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História e Pesquisa Material Teórico Vamos começar a discutir esse importante tópico primeiramente com a justificativa de uma pesquisa De acordo com Leão 2016 quando iniciamos um projeto de pesquisa adentramos no campo do conhecimento específico pelo qual o pesquisador historiador buscará informações relevantes que preencherão o tema dando sentido e fundamentos para a própria pesquisa Sendo assim ter uma justificativa plausível que explique as especificidades e as contribuições que serão relatadas ajudará muito na sua apresentação inicial e final E para dar sentido ao que estamos discutindo o primeiro ponto é diferenciar pesquisa básica de pesquisa aplicada pois esses dois tipos de pesquisas serão utilizados por você durante toda a sua vida acadêmica e até profissional A utilização do próprio termo pesquisa já nos dá uma dica do que estamos falando aqui Pesquisa vem do latim perquirere e quer dizer investigar com perseverança dando o entendimento de que o pesquisador historiador deve sempre procurar o conhecimento Vamos também relacionar de que modo os dois tipos de pesquisas podem andar juntos Segundo Andrade 2017 a pesquisa básica que é extremamente usada por universidades do mundo todo também é conhecida como pesquisa pura e tem como principal objetivo semear conhecimento científico sem necessariamente ter uma aplicação prática Preocupada em aprofundarse sobre um conteúdo é feita com o intuito de ampliar o conhecimento de um determinado assunto Tem como base a construção de teorias Ela não requer lucro e deve ser justificável do ponto de vista de suas razões ou seja para que serve O que será estudado e o porquê Os resultados obtidos são difundidos para toda a comunidade isto é não são apenas armazenados no centro de estudos pelo qual a pesquisa se iniciou Já a pesquisa aplicada como o próprio nome já diz tem a sua base de conhecimento gerada por meio do direcionamento de solução de problemas predefinidos anteriormente em relação aos seus custos e ao seu tempo Uma vez mencionados custos e tempo temos a relação de instituições financiadoras que procuram um benefício econômico e social voltadas para aplicação imediata relacionada à realidade do mundo Muitas universidades ao redor do globo têm parcerias com a iniciativa privada que busca esses centros de excelência para adquirir mais informações sobre situações específicas Claro que por se tratar de financiamento essas pesquisas também têm diferentemente da pesquisa básica e pura uma preocupação com a relação custobenefício como forma de compensação eou investimento Veja no Quadro 1 a seguir mais diferenças entre pesquisa básica ou pura e pesquisa aplicada O PROJETO DE PESQUISA EM HISTÓRIA Quadro 1 Diferenças entre Pesquisa Básica ou Pura e Pesquisa Aplicada Pesquisa Pura Pesquisa Aplicada Constrói novos conhecimento por meios de teorias Constrói novos conhecimentos por meio da prática Amplia a teoria existente ou cria uma nova Cria um processo ou produto Não precisa solucionar um problema real ou social Encontra solução para um problema concreto Aí vem a pergunta como já mencionada no caminho científico que estamos percorrendo Podemos usar as duas Sim podemos Embora a pauta do tópico seja a pesquisa básica é fundamental que saibamos a diferença entre as duas pois ambos os tipos de pesquisas podem ser complementares e certamente irão ampliar e difundir o conhecimento sobre diversos temas e assuntos que fazem parte do passado do presente e do futuro Vale lembrar que não se tem impedimentos de uma pesquisa básica ou pura podendo proporcionar conhecimentos com a aplicação prática e uma pesquisa prática pode conduzir a descobertas científicas Agora que já sabemos a diferença entre pesquisa básica ou pura e pesquisa aplicada vamos entender a diferença entre pesquisa qualitativa e pesquisa quantitativa que podem e devem ser aplicadas à pesquisa básica de História nossa pauta inicial Já sabendo que nosso objetivo aqui é a pesquisa básica nosso próximo passo é definir se vamos utilizar a classificação de uma pesquisa qualitativa ou quantitativa Essa metodologia nos dará um direcionamento de como o pesquisador historiador irá se comportar durante sua pesquisa visando entender as causas envolvidas na abordagem do problema Para Lakatos e Marconi 2017 a pesquisa quantitativa é baseada em números que podem ser estruturados de formas estatísticas fazendo com que o pesquisador possa tirar conclusões gerais Ela funciona em forma de questionário de maneira fechada A pesquisa qualitativa tem como base coletar informações com a intenção de descrever investigações baseadas em impressões opiniões e pontos de vista Ela funciona em forma de questionário de maneira aberta Veja a seguir no Quadro 2 mais características que marcam a distinção entre pesquisa quantitativa e pesquisa qualitativa Quadro 2 Características que Marcam a Distinção entre Pesquisa Quantitativa e Pesquisa Qualitativa Dimensão Qualitativa Quantitativa Objetivo Compreender razões valores motivações e fenômenos Quantificar causas e determinar dados Abordagem Observacional Experimental Pressuposição Básica Realidade construída a partir de fenômenos socialmente construídos Realidade construída a partir de dados mensuráveis Pesquisador Participante do fenômeno Neutro Dimensão Qualitativa Quantitativa Amostra Pequena Grande Coleta de Dados Não estruturada Estruturada Análise de Dados Análise subjetiva e interpretativa Análise estatística Resultados Compreensão inicial e baixa generalização Alto grau de generalização Como você pôde ver as diferenças entre a pesquisa qualitativa e a quantitativa envolvem o quesito dimensão com o objetivo principal de distinguir ambas as qualificações relacionadas ao objetivo à abordagem à pressuposição básica ao papel do pesquisador e à amostra Essas diferenças nos ajudam a entender a funcionalidade da pesquisa relacionada ao fenômeno que se pretende estudar dando direcionamento ao pesquisador Porém elas ainda não param por aí No Quadro 3 a seguir vamos ver mais diferenças entre esses dois tipos de pesquisa que vão auxiliar nas suas construções diante do que se pretende estudar referente à coleta e à análise de dados e aos resultados obtidos Novamente podemos fazer o mesmo questionamento A pesquisa quantitativa e a pesquisa qualitativa podem andar juntas Sim A relação entre essas duas pesquisas deve ser harmônica e complementar As informações numéricas baseadas na tabulação de dados estatísticos precisam do complemento de pessoas que abrem em muitos casos espaço para detalhes importantíssimos e que devem ser avaliados com extremo cuidado principalmente no caso da pesquisa básica de História em que os depoimentos funcionam como provas fundamentais dos relatos históricos vividos por pessoas em determinadas épocas além de relatos de estudiosos sobre os mais variados temas históricos pesquisados Pauta 2 O Texto Historiográfico Conforme Rodrigues e colaboradores 2017 historiografia é o estudo de como a história é escrita e como nossa compreensão histórica pode mudar de acordo com o tempo Para um primeiro entendimento é preciso diferenciar historiografia e História pois o texto historiográfico estará inserido entre esses dois pilares Sendo assim a historiografia consiste no estudo das melhores formas de interpretar as fontes históricas e como os fatos históricos foram descritos A História é justamente o que está escrito sobre o passado Dessa forma vamos começar então por clarificar o que é a importância do texto historiográfico dentro do material de pesquisa quando ao falarmos de historiografia podemos concluir que a sua definição é a maneira sobre como compreendemos que os fatos históricos foram paulatinamente mudando com o tempo E essas mudanças estão relacionadas ao que estava ou está sendo escrito e divulgado no texto historiográfico Para Bauer Oliveira e Alves 2020 quando um pesquisador escreve um texto historiográfico ele tem como objetivo a transmissão desse mesmo texto Assim ele tem a função de fazer com que exista compreensão de outros historiadores sobre um assunto particular e não somente analisar e debater o seu próprio assunto É importante também destacar que quando estamos trabalhando com historiografia é necessário entender que ela não está livre de críticas revisões ou interpretações distintas por conta de diversos historiadores que seguem suas linhas de pesquisas e convicções pessoais Convicções essas que variam de acordo com a corrente que cada pesquisador prefere seguir A ciência histórica produz respostas diferentes para diversos tipos de questionamentos e muitas vezes para a mesma pergunta Os historiadores estudam analisam e refletem sobre o mesmo conjunto de fatos mas acabam por algumas vezes chegando a conclusões diferentes Outro ponto importante de acordo com Barros 2020 é quando existe a análise para um texto historiográfico e a escolha dos conteúdos que se pretende abordar Por sua vez para que isso possa se encaixar no texto vamos apresentar características historiográficas que o pesquisador deve conhecer e aprimorar Num primeiro momento começaremos com distinção entre dois dos modelos que surgiram no século XIX justamente em um momento em que a História começou a ser considerada como ciência Nessa época a História dava os primeiros passos como disciplina acadêmica Assim uma então chamada comunidade científica de historiadores profissionais passa a se formar desenvolvendo periódicos acadêmicos e contribuindo firmemente para a reflexão teórico metodológica Os pesquisadores não apenas escrevem sobre a História mas eles também discutem a sua representatividade e a produção historiográfica de diversos pontos de vista de acordo com o meio em que o texto historiográfico foi desenvolvido Dentro desse contexto segundo Gervinus 2010 surgiram as primeiras diferenças entre o Positivismo e o Historicismo Essas distinções apontam algumas questões básicas como podemos ver na Figura 1 a seguir Figura 1 Diferenças entre o positivismo e o historicismo Resumindo essas diferenças entendemos que o os historicistas compreendem a história de maneira diferente do padrão científico sendo ela uma história específica distinta das ciências naturais Em oposição os positivistas ligam os modelos históricos em conjunto as ciências sociais e naturais Conforme a História foi evoluindo surgiram outras características e correntes de estudo e análise de fatores históricos que devem ser considerados pela figura do pesquisador ao iniciar e ao desenvolver a sua produção Continuando com o Positivismo vamos ver as distinções entre mais duas delas o Marxismo e a Escola dos Annales Segundo Löwy 2018 para começar o entendimento é preciso voltar a fazer considerações sobre o Positivismo como já vínhamos diferenciandoo do Historicismo Surgido na França no século XIX tem como base análises deterministas defendendo a ideia de que o conhecimento científico é a única forma de conhecimento verdadeiro O termo foi usado pela primeira vez pelo filósofo ClaudeHenri Rouvroy contudo foi Auguste Comte discípulo de ClaudeHenri que desenvolveu essa corrente filosófica Tendo a matemática a física a biologia a sociologia a astronomia e a química como modelos científicos o Positivismo destaca sua metodologia na observação dos fenômenos Todo o conhecimento que não pode ser comprovado cientificamente é descartado O Positivismo desenvolvido por Comte tem como ponto de partida a Lei dos Três Estados que vamos ver agora No Marxismo o enfoque acontece de maneira diferente pois enquanto os historiadores positivistas se baseavam no acontecimento eou nas ações individuais esses pontos para os historiadores marxistas são consequências naturais da produção historiográfica Para Marx Teológico em que o homem busca explicação para a realidade por meio de entidades supranaturais Positivo em que não se explica o porquê mas sim o como levando em consideração as leis de causa e efeito em que toda ação tem uma reação Metafísico em que deuses são substituídos por entidades abstratas para explicar a realidade a luta de classes era o verdadeiro fundamento de uma história que se movimenta constantemente O trabalho característica fundamental na tese de Marx é compreendido como múltiplas relações entre o homem e a natureza Essa relação está pertencente como condição material da vida em sociedade representando o modelo de produção de organização social e econômica de um determinado período histórico Depois de entender a introdução das diferenças entre o positivismo e o marxismo entra em foco a Escola dos Annales Para Reis 2000 essa corrente de pensamento historiográfico surgiu com a criação de uma revista Analles de História Econômica e Social Criada pelos professores da Universidade de Estrasburgo Marc Bloch e Lucién Febvre em 1929 que tinham como objetivo incentivar estudos às estruturas econômicas e sociais de modo que esses mesmos estudos pudessem contribuir favorecendo contatos interdisciplinares com as ciências sociais Esse modo de ver o texto historiográfico ampliou muito o horizonte do pesquisador fazendo com que ele possa recuperar o passado por meio de questionamentos adotados no hoje no agora no presente Para uma análise mais profunda do pesquisador com base no texto historiográfico a História passa de narrativa a problema e com isso o pesquisador pode optar por escolher objetos no passado começando a questionar esses mesmos objetos no presente apresentando suas definições e conceitos O historiador dessa forma reconhece a sua presença fundamental na pesquisa em que se baseará o texto historiográfico escolhendo interrogando questionando selecionando analisando definindo e então conceituando Pauta 3 Fontes de Pesquisa Segundo Barros 2015 as fontes históricas de pesquisa são o material do pesquisador sendo consideradas tudo aquilo que os seres humanos deixaram como vestígio ao longo da História com o passar dos tempos Esses vestígios são indispensáveis ao historiador Como observamos nesse trecho da citação as fontes históricas se diversificam em vários tipos como BARROS 2019 p 1 Textos documentos oficiais cartas diários pergaminhos ou qualquer parte escrita contida em algum espaço ou objeto Representações pictóricas fotos quadros pinturas e afrescos Este imenso conjunto de vestígios dos mais simples aos mais complexos constitui o universo de possibilidades de onde os historiadores irão constituir as suas fontes históricas Também é verdade que os grandes processos naturais e planetários mesmo sem a interferência originária do homem mas incidindo sobre este podem produzir vestígios que oportunamente poderão conformar fontes históricas Por ora todavia vamos nos ater mais especificamente às fontes históricas produzidas diretamente pela ação e existência humanas No sentido que acabamos de indicar são fontes históricas tanto os já tradicionais documentos textuais crônicas memórias registros cartoriais processos criminais cartas legislativas jornais obras de literatura correspondências públicas e privadas e tantos mais como também quaisquer outros registros ou materiais que possam nos fornecer um testemunho ou um discurso proveniente do passado humano da realidade que um dia foi vivida e que se apresenta como relevante para o Presente do historiador Incluemse como possibilidades documentais ou mais precisamente no âmbito do que chamamos de fontes históricas desde os vestígios arqueológicos e outras fontes de cultura material a arquitetura de um prédio uma igreja as ruas de uma cidade monumentos cerâmicas utensílios da vida cotidiana até representações pictóricas entre outras fontes imagéticas e as chamadas fontes da história oral testemunhos colhidos ou provocados pelo historiador A partir desses elementos é possível identificar marcas históricas que registraram a presença de tempo de algum fator histórico que está sendo analisado e pesquisado pelo historiador Como apresenta Barros 2019 é importante destacar que houve uma mudança nos paradigmas das fontes históricas que acabamos de estudar Durante muito tempo o historiador tinha como ponto base por exemplo os museus nacionais e internacionais como busca de informações Partiase do pressuposto de que a escrita apresentava uma sobreposição em relação a outros tipos de fontes A partir de 1920 essa visão começou a mudar e é por isso que estudamos na parte de texto historiográfico as correntes históricas que são tão importantes dentro do objeto de pesquisa conduzido pelo historiador Com a fundação da Escola de Annales por historiadores franceses outros tipos de produções como sons roupas imagens e qualquer registro encontrado de cidadãos comuns começaram a ganhar destaque na análise de fontes históricas Qualquer registro histórico que tivesse fator preponderante na análise de descoberta tornouse básico no exame do pesquisador De acordo com Barros 2015 o rigor da análise histórica contínua contudo abre espaço definitivamente para mais fontes de pesquisa que são auxiliadas atualmente pela tecnologia Tecnologia essa que se torna uma importante aliada da História Esses tipos de fontes históricas ainda seguem a classificação quanto à materialidade e à imaterialidade como você pode observar no Quadro 3 a seguir Quadro 3 Tipos de Fontes Históricas Registros orais testemunhos pessoais e registros orais contidos em qualquer equipamento Vestígios arqueológicos estruturas de construções objetos e estátuas Fontes Materiais Fontes Imateriais Textos Costumes Pinturas Lendas Construções Tradições Objetos Ritos Filmes Folclore Como você pôde observar no Quadro 3 a diferença entre as fontes materiais e imateriais dentro do contexto historiográfico se traduzem de modo claro e transparente para que o historiador possa fazer a devida análise As fontes materiais são indícios concretos produzidos manualmente pelo ser humano Já as fontes imateriais são definidas por evidências que sobrevivem nas sociedades e podem ser detectadas ao longo do tempo para construir uma narrativa histórica Você Sabia Além de ser um marco histórico a Catedral de NotreDame é fonte material importantíssima para historiadores do mundo todo Após o grande incêndio que destruiu quase toda a sua estrutura ela vem sendo restaurada através de tecnologia digital Figura 2 Catedral de NotreDame Fonte Getty Images É preciso analisar as diferentes fontes históricas para que o historiador possa redigir com o máximo de segurança possível o texto historiográfico com a finalidade de passar a análise correta dos fatos que se pretende pesquisar inclusive fazendo a delimitação e a circunscrição das fontes estudadas Pauta 4 Construção do Projeto Construir um projeto de pesquisa é adentrar em um caminho que trará conhecimento humano seja qual for o seu tema Porém não é tão simples assim É preciso ter responsabilidade com as fontes e comprometimento com o objeto que se pretende estudar delimitando o tema ou os problemas que serão investigados pelo historiador Para Barros 2015 a construção de um projeto se dá por meio de uma elaboração cuidadosa e planejada de todos os seus itens Dessa forma é preciso entender primeiramente as funções de um projeto BARROS 2015 p 10 O Projeto de Pesquisa deve ser naturalmente um instrumento flexível pronto a ser ele mesmo reconstruído ao longo do próprio caminho empreendido pelo pesquisador Se o conhecimento é produto da permanente interação entre o pesquisador e o seu objeto de estudo como tende a ser considerado nos dias de hoje as mudanças de direção podem ocorrer com alguma frequência na medida em que esta interação se processa e modifica não apenas o objeto de estudo mas o próprio estudioso Ao se deparar com novas fontes ao reformular hipóteses ao se confrontar com as inevitáveis dificuldades ao produzir novos vislumbres de caminhos possíveis ou ao amadurecer no decorrer do próprio processo de pesquisa o investigador deverá estar preparado para lidar com mudanças para abandonar roteiros para antecipar ou retardar etapas para se desfazer de um instrumento de pesquisa em favor do outro para repensar as esquematizações teóricas que até ali haviam orientado seu pensamento Neste sentido todo Projeto é provisório sujeito a mutações inacabado Na elaboração de um projeto é necessário entender e se posicionar de acordo com algumas características Dessa forma é preciso observar se o projeto está de acordo com algumas funções que vão desde um item curricular que deve ser seguido nas instituições passando por uma carta de intenções na qual o historiador apresenta para uma instituição científica ou acadêmica a sua proposta investigativa até como o pesquisador irá direcionar a pesquisa durante o projeto a fim de não se perder delimitando o tema e estabelecendo um roteiro com objetivo de estimular o diálogo científico acadêmico fazendo com que o projeto cumpra o intuito de oferecer uma espécie de foto da pesquisa em andamento para que o cenário possa ser avaliado de forma clara e transparente mediante as etapas Na Figura 3 a seguir você poderá ver como essas etapas podem ser desmembradas dentro de um projeto Figura 3 Etapas de um projeto de pesquisa Fonte Adaptada de BORGES 2015 Como você pôde observar essas etapas apresentadas na Figura vão compor o todo do projeto Cada uma delas dentro de seu fundamento e importância fará com que o projeto seja construído de forma eficiente e eficaz facilitando o papel do historiador diante do tema escolhido Segundo Barros 2015 para o desenvolvimento inicial do projeto de pesquisa em história de forma que este possa seguir uma estrutura cumprindo os prérequisitos necessários vamos começar conforme apontado na figura 3 no seu ponto de partida a introdução É na introdução que de maneira breve deve ser mencionado o tema que se pretende abordar por meio de um recorte tanto espacial como temporal explicando a justificativa e os objetivos de forma sucinta e dando indicações de teorias e metodologias que serão trabalhadas A introdução também deve delimitar o tema expondo a questão central do problema da pesquisa do historiador Seguindo a Figura 3 continuamos com a justificativa que a motivação Motivação que encontra estímulo em pontos que pretendem convencer o leitor sobre a relevância social eou acadêmica do tema trazendo argumentos suficientes diante do problema exposto Nesse caso a pergunta que deve ser feita é Por que fazer a pesquisa Em um terceiro ponto de construção do projeto chegamos nos objetivos Eles devem aparecer de maneira sucessiva sendo colocados no trabalho em forma de sentença iniciada com verbo na forma do infinitivo Podem ser caracterizados por serem gerais resumindo brevemente a ideia central do projeto de pesquisa ou específicos que irão ajudar a delimitar o tema proposto detalhando o passo a passo do projeto de pesquisa histórico Também podem ser caracterizados por se tratar de objetivos científicos com alguma finalidade ligada à sociedade ou de descobrimento de algo ou pedagógicos como uma dissertação de Mestrado por exemplo Continuando com Barros 2015 e seguindo desmembrando as etapas do projeto chegamos no quadro teórico pois todo o processo de pesquisa tem um fundamento teórico implícito ou explícito As fontes explícitas são transparentes entretanto as implícitas fogem do controle do pesquisador Por isso o quadro teórico tem a função de dar as coordenadas básicas do projeto de pesquisa não deixando de ser também um delimitador De certa forma o quadro teórico entra em contraste com as hipóteses do projeto de pesquisa em questão fazendo com que estas sejam manifestadas de maneira coerente com as convicções trazidas pelo pesquisador Sendo assim o quadro teórico nada mais é do que o conjunto de teorias procedimentos e ideias que auxiliam o pesquisador a concretizar sua atividade Em um quinto ponto como observado no parágrafo anterior entramos nas hipóteses também conhecidas como heurísticas Depois da delimitação do problema de pesquisa as hipóteses têm a missão de cumprir dois requisitos O primeiro é o de serem de caráter universal tendo a possibilidade de serem aplicadas em vários casos E o segundo é o de terem a possibilidade de serem verificadas por meio dos métodos e da documentação disponível Em se tratando de História as hipóteses constituemse por serem o instrumento central da pesquisa porque permitem ao pesquisador escolher quais serão os documentos e as fontes utilizadas com maior significância para que a pesquisa atinja seus objetivos tanto gerais quanto específicos Um ponto chave para isso é a formulação adequada da hipótese Caminhando de acordo ainda com a Figura 3 segundo Barros 2015 chegamos nas fontes e na metodologia Falando primeiramente das fontes nesse caso saber a pertinência e a relevância de que fontes serão usadas assim como a sua tipologia auxiliará em muito a condução do projeto Principalmente em relação às hipóteses como já vimos anteriormente Antes de qualquer coleta de dados é necessário fazer a discriminação das fontes primárias e secundárias e materiais e imateriais Tratando da metodologia ela irá variar em alguns casos como modalidade do tema hipóteses documentação disponível e teoria usada O objetivo principal é assim como em outros pontos da construção do projeto fazer uma especificação rápida e concreta de como o pesquisador irá verificar as hipóteses formuladas com a documentação disponibilizada Ainda diretamente ligado às fontes em um sétimo ponto nós temos a bibliografia que deve conter além de livros e artigos usados para abordagem do tema todo o material que irá ser usado durante o projeto de pesquisa como pontos de apoio teóricos e metodológicos Podem ser divididos em grupos e categorias como fontes impressas caráter metodológico e seções temáticas Devem vir listados em ordem alfabética a partir do sobrenome do autor Para finalizarmos chegamos ao oitavo ponto o cronograma O cronograma é a gestão de tempo do projeto de pesquisa Se é um projeto ele precisa ter uma data final pois ao contrário disso implicará em custos maiores para a sua finalização Deve ser feito visando a entrega por etapas como se fosse um ciclo de vida trabalhando início meio e fim A melhor forma de laborar esse cronograma é elaborar um quadro com eixos dividindo as atividades com as etapas que estão prontas para a entrega e o tempo com dia mês e ano para o controle do pesquisador Figura 4 Capa do livro O Projeto de Pesquisa em História Fonte Divulgação O livro lhe ajudará a fazer um projeto de pesquisa fornecendo todos os detalhes necessários para que o desenvolvimento da sua pesquisa saia com clareza e transparência esclarecendo de forma prática todos os pontos principais da construção do projeto Assim de acordo com Barros 2020 um projeto cumpre múltiplas funções e finalidades de pesquisa Ele deve responder a vários questionamentos antecipandose a algumas perguntas relacionadas à proposta Seguindo a Figura 3 vamos direcionar cada pergunta à sua devida característica da etapa de pesquisa conforme o Quadro 4 a seguir Quadro 4 Perguntas Introdução Quem fará Autor O que fazer Delimitação Temática e Formulação do Problema Dialogando com quem Revisão Bibliográfica Por que fazer Justificativa Com que fundamentos Quadro Teórico Perguntas Introdução Hipóteses Com que materiais Fontes e Metodologia Com que instrumentos Fontes e Metodologia De que modo fazer Fontes e Metodologia Quando fazer Cronograma Com que recursos Recursos e Aspectos Orçamentários Bibliografia Fonte Adaptado de BARROS 2015 Nessa direção o projeto de pesquisa está em sua totalidade partindo do pressuposto de que este é um instrumento precioso de pesquisa científica não importando o campo de estudo da disciplina que estiver tratando com o objetivo de levar conhecimento à sociedade Pauta 5 O Papel do Historiador Chegamos no ponto central do projeto de História o próprio historiador É ele o responsável por todas as partes do projeto Desde a dúvida principal passando pela problemática chegando até a apresentação deste Segundo Bauer Oliveira e Alves 2020 os historiadores são investigadores que esclarecem processos importantes ao longo da História do mundo em que vivemos visando compreender as ações de pessoas dos mais diversos cargos posições políticas etnias ou até mesmo cidadãos comuns que deixaram rastros preciosos para compreensão da evolução da humanidade A História vive o passado apresentado no presente e pensando no futuro Já que estamos falando de historiadores não podíamos deixar de passar por Heródoto um dos primeiros historiadores do mundo a conceber a História como problema filosófico revelando situações e aspectos importantes do comportamento humano Heródoto criou o termo Historie que significa pesquisa Razão que por si só já é o suficiente para trazêlo aqui como um marco entre os historiadores Assim sendo o campo de pesquisa não é tão somente trabalhado em documentos escritos e oficiais mas também é considerado como pesquisa toda a produção humana que tenha ideias e características de um tempo que pretende ser estudado fazendo com que na essência de todo historiador exista um pesquisador Esses termos foram usados incondicionalmente durante todo esse texto Resgatando mais um historiador com fundamental papel em pesquisa de história chegamos a Marc Bloch que se posicionava diante da História como essa sendo a ciência dos homens no tempo Marc Bloch foi um dos fundadores da Escola de Annales e responsável por trazer novos conceitos sobre documentos historiográficos que abrem precedentes para interdisciplinaridade além de obras literárias sobre o ofício do historiador Outros historiadores de diversos países e continentes marcaram a História da humanidade por meio de contribuições extremamente preciosas para esta como Sima Qian AlTabari François Mignet Gustave Glotz Karl Marx Oswald Spengler Manuel Moreno Fraginals Paul Veyne Fritz Stern Joan Wallach Scott Francis Paul Prucha Edmund Morgan John Whitney Hall Robert Conquest Elizabeth Eisenstein Andrey Korotayev Tito Livio e Eric Hobsbawm Clique no botão para conferir o conteúdo ACESSE Leitura Os 19 Historiadores Mais Famosos da História Para saber mais informações sobre cada um desses historiadores entre eles Heródoto que aparece na Figura 5 Figura 5 Heródoto Fonte Getty Images No Brasil também temos importantes nomes como Luiz Felipe de Alencastro Gilberto Freyre Laura de Mello e Souza Sérgio Buarque de Holanda Mary del Priore Caio Prado Júnior Jaime Pinsky e tantos outros E por falar em Brasil a profissão de historiador pôde ser devidamente regulamentada no País através da instituição responsável que é a Associação Nacional de História ANPUH que tem uma equipe formada para regulamentação do profissional Como já discutimos antes é claro que nenhuma pesquisa está livre das associações que o próprio historiador irá fazer dependendo da formação da ideologia e das experiências que ele tenha vivido anteriormente O mais importante é que os projetos de pesquisa em história continuem trazendo fatos e acontecimentos para que as pessoas possam cada vez mais aprender com o passado e fazer com que a sociedade possa almejar um futuro melhor para cada um de nós Material Complementar Fontes Históricas Introdução aos Seus Usos Historiográficos BARROS J D Fontes históricas Introdução aos Seus Usos Historiográficos S l Editora Vozes 2019 Espaço História Geografia BARROS J D Espaço história geografia S l Editora Vozes 2017 Conteúdo e Metodologia do Ensino de História BAUER C S et al Conteúdo e metodologia do ensino de história 1 ed Porto Alegre Sagah 2020 Apologia da História ou o Ofício de Historiador BLOCH M Apologia da história ou o ofício de historiador São Paulo Zahar 2020 Les Caractères Originaux de lHistoire Rurale Française BLOCH M Les caractères originaux de lhistoire rurale française França Armand Colin 1999 Escritos Sobre a História BRAUDEL F Escritos sobre a história São Paulo Perspectiva 1999 Livros O Mediterrâneo e o Mundo Mediterrâneo na Época de Filipe II BRAUDEL F O mediterrâneo e o mundo mediterrâneo na época de Filipe II São Paulo Edusp 2016 Fundamentos de Teoria da História GERVINUS G G Fundamentos de teoria da história Fortaleza Editora Vozes 2010 Metodologia do Estudo e Pesquisa Facilitando a Vida dos Estudantes Professores e Pesquisadores LEÃO L M Metodologia do estudo e pesquisa facilitando a vida dos estudantes professores e pesquisadores Fortaleza Editora Vozes 2019 História e Memória GOFF J L História e Memória Campinas Editora da Unicamp 2013 Marxismo contra Positivismo LÖWY M Marxismo contra Positivismo São Paulo Cortez 2018 Introdução à Metodologia do Trabalho Científico ANDRADE M M D Introdução à metodologia do trabalho científico 10 ed 2010 Atlas v 176 2010 Práticas de Pesquisa em História LUCA T R D Práticas de Pesquisa em História São Paulo Editora Contexto 2020 Uma História da Leitura MANGUEL A Uma História da Leitura São Paulo Companhia de Bolso 2021 Técnicas de Pesquisa LAKATOS E M MARCONI M A Técnicas de pesquisa São Paulo Companhia de Bolso 2021 Fontes Históricas PINSKY C B org Fontes históricas 2 ed São Paulo Editora Conceito 2008 O Historiador e as Fontes PINSKY C B LUCA T Rorg O Historiador e as fontes São Paulo Editora Contexto 2009 Escola dos Annales A Inovação em História REIS J C Escola dos Annales A Inovação em História São Paulo Paz e O Projeto de Pesquisa em História da Escolha do Tema ao Quadro Teórico BARROS J D Projeto de pesquisa em história Editora Vozes 2014 Terra 2004 Possibilidades de Pesquisa em História RODRIGUES R R org Possibilidades de pesquisa em história São Paulo Editora Contexto 2017 Introdução aos Estudos Históricos SEIGNOBOS C LANGLOIS C Introdução aos estudos históricos São Paulo Editora Renascença S A 1946 A Fonte Histórica e Seu Lugar de Produção BARROS J D A fonte histórica e seu lugar de produção Editora Vozes 2020 Referências CHARTIER R A ordem dos livros leitores autores e bibliotecas na Europa entre os séculos XIV e XVIII 1 ed Brasília Editora UNB 1992 FEBVRE L Combates pela história 1 ed Lisboa Presença 1989 FREITAS M C org Historiografia brasileira em perspectiva 7 ed São Paulo Contexto 2014 ebook GERNIVUS G G Fundamentos de teoria da história 1 ed Petrópolis Vozes 2010 LAKATOS E M MARCONI M A Técnicas de pesquisa 8 ed São Paulo Atlas 2017 LANGLOIS C V SEIGNOBOS C Introdução aos estudos históricos 1 ed São Paulo Renascença 1946 LEÃO L M Metodologia do estudo e pesquisa facilitando a vida dos estudantes professores e pesquisadores 1 ed Petrópolis Vozes 2016 LÖWY M Marxismo contra positivismo 1 ed São Paulo Cortez 2018 MARTINS J R Os intérpretes do brasil pensamento sociopolítico lastreado no fluxo de ideias narrativas e realidades na busca de uma identidade nacional brasileira Revista NEP Núcleo de Estudos Paranaenses UFPR Curitiba v 3 n 2 p 92123 2017 Disponível em httpsrevistasufprbrneparticleview53518 Acesso em 04052021 REIS D S BAGNO M Os intérpretes e a formação do Brasil os quatro primeiros séculos de uma história esquecida Cadernos de Tradução Florianópolis v 36 n 3 p 81108 2016 Disponível em httpswwwscielobrjctaNcZVg5KKxpvkJWqZDVX6jFNabstractlangpt Acesso em 04052021 REIS J C Escola dos Annales a inovação em história 1 ed São Paulo Paz Terra 2000 ANDRADE M M Introdução à metodologia do trabalho científico 10 ed São Paulo Atlas 2017 RODRIGUES R R org et al Possibilidades de pesquisa em história 1 ed São Paulo Contexto 2017 ebook RODRIGUES H E NICOLAZZI F Entrevista com François Hartog história historiografia e tempo presente História da Historiografia Ouro Preto n 10 p 351371 2012 Disponível em httpwwwhistoriadahistoriografiacombrrevistaarticleview478331 Acesso em 09052022 RÜSEN J Como dar sentido ao passado questões relevantes de metahistória História da Historiografia Ouro Preto n 2 p 163209 2009 Disponível em httpwwwhistoriadahistoriografiacombrrevistaarticleview1212 Acesso em 09052022 BAUER C S OLIVEIRA S ALVES A C Z Conteúdo e metodologia do ensino de história 1 ed Porto Alegre Saga 2020 ebook BARROS J D A Fontes históricas introdução aos seus usos historiográficos In Encontro Internacional História e Parcerias 2 2019 Rio de Janeiro Anais Rio de Janeiro Universidade Veiga de Almeida UVA p 117 2019 Disponível em httpswwwhistoriaeparcerias2019rjanpuhorgresourcesanais11hep201915696963608 ARQUIVObd3da9a036a806b478945059afaa52epdf Acesso em 25042020 BARROS J D A Fonte histórica introdução aos seus usos historiográficos 1 ed Petrópolis Vozes 2019 O projeto de pesquisa em história da escolha do tema ao quadro teórico 10 ed Petrópolis Vozes 2015 ebook BARROS J D A fonte histórica e seu lugar de produção 1 ed Petrópolis Vozes 2020 Os historiadores e o tempo a contribuição dos Annales Cadernos de História Belo Horizonte v 19 n 30 p 182210 jul 2018 Disponível em httpperiodicospucminasbrindexphpcadernoshistoriaarticleview16344 Acesso em 04052021 História da eternidade São Paulo Companhia das Letras 2010
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Projeto Integrador de Competências em História: Orientações de Estudo
História
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Projeto de Práticas de Pesquisa em História
História
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A Análise de Músicas como Fontes Históricas
História
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O Imperialismo e Seus Novos Paradigmas: Uma Reflexão Crítica
História
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História e Pesquisa Material Teórico Vamos começar a discutir esse importante tópico primeiramente com a justificativa de uma pesquisa De acordo com Leão 2016 quando iniciamos um projeto de pesquisa adentramos no campo do conhecimento específico pelo qual o pesquisador historiador buscará informações relevantes que preencherão o tema dando sentido e fundamentos para a própria pesquisa Sendo assim ter uma justificativa plausível que explique as especificidades e as contribuições que serão relatadas ajudará muito na sua apresentação inicial e final E para dar sentido ao que estamos discutindo o primeiro ponto é diferenciar pesquisa básica de pesquisa aplicada pois esses dois tipos de pesquisas serão utilizados por você durante toda a sua vida acadêmica e até profissional A utilização do próprio termo pesquisa já nos dá uma dica do que estamos falando aqui Pesquisa vem do latim perquirere e quer dizer investigar com perseverança dando o entendimento de que o pesquisador historiador deve sempre procurar o conhecimento Vamos também relacionar de que modo os dois tipos de pesquisas podem andar juntos Segundo Andrade 2017 a pesquisa básica que é extremamente usada por universidades do mundo todo também é conhecida como pesquisa pura e tem como principal objetivo semear conhecimento científico sem necessariamente ter uma aplicação prática Preocupada em aprofundarse sobre um conteúdo é feita com o intuito de ampliar o conhecimento de um determinado assunto Tem como base a construção de teorias Ela não requer lucro e deve ser justificável do ponto de vista de suas razões ou seja para que serve O que será estudado e o porquê Os resultados obtidos são difundidos para toda a comunidade isto é não são apenas armazenados no centro de estudos pelo qual a pesquisa se iniciou Já a pesquisa aplicada como o próprio nome já diz tem a sua base de conhecimento gerada por meio do direcionamento de solução de problemas predefinidos anteriormente em relação aos seus custos e ao seu tempo Uma vez mencionados custos e tempo temos a relação de instituições financiadoras que procuram um benefício econômico e social voltadas para aplicação imediata relacionada à realidade do mundo Muitas universidades ao redor do globo têm parcerias com a iniciativa privada que busca esses centros de excelência para adquirir mais informações sobre situações específicas Claro que por se tratar de financiamento essas pesquisas também têm diferentemente da pesquisa básica e pura uma preocupação com a relação custobenefício como forma de compensação eou investimento Veja no Quadro 1 a seguir mais diferenças entre pesquisa básica ou pura e pesquisa aplicada O PROJETO DE PESQUISA EM HISTÓRIA Quadro 1 Diferenças entre Pesquisa Básica ou Pura e Pesquisa Aplicada Pesquisa Pura Pesquisa Aplicada Constrói novos conhecimento por meios de teorias Constrói novos conhecimentos por meio da prática Amplia a teoria existente ou cria uma nova Cria um processo ou produto Não precisa solucionar um problema real ou social Encontra solução para um problema concreto Aí vem a pergunta como já mencionada no caminho científico que estamos percorrendo Podemos usar as duas Sim podemos Embora a pauta do tópico seja a pesquisa básica é fundamental que saibamos a diferença entre as duas pois ambos os tipos de pesquisas podem ser complementares e certamente irão ampliar e difundir o conhecimento sobre diversos temas e assuntos que fazem parte do passado do presente e do futuro Vale lembrar que não se tem impedimentos de uma pesquisa básica ou pura podendo proporcionar conhecimentos com a aplicação prática e uma pesquisa prática pode conduzir a descobertas científicas Agora que já sabemos a diferença entre pesquisa básica ou pura e pesquisa aplicada vamos entender a diferença entre pesquisa qualitativa e pesquisa quantitativa que podem e devem ser aplicadas à pesquisa básica de História nossa pauta inicial Já sabendo que nosso objetivo aqui é a pesquisa básica nosso próximo passo é definir se vamos utilizar a classificação de uma pesquisa qualitativa ou quantitativa Essa metodologia nos dará um direcionamento de como o pesquisador historiador irá se comportar durante sua pesquisa visando entender as causas envolvidas na abordagem do problema Para Lakatos e Marconi 2017 a pesquisa quantitativa é baseada em números que podem ser estruturados de formas estatísticas fazendo com que o pesquisador possa tirar conclusões gerais Ela funciona em forma de questionário de maneira fechada A pesquisa qualitativa tem como base coletar informações com a intenção de descrever investigações baseadas em impressões opiniões e pontos de vista Ela funciona em forma de questionário de maneira aberta Veja a seguir no Quadro 2 mais características que marcam a distinção entre pesquisa quantitativa e pesquisa qualitativa Quadro 2 Características que Marcam a Distinção entre Pesquisa Quantitativa e Pesquisa Qualitativa Dimensão Qualitativa Quantitativa Objetivo Compreender razões valores motivações e fenômenos Quantificar causas e determinar dados Abordagem Observacional Experimental Pressuposição Básica Realidade construída a partir de fenômenos socialmente construídos Realidade construída a partir de dados mensuráveis Pesquisador Participante do fenômeno Neutro Dimensão Qualitativa Quantitativa Amostra Pequena Grande Coleta de Dados Não estruturada Estruturada Análise de Dados Análise subjetiva e interpretativa Análise estatística Resultados Compreensão inicial e baixa generalização Alto grau de generalização Como você pôde ver as diferenças entre a pesquisa qualitativa e a quantitativa envolvem o quesito dimensão com o objetivo principal de distinguir ambas as qualificações relacionadas ao objetivo à abordagem à pressuposição básica ao papel do pesquisador e à amostra Essas diferenças nos ajudam a entender a funcionalidade da pesquisa relacionada ao fenômeno que se pretende estudar dando direcionamento ao pesquisador Porém elas ainda não param por aí No Quadro 3 a seguir vamos ver mais diferenças entre esses dois tipos de pesquisa que vão auxiliar nas suas construções diante do que se pretende estudar referente à coleta e à análise de dados e aos resultados obtidos Novamente podemos fazer o mesmo questionamento A pesquisa quantitativa e a pesquisa qualitativa podem andar juntas Sim A relação entre essas duas pesquisas deve ser harmônica e complementar As informações numéricas baseadas na tabulação de dados estatísticos precisam do complemento de pessoas que abrem em muitos casos espaço para detalhes importantíssimos e que devem ser avaliados com extremo cuidado principalmente no caso da pesquisa básica de História em que os depoimentos funcionam como provas fundamentais dos relatos históricos vividos por pessoas em determinadas épocas além de relatos de estudiosos sobre os mais variados temas históricos pesquisados Pauta 2 O Texto Historiográfico Conforme Rodrigues e colaboradores 2017 historiografia é o estudo de como a história é escrita e como nossa compreensão histórica pode mudar de acordo com o tempo Para um primeiro entendimento é preciso diferenciar historiografia e História pois o texto historiográfico estará inserido entre esses dois pilares Sendo assim a historiografia consiste no estudo das melhores formas de interpretar as fontes históricas e como os fatos históricos foram descritos A História é justamente o que está escrito sobre o passado Dessa forma vamos começar então por clarificar o que é a importância do texto historiográfico dentro do material de pesquisa quando ao falarmos de historiografia podemos concluir que a sua definição é a maneira sobre como compreendemos que os fatos históricos foram paulatinamente mudando com o tempo E essas mudanças estão relacionadas ao que estava ou está sendo escrito e divulgado no texto historiográfico Para Bauer Oliveira e Alves 2020 quando um pesquisador escreve um texto historiográfico ele tem como objetivo a transmissão desse mesmo texto Assim ele tem a função de fazer com que exista compreensão de outros historiadores sobre um assunto particular e não somente analisar e debater o seu próprio assunto É importante também destacar que quando estamos trabalhando com historiografia é necessário entender que ela não está livre de críticas revisões ou interpretações distintas por conta de diversos historiadores que seguem suas linhas de pesquisas e convicções pessoais Convicções essas que variam de acordo com a corrente que cada pesquisador prefere seguir A ciência histórica produz respostas diferentes para diversos tipos de questionamentos e muitas vezes para a mesma pergunta Os historiadores estudam analisam e refletem sobre o mesmo conjunto de fatos mas acabam por algumas vezes chegando a conclusões diferentes Outro ponto importante de acordo com Barros 2020 é quando existe a análise para um texto historiográfico e a escolha dos conteúdos que se pretende abordar Por sua vez para que isso possa se encaixar no texto vamos apresentar características historiográficas que o pesquisador deve conhecer e aprimorar Num primeiro momento começaremos com distinção entre dois dos modelos que surgiram no século XIX justamente em um momento em que a História começou a ser considerada como ciência Nessa época a História dava os primeiros passos como disciplina acadêmica Assim uma então chamada comunidade científica de historiadores profissionais passa a se formar desenvolvendo periódicos acadêmicos e contribuindo firmemente para a reflexão teórico metodológica Os pesquisadores não apenas escrevem sobre a História mas eles também discutem a sua representatividade e a produção historiográfica de diversos pontos de vista de acordo com o meio em que o texto historiográfico foi desenvolvido Dentro desse contexto segundo Gervinus 2010 surgiram as primeiras diferenças entre o Positivismo e o Historicismo Essas distinções apontam algumas questões básicas como podemos ver na Figura 1 a seguir Figura 1 Diferenças entre o positivismo e o historicismo Resumindo essas diferenças entendemos que o os historicistas compreendem a história de maneira diferente do padrão científico sendo ela uma história específica distinta das ciências naturais Em oposição os positivistas ligam os modelos históricos em conjunto as ciências sociais e naturais Conforme a História foi evoluindo surgiram outras características e correntes de estudo e análise de fatores históricos que devem ser considerados pela figura do pesquisador ao iniciar e ao desenvolver a sua produção Continuando com o Positivismo vamos ver as distinções entre mais duas delas o Marxismo e a Escola dos Annales Segundo Löwy 2018 para começar o entendimento é preciso voltar a fazer considerações sobre o Positivismo como já vínhamos diferenciandoo do Historicismo Surgido na França no século XIX tem como base análises deterministas defendendo a ideia de que o conhecimento científico é a única forma de conhecimento verdadeiro O termo foi usado pela primeira vez pelo filósofo ClaudeHenri Rouvroy contudo foi Auguste Comte discípulo de ClaudeHenri que desenvolveu essa corrente filosófica Tendo a matemática a física a biologia a sociologia a astronomia e a química como modelos científicos o Positivismo destaca sua metodologia na observação dos fenômenos Todo o conhecimento que não pode ser comprovado cientificamente é descartado O Positivismo desenvolvido por Comte tem como ponto de partida a Lei dos Três Estados que vamos ver agora No Marxismo o enfoque acontece de maneira diferente pois enquanto os historiadores positivistas se baseavam no acontecimento eou nas ações individuais esses pontos para os historiadores marxistas são consequências naturais da produção historiográfica Para Marx Teológico em que o homem busca explicação para a realidade por meio de entidades supranaturais Positivo em que não se explica o porquê mas sim o como levando em consideração as leis de causa e efeito em que toda ação tem uma reação Metafísico em que deuses são substituídos por entidades abstratas para explicar a realidade a luta de classes era o verdadeiro fundamento de uma história que se movimenta constantemente O trabalho característica fundamental na tese de Marx é compreendido como múltiplas relações entre o homem e a natureza Essa relação está pertencente como condição material da vida em sociedade representando o modelo de produção de organização social e econômica de um determinado período histórico Depois de entender a introdução das diferenças entre o positivismo e o marxismo entra em foco a Escola dos Annales Para Reis 2000 essa corrente de pensamento historiográfico surgiu com a criação de uma revista Analles de História Econômica e Social Criada pelos professores da Universidade de Estrasburgo Marc Bloch e Lucién Febvre em 1929 que tinham como objetivo incentivar estudos às estruturas econômicas e sociais de modo que esses mesmos estudos pudessem contribuir favorecendo contatos interdisciplinares com as ciências sociais Esse modo de ver o texto historiográfico ampliou muito o horizonte do pesquisador fazendo com que ele possa recuperar o passado por meio de questionamentos adotados no hoje no agora no presente Para uma análise mais profunda do pesquisador com base no texto historiográfico a História passa de narrativa a problema e com isso o pesquisador pode optar por escolher objetos no passado começando a questionar esses mesmos objetos no presente apresentando suas definições e conceitos O historiador dessa forma reconhece a sua presença fundamental na pesquisa em que se baseará o texto historiográfico escolhendo interrogando questionando selecionando analisando definindo e então conceituando Pauta 3 Fontes de Pesquisa Segundo Barros 2015 as fontes históricas de pesquisa são o material do pesquisador sendo consideradas tudo aquilo que os seres humanos deixaram como vestígio ao longo da História com o passar dos tempos Esses vestígios são indispensáveis ao historiador Como observamos nesse trecho da citação as fontes históricas se diversificam em vários tipos como BARROS 2019 p 1 Textos documentos oficiais cartas diários pergaminhos ou qualquer parte escrita contida em algum espaço ou objeto Representações pictóricas fotos quadros pinturas e afrescos Este imenso conjunto de vestígios dos mais simples aos mais complexos constitui o universo de possibilidades de onde os historiadores irão constituir as suas fontes históricas Também é verdade que os grandes processos naturais e planetários mesmo sem a interferência originária do homem mas incidindo sobre este podem produzir vestígios que oportunamente poderão conformar fontes históricas Por ora todavia vamos nos ater mais especificamente às fontes históricas produzidas diretamente pela ação e existência humanas No sentido que acabamos de indicar são fontes históricas tanto os já tradicionais documentos textuais crônicas memórias registros cartoriais processos criminais cartas legislativas jornais obras de literatura correspondências públicas e privadas e tantos mais como também quaisquer outros registros ou materiais que possam nos fornecer um testemunho ou um discurso proveniente do passado humano da realidade que um dia foi vivida e que se apresenta como relevante para o Presente do historiador Incluemse como possibilidades documentais ou mais precisamente no âmbito do que chamamos de fontes históricas desde os vestígios arqueológicos e outras fontes de cultura material a arquitetura de um prédio uma igreja as ruas de uma cidade monumentos cerâmicas utensílios da vida cotidiana até representações pictóricas entre outras fontes imagéticas e as chamadas fontes da história oral testemunhos colhidos ou provocados pelo historiador A partir desses elementos é possível identificar marcas históricas que registraram a presença de tempo de algum fator histórico que está sendo analisado e pesquisado pelo historiador Como apresenta Barros 2019 é importante destacar que houve uma mudança nos paradigmas das fontes históricas que acabamos de estudar Durante muito tempo o historiador tinha como ponto base por exemplo os museus nacionais e internacionais como busca de informações Partiase do pressuposto de que a escrita apresentava uma sobreposição em relação a outros tipos de fontes A partir de 1920 essa visão começou a mudar e é por isso que estudamos na parte de texto historiográfico as correntes históricas que são tão importantes dentro do objeto de pesquisa conduzido pelo historiador Com a fundação da Escola de Annales por historiadores franceses outros tipos de produções como sons roupas imagens e qualquer registro encontrado de cidadãos comuns começaram a ganhar destaque na análise de fontes históricas Qualquer registro histórico que tivesse fator preponderante na análise de descoberta tornouse básico no exame do pesquisador De acordo com Barros 2015 o rigor da análise histórica contínua contudo abre espaço definitivamente para mais fontes de pesquisa que são auxiliadas atualmente pela tecnologia Tecnologia essa que se torna uma importante aliada da História Esses tipos de fontes históricas ainda seguem a classificação quanto à materialidade e à imaterialidade como você pode observar no Quadro 3 a seguir Quadro 3 Tipos de Fontes Históricas Registros orais testemunhos pessoais e registros orais contidos em qualquer equipamento Vestígios arqueológicos estruturas de construções objetos e estátuas Fontes Materiais Fontes Imateriais Textos Costumes Pinturas Lendas Construções Tradições Objetos Ritos Filmes Folclore Como você pôde observar no Quadro 3 a diferença entre as fontes materiais e imateriais dentro do contexto historiográfico se traduzem de modo claro e transparente para que o historiador possa fazer a devida análise As fontes materiais são indícios concretos produzidos manualmente pelo ser humano Já as fontes imateriais são definidas por evidências que sobrevivem nas sociedades e podem ser detectadas ao longo do tempo para construir uma narrativa histórica Você Sabia Além de ser um marco histórico a Catedral de NotreDame é fonte material importantíssima para historiadores do mundo todo Após o grande incêndio que destruiu quase toda a sua estrutura ela vem sendo restaurada através de tecnologia digital Figura 2 Catedral de NotreDame Fonte Getty Images É preciso analisar as diferentes fontes históricas para que o historiador possa redigir com o máximo de segurança possível o texto historiográfico com a finalidade de passar a análise correta dos fatos que se pretende pesquisar inclusive fazendo a delimitação e a circunscrição das fontes estudadas Pauta 4 Construção do Projeto Construir um projeto de pesquisa é adentrar em um caminho que trará conhecimento humano seja qual for o seu tema Porém não é tão simples assim É preciso ter responsabilidade com as fontes e comprometimento com o objeto que se pretende estudar delimitando o tema ou os problemas que serão investigados pelo historiador Para Barros 2015 a construção de um projeto se dá por meio de uma elaboração cuidadosa e planejada de todos os seus itens Dessa forma é preciso entender primeiramente as funções de um projeto BARROS 2015 p 10 O Projeto de Pesquisa deve ser naturalmente um instrumento flexível pronto a ser ele mesmo reconstruído ao longo do próprio caminho empreendido pelo pesquisador Se o conhecimento é produto da permanente interação entre o pesquisador e o seu objeto de estudo como tende a ser considerado nos dias de hoje as mudanças de direção podem ocorrer com alguma frequência na medida em que esta interação se processa e modifica não apenas o objeto de estudo mas o próprio estudioso Ao se deparar com novas fontes ao reformular hipóteses ao se confrontar com as inevitáveis dificuldades ao produzir novos vislumbres de caminhos possíveis ou ao amadurecer no decorrer do próprio processo de pesquisa o investigador deverá estar preparado para lidar com mudanças para abandonar roteiros para antecipar ou retardar etapas para se desfazer de um instrumento de pesquisa em favor do outro para repensar as esquematizações teóricas que até ali haviam orientado seu pensamento Neste sentido todo Projeto é provisório sujeito a mutações inacabado Na elaboração de um projeto é necessário entender e se posicionar de acordo com algumas características Dessa forma é preciso observar se o projeto está de acordo com algumas funções que vão desde um item curricular que deve ser seguido nas instituições passando por uma carta de intenções na qual o historiador apresenta para uma instituição científica ou acadêmica a sua proposta investigativa até como o pesquisador irá direcionar a pesquisa durante o projeto a fim de não se perder delimitando o tema e estabelecendo um roteiro com objetivo de estimular o diálogo científico acadêmico fazendo com que o projeto cumpra o intuito de oferecer uma espécie de foto da pesquisa em andamento para que o cenário possa ser avaliado de forma clara e transparente mediante as etapas Na Figura 3 a seguir você poderá ver como essas etapas podem ser desmembradas dentro de um projeto Figura 3 Etapas de um projeto de pesquisa Fonte Adaptada de BORGES 2015 Como você pôde observar essas etapas apresentadas na Figura vão compor o todo do projeto Cada uma delas dentro de seu fundamento e importância fará com que o projeto seja construído de forma eficiente e eficaz facilitando o papel do historiador diante do tema escolhido Segundo Barros 2015 para o desenvolvimento inicial do projeto de pesquisa em história de forma que este possa seguir uma estrutura cumprindo os prérequisitos necessários vamos começar conforme apontado na figura 3 no seu ponto de partida a introdução É na introdução que de maneira breve deve ser mencionado o tema que se pretende abordar por meio de um recorte tanto espacial como temporal explicando a justificativa e os objetivos de forma sucinta e dando indicações de teorias e metodologias que serão trabalhadas A introdução também deve delimitar o tema expondo a questão central do problema da pesquisa do historiador Seguindo a Figura 3 continuamos com a justificativa que a motivação Motivação que encontra estímulo em pontos que pretendem convencer o leitor sobre a relevância social eou acadêmica do tema trazendo argumentos suficientes diante do problema exposto Nesse caso a pergunta que deve ser feita é Por que fazer a pesquisa Em um terceiro ponto de construção do projeto chegamos nos objetivos Eles devem aparecer de maneira sucessiva sendo colocados no trabalho em forma de sentença iniciada com verbo na forma do infinitivo Podem ser caracterizados por serem gerais resumindo brevemente a ideia central do projeto de pesquisa ou específicos que irão ajudar a delimitar o tema proposto detalhando o passo a passo do projeto de pesquisa histórico Também podem ser caracterizados por se tratar de objetivos científicos com alguma finalidade ligada à sociedade ou de descobrimento de algo ou pedagógicos como uma dissertação de Mestrado por exemplo Continuando com Barros 2015 e seguindo desmembrando as etapas do projeto chegamos no quadro teórico pois todo o processo de pesquisa tem um fundamento teórico implícito ou explícito As fontes explícitas são transparentes entretanto as implícitas fogem do controle do pesquisador Por isso o quadro teórico tem a função de dar as coordenadas básicas do projeto de pesquisa não deixando de ser também um delimitador De certa forma o quadro teórico entra em contraste com as hipóteses do projeto de pesquisa em questão fazendo com que estas sejam manifestadas de maneira coerente com as convicções trazidas pelo pesquisador Sendo assim o quadro teórico nada mais é do que o conjunto de teorias procedimentos e ideias que auxiliam o pesquisador a concretizar sua atividade Em um quinto ponto como observado no parágrafo anterior entramos nas hipóteses também conhecidas como heurísticas Depois da delimitação do problema de pesquisa as hipóteses têm a missão de cumprir dois requisitos O primeiro é o de serem de caráter universal tendo a possibilidade de serem aplicadas em vários casos E o segundo é o de terem a possibilidade de serem verificadas por meio dos métodos e da documentação disponível Em se tratando de História as hipóteses constituemse por serem o instrumento central da pesquisa porque permitem ao pesquisador escolher quais serão os documentos e as fontes utilizadas com maior significância para que a pesquisa atinja seus objetivos tanto gerais quanto específicos Um ponto chave para isso é a formulação adequada da hipótese Caminhando de acordo ainda com a Figura 3 segundo Barros 2015 chegamos nas fontes e na metodologia Falando primeiramente das fontes nesse caso saber a pertinência e a relevância de que fontes serão usadas assim como a sua tipologia auxiliará em muito a condução do projeto Principalmente em relação às hipóteses como já vimos anteriormente Antes de qualquer coleta de dados é necessário fazer a discriminação das fontes primárias e secundárias e materiais e imateriais Tratando da metodologia ela irá variar em alguns casos como modalidade do tema hipóteses documentação disponível e teoria usada O objetivo principal é assim como em outros pontos da construção do projeto fazer uma especificação rápida e concreta de como o pesquisador irá verificar as hipóteses formuladas com a documentação disponibilizada Ainda diretamente ligado às fontes em um sétimo ponto nós temos a bibliografia que deve conter além de livros e artigos usados para abordagem do tema todo o material que irá ser usado durante o projeto de pesquisa como pontos de apoio teóricos e metodológicos Podem ser divididos em grupos e categorias como fontes impressas caráter metodológico e seções temáticas Devem vir listados em ordem alfabética a partir do sobrenome do autor Para finalizarmos chegamos ao oitavo ponto o cronograma O cronograma é a gestão de tempo do projeto de pesquisa Se é um projeto ele precisa ter uma data final pois ao contrário disso implicará em custos maiores para a sua finalização Deve ser feito visando a entrega por etapas como se fosse um ciclo de vida trabalhando início meio e fim A melhor forma de laborar esse cronograma é elaborar um quadro com eixos dividindo as atividades com as etapas que estão prontas para a entrega e o tempo com dia mês e ano para o controle do pesquisador Figura 4 Capa do livro O Projeto de Pesquisa em História Fonte Divulgação O livro lhe ajudará a fazer um projeto de pesquisa fornecendo todos os detalhes necessários para que o desenvolvimento da sua pesquisa saia com clareza e transparência esclarecendo de forma prática todos os pontos principais da construção do projeto Assim de acordo com Barros 2020 um projeto cumpre múltiplas funções e finalidades de pesquisa Ele deve responder a vários questionamentos antecipandose a algumas perguntas relacionadas à proposta Seguindo a Figura 3 vamos direcionar cada pergunta à sua devida característica da etapa de pesquisa conforme o Quadro 4 a seguir Quadro 4 Perguntas Introdução Quem fará Autor O que fazer Delimitação Temática e Formulação do Problema Dialogando com quem Revisão Bibliográfica Por que fazer Justificativa Com que fundamentos Quadro Teórico Perguntas Introdução Hipóteses Com que materiais Fontes e Metodologia Com que instrumentos Fontes e Metodologia De que modo fazer Fontes e Metodologia Quando fazer Cronograma Com que recursos Recursos e Aspectos Orçamentários Bibliografia Fonte Adaptado de BARROS 2015 Nessa direção o projeto de pesquisa está em sua totalidade partindo do pressuposto de que este é um instrumento precioso de pesquisa científica não importando o campo de estudo da disciplina que estiver tratando com o objetivo de levar conhecimento à sociedade Pauta 5 O Papel do Historiador Chegamos no ponto central do projeto de História o próprio historiador É ele o responsável por todas as partes do projeto Desde a dúvida principal passando pela problemática chegando até a apresentação deste Segundo Bauer Oliveira e Alves 2020 os historiadores são investigadores que esclarecem processos importantes ao longo da História do mundo em que vivemos visando compreender as ações de pessoas dos mais diversos cargos posições políticas etnias ou até mesmo cidadãos comuns que deixaram rastros preciosos para compreensão da evolução da humanidade A História vive o passado apresentado no presente e pensando no futuro Já que estamos falando de historiadores não podíamos deixar de passar por Heródoto um dos primeiros historiadores do mundo a conceber a História como problema filosófico revelando situações e aspectos importantes do comportamento humano Heródoto criou o termo Historie que significa pesquisa Razão que por si só já é o suficiente para trazêlo aqui como um marco entre os historiadores Assim sendo o campo de pesquisa não é tão somente trabalhado em documentos escritos e oficiais mas também é considerado como pesquisa toda a produção humana que tenha ideias e características de um tempo que pretende ser estudado fazendo com que na essência de todo historiador exista um pesquisador Esses termos foram usados incondicionalmente durante todo esse texto Resgatando mais um historiador com fundamental papel em pesquisa de história chegamos a Marc Bloch que se posicionava diante da História como essa sendo a ciência dos homens no tempo Marc Bloch foi um dos fundadores da Escola de Annales e responsável por trazer novos conceitos sobre documentos historiográficos que abrem precedentes para interdisciplinaridade além de obras literárias sobre o ofício do historiador Outros historiadores de diversos países e continentes marcaram a História da humanidade por meio de contribuições extremamente preciosas para esta como Sima Qian AlTabari François Mignet Gustave Glotz Karl Marx Oswald Spengler Manuel Moreno Fraginals Paul Veyne Fritz Stern Joan Wallach Scott Francis Paul Prucha Edmund Morgan John Whitney Hall Robert Conquest Elizabeth Eisenstein Andrey Korotayev Tito Livio e Eric Hobsbawm Clique no botão para conferir o conteúdo ACESSE Leitura Os 19 Historiadores Mais Famosos da História Para saber mais informações sobre cada um desses historiadores entre eles Heródoto que aparece na Figura 5 Figura 5 Heródoto Fonte Getty Images No Brasil também temos importantes nomes como Luiz Felipe de Alencastro Gilberto Freyre Laura de Mello e Souza Sérgio Buarque de Holanda Mary del Priore Caio Prado Júnior Jaime Pinsky e tantos outros E por falar em Brasil a profissão de historiador pôde ser devidamente regulamentada no País através da instituição responsável que é a Associação Nacional de História ANPUH que tem uma equipe formada para regulamentação do profissional Como já discutimos antes é claro que nenhuma pesquisa está livre das associações que o próprio historiador irá fazer dependendo da formação da ideologia e das experiências que ele tenha vivido anteriormente O mais importante é que os projetos de pesquisa em história continuem trazendo fatos e acontecimentos para que as pessoas possam cada vez mais aprender com o passado e fazer com que a sociedade possa almejar um futuro melhor para cada um de nós Material Complementar Fontes Históricas Introdução aos Seus Usos Historiográficos BARROS J D Fontes históricas Introdução aos Seus Usos Historiográficos S l Editora Vozes 2019 Espaço História Geografia BARROS J D Espaço história geografia S l Editora Vozes 2017 Conteúdo e Metodologia do Ensino de História BAUER C S et al Conteúdo e metodologia do ensino de história 1 ed Porto Alegre Sagah 2020 Apologia da História ou o Ofício de Historiador BLOCH M Apologia da história ou o ofício de historiador São Paulo Zahar 2020 Les Caractères Originaux de lHistoire Rurale Française BLOCH M Les caractères originaux de lhistoire rurale française França Armand Colin 1999 Escritos Sobre a História BRAUDEL F Escritos sobre a história São Paulo Perspectiva 1999 Livros O Mediterrâneo e o Mundo Mediterrâneo na Época de Filipe II BRAUDEL F O mediterrâneo e o mundo mediterrâneo na época de Filipe II São Paulo Edusp 2016 Fundamentos de Teoria da História GERVINUS G G Fundamentos de teoria da história Fortaleza Editora Vozes 2010 Metodologia do Estudo e Pesquisa Facilitando a Vida dos Estudantes Professores e Pesquisadores LEÃO L M Metodologia do estudo e pesquisa facilitando a vida dos estudantes professores e pesquisadores Fortaleza Editora Vozes 2019 História e Memória GOFF J L História e Memória Campinas Editora da Unicamp 2013 Marxismo contra Positivismo LÖWY M Marxismo contra Positivismo São Paulo Cortez 2018 Introdução à Metodologia do Trabalho Científico ANDRADE M M D Introdução à metodologia do trabalho científico 10 ed 2010 Atlas v 176 2010 Práticas de Pesquisa em História LUCA T R D Práticas de Pesquisa em História São Paulo Editora Contexto 2020 Uma História da Leitura MANGUEL A Uma História da Leitura São Paulo Companhia de Bolso 2021 Técnicas de Pesquisa LAKATOS E M MARCONI M A Técnicas de pesquisa São Paulo Companhia de Bolso 2021 Fontes Históricas PINSKY C B org Fontes históricas 2 ed São Paulo Editora Conceito 2008 O Historiador e as Fontes PINSKY C B LUCA T Rorg O Historiador e as fontes São Paulo Editora Contexto 2009 Escola dos Annales A Inovação em História REIS J C Escola dos Annales A Inovação em História São Paulo Paz e O Projeto de Pesquisa em História da Escolha do Tema ao Quadro Teórico BARROS J D Projeto de pesquisa em história Editora Vozes 2014 Terra 2004 Possibilidades de Pesquisa em História RODRIGUES R R org Possibilidades de pesquisa em história São Paulo Editora Contexto 2017 Introdução aos Estudos Históricos SEIGNOBOS C LANGLOIS C Introdução aos estudos históricos São Paulo Editora Renascença S A 1946 A Fonte Histórica e Seu Lugar de Produção BARROS J D A fonte histórica e seu lugar de produção Editora Vozes 2020 Referências CHARTIER R A ordem dos livros leitores autores e bibliotecas na Europa entre os séculos XIV e XVIII 1 ed Brasília Editora UNB 1992 FEBVRE L Combates pela história 1 ed Lisboa Presença 1989 FREITAS M C org Historiografia brasileira em perspectiva 7 ed São Paulo Contexto 2014 ebook GERNIVUS G G Fundamentos de teoria da história 1 ed Petrópolis Vozes 2010 LAKATOS E M MARCONI M A Técnicas de pesquisa 8 ed São Paulo Atlas 2017 LANGLOIS C V SEIGNOBOS C Introdução aos estudos históricos 1 ed São Paulo Renascença 1946 LEÃO L M Metodologia do estudo e pesquisa facilitando a vida dos estudantes professores e pesquisadores 1 ed Petrópolis Vozes 2016 LÖWY M Marxismo contra positivismo 1 ed São Paulo Cortez 2018 MARTINS J R Os intérpretes do brasil pensamento sociopolítico lastreado no fluxo de ideias narrativas e realidades na busca de uma identidade nacional brasileira Revista NEP Núcleo de Estudos Paranaenses UFPR Curitiba v 3 n 2 p 92123 2017 Disponível em httpsrevistasufprbrneparticleview53518 Acesso em 04052021 REIS D S BAGNO M Os intérpretes e a formação do Brasil os quatro primeiros séculos de uma história esquecida Cadernos de Tradução Florianópolis v 36 n 3 p 81108 2016 Disponível em 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Encontro Internacional História e Parcerias 2 2019 Rio de Janeiro Anais Rio de Janeiro Universidade Veiga de Almeida UVA p 117 2019 Disponível em httpswwwhistoriaeparcerias2019rjanpuhorgresourcesanais11hep201915696963608 ARQUIVObd3da9a036a806b478945059afaa52epdf Acesso em 25042020 BARROS J D A Fonte histórica introdução aos seus usos historiográficos 1 ed Petrópolis Vozes 2019 O projeto de pesquisa em história da escolha do tema ao quadro teórico 10 ed Petrópolis Vozes 2015 ebook BARROS J D A fonte histórica e seu lugar de produção 1 ed Petrópolis Vozes 2020 Os historiadores e o tempo a contribuição dos Annales Cadernos de História Belo Horizonte v 19 n 30 p 182210 jul 2018 Disponível em httpperiodicospucminasbrindexphpcadernoshistoriaarticleview16344 Acesso em 04052021 História da eternidade São Paulo Companhia das Letras 2010