo Multidimensional de Liderança no Esporte A principal característica deste modelo é que a eficiência do líder esportivo é variável e depende das características dos atle tas e dos limites impostos pela situação A repre sentação gráfica deste modelo pode ser observada na Figura 2 EDUCAÇÃO FÍSICA 121 técnicos e atletas trabalham juntos e geralmente por um longo tempo em uma relação de dependên cia mútua LORIMER JOWETT 2014 Um líder deve estimular seus atletas para que desenvolvam características desejáveis dentro do contexto esportivo e fora dele Isso poderá transfor málo em um líder no futuro Diversas característi cas foram descritas aqui que podem ajudar os atletas a alcançarem um desempenho desejável Empatia comunicação efetiva flexibilidade quanto aos estilos de liderança e saber emitir feedback possibilitam ao líder alcançar junto com os atletas a satisfação dos resultados atingidos mente os atletas como consequência de um comportamento positivo um bom desempenho por exemplo Este comportamento depende do desempe nho e é mais específico e voltado ao de sempenho esportivo 4 Comportamento democrático com portamento do técnico que visa a ga rantir que os atletas participem das decisões sobre as metas do grupo mé todos de treino e estratégias que serão traçadas 5 Comportamento autocrático compor tamento do técnico que visa a tomar de cisões de forma individual independen temente da opinião dos atletas É um comportamento que enfatiza a autorida de ao colocar em prática suas decisões Estes estilos de liderança descritos são importantes pois não definem exatamente o que um técnico deve fazer ou deixar de fazer para ser um grande líder Não há combinação perfeita de comportamentos para isso o ideal é que os comportamentos do téc nico sejam ajustados às preferências dos membros e às necessidades da situação o que pode gerar um ótimo desempenho e maior satisfação dos atletas CHELLADURAI 2014 O desafio de um líder é justamente determinar qual estilo deverá se ajustar melhor às circunstâncias para que assim possa adaptar seu estilo dominan te a uma situação específica No contexto esportivo 1 Comportamento treinoinstrução comportamentos instrutivos são características do técnico que se tradu zem em comportamento instrutivo para tentar melhorar o desempenho dos atletas São instruções técnicas sobre habilidades técnicas e estratégias 2 Comportamento de apoio social com portamento do técnico que visa ao bem estar dos atletas e tenta estabelecer um relacionamento afetuoso entre eles Este apoio social independe do desem penho dos atletas e ultrapassa as fron teiras do esporte é um olhar também para as questões pessoais do atleta 3 Comportamento de feedback positi vo comportamento do técnico que visa a elogiar ou recompensar consistente 122 PSICOLOGIA DO ESPORTE E DO EXERCÍCIO Já do ponto de vista da liderança a comunicação afetiva e aberta pode melhorar a coesão de grupo e ter impacto direto no desempenho Boas habilidades de comunicação figuram entre os aspectos mais im portantes que contribuem para um desempenho no contexto esportivo e também para um crescimento pessoal para participantes de esportes e atividades físicas WEINBERG GOULD 2017 Mas não é tão simples assim estabelecermos canais de comunica ção adequados Comunicação no Esporte Os estudos que se debruçam nas temáticas discu tidas anteriormente a saber a coesão de grupo e a liderança trabalham com um elemento em co mum que facilita a união do grupo e também o desenvolvimento de uma liderança saudável e as sertiva Estamos falando da comunicação Quando se pretende por exemplo mudar as características de uma equipe não há elemento que substitua um canal de comunicação para que todos os elementos sejam esclarecidos EDUCAÇÃO FÍSICA 123 Este modelo apresentado na Figura 3 é muito utili zado para se compreender como as pessoas se co municam No entanto é preciso pensar que a co municação pode ser compreendida de duas formas A primeira delas é o que se conhece por Comuni cação Interpessoal que ocorre geralmente quan do envolve ao menos duas pessoas A segunda é chamada de Comunicação Intrapessoal que é a comunicação que a pessoa tem com ela mesma co nhecida também como diálogo interior SAMUL SKI LOPES 2009 A Comunicação Interpessoal é a mais comum de ser observada e é a referência que temos quan do se fala em comunicação Uma pessoa envia uma mensagem a outra recebe e interpreta mas nes te processo muitas vezes ocorrem distorções do conteúdo enviado é mal interpretada o que pode gerar alguns problemas A comunicação não verbal é um fator importante neste tipo de comunicação e no contexto esportivo muitas vezes os compor tamentos não verbais dos adversários podem in fluenciar nas expectativas de resultados dos atletas BUSCOMBE et al 2006 Todos conversam consigo mesmos portan to a Comunicação Intrapessoal é mais comum do que imaginamos além de ser muito importante Essa comunicação interna ajuda a pessoa a mode lar e a prever com ela age e se comporta Quanto mais positiva essa comunicação interna maiores as chances de influenciar por exemplo a motivação da pessoa para a prática de exercícios e também atle tas a continuarem na busca por melhores resultados WEINBERG GOULD 2017 Há algumas diretrizes que podem ser utilizadas para que o processo de comunicação seja mais eficaz MARTENS 1987 Algumas dessas diretrizes po dem ser observadas no Quadro 1 Um dos problemas mais comuns na comuni cação é o quanto as pessoas esperam que os outros leiam suas mentes compreendam o que elas querem dizer sem ao menos emitir um mínimo de informa ções suficientes para serem compreendidas SERPA 2002 Isso é o que os pesquisadores chamam de rupturas do processo de comunicação e esta inefi ciência na comunicação pode gerar efeitos negati vos nas relações que são estabelecidas WEINBERG GOULD 2017 Martens 1987 descreve que a comunicação ocorre segundo um processo básico que pode ser dividido em cinco passos O primeiro passo 1 é a decisão pessoal de enviar uma mensagem em seguida 2 esta mesma pessoa codificaa ou seja transforma os pensamentos em uma mensa gem que possa ser interpretada após codificála a transmite 3 para um receptor Essa transmissão geralmente é feita por meio de palavras mas tam bém pode ser não verbal Ocorre então a recep ção 4 dessa mensagem que é interpretada pelo receptor e em seguida ocorre uma resposta inter na baseada em emoções interesse raiva ou alívio pela mensagem Esses passos podem ser observa dos na Figura 3 Figura 3 Etapas do Processo de Comunicação Fonte adaptada de Martens 1987 Decisão de enviar uma mensagem Resposta interna do receptor à mensagem Traduz pensamentos em uma mensagem Receptor interpreta a mensagem Mensagem canalizada verbal e não verbal 124 PSICOLOGIA DO ESPORTE E DO EXERCÍCIO Mesmo que uma pessoa utilize estratégias para se comunicar melhor há sempre alguns ruídos que ocorrem neste processo A comunicação eletrônica facilita e melhora a rapidez da comunicação mas não impede que ela seja ineficiente em alguns as pectos Alguns pontos são importantes de se com preender quando falamos de falhas no processo de comunicação WEINBERG GOULD 2017 Uma das falhas mais comuns é a do emissor da mensagem que pode ser enviada de forma insatisfató ria A mensagem também pode ter uma característica de incoerência pois algumas pessoas dizem algo hoje e amanhã já mudam de ideia e dizem algo oposto ao já dito Mas o receptor também pode ser responsável pe las falhas de comunicação ao interpretar erroneamen te uma mensagem ou quando deixam de escutar Podese considerar três níveis de escuta Nível 1 escuta ativa que denota a forma correta de se escutar uma mensagem Nível 2 referese a escutar apenas o conteúdo quando ele é dito gerando no emissor a sensação de desinteresse do receptor Nível 3 ocorre quando o receptor ouve apenas uma parte da men sagem o que leva a não compreender a mensagem correta SAMULSKI LOPES 2009 Diretrizes Descrição das diretrizes Ser direto Não espere que as pessoas descubram o que se passa na sua mente Enviar a mensa gem indiretamente causa interpretações equivocadas Ser dono de sua men sagem Se você está emitindo uma mensagem seja claro e diga eu O que você diz é o que você acredita Não use outras pessoas para se proteger Evite dizer a equipe acha a maioria acha Ser completo e espe cífico Forneça todas as informações que o outro precisa receber para compreender sua mensagem Ser claro e consistente Evite mensagens duplas pois emitem significados contraditórios causam confusão Um técnico precisa ser claro ao dizer os motivos pelos quais está escalando um atleta Expresse suas neces sidades e sentimentos claramente Os relacionamentos íntimos precisam ser baseados na confiança e compartilhar sen timentos é importante para um grupo de pessoas que buscam os mesmos objetivos Demonstre apoio Não envie mensagens baseadas em ameaças sarcasmo ou julgamentos Isso pode gerar falta de interesse do receptor quanto à mensagem Reforce com repetição Repita com cautela os pontos importantes para reforçar o que pretende que as pes soas entendam sobre o que está querendo dizer Adeque a mensagem ao receptor Saiba com quem está falando para que sua mensagem possa ser adaptada e melhor compreendida pelo receptor O vocabulário utilizado é importante neste processo Quadro 1 Diretrizes para o envio de mensagens verbais e não verbais eficazes Fonte Martens 1987 125 126 PSICOLOGIA DO ESPORTE E DO EXERCÍCIO soas com base em seu desempenho comparado ao de outros indivíduos realizando a mesma tarefa ou participando do mesmo evento O caráter de recompensa é um dos elementos de discussão neste contexto tendo em vista que recompensar alguém por uma vitória significa au tomaticamente alimentar a noção de fracasso de outros atletas ou equipes Mas nem sempre isso é o que ocorre pois o sucesso pode ser medido também pelo que se conhece por cooperação Coakley 1994 p 79 ainda apresenta a definição de cooperação como sendo um processo social por meio do qual o desempenho é avaliado e recompen sado em termos da realização coletiva de um grupo de pessoas que trabalham juntas para alcançar de Competição e Cooperação do Início da Carreira Esportiva à Profissionalização Toda competição exige dos atletas dedicação e preparo específicos para alcançar os objetivos traçados Preci samos entender quais os efeitos positivos e negativos que a competição e a cooperação causam no contexto esportivo Mas esta compreensão visa principalmen te ao equilíbrio entre estes dois contextos que são im portantes para o desenvolvimento do atleta O que seria então competição Segundo Weinberg e Gould 2017 este termo é utilizado em diversas situações mas apresentam definições de di versos outros autores que se concentram em situa ções nas quais as pessoas competem contra outras em atividades físicas organizadas Coakley 1994 p 78 define competição como um processo social que ocorre quando são dadas recompensas às pes EDUCAÇÃO FÍSICA 127 terminado objetivo Este elemento retira a ideia de um vencedor e preza pela recompensa coletiva em que é compartilhada por todos no grupo cujo suces so depende diretamente da coletividade Martens 1975 descreve que a competição é mais do que apenas um evento isolado pois envolve quatro estágios distintos Estes quatro estágios po dem ser observados a seguir Estágio 1 Situação competitiva obje tiva Inclui um padrão para comparação nível de desempenho passado e pelo menos uma outra pessoa desempenho de outra pessoa Estágio 3 Resposta A pessoa avalia a situação e decide en frentar ou evitar Se a decisão é de não competir então a resposta se encerra aqui Mas se a decisão for competir pode ocorrer no nível comportamental fisio lógico psicológico ou nos três níveis As instalações o clima o tempo e a capacida de do adversário são algumas influências externas que podem ocorrer Estágio 2 Situação competitiva sub jetiva Referese ao modo como a pessoa percebe aceita e avalia a situação competitiva objetiva Os antecedentes e os atributos únicos do sujeito passam a ser importantes Capacidade percebi da motivação importância da situação influenciam a avaliação subjetiva Quadro 2 Estágios do processo competitivo Fonte adaptado de Martens 1975 Estágio 4 Consequências Resulta da comparação entre a resposta do atleta e o padrão comparativo As con sequências são geralmente vistas como positivas ou negativas Mas a percepção que o atleta tem das consequências é mais importante que o resultado prático 128 PSICOLOGIA DO ESPORTE E DO EXERCÍCIO Podemos classificar os técnicos baseando em cinco estilos principais de tomada de decisão autocrático autocráticoconsultivo consul tivoindividual consultivogrupal e grupal Embora os estilos de decisão autocrático e consultivogrupal sejam os preferidos dos treinadores a escolha do estilo de decisão mais eficiente depende do técnico e de sua situação particular Fonte Chelladurai e Trail 2001 SAIBA MAIS dos competidores Mas a competição em si não pro duz o atleta agressivo e hostil O que determina este tipo de comportamento e sentimento é o foco em fazer qualquer coisa para vencer mesmo que isso signifique prejudicar seu adversário WEINBERG GOULD 2017 Para os gregos a competição era um princípio vital e o sujeito crescia e se desenvolvia imerso em um espírito criador um competidor RUBIO 2002 Mas estes fatos ocorrem em casos extremos Há di versas situações esportivas de competição em que os atletas aprendem a ajudar os companheiros a traba lharem em conjunto na busca dos mesmos objetivos e isso reduz a ênfase dada pelas pressões pela vitória Estas características de grupo geram um ambiente social mais positivo e melhoram o desempenho É importante que as crianças se insiram em am bientes esportivos competitivos desde cedo mas a competição infantil deve ser baseada em práticas pedagógicas principalmente no contexto educacio nal para que estas atividades gerem a possibilidade de raciocínio e reflexão sobre o contexto RUFINO et al 2016 O esporte competitivo desde que tra balhado de forma educativa com as crianças possi bilita a compreensão de que ele pode desenvolver a inclusão a cooperação e a divisão de tarefas Nin guém está sozinho no esporte e a cooperação entre os envolvidos é muito importante TUBINO 2010 As atividades que são realizadas em cooperação tendem a produzir desempenho melhor do que o competitivo no entanto quando a atividade deve ser realizada com outra pessoa os resultados são sempre melhores do que quando trabalham sozi nhos Cooke et al 2011 avaliaram diversas pessoas em atividades simples que envolviam alcançar resul tados em que deveriam dar o melhor de si Quando realizaram as atividades sozinhas o resultado foi Todo processo social precisa ser pensado de forma específica Cada estágio apresentado sofre influência dos demais estágios dos fatores ambientais exter nos e o processo de competição deve conter o papel do processo de socialização e o contexto social para determinar a orientação das ações WEINBERG GOULD 2017 As atitudes esportivas surgem des de idades pouco avançadas na vida do ser humano e as diferenças naturais que ocorrem por exemplo por conta do sexo são resultados das questões so ciais presentes e não de questões apenas naturais ECCLES HAROLD 1991 O contexto competitivo em que a ênfase é dada no processo de vencer e derrotar um adversário pro duz a ideia de hostilidade e agressividade por parte A percepção que os atletas têm da situação esportiva é muito importante E isso só é possível com a ajuda de técnicos pais e demais profissionais do contex to esportivo Considerando a competição como um processo social aprendido e que sofre influência do ambiente é preciso pensar nos estágios definidos por Martens como fundamentais para se compreen der o ambiente esportivo EDUCAÇÃO FÍSICA 129 sempre inferior do que quando realizaram as ativi dades na presença de outras pessoas quando envol via competição A presença de um adversário faz com que as pessoas se dediquem mais do que quando estão so zinhas Isso pode representar que elas sentem mais necessidade de esforço quando sua atividade depen de de outras pessoas ou quando outras pessoas de pendem de sua colaboração Por isso o esporte pode também levar ao desenvolvimento de uma equipe cooperativa FRASERTHOMAS CÔTÉ 2006 O grande desafio é combinar cooperação e competi ção mas é um desafio que tende a beneficiar a todos Técnicos atletas e todos os envolvidos no contexto esportivo são responsáveis por colaborar com um ambiente que seja ao mesmo tempo competitivo e cooperativo A cooperação tende a aumentar o prazer na realização de uma atividade melhora a comunicação e pode também produzir resultados melhores nas competições Entretanto a cooperação não precisa substituir a competição é preciso ter harmonia entre os dois elementos pois isso pode ajudar principalmente no desenvolvimento psico lógico global dos atletas e isso é o que mais importa WEINBERG GOULD 2017 Se o treinador enfatizar ao jogador a impor tância de sua contribuição para o êxito da equipe possivelmente esse jogador fará mais esforço consistente e ficará envolvido de for ma mais pessoal Robert S Weinberg e Daniel Gould REFLITA 130 considerações finais P rezadoa alunoa chegamos ao final da nossa Unidade IV em que nos debruçamos sobre alguns assuntos que dizem respeito basica mente a situações que envolvem os grupos esportivos Todos elemen tos importantes de serem trabalhados no contexto de modalidades esportivas coletivas Abordamos quatro temáticas e começamos com a que mais se destaca no contexto do esporte coletivo a coesão de grupo É importante perceber que a coesão está presente em todas as situações que envolvem o esporte coletivo desde o início do trabalho até os objetivos serem atingidos É por meio da coesão que podemos entender como uma equipe que tem atletas muito talentosos não con segue ter um rendimento considerado satisfatório nas competições São muitas variáveis envolvidas no processo de formação e desenvolvimento de um grupo esportivo Uma delas é a liderança o papel exercido por uma das figuras que mais influencia os demais no grupo O líder pode ter características desenvolvidas por um técnico ou também por um atleta Quando falamos em líderes não nos referimos apenas à figura do treinador é preciso pensar nas li deranças que surgem entre os próprios atletas tanto do ponto de vista esportivo quanto do ponto de vista social O que nos leva a compreender os dois elementos da coesão coesão para a tarefa e coesão social Coesão e liderança são dependentes dos processos de comunicação que re presentam uma das características do ser humano mais importantes A comuni cação faz parte da humanidade e quando bem desenvolvida pode levar as equi pes a ótimos desempenhos Portanto compreender como desenvolver bem os canais de comunicação pode diminuir os problemas e gerar melhores resultados Para finalizar a Unidade falamos um pouco sobre como os grupos podem e devem trabalhar de forma cooperativa mesmo em situações de competição A busca pela harmonia entre competição e cooperação é o ideal dentro do campo esportivo o que pode facilitar o desempenho esportivo desde a infância 131 atividades de estudo 1 Liderança poderia ser considerada de forma ge nérica como o processo pelo qual um indivíduo influencia um grupo de indivíduos para o alcance de uma meta comum NORTHOUSE 2010 p 3 apud WEINBERG GOULD 2017 p 187 porém no esporte esta definição precisa ser melhor discutida para que possa se adaptar a este am biente Por isso Chelladurai 1978 apresenta o Modelo Multidimensional de Liderança no Es porte que indica algumas características do líder esportivo seja na competição seja no momento de treinamento Considerando este modelo de liderança analise as afirmações como seguem I O Comportamento TreinoInstrução cor responde ao comportamento do do trei nador voltado para a melhoria da perfor mance dos atletas por meio da focalização das preocupações nos treinos duros e exigentes II O Comportamento de Suporte Social do técnico é quando ele não se importa com o que os atletas fazem fora do ambiente esportivo ou seja na sua vida social III O Comportamento de Reforço é quando o treinador reforça positivamente o atleta reconhecendo e recompensando os seus bons desempenhos IV O Comportamento Autocrático é o com portamento do treinador que preconiza a independência nas tomadas de decisão e vinca a sua autoridade pessoal Está de acordo com o Modelo Multidimensional de Liderança no Esporte de Chelladurai a alternativa a I e II b II e IV c I III e IV d I e III e I II III e IV 2 Trabalhar com grupos de pessoas é uma das características da Psicologia assim como outras áreas das Ciências do Esporte em que a aplica ção dos conhecimentos é voltada para a saúde e o rendimento dos atletas No trabalho com gru pos a Psicologia do Esporte e do Exercício visa a intervir em equipes de esportes coletivos e até mesmo individuais tendo em vista a quantidade de pessoas envolvidas no dia a dia Sobre o tra balho com grupos e o trabalho do profissional de Psicologia analise as afirmativas a seguir I Trabalhar sempre com programas de psi coterapia individual levando os atletas a lidarem melhor com a sobrecarga emocio nal do cotidiano do esporte II Trabalhar com elementos como a ansie dade traço e a ansiedade estado e assim poder direcionar atividades específicas que visem a auxiliar os indivíduos a manejar o estresse em situações de preparação para competições e durante competições III Trabalhar em conjunto com atletas téc nicos e comissão técnica maneiras de enfrentar o estresse em competições controle da concentração ampliação das habilidades de comunicação e de coesão de equipe padrões de resiliência diante de situações de derrota em competições desenvolvimento da noção de esporte como promoção de saúde e bemestar in dividual e coletivo É correto o que se afirma em a I apenas b III apenas c I e II apenas d II e III apenas e Todas as afirmativas estão corretas 132 atividades de estudo 3 Coesão é um processo dinâmico que é refle tido na tendência de um grupo a tornarse e a manterse unido na busca de seus objetivos e ou para a satisfação das necessidades afetivas de seus membros CARRON et al 2002 Expli que quais os dois tipos de coesão que devem ser considerados ao se trabalhar com uma equipe esportiva abordando quais as duas forças distin tas que agem para que os membros permane çam em um grupo 4 O diálogo interior é um fator potencial de distra ção mental Toda vez que o atleta pensa em algo ele está conversando consigo mesmo Este diálo go interior também é chamado de Comunicação Intrapessoal e tem sua importância no desempe nho do atleta De acordo com Samulski e Lopes 2009 descreva as características da Comunica ção Intrapessoal 5 Martens 1975 descreve quatro estágios do mo delo de competição Sobre o estágio situação com petitiva subjetiva analise as afirmativas a seguir I Necessita sempre de um padrão de com paração sobre o nível de desempenho II É o momento da comparação entre a res posta do atleta e o padrão comparado III É o momento em que a pessoa avalia a situação e decide se vai continuar enfren tar ou não a situação IV Caracterizase como a maneira que uma pessoa percebe aceita e avalia a situação competitiva objetiva É correto o que se afirma em a I apenas b III apenas c I e II apenas d II e III apenas e IV apenas 133 LEITURA COMPLEMENTAR O mundo esportivo tem presenciado desde o final do século XIX o envolvimento e a inserção das mulheres neste espaço A participação feminina em competições de alto rendimento aumentou consideravelmente ao longo dos anos Os discursos sociais e biológicos que condenavam a prática esportiva feminina foram gradativamente per dendo a sua força De tal modo hoje não se questiona como antes a capacidade atlética das mulheres A conquista do espaço feminino no esporte entretanto pode ser considerada de al cance apenas parcial No que se refere ao comando esportivo são os homens que ainda prevalecem As esferas administrativas do esporte incluindo os cargos de dire ção e de tomadas de decisão constituem espaço de domínio masculino Isso porque a associação entre autoridade e masculinidade ainda tem grande força na percepção das pessoas NORMAN 2010 Esse quadro de desigualdade entre homens e mulheres na direção esportiva provoca questionamentos Em 1995 no Centésimo Congresso Olím pico discutiuse o pequeno número de mulheres em posições de liderança e se fizeram recomendações PFISTER 2004 No cargo de técnica esportiva o campo de atuação ainda se encontra muito limitado para o público feminino Para se inserir e progredir na carreira elas se deparam com muitos obstáculos desde o preconceito até os baixos salários Essa situação levanos a questionar por que existem tão poucas mulheres atuando nessa profissão e o que limita o acesso e a ascensão feminina nessa carreira Os profissionais com poucas oportunidades tendem a limitar suas aspirações a valori zar sua competência menos do que o ideal e a não buscar mudanças neste quadro A estrutura de poder é definida como a capacidade da pessoa em atuar eficientemente dentro dos limites do sistema e é determinada pelas características formais do cargo e das alianças informais estabelecidas O poder é afetado por fatores como a visibilidade e a relevância da função Pessoas com pouco poder tendem a ser mais inseguras Fonte Ferreira et al 2013 p 103124 134 material complementar Guardiola Confidencial Martí Perarnau Editora Grande Área Sinopse Josep Guadiola i Sala ou simplesmente Pep Guardiola o nome que o futebol consagrou é o personagem central do livro Artífice ideológico como trei nador de um tipo de jogo plástico vencedor e revolucionário Pep deixou o Bar celona onde conquistara todos os títulos possíveis para se lançar em um novo projeto profissional no Bayern de Munique outro gigante do futebol europeu E para escrever sobre ele o jornalista Martí Perarnau acompanhou durante um ano o dia a dia do novo comandante do Bayern Perarnau obteve do próprio Guardiola permissão para compartilhar o vestiário com os atletas seguir de per to todos os passos do técnico e detalhar uma temporada inteira do catalão no comando do clube Estava lançado o desafio a Martí decifrar a personalidade de Pep Guardiola o técnico que deu ao Barcelona os melhores anos de sua história O autor soube aproveitar o acesso livre sem precedentes aos bastidores de um dos maiores clubes de futebol do mundo Observou de perto um personagem apaixonado pelo futebol meticuloso e obsessivo em sua busca pela perfeição Pôde conhecer melhor também as ideias e conceitos de jogo fundamentais para o técnico desfazendo ao longo da obra uma série de clichês que rodeiam a figura de Guardiola Indicação para Ler 135 referências BUSCOMBE R GREENLESS I HOLDER T THELWELL R RIMMER M Expectancy effects in tennis The impact of opponents prematch non verbal behaviour on male tennis players Journal of Sports Sciences v 24 n 12 p 12651272 2006 CARRON ACohesiveness in sport groups Inter pretations and considerations Journal of Sport Psy chology v 4 n 2 p 123138 1982 CARRON A V BRAWLEY L R WIDMEYER WN The measurement of cohesion in sport groups In DUDA J L Ed Advances in sport and exer cise psychology measurement Morgantown WV Fitness Information Technology 1998 p 213226 CARRON A V COLMAN M M WHEELER J STEVENS D Cohesion and performance in sport A metaanalysis Journal of Sport and Exercise Psy chology v 24 n 2 p 16888 2002 CARRON A V DENNIS P The sport team as an effective group In WILLIAMS J M Ed Applied sport psychology Personal growth to peak perfor mance Mountain View CA Mayfield 2001 4th ed p 120134 CASTELLANI R M A liderança e coesão grupal no futebol profissional o pesquisador fora do jogo Re vista Brasileira de Educação Física e Esporte v 26 n 3 p 431445 2012 CHELLADURAI P Leadership in sport Mul tidimensional Model In EKLUND R C TE NENBAUM G Ed Encyclopedia of Sport and Exercise Psychology Los Angeles SAGE 2014 p 405408 CHELLADURAI P Leadership in sports In TE NENBAUM G EKLUND R C Eds Handbook of sport psychology 3rd ed Hoboken NJ Wiley 2007 p 113135 CHELLADURAI P RIEMER H Measurement of leadership in sport In DUDA J Ed Advances in sport and exercise psychology measurement Morgantown WV Fitness Information Technology 1998 p 227256 CHELLADURAI P TRAIL G Styles of decision making in coaching In WILLIAMS J M Ed Applied sport psychology Personal growth to peak performance 4th ed Mountain View CA May field 2001 p 107119 COAKLEY J Sport in society Issues and controver sies 4th ed St Louis Times MirrorMosby Colle ge 1994 COOKE A KVUSSANU M MCINTYRE D RING C Effects of competition on endurance per formance and the underlying psychological and phy siological mechanisms Biological Psychology v 86 n 3 p 370378 2011 ECCLES J S HAROLD R D Gender differences in sport involvement Applying the Eccles expectancy value model Journal of Applied Sport Psychology v 3 n 1 p 735 1991 FERREIRA H J SALLES J G C MOURÃO L MORENO A A baixa representatividade de mu lheres como técnicas esportivas no Brasil Movi mento Porto Alegre v 19 n 03 p 103124 jul set 2013 136 referências FRASERTHOMAS J COTÉ J Youth sports im plementing findings and moving forward with rese arch Athletic Insight v 8 n 3 p 1227 2006 LORIMER R JOWETT S Coaches In PAPAIO ANNOU A G HACKFORT D Ed Routledge Companion to Sport and Exercise Psychology Glo bal perspectives and fundamental concepts London Routledge 2014 Cap 11 p 171186 MARTENS R Coaches guide to sport psychology Champaign Human Kinetics Publishers 1987 Social Psychology and physical activity New York Harper Row 1975 NASCIMENTO JUNIOR J R A VIEIRA L F Coesão de grupo e liderança do treinador em fun ção do nível competitivo das equipes um estudo no contexto do futsal paranaense Revista Brasileira de Cineantropometria Desempenho Humano v 15 n 1 p 89102 2013 NOCE F COSTA I T LOPES M C Liderança In SAMULSKI D Psicologia do esporte conceitos e novas perspectivas Barueri Manole 2009 Cap 13 p 295334 NORTHOUSE P G Leadership Theory and practi ce 5th ed Thousand Oaks CA Sage 2010 PARADIS K MARTIN L CARRON A Exami ning the relationship between passion and percep tions of cohesion in athletes Sport and Exercise Psy chology Review v 8 n 1 p 2231 2012 RUBIO K Do Olimpo ao pósolimpismo elemen tos para uma reflexão sobre o esporte atual Revista Paulista de Educação Física São Paulo v 16 n 2 p13043 juldez 2002 RUFINO L G B MOREIRA E C COUTINHO S S BAHIA C S A Possíveis relações entre as com petições esportivas e o esporte educacional resig nificando perspectivas à luz da pedagogia do espor te Revista Brasileira de Ciência e Movimento v 24 n 2 p 182196 2016 SAMULSKI D LOPES M C Comunicação no esporte In SAMULSKI D Psicologia do esporte conceitos e novas perspectivas Barueri Manole 2009 Cap 14 p 335356 SERPA S Treinador e atleta a relação sagrada In BECKER JR B Org Psicologia aplicada ao trei nador esportivo Novo Hamburgo FEEVALE 2002 TUBINO M J G Estudos Brasileiros sobre o Es porte ênfase no esporteeducação Maringá Eduem 2010 WEINBERG R S GOULD D Fundamentos da psicologia do esporte e do exercício Porto Alegre Artmed 2017 137 gabarito 1 C 2 D 3 Uma das primeiras definições de coesão foi realizada por Festinger Schacter e Back em 1950 delimitando que a coesão seria um campo composto por forças que agem para que os membros permaneçam no grupo CARRON et al 2002 Estas forças seriam definidas como a a atratividade do grupo e b o controle dos meios Mais recentemente Carron Brawley e Widmeyer 1998 trouxeram outra definição mais abrangente em que a coesão seria considerada um pro cesso dinâmico que se reflete na tendência de um grupo se unir e per manecer unido sempre em busca de objetivos eou para satisfazer as necessidades afetivas dos membros deste grupo Esta definição leva a compreender a coesão como um elemento multidimensional e também acrescenta dois fatores principais a coesão para a tarefa e a coesão social Quando nos referimos à coesão para a tarefa temos em mente que significa o quanto os membros de um grupo trabalham juntos em função de objeti vos comuns neste caso a conquista de títulos e vitórias Já a coesão social reflete o quanto os membros desta equipe gostam uns dos outros e tam bém gostam de permanecer na companhia uns dos outros NASCIMENTO JUNIOR VIEIRA 2013 4 É preciso pensar que a comunicação pode ser compreendida de duas for mas A primeira delas é o que se conhece por Comunicação Interpessoal que ocorre geralmente quando envolve ao menos duas pessoas A segunda é chamada de Comunicação Intrapessoal que é a comunicação que a pes soa tem com ela mesma conhecida também como diálogo interior SAMUL SKI LOPES 2009 Todos conversam consigo mesmo portanto a Comunicação Intrapessoal é mais comum do que imaginamos além de ser muito importante Essa co municação interna ajuda a pessoa a modelar e a prever com o ela age e se comporta Quanto mais positiva essa comunicação interna maiores as chances de influenciar por exemplo a motivação da pessoa para a prática de exercícios e também atletas a continuarem na busca por melhores resul tados WEINBERG GOULD 2017 5 E Professor Dr Leonardo Pestillo de Oliveira Plano de Estudo A seguir apresentamse os tópicos que você estudará nesta unidade Prática esportiva e promoção da saúde Prática esportiva e bemestar psicológico Fatores psicológicos e lesões esportivas Consequências do excesso da prática esportiva elementos presentes no rendimento Objetivos de Aprendizagem Explorar como a prática esportiva pode colaborar com o processo de promoção da saúde das pessoas Descrever como a prática esportiva pode colaborar com o bemestar psicológico dos indivíduos Compreender como os aspectos psicológicos podem facilitar ou prejudicar a recuperação de lesões esportivas Descrever quais as consequências da prática excessiva do esporte overtraining PRÁTICA ESPORTIVA SAÚDE E BEMESTAR PSICOLÓGICO unidade V INTRODUÇÃO C aroa alunoa iniciamos neste momento a Unidade V da nossa disciplina Psicologia do Esporte e do Exercício Esta é a última unidade do livro e abordaremos alguns elementos que muitas vezes não são tão discutidos no contexto do esporte competitivo Estudaremos um pouco sobre como a prática esportiva e o exercí cio podem ser grandes aliados da saúde não apenas física mas também mental dos que estão envolvidos neste ambiente O primeiro ponto a ser destacado na unidade será a relação entre a prática esportiva e a pro moção da saúde É preciso explorarmos de forma significativa como a prática esportiva pode colaborar com o processo de promoção da saúde das pessoas sejam elas atletas sejam apenas simpatizantes do esporte Essa discussão sobre saúde no contexto esportivo leva à perspectiva de entender melhor como a sua prática pode ser ferramenta de auxílio ao bemestar psicológico A literatura atual já nos mostra que movimentar o corpo não causa benefícios apenas físicos aos praticantes o fator psicoló gico também é um dos beneficiados Por isso é importante pensarmos em como esta relação pode ser trabalhada de forma cada vez mais positiva Praticar algum tipo de esporte ou atividade física no contexto compe titivo ou não leva o envolvido a se preocupar com um fator cada vez mais presente que é a lesão Independentemente de como é feita a prática as pessoas podem sofrer consequências negativas que podem ser causadas por diversos fatores como a prática excessiva do esporte muito comum em atletas profissionais e também a prática irregular e sem orientação mais comum entre os amadores e simpatizantes do esporte voltado à saúde Estas lesões podem ter consequências mais graves levando o indi víduo a muitas vezes abandonar sua prática no caso de profissionais o abandono da carreira Mais adiante pode desencadear comportamentos não propícios à saúde como comportamentos adictivos que são grandes vilões da saúde mental e física dos atletas EDUCAÇÃO FÍSICA 142 PSICOLOGIA DO ESPORTE E DO EXERCÍCIO Prática Esportiva e Promoção da Saúde EDUCAÇÃO FÍSICA 143 No senso comum é fácil perceber o quanto as pes soas consideram que praticar algum esporte eou fazer uma atividade física traz benefícios para a saúde dos praticantes Apesar de os conceitos de saúde e de doença se alterarem ao longo do tempo é sempre válido atentarse à definição mais disse minada da Organização Mundial da Saúde WHO 1948 que considera a saúde como o bemestar fí sico mental e social e não apenas ausência de do ença Esta é uma das principais questões a serem avaliadas quando o assunto é Promoção da Saúde não focar tanto na doença Com o avanço da tecnologia as discussões acerca do movimento das pessoas principalmente crianças é assunto permanente Alguns defenden do seus benefícios outros criticando por conta dos prejuízos que são causados A demanda dos produ tos eletrônicos disponíveis atualmente que visam a facilitar a vida das pessoas levanos a refletir jus tamente sobre como essa tecnologia pode afetar a saúde mental e o bemestar físico e psicológico das pessoas OLIVEIRA et al 2016 Quando o assunto saúde tornase um fator importante na vida das pessoas é preciso pensar em como podemos ter estratégias para melhorála e em como lutar para mantêla Os dados sobre saúde mental da população a quantidade de pes soas com diagnósticos de depressão ansiedade e demais transtornos de humor são cada vez mais alarmantes WHO 2015 online1 O uso de me dicamentos é uma das formas de tratamento para este tipo de enfermidade e as pesquisas têm de monstrado a importância também da prática de atividade física e esporte que podem colaborar com o tratamento além de aumentar os sentimen tos de bemestar e contribuírem para a redução das enfermidades já citadas Estimular a prática de esportes desde a infância é um ponto que já discutimos Os benefícios são inú meros e as experiências vividas na infância tendem a ter efeito para a vida toda KAVUSSANU 2002 A regularidade na prática esportiva é considerada um dos fatores importantes na manutenção da saúde e investigar os benefícios psicológicos que esta prática traz não só para as crianças mas para os adultos e também para os idosos é um ponto fundamental Algumas características psicológicas tendem a melhorar com o envolvimento esportivo O resga te da autoestima a melhora no autoconceito e na qualidade de vida estão entre elas Mas há que se lembrar também que nunca é tarde para iniciar esta prática Na fase adulta eou idosa pode ser mais di fícil mas não impossível e adquirir o hábito pode levar um tempo A sensação de pertencimento a um grupo é outro fator importante no contexto da prática es portiva Sentirse aceito gera a sensação de que há preocupação dos demais para consigo o que gera a sensação de bemestar individual ORLICK 2000 Estas características auxiliam no fortalecimento do autoconceito muito relacionado à satisfação com a vida e pode ser definido por Tamayo 2001 como estrutura cognitiva que organiza as experiências passadas do indivíduo controla o processo informa tivo relacionado a ele próprio e exerce uma função de autorregulação Todo este mecanismo que gera sensações emo cionais positivas nas pessoas faz com que a percep ção de competência e controle sobre um estilo de vida ativo e saudável sejam também intensificados Diversas áreas da vida da pessoa são influenciadas positivamente vida emocional vida interpessoal vida social e as relações sociais melhoram CAL MEIRO MATOS 2004 Veja que esta relação da 144 PSICOLOGIA DO ESPORTE E DO EXERCÍCIO prática esportiva com a saúde mental não significa tratar alguma doença em específico sendo este o mecanismo de Promoção da Saúde importante que é causado por este contexto OLIVEIRA et al 2016 O autoconceito é apenas um fator que pode se beneficiar da prática esportiva Este hábito saudável pode contribuir para um desenvolvimento integral das pessoas levando a um melhor ajustamento pes soal e social Com isso podemos pensar também na autoestima que envolve o grau em que o pratican te está satisfeito consigo mesmo O sentimento que envolve a percepção de uma baixa autoestima pode resultar em experiências negativas de fracasso pes soal e a percepção de que a avaliação de terceiros também é negativa TAMAYO 2001 Em sua pesquisa com atletas de voleibol Vieira et al 2010 descrevem que o autoconceito represen ta uma característica do sujeito que o leva a certas escolhas certos comportamentos com isso para que o comportamento de uma pessoa mude primei ro é preciso que o seu autoconceito mude Profissio nais que atuam junto a atletas precisam valorizar o autoconceito à medida que necessitam de mudanças de comportamentos e atitudes para que sua percep ção seja positiva a ponto de colaborar com seu de sempenho Autoconceito e autoestima não são a mesma coisa apesar de muitos tratarem como tal A auto estima pode ser definida como a forma como nos sentimos acerca de nós mesmos e pode ser consi derada um componente avaliador do autoconceito BRANDEN 2000 Se a autoestima envolve avalia ção a prática de esportes e atividade física podem contribuir e muito para que crianças e adolescen tes desenvolvam uma autoestima mais positiva e ao chegarem na idade adulta possam utilizar estas características positivas a seu favor O benefício social e para a saúde que a prática de atividade física proporciona é muito importante Há a consequência de contribuir com a cidadania pro porcionar atividades em grupo que possibilitam a compreensão sobre regras respeito aos companhei ros além de melhorar o autoconceito e a autoestima já salientados Todos são aspectos importantes para a compreensão da relação da atividade física com a Promoção da Saúde OLIVEIRA et al 2016 Os meios de comunicação e as pesquisas que são realizadas atualmente no campo da atividade física e da saúde destacam a necessidade de a população adquirir hábitos saudáveis de vida Isso se torna uma ferramenta de combate aos danos causados à saúde decorrentes por exemplo do estilo de vida urbana atual SAMULSKI et al 2009a A atuação no campo da Promoção da Saúde é complexo pois envolve o pensamento de trabalho interdisciplinar para compreender a complexidade do fenômeno descrito como saúde Este fato envol ve entre outros aspectos o incentivo ao desenvolvi mento de comportamentos saudáveis o que inclui no nosso caso a prática esportiva e isso é social mente aceito GUEDES 2016 Apesar dos pontos já salientados é fundamen tal pensar que os benefícios causados pela prática esportiva não são automáticos e levam certo tempo para ocorrer Na infância e na adolescência o prin cipal elemento é contribuir para o desenvolvimen to psicológico e da personalidade Já nos adultos e nos idosos é preciso organizar o ambiente para que possa contribuir com a qualidade de vida de forma satisfatória O engajamento na atividade física ou no esporte geram consequências por longos períodos de tempo desenvolvem nas pessoas outros compor tamentos considerados saudáveis deixando também as experiências sociais mais positivas 145 146 PSICOLOGIA DO ESPORTE E DO EXERCÍCIO Prática Esportiva e BemEstar Psicológico EDUCAÇÃO FÍSICA 147 A maioria dos transtornos psicológicos são tratados com o uso de medicamentos psicoterapias e demais atividades do contexto médico e psicológico Mas como já destacado a prática de atividade física tem se tornado uma grande aliada ao tratamento de di versas enfermidades Dados epidemiológicos dão conta de contribuir com esta ideia sobre a influência benéfica que a atividade física e o esporte produzem na vida da população WEINBERG GOULD 2017 Os transtornos mentais mais comuns na popula ção mundial são a ansiedade e a depressão e a ati vidade física pode ser um elemento de muita ajuda neste processo de tratamento Os efeitos agudos ime diatos e crônicos de longo prazo podem influen ciar nas mudanças positivas da saúde mental dos pra ticantes independentemente do tipo de exercício Sobre a ansiedade os estudos que investigam os efeitos crônicos na redução da ansiedade têm tido grandes resultados mostrando que práticas de exercício por um tempo significativo dois a quatro meses tendem a diminuir de forma significativa os estados ansiosos dos praticantes OCONNOR PUETZ 2005 Compreender quais mudanças psi cológicas podem ser esperadas com determinados tipos de exercícios e também com os níveis de in tensidade é importante para que se escolha deter minado exercício a ser realizado tendo em vista a sua adequação e adesão A depressão clínica apresenta uma característica um pouco diferente da ansiedade Causa um sofri mento psíquico significativo e dependendo do grau pode ser incapacitante para a pessoa A inatividade física é muitas vezes relacionada com níveis mais altos de depressão e pesquisadores como Legrand e Heuze 2007 constataram que a frequência de ativi dade física pode ser um fator importante para redu zir os sintomas depressivos São diversos benefícios que a prática esportiva pode causar do ponto de vista psicológico quanto mais se pratica uma atividade física ou um espor te maiores as chances de desenvolver níveis altos de autoeficácia e competência percebida aumentando também a motivação para a prática WEINBERG GOULD 2017 Não é de hoje que os autores deba tem estes benefícios psicológicos Em 1985 Taylor et al 1985 descreveram alguns efeitos mostran do que a prática esportiva aumenta o desempenho acadêmico a positividade a confiança melhora a estabilidade emocional a satisfação sexual e o bem estar Além de diminuir os índices de abuso de substâncias nocivas como o álcool reduz os índices de raiva ansiedade depressão e tensão O exercício está associado à redução de emo ções estressantes como o estado ansioso e está ligado a um nível reduzido de depressão e ansiedade de leves a moderadas A longo prazo o exercício físico costuma estar asso ciado a reduções de traços como neurose e ansiedade Fonte Weinberg e Gould 2017 SAIBA MAIS Quando se fala em bemestar psicológico falase em uma característica psicológica também mais estru turada o que possibilita o sujeito desenvolver algu mas características positivas e que podem ser usadas no dia a dia em relações sociais profissionais e de lazer Uma destas características é a resiliência que se encaixa em uma característica da personalidade que permite a pessoa suportar situações estressan tes e enfrentálas retornando ao mesmo nível que se encontrava antes da situação ROSADO et al 2013 148 PSICOLOGIA DO ESPORTE E DO EXERCÍCIO Ser resiliente significa ter capacidade de superar uma situação que poderia ter sido traumática com uma força renovada ANAUT 2005 Muitos auto res têm considerado um mecanismo importante de defesa contra o estresse e a adversidade CLOUGH et al 2002 O uso do esporte como parte de uma inter venção médica ou terapêutica pode de certa ma neira encorajar uma abordagem positiva voltada à promoção da saúde no sentido de que os prati cantes de esporte e de atividade física incorporam e aprendem um estilo de vida mais saudável por meio do exercício WEINBERG GOULD 2017 Este estilo de vida pode ser descrito como um con junto de ações e comportamentos do cotidiano que reflete as atitudes os valores e que são realizados de forma consciente O hábito pode ser considera do consciente se a pessoa que realiza percebe que o valor de um comportamento deve ser mudado por meio de sua vontade própria NAHAS 2006 RA PHAELLI 2009 O bemestar psicológico causado pela prática esportiva faz parte do estabelecimento de um esti lo de vida saudável o que é fundamental para me lhor qualidade de vida Mas há que se lembrar que estes benefícios só são possíveis com a realização constante de forma regular da atividade além de ser orientada por profissionais qualificados para tal Não podemos esquecer que a atividade física ou o esporte sozinhos não fazem milagre é preciso ob servar outros elementos fundamentais como a boa alimentação a hidratação adequada o descanso re fletido em noites bem dormidas entre outras ativi dades importantes WHO 2010 A orientação adequada com profissionais quali ficados visa as questões que estão envolvidas e que às vezes não são consideradas importantes Pensar nos motivos que levam as pessoas a se engajarem em determinadas atividades a idade dos praticantes o sexo e a experiência em determinadas atividades não podem ser descartadas Há que se considerar características como a competência técnica a possi bilidade de diversão o prazer e a saúde como discu tem Bernardes et al 2015 O foco na infância e na adolescência é funda mental Os adolescentes encontramse em uma fase de escolhas e decisões e os comportamentos emitidos neste momento podem determinar sua interação com a sociedade e aquisição de hábitos e atitudes que podem influenciar outros compor tamentos positivos ao longo da vida OLIVEIRA et al 2017 O trabalho da Psicologia no estímulo da popu lação à adesão de hábitos saudáveis visa a reflexão sobre a importância deste processo para a saúde global da sociedade além de contribuir também para a diminuição de comportamentos de risco entre as classes menos favorecidas Martins et al 2012 discutem que incentivar jovens a criarem estratégias que possibilitem a adoção de hábitos saudáveis pode ser fundamental para que estes comportamentos de risco reduzam e se transfor mem em aspectos positivos Vale ressaltar que o bemestar psicológico pode variar de acordo com o tipo de atividade que se rea liza além de se considerar os demais fatores envol vidos na prática como o ambiente físico os profis sionais instrutores e a própria pessoa que realiza a atividade Isso nos leva a pensar novamente no su jeito é um ser biopsicossocial remetendo à dificul dade de se estabelecer conceitos e estratégias que sejam comuns a todos SAMULSKI et al 2009a EDUCAÇÃO FÍSICA 149 Programas de atividade física que contemplam todas as idades são fundamentais para evidenciar a importância da atividade física para as pessoas Influenciar hábitos que podem resultar em melhor bemestar psicológico e físico desde a infância e adolescência permitem melhorar a saúde no futuro o que aumenta também a probabilidade de o indi víduo continuar ativo nas idades mais avançadas MATSUDO et al 2003 Com o passar do tempo é preciso pensar por exemplo em como a prática de atividade física pode ser um elemento fundamental para o bemestar psi cológico no processo de envelhecimento Chegar aos 40 ou 50 anos sem praticar algum tipo de ativi dade física de forma regular leva à percepção visível de diminuição de resistência força e flexibilidade Além da flacidez muscular e aumento da gordura corporal WEINBERG GOULD 2017 Isso leva à compreensão da ideia de que a ativi dade física é prejudicial à saúde das pessoas idosas o que é contraditória Não podemos privar esta popu lação de tentar alcançar melhor qualidade de vida baseando suas atividades apenas nas suas incapa cidades físicas É preciso pensar nos benefícios que essa população terá não apenas físicos mas também psíquicos com a prática de atividade física e hábitos saudáveis SAMULSKI et al 2009a Ainda há uma elevada porcentagem da população que pode ser considerada inativa do ponto de vista fí sico ou seja de prática regular de atividade física Mas a disseminação dos benefícios aqui tratados é funda mental para que a população geral compreenda a sua real necessidade A prática de esporte e atividade física sozinha não pode ser tratada como único fator de saú de mas é um indicativo e pode ser também um incen tivo à adesão de outros hábitos considerados saudáveis 150 PSICOLOGIA DO ESPORTE E DO EXERCÍCIO Enaltecer a importância da prática esportiva é fun damental Mais ainda é olhar também para o outro lado da moeda os momentos nem tão bons assim deste contexto que gera prazer e dor em algumas situações Falaremos agora sobre as lesões espor tivas que podem ocorrer tanto em atletas profis sionais quanto em atletas amadores ou praticantes de atividade física com o objetivo voltado à saúde assunto já debatido nesta unidade Weinberg e Gould 2017 atentam para a dife rença entre lesão e desconforto O desconforto é uma sensação que está associada à lesão e este por si só não resulta necessariamente em prejuízo de movimentos A lesão é um trauma corporal que re sulta em no mínimo uma incapacidade momentâ nea ou permanente das funções físicas Apesar de sempre considerar a lesão um aspecto físico há outros fatores que podem influenciar na causa da lesão e também no tratamento dessa lesão Fatores físicos sociais e psicológicos são todos ele mentos que precisam ser analisados neste cenário em específico Sobre os fatores físicos não há muito segredo além de se pensar nos desequilíbrios mus culares na intensidade da atividade e no excesso de treino aliado à falta de descanso como principais causas das lesões SMITH et al 2000 Sobre as razões sociais Malcom 2006 destaca a percepção que os atletas têm acerca do quão os tor cedores valorizam aqueles que continuam jogando mesmo com dor e lesionados Suportar a dor e as dificuldades da lesão gera a percepção de que a le são não é tão séria quanto parece porém pode gerar consequências piores dependendo do caso Os fatores psicológicos envolvidos nas discus sões sobre lesões no esporte ajudam a compreender um pouco sobre a percepção e a reação que os atle tas têm sobre este fator estressante O estado mental do atleta não causa diretamente uma lesão mas as experiências negativas vivenciadas podem produ zir respostas fisiológicas e atencionais exageradas determinando maior suscetibilidade a lesões por meio do aumento exagerado da tensão muscular a redução do campo visual e o aumento da distração SAMULSKI AZEVEDO 2009 As pesquisas demonstram alta relação entre o es tresse e as lesões no contexto esportivo Assim é preci Fatores Psicológicos e Lesões Esportivas EDUCAÇÃO FÍSICA 151 so ficar atento às questões psicológicas principalmente as consideradas negativas para que programas de pre venção sejam estabelecidos com o intuito de pelo me nos minimizar os efeitos negativos das lesões As cau sas do estresse são inúmeras desde situações sociais e competitivas até exigências em excesso e estrutura psi cológica que muitas vezes entra em contradição com a noção do senso comum de que esporte e saúde são a única relação existente WEINBERG GOULD 2017 As reações psicológicas envolvidas nas lesões esporti vas é o que nos interessa neste momento Como já vi mos há fatores psicológicos que podem desencadear reações fisiológicas que deixam o atleta mais propen so a se lesionar Mas quais os fatores psicológicos en volvidos após a lesão Como trabalhar para fortalecer os aspectos psicológicos de um atleta ou praticante de atividade física no processo de recuperação Independentemente da causa do tipo e da in tensidade da lesão as respostas emocionais preci sam ser analisadas KüblerRoss 2008 em seus es tudos sobre a morte e o morrer estabeleceu que as pessoas experimentam reações de ajustamento que podem ser chamadas de estágios do processo de morrer Algumas pesquisas na área esportiva têm utilizado este modelo para discutir a importância da intervenção psicológica nestes casos VELOSO PIRES 2007 as implicações psicológicas nas le sões VASCONCELOSRAPOSO et al 2014 o Lesões ocorrem por diversos motivos e isso exige atenção interdisciplinar no processo de reabilitação dando atenção tanto às altera ções musculoesqueléticas quanto às altera ções psíquicas REFLITA que torna este modelo útil para discutirmos suas características e contribuições O modelo de KüblerRoss 2008 adaptado ao contexto esportivo visa a descrever como os atletas e ou praticantes de esportes e exercícios que se lesionam agem diante de tal fato O processo todo é descrito em cinco estágios negação raiva barganha ou nego ciação depressão aceitação e reorganização Embora esses estágios sejam bem descritos pela autora é ne cessário lembrar que os indivíduos lesionados não ne cessariamente seguem um padrão estabelecido nem demonstram suas emoções baseadas nestes cinco está gios Mas levando em consideração esse modelo refle tiremos sobre como cada momento pode ser enfrenta do pelos atletas A maioria passa por todos os estágios no entanto o tempo e a duração deles é dependente das características psicológicas apresentadas pelos atletas GORDON et al 1991 Logo nos momentos que seguem uma lesão é possível verificar no atleta a fase de Negação carac terizada pela descrença sobre o ocorrido o que o leva a negar sua importância Com o passar do tempo e a percepção de que a lesão é séria e terá consequên cias instalase o estágio de Raiva sendo demonstra da por meio de agressividade com os demais à sua volta A fase de Barganha ocorre quando o atleta co meça a negociar consigo mesmo algumas estratégias na tentativa de se recuperar de forma mais rápida As estratégias giram em torno de propor soluções na tentativa de evitar a realidade da situação Ao per ceber conscientemente a situação grave da lesão o atleta pode experimentar um período de Depressão e incerteza sobre o futuro principalmente sobre o retorno da prática esportiva Por fim a Aceitação instalase e essa fase é importante para que possa iniciar o processo de reabilitação e retorno às ativi dades SAMULSKI AZEVEDO 2009 152 PSICOLOGIA DO ESPORTE E DO EXERCÍCIO Outras reações psicológicas que podem surgir nos atletas lesionados são apresentadas por Petitpas e Danish 1995 Vamos a elas Perda da identidade surge quando o atleta não participa mais das atividades esportivas por motivos específicos à lesão Essa não participação das atividades pode levar ao desenvolvimento da perda de iden tidade pessoal afetando inclusive seu autoconceito Medo e ansiedade a situação da lesão pode levar os atle tas a experimentarem altos níveis de medo e ansiedade que estão direta mente relacionados com a incerteza futura no contexto esportivo e isso envolve diversos fatores como vaga na equipe e futuras transferências Falta de confiança o tempo que o atleta passa sem pra ticar a atividade pode desencadear perda da autoconfiança e diminuição da motivação para a prática esporti va Esta falta de confiança pode gerar dificuldades de concentração na ati vidade levando a outras lesões ou à reincidência Redução do desempenho o período sem praticar a atividade ex perimentando sensações como a perda da identidade o medo a ansiedade e a falta de confiança pode desencadear re dução do desempenho após o período de recuperação Pode surgir dificuldade em reconhecer que logo após a lesão seu desempenho pode ser menor e essa realidade precisa ser considerada EDUCAÇÃO FÍSICA 153 Após compreender alguns dos mecanismos psicoló gicos presentes nas situações de lesão no contexto esportivo é preciso pensar em como a Psicologia pode colaborar com a recuperação dos lesionados sendo atletas ou não Do ponto de vista da estrutura psicológica pessoas lesionadas que utilizam melhor suas estratégias de estabelecimento de metas men talização e possuem estratégias de enfrentamento mais adequadas são aquelas que se recuperam tam bém mais rápido IEVLEVA ORLICK 1991 De acordo com Samulski e Azevedo 2009 o atleta lesionado precisa receber o máximo de in formações possível sobre a gravidade da lesão bem como sobre o processo de reabilitação A informa ção sobre a realidade da situação deixa o atleta mais seguro e com possibilidade de lidar melhor com a reabilitação e as possíveis intercorrências As técnicas psicológicas são importantes ferra mentas nesse momento Proporcionar ao atleta es tratégias de estabelecimento de metas baseandose nos prazos para um possível retorno nas sessões de fisioterapia necessárias tipos de exercícios a serem realizados pode ajudar o atleta a manter o foco no processo Estabelecer uma meta relacionase com a expectativa do sucesso mantendo o atleta concen trado nas atividades que precisa realizar Mas estas metas precisam se concentrar nas possibilidades na realidade não podem ser muito exageradas pois isso pode causar frustração pelo não alcance destas NUNES et al 2010 Com as metas traçadas fica mais fácil aderir a outras técnicas como o diálogo interno que ajuda na retomada da autoconfiança e pode ser utiliza do inclusive para bloquear pensamentos negativos que surgem em decorrência da lesão HATZIGE ORGIADIS et al 2008 Por ser um momento que causa estresse no atleta as técnicas de relaxamento podem colaborar para o alívio da dor e do próprio estresse da situação além da redução da tensão mus cular melhora no fluxo sanguíneo e melhora do sis tema imunológico NATA 2011 Todos os profissionais envolvidos no processo de recuperação de um atleta precisam compreender que esta é uma fase complexa cheia de percalços Da parte da psicologia a compreensão dos fatores de risco nesta situação fazse importante para intervir de acordo com as necessidades estabelecidas Mas o trabalho isolado da Psicologia sem comunicação com as demais áreas torna o alcance dos resultados mais complicado 154 PSICOLOGIA DO ESPORTE E DO EXERCÍCIO Consequências do Excesso da Prática Esportiva Elementos Presentes no Rendimento EDUCAÇÃO FÍSICA 155 Como abordado no tópico anterior as lesões po dem ser causadas entre outros fatores pelo exces so de treinamento falta de descanso e atividades mal orientadas O excesso de prática esportiva profissional ou não pode ter consequências não tão agradáveis assim a quem pratica Abordare mos agora algumas destas consequências que infelizmente ocorrem de forma silenciosa e apa rentemente repentina O excesso de treinamento é muito conhecido pelo termo em inglês overtraining e pode ocorrer muitas vezes pela pressão para que os atletas obte nham resultados positivos e permaneçam treinando o ano todo com vigor e intensidade máximos Além de fatores extraesporte que incluem questões pu blicitárias status e a ideia de quanto mais melhor WEINBERG GOULD 2017 O excesso de treinamento tornouse um proble ma significativo no contexto esportivo No entanto atletas amadores e praticantes de atividade física também estão chegando ao limite da prática sofren do problemas físicos e psicológicos o que ocasiona muitas vezes o encerramento da carreira e da práti ca A periodização do treinamento é uma das prin cipais ferramentas para minimizar as consequências negativas da prática é uma estratégia de expor os atletas a cargas de treinamento de grande volume e alta intensidade seguidas por uma carga de treina mento mais baixa chamada de repouso ou polimen to GOMES 2009 Quando este treinamento vira excessivo ocorre um ciclo mais curto em que os atletas são expostos a cargas de treinamento excessivas próximas da capacidade máxima Como este tra balho com sobrecarga é um processo individu al por vezes tornase demais podendo resultar em lesões e demais consequências negativas Isso ocorre por conta de um repouso insatisfatório o que gera queda do desempenho U S OLYMPIC COMMITTEE 1998 Do ponto de vista fisiológico a estafa é muito comum que se caracteriza por um estado fisiológico de treinamento excessivo que pode ser manifestado como prontidão esportiva deteriorada WILMORE COSTILL 2001 A estafa tem como sinal principal a queda do desempenho do atleta mas também há sinais psicológicos como alteração do humor po dendo evoluir para quadros depressivos Atualmente muitas pesquisas estão estudando os efeitos psicológicos do excesso de treinamento e concluindo que o burnout também é uma das suas consequências No Brasil as pesquisas de Pires et al 2005 tentam compreender este fenômeno que causa afastamento físico emocional e social de uma atividade física ou esporte que antes era agradável Como nos casos clínicos esse afastamento pode ser acompanhado por exaustão emocional e física além de uma desvalorização do esporte praticado Alguns pesquisadores dedicamse a compreen der quais fatores podem levar o atleta ao excesso de treinamento tendo em vista este ser um fator muito individual e de difícil mensuração Apesar da relação básica entre o volume de treinamento e as reações a este volume excessivo há evidências de que o estres se não esportivo pode ser associado ao treinamento excessivo MEEHAN et al 2004 Tobar 2012 en controu também que o excesso de treinamento tem relação com alterações de humor e a ansiedade dos atletas mas ainda com a ressalva de que isso depen de da estrutura psicológica individual Levando em consideração estes fatores o Qua dro 1 apresenta os principais sinais e sintomas que podemos encontrar nos casos de excesso de treina mento e de burnout no esporte 156 PSICOLOGIA DO ESPORTE E DO EXERCÍCIO Como podemos observar no Quadro 1 os sintomas do excesso de treinamento e do burnout são mui to parecidos e são de natureza física e psicológica Estes fatores tornaramse um problema significativo no contexto esportivo principalmente de alto nível o que tem causado em alguns casos o encerramento precoce de uma carreira que poderia ser de sucesso SAMULSKI et al 2009b Isto leva à importância do fato de os profissionais envolvidos no contexto entenderem dos sintomas que podem surgir por conta do excesso de treinamento A pressão por resultados e pela dedicação na prática pode ter algumas consequências negati vas Quando se fala em crianças e adolescentes os efeitos psicológicos e físicos podem ser bem seve ros podem ocorrer quedas de desempenho baixa autoestima surgimento de transtornos alimentares e lesões crônicas CARR WEIGAND 2014 Estes sintomas podem surgir em decorrência do excesso de treinamento e acabam prejudicando também as transições naturais que ocorrem no contexto espor tivo tornandoas insatisfatórias e até mesmo não ocorrer em neste caso evoluindo para o abandono da prática STAMBULOVA WYLLEMAN 2014 Em cada idade o tipo de treinamento é espe cífico mas é sempre necessário que os envolvidos tenham consciência de um planejamento específico para evitar que o excesso de treinamento e a pres são estabelecida ocasionem o abandono da carreira do atleta e até mesmo o surgimento de comporta mentos considerados prejudiciais à carreira Manter o corpo e a mente saudáveis é fundamental para o andamento da carreira seja um atleta profissional seja um praticante de atividade física O estresse crônico causado pelo excesso de treinamento e pelas condições diárias da prática cobram um alto preço ao corpo e à mente do atleta portanto cuidar da saúde mental no contexto esportivo é tão impor tante quanto cuidar da saúde física WEINBERG GOULD 2017 Excesso de treinamento Burnout Desempenho insatisfatório Baixa motivação ou energia Apatia Esgotamento físico e mental Letargia Autoestima diminuída Perturbação do sono Perturbação do sono Perda de pesoperda de apetite Isolamento social Dor ou sensibilidade muscular Ansiedade aumentada Alterações de humor Alterações do humor Lesões por excesso de prática Abuso de substâncias Perda da concentração Baixa concentração Quadro 1 Sinais e sintomas apresentados por atletas em excesso de treinamento e burnout Fonte Hackney Perlman Nowacki 1990 apud Weinberg Gould 2017 157 considerações finais Chegamos ao final de mais uma unidade e nesta última etapa da nossa disciplina focamos em aspectos que fogem um pouco do contexto do esporte de rendimen to mas que são tão importantes quanto pois o destaque ficou por conta da saúde e do bemestar do atleta e também do praticante de atividade física O primeiro ponto discutido foi a respeito de como o esporte pode ser um elemento a ser trabalhado visando a qualidade de vida e a promoção da saúde da população como um todo Praticar um esporte significa mais do que cuidar do corpo significa também manter a mente em condições saudáveis ao ponto de guiar os comportamentos de forma mais qualitativa visando a saúde As consequências psicológicas da prática esportiva são amplamente discu tidas nas pesquisas da área principalmente destacando os efeitos positivos de como o esporte pode colaborar com o bemestar psicológico das pessoas A re lação mente e corpo nestes casos é o ponto importante a ser pensado tendo em vista a natureza humana indissociável neste caso Apesar das consequências positivas da prática esportiva precisamos pensar também em como o esporte pode ocasionar fatores negativos como as lesões As diferentes modalidades esportivas geram diferentes estímulos e também os atle tas estão sujeitos a diferentes tipos de lesões As lesões podem prejudicar muito a carreira de um atleta e influenciar negativamente a motivação de uma pessoa para a prática esportiva Por fim ainda discutindo aspectos referentes às lesões uma temática tem preocupado os envolvidos no esporte que é o caso do excesso de prática esporti va denominado overtraining O excesso de prática pode ter consequências sérias aos atletas como o estresse elevado burnout lesões comportamentos adictivos e até mesmo o abandono da carreira Com isso fechamos a ideia de que pensar no esporte vai além de pensar no aspecto físico focase também no aspecto psi cológico que é tão importante quanto 158 atividades de estudo 1 Há cerca de quatro décadas a Síndrome de Bur nout vem sendo investigada no cenário acadêmi co Tem seu início de preocupação no contexto do trabalho em que diversos casos de estresse relacionados diretamente com o local de traba lho surgiram causando preocupação de diversas áreas de estudo No esporte o burnout é um fenômeno que ocorre frequentemente entre jo vens atletas e está relacionado basicamente a à busca de uma nova modalidade espor tiva b à grande excitação vivida pela competição c ao abandono da modalidade causado por alto nível de stress d à relação de dependência entre técnico e atleta e à determinação do atleta em não se deixar influenciar pelo meio 2 Todo atleta está sujeito a se lesionar pelo menos uma vez durante toda a sua carreira Pensando em uma intervenção psicológica após a lesão no contexto esportivo é possível observar e traba lhar baseandose em algumas reações emocio nais que podem ocorrem nestas situações As sinale a alternativa que apresenta a combinação que melhor viabilizaria a intervenção do psicólo go do esporte a Desespero negação desilusão e suicídio b Medo resignação raiva pânico e reorga nização c Negação raiva negociação depressão aceitação e reorganização d Alegria resignação alívio conforto e resi liência e Frustração resignação isolamento e tenta tivas de aceitação 3 A síndrome do excesso de treinamento over training é considerada o resultado de um de sequilíbrio entre a demanda do exercício e a possibilidade de assimilação ao treinamento Este desequilíbrio gera alterações metabólicas e emocionais Após a detecção do overtraining o atleta necessita de um trabalho específico para sua recuperação Descreva como o overtraining pode influenciar na motivação de um atleta que está em processo de repouso devido ao excesso de treinamento 4 Em decorrência de lesões cerca de 5 a 15 dos atletas de elite ficam fora do treinamento por pelo menos um mês a cada temporada Cada modalidade esportiva apresenta suas le sões características e neste caso o objetivo da psicologia é limitar os sofrimentos e as perdas associadas à lesão e garantir boas condições psi cológicas para a volta ao esporte Disserte sobre as reações psicológicas KÜBLERROSS 2008 que ocorrem com o atleta associadas à lesão es portiva 5 As evidências científicas sobre os benefícios do esporte na vida da população em geral são inú meras No contexto da Psicologia do Esporte e do Exercício estes benefícios são destacados a partir de alguns pontos específicos como o uso do esporte no tratamento de questões psi quiátricas que se relacionam com o humor a ansiedade a depressão entre outros A partir das discussões sobre a relação do esporte com o bemestar psicológico WEINBERG GOULD 2017 explique quais os efeitos positivos do es porte sobre a ansiedade e a depressão 159 LEITURA COMPLEMENTAR Uma população saudável é resultado de diversos fatores boa alimentação práticas regulares de atividade física cuidados com a saúde mental entre outros fatores já co nhecidos Entre estes elementos a atividade física é uma prática que pode beneficiar e muito os índices de saúde de cidades inteiras desde que os programas sejam bem desenvolvidos Neste aspecto sempre é importante verificar como a população está de acordo com alguns índices importantes para se avaliar a saúde geral Por ser uma prática de fácil visualização e os resultados poderem ser mensurados alguns estudos são desenvol vidos com o intuito de avaliar a população e verificar como a saúde está fazendo parte do cotidiano Um bom desempenho motor é considerado um atributo fundamental para a constru ção de todo um acervo motor durante a infância tornandose assim essencial para a efetiva participação em atividades cotidianas É nas atividades diárias como correr saltar e rolar que as crianças desenvolvem habilidades fundamentais de movimento as quais se refletem nos seus níveis de aptidão física e desempenho motor Além de ser determinado pela genética o desempenho motor relacionase com os comportamen tos da conduta e da solicitação motora destes indivíduos Estudos com crianças e adolescentes têm reportado a uma associação direta entre de sempenho motor e atividade física Um bom nível de desempenho motor e de aptidão física relacionada à saúde nas fases iniciais da vida apresentase associado a bons indi cadores de saúde tais como baixos níveis de colesterol e triglicerídeos pressão arterial e sensibilidade à insulina equilibradas risco menor de obesidade baixa prevalência de lombalgias e desvios posturais além de refletir em bom desempenho acadêmico Levantamentos internacionais foram realizados descrevendo o perfil de desempenho motor e aptidão física relacionados à saúde de escolares Algumas destas pesquisas subsidiaram políticas públicas de promoção da saúde para a população infantil Koute dakis e Bouziotas revelaram associação entre a baixa aptidão física e o rendimento es colar Outras investigações prospectivas sugerem que a baixa aptidão física na infância e na adolescência reflete negativamente na vida adulta No Brasil os estudos ainda não são conclusivos quanto ao baixo padrão de aptidão física de escolares principalmente pelo fato de utilizar amostras pequenas Fonte Pelegrini et al 2011 160 material complementar Manual Completo de Condicionamento Físico e Saúde Barbara Buschman Editora Phorte Sinopse baseado em sólida fundamentação teórica e em importantes e recentes pesquisas sobre atividade física e nutrição este livro traz orientações específicas em ambas as áreas e para as diferentes faixas etárias incluindo pessoas em con dições especiais de saúde A presente obra traz valiosas informações sobre condi cionamento físico e saúde descrevendo programas de exercícios para diferentes níveis de condicionamento além de princípios e diretrizes em atividade física e nutrição que permitem a obtenção de resultados eficientes e seguros Indicação para Ler 161 referências ANAUT M A Resiliência ultrapassar os traumatis mos Lisboa Climepsi 2005 BERNARDES A G YAMAJIL B H S GUEDES D P Motivos para prática de esporte em idades jo vens um estudo de revisão Motricidade v 11 n 2 p 163173 2015 BRANDEN N Autoestima como aprender a gos tar de si mesmo 35 ed São Paulo Saraiva 2000 CALMEIRO L MATOS M Psicologia exercício e saúde Lisboa Visão e Contextos 2004 CARR S WEIGAND D A Families In PAPAIO ANNOU A G HACKFORT D Ed Routledge Companion to Sport 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Barueri Manole 2009a Cap 15 p 357382 SAMULSKI D COSTA L O P SIMOLA R A P Overtraining e recuperação In SAMULSKI D Psi cologia do esporte conceitos e novas perspectivas Barueri Manole 2009b Cap 15 p 405427 SMITH R E PTACEK J T PATTERSON E Mode rator effects of cognitive and somatic trait anxiety on the relation between life stress and physical injuries Anxie ty Stress and Coping v 13 n 3 p 269288 2000 163 referências STAMBULOVA N WYLLEMAN P Athletes career development and transitions In PA PAIOANNOU A G HACKFORT D Ed Routledge Companion to Sport and Exercise Psychology Global perspectives and fundamen tal concepts London Routledge 2014 Cap 39 p 605620 TAMAYO A et al A influência da atividade física regular sobre o autoconceito Estudos de Psicologia v 6 n 2 p 157165 2001 TAYLOR C SALLIS J NEEDLE E R The re lation of physical activity and exercise to mental health Public Health Reports v 100 n 2 p 195 202 1985 TOBAR D A Trait anxiety and mood state respon ses to overtraining in men and women college swim mers International Journal of Sport and Exercise Psychology v 10 n 2 p 135148 2012 US OLYMPIC COMMITTEE Overtraining The challenge of prediction The second annual US Olympic CommitteeAmerican College of Sports Medicine consensus statement Olympic Coach v 8 n 4 p 48 1998 VASCONCELOSRAPOSO J CARVALHO R TEIXEIRA C M NETO J T Relevância da inter venção psicológica em casos de lesão de atletas Re vista Portuguesa de Ciências do Desporto v 14 n 2 p 110131 2014 VELOSO S PIRES A P A psicologia das lesões desportivas importância da intervenção psicológica Revista Portuguesa de Fisioterapia no Desporto v 1 n 2 p 3847 2007 VIEIRA J L L VIEIRA L F FERRAZ C C OLI VEIRA Análise do autoconceito de atletas de voleibol de rendimento Revista Brasileira de Educação Física e Esporte São Paulo v 24 n 3 p 31522 julset 2010 WEINBERG R S GOULD D Fundamentos da psicologia do esporte e do exercício Porto Alegre Artmed 2017 WHO World Health Organization Global Recom mendations on Physical Activity for Health Gene va Switzerland 2010 Officials Records of the World Health Or ganization New York WHO 1948 WILMORE J COSTILL D Fisiologia do esporte e do exercício 2 ed São Paulo Manole 2001 Referências online 1 Em httpwwwwhointmediacentrefactsheetsfs369en Acesso em 06 ago 2018 164 gabarito 1 C 2 C 3 A suspensão da prática esportiva pode oca sionar a desmotivação do atleta com relação à prática e pode levar ao abandono do es porte A pressão por resultados e a dedica ção na prática pode ter algumas consequên cias negativas Quando se fala em crianças e adolescentes os efeitos psicológicos e físicos podem ser bem severos Podem ocorrer quedas de desempenho baixa autoestima surgimento de transtornos alimentares e le sões crônicas CARR WEIGAND 2014 Estes sintomas podem surgir em decorrência do excesso de treinamento e acabam prejudi cando também as transições naturais que ocorrem no contexto esportivo tornaas insatisfatórias e até mesmo não ocorrem neste caso evoluindo para o abandono da prática STAMBULOVA WYLLEMAN 2014 4 Negação Raiva Barganha ou Negociação Depressão Aceitação e Reorganização Embora estes estágios sejam bem descritos pela autora é necessário lembrar que os in divíduos lesionados não necessariamente seguem um padrão estabelecido nem de monstram suas emoções baseadas nestes cinco estágios Mas levando em consideração este modelo refletiremos sobre como cada momento pode ser enfrentado pelos atletas A maioria passa por todos os estágios mas o tempo e a duração delas é dependente das características psicológicas apresentadas pe los atletas GORDON et al 1991 Logo nos momentos que seguem uma lesão é possível verificar no atleta a fase de Negação Essa fase caracterizase pela descrença sobre o ocorrido o que o leva a negar sua importância Com o passar do tempo e a percepção de que a lesão é séria e terá consequências instalase o estágio de Raiva sendo demonstrada por meio de agressividade com os demais à sua volta A fase de Barganha ocorre quando o atleta começa a negociar consigo mesmo algu mas estratégias na tentativa de se recu perar de forma mais rápida As estratégias giram em torno de propor soluções a fim de evitar a realidade da situação Ao per ceber conscientemente a situação grave da lesão o atleta pode experimentar um período de Depressão e incerteza sobre o futuro principalmente sobre o retorno da prática esportiva Por fim a Aceitação ins talase e esta fase é importante para que possa iniciar o processo de reabilitação e o retorno às atividades SAMULSKI AZEVE DO 2009 5 Os índices de pessoas que sofrem com pro blemas devido à depressão e à ansiedade au mentam a cada ano A prática de exercícios e esporte está relacionada com a redução de sintomas destes estados emocionais tipica mente negativos Os efeitos tanto agudos quanto crônicos do exercício geram a dimi nuição da ansiedade a da depressão quando são realizados de forma regular com inten sidade moderada 20 a 30 minutos de dura ção de natureza aeróbica e agradável gabarito conclusão geral Prezadoa alunoa espero que este livro tenha contribuído com sua formação com vistas à impor tância dos aspectos psicológicos envolvidos no es porte seja ele de rendimento voltado para a saúde seja de bemestar psicológico Ao longo das cinco unidades abordamos temáticas que não esgotam o universo da Psicologia do Esporte e do Exercício mas estão em alta nas discussões em frentes de atu ação no Ensino na Pesquisa e na Intervenção no contexto esportivo É fundamental a compreensão de que o traba lho da Psicologia do Esporte e do Exercício pode ser realizado tanto por profissionais de Psicologia quanto de Educação Física desde que respeita dos os limites da prática profissional Conhecer os fatores psicológicos envolvidos no esporte e na atividade física é fundamental e o profissional de Educação Física necessita deste conhecimen to para que seu trabalho ultrapasse a barreira de focar apenas nas questões físicas do esporte e da atividade física Este conhecimento vai desde o início da práti ca considerando os motivos que levam a pessoa a se inserir neste contexto até os diversos pontos como as variáveis que contribuem para a continuidade da prática e as variáveis que podem prejudicar esta atividade No que concerne ao esporte profissional há as exigências físicas aumentadas e com isso as exigências psicológicas também aumentam pois a busca por resultados em uma competição é muitas vezes barreira a ser ultrapassada que demanda de masiado esforço O objetivo é contribuir para que um atleta possa desempenhar suas atividades de for ma saudável física e psicologicamente Já a prática esportiva voltada à saúde deve ser considerada uma atividade permanente na vida das pessoas desenvolvendo estratégias que colaboram com o desenvolvimento saudável da população bem como para a promoção da saúde geral Desta forma espero que tenham aproveitado e que este conteúdo possa ser aplicado diariamente em sua prática profissional UniCesumar