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7 ª E D I Ç Ã O l o j a p e a r s o n c o m b r ISBN 9788543020549 020549 9 788543 Economia MACROECONOMIA MACROECONOMIA O L I V I E R B L A N C H A R D O L I V I E R B L A N C H A R D B L A N C H A R D Macroeconomia permite que o leitor tenha contato com eventos macroeco nômicos atuais ao abordar desde a grande crise econômica global iniciada em 2008 a políti ca monetária dos Estados Unidos os problemas ocorridos na zona do Euro e o crescimento econômico da China entre outros Aliando teoria e práti ca o livro traz uma visão integrada da macroeconomia estru turandose em um modelo que baseia suas conclusões nas implicações das condições de equilíbrio em três ti pos de mercado de bens fi nanceiro e de trabalho Isso faz com que o estudante veja a área como um todo coerente não apenas como uma coletânea de modelos permiti ndo que ele tenha uma compreensão de eventos macroeconômicos passados mas também seja ca paz de entender os eventos futuros Um verdadeiro manual de macroeconomia póscrise este livro discute im portantes eventos macroeconômicos relacionandoos com o mundo real o que proporciona uma compreensão mais profunda dos conceitos e resul tados apresentados A obra é ideal para estudantes de economia adminis tração ciências contábeis engenharia de produção e cursos de graduação tecnológica na área de gestão MACROECONOMIA 7 ª E D I Ç Ã O 7 ª E D I Ç Ã O svpearsoncombr A Sala Virtual oferece para professores manual do professor em inglês exercícios adicionais em inglês e apresentações em PowerPoint Para estudantesquestões de múltipla escolha Este livro também está disponível para compra em formato ebook Para adquirilo acesse nosso site 9788543020549CVRBLANCHARDindd 79 131117 1727 Sumário Prefácio XV Os fundamentos Introdução 1 Capítulo 1 Um giro pelo mundo 3 11 A crise 3 12 Os Estados Unidos 6 Taxas de juros baixas e o limite inferior zero 8 Até que ponto um baixo crescimento de produtividade é preocupante 9 13 A área do euro 10 Como reduzir o desemprego europeu 12 O que o euro tem feito pelos países que o adotaram 13 14 China 14 15 O futuro 16 Capítulo 2 Um giro pelo livro 21 21 Produto agregado 21 PIB produção e renda 22 PIB nominal e real 24 PIB nível versus taxa de crescimento 26 22 Taxa de desemprego 27 Por que os economistas se preocupam com o desemprego 29 23 Taxa de inflação 31 Deflator do PIB 31 Índice de preços ao consumidor 31 Por que os economistas se preocupam com a inflação 33 24 Produto desemprego e taxa de inflação lei de Okun e curva de Phillips 34 Lei de Okun 34 A curva de Phillips 35 25 Curto prazo médio prazo e longo prazo 36 26 Um giro pelo livro 37 Fundamentos 37 Extensões 38 De volta à política econômica 38 Epílogo 39 O curto prazo 47 Capítulo 3 O mercado de bens 49 31 A composição do PIB 50 32 Demanda por bens 52 Consumo C 52 Investimento I 54 Gastos do governo G 55 33 Determinação do produto de equilíbrio 55 Usando a álgebra 56 Utilizando um gráfico 57 7 ª E d i ç ã o MacroeconoMia A01BLAN058107SEINIindd 1 171117 1616 O l i v i e r B l a n c h a r d A01BLAN058107SEINIindd 2 171117 1616 Tradução Sonia Midori Yamamoto Revisão técnica Fernando Rugitsky Doutor em economia pela New School for Social Research Mestre em direito econômico e bacharel em direito e em economia pela USP Pesquisador associado do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento Cebrap Professor da Faculdade de Economia Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo FEAUSP 7 ª E d i ç ã o MacroeconoMia O l i v i e r B l a n c h a r d A01BLAN058107SEINIindd 3 171117 1616 Dados Internacionais de Catalogação na Publicação CIP Câmara Brasileira do Livro SP Brasil Blanchard Olivier Macroeconomia Olivier Blanchard tradução Sônia Midori Yamamoto 7 ed São Paulo Pearson Education do Brasil 2017 Título original Macroeconomics ISBN 9788543020549 1 Macroeconomia I Título 1704069 CDD339 Índice para catálogo sistemático 1 Macroeconomia 339 2018 by Pearson Education do Brasil Ltda Copyright 2017 2013 2011 by Pearson Education Inc or its affiliates Todos os direitos reservados Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio eletrônico ou mecânico incluindo fotocópia gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de informação sem prévia autorização por escrito da Pearson Education do Brasil Gerente de produtos Alexandre Mattioli Supervisora de produção editorial Silvana Afonso Coordenador de produção editorial Jean Xavier Editora de texto Sabrina Levensteinas Editoras assistentes Karina Ono Mariana Rodrigues Preparação Gisele Gonçalves e Renata Siqueira Campos Revisão Isabel Costa Capa Natália Gaio sobre o projeto original imagem de capa Paul HardyCorbis Diagramação e projeto gráfico Casa de Ideias Direitos exclusivos cedidos à Pearson Education do Brasil Ltda uma empresa do grupo Pearson Education Avenida Santa Marina 1193 CEP 05036001 São Paulo SP Brasil Fone 11 21788609 e 11 21788653 pearsonuniversidadespearsoncom A01BLAN058107SEINIindd 4 121217 1356 A Noelle BookBlanchard 1indb 5 241017 1717 Sobre o autor Cidadão francês Olivier Blanchard passou a maior parte da sua vida profissio nal em Cambridge nos Estados Unidos Após obter seu PhD em Economia no Massachusetts Institute of Technology em 1977 lecionou na Universidade de Harvard e retornou ao MIT em 1982 Foi chefe do Departamento de Economia de 1998 a 2003 de onde se licenciou em 2008 para atuar como conselheiro econômico e diretor do Departamento de Pesquisas do Fundo Monetário Internacional Desde outubro de 2015 é colaborador sênior do Peterson Institute for International Economics em Washington Também permanece como professor emérito de economia no MIT Blanchard trabalhou em um amplo conjunto de questões macroeconômicas abordando desde o papel da política monetária até a natureza das bolhas especula tivas a natureza do mercado de trabalho e os fatores determinantes do desemprego a transição nos antigos países comunistas e as forças por trás da crise global recente Nesse processo trabalhou com vários países e organizações internacionais É autor de muitos livros e artigos incluindo um livrotexto de pósgraduação com Stanley Fischer Foi editor do Quarterly Journal of Economics e do NBER Macroeconomics Annual além de editor fundador da AEJ Macroeconomics É colaborador e exmem bro do conselho da Econometric Society exvicepresidente da American Economic Association e membro da American Academy of Sciences O Blanchard A01BLAN058107SEINIindd 6 271117 1516 Usando palavras 60 Quanto demora o ajuste do produto 60 34 Investimento igual a poupança um modo alternativo de pensar sobre o equilíbrio do mercado de bens 63 35 O governo é mesmo onipotente Uma advertência 65 Capítulo 4 Mercados Financeiros I 72 41 Demanda por moeda 72 Derivação da demanda por moeda 74 42 Determinação da taxa de juros I 76 Demanda por moeda oferta de moeda e taxa de juros de equilíbrio 77 Política monetária e as operações de mercado aberto 79 Escolher a oferta de moeda ou a taxa de juros 81 43 Determinação da taxa de juros II 81 O que os bancos fazem 82 A oferta e a demanda por moeda do Banco Central 83 O mercado de fundos federais e a taxa dos fundos federais 85 44 A armadilha da liquidez 85 Capítulo 5 Mercados de bens e mercados financeiros o modelo ISLM 95 51 O mercado de bens e a relação IS 95 Investimento vendas e taxa de juros 96 Determinação do produto 97 Derivação da curva IS 98 Deslocamentos da curva IS 98 52 Mercados financeiros e a relação LM 100 Moeda real renda real e taxa de juros 100 Derivação da curva LM 101 53 Combinação das relações IS e LM 102 Política fiscal 102 Política monetária 104 54 Uso de uma combinação de políticas 105 55 Como o modelo ISLM se ajusta aos fatos 111 Capítulo 6 Mercados financeiros II o modelo ISLM ampliado 119 61 Taxas de juros nominal e real 119 Taxas de juros nominais e reais nos Estados Unidos desde 1978 122 Taxas de juros nominais e reais o limite inferior zero e a deflação 123 62 Prêmio de risco e risco 124 63 O papel dos intermediários financeiros 125 A escolha da alavancagem 126 Alavancagem e empréstimos 127 64 Estendendo o ISLM 130 Choques financeiros e políticas 131 65 De um problema imobiliário a uma crise financeira 132 Preços de imóveis residenciais e hipotecas subprime 132 O papel dos intermediários financeiros 134 Implicações macroeconômicas 136 Respostas políticas 137 O médio prazo 145 Capítulo 7 Mercado de trabalho 147 71 Um giro pelo mercado de trabalho 147 Grandes fluxos de trabalhadores 148 72 Movimentos do desemprego 151 73 Determinação de salários 154 Negociação 155 Salárioseficiência 156 Salários preços e desemprego 157 Nível esperado de preços 157 Taxa de desemprego 158 Outros fatores 158 74 Determinação de preços 159 75 Taxa natural de desemprego 160 Relação de fixação de salários 160 Relação de fixação de preços 160 Salários reais e desemprego em equilíbrio 161 76 Para onde iremos 163 Capítulo 8 CURVA DE PHILLIPS TAXA NATURAL DE DESEMPREGO E INFLAÇÃO 170 81 Inflação inflação esperada e desemprego 171 82 Curva de Phillips e suas mutações 173 A primeira encarnação 173 O tradeoff aparente e seu desaparecimento 173 83 A curva de Phillips e a taxa natural de desemprego 177 84 Um resumo e muitas advertências 179 Mudanças na taxa natural de um país para outro 179 Mudanças na taxa natural ao longo do tempo 180 Inflação alta e a relação da curva de Phillips 182 Deflação e a relação da curva de Phillips 185 Capítulo 9 DO CURTO AO MÉDIO PRAZO O MODELO ISLMPC 192 91 O modelo ISLMPC 192 92 Dinâmica e equilíbrio de médio prazo 197 O papel das expectativas revisitado 198 O limite inferior zero e as espirais de dívida 199 93 Consolidação fiscal revisitada 202 94 Efeitos de um aumento no preço do petróleo 204 Efeitos sobre a taxa natural de desemprego 205 95 Conclusões 209 Curto prazo versus médio prazo 209 Choques e mecanismos de propagação 209 O LONGO PRAZO 215 Capítulo 10 OS FATOS DO CRESCIMENTO 217 101 Avaliando o padrão de vida 217 102 Crescimento nos países ricos desde 1950 221 O grande aumento do padrão de vida desde 1950 224 A convergência do produto por pessoa 224 103 Uma visão mais ampla do crescimento ao longo do tempo e do espaço 226 Visão ao longo de dois milênios 226 Visão do crescimento pelos países 226 104 Refletindo sobre crescimento uma introdução 228 Função de produção agregada 228 Retornos de escala e rendimentos dos fatores 229 Produto por trabalhador e capital por trabalhador 230 Fontes do crescimento 231 Capítulo 11 POUPANÇA ACUMULAÇÃO DE CAPITAL E PRODUTO 236 111 Interações entre produto e capital 236 Efeitos do capital sobre o produto 237 Efeitos do produto sobre a acumulação de capital 238 Produto e investimento 238 Investimento e acumulação de capital 239 112 Implicações de taxas de poupança diferentes 240 Dinâmica do capital e do produto 240 Taxa de poupança e produto 243 Taxa de poupança e consumo 246 113 Uma ideia das grandezas 250 Efeitos da taxa de poupança sobre o produto no estado estacionário 251 Efeitos dinâmicos de um aumento na taxa de poupança 252 A taxa de poupança dos Estados Unidos e a regra de ouro 254 114 Capital físico versus capital humano 255 Ampliando a função de produção 255 Capital humano capital físico e produto 256 Crescimento endógeno 257 Capítulo 12 PROGRESSO TECNOLÓGICO E CRESCIMENTO 263 121 Progresso tecnológico e taxa de crescimento 263 Progresso tecnológico e a função de produção 263 Interações entre produto e capital 265 Dinâmica do capital e do produto 267 Efeitos da taxa de poupança 269 122 Determinantes do progresso tecnológico 270 Fertilidade do processo de pesquisa 271 Apropriabilidade dos resultados de pesquisa 272 Gestão inovação e imitação 275 123 Instituições progresso tecnológico e crescimento 275 124 Os fatos do crescimento revisitados 279 Acumulação de capital versus progresso tecnológico nos países ricos desde 1985 279 Acúmulo de capital versus progresso tecnológico na China 280 Capítulo 13 PROGRESSO TECNOLÓGICO CURTO MÉDIO E LONGO PRAZOS 287 131 Produtividade produto e desemprego no curto prazo 287 Evidência empírica 289 132 Produtividade e a taxa natural de desemprego 291 Fixação de preços e de salários revisitada 291 Taxa natural de desemprego 292 Evidência empírica 294 133 Progresso tecnológico transformação e desigualdade 296 Aumento da desigualdade salarial 299 Causas do aumento na desigualdade salarial 300 Desigualdade e o 1 no topo 302 Extensões EXPECTATIVAS 309 Capítulo 14 MERCADOS FINANCEIROS E EXPECTATIVAS 311 141 Valor presente descontado esperado 311 Cálculo do valor presente descontado esperado 312 Fórmula geral 313 Usando o valor presente exemplos 313 Taxas de juros constantes 314 Taxas de juros e pagamentos constantes 314 Taxas de juros e pagamentos constantes para sempre 315 Taxas de juros nulas 315 Taxa nominal de juros versus taxa real de juros e o valor presente 315 142 Preços e rendimentos dos títulos 316 Preços dos títulos como valores presentes 319 Arbitragem e preços dos títulos 320 Dos preços aos rendimentos dos títulos 321 Reintrodução de risco 322 Interpretando a curva de rendimento 323 143 Bolsa de valores e variações nos preços das ações 324 Preços das ações como valores presentes 325 Bolsa de valores e atividade econômica 328 Expansão monetária e a bolsa de valores 329 Aumento dos gastos com consumo e bolsa de valores 329 144 Risco bolhas modismos e os preços das ações 332 Preços das ações e risco 332 Preços de ativos fundamentos e bolhas 332 Capítulo 15 EXPECTATIVAS CONSUMO E INVESTIMENTO 341 151 Consumo 341 O consumidor com grande capacidade de previsão 342 Exemplo 343 Rumo a uma descrição mais realista 344 Juntando as peças renda corrente expectativas e consumo 347 152 Investimento 349 Investimento e expectativas de lucro 349 Depreciação 349 Valor presente dos lucros esperados 349 Decisão de investimento 350 Um caso especial conveniente 352 Lucro corrente versus lucro esperado 353 Lucro e vendas 356 153 Volatilidade do consumo e do investimento 357 Capítulo 16 EXPECTATIVAS PRODUTO E POLÍTICA ECONÔMICA 364 161 Expectativas e decisões fazendo o balanço 364 Expectativas consumo e decisões de investimento 364 As expectativas e a relação IS 365 162 Política monetária expectativas e produto 368 Política monetária revisada 368 163 Redução no déficit expectativas e produto 372 O papel das expectativas sobre o futuro 374 De volta ao período atual 375 ECONOMIA ABERTA 383 Capítulo 17 ABERTURA DOS MERCADOS DE BENS E DOS MERCADOS FINANCEIROS 385 171 Abertura dos mercados de bens 386 Exportações e importações 386 Escolha entre bens domésticos e bens estrangeiros 388 Taxas de câmbio nominais 389 Da taxa de câmbio nominal para a taxa de câmbio real 390 De taxas de câmbio bilaterais para multilaterais 393 172 Abertura dos mercados financeiros 394 Balanço de pagamentos 396 Escolha entre ativos domésticos e ativos estrangeiros 399 Taxas de juros e taxas de câmbio 401 173 Conclusões e os próximos passos 403 Capítulo 18 O MERCADO DE BENS EM UMA ECONOMIA ABERTA 408 181 A relação IS na economia aberta 408 Demanda por bens domésticos 408 Determinantes de C I e G 409 Determinantes das importações 409 Determinantes das exportações 410 Juntando os componentes 410 182 Produto de equilíbrio e balança comercial 412 183 Aumentos na demanda doméstica ou estrangeira 413 Aumentos na demanda doméstica 414 Aumentos na demanda estrangeira 415 Política fiscal revisitada 417 184 Depreciação balança comercial e produto 419 Depreciação e a balança comercial a condição de MarshallLerner 420 Efeitos de uma depreciação real 420 Combinando as políticas cambial e fiscal 421 185 Examinando a dinâmica curva J 424 186 Poupança investimento e balança comercial 426 Capítulo 19 PRODUTO TAXA DE JUROS E TAXA DE CÂMBIO 433 191 Equilíbrio no mercado de bens 433 192 Equilíbrio nos mercados financeiros 435 Títulos domésticos versus títulos estrangeiros 435 193 Colocando o mercado de bens e os mercados financeiros juntos 439 194 Efeitos da política econômica em uma economia aberta 441 Os efeitos da política monetária em uma economia aberta 441 Efeitos da política fiscal em uma economia aberta 442 195 Taxas de câmbio fixas 446 Atrelamentos minidesvalorizações bandas o SME e o euro 446 Política monetária quando a taxa de câmbio é fixa 447 Política fiscal quando a taxa de câmbio é fixa 448 Capítulo 20 REGIMES DE TAXA DE CÂMBIO 456 201 O médio prazo 457 A relação IS sob taxas de câmbio fixas 458 Equilíbrio no curto e no médio prazos 458 Argumentos a favor e contra a desvalorização 459 202 Crises cambiais sob taxas de câmbio fixas 461 203 Variações na taxa de câmbio sob taxas flexíveis 464 Taxas de câmbio e as transações correntes 466 Taxas de câmbio e taxas de juros correntes e futuras 466 Volatilidade da taxa de câmbio 466 204 Escolha entre regimes de taxa de câmbio 468 Áreas monetárias comuns 468 Atrelamentos rígidos comitês cambiais e dolarização 471 DE VOLTA À POLÍTICA ECONÔMICA 481 Capítulo 21 OS FORMULADORES DE POLÍTICA ECONÔMICA DEVERIAM SOFRER RESTRIÇÕES 483 211 Incerteza e política econômica 484 Quanto os macroeconomistas efetivamente sabem 484 A incerteza deve levar os formuladores de política econômica a fazer menos 486 A incerteza e as restrições aos formuladores de política econômica 486 212 Expectativas e política econômica 487 Sequestros e negociações 488 Inflação e desemprego revisitados 488 Conquistando credibilidade 489 Consistência temporal e restrições aos formuladores de política econômica 492 213 Política e política econômica 492 Jogos entre os formuladores de política econômica e os eleitores 492 Jogos entre formuladores de política econômica 494 Política e restrições fiscais 496 Capítulo 22 POLÍTICA FISCAL UM RESUMO 504 221 O que aprendemos 504 222 Restrição orçamentária do governo déficits dívida gastos e impostos 506 A aritmética dos déficits e da dívida 506 Impostos correntes versus impostos futuros 508 Evolução da razão dívidaPIB 511 223 Equivalência ricardiana déficits ciclicamente ajustados e finanças em guerras 514 Equivalência ricardiana 514 Déficits estabilização do produto e déficit ciclicamente ajustado 515 Guerras e déficits 516 224 Os riscos de uma dívida muito alta 518 Dívida alta risco de inadimplência e ciclos viciosos 519 Inadimplência 521 Financiamento monetário 521 Capítulo 23 POLÍTICA MONETÁRIA UM RESUMO 530 231 O que aprendemos 531 232 Das metas de agregados monetários ao regime de metas de inflação 532 Metas de agregados monetários 532 Regimes de metas de inflação 534 A regra da taxa de juros 535 233 Taxa de inflação ótima 536 Custos da inflação 536 Benefícios da inflação 540 Taxa de inflação ótima o debate atual 541 234 Política monetária não convencional 542 235 Política monetária e estabilidade financeira 544 Provisão de liquidez e emprestador em última instância 544 Ferramentas macroprudenciais 544 Capítulo 24 EPÍLOGO A HISTÓRIA DA MACROECONOMIA 552 241 Keynes e a Grande Depressão 552 242 A síntese neoclássica 553 Progresso em todas as frentes 553 Keynesianos versus monetaristas 555 243 A crítica das expectativas racionais 556 Integração das expectativas racionais 558 244 Desenvolvimentos da teoria macroeconômica até a crise de 2009 560 A teoria econômica novoclássica e a teoria dos ciclos econômicos reais 560 Teoria econômica novokeynesiana 561 Nova teoria do crescimento 562 Rumo à integração 563 245 Primeiras lições para a macroeconomia após a crise 564 Apêndices 568 Apêndice 1 Introdução às contas de renda e produto nacional 568 O lado da renda 568 O lado do produto 570 O governo federal nas contas de renda nacional 572 Atenção 573 Apêndice 2 Revisão matemática 575 Série geométrica 575 Aproximações úteis 575 Funções 577 Escalas logarítmicas 578 Apêndice 3 Introdução à econometria 580 Variações no consumo e variações na renda disponível 580 Correlação versus causalidade 581 Glossário 585 Índice 595 Prefácio Pensei em escrever este livro com dois objetivos principais Proporcionar um contato com eventos macroeconô micos atuais O que torna a macroeconomia empol gante é a luz que ela lança sobre o que ocorre no mundo desde a grande crise econômica global que se iniciou em 2008 até a política monetária nos Estados Unidos os problemas na área do euro e o crescimento econômico da China Esses eventos e muitos outros estão descritos no livro não em notas de rodapé mas no texto ou mais detalhadamente nas seções Foco Cada uma dessas seções mostra como aplicar o que se aprendeu para obter melhor compreen são desses eventos Acredito que essas seções não só expressam a vida da macroeconomia mas também reforçam as lições dos modelos tornandoos mais concretos e fáceis de ser assimilados Fornecer uma visão integrada da macroeconomia O livro está estruturado em um modelo subjacente que baseia suas conclusões nas implicações das condições de equilíbrio em três tipos de mercado de bens finan ceiro e de trabalho Dependendo do tema em questão as partes do modelo que lhes são relevantes são desen volvidas em mais detalhes ao passo que as outras são simplificadas ou ficam em segundo plano No entanto o modelo subjacente é sempre o mesmo Assim você verá a macroeconomia como um todo coerente não como uma coletânea de modelos e será capaz de entender não apenas eventos macroeconômicos passados mas também os que se desdobrarão no futuro Novidades desta edição A crise que começou em 2008 e ainda persiste forçou os economistas a repensarem grande parte da macroe conomia Era evidente que eles haviam subestimado o papel do sistema financeiro Também tinham uma visão muito otimista de como a economia retorna ao equilíbrio Oito anos mais tarde creio que as principais lições foram aprendidas e esta edição revela a reavaliação que se deu Quase todos os capítulos foram reescritos e as principais mudanças são as seguintes O Capítulo 5 foi modificado assim como a apresen tação do modelo ISLM O tratamento tradicional da política monetária assume que o Banco Central escolhia a oferta de moeda e depois deixava que a taxa de juros se ajustasse Na realidade os Bancos Centrais modernos escolhem a taxa de juros e depois deixam a oferta de moeda se ajustar No que se refere ao modelo ISLM usado para descrever o curto prazo a curva LM em vez de ascendente deve ser tratada como plana Isso resulta em um modelo mais realista e simples O novo Capítulo 6 aborda o papel do sistema finan ceiro na economia Amplia o modelo ISLM para per mitir duas taxas de juros a determinada pela política monetária e o custo do crédito para pessoas físicas e jurídicas com o estado do sistema financeiro deter minando a relação entre as duas Um novo Capítulo 9 O modelo tradicional de oferta agregadademanda agregada era complicado e dava uma visão demasiado otimista do retorno do pro duto ao potencial Ele foi substituído pelo modelo ISLMPC em que PC significa curva de Phillips que resulta em uma descrição mais simples e precisa do papel da política monetária e da dinâmica do produto e da inflação As restrições à política econômica decorrentes do limite inferior zero e as restrições à política fiscal decorrentes dos altos níveis de dívida pública são temas recorrentes no livro Muitas seções Foco são novas ou ampliadas Entre elas Desemprego e felicidade no Capítulo 2 A armadilha da liquidez em ação no Capítulo 4 Corridas bancárias no Capítulo 6 Mudanças na taxa natural de desemprego dos Estados Unidos desde 1990 no Capítulo 8 A lei de Okun ao longo do tempo e entre países e Deflação na Grande Depressão no Capítulo 9 A obtenção dos números da PPC no Capítulo 10 A visão de longo prazo tecnologia educação e desigualdade no Capítulo 13 Curva de rendimento limite inferior zero e decola gem no Capítulo 14 O desaparecimento dos déficits em transações correntes nos países periféricos da área do euro boa ou má notícia no Capítulo 18 Regras fiscais da área do euro um breve histórico no Capítulo 21 e Financiamento monetário e hipe rinflações e Devemos nos preocupar com a dívida pública dos Estados Unidos no Capítulo 22 As figuras e tabelas foram atualizadas usandose os dados mais recentes disponíveis Em suma considero esta edição como o primeiro manual de macroeconomia póscrise Espero que sirva BookBlanchard 1indb 15 241017 1717 XVI Macroeconomia como um guia claro não só sobre o que aconteceu mas também sobre o que pode acontecer no futuro Organização O livro está estruturado em duas partes principais os fundamentos e um conjunto de duas extensões principais Uma introdução precede os fundamentos e o conjunto de extensões é seguido por uma resenha do papel da política econômica O livro termina com um epílogo Um diagrama logo após o prefácio facilita o entendimento de como os capítulos estão organizados e como se encaixam na estrutura geral do livro Os capítulos 1 e 2 introduzem os fatos básicos e as principais questões acerca da macroeconomia O Capítulo 1 aborda primeiro a crise e depois oferece um giro pelo mundo dos Estados Unidos à Europa e à China Alguns professores podem preferir apre sentálo mais adiante talvez depois do Capítulo 2 que introduz os conceitos básicos e expõe as noções de curto médio e longo prazos além de apresentar um panorama do livro Embora o Capítulo 2 apresente os conceitos básicos da contabilidade de renda nacional incluímos uma abordagem detalhada deste tópico no Apêndice 1 no fim do livro Isto não só reduz a complexidade para o leitor principiante mas também possibilita uma exposição mais aprofundada Os capítulos 3 a 13 constituem os fundamentos Os capítulos 3 a 6 concentramse no curto prazo descrevendo o equilíbrio no mercado de bens e nos mercados financeiros e derivando o modelo básico usado para estudar os movimentos de curto prazo do produto o modelo ISLM O Capítulo 6 é novo e amplia o modelo básico de ISLM de modo a abran ger o papel do sistema financeiro para então descre ver o que aconteceu na fase inicial da crise Os capítulos 7 a 9 focam o médio prazo O Capítulo 7 trata do equilíbrio no mercado de trabalho e introduz a noção de taxa natural de desemprego O Capítulo 8 deriva e discute a relação entre desemprego e infla ção conhecida como curva de Phillips O Capítulo 9 desenvolve o modelo ISLMPC PC para curva de Phillips que leva em conta o equilíbrio nos mercados de bens financeiros e de trabalho e mostra como esse modelo pode ser usado na compreensão das variações da atividade e da inflação tanto no curto quanto no médio prazo Os capítulos 10 a 13 concentramse no longo prazo O Capítulo 10 descreve os fatos mostrando a evolução do produto em vários países por longos períodos Os capítulos 11 e 12 desenvolvem um modelo de cresci mento e descrevem como a acumulação de capital e o progresso tecnológico determinam o crescimento O Capítulo 13 foca os efeitos do progresso tecnológico sobre o desemprego e a desigualdade não somente no longo prazo mas também no curto e no médio prazos Os capítulos 14 a 20 abrangem as duas principais extensões Do Capítulo 14 ao Capítulo 16 o estudo se concentra no papel das expectativas no curto e no médio prazos As expectativas desempenham um papel importante na maioria das decisões econômicas e consequente mente cumprem um papel relevante na determinação do produto Os capítulos 17 a 20 focalizam as implicações da abertura nas economias modernas O Capítulo 20 concentrase nas implicações de diferentes regimes de taxa de câmbio desde as taxas flexíveis até as fixas comitês cambiais e dolarização Os capítulos 21 a 23 retomam a política macroe conômica Embora a maior parte dos 20 primeiros capítulos discuta constantemente a política macroe conômica de uma forma ou outra o objetivo desses capítulos é reunir tudo isso O Capítulo 21 examina o papel e os limites da política macroeconômica em geral Os capítulos 22 e 23 apresentam uma revisão das políticas monetária e fiscal Alguns professores podem querer usar partes desses capítulos antes Por exemplo é fácil antecipar a discussão sobre restrição orçamentária do governo no Capítulo 22 ou sobre meta de inflação no Capítulo 23 O Capítulo 24 é um epílogo apresenta a macroeco nomia sob uma perspectiva histórica mostrando sua evolução nos últimos 70 anos e discutindo o rumo atual da pesquisa e as lições deixadas pela crise para a macroeconomia Cursos alternativos A estrutura ampla do livro permite a organização de cursos alternativos Elaborei capítulos mais curtos em relação ao padrão dos manuais convencionais e segundo minha experiência a maior parte deles pode ser minis trada em uma hora e meia Alguns poucos os capítulos 5 e 7 por exemplo podem necessitar de duas aulas para serem assimilados Cursos de curta duração 15 aulas ou menos Um curso de curta duração pode ser organizado em torno dos dois capítulos introdutórios e dos BookBlanchard 1indb 16 241017 1717 Prefácio XVII fundamentos o Capítulo 13 pode ser omitido sem prejuízo à continuidade Apresentações informais de uma ou duas extensões com base por exemplo no Capítulo 16 sobre expectativas que pode ser ministrado de forma independente e no Capítulo 17 sobre economia aberta podem se seguir perfazendo um total de 14 aulas Um curso de curta duração pode deixar de fora o estudo do crescimento o longo prazo Neste caso o curso pode ser organizado em torno dos capítulos introdutórios e dos capítulos 3 a 9 nos fundamentos isto totalizará 9 aulas deixando tempo suficiente para cobrir por exemplo o Capítulo 16 sobre expectativas e os capítulos 17 a 19 sobre economia aberta resul tando em um total de 13 aulas Cursos mais longos 20 a 25 aulas Um curso de um semestre é mais do que suficiente para a discussão dos fundamentos além de uma ou ambas as extensões e da revisão da política econômica As extensões pressupõem um conhecimento dos fun damentos mas sob os demais aspectos podem ser ministradas de forma independente Dada a possibi lidade de escolha a ordem em que serão mais bem ministradas provavelmente é a sequência na qual são apresentadas no livro Estudar o papel das expecta tivas em primeiro lugar ajuda os alunos a entender a condição da paridade de juros e a natureza das crises cambiais Características Tive o cuidado de não apresentar qualquer resultado teórico sem relacionálo com o mundo real Além das discussões de fatos no próprio texto incluí um grande número de seções Foco que discutem determinados eventos ou fatos macroeconômicos nos Estados Unidos ou em outra parte do mundo Tentei recriar algumas das interações entre profes sor e estudante que ocorrem em sala de aula por meio do uso de hipertextos na lateral que correm parale lamente ao texto Os hipertextos criam um diálogo com o leitor para facilitar o entendimento das passa gens mais difíceis e proporcionar uma compreensão mais profunda dos conceitos e resultados derivados ao longo do livro Para estudantes que desejem explorar a macroe conomia mais profundamente introduzi as seguintes características Apêndices curtos em alguns capítulos que detalham observações feitas dentro do capítulo Uma seção de leitura adicional no final da maior parte dos capítulos indicando onde encontrar mais informações incluindo vários endereços úteis na Internet Cada capítulo termina com três formas de garantir que seu conteúdo foi assimilado Um resumo dos principais pontos do capítulo Uma lista de palavraschave Uma série de exercícios de fim de capítulo As atividades Teste rápido são fáceis Os exercícios Aprofundando apresentam grau de dificuldade um pouco maior e os Explorando mais normal mente necessitam ou de acesso à internet ou uso de um programa de planilha eletrônica para ser resolvidos Uma lista nas páginas finais a lembrar o significado dos símbolos usados no texto Agradecimentos Este livro deve muito a muitos Agradeço a Adam Ashcraft Peter Berger Peter Benczur Efe Cakarel Francesco Furno Harry Gakidis Ava Hong David Hwang Kevin Nazemi David Reichsfeld Jianlong Tan Stacy Tevlin Gaurav Tewari Corissa Thompson John Simon e Jeromin Zettelmeyer pela assistência na pes quisa ao longo dos anos Sou grato às gerações de alunos do curso 1402 no MIT que compartilharam livremente suas opiniões a respeito do livro Comentários de colegas e amigos também muito beneficiaram este trabalho Entre eles estão John Abell Daron Acemoglu Tobias Adrian Chuangxin An Roland Benabou Samuel Bentolila e Juan Jimeno que adaptaram o livro para a edição espanhola François Blanchard Roger Brinner Ricardo Caballero Wendy Carlin Martina Copelman Henry Chappell Ludwig Chincarini e Daniel Cohen que adaptaram para a edi ção francesa Larry Christiano Bud Collier Andres Conesa Peter Diamond Martin Eichenbaum Gary Fethke David Findlay Francesco Giavazzi e Alessia Amighini que primeiro adaptaram para a edição ita liana e depois para a europeia Andrew Healy Steinar Holden e Gerhard Illing que adaptaram o livro para a edição alemã Yannis Ioannides e Angelo Melino que adaptaram para a edição canadense P N Junankar Sam Keeley Bernd Kuemmel Paul Krugman Antoine Magnier Peter Montiel Bill Nordhaus Tom Michl Dick Oppermann Athanasios Orphanides e Daniel Pirez Enri que adaptaram para a edição latinoamericana Michael Plouffe Zoran Popovic Jim Poterba e Jeff Sheen que adaptaram o livro para a edição australasiana Ronald BookBlanchard 1indb 17 241017 1717 XVIII Macroeconomia Schettkat e Watanabe Shinichi que adaptaram o livro para a edição japonesa Francesco Sisci Brian Simboli Changyong Rhee Julio Rotemberg Robert Solow Andre Watteyne que gentilmente aceitaram fazer a primeira leitura desta edição e Michael Woodford Agradeço em especial a David Johnson responsável pela coautoria da 6a edição enquanto eu trabalhava como economista chefe do FMI e portanto não dispunha de tempo para fazer isso sozinho e escreveu os exercícios de final de capítulo desta edição e a Francesco Giavazzi com quem trabalhei proximamente na preparação desta edição Também me beneficiei de comentários de diversos leitores revisores e professores que testaram o livro em sala de aula entre eles John Abell Randolph Macon Womans College Carol Adams Cabrillo College Gilad Aharonovitz School of Economic Sciences Terence Alexander Iowa State University Roger AliagaDiaz Drexel University Robert Archibald College of William Mary John BaffoeBonnie La Salle University Fatolla Bagheri University of North Dakota Stephen Baker Capital University Erol Balkan Hamilton College Jennifer Ball Washburn University Richard Ballman Augustana College King Banaian St Cloud State University Charles Bean London School of Economics and Political Science Scott Benson Idaho State University Gerald Bialka University of North Florida Robert Blecker American University Scott Bloom North Dakota State University Pim Borren University of Canterbury Nova Zelândia LaTanya BrownRobertson Bowie State University James Butkiewicz University of Delaware Colleen Callahan American University Bruce Carpenter Mansfield University Kyongwook Choi Ohio University College Michael Cook William Jewel College Nicole Crain Lafayette College Rosemary Cunningham Agnes Scott College Evren Damar Pacific Lutheran University Dale DeBoer University of Colorado at Colorado Springs Adrian de LeonArias Universidad de Guadalajara Brad Delong UC Berkeley Firat Demir University of Oklahoma Wouter Denhaan UC San Diego John Dodge King College F Trenery Dolbear Brandeis University Patrick Dolenc Keene State College Brian Donhauser University of Washington Michael Donihue Colby College Vincent Dropsy California State University Justin Doubas St Norbert College Amitava Dutt University of Notre Dame John Edgren Eastern Michigan University Eric Elder Northwestern College Sharon J Erenburg Eastern Michigan University Antonina Espiritu Hawaii Pacific University J Peter Federer Clark University Rendigs Fels Vanderbilt University John Flanders Central Methodist University Marc Fox Brooklin College YeeTien Ted Fu Stanford University YeeTien Fu National ChengChi University Taiwan Scott Fullwiler Wartburg College Julie Gallaway University of MissouriRolla Bodhi Ganguli Rutgers The State University of NJ Fabio Ghironi Boston College Alberto GomesRivas University of HoustonDowntown Fidel Gonzalez Sam Houston State University Harvey Gram Queen College City University of New York Randy Grand Linfield College Alan Gummerson Florida International University Reza Hamzaee Missouri Western State College Michael Hannan Edinboro University Kennet Harrison Richard Stockton College Mark Hayford Loyola University Thomas Havrilesky Duke University George Heitmann Muhlenberg College Ana Maria Herrera Michigan State University Peter Hess Davidson College Eric Hilt Wellesley College John Holland Monmouth College Mark Hopkins Gettysburg College Takeo Hoshi University of California San Diego Ralph Husby University of Illinois UrbanaChampaign Yannis Ioannides Tufts University BookBlanchard 1indb 18 241017 1717 Prefácio XIX Aaron Jackson Bentley College Bonnie Johnson California Lutheran University Louis Johnston College of St Benedict Barry Jones SUNY Binghamton Fred Joutz George Washington University Cem Karayalcin Florida International University Okan Kavuncu University of California Miles Kimbal University of Michigan Paul King Denison University Michael Klein Tufts University Mark Klinedinst University of Southern Mississippi Shawn Knabb Western Washington University Todd Knoop Cornell College Paul Koch Olivet Nazarene University Ng Beoy Kui Nanyang Technical University Singapore Leonard Lardaro University of Rhode Island James Leady University of Notre Dame Charles Leathers University of Alabama HsienFend Lee National Taiwan University Jim Lee Texas AM UniversityCorpus Christi John Levendis Loyola University New Orleans Frank Lichtenberg Columbia University Mark Lieberman Princeton University Shun Lin Florida Atlantic University Maria LuengoPrado Northeastearn University Mathias Lutz University of Sussex Bernard Malamud University of Nevada Las Vegas Ken McCormick University of Northern Iowa William McLean Oklahoma State University B Starr McMullen Oregon State University Mikhail Melnik Niagara University O Mikhail University of Central Florida Fabio Milani University of California Irvine Rose Milbourne University of New South Wales Roger Morefield University of Saint Thomas Shahriar Mostashari Campbell University Eshrag Motahar Union College Nick Noble Miami University Ilan Noy University of Hawaii John Olson College of St Benedict Brian ORoark Robert Morris University Jack Osman San Francisco State University Emiliano Pagnotta Northwestern University Biru Paksha Paul SUNY Cortland Andrew Parkes Mesa State College Allen Parkman University of Mexico Jim Peach New Mexico State University Gavin Peebles National University of Singapore Michael Quinn Bentley College Charles Revier Colorado State University Jack Richards Portland State University Raymond Ring University of South Dakota Monica Robayo University of North Florida Malcolm Robinson Thomas Moore College Brian Rosario University of California Davis Kehar Sangha Old Dominion University Ahmad Saranjam Bridgewater State College Carol Scotese Virginia Commonwealth University John Seater North Carolina State University Peter Sephton University of New Brunswick Ruth Shen San Francisco State University Kwanho Shin University of Kansas Tara Sinclair The George Washington University Aaron Smallwood University of Texas Arlington David Sollars Auburn University Liliana Stern Auburn University Edward Stuart Northeastern Illinois University Abdulhanid Sukaar Cameron University Peter Summers Texas Tech University Mark Thomas University of Maryland Baltimore County Brian Trinque The University of Texas Austin Marie Truesdell Marian College David Tufte Southern Utah University Abdul Turay Radford University Frederick Tyler Fordham University Pinar Uysal Boston College Evert Van Der Heide Calvin College Kristin Van Gaasbeck California State University Sacramento Lee Van Scyoc University of Winsconsin Oshkosh Paul Wachtel New York University Stern Business School Susheng Wang Hong Kong University Donald Westerfield Webster University Christopher Westley Jacksonville State University David Wharton Washington College Jonathan Willner Oklahoma City University Mark Wohar University of Nebraska Omaha Steven Wood University of California Berkeley Michael Woodford Princeton University Ip Wing Yu University of Hong Kong BookBlanchard 1indb 19 241017 1717 XX Macroeconomia ChiWa Yuen Hong Kong University of Science and Technology Christian Zimmermann University of Connecticut Liping Zheng Drake University Todos me ajudaram com muito mais do que lhes foi pedido e cada um deles fez diferença para o livro Devo meu agradecimento a muitos na Pearson norte americana Christina Masturzo editora sênior de aqui sições Nancy Freihofer gerente de programa Diana Tetterton assistente editorial Heather Pagano gerente de projeto e Maggie Moylan VP marketing de produto Por fim quero destacar Steve Rigolosi editor da pri meira edição e Michael Elia editor da segunda e terceira edições Steve obrigoume a tornar as coisas mais claras Michael obrigoume a tornar as coisas mais simples Juntos fizeram toda a diferença não só no processo de edição mas também no livro Sou profundamente grato a ambos Agradeço a John Arditi por sua absoluta confiança e colaboração desde a primeira edição até esta Também me beneficiei das sugestões comumente estimulantes das minhas filhas Serena Giulia e Marie não as segui porém na totalidade Em casa continuo a agradecer a Noelle por preservar minha sanidade Olivier Blanchard Washington Dezembro de 2015 Site de apoio do livro Na Sala Virtual deste livro svpearsoncombr professores e estu dantes podem acessar os seguintes materiais adicionais Para professores Apresentações em PowerPoint Exercícios adicionais em inglês Manual do professor em inglês Para estudantes Questões de múltipla escolha Esse material é de uso exclusivo para professores e está protegido por senha Para ter acesso a ele os professores que adotam o livro devem entrar em contato com seu representante Pearson ou enviar email para professoralunoatendimentopearsoncom A01BLAN058107SEINIindd 20 091117 1711 Organização flexível Macroeconomia 7a edição está organizado em torno de duas partes principais os fundamentos e um conjunto de duas extensões centrais A organização flexível do texto enfatiza uma visão integrada da macroeconomia ao mesmo tempo em que permite aos professores se concentra rem nas teorias modelos e aplicações que considerem essenciais ao seu curso em particular O fluxograma a seguir ilustra rapidamente como os capítulos são organizados e se encaixam na estrutura geral do livro Para obter uma explicação mais detalhada da Organização e uma lista de Cursos Alternativos consulte as páginas XVIXVII no prefácio INTRODUÇÃO Um giro pelo mundo Capítulo 1 Um giro pelo livro Capítulo 2 DE VOLTA À POLÍTICA ECONÔMICA Os formuladores de política econômica deveriam sofrer restrições Capítulo 21 Política fiscal um resumo Capítulo 22 Política monetária um resumo Capítulo 23 EPÍLOGO A história da macroeconomia Capítulo 24 OS FUNDAMENTOS O curto prazo O mercado de bens Capítulo 3 Mercados financeiros I Capítulo 4 Mercados de bens e mercados financeiros o modelo ISLM Capítulo 5 Mercados financeiros II o modelo ISLM ampliado Capítulo 6 O médio prazo Mercado de trabalho Capítulo 7 Curva de Phillips taxa natural de desemprego e inflação Capítulo 8 Do curto ao médio prazo o modelo ISLMPC Capítulo 9 O longo prazo Os fatos do crescimento Capítulo 10 Poupança acumulação de capital e produto Capítulo 11 Progresso tecnológico e crescimento Capítulo 12 Progresso tecnológico curto médio e longo prazos Capítulo 13 EXTENSÕES ECONOMIA ABERTA Abertura dos mercados de bens e dos mercados financeiros Capítulo 17 O mercado de bens em uma economia aberta Capítulo 18 Produto taxa de juros e taxa de câmbio Capítulo 19 Regimes de taxas de câmbio Capítulo 20 EXTENSÕES EXPECTATIVAS Mercados financeiros e expectativas Capítulo 14 Expectativas consumo e investimento Capítulo 15 Expectativas produto e política econômica Capítulo 16 BookBlanchard 1indb 21 241017 1717 BookBlanchard 1indb 22 241017 1717 Os fundamentos Introdução Os dois primeiros capítulos deste livro apresentam as questões e o enfoque da macroeconomia Capítulo 1 O Capítulo 1 leva você a um giro macroeconômico pelo mundo Começa com uma análise da crise econômica que modelou a economia mundial desde o final da década de 2000 O giro para então em cada uma das principais potências econômicas globais os Estados Unidos a área do euro e a China Capítulo 2 O Capítulo 2 leva você a um giro pelo livro Definemse as três principais variáveis da macroeconomia produto desemprego e inflação e a seguir apresentamse os três conceitos em torno dos quais o livro está estruturado o curto o médio e o longo prazos BookBlanchard 1indb 2 241017 1717 CAPÍTULO 1 Um giro pelo mundo O que é macroeconomia A melhor resposta para esta pergunta não é uma definição formal mas um giro pelo mundo da economia para descrever tanto as principais evoluções econômicas quanto as questões que tiram o sono dos macroeconomistas e dos formuladores de política macroeconômica toda noite No momento da redação deste texto outono de 2015 esses formuladores estão dormindo melhor do que há apenas alguns anos Em 2008 a economia mundial entrou em uma grande crise macroeconômica a mais profunda desde a Grande Depressão O crescimento do produto mundial normalmente entre 4 e 5 ao ano foi negativo em 2009 Desde então o crescimento tornouse positivo e a economia global recuperase lentamente Mas a crise deixou uma série de cicatrizes e algumas preocupações persistem Meu objetivo neste capítulo é passar uma noção desses eventos e de alguns dos aspectos macroeconômicos da atualidade Começarei com uma visão geral da crise e em seguida enfocarei as três principais potências econômicas do mundo os Estados Unidos a área do euro e a China A Seção 11 analisa a crise A Seção 12 examina os Estados Unidos A Seção 13 examina a área do euro A Seção 14 examina a China A Seção 15 apresenta a conclusão e uma visão de futuro Leia este capítulo como se fosse um artigo de jornal Não se preocupe com o significado exato das palavras nem tente entender os argumentos em detalhes os termos serão definidos e os argumentos desenvolvidos mais adiante Considere este capítulo um pano de fundo que apresentará as principais questões da macroeconomia Se você gostar dele provavelmente vai gostar do livro inteiro Na verdade ao concluir a leitura do livro volte a este capítulo analise sua compreensão das questões e avalie seu progresso no estudo da macroeconomia 11 A crise A Figura 11 mostra as taxas de crescimento do produto da economia mundial das economias avançadas e das outras separadamente desde 2000 Como se poderá ver de 2000 a 2007 a economia global teve uma expansão sustentada O crescimento médio anual do produto foi de 45 com as economias avançadas o grupo dos 30 ou mais países mais ricos do mundo crescendo a 27 ao ano e as demais os outros 150 países do mundo crescendo a um ritmo ainda mais acelerado de 66 ao ano Se não gostar aceite minhas desculpas Figura 11 Taxas de crescimento de produto para a economia mundial economias avançadas e economias emergentes e em desenvolvimento 20002014 Outras economias Mundo Economias avançadas Fonte World Economic Outlook Database julho de 2015 NGDPRPCHA Em 2007 no entanto os sinais de que a expansão chegava ao fim começaram a surgir Os preços dos imóveis residenciais nos Estados Unidos que haviam dobrado desde 2000 passaram a cair Os economistas começaram a se preocupar Os otimistas acreditavam que embora os preços mais baixos dos imóveis pudessem levar a um nível menor de construção de habitações e a um gasto menor dos consumidores o Fed abreviatura do nome do banco central dos Estados Unidos formalmente conhecido como Federal Reserve Board poderia baixar as taxas de juros para estimular a demanda e evitar uma recessão Já os pessimistas receavam que a redução das taxas de juros poderia não ser suficiente para sustentar a demanda e que os Estados Unidos poderiam passar por uma curta recessão Mesmo os pessimistas não se mostraram tão pessimistas assim À medida que os preços dos imóveis residenciais continuavam a declinar ficou claro que os problemas eram mais sérios Muitas das hipotecas concedidas durante a expansão anterior eram de má qualidade Muitos dos mutuários tomaram um empréstimo demasiado alto e se viam cada vez mais impossibilitados de honrar os pagamentos mensais de suas hipotecas Com a queda dos preços de imóveis residenciais o valor da dívida imobiliária muitas vezes excedia o da casa assim estimulando a inadimplência Isso não era o pior os bancos que haviam emitido as hipotecas juntavamnas e as transformavam em novos títulos que depois eram vendidos a outros bancos e investidores Esses títulos foram muitas vezes transformados em novos títulos e assim por diante O resultado é que muitos bancos em vez de detentores das hipotecas em si mantinham esses títulos tão complexos que seu valor era quase impossível de avaliar Essa complexidade e obscuridade transformaram a queda dos preços de imóveis residenciais em uma crise um desdobramento que poucos economistas anteciparam Sem conhecer a qualidade dos ativos que outros bancos mantinham em seus balanços essas instituições financeiras passaram a relutar em fazer empréstimos mútuos por recear que o banco tomador do empréstimo não tivesse como pagar Incapazes de contrair empréstimos e com ativos de valor incerto muitos bancos viramse em apuros Em 15 de setembro de 2008 um dos grandes o Lehman Brothers entrou em Bancos significa aqui bancos e outras instituições financeiras Mas isso é longo demais para escrever e eu não quero entrar nessas complicações no Capítulo 1 Capítulo 1 Um giro pelo mundo 5 falência As consequências foram drásticas Visto que as conexões entre o Lehman e outros bancos eram muito obscuras muitas outras instituições financeiras pare ciam sob risco de falir também Por algumas semanas pareceu que todo o sistema financeiro poderia entrar em colapso Essa crise financeira rapidamente se transformou em uma grande crise econô mica Os preços das ações desabaram A Figura 12 traça a evolução de três índices de mercado de ações dos Estados Unidos da área do euro e das economias emer gentes desde o início de 2007 até o final de 2010 Os índices foram definidos como 1 para janeiro de 2007 Note que ao final de 2008 os preços das ações haviam per dido metade ou mais do seu valor em relação ao pico anterior Note também que apesar de a crise se originar nos Estados Unidos os preços das ações nos mercados europeu e emergentes caíram tanto quanto seus pares norteamericanos Voltarei a isto mais tarde Atingidas pela queda nos preços no mercado imobiliário e pelo colapso dos preços das ações além de apreensivas de que isso poderia ser o início de outra Grande Depressão as pessoas cortaram radicalmente seu consumo Preocupadas com as vendas e inseguras quanto ao futuro as empresas cortaram radicalmente seus investimentos Com a queda dos preços imobiliários e muitas casas vagas no mercado poucas novas construções foram erguidas Apesar das fortes ações do Fed que cortou as taxas de juros a zero e do governo dos Estados Unidos que reduziu impostos e aumentou gastos a demanda diminuía assim como a produção No terceiro trimestre de 2008 o crescimento do produto dos Estados Unidos tornouse negativo e permaneceu assim em 2009 Seria de esperar que a crise se restringisse aos Estados Unidos mas como mos tram as figuras 11 e 12 não foi o caso Essa crise logo assumiu dimensões globais Outros países foram afetados por dois canais O primeiro deles foi o comércio À medida que os consumidores e as empresas dos EUA reduziram gastos parte Fonte Haver Analytics USA S111ACD Eurogroup S023ACD todos os mercados emergentes S200ACD todas as médias mensais Figura 12 Preços das ações nos EUA na área do euro e nas economias emergentes 20072010 00 02 04 06 08 10 12 14 16 EUA Área do euro Economias emergentes 200701 200706 200801 200806 200901 200906 201001 201006 201011 Índice igual a 10 em janeiro de 2007 BookBlanchard 1indb 5 241017 1717 da queda recaiu sobre as importações de bens estrangeiros Do ponto de vista dos países que exportavam para os Estados Unidos suas exportações caíram e por conseguinte sua produção O segundo canal foi o financeiro Os bancos dos Estados Unidos muito necessitados de fundos em seu país repatriaram fundos de outros países criando problemas para os bancos nesses países também À medida que esses bancos se viram com problemas os empréstimos cessaram diminuindo os gastos e a produção Além disso em vários países europeus os governos haviam acumulado elevados níveis de endividamento e passaram a registrar grandes déficits Os investidores começaram a se preocupar se a dívida poderia ser paga e a cobrar taxas de juros muito mais elevadas Confrontados com essas altas taxas de juros os governos reduziram drasticamente seus déficits por meio de uma combinação de gastos mais baixos e impostos mais altos Isto levou por sua vez a uma nova redução na demanda e na produção Na Europa o declínio no produto foi tão severo que este aspecto particular da crise adquiriu nome próprio a crise do euro Em suma a recessão dos Estados Unidos transformouse em uma recessão mundial Em 2009 o crescimento médio nas economias avançadas foi de 34 de longe a menor taxa de crescimento anual desde a Grande Depressão O crescimento das economias em desenvolvimento mantevese positivo apesar de 35 pontos percentuais inferior à média do período de 2000 a 2007 Desde então devido a políticas monetárias e fiscais fortes e à recuperação lenta do sistema financeiro a maioria das economias reverteu a situação Como se pode ver na Figura 11 o crescimento nos países avançados tornouse positivo em 2010 e assim se manteve desde então A recuperação é no entanto inexpressiva e irregular Em alguns países avançados em especial nos Estados Unidos o desemprego quase voltou ao nível précrise A área do euro porém ainda enfrenta dificuldades seu crescimento é positivo mas baixo e o nível de desemprego permanece elevado O crescimento nas economias emergentes e em desenvolvimento também se recuperou mas como mostra a Figura 11 é menor que antes da crise e vem diminuindo desde 2010 Agora que já temos um cenário definido vamos dar um giro pelas três principais potências econômicas mundiais Estados Unidos área do euro e China 12 Os Estados Unidos Quando os economistas analisam um país as duas primeiras perguntas que fazem são Qual é seu tamanho do ponto de vista econômico E qual é seu padrão de vida Para responder à primeira eles examinam o produto o nível de produção do país como um todo Para responder à segunda examinam o produto por pessoa As respostas para os Estados Unidos são dadas na Figura 13 é um país grande com produção de US 174 trilhões em 2014 o que representa 23 da produção mundial e o torna o maior do mundo em termos econômicos O padrão de vida nos Estados Unidos também é alto com produto por pessoa de US 54600 não é o maior do mundo mas está perto do topo Quando querem aprofundar sua análise e conhecer o estado de saúde do país os economistas analisam três variáveis básicas Crescimento do produto a taxa de variação do produto Taxa de desemprego a parcela de trabalhadores na economia que não estão empregados e procuram emprego Taxa de inflação a taxa em que o preço médio dos bens na economia aumenta ao longo do tempo Figura 13 Estados Unidos 2014 Estados Unidos 2014 Produto US 174 trilhões População 3191 milhões Produto por pessoa US 54592 Participação na produção mundial 23 Essas três variáveis são quantificadas para a economia dos Estados Unidos na Tabela 11 Para colocar os números atualizados em perspectiva a primeira coluna apresenta o valor médio de cada variável no período de 1990 a 2007 o ano anterior à crise A segunda coluna mostra os números referentes à parte aguda da crise os anos de 2008 e 2009 A terceira coluna apresenta os números para 2010 a 2014 e a última para 2015 ou mais precisamente as previsões para 2015 feitas no outono desse ano Ao analisarmos os números de 2015 podemos observar por que os economistas estão razoavelmente otimistas em relação à economia dos EUA no momento O crescimento foi estimado em acima de 25 um pouco abaixo da média de 19902007 O desemprego que aumentou durante a crise e no período subsequente atingiu 10 em 2010 diminuiu e a 54 voltou à média de 19902007 A inflação ficou baixa substancialmente inferior à média de 19902007 Em suma a economia dos Estados Unidos parecia estar em razoável forma deixando para trás grande parte dos efeitos da crise Tabela 11 Crescimento desemprego e inflação nos Estados Unidos 19902015 Percentual 19902007 média 20082009 média 20102014 média 2015 Taxa de crescimento do produto 30 15 22 25 Taxa de desemprego 54 75 80 54 Taxa de inflação 23 14 16 07 Taxa de crescimento do produto taxa de crescimento anual do produto PIB Taxa de desemprego média ao longo do ano Taxa de inflação taxa anual de variação do nível de preços deflator do PIB Fonte FMI World Economic Outlook julho de 2015 Mas nem tudo estava bem A fim de garantir que a demanda fosse forte o suficiente para sustentar o crescimento o Fed viuse obrigado a manter as taxas de juros muito baixas na realidade mais baixas do que gostaria O aumento da produtividade parece ter desacelerado implicando um crescimento medíocre no futuro Vamos analisar essas questões uma de cada vez Taxas de juros baixas e o limite inferior zero Quando a crise começou o Fed tentou refrear a redução dos gastos baixando a taxa de juros sob seu controle a chamada taxa dos fundos federais Como se pode ver na Figura 14 a taxa dos fundos federais passou de 52 em julho de 2007 para quase 0 016 para ser exato em dezembro de 2008 Por que o Fed parou em zero Porque a taxa de juros não pode ser negativa Se isto acontecesse ninguém manteria títulos e todos prefeririam manter moeda porque moeda paga taxa de juros zero Em macroeconomia esta restrição é conhecida como limite inferior zero zero lower bound e este é o limite a que o Fed chegou em dezembro de 2008 Essa redução acentuada da taxa de juros que barateou o crédito aos consumidores e o investimento por parte das empresas certamente limitou a queda tanto na demanda quanto na produção Mas como já discutimos e pode ser visto na Tabela 11 isto não bastou para evitar uma profunda recessão o crescimento dos Estados Unidos foi negativo em 2008 e 2009 Para ajudar a recuperação da economia o Fed manteve a taxa de juros próxima de zero ponto no qual permaneceu até aqui outono de 2015 Os planos do Fed são de começar a elevar a taxa de juros em breve de modo que por ocasião da leitura deste livro é provável que essa taxa tenha aumentado mas ainda será muito baixa se comparada com os padrões históricos Figura 14 A taxa dos fundos federais dos EUA desde 2000 Fonte Haver Analytics N do RT a taxa de juros foi elevada três vezes desde então em dezembro de 2015 em dezembro de 2016 e em março de 2017 mas segue abaixo de 10 Visto que manter grande montante de moeda é inconveniente e arriscado as pessoas podem aceitar manter alguns títulos ainda que paguem uma taxa de juros ligeiramente negativa Mas há um limite claro do quanto uma taxa de juros pode ser negativa antes que as pessoas encontrem meios de trocar títulos por moeda Por que taxas de juros baixas são um problema em potencial Por duas razões a primeira é que taxas de juros baixas limitam a capacidade do Fed de reagir a novos choques negativos Se a taxa de juros é igual ou próxima de zero e a demanda diminui ainda mais há pouco que o Fed possa fazer para aumentar a demanda A segunda é que taxas de juros baixas parecem levar à tomada de risco excessivo por parte dos investidores Quando o retorno de manter títulos é muito baixo os investidores ficam tentados a assumir risco em demasia para aumentar seus retornos Muito risco assumido pode por sua vez dar origem a crises financeiras do tipo da que acabamos de vivenciar Certamente não queremos passar por outra crise como essa Até que ponto um baixo crescimento de produtividade é preocupante Embora o Fed deva se preocupar em manter demanda suficiente para atingir crescimento no curto prazo durante períodos mais longos o crescimento é determinado por outros fatores sendo que o principal deles é o crescimento da produtividade sem ele não há aumento sustentado da renda por pessoa Neste caso as notícias são preocupantes A Tabela 12 mostra o crescimento médio da produtividade nos Estados Unidos década a década desde 1990 para o setor privado como um todo e para o setor industrial Como se pode ver o crescimento da produtividade nos anos 2010 tem se revelado até aqui cerca de metade do registrado na década de 1990 O quanto isso é preocupante O crescimento da produtividade varia muito de um ano para o outro e alguns economistas acreditam que podem ser apenas alguns anos ruins e que não há muito com que se preocupar Outros acreditam que há problemas na medição do produto e que o crescimento da produtividade pode ser subestimado Por exemplo como medir o real valor de um smartphone novo em relação a outro mais antigo Seu preço pode ser mais alto mas ele provavelmente faz muitas coisas que o modelo anterior não fazia Outros ainda acreditam que os Estados Unidos realmente entraram em um período de menor crescimento da produtividade que importantes ganhos com as atuais inovações de TI já foram obtidos e que o progresso deverá ser menos acelerado ao menos por algum tempo Razão especial de preocupação é que essa desaceleração no crescimento da produtividade está acontecendo no contexto de uma desigualdade crescente Quando o crescimento da produtividade é alto pode ser que quase todos se beneficiem ainda que a desigualdade aumente Os pobres podem se beneficiar menos que os ricos mas eles ainda veem seu padrão de vida melhorar Não é este o caso atualmente nos Estados Unidos Desde 2000 os ganhos reais dos trabalhadores com ensino médio completo ou menos têm na verdade diminuído Se os formuladores de política econômica Como veremos mais adiante no livro bancos centrais como o Fed podem lançar mão de alguns outros recursos para aumentar a demanda Esses recursos são conhecidos como política monetária não convencional Mas não funcionam tão bem quanto a taxa de juros TI significa tecnologia da informação Tabela 12 Crescimento da produtividade do trabalho por década Mudança percentual ano a ano média década de 1990 década de 2000 20102014 Setor privado não agrícola 20 26 12 Setor privado 21 26 12 Indústria 40 31 24 Fonte Haver Analytics pretendem inverter esta tendência devem impulsionar o crescimento da produtividade ou restringir o aumento da desigualdade ou ambos Estes são os dois grandes desafios que se impõem na atualidade a esses formuladores nos Estados Unidos 13 A área do euro Em 1957 seis países europeus decidiram formar um mercado comum europeu uma área econômica em que pessoas e bens poderiam transitar livremente Desde então 22 outros países se juntaram ao grupo elevando o total para 28 Esse grupo é conhecido como União Europeia ou UE Em 1999 a UE decidiu dar um passo à frente e deu início ao processo de substituição das moedas nacionais por outra comum denominada euro Inicialmente apenas 11 países aderiram desde então mais oito se juntaram Algumas nações em especial o Reino Unido decidiram não aderir ao menos naquele momento O nome oficial para o grupo de paísesmembros é área do euro A transição ocorreu em etapas Em 1º de janeiro de 1999 cada um dos 11 países fixou o valor de sua moeda em relação ao euro Por exemplo 1 euro foi fixado em 656 francos franceses 166 pesetas espanholas e assim por diante De 1999 a 2002 os preços foram cotados em unidades monetárias nacionais e em euros mas o euro ainda não era usado como moeda Isto ocorreu em 2002 quando notas e moedas em euro substituíram as moedas nacionais Dezenove países pertencem atualmente a essa área monetária comum Como mostra a Figura 15 a área do euro também é uma grande potência econômica Seu produto quase equivale ao dos Estados Unidos e seu padrão de vida não fica atrás A UE como um todo tem um produto que excede o dos Estados Unidos Mas como os números na Tabela 13 demonstram a situação não vai muito bem por lá Assim como nos Estados Unidos a fase aguda da crise 2008 e 2009 foi caracterizada por um crescimento negativo Enquanto os Estados Unidos se recuperaram o crescimento na área do euro permaneceu anêmico próximo de zero de 2010 a 2014 na realidade em dois desses anos houve novamente crescimento negativo Mesmo em 2015 prevêse um crescimento de apenas 15 inferior ao dos Estados Unidos e à média antes da crise O desemprego que aumentou a partir de 2007 está em elevados 111 quase o dobro dos Estados Unidos A inflação é baixa aquém da meta do Banco Central Europeu o BCE Até alguns anos atrás o nome oficial era Comunidade Europeia ou CE Ainda se pode encontrar este nome Essa área também tem outros nomes como zona do euro ou eurolândia O primeiro soa muito tecnocrático e o segundo lembra a Disneylândia Serão evitados aqui Tabela 13 Crescimento desemprego e inflação na área do euro 19902015 Percentual 19902007 média 20082009 média 20102014 média 2015 Taxa de crescimento do produto 21 20 07 15 Taxa de desemprego 94 86 111 111 Taxa de inflação 21 15 10 11 Taxa de crescimento do produto taxa de crescimento anual do produto PIB Taxa de desemprego média ao longo do ano Taxa de inflação taxa anual de variação do nível de preços deflator do PIB Fonte FMI World Economic Outlook julho de 2015 N do RT o crescimento do produto da área do euro em 2015 foi 24 mas em 2016 ele caiu novamente para 173 abaixo da média antes da crise Capítulo 1 Um giro pelo mundo 11 Figura 15 A área do euro 2014 França Alemanha Itália Espanha 28 39 21 14 639 811 600 465 US44332 US47604 US35820 US30272 2014 Produto US trilhões População milhões Produto por pessoa Finlândia Alemanha Irlanda Bélgica Portugal Holanda Luxemburgo Áustria Grécia Itália Malta Chipre Eslovênia Eslováquia Estônia Letônia Lituânia França Espanha área do euro 2014 Produto US 134 trilhões População 3345 milhões Produto por pessoa US 40143 Participação no produto mundial 174 UE17 Atualmente a área do euro enfrenta duas principais questões A primeira é como reduzir o desemprego A segunda é saber se e como poderá funcionar eficientemente como uma área monetária comum Vamos abordar cada uma delas BookBlanchard 1indb 11 241017 1717 12 Macroeconomia Como reduzir o desemprego europeu A elevada taxa média de desemprego na área do euro 111 em 2015 esconde muita variação entre os países da União Europeia De um lado Grécia e Espanha têm taxas de 25 e 23 respectivamente Do outro a taxa de desemprego na Alemanha é inferior a 5 No meio estão países como França e Itália com taxas de 10 e 12 respectivamente Assim fica claro que a forma de reduzir o desemprego deve ser adaptada às especificidades de cada país Para entender a complexidade das questões é útil analisar um país com alto nível de desemprego A Figura 16 mostra a impressionante evolução da taxa de desemprego espanhola desde 1990 Após um prolongado boom que teve início em meados dos anos 1990 a taxa de desemprego baixou de um pico de quase 25 em 1994 para 9 em 2007 Mas com o advento da crise o desemprego explodiu nova mente superando os 25 em 2013 Só agora começa a declinar mas ainda é alto O gráfico sugere duas conclusões Grande parte dos altos índices de desemprego da atualidade é resultante da crise e do súbito colapso na demanda que discutimos na primeira seção O boom imobiliário transformado em fiasco mais um súbito aumento das taxas de juros desencadearam o aumento do desemprego a partir de 2008 Podese esperar que mais cedo ou mais tarde a demanda vá crescer e o desemprego diminuir Até onde pode baixar Mesmo no pico do boom a taxa de desemprego na Espanha era de cerca de 9 quase o dobro daquela nos Estados Unidos de hoje Isto sugere que há mais em jogo do que a crise e a queda na demanda O fato de que durante a maior parte dos últimos 20 anos o desemprego ultrapassou os 10 indica problemas no mercado de trabalho O desafio é portanto identificar exatamente quais são esses problemas na Espanha e em outros países europeus 0 5 10 15 20 25 30 1990 1992 1994 1996 1998 2000 2002 2004 2006 2008 2010 2012 2014 Percentual Figura 16 Desemprego na Espanha desde 1990 Fonte FMI World Economic Outlook julho de 2015 BookBlanchard 1indb 12 241017 1717 Capítulo 1 Um giro pelo mundo 13 Alguns economistas acreditam que o principal problema é que os estados euro peus protegem demais os trabalhadores Para evitar que eles percam o emprego tornam as demissões um processo oneroso para as empresas Uma das consequências não intencionais desta política entretanto é impedir as empresas de contratar novos empregados para começo de conversa o que aumenta o desemprego Além disso para proteger os trabalhadores que ficam desempregados os governos europeus oferecem generosos segurosdesemprego Com tal atitude desmotivam uma busca rápida por um novo emprego o que também aumenta o desemprego A solução segundo esses economistas é ser menos protetor eliminar a rigidez do mercado de trabalho e adotar instituições do mercado de trabalho no estilo dos Estados Unidos Foi o que fez o Reino Unido e sua taxa de desemprego é baixa Outros economistas são mais céticos e apontam para o fato de que o desemprego não é alto em toda a Europa No entanto a maioria dos países oferece proteção e um generoso seguro social para os trabalhadores Isto sugere que o problema pode não ser o grau de proteção mas a forma como esta proteção é posta em prática O desafio segundo esses economistas é compreender o que os países com baixo índice de desem prego vêm fazendo certo e se o que fazem certo pode ser exportado para outras nações europeias Encontrar respostas para essas questões é atualmente uma das principais tarefas dos macroeconomistas e formuladores de política econômica europeus O que o euro tem feito pelos países que o adotaram Aqueles que apoiam o euro destacam em primeiro lugar sua enorme importân cia simbólica À luz das muitas guerras travadas no passado entre países europeus existe melhor prova do fim permanente dos conflitos do que a adoção de uma moeda comum Esses apoiadores também ressaltam as vantagens econômicas de uma moeda comum as empresas europeias não precisam mais se preocupar com mudanças nas taxas de câmbio também não será preciso trocar de moeda ao cruzar fronteiras Além da eliminação de outros obstáculos ao comércio entre países euro peus o euro contribuirá argumentam eles para a criação de uma grande potência econômica mundial Resta pouca dúvida de que a transição para o euro é um dos principais eventos econômicos do início do século XXI Outros receiam porém que o simbolismo do euro traga substanciais custos eco nômicos Mesmo antes da crise destacavam que uma moeda comum implica uma política monetária comum e que isto significa taxas de juros iguais em todos os países do euro E se argumentam eles um país mergulhar em uma recessão enquanto outro estiver em expansão econômica O primeiro precisará de taxas de juros menores para aumentar o gasto e o produto o segundo precisará de taxas de juros mais altas para desacelerar sua economia Se as taxas de juros devem ser as mesmas em ambos os países o que acontecerá Não existe o risco de um país passar por um longo período de recessão ou de outro não conseguir desacelerar a expansão de sua economia Uma moeda comum também significa a perda da taxa de câmbio como um instrumento de ajustamento na área do euro E se argumentam eles um país tem um grande déficit comercial e precisa se tornar mais competitivo Se não puder ajustar sua taxa de câmbio deverá ajustarse baixando preços em relação a seus concorrentes É provável que esse processo seja longo e doloroso Até a crise do euro o debate permaneceu um tanto abstrato Não é mais Como consequência da crise vários membros da área do euro de Irlanda e Portugal até a Grécia passaram por profundas recessões Se tivessem sua própria moeda poderiam têla depreciado em relação a dos outros membros para aumentar a demanda por suas exportações Visto que a compartilhavam com seus vizinhos isto não foi possível Assim alguns economistas concluem que alguns países devem abandonar o euro e recuperar o controle de sua política monetária e sua taxa de câmbio Outros argumentam que tal saída BookBlanchard 1indb 13 241017 1717 seria imprudente porque significaria abrir mão das outras vantagens da adesão ao euro além de ser extremamente perturbador levando a problemas ainda mais profundos ao país que sair Este debate tem tudo para permanecer caloroso por algum tempo ainda 14 China A China está diariamente nos noticiários e é cada vez mais vista como uma das principais potências econômicas no mundo Esta atenção se justifica Uma olhada nos números da Figura 17 sugere que talvez não É verdade que a população chinesa é enorme mais do que o quádruplo da dos EUA mas seu produto expresso em dólares multiplicandose o número de yuans a moeda chinesa pela taxa de câmbio dólaryuan é de somente US 104 trilhões cerca de 60 daquele dos Estados Unidos O produto por pessoa é de cerca de US 7600 aproximadamente apenas 15 do norteamericano Então por que dar tanta atenção à China Por duas razões principais Para compreender a primeira delas vamos voltar ao número do produto por pessoa Na comparação desta variável de um país rico como os Estados Unidos com a de um país pobre como a China é preciso ter cuidado porque muitos bens são mais baratos nas economias mais pobres Por exemplo o preço médio de uma refeição na cidade de Nova York é de US 20 Em Pequim é de 25 yuans que à taxa de câmbio corrente fica em torno de US 4 Em outras palavras a mesma renda expressa em dólares permite a um consumidor comprar muito mais em Pequim do que em Nova York Se quisermos comparar padrões de vida precisaremos compensar essas diferenças e as ferramentas de medição que permitem isto são denominadas indicadores PPC paridade do poder de compra Por meio deles estimase que o produto por pessoa na China seja cerca de US 12100 aproximadamente ¼ daquele dos Estados Unidos Isto nos dá uma ideia mais precisa do padrão de vida chinês que é obviamente inferior ao norteamericano ou de outras economias ricas Este padrão entretanto é mais alto do que mostram os números da Figura 17 Figura 17 China 2014 China 2014 Produto US 104 trilhões População 1368 milhão Produto por pessoa US 7627 Participação no produto mundial 135 Fonte FMI World Economic Outlook Essa questão perde relevância quando se comparam dois países ricos Por isso não foi um grande problema quando comparamos anteriormente os padrões de vida nos Estados Unidos e na área do euro A segunda razão e a mais importante é que a China vem crescendo aceleradamente por mais de três décadas fato demonstrado na Tabela 14 que assim como as anteriores para os Estados Unidos e à área do euro traz o crescimento do produto o desemprego e a inflação para os períodos de 19902007 20082009 20102014 e a projeção para 2015 A primeira linha da tabela conta a história básica Desde 1990 na verdade desde 1980 se retrocedermos os dados por mais 10 anos a China cresceu perto de 10 ao ano Isto representa uma duplicação do produto a cada 7 anos Se compararmos este número com o dos Estados Unidos e o da Europa vistos anteriormente entenderemos por que o peso das economias emergentes na economia mundial sendo a China a principal delas aumenta tão rapidamente Destacamos outros dois aspectos interessantes na Tabela 14 O primeiro deles é o grau de dificuldade de enxergar os efeitos da crise nesses dados O crescimento pouco diminuiu entre 2008 e 2009 enquanto o desemprego pouco aumento A razão disto não é que a China esteja fechada ao restante do mundo As exportações chinesas desaceleraram durante a crise Mas o efeito adverso sobre a demanda foi quase inteiramente contrabalançado por uma considerável expansão fiscal pelo governo chinês particularmente com um grande aumento do investimento público O resultado disso foi um crescimento sustentado da demanda e por sua vez do produto O segundo aspecto é o declínio das taxas de crescimento de 10 antes da crise para menos de 9 após a crise e a previsão de 68 para 2015 Isto suscita questões sobre como a China manteve uma taxa de crescimento tão elevada por tanto tempo e se ela entra agora em um período de desaceleração Uma questão preliminar é se os números são reais É possível que o crescimento chinês tenha sido e ainda seja superestimado Afinal a China ainda é um país oficialmente comunista e os funcionários do governo podem ter incentivos para exagerar o desempenho de seu setor ou sua província Economistas que analisaram cuidadosamente esta questão concluíram que este não parece ser o caso As estatísticas não são tão confiáveis quanto em países mais ricos mas não há viés importante O crescimento do produto é realmente alto na China De onde ele vem De duas fontes a primeira foi a elevada acumulação de capital A taxa de investimento razão investimentoproduto na China é de 48 um número muito elevado A título de comparação a taxa de investimento nos Estados Unidos é de apenas 19 Mais capital significa maior produtividade e maior produção A segunda fonte é o rápido progresso tecnológico Uma das estratégias seguidas pelo governo chinês tem sido incentivar empresas estrangeiras a se realocar na China e produzir lá Como as empresas estrangeiras costumam ser muito mais produtivas do que as Tabela 14 Crescimento desemprego e inflação na China 19902015 Percentual 19902007 média 20082009 média 20102014 média 2015 Taxa de crescimento do produto 102 94 86 68 Taxa de desemprego 33 43 41 41 Taxa de inflação 59 37 42 12 Taxa de crescimento do produto taxa de crescimento anual do produto PIB Taxa de desemprego média ao longo do ano Taxa de inflação taxa anual de variação do nível de preços deflator do PIB Fonte FMI World Economic Outlook julho de 2015 N do RT o crescimento do produto em 2015 foi de 69 01 ponto percentual acima da previsão chinesas isto aumenta a produtividade e o produto Outro aspecto da estratégia tem sido incentivar joint ventures entre empresas estrangeiras e chinesas Ao levar as empresas locais a trabalhar com as de fora e aprender com elas a produtividade das chinesas aumentou drasticamente Quando descrevemos desta forma parece fácil alcançar uma alta produtividade e um alto crescimento do produto e a estratégia chinesa parece uma receita que todo país pobre poderia e deveria seguir Na verdade as coisas não são tão óbvias a China é um dos muitos países que realizaram a transição do planejamento central para uma economia de mercado A maioria deles da Europa Central à Rússia e outras antigas repúblicas soviéticas sofreu acentuada queda no produto na fase de transição e muitos ainda apresentam taxa de crescimento bastante inferior à chinesa Em diversos países o alastramento da corrupção e a fragilidade dos direitos de propriedade fazem que as empresas se sintam desestimuladas a investir Então por que a China se saiu tão bem Alguns economistas acreditam que esta situação é resultado de uma transição lenta as primeiras reformas chinesas aconteceram em 1980 na agricultura e ainda hoje muitas empresas são estatais Outros argumentam que o fato de o partido comunista ter permanecido no poder acabou ajudando a transição econômica um rígido controle político foi positivo na proteção dos direitos de propriedade ao menos para empresas novas dandolhes incentivos para investir Encontrar a resposta para essas perguntas e portanto descobrir o que outros países pobres podem aprender com a China pode fazer uma grande diferença não somente para a China mas também para o resto do mundo Ao mesmo tempo o recente abrandamento do crescimento suscita um novo conjunto de questões de onde vem a desaceleração O governo chinês deveria tentar manter o alto crescimento ou aceitar uma taxa menor A maioria dos economistas e na verdade as próprias autoridades chinesas acreditam que um menor crescimento passou a ser desejável e que o povo chinês se beneficiará mais se a taxa de investimento baixar permitindo que uma parte maior da produção vá para o consumo A transição do investimento para o consumo é o principal desafio atual das autoridades chinesas 15 O futuro Nosso giro pelo mundo está concluído Poderíamos ter visto muitas outras regiões do mundo A Índia outro país grande e pobre com população de 1270 milhão de pessoas e que como a China está crescendo de maneira acelerada e se tornando uma potência econômica mundial O Japão cujo crescimento nos 40 anos que sucederam a Segunda Guerra Mundial foi tão impressionante que ficou conhecido como um milagre econômico mas apresentou fraco desempenho nas duas últimas décadas Desde a crise na bolsa de valores no início da década de 1990 o país tem vivido uma queda prolongada com crescimento médio do produto abaixo de 1 ao ano A América Latina que conseguiu substancial redução da inflação na década de 1990 e então manteve um forte crescimento Recentemente porém o crescimento desacelerou em parte como consequência de um declínio no preço das commodities A Europa Central e a Oriental que passaram de um sistema de planejamento centralizado para outro de mercado no começo da década de 1990 Na maioria dos países dessas regiões esta mudança foi marcada por um acentuado declínio no produto no início da transição Alguns países como a Polônia passaram a Um controle político rigoroso também permitiu que a corrupção se desenvolvesse o que é um fator de ameaça ao investimento A China está atualmente em meio a uma forte campanha anticorrupção Capítulo 1 Um giro pelo mundo 17 apresentar altas taxas de crescimento mas outros como a Bulgária continuam em dificuldades A África que viveu décadas de estagnação econômica mas onde contrariandose as expectativas o crescimento tem sido elevado desde 2000 atingindo uma média de 55 por ano e refletindo o crescimento da maioria dos países do continente Mas há um limite ao que pode ser absorvido neste primeiro capítulo Pense nas questões abordadas Os grandes problemas desencadeados pela crise o que causou a crise Por que ela se alastrou tão rapidamente dos Estados Unidos para o resto do mundo Em retrospectiva o que poderia e deveria ter sido feito para evitar isso As respostas monetárias e fiscais foram apropriadas Por que a recuperação é tão lenta na Europa Como a China conseguiu manter um alto crescimento durante a crise As políticas monetárias e fiscais podem ser usadas para evitar recessões O quão problemático é o limite inferior zero das taxas de juros Quais são os prós e os contras de aderir a uma área monetária comum como a área do euro Que medidas poderiam ser tomadas na Europa para reduzir o nível de desemprego persistentemente elevado Por que as taxas de crescimento diferem tanto entre os países mesmo por perío dos prolongados Outros países podem copiar a China e crescer na mesma proporção A China deveria desacelerar O objetivo deste livro é oferecer a você um modo de refletir sobre essas questões À medida que examinarmos as ferramentas necessárias mostrarei como usálas retomando essas questões e revelando as respostas que essas ferramentas sugerem Palavraschave Área do euro 10 Área monetária comum 11 União Europeia UE 10 Questões e problemas Teste rápido 1 Usando as informações contidas neste capítulo diga se cada afirmação a seguir é verdadeira falsa ou incerta Explique sucintamente a O crescimento do produto foi negativo tanto nos países avançados quanto naqueles emergentes e em desenvolvimento em 2009 b O crescimento do produto mundial retomou seu nível anterior à recessão após 2009 c Os preços das ações em todo o mundo caíram entre 2007 e 2010 e depois voltaram ao nível ante rior à recessão d A taxa de desemprego no Reino Unido é bem inferior à de grande parte do restante da Europa e A taxa de crescimento aparentemente alta da China é um mito resulta exclusivamente de esta tísticas oficiais enganosas f A elevada taxa de desemprego na Europa teve início quando um grupo de importantes países europeus adotou uma moeda única g O Fed baixa as taxas de juros para evitar a reces são e as eleva para desacelerar a taxa de cresci mento na economia h O produto por pessoa é diferente na área do euro nos Estados Unidos e na China i As taxas de juros nos Estados Unidos foram iguais a zero ou próximas de zero de 2009 a 2015 2 Política macroeconômica na Europa Cuidado com respostas simples para questões macro econômicas complexas Analise cada uma das afirma ções a seguir e comente se há outro lado para a história a Existe uma solução simples para o problema do alto nível de desemprego europeu reduzir a rigi dez do mercado de trabalho BookBlanchard 1indb 17 241017 1717 18 Macroeconomia b O que pode haver de errado em unir as forças e criar uma moeda comum É óbvio que a adoção do euro é vantajosa para a Europa Aprofundando 3 O crescimento econômico chinês é a característica marcante do cenário econômico mundial nas duas últimas décadas a Em 2014 o produto dos EUA foi de US 174 trilhões e o chinês atingiu US 104 trilhões Suponhamos que a partir de agora a China cresça a uma taxa anual de 65 ao passo que os Estados Unidos a uma taxa anual de 22 Esses são os valores de cada país para o período de 20102014 como indicado no texto Usando essas suposições e uma planilha calcule e trace um gráfico do produto dos Estados Unidos e da China pelos próximos 100 anos a partir de 2014 Quantos anos serão necessários para a China alcançar um nível total de produção igual ao dos Estados Unidos b Quando a China alcançar os Estados Unidos em produto total a população chinesa terá o mesmo padrão de vida que a dos EUA Explique c Outro termo para padrão de vida é produto por pessoa Como a China elevou seu produto por pessoa nas últimas duas décadas Esses métodos são aplicáveis aos Estados Unidos d Você acha que a experiência da China em ele var seu padrão de vida produto por pessoa é um modelo a ser seguido pelos países em desenvolvimento 4 A taxa de crescimento do produto por pessoa foi identificada como a principal questão enfrentada pelos Estados Unidos no momento da redação deste capítulo Acesse o Economic Report of the President de 2015 e localize uma tabela intitulada Productivity and Related Data Tabela B16 É possível baixála como um arquivo do Excel a Encontre a coluna com números que descrevem o nível de produto por hora trabalhada de todas as pessoas no setor econômico não agrícola Esse valor é apresentado como um índice igual a 100 em 2009 Calcule o aumento percentual no pro duto por hora trabalhada entre 2009 e 2010 O que esse valor significa b Agora use a planilha para calcular o aumento per centual médio do produto por hora trabalhada para as décadas de 19701979 19801989 19901999 20002009 e 20102014 Como o crescimento da produtividade na última década se compara com as outras décadas c Você pode encontrar um Economic Report of the President mais recente Neste caso atualize sua estimativa da taxa de crescimento médio do produto por hora trabalhada de modo a incluir anos posteriores a 2014 Existe alguma evidência de um aumento no crescimento da produtividade Explorando mais 5 Recessões nos Estados Unidos pósguerra Esta questão examina as recessões nos últimos 40 anos Para solucionar este problema obtenha dados trimes trais do crescimento do produto dos EUA no período de 1960 até a data mais recente disponível em http wwwbeagov A Tabela 111 apresenta a mudança percentual no produto interno bruto PIB real Esses dados podem ser baixados para uma planilha Trace um gráfico das taxas de crescimento trimestrais do PIB de 19601 para as últimas observações Algum trimestre apresentou crescimento negativo Usando a definição de recessão como dois ou mais trimestres consecutivos de crescimento negativo responda às seguintes questões a Quantas recessões a economia dos Estados Unidos enfrentou desde o 2o trimestre de 1960 b Quantos trimestres cada recessão durou c Em termos de duração e magnitude quais foram as duas recessões mais graves 6 Com base na questão 5 enumere os trimestres em que as seis recessões tradicionais tiveram início Consulte no banco de dados do Federal Reserve Bank of St Louis FRED as séries mensais da taxa de desemprego ajustada Recupere a série de dados mensais sobre a taxa de desemprego para o período de 1969 até os últimos dados Atente para que todas as séries de dados estejam ajustadas sazonalmente a Examine cada recessão a partir de 1969 Qual era a taxa de desemprego no primeiro mês do primeiro trimestre de crescimento negativo Qual era a taxa de desemprego no último mês do último trimestre de crescimento negativo Em quanto cresceu b Qual recessão apresentou maior aumento na taxa de desemprego Comece com o mês anterior ao trimestre em que o produto cai pela primeira vez e mensure até o nível mais alto na taxa de desem prego antes da próxima recessão BookBlanchard 1indb 18 241017 1717 Capítulo 1 Um giro pelo mundo 19 Leitura adicional A melhor maneira de acompanhar os eventos e deba tes econômicos atuais é ler a The Economist revista semanal publicada na Inglaterra Seus artigos são atualizados bem escritos espirituosos e pertinazes Não deixe de ler essa publicação com regularidade Apêndice Onde encontrar os números Suponhamos que você queira encontrar os números da inflação na Alemanha nos últimos cinco anos Há 50 anos a resposta seria aprender alemão encontrar uma biblioteca com publicações alemãs e a página nas quais constam os dados da inflação anotálos e traçar um gráfico à mão em uma folha de papel Hoje em dia a melhoria na coleta de dados e o desenvolvimento de computadores e bases de dados eletrônicas bem como o acesso à internet facilitaram muito essa tarefa Este apêndice vai ajudar a encontrar os números que se esteja buscando seja a inflação da Malásia no ano passado ou o consumo nos Estados Unidos em 1959 ou ainda o índice de desemprego na Irlanda na década de 1980 Na maioria dos casos os dados podem ser baixados para planilhas e trabalhados posteriormente Para uma visão rápida dos números atuais A melhor fonte de números mais recentes sobre pro duto desemprego inflação taxas de câmbio taxas de juros e preços de ações de um grande número de paí ses são as últimas quatro páginas da The Economist publicada semanalmente httpwwweconomist com O site da revista assim como outros mencio nados no livro contém tanto informações disponíveis gratuitamente a qualquer pessoa quanto aquelas aces síveis somente por assinantes Uma boa fonte de dados recentes sobre a econo mia dos EUA é o National Economic Trends publi cado mensalmente pelo Federal Reserve Bank of Saint Louis httpwwwresearchstlouisfedorg datatrendsnet Mais informações sobre a economia dos Estados Unidos Uma base de dados conveniente com números que muitas vezes remontam à década de 1960 tanto para os Estados Unidos quanto para outros países é o Federal Reserve Economic Database chamado FRED mantido pelo Federal Reserve Bank of Saint Louis O acesso é gratuito e muitos dos dados dos Estados Unidos usados neste livro provêm desse banco de dados httpwwwresearchstlouisfed orgfred2 Uma vez ao ano o Economic Report of the President preparado pelo Council of Economic Advisers e publicado pelo US Government Printing Office em Washington D C apresenta uma descrição da evo lução atual da economia norteamericana bem como dados relativos às principais variáveis macroeconô micas com frequência remontando à década de 1950 Contém duas partes um relatório sobre a economia e uma série de tabelas estatísticas que podem ser encontradas em httpwwwgpogoverp Uma apresentação detalhada dos números mais recentes das contas nacionais pode ser encontrada na Survey of Current Business publicada mensal mente pelo US Department of Commerce Bureau of Economic Analysis httpwwwbeagov Um guia do usuário para as estatísticas publicadas pelo Bureau of Economic Analysis é fornecido na Survey of Current Business abril de 1996 A referência padrão para as contas nacionais é a National Income and Product Accounts of the United States O Volume 1 19291958 e o Volume 2 19591994 são publicados pelo US Department of Commerce Bureau of Economic Analysis http wwwbeagov Para obter dados sobre quase tudo incluindo os eco nômicos uma fonte preciosa é o Statistical Abstract of the United States publicado anualmente pelo US Department of Commerce Bureau of the Census httpwwwcensusgovlibrarypublications2011 compendiastatab131edhtml Dados de outros países A Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico OCDE localizada em Paris França http wwwoecdorg congrega a maioria dos países ricos do mundo Austrália Áustria Bélgica Canadá Chile república Tcheca Dinamarca Estônia Finlândia França BookBlanchard 1indb 19 241017 1717 20 Macroeconomia Alemanha Grécia Hungria Islândia Israel Itália Japão Coreia Luxemburgo México Holanda Nova Zelândia Noruega Polônia Portugal Eslováquia Eslovênia Espanha Suécia Suíça Turquia Reino Unido e Estados Unidos Juntos esses países representam cerca de 70 do produto mundial Um dos pontos fortes desses dados é que no caso de muitas variáveis a OCDE tenta tornálos comparáveis entre países ou informa quando não são comparáveis A entidade divulga três publicações úteis todas disponíveis em seu site A primeira é OECD Economic Outlook uma publi cação semestral Além de apresentar questões macro econômicas atuais e evoluções inclui um apêndice com dados relativos a muitas variáveis macroeconô micas De modo geral os dados remontam à década de 1980 e são apresentados de modo consistente tanto ao longo do tempo quanto entre países A segunda é OECD Employment Outlook editado anualmente que trata mais especificamente de ques tões e números relativos ao mercado de trabalho Ocasionalmente a OCDE reúne dados atuais e his tóricos e publica a série OECD Historical Statistics em que vários anos são agrupados A principal vantagem das publicações do Fundo Monetário Internacional ou FMI localizado em Washington DC é que elas cobrem quase todos os paí ses do mundo O FMI conta com 187 paísesmembros e fornece dados de cada um deles httpwwwimforg Uma publicação particularmente útil é a World Economy Outlook WEO publicada duas vezes ao ano e que descreve os principais eventos econômicos no mundo e em paísesmembros específicos Séries selecionadas associadas à publicação estão disponí veis no banco de dados da WEO disponível no site do FMI httpwwwimforgexternaldatahtm A maioria dos dados apresentados neste capítulo foi extraída desse banco de dados Duas outras publicações úteis são o Global Financial Stability Report GFSR que enfoca os desenvolvi mentos financeiros e o Fiscal Monitor que se concen tra nos desenvolvimentos fiscais As três publicações estão disponíveis no site do FMI httpwwwimf orgexternalindexhtm O Banco Mundial também mantém uma grande base de dados httpdataworldbankorg com um amplo conjunto de indicadores de mudança climática a prote ção social Estatísticas históricas Para estatísticas históricas de longo prazo relativas aos Estados Unidos a fonte oficial é o Historical Statistics of the United States Colonial Times to 1970 partes 1 e 2 publicado pelo US Department of Commerce Bureau of the Census httpswww censusgovlibrarypublications1975compendia histstatscolonial1970html Para estatísticas históricas de longo prazo relativas a vários países uma fonte de dados preciosa é o livro de Angus Maddison Monitoring the world economy 18201992 Development Centre Studies OECD Paris 1995 Esse estudo apresenta dados que remon tam a 1820 e abrangem 56 países Duas outras pers pectivas mais longas e abrangentes são dadas em The world economy a millenial perspective Development Centre Studies OCDE 2001 e The world economy historical statistics Development Centre Studies OCDE 2004 ambas de Angus Maddison Questões macroeconômicas atuais A internet é uma vasta fonte de informações e comen tários sobre questões macroeconômicas atuais Além do site da The Economist mencionado anteriormente o mantido por Nouriel Roubini httpwwwroubini com oferece um amplo conjunto de links para artigos e discussões sobre questões macroeconômicas é neces sário fazer assinatura Outro site interessante é voxeu httpwwwvoxeuorg no qual economistas postam blogs sobre temas e acontecimentos atuais Se com tudo isso você ainda não encontrar aquilo que procura um site mantido por Bill Goffe da State University of New York SUNY em httpwwwrfe org disponibiliza não só muito mais fontes de dados mas também notícias econômicas em geral desde arti gos a piadas além de anúncios de emprego para eco nomistas e blogs E finalmente o site chamado Gapminder http wwwgapminderorg apresenta uma série de gráficos animados muitos deles sobre questões relacionadas à macroeconomia Termoschave Fundo Monetário Internacional FMI 20 Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico OCDE 19 BookBlanchard 1indb 20 241017 1717 CAPÍTULO 2 Um giro pelo livro Termos como produto desemprego e inflação aparecem todos os dias nos jornais e noticiários da televisão Portanto quando foram mencionados no Capítulo 1 você já tinha ideia do que se trata Agora precisamos definilos melhor e é o que faremos nas três primeiras seções deste capítulo A Seção 21 enfoca o produto A Seção 22 enfoca a taxa de desemprego A Seção 23 enfoca a taxa de inflação A Seção 24 apresenta duas importantes relações entre essas três variáveis a lei de Okun e a curva de Phillips A Seção 25 apresenta os três conceitos centrais em torno dos quais este livro está organizado O curto prazo o que acontece na economia de um ano para o outro O médio prazo o que acontece na economia em aproximadamente uma década O longo prazo o que acontece na economia em meio século ou mais A partir destes três conceitos a Seção 26 descreve um mapa para o restante do livro 21 Produto agregado Os economistas que estudavam a atividade econômica no século XIX ou durante a Grande Depressão não dispunham de um indicador de atividade agregada agregada é a palavra que os macroeconomistas usam para se referir a um total em que se basear Tinham de compilar informações dispersas como os carregamentos de minério de ferro ou as vendas das lojas de departamento para tentar inferir o que estava acontecendo na economia como um todo Somente após o fim da Segunda Guerra Mundial as contas de renda e produto nacional ou simplesmente contas nacionais foram criadas Indicadores de produto agregado são publicados regularmente nos Estados Unidos desde outubro de 1947 podem ser encontradas medidas de produto agregado para períodos anteriores mas elas foram calculadas em retrospectiva Como qualquer sistema contábil as contas nacionais primeiro definem os conceitos e depois desenvolvem indicadores correspondentes a esses conceitos Basta examinar as estatísticas de países que ainda não desenvolveram essas contas para entender como são cruciais para a precisão e a consistência Na falta delas números que deveriam equivaler não o fazem tentar entender o que está acontecendo é como calcular o saldo do talão de cheques dos outros Não é a intenção aqui detalhar a contabilidade nacional Dois economistas Simon Kuznets da Universidade de Harvard e Richard Stone da Universidade de Cambridge receberam o Prêmio Nobel por suas contribuições ao desenvolvimento das contas nacionais uma gigantesca realização intelectual e empírica Podese encontrar às vezes outra expressão produto nacional bruto ou PNB Existe uma diferença sutil entre interno e nacional e portanto entre PIB e PNB Examinaremos essa diferença no Capítulo 18 e também no Apêndice 1 ao final do livro Por ora vamos ignorála Na verdade a produção de aço requer não apenas operários e máquinas mas também eletricidade minério de ferro e outros materiais Vamos ignorar esses outros insumos para simplificar o exemplo Produto intermediário é um bem empregado na produção de outro Alguns bens podem ser tanto finais como intermediários Batatas vendidas diretamente aos consumidores são bens finais Batatas utilizadas para produzir batatinhas fritas são bens intermediários Você consegue pensar em outros exemplos mas como às vezes é preciso saber a definição de uma variável e como as variáveis se relacionam entre si o Apêndice 1 ao final do livro oferece a estrutura contábil básica utilizada atualmente nos Estados Unidos e com pequenas variações na maioria dos outros países Esse apêndice será útil sempre que se quiser examinar dados econômicos PIB produção e renda A medida do produto agregado nas contas nacionais é o produto interno bruto ou PIB Para entender como se calcula o PIB o melhor é utilizar um exemplo simples Consideremos uma economia composta apenas por duas empresas A empresa 1 produz aço empregando operários e utilizando máquinas para produzilo Ela vende o aço por US 100 para a empresa 2 que fabrica automóveis A empresa 1 paga um salário de US 80 a seus trabalhadores e os US 20 restantes são seu lucro A empresa 2 compra o aço e o utiliza com trabalhadores e máquinas para produzir automóveis As receitas de vendas de automóveis são de US 200 Desse total US 100 destinamse ao pagamento do aço e US 70 aos trabalhadores restando US 30 de lucro Podemos resumir todas essas informações em uma tabela Siderúrgica Empresa 1 Montadora Empresa 2 Receitas de vendas US 100 Receitas de vendas US 200 Despesas US 80 Despesas US 170 Salários US 80 Salários US 70 Compras de aço US 100 Lucro US 20 Lucro US 30 Como se poderia definir produto agregado nessa economia Seria como a soma dos valores de todos os bens produzidos nela US 100 da produção de aço e US 200 da produção de automóveis totalizando US 300 Ou apenas como o valor dos automóveis que é igual a US 200 Pensando um pouco a resposta certa parece ser US 200 Por quê Porque o aço é um bem intermediário utilizado na montagem de carros Uma vez que contabilizamos a produção dos automóveis não queremos contabilizar também a produção dos bens utilizados para fabricar esses automóveis Isso motiva a primeira definição de PIB 1 O PIB é o valor dos bens e serviços finais produzidos em uma economia em um dado período A palavra importante aqui é finais Queremos contabilizar apenas a produção de bens finais e não de bens intermediários Podemos examinar esse exemplo de outra maneira Suponha que tenha havido a fusão das duas empresas e que agora a venda de aço ocorra dentro da nova empresa e não seja mais registrada A tabela a seguir mostra a contabilidade dessa nova empresa Companhia siderúrgica e montadora Receitas de vendas US 200 Despesas salários US 150 Lucro US 50 Tudo o que vemos é uma única empresa que vende automóveis por US 200 paga aos trabalhadores US 80 US 70 US 150 e aufere US 20 US 30 US 50 de lucro A medida de US 200 permaneceria inalterada Não queremos que nossa medida de produto agregado dependa da decisão de fusão das empresas Esta primeira definição apresenta uma forma de calcular o PIB pelo registro e soma da produção de bens finais e é este aproximadamente o modo como são coletados hoje em dia os números reais do PIB Mas a definição também sugere uma segunda forma de pensar e calcular o PIB 2 O PIB é a soma dos valores adicionados na economia em um dado período O termo valor adicionado significa exatamente o que sugere O valor adicionado por uma empresa é definido como o valor de sua produção menos o valor dos bens intermediários que ela utiliza na produção Em nosso exemplo de duas empresas a siderúrgica não utiliza bens intermediários Seu valor adicionado é simplesmente igual ao valor do aço que produz US 100 A montadora entretanto usa o aço como um bem intermediário Portanto o valor adicionado pela montadora é igual ao dos automóveis que produz menos o valor do aço utilizado na produção US 200 US 100 US 100 O valor adicionado total da economia ou PIB é US 100 US 100 US 200 Note que o valor adicionado agregado permaneceria o mesmo se houvesse a fusão da siderúrgica e da montadora em uma única empresa Neste caso não veríamos nenhum bem intermediário produzido o aço seria produzido e utilizado na fabricação dos automóveis dentro da única empresa e o valor adicionado por essa empresa seria simplesmente o valor dos carros produzidos ou seja US 200 Essa definição nos dá uma segunda forma de pensar sobre o PIB Juntas as duas definições implicam que o valor dos bens e serviços finais a primeira definição do PIB pode também ser considerado como a soma dos valores adicionados por todas as empresas na economia a segunda definição do PIB Até aqui vimos o PIB sob a perspectiva da produção Outro modo de examinálo é sob a perspectiva da renda Voltemos a nosso exemplo e pensemos sobre a receita que sobra para uma empresa depois que ela pagou pelos seus bens intermediários Parte da receita é destinada ao pagamento dos trabalhadores esse componente é chamado de renda do trabalho O restante vai para a empresa esse componente é chamado de renda do capital ou lucro a razão para se denominar renda do capital é que se pode pensar nele como uma remuneração para os detentores do capital utilizado na produção Dos US 100 de valor adicionado pela siderúrgica US 80 vão para os trabalhadores renda do trabalho e os US 20 restantes para a empresa renda do capital Dos US 100 de valor adicionado pela montadora US 70 vão para renda do trabalho e US 30 para a renda do capital Para a economia como um todo a renda do trabalho é igual a US 150 US 80 US 70 e a renda do capital é igual a US 50 US 20 US 30 O valor adicionado é igual à soma da renda do trabalho com a renda do capital isto é US 200 US 150 US 50 Isso leva à terceira definição do PIB 3 O PIB é a soma das rendas na economia em um dado período Resumindo podese pensar no produto agregado o PIB de três maneiras diferentes mas equivalentes Sob a perspectiva da produção o PIB é igual ao valor dos bens e serviços finais produzidos na economia em dado período Ainda sob a perspectiva da produção o PIB é a soma dos valores adicionados na economia em um dado período Sob a perspectiva da renda o PIB é a soma das rendas na economia em um dado período A participação do trabalho no exemplo é portanto de 75 Em países avançados esta porcentagem fica tipicamente entre 60 e 75 Duas lições a lembrar 1 O PIB é a medida do produto agregado que podemos considerar sob a perspectiva da produção produto agregado ou sob a perspectiva da renda renda agregada 2 O produto agregado e a renda agregada são sempre iguais PIB nominal e real Em 2014 o PIB dos Estados Unidos foi de US 17400 bilhões comparado aos US 543 bilhões em 1960 Será que o produto no país foi 32 vezes maior em 2014 do que em 1960 Obviamente não grande parte desse aumento refletiu uma alta nos preços em vez de um aumento das quantidades produzidas Isso nos leva à distinção entre PIB nominal e PIB real O PIB nominal é a soma das quantidades de bens finais multiplicada por seus preços correntes Esta definição deixa claro que o PIB nominal aumenta ao longo do tempo por dois motivos Primeiro a produção da maioria dos bens aumenta ao longo do tempo Segundo o preço da maioria dos bens também aumenta ao longo do tempo Se nossa intenção é medir a produção e sua variação ao longo do tempo precisamos eliminar o efeito do aumento de preços em nossa medição do PIB É por isso que se calcula o PIB real como a soma das quantidades de bens finais multiplicada por preços constantes em vez de preços correntes Se a economia produzisse apenas um tipo de bem final por exemplo um modelo específico de automóvel seria fácil calcular o PIB real usaríamos o preço do veículo em um dado ano e então multiplicaríamos esse valor pela quantidade de veículos produzidos a cada ano Um exemplo nos ajudará a compreender melhor isso Consideremos uma economia que produz somente carros e para evitar questões sobre as quais falaremos mais adiante consideremos que o mesmo modelo é produzido todos os anos Suponhamos por exemplo que o número de automóveis produzidos e seus preços em três anos sucessivos fossem O PIB nominal que é igual à quantidade de carros vezes seu preço sobe de US 200000 em 2008 para US 288000 em 2009 um aumento de 44 e de US 288000 em 2009 para US 338000 em 2010 um aumento de 16 Ano Quantidade de automóveis Preço dos automóveis PIB nominal PIB real em dólares de 2009 2008 10 US 20000 US 200000 US 240000 2009 12 US 24000 US 288000 US 288000 2010 13 US 26000 US 338000 US 312000 Para calcular o PIB real precisamos multiplicar o número de automóveis produzidos a cada ano por um preço comum Suponhamos que utilizamos o preço do automóvel em 2009 como o preço comum Esse enfoque resulta na verdade no PIB real em dólares de 2009 Usando esse enfoque o PIB real de 2008 em dólares de 2009 é igual a 10 automóveis US 24000 por automóvel US 240000 O PIB real de 2009 em dólares de 2009 é igual a 12 veículos US 24000 por veículo US 288000 o mesmo que o PIB nominal em 2009 O PIB real em 2010 em dólares de 2009 é igual a 13 US 24000 US 312000 Logo o PIB real aumentou de US 240000 em 2008 para US 288000 em 2009 um aumento de 20 e de US 288000 em 2009 para US 312000 em 2010 um aumento de 8 Qual seria a diferença nos resultados se tivéssemos decidido calcular o PIB real usando o preço de um automóvel em por exemplo 2010 em vez de 2009 Obviamente o nível do PIB real em cada ano seria diferente porque os preços de 2010 não são os mesmos de 2009 mas sua taxa de variação ano a ano seria a mesma O problema do cálculo do PIB real na prática é que há obviamente mais de um bem final O PIB real deve ser definido como uma média ponderada da produção de todos os bens finais o que nos leva à questão de quais pesos atribuir para esse cálculo Os preços relativos dos bens poderiam parecer seus pesos naturais Se um bem custa duas vezes mais por unidade que outro esse bem deveria obviamente contar duas vezes A explicação sobre por que escolhemos estes três anos específicos será dada quando analisarmos os números reais para os Estados Unidos Para confirmar isso calcule o PIB real em dólares de 2010 e depois calcule a taxa de crescimento entre 2008 e 2009 e entre 2009 e 2010 mais do que o outro no cálculo do PIB real Mas isto levanta a seguinte questão e se como frequentemente ocorre os preços relativos mudassem ao longo do tempo Deveríamos escolher os preços relativos em um dado ano como peso ou deveríamos mudar o peso ao longo do tempo Uma discussão mais aprofundada dessas questões e da forma como se calcula o PIB real nos Estados Unidos foi incluída no Apêndice ao final deste capítulo O que se deve saber neste momento é que a medida do PIB real nas contas nacionais dos Estados Unidos utiliza pesos que refletem os preços relativos que mudam ao longo do tempo A medida é denominada PIB real em dólares encadeados de 2009 usamos 2009 porque como em nosso exemplo anterior este é o ano em que por construção o PIB real equivale ao PIB nominal É a melhor medida do produto da economia dos Estados Unidos e sua trajetória mostra como o produto do país cresceu ao longo do tempo A Figura 21 traz a representação gráfica da evolução tanto do PIB real quanto do PIB nominal nos Estados Unidos desde 1960 Por construção os dois são iguais em 2009 Como mostra a figura o nível do PIB real de 2014 foi cerca de 51 vezes o nível de 1960 um aumento considerável porém muito menor do que o aumento de 32 vezes do PIB nominal no mesmo período A diferença entre os dois resultados se deve ao aumento de preços no período Ambos os termos PIB nominal e PIB real têm muitos sinônimos que podem ser encontrados em suas leituras O PIB nominal também é chamado de PIB em dólares ou PIB em dólares correntes ou ainda PIB em moeda corrente O PIB real também é chamado de PIB em termos de bens PIB em dólares constantes ou PIB em moeda constante PIB ajustado pela inflação ou PIB em dólares encadeados 2009 ou PIB em dólares de 2009 se o ano em que o PIB real é igualado ao PIB nominal for 2009 como acontece nos Estados Unidos neste momento Nos próximos capítulos a menos que especificado de outro modo PIB se referirá ao PIB real e Yt representará o PIB real no ano t PIB nominal e as variáveis medidas em dólares correntes serão representados por um cifrão na frente do valor por exemplo Yt representará o PIB nominal no ano t Figura 21 PIB nominal e real dos Estados Unidos de 1960 a 2014 De 1960 a 2014 o PIB nominal aumentou 32 vezes O PIB real aumentou cerca de 5 vezes PIB real bilhões de dólares de 2009 PIB nominal Fonte Série GDPCA GDPA Federal Reserve Economic Data FRED Disponível em httpresearchstlouisfedorgfred2 Acesso em 16 out 2017 O ano usado para calcular preços neste momento o de 2009 é chamado anobase O anobase é alterado de tempos em tempos e no momento da leitura deste livro pode ter mudado novamente Suponhamos que o PIB real fosse medido em dólares de 2000 em vez de dólares de 2009 Onde seria a interseção no gráfico das curvas de PIB nominal e PIB real PIB nível versus taxa de crescimento Atenção É preciso tomar cuidado com o procedimento de comparação lembrese da discussão no Capítulo 1 sobre o padrão de vida na China Você vai aprender mais sobre isso no Capítulo 10 Até aqui nosso foco recaiu sobre o nível de PIB real Tratase de um número importante pois reflete o tamanho da economia de um país Um país cujo PIB é o dobro do de outro é economicamente duas vezes maior do que o outro país Tão importante quanto é o nível do PIB real por pessoa a razão entre o PIB real e a população do país porque fornece o padrão de vida médio do país Ao avaliar o desempenho de uma economia de ano para ano os economistas se concentram na taxa de crescimento do PIB real ou seja no crescimento do PIB Períodos de crescimento positivo do PIB são chamados de expansão e os de crescimento negativo de recessão A Figura 22 mostra a evolução do crescimento do PIB nos Estados Unidos a partir de 1960 O crescimento do PIB no ano t é igual a Yt Yt1Yt1 e é expresso em porcentagem A figura mostra como a economia do país passou por uma série de expansões interrompidas por curtas recessões Novamente podese ver os efeitos da recente crise crescimento zero em 2008 e um alto crescimento negativo em 2009 Figura 22 Taxa de crescimento do PIB dos Estados Unidos de 1960 a 2014 Desde 1960 a economia dos EUA passou por uma série de expansões interrompidas por curtas recessões A recessão de 20082009 foi a mais grave no período de 1960 a 2014 Fonte calculado usandose a série GDPCA da Figura 21 FOCO PIB real progresso tecnológico e o preço dos computadores Um problema complexo no cálculo do PIB real está em como lidar com as mudanças na qualidade de bens existentes Um dos casos mais difíceis é o dos computadores Seria claramente um absurdo supor que a qualidade de um computador pessoal em 2015 é a mesma de outro produzido 20 anos atrás é evidente que a versão de 2015 pode fazer muito mais do que a de 1995 Mas quanto mais Como levar em conta as melhorias na velocidade interna e nos tamanhos da memória RAM e do disco rígido sem falar na rapidez de acesso à internet e assim por diante O enfoque utilizado pelos economistas para fazer ajustes tendo em vista essas melhorias é examinar o mercado de computadores e como ele avalia equipamentos com diferentes características em um dado ano Por exemplo suponhamos que a evidência de preços de diferentes modelos no mercado revele que os consumidores estão dispostos a pagar 10 a mais por um computador com velocidade de 4 GHz 4000 megahertz do que outro com 3 GHz A primeira edição deste livro publicada em 1996 comparou dois computadores com velocidades de 50 e 16 megahertz respectivamente É um bom exemplo de avanço tecnológico Outra indicação da complexidade do progresso tecnológico é que nos últimos anos o progresso não se deu tanto pelo aumento da velocidade dos processadores mas sim pelo uso de processadores multicore Vamos deixar este aspecto de lado aqui mas os responsáveis pelas contas nacionais não podem fazer isso eles têm de computar essa mudança também Suponhamos que todos os computadores novos neste ano tenham velocidade de 4 GHz comparados aos 3 GHz do ano passado Suponhamos ainda que o preço em dólares dos computadores novos deste ano seja igual ao dos computadores novos do ano passado Assim sendo os economistas encarregados do cálculo do preço ajustado dos computadores chegarão à conclusão de que os novos estão na verdade 10 mais baratos neste ano do que no ano passado Esta abordagem que trata os bens como um conjunto de características neste caso velocidade memória etc cada qual com um preço implícito é chamado de precificação hedônica hedone significa prazer em grego Esse tipo de precificação é usado pelo Departamento de Comércio dos Estados Unidos que calcula o PIB real para estimar as alterações nos preços de bens complexos e de mudança rápida tais como automóveis e computadores Com base nesse enfoque o Departamento de Comércio estima que para um dado preço a qualidade dos computadores novos aumentou em média 18 ao ano desde 1995 Em outras palavras um laptop padrão em 2015 oferece 11821 32 vezes os serviços computacionais que um laptop padrão oferecia em 1995 Curiosamente à luz da discussão do Capítulo 1 sobre a desaceleração do crescimento da produtividade nos Estados Unidos a taxa de melhoria da qualidade diminuiu substancialmente no passado recente para mais perto de 10 Os laptops não só oferecem mais serviços como também ficaram mais baratos pois o preço em dólares caiu cerca de 7 ao ano desde 1995 Juntando as informações deste parágrafo às do anterior implicase que o preço ajustado pela qualidade vem caindo a uma taxa média de 18 7 25 ao ano Em outras palavras cada dólar gasto em um laptop compra nos dias de hoje 12521 108 vezes mais serviços computacionais do que um dólar gasto em um laptop em 1995 22 Taxa de desemprego Por ser um indicador da atividade agregada o PIB é obviamente a principal variável macroeconômica Duas outras desemprego e inflação revelam outros aspectos importantes do desempenho de uma economia Esta seção enfoca a taxa de desemprego Vamos começar com duas definições Nível de emprego é o número de pessoas que têm trabalho Nível de desemprego é o número de pessoas que não têm trabalho mas estão à procura de um Força de trabalho é a soma dos níveis de emprego e desemprego L N U Força de trabalho nível de emprego nível de desemprego A taxa de desemprego é a razão entre o número de pessoas desempregadas e o número de pessoas na força de trabalho u UL Taxa de desemprego nível de desempregoforça de trabalho Coleta de dados estatísticos da força de trabalho pelo governo O cálculo da taxa de desemprego é menos óbvio do que se imagina Não obstante a história em quadrinhos determinar se alguém está empregado é fácil entretanto determinar se alguém está desempregado é mais difícil De acordo com a definição anterior para ser considerada desempregada uma pessoa deve atender a duas condições estar sem trabalho e estar procurando emprego Esta segunda condição é mais difícil de avaliar Até a década de 1940 nos Estados Unidos e até mais recentemente na maioria dos países o número de pessoas registradas nas agências oficiais constituía a única fonte disponível de dados sobre o desemprego e portanto apenas elas eram computadas como desempregadas Esse sistema levou a uma medida ineficiente do desemprego O número de pessoas procurando por emprego que efetivamente se registraram nessas agências variou tanto entre os países quanto ao longo do tempo Os que não tinham nenhum incentivo para se registrar por exemplo os que já haviam recebido o segurodesemprego a que tinham direito dificilmente perdiam tempo indo às agências oficiais e portanto não entravam na contagem Países com segurodesemprego menos generoso provavelmente possuem menos pessoas desempregadas se registrando e portanto uma menor taxa de desemprego medida Hoje em dia a maioria dos países ricos se apoia em amplas pesquisas domiciliares para calcular a taxa de desemprego Nos Estados Unidos essa pesquisa é chamada de Current Population Survey CPS e baseiase em uma entrevista mensal realizada com 60000 domicílios A pesquisa classifica uma pessoa como empregada se estiver trabalhando no momento da entrevista e como desempregada se não tiver trabalho mas estiver procurando uma vaga nas últimas quatro semanas A maioria dos países adota uma definição semelhante de desemprego Nos Estados Unidos estimativas baseadas na pesquisa CPS mostram que em julho de 2015 uma média de 1489 milhões de pessoas estavam empregadas ao passo que 83 milhões desempregadas Portanto a taxa de desemprego era de 831489 83 53 Note que apenas aqueles que estão procurando emprego são computados como desempregados os que não têm trabalho e não procuram uma vaga são considerados fora da força de trabalho Quando o nível de desemprego é alto alguns desempregados desistem de procurar emprego e por isso não são mais contados como tal Estas pessoas são conhecidas como trabalhadores desalentados Um exemplo extremo se todos os trabalhadores sem emprego desistissem de procurar uma vaga a taxa de desemprego seria igual a zero e se tornaria um indicador muito ruim do que está acontecendo no mercado de trabalho Este exemplo é demasiadamente extremo na prática quando há desaceleração da economia normalmente se observam tanto um aumento do desemprego quanto um aumento do número de pessoas que deixam a força de trabalho De modo análogo uma taxa de desemprego mais alta geralmente está associada a uma taxa de participação mais baixa definida como a razão entre a força de trabalho e a população total em idade ativa A Figura 23 mostra a evolução do desemprego nos Estados Unidos a partir de 1960 Desde então a taxa de desemprego nos EUA tem flutuado entre 3 e 10 subindo durante recessões e declinando durante expansões Novamente podese ver o efeito da Os 60000 domicílios são escolhidos como amostra representativa de toda a população dos EUA Assim a amostra fornece estimativas confiáveis sobre o que está acontecendo à população como um todo Durante a crise enquanto a taxa de desemprego nos Estados Unidos subia a taxa de participação caía de 66 para 63 Mas surpreendentemente à medida que o desemprego baixava a taxa de participação não se recuperava Não se sabe bem por que isso ocorreu Uma hipótese é que a recessão foi tão profunda que alguns trabalhadores que haviam perdido o emprego desistiram de recuperálo 52 Figura 23 Taxa de desemprego nos EUA 19602014 Desde 1960 a taxa de desemprego nos EUA flutuou entre 3 e 10 declinando durante as expansões e subindo durante as recessões O efeito da recente crise é altamente visível com o nível de desemprego aproximandose de 10 em 2010 o maior desde o início dos anos 1980 recente crise com a taxa de desemprego atingindo um pico de 10 em 2010 a maior desde a década de 1980 Por que os economistas se preocupam com o desemprego Os economistas se preocupam com o desemprego por dois motivos O primeiro deles é por causa de seus efeitos diretos sobre o bemestar dos desempregados Embora o segurodesemprego seja mais generoso hoje em dia do que durante a Grande Depressão a perda do emprego ainda está associada com frequência a um sofrimento financeiro e psicológico A intensidade desse sofrimento depende da natureza do desemprego Uma imagem do desemprego é a de uma poça estagnada com pessoas que permanecem nessa condição por longos períodos Em tempos normais essa imagem não reflete o que acontece nos Estados Unidos todos os meses muitos ficam desempregados e muitos dos que estavam desempregados conseguem recolocação Quando a taxa de desemprego sobe porém atualmente está em 53 portanto não está em alta a imagem condiz mais com a realidade Não só mais pessoas ficam desempregadas mas também muitas delas permanecem assim por muito tempo Por exemplo a duração média do desemprego que era de 16 semanas em média no período de 2000 a 2007 subiu para 40 semanas em 2011 desde então houve uma queda mas no momento da produção deste livro permanece com uma duração relativamente alta de 30 semanas Em resumo quando o desemprego aumenta ele se torna tanto mais disseminado quanto mais doloroso para aqueles que estão desempregados O segundo motivo pelo qual os economistas se preocupam com a taxa de desemprego é que ela sinaliza que a economia pode não estar usando alguns de seus recursos Quando o nível de desemprego é elevado muitas pessoas que querem trabalhar não encontram ocupação a economia não está usando de forma eficiente seus recursos humanos E quando é baixo Isso também pode representar um problema Sim Assim como um motor funcionando a uma velocidade muito alta uma economia com desemprego muito baixo pode estar sobreutilizando seus recursos humanos e vir a experimentar escassez de mão de É provavelmente por causa desse tipo de declaração que a economia é conhecida como ciência lúgubre 53 obra O que se pode considerar muito baixo É uma pergunta difícil de responder que retomaremos mais adiante no livro Essa questão surgiu em 2000 nos Estados Unidos No final daquele ano alguns economistas se preocupavam porque a taxa de desemprego de 4 na época estava na realidade extremamente baixa Portanto embora não defendessem que se provocasse uma recessão eram a favor de um crescimento do produto menor mas positivo durante algum tempo para permitir um aumento da taxa de desemprego No final das contas conseguiram mais do que queriam uma recessão em vez de uma desaceleração Desemprego e felicidade O desemprego é muito doloroso Para responder à pergunta é preciso conhecer cada indivíduo em particular e como sua felicidade varia à medida que ficam desempregados Essa informação está disponível na pesquisa German Socioeconomic Panel que monitorou cerca de 11000 famílias ano a ano desde 1984 fazendo a cada membro uma série de perguntas sobre seus status de emprego renda e felicidade A pergunta específica sobre felicidade foi Qual é seu nível de satisfação atual com sua vida como um todo com a resposta classificada de 0 completamente insatisfeito a 10 completamente satisfeito O efeito do desemprego sobre a felicidade tal qual definida por essa pesquisa é mostrado na Figura 1 que traça a média da satisfação com a vida daqueles indivíduos que ficaram desempregados por um ano e empregados nos quatro anos anteriores e nos quatro posteriores O ano 0 é o do desemprego Os anos 1 a 4 são os que antecedem o desemprego ao passo que os de 1 a 4 os que vêm a seguir A figura sugere três conclusões A primeira e principal delas é a de que realmente o fato de ficar desempregado leva a uma diminuição significativa da felicidade Para termos uma noção de escala outros estudos sugerem que essa redução está próxima daquela desencadeada por um divórcio ou uma separação A segunda é que a felicidade diminui antes do efetivo período de desemprego Isso sugere que ou os trabalhadores sabem que estão prestes a perder o emprego ou gostam cada vez menos do que fazem A terceira é que a felicidade não é totalmente recuperada mesmo quatro anos após o período de desemprego Isso sugere que a perda do emprego pode causar algum dano permanente seja pela experiência em si seja porque o novo emprego não é tão satisfatório quanto o antigo Ao pensar em como lidar com o desemprego é essencial compreender os canais pelos quais essa situação afeta a felicidade Uma descoberta importante a esse respeito é a de que o comprometimento da felicidade não depende tanto assim da generosidade do segurodesemprego Em outras palavras o desemprego afeta a felicidade não só pelos canais financeiros mas também pelos psicológicos Citando George Akerlof ganhador do Prêmio Nobel uma pessoa sem emprego não perde apenas sua renda mas com frequência a sensação de que está cumprindo os deveres esperados dela como ser humano O conteúdo deste quadro e em particular da figura foi extraído em parte de Unemployment and happiness por Rainer Winkelmann IZA World of Labor 94 p 19 2014 Figura 1 Efeitos do desemprego na felicidade 23 Taxa de inflação A inflação é uma elevação sustentada do nível geral de preços da economia conhecido como nível de preços A taxa de inflação é a taxa em que o nível de preços aumenta Simetricamente deflação é uma queda sustentada do nível de preços e corresponde a uma taxa de inflação negativa A questão prática é como definir o nível de preços Os macroeconomistas geralmente examinam duas medidas do nível de preços ou seja dois índices de preços o deflator do PIB e o índice de preços ao consumidor Deflator do PIB Vimos anteriormente como aumentos no PIB nominal podem resultar tanto de um aumento no PIB real quanto de um aumento nos preços Posto de outra forma se o PIB nominal aumenta mais rapidamente que o PIB real a diferença resulta de um aumento nos preços Isso nos leva à definição do deflator do PIB que no ano t é definido como a razão entre o PIB nominal e o PIB real no ano t P t P t PIB nominal t PIB real t Y t Y t Note que no ano em que por definição o PIB real é igual ao PIB nominal 2009 nos Estados Unidos o nível de preços é igual a 1 Tratase de um aspecto que vale a pena enfatizar o deflator do PIB é o que se chama de número índice Seu nível é escolhido arbitrariamente aqui é igual a 1 em 2009 e não tem nenhuma interpretação econômica Mas sua taxa de variação P t P t 1 P t 1 que denotaremos como π t ao longo do livro possui uma interpretação econômica clara ela fornece a taxa pela qual o nível geral de preços aumenta ao longo do tempo a taxa de inflação Uma vantagem da definição do nível de preços em termos do deflator do PIB está no fato de ela implicar uma relação simples entre PIB nominal PIB real e deflator do PIB Para verificar isso reorganize a equação anterior para obter Y t P t Y t O PIB nominal é igual ao deflator do PIB multiplicado pelo PIB real Ou colocando a expressão em termos de taxas de variação a taxa de crescimento do PIB nominal é igual à taxa de inflação somada à taxa de crescimento do PIB real Índice de preços ao consumidor O deflator do PIB fornece o preço médio do produto os bens finais produzidos na economia Entretanto os consumidores se preocupam com o preço médio do consumo os bens que eles consomem Esses dois preços não precisam ser iguais o conjunto de bens produzidos na economia não é igual ao conjunto de bens adquiridos pelos consumidores por dois motivos Alguns dos bens no PIB são vendidos não para consumidores mas para empresas máquinasferramenta por exemplo governo ou mercado externo Alguns dos bens comprados pelos consumidores não são produzidos domesticamente mas importados Para medir o preço médio do consumo ou de modo equivalente o custo de vida os macroeconomistas examinam outro índice o índice de preços ao consumidor ou IPC Nos Estados Unidos o IPC conhecido como CPI existe desde 1917 e é A deflação é rara mas acontece Os Estados Unidos passaram por deflação sustentada na década de 1930 durante a Grande Depressão ver quadro Fooco no Capítulo 9 O Japão teve deflação de tempos em tempos desde o final dos anos 1990 Mais recentemente a área do euro teve períodos curtos de deflação Os números índice costumam ser definidos como iguais a 100 no anobase em vez de 1 Ao analisarmos o Economic Report of the President ver Capítulo 1 veremos que o deflator do PIB relatado na Tabela B3 é igual a 100 em 2009 o anobase 1025 em 2010 e assim por diante Calcule o deflator do PIB e a taxa associada de inflação no período de 2008 a 2009 e de 2009 a 2010 em nosso exemplo do carro na Seção 21 em que o PIB real é calculado usandose o preço dos veículos em 2009 como o preço comum Para uma atualização sobre como passar de níveis para taxas de variação ver Apêndice 2 Proposição 7 Não confunda IPC com IPP índice de preços ao produtor que é um índice de preços de bens produzidos nacionalmente na indústria de transformação na mineração na agricultura na pesca na silvicultura e no setor elétrico publicado mensalmente ao passo que os números do PIB e do deflator do PIB são calculados e divulgados apenas trimestralmente O IPC fornece o custo em moeda corrente de uma lista específica de bens e serviços ao longo do tempo A lista baseada em um estudo detalhado dos gastos do consumidor procura representar a cesta de consumo de um consumidor urbano típico e é atualizada nos Estados Unidos a cada dois anos Todo mês funcionários do Bureau of Labor Statistics BLS visitam lojas para constatar o que ocorreu com os preços dos bens constantes da lista A coleta é feita para 211 itens em 38 cidades e esses preços são então utilizados para calcular o índice A exemplo do deflator do PIB o nível de preços associado ao produto agregado PIB o IPC é um índice Fixado em 100 no período escolhido como períodobase seu nível não tem nenhum significado especial Nos Estados Unidos o períodobase atual é 19821984 portanto a média desse período é igual a 100 Em 2014 o IPC foi 2367 desse modo ficou mais de duas vezes mais caro em dólares adquirir a mesma cesta de consumo em relação a 19821984 Você pode se perguntar o que muda na taxa de inflação dependendo do uso do deflator do PIB ou do IPC para seu cálculo A resposta está na Figura 24 cujo gráfico compara as duas taxas de inflação nos Estados Unidos desde 1960 O gráfico leva a duas conclusões O IPC e o deflator do PIB caminham juntos na maior parte do tempo Na maioria dos anos as duas taxas de inflação diferem em menos de 1 Entretanto existem exceções evidentes relacionadas à primeira conclusão Em 1979 e 1980 o aumento do IPC foi significativamente maior do que o aumento do deflator do PIB Não é difícil descobrir o motivo Lembrese de que o deflator do PIB é o preço dos bens produzidos nos EUA ao passo que o IPC é o preço dos bens consumidos no país Isso significa que quando o preço dos bens importados aumenta em relação aos preços dos bens produzidos nos Estados Unidos o IPC aumenta mais rapidamente do que o deflator do PIB Não pergunte por que se escolheu um período de base tão estranho Ninguém parece se lembrar Figura 24 Taxa de inflação usando IPC e deflator do PIB 19602014 As taxas de inflação calculadas com IPC ou deflator do PIB são em grande parte similares Fonte Calculado com a série USAGDPDEFAISMEI CPALTT01USA659N Federal Reserve Economic Data FRED Disponível em Acesso em 23 maio 2017 Foi exatamente isso que ocorreu em 1979 e 1980 O preço do petróleo dobrou e embora os Estados Unidos sejam produtores de petróleo o país produz muito menos do que consome Ele era e continua sendo um grande importador de petróleo O resultado foi um grande aumento no IPC comparado ao deflator do PIB Nas seções a seguir vamos supor que os dois índices se movem juntos e portanto não precisaremos fazer distinção entre eles Mencionaremos apenas o nível de preços representado por P t sem indicar se estamos nos referindo ao IPC ou ao deflator do PIB Por que os economistas se preocupam com a inflação Se uma taxa de inflação mais elevada significasse apenas um aumento mais rápido porém proporcional de todos os preços e salários um caso conhecido como inflação pura a inflação não passaria de um pequeno inconveniente pois os preços relativos não seriam afetados Tome por exemplo o salário real dos trabalhadores o salário medido em termos de bens em vez de moeda Em uma economia com 10 de inflação os preços aumentariam 10 ao ano e os salários também Portanto os salários reais não seriam afetados pela inflação A inflação não seria de todo irrelevante as pessoas ainda precisariam acompanhar o aumento dos preços e dos salários para tomar suas decisões Mas isso seria um ônus pequeno não justificaria tornar o controle da taxa de inflação um dos principais objetivos da política macroeconômica Por que então os economistas se preocupam com a inflação Exatamente porque não existe algo como inflação pura Em períodos de inflação nem todos os preços e salários sobem proporcionalmente Em consequência a inflação afeta a distribuição de renda Por exemplo em muitos países os aposentados recebem pensões que não acompanham os aumentos de preços e salários Logo eles perdem em relação a outros grupos quando a inflação está alta Esse não é o caso dos Estados Unidos porque os benefícios da previdência social são reajustados automaticamente com base no IPC protegendo os aposentados da inflação No entanto durante o período de inflação muito elevada ocorrido na Rússia na década de 1990 as aposentadorias não acompanharam a inflação e muitos pensionistas quase morreram de fome A inflação provoca outras distorções Variações nos preços relativos também levam a uma maior incerteza dificultando a tomada de decisões pelas empresas com relação ao futuro incluindo novos investimentos Alguns preços fixados por lei ou por regulamentação ficam defasados em relação a outros resultando em mudanças nos preços relativos A tributação interage com a inflação para criar mais distorções Se as faixas salariais da tabela do imposto de renda não são corrigidas pela inflação por exemplo as pessoas passam para faixas salariais cada vez mais elevadas à medida que sua renda nominal aumenta mesmo que sua renda real permaneça a mesma Se a inflação é algo tão ruim isso implica que a deflação inflação negativa é boa A resposta é não Em primeiro lugar uma deflação alta uma taxa alta de inflação negativa cria muitos dos mesmos problemas que a inflação alta de distorções a aumento da incerteza O outro motivo como veremos mais adiante está no fato de que até mesmo uma taxa de deflação baixa limita a capacidade de uma política monetária afetar o produto Portanto qual é a melhor taxa de inflação A maioria dos macroeconomistas acredita que seja uma taxa de inflação baixa e estável algo entre 1 e 4 Você pode se perguntar por que o efeito da redução de 50 no preço do petróleo na segunda metade de 2014 não aparece de modo análogo com um declínio maior do IPC em relação ao do deflator do PIB O motivo é que embora a inflação do IPC tenha sido negativa durante o segundo semestre de 2014 isso foi compensado pela inflação positiva no primeiro semestre do ano por isso não aparece em dados anuais Isso é conhecido como bracket creep arrastamento das faixas de tributação Nos Estados Unidos as faixas de imposto são ajustadas automaticamente pela inflação se ela for de 5 todas as faixas também aumentarão em 5 em outras palavras não há bracket creep Em contraste na Itália onde a inflação foi de 17 ao ano no segundo semestre da década de 1970 o bracket creep levou a um aumento de quase 9 pontos percentuais na taxa de tributação de renda Os jornais às vezes confundem deflação e recessão Elas podem acontecer juntas mas não são a mesma coisa A deflação é uma redução no nível de preço A recessão é uma redução no produto real Examinaremos os prós e os contras de diferentes taxas de inflação no Capítulo 23 24 Produto desemprego e taxa de inflação lei de Okun e curva de Phillips Examinamos separadamente as três principais dimensões da atividade econômica agregada o crescimento do produto a taxa de desemprego e a taxa de inflação Claramente não são independentes e grande parte deste livro será dedicada a analisar as relações entre eles em detalhes Mas será útil fazer uma primeira análise agora Lei de Okun A intuição sugere que se o crescimento do produto for elevado o desemprego será reduzido o que é realmente verdadeiro Essa relação foi examinada pela primeira vez pelo economista estadunidense Arthur Okun por isso ficou conhecida como a lei de Okun A Figura 25 representa a variação da taxa de desemprego no eixo vertical contra a taxa de crescimento do produto no eixo horizontal para os Estados Unidos desde 1960 Também traça a linha que melhor se ajusta à nuvem de pontos na figura Uma análise da figura e da linha sugere duas conclusões A linha é inclinada para baixo e se ajusta bem à nuvem de pontos Em termos econômicos há uma estreita relação entre as duas variáveis maior crescimento do produto leva a uma diminuição do desemprego A inclinação da linha é 04 Isso implica que em média um aumento de 1 na taxa de crescimento reduz a de desemprego em cerca de 04 É por isso que o desemprego aumenta nas recessões e diminui nas expansões Essa relação tem uma implicação simples porém importante a chave para reduzir o desemprego é uma taxa de crescimento suficientemente elevada Essa linha atravessa o eixo horizontal no ponto em que o crescimento do produto é aproximadamente igual a 3 Em termos econômicos é necessária uma taxa de crescimento de cerca de 3 para manter o desemprego constante Isso ocorre por duas razões A primeira é que a população e assim a força de trabalho Arthur Okun foi conselheiro do presidente John F Kennedy na década de 1960 A lei de Okun não é evidentemente uma lei mas uma regularidade empírica Esse gráfico que representa uma variável em relação a outra é chamado de gráfico de dispersão A linha é denominada linha de regressão Para mais informações sobre regressões ver Apêndice 3 Figura 25 Variações na taxa de desemprego versus crescimento nos Estados Unidos 19602014 Um crescimento do produto mais elevado do que o usual está associado a uma redução da taxa de desemprego um crescimento do produto inferior ao usual está associado a uma elevação na taxa de desemprego Fonte Série GDPCA GDPA Federal Reserve Economic Data FRED Disponível em httpresearchstlouisfedorgfred2 Acesso em 12 jun 2016 aumenta ao longo do tempo de modo que o emprego deve crescer ao longo do tempo apenas para manter constante a taxa de desemprego A segunda é que o produto por trabalhador também se eleva com o tempo o que implica que o crescimento do produto é superior ao crescimento do emprego Suponhamos por exemplo que a força de trabalho cresça a 1 e que o produto por trabalhador cresça a 2 Então o crescimento do produto deve ser igual a 3 1 2 apenas para manter constante a taxa de desemprego A curva de Phillips A lei de Okun implica que com um crescimento suficientemente forte podese reduzir o desemprego a níveis muito baixos Mas a intuição sugere que quando o desemprego baixa muito a economia tende a superaquecer provocando uma pressão ascendente sobre a inflação Em grande medida isso é verdade Essa relação foi explorada pela primeira vez em 1958 pelo economista da Nova Zelândia A W Phillips e tornouse conhecida como a curva de Phillips que traça a taxa de inflação contra a de desemprego Desde então a curva de Phillips foi redefinida como uma relação entre a variação da taxa de inflação e a taxa de desemprego A Figura 26 representa a variação da taxa de inflação medida usandose o IPC no eixo vertical contra a taxa de desemprego no eixo horizontal juntamente com a linha que se ajusta melhor à nuvem de pontos para os Estados Unidos desde 1960 A análise da figura sugere novamente duas conclusões A linha é inclinada para baixo embora o ajuste não seja tão bom quanto no caso da lei de Okun o desemprego mais elevado leva em média a uma diminuição da inflação menor desemprego leva a um aumento da inflação Mas isso só é verdade na média Às vezes uma alta taxa de desemprego está associada a uma elevação da inflação A linha atravessa o eixo horizontal no ponto em que a taxa de desemprego é de aproximadamente 6 Quando o desemprego fica abaixo dos 6 a inflação Nos últimos anos a taxa de crescimento que mantém a taxa de desemprego constante tem sido menor em torno de 25 Isso reflete novamente a diminuição do crescimento da produtividade taxa de crescimento do produto por trabalhador discutida no Capítulo 1 Provavelmente deveria ser conhecida como a relação de Phillips mas é tarde demais para mudar isso Como veremos mais adiante no Capítulo 8 a relação da curva de Phillips evoluiu ao longo do tempo de formas que não podem ser apreendidas na Figura 26 Isso explica por que o ajuste não é tão bom quanto digamos para a lei de Okun Figura 26 Variações na taxa de inflação versus a taxa de desemprego nos Estados Unidos 19602014 Uma baixa taxa de desemprego leva a uma alta na taxa de inflação uma alta taxa de desemprego leva a uma baixa na taxa de inflação Fonte Série GDPCA GDPA Federal Reserve Economic Data FRED Disponível em httpresearchstlouisfedorgfred2 Acesso em 12 jun 2016 36 Macroeconomia tem aumentado sugerindo que a economia estava superaquecendo operando acima de seu potencial Quando o desemprego fica acima de 6 a inflação tem diminuído sugerindo que a economia operava abaixo do potencial Mas também aqui a relação não é suficientemente firme para que a taxa de desemprego em que a economia sofre superaquecimento seja fixada precisamente Isso explica por que alguns economistas acreditam que devemos tentar manter uma taxa de desemprego menor digamos 4 ou 5 e outros acreditam que isso pode ser arriscado levando a superaquecimento e inflação em alta Claramente uma economia bemsucedida é aquela que combina alto crescimento do produto baixo desemprego e baixa inflação Todos esses objetivos podem ser atingidos simultaneamente Um desemprego baixo é compatível com uma inflação baixa e estável Os formuladores de políticas têm as ferramentas para sustentar o crescimento e atingir baixo desemprego enquanto a inflação se mantém baixa São questões que abordaremos ao longo do livro As duas próximas seções apresentam o roteiro 25 Curto prazo médio prazo e longo prazo O que determina o nível do produto agregado em uma economia Pense nestas respostas A leitura dos jornais sugere uma primeira resposta as variações no produto originamse das variações na demanda por bens Você provavelmente já leu notícias que começam assim A produção e as vendas de automóveis foram maiores no mês passado em função da maior confiança do consumidor que levou um número recorde de pessoas às concessionárias Notícias como esta destacam o papel desempenhado pela demanda na determinação do produto agregado apontam para fatores que afetam a demanda que vão da confiança do consumidor às taxas de juros Mas sem dúvida mesmo se todos os consumidores indianos corressem às con cessionárias indianas ainda assim não conseguiriam fazer que o produto da Índia crescesse e alcançasse o dos Estados Unidos Essa observação sugere uma segunda resposta o que importa para o produto agregado é o lado da oferta o quanto a economia pode produzir Isso depende do grau de avanço da tecnologia do país de quanto capital está sendo usado e do tamanho e da qualificação de sua força de trabalho Esses fatores e não a confiança do consumidor são os determinantes fundamentais do nível de produto de um país O argumento anterior nos permite ir um passo além nem a tecnologia nem o capital nem a qualificação são dadas A sofisticação tecnológica de um país depende de sua capacidade de inovar e introduzir novas tecnologias O tamanho de seu estoque de capital depende do quanto as pessoas poupam A qualifi cação dos trabalhadores depende da qualidade do sistema de ensino do país Outros fatores também são importantes se se quiser que as empresas operem de maneira eficiente por exemplo elas precisarão de um sistema de leis claro que regulamente sua operação e de um governo honesto para que essas leis sejam cumpridas Isso sugere uma terceira resposta os verdadeiros determinantes do produto são fatores como o sistema educacional de um país a taxa de poupança e a qualidade do governo Se quisermos entender o que determina o nível do produto deveremos examinar esses fatores A essa altura você deve estar pensando qual das três respostas está correta Todas as três Mas cada uma se aplica a um prazo diferente BookBlanchard 1indb 36 241017 1717 Capítulo 2 Um giro pelo livro 37 No curto prazo alguns poucos anos a primeira resposta é a correta Variações ano a ano no produto decorrem principalmente de movimentos na demanda Mudanças na demanda talvez provocadas por mudanças na confiança do consumidor ou por outros fatores podem levar a uma diminuição no produto uma recessão ou a um aumento no produto uma expansão No médio prazo digamos uma década a segunda resposta é a correta Ao longo do médio prazo a economia tende a voltar ao nível de produto determinado por fatores de oferta o estoque de capital o nível de tecnologia e o tamanho da força de trabalho Ao longo de uma década esses fatores variam em um ritmo lento o suficiente a ponto de podermos tomálos como dados No longo prazo digamos algumas décadas ou mais a terceira resposta é a correta Para entender por que a China conseguiu alcançar uma taxa de cres cimento tão alta desde 1980 precisamos explicar por que o capital e o nível de tecnologia chineses cresceram tão rápido Para isso examinamos fatores como sistema educacional taxa de poupança e o papel do governo Essa maneira de pensar sobre os determinantes do produto é a base da macro economia e da organização deste livro 26 Um giro pelo livro O livro está organizado em três partes fundamentos duas extensões e por fim uma visão abrangente do papel da política macroeconômica A Figura 27 mostra esta organização Vamos descrevêla com mais detalhes Fundamentos Os fundamentos estão divididos em três partes curto médio e longo prazos Os capítulos 3 a 6 examinam como o produto é determinado no curto prazo Para enfocar o papel da demanda presumimos que as empresas estão dispostas Extensão O curto prazo Capítulos 3 a 6 O médio prazo Capítulo 7 a 9 O longo prazo Capítulos 10 a 13 Economia aberta Capítulos 17 a 20 Expectativas Capítulos 14 a 16 Introdução Um giro pelo mundo Capítulo 1 Um giro pelo livro Capítulo 2 Epílogo Capítulo 24 De volta à política econômica Capítulos 21 a 23 Fundamentos Extensão Figura 27 A organização do livro BookBlanchard 1indb 37 241017 1717 38 Macroeconomia a ofertar qualquer quantidade a um dado preço Em outras palavras ignoramos as restrições à oferta O Capítulo 3 examina como a demanda por bens determina o produto O Capítulo 4 apresenta como a política monetária determina a taxa de juros O Capítulo 5 reúne esses dois mercados permitindo que a demanda dependa da taxa de juros e então mostrando o papel das políticas monetária e fiscal na determinação do produto O Capítulo 6 amplia o modelo introduzindo um sistema financeiro mais rico e usandoo para explicar o que aconteceu durante a crise recente Os capítulos 7 a 9 desenvolvem o lado da oferta e examinam a determinação do produto no médio prazo O Capítulo 7 apresenta o mercado de trabalho e o Capítulo 8 deriva a relação entre inflação e desemprego O Capítulo 9 reúne todas as partes e mostra a determinação de produto desemprego e inflação tanto no curto quanto no médio prazo Os capítulos 10 a 13 concentramse no longo prazo O Capítulo 10 apresenta os fatos relevantes examinando o crescimento do produto tanto entre países quanto por longos períodos Os capítulos 11 e 12 discutem como a acumulação de capital e o progresso tecnológico determinam o crescimento O Capítulo 13 dedicase à interação entre progresso tecnológico salários desemprego e desigualdade Extensões Os capítulos relativos aos fundamentos apresentam uma forma de pensar sobre a determinação do produto e do desemprego e da inflação no curto médio e longo prazos Entretanto não incluem vários elementos explorados em duas extensões As expectativas desempenham um papel essencial na macroeconomia Praticamente todas as decisões econômicas tomadas por pessoas e empresas dependem de suas expectativas quanto a rendimentos futuros lucros futuros taxas de juros futuras e assim por diante As políticas fiscal e monetária afetam a atividade econômica não só por meio de seus efeitos diretos mas também por seus efeitos sobre as expectativas de pessoas e empresas Os capítulos 14 a 16 apresentam uma abordagem mais detalhada e extraem as implicações para as políticas fiscal e monetária Os capítulos sobre fundamentos tratam a economia como fechada ignorando suas interações com o resto do mundo No entanto as economias estão cada vez mais abertas comercializando bens e serviços ou ativos financeiros entre si Como resultado os países estão mais e mais interdependentes A natureza dessa interdependência e suas implicações para as políticas fiscal e monetária são os tópicos dos capítulos 17 a 20 De volta à política econômica Praticamente todos os capítulos do livro discutem as políticas monetária e fiscal Mas uma vez abordados os fundamentos e as extensões vale a pena voltar juntar as peças e avaliar o papel da política econômica O Capítulo 21 trata de questões gerais de política econômica se os macro economistas realmente sabem o suficiente sobre como a economia funciona para aplicar políticas econômicas como uma ferramenta de estabilização e se é possível confiar que os formuladores de política econômica fazem o que é certo Os capítulos 22 e 23 avaliam o papel das políticas monetária e fiscal BookBlanchard 1indb 38 241017 1717 Capítulo 2 Um giro pelo livro 39 Epílogo A macroeconomia não é um conjunto fixo de conhecimentos ela evolui ao longo do tempo O Capítulo 24 examina a história recente da macroeconomia e como os macroeconomistas passaram a acreditar naquilo em que acreditam atualmente Vista de fora a macroeconomia passa a ideia de uma área dividida em escolas keyne sianos monetaristas novos clássicos economistas do lado da oferta supplysiders em inglês e assim por diante bradando argumentos umas contra as outras O processo efetivo de pesquisa é mais ordenado e produtivo do que essa imagem sugere Identificamos o que consideramos as principais diferenças entre os macroecono mistas o conjunto de proposições que definem os fundamentos da macroeconomia atual e os desafios impostos pela crise aos macroeconomistas Resumo Podemos pensar no PIB a medida do produto agre gado de três maneiras equivalentes 1 o PIB é o valor dos bens e serviços finais produzidos na economia em um dado período 2 o PIB é a soma dos valores adicionados na economia em um dado período 3 o PIB é a soma das rendas na economia em um dado período O PIB nominal é a soma das quantidades de bens finais produzidos multiplicadas por seus preços cor rentes Isto implica que variações do PIB nominal refletem tanto variações nas quantidades quanto nos preços O PIB real é uma medida do produto As variações do PIB real refletem unicamente as variações das quantidades Classificase uma pessoa como desempregada quando ela está sem trabalho mas procurando por um Taxa de desemprego é definida como a razão entre o número de desempregados e o número de pessoas na força de trabalho Força de trabalho é a soma dos empregados e dos desempregados Os economistas se preocupam com o desemprego por causa do custo humano que ele implica Também analisam o desemprego porque é um sinal da efi ciência com que a economia usa seus recursos Um desemprego elevado indica que a economia não vem utilizando seus recursos humanos de modo eficiente Inflação é um aumento do nível geral de preços ou nível de preços A taxa de inflação é aquela em que o nível de preços aumenta Os macroeco nomistas examinam dois indicadores do nível de preços O primeiro é o deflator do PIB que for nece o preço médio dos bens produzidos na econo mia O segundo o índice de preços ao consumidor IPC que é o preço médio dos bens consumidos na economia A inflação provoca mudanças na distribuição de renda distorções e maior incerteza Existem duas relações importantes entre produ ção desemprego e inflação A primeira chamada lei de Okun é a relação entre o crescimento do produto e a variação do desemprego um elevado crescimento do produto costuma levar a uma diminuição na taxa de desemprego A segunda chamada curva de Phillips é uma relação entre desemprego e inflação uma taxa de desemprego baixa leva normalmente a um aumento da taxa de inflação Os macroeconomistas fazem distinção entre curto prazo poucos anos médio prazo uma década e longo prazo algumas décadas ou mais Segundo eles no curto prazo o produto é determinado pela demanda no médio prazo pelo nível de tecnologia pelo estoque de capital e pela força de trabalho no longo prazo o produto é determinado por fatores como educação pesquisa poupança e qualidade do governo Palavraschave bens finais 22 bens intermediários 22 contas de renda e produto nacional 21 crescimento do PIB 26 Current Population Survey CPS 28 curto prazo 37 BookBlanchard 1indb 39 241017 1717 40 Macroeconomia curva de Phillips 35 custo de vida 31 deflação 31 deflator do PIB 31 expansão 26 fora da força de trabalho 28 força de trabalho 27 inflação 31 índice de preços ao consumidor ou IPC 31 lei de Okun 34 longo prazo 37 médio prazo 37 nível de desemprego 27 nível de emprego 27 nível de preços 31 número índice 31 PIB em dólares ou PIB em dólares correntes 25 PIB em termos de bens PIB em dólares constantes ou PIB em moeda constante ou PIB ajustado pela inflação ou PIB em dólares encadeados 2009 ou PIB em dólares de 2009 25 PIB nominal 24 PIB real 24 PIB real por pessoa 26 precificação hedônica 27 produto agregado 22 produto interno bruto PIB 22 produto nacional bruto PNB 22 recessão 26 trabalhadores desalentados 28 taxa de participação 28 taxa de inflação 31 valor adicionado 23 Questões e problemas Teste rápido 1 Usando as informações contidas neste capítulo diga se cada afirmação a seguir é verdadeira falsa ou incerta Explique brevemente a O PIB dos Estados Unidos foi 32 vezes maior em 2014 do que era em 1960 b Quando a taxa de desemprego é alta a taxa de participação também deve ser alta c A taxa de desemprego tende a cair durante as expansões e aumentar durante as recessões d Se o IPC do Japão estiver atualmente em 108 e o dos Estados Unidos em 104 então a taxa de inflação japonesa é mais alta do que a dos EUA e A taxa de inflação calculada com base no IPC é um índice de inflação melhor do que a taxa de inflação calculada usandose o deflator do PIB f A lei de Okun mostra que quando o crescimento do produto é menor do que o normal a taxa de desemprego tende a subir g Períodos de crescimento negativo do PIB são cha mados de recessões h Quando a economia está funcionando normal mente o desemprego é igual a zero i A curva de Phillips é uma relação entre o nível de preços e o nível de desemprego 2 Suponha que você esteja calculando o PIB anual dos Estados Unidos somando o valor final de todos os bens e serviços produzidos na economia Determine o impacto de cada uma das seguintes transações sobre o PIB a Um restaurante de frutos do mar compra US 100 de peixe de um pescador b Uma família gasta o equivalente a US 100 em um jantar cujo prato principal é peixe em um restaurante de frutos do mar c A Delta Airlines compra um novo jato da Boeing por US 200 milhões d A empresa aérea nacional grega compra um novo jato da Boeing por US 200 milhões e A Delta Airlines vende um de seus jatos para Jennifer Lawrence por US 100 milhões 3 Durante dado ano ocorrem as seguintes atividades i Uma companhia de mineração paga a seus tra balhadores US 200 mil pela extração de 32 kg de prata que é então vendida a um fabricante de joias por US 300 mil ii O fabricante de joias paga a seus trabalhadores US 250 mil para produzir colares de prata que são vendidos diretamente aos consumidores por US 1 milhão a Usando o enfoque da produção de bens finais qual é o PIB dessa economia BookBlanchard 1indb 40 241017 1717 b Qual é o valor adicionado em cada etapa da produção Usando o enfoque do valor adicionado qual é o PIB c Qual é o total de salários e lucros ganhos Usando o enfoque da renda qual é o PIB 4 Uma economia produz três bens automóveis computadores e laranjas As quantidades produzidas e os preços por unidade em 2009 e 2010 são os seguintes 2009 2010 Quantidade Preço Quantidade Preço Carros 10 US2000 12 US3000 Computadores 4 US1000 6 US500 Laranjas 1000 US1 1000 1 a Qual é o PIB nominal de 2009 e de 2010 Qual é a variação percentual do PIB nominal de 2009 a 2010 b Usando os preços de 2009 como o conjunto de preços comuns qual é o PIB real de 2009 e 2010 Qual é a variação percentual do PIB real de 2009 a 2010 c Usando os preços de 2010 como o conjunto de preços comuns qual é o PIB real de 2009 e 2010 Qual é a variação percentual do PIB real de 2009 a 2010 d Por que as duas taxas de crescimento do produto calculadas em b e c são diferentes Qual delas está correta Explique 5 Considere a economia descrita no Problema 4 a Use os preços de 2009 como o conjunto de preços comuns para calcular o PIB real de 2009 e 2010 Calcule o deflator do PIB para 2009 e para 2010 e a taxa de inflação de 2009 a 2010 b Use os preços de 2010 como o conjunto de preços comuns para calcular o PIB real de 2009 e de 2010 Calcule o deflator do PIB para 2009 e para 2010 e a taxa de inflação de 2009 a 2010 c Por que as duas taxas de inflação são diferentes Qual delas está correta Explique 6 Considere a economia descrita no Problema 4 a Construa o PIB real para os anos de 2009 e 2010 usando o preço médio de cada um dos bens ao longo de dois anos b Qual é a variação percentual do PIB de 2009 a 2010 c Qual é o deflator do PIB em 2009 e 2010 Usando este deflator qual é a taxa de inflação de 2009 a 2010 d Esta seria uma solução atraente para o ressaltado nos problemas 4 e 5 isto é duas taxas de crescimento diferentes e duas taxas de inflação diferentes dependendo do conjunto de preços utilizado A resposta é sim e constitui a base para a construção de deflatores encadeados Veja o Apêndice deste capítulo para uma discussão mais detalhada 7 O Índice de Preços ao Consumidor O Índice de Preços ao Consumidor representa o preço médio dos bens que as famílias consomem Milhares de itens são incluídos neste índice Aqui os consumidores são representados apenas como compradores de alimentos pizza e gasolina em sua cesta de mercadorias Tratase de uma representação do tipo de dados coletados pelo Bureau of Economic Analysis para calcular um Índice de Preços ao Consumidor No anobase de 2008 tanto os preços das mercadorias adquiridas quanto a quantidade de bens adquiridos são coletados Nos anos seguintes coletamse apenas os preços A cada ano a agência coleta o preço do bem e constrói um índice de preços que representa dois conceitos exatamente equivalentes Quanto custa a mais para comprar a mesma cesta de mercadorias no ano corrente em relação ao anobase Quanto o poder de compra do dinheiro diminuiu medido em cestas de mercadorias no ano corrente em relação ao anobase Os dados em uma semana média de 2008 o Bureau of Economic Analysis pesquisa muitos consumidores e determina que o consumidor médio compra 2 pizzas e 6 galões de gasolina em uma semana O preço por pizza e por galão em anos subsequentes são encontrados a seguir Os preços variam ao longo do tempo Ano Preço das pizzas Preço da gasolina 2008 US10 US3 2009 US11 US330 2010 US1155 US347 2011 US1155 US350 2012 US1155 US250 2013 US1155 US347 a Qual é o custo da cesta de consumo em 2008 b Qual é o custo da cesta de consumo em 2009 e nos anos subsequentes c Represente o custo da cesta de consumo como um número índice nos anos de 2008 a 2013 Defina o valor do número índice igual a 100 em 2008 d Calcule uma taxa anual de inflação usando a variação percentual do valor do número índice entre cada ano de 2009 a 2013 42 Macroeconomia Será útil preencher a tabela a seguir Ano Índice de Preços ao Consumidor 2008 100 Taxa de inflação 2008 100 2009 2010 2011 2012 2013 e Há um ano em que a inflação é negativa Por que isso acontece f Qual é a fonte da inflação no ano de 2011 Como difere da inflação nos anos de 2009 e 2010 g Tenho US 100 em 2008 Quantas cestas de mercadorias posso comprar com US 100 em 2008 Se eu tenho US 100 em 2013 quantas cestas poderei comprar com esse dinheiro em 2013 Qual é o declínio percentual no poder de compra do meu dinheiro Como o declínio percentual no poder de compra do dinheiro se relaciona com a variação no valor do índice de preços entre 2008 e 2013 h De 2009 a 2011 o preço de uma pizza permanece o mesmo O preço da gasolina sobe Como os consu midores reagem a tal mudança Em 2012 o preço da gasolina cai Quais são as implicações dessas mudanças nos preços relativos para a construção do Índice de Preços ao Consumidor i Suponha que o Bureau of Economic Analysis determine que em 2013 o consumidor médio compre 2 pizzas e 7 galões de gasolina em uma semana Use uma planilha para calcular o Índice de Preços ao Consumidor igual a 100 em 2013 e retrocedendo no tempo usando a cesta de 2013 nos anos de 2008 a 2013 Preencha o quadro a seguir Ano Índice de Preços ao Consumidor 2013 100 Taxa de inflação 2008 2009 2010 2011 2012 2013 100 Por que as taxas de inflação são ligeiramente dife rentes nos itens d e i 8 Usando as relações macroeconômicas a Segundo a lei de Okun quando o crescimento da produção é mais alto do que o normal a taxa de desemprego tende a cair Explique por que o crescimento normal do produto é positivo b Em que ano naquele em que o crescimento do produto é 2 ou naquele em que o crescimento é 2 a taxa de desemprego sobe mais c A curva de Phillips é uma relação entre a variação na taxa de inflação e o nível da taxa de desem prego Usando a curva de Phillips a taxa de desem prego é igual a zero quando a taxa de inflação não está nem subindo nem caindo d A curva de Phillips costuma ser retratada como uma reta com inclinação negativa No texto a inclinação é de cerca de 05 Em sua opinião a economia seria melhor se a reta tivesse maior inclinação digamos 08 ou menor inclinação digamos 02 Aprofundando 9 Precificação hedônica Como explicado na primeira seção Foco deste capí tulo é difícil medir o verdadeiro aumento dos pre ços de bens cujas características variam ao longo do tempo Para esses bens parte de qualquer elevação de preço pode ser atribuída a uma melhoria de quali dade A precificação hedônica apresenta um método para o cálculo do aumento de preços ajustados pela qualidade a Considere o caso de um checkup médico de rotina Cite alguns motivos pelos quais você dese jaria usar a precificação hedônica para medir a variação do preço deste serviço Pense agora no caso de um exame prénatal Suponhamos que um novo método de ultrassonografia seja lançado No primeiro ano em que está disponí vel esse método é adotado por metade dos médicos enquanto a outra metade continua utilizando o antigo Um exame com o procedimento novo custa 10 mais do que o antigo b Em termos percentuais quanto o novo método representa de aumento de qualidade em relação ao antigo Dica leve em conta o fato de que algumas mulheres preferem visitar um médico que ofereça o método novo em vez de procurar outro que oferece o antigo BookBlanchard 1indb 42 241017 1717 Capítulo 2 Um giro pelo livro 43 Agora suponhamos também que no primeiro ano em que o novo método está disponível o preço do exame seja 15 maior do que o do ano anterior quando todos usavam o procedimento antigo c Quanto do aumento do preço do exame usando o método novo se comparado ao do ano anterior reflete um real aumento de preço do exame e quanto representa um aumento de qualidade Em outras palavras qual foi o aumento do preço ajustado pela qualidade do exame usando o método novo em relação ao preço do exame no ano anterior Em muitos casos o tipo de informação que usamos nos itens b e c não está disponível Por exemplo vamos supor que todos os médicos adotem o novo método de ultrassom assim que é introduzido de tal modo que o anterior não seja mais usado Além disso continuemos a supor que o preço do exame no ano em que o novo método é lançado seja 15 maior do que o do ano anterior quando todos usavam o procedimento antigo Sendo assim observamos uma elevação de 15 no preço do exame mas entendemos que a qualidade dele melhorou d Com base nessas hipóteses que informações necessárias para calcular o aumento do preço do exame ajustado pela qualidade estão faltando Mesmo sem essas informações podemos dizer alguma coisa sobre o aumento do preço do exame ajustado pela qualidade É mais de 15 É menos de 15 Explique 10 PIB medido e PIB real Suponhamos que em vez de gastar uma hora prepa rando o jantar você decida trabalhar uma hora a mais e ganhar um adicional de US 12 Então pede comida chinesa entregue em domicílio o que lhe custa US 10 a Em quanto o PIB medido aumenta b Você acha que o aumento verificado no PIB reflete com precisão o efeito sobre o produto da sua decisão de trabalhar Explique Explorando mais 11 Comparação das recessões de 2001 e 2009 Uma fonte de fácil acesso é o banco de dados do Federal Reserve Bank of St Louis FRED A série que mede o PIB real é a GDPC1 em bases trimestrais e expressa em uma taxa anual ajustada sazonalmente denominada SAAR A série mensal da taxa de desemprego é a UNRATE Podese fazer o download dessas séries de diversas formas a partir desse banco de dados a Analise os dados sobre o crescimento trimestral do PIB real de 1999 a 2001 e em seguida de 2007 a 2009 Qual recessão tem valores negativos maiores para o crescimento do PIB a recessão centrada em 2000 ou a recessão centrada em 2008 b A taxa de desemprego é a série UNRATE Ela é mais elevada na recessão de 2001 ou na de 2009 c O National Bureau of Economic Research NBER que identifica recessões apontou uma iniciada em março de 2001 e finalizada em novem bro do mesmo ano As datas equivalentes para a próxima e mais longa recessão foram de dezem bro de 2007 a junho de 2009 Em outras pala vras segundo o NBER a economia começou a se recuperar em novembro de 2001 e junho de 2009 Com base em suas respostas aos itens a e b você acredita que a recuperação do mercado de trabalho foi tão rápida quanto a do PIB Explique Para obter mais detalhes sobre identificação de recessões visite o site do NBER httpwwwnberorg que disponibiliza um histórico sobre períodos de recessões e algumas discussões sobre a metodologia utilizada Leitura adicional Se você quiser aprender mais sobre as definições e os cálculos de muitos indicadores econômicos publi cados regularmente na imprensa do índice de anúncios de vagas de trabalho ao índice de vendas no varejo duas obras de referência de leitura acessível são FRUMKIN Norman The guide to economic indicators 3 ed M E Sharpe 4 ed Nova York 2005 The Economist guide to economic indi cators 6 ed Nova York Bloomberg 2007 Em 1995 o Senado dos Estados Unidos criou uma comissão para estudar o cálculo do IPC e recomendar possíveis mudanças Esta comissão concluiu que a taxa de inflação calculada por meio do IPC era em média cerca de 1 maior do que a efetivamente ocorrida Se esta conclusão estiver correta isso implicará em particular que os salá rios reais salários nominais divididos pelo IPC aumentaram 1 a mais ao ano do que o divulgado Para obter mais informações sobre as conclusões da comissão e sobre algumas discussões que se seguiram leia BOSKIN Michael et al Consumer Prices the consumer price index and the cost of BookBlanchard 1indb 43 241017 1717 44 Macroeconomia living Journal of Economic Perspectives v 12 n 1 p 326 1998 Para um breve histórico sobre o cálculo das contas nacionais leia GDP One of the Great Inventions of the 20th Century Survey of Current Business janeiro de 2000 p 19 httpwwwbeagovscbpdf BEAWIDE20000100odpdf Para conhecer uma discussão de alguns dos pro blemas envolvidos na atividade de mensuração leia ABRAHAM Katherine What we dont know could hurt us some reflections on the measure ment of economic activity Journal of Economic Perspectives v 19 n 3 p 318 2005 Para ver por que é difícil medir o nível de preços e o produto corretamente leia KRUGMAN Paul Viagra and the wealth of nations 1998 httpwww pkarchiveorgtheoryviagrahtml Paul Krugman é um economista ganhador do Prêmio Nobel e colu nista do New York Times Seus artigos são enfáticos perspicazes e divertidos de ler Apêndice O cálculo do PIB real e índices encadeados O exemplo que usamos no capítulo teve apenas um bem final automóveis por isso foi fácil calcular o PIB real Mas como calcular este indicador quando há vários bens finais Este apêndice traz a resposta Para entender o cálculo do PIB real em uma economia com muitos bens finais basta examinar uma economia com apenas dois bens finais O que vale para dois vale também para milhões deles Suponhamos então uma economia que produza dois bens finais vinho e batatas No ano 0 ela produz 10 kg de batatas ao preço de US 1 o quilo e cinco garrafas de vinho ao preço de US 2 por garrafa No ano 1 são 15 kg de batatas ao preço de US 1 o quilo e cinco garrafas de vinho ao preço de US 3 a garrafa O PIB nominal no ano 0 é portanto igual a US 20 O PIB nominal no ano 1 é igual a US 30 Essa informação está resumida na tabela a seguir PIB nominal no ano 0 e no ano 1 Ano 0 Quantidade Preço US Valor US Batatas kg 10 1 10 Vinho garrafas 5 2 10 20 PIB nominal Ano 1 Quantidade Preço US Valor US Batatas kg 15 1 15 Vinho garrafas 5 3 15 30 PIB nominal A taxa de crescimento do PIB nominal do ano 0 para o ano 1 é de US 30 US 20US 20 50 Mas qual é a taxa de crescimento do PIB real Para responder a esta pergunta devemos calcular o PIB real para cada um dos dois anos A ideia básica por trás do cálculo do PIB real é avaliar as quantidades em cada ano usando o mesmo conjunto de preços Suponhamos que escolhemos os preços do ano 0 Este ano será então chamado de anobase Neste caso o cálculo é o seguinte O PIB real do ano 0 é a soma da quantidade do ano 0 multiplicada pelo preço do ano 0 de cada produto 10 US 1 5 US 2 US 20 O PIB real do ano 1 é a soma da quantidade do ano 1 multiplicada pelo preço do ano 0 de cada produto 15 US 1 5 US 2 US 25 A taxa de crescimento do PIB real do ano 0 ao ano 1 é de US 25 US 20US 20 ou 25 Esta resposta levanta contudo uma questão impor tante em vez de usar o ano 0 como anobase poderíamos ter usado o ano 1 ou qualquer outro Se por exemplo tivéssemos utilizado o ano 1 como anobase então O PIB real do ano 0 seria igual a 10 US 1 5 US 3 US 25 O PIB real do ano 1 seria igual a 15 US1 5 US 3 US 30 A taxa de crescimento do PIB real do ano 0 ao ano 1 seria de US 5US 25 ou 20 A resposta utilizandose o ano 1 como anobase seria portanto diferente da resposta utilizandose o ano 0 Logo se a escolha do anobase afeta a taxa percentual de variação do produto que anobase deve ríamos escolher Até meados da década de 1990 a prática dos Estados Unidos e a da maioria dos países atualmente era escolher um anobase e mudálo com pouca frequência BookBlanchard 1indb 44 241017 1717 Capítulo 2 Um giro pelo livro 45 geralmente a cada cinco anos Nos Estados Unidos por exemplo 1987 foi o anobase usado entre dezembro de 1991 e dezembro de 1995 Isto é os números do PIB real publicados em 1994 tanto para 1994 como para todos os anos anteriores eram calculados utilizandose os preços de 1987 Em dezembro de 1995 as contas nacionais muda ram o anobase para 1992 os números do PIB real para todos os anos anteriores foram recalculados usandose os preços de 1992 Esta prática era sem dúvida pouco atraente Cada vez que se alterava o anobase e passava a ser utilizado um novo conjunto de preços todos os números do PIB real do passado e todas as taxas de crescimento do PIB real do passado eram recalculados A histó ria econômica era na verdade reescrita a cada cinco anos A partir de 1995 o Bureau of Economic Analysis BEA órgão governamental que calcula os números do PIB adotou um novo método que não é afetado por este problema Este método requer quatro etapas Calculase a taxa de variação do PIB real do ano t para o ano t 1 de duas formas diferentes primeiro usando os preços do ano t como o conjunto de preços comuns segundo usando os preços do ano t 1 como o conjunto de preços comuns Por exemplo o cálculo da taxa de variação do PIB de 2006 a 2007 é assim determinado 1 Calculandose o PIB real de 2006 e o PIB real de 2007 usando os preços de 2006 como o conjunto de preços comuns e calculando uma primeira medida da taxa de crescimento do PIB de 2006 a 2007 2 Calculandose o PIB real de 2006 e de 2007 usando os preços de 2007 como o conjunto de preços comuns e calculando uma segunda medida da taxa de crescimento do PIB de 2006 a 2007 Calculase a taxa de variação do PIB real como a média dessas duas taxas de variação Calculase um índice para o nível do PIB real enca deando as taxas de variação calculadas para cada ano O índice é definido como 1 em algum ano arbitrário Quando este livro estava sendo redigido o ano arbi trário era 2009 Dado que a taxa de variação calculada de 2009 a 2010 pelo Bureau of Economic Analysis foi 25 o índice de 2010 foi igual a 1 25 1025 O índice para 2010 foi obtido multiplicando se o índice de 2009 pela taxa de variação entre 2009 e 2010 e assim por diante Você encontrará o valor deste índice multiplicado por 100 na segunda coluna da Tabela B3 do relatório Economic Report of the President Confira que ele é de fato igual a 100 em 2009 e igual a 1026 em 2010 e assim por diante Multiplicase este índice pelo PIB nominal de 2009 para se obter o PIB real em dólares encadeados 2009 Visto que o índice é igual a 1 em 2009 isto implica que o PIB real em 2009 é igual ao PIB nomi nal em 2009 Encadeado referese ao encadeamento das taxas de variação descrito anteriormente O ano entre parênteses 2009 referese ao ano em que por construção o PIB real é igual ao PIB nominal Você encontrará o valor do PIB real em dólares encadeados de 2009 na primeira coluna da Tabela B2 do relatório Economic Report of the President O cálculo deste índice é mais complicado do que o dos índices usados antes de 1995 Para ter certeza de que você entendeu as etapas calcule o PIB real em dólares encade ados do ano 0 para o ano 1 de nosso exemplo Mas sem dúvida alguma é um método conceitualmente melhor Os preços utilizados para avaliar o PIB real de dois anos sucessivos são os preços corretos a saber os preços médios para esses dois anos Como a taxa de variação de um ano para outro é calculada usandose os preços desses dois anos em vez do conjunto de preços de um anobase arbitrário a história não será reescrita a cada cinco anos como costumava ocorrer no método anterior quando o anobase era mudado no cálculo do PIB real Para mais detalhes visite o site httpwwwbeagov scbpdfNATIONALNIPA19950795odpdf Palavrachave anobase 44 BookBlanchard 1indb 45 241017 1717 BookBlanchard 1indb 46 241017 1717 Os fundamentos O curto prazo No curto prazo a demanda determina o produto Muitos fatores afetam a demanda desde a confiança do consumidor até as condições do sistema financeiro e as políticas monetária e fiscal Capítulo 3 O Capítulo 3 examina o equilíbrio no mercado de bens e a determinação do produto Seu foco é a interação entre demanda produção e renda Mostra como a política fiscal afeta o produto Capítulo 4 O Capítulo 4 examina o equilíbrio nos mercados financeiros e a determinação da taxa de juros Mostra como a política monetária afeta a taxa de juros Capítulo 5 O Capítulo 5 examina em conjunto o mercado de bens e os mercados financeiros Mostra o que determina o produto e a taxa de juros no curto prazo Examina o papel das políticas monetária e fiscal Capítulo 6 O Capítulo 6 amplia o modelo apresentando um sistema financeiro mais complexo que é utilizado para explicar o que aconteceu durante a recente crise BookBlanchard 1indb 48 241017 1717 Capítulo 3 O mercado de bens Quando os economistas pensam nas variações anuais da atividade econômica sua atenção se volta para a interação entre produção renda e demanda Mudanças na demanda por bens levam a mudanças na produção Mudanças na produção levam a mudanças na renda Mudanças na renda levam a mudanças na demanda por bens Este cartoon retrata muito bem esta questão Os dados indicam que vocês consumidores não estão gastando o suficiente Abram suas carteiras Comprem alguns itens de alto valor Quando nossas vendas começarem a subir Então talvez aí lhe daremos um emprego Talvez pela metade do seu antigo salário Toles 1991 The Washington Post Reimpresso com permissão de Universal Uclick Todos os direitos reservados Este capítulo examina essas interações e suas implicações A Seção 31 analisa a composição do PIB e as diversas fontes de demanda por bens A Seção 32 examina os determinantes da demanda por bens A Seção 33 mostra como o produto de equilíbrio é determinado pela condição segundo a qual a produção de bens deve ser igual à demanda por bens A Seção 34 apresenta um meio alternativo de pensar sobre o equilíbrio com base na igualdade entre investimento e poupança A Seção 35 faz uma primeira abordagem aos efeitos da política fiscal sobre o produto de equilíbrio 31 A composição do PIB A compra de uma máquina por uma empresa a decisão de ir a um restaurante por um consumidor e a aquisição de aviões de combate pelo governo federal são claramente decisões muito diferentes que dependem de fatores muito diferentes Portanto se quisermos entender o que determina a demanda por bens faz sentido decompor o produto agregado PIB do ponto de vista dos diversos bens produzidos e dos diversos tipos de compradores desses bens A Tabela 31 mostra a decomposição do PIB que os macroeconomistas costumam utilizar Uma versão mais detalhada com definições mais precisas pode ser encontrada no Apêndice 1 ao final do livro O primeiro componente do PIB é o consumo que será representado pela letra C nas equações ao longo do livro São os bens e serviços adquiridos pelos consumidores que variam de alimentos a passagens aéreas automóveis novos e assim por diante O consumo que em 2014 representou 68 do PIB dos EUA é de longe seu maior componente O segundo componente é o investimento I às vezes chamado de investimento fixo para distinguilo do investimento em estoques que discutiremos em breve O investimento é a soma do investimento não residencial a compra de novas instalações ou novas máquinas de turbinas a computadores pelas empresas com o investimento residencial a compra de novas casas ou apartamentos pelas pessoas O investimento não residencial e o investimento residencial bem como as decisões por trás deles têm mais em comum do que pode parecer à primeira Tabela 31 Composição do PIB dos EUA 2014 Bilhões de dólares do PIB PIB Y 17348 1000 1 Consumo C 11865 683 2 Investimento I 2782 160 Não residencial 2233 129 Residencial 549 31 3 Gastos do governo G 3152 181 4 Exportações líquidas 530 31 Exportações X 2341 135 Importações IM 2871 166 5 Investimento em estoques 77 04 Fonte Survey of Current Business julho de 2015 Tabela 115 Os termos produto e produção são sinônimos Não existe uma regra para usar um ou outro Escolha aquele que soar melhor Atenção Para a maioria das pessoas investimento referese à compra de ativos como ouro ou ações da General Motors Os economistas usam o termo investimento quando se referem à aquisição de bens de capital novos como novas máquinas novos imóveis comerciais ou novas casas Para os economistas a compra de ouro ou de ações da General Motors ou de outros ativos financeiros representa um investimento financeiro 32 Demanda por bens Represente a demanda total por bens por Z Usando a decomposição do PIB que acabamos de ver na Seção 31 podemos escrever Z como Z C I G X IM Esta equação é uma identidade motivo pelo qual ela é escrita com o símbolo em vez do sinal de igual Ela define Z como uma soma de consumo mais investimento mais gastos do governo mais exportações menos importações Agora precisamos pensar nos determinantes de Z Para facilitar nossa tarefa primeiro façamos algumas simplificações Suponha que todas as empresas produzam o mesmo bem que pode então ser utilizado pelos consumidores para consumo pelas empresas para investimento ou pelo governo Essa grande simplificação nos permite examinar apenas um mercado o de um único bem e pensar no que determina a oferta e a demanda nesse mercado Suponha que as empresas estejam dispostas a ofertar qualquer montante do bem a um dado preço P Esta hipótese permite que nos concentremos no papel desempenhado pela demanda na determinação do produto Como veremos mais adiante esta hipótese é válida apenas no curto prazo Quando estudarmos o médio prazo a partir do Capítulo 7 abandonaremos esta hipótese Mas por enquanto ela simplificará nossa discussão Suponha que a economia seja fechada isto é que não comercialize com o resto do mundo portanto exportações e importações são iguais a zero Esta hipótese vai claramente contra os fatos economias modernas comercializam com o resto do mundo Mais adiante a partir do Capítulo 17 abandonaremos também esta hipótese e veremos o que acontece quando a economia é aberta Mas por enquanto esta premissa também simplificará nossa discussão pois não teremos de pensar no conjunto de variáveis que determina as exportações e as importações Sob a hipótese de que a economia seja fechada X IM 0 a demanda por bens Z é simplesmente a soma de consumo investimento e gastos do governo Z C I G Vamos agora discutir cada um desses três componentes Consumo C As decisões de consumo dependem de muitos fatores O principal é a renda ou mais precisamente a renda disponível YD a renda que resta depois que os consumidores receberam transferências do governo e pagaram seus impostos Quando a renda disponível sobe as pessoas compram mais bens quando diminui compram menos Podemos então escrever C C YD 31 Esse é um modo formal de afirmar que o consumo C é uma função da renda disponível YD A função CYD é chamada função consumo O sinal positivo embaixo de YD reflete o fato de que quando a renda disponível aumenta o consumo também aumenta Os economistas chamam este tipo de equação de equação Lembrese de que investimento em estoque não faz parte da demanda Quase sempre os modelos começam pela palavra suponha Isto é uma indicação de que a realidade será simplificada para podermos nos concentrar na questão a ser tratada Pense em seu próprio comportamento de consumo Quais são seus valores de c0 e c1 Exportações importações superávit comercial Importações exportações déficit comercial Embora seja chamado de investimento em estoques a palavra investimento é capciosa Em contraste com o investimento fixo que representa decisões tomadas por empresas o investimento em estoques é até certo ponto involuntário refletindo o fato de as empresas não terem antecipado as vendas com precisão ao fazer planos de produção Certifiquese de que entendeu cada uma destas três maneiras equivalentes de definir a relação entre produção vendas e investimento em estoques Investimento em estoques produção vendas Produção vendas investimento em estoques Vendas produção investimento em estoques vista As empresas compram máquinas ou instalações para produzir no futuro As pessoas compram casas ou apartamentos para obter serviços de moradia no futuro Em ambos os casos a decisão de compra depende dos serviços que esses bens proporcionarão no futuro Portanto faz sentido tratálos em conjunto Somados os dois tipos de investimento foram responsáveis por 16 do PIB dos EUA em 2014 O terceiro componente são os gastos do governo G Tratase dos bens e serviços adquiridos pelos governos federal estadual e municipal Esses bens variam de aviões a suprimentos de escritório Os serviços incluem os prestados pelos funcionários públicos Na verdade para as contas nacionais o governo compra os serviços prestados por seus funcionários e em seguida fornece esses serviços gratuitamente à população Observe que G não inclui as transferências do governo como os benefícios da previdência social nem os pagamentos de juros sobre a dívida pública Embora sejam claramente gastos do governo não constituem aquisição de bens e serviços É por isso que o dado referente a gastos do governo com bens e serviços na Tabela 31 181 do PIB dos Estados Unidos é menor do que o dado referente aos gastos totais do governo incluindo as transferências e o pagamento de juros Em 2014 esse dado foi de 33 do PIB somadas as transferências e o pagamento de juros dos governos federal estadual e municipal A soma das linhas 1 2 e 3 representa as compras de bens e serviços pelos consumidores pelas empresas e pelo governo dos Estados Unidos Para determinar as compras de bens e serviços no país duas etapas adicionais são necessárias Primeiro devemos somar as exportações X ou seja as compras de bens e serviços do país no exemplo os Estados Unidos por estrangeiros Segundo devemos subtrair as importações IM isto é as compras de bens e serviços estrangeiros pelos consumidores pelas empresas e pelo governo dos Estados Unidos A diferença entre exportações e importações é chamada de exportações líquidas X IM ou saldo da balança comercial Se as exportações excedem as importações dizse que o país tem um superávit comercial Se as importações excedem as exportações dizse que o país tem um déficit comercial Em 2014 as exportações dos Estados Unidos representaram 135 do PIB Já as importações foram de 166 do PIB logo os Estados Unidos tiveram um déficit comercial de 31 do PIB Até agora examinamos diversas fontes de compras vendas de bens e serviços dos Estados Unidos em 2014 Para determinar a produção dos Estados Unidos nesse ano precisaremos dar um último passo A produção e as vendas em um dado ano não precisam ser iguais Alguns dos bens produzidos em um dado ano não são vendidos naquele ano mas em anos posteriores Alguns dos bens vendidos em um dado ano podem ter sido produzidos em um ano anterior A diferença entre bens produzidos e bens vendidos em um dado ano ou em outras palavras a diferença entre produção e vendas é chamada de investimento em estoques Se a produção exceder as vendas e como resultado as empresas acumularem estoques então o investimento em estoques será considerado positivo Se a produção for menor do que as vendas e os estoques de uma empresa caírem então o investimento em estoques será considerado negativo O investimento em estoques normalmente é pequeno positivo em alguns anos negativo em outros Em 2014 o investimento em estoques nos Estados Unidos foi positivo igual a US 77 bilhões Dito de outra maneira a produção foi maior do que as vendas em um montante igual a US 77 bilhões Agora temos o que precisamos para desenvolver nosso primeiro modelo de determinação do produto comportamental para indicar que a equação capta algum aspecto do comportamento no caso o comportamento dos consumidores Utilizaremos as funções neste livro como uma forma de representar relações entre variáveis O que você precisa saber sobre funções que é muito pouco está descrito no Apêndice 2 ao final do livro Esse apêndice desenvolve a matemática de que se necessita para percorrer este livro Não se preocupe descreveremos a função em palavras sempre que ela aparecer pela primeira vez De modo geral é útil ser mais específico sobre a forma da função Este é o caso aqui É razoável supor que a relação entre consumo e renda disponível seja dada pela relação mais simples C c0 c1 YD 32 Em outras palavras é razoável supor que a função seja uma relação linear A relação entre consumo e renda disponível é então caracterizada por dois parâmetros c0 e c1 O parâmetro c1 é chamado de propensão a consumir também chamado de propensão marginal a consumir para simplificar eliminaremos a palavra marginal Ele mostra o efeito de um dólar adicional de renda disponível sobre o consumo Se c1 for igual a 06 então um dólar adicional de renda disponível aumentará o consumo em US 1 06 US 060 Uma restrição natural sobre c1 é que ele seja positivo Um aumento da renda disponível provavelmente leva a um aumento do consumo Outra restrição natural é que c1 seja menor do que 1 As pessoas provavelmente consomem apenas uma parte de qualquer aumento da renda disponível e poupam o restante O parâmetro c0 tem uma interpretação literal É o que as pessoas consumiriam se sua renda disponível no ano corrente fosse igual a zero se YD for igual a zero na Equação 32 então C c0 Se usarmos esta interpretação uma restrição natural é que se a renda corrente for igual a zero o consumo ainda será positivo com ou sem renda as pessoas precisam comer Isso implica que c0 é positivo Como as pessoas podem ter um consumo positivo se sua renda é igual a zero Resposta elas despoupam isto é consomem vendendo alguns de seus ativos ou contraindo algum empréstimo O parâmetro c0 tem também uma interpretação menos literal e mais frequentemente usada Alterações em c0 refletem mudanças no consumo para um determinado nível de renda disponível Aumentos em c0 refletem um aumento no consumo para uma dada renda diminuições em c0 uma diminuição Há muitas razões pelas quais as pessoas podem decidir consumir mais ou menos dado seu rendimento disponível Podem por exemplo achar mais fácil ou mais difícil pedir emprestado ou tornarse mais ou menos otimista sobre o futuro Um exemplo de uma diminuição em c0 é dado no quadro Foco A falência do Lehman temores de outra grande depressão e deslocamentos da função consumo A Figura 31 mostra graficamente a relação entre consumo e renda disponível definida na Equação 32 Por se tratar de uma relação linear ela é representada por uma linha reta que cruza o eixo vertical no ponto c0 sua inclinação é c1 Como c1 é menor do que 1 a inclinação da reta é menor do que 1 Ou de forma equivalente a reta é menos inclinada que uma de 45 graus Se o valor de c0 aumenta a linha se desloca para cima pelo mesmo montante O Apêndice 2 fornece uma breve revisão sobre gráficos inclinações e interceptos Consumo e renda disponível O consumo cresce junto com a renda disponível porém em uma proporção menor do que um para um Um valor menor de c0 deslocará toda a linha para baixo Agora precisamos definir a renda disponível Yd A renda disponível é dada por Yd Y T Nos Estados Unidos os dois principais impostos pagos pelos indivíduos são o imposto de renda e as contribuições previdenciárias As principais fontes de transferências do governo são as aposentadorias a assistência médica para os aposentados Medicare e a assistência médica para os carentes Medicaid Em 2014 os impostos pagos pelos indivíduos somaram US 2900 bilhões e as transferências para indivíduos totalizaram US 2500 bilhões em que Y é a renda e T os impostos pagos menos as transferências do governo recebidas pelos consumidores Para simplificar chamaremos T de impostos mas lembrese de que é igual a impostos menos transferências Note que a equação é uma identidade indicada pelo símbolo Substituindo Yd na Equação 32 obtemos C c0 c1Y T 33 A Equação 33 nos diz que o consumo C é uma função da renda Y e dos impostos T Uma renda mais elevada aumenta o consumo embora em uma proporção menor do que um para um Impostos mais altos retraem o consumo embora também em uma proporção inferior a um para um Investimento I Os modelos têm dois tipos de variáveis Algumas delas dependem de outras variáveis do modelo e portanto são explicadas pelo próprio modelo Essas são chamadas de variáveis endógenas Este foi o caso do consumo visto anteriormente Outras variáveis não são explicadas pelo próprio modelo mas tomadas como dadas Essas são chamadas de variáveis exógenas É assim que trataremos o investimento aqui Vamos tomar o investimento como dado e escrever I I 34 A colocação de uma barra sobre o investimento é uma forma tipográfica simples de lembrar que tomamos o investimento como dado Tomamos o investimento como dado para simplificar nosso modelo mas a hipótese não é inócua Ela implica que quando examinarmos mais adiante os efeitos de mudanças na produção estaremos supondo que o investimento não responde a elas Não é difícil perceber que essa implicação pode ser uma descrição Variáveis endógenas explicadas pelo próprio modelo variáveis exógenas tomadas como dadas ruim da realidade Empresas que experimentam um aumento da produção podem justamente decidir que precisam de mais máquinas e por isso aumentam seu investimento Por enquanto deixaremos esse mecanismo fora do modelo No Capítulo 5 apresentaremos um tratamento mais realista do investimento Gastos do governo G O terceiro componente da demanda em nosso modelo são os gastos do governo G Junto com os impostos T G descreve a política fiscal a escolha de impostos e gastos pelo governo Exatamente como acabamos de fazer para o investimento tomaremos G e T como variáveis exógenas Mas o motivo pelo qual supomos que G e T são exógenas é diferente daquele pelo qual presumimos que o investimento é exógeno O motivo se baseia em dois argumentos distintos Primeiro os governos não se comportam com a mesma regularidade dos consumidores ou das empresas de modo que não há nenhuma regra confiável que possamos escrever para G ou T análoga à regra que escrevemos por exemplo para o consumo De qualquer maneira esse argumento não é rígido Mesmo que os governos não sigam equações comportamentais simples como fazem os consumidores boa parte de seu comportamento é previsível Examinaremos essas questões mais adiante em especial nos capítulos 22 e 23 até lá elas serão deixadas de lado Segundo e mais importante uma das tarefas dos macroeconomistas é pensar nas implicações de decisões alternativas de gastos e de tributação Queremos poder dizer Se o governo escolher esses valores para G e T isto é o que acontecerá O enfoque deste livro normalmente tratará G e T como variáveis escolhidas pelo governo e não tentará explicálas pelo modelo Lembrese de que o termo impostos no texto significa impostos menos transferências do governo Como quase sempre tomaremos G e T como variáveis exógenas não usaremos uma barra para representar seus valores Isso tornará a notação mais leve 33 Determinação do produto de equilíbrio Vamos juntar as peças que apresentamos até aqui Supondo que as exportações e as importações sejam iguais a zero a demanda por bens é a soma de consumo investimento e gastos do governo Z C I G Substituindo C e I pelas equações 33 e 34 temos Z c0 c1Y T I G 35 A demanda por bens Z depende da renda Y dos impostos T do investimento I e dos gastos do governo G Vejamos agora o equilíbrio no mercado de bens e a relação entre produção e demanda Se as empresas mantiverem estoques a produção não precisará ser igual à demanda Por exemplo as empresas podem atender a um aumento da demanda utilizando seus estoques isto é com um investimento negativo em estoques As empresas podem responder a uma redução na demanda continuando a produzir e a acumular estoques isto é com um investimento positivo em estoques Mesmo assim vamos ignorar inicialmente essa complicação e começar supondo que as empresas não mantenham estoques Neste caso o investimento em estoques é sempre igual a zero e o equilíbrio no mercado de bens requer que a produção Y seja igual à demanda por bens Z Y Z 36 Pense em uma economia que produza somente cortes de cabelo Não pode haver estoques deste tipo de produto cortes produzidos mas não vendidos logo a produção deve sempre ser igual à demanda Há três tipos de equação identidades equações comportamentais e condições de equilíbrio Esta equação é denominada condição de equilíbrio Modelos incluem três tipos de equação identidades equações comportamentais e condições de equilíbrio Já vimos exemplos de cada um desses tipos a equação que define a renda disponível é uma identidade a função consumo é uma equação comportamental e a condição de que produção é igual à demanda representa uma condição de equilíbrio Substituindo a demanda Z na Equação 36 por sua expressão na Equação 35 temos Y c0 c1Y T I G 37 A Equação 37 representa algebricamente o que afirmamos de maneira informal no início do capítulo Em equilíbrio a produção Y o lado esquerdo da equação é igual à demanda o lado direito A demanda por sua vez depende da renda Y que é igual à produção Note que empregamos o mesmo símbolo Y para a produção e para a renda Isto não ocorre por acaso Como vimos no Capítulo 2 podemos examinar o PIB sob a perspectiva da produção ou da renda O produto e a renda são idênticos Construído o modelo podemos resolvêlo para examinar o que determina o nível de produto como o produto muda em resposta a por exemplo uma mudança nos gastos do governo A solução de um modelo significa não só resolvêlo algebricamente mas também compreender por que os resultados são como são Neste livro a solução de um modelo também significa a descrição dos resultados por meio de gráficos às vezes deixando a álgebra completamente de lado e a descrição dos resultados e dos mecanismos com palavras Os macroeconomistas sempre utilizam essas três ferramentas 1 Álgebra para assegurar que a lógica está correta 2 Gráficos para refinar a intuição 3 Palavras para explicar os resultados Tenha o hábito de fazer o mesmo Usando a álgebra Reescreva a equação de equilíbrio 37 Y c0 c1Y c1T I G Passe c1Y para o lado esquerdo e reorganize o lado direito 1 c1Y c0 I G c1T Divida ambos os lados por 1 c1 Y 11 c1 c0 I G c1T 38 A Equação 38 caracteriza o produto de equilíbrio o nível de produto em que a produção é igual à demanda Examinemos ambos os termos do lado direito começando pelo segundo termo O termo c0 I G c1T é aquela parte da demanda por bens que não depende do produto Por isso é chamado de gasto autônomo Podemos ter certeza de que o gasto autônomo é positivo Não mas é bem provável que seja Os dois primeiros termos entre colchetes c0 e I são positivos E os dois últimos G c1T Suponha que o governo tenha um orçamento Você consegue associar esta afirmação ao cartoon no início do capítulo Autônomo significa independente nesse caso independente do produto Capítulo 3 O mercado de bens 57 equilibrado impostos iguais a gastos governamentais Se T G e a propensão a consumir c1 é menor do que 1 de acordo com nossa hipótese então G c1T é positivo e assim também será o gasto autônomo Apenas se o governo tivesse um superávit orçamentário muito grande se os impostos fossem muito maiores do que os gastos do governo é que o gasto autônomo poderia ser negativo Podemos seguramente ignorar este caso aqui Se T G então G c1T T c1T 1 c1T 0 Consideremos agora o primeiro termo 11 c1 Como a propensão a con sumir c1 está entre zero e 1 11 c1 é um número maior do que 1 Por este motivo esse número que multiplica o gasto autônomo é chamado de mul tiplicador Quanto mais próximo c1 estiver de 1 maior será o multiplicador O que implica o multiplicador Suponhamos que para um dado nível de renda os consumidores decidam consumir mais Especificando suponhamos que c0 na Equação 33 aumente em US 1 bilhão A Equação 38 nos diz que o produto aumentará em mais de US 1 bilhão Por exemplo se c1 é igual a 06 o multi plicador é igual a 11 06 104 25 de modo que o produto aumenta em 25 US 1 bilhão US 25 bilhões Examinamos um aumento do consumo mas a Equação 38 deixa claro que qual quer mudança no gasto autônomo seja no investimento seja nos gastos do governo ou nos impostos terá o mesmo efeito qualitativo mudará o produto em mais do que seu efeito direto sobre o gasto autônomo De onde vem o efeito multiplicador A Equação 37 nos dá uma pista Um aumento de c0 aumenta a demanda O aumento da demanda então leva a um aumento da produção O aumento da produção leva a um aumento equiva lente da renda lembrese de que as duas são idênticas O aumento da renda aumenta o consumo o que aumenta a demanda e assim por diante A melhor forma de descrever este fenômeno é representar o equilíbrio utilizando um gráfico Vamos fazer isto Utilizando um gráfico Vamos descrever o equilíbrio graficamente Primeiro mostre graficamente a produção como função da renda Na Figura 32 vamos medir a produção no eixo vertical e a renda no eixo hori zontal Mostrar graficamente a produção como função da renda é simples Lembrese de que a produção e a renda são sempre iguais Assim a relação entre ambas é a reta de 45 graus isto é a reta com inclinação igual a 1 Segundo mostre graficamente a demanda como função da renda A relação entre demanda e renda é dada pela Equação 35 Vamos reescrever a equação por conveniência reagrupando os termos do gasto autônomo no termo entre parênteses Z 1c0 IQ G c1T2 c1Y 39 A demanda depende do gasto autônomo e da renda por meio do seu efeito sobre o consumo A relação entre demanda e renda é representada por ZZ no gráfico O intercepto no eixo vertical o valor da demanda quando a renda é igual a zero corresponde ao gasto autônomo A inclinação da reta é a propensão a consumir c1 Quando a renda aumenta em 1 a demanda aumenta em c1 Sob a BookBlanchard 1indb 57 241017 1717 Figura 32 Equilíbrio no mercado de bens O produto de equilíbrio é determinado pela condição de que a produção seja igual à demanda restrição de que c1 é positiva mas menor do que 1 a reta é inclinada para cima porém tem inclinação menor do que 1 Em equilíbrio a produção é igual à demanda O produto de equilíbrio Y ocorre portanto na interseção da reta de 45 graus com a função demanda Isto se dá no ponto A À esquerda de A a demanda excede a produção à direita a produção excede a demanda Demanda e produção só são iguais em A Suponhamos que a economia esteja no equilíbrio inicial representado pelo ponto A no gráfico com produção igual a Y Agora suponhamos que c0 aumente em US 1 bilhão No nível inicial de renda o nível de renda disponível associado ao ponto A uma vez que T é inalterado neste exemplo os consumidores aumentam seu consumo em US 1 bilhão A Figura 33 que parte da Figura 32 mostra o que acontece A Equação 39 nos diz que para qualquer valor de renda se c0 é mais alto em US 1 bilhão a demanda é mais alta em US 1 bilhão Antes do aumento em c0 a relação entre a demanda e a renda era dada pela reta ZZ Depois do aumento em c0 de US 1 bilhão a relação entre demanda e renda é dada pela reta ZZ que é paralela a ZZ porém mais alta em US 1 bilhão Em outras palavras a curva de demanda se desloca para cima em US 1 bilhão O novo equilíbrio situase agora na interseção da reta de 45 graus com a nova relação de demanda no ponto A O produto de equilíbrio aumenta de Y para Y O aumento do produto Y Y que podemos medir tanto no eixo horizontal como no vertical é maior do que o aumento inicial do consumo de US 1 bilhão Este é o efeito multiplicador Com a ajuda do gráfico fica fácil dizer como e por que a economia se desloca de A para A O aumento inicial do consumo leva a um aumento da demanda de US 1 bilhão No nível inicial de renda Y o nível de demanda é mostrado pelo ponto Veja o eixo vertical A distância entre Y e Y no eixo vertical é maior do que aquela entre A e B que é igual a US 1 bilhão Capítulo 3 O mercado de bens 59 B a demanda é mais alta em US 1 bilhão Para satisfazer esse nível mais alto de demanda as empresas aumentam a produção em US 1 bilhão Esse aumento da produção de US 1 bilhão implica que a renda aumenta em US 1 bilhão lembrese renda produção logo a economia se move para o ponto C Em outras palavras tanto a produção como a renda estão mais altas em US 1 bilhão Mas a história não termina aqui O aumento da renda leva a um aumento adicional da demanda A demanda agora é mostrada pelo ponto D O ponto D leva a um nível mais alto de produção e assim por diante até que a economia esteja em A onde a produção e a demanda são novamente iguais Este é portanto o novo equilíbrio Podemos seguir um pouco mais esta linha de raciocínio o que nos dá outra forma de pensar no multiplicador O aumento da demanda na primeira rodada mostrado pela distância AB na Figura 33 é igual a US 1 bilhão Esse aumento da demanda na primeira rodada leva a um aumento igual da pro dução de US 1 bilhão que também é mostrado pela distância AB Esse aumento da produção na primeira rodada leva a um aumento igual da renda mostrado pela distância BC também igual a US 1 bilhão O aumento da demanda na segunda rodada mostrado pela distância CD é igual a US 1 bilhão o aumento da renda na primeira rodada multiplicado pela propensão a consumir c1 ou seja c1 bilhão Esse aumento da demanda na segunda rodada leva a um aumento igual da produção também mostrado pela distância CD e desta maneira a um aumento igual da renda mostrado pela distância DE O aumento da demanda na terceira rodada é igual a c1 bilhão o aumento de renda da segunda rodada multiplicado por c1 a propensão marginal a consumir é igual a c1 c1 c1 2 bilhão e assim por diante Figura 33 Efeitos de um aumento do gasto autônomo sobre o produto O aumento do gasto autônomo tem um efeito mais do que proporcional sobre o produto de equilíbrio Y A B C D E ZZ ZZ Renda Y Demanda Z Produção Y Y Y Y A 458 US1 bilhão BookBlanchard 1indb 59 241017 1717 Seguindo esta lógica o aumento total da produção após digamos n 1 rodadas é igual a US 1 bilhão vezes a soma 1 c1 c12 c1n Essa soma é chamada de progressão geométrica que aparecerá com frequência neste livro Uma revisão deste tópico é feita no Apêndice 2 ao final do livro Uma propriedade importante da progressão geométrica é que quando c1 é menor do que 1 como é o caso aqui e à medida que n se torna cada vez maior a soma continua crescendo mas se aproxima de um limite Esse limite é 11 c1 o que torna o aumento final do produto igual a 11 c1 bilhão A expressão 11 c1 deveria ser familiar é o multiplicador derivado de outra maneira Isto nos oferece um modo equivalente porém mais intuitivo de pensar no multiplicador Podemos pensar no aumento original da demanda como desencadeando aumentos sucessivos da produção com cada aumento da produção levando a um aumento da renda o que leva a um aumento da demanda o que leva a um aumento adicional da produção o que leva a e assim por diante O multiplicador é a soma de todos esses aumentos sucessivos da produção Usando palavras Como podemos resumir nossas descobertas em palavras A produção depende da demanda que depende da renda que é igual à produção Um aumento da demanda como um aumento dos gastos do governo leva a um aumento da produção e a um aumento correspondente da renda Este aumento da renda leva a um aumento adicional da demanda que leva a um aumento adicional da produção e assim por diante O resultado final é um aumento do produto maior do que o deslocamento inicial da demanda por um fator igual ao multiplicador O tamanho do multiplicador está relacionado diretamente ao valor da propensão a consumir Quanto maior a propensão a consumir maior o multiplicador Qual é atualmente o valor da propensão a consumir nos Estados Unidos Para responder a esta questão e de modo mais geral para estimar equações comportamentais e seus parâmetros os economistas recorrem à econometria o conjunto de métodos estatísticos aplicados à economia Para ter uma noção sobre econometria e como ela é usada leia o Apêndice 3 ao final do livro Este apêndice fornece uma rápida introdução junto com uma aplicação referente à estimativa da propensão a consumir A conclusão do apêndice é de que atualmente nos Estados Unidos a propensão a consumir está em torno de 06 as regressões no Apêndice 3 produzem duas estimativas 05 e 08 Em outras palavras um dólar adicional de renda leva em média a um aumento do consumo de 60 centavos Isso implica que o multiplicador é igual a 11 c1 11 06 25 Quanto demora o ajuste do produto Voltemos ao nosso exemplo por uma última vez Suponha que c0 aumente em US 1 bilhão Sabemos que o produto aumentará em um montante igual ao multiplicador 11 c1 vezes US 1 bilhão Mas quanto tempo será necessário para que o produto alcance esse valor mais alto Sob as hipóteses feitas até agora a resposta é imediatamente Ao definir a condição de equilíbrio da Equação 36 assumimos que a produção é sempre igual à demanda Em outras palavras presumimos que a produção responde instantaneamente à demanda Na função consumo da Equação 32 presumimos que o consumo responde instantaneamente a mudanças na renda disponível Sob essas duas hipóteses a economia vai instantaneamente do ponto A para o ponto A na Figura 33 O aumento da demanda leva a um aumento imediato da produção o aumento da renda associado ao aumento da produção Uma questão difícil pense no multiplicador como resultado dessas rodadas sucessivas O que aconteceria a cada rodada se c1 a propensão a consumir fosse maior do que 1 A evidência empírica sugere que os multiplicadores são tipicamente menores do que isto Isso ocorre porque o modelo simples desenvolvido neste capítulo deixa de fora uma série de importantes mecanismos como a resposta da política monetária a mudanças nos gastos ou o fato de que parte da demanda recai sobre bens estrangeiros Devemos retomar o assunto no decorrer do livro No modelo que vimos anteriormente eliminamos esta possibilidade ao supor que as empresas não mantivessem estoques e portanto não poderiam recorrer a eles para atender a um aumento de demanda Capítulo 3 O mercado de bens 61 leva a um aumento imediato da demanda e assim por diante Não há nada de errado em pensar no ajuste em termos de rodadas sucessivas como fizemos anteriormente mesmo que as equações indiquem que todas essas rodadas ocorram de uma só vez Esse ajuste instantâneo não é realmente plausível Uma empresa que contem pla um aumento da demanda pode resolver esperar antes de ajustar a produção recorrendo enquanto isso a estoques para atender à demanda Um trabalhador que obtém um aumento salarial pode não ajustar seu consumo imediatamente Essas demoras implicam que o ajuste do produto levará tempo A descrição formal do ajuste do produto ao longo do tempo isto é a forma lização de equações para o que os economistas denominam dinâmica do ajuste e a solução deste modelo mais complicado seria difícil em demasia para ser feita aqui Mas é fácil fazêla com palavras Suponhamos por exemplo que as empresas tomem decisões sobre o nível de produção no início de cada trimestre Uma vez tomadas as decisões a produção não pode ser ajustada no restante do trimestre Se as compras pelos consumi dores forem maiores do que a produção as empresas reduzirão seus estoques para atender à demanda Por outro lado se as vendas forem menores do que a produção as empresas acumularão estoques Agora suponhamos que os consumidores decidam gastar mais isto é que eles aumentem c0 Durante o trimestre em que isso ocorre a demanda aumenta mas a produção como supusemos que tenha sido fixada no início do trimestre não mudou ainda Portanto a renda também não se altera Tendo observado um aumento da demanda as empresas provavelmente fixam um nível mais alto de produção no trimestre seguinte Esse aumento da produção leva a um aumento correspondente da renda e a um aumento adicional da demanda Se as compras ainda excedem a produção as empresas aumentam ainda mais a produção do trimestre seguinte e assim por diante Resumindo em resposta a um aumento dos gastos do consumidor o produto não salta para o novo equilíbrio mas aumenta ao longo do tempo de Y para Y Quanto tempo demora o ajuste depende de como e com que frequência as empre sas corrigem seus planos de produção Se elas ajustarem seus planos de produção mais frequentemente em resposta a aumentos passados das compras então o ajuste ocorrerá mais rapidamente Frequentemente faremos ao longo do livro o que acabamos de fazer aqui Após examinar mudanças no produto de equilíbrio descreveremos de modo informal como a economia se move de um equilíbrio para outro Isso não só tornará a descrição do que ocorre na economia mais realista como também em muitos casos reforçará sua intuição sobre os motivos pelos quais o equilíbrio muda Nesta seção concentramonos nos aumentos da demanda Mas o mecanismo obviamente funciona nas duas direções diminuições da demanda levam a diminui ções do produto A recente recessão nos Estados Unidos deveuse a uma diminuição repentina de dois dos quatro componentes do gasto autônomo ao mesmo tempo A título de lembrete a equação para o gasto autônomo é c0 I G c1T O quadro Foco A falência do Lehman temores de outra grande depressão e deslocamentos da função consumo mostra como e quando a crise começou preocupações com o futuro levaram os consumidores a cortar gastos apesar de sua renda disponível ainda não ter diminuído ou seja c0 diminuiu acentuadamente À medida que os preços das casas caíram construir casas novas tornouse muito menos desejável Novas residências são parte dos gastos de investimento autônomo então I também caiu drasticamente À medida que os gastos autônomos diminuíram a demanda total por bens caiu assim como a produção Em muitos pontos no livro vamos retomar os fatores e mecanismos por trás da crise e enriquecer constantemente nossa história Mas este efeito sobre os gastos autônomos continuará a ser um elemento central da história BookBlanchard 1indb 61 241017 1717 FOCO A falência do Lehman temores de outra grande depressão e deslocamentos da função consumo Por que os consumidores reduziriam o consumo se sua renda não se alterou Ou nos termos da Equação 32 por que c0 poderia diminuir levando por sua vez a uma diminuição na demanda no produto e assim por diante Uma das primeiras razões que nos vêm à mente é que mesmo que sua renda atual não tenha mudado eles começam a se preocupar com o futuro e decidem economizar mais Foi precisamente isto que aconteceu no início da crise no final de 2008 e início de 2009 Os fatos básicos são mostrados na Figura 1 a seguir Ela representa graficamente do primeiro trimestre de 2008 até o terceiro trimestre de 2009 o comportamento de três variáveis renda disponível consumo total e consumo de bens duráveis a parte do consumo que recai sobre bens como carros computadores e assim por diante o Apêndice 1 no final do livro oferece uma definição mais precisa Para tornar as coisas visualmente simples as três variáveis são normalizadas para 1 no primeiro trimestre de 2008 Notamse duas coisas sobre a figura Primeiro apesar do fato de que a crise levou a uma acentuada queda do PIB durante esse período a renda disponível não se alterou muito de início Ela até aumentou no primeiro trimestre de 2008 mas o consumo se manteve inalterado do primeiro ao segundo trimestre desse ano e depois caiu antes que a renda disponível caísse A queda foi de 3 em 2009 se comparada a 2008 mais do que a redução da renda disponível Em termos da Figura 1 a distância entre a linha de renda disponível e a linha de consumo aumentou Segundo durante o terceiro e especialmente o quarto trimestre de 2008 o consumo de bens duráveis caiu drasticamente No quarto trimestre baixou 10 em relação ao primeiro trimestre antes de se recuperar no início de 2009 e baixar de novo mais tarde Por que o consumo e especialmente o consumo de bens duráveis diminuiu ao final de 2008 apesar de mudanças relativamente pequenas na renda disponível Vários fatores estavam em jogo mas o principal deles foi o baque psicológico da crise financeira Lembrese do Capítulo 1 que em 15 de setembro de 2008 o grande banco Lehman Brothers faliu e nas semanas seguintes pareceu que muitos mais bancos poderiam seguir o mesmo caminho e o sistema financeiro poderia entrar em Figura 1 Renda disponível consumo total e consumo de bens duráveis nos EUA 20081 a 20093 Fonte calculado usandose as séries DPIC96 PCECC96 PCDGCC96 Federal Reserve Economic Data FRED Disponível em httpresearchstlouisfedorgfred2 Acesso em 24 maio 2017 colapso Para a maioria das pessoas o principal sinal de problema era o que liam nos jornais embora ainda tivessem emprego e recebessem seus contracheques mensais os eventos os faziam lembrar das histórias da Grande Depressão e do sofrimento que veio a reboque Uma maneira de analisar isto é examinar a série Google Trends que fornece o número de pesquisas sobre a Grande Depressão de janeiro de 2008 a setembro de 2009 representada na Figura 2 A série é normalizada para que seu valor médio seja igual a 1 ao longo dos dois anos Note o acentuado pico da série em outubro de 2008 e depois sua lenta redução no curso de 2009 quando ficou claro que embora a crise fosse séria os formuladores de política econômica fariam o que estivesse a seu alcance para evitar uma repetição da Grande Depressão Se você receasse que a economia pudesse cair em outra Grande Depressão o que faria Preocupado com o desemprego ou com a diminuição da renda no futuro você provavelmente cortaria o consumo mesmo que sua renda disponível ainda não tivesse sido afetada E diante da incerteza sobre os acontecimentos você também poderia adiar compras que pudessem esperar por exemplo a compra de um carro ou de um televisor novos Como mostra a Figura 1 neste quadro foi exatamente o que os consumidores fizeram no final de 2008 o consumo total diminuiu e o de bens duráveis desabou Em 2009 à medida que a nebulosidade clareava lentamente e os piores cenários se tornaram cada vez mais improváveis o consumo de bens duráveis aumentou Mas nesse momento muitos outros fatores estavam contribuindo para a crise Figura 2 Número de pesquisas do Google para Grande Depressão janeiro de 2008 a setembro de 2009 Fonte Google Trends Grande Depressão 34 Investimento igual a poupança um modo alternativo de pensar sobre o equilíbrio do mercado de bens Até agora pensamos no equilíbrio do mercado de bens em termos da igualdade entre produção e demanda Um modo alternativo embora equivalente de pensar sobre o equilíbrio é em termos de investimento e poupança Foi assim que John Maynard Keynes articulou pela primeira vez seu modelo em 1936 em A teoria geral do emprego dos juros e da moeda Vamos começar examinando a poupança a soma das poupanças privada e pública A poupança privada também é feita pelas empresas que não distribuem todo o lucro e usam os lucros retidos para financiar investimentos Para simplificar ignoramos a poupança das empresas aqui Mas o resultado ou seja a igualdade entre investimento e poupança na Equação 310 não depende dessa simplificação Poupança pública 0 Superávit orçamentário Por definição poupança privada S a poupança dos consumidores é igual a sua renda disponível menos o seu consumo S YD C Usando a definição de renda disponível podemos reescrever a poupança privada como renda menos impostos menos consumo S Y T C Por definição poupança pública T G é igual a impostos líquidos de transferências menos gastos do governo Se os impostos excedem os gastos do governo este apresenta um superávit orçamentário logo a poupança pública é positiva Se os impostos são inferiores aos gastos do governo este apresenta um déficit orçamentário logo a poupança pública é negativa Voltemos agora à equação de equilíbrio do mercado de bens que derivamos anteriormente A produção deve ser igual à demanda que por sua vez é a soma de consumo investimento e gastos do governo Y C I G Subtraia os impostos T de ambos os lados e passe o consumo para o lado esquerdo Y T C I G T O lado esquerdo dessa equação é simplesmente a poupança privada S logo S I G T ou de modo equivalente I S T G 310 No lado esquerdo está o investimento No lado direito está a soma da poupança privada e da poupança pública A Equação 310 nos dá outra forma de pensar no equilíbrio do mercado de bens Ela diz que o equilíbrio do mercado de bens requer que o investimento seja igual à poupança a soma das poupanças privada e pública Essa maneira de examinar o equilíbrio explica por que a condição de equilíbrio para o mercado de bens é chamada de relação IS que representa investimento é igual à poupança dos termos em inglês Investment e Saving O que as empresas desejam investir deve ser igual ao que as pessoas e o governo desejam poupar Para entender a Equação 310 imagine uma economia em que haja só uma pessoa que precisa decidir quanto consumir investir e poupar uma economia estilo Robinson Crusoé por exemplo Para Crusoé as decisões de poupança e investimento são uma só o que ele investe por exemplo mantendo os coelhos para reprodução em vez de servilos em uma refeição ele automaticamente poupa Em uma economia moderna contudo as decisões de investimento são tomadas pelas empresas ao passo que as decisões de poupança são tomadas pelos consumidores e pelo governo No equilíbrio como mostra a Equação 310 todas essas decisões precisam ser consistentes o investimento deve ser igual à poupança Resumindo há duas formas equivalentes de apresentar a condição de equilíbrio do mercado de bens Produção Demanda Investimento Poupança Já caracterizamos o equilíbrio usando a primeira condição a Equação 36 Agora faremos o mesmo usando a segunda condição a Equação 310 Os resultados serão os mesmos mas a derivação lhe dará outra forma de pensar no equilíbrio Note em primeiro lugar que as decisões de consumo e de poupança são iguais Dada sua renda disponível uma vez que os consumidores tenham escolhido o consumo sua poupança está determinada e viceversa A forma como especificamos o comportamento do consumo implica que a poupança privada seja dada por S Y T C Y T c0 c1Y T Rearranjando temos S c0 1 c1Y T 311 Assim como chamamos c1 de propensão a consumir podemos chamar 1 c1 de propensão a poupar Essa propensão nos diz quanto de uma unidade adicional de renda as pessoas poupam A hipótese que fizemos anteriormente de que a propensão a consumir c1 varia entre zero e um implica que a propensão a poupar 1 c1 também está entre zero e um A poupança privada aumenta com a renda disponível mas em menos de um dólar para cada dólar adicional de renda disponível No equilíbrio o investimento deve ser igual à poupança a soma das poupanças privada e pública Substituindo a poupança privada na Equação 310 por sua expressão temos I c0 1 c1Y T T G Resolvendo para o produto temos Y 1 1 c1 c0 I G c1 T 312 A Equação 312 é exatamente igual à 38 Isto não deveria surpreender Estamos examinando a mesma condição de equilíbrio porém de maneira diferente Essa forma alternativa será útil em várias aplicações mais à frente no livro O quadro Foco O paradoxo da poupança examina uma dessas aplicações que foi enfatizada pela primeira vez por Keynes e é frequentemente chamada de paradoxo da poupança 35 O governo é mesmo onipotente Uma advertência A Equação 38 implica que o governo ao escolher o nível de gastos G ou o nível de impostos T pode escolher o nível de produto que deseja Se quiser que o produto aumente por exemplo em 1 bilhão tudo o que precisa fazer é aumentar G em 1 c1 bilhão esse aumento dos gastos do governo teoricamente levará a um aumento do produto de 1 c1 bilhão vezes o multiplicador 11 c1 ou 1 bilhão Os governos podem realmente escolher o nível de produto que quiserem Obviamente não Se pudessem e se fosse tão fácil quanto parece no parágrafo anterior por que o governo dos EUA permitiria que o crescimento estagnasse em 2008 e a produção caísse efetivamente em 2009 Por que o governo não aumentaria a taxa de crescimento de imediato para reduzir o desemprego mais rapidamente Existem muitos aspectos da realidade que ainda não incorporamos ao nosso modelo e todos eles complicam a tarefa do governo Faremos isso no devido tempo É útil porém relacionar esses aspectos aqui de maneira sucinta Para dar uma olhada na lista mais longa consulte a Seção 221 O que aprendemos no Capítulo 22 Uma mudança de gastos do governo ou de impostos pode ser difícil A aprovação de projetos de lei no Congresso sempre leva tempo e pode com frequência se transformar em um pesadelo para o presidente capítulos 21 e 22 Presumimos que o investimento permaneceria constante Mas o investimento provavelmente também deve responder O mesmo vale para as importações parte do aumento da demanda pelos consumidores e pelas empresas não será pelos bens domésticos mas pelos bens estrangeiros Todas essas respostas provavelmente estão associadas a efeitos dinâmicos complexos dificultando sua avaliação precisa pelos governos capítulos 5 e 9 18 a 20 Expectativas são importantes Por exemplo a reação dos consumidores a um corte nos impostos provavelmente depende muito de como eles o veem como transitório ou permanente Quanto maior a percepção do corte de impostos como algo permanente maior será a resposta do consumo De modo análogo a reação dos consumidores a um aumento nos gastos deve depender de quando acham que o governo elevará impostos para cobrir os gastos capítulos 14 a 16 Atingir um dado nível de produto pode vir junto com efeitos colaterais desagradáveis Por exemplo a tentativa de alcançar um nível muito alto de produto pode levar a uma inflação crescente e por este motivo tornarse insustentável no médio prazo Capítulo 9 O corte de impostos ou o aumento dos gastos do governo podem levar a grandes déficits orçamentários e a um aumento do estoque de dívida pública Uma dívida elevada pode ter efeitos adversos no longo prazo Este é um tema importante de pesquisa em quase todo país avançado no mundo capítulos 9 11 16 e 22 Resumindo a proposição de que ao utilizar uma política fiscal o governo pode afetar a demanda e o produto no curto prazo é importante e correta Mas à medida que refinarmos nosso modelo veremos que o papel do governo de modo geral e principalmente o uso bemsucedido da política fiscal se tornarão cada vez mais difíceis as coisas nunca serão tão tranquilas para os governos como foram neste capítulo FOCO O paradoxo da poupança À medida que crescemos aprendemos sobre as virtudes da parcimônia Quem gasta tudo o que ganha está condenado a morrer na pobreza Quem poupa tem a promessa de uma vida feliz Do mesmo modo dizem os governos uma economia que poupa é uma economia que crescerá forte e próspera O modelo que vimos neste capítulo contudo conta uma história diferente e surpreendente Suponhamos que a um dado nível de renda disponível os consumidores decidan poupar mais Em outras palavras suponhamos que os consumidores diminuam c0 assim reduzindo o consumo e aumentando a poupança a um dado nível de renda disponível O que acontece com o produto e a poupança A Equação 312 deixa claro que o produto de equilíbrio diminui À medida que as pessoas poupam mais em seu nível inicial de renda elas diminuem seu consumo Mas esse consumo menor diminui a demanda que por sua vez diminui a produção É possível dizer o que acontece com a poupança Vamos voltar à equação da poupança privada isto é à Equação 311 Lembrese de que presumimos que não exista mudança na poupança pública logo a poupança pública e a poupança privada movemse juntas S c0 1 c1Y T Por um lado c0 é maior menos negativo os consumidores estão poupando mais a qualquer nível de renda isso tende a aumentar a poupança Mas por outro lado a renda Y é menor e isso diminui a poupança O efeito líquido parece ambíguo Na verdade podemos dizer o sentido para o qual ele vai Para ver como voltemos à Equação 310 a condição de equilíbrio em que o investimento e a poupança devem ser iguais I S T G Por hipótese o investimento não varia I I Nem T nem G variam Portanto a condição de equilíbrio nos diz que em equilíbrio a poupança privada S também não pode mudar Embora as pessoas queiram poupar mais a um dado nível de renda a renda diminui em um montante tal que sua poupança se mantém inalterada Isso significa que à medida que as pessoas tentam poupar mais o resultado é tanto uma diminuição do produto quanto uma poupança inalterada Esse surpreendente par de resultados é conhecido como o paradoxo da poupança ou o paradoxo da parcimônia Note que o mesmo resultado seria obtido se analisássemos a poupança pública em vez da poupança privada a redução do déficit orçamentário também levaria a uma redução do produto e uma poupança geral pública e privada inalterada Note também que se ampliássemos nosso modelo para permitir que o investimento baixe com o produto faremos isto no Capítulo 5 em vez de assumir que seja constante o resultado seria ainda mais dramático uma tentativa de poupar mais quer pelos consumidores quer pelo governo levaria a um produto menor a um investimento menor e consequentemente a uma poupança menor Sendo assim devemos esquecer a sabedoria popular O governo deveria dizer às pessoas que sejam menos econômicas Não Os resultados desse modelo simples são muito relevantes no curto prazo O desejo dos consumidores de poupar mais é um fator importante em muitas das recessões nos EUA como vimos no quadro Foco anterior Mas como veremos mais adiante neste livro quando examinarmos o médio e o longo prazos outros mecanismos entram em jogo ao longo do tempo e um aumento da taxa de poupança provavelmente leva no decorrer do tempo a uma poupança mais alta e a uma renda mais elevada Entretanto fica uma advertência as políticas econômicas que incentivam a poupança podem ser boas no médio e no longo prazos mas podem levar a uma redução da demanda e do produto e talvez até a uma recessão no curto prazo 68 Macroeconomia Palavraschave balança comercial 51 condição de equilíbrio 56 consumo C 50 déficit comercial 51 déficit orçamentário 64 dinâmica 61 econometria 60 equação comportamental 52 equilíbrio 55 equilíbrio no mercado de bens 55 exportações X 51 exportações líquidas X IM 51 função consumo 52 gasto autônomo 56 gastos do governo G 51 identidade 52 importações IM 51 investimento I 50 investimento em estoques 51 investimento fixo 50 investimento não residencial 50 investimento residencial 50 multiplicador 57 orçamento equilibrado 56 paradoxo da poupança 67 parâmetros 53 política fiscal 55 poupança 64 poupança privada S 64 poupança pública T G 64 progressão geométrica 60 propensão a consumir c1 53 propensão a poupar 65 relação IS 64 relação linear 53 renda disponível YD 52 superávit comercial 51 superávit orçamentário 64 transferências do governo 51 variáveis endógenas 54 variáveis exógenas 54 Questões e problemas Teste rápido 1 Usando as informações contidas neste capítulo diga se cada afirmação a seguir é verdadeira falsa ou incerta Explique brevemente a O maior componente do PIB é o consumo b Os gastos do governo incluindo as transferências eram iguais a 181 do PIB dos Estados Unidos em 2014 c A propensão a consumir tem de ser positiva mas por outro lado pode adotar qualquer valor positivo d Um fator da recessão de 2009 foi uma queda no valor do parâmetro c0 e A política fiscal descreve a escolha do governo sobre gastos e impostos e é tratada como exógena em nosso modelo do mercado de bens f A condição de equilíbrio do mercado de bens afirma que o consumo é igual ao produto g Um aumento de uma unidade nos gastos do governo leva a um aumento de uma unidade no produto de equilíbrio h Um aumento da propensão a consumir leva a uma queda no produto 2 Suponhamos que a economia seja caracterizada pelas seguintes equações comportamentais C 160 06 YD I 150 G 150 T 100 Resolva para as seguintes variáveis a O PIB de equilíbrio Y b A renda disponível YD c Os gastos de consumo C 3 Para a economia descrita na questão 2 a Resolva para o produto de equilíbrio Calcule a demanda total É igual à produção Explique b Suponhamos que G agora seja igual a 110 Resolva para o produto de equilíbrio Calcule a demanda total É igual à produção Explique BookBlanchard 1indb 68 241017 1717 Capítulo 3 O mercado de bens 69 c Suponhamos que G seja igual a 110 logo o produto é dado por sua resposta em b Calcule a soma das poupanças privada e pública A soma dessas poupanças é igual ao investimento Explique Aprofundando 4 Multiplicador do orçamento equilibrado Por motivos tanto políticos quanto macroeconômicos os governos frequentemente relutam em incorrer em déficits orçamentários Aqui examinamos se mudan ças de política econômica em G e T que mantêm um orçamento equilibrado são neutras do ponto de vista macroeconômico Dito de outro modo verificamos se é possível afetar o produto por meio de mudanças em G e T de modo que o orçamento do governo se mantenha equilibrado Comece pela Equação 38 a Quanto Y aumenta quando G aumenta em uma unidade b Quanto Y diminui quando T aumenta em uma unidade c Por que as respostas de a e b são diferentes Suponhamos que a economia comece com um orça mento equilibrado T G Se o aumento de G for igual ao aumento de T então o orçamento se mantém em equilíbrio Calculemos agora o multiplicador do orçamento equilibrado d Suponhamos que tanto G quanto T aumentem exatamente em uma unidade Com base em suas respostas aos itens a e b qual é a mudança do PIB de equilíbrio As mudanças em G e T mantendo o orçamento equilibrado são neutras do ponto de vista macroeconômico e Como o valor específico da propensão a consumir afeta sua resposta de a Por quê 5 Estabilizadores automáticos Até aqui neste capítulo presumimos que as variáveis da política fiscal G e T sejam independentes do nível de renda Entretanto no mundo real não é este o caso Os impostos normalmente dependem do nível de renda e desse modo tendem a ser mais elevados quando a renda é maior Neste problema examinaremos como esta resposta automática dos impostos pode ajudar a reduzir o impacto de mudanças dos gastos autônomos sobre o produto Considere as seguintes equações comportamentais C c0 c1YD T t0 t1Y YD Y T G e I são constantes Suponha que t1 esteja entre 0 e 1 a Resolva para o produto de equilíbrio b Qual é o multiplicador A economia responde mais a mudanças do gasto autônomo quando t1 é igual a zero ou quando t1 é positivo Explique c Por que a política fiscal é chamada neste caso de estabilizador automático 6 Orçamento equilibrado versus estabilizadores automáticos Argumentase frequentemente que uma lei de orça mento equilibrado seria na verdade desestabilizadora Para entender este argumento considere a economia da questão 5 a Resolva para o produto de equilíbrio b Resolva para os impostos no equilíbrio Suponhamos que o governo comece com um orça mento equilibrado e que haja uma queda de c0 c O que acontece com Y O que acontece com os impostos d Suponhamos que o governo corte os gastos a fim de manter o orçamento equilibrado Qual será o efeito sobre Y O corte dos gastos necessário para equilibrar o orçamento atenuará ou reforçará o efeito da queda de c0 sobre o produto Não utilize álgebra Use sua intuição e responda com suas palavras 7 Impostos e transferências Lembrese de que definimos impostos T como líqui dos de transferências Em outras palavras T impostos transferências a Suponhamos que o governo aumente as transfe rências para famílias mas que esse aumento não seja financiado por aumentos de impostos Em vez disso o governo toma emprestado para pagar as transferências Mostre em um gráfico como o da Figura 32 como essa política afeta o produto de equilíbrio Explique b Suponhamos por outro lado que o governo pague pelo aumento das transferências com um aumento equivalente dos impostos Neste caso como o aumento das transferências afeta o produto de equilíbrio BookBlanchard 1indb 69 241017 1717 70 Macroeconomia c Agora suponhamos que a população inclua dois tipos de pessoa aquelas com alta propensão a consumir e aquelas com baixa propensão a con sumir Suponhamos que a política de transferên cias aumente os impostos daqueles com baixa propensão a consumir para pagar as transferên cias às pessoas com alta propensão a consumir Como esta política econômica afeta o produto de equilíbrio d Como você acha que a propensão a consumir pode variar entre os indivíduos de acordo com a renda Em outras palavras como você pensa que é a propensão a consumir para pessoas com alta renda e para pessoas com baixa renda Explique Dada sua resposta você acha que cor tes de impostos são mais eficazes para estimular o produto quando esses cortes são direcionados para contribuintes de alta renda ou para contri buintes de baixa renda 8 Investimento e renda Este problema examina as implicações de permitir que o investimento dependa do produto O Capítulo 5 estende esta análise muito além e introduz uma rela ção fundamental o efeito da taxa de juros sobre o investimento não examinada neste problema a Suponhamos que a economia seja caracterizada pelas equações comportamentais a seguir C c0 c1YD YD Y T I b0 b1Y Os gastos e impostos do governo são constan tes Note que o investimento agora cresce com o produto O Capítulo 5 discutirá os motivos para esta relação Resolva para o produto de equilíbrio b Qual é o valor do multiplicador Como a relação entre investimento e produto afeta o valor do mul tiplicador Para que o multiplicador seja positivo que condição c1 b1 deve satisfazer Justifique suas respostas c O que aconteceria se c1 b1 1 Pergunta desa fiadora pense no que acontece em cada rodada de gastos d Suponhamos que o parâmetro b0 às vezes cha mado de confiança das empresas aumente Como o produto de equilíbrio será afetado O investi mento mudará mais ou menos do que a mudança de b0 Por quê O que acontecerá com a pou pança nacional Explorando mais 9 Revendo o paradoxo da poupança Você deve conseguir responder às questões a seguir sem fazer nenhum cálculo embora um diagrama possa ajudar na parte a Para este problema não será neces sário calcular as magnitudes das mudanças nas variá veis econômicas somente a direção da mudança a Consideremos a economia descrita na questão 8 Suponhamos que os consumidores decidam consu mir menos e portanto poupar mais para determi nada quantidade de renda disponível Suponhamos especificamente que a confiança do consumidor c0 caia O que acontecerá ao produto b Como resultado do efeito sobre o produto que você determinou na parte a o que acontecerá ao investimento E à poupança pública E à poupança privada Explique Dica considere a caracteriza ção de equilíbrio na qual investimento é igual à poupança Qual é o efeito sobre o consumo c Suponhamos que os consumidores decidiram aumentar os gastos de forma que c0 aumentou Qual teria sido o efeito sobre o produto o investi mento e a poupança privada neste caso Explique Qual teria sido o efeito sobre o consumo d Comente a seguinte lógica Quando o pro duto é muito baixo é necessário um aumento na demanda por bens e serviços O investimento é um dos componentes da demanda e é igual à poupança Assim se o governo conseguisse con vencer as famílias a tentarem poupar mais então o investimento e o produto aumentariam O produto não é a única variável que afeta o investi mento À medida que desenvolvermos nosso modelo de economia retomaremos o paradoxo da poupança nos próximos capítulos 10 Usando a política fiscal neste primeiro e mais sim ples modelo para evitar a recessão de 2009 O PIB em 2009 foi de aproximadamente US 15000 bilhões Vimos no Capítulo 1 que o PIB caiu cerca de 3 pontos percentuais em 2009 a Quantos bilhões de dólares representam 3 pontos percentuais de US 15000 bilhões b Se a propensão para consumir fosse 05 em quanto os gastos do governo teriam de aumentar para evitar uma redução no produto c Se a propensão para consumir fosse de 05 quanto os impostos deveriam ser cortados para evitar qualquer redução no produto BookBlanchard 1indb 70 241017 1717 Capítulo 3 O mercado de bens 71 d Suponha que o Congresso tivesse decidido tanto aumentar os gastos quanto elevar os impostos pelo mesmo montante em 2009 Que aumento nos gas tos do governo e nos impostos teria sido necessário para evitar o declínio do produto em 2009 11 O problema da estratégia de saída No combate à recessão associada à crise impostos foram cortados e os gastos do governo aumentados O resultado foi um grande déficit público Para redu zir este déficit os impostos devem ser elevados ou os gastos do governo cortados Essa é a estratégia de saída do grande déficit a Como a redução do déficit de qualquer das duas formas afetará o nível de equilíbrio do produto no curto prazo b O que altera mais o equilíbrio de produto i cortar G em US 100 bilhões ii aumentar T em US 100 bilhões c Como sua resposta à questão b depende do valor da propensão marginal para consumir d Você ouve dizer que uma redução do déficit aumenta a confiança dos consumidores e das empresas reduzindo o declínio no produto que de outra forma ocorreria com a redução do déficit Este argumento é válido BookBlanchard 1indb 71 241017 1717 C A P Í T U L O 4 Mercados financeiros I Os mercados financeiros são intimidadores Envolvem uma rede intrincada de instituições que abrange desde bancos até fundos do mercado monetário fundos mútuos fundos de investimento e fundos hedge As transações envolvem títulos ações e outros créditos financeiros com nomes exóticos tais como swaps e opções As páginas de finanças dos jornais citam taxas de juros de muitos títulos do governo diversos títulos corporativos títulos de curto prazo e títulos de longo prazo gerando confusão Mas os mercados financeiros desempenham papel essencial na economia Determinam o custo dos fundos para empresas famílias e governo por conseguinte afetando suas decisões de gastos Para entender seu papel devemos proceder em etapas Neste capítulo focalizamos o papel do Banco Central em afetar essas taxas de juros Para isso simplificamos dras ticamente a realidade e consideramos que a economia tem apenas dois ativos dinheiro que não paga juros e títulos que pagam Isso nos permitirá entender como a taxa de juros dos títulos é determinada e o papel do Banco Central nos Estados Unidos o Fed abreviação de Federal Reserve Bank nesta determinação No Capítulo 5 vamos combinar o modelo do mercado de bens que desenvolvemos no Capítulo 3 com o modelo de mercados financeiros que desenvolvemos neste capítulo e ter outra perspectiva do produto de equilíbrio Feito isto no entanto retomaremos os mercados financeiros no Capítulo 6 levando em consideração mais ativos financeiros e mais taxas de juros além de enfocar o papel dos bancos e outras instituições financeiras Isto nos dará um modelo mais complexo e nos permitirá entender melhor o que aconteceu na recente crise O capítulo tem quatro seções A Seção 41 examina a demanda por moeda A Seção 42 supõe que o Banco Central controle diretamente a oferta de moeda e mostra como a taxa de juros é determinada pela condição de que a demanda seja igual à oferta de moeda A Seção 43 apresenta os bancos como responsáveis pela oferta de moeda revisita as taxas de juros e sua determinação e descreve o papel do Banco Central neste contexto A Seção 44 trata da restrição da política monetária decorrente do fato de que a taxa de juros dos títulos não pode ser negativa uma restrição que desempenhou um papel importante na crise 41 Demanda por moeda Esta seção examina os determinantes da demanda por moeda Uma advertên cia antes de começarmos palavras como moeda ou riqueza têm significados muito específicos em economia que frequentemente diferem daqueles das conversas cotidianas O objetivo do quadro Foco Armadilhas semânticas moeda renda e riqueza é ajudar a evitar algumas dessas armadilhas Leiao atentamente e retorne a ele de vez em quando BookBlanchard 1indb 72 241017 1717 Suponhamos que por ter poupado regularmente parte de sua renda no passado sua riqueza financeira atual seja de US 50000 Talvez você pretenda continuar poupando no futuro e aumentar sua riqueza mas seu valor atual já está determinado Suponhamos também que você só pode escolher entre dois ativos moeda e títulos A moeda que se pode usar para transações não paga juros No mundo real há dois tipos de moeda papelmoeda as moedas e notas em espécie e depósitos à vista os depósitos bancários sobre os quais você pode emitir cheques ou utilizar o cartão de débito A distinção entre os dois será importante quando examinarmos a oferta de moeda Por ora porém não precisamos nos preocupar com ela Os títulos pagam uma taxa de juros positiva i mas não podem ser usados para transações No mundo real há muitos tipos de título cada qual associada a uma taxa de juros específica Por enquanto vamos ignorar este aspecto da realidade e considerar que haja apenas um tipo de título que pague i a taxa de juros Suponhamos que a compra e a venda de títulos implique algum custo por exemplo o de dar um telefonema para o corretor e o de pagar uma taxa de corretagem Quanto de seus US 50000 você deveria reter em moeda e quanto em títulos Por um lado manter toda sua riqueza em forma de moeda é obviamente muito conveniente Evita a necessidade de ligar para o corretor ou arcar com uma taxa de corretagem Mas isto também significa não receber nenhuma renda de juros Por outro lado se retiver toda sua riqueza na forma de títulos receberá juros sobre o montante total mas terá de contatar seu corretor frequentemente quando precisar de dinheiro para andar de metrô pagar um cafezinho e assim por diante É uma maneira bastante inconveniente de viver Portanto é claro que você deveria reter tanto moeda quanto títulos Em que proporção Isso dependerá principalmente de duas variáveis Seu nível de transações Você desejará ter moeda suficiente à disposição para evitar a venda frequente de títulos em troca de moeda Digamos por exemplo que você normalmente gasta US 3000 por mês Neste caso você pode desejar ter à disposição em média o equivalente a dois meses de gastos ou US 6000 em moeda e o restante US 50000 US 6000 US 44000 em títulos Se em vez disso você normalmente gasta US 4000 por mês você pode desejar ter US 8000 em moeda e apenas US 42000 em títulos A taxa de juros dos títulos O único motivo para reter parte de sua riqueza em títulos é que eles pagam juros Quanto mais alta for a taxa de juros mais você estará disposto a enfrentar o trabalho e os custos associados à compra e à venda de títulos Se a taxa de juros for muito elevada você poderá decidir pela redução de seus saldos monetários para uma média equivalente a apenas duas semanas de gastos ou US 1500 supondo que seus gastos mensais sejam de US 3000 Dessa maneira você poderá reter uma média de US 48500 em títulos e como resultado receber mais juros Vamos esclarecer melhor este último aspecto Muitos de vocês provavelmente não retêm títulos suspeito que poucos têm um corretor Alguns de vocês contudo retêm títulos indiretamente se possuírem uma conta de investimento em uma instituição financeira Os fundos do mercado monetário o nome completo é fundos mútuos do mercado monetário agrupam os fundos de muitos investidores Esses fundos são então usados para comprar títulos normalmente títulos públicos Os fundos do mercado monetário pagam uma taxa de juros próxima mas ligeiramente inferior à taxa de juros dos títulos que retêm a diferença vem dos custos administrativos dos fundos e de suas margens de lucro No início da década de 1980 quando a taxa de juros dos fundos chegou a 14 ao ano uma taxa de juros muito elevada para os padrões atuais muitas pessoas que Certifiquese de saber a diferença entre a decisão sobre quanto poupar que determina como sua riqueza muda ao longo do tempo e a decisão sobre como alocar determinado estoque de riqueza entre moeda e títulos Você pode fazer pagamentos com cartão de crédito e evitar carregar dinheiro Mas ainda terá que ter dinheiro em sua conta corrente para pagar a administradora do cartão de crédito Armadilhas semânticas moeda renda e riqueza No dia a dia empregamos a palavra dinheiro para representar muitas coisas Usamos como sinônimo de renda ganhar dinheiro Como sinônimo de riqueza ela tem muito dinheiro Em economia é preciso ter mais cuidado Veja um guia básico de alguns termos e seu significado preciso em economia Moeda é o que se pode usar para pagar transações e pode ser papelmoeda ou depósitos à vista em bancos Renda é o que você ganha com seu trabalho mais o que recebe de juros e dividendos É um fluxo algo expresso em unidades de tempo renda semanal renda mensal ou renda anual por exemplo Certa vez perguntaram a J Paul Getty qual era sua renda Getty respondeu US 1000 O que ele pensou mas não disse US 1000 por minuto Poupança é a parte da renda líquida de impostos que não se gasta Também é um fluxo Se você poupar 10 de sua renda e ela for de US 3000 por mês então poupará US 300 por mês Pode às vezes ser usada como sinônimo de riqueza o valor que se acumulou ao longo do tempo Para evitar confusões não utilizaremos o termo poupança nesta segunda acepção Sua riqueza financeira ou simplesmente riqueza é o valor de todos os seus ativos financeiros menos todos os seus passivos financeiros Ao contrário da renda e da poupança que são variáveis de fluxo a riqueza financeira é uma variável de estoque É o valor da riqueza em dado instante no tempo Em dado instante do tempo você não pode alterar o montante total de sua riqueza financeira Só pode fazer isso ao longo do tempo à medida que poupa ou despoupa ou à medida que os valores de seus ativos e passivos variam Mas é possível mudar a composição de sua riqueza você pode por exemplo decidir pagar parte de sua hipoteca emitindo um cheque de sua contacorrente Isto leva a uma diminuição de seus passivos uma hipoteca menor e a uma diminuição equivalente de seus ativos um saldo menor em sua contacorrente mas isto não muda sua riqueza Os ativos financeiros que podem ser usados diretamente para comprar bens são chamados de moeda e incluem o papelmoeda e os depósitos à vista ou seja depósitos contra os quais se pode emitir cheques Moeda também é um estoque Alguém que é rico pode ter um saldo monetário pequeno por exemplo US 1 milhão em ações mas apenas US 500 em contacorrente Ou alguém pode ter uma renda elevada mas um saldo monetário pequeno por exemplo uma renda de US 10000 por mês mas somente US 1000 em contacorrente Investimento é um termo que os economistas reservam para a compra de novos bens de capital de máquinas a fábricas e edifícios comerciais Quando você se referir à compra de ações ou de outros ativos financeiros deve se referir a eles como um investimento financeiro Aprenda a ser economicamente correto Não diga Maria ganha muito dinheiro em vez disso diga Maria tem uma renda elevada Também não diga João tem muito dinheiro diga que João é muito rico antes mantinham toda a riqueza em contascorrentes que pagavam juros baixos ou iguais a zero entenderam o quanto poderiam ganhar de juros transferindo parte da riqueza para contas de investimento Agora que as taxas de juros diminuíram as pessoas são mais displicentes quanto a colocar o máximo possível em seus fundos de investimento Dito de outra maneira para um dado nível de transações as pessoas mantêm agora mais de sua riqueza em contascorrentes do que faziam no início da década de 1980 Derivação da demanda por moeda Vamos passar dessa discussão para uma equação que descreve a demanda por moeda Seja o montante de moeda que as pessoas desejam reter sua demanda por moeda dado por Md o d sobrescrito representa demanda A demanda por moeda na economia como um todo é simplesmente a soma de todas as demandas por moeda de cada pessoa nessa economia Portanto ela depende do nível total de transações na economia e da taxa de juros O nível total de transações na economia é difícil de ser medido mas é provável que seja aproximadamente proporcional à renda nominal a renda medida na moeda do país Se a renda nominal aumentasse em 10 seria razoável pensar que o montante de transações na economia também aumentaria aproximadamente em 10 Portanto podemos escrever a relação entre a demanda por moeda a renda nominal e a taxa de juros como Md Y Li 41 em que Y representa a renda nominal Leia esta equação do seguinte modo a demanda por moeda Md é igual à renda nominal Y multiplicada por uma função da taxa de juros i representada por Li O sinal negativo sob o i em Li reflete o fato de que a taxa de juros tem um efeito negativo sobre a demanda por moeda um aumento da taxa de juros reduz a demanda por moeda à medida que as pessoas colocam mais de sua riqueza em títulos A Equação 41 resume o que dissemos até agora Primeiro a demanda por moeda aumenta em proporção à renda nominal Se a renda nominal dobra aumentando de Y para 2Y a demanda por moeda também dobra aumentando de Y Li para 2Y Li Segundo a demanda por moeda depende negativamente da taxa de juros Isto é refletido pela função Li e pelo sinal negativo sob a taxa de juros um aumento na taxa de juros diminui a demanda por moeda A relação entre a demanda por moeda a renda nominal e a taxa de juros contida na Equação 41 é mostrada na Figura 41 A taxa de juros i é medida no eixo vertical A moeda M é medida no eixo horizontal Figura 41 Demanda por moeda Para dado nível de renda nominal uma taxa de juros menor aumenta a demanda por moeda A dada taxa de juros um aumento da renda nominal desloca a demanda por moeda para a direita Volte ao exemplo do Capítulo 2 de uma economia composta por uma siderúrgica e uma montadora Calcule o volume total de transações nessa economia e sua relação com o PIB Se ambas as empresas dobrassem de tamanho o que aconteceria com as transações e com o PIB O que importa aqui é a renda nominal a renda na moeda do país e não a renda real Se a renda real não variar mas os preços dobrarem levando a renda nominal a dobrar as pessoas precisarão ter o dobro de moeda para comprar a mesma cesta de consumo A relação entre a demanda por moeda e a taxa de juros para dado nível de renda nominal Y é representada pela curva Md que é negativamente inclinada quanto menor a taxa de juros quanto menor for i maior o montante de moeda que as pessoas desejam reter maior será M Para dada taxa de juros um aumento da renda nominal aumenta a demanda por moeda Em outras palavras um aumento da renda nominal desloca a demanda por moeda para a direita de Md para Md Por exemplo à taxa de juros i um aumento da renda nominal de Y para Y aumenta a demanda por moeda de M para M 42 Determinação da taxa de juros I Tendo examinado a demanda por moeda agora examinaremos a oferta de moeda e a seguir o equilíbrio No mundo real há dois tipos de moeda depósitos à vista que são ofertados pelos bancos e papelmoeda que é ofertado pelo Banco Central Nesta seção vamos supor que os depósitos à vista não existam que a única moeda na economia seja o papelmoeda do Banco Central Claramente isto não é realista mas tornará os mecanismos básicos mais transparentes Na próxima seção reintroduziremos os depósitos à vista e examinaremos o papel desempenhado pelos bancos Demanda por moeda oferta de moeda e taxa de juros de equilíbrio Suponhamos que o Banco Central decida ofertar um montante de moeda igual a M de modo que Ms M O sobrescrito s representa a oferta s é a inicial de supply que em inglês significa oferta Vamos desconsiderar por enquanto a questão de como exatamente o Banco Central oferta esse montante de moeda Retornaremos a ela alguns parágrafos adiante O equilíbrio nos mercados financeiros requer que a oferta de moeda seja igual à demanda por moeda ou seja Ms Md Portanto usando Ms M e a Equação 41 para a demanda por moeda a condição de equilíbrio é Oferta de moeda Demanda por moeda M Y Li 42 Esta equação nos diz que a taxa de juros i deve ser tal que dada sua renda Y as pessoas estejam dispostas a ter um montante de moeda igual à oferta de moeda existente M Esta relação de equilíbrio é representada graficamente na Figura 42 Como na Figura 41 a moeda é medida no eixo horizontal e a taxa de juros no vertical A demanda por moeda Md desenhada para um dado nível de renda nominal Y é negativamente inclinada uma taxa de juros maior implica uma demanda por moeda menor A oferta de moeda é desenhada como a linha vertical representada por Ms A oferta de moeda é igual a M e independe da taxa de juros O equilíbrio ocorre no ponto A e a taxa de juros de equilíbrio é dada por i Com essa caracterização do equilíbrio podemos examinar como as mudanças na renda nominal ou na oferta de moeda pelo Banco Central afetam a taxa de juros de equilíbrio A Figura 43 mostra os efeitos de um aumento da renda nominal sobre a taxa de juros Essa figura reproduz a Figura 42 e o equilíbrio inicial está no ponto A Um aumento da renda nominal de Y para Y aumenta o nível de transações que aumenta a demanda por moeda a qualquer taxa de juros A curva de demanda por moeda se desloca para a direita de Md para Md O equilíbrio se move para cima de A para A e a taxa de juros de equilíbrio aumenta de i para i Verbalmente para dada oferta de moeda um aumento da renda nominal leva a um aumento da taxa de juros O motivo é que à taxa de juros inicial a demanda por moeda excede a oferta Um aumento da taxa de juros é necessário para diminuir o montante de moeda que as pessoas desejam reter e para restabelecer o equilíbrio A Figura 44 mostra os efeitos de um aumento na oferta de moeda sobre a taxa de juros O equilíbrio inicial está no ponto A com taxa de juros i Um aumento na oferta de moeda de Ms M para Ms M leva a um deslocamento da curva da oferta de moeda para a direita de Ms para Ms O equilíbrio se move para baixo de A para A e a taxa de juros de equilíbrio diminui de i para i Nesta seção o termo moeda significa moeda do Banco Central ou papelmoeda 78 Macroeconomia Verbalmente um aumento da oferta de moeda pelo Banco Central leva a uma redução da taxa de juros A redução da taxa de juros aumenta a demanda por moeda de modo que ela seja igual à maior oferta de moeda M Demanda por moeda Md Oferta de moeda Ms Moeda M A Taxa de juros i i Figura 42 Determinação da taxa de juros A taxa de juros deve ser tal que a oferta de moeda que independe da taxa de juros seja igual à demanda por moeda que depende da taxa de juros Figura 43 Efeitos de um aumento da renda nominal sobre a taxa de juros Dada a oferta de moeda um aumento da renda nominal leva a um aumento da taxa de juros M A A Md Ms Md Y Y Moeda M Taxa de juros i i i BookBlanchard 1indb 78 241017 1717 Figura 44 Efeitos de um aumento da oferta de moeda sobre a taxa de juros Um aumento da oferta de moeda leva a uma diminuição da taxa de juros Política monetária e as operações de mercado aberto Podemos entender melhor os resultados das figuras 43 e 44 examinando mais detalhadamente como o Banco Central efetivamente altera a oferta de moeda e o que acontece quando ele faz isto Nas economias modernas o modo como o Banco Central altera a oferta de moeda consiste na compra ou venda de títulos no mercado de títulos Se um Banco Central deseja aumentar o montante de moeda na economia compra títulos e paga por eles por meio da criação de moeda Se deseja diminuir o montante de moeda na economia vende títulos e retira de circulação a moeda que recebe em troca desses títulos Essas ações são chamadas operações de mercado aberto porque ocorrem no mercado aberto títulos O balancete patrimonial de um banco ou de uma empresa ou de um indivíduo é uma lista de seus ativos e passivos em um instante no tempo O ativo é a soma do que o banco possui e do que lhe é devido nesse instante O passivo é tudo o que o banco deve a terceiros nesse mesmo instante Desnecessário dizer que a Figura 45 apresenta uma versão muito simplificada de um balancete patrimonial real de um Banco Central mas atende aos nossos propósitos O balancete do Banco Central Para compreender o que são as operações de mercado aberto é útil começarmos com o balancete patrimonial do Banco Central dado na Figura 45 Os ativos do Banco Central são a soma de títulos que ele retém em sua carteira e seu passivo é o estoque de moeda da economia As operações de mercado aberto levam a mudanças iguais do ativo e do passivo Se o Banco Central compra por exemplo US 1 milhão em títulos o montante de títulos que ele retém aumenta em US 1 milhão e da mesma forma o montante de moeda na economia também aumenta Esta operação é chamada operação de mercado aberto expansionista porque o Banco Central aumenta expande a oferta de moeda Se o Banco Central vende US 1 milhão em títulos tanto o montante de títulos possuídos pelo Banco Central como o montante de moeda na economia diminuem em US 1 milhão Esta operação é chamada operação de mercado aberto contracionista porque o Banco Central diminui contrai a oferta de moeda Figura 45 Balancete patrimonial do Banco Central e os efeitos de uma operação de mercado aberto expansionista Os ativos do Banco Central são a soma dos títulos que ele possui O passivo é o estoque de moeda da economia Uma operação de mercado aberto na qual o Banco Central compra títulos e emite moeda aumenta o ativo e o passivo no mesmo montante Balancete do Banco Central Ativos Passivos Títulos Moeda papelmoeda Efeitos de uma operação de mercado aberto expansionista Ativos Passivos Mudança na carteira de títulos US1 milhão Mudança no estoque de moeda US1 milhão Preço de títulos e rendimento de títulos Até aqui nos concentramos na taxa de juros dos títulos Na realidade o que é determinado nos mercados de títulos não são as taxas de juros mas os preços dos títulos Ambos estão contudo diretamente relacionados Entender esta relação será útil ao longo do livro Suponhamos que os títulos em nossa economia sejam de um ano títulos que prometem pagar dada quantidade de moeda por exemplo US 100 daqui a um ano Nos Estados Unidos títulos emitidos pelo governo com promessa de pagamento em um ano ou menos são chamados de letras do Tesouro ou simplesmente Tbills de Treasury bills que significa letras do Tesouro em inglês Seja o preço de um título hoje igual a PB em que o B subscrito representa os títulos da palavra em inglês bonds Se você comprar um título hoje e o mantiver por um ano a taxa de retorno da posse do título por um ano será igual a 100 PBPB Portanto a taxa de juros do título é dada por i 100 PB PB Se PB é US 99 a taxa de juros é igual a 199 0010 ou 10 ao ano Se PB é US 90 então a taxa de juros é 190 111 ao ano Quanto maior for o preço do título menor será a taxa de juros Se soubermos a taxa de juros poderemos descobrir o preço do título usando a mesma fórmula Reorganizando a fórmula anterior o preço de hoje do título de um ano que paga US 100 daqui a um ano é dado por PB 100 1 i O preço do título hoje é igual ao pagamento final dividido por 1 mais a taxa de juros Se a taxa de juros é positiva o preço do título é menor do que o pagamento final Quanto maior a taxa de juros menor o preço atual Quando os jornais anunciam que os mercados de títulos fecharam em alta hoje querem dizer que os preços dos títulos subiram e que portanto as taxas de juros caíram De volta às operações de mercado aberto Agora estamos prontos para retornar aos efeitos de uma operação de mercado aberto e seu efeito no equilíbrio do mercado monetário A taxa de juros é o que você recebe pelo título daqui a um ano US100 menos o que você paga pelo título hoje PB dividido pelo preço do título hoje PB Capítulo 4 Mercados financeiros I 89 A taxa de juros escolhida pelo Banco Central não pode baixar além de zero Quando a taxa de juros é igual a zero as pessoas e os bancos não veem diferença entre manter moeda ou títulos Um aumento na oferta de moeda leva a um aumento na demanda por moeda a um aumento nas reservas pelos bancos e a nenhuma variação na taxa de juros Este caso é conhecido como armadilha da liquidez em que a política monetária perde a capacidade de afetar a taxa de juros Palavraschave armadilha da liquidez 85 base monetária 84 depósitos à vista 73 estoque 74 Fed Federal Reserve Bank 72 fluxo 74 fundos do mercado monetário 73 intermediários financeiros 82 investimento 74 investimento financeiro 74 letras do Tesouro Tbill 80 limite inferior zero 85 mercado de fundos federais 85 moeda 74 moeda de alta potência 84 moeda do Banco Central 83 operação de mercado aberto contracionista 79 operação de mercado aberto expansionista 79 operações de mercado aberto 79 papelmoeda 73 poupança 74 razão das reservas 84 renda 74 reservas bancárias 82 riqueza financeira 74 taxa dos fundos federais 85 títulos 73 Questões e problemas Teste rápido 1 Usando as informações contidas neste capítulo diga se cada afirmação a seguir é verdadeira falsa ou incerta Explique brevemente a Renda e riqueza financeira são exemplos de variáveis de estoque b O termo investimento conforme empregado pelos economistas faz referência à aquisição de títulos e ações c A demanda por moeda não depende da taxa de juros porque somente os títulos rendem juros d Uma grande parcela da moeda dos EUA está fora do país e O Banco Central pode aumentar a oferta de moeda pela venda de títulos no mercado de títulos f O Federal Reserve pode determinar a oferta de moeda mas não alterar as taxas de juros g O preço dos títulos e as taxas de juros sempre se movem em direções opostas h Um aumento na renda PIB sempre será acom panhado por um aumento na taxa de juros quando a oferta de moeda não é aumentada 2 Suponhamos que a renda anual de uma pessoa seja de US 60000 Suponhamos também que sua função de demanda por moeda seja dada por Md Y 035 i a Qual é sua demanda por moeda quando a taxa de juros é de 5 E de 10 b Explique o efeito da taxa de juros sobre a demanda por moeda c Suponhamos que a taxa de juros seja de 10 Em termos percentuais o que acontece com sua demanda por moeda se a renda anual é reduzida em 50 d Suponhamos que a taxa de juros seja de 5 Em ter mos percentuais o que acontece com sua demanda por moeda se a renda anual é reduzida em 50 e Resuma o efeito da renda sobre a demanda por moeda Em termos percentuais como ele depende da taxa de juros 3 Considere um título que promete pagar US 100 em um ano a Qual é a taxa de juros sobre o título se seu preço hoje é de US 75 US 85 US 95 BookBlanchard 1indb 89 241017 1717 90 Macroeconomia b Qual é a relação entre o preço do título e a taxa de juros c Se a taxa de juros é de 8 qual é o preço do título hoje 4 Suponhamos que a demanda por moeda seja dada por Md Y 025 i em que Y é igual a US 100 Suponhamos tam bém que a oferta de moeda é de US 20 a Qual é a taxa de juros de equilíbrio b Se o Fed deseja aumentar a taxa de juros de equilíbrio i em 10 pontos percentuais de seu valor no item a em que nível deve fixar a oferta de moeda Aprofundando 5 Suponhamos que a riqueza de uma pessoa seja de US 50000 e que sua renda anual seja de US 60000 Suponhamos também que sua função de demanda por moeda seja dada por Md Y 035 i a Derive a demanda por títulos Suponhamos que a taxa de juros aumente em 10 pontos per centuais Qual é o efeito sobre a demanda por títulos b Quais são os efeitos de um aumento da riqueza sobre a demanda por moeda e sobre a demanda por títulos Explique c Quais são os efeitos de um aumento da renda sobre a demanda por moeda e sobre a demanda por títulos Explique d Considere o seguinte Quando as pessoas ganham mais dinheiro obviamente retêm mais títulos O que há de errado nesta afirmação 6 A demanda por títulos Neste capítulo você aprendeu que um aumento da taxa de juros torna os títulos mais atraentes por tanto leva as pessoas a reter mais de sua riqueza em títulos em vez de moeda No entanto você também aprendeu que um aumento da taxa de juros reduz o preço dos títulos Como um aumento da taxa de juros pode tornar os títulos mais atraentes e reduzir seus preços 7 Caixas automáticos e cartões de crédito Este problema examina o efeito da introdução de cai xas automáticos e cartões de crédito sobre a demanda por moeda Para simplificar vamos examinar a demanda por moeda de uma pessoa ao longo de quatro dias Suponhamos que antes dos caixas auto máticos e dos cartões de crédito ela fosse ao banco no início de cada período de quatro dias e retirasse de sua conta poupança todo o dinheiro necessário por quatro dias Ela gasta US 4 por dia a Quanto ela retira cada vez que vai ao banco Calcule os saldos monetários da pessoa do dia 1 ao dia 4 pela manhã antes de gastar qualquer quantia do dinheiro que retirou b Qual é o montante de moeda que ela retém em média Suponhamos agora que com o surgimento dos caixas automáticos a pessoa passe a fazer retiradas uma vez a cada dois dias c Recalcule sua resposta à parte a d Recalcule sua resposta à parte b Finalmente com o surgimento dos cartões de crédito essa pessoa passa a usar este meio de pagamento para quitar todas as suas compras Ela não faz retiradas de dinheiro até o quarto dia quando retira o necessário para pagar as compras feitas com cartão de crédito nos quatro dias anteriores e Recalcule sua resposta à parte a f Recalcule sua resposta à parte b g Com base nas respostas anteriores qual foi o efeito dos caixas automáticos e dos cartões de crédito sobre a demanda por moeda 8 A moeda e o sistema bancário Na Seção 43 descrevemos um sistema monetário que inclui bancos simples Suponhamos que as seguintes hipóteses sejam válidas i O público não retém papelmoeda ii A razão entre reservas e depósitos é de 01 iii A demanda por moeda é dada por Md Y 08 4i Inicialmente a base monetária é de US 100 bilhões e a renda nominal é de US 5 trilhões a Qual é a demanda por moeda do Banco Central b Descubra a taxa de juros de equilíbrio fazendo que a demanda por moeda do Banco Central seja igual à oferta da sua moeda c Qual é a oferta total de moeda É igual à demanda total por moeda à taxa de juros que você encontrou em b d Qual é o efeito de um aumento da moeda do Banco Central para US 300 bilhões sobre a taxa de juros BookBlanchard 1indb 90 241017 1717 Capítulo 4 Mercados financeiros I 91 e Se a oferta total de moeda aumenta para US 3 bilhões qual será o efeito sobre i Dica use o que você aprendeu em c 9 Escolhendo a quantidade de moeda ou a taxa de juros Suponhamos que a demanda por moeda seja dada por Md Y025 i em que Y é 100 a Se o Federal Reserve Bank fixar uma meta de taxa de juros de 5 qual será a oferta de moeda que o Federal Reserve deve criar b Se o Federal Reserve Bank quer aumentar i de 5 para 10 qual é o novo nível da oferta de moeda que o Federal Reserve deve definir c Qual é o efeito no balanço patrimonial do Federal Reserve do aumento da taxa de juros de 5 para 10 10 Política monetária em uma armadilha da liquidez Suponhamos que a demanda por moeda seja dada por Md Y025 i desde que as taxas de juros sejam positivas As perguntas a seguir referemse a situações em que a taxa de juros é igual a zero a Qual é a demanda por moeda quando as taxas de juros são iguais a zero e Y 80 b Se Y 80 qual é o menor valor da oferta de moeda em que a taxa de juros é igual a zero c Quando a taxa de juros é igual a zero o Banco Central pode continuar a aumentar a oferta de moeda d Os Estados Unidos passaram por um longo período de taxas de juros iguais a zero depois de 2009 Você pode encontrar evidências no texto de que a oferta de moeda continuou a aumentar nesse período e Consulte o banco de dados do Federal Reserve Bank of St Louis conhecido como FRED Encontre a série BOGMBASE base mone tária e analise seu comportamento de 2010 a 2015 O que aconteceu com a base monetária O que aconteceu com a taxa dos fundos fede rais no mesmo período Explorando mais 11 Política monetária atual Visite o site do Federal Reserve Board of Governors httpwwwfederalreservegov e faça o download do press release mais recente sobre política monetária do Comitê Federal de Mercado Aberto FOMC do inglês Federal Open Market Committee Certifiquese de que seja o press release mais recente do FOMC e não do Fed a Qual é a postura atual da política monetária Note que a política monetária será descrita em termos de aumento ou redução da taxa dos fundos federais e não de aumento ou redução da oferta de moeda ou da base monetária b Encontre um press release em que a taxa dos fundos federais foi realmente alterada pelo FOMC Como o Federal Reserve explicou a necessidade dessa mudança na política monetária Por fim você pode visitar o site do Fed e encontrar várias declarações explicando sua política atual de taxas de juros Essas declarações formam a base da análise no Capítulo 5 Algumas partes desta declaração devem fazer mais sentido ao final do Capítulo 5 Leitura adicional Vamos retomar muitos aspectos do sistema finan ceiro no decorrer do livro mas você pode querer aprofundar seus conhecimentos e ler algo sobre moeda e serviços bancários Aqui estão quatro indi cações BALL Laurence Money banking and finan cial markets Worth 2011 CECCHETTI Stephen e SCHOENHOLTZ Kermit Money banking and financial markets McGrawHillIrwin 2015 HUBBARD R Glenn Money the financial system and the economy AddisonWesley 2013 MISHKIN Frederic The economics of money banking and the financial system Pearson 2012 O Fed mantém um site útil httpwwwfederalre servegov que possui dados relativos aos mercados financeiros bem como informações sobre o que o Fed faz declarações recentes do presidente da instituição e assim por diante BookBlanchard 1indb 91 241017 1717 92 Macroeconomia Apêndice Determinação da taxa de juros quando as pessoas mantêm papelmoeda e depósitos à vista Na Seção 43 partimos da premissa simplificadora de que as pessoas mantinham apenas depósitos à vista e não papelmoeda Agora vamos flexibilizar esta premissa e derivar a taxa de juros de equilíbrio supondo que as pessoas tenham depósitos à vista e papelmoeda A maneira mais fácil de considerar como a taxa de juros nessa economia é determinada ainda é em termos de oferta e demanda por moeda do Banco Central A demanda por moeda do Banco Central é igual à demanda por moeda por parte das pessoas mais a demanda por reservas por parte dos bancos A oferta de moeda do Banco Central está sob con trole direto do Banco Central A taxa de juros de equilíbrio é tal que a demanda por e a oferta de moeda do Banco Central são equivalentes A Figura 4A1 mostra em detalhes a estrutura da demanda e da oferta de moeda do Banco Central Ignore as equações por ora concentrese nos quadros Comece pelo lado esquerdo A demanda por moeda por parte das pessoas é tanto por depósitos à vista quanto por papel moeda Considerando que os bancos têm de manter reservas para depósitos à vista e a demanda por este tipo de depósito leva a uma demanda por reservas por parte dos bancos Consequentemente a demanda por moeda do Banco Central é igual à demanda por reservas por parte dos bancos mais a demanda por papelmoeda Vá para o lado direito a oferta de moeda do Banco Central é determinada pelo Banco Central Observe o sinal de igualdade a taxa de juros deve ser tal que a demanda por e a oferta de moeda do Banco Central sejam iguais Passamos agora por cada um dos quadros da Figura 4A1 e perguntamos O que determina a demanda por depósitos à vista e a demanda por papelmoeda O que determina a demanda por reservas pelos bancos O que determina a demanda por moeda do Banco Central Como a condição de que a demanda por e a oferta de moeda do Banco Central sejam equivalentes deter mina a taxa de juros Demanda por moeda Quando as pessoas podem manter tanto depósitos à vista quanto papelmoeda a demanda por moeda envolve duas decisões Primeiro elas devem decidir quanta moeda deter Em segundo devem decidir quanto desse montante manter em papelmoeda e quanto em depósitos à vista É razoável supor que a demanda geral por moeda papelmoeda mais depósitos à vista é dada pelos mes mos fatores de antes As pessoas manterão mais dinheiro quanto maior for o nível das transações e menor a taxa de juros dos títulos Assim podemos supor que a demanda geral por moeda é dada pela mesma equação vista ante riormente Equação 41 Md Y Li 4A1 Isto nos leva à segunda decisão Como as pessoas decidem quanto manter em papelmoeda e quanto em depósitos à vista Papelmoeda é mais conveniente para pequenas transações também para as ilegais Os che ques são mais convenientes para transações de vulto Manter moeda em contacorrente é mais seguro do que portar dinheiro Vamos supor que as pessoas detenham uma propor ção fixa de sua moeda em papelmoeda chamemos essa proporção de c e por implicação mantenham uma proporção fixa 1 c em depósitos à vista Chamemos a demanda por papelmoeda de CUd CU para papel moeda currency em inglês e d para demanda Chamemos a demanda por depósitos à vista de Dd D para depósitos e d para demanda As duas demandas são dadas por CUd cMd 4A2 Dd 1 cMd 4A3 A Equação 4A2 mostra o primeiro componente da demanda por moeda do Banco Central a demanda por papelmoeda pelo público A Equação 4A3 mostra a demanda por depósitos à vista Agora temos uma descrição do primeiro quadro Demanda por moeda na parte inferior da Figura 4A1 a Equação 4A1 mostra a demanda geral por moeda As equações 4A2 e 4A3 mostram as demandas por depósitos à vista e por papelmoeda respectivamente A demanda por depósitos à vista leva a uma demanda por reservas por parte dos bancos o segundo componente da demanda por moeda do Banco Central Seja u a letra minúscula grega teta a razão das reservas o montante BookBlanchard 1indb 92 241017 1717 Capítulo 4 Mercados financeiros I 93 de reservas que os bancos detêm por dólar de depósitos à vista Seja R as reservas dos bancos Seja D o montante em dólares dos depósitos à vista Então pela definição de u a relação entre R e D é a seguinte R uD 4A4 Vimos que atualmente nos Estados Unidos a razão das reservas é aproximadamente igual a 10 Assim u é aproximadamente igual a 01 Se as pessoas querem manter Dd em depósitos então a partir da Equação 4A4 os bancos devem deter uDd em reservas Combinandose as equações 4A2 e 4A4 o segundo componente da demanda por moeda do Banco Central a demanda por reservas por parte dos bancos é dado por Rd u1 cMd 4A5 Temos agora a equação correspondente ao segundo quadro Demanda por reservas por parte dos bancos na parte inferior da Figura 4A1 Demanda por moeda do Banco Central Chamemos Hd a demanda por moeda do Banco Central Essa demanda é igual à soma das demandas por papelmoeda e por reservas Hd CUd Rd 4A6 Substitua CUd e Rd por suas expressões das equações 4A2 e 4A5 para obter Hd cMd u1 cMd c u1 cMd Por fim substitua a demanda geral por moeda Md por sua expressão da Equação 4A1 para obter Hd c u1 c Y Li 4A7 Isto nos dá a equação correspondente ao terceiro quadro Demanda por moeda do Banco Central na parte inferior da Figura 4A1 Determinação da taxa de juros Estamos prontos para caracterizar o equilíbrio Seja H a oferta de moeda do Banco Central H é controlado direta mente pelo Banco Central como na seção anterior o Banco Central pode alterar o montante de H através de operações de mercado aberto A condição de equilíbrio é que a oferta de moeda seja igual à demanda por moeda do Banco Central H Hd 4A8 Ou usando a Equação 49 H c u1 c YLi 4A9 A oferta de moeda do Banco Central o lado esquerdo da Equação 4A9 é igual à demanda por moeda do Banco Demanda por moeda Demanda por depósitos à vista Demanda por reservas por parte dos bancos Demanda por moeda do Banco Central Oferta de moeda do Banco Central Demanda por papelmoeda 5 Demanda por moeda Md 5 Y Li Demanda por depósitos à vista Dd 5 12c Md Demanda por reservas por parte dos bancos Rd 5 12c Md Demanda por moeda do Banco Central Hd 5 CUd 1 Rd 5 c 1 12c Md 5 c 1 12c Y Li Oferta de moeda do Banco Central H Demanda por papelmoeda CUd 5 c Md 5 Figura 4A1 Determinantes da demanda por e da oferta de moeda do Banco Central BookBlanchard 1indb 93 241017 1717 94 Macroeconomia Central o lado direito da Equação 4A9 que é igual ao termo entre colchetes multiplicado pela demanda geral por moeda Observe mais atentamente o termo entre colchetes Suponha que as pessoas mantenham apenas papelmoeda c 1 Assim o termo entre colchetes seria igual a 1 e a equação seria exatamente a mesma que a Equação 42 na Seção 42 com a letra H substituindo a letra M no lado esquerdo mas ambas representando a oferta de moeda do Banco Central Neste caso as pessoas manteriam apenas papelmoeda e os bancos não desempenhariam qualquer papel na oferta de moeda Voltaríamos ao caso analisado na Seção 42 Suponhamos em vez disso que as pessoas não tenham nenhuma moeda mas somente depósitos à vista c 0 Assim o termo entre parênteses seria igual a u e a equação seria a mesma que a Equação 46 na Seção 43 Deixando de lado esses dois casos extremos note que a demanda por moeda do Banco Central é tal como na Seção 42 proporcional à demanda geral por moeda com o fator de proporcionalidade sendo c u1 c em vez de apenas u Portanto as implicações são praticamente as mesmas de antes Uma redução na moeda do Banco Central leva a um aumento na taxa de juros ao passo que um aumento da moeda do Banco Central leva a uma redução na taxa de juros BookBlanchard 1indb 94 241017 1717 Capítulo 5 Mercados de bens e mercados financeiros o modelo ISLM 97 Determinação do produto Se levarmos em consideração a relação de investimento da Equação 51 a con dição de equilíbrio do mercado de bens será Y CY T IY i G 52 A produção o lado esquerdo da equação deve ser igual à demanda por bens o lado direito A Equação 52 é nossa relação IS expandida Podemos agora examinar o que ocorre com o produto quando a taxa de juros muda Comecemos pela Figura 51 Medese a demanda por bens no eixo vertical Medese o produto no eixo horizontal Para dado valor da taxa de juros i a demanda é uma função crescente do produto por dois motivos Um aumento do produto leva a um aumento da renda e também a um aumento da renda disponível O aumento da renda disponível leva a um aumento do consumo Esta relação já foi estudada no Capítulo 3 Um aumento do produto também leva a um aumento do investimento Esta é a relação entre investimento e produção que introduzimos neste capítulo Em resumo um aumento do produto leva por meio de seus efeitos sobre o consumo e o investimento a um aumento da demanda por bens Esta relação entre demanda e produto para dada taxa de juros é representada pela curva positivamente inclinada ZZ Observemos duas características de ZZ na Figura 51 Como não supusemos que as relações consumo e investimento na Equação 52 sejam lineares ZZ costuma ser uma curva em vez de uma reta Assim foi dese nhada como uma curva na Figura 51 Todos os argumentos que seguem seriam aplicáveis se admitíssemos que as relações consumo e investimento fossem lineares e que ZZ fosse uma linha reta Desenhamos ZZ de modo que fosse menos inclinada que a reta de 45 graus Em outras palavras assumimos que um aumento do produto leva a um aumento da 45 ZZ Demanda Produto Y Demanda Z Y A Figura 51 Equilíbrio do mercado de bens A demanda por bens é uma função crescente do produto O equilíbrio requer que a demanda por bens seja igual ao produto BookBlanchard 1indb 97 241017 1717 100 Macroeconomia Resumindo O equilíbrio do mercado de bens implica que um aumento da taxa de juros leva a uma diminuição do produto Esta relação é representada pela curva IS nega tivamente inclinada Mudanças em fatores que diminuem a demanda por bens dada a taxa de juros deslocam a curva IS para a esquerda Mudanças em fatores que aumentam a demanda por bens dada a taxa de juros deslocam a curva IS para a direita 52 Mercados financeiros e a relação LM Vamos agora nos voltar para os mercados financeiros Vimos no Capítulo 4 que a taxa de juros é determinada pela igualdade entre oferta e demanda por moeda M Y Li A variável M do lado esquerdo é o estoque nominal de moeda Vamos ignorar aqui os detalhes do processo de oferta de moeda que discutimos na Seção 43 e pensar apenas que o Banco Central controla M diretamente O lado direito nos dá a demanda por moeda que é função da renda nominal Y e da taxa nominal de juros i Como vimos na Seção 41 um aumento da renda nominal aumenta a demanda por moeda um aumento da taxa de juros diminui a demanda por moeda O equilíbrio requer que a oferta de moeda o lado esquerdo da equação seja igual à demanda por moeda o lado direito da equação Moeda real renda real e taxa de juros A equação M Y Li nos dá a relação entre moeda renda nominal e taxa de juros Será mais conveniente aqui reescrevêla como uma relação entre moeda real ou seja moeda em termos de bens renda real ou seja renda em termos de bens e taxa de juros Figura 53 Deslocamentos da curva IS Um aumento de impostos desloca a curva IS para a esquerda IS para T T IS para impostosT Juros i Y Produto Y Y i BookBlanchard 1indb 100 241017 1717 Capítulo 5 Mercados de bens e mercados financeiros o modelo ISLM 105 54 Uso de uma combinação de políticas Até agora examinamos a política fiscal e a política monetária isoladamente Nosso objetivo era mostrar como cada uma delas funcionava Na prática ambas são frequentemente usadas em conjunto O uso simultâneo de políticas monetária e fiscal é conhecido como combinação de políticas monetária e fiscal ou simplesmente combinação de políticas policy mix Às vezes a combinação correta significa utilizar as políticas monetária e fiscal no mesmo sentido Suponhamos por exemplo que a economia esteja em recessão e que o produto seja muito baixo Então ambas as políticas podem ser usadas para aumentar o produto Essa combinação é representada na Figura 58 O equilíbrio inicial é dado pela interseção de IS e LM no ponto A com o produto correspon dente Y A política fiscal expansionista digamos que por meio de uma redução dos impostos desloca a curva IS para a direita de IS para IS A política monetária Produto Y Y Y IS A A LM LM Taxa de juros i i i Figura 57 Os efeitos de uma diminuição na taxa de juros Uma expansão monetária desloca a curva LM para baixo e leva a um maior produto Vamos examinar primeiro a curva IS A alteração na taxa de juros não altera a relação entre a produção e a taxa de juros Não desloca a curva IS A mudança na taxa de juros no entanto leva trivialmente a um deslocamento da curva LM Esta curva deslocase para baixo da linha horizontal em i i para a linha horizontal i i O passo 2 é verificar como esses deslocamentos afetam o equilíbrio O equilíbrio é representado na Figura 57 A curva IS não se desloca e a curva LM deslocase para baixo A economia movese para baixo ao longo da curva IS e o equilíbrio se move do ponto A para o ponto A A produção aumenta de Y para Y e a taxa de juros diminui de i para i O passo 3 consiste em descrever isto em palavras uma menor taxa de juros leva a um aumento do investimento e por sua vez a um aumento da demanda e do produto Analisandose os componentes do produto o aumento do produto e a diminuição da taxa de juros levam ambos a um aumento do investimento O aumento da renda leva a um aumento da renda disponível e por sua vez do consumo Assim tanto o consumo quanto o investimento se elevam BookBlanchard 1indb 105 241017 1717 Capítulo 5 Mercados de bens e mercados financeiros o modelo ISLM 111 implica um maior investimento A relação entre redução do déficit e investimento é discutida no quadro Foco Redução do déficit bom ou ruim para o investimento Acabamos de ver um segundo exemplo de combinação de políticas Esta foi usada no início dos anos 1990 nos Estados Unidos Quando Bill Clinton foi eleito presidente em 1992 uma de suas prioridades era reduzir o déficit orçamentário com uma combinação de cortes de gasto e aumentos de imposto Clinton estava preocupado contudo que por si só tal contração fiscal levaria a uma diminuição da demanda e desencadearia outra recessão A estratégia certa era combinar uma con tração fiscal para se livrar do déficit com uma expansão monetária para garantir que a demanda e o produto permanecessem elevados Esta foi a estratégia adotada e executada por Bill Clinton responsável pela política fiscal e Alan Greenspan responsável pela política monetária O resultado desta estratégia e um pouco de sorte econômica foi uma redução constante do déficit orçamentário que se transformou em superávit orçamentário no final da década de 1990 e um aumento constante do produto durante o restante da década 55 Como o modelo ISLM se ajusta aos fatos Até agora ignoramos a dinâmica Por exemplo quando examinamos os efeitos de um aumento dos impostos na Figura 56 ou os efeitos de uma expansão monetária na Figura 57 fizemos como se a economia se movesse instanta neamente de A para A em outras palavras como se o produto fosse instanta neamente de Y para Y Isto certamente não é realista O ajuste do produto leva algum tempo Para captar essa dimensão temporal precisamos reintroduzir a dinâmica Produto Y Y Y Y IS IS LM LM A A A i Taxa de juros i Figura 59 Os efeitos de uma consolidação fiscal e uma expansão monetária combinadas A consolidação fiscal desloca a curva IS para a esquerda Uma expansão monetária desloca a curva LM para baixo BookBlanchard 1indb 111 241017 1717 114 Macroeconomia hipótese não é uma aproximação ruim da realidade no curto prazo O nível de preços praticamente não se altera nos primeiros seis trimestres Somente após os primeiros seis trimestres é que o nível de preços parece diminuir Isto nos dá uma pista importante do motivo pelo qual o modelo ISLM tornase menos confiável quando examinamos o médio prazo No médio prazo não podemos mais supor que o nível de preços seja dado e as mudanças nele tornamse importantes A Figura 510 fornece duas lições importantes Primeiro nos dá uma ideia da dinâmica do ajuste do produto e de outras variáveis em resposta à política monetária Segundo e mais fundamental ela nos mostra que o que observamos na economia é consistente com as implicações do modelo ISLM Isto não prova que o modelo ISLM seja o correto O que observamos na economia pode ser o resultado de um mecanismo completamente diferente e o fato de o modelo ISLM ajustarse bem pode ser uma coincidência Mas isto parece improvável O modelo ISLM parece ser uma base sólida para nos apoiarmos quando examinamos mudanças no nível de atividade no curto prazo Mais adiante estenderemos o modelo para examinar o papel das expectativas capítulos 14 a 16 e as implicações da abertura tanto dos mercados de bens quanto dos mercados financeiros capítulos 17 a 20 Mas primeiro devemos entender o que determina o produto no médio prazo Este é o tema dos capítulos 7 a 9 Resumo O modelo ISLM descreve as implicações do equi líbrio simultâneo do mercado de bens e dos mer cados financeiros A relação IS e a curva IS mostram as combinações de taxa de juros e nível de produto consistentes com o equilíbrio do mercado de bens Um aumento da taxa de juros leva a uma diminuição do produto Em consequência a curva IS é negativamente inclinada A relação LM e a curva LM mostram as combina ções de taxa de juros e nível de produto consistentes com o equilíbrio dos mercados financeiros Sob o pressuposto de que o Banco Central escolhe a taxa de juros a curva LM é uma linha horizontal à taxa de juros escolhida pelo Banco Central Uma expansão fiscal desloca a curva IS para a direita levando a um aumento do produto Uma contração fiscal desloca a curva IS para a esquerda levando a uma diminuição do produto Uma expansão monetária desloca a curva LM para baixo levando a um aumento do produto e a uma diminuição da taxa de juros Uma contração monetária desloca a curva LM para cima levando a uma dimi nuição do produto e a um aumento da taxa de juros A combinação das políticas monetária e fiscal é também conhecida simplesmente como combina ção de políticas Às vezes as políticas monetária e fiscal são utilizadas no mesmo sentido outras vezes em sentidos opostos A contração fiscal e a expansão monetária podem por exemplo atin gir uma diminuição do déficit orçamentário e ao mesmo tempo evitar uma diminuição do produto O modelo ISLM parece descrever bem o com portamento da economia no curto prazo Em par ticular os efeitos da política monetária parecem ser semelhantes àqueles indicados pelo modelo ISLM caso a dinâmica seja introduzida Um aumento da taxa de juros devido a uma contração monetária leva a uma diminuição consistente do produto cujo efeito máximo ocorre após cerca de oito trimestres Palavraschave aperto monetário 104 combinação de políticas monetária e fiscal 105 consolidação fiscal 102 contração fiscal 102 contração monetária 104 curva IS 98 curva LM 101 expansão fiscal 103 expansão monetária 104 intervalo de confiança 112 BookBlanchard 1indb 114 241017 1717 Capítulo 5 Mercados de bens e mercados financeiros o modelo ISLM 115 Questões e problemas Teste rápido 1 Usando as informações contidas neste capítulo diga se cada afirmação a seguir é verdadeira falsa ou incerta Explique brevemente a Os principais determinantes do investimento são o nível de vendas e a taxa de juros b Se todas as variáveis exógenas da relação IS forem constantes então um nível de produto mais alto só poderá ser atingido pela diminuição da taxa de juros c A curva IS é negativamente inclinada porque o equilíbrio do mercado de bens implica que um aumento dos impostos leve a um nível de produto mais baixo d Se os gastos do governo e os impostos aumen tarem no mesmo montante a curva IS não se deslocará e A curva LM é horizontal no nível da taxa de juros escolhido pela política do Banco Central f A oferta real de moeda é constante ao longo da curva LM g Se a oferta nominal de moeda é de US 400 bilhões e o nível de preço sobe de um valor de índice de 100 para um valor de índice de 103 a oferta real de moeda sobe h Se a oferta nominal de moeda aumenta de US 400 bilhões para US 420 bilhões e o nível de preços sobe de um valor de índice de 100 para 102 a oferta real de moeda sobe i Um aumento dos gastos governamentais leva à diminuição do investimento no modelo ISLM 2 Consideremos inicialmente o modelo do mercado de bens com investimento constante que vimos no Capítulo 3 O consumo é dado por C c0 c1 Y T sendo I G e T dados a Resolva para encontrar o produto de equilí brio Qual é o valor do multiplicador para uma mudança no gasto autônomo Agora deixemos o investimento depender tanto das vendas como da taxa de juros I b0 b1Y b2i b Resolva para encontrar o produto de equilíbrio usando os métodos vistos no Capítulo 3 A dada taxa de juros o efeito de uma mudança do gasto autônomo é maior do que era em a Por quê Suponhamos c1 b1 1 c Suponhamos que o Banco Central escolha uma taxa de juros de i Resolva para o produto de equilíbrio a esta taxa de juros d Desenhe o equilíbrio dessa economia usando um diagrama ISLM 3 Resposta da economia à política fiscal a Usando o diagrama de ISLM mostre os efeitos de uma diminuição dos gastos do governo sobre o produto Você pode explicar o que acontece com o investimento Por quê Agora consideremos o seguinte modelo ISLM C c0 c1 Y T I b0 b1Y b2i Z C I G i i b Resolva para encontrar o produto de equilíbrio quando a taxa de juros é i Suponhamos c1 b1 1 Dica se tiver problemas com este passo volte à questão 2 c Resolva para encontrar o nível de equilíbrio do investimento d Vamos para os bastidores do mercado monetá rio Use o equilíbrio no mercado monetário MP d1Y d2i para resolver o nível de equilíbrio da oferta real de moeda quando i i Como a oferta real de moeda varia de acordo com os gastos públicos 4 Consideremos o mercado monetário para compreen der melhor a curva LM horizontal neste capítulo A relação do mercado monetário Equação 53 é M P Y L1i2 a O que está no lado esquerdo da Equação 53 b O que está no lado direito da Equação 53 c Volte à Figura 43 no capítulo anterior Como está a função Li representada nessa figura d Você precisa modificar a Figura 43 para representar a Equação 53 de duas maneiras Como o eixo horizon tal deve ser renomeado Qual é a variável que des loca a função de demanda da moeda Desenhe uma Figura 43 modificada com as legendas apropriadas e Use sua Figura 43 modificada para mostrar que 1 à medida que o produto aumenta para manter cons tante a taxa de juros o Banco Central deve aumentar a oferta real de moeda 2 à medida que o produto diminui para manter constante a taxa de juros o Banco Central deve diminuir a oferta real de moeda BookBlanchard 1indb 115 241017 1717 116 Macroeconomia 5 Consideremos o seguinte exemplo numérico do modelo ISLM C 200 025YD I 150 025Y 1000i G 250 T 200 i 005 a Derive a relação IS Dica você deseja uma equação com Y do lado esquerdo e tudo o mais do lado direito b O Banco Central fixa uma taxa de juros de 5 Como esta decisão é representada nas equações c Qual é o nível de oferta real de moeda quando a taxa de juros é de 5 Use a expressão MP 2Y 8000i d Resolva para encontrar os valores de equilíbrio de C e I e verifique o valor obtido para Y adicio nando C I e G e Suponhamos agora que o Banco Central baixe a taxa de juros para 3 Como isso muda a curva LM Resolva para encontrar Y I e C e descreva os efeitos de uma política monetária expansionista Qual é o novo valor de equilíbrio da oferta MP f Retorne à situação inicial em que a taxa de juros determinada pelo Banco Central é de 5 Suponhamos agora que os gastos do governo aumentem para G 400 Resuma os efeitos de uma política fiscal expansionista sobre Y I e C Qual é o efeito da política fiscal expansionista sobre a oferta real de moeda Aprofundando 6 Investimento e taxa de juros O capítulo argumenta que o motivo pelo qual o inves timento depende negativamente da taxa de juros é que quando a taxa de juros aumenta o custo de tomar emprés timos também aumenta e isso desencoraja os investimen tos Contudo as empresas frequentemente financiam seus projetos de investimento com recursos próprios Se uma empresa estiver considerando utilizar seus próprios fundos em vez de realizar um empréstimo para financiar projetos de investimento as taxas de juros mais altas vão desencorajála na realização dos projetos Explique Dica pense em você mesmo como proprie tário de uma empresa que auferiu lucros e imagine que vai usar os lucros ou para financiar novos projetos de investimento ou para comprar títulos Sua decisão de investir em novos projetos para sua empresa será afetada pela taxa de juros 7 Combinação de políticas BushGreenspan Em 2001 o Fed buscou uma política monetária expan sionista e baixou as taxas de juros Ao mesmo tempo o presidente George W Bush pressionou pela redução dos impostos de renda por meio de leis a Mostre o efeito dessa combinação de políticas sobre o produto b Em que difere essa combinação de políticas da combinação ClintonGreenspan c O que aconteceu com o produto em 2001 Como você concilia o fato de ambas as políticas fiscal e monetária terem sido expansionistas com o fato de o crescimento ter sido tão baixo em 2002 Dica o que mais ocorreu 8 Qual combinação de políticas é necessária para atin gir os seguintes objetivos a Aumentar Y mantendo i constante O investi mento I seria alterado b Diminuir o déficit fiscal mantendo Y constante Por que i também deve mudar 9 O paradoxo menos paradoxal da poupança No final do Capítulo 3 um problema considerou o efeito da queda da confiança do consumidor na poupança privada e nos investimentos quando estes dependiam do produto mas não das taxas de juros Aqui consideramos o mesmo caso com base no modelo ISLM no qual o investimento depende tanto do produto quanto das taxas de juros mas o Banco Central altera as taxas de juros para manter constante o produto a Suponhamos que as famílias tentem poupar mais de modo que a confiança do consumidor caia Utilizando um diagrama ISLM no qual o banco central altera as taxas de juros para manter o produto constante mostre o efeito da queda na confiança do consumidor sobre o equilíbrio da economia b Como a queda da confiança do consumidor afe tará o consumo o investimento e a poupança pri vada A tentativa de poupar mais efetivamente levará a uma poupança maior Esta tentativa necessariamente levará uma poupança menor Explorando mais 10 Combinação de políticas ClintonGreenspan Conforme descrito ao longo do capítulo durante a administração Clinton a combinação de políticas mudou em direção a uma política fiscal mais contracionista e uma política monetária mais expansionista Esta questão explora as implicações dessa mudança na combinação de políticas na teoria e na prática BookBlanchard 1indb 116 241017 1717 Capítulo 5 Mercados de bens e mercados financeiros o modelo ISLM 117 a O que o Federal Reserve deve fazer para garan tir que uma queda em G e um aumento em T não tenham efeito sobre o produto Mostre o efeito dessas políticas em um diagrama ISLM O que acontece com a taxa de juros O que acontece com o investimento b Visite o site do Economic Report of the President httpswwwgovinfogovappcollection ERP Examine a Tabela B79 no apêndice esta tístico O que aconteceu com as receitas federais receita de impostos as despesas federais e o déficit orçamentário como porcentagem do PIB no período 19922000 Note que as despesas federais incluem as transferências que seriam excluídas da variável G conforme definimos em nosso modelo ISLM Ignore a diferença c O Federal Reserve Board of Governors publica o histórico recente da taxa dos fundos federais no site httpwwwfederalreservegovreleases h15datahtm Você deve escolher examinar a taxa em um intervalo diário semanal mensal ou anual Analise o período entre 1992 e 2000 Quando a política monetária se tornou mais expansionista d Vá para a tabela B2 do Economic Report of the President e obtenha dados sobre o PIB real e sobre o investimento interno bruto real no período 19922000 Calcule o investimento como uma percentagem do PIB para cada ano O que aconteceu com o investimento ao longo do período e Por fim vá para a Tabela B31 e obtenha dados sobre o PIB real per capita em dólares enca deados de 2005 para o período Calcule a taxa de crescimento para cada ano Qual foi a taxa média anualizada de crescimento no período 19922000 No Capítulo 10 você aprenderá que a taxa média anualizada de crescimento do PIB real per capita dos Estados Unidos foi de 26 entre 1950 e 2004 Como se comparou o cresci mento entre 1992 e 2000 à média no pósguerra 11 Consumo investimento e a recessão de 2001 Esta questão pede que você examine as variações do investimento e do consumo antes durante e depois da recessão de 2001 Pede também que considere a resposta do investimento e do consumo aos eventos de 11 de setembro de 2001 Visite o site do Bureau of Economic Analysis httpwwwbeagov Localize as tabelas do Nipa em particular as versões trimestrais da Tabela 111 que mostram a variação percentual do PIB real e de seus componentes e a Tabela 112 que mostra a contribui ção dos componentes do PIB à variação percentual total A Tabela 112 pesa a variação percentual dos componentes pelo seu tamanho O investimento é mais variável do que o consumo mas o consumo é muito maior do que o investimento portanto variações per centuais menores do consumo podem ter o mesmo impacto sobre o PIB de variações percentuais muito maiores do investimento Observe que as variações percentuais trimestrais são anualizadas isto é expres sas como taxas anuais Obtenha dados trimestrais em termos reais sobre PIB consumo investimento privado interno bruto e investimento fixo não residencial para o período de 1999 a 2002 nas tabelas 111 e 112 a Identifique os trimestres de crescimento nega tivo em 2000 e 2001 b Examine o consumo e o investimento em 2000 e 2001 Qual variável na Tabela 111 teve a maior variação percentual nesse período Compare o investimento fixo não residencial com o investimento total Qual variável teve a maior variação percentual c Na Tabela 112 obtenha a contribuição do con sumo e do investimento para o crescimento do PIB de 1999 a 2001 Calcule a média das contri buições trimestrais de cada variável para cada ano Agora calcule a variação da contribuição de cada variável para 2000 e 2001 isto é subtraia a contribuição média do consumo em 1999 da contribuição média do consumo em 2000 sub traia a contribuição média do consumo em 2000 da contribuição média do consumo em 2001 e faça o mesmo para o investimento nos dois anos Qual variável teve a maior queda na contribuição para o crescimento Em sua opinião qual foi a causa aproximada da recessão em 2001 Foi uma queda na demanda por investimento ou uma queda na demanda por consumo d Agora veja o que aconteceu com o consumo e o investimento no terceiro e no quarto trimestres de 2001 e nos dois primeiros trimestres de 2002 após os acontecimentos de 11 de setembro A queda no investimento ao final de 2001 faz sentido para você Quanto durou essa queda no investimento O que aconteceu com o con sumo nesse período Como você explica em particular a variação no consumo no quarto trimestre de 2001 Os ataques terroristas de 11 de setembro de 2001 causaram a recessão de 2001 Use a discussão no capítulo e sua intui ção como guias para responder às perguntas desta parte BookBlanchard 1indb 117 241017 1717 118 Macroeconomia Leitura adicional Uma descrição sobre a economia dos Estados Unidos do período da exuberância irracional até a recessão de 2001 e o papel das políticas fiscal e monetária está em KRUGMAN Paul The great unraveling W W Norton Nova York 2003 Advertência Krugman não gosta da administração Bush nem de suas políticas BookBlanchard 1indb 118 241017 1717 122 Macroeconomia Visto que a inflação esperada é normalmente positiva a taxa de juros real é normalmente mais baixa do que a taxa de juros nominal Para uma dada taxa de juros nominal quanto maior a taxa esperada de inflação menor a taxa de juros real O caso em que a inflação esperada é igual à taxa de juros nominal merece uma análise mais aprofundada Suponhamos que a taxa de juros nominal e a inflação esperada sejam ambas iguais a 10 e você é o devedor Para cada dólar que tomar emprestado neste ano terá de pagar US 110 no próximo ano Isso parece caro mas os dólares vão valer 10 menos em termos de pão no próximo ano Assim se você tomar emprestado o equivalente a 500 g de pão terá de pagar o equivalente a 500 g de pão no próximo ano O custo real do empréstimo a taxa de juros real é igual a zero Agora suponhamos que você seja o credor para cada dólar que emprestar neste ano receberá US 110 no próximo ano Isso parece atraente mas os dólares no próximo ano vão valer 10 a menos em termos de pão Se você emprestar o equivalente a 500 g de pão neste ano receberá o equivalente a 500 g de pão no próximo ano apesar da taxa de juros nominal de 10 a taxa de juros real é igual a zero Até aqui assumimos que há apenas um bem o pão Mas o que fizemos pode ser facilmente generalizado para muitos bens Tudo o que precisamos fazer é substituir o nível de preço o preço de uma cesta de bens pelo preço do pão na Equação 61 ou 63 Se usarmos o Índice de Preços ao Consumidor IPC para medir o nível de preços a taxa de juros real nos dirá de quanto consumo devemos abrir mão no próximo ano para consumir mais neste ano Taxas de juros nominais e reais nos Estados Unidos desde 1978 Voltemos à questão no início desta seção Podemos agora reformulála da seguinte forma a taxa de juros real em 2006 foi menor do que em 1981 Mais genericamente o que aconteceu com a taxa de juros real nos Estados Unidos desde o início dos anos 1980 A resposta é mostrada na Figura 62 que representa as taxas de juros nominais e reais desde 1978 Para cada ano a taxa de juros nominal é a taxa de um ano do Tbill no início do ano Para construir a taxa de juros real precisamos de um indica dor da inflação esperada mais precisamente a taxa de inflação esperada a partir do início de cada ano Utilizamos para cada ano a previsão de inflação usando o deflator do PIB para esse ano publicado no final do ano anterior pela OCDE Por exemplo a previsão de inflação considerada para construir a taxa de juros real de 2006 é a previsão de inflação de 2006 publicada pela OCDE em dezembro de 2005 ou seja 25 Observe que a taxa de juros real i e é baseada na inflação esperada Se a inflação real for diferente da esperada a taxa de juros real realizada i será diferente da taxa de juros real Por essa razão a taxa de juros real é às vezes deno minada taxa de juros real exante exante significa antes do fato neste caso antes que a inflação seja conhecida E a taxa de juros real realizada é denominada taxa de juros real expost expost significa depois do fato neste caso depois que a inflação seja conhecida A Figura 62 mostra a importância do ajuste para a inflação Embora a taxa nominal tenha sido muito menor em 2006 do que em 1981 a taxa de juros real foi mais elevada nesse período A taxa real foi de cerca de 17 em 2006 e 14 em 1981 Dito de outra forma apesar do acentuado declínio nas taxas de juros nominais tomar crédito custou efetivamente mais caro em 2006 do que em 1981 Isso se deve ao fato de que a inflação e com ela a inflação esperada tem baixado regularmente desde o início dos anos 1980 BookBlanchard 1indb 122 241017 1717 Capítulo 6 Mercados financeiros II o modelo ISLM ampliado 123 22 0 2 4 6 8 10 12 14 78 80 82 84 86 88 90 92 94 96 98 00 02 04 06 08 10 12 14 Taxa nominal Taxa real Percentual Figura 62 Taxas de juros nominal e real de Tbill com vencimento em um ano nos Estados Unidos desde 1978 A taxa nominal baixou consideravelmente desde o início da década de 1980 mas visto que a inflação esperada também caiu a taxa real diminuiu muito menos do que a nominal Fonte a taxa de juros nominal é a letra do Tesouro de 1 ano em dezembro do ano anterior Series TB1YR Federal Reserve Economic Data FRED Disponível em httpresearchstlouisfedorgfred2 Acesso em 30 jun 2017 Series TB6MS em dezembro de 2001 2002 2003 e 2004 A inflação esperada é a previsão de 12 meses usandose o deflator do PIB do Panorama Econômico da OCDE de dezembro do ano anterior Taxas de juros nominais e reais o limite inferior zero e a deflação Qual taxa de juros deve entrar na relação IS Certamente ao pensar em consumo ou decisões de investimento o que mais importa para as pessoas ou empresas é a taxa de juros real aquela em termos de bens Isso tem uma implicação direta para a política monetária Embora o Banco Central escolha a taxa nominal como vimos no Capítulo 3 ele se preocupa com a taxa de juros real porque é a que afeta decisões de gastos Para determinar a taxa de juros real de sua escolha o Banco Central deve levar em conta a inflação esperada Se por exemplo ele quer colocar a taxa de juros real no nível r deverá escolher a taxa nominal i de modo que dada a inflação esperada e a taxa de juros real r i e esteja no nível desejado Por exemplo se quiser que a taxa de juros real seja de 4 e a inflação esperada for 2 a taxa de juros nominal i será fixada em 6 Assim podemos pensar que o Banco Central escolhe a taxa de juros real Essa conclusão traz contudo uma importante advertência que discutimos no Capítulo 4 no contexto da armadilha da liquidez Como vimos lá o limite inferior zero implica que a taxa de juros nominal não pode ser negativa caso contrário as pessoas não vão manter títulos Isso implica que a taxa de juros real não pode ser inferior à inflação multiplicada por menos um Assim se a inflação esperada for de 2 por exemplo a taxa real mais baixa poderá ser 0 2 2 Enquanto a inflação esperada for positiva poderemos ter taxas de juros reais negativas Mas se a inflação esperada se tornar negativa se as pessoas anteciparem a deflação o limite inferior da taxa real será positivo e poderá se revelar elevado Se por exemplo a deflação esperada for de 2 a taxa real não poderá ser inferior a 2 Isso pode não ser baixo o suficiente para aumentar significativamente a demanda de bens e a economia poderá permanecer em recessão Como veremos na Seção 65 o limite inferior zero tornouse um problema sério durante a crise de 2008 BookBlanchard 1indb 123 241017 1717 136 Macroeconomia Financiamento no atacado Outra evolução das décadas de 1990 e 2000 foi o desenvolvimento de outras fontes financeiras além dos depósitos à vista pelos bancos Cada vez mais eles dependiam de empréstimos de outros bancos e outros investidores sob a forma de dívida de curto prazo para financiar a compra de seus ativos um processo conhecido como financiamento no atacado Os SIVs entidades financeiras criadas pelos bancos eram inteiramente financiados por esse tipo de financiamento O financiamento no atacado também parecia uma boa ideia dando aos ban cos mais flexibilidade no montante de fundos que poderiam usar para fazer empréstimos ou comprar ativos Mas havia um custo e esse custo mais uma vez se tornou claro durante a crise Embora os correntistas fossem protegidos por um seguro de depósito e não tivessem de se preocupar com o valor depositado não era esse o caso dos demais investidores Assim quando esses investidores se preocupavam com o valor dos ativos detidos pelos bancos ou SIVs pediam seus fundos de volta Em termos da discussão na seção anterior os bancos e SIVs tinham passivos líquidos muito mais líquidos do que seus ativos O resultado dessa combinação de alta alavancagem ativos ilíquidos e passivos líquidos foi uma grave crise financeira À medida que os preços dos imóveis resi denciais declinavam e algumas hipotecas não eram quitadas a alta alavancagem implicava um declínio acentuado do capital de bancos e SIVs Isso por sua vez obrigavaos a vender alguns de seus ativos Como esses ativos eram muitas vezes difíceis de avaliar eles tinham de vendêlos a preços de queima de estoque Isso por sua vez diminuía o valor de ativos similares remanescentes em seu balanço ou no balanço de outros intermediários financeiros acarretando mais declínio das razões de capital e forçando novas vendas de ativos e quedas nos preços A complexidade dos títulos detidos pelos bancos e SIVs dificultava a avaliação de sua solvência Os investidores relutavam em continuar a lhes emprestar e o financiamento no atacado cessou o que forçou novas vendas de ativos e quedas nos preços Até os bancos relutavam em fazer empréstimo para outros bancos Em 15 de setembro de 2008 o Lehman Brothers um grande banco com mais de US 600 bilhões em ativos declarou falência levando os participantes financeiros a concluir que muitos se não a maioria dos outros bancos e instituições financeiras estavam realmente em risco Em meados de setembro de 2008 o sistema financeiro estava paralisado Os bancos basicamente pararam de fazer empréstimos entre si ou a quem quer que fosse Rapidamente o que havia sido em grande parte uma crise financeira se transformou em uma crise macroeconômica Implicações macroeconômicas Os efeitos imediatos da crise financeira sobre a macroeconomia foram dois Primeiro um considerável aumento nas taxas de juros às quais pessoas e empresas poderiam contrair empréstimos se conseguissem obtêlos em segundo lugar uma queda acentuada na confiança Vimos o efeito sobre diversas taxas de juros na Figura 63 No final de 2008 as taxas de juros dos títulos mais bem classificados AAA subiram para mais de 8 ao passo que as dos títulos de ratings mais baixos BBB subiram para 10 De repente tomar empréstimo ficou extremamente oneroso para a maioria das empresas E para as muitas empresas pequenas demais para emitir títulos e portanto dependentes de crédito bancário isso se tornou praticamente impossível Os acontecimentos de setembro de 2008 também disseminaram angústia entre os consumidores e as empresas O fantasma de outra Grande Depressão e de modo mais generalizado confusão e temor sobre o que estava acontecendo BookBlanchard 1indb 136 241017 1717 140 Macroeconomia Resumo A taxa de juros nominal indica quantos dólares são necessários pagar no futuro em troca de um dólar no presente A taxa de juros real informa quantos bens são necessários pagar no futuro em troca de um bem no presente A taxa de juros real é aproximadamente igual à taxa de juros nominal menos a inflação esperada O limite inferior zero da taxa de juros nominal implica que a taxa de juros real não pode ser infe rior ao negativo da inflação esperada A taxa de juros de um título depende tanto da probabilidade de que o emitente do título vá ficar inadimplente quanto do grau de aversão ao risco dos detentores de títulos Uma probabilidade maior ou um grau mais elevado de aversão ao risco levam a uma taxa de juros mais alta Os intermediários financeiros recebem fundos de investidores e emprestam esses fundos a outros Ao escolher sua razão de alavancagem os intermedi ários financeiros ponderam o lucro esperado e o risco de insolvência Devido à alavancagem o sistema financeiro está exposto aos riscos de solvência e iliquidez Ambos podem levar os intermediários financeiros a dimi nuir os empréstimos Quanto maior o índice de alavancagem ou quanto mais ilíquidos os ativos ou quanto mais líquidos os passivos maior o risco de uma corrida bancária ou de modo mais geral de uma corrida aos interme diários financeiros O modelo ISLM deve ser ampliado para levar em conta a diferença entre a taxa de juros nominal e a taxa de juros real e a diferença entre a taxa básica escolhida pelo Banco Central e a taxa de juros às quais as empresas e as pessoas podem contrair empréstimo Um choque no sistema financeiro leva a um aumento da taxa de juros à qual pessoas e empresas podem tomar empréstimo a uma dada taxa básica Isso leva a uma redução no produto A crise financeira do final da década de 2000 foi desencadeada por uma queda nos preços dos imóveis residenciais E amplificada pelo sistema financeiro Os intermediários financeiros estavam altamente alavancados Por causa da securitização seus ati vos eram difíceis de avaliar e portanto ilíquidos Devido ao financiamento no atacado seus passivos eram líquidos Corridas forçaram os intermediários financeiros a reduzir os empréstimos com fortes efeitos adversos sobre o produto Foram utilizadas políticas financeiras fiscais e monetárias Elas não foram suficientes no entanto para evitar uma profunda recessão Palavraschave agências de rating 135 American Recovery and Reinvestment Act 138 atividade bancária limitada 128 ativos tóxicos 135 aversão ao risco 124 corridas bancárias 128 credores hipotecários 133 debaixo dágua underwater 133 depósitos sob demanda 128 finanças diretas 125 financiamento no atacado 136 garantia 138 hipotecas subprime 133 insolvência 127 liquidez 129 política monetária não convencional 138 preços de queima de estoque 128 prêmio de risco 124 programas de liquidez 138 provisão de liquidez 129 razão de alavancagem 126 razão de capital 126 securitização 135 seguro federal de depósito 129 shadow banking 125 taxa básica 130 taxa de empréstimo 130 taxa de juros nominais 120 taxa de juros reais 120 título garantido por créditos hipotecários MBS 135 BookBlanchard 1indb 140 241017 1717 Capítulo 6 Mercados financeiros II o modelo ISLM ampliado 141 títulos de dívida colateralizada CDO 135 títulos júnior 135 títulos sênior 135 Trouble Asset Relief Program TARP 138 veículos de investimento estruturado SIVs 134 Questões e problemas Teste rápido 1 Utilizando as informações deste capítulo diga se cada afirmação a seguir é verdadeira falsa ou incerta Explique brevemente a A taxa de juros nominal é medida em termos de bens a taxa de juros real é medida em termos de moeda b Enquanto a inflação esperada permanecer pratica mente constante os movimentos da taxa de juros real serão praticamente iguais aos movimentos na taxa de juros nominal c A taxa de juros básica nominal estava no limite inferior zero nos Estados Unidos em 2013 d Quando a inflação esperada sobe a taxa de juros real cai e Todos os títulos têm o mesmo risco de inadimplên cia e portanto pagam as mesmas taxas de juros f A taxa de juros básica nominal é definida pelo Banco Central g Um aumento no índice de alavancagem de um banco tende a aumentar tanto seu lucro esperado quanto seu risco de falência h A taxa de empréstimo real e a taxa básica real sempre se movem na mesma direção i Pode ser difícil avaliar ativos de bancos e outros intermediários financeiros particularmente em uma crise financeira j Quando um banco tem alta alavancagem e baixa liquidez deve vender ativos a preços de queima de estoque k Os bancos e outros intermediários financeiros possuem ativos que são menos líquidos do que seus passivos l Os preços dos imóveis residenciais aumentaram constantemente desde o ano 2000 m O programa de estímulo fiscal adotado pelos Estados Unidos em resposta à crise financeira ajudou a compensar o declínio na demanda agre gada e reduzir o tamanho da recessão n O programa de estímulo fiscal adotado pelos Estados Unidos incluiu um considerável aumento no déficit medido como percentual do PIB 2 Calcule a taxa de juros real usando a fórmula exata e a fórmula aproximada para cada conjunto de pres supostos listados nos itens a a c a i 4 πe 2 b i 15 πe 11 c i 54 πe 46 3 Preencha a tabela a seguir e responda às perguntas relacionadas com os dados nela contidos Situação Taxa de juros básica nominal Inflação esperada Taxa de juros básica real Prêmio de risco Taxa de empréstimo nominal Taxa de empréstimo real A 3 0 0 B 4 2 1 C 0 2 4 D 2 6 3 E 0 2 5 a Quais situações correspondem à armadilha da liquidez definida no Capítulo 4 b Quais situações correspondem ao caso em que o valor da taxa de juros básica nominal está no limite inferior zero c Qual situação tem o prêmio de risco mais alto Quais são os dois fatores de risco nos mercados de títulos que acarretam um prêmio de risco positivo d Por que é tão importante quando a taxa de juros básica nominal está no limite inferior zero manter uma taxa de inflação esperada positiva 4 Corridas bancárias modernas Consideremos um banco simples que tem ativos de 100 capital de 20 e depósitos à vista de 80 Lembrese do Capítulo 4 que os depósitos à vista são passivos de um banco a Monte o balanço do banco b Suponhamos que o valor percebido dos ativos do banco caia em 10 Qual é o novo valor do BookBlanchard 1indb 141 241017 1717 142 Macroeconomia capital do banco Qual é a taxa de alavancagem do banco c Suponhamos que os depósitos sejam segurados pelo governo Apesar do declínio do valor do capi tal dos bancos existe alguma razão imediata para que os correntistas saquem fundos do banco Sua resposta mudaria se o valor percebido dos ativos do banco caísse em 15 20 25 Explique Agora consideremos um tipo diferente de banco ainda com ativos de 100 e capital de 20 mas agora com crédito de curto prazo de 80 em vez de depósitos à vista O crédito de curto prazo deve ser pago ou rolado emprestado novamente quando vencer d Monte o balanço do banco e Novamente suponhamos que o valor percebido dos ativos do banco caia Se os credores estive rem preocupados com a solvência do banco eles estarão dispostos a continuar a prover crédito de curto prazo para o banco a taxas de juros baixas f Assumindose que o banco não possa obter capi tal adicional como ele pode conseguir os fundos necessários para pagar sua dívida a vencer Se muitos bancos estiverem nessa posição ao mesmo tempo e se os bancos possuírem tipos semelhan tes de ativo o que provavelmente acontecerá com o valor dos ativos desses bancos Como isso afe tará a disposição dos credores de oferecer crédito de curto prazo 5 A visão ISLM do mundo em mercados financeiros mais complexos Consideremos uma economia descrita na Figura 66 no texto a Quais são as unidades no eixo vertical da Figura 66 b Se a taxa de juros básica nominal for de 5 e a taxa de inflação esperada for de 3 qual será o valor do intercepto vertical da curva LM c Suponhamos que a taxa de juros nominal seja de 5 Se a inflação esperada baixar de 3 para 2 para impedir o deslocamento da curva LM na Figura 66 o que o Banco Central deve fazer com a taxa de juros básica nominal d Se a taxa de inflação esperada diminuísse de 3 para 2 a curva IS variaria e Se a taxa de inflação esperada diminuísse de 3 para 2 a curva LM variaria f Se o prêmio de risco dos títulos de risco aumen tasse de 5 para 6 a curva LM variaria g Se o prêmio de risco dos títulos de risco aumen tasse de 5 para 6 a curva IS variaria h Quais são as opções de política fiscal que impedem que um aumento do prêmio de risco sobre títulos de risco diminua o nível de produto i Quais são as opções de política monetária que impedem que um aumento do prêmio de risco sobre títulos de risco diminua o nível de produto Aprofundando 6 Taxas de juros nominais e reais pelo mundo a Há alguns episódios de taxa de juros nominal negativa no mundo Alguns podem ou não estar em ação no momento em que você lê este livro A taxa de juros básica nominal suíça o equiva lente suíço da taxa de fundos federais é a série IRSTCI01CHM156N da base de dados do FRED mantida no Federal Reserve Bank de St Louis A taxa de juros básica nominal suíça foi negativa em 2014 e 2015 Nesse caso por que não reter dinheiro em vez de títulos Nos Estados Unidos o Federal Reserve ainda não fixou a taxa básica nominal abaixo de zero b A taxa de juros real é frequentemente negativa veja a Figura 62 Em que circunstâncias ela pode ser negativa Nesse caso por que não reter apenas dinheiro em vez de títulos c Quais são os efeitos de uma taxa de juros real nega tiva sobre a tomada e a concessão de empréstimos d Encontre um exemplar recente da The Economist e consulte a tabela no seu verso intitulada Indicadores econômicos e financeiros Use a taxa de três meses do mercado monetário como uma aproximação da taxa de juros básica nomi nal e a mais recente taxa de variação dos preços ao consumidor como uma medida da taxa espe rada de inflação ambas são expressas em termos anuais Quais países apresentam a menor taxa de juros nominal Algum país tem uma taxa de juros básica nominal negativa Quais países têm as taxas de juros reais mais baixas Algumas des sas taxas de juros reais são negativas 7 O Troubled Asset Relief Program TARP Consideremos um banco que tem ativos de 100 capital de 20 e crédito de curto prazo de 80 Entre os ativos do banco estão ativos securitizados cujo valor depende do preço dos imóveis residenciais Esses ativos têm um valor de 50 a Monte o balanço do banco BookBlanchard 1indb 142 241017 1717 Capítulo 6 Mercados financeiros II o modelo ISLM ampliado 143 Suponhamos que como resultado de uma queda no preço dos imóveis residenciais os ativos securitizados do banco caiam em um montante incerto de modo que o valor dos ativos fique entre 25 e 45 Chamemos os ativos securitizados de ativos problemáticos O valor dos outros ativos permanece em 50 Como resultado da incerteza quanto ao valor dos ativos os credores estão relutantes em prover qualquer crédito de curto prazo ao banco b Dada a incerteza quanto ao valor dos ativos do banco qual é a faixa de valor do capital do banco Como resposta a esse problema o governo avalia a possibilidade de comprar os ativos problemáticos com a intenção de revendêlos quando os mercados se estabilizarem Essa é a versão original do TARP c Se o governo pagar 25 pelos ativos problemáticos qual será o valor do capital do banco Quanto o governo terá de pagar pelos ativos problemáticos para garantir que o capital do banco não tenha um valor negativo E se o governo pagar 45 para os ativos problemáticos mas o verdadeiro valor se revelar muito inferior quem assumirá o custo dessa avaliação equivocada Explique Suponhamos que em vez de comprar os ativos problemáticos o governo ofereça capital ao banco comprando a titularidade de ações com a intenção de revendêlas quando os mercados se estabilizarem É o que o TARP passou a ser O governo troca títulos do Tesouro que se tornam ativos para o banco pelas ações d Suponhamos que o governo troque 25 em títulos do Tesouro pela titularidade de ações Assumindose o pior cenário possível tal que o valor dos ativos problemáticos seja apenas 25 monte o novo balanço do banco Lembrese de que a empresa tem agora três ativos 50 de ativos não problemáticos 25 de ativos problemáticos e 25 de títulos do Tesouro Qual é o valor total do capital do banco O banco será insolvente e Considerandose as suas respostas e o material no texto por que a recapitalização pode ser uma política melhor do que comprar os ativos problemáticos 8 Cálculo do prêmio de risco sobre títulos O texto apresenta uma fórmula em que 1 i 1 p1 i x p0 p é a probabilidade de o título não se pagar o emi tente decreta falência e tem retorno igual a zero i é a taxa de juros básica nominal x é o prêmio de risco a Se a probabilidade de falência for igual a zero qual será a taxa de juros do título de risco b Calcule a probabilidade de falência quando a taxa de juros nominal de um devedor de risco é 8 e a taxa de juros básica nominal é 3 c Calcule a taxa de juros nominal para um devedor quando a probabilidade de falência é 1 e a taxa de juros básica nominal é 4 d Calcule a taxa de juros nominal para um devedor quando a probabilidade de falência é 5 e a taxa de juros básica nominal é 4 e A fórmula assume que o pagamento em caso de inadimplência é igual a zero Na realidade muitas vezes é positivo Como você mudaria a fórmula nesse caso 9 Política monetária não convencional política finan ceira e afrouxamento quantitativo quantitative easing Escrevemos o modelo ISLM em termos de Relação IS Y CY T IY r x G 65 Relação LM r r 66 Interprete a taxa de juros como a taxa de fundos federal ajustada à inflação esperada a taxa de juros básica real do Federal Reserve Assuma que a taxa à qual as empresas podem contrair empréstimos é muito superior à taxa dos fundos federais e de modo equivalente que o prêmio x na equação IS seja alto a Suponhamos que o governo tome medidas para melhorar a solvência do sistema financeiro Se a ação governamental for bemsucedida e os bancos se mostrarem mais dispostos a conceder empréstimo a outros bancos e a empresas não financeiras o que deverá acontecer com o prê mio O que acontecerá com o diagrama ISLM com base na Figura 66 Podemos considerar a política financeira como uma espécie de política macroeconômica b Diante de uma taxa de juros nominal igual a zero suponhamos que o Fed decida comprar títulos diretamente para facilitar o fluxo de crédito nos mercados financeiros Essa política é denominada afrouxamento quantitativo Se ela tiver êxito de modo que seja mais fácil para empresas financei ras e não financeiras obter crédito o que deverá acontecer com o prêmio Que efeito isso terá no diagrama ISLM Se o afrouxamento quantita tivo surte algum efeito é verdade que o Fed não tem opções de política para estimular a economia quando a taxa dos fundos federais é igual a zero BookBlanchard 1indb 143 241017 1717 144 Macroeconomia Leitura adicional Há muitos livros bons sobre a crise dentre eles The Big Short 2010 de Michael Lewis e Fools Gold 2009 de Gillian Tett Ambos mostram como o sistema finan ceiro passou a ser cada vez mais arriscado até final mente entrar em colapso Ambos parecem histórias de detetive com muita ação e personagens fascinantes The Big Short virou filme A Grande Aposta em 2015 In Fed We Trust 2009 escrito por David Wessel editor de economia do Wall Street Journal descreve como o Fed reagiu à crise Também é uma leitura fascinante Leia também o ponto de vista interno The Courage to Act A Memoir of a Crisis and Its Aftermath 2015 de Ben Bernanke que foi presi dente do Fed durante a crise c Veremos mais adiante que um argumento a favor do afrouxamento quantitativo é que ele aumenta a inflação esperada Suponhamos que o afrouxa mento quantitativo aumente a inflação esperada Como isso afeta a curva LM na Figura 66 Explorando mais 10 O spread entre títulos sem risco e de risco O texto utilizou a Figura 63 para descrever flutua ções nos spreads entre a taxa sem risco dos títulos do Tesouro dos Estados Unidos com vencimento em 10 anos e títulos corporativos AAA e BBB também de 10 anos Essa figura pode ser atualizada consultando se a base de dados do Federal Reserve Bank de St Louis FRED O rendimento dos títulos do Tesouro de 10 anos é a variável DGS10 O título AAA de 10 anos da Moodys é a série DAAA Por fim o rendi mento do título BBB do Bank of America é a série BAMLC0A4CBBBEY a Encontre os valores desses três rendimentos para o dia mais próximo de quando você estiver ana lisando esta questão Qual é o rendimento mais alto e qual é o rendimento mais baixo Qual é o spread entre o rendimento BBB e AAA b Agora volte um ano e encontre os mesmos ren dimentos calculando os spreads Você pode pre encher a tabela a seguir Data BBB AAA Tesouro BBB AAA AAA Tesouro BBB Tesouro Hoje Um ano atrás c Você vê alguma evidência de mudança no prêmio de risco em relação ao ano anterior ou ele tem sido relativamente estável Explique 11 Títulos indexados à inflação Alguns títulos emitidos pelo Tesouro dos Estados Unidos realizam pagamentos indexados à inflação Esses títulos compensam os investidores pela inflação Portanto as taxas de juros correntes sobre esses títulos são taxas de juros reais taxas de juros em termos de bens Essas taxas de juros podem ser usadas com as taxas de juros nominais para fornecer uma medida da inflação esperada Vejamos como Acesse o site do Federal Reserve Board e obtenha a mais recente divulgação estatística listando as taxas de juros httpwwwfederalreservegovreleasesh15 Current Encontre a taxa de juros nominal corrente dos títulos do Tesouro com vencimento em cinco anos A seguir encontre a taxa de juros corrente dos títulos do Tesouro indexados à inflação com vencimento em cinco anos Qual você acha que os agentes dos mer cados financeiros supõem que será a taxa de inflação média ao longo dos próximos cinco anos BookBlanchard 1indb 144 241017 1717 N do RT a taxa de juros foi elevada três vezes desde então em dezembro de 2015 em dezembro de 2016 e em março de 2017 mas segue abaixo de 10 BookBlanchard 1indb 146 241017 1717 C A P Í T U L O Pense no que acontece quando as empresas respondem a um aumento da demanda com um aumento da produção Uma produção maior leva a um nível de emprego maior Um nível de emprego maior leva a uma taxa de desemprego menor Uma taxa de desemprego menor leva a salários mais altos Salários mais altos elevam os custos de produção levando as empresas a elevar os preços Preços maiores levam os trabalhadores a reivindicar salários mais altos que levam a novos aumentos nos preços e assim por diante Até agora simplesmente ignoramos essa sequência de eventos Na hipótese de um nível de preços constante no modelo ISLM na realidade assumimos que as empresas fossem capazes e estivessem dispostas a ofertar qualquer montante de produto a um dado nível de preços Assim enquanto estávamos concentrados no curto prazo essa hipótese era aceitável Na medida em que nossa atenção se volta para o médio prazo devemos abandonála explorar como os preços e os salários se ajustam ao longo do tempo e determinar como isso por sua vez afeta o produto Esta será nossa tarefa neste e nos próximos dois capítulos No centro da sequência de eventos descrita está o mercado de trabalho no qual os salários são determinados Este capítulo se concentra no mercado de trabalho e apresenta seis seções A Seção 71 apresenta uma visão geral do mercado de trabalho A Seção 72 concentrase no desemprego como ele se move ao longo do tempo e como seus movimentos afetam os trabalhadores As seções 73 e 74 examinam a determinação de preços e salários A Seção 75 examina o equilíbrio do mercado de trabalho Ela descreve a taxa natural de desemprego a taxa de desemprego para a qual a economia tende a retornar no médio prazo A Seção 76 apresenta o caminho que percorreremos nos capítulos seguintes 71 Um giro pelo mercado de trabalho A população total dos Estados Unidos em 2014 era de 3189 milhões de pessoas Figura 71 Excluindo as que estavam abaixo da idade de trabalhar menores de 16 anos as que prestavam serviço nas Forças Armadas e as que se encontravam presas o número de pessoas potencialmente disponíveis para empregos civis a população civil disponível em idade ativa1 era de 2479 milhões 1 N do RT O conceito mais comumente utilizado é o de população em idade ativa em inglês working age population No entanto o autor usa um conceito relativamente frequente nos Estados Unidos mas que não encontra correlato no Brasil noninstitutional civilian population Optouse por traduzilo por população civil disponível em idade ativa para indicar que a sua diferença em relação ao conceito de população em idade ativa é justamente a exclusão dos militares e das pessoas internadas em alguma instituição seja prisional ou psiquiátrica como sugerido no próprio texto Mercado de trabalho 7 BookBlanchard 1indb 147 241017 1717 Capítulo 7 Mercado de trabalho 153 Se por outro lado o ajuste ocorrer mediante demissões involuntárias então os trabalhadores empregados terão um risco maior de perder seus empregos De modo geral as empresas recorrem a ambas as formas de ajuste um nível de desemprego maior está relacionado tanto com uma probabilidade menor de encontrar emprego se a pessoa está desempregada quanto com uma probabilidade maior de perder o emprego se a pessoa está empregada As figuras 74 e 75 mostram a atuação desses dois efeitos nos Estados Unidos ao longo do período 19962014 A Figura 74 mostra duas variáveis ao longo do tempo a taxa de desemprego medida no eixo vertical esquerdo e a proporção de trabalhadores desempregados que encontram emprego a cada mês medida no eixo vertical direito Essa proporção é calculada dividindose o fluxo do desemprego para o emprego durante cada mês pelo número de desempregados Para mostrar a relação entre as duas variáveis mais claramente a proporção dos desempregados que encontram emprego é mostrada em uma escala invertida Esteja certo de entender que na escala vertical direita a proporção é menor no topo e maior na parte inferior A relação entre movimentos da proporção de trabalhadores desempregados que encontram emprego e a taxa de desemprego é notável Períodos de maior desem prego estão associados a proporções muito mais baixas de trabalhadores desempre gados que encontram emprego Em 2010 por exemplo com o nível de desemprego próximo a 10 somente 17 dos desempregados encontraram emprego em um mês em oposição a 28 em 2007 quando o nível de desemprego era muito inferior De modo semelhante a Figura 75 mostra duas variáveis contra o tempo a taxa de desemprego medida no eixo vertical esquerdo e a taxa mensal de desligamento do emprego medida no eixo vertical direito A taxa mensal de desligamento é cal culada dividindose o fluxo do emprego para o desemprego e para fora da força de trabalho durante cada mês pelo número de empregados no mês A relação entre as taxas de desligamento e desemprego é bastante evidente Um nível de desemprego maior implica uma taxa de desligamento maior isto é uma probabilidade maior de 16 18 20 22 24 26 28 30 32 34 4 5 6 7 8 9 10 1996 1998 2000 2002 2004 2006 2008 2010 2012 2014 Taxa de desemprego Percentual de trabalhadores desempregados que encontram emprego em um mês Taxa de desemprego percentual Percentual de trabalhadores desempregados que encontram emprego escala inversa Figura 74 Taxa de desemprego e proporção de desempregados que encontram emprego 19962014 Quando o nível de desemprego é alto a proporção de desempregados que encontra emprego é baixa Observe que a escala do lado direito é invertida Áreas sombreadas são períodos de recessão Fontes Series UNRATE Federal Reserve Economic Data FRED Disponível em httpresearchstlouisfedorgfred2 Acesso em 7 jul 2017 Série criada por Fleischman e Fallick httpwwwfederalreservegoveconresdataresearchdata BookBlanchard 1indb 153 241017 1717 Capítulo 7 Mercado de trabalho 161 W P 1 1 m 76 Observe o que essa equação expressa as decisões de fixação de preços determi nam o salário real pago pelas empresas Um aumento da margem leva as empresas a aumentarem seus preços dado o salário que têm de pagar de modo equivalente um aumento da margem leva a uma diminuição do salário real A passagem da Equação 75 para a Equação 76 é algebricamente simples Mas a forma como a fixação de preços efetivamente determina o salário real pago pelas empresas pode não ser tão intuitiva Pensemos nisso da seguinte maneira suponhamos que a empresa em que você trabalha aumente sua margem elevando assim o preço de seu produto Seu salário real não muda muito Você continua a receber o mesmo salário nominal e o produto fabricado pela empresa é no máximo uma pequena parte de sua cesta de consumo Suponhamos agora que todas as empresas inclusive aquela para a qual você trabalha aumentem sua margem Todos os preços sobem Mesmo que você receba o mesmo salário nominal seu salário real cai Portanto quanto maior a margem fixada pelas empresas menor seu salário real e o de todo mundo É o que diz a Equação 76 A relação de fixação de preços na Equação 76 é mostrada como a linha horizontal PS de fixação de preços do inglês price setting na Figura 76 O salário real resultante da fixação de preços é igual a 11 m ele não depende da taxa de desemprego Salários reais e desemprego em equilíbrio O equilíbrio do mercado de trabalho requer que o salário real escolhido na fixação de salários seja igual ao salário real resultante da fixação de preços Esse modo de expressar o equilíbrio pode soar estranho para quem aprendeu a pensar em termos de oferta de trabalho e demanda por trabalho no curso de microecono mia A relação entre fixação de salários e fixação de preços por um lado e entre oferta de trabalho e demanda por trabalho por outro é mais estreita do que parece WS PS Taxa de desemprego u Relação de fixação de preços Relação de fixação de salários un Salário real WP A 1 1 1 m Figura 76 Salários preços e a taxa natural de desemprego A taxa natural de desemprego é a taxa de desemprego tal que o salário real escolhido na fixação de salários seja igual ao salário real resultante da fixação de preços BookBlanchard 1indb 161 241017 1717 Capítulo 7 Mercado de trabalho 165 equilíbrio do mercado de trabalho determina a taxa de desemprego Essa taxa de desemprego é conhecida como taxa natural de desemprego De modo geral o nível de preços efetivo pode ser diferente do nível de preços esperado por fixadores de salários Portanto a taxa de desemprego não precisa ser igual à taxa natural Os próximos capítulos mostrarão que no curto prazo o desemprego e o produto são determina dos pelos fatores em que nos concentramos nos quatro capítulos anteriores Entretanto no médio prazo o desemprego tende a retornar para a taxa natural e o produto tende a retornar para seu nível natural Palavraschave admissões 149 Current Population Survey CPS 149 demissões involuntárias 149 demissões voluntárias 149 desligamentos 149 duração média do desemprego 150 fora da força de trabalho 148 força de trabalho 148 função de produção 159 margem markup 160 negociação coletiva 154 poder de negociação 155 população civil disponível em idade ativa 147 produtividade do trabalho 159 proteção ao emprego 159 relação de fixação de preços 161 relação de fixação de salários 160 salário reserva 155 segurodesemprego 158 taxa de desemprego 148 taxa de emprego 151 taxa de participação 148 taxa estrutural de desemprego 163 taxa natural de desemprego 162 teorias do salárioeficiência 157 trabalhadores desalentados 151 Questões e problemas Teste rápido 1 Usando as informações contidas neste capítulo diga se cada afirmação a seguir é verdadeira falsa ou incerta Explique brevemente a Desde 1950 a taxa de participação nos Estados Unidos permaneceu aproximadamente constante em torno de 60 b A cada mês os fluxos de entrada e saída do emprego são muito pequenos em relação ao tama nho da força de trabalho c Menos de 10 de todos os trabalhadores desem pregados sai do desemprego a cada ano d A taxa de desemprego tende a ser alta nas reces sões e baixa nas expansões e A maioria dos trabalhadores normalmente recebe seu salário reserva f Trabalhadores não sindicalizados não têm poder de negociação g Pode interessar aos empregadores pagar salá rios maiores do que o salário reserva de seus trabalhadores h A taxa natural de desemprego não é afetada por mudanças nas políticas 2 Utilizando as informações apresentadas neste capí tulo responda às seguintes questões a Como percentual dos trabalhadores empregados qual é o tamanho dos fluxos de entrada e saída do emprego isto é admissões e desligamentos a cada mês b Como percentual dos trabalhadores desemprega dos qual é o tamanho dos fluxos do desemprego para o emprego a cada mês c Como percentual dos desempregados qual é o tamanho dos fluxos totais de saída do desem prego a cada mês Qual é a duração média do desemprego d Como percentual da força de trabalho qual é o tamanho dos fluxos totais de entrada e saída da força de trabalho a cada mês e No texto afirmamos que há uma média de 450 mil novos trabalhadores ingressando na força de trabalho a cada mês Qual percentual dos fluxos totais de entrada na força de trabalho os novos BookBlanchard 1indb 165 241017 1717 166 Macroeconomia trabalhadores ingressando na força de trabalho constituem 3 Taxa natural de desemprego Suponhamos que a margem dos preços dos bens sobre o custo marginal seja de 5 e a equação de fixação de salários seja W P 1 u em que u é a taxa de desemprego a Qual é o salário real tal qual determinado pela equação de fixação de preços b Qual é a taxa natural de desemprego c Suponhamos que a margem dos preços sobre os custos aumente para 10 O que acontece com a taxa natural de desemprego Explique a lógica que está por trás da sua resposta Aprofundando 4 Salários reserva Em meados da década de 1980 uma famosa supermo delo declarou que não levantaria da cama por menos de US 10000 provavelmente por dia a Qual é o seu próprio salário reserva b Seu primeiro emprego pagava mais do que seu salário reserva à época c Em relação a seu salário reserva na época em que você aceita cada emprego que emprego paga mais seu primeiro emprego ou o que você espera ter daqui a dez anos d Explique suas respostas para os itens a b e c em termos da teoria dos salárioseficiência e Parte da resposta da política econômica à crise foi estender o período pelo qual os trabalhadores poderiam receber o segurodesemprego Como essa mudança afetaria os salários reserva caso se tornasse permanente 5 Poder de negociação e determinação dos salários Mesmo na ausência de negociações coletivas os traba lhadores têm certo poder de negociação que lhes per mite auferir salários superiores a seus salários reserva O poder de negociação de cada trabalhador depende tanto da natureza do emprego quanto das condições do mercado de trabalho na economia como um todo Vejamos a seguir cada um desses fatores a Compare o emprego de um entregador e o de um administrador de redes de computador Em qual desses empregos o trabalhador tem maior poder de negociação Por quê b Para qualquer dado emprego como as condições do mercado de trabalho afetam o poder de nego ciação do trabalhador Qual das variáveis do mer cado de trabalho você observaria para avaliar as condições do mercado de trabalho c Suponhamos que para dadas condições do mer cado de trabalho a variável identificada no item b o poder de negociação do trabalhador em toda a economia aumente Que efeito isso teria sobre o salário real no médio prazo E no curto prazo O que determina o salário real no modelo descrito neste capítulo 6 A existência do desemprego a Com base na Figura 76 suponhamos que a taxa de desemprego esteja muito baixa Como uma taxa de desemprego baixa altera o poder de negocia ção relativo de trabalhadores e empresas Quais são as implicações de suas respostas sobre o que acontece com o salário à medida que a taxa de desemprego fica muito baixa b Dada sua resposta ao item a por que há desemprego na economia O que aconteceria com os salários reais se a taxa de desemprego fosse igual a zero 7 Mercado de trabalho informal Vimos no Capítulo 2 que o trabalho informal em casa por exemplo cozinhar tomar conta de crianças não é contado como parte do PIB Tal trabalho também não é considerado como emprego nas estatísticas do mercado de trabalho Tendo essas observações em mente consideremos duas economias cada uma com 100 trabalhadores distribuídos em 25 famílias cada uma formada por quatro pessoas Em cada família uma pessoa fica em casa e prepara a comida duas trabalham em áreas que não sejam a da cozinha e uma pessoa está desempregada Suponhamos que os trabalhadores que não atuem na cozinha produzam o mesmo produto efetivo e o mesmo produto medido em ambas as economias Na primeira economia a Comaemcasa os 25 tra balhadores da cozinha um de cada família preparam refeições para suas famílias em casa e não trabalham fora Todas as refeições são preparadas e consumi das em casa Nessa economia os 25 trabalhadores da cozinha não procuram trabalho no mercado formal e quando questionados respondem que não estão pro curando emprego Na segunda economia a Coma fora os 25 trabalhadores da cozinha são empregados pelos restaurantes Todas as refeições são compradas em restaurantes BookBlanchard 1indb 166 241017 1717 Capítulo 7 Mercado de trabalho 167 a Calcule o emprego e o desemprego medidos e a força de trabalho medida para cada economia Calcule a taxa de desemprego e a taxa de parti cipação medidas para cada economia Em qual economia o PIB medido é mais alto b Suponhamos agora que a economia Comaem casa mude Alguns restaurantes são abertos e os trabalhadores da cozinha de dez famílias são contratados para trabalhar neles Os integrantes dessas famílias agora fazem todas as suas refei ções em restaurantes Os trabalhadores da cozi nha restantes nas outras 15 famílias continuam a trabalhar em casa e não procuram empregos no setor formal Os membros dessas 15 famílias continuam a fazer todas as refeições em casa Sem calcular os números o que acontecerá com o emprego e o desemprego medidos e com a força de trabalho a taxa de desemprego e a taxa de participação medidas na Comaem casa O que acontecerá com o PIB medido na Comaemcasa c Suponhamos que você deseje incluir o trabalho doméstico no PIB e nas estatísticas de emprego Como medir o valor do trabalho doméstico no PIB Como alterar as definições de emprego desemprego e população fora da força de trabalho d Dadas suas novas definições no item c as estatísticas do mercado de trabalho diferi riam na Comaemcasa e na Comafora Supondo que os alimentos produzidos por essas economias tenham o mesmo valor o PIB medido nessas economias seria diferente Com suas novas definições o experimento no item b teria algum efeito sobre o mercado de trabalho ou sobre as estatísticas do PIB da Comaemcasa Explorando mais 8 Períodos de desemprego e desemprego de longo prazo De acordo com os dados apresentados neste capítulo cerca de 44 dos trabalhadores desempregados dei xam o desemprego a cada mês a Suponhamos que a probabilidade de deixar o desemprego seja a mesma para todos os desem pregados independentemente de como eles che garam a essa condição Qual é a probabilidade de que um trabalhador desempregado ainda esteja desempregado após um mês E após dois meses E após seis meses Agora consideremos a composição do universo de desempregados Usaremos um experimento sim ples para determinar a proporção de desemprega dos que estejam nessa condição há seis meses ou mais Suponhamos que o número de trabalhadores desempregados seja constante e igual a x A cada mês 47 dos desempregados encontra emprego e um número equivalente de trabalhadores ante riormente empregados perde o emprego b Consideremos o grupo de x trabalhadores que estão desempregados neste mês Após um mês que per centual desse grupo ainda estará desempregado Dica se 47 dos trabalhadores desempregados encontra emprego todos os meses que percentual dos trabalhadores desempregados originais x não encontrou empregos no primeiro mês c Após um segundo mês que percentual dos tra balhadores desempregados originais x está desempregada há pelo menos dois meses Dica dada sua resposta ao item b que percentual daqueles desempregados há pelo menos um mês não encontra emprego no segundo mês Após o sexto mês que percentual dos trabalhadores desempregados originais x está desempregado durante pelo menos seis meses d Utilizando a Tabela B13 do Economic Report of the President é o número da tabela segundo o relatório de 2015 encontre a proporção de desempregados que está desempregada há seis meses ou mais 27 semanas ou mais para cada ano entre o período de 2000 e 2014 Como os números entre 2000 e 2008 anos anteriores à crise se comparam com a resposta obtida no item c Você teria um palpite sobre o que pode causar a diferença entre os números reais e a resposta obtida neste problema Dica suponha que a probabilidade de deixar o desemprego diminua com o tempo de desemprego e O que acontece com o percentual de desempre gados que esteve desempregado por seis meses ou mais durante os anos de crise entre 2009 e 2011 f Existe alguma evidência do fim da crise quando se analisa o percentual de desempregados que estiveram desempregados por seis meses ou mais g Parte da resposta da política econômica à crise foi uma extensão do período em que um trabalhador desempregado poderia receber o segurodesem prego Como se pode prever que essa alteração afete a proporção dos desempregados há mais de seis meses Isso ocorreu BookBlanchard 1indb 167 241017 1717 168 Macroeconomia 9 Consulte o site do U S Bureau of Labor Statistics httpswwwblsgov Procure o último Employment Situation Summary sob o link National Employment a Quais são os dados mensais mais recentes sobre o tamanho da força de trabalho civil sobre o número de desempregados e sobre a taxa de desemprego dos Estados Unidos b Quantas pessoas estão empregadas c Calcule a mudança do número de desempregados entre o primeiro número da tabela e seu mês mais recente Faça o mesmo com o número de traba lhadores empregados A redução do desemprego é igual ao aumento do emprego Explique 10 A dinâmica típica do desemprego durante uma recessão A tabela ao lado mostra o comportamento do cres cimento real anual do PIB durante três recessões Esses dados são da Tabela B4 do Economic Report of the President Use a Tabela B35 do Economic Report of the President para preencher os valores anuais da taxa de desemprego na tabela anterior e responda às perguntas a seguir a Quando a taxa de desemprego em uma recessão é maior no ano em que o produto declina ou no ano seguinte Explique por quê b Explique o padrão da taxa de desemprego após uma recessão se trabalhadores desalentados retor narem à força de trabalho à medida que a econo mia se recupera c A taxa de desemprego permanece substancial mente mais elevada após a recessão provocada pela crise em 2009 Nessa recessão o seguro desemprego foi estendido de 6 para 12 meses Segundo o modelo qual será o efeito dessa polí tica sobre a taxa natural de desemprego Os dados sustentam essa previsão de alguma forma Ano Crescimento real do PIB Taxa de desemprego 1981 1982 1983 25 19 45 1990 1991 1992 19 02 34 2008 2009 2010 00 26 29 Leitura adicional Uma discussão complementar sobre o desem prego similar à deste capítulo é feita por Richard Layard Stephen Nickell e Richard Jackman em The unemployment crisis Oxford Oxford University Press 1994 Apêndice Relações de fixação de salários e de fixação de preços versus oferta e demanda por trabalho Em seu curso de microeconomia você provavelmente viu uma representação do equilíbrio do mercado de tra balho em termos da oferta de trabalho e da demanda por trabalho Você pode então estar se perguntando como a representação em termos de fixação de salários e fixação de preços se relaciona com a representação do mercado de trabalho vista no curso Em um sentido importante as duas representações são semelhantes Para entender por quê vamos redesenhar a Figura 76 em termos do salário real no eixo vertical e do nível de emprego em vez da taxa de desemprego no eixo horizontal Fizemos isso na Figura 1 O emprego N é medido no eixo horizontal O nível de emprego deve ser algo entre zero e L a força de trabalho O emprego não pode exceder o número de pessoas disponíveis para trabalhar a força de trabalho Para qualquer nível de emprego N o desemprego é dado por U L N Sabendo disso podemos medir o desemprego começando do L e deslocandose para a esquerda no eixo horizontal O desemprego é dado pela distância entre L e N Quanto menor o emprego BookBlanchard 1indb 168 241017 1717 Capítulo 7 Mercado de trabalho 169 N maior o desemprego e por implicação maior a taxa de desemprego U Vamos traçar as relações de fixação de salários e de fixação de preços e caracterizar o equilíbrio Um aumento do emprego deslocamento à direita ao longo do eixo horizontal implica uma dimi nuição do desemprego e portanto uma elevação do salário real determinado na fixação de salários Desse modo a relação de fixação do salário é agora ascendente O emprego mais elevado implica um salário real mais alto A relação de fixação de preços ainda é uma linha horizontal em WP 11 m O equilíbrio é dado pelo ponto A com o nível de emprego natural Nn e uma taxa de desemprego natural implícita igual a Un L NnL Nessa figura a relação de fixação de salários asse melhase a uma relação de oferta de trabalho À medida que o nível de emprego aumenta o salário real pago aos trabalhadores também aumenta Por esse motivo a rela ção de fixação de salários pode ser chamada de relação de oferta de trabalho O que chamamos de relação de fixação de preços assemelhase a uma relação plana de demanda por traba lho A razão pela qual ela é plana em vez de descendente devese à nossa simplificação de retornos constantes à força de trabalho em produção Se tivéssemos assumido mais convencionalmente que há retornos decrescentes do trabalho na produção nossa curva de fixação de preços seria negativamente inclinada como ocorre com a curva de demanda por trabalho padrão À medida que o emprego aumenta o custo marginal de produção também aumentaria forçando as empresas a elevar seus preços dados os salários que elas pagam Em outras palavras o salário real resultante da fixação de preços diminuiria à medida que o emprego aumentasse No entanto de vários modos os dois enfoques são diferentes A relação padrão de oferta de trabalho dá o salário pelo qual um dado número de trabalhadores está disposto a trabalhar Quanto mais alto o salário maior o número de trabalhadores dispostos a trabalhar Em contrapartida o salário correspondente a um dado nível de emprego na relação de fixação de salá rios é resultado de um processo de negociação entre trabalhadores e empresas ou da fixação unilateral de salários por parte das empresas Fatores como a estrutura da negociação coletiva ou o uso do salário para impedir demissões voluntárias afetam a rela ção de fixação de salários No mundo real parecem desempenhar um papel importante Contudo não têm papel algum na relação de oferta de trabalho padrão A relação padrão de demanda por trabalho dá o nível de emprego escolhido pelas empresas a um dado salá rio real É derivada sob a hipótese de que as empresas operem em mercados de bens e de trabalho competi tivos e portanto tomem os salários e os preços e consequentemente o salário real como dados Por outro lado a relação de fixação de preços leva em consideração o fato de que na maioria dos mercados as empresas efetivamente fixam os preços Fatores como o grau de concorrência no mercado de bens afetam a relação de fixação de preços ao afetarem a margem Esses fatores contudo não são considerados na relação padrão de demanda por trabalho No arcabouço composto por oferta de trabalho e demanda por trabalho os desempregados estão volun tariamente desempregados No salário real de equilíbrio eles preferem permanecer desempregados a trabalhar Em contrapartida no arcabouço composto por fixa ção de salários e fixação de preços o desemprego provavelmente é involuntário Por exemplo se as empresas pagam um salárioeficiência um salá rio acima do salário reserva os trabalhadores preferem estar empregados a estar desempregados Entretanto no equilíbrio ainda há desemprego involuntário Esse arcabouço também parece refle tir melhor a realidade do que aquele composto por oferta de trabalho e demanda por trabalho Esses são os três motivos pelos quais nos apoiamos nas relações de fixação de salários e de fixação de preços e não no enfoque de oferta de trabalho e demanda por trabalho para descrever o equilíbrio neste capítulo Figura 1 Fixação de salários e preços e o nível natural de emprego Fixação de preços Fixação de salários Emprego N L Nn N U A Salário real WP 1 1 1 m BookBlanchard 1indb 169 241017 1717 Capítulo 8 Curva de Phillips taxa natural de desemprego e inflação 171 Fonte Historical Statistics of the United States Disponível em httphsuscambridgeorgHSUSWebindexdo Acesso em 11 jul 2017 Figura 81 Inflação versus desemprego nos Estados Unidos 19001960 No período de 1900 a 1960 uma taxa de desemprego baixa nos Estados Unidos foi normalmente associada a uma taxa de inflação alta e uma taxa de desemprego alta foi normalmente associada a uma taxa de inflação baixa ou negativa Taxa de desemprego percentual Taxa de inflação percentual 20 15 10 5 0 5 10 15 0 5 10 15 20 25 81 Inflação inflação esperada e desemprego No Capítulo 7 derivamos a equação a seguir para fins de determinação de salá rios Equação 71 W Pe Fu z O salário nominal W estabelecido pelos fixadores de salários descritos no capítulo anterior depende do nível esperado de preços Pe da taxa de desemprego u e de uma variável z que captura todos os outros fatores que afetam a determinação dos salários desde o segurodesemprego até a forma de negociação coletiva Também no Capítulo 7 derivamos a equação a seguir para determinação de preços Equação 63 P 1 mW O preço P estipulado pelas empresas de modo equivalente o nível de preços é igual ao salário nominal W vezes 1 mais a margem m Usamos então essas duas relações com a hipótese adicional de que o nível de preços real era igual ao nível esperado de preços Sob esta hipótese derivamos a taxa natural de desemprego Agora vamos explorar o que acontece quando não impomos a hipótese adicional Substituir o salário nominal na segunda equação pela sua expressão dada pela primeira resulta em P Pe1 m Fu z Um aumento do nível esperado de preços leva a um aumento dos salários nominais o que por sua vez leva as empresas a elevarem seus preços provocando uma elevação no nível de preços Um aumento da taxa de desemprego leva a uma redução dos salários nominais o que por sua vez acarreta preços mais baixos e uma diminuição no nível de preços BookBlanchard 1indb 171 241017 1717 Capítulo 8 Curva de Phillips taxa natural de desemprego e inflação 173 nos referir a variáveis como inflação inflação esperada ou desemprego em um ano específico Portanto reescrevemos a Equação 82 como pt pt e 1m z2 aut 83 As variáveis t pt pt e e ut referemse respectivamente a inflação inflação esperada e desemprego no ano t Note que não há índices temporais em m e z Isso ocorre porque embora m e z possam se mover ao longo do tempo isto se dará lentamente em especial relativamente ao movimento da inflação e do desemprego Assim por ora vamos tratálos como constantes Equipados com a Equação 83 podemos retomar a curva de Phillips e suas mutações 82 Curva de Phillips e suas mutações Vamos começar com a relação entre desemprego e inflação da maneira como foi descoberta por Phillips Solow e Samuelson A primeira encarnação Suponhamos que a inflação varie de um ano para o outro em torno de algum valor pQ Suponhamos também que a inflação não seja persistente de modo que a deste ano não sirva de parâmetro para a do próximo ano Tratase de uma des crição satisfatória do comportamento da inflação no período em que Phillips ou Solow e Samuelson estudavam o assunto Em tal ambiente faz sentido que os fixadores de salários assumam que qualquer que seja a inflação do ano anterior a inflação do ano presente será simplesmente igual a pQ Neste caso pt e pQ e a Equação 83 tornase pt pQ 1m z2 aut 84 Neste caso observaremos uma relação negativa entre desemprego e inflação Esta é precisamente a relação negativa entre desemprego e inflação que Phillips encon trou para o Reino Unido e Solow e Samuelson para os Estados Unidos Quando o desemprego era elevado a inflação era baixa às vezes até mesmo negativa Quando o desemprego era baixo a inflação era positiva O tradeoff aparente e seu desaparecimento Quando publicados esses resultados sugeriam que os formuladores de política econômica estavam diante de um tradeoff entre inflação e desemprego Se estives sem dispostos a aceitar mais inflação poderiam atingir menor desemprego Parecia ser um tradeoff atraente e a partir do início dos anos 1960 a política macroeco nômica norteamericana visou reduzir continuamente o desemprego A Figura 82 apresenta as combinações das taxas de inflação e desemprego nos Estados Unidos ano a ano de 1961 a 1969 Observe como a relação entre desemprego e inflação correspondente à Equação 84 se manteve durante a longa expansão econômica de quase toda a década de 1960 De 1961 a 1969 a taxa de desemprego baixou continua mente de 68 para 34 e a da inflação subiu de 10 para 55 Expresso de modo informal a economia dos EUA deslocouse para cima ao longo da curva de Phillips original Realmente parecia que se os formuladores de política econômica estivessem dispostos a aceitar uma inflação mais elevada poderiam atingir um desemprego mais baixo BookBlanchard 1indb 173 241017 1717 174 Macroeconomia Entretanto por volta de 1970 a relação entre a taxa de inflação e a taxa de desem prego tão evidente na Figura 82 quebrou A Figura 83 mostra a combinação da taxa de inflação e da taxa de desemprego nos Estados Unidos para cada ano desde 1970 Os pontos estão dispersos em uma nuvem aproximadamente simétrica não existe mais qualquer relação visível entre a taxa de desemprego e a taxa de inflação Fonte Series UNRATE CPIAUSCL Federal Reserve Economic Data FRED Disponível em httpresearchstlouisfedorg fred2 Acesso em 11 jul 2017 Figura 82 Inflação versus desemprego nos Estados Unidos 19481969 A redução contínua na taxa de desemprego nos Estados Unidos durante a década de 1960 esteve associada a um aumento contínuo da taxa de inflação Taxa de desemprego percentual 1969 Taxa de inflação percentual 8 7 6 5 4 3 2 1 0 1 30 40 50 60 70 1968 1967 1966 1965 1964 1962 1963 1961 Fonte Series UNRATE CPIAUSCL Federal Reserve Economic Data FRED Figura 83 Inflação versus desemprego nos Estados Unidos 19702014 A partir de 1970 a relação entre taxa de desemprego e taxa de inflação desapareceu nos Estados Unidos 2 0 2 4 6 8 10 12 14 3 4 5 6 7 8 9 10 Taxa de inflação percentual Taxa de desemprego percentual BookBlanchard 1indb 174 241017 1717 Capítulo 8 Curva de Phillips taxa natural de desemprego e inflação 175 Por que a curva de Phillips original desapareceu Porque os fixadores de salários mudaram o modo como formavam suas expectativas em relação à inflação Essa mudança veio por sua vez de uma mudança no comportamento da infla ção A inflação tornouse mais persistente Aumentou a probabilidade de a inflação alta de um ano ser seguida por uma inflação alta no seguinte Assim as pessoas ao formarem suas expectativas começaram a levar em conta a persistência da inflação Essa mudança na formação de expectativas acabou por modificar a natureza da relação entre desemprego e inflação Examinemos melhor o argumento do parágrafo anterior Suponhamos que as expectativas de inflação sejam formadas de acordo com pt e 11 u2pQ upt 1 85 Em outras palavras a inflação esperada deste ano depende em parte de um valor constante pQ com peso 1 u e em parte da inflação no ano anterior que denotamos por pt 1 com peso u Quanto maior o valor de u mais a inflação do ano anterior levará os trabalhadores e as empresas a rever suas expectativas sobre a inflação para este ano e portanto maior será a taxa de inflação esperada Podemos pensar no que aconteceu na década de 1970 como um aumento do valor de u ao longo do tempo Enquanto a inflação se mantinha não persistente era razoável que trabalhado res e empresas ignorassem a inflação passada e admitissem um valor constante para a inflação No período examinado por Phillips e também por Samuelson e Solow u era próximo de zero e as expectativas eram aproximadamente dadas por pe pQ A curva de Phillips era dada pela Equação 84 Mas à medida que a inflação se tornava mais persistente trabalhadores e empresas começaram a mudar o modo de formar expectativas Eles partiram do princípio de que se a inflação fora alta no ano anterior provavelmente também seria alta no seguinte O parâmetro u o efeito da taxa de inflação do ano anterior sobre a taxa de inflação esperada para o ano atual aumen taria As evidências sugerem que em meados da década de 1970 as pessoas formavam suas expectativas esperando que a taxa de inflação do ano atual seria igual à taxa de inflação do ano anterior em outras palavras que u fosse igual a 1 Agora voltemos para as implicações de valores diferentes de u sobre a relação entre inflação e desemprego Para isso vamos substituir a Equação 85 para o valor de e t na Equação 82 pt 11 u2pQ upt 1 1m z2 aut pe 6 Quando u é igual a zero obtemos a curva de Phillips original uma relação entre a taxa de inflação e a taxa de desemprego pt pQ 1m z2 aut Quando u é positivo a taxa de inflação depende não só da taxa de desemprego mas também da taxa de inflação do ano anterior pt 11 u2pQ 1m z2 upt 1 aut Quando u é igual a 1 a relação tornase passando a taxa de inflação do ano anterior para o lado esquerdo da equação a seguinte pt pt 1 1m z2 aut 86 BookBlanchard 1indb 175 241017 1717 Capítulo 8 Curva de Phillips taxa natural de desemprego e inflação 181 possibilidade de trabalhadores contestarem a decisão e têla revertida A intenção da proteção ao emprego é reduzir as demis sões e assim proteger os trabalhadores do risco do desemprego Isso de fato acontece Mas o que tal pro teção também faz é aumentar o custo da mão de obra para a empresa e portanto diminuir o número de con tratações dificultando a busca de um novo emprego para o desempregado As evidências sugerem que embora a proteção ao emprego não necessariamente aumente o desemprego ela altera sua natureza a oscilação do desemprego diminui mas sua duração média aumenta Uma duração longa aumenta o risco de os desempregados perderem suas habilidades e autoestima afetando sua empregabilidade Saláriosmínimos A maioria dos países europeus define um saláriomínimo nacional Em alguns países a relação entre o saláriomínimo e a renda mediana pode ser bastante alta Saláriosmínimos muito altos certamente correm o risco de reduzir o emprego para trabalhadores menos qualificados elevando sua taxa de desemprego Regras de negociação Na maior parte dos países europeus os contratos de trabalho estão sujeitos a acordos de extensão Um acordo definido por um subgrupo de empresas e sindicatos pode ser auto maticamente ampliado para todas as empresas no setor Essa medida reforça consideravelmente o poder de negociação dos sindicatos pois reduz o escopo para competição por parte das empresas não sindi calizadas Como vimos no Capítulo 7 um forte poder de negociação por parte dos sindicatos pode resultar em maior desemprego a taxa de desemprego mais alta é necessária para harmonizar as demandas dos trabalhadores e os salários pagos pelas empresas Essas instituições do mercado de trabalho realmente explicam o alto desemprego na Europa O caso está aberto ou fechado Mais ou menos Aqui é importante lembrar dois fatos Fato 1 o desemprego nem sempre foi alto na Europa Na década de 1960 a taxa de desemprego nos quatro prin cipais países continentais europeus era cerca de 2 a 3 mais baixa do que a dos Estados Unidos Os economistas norteamericanos cruzavam o oceano para estudar o milagre do desemprego europeu A taxa natural hoje nesses países está em torno de 8 a 9 Como se explica esse aumento Uma hipótese é a de que as instituições eram dife rentes naquela época e a rigidez do mercado de trabalho surgiu somente nos últimos 40 anos Mas não é esse o caso É verdade que em resposta aos choques adversos da década de 1970 em particular as duas recessões que sucederam os aumentos do preço do petróleo mui tos governos europeus aumentaram a generosidade do segurodesemprego e o grau da proteção ao emprego Entretanto nem na década de 1960 as instituições do mercado de trabalho europeu se pareciam com as norte americanas A proteção social era mais alta na Europa e ainda assim o desemprego era menor Uma linha mais convincente de explicação se con centra na interação entre instituições e choques Algumas instituições do mercado de trabalho podem ser favorá veis em alguns ambientes e muito custosas em outros Consideremos a proteção ao emprego por exemplo Se a competição entre as empresas é limitada a necessidade de ajustar o emprego em cada empresa pode ser limitada também e portanto o custo da proteção ao emprego pode ser baixo Contudo se a competição aumenta entre empresas nacionais ou estrangeiras o custo da proteção ao emprego pode se tornar muito alto As empresas que não conseguirem ajustar rapidamente sua força de trabalho podem simplesmente deixar de competir e sair do negócio Fato 2 antes do início da recente crise uma série de países europeus apresentava baixo desemprego con forme mostra a Figura 1 que mostra a taxa de desem prego para 15 países europeus em 2006 os 15 membros da União Europeia antes da ampliação para 27 países Optamos por 2006 porque em todos esses países a inflação era estável sugerindo que a taxa de desemprego era aproximadamente igual à taxa natural Como se pode ver a taxa de desemprego era real mente alta nos quatro grandes países continentais França Espanha Alemanha e Itália Mas vale notar como a taxa de desemprego era baixa em alguns dos outros países especialmente Dinamarca Irlanda e Holanda Será que nesses países com baixo desemprego têm se segurodesemprego baixo baixa proteção ao emprego e sindicatos fracos Infelizmente as coisas não são tão simples Países como a Irlanda e o Reino Unido contam com instituições no mercado de trabalho que se parecem com as dos EUA segurodesemprego limitado baixa proteção ao emprego e sindicatos fracos Mas países como a Dinamarca e a Holanda possuem alto grau de proteção social em especial altos segurosdesemprego e sindicatos fortes O que concluir então Um consenso cada vez mais forte entre os economistas é o de que o problema mora nos pequenos detalhes uma proteção social gene rosa é compatível com um baixo desemprego mas deve ser oferecida de forma eficiente Por exemplo o M08BLAN058107SEC08indd 181 251017 1035 186 Macroeconomia 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 02 016 012 008 004 0 004 008 012 016 02 024 028 032 036 04 044 048 052 056 06 1984 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 02 016 012 008 004 0 004 008 012 016 02 024 028 032 036 04 044 048 052 056 06 2012 Proporção de salários Proporção de salários Variação do salário variação percentual Variação do salário variação percentual Fonte Pedro Portugal com base em pesquisa domiciliar portuguesa Figura 85 Distribuição das variações salariais em Portugal em tempos de alta e baixa inflação Resumo O equilíbrio do mercado de trabalho implica uma relação entre inflação inflação esperada e desem prego Dado o desemprego uma inflação esperada maior leva a uma inflação maior Dada a inflação esperada um desemprego maior leva a uma infla ção menor Quando a inflação não é muito persistente a inflação esperada não depende da inflação pas sada Assim a relação tornase uma relação entre inflação e desemprego Foi isso que Phillips no Reino Unido e Solow e Samuelson nos Estados Unidos descobriram quando examinaram no final da década de 1950 o comportamento conjunto do desemprego e da inflação À medida que a inflação se tornou mais persis tente a partir da década de 1960 as expectativas de inflação passaram a se basear cada vez mais na inflação passada A relação passou a ser entre o desemprego e a variação da inflação O desemprego alto leva a uma inflação decrescente o desemprego baixo leva a uma inflação crescente A taxa natural de desemprego é a taxa de desem prego em que a taxa de inflação permanece constante Quando a taxa de desemprego efetivo ultrapassa a taxa natural de desemprego a taxa de inflação normalmente diminui quando a taxa de desemprego efetivo é menor do que a taxa natural de desemprego a taxa de inflação normalmente aumenta A taxa natural de desemprego depende de muitos fatores que diferem de um país para outro e podem variar ao longo do tempo É por isso que a taxa BookBlanchard 1indb 186 241017 1717 Capítulo 8 Curva de Phillips taxa natural de desemprego e inflação 187 Palavraschave acordos de extensão 181 curva de Phillips 170 curva de Phillips aceleracionista 176 curva de Phillips aumentada pelas expectativas 176 curva de Phillips modificada 176 indexação de salários 184 rigidez do mercado de trabalho 179 taxa de desemprego não aceleradora da inflação NAIRU 179 Questões e problemas Teste rápido 1 Usando as informações contidas neste capítulo diga se cada afirmação a seguir é verdadeira falsa ou incerta Explique brevemente a A curva de Phillips original é a relação negativa entre desemprego e inflação observada pela pri meira vez no Reino Unido b A relação da curva de Phillips original mostrouse muito estável de um país para outro e ao longo do tempo c Em alguns períodos da história a inflação foi muito persistente entre anos contíguos Em outros a inflação de um ano foi um preditor insatisfatório da inflação do ano seguinte d Os formuladores de política econômica podem explorar o tradeoff entre inflação e desemprego apenas temporariamente e A inflação esperada é sempre igual à inflação efetiva f No final da década de 1960 os economistas Milton Friedman e Edmund Phelps afirmaram que os for muladores de política econômica podiam atingir uma taxa de desemprego tão reduzida quanto desejassem g Se as pessoas assumirem que a inflação será a mesma do último ano a relação da curva de Phillips será entre a variação da taxa de inflação e a taxa de desemprego h A taxa natural de desemprego é constante ao longo do tempo dentro de um país i A taxa natural de desemprego é a mesma em todos os países j Deflação significa que a taxa de inflação é negativa 2 Comente as seguintes afirmações a A curva de Phillips implica que quando o desem prego é alto a inflação é baixa e viceversa Portanto podemos experimentar ou inflação alta ou desemprego alto mas nunca ambos simultaneamente b Desde que a inflação elevada não nos incomode podemos atingir o nível de desemprego mais baixo que desejarmos Tudo o que precisamos fazer é aumentar a demanda por bens e serviços usando por exemplo uma política fiscal expansionista natural de desemprego varia entre países sendo mais alta na Europa do que nos Estados Unidos Além disso a taxa natural de desemprego varia ao longo do tempo Na Europa esta taxa aumentou muito desde a década de 1960 Nos Estados Unidos aumentou da década de 1960 à de 1980 e parece ter diminuído desde então As mudanças no modo como a taxa de inflação varia ao longo do tempo afetam o modo como os fixadores de salários formam expectativas e também a extensão em que utilizam a indexação de salários Quando a indexação de salários está amplamente disseminada pequenas mudanças no desemprego podem levar a variações muito grandes da inflação Com altas taxas de inflação a relação entre inflação e desemprego desaparece completamente A taxas de inflação muito baixas ou negativas a relação da curva de Phillips parece enfraquecer Durante a Grande Depressão até mesmo o desem prego muito alto levou apenas a uma deflação limi tada Esta questão é importante pois muitos países têm inflação baixa atualmente BookBlanchard 1indb 187 241017 1717 188 Macroeconomia c Em períodos de deflação os trabalhadores resis tem a reduções em seus salários nominais apesar de os preços estarem caindo 3 A taxa natural de desemprego a A curva de Phillips é pt pte 1m z2 aut Reescreva esta relação como uma relação entre o desvio da taxa de desemprego da taxa natural inflação e inflação esperada b No capítulo anterior derivamos a taxa natural de desemprego Qual a condição sobre o nível de preços e sobre o nível de preços esperado foi imposta nessa derivação Como isso se relaciona com a condição imposta no item a c Como a taxa natural de desemprego varia com a margem d Como a taxa natural de desemprego varia com o termo abrangente z e Identifique duas importantes fontes de variação na taxa natural de desemprego entre países e ao longo do tempo 4 A formação da inflação esperada O texto propõe o seguinte modelo de inflação esperada pte 11 u2 pQ upt 1 a Descreva o processo de formação da inflação esperada quando u 0 b Descreva o processo de formação da inflação esperada quando u 1 c Como você forma sua própria expectativa de infla ção Mais como em a ou mais como em b 5 Mutações da curva de Phillips Suponhamos que a curva de Phillips seja dada por pt pte 01 2ut e a inflação esperada seja dada por pte 11 u2 pQ upt 1 e suponhamos que u seja inicialmente igual a zero e pQ seja dado e não varie Pode ser igual a zero ou qualquer valor positivo Suponhamos que a taxa de desemprego seja inicialmente igual à taxa natural No ano t as auto ridades decidem reduzir a taxa de desemprego para 3 e mantêla nesse patamar para sempre a Determine a taxa de inflação dos períodos t 1 t 2 t 3 t 4 t 5 Como se compara com pQ b Você acredita na resposta dada em a Justifique Dica pense em como as pessoas provavelmente formam as expectativas de inflação Agora suponhamos que no ano t 6 u aumente de 0 para 1 Suponha que o governo ainda esteja determi nado a manter u em 3 para sempre c Por que u deve aumentar dessa forma d Qual será a taxa de inflação nos anos t 6 t 7 e t 8 e O que acontece com a inflação quando u 1 e o desemprego é mantido abaixo da taxa natural de desemprego f O que acontece com a inflação quando u 1 e o desemprego é mantido à taxa natural de desemprego Aprofundando 6 Os efeitos macroeconômicos da indexação de salários Suponhamos que a curva de Phillips seja dada por pt pte 01 2ut em que pt e pt 1 Suponhamos que a inflação no ano t 1 seja igual a zero No ano t o Banco Central decide manter a taxa de desemprego em 4 para sempre a Calcule a taxa de inflação para os anos t t 1 t 2 e t 3 Agora suponhamos que metade dos trabalhadores tenha contratos de trabalho indexados b Qual é a nova equação da curva de Phillips c Com base em sua resposta no item b recalcule sua resposta para o item a d Qual é o efeito da indexação de salários sobre a relação entre e u 7 Estimativa da taxa natural de desemprego Para responder a esta questão você precisará de dados sobre as taxas anuais de inflação e desemprego nos Estados Unidos desde 1970 os quais podem ser obti dos no site do Economic Report of the President httpswwwgpogovfdsysbrowsecollection actioncollectionCodeERP Planilhas em Excel dos valores podem ser baixadas Baixe os dados anuais da taxa de desemprego civil No relatório do ERP de 2015 é a Tabela B12 Além disso baixe o aumento percentual anual do índice de preços ao consumidor referente a todos consumidores urbanos No relatório do ERP de 2015 é a Tabela B10 Você pode acessar os mesmos dados no site do Federal Reserve Bank of St Louis FRED BookBlanchard 1indb 188 241017 1717 Capítulo 8 Curva de Phillips taxa natural de desemprego e inflação 189 a Com os dados trace um gráfico para todos os anos a partir de 1970 com a variação da infla ção no eixo vertical e a taxa de desemprego no eixo horizontal Seu gráfico é semelhante à Figura 84 b Com o auxílio de uma régua trace a reta que parece se ajustar melhor à nuvem de pontos da figura Qual é a declividade aproximada da sua reta Qual é o intercepto Escreva a equação correspondente c De acordo com a análise em b qual tem sido a taxa natural de desemprego desde 1970 8 Mudanças na taxa natural de desemprego a Repita a Questão 6 desenhando agora gráficos separados para o período 19701990 e de 1990 em diante b Você acha que a relação entre inflação e desem prego é diferente nos dois períodos Caso seja como a taxa natural de desemprego mudou Explorando mais 9 Usando a taxa natural de desemprego para prever mudanças na inflação A curva de Phillips estimada da Figura 84 é pt pt 1 30 05 ut Preencha a tabela a seguir usando os dados coletados na Questão 7 Você pode usar uma planilha a Avalie a capacidade da curva de Phillips de prever mudanças na inflação durante todo o período de tempo b Avalie a capacidade da curva de Phillips para prever mudanças na inflação durante os anos de crise de 2009 e 2010 O que você acha que pode estar acontecendo c Você pode adicionar anos após 2014 à sua tabela Avalie a capacidade preditiva fora da amostra da curva de Phillips aumentada pelas expectativas estimada com os dados que terminam em 2014 para prever a inflação após 2014 Ano Inflação Desemprego Variação prevista na inflação Variação prevista na inflação menos a variação efetiva na inflação 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 Anos futuros BookBlanchard 1indb 189 241017 1717 190 Macroeconomia 10 A taxa de inflação e a inflação esperada em diferentes décadas Preencha os valores na tabela a seguir para a inflação e a inflação esperada usando a década de 1960 Aqui você terá de encontrar os dados usando a base de dados do FRED operada pelo Federal Reserve Bank of St Louis A série está na Questão 7 Você se sairá melhor usando uma planilha A partir da década de 1960 Ano t Inflação efetiva t 1 Inflação efetiva defasada t e Inflação esperada sob diferentes hipóteses t e t Diferença inflação esperada menos inflação efetiva sob diferentes hipóteses Ano Suponha u 0 e Q 0 Suponha u 10 Suponha u 0 e Q 0 Suponha u 10 1963 1964 1965 1966 1967 1968 1969 a Zero é uma boa escolha para o valor de u na década de 1960 pQ 0 é uma boa escolha para um valor de pQ Como você faz essas avaliações b 1 é uma boa escolha para o valor de u na década de 1960 Como você faz essa avaliação Preencha os valores na tabela a seguir para a inflação e a inflação esperada usando as décadas de 1970 e 1980 Você se sairá melhor usando uma planilha Das décadas de 1970 e 1980 Ano t Inflação efetiva t 1 Inflação efetiva defasada t e Inflação esperada sob diferentes hipóteses t e t Diferença inflação esperada menos inflação efetiva sob diferentes hipóteses Ano Suponha u 0 e Q 0 Suponha u 10 Suponha u 0 e Q 0 Suponha u 10 1973 1974 1975 1976 1977 1978 1979 1980 1981 c Zero é uma boa escolha para o valor de u ou pQ na década de 1970 Como você faz essa avaliação d 1 é uma boa escolha para o valor de u na década de 1970 Como você faz essa avaliação e Como você compara o comportamento da infla ção seu nível médio e sua persistência nesses dois períodos BookBlanchard 1indb 190 241017 1717 Capítulo 8 Curva de Phillips taxa natural de desemprego e inflação 191 Apêndice Derivação da relação para uma relação entre inflação inflação esperada e desemprego Este apêndice mostra como ir da relação entre nível de preços nível esperado de preços e taxa de desemprego dada pela Equação 81 P Pe1 m1 au z para a relação entre inflação inflação esperada e taxa de desemprego dada pela Equação 82 e m z au Em primeiro lugar coloque subscritos temporais para o nível de preços o nível esperado de preços e a taxa de desemprego de modo que Pt t Pet e ut refiram se respectivamente a nível de preços nível esperado de preços e taxa de desemprego no ano t A Equação 81 tornase Pt Pte11 m211 aut z2 Em seguida passe de uma expressão em termos de níveis de preços para uma expressão em termos de taxas de inflação Divida ambos os lados pelo nível de preços do ano anterior Pt 1 Pt Pt 1 Pte Pt 1 11 m211 aut z2 8A1 Reescreva a fração PtPt 1 do lado esquerdo como Pt Pt 1 Pt Pt 1 Pt 1 Pt 1 1 Pt Pt 1 Pt 1 1 pt em que a primeira igualdade vem de subtrair e somar Pt 1 no numerador da fração a segunda igualdade vem do fato de que Pt 1Pt 1 1 e a terceira vem da definição da taxa de inflação 1pt K 1Pt Pt 12Pt 12 Faça o mesmo para a fração Pet Pt 1 do lado direito utilizando a definição da taxa de inflação esperada 1pte K 1Pte Pt 12Pt 12 Pte Pt 1 Pte Pt 1 Pt 1 Pt 1 1 Pte Pt 1 Pt 1 1 pte Substituindo Pt Pt1 e PtePt 1 Pt1 na Equação 8A1 pelas expressões que acabamos de derivar temos 11 pt2 11 pte211 m211 aut z2 Isso nos dá uma relação entre inflação t infla ção esperada pet e taxa de desemprego ut Os passos seguintes fazem que a relação pareça mais simples Divida ambos os lados por 11 pte211 m2 11 pt2 11 pte211 m2 1 aut z Enquanto a inflação a inflação esperada e a mar gem não forem grandes demais uma boa aproxima ção para o lado esquerdo dessa equação será dada por 1 pt pte m veja as proposições 3 e 6 no Apêndice 2 ao final do livro Substituindo na equação anterior e rearranjando temos pt pte 1m z2 aut Removendo os índices temporais essa é a Equação 82 do texto Mantendo os índices temporais essa é a Equação 83 A taxa de inflação t depende da taxa de inflação esperada pte e da taxa de desemprego ut A relação tam bém depende da margem m dos fatores que afetam a fixação de salários z e do efeito da taxa de desemprego sobre os salários a BookBlanchard 1indb 191 241017 1717 C A P Í T U L O 9 91 O modelo ISLMPC No Capítulo 6 derivamos a equação a seguir Equação 65 para o comporta mento do produto no curto prazo Y CY T IY r x G No curto prazo o produto é determinado pela demanda que é a soma de consumo investimentos e gastos governamentais O consumo depende da renda disponível que é igual à renda líquida de impostos O investimento depende do produto e da taxa de empréstimos real a taxa de juros real relevante às decisões de investimento é igual à taxa de empréstimo a soma da taxa básica real r definida pelo Banco Central com um prêmio de risco x Os gastos do governo são exógenos Como fizemos no Capítulo 6 podemos desenhar a curva IS contida na Equação 91 entre produto Y e a taxa básica r para impostos T prêmio de risco x e gastos governamentais G dados Isso é demonstrado na parte superior da Figura 91 A curva é inclinada para baixo Quanto menor a taxa básica real r dada pela curva plana LM maior o nível de equilíbrio do produto O mecanismo por trás da rela ção já deve ser familiar agora uma taxa básica mais baixa aumenta o investimento Maior investimento leva a maior demanda Maior demanda leva a maior produto O aumento do produto eleva ainda mais o consumo e o investimento acarretando maior aumento da demanda e assim por diante 91 A Seção 91 desenvolve o modelo ISLMPC A Seção 92 analisa a dinâmica de ajuste do produto e da inflação A Seção 93 examina os efeitos dinâmicos de uma consolidação fiscal A Seção 94 trata dos efeitos dinâmicos de um aumento no preço do petróleo A Seção 95 conclui o capítulo Do curto ao médio prazo o modelo ISLMPC Nos capítulos 3 a 6 analisamos o equilíbrio nos mercados de bens e nos mercados financeiros e vimos como no curto prazo o produto é determinado pela demanda Nos capítulos 7 e 8 examinamos o equilíbrio no mercado de trabalho e derivamos como o desemprego afeta a inflação Agora juntamos as duas partes para caracterizar o comportamento do produto do desemprego e da inflação tanto no curto quanto no médio prazo Diante de uma questão macroeconômica sobre determinado choque ou determinada política este modelo que denominaremos ISLMPC PC para curva de Phillips em inglês é normalmente o que usamos ou do qual partimos Esperamos que você o ache tão útil quanto nós O capítulo está organizado da seguinte forma BookBlanchard 1indb 192 241017 1717 198 Macroeconomia O fato de que leva tempo para que o produto volte ao seu nível natural levanta uma questão sobre a inflação Durante o processo de ajuste o produto se mantém consistentemente acima do potencial de modo que a inflação aumenta consisten temente Assim quando a economia atinge o ponto A a inflação é maior que no ponto A Se o Banco Central se preocupar não apenas com uma inflação estável mas também com o seu nível poderá muito bem decidir que deve não só estabilizar mas também reduzir a inflação Para isso é necessário elevar a taxa básica para além de rn a fim de baixar a inflação até que ela retorne a um nível aceitável pelo Banco Central Nesse caso o ajuste é mais complexo A economia sai de A e passa por A atingindo por exemplo o ponto C um ponto em que o Banco Central começa a reduzir a taxa básica de volta para rn Em outras palavras se o Banco Central almeja atingir um nível de inflação constante no médio prazo o crescimento inicial deve ser seguido por uma recessão O papel das expectativas revisitado A discussão anterior depende da forma como as pessoas formam suas expecta tivas e da forma específica da curva de Phillips Para verificar isso retomemos nossa discussão sobre a formação de expectativas no Capítulo 8 e em vez de assumir Produto Y rn Variação na taxa de inflação 0 Taxa de juros real r Produto Y PC Y A A Y C LM C IS Yn A A pp1 Figura 92 Produto e inflação de médio prazo No médio prazo a economia converge para o nível natural de produto e uma inflação estável BookBlanchard 1indb 198 241017 1717 200 Macroeconomia a inflação ainda está baixando Isso inicia o que os economistas chamam de espiral de deflação ou armadilha de deflação Vamos continuar assumindo que as expectativas inflacionárias sejam tais que os fixadores de salários esperam que a inflação seja a mesma do ano anterior de modo que um hiato do produto negativo implique inflação decrescente Se a inflação for igual a zero no início ela se tornará negativa E a inflação zero transformase em deflação Isso implica por sua vez que mesmo que a taxa nominal seja igual a zero a taxa básica real aumenta provocando uma demanda e um produto ainda mais baixos Deflação e produto baixo se alimentam um ao outro Um produto mais baixo acarreta mais deflação e mais deflação acarreta uma taxa de juros real mais alta e um produto mais baixo Como indicado pelas setas da Figura 93 em vez de convergir para o equilíbrio de médio prazo a economia se afasta dele com o produto diminuindo continuamente e a deflação aumentando continuamente Há pouco que o Banco Central possa fazer nesse cenário e a economia vai de mal a pior Produto Y Yn r Variação da taxa de inflação 0 PC Taxa de juros real r Produto Y Y 0 rn IS A Yn Y A A Y Y pp1 Figura 93 A espiral de deflação Se o limite inferior zero impede que a taxa básica eleve o produto de volta ao potencial o resultado pode ser uma espiral de deflação Mais deflação leva a uma taxa real mais alta e uma taxa real mais alta por sua vez leva a um produto mais baixo e a mais deflação BookBlanchard 1indb 200 241017 1717 202 Macroeconomia Esse cenário não retrata apenas uma preocupação teórica Tratase do cenário vivido durante a Grande Depressão Conforme mostrado no quadro Foco Deflação na Grande Depressão de 1929 a 1933 a inflação se transformou em uma deflação cada vez maior aumentando continuamente a taxa básica real e diminuindo os gastos e o produto até que outras medidas fossem tomadas e a economia começasse a se recuperar A recente crise suscitou preocupações semelhantes Com a taxa básica reduzida a zero nos principais países avançados a preocupação era de que a inflação ficasse negativa e começasse uma espiral semelhante Isso não aconteceu A inflação baixou e em alguns países virou deflação Como vimos no Capítulo 6 isso limitava a capacidade dos bancos centrais de baixar a taxa básica real e elevar o produto Mas a deflação permaneceu limitada e a espiral de deflação não aconteceu Uma razão associada à nossa discussão anterior sobre formação de expectativas é que as expectativas inflacionárias permaneceram amplamente ancoradas Como resultado a relação da curva de Phillips tomou a forma da Equação 95 em vez da 94 Um produto baixo acarretou inflação baixa e em alguns casos deflação moderada mas não uma deflação cada vez maior como foi o caso durante a Grande Depressão 93 Consolidação fiscal revisitada Podemos agora apresentar o modelo ISLMPC passo a passo Nesta seção vol tamos à consolidação fiscal discutida no Capítulo 5 Vamos analisar não somente seus efeitos de curto prazo mas também os de médio prazo Suponhamos que o produto esteja em seu potencial de modo que a economia se encontre no ponto A em ambos os gráficos da Figura 94 O produto Y é igual a Yn a taxa básica é igual a rn e a inflação está estável Agora suponhamos que o governo que apresentava um déficit decida por exemplo aumentar os impostos Em termos da Figura 94 esse aumento desloca a curva IS para a esquerda de IS para IS O novo equilíbrio de curto prazo é dado pelo ponto A em ambos os gráficos da Figura 94 À taxa básica dada rn o produto diminui de Yn para Y e a inflação começa a baixar Em outras palavras se o produto estava no potencial de início a consolidação fiscal por mais desejável que possa ser por outras razões leva a uma recessão Esse é o equilíbrio de curto prazo que descrevemos na Seção 53 do Capítulo 5 Note que à medida que a renda diminui e os impostos aumentam o consumo é reduzido em ambos os casos Observe também que à medida que o produto diminui isso também se dá com o investimento No curto prazo em bases macroeconômicas a consolidação fiscal não parece nada atrativa tanto o consumo quanto o investimento caem Vamos no entanto recorrer à dinâmica e ao médio prazo Visto que o produto é muito baixo e a inflação está diminuindo o Banco Central deve reagir e baixar a taxa básica até o produto voltar ao potencial Em termos da Figura 94 a economia movese para baixo na curva IS do gráfico superior e eleva o produto Com o aumento do produto a economia movese para cima na curva PC do gráfico inferior até o produto voltar ao potencial Assim o equilíbrio de médio prazo é dado pelo ponto A em ambos os gráficos O produto retorna a Yn e a inflação à estabilidade A taxa básica necessária para manter o produto no potencial passa a ser menor que antes igual a rn em vez de rn Agora vejamos a composição do produto nesse novo equilí brio Como a renda é a mesma de antes da consolidação fiscal mas os impostos são maiores o consumo é menor embora não tanto quanto no curto prazo Uma vez que o produto é o mesmo de antes mas a taxa de juros é menor o investimento é mais alto Em outras palavras a redução do consumo é compensada por uma elevação no investimento de modo que a demanda por implicação permanece inalterada Isso BookBlanchard 1indb 202 241017 1717 204 Macroeconomia 94 Efeitos de um aumento no preço do petróleo Até aqui analisamos choques à demanda os quais deslocaram a curva IS mas deixamos intactos o produto potencial e assim a posição da curva PC Há outros choques porém que afetam tanto a demanda quanto o produto potencial e desem penham um papel importante nas flutuações Um candidato óbvio são as oscilações no preço do petróleo Para entender por que consulte a Figura 95 A Figura 95 representa duas séries A primeira representada pela linha contínua é o preço em dólar do petróleo isto é o preço de um barril de petróleo em dólares desde 1970 É medida no eixo vertical esquerdo e consiste na série citada nos jornais todos os dias O que importa no entanto para as decisões econômicas não é o preço em dólar mas o preço real do petróleo isto é o preço em dólar do petróleo dividido pelo nível de preços Assim a segunda série na figura representada pela linha tracejada mostra o preço real do petróleo construído dividindo o preço em dólar pelo índice de preços ao consumidor dos Estados Unidos Observe que o preço real é um índice isto é normalizado a 100 em 1970 É medido no eixo vertical à direita O que impressiona na figura é o porte das oscilações no preço real do petróleo Duas vezes nos últimos 40 anos a economia dos EUA foi atingida com um aumento de cinco vezes no preço real do petróleo a primeira na década de 1970 e a segunda na década de 2000 A crise então levou a uma queda drástica no final de 2008 seguida por uma recuperação parcial e desde 2014 o preço caiu novamente para níveis anteriores a 2000 O que estava por trás dos dois grandes aumentos Na década de 1970 os prin cipais fatores foram a criação da OPEP Organização dos Países Exportadores de Petróleo um cartel de produtores de petróleo que conseguiu atuar como monopólio e aumentar preços e transtornos causados por guerras e revoluções no Oriente Médio Na década de 2000 o principal fator era muito diferente a saber o rápido crescimento das economias emergentes em particular a China que provo cou um acelerado aumento na demanda mundial de petróleo e por implicação um aumento contínuo nos preços reais do petróleo Figura 95 Preços nominal e real do petróleo 19702015 Nos últimos 40 anos houve dois aumentos acentuados no preço real do petróleo o primeiro na década de 1970 e o segundo na década de 2000 Fonte Series OILPRICE CPIAUSCL Federal Reserve Economic Data FRED Disponível em httpresearchstlouisfedorg fred2 O valor do índice é estipulado como igual a 100 em 1970 Acesso em 12 jul 2017 100 200 500 600 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 1970 1973 1976 1979 1982 1985 1988 1991 1994 1997 2000 2003 2006 2009 2012 Preço do petróleo em dólares Índice do preço real do petróleo eixo direito 2015 400 300 BookBlanchard 1indb 204 241017 1717 Capítulo 9 Do curto ao médio prazo o modelo ISLMPC 205 O que estava por trás das duas grandes reduções A súbita queda do preço no final de 2008 foi resultado da crise que levou a uma grande recessão e por sua vez a uma ampla e repentina queda na demanda por petróleo As causas da queda mais recente desde 2014 ainda estão em discussão A maioria dos observadores acredita que é uma combinação de aumento da oferta decorrente do aumento na produção de petróleo de xisto nos Estados Unidos e do colapso parcial do cartel da OPEP Vamos nos concentrar nos dois grandes aumentos Embora as causas tenham sido diferentes a implicação para as empresas e os consumidores dos EUA foi a mesma petróleo mais caro A questão é quais seriam os efeitos esperados de curto e médio prazos desses aumentos É evidente porém que ao responder à pergunta enfrentamos um problema O preço do petróleo não aparece em nenhum lugar no modelo que desenvolvemos até agora A razão disso é que até aqui assumimos que o produto era produzido usandose apenas mão de obra Uma forma de estender nosso modelo seria reconhecer explicitamente que o produto é produzido usando mão de obra mais outros insumos incluindo energia e a seguir descobrir qual é o efeito de um aumento no preço do petróleo sobre o preço fixado pelas empresas e a relação entre produto e emprego Um modo mais fácil e o caminho que seguiremos é simplesmente capturar o aumento no preço do petróleo com um aumento em m a margem do preço sobre o salário nominal A justificativa é simples Dados os salários um aumento no preço do petróleo aumenta o custo de produção forçando as empresas a aumentar os preços para manter a mesma taxa de lucratividade Partindo deste pressuposto podemos acompanhar os efeitos dinâmicos de um aumento na margem sobre produto e inflação Efeitos sobre a taxa natural de desemprego Vamos começar questionando o que acontece com a taxa natural de desemprego quando o preço real do petróleo sobe para simplificar deixaremos de mencionar real daqui em diante A Figura 96 reproduz a descrição do equilíbrio do mercado de trabalho da Figura 78 no Capítulo 7 Figura 96 Efeitos de um aumento no preço do petróleo sobre a taxa natural de desemprego Um aumento no preço do petróleo equivale a um aumento na margem Isto leva a salários reais mais baixos e a uma taxa natural de desemprego mais alta PS Taxa de desemprego u un un WS A A PS Salário real WP 1 1 1 m 1 1 1 m BookBlanchard 1indb 205 241017 1717 Capítulo 9 Do curto ao médio prazo o modelo ISLMPC 209 de ajuste excederá a diminuição de médio prazo por algum tempo Em termos mais simples a economia pode passar por uma grande recessão com apenas uma recuperação parcial A terceira questão está relacionada com a segunda e mais uma vez tem a ver com a formação de expectativas inflacionárias Suponhamos que em vez de assumir que a inflação seja igual à do último ano os fixadores de salários esperem que ela seja constante Nesse caso como vimos o produto acima do potencial leva a uma inflação alta e não crescente Desse modo à medida que o produto declina para seu menor nível potencial a inflação também declina Quando a economia atinge o ponto A a inflação volta para onde estava antes do aumento no preço do petróleo Não há necessidade de o Banco Central reduzir ainda mais o produto para reduzir a inflação Mais uma vez isso mostra a importância da formação de expectativas sobre os efeitos dinâmicos dos choques Isso também ajuda a explicar a diferença entre o efeito do preço do petróleo na década de 1970 que provocou alta inflação e profunda recessão e os efeitos do preço do petróleo na década de 2000 que foram muito mais favoráveis Isso é explorado em detalhes no quadro Foco Aumentos no preço do petróleo por que os anos 2000 foram tão diferentes dos anos 1970 95 Conclusões Este capítulo cobriu muitos temas Vamos reforçar algumas ideias principais e elaborar algumas conclusões Curto prazo versus médio prazo A principal mensagem deste capítulo é a de que choques ou mudanças na política econômica tipicamente têm efeitos diferentes no curto e médio prazos As divergências entre os economistas sobre os efeitos de várias políticas normalmente advêm de diferenças na estrutura de tempo que eles têm em mente Aqueles que se preocupam com o produto e o investimento no curto prazo podem relutar em ado tar a consolidação fiscal Mas aqueles que têm foco no médio e longo prazos verão que a consolidação auxilia o investimento e eventualmente com mais investimento e por conseguinte acumulação de capital eleva o produto Uma implicação é que nossa posição depende em particular de quão rápido achamos que a economia se ajusta aos choques Se acreditarmos que leva muito tempo para o produto retornar ao potencial naturalmente nos concentraremos mais no curto prazo e estaremos dispostos a usar políticas que aumentem o produto no curto prazo mesmo que os efeitos de médio prazo sejam nulos ou negativos Se acreditarmos que o produto retorna ao potencial rapidamente daremos mais ênfase às implicações de médio prazo e por implicação relutaremos em usar essas políticas Choques e mecanismos de propagação Este capítulo também apresenta uma forma geral de pensar sobre as flutuações do produto às vezes chamadas de ciclos econômicos movimentos do produto em torno de sua tendência uma tendência que ignoramos até agora mas sobre a qual nos concentraremos nos capítulos 10 a 13 Podemos ver a economia como constantemente afetada por choques Esses choques podem ser deslocamentos no consumo provenientes de mudanças na confiança do consumidor deslocamentos no investimento e assim por diante Eles BookBlanchard 1indb 209 241017 1717 Capítulo 9 Do curto ao médio prazo o modelo ISLMPC 211 Flutuações econômicas são o resultado de um fluxo contínuo de choques na oferta ou na demanda agre gada e dos efeitos dinâmicos de cada um desses choques sobre o produto Às vezes os choques iso lados ou combinados são adversos o suficiente para levar a uma recessão Palavraschave armadilha de deflação 200 choques 209 ciclos econômicos 209 coeficiente de Okun 196 espiral de deflação 200 estagflação 207 expectativas ancoradas 199 flutuações do produto 209 hiato do produto 194 mecanismo de propagação 210 Organização dos Países Exportadores de Petróleo OPEP 204 produto potencial 194 reserva de mão de obra 196 taxa de juros natural 197 taxa de juros neutra 197 taxa de juros wickselliana 197 Questões e problemas Teste rápido 1 Usando as informações contidas neste capítulo diga se cada afirmação a seguir é verdadeira falsa ou incerta Explique brevemente a A curva IS deslocase para cima com um aumento em G para cima com um aumento em T e para cima com um aumento em x b Se u un for maior que zero Y Yn é maior que zero c Se u un é igual a zero o produto está no potencial d Se u un for menor que zero o hiato do produto é negativo e Se o hiato do produto é positivo a inflação é maior que o esperado f Segundo a lei de Okun se o crescimento do pro duto aumentar um ponto percentual a taxa de desemprego cai um ponto percentual g À taxa natural de desemprego a inflação não está nem subindo nem caindo h Em um equilíbrio de médio prazo a taxa de infla ção é estável i O Banco Central sempre pode agir para manter o produto igual ao produto potencial j É mais fácil para o Banco Central manter o pro duto no produto potencial se as expectativas de inflação estiverem ancoradas k Um grande aumento no preço do petróleo aumenta a taxa natural de desemprego 2 O equilíbrio de médio prazo é caracterizado por quatro condições O produto é igual ao produto potencial Y Yn A taxa de desemprego é igual à taxa natural u un A taxa de juros real é igual à taxa de juros natural rn em que a demanda agregada é igual a Yn A taxa de inflação esperada e é igual à taxa real de inflação a Se o nível de inflação esperada for formado de modo que e seja igual a 1 caracterize o comportamento da inflação em um equilíbrio de médio prazo b Se o nível de inflação esperada for pQ qual será o nível de inflação real no equilíbrio de médio prazo c Escreva a relação IS como Y CY T IY r x G Suponhamos que rn seja de 2 Se x aumenta de 3 para 5 como o Banco Central deve mudar rn para manter o equilíbrio de médio prazo existente Explique d Suponhamos que G aumente Como o Banco Central deve mudar rn para manter o equilíbrio de médio prazo existente Explique e Suponhamos que T diminua Como o Banco Central deve mudar rn para manter o equilíbrio de médio prazo existente Explique f Para discutir no médio prazo uma expansão fiscal leva a um aumento na taxa natural de juros BookBlanchard 1indb 211 241017 1717 212 Macroeconomia 3 Os dois caminhos para o equilíbrio de médio prazo explorados neste capítulo fazem duas suposições dife rentes sobre a formação do nível de inflação esperada Um deles assume que o nível de inflação esperada seja igual à inflação defasada o nível de inflação esperada varia ao longo do tempo O outro caminho assume que o nível de inflação esperada está anco rado a um valor específico e nunca varia Comecemos no equilíbrio de médio prazo em que a inflação efe tiva e a esperada são iguais a 2 no período t a Suponhamos que haja um aumento na confiança do consumidor no período t 1 Como a curva IS muda Suponhamos que o Banco Central não altere a taxa básica real Como o equilíbrio de curto prazo no período t 1 se compara ao equi líbrio no período t b Consideremos o equilíbrio do período t 2 sob o pressuposto de que pt 2 e pt 1 Se o Banco Central deixar inalterada a taxa básica real como a inflação real no período t 2 vai se comparar com a inflação no período t 1 Como o Banco Central deve alterar a taxa nominal para manter a taxa real inalterada Continuemos para o período t 3 Fazendo a mesma suposição sobre o nível de inflação esperada e a taxa básica real como a inflação real no período t 3 se compara com a inflação no período t 2 c Consideremos o equilíbrio do período t 2 fazendo a suposição de que pt 2 e pQ Se o Banco Central deixar inalterada a taxa básica real como a inflação real no período t 2 vai se comparar com a inflação no período t 1 Como o Banco Central deve alterar a taxa de juros nominal para manter a taxa básica real inalterada Continuemos para o período t 3 Fazendo a mesma suposição sobre o nível de inflação esperada e a taxa básica real como a inflação no período t 3 se compara com a inflação no período t 2 d Compare os resultados da inflação e do produto no item b com os do item c e Qual dos cenários item b ou item c você acha que é mais realista Discuta f Suponhamos que no período t 4 o Banco Central decida elevar a taxa básica real o sufi ciente para retornar imediatamente a economia ao produto potencial e à taxa de inflação do período t Explique a diferença entre as políticas do Banco Central usando as duas hipóteses sobre a inflação esperada dos itens b e c 4 Um choque para a oferta agregada também terá resultados diferentes quando existirem suposições distintas sobre a formação do nível de inflação espe rada Como na Questão 3 um caminho pressupõe que o nível de inflação esperada seja igual à inflação defasada o nível de inflação esperada varia ao longo do tempo O outro caminho assume que o nível de inflação esperada está ancorado a um valor específico e nunca varia Comecemos no equilíbrio de médio prazo em que a inflação efetiva e a esperada são iguais a 2 no período t a Suponhamos que haja um aumento permanente no preço do petróleo no período t 1 Como a curva PC muda Suponhamos que o Banco Central não altere a taxa básica real Como o equilíbrio de curto prazo no período t 1 se com para ao equilíbrio no período t O que acontece com o produto O que acontece com a inflação b Consideremos o equilíbrio do período t 2 sob o pressuposto de que pt 2 e pt 1 Se o Banco Central deixar inalterada a taxa básica real como a inflação real no período t 2 vai se comparar com a inflação no período t 1 Continuemos para o período t 3 Fazendo a mesma suposição sobre o nível de inflação esperada e a taxa básica real como a inflação real no período t 3 se com para com a inflação no período t 2 c Consideremos o equilíbrio do período t 2 fazendo a suposição de que pt 2 e pQ Se o Banco Central deixar inalterada a taxa básica real como a inflação real no período t 2 vai se comparar com a inflação no período t 1 Continuemos para o período t 3 Fazendo a mesma suposição sobre o nível de inflação esperada e a taxa básica real como a inflação no período t 3 se compara com a inflação no período t 2 d Compare os resultados da inflação e do produto do item b com os do item c e No período t 4 o Banco Central decide mudar a taxa básica real para devolver a economia o mais rapidamente possível ao produto potencial e à taxa de inflação do período t Em qual cami nho para a formação da inflação esperada a taxa básica nominal é mais elevada no período t 4 o caminho de b ou o de c Explique por que quando as expectativas de inflação são ancoradas como no item c o Banco Central pode alterar a taxa básica para atingir imediatamente o novo nível de produto potencial e o nível de inflação do período t em t 4 Sustente o argumento de que não é possível o Banco Central atingir imediatamente tanto o novo nível de produto potencial quanto o nível de inflação do período t em t 4 quando a inflação esperada é igual a seu valor defasado BookBlanchard 1indb 212 241017 1717 Capítulo 9 Do curto ao médio prazo o modelo ISLMPC 213 Aprofundando 5 A lei de Okun é escrita como u u112 04 1gY 32 a Qual é o sinal de u u1 em uma recessão Qual é o sinal de u u1 em uma recuperação b Explique de onde vem o número de 3 c Explique por que o coeficiente do termo gY 3 é 04 e não 1 d Suponhamos que o número de imigrantes por ano que recebem permissão para entrar nos Estados Unidos tenha um aumento acentuado Como isso mudaria a lei de Okun 6 Consolidação fiscal no limite inferior zero Suponhamos que a economia esteja operando no limite inferior zero para a taxa básica nominal há um grande déficit orçamentário e a economia opera no produto potencial no período t Um governo recémeleito se compromete a cortar gastos e reduz o déficit no período t 1 no período t 2 e nos períodos subsequentes a Mostre os efeitos da política sobre o produto no período t 1 b Mostre os efeitos da política sobre a variação da inflação no período t 1 c Se a inflação esperada depender da inflação pas sada o que acontecerá com a taxa básica real no período t 2 Como isso afetará o produto no período t 3 d Como o limite inferior zero sobre as taxas de juros nominais dificulta uma consolidação fiscal Explorando mais 7 Consideremos os dados do quadro Foco Deflação na Grande Depressão a Você acredita que o produto voltou a seu nível potencial em 1933 b Que anos sugerem uma espiral de deflação como a descrita na Figura 93 c Sustente o argumento de que se o nível esperado de inflação permanecesse ancorado no valor real da inflação em 1929 a Grande Depressão teria sido menos severa d Sustente o argumento de que um estímulo fis cal substancial em 1930 teria tornado a Grande Depressão menos severa 8 Consideremos os dados do quadro Foco Deflação na Grande Depressão a Calcule as taxas de juros reais em cada ano com base na suposição de que o nível de inflação espe rada é a taxa de inflação do ano anterior A taxa de inflação em 1928 foi de 17 As variações nas taxas de juros reais explicam melhor os dados sobre crescimento real do produto e desemprego do que quando se levantou a hipótese de que a taxa de inflação esperada seria a taxa de inflação do ano em curso b Calcule o coeficiente da lei de Okun para cada ano de 1930 a 1933 Para isso consideremos que o produto potencial não esteja crescendo Especule por que razão as empresas não admitiram mais trabalhadores em 1933 apesar de o crescimento do produto ter sido de 91 Dica se o produto potencial não está crescendo a lei de Okun é u u112 agY 9 A Grande Depressão no Reino Unido Responda às perguntas com base nas informações da tabela a seguir a Há evidências da espiral de deflação de 1929 a 1933 no Reino Unido b Há evidências do efeito das altas taxas de juros sobre o produto c Há evidências de uma má escolha do nível da taxa de juros básica real pelo Banco Central Tabela 2 Taxa de juros nominal inflação e taxa de juros real no Reino Unido 19291933 Ano Taxa de desemprego Taxa de crescimento do produto Taxa de juros nomi nal de um ano i Taxa de inflação Taxa de juros real de um ano r 1929 104 30 50 090 59 1930 213 10 30 28 58 1931 221 50 60 43 103 1932 199 04 20 26 46 1933 167 33 20 21 41 BookBlanchard 1indb 213 241017 1717 BookBlanchard 1indb 214 241017 1717 BookBlanchard 1indb 216 241017 1717 218 Macroeconomia É aí que surge um problema prático como comparar o produto por pessoa entre países Cada um usa uma moeda específica e portanto o produto é expresso em termos da moeda corrente do país Uma solução natural é utilizar as taxas de câmbio na comparação do produto por pessoa da Índia com o dos Estados Unidos por exemplo podemos calcular o PIB por pessoa da Índia em rúpias usar a taxa de câmbio para obter o mesmo valor em dólares e comparálo ao PIB por pessoa dos Estados Unidos em dólares Essa abordagem simples entretanto não será suficiente por dois motivos Primeiro as taxas de câmbio podem sofrer grandes variações conforme vere mos nos capítulos 17 a 20 Por exemplo na década de 1980 o dólar aumentou e depois diminuiu cerca de 50 em relação às moedas dos parceiros comerciais dos Estados Unidos Mas certamente o padrão de vida norteamericano não aumentou 50 e depois diminuiu 50 em comparação ao padrão de vida de seus parceiros comerciais durante essa década Entretanto essa seria nossa conclusão se comparássemos o PIB por pessoa utilizando taxas de câmbio Fonte 18901947 Historical Statistics of the United States Disponível em httphsuscambridgeorgHSUSWeb indexdo Acesso em 17 out 2017 1948 to 2014 National Income and Product Accounts Estimativas da população de 1890 a 2014 de Louis Johnston e Samuel H Williamson What Was the US GDP Then Measuring Worth 2015 Disponível em httpswwwmeasuringworthcomdatasetsusgdp Acesso em 12 jul 2017 Figura 101 PIB dos Estados Unidos desde 1890 e PIB por pessoa dos Estados Unidos desde 1890 O gráfico a mostra o acentuado aumento no produto norteamericano desde 1890 por um fator de 46 O gráfico b mostra que o aumento do produto não é simplesmente o resultado do grande aumento da população dos Estados Unidos de 63 milhões para mais de 300 milhões nesse período O produto por pessoa aumentou por um fator de 9 200 400 800 1600 3200 6400 12800 25600 1890 1900 1910 1920 1930 1940 1950 1960 1970 1980 1990 2000 2010 2014 PIB em dólares de 2009 bilhões a 4000 8000 16000 32000 64000 1890 1900 1910 1920 1930 1940 1950 1960 1970 1980 1990 2000 2010 2014 PIB por pessoa em dólares de 2009 b BookBlanchard 1indb 218 241017 1717 226 Macroeconomia os países que apresentam um produto por pessoa de pelo menos um quarto do produto por pessoa dos Estados Unidos em 1950 e então examinar a conver gência dentro desse grupo A conclusão é que a maioria dos países do grupo realmente convergiu portanto a convergência não é somente um fenômeno da OCDE No entanto alguns poucos entre eles Uruguai Argentina e Venezuela não convergiram Em 1950 esses três países tinham aproximadamente o mesmo produto por pessoa da França Em 2009 tinham ficado bem para atrás seu nível de produto por pessoa situavase entre 25 e 50 do nível francês 103 Uma visão mais ampla do crescimento ao longo do tempo e do espaço Na seção anterior falamos sobre o crescimento nos países ricos ao longo dos últimos 50 anos Vamos agora contextualizar as informações olhando para as evidências para um período bem mais longo de tempo e para um conjunto maior de países Visão ao longo de dois milênios O produto por pessoa das economias atualmente ricas sempre cresceu a taxas semelhantes às da Tabela 101 A resposta é não A obtenção de estimativas de cres cimento tornase cada vez mais difícil à medida que retrocedemos no tempo Mas há um consenso entre os historiadores econômicos acerca das principais evoluções ao longo dos últimos dois mil anos Do fim do Império Romano até aproximadamente o ano 1500 não houve basi camente nenhum crescimento do produto por pessoa na Europa A maioria dos trabalhadores estava empregada na agricultura que apresentava pouco progresso tecnológico Sendo a parcela da agricultura no produto tão grande as invenções com aplicações fora dela não tinham como contribuir de forma expressiva para a pro dução em geral e para o produto Embora houvesse algum crescimento do produto um crescimento aproximadamente proporcional da população levava a um produto por pessoa praticamente constante Esse período de estagnação do produto por pessoa é frequentemente chamado de era malthusiana O economista inglês Thomas Robert Malthus argumentou no final do século XVIII que esse aumento proporcional do produto e da população não era uma coincidência Segundo Malthus qualquer aumento do produto levaria a uma queda da mortalidade levando a um aumento da população até que o pro duto por pessoa retornasse a seu nível inicial A Europa estava em uma armadilha malthusiana incapaz de aumentar seu produto por pessoa A Europa acabou conseguindo escapar dessa armadilha Entre 1500 e 1700 o crescimento do produto por pessoa tornouse positivo mas ainda era baixo apenas em torno de 01 ao ano Então aumentou para 02 ao ano de 1700 a 1820 A partir da Revolução Industrial as taxas de crescimento aumentaram mas de 1820 a 1950 a taxa de crescimento do produto por pessoa nos Estados Unidos era ainda de apenas 15 ao ano Portanto na cronologia da história humana o crescimento sustentado do produto por pessoa em especial as altas taxas de crescimento alcançadas desde 1950 é um fenômeno definitivamente recente Visão do crescimento pelos países Vimos como o produto por pessoa converge entre os países da OCDE E quanto aos outros países Os mais pobres também estão crescendo mais rapidamente Estão convergindo em direção aos Estados Unidos mesmo que ainda estejam muito atrás BookBlanchard 1indb 226 241017 1717 Capítulo 10 Os fatos do crescimento 233 Resumo Por períodos longos as flutuações no produto são ofuscadas pelo crescimento o aumento constante do produto agregado ao longo do tempo Ao examinarmos o crescimento de quatro paí ses ricos França Japão Reino Unido e Estados Unidos desde 1950 surgem dois fatos principais 1 Todos os quatro países experimentaram um forte crescimento e um grande aumento no padrão de vida O crescimento de 1950 a 2011 aumentou o produto real por pessoa por um fator de 33 nos Estados Unidos e 113 no Japão 2 Os níveis de produto por pessoa para os quatro países convergiram ao longo do tempo Dito de outra maneira os países que estavam atrás cres ceram mais rapidamente reduzindo a diferença entre eles e o líder atual os Estados Unidos Ao examinarmos as evidências para um conjunto maior de países e para um período de tempo maior surgem os seguintes fatos 1 Na cronologia da história humana o cresci mento sustentado do produto é um fenômeno recente 2 A convergência dos níveis de produto por pes soa não é um fenômeno mundial Muitos países asiáticos estão alcançando rapidamente os paí ses ricos mas a maioria dos africanos apresenta níveis de produto por pessoa baixos e taxas de crescimento baixas Para pensar sobre o crescimento os economistas partem de uma função de produção agregada que relaciona o produto agregado a dois fatores de pro dução capital e trabalho A quantidade de produto obtida dados esses insumos depende do estado da tecnologia Sob a hipótese de retornos constantes de escala a função de produção agregada implica que os aumen tos do produto por trabalhador podem vir tanto de aumentos no capital por trabalhador quanto de aperfeiçoamentos no estado da tecnologia A acumulação de capital por si só não é capaz de sustentar permanentemente o crescimento do produto por pessoa No entanto o volume de pou pança de um país é muito importante pois a taxa de poupança determina o nível do produto por pessoa ainda que não determine sua taxa de crescimento O crescimento sustentado do produto por pessoa devese em última instância ao progresso tecnoló gico Talvez a questão mais importante da teoria do crescimento seja quais são os fatores determinantes do progresso tecnológico Palavraschave acumulação de capital 231 armadilha malthusiana 226 convergência 225 crescimento 217 escala logarítmica 217 estado da tecnologia 229 força das taxas compostas 224 função de produção agregada 228 padrão de vida 217 paradoxo de Easterlin 222 paridade do poder de compra PPC 219 poder de compra 219 produto por pessoa 217 progresso tecnológico 231 quatro tigres 227 rendimentos decrescentes do capital 230 rendimentos decrescentes do trabalho 230 retornos constantes de escala 229 taxa de poupança 232 tecnológico definido da forma restrita os papéis das pesquisas básica e apli cada das leis de propriedade intelectual da educação e do treinamento será um dos temas tratados no Capítulo 12 O papel dos fatores mais amplos será discutido no Capítulo 13 BookBlanchard 1indb 233 241017 1717 Capítulo 10 Os fatos do crescimento 235 Explorando mais 6 Convergência entre Japão e Estados Unidos desde 1960 Consulte a página do PIB por pessoa no site do Bureau of Labor Statistics httpwwwblsgovilc intlgdpcapitagdphourhtmtable0 e obte nha os dados para o PIB por pessoa do Japão e dos Estados Unidos em 1960 1990 e no ano mais recente disponível a Calcule as taxas de crescimento anual médias do PIB por pessoa para os Estados Unidos e o Japão em dois períodos de 1960 a 1990 e de 1990 até o ano mais recente disponível O nível do produto real por pessoa no Japão tende a con vergir com o nível do produto real por pessoa nos Estados Unidos em cada um desses perío dos Explique b Suponhamos que em todos os anos desde 1990 o Japão e os Estados Unidos atingissem cada um suas taxas anuais de crescimento médias para o período entre 1960 e 1990 Como o PIB real por pessoa se compararia no Japão e nos Estados Unidos atualmente c O que aconteceu efetivamente ao crescimento no PIB real por pessoa do Japão e dos Estados Unidos entre 1990 e 2011 7 Convergência em dois conjuntos de países Vá ao site que contém as Penn World Tables e obtenha os dados sobre o PIB real por pessoa série encadeada de 1950 a 2011 ou o ano mais recente disponível para Estados Unidos França Bélgica Itália Etiópia Quênia Nigéria e Uganda Você precisará baixar o PIB real total em dólares norteamericanos de 2005 encadeados e a população Defina para cada país em cada ano a razão entre seu PIB real por pessoa e o dos Estados Unidos nesse ano de modo que essa razão seja igual a 1 para os Estados Unidos em todos os anos a Represente graficamente as razões para França Bélgica e Itália ao longo do período para o qual há dados disponíveis Seu gráfico sustenta a noção de convergência de França Bélgica e Itália em relação aos Estados Unidos c Repita o mesmo exercício para Etiópia Quênia Nigéria e Uganda Seu novo gráfico sustenta a noção de convergência desse grupo de países com os Estados Unidos 8 Sucessos e fracassos no crescimento Vá ao site que contém as Penn World Tables e obtenha os dados sobre o PIB real por pessoa série encade ada de 1970 para todos os países disponíveis Faça o mesmo para um ano mais atual digamos o ano anterior ao mais recente disponível Se escolher o ano mais recente disponível pode ser que as Penn World Tables não disponham dos dados sobre alguns países relevantes nesta questão a Classifique os países conforme o PIB por pessoa em 1970 Liste aqueles com os dez níveis mais altos de PIB por pessoa nesse ano Houve alguma surpresa b Faça a análise do item a para o ano mais recente para o qual foram coletados dados A composição dos dez países mais ricos mudou desde 1970 c Use todos os países para os quais existem dados tanto de 1970 quanto do ano mais recente Quais são os cinco países com o maior aumento propor cional no PIB real por pessoa d Use todos os países para os quais existem dados tanto de 1970 quanto do ano mais recente Quais são os cinco países com o menor aumento propor cional no PIB real por pessoa e Faça uma rápida pesquisa na internet sobre o país do item c com o maior aumento no PIB por pessoa ou sobre o país do item d com o menor aumento Você pode citar alguma razão para o sucesso ou o fracasso econômico do país escolhido Leitura adicional Brad deLong possui vários artigos fascinantes sobre crescimento em httpwebefzghrdokMGRvca vrakBerkeley20Faculty20Lunch20Talkpdf Leia em especial Berkeley Faculty Lunch Talk Themes of Twentieth Century Economic History que cobre muitos dos tópicos deste capítulo Uma apresentação ampla dos fatos sobre crescimento é feita por Angus Maddison em The World Economy A Millenium Perspective 2001 O site associado wwwtheworldeconomyorg apresenta um grande número de fatos e dados sobre crescimento ao longo dos dois últimos milênios O Capítulo 3 de Productivity and American Leadership de William Baumol Sue Anne Batey Blackman e Edward Wolff 1989 fornece uma descrição detalhada de como a vida foi transformada pelo crescimento nos Estados Unidos desde meados da década de 1880 BookBlanchard 1indb 235 241017 1717 C A P Í T U L O 11 Poupança acumulação de capital e produto As seções 111 e 112 examinam as interações entre produto e acumulação de capital e os efeitos da taxa de poupança A Seção 113 utiliza números para dar uma noção mais clara das grandezas envolvidas A Seção 114 amplia nossa discussão para levar em conta não apenas o capital físico mas também o capital humano Desde 1970 a taxa de poupança dos Estados Unidos a razão entre a poupança e o PIB foi em média de apenas 17 em comparação com 22 da Alemanha e 30 do Japão Esse fato pode explicar por que a taxa de crescimento dos Estados Unidos foi menor que a da maioria dos países da OCDE nos últimos 40 anos Aumentar a taxa de poupança dos Estados Unidos levaria a um maior crescimento sustentado do país no futuro A resposta básica para essas questões já foi dada no final do Capítulo 10 E é não Em períodos longos uma qualificação importante para a qual voltaremos a taxa de crescimento de uma economia não depende da sua taxa de poupança Não parece que o crescimento menor dos Estados Unidos nos últimos 50 anos resulte principalmente de uma taxa de poupança menor Também não deveríamos esperar que um aumento na taxa de poupança levasse a um crescimento maior e sustentado dos Estados Unidos Essa conclusão no entanto não significa que a baixa taxa de poupança dos Estados Unidos não preocupe Mesmo que não afete de maneira permanente a taxa de crescimento a taxa de poupança afeta o nível do produto e o padrão de vida Um aumento na taxa de poupança levaria a um crescimento maior por algum tempo resultando em última instância na elevação do padrão de vida dos Estados Unidos Os efeitos da taxa de poupança sobre o nível e a taxa de crescimento do produto são os assuntos deste capítulo 111 Interações entre produto e capital A determinação do produto no longo prazo está centrada em duas relações entre produto e capital O volume de capital determina o montante de produto a ser obtido O montante de produto determina o montante de poupança e por sua vez o montante de capital acumulado ao longo do tempo Juntas essas duas relações representadas na Figura 111 determinam a evolução do produto e do capital ao longo do tempo A seta cinza indica a primeira relação do capital para o produto As setas hachurada e pontilhada indicam as duas partes da segunda do produto para a poupança e o investimento e do investimento para a mudança no estoque de capital Vejamos uma relação de cada vez BookBlanchard 1indb 236 241017 1717 238 Macroeconomia O propósito de supor que N seja constante é facilitar o estudo do papel da acu mulação de capital no crescimento Se N for constante o único fator de produção que variará ao longo do tempo será o capital Entretanto a hipótese não é muito realista por isso vamos desconsiderála nos dois capítulos seguintes No Capítulo 12 consideraremos um crescimento constante da população e do nível de emprego No Capítulo 13 veremos como integrar nossa análise do longo prazo que ignora as flutuações do nível de emprego com nossa análise anterior de curto e médio prazos que se concentrou exatamente nessas flutuações do nível de emprego assim como nas flutuações associadas do produto e do nível de desemprego Mas é melhor deixar ambos os passos para mais tarde A segunda hipótese é de que não há progresso tecnológico e por isso a função de produção f ou de maneira equivalente F não se desloca ao longo do tempo Novamente o propósito da adoção dessa hipótese que obviamente é contrária aos fatos é destacar o papel da acumulação de capital No Capítulo 12 introduzi remos o progresso tecnológico e veremos que as conclusões básicas que derivamos aqui sobre o papel do capital no crescimento também valem quando há progresso tecnológico Novamente será melhor deixar esse passo para depois Com essas duas hipóteses nossa primeira relação entre o produto por trabalhador e o capital por trabalhador do lado da produção pode ser escrita como Yt N f a Kt N b 111 na qual introduzimos índices temporais para o produto e o capital mas não para o trabalho N que assumimos como constante e portanto não necessita de um índice temporal Em suma capital por trabalhador maior leva a um produto por trabalhador maior Efeitos do produto sobre a acumulação de capital Para derivar a segunda relação entre produto e acumulação de capital seguimos dois passos Primeiro derivamos a relação entre produto e investimento A seguir derivamos a relação entre investimento e acumulação de capital Produto e investimento Para derivar a relação entre produto e investimento adotamos três hipóteses Continuamos a supor que a economia seja fechada Como vimos no Capítulo 3 Equação 310 isso significa que o investimento I é igual à poupança a soma da poupança privada S e da poupança pública T G I S T G Para nos concentrarmos no comportamento da poupança privada supomos que a poupança pública T G seja igual a zero Mais adiante ao tratarmos das implicações da política fiscal para o crescimento desconsideraremos esta hipótese Com esta hipótese a equação anterior se torna I S O investimento é igual à poupança privada Supomos que a poupança privada seja proporcional à renda portanto S sY Do lado da produção o nível de capital por trabalhador determina o nível de produto por trabalhador Como veremos no Capítulo 17 poupança e investimento não precisam ser iguais em uma economia aberta Um país pode poupar menos do que investe e tomar emprestada a diferença do resto do mundo É o caso atual dos Estados Unidos BookBlanchard 1indb 238 241017 1717 Capítulo 11 Poupança acumulação de capital e produto 239 O parâmetro s é a taxa de poupança que apresenta um valor entre zero e 1 Essa hipótese reflete dois fatos básicos a respeito da poupança Primeiro a taxa de pou pança não parece aumentar ou diminuir sistematicamente à medida que um país se torna mais rico Segundo países mais ricos não parecem ter sistematicamente taxas de poupança maiores ou menores que os países mais pobres Combinando essas duas relações e introduzindo índices temporais obtemos uma relação simples entre investimento e produto It sYt O investimento é proporcional ao produto Quanto maior o produto maior a poupança e portanto maior o investimento Investimento e acumulação de capital O segundo passo relaciona o investimento que é um fluxo as novas máquinas pro duzidas e as novas fábricas construídas durante um dado período com o capital que é um estoque máquinas e fábricas existentes na economia em um momento no tempo Pensemos no tempo como medido em anos portanto t representa o ano t t 1 representa o ano t 1 e assim por diante Pensemos no estoque de capital como medido no início de cada ano assim Kt referese ao estoque de capital no início do ano t Kt1 ao estoque de capital no início do ano t 1 e assim por diante Suponhamos que o capital seja depreciado a uma taxa d letra grega minúscula delta ao ano Isto é de um ano para o outro uma proporção d do estoque de capi tal é sucateada e se torna inútil De forma equivalente uma proporção 1 d do estoque de capital permanece intacta de um ano para outro A evolução do estoque de capital é então dada por Kt1 1 dKt It O estoque de capital no início do ano t 1 Kt 1 é igual ao estoque de capital no início do ano t que ainda permanece intacto no ano t 1 1 dKt somado ao novo esto que de capital instalado durante o ano t isto é o investimento feito durante o ano t It Agora podemos combinar a relação entre produto e investimento com aquela entre investimento e acumulação de capital para obter a segunda relação de que precisamos para pensar sobre o crescimento a relação do produto com a acumu lação de capital Substituindo o investimento por sua expressão anterior e dividindo ambos os lados por N o número de trabalhadores na economia temos Kt 1 N 11 d2Kt N s Yt N Resumindo o capital por trabalhador no início do ano t 1 é igual ao capital por trabalhador no início do ano t ajustado pela depreciação somado ao investimento por trabalhador durante o ano t que é igual à taxa de poupança multiplicada pelo produto por trabalhador durante o ano t Desmembrando o termo 1 dKt N em KtN dKtN passando Kt N para o lado esquerdo e reagrupando o lado direito temos Kt 1 N Kt N s Yt N dKt N 112 Em suma a mudança no estoque de capital por trabalhador representada pela diferença entre os dois termos do lado esquerdo é igual à poupança por trabalhador representada pelo primeiro termo do lado direito menos a depreciação represen tada pelo segundo termo do lado direito Essa equação nos dá a segunda relação entre produto por trabalhador e capital por trabalhador Agora vemos duas especifi cações do comportamento da poupança ou de maneira equivalente do comporta mento do consumo uma para o curto prazo no Capítulo 3 e outra para o longo prazo neste capítulo Podese cogitar como as duas especificações se relacionam entre si e se são consistentes A resposta é sim Haverá uma discussão com pleta no Capítulo 15 Vale lembrar que fluxos são vari áveis com dimensão temporal isto é são definidas por uni dade de tempo estoques são variáveis que não têm dimensão temporal são definidas em um momento no tempo Produto poupança e investimento são fluxos Nível de emprego e capi tal são estoques Do lado da poupança o nível de produto por trabalhador determina a mudança no nível de capital por trabalhador ao longo do tempo BookBlanchard 1indb 239 241017 1717 240 Macroeconomia 112 Implicações de taxas de poupança diferentes Derivamos duas relações Do lado da produção vimos na Equação 111 como o capital determina o produto Do lado da poupança vimos na Equação 112 como o produto por sua vez determina a acumulação de capital Agora vamos juntálas para ver como determinam o comportamento do produto e do capital ao longo do tempo Dinâmica do capital e do produto Substituindo o produto por trabalhador Yt N na Equação 112 por sua expressão em termos de capital por trabalhador da Equação 111 temos Kt 1 N Kt N s f a Kt N b da Kt N b variação no capital Investimento durante o ano Depreciação durante o ano do ano para o ano t t 1 t t 113 Essa relação descreve o que ocorre com o capital por trabalhador A variação no capital por trabalhador deste ano para o próximo depende da diferença entre dois termos Investimento por trabalhador o primeiro termo da direita o nível do capital por trabalhador neste ano determina o produto por trabalhador neste ano Dada a taxa de poupança o produto por trabalhador determina o montante de poupança por trabalhador e assim do investimento por trabalhador neste ano A depreciação por trabalhador o segundo termo da direita o estoque de capital por trabalhador determina o montante de depreciação por trabalha dor neste ano Se o investimento por trabalhador supera a depreciação por trabalhador a variação no capital por trabalhador é positiva O capital por trabalhador aumenta Se o investimento por trabalhador é inferior à depreciação por trabalhador a variação no capital por trabalhador é negativa O capital por trabalhador diminui Dado o capital por trabalhador o produto por trabalhador é obtido pela Equação 111 Yt N f a Kt N b As equações 113 e 111 contêm todas as informações necessárias para enten dermos a dinâmica do capital e do produto ao longo do tempo O melhor modo de interpretálas é por meio de um gráfico Faremos isto na Figura 112 O pro duto por trabalhador é medido no eixo vertical e o capital por trabalhador no eixo horizontal Na Figura 112 vamos examinar primeiro a curva que representa o produto por trabalhador fKtN como função do capital por trabalhador A relação é igual à da Figura 104 o produto por trabalhador aumenta com o capital por trabalhador mas em virtude dos rendimentos decrescentes do capital quanto maior for o nível de capital por trabalhador menor será esse efeito Kt N 1 fKt N 1 sfKt N Kt N 1 dKt N BookBlanchard 1indb 240 241017 1717 Capítulo 11 Poupança acumulação de capital e produto 241 Vamos examinar agora as duas curvas que representam os dois componentes do lado direito da Equação 113 A relação que representa o investimento por trabalhador sfKt N tem o mesmo formato da função de produção exceto por estar mais para baixo por um fator s a taxa de poupança Suponhamos que na Figura 112 o nível de capital por trabalhador seja igual a K0N O produto por trabalhador é então dado pela distância vertical AB e o investimento por trabalhador é dado pela distância vertical AC que é igual a s vezes a distância vertical AB Assim exatamente como o produto por trabalhador o investimento por trabalhador aumenta com o capital por trabalhador mas com acréscimos cada vez menores à medida que o capital por trabalhador aumenta Quando o capital por trabalhador já está muito elevado o efeito de um aumento adicional desse capital sobre o produto por trabalhador e consequentemente sobre o investimento por trabalhador é muito pequeno A relação que representa a depreciação por trabalhador dKtN é representada por uma linha reta A depreciação por trabalhador aumenta proporcionalmente com o capital por trabalhador de modo que a relação é representada por uma linha reta com inclinação igual a d No nível de capital por trabalhador K0N a depreciação por trabalhador é dada pela distância vertical AD A variação no capital por trabalhador é dada pela diferença entre o investimento por trabalhador e a depreciação por trabalhador Em K0N a diferença é positiva o investimento por trabalhador supera a depreciação por trabalhador em um mon tante representado pela distância vertical CD AC AD de modo que o capital por trabalhador aumenta À medida que nos movemos para a direita ao longo do eixo horizontal e observamos níveis cada vez maiores de capital por trabalhador o investimento aumenta cada vez menos enquanto a depreciação continua a aumentar proporcionalmente ao capital Para algum nível de capital por trabalhador KN na Figura 112 o investimento é exatamente o bastante para cobrir a depreciação e o capital por trabalhador permanece constante À esquerda de KN o investimento Para facilitar a leitura do grá fico assumimos uma taxa de poupança excessivamente ele vada Você poderia dizer qual é aproximadamente o valor assumido para s Qual seria um valor plausível de s Produto por trabalhador YN Capital por trabalhador KN 0 Investimento por trabalhador Produto por trabalhador Depreciação por trabalhador f KtN KtN f KtN s Y N K K N N Figura 112 Dinâmica do capital e do produto Quando o capital e o produto são baixos o investimento supera a depreciação e o capital aumenta Quando o capital e o produto são altos o investimento é inferior à depreciação e o capital diminui BookBlanchard 1indb 241 241017 1717 242 Macroeconomia supera a depreciação e o capital por trabalhador aumenta Isso é indicado pelas setas apontando para a direita sobre a curva que representa a função de produção À direita de KN a depreciação supera o investimento e o capital por trabalhador diminui Isso é indicado pelas setas apontando para a esquerda sobre a curva que representa a função de produção Agora fica fácil descrever a evolução do capital por trabalhador e do produto por trabalhador ao longo do tempo Consideremos uma economia que comece com um nível baixo de capital por trabalhador digamos K0N na Figura 112 Como o investimento supera a depreciação neste ponto o capital por trabalhador aumenta E como o produto se move com o capital o produto por trabalhador também aumenta O capital por trabalhador finalmente atinge KN o nível em que o investimento é igual à depreciação Uma vez que a economia tenha atingido o nível de capital por trabalhador KN o produto e o capital por trabalhador permanecerão constantes em YN e KN seus níveis de equilíbrio de longo prazo Pensemos por exemplo em um país que perde parte de seu estoque de capital diga mos em consequência de bombardeios em uma guerra O mecanismo que acabamos de ver sugere que se a perda de capital do país for muito maior que as perdas humanas esse país sairá da guerra com um nível baixo de capital por trabalhador isto é em um ponto à esquerda de KN O país experimentará um grande aumento tanto no capital quanto no produto por trabalhador durante algum tempo Isso descreve bem o que aconteceu após a Segunda Guerra Mundial nos países que tiveram uma destruição proporcionalmente maior de capital do que de vidas humanas veja o quadro Foco Acumulação de capital e crescimento na França após a Segunda Guerra Mundial Se por outro lado um país começar com um nível elevado de capital por traba lhador isto é de um ponto à direita de KN a depreciação será superior ao investimento e tanto o capital como o produto por trabalhador diminuirão O nível inicial de capital por trabalhador é alto demais para ser sustentado dada a taxa de poupança Essa diminuição do capital por trabalhador continuará até que a economia atinja novamente o ponto no qual o investimento é igual à depreciação e o capital por trabalhador é igual a KN Desse ponto em diante o capital por trabalhador e o produto por trabalhador permanecerão constantes Vamos examinar mais atentamente os níveis de produto e de capital por trabalha dor para os quais a economia converge no longo prazo O estado em que o produto e o capital por trabalhador não se alteram mais é chamado estado estacionário da economia Se assumirmos o lado esquerdo da Equação 113 como igual a zero no estado estacionário por definição a variação no capital por trabalhador é igual a zero o valor do capital por trabalhador no estado estacionário KN será dado por s f a K N b d K N 114 O valor do capital por trabalhador no estado estacionário é tal que o montante de poupança por trabalhador o lado esquerdo é exatamente suficiente para cobrir a depreciação do estoque de capital por trabalhador o lado direito Dado o capital por trabalhador no estado estacionário KN o valor do produto por trabalhador no estado estacionário YN será dado pela função de produção Y N f a K N b 115 Agora temos todos os elementos de que precisamos para discutir os efeitos da taxa de poupança sobre o produto por trabalhador tanto ao longo do tempo quanto no estado estacionário Quando o capital por traba lhador é baixo essa razão e o produto por trabalhador aumentam ao longo do tempo Quando o capital por trabalha dor é alto essa razão e o pro duto por trabalhador diminuem ao longo do tempo O que o modelo prevê para o crescimento no pósguerra se um país registrar perdas pro porcionais de população e de capital Você acha essa res posta convincente Quais ele mentos podem estar faltando no modelo KN é o nível de capital por trabalhador no longo prazo BookBlanchard 1indb 242 241017 1717 Capítulo 11 Poupança acumulação de capital e produto 243 Quando a Segunda Guerra Mundial acabou em 1945 a França era um dos países europeus que mais haviam sofrido perdas O número de mortes foi grande mais de 550 mil em uma população de 42 milhões Em termos relativos porém as perdas de capital foram muito maiores Estimase que o estoque de capital francês em 1945 era cerca de 30 menor que o valor anterior à guerra Os números da Tabela 1 oferecem um quadro mais detalhado da destruição do capital O modelo de crescimento que acabamos de ver faz uma previsão clara do que ocorrerá com um país que perde grande parte do seu estoque de capital Esse país experimentará por algum tempo uma acumulação de capi tal e um crescimento do produto acelerados Nos termos da Figura 112 um país que inicialmente tenha um capital por trabalhador bem abaixo de KN crescerá rapidamente conforme converge para KN e o produto por trabalhador converge para YN Essa previsão se encaixa bem no caso da França no pósguerra Há muita evidência não científica de que pequenos aumentos de capital levaram a grandes aumen tos no produto Pequenos reparos em uma ponte impor tante levariam à sua reabertura Isso proporcionaria uma grande redução do tempo de viagem entre duas cidades levando a custos de transporte muito menores Essa redu ção nos custos de transporte possibilitaria então que uma fábrica obtivesse insumos essenciais aumentasse a produção e assim por d iante As evidências mais convincentes vêm entretanto dire tamente dos números efetivos do produto agregado De 1946 a 1950 a taxa de crescimento anual do PIB real da França foi muito alta 96 ao ano Isso levou a um aumento do PIB real de cerca de 60 no curso de cinco anos Todo esse aumento do PIB francês foi resultado da acumulação de capital A resposta é não Houve outras forças em ação além do mecanismo do nosso modelo Muito do estoque de capital que restou em 1945 era antigo O investimento havia sido pequeno na década de 1930 uma década dominada pela Grande Depressão e praticamente inexistente durante a guerra Boa parte da acumulação de capital no pósguerra esteve associada à introdução de capital mais moderno e ao uso de técnicas de produção mais modernas Esse foi outro motivo para as altas taxas de crescimento do período pósguerra Fonte Gilles SaintPaul Economic reconstruction in France 19451958 em Rudiger Dornbusch Willem Nolling e Richard Layard eds Postwar economic reconstruction and lessons for the east today Cambridge MA MIT Press 1993 Acumulação de capital e crescimento na França após a Segunda Guerra Mundial F O C O Tabela 1 Proporção do estoque de capital francês destruído ao final da Segunda Guerra Mundial Ferrovias Linhas 6 Estações 38 Locomotivas 21 Maquinário 60 Rodovias Automóveis 31 Caminhões 40 Rios Hidrovias 86 Eclusas 11 Barcaças 80 Prédios números absolutos Residenciais 1229000 Comerciais 246000 Taxa de poupança e produto Vamos voltar à questão do início do capítulo como a taxa de poupança afeta a taxa de crescimento do produto por trabalhador Nossa análise leva a uma resposta em três partes BookBlanchard 1indb 243 241017 1717 244 Macroeconomia 1 A taxa de poupança não tem nenhum efeito sobre a taxa de crescimento do produto por trabalhador no longo prazo que é igual a zero Essa conclusão é bastante óbvia Vimos que em última instância a economia converge para um nível constante de produto por trabalhador Em outras palavras no longo prazo a taxa de crescimento do produto é igual a zero qualquer que seja a taxa de poupança Há entretanto um modo de pensar sobre essa conclusão que será útil quando introduzirmos o progresso tecnológico no Capítulo 12 Pensemos no que seria necessário para sustentar uma taxa de crescimento de produto por trabalhador positiva constante no longo prazo O capital por trabalhador teria de aumentar Não apenas isso mas por causa dos rendimentos decrescentes do capital precisaria crescer mais rápido que o produto por trabalhador Isso implica que a economia teria de poupar a cada ano uma fração cada vez maior do produto e transferila para a acumulação de capital Em algum momento a fração de produto que a economia precisaria poupar seria maior que um algo claramente impossível Por isso é impossível sustentar uma taxa de crescimento positiva constante para sempre No longo prazo o capital por trabalhador deve ser constante assim como o produto por trabalhador 2 Entretanto a taxa de poupança determina o nível de produto por trabalhador no longo prazo Tudo o mais constante os países com taxa de poupança mais alta obterão um produto por trabalhador mais elevado no longo prazo A Figura 113 ilustra este aspecto Consideremos dois países com a mesma função de produção o mesmo nível de emprego e a mesma taxa de depreciação mas com taxas de poupança diferentes digamos s0 e s1 s0 A Figura 113 mostra a função de produção comum aos dois países fKtN e as funções poupança investimento por trabalhador como função do capital por trabalhador para cada um dos dois países s0fKtN e s1fKtN No longo prazo o país com taxa de poupança s0 alcançará o nível de capital por trabalhador K0N e de produto por trabalhador Y0N O país com a taxa de poupança s1 atingirá os níveis mais ele vados K1N e Y1N Alguns economistas argumen tam que o elevado crescimento do produto obtido pela União Soviética de 1950 a 1990 resul tou de um aumento contínuo na taxa de poupança ao longo do tempo que não poderia ser sustentado para sempre Paul Krugman usou a expressão crescimento stalinista para se referir a esse tipo de cresci mento resultante de uma taxa de poupança cada vez mais alta ao longo do tempo Note que a primeira proposição é uma afirmação sobre a taxa de crescimento do produto por trabalhador A segunda proposição é uma afirmação sobre o nível do produto por trabalhador Capital por trabalhador KN 0 1 Produto por trabalhador YN Investimento por trabalhador Investimento por trabalhador Produto por trabalhador Depreciação por trabalhador 1 0 f KtN KtN 1 f Kt N s 0 f KtN s Y Y N N K K N N Figura 113 Efeitos de taxas de poupanças diferentes Um país com uma taxa de poupança mais elevada atinge um nível mais alto de produto por trabalhador no estado estacionário BookBlanchard 1indb 244 241017 1717 Capítulo 11 Poupança acumulação de capital e produto 245 3 Um aumento na taxa de poupança levará a um maior crescimento do produto por trabalhador durante algum tempo mas não para sempre Esta conclusão decorre das duas proposições que acabamos de discutir Da primeira sabemos que um aumento na taxa de poupança não afeta a taxa de cresci mento do produto por trabalhador no longo prazo que permanece igual a zero Da segunda sabemos que um aumento na taxa de poupança leva a um aumento no nível de produto por trabalhador no longo prazo Daí temos que à medida que o produto por trabalhador aumentar para seu novo nível mais elevado em consequência do aumento na taxa de poupança a economia passará por um período de crescimento positivo Esse período de crescimento terminará quando a economia atingir seu novo estado estacionário Podemos usar a Figura 113 novamente para ilustrar esse aspecto Consideremos um país que tenha uma taxa de poupança inicial s0 Suponhamos que o capital por trabalhador inicialmente seja igual a K0N com um produto por trabalhador a ele associado de Y0N Agora consideremos os efeitos de um aumento na taxa de poupança de s0 para s1 A função que mostra poupançainvestimento por tra balhador como uma função do capital por trabalhador se desloca para cima de s0fKtN para s1fKtN No nível inicial de capital por trabalhador K0N o investimento supera a depre ciação de modo que o capital por trabalhador aumenta À medida que esse capital aumenta o mesmo ocorre com o produto por trabalhador e a economia passa por um período de crescimento positivo Quando o capital por trabalhador finalmente atinge K1N contudo o investimento tornase novamente igual à depreciação e o crescimento termina A partir daí a economia permanece em K1N com um produto por trabalhador a ele associado de Y1N A Figura 114 mostra a trajetória do produto por trabalhador ao longo do tempo Inicialmente o produto por trabalhador está constante no nível Y0N Após o aumento na taxa de poupança digamos no período t o produto por trabalhador aumenta por algum tempo até alcançar o nível mais alto Y1N e a taxa de crescimento volta para zero Derivamos esses três resultados sob a hipótese de que não há progresso tecnoló gico e portanto não há crescimento do produto por trabalhador no longo prazo Mas conforme veremos no Capítulo 12 os três resultados estendemse a uma economia com progresso tecnológico Vamos mostrar brevemente como Figura 114 Efeitos de um aumento na taxa de poupança sobre o produto por trabalhador em uma economia sem progresso tecnológico Um aumento na taxa de poupança leva a um período de crescimento maior até que o produto atinja seu novo estado estacionário mais elevado Tempo Produto por trabalhador YN Associado à taxa de poupança Associado à taxa de poupança 0 1 Y N 0 Y N t s 1 s0 s BookBlanchard 1indb 245 241017 1717 246 Macroeconomia Uma economia com progresso tecnológico apresenta uma taxa de crescimento de produto por trabalhador positiva mesmo no longo prazo Essa taxa de crescimento de longo prazo é independente da taxa de poupança a extensão do primeiro resultado que acabamos de discutir No entanto a taxa de poupança afeta o nível de produto por trabalhador a extensão do segundo resultado Um aumento na taxa de poupança leva a uma taxa de crescimento maior que a taxa de crescimento do estado estacionário até que a economia atinja uma nova trajetória mais elevada a extensão do nosso terceiro resultado Esses três resultados são ilustrados pela Figura 115 que estende a Figura 114 ao mostrar o efeito de um aumento na taxa de poupança sobre uma economia com progresso tecnológico positivo A figura mede o produto por trabalhador em uma escala logarítmica Consequentemente uma economia em que o produto por tra balhador cresce a uma taxa constante é representada por uma reta com inclinação igual a essa taxa de crescimento Na taxa de poupança inicial s0 a economia movese sobre a reta AA Se no período t a taxa de poupança aumentar para s1 a econo mia experimentará um crescimento maior por algum tempo até alcançar sua nova trajetória mais elevada BB Na trajetória BB a taxa de crescimento é novamente a mesma de antes do aumento da taxa de poupança isto é a inclinação de BB será igual à de AA Taxa de poupança e consumo Os governos podem afetar a taxa de poupança de diversas formas Primeiro podem variar a poupança pública Dada a poupança privada uma poupança pública positiva em outras palavras um superávit orçamentário leva a uma poupança total maior Simetricamente uma poupança pública negativa um déficit orçamentário leva a uma poupança total menor Segundo os governos podem usar impostos para afetar a poupança privada Por exemplo podem criar isenções de impostos para poupadores estimulandoos a poupar e assim aumen tando a poupança privada Veja a discussão sobre escalas logarítmicas no Apêndice 2 no final do livro Vale lembrar que poupança é a soma da poupança privada com a poupança pública Além disso poupança pública 3 superávit orçamentário des poupança pública 3 déficit orçamentário Figura 115 Efeitos de um aumento na taxa de poupança sobre o produto por trabalhador em uma economia com progresso tecnológico Um aumento na taxa de poupança leva a um período de crescimento maior até que o produto atinja uma nova trajetória mais elevada Tempo Produto por trabalhador YN escala logarítmica Associado à taxa de poupança 0 1 0 s s B A s A t B Associado à taxa de poupança BookBlanchard 1indb 246 241017 1717 Capítulo 11 Poupança acumulação de capital e produto 247 Que taxa de poupança os governos devem almejar Para elaborar a resposta temos de mudar nosso foco do comportamento do produto para o comportamento do consumo O motivo é que o que importa às pessoas não é quanto se produz mas o quanto elas consomem Está claro que o aumento na poupança deve vir inicialmente à custa de um con sumo menor exceto quando considerarmos útil omitiremos o termo por trabalha dor nesta subseção e nos referiremos apenas a consumo em vez de consumo por trabalhador e a capital em vez de capital por trabalhador e assim por diante Uma mudança na taxa de poupança em um dado ano não exerce qualquer efeito sobre o capital nesse ano e consequentemente nenhum efeito sobre o produto e a renda nesse ano Assim um aumento na poupança vem inicialmente com uma diminuição equivalente no consumo Um aumento na poupança leva a um aumento do consumo no longo prazo Não necessariamente O consumo pode cair não só de início mas também no longo prazo Podemos nos surpreender com isso Afinal sabemos pela Figura 113 que um aumento na taxa de poupança sempre leva a um aumento no nível de produto por trabalhador Mas produto não é o mesmo que consumo Para saber por que vejamos o que ocorre com dois valores extremos da taxa de poupança Uma economia em que a taxa de poupança é e sempre foi igual a zero constitui uma economia em que o capital é igual a zero Nesse caso o produto também equivale a zero assim como o consumo Uma taxa de poupança nula implica consumo nulo no longo prazo Agora consideremos uma economia em que a taxa de poupança é igual a 1 As pessoas poupam toda a sua renda O nível de capital e portanto de produto nessa economia será muito elevado Mas como as pessoas poupam toda a sua renda o consumo é igual a zero O que acontece é que a economia está carregando um montante excessivo de capital Para manter esse nível de produto é necessário que todo o produto se destine apenas a repor a depreciação Uma taxa de poupança igual a 1 também implica consumo igual a zero no longo prazo Esses dois casos extremos implicam que deve haver algum valor de taxa de poupança entre zero e 1 que maximize o nível de consumo no estado estacioná rio Aumentos na taxa de poupança abaixo desse valor inicialmente levam a uma diminuição do consumo porém no longo prazo levam a um aumento no consumo Aumentos na taxa de poupança acima desse valor diminuem o consumo não só inicialmente mas também no longo prazo Isso ocorre porque o aumento no capital associado ao aumento na taxa de poupança leva a apenas um pequeno aumento no produto aumento que é pequeno demais para cobrir a crescente depreciação Em outras palavras a economia carrega capital em demasia O nível de capital asso ciado ao valor da taxa de poupança que produz o maior nível de consumo no estado estacionário é conhecido como nível de capital da regra de ouro Os aumentos de capital além do nível da regra de ouro reduzem o consumo Esse argumento está ilustrado na Figura 116 que mostra o consumo por tra balhador no estado estacionário no eixo vertical contra a taxa de poupança no eixo horizontal Uma taxa de poupança igual a zero implica um estoque de capital igual a zero um nível de produto igual a zero e por consequência um nível de consumo por trabalhador igual a zero Para s entre zero e sG G referese à regra de ouro em inglês golden rule uma taxa de poupança maior leva a um capital mais alto um produto mais alto e um consumo por trabalhador mais alto Para s maior que sG os aumentos na taxa de poupança ainda levam a valores maiores do capital e do produto por trabalhador mas os aumentos agora levam a valores mais baixos do consumo por trabalhador Isso ocorre porque o aumento no produto Por assumir que o emprego é constante estamos ignorando o efeito de curto prazo de um aumento na taxa de poupança sobre o produto visto nos capítulos 3 5 e 9 No curto prazo um aumento na taxa de poupança não apenas reduz o consumo dada a renda mas também pode levar a uma recessão e reduzir ainda mais a renda Voltaremos a discutir os efeitos de curto e longo prazos das mudanças na poupança nos capítulos 16 e 22 BookBlanchard 1indb 247 241017 1717 248 Macroeconomia é mais que compensado pelo aumento na depreciação decorrente do estoque de capital maior Para s 1 o consumo por trabalhador é igual a zero O capital por trabalhador e o produto por trabalhador são elevados mas todo o produto é uti lizado exatamente para repor a depreciação não deixando nada para o consumo Se uma economia já possui tanto capital que está operando além da regra de ouro um aumento adicional na poupança diminuirá o consumo não somente agora mas também mais tarde Essa preocupação é relevante Alguns países dispõem realmente de tanto capital A evidência empírica indica que a maioria dos países da OCDE encontrase na verdade bem abaixo do nível de capital da regra de ouro O aumento da sua taxa de poupança levaria a um consumo maior no futuro e não menor Isso significa que na prática os governos se defrontam com um dilema um aumento na taxa de poupança leva a um consumo menor por algum tempo mas a um consumo maior depois O que os governos devem fazer O quanto devem tentar se aproximar da regra de ouro Isso depende da importância que atribuem ao bemestar das gerações atuais que estão mais sujeitas a perdas com políti cas econômicas destinadas a aumentar a taxa de poupança versus o bemestar das gerações futuras cuja probabilidade de ganho é maior Aí entra a política Gerações futuras não votam Isso significa que os governos não estão dispostos a pedir grandes sacrifícios das gerações atuais o que por sua vez significa que o capital provavelmente deve permanecer bem abaixo do nível da regra de ouro Nos Estados Unidos essas questões entre gerações estão em evidência no debate atual sobre a reforma da previdência social O quadro Foco Previdência social poupança e acumulação de capital nos Estados Unidos explora este tema com mais profundidade Taxa de poupança s 1 0 Consumo por trabalhador Consumo máximo por trabalhador no estado estacionário sG CN Figura 116 Efeitos da taxa de poupança sobre o consumo por trabalhador no estado estacionário Um aumento na taxa de poupança leva a um aumento e então a uma diminuição no consumo por trabalhador no estado estacionário BookBlanchard 1indb 248 241017 1717 Capítulo 11 Poupança acumulação de capital e produto 249 F O C O Previdência social poupança e acumulação de capital nos Estados Unidos A previdência social nos Estados Unidos foi criada em 1935 O objetivo do programa era assegurar que os idosos tivessem o suficiente para viver Com o passar do tempo tornouse o maior programa de governo do país Os benefícios pagos aos aposentados superam segundo semestre de 2015 4 do PIB Para dois terços dos apo sentados os benefícios representam mais de 50 de sua renda Há pouca dúvida de que em seus próprios termos o sistema de previdência social é um grande sucesso diminuindo a pobreza entre idosos Há pouca dúvida de que levou também a uma menor taxa de poupança nos Estados Unidos e portanto a uma menor acumulação de capital e um menor produto por pessoa no longo prazo Para entender por que devemos fazer um desvio teórico Pensemos em uma economia em que não haja qualquer sistema de previdência social em que os trabalhadores precisam poupar para garantir sua própria aposentadoria Agora vamos introduzir um sistema que colete contribuições previdenciárias dos trabalhadores e distribui benefícios para os aposentados O sistema pode fazer isto de duas maneiras Uma maneira consiste em tributar os trabalhadores investindo suas contribuições em ativos financeiros e devolvendo o principal acrescido dos juros aos trabalhadores quando se aposentam É o chamado sistema de capitalização Em qualquer momento o sistema tem fundos iguais às contribuições acumuladas de trabalhadores com as quais será capaz de pagar benefícios a esses trabalhadores quando se aposentarem Outra maneira consiste em tributar os trabalhado res e redistribuir as contribuições previdenciárias na forma de benefícios para os aposentados atuais É o chamado sistema de repartição O sistema paga benefícios conforme dá para repartir isto é à medida que os arrecada por meio de contribuições Do ponto de vista dos trabalhadores os dois siste mas são bastante semelhantes Em ambos os casos os trabalhadores pagam contribuições quando trabalham e recebem os benefícios quando se aposentam Entretanto existem duas diferenças principais Em primeiro lugar o que os aposentados recebem difere conforme o caso O que os aposentados recebem em um sistema de capitalização depende da taxa de retorno dos ativos financeiros mantidos pelo fundo O que os aposentados recebem no sistema de reparti ção depende da demografia a razão entre aposen tados e trabalhadores e da evolução das alíquotas de impostos determinadas pelo sistema Quando a população envelhece e a proporção de aposentados aumenta ou os aposentados recebem menos ou os trabalhadores têm de contribuir mais É mais ou menos assim que funciona dados do segundo semestre de 2015 nos Estados Unidos A razão entre aposentados e trabalhadores que era de 03 em 2000 já está acima de 04 e prevêse que se aproxime de 05 até 2030 Sob as regras vigentes os benefícios vão aumentar dos atuais 4 do PIB para 6 em 2030 Assim ou os benefícios terão de ser reduzidos caso em que a taxa de retorno para os trabalhadores que contribuí ram no passado será baixa ou as contribuições terão de ser aumentadas caso em que se reduzirá a taxa de retorno para os trabalhadores que estão contri buindo ou mais provavelmente alguma combinação de ambos será implementada Em segundo lugar e deixando de lado a questão do envelhecimento os dois sistemas têm implicações macroeconômicas diversas No sistema de capitalização os trabalhadores poupam menos porque esperam receber benefícios quando envelhecerem Mas o sistema previdenciário poupa em nome deles investindo suas contribuições em ativos financeiros A presença de um sistema de previdência social muda a composição da poupança total a pou pança privada diminui e a poupança pública aumenta Mas em uma primeira aproximação não há nenhum efeito sobre a poupança total e portanto nenhum efeito sobre a acumulação de capital No sistema de repartição os trabalhadores também poupam menos porque esperam receber benefícios quando envelhecerem Mas neste caso o sistema previdenciário não poupa por eles A redução na pou pança privada não é compensada por um aumento na poupança pública Há uma queda na poupança total bem como na acumulação de capital A maioria dos sistemas previdenciários atuais encon trase em algum ponto entre os de repartição e de capita lização Quando a previdência social dos Estados Unidos foi criada em 1935 a intenção era capitalizar parcialmente o sistema Mas não foi o que ocorreu Em vez de serem investidas as contribuições dos trabalhadores foram BookBlanchard 1indb 249 241017 1717 250 Macroeconomia usadas para pagar benefícios aos aposentados o que é o caso desde então Como as contribuições vêm supe rando ligeiramente os benefícios desde o início da década de 1980 a administração da previdência social criou um fundo fiduciário da previdência social Mas esse fundo é bem menor que o valor dos benefícios prometidos aos contribuintes atuais para quando se aposentarem O sistema norteamericano é basicamente um sistema de repartição e isso provavelmente levou a uma menor taxa de poupança nos Estados Unidos nos últimos 70 anos Nesse contexto alguns economistas e políticos suge riram que o governo norteamericano passasse a adotar o sistema de capitalização Um de seus argumentos era o de que a taxa de poupança dos Estados Unidos encontrase demasiadamente reduzida e a capitalização da previdência social contribuiria para aumentála Essa mudança poderia ser alcançada investindose de agora em diante as con tribuições previdenciárias em ativos financeiros em vez de distribuílas como benefícios aos aposentados Com essa mudança o sistema acumularia fundos consistentemente e acabaria por se tornar um sistema de capitalização Martin Feldstein economista de Harvard e defensor da mudança concluiu que no longo prazo ela levaria a um aumento de 34 no estoque de capital Como deveríamos pensar nessa proposta Provavelmente teria sido uma boa ideia capitalizar o sistema desde o início Os Estados Unidos teriam uma taxa de poupança mais alta O estoque de capital do país seria maior assim como o produto e o consumo Mas não podemos reescrever a história O sistema existente pro meteu benefícios aos aposentados e essas promessas devem ser honradas Isso significa que sob a proposta que acabamos de descrever os trabalhadores atuais precisariam na verdade contribuir duplamente de um lado para capitalizar o sistema e financiar sua própria aposentadoria de outro para financiar os benefícios devidos aos aposentados atuais Isso imporia um custo desproporcional aos atuais trabalhadores somando se aos problemas decorrentes do envelhecimento que podem vir a exigir maiores contribuições dos trabalha dores de qualquer maneira A implicação prática é que se for necessária a mudança para um sistema de capi talização deverá ser muito lenta de modo que o ônus do ajuste não pese demais sobre uma geração em relação às demais É provável que o debate ainda dure algum tempo Ao avaliar as propostas do governo e do Congresso devemos nos perguntar como eles lidam com a questão que acabamos de discutir Consideremos por exemplo a proposta de permitir que os trabalhadores a partir de agora depositem suas contribuições previdenciárias em uma conta pessoal em vez de pagálas para a previdência social e possam fazer retiradas dessa conta quando se aposentarem Essa proposta resultaria claramente em um aumento na poupança privada os trabalhadores estariam poupando mais Mas seu efeito final sobre a poupança depende de como os benefícios já prometidos pela pre vidência aos trabalhadores e aposentados atuais serão financiados Se como é o caso em algumas propostas esses benefícios forem financiados não por meio de impostos adicionais mas do financiamento por dívida então o aumento da poupança privada será compensado por um aumento nos déficits isto é uma diminuição na poupança pública A mudança para uma conta pessoal não aumentará a taxa de poupança total dos Estados Unidos Se por outro lado esses benefícios forem finan ciados por meio de impostos mais altos então a taxa de poupança dos Estados Unidos aumentará Mas neste caso os trabalhadores atuais tanto terão de contribuir para suas contas pessoais quanto pagar mais impostos Eles acabarão pagando duas vezes Para acompanhar o debate sobre a previdência social nos EUA consulte o site apartidário da Concord Coalition wwwconcordcoalitionorg 113 Uma ideia das grandezas Que impacto uma mudança na taxa de poupança tem sobre o produto no longo prazo Por quanto tempo e em que extensão um aumento na taxa de poupança afeta o crescimento A que distância os Estados Unidos se encontram do nível de capital da regra de ouro Para ter uma ideia melhor das respostas a essas questões vamos fazer algumas hipóteses mais específicas inserir alguns números e ver o resultado Suponhamos que a função de produção seja dada por Y 1K 1N 11 6 BookBlanchard 1indb 250 241017 1717 Capítulo 11 Poupança acumulação de capital e produto 251 O produto é igual à multiplicação da raiz quadrada do capital pela raiz quadrada do trabalho Uma especificação mais geral da função de produção conhecida como função de produção de CobbDouglas e suas implicações para o crescimento são apresentadas no apêndice deste capítulo Dividindo ambos os lados por N porque estamos interessados no produto por trabalhador obtemos Y N 1K1N N 1K 1N A K N O produto por trabalhador é igual à raiz quadrada do capital por trabalhador Dito de outra maneira a função de produção f que relaciona o produto por traba lhador ao capital por trabalhador é dada por f a Kt N b A Kt N Substituindo fKt N por 2KtN na Equação 113 temos Kt 1 N Kt N sA Kt N dKt N 11 7 Esta equação descreve a evolução do capital por trabalhador ao longo do tempo Vamos examinar suas implicações Efeitos da taxa de poupança sobre o produto no estado estacionário Qual o impacto de um aumento na taxa de poupança sobre o nível de produto por trabalhador no estado estacionário Vamos começar pela Equação 117 No estado estacionário o montante de capital por trabalhador é constante portanto o lado esquerdo da equação é igual a zero Isso implica que s A K N d K N Retiraremos os índices temporais que não são mais necessários pois no estado estacionário KN é constante O asterisco é para lembrar que estamos examinando o valor do capital no estado estacionário Eleve ambos os lados ao quadrado para obter s2 K N d2 a K N b 2 Divida ambos os lados por KN e reorganize K N a s db 2 11 8 O capital por trabalhador em estado estacionário é igual ao quadrado da razão entre a taxa de poupança e a taxa de depreciação Com base nas equações 116 e 118 o produto por trabalhador em estado esta cionário é dado por Y N C K N Ca s db 2 s d 11 9 O produto por trabalhador no estado estacionário é igual à razão entre a taxa de poupança e a taxa de depreciação Uma taxa de poupança maior e uma depreciação menor levam a um maior capital por trabalhador no estado estacionário Equação 118 e a um maior produto por Observe que esta função de produção apresenta retornos constantes de escala e rendi mentos decrescentes tanto do capital quanto do trabalho A segunda igualdade vem de 1NN 1N11N1N2 1 1N BookBlanchard 1indb 251 241017 1717 252 Macroeconomia trabalhador no estado estacionário Equação 119 Para ver o que isso significa vejamos um exemplo numérico Suponhamos que a taxa de depreciação seja de 10 ao ano e que a taxa de poupança também seja de 10 Então pelas equações 118 e 119 vemos que o capital e o produto por trabalhador no estado estacionário são ambos iguais a 1 Agora suponhamos que a taxa de poupança dobre de 10 para 20 Seguese a partir da Equação 118 que no novo estado estacionário o capital por trabalhador aumenta de 1 para 4 E a partir da Equação 119 que o produto por trabalhador dobra de 1 para 2 Portanto a duplicação da taxa de poupança leva no longo prazo à duplicação do produto por trabalhador este é um efeito substancial Efeitos dinâmicos de um aumento na taxa de poupança Acabamos de verificar que um aumento na taxa de poupança leva a um aumento no nível de produto no estado estacionário Mas quanto tempo leva para que o produto atinja seu novo nível de estado estacionário Dito de outra maneira em que extensão e por quanto tempo um aumento na taxa de poupança afeta a taxa de crescimento Para responder a essas perguntas devemos utilizar a Equação 117 e resolvêla para o capital por trabalhador no ano 0 no ano 1 e assim por diante Suponhamos que a taxa de poupança que sempre foi igual a 10 aumente no ano 0 de 10 para 20 e se mantenha no valor mais alto para sempre a partir daí No ano 0 nada acontece com o estoque de capital lembrese de que leva um ano para que poupança mais alta e investimento mais alto se manifestem em um capital mais alto Portanto o capital por trabalhador permanece igual ao valor no estado estacionário associado a uma taxa de poupança de 01 Da Equação 118 K0 N 101 0122 12 1 No ano 1 a Equação 117 nos dá K1 N K0 N sA K0 N dK0 N Com uma taxa de depreciação igual a 01 e uma taxa de poupança agora igual a 02 essa equação implica K1 N 1 10221112 10121 portanto K1 N 11 Do mesmo modo podemos resolver para K2N e assim por diante Uma vez determinados os valores de capital por trabalhador no ano 0 no ano 1 etc podemos usar a Equação 116 a fim de resolver para o produto por trabalhador no ano 0 no ano 1 e assim por diante Os resultados desse cálculo são apresentados na Figura 117 A Figura 117a mostra o nível de produto por trabalhador contra o tempo YN aumenta ao longo do tempo de seu valor inicial igual a 1 no ano 0 para seu valor no estado estacionário igual a 2 no longo prazo A Figura 117b fornece a mesma informação de um modo diferente mostrando a taxa de crescimento de pro duto por trabalhador contra o tempo Como a Figura 117b mostra o crescimento do produto por trabalhador é maior no início e depois diminui ao longo do tempo À medida que a economia atinge seu novo estado estacionário o crescimento do produto por trabalhador volta a zero A diferença entre investimento e depreciação é inicialmente maior É por isso que a acu mulação de capital e por sua vez o crescimento do produto são inicialmente mais altos BookBlanchard 1indb 252 241017 1717 Capítulo 11 Poupança acumulação de capital e produto 253 O que a Figura 117 mostra com clareza é que o ajuste para o novo equilíbrio de longo prazo mais elevado leva muito tempo O ajuste tem apenas 40 completos após 10 anos e 63 após 20 anos Dito de outra maneira o aumento na taxa de poupança eleva a taxa de crescimento do produto por trabalhador por muito tempo A taxa média anual de crescimento é de 31 nos primeiros 10 anos e de 15 nos 10 anos seguintes Embora as mudanças na taxa de poupança não tenham qualquer efeito sobre o crescimento no longo prazo elas certamente levam a um crescimento maior por muito tempo Voltando à questão levantada no início do capítulo a baixa taxa de poupança investimento nos Estados Unidos poderia explicar por que a taxa de crescimento do país tem sido tão pequena em relação aos demais países da OCDE desde 1950 A resposta seria sim se os Estados Unidos tivessem apresentado uma taxa de poupança mais alta no passado e se essa taxa de poupança tivesse caído substancial mente nos últimos 50 anos Se este fosse o caso isso poderia explicar o período de crescimento menor nos Estados Unidos nos últimos 50 anos nas linhas do mecanismo na Figura 117 com o sinal invertido pois estaríamos observando uma redução e não um aumento na taxa de poupança Mas não é o caso A taxa de poupança Figura 117 Efeitos dinâmicos de um aumento na taxa de poupança de 10 para 20 sobre o nível e a taxa de crescimento do produto por trabalhador É preciso muito tempo para que o produto se ajuste ao seu novo nível mais elevado após o aumento na taxa de poupança Dito de outra maneira um aumento na taxa de poupança leva a um longo período de crescimento maior Nível do produto por trabalhador 200 175 150 125 100 0 Anos a Efeito sobre o nível de produto por trabalhador Taxa de crescimento do produto por trabalhador percentual 5 4 3 2 1 0 b Efeito sobre o crescimento do produto 10 20 30 40 50 0 Anos 10 20 30 40 50 YN BookBlanchard 1indb 253 241017 1717 254 Macroeconomia norteamericana está baixa há muito tempo A poupança baixa não pode explicar o mau desempenho do crescimento dos Estados Unidos ao longo dos últimos 50 anos A taxa de poupança dos Estados Unidos e a regra de ouro Que taxa de poupança maximizaria o consumo por trabalhador no estado esta cionário Vale lembrar que no estado estacionário o consumo é igual ao que sobrou depois que um montante suficiente foi reservado para manter um nível constante de capital Mais formalmente no estado estacionário o consumo por trabalhador é igual ao produto menos a depreciação C N Y N d K N Usando as equações 118 e 119 para os valores do produto e do capital por trabalhador ambos no estado estacionário temos que o consumo por trabalhador é dado por C N s d da s db 2 s11 s2 d Utilizando esta equação com as equações 118 e 119 a Tabela 111 nos dá os valores no estado estacionário do capital do produto e do consumo por trabalhador para valores diferentes da taxa de poupança e para uma taxa de depreciação igual a 10 O consumo por trabalhador no estado estacionário é máximo quando s é igual a 12 Em outras palavras o nível de capital da regra de ouro está associado a uma taxa de poupança de 50 Abaixo desse nível aumentos na taxa de poupança levam a um aumento no consumo por trabalhador no longo prazo Vimos ante riormente que a taxa média de poupança dos Estados Unidos desde 1970 era de somente 17 Portanto podemos acreditar que ao menos nos Estados Unidos um aumento na taxa de poupança aumentaria o produto e o consumo por trabalhador no longo prazo Teste sua compreensão acerca dessas questões Usando as equações desta seção discuta os prós e os contras das medi das de política econômica des tinadas a aumentar a taxa de poupança nos Estados Unidos Tabela 111 A taxa de poupança e os níveis de estado estacionário do capital do produto e do consumo por trabalhador Taxa de poupança s Capital por trabalhador KN Produto por trabalhador YN Consumo por trabalhador CN 00 00 00 00 01 10 10 09 02 40 20 16 03 90 30 21 04 160 40 24 05 250 50 25 06 360 60 24 10 1000 100 00 BookBlanchard 1indb 254 241017 1717 Capítulo 11 Poupança acumulação de capital e produto 255 114 Capital físico versus capital humano Até agora nos concentramos no capital físico máquinas fábricas prédios de escritórios e assim por diante Mas as economias possuem outro tipo de capital o conjunto de habilidades dos trabalhadores na economia ou o que os economistas chamam de capital humano Uma economia com muitos trabalhadores altamente qualificados provavelmente será muito mais produtiva que outra em que a maioria dos trabalhadores é analfabeta Nos últimos dois séculos o aumento do capital humano tem sido tão grande quanto o do capital físico No início da Revolução Industrial somente 30 da popu lação dos países que atualmente constituem a OCDE sabiam ler Atualmente a taxa de alfabetização nos países da OCDE situase acima de 95 A educação formal não era compulsória antes da Revolução Industrial mas agora é em geral até os 16 anos Mesmo assim há grandes diferenças entre os países Hoje em dia nos países da OCDE praticamente 100 das crianças recebem ensino primário 90 recebem ensino secundário e 38 ensino superior Os percentuais nos países pobres países com PIB por pessoa inferior a US 400 são 95 32 e 4 respectivamente Como podemos pensar no efeito do capital humano sobre o produto Como a introdução do capital humano muda nossas conclusões anteriores Essas são as questões que examinaremos nesta seção final Ampliando a função de produção O modo mais natural de ampliar nossa análise para incluir o capital humano é modificar a relação da função de produção da Equação 111 para Y N f a K N H Nb 11 10 12 O nível de produto por trabalhador depende tanto do nível de capital físico por trabalhador KN quanto do nível de capital humano por trabalhador HN Assim como antes um aumento no capital por trabalhador KN leva a um aumento no produto por trabalhador E um aumento no nível médio de qualificação HN também leva a um maior produto por trabalhador Trabalhadores mais qualificados podem realizar tarefas mais complexas eles lidam mais facilmente com complicações inesperadas Tudo isso leva a um produto por trabalhador maior Admitimos anteriormente que aumentos no capital físico por trabalhador aumen tavam o produto mas que o efeito diminuía à medida que o nível de capital aumen tava Podemos adotar a mesma hipótese para o capital humano por trabalhador Pensemos em aumentos de HN como resultado de aumentos no número de anos de educação A evidência mostra que os retornos do aumento na proporção de crianças que recebem ensino primário são muito grandes No mínimo a capacidade de ler e escrever permite que as pessoas utilizem equipamentos mais sofisticados e produ tivos Para os países ricos no entanto o ensino primário e neste caso também o secundário não constitui mais uma vantagem relevante A maioria das crianças recebe ambos A vantagem relevante está agora no ensino superior Com certeza é bom saber que as evidências mostram que o ensino superior aumenta as habili dades das pessoas pelo menos quando medidas pelo aumento dos salários dos que adquirem essas habilidades Mas tomando um exemplo extremo não está claro que o fato de obrigar todos a obter um diploma de curso superior vá aumentar muito o produto agregado Muitas pessoas estariam sobrequalificadas e provavelmente mais frustradas em vez de mais produtivas Mesmo essa comparação pode ser enganosa pois a qualidade da educação pode ser completamente diferente entre os países Observe que estamos usando o mesmo símbolo H para representar a moeda do Banco Central no Capítulo 4 e o capi tal humano neste capítulo Os dois usos são tradicionais Não devemos nos confundir Examinaremos esta evidência no Capítulo 13 BookBlanchard 1indb 255 241017 1717 256 Macroeconomia Como deveríamos construir a medida do capital humano H A resposta é em grande parte da mesma maneira que elaboramos a medida do capital físico K Para construir K apenas somamos os valores dos diferentes componentes do capital de modo que um equipamento que custe US 2000 receba o dobro do peso de uma máquina que custe US 1000 De modo semelhante construímos a medida de H de maneira que os trabalhadores que ganham o dobro possuam o dobro do peso Consideremos por exemplo uma economia com 100 trabalhadores metade deles não qualificada e metade qualificada Suponhamos que o salário relativo dos traba lhadores qualificados seja o dobro do salário dos não qualificados Podemos então construir H como 50 1 50 2 150 O capital humano por trabalhador HN é igual a 150100 15 Capital humano capital físico e produto Como a introdução do capital humano altera a análise das seções anteriores Nossas conclusões a respeito da acumulação do capital físico permanecem válidas Um aumento na taxa de poupança aumenta o capital físico por trabalhador no estado estacionário e portanto aumenta o produto por trabalhador Mas agora nossas conclusões também se estendem à acumulação de capital humano Um aumento do quanto a sociedade poupa sob a forma de capital humano por meio da educa ção ou do treinamento no trabalho aumenta o capital humano por trabalhador no estado estacionário que leva a um aumento no produto por trabalhador Nosso modelo ampliado fornece um quadro mais detalhado da determinação do produto No longo prazo o modelo mostra que o produto depende tanto de quanto a socie dade poupa como de quanto gasta com educação Qual é a importância relativa do capital humano e do capital físico na deter minação do produto por trabalhador Um ponto de partida é comparar o quanto se gasta em educação formal com quanto se investe em capital físico Nos Estados Unidos os gastos com educação formal representam cerca de 65 do PIB Esse percentual inclui tanto os gastos do governo quanto os gastos pessoais privados com educação Está entre 13 e metade da taxa de investimento bruto em capital físico que é de aproximadamente 16 Mas essa comparação é apenas um primeiro passo Consideremos as seguintes complicações A educação sobretudo o ensino superior é em parte consumo em seu próprio benefício e em parte investimento Para nossos objetivos devemos incluir ape nas a parte relativa ao investimento No entanto os 65 do parágrafo anterior incluem ambos Pelo menos para o ensino superior o custo de oportunidade da educação de uma pessoa são os salários aos quais se renunciam enquanto se adquire a educação O gasto com educação deve incluir não só o custo efetivo da educação mas também esse custo de oportunidade Os 65 não incluem este custo A educação formal é apenas parte da educação Muito do que aprendemos vem do treinamento no trabalho seja ele formal ou informal Tanto os custos efetivos quanto os de oportunidade do treinamento no trabalho também deveriam ser incluídos Os 65 não incluem os custos associados ao treinamento no trabalho Devemos comparar as taxas de investimento líquidas da depreciação A depre ciação do capital físico em especial das máquinas provavelmente é maior que a depreciação do capital humano As habilidades deterioramse mas de forma mais lenta E diferentemente do capital físico quanto mais usadas mais demoram para se deteriorar O uso de salários relativos como peso baseiase na ideia de que eles refletiriam os pro dutos marginais relativos Supõese que um trabalhador com salário três vezes superior a outro tenha um produto mar ginal três vezes maior Uma questão contudo seria saber se os salários relativos refletem com precisão os produtos marginais relativos Um exemplo controverso ocupando o mesmo cargo com o mesmo tempo de ser viço as mulheres frequente mente ganham menos que os homens Isto significa que seu produto marginal é menor Na elaboração de uma medida de capital humano as mulheres deveriam receber um peso menor do que o dos homens Qual é o custo de oportunidade em relação ao valor das men salidades escolares BookBlanchard 1indb 256 241017 1717 Capítulo 11 Poupança acumulação de capital e produto 257 Por todos esses motivos é difícil obter números confiáveis para o investimento em capital humano Estudos recentes concluem que os investimentos em capital físico e em educação desempenham papéis aproximadamente semelhantes na determinação do produto Isso significa que o produto por trabalhador depende de modo aproximadamente igual do montante de capital físico e do montante de capital humano na economia Os países que poupam mais ou gastam mais com educação podem alcançar níveis de produto por trabalhador no estado estacionário substancialmente maiores Crescimento endógeno Observe o que nossa conclusão afirmou e o que não afirmou Afirmouse que um país que poupa mais ou gasta mais com educação alcançará um nível mais alto de produto por trabalhador no estado estacionário Não se afirmou que ao poupar ou gastar mais com educação um país poderá sustentar permanentemente um crescimento maior do produto por trabalhador Esta conclusão foi no entanto desafiada Seguindo Robert Lucas e Paul Romer pesquisadores têm explorado a possibilidade de que a acumulação conjunta de capitais físico e humano pode de fato ser suficiente para sustentar o crescimento Dado o capital humano aumentos de capital físico produzirão rendimentos decrescentes E dado o capital físico aumentos de capital humano também produzirão rendimentos decrescentes Mas esses pesquisadores pergun taram o que ocorre quando os capitais físico e humano aumentam ao mesmo tempo Uma economia pode crescer para sempre apenas com o aumento cons tante do capital e dos trabalhadores mais qualificados Os modelos que geram um crescimento contínuo mesmo sem progresso tecno lógico são chamados modelos de crescimento endógeno para refletir o fato de que neles ao contrário do modelo que vimos em seções anteriores deste capítulo a taxa de crescimento depende mesmo no longo prazo de variáveis como taxa de poupança e taxa de gastos com educação O veredicto sobre essa classe de modelos ainda não foi dado mas até agora tudo indica que nossas conclusões anteriores devam ser qualificadas mas não abandonadas O consenso atual é que O produto por trabalhador depende dos níveis de capitais físico e humano por trabalhador Ambas as formas de capital podem ser acumuladas uma pelo investimento físico outra por educação e treinamento O aumento na taxa de poupança ou na fração do produto despendida em educação e treinamento pode levar a níveis bem mais altos de produto por trabalhador no longo prazo Entretanto dada a taxa de progresso tecnológico essas medidas não levam a uma taxa de crescimento permanentemente maior Observe a qualificação da última proposição dada a taxa de progresso tecnológico Mas será que o progresso tecnológico não tem relação com o nível de capital humano na economia Uma força de trabalho mais instruída pode levar a uma taxa de progresso tecnológico maior Essas questões nos remetem ao tema do próximo capítulo as fontes e os efeitos do progresso tecnológico Robert Lucas recebeu o Prêmio Nobel em 1995 Ele leciona na Universidade de Chicago Paul Romer é professor da Universidade de Nova York BookBlanchard 1indb 257 241017 1717 258 Macroeconomia Resumo No longo prazo a evolução do produto é deter minada por duas relações Para facilitar a leitura deste resumo omitiremos a expressão por traba lhador Primeiro o nível de produto depende do montante de capital Segundo a acumulação de capital depende do nível do produto que determina a poupança e o investimento Essas interações entre capital e produto implicam que as economias convergem a partir de qualquer nível de capital e ignorando o progresso tecnoló gico tema do Capítulo 12 no longo prazo para um nível de capital de estado estacionário constante Associado a esse nível de capital há um nível de produto de estado estacionário O nível de capital no estado estacionário e por tanto o nível de produto no estado estacionário dependem positivamente da taxa de poupança Uma taxa de poupança mais alta leva a um nível de produto mais elevado no estado estacionário durante a transição para o novo estado estacio nário uma taxa de poupança mais alta leva a um crescimento positivo do produto Mas novamente ignorando o progresso tecnológico no longo prazo a taxa de crescimento do produto é igual a zero e portanto não depende da taxa de poupança Um aumento na taxa de poupança requer uma diminuição inicial no consumo No longo prazo o aumento da taxa de poupança pode levar a um aumento ou a uma diminuição do consumo depen dendo de a economia se encontrar abaixo ou acima do nível de capital da regra de ouro que é o nível de capital no qual o consumo no estado estacionário é mais elevado A maioria dos países tem um nível de capital abaixo do nível da regra de ouro Assim um aumento na taxa de poupança leva a uma diminuição inicial no consumo seguida de um aumento do consumo no longo prazo Ao considerar se implementam ou não medidas de política econômica destinadas a alterar a taxa de poupança de um país os formuladores da política econômica devem decidir que peso atribuir ao bemestar das gerações atuais versus o bemestar das gerações futuras Embora a maior parte da análise deste capítulo concentrese nos efeitos da acumulação de capi tal físico o produto depende dos níveis de capi tal físico e humano Ambas as formas de capi tal podem ser acumuladas uma por meio do investimento outra por educação e treinamento O aumento na taxa de poupança ou na fração do produto gasta com educação e treinamento pode levar a aumentos substanciais do produto no longo prazo Palavraschave capital humano 255 estado estacionário 242 fundo fiduciário da previdência social 250 modelos de crescimento endógeno 257 nível de capital da regra de ouro 247 sistema de capitalização 249 sistema de repartição 249 taxa de poupança 236 Questões e problemas Teste rápido 1 Usando as informações contidas neste capítulo diga se cada afirmação a seguir é verdadeira falsa ou incerta Explique brevemente a A taxa de poupança é sempre igual à taxa de investimento b Uma taxa de investimento mais alta pode sus tentar um crescimento maior do produto para sempre c Se o capital nunca se depreciasse o crescimento poderia prosseguir para sempre d Quanto mais elevada a taxa de poupança maior o consumo no estado estacionário BookBlanchard 1indb 258 241017 1718 Capítulo 11 Poupança acumulação de capital e produto 259 e Deveríamos transformar a previdência social de um sistema de repartição para um sistema de capitaliza ção Isso aumentaria o consumo agora e no futuro f O estoque de capital dos Estados Unidos está bem abaixo do nível da regra de ouro O governo deveria conceder isenções de impostos para a poupança pois o estoque de capital no país está muito abaixo do nível da regra de ouro g A educação aumenta o capital humano e desse modo o produto Assim os governos deveriam subsidiar a educação 2 Consideremos a seguinte afirmação O modelo de Solow mostra que a taxa de poupança não afeta a taxa de crescimento no longo prazo portanto devemos parar de nos preocupar com a baixa taxa de poupança nos Estados Unidos O aumento de tal taxa não teria nenhum efeito importante na economia Explique por que você concorda ou discorda 3 No Capítulo 3 vimos que um aumento na taxa de poupança pode levar a uma recessão no curto prazo ou seja o paradoxo da poupança Examinamos os efeitos no médio prazo no Problema 5 no final do Capítulo 7 Podemos agora examinar o efeito de um aumento na taxa de poupança no longo prazo Utilizando o modelo apresentado neste capítulo responda qual é o provável efeito de um aumento na taxa de poupança sobre o produto por trabalhador após uma década E após cinco décadas Aprofundando 4 Discuta o efeito provável sobre o nível do produto por pessoa no longo prazo de cada uma das seguintes alterações a O direito de excluir a poupança da renda no cál culo do imposto de renda b Uma taxa maior de participação das mulheres no mercado de trabalho mantida constante a população 5 Suponhamos que os Estados Unidos mudassem seu atual sistema de previdência social e passassem do sistema de repartição para o de capitalização Além disso suponhamos que o país financiasse a transição sem empréstimos governamentais adicionais Como tal mudança para o sistema de capitalização afetaria o nível e a taxa de crescimento do produto por tra balhador no longo prazo 6 Suponhamos que a função de produção seja dada por Y 05 1K 1N a Derive os níveis no estado estacionário do pro duto e do capital por trabalhador em termos da taxa de poupança s e da taxa de depreciação δ b Derive a equação para produto por trabalhador e consumo por trabalhador no estado estacionário em termos de s e δ c Suponhamos que δ 005 Com o auxílio de sua planilha preferida calcule o produto e o consumo por trabalhador no estado estacionário para s 0 s 01 s 02 s 1 Explique a intuição por trás dos seus resultados d Use a planilha que preferir para fazer um gráfico dos níveis do produto e do consumo por trabalha dor no estado estacionário ambos como função da taxa de poupança isto é medindo a taxa de poupança no eixo horizontal do gráfico e os valo res correspondentes do produto e do consumo por trabalhador no eixo vertical e O gráfico mostra que existe um valor de s que maximiza o produto por trabalhador O gráfico mostra que existe um valor de s que maximiza o consumo por trabalhador Se existe qual é esse valor 7 A função de produção CobbDouglas e o estado estacionário Esta questão baseiase no material do Apêndice deste capítulo Suponhamos que a produção da economia seja dada por Y KaN1a e consideremos que a 13 a Essa função de produção é caracterizada por retornos constantes de escala Explique b Há rendimentos decrescentes do capital c Há rendimentos decrescentes do trabalho d Transforme a função de produção em uma relação entre produto e capital por trabalhador e Para uma dada taxa de poupança s e uma taxa de depreciação δ obtenha uma expressão para o capital por trabalhador no estado estacionário f Obtenha uma expressão para o produto por tra balhador no estado estacionário g Resolva para o nível de produto por trabalhador no estado estacionário quando s 032 e δ 008 h Suponhamos que a taxa de depreciação perma neça constante em δ 008 enquanto a taxa de poupança cai pela metade para s 016 Qual é o novo nível de produto por trabalhador no estado estacionário BookBlanchard 1indb 259 241017 1718 260 Macroeconomia 8 Mantendo a lógica da Questão 7 suponhamos que a função de produção da economia seja dada por Y K13N23 e que tanto a taxa de poupança s quanto a taxa de depreciação D sejam iguais a 010 a Qual é o nível de capital por trabalhador no estado estacionário b Qual é o nível de produto por trabalhador no estado estacionário Suponhamos que a economia esteja no estado esta cionário e que no período t a taxa de depreciação aumente permanentemente de 010 para 020 c Quais serão os novos níveis de capital e de produto por trabalhador no estado estacionário d Calcule a trajetória do capital e do produto por trabalhador ao longo dos três primeiros períodos após a mudança na taxa de depreciação 9 Déficits e o estoque de capital Para a função de produção Y 1K 1N equation 119 a Equação 119 fornece a solução para o estoque de capital no estado estacionário a Mostre novamente os passos no texto que derivam a Equação 119 b Suponhamos que a taxa de poupança s seja inicialmente de 15 ao ano e que a taxa de depreciação δ seja de 75 Qual é o estoque de capital por trabalhador no estado estacionário Qual é o produto por trabalhador no estado estacionário c Suponhamos que haja um déficit do governo de 5 do PIB e que o governo elimine esse déficit Suponhamos também que a poupança privada permaneça inalterada de modo que a poupança total aumente para 20 Qual é o novo estoque de capital por trabalhador no estado estacioná rio Qual é o novo produto por trabalhador no estado estacionário Como isso se compara à sua resposta no item b Explorando mais 10 Poupança dos Estados Unidos e déficits governa mentais Esta questão segue a lógica da Questão 9 para explorar as implicações do déficit orçamentário dos Estados Unidos para o estoque de capital no longo prazo A questão supõe que o país terá um déficit orça mentário ao longo da duração desta edição do livro a O Banco Mundial relata a taxa de poupança interna bruta por país e ano O site é httpdataworld bankorgindicatorNYGNSICTRZS Encontre o número mais recente para os Estados Unidos Qual é a taxa de poupança total no país como por centagem do PIB Usando a depreciação e a lógica da Questão 9 qual seria o estoque de capital por trabalhador no estado estacionário Qual seria o produto por trabalhador no estado estacionário b Acesse a publicação mais recente do Economic Report of the President ERP e encontre o défi cit federal mais recente como porcentagem do PIB No ERP 2015 esse dado está na Tabela B20 Usando a lógica da Questão 9 suponha mos que o déficit orçamentário federal tenha sido eliminado e que não houve variação na poupança privada Qual seria o efeito sobre o estoque de capital por trabalhador no longo prazo Qual seria o efeito sobre o produto por trabalhador no longo prazo c Retorne à tabela de taxas de poupança interna bruta do Banco Mundial Como a taxa de pou pança da China se compara com a taxa de pou pança dos Estados Unidos Leitura adicional O tratamento clássico da relação entre taxa de pou pança e produto é de Robert Solow em Growth the ory an exposition 1970 Uma discussão de leitura fácil sobre se e como aumen tar a poupança e melhorar a educação nos Estados Unidos pode ser encontrada nos memorandos 23 a 27 em Memos to the president a guide through macroeco nomics for the busy policymaker de Charles Schultze presidente do Conselho de Assessores Econômicos na gestão Carter 1992 BookBlanchard 1indb 260 241017 1718 Capítulo 11 Poupança acumulação de capital e produto 261 Apêndice A função de produção CobbDouglas e o estado estacionário Em 1928 Charles Cobb matemático e Paul Douglas economista que se tornou senador dos Estados Unidos concluíram que a função de produção a seguir proporcio nava uma descrição muito boa da relação entre produto capital físico e trabalho nos Estados Unidos no período de 1899 a 1922 Y KaN1 a 11 A1 YN KaN1 aN N1 aN N1 aN1 Na YN KaNa 1KN2a sendo a um número entre 0 e 1 Suas descobertas se mostraram surpreendentemente robustas Ainda hoje a função de produção 11A1 agora conhecida como fun ção de produção CobbDouglas proporciona uma boa descrição da relação entre produto capital e trabalho nos Estados Unidos e se tornou uma ferramentapadrão para os economistas Verifique se ela satisfaz as duas propriedades que discutimos no texto retornos cons tantes de escala e rendimentos decrescentes do capital e do trabalho A finalidade deste apêndice é descrever o estado estacionário de uma economia quando a função de pro dução é dada pela Equação 11A1 Tudo que se precisa para acompanhar os passos é conhecer as propriedades de exponenciais Lembramos que no estado estacionário a poupança por trabalhador deve ser igual à depreciação por traba lhador Vejamos o que isto implica Para derivar a poupança por trabalhador devemos derivar em primeiro lugar a relação entre produto e capital por trabalhador resultante da Equação 11A1 Divida ambos os lados da Equação 11A1 por N Y KaN1 a 11 A1 YN KaN1 aN N1 aN N1 aN1 Na YN KaNa 1KN2a usando as propriedades de exponenciais Y KaN1 a 11 A1 YN KaN1 aN N1 aN N1 aN1 Na YN KaNa 1KN2a e então substituindo na equação anterior temos Y KaN1 a 11 A1 YN KaN1 aN N1 aN N1 aN1 Na YN KaNa 1KN2a O produto por trabalhador YN é igual à razão capi tal por trabalhador KN elevada à potência a A poupança por trabalhador é igual à taxa de pou pança multiplicada pelo produto por trabalhador Portanto usando a equação anterior ela é igual a s 1KN2a d 1KN2 s1KN2a d1KN2 s d1KN21 a A depreciação por trabalhador é igual à taxa de depre ciação multiplicada pelo capital por trabalhador s 1KN2a d 1KN2 s1KN2a d1KN2 s d1KN21 a O nível de capital no estado estacionário K é deter minado pela condição de que a poupança por tra balhador seja igual à depreciação por trabalhador portanto s 1KN2a d 1KN2 s1KN2a d1KN2 s d1KN21 a Para resolver esta expressão para o nível de capital por trabalhador no estado estacionário KN divida ambos os lados por KNa s 1KN2a d 1KN2 s1KN2a d1KN2 s d1KN21 a Divida ambos os lados por δ e mude a ordem da igualdade 1KN21 a sd 1 11 a2 1KN2 1sd2111 a2 1YN2 KNa 1sd2a11 a2 YN sd Por fim eleve ambos os lados à potência 11 a 1KN21 a sd 1 11 a2 1KN2 1sd2111 a2 1YN2 KNa 1sd2a11 a2 YN sd Isso dá o nível de capital por trabalhador em estado estacionário A partir da função de produção o nível de produto por trabalhador no estado estacionário é então igual a 1KN21 a sd 1 11 a2 1KN2 1sd2111 a2 1YN2 KNa 1sd2a11 a2 YN sd Vejamos o que esta última equação implica No texto efetivamente trabalhamos com um caso especial da Equação 11A1 aquele em que a 05 Elevar uma variável à potência 05 é o mesmo que tirar a raiz quadrada desta variável Se a 05 a equação anterior significa 1KN21 a sd 1 11 a2 1KN2 1sd2111 a2 1YN2 KNa 1sd2a11 a2 YN sd O produto por trabalhador é igual à razão entre a taxa de poupança e a taxa de depreciação Esta é a equação que discutimos no texto Dobrar a taxa de pou pança leva a dobrar o produto por trabalhador no estado estacionário A evidência empírica sugere entretanto que se pen sarmos em K como capital físico a estará mais pró ximo de 13 que 12 Supondose que a 13 então BookBlanchard 1indb 261 241017 1718 262 Macroeconomia a 1 a 131 13 1323 12 e a equação do produto por trabalhador produz YN 1sd212 2sd Isto implica efeitos menores da taxa de poupança sobre o produto por trabalhador do que foi sugerido pelos cálculos no texto Dobrar a taxa de poupança por exemplo significa que o produto por trabalhador aumenta por um fator de 12 ou apenas cerca de 14 dito de outra maneira um aumento de 40 no produto por trabalhador Há no entanto uma interpretação do nosso modelo em que o valor apropriado de a é próximo de 12 tornando assim os cálculos do texto aplicáveis Se seguindo o sugerido na Seção 114 levarmos em conta tanto o capital humano quanto o físico então um valor de a em torno de 12 para a contribuição dessa definição mais ampla de capital para o produto é razoavelmente apropriado Portanto uma interpreta ção dos resultados numéricos da Seção 113 é que eles mostram os efeitos de uma dada taxa de poupança mas que deve ser interpretada para incluir poupança tanto no capital físico quanto no capital humano mais máquinas e mais educação Termochave função de produção CobbDouglas 261 BookBlanchard 1indb 262 241017 1718 Capítulo 12 Progresso tecnológico e crescimento 271 O termo progresso tecnológico traz à mente imagens de grandes descobertas a invenção do microchip a descoberta da estrutura do DNA e assim por diante Essas descobertas sugerem um processo direcionado em grande parte pela pesquisa cien tífica e pelo acaso em vez de por forças econômicas Mas a verdade é que a maior parte do progresso tecnológico alcançado pelas economias modernas é consequência de um processo monótono o resultado das atividades de pesquisa e desenvolvimento PD das empresas Os gastos industriais com PD respondem por cerca de 2 a 3 do PIB de cada um dos quatro países mais ricos que examinamos no Capítulo 10 Estados Unidos França Japão e Reino Unido Aproximadamente 75 dos cerca de um milhão de cientistas e pesquisadores dos Estados Unidos que trabalham com PD são funcionários de empresas Os gastos com PD das empresas dos Estados Unidos correspondem a mais de 20 de seus gastos com investimento bruto e a mais de 60 de seus gastos com investimento líquido investimento bruto menos depreciação O motivo pelo qual as empresas gastam com PD é o mesmo por que compram novas máquinas ou constroem fábricas para aumentar os lucros Ao elevar os gas tos com PD uma empresa aumenta a probabilidade de descobrir e desenvolver um novo produto Empregaremos a palavra produto como termo genérico para representar novos bens ou novas técnicas de produção Se o novo produto for bemsucedido os lucros da empresa vão aumentar Há contudo uma diferença importante entre comprar uma máquina e gastar mais com PD A diferença é que o resultado da PD é fundamentalmente constituído de ideias E ao contrário de uma máquina uma ideia pode ser utilizada por muitas empresas ao mesmo tempo Uma empresa que acaba de adquirir uma nova máquina não precisa se preocupar se outra utilizará esta máquina em particular Uma empresa que descobriu e desen volveu um novo produto não pode desconsiderar esta hipótese Este último ponto implica que o nível de gastos com PD depende não apenas da fertilidade do processo de pesquisa como os gastos com PD se traduzem em novas ideias e novos produtos mas também da apropriabilidade dos resultados de pesquisa a extensão com que as empresas se beneficiam dos resultados de sua própria PD Vamos examinar cada um desses aspectos Fertilidade do processo de pesquisa Se a pesquisa for fértil isto é se os gastos com PD levarem a muitos produ tos novos tudo o mais constante as empresas terão mais incentivos para gastar em PD e por conseguinte os gastos com PD e o progresso tecnológico serão maiores Os determinantes da fertilidade da pesquisa residem em grande parte fora do domínio da economia Muitos fatores interagem aqui A fertilidade da pesquisa depende de uma interação bemsucedida entre pes quisa básica busca de princípios e resultados gerais e pesquisa e desenvolvimento aplicados aplicação desses resultados a usos específicos e o desenvolvimento de novos produtos A pesquisa básica não leva em si ao progresso tecnológico Mas o sucesso da pesquisa aplicada e do desenvolvimento depende em última análise da pesquisa básica Boa parte do desenvolvimento da indústria de computadores pode ser atribuída a alguns poucos avanços importantes da invenção do transistor à do microchip Do lado do software muito do progresso vem do avanço na matemática Por exemplo o progresso na criptografia vem do avanço da teoria dos números primos Alguns países parecem ser mais bemsucedidos na pesquisa básica outros são mais bemsucedidos em pesquisa aplicada e desenvolvimento Estudos apontam para diferenças no sistema de ensino como um dos motivos Por exemplo argumenta se frequentemente que o sistema de ensino superior francês com sua forte ênfase no pensamento abstrato gera pesquisadores melhores em pesquisa básica que em BookBlanchard 1indb 271 241017 1718 Capítulo 12 Progresso tecnológico e crescimento 275 Gestão inovação e imitação Embora PD seja claramente essencial para o progresso tecnológico seria equivo cado focar exclusivamente nesta dimensão porque outras são relevantes As tecnologias existentes podem ser aplicadas com mais ou menos eficiência e a concorrência intensa entre as empresas faz que tenham de ser mais eficientes Além disso como mostra o quadro Foco Práticas de gestão outra dimensão do progresso tecnológico uma boa gestão faz uma diferença substancial à produtividade das empresas E em alguns países a área de PD pode ser menos importante que em outros Nesse contexto pesquisas recentes sobre o crescimento enfatizaram a distinção entre crescimento por inovação e crescimento por imitação Para sustentar o crescimento os países avançados que estão na fronteira tecnológica devem inovar E isso exige gastos substanciais com PD Já os mais pobres que estão mais distantes da fronteira tecnológica podem crescer em grande medida imitando e não inovando por meio da importação e adaptação de tecnologias existentes em vez do desenvolvimento de novas A importação e a adaptação de tecno logias existentes claramente têm desempenhado um papel central na China ao longo das últimas três décadas Essa diferença entre inovação e imitação também explica por que os países menos avançados tecnologicamente costumam apresentar proteção mais frouxa de patentes A China por exemplo é um país com má aplicação dos direitos de patente Nossa discussão ajuda a explicar por quê Esses países são mais usuários que produtores de novas tecnologias Grande parte da sua melhoria na produtividade não advém de invenções domésticas mas da adaptação de tecnologias estrangeiras Neste caso os custos de uma proteção ineficiente de patentes são baixos porque haveria pou cas invenções domésticas de qualquer maneira Mas os benefícios da baixa proteção às patentes são claros Ela permite que empresas nacionais utilizem e adaptem tecnologia estrangeira sem ter de pagar direitos às empresas que desenvolveram a tecnologia o que é bom para o país Nesta fase podese ter a seguinte dúvida se nos países pobres o progresso tec nológico é mais um processo de imitação que de inovação por que alguns países como a China e outros asiáticos fazem bem isso ao contrário de outros como mui tos dos africanos Esta questão nos leva da macroeconomia para a economia do desenvolvimento e seria necessário um livro específico para fazer justiça ao tema Mas é uma questão importante demais para ser ignorada por completo aqui vamos discutir esta questão na próxima seção 123 Instituições progresso tecnológico e crescimento Para ter uma ideia da razão por que alguns países têm sucesso em imitar as tecno logias existentes enquanto outros não vamos comparar o Quênia aos Estados Unidos O PIB PPC por pessoa do Quênia é cerca de 120 daquele dos Estados Unidos Parte da diferença se deve a um nível muito inferior de capital por trabalhador no Quênia A outra parte se deve a um nível tecnológico muito inferior no país africano Estimase que A o estado da tecnologia no Quênia seja cerca de 113 do nível dos Estados Unidos Por que o estado da tecnologia queniano é tão baixo O país tem potencialmente acesso à maior parte do conhecimento mundial O que o impede de simplesmente adotar grande parte da tecnologia dos países avançados e preencher rapidamente grande parte da sua lacuna tecnológica com os Estados Unidos Podese pensar em inúmeras respostas que vão desde a geografia e o clima do Quênia até a sua cultura A maioria dos economistas acredita contudo que o principal problema para os países pobres em geral e para o Quênia em particular esteja em suas instituições deficientes BookBlanchard 1indb 275 241017 1718 282 Macroeconomia desenvolvimento de joint ventures entre empresas chinesas e estrangeiras Estas chegavam com melhores tecnologias e ao longo do tempo as locais aprendiam a utilizálas Fazendo referência à nossa discussão o crescimento veio em grande parte da imitação da importação e da adaptação de tecnologias modernas dos países avançados À medida que a China avança e se aproxima da fronteira tecnológica deve passar da imitação para a inovação e assim modificar seu modelo de crescimento Resumo Ao pensarmos nas implicações do progresso tec nológico para o crescimento é útil pensarmos no progresso tecnológico como um fator de aumento no montante de trabalho efetivo disponível na economia isto é o trabalho multiplicado pelo estado da tecnologia Podemos então pensar no produto como obtido por meio de capital e trabalho efetivo No estado estacionário o produto por trabalha dor efetivo e o capital por trabalhador efetivo são constantes Dito de outra maneira o produto por trabalhador e o capital por trabalhador crescem à taxa do progresso tecnológico Dito ainda de outra forma o produto e o capital crescem à mesma taxa do trabalho efetivo e portanto a uma taxa igual à soma da taxa de crescimento do número de trabalhadores mais a taxa de pro gresso tecnológico Quando a economia se encontra no estado esta cionário dizse que está em uma trajetória de crescimento equilibrado O produto o capital e o trabalho efetivo estão todos crescendo em equilíbrio isto é à mesma taxa A taxa de crescimento do produto no estado esta cionário é independente da taxa de poupança Entretanto a taxa de poupança afeta o nível do produto por trabalhador efetivo no estado esta cionário E aumentos da taxa de poupança levam por algum tempo a um aumento na taxa de cres cimento acima dessa taxa do estado estacionário O progresso tecnológico depende 1 da fertili dade da pesquisa e do desenvolvimento de como os gastos com PD se traduzem em novas ideias e novos produtos e 2 da apropriabilidade dos resultados de PD o grau em que as empresas se beneficiam dos resultados de sua PD Ao elaborar leis de patentes os governos devem buscar um equilíbrio entre o desejo de proteger futuras descobertas e incentivar as empresas a investir em PD e o desejo de tornar as desco bertas existentes disponíveis a usuários poten ciais sem restrições O progresso tecnológico sustentado exige que as instituições certas estejam funcionando Em particular exige direitos de propriedade bem estabelecidos e bem protegidos Sem direitos de propriedade adequados é provável que um país continue pobre Por outro lado um país pobre pode achar difícil colocar em prática direitos de propriedade adequados França Japão Reino Unido e Estados Unidos experimentam um crescimento aproximada mente equilibrado desde 1950 o crescimento do produto por trabalhador foi aproximadamente igual à taxa de progresso tecnológico O cresci mento na China é uma combinação de alta taxa de progresso tecnológico e investimento inusita damente alto acarretando um aumento na razão capitalproduto Palavraschave apropriabilidade 271 crescimento equilibrado 268 direitos de propriedade 276 estado da tecnologia 264 fertilidade do processo de pesquisa 271 fronteira tecnológica 275 patente 273 pesquisa e desenvolvimento PD 271 trabalho efetivo 264 trabalho em unidades de eficiência 264 BookBlanchard 1indb 282 241017 1718 Capítulo 12 Progresso tecnológico e crescimento 283 Questões e problemas Teste rápido 1 Usando as informações contidas neste capítulo diga se cada afirmação a seguir é verdadeira falsa ou incerta Explique brevemente a Formular a função de produção em termos de capital e trabalho efetivo implica que à medida que o nível de tecnologia aumenta 10 o número de trabalhadores necessários para atingir o mesmo nível de produto diminui 10 b Se a taxa de progresso tecnológico aumenta a taxa de investimento razão entre investimento e produto deve aumentar para manter constante o capital por trabalhador efetivo c No estado estacionário o produto por trabalhador efetivo cresce à taxa do crescimento populacional d No estado estacionário o produto por trabalhador cresce à taxa do progresso tecnológico e Uma taxa de poupança mais elevada implica um nível mais elevado de capital por trabalhador efetivo no estado estacionário e portanto uma taxa mais elevada de crescimento do produto por trabalhador efetivo f Mesmo que os retornos potenciais dos gastos com PD sejam idênticos aos retornos potenciais do investimento em uma nova máquina os gastos com PD apresentam um risco maior para as empresas que o investimento em novas máquinas g A impossibilidade de patentear um teorema implica que empresas privadas não investirão em pesquisa básica h Como acabaremos sabendo tudo uma hora o cres cimento chega ao fim i A tecnologia não desempenhou um papel impor tante no crescimento econômico chinês 2 PD e crescimento a Por que o montante dos gastos com PD é impor tante para o crescimento Como a apropriabili dade e a fertilidade da pesquisa afetam o mon tante de gastos com PD Determine como as propostas de política econômica apresentadas nos itens b a e afetam a apropriabi lidade e a fertilidade da pesquisa os gastos com PD e o produto no longo prazo b Um tratado internacional que assegure que as patentes de cada país sejam protegidas legal mente em todo o mundo Isto pode fazer parte da Parceria Transpacífico c Incentivos fiscais para cada dólar gasto com PD d Uma redução no financiamento para conferências patrocinadas pelo governo entre universidades e empresas e A eliminação de patentes para medicamentos inovadores de modo que possam ser vendidos a baixo custo assim que estejam disponíveis 3 Fontes de progresso tecnológico líderes versus seguidores a De onde vem o progresso tecnológico para os países que são líderes econômicos do mundo b Os países em desenvolvimento possuem outras alternativas de fontes de progresso tecnológico além das listadas no item a c Pode haver algum motivo para que os países em desenvolvimento venham a escolher uma fraca proteção de patentes Essa política envolve riscos para os países em desenvolvimento Aprofundando 4 Para cada uma das mudanças econômicas listadas nos itens a e b verifique o impacto provável sobre a taxa de crescimento e o nível do produto ao longo dos próximos cinco anos e das próximas cinco décadas a Uma redução permanente na taxa de progresso tecnológico b Uma redução permanente na taxa de poupança 5 Erro de medida inflação e crescimento da produtividade Suponhamos que haja apenas dois bens produzidos em uma economia cortes de cabelo e serviços bancá rios A tabela a seguir apresenta preços quantidades e número de trabalhadores contratados na produção de cada bem no Ano 1 e no Ano 2 Ano 1 Ano 2 P1 Q1 W1 P2 Q2 W2 Cortes de cabelo 10 100 50 12 100 50 Serviços bancários 10 200 50 12 230 60 a Qual é o PIB nominal de cada ano b Utilizando os preços do Ano 1 qual é o PIB real do Ano 2 Qual é a taxa de crescimento do PIB real BookBlanchard 1indb 283 241017 1718 284 Macroeconomia c Qual é a taxa de inflação medida pelo deflator do PIB d Utilizando os preços do Ano 1 qual é o PIB real por trabalhador no Ano 1 e no Ano 2 Qual é o crescimento da produtividade do trabalho entre o Ano 1 e o Ano 2 para toda a economia Suponhamos agora que os serviços bancários do Ano 2 não sejam iguais aos do Ano 1 porque passaram a incluir atendimento por telefone A tecnologia para o atendimento por telefone já estava disponível no Ano 1 mas o preço dos serviços bancários com atendimento pelo telefone no Ano 1 era de US 13 e ninguém esco lheu esse pacote Entretanto no Ano 2 o preço dos serviços bancários com atendimento pelo telefone foi de US 12 e todos optaram por esse pacote isto é no Ano 2 ninguém escolheu o pacote de serviços bancários do Ano 1 sem o atendimento por telefone Dica supo nhamos agora que haja dois tipos de serviço bancário aqueles com atendimento por telefone e aqueles sem Refaça a tabela anterior incluindo três produtos cor tes de cabelo e os dois tipos de serviço bancário e Utilizando os preços do Ano 1 qual é o PIB real do Ano 2 Qual é a taxa de crescimento do PIB real f Qual é a taxa de inflação medida pelo deflator do PIB g Qual é o crescimento da produtividade do traba lho entre o Ano 1 e o Ano 2 para toda a economia h Consideremos a seguinte afirmação Se a medição dos serviços bancários for executada de maneira errada por exemplo sem levar em conta a intro dução do atendimento por telefone estare mos superestimando a inflação e subestimando o aumento da produtividade Discuta esta afirma ção à luz das respostas dadas de a a g 6 Suponhamos que a função de produção da econo mia seja Y 1K 1AN que a taxa de poupança s seja igual a 16 e que a taxa de depreciação d seja igual a 10 Suponhamos ainda que o número de trabalhadores cresça 2 ao ano e que a taxa de progresso tecnológico seja de 4 ao ano a Obtenha os valores no estado estacionário de i Estoque de capital por trabalhador efetivo ii Produto por trabalhador efetivo iii Taxa de crescimento do produto por trabalha dor efetivo iv Taxa de crescimento do produto por trabalhador v Taxa de crescimento do produto b Suponhamos que a taxa de progresso tecnológico dobre para 8 ao ano Calcule novamente as respostas para o item a Explique c Suponhamos agora que a taxa de progresso tec nológico ainda seja igual a 4 ao ano mas que o número de trabalhadores cresça 6 ao ano Calcule novamente as respostas de a As pes soas estão em melhor situação em a ou em c Explique 7 Discuta o papel potencial dos seguintes fatores sobre o nível de produto por trabalhador no estado estacioná rio Em cada caso indique se o efeito se dá por meio de A K H ou de alguma combinação entre esses fatores A é o nível de tecnologia K é o nível de estoque de capital e H é o nível do estoque de capital humano a Localização geográfica b Educação c Proteção aos direitos de propriedade d Abertura ao comércio e Baixas alíquotas de impostos f Infraestrutura pública adequada g Baixo crescimento populacional Explorando mais 8 Contabilidade do crescimento O apêndice deste capítulo mostra como os dados sobre produto capital e trabalho podem ser utilizados para construir estimativas da taxa de crescimento do pro gresso tecnológico Neste problema modificamos tal abordagem para examinar o crescimento do capital por trabalhador Y K13 1AN223 A função nos dá uma boa descrição da produção em países ricos Seguindo os mesmos passos do apêndice você pode mostrar que 12 32gA gY 12 32gN 11 32gK 1gY gN2 11 321gK gN2 onde gy representa a taxa de crescimento de Y a O que a quantidade gY gN representa O que a quantidade gK gN representa b Rearranje a equação anterior a fim de resol ver para a taxa de crescimento do capital por trabalhador c Examine a Tabela 122 Usando sua resposta para o item b substitua a taxa média anual de BookBlanchard 1indb 284 241017 1718 Capítulo 12 Progresso tecnológico e crescimento 285 crescimento do produto por trabalhador e a taxa média anual de progresso tecnológico dos Estados Unidos para o período de 1985 a 2013 a fim de obter uma medida aproximada da taxa média anual de crescimento do capital por trabalhador Estritamente falando deveríamos construir essas medidas para cada ano individualmente mas nos limitamos aos dados prontamente disponíveis neste problema Faça o mesmo para os outros países listados na Tabela 122 na qual os dados vão até 2014 Como podemos comparar o cres cimento médio do capital por trabalhador nos países da tabela Esses resultados fazem sentido para você Explique Leitura adicional Para saber mais sobre a teoria e a evidência do cres cimento leia Charles Jones Introduction to economic growth 3 ed 2013 A página web de Jones http webstanfordeduchadj é um portal útil para pes quisa sobre crescimento Para mais informações sobre patentes leia a pesquisa da publicação The Economist intitulada Patents and Technology de 20 de outubro de 2005 Para saber mais sobre crescimento em dois paí ses grandes e de rápido crescimento leia Barry Bosworth e Susan M Collins Accounting for Growth Comparing China and India Journal of Economic Perspectives 2008 vol 22 n 1 4566 Sobre o papel das instituições no crescimento leia Growth Theory Through the Lens of Development Economics de Abhijit Banerjee e Esther Duflo capítulo 7 Handbook of Economic Growth 2005 seções 1 a 4 Para saber mais sobre instituições e crescimento leia os slides das palestras de 2004 de Lionel Robbins Understanding Institutions ministradas por Daron Acemoglu que podem ser encontradas em http economicsmitedufiles1353 Sobre dois pontos não abordados neste capítulo Crescimento e aquecimento global consulte o texto Stern Review on the Economics of Climate Change 2006 disponível em wwfsesourcephp1169157 O relatório é bastante longo leia somente a seção Executive Summary Crescimento e meioambiente leia a pesquisa da Economist Survey intitulada The global environ ment the great race de 4 de julho de 2002 e a atua lização intitulada The Anthropocene A Manmade World de 26 de maio de 2011 Apêndice Construindo uma medida de progresso tecnológico Em 1957 Robert Solow criou uma forma para cons truir uma estimativa do progresso tecnológico O método ainda usado hoje em dia parte de uma premissa impor tante a de que cada fator de produção é remunerado por seu produto marginal Sob essa hipótese é fácil calcular a contribuição de um aumento em qualquer fator de produção para o aumento no produto Por exemplo se um trabalha dor recebe US 30000 por ano a hipótese implica que sua contribuição para o produto seja de US 30000 Suponhamos agora que esse trabalhador aumente o montante de horas trabalhadas em 10 O aumento no produto decorrente desse aumento de horas será por tanto igual a US 30000 10 ou US 3000 Podemos descrever isso de modo mais formal Sejam o produto Y o trabalho N e o salário real WP O símbolo significa variação Então como acabamos de definir a variação no produto é igual ao salário real multiplicado pela mudança no trabalho Y W P N Divida ambos os lados da equação por Y divida e multiplique o lado direito por N e rearranje Y Y WN PY N N Note que o primeiro termo da direita WNPY é igual à fração do trabalho no produto a folha de salários total em dólares dividida pelo valor do produto em dóla res Represente essa fração por a Observe que YY é a taxa de crescimento do produto que vamos representar por gY Do mesmo modo observe que NN é a taxa de BookBlanchard 1indb 285 241017 1718 286 Macroeconomia variação do insumo trabalho que vamos representar por gN Portanto a relação anterior pode ser escrita como gY agN Generalizando esse raciocínio implica que a parte do crescimento do produto que pode ser atribuída ao crescimento do insumo trabalho é igual a a vezes gN Se por exemplo o emprego cresce 2 e a fração do tra balho é 07 então o crescimento do produto decorrente do crescimento do emprego é igual a 14 07 2 De modo análogo podemos calcular a parte do cresci mento do produto que pode ser atribuída ao crescimento do estoque de capital Como há somente dois fatores de produção trabalho e capital e como a fração do trabalho é igual a a a fração do capital na renda deve ser igual a 1 a Se a taxa de crescimento do capital é igual a gK a parte do crescimento do produto que pode ser atribuída ao crescimento de capital é igual a 1 a gK Se por exemplo o capital cresce 5 e a fração do capital é 03 então o crescimento do produto devido ao crescimento do estoque de capital é igual a 15 03 5 Juntando as contribuições do trabalho e do capital o crescimento do produto que pode ser atribuído ao cresci mento do trabalho e do capital é igual a 1agN 11 a2gK2 Podemos então medir os efeitos do progresso tec nológico pelo cálculo daquilo que Solow chamou de resíduo o excesso de crescimento efetivo do produto gY em relação ao crescimento que pode ser atribuído ao crescimento de capital e do trabalho 1agN 11 a2gK2 Resíduo K gY agN 11 a2gK Essa medida chamada de resíduo de Solow é fácil de calcular Tudo o que precisamos saber para o cálculo são a taxa de crescimento do produto gY a taxa de cresci mento do trabalho gN e a taxa de crescimento do capital gK com as frações do trabalho a e do capital 1 a Para continuar com nossos exemplos numéricos ante riores suponhamos que o emprego cresça 2 o estoque de capital cresça 5 e a fração do trabalho seja de 07 e assim a fração do capital seja 03 Então a parte do cres cimento do produto que pode ser atribuída ao crescimento do trabalho e do capital é igual a 29 07 2 03 5 Se o crescimento do produto é igual por exemplo a 4 então o resíduo de Solow é igual a 11 4 29 O resíduo de Solow às vezes é chamado de taxa de crescimento da produtividade total de fatores ou taxa de crescimento da PTF na forma abreviada O uso da produtividade total de fatores ocorre para distinguir essa taxa da taxa de crescimento da produtividade do trabalho definida por gY gN a taxa de crescimento do produto menos a taxa de crescimento do trabalho O resíduo de Solow está relacionado com a taxa de progresso tecnológico de um modo simples O resíduo é igual à fração do trabalho multiplicada pela taxa de progresso tecnológico Resíduo agA Não vamos derivar este resultado aqui Mas a intui ção dessa relação vem do fato de que o que importa na função de produção Y FK AN Equação 121 é a multiplicação do estado da tecnologia pelo trabalho AN Vimos que para obter a contribuição do crescimento do trabalho para o crescimento do produto devemos multiplicar a taxa de crescimento do trabalho por sua parcela do produto Como tanto N quanto A entram na função de produção do mesmo modo fica claro que para obter a contribuição do progresso tecnológico para o crescimento do produto também devemos multiplicar a taxa de progresso tecnológico pela fração do trabalho Se o resíduo de Solow for igual a zero o progresso tec nológico também será nulo Para construir uma estima tiva de gA devemos construir o resíduo de Solow e depois dividilo pela fração do trabalho Foi desta maneira que as estimativas de gA apresentadas no texto foram obtidas No exemplo numérico que vimos anteriormente o resíduo de Solow é igual a 11 e a fração do trabalho é igual a 07 Portanto a taxa de progresso tecnológico é igual a 16 1107 É preciso estar atento às definições de crescimento da produtividade abordadas neste capítulo Crescimento da produtividade do trabalho de modo equivalente a taxa de crescimento do produto por trabalhador gY gN Taxa de progresso tecnológico gA No estado estacionário o crescimento da produtivi dade do trabalho gY gN é igual à taxa de progresso tecnológico gA Entretanto fora do estado estacionário elas não precisam ser iguais Um aumento na razão capi tal por trabalhador efetivo decorrente por exemplo de um aumento na taxa de poupança fará que gY gN seja maior que gA durante algum tempo A apresentação original das ideias discutidas neste apêndice pode ser encontrada em Robert Solow Technical Change and the Aggregate Production Function Review of Economics and Statistics 1957 312320 Termoschave resíduo de Solow 286 taxa de crescimento da produtividade total de fatores 286 taxa de crescimento da PTF 286 BookBlanchard 1indb 286 241017 1718 C A P Í T U L O Passamos grande parte do Capítulo 12 celebrando os méritos do progresso tecnológico Argumentamos que no longo prazo o progresso tecnológico constitui a chave da elevação do padrão de vida As discussões popu lares são de modo geral mais ambivalentes O progresso tecnológico costuma ser responsabilizado pela alta do desemprego e por maior desigualdade de renda Esses temores têm fundamento Este é o conjunto de temas que discutiremos neste capítulo A Seção 131 examina a resposta de curto prazo do produto e do nível de desemprego aos aumentos na produtividade Ainda que no longo prazo o ajuste ao progresso tecnológico se dê por meio de aumentos no produto e não por aumentos no nível de desemprego a pergunta permanece quanto tempo será necessário para esse ajuste A seção conclui que a resposta é ambígua No curto prazo aumentos na produtividade por vezes reduzem o nível de desemprego e por outras o aumentam A Seção 132 examina a resposta de médio prazo do produto e do nível de desemprego aos aumentos na produtividade Concluise que nem a teoria nem a evidência empírica sustentam o receio de que a aceleração do progresso tecnológico pro voque mais desemprego Na verdade o efeito parece ocorrer em sentido inverso No médio prazo aumentos no crescimento da produtividade parecem estar associados a um nível de desemprego menor A Seção 133 retorna ao longo prazo e discute os efeitos do progresso tecnológico sobre a desigualdade de renda O progresso tecnológico traz consigo um processo complexo de criação e destruição de empregos Para aqueles que ficam sem trabalho ou para aqueles cujas habilidades não são mais requeridas o progresso tecnológico pode ser realmente uma maldição não uma bênção Como consumidores beneficiamse da disponibilidade de produtos novos e mais baratos Como trabalhadores podem passar por desemprego prolongado e ter de aceitar salários mais baixos ao assumir um novo emprego Como resultado desses efeitos o progresso tecnológico costuma ser associado a mudanças na desigualdade de renda A Seção 133 discute vários efeitos e analisa as evidências 131 Produtividade produto e desemprego no curto prazo No Capítulo 12 representamos o progresso tecnológico como um aumento de A o estado da tecnologia na função de produção Y FK AN O importante para os assuntos que discutiremos neste capítulo é o progresso tecnológico e não a acumulação de capital Então para simplificar vamos ignorar o capital e supor que o produto seja obtido de acordo com a seguinte função de produção Y AN 131 Sob esta hipótese o produto é obtido apenas usandose a força de trabalho N e cada trabalhador produz A unidades de produto Aumentos de A representam o progresso tecnológico Progresso tecnológico curto médio e longo prazos 13 BookBlanchard 1indb 287 241017 1718 294 Macroeconomia Evidência empírica Acabamos de derivar dois resultados importantes A taxa natural de desemprego não deve depender nem do nível de produtividade nem da taxa de crescimento da produtividade Como esses dois resultados se ajustam aos fatos Um problema óbvio para responder a esta questão é o que discutimos no Capítulo 8 ou seja não observamos a taxa natural Mas visto que a taxa efetiva oscila em torno da taxa natural a análise da taxa média de desemprego ao longo de uma década deve nos dar uma boa estimativa da taxa natural para essa década Uma análise do crescimento médio da produtividade ao longo de uma década tam bém se encarrega de outro problema que discutimos antes Embora as mudanças na reserva de mão de obra possam ter um grande efeito sobre as variações anuais da produtividade do trabalho elas provavelmente não fazem muita diferença quando examinamos o crescimento médio da produtividade ao longo de uma década A Figura 134 mostra o crescimento médio da produtividade do trabalho e a taxa média de desemprego nos Estados Unidos a cada década a partir de 1890 À primeira vista parece haver pouca relação entre as duas Podese argumentar que a década da Grande Depressão é tão atípica que não deveria ser considerada Se ignorarmos a década de 1930 a década da Grande Depressão uma relação embora não muito forte surgirá entre o crescimento da produtividade e a taxa de desemprego Mas é o oposto da relação prevista por aqueles que acreditam no desemprego tecnológico Períodos de alto crescimento da produtividade como as décadas de 1940 a 1960 estiveram associados a uma taxa de desemprego mais baixa Períodos de baixo crescimento da produtividade como o que vimos nos Estados Unidos de 2010 a 2014 estiveram associados a uma taxa de desemprego mais elevada 4 189021899 190021909 191021919 192021929 193021939 194021949 195021959 196021969 197021979 198021989 199021999 200022009 201022014 04 08 12 16 20 24 28 32 36 6 8 10 12 14 16 18 20 Média anual de crescimento da produtividade do trabalho percentual Taxa média de desemprego percentual Figura 134 Crescimento da produtividade e desemprego médias por década de 1890 a 2014 Há pouca relação entre as médias de dez anos do crescimento da produtividade e as médias de dez anos da taxa de desemprego Quando muito um maior crescimento da produtividade está associado a um menor desemprego Fonte dados anteriores a 1960 Historical Statistics of the United States dados após 1960 Bureau of Labor Statistics BookBlanchard 1indb 294 241017 1718 Capítulo 13 Progresso tecnológico curto médio e longo prazos 295 A teoria que desenvolvemos pode ser estendida para explicar essa relação inversa entre o crescimento da produtividade e o desemprego no médio prazo A resposta é sim Para entender o motivo precisamos examinar mais de perto como são formadas as expectativas de produtividade Até aqui examinamos a taxa de desemprego que prevalece quando as expectati vas tanto de preço quanto de produtividade estão corretas Entretanto as evidências sugerem que se leva muito tempo para que as expectativas se ajustem à realidade de um crescimento menor ou maior da produtividade Quando por exemplo ocorre desaceleração do crescimento da produtividade é necessário muito tempo para que a sociedade em geral e os trabalhadores em particular ajustem suas expectativas Enquanto isso os trabalhadores continuam a reivindicar aumentos de salários que já não são consistentes com a nova taxa mais baixa de crescimento da produtividade Para verificar o que isso implica examinemos o que acontece com a taxa de desem prego quando as expectativas de preço estão corretas isto é quando Pe P mas as expectativas de produtividade Ae podem não estar isto é Ae pode não ser igual a A Nesse caso as relações resultantes da fixação de preços e de salários são dadas por Fixação de preços W P A 1 m Fixação de salários W P Ae F1u z2 Suponhamos que o crescimento da produtividade diminua A variável A cresce mais lentamente que antes Caso as expectativas de crescimento da produtividade se ajustem devagar então Ae aumentará mais que A por algum tempo A Figura 135 retrata o que acontecerá com o desemprego Se Ae aumentar mais que A a relação de fixação de salários se deslocará para cima mais que a relação de fixação de preços O equilíbrio se moverá de B para B e a taxa natural de desemprego aumentará de un para un A taxa natural de desemprego permanecerá mais alta até que as expectativas de produtividade tenham se ajustado à nova realidade isto é até que Ae e A sejam iguais novamente Resumindo após a desaceleração no crescimento da produtividade os trabalhadores reivindicarão maiores aumentos de salário que as empresas podem Figura 135 Efeitos de uma diminuição no crescimento da produtividade sobre a taxa de desemprego quando as expectativas de crescimento da produtividade ajustamse lentamente Se levar tempo para que os trabalhadores ajustem suas expectativas de crescimento da produtividade uma desaceleração desse crescimento levará a um aumento na taxa natural de desemprego por algum tempo Salário real WP Taxa de desemprego u un B Fixação de salários Fixação de preços B un BookBlanchard 1indb 295 241017 1718 304 Macroeconomia Philippe Aghion e coautores no artigo do qual se extraiu a Figura 138 argumen tam que a inovação tecnológica permite ao inovador assumir a dianteira em relação aos concorrentes Muitas vezes também permite produzir com menos trabalhadores Ambos os fatores a nova tecnologia e o menor insumo de mão de obra contri buem para aumentar a parcela de renda do inovador à custa da parcela de renda dos trabalhadores ao menos até outros empreendedores terem acesso à nova tecnologia Por este mecanismo a inovação eleva a desigualdade de renda no topo tanto mais quanto maior o número de inovações e isso pode explicar o aumento da participação do 1 no topo na década de 1920 e desde o início da década de 1980 No entanto mesmo que os benefícios da inovação possam ser capturados inicialmente pelos que a geram acabarão sendo compartilhados amplamente à medida que a inovação é disseminada pela economia Além disso a inovação também parece promover a mobi lidade social por exemplo o estado mais inovador nos Estados Unidos a Califórnia tem tanto a parcela de renda do 1 no topo quanto um nível de mobilidade social bem mais elevado que o estado menos inovador o Alabama Segundo Aghion isso acontece por causa da destruição criativa À medida que empresas mais antigas são substituídas por outras que empregam a nova tecnologia os empreendedores antigos são substituídos por outros mais novos intensificando assim a mobilidade social Em nossa discussão sobre a desigualdade salarial e a parcela de renda do 1 no topo focamos nossa atenção nos Estados Unidos Curiosamente outros países avançados presumivelmente expostos às mesmas forças de globalização e pro gresso tecnológico enviesado para a qualificação apresentaram menos aumento na desigualdade salarial e muito menos aumento na parcela de renda do 1 no topo Isso sugere que as instituições e as políticas desempenham um papel importante na modelagem dessas evoluções Dada a importância econômica e política da questão o debate sobre as fontes de desigualdade e se os governos têm ferramentas para lidar com elas provavelmente continuará sendo central na macroeconomia por mais algum tempo Figura 138 A parcela de renda do topo e as patentes nos Estados Unidos 1963 a 2013 A figura representa o número de pedidos de patentes por 1000 habitantes em relação à parcela de renda do 1 no topo As observações abrangem os anos entre 1963 e 2013 Fonte Aghion P U Akcigit A Bergeaud R Blundell e D Hemous 2015 Innovation and Top Income Inequality CEPR Discussion Paper n 10659 025 02 015 01 2010 2000 1990 1980 1970 1960 02 04 06 08 1 Número de patentes por 1000 habitantes Parcela de renda do 1 no topo Renda Patente BookBlanchard 1indb 304 241017 1718 Capítulo 13 Progresso tecnológico curto médio e longo prazos 305 Resumo É comum a pessoas recearem que o progresso tec nológico vá destruir empregos e elevar a taxa de desemprego Esse temor esteve presente durante a Grande Depressão A teoria e a evidência sugerem que esse temor é em grande parte infundado Não há muita sustentação nem na teoria nem nos dados para a ideia de que um progresso tecno lógico mais rápido leve a um desemprego mais alto No curto prazo não há motivo para esperar tam pouco parece haver uma relação sistemática entre mudanças na produtividade e variações no nível de desemprego Se há alguma relação entre mudanças da produti vidade e variações do desemprego no médio prazo ela parece ser uma relação inversa Crescimento menor da produtividade parece levar a desemprego maior crescimento maior da produtividade parece levar a desemprego menor Uma explicação plausí vel é que é preciso haver um desemprego mais alto por um tempo para conciliar as expectativas sala riais dos trabalhadores com o crescimento menor da produtividade O progresso tecnológico não é um processo suave em que todos os trabalhadores saem ganhando Ao contrário é um processo de mudança estrutu ral Ainda que a maioria das pessoas se beneficie com o aumento no padrão médio de vida tam bém há perdedores À medida que novos bens e novas técnicas de produção são desenvolvidos velhos bens e velhas técnicas de produção tornam se obsoletos Alguns trabalhadores encontram demanda maior por suas habilidades e se benefi ciam do progresso tecnológico outros encontram demanda menor por suas habilidades e sofrem reduções nos salários relativos A desigualdade salarial tem aumentado nos Estados Unidos nos últimos 30 anos O salário real dos tra balhadores não qualificados caiu não apenas em relação ao salário real dos trabalhadores qualifi cados mas também em termos absolutos As duas causas principais são o comércio internacional e o progresso tecnológico enviesado para a qualificação A parcela da renda que vai para o 1 no topo aumentou consideravelmente nos Estados Unidos desde o início dos anos 1980 Quanto disso pode ser explicado pela má governança das empresas ou por altos retornos da inovação é objeto de uma discussão acalorada Palavraschave desemprego tecnológico 291 destruição criativa 296 mudança estrutural 296 progresso tecnológico enviesado para a qualificação 300 transformação churning 296 Questões e problemas Teste rápido 1 Usando as informações contidas neste capítulo diga se cada afirmação a seguir é verdadeira falsa ou incerta Explique brevemente a A variação no emprego e no produto por pessoa dos Estados Unidos desde 1900 sustenta o argu mento de que o progresso tecnológico leva a um aumento contínuo no nível de emprego b Trabalhadores beneficiamse igualmente do pro cesso de destruição criativa c Nas duas últimas décadas os salários reais dos tra balhadores não qualificados nos Estados Unidos caíram em relação aos salários reais dos trabalha dores qualificados d O progresso tecnológico acarreta uma redu ção no nível de emprego se e somente se o aumento no produto for menor que o aumento na produtividade e A aparente diminuição na taxa natural de desem prego nos Estados Unidos na segunda metade da década de 1990 pode ser explicada pelo fato de BookBlanchard 1indb 305 241017 1718 306 Macroeconomia que o crescimento na produtividade foi inespera damente alto nesse período f Se pudéssemos interromper o progresso tecnoló gico isso levaria a uma redução na taxa natural de desemprego 2 Suponhamos que uma economia seja descrita pelas seguintes equações Fixação de preços P 1 m WA Fixação de salários W Ae Pe1 u a Resolva para a taxa de desemprego se Pe P mas com Ae não necessariamente igual a A Explique os efeitos de AeA sobre a taxa de desemprego Suponhamos agora que as expectativas tanto para os preços quanto para a produtividade sejam acuradas b Resolva a taxa natural de desemprego se a mar gem m for igual a 5 c A taxa natural de desemprego depende da pro dutividade Explique 3 Comente esta afirmação Maior produtividade do trabalho permite que as empresas produzam mais bens com o mesmo número de trabalhadores e por tanto vendam os bens pelo mesmo preço ou por preços menores É por isso que aumentos na produ tividade do trabalho podem diminuir permanente mente a taxa de desemprego sem provocar inflação 4 Como cada uma das seguintes alterações pode afetar o hiato dos salários entre trabalhadores não qualifi cados e qualificados nos Estados Unidos a Gastos maiores com computadores em escolas públicas b Restrições à entrada de agricultores estrangeiros para trabalho temporário nos Estados Unidos c Aumento no número de faculdades públicas d Créditos tributários na América Central para empresas dos Estados Unidos Aprofundando 5 Progresso tecnológico agricultura e emprego Comente esta afirmação Aqueles que argumentam que o progresso tecnológico não diminui o emprego deveriam olhar para a agricultura No início do século passado havia mais de 11 milhões de trabalhadores rurais Atualmente há menos de 1 milhão Se todos os setores começarem a registrar o aumento na produtivi dade que ocorreu na agricultura durante o século XX ninguém mais estará empregado daqui a um século 6 Produtividade e a curva de oferta agregada Consideremos uma economia em que a produção é dada por Y AN Suponhamos que a fixação de preços e de salários seja dada por Fixação de preços P 1 m WA Fixação de salários W Ae Pe1 u Vale lembrar que a relação entre nível de emprego N força de trabalho L e taxa de desemprego u é dada por N 1 uL a Derive a curva de oferta agregada isto é a relação entre níveis de preços e de produto dados a mar gem os níveis de produtividade efetivo e esperado a força de trabalho e o nível esperado de preços Explique o papel de cada uma das variáveis b Mostre o efeito de um aumento proporcional na produtividade efetiva A e na produtividade espe rada Ae de modo que AAe permaneça inalte rada sobre a posição da curva de oferta agregada Explique c Suponhamos agora que a produtividade efetiva A aumente mas que a produtividade esperada Ae não varie Compare os resultados neste caso com as conclusões em b Explique a diferença 7 Tecnologia e mercado de trabalho No apêndice do Capítulo 7 vimos como as equações de fixação de salários e de preços podiam ser expressas em termos de oferta de e demanda por trabalho Neste problema ampliamos a análise para incluir a mudança tecnológica Consideremos a equação de fixação de salários a seguir WP Fu z como correspondente à oferta de trabalho Vale lem brar que para determinada força de trabalho L a taxa de desemprego u pode ser escrita como u 1 NL onde N representa o nível de emprego a Na equação de fixação de salários substitua u por sua expressão equivalente b Utilizando a relação obtida no item a trace a curva da oferta de trabalho em um diagrama com N no eixo horizontal e WP o salário real no eixo vertical BookBlanchard 1indb 306 241017 1718 Capítulo 13 Progresso tecnológico curto médio e longo prazos 307 Escrevemos a equação de fixação de preços como P 1 m MC onde MC é o custo marginal da produção Para gene ralizar um pouco nossa discussão no capítulo vamos escrever MC WMPL onde W é o salário e MPL o produto marginal do trabalho c Na equação de fixação de preços substitua MC por sua expressão equivalente e encontre o valor para o salário real WP O resultado é a relação da demanda por trabalho com WP como uma função do MPL e da margem m Ao longo do texto para simplificar assumimos que MPL era constante para um dado nível de tecnolo gia Aqui assumimos que o MPL cai com o nível de emprego novamente para determinado nível de tecnologia que é uma premissa mais realista d Considerando que o MPL cai com o nível de emprego desenhe o gráfico da relação da demanda por trabalho obtida no item c Utilize o mesmo gráfico obtido no item b e O que acontece com a curva de demanda por trabalho se o nível de tecnologia aumenta Dica o que acontece com o MPL quando a tecnologia se aperfeiçoa Explique Como o salário real é afetado pelo aumento no nível da tecnologia Explorando mais 8 Transformação O Bureau of Labor Statistics apresenta uma previsão das ocupações com maior declínio e maior crescimento de vagas nos Estados Unidos Examine as tabelas em wwwblsgovempeptable105htm para o maior declínio de vagas e httpswwwblsgovempep table104htm para o maior crescimento de vagas a Quais ocupações em declínio podem ser asso ciadas à mudança tecnológica Quais podem ser associadas à concorrência estrangeira b Quais ocupações com previsão de crescimento podem ser associadas à mudança tecnológica Quais podem ser associadas à mudança demográ fica em particular o envelhecimento da população dos Estados Unidos 9 Salários reais O capítulo apresenta dados sobre os salários relativos de trabalhadores qualificados e não qualificados Nesta questão examinamos a evolução dos salários reais a Com base na equação de fixação de preços usada no livro como os salários reais devem mudar com o avanço tecnológico Explique Houve progresso tecnológico de 1973 até o momento b Visite o site do Economic Report of the President mais recente httpswwwgpogovfdsysbrowse collectionactioncollectionCodeERP e loca lize a Tabela B15 Examine os dados sobre salário médio por hora nos setores não ligados à agricul tura em dólares de 1982 a 1984 isto é salário real por hora Como o salário real médio por hora em 1973 se compara com o salário real por hora no último ano com dados disponíveis c Com base nos dados sobre salários relativos apresen tados no capítulo o que seus resultados do item b sugerem sobre a evolução do salário real dos traba lhadores não qualificados desde 1973 O que suas respostas sugerem sobre a força do declínio relativo na demanda por trabalhadores não qualificados d O que pode estar faltando nessa análise da remu neração do trabalhador Os trabalhadores recebem alguma outra remuneração que não seja o salário O Economic Policy Institute EPI publica informa ções detalhadas sobre o salário real de várias clas ses de trabalhadores em sua publicação The State of Working America Às vezes o EPI disponibiliza dados dessa publicação em seu site wwwstateofworkinga mericaorg 10 Desigualdade de renda a Qual evidência apresentada no texto sustenta que a desigualdade de renda tem aumentado ao longo do tempo nos Estados Unidos b Com base na oferta e na demanda de trabalhado res qualificados explique o aumento na desigual dade de renda c Com base na oferta e na demanda de trabalha dores com menor nível de instrução explique o aumento na desigualdade de renda d Faça uma pesquisa na internet e se possível con traste as posições dos democratas e dos republi canos nos EUA quanto ao fato de que a crescente desigualdade de renda é um problema que exige solução política e Há evidências de 2011 sobre casamentos por nível educacional em httpwwwtheatlantic comsexesarchive201304collegegraduates marryothercollegegraduatesmostofthe time274654 No caso de ser mais provável que pessoas com mesmo nível educacional se casem entre si ao longo do tempo explique como isso contribui para a desigualdade de renda BookBlanchard 1indb 307 241017 1718 308 Macroeconomia Leitura adicional Para mais informações sobre o processo de realoca ção que caracteriza as economias modernas leia The Churn The Paradox of Progress relatório de 1993 do Federal Reserve Bank de Dallas Para um relato fascinante sobre como os computado res estão transformando o mercado de trabalho leia Frank Levy e Richard Murnane The New Division of Labor How Computers are Creating the Next Job Market Princeton Princeton University Press 2004 Para mais estatísticas sobre as várias dimensões da desigualdade nos Estados Unidos um site útil é The State of Working America publicado pelo Economic Policy Institute em httpwwwstateof workingamericaorg Para mais informações sobre inovação e desigualdade de renda leia além de O Capital no Século XXI 2014 de Thomas Piketty outro trabalho de Thomas Piketty e Emmanuel Saez Income Inequality in the United States 19131998 The Quarterly Journal of Economics 118 1 141 e Emmanuel Saez 2013 Striking it Richer The Evolution of Top Incomes in the United States mimeo UC Berkeley Para uma visão mais geral sobre tecnologia e desigual dade sob uma perspectiva ligeiramente diferente reco mendamos ler também Technology and Inequality de David Rotman MIT Technology Review 2014 disponível em httpwwwtechnologyreviewcom featuredstory531726technologyandinequality BookBlanchard 1indb 308 241017 1718 BookBlanchard 1indb 310 241017 1718 A Seção 141 introduz o conceito de valor presente descontado esperado que desempenha um papel central na determinação dos preços dos ativos e nas decisões de consumo e investimento A Seção 142 analisa a determinação dos preços e dos rendimentos dos títulos Mostra como os preços e rendimentos de títulos dependem das taxas de juros de curto prazo correntes e futuras esperadas Mostra também como usar a curva de rendimentos para conhecer o curso esperado das taxas de juros de curto prazo futuras A Seção 143 trata da determinação dos preços das ações Mostra como os preços das ações dependem dos lucros correntes e futuros esperados bem como das taxas de juros correntes e futuras esperadas Em seguida discute como os movimentos da atividade econômica afetam os preços das ações A Seção 144 aprofunda o exame da relevância de modismos e bolhas episódios em que os preços dos ativos em especial de ações ou imóveis parecem oscilar por razões não relacionadas com pagamentos ou taxas de juros correntes ou futuros esperados C A P Í T U L O 14 Nosso foco neste capítulo recairá sobre o papel que as expectativas desempenham na determinação dos preços de ativos desde títulos e ações até imóveis Discutimos o papel das expectativas informalmente em vários pontos dos fundamentos Agora é a hora de fazer isto mais formalmente Como veremos esses preços de ativos não só são afetados pela atividade corrente e pela futura esperada mas também por sua vez afetam as decisões que influenciam a atividade econômica corrente Entender sua determinação é portanto central para a compreensão das flutuações 141 Valor presente descontado esperado Para entender a importância do valor presente descontado esperado vamos examinar o exemplo de uma gerente que está avaliando se deve ou não comprar uma nova máquina Por um lado comprar e instalar a máquina envolve um custo no presente Por outro a máquina permitirá produzir vender e lucrar mais no futuro A questão com que a gerente se defronta é se o valor dos lucros esperados é maior que o custo de comprar e instalar a máquina É aqui que o conceito de valor presente descontado esperado vem a calhar o valor presente descontado esperado de uma sequência de pagamentos futuros é o valor no presente desta sequência esperada de pagamentos Ao calcular o valor presente descontado esperado da sequência de lucros a gerente simplifica seu problema basta comparar os dois números o valor presente descontado esperado e o custo inicial Se esse valor excede o custo ela deve ir em frente e comprar a máquina Caso contrário não deve fazer isso A questão prática é que o valor presente descontado esperado não é diretamente observável Deve ser obtido com base em informações sobre a sequência de pagamen tos esperados e taxas de juros esperadas Examinemos primeiro a mecânica do cálculo Mercados financeiros e expectativas BookBlanchard 1indb 311 241017 1718 320 Macroeconomia Arbitragem e preços dos títulos Antes de nos aprofundarmos nas implicações das equações 144 e 145 vamos examinar uma derivação alternativa da Equação 145 Essa derivação vai introduzir o importante conceito de arbitragem Suponhamos que você possa escolher entre reter títulos de um ano ou de dois anos e o que importa seja quanto terá daqui a um ano Quais títulos reter Suponha que você retenha títulos de um ano Para cada dólar colocado em títulos de um ano receberá 1 i1t dólares no próximo ano A primeira linha da Figura 143 apresenta esta relação Suponhamos que você retenha títulos de dois anos Como o preço desses títulos é P2t cada dólar colocado em títulos de dois anos compra 1P2t títulos no presente Quando o próximo ano chegar o título terá somente mais um ano para o vencimento Desse modo daqui a um ano o título de dois anos será um título de um ano Portanto o preço pelo qual você espera vendêlo no próximo ano é Pe 1t 1 que é o preço esperado de um título de um ano no próximo ano Então para cada dólar colocado em títulos de dois anos você pode esperar receber 1P2t vezes Pe 1t 1 ou de modo equivalente Pe 1t 1P2t dólares no próximo ano Isso está representado na segunda linha da Figura 143 Quais títulos reter Suponhamos que você e outros investidores estejam preo cupados apenas com o retorno esperado e não com o risco Essa suposição é conhecida como hipótese das expectativas e tratase de uma simplificação Você e os outros investidores provavelmente se preocuparão não apenas com o retorno esperado mas também com o risco associado a reter cada título Se você retém um título de um ano sabe com certeza o que terá no próximo ano Mas se for de dois anos o preço pelo qual você o venderá no próximo ano é incerto reter o título de dois anos envolve risco Como já dissemos vamos desconsiderar isto por ora e voltar ao tópico mais adiante Sob a hipótese de que você e outros investidores se importem somente com o retorno esperado seguese que os dois títulos devem oferecer o mesmo retorno esperado em um ano Digamos que esta condição não seja satisfeita Suponhamos por exemplo que o retorno em um ano sobre títulos de um ano fosse menor que o retorno esperado em um ano sobre títulos de dois anos Neste caso ninguém optaria por reter a oferta existente de títulos de um ano e o mercado de títulos de um ano não estaria em equilíbrio Somente se o retorno esperado em um ano fosse o mesmo para ambos os títulos é que os investidores estariam dispostos a reter tanto os títulos de um ano quanto os de dois anos Se os dois títulos oferecem o mesmo retorno esperado em um ano temse da Figura 143 que 1 i1t P1t 1 e P2t 146 O lado esquerdo da equação dá o retorno por dólar ao reter um título de um ano por um ano o lado direito dá o retorno esperado por dólar ao reter um título de dois Figura 143 Retornos ao reter títulos de um ano e de dois anos por um ano Títulos de 1 ano Ano t 1 1 P e 1t11 P2t Títulos de 2 anos 1 Ano t 1 1 1 1 1 i1t BookBlanchard 1indb 320 241017 1718 326 Macroeconomia esteja diante da opção de investir em títulos de um ano ou em ações por um ano Qual escolheria Se sua escolha for por títulos de um ano para cada dólar investido nesses títulos você terá 1 i1t dólares no próximo ano Essa recompensa é representada na linha superior da Figura 145 Suponha que sua escolha seja reter ações por um ano Sejam Qt o preço da ação Dt o dividendo neste ano e De t 1 o dividendo esperado no próximo ano Suponha que examinemos o preço da ação depois que o dividendo foi pago neste ano esse preço é conhecido como preço exdividendo de modo que o primeiro dividendo a ser pago após a compra da ação seja o dividendo do próximo ano Isto é apenas uma convenção poderíamos examinar alternativamente o preço antes que o divi dendo deste ano tivesse sido pago Que termo teríamos de adicionar Reter a ação por um ano implica comprar uma ação hoje receber um dividendo no ano que vem e depois vendêla Como o preço de uma ação é Qt cada dólar investido compra 1Qt ações E para cada ação comprada esperase receber De t 1 Qe t 1 a soma do dividendo esperado e do preço da ação no próximo ano Portanto para cada dólar investido em ações esperase receber De t 1 Qe t 1Qt Essa compensação é representada na linha inferior da Figura 145 Vamos usar o mesmo argumento de arbitragem que usamos para os títulos É evidente que reter uma ação por um ano é arriscado muito mais do que reter um título de um ano pelo mesmo período o que é isento de risco Em vez de proceder em duas etapas como fizemos no caso dos títulos primeiro deixando de lado as considerações de risco e depois introduzindo um prêmio de risco vamos levar em conta o risco desde o início e assumir que os investidores financeiros exigem um prêmio de risco para reter ações No caso das ações o prêmio de risco é chamado prêmio de risco das ações equity premium O equilíbrio exige que a taxa de retorno esperada proveniente da retenção de ações por um ano seja a mesma que a taxa de retorno de títulos de um ano mais o prêmio de risco das ações Dt 1 e Qt 1 e Qt 1 i1t x onde x indica o prêmio de risco das ações Reescrevemos esta equação como Qt Dt 1 e 11 i1 t x2 Qt 1 e 11 i1 t x2 1414 A arbitragem implica que o preço da ação hoje deve ser igual ao valor pre sente do dividendo esperado mais o valor presente do preço das ações esperado no próximo ano O próximo passo é pensar no que determina Qe t 1 o preço esperado das ações no próximo ano quando os investidores financeiros voltarão a enfrentar a escolha entre ações e títulos de um ano A mesma relação de arbitragem será válida Escrevendo a equação anterior mas agora para o tempo t 1 e levando as expectativas em conta temos Figura 145 Retornos da retenção por um ano de títulos de um ano ou de ações Títulos de um ano Ano t 1 1 D e 1 Q e t11 t11 Qt Ações 1 Ano t 1 1 1 1 1 i1t BookBlanchard 1indb 326 241017 1718 330 Macroeconomia O motivo disso é que ela ignora a resposta do Fed Se o mercado espera que o Fed não reaja e mantenha a taxa básica real inalterada em r o produto aumentará muito à medida que a economia passa para A Com taxas de juros inalteradas e produto mais alto os preços das ações sobem O comportamento do Fed é uma das maiores preocupações dos investidores financeiros Ao receber a notícia de uma atividade econômica inesperadamente intensa a pergunta recorrente em Wall Street é como o Fed vai reagir O que acontece se o mercado espera que o Fed possa vir a se preocupar que um aumento no produto acima de YA provoque um aumento na inflação Este seria o caso se YA já estivesse próximo ao nível natural de produto Neste caso um aumento adicional no produto levaria a um aumento na inflação algo que o Fed quer evitar Uma decisão do Fed de neutralizar o deslocamento à direita da curva IS com aumento na taxa básica faz que a curva LM se desloque para cima de LM para LM de modo que a economia vá de A para A e o produto não mude Neste caso os preços das ações certamente vão cair não há alteração nos lucros esperados mas a taxa de juros passa a ser maior Vamos resumir os preços das ações dependem das variações atual e futuras da atividade econômica Mas isto não implica uma relação simples entre os preços das ações e o produto O modo como os preços das ações reagem a uma variação do produto depende 1 do que o mercado esperava em primeiro lugar 2 da fonte dos choques que estão por trás da variação no produto e 3 de como o mercado espera que o Banco Central reaja à variação no produto Leia o quadro Foco Decifrando um pouco absurdos aparentes por que a bolsa de valores oscilou ontem e outras histórias e teste o conhecimento que acabou de adquirir Figura 147 Aumento dos gastos com consumo e bolsa de valores O aumento dos gastos com consumo leva a um nível de produto maior O que acontece com a bolsa de valores depende do que os investidores esperam que o Fed fará Se os investidores esperam que o Fed não reaja e mantenha a taxa básica inalterada o produto aumentará à medida que a economia passa para A Com uma taxa básica inalterada e maior produto os preços das ações vão subir Se os investidores esperam que o Fed reaja aumentando a taxa básica o produto poderá permanecer inalterado à medida que a economia se desloca para A Com o produto inalterado e uma taxa básica mais elevada os preços vão baixar Produto Y Taxa de juros real r r r IS A LM LM YA A A IS BookBlanchard 1indb 330 241017 1718 332 Macroeconomia 144 Risco bolhas modismos e os preços das ações Todas as variações nos preços das ações vêm de notícias sobre dividendos futu ros ou taxas de juros futuras A resposta é não por duas razões a primeira é que há variação ao longo do tempo nas percepções de risco A segunda é o desvio dos preços de seu valor fundamental as chamadas bolhas ou modismos Vamos analisar cada um deles Preços das ações e risco Na seção anterior assumimos que o prêmio de risco das ações x era constante Não é Após a Grande Depressão o prêmio de risco das ações era muito alto talvez refletindo o fato de que os investidores lembrandose do colapso do mercado de ações em 1929 relutavam a reter ações a menos que o prêmio fosse suficientemente elevado Começou a diminuir no início da década de 1950 de cerca de 7 para menos de 3 atualmente E também pode mudar rapidamente Parte da grande queda no mercado de ações em 2008 se deveu não apenas a expectativas mais pessimistas de dividendos futuros mas também ao grande aumento da incerteza e à percepção de maior risco por parte dos participantes do mercado de ações Assim grande parte da oscilação nos preços das ações não vem apenas das expectativas de dividendos futuros e taxas de juros futuras mas também do prêmio de risco das ações Preços de ativos fundamentos e bolhas Na seção anterior assumimos que os preços das ações eram sempre iguais ao seu valor fundamental definido como o valor presente dos dividendos esperados dado na Equação 1417 Os preços das ações sempre correspondem a seu valor fundamental A maioria dos economistas duvida disso Eles apontam para o outubro negro de 1929 quando a bolsa de valores dos Estados Unidos caiu 23 em dois dias e para 19 de outubro de 1987 quando o índice Dow Jones despencou 226 em um único dia Eles também apontam para a alta impressionante no índice Nikkei índice dos preços das ações japonesas que subiu de cerca de 13 mil em 1985 para aproximadamente 35 mil em 1989 caindo então para cerca de 16 mil em 1992 Em cada um dos casos a maioria dos economistas aponta para a falta de notícias claras ou pelo menos de notícias importantes o suficiente para causar variações tão grandes Em vez disso eles argumentam que os preços das ações nem sempre correspon dem a seu valor fundamental definido como o valor presente dos dividendos espe rados dado pela Equação 1417 e que as ações algumas vezes estão subvalorizadas ou sobrevalorizadas A sobrevalorização em algum momento chega ao fim às vezes com um colapso como em outubro de 1929 ou com um longo declínio como no caso do índice Nikkei Sob quais condições esses preços equivocados podem ocorrer A resposta sur preendente é que podem acontecer mesmo quando os investidores são racionais e quando existe arbitragem Para entender o motivo consideremos o caso de uma ação verdadeiramente sem valor isto é a ação de uma companhia que todos os investidores sabem que nunca registrará lucros nem pagará dividendos Fazendo De t 1 De t 2 e assim por diante iguais a zero na Equação 1417 temos uma resposta simples e nada surpreendente o valor fundamental dessa ação é igual a zero Mesmo assim você estaria disposto a pagar um preço positivo por essa ação Talvez sim se esperasse que o preço pelo qual pudesse vender a ação no próximo ano fosse maior que o preço deste ano O mesmo se aplica a um comprador no BookBlanchard 1indb 332 241017 1718 336 Macroeconomia Resumo O valor presente descontado esperado de uma sequência de pagamentos é igual ao valor neste ano da sequência esperada de pagamentos Ele depende positivamente dos pagamentos correntes e futuros esperados e negativamente das taxas de juros correntes e futuras esperadas Ao descontar uma sequência de pagamentos nomi nais correntes e futuros esperados devese utilizar taxas de juros nominais correntes e futuras espe radas Ao descontar uma sequência de pagamentos reais correntes e futuros esperados devese utilizar taxas de juros reais correntes e futuras esperadas A arbitragem entre títulos de diferentes venci mentos implica que o preço de um título é o valor presente dos pagamentos do título descontados usandose as taxas de juros de curto prazo cor rentes e esperadas durante a vida do título mais um prêmio de risco Taxas de juros de curto prazo correntes ou esperadas mais altas levam a preços de títulos mais baixos O rendimento até o vencimento de um título é aproximadamente igual à média das taxas de juros de curto prazo correntes e esperadas durante a vida de um título mais um prêmio de risco A inclinação da curva de rendimento de modo equivalente a estrutura a termo nos diz o que os mercados financeiros esperam que aconteça com as taxas de juros de curto prazo no futuro O valor fundamental de uma ação é o valor pre sente dos dividendos reais futuros esperados des contados usandose as taxas reais de juros de um ano correntes e futuras esperadas mais o prêmio de risco das ações Se não houver bolhas nem modis mos o preço de uma ação será igual a seu valor fundamental Um aumento nos dividendos esperados leva a um aumento no valor fundamental das ações um aumento nas taxas de juros de um ano correntes e esperadas leva a uma diminuição em seu valor fundamental Variações no produto podem ou não estar asso ciadas a variações nos preços das ações na mesma direção Essa associação depende 1 do que o mercado esperava em primeiro lugar 2 da fonte dos choques 3 de como o mercado espera que o Banco Central reaja à variação do produto Os preços das ações podem estar sujeitos a bolhas ou modismos que fazem que o preço de uma ação seja diferente de seu valor fundamental Bolhas são episódios em que os investidores compram uma ação por um preço maior que seu valor fundamen tal prevendo revendêla a um preço ainda maior Modismo é um termo geral para episódios em que em razão da moda ou do excesso de otimismo os investidores estão dispostos a pagar mais por uma ação que seu valor fundamental Palavraschave ações ou papéis 325 arbitragem 320 bolhas especulativas racionais 333 bônus do Tesouro 319 classificação dos títulos 318 curva de rendimento 317 dividendos 325 estrutura a termo das taxas de juros 317 fator de desconto 312 financiamento externo 324 financiamento interno 324 financiamento por ações 324 financiamento por dívida 324 hipótese das expectativas 320 letras do Tesouro Tbills 318 modismos 334 notas do Tesouro 319 pagamentos de cupom 318 passeio aleatório 328 preço exdividendo 326 prêmio de longo prazo 319 prêmio de risco 318 prêmio de risco das ações 326 rendimento 317 rendimento até o vencimento 317 rendimento corrente 318 taxa de cupom 318 taxa de desconto 312 BookBlanchard 1indb 336 241017 1718 Capítulo 14 Mercados financeiros e expectativas 337 taxas de juros de curto prazo 317 taxas de juros de longo prazo 317 taxas de juros de n anos 321 Treasury Inflation Protected Securities TIPS 319 títulos com cupom 318 títulos com desconto 318 títulos indexados 319 títulos podres junk bonds 318 títulos privados 318 títulos públicos 318 valor de face 318 valor fundamental 332 valor presente 313 valor presente descontado 313 valor presente descontado esperado 311 vencimento 316 vida de um título 318 Questões e problemas Teste rápido 1 Utilizando as informações deste capítulo diga se cada afirmação a seguir é verdadeira falsa ou incerta Explique brevemente a O valor presente descontado de um fluxo de retornos pode ser calculado em termos reais ou nominais b Quanto maior a taxa de juros de um ano menor o valor presente descontado de um pagamento no próximo ano c Normalmente esperase que as taxas de juros de um ano sejam constantes ao longo do tempo d Títulos são o direito a uma sequência de pagamen tos constantes por uma série de anos e Ações são um direito a uma sequência de paga mentos de dividendos por uma série de anos f Preços de imóveis são um direito a uma sequência de aluguéis futuros esperados ao longo de vários anos g A curva de rendimento normalmente se inclina para cima h Todos os ativos mantidos por um ano devem ter a mesma taxa de retorno i Em uma bolha o valor do ativo é o valor presente esperado de seus retornos futuros j O valor real global do mercado de ações não flutua muito em um ano k Títulos indexados protegem seu detentor contra a inflação 2 Em quais dos seguintes problemas você utilizaria pagamentos e taxas de juros reais ou em vez disso pagamentos e taxas de juros nominais para calcular o valor presente descontado esperado Em cada caso justifique a Estimar o valor presente descontado dos lucros de um investimento em uma máquina nova b Estimar o valor presente de um título público dos Estados Unidos de 20 anos c Decidir se compra ou faz um leasing de automóvel 3 Calcule a taxa de juros nominal de dois anos utili zando a fórmula exata e a fórmula aproximada para cada conjunto de hipóteses a seguir a it 2 ie t 1 3 b it 2 ie t 1 10 c it 2 ie t 1 3 O prêmio de longo prazo de um título de dois anos é de 1 4 O prêmio de risco das ações e o valor das ações a Explique por que na Equação 1414 é importante que as ações sejam exdividendo ou seja acabou de pagar seus dividendos deste ano e espera pagar seus próximos dividendos em um ano b Usando a Equação 1414 explique a contribuição de cada componente do preço das ações hoje c Se o prêmio de risco for maior tudo o mais igual o que acontece com o preço das ações hoje d Se a taxa de juros de um período aumenta o que acontece com o preço das ações hoje e Se o valor esperado das ações no início do período t 1 aumenta o que acontece com o valor das ações hoje f Agora analise atentamente a Equação 1415 Seja i1t i1t n 005 para todos os n Seja x 003 Calcule os coeficientes de De t 3 e De t 10 Compare o efeito de um aumento esperado de US 1 em um dividendo daqui a 3 anos e daqui a 10 anos g Repita o cálculo em f com i1t i1t n 008 para todos os n e x 005 5 Aproximação do preço de títulos de longo prazo O valor presente de um fluxo infinito de pagamentos de z que começa no próximo ano é zi quando a taxa de juros nominal i é constante Essa fórmula dá o BookBlanchard 1indb 337 241017 1718 338 Macroeconomia preço de um consol um título que faz um pagamento nominal fixo a cada ano para sempre É também uma boa aproximação do valor presente descontado de um fluxo de pagamentos constantes por períodos longos mas não infinitos desde que i seja constante Vamos examinar quão exata é a aproximação a Suponhamos que i 10 Seja z 100 Qual é o valor presente do consol b Se i 10 qual é o valor presente descontado esperado de um título que paga z nos próximos 10 anos Vinte anos Trinta anos Sessenta anos Dica use a fórmula do capítulo mas lembrese de ajustar para o primeiro pagamento c Repita os cálculos em a e b para i 2 e i 5 6 Política monetária e mercado de capitais Suponhamos que todas as taxas básicas correntes e esperadas no futuro tenham sido de 2 Suponhamos que o Fed decida apertar a política monetária e elevar a taxa básica de curto prazo r1t de 2 para 3 a O que acontece com os preços das ações se a mudança em r1t for temporária ou seja durar apenas um período Suponhamos que os divi dendos reais esperados não variem Use a Equação 1417 b O que acontece com os preços das ações se a mudança em r1t for permanente ou seja espera se que persista Assuma que os dividendos reais esperados não variem Use a Equação 1417 c O que acontece com os preços das ações hoje se a mudança em r1t for permanente e ela aumentar o produto e os dividendos futuros esperados Use a Equação 1417 Aprofundando 7 IRAs versus Roth IRAs Você quer economizar US 2000 no presente para sua aposentadoria em 40 anos e deve escolher entre os dois planos listados a seguir i Não pagar impostos no presente colocar o dinheiro em uma conta rendendo juros e pagar impostos da ordem de 25 do montante total retirado na aposentadoria Nos Estados Unidos esta conta é conhecida como uma conta de aposentadoria individual IRA Individual Retirement Account ii Pagar impostos equivalentes a 20 do mon tante do investimento no presente colocar o restante em uma conta rendendo juros e não pagar impostos ao sacar seus fundos na aposen tadoria Nos Estados Unidos isto é conhecido como Roth IRA a Qual é o valor presente descontado esperado de cada um desses planos se a taxa de juros for de 1 Ou 10 b Qual plano você escolheria em cada caso 8 Preços de imóveis e bolhas Imóveis residenciais podem ser considerados bens com um valor fundamental igual ao valor presente descontado esperado de aluguéis reais futuros a Você prefere usar pagamentos e taxas de juros reais ou pagamentos e taxas de juros nominais para determinar o valor de uma casa b A renda obtida com um imóvel seja no caso de você mesmo morar nele e assim economizar o pagamento do aluguel a um proprietário seja no caso de você ser o proprietário e alugála é como o dividendo de uma ação Escreva o equivalente da Equação 1417 para um imóvel c Por que taxas de juros baixas ajudariam a explicar um aumento na razão preçoaluguel d Se o investimento no mercado imobiliário é per cebido como mais seguro o que acontece com a razão preçoaluguel e O quadro Foco O aumento nos preços dos imó veis residenciais nos Estados Unidos fundamentos ou bolha apresenta um gráfico da razão preço aluguel Determine o valor do índice de preços dos imóveis residenciais CaseShiller e o compo nente de aluguel do índice de preços ao consumidor na base de dados econômicos do FRED mantida no Federal Reserve Bank of St Louis variáveis SPCS20RSA e CUSR0000SEHA respectiva mente O gráfico na Figura 1 nesse quadro Foco termina em junho de 2015 Calcule o aumento percentual do índice de preços imobiliários entre junho daquele ano e os últimos dados disponíveis Calcule o aumento percentual no índice de preços de aluguéis de junho de 2015 até os últimos dados disponíveis A razão preçoaluguel aumentou ou diminuiu desde junho de 2015 Explorando mais 9 Preços dos imóveis ao redor do mundo A revista The Economist publica anualmente o The Economist House Price Index que procura avaliar quais mercados imobiliários por país são os mais supervalorizados ou subvalorizados em relação aos BookBlanchard 1indb 338 241017 1718 Capítulo 14 Mercados financeiros e expectativas 339 fundamentos Encontre a versão mais recente desses dados na web a Um índice de supervalorização é a razão pre çosaluguéis Por que esse índice pode ajudar a detectar uma bolha imobiliária Usando os dados pesquisados em qual país os preços da habitação estão mais sobrevalorizados pela razão preçosaluguéis Essa medida teria aju dado a prever o colapso do mercado imobiliário nos Estados Unidos b Um segundo índice é a razão preços dos imóveis residenciaisrenda Por que esse índice pode aju dar a detectar uma bolha de preços imobiliários Usando esse dado em que país os imóveis estão mais sobrevalorizados pela razão preçosrenda Essa medida teria ajudado a prever o colapso do mercado imobiliário nos Estados Unidos 10 Títulos indexados à inflação Alguns títulos emitidos pelo Tesouro dos Estados Unidos fazem pagamentos indexados à inflação Esses títulos compensam os investidores pela infla ção Portanto as taxas de juros correntes desses títulos são taxas de juros reais taxas de juros em termos de bens Essas taxas podem ser utilizadas com as taxas de juros nominais para prover um indicador da inflação esperada Vejamos como Acesse o site do Federal Reserve Board e obtenha a estatística mais recente das taxas de juros wwwfede ralreservegovreleasesh15Current Encontre a taxa de juros nominal corrente dos títulos do Tesouro com vencimento em cinco anos A seguir localize a taxa de juros corrente em títulos do Tesouro indexados à infla ção com vencimento em cinco anos Qual você acha que os participantes dos mercados financeiros acreditam que será a taxa de inflação média nos próximos cinco anos Leitura adicional Existem muitos livros ruins sobre a Bolsa de Valores Um dos bons e divertido de ler é o de Burton Malkiel A Random Walk Down Wall Street 10 ed 2011 Peter Garber faz um relato das bolhas históri cas em Famous first bubbles Journal of Economic Perspectives primavera de 1990 42 p 3554 Apêndice Derivação do valor presente descontado esperado com o uso de taxas de juros reais ou nominais Este Apêndice mostra que as duas maneiras de expressar o valor presente descontado as equações 141 e 143 são equivalentes A Equação 141 fornece o valor presente como a soma dos pagamentos nominais correntes e futuros espe rados descontados usandose taxas de juros nominais correntes e futuras esperadas Vt zt 1 1 it zt 1 e 1 11 it2 11 it 1 e 2 zt 2 e g 141 A Equação 143 fornece o valor presente como a soma dos pagamentos reais correntes e futuros esperados descontados com o uso das taxas de juros reais correntes e futuras esperadas Vt zt 1 1 rt zt 1 e 1 11 rt2 11 rt 1 e 2 zt 2 e g 143 Divida ambos os lados da Equação 141 pelo nível de preços corrente Pt de modo que Vt Pt zt Pt 1 1 it zt 1 e Pt 1 11 it2 11 it 1 e 2 zt 2 e Pt g 14A1 Vamos examinar cada termo do lado direito da Equação 143 e mostrar que é igual ao termo corres pondente da Equação 14A1 Tome o primeiro termo ztPt Note que ztPt zt o valor real do pagamento corrente Logo esse termo é igual ao primeiro termo do lado direito da Equação 143 Tome o segundo termo 1 1 it zt 1 e Pt BookBlanchard 1indb 339 241017 1718 340 Macroeconomia Multiplicando o numerador e o denominador por Pe t 1 o nível de preços esperado para o próximo ano temos 1 1 it P Pt 1 e Pt zt 1 e Pt 1 e Note que a fração à direita ze t 1Pe t 1 é igual a ze t 1 o pagamento real esperado no instante t 1 Note que a fração no meio Pe t 1Pt pode ser reescrita como 1 1Pt 1 e Pt2Pt 11 pt 1 e 2 Usando a definição da inflação esperada como 1 1Pt 1 e Pt2Pt 11 pt 1 e 2 e reescrevendo o segundo termo temos 11 pt 1 e 2 11 it2 zt 1 e Lembrese da relação entre a taxa de juros real a taxa de juros nominal e a inflação esperada na Equação 143 1 rt 1 it1 πe t 1 Usando essa relação na equação anterior temos 1 11 rt2 zt 1 e Esse termo é igual ao segundo termo do lado direito da Equação 143 O mesmo método pode ser usado para reescrever os outros termos tenha certeza de que você consegue derivar o próximo termo Mostramos que o lado direito das equações 143 e 14A1 são iguais Daí vem que os termos do lado esquerdo são iguais portanto Vt Vt Pt A expressão diz que o valor presente dos pagamentos reais correntes e futuros esperados descontado usando se as taxas reais de juros correntes e futuras esperadas o termo do lado esquerdo é igual ao valor presente dos pagamentos nominais correntes e futuros esperados descontado usandose taxas de juros nominais correntes e futuras esperadas dividido pelo nível de preços correntes o termo do lado esquerdo BookBlanchard 1indb 340 241017 1718 354 Macroeconomia estoque de capital O investimento é calculado como a razão entre o investimento de empresas não financeiras dos Estados Unidos e seu estoque de capital O lucro é defasado uma vez Por exemplo para 2000 a figura mostra a mudança no investi mento em 2000 e a mudança no lucro em 1999 isto é um ano antes A razão para apresentar as duas variáveis desta forma é que a relação mais forte nos dados parece estar entre o investimento em determinado ano e o lucro no ano anterior uma defasagem possivelmente decorrente do fato de que leva tempo para as empresas decidirem sobre projetos de novos investimentos como reação a um lucro maior As áreas sombreadas na figura representam os anos em que houve recessão um declínio no produto por pelo menos dois trimestres consecutivos no ano Existe uma clara relação positiva entre variações no investimento e variações no lucro corrente na Figura 153 Será que essa relação é inconsistente com a teoria que acabamos de desenvolver que sustenta que o investimento está relacionado com o valor presente dos lucros futuros esperados em vez de com o lucro corrente Não necessariamente Se as empresas esperam que os lucros futuros e os correntes variem de modo semelhante o valor presente daqueles lucros futuros variará de modo semelhante à variação do corrente e o mesmo ocorrerá com o investimento Entretanto economistas que examinaram esta questão mais detalhadamente concluíram que o efeito do lucro corrente sobre o investimento é mais forte do que seria previsto pela teoria que desenvolvemos até aqui O quadro Foco Rentabilidade versus fluxo de caixa descreve como foram coletadas algumas das evidências sobre isso Por um lado empresas com projetos de investimento altamente rentáveis mas com baixos lucros atuais parecem estar investindo muito pouco Por outro empre sas que apresentam lucro atual elevado às vezes parecem investir em projetos de rentabilidade duvidosa Em suma o lucro atual parece afetar o investimento mesmo após controlado o efeito do valor presente esperado dos lucros Por que o lucro corrente desempenha um papel na decisão de investimento A resposta está implícita na Seção 151 em que discutimos por que o consumo depende diretamente da renda corrente alguns dos motivos que utilizamos para explicar o comportamento dos consumidores também se aplicam às empresas 1960 1965 1970 1975 1980 1985 1990 1995 2000 2005 2010 2014 20020 20015 20010 20005 0010 0015 0020 0005 0000 220 215 210 205 00 05 10 15 20 Mudança na razão entre investimento e capital Mudança na razão entre o lucro e o capital pontos percentuais Mudança no lucro escala à direita Mudança no investimento escala à esquerda Figura 153 Mudanças no investimento e no lucro nos EUA desde 1960 Investimento e lucro se movem muito mais juntos Fonte Haver Analytics Fonte original Gross investment Flow of funds variable FA105013005A Capital stock measured by Nonfinancial assets Profit is constructed from Net operating surplus taxes and transfers Bureau of Economic Analysis BookBlanchard 1indb 354 241017 1718 356 Macroeconomia Em resumo para se ajustar ao comportamento do investimento que observamos na prática a equação do investimento é especificada de maneira mais adequada como It I V1Πt e2 Πt4 1 2 157 Ou seja o investimento depende tanto do valor presente esperado dos lucros futuros quanto do nível corrente de lucro Lucro e vendas Vejamos em que ponto estamos Argumentamos que o investimento depende tanto do lucro corrente quanto do lucro esperado ou mais especificamente tanto do lucro corrente por unidade de capital quanto do lucro esperado por unidade de capital Precisamos dar um último passo O que determina o lucro por unidade de capital Resposta fundamentalmente dois fatores 1 o nível de vendas e 2 o estoque de capital existente Se as vendas forem baixas em relação ao estoque de capital os lucros por unidade de capital provavelmente também serão baixos Vamos escrever isso de maneira mais formal Ignoremos a diferença entre ven das e produto e seja Yt o produto ou de modo equivalente as vendas Seja Kt o estoque de capital no instante t Nossa discussão sugere a seguinte relação Πt Π a Yt Kt b 1 2 158 O lucro por unidade de capital é uma função crescente da razão entre as vendas e o estoque de capital Para um dado estoque de capital quanto maiores as vendas maior o lucro por unidade de capital Dadas as vendas quanto maior o estoque de capital menor será o lucro por unidade de capital Como é esta relação na prática A Figura 154 mostra variações anuais no lucro por unidade de capital medidas no eixo vertical direito e variações na razão entre produto e capital medidas no eixo vertical esquerdo para os Estados Unidos desde 1960 Assim como na Figura 153 o lucro por unidade de capital é definido como a soma dos lucros líquidos de impostos mais o pagamento de juros por companhias não financeiras dos Estados Unidos divididos por seu estoque de capital medido pelo custo de reposição A razão entre produto e capital é construída como a razão entre o produto interno bruto PIB e o estoque de capital agregado A Figura 154 mostra que há uma relação estreita entre variações no lucro por unidade de capital e variações na razão entre produto e capital Dado que a maioria das variações anuais na razão entre produto e capital vem das variações no produto e a maioria das variações anuais nos lucros por unidade de capital vem de variações no lucro o capital movese lentamente ao longo do tempo porque é grande se com parado ao investimento anual assim mesmo grandes movimentos no investimento levam a pequenas mudanças no estoque de capital podemos expressar a relação da seguinte maneira o lucro diminui nas recessões as áreas sombreadas da figura são períodos de recessão e aumenta nas expansões Por que essa relação entre produto e lucro é relevante aqui Porque implica uma ligação entre produto atual e produto futuro esperado por um lado e o investimento por outro O produto corrente afeta o lucro corrente o produto futuro esperado afeta o lucro futuro esperado e os lucros correntes e futuros esperados afetam o inves timento Por exemplo a previsão de uma longa e sustentada expansão econômica leva as empresas a esperar lucros altos agora e por algum tempo no futuro Essas expectativas por sua vez levarão a um maior investimento O efeito do produto BookBlanchard 1indb 356 241017 1718 358 Macroeconomia presente e no futuro pelo mesmo montante do aumento da renda Um aumento no consumo mais que proporcional necessitaria de cortes no consumo posterior mente e não há motivo para que os consumidores queiram planejar o consumo dessa maneira Agora consideremos o comportamento das empresas quando se deparam com um aumento nas vendas que acreditam ser permanente O valor presente dos lucros esperados aumenta levando a um aumento no investimento Ao con trário do consumo contudo isso não implica que o aumento no investimento deva ser no máximo igual ao aumento nas vendas Em vez disso quando uma empresa decide que um aumento nas vendas justifica a compra de uma máquina ou a construção de uma fábrica ela pode querer avançar com rapi dez levando a um aumento acentuado mas de curta duração nos gastos com investimento Esse aumento pode superar o aumento nas vendas De maneira mais concreta tomemos uma empresa que tenha uma razão entre capital e vendas anuais de digamos 3 Um aumento de US 10 milhões nas vendas neste ano se esperado como permanente requer que a empresa gaste US 30 milhões em capital adicional se deseja manter a mesma razão entre capital e produto Se a empresa compra o capital adicional imediatamente o aumento nos gastos de inves timento neste ano será igual a três vezes o aumento nas vendas Uma vez ajustado o estoque de capital a empresa voltará a seu padrão normal de investimento Este exemplo é extremo pois é pouco provável que as empresas ajustem seu estoque de capital imediatamente Mas mesmo que ajustem seu estoque de capital mais len tamente digamos ao longo de alguns anos o aumento no investimento ainda pode superar o aumento nas vendas por algum tempo Podemos contar a mesma história em termos da Equação 158 Como aqui não distinguimos produto e vendas o aumento inicial nas vendas leva a um aumento igual no produto Y de modo que YK a razão entre o produto da empresa e seu estoque de capital existente também aumenta O resultado é um lucro maior o que leva a empresa a aumentar o investimento Com o tempo o nível mais alto de investimento leva a um maior estoque de capital K de modo que YK diminui voltando para seu nível normal O lucro por unidade de capital volta ao normal bem como o investimento Deste modo em resposta a um aumento permanente nas vendas o investimento pode aumentar muito de início e então voltar ao normal ao longo do tempo Essas diferenças sugerem que o investimento deveria ser mais volátil que o consumo Quanto mais volátil A resposta é mostrada na Figura 155 com as taxas anuais de variação no consumo e no investimento nos Estados Unidos desde 1960 As áreas sombreadas representam os anos durante os quais a economia norteame ricana estava em recessão Para facilitar a interpretação da figura ambas as taxas de variação são mostradas como desvios da taxa média de variação de modo que são em média iguais a zero A Figura 155 leva a três conclusões Consumo e investimento normalmente se movem juntos As recessões por exemplo normalmente são associadas a reduções tanto do investimento quanto do consumo Dada nossa discussão que enfatizou que consumo e investimento dependem em grande parte dos mesmos determinantes isto não deve ser uma surpresa Investimento é muito mais volátil que consumo Os movimentos relativos do investimento variam de 29 a 26 enquanto os movimentos relativos do consumo variam apenas de 5 a 3 Contudo como o nível de investimento é muito menor que o de consumo vale lembrar que o investimento responde por 15 do PIB dos EUA contra 70 do BookBlanchard 1indb 358 241017 1718 Capítulo 15 Expectativas consumo e investimento 359 30 20 10 0 10 20 30 1960 1965 1970 1975 1980 1985 1990 1995 2000 2005 2010 Pontos percentuais 2014 Desvio do crescimento percentual do consumo em relação à sua média Desvio do crescimento percentual do investimento em relação à sua média Figura 155 Taxas de variação do consumo e do investimento nos Estados Unidos desde 1960 As variações relativas no investimento são bem maiores que as variações relativas no consumo Fonte Series PCECC96 GPDI Federal Reserve Economic Data FRED Disponível em httpresearchstlouisfedorg fred2 Acesso em 27 jul 2017 Resumo O consumo depende tanto da riqueza quanto da renda corrente A riqueza é a soma da riqueza não humana financeira e imobiliária com a riqueza humana o valor presente da renda esperada do trabalho livre de impostos A resposta do consumo às variações na renda depende de como os consumidores percebem essas variações como transitórias ou como permanentes O consumo provavelmente responde menos que um para um às variações na renda O consumo pode variar mesmo que a renda corrente não varie O investimento depende tanto do lucro corrente quanto do valor presente dos lucros futuros esperados Sob a hipótese simplificadora de que as empresas esperam que os lucros e as taxas de juros no futuro sejam iguais às do presente podemos pensar no investimento como dependente da razão entre o lucro e o custo de uso do capital em que custo de uso é a soma da taxa real de juros com a taxa de depreciação As variações no lucro estão estreitamente relacio nadas às variações no produto Portanto podemos pensar no investimento como dependendo indire tamente das variações no produto atual e no pro duto futuro esperado Empresas que preveem uma longa expansão do produto e desta forma uma longa sequência de lucros elevados vão investir As variações no produto que não se espera que sejam duradouras terão um efeito pequeno sobre o investimento O investimento é muito mais volátil que o con sumo Mas como o investimento nos Estados Unidos representa apenas 15 do PIB e o con sumo 70 as variações no consumo e no investi mento são de magnitude aproximadamente igual PIB para o consumo as variações no investimento de um ano para o próximo acabam sendo da mesma magnitude total que as variações no consumo Em outras palavras os dois componentes contribuem de maneira aproximadamente igual para as flutuações no produto ao longo do tempo BookBlanchard 1indb 359 241017 1718 360 Macroeconomia Palavraschave conjunto de dados em painel 342 custo de aluguel do capital 353 custo de uso do capital 353 expectativas estáticas 353 fluxo de caixa 355 q de Tobin 351 rentabilidade 355 riqueza financeira 342 riqueza humana 342 riqueza imobiliária 342 riqueza não humana 342 riqueza total 342 teoria do consumo da renda permanente 341 teoria do consumo do ciclo de vida 341 Questões e problemas Teste rápido 1 Usando as informações contidas neste capítulo diga se cada afirmação a seguir é verdadeira falsa ou incerta Explique brevemente a Para um universitário comum as riquezas humana e não humana são aproximadamente iguais b Experimentos naturais como a aposentadoria não sugerem que as expectativas de renda futura sejam um fator importante que afete o consumo c Após a crise financeira o crescimento da renda futura esperada caiu d Imóveis e fábricas depreciamse mais rapidamente que as máquinas e Um valor elevado do q de Tobin indica que a bolsa de valores acredita que o capital esteja sobrevalori zado e que portanto o investimento deva ser menor f A menos que o lucro corrente afete as expectati vas de lucros ele não deve ter qualquer impacto sobre o investimento g Dados das três últimas décadas nos Estados Unidos sugerem que os lucros das companhias estão estreitamente ligados ao ciclo econômico h Variações no consumo e no investimento ocorrem normalmente na mesma direção e aproximada mente na mesma magnitude 2 Uma consumidora possui uma riqueza não humana de US 100000 Ela ganha US 40000 neste ano e espera que seu salário aumente 5 em termos reais a cada ano pelos próximos dois anos Então ela se apo sentará A taxa de juros real é igual a 0 e esperase que permaneça assim no futuro A renda do trabalho é tributada a uma alíquota de 25 a Qual é a riqueza humana dessa consumidora b Qual é sua riqueza total c Se ela espera viver mais sete anos após a aposen tadoria e deseja que seu consumo permaneça igual em termos reais a cada ano a partir de agora quanto pode consumir neste ano d Se ela recebesse apenas neste ano um bônus de US 20000 com todos os seus pagamentos futuros de salário permanecendo iguais ao men cionado anteriormente em quanto ela poderia aumentar seu consumo no presente e no futuro e Suponhamos agora que na aposentadoria a Previdência Social comece a pagar benefícios anuais de 60 da remuneração da consumi dora durante seu último ano de trabalho Vamos assumir que os benefícios não sejam tributados Quanto ela pode consumir neste ano mantendo o consumo constante ao longo de sua vida 3 Um fabricante de biscoitos está pensando em com prar uma máquina que custa US 100000 A máquina depreciará 8 ao ano e gerará lucros reais de US 18000 no próximo ano US 18000 1 8 daqui a dois anos isto é o mesmo lucro real mas ajustado pela depreciação US 18000 1 82 daqui a três anos e assim por diante Determine se o fabricante deve comprar a máquina supondo que a taxa real de juros se mantenha constante em a 5 b 10 c 15 4 Suponhamos que aos 22 anos de idade você termine a faculdade e receba uma oferta de emprego com salário inicial de US 40000 ao ano Seu salário permanecerá constante em termos reais Entretanto você também foi aceito em um curso profissionalizante com duração de dois anos Depois de formado você espera que seu salário inicial seja 10 maior em termos reais e perma neça constante em termos reais a partir daí A alíquota do imposto sobre a renda do trabalho é de 40 a Com uma taxa de juros real nula e a expectativa de se aposentar aos 60 anos ou seja se você não BookBlanchard 1indb 360 241017 1718 Capítulo 15 Expectativas consumo e investimento 361 fizer o curso profissionalizante e espera trabalhar um total de 38 anos qual é o máximo que estaria disposto a pagar na forma de anuidades para frequentar essa escola profissionalizante b Qual seria sua resposta para a se você esperasse pagar 30 de sua renda em impostos Aprofundando 5 Poupança individual e acumulação de capital agregado Suponhamos que todo consumidor nasça sem nenhuma riqueza financeira e viva por três períodos juventude meiaidade e idade avançada Os consumi dores trabalham durante os dois primeiros períodos e se aposentam no último Sua renda é de US 5 no primeiro período US 25 no segundo e US 0 no último A inflação e a inflação esperada são iguais a zero assim como a taxa real de juros a Qual é o valor presente descontado da renda do trabalho no início da vida Qual é o nível susten tável de consumo mais elevado de modo que o consumo seja igual nos três períodos b Para cada grupo etário qual é o montante de poupança que permite aos consumidores a manu tenção do nível de consumo constante encontrado em a Dica a poupança pode ser um número negativo se o consumidor precisar tomar empres tado com o intuito de manter determinado nível de consumo c Suponhamos que haja n pessoas nascidas a cada período Qual é a poupança total da economia Dica some a poupança de cada grupo etário Lembrese de que alguns grupos etários podem ter poupança negativa Explique d Qual é a riqueza financeira total da economia Dica calcule a riqueza financeira das pessoas no início do primeiro do segundo e do terceiro perío dos de vida Some todos os resultados Lembrese de que as pessoas podem estar endividadas logo a riqueza financeira pode ser negativa 6 Restrições de empréstimo e acumulação de capital agregado Continuemos com o cenário do Exercício 5 mas agora supondo que restrições aos empréstimos não permitam que os consumidores jovens tomem empréstimos Se chamarmos a soma da renda e da riqueza financeira total de dinheiro em caixa a restrição de empréstimo significa que os consumidores não podem consumir mais do que o dinheiro que têm em caixa Em cada grupo etário os consumidores calculam sua riqueza total e então determinam seu nível desejado de con sumo como o nível mais alto que permita que seu consumo seja igual nos três períodos Entretanto se em qualquer momento o consumo desejado exceder o dinheiro em caixa os consumidores estarão limitados a consumir exatamente seu dinheiro em caixa a Calcule o consumo em cada período de vida Compare esta resposta com a que deu ao item a do Exercício 5 e explique quaisquer diferenças b Calcule a poupança total Compare esta resposta com a que deu ao item c do Exercício 5 e expli que quaisquer diferenças c Derive a riqueza financeira total Compare esta resposta a que deu ao item d do Exercício 5 e explique quaisquer diferenças d Considere a seguinte afirmação A liberalização financeira pode ser boa para os consumidores individuais mas é ruim para a acumulação de capital total Comente 7 Poupança com renda futura incerta Consideremos uma consumidora que vive três perío dos juventude meiaidade e idade avançada Quando jovem ela ganha US 20000 em renda do trabalho A remuneração durante a meiaidade é incerta Há 50 de probabilidade de que a consumidora vá ganhar US 40000 e 50 de probabilidade de que ela vá ganhar US 100000 Ao envelhecer ela gastará a poupança acumulada durante os períodos anteriores Suponha que a inflação a inflação esperada e a taxa de juros real sejam iguais a zero Ignore os impostos neste exercício a Qual é o valor esperado da remuneração na meia idade Dado esse número qual é o valor presente descontado da remuneração esperada do trabalho durante toda a vida Se a consumidora deseja manter um consumo esperado constante durante toda a vida quanto ela consumirá em cada perío do Quanto poupará em cada período b Agora suponha que a consumidora deseje acima de tudo manter um nível de consumo mínimo de US 20000 em cada período da sua vida Para fazer isso ela precisa considerar o pior resultado Se a remuneração durante a meiaidade acabar sendo de US 40000 quanto ela deve gastar quando jovem para garantir um consumo de pelo menos US 20000 em cada período Como esse nível de consumo se compara ao nível obtido para o período da juventude no item a c Dada sua resposta à parte b suponha que a remu neração da consumidora durante a meiaidade seja BookBlanchard 1indb 361 241017 1718 362 Macroeconomia de US 100000 Quanto ela deve gastar em cada período da sua vida O nível de consumo será constante durante toda sua vida Dica uma vez que a consumidora atinja a meiaidade ela tentará manter um consumo constante nos últimos dois períodos de vida desde que consiga consumir pelo menos US 20000 em cada período d Que efeito a incerteza sobre a renda futura do trabalho exerce sobre a poupança ou os emprés timos de jovens consumidores Explorando mais 8 Oscilações do consumo e do investimento Acesse o banco de dados do FRED administrado pelo Federal Reserve Bank of St Louis Encontre dados anuais para gastos de consumo pessoal e investimento interno privado bruto assim como para o PIB real Os dados são medidos em dólares reais Insira valores em uma planilha começando em 1960 e terminando no ano mais recente O FRED disponibiliza uma plani lha para ser baixada No momento da produção deste livro os nomes da série são Real GDP 2009 dollars GDPMCA1 Real Personal Consumption Expenditures 2009 dollars DPCERX1A020NBEA Real Gross Private Domestic Investment 2009 dollars GPDICA Você deve conseguir pesquisar esses nomes mas tome o cuidado de fazer o download dos níveis dessas vari áveis a uma taxa anual Preste atenção se as variáveis são medidas em milhões ou bilhões de dólares a Em média quantas vezes o consumo é maior que o investimento Calcule consumo e investimento como uma porcentagem do PIB b Calcule a variação nos níveis de consumo e investi mento de um ano para outro colocando os resultados em um gráfico para o período de 1961 até a data mais recente disponível As variações anuais no consumo e no investimento são de magnitude similar c Calcule o percentual da variação do consumo real e do investimento real desde 1961 Qual é mais volátil 9 Confiança do consumidor renda disponível e recessões Acesse o site do banco de dados econômicos do FRED e baixe a série para renda pessoal real dispo nível per capita nome da série A229RX0 a Survey of Consumers Index of Consumer Sentiment índice do sentimento do consumidor da Universidade de Michigan série UMCSENT1 Utilizaremos essa série de dados como nossa medida da confiança do consu midor Tenha o cuidado de baixar ambos os conjuntos de dados como um arquivo trimestral Coloque ambas as séries na mesma planilha a Antes de examinar os dados há motivos para esperar que a confiança do consumidor esteja relacionada com a renda disponível Há motivos para que a confiança do consumidor não esteja relacionada à renda disponível b Trace o nível do índice de sentimento do con sumidor contra a taxa de crescimento da renda disponível por pessoa A relação é positiva c Trace a variação do índice de sentimento do con sumidor contra a taxa de crescimento da renda disponível por pessoa Como é essa relação Concentrese nas observações em que a variação na renda disponível é inferior a 02 do valor abso luto O nível de sentimento do consumidor está mudando Como interpretar essas observações d Examine os dados de 2007 2008 e 2009 Como o comportamento do sentimento do consumidor de 2007 a 2008 se compara com o comportamento usual no sentimento do consumidor Por quê Dica a falência do Lehmann Brothers ocorreu em setembro de 2008 A queda no sentimento do consumidor prenuncia o declínio na renda pessoal disponível real que acompanhou a crise Apêndice Derivação do valor presente esperado dos lucros sob expectativas estáticas Vimos no texto Equação 153 que o valor presente esperado dos lucros é dado por V 1Πt e2 1 1 rt Πt 1 e 1 11 rt211 rt 1 e 2 11 d2 Πt 2 e g Se as empresas esperam que tanto os lucros futu ros por unidade de capital quanto as taxas de juros futuras permaneçam no mesmo nível atual de modo que Πt 1 e Πt 2 e g Πt e rt 1 e rt 2 e g rt a equação tornase BookBlanchard 1indb 362 241017 1718 Capítulo 15 Expectativas consumo e investimento 363 V1Πt e2 1 1 rt Πt 1 11 rt22 11 d2 Πt g Fatorando o termo 11 rtΠt V1Πt e2 1 1 rt Πt a1 1 d 1 rt g b 15A1 O termo entre parênteses nessa equação é uma pro gressão geométrica uma série com a forma 1 x x2 Assim da Proposição 2 do Apêndice 2 no final do livro 11 x x2 g 2 1 1 x Aqui x é igual a 1 d1 rt logo a1 1 d 1 rt a 1 d 1 rt b 2 g b 1 1 11 d211 rt2 1 rt rt d Substituindo o termo entre parênteses na Equação 15A1 pela expressão anterior e manipulando temos V1Πt e2 1 1 rt 1 rt rt d Πt Simplificando temos a Equação 155 do texto V1Πt e2 Πt 1rt d2 BookBlanchard 1indb 363 241017 1718 C A P Í T U L O 16 No Capítulo 14 vimos como as expectativas afetam os preços dos títulos e das ações No Capítulo 15 como as expec tativas afetam as decisões de consumo e de investimento E neste capítulo juntamos as partes e examinamos novamente os efeitos das políticas monetária e fiscal A Seção 161 apresenta a principal implicação do que já aprendemos as expectativas tanto do produto futuro quanto das taxas de juros futuras afetam os gastos correntes e portanto o produto corrente A Seção 162 examina a política monetária Mostra como os efeitos da política monetária dependem crucialmente de como as mudanças na taxa de política monetária levam pessoas e empresas a mudar suas expectativas sobre as taxas de juros futuras e sobre a renda futura e por implicação suas decisões de gasto A Seção 163 aborda a política fiscal Mostra como em contraste com o modelo simplificado que estudamos na parte dos Fundamentos uma política fiscal contracionista pode sob algumas circunstâncias levar a um aumento no produto mesmo no curto prazo Mais uma vez a maneira como as expectativas respondem à política é o ponto central da história 161 Expectativas e decisões fazendo o balanço Vamos começar revisando o que estudamos e então discutir como deveríamos modificar a descrição do mercado de bens e dos mercados financeiros o modelo ISLM que desenvolvemos na parte dos Fundamentos Expectativas consumo e decisões de investimento No Capítulo 15 vimos que as decisões tanto de consumo como de investimento dependem muito das expectativas da renda e das taxas de juros futuras A Figura 161 mostra um resumo dos canais por meio dos quais as expectativas afetam os gastos de consumo e de investimento Observe os vários canais pelos quais as variáveis futuras esperadas afetam as decisões atuais tanto diretamente quanto por meio dos preços dos ativos Um aumento na renda real do trabalho corrente e futura esperada líquida de impostos ou uma redução nas taxas de juros reais correntes e futuras esperadas elevam a riqueza humana o valor presente descontado esperado da renda real do trabalho líquido de impostos o que por sua vez leva a um aumento no consumo Um aumento nos dividendos reais correntes e futuros esperados ou uma redução nas taxas de juros reais correntes e futuras esperadas elevam os Expectativas produto e política econômica BookBlanchard 1indb 364 241017 1718 Capítulo 16 Expectativas produto e política econômica 369 pequeno da redução da taxa de juros corrente sobre o produto Mudanças na taxa de juros corrente se não acompanhadas de mudanças nas expectativas têm apenas um efeito pequeno sobre o gasto e por sua vez um efeito pequeno sobre o produto Contudo é razoável supor que as expectativas não sejam afetadas por uma política monetária expansionista Não é provável que à medida que o Fed reduza a taxa básica real corrente os mercados financeiros agora antecipem também taxas de juros reais mais baixas no futuro com um produto futuro maior estimulado por essa taxa de juros futura mais baixa O que ocorre então A uma dada taxa básica real corrente as perspectivas de uma taxa básica real futura menor e de um produto Taxa de juros real corrente r LM Produto corrente Y rˉ IS A YA Figura 163 Novo ISLM A curva IS tem uma inclinação negativa acentuada Tudo o mais constante uma mudança na taxa de juros corrente tem um efeito pequeno sobre o produto Dada a taxa de juros real corrente estipulada pelo Banco Central r o equilíbrio está no ponto A Banco Central reduz r LM IS YA YB YC r A B C Taxa de juros real corrente r Produto corrente Y D e 0 D e 0 Y r IS LM r Figura 164 Efeitos de uma política monetária expansionista Os efeitos da política monetária sobre o produto dependem muito de se e como as políticas monetárias afetam as expectativas BookBlanchard 1indb 369 241017 1718 Capítulo 16 Expectativas produto e política econômica 377 Composição do programa o programa elimina algumas das distorções da economia Estado inicial das finanças do governo qual é o tamanho do déficit inicial É um programa do tipo a última chance O que ocorrerá se o programa falhar Política monetária e outras vão ajudar a compensar o efeito adverso direto sobre a demanda no curto prazo Isto nos dá uma ideia da importância das expectativas na determinação do resultado e das complexidades envolvidas no uso da política fiscal neste contexto E é um exemplo muito mais que ilustrativo Tratase de um dos principais pontos de discórdia na zona do euro desde o início de 2010 Em 2010 a profunda recessão econômica junto com as medidas fiscais tomadas para limitar a queda da demanda durante 2009 provocou grandes déficits orçamen tários e grandes aumentos na dívida pública Havia pouca dúvida de que os déficits não podiam se prolongar indefinidamente e de que a dívida tinha de ser estabilizada em algum momento A questão era quando e em qual ritmo Alguns economistas assim como a maioria dos formuladores de política fiscal na zona do euro acreditavam que a consolidação devia começar imediatamente e ser rigorosa Argumentavam que isto era essencial para convencer os investido res de que a situação fiscal estava sob controle Alegavam que combinado com reformas estruturais para elevar o produto futuro o efeito das antecipações de maior produto mais tarde dominaria os efeitos adversos diretos da consolidação Por exemplo o presidente do Banco Central Europeu Jean Claude Trichet disse em setembro de 2010 Consolidação fiscal é um prérequisito para manter a confiança na credibi lidade das metas fiscais dos governos Efeitos positivos na confiança podem compensar uma queda na demanda decorrente da consolidação fiscal quando as estratégias de ajuste fiscal são percebidas como plausíveis ambiciosas e focadas no lado das despesas As condições para tais efeitos positivos são particularmente favoráveis no atual ambiente de incerteza macroeconômica Outros eram mais céticos Não acreditavam que em um ambiente desfavorável os efeitos positivos da expectativa seriam fortes Ressaltavam que a taxa básica já estava no limite zero e portanto a política monetária não poderia ajudar muito se é que viesse a ajudar de alguma forma Eles defendiam uma consolidação fiscal lenta e uniforme mesmo que isto conduzisse a níveis mais elevados de dívida até sua estabilização Essa discussão ficou conhecida como o debate dos multiplicadores fiscais Aqueles a favor de uma consolidação forte argumentavam que os multiplicadores fiscais ou seja os efeitos líquidos de uma consolidação fiscal uma vez levados em conta os efeitos diretos e de expectativas seriam provavelmente negativos Déficits menores levariam tudo o mais constante a um aumento no produto Aqueles contra uma consolidação forte defendiam que os multiplicadores fiscais seriam provavelmente positivos e possivelmente grandes Déficits menores levariam a uma diminuição no produto ou pelo menos retardariam a recuperação Os céticos infelizmente estavam certos À medida que as evidências se acumu lavam ficou claro que o efeito líquido da consolidação fiscal era contracionista A evidência mais forte disso era a relação entre erros de previsão e o tamanho da consolidação fiscal em diversos países Na maioria dos países europeus o crescimento em 2010 e 2011 foi muito inferior ao previsto Entre os países esses erros de previ são estavam estreitamente correlacionados com o tamanho da consolidação fiscal Como mostra a Figura 166 que traça erros de previsão de crescimento em relação a uma medida de consolidação fiscal os países com consolidações fiscais maiores apresentaram erro de previsão maior negativo Isso foi particularmente perceptível BookBlanchard 1indb 377 241017 1718 378 Macroeconomia no caso da Grécia mas também se viu em outros países Considerandose que as previsões foram desenvolvidas com base em modelos que implicavam multiplica dores positivos pequenos essa evidência implicava que os multiplicadores fiscais eram na verdade não só positivos mas maiores do que se supunha Os efeitos das expectativas não compensaram os efeitos diretos negativos da redução de gastos e do aumento de impostos Resumo Os gastos privados no mercado de bens dependem do produto corrente e futuro esperado e das taxas de juros reais correntes e futuras esperadas Expectativas afetam a demanda e por sua vez o produto Mudanças no produto futuro esperado ou na taxa de juros real futura esperada levam a mudanças nos gastos e no produto no presente Em consequência os efeitos das políticas fiscal e monetária sobre os gastos e o produto dependem de como a política afeta as expectativas do produto futuro e da taxa real de juros futura Expectativas racionais referemse à hipótese de que pessoas empresas e participantes dos mercados financeiros formam expectativas do futuro ao ava liar o curso da política futura esperada analisando as implicações para o produto futuro a taxa de juros futura e assim por diante Apesar de estar claro que a maior parte das pessoas não faz este exercício por conta própria podemos imaginar que o façam de maneira indireta por meio de previsões elaboradas por profissionais dos setores público e privado Embora certamente existam casos em que pessoas empresas ou investidores não tenham expectati vas racionais a hipótese de expectativas racionais parece ser a melhor referência para se avaliar os efeitos potenciais de políticas alternativas Formular uma política supondo que as pessoas cometerão erros sistemáticos em resposta a ela seria insensato O Banco Central controla a taxa de juros nominal de curto prazo Os gastos entretanto dependem da taxa de juros real corrente e da taxa de juros real futura esperada Assim o efeito da política mone tária sobre a atividade depende principalmente de se e como mudanças na taxa de juros nominal 2 Previsão de consolidação fiscal Erros de previsão do crescimento 4 6 0 2 10 5 0 5 ROM GRC DEU SWE FINMLT POL BEL IRL CYP DNK NOR CHE AUT ISL GBR SVKSPN PRT FRA CZEHUN NLDITA BGR ESP Figura 166 Erros de previsão de crescimento e consolidação fiscal na Europa 20102011 Países europeus com consolidações fiscais mais robustas em 2010 e 2011 tiveram maiores erros de previsão de crescimento negativo Abreviações usadas em inglês BookBlanchard 1indb 378 241017 1718 Capítulo 16 Expectativas produto e política econômica 379 Palavraschave adiamento backloading 376 credibilidade 376 expectativas adaptativas 371 expectativas estáticas 371 expectativas racionais 370 gasto privado agregado ou gasto privado 366 instinto animal 371 multiplicadores fiscais 377 Questões e problemas Teste rápido 1 Usando as informações contidas neste capítulo diga se cada afirmação a seguir é verdadeira falsa ou incerta Explique brevemente a Mudanças na taxa de juros real corrente de um ano provavelmente têm um efeito muito maior sobre os gastos que mudanças na taxa de juros real futura esperada de um ano b A introdução das expectativas no modelo do mer cado de bens torna a curva IS menos inclinada embora ainda seja negativamente inclinada c O investimento depende de taxas de juros corren tes e futuras esperadas d A hipótese das expectativas racionais implica que os consumidores levem em consideração os efeitos da política fiscal futura sobre o produto e A política fiscal futura esperada afeta a ativi dade econômica futura esperada mas não a atividade econômica atual f Dependendo do seu efeito sobre as expectativas uma contração fiscal pode na realidade levar a uma expansão econômica g A experiência irlandesa com programas de redu ção do déficit em 1982 e em 1987 fornece forte evidência contra a hipótese de que a redução do déficit possa levar a uma expansão do produto h A experiência da zona do euro em 2010 e 2011 sugere que consolidações fiscais por meio de expectativas levam a crescimento do produto 2 Consideremos estas duas citações relativas à política recente do Federal Reserve Em 12 de dezembro de 2012 o Federal Reserve emi tiu a seguinte nota Em especial o Comitê decidiu manter a meta para a taxa de fundos federais de 0 a ¼ e por ora antecipa que essa faixa excepcionalmente baixa para a taxa de fundos federais será apropriada ao menos enquanto a taxa de desemprego permanecer acima de 65 Em 10 de julho de 2013 Ben Bernanke presidente do Federal Reserve declarou Não haverá aumento automático da taxa de juros quando o desemprego atingir 65 a Por que as duas citações enfocam como será a política no futuro em vez de apenas explicar o que o Fed está fazendo no presente b Por que você acha que o presidente do Fed fez a segunda declaração c Em 25 de janeiro de 2012 quando a taxa de juros básica nominal estava no limite inferior zero o Federal Reserve anunciou uma meta de inflação de 2 Qual era o objetivo deste anúncio 3 Para cada um dos itens a até d determine se há um deslocamento da curva IS da curva LM de ambas ou de nenhuma Em cada caso suponha que nenhuma outra variável exógena se altere a Uma queda na taxa de juros real futura esperada de curto prazo levam a mudanças na taxa de juros real corrente e na taxa de juros real futura esperada Uma redução no déficit orçamentário pode levar a um aumento no produto e não a uma queda Isto porque as expectativas de um produto maior e taxas de juros menores no futuro podem levar a um aumento nos gastos que mais do que compensa a redução nos gastos proveniente do efeito direto da redução no déficit sobre os gastos totais Essa compensação depende do ritmo da credibilidade da natureza da redução no déficit e da capacidade da política monetária para acomodar e sustentar a demanda Essas condições não foram satisfeitas na Europa na década de 2010 BookBlanchard 1indb 379 241017 1718 380 Macroeconomia b Um aumento na taxa de juros básica real corrente c Um aumento nos impostos futuros esperados d Uma redução na renda futura esperada 4 Consideremos a seguinte afirmação A hipótese das expectativas racionais não é realista porque essen cialmente equivale à hipótese de que todo consumi dor tem conhecimento perfeito da economia Comente 5 Uma nova presidente acaba de ser eleita com a pro messa de campanha de corte de impostos As pessoas confiam que ela cumprirá sua promessa embora acre ditem que os cortes de impostos só serão implementa dos no futuro Determine o impacto da eleição sobre o produto corrente a taxa de juros corrente e o gasto privado corrente sob cada uma das hipóteses de a a c Em cada caso indique o que você acredita que ocorrerá com Y e r e e Te e como essas mudanças nas expectativas afetam o produto no presente a O Fed não mudará sua taxa de juros básica real corrente b O Fed agirá de modo a impedir qualquer mudança no produto corrente e futuro c O Fed não alterará nem a taxa de juros básica real corrente nem a taxa básica real futura 6 Os pacotes irlandeses de redução do déficit O quadro Foco Uma redução no déficit orçamentário pode levar a uma expansão do produto Irlanda na década de 1980 apresenta um exemplo de consolidação A Irlanda tinha um déficit orçamentário considerável em 1981 e 1982 a Quais as implicações de uma redução no déficit no médio e no longo prazos Quais são as vantagens de reduzir o déficit b O quadro discute dois programas de redução no déficit Qual é a diferença entre eles c O quadro apresenta uma evidência de que os dois programas de redução no déficit tiveram efeitos diferentes sobre as expectativas das famílias Qual é esta evidência d Embora os dados revelem um forte crescimento no produto de 1987 a 1989 há algumas evidências de continuidade da fragilidade macroeconômica da Irlanda durante a segunda consolidação fiscal Quais são essas evidências Aprofundando 7 Um novo presidente do Fed Suponhamos em uma economia hipotética que o presidente do Fed anuncie inesperadamente sua aposentadoria dentro de um ano Ao mesmo tempo o presidente do país anuncia seu indicado para assumir a vaga na presidência do Fed Os participantes do mercado financeiro esperam que o indicado seja confirmado pelo Congresso Acreditam também que o indicado conduzirá uma política monetária mais contracionista no futuro Em outras palavras os participantes do mercado esperam que a taxa de juros básica se eleve no futuro a Consideremos que o presente seja o último ano do mandato do presidente atual do Fed e que o futuro seja o período depois disso Dado que a política monetária será mais contracionista no futuro o que acontecerá com as taxas de juros futuras e o produto futuro pelo menos por um tempo antes de o produto retornar para seu nível natural Considerandose que essas mudanças no produto futuro e nas taxas de juros futuras sejam previstas o que acontecerá com o pro duto e com a taxa de juros no presente O que acontecerá com a curva de rendimento no dia do anúncio de que o presidente atual do Fed se aposentará em um ano Agora suponhamos que em vez de fazer um anúncio inesperado o presidente do Fed seja obrigado por lei a se aposentar em um ano os mandatos da presidência do Fed são limitados e que os participantes do mercado finan ceiro já soubessem disso há algum tempo Suponhamos como no item a que o presidente indique um substituto do qual se espera a condução de uma política monetária mais contracionista que a do presidente atual b Suponhamos que os participantes do mercado financeiro não se surpreendam com a escolha do presidente ou seja que tenham previsto corretamente quem o presidente nomearia Sob essas circunstâncias é provável que o anúncio do indicado tenha algum efeito sobre a curva de rendimento c Suponhamos em vez disso que a identidade do indicado seja uma surpresa e que os participantes do mercado financeiro esperassem alguém que defendesse uma política ainda mais contracio nista que o indicado de fato Sob essas circuns tâncias o que provavelmente ocorrerá com a curva de rendimento no dia do anúncio Dica tenha cuidado Em comparação com o que se espera o indicado deve seguir uma política mais contracionista ou mais expansionista d Em 9 de outubro de 2013 Janet Yellen foi nome ada presidente do Fed no lugar de Ben Bernanke Faça uma pesquisa na internet para verificar o que aconteceu com os mercados financeiros no dia em que a substituta foi anunciada Os participantes BookBlanchard 1indb 380 241017 1718 BookBlanchard 1indb 382 241017 1718 C A P Í T U L O Até aqui assumimos que a economia era fechada que não interagia com o resto do mundo Iniciamos dessa maneira para tornar as coisas mais simples e assim desenvolver nossa intuição sobre os mecanismos básicos da macroeconomia A Figura 171 que por conveniência repete a primeira figura do livro Figura 11 mostra como esta hipótese é na verdade ruim A figura traça as taxas de crescimento das economias avançadas e emergentes desde 2005 O impressionante é como essas taxas se moveram juntas Apesar do fato de a crise ter se originado nos Estados Unidos o resultado foi uma recessão mundial com crescimento negativo tanto nas economias avançadas quanto nas emergentes Portanto é hora de relaxar nossa premissa de economia fechada Entender as implicações macroeconômicas da abertura será nosso objetivo principal neste e nos próximos três capítulos A abertura é composta por três dimensões distintas 1 Abertura dos mercados de bens a capacidade que consumidores e empresas têm de escolher entre bens domés ticos e estrangeiros Em nenhum país essa escolha é totalmente livre de restrições Até os países mais comprometidos com o livre comércio possuem tarifas impostos sobre bens importados e cotas restrições à quantidade de bens que podem ser importados para pelo menos alguns bens estrangeiros Ao mesmo tempo na maioria dos países as tarifas médias são baixas e continuam a diminuir Figura 171 Crescimento em economias avançadas e emergentes desde 2005 A crise começou nos Estados Unidos mas afetou praticamente todos os países do mundo 10 5 0 5 10 15 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 Economias avançadas Economias de mercados emergentes e em desenvolvimento Mundo Mudança percentual Fonte FMI World Economic Outlook outubro de 2015 Reproduzido por cortesia do FMI 17 Abertura dos mercados de bens e dos mercados financeiros BookBlanchard 1indb 385 241017 1718 390 Macroeconomia A Figura 173 mostra a taxa de câmbio nominal entre o dólar e a libra desde 1971 Observemos as duas principais características da figura A tendência de alta na taxa de câmbio Em 1971 1 dólar valia apenas 041 libra Em 2015 1 dólar valia 065 libra Dito de outra maneira houve uma apreciação do dólar em relação à libra nesse período As grandes flutuações na taxa de câmbio Na década de 1980 uma apreciação acentuada em que o dólar mais que dobrou de valor em relação à libra foi seguida de uma depreciação igualmente acentuada Na década de 2000 uma grande depreciação foi seguida por uma grande apreciação quando a crise teve início e uma depreciação menor desde então Contudo se estivermos interessados na escolha entre bens domésticos e bens estrangeiros a taxa nominal de câmbio nos fornecerá apenas uma parte das infor mações de que precisamos A Figura 173 por exemplo mostranos apenas os movi mentos do preço relativo das duas moedas o dólar e a libra Para os turistas dos Estados Unidos que pensam em visitar o Reino Unido a questão não se trata apenas de quantas libras eles poderão obter em troca de seus dólares mas de quanto os bens no Reino Unido custarão em relação àquilo que custam nos Estados Unidos Isto nos leva a nosso próximo passo a obtenção das taxas de câmbio reais Da taxa de câmbio nominal para a taxa de câmbio real Como podemos obter a taxa de câmbio real entre os Estados Unidos e o Reino Unido o preço dos bens norteamericanos em termos dos bens britânicos Suponhamos que os Estados Unidos produzam somente um bem um Cadillac e que o Reino Unido também produza somente um bem um Jaguar Esta é uma daquelas hipóteses que vão completamente contra os fatos mas em breve seremos mais realistas A obtenção da taxa de câmbio real o preço dos bens norte ame ricanos Cadillacs em termos dos bens britânicos Jaguars seria simples Figura 173 Taxa de câmbio nominal entre o dólar e a libra desde 1971 Embora o dólar tenha apreciado em relação à libra nas últimas quatro décadas essa apreciação foi acompanhada de grandes oscilações na taxa de câmbio nominal entre as duas moedas 03 05 06 07 08 09 10 1971 1973 1976 1979 1982 1985 1988 1991 1994 1997 2000 2003 2006 2008 2011 2014 Dólar em termos de libras Out 2015 04 Fonte Series XUMAGBD Bank of England BookBlanchard 1indb 390 241017 1718 396 Macroeconomia para os investidores estrangeiros a retenção de ativos domésticos na realidade um empréstimo ao país Vamos começar examinando mais de perto a relação entre os fluxos comerciais e os financeiros Feito isso examinaremos os determinantes desses fluxos financeiros Balanço de pagamentos As transações de um país com o resto do mundo incluindo fluxos tanto comerciais quanto financeiros são resumidas por um conjunto de contas denominado balanço de pagamentos A Tabela 173 apresenta o balanço de pagamentos dos Estados Unidos para 2014 A tabela tem duas partes separadas por uma linha As transações são referidas como acima da linha ou abaixo da linha Transações correntes As transações acima da linha registram os pagamentos efetuados e recebidos do resto do mundo São as chamadas transações correntes As duas primeiras linhas registram as exportações e as importações de bens e serviços As exportações levam a pagamentos do resto do mundo ao passo que as importações levam a pagamentos ao resto do mundo A diferença entre exporta ções e importações é a balança comercial Em 2014 as importações superaram as exportações levando a um déficit comercial de US 508 bilhões para os Estados Unidos cerca de 3 do PIB norteamericano As exportações e as importações não são as únicas fontes de pagamentos efetu ados e recebidos do resto do mundo Os residentes nos Estados Unidos recebem renda da retenção de ativos estrangeiros e residentes estrangeiros recebem renda da retenção de ativos dos Estados Unidos Em 2014 a renda recebida do resto do mundo foi de US 823 bilhões e a renda paga a estrangeiros foi de US 585 bilhões com um saldo de renda líquido de US 238 bilhões Tabela 173 Balanço de pagamentos dos Estados Unidos 2014 em bilhões de dólares Transações correntes Exportações 2343 Importações 2851 Balança comercial déficit 1 508 Renda recebida 823 Renda paga 585 Renda líquida 2 238 Transferências líquidas recebidas 3 119 Saldo em transações correntes déficit 1 2 3 389 Contas capital e financeira Aumento dos ativos dos Estados Unidos retidos por estrangeiros 4 1031 Aumento dos ativos estrangeiros retidos pelos Estados Unidos 5 792 Saldo da conta financeira 7 4 5 239 Discrepância estatística saldo das contas capital e financeira saldo das transações correntes 150 Incluindo um aumento nos ativos dos Estados Unidos retidos por estrangeiros de US 54 bilhões das transações líquidas em derivativos financeiros Fonte US Bureau of Economic Analysis 17 de setembro de 2015 BookBlanchard 1indb 396 241017 1718 404 Macroeconomia Resumo A abertura dos mercados de bens permite que pes soas e empresas escolham entre bens domésticos e estrangeiros A abertura dos mercados financeiros permite que os investidores retenham ativos finan ceiros domésticos ou estrangeiros A taxa de câmbio nominal é o preço da moeda nacional em termos de moeda estrangeira Assim do ponto de vista dos Estados Unidos a taxa de câmbio nominal entre os Estados Unidos e o Reino Unido é o preço de um dólar em termos de libras Uma apreciação nominal ou de forma sucinta uma apreciação é um aumento no preço da moeda nacional em termos de moeda estrangeira Em outras palavras corresponde a um aumento na taxa de câmbio Uma depreciação nominal ou de forma sucinta uma depreciação é uma diminuição no preço da moeda nacional em ter mos de moeda estrangeira Corresponde a uma diminuição na taxa de câmbio A taxa de câmbio real é o preço relativo dos bens domésticos em termos dos bens estrangeiros É igual à taxa de câmbio nominal vezes o nível de preços doméstico dividido pelo nível de preços estrangeiro Uma apreciação real é um aumento no preço relativo dos bens domésticos em termos dos bens estrangei ros isto é um aumento na taxa real de câmbio Uma depreciação real é uma diminuição no preço relativo dos bens domésticos em termos de bens estrangeiros isto é uma diminuição na taxa real de câmbio A taxa de câmbio real multilateral ou de forma sucinta a taxa de câmbio real é uma média ponderada das taxas de câmbio reais bilaterais com o peso de cada país estrangeiro igual à sua participação no comércio O balanço de pagamentos registra as transações de um país com o resto do mundo O saldo em transa ções correntes é igual à soma da balança comercial com a renda líquida e as transferências líquidas que o país recebe do resto do mundo O saldo das contas capital e financeira é igual aos fluxos de capitais recebidos do resto do mundo menos os fluxos de capitais efetuados para o resto do mundo As transações correntes e as contas capital e financeira são imagens espelhadas uma da outra Desconsiderandose os problemas estatísticos a soma das transações correntes com as contas capi tal e financeira deve ser igual a zero Um déficit em transações correntes é financiado por fluxos financeiros líquidos de capitais do resto do mundo portanto por meio de um superávit das contas capi tal e financeira Do mesmo modo um superávit em transações correntes corresponde a um déficit das contas capital e financeira A paridade descoberta de juros ou de forma sucinta paridade de juros é uma condição de arbitragem segundo a qual as taxas de retorno esperadas em termos de moeda nacional sobre os títulos domésticos e os títulos estrangeiros devem ser iguais A paridade de juros implica que a taxa de juros interna seja aproximadamente igual à taxa de juros externa menos a taxa de apreciação esperada da moeda nacional Palavraschave abaixo da linha 396 abertura dos mercados de bens 385 abertura dos mercados de fatores 386 abertura dos mercados financeiros 386 acima da linha 396 Acordo Norteamericano de Livre Comércio Nafta 386 apreciação nominal 389 apreciação real 392 balanço de pagamentos 396 bens comercializáveis 387 condição da paridade de juros 400 contas capital e financeira 397 controles de capitais 386 cotas 385 depreciação nominal 389 depreciação real 392 desvalorização 389 discrepância estatística 397 divisas 395 déficit das contas capital e financeira 397 déficit em transações correntes 397 fluxos líquidos de capital 397 Produto Nacional Bruto PNB 398 BookBlanchard 1indb 404 241017 1718 406 Macroeconomia a Calcule a taxa nominal de juros de cada um dos títulos b Calcule a taxa de câmbio esperada no próximo ano consistente com a paridade descoberta de juros c Se você espera que o dólar deprecie em relação ao euro que título deve comprar d Suponhamos que você seja um investidor dos Estados Unidos Você troca dólares por euros e compra o título alemão Daqui a um ano constata se que a taxa de câmbio E na verdade é igual a 072 1 dólar 072 euro Qual é sua taxa de retorno efetiva em dólares comparada à taxa de retorno efetiva que você teria obtido se tivesse optado por reter o título dos Estados Unidos e As diferenças entre taxas de retorno em d são consistentes com a condição da paridade desco berta de juros Justifique Aprofundando 4 Consideremos um mundo em que haja três economias do mesmo tamanho A B e C e três bens roupas automóveis e computadores Suponhamos que os consumidores das três economias desejem gastar um montante igual nos três bens O valor de produção de cada um dos bens nas três economias é dado na tabela a seguir A B C Roupas 10 0 5 Automóveis 5 10 0 Computadores 0 5 10 a Qual é o PIB de cada economia Se o valor total do PIB for consumido e nenhum país tomar emprestado do exterior quanto os consumidores de cada economia gastarão em cada um dos bens b Se nenhum país tomar emprestado do exterior qual será a balança comercial de cada país Qual será o padrão de comércio nesse mundo Isto é que bens cada país exportará e para quem c Dada sua resposta ao item b o país A terá uma balança comercial igual a zero com o país B E com o país C Algum dos países terá uma balança comercial igual a zero com qualquer outro d Os Estados Unidos apresentam um grande déficit comercial Há um déficit comercial com cada um de seus principais parceiros comerciais mas é muito maior com alguns países China por exemplo do que com outros Suponhamos que os Estados Unidos eliminem seu déficit comercial total com o mundo como um todo Podese esperar que os Estados Unidos tenham uma balança comercial igual a zero com todos os seus parceiros comerciais O déficit comercial particularmente grande com a China indica necessariamente que este país não permite que bens dos Estados Unidos concorram em igualdade de condições com os bens chineses 5 Taxa de câmbio e o mercado de trabalho Suponhamos que a moeda nacional deprecie ou seja E cai Suponhamos também que P e P permaneçam constantes a Como a depreciação nominal afeta o preço rela tivo de bens domésticos isto é a taxa de câmbio real Considerandose sua resposta qual efeito uma depreciação nominal provavelmente terá sobre a demanda mundial por bens domésticos E sobre a taxa de desemprego doméstica b Dado o nível de preços estrangeiro P qual é o preço dos bens estrangeiros em termos da moeda nacional Como uma depreciação nominal afeta o preço de bens estrangeiros em termos de moeda nacional Como uma depreciação nominal afeta o índice de preços ao consumidor doméstico Dica lembrese de que os consumidores domésticos compram tanto bens estrangeiros importados quanto domésticos c Se o salário nominal permanece constante como uma depreciação nominal afeta o salário real d Comente a seguinte afirmação Uma moeda em depreciação coloca o trabalho doméstico à venda Explorando mais 6 Obtenha as taxas de câmbio nominais entre o Japão e os Estados Unidos do banco de dados do Federal Reserve Bank de St Louis FRED É a série AEXJPUS Essa taxa de câmbio é expressa em ienes por dólar a Na terminologia do capítulo quando a taxa de câmbio é escrita como iene por dólar qual país está sendo tratado como o país doméstico b Represente graficamente o valor do iene por dólar a partir de 1971 Em que períodos o iene apre ciou Em que períodos o iene depreciou c Dada a atual crise no Japão um modo de aumen tar a demanda seria tornar os bens japoneses mais atrativos Isto requer uma apreciação ou uma depreciação do iene d O que aconteceu ao iene nos últimos anos O iene apreciou ou depreciou Isso é bom ou ruim para o Japão BookBlanchard 1indb 406 241017 1718 Capítulo 17 Abertura dos mercados de bens e dos mercados financeiros 407 7 Encontre a edição mais recente do World Economic Outlook WEO no site do Fundo Monetário Internacional wwwimforg No Statistical Appendix localize a tabela intitulada Balances on Current Account que lista os saldos em transações correntes ao redor do mundo Use os dados do ano mais recente para responder às questões de a a c a Veja a soma dos saldos em transações correntes de todo o mundo Como observado neste capítulo a soma dos saldos em transações correntes deveria ser igual a zero Qual é na verdade a soma Por que essa soma indica algum erro de medida Isto é se a soma estivesse correta o que isso implicaria b Que regiões do mundo estão tomando emprestado e quais estão emprestando c Compare o saldo em transações correntes dos Estados Unidos com os saldos de outras econo mias avançadas Os Estados Unidos estão tomando emprestado apenas de economias avançadas d As tabelas estatísticas no WEO costumam pro jetar os dados para dois anos no futuro Observe os dados projetados para as transações correntes Suas respostas para os itens b e c tendem a mudar no futuro próximo 8 Poupança e investimento ao redor do mundo Obtenha a edição mais recente do World Economic Outlook WEO no site do Fundo Monetário Internacional wwwimforg No Statistical Appendix encontre a tabela intitulada Summary of Net Lending and Borrowing que lista a poupança e o investimento como percentual do PIB ao redor do mundo Use os dados do ano mais recente para responder às questões a e b a A poupança mundial se iguala ao investimento Ignore as pequenas discrepâncias estatísticas Justifique sua resposta com base em alguma intuição b Como a poupança norteamericana se com para ao investimento do país Como os Estados Unidos conseguem financiar seus investimentos Explicaremos este ponto explicitamente no pró ximo capítulo mas sua intuição deve ajudar a res ponder a esta pergunta c Da base de dados econômicos do FRED baixe o PIB real variável GDPC1 e o PNB real variável GNPC96 desde 1947 até os dados mais recentes Calcule a diferença percentual entre o PNB e o PIB nos Estados Unidos Qual é maior Por que isso ocorre Leitura adicional Para aprender mais sobre o comércio e a econo mia internacionais um manual muito bom é o de Paul Krugman Marc Melitz e Maurice Obstfeld International Economics Theory and Policy 10 ed Prentice Hall 2014 Para conhecer as taxas de câmbio atuais entre prati camente todos os pares de moedas do mundo veja o conversor de moedas em httpwwwoandacom currencyconverter BookBlanchard 1indb 407 241017 1718 Capítulo 18 O mercado de bens em uma economia aberta 411 Figura 181 Demanda por bens domésticos e exportações líquidas a a demanda doméstica por bens é uma função crescente da renda produto b e c a demanda por bens domésticos é obtida ao subtrair o valor das importações da demanda doméstica e somar as exportações d a balança comercial é uma função decrescente do produto Demanda Z DD Demanda doméstica C I G Produto Y a Demanda Z DD AA Importações IME Produto Y b Demanda Z DD AA ZZ Exportações X A B C Produto Y c Y Exportações líquidas NX NX Déficit comercial Superávit comercial BC d YTB YTB BookBlanchard 1indb 411 241017 1718 416 Macroeconomia igual às exportações líquidas de modo que se o comércio está equilibrado no ponto A então ZZ e DD interceptamse no ponto A Agora consideremos os efeitos de um aumento no produto estrangeiro ΔY por ora ignoremos a reta DD só a utilizaremos mais tarde Um produto estrangeiro maior significa uma demanda estrangeira maior incluindo uma demanda estrangeira maior pelos bens dos Estados Unidos Assim o efeito direto do aumento no produto estrangeiro é um aumento nas exportações dos Estados Unidos em um determinado montante que chamaremos de ΔX Para um dado nível de produto esse aumento nas exportações leva a um aumento na demanda por bens dos Estados Unidos de ΔX de modo que a reta que repre senta a demanda por bens domésticos como função do produto deslocase para cima em ΔX de ZZ para ZZ Para um dado nível de produto as exportações líquidas aumentam em ΔX Portanto a reta que representa as exportações líquidas como função do produto na Figura 184b também se desloca para cima em ΔX de NX para NX O novo equilíbrio situase no ponto A na Figura 184a com um nível de produto Y O aumento no produto estrangeiro leva a um aumento no produto doméstico O canal é claro Um produto estrangeiro maior leva a exportações de bens domésticos maiores o que aumenta o produto doméstico e a demanda doméstica por bens por meio do multiplicador Figura 184 Efeitos de um aumento na demanda estrangeira Um aumento na demanda estrangeira acarreta um aumento no produto e um superávit comercial Demanda Z ZZ Produto Y Produto Y Y A C D DD a 45 Exportações líquidas NX NX b 0 DX 0 DNX Demanda doméstica por bens DNX DX 0 Demanda por bens domésticos ZZ YTB NX A Y BookBlanchard 1indb 416 241017 1718 Capítulo 18 O mercado de bens em uma economia aberta 429 Palavraschave compressão de importações 424 condição de MarshallLerner 420 coordenação das políticas 419 curva J 425 demanda doméstica por bens 408 demanda por bens domésticos 408 G20 417 Questões e problemas Teste rápido 1 Usando as informações contidas neste capítulo diga se cada afirmação a seguir é verdadeira falsa ou incerta Explique brevemente a O déficit comercial atual dos EUA é resultante de um investimento extraordinariamente elevado e não de um declínio na poupança nacional b A identidade da renda nacional implica que défi cits orçamentários causam déficits comerciais c A abertura da economia para o comércio tende a aumentar o multiplicador porque um aumento nos gastos leva ao aumento nas exportações d Se o déficit comercial for igual a zero a demanda doméstica por bens e a demanda por bens domés ticos serão iguais e Uma depreciação real leva a uma melhora ime diata na balança comercial f Uma economia pequena aberta pode reduzir seu déficit comercial por meio de uma contração fiscal a um custo menor em termos de produto que uma grande economia aberta g A experiência dos Estados Unidos nos anos 1990 mostra que as apreciações da taxa de câmbio real provocam déficits comerciais enquanto as depre ciações da taxa de câmbio real levam a superávits comerciais h Um declínio na renda real pode levar a uma queda nas importações e portanto a um superávit comercial 2 Taxa de câmbio real taxa de câmbio nominal e inflação Utilizando a definição de taxa de câmbio real e as proposições 7 e 8 do Apêndice 2 no final do livro você pode mostrar que Resumo Em uma economia aberta a demanda por bens domésticos é igual à demanda doméstica por bens consumo mais investimento mais gastos do governo menos o valor das importações em ter mos de bens domésticos mais exportações Em uma economia aberta um aumento na demanda doméstica leva a um aumento menor no produto que em uma economia fechada pois parte da demanda adicional recai sobre as importações Pelo mesmo motivo um aumento na demanda doméstica tam bém leva a uma deterioração da balança comercial Um aumento na demanda estrangeira leva como resultado do aumento nas exportações tanto a um aumento no produto doméstico quanto a uma melhora da balança comercial Visto que os aumentos na demanda estrangeira melhoram a balança comercial e os aumentos na demanda doméstica a deterioram os países podem ser tentados a esperar por aumentos na demanda estrangeira para tirálos de uma recessão Quando um grupo de países está em recessão a coordenação pode em princípio ajudálos a superála Se a condição de MarshallLerner for satisfeita e evidências empíricas indicam que isto ocorre uma depreciação real levará a uma melhora nas exportações líquidas Uma depreciação real leva primeiro a uma dete rioração da balança comercial e depois a uma melhora Esse processo de ajuste é conhecido como curva J A condição de equilíbrio no mercado de bens pode ser reescrita como a condição em que a poupança pública e privada menos o investimento deve ser igual ao saldo em transações correntes Um superávit em transações correntes corresponde a um excesso de poupança sobre o investimento Um déficit em transações correntes corresponde a um excesso de investimento sobre a poupança BookBlanchard 1indb 429 241017 1718 430 Macroeconomia 1et et 12 et 1 1Et Et 12 Et 1 pt pt Resumindo a apreciação real percentual é igual à apreciação nominal percentual mais a diferença entre inflação interna e inflação externa a Se a inflação interna é maior que a inflação externa mas o país doméstico tem uma taxa de câmbio fixa o que acontece com a taxa de câm bio real ao longo do tempo Suponhamos que a condição de MarshallLerner seja satisfeita O que acontece com a balança comercial ao longo do tempo Explique com suas palavras b Suponhamos que a taxa de câmbio real seja cons tante digamos no nível exigido para que as expor tações líquidas ou as transações correntes sejam iguais a zero Nesse caso se a inflação interna for maior que a externa o que deve acontecer ao longo do tempo para manter um saldo comercial igual a zero 3 Uma recessão europeia e a economia dos Estados Unidos a Em 2014 os gastos da União Europeia com bens dos Estados Unidos eram de 18 das exporta ções deste país veja a Tabela 172 e as expor tações dos Estados Unidos chegavam a 15 do PIB norteamericano veja a Tabela 171 Qual era a parcela dos gastos da União Europeia com bens dos Estados Unidos em relação ao PIB norteamericano b Suponhamos que o multiplicador dos Estados Unidos seja 2 e que uma grave crise na Europa tenha reduzido o produto e as importações do país em 5 em relação a seu nível normal Dada sua resposta à questão a qual é o impacto da crise europeia sobre o PIB dos Estados Unidos c Se a crise europeia levar também a uma desacele ração de outras economias que importam bens dos Estados Unidos o efeito poderá ser maior Para estabelecer os limites do tamanho do efeito supo nhamos que as exportações dos Estados Unidos caiam 5 como resultado de mudanças no pro duto estrangeiro em um ano Qual é o impacto de uma queda de 5 nas exportações sobre o PIB dos Estados Unidos d Comente esta afirmação A menos que a Europa consiga evitar uma grave crise em decorrência dos problemas com a dívida soberana e o euro o cres cimento dos Estados Unidos será interrompido 4 Uma análise aprofundada da Tabela 181 indica qua tro alternativas Usando a Figura 185 como guia represente graficamente as situações ilustradas em cada uma dessas alternativas da tabela Certifiquese de entender por que a direção da mudança nas des pesas governamentais e na taxa de câmbio real é classificada como ambígua em cada caso Aprofundando 5 Exportações líquidas e demanda estrangeira a Suponhamos que haja um aumento no produto estrangeiro Mostre o efeito sobre a economia doméstica isto é reproduza a Figura 184 Qual é o efeito sobre o produto doméstico E sobre as exportações domésticas líquidas b Se a taxa de juros permanecer constante o que acontecerá com o investimento doméstico Se os impostos permanecerem constantes o que acon tecerá com o déficit orçamentário doméstico c Usando a Equação 185 o que deve acontecer com a poupança privada Explique d O produto estrangeiro não aparece na Equação 185 no entanto é evidente que ele afeta as expor tações líquidas Explique como isto é possível 6 Eliminando um déficit comercial a Consideremos uma economia com um déficit comercial NX 0 e com o produto igual a seu nível natural Suponhamos que o produto mesmo que possa se desviar do seu nível natural no curto prazo retorne a seu nível natural no médio prazo Suponhamos que o nível natural não seja afetado pela taxa de câmbio real O que deve acontecer com a taxa de câmbio real no médio prazo para eliminar o déficit comercial isto é aumentar NX até 0 b Agora anote a identidade da renda nacional Suponhamos novamente que o produto retorne a seu nível natural no médio prazo Se NX aumen tar até 0 o que deve acontecer com a demanda doméstica C I G no médio prazo Quais políticas governamentais estão disponíveis para reduzir a demanda doméstica no médio prazo Identifique quais componentes da demanda doméstica essas políticas econômicas afetam 7 Multiplicadores abertura e política fiscal Consideremos uma economia aberta caracterizada pelas equações a seguir C c0 c1Y T I d0 d1Y IM m1Y X x1Y BookBlanchard 1indb 430 241017 1718 Capítulo 18 O mercado de bens em uma economia aberta 431 Os parâmetros m1 e x1 representam as propensões a importar e exportar Suponhamos que a taxa de câmbio real seja fixada no valor de 1 e tratemos a renda estran geira Y como fixa Suponhamos ainda que os impostos sejam fixos e que as compras do governo sejam exóge nas ou seja decididas pelo governo A efetividade das mudanças é explorada em G sob premissas alternativas com relação à propensão a importar a Escreva a condição de equilíbrio no mercado para os bens domésticos e resolvaa para Y b Suponhamos que as compras do governo aumen tem em uma unidade Qual é o efeito sobre o pro duto Assuma que 0 m1 c1 d1 1 Explique por quê c Como ficam as exportações líquidas quando as compras do governo aumentam uma unidade Agora consideremos duas economias uma com m1 05 e outra com m1 01 Cada uma delas é caracterizada por c1 d1 06 d Suponhamos que uma das economias seja muito maior que a outra Qual economia você espera que tenha o maior valor de m1 Explique e Calcule suas respostas para os itens b e c para cada economia substituindo o valor dos parâme tros respectivos f Em qual economia a política fiscal terá maior efeito sobre o produto E sobre as exportações líquidas 8 Coordenação de políticas e a economia mundial Consideremos uma economia aberta na qual a taxa de câmbio real é fixa e igual a 1 O consumo o investimento os gastos do governo e os impostos são dados por C 10 08 Y T I 10 G 10 e T 10 Importações e exportações são dadas por IM 03 Y e X 03 Y onde Y representa o produto estrangeiro a Resolva para o produto de equilíbrio da economia doméstica dado Y Qual é o multiplicador dessa economia Se estivéssemos em uma economia fechada em que exportações e importações fossem identicamente iguais a zero qual seria o multiplicador Por que o multiplicador seria diferente em uma economia fechada b Suponhamos que a economia estrangeira tenha as mesmas equações que a economia doméstica invertendo os asteriscos Use os dois conjuntos de equações a fim de resolver para o produto de equilíbrio de cada país Dica use as equações da economia estrangeira a fim de resolver para Y em função de Y e substitua essa solução em Y na questão a Qual é o multiplicador de cada país agora Por que é diferente do multiplicador da economia aberta na questão a c Suponhamos que o governo G tenha como meta um nível de produto de 125 Supondo que o governo estrangeiro não altere G qual é o aumento de G necessário para atingir a meta de produto na eco nomia doméstica Calcule as exportações líquidas e o déficit orçamentário para cada país d Suponhamos que cada governo tenha uma meta de nível de produto de 125 e que cada governo aumente seus gastos no mesmo montante Qual é o aumento comum de G e G necessário para atingir a meta de produto em ambos os países Resolva para as exportações líquidas e o déficit orçamentário em cada país e Por que a coordenação fiscal como o aumento comum de G e G na questão d é tão difícil de alcançar na prática Explorando mais 9 Déficit comercial déficit em transações correntes e investimento dos Estados Unidos a Defina poupança nacional como poupança pri vada mais superávit do governo isto é como S T G Agora utilizando a Equação 185 descreva a relação entre o déficit em transações correntes a renda líquida de investimento e a diferença entre poupança nacional e investimento doméstico b Usando a base de dados econômicos do FRED colete dados anuais do PIB nominal série GDP do investimento interno bruto série GDPIA e das exportações líquidas série A019RC1A027NBEA desde 1980 até o ano mais recente disponível Divida o investimento interno bruto e as exportações líquidas pelo PIB de cada ano para expressar seus valores como percentual do PIB Qual ano apresenta o maior déficit comer cial como percentual do PIB c O superávit comercial em 1980 foi aproximada mente igual a zero Calcule a porcentagem média do PIB investido e o valor médio da balança comercial como porcentagem do PIB em três períodos 19801989 19901999 2000 até o último ponto Parece que os déficits comerciais foram utilizados para financiar o investimento d Um déficit comercial é mais preocupante quando não acompanhado por um aumento correspon dente no investimento Explique sua resposta BookBlanchard 1indb 431 241017 1718 432 Macroeconomia e A questão anterior aborda o déficit comercial e não o déficit em transações correntes Como a renda de investimento líquido NI corresponde à dife rença entre o déficit comercial e o déficit em tran sações correntes dos Estados Unidos Você pode baixar o PIB série GDP e o PNB série GNP do banco de dados do FRED no Federal Reserve Bank of St Louis Essa diferença é uma medida de NI Esse valor é crescente ou decrescente ao longo do tempo Qual é a implicação de tais mudanças Leitura adicional Uma discussão interessante sobre a relação entre défi cits comerciais déficits em transações correntes défi cits orçamentários poupança privada e investimento é dada em Saving and Investment in a Global Economy de Barry Bosworth Brookings Institution 1993 Para mais informações sobre a relação entre taxa de câmbio e balança comercial leia Exchange Rates and Trade Flows Disconnected Capítulo 3 World Economic Outlook International Monetary Fund outubro de 2015 Apêndice Derivação da condição de MarshallLerner Parta da definição de exportações líquidas NX X IMe Suponhamos que o comércio esteja inicialmente equi librado de modo que NX 0 e X IMe ou de modo equivalente eX IM A condição de MarshallLerner é aquela sob a qual uma depreciação real uma diminuição em e leva a um aumento nas exportações líquidas Para derivar essa condição multiplique primeiro ambos os lados da equação anterior por e para obter eNX eX IM Agora consideremos uma mudança na taxa de câm bio real de Δe O efeito da mudança na taxa de câmbio real sobre o lado esquerdo da equação é dado por Δe NX eΔNX Observe que se o comércio estiver inicialmente equi librado NX 0 então o primeiro termo nesta expressão é igual a zero e o efeito da mudança no lado esquerdo é simplesmente dado por eΔ NX O efeito da mudança na taxa de câmbio real sobre o lado direito da equação é dado por ΔeX eΔX ΔIM Juntando os dois lados temos eΔNX ΔeX e ΔX ΔIM Divida ambos os lados por eX para obter e1NX2eX 1e2XeX e1X2eX IMeX Simplifique e use o fato de se o comércio estiver inicialmente equilibrado eX IM para substituir eX por IM no último termo à direita Essas substituições fornecem 1NX2X 1e2e 1X2X IMIM A mudança na balança comercial como uma razão das exportações em resposta a uma depreciação real é igual à soma dos três termos O primeiro termo é igual à mudança proporcional na taxa de câmbio real Será negativo se houver uma depreciação real O segundo termo é igual à mudança proporcional nas exportações Será positivo se houver uma depre ciação real O terceiro termo é igual ao negativo da mudança proporcional nas importações Será positivo se houver uma depreciação real A condição de MarshallLerner é aquela em que a soma desses três termos é positiva Se for satisfeita uma depreciação real levará a uma melhora da balança comercial Um exemplo numérico será útil aqui Suponhamos que uma depreciação de 1 leve a um aumento pro porcional nas exportações de 09 e a uma diminuição proporcional nas importações de 08 A evidência econométrica sobre a relação de exportações e importa ções com a taxa de câmbio real sugere que esses números são na verdade razoáveis Neste caso o lado direito da equação será igual a 1 09 08 07 Portanto a balança comercial melhora A condição de MarshallLerner é satisfeita BookBlanchard 1indb 432 241017 1718 Capítulo 19 Produto taxa de juros e taxa de câmbio 439 A Figura 191 mostra a relação entre a taxa de juros interna i e a taxa de câmbio E decorrente da Equação 195 a relação da paridade de juros A relação é mostrada para uma dada taxa de câmbio futura esperada Ee e uma dada taxa de juros externa i e é representada por uma reta positivamente inclinada Quanto maior a taxa de juros interna maior a taxa de câmbio A Equação 195 também implica que quando a taxa de juros interna é igual à taxa de juros externa i i a taxa de câmbio é igual à taxa de câmbio futura esperada E Ee Isso implica que a reta correspondente à condição da paridade de juros passa pelo ponto A onde i i na figura O que acontecerá à reta se 1 i aumentar 2 Ee aumentar Figura 191 Relação entre a taxa de juros e a taxa de câmbio decorrente da paridade de juros Uma taxa de juros interna maior leva a uma taxa de câmbio maior uma apreciação Taxa de juros interna i Taxa de câmbio E A i 5 i Relação da paridade de juros dados i Ee E e 193 Colocando o mercado de bens e os mercados financeiros juntos Temos agora os elementos de que precisamos para compreender os movimentos do produto da taxa de juros e da taxa de câmbio O equilíbrio no mercado de bens implica que o produto depende entre outros fatores das taxas de juros e de câmbio Y CY T IY i G NXY Y E Vamos pensar na taxa de juros i como a taxa básica estipulada pelo Banco Central i i E a condição da paridade de juros implica uma relação positiva entre a taxa de juros interna e a taxa de câmbio E 1 i 1 i EQe Juntas essas três relações determinam o produto a taxa de juros e a taxa de câmbio Não é fácil trabalhar com três equações e três variáveis Mas podemos facilmente redu zilas a duas usando a condição da paridade de juros para eliminar a taxa de câmbio BookBlanchard 1indb 439 241017 1718 Capítulo 19 Produto taxa de juros e taxa de câmbio 443 O investimento também sobe porque depende tanto do produto quanto da taxa de juros I IY i Neste caso o produto aumenta e a taxa de juros não varia de modo que o investimento sobe E as exportações líquidas Lembramos que elas dependem do produto domés tico do produto estrangeiro e da taxa de câmbio NX NXY Y E O produto estrangeiro não se altera visto que assumimos que o resto do mundo não reage a um aumento nos gastos públicos domésticos A taxa de câmbio também não se altera acompanhando a taxa de juros Restanos o efeito do produto doméstico mais alto uma vez que o aumento no produto eleva as importações a uma taxa de câmbio inalterada as exportações líquidas caem Consequentemente o déficit orçamentário leva a uma deterioração da balança comercial Se o comércio estiver inicialmente equilibrado o déficit orçamentário levará a um déficit comercial Observese que embora um aumento no déficit orçamentário aumente o déficit comercial o efeito está longe de ser mecânico Funciona por meio do efeito do déficit orçamentário sobre o produto e por sua vez sobre o déficit comercial Agora suponhamos que o aumento em G aconteça em uma economia na qual o produto está próximo do produto potencial Yn O governo pode decidir elevar seus gastos mesmo que a economia já esteja em um produto potencial por exemplo porque precisa pagar por um evento excepcional como uma grande inundação sem recorrer a um aumento de impostos veremos mais a respeito no Capítulo 22 Neste caso o Banco Central teme que o aumento em G movendo a economia para cima do produto potencial possa aumentar a inflação É provável que responda elevando a taxa de juros O que acontece é descrito na Figura 195 A uma taxa de juros inalterada o produto aumenta de Yn para Y e a taxa de câmbio não muda Mas se o Banco Central acompanhar o aumento dos gastos com um aumento na taxa de juros o produto aumentará menos de Yn para Y e a taxa de câmbio sofrerá apreciação de E para E Novamente o que acontece com os vários componentes da demanda Como antes o consumo e os gastos públicos aumentam o consumo em decor rência do aumento da renda e os gastos do governo por hipótese Figura 195 Efeitos de um aumento em gastos governamentais quando o Banco Central responde elevando a taxa de juros Um aumento em gastos governamentais acarreta um aumento no produto Se o Banco Central responder elevando a taxa de juros haverá apreciação da taxa de câmbio Yn Taxa de câmbio E Produto Y a b IS A A Taxa de juros interna i Taxa de juros interna i LM G 0 E Y Y A A A LM IS E BookBlanchard 1indb 443 241017 1718 450 Macroeconomia Embora o país mantenha o controle da política fiscal apenas um instrumento de política econômica não é o suficiente Como vimos no Capítulo 18 por exemplo uma expansão fiscal pode ajudar a economia a sair de uma recessão mas somente à custa de um déficit comercial maior E um país que queira por exemplo diminuir seu déficit orçamentário não pode sob taxas de câmbio fixas usar a política monetária para compensar o efeito contracionista de sua política fiscal sobre o produto Assim por que alguns países fixam sua taxa de câmbio Por que 19 países euro peus e ainda há outros por vir adotaram uma moeda comum Para responder a essas questões devemos trabalhar mais Devemos examinar o que acontece não somente no curto prazo o que fizemos neste capítulo mas também no médio prazo quando o nível de preços pode se ajustar Devemos examinar a natureza das crises cambiais Com isso seremos capazes de avaliar as vantagens e desvantagens dos diversos regimes de taxa de câmbio Esses serão os temas tratados no Capítulo 20 Palavraschave atrelamentos 446 bandas 447 déficits gêmeos 446 economistas do lado da oferta supply siders 445 euro 447 minidesvalorizações 446 modelo MundellFleming 433 paradas súbitas 435 paridade central 447 porto seguro 437 Sistema Monetário Europeu SME 447 Resumo Em uma economia aberta a demanda por bens domésticos e produto depende tanto da taxa de juros quanto da taxa de câmbio Um aumento na taxa de juros diminui a demanda por bens domésticos Um aumento na taxa de câmbio uma apreciação também diminui a demanda por bens domésticos A taxa de juros é determinada pela condição de paridade segundo a qual títulos domésticos e estrangeiros devem ter a mesma taxa de retorno esperada em termos da moeda nacional Dadas a taxa de câmbio futura esperada e a taxa de juros externa os aumentos na taxa de juros interna levam a um aumento na taxa de câmbio uma apreciação Diminuições na taxa de juros interna levam a uma diminuição na taxa de câmbio uma depreciação Sob taxas de câmbio flexíveis uma política fiscal expansionista leva a um aumento no produto Se a expansão fiscal é parcialmente compensada por uma política monetária mais rigorosa ela provoca um aumento na taxa de juros e uma apreciação Sob taxas de câmbio flexíveis uma política monetá ria contracionista leva a uma diminuição no produto um aumento na taxa de juros e uma apreciação Há muitos tipos de arranjo de taxa de câmbio Eles incluem entre outros taxas de câmbio total mente flexíveis minidesvalorizações taxas de câmbio fixas ou atrelamentos e a adoção de uma moeda comum Sob taxas de câmbio fixas um país mantém uma taxa de câmbio fixa em termos de uma moeda estrangeira ou de uma cesta de moedas Sob taxas de câmbio fixas e a condição da paridade de juros um país deve manter uma taxa de juros igual à taxa de juros externa O Banco Central não pode mais utilizar a política monetária como um instrumento de política econômica Contudo a política fiscal passa a ter mais poder que sob taxas de câmbio flexíveis pois a política fiscal desenca deia a acomodação monetária e assim não leva a mudanças compensatórias na taxa de juros interna e na taxa de câmbio BookBlanchard 1indb 450 241017 1718 Capítulo 19 Produto taxa de juros e taxa de câmbio 451 Questões e problemas Teste rápido 1 Usando as informações contidas neste capítulo diga se cada afirmação a seguir é verdadeira falsa ou incerta Explique brevemente a A condição de paridade da taxa de juros significa que as taxas são iguais entre países b Tudo o mais constante a condição da paridade de juros implica que a moeda nacional apreciará em resposta a um aumento na taxa de câmbio esperada c Se investidores esperam que o dólar deprecie em relação ao iene ao longo do próximo ano as taxas de juros de um ano serão maiores nos Estados Unidos que no Japão d Se a taxa de câmbio esperada apreciar a taxa de câmbio corrente imediatamente aprecia e O Banco Central influencia o valor da taxa de câmbio ao mudar a taxa de juros interna em rela ção à taxa de juros externa f Um aumento nas taxas de juros internas todos os outros fatores mantidos aumenta as exportações g Uma expansão fiscal todos os outros fatores man tidos tende a aumentar as exportações líquidas h A política fiscal exerce maior efeito sobre o produto em uma economia com taxas de câm bio fixas que em uma economia com taxas de câmbio flexíveis i Sob uma taxa de câmbio fixa o Banco Central deve manter a taxa de juros interna igual às taxas de juros externas 2 Consideremos uma economia aberta com taxas de câmbio flexíveis Suponhamos que o produto esteja no nível natural mas que haja um déficit comercial O objetivo da política é reduzir o déficit comercial e deixar o produto em seu nível natural Qual é a combinação de políticas fiscal e monetária adequada 3 Neste capítulo mostramos que uma redução nas taxas de juros em uma economia operando sob taxas de câmbio flexíveis leva a um aumento no produto e a uma depreciação da moeda nacional a Como uma redução nas taxas de juros em uma economia com taxas de câmbio flexíveis afeta o consumo e o investimento b Como uma redução nas taxas de juros em uma economia com taxas de câmbio flexíveis afeta as exportações líquidas 4 Taxas de câmbio flexíveis e política macroeconômica estrangeira Consideremos uma economia aberta com taxas de câmbio flexíveis Seja PJD a condição da paridade de juros descoberta a Em um diagrama ISLMPJD mostre o efeito de um aumento no produto estrangeiro Y sobre o produto doméstico Y e sobre a taxa de câmbio E quando o Banco Central doméstico mantém inalterada a taxa de juros Explique b Em um diagrama ISLMPJD mostre o efeito de um aumento na taxa de juros externa i sobre o produto doméstico Y e a taxa de câmbio E quando o Banco Central doméstico mantém inal terada a taxa de juros Explique 5 Taxas de câmbio flexíveis e as respostas às mudanças na política macroeconômica estrangeira Suponhamos que haja uma política fiscal expansionista no país estrangeiro que aumente Y e i ao mesmo tempo a Em um diagrama ISLMPJD mostre o efeito do aumento no produto estrangeiro Y e na taxa de juros estrangeira i sobre o produto domés tico Y e a taxa de câmbio E quando o Banco Central nacional mantém inalterada a taxa de juros Explique b Em um diagrama ISLMPJD mostre o efeito do aumento no produto estrangeiro Y e na taxa de juros estrangeira i sobre o produto domés tico Y e a taxa de câmbio E quando o Banco Central nacional equipara o aumento na taxa de juros estrangeira com um aumento equivalente na taxa de juros doméstica Explique c Em um diagrama ISLMPJD mostre a política monetária doméstica que se segue ao aumento no produto estrangeiro Y e ao aumento na taxa de juros estrangeira i se a meta da política mone tária doméstica é manter inalterado o produto doméstico Y Explique Quando uma política como essa deve ser necessária Aprofundando 6 Taxas de câmbio fixas e política macroeconômica estrangeira Consideremos um sistema de taxa de câmbio fixa em que um grupo de países que chamaremos de países seguidores atrelam suas moedas à moeda de outro país chamado de país líder Visto que a moeda do país BookBlanchard 1indb 451 241017 1718 452 Macroeconomia líder não é fixa em relação às moedas dos países não pertencentes ao sistema de taxa de câmbio fixa o país líder pode conduzir a política monetária da forma que desejar Neste problema consideremos que o país doméstico seja um seguidor e o país estrangeiro o líder a Como um aumento nas taxas de juros do país líder afeta a taxa de juros e o produto do país seguidor b Como um aumento nas taxas de juros do país líder muda a composição do produto no país seguidor Suponha que o país seguidor não mude a política fiscal c O país seguidor pode usar a política fiscal para compensar os efeitos da redução nas taxas de juros do país líder e manter inalterado o produto doméstico Quando tal política fiscal pode ser desejável d Política fiscal envolve uma mudança nos gastos do governo ou uma mudança nos impostos Elabore um mix de políticas fiscais que mantenha inalte rados o consumo e o produto doméstico quando o país líder eleva as taxas de juros Qual componente do produto foi alterado 7 Taxa de câmbio como ferramenta de política monetária Uma taxa de câmbio flexível combinada com uma disposição de alterar a taxa de juros doméstica pode aumentar a eficácia da política monetária em uma eco nomia aberta Consideremos uma economia que sofre uma queda na confiança nos negócios o que tende a reduzir o investimento a Em um diagrama ISLMPJD mostre o efeito de curto prazo da queda na confiança nos negócios sobre o produto e a taxa de câmbio quando o Banco Central mantém inalterada a taxa de juros Como a composição do produto muda b O Banco Central está disposto a cortar a taxa de juros para restaurar o nível de produto a seu valor original Como isso altera a composição do produto c Se a taxa de câmbio fosse fixa e o Banco Central não pudesse alterar a taxa de juros lembramos que é fixa no valor estrangeiro i quais opções de política restam ao Banco Central d Os bancos centrais geralmente favorecem as taxas de câmbio flexíveis Explique por quê Explorando mais 8 Demanda por ativos norteamericanos o dólar e o déficit comercial Esta questão explora de que forma um aumento na demanda por ativos norteamericanos pode ter desace lerado a depreciação do dólar que muitos economistas acreditam ser justificada pelo grande déficit comercial dos Estados Unidos e pela necessidade de estimular a demanda por bens domésticos após a crise Aqui modi ficamos a estrutura ISLMPJD para analisar os efeitos de um aumento na demanda por ativos norteamericanos Escreva a condição da paridade de juros descoberta como 1 it 1 it Et Ee t 1 x onde o parâmetro x representa os fatores que afetam a demanda relativa por ativos domésticos Um aumento em x significa que os investidores estão dispostos a manter ativos domésticos a uma taxa de juros menor dada a taxa de juros estrangeira e as taxas de câmbio corrente e esperada a Resolva a condição PJD para a taxa de câmbio corrente Et b Substitua o resultado do item a na curva IS e elabore o diagrama PJD Como no texto podemos assumir que P e P são constantes e iguais a um c Suponhamos que como resultado de um acentu ado déficit comercial na economia doméstica os participantes do mercado financeiro acreditem que a moeda interna deva sofrer depreciação no futuro Por conta disso a taxa de câmbio espe rada Ee t 1 cai No diagrama ISLMPJD mostre o efeito da queda da taxa de câmbio esperada Quais os efeitos sobre a taxa de câmbio e sobre a balança comercial Dica na análise do efeito sobre a balança comercial lembrese por que a curva IS se movimentou d Agora suponhamos que a demanda relativa por ativos domésticos x aumente Como referência consideremos que o aumento seja suficiente para retornar a curva IS para sua posição original antes da queda na taxa de câmbio esperada Mostre os efeitos combinados da queda em Ee t1 e do aumento de x no diagrama ISLMPJD Quais são os efeitos finais sobre a taxa de câmbio e sobre a balança comercial e Com base em sua análise é possível que um aumento na demanda por ativos norteamericanos consiga evitar a depreciação do dólar É possível que um aumento na demanda por ativos norte americanos consiga piorar a situação da balança comercial Explique suas respostas 9 Rendimentos de títulos e movimentos cambiais de longo prazo BookBlanchard 1indb 452 241017 1718 Capítulo 19 Produto taxa de juros e taxa de câmbio 453 a Visite o site da The Economist wwwecono mistcom e colete dados sobre taxas de juros de 10 anos Pesquise a seção Markets Data e em seguida a subseção Economic and Financial Indicators Consulte as taxas de juros de 10 anos dos Estados Unidos Japão China GrãBretanha Canadá México e da área do euro Para cada país tratando a área do euro como um país calcule os spreads como a taxa de juros do país menos a taxa de juros dos Estados Unidos b A partir da condição da paridade de juros des coberta os spreads do item a são a aprecia ção anualizada esperada do dólar em relação a outras moedas Para calcular a apreciação esperada de 10 anos é preciso calcular o efeito composto Logo se x é o spread a apreciação esperada de 10 anos é 1 x10 1 Tenha cui dado com os pontos decimais Esperase que o dólar deprecie ou aprecie muito em relação à moeda de qualquer de seus seis principais parceiros comerciais c Dada sua resposta ao item b para que países uma apreciação ou depreciação significativa do dólar é esperada na próxima década Sua resposta parece plausível Apêndice Taxas de câmbio fixas taxas de juros e mobilidade de capitais A hipótese de mobilidade perfeita de capitais é uma boa aproximação do que acontece nos países com mercados financeiros altamente desenvolvidos e poucos controles de capital como os Estados Unidos o Reino Unido o Japão e a União Europeia Mas a hipótese é mais questionável nos países com mercados financei ros menos desenvolvidos ou nos quais há controles de capitais Nestes os investidores domésticos podem não ter o conhecimento nem o direito legal de comprar títulos estrangeiros quando as taxas de juros internas estão baixas O Banco Central pode diminuir as taxas de juros enquanto mantém uma dada taxa de câmbio Para examinar esses assuntos precisamos analisar novamente o balancete patrimonial do Banco Central No Capítulo 4 assumimos que o único ativo retido pelo Banco Central fossem os títulos domésticos Em uma economia aberta o Banco Central retém na verdade dois tipos de ativo 1 títulos domésticos e 2 reservas internacionais que imaginaremos como moeda estran geira embora ela também tome a forma de títulos ou ativos estrangeiros que pagam juros Imagine o balan cete patrimonial do Banco Central como o representado pela Figura 1 Figura 1 Balancete patrimonial do Banco Central Ativos Passivos Títulos Reservas internacionais Base monetária No lado do ativo estão os títulos e as reservas interna cionais e no do passivo a base monetária Agora há duas maneiras pelas quais o Banco Central pode alterar a base monetária pela compra ou venda de títulos no mercado de títulos ou pela compra ou venda de moeda estrangeira no mercado de câmbio Se você não leu a Seção 43 no Capítulo 4 substitua base monetária por oferta de moeda e ainda assim entenderá o argumento básico Mobilidade perfeita de capitais e taxas de câmbio fixas Consideremos primeiro os efeitos de uma operação de mercado aberto sob as hipóteses conjuntas de mobi lidade perfeita de capitais e de taxas de câmbio fixas as hipóteses que fizemos na última seção deste capítulo Suponhamos que a taxa de juros interna e a taxa de juros externa sejam inicialmente iguais logo i i Suponhamos agora que o Banco Central faça uma operação de mercado aberto expansionista com prando títulos no mercado de títulos no montante ΔB e criando moeda aumentando a base mone tária em troca Essa compra de títulos leva a uma diminuição na taxa de juros interna i Isso entretanto é apenas o início da história Agora que a taxa de juros interna é menor que a externa os investidores preferem reter títulos estran geiros Para comprar títulos estrangeiros eles devem primeiro comprar moeda estrangeira Então vão ao mercado de câmbio e vendem moeda nacional por moeda estrangeira BookBlanchard 1indb 453 241017 1718 454 Macroeconomia Se o Banco Central não fizesse nada o preço da moeda nacional cairia e o resultado seria uma depre ciação No entanto para manter seu compromisso com uma taxa de câmbio fixa o Banco Central não pode permitir que a moeda deprecie Assim deve intervir no mercado de câmbio e vender moeda estrangeira por moeda nacional À medida que ele vende moeda estrangeira e compra moeda nacional a base monetária diminui Que quantidade de moeda estrangeira o Banco Central deve vender Ele deve continuar vendendo até que a base monetária retorne ao nível anterior à operação de mercado aberto de modo que a taxa de juros interna seja novamente igual à taxa de juros externa Somente então os investidores estarão dis postos a reter títulos domésticos Quanto tempo todas essas etapas levam Sob mobi lidade perfeita de capitais tudo isso pode acontecer em questão de minutos após a operação de mercado aberto inicial Após essas etapas o balancete patrimonial do Banco Central parece ser como o representado na Figura 2 Os títulos retidos sobem em ΔB as reservas interna cionais caem em ΔB e a base monetária fica inalterada depois de subir em ΔB na operação de mercado aberto e cair em ΔB como resultado da venda de moeda estran geira no mercado de câmbio Figura 2 Balancete patrimonial do Banco Central após uma operação de mercado aberto e da intervenção induzida no mercado de câmbio Ativos Passivos Títulos B Reservas B Base monetária B B 0 Resumindo sob taxas de câmbio fixas e com mobi lidade perfeita de capitais o único efeito da operação de mercado aberto é alterar a composição do balancete patrimonial do Banco Central mas não a base monetária nem a taxa de juros Mobilidade imperfeita de capitais e taxas de câmbio fixas Vamos agora deixar de lado a hipótese da mobilidade perfeita de capitais Suponhamos que leve algum tempo para que os investidores mudem a composição entre títulos domésticos e estrangeiros Agora uma operação de mercado aberto expansio nista inicialmente pode fazer que a taxa de juros interna fique abaixo da externa Mas ao longo do tempo os investidores mudam para os títulos estrangeiros levando a um aumento na demanda por moeda estrangeira no mercado de câmbio Para evitar uma depreciação da moeda nacional o Banco Central mais uma vez deve estar pronto para vender moeda estrangeira e comprar moeda nacional O Banco Central acabará comprando moeda nacional em quantidade suficiente para compen sar os efeitos da operação inicial de mercado aberto A base monetária volta para seu nível anterior à operação de mercado aberto e o mesmo ocorre com a taxa de juros O Banco Central retém mais títulos domésticos e menos reservas internacionais A diferença entre este caso e o da mobilidade per feita de capitais é que ao aceitar uma perda de reservas internacionais o Banco Central pode diminuir as taxas de juros por algum tempo Se forem necessários apenas alguns dias para que os investidores se ajustem a opção pode ser pouco atraente como muitos países que sofreram grandes perdas de reservas sem muito efeito sobre a taxa de juros já descobriram à própria custa No entanto se o Banco Central puder afetar a taxa de juros interna por algumas semanas ou meses pode em algumas circunstâncias estar disposto a fazêlo Agora vamos nos desviar ainda mais da mobilidade perfeita de capitais Suponhamos que em resposta a uma diminuição na taxa de juros interna os investi dores não queiram ou não possam mudar muito suas carteiras para títulos estrangeiros Por exemplo há controles administrativos e legais sobre transações financeiras que tornam ilegal ou muito caro para resi dentes domésticos investirem fora do país Este é o caso relevante para várias economias emergentes da América Latina à China Após uma operação de mercado aberto expansio nista a taxa de juros interna diminui tornando os títu los domésticos menos atraentes Alguns investidores domésticos passam para os títulos estrangeiros vendendo moeda nacional por moeda estrangeira Para manter a taxa de câmbio o Banco Central deve comprar moeda nacional e ofertar moeda estrangeira Contudo a inter venção no câmbio pelo Banco Central pode agora ser pequena em comparação com a operação de mercado aberto inicial E se os controles de capitais realmente impedirem por completo que os investidores passem para os títulos estrangeiros pode não haver necessidade dessa intervenção no câmbio Mesmo se deixarmos esse caso extremo de lado os efeitos líquidos da operação de mercado aberto inicial e das subsequentes intervenções no câmbio provavelmente serão um aumento na base monetária uma diminuição na taxa de juros interna um aumento na quantidade de BookBlanchard 1indb 454 241017 1718 Capítulo 19 Produto taxa de juros e taxa de câmbio 455 títulos retidos pelo Banco Central e alguma perda embora limitada das reservas internacionais Com mobilidade imperfeita de capitais um país tem alguma liberdade para alterar a taxa de juros interna enquanto mantém sua taxa de câmbio Essa liberdade depende fundamentalmente de três fatores O grau de desenvolvimento de seus mercados finan ceiros e a disposição dos investidores domésticos e estrangeiros de mudar a composição entre ativos domésticos e estrangeiros O grau de controle de capitais que pode impor aos investidores domésticos e estrangeiros O montante de reservas internacionais que retém Quanto maiores as reservas que o país tem mais pode suprir a perda de reservas que ele provavelmente sustentará se diminuir a taxa de juros a uma dada taxa de câmbio Considerandose os grandes movimentos nos fluxos de capital que documentamos no capítulo todas essas questões são tópicos de acalorado debate Muitos países estão ponderando sobre uma utilização mais ativa dos controles de capital que no passado Muitos países tam bém estão acumulando grandes reservas como precaução contra grandes saídas de capital Palavrachave reservas internacionais 453 BookBlanchard 1indb 455 241017 1718 C A P Í T U L O 20 Em julho de 1944 representantes de 44 países se reuniram em Bretton Woods New Hampshire nos Estados Unidos para formular um novo sistema monetário e cambial internacional O sistema adotado por eles baseavase em taxas de câmbio fixas com todos os paísesmembros exceto os Estados Unidos fixando o preço de sua moeda em termos de dólares Em 1973 uma série de crises cambiais levou o sistema a um final repentino e um final do que agora se denomina período de Bretton Woods Desde então o mundo é descrito por muitos arranjos de taxa de câmbio alguns países operam sob taxas de câmbio flexíveis outros sob taxas de câmbio fixas Há também os que alternam esses regimes Qual regime de taxa de câmbio escolher é uma das questões mais debatidas em macroeconomia e como o quadrinho sugere uma decisão a ser tomada por todos os países do mundo Este capítulo trata desta questão Regimes de taxa de câmbio Então está combinado Até o dólar estabilizar deixamos a concha de marisco flutuar 1971 by Ed FisherThe New Yorker collectionThe cartoon Bank BookBlanchard 1indb 456 241017 1718 Capítulo 20 Regimes de taxa de câmbio 457 A Seção 201 examina o médio prazo Mostra que em forte contraste com os resultados que derivamos para o curto prazo no Capítulo 19 uma economia termina com taxa de câmbio real e nível de produto iguais no médio prazo independente de operar sob taxas de câmbio fixas ou flexíveis Isso obviamente não torna o regime de taxa de câmbio irrelevante o curto prazo importa muito mas é uma qualificação importante para nossa análise anterior A Seção 202 trata novamente das taxas de câmbio fixas concentrandose nas crises cambiais Durante uma crise cambial típica um país que opera sob uma taxa de câmbio fixa é forçado frequentemente sob condições dramáticas a abandonar sua pari dade e a desvalorizar As crises cambiais estiveram por trás do colapso do sistema de Bretton Woods Elas abalaram o Sistema Monetário Europeu no início da década de 1990 e foram um elemento importante da crise asiática no fim dessa mesma década É importante entender por que elas acontecem e o que implicam A Seção 203 trata novamente das taxas de câmbio flexíveis Mostra que o comportamento das taxas de câmbio e sua relação com a política monetária são na verdade mais complexos do que assumimos no Capítulo 19 Grandes flutuações da taxa de câmbio e a dificuldade de usar a política monetária para afetála tornam um regime de taxa de câmbio flexível menos atraente do que parecia ser no Capítulo 19 A Seção 204 reúne essas conclusões e apresenta os argumentos a favor das taxas flexíveis ou fixas Discute dois desenvolvimentos importantes a mudança para uma moeda comum em grande parte da Europa e a mudança para formas fortes de regimes de taxa de câmbio fixa dos comitês cambiais currency boards à dolarização 201 O médio prazo Ao enfocar o curto prazo no Capítulo 19 traçamos um forte contraste entre o comportamento de uma economia com taxas de câmbio flexíveis e com taxas fixas Sob taxas de câmbio flexíveis um país que precisava obter uma depreciação real por exemplo para reduzir seu déficit comercial ou sair de uma recessão poderia fazer isso recorrendo a uma política monetária expansionista para obter tanto uma taxa de juros menor quanto uma queda na taxa de câmbio uma depreciação Sob taxas de câmbio fixas um país perdia ambos os instrumentos Por definição sua taxa de câmbio nominal era fixa e assim não podia ser ajustada Além disso a taxa de câmbio fixa e a condição da paridade de juros implicavam que o país não podia ajustar sua taxa de juros a taxa de juros interna tinha de permanecer igual à externa Isso parecia tornar um regime de taxa de câmbio flexível muito mais atraente que o de taxa de câmbio fixa Por que um país deveria abrir mão de dois instrumentos macroeconômicos as taxas de câmbio e de juros À medida que mudamos nosso foco do curto para o médio prazo vemos que essa conclusão anterior precisa ser qualificada Embora nossas conclusões sobre o curto prazo sejam válidas veremos que no médio prazo a diferença entre os dois regimes desaparece Mais especifica mente no médio prazo a economia atinge a mesma taxa real de câmbio e o mesmo nível de produto seja sob taxas de câmbio fixas seja sob taxas flexíveis A intuição por trás desse resultado é simples Lembrese da definição de taxa de câmbio real e EP P A taxa de câmbio real e é igual à taxa de câmbio nominal E o preço da moeda nacional em termos da moeda estrangeira vezes o nível de preços doméstico P dividido pelo nível de preços estrangeiro P Existem portanto duas maneiras pelas quais a taxa real de câmbio pode se ajustar Por meio de uma mudança na taxa de câmbio nominal E por definição isso só pode ser feito sob taxas de câmbio flexíveis E se assumirmos que o nível de BookBlanchard 1indb 457 241017 1718 474 Macroeconomia Normalmente as crises cambiais começam quando os participantes dos mercados financeiros acreditam que uma moeda possa ser desvalorizada logo A defesa da paridade requer então taxas de juros muito elevadas com efeitos macroeconômicos adversos potencial mente grandes Esses efeitos adversos podem forçar o país a desvalorizar mesmo que inicialmente não houvesse planos para essa desvalorização A taxa de câmbio corrente depende 1 da diferença entre as taxas de juros internas correntes e futuras esperadas e as taxas de juros externas correntes e esperadas e 2 da taxa de câmbio futura esperada Qualquer fator que eleve as taxas de juros internas correntes ou futuras esperadas leva a um aumento na taxa de câmbio no presente Qualquer fator que eleve as taxas de juros externas correntes ou futuras esperadas leva a uma diminuição na taxa de câmbio no presente Qualquer fator que eleve a taxa de câmbio futura esperada leva a um aumento na taxa de câmbio no presente Existe amplo consenso entre os economistas de que regimes de taxa de câmbio flexível geralmente são preferíveis aos regimes de taxa de câmbio fixa exceto em dois casos 1 Quando um grupo de países está altamente inte grado e forma uma área monetária ótima Podese pensar em uma moeda comum para um grupo de países como uma forma extrema de taxas de câmbio fixas entre esse grupo de países Para que países formem uma área monetária ótima eles devem experimentar choques em grande parte semelhan tes ou deve existir alta mobilidade de trabalho entre esses países 2 Quando não se pode confiar que um Banco Central seguirá uma política monetária responsável sob taxas de câmbio flexíveis Nesse caso uma medida extrema de taxas de câmbio fixas como a dolariza ção ou um comitê cambial proporciona um meio de atar as mãos do Banco Central Palavraschave área monetária ótima 468 atrelamento rígido 472 Banco Central Europeu BCE 470 comitê cambial currency board 472 dolarização 472 flutuar 461 padrãoouro 460 Tratado de Maastricht 469 Questões e problemas Teste rápido 1 Usando as informações contidas neste capítulo diga se cada afirmação a seguir é verdadeira falsa ou incerta Explique brevemente a Se a taxa de câmbio nominal for fixa a taxa de câmbio real é fixa b Quando a inflação doméstica é igual à inflação externa a taxa de câmbio real é fixa c Desvalorização é um aumento na taxa de câmbio nominal d A volta da GrãBretanha ao padrãoouro provo cou anos de desemprego elevado e Um temor repentino de que um país vá des valorizar leva a um aumento na taxa de juros doméstica f Uma mudança na taxa de câmbio futura esperada muda a taxa de câmbio corrente g O efeito de uma redução nas taxas de juros domés ticas sobre a taxa de câmbio depende do tempo que se espera que as taxas de juros domésticas fiquem abaixo das taxas de juros estrangeiras h Como as economias tendem a voltar a seu nível natu ral de produto no médio prazo não faz diferença se um país escolhe uma taxa de câmbio fixa ou flexível i A alta mobilidade de trabalho dentro da Europa torna a zona do euro uma boa candidata a ter uma moeda comum j Um comitê cambial é a melhor forma de operar uma taxa de câmbio fixa BookBlanchard 1indb 474 241017 1718 Capítulo 20 Regimes de taxa de câmbio 475 2 Consideremos um país que opere sob taxas de câmbio fixas A curva IS é dada pela Equação 201 Y YaEQP P G T ipe Yb a Explique o termo i e Por que a taxa de juros nominal externa aparece na relação b Explique por que quando EQP P aumenta a curva IS se desloca para a esquerda c Na tabela a seguir como a taxa de câmbio real evolui do período 1 ao período 5 Qual é a infla ção doméstica Qual é a inflação estrangeira Trace um diagrama ISLM com a curva IS no período 1 e no período 5 Período P P E P P Taxa de câmbio real E 1 1000 1000 05 2 1030 1020 05 3 1061 1040 05 4 1093 1061 05 5 1126 1082 05 d Na tabela a seguir como a taxa de câmbio real evolui do período 1 ao período 5 Qual é a infla ção doméstica Qual é a inflação estrangeira Trace um diagrama ISLM com a curva IS no período 1 e no período 5 Período P P E P P Taxa de câmbio real E 1 1000 1000 05 2 1020 1030 05 3 1040 1061 05 4 1061 1093 05 5 1082 1126 05 e Na tabela a seguir como a taxa de câmbio real evolui do período 1 ao período 4 Qual é a infla ção doméstica Qual é a inflação estrangeira O que aconteceu entre o período 4 e o período 5 Trace um diagrama ISLM com a curva IS no período 1 e no período 5 Período P P E P P Taxa de câmbio real E 1 1000 1000 05 2 1030 1020 05 3 1061 1040 05 4 1093 1061 05 5 1126 1082 046 3 Escolhas políticas quando a taxa de câmbio real é demasiado elevada e a taxa de câmbio nominal é fixa Uma taxa de câmbio real sobrevalorizada é aquela em que os bens domésticos são onerosos demais em rela ção aos bens estrangeiros as exportações líquidas são pequenas demais e por implicação a demanda por bens domésticos é baixa demais Isso leva a escolhas difíceis de política econômica para o governo e o Banco Central As equações que descrevem a economia são A curva IS Y YaEQP P G T ipe Yb As curvas de Phillips para a economia interna e externa Curva de Phillips doméstica ppQ 1aL2 1Y Yn2 ppQ 1aL2 1Y Yn2 Curva de Phillips estrangeira ppQ 1aL2 1Y Yn2 ppQ 1aL2 1Y Yn2 No texto e nesta questão adotaremos duas hipóteses cruciais que serão exploradas nos itens a e b A seguir passaremos à análise das opções econômicas quando um país apresenta uma taxa de câmbio sobrevalorizada a Vamos assumir que a economia externa está sem pre em equilíbrio de médio prazo Quais são as implicações dessa hipótese para o produto externo e a inflação externa b Vamos assumir que as economias internas e externas compartilham o mesmo valor ancorado para o nível de inflação esperada denotada e Qual é a implicação dessa hipótese se tanto a economia interna quanto a externa estão em equilíbrio de médio prazo c Trace o diagrama ISLMPJD para o caso em que o país doméstico tem uma taxa de câmbio nominal sobrevalorizada Qual é a principal característica desse diagrama Sob taxas de câmbio fixas sem uma desvalorização como a economia volta a seu equilíbrio de médio prazo d Trace o diagrama ISLMPJD para o caso em que o país doméstico tem uma taxa de câmbio nominal sobrevalorizada Mostre como a economia pode retornar a seu equilíbrio de médio prazo quando a desvalorização é a política escolhida e Lembrese da hipótese de que a paridade de taxa de juros se mantém de tal modo que i i em todos os momentos Compare os retornos do título doméstico e do título estrangeiro no perío do da desvalorização Os detentores dos títulos continuarão a acreditar que há uma taxa de câm bio nominal completamente fixa Se os detento res de títulos acreditam que outra desvalorização BookBlanchard 1indb 475 241017 1718 476 Macroeconomia é possível quais são as consequências para as taxas de juros domésticas 4 Modelagem de uma crise cambial Uma crise cambial ocorre quando o atrelamento a taxa de câmbio fixa perde sua credibilidade Os deten tores de títulos já não acreditam que a taxa de câmbio do próximo período será a taxa de câmbio do período atual A equação da paridade da taxa de juros descoberta utilizada é a aproximação it it 1Et 1 e Et2 Et Período it it Et Ee t 1 1 3 05 05 2 3 05 045 3 3 05 045 4 3 05 05 5 15 3 05 04 6 3 04 04 a Resolva a condição de paridade da taxa de juros para o valor da taxa de juros doméstica no período 1 b No período 2 a crise tem início Resolva a condição de paridade da taxa de juros descoberta para o valor da taxa de juros doméstica no período 2 c A crise continua no período 3 Entretanto no período 4 o Banco Central e o governo resolvem a crise Como isso ocorre d Infelizmente no período 5 a crise volta maior e mais profunda do que nunca O Banco Central elevou as taxas de juros o suficiente para manter a paridade da taxa de juros descoberta Quais são as conse quências para o nível de reservas internacionais e Como a crise é resolvida no período 6 Isso tem implicações para a futura credibilidade do Banco Central e do governo 5 Modelagem dos movimentos da taxa de câmbio A Equação 205 fornece uma visão dos movimentos de taxas de câmbio nominais entre um país doméstico e um estrangeiro Lembrese de que os períodos na equação podem se referir a qualquer unidade de tempo A equação é Et 11 it211 it 1 e 2g11 it n e 2 11 it211 ie t 12g11 ie t n2 Et n 1 e a Suponhamos que estejamos considerando perío dos de um dia Há taxas de juros overnight 1 dia Como interpretaremos uma grande movimen tação na taxa de câmbio ao longo do dia se não observarmos qualquer alteração na taxa de juros de um dia b Vimos no Capítulo 15 que um mês taxa de juros de 30 ou 31 dias é a média da taxa de um dia de hoje e das taxas esperadas de 1 dia nos próximos 30 dias Isto será válido em ambos os países Esta manchete é veiculada em 1o de fevereiro BCE prevê cortar taxas de juros em 14 de fevereiro dólar sobe A manchete faz sentido c Vimos no Capítulo 15 que o rendimento de um título de dois anos é a média da taxa de juros de um ano de hoje e da taxa esperada de um ano para daqui a um ano Isto será válido em ambos os países Esta manchete é veiculada em 1o de fevereiro Fed anuncia que taxas de juros permanecem baixas no futuro previsível dólar cai A manchete faz sentido d Transações correntes são o empréstimo do país para o resto do mundo se positivo ou do resto do mundo se negativo Suponhamos que as tran sações correntes sejam mais negativas que o espe rado e essa notícia seja surpreendente Explique por que a taxa de câmbio depreciaria com essa notícia surpreendente Aprofundando 6 Realinhamentos da taxa de câmbio Observe a Figura 1 no quadro A crise de 1992 do SME As taxas de câmbio nominais europeias foram fixadas entre as principais moedas de aproximadamente 1979 a 1992 a Explique como ler o eixo vertical da Figura 1 Qual país sofreu a maior depreciação Qual país claramente sofreu a menor depreciação b Se as taxas de juros nominais de dois anos na França e na Itália tivessem sido semelhantes em janeiro de 1992 qual país teria gerado o maior retorno sobre um título de dois anos c Se as variações nas taxas de câmbio nominais devolveram os países ao equilíbrio de médio prazo quais deles tinham as maiores sobrevalori zações em 1992 7 Taxas de câmbio reais e nominais para Canadá e México Dois dos principais parceiros comerciais dos Estados Unidos são Canadá e México O banco de dados FRED do Federal Reserve Bank of St Louis mantém quatro séries úteis uma taxa de câmbio real efetiva ampla do México RBMXBIS uma taxa de câmbio real efetiva ampla do Canadá RBCABIS uma taxa de câmbio nominal de pesos mexicanos por dólar americano DEXMSUS e o número de dólares canadenses por dólar americano EXCAUS Faça o download de todas as séries mensais BookBlanchard 1indb 476 241017 1718 Capítulo 20 Regimes de taxa de câmbio 477 e organizeas em uma planilha com período de início em janeiro de 1994 a A taxa de câmbio no FRED é definida como o número de pesos mexicanos e o número de dóla res canadenses por dólar americano Redefinaos como o número de centavos de dólar americano por peso e o número de centavos de dólar ameri cano por dólar canadense Por que fazer isto b Trace um gráfico de séries temporais da taxa de câmbio nominal mexicanoamericana redefi nida e do índice da taxa de câmbio ampla real RBMXBIS Há algum período em que o valor da taxa de câmbio nominal esteja atrelado Quando o atrelamento foi liberado o peso apreciou ou depreciou Há algum período em que o peso está valorizando em termos nominais e depreciando em termos reais Qual é o comportamento recente do peso Um atrelamento da taxa de câmbio em 2015 teria beneficiado a economia mexicana c Trace um gráfico das séries temporais da taxa de câmbio nominal canadenseamericana redefinida e do índice da taxa de câmbio ampla real RBCABIS Estime a flutuação percentual no índice de taxa de câmbio real entre o Canadá e os Estados Unidos de 1994 a 2015 Há algum período em que o dólar canadense foi atrelado Explique por que o índice da taxa de câmbio real segue de perto a taxa de câmbio nominal no caso canadenseamericano Teria havido algum benefício em atrelar o dólar canadense ao dólar americano nesse período Explorando mais 8 Taxas de câmbio e expectativas Neste capítulo enfatizamos que as expectativas têm um efeito importante sobre a taxa de câmbio Neste pro blema utilizamos dados para avaliar a magnitude do papel desempenhado pelas expectativas Usando os resultados do Apêndice 2 ao final do capítulo é possível mostrar que a condição de paridade de juros descoberta a Equação 204 pode ser escrita como 1Et Et 12 Et 1 1it it2 1it 1 it 12 1Et e Et 1 e 2 Et 1 e Em palavras a variação percentual da taxa de câmbio apreciação da moeda nacional é aproximadamente igual à variação no diferencial da taxa de juros entre a taxa de juros interna e a externa mais a variação percentual das expectativas da taxa de câmbio a apreciação percentual esperada da moeda nacional Chamaremos de spread o diferencial da taxa de juros a Acesse a página do Bank of Canada wwwbank banquecanadaca e encontre os dados mensais sobre a taxa de letras do Tesouro mensal de um ano para os últimos dez anos Baixe os dados em uma planilha A seguir acesse a página do Banco Central de St Louis researchstlouisfedorgfred2 e baixe os dados men sais sobre a taxa norteamericana de letras do Tesouro mensal de um ano para o mesmo período Talvez seja necessário acessar a seção Constant Maturity e não a Treasury Bills Para cada mês subtraia a taxa de juros do Canadá da taxa de juros dos Estados Unidos para calcular o diferencial spread Então para cada mês calcule a variação do spread em relação ao mês anterior Certifiquese de converter os dados sobre a taxa de juros para a forma decimal adequada b Ainda na página do Banco Central de St Louis obtenha dados sobre a taxa mensal de câmbio entre o dólar americano e o canadense para o mesmo período do item a Mais uma vez salve os dados em uma planilha Calcule o percentual de aprecia ção do dólar americano para cada mês Utilizando a função de desviopadrão em seu programa calcule o desviopadrão do dólar americano Desviopadrão é a medida da variabilidade de uma série de dados c Para cada mês subtraia o diferencial da taxa de juros encontrada no item a do percentual de apreciação do dólar encontrado no item b Chame a diferença de mudança nas expectativas Calcule o desviopadrão da mudança nas expec tativas Como ele se compara ao desviopadrão da apreciação mensal do dólar Este exercício é simples demais Ainda assim a essên cia desta análise continua válida em um trabalho mais sofisticado No curto prazo movimentações nas taxas de juros de curto prazo não são responsáveis pela maior parte das variações na taxa de câmbio Grande parte das variações na taxa de câmbio deve ser atribuída a mudan ças nas expectativas Leitura adicional Para conhecer uma antiga visão cética do euro leia Martin Feldstein The European Central Bank and the Euro The First Year 2000 httpwwwnberorg papersw7517 e The Euro and the Stability Pact 2005 httpwwwnberorgpapersw11249 Para conhecer um bom livro sobre a crise do euro leia Jean PisaniFerry The Euro Crisis and its Aftermath Oxford University Press 2014 BookBlanchard 1indb 477 241017 1718 478 Macroeconomia Apêndices Apêndice 1 Derivação da relação IS sob taxas de câmbio fixas Vamos começar pela condição de equilíbrio no mercado de bens que derivamos no Capítulo 19 a Equação 191 Y CY T IY r G NXY Y ε Segundo essa condição para que o mercado de bens esteja em equilíbrio o produto deve ser igual à demanda por bens domésticos isto é à soma de consumo inves timento gastos do governo e exportações líquidas Agora lembramos as seguintes relações A taxa de juros real r é igual à taxa de juros nominal i menos a inflação esperada e veja o Capítulo 14 r K i e A taxa de câmbio real P é definida como segue veja o Capítulo 17 e EP P Sob taxas de câmbio fixas a taxa de câmbio nominal E é por definição fixa Representamos por E o valor ao qual a taxa de câmbio nominal é fixada logo E E Sob taxas de câmbio fixas e mobilidade perfeita de capitais a taxa de juros interna i deve ser igual à taxa de juros externa i veja o Capítulo 17 i i Usando essas quatro relações reescreva a Equação 201 como Y C1Y T2 I1Y i pe2 G NXaY Y EQP Pb Isso pode ser reescrito usandose uma notação mais compacta como Y YaEQP P G T i peYb que é a Equação 201 do texto Apêndice 2 Taxa real de câmbio taxa real de juros interna e taxa real de juros externa Na Seção 203 derivamos uma relação entre a taxa de câmbio nominal corrente as taxas de juros nominais corren tes e futuras esperadas domésticas e estrangeiras e a taxa de câmbio nominal futura esperada Equação 205 Este apêndice deriva uma relação semelhante mas em termos de taxas de juros reais e de taxa de câmbio real Além disso discute brevemente como essa relação alternativa pode ser usada para pensar nas variações da taxa de câmbio real Derivação da condição de paridade de juros reais Comecemos com a condição da paridade de juros nominais a Equação 192 11 it2 11 it2 Et Ee t 1 Lembrese da definição de taxa de juros real do Capítulo 6 Equação 63 11 rt2 11 it2 11 pt 1 e 2 onde e t 1 K Pe t 1 PtPt é a taxa de inflação esperada De modo análogo a taxa de juros real externa é dada por 11 r t2 11 it2 11 p e t 12 onde pe t 1 K 1Pe t 1 Pt2Pt é a taxa de inflação esperada externa Usando essas duas relações para eliminar as taxas de juros nominais na condição da paridade de juros temos 11 rt2 11 rt2 c Et Et 1 e 11 pe t 12 11 pt 1 e 2 d 20A1 Observe da definição de inflação que 11 pt 1 e 2 Pt 1 e Pt e de modo análogo 11 pe t 12 Pe t 1Pt Usando essas duas relações no termo entre colchetes temos Et Et 1 e 11 pe t 12 11 pt 1 e 2 Et Et 1 e Pe t 1 Pt Pt Pt 1 e Reorganizando os termos temos Et Pe t 1 Pt Et 1 e Pt Pt 1 e Et PtPt Et 1 e Pt 1 e Pe t 1 Usando a definição de taxa de câmbio real EtPtPt Et 1 e Pt 1 e Pe t 1 et et 1 e BookBlanchard 1indb 478 241017 1718 Capítulo 20 Regimes de taxa de câmbio 479 Substituindo na Equação 20A1 temos 11 rt2 11 rt2 et et 1 e Ou de maneira equivalente et 1 rt 1 rt et 1 e 20A2 A taxa de câmbio real atual depende das taxas de juros reais interna e externa do ano e da taxa de câmbio real futura esperada do próximo ano Essa equação corresponde à Equação 204 no texto mas agora em termos de taxas de câmbio e taxas de juros reais em vez de nominais Resolvendo a condição da paridade de juros reais para a frente O próximo passo é resolver a Equação 20A2 para a frente do mesmo modo que fizemos na Equação 204 no texto A equação anterior implica que a taxa de câmbio real no ano t 1 é dada por et 1 1 rt 1 e 1 re t 1 et 2 e Tomando as expectativas a partir do ano t et 1 1 rt 1 e 1 re t 1 et 2 e Substituindo na relação anterior et 11 rt2 11 rt2 11 rt 1 e 2 11 re t 12 et 2 e Resolvendo para et 11 rt2 11 rt2 11 rt 1 e 2 11 re t 12 et 2 e e assim por diante temos et 11 rt2 11 rt2 11 rt 1 e 2g11 rt n e 2 11 re t 1211 re t n2 et n 1 e Essa relação fornece a taxa de câmbio real corrente como função das taxas de juros reais internas correntes e futuras esperadas das taxas de juros reais externas correntes e futuras esperadas e da taxa real de câmbio esperada para o ano t n A vantagem dessa relação sobre a que derivamos no texto entre a taxa de câmbio nominal e as taxas de juros nominais Equação 205 é que normalmente é mais fácil prever a taxa de câmbio real futura que prever a taxa de câmbio nominal futura Se por exemplo a economia apresentar um grande déficit comercial podemos estar bastante confiantes de que terá de haver uma depreciação real que ee t n terá de ser menor Se houver uma depre ciação nominal o que acontecerá com Ee t n isso é mais difícil de dizer pois depende do que acontecerá com a inflação tanto interna quanto externa nos próximos n anos BookBlanchard 1indb 479 241017 1718 BookBlanchard 1indb 480 241017 1718 BookBlanchard 1indb 482 241017 1718 C A P Í T U L O Em diversos pontos deste livro vimos como a combinação certa de políticas fiscal e monetária pode ajudar um país a sair de uma recessão melhorar sua posição comercial sem aumentar a atividade ou elevar a inflação desacelerar uma economia superaquecida estimular o investimento e a acumulação de capital e assim por diante Essas conclusões no entanto parecem conflitar com as demandas frequentes de que os formuladores da política econômica sejam submetidos a restrições rigorosas Nos Estados Unidos são frequentes os pedidos de uma emenda de orçamento equilibrado na Constituição para limitar o crescimento da dívida Tal pedido era o primeiro item do Contrato com os Estados Unidos da América programa elaborado pelos republicanos para as eleições de meio de mandato em 1994 reproduzido na Figura 211 Ele ressurge com frequência mais recentemente em julho de 2011 quando foi proposto por um grupo de republicanos com laços estreitos com o Tea Party1 Na Europa os países que adotaram o euro assinaram um Pacto de Estabilidade e Crescimento PEC pelo qual tinham de manter seu déficit orçamentário abaixo de 3 do PIB sob pena de altas multas Como veremos este pacto acabou fracassando mas os europeus criaram novas formas de tornálo mais forte A política monetária também está sob fogo cruzado Por exemplo o estatuto do Banco Central da Nova Zelândia redigido em 1989 define o papel da política monetária como o de manutenção da estabilidade de preços excluindo qualquer outro objetivo macroeconômico Em meados de 2011 o governador do Texas Rick Perry que concorria à indicação presidencial republicana declarou Se esse cara presidente do Fed Ben Bernanke imprimir mais dinheiro entre agora e a eleição não sei o que vocês fariam com ele em Iowa mas nós o trataríamos bem mal aqui no Texas Imprimir mais moeda para fins políticos neste momento em particular da história norteamericana chega a ser uma deslealdade ou uma traição na minha opinião Rick Perry e vários outros republicanos querem que a presidência do Fed seja limitada por regras para que tenha bem menos autonomia Este capítulo examinará os argumentos a favor dessas restrições à política macroeconômica 1 N do RT o Tea Party é uma ala conservadora do Partido Republicano dos Estados Unidos que ganhou proeminência nos últimos anos com um discurso focado na defesa de políticas fiscais conservadoras e da redução do tamanho do Estado 21 Os formuladores de política econômica deveriam sofrer restrições As seções 211 e 212 examinam uma linha de argumentos a saber a de que os formuladores de política econômica podem ter boas intenções mas acabam por fazer mais mal do que bem A Seção 213 examina outra linha mais cínica de que os formuladores de política econômica fazem o que mais lhes convém e não necessariamente o que é melhor para o país BookBlanchard 1indb 483 241017 1718 484 Macroeconomia Figura 211 Contrato com os Estados Unidos da América Congressistas Republicanos Contrato com os Estados Unidos da América Um programa de responsabilidade SE VIOLARMOS ESTE CONTRATO LIVREMSE DE NÓS ESTAMOS FALANDO SÉRIO scutamos suas preocupações em alto e bom som Se vocês nos derem a maioria no primeiro dia do Congresso uma maioria republicana Obrigará o Congresso a viver de acordo com as mesmas leis a que se submetem todos os outros cidadãos norteamericanos Eliminará um em cada três assessores de comitês do Congresso Promoverá cortes no orçamento do Congresso E A seguir nos primeiros 100 dias haverá votação destes dez projetos de lei 1 Emenda do orçamento equilibrado e veto a itens de orçamento em separado é hora de obrigar o governo a viver com seus próprios meios e restaurar a responsabilidade com relação ao orçamento em Washington 2 Repressão a criminosos violentos vamos ser inflexíveis instituindo uma pena de morte efetiva competente e oportuna contra infratores violentos Reduziremos também a criminalidade com a construção de mais prisões o alongamento das penas e mais policiais nas ruas 3 Reforma das políticas de transferência o governo deve encorajar as pessoas a trabalhar e não a ter filhos fora do matrimônio 4 Proteção às crianças temos de fortalecer as famílias dando aos pais maior controle sobre a educação garantindo o pagamento das pensões alimentícias e reprimindo a pornografia infantil 5 Redução de impostos para as famílias tornaremos mais fácil alcançar o sonho americano poupar dinheiro comprar uma casa e mandar os filhos para a universidade 6 Defesa nacional fortalecida precisamos garantir uma defesa nacional fortalecida mediante a restauração de componentes essenciais ao financiamento da segurança nacional 7 Ampliação do limite de rendimentos dos cidadãos idosos podemos acabar com a discriminação etária do governo que desestimula os idosos a trabalhar se assim o quiserem 8 Diminuição da regulamentação governamental vamos acabar com a burocracia que sufoca os pequenos negócios e facilitar a realização de investimentos pelas pessoas a fim de gerar empregos e aumentar salários 9 Promoção de uma reforma do judiciário com base no bomsenso podemos por fim acabar com o excesso de processos judiciais com ações banais e o excesso de zelo de alguns advogados 10 Limitação do número de mandatos dos congressistas vamos substituir os políticos de carreira por cidadãos legisladores Afinal a política não deve ser um emprego vitalício Por favor veja o verso para saber se o candidato do seu distrito assinou o Contrato até 5 de outubro de 1994 211 Incerteza e política econômica Um modo pouco sutil de exprimir o primeiro argumento a favor das restrições à política econômica é dizer que quem sabe pouco deve fazer pouco O argumento tem duas partes os macroeconomistas e consequentemente os formuladores de política econômica que contam com consultoria sabem pouco e portanto devem fazer pouco Examinaremos cada uma das partes separadamente Quanto os macroeconomistas efetivamente sabem Macroeconomistas são como médicos tratando de um câncer Eles sabem muito mas há muito mais a saber Tomemos uma economia com desemprego alto na qual o Banco Central esteja considerando o uso da política monetária para incrementar a atividade econômica Suponhamos que haja margem para baixar os juros em outras palavras vamos dei xar de lado a questão mais difícil do que fazer se a economia cair na armadilha da liquidez Pensemos na sequência de ligações entre a redução dos juros que o Banco Central controla e um aumento no produto questões com que o Banco Central se defronta para decidir se baixa e em quanto a taxa de juros A alta taxa de desemprego corrente está acima da taxa natural de desemprego ou esta última em si aumentou Capítulo 7 Se a taxa de desemprego estiver próxima da taxa natural de desemprego haverá risco de uma expansão monetária levar a uma diminuição no desemprego abaixo da taxa natural e causar aumento na inflação Capítulo 9 BookBlanchard 1indb 484 241017 1718 Capítulo 21 Os formuladores de política econômica deveriam sofrer restrições 485 Figura 212 Resposta do produto a uma expansão monetária previsões de 10 modelos Embora os 10 modelos apresentem a previsão de que o produto aumentará durante algum tempo em resposta a uma expansão monetária a gama de respostas com relação ao tamanho e à duração da resposta do produto é ampla 05 00 05 10 15 20 25 0 1 2 3 4 Anos Desvio percentual da trajetória de base 5 6 7 8 9 10 EAGLE BCE GIMF CEPREMAPIMF QUEST EC FSGM FMI GCubed CAMA GFM IMF SIGMA FRB Oxford Oxford Economics GMUSE Banco do Canadá NiGEM NIESROECD Qual será o efeito da redução da taxa de juros de curto prazo sobre a de longo prazo Capítulo 14 Em quanto aumentarão os preços das ações Capítulo 14 Em quanto a moeda depreciará capítulos 19 e 20 Quanto tempo levará para que as taxas de juros de longo prazo menores e os preços das ações maiores afetem os gastos de investimento e consumo Capítulo 15 Quanto tempo levará para que os efeitos da curva J aconteçam e a balança comercial melhore Capítulo 18 Qual é o risco de que os efeitos venham tarde demais quando a economia já tiver se recuperado Ao avaliar essas questões os bancos centrais ou os formuladores de políticas macroeconômicas em geral não agem em um vácuo Eles contam sobretudo com modelos macroeconométricos As equações desses modelos mostram como essas ligações individuais se comportaram no passado No entanto modelos diferentes produzem respostas diferentes Isto porque têm estruturas diferentes listas diferentes de equações e de variáveis A Figura 212 mostra um exemplo dessa diversidade que vem de um estudo coorde nado pelo FMI que solicitou aos formuladores dos 10 principais modelos macroecono métricos que respondessem a uma questão similar trace os efeitos nos Estados Unidos de uma diminuição na taxa básica em 100 pontos básicos 1 ao longo de dois anos Três desses modelos foram desenvolvidos e são utilizados pelos bancos centrais quatro por organizações internacionais como FMI ou OCDE e três por instituições acadêmicas ou empresas Eles possuem uma estrutura aproximadamente semelhante que se pode considerar como uma versão mais detalhada do arcabouço ISLMPC que desenvolvemos no livro No entanto como se pode ver dão respostas bastante diversas para a mesma questão Embora a resposta média seja de um aumento no produto dos Estados Unidos da ordem de 08 após um ano as respostas variam de 01 a 21 Após dois anos a resposta média é de um aumento de 10 com um intervalo de 02 a 2 Em suma se medirmos a incerteza pela gama de respostas resultantes desse conjunto de modelos ela realmente existe quanto aos efeitos da política econômica BookBlanchard 1indb 485 241017 1718 492 Macroeconomia Consistência temporal e restrições aos formuladores de política econômica Vamos resumir o que aprendemos nesta seção Examinamos argumentos a favor de colocar restrições aos formuladores de política econômica com base na questão da inconsistência temporal Quando as questões de inconsistência temporal são relevantes as restrições rígi das aos formuladores de política econômica como uma regra de crescimento fixo da moeda no caso da política monetária ou uma regra para equilíbrio do orçamento no caso da política fiscal podem fornecer uma solução aproximada Mas a solução tem grandes custos pois impede completamente o uso da política macroeconômica Soluções melhores normalmente envolvem a estruturação de instituições melhores como um Banco Central independente ou um processo orçamentário melhor o que pode reduzir o problema da inconsistência temporal embora ao mesmo tempo possibilite o uso da política econômica para a estabilização do produto Contudo isto não é fácil de fazer 213 Política e política econômica Assumimos até aqui que os formuladores de política econômica eram benevo lentes isto é tentavam fazer o que era melhor para a economia Contudo grande parte do debate público contesta esta hipótese Os políticos ou os formuladores de política econômica prossegue o argumento fazem o que é melhor para si mesmos e isso nem sempre é o melhor para o país Já ouvimos os argumentos Políticos evitam as decisões difíceis e satisfazem ao eleitorado a política partidária conduz a um impasse e nunca se faz nada A discussão dos defeitos da democracia vai muito além do alcance deste livro O que podemos fazer aqui é examinar sucintamente como esses argumentos se aplicam à política macroeconômica examinar a evidência empírica e verificar que luz ela lança sobre a questão das restrições à política econômica Jogos entre os formuladores de política econômica e os eleitores Muitas decisões de política macroeconômica envolvem dilemas entre perdas de curto prazo e ganhos de longo prazo ou simetricamente entre ganhos de curto prazo e perdas de longo prazo Tomemos como exemplo os cortes de impostos Por definição os cortes levam a impostos menores no presente E provavelmente também levam a um aumento na atividade e portanto a um aumento no produto por algum tempo Mas a menos que esses cortes sejam compensados por diminuições iguais nos gastos do governo eles levarão a um déficit orçamentário maior e à necessidade de um aumento de impostos no futuro Se os eleitores tiverem uma visão de curto prazo a tentação para os políticos cortarem impostos poderá se tornar irresistível A política pode levar a déficits sistemáticos pelo menos até que o nível da dívida pública tenha se tornado tão alto que o medo obrigue os políticos a agir Passemos agora dos impostos para a política macroeconômica em geral Suponhamos de novo que os eleitores tenham uma visão de curto prazo Se o principal objetivo dos políticos for agradar aos eleitores a fim de se reelegerem qual será a melhor política senão expandir a demanda agregada antes de uma eleição levando a um crescimento maior e a um desemprego menor É verdade BookBlanchard 1indb 492 241017 1718 Capítulo 21 Os formuladores de política econômica deveriam sofrer restrições 499 aprovada em 1990 e estendida por nova legislação em 1993 e 1997 introduziu duas regras principais Impôs restrições sobre os gastos que eram divididos em duas categorias discri cionários basicamente gastos com bens e serviços inclusive defesa e obriga tórios basicamente pagamentos de transferências para indivíduos Restrições denominadas tetos de gastos foram estabelecidas para os gastos discricionários nos cinco anos seguintes Esses tetos foram fixados de maneira a exigir uma diminuição pequena mas contínua dos gastos discricionários em termos reais Cláusulas explícitas foram criadas para as emergências Por exemplo os gastos com a Operação Tempestade no Deserto durante a Guerra do Golfo em 1991 não ficaram sujeitos aos tetos Exigiu que um novo programa de transferências só pudesse ser adotado se mostrasse que não aumentaria os déficits no futuro seja arrecadando novas receitas seja pela diminuição de gastos em um programa existente Esta regra é conhecida como regra payasyougo ou Paygo O foco nos gastos e não no próprio déficit teve uma implicação importante Se houvesse uma recessão e portanto uma diminuição de receitas o déficit poderia aumentar sem desencadear uma diminuição nos gastos Isso ocorreu em 1991 e 1992 quando por causa da recessão o déficit aumentou apesar dos gastos satisfazerem às restrições impostas pelos tetos O foco nos gastos teve dois efeitos desejáveis permitiu um déficit fiscal maior durante uma recessão o que é bom do ponto de vista da política macroeconômica e diminuiu a pressão para quebrar as regras durante uma recessão algo bom do ponto de vista político Em 1998 os déficits haviam acabado e pela primeira vez em 20 anos o orçamento federal apresentava superávit Nem toda a redução do déficit se deveu às regras da Lei de Cumprimento do Orçamento Uma diminuição nos gastos em defesa provocada pelo fim da Guerra Fria e um grande aumento nas receitas de impostos decorrente da forte expansão da segunda metade da década de 1990 foram fatores importantes Mas existe um consenso amplo de que as regras desempenharam um papel importante em assegurar que as diminuições nos gastos com defesa e os aumentos nas receitas de impostos fossem usados para a redução do déficit e não para aumentos de outros programas de gastos Contudo quando surgiu o superávit orçamentário o Congresso se tornou cada vez mais disposto a violar suas próprias regras Os tetos de gastos foram sistematicamente desrespeitados e permitiuse que a regra payasyougo expirasse em 2002 A lição disso bem como do fracasso do PEC descrito no quadro Foco Regras fiscais da área do euro um breve histórico é que embora as regras possam ajudar elas não podem substituir a falta de resolução por parte dos formuladores de política econômica Resumo Os efeitos das políticas macroeconômicas são sempre incertos Essa incerteza deveria levar os formuladores de política econômica a ser mais cautelosos e a aplicar políticas menos ativas As políticas econômicas devem ter como objetivo amplo evitar recessões prolongadas desacelerar explosões de crescimento e evitar pressão infla cionária Quanto maior o nível de desemprego ou de inflação mais ativas devem ser as políticas eco nômicas Mas elas devem evitar visar à sintonia fina e à tentativa de manter um desemprego cons tante ou um crescimento do produto constante O uso da política macroeconômica para controlar a economia é muito diferente do controle de uma máquina Ao contrário de uma máquina a econo mia é composta de pessoas e empresas que tentam BookBlanchard 1indb 499 241017 1718 500 Macroeconomia Palavraschave Banco Central independente 490 ciclo político 493 controle ótimo 487 guerras por desgaste 495 inconsistência temporal 489 interações estratégicas 488 jogadores 488 jogo 487 Pacto de Estabilidade e Crescimento PEC 483 regra payasyougo 499 sintonia fina 487 teoria do controle ótimo 487 teoria dos jogos 487 tetos de gastos 499 Questões e problemas Teste rápido 1 Usando as informações contidas neste capítulo diga se cada afirmação a seguir é verdadeira falsa ou incerta Explique brevemente a Há tanta incerteza quanto aos efeitos da polí tica monetária que estaríamos em uma situação melhor se não utilizássemos essa política b Dependendo do modelo utilizado estimase que uma redução de um ponto percentual na taxa prever o que os formuladores de política econômica farão e reagem não somente à política atual mas também às expectativas da política futura Neste sentido podese pensar na política macroeconô mica como um jogo entre formuladores de política econômica e as pessoas da economia Em um jogo às vezes é melhor para um jogador desistir de algumas de suas opções Por exemplo quando ocorre um sequestro é melhor negociar com os sequestradores Mas um governo que se compromete com credibilidade a não negociar com sequestradores ou seja um governo que desiste da opção de negociação tem efetivamente maior probabilidade de impedir a ocorrência de sequestros O mesmo argumento aplicase a diversos aspectos da política macroeconômica Ao se comprometer com credibilidade a não utilizar a política mone tária para diminuir o desemprego abaixo de sua taxa natural um Banco Central pode aliviar os temores de que o crescimento da moeda será alto e no processo diminuir a inflação tanto esperada quanto real Quando os aspectos da inconsistência temporal forem relevantes restrições rígidas sobre formuladores de política econômica como uma regra fixa de crescimento da moeda no caso da política monetária poderão fornecer uma solu ção aproximada Mas a solução poderá ter grandes custos se impedir completamente o uso da política macroeconômica Métodos melhores normalmente envolvem a estruturação de instituições melho res como um Banco Central independente que podem reduzir o problema da inconsistência tem poral sem eliminar a política monetária como um instrumento de política macroeconômica Outro argumento a favor das restrições sobre formuladores de política econômica é que eles podem participar de jogos tanto com o público quanto entre si mesmos e esses jogos podem levar a resultados indesejáveis Os políticos podem tentar enganar um eleitorado com visão de curto prazo ao escolher políticas econômicas com benefícios de curto prazo mas com grandes custos de longo prazo por exemplo grandes déficits orçamen tários para ser reeleitos Os partidos políticos podem retardar decisões dolorosas na esperança de que outro partido promova o ajuste e assuma o ônus dessas medidas Nesses casos restrições rígi das à política econômica como uma emenda constitucional para equilibrar o orçamento for necem mais uma vez uma solução aproximada Alternativas melhores normalmente envolvem ins tituições melhores e melhores formas de estruturar o processo por meio do qual políticas econômicas são formuladas e decisões são tomadas Contudo o desenvolvimento e a implementação consistente desses arcabouços fiscais mostraramse difíceis na prática conforme demonstrado tanto nos Estados Unidos quanto na União Europeia BookBlanchard 1indb 500 241017 1718 Capítulo 21 Os formuladores de política econômica deveriam sofrer restrições 501 de juros aumente o crescimento do produto no ano do corte da taxa de juros em mero 01 ponto percentual c Dependendo do modelo utilizado estimase que uma redução de um ponto percentual na taxa de juros aumente o crescimento do produto no ano do corte da taxa de juros em expressivos 21 pontos percentuais d Elege um democrata para a presidência dos Estados Unidos aquele que deseja baixo desemprego e Há clara evidência de ciclos políticos nos Estados Unidos baixo desemprego durante as campa nhas eleitorais maior desemprego no restante do tempo f Regras de gastos fiscais nos Estados Unidos têm sido ineficientes para reduzir déficits orçamentários g Regras de equilíbrio orçamentário na Europa têm sido eficazes na restrição aos déficits orçamentários h Governos seriam sábios se anunciassem uma polí tica de não negociação com sequestradores i No caso de um sequestro é nitidamente sábio que os governos negociem com sequestradores mesmo que tenham anunciado uma política de não negociação j Existe alguma evidência de que de modo geral países com Bancos Centrais mais independentes têm inflação mais baixa k Em uma política fiscal do tipo mate a fera de fome cortes de gastos vêm antes de cortes de impostos 2 Implementando um ciclo político Você é assessor econômico de um presidente recém eleito Em quatro anos ele enfrentará outra eleição Os eleitores querem baixas taxas de desemprego e de inflação Contudo você acredita que as decisões de voto são fortemente influenciadas pelos valores do desem prego e da inflação no ano anterior ao da eleição e que o desempenho da economia nos três primeiros anos do governo de um presidente tem pouco efeito sobre o resultado da votação Suponhamos que a inflação do ano passado tenha sido de 10 e que a taxa de desemprego fosse igual à taxa natural A curva de Phillips é dada por t t 1 a ut un Suponhamos que você possa utilizar as políticas monetária e fiscal para obter qualquer taxa de desemprego que deseja para cada um dos quatro próximos anos Sua tarefa é ajudar o presidente a obter baixos desemprego e inflação no último ano do seu governo a Suponhamos que você queira obter uma taxa de desemprego baixa isto é uma taxa de desem prego abaixo da taxa natural no ano anterior à próxima eleição em quatro anos a partir de hoje O que acontecerá com a inflação no quarto ano b Dado o efeito sobre a inflação que você identifi cou na questão a o que aconselharia que o pre sidente fizesse nos primeiros anos do seu governo para obter uma baixa inflação no quarto ano c Agora suponhamos que a curva de Phillips seja dada por t e t a ut un Além disso suponhamos que as pessoas formem expectativas de inflação e t levando em consideração o futuro e não olhando apenas para a inflação do ano anterior e saibam que o presidente tem um incentivo para implementar as políticas econômicas que você identificou nas questões a e b As políticas que você descreveu nas questões a e b podem ser bemsuce didas Justifique 3 Suponhamos que o governo crie emendas constitu cionais para impedir que autoridades negociem com terroristas Quais são as vantagens de uma política como esta Quais as desvantagens 4 No início da década de 1990 a Nova Zelândia rees creveu o estatuto do seu Banco Central para tornar a inflação continuamente baixa seu único objetivo Por que a Nova Zelândia quis fazer isso Aprofundando 5 Expectativas políticas inflação e desemprego Consideremos um país com dois partidos os demo cratas e os republicanos Os democratas se preocupam mais com o desemprego que os republicanos e estes se preocupam mais com a inflação do que os democratas Quando os democratas estão no poder escolhem uma taxa de inflação D quando os republicanos estão no poder escolhem uma taxa de inflação R Assumimos que D R A curva de Phillips é dada por t e t a ut un Uma eleição está prestes a acontecer Suponhamos que as expectativas de inflação para o próximo ano representadas por e t sejam formadas antes da eleição BookBlanchard 1indb 501 241017 1718 502 Macroeconomia Essencialmente esta hipótese significa que os salários do próximo ano serão fixados antes da eleição Além disso democratas e republicanos têm chances iguais de ganhar a eleição a Resolva para a inflação esperada em termos de D e R b Suponha que os democratas vençam a eleição e implementem sua meta de taxa de inflação D Dada sua resolução para a inflação esperada na questão a a taxa de desemprego será maior igual ou menor que a taxa natural de desemprego c Suponha que os republicanos vençam a eleição e implementem sua meta de taxa de inflação R Dada sua resolução para a inflação esperada na questão a a taxa de desemprego será maior igual ou menor que sua taxa natural d Esses resultados se ajustam à evidência da Tabela 211 Justifique e Suponhamos agora que todos esperem que os democratas ganhem a eleição e que isso realmente aconteça Se os democratas implementarem sua meta de taxa de inflação a taxa de desemprego será maior igual ou menor que sua taxa natural 6 Redução do déficit como um jogo do dilema do prisioneiro Suponhamos que haja um déficit orçamentário Ele pode ser reduzido por meio de cortes nos gastos militares nos pro gramas sociais ou em ambos Os democratas têm de decidir se apoiarão cortes nos programas sociais Os republicanos têm de decidir se apoiarão cortes nos gastos militares Os resultados possíveis podem ser representados em uma tabela Cortes sociais Sim Não Cortes na defesa Sim R 1 D 2 R 2 D 3 Não R 3 D 2 R 1 D 1 A tabela apresenta os ganhos de cada partido para os vários resultados Pense no ganho como uma medida de felicidade para um dado partido sob dado resultado Se os democratas votam a favor de cortes nos gastos sociais e os republicanos votam contra os cortes nos gastos com defesa os republicanos recebem um ganho de 3 e os democratas recebem um ganho de 2 a Se os republicanos decidissem cortar gastos com defesa qual seria a melhor resposta dos democra tas Dada esta resposta qual seria o ganho dos republicanos b Se os republicanos decidissem não cortar os gastos militares qual seria a melhor resposta dos demo cratas Dada esta resposta qual seria o ganho dos republicanos c O que os republicanos farão O que os democra tas farão O déficit orçamentário será reduzido Justifique Um jogo com uma estrutura de ganhos como a deste problema que produz o resultado que acabamos de descrever é conhecido como dilema do prisioneiro Há alguma maneira de melhorar o resultado Explorando mais 7 Jogos précompromisso e inconsistência temporal das notícias Eventos atuais oferecem exemplos abundantes de conflitos em que partidos políticos estão envolvidos em um jogo tentam se comprometer antecipadamente com linhas de ação e se defrontam com problemas de incon sistência temporal Alguns exemplos surgem nos pro cessos políticos dos EUA nos negócios internacionais e nas relações entre trabalhadores e administradores a Escolha um conflito atual ou um resolvido recen temente para investigar Faça uma pesquisa na internet para conhecer as questões envolvidas no conflito as medidas tomadas pelas partes até o momento e o estado atual do jogo b De que formas as partes tentaram um précom promisso para determinadas ações no futuro Elas se defrontam com questões de inconsistência tem poral As partes falharam em colocar em prática qualquer uma das ações ameaçadas c O conflito se parece com um dilema do prisio neiro um jogo com uma estrutura de ganhos como a descrita no Problema 6 Em outras pala vras é provável ou efetivamente aconteceu que os incentivos individuais das partes levem a um resultado desfavorável que poderia ser melho rado para ambas as partes por meio da coopera ção É possível fazer um acordo Que tentativas as partes fizeram para negociar d Como você acha que o conflito será resolvido ou como foi resolvido 8 A legislação que regula o Federal Reserve Board O Federal Reserve Act de 1977 com emendas em 1978 1988 e 2000 rege a conduta do Federal Reserve a Em sua opinião o trecho da lei transcrito a seguir torna claros os objetivos de política eco nômica do Fed BookBlanchard 1indb 502 241017 1718 Capítulo 21 Os formuladores de política econômica deveriam sofrer restrições 503 Seção 2B Objetivos da política monetária O Conselho de Governadores do Federal Reserve System e o Comitê Federal de Mercado Aberto devem manter crescimento de longo prazo dos agregados monetá rios e de crédito que seja proporcional ao potencial de longo prazo da economia para aumentar a produção de modo a promover eficazmente os objetivos de emprego máximo preços estáveis e taxas de juros de longo prazo moderadas b Em sua opinião os trechos da lei transcritos a seguir são consistentes com a posição dos Estados Unidos na Figura 213 Seção 2B Apresentações e relatórios para o Congresso a Apresentações diante do Congresso Em geral O Presidente do Conselho deve se apre sentar ao Congresso em audições semestrais conforme especificado no parágrafo 2 referente A aos esfor ços atividades objetivos e planos do Conselho e do Comitê de Mercado Aberto em relação à condução da política monetária e B ao desenvolvimento econômico e às perspectivas de futuro descritas no relatório requerido na subseção b Seção 10 Conselho de Governadores do Federal Reserve System 1 Nomeação e qualificação dos membros O Conselho de Governadores do Federal Reserve System doravante designado Conselho será composto por sete membros a serem nomeados pelo Presidente por e com o aconselhamento e consentimento do Senado após a data de promulgação do Banking Act de 1935 para mandatos de quatorze anos Leitura adicional Para comparação de modelos consulte Gunter Coenen et al Effects of Fiscal Stimulus in Structural Models American Economic Journal Macroeconomics 2012 vol 4 n 1 p 2268 Se desejar saber mais a respeito das questões aqui apresentadas uma referência bastante útil é Political Economy in Macroeconomics de Alan Drazen Princeton University Press 2002 Para conhecer um argumento de que a inflação bai xou como resultado da maior independência dos ban cos centrais na década de 1990 leia Central Bank Independence and Inflation no Relatório Anual de 2009 do Federal Reserve Bank of St Louis disponível em httpswwwstlouisfedorgannualreport2009 centralbankindependenceandinflation Um dos principais defensores do ponto de vista de que o governo age de forma errada e por isso deveria ter restrições rígidas é James Buchanan da George Mason University Buchanan recebeu o Prêmio Nobel em 1986 por seu trabalho sobre a escolha pública Leia por exemplo seu livro escrito com Richard Wagner Democracy in Deficit The Political Legacy of Lord Keynes Liberty Fund 1977 Para uma interpretação do aumento da inflação na década de 1970 como resultado da inconsistência temporal veja Did Time Consistency Contribute to the Great Inflation de Henry Chappell e Rob McGregor Economics Politics 2004 vol 16 n 3 p 23351 BookBlanchard 1indb 503 241017 1718 C A P Í T U L O 22 Política fiscal um resumo À época da produção deste livro a política fiscal ocupa o centro das discussões econômicas Na maioria das economias avançadas a crise provocou grandes déficits orçamentários e um considerável aumento das razões dívidaPIB Na Grécia o governo informou que não poderá pagar integralmente sua dívida e está negociando com os credores O problema vai além desse país Em vários outros os investidores estão preocupados se há possibilidade efetiva de pagamento da dívida e reivindicam taxas de juros mais altas para compensar o risco de inadimplência Isso exige que os governos reduzam os déficits estabilizem a dívida e tranquilizem os investidores Ao mesmo tempo no entanto a recuperação é frágil e uma contração fiscal deve retardála ainda mais ao menos no curto prazo Assim os governos enfrentam uma escolha difícil reduzir rapidamente os déficits e assegurar aos mercados que pagarão sua dívida em detrimento de um crescimento mais baixo e até mesmo uma recessão ou reduzir os déficits mais lentamente para não retardar a recuperação e correr o risco de não convencer os investi dores de que a dívida será estabilizada O objetivo deste capítulo é rever o que aprendemos sobre política fiscal até o momento explorar mais profundamente a dinâmica dos déficits e das dívidas e lançar luz sobre os problemas associados à elevada dívida pública A Seção 221 faz um balanço do que aprendemos sobre política fiscal até aqui neste livro A Seção 222 examina mais de perto a restrição orçamentária do governo e suas implicações para a relação entre déficit orça mentário taxa de juros taxa de crescimento e dívida pública A Seção 223 aborda três questões para as quais a restrição orçamentária do governo desempenha um papel central da proposição de que os déficits não têm tanta importância assim a como administrar a política fiscal no ciclo e se é o caso de financiar guerras por meio de impostos ou de dívida A Seção 224 discute os riscos associados a uma dívida pública elevada desde impostos mais altos a taxas de juros mais altas inadimplência e inflação elevada 221 O que aprendemos Vamos rever o que aprendemos até aqui sobre política fiscal No Capítulo 3 analisamos como os gastos públicos e os impostos afetam a demanda e por sua vez o produto no curto prazo Vimos como no curto prazo uma expansão fiscal aumentos nos gastos públicos ou cortes de impostos aumenta o produto No Capítulo 5 examinamos os efeitos de curto prazo da política fiscal sobre o produto e sobre a taxa de juros Vimos como uma contração fiscal acarreta menor renda disponível o que leva as pessoas a reduzir seu consumo Essa redução na demanda provoca por sua BookBlanchard 1indb 504 241017 1718 Capítulo 22 Política fiscal um resumo 505 vez através de um multiplicador uma diminuição no produto e na renda A uma dada taxa básica a contração fiscal leva portanto a uma diminuição no produto Entretanto uma redução na taxa básica pelo Banco Central pode compensar em parte os efeitos adversos da contração fiscal No Capítulo 6 vimos como a política fiscal foi usada durante a recente crise para limitar a queda no produto Vimos que quando a economia está em uma armadilha de liquidez uma redução na taxa de juros não pode ser utilizada para aumentar o produto e portanto a política fiscal tem um papel importante a desempenhar No entanto grandes aumentos nos gastos e cortes nos impostos não foram sufi cientes para evitar a recessão No Capítulo 9 analisamos os efeitos da política fiscal no curto e no médio prazos Vimos que no médio prazo isto é tomandose o estoque de capital como dado uma consolidação fiscal não exerce qualquer efeito sobre o produto mas se reflete em uma composição diferente dos gastos No curto prazo porém o produto cai Em outras palavras se o produto está em seu nível potencial para começar a consolidação orçamentária ainda que desejável por outros motivos inicialmente leva a uma recessão No Capítulo 11 abordamos como a poupança tanto privada quanto pública afeta o nível de acumulação de capital e o nível do produto no longo prazo Vimos como uma vez considerada a acumulação de capital um déficit orça mentário maior e por implicação uma taxa de poupança nacional menor reduz a acumulação de capital acarretando um nível de produto mais baixo no longo prazo No Capítulo 16 retornamos aos efeitos de curto prazo da política fiscal levando em conta não apenas os efeitos diretos da política fiscal por meio de impostos e gastos governamentais mas também seus efeitos sobre as expectativas Vimos como os efeitos da política fiscal dependem das expectativas futuras das políticas fiscal e monetária Em especial vimos como uma redução do déficit pode em algumas circunstâncias causar um aumento no produto mesmo no curto prazo graças às expectativas de maior renda disponível no futuro No Capítulo 18 analisamos os efeitos da política fiscal quando a economia é aberta no mercado de bens Vimos como a política fiscal afeta tanto o produto quanto a balança comercial e examinamos a relação entre déficit orçamentário e déficit comercial No Capítulo 19 examinamos o papel da política fiscal em uma economia aberta tanto no mercado de bens quanto no mercado financeiro Vimos que quando o capital é móvel os efeitos da política fiscal dependem do regime cambial A política fiscal exerce um efeito mais forte sobre o produto sob taxas de câmbio flexíveis No Capítulo 21 tratamos dos problemas enfrentados pelos formuladores de política econômica em geral desde a incerteza sobre os efeitos da política até questões de consistência temporal e credibilidade Essas questões surgem na análise das políticas fiscal e monetária Ponderamos os prós e os contras de impor restrições à condução da política fiscal desde os tetos de gastos até uma emenda constitucional para equilibrar o orçamento Ao expor essas conclusões não prestamos muita atenção à restrição orçamentária do governo isto é à relação entre dívida déficits gastos e impostos Esta relação é importante porém na compreensão de como chegamos onde estamos atualmente BookBlanchard 1indb 505 241017 1718 508 Macroeconomia governo e os impostos Frequentemente convém decompor o déficit na soma de dois termos Pagamentos de juros sobre a dívida rBt 1 A diferença entre gastos e impostos Gt Tt Este termo é chamado déficit pri mário ou de maneira equivalente Tt Gt é chamado superávit primário Usando essa decomposição podemos reescrever a Equação 222 como Variação da dívida Pagamentos de juros Déficit primário Bt Bt 1 rBt 1 Gt Tt Ou passando Bt 1 para o lado direito e reorganizando Déficit primário Bt 1 rBt 1 Gt Tt 223 Segundo essa relação a dívida no final do ano t é igual a 1 r vezes a dívida no final do ano t 1 mais o déficit primário durante o ano t Gt Tt Vejamos algumas de suas implicações Impostos correntes versus impostos futuros Consideremos primeiro uma redução nos impostos por um ano para a trajetória da dívida e dos impostos futuros Comecemos com uma situação em que até o ano 1 o governo equilibrou seu orçamento de modo que a dívida inicial é igual a zero Fonte déficit oficial como percentual do PIB Tabela B19 Economic Report of the President inflação da série CPIAUCSL Federal Reserve Economic Data FRED Figura 1 Déficits orçamentários federais oficial e ajustado pela inflação para os Estados Unidos desde 1969 60 40 20 00 20 40 60 80 100 120 1969 1974 1979 1984 1989 1994 1999 2004 2009 2014 Percentual do PIB Déficit oficial Déficit ajustado pela inflação BookBlanchard 1indb 508 241017 1718 Capítulo 22 Política fiscal um resumo 509 Durante o ano 1 o governo diminuiu os impostos em 1 pensemos em US 1 bilhão por exemplo por um ano Assim a dívida ao final do ano 1 B1 é igual a 1 Nossa pergunta é o que acontece depois disso Pagamento total no ano 2 Suponhamos que o governo decida pagar toda a dívida durante o ano 2 Da Equação 223 a restrição orçamentária no ano 2 é dada por B2 1 rB1 G2 T2 Se a dívida for toda paga durante o ano 2 a dívida no final desse ano será igual a zero B2 0 Substituindo B1 por 1 e B2 por 0 e transpondo os termos temos T2 G2 1 r1 1 r Para pagar toda a dívida no ano 2 o governo deve apresentar um superávit primário igual a 1 r Isso pode ocorrer de duas maneiras por meio de uma diminuição nos gastos ou de um aumento nos impostos Suponhamos aqui e no restante desta seção que o ajuste ocorrerá por meio de impostos de modo que a trajetória dos gastos não será afetada Seguese que a diminuição dos impostos em 1 durante o ano 1 deve ser compensada por um aumento dos impostos em 1 r durante o ano 2 A trajetória de impostos e dívida correspondente a este caso é dada na Figura 221a se a dívida for totalmente paga durante o ano 2 a diminuição dos impostos em 1 no ano 1 necessitará de um aumento de impostos de 1 r no ano 2 Pagamento total no ano 2 T1 diminui em 1 1 T2 aumenta em 1 r Figura 221 Cortes de impostos pagamento da dívida e estabilização da dívida a Se a dívida for totalmente paga durante o ano 2 a diminuição nos impostos em 1 no ano 1 necessitará de um aumento nos impostos igual a 1 r no ano 2 b Se a dívida for totalmente paga durante o ano 5 a diminuição nos impostos em 1 no ano 1 necessitará de um aumento nos impostos igual a 1 r 4 durante o ano 5 c Se a dívida for estabilizada do ano 2 em diante os impostos deverão ser permanentemente maiores em r a partir do ano 2 b Reembolso da dívida no ano 5 Ano Impostos Dívida no final do ano 0 0 1 21 2 0 3 0 4 0 5 11r4 0 1 11r 11r2 11r3 0 a Reembolso da dívida no ano 2 Ano Impostos Dívida no final do ano 0 0 1 21 2 11r 3 0 4 0 5 0 0 1 0 0 0 0 c Estabilização da dívida no ano 2 Ano Impostos Dívida no final do ano 0 0 1 21 2 r 3 r 4 r 5 r 0 1 1 1 1 1 BookBlanchard 1indb 509 241017 1718 526 Macroeconomia Palavraschave austeridade fiscal 526 coeficiente de endividamento 511 Congressional Budget Office CBO 526 corte de cabelo 521 déficit ajustado pela inflação 506 déficit ciclicamente ajustado 515 déficit com emprego padronizado 515 déficit da metade do ciclo 515 déficit de pleno emprego 526 déficit estrutural 515 déficit primário 508 dominância fiscal 521 envolvimento do setor privado 521 equivalência ricardiana 514 estabilizador automático 516 financiamento monetário 521 hiperinflação 522 monetização da dívida 521 pontosbase 519 proposição de RicardoBarro 514 razão dívidaPIB 511 reescalonamento da dívida 521 reestruturação da dívida 521 restrição orçamentária do governo 506 senhoriagem 522 spread 519 suavização tributária 518 superávit primário 508 Resumo A restrição orçamentária do governo apresenta a evolução da dívida pública de acordo com os gastos e os impostos Um modo de expressar a restrição é que a variação da dívida o déficit é igual ao déficit primário mais os pagamentos de juros sobre a dívida O déficit primário é a diferença entre os gastos do governo com bens e serviços G e os impostos líquidos de transferências T Se os gastos do governo permanecerem inalte rados uma redução nos impostos deverá acabar sendo compensada por um aumento nos impostos no futuro Quanto mais o governo esperar para aumentar os impostos ou quanto maior for a taxa de juros real maior será o aumento final nos impostos O legado de déficits passados é uma dívida maior Para estabilizar a dívida o governo deve eliminar o déficit Para isso o governo deve apresentar um superávit primário igual aos pagamentos de juros sobre a dívida existente A evolução da razão dívidaPIB depende de quatro fatores a taxa de juros a taxa de crescimento o coefi ciente de endividamento inicial e o superávit primário Sob a proposição ricardiana da equivalência um déficit maior é compensado por um aumento igual na poupança privada Os déficits não exercem qual quer efeito sobre a demanda e sobre o produto A acumulação de dívida não afeta a acumulação de capital Quando a equivalência ricardiana falha déficits maiores levam a uma demanda maior e a um produto maior no curto prazo A acumulação da dívida acarreta uma acumulação de capital menor e portanto a um produto menor no longo prazo Para estabilizar a economia o governo deve apre sentar déficits durante as recessões e superávits durante as expansões O déficit ciclicamente ajus tado nos diz qual deveria ser o déficit sob as regras vigentes de impostos e gastos se o produto estivesse em seu nível potencial Os déficits são justificáveis em épocas de gas tos altos como nas guerras Em relação a um aumento de impostos os déficits levam a um con sumo maior e a um investimento menor durante as guerras Portanto eles transferem parte do ônus da guerra das pessoas que vivem durante o con flito para aquelas que viverão depois Os déficits também ajudam a suavizar os impostos e a reduzir as distorções tributárias Coeficientes de endividamento elevados aumentam o risco de ciclos viciosos Um risco mais alto de inadimplência percebido pode acarretar uma taxa de juros mais elevada e aumento na dívida Este aumento por sua vez pode provocar um risco de inadimplência maior e uma taxa de juros maior Ambos podem se combinar para levar a uma explo são da dívida Os governos podem não ter outra escolha senão declarar moratória ou recorrer ao financiamento monetário Este tipo de financia mento pode por sua vez levar à hiperinflação Em ambos os casos é provável que os custos econômi cos sejam consideráveis BookBlanchard 1indb 526 241017 1718 Capítulo 22 Política fiscal um resumo 527 Questões e problemas Teste rápido 1 Usando as informações contidas neste capítulo diga se cada afirmação a seguir é verdadeira falsa ou incerta Explique brevemente a Déficit é a diferença entre gastos públicos reais e impostos líquidos de transferências b Déficit primário é a diferença entre gastos públi cos reais e impostos líquidos de transferências c Os Estados Unidos experimentaram grandes flu tuações na razão dívidaPIB no século passado d A suavização tributária e o recurso a déficits aju dam a diluir o ônus da guerra entre as gerações e O governo sempre deve tomar uma atitude ime diata de forma a eliminar um déficit orçamentário ciclicamente ajustado f Se a equivalência ricardiana for válida um aumento nos impostos de renda não afetará nem o consumo nem a poupança g A razão dívidaPIB não pode exceder 100 h Um corte de cabelo reduz o valor de uma dívida pública pendente i O déficit ciclicamente ajustado é sempre menor que o déficit real j O déficit ajustado pela inflação é sempre menor que o déficit real k Quando a razão dívidaPIB é alta a melhor polí tica é a consolidação fiscal l Hiperinflação é uma taxa de inflação superior a 30 ao mês m Hiperinflações podem distorcer preços mas não exercem efeito sobre o produto real 2 Consideremos a seguinte afirmação Um déficit pode ser uma coisa boa em períodos de guerra Primeiro o déficit é temporário e quando a guerra acaba o governo pode voltar ao antigo nível de gastos e impostos Segundo dado que as evidências sustentam a proposição da equivalência ricardiana o déficit estimu lará a economia durante o período da guerra ajudando a manter baixa a taxa de desemprego Identifique os erros neste argumento Há alguma coisa correta nele 3 Consideremos uma economia caracterizada pelos seguintes fatos i O déficit orçamentário oficial é de 4 do PIB ii A razão dívidaPIB é de 100 iii A taxa de juros nominal é de 10 iv A taxa de inflação é de 7 a Qual é a razão entre déficitsuperávit primário e PIB b Qual é a razão déficitsuperávit ajustado pela inflação e PIB c Suponhamos que o produto esteja 2 abaixo de seu nível natural Qual é a razão déficitsuperávit ajustado pela inflação ciclicamente ajustado e o PIB d Suponhamos em vez disso que o produto comece em seu nível natural e que o crescimento do pro duto permaneça constante à taxa normal de 2 Como a razão dívidaPIB se altera ao longo do tempo 4 Suponhamos que a demanda por moeda assuma a seguinte forma M P Y1 1r pe2 em que Y 1000 e r 01 a Suponhamos que no curto prazo e seja constante e igual a 25 Calcule o montante de senhoriagem para cada taxa de crescimento de moeda anual MM listada i 25 ii 50 iii 75 b No médio prazo e MM Calcule o montante de senhoriagem associado às três taxas de crescimento de moeda anual no item a Explique por que as respostas diferem das do item a Aprofundando 5 Consideremos a economia descrita no problema 3 e suponhamos que haja uma taxa de câmbio fixa E Vamos assumir que os investidores estejam preo cupados com o fato de o nível da dívida se encon trar alto demais e que o governo possa desvalorizar para estimular o produto e portanto as receitas de impostos para ajudar a pagar a dívida A expecta tiva inicial dos investidores é de uma desvaloriza ção de 10 Em outras palavras a taxa de câmbio esperada Ee t 1 diminui 10 em relação a seu valor inicial E a Lembrese da condição da paridade descoberta de juros BookBlanchard 1indb 527 241017 1718 528 Macroeconomia it it Et 1 e EQ EQ Se a taxa de juros externa permanecer constante a 10 ao ano o que deverá acontecer com a taxa de juros interna quando Ee t 1 cair 10 b Suponhamos que a inflação interna permaneça a mesma O que acontecerá com a taxa de juros real interna O que provavelmente acontecerá com a taxa de crescimento c O que acontecerá com o déficit orçamentário ofi cial E com o déficit ajustado pela inflação d Suponhamos que a taxa de crescimento baixe de 2 para 0 O que acontecerá com a variação do coeficiente de endividamento Suponhamos que a razão entre déficitsuperávit primário e PIB per maneça inalterada mesmo que a queda no cresci mento possa reduzir as receitas de impostos 6 Equivalência ricardiana e política fiscal Primeiro consideremos uma economia em que a equi valência ricardiana não é válida a Suponhamos que o governo comece com um orçamento equilibrado Então há um aumento nos gastos públicos mas nenhuma mudança nos impostos Mostre em um diagrama ISLM o efeito dessa política sobre o produto no curto prazo quando o Banco Central mantém constante a taxa de juros real Como o governo financiará o aumento nos gastos públicos b Suponhamos como na questão a que o governo comece com um orçamento equilibrado e então aumente os gastos públicos Desta vez contudo suponhamos que os impostos aumentem no mesmo montante dos gastos do governo Mostre em um diagrama ISLM o efeito dessa política sobre o produto no curto prazo Relembrar a discussão sobre multiplicador no Capítulo 3 pode ser útil Os gastos do governo ou a política tri butária têm um multiplicador maior Como o efeito sobre o produto se compara com o efeito da questão a Agora suponhamos que a equivalência ricardiana seja válida nessa economia As questões c e d não necessitam do uso de diagramas c Consideremos novamente um aumento nos gastos do governo mas nenhuma mudança nos impostos Como o efeito sobre o produto se compara com os efeitos sobre o produto das questões a e b d Consideremos novamente um aumento nos gas tos do governo combinado com um aumento nos impostos no mesmo montante Como esse efeito sobre o produto se compara com os efeitos sobre o produto das questões a e b e Comente cada uma das seguintes afirmações i Sob a equivalência ricardiana os gastos do governo não exercem qualquer efeito sobre o produto ii Sob a equivalência ricardiana as mudanças nos impostos não exercem qualquer efeito sobre o produto Explorando mais 7 Consideremos uma economia em que i A razão dívidaPIB é de 40 ii O déficit primário é de 4 do PIB iii A taxa de crescimento normal é de 3 iv A taxa de juros real é de 3 a Usando o programa de planilha que preferir cal cule a razão dívidaPIB em 10 anos supondo que o déficit primário permaneça em 4 do PIB a cada ano a economia cresça à taxa de crescimento normal a cada ano e que a taxa de juros real esteja constante em 3 b Suponhamos que a taxa real de juros aumente para 5 mas tudo o mais permaneça como na questão a Calcule a razão dívidaPIB em 10 anos c Suponhamos que a taxa de crescimento normal caia para 1 e que a economia cresça à taxa de crescimento normal a cada ano Tudo o mais per manece como na questão a Calcule a razão dívidaPIB em 10 anos Compare sua resposta com a da questão b d Voltemos às hipóteses da questão a Suponhamos que os formuladores de política econômica deci dam que uma razão dívidaPIB superior a 50 seja arriscada Verifique que a redução imediata no déficit primário para 1 e a manutenção desse déficit por 10 anos produzirá uma razão dívida PIB de 50 em 10 anos Depois disso qual valor de déficit primário será necessário para manter a razão dívidaPIB em 50 e Continuando na questão d suponhamos que os formuladores de política econômica espe rem cinco anos antes de mudar a política fiscal Durante cinco anos o déficit primário permanece em 4 do PIB Qual é a razão dívidaPIB em cinco anos Suponhamos que após cinco anos os formuladores de política econômica decidam reduzir a razão dívidaPIB para 50 Nos anos BookBlanchard 1indb 528 241017 1718 Capítulo 22 Política fiscal um resumo 529 6 a 10 qual valor constante do déficit primário produzirá uma razão dívidaPIB de 50 ao final do ano 10 f Suponhamos que os formuladores de política eco nômica implementem a política da questão d ou da questão e Se essas políticas reduzirem a taxa de crescimento do produto por algum tempo como isso afetará o tamanho da redução no déficit primário necessária para atingir uma razão dívida PIB de 50 em 10 anos g Qual política a da questão d ou a da questão e você considera mais arriscada para a esta bilidade da economia 8 A situação fiscal nos Estados Unidos e em outros países Do banco de dados econômicos do FRED no Federal Reserve Bank of St Louis você pode extrair duas séries General Government Gross Debt of the United States GGGDTAUSA188N e uma medida do défi cit primário de todos os governos dos Estados Unidos USAGGXONLBGDP São medidas que incorporam todos os níveis de governo e esses dados são criados pelo Fundo Monetário Internacional FMI Utilizar dados do FMI ou de outras organizações ajuda a fazer uma comparação melhor entre os países Os dados costumam ser apresentados de uma forma menos política a Qual é a razão dívidaPIB dos Estados Unidos no último ano desses dados Descreva a trajetória dessa variável na última década b Qual é a variação da razão dívidaPIB no último ano dos dados A razão dívidaPIB pode cair mesmo que o déficit primário seja positivo c Use as informações sobre a variação na razão dívidaPIB e razão no déficit primário para inferir o termo que falta na Equação 225 no último ano dos dados Seu cálculo faz sentido para você d Dados semelhantes são criados para todos os países Uma fonte conveniente que compara a situação fiscal do setor público nos países do G7 é publicada pelo Departamento de Finanças do Canadá em um documento chamado Fiscal Reference Tables A seção intitulada International Fiscal Comparisons no final do documento apre senta os dados mais recentes Qual das grandes economias tem a maior e a menor razão entre dívida bruta e PIB Qual país tem o maior e o menor déficit como percentual do PIB São défi cits gerais ou déficits primários Leitura adicional A exposição moderna da proposição da equivalência ricardiana encontrase no artigo de Robert Barro Are Government Bonds Net Wealth Journal of Political Economy 1974 vol 82 n 6 p 1095117 A cada ano o Congressional Budget Office CBO dos Estados Unidos publica The Economic and Budget Outlook referente aos anos fiscais correntes e futuros O documento fornece uma apresentação clara e não tendenciosa do orçamento corrente dos Estados Unidos de questões orçamentárias atuais e das tendências do orçamento e está disponível em httpwwwcbogov Para saber mais sobre a hiperinflação alemã leia Steven Webb Hyperinflation and Stabilization in the Weimar Republic Oxford University Press 1989 Uma boa revisão do que os economistas sabem e não sabem sobre hiperinflação é dada em Rudiger Dornbusch Federico Sturzenegger e Holger Wolf Extreme Inflation Dynamics and Stabilization Brookings Papers on Economic Activity 1990 vol 2 p 184 Para uma discussão sobre austeridade fiscal na Europa acesse httpwwwvoxeuorgdebates hasausteritygonetoofar BookBlanchard 1indb 529 241017 1718 C A P Í T U L O 23 Política monetária um resumo A recente crise levou a uma importante reavaliação da política monetária Nas duas décadas anteriores à crise a maioria dos bancos centrais havia convergido para um arcabouço de política monetária chamado regime de metas de inflação fundamentado em dois princípios O primeiro era que o principal objetivo da política monetária consistia em manter a inflação estável e baixa o segundo que a melhor forma de atingir esse objetivo consistia em seguir de modo explícito ou implícito uma regra de taxa de juros a qual permitia que a taxa básica respondesse às oscilações da inflação e da atividade econômica Até a crise esse arcabouço parecia funcionar bem A inflação baixou e permaneceu baixa e estável na maioria dos países As flutuações do produto diminuíram em amplitude O período ficou conhecido como a Grande Moderação Vários pesquisadores buscaram as causas dessa moderação e muitos concluíram que uma política monetária melhor era um dos principais fatores por trás da melhora consolidando o apoio a esse arcabouço de política monetária Então veio a crise E forçou macroeconomistas e autoridades dos bancos centrais a reavaliar ao menos duas dimensões a primeira é o conjunto de questões levantadas pela armadilha de liquidez Quando uma economia atinge o limite inferior zero a taxa básica não pode mais ser usada para aumentar a atividade econômica Isto suscita duas questões primeira a política monetária pode ser conduzida de forma a evitar que se atinja o limite inferior zero Segunda quando a economia está no limite inferior zero há outras ferramentas que o Banco Central pode usar para ajudar a aumentar a atividade O segundo conjunto de questões diz respeito ao mandato do Banco Central e aos instrumentos de política mone tária Desde o começo dos anos 2000 até o início da crise a maioria das economias avançadas parecia se sair bem com crescimento sustentado do produto e inflação estável Contudo como vimos no Capítulo 6 nem tudo corria bem nos bastidores Importantes mudanças ocorriam no sistema financeiro como o grande aumento da alavancagem e a crescente dependência do financiamento no atacado por parte dos bancos Além disso em muitos países houve acentuados aumentos nos preços dos imóveis residenciais Esses fatores acabaram por estar na origem da crise Isto outra vez levanta duas séries de perguntas com vistas ao futuro o Banco Central deveria se preocupar não apenas com inflação e atividade mas também com os preços dos ativos a expansão do mercado de ações a expansão do mercado imobiliário e o risco no setor financeiro E neste caso de quais ferramentas ele dispõe Os objetivos deste capítulo são rever o que aprendemos sobre política monetária até aqui descrever a lógica do regime de metas de inflação e o uso de uma regra de taxa de juros e finalmente discutir onde nos colocamos em relação às questões levantadas pela crise A Seção 231 faz um balanço do que aprendemos até aqui neste livro A Seção 232 descreve o arcabouço do regime de metas de inflação A Seção 233 analisa os custos e benefícios da inflação e mostra as implicações da escolha de uma meta para a taxa de inflação A Seção 234 descreve medidas não convencionais de política monetária adotadas por bancos centrais ao atingirem o limite inferior zero A Seção 235 discute o papel potencial dos Bancos Centrais em assegurar a estabilidade financeira BookBlanchard 1indb 530 241017 1718 Capítulo 23 Política monetária um resumo 531 231 O que aprendemos No Capítulo 4 examinamos a demanda e a oferta de moeda bem como a deter minação da taxa de juros Vimos como o Banco Central pode controlar a taxa básica por meio de mudanças na oferta de moeda Vimos também que quando a taxa básica chega a zero um caso conhecido como armadilha de liquidez ou limite inferior zero mais aumentos na oferta de moeda não exercem qualquer efeito sobre a taxa básica No Capítulo 5 examinamos os efeitos de curto prazo da política monetária sobre o produto Vimos como uma redução na taxa de juros leva a um aumento nos gastos e por sua vez a um aumento no produto Vimos como as políticas monetária e fiscal podem ser usadas para afetar tanto o nível de produto quanto sua composição No Capítulo 6 introduzimos duas distinções importantes entre taxas de juros nominal e real e entre a taxa de empréstimo e a taxa básica A taxa de juros real é igual à taxa de juros nominal menos a inflação esperada A taxa de empréstimo é igual à taxa básica mais um prêmio de risco Vimos que o que importa para as decisões de gastos privados é a taxa de emprés timo real Discutimos como o estado do sistema financeiro afeta a relação entre as taxas básica e de empréstimo No Capítulo 9 analisamos os efeitos da política monetária no médio prazo Vimos que no médio prazo a política monetária não afeta nem o produto nem a taxa de juros real O produto retorna a seu potencial e a taxa de juros real retorna à taxa natural também chamada taxa neutra ou taxa de juros Wickselliana Uma vez que ela não afeta nem o produto nem a taxa de juros real um crescimento da moeda mais elevado provoca apenas uma inflação mais elevada Vimos como o limite inferior zero pode contudo descarrilar esse ajuste Um alto nível de desemprego pode levar à deflação o que no limite inferior zero leva a uma taxa de juros reais mais elevada o que reduz ainda mais a demanda e aumenta o desemprego No Capítulo 14 apresentamos outra importante distinção entre taxas de juros de curto e de longo prazo Vimos que taxas de juros de longo prazo dependem das expectativas de taxas futuras de curto prazo e de um prêmio de longo prazo Vimos como os preços das ações dependem de taxas futuras esperadas de curto prazo dividendos futuros e de um prêmio de risco das ações Vimos no entanto como os preços das ações podem estar sujeitos a bolhas ou modismos fazendo os preços diferirem dos valores fundamentais das ações No Capítulo 16 abordamos os efeitos das expectativas sobre os gastos e o produto bem como o papel da política monetária nesse contexto Vimos que a política monetária afeta a taxa de juros nominal de curto prazo mas que os gastos dependem das taxas de juros reais de curto prazo correntes e futuras esperadas Vimos como os efeitos da política monetária sobre o produto dependem crucialmente de como as expectativas respondem a essa política No Capítulo 19 tratamos dos efeitos da política monetária em uma economia aberta tanto nos mercados de bens quanto nos mercados financeiros Vimos como em uma economia aberta a política monetária afeta os gastos e o produto não somente por meio da taxa de juros mas também pela taxa de câmbio Um aumento da moeda leva a uma redução da taxa de juros e a uma depreciação e ambas elevam os gastos e o produto Vimos como sob taxas de BookBlanchard 1indb 531 241017 1718 532 Macroeconomia câmbio fixas o Banco Central abandona a política monetária como instrumento de política monetária No Capítulo 20 discutimos os prós e os contras de diversos regimes de política monetária a saber taxas de câmbio flexíveis versus taxas de câmbio fixas Vimos como sob taxas de câmbio flexíveis as oscilações nas taxas de juros podem provocar grandes variações nas taxas de câmbio Vimos como sob taxas de câmbio fixas a especulação pode provocar uma crise cambial e uma forte desvalorização Discutimos os prós e os contras da adoção de uma moeda comum como o euro ou mesmo da desistência da política monetária por meio da adoção de um comitê cambial ou da dolarização No Capítulo 21 examinamos os problemas com que se defronta a política macro econômica em geral e a política monetária em particular Vimos que a incerteza sobre os efeitos da política monetária deveria levar a políticas mais cautelosas Vimos que até formuladores de políticas beminten cionados às vezes podem não fazer o que é melhor e que há necessidade de lhes impor restrições Analisamos também os benefícios de ter um Banco Central independente e nomear um presidente conservador para a instituição Neste capítulo estendemos a análise para examinar primeiro o arcabouço do regime de metas de inflação vigente antes da crise e a seguir os desafios à política monetária levantados pela crise 232 Das metas de agregados monetários ao regime de metas de inflação Podese pensar nas metas de política monetária como duas a primeira consiste em manter a inflação estável e a segunda em estabilizar o produto em torno de seu potencial para evitar ou ao menos limitar recessões ou expansões Metas de agregados monetários Até a década de 1980 a estratégia era escolher uma meta de crescimento de moeda e permitir desvios da meta em função da atividade A lógica era simples Uma meta baixa para a taxa de crescimento de moeda implicava uma baixa taxa média de inflação Nas recessões o Banco Central poderia aumentar o crescimento de moeda causando uma redução nas taxas de juros e um aumento no produto Em períodos de expansão o Banco Central poderia diminuir o crescimento de moeda provocando um aumento nas taxas de juros e uma desaceleração no produto Essa estratégia não funcionou bem Em primeiro lugar a relação entre crescimento de moeda e inflação acabou se revelando frouxa até mesmo no médio prazo Isto é mostrado na Figura 231 que traça as médias de 10 anos da taxa de inflação dos Estados Unidos em relação às médias de 10 anos da taxa de crescimento de moeda de 1970 até a crise como ler a figura os números da inflação e do crescimento de moeda para 2000 por exemplo são a taxa de inflação média e a taxa de crescimento de moeda de 1991 a 2000 A taxa de inflação é calculada com base no índice de preços ao consumidor IPC A taxa de crescimento de moeda nominal é formada utilizandose a soma do papelmoeda e dos depósitos à vista conhecida como M1 como a medida do estoque de moeda A razão para usar médias de 10 anos deve ser clara No curto prazo as variações no crescimento de moeda nominal afetam principalmente o produto em vez da inflação É apenas no médio prazo que uma relação entre o crescimento de moeda nominal e a inflação deve surgir Tomar as médias BookBlanchard 1indb 532 241017 1718 Capítulo 23 Política monetária um resumo 533 de 10 anos do crescimento de moeda nominal e da inflação é um meio de detectar tal relação de médio prazo A razão para parar na crise é que como vimos no Capítulo 4 quando uma economia atinge o limite inferior zero o que ocorreu com a economia dos EUA no final de 2008 aumentos na oferta monetária deixam de exercer efeito sobre a taxa básica e por implicação o Banco Central não é mais capaz de afetar o produto e a inflação portanto queremos excluir o período durante o qual a economia dos Estados Unidos esteva presa ao limite inferior zero A Figura 231 mostra que para os Estados Unidos a relação entre crescimento de M1 e inflação não era rígida É verdade que ambos subiram na década de 1970 e caíram mais tarde Mas note como a inflação começou a baixar no início da década de 1980 enquanto o crescimento de moeda nominal permaneceu alto por mais uma década e só baixou nos anos 1990 A inflação média de 1981 a 1990 caiu para 4 e o crescimento médio de moeda no mesmo período ainda estava em 75 Em segundo lugar a relação entre oferta de moeda e taxa de juros no curto prazo também acabou por se revelar não confiável Uma dada diminuição no crescimento de moeda em resposta por exemplo a uma baixa atividade pode levar a diferentes efeitos sobre a taxa de juros tornando o crescimento de moeda um instrumento pouco confiável para afetar demanda e produto Ambos os problemas a fraca relação entre crescimento de moeda e inflação no médio prazo e a fraca relação entre taxa de juros e oferta de moeda no curto prazo tiveram a mesma origem qual seja nos deslocamentos na demanda por moeda Um exemplo vem a calhar Suponhamos que como resultado da introdução de cartões de crédito as pessoas decidam manter apenas a metade da quantia de dinheiro que portavam antes em outras palavras a demanda real por moeda cai pela metade No curto prazo a um determinado nível de preços essa queda acentuada na demanda por moeda provocará uma queda acentuada na taxa de juros Em outras palavras veremos uma queda acentuada na taxa de juros sem nenhuma mudança na oferta de moeda No médio prazo a uma determinada taxa de juros o nível de preços se ajustará e o estoque real de moeda acabará por cair pela metade Para um dado estoque nominal de Figura 231 Crescimento de M1 e inflação médias de 10 anos de 1970 à crise Não existe uma relação estreita entre o crescimento de M1 e a inflação mesmo no médio prazo 0 2 4 6 8 10 1970 1975 1980 1985 1990 1995 2000 2005 Porcentagem por ano Infação Crescimento de M1 Fonte séries CPIAUSL e M1SL Federal Reserve Economic Data FRED Disponível em httpresearchstlouisfedorg fred2 Acesso em 30 ago 2017 BookBlanchard 1indb 533 241017 1718 Capítulo 23 Política monetária um resumo 535 Esse resultado é um ponto de referência útil embora muito forte A vida não é tão agradável assim A principal objeção é que como vimos no Capítulo 8 a relação da curva de Phillips está longe de ser exata Há momentos em que a inflação pode estar acima da meta e o produto abaixo do potencial reintroduzindo um tradeoff entre os dois objetivos O Banco Central deve então decidir se se concentra na redução da inflação e adota uma política monetária mais restritiva ou se se con centra no aumento do produto e adota uma política monetária mais expansionista Então embora alguns bancos centrais tenham recebido um único mandato nome adamente uma inflação estável e baixa outros como o Fed dos Estados Unidos têm duplo mandato alcançar uma inflação tanto estável quanto baixa e manter o produto próximo do potencial Além disso todos os bancos centrais adotaram o que é chamado de regime flexível de metas de inflação Pelas razões discutidas no Capítulo 21 a incerteza sobre os efeitos da taxa de juros sobre o produto e por sua vez sobre a inflação os Bancos Centrais não tentam voltar a atingir a meta de inflação imediatamente Ao contrário ajustam a taxa de juros para retornar à meta para a taxa de inflação ao longo do tempo Passemos agora à regra da taxa de juros associada ao regime de metas de inflação A regra da taxa de juros A inflação não está sob controle direto do Banco Central A taxa básica sim Assim a questão é como definir essa taxa de modo a atingir a meta para a taxa de inflação A resposta é simples Quando a inflação é superior à meta aumen tar a taxa para reduzir a pressão sobre os preços quando está abaixo da meta reduzir a taxa básica Com isso em mente na década de 1990 John Taylor da Universidade de Stanford sugeriu a seguinte regra para a taxa básica conhecida como a regra de Taylor Seja t a taxa de inflação e a meta para a taxa de inflação Seja it a taxa de juros isto é a taxa de juros nominal controlada pelo Banco Central e i a meta para a taxa de juros nominal a taxa de juros nominal associada à taxa de juros neutra rn e a meta para a taxa de inflação portanto i rn Seja ut a taxa de desemprego e un a taxa de desemprego natural Consideremos que é o Banco Central que escolhe a taxa de juros nominal i Lembramos do Capítulo 4 que por meio das operações de mercado aberto e ignorando a armadilha de liquidez o Banco Central pode atingir qualquer taxa de juros nominal de curto prazo que desejar Segundo Taylor o Banco Central deve usar a seguinte regra it i a1pt p2 b1ut un2 em que a e b são coeficientes positivos escolhidos pelo Banco Central Vejamos o que diz a regra Se a inflação for igual à meta de inflação t e a taxa de desemprego igual à taxa natural de desemprego ut un o Banco Central deverá definir a taxa de juros nominal it igual à meta para o seu valor i Dessa forma a economia pode permanecer no mesmo caminho com a inflação igual à meta para a taxa de inflação e o desemprego igual à sua taxa natural Se a inflação for superior à meta t o Banco Central deverá elevar a taxa de juros nominal it acima de i Essa taxa de juros mais alta acarretará um aumento no desemprego e esse aumento acarretará uma queda na inflação O BookBlanchard 1indb 535 241017 1718 Capítulo 23 Política monetária um resumo 541 Consideremos duas economias ambas com uma taxa de juros real natural de 2 Na primeira economia o Banco Central mantém uma taxa média de inflação de 4 assim a taxa de juros nominal é em média igual a 2 4 6 Na segunda economia o Banco Central mantém uma taxa média de inflação de 0 assim a taxa de juros nominal é em média igual a 2 0 2 Suponhamos que ambas as economias sejam atingidas por um choque adverso semelhante que leve a uma dada taxa de juros à redução dos gastos e à redução do produto no curto prazo Na primeira economia o Banco Central pode baixar a taxa de juros nominal de 6 para 0 antes de atingir a armadilha de liquidez assim alcançando uma redução de 6 Sob a hipótese de que a inflação esperada não se altera de imediato e permanece igual a 4 a taxa de juros real diminui de 2 para 4 Isso provavelmente exercerá um forte efeito positivo sobre os gastos e ajudará a economia a se recuperar Na segunda economia o Banco Central só pode diminuir a taxa de juros nominal de 2 para 0 ou seja uma redução de 2 Sob a hipótese de que a inflação esperada não se altere de imediato e permaneça igual a 0 a taxa de juros real cai somente 2 de 2 para 0 Essa pequena redução na taxa de juros real pode não elevar muito os gastos Em resumo uma economia com maior taxa média de inflação tem mais oportuni dades de usar a política monetária para combater uma recessão Uma economia com baixa taxa média de inflação pode se tornar incapaz de usar a política monetária para fazer o produto voltar a seu nível natural Como vimos no Capítulo 6 essa possibilidade está longe de ser meramente teórica No início da crise os bancos centrais atingiram rapidamente o limite inferior zero incapazes de baixar mais as taxas de juros Com essa experiência em mente a questão é saber se isso deveria levar os bancos centrais a optar por uma inflação média mais elevada no futuro Alguns economistas argumentam que a crise recente é um acontecimento excepcional que é pouco provável que os países enfrentem uma armadilha de liquidez novamente no futuro e que portanto não há necessidade de adotar uma taxa média de inflação mais alta Outros argumentam que os problemas enfrentados por um país em uma armadilha de liquidez são tão graves que devemos evitar o risco de isso voltar a ocorrer e que uma taxa de inflação mais alta realmente se justifica O indiscutível porém é que uma inflação permanentemente baixa reduz a capacidade de o Banco Central afetar a taxa de juros real Taxa de inflação ótima o debate atual No estágio atual a maioria dos bancos centrais em economias avançadas tem uma meta de inflação de cerca de 2 Eles estão contudo sendo desafiados em duas frentes alguns economistas almejam a estabilidade de preços isto é inflação de 0 outros querem em vez disso uma meta de taxa de inflação mais alta algo em torno de 4 Os que almejam 0 argumentam que essa é uma meta muito diferente de qualquer outra ela corresponde à estabilidade de preços Isto é desejável por si só Saber que o nível de preços será aproximadamente o mesmo daqui a 10 ou 20 anos simplifica diversas decisões complicadas e elimina o alcance da ilusão monetária Além disso dado o problema de consistência temporal com que os bancos centrais se defrontam discutido no Capítulo 21 a credibilidade e a simplicidade da meta para a taxa de inflação são importantes Alguns economistas e dirigentes de bancos centrais acreditam que a estabilidade de preços isto é uma meta de 0 pode atingir esses objetivos melhor que uma meta para a taxa de inflação de 2 Até aqui no entanto nenhum Banco Central chegou a adotar uma meta de inflação de 0 BookBlanchard 1indb 541 241017 1718 Capítulo 23 Política monetária um resumo 543 Fed começou a comprar títulos do Tesouro de prazos mais longos com o objetivo de diminuir o prêmio sobre esses títulos O terceiro programa de afrouxamento quantitativo QE3 iniciouse em setembro de 2012 com a compra adicional de títulos garantidos por créditos hipotecários para baixar o custo das hipotecas e ajudar ainda mais o mercado imobiliário a se recuperar Muitas pesquisas têm sido feitas para avaliar a eficácia do afrouxamento quan titativo na redução de prêmios de risco Existe amplo consenso de que o QE1 fez uma grande diferença Ao intervir em um mercado que se tornara disfuncional a intervenção do Fed limitou o aumento nos prêmios Os efeitos do QE2 e do QE3 pelos quais o Fed interveio nos mercados que já não estavam disfuncionais são mais controversos É amplamente aceito que reduziram o prêmio de longo prazo de títulos públicos A questão é em quanto A avaliação geral das políticas de afrouxamento quantitativo nos Estados Unidos e em outras partes é que elas exerceram algum efeito sobre as taxas de empréstimos e portanto a política monetária ainda poderá surtir algum efeito sobre a atividade mesmo no limite inferior zero Mas também há amplo consenso de que elas atuam de forma mais complicada e menos confiável que a política monetária convencio nal Em outras palavras o limite inferior zero pode não tornar a política monetária impotente mas certamente limita sua eficiência Como resultado dessas políticas o balanço do Fed é muito maior do que antes da crise A Figura 232 mostra a evolução da base monetária nome dado à moeda do Banco Central desde 2005 Podese ver como até a crise ela era relativamente plana e como aumentou em decorrência do afrouxamento quantitativo de 850 bilhões de dólares ou cerca de 66 do PIB em setembro de 2008 para 4000 bilhões de dólares ou cerca de 22 do PIB no momento da produção deste livro Um dos principais problemas enfrentados pelo Fed nos próximos anos é a taxa à qual pretende reduzir seu balanço e se deseja voltar ao tamanho e à composição do balanço que tinha antes da crise Nesta fase os bancos estão dispostos a manter a maior parte do aumento da oferta de moeda sob a forma de excesso de reservas no Banco Central Dado que a taxa básica é igual a zero os bancos são indiferentes entre a detenção de reservas ou de títulos de curto prazo Quando o Fed começar a elevar a taxa básica e o Banco Central quiser que os bancos continuem a deter essas reservas em excesso terá de pagar juros sobre elas Figura 232 Evolução da base monetária dos Estados Unidos de 2005 a 2015 Como resultado do afrouxamento quantitativo a base monetária mais que quadruplicou entre 2005 e 2015 0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 4500 01012005 01072005 01012006 01072006 01012007 01072007 01012008 01072008 01012009 01072009 01012010 01072010 01012011 01072011 01012012 01072012 01012013 01072013 01012014 01072014 01012015 01072015 Bilhões de dólares BookBlanchard 1indb 543 241017 1718 544 Macroeconomia 235 Política monetária e estabilidade financeira Quando a crise financeira começou os Bancos Centrais viramse diante não somente de um acentuado declínio da demanda mas também de graves problemas no sistema financeiro Como vimos no Capítulo 6 o declínio nos preços dos imóveis residenciais havia sido o gatilho da crise que foi então amplificada por falhas no sistema financeiro A opacidade dos ativos suscitou dúvidas quanto à solvência das instituições financeiras Essas dúvidas levaram por sua vez a corridas aos bancos com os investidores tentando recuperar seus fundos forçando queimas de estoque e gerando mais dúvidas sobre a solvência A primeira questão urgente que os bancos centrais enfrentaram foi portanto quais medidas tomar além das já descritas nas seções anteriores A segunda questão era saber se e como no futuro a política monetária deveria tentar minimizar a probabilidade de outra crise financeira desse porte A seguir analisaremos ambas as questões separadamente Provisão de liquidez e emprestador em última instância Há muito tempo os bancos centrais sabem sobre as corridas bancárias Como vimos no Capítulo 6 a estrutura do balanço dos bancos os expõe às corridas Muitos de seus ativos como os empréstimos são ilíquidos Muitos de seus passivos como os depósitos à vista são líquidos Como seu nome indica os depósitos à vista em particular podem ser sacados à vista Portanto preocupações infundadas ou não por parte dos correntistas podem leválos a querer sacar seus fundos forçando o banco a fechar ou vender os ativos a preços de queima de estoque Em muitos países duas medidas foram tradicionalmente tomadas para limitar tais corridas Seguro de depósito que dão aos investidores a confiança de que vão recuperar seus fundos mesmo que o banco esteja insolvente de modo a não incentivar uma corrida aos bancos E caso a corrida realmente aconteça a provisão de liquidez pelo Banco Central para o banco em troca de alguma garantia ou seja de alguns dos ativos do banco Desse modo o banco pode obter a liquidez de que precisa para pagar os depositantes sem ter de vender os ativos Essa função do Banco Central é conhecida como emprestador em última instância e tem sido uma das funções do Fed desde sua criação em 1913 O que a crise mostrou no entanto foi que os bancos não eram as únicas institui ções financeiras sujeitas às corridas Qualquer instituição cujos ativos sejam menos líquidos que seus passivos está exposta a riscos semelhantes aos de uma corrida Se os investidores querem seus fundos de volta pode ser difícil para a instituição financeira obter a liquidez de que necessita Dada a urgência durante a crise o Fed estendeu a provisão de liquidez a instituições financeiras não bancárias Ele não tinha muita escolha mas com vistas ao futuro a questão é quais devem ser as regras quais instituições podem esperar receber liquidez do Banco Central e quais não podem A questão está longe de ser resolvida Os Bancos Centrais querem realmente prover liquidez a instituições que não estão sob sua regulamentação Ferramentas macroprudenciais A partir de meados da década de 2000 o Fed passou a se preocupar com o aumento nos preços dos imóveis residenciais Mas o Fed e outros bancos centrais que enfrentavam aumentos semelhantes estavam relutantes em intervir Isto por uma série de razões primeiro achavam difícil avaliar se os aumentos de preços refletiam aumentos nos fundamentos por exemplo taxas de juros baixas ou uma bolha isto é aumentos de preços acima dos justificados pelos fundamentos Em segundo lugar receavam que um aumento na taxa de juros embora pudesse estancar o aumento BookBlanchard 1indb 544 241017 1718 548 Macroeconomia Palavraschave afrouxamento de crédito 542 afrouxamento quantitativo 542 Basileia II 547 Basileia III 547 bracket creep 538 coincidência divina 534 controles de capital 547 custos de sola de sapato 537 emprestador em última instância 544 ferramentas macroprudenciais 546 Grande Moderação 530 ilusão monetária 538 investimento direto estrangeiro 547 M1 532 política monetária convencional 542 política monetária não convencional 542 QE1 542 QE2 542 QE3 543 quota de financiamento ou LTV máximo 546 regime de metas de inflação 530 regime flexível de metas de inflação 535 regra da taxa de juros 535 regra de Taylor 535 Questões e problemas Teste rápido 1 Usando as informações contidas neste capítulo diga se cada afirmação a seguir é verdadeira falsa ou incerta Explique brevemente a O argumento mais importante a favor de uma taxa de inflação positiva nos países da OCDE é a senhoriagem b O combate à inflação deveria ser o único obje tivo do Fed Resumo Até a década de 1980 o esquema de política mone tária concentravase no crescimento da moeda nominal Mas em virtude da relação deficiente entre inflação e crescimento da moeda nominal essa abordagem acabou sendo abandonada pela maioria dos Bancos Centrais Os Bancos Centrais agora se concentram em uma meta para a taxa de inflação em vez de uma meta para a taxa de crescimento da moeda nominal E pensam na política monetária em termos da deter minação da taxa de juros nominal e não da deter minação da taxa de crescimento da moeda nominal A regra de Taylor indica uma forma útil de refletir sobre a escolha da taxa de juros nominal A regra afirma que o Banco Central deve alterar a taxa de juros em resposta a dois fatores principais o desvio da taxa de inflação em relação à meta para essa taxa e o desvio da taxa de desemprego em relação à sua taxa natural Um Banco Central que seguir essa regra estabilizará a atividade e atingirá sua meta para a taxa de inflação no médio prazo A taxa ótima de inflação depende dos custos e bene fícios da inflação Uma inflação mais elevada provoca mais distorções em especial quando interage com o sistema tributário Mas uma inflação mais elevada que implica taxas de juros nominais médias mais ele vadas diminui a probabilidade de se atingir o limite inferior zero um limite que se revelou custoso na crise mais recente Quando economias avançadas atingem o limite infe rior zero seus Bancos Centrais exploram instrumen tos de política monetária não convencionais como o afrouxamento quantitativo Essas políticas atuam por meio dos efeitos das compras do Banco Central sobre os prêmios de risco associados a diferentes ativos Essas aquisições levaram a grandes aumentos nos balanços dos Bancos Centrais Um problema para o futuro é se os Bancos Centrais devem reduzir esses balanços e se essas medidas não convencionais devem ser usadas em tempos normais A crise mostrou que uma inflação estável não é condição suficiente para a estabilidade macroe conômica Isso leva os Bancos Centrais a explorar o uso de ferramentas macroprudenciais Essas ferramentas podem em princípio ajudar a limi tar bolhas controlar o crescimento do crédito e minimizar o risco no sistema financeiro A melhor maneira de usálas entretanto ainda é pouco compreendida e um dos desafios enfrentados pela política monetária na atualidade BookBlanchard 1indb 548 241017 1718 Capítulo 23 Política monetária um resumo 549 c A inflação e o crescimento da moeda moveramse em conjunto no período de 1970 a 2009 d Como a maioria das pessoas tem pouca dificul dade em distinguir valores nominais e reais a inflação não distorce a tomada de decisão e A maioria dos Bancos Centrais do mundo tem uma meta de inflação de 4 f Quanto maior a taxa de inflação maior a alíquota de imposto efetiva sobre ganhos de capital g A regra de Taylor descreve como os bancos cen trais ajustam a taxa de juros durante períodos de recessão e expansão h Era esperado que o limite inferior zero da taxa de juros nominal fosse uma característica regular da política monetária quando os regimes de metas de inflação começaram a ser adotados i O afrouxamento quantitativo referese às com pras de ativos por parte do Banco Central com a intenção de afetar diretamente o rendimento desses ativos j Na crise os Bancos Centrais ofereceram liquidez a instituições financeiras que não eram regulamen tadas por eles k Uma consequência da crise foi uma maior exigên cia de capital e um regime regulatório mais amplo para os bancos 2 Rompimento da ligação entre crescimento da moeda e inflação no médio prazo A relação de demanda por moeda no Capítulo 4 é usada implicitamente na Figura 231 Essa relação é M P Y L1i2 O Banco Central em conjunto com as autoridades políticas determina uma meta de inflação a Derive a meta de taxa de juros nominal em um equilíbrio de médio prazo b Considere o equilíbrio de médio prazo em que o produto potencial não cresce Derive a relação entre crescimento da moeda e inflação Explique c Considere agora o equilíbrio de médio prazo em que o produto potencial cresce a 3 ao ano A seguir derive a relação entre crescimento da moeda e inflação Você espera que a infla ção seja maior ou menor que o crescimento da moeda Explique d Considere a Figura 231 Examine primeiro o período que termina em torno de 1995 Como seus resultados nos itens b e c se relacionam com isso e Concentrese no caso em que toda moeda é papel moeda Podemos então pensar na demanda por moeda como demanda por papelmoeda você pode consultar novamente o apêndice do Capítulo 4 se necessário Nos últimos 50 anos i Caixas automáticos permitiram o saque de dinheiro fora do horário bancário regular ii O uso de cartões de crédito para compras foi amplamente expandido iii O uso de cartões de débito para compras aumentou muito iv Mais recentemente a tecnologia permitiu pequenas compras por cartões de crédito e débito aproximandose o cartão a um terminal de pagamento próximo à caixa registradora Como cada uma dessas inovações afeta a demanda por moeda f A base de dados do FRED no Federal Reserve Bank of St Louis tem uma série para moeda MBCURRCIR Faça o download desta e da série para o PIB nominal PIB Calcule a razão da moeda em relação ao PIB nominal Como essa série se comporta de 1980 a 2015 Isso é uma sur presa Quem mais além de famílias e empresas detém moeda nos Estados Unidos 3 Metas de inflação Consideremos um Banco Central que tenha uma meta de inflação Estudamos duas versões da curva de Phillips no Capítulo 9 A curva de Phillips geral é pt pt e a1ut un2 A primeira versão da curva de Phillips no Capítulo 9 foi pt pt 1 a1ut un2 A segunda versão da curva de Phillips no Capítulo 9 foi pt pQ a1ut un2 a Em que diferem as duas versões da curva de Phillips b Em princípio o Banco Central pode em qualquer das versões manter a taxa de inflação efetiva no período t igual à meta de inflação em cada perío do Como o Banco Central executa essa tarefa c Suponhamos que a taxa de inflação esperada seja ancorada não se mova e igual à meta da taxa de inflação isto é Como essa situação facilita a tarefa do Banco Central d Suponhamos que a taxa de inflação esperada seja a taxa de inflação do último período em vez da meta para a taxa de inflação Como isso dificulta a tarefa dos Bancos Centrais e Use sua resposta aos itens c e d para respon der à pergunta por que a credibilidade do Banco Central sobre a meta de inflação é tão útil BookBlanchard 1indb 549 241017 1718 550 Macroeconomia f Na questão b afirmamos que o Banco Central sempre pode atingir sua meta de inflação Isto é provável na prática g Um problema específico enfrentado pelo Banco Central é que a taxa natural de desemprego não é conhecida com certeza Suponhamos que a taxa natural de desemprego un varie com frequência Como essas variações afetarão a capacidade de o Banco Central atingir sua meta de inflação Explique 4 Títulos indexados e incerteza acerca da inflação No Capítulo 14 no quadro Foco O vocabulário do mercado de títulos introduzimos o conceito de um título indexado à inflação Embora esses títulos normalmente sejam de longo prazo o exemplo a seguir compara uma letra do Tesouro de um ano com uma letra do Tesouro também de um ano indexada à inflação a Uma letra do Tesouro padrão de um ano valendo US 100 promete pagar US 100 em um ano e é vendida hoje por PB a notação é do Capítulo 4 Qual é a taxa de juros nominal da letra b Suponhamos que o nível de preços seja P hoje e P1 no próximo ano e que o título seja vendido hoje por PB Qual é a taxa de juros real da letra c Uma letra do Tesouro indexada paga mais no pró ximo ano para compensar a inflação entre a data de emissão e a de pagamento Se a letra for emitida hoje quando o índice de preços é 100 qual será o pagamento no próximo ano se o índice subir para 110 Qual é a taxa de juros real de uma letra inde xada que é vendida por PB hoje d Se você fosse um investidor manteria títulos inde xados ou não indexados 5 Explicando a política monetária não convencional Foi observado no texto que além de letras do Tesouro o Federal Reserve comprou grandes montantes de títulos garantidos por créditos hipotecários e títulos públicos de longo prazo como parte do afrouxamento quantitativo A Figura 232 mostra que a partir do final de 2015 havia cerca de 45 trilhões de dólares de ativos na base monetária Esses ativos estavam distri buídos aproximadamente como 02 trilhão de títulos do Tesouro com menos de um ano até o vencimento 22 trilhões de títulos do Tesouro com prazo superior a um ano e 17 trilhão de dólares em títulos garantidos por créditos hipotecários a Por que o Federal Reserve Board comprou títulos garantidos por créditos hipotecários b Por que o Federal Reserve Board comprou títulos do Tesouro de longo prazo c Quais consequências você preveria da seguinte operação do Federal Reserve Board venda de 05 trilhão em títulos garantidos por créditos hipo tecários e compra de 05 trilhão em títulos do Tesouro com menos de um ano até o vencimento d Quais consequências você preveria da seguinte operação do Federal Reserve Board venda de 05 trilhão em títulos do Tesouro com vencimento supe rior a um ano e compra de 05 trilhão em títulos do Tesouro com menos de um ano até o vencimento 6 A razão LTV máxima A maioria dos mutuários compra a casa própria com uma combinação de pagamento em dinheiro e hipoteca A razão LTV é uma regra que estabelece o empréstimo hipo tecário máximo permitido para a compra de um imóvel a Se uma casa custa US 300000 e a razão LTV máxima é de 80 como na Dinamarca qual é a entrada mínima a ser paga b Se a razão LTV máxima for reduzida como isso afetará a demanda por casas próprias c No Capítulo 14 fizemos referência ao The Economist House Price Index Localize este índice e observe o comportamento dos preços de imó veis residenciais no Canadá e nos Estados Unidos de 1970 a 2015 Em 10 de dezembro de 2015 o Ministro das Finanças do Canadá anunciou um aumento no valor mínimo da entrada em qualquer porção de uma hipoteca acima de US 500000 O anúncio pode ser encontrado em httpwww fingccan1515088engasp Por que essa ação foi tomada Você viu algum efeito sobre os preços dos imóveis no Canadá O que você conclui Aprofundando 7 Impostos inflação e casa própria Neste capítulo discutimos o efeito da inflação sobre a alíquota de imposto efetiva sobre ganhos de capital na venda de um imóvel Nesta questão exploramos o efeito da inflação sobre outro aspecto da legislação tributária a dedução dos juros sobre hipotecas Suponhamos que você tenha uma hipoteca de US 50000 A inflação esperada é e e a taxa de juros nominal sobre sua hipoteca é i Consideremos dois casos i e 0 i 4 ii e 10 i 14 a Qual é a taxa de juros real que você está pagando sobre sua hipoteca em cada caso b Suponha que você possa deduzir os pagamentos de juros nominais da hipoteca antes de pagar o BookBlanchard 1indb 550 241017 1718 Capítulo 23 Política monetária um resumo 551 imposto de renda como ocorre nos Estados Unidos Suponha que a alíquota tributária seja de 25 Portanto para cada dólar que você paga como juros da hipoteca paga 25 centavos a menos de imposto na realidade recebendo um subsídio do governo para o custo de sua hipoteca Calcule em cada caso a taxa de juros real que você paga sobre sua hipoteca levando em conta esse subsídio c Considerandose apenas a dedução dos juros da hipoteca e não a tributação dos ganhos de capital a inflação é boa para os proprietários de imóveis nos Estados Unidos 8 Suponhamos que você tenha sido eleito para o Congresso Um dia um de seus colegas faz a seguinte declaração O presidente do Fed é o formulador de política econô mica com maior poder nos Estados Unidos Não devemos entregar as chaves da economia para alguém que não foi eleito e que portanto não presta contas à população O Congresso deveria impor ao Fed uma regra de Taylor explícita O Congresso deveria escolher não somente a meta para a taxa de inflação mas o peso relativo das metas de inflação e de desemprego Por que as preferências de um indivíduo deveriam substituir o desejo da população expresso por meio de processo democrático e legislativo Você concorda com seu colega Discuta as vantagens e desvantagens de impor ao Fed uma regra de Taylor explícita Explorando mais 9 A frequência do limite inferior zero ao redor do mundo Use o banco de dados FRED no Federal Reserve Bank of St Louis para encontrar as taxas de juros nominais médias mensais para cinco players principais A série dessas taxas é Estados Unidos fundos federais FEDFUNDS Reino Unido INTDSRGBM193N Banco Central Europeu que abrange Itália França e que Alemanha taxa imediata em euros IRSTCI01EZM156N Banco do Japão taxa imediata em iene IRSTCI01JPM156N Banco do Canadá taxa imediata IRSTCB01CAM156N Qual desses Bancos Centrais passou um período sig nificativo de tempo no limite inferior zero desde 2000 10 Política monetária atual O Problema 10 no Capítulo 4 pediu que você conside rasse a postura atual da política monetária Aqui pedimos que você faça isso novamente mas com o conhecimento adicional de política monetária que adquiriu neste e em capítulos anteriores Acesse o site do Federal Reserve Board of Governors wwwfederalreservegov e baixe o mesmo comu nicado para a imprensa que você viu no Capítulo 4 caso tenha respondido ao Problema 10 ou o comuni cado mais recente do Federal Open Market Committee FOMC a Qual é a postura da política monetária descrita no comunicado para a imprensa b Existe evidência de que ao FOMC leva em conta tanto a inflação quanto o desemprego ao fixar a política para a taxa de juros como seria ditado pela regra de Taylor c A linguagem do comunicado faz referência explí cita a uma meta de inflação d A linguagem levanta quaisquer questões rela cionadas à regulamentação macroprudencial de instituições financeiras Leitura adicional Para conhecer uma das primeiras definições do regime de metas de inflação leia Inflation Targeting A New Framework for Monetary Policy de Ben Bernanke e Frederic Mishkin Journal of Economic Perspectives 1997 vol 11 primavera p 97116 Este artigo foi escrito por Ben Bernanke antes de assumir a presidência do Fed Para saber mais detalhes institucionais sobre como o Fed realmente opera acesse httpwwwfederalre servegovaboutthefeddefaulthtm Uma visão cronológica dos desenvolvimentos financeiros e das ações do Fed de 2008 a 2011 é dada em httpwwwnytimescominterac tive20080927businesseconomy20080927 WEEKSTIMELINEhtml Uma boa e longa leitura The description of the pro blems in the financial sector and of US monetary policy during the crisis by the Chairman of the Fed himself in The Courage to Act de Ben Bernanke WW Norton Co Inc 2015 BookBlanchard 1indb 551 241017 1718 C A P Í T U L O 24 Epílogo a história da macroeconomia Passamos os 23 capítulos anteriores apresentando o arcabouço que a maioria dos economistas usa para refletir sobre assuntos macroeconômicos as principais conclusões que tiram e os assuntos sobre os quais discordam O modo como esse arcabouço foi construído ao longo do tempo é uma história fascinante E é essa história que pretendemos contar neste capítulo A Seção 241 começa com os primórdios da macroeconomia moderna Keynes e a Grande Depressão A Seção 242 trata da síntese neoclássica um resumo das ideias de Keynes com as de economistas anteriores que dominou a macroeconomia até o início da década de 1970 A Seção 243 descreve a crítica das expectativas racionais o forte ataque à síntese neoclássica que levou a uma completa revisão da macroeconomia a partir da década de 1970 A Seção 244 fornece uma impressão sobre as principais linhas de pesquisa em macroeconomia até a crise A Seção 245 dá o primeiro passo na avaliação dos efeitos da crise sobre a macroeconomia 241 Keynes e a Grande Depressão A história da macroeconomia moderna começa em 1936 com a publicação de Teoria geral do emprego do juro e da moeda de John Maynard Keynes Enquanto escrevia o livro Keynes confidenciou a um amigo Acredito estar escrevendo um livro sobre teoria econômica que revolucionará em grande parte suponho que não de uma vez mas no decorrer dos próximos dez anos a maneira como o mundo pensa sobre os problemas econômicos Keynes estava certo O momento em que o livro surgiu foi certamente um dos motivos do seu sucesso imediato A Grande Depressão não constituiu apenas uma catástrofe econômica mas também um fracasso intelectual para os economistas que trabalhavam com a teoria dos ciclos econômicos como a macroeconomia era então chamada Poucos economistas tinham uma explicação coerente para a Depressão fosse para sua profundidade fosse para sua extensão As medidas econômicas adotadas pelo governo Roosevelt como parte do New Deal baseavamse mais na intuição que na teoria econômica A Teoria geral ofereceu uma interpretação dos acontecimentos um arcabouço intelectual e um argumento claro a favor da intervenção governamental A Teoria geral enfatizava a demanda efetiva o que chamamos hoje de demanda agregada No curto prazo argumentou Keynes a demanda efetiva determina o produto Mesmo se o produto finalmente retorna a seu nível natural o processo na melhor das hipóteses será lento Uma das citações mais famosas de Keynes é No longo prazo estaremos todos mortos John Maynard Keynes BettmannCorbis BookBlanchard 1indb 552 241017 1718 Capítulo 24 Epílogo a história da macroeconomia 553 No processo de derivação da demanda efetiva Keynes introduziu muitos dos elementos básicos da macroeconomia moderna A relação entre o consumo e a renda e o multiplicador que explica como os cho ques de demanda podem ser amplificados e levar a grandes alterações no produto A preferência pela liquidez o termo que Keynes utilizou para a demanda por moeda que explica como a política monetária pode afetar as taxas de juros e a demanda agregada A importância das expectativas ao afetar o consumo e o investimento a ideia de que o instinto animal alterações nas expectativas constitui um fator importante por trás das alterações na demanda e no produto A Teoria geral foi mais que um tratado para economistas Teve implicações claras em termos de política econômica que estavam em sintonia com a época aguardar que a economia se recuperasse por si própria era irresponsável Em meio a uma depressão tentar equilibrar o orçamento era não somente estúpido mas também arriscado O uso ativo da política fiscal era essencial para fazer que o país retomasse os altos níveis de emprego 242 A síntese neoclássica Em poucos anos a Teoria geral transformou a macroeconomia Nem todos se converteram e poucos concordaram com tudo No entanto a maioria das discussões girou em torno dela Em princípios da década de 1950 surgiu um amplo consenso baseado na inte gração de muitas das ideias de Keynes com as de seus antecessores Esse consenso foi chamado de síntese neoclássica Citando Paul Samuelson na edição de 1955 de seu livro Economics o primeiro manual de economia moderna Em anos recentes 90 dos economistas norteamericanos deixaram de ser economistas keynesianos ou economistas antikeynesianos Em vez disso trabalharam na direção de uma síntese do que tem valor tanto na economia mais antiga quanto nas teorias modernas de determinação da renda O resul tado pode ser chamado de economia neoclássica e é aceito em linhas gerais por todos os autores excetuandose uns 5 de escritores de extremaesquerda ou de extremadireita A síntese neoclássica permaneceria como a visão dominante por mais 20 anos O progresso foi espantoso levando muitos a chamar o período do início da década de 1940 até o início da década de 1970 de era de ouro da macroeconomia Progresso em todas as frentes A primeira tarefa após a publicação da Teoria geral foi formalizar matematica mente o que Keynes queria dizer Embora soubesse matemática ele evitou usála em sua obra O resultado disso foram as intermináveis controvérsias sobre o que Keynes queria dizer e se havia falhas lógicas em alguns de seus argumentos O modelo ISLM Surgiram diversas formalizações das ideias de Keynes A mais influente foi o modelo ISLM desenvolvido por John Hicks e Alvin Hansen na década de 1930 e início da de 1940 A versão inicial do modelo ISLM muito semelhante àquela Paul Samuelson Rick FriedmanCorbis Franco Modigliani Plinio LepriAP Images BookBlanchard 1indb 553 241017 1718 554 Macroeconomia que apresentamos no Capítulo 5 deste livro foi criticada por mutilar muitas das ideias originais de Keynes As expectativas não desempenhavam qualquer papel e tanto o ajuste de preços quanto o de salários estava totalmente ausente Entretanto o modelo ISLM fornecia um fundamento para iniciar a construção e como tal teve imenso sucesso As discussões organizaramse em torno das declividades das curvas IS e LM de quais variáveis estavam faltando nas duas relações quais equações de preços e salários deviam ser acrescentadas ao modelo e assim por diante Teorias do consumo do investimento e da demanda por moeda Keynes enfatizara a importância do comportamento do consumo e do investi mento e da escolha entre moeda e outros ativos financeiros Progressos importantes logo foram feitos em todas essas três frentes Na década de 1950 Franco Modigliani então em Carnegie Mellon e depois no MIT e Milton Friedman na Universidade de Chicago desenvolveram de maneira independente a teoria do consumo que vimos no Capítulo 15 Ambos insistiram na importância das expectativas na determinação das decisões de consumo atual James Tobin de Yale desenvolveu a teoria do investimento baseada na relação entre o valor presente dos lucros e o investimento A teoria foi refinada e testada por Dale Jorgenson de Harvard Vimos essa teoria no Capítulo 15 Tobin também desenvolveu a teoria da demanda por moeda e de maneira mais geral a teoria da escolha entre ativos diferentes com base na liquidez no retorno e no risco Seu trabalho tornouse a base não só de um tratamento aperfeiçoado dos mercados financeiros na macroeconomia mas também da teoria das finanças em geral Teoria do crescimento Paralelamente ao trabalho sobre as flutuações houve um interesse renovado no crescimento Em contraste com a estagnação da era anterior à Segunda Guerra Mundial a maioria dos países registrou um crescimento acelerado nas décadas de 1950 e 1960 Mesmo que tenham experimentado flutuações seus padrões de vida elevaramse rapidamente O modelo de crescimento desenvolvido em 1956 por Robert Solow do MIT que vimos nos capítulos 11 e 12 proporcionou uma estrutura para pensar nos determinantes do crescimento Seguiuse então uma imensidão de trabalhos sobre os papéis que a poupança e o progresso tecnológico desempenham na determinação do crescimento Modelos macroeconométricos Todas essas contribuições foram integradas em modelos macroeconométricos cada vez maiores O primeiro modelo macroeconométrico dos Estados Unidos desenvolvido no início da década de 1950 por Lawrence Klein da Universidade da Pensilvânia foi uma relação IS ampliada com 16 equações Com o desenvolvimento das Contas Nacionais disponibilizando melhores dados e o desenvolvimento da econometria e dos computadores os modelos logo aumentaram de tamanho O esforço mais impressionante foi a construção do modelo MPS a sigla vem das iniciais de MIT Pensilvânia e Social Science Research Council respectivamente as duas universidades e a instituição de pesquisa envolvidas em sua criação desenvolvido na década de 1960 por uma equipe liderada por Modigliani Sua estrutura era uma versão expandida do modelo ISLM somada a um mecanismo da curva de Phillips Mas todos os seus componentes consumo investimento e demanda por moeda refletiam o imenso progresso teórico e empírico alcançado desde Keynes James Tobin AP Images Robert Solow Ira Wyman SygmaCorbis Lawrence Klein B Thumma AP Images BookBlanchard 1indb 554 241017 1718 Capítulo 24 Epílogo a história da macroeconomia 555 Keynesianos versus monetaristas Com esse progresso tão rápido muitos macroeconomistas aqueles que se autodefinem como keynesianos passaram a acreditar que o futuro seria brilhante A natureza das flutuações tornavase cada vez mais bem compreendida o desenvol vimento de modelos possibilitava que fossem tomadas decisões de política econômica de modo mais eficaz A sintonia fina da economia e a eliminação por completo das recessões pareciam fazer parte de um futuro não muito distante Esse otimismo foi ao encontro do ceticismo de uma minoria reduzida porém influente a dos monetaristas Seu líder intelectual era Milton Friedman Embora concordasse que muito progresso estava sendo feito ele próprio era o pai de uma das principais contribuições à macroeconomia a teoria do consumo Friedman não compartilhava do entusiasmo geral Ele acreditava que a compreensão da eco nomia ainda era muito limitada Questionava as motivações dos governos assim como a noção de que realmente sabiam o suficiente para melhorar os resultados macroeconômicos Na década de 1960 os debates entre keynesianos e monetaristas dominaram as manchetes da economia As discussões concentravamse em três assuntos 1 a eficácia da política monetária versus política fiscal 2 a curva de Phillips e 3 o papel da política econômica Política monetária versus política fiscal Keynes enfatizou a política fiscal em vez da monetária como a chave para combater recessões o que se cristalizou como o senso comum A curva IS muitos argumentavam era bastante inclinada Variações na taxa de juros exerciam pouco efeito sobre a demanda e o produto Portanto a política monetária não funcionava muito bem Já a política fiscal que afeta diretamente a demanda poderia afetar o produto de maneira mais rápida e confiável Friedman contestou essa conclusão enfaticamente Em seu livro de 1963 A mone tary history of the United States 18671960 ele e Anna Schwartz reviram minuciosa mente as evidências sobre a política monetária e a relação entre moeda e produto nos Estados Unidos ao longo de um século A conclusão não foi apenas de que a política monetária era muito poderosa mas também de que os movimentos da moeda explica vam a maior parte das flutuações no produto Eles interpretaram a Grande Depressão como consequência de um grande erro de política monetária uma diminuição da oferta de moeda como resultado das falências bancárias diminuição que o Fed poderia ter evitado com o aumento da base monetária mas não o fez O desafio de Friedman e Schwartz foi seguido de um vigoroso debate e de intensa pesquisa sobre os efeitos respectivos das políticas fiscal e monetária Por fim chegouse a um consenso Tanto a política fiscal quanto a monetária afetavam claramente a economia E se os formuladores de política econômica se preocupa vam não apenas com o nível mas também com a composição do produto a melhor política normalmente seria uma combinação de ambas A curva de Phillips O segundo debate concentrouse na curva de Phillips que não fazia parte do modelo keynesiano inicial Mas como proporcionava uma forma conveniente e aparentemente confiável de explicar as variações de salários e preços ao longo do tempo tornouse parte da síntese neoclássica Na década de 1960 com base na evidência empírica até então disponível muitos economistas keynesianos acredi tavam na existência de um tradeoff confiável entre desemprego e inflação mesmo no longo prazo Milton Friedman Chuck NackeAlamy Stock Photo Edmund Phelps James LeynseCorbis BookBlanchard 1indb 555 241017 1718 556 Macroeconomia Milton Friedman e Edmund Phelps da Universidade de Colúmbia discorda vam totalmente dessa ideia Argumentavam que a existência de um tradeoff de longo prazo era incompatível com a teoria econômica básica Argumentavam que o tradeoff aparente desapareceria rapidamente se os formuladores de política econômica de fato tentassem explorálo isto é se tentassem obter desemprego baixo aceitando inflação maior Como vimos no Capítulo 8 quando estudamos a evolução da curva de Phillips Friedman e Phelps definitivamente estavam certos Em meados da década de 1970 o consenso era realmente de que não havia tradeoff de longo prazo entre inflação e desemprego O papel da política econômica O terceiro debate girou em torno do papel da política econômica Cético de que os economistas soubessem o suficiente para estabilizar o produto e fosse possível confiar que os formuladores de política econômica fariam a coisa certa Friedman argumentou a favor do uso de regras simples como o crescimento constante da moeda uma regra que discutimos no Capítulo 23 Eis o que ele disse em um depoi mento no Congresso em 1958 Uma taxa de crescimento constante da oferta de moeda não significará estabilidade perfeita embora evite as amplas flutuações que experimentamos de tempos em tempos no passado É tentador procurar ir mais longe e usar as variações monetárias para compensar outros fatores responsáveis pela expan são e contração As evidências disponíveis lançam sérias dúvidas sobre a possibilidade de produzir quaisquer ajustes finos na atividade econômica por meio de ajustes finos na política monetária ao menos no estágio atual de conhecimento Há portanto sérias limitações à possibilidade de uma política monetária discricionária e muito risco de que essa política possa piorar as coisas em vez de melhorálas Pressões políticas para fazer algo em face de aumentos relativamente moderados de preços ou de reduções relativamente moderadas de preço e emprego são claramente demasiado fortes no estado atual do comportamento público A principal lição que se pode tirar desses dois aspectos anteriores é que ceder a essas pressões pode muitas vezes fazer mais mal do que bem Fonte The Supply of Money and Changes in Prices and Output depoimento ao Congresso 1958 Como vimos no Capítulo 21 esse debate sobre o papel da política macroeco nômica não está resolvido A natureza dos argumentos mudou um pouco mas eles continuam entre nós 243 A crítica das expectativas racionais Apesar das batalhas entre keynesianos e monetaristas por volta de 1970 a macroeconomia parecia um campo bemsucedido e maduro Parecia ter êxito em explicar os acontecimentos e orientar as escolhas de política econômica A maioria dos debates ocorria dentro de um arcabouço intelectual comum No entanto poucos anos depois ela estava em crise E essa crise tinha duas fontes Uma delas foram os acontecimentos Em meados da década de 1970 muitos países passavam pela estagflação uma palavra cunhada na época para representar a existência simultânea de alto desemprego e alta inflação Os macroeconomistas não haviam previsto a estagflação Depois do fato e após alguns anos de pes quisa chegouse a uma explicação convincente com base nos efeitos de choques adversos de oferta tanto sobre os preços quanto sobre o produto Discutimos os Robert Lucas RalfFinn HestoftCorbis BookBlanchard 1indb 556 241017 1718 Capítulo 24 Epílogo a história da macroeconomia 557 efeitos desses choques no Capítulo 9 Mas era tarde demais para desfazer o dano à imagem da disciplina A outra fonte foram as ideias No início da década de 1970 um pequeno grupo de economistas Robert Lucas de Chicago Thomas Sargent então em Minnesota e agora na Universidade de Nova York e Robert Barro então em Chicago e agora em Harvard liderou um forte ataque contra a principal corrente da macroecono mia Eles não mediram palavras Em um artigo de 1978 Lucas e Sargent afirmaram Que as previsões da economia keynesiana estavam absolutamente incor retas e que a doutrina na qual se baseavam era fundamentalmente falha agora são simples realidades que não envolvem nenhuma sutileza em teoria econô mica A tarefa com que se deparam os estudantes contemporâneos do ciclo econômico é a de examinar os destroços determinando quais características desse admirável acontecimento intelectual chamado Revolução Keynesiana podem ser recuperadas e postas em bom uso e quais devem ser descartadas As três implicações das expectativas racionais O principal argumento de Lucas e Sargent era o de que a economia keynesiana havia ignorado a totalidade das implicações do efeito das expectativas sobre o comportamento O procedimento a adotar argumentavam era supor que as pessoas formavam expectativas tão racionalmente quanto podiam com base nas informações de que dispunham Considerar que as pessoas tinham expectativas racionais gerava três implicações principais todas altamente danosas à macroeconomia keynesiana A crítica de Lucas A primeira implicação era de que os modelos macroeconômicos existentes não serviam para formular a política econômica Embora reconhecessem que as expectativas afetavam o comportamento esses modelos não as incorporavam de maneira explícita Supunhase que todas as variáveis dependiam de valores cor rentes e passados de outras variáveis inclusive as de política econômica Portanto o que os modelos captavam era o conjunto de relações entre variáveis econômicas que valiam no passado sob políticas econômicas passadas Se essas políticas fossem alteradas argumentava Lucas a maneira como as pessoas formavam as expectativas também se alteraria tornando as relações estimadas e consequentemente as simulações geradas com o uso dos modelos macroeconométricos existentes guias pobres quanto ao que aconteceria sob essas novas políticas econômicas Essa crítica dos modelos macroeconométricos ficou conhecida como crítica de Lucas Tomandose novamente a história da curva de Phillips como exemplo os dados até o início da década de 1970 sugeriam um tradeoff entre desemprego e inflação Na medida em que os formuladores de política econômica tentavam explorar esse tradeoff ele desapareceu Expectativas racionais e a curva de Phillips A segunda implicação foi a de que quando as expectativas racionais foram introduzidas nos modelos keynesianos estes na realidade produziram conclusões completamente não keynesianas Por exemplo os modelos implicavam que os desvios do produto em relação a seu nível natural eram de curta duração muito menor que os economistas keynesianos alegavam Esse argumento baseavase no reexame da relação de oferta agregada Nos mode los keynesianos o retorno lento do produto a seu nível natural vinha do ajuste lento dos preços e salários por meio do mecanismo da curva de Phillips Um aumento na Thomas Sargent Peter FoleyCorbis Robert Barro Imaginechina Corbis BookBlanchard 1indb 557 241017 1718 558 Macroeconomia moeda por exemplo levava primeiro a um aumento no produto e a um desemprego menor O desemprego menor levava então a salários nominais e a preços maiores O ajuste continuava até que os salários e os preços tivessem aumentado na mesma proporção que a moeda nominal até que o desemprego e o produto tivessem ambos voltado a seus níveis naturais Entretanto como ressaltou Lucas esse ajuste era altamente dependente das expectativas de inflação baseadas no passado backwardlooking por parte dos fixadores de salários No modelo MPS por exemplo os salários respondiam ape nas às inflações atual e passada e ao desemprego atual Mas supondose que os fixadores de salários tivessem expectativas racionais o ajuste provavelmente seria muito mais rápido Mudanças na moeda conforme fossem previstas poderiam não ter efeito algum sobre o produto Por exemplo ao prever um aumento na moeda de 5 ao longo do ano seguinte os fixadores de salários aumentariam os salários nominais fixados nos contratos para o próximo ano em 5 As empresas por sua vez aumentariam os preços em 5 O resultado seria que não aconteceria mudança alguma no estoque real de moeda na demanda e no produto Segundo Lucas dentro da lógica dos modelos keynesianos somente as mudanças não previstas na moeda afetariam o produto As variações previsíveis da moeda não teriam qualquer efeito sobre a atividade Generalizando se os fixadores de salários tivessem expectativas racionais os deslocamentos da demanda possivelmente teriam efeito sobre o produto somente enquanto os salários nominais estivessem fixados um ano ou cerca disso Mesmo em seus próprios termos o modelo keynesiano não fornecia uma teoria convincente sobre os efeitos prolongados da demanda sobre o produto Controle ótimo versus teoria dos jogos A terceira implicação foi a de que se as pessoas e as empresas tinham expectativas racionais era errado pensar na política econômica como o controle de um sistema complicado mas passivo Ao contrário o certo era pensar na política econômica como um jogo entre os formuladores de política econômica e a economia A ferra menta apropriada não seria o controle ótimo mas a teoria dos jogos E esta levava a uma visão diferente da política econômica Um exemplo marcante foi a questão da inconsistência temporal discutida por Finn Kydland então em Carnegie Mellon agora na Universidade da Califórnia em Santa Bárbara e Edward Prescott então em Carnegie Mellon agora na Universidade do Estado do Arizona uma questão que discutimos no Capítulo 21 as boas intenções por parte dos formuladores de política econômica podem realmente levar ao desastre Em resumo quando as expectativas racionais foram introduzidas os modelos keynesianos não podiam ser usados para determinar a política econômica esses modelos não podiam explicar desvios prolongados do produto em relação a seu nível natural a teoria da política econômica tinha de ser reformulada com o uso das ferramentas da teoria dos jogos Integração das expectativas racionais Como se pode perceber pelo tom da citação de Lucas e Sargent a atmosfera intelectual da macroeconomia estava tensa no início da década de 1970 Mas em poucos anos um processo de integração de ideias não de pessoas porque os ânimos permaneceram exaltados foi iniciado e dominou as décadas de 1970 e 1980 Em pouco tempo a ideia de que as expectativas racionais era a hipótese de tra balho correta conquistou ampla aceitação Não porque todos os macroeconomistas acreditassem que as pessoas as empresas e os participantes dos mercados financeiros BookBlanchard 1indb 558 241017 1718 Capítulo 24 Epílogo a história da macroeconomia 559 sempre formavam expectativas racionalmente mas porque as expectativas racionais pareciam ser uma referência natural pelo menos até que os economistas tivessem progredido mais na compreensão sobre se e como as expectativas efetivas diferiam sistematicamente das expectativas racionais Começouse então a trabalhar nos desafios colocados por Lucas e Sargent Implicações das expectativas racionais Primeiro houve uma exploração sistemática do papel e das implicações das expectativas racionais nos mercados de bens financeiros e de trabalho Muito do que foi descoberto foi apresentado neste livro Por exemplo Robert Hall então no MIT e agora em Stanford mostrou que se os consumidores tivessem grande capacidade de previsão no sentido definido no Capítulo 15 as mudanças no consumo seriam imprevisíveis A melhor previsão do consumo do próximo ano seria o consumo deste ano Em outras palavras as variações no consumo seriam muito difíceis de prever Esse resultado surpreendeu a maioria dos macroeconomistas na época mas baseiase na verdade em uma intuição simples Se os consumidores tiverem grande capacidade de previsão só alterarão seu consumo quando aprenderem algo novo sobre o futuro Mas por definição essa novidade não pode ser prevista Esse comportamento do consumo conhecido como passeio aleatório do consumo tem servido desde então como referência para as pesquisas sobre o consumo Rudiger Dornbusch do MIT mostrou que as grandes oscilações nas taxas de câmbio sob taxas de câmbio flexíveis que anteriormente haviam sido pensadas como o resultado da especulação por investidores irracionais eram plenamente consistentes com a racionalidade Seu argumento que vimos no Capítulo 20 foi o de que as mudanças na política monetária podem levar a mudanças prolongadas nas taxas de juros nominais mudanças nas taxas de juros nominais corrente e esperada levam por sua vez a grandes variações na taxa de câmbio O modelo de Dornbusch conhecido como modelo da sobrerreação overshooting das taxas de câmbio tornouse referência nas discussões sobre variações na taxa de câmbio Fixação de salários e preços Segundo houve uma exploração sistemática da determinação de salários e preços que foi muito além da relação da curva de Phillips Duas contribuições importantes foram dadas por Stanley Fischer então no MIT agora presidente do Banco Central de Israel e John Taylor então na Universidade de Colúmbia e agora em Stanford Ambos mostraram que o ajuste de preços e salários em res posta a mudanças no desemprego pode ser lento mesmo sob expectativas racionais Fischer e Taylor ressaltaram uma característica importante da fixação tanto de salários quanto de preços a difusão temporal das decisões sobre salários e preços Em contraste com a história simples que contamos anteriormente em que todos os salários e preços aumentavam simultaneamente em antecipação a um aumento na moeda as decisões efetivas sobre salários e preços se espalham ao longo do tempo Portanto não existe um ajuste sincronizado repentino de todos os salários e preços em resposta a um aumento na moeda Em vez disso o ajuste provavelmente será lento com salários e preços ajustandose ao novo nível de moeda por meio de um processo de saltos ao longo do tempo Fischer e Taylor mostraram portanto que o segundo problema levantado pela crítica das expectativas racionais pode ser resol vido que um retorno lento do produto a seu nível natural pode ser consistente com as expectativas racionais no mercado de trabalho Robert Hall Robert Hall Rudiger Dornbusch Luca BrunoAP Images Stanley Fischer Achmad IbrahimAP Images John Taylor Susana GonzalesBloombergGetty Images BookBlanchard 1indb 559 241017 1718 560 Macroeconomia Teoria da política econômica Em terceiro lugar refletir sobre a política econômica em termos da teoria dos jogos levou a uma explosão de pesquisas sobre a natureza dos jogos que estavam sendo praticados não só entre os formuladores de política econômica e a economia mas também entre os próprios formuladores de política econômica entre par tidos políticos ou entre o Banco Central e o governo ou entre governos de países diferentes Um dos principais resultados dessa pesquisa foi o desenvolvimento de uma maneira de pensar mais rigorosa sobre conceitos vagos como credibilidade reputação e compromisso Ao mesmo tempo houve uma evidente mudança de foco de o que os governos devem fazer para o que os governos realmente fazem aumentando a percepção das restrições políticas que os economistas devem levar em conta quando aconselham os formuladores de política econômica Em resumo no final da década de 1980 os desafios levantados pela crítica das expectativas racionais haviam levado a uma revisão completa da macroeconomia A estrutura básica foi estendida para levar em conta as implicações das expectativas racionais ou mais genericamente do comportamento que olhava para o futuro das pessoas e empresas Como vimos esses temas têm papel crucial ao longo deste livro 244 Desenvolvimentos da teoria macroeconômica até a crise de 2009 Desde o final da década de 1980 até a crise três grupos dominaram as principais linhas de pesquisa os novoclássicos os novokeynesianos e os pesquisadores da nova teoria do crescimento Note o uso generoso da palavra novo Ao contrário dos fabricantes de detergentes os economistas evitam usar novo e melhorado A mensagem subliminar é a mesma A teoria econômica novoclássica e a teoria dos ciclos econômicos reais A crítica das expectativas racionais foi mais que uma mera crítica à teoria eco nômica keynesiana Ela também ofereceu sua própria interpretação das flutuações Segundo Lucas em vez de se basearem nas imperfeições dos mercados de trabalho no ajuste lento de salários e preços e assim por diante para explicar as flutuações os macroeconomistas deveriam ver até que ponto podiam explicálas como efeitos de choques nos mercados competitivos com preços e salários totalmente flexíveis Essa é a pauta de pesquisa adotada pelos novoclássicos Seu líder intelectual é Edward Prescott e os modelos que ele e seus seguidores desenvolveram são conhecidos como modelos dos ciclos econômicos reais RBC da sigla em inglês real business cycle Essa abordagem baseavase em duas premissas A primeira é metodológica Lucas argumentou que para evitar as armadilhas anteriores os modelos macroeconômicos deveriam ser construídos a partir de micro fundamentos isto é maximização da utilidade pelos trabalhadores maximização dos lucros pelas empresas e expectativas racionais Antes do advento dos computadores tal tarefa era difícil se não impossível de ser alcançada Modelos construídos dessa maneira teriam sido de solução analítica muito complexa Na verdade grande parte da arte da macroeconomia estava na busca de atalhos simples que capturassem a essência de um modelo enquanto o mantinha simples o suficiente para ser solu cionado esta ainda é a arte da redação de um bom livro O desenvolvimento do poder computacional viabilizou a solução numérica de tais modelos e uma grande Edward Prescott Giuseppe AresuAP Images BookBlanchard 1indb 560 241017 1718 566 Macroeconomia do crescimento e o desenvolvimento dos grandes modelos macroeconométricos O principal debate durante a década de 1960 deu se entre os keynesianos e os monetaristas Os keynesianos acreditavam que os avanços da teoria macroeconômica permitiriam melhor controle da economia Os monetaristas liderados por Milton Friedman eram mais céticos quanto à capacidade de o governo ajudar a estabilizar a economia Na década de 1970 a macroeconomia passou por uma crise por dois motivos o surgimento da estagflação que surpreendeu a maioria dos economistas e um ataque teórico liderado por Robert Lucas Lucas e seus seguidores mostraram que com a introdução das expectativas racionais 1 os modelos keynesianos não podiam ser utilizados para determinar a política econômica 2 os modelos keynesianos não podiam explicar os desvios prolongados do produto em rela ção a seu nível natural e 3 a teoria da política eco nômica precisava ser reformulada utilizandose as ferramentas da teoria dos jogos Grande parte das décadas de 1970 e 1980 foi dedi cada a integrar as expectativas racionais à macroe conomia Como se refletiu neste livro atualmente os macroeconomistas estão muito mais atentos ao papel das expectativas na determinação dos efeitos dos choques e da política econômica e à complexi dade da política econômica do que há duas décadas A pesquisa atual da teoria macroeconômica avança ao longo de três linhas Os economistas novoclás sicos estão explorando quanto as flutuações podem ser explicadas como movimentos do nível natural de produto e não como desvios em relação a ele Os economistas novokeynesianos estão explo rando de maneira mais formal o papel das imper feições dos mercados nas flutuações Os pesquisa dores da nova teoria do crescimento estão explorando os determinantes do progresso tecno lógico Essas linhas estavam se sobrepondo cada vez mais e às vésperas da crise parecia que uma nova síntese estava para surgir A crise reflete um grande fracasso intelectual por parte da macroeconomia a incapacidade de compreender a importância macroeconômica do sistema financeiro Embora muitos dos elemen tos necessários para entender a crise tenham se desenvolvido antes dela eles não tinham centrali dade no pensamento macroeconômico nem foram integrados aos grandes modelos macroeconômicos Muitas pesquisas agora estão focadas nas ligações macrofinanceiras A crise também levantou uma questão importante sobre o processo de ajuste por meio do qual o produto volta a seu nível natural Se existe um con senso pode ser o de que com relação a pequenos choques e flutuações normais o processo de ajuste funciona e a política econômica pode acelerar esse retorno mas que em resposta a choques gran des e excepcionais o processo normal de ajuste pode falhar o espaço para a política econômica ser limitado e a recuperação da economia levar um longo tempo Palavraschave crítica de Lucas 557 custos de menu 561 demanda efetiva 552 difusão temporal das decisões sobre salários e pre ços 559 keynesianos 555 modelos dos ciclos econômicos reais 560 modelos RBC real business cycle 560 monetaristas 555 nova teoria do crescimento 562 novoclássicos 560 novokeynesianos 561 passeio aleatório do consumo 559 preferência pela liquidez 553 rigidez nominal 561 síntese neoclássica 553 teoria dos ciclos econômicos 552 Leitura adicional Dois clássicos são John Maynard Keynes The general theory of employment interest and money Palgrave Macmillan 1936 e Milton Friedman e Anna Schwartz A monetary history of the United States Princeton University Press 1963 Aviso o primeiro é uma leitura trabalhosa e o segundo é um volume de peso BookBlanchard 1indb 566 241017 1718 Capítulo 24 Epílogo a história da macroeconomia 567 Para um relato sobre a evolução da macroeconomia nos manuais a partir de 1940 leia Paul Samuelson Credo of a lucky textbook author Journal of Economic Perspectives primavera de 1997 vol 11 p 15360 Na introdução de Studies in business cycle theory MIT Press 1981 Robert Lucas desenvolve seu enfo que da macroeconomia e fornece um guia de suas contribuições O artigo que lançou a teoria dos ciclos econômicos reais é de Edward Prescott Theory ahead of busi ness cycle measurement Federal Reserve Bank of Minneapolis Review outono de 1996 p 922 Não é uma leitura fácil Para mais informações sobre a teoria econômica novo keynesiana leia David Romer The new Keynesian synthesis Journal of Economic Perspectives inverno de 1993 vol 7 p 522 Para mais informações sobre a nova teoria do cresci mento leia Paul Romer The origins of endogenous growth Journal of Economic Perspectives inverno de 1994 vol 8 p 322 Para um exame detalhado da história das ideias macroeconômicas com entrevistas densas da maio ria dos pesquisadores principais leia o livro de Brian Snowdon e Howard Vane Modern macroeconomics its origins development and current state Edward Elgar Publishing Ltd 2005 Para dois pontos de vista sobre o estado da macro economia précrise leia V V Chari e Patrick Kehoe Macroeconomics in practice How theory is shaping policy Journal of Economic Perspectives 2006 vol 20 n 4 p 328 e N Greg Mankiw The macroecono mist as scientist and engineer Journal of Economic Perspectives vol 20 n 4 p 2946 Para conhecer uma visão cética sobre mercados finan ceiros e as contribuições de Thaler e Shleifer dentre outros leia The myth of the rational market A history of risk reward and delusion on Wall Street de Justin Fox Harper Collins Publishers 2009 Para uma avaliação da política macroeconômica pós crise leia In the wake of the crisis leading econo mists reassess economic policy editado por Olivier Blanchard et al MIT Press 2012 Se quiser saber mais sobre questões e teorias macroeconômicas A maioria das revistas de economia inclui muita matemática e é de difícil leitura No entanto algu mas se esforçam para ser mais amigáveis Em especial o Journal of Economic Perspectives traz artigos não técnicos sobre pesquisas e questões da economia atual O Brookings Papers on Economic Activity publicado duas vezes ao ano analisa pro blemas macroeconômicos atuais O mesmo acontece com o Economic Policy publicado na Europa que se concentra mais em assuntos europeus A maioria dos bancos regionais do Federal Reserve também publica revistas com artigos de fácil leitura essas publicações estão disponíveis gratuitamente Entre elas estão Economic Review publicada pelo Fed de Cleveland Economic Review publicada pelo Fed de Kansas City New England Economic Review publicada pelo Fed de Boston e Quarterly Review publicada pelo Fed de Minneapolis Tratamentos mais avançados da teoria macroeconô mica atual aproximadamente no nível de uma pri meira disciplina de pósgraduação em macroeconomia estão em David Romer Advanced macroeconomics 4 ed McGrawHill 2011 e em Olivier Blanchard e Stanley Fischer Lectures on macroeconomics 1989 BookBlanchard 1indb 567 241017 1718 Apêndices 569 entre localizados nos Estados Unidos usada para o PIB e ofertados pelos residentes nos Estados Unidos utilizada para o PNB Por exemplo o lucro de uma fábrica de propriedade dos Estados Unidos localizada no Japão não é incluído no PIB dos Estados Unidos mas sim no PNB Portanto para irmos do PIB para o PNB primeiro precisamos adicionar os recebimentos de renda de fatores do resto do mundo que é a renda do capital dos Estados Unidos ou dos residentes nos Estados Unidos no exterior linha 2 Então subtraímos os pagamen tos de renda de fatores para o resto do mundo que é a renda recebida pelo capital estrangeiro e pelos residentes estrangeiros nos Estados Unidos linha 3 Em 2014 os recebimentos do resto do mundo supe raram os pagamentos para o resto do mundo em US 263 bilhões de modo que o PNB foi maior que o PIB em US 263 bilhões O próximo passo nos leva do PNB ao produto nacio nal líquido ou PNL linha 6 A diferença entre o PNB e o PNL é a depreciação do capital chamada nas contas nacionais consumo de capital fixo Por fim as linhas 7 e 8 nos levam do PNL para a renda nacional linha 8 A renda nacional é definida como a renda que se origina da produção de bens e serviços ofertados pelos residentes nos Estados Unidos Em tese a renda nacional e o produto nacional líquido deveriam ser iguais Na prática eles normalmente diferem pois são calculados de modos diferentes O PNL é calculado de cima para baixo começando pelo PIB e seguindo os passos descritos na Tabela A11 Em vez disso a renda nacional é calculada de baixo para cima pela adição de diversos componentes da renda de fatores remuneração dos empregados lucros das empresas e assim por diante Se pudésse mos medir tudo com exatidão as duas medidas deve riam ser iguais Na prática elas diferem e a diferença entre as duas é chamada discrepância estatística Em 2014 a renda nacional dos Estados Unidos calculada de baixo para cima número da linha 8 foi maior que o produto nacional líquido calculado de cima para baixo número da linha 6 em US 212 bilhões A discrepância estatística é um alerta útil dos problemas estatísticos envolvidos na construção das contas de renda nacional Embora US 212 bilhões pareçam ser um erro grande como uma porcentagem do PIB o erro é de cerca de 1 ponto percentual A parte inferior da tabela linhas 9 a 15 decompõe a renda nacional em tipos diferentes de renda Impostos indiretos linha 9 Parte da renda nacional vai diretamente para o Estado sob a forma desses impostos Impostos indiretos é apenas outro nome para impostos sobre vendas O restante da renda nacional vai ou para os empregados ou para as empresas Remuneração dos empregados linha 10 ou renda do trabalho é o que vai para os empregados É de longe o maior componente da renda nacional repre sentando 61 da renda nacional dos Estados Unidos A renda do trabalho é a soma dos ordenados e dos salários linha 11 e dos adicionais a ordenados e salários linha 12 Esses adicionais vão de contribui ções patronais para a previdência social de longe o maior item a itens exóticos como as contribuições patronais a juízes de paz para os emolumentos de casamento Lucro das empresas e transferências corporativas linha 13 Lucro é definido como receitas menos cus tos inclusive o pagamento de juros menos deprecia ção Transferências corporativas que respondem por US 127 bilhões em US 2073 bilhões são compostas de itens como pagamentos de indenização por danos pessoais e contribuições das empresas a organizações sem fins lucrativos Juros líquidos linha 14 são os juros pagos pelas empresas menos os juros recebidos pelas empresas mais os juros recebidos do resto do mundo menos os juros pagos para o resto do mundo Em 2014 a maior parte dos juros líquidos representou juros líquidos pagos pelas empresas os Estados Unidos receberam praticamente o mesmo montante de juros do resto do mundo que o pago para o resto do mundo Assim a soma dos lucros das empresas com os juros líquidos pagos por elas foi de aproximadamente US 2073 bilhões US 532 bilhões US 2605 bilhões ou cerca de 17 da renda nacional Renda de proprietários linha 15 é a renda recebida por trabalhadores autônomos É definida como a renda de propriedades individuais de sociedades uni pessoais e de cooperativas isentas de impostos Renda pessoal de aluguéis linha 16 é a renda de aluguéis de propriedades menos a depreciação dessas propriedades As casas produzem serviços de habita ção a renda de aluguéis mede a renda recebida por esses serviços Se as contas nacionais medissem apenas os aluguéis efetivos a renda de aluguéis dependeria da proporção de imóveis alugados versus os ocupados por seus pro prietários Por exemplo se todos se tornassem proprie tários do imóvel em que moram a renda de aluguéis iria para zero e o PIB medido diminuiria Para evitar esse problema as contas nacionais consideram os imóveis BookBlanchard 1indb 569 241017 1718 Apêndices 573 déficit oficial foi assim igual a US 631 bilhões linha 14 mais linha 15 Sabemos entretanto que essa medida é incorreta veja o quadro Foco Contabilidade da inflação e mensuração dos déficits no Capítulo 22 É adequado corrigir o indicador de déficit oficial pelo papel da infla ção na redução do valor real da dívida pública A medida correta o déficit ajustado pela inflação ou seja a soma do déficit oficial com os pagamentos de juros reais foi de US 476 bilhões linha 19 ou 27 do PIB Atenção As contas nacionais proporcionam uma descrição internamente consistente da atividade agregada Mas subjacentes a essas contas existem muitas escolhas sobre o que incluir e o que não incluir onde contabili zar alguns tipos de renda ou gasto e assim por diante Seguem três exemplos O trabalho doméstico não é contabilizado no PIB Se por exemplo duas mulheres decidirem uma tomar conta do filho da outra em vez de tomarem conta de seu próprio filho e uma pagar à outra pelo serviço de babá o PIB medido subirá ao passo que o PIB ver dadeiro não se alterará A solução seria contabilizar o trabalho doméstico no PIB do mesmo modo que atribuímos aluguéis aos imóveis ocupados por seus proprietários Mas até o momento isso não foi feito A compra de uma casa é tratada como um investi mento e os serviços de habitação são então tratados como parte do consumo Compare isso com o trata mento dado aos automóveis Embora os automóveis forneçam serviços por um longo tempo ainda que não tão longo quanto as casas as compras deste tipo de bem não são tratadas como investimento mas como consumo aparecendo nas contas nacionais apenas no ano em que a compra é feita As compras de máquinas feitas pelas empresas são tratadas como investimento As despesas com edu cação são tratadas como consumo de serviços de educação Mas a educação em parte é claramente um investimento as pessoas adquirem educação para aumentar sua renda futura Muitas compras governamentais devem ter um valor nas contas nacionais na ausência de uma transação de mercado Como atribuir valor ao trabalho de profes sores que ensinam crianças a ler quando essa transa ção é obrigada pelo Estado como parte da educação compulsória A regra usada é valorizála a seu custo usando os salários dos professores O cálculo correto do déficit e da dívida do governo é uma tarefa desafiadora Aqui está um aspecto do problema suponhamos que os professores do exem plo dado sejam pagos em parte com dinheiro e em parte com a promessa de uma aposentadoria futura Existe uma importante percepção de que a aposen tadoria é como uma dívida pública isto é um pas sivo futuro dos contribuintes Contudo esses passi vos não são contabilizados na medida do déficit na Tabela A14 ou em nossas medidaspadrão de dívida Outro problema reside no tratamento das garantias da dívida do setor privado pelos governos federal ou estadual Esses passivos contingentes devem ser contabilizados como parte da dívida pública A lista poderia continuar Entretanto a finalidade desses exemplos não é levar à conclusão de que as contas nacionais estão erradas A maioria das decisões contábeis que acabamos de ver foi tomada por bons motivos frequentemente em virtude da disponibilidade de dados ou da simplicidade A mensagem é que para utilizar melhor as contas nacionais devemos entender sua lógica mas também entender as escolhas feitas e portanto suas limitações Palavraschave bens duráveis 570 bens não duráveis 570 compras do governo 571 consumo de capital fixo 569 contas de renda e produto nacional CRPN 568 contas nacionais 568 déficit ajustado pela inflação 573 déficit oficial 573 equipamentos e softwares 570 exportações 571 exportações líquidas 571 gastos pessoais de consumo 570 importações 571 impostos indiretos 569 instalações 570 investimento fixo bruto interno privado 570 investimento não residencial 570 investimento residencial 571 juros líquidos 569 lucro das empresas 569 pagamentos de renda de fatores para o resto do mundo 569 produto interno bruto PIB 568 produto nacional bruto PNB 568 produto nacional líquido PNL 569 BookBlanchard 1indb 573 241017 1718 574 Macroeconomia recebimentos de renda de fatores do resto do mundo 569 remuneração dos empregados 569 renda de proprietários 569 renda nacional 569 renda pessoal 570 renda pessoal de aluguéis 569 renda pessoal disponível 570 saldo comercial 571 serviços 570 superávit primário 572 transferências pessoais 572 variações de estoques das empresas 571 Leitura adicional Para saber mais detalhes leia A guide to the National Income and Products Accounts of the United States setem bro de 2006 Disponível em wwwbeagovnationalpdf nipaguidpdf Acesso em 26 set 2017 BookBlanchard 1indb 574 241017 1718 Apêndice 2 Revisão matemática Este apêndice apresenta as ferramentas e os resulta dos matemáticos utilizados neste livro Série geométrica Definição Série geométrica é uma soma de números da seguinte forma 1 x x2 xn em que x é um número que pode ser maior ou menor que 1 e xn representa x elevado à enésima potência isto é x multiplicado por ele mesmo n vezes Exemplos deste tipo de série são A soma de gastos em cada rodada do multiplicador Capítulo 3 Se c for a propensão marginal a con sumir a soma dos aumentos dos gastos após n 1 rodadas será dada por 1 c c2 cn O valor presente descontado de uma sequência de pagamentos de 1 dólar ao ano por n anos Capítulo 14 quando a taxa de juros é igual a i 1 1 1 i 1 11 i22 g 1 11 i2n 1 Geralmente temos algumas perguntas quando encon tramos uma série como essa 1 Qual é a soma 2 A soma explode se deixarmos n aumentar ou atinge um limite finito E se este for o caso qual é o limite As proposições a seguir dizem o que é necessário saber para responder a essas perguntas A Proposição 1 ensina como calcular a soma Proposição 1 1 x x2 g xn 1 xn 1 1 x A21 A prova é a seguinte multiplique a soma por 1 x e use o fato de que xaxb xab isto é devemos somar os expoentes ao multiplicar 11 x x2 g xn211 x2 1 x x2 g xn x x2 g xn xn 1 1 xn 1 Todos os termos da direita exceto o primeiro e o último cancelamse Dividindo os dois lados por 1 x temos a equação A21 Essa fórmula pode ser usada para qualquer x e qualquer n Se por exemplo x for 09 e n for 10 a soma será igual a 686 Se x for 12 e n for 10 a soma será igual a 3215 A Proposição 2 mostra o que acontece à medida que n aumenta Proposição 2 se x for menor que 1 a soma irá para 1 1 x à medida que n aumenta Se x for igual ou maior que 1 a soma explode à medida que n aumenta Esta é a prova se x for menor que 1 xn tenderá a zero à medida que n aumentar Assim da equação A21 a soma vai para 11 x Se x for maior que 1 xn se tornará cada vez maior à medida que xn aumentar 1 xn se tornará um número negativo cada vez maior e a razão 1 xn1 x se tornará um número positivo cada vez maior A soma portanto explodirá à medida que n aumentar Aplicação do Capítulo 14 consideremos o valor pre sente de um pagamento de US 1 para sempre iniciando no próximo ano quando a taxa de juros é i O valor presente é dado por 1 11 i2 1 11 i22 g A22 Colocando 11 i em evidência reescreva o valor presente como 1 11 i2 c 1 1 11 i2 gd O termo entre colchetes é uma série geométrica com x 11 i Como a taxa de juros i é positiva x é menor que 1 Aplicando a Proposição 2 quando n se torna grande o termo entre parênteses fica igual a 1 1 1 11 i2 11 i2 11 i 12 11 i2 i Substituindo o termo entre colchetes na equação anterior por 1 ii temos 1 11 i2 c 11 i2 i d 1 i O valor presente de uma sequência de pagamentos de US 1 ao ano para sempre começando no próximo ano é igual a US 1 dividido pela taxa de juros Se i for igual a 5 ao ano o valor presente será igual a US 1005 US 20 Aproximações úteis Ao longo deste livro usamos diversas aproximações para facilitar os cálculos Essas aproximações são mais confiáveis quando as variáveis x y e z são pequenas digamos entre 0 e 10 Os exemplos numéricos das proposições 3 a 8 a seguir baseiamse nos valores x 005 e y 003 BookBlanchard 1indb 575 241017 1718 576 Macroeconomia Proposição 3 1 x 1 y 1 x y A23 Aqui está a prova decompondo 1 x 1 y temos 1 x 1 y 1 x y xy Se x e y são pequenos o produto xy é muito pequeno e pode ser ignorado como uma aproximação por exemplo se x 005 e y 003 então xy 00015 Portanto 1 x 1 y é aproxima damente igual a 1 x y Para os valores de x e y anteriores por exemplo a aproximação dá 108 em comparação com um valor exato de 10815 Proposição 4 1 x2 1 2x A24 A prova segue diretamente da Proposição 3 com y x Para o valor de x 005 a aproximação dá 110 em comparação com o valor exato de 11025 Aplicação do Capítulo 14 da arbitragem a relação entre a taxa de juros de dois anos e as taxas de juros de um ano atual e esperada é dada por 11 i2t22 11 i1t211 i1t 1 e 2 Usando a Proposição 4 no lado esquerdo da equação temos 11 i2t22 1 2i2t Usando a Proposição 3 no lado direito da equação temos 11 i1t211 i1t 1 e 2 1 i1t i1t 1 e Utilizando essa expressão para substituir 1 i1t 1 ie 1t1 na relação de arbitragem original temos 1 2i2t 1 i1t i1t 1 e Ou reorganizando i2t 1i1t i1t 1 e 2 2 A taxa de juros de dois anos é aproximadamente igual à média das taxas de juros de um ano atual e esperada Proposição 5 1 xn 1 nx A25 A prova segue da aplicação repetida das proposições 3 e 4 Por exemplo 1 x3 1 x2 1 x 1 2x 1 x pela Proposição 4 1 2x x 1 3x pela Proposição 3 A aproximação contudo tornase pior à medida que n aumenta Por exemplo para x 005 e n 5 a aproxi mação dá 125 em comparação com um valor exato de 12763 Para n 10 a aproximação dá 150 em compa ração com um valor exato de 163 Proposição 6 11 x2 11 y2 11 x y2 A26 Aqui está a prova consideremos o produto 1 x y 1 y Decompondo o produto temos 1 x y 1 y 1 x xy y2 Se tanto x quanto y forem pequenos então xy e y2 serão muito pequenos de modo que 1 x y 1 y 1 x Dividindo ambos os lados dessa aproximação por 1 y produzse a proposição anterior Para os valores de x 005 e y 003 a aproximação dá 102 enquanto o valor correto é 1019 Aplicação do Capítulo 14 a taxa real de juros é defi nida por 11 rt2 11 it2 11 pt 1 e 2 Usando a Proposição 6 temos 11 rt2 11 it pt 1 e 2 Simplificando rt it pt 1 e Isso nos fornece a aproximação que usamos em muitos pontos deste livro A taxa de juros real é aproximadamente igual à taxa nominal de juros menos a inflação esperada Essas aproximações também são muito convenientes quando lidamos com taxas de crescimento Defina a taxa de crescimento de x por gx K Δxx e da mesma forma para z gz y e gy Os exemplos numéricos a seguir se baseiam nos valores gx 005 e gy 003 Proposição 7 se z xy então gz gx gy A27 A prova é a seguinte seja Δz o aumento de z quando x aumenta Δx e y aumenta Δy Assim por definição z Δz x Δxy Δy Divida ambos os lados por z O lado esquerdo tornase 1z z2 z a1 z z b O lado direito tornase 1x x21y y2 z 1x x2 x 1y y2 y a1 x x b a1 y y b em que a primeira igualdade decorre do fato de que z xy e a segunda igualdade da simplificação de cada uma das duas frações Usando as expressões para os lados esquerdo e direito produzse BookBlanchard 1indb 576 241017 1718 Apêndices 577 a1 z z b a1 x x b a1 y y b ou de maneira equivalente 1 gz 1 gx 1 gy Da Proposição 3 1 gz 1 gx gy ou de modo equivalente gz gx gy Para gx 005 e gy 003 a aproximação dá gz 8 enquanto o valor correto é 815 Aplicação do Capítulo 13 seja a função de produção da forma Y NA em que Y é a produção N é o emprego e A é a produtividade Representando as taxas de cres cimento de Y N e A por gY gN e gA respectivamente a Proposição 7 implica gY gN gA A taxa de crescimento do produto é aproximada mente igual à taxa de crescimento do emprego mais a taxa de crescimento da produtividade Proposição 8 se z xy então gz gx gy A28 A prova é a seguinte seja Δz o aumento de z quando x aumenta Δx e y aumenta Δy Então por definição temos z z x x y y Divida ambos os lados por z O lado esquerdo tornase az z z b a1 z z b O lado direito tornase 1x x2 1y y2 1 z 1x x2 1y y2 y x 1x x2x 1y y2y 1 1xx 2 1 1yy2 em que a primeira igualdade decorre do fato de que z xy a segunda vem da reorganização dos termos e a terceira da simplificação Usando as expressões para os lados esquerdo e direito temos 1 zz 1 1xx2 1 1yy2 ou substituindo 1 gz 1 gx 1 gy Da Proposição 6 1 gz 1 gx gy ou de maneira equivalente gz gx gy Para gx 005 e gy 003 a aproximação dá gz 2 enquanto o valor correto é de 19 Aplicação do Capítulo 9 seja M a moeda nominal e P o nível de preços Seguese que a taxa de crescimento do estoque da moeda real MP é dado por gMP gM π em que π é a taxa de crescimento dos preços ou de forma equivalente a taxa de inflação Funções Neste livro utilizamos as funções de maneira infor mal como um meio de mostrar como uma variável depende de uma ou mais outras variáveis Em alguns casos examinamos como uma variável Y muda com uma variável X Escrevemos essa relação como Y fX O sinal embaixo de X indica uma relação positiva um aumento de X leva a um aumento de Y Um sinal embaixo de X indicaria uma relação negativa um aumento de X leva a uma diminuição de Y Em alguns casos permitimos que a variável Y dependa de mais de uma variável Por exemplo permitimos que Y dependa de X e Z Y fX Z Os sinais indicam que um aumento de X leva a um aumento de Y e que um aumento de Z leva a uma dimi nuição de Y Um exemplo desse tipo de função é a função de investimento 51 do Capítulo 5 I IY i Essa equação diz que o investimento I aumenta com a produção Y e diminui com a taxa de juros i Em alguns casos é razoável supor que a relação entre duas ou mais variáveis seja uma relação linear Um dado aumento de X sempre leva ao mesmo aumento de Y Nesse caso a função é dada por Y a bX Essa relação pode ser representada por uma reta que fornece Y para qualquer valor de X O parâmetro a dá o valor de Y quando X é igual a zero É chamado de intercepto porque dá o valor de Y quando a reta que representa a relação intercepta cruza o eixo vertical BookBlanchard 1indb 577 241017 1718 578 Macroeconomia O parâmetro b nos diz em quanto Y aumenta quando X aumenta uma unidade É chamado de inclinação por que é igual à inclinação da reta que representa a relação Uma relação linear simples é a relação Y X repre sentada pela reta de 45 graus com inclinação igual a 1 Outro exemplo de relação linear é a função de consumo a Equação 32 do Capítulo 3 C c0 c1YD em que C é o consumo e YD é a renda disponível c0 nos diz qual seria o consumo se a renda disponível fosse igual a zero c1 nos diz quanto o consumo aumenta quando a renda aumenta em uma unidade c1 é chamado propensão marginal a consumir Escalas logarítmicas Uma variável que cresce a uma taxa de crescimento constante aumenta em incrementos cada vez maiores ao longo do tempo Consideremos uma variável X que cresce ao longo do tempo a uma taxa de crescimento constante digamos de 3 ao ano Comece no ano zero e suponha que X 2 Portanto um aumento de 3 em X representa um aumento de 006 003 2 Vá para o ano 20 X agora é igual a 210320 361 Um aumento de 3 agora representa um aumento de 011 003 361 Vá para o ano 100 X é igual a 2103100 384 Um aumento de 3 representa um aumento de 115 003 384 logo este é um aumento cerca de 20 vezes maior que no ano 0 Se mostrarmos graficamente X contra o tempo usando uma escala vertical linear padrão o gráfico terá a aparência da Figura A21a Os aumentos de X tornamse cada vez maiores ao longo do tempo 006 no ano 0 011 no ano 20 115 no ano 100 A curva que representa X contra o tempo tornase cada vez mais inclinada Outra forma de representar a evolução de X é usar uma escala logarítmica para medir X no eixo vertical A propriedade de uma escala logarítmica é a de que o mesmo aumento proporcional nesta variável é represen tado pela mesma distância vertical na escala Portanto o comportamento de uma variável como X que aumenta pelo mesmo aumento proporcional 3 a cada ano agora é representado por uma reta A Figura A21b representa o comportamento de X desta vez usando uma escala logarítmica no eixo vertical O fato de que a relação é representada por uma reta indica que X está crescendo a uma taxa constante ao longo do tempo Quanto maior a taxa de crescimento mais inclinada é a reta Em contraste com X variáveis econômicas como o PIB não crescem a uma taxa constante a cada ano Sua taxa de crescimento pode ser maior em algumas décadas e menor em outras uma recessão pode levar a alguns anos Figura A21 a Evolução de X utilizando uma escala linear b Evolução de X utilizando uma escala logarítmica X 0 10 20 30 40 50 60 20 40 60 80 100 Tempo Escala logarítmica Escala linear X 0 2 4 8 16 32 64 20 40 60 80 100 Tempo X 5 2103t X 5 2103t a b BookBlanchard 1indb 578 241017 1718 Apêndices 579 de crescimento negativo Entretanto ao examinar a evolu ção dessas variáveis ao longo do tempo é frequentemente mais informativo utilizar uma escala logarítmica em vez de uma escala linear Vejamos o motivo A Figura A22a mostra o PIB real dos Estados Unidos de 1890 a 2011 usando uma escala linear padrão Como o PIB real dos Estados Unidos foi cerca de 51 vezes maior em 2011 que em 1890 o mesmo aumento proporcional do PIB foi 51 vezes maior em 2011 que em 1890 Portanto a curva que representa a evolução do PIB ao longo do tempo tornase cada vez mais inclinada É muito difícil constatar com base na figura se a economia dos Estados Unidos está crescendo mais rápido ou mais devagar que há 50 ou 100 anos A Figura A22b mostra o PIB dos Estados Unidos de 1890 a 2011 utilizando agora uma escala logarítmica Se a taxa de crescimento do PIB fosse a mesma a cada ano portanto o aumento proporcional do PIB fosse o mesmo a cada ano a evolução do PIB seria repre sentada por uma reta da mesma forma que a evolução de X foi representada por uma reta na Figura A21b Como a taxa de crescimento do PIB não é constante a cada ano portanto o aumento proporcional do PIB não é o mesmo a evolução do PIB não é mais repre sentada por uma reta Ao contrário do que acontece na Figura A22a o PIB não explode ao longo do tempo e o gráfico é mais informativo Aqui estão dois exemplos Se na Figura A22b fôssemos traçar uma reta ajus tada à curva de 1890 a 1929 e outra reta ajustada à curva de 1950 a 2011 os dois períodos estão separa dos na Figura A22b as duas retas teriam aproxi madamente a mesma inclinação Isso nos diz que a taxa média de crescimento foi aproximadamente a mesma durante os dois períodos A queda no produto de 1929 a 1933 está muito visível na Figura A22b Em contraste a crise atual parece pequena em relação à Grande Depressão O mesmo ocorre com a forte recuperação do produto que se seguiu Na década de 1950 o produto parece ter vol tado à sua antiga reta de tendência Isso sugere que a Grande Depressão não esteve associada a um nível de produto permanentemente menor Observe em ambos os casos que não poderíamos ter derivado essas conclusões examinando a Figura A22a mas podemos deriválas examinando a Figura A22b Isso mostra a utilidade de usar uma escala logarítmica Palavraschave inclinação 578 intercepto 577 relação linear 577 Figura A22 a PIB dos Estados Unidos desde 1890 utilizando uma escala linear b PIB dos Estados Unidos desde 1890 utilizando uma escala logarítmica PIB bilhões de dólares de 2005 PIB bilhões de dólares de 2005 1880 1900 1920 1940 1960 1980 2000 1880 1900 1920 1940 1960 1980 2000 2000 0 250 500 1000 2000 4000 8000 16000 4000 6000 8000 10000 12000 14000 Escala logarítmica Escala linear a b Fonte 18901928 Historical Statistics of the United States Tabela F15 ajustada para o nível para ser consistente com a série pós1929 19292011 BEA bilhões de dólares encadeados de 2005 Disponível em httpwwwbeagovnationalindexhtmgdp Acesso em 27 set 2017 BookBlanchard 1indb 579 241017 1718 Apêndice 3 Introdução à econometria Como sabemos que o consumo depende da renda disponível Como sabemos o valor da propensão a consumir Para responder a essas perguntas e de modo mais geral estimar as relações comportamentais e encontrar os valores dos parâmetros relevantes os economistas usam a econometria conjunto de técnicas estatísticas concebidas para aplicação em economia A econometria pode se tornar bastante técnica mas neste apêndice vamos esboçar seus princípios básicos Faremos isso usando como exemplo a função de consumo apresen tada no Capítulo 3 e nos concentraremos em estimar c1 a propensão a consumir a partir da renda disponível Variações no consumo e variações na renda disponível A propensão a consumir nos diz quanto o consumo varia para uma dada variação na renda disponível O primeiro passo natural é simplesmente traçar um gráfico das variações no consumo versus as variações na renda disponível e observar com que se parece a relação entre ambas Podese ver isso na Figura A31 O eixo vertical na Figura A31 mede a variação anual no consumo menos a variação média anual no consumo para cada ano de 1970 a 2014 Mais precisamente seja Ct o consumo do ano t Seja Ct a representação de Ct Ct 1 a variação no consumo do ano t 1 para o ano t Seja C a variação média anual no consumo desde 1970 A variável medida no eixo vertical é obtida por Ct C Um valor positivo da variável representa um aumento no consumo acima da média enquanto um valor negativo representa um aumento no consumo abaixo da média De modo semelhante o eixo horizontal mede a varia ção anual na renda disponível menos a variação média anual na renda disponível desde 1970 YDt YD Cada quadrado no gráfico mostra os desvios da varia ção no consumo e da renda disponível em relação às respectivas médias para um dado ano entre 1970 e 2014 Por exemplo em 2014 a variação no consumo foi maior que a média em US 107 bilhões e a variação na renda disponível foi maior que a média em US 123 bilhões Para nossos objetivos não é importante saber a que ano se refere cada quadrado apenas com o que se parece o conjunto de pontos no diagrama Portanto com exceção de 2014 não indicamos os anos na Figura A31 A Figura A31 sugere duas conclusões principais A primeira de que há uma clara relação positiva entre as variações no consumo e as variações na renda dis ponível A maioria dos pontos situase nos quadrantes superior direito e inferior esquerdo da figura Quando a renda disponível aumenta mais que a média o con sumo normalmente também aumenta mais que a média E quando a renda disponível aumenta menos que a média assim também o faz o consumo A segunda de que a relação entre as duas variáveis é boa mas não perfeita Em particular alguns pon tos situamse no quadrante superior esquerdo estes correspondem aos anos em que variações na renda disponível abaixo da média estiveram associadas a variações no consumo acima da média A econometria nos permite expressar essas duas con clusões de modo mais preciso e obter uma estimativa da Figura A31 Variações no consumo versus variações na renda disponível 19702011 Há uma clara relação positiva entre as variações no consumo e as variações na renda disponível 400 300 200 100 0 100 200 300 400 300 200 100 0 100 200 300 Variação no consumo em bilhões de dólares de 2009 Variação na renda disponível em bilhões de dólares de 2009 2014 Fonte Series PCECCA DSPIC96 Federal Reserve Economic Data FRED Disponível em httpresearchstlouisfedorg fred2 Acesso em 27 set 2017 BookBlanchard 1indb 580 241017 1718 Apêndices 581 propensão a consumir Usando um software econométrico podemos encontrar a reta que se ajusta melhor à nuvem de pontos da Figura A31 Esse processo de ajuste da reta é chamado mínimos quadrados ordinários MQO1 A equação estimada correspondente à reta é chamada de regressão e a reta em si é chamada de reta de regressão Em nosso caso a equação estimada é dada por 1Ct C2 0661YDt YD2 residual RQ 2 051 A31 A reta de regressão correspondente a essa equação estimada é mostrada na Figura A32 A Equação A31 apresenta dois números importantes os pacotes econo métricos oferecem mais informações que as apresentadas anteriormente uma listagem típica com explicações adicionais é dada no quadro Foco Guia para entender resultados econométricos O primeiro número importante é a propensão a con sumir estimada A equação nos diz que um aumento na renda disponível de US 1 bilhão acima do nor mal normalmente está associado a um aumento no consumo de US 066 bilhão acima do normal Em outras palavras a propensão a consumir estimada é de 066 É positiva porém menor que 1 O segundo número importante é R2 que é uma medida da precisão do ajuste da reta de regressão após estimar o efeito da renda disponível sobre o consumo podemos decompor a variação do consumo de cada ano na parcela que é devida à variação da renda disponível o primeiro termo da direita na Equação A31 e no resto que é chamado de resí duo Por exemplo o resíduo para 2014 é indicado na Figura A32 pela distância vertical entre o ponto que representa 2014 e a reta de regressão Se todos os pontos na Figura A32 estivessem exata mente sobre a reta estimada todos os resíduos seriam iguais a zero todas as variações no consumo seriam expli cadas por variações na renda disponível Contudo como se pode ver não é esse o caso R2 é a estatística que nos dá uma medida da precisão do ajuste da reta R2 está sempre entre 0 e 1 Um valor igual a 1 implicaria que a relação entre as duas variáveis é perfeita que todos os pontos estão exatamente sobre a reta de regressão Um valor igual a zero implicaria que o computador não enxerga nenhuma relação entre as duas variáveis O valor de R2 de 051 na Equação A31 é alto mas não muito Ele confirma a mensagem da Figura A32 variações na renda disponível claramente afetam o consumo mas ainda assim há uma boa parte da variação no consumo que não pode ser explicada pelas variações na renda disponível Correlação versus causalidade O que determinamos até aqui é que consumo e renda disponível normalmente caminham juntos Mais for malmente vimos que há uma correlação positiva entre 1 O termo mínimos quadrados vem do fato de que a reta tem a propriedade de minimizar a soma dos quadrados das distâncias dos pontos à reta portanto nos oferece os mínimos quadrados A palavra ordinários significa que este é o método mais simples utilizado na econometria Figura A32 Variações no consumo e variações na renda disponível a reta de regressão A reta de regressão é a que melhor se ajusta à dispersão dos pontos 400 300 200 100 0 100 200 300 400 300 200 100 0 100 200 300 Variação no consumo em bilhões de dólares de 2009 Variação na renda disponível em bilhões de dólares de 2009 2014 BookBlanchard 1indb 581 241017 1718 Apêndices 583 do consumo sobre a renda disponível Na realidade o modelo que desenvolvemos no Capítulo 3 nos diz que se por qualquer razão os consumidores decidirem gastar mais então o produto a renda e por sua vez a renda disponível aumentarão Se parte da relação entre con sumo e renda disponível se origina do efeito do consumo sobre a renda disponível então não é correto interpretar a Equação A31 como indicativa do efeito da renda dis ponível sobre o consumo Um exemplo vem a calhar aqui Suponhamos que o consumo não dependa da renda disponível de modo que o verdadeiro valor de c1 seja zero Isto não é muito realista mas deixará a questão mais clara Assim repre sentemos a função de consumo como uma reta horizontal uma reta com inclinação zero na Figura A33 A seguir vamos assumir que a renda disponível seja igual a YD de modo que a combinação inicial de consumo e renda disponível seja dada pelo ponto A Suponhamos agora que em virtude de um aumento de confiança os consumidores aumentem seu consumo deslocando a reta de consumo para cima Se a demanda afetar o produto então a renda e por sua vez a renda disponível aumentarão de modo que a nova combinação de consumo e renda disponível será dada digamos pelo ponto B Se em vez disso os consumidores se tornarem mais pessimistas a reta de consumo se deslocará para baixo bem como o produto levando a uma combinação de consumo e renda disponível dada pelo ponto D Se examinarmos a economia descrita nos dois pará grafos anteriores observamos os pontos A B e D Se como fizemos antes desenharmos a reta que melhor se ajusta a esses pontos estimaremos uma reta posi tivamente inclinada como CC e assim estimaremos um valor positivo para a propensão a consumir c1 Lembramos entretanto que o verdadeiro valor de c1 é zero Então por que obtivemos uma resposta errada um valor positivo para c1 se o seu verdadeiro valor é zero Porque interpretamos a relação positiva entre renda disponível e consumo como indicativa do efeito da renda disponível sobre o consumo quando na verdade a relação reflete o efeito do consumo sobre a renda disponível Há aqui uma importante lição a diferença entre cor relação e causalidade O fato de que duas variáveis se movem juntas não implica que variações na primeira variável causem variações na segunda Talvez a causali dade ocorra no sentido oposto movimentos na segunda variável causem movimentos na primeira Ou então como é provavelmente o caso aqui talvez a causali dade ocorra nos dois sentidos a renda disponível afeta o consumo e o consumo afeta a renda disponível Existe uma saída para o problema correlação versus causalidade Se estivermos interessados e estamos no efeito da renda disponível sobre o consumo pode remos ainda aprender sobre ele com base nos dados A resposta sim mas somente utilizando mais informações Figura A33 Regressão enganosa A relação entre renda disponível e consumo decorre do efeito do consumo sobre a renda e não do efeito da renda sobre o consumo Consumo C Renda disponível YD YD D A B c1 verdadeiro 5 00 CC Função consumo estimada BookBlanchard 1indb 583 241017 1718 584 Macroeconomia Vamos supor que sabemos que uma variação especí fica da renda disponível não foi causada por uma variação no consumo Então examinando a reação do consumo a esta variação na renda disponível poderíamos aprender como o consumo reage à renda disponível poderíamos estimar a propensão a consumir Essa resposta pareceria simplesmente supor a ausência do problema Como podemos afirmar que uma variação na renda disponível não se deve a uma variação no consumo Na realidade às vezes podemos Suponhamos por exemplo que o governo aumente significativamente os gastos com defesa levando a um aumento na demanda e por sua vez a um aumento no produto Nesse caso se observarmos aumentos tanto na renda disponível quanto no consumo poderemos supor com segurança que a variação no consumo reflete o efeito da renda disponível sobre o consumo e portanto estimar a propensão a consumir Esse exemplo sugere uma estratégia geral Encontre variáveis exógenas isto é variáveis que afetam a renda disponível mas que não são por sua vez afetadas por ela Examine a variação no consumo em resposta não a todas as variações na renda disponível como fizemos em nossa regressão anterior mas em resposta às variações na renda disponível que podem ser explicadas por variações nessas variá veis exógenas Com essa estratégia podemos estar confiantes de que o que estamos estimando é o efeito da renda disponível sobre o consumo e não o inverso O problema de encontrar essas variáveis exógenas é conhecido na econometria como problema de iden tificação Essas variáveis exógenas quando podem ser encontradas são chamadas de instrumentos Métodos de estimação baseados no uso de tais instrumentos são chamados métodos de variáveis instrumentais Se a Equação A31 for estimada usandose um método de variáveis instrumentais as variações nos gastos do governo com defesas atuais e passadas como os instrumen tos em vez dos mínimos quadrados ordinários como fizemos anteriormente a equação estimada será 1Ct C2 0581YD t YD2 Notese que o coeficiente da renda disponível 058 é menor que o coeficiente de 066 da Equação A31 Essa redução na propensão a consumir estimada é exa tamente o que esperaríamos Nossa estimativa anterior na Equação A31 refletiu não apenas o efeito da renda disponível sobre o consumo mas também o efeito do consumo de volta sobre a renda disponível O uso de instrumentos elimina esse segundo efeito motivo pelo qual encontramos um efeito estimado menor da renda disponível sobre o consumo Esta breve introdução à econometria não substitui um curso de econometria mas proporciona uma ideia de como os economistas utilizam os dados para estimar relações e parâmetros e para identificar relações causais entre variáveis econômicas Palavraschave causalidade 582 correlação 581 estatística t 582 graus de liberdade 582 instrumentos 584 métodos de variáveis instrumentais 584 mínimos quadrados ordinários MQO 581 observações válidas 582 problema de identificação 584 regressão 581 resíduo R2 581 reta de regressão 581 variáveis independentes 582 variável dependente 582 BookBlanchard 1indb 584 241017 1718 Índice A A Monetary History of the United States Friedman e Schwartz 555 A teoria geral do emprego dos juros e da moeda Keynes 63 95 552 Abertura dos mercados de bens 386 386394 dos mercados de fatores 386 dos mercados financeiros 386 394403 Acemoglu Daron 277 563 Ações 74 324 325 Acordo Norteamericano de Livre Comércio NAFTA 386 Acordos de extensão 181 Acumulação de capital 231 236 238239 243 249250 vs progresso tecnológico 279280 Adiamento 376 Admissões 149 Afrouxamento de crédito 542 Ver também Afrouxamento quantitativo Afrouxamento quantitativo 542 Afrouxamento quantitativo 1 QE1 542 Afrouxamento quantitativo 2 QE2 542543 Afrouxamento quantitativo 3 QE3 543 Agências de classificação de risco 135 Aghion Philippe 304 562563 Ajuda temporária 183 Ajuste Veja também Dinâmica de ajuste produto de equilíbrio 6061 63 6667 Akerlof George 561562 Alavancagem 134135 empréstimos e 127129 escolha da 126 Alemanha crise cambial do SME 463464 spread 519 taxa de desemprego 182 figura unificação 449 Ancorado 199 Aperto monetário 104 Apreciação moeda nacional 389 real 392 Apreciação real 392 Aproximações 575577 Arbitragem preços dos títulos e 319321 vs valor presente 320 Área do euro 10 mapa de 11 Área monetária comum 11 468470 Área monetária ótima 468 Argentina comitê cambial 472473 moeda dos Estados Unidos detentores de 76 Armadilha da liquidez 8588 Armadilha de deflação 200 Armadilha malthusiana 226 Artigos de notícias mercado de ações e 331 Aterrissagem suave 323 Atividade econômica hiperinflação 522 mercado de ações e 328 Ativos domésticos vs estrangeiros 399400 financeiros 7273 Ativos domésticos 399403 Ativos estrangeiros 399403 Ativos tóxicos 135 Atrelamento da moeda 446447 rígido 471472 taxa de câmbio 446447 Atrelamento rígido 471472 Aumann Robert 488 Austeridade fiscal 524 Austrália 512513 Áustria taxa de desemprego em 182 figura Aversão ao risco 124 B Balança comercial 51 571 depreciação produção e 419424 poupança investimento e 426428 produto de equilíbrio e 412413 Balancete 79 Banco Central 79 Balanço de pagamentos 396398 Banco Central conquistando credibilidade 489491 equilíbrio atingindo 8485 moeda 7981 Banco Central Europeu BCE 10 470 Banco Central Independente 490 Bancos o que eles fazem 8283 crise financeira mundial 36 132139 Bandas 446447 Barro Robert 557 Base monetária 84 Basileia II 547 Basileia III 547 Bélgica 182 449 Bens comercializáveis 387 demanda doméstica 409 demanda por 5255 domésticos vs estrangeiros 388389 finais 22 intermediários 22 Bens comercializáveis 387 Bens domésticos 388389 demanda por 414415 vs bens estrangeiros 388389 Bens duráveis 570 Bens estrangeiros 386388 Bens finais 22 Bens intermediários 22 Bens não duráveis 570 Bernanke Ben 483 562 Blinder Alan 490 491 540 Bloom Nick 274 Bolha especulativa 333335 Bolhas especulativas racionais 333335 Bônus do Tesouro 319 Botswana 228 Bureau of Labor Statistics BLS 32 Bush George W 108 C Câmbio 393394 Canadá 512513 Capital consumo de fixo 569 custo de aluguel de 353 estado estacionário 242 físico vs humano 255257 nível de regra de ouro de 254 por trabalhador 230 produto e 236239 265269 rendimentos decrescentes para 230 Capital em estado estacionário 242 Capital físico 255257 ampliando a função de produção 255256 crescimento endógeno 257 produto e 255257 Capital humano 255 ampliação da função de produção 255256 crescimento endógeno 257 produto e 255256 Causalidade 581583 Cavallo Domingo 472473 Cesta de consumo 32 China 1416 crescimento e inflação desde 1990 15 tabela mecanismos de crescimento 278 progresso tecnológico vs crescimento 280282 Choi Don 540 Choques 209210 mercado de trabalho 180 Choques e políticas financeiras 131132 Churchill Winston 460 Ciclo político de negócios 493 Ciclos de negócios 209 políticos 493 Classificações de títulos 318319 Cobb Charles 251 Coeficiente de endividamento 511512 Coeficiente de Okun 196 Coincidência divina 534 Combinação de políticas 483 ClintonGreenspan 111 monetárias e fiscais 105111 Combinação de políticas ClintonGreenspan 111 Combinação de políticas monetárias e fiscais 105111 Comitês cambiais 471473 Composição 224 Compras do governo 571572 Compressão de importações 424 Computadores preços de 2627 Comunismo 14 15 Condição da paridade de juros 400 435439 Condição de equilíbrio 56 Condição de MarshallLerner 420 432 Congressional Budget Office CBO 525 526 Conjuntos de dados em painel 342343 Consistência temporal e restrições aos formuladores de política econômica 492 Consolidação fiscal 102103 202203 política monetária e produto 368371 relação IS e 364368 Consols 315 Consumidores previsões 341346 Consumo 3133 50 5254 341348 componente do PIB 50 decisões de investimento e 364368 554 dependente da renda corrente 343344 despesas de consumo pessoal 570 determinantes de 409410 do capital fixo 569 expectativas e 343344 347348 expectativas racionais 558 mudanças em 581583 nos Estados Unidos durante a Segunda Guerra Mundial 517 parâmetros que caracterizam a relação entre rendimento disponível e 53 por pessoa 220221 problema do estudante universitário 343344 taxa de poupança e 246248 volatilidade 357359 Conta capital 397398 Contas de renda e produto nacional contas de renda nacional 22 555 568573 Contas nacionais Veja Contas de renda e produto nacional Contração fiscal 102 Contração monetária 104 Z05BLAN058107SEIDXDEFIindd 595 081117 1633 596 Macroeconomia nos Estados Unidos 444446 Contrato com os Estados Unidos da América 483 484 figura Controles de capital 386 547 Convergência do produto por pessoa 224226 Coordenação das políticas 419 Coordenação das políticas macroeconômicas 419 Coreia do Norte instituições em 278 Coreia do Sul instituições em 277 Correlação 581583 Corridas bancárias 83 128129 Corte de cabelo 521 Cotas 385 Credibilidade conquista de 489492 de programa de redução do déficit 375 Crescimento 217 228233 acumulação de capital vs progresso tecnológico 279280 através de milênios 226 em países ricos desde 1950 221226 endógenos modelos de 257 entre países ricos 221226 279280 equilibrado 268 felicidade e 222223 fontes de 231233 função de produção agregada 228229 importância das instituições para 275279 moeda 532534 países da OCDE 226228 pósSegunda Guerra Mundial na França 243 produtividade 910 produto por trabalhador e capital por traba lhador 230 retornos de escala e rendimentos de fatores 229230 Crescimento da produtividade baixo 910 Crescimento do produto 6 Crescimento endógeno 257 Crescimento equilibrado 268 Crescimento monetário 532534 Crescimento stalinista 244 Crise econômica 36 do problema imobiliário à crise financeira 132139 economia novoclássica e teoria dos modelos dos ciclos de negócios reais 560 lições de 564565 nova teoria do crescimento 562563 novokeynesiana 561562 síntese das teorias 563564 Crítica de Lucas 557 CRPN Veja Conta de renda e produto nacional Cupons título com 318 Current Population Survey CPS 28 149 150 299 342 Curto prazo 36 Curva de Phillips 3536 170 173177 192194 193 555556 crítica de Friedman 177 deflação e 185186 expectativas racionais e 557558 inflação e 3536 182185 mutações 173177 taxa natural de desemprego e 177179 tradeoff aparente e seu desaparecimento 173177 Curva de Phillips aceleracionista 176 Curva de Phillips aumentada pelas expectativas 176 Curva de Phillips modificada 176 Curva de rendimento 317 interpretação 323 limite inferior zero decolagem e 324 Curva IS derivação 98 deslocamentos de 98100 expectativas e 368371 feito do aumento de impostos 102104 Curva J 424426 Curva LM derivação 101102 deslocamentos de 100 efeito do aumento de impostos 102104 Custo de menu 561 Custo de uso 353 Custo de vida 31 Custo do aluguel 353 Custo sombra 353 Custos de sola de sapato 537 D Debaixo dágua 133 Decisões expectativas e 364368 investimento 350 Decisões de investimento 350 Decisões salariais difusão temporal das 559 Decreto NorteAmericano de Recuperação e Reinvestimento 138139 Déficits Veja também Déficit orçamentário aritmética de 506507 ciclicamente ajustado 515516 comércio 415 425426 conta de capital 397 guerras e 516518 medição de 507508 nos Estados Unidos durante a Segunda Guerra Mundial 517 Pacto de Estabilidade e Crescimento europeu 483 496498 Déficit ajustado pela inflação 506 Déficit ciclicamente ajustado 515516 Déficit com emprego padronizado 515 Déficit comercial 51 415 Déficit da conta de capital 397 Déficit da metade do ciclo 515 Déficit de pleno emprego 515 Déficit em transação corrente 397 Déficit estrutural 515 Déficit orçamentário 64 Veja também Déficits na Irlanda 372374 nos Estados Unidos 524525 Déficit primário 508 Deflação 31 33 limite inferior zero e 123 na Grande Depressão 201 relação da curva de Phillips e 185186 Deflator do Produto Interno Bruto PIB 31 Delors Jacques 469 Demanda 49 Veja também Demanda agregada doméstica aumentos em 414415 estrangeira aumentos em 415417 Demanda agregada 552 Demanda de bens domésticos 409 Demanda de dinheiro Veja Demanda por moeda Demanda doméstica aumentos de 409 414415 Demanda efetiva 552 Demanda estrangeira aumentos 415417 Demanda por bens 5255 Demanda por moeda 7276 8285 554 crescimento e inflação M1 533 figura derivação 7476 taxa de juros e 7681 Demanda por moeda bancária 82 Demanda por moeda do Banco Central 8384 Demanda por reservas 8384 Demissões 149 custos de 180181 Depósitos à vista 73 82 128129 Depósitos demanda 128129 Depreciação balança comercial produto e 419424 estoque de capital 349 moeda nacional 389 real 392 420421 Depreciação real 392 Depressão Veja Grande Depressão Desemprego 27 destruição de empregos transformação e perdas de remuneração 297298 duração média do 150 felicidade e 30 inflação e 191 488489 movimentos em 151154 na Europa 1213 180181 produto e 287290 salários preços e 157 salários reais de equilíbrio e 161162 seguro 158 tecnológico 291 visão dos economistas 2931 Desemprego tecnológico 291 Desgaste guerras por 495 Designação fora da força de trabalho 28 Desigualdade Veja também Desigualdade salarial e o 1 superior 302304 tecnologia educação e 301302 Desigualdade salarial aumento em 299301 e o 1 superior 302304 Desligamentos 149 Destruição criativa 296 563 Destruição de empregos 297298 Desvalorização 389 argumento a favor e contra 459461 Determinação de preço função de produção 159 Determinação salarial 154159 desemprego e preços 157158 negociação 155 nível de preços esperado 157158 salárioseficiência 156 segurodesemprego 158 taxa de desemprego 158 Diamond Doug 564 Diamond Peter 562 Difusão temporal das decisões sobre salários e pre ços 559 Diminuição do emprego em relação ao produto 113 Dinamarca taxa de desemprego em 182 figura Dinâmica do ajuste 61 Direitos de propriedade proteção de 275279 Discrepância estatística 397 Dispositivo disciplinar desemprego como 162 Distorções tributárias 518 537538 Dívida aritmética de 506507 pagamento 509511 riscos de alta 518525 Dividendos 325 Dolarização 471472 Dominância fiscal 521 Dornbusch Rudiger 559 Douglas Paul 251 Dybvig Philip 564 E Easterlin Richard 222 Econometria 60 580584 Economia aberta efeitos da política monetária 441 modelo ISLM em 442 figura política fiscal em 441446 relação IS em 408412 Economia de mercado 16 Economia do desenvolvimento 228 Economic Outlook da OCDE 20 Economic Report of the President 19 Educação salários relativos por 298 tecnologia desigualdade e 301302 Eficiência salarial 156 562 Henry Ford e 156 El Salvador 76 Eleitores formuladores de políticas e 492494 Emendas orçamento equilibrado 483 Employment Outlook da OCDE 20 Empregados remuneração de 569 Emprego 27 Emprestador em última instância 544 Empréstimo e alavancagem 127129 Empréstimos 83 Empréstimos hipotecários 133 Z05BLAN058107SEIDXDEFIindd 596 081117 1633 Índice 597 EMS Veja Sistema Monetário Europeu Envolvimento do setor privado 521 Equação comportamental 52 Equador 76 Equilíbrio em mercados financeiros 101 435439 mercado de fundos federais e taxa dos fundos federais 85 no curto e médio prazos 458459 no mercado de bens 55 433435 Equilíbrio de curto prazo 197 209 Equilíbrio de médio prazo 197 209 dinâmica e 197202 Equilíbrio geral estocástico dinâmico 564 Equipamento e software 570 Equivalência Ricardiana 514515 Escalas logarítmicas 217 578579 Espanha crise do SME 463 spreads de títulos 519 taxa de desemprego 12 figura 182 figura Espirais de dívida e limite inferior zero 199202 Espiral de deflação 200 Estabilização da dívida 510511 Estabilizador automático 516 Estado estacionário da economia 242 função de produção CobbDouglas e 251 Estados Unidos 610 ajuste do PIB ao PNB 568569 aumento dos preços da habitação 334335 composição por países das exportações e impor tações em 2014 394 tabela consumo durante a Segunda Guerra Mundial 517 contração monetária e expansão fiscal 444446 crescimento desemprego e inflação 19902015 7 tabela déficit orçamentário 524525 desemprego 29 direitos de propriedade em 276 emprego desemprego e para fora da força de trabalho 19962014 149 figura estatísticas econômicas 19 inflação em 171 figura 173174 orçamento equilibrado 483 Previdência Social 249250 produto por pessoa desde 1950 222 tabela produto por trabalhador e progresso tecnológico 280 tabela razões exportaçõesPIB desde 1960 387 figura recessão de 2001 107109 redução do déficit em 494495 taxa de desemprego 19482014 152 figura taxa de poupança 236 taxa natural de desemprego 183 taxas de juros nominais e reais 122123 403 figura US Department of Commerce 19 Estagflação 207 556 Estatística econômica 19 Estoques 51 55 60 de negócios mudanças 571 Estrutura a termo das taxas de juros 317 Estruturas 570 Euro 1014 benefícios de 1314 conversão para 448449 história de 469470 Pacto de Estabilidade e Crescimento 483 496498 Europa crescimento ao longo de dois milênios 226 desemprego 1213 180182 negociação coletiva 155 spreads de títulos 519 Europa Central 16 Expansão do produto 372374 Expansão fiscal 103 nos Estados Unidos 444446 Expansão monetária 104 mercado de ações e 329 resposta do produto para 485 figura Expansões 26 Expectativas 347348 decisões e 364368 estáticas 350 362363 371 papel de 199 política e 487492 política monetária produto e 368371 redução do déficit produção e 372378 sobre o futuro papel de 374378 Expectativas adaptativas 371 Expectativas estáticas 353 362363 371 Expectativas inflacionárias 199 Expectativas racionais 370 371 crítica de 556560 curva de Phillips e 557558 integração de 558560 Exportações 51 386388 571 da China 14 determinantes de 410 superiores ao PIB 388 Exportações líquidas 49 571 F Facilidades de liquidez 138 Fator de desconto 312 Fator de mercado abertura em 386 Federal Reserve Bank Fed 72 Veja também Banco Central Federal Reserve Bank of St Louis 19 Federal Reserve Board Veja também Banco Central incerteza 486 moeda 76 moeda em circulação 76 reação negativa a 491 Federal Reserve Economic Database FRED 19 Feldstein Martin 250 Ferramentas macroprudenciais 544547 565 Finanças 521524 Finanças de capital próprio 325 Finanças diretas 125 Financiamento por dívida 324 Finlândia taxa de desemprego 182 figura Fischer Stanley 559 Fleming Marcus 433 444 Flutuação 461 Flutuações do produto 209 Fluxo 74 Fluxo de caixa vs rentabilidade 355 Fluxos de capital próprio 435437 Fluxos líquidos de capital 397 Fora da força de trabalho 148 Força das taxas compostas 224 Força de trabalho 148 taxa de desemprego e 2730 Ford Henry 156 Formuladores de políticas macroeconômicas base de conhecimentos 484485 incerteza e 486487 jogos que eles jogam 492494 494495 restrições em 486487 492 França acumulação de capital e crescimento após Segunda Guerra Mundial 243 produto por pessoa desde 1950 222 tabela produto por trabalhador e progresso tecnológico 280 tabela taxa de desemprego 182 figura unificação alemã taxas de juros e EMS 449 Friedman Milton 177 341 487 554556 Fronteira tecnológica 275 Função consumo 52 6263 Função de produção 159 agregada 228229 CobbDouglas 251 determinação de preços 159 estendendo a 255256 progresso tecnológico e 263265 Função de produção agregada 228229 Função de produção CobbDouglas 251 Funções 577578 Fundo fiduciário 250 Fundo Monetário Internacional FMI 20 Fundos do mercado monetário 7274 G G20 417418 Gali Jordi 563 564 Garantia 138 Títulos de dívida colateralizada CDOs 135 Garber Peter 333 Gasto autônomo 56 59 figura Gasto privado 366 Gasto privado agregado 366 Gastos autônomos 56 privados agregados 366 Gastos com consumo 329330 Gastos do governo 51 55 como razão ao PIB 108109 figura determinantes de 409410 diminuição de 372374 efeitos de aumento em 441442 escolha do nível de produto e 65 mais impostos política fiscal descrita por 55 nas contas de renda nacionais 572573 Gastos pessoais de consumo 570 Gertler Mark 562 Gestão inovação e imitação 275 Getty J Paul 74 Global Financial Stability Report GFSR 20 Goffe Bill 20 Goldin Claudia 301 Governo papel na escolha do produto 6566 GrãBretanha Veja também Reino Unido retorno ao padrãoouro 460 Gráfico equilíbrio 5760 Veja também Equilíbrio Grande Depressão 564565 deflação em 201 Keynes e 552 taxa de emprego natural e 185186 temores de 6263 visão dos monetaristas 555 Grande Moderação 530 Grécia razão dívidaPIB 504 taxa de desemprego 182 figura Greenspan Alan 107 111 Griliches Zvi 272 Guerras e déficits 516518 Guiné Equatorial 228 H Hall Robert 559 Hansen Alvin 89 554 Harsanyi John 488 Hiato do produto 194 Hicks John 89 554 Hiperinflaçãoões 522 financiamento monetário e 523524 Hipotecas subprime 132134 Hipótese das expectativas 320 Historical Statistics of the United States Colonial Times to 1970 20 Holanda 181182 Holanda bolha das tulipas 333 Holmström Bengt 564 564565 Hong Kong 545546 Howitt Peter 563 I Identidade 52 Iliquidez 127129 Ilusão monetária 538 Importações 51 386388 571 determinantes de 410 Impostos 54 controle governamental do produto 6566 Z05BLAN058107SEIDXDEFIindd 597 081117 1633 598 Macroeconomia correntes vs futuros 508511 efeito sobre curva IS 99100 102104 indiretos 569 nas contas de renda nacional 572573 Impostos indiretos 569 Inadimplência 521 Incapacidade trabalhadores 183 Incerteza multiplicativa 486 Inconsistência temporal 489 558 Indexação salarial 184 Índia 16 Índice de Preços no Consumidor IPC 3132 Índice Nikkei 332 Índices de ações 325 Índices de preços 3132 Índices encadeados 4445 Inflação 33 Veja também Deflação hiperinflaçãoões benefícios de 540541 China 14 15 tabela contabilidade 507508 crescimento de moeda e 532534 curva de Phillips e 3536 182185 custos de 536539 desemprego e 7 tabela 173177 191 488489 esperada 119123 171173 Lei de Okun 34 mudança de categoria 33 nos Estados Unidos 7 tabela 171 figura 173174 produto de médio prazo e 197 199 União Europeia 10 quadro 11 visão dos economistas sobre 33 Inflação pura 33 Início da recessão de 2000 Veja Recessão de 2001 Insolvência 127 Instinto animal 371 Instituições progresso tecnológico e crescimento 275279 Instrumentos 584 Interações estratégicas 488 Intermediários financeiros 82 papéis de 125129 134136 Intervalo de confiança 112 Investimento 5051 5455 74 349357 554 acumulação de capital e 238239 China 14 16 decisões de consumo e 357359 364365 dependente das vendas 96 determinantes de 409410 igualando a poupança 64 lucro atual vs esperado 353355 lucro e vendas 356357 mercado de ações e 351352 mercado de bens 96 nominal 7476 nos Estados Unidos durante a Segunda Guerra Mundial 517 poupança balança comercial e 426428 poupança e saldo em conta corrente 426428 redução do déficit e 110 taxas de juros e 96 volatilidade 357359 Investimento direto estrangeiro 547 Investimento em estoque 51 96 Investimento financeiro 50 74 Investimento fixo 50 Investimento fixo bruto interno privado 570 Investimento não residencial 50 570 Investimento residencial 50 571 Irlanda desemprego 181182 redução do déficit em 372374 taxa de desemprego 182 figura Israel 472 Itália spreads de títulos 519 taxa de desemprego 182 figura J Japão negociação coletiva 155 produto por pessoa desde 1950 222 tabela produto por trabalhador e progresso tecnológico 280 tabela Jogadores 488 Jorgenson Dale 554 Juros líquidos 569 K Katz Larry F 301 Keynes John Maynard 63 65 95 460 552 555 Keynesianos 555 novos 561562 Klein Lawrence 554 555 Krugman Paul 244 Kuwait PIB vs PNB 398399 Kuznets Simon 21 Kydland Finn 488 558 L Lado do produto contas nacionais 570572 Lamont Owen 355 Lehman Brothers 4 6263 Lei de Cumprimento do Orçamento de 1990 498 Lei de Okun 34 através do tempo e de países 195196 Lerner Abba 420 Leste europeu 210 Letras do Tesouro Tbills 80 318 Limite inferior zero 85 324 deflação e 123 espirais de dívida e 199202 taxas de juros e 89 123 Liquidez 127129 Longo prazo 37 Lucas Robert 257 371 557 562 Lucro corporativo 569 corrente vs esperado 353355 investimento e expectativas de 349 valor presente esperado dos lucros sob expecta tivas estáticas 362363 vendas e 356357 Lucro corrente vs lucro esperado 353355 Lucros das empresas 569 Luxemburgo 182 M M1 533 Macroeconomia desenvolvimentos até à crise de 2009 560564 nova teoria do crescimento 562563 Maddison Angus 20 Malthus Robert 226 Mania das tulipas 333 Mankiw N Gregory 562 Mao Tsetung 278 Margem 160 Marshall Alfred 420 Mate a fera de fome 494 Mavrody Sergei 333 Mecanismos de propagação 210 choques e 209210 Médio prazo 37 taxas de câmbio flexíveis vs fixas 457461 Menem Carlos 472 Mercado de ações atividade econômica e 328 aumento dos gastos com consumo e 329330 expansão monetária e 329 funcionando bem 328 investimento e o 351 Mercado de bens abertura do 386 386394 bens nacionais vs estrangeiros 388389 equilíbrio em 5565 412413 433435 exportações e importações 386388 relação IS e 95100 408412 reunindo mercados financeiros e 439441 Mercado de fundos federais 85 Mercado de trabalho considerações gerais 147151 fixação de salários e preços 168169 instituições 13 Mercados financeiros abertura em 386 394403 ativos domésticos vs ativos estrangeiros 399400 balanço de pagamentos 396398 conta de capital 397 demanda por moeda 7276 determinação da taxa de juros 7688 equilíbrio em 85 435439 mercado e taxa de fundos federais 85 oferta e demanda por moeda dos bancos cen trais 8385 política monetária e operações de mercado aberto 7981 relação LM e 100105 reunir os mercados de bens e 439441 taxas de câmbio e taxas de juros 401403 títulos domésticos vs títulos estrangeiros 435439 transações correntes 396397 Meta de inflação 530 532534 da meta de moeda para 532536 Métodos de variáveis instrumentais 584 México depreciação do peso nos anos 1990 421 Milho híbrido 272273 Minidesvalorização 446447 Mínimos quadrados ordinários MQO 581 Mobilidade de capital 453455 Modelo ISLM 89 102104 554 dinâmica 111114 extensão 130132 para economia aberta 441 política e atividade monetária 104 política fiscal e taxa de juros 102104 Modelo ISLMPC 192194 Modelo MPS 554 Modelo MundellFleming 433 Modelos dos ciclos econômicos reais RBC 560 Modelos macroeconométricos 554555 Modigliani Franco 341 487 554 554 Modismos preços das ações 334 Moeda 72 áreas de moeda comum 468470 atrelamento 446447 doméstica apreciação e depreciação de 389 Estados Unidos detentores de 76 Moeda de alta potência 84 Moeda dos Estados Unidos detentores de 76 Moeda real 100101 Monetaristas 555556 Monetarização da dívida 524 Mortensen Dale 562 Mudança de categoria 33 538 Mudança estrutural 296 Multiplicadores em equações algébricas 57 fiscal 377 Multiplicadores fiscais 377 Mundell Robert 433 444 468 N Nash John 488 National Basketball Association NBA 495 National Bureau of Economic Research NBER 107 National Economic Trends 19 National Income and Product Accounts of the United States 19 Negociação sequestros e 488 Negociação coletiva 154 Nível das transações 73 Nível de capital da regra de ouro 247248 254 Nível de preço 31 esperado 157 relação de ajuste de preços 160161 291292 Notas do Tesouro 319 Nova teoria do crescimento 562563 Nova Zelândia 512513 Número índice 31 Z05BLAN058107SEIDXDEFIindd 598 081117 1633 Índice 599 O OCDE Veja Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico Oferta Veja Oferta de moeda Oferta de moeda 7779 8385 Okun Arthur 34 Operações de mercado aberto 79 política monetária e 7981 Operações de mercado aberto contracionistas 79 Operações de mercado aberto expansionista 79 Orçamento equilibrado 5657 483 Organização dos Países Exportadores de Petróleo OPEP 204 Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico OCDE 19 crescimento 226228 razão entre exportações e PIB 387 taxas de inflação em 536 537 tabela P Pacto de Estabilidade e Crescimento PEC 483 496498 Padrão de vida 217221 aumento desde 1950 221222 Padrãoouro retorno da GrãBretanha ao 460 Pagamento dívida 509511 Pagamentos saldo de 396398 taxas de juros constantes e 314315 Pagamentos de cupons 318 Pagamentos de renda de fatores para o resto do mundo 569 Países africanos crescimento econômico 17 produto por pessoa 227228 Países asiáticos produto por pessoa em 227 Países periféricos do euro desaparecimento de défi cits de conta em 423424 Panel Study of Income Dynamics PSID 342 Paradoxo da poupança 65 6667 Paradoxo de Easterlin 222 Paridade coberta de juros 400 Paridade descoberta de juros 400 Paridade do poder de compra PPC 14 219221 construção de 220221 Passeio aleatório 328 Passeio aleatório do consumo 559 Patentes 273 Perdas de remuneração 297298 Período de Bretton Woods 456 467 Perry Rick 483 Pesquisa biogenética 272274 Pesquisa e desenvolvimento PD 271 Phelps Edmund 163 178 555 Phillips A W 170 PIB de produto agregado 2225 determinantes do nível de 3637 PIB em dólares 24 25 PIB nominal 2425 31 PIB real 2425 31 cálculo 24 2627 construção de 4445 PIB real em dólares encadeados 2009 25 PIB real por pessoa 26 PIB Veja Produto Interno Bruto Piketty Thomas 303 Pirâmide MMM 333 Pissarides Christopher 562 Planejamento central 16 PNB Veja produto nacional bruto Poder de negociação 155 181 Política econômica expectativas e 487402 incerteza e 484487 papel da 556 política e 492499 teoria da 560 Política fiscal 55 138139 417419 504 combinada com taxa de câmbio 421423 efeitos na economia aberta 441446 equivalência Ricardiana 514515 restrição orçamentária do governo 506513 restrições 496 reunião do G20 417418 riscos de dívida alta 518525 sob taxas de câmbio fixas 446448 taxa de juros e 102104 vs política monetária 555 Política macroeconômica expectativas e 487492 política e 492499 Política monetária 368371 convencional 542 e estabilidade financeira 544547 efeitos de curto e médio prazo 209 efeitos na economia aberta 441442 expectativas produto e 368371 formulação de 532536 limites de 138 não convencional 138 542543 operações de mercado aberto e 7981 taxa de juros e 104 vs política fiscal 555 Política monetária convencional 542 Política monetária não convencional 138 542543 Política política macroeconômica e 492499 População civil disponível em idade ativa 147 População civil não institucional 147148 População prisional 183 Portugal 182 463464 Poupança 74 aposentadoria 346 investimento balança comercial e 426428 investimento igual 64 paradoxo de 65 6667 Previdência Social e 249250 privada 64 pública 64 Poupança de aposentadoria 346 Poupança privada 64 Poupança pública 64 PPP Veja Paridade do poder de compra Práticas de gestão e progresso tecnológico 274 Precificação hedônica 27 Preço exdividendo 326 Preço relativo 24 Preços Veja também preços específicos salários desemprego e 157 Preços da habitação 132134 Razões LTV máximas 545547 Preços das ações bolhas e modismos 332335 como valores presentes 325328 de 2007 a 2010 5 movimentos em 325330 Preços do petróleo mudanças em 204209 Preços e rendimentos dos títulos 80 316324 Preferência de liquidez 553 Prêmio de capital próprio 326 Prêmio de risco 124125 318 Prescott Edward 488 558 560 Previdência Social 249250 Problema de identificação 584 Processo de pesquisa 271 fertilidade de 271272 Processo de transformação 296297 Produção 31 32 49 Veja também Produto Produtividade produto desemprego e 287290 taxa natural de desemprego e 291296 Produtividade do trabalho 159 Produto 67 Veja também Produto agregado pro duto de equilíbrio capital de produto em estado estacionário e 236239 255257 265269 China 14 15 tabela choques financeiros e 131132 depreciação balança comercial e 419424 determinação 97100 dinâmica 61 111114 investimento e 238239 PIB e 22 política monetária expectativas e 368371 produtividade desemprego e 287290 redução do déficit e 372378 taxa de juros e 97100 taxa de poupança e 243248 251254 Produto de equilíbrio balança comercial e 412413 determinação de 5564 equações algébricas 56 no mercado de bens 55 433435 representações gráficas 5759 tempo para produto se ajustar 6061 66 Produto em estado estacionário 242 taxa de poupança e 251252 269270 Produto Interno Bruto PIB 568569 composição de 5051 contas de renda e produto nacional CRPN 568574 exportações que superam o 388 nível vs taxa de crescimento 26 nominal e real 2425 nos Estados Unidos 24 25 figura 26 figura 218 figura 579 figura para PNB 568569 precificação hedônica e 27 produção e renda 2223 razão dívidaPIB 510511 vs PNB no Kuwait 398399 Produto Nacional Bruto PNB 22 568569 Produto nacional líquido PNN 569 Produto por hora trabalhada 221 Produto por pessoa 217221 ao longo de milênios 226 convergência de 224226 em países da OCDE 226228 em países ricos 221 221226 entre países 226228 Produto por trabalhador 221 230 Produto potencial 194 Programa de Resgate de Ativos Problemáticos TARP 138 Progressão geométrica 60 314 575 Progresso tecnológico construindo uma medida de 285286 crescimento e 231 263 determinantes de 270275 enviesado para a qualificação 300 função de produção e 263265 instituições e 275279 modelos dos ciclos econômicos reais e 560 PIB real e variações de mercado 26 produto capital e 265269 taxa de poupança e 269270 transformação desigualdade e 296304 vs acumulação de capital 279280 Progresso tecnológico enviesado para qualificação 300 Propensão a poupar 65 Propensão marginal a consumir 53 Propensão para consumir 53 Proposição de RicardoBarro 514 Proteção ao emprego 159 180181 Provisão de liquidez 129 544 Q q de Tobin 351352 Queima de estoque 128 Quênia direitos de propriedade em 276 R Razão das reservas 84 Razão de alavancagem 126 Razão de capital 126 Razão LTV 545546 Recessão de 2001 107109 Recessões 26 membros do mercado do euro e 13 recessão de 2001 107109 Recursos da internet dados macroeconômicos 20 Redução do déficit 372378 494495 Z05BLAN058107SEIDXDEFIindd 599 081117 1633 600 Macroeconomia Reescalonamento da dívida 521 Reestruturação da dívida 521 Reforma da Previdência Social 249250 Regime flexível de metas de inflação 535 Regimes cambiais escolhendo entre 468473 Regra de PAYGO 499 Regra de taxa de juros 530 535536 Regra de Taylor 535 Regras fiscais da área do euro história 496498 Regressão 581 Reino Unido coeficiente de endividamento após Segunda Guerra Mundial 512513 desemprego 180182 padrãoouro 460 produto por pessoa desde 1950 222 tabela produto por trabalhador e progresso tecnológico 280 tabela taxa de desemprego 182 figura taxas de juros nominais e reais 403 figura Relação de fixação de salário 160 168169 291292 Relação de oferta agregada 557 Relação IS em economia aberta 408412 expectativas e 364368 mercado de bens e 64 95100 relações LM e 102104 sob taxas de câmbio fixas 458 478 Relação linear 53 Relação LM e mercados financeiros 100105 Relação trabalhooferta 168169 Remuneração dos empregados 569 Renda 49 consumo e renda corrente 347348 contas de renda e produto nacional 568572 determinantes de 409410 disponível 52 PIB como soma de 24 real 100101 riqueza moeda e 74 Renda de lucro 23 Renda disponível 52 mudanças em 581583 parâmetros que caracterizam a relação entre consumo e 53 Renda do capital 23 Renda do proprietário 569 Renda do trabalho 23 Renda nominal 7476 Renda pessoal 570 Renda pessoal de aluguel 569 Renda pessoal disponível 570 Renda real 100101 Rendimento até o vencimento 317 Rendimento corrente 318 Rendimento do trabalho decrescentes 230 Rendimento dos fatores 229230 Rendimentos do capital decrescentes 230 Rentabilidade vs fluxo de caixa 355 Reserva de mão de obra 196 Reservas 82 demanda por 84 Reservas cambiais 453 Resíduo 581 de Solow 285 Resíduo de Solow 286 Restrições bancárias 129 Restrições orçamentárias do governo 506513 Resultados de pesquisa apropriabilidade de 272274 Reta de regressão 176 581 Retornos constantes de escala 229 Retornos de escala constantes 229 Ricardo David 514 Rigidez do mercado de trabalho 13 179 Rigidez nominal 561 Riqueza na forma de títulos 73 renda dinheiro e 73 tipos de 342 Riqueza financeira 74 342 Riqueza humana 342 Riqueza imobiliária 342 Riqueza não humana 342 Riqueza total 342 Risco 124125 de inadimplência 521 preços das ações e 332335 títulos e 317 322323 Risco de inadimplência 317 519521 Romer Paul 257 562 Roubini Nouriel 20 564 Rússia moeda dos EUA detentores de 76 Pirâmide MMM 333 S Salário reserva 155 Salários reais 33 equilíbrio 161162 taxa natural do desemprego e 292293 Salários reais 161163 292293 Saláriosmínimos 181 Saldo da conta de capital 397 Saldo de renda 396 Saldo em transação corrente 397 Samuelson Paul 170 553 Sargent Thomas 371 557 Schelling Tom 488 Schumpeter Joseph 296 563 Schwartz Anna 555 Securitização 135 Seguro depósito 83 desemprego 180181 Seguro de depósito 83 129 Selten Reinhard 488 Senhoriagem 522 540 Sequestros e negociações 488 Serviços 570 Shafir Eldar 538 Shiller Robert 334 Shleifer Andrei 563 564 Síntese neoclássica 553556 Sintonia fina 487 Sistema de repartição da Previdência Social 249 Sistema de repartição 249 Sistema Monetário Europeu SME 447 crise cambial 463464 unificação alemã e 449 Sites para questões macroeconômicas 19 Solow Robert M 170 228 285286 554 Solvência 127 Spread 519 Standard Poors SP 318 Standard Poors 500 SP 500 325 Statistical Abstract of the United States 19 Stone Richard 21 StraussKahn Dominique 417 Suécia 182 463 Superávit da conta capital 397 orçamentário 64 Superávit comercial 51 Superávit de conta de capital 397 Superávit em transação corrente 397 Superávit orçamentário 64 Superávit primário 508 Survey of Current Business 19 T Tarifas 385 Taxa básica 130 Taxa de câmbio Veja também Taxa de câmbio real atrelamento 446447 bilateral 393394 combinada com políticas fiscais 421423 fixa 389 447448 458 461464 flexível 464467 história 456 multilateral 393394 nominal 389393 para a frente 400 PIB por pessoa 217219 taxa de juros e 401403 volatilidade de 466467 Taxa de câmbio futura 400 Taxa de câmbio real 389393 478479 e taxas de juros reais domésticas e estrangeiras 478479 Taxa de câmbio real dos EUA 393394 Taxa de crescimento progresso tecnológico e 263282 Taxa de cupom 318 Taxa de desconto 312 Taxa de desemprego 6 2730 148 158 Veja também Taxa natural de desemprego 19962014 153 figura cálculo 28 estrutural 163 EUA 19602014 29 figura força de trabalho e 2728 natural 160163 salários e 157 vs crescimento de produto nos EUA 19602014 34 figura Taxa de Desemprego Não Aceleradora da Inflação NAIRU 179 Taxa de emprego 151 Taxa de empréstimo 130 Taxa de inflação 7 3133 ótima 536542 Taxas de juros 197 constante 314315 demanda por moeda e 83 determinação de 7681 equilíbrio 8388 investimento dependente 96 limite inferior zero e 89 123 moeda real renda real e 100101 nominal e real 119123 315316 nula 315 oferta monetária e 83 política fiscal e 102104 política monetária e 104 real 478479 540541 riqueza em dinheiro vs títulos 73 sobre títulos 73 taxas de câmbio e 401403 453455 466467 478479 unificação alemã e 449 Taxa de juros de equilíbrio 7779 Taxa de juros de Wicksell 197 Taxa de juros neutra 197 Taxa de juros no ano n 321 Taxa de participação 28 148 Taxa de poupança 232 236 consumo e 246248 dinâmica do capital e do produto 240242 efeito sobre produto em estado estacionário 251252 269270 efeitos dinâmicos de um aumento na 252254 estado estacionário 242 Estados Unidos 249250 254 implicações de alternativas 240248 produto em relação a 243248 251254 Taxa dos fundos federais 85 329 19992002 108109 figura Taxa estrutural de desemprego 163 Taxa natural de desemprego 162 curva de Phillips e 177179 entre países 179 Estados Unidos 183 preços do petróleo e 204205 209 produtividade e 291296 relação de fixação de preços 160161 relação de fixação de salários 160 salários reais de equilíbrio e desemprego 161162 variações ao longo do tempo 179 182 183 Taxa natural de juros 197 Taxas de câmbio bilaterais 393394 Taxas de câmbio fixas 389 446450 mobilidade de capital e 453455 política fiscal sob 447448 relação IS em 458 478 Z05BLAN058107SEIDXDEFIindd 600 081117 1633 Índice 601 Taxas de câmbio multilaterais 393394 Taxas de câmbio nominais 389393 Taxas de juros nominais 119123 315316 339340 Taxas de juros nula 315 Taxas de juros reais 119123 315316 339340 478 479 Veja também Taxas de juros negativas 540541 taxa de câmbio real e 478479 valor presente descontado esperado 339340 Taylor John 559 Tea Party 483 Tecnologia difusão de nova 272273 estado da 229 264 hibridização do milho 272273 produto em relação a 229 Teoria do consumo da renda permanente 341 Teoria do consumo do ciclo de vida 341 Teoria do controle ótimo 487 558 Teoria do crescimento 554 Teoria dos ciclos econômicos 552 real 560561 Teoria dos jogos 487 558 Teoria econômica novoclássica 560561 Teoria econômica novokeynesiana 561562 Tetos de gastos 499 Thaler Richard 564 The Economist 19 The World Economy A Millennial Perspective 20 Tirole Jean 564 565 Título garantido por créditos hipotecários Mortgage based security MBS 135 Títulos 73 7980 compra de brasileiros 401402 detenção de riqueza em forma de 7273 domésticos vs estrangeiros 435439 fluxos de fundos 435437 taxa de juros 73 Títulos brasileiros compra 401402 Títulos com desconto 318 Títulos domésticos vs títulos estrangeiros 435439 Títulos estrangeiros vs títulos domésticos 435439 Títulos indexados 319 Títulos júnior 135 Títulos podres 318 Títulos privados 318 Títulos públicos 318 Títulos sêniores 135 Tobin James 351 554 Trabalhadores desalentados 28 151 fluxos de 148151 poder de negociação 155 produto e capital por 230 Trabalhadores desalentados 28 151 Trabalho efetivo 264 Trabalho em unidades de eficiência 264 Trabalho rendimentos decrescentes do 230 Transação corrente 396397 taxas de câmbio e 466 Transações abaixo da linha 396 Transações acima da linha 396 Transferências corporativas 569 Transferências do governo 51 Transferências líquidas recebidas 397 Tratado de Maastricht 469470 496 Tversky Amos 538 U UE27 Veja União Europeia União Europeia UE 1014 desempenho econômico 1213 desemprego 1213 Pacto de Estabilidade e Crescimento 483 496498 produto 19902015 10 tabela União Monetária Europeia UME 469 União Soviética 244 Unidades de eficiência mão de obra 264 V Valor agregado PIB como soma de 23 Valor de face 318 Valor fundamental de ações 332 Valor presente descontado esperado 339340 Valores presentes 312316 derivando 339340 dos lucros esperados 349350 362363 preços das ações como 324331 preços dos títulos como 319 taxas de juro nominais vs reais e 315316 utilização de 312316 Valores descontados presentes esperados 312316 339340 Valores presentes descontados esperados 312316 339340 Valorizações 389 Van Reenen John 274 Variabilidade da inflação 539 Variações cambiais sob taxas de câmbio flexível 464467 Variações nos estoques de empresas 571 Variáveis endógenas 54 exógenas 54 Variáveis endógenas 54 Variáveis exógenas 54 Veículos de investimento estruturado SIV 134 Vencimento título 316317 Vendas investimento dependente de 96 lucro e 356357 Vendas no varejo 357 Venti Steven 346 Volatilidade de consumo e investimento 357359 taxa de câmbio 466467 W Wise David 346 Woodford Michael 563564 World Economy Outlook WEO 20 Y Yellen Janet 561 Yeltsin Boris 333 462 Z05BLAN058107SEIDXDEFIindd 601 081117 1633 Símbolo Termo correspondente Inserido no capítulo d O sobrescrito d significa demanda e O sobrescrito e significa esperado A Gasto privado agregado 16 Também produtividade do trabalhoestados da tecnologia 7 12 a Efeito da taxa de desemprego sobre a taxa de inflação dada a inflação esperada 8 B Dívida pública 22 C Consumo 3 CU Papelmoeda 4 c Proporção de moeda mantida sob a forma de papelmoeda 4 c0 Consumo quando a renda disponível é igual a zero 3 c1 Propensão a consumir 3 D Depósitos à vista 4 Também dividendo real de uma ação 14 D Dividendo nominal de uma ação 14 d Taxa de depreciação 11 E Taxa nominal de câmbio preço da moeda estrangeira em termos da moeda nacional 17 E Taxa nominal de câmbio fixa 19 Ee Taxa de câmbio futura esperada 17 e Taxa de câmbio real 17 G Gastos do governo 3 gA Taxa de crescimento do progresso tecnológico 12 gK Taxa de crescimento do capital 12 gN Taxa de crescimento populacional 12 g gy Taxa de crescimento do produto 8 H Moeda de alta potênciaBase monetária moeda do Banco Central 4 Também Capital humano 11 I Investimento fixo 3 IM Importações 3 i Taxa nominal de juros 4 i1 Taxa nominal de juros de um ano 14 i2 Taxa nominal de juros de dois anos 14 i Taxa nominal de juros externa 17 Também meta de taxa de juros para o Banco Central K Estoque de capital 10 L Força de trabalho 2 Símbolo Termo correspondente Inserido no capítulo M Estoque de moeda nominal 4 Md Demanda por moeda nominal 4 Ms Oferta de moeda nominal 4 m Margem de preços sobre salários 7 N Emprego 2 Nn Nível natural de emprego 9 NI Pagamentos líquidos do resto do mundo NX Exportações líquidas 18 P Deflator do PIBIPCnível de preços 2 P Nível de preços externo 17 Inflação 2 Lucro por unidade de capital 15 Q Preço real da ação 14 Q Preço nominal da ação 14 R Reservas bancárias 4 r Taxa real de juros 6 S Poupança privada 3 s Taxa de poupança privada 11 T Impostos líquidos impostos pagos pelos consumidores menos transferências 3 Tr Transferências do governo 22 u Proporção de reservas dos bancos 4 U Desemprego 2 u Taxa de desemprego 2 un Taxa natural de desemprego 7 V Valor presente de uma sequência de paga mentos reais z 14 V Valor presente de uma sequência de paga mentos nominais z 14 W Salário nominal 7 Y PIB realprodutooferta de bens 2 Y PIB nominal 2 YD Renda disponível 3 YL Renda do trabalho 15 Yn Nível natural de produto 9 Y Produto externo 18 X Exportações 3 Z Demanda por bens 3 z Fatores que afetam o salário dado o desemprego 7 Também pagamento real 14 Z Pagamento nominal 14 Símbolos usados neste livro BookBlanchard 1indb 602 241017 1719 7 ª E D I Ç Ã O l o j a p e a r s o n c o m b r ISBN 9788543020549 020549 9 788543 Economia MACROECONOMIA MACROECONOMIA O L I V I E R B L A N C H A R D O L I V I E R B L A N C H A R D B L A N C H A R D Macroeconomia permite que o leitor tenha contato com eventos macroeco nômicos atuais ao abordar desde a grande crise econômica global iniciada em 2008 a políti ca monetária dos Estados Unidos os problemas ocorridos na zona do Euro e o crescimento econômico da China entre outros Aliando teoria e práti ca o livro traz uma visão integrada da macroeconomia estru turandose em um modelo que baseia suas conclusões nas implicações das condições de equilíbrio em três ti pos de mercado de bens fi nanceiro e de trabalho Isso faz com que o estudante veja a área como um todo coerente não apenas como uma coletânea de modelos permiti ndo que ele tenha uma compreensão de eventos macroeconômicos passados mas também seja ca paz de entender os eventos futuros Um verdadeiro manual de macroeconomia póscrise este livro discute im portantes eventos macroeconômicos relacionandoos com o mundo real o que proporciona uma compreensão mais profunda dos conceitos e resul tados apresentados A obra é ideal para estudantes de economia adminis tração ciências contábeis engenharia de produção e cursos de graduação tecnológica na área de gestão MACROECONOMIA 7 ª E D I Ç Ã O 7 ª E D I Ç Ã O svpearsoncombr A Sala Virtual oferece para professores manual do professor em inglês exercícios adicionais em inglês e apresentações em PowerPoint Para estudantesquestões de múltipla escolha Este livro também está disponível para compra em formato ebook Para adquirilo acesse nosso site 9788543020549CVRBLANCHARDindd 79 131117 1727
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7 ª E D I Ç Ã O l o j a p e a r s o n c o m b r ISBN 9788543020549 020549 9 788543 Economia MACROECONOMIA MACROECONOMIA O L I V I E R B L A N C H A R D O L I V I E R B L A N C H A R D B L A N C H A R D Macroeconomia permite que o leitor tenha contato com eventos macroeco nômicos atuais ao abordar desde a grande crise econômica global iniciada em 2008 a políti ca monetária dos Estados Unidos os problemas ocorridos na zona do Euro e o crescimento econômico da China entre outros Aliando teoria e práti ca o livro traz uma visão integrada da macroeconomia estru turandose em um modelo que baseia suas conclusões nas implicações das condições de equilíbrio em três ti pos de mercado de bens fi nanceiro e de trabalho Isso faz com que o estudante veja a área como um todo coerente não apenas como uma coletânea de modelos permiti ndo que ele tenha uma compreensão de eventos macroeconômicos passados mas também seja ca paz de entender os eventos futuros Um verdadeiro manual de macroeconomia póscrise este livro discute im portantes eventos macroeconômicos relacionandoos com o mundo real o que proporciona uma compreensão mais profunda dos conceitos e resul tados apresentados A obra é ideal para estudantes de economia adminis tração ciências contábeis engenharia de produção e cursos de graduação tecnológica na área de gestão MACROECONOMIA 7 ª E D I Ç Ã O 7 ª E D I Ç Ã O svpearsoncombr A Sala Virtual oferece para professores manual do professor em inglês exercícios adicionais em inglês e apresentações em PowerPoint Para estudantesquestões de múltipla escolha Este livro também está disponível para compra em formato ebook Para adquirilo acesse nosso site 9788543020549CVRBLANCHARDindd 79 131117 1727 Sumário Prefácio XV Os fundamentos Introdução 1 Capítulo 1 Um giro pelo mundo 3 11 A crise 3 12 Os Estados Unidos 6 Taxas de juros baixas e o limite inferior zero 8 Até que ponto um baixo crescimento de produtividade é preocupante 9 13 A área do euro 10 Como reduzir o desemprego europeu 12 O que o euro tem feito pelos países que o adotaram 13 14 China 14 15 O futuro 16 Capítulo 2 Um giro pelo livro 21 21 Produto agregado 21 PIB produção e renda 22 PIB nominal e real 24 PIB nível versus taxa de crescimento 26 22 Taxa de desemprego 27 Por que os economistas se preocupam com o desemprego 29 23 Taxa de inflação 31 Deflator do PIB 31 Índice de preços ao consumidor 31 Por que os economistas se preocupam com a inflação 33 24 Produto desemprego e taxa de inflação lei de Okun e curva de Phillips 34 Lei de Okun 34 A curva de Phillips 35 25 Curto prazo médio prazo e longo prazo 36 26 Um giro pelo livro 37 Fundamentos 37 Extensões 38 De volta à política econômica 38 Epílogo 39 O curto prazo 47 Capítulo 3 O mercado de bens 49 31 A composição do PIB 50 32 Demanda por bens 52 Consumo C 52 Investimento I 54 Gastos do governo G 55 33 Determinação do produto de equilíbrio 55 Usando a álgebra 56 Utilizando um gráfico 57 7 ª E d i ç ã o MacroeconoMia A01BLAN058107SEINIindd 1 171117 1616 O l i v i e r B l a n c h a r d A01BLAN058107SEINIindd 2 171117 1616 Tradução Sonia Midori Yamamoto Revisão técnica Fernando Rugitsky Doutor em economia pela New School for Social Research Mestre em direito econômico e bacharel em direito e em economia pela USP Pesquisador associado do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento Cebrap Professor da Faculdade de Economia Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo FEAUSP 7 ª E d i ç ã o MacroeconoMia O l i v i e r B l a n c h a r d A01BLAN058107SEINIindd 3 171117 1616 Dados Internacionais de Catalogação na Publicação CIP Câmara Brasileira do Livro SP Brasil Blanchard Olivier Macroeconomia Olivier Blanchard tradução Sônia Midori Yamamoto 7 ed São Paulo Pearson Education do Brasil 2017 Título original Macroeconomics ISBN 9788543020549 1 Macroeconomia I Título 1704069 CDD339 Índice para catálogo sistemático 1 Macroeconomia 339 2018 by Pearson Education do Brasil Ltda Copyright 2017 2013 2011 by Pearson Education Inc or its affiliates Todos os direitos reservados Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio eletrônico ou mecânico incluindo fotocópia gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de informação sem prévia autorização por escrito da Pearson Education do Brasil Gerente de produtos Alexandre Mattioli Supervisora de produção editorial Silvana Afonso Coordenador de produção editorial Jean Xavier Editora de texto Sabrina Levensteinas Editoras assistentes Karina Ono Mariana Rodrigues Preparação Gisele Gonçalves e Renata Siqueira Campos Revisão Isabel Costa Capa Natália Gaio sobre o projeto original imagem de capa Paul HardyCorbis Diagramação e projeto gráfico Casa de Ideias Direitos exclusivos cedidos à Pearson Education do Brasil Ltda uma empresa do grupo Pearson Education Avenida Santa Marina 1193 CEP 05036001 São Paulo SP Brasil Fone 11 21788609 e 11 21788653 pearsonuniversidadespearsoncom A01BLAN058107SEINIindd 4 121217 1356 A Noelle BookBlanchard 1indb 5 241017 1717 Sobre o autor Cidadão francês Olivier Blanchard passou a maior parte da sua vida profissio nal em Cambridge nos Estados Unidos Após obter seu PhD em Economia no Massachusetts Institute of Technology em 1977 lecionou na Universidade de Harvard e retornou ao MIT em 1982 Foi chefe do Departamento de Economia de 1998 a 2003 de onde se licenciou em 2008 para atuar como conselheiro econômico e diretor do Departamento de Pesquisas do Fundo Monetário Internacional Desde outubro de 2015 é colaborador sênior do Peterson Institute for International Economics em Washington Também permanece como professor emérito de economia no MIT Blanchard trabalhou em um amplo conjunto de questões macroeconômicas abordando desde o papel da política monetária até a natureza das bolhas especula tivas a natureza do mercado de trabalho e os fatores determinantes do desemprego a transição nos antigos países comunistas e as forças por trás da crise global recente Nesse processo trabalhou com vários países e organizações internacionais É autor de muitos livros e artigos incluindo um livrotexto de pósgraduação com Stanley Fischer Foi editor do Quarterly Journal of Economics e do NBER Macroeconomics Annual além de editor fundador da AEJ Macroeconomics É colaborador e exmem bro do conselho da Econometric Society exvicepresidente da American Economic Association e membro da American Academy of Sciences O Blanchard A01BLAN058107SEINIindd 6 271117 1516 Usando palavras 60 Quanto demora o ajuste do produto 60 34 Investimento igual a poupança um modo alternativo de pensar sobre o equilíbrio do mercado de bens 63 35 O governo é mesmo onipotente Uma advertência 65 Capítulo 4 Mercados Financeiros I 72 41 Demanda por moeda 72 Derivação da demanda por moeda 74 42 Determinação da taxa de juros I 76 Demanda por moeda oferta de moeda e taxa de juros de equilíbrio 77 Política monetária e as operações de mercado aberto 79 Escolher a oferta de moeda ou a taxa de juros 81 43 Determinação da taxa de juros II 81 O que os bancos fazem 82 A oferta e a demanda por moeda do Banco Central 83 O mercado de fundos federais e a taxa dos fundos federais 85 44 A armadilha da liquidez 85 Capítulo 5 Mercados de bens e mercados financeiros o modelo ISLM 95 51 O mercado de bens e a relação IS 95 Investimento vendas e taxa de juros 96 Determinação do produto 97 Derivação da curva IS 98 Deslocamentos da curva IS 98 52 Mercados financeiros e a relação LM 100 Moeda real renda real e taxa de juros 100 Derivação da curva LM 101 53 Combinação das relações IS e LM 102 Política fiscal 102 Política monetária 104 54 Uso de uma combinação de políticas 105 55 Como o modelo ISLM se ajusta aos fatos 111 Capítulo 6 Mercados financeiros II o modelo ISLM ampliado 119 61 Taxas de juros nominal e real 119 Taxas de juros nominais e reais nos Estados Unidos desde 1978 122 Taxas de juros nominais e reais o limite inferior zero e a deflação 123 62 Prêmio de risco e risco 124 63 O papel dos intermediários financeiros 125 A escolha da alavancagem 126 Alavancagem e empréstimos 127 64 Estendendo o ISLM 130 Choques financeiros e políticas 131 65 De um problema imobiliário a uma crise financeira 132 Preços de imóveis residenciais e hipotecas subprime 132 O papel dos intermediários financeiros 134 Implicações macroeconômicas 136 Respostas políticas 137 O médio prazo 145 Capítulo 7 Mercado de trabalho 147 71 Um giro pelo mercado de trabalho 147 Grandes fluxos de trabalhadores 148 72 Movimentos do desemprego 151 73 Determinação de salários 154 Negociação 155 Salárioseficiência 156 Salários preços e desemprego 157 Nível esperado de preços 157 Taxa de desemprego 158 Outros fatores 158 74 Determinação de preços 159 75 Taxa natural de desemprego 160 Relação de fixação de salários 160 Relação de fixação de preços 160 Salários reais e desemprego em equilíbrio 161 76 Para onde iremos 163 Capítulo 8 CURVA DE PHILLIPS TAXA NATURAL DE DESEMPREGO E INFLAÇÃO 170 81 Inflação inflação esperada e desemprego 171 82 Curva de Phillips e suas mutações 173 A primeira encarnação 173 O tradeoff aparente e seu desaparecimento 173 83 A curva de Phillips e a taxa natural de desemprego 177 84 Um resumo e muitas advertências 179 Mudanças na taxa natural de um país para outro 179 Mudanças na taxa natural ao longo do tempo 180 Inflação alta e a relação da curva de Phillips 182 Deflação e a relação da curva de Phillips 185 Capítulo 9 DO CURTO AO MÉDIO PRAZO O MODELO ISLMPC 192 91 O modelo ISLMPC 192 92 Dinâmica e equilíbrio de médio prazo 197 O papel das expectativas revisitado 198 O limite inferior zero e as espirais de dívida 199 93 Consolidação fiscal revisitada 202 94 Efeitos de um aumento no preço do petróleo 204 Efeitos sobre a taxa natural de desemprego 205 95 Conclusões 209 Curto prazo versus médio prazo 209 Choques e mecanismos de propagação 209 O LONGO PRAZO 215 Capítulo 10 OS FATOS DO CRESCIMENTO 217 101 Avaliando o padrão de vida 217 102 Crescimento nos países ricos desde 1950 221 O grande aumento do padrão de vida desde 1950 224 A convergência do produto por pessoa 224 103 Uma visão mais ampla do crescimento ao longo do tempo e do espaço 226 Visão ao longo de dois milênios 226 Visão do crescimento pelos países 226 104 Refletindo sobre crescimento uma introdução 228 Função de produção agregada 228 Retornos de escala e rendimentos dos fatores 229 Produto por trabalhador e capital por trabalhador 230 Fontes do crescimento 231 Capítulo 11 POUPANÇA ACUMULAÇÃO DE CAPITAL E PRODUTO 236 111 Interações entre produto e capital 236 Efeitos do capital sobre o produto 237 Efeitos do produto sobre a acumulação de capital 238 Produto e investimento 238 Investimento e acumulação de capital 239 112 Implicações de taxas de poupança diferentes 240 Dinâmica do capital e do produto 240 Taxa de poupança e produto 243 Taxa de poupança e consumo 246 113 Uma ideia das grandezas 250 Efeitos da taxa de poupança sobre o produto no estado estacionário 251 Efeitos dinâmicos de um aumento na taxa de poupança 252 A taxa de poupança dos Estados Unidos e a regra de ouro 254 114 Capital físico versus capital humano 255 Ampliando a função de produção 255 Capital humano capital físico e produto 256 Crescimento endógeno 257 Capítulo 12 PROGRESSO TECNOLÓGICO E CRESCIMENTO 263 121 Progresso tecnológico e taxa de crescimento 263 Progresso tecnológico e a função de produção 263 Interações entre produto e capital 265 Dinâmica do capital e do produto 267 Efeitos da taxa de poupança 269 122 Determinantes do progresso tecnológico 270 Fertilidade do processo de pesquisa 271 Apropriabilidade dos resultados de pesquisa 272 Gestão inovação e imitação 275 123 Instituições progresso tecnológico e crescimento 275 124 Os fatos do crescimento revisitados 279 Acumulação de capital versus progresso tecnológico nos países ricos desde 1985 279 Acúmulo de capital versus progresso tecnológico na China 280 Capítulo 13 PROGRESSO TECNOLÓGICO CURTO MÉDIO E LONGO PRAZOS 287 131 Produtividade produto e desemprego no curto prazo 287 Evidência empírica 289 132 Produtividade e a taxa natural de desemprego 291 Fixação de preços e de salários revisitada 291 Taxa natural de desemprego 292 Evidência empírica 294 133 Progresso tecnológico transformação e desigualdade 296 Aumento da desigualdade salarial 299 Causas do aumento na desigualdade salarial 300 Desigualdade e o 1 no topo 302 Extensões EXPECTATIVAS 309 Capítulo 14 MERCADOS FINANCEIROS E EXPECTATIVAS 311 141 Valor presente descontado esperado 311 Cálculo do valor presente descontado esperado 312 Fórmula geral 313 Usando o valor presente exemplos 313 Taxas de juros constantes 314 Taxas de juros e pagamentos constantes 314 Taxas de juros e pagamentos constantes para sempre 315 Taxas de juros nulas 315 Taxa nominal de juros versus taxa real de juros e o valor presente 315 142 Preços e rendimentos dos títulos 316 Preços dos títulos como valores presentes 319 Arbitragem e preços dos títulos 320 Dos preços aos rendimentos dos títulos 321 Reintrodução de risco 322 Interpretando a curva de rendimento 323 143 Bolsa de valores e variações nos preços das ações 324 Preços das ações como valores presentes 325 Bolsa de valores e atividade econômica 328 Expansão monetária e a bolsa de valores 329 Aumento dos gastos com consumo e bolsa de valores 329 144 Risco bolhas modismos e os preços das ações 332 Preços das ações e risco 332 Preços de ativos fundamentos e bolhas 332 Capítulo 15 EXPECTATIVAS CONSUMO E INVESTIMENTO 341 151 Consumo 341 O consumidor com grande capacidade de previsão 342 Exemplo 343 Rumo a uma descrição mais realista 344 Juntando as peças renda corrente expectativas e consumo 347 152 Investimento 349 Investimento e expectativas de lucro 349 Depreciação 349 Valor presente dos lucros esperados 349 Decisão de investimento 350 Um caso especial conveniente 352 Lucro corrente versus lucro esperado 353 Lucro e vendas 356 153 Volatilidade do consumo e do investimento 357 Capítulo 16 EXPECTATIVAS PRODUTO E POLÍTICA ECONÔMICA 364 161 Expectativas e decisões fazendo o balanço 364 Expectativas consumo e decisões de investimento 364 As expectativas e a relação IS 365 162 Política monetária expectativas e produto 368 Política monetária revisada 368 163 Redução no déficit expectativas e produto 372 O papel das expectativas sobre o futuro 374 De volta ao período atual 375 ECONOMIA ABERTA 383 Capítulo 17 ABERTURA DOS MERCADOS DE BENS E DOS MERCADOS FINANCEIROS 385 171 Abertura dos mercados de bens 386 Exportações e importações 386 Escolha entre bens domésticos e bens estrangeiros 388 Taxas de câmbio nominais 389 Da taxa de câmbio nominal para a taxa de câmbio real 390 De taxas de câmbio bilaterais para multilaterais 393 172 Abertura dos mercados financeiros 394 Balanço de pagamentos 396 Escolha entre ativos domésticos e ativos estrangeiros 399 Taxas de juros e taxas de câmbio 401 173 Conclusões e os próximos passos 403 Capítulo 18 O MERCADO DE BENS EM UMA ECONOMIA ABERTA 408 181 A relação IS na economia aberta 408 Demanda por bens domésticos 408 Determinantes de C I e G 409 Determinantes das importações 409 Determinantes das exportações 410 Juntando os componentes 410 182 Produto de equilíbrio e balança comercial 412 183 Aumentos na demanda doméstica ou estrangeira 413 Aumentos na demanda doméstica 414 Aumentos na demanda estrangeira 415 Política fiscal revisitada 417 184 Depreciação balança comercial e produto 419 Depreciação e a balança comercial a condição de MarshallLerner 420 Efeitos de uma depreciação real 420 Combinando as políticas cambial e fiscal 421 185 Examinando a dinâmica curva J 424 186 Poupança investimento e balança comercial 426 Capítulo 19 PRODUTO TAXA DE JUROS E TAXA DE CÂMBIO 433 191 Equilíbrio no mercado de bens 433 192 Equilíbrio nos mercados financeiros 435 Títulos domésticos versus títulos estrangeiros 435 193 Colocando o mercado de bens e os mercados financeiros juntos 439 194 Efeitos da política econômica em uma economia aberta 441 Os efeitos da política monetária em uma economia aberta 441 Efeitos da política fiscal em uma economia aberta 442 195 Taxas de câmbio fixas 446 Atrelamentos minidesvalorizações bandas o SME e o euro 446 Política monetária quando a taxa de câmbio é fixa 447 Política fiscal quando a taxa de câmbio é fixa 448 Capítulo 20 REGIMES DE TAXA DE CÂMBIO 456 201 O médio prazo 457 A relação IS sob taxas de câmbio fixas 458 Equilíbrio no curto e no médio prazos 458 Argumentos a favor e contra a desvalorização 459 202 Crises cambiais sob taxas de câmbio fixas 461 203 Variações na taxa de câmbio sob taxas flexíveis 464 Taxas de câmbio e as transações correntes 466 Taxas de câmbio e taxas de juros correntes e futuras 466 Volatilidade da taxa de câmbio 466 204 Escolha entre regimes de taxa de câmbio 468 Áreas monetárias comuns 468 Atrelamentos rígidos comitês cambiais e dolarização 471 DE VOLTA À POLÍTICA ECONÔMICA 481 Capítulo 21 OS FORMULADORES DE POLÍTICA ECONÔMICA DEVERIAM SOFRER RESTRIÇÕES 483 211 Incerteza e política econômica 484 Quanto os macroeconomistas efetivamente sabem 484 A incerteza deve levar os formuladores de política econômica a fazer menos 486 A incerteza e as restrições aos formuladores de política econômica 486 212 Expectativas e política econômica 487 Sequestros e negociações 488 Inflação e desemprego revisitados 488 Conquistando credibilidade 489 Consistência temporal e restrições aos formuladores de política econômica 492 213 Política e política econômica 492 Jogos entre os formuladores de política econômica e os eleitores 492 Jogos entre formuladores de política econômica 494 Política e restrições fiscais 496 Capítulo 22 POLÍTICA FISCAL UM RESUMO 504 221 O que aprendemos 504 222 Restrição orçamentária do governo déficits dívida gastos e impostos 506 A aritmética dos déficits e da dívida 506 Impostos correntes versus impostos futuros 508 Evolução da razão dívidaPIB 511 223 Equivalência ricardiana déficits ciclicamente ajustados e finanças em guerras 514 Equivalência ricardiana 514 Déficits estabilização do produto e déficit ciclicamente ajustado 515 Guerras e déficits 516 224 Os riscos de uma dívida muito alta 518 Dívida alta risco de inadimplência e ciclos viciosos 519 Inadimplência 521 Financiamento monetário 521 Capítulo 23 POLÍTICA MONETÁRIA UM RESUMO 530 231 O que aprendemos 531 232 Das metas de agregados monetários ao regime de metas de inflação 532 Metas de agregados monetários 532 Regimes de metas de inflação 534 A regra da taxa de juros 535 233 Taxa de inflação ótima 536 Custos da inflação 536 Benefícios da inflação 540 Taxa de inflação ótima o debate atual 541 234 Política monetária não convencional 542 235 Política monetária e estabilidade financeira 544 Provisão de liquidez e emprestador em última instância 544 Ferramentas macroprudenciais 544 Capítulo 24 EPÍLOGO A HISTÓRIA DA MACROECONOMIA 552 241 Keynes e a Grande Depressão 552 242 A síntese neoclássica 553 Progresso em todas as frentes 553 Keynesianos versus monetaristas 555 243 A crítica das expectativas racionais 556 Integração das expectativas racionais 558 244 Desenvolvimentos da teoria macroeconômica até a crise de 2009 560 A teoria econômica novoclássica e a teoria dos ciclos econômicos reais 560 Teoria econômica novokeynesiana 561 Nova teoria do crescimento 562 Rumo à integração 563 245 Primeiras lições para a macroeconomia após a crise 564 Apêndices 568 Apêndice 1 Introdução às contas de renda e produto nacional 568 O lado da renda 568 O lado do produto 570 O governo federal nas contas de renda nacional 572 Atenção 573 Apêndice 2 Revisão matemática 575 Série geométrica 575 Aproximações úteis 575 Funções 577 Escalas logarítmicas 578 Apêndice 3 Introdução à econometria 580 Variações no consumo e variações na renda disponível 580 Correlação versus causalidade 581 Glossário 585 Índice 595 Prefácio Pensei em escrever este livro com dois objetivos principais Proporcionar um contato com eventos macroeconô micos atuais O que torna a macroeconomia empol gante é a luz que ela lança sobre o que ocorre no mundo desde a grande crise econômica global que se iniciou em 2008 até a política monetária nos Estados Unidos os problemas na área do euro e o crescimento econômico da China Esses eventos e muitos outros estão descritos no livro não em notas de rodapé mas no texto ou mais detalhadamente nas seções Foco Cada uma dessas seções mostra como aplicar o que se aprendeu para obter melhor compreen são desses eventos Acredito que essas seções não só expressam a vida da macroeconomia mas também reforçam as lições dos modelos tornandoos mais concretos e fáceis de ser assimilados Fornecer uma visão integrada da macroeconomia O livro está estruturado em um modelo subjacente que baseia suas conclusões nas implicações das condições de equilíbrio em três tipos de mercado de bens finan ceiro e de trabalho Dependendo do tema em questão as partes do modelo que lhes são relevantes são desen volvidas em mais detalhes ao passo que as outras são simplificadas ou ficam em segundo plano No entanto o modelo subjacente é sempre o mesmo Assim você verá a macroeconomia como um todo coerente não como uma coletânea de modelos e será capaz de entender não apenas eventos macroeconômicos passados mas também os que se desdobrarão no futuro Novidades desta edição A crise que começou em 2008 e ainda persiste forçou os economistas a repensarem grande parte da macroe conomia Era evidente que eles haviam subestimado o papel do sistema financeiro Também tinham uma visão muito otimista de como a economia retorna ao equilíbrio Oito anos mais tarde creio que as principais lições foram aprendidas e esta edição revela a reavaliação que se deu Quase todos os capítulos foram reescritos e as principais mudanças são as seguintes O Capítulo 5 foi modificado assim como a apresen tação do modelo ISLM O tratamento tradicional da política monetária assume que o Banco Central escolhia a oferta de moeda e depois deixava que a taxa de juros se ajustasse Na realidade os Bancos Centrais modernos escolhem a taxa de juros e depois deixam a oferta de moeda se ajustar No que se refere ao modelo ISLM usado para descrever o curto prazo a curva LM em vez de ascendente deve ser tratada como plana Isso resulta em um modelo mais realista e simples O novo Capítulo 6 aborda o papel do sistema finan ceiro na economia Amplia o modelo ISLM para per mitir duas taxas de juros a determinada pela política monetária e o custo do crédito para pessoas físicas e jurídicas com o estado do sistema financeiro deter minando a relação entre as duas Um novo Capítulo 9 O modelo tradicional de oferta agregadademanda agregada era complicado e dava uma visão demasiado otimista do retorno do pro duto ao potencial Ele foi substituído pelo modelo ISLMPC em que PC significa curva de Phillips que resulta em uma descrição mais simples e precisa do papel da política monetária e da dinâmica do produto e da inflação As restrições à política econômica decorrentes do limite inferior zero e as restrições à política fiscal decorrentes dos altos níveis de dívida pública são temas recorrentes no livro Muitas seções Foco são novas ou ampliadas Entre elas Desemprego e felicidade no Capítulo 2 A armadilha da liquidez em ação no Capítulo 4 Corridas bancárias no Capítulo 6 Mudanças na taxa natural de desemprego dos Estados Unidos desde 1990 no Capítulo 8 A lei de Okun ao longo do tempo e entre países e Deflação na Grande Depressão no Capítulo 9 A obtenção dos números da PPC no Capítulo 10 A visão de longo prazo tecnologia educação e desigualdade no Capítulo 13 Curva de rendimento limite inferior zero e decola gem no Capítulo 14 O desaparecimento dos déficits em transações correntes nos países periféricos da área do euro boa ou má notícia no Capítulo 18 Regras fiscais da área do euro um breve histórico no Capítulo 21 e Financiamento monetário e hipe rinflações e Devemos nos preocupar com a dívida pública dos Estados Unidos no Capítulo 22 As figuras e tabelas foram atualizadas usandose os dados mais recentes disponíveis Em suma considero esta edição como o primeiro manual de macroeconomia póscrise Espero que sirva BookBlanchard 1indb 15 241017 1717 XVI Macroeconomia como um guia claro não só sobre o que aconteceu mas também sobre o que pode acontecer no futuro Organização O livro está estruturado em duas partes principais os fundamentos e um conjunto de duas extensões principais Uma introdução precede os fundamentos e o conjunto de extensões é seguido por uma resenha do papel da política econômica O livro termina com um epílogo Um diagrama logo após o prefácio facilita o entendimento de como os capítulos estão organizados e como se encaixam na estrutura geral do livro Os capítulos 1 e 2 introduzem os fatos básicos e as principais questões acerca da macroeconomia O Capítulo 1 aborda primeiro a crise e depois oferece um giro pelo mundo dos Estados Unidos à Europa e à China Alguns professores podem preferir apre sentálo mais adiante talvez depois do Capítulo 2 que introduz os conceitos básicos e expõe as noções de curto médio e longo prazos além de apresentar um panorama do livro Embora o Capítulo 2 apresente os conceitos básicos da contabilidade de renda nacional incluímos uma abordagem detalhada deste tópico no Apêndice 1 no fim do livro Isto não só reduz a complexidade para o leitor principiante mas também possibilita uma exposição mais aprofundada Os capítulos 3 a 13 constituem os fundamentos Os capítulos 3 a 6 concentramse no curto prazo descrevendo o equilíbrio no mercado de bens e nos mercados financeiros e derivando o modelo básico usado para estudar os movimentos de curto prazo do produto o modelo ISLM O Capítulo 6 é novo e amplia o modelo básico de ISLM de modo a abran ger o papel do sistema financeiro para então descre ver o que aconteceu na fase inicial da crise Os capítulos 7 a 9 focam o médio prazo O Capítulo 7 trata do equilíbrio no mercado de trabalho e introduz a noção de taxa natural de desemprego O Capítulo 8 deriva e discute a relação entre desemprego e infla ção conhecida como curva de Phillips O Capítulo 9 desenvolve o modelo ISLMPC PC para curva de Phillips que leva em conta o equilíbrio nos mercados de bens financeiros e de trabalho e mostra como esse modelo pode ser usado na compreensão das variações da atividade e da inflação tanto no curto quanto no médio prazo Os capítulos 10 a 13 concentramse no longo prazo O Capítulo 10 descreve os fatos mostrando a evolução do produto em vários países por longos períodos Os capítulos 11 e 12 desenvolvem um modelo de cresci mento e descrevem como a acumulação de capital e o progresso tecnológico determinam o crescimento O Capítulo 13 foca os efeitos do progresso tecnológico sobre o desemprego e a desigualdade não somente no longo prazo mas também no curto e no médio prazos Os capítulos 14 a 20 abrangem as duas principais extensões Do Capítulo 14 ao Capítulo 16 o estudo se concentra no papel das expectativas no curto e no médio prazos As expectativas desempenham um papel importante na maioria das decisões econômicas e consequente mente cumprem um papel relevante na determinação do produto Os capítulos 17 a 20 focalizam as implicações da abertura nas economias modernas O Capítulo 20 concentrase nas implicações de diferentes regimes de taxa de câmbio desde as taxas flexíveis até as fixas comitês cambiais e dolarização Os capítulos 21 a 23 retomam a política macroe conômica Embora a maior parte dos 20 primeiros capítulos discuta constantemente a política macroe conômica de uma forma ou outra o objetivo desses capítulos é reunir tudo isso O Capítulo 21 examina o papel e os limites da política macroeconômica em geral Os capítulos 22 e 23 apresentam uma revisão das políticas monetária e fiscal Alguns professores podem querer usar partes desses capítulos antes Por exemplo é fácil antecipar a discussão sobre restrição orçamentária do governo no Capítulo 22 ou sobre meta de inflação no Capítulo 23 O Capítulo 24 é um epílogo apresenta a macroeco nomia sob uma perspectiva histórica mostrando sua evolução nos últimos 70 anos e discutindo o rumo atual da pesquisa e as lições deixadas pela crise para a macroeconomia Cursos alternativos A estrutura ampla do livro permite a organização de cursos alternativos Elaborei capítulos mais curtos em relação ao padrão dos manuais convencionais e segundo minha experiência a maior parte deles pode ser minis trada em uma hora e meia Alguns poucos os capítulos 5 e 7 por exemplo podem necessitar de duas aulas para serem assimilados Cursos de curta duração 15 aulas ou menos Um curso de curta duração pode ser organizado em torno dos dois capítulos introdutórios e dos BookBlanchard 1indb 16 241017 1717 Prefácio XVII fundamentos o Capítulo 13 pode ser omitido sem prejuízo à continuidade Apresentações informais de uma ou duas extensões com base por exemplo no Capítulo 16 sobre expectativas que pode ser ministrado de forma independente e no Capítulo 17 sobre economia aberta podem se seguir perfazendo um total de 14 aulas Um curso de curta duração pode deixar de fora o estudo do crescimento o longo prazo Neste caso o curso pode ser organizado em torno dos capítulos introdutórios e dos capítulos 3 a 9 nos fundamentos isto totalizará 9 aulas deixando tempo suficiente para cobrir por exemplo o Capítulo 16 sobre expectativas e os capítulos 17 a 19 sobre economia aberta resul tando em um total de 13 aulas Cursos mais longos 20 a 25 aulas Um curso de um semestre é mais do que suficiente para a discussão dos fundamentos além de uma ou ambas as extensões e da revisão da política econômica As extensões pressupõem um conhecimento dos fun damentos mas sob os demais aspectos podem ser ministradas de forma independente Dada a possibi lidade de escolha a ordem em que serão mais bem ministradas provavelmente é a sequência na qual são apresentadas no livro Estudar o papel das expecta tivas em primeiro lugar ajuda os alunos a entender a condição da paridade de juros e a natureza das crises cambiais Características Tive o cuidado de não apresentar qualquer resultado teórico sem relacionálo com o mundo real Além das discussões de fatos no próprio texto incluí um grande número de seções Foco que discutem determinados eventos ou fatos macroeconômicos nos Estados Unidos ou em outra parte do mundo Tentei recriar algumas das interações entre profes sor e estudante que ocorrem em sala de aula por meio do uso de hipertextos na lateral que correm parale lamente ao texto Os hipertextos criam um diálogo com o leitor para facilitar o entendimento das passa gens mais difíceis e proporcionar uma compreensão mais profunda dos conceitos e resultados derivados ao longo do livro Para estudantes que desejem explorar a macroe conomia mais profundamente introduzi as seguintes características Apêndices curtos em alguns capítulos que detalham observações feitas dentro do capítulo Uma seção de leitura adicional no final da maior parte dos capítulos indicando onde encontrar mais informações incluindo vários endereços úteis na Internet Cada capítulo termina com três formas de garantir que seu conteúdo foi assimilado Um resumo dos principais pontos do capítulo Uma lista de palavraschave Uma série de exercícios de fim de capítulo As atividades Teste rápido são fáceis Os exercícios Aprofundando apresentam grau de dificuldade um pouco maior e os Explorando mais normal mente necessitam ou de acesso à internet ou uso de um programa de planilha eletrônica para ser resolvidos Uma lista nas páginas finais a lembrar o significado dos símbolos usados no texto Agradecimentos Este livro deve muito a muitos Agradeço a Adam Ashcraft Peter Berger Peter Benczur Efe Cakarel Francesco Furno Harry Gakidis Ava Hong David Hwang Kevin Nazemi David Reichsfeld Jianlong Tan Stacy Tevlin Gaurav Tewari Corissa Thompson John Simon e Jeromin Zettelmeyer pela assistência na pes quisa ao longo dos anos Sou grato às gerações de alunos do curso 1402 no MIT que compartilharam livremente suas opiniões a respeito do livro Comentários de colegas e amigos também muito beneficiaram este trabalho Entre eles estão John Abell Daron Acemoglu Tobias Adrian Chuangxin An Roland Benabou Samuel Bentolila e Juan Jimeno que adaptaram o livro para a edição espanhola François Blanchard Roger Brinner Ricardo Caballero Wendy Carlin Martina Copelman Henry Chappell Ludwig Chincarini e Daniel Cohen que adaptaram para a edi ção francesa Larry Christiano Bud Collier Andres Conesa Peter Diamond Martin Eichenbaum Gary Fethke David Findlay Francesco Giavazzi e Alessia Amighini que primeiro adaptaram para a edição ita liana e depois para a europeia Andrew Healy Steinar Holden e Gerhard Illing que adaptaram o livro para a edição alemã Yannis Ioannides e Angelo Melino que adaptaram para a edição canadense P N Junankar Sam Keeley Bernd Kuemmel Paul Krugman Antoine Magnier Peter Montiel Bill Nordhaus Tom Michl Dick Oppermann Athanasios Orphanides e Daniel Pirez Enri que adaptaram para a edição latinoamericana Michael Plouffe Zoran Popovic Jim Poterba e Jeff Sheen que adaptaram o livro para a edição australasiana Ronald BookBlanchard 1indb 17 241017 1717 XVIII Macroeconomia Schettkat e Watanabe Shinichi que adaptaram o livro para a edição japonesa Francesco Sisci Brian Simboli Changyong Rhee Julio Rotemberg Robert Solow Andre Watteyne que gentilmente aceitaram fazer a primeira leitura desta edição e Michael Woodford Agradeço em especial a David Johnson responsável pela coautoria da 6a edição enquanto eu trabalhava como economista chefe do FMI e portanto não dispunha de tempo para fazer isso sozinho e escreveu os exercícios de final de capítulo desta edição e a Francesco Giavazzi com quem trabalhei proximamente na preparação desta edição Também me beneficiei de comentários de diversos leitores revisores e professores que testaram o livro em sala de aula entre eles John Abell Randolph Macon Womans College Carol Adams Cabrillo College Gilad Aharonovitz School of Economic Sciences Terence Alexander Iowa State University Roger AliagaDiaz Drexel University Robert Archibald College of William Mary John BaffoeBonnie La Salle University Fatolla Bagheri University of North Dakota Stephen Baker Capital University Erol Balkan Hamilton College Jennifer Ball Washburn University Richard Ballman Augustana College King Banaian St Cloud State University Charles Bean London School of Economics and Political Science Scott Benson Idaho State University Gerald Bialka University of North Florida Robert Blecker American University Scott Bloom North Dakota State University Pim Borren University of Canterbury Nova Zelândia LaTanya BrownRobertson Bowie State University James Butkiewicz University of Delaware Colleen Callahan American University Bruce Carpenter Mansfield University Kyongwook Choi Ohio University College Michael Cook William Jewel College Nicole Crain Lafayette College Rosemary Cunningham Agnes Scott College Evren Damar Pacific Lutheran University Dale DeBoer University of Colorado at Colorado Springs Adrian de LeonArias Universidad de Guadalajara Brad Delong UC Berkeley Firat Demir University of Oklahoma Wouter Denhaan UC San Diego John Dodge King College F Trenery Dolbear Brandeis University Patrick Dolenc Keene State College Brian Donhauser University of Washington Michael Donihue Colby College Vincent Dropsy California State University Justin Doubas St Norbert College Amitava Dutt University of Notre Dame John Edgren Eastern Michigan University Eric Elder Northwestern College Sharon J Erenburg Eastern Michigan University Antonina Espiritu Hawaii Pacific University J Peter Federer Clark University Rendigs Fels Vanderbilt University John Flanders Central Methodist University Marc Fox Brooklin College YeeTien Ted Fu Stanford University YeeTien Fu National ChengChi University Taiwan Scott Fullwiler Wartburg College Julie Gallaway University of MissouriRolla Bodhi Ganguli Rutgers The State University of NJ Fabio Ghironi Boston College Alberto GomesRivas University of HoustonDowntown Fidel Gonzalez Sam Houston State University Harvey Gram Queen College City University of New York Randy Grand Linfield College Alan Gummerson Florida International University Reza Hamzaee Missouri Western State College Michael Hannan Edinboro University Kennet Harrison Richard Stockton College Mark Hayford Loyola University Thomas Havrilesky Duke University George Heitmann Muhlenberg College Ana Maria Herrera Michigan State University Peter Hess Davidson College Eric Hilt Wellesley College John Holland Monmouth College Mark Hopkins Gettysburg College Takeo Hoshi University of California San Diego Ralph Husby University of Illinois UrbanaChampaign Yannis Ioannides Tufts University BookBlanchard 1indb 18 241017 1717 Prefácio XIX Aaron Jackson Bentley College Bonnie Johnson California Lutheran University Louis Johnston College of St Benedict Barry Jones SUNY Binghamton Fred Joutz George Washington University Cem Karayalcin Florida International University Okan Kavuncu University of California Miles Kimbal University of Michigan Paul King Denison University Michael Klein Tufts University Mark Klinedinst University of Southern Mississippi Shawn Knabb Western Washington University Todd Knoop Cornell College Paul Koch Olivet Nazarene University Ng Beoy Kui Nanyang Technical University Singapore Leonard Lardaro University of Rhode Island James Leady University of Notre Dame Charles Leathers University of Alabama HsienFend Lee National Taiwan University Jim Lee Texas AM UniversityCorpus Christi John Levendis Loyola University New Orleans Frank Lichtenberg Columbia University Mark Lieberman Princeton University Shun Lin Florida Atlantic University Maria LuengoPrado Northeastearn University Mathias Lutz University of Sussex Bernard Malamud University of Nevada Las Vegas Ken McCormick University of Northern Iowa William McLean Oklahoma State University B Starr McMullen Oregon State University Mikhail Melnik Niagara University O Mikhail University of Central Florida Fabio Milani University of California Irvine Rose Milbourne University of New South Wales Roger Morefield University of Saint Thomas Shahriar Mostashari Campbell University Eshrag Motahar Union College Nick Noble Miami University Ilan Noy University of Hawaii John Olson College of St Benedict Brian ORoark Robert Morris University Jack Osman San Francisco State University Emiliano Pagnotta Northwestern University Biru Paksha Paul SUNY Cortland Andrew Parkes Mesa State College Allen Parkman University of Mexico Jim Peach New Mexico State University Gavin Peebles National University of Singapore Michael Quinn Bentley College Charles Revier Colorado State University Jack Richards Portland State University Raymond Ring University of South Dakota Monica Robayo University of North Florida Malcolm Robinson Thomas Moore College Brian Rosario University of California Davis Kehar Sangha Old Dominion University Ahmad Saranjam Bridgewater State College Carol Scotese Virginia Commonwealth University John Seater North Carolina State University Peter Sephton University of New Brunswick Ruth Shen San Francisco State University Kwanho Shin University of Kansas Tara Sinclair The George Washington University Aaron Smallwood University of Texas Arlington David Sollars Auburn University Liliana Stern Auburn University Edward Stuart Northeastern Illinois University Abdulhanid Sukaar Cameron University Peter Summers Texas Tech University Mark Thomas University of Maryland Baltimore County Brian Trinque The University of Texas Austin Marie Truesdell Marian College David Tufte Southern Utah University Abdul Turay Radford University Frederick Tyler Fordham University Pinar Uysal Boston College Evert Van Der Heide Calvin College Kristin Van Gaasbeck California State University Sacramento Lee Van Scyoc University of Winsconsin Oshkosh Paul Wachtel New York University Stern Business School Susheng Wang Hong Kong University Donald Westerfield Webster University Christopher Westley Jacksonville State University David Wharton Washington College Jonathan Willner Oklahoma City University Mark Wohar University of Nebraska Omaha Steven Wood University of California Berkeley Michael Woodford Princeton University Ip Wing Yu University of Hong Kong BookBlanchard 1indb 19 241017 1717 XX Macroeconomia ChiWa Yuen Hong Kong University of Science and Technology Christian Zimmermann University of Connecticut Liping Zheng Drake University Todos me ajudaram com muito mais do que lhes foi pedido e cada um deles fez diferença para o livro Devo meu agradecimento a muitos na Pearson norte americana Christina Masturzo editora sênior de aqui sições Nancy Freihofer gerente de programa Diana Tetterton assistente editorial Heather Pagano gerente de projeto e Maggie Moylan VP marketing de produto Por fim quero destacar Steve Rigolosi editor da pri meira edição e Michael Elia editor da segunda e terceira edições Steve obrigoume a tornar as coisas mais claras Michael obrigoume a tornar as coisas mais simples Juntos fizeram toda a diferença não só no processo de edição mas também no livro Sou profundamente grato a ambos Agradeço a John Arditi por sua absoluta confiança e colaboração desde a primeira edição até esta Também me beneficiei das sugestões comumente estimulantes das minhas filhas Serena Giulia e Marie não as segui porém na totalidade Em casa continuo a agradecer a Noelle por preservar minha sanidade Olivier Blanchard Washington Dezembro de 2015 Site de apoio do livro Na Sala Virtual deste livro svpearsoncombr professores e estu dantes podem acessar os seguintes materiais adicionais Para professores Apresentações em PowerPoint Exercícios adicionais em inglês Manual do professor em inglês Para estudantes Questões de múltipla escolha Esse material é de uso exclusivo para professores e está protegido por senha Para ter acesso a ele os professores que adotam o livro devem entrar em contato com seu representante Pearson ou enviar email para professoralunoatendimentopearsoncom A01BLAN058107SEINIindd 20 091117 1711 Organização flexível Macroeconomia 7a edição está organizado em torno de duas partes principais os fundamentos e um conjunto de duas extensões centrais A organização flexível do texto enfatiza uma visão integrada da macroeconomia ao mesmo tempo em que permite aos professores se concentra rem nas teorias modelos e aplicações que considerem essenciais ao seu curso em particular O fluxograma a seguir ilustra rapidamente como os capítulos são organizados e se encaixam na estrutura geral do livro Para obter uma explicação mais detalhada da Organização e uma lista de Cursos Alternativos consulte as páginas XVIXVII no prefácio INTRODUÇÃO Um giro pelo mundo Capítulo 1 Um giro pelo livro Capítulo 2 DE VOLTA À POLÍTICA ECONÔMICA Os formuladores de política econômica deveriam sofrer restrições Capítulo 21 Política fiscal um resumo Capítulo 22 Política monetária um resumo Capítulo 23 EPÍLOGO A história da macroeconomia Capítulo 24 OS FUNDAMENTOS O curto prazo O mercado de bens Capítulo 3 Mercados financeiros I Capítulo 4 Mercados de bens e mercados financeiros o modelo ISLM Capítulo 5 Mercados financeiros II o modelo ISLM ampliado Capítulo 6 O médio prazo Mercado de trabalho Capítulo 7 Curva de Phillips taxa natural de desemprego e inflação Capítulo 8 Do curto ao médio prazo o modelo ISLMPC Capítulo 9 O longo prazo Os fatos do crescimento Capítulo 10 Poupança acumulação de capital e produto Capítulo 11 Progresso tecnológico e crescimento Capítulo 12 Progresso tecnológico curto médio e longo prazos Capítulo 13 EXTENSÕES ECONOMIA ABERTA Abertura dos mercados de bens e dos mercados financeiros Capítulo 17 O mercado de bens em uma economia aberta Capítulo 18 Produto taxa de juros e taxa de câmbio Capítulo 19 Regimes de taxas de câmbio Capítulo 20 EXTENSÕES EXPECTATIVAS Mercados financeiros e expectativas Capítulo 14 Expectativas consumo e investimento Capítulo 15 Expectativas produto e política econômica Capítulo 16 BookBlanchard 1indb 21 241017 1717 BookBlanchard 1indb 22 241017 1717 Os fundamentos Introdução Os dois primeiros capítulos deste livro apresentam as questões e o enfoque da macroeconomia Capítulo 1 O Capítulo 1 leva você a um giro macroeconômico pelo mundo Começa com uma análise da crise econômica que modelou a economia mundial desde o final da década de 2000 O giro para então em cada uma das principais potências econômicas globais os Estados Unidos a área do euro e a China Capítulo 2 O Capítulo 2 leva você a um giro pelo livro Definemse as três principais variáveis da macroeconomia produto desemprego e inflação e a seguir apresentamse os três conceitos em torno dos quais o livro está estruturado o curto o médio e o longo prazos BookBlanchard 1indb 2 241017 1717 CAPÍTULO 1 Um giro pelo mundo O que é macroeconomia A melhor resposta para esta pergunta não é uma definição formal mas um giro pelo mundo da economia para descrever tanto as principais evoluções econômicas quanto as questões que tiram o sono dos macroeconomistas e dos formuladores de política macroeconômica toda noite No momento da redação deste texto outono de 2015 esses formuladores estão dormindo melhor do que há apenas alguns anos Em 2008 a economia mundial entrou em uma grande crise macroeconômica a mais profunda desde a Grande Depressão O crescimento do produto mundial normalmente entre 4 e 5 ao ano foi negativo em 2009 Desde então o crescimento tornouse positivo e a economia global recuperase lentamente Mas a crise deixou uma série de cicatrizes e algumas preocupações persistem Meu objetivo neste capítulo é passar uma noção desses eventos e de alguns dos aspectos macroeconômicos da atualidade Começarei com uma visão geral da crise e em seguida enfocarei as três principais potências econômicas do mundo os Estados Unidos a área do euro e a China A Seção 11 analisa a crise A Seção 12 examina os Estados Unidos A Seção 13 examina a área do euro A Seção 14 examina a China A Seção 15 apresenta a conclusão e uma visão de futuro Leia este capítulo como se fosse um artigo de jornal Não se preocupe com o significado exato das palavras nem tente entender os argumentos em detalhes os termos serão definidos e os argumentos desenvolvidos mais adiante Considere este capítulo um pano de fundo que apresentará as principais questões da macroeconomia Se você gostar dele provavelmente vai gostar do livro inteiro Na verdade ao concluir a leitura do livro volte a este capítulo analise sua compreensão das questões e avalie seu progresso no estudo da macroeconomia 11 A crise A Figura 11 mostra as taxas de crescimento do produto da economia mundial das economias avançadas e das outras separadamente desde 2000 Como se poderá ver de 2000 a 2007 a economia global teve uma expansão sustentada O crescimento médio anual do produto foi de 45 com as economias avançadas o grupo dos 30 ou mais países mais ricos do mundo crescendo a 27 ao ano e as demais os outros 150 países do mundo crescendo a um ritmo ainda mais acelerado de 66 ao ano Se não gostar aceite minhas desculpas Figura 11 Taxas de crescimento de produto para a economia mundial economias avançadas e economias emergentes e em desenvolvimento 20002014 Outras economias Mundo Economias avançadas Fonte World Economic Outlook Database julho de 2015 NGDPRPCHA Em 2007 no entanto os sinais de que a expansão chegava ao fim começaram a surgir Os preços dos imóveis residenciais nos Estados Unidos que haviam dobrado desde 2000 passaram a cair Os economistas começaram a se preocupar Os otimistas acreditavam que embora os preços mais baixos dos imóveis pudessem levar a um nível menor de construção de habitações e a um gasto menor dos consumidores o Fed abreviatura do nome do banco central dos Estados Unidos formalmente conhecido como Federal Reserve Board poderia baixar as taxas de juros para estimular a demanda e evitar uma recessão Já os pessimistas receavam que a redução das taxas de juros poderia não ser suficiente para sustentar a demanda e que os Estados Unidos poderiam passar por uma curta recessão Mesmo os pessimistas não se mostraram tão pessimistas assim À medida que os preços dos imóveis residenciais continuavam a declinar ficou claro que os problemas eram mais sérios Muitas das hipotecas concedidas durante a expansão anterior eram de má qualidade Muitos dos mutuários tomaram um empréstimo demasiado alto e se viam cada vez mais impossibilitados de honrar os pagamentos mensais de suas hipotecas Com a queda dos preços de imóveis residenciais o valor da dívida imobiliária muitas vezes excedia o da casa assim estimulando a inadimplência Isso não era o pior os bancos que haviam emitido as hipotecas juntavamnas e as transformavam em novos títulos que depois eram vendidos a outros bancos e investidores Esses títulos foram muitas vezes transformados em novos títulos e assim por diante O resultado é que muitos bancos em vez de detentores das hipotecas em si mantinham esses títulos tão complexos que seu valor era quase impossível de avaliar Essa complexidade e obscuridade transformaram a queda dos preços de imóveis residenciais em uma crise um desdobramento que poucos economistas anteciparam Sem conhecer a qualidade dos ativos que outros bancos mantinham em seus balanços essas instituições financeiras passaram a relutar em fazer empréstimos mútuos por recear que o banco tomador do empréstimo não tivesse como pagar Incapazes de contrair empréstimos e com ativos de valor incerto muitos bancos viramse em apuros Em 15 de setembro de 2008 um dos grandes o Lehman Brothers entrou em Bancos significa aqui bancos e outras instituições financeiras Mas isso é longo demais para escrever e eu não quero entrar nessas complicações no Capítulo 1 Capítulo 1 Um giro pelo mundo 5 falência As consequências foram drásticas Visto que as conexões entre o Lehman e outros bancos eram muito obscuras muitas outras instituições financeiras pare ciam sob risco de falir também Por algumas semanas pareceu que todo o sistema financeiro poderia entrar em colapso Essa crise financeira rapidamente se transformou em uma grande crise econô mica Os preços das ações desabaram A Figura 12 traça a evolução de três índices de mercado de ações dos Estados Unidos da área do euro e das economias emer gentes desde o início de 2007 até o final de 2010 Os índices foram definidos como 1 para janeiro de 2007 Note que ao final de 2008 os preços das ações haviam per dido metade ou mais do seu valor em relação ao pico anterior Note também que apesar de a crise se originar nos Estados Unidos os preços das ações nos mercados europeu e emergentes caíram tanto quanto seus pares norteamericanos Voltarei a isto mais tarde Atingidas pela queda nos preços no mercado imobiliário e pelo colapso dos preços das ações além de apreensivas de que isso poderia ser o início de outra Grande Depressão as pessoas cortaram radicalmente seu consumo Preocupadas com as vendas e inseguras quanto ao futuro as empresas cortaram radicalmente seus investimentos Com a queda dos preços imobiliários e muitas casas vagas no mercado poucas novas construções foram erguidas Apesar das fortes ações do Fed que cortou as taxas de juros a zero e do governo dos Estados Unidos que reduziu impostos e aumentou gastos a demanda diminuía assim como a produção No terceiro trimestre de 2008 o crescimento do produto dos Estados Unidos tornouse negativo e permaneceu assim em 2009 Seria de esperar que a crise se restringisse aos Estados Unidos mas como mos tram as figuras 11 e 12 não foi o caso Essa crise logo assumiu dimensões globais Outros países foram afetados por dois canais O primeiro deles foi o comércio À medida que os consumidores e as empresas dos EUA reduziram gastos parte Fonte Haver Analytics USA S111ACD Eurogroup S023ACD todos os mercados emergentes S200ACD todas as médias mensais Figura 12 Preços das ações nos EUA na área do euro e nas economias emergentes 20072010 00 02 04 06 08 10 12 14 16 EUA Área do euro Economias emergentes 200701 200706 200801 200806 200901 200906 201001 201006 201011 Índice igual a 10 em janeiro de 2007 BookBlanchard 1indb 5 241017 1717 da queda recaiu sobre as importações de bens estrangeiros Do ponto de vista dos países que exportavam para os Estados Unidos suas exportações caíram e por conseguinte sua produção O segundo canal foi o financeiro Os bancos dos Estados Unidos muito necessitados de fundos em seu país repatriaram fundos de outros países criando problemas para os bancos nesses países também À medida que esses bancos se viram com problemas os empréstimos cessaram diminuindo os gastos e a produção Além disso em vários países europeus os governos haviam acumulado elevados níveis de endividamento e passaram a registrar grandes déficits Os investidores começaram a se preocupar se a dívida poderia ser paga e a cobrar taxas de juros muito mais elevadas Confrontados com essas altas taxas de juros os governos reduziram drasticamente seus déficits por meio de uma combinação de gastos mais baixos e impostos mais altos Isto levou por sua vez a uma nova redução na demanda e na produção Na Europa o declínio no produto foi tão severo que este aspecto particular da crise adquiriu nome próprio a crise do euro Em suma a recessão dos Estados Unidos transformouse em uma recessão mundial Em 2009 o crescimento médio nas economias avançadas foi de 34 de longe a menor taxa de crescimento anual desde a Grande Depressão O crescimento das economias em desenvolvimento mantevese positivo apesar de 35 pontos percentuais inferior à média do período de 2000 a 2007 Desde então devido a políticas monetárias e fiscais fortes e à recuperação lenta do sistema financeiro a maioria das economias reverteu a situação Como se pode ver na Figura 11 o crescimento nos países avançados tornouse positivo em 2010 e assim se manteve desde então A recuperação é no entanto inexpressiva e irregular Em alguns países avançados em especial nos Estados Unidos o desemprego quase voltou ao nível précrise A área do euro porém ainda enfrenta dificuldades seu crescimento é positivo mas baixo e o nível de desemprego permanece elevado O crescimento nas economias emergentes e em desenvolvimento também se recuperou mas como mostra a Figura 11 é menor que antes da crise e vem diminuindo desde 2010 Agora que já temos um cenário definido vamos dar um giro pelas três principais potências econômicas mundiais Estados Unidos área do euro e China 12 Os Estados Unidos Quando os economistas analisam um país as duas primeiras perguntas que fazem são Qual é seu tamanho do ponto de vista econômico E qual é seu padrão de vida Para responder à primeira eles examinam o produto o nível de produção do país como um todo Para responder à segunda examinam o produto por pessoa As respostas para os Estados Unidos são dadas na Figura 13 é um país grande com produção de US 174 trilhões em 2014 o que representa 23 da produção mundial e o torna o maior do mundo em termos econômicos O padrão de vida nos Estados Unidos também é alto com produto por pessoa de US 54600 não é o maior do mundo mas está perto do topo Quando querem aprofundar sua análise e conhecer o estado de saúde do país os economistas analisam três variáveis básicas Crescimento do produto a taxa de variação do produto Taxa de desemprego a parcela de trabalhadores na economia que não estão empregados e procuram emprego Taxa de inflação a taxa em que o preço médio dos bens na economia aumenta ao longo do tempo Figura 13 Estados Unidos 2014 Estados Unidos 2014 Produto US 174 trilhões População 3191 milhões Produto por pessoa US 54592 Participação na produção mundial 23 Essas três variáveis são quantificadas para a economia dos Estados Unidos na Tabela 11 Para colocar os números atualizados em perspectiva a primeira coluna apresenta o valor médio de cada variável no período de 1990 a 2007 o ano anterior à crise A segunda coluna mostra os números referentes à parte aguda da crise os anos de 2008 e 2009 A terceira coluna apresenta os números para 2010 a 2014 e a última para 2015 ou mais precisamente as previsões para 2015 feitas no outono desse ano Ao analisarmos os números de 2015 podemos observar por que os economistas estão razoavelmente otimistas em relação à economia dos EUA no momento O crescimento foi estimado em acima de 25 um pouco abaixo da média de 19902007 O desemprego que aumentou durante a crise e no período subsequente atingiu 10 em 2010 diminuiu e a 54 voltou à média de 19902007 A inflação ficou baixa substancialmente inferior à média de 19902007 Em suma a economia dos Estados Unidos parecia estar em razoável forma deixando para trás grande parte dos efeitos da crise Tabela 11 Crescimento desemprego e inflação nos Estados Unidos 19902015 Percentual 19902007 média 20082009 média 20102014 média 2015 Taxa de crescimento do produto 30 15 22 25 Taxa de desemprego 54 75 80 54 Taxa de inflação 23 14 16 07 Taxa de crescimento do produto taxa de crescimento anual do produto PIB Taxa de desemprego média ao longo do ano Taxa de inflação taxa anual de variação do nível de preços deflator do PIB Fonte FMI World Economic Outlook julho de 2015 Mas nem tudo estava bem A fim de garantir que a demanda fosse forte o suficiente para sustentar o crescimento o Fed viuse obrigado a manter as taxas de juros muito baixas na realidade mais baixas do que gostaria O aumento da produtividade parece ter desacelerado implicando um crescimento medíocre no futuro Vamos analisar essas questões uma de cada vez Taxas de juros baixas e o limite inferior zero Quando a crise começou o Fed tentou refrear a redução dos gastos baixando a taxa de juros sob seu controle a chamada taxa dos fundos federais Como se pode ver na Figura 14 a taxa dos fundos federais passou de 52 em julho de 2007 para quase 0 016 para ser exato em dezembro de 2008 Por que o Fed parou em zero Porque a taxa de juros não pode ser negativa Se isto acontecesse ninguém manteria títulos e todos prefeririam manter moeda porque moeda paga taxa de juros zero Em macroeconomia esta restrição é conhecida como limite inferior zero zero lower bound e este é o limite a que o Fed chegou em dezembro de 2008 Essa redução acentuada da taxa de juros que barateou o crédito aos consumidores e o investimento por parte das empresas certamente limitou a queda tanto na demanda quanto na produção Mas como já discutimos e pode ser visto na Tabela 11 isto não bastou para evitar uma profunda recessão o crescimento dos Estados Unidos foi negativo em 2008 e 2009 Para ajudar a recuperação da economia o Fed manteve a taxa de juros próxima de zero ponto no qual permaneceu até aqui outono de 2015 Os planos do Fed são de começar a elevar a taxa de juros em breve de modo que por ocasião da leitura deste livro é provável que essa taxa tenha aumentado mas ainda será muito baixa se comparada com os padrões históricos Figura 14 A taxa dos fundos federais dos EUA desde 2000 Fonte Haver Analytics N do RT a taxa de juros foi elevada três vezes desde então em dezembro de 2015 em dezembro de 2016 e em março de 2017 mas segue abaixo de 10 Visto que manter grande montante de moeda é inconveniente e arriscado as pessoas podem aceitar manter alguns títulos ainda que paguem uma taxa de juros ligeiramente negativa Mas há um limite claro do quanto uma taxa de juros pode ser negativa antes que as pessoas encontrem meios de trocar títulos por moeda Por que taxas de juros baixas são um problema em potencial Por duas razões a primeira é que taxas de juros baixas limitam a capacidade do Fed de reagir a novos choques negativos Se a taxa de juros é igual ou próxima de zero e a demanda diminui ainda mais há pouco que o Fed possa fazer para aumentar a demanda A segunda é que taxas de juros baixas parecem levar à tomada de risco excessivo por parte dos investidores Quando o retorno de manter títulos é muito baixo os investidores ficam tentados a assumir risco em demasia para aumentar seus retornos Muito risco assumido pode por sua vez dar origem a crises financeiras do tipo da que acabamos de vivenciar Certamente não queremos passar por outra crise como essa Até que ponto um baixo crescimento de produtividade é preocupante Embora o Fed deva se preocupar em manter demanda suficiente para atingir crescimento no curto prazo durante períodos mais longos o crescimento é determinado por outros fatores sendo que o principal deles é o crescimento da produtividade sem ele não há aumento sustentado da renda por pessoa Neste caso as notícias são preocupantes A Tabela 12 mostra o crescimento médio da produtividade nos Estados Unidos década a década desde 1990 para o setor privado como um todo e para o setor industrial Como se pode ver o crescimento da produtividade nos anos 2010 tem se revelado até aqui cerca de metade do registrado na década de 1990 O quanto isso é preocupante O crescimento da produtividade varia muito de um ano para o outro e alguns economistas acreditam que podem ser apenas alguns anos ruins e que não há muito com que se preocupar Outros acreditam que há problemas na medição do produto e que o crescimento da produtividade pode ser subestimado Por exemplo como medir o real valor de um smartphone novo em relação a outro mais antigo Seu preço pode ser mais alto mas ele provavelmente faz muitas coisas que o modelo anterior não fazia Outros ainda acreditam que os Estados Unidos realmente entraram em um período de menor crescimento da produtividade que importantes ganhos com as atuais inovações de TI já foram obtidos e que o progresso deverá ser menos acelerado ao menos por algum tempo Razão especial de preocupação é que essa desaceleração no crescimento da produtividade está acontecendo no contexto de uma desigualdade crescente Quando o crescimento da produtividade é alto pode ser que quase todos se beneficiem ainda que a desigualdade aumente Os pobres podem se beneficiar menos que os ricos mas eles ainda veem seu padrão de vida melhorar Não é este o caso atualmente nos Estados Unidos Desde 2000 os ganhos reais dos trabalhadores com ensino médio completo ou menos têm na verdade diminuído Se os formuladores de política econômica Como veremos mais adiante no livro bancos centrais como o Fed podem lançar mão de alguns outros recursos para aumentar a demanda Esses recursos são conhecidos como política monetária não convencional Mas não funcionam tão bem quanto a taxa de juros TI significa tecnologia da informação Tabela 12 Crescimento da produtividade do trabalho por década Mudança percentual ano a ano média década de 1990 década de 2000 20102014 Setor privado não agrícola 20 26 12 Setor privado 21 26 12 Indústria 40 31 24 Fonte Haver Analytics pretendem inverter esta tendência devem impulsionar o crescimento da produtividade ou restringir o aumento da desigualdade ou ambos Estes são os dois grandes desafios que se impõem na atualidade a esses formuladores nos Estados Unidos 13 A área do euro Em 1957 seis países europeus decidiram formar um mercado comum europeu uma área econômica em que pessoas e bens poderiam transitar livremente Desde então 22 outros países se juntaram ao grupo elevando o total para 28 Esse grupo é conhecido como União Europeia ou UE Em 1999 a UE decidiu dar um passo à frente e deu início ao processo de substituição das moedas nacionais por outra comum denominada euro Inicialmente apenas 11 países aderiram desde então mais oito se juntaram Algumas nações em especial o Reino Unido decidiram não aderir ao menos naquele momento O nome oficial para o grupo de paísesmembros é área do euro A transição ocorreu em etapas Em 1º de janeiro de 1999 cada um dos 11 países fixou o valor de sua moeda em relação ao euro Por exemplo 1 euro foi fixado em 656 francos franceses 166 pesetas espanholas e assim por diante De 1999 a 2002 os preços foram cotados em unidades monetárias nacionais e em euros mas o euro ainda não era usado como moeda Isto ocorreu em 2002 quando notas e moedas em euro substituíram as moedas nacionais Dezenove países pertencem atualmente a essa área monetária comum Como mostra a Figura 15 a área do euro também é uma grande potência econômica Seu produto quase equivale ao dos Estados Unidos e seu padrão de vida não fica atrás A UE como um todo tem um produto que excede o dos Estados Unidos Mas como os números na Tabela 13 demonstram a situação não vai muito bem por lá Assim como nos Estados Unidos a fase aguda da crise 2008 e 2009 foi caracterizada por um crescimento negativo Enquanto os Estados Unidos se recuperaram o crescimento na área do euro permaneceu anêmico próximo de zero de 2010 a 2014 na realidade em dois desses anos houve novamente crescimento negativo Mesmo em 2015 prevêse um crescimento de apenas 15 inferior ao dos Estados Unidos e à média antes da crise O desemprego que aumentou a partir de 2007 está em elevados 111 quase o dobro dos Estados Unidos A inflação é baixa aquém da meta do Banco Central Europeu o BCE Até alguns anos atrás o nome oficial era Comunidade Europeia ou CE Ainda se pode encontrar este nome Essa área também tem outros nomes como zona do euro ou eurolândia O primeiro soa muito tecnocrático e o segundo lembra a Disneylândia Serão evitados aqui Tabela 13 Crescimento desemprego e inflação na área do euro 19902015 Percentual 19902007 média 20082009 média 20102014 média 2015 Taxa de crescimento do produto 21 20 07 15 Taxa de desemprego 94 86 111 111 Taxa de inflação 21 15 10 11 Taxa de crescimento do produto taxa de crescimento anual do produto PIB Taxa de desemprego média ao longo do ano Taxa de inflação taxa anual de variação do nível de preços deflator do PIB Fonte FMI World Economic Outlook julho de 2015 N do RT o crescimento do produto da área do euro em 2015 foi 24 mas em 2016 ele caiu novamente para 173 abaixo da média antes da crise Capítulo 1 Um giro pelo mundo 11 Figura 15 A área do euro 2014 França Alemanha Itália Espanha 28 39 21 14 639 811 600 465 US44332 US47604 US35820 US30272 2014 Produto US trilhões População milhões Produto por pessoa Finlândia Alemanha Irlanda Bélgica Portugal Holanda Luxemburgo Áustria Grécia Itália Malta Chipre Eslovênia Eslováquia Estônia Letônia Lituânia França Espanha área do euro 2014 Produto US 134 trilhões População 3345 milhões Produto por pessoa US 40143 Participação no produto mundial 174 UE17 Atualmente a área do euro enfrenta duas principais questões A primeira é como reduzir o desemprego A segunda é saber se e como poderá funcionar eficientemente como uma área monetária comum Vamos abordar cada uma delas BookBlanchard 1indb 11 241017 1717 12 Macroeconomia Como reduzir o desemprego europeu A elevada taxa média de desemprego na área do euro 111 em 2015 esconde muita variação entre os países da União Europeia De um lado Grécia e Espanha têm taxas de 25 e 23 respectivamente Do outro a taxa de desemprego na Alemanha é inferior a 5 No meio estão países como França e Itália com taxas de 10 e 12 respectivamente Assim fica claro que a forma de reduzir o desemprego deve ser adaptada às especificidades de cada país Para entender a complexidade das questões é útil analisar um país com alto nível de desemprego A Figura 16 mostra a impressionante evolução da taxa de desemprego espanhola desde 1990 Após um prolongado boom que teve início em meados dos anos 1990 a taxa de desemprego baixou de um pico de quase 25 em 1994 para 9 em 2007 Mas com o advento da crise o desemprego explodiu nova mente superando os 25 em 2013 Só agora começa a declinar mas ainda é alto O gráfico sugere duas conclusões Grande parte dos altos índices de desemprego da atualidade é resultante da crise e do súbito colapso na demanda que discutimos na primeira seção O boom imobiliário transformado em fiasco mais um súbito aumento das taxas de juros desencadearam o aumento do desemprego a partir de 2008 Podese esperar que mais cedo ou mais tarde a demanda vá crescer e o desemprego diminuir Até onde pode baixar Mesmo no pico do boom a taxa de desemprego na Espanha era de cerca de 9 quase o dobro daquela nos Estados Unidos de hoje Isto sugere que há mais em jogo do que a crise e a queda na demanda O fato de que durante a maior parte dos últimos 20 anos o desemprego ultrapassou os 10 indica problemas no mercado de trabalho O desafio é portanto identificar exatamente quais são esses problemas na Espanha e em outros países europeus 0 5 10 15 20 25 30 1990 1992 1994 1996 1998 2000 2002 2004 2006 2008 2010 2012 2014 Percentual Figura 16 Desemprego na Espanha desde 1990 Fonte FMI World Economic Outlook julho de 2015 BookBlanchard 1indb 12 241017 1717 Capítulo 1 Um giro pelo mundo 13 Alguns economistas acreditam que o principal problema é que os estados euro peus protegem demais os trabalhadores Para evitar que eles percam o emprego tornam as demissões um processo oneroso para as empresas Uma das consequências não intencionais desta política entretanto é impedir as empresas de contratar novos empregados para começo de conversa o que aumenta o desemprego Além disso para proteger os trabalhadores que ficam desempregados os governos europeus oferecem generosos segurosdesemprego Com tal atitude desmotivam uma busca rápida por um novo emprego o que também aumenta o desemprego A solução segundo esses economistas é ser menos protetor eliminar a rigidez do mercado de trabalho e adotar instituições do mercado de trabalho no estilo dos Estados Unidos Foi o que fez o Reino Unido e sua taxa de desemprego é baixa Outros economistas são mais céticos e apontam para o fato de que o desemprego não é alto em toda a Europa No entanto a maioria dos países oferece proteção e um generoso seguro social para os trabalhadores Isto sugere que o problema pode não ser o grau de proteção mas a forma como esta proteção é posta em prática O desafio segundo esses economistas é compreender o que os países com baixo índice de desem prego vêm fazendo certo e se o que fazem certo pode ser exportado para outras nações europeias Encontrar respostas para essas questões é atualmente uma das principais tarefas dos macroeconomistas e formuladores de política econômica europeus O que o euro tem feito pelos países que o adotaram Aqueles que apoiam o euro destacam em primeiro lugar sua enorme importân cia simbólica À luz das muitas guerras travadas no passado entre países europeus existe melhor prova do fim permanente dos conflitos do que a adoção de uma moeda comum Esses apoiadores também ressaltam as vantagens econômicas de uma moeda comum as empresas europeias não precisam mais se preocupar com mudanças nas taxas de câmbio também não será preciso trocar de moeda ao cruzar fronteiras Além da eliminação de outros obstáculos ao comércio entre países euro peus o euro contribuirá argumentam eles para a criação de uma grande potência econômica mundial Resta pouca dúvida de que a transição para o euro é um dos principais eventos econômicos do início do século XXI Outros receiam porém que o simbolismo do euro traga substanciais custos eco nômicos Mesmo antes da crise destacavam que uma moeda comum implica uma política monetária comum e que isto significa taxas de juros iguais em todos os países do euro E se argumentam eles um país mergulhar em uma recessão enquanto outro estiver em expansão econômica O primeiro precisará de taxas de juros menores para aumentar o gasto e o produto o segundo precisará de taxas de juros mais altas para desacelerar sua economia Se as taxas de juros devem ser as mesmas em ambos os países o que acontecerá Não existe o risco de um país passar por um longo período de recessão ou de outro não conseguir desacelerar a expansão de sua economia Uma moeda comum também significa a perda da taxa de câmbio como um instrumento de ajustamento na área do euro E se argumentam eles um país tem um grande déficit comercial e precisa se tornar mais competitivo Se não puder ajustar sua taxa de câmbio deverá ajustarse baixando preços em relação a seus concorrentes É provável que esse processo seja longo e doloroso Até a crise do euro o debate permaneceu um tanto abstrato Não é mais Como consequência da crise vários membros da área do euro de Irlanda e Portugal até a Grécia passaram por profundas recessões Se tivessem sua própria moeda poderiam têla depreciado em relação a dos outros membros para aumentar a demanda por suas exportações Visto que a compartilhavam com seus vizinhos isto não foi possível Assim alguns economistas concluem que alguns países devem abandonar o euro e recuperar o controle de sua política monetária e sua taxa de câmbio Outros argumentam que tal saída BookBlanchard 1indb 13 241017 1717 seria imprudente porque significaria abrir mão das outras vantagens da adesão ao euro além de ser extremamente perturbador levando a problemas ainda mais profundos ao país que sair Este debate tem tudo para permanecer caloroso por algum tempo ainda 14 China A China está diariamente nos noticiários e é cada vez mais vista como uma das principais potências econômicas no mundo Esta atenção se justifica Uma olhada nos números da Figura 17 sugere que talvez não É verdade que a população chinesa é enorme mais do que o quádruplo da dos EUA mas seu produto expresso em dólares multiplicandose o número de yuans a moeda chinesa pela taxa de câmbio dólaryuan é de somente US 104 trilhões cerca de 60 daquele dos Estados Unidos O produto por pessoa é de cerca de US 7600 aproximadamente apenas 15 do norteamericano Então por que dar tanta atenção à China Por duas razões principais Para compreender a primeira delas vamos voltar ao número do produto por pessoa Na comparação desta variável de um país rico como os Estados Unidos com a de um país pobre como a China é preciso ter cuidado porque muitos bens são mais baratos nas economias mais pobres Por exemplo o preço médio de uma refeição na cidade de Nova York é de US 20 Em Pequim é de 25 yuans que à taxa de câmbio corrente fica em torno de US 4 Em outras palavras a mesma renda expressa em dólares permite a um consumidor comprar muito mais em Pequim do que em Nova York Se quisermos comparar padrões de vida precisaremos compensar essas diferenças e as ferramentas de medição que permitem isto são denominadas indicadores PPC paridade do poder de compra Por meio deles estimase que o produto por pessoa na China seja cerca de US 12100 aproximadamente ¼ daquele dos Estados Unidos Isto nos dá uma ideia mais precisa do padrão de vida chinês que é obviamente inferior ao norteamericano ou de outras economias ricas Este padrão entretanto é mais alto do que mostram os números da Figura 17 Figura 17 China 2014 China 2014 Produto US 104 trilhões População 1368 milhão Produto por pessoa US 7627 Participação no produto mundial 135 Fonte FMI World Economic Outlook Essa questão perde relevância quando se comparam dois países ricos Por isso não foi um grande problema quando comparamos anteriormente os padrões de vida nos Estados Unidos e na área do euro A segunda razão e a mais importante é que a China vem crescendo aceleradamente por mais de três décadas fato demonstrado na Tabela 14 que assim como as anteriores para os Estados Unidos e à área do euro traz o crescimento do produto o desemprego e a inflação para os períodos de 19902007 20082009 20102014 e a projeção para 2015 A primeira linha da tabela conta a história básica Desde 1990 na verdade desde 1980 se retrocedermos os dados por mais 10 anos a China cresceu perto de 10 ao ano Isto representa uma duplicação do produto a cada 7 anos Se compararmos este número com o dos Estados Unidos e o da Europa vistos anteriormente entenderemos por que o peso das economias emergentes na economia mundial sendo a China a principal delas aumenta tão rapidamente Destacamos outros dois aspectos interessantes na Tabela 14 O primeiro deles é o grau de dificuldade de enxergar os efeitos da crise nesses dados O crescimento pouco diminuiu entre 2008 e 2009 enquanto o desemprego pouco aumento A razão disto não é que a China esteja fechada ao restante do mundo As exportações chinesas desaceleraram durante a crise Mas o efeito adverso sobre a demanda foi quase inteiramente contrabalançado por uma considerável expansão fiscal pelo governo chinês particularmente com um grande aumento do investimento público O resultado disso foi um crescimento sustentado da demanda e por sua vez do produto O segundo aspecto é o declínio das taxas de crescimento de 10 antes da crise para menos de 9 após a crise e a previsão de 68 para 2015 Isto suscita questões sobre como a China manteve uma taxa de crescimento tão elevada por tanto tempo e se ela entra agora em um período de desaceleração Uma questão preliminar é se os números são reais É possível que o crescimento chinês tenha sido e ainda seja superestimado Afinal a China ainda é um país oficialmente comunista e os funcionários do governo podem ter incentivos para exagerar o desempenho de seu setor ou sua província Economistas que analisaram cuidadosamente esta questão concluíram que este não parece ser o caso As estatísticas não são tão confiáveis quanto em países mais ricos mas não há viés importante O crescimento do produto é realmente alto na China De onde ele vem De duas fontes a primeira foi a elevada acumulação de capital A taxa de investimento razão investimentoproduto na China é de 48 um número muito elevado A título de comparação a taxa de investimento nos Estados Unidos é de apenas 19 Mais capital significa maior produtividade e maior produção A segunda fonte é o rápido progresso tecnológico Uma das estratégias seguidas pelo governo chinês tem sido incentivar empresas estrangeiras a se realocar na China e produzir lá Como as empresas estrangeiras costumam ser muito mais produtivas do que as Tabela 14 Crescimento desemprego e inflação na China 19902015 Percentual 19902007 média 20082009 média 20102014 média 2015 Taxa de crescimento do produto 102 94 86 68 Taxa de desemprego 33 43 41 41 Taxa de inflação 59 37 42 12 Taxa de crescimento do produto taxa de crescimento anual do produto PIB Taxa de desemprego média ao longo do ano Taxa de inflação taxa anual de variação do nível de preços deflator do PIB Fonte FMI World Economic Outlook julho de 2015 N do RT o crescimento do produto em 2015 foi de 69 01 ponto percentual acima da previsão chinesas isto aumenta a produtividade e o produto Outro aspecto da estratégia tem sido incentivar joint ventures entre empresas estrangeiras e chinesas Ao levar as empresas locais a trabalhar com as de fora e aprender com elas a produtividade das chinesas aumentou drasticamente Quando descrevemos desta forma parece fácil alcançar uma alta produtividade e um alto crescimento do produto e a estratégia chinesa parece uma receita que todo país pobre poderia e deveria seguir Na verdade as coisas não são tão óbvias a China é um dos muitos países que realizaram a transição do planejamento central para uma economia de mercado A maioria deles da Europa Central à Rússia e outras antigas repúblicas soviéticas sofreu acentuada queda no produto na fase de transição e muitos ainda apresentam taxa de crescimento bastante inferior à chinesa Em diversos países o alastramento da corrupção e a fragilidade dos direitos de propriedade fazem que as empresas se sintam desestimuladas a investir Então por que a China se saiu tão bem Alguns economistas acreditam que esta situação é resultado de uma transição lenta as primeiras reformas chinesas aconteceram em 1980 na agricultura e ainda hoje muitas empresas são estatais Outros argumentam que o fato de o partido comunista ter permanecido no poder acabou ajudando a transição econômica um rígido controle político foi positivo na proteção dos direitos de propriedade ao menos para empresas novas dandolhes incentivos para investir Encontrar a resposta para essas perguntas e portanto descobrir o que outros países pobres podem aprender com a China pode fazer uma grande diferença não somente para a China mas também para o resto do mundo Ao mesmo tempo o recente abrandamento do crescimento suscita um novo conjunto de questões de onde vem a desaceleração O governo chinês deveria tentar manter o alto crescimento ou aceitar uma taxa menor A maioria dos economistas e na verdade as próprias autoridades chinesas acreditam que um menor crescimento passou a ser desejável e que o povo chinês se beneficiará mais se a taxa de investimento baixar permitindo que uma parte maior da produção vá para o consumo A transição do investimento para o consumo é o principal desafio atual das autoridades chinesas 15 O futuro Nosso giro pelo mundo está concluído Poderíamos ter visto muitas outras regiões do mundo A Índia outro país grande e pobre com população de 1270 milhão de pessoas e que como a China está crescendo de maneira acelerada e se tornando uma potência econômica mundial O Japão cujo crescimento nos 40 anos que sucederam a Segunda Guerra Mundial foi tão impressionante que ficou conhecido como um milagre econômico mas apresentou fraco desempenho nas duas últimas décadas Desde a crise na bolsa de valores no início da década de 1990 o país tem vivido uma queda prolongada com crescimento médio do produto abaixo de 1 ao ano A América Latina que conseguiu substancial redução da inflação na década de 1990 e então manteve um forte crescimento Recentemente porém o crescimento desacelerou em parte como consequência de um declínio no preço das commodities A Europa Central e a Oriental que passaram de um sistema de planejamento centralizado para outro de mercado no começo da década de 1990 Na maioria dos países dessas regiões esta mudança foi marcada por um acentuado declínio no produto no início da transição Alguns países como a Polônia passaram a Um controle político rigoroso também permitiu que a corrupção se desenvolvesse o que é um fator de ameaça ao investimento A China está atualmente em meio a uma forte campanha anticorrupção Capítulo 1 Um giro pelo mundo 17 apresentar altas taxas de crescimento mas outros como a Bulgária continuam em dificuldades A África que viveu décadas de estagnação econômica mas onde contrariandose as expectativas o crescimento tem sido elevado desde 2000 atingindo uma média de 55 por ano e refletindo o crescimento da maioria dos países do continente Mas há um limite ao que pode ser absorvido neste primeiro capítulo Pense nas questões abordadas Os grandes problemas desencadeados pela crise o que causou a crise Por que ela se alastrou tão rapidamente dos Estados Unidos para o resto do mundo Em retrospectiva o que poderia e deveria ter sido feito para evitar isso As respostas monetárias e fiscais foram apropriadas Por que a recuperação é tão lenta na Europa Como a China conseguiu manter um alto crescimento durante a crise As políticas monetárias e fiscais podem ser usadas para evitar recessões O quão problemático é o limite inferior zero das taxas de juros Quais são os prós e os contras de aderir a uma área monetária comum como a área do euro Que medidas poderiam ser tomadas na Europa para reduzir o nível de desemprego persistentemente elevado Por que as taxas de crescimento diferem tanto entre os países mesmo por perío dos prolongados Outros países podem copiar a China e crescer na mesma proporção A China deveria desacelerar O objetivo deste livro é oferecer a você um modo de refletir sobre essas questões À medida que examinarmos as ferramentas necessárias mostrarei como usálas retomando essas questões e revelando as respostas que essas ferramentas sugerem Palavraschave Área do euro 10 Área monetária comum 11 União Europeia UE 10 Questões e problemas Teste rápido 1 Usando as informações contidas neste capítulo diga se cada afirmação a seguir é verdadeira falsa ou incerta Explique sucintamente a O crescimento do produto foi negativo tanto nos países avançados quanto naqueles emergentes e em desenvolvimento em 2009 b O crescimento do produto mundial retomou seu nível anterior à recessão após 2009 c Os preços das ações em todo o mundo caíram entre 2007 e 2010 e depois voltaram ao nível ante rior à recessão d A taxa de desemprego no Reino Unido é bem inferior à de grande parte do restante da Europa e A taxa de crescimento aparentemente alta da China é um mito resulta exclusivamente de esta tísticas oficiais enganosas f A elevada taxa de desemprego na Europa teve início quando um grupo de importantes países europeus adotou uma moeda única g O Fed baixa as taxas de juros para evitar a reces são e as eleva para desacelerar a taxa de cresci mento na economia h O produto por pessoa é diferente na área do euro nos Estados Unidos e na China i As taxas de juros nos Estados Unidos foram iguais a zero ou próximas de zero de 2009 a 2015 2 Política macroeconômica na Europa Cuidado com respostas simples para questões macro econômicas complexas Analise cada uma das afirma ções a seguir e comente se há outro lado para a história a Existe uma solução simples para o problema do alto nível de desemprego europeu reduzir a rigi dez do mercado de trabalho BookBlanchard 1indb 17 241017 1717 18 Macroeconomia b O que pode haver de errado em unir as forças e criar uma moeda comum É óbvio que a adoção do euro é vantajosa para a Europa Aprofundando 3 O crescimento econômico chinês é a característica marcante do cenário econômico mundial nas duas últimas décadas a Em 2014 o produto dos EUA foi de US 174 trilhões e o chinês atingiu US 104 trilhões Suponhamos que a partir de agora a China cresça a uma taxa anual de 65 ao passo que os Estados Unidos a uma taxa anual de 22 Esses são os valores de cada país para o período de 20102014 como indicado no texto Usando essas suposições e uma planilha calcule e trace um gráfico do produto dos Estados Unidos e da China pelos próximos 100 anos a partir de 2014 Quantos anos serão necessários para a China alcançar um nível total de produção igual ao dos Estados Unidos b Quando a China alcançar os Estados Unidos em produto total a população chinesa terá o mesmo padrão de vida que a dos EUA Explique c Outro termo para padrão de vida é produto por pessoa Como a China elevou seu produto por pessoa nas últimas duas décadas Esses métodos são aplicáveis aos Estados Unidos d Você acha que a experiência da China em ele var seu padrão de vida produto por pessoa é um modelo a ser seguido pelos países em desenvolvimento 4 A taxa de crescimento do produto por pessoa foi identificada como a principal questão enfrentada pelos Estados Unidos no momento da redação deste capítulo Acesse o Economic Report of the President de 2015 e localize uma tabela intitulada Productivity and Related Data Tabela B16 É possível baixála como um arquivo do Excel a Encontre a coluna com números que descrevem o nível de produto por hora trabalhada de todas as pessoas no setor econômico não agrícola Esse valor é apresentado como um índice igual a 100 em 2009 Calcule o aumento percentual no pro duto por hora trabalhada entre 2009 e 2010 O que esse valor significa b Agora use a planilha para calcular o aumento per centual médio do produto por hora trabalhada para as décadas de 19701979 19801989 19901999 20002009 e 20102014 Como o crescimento da produtividade na última década se compara com as outras décadas c Você pode encontrar um Economic Report of the President mais recente Neste caso atualize sua estimativa da taxa de crescimento médio do produto por hora trabalhada de modo a incluir anos posteriores a 2014 Existe alguma evidência de um aumento no crescimento da produtividade Explorando mais 5 Recessões nos Estados Unidos pósguerra Esta questão examina as recessões nos últimos 40 anos Para solucionar este problema obtenha dados trimes trais do crescimento do produto dos EUA no período de 1960 até a data mais recente disponível em http wwwbeagov A Tabela 111 apresenta a mudança percentual no produto interno bruto PIB real Esses dados podem ser baixados para uma planilha Trace um gráfico das taxas de crescimento trimestrais do PIB de 19601 para as últimas observações Algum trimestre apresentou crescimento negativo Usando a definição de recessão como dois ou mais trimestres consecutivos de crescimento negativo responda às seguintes questões a Quantas recessões a economia dos Estados Unidos enfrentou desde o 2o trimestre de 1960 b Quantos trimestres cada recessão durou c Em termos de duração e magnitude quais foram as duas recessões mais graves 6 Com base na questão 5 enumere os trimestres em que as seis recessões tradicionais tiveram início Consulte no banco de dados do Federal Reserve Bank of St Louis FRED as séries mensais da taxa de desemprego ajustada Recupere a série de dados mensais sobre a taxa de desemprego para o período de 1969 até os últimos dados Atente para que todas as séries de dados estejam ajustadas sazonalmente a Examine cada recessão a partir de 1969 Qual era a taxa de desemprego no primeiro mês do primeiro trimestre de crescimento negativo Qual era a taxa de desemprego no último mês do último trimestre de crescimento negativo Em quanto cresceu b Qual recessão apresentou maior aumento na taxa de desemprego Comece com o mês anterior ao trimestre em que o produto cai pela primeira vez e mensure até o nível mais alto na taxa de desem prego antes da próxima recessão BookBlanchard 1indb 18 241017 1717 Capítulo 1 Um giro pelo mundo 19 Leitura adicional A melhor maneira de acompanhar os eventos e deba tes econômicos atuais é ler a The Economist revista semanal publicada na Inglaterra Seus artigos são atualizados bem escritos espirituosos e pertinazes Não deixe de ler essa publicação com regularidade Apêndice Onde encontrar os números Suponhamos que você queira encontrar os números da inflação na Alemanha nos últimos cinco anos Há 50 anos a resposta seria aprender alemão encontrar uma biblioteca com publicações alemãs e a página nas quais constam os dados da inflação anotálos e traçar um gráfico à mão em uma folha de papel Hoje em dia a melhoria na coleta de dados e o desenvolvimento de computadores e bases de dados eletrônicas bem como o acesso à internet facilitaram muito essa tarefa Este apêndice vai ajudar a encontrar os números que se esteja buscando seja a inflação da Malásia no ano passado ou o consumo nos Estados Unidos em 1959 ou ainda o índice de desemprego na Irlanda na década de 1980 Na maioria dos casos os dados podem ser baixados para planilhas e trabalhados posteriormente Para uma visão rápida dos números atuais A melhor fonte de números mais recentes sobre pro duto desemprego inflação taxas de câmbio taxas de juros e preços de ações de um grande número de paí ses são as últimas quatro páginas da The Economist publicada semanalmente httpwwweconomist com O site da revista assim como outros mencio nados no livro contém tanto informações disponíveis gratuitamente a qualquer pessoa quanto aquelas aces síveis somente por assinantes Uma boa fonte de dados recentes sobre a econo mia dos EUA é o National Economic Trends publi cado mensalmente pelo Federal Reserve Bank of Saint Louis httpwwwresearchstlouisfedorg datatrendsnet Mais informações sobre a economia dos Estados Unidos Uma base de dados conveniente com números que muitas vezes remontam à década de 1960 tanto para os Estados Unidos quanto para outros países é o Federal Reserve Economic Database chamado FRED mantido pelo Federal Reserve Bank of Saint Louis O acesso é gratuito e muitos dos dados dos Estados Unidos usados neste livro provêm desse banco de dados httpwwwresearchstlouisfed orgfred2 Uma vez ao ano o Economic Report of the President preparado pelo Council of Economic Advisers e publicado pelo US Government Printing Office em Washington D C apresenta uma descrição da evo lução atual da economia norteamericana bem como dados relativos às principais variáveis macroeconô micas com frequência remontando à década de 1950 Contém duas partes um relatório sobre a economia e uma série de tabelas estatísticas que podem ser encontradas em httpwwwgpogoverp Uma apresentação detalhada dos números mais recentes das contas nacionais pode ser encontrada na Survey of Current Business publicada mensal mente pelo US Department of Commerce Bureau of Economic Analysis httpwwwbeagov Um guia do usuário para as estatísticas publicadas pelo Bureau of Economic Analysis é fornecido na Survey of Current Business abril de 1996 A referência padrão para as contas nacionais é a National Income and Product Accounts of the United States O Volume 1 19291958 e o Volume 2 19591994 são publicados pelo US Department of Commerce Bureau of Economic Analysis http wwwbeagov Para obter dados sobre quase tudo incluindo os eco nômicos uma fonte preciosa é o Statistical Abstract of the United States publicado anualmente pelo US Department of Commerce Bureau of the Census httpwwwcensusgovlibrarypublications2011 compendiastatab131edhtml Dados de outros países A Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico OCDE localizada em Paris França http wwwoecdorg congrega a maioria dos países ricos do mundo Austrália Áustria Bélgica Canadá Chile república Tcheca Dinamarca Estônia Finlândia França BookBlanchard 1indb 19 241017 1717 20 Macroeconomia Alemanha Grécia Hungria Islândia Israel Itália Japão Coreia Luxemburgo México Holanda Nova Zelândia Noruega Polônia Portugal Eslováquia Eslovênia Espanha Suécia Suíça Turquia Reino Unido e Estados Unidos Juntos esses países representam cerca de 70 do produto mundial Um dos pontos fortes desses dados é que no caso de muitas variáveis a OCDE tenta tornálos comparáveis entre países ou informa quando não são comparáveis A entidade divulga três publicações úteis todas disponíveis em seu site A primeira é OECD Economic Outlook uma publi cação semestral Além de apresentar questões macro econômicas atuais e evoluções inclui um apêndice com dados relativos a muitas variáveis macroeconô micas De modo geral os dados remontam à década de 1980 e são apresentados de modo consistente tanto ao longo do tempo quanto entre países A segunda é OECD Employment Outlook editado anualmente que trata mais especificamente de ques tões e números relativos ao mercado de trabalho Ocasionalmente a OCDE reúne dados atuais e his tóricos e publica a série OECD Historical Statistics em que vários anos são agrupados A principal vantagem das publicações do Fundo Monetário Internacional ou FMI localizado em Washington DC é que elas cobrem quase todos os paí ses do mundo O FMI conta com 187 paísesmembros e fornece dados de cada um deles httpwwwimforg Uma publicação particularmente útil é a World Economy Outlook WEO publicada duas vezes ao ano e que descreve os principais eventos econômicos no mundo e em paísesmembros específicos Séries selecionadas associadas à publicação estão disponí veis no banco de dados da WEO disponível no site do FMI httpwwwimforgexternaldatahtm A maioria dos dados apresentados neste capítulo foi extraída desse banco de dados Duas outras publicações úteis são o Global Financial Stability Report GFSR que enfoca os desenvolvi mentos financeiros e o Fiscal Monitor que se concen tra nos desenvolvimentos fiscais As três publicações estão disponíveis no site do FMI httpwwwimf orgexternalindexhtm O Banco Mundial também mantém uma grande base de dados httpdataworldbankorg com um amplo conjunto de indicadores de mudança climática a prote ção social Estatísticas históricas Para estatísticas históricas de longo prazo relativas aos Estados Unidos a fonte oficial é o Historical Statistics of the United States Colonial Times to 1970 partes 1 e 2 publicado pelo US Department of Commerce Bureau of the Census httpswww censusgovlibrarypublications1975compendia histstatscolonial1970html Para estatísticas históricas de longo prazo relativas a vários países uma fonte de dados preciosa é o livro de Angus Maddison Monitoring the world economy 18201992 Development Centre Studies OECD Paris 1995 Esse estudo apresenta dados que remon tam a 1820 e abrangem 56 países Duas outras pers pectivas mais longas e abrangentes são dadas em The world economy a millenial perspective Development Centre Studies OCDE 2001 e The world economy historical statistics Development Centre Studies OCDE 2004 ambas de Angus Maddison Questões macroeconômicas atuais A internet é uma vasta fonte de informações e comen tários sobre questões macroeconômicas atuais Além do site da The Economist mencionado anteriormente o mantido por Nouriel Roubini httpwwwroubini com oferece um amplo conjunto de links para artigos e discussões sobre questões macroeconômicas é neces sário fazer assinatura Outro site interessante é voxeu httpwwwvoxeuorg no qual economistas postam blogs sobre temas e acontecimentos atuais Se com tudo isso você ainda não encontrar aquilo que procura um site mantido por Bill Goffe da State University of New York SUNY em httpwwwrfe org disponibiliza não só muito mais fontes de dados mas também notícias econômicas em geral desde arti gos a piadas além de anúncios de emprego para eco nomistas e blogs E finalmente o site chamado Gapminder http wwwgapminderorg apresenta uma série de gráficos animados muitos deles sobre questões relacionadas à macroeconomia Termoschave Fundo Monetário Internacional FMI 20 Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico OCDE 19 BookBlanchard 1indb 20 241017 1717 CAPÍTULO 2 Um giro pelo livro Termos como produto desemprego e inflação aparecem todos os dias nos jornais e noticiários da televisão Portanto quando foram mencionados no Capítulo 1 você já tinha ideia do que se trata Agora precisamos definilos melhor e é o que faremos nas três primeiras seções deste capítulo A Seção 21 enfoca o produto A Seção 22 enfoca a taxa de desemprego A Seção 23 enfoca a taxa de inflação A Seção 24 apresenta duas importantes relações entre essas três variáveis a lei de Okun e a curva de Phillips A Seção 25 apresenta os três conceitos centrais em torno dos quais este livro está organizado O curto prazo o que acontece na economia de um ano para o outro O médio prazo o que acontece na economia em aproximadamente uma década O longo prazo o que acontece na economia em meio século ou mais A partir destes três conceitos a Seção 26 descreve um mapa para o restante do livro 21 Produto agregado Os economistas que estudavam a atividade econômica no século XIX ou durante a Grande Depressão não dispunham de um indicador de atividade agregada agregada é a palavra que os macroeconomistas usam para se referir a um total em que se basear Tinham de compilar informações dispersas como os carregamentos de minério de ferro ou as vendas das lojas de departamento para tentar inferir o que estava acontecendo na economia como um todo Somente após o fim da Segunda Guerra Mundial as contas de renda e produto nacional ou simplesmente contas nacionais foram criadas Indicadores de produto agregado são publicados regularmente nos Estados Unidos desde outubro de 1947 podem ser encontradas medidas de produto agregado para períodos anteriores mas elas foram calculadas em retrospectiva Como qualquer sistema contábil as contas nacionais primeiro definem os conceitos e depois desenvolvem indicadores correspondentes a esses conceitos Basta examinar as estatísticas de países que ainda não desenvolveram essas contas para entender como são cruciais para a precisão e a consistência Na falta delas números que deveriam equivaler não o fazem tentar entender o que está acontecendo é como calcular o saldo do talão de cheques dos outros Não é a intenção aqui detalhar a contabilidade nacional Dois economistas Simon Kuznets da Universidade de Harvard e Richard Stone da Universidade de Cambridge receberam o Prêmio Nobel por suas contribuições ao desenvolvimento das contas nacionais uma gigantesca realização intelectual e empírica Podese encontrar às vezes outra expressão produto nacional bruto ou PNB Existe uma diferença sutil entre interno e nacional e portanto entre PIB e PNB Examinaremos essa diferença no Capítulo 18 e também no Apêndice 1 ao final do livro Por ora vamos ignorála Na verdade a produção de aço requer não apenas operários e máquinas mas também eletricidade minério de ferro e outros materiais Vamos ignorar esses outros insumos para simplificar o exemplo Produto intermediário é um bem empregado na produção de outro Alguns bens podem ser tanto finais como intermediários Batatas vendidas diretamente aos consumidores são bens finais Batatas utilizadas para produzir batatinhas fritas são bens intermediários Você consegue pensar em outros exemplos mas como às vezes é preciso saber a definição de uma variável e como as variáveis se relacionam entre si o Apêndice 1 ao final do livro oferece a estrutura contábil básica utilizada atualmente nos Estados Unidos e com pequenas variações na maioria dos outros países Esse apêndice será útil sempre que se quiser examinar dados econômicos PIB produção e renda A medida do produto agregado nas contas nacionais é o produto interno bruto ou PIB Para entender como se calcula o PIB o melhor é utilizar um exemplo simples Consideremos uma economia composta apenas por duas empresas A empresa 1 produz aço empregando operários e utilizando máquinas para produzilo Ela vende o aço por US 100 para a empresa 2 que fabrica automóveis A empresa 1 paga um salário de US 80 a seus trabalhadores e os US 20 restantes são seu lucro A empresa 2 compra o aço e o utiliza com trabalhadores e máquinas para produzir automóveis As receitas de vendas de automóveis são de US 200 Desse total US 100 destinamse ao pagamento do aço e US 70 aos trabalhadores restando US 30 de lucro Podemos resumir todas essas informações em uma tabela Siderúrgica Empresa 1 Montadora Empresa 2 Receitas de vendas US 100 Receitas de vendas US 200 Despesas US 80 Despesas US 170 Salários US 80 Salários US 70 Compras de aço US 100 Lucro US 20 Lucro US 30 Como se poderia definir produto agregado nessa economia Seria como a soma dos valores de todos os bens produzidos nela US 100 da produção de aço e US 200 da produção de automóveis totalizando US 300 Ou apenas como o valor dos automóveis que é igual a US 200 Pensando um pouco a resposta certa parece ser US 200 Por quê Porque o aço é um bem intermediário utilizado na montagem de carros Uma vez que contabilizamos a produção dos automóveis não queremos contabilizar também a produção dos bens utilizados para fabricar esses automóveis Isso motiva a primeira definição de PIB 1 O PIB é o valor dos bens e serviços finais produzidos em uma economia em um dado período A palavra importante aqui é finais Queremos contabilizar apenas a produção de bens finais e não de bens intermediários Podemos examinar esse exemplo de outra maneira Suponha que tenha havido a fusão das duas empresas e que agora a venda de aço ocorra dentro da nova empresa e não seja mais registrada A tabela a seguir mostra a contabilidade dessa nova empresa Companhia siderúrgica e montadora Receitas de vendas US 200 Despesas salários US 150 Lucro US 50 Tudo o que vemos é uma única empresa que vende automóveis por US 200 paga aos trabalhadores US 80 US 70 US 150 e aufere US 20 US 30 US 50 de lucro A medida de US 200 permaneceria inalterada Não queremos que nossa medida de produto agregado dependa da decisão de fusão das empresas Esta primeira definição apresenta uma forma de calcular o PIB pelo registro e soma da produção de bens finais e é este aproximadamente o modo como são coletados hoje em dia os números reais do PIB Mas a definição também sugere uma segunda forma de pensar e calcular o PIB 2 O PIB é a soma dos valores adicionados na economia em um dado período O termo valor adicionado significa exatamente o que sugere O valor adicionado por uma empresa é definido como o valor de sua produção menos o valor dos bens intermediários que ela utiliza na produção Em nosso exemplo de duas empresas a siderúrgica não utiliza bens intermediários Seu valor adicionado é simplesmente igual ao valor do aço que produz US 100 A montadora entretanto usa o aço como um bem intermediário Portanto o valor adicionado pela montadora é igual ao dos automóveis que produz menos o valor do aço utilizado na produção US 200 US 100 US 100 O valor adicionado total da economia ou PIB é US 100 US 100 US 200 Note que o valor adicionado agregado permaneceria o mesmo se houvesse a fusão da siderúrgica e da montadora em uma única empresa Neste caso não veríamos nenhum bem intermediário produzido o aço seria produzido e utilizado na fabricação dos automóveis dentro da única empresa e o valor adicionado por essa empresa seria simplesmente o valor dos carros produzidos ou seja US 200 Essa definição nos dá uma segunda forma de pensar sobre o PIB Juntas as duas definições implicam que o valor dos bens e serviços finais a primeira definição do PIB pode também ser considerado como a soma dos valores adicionados por todas as empresas na economia a segunda definição do PIB Até aqui vimos o PIB sob a perspectiva da produção Outro modo de examinálo é sob a perspectiva da renda Voltemos a nosso exemplo e pensemos sobre a receita que sobra para uma empresa depois que ela pagou pelos seus bens intermediários Parte da receita é destinada ao pagamento dos trabalhadores esse componente é chamado de renda do trabalho O restante vai para a empresa esse componente é chamado de renda do capital ou lucro a razão para se denominar renda do capital é que se pode pensar nele como uma remuneração para os detentores do capital utilizado na produção Dos US 100 de valor adicionado pela siderúrgica US 80 vão para os trabalhadores renda do trabalho e os US 20 restantes para a empresa renda do capital Dos US 100 de valor adicionado pela montadora US 70 vão para renda do trabalho e US 30 para a renda do capital Para a economia como um todo a renda do trabalho é igual a US 150 US 80 US 70 e a renda do capital é igual a US 50 US 20 US 30 O valor adicionado é igual à soma da renda do trabalho com a renda do capital isto é US 200 US 150 US 50 Isso leva à terceira definição do PIB 3 O PIB é a soma das rendas na economia em um dado período Resumindo podese pensar no produto agregado o PIB de três maneiras diferentes mas equivalentes Sob a perspectiva da produção o PIB é igual ao valor dos bens e serviços finais produzidos na economia em dado período Ainda sob a perspectiva da produção o PIB é a soma dos valores adicionados na economia em um dado período Sob a perspectiva da renda o PIB é a soma das rendas na economia em um dado período A participação do trabalho no exemplo é portanto de 75 Em países avançados esta porcentagem fica tipicamente entre 60 e 75 Duas lições a lembrar 1 O PIB é a medida do produto agregado que podemos considerar sob a perspectiva da produção produto agregado ou sob a perspectiva da renda renda agregada 2 O produto agregado e a renda agregada são sempre iguais PIB nominal e real Em 2014 o PIB dos Estados Unidos foi de US 17400 bilhões comparado aos US 543 bilhões em 1960 Será que o produto no país foi 32 vezes maior em 2014 do que em 1960 Obviamente não grande parte desse aumento refletiu uma alta nos preços em vez de um aumento das quantidades produzidas Isso nos leva à distinção entre PIB nominal e PIB real O PIB nominal é a soma das quantidades de bens finais multiplicada por seus preços correntes Esta definição deixa claro que o PIB nominal aumenta ao longo do tempo por dois motivos Primeiro a produção da maioria dos bens aumenta ao longo do tempo Segundo o preço da maioria dos bens também aumenta ao longo do tempo Se nossa intenção é medir a produção e sua variação ao longo do tempo precisamos eliminar o efeito do aumento de preços em nossa medição do PIB É por isso que se calcula o PIB real como a soma das quantidades de bens finais multiplicada por preços constantes em vez de preços correntes Se a economia produzisse apenas um tipo de bem final por exemplo um modelo específico de automóvel seria fácil calcular o PIB real usaríamos o preço do veículo em um dado ano e então multiplicaríamos esse valor pela quantidade de veículos produzidos a cada ano Um exemplo nos ajudará a compreender melhor isso Consideremos uma economia que produz somente carros e para evitar questões sobre as quais falaremos mais adiante consideremos que o mesmo modelo é produzido todos os anos Suponhamos por exemplo que o número de automóveis produzidos e seus preços em três anos sucessivos fossem O PIB nominal que é igual à quantidade de carros vezes seu preço sobe de US 200000 em 2008 para US 288000 em 2009 um aumento de 44 e de US 288000 em 2009 para US 338000 em 2010 um aumento de 16 Ano Quantidade de automóveis Preço dos automóveis PIB nominal PIB real em dólares de 2009 2008 10 US 20000 US 200000 US 240000 2009 12 US 24000 US 288000 US 288000 2010 13 US 26000 US 338000 US 312000 Para calcular o PIB real precisamos multiplicar o número de automóveis produzidos a cada ano por um preço comum Suponhamos que utilizamos o preço do automóvel em 2009 como o preço comum Esse enfoque resulta na verdade no PIB real em dólares de 2009 Usando esse enfoque o PIB real de 2008 em dólares de 2009 é igual a 10 automóveis US 24000 por automóvel US 240000 O PIB real de 2009 em dólares de 2009 é igual a 12 veículos US 24000 por veículo US 288000 o mesmo que o PIB nominal em 2009 O PIB real em 2010 em dólares de 2009 é igual a 13 US 24000 US 312000 Logo o PIB real aumentou de US 240000 em 2008 para US 288000 em 2009 um aumento de 20 e de US 288000 em 2009 para US 312000 em 2010 um aumento de 8 Qual seria a diferença nos resultados se tivéssemos decidido calcular o PIB real usando o preço de um automóvel em por exemplo 2010 em vez de 2009 Obviamente o nível do PIB real em cada ano seria diferente porque os preços de 2010 não são os mesmos de 2009 mas sua taxa de variação ano a ano seria a mesma O problema do cálculo do PIB real na prática é que há obviamente mais de um bem final O PIB real deve ser definido como uma média ponderada da produção de todos os bens finais o que nos leva à questão de quais pesos atribuir para esse cálculo Os preços relativos dos bens poderiam parecer seus pesos naturais Se um bem custa duas vezes mais por unidade que outro esse bem deveria obviamente contar duas vezes A explicação sobre por que escolhemos estes três anos específicos será dada quando analisarmos os números reais para os Estados Unidos Para confirmar isso calcule o PIB real em dólares de 2010 e depois calcule a taxa de crescimento entre 2008 e 2009 e entre 2009 e 2010 mais do que o outro no cálculo do PIB real Mas isto levanta a seguinte questão e se como frequentemente ocorre os preços relativos mudassem ao longo do tempo Deveríamos escolher os preços relativos em um dado ano como peso ou deveríamos mudar o peso ao longo do tempo Uma discussão mais aprofundada dessas questões e da forma como se calcula o PIB real nos Estados Unidos foi incluída no Apêndice ao final deste capítulo O que se deve saber neste momento é que a medida do PIB real nas contas nacionais dos Estados Unidos utiliza pesos que refletem os preços relativos que mudam ao longo do tempo A medida é denominada PIB real em dólares encadeados de 2009 usamos 2009 porque como em nosso exemplo anterior este é o ano em que por construção o PIB real equivale ao PIB nominal É a melhor medida do produto da economia dos Estados Unidos e sua trajetória mostra como o produto do país cresceu ao longo do tempo A Figura 21 traz a representação gráfica da evolução tanto do PIB real quanto do PIB nominal nos Estados Unidos desde 1960 Por construção os dois são iguais em 2009 Como mostra a figura o nível do PIB real de 2014 foi cerca de 51 vezes o nível de 1960 um aumento considerável porém muito menor do que o aumento de 32 vezes do PIB nominal no mesmo período A diferença entre os dois resultados se deve ao aumento de preços no período Ambos os termos PIB nominal e PIB real têm muitos sinônimos que podem ser encontrados em suas leituras O PIB nominal também é chamado de PIB em dólares ou PIB em dólares correntes ou ainda PIB em moeda corrente O PIB real também é chamado de PIB em termos de bens PIB em dólares constantes ou PIB em moeda constante PIB ajustado pela inflação ou PIB em dólares encadeados 2009 ou PIB em dólares de 2009 se o ano em que o PIB real é igualado ao PIB nominal for 2009 como acontece nos Estados Unidos neste momento Nos próximos capítulos a menos que especificado de outro modo PIB se referirá ao PIB real e Yt representará o PIB real no ano t PIB nominal e as variáveis medidas em dólares correntes serão representados por um cifrão na frente do valor por exemplo Yt representará o PIB nominal no ano t Figura 21 PIB nominal e real dos Estados Unidos de 1960 a 2014 De 1960 a 2014 o PIB nominal aumentou 32 vezes O PIB real aumentou cerca de 5 vezes PIB real bilhões de dólares de 2009 PIB nominal Fonte Série GDPCA GDPA Federal Reserve Economic Data FRED Disponível em httpresearchstlouisfedorgfred2 Acesso em 16 out 2017 O ano usado para calcular preços neste momento o de 2009 é chamado anobase O anobase é alterado de tempos em tempos e no momento da leitura deste livro pode ter mudado novamente Suponhamos que o PIB real fosse medido em dólares de 2000 em vez de dólares de 2009 Onde seria a interseção no gráfico das curvas de PIB nominal e PIB real PIB nível versus taxa de crescimento Atenção É preciso tomar cuidado com o procedimento de comparação lembrese da discussão no Capítulo 1 sobre o padrão de vida na China Você vai aprender mais sobre isso no Capítulo 10 Até aqui nosso foco recaiu sobre o nível de PIB real Tratase de um número importante pois reflete o tamanho da economia de um país Um país cujo PIB é o dobro do de outro é economicamente duas vezes maior do que o outro país Tão importante quanto é o nível do PIB real por pessoa a razão entre o PIB real e a população do país porque fornece o padrão de vida médio do país Ao avaliar o desempenho de uma economia de ano para ano os economistas se concentram na taxa de crescimento do PIB real ou seja no crescimento do PIB Períodos de crescimento positivo do PIB são chamados de expansão e os de crescimento negativo de recessão A Figura 22 mostra a evolução do crescimento do PIB nos Estados Unidos a partir de 1960 O crescimento do PIB no ano t é igual a Yt Yt1Yt1 e é expresso em porcentagem A figura mostra como a economia do país passou por uma série de expansões interrompidas por curtas recessões Novamente podese ver os efeitos da recente crise crescimento zero em 2008 e um alto crescimento negativo em 2009 Figura 22 Taxa de crescimento do PIB dos Estados Unidos de 1960 a 2014 Desde 1960 a economia dos EUA passou por uma série de expansões interrompidas por curtas recessões A recessão de 20082009 foi a mais grave no período de 1960 a 2014 Fonte calculado usandose a série GDPCA da Figura 21 FOCO PIB real progresso tecnológico e o preço dos computadores Um problema complexo no cálculo do PIB real está em como lidar com as mudanças na qualidade de bens existentes Um dos casos mais difíceis é o dos computadores Seria claramente um absurdo supor que a qualidade de um computador pessoal em 2015 é a mesma de outro produzido 20 anos atrás é evidente que a versão de 2015 pode fazer muito mais do que a de 1995 Mas quanto mais Como levar em conta as melhorias na velocidade interna e nos tamanhos da memória RAM e do disco rígido sem falar na rapidez de acesso à internet e assim por diante O enfoque utilizado pelos economistas para fazer ajustes tendo em vista essas melhorias é examinar o mercado de computadores e como ele avalia equipamentos com diferentes características em um dado ano Por exemplo suponhamos que a evidência de preços de diferentes modelos no mercado revele que os consumidores estão dispostos a pagar 10 a mais por um computador com velocidade de 4 GHz 4000 megahertz do que outro com 3 GHz A primeira edição deste livro publicada em 1996 comparou dois computadores com velocidades de 50 e 16 megahertz respectivamente É um bom exemplo de avanço tecnológico Outra indicação da complexidade do progresso tecnológico é que nos últimos anos o progresso não se deu tanto pelo aumento da velocidade dos processadores mas sim pelo uso de processadores multicore Vamos deixar este aspecto de lado aqui mas os responsáveis pelas contas nacionais não podem fazer isso eles têm de computar essa mudança também Suponhamos que todos os computadores novos neste ano tenham velocidade de 4 GHz comparados aos 3 GHz do ano passado Suponhamos ainda que o preço em dólares dos computadores novos deste ano seja igual ao dos computadores novos do ano passado Assim sendo os economistas encarregados do cálculo do preço ajustado dos computadores chegarão à conclusão de que os novos estão na verdade 10 mais baratos neste ano do que no ano passado Esta abordagem que trata os bens como um conjunto de características neste caso velocidade memória etc cada qual com um preço implícito é chamado de precificação hedônica hedone significa prazer em grego Esse tipo de precificação é usado pelo Departamento de Comércio dos Estados Unidos que calcula o PIB real para estimar as alterações nos preços de bens complexos e de mudança rápida tais como automóveis e computadores Com base nesse enfoque o Departamento de Comércio estima que para um dado preço a qualidade dos computadores novos aumentou em média 18 ao ano desde 1995 Em outras palavras um laptop padrão em 2015 oferece 11821 32 vezes os serviços computacionais que um laptop padrão oferecia em 1995 Curiosamente à luz da discussão do Capítulo 1 sobre a desaceleração do crescimento da produtividade nos Estados Unidos a taxa de melhoria da qualidade diminuiu substancialmente no passado recente para mais perto de 10 Os laptops não só oferecem mais serviços como também ficaram mais baratos pois o preço em dólares caiu cerca de 7 ao ano desde 1995 Juntando as informações deste parágrafo às do anterior implicase que o preço ajustado pela qualidade vem caindo a uma taxa média de 18 7 25 ao ano Em outras palavras cada dólar gasto em um laptop compra nos dias de hoje 12521 108 vezes mais serviços computacionais do que um dólar gasto em um laptop em 1995 22 Taxa de desemprego Por ser um indicador da atividade agregada o PIB é obviamente a principal variável macroeconômica Duas outras desemprego e inflação revelam outros aspectos importantes do desempenho de uma economia Esta seção enfoca a taxa de desemprego Vamos começar com duas definições Nível de emprego é o número de pessoas que têm trabalho Nível de desemprego é o número de pessoas que não têm trabalho mas estão à procura de um Força de trabalho é a soma dos níveis de emprego e desemprego L N U Força de trabalho nível de emprego nível de desemprego A taxa de desemprego é a razão entre o número de pessoas desempregadas e o número de pessoas na força de trabalho u UL Taxa de desemprego nível de desempregoforça de trabalho Coleta de dados estatísticos da força de trabalho pelo governo O cálculo da taxa de desemprego é menos óbvio do que se imagina Não obstante a história em quadrinhos determinar se alguém está empregado é fácil entretanto determinar se alguém está desempregado é mais difícil De acordo com a definição anterior para ser considerada desempregada uma pessoa deve atender a duas condições estar sem trabalho e estar procurando emprego Esta segunda condição é mais difícil de avaliar Até a década de 1940 nos Estados Unidos e até mais recentemente na maioria dos países o número de pessoas registradas nas agências oficiais constituía a única fonte disponível de dados sobre o desemprego e portanto apenas elas eram computadas como desempregadas Esse sistema levou a uma medida ineficiente do desemprego O número de pessoas procurando por emprego que efetivamente se registraram nessas agências variou tanto entre os países quanto ao longo do tempo Os que não tinham nenhum incentivo para se registrar por exemplo os que já haviam recebido o segurodesemprego a que tinham direito dificilmente perdiam tempo indo às agências oficiais e portanto não entravam na contagem Países com segurodesemprego menos generoso provavelmente possuem menos pessoas desempregadas se registrando e portanto uma menor taxa de desemprego medida Hoje em dia a maioria dos países ricos se apoia em amplas pesquisas domiciliares para calcular a taxa de desemprego Nos Estados Unidos essa pesquisa é chamada de Current Population Survey CPS e baseiase em uma entrevista mensal realizada com 60000 domicílios A pesquisa classifica uma pessoa como empregada se estiver trabalhando no momento da entrevista e como desempregada se não tiver trabalho mas estiver procurando uma vaga nas últimas quatro semanas A maioria dos países adota uma definição semelhante de desemprego Nos Estados Unidos estimativas baseadas na pesquisa CPS mostram que em julho de 2015 uma média de 1489 milhões de pessoas estavam empregadas ao passo que 83 milhões desempregadas Portanto a taxa de desemprego era de 831489 83 53 Note que apenas aqueles que estão procurando emprego são computados como desempregados os que não têm trabalho e não procuram uma vaga são considerados fora da força de trabalho Quando o nível de desemprego é alto alguns desempregados desistem de procurar emprego e por isso não são mais contados como tal Estas pessoas são conhecidas como trabalhadores desalentados Um exemplo extremo se todos os trabalhadores sem emprego desistissem de procurar uma vaga a taxa de desemprego seria igual a zero e se tornaria um indicador muito ruim do que está acontecendo no mercado de trabalho Este exemplo é demasiadamente extremo na prática quando há desaceleração da economia normalmente se observam tanto um aumento do desemprego quanto um aumento do número de pessoas que deixam a força de trabalho De modo análogo uma taxa de desemprego mais alta geralmente está associada a uma taxa de participação mais baixa definida como a razão entre a força de trabalho e a população total em idade ativa A Figura 23 mostra a evolução do desemprego nos Estados Unidos a partir de 1960 Desde então a taxa de desemprego nos EUA tem flutuado entre 3 e 10 subindo durante recessões e declinando durante expansões Novamente podese ver o efeito da Os 60000 domicílios são escolhidos como amostra representativa de toda a população dos EUA Assim a amostra fornece estimativas confiáveis sobre o que está acontecendo à população como um todo Durante a crise enquanto a taxa de desemprego nos Estados Unidos subia a taxa de participação caía de 66 para 63 Mas surpreendentemente à medida que o desemprego baixava a taxa de participação não se recuperava Não se sabe bem por que isso ocorreu Uma hipótese é que a recessão foi tão profunda que alguns trabalhadores que haviam perdido o emprego desistiram de recuperálo 52 Figura 23 Taxa de desemprego nos EUA 19602014 Desde 1960 a taxa de desemprego nos EUA flutuou entre 3 e 10 declinando durante as expansões e subindo durante as recessões O efeito da recente crise é altamente visível com o nível de desemprego aproximandose de 10 em 2010 o maior desde o início dos anos 1980 recente crise com a taxa de desemprego atingindo um pico de 10 em 2010 a maior desde a década de 1980 Por que os economistas se preocupam com o desemprego Os economistas se preocupam com o desemprego por dois motivos O primeiro deles é por causa de seus efeitos diretos sobre o bemestar dos desempregados Embora o segurodesemprego seja mais generoso hoje em dia do que durante a Grande Depressão a perda do emprego ainda está associada com frequência a um sofrimento financeiro e psicológico A intensidade desse sofrimento depende da natureza do desemprego Uma imagem do desemprego é a de uma poça estagnada com pessoas que permanecem nessa condição por longos períodos Em tempos normais essa imagem não reflete o que acontece nos Estados Unidos todos os meses muitos ficam desempregados e muitos dos que estavam desempregados conseguem recolocação Quando a taxa de desemprego sobe porém atualmente está em 53 portanto não está em alta a imagem condiz mais com a realidade Não só mais pessoas ficam desempregadas mas também muitas delas permanecem assim por muito tempo Por exemplo a duração média do desemprego que era de 16 semanas em média no período de 2000 a 2007 subiu para 40 semanas em 2011 desde então houve uma queda mas no momento da produção deste livro permanece com uma duração relativamente alta de 30 semanas Em resumo quando o desemprego aumenta ele se torna tanto mais disseminado quanto mais doloroso para aqueles que estão desempregados O segundo motivo pelo qual os economistas se preocupam com a taxa de desemprego é que ela sinaliza que a economia pode não estar usando alguns de seus recursos Quando o nível de desemprego é elevado muitas pessoas que querem trabalhar não encontram ocupação a economia não está usando de forma eficiente seus recursos humanos E quando é baixo Isso também pode representar um problema Sim Assim como um motor funcionando a uma velocidade muito alta uma economia com desemprego muito baixo pode estar sobreutilizando seus recursos humanos e vir a experimentar escassez de mão de É provavelmente por causa desse tipo de declaração que a economia é conhecida como ciência lúgubre 53 obra O que se pode considerar muito baixo É uma pergunta difícil de responder que retomaremos mais adiante no livro Essa questão surgiu em 2000 nos Estados Unidos No final daquele ano alguns economistas se preocupavam porque a taxa de desemprego de 4 na época estava na realidade extremamente baixa Portanto embora não defendessem que se provocasse uma recessão eram a favor de um crescimento do produto menor mas positivo durante algum tempo para permitir um aumento da taxa de desemprego No final das contas conseguiram mais do que queriam uma recessão em vez de uma desaceleração Desemprego e felicidade O desemprego é muito doloroso Para responder à pergunta é preciso conhecer cada indivíduo em particular e como sua felicidade varia à medida que ficam desempregados Essa informação está disponível na pesquisa German Socioeconomic Panel que monitorou cerca de 11000 famílias ano a ano desde 1984 fazendo a cada membro uma série de perguntas sobre seus status de emprego renda e felicidade A pergunta específica sobre felicidade foi Qual é seu nível de satisfação atual com sua vida como um todo com a resposta classificada de 0 completamente insatisfeito a 10 completamente satisfeito O efeito do desemprego sobre a felicidade tal qual definida por essa pesquisa é mostrado na Figura 1 que traça a média da satisfação com a vida daqueles indivíduos que ficaram desempregados por um ano e empregados nos quatro anos anteriores e nos quatro posteriores O ano 0 é o do desemprego Os anos 1 a 4 são os que antecedem o desemprego ao passo que os de 1 a 4 os que vêm a seguir A figura sugere três conclusões A primeira e principal delas é a de que realmente o fato de ficar desempregado leva a uma diminuição significativa da felicidade Para termos uma noção de escala outros estudos sugerem que essa redução está próxima daquela desencadeada por um divórcio ou uma separação A segunda é que a felicidade diminui antes do efetivo período de desemprego Isso sugere que ou os trabalhadores sabem que estão prestes a perder o emprego ou gostam cada vez menos do que fazem A terceira é que a felicidade não é totalmente recuperada mesmo quatro anos após o período de desemprego Isso sugere que a perda do emprego pode causar algum dano permanente seja pela experiência em si seja porque o novo emprego não é tão satisfatório quanto o antigo Ao pensar em como lidar com o desemprego é essencial compreender os canais pelos quais essa situação afeta a felicidade Uma descoberta importante a esse respeito é a de que o comprometimento da felicidade não depende tanto assim da generosidade do segurodesemprego Em outras palavras o desemprego afeta a felicidade não só pelos canais financeiros mas também pelos psicológicos Citando George Akerlof ganhador do Prêmio Nobel uma pessoa sem emprego não perde apenas sua renda mas com frequência a sensação de que está cumprindo os deveres esperados dela como ser humano O conteúdo deste quadro e em particular da figura foi extraído em parte de Unemployment and happiness por Rainer Winkelmann IZA World of Labor 94 p 19 2014 Figura 1 Efeitos do desemprego na felicidade 23 Taxa de inflação A inflação é uma elevação sustentada do nível geral de preços da economia conhecido como nível de preços A taxa de inflação é a taxa em que o nível de preços aumenta Simetricamente deflação é uma queda sustentada do nível de preços e corresponde a uma taxa de inflação negativa A questão prática é como definir o nível de preços Os macroeconomistas geralmente examinam duas medidas do nível de preços ou seja dois índices de preços o deflator do PIB e o índice de preços ao consumidor Deflator do PIB Vimos anteriormente como aumentos no PIB nominal podem resultar tanto de um aumento no PIB real quanto de um aumento nos preços Posto de outra forma se o PIB nominal aumenta mais rapidamente que o PIB real a diferença resulta de um aumento nos preços Isso nos leva à definição do deflator do PIB que no ano t é definido como a razão entre o PIB nominal e o PIB real no ano t P t P t PIB nominal t PIB real t Y t Y t Note que no ano em que por definição o PIB real é igual ao PIB nominal 2009 nos Estados Unidos o nível de preços é igual a 1 Tratase de um aspecto que vale a pena enfatizar o deflator do PIB é o que se chama de número índice Seu nível é escolhido arbitrariamente aqui é igual a 1 em 2009 e não tem nenhuma interpretação econômica Mas sua taxa de variação P t P t 1 P t 1 que denotaremos como π t ao longo do livro possui uma interpretação econômica clara ela fornece a taxa pela qual o nível geral de preços aumenta ao longo do tempo a taxa de inflação Uma vantagem da definição do nível de preços em termos do deflator do PIB está no fato de ela implicar uma relação simples entre PIB nominal PIB real e deflator do PIB Para verificar isso reorganize a equação anterior para obter Y t P t Y t O PIB nominal é igual ao deflator do PIB multiplicado pelo PIB real Ou colocando a expressão em termos de taxas de variação a taxa de crescimento do PIB nominal é igual à taxa de inflação somada à taxa de crescimento do PIB real Índice de preços ao consumidor O deflator do PIB fornece o preço médio do produto os bens finais produzidos na economia Entretanto os consumidores se preocupam com o preço médio do consumo os bens que eles consomem Esses dois preços não precisam ser iguais o conjunto de bens produzidos na economia não é igual ao conjunto de bens adquiridos pelos consumidores por dois motivos Alguns dos bens no PIB são vendidos não para consumidores mas para empresas máquinasferramenta por exemplo governo ou mercado externo Alguns dos bens comprados pelos consumidores não são produzidos domesticamente mas importados Para medir o preço médio do consumo ou de modo equivalente o custo de vida os macroeconomistas examinam outro índice o índice de preços ao consumidor ou IPC Nos Estados Unidos o IPC conhecido como CPI existe desde 1917 e é A deflação é rara mas acontece Os Estados Unidos passaram por deflação sustentada na década de 1930 durante a Grande Depressão ver quadro Fooco no Capítulo 9 O Japão teve deflação de tempos em tempos desde o final dos anos 1990 Mais recentemente a área do euro teve períodos curtos de deflação Os números índice costumam ser definidos como iguais a 100 no anobase em vez de 1 Ao analisarmos o Economic Report of the President ver Capítulo 1 veremos que o deflator do PIB relatado na Tabela B3 é igual a 100 em 2009 o anobase 1025 em 2010 e assim por diante Calcule o deflator do PIB e a taxa associada de inflação no período de 2008 a 2009 e de 2009 a 2010 em nosso exemplo do carro na Seção 21 em que o PIB real é calculado usandose o preço dos veículos em 2009 como o preço comum Para uma atualização sobre como passar de níveis para taxas de variação ver Apêndice 2 Proposição 7 Não confunda IPC com IPP índice de preços ao produtor que é um índice de preços de bens produzidos nacionalmente na indústria de transformação na mineração na agricultura na pesca na silvicultura e no setor elétrico publicado mensalmente ao passo que os números do PIB e do deflator do PIB são calculados e divulgados apenas trimestralmente O IPC fornece o custo em moeda corrente de uma lista específica de bens e serviços ao longo do tempo A lista baseada em um estudo detalhado dos gastos do consumidor procura representar a cesta de consumo de um consumidor urbano típico e é atualizada nos Estados Unidos a cada dois anos Todo mês funcionários do Bureau of Labor Statistics BLS visitam lojas para constatar o que ocorreu com os preços dos bens constantes da lista A coleta é feita para 211 itens em 38 cidades e esses preços são então utilizados para calcular o índice A exemplo do deflator do PIB o nível de preços associado ao produto agregado PIB o IPC é um índice Fixado em 100 no período escolhido como períodobase seu nível não tem nenhum significado especial Nos Estados Unidos o períodobase atual é 19821984 portanto a média desse período é igual a 100 Em 2014 o IPC foi 2367 desse modo ficou mais de duas vezes mais caro em dólares adquirir a mesma cesta de consumo em relação a 19821984 Você pode se perguntar o que muda na taxa de inflação dependendo do uso do deflator do PIB ou do IPC para seu cálculo A resposta está na Figura 24 cujo gráfico compara as duas taxas de inflação nos Estados Unidos desde 1960 O gráfico leva a duas conclusões O IPC e o deflator do PIB caminham juntos na maior parte do tempo Na maioria dos anos as duas taxas de inflação diferem em menos de 1 Entretanto existem exceções evidentes relacionadas à primeira conclusão Em 1979 e 1980 o aumento do IPC foi significativamente maior do que o aumento do deflator do PIB Não é difícil descobrir o motivo Lembrese de que o deflator do PIB é o preço dos bens produzidos nos EUA ao passo que o IPC é o preço dos bens consumidos no país Isso significa que quando o preço dos bens importados aumenta em relação aos preços dos bens produzidos nos Estados Unidos o IPC aumenta mais rapidamente do que o deflator do PIB Não pergunte por que se escolheu um período de base tão estranho Ninguém parece se lembrar Figura 24 Taxa de inflação usando IPC e deflator do PIB 19602014 As taxas de inflação calculadas com IPC ou deflator do PIB são em grande parte similares Fonte Calculado com a série USAGDPDEFAISMEI CPALTT01USA659N Federal Reserve Economic Data FRED Disponível em Acesso em 23 maio 2017 Foi exatamente isso que ocorreu em 1979 e 1980 O preço do petróleo dobrou e embora os Estados Unidos sejam produtores de petróleo o país produz muito menos do que consome Ele era e continua sendo um grande importador de petróleo O resultado foi um grande aumento no IPC comparado ao deflator do PIB Nas seções a seguir vamos supor que os dois índices se movem juntos e portanto não precisaremos fazer distinção entre eles Mencionaremos apenas o nível de preços representado por P t sem indicar se estamos nos referindo ao IPC ou ao deflator do PIB Por que os economistas se preocupam com a inflação Se uma taxa de inflação mais elevada significasse apenas um aumento mais rápido porém proporcional de todos os preços e salários um caso conhecido como inflação pura a inflação não passaria de um pequeno inconveniente pois os preços relativos não seriam afetados Tome por exemplo o salário real dos trabalhadores o salário medido em termos de bens em vez de moeda Em uma economia com 10 de inflação os preços aumentariam 10 ao ano e os salários também Portanto os salários reais não seriam afetados pela inflação A inflação não seria de todo irrelevante as pessoas ainda precisariam acompanhar o aumento dos preços e dos salários para tomar suas decisões Mas isso seria um ônus pequeno não justificaria tornar o controle da taxa de inflação um dos principais objetivos da política macroeconômica Por que então os economistas se preocupam com a inflação Exatamente porque não existe algo como inflação pura Em períodos de inflação nem todos os preços e salários sobem proporcionalmente Em consequência a inflação afeta a distribuição de renda Por exemplo em muitos países os aposentados recebem pensões que não acompanham os aumentos de preços e salários Logo eles perdem em relação a outros grupos quando a inflação está alta Esse não é o caso dos Estados Unidos porque os benefícios da previdência social são reajustados automaticamente com base no IPC protegendo os aposentados da inflação No entanto durante o período de inflação muito elevada ocorrido na Rússia na década de 1990 as aposentadorias não acompanharam a inflação e muitos pensionistas quase morreram de fome A inflação provoca outras distorções Variações nos preços relativos também levam a uma maior incerteza dificultando a tomada de decisões pelas empresas com relação ao futuro incluindo novos investimentos Alguns preços fixados por lei ou por regulamentação ficam defasados em relação a outros resultando em mudanças nos preços relativos A tributação interage com a inflação para criar mais distorções Se as faixas salariais da tabela do imposto de renda não são corrigidas pela inflação por exemplo as pessoas passam para faixas salariais cada vez mais elevadas à medida que sua renda nominal aumenta mesmo que sua renda real permaneça a mesma Se a inflação é algo tão ruim isso implica que a deflação inflação negativa é boa A resposta é não Em primeiro lugar uma deflação alta uma taxa alta de inflação negativa cria muitos dos mesmos problemas que a inflação alta de distorções a aumento da incerteza O outro motivo como veremos mais adiante está no fato de que até mesmo uma taxa de deflação baixa limita a capacidade de uma política monetária afetar o produto Portanto qual é a melhor taxa de inflação A maioria dos macroeconomistas acredita que seja uma taxa de inflação baixa e estável algo entre 1 e 4 Você pode se perguntar por que o efeito da redução de 50 no preço do petróleo na segunda metade de 2014 não aparece de modo análogo com um declínio maior do IPC em relação ao do deflator do PIB O motivo é que embora a inflação do IPC tenha sido negativa durante o segundo semestre de 2014 isso foi compensado pela inflação positiva no primeiro semestre do ano por isso não aparece em dados anuais Isso é conhecido como bracket creep arrastamento das faixas de tributação Nos Estados Unidos as faixas de imposto são ajustadas automaticamente pela inflação se ela for de 5 todas as faixas também aumentarão em 5 em outras palavras não há bracket creep Em contraste na Itália onde a inflação foi de 17 ao ano no segundo semestre da década de 1970 o bracket creep levou a um aumento de quase 9 pontos percentuais na taxa de tributação de renda Os jornais às vezes confundem deflação e recessão Elas podem acontecer juntas mas não são a mesma coisa A deflação é uma redução no nível de preço A recessão é uma redução no produto real Examinaremos os prós e os contras de diferentes taxas de inflação no Capítulo 23 24 Produto desemprego e taxa de inflação lei de Okun e curva de Phillips Examinamos separadamente as três principais dimensões da atividade econômica agregada o crescimento do produto a taxa de desemprego e a taxa de inflação Claramente não são independentes e grande parte deste livro será dedicada a analisar as relações entre eles em detalhes Mas será útil fazer uma primeira análise agora Lei de Okun A intuição sugere que se o crescimento do produto for elevado o desemprego será reduzido o que é realmente verdadeiro Essa relação foi examinada pela primeira vez pelo economista estadunidense Arthur Okun por isso ficou conhecida como a lei de Okun A Figura 25 representa a variação da taxa de desemprego no eixo vertical contra a taxa de crescimento do produto no eixo horizontal para os Estados Unidos desde 1960 Também traça a linha que melhor se ajusta à nuvem de pontos na figura Uma análise da figura e da linha sugere duas conclusões A linha é inclinada para baixo e se ajusta bem à nuvem de pontos Em termos econômicos há uma estreita relação entre as duas variáveis maior crescimento do produto leva a uma diminuição do desemprego A inclinação da linha é 04 Isso implica que em média um aumento de 1 na taxa de crescimento reduz a de desemprego em cerca de 04 É por isso que o desemprego aumenta nas recessões e diminui nas expansões Essa relação tem uma implicação simples porém importante a chave para reduzir o desemprego é uma taxa de crescimento suficientemente elevada Essa linha atravessa o eixo horizontal no ponto em que o crescimento do produto é aproximadamente igual a 3 Em termos econômicos é necessária uma taxa de crescimento de cerca de 3 para manter o desemprego constante Isso ocorre por duas razões A primeira é que a população e assim a força de trabalho Arthur Okun foi conselheiro do presidente John F Kennedy na década de 1960 A lei de Okun não é evidentemente uma lei mas uma regularidade empírica Esse gráfico que representa uma variável em relação a outra é chamado de gráfico de dispersão A linha é denominada linha de regressão Para mais informações sobre regressões ver Apêndice 3 Figura 25 Variações na taxa de desemprego versus crescimento nos Estados Unidos 19602014 Um crescimento do produto mais elevado do que o usual está associado a uma redução da taxa de desemprego um crescimento do produto inferior ao usual está associado a uma elevação na taxa de desemprego Fonte Série GDPCA GDPA Federal Reserve Economic Data FRED Disponível em httpresearchstlouisfedorgfred2 Acesso em 12 jun 2016 aumenta ao longo do tempo de modo que o emprego deve crescer ao longo do tempo apenas para manter constante a taxa de desemprego A segunda é que o produto por trabalhador também se eleva com o tempo o que implica que o crescimento do produto é superior ao crescimento do emprego Suponhamos por exemplo que a força de trabalho cresça a 1 e que o produto por trabalhador cresça a 2 Então o crescimento do produto deve ser igual a 3 1 2 apenas para manter constante a taxa de desemprego A curva de Phillips A lei de Okun implica que com um crescimento suficientemente forte podese reduzir o desemprego a níveis muito baixos Mas a intuição sugere que quando o desemprego baixa muito a economia tende a superaquecer provocando uma pressão ascendente sobre a inflação Em grande medida isso é verdade Essa relação foi explorada pela primeira vez em 1958 pelo economista da Nova Zelândia A W Phillips e tornouse conhecida como a curva de Phillips que traça a taxa de inflação contra a de desemprego Desde então a curva de Phillips foi redefinida como uma relação entre a variação da taxa de inflação e a taxa de desemprego A Figura 26 representa a variação da taxa de inflação medida usandose o IPC no eixo vertical contra a taxa de desemprego no eixo horizontal juntamente com a linha que se ajusta melhor à nuvem de pontos para os Estados Unidos desde 1960 A análise da figura sugere novamente duas conclusões A linha é inclinada para baixo embora o ajuste não seja tão bom quanto no caso da lei de Okun o desemprego mais elevado leva em média a uma diminuição da inflação menor desemprego leva a um aumento da inflação Mas isso só é verdade na média Às vezes uma alta taxa de desemprego está associada a uma elevação da inflação A linha atravessa o eixo horizontal no ponto em que a taxa de desemprego é de aproximadamente 6 Quando o desemprego fica abaixo dos 6 a inflação Nos últimos anos a taxa de crescimento que mantém a taxa de desemprego constante tem sido menor em torno de 25 Isso reflete novamente a diminuição do crescimento da produtividade taxa de crescimento do produto por trabalhador discutida no Capítulo 1 Provavelmente deveria ser conhecida como a relação de Phillips mas é tarde demais para mudar isso Como veremos mais adiante no Capítulo 8 a relação da curva de Phillips evoluiu ao longo do tempo de formas que não podem ser apreendidas na Figura 26 Isso explica por que o ajuste não é tão bom quanto digamos para a lei de Okun Figura 26 Variações na taxa de inflação versus a taxa de desemprego nos Estados Unidos 19602014 Uma baixa taxa de desemprego leva a uma alta na taxa de inflação uma alta taxa de desemprego leva a uma baixa na taxa de inflação Fonte Série GDPCA GDPA Federal Reserve Economic Data FRED Disponível em httpresearchstlouisfedorgfred2 Acesso em 12 jun 2016 36 Macroeconomia tem aumentado sugerindo que a economia estava superaquecendo operando acima de seu potencial Quando o desemprego fica acima de 6 a inflação tem diminuído sugerindo que a economia operava abaixo do potencial Mas também aqui a relação não é suficientemente firme para que a taxa de desemprego em que a economia sofre superaquecimento seja fixada precisamente Isso explica por que alguns economistas acreditam que devemos tentar manter uma taxa de desemprego menor digamos 4 ou 5 e outros acreditam que isso pode ser arriscado levando a superaquecimento e inflação em alta Claramente uma economia bemsucedida é aquela que combina alto crescimento do produto baixo desemprego e baixa inflação Todos esses objetivos podem ser atingidos simultaneamente Um desemprego baixo é compatível com uma inflação baixa e estável Os formuladores de políticas têm as ferramentas para sustentar o crescimento e atingir baixo desemprego enquanto a inflação se mantém baixa São questões que abordaremos ao longo do livro As duas próximas seções apresentam o roteiro 25 Curto prazo médio prazo e longo prazo O que determina o nível do produto agregado em uma economia Pense nestas respostas A leitura dos jornais sugere uma primeira resposta as variações no produto originamse das variações na demanda por bens Você provavelmente já leu notícias que começam assim A produção e as vendas de automóveis foram maiores no mês passado em função da maior confiança do consumidor que levou um número recorde de pessoas às concessionárias Notícias como esta destacam o papel desempenhado pela demanda na determinação do produto agregado apontam para fatores que afetam a demanda que vão da confiança do consumidor às taxas de juros Mas sem dúvida mesmo se todos os consumidores indianos corressem às con cessionárias indianas ainda assim não conseguiriam fazer que o produto da Índia crescesse e alcançasse o dos Estados Unidos Essa observação sugere uma segunda resposta o que importa para o produto agregado é o lado da oferta o quanto a economia pode produzir Isso depende do grau de avanço da tecnologia do país de quanto capital está sendo usado e do tamanho e da qualificação de sua força de trabalho Esses fatores e não a confiança do consumidor são os determinantes fundamentais do nível de produto de um país O argumento anterior nos permite ir um passo além nem a tecnologia nem o capital nem a qualificação são dadas A sofisticação tecnológica de um país depende de sua capacidade de inovar e introduzir novas tecnologias O tamanho de seu estoque de capital depende do quanto as pessoas poupam A qualifi cação dos trabalhadores depende da qualidade do sistema de ensino do país Outros fatores também são importantes se se quiser que as empresas operem de maneira eficiente por exemplo elas precisarão de um sistema de leis claro que regulamente sua operação e de um governo honesto para que essas leis sejam cumpridas Isso sugere uma terceira resposta os verdadeiros determinantes do produto são fatores como o sistema educacional de um país a taxa de poupança e a qualidade do governo Se quisermos entender o que determina o nível do produto deveremos examinar esses fatores A essa altura você deve estar pensando qual das três respostas está correta Todas as três Mas cada uma se aplica a um prazo diferente BookBlanchard 1indb 36 241017 1717 Capítulo 2 Um giro pelo livro 37 No curto prazo alguns poucos anos a primeira resposta é a correta Variações ano a ano no produto decorrem principalmente de movimentos na demanda Mudanças na demanda talvez provocadas por mudanças na confiança do consumidor ou por outros fatores podem levar a uma diminuição no produto uma recessão ou a um aumento no produto uma expansão No médio prazo digamos uma década a segunda resposta é a correta Ao longo do médio prazo a economia tende a voltar ao nível de produto determinado por fatores de oferta o estoque de capital o nível de tecnologia e o tamanho da força de trabalho Ao longo de uma década esses fatores variam em um ritmo lento o suficiente a ponto de podermos tomálos como dados No longo prazo digamos algumas décadas ou mais a terceira resposta é a correta Para entender por que a China conseguiu alcançar uma taxa de cres cimento tão alta desde 1980 precisamos explicar por que o capital e o nível de tecnologia chineses cresceram tão rápido Para isso examinamos fatores como sistema educacional taxa de poupança e o papel do governo Essa maneira de pensar sobre os determinantes do produto é a base da macro economia e da organização deste livro 26 Um giro pelo livro O livro está organizado em três partes fundamentos duas extensões e por fim uma visão abrangente do papel da política macroeconômica A Figura 27 mostra esta organização Vamos descrevêla com mais detalhes Fundamentos Os fundamentos estão divididos em três partes curto médio e longo prazos Os capítulos 3 a 6 examinam como o produto é determinado no curto prazo Para enfocar o papel da demanda presumimos que as empresas estão dispostas Extensão O curto prazo Capítulos 3 a 6 O médio prazo Capítulo 7 a 9 O longo prazo Capítulos 10 a 13 Economia aberta Capítulos 17 a 20 Expectativas Capítulos 14 a 16 Introdução Um giro pelo mundo Capítulo 1 Um giro pelo livro Capítulo 2 Epílogo Capítulo 24 De volta à política econômica Capítulos 21 a 23 Fundamentos Extensão Figura 27 A organização do livro BookBlanchard 1indb 37 241017 1717 38 Macroeconomia a ofertar qualquer quantidade a um dado preço Em outras palavras ignoramos as restrições à oferta O Capítulo 3 examina como a demanda por bens determina o produto O Capítulo 4 apresenta como a política monetária determina a taxa de juros O Capítulo 5 reúne esses dois mercados permitindo que a demanda dependa da taxa de juros e então mostrando o papel das políticas monetária e fiscal na determinação do produto O Capítulo 6 amplia o modelo introduzindo um sistema financeiro mais rico e usandoo para explicar o que aconteceu durante a crise recente Os capítulos 7 a 9 desenvolvem o lado da oferta e examinam a determinação do produto no médio prazo O Capítulo 7 apresenta o mercado de trabalho e o Capítulo 8 deriva a relação entre inflação e desemprego O Capítulo 9 reúne todas as partes e mostra a determinação de produto desemprego e inflação tanto no curto quanto no médio prazo Os capítulos 10 a 13 concentramse no longo prazo O Capítulo 10 apresenta os fatos relevantes examinando o crescimento do produto tanto entre países quanto por longos períodos Os capítulos 11 e 12 discutem como a acumulação de capital e o progresso tecnológico determinam o crescimento O Capítulo 13 dedicase à interação entre progresso tecnológico salários desemprego e desigualdade Extensões Os capítulos relativos aos fundamentos apresentam uma forma de pensar sobre a determinação do produto e do desemprego e da inflação no curto médio e longo prazos Entretanto não incluem vários elementos explorados em duas extensões As expectativas desempenham um papel essencial na macroeconomia Praticamente todas as decisões econômicas tomadas por pessoas e empresas dependem de suas expectativas quanto a rendimentos futuros lucros futuros taxas de juros futuras e assim por diante As políticas fiscal e monetária afetam a atividade econômica não só por meio de seus efeitos diretos mas também por seus efeitos sobre as expectativas de pessoas e empresas Os capítulos 14 a 16 apresentam uma abordagem mais detalhada e extraem as implicações para as políticas fiscal e monetária Os capítulos sobre fundamentos tratam a economia como fechada ignorando suas interações com o resto do mundo No entanto as economias estão cada vez mais abertas comercializando bens e serviços ou ativos financeiros entre si Como resultado os países estão mais e mais interdependentes A natureza dessa interdependência e suas implicações para as políticas fiscal e monetária são os tópicos dos capítulos 17 a 20 De volta à política econômica Praticamente todos os capítulos do livro discutem as políticas monetária e fiscal Mas uma vez abordados os fundamentos e as extensões vale a pena voltar juntar as peças e avaliar o papel da política econômica O Capítulo 21 trata de questões gerais de política econômica se os macro economistas realmente sabem o suficiente sobre como a economia funciona para aplicar políticas econômicas como uma ferramenta de estabilização e se é possível confiar que os formuladores de política econômica fazem o que é certo Os capítulos 22 e 23 avaliam o papel das políticas monetária e fiscal BookBlanchard 1indb 38 241017 1717 Capítulo 2 Um giro pelo livro 39 Epílogo A macroeconomia não é um conjunto fixo de conhecimentos ela evolui ao longo do tempo O Capítulo 24 examina a história recente da macroeconomia e como os macroeconomistas passaram a acreditar naquilo em que acreditam atualmente Vista de fora a macroeconomia passa a ideia de uma área dividida em escolas keyne sianos monetaristas novos clássicos economistas do lado da oferta supplysiders em inglês e assim por diante bradando argumentos umas contra as outras O processo efetivo de pesquisa é mais ordenado e produtivo do que essa imagem sugere Identificamos o que consideramos as principais diferenças entre os macroecono mistas o conjunto de proposições que definem os fundamentos da macroeconomia atual e os desafios impostos pela crise aos macroeconomistas Resumo Podemos pensar no PIB a medida do produto agre gado de três maneiras equivalentes 1 o PIB é o valor dos bens e serviços finais produzidos na economia em um dado período 2 o PIB é a soma dos valores adicionados na economia em um dado período 3 o PIB é a soma das rendas na economia em um dado período O PIB nominal é a soma das quantidades de bens finais produzidos multiplicadas por seus preços cor rentes Isto implica que variações do PIB nominal refletem tanto variações nas quantidades quanto nos preços O PIB real é uma medida do produto As variações do PIB real refletem unicamente as variações das quantidades Classificase uma pessoa como desempregada quando ela está sem trabalho mas procurando por um Taxa de desemprego é definida como a razão entre o número de desempregados e o número de pessoas na força de trabalho Força de trabalho é a soma dos empregados e dos desempregados Os economistas se preocupam com o desemprego por causa do custo humano que ele implica Também analisam o desemprego porque é um sinal da efi ciência com que a economia usa seus recursos Um desemprego elevado indica que a economia não vem utilizando seus recursos humanos de modo eficiente Inflação é um aumento do nível geral de preços ou nível de preços A taxa de inflação é aquela em que o nível de preços aumenta Os macroeco nomistas examinam dois indicadores do nível de preços O primeiro é o deflator do PIB que for nece o preço médio dos bens produzidos na econo mia O segundo o índice de preços ao consumidor IPC que é o preço médio dos bens consumidos na economia A inflação provoca mudanças na distribuição de renda distorções e maior incerteza Existem duas relações importantes entre produ ção desemprego e inflação A primeira chamada lei de Okun é a relação entre o crescimento do produto e a variação do desemprego um elevado crescimento do produto costuma levar a uma diminuição na taxa de desemprego A segunda chamada curva de Phillips é uma relação entre desemprego e inflação uma taxa de desemprego baixa leva normalmente a um aumento da taxa de inflação Os macroeconomistas fazem distinção entre curto prazo poucos anos médio prazo uma década e longo prazo algumas décadas ou mais Segundo eles no curto prazo o produto é determinado pela demanda no médio prazo pelo nível de tecnologia pelo estoque de capital e pela força de trabalho no longo prazo o produto é determinado por fatores como educação pesquisa poupança e qualidade do governo Palavraschave bens finais 22 bens intermediários 22 contas de renda e produto nacional 21 crescimento do PIB 26 Current Population Survey CPS 28 curto prazo 37 BookBlanchard 1indb 39 241017 1717 40 Macroeconomia curva de Phillips 35 custo de vida 31 deflação 31 deflator do PIB 31 expansão 26 fora da força de trabalho 28 força de trabalho 27 inflação 31 índice de preços ao consumidor ou IPC 31 lei de Okun 34 longo prazo 37 médio prazo 37 nível de desemprego 27 nível de emprego 27 nível de preços 31 número índice 31 PIB em dólares ou PIB em dólares correntes 25 PIB em termos de bens PIB em dólares constantes ou PIB em moeda constante ou PIB ajustado pela inflação ou PIB em dólares encadeados 2009 ou PIB em dólares de 2009 25 PIB nominal 24 PIB real 24 PIB real por pessoa 26 precificação hedônica 27 produto agregado 22 produto interno bruto PIB 22 produto nacional bruto PNB 22 recessão 26 trabalhadores desalentados 28 taxa de participação 28 taxa de inflação 31 valor adicionado 23 Questões e problemas Teste rápido 1 Usando as informações contidas neste capítulo diga se cada afirmação a seguir é verdadeira falsa ou incerta Explique brevemente a O PIB dos Estados Unidos foi 32 vezes maior em 2014 do que era em 1960 b Quando a taxa de desemprego é alta a taxa de participação também deve ser alta c A taxa de desemprego tende a cair durante as expansões e aumentar durante as recessões d Se o IPC do Japão estiver atualmente em 108 e o dos Estados Unidos em 104 então a taxa de inflação japonesa é mais alta do que a dos EUA e A taxa de inflação calculada com base no IPC é um índice de inflação melhor do que a taxa de inflação calculada usandose o deflator do PIB f A lei de Okun mostra que quando o crescimento do produto é menor do que o normal a taxa de desemprego tende a subir g Períodos de crescimento negativo do PIB são cha mados de recessões h Quando a economia está funcionando normal mente o desemprego é igual a zero i A curva de Phillips é uma relação entre o nível de preços e o nível de desemprego 2 Suponha que você esteja calculando o PIB anual dos Estados Unidos somando o valor final de todos os bens e serviços produzidos na economia Determine o impacto de cada uma das seguintes transações sobre o PIB a Um restaurante de frutos do mar compra US 100 de peixe de um pescador b Uma família gasta o equivalente a US 100 em um jantar cujo prato principal é peixe em um restaurante de frutos do mar c A Delta Airlines compra um novo jato da Boeing por US 200 milhões d A empresa aérea nacional grega compra um novo jato da Boeing por US 200 milhões e A Delta Airlines vende um de seus jatos para Jennifer Lawrence por US 100 milhões 3 Durante dado ano ocorrem as seguintes atividades i Uma companhia de mineração paga a seus tra balhadores US 200 mil pela extração de 32 kg de prata que é então vendida a um fabricante de joias por US 300 mil ii O fabricante de joias paga a seus trabalhadores US 250 mil para produzir colares de prata que são vendidos diretamente aos consumidores por US 1 milhão a Usando o enfoque da produção de bens finais qual é o PIB dessa economia BookBlanchard 1indb 40 241017 1717 b Qual é o valor adicionado em cada etapa da produção Usando o enfoque do valor adicionado qual é o PIB c Qual é o total de salários e lucros ganhos Usando o enfoque da renda qual é o PIB 4 Uma economia produz três bens automóveis computadores e laranjas As quantidades produzidas e os preços por unidade em 2009 e 2010 são os seguintes 2009 2010 Quantidade Preço Quantidade Preço Carros 10 US2000 12 US3000 Computadores 4 US1000 6 US500 Laranjas 1000 US1 1000 1 a Qual é o PIB nominal de 2009 e de 2010 Qual é a variação percentual do PIB nominal de 2009 a 2010 b Usando os preços de 2009 como o conjunto de preços comuns qual é o PIB real de 2009 e 2010 Qual é a variação percentual do PIB real de 2009 a 2010 c Usando os preços de 2010 como o conjunto de preços comuns qual é o PIB real de 2009 e 2010 Qual é a variação percentual do PIB real de 2009 a 2010 d Por que as duas taxas de crescimento do produto calculadas em b e c são diferentes Qual delas está correta Explique 5 Considere a economia descrita no Problema 4 a Use os preços de 2009 como o conjunto de preços comuns para calcular o PIB real de 2009 e 2010 Calcule o deflator do PIB para 2009 e para 2010 e a taxa de inflação de 2009 a 2010 b Use os preços de 2010 como o conjunto de preços comuns para calcular o PIB real de 2009 e de 2010 Calcule o deflator do PIB para 2009 e para 2010 e a taxa de inflação de 2009 a 2010 c Por que as duas taxas de inflação são diferentes Qual delas está correta Explique 6 Considere a economia descrita no Problema 4 a Construa o PIB real para os anos de 2009 e 2010 usando o preço médio de cada um dos bens ao longo de dois anos b Qual é a variação percentual do PIB de 2009 a 2010 c Qual é o deflator do PIB em 2009 e 2010 Usando este deflator qual é a taxa de inflação de 2009 a 2010 d Esta seria uma solução atraente para o ressaltado nos problemas 4 e 5 isto é duas taxas de crescimento diferentes e duas taxas de inflação diferentes dependendo do conjunto de preços utilizado A resposta é sim e constitui a base para a construção de deflatores encadeados Veja o Apêndice deste capítulo para uma discussão mais detalhada 7 O Índice de Preços ao Consumidor O Índice de Preços ao Consumidor representa o preço médio dos bens que as famílias consomem Milhares de itens são incluídos neste índice Aqui os consumidores são representados apenas como compradores de alimentos pizza e gasolina em sua cesta de mercadorias Tratase de uma representação do tipo de dados coletados pelo Bureau of Economic Analysis para calcular um Índice de Preços ao Consumidor No anobase de 2008 tanto os preços das mercadorias adquiridas quanto a quantidade de bens adquiridos são coletados Nos anos seguintes coletamse apenas os preços A cada ano a agência coleta o preço do bem e constrói um índice de preços que representa dois conceitos exatamente equivalentes Quanto custa a mais para comprar a mesma cesta de mercadorias no ano corrente em relação ao anobase Quanto o poder de compra do dinheiro diminuiu medido em cestas de mercadorias no ano corrente em relação ao anobase Os dados em uma semana média de 2008 o Bureau of Economic Analysis pesquisa muitos consumidores e determina que o consumidor médio compra 2 pizzas e 6 galões de gasolina em uma semana O preço por pizza e por galão em anos subsequentes são encontrados a seguir Os preços variam ao longo do tempo Ano Preço das pizzas Preço da gasolina 2008 US10 US3 2009 US11 US330 2010 US1155 US347 2011 US1155 US350 2012 US1155 US250 2013 US1155 US347 a Qual é o custo da cesta de consumo em 2008 b Qual é o custo da cesta de consumo em 2009 e nos anos subsequentes c Represente o custo da cesta de consumo como um número índice nos anos de 2008 a 2013 Defina o valor do número índice igual a 100 em 2008 d Calcule uma taxa anual de inflação usando a variação percentual do valor do número índice entre cada ano de 2009 a 2013 42 Macroeconomia Será útil preencher a tabela a seguir Ano Índice de Preços ao Consumidor 2008 100 Taxa de inflação 2008 100 2009 2010 2011 2012 2013 e Há um ano em que a inflação é negativa Por que isso acontece f Qual é a fonte da inflação no ano de 2011 Como difere da inflação nos anos de 2009 e 2010 g Tenho US 100 em 2008 Quantas cestas de mercadorias posso comprar com US 100 em 2008 Se eu tenho US 100 em 2013 quantas cestas poderei comprar com esse dinheiro em 2013 Qual é o declínio percentual no poder de compra do meu dinheiro Como o declínio percentual no poder de compra do dinheiro se relaciona com a variação no valor do índice de preços entre 2008 e 2013 h De 2009 a 2011 o preço de uma pizza permanece o mesmo O preço da gasolina sobe Como os consu midores reagem a tal mudança Em 2012 o preço da gasolina cai Quais são as implicações dessas mudanças nos preços relativos para a construção do Índice de Preços ao Consumidor i Suponha que o Bureau of Economic Analysis determine que em 2013 o consumidor médio compre 2 pizzas e 7 galões de gasolina em uma semana Use uma planilha para calcular o Índice de Preços ao Consumidor igual a 100 em 2013 e retrocedendo no tempo usando a cesta de 2013 nos anos de 2008 a 2013 Preencha o quadro a seguir Ano Índice de Preços ao Consumidor 2013 100 Taxa de inflação 2008 2009 2010 2011 2012 2013 100 Por que as taxas de inflação são ligeiramente dife rentes nos itens d e i 8 Usando as relações macroeconômicas a Segundo a lei de Okun quando o crescimento da produção é mais alto do que o normal a taxa de desemprego tende a cair Explique por que o crescimento normal do produto é positivo b Em que ano naquele em que o crescimento do produto é 2 ou naquele em que o crescimento é 2 a taxa de desemprego sobe mais c A curva de Phillips é uma relação entre a variação na taxa de inflação e o nível da taxa de desem prego Usando a curva de Phillips a taxa de desem prego é igual a zero quando a taxa de inflação não está nem subindo nem caindo d A curva de Phillips costuma ser retratada como uma reta com inclinação negativa No texto a inclinação é de cerca de 05 Em sua opinião a economia seria melhor se a reta tivesse maior inclinação digamos 08 ou menor inclinação digamos 02 Aprofundando 9 Precificação hedônica Como explicado na primeira seção Foco deste capí tulo é difícil medir o verdadeiro aumento dos pre ços de bens cujas características variam ao longo do tempo Para esses bens parte de qualquer elevação de preço pode ser atribuída a uma melhoria de quali dade A precificação hedônica apresenta um método para o cálculo do aumento de preços ajustados pela qualidade a Considere o caso de um checkup médico de rotina Cite alguns motivos pelos quais você dese jaria usar a precificação hedônica para medir a variação do preço deste serviço Pense agora no caso de um exame prénatal Suponhamos que um novo método de ultrassonografia seja lançado No primeiro ano em que está disponí vel esse método é adotado por metade dos médicos enquanto a outra metade continua utilizando o antigo Um exame com o procedimento novo custa 10 mais do que o antigo b Em termos percentuais quanto o novo método representa de aumento de qualidade em relação ao antigo Dica leve em conta o fato de que algumas mulheres preferem visitar um médico que ofereça o método novo em vez de procurar outro que oferece o antigo BookBlanchard 1indb 42 241017 1717 Capítulo 2 Um giro pelo livro 43 Agora suponhamos também que no primeiro ano em que o novo método está disponível o preço do exame seja 15 maior do que o do ano anterior quando todos usavam o procedimento antigo c Quanto do aumento do preço do exame usando o método novo se comparado ao do ano anterior reflete um real aumento de preço do exame e quanto representa um aumento de qualidade Em outras palavras qual foi o aumento do preço ajustado pela qualidade do exame usando o método novo em relação ao preço do exame no ano anterior Em muitos casos o tipo de informação que usamos nos itens b e c não está disponível Por exemplo vamos supor que todos os médicos adotem o novo método de ultrassom assim que é introduzido de tal modo que o anterior não seja mais usado Além disso continuemos a supor que o preço do exame no ano em que o novo método é lançado seja 15 maior do que o do ano anterior quando todos usavam o procedimento antigo Sendo assim observamos uma elevação de 15 no preço do exame mas entendemos que a qualidade dele melhorou d Com base nessas hipóteses que informações necessárias para calcular o aumento do preço do exame ajustado pela qualidade estão faltando Mesmo sem essas informações podemos dizer alguma coisa sobre o aumento do preço do exame ajustado pela qualidade É mais de 15 É menos de 15 Explique 10 PIB medido e PIB real Suponhamos que em vez de gastar uma hora prepa rando o jantar você decida trabalhar uma hora a mais e ganhar um adicional de US 12 Então pede comida chinesa entregue em domicílio o que lhe custa US 10 a Em quanto o PIB medido aumenta b Você acha que o aumento verificado no PIB reflete com precisão o efeito sobre o produto da sua decisão de trabalhar Explique Explorando mais 11 Comparação das recessões de 2001 e 2009 Uma fonte de fácil acesso é o banco de dados do Federal Reserve Bank of St Louis FRED A série que mede o PIB real é a GDPC1 em bases trimestrais e expressa em uma taxa anual ajustada sazonalmente denominada SAAR A série mensal da taxa de desemprego é a UNRATE Podese fazer o download dessas séries de diversas formas a partir desse banco de dados a Analise os dados sobre o crescimento trimestral do PIB real de 1999 a 2001 e em seguida de 2007 a 2009 Qual recessão tem valores negativos maiores para o crescimento do PIB a recessão centrada em 2000 ou a recessão centrada em 2008 b A taxa de desemprego é a série UNRATE Ela é mais elevada na recessão de 2001 ou na de 2009 c O National Bureau of Economic Research NBER que identifica recessões apontou uma iniciada em março de 2001 e finalizada em novem bro do mesmo ano As datas equivalentes para a próxima e mais longa recessão foram de dezem bro de 2007 a junho de 2009 Em outras pala vras segundo o NBER a economia começou a se recuperar em novembro de 2001 e junho de 2009 Com base em suas respostas aos itens a e b você acredita que a recuperação do mercado de trabalho foi tão rápida quanto a do PIB Explique Para obter mais detalhes sobre identificação de recessões visite o site do NBER httpwwwnberorg que disponibiliza um histórico sobre períodos de recessões e algumas discussões sobre a metodologia utilizada Leitura adicional Se você quiser aprender mais sobre as definições e os cálculos de muitos indicadores econômicos publi cados regularmente na imprensa do índice de anúncios de vagas de trabalho ao índice de vendas no varejo duas obras de referência de leitura acessível são FRUMKIN Norman The guide to economic indicators 3 ed M E Sharpe 4 ed Nova York 2005 The Economist guide to economic indi cators 6 ed Nova York Bloomberg 2007 Em 1995 o Senado dos Estados Unidos criou uma comissão para estudar o cálculo do IPC e recomendar possíveis mudanças Esta comissão concluiu que a taxa de inflação calculada por meio do IPC era em média cerca de 1 maior do que a efetivamente ocorrida Se esta conclusão estiver correta isso implicará em particular que os salá rios reais salários nominais divididos pelo IPC aumentaram 1 a mais ao ano do que o divulgado Para obter mais informações sobre as conclusões da comissão e sobre algumas discussões que se seguiram leia BOSKIN Michael et al Consumer Prices the consumer price index and the cost of BookBlanchard 1indb 43 241017 1717 44 Macroeconomia living Journal of Economic Perspectives v 12 n 1 p 326 1998 Para um breve histórico sobre o cálculo das contas nacionais leia GDP One of the Great Inventions of the 20th Century Survey of Current Business janeiro de 2000 p 19 httpwwwbeagovscbpdf BEAWIDE20000100odpdf Para conhecer uma discussão de alguns dos pro blemas envolvidos na atividade de mensuração leia ABRAHAM Katherine What we dont know could hurt us some reflections on the measure ment of economic activity Journal of Economic Perspectives v 19 n 3 p 318 2005 Para ver por que é difícil medir o nível de preços e o produto corretamente leia KRUGMAN Paul Viagra and the wealth of nations 1998 httpwww pkarchiveorgtheoryviagrahtml Paul Krugman é um economista ganhador do Prêmio Nobel e colu nista do New York Times Seus artigos são enfáticos perspicazes e divertidos de ler Apêndice O cálculo do PIB real e índices encadeados O exemplo que usamos no capítulo teve apenas um bem final automóveis por isso foi fácil calcular o PIB real Mas como calcular este indicador quando há vários bens finais Este apêndice traz a resposta Para entender o cálculo do PIB real em uma economia com muitos bens finais basta examinar uma economia com apenas dois bens finais O que vale para dois vale também para milhões deles Suponhamos então uma economia que produza dois bens finais vinho e batatas No ano 0 ela produz 10 kg de batatas ao preço de US 1 o quilo e cinco garrafas de vinho ao preço de US 2 por garrafa No ano 1 são 15 kg de batatas ao preço de US 1 o quilo e cinco garrafas de vinho ao preço de US 3 a garrafa O PIB nominal no ano 0 é portanto igual a US 20 O PIB nominal no ano 1 é igual a US 30 Essa informação está resumida na tabela a seguir PIB nominal no ano 0 e no ano 1 Ano 0 Quantidade Preço US Valor US Batatas kg 10 1 10 Vinho garrafas 5 2 10 20 PIB nominal Ano 1 Quantidade Preço US Valor US Batatas kg 15 1 15 Vinho garrafas 5 3 15 30 PIB nominal A taxa de crescimento do PIB nominal do ano 0 para o ano 1 é de US 30 US 20US 20 50 Mas qual é a taxa de crescimento do PIB real Para responder a esta pergunta devemos calcular o PIB real para cada um dos dois anos A ideia básica por trás do cálculo do PIB real é avaliar as quantidades em cada ano usando o mesmo conjunto de preços Suponhamos que escolhemos os preços do ano 0 Este ano será então chamado de anobase Neste caso o cálculo é o seguinte O PIB real do ano 0 é a soma da quantidade do ano 0 multiplicada pelo preço do ano 0 de cada produto 10 US 1 5 US 2 US 20 O PIB real do ano 1 é a soma da quantidade do ano 1 multiplicada pelo preço do ano 0 de cada produto 15 US 1 5 US 2 US 25 A taxa de crescimento do PIB real do ano 0 ao ano 1 é de US 25 US 20US 20 ou 25 Esta resposta levanta contudo uma questão impor tante em vez de usar o ano 0 como anobase poderíamos ter usado o ano 1 ou qualquer outro Se por exemplo tivéssemos utilizado o ano 1 como anobase então O PIB real do ano 0 seria igual a 10 US 1 5 US 3 US 25 O PIB real do ano 1 seria igual a 15 US1 5 US 3 US 30 A taxa de crescimento do PIB real do ano 0 ao ano 1 seria de US 5US 25 ou 20 A resposta utilizandose o ano 1 como anobase seria portanto diferente da resposta utilizandose o ano 0 Logo se a escolha do anobase afeta a taxa percentual de variação do produto que anobase deve ríamos escolher Até meados da década de 1990 a prática dos Estados Unidos e a da maioria dos países atualmente era escolher um anobase e mudálo com pouca frequência BookBlanchard 1indb 44 241017 1717 Capítulo 2 Um giro pelo livro 45 geralmente a cada cinco anos Nos Estados Unidos por exemplo 1987 foi o anobase usado entre dezembro de 1991 e dezembro de 1995 Isto é os números do PIB real publicados em 1994 tanto para 1994 como para todos os anos anteriores eram calculados utilizandose os preços de 1987 Em dezembro de 1995 as contas nacionais muda ram o anobase para 1992 os números do PIB real para todos os anos anteriores foram recalculados usandose os preços de 1992 Esta prática era sem dúvida pouco atraente Cada vez que se alterava o anobase e passava a ser utilizado um novo conjunto de preços todos os números do PIB real do passado e todas as taxas de crescimento do PIB real do passado eram recalculados A histó ria econômica era na verdade reescrita a cada cinco anos A partir de 1995 o Bureau of Economic Analysis BEA órgão governamental que calcula os números do PIB adotou um novo método que não é afetado por este problema Este método requer quatro etapas Calculase a taxa de variação do PIB real do ano t para o ano t 1 de duas formas diferentes primeiro usando os preços do ano t como o conjunto de preços comuns segundo usando os preços do ano t 1 como o conjunto de preços comuns Por exemplo o cálculo da taxa de variação do PIB de 2006 a 2007 é assim determinado 1 Calculandose o PIB real de 2006 e o PIB real de 2007 usando os preços de 2006 como o conjunto de preços comuns e calculando uma primeira medida da taxa de crescimento do PIB de 2006 a 2007 2 Calculandose o PIB real de 2006 e de 2007 usando os preços de 2007 como o conjunto de preços comuns e calculando uma segunda medida da taxa de crescimento do PIB de 2006 a 2007 Calculase a taxa de variação do PIB real como a média dessas duas taxas de variação Calculase um índice para o nível do PIB real enca deando as taxas de variação calculadas para cada ano O índice é definido como 1 em algum ano arbitrário Quando este livro estava sendo redigido o ano arbi trário era 2009 Dado que a taxa de variação calculada de 2009 a 2010 pelo Bureau of Economic Analysis foi 25 o índice de 2010 foi igual a 1 25 1025 O índice para 2010 foi obtido multiplicando se o índice de 2009 pela taxa de variação entre 2009 e 2010 e assim por diante Você encontrará o valor deste índice multiplicado por 100 na segunda coluna da Tabela B3 do relatório Economic Report of the President Confira que ele é de fato igual a 100 em 2009 e igual a 1026 em 2010 e assim por diante Multiplicase este índice pelo PIB nominal de 2009 para se obter o PIB real em dólares encadeados 2009 Visto que o índice é igual a 1 em 2009 isto implica que o PIB real em 2009 é igual ao PIB nomi nal em 2009 Encadeado referese ao encadeamento das taxas de variação descrito anteriormente O ano entre parênteses 2009 referese ao ano em que por construção o PIB real é igual ao PIB nominal Você encontrará o valor do PIB real em dólares encadeados de 2009 na primeira coluna da Tabela B2 do relatório Economic Report of the President O cálculo deste índice é mais complicado do que o dos índices usados antes de 1995 Para ter certeza de que você entendeu as etapas calcule o PIB real em dólares encade ados do ano 0 para o ano 1 de nosso exemplo Mas sem dúvida alguma é um método conceitualmente melhor Os preços utilizados para avaliar o PIB real de dois anos sucessivos são os preços corretos a saber os preços médios para esses dois anos Como a taxa de variação de um ano para outro é calculada usandose os preços desses dois anos em vez do conjunto de preços de um anobase arbitrário a história não será reescrita a cada cinco anos como costumava ocorrer no método anterior quando o anobase era mudado no cálculo do PIB real Para mais detalhes visite o site httpwwwbeagov scbpdfNATIONALNIPA19950795odpdf Palavrachave anobase 44 BookBlanchard 1indb 45 241017 1717 BookBlanchard 1indb 46 241017 1717 Os fundamentos O curto prazo No curto prazo a demanda determina o produto Muitos fatores afetam a demanda desde a confiança do consumidor até as condições do sistema financeiro e as políticas monetária e fiscal Capítulo 3 O Capítulo 3 examina o equilíbrio no mercado de bens e a determinação do produto Seu foco é a interação entre demanda produção e renda Mostra como a política fiscal afeta o produto Capítulo 4 O Capítulo 4 examina o equilíbrio nos mercados financeiros e a determinação da taxa de juros Mostra como a política monetária afeta a taxa de juros Capítulo 5 O Capítulo 5 examina em conjunto o mercado de bens e os mercados financeiros Mostra o que determina o produto e a taxa de juros no curto prazo Examina o papel das políticas monetária e fiscal Capítulo 6 O Capítulo 6 amplia o modelo apresentando um sistema financeiro mais complexo que é utilizado para explicar o que aconteceu durante a recente crise BookBlanchard 1indb 48 241017 1717 Capítulo 3 O mercado de bens Quando os economistas pensam nas variações anuais da atividade econômica sua atenção se volta para a interação entre produção renda e demanda Mudanças na demanda por bens levam a mudanças na produção Mudanças na produção levam a mudanças na renda Mudanças na renda levam a mudanças na demanda por bens Este cartoon retrata muito bem esta questão Os dados indicam que vocês consumidores não estão gastando o suficiente Abram suas carteiras Comprem alguns itens de alto valor Quando nossas vendas começarem a subir Então talvez aí lhe daremos um emprego Talvez pela metade do seu antigo salário Toles 1991 The Washington Post Reimpresso com permissão de Universal Uclick Todos os direitos reservados Este capítulo examina essas interações e suas implicações A Seção 31 analisa a composição do PIB e as diversas fontes de demanda por bens A Seção 32 examina os determinantes da demanda por bens A Seção 33 mostra como o produto de equilíbrio é determinado pela condição segundo a qual a produção de bens deve ser igual à demanda por bens A Seção 34 apresenta um meio alternativo de pensar sobre o equilíbrio com base na igualdade entre investimento e poupança A Seção 35 faz uma primeira abordagem aos efeitos da política fiscal sobre o produto de equilíbrio 31 A composição do PIB A compra de uma máquina por uma empresa a decisão de ir a um restaurante por um consumidor e a aquisição de aviões de combate pelo governo federal são claramente decisões muito diferentes que dependem de fatores muito diferentes Portanto se quisermos entender o que determina a demanda por bens faz sentido decompor o produto agregado PIB do ponto de vista dos diversos bens produzidos e dos diversos tipos de compradores desses bens A Tabela 31 mostra a decomposição do PIB que os macroeconomistas costumam utilizar Uma versão mais detalhada com definições mais precisas pode ser encontrada no Apêndice 1 ao final do livro O primeiro componente do PIB é o consumo que será representado pela letra C nas equações ao longo do livro São os bens e serviços adquiridos pelos consumidores que variam de alimentos a passagens aéreas automóveis novos e assim por diante O consumo que em 2014 representou 68 do PIB dos EUA é de longe seu maior componente O segundo componente é o investimento I às vezes chamado de investimento fixo para distinguilo do investimento em estoques que discutiremos em breve O investimento é a soma do investimento não residencial a compra de novas instalações ou novas máquinas de turbinas a computadores pelas empresas com o investimento residencial a compra de novas casas ou apartamentos pelas pessoas O investimento não residencial e o investimento residencial bem como as decisões por trás deles têm mais em comum do que pode parecer à primeira Tabela 31 Composição do PIB dos EUA 2014 Bilhões de dólares do PIB PIB Y 17348 1000 1 Consumo C 11865 683 2 Investimento I 2782 160 Não residencial 2233 129 Residencial 549 31 3 Gastos do governo G 3152 181 4 Exportações líquidas 530 31 Exportações X 2341 135 Importações IM 2871 166 5 Investimento em estoques 77 04 Fonte Survey of Current Business julho de 2015 Tabela 115 Os termos produto e produção são sinônimos Não existe uma regra para usar um ou outro Escolha aquele que soar melhor Atenção Para a maioria das pessoas investimento referese à compra de ativos como ouro ou ações da General Motors Os economistas usam o termo investimento quando se referem à aquisição de bens de capital novos como novas máquinas novos imóveis comerciais ou novas casas Para os economistas a compra de ouro ou de ações da General Motors ou de outros ativos financeiros representa um investimento financeiro 32 Demanda por bens Represente a demanda total por bens por Z Usando a decomposição do PIB que acabamos de ver na Seção 31 podemos escrever Z como Z C I G X IM Esta equação é uma identidade motivo pelo qual ela é escrita com o símbolo em vez do sinal de igual Ela define Z como uma soma de consumo mais investimento mais gastos do governo mais exportações menos importações Agora precisamos pensar nos determinantes de Z Para facilitar nossa tarefa primeiro façamos algumas simplificações Suponha que todas as empresas produzam o mesmo bem que pode então ser utilizado pelos consumidores para consumo pelas empresas para investimento ou pelo governo Essa grande simplificação nos permite examinar apenas um mercado o de um único bem e pensar no que determina a oferta e a demanda nesse mercado Suponha que as empresas estejam dispostas a ofertar qualquer montante do bem a um dado preço P Esta hipótese permite que nos concentremos no papel desempenhado pela demanda na determinação do produto Como veremos mais adiante esta hipótese é válida apenas no curto prazo Quando estudarmos o médio prazo a partir do Capítulo 7 abandonaremos esta hipótese Mas por enquanto ela simplificará nossa discussão Suponha que a economia seja fechada isto é que não comercialize com o resto do mundo portanto exportações e importações são iguais a zero Esta hipótese vai claramente contra os fatos economias modernas comercializam com o resto do mundo Mais adiante a partir do Capítulo 17 abandonaremos também esta hipótese e veremos o que acontece quando a economia é aberta Mas por enquanto esta premissa também simplificará nossa discussão pois não teremos de pensar no conjunto de variáveis que determina as exportações e as importações Sob a hipótese de que a economia seja fechada X IM 0 a demanda por bens Z é simplesmente a soma de consumo investimento e gastos do governo Z C I G Vamos agora discutir cada um desses três componentes Consumo C As decisões de consumo dependem de muitos fatores O principal é a renda ou mais precisamente a renda disponível YD a renda que resta depois que os consumidores receberam transferências do governo e pagaram seus impostos Quando a renda disponível sobe as pessoas compram mais bens quando diminui compram menos Podemos então escrever C C YD 31 Esse é um modo formal de afirmar que o consumo C é uma função da renda disponível YD A função CYD é chamada função consumo O sinal positivo embaixo de YD reflete o fato de que quando a renda disponível aumenta o consumo também aumenta Os economistas chamam este tipo de equação de equação Lembrese de que investimento em estoque não faz parte da demanda Quase sempre os modelos começam pela palavra suponha Isto é uma indicação de que a realidade será simplificada para podermos nos concentrar na questão a ser tratada Pense em seu próprio comportamento de consumo Quais são seus valores de c0 e c1 Exportações importações superávit comercial Importações exportações déficit comercial Embora seja chamado de investimento em estoques a palavra investimento é capciosa Em contraste com o investimento fixo que representa decisões tomadas por empresas o investimento em estoques é até certo ponto involuntário refletindo o fato de as empresas não terem antecipado as vendas com precisão ao fazer planos de produção Certifiquese de que entendeu cada uma destas três maneiras equivalentes de definir a relação entre produção vendas e investimento em estoques Investimento em estoques produção vendas Produção vendas investimento em estoques Vendas produção investimento em estoques vista As empresas compram máquinas ou instalações para produzir no futuro As pessoas compram casas ou apartamentos para obter serviços de moradia no futuro Em ambos os casos a decisão de compra depende dos serviços que esses bens proporcionarão no futuro Portanto faz sentido tratálos em conjunto Somados os dois tipos de investimento foram responsáveis por 16 do PIB dos EUA em 2014 O terceiro componente são os gastos do governo G Tratase dos bens e serviços adquiridos pelos governos federal estadual e municipal Esses bens variam de aviões a suprimentos de escritório Os serviços incluem os prestados pelos funcionários públicos Na verdade para as contas nacionais o governo compra os serviços prestados por seus funcionários e em seguida fornece esses serviços gratuitamente à população Observe que G não inclui as transferências do governo como os benefícios da previdência social nem os pagamentos de juros sobre a dívida pública Embora sejam claramente gastos do governo não constituem aquisição de bens e serviços É por isso que o dado referente a gastos do governo com bens e serviços na Tabela 31 181 do PIB dos Estados Unidos é menor do que o dado referente aos gastos totais do governo incluindo as transferências e o pagamento de juros Em 2014 esse dado foi de 33 do PIB somadas as transferências e o pagamento de juros dos governos federal estadual e municipal A soma das linhas 1 2 e 3 representa as compras de bens e serviços pelos consumidores pelas empresas e pelo governo dos Estados Unidos Para determinar as compras de bens e serviços no país duas etapas adicionais são necessárias Primeiro devemos somar as exportações X ou seja as compras de bens e serviços do país no exemplo os Estados Unidos por estrangeiros Segundo devemos subtrair as importações IM isto é as compras de bens e serviços estrangeiros pelos consumidores pelas empresas e pelo governo dos Estados Unidos A diferença entre exportações e importações é chamada de exportações líquidas X IM ou saldo da balança comercial Se as exportações excedem as importações dizse que o país tem um superávit comercial Se as importações excedem as exportações dizse que o país tem um déficit comercial Em 2014 as exportações dos Estados Unidos representaram 135 do PIB Já as importações foram de 166 do PIB logo os Estados Unidos tiveram um déficit comercial de 31 do PIB Até agora examinamos diversas fontes de compras vendas de bens e serviços dos Estados Unidos em 2014 Para determinar a produção dos Estados Unidos nesse ano precisaremos dar um último passo A produção e as vendas em um dado ano não precisam ser iguais Alguns dos bens produzidos em um dado ano não são vendidos naquele ano mas em anos posteriores Alguns dos bens vendidos em um dado ano podem ter sido produzidos em um ano anterior A diferença entre bens produzidos e bens vendidos em um dado ano ou em outras palavras a diferença entre produção e vendas é chamada de investimento em estoques Se a produção exceder as vendas e como resultado as empresas acumularem estoques então o investimento em estoques será considerado positivo Se a produção for menor do que as vendas e os estoques de uma empresa caírem então o investimento em estoques será considerado negativo O investimento em estoques normalmente é pequeno positivo em alguns anos negativo em outros Em 2014 o investimento em estoques nos Estados Unidos foi positivo igual a US 77 bilhões Dito de outra maneira a produção foi maior do que as vendas em um montante igual a US 77 bilhões Agora temos o que precisamos para desenvolver nosso primeiro modelo de determinação do produto comportamental para indicar que a equação capta algum aspecto do comportamento no caso o comportamento dos consumidores Utilizaremos as funções neste livro como uma forma de representar relações entre variáveis O que você precisa saber sobre funções que é muito pouco está descrito no Apêndice 2 ao final do livro Esse apêndice desenvolve a matemática de que se necessita para percorrer este livro Não se preocupe descreveremos a função em palavras sempre que ela aparecer pela primeira vez De modo geral é útil ser mais específico sobre a forma da função Este é o caso aqui É razoável supor que a relação entre consumo e renda disponível seja dada pela relação mais simples C c0 c1 YD 32 Em outras palavras é razoável supor que a função seja uma relação linear A relação entre consumo e renda disponível é então caracterizada por dois parâmetros c0 e c1 O parâmetro c1 é chamado de propensão a consumir também chamado de propensão marginal a consumir para simplificar eliminaremos a palavra marginal Ele mostra o efeito de um dólar adicional de renda disponível sobre o consumo Se c1 for igual a 06 então um dólar adicional de renda disponível aumentará o consumo em US 1 06 US 060 Uma restrição natural sobre c1 é que ele seja positivo Um aumento da renda disponível provavelmente leva a um aumento do consumo Outra restrição natural é que c1 seja menor do que 1 As pessoas provavelmente consomem apenas uma parte de qualquer aumento da renda disponível e poupam o restante O parâmetro c0 tem uma interpretação literal É o que as pessoas consumiriam se sua renda disponível no ano corrente fosse igual a zero se YD for igual a zero na Equação 32 então C c0 Se usarmos esta interpretação uma restrição natural é que se a renda corrente for igual a zero o consumo ainda será positivo com ou sem renda as pessoas precisam comer Isso implica que c0 é positivo Como as pessoas podem ter um consumo positivo se sua renda é igual a zero Resposta elas despoupam isto é consomem vendendo alguns de seus ativos ou contraindo algum empréstimo O parâmetro c0 tem também uma interpretação menos literal e mais frequentemente usada Alterações em c0 refletem mudanças no consumo para um determinado nível de renda disponível Aumentos em c0 refletem um aumento no consumo para uma dada renda diminuições em c0 uma diminuição Há muitas razões pelas quais as pessoas podem decidir consumir mais ou menos dado seu rendimento disponível Podem por exemplo achar mais fácil ou mais difícil pedir emprestado ou tornarse mais ou menos otimista sobre o futuro Um exemplo de uma diminuição em c0 é dado no quadro Foco A falência do Lehman temores de outra grande depressão e deslocamentos da função consumo A Figura 31 mostra graficamente a relação entre consumo e renda disponível definida na Equação 32 Por se tratar de uma relação linear ela é representada por uma linha reta que cruza o eixo vertical no ponto c0 sua inclinação é c1 Como c1 é menor do que 1 a inclinação da reta é menor do que 1 Ou de forma equivalente a reta é menos inclinada que uma de 45 graus Se o valor de c0 aumenta a linha se desloca para cima pelo mesmo montante O Apêndice 2 fornece uma breve revisão sobre gráficos inclinações e interceptos Consumo e renda disponível O consumo cresce junto com a renda disponível porém em uma proporção menor do que um para um Um valor menor de c0 deslocará toda a linha para baixo Agora precisamos definir a renda disponível Yd A renda disponível é dada por Yd Y T Nos Estados Unidos os dois principais impostos pagos pelos indivíduos são o imposto de renda e as contribuições previdenciárias As principais fontes de transferências do governo são as aposentadorias a assistência médica para os aposentados Medicare e a assistência médica para os carentes Medicaid Em 2014 os impostos pagos pelos indivíduos somaram US 2900 bilhões e as transferências para indivíduos totalizaram US 2500 bilhões em que Y é a renda e T os impostos pagos menos as transferências do governo recebidas pelos consumidores Para simplificar chamaremos T de impostos mas lembrese de que é igual a impostos menos transferências Note que a equação é uma identidade indicada pelo símbolo Substituindo Yd na Equação 32 obtemos C c0 c1Y T 33 A Equação 33 nos diz que o consumo C é uma função da renda Y e dos impostos T Uma renda mais elevada aumenta o consumo embora em uma proporção menor do que um para um Impostos mais altos retraem o consumo embora também em uma proporção inferior a um para um Investimento I Os modelos têm dois tipos de variáveis Algumas delas dependem de outras variáveis do modelo e portanto são explicadas pelo próprio modelo Essas são chamadas de variáveis endógenas Este foi o caso do consumo visto anteriormente Outras variáveis não são explicadas pelo próprio modelo mas tomadas como dadas Essas são chamadas de variáveis exógenas É assim que trataremos o investimento aqui Vamos tomar o investimento como dado e escrever I I 34 A colocação de uma barra sobre o investimento é uma forma tipográfica simples de lembrar que tomamos o investimento como dado Tomamos o investimento como dado para simplificar nosso modelo mas a hipótese não é inócua Ela implica que quando examinarmos mais adiante os efeitos de mudanças na produção estaremos supondo que o investimento não responde a elas Não é difícil perceber que essa implicação pode ser uma descrição Variáveis endógenas explicadas pelo próprio modelo variáveis exógenas tomadas como dadas ruim da realidade Empresas que experimentam um aumento da produção podem justamente decidir que precisam de mais máquinas e por isso aumentam seu investimento Por enquanto deixaremos esse mecanismo fora do modelo No Capítulo 5 apresentaremos um tratamento mais realista do investimento Gastos do governo G O terceiro componente da demanda em nosso modelo são os gastos do governo G Junto com os impostos T G descreve a política fiscal a escolha de impostos e gastos pelo governo Exatamente como acabamos de fazer para o investimento tomaremos G e T como variáveis exógenas Mas o motivo pelo qual supomos que G e T são exógenas é diferente daquele pelo qual presumimos que o investimento é exógeno O motivo se baseia em dois argumentos distintos Primeiro os governos não se comportam com a mesma regularidade dos consumidores ou das empresas de modo que não há nenhuma regra confiável que possamos escrever para G ou T análoga à regra que escrevemos por exemplo para o consumo De qualquer maneira esse argumento não é rígido Mesmo que os governos não sigam equações comportamentais simples como fazem os consumidores boa parte de seu comportamento é previsível Examinaremos essas questões mais adiante em especial nos capítulos 22 e 23 até lá elas serão deixadas de lado Segundo e mais importante uma das tarefas dos macroeconomistas é pensar nas implicações de decisões alternativas de gastos e de tributação Queremos poder dizer Se o governo escolher esses valores para G e T isto é o que acontecerá O enfoque deste livro normalmente tratará G e T como variáveis escolhidas pelo governo e não tentará explicálas pelo modelo Lembrese de que o termo impostos no texto significa impostos menos transferências do governo Como quase sempre tomaremos G e T como variáveis exógenas não usaremos uma barra para representar seus valores Isso tornará a notação mais leve 33 Determinação do produto de equilíbrio Vamos juntar as peças que apresentamos até aqui Supondo que as exportações e as importações sejam iguais a zero a demanda por bens é a soma de consumo investimento e gastos do governo Z C I G Substituindo C e I pelas equações 33 e 34 temos Z c0 c1Y T I G 35 A demanda por bens Z depende da renda Y dos impostos T do investimento I e dos gastos do governo G Vejamos agora o equilíbrio no mercado de bens e a relação entre produção e demanda Se as empresas mantiverem estoques a produção não precisará ser igual à demanda Por exemplo as empresas podem atender a um aumento da demanda utilizando seus estoques isto é com um investimento negativo em estoques As empresas podem responder a uma redução na demanda continuando a produzir e a acumular estoques isto é com um investimento positivo em estoques Mesmo assim vamos ignorar inicialmente essa complicação e começar supondo que as empresas não mantenham estoques Neste caso o investimento em estoques é sempre igual a zero e o equilíbrio no mercado de bens requer que a produção Y seja igual à demanda por bens Z Y Z 36 Pense em uma economia que produza somente cortes de cabelo Não pode haver estoques deste tipo de produto cortes produzidos mas não vendidos logo a produção deve sempre ser igual à demanda Há três tipos de equação identidades equações comportamentais e condições de equilíbrio Esta equação é denominada condição de equilíbrio Modelos incluem três tipos de equação identidades equações comportamentais e condições de equilíbrio Já vimos exemplos de cada um desses tipos a equação que define a renda disponível é uma identidade a função consumo é uma equação comportamental e a condição de que produção é igual à demanda representa uma condição de equilíbrio Substituindo a demanda Z na Equação 36 por sua expressão na Equação 35 temos Y c0 c1Y T I G 37 A Equação 37 representa algebricamente o que afirmamos de maneira informal no início do capítulo Em equilíbrio a produção Y o lado esquerdo da equação é igual à demanda o lado direito A demanda por sua vez depende da renda Y que é igual à produção Note que empregamos o mesmo símbolo Y para a produção e para a renda Isto não ocorre por acaso Como vimos no Capítulo 2 podemos examinar o PIB sob a perspectiva da produção ou da renda O produto e a renda são idênticos Construído o modelo podemos resolvêlo para examinar o que determina o nível de produto como o produto muda em resposta a por exemplo uma mudança nos gastos do governo A solução de um modelo significa não só resolvêlo algebricamente mas também compreender por que os resultados são como são Neste livro a solução de um modelo também significa a descrição dos resultados por meio de gráficos às vezes deixando a álgebra completamente de lado e a descrição dos resultados e dos mecanismos com palavras Os macroeconomistas sempre utilizam essas três ferramentas 1 Álgebra para assegurar que a lógica está correta 2 Gráficos para refinar a intuição 3 Palavras para explicar os resultados Tenha o hábito de fazer o mesmo Usando a álgebra Reescreva a equação de equilíbrio 37 Y c0 c1Y c1T I G Passe c1Y para o lado esquerdo e reorganize o lado direito 1 c1Y c0 I G c1T Divida ambos os lados por 1 c1 Y 11 c1 c0 I G c1T 38 A Equação 38 caracteriza o produto de equilíbrio o nível de produto em que a produção é igual à demanda Examinemos ambos os termos do lado direito começando pelo segundo termo O termo c0 I G c1T é aquela parte da demanda por bens que não depende do produto Por isso é chamado de gasto autônomo Podemos ter certeza de que o gasto autônomo é positivo Não mas é bem provável que seja Os dois primeiros termos entre colchetes c0 e I são positivos E os dois últimos G c1T Suponha que o governo tenha um orçamento Você consegue associar esta afirmação ao cartoon no início do capítulo Autônomo significa independente nesse caso independente do produto Capítulo 3 O mercado de bens 57 equilibrado impostos iguais a gastos governamentais Se T G e a propensão a consumir c1 é menor do que 1 de acordo com nossa hipótese então G c1T é positivo e assim também será o gasto autônomo Apenas se o governo tivesse um superávit orçamentário muito grande se os impostos fossem muito maiores do que os gastos do governo é que o gasto autônomo poderia ser negativo Podemos seguramente ignorar este caso aqui Se T G então G c1T T c1T 1 c1T 0 Consideremos agora o primeiro termo 11 c1 Como a propensão a con sumir c1 está entre zero e 1 11 c1 é um número maior do que 1 Por este motivo esse número que multiplica o gasto autônomo é chamado de mul tiplicador Quanto mais próximo c1 estiver de 1 maior será o multiplicador O que implica o multiplicador Suponhamos que para um dado nível de renda os consumidores decidam consumir mais Especificando suponhamos que c0 na Equação 33 aumente em US 1 bilhão A Equação 38 nos diz que o produto aumentará em mais de US 1 bilhão Por exemplo se c1 é igual a 06 o multi plicador é igual a 11 06 104 25 de modo que o produto aumenta em 25 US 1 bilhão US 25 bilhões Examinamos um aumento do consumo mas a Equação 38 deixa claro que qual quer mudança no gasto autônomo seja no investimento seja nos gastos do governo ou nos impostos terá o mesmo efeito qualitativo mudará o produto em mais do que seu efeito direto sobre o gasto autônomo De onde vem o efeito multiplicador A Equação 37 nos dá uma pista Um aumento de c0 aumenta a demanda O aumento da demanda então leva a um aumento da produção O aumento da produção leva a um aumento equiva lente da renda lembrese de que as duas são idênticas O aumento da renda aumenta o consumo o que aumenta a demanda e assim por diante A melhor forma de descrever este fenômeno é representar o equilíbrio utilizando um gráfico Vamos fazer isto Utilizando um gráfico Vamos descrever o equilíbrio graficamente Primeiro mostre graficamente a produção como função da renda Na Figura 32 vamos medir a produção no eixo vertical e a renda no eixo hori zontal Mostrar graficamente a produção como função da renda é simples Lembrese de que a produção e a renda são sempre iguais Assim a relação entre ambas é a reta de 45 graus isto é a reta com inclinação igual a 1 Segundo mostre graficamente a demanda como função da renda A relação entre demanda e renda é dada pela Equação 35 Vamos reescrever a equação por conveniência reagrupando os termos do gasto autônomo no termo entre parênteses Z 1c0 IQ G c1T2 c1Y 39 A demanda depende do gasto autônomo e da renda por meio do seu efeito sobre o consumo A relação entre demanda e renda é representada por ZZ no gráfico O intercepto no eixo vertical o valor da demanda quando a renda é igual a zero corresponde ao gasto autônomo A inclinação da reta é a propensão a consumir c1 Quando a renda aumenta em 1 a demanda aumenta em c1 Sob a BookBlanchard 1indb 57 241017 1717 Figura 32 Equilíbrio no mercado de bens O produto de equilíbrio é determinado pela condição de que a produção seja igual à demanda restrição de que c1 é positiva mas menor do que 1 a reta é inclinada para cima porém tem inclinação menor do que 1 Em equilíbrio a produção é igual à demanda O produto de equilíbrio Y ocorre portanto na interseção da reta de 45 graus com a função demanda Isto se dá no ponto A À esquerda de A a demanda excede a produção à direita a produção excede a demanda Demanda e produção só são iguais em A Suponhamos que a economia esteja no equilíbrio inicial representado pelo ponto A no gráfico com produção igual a Y Agora suponhamos que c0 aumente em US 1 bilhão No nível inicial de renda o nível de renda disponível associado ao ponto A uma vez que T é inalterado neste exemplo os consumidores aumentam seu consumo em US 1 bilhão A Figura 33 que parte da Figura 32 mostra o que acontece A Equação 39 nos diz que para qualquer valor de renda se c0 é mais alto em US 1 bilhão a demanda é mais alta em US 1 bilhão Antes do aumento em c0 a relação entre a demanda e a renda era dada pela reta ZZ Depois do aumento em c0 de US 1 bilhão a relação entre demanda e renda é dada pela reta ZZ que é paralela a ZZ porém mais alta em US 1 bilhão Em outras palavras a curva de demanda se desloca para cima em US 1 bilhão O novo equilíbrio situase agora na interseção da reta de 45 graus com a nova relação de demanda no ponto A O produto de equilíbrio aumenta de Y para Y O aumento do produto Y Y que podemos medir tanto no eixo horizontal como no vertical é maior do que o aumento inicial do consumo de US 1 bilhão Este é o efeito multiplicador Com a ajuda do gráfico fica fácil dizer como e por que a economia se desloca de A para A O aumento inicial do consumo leva a um aumento da demanda de US 1 bilhão No nível inicial de renda Y o nível de demanda é mostrado pelo ponto Veja o eixo vertical A distância entre Y e Y no eixo vertical é maior do que aquela entre A e B que é igual a US 1 bilhão Capítulo 3 O mercado de bens 59 B a demanda é mais alta em US 1 bilhão Para satisfazer esse nível mais alto de demanda as empresas aumentam a produção em US 1 bilhão Esse aumento da produção de US 1 bilhão implica que a renda aumenta em US 1 bilhão lembrese renda produção logo a economia se move para o ponto C Em outras palavras tanto a produção como a renda estão mais altas em US 1 bilhão Mas a história não termina aqui O aumento da renda leva a um aumento adicional da demanda A demanda agora é mostrada pelo ponto D O ponto D leva a um nível mais alto de produção e assim por diante até que a economia esteja em A onde a produção e a demanda são novamente iguais Este é portanto o novo equilíbrio Podemos seguir um pouco mais esta linha de raciocínio o que nos dá outra forma de pensar no multiplicador O aumento da demanda na primeira rodada mostrado pela distância AB na Figura 33 é igual a US 1 bilhão Esse aumento da demanda na primeira rodada leva a um aumento igual da pro dução de US 1 bilhão que também é mostrado pela distância AB Esse aumento da produção na primeira rodada leva a um aumento igual da renda mostrado pela distância BC também igual a US 1 bilhão O aumento da demanda na segunda rodada mostrado pela distância CD é igual a US 1 bilhão o aumento da renda na primeira rodada multiplicado pela propensão a consumir c1 ou seja c1 bilhão Esse aumento da demanda na segunda rodada leva a um aumento igual da produção também mostrado pela distância CD e desta maneira a um aumento igual da renda mostrado pela distância DE O aumento da demanda na terceira rodada é igual a c1 bilhão o aumento de renda da segunda rodada multiplicado por c1 a propensão marginal a consumir é igual a c1 c1 c1 2 bilhão e assim por diante Figura 33 Efeitos de um aumento do gasto autônomo sobre o produto O aumento do gasto autônomo tem um efeito mais do que proporcional sobre o produto de equilíbrio Y A B C D E ZZ ZZ Renda Y Demanda Z Produção Y Y Y Y A 458 US1 bilhão BookBlanchard 1indb 59 241017 1717 Seguindo esta lógica o aumento total da produção após digamos n 1 rodadas é igual a US 1 bilhão vezes a soma 1 c1 c12 c1n Essa soma é chamada de progressão geométrica que aparecerá com frequência neste livro Uma revisão deste tópico é feita no Apêndice 2 ao final do livro Uma propriedade importante da progressão geométrica é que quando c1 é menor do que 1 como é o caso aqui e à medida que n se torna cada vez maior a soma continua crescendo mas se aproxima de um limite Esse limite é 11 c1 o que torna o aumento final do produto igual a 11 c1 bilhão A expressão 11 c1 deveria ser familiar é o multiplicador derivado de outra maneira Isto nos oferece um modo equivalente porém mais intuitivo de pensar no multiplicador Podemos pensar no aumento original da demanda como desencadeando aumentos sucessivos da produção com cada aumento da produção levando a um aumento da renda o que leva a um aumento da demanda o que leva a um aumento adicional da produção o que leva a e assim por diante O multiplicador é a soma de todos esses aumentos sucessivos da produção Usando palavras Como podemos resumir nossas descobertas em palavras A produção depende da demanda que depende da renda que é igual à produção Um aumento da demanda como um aumento dos gastos do governo leva a um aumento da produção e a um aumento correspondente da renda Este aumento da renda leva a um aumento adicional da demanda que leva a um aumento adicional da produção e assim por diante O resultado final é um aumento do produto maior do que o deslocamento inicial da demanda por um fator igual ao multiplicador O tamanho do multiplicador está relacionado diretamente ao valor da propensão a consumir Quanto maior a propensão a consumir maior o multiplicador Qual é atualmente o valor da propensão a consumir nos Estados Unidos Para responder a esta questão e de modo mais geral para estimar equações comportamentais e seus parâmetros os economistas recorrem à econometria o conjunto de métodos estatísticos aplicados à economia Para ter uma noção sobre econometria e como ela é usada leia o Apêndice 3 ao final do livro Este apêndice fornece uma rápida introdução junto com uma aplicação referente à estimativa da propensão a consumir A conclusão do apêndice é de que atualmente nos Estados Unidos a propensão a consumir está em torno de 06 as regressões no Apêndice 3 produzem duas estimativas 05 e 08 Em outras palavras um dólar adicional de renda leva em média a um aumento do consumo de 60 centavos Isso implica que o multiplicador é igual a 11 c1 11 06 25 Quanto demora o ajuste do produto Voltemos ao nosso exemplo por uma última vez Suponha que c0 aumente em US 1 bilhão Sabemos que o produto aumentará em um montante igual ao multiplicador 11 c1 vezes US 1 bilhão Mas quanto tempo será necessário para que o produto alcance esse valor mais alto Sob as hipóteses feitas até agora a resposta é imediatamente Ao definir a condição de equilíbrio da Equação 36 assumimos que a produção é sempre igual à demanda Em outras palavras presumimos que a produção responde instantaneamente à demanda Na função consumo da Equação 32 presumimos que o consumo responde instantaneamente a mudanças na renda disponível Sob essas duas hipóteses a economia vai instantaneamente do ponto A para o ponto A na Figura 33 O aumento da demanda leva a um aumento imediato da produção o aumento da renda associado ao aumento da produção Uma questão difícil pense no multiplicador como resultado dessas rodadas sucessivas O que aconteceria a cada rodada se c1 a propensão a consumir fosse maior do que 1 A evidência empírica sugere que os multiplicadores são tipicamente menores do que isto Isso ocorre porque o modelo simples desenvolvido neste capítulo deixa de fora uma série de importantes mecanismos como a resposta da política monetária a mudanças nos gastos ou o fato de que parte da demanda recai sobre bens estrangeiros Devemos retomar o assunto no decorrer do livro No modelo que vimos anteriormente eliminamos esta possibilidade ao supor que as empresas não mantivessem estoques e portanto não poderiam recorrer a eles para atender a um aumento de demanda Capítulo 3 O mercado de bens 61 leva a um aumento imediato da demanda e assim por diante Não há nada de errado em pensar no ajuste em termos de rodadas sucessivas como fizemos anteriormente mesmo que as equações indiquem que todas essas rodadas ocorram de uma só vez Esse ajuste instantâneo não é realmente plausível Uma empresa que contem pla um aumento da demanda pode resolver esperar antes de ajustar a produção recorrendo enquanto isso a estoques para atender à demanda Um trabalhador que obtém um aumento salarial pode não ajustar seu consumo imediatamente Essas demoras implicam que o ajuste do produto levará tempo A descrição formal do ajuste do produto ao longo do tempo isto é a forma lização de equações para o que os economistas denominam dinâmica do ajuste e a solução deste modelo mais complicado seria difícil em demasia para ser feita aqui Mas é fácil fazêla com palavras Suponhamos por exemplo que as empresas tomem decisões sobre o nível de produção no início de cada trimestre Uma vez tomadas as decisões a produção não pode ser ajustada no restante do trimestre Se as compras pelos consumi dores forem maiores do que a produção as empresas reduzirão seus estoques para atender à demanda Por outro lado se as vendas forem menores do que a produção as empresas acumularão estoques Agora suponhamos que os consumidores decidam gastar mais isto é que eles aumentem c0 Durante o trimestre em que isso ocorre a demanda aumenta mas a produção como supusemos que tenha sido fixada no início do trimestre não mudou ainda Portanto a renda também não se altera Tendo observado um aumento da demanda as empresas provavelmente fixam um nível mais alto de produção no trimestre seguinte Esse aumento da produção leva a um aumento correspondente da renda e a um aumento adicional da demanda Se as compras ainda excedem a produção as empresas aumentam ainda mais a produção do trimestre seguinte e assim por diante Resumindo em resposta a um aumento dos gastos do consumidor o produto não salta para o novo equilíbrio mas aumenta ao longo do tempo de Y para Y Quanto tempo demora o ajuste depende de como e com que frequência as empre sas corrigem seus planos de produção Se elas ajustarem seus planos de produção mais frequentemente em resposta a aumentos passados das compras então o ajuste ocorrerá mais rapidamente Frequentemente faremos ao longo do livro o que acabamos de fazer aqui Após examinar mudanças no produto de equilíbrio descreveremos de modo informal como a economia se move de um equilíbrio para outro Isso não só tornará a descrição do que ocorre na economia mais realista como também em muitos casos reforçará sua intuição sobre os motivos pelos quais o equilíbrio muda Nesta seção concentramonos nos aumentos da demanda Mas o mecanismo obviamente funciona nas duas direções diminuições da demanda levam a diminui ções do produto A recente recessão nos Estados Unidos deveuse a uma diminuição repentina de dois dos quatro componentes do gasto autônomo ao mesmo tempo A título de lembrete a equação para o gasto autônomo é c0 I G c1T O quadro Foco A falência do Lehman temores de outra grande depressão e deslocamentos da função consumo mostra como e quando a crise começou preocupações com o futuro levaram os consumidores a cortar gastos apesar de sua renda disponível ainda não ter diminuído ou seja c0 diminuiu acentuadamente À medida que os preços das casas caíram construir casas novas tornouse muito menos desejável Novas residências são parte dos gastos de investimento autônomo então I também caiu drasticamente À medida que os gastos autônomos diminuíram a demanda total por bens caiu assim como a produção Em muitos pontos no livro vamos retomar os fatores e mecanismos por trás da crise e enriquecer constantemente nossa história Mas este efeito sobre os gastos autônomos continuará a ser um elemento central da história BookBlanchard 1indb 61 241017 1717 FOCO A falência do Lehman temores de outra grande depressão e deslocamentos da função consumo Por que os consumidores reduziriam o consumo se sua renda não se alterou Ou nos termos da Equação 32 por que c0 poderia diminuir levando por sua vez a uma diminuição na demanda no produto e assim por diante Uma das primeiras razões que nos vêm à mente é que mesmo que sua renda atual não tenha mudado eles começam a se preocupar com o futuro e decidem economizar mais Foi precisamente isto que aconteceu no início da crise no final de 2008 e início de 2009 Os fatos básicos são mostrados na Figura 1 a seguir Ela representa graficamente do primeiro trimestre de 2008 até o terceiro trimestre de 2009 o comportamento de três variáveis renda disponível consumo total e consumo de bens duráveis a parte do consumo que recai sobre bens como carros computadores e assim por diante o Apêndice 1 no final do livro oferece uma definição mais precisa Para tornar as coisas visualmente simples as três variáveis são normalizadas para 1 no primeiro trimestre de 2008 Notamse duas coisas sobre a figura Primeiro apesar do fato de que a crise levou a uma acentuada queda do PIB durante esse período a renda disponível não se alterou muito de início Ela até aumentou no primeiro trimestre de 2008 mas o consumo se manteve inalterado do primeiro ao segundo trimestre desse ano e depois caiu antes que a renda disponível caísse A queda foi de 3 em 2009 se comparada a 2008 mais do que a redução da renda disponível Em termos da Figura 1 a distância entre a linha de renda disponível e a linha de consumo aumentou Segundo durante o terceiro e especialmente o quarto trimestre de 2008 o consumo de bens duráveis caiu drasticamente No quarto trimestre baixou 10 em relação ao primeiro trimestre antes de se recuperar no início de 2009 e baixar de novo mais tarde Por que o consumo e especialmente o consumo de bens duráveis diminuiu ao final de 2008 apesar de mudanças relativamente pequenas na renda disponível Vários fatores estavam em jogo mas o principal deles foi o baque psicológico da crise financeira Lembrese do Capítulo 1 que em 15 de setembro de 2008 o grande banco Lehman Brothers faliu e nas semanas seguintes pareceu que muitos mais bancos poderiam seguir o mesmo caminho e o sistema financeiro poderia entrar em Figura 1 Renda disponível consumo total e consumo de bens duráveis nos EUA 20081 a 20093 Fonte calculado usandose as séries DPIC96 PCECC96 PCDGCC96 Federal Reserve Economic Data FRED Disponível em httpresearchstlouisfedorgfred2 Acesso em 24 maio 2017 colapso Para a maioria das pessoas o principal sinal de problema era o que liam nos jornais embora ainda tivessem emprego e recebessem seus contracheques mensais os eventos os faziam lembrar das histórias da Grande Depressão e do sofrimento que veio a reboque Uma maneira de analisar isto é examinar a série Google Trends que fornece o número de pesquisas sobre a Grande Depressão de janeiro de 2008 a setembro de 2009 representada na Figura 2 A série é normalizada para que seu valor médio seja igual a 1 ao longo dos dois anos Note o acentuado pico da série em outubro de 2008 e depois sua lenta redução no curso de 2009 quando ficou claro que embora a crise fosse séria os formuladores de política econômica fariam o que estivesse a seu alcance para evitar uma repetição da Grande Depressão Se você receasse que a economia pudesse cair em outra Grande Depressão o que faria Preocupado com o desemprego ou com a diminuição da renda no futuro você provavelmente cortaria o consumo mesmo que sua renda disponível ainda não tivesse sido afetada E diante da incerteza sobre os acontecimentos você também poderia adiar compras que pudessem esperar por exemplo a compra de um carro ou de um televisor novos Como mostra a Figura 1 neste quadro foi exatamente o que os consumidores fizeram no final de 2008 o consumo total diminuiu e o de bens duráveis desabou Em 2009 à medida que a nebulosidade clareava lentamente e os piores cenários se tornaram cada vez mais improváveis o consumo de bens duráveis aumentou Mas nesse momento muitos outros fatores estavam contribuindo para a crise Figura 2 Número de pesquisas do Google para Grande Depressão janeiro de 2008 a setembro de 2009 Fonte Google Trends Grande Depressão 34 Investimento igual a poupança um modo alternativo de pensar sobre o equilíbrio do mercado de bens Até agora pensamos no equilíbrio do mercado de bens em termos da igualdade entre produção e demanda Um modo alternativo embora equivalente de pensar sobre o equilíbrio é em termos de investimento e poupança Foi assim que John Maynard Keynes articulou pela primeira vez seu modelo em 1936 em A teoria geral do emprego dos juros e da moeda Vamos começar examinando a poupança a soma das poupanças privada e pública A poupança privada também é feita pelas empresas que não distribuem todo o lucro e usam os lucros retidos para financiar investimentos Para simplificar ignoramos a poupança das empresas aqui Mas o resultado ou seja a igualdade entre investimento e poupança na Equação 310 não depende dessa simplificação Poupança pública 0 Superávit orçamentário Por definição poupança privada S a poupança dos consumidores é igual a sua renda disponível menos o seu consumo S YD C Usando a definição de renda disponível podemos reescrever a poupança privada como renda menos impostos menos consumo S Y T C Por definição poupança pública T G é igual a impostos líquidos de transferências menos gastos do governo Se os impostos excedem os gastos do governo este apresenta um superávit orçamentário logo a poupança pública é positiva Se os impostos são inferiores aos gastos do governo este apresenta um déficit orçamentário logo a poupança pública é negativa Voltemos agora à equação de equilíbrio do mercado de bens que derivamos anteriormente A produção deve ser igual à demanda que por sua vez é a soma de consumo investimento e gastos do governo Y C I G Subtraia os impostos T de ambos os lados e passe o consumo para o lado esquerdo Y T C I G T O lado esquerdo dessa equação é simplesmente a poupança privada S logo S I G T ou de modo equivalente I S T G 310 No lado esquerdo está o investimento No lado direito está a soma da poupança privada e da poupança pública A Equação 310 nos dá outra forma de pensar no equilíbrio do mercado de bens Ela diz que o equilíbrio do mercado de bens requer que o investimento seja igual à poupança a soma das poupanças privada e pública Essa maneira de examinar o equilíbrio explica por que a condição de equilíbrio para o mercado de bens é chamada de relação IS que representa investimento é igual à poupança dos termos em inglês Investment e Saving O que as empresas desejam investir deve ser igual ao que as pessoas e o governo desejam poupar Para entender a Equação 310 imagine uma economia em que haja só uma pessoa que precisa decidir quanto consumir investir e poupar uma economia estilo Robinson Crusoé por exemplo Para Crusoé as decisões de poupança e investimento são uma só o que ele investe por exemplo mantendo os coelhos para reprodução em vez de servilos em uma refeição ele automaticamente poupa Em uma economia moderna contudo as decisões de investimento são tomadas pelas empresas ao passo que as decisões de poupança são tomadas pelos consumidores e pelo governo No equilíbrio como mostra a Equação 310 todas essas decisões precisam ser consistentes o investimento deve ser igual à poupança Resumindo há duas formas equivalentes de apresentar a condição de equilíbrio do mercado de bens Produção Demanda Investimento Poupança Já caracterizamos o equilíbrio usando a primeira condição a Equação 36 Agora faremos o mesmo usando a segunda condição a Equação 310 Os resultados serão os mesmos mas a derivação lhe dará outra forma de pensar no equilíbrio Note em primeiro lugar que as decisões de consumo e de poupança são iguais Dada sua renda disponível uma vez que os consumidores tenham escolhido o consumo sua poupança está determinada e viceversa A forma como especificamos o comportamento do consumo implica que a poupança privada seja dada por S Y T C Y T c0 c1Y T Rearranjando temos S c0 1 c1Y T 311 Assim como chamamos c1 de propensão a consumir podemos chamar 1 c1 de propensão a poupar Essa propensão nos diz quanto de uma unidade adicional de renda as pessoas poupam A hipótese que fizemos anteriormente de que a propensão a consumir c1 varia entre zero e um implica que a propensão a poupar 1 c1 também está entre zero e um A poupança privada aumenta com a renda disponível mas em menos de um dólar para cada dólar adicional de renda disponível No equilíbrio o investimento deve ser igual à poupança a soma das poupanças privada e pública Substituindo a poupança privada na Equação 310 por sua expressão temos I c0 1 c1Y T T G Resolvendo para o produto temos Y 1 1 c1 c0 I G c1 T 312 A Equação 312 é exatamente igual à 38 Isto não deveria surpreender Estamos examinando a mesma condição de equilíbrio porém de maneira diferente Essa forma alternativa será útil em várias aplicações mais à frente no livro O quadro Foco O paradoxo da poupança examina uma dessas aplicações que foi enfatizada pela primeira vez por Keynes e é frequentemente chamada de paradoxo da poupança 35 O governo é mesmo onipotente Uma advertência A Equação 38 implica que o governo ao escolher o nível de gastos G ou o nível de impostos T pode escolher o nível de produto que deseja Se quiser que o produto aumente por exemplo em 1 bilhão tudo o que precisa fazer é aumentar G em 1 c1 bilhão esse aumento dos gastos do governo teoricamente levará a um aumento do produto de 1 c1 bilhão vezes o multiplicador 11 c1 ou 1 bilhão Os governos podem realmente escolher o nível de produto que quiserem Obviamente não Se pudessem e se fosse tão fácil quanto parece no parágrafo anterior por que o governo dos EUA permitiria que o crescimento estagnasse em 2008 e a produção caísse efetivamente em 2009 Por que o governo não aumentaria a taxa de crescimento de imediato para reduzir o desemprego mais rapidamente Existem muitos aspectos da realidade que ainda não incorporamos ao nosso modelo e todos eles complicam a tarefa do governo Faremos isso no devido tempo É útil porém relacionar esses aspectos aqui de maneira sucinta Para dar uma olhada na lista mais longa consulte a Seção 221 O que aprendemos no Capítulo 22 Uma mudança de gastos do governo ou de impostos pode ser difícil A aprovação de projetos de lei no Congresso sempre leva tempo e pode com frequência se transformar em um pesadelo para o presidente capítulos 21 e 22 Presumimos que o investimento permaneceria constante Mas o investimento provavelmente também deve responder O mesmo vale para as importações parte do aumento da demanda pelos consumidores e pelas empresas não será pelos bens domésticos mas pelos bens estrangeiros Todas essas respostas provavelmente estão associadas a efeitos dinâmicos complexos dificultando sua avaliação precisa pelos governos capítulos 5 e 9 18 a 20 Expectativas são importantes Por exemplo a reação dos consumidores a um corte nos impostos provavelmente depende muito de como eles o veem como transitório ou permanente Quanto maior a percepção do corte de impostos como algo permanente maior será a resposta do consumo De modo análogo a reação dos consumidores a um aumento nos gastos deve depender de quando acham que o governo elevará impostos para cobrir os gastos capítulos 14 a 16 Atingir um dado nível de produto pode vir junto com efeitos colaterais desagradáveis Por exemplo a tentativa de alcançar um nível muito alto de produto pode levar a uma inflação crescente e por este motivo tornarse insustentável no médio prazo Capítulo 9 O corte de impostos ou o aumento dos gastos do governo podem levar a grandes déficits orçamentários e a um aumento do estoque de dívida pública Uma dívida elevada pode ter efeitos adversos no longo prazo Este é um tema importante de pesquisa em quase todo país avançado no mundo capítulos 9 11 16 e 22 Resumindo a proposição de que ao utilizar uma política fiscal o governo pode afetar a demanda e o produto no curto prazo é importante e correta Mas à medida que refinarmos nosso modelo veremos que o papel do governo de modo geral e principalmente o uso bemsucedido da política fiscal se tornarão cada vez mais difíceis as coisas nunca serão tão tranquilas para os governos como foram neste capítulo FOCO O paradoxo da poupança À medida que crescemos aprendemos sobre as virtudes da parcimônia Quem gasta tudo o que ganha está condenado a morrer na pobreza Quem poupa tem a promessa de uma vida feliz Do mesmo modo dizem os governos uma economia que poupa é uma economia que crescerá forte e próspera O modelo que vimos neste capítulo contudo conta uma história diferente e surpreendente Suponhamos que a um dado nível de renda disponível os consumidores decidan poupar mais Em outras palavras suponhamos que os consumidores diminuam c0 assim reduzindo o consumo e aumentando a poupança a um dado nível de renda disponível O que acontece com o produto e a poupança A Equação 312 deixa claro que o produto de equilíbrio diminui À medida que as pessoas poupam mais em seu nível inicial de renda elas diminuem seu consumo Mas esse consumo menor diminui a demanda que por sua vez diminui a produção É possível dizer o que acontece com a poupança Vamos voltar à equação da poupança privada isto é à Equação 311 Lembrese de que presumimos que não exista mudança na poupança pública logo a poupança pública e a poupança privada movemse juntas S c0 1 c1Y T Por um lado c0 é maior menos negativo os consumidores estão poupando mais a qualquer nível de renda isso tende a aumentar a poupança Mas por outro lado a renda Y é menor e isso diminui a poupança O efeito líquido parece ambíguo Na verdade podemos dizer o sentido para o qual ele vai Para ver como voltemos à Equação 310 a condição de equilíbrio em que o investimento e a poupança devem ser iguais I S T G Por hipótese o investimento não varia I I Nem T nem G variam Portanto a condição de equilíbrio nos diz que em equilíbrio a poupança privada S também não pode mudar Embora as pessoas queiram poupar mais a um dado nível de renda a renda diminui em um montante tal que sua poupança se mantém inalterada Isso significa que à medida que as pessoas tentam poupar mais o resultado é tanto uma diminuição do produto quanto uma poupança inalterada Esse surpreendente par de resultados é conhecido como o paradoxo da poupança ou o paradoxo da parcimônia Note que o mesmo resultado seria obtido se analisássemos a poupança pública em vez da poupança privada a redução do déficit orçamentário também levaria a uma redução do produto e uma poupança geral pública e privada inalterada Note também que se ampliássemos nosso modelo para permitir que o investimento baixe com o produto faremos isto no Capítulo 5 em vez de assumir que seja constante o resultado seria ainda mais dramático uma tentativa de poupar mais quer pelos consumidores quer pelo governo levaria a um produto menor a um investimento menor e consequentemente a uma poupança menor Sendo assim devemos esquecer a sabedoria popular O governo deveria dizer às pessoas que sejam menos econômicas Não Os resultados desse modelo simples são muito relevantes no curto prazo O desejo dos consumidores de poupar mais é um fator importante em muitas das recessões nos EUA como vimos no quadro Foco anterior Mas como veremos mais adiante neste livro quando examinarmos o médio e o longo prazos outros mecanismos entram em jogo ao longo do tempo e um aumento da taxa de poupança provavelmente leva no decorrer do tempo a uma poupança mais alta e a uma renda mais elevada Entretanto fica uma advertência as políticas econômicas que incentivam a poupança podem ser boas no médio e no longo prazos mas podem levar a uma redução da demanda e do produto e talvez até a uma recessão no curto prazo 68 Macroeconomia Palavraschave balança comercial 51 condição de equilíbrio 56 consumo C 50 déficit comercial 51 déficit orçamentário 64 dinâmica 61 econometria 60 equação comportamental 52 equilíbrio 55 equilíbrio no mercado de bens 55 exportações X 51 exportações líquidas X IM 51 função consumo 52 gasto autônomo 56 gastos do governo G 51 identidade 52 importações IM 51 investimento I 50 investimento em estoques 51 investimento fixo 50 investimento não residencial 50 investimento residencial 50 multiplicador 57 orçamento equilibrado 56 paradoxo da poupança 67 parâmetros 53 política fiscal 55 poupança 64 poupança privada S 64 poupança pública T G 64 progressão geométrica 60 propensão a consumir c1 53 propensão a poupar 65 relação IS 64 relação linear 53 renda disponível YD 52 superávit comercial 51 superávit orçamentário 64 transferências do governo 51 variáveis endógenas 54 variáveis exógenas 54 Questões e problemas Teste rápido 1 Usando as informações contidas neste capítulo diga se cada afirmação a seguir é verdadeira falsa ou incerta Explique brevemente a O maior componente do PIB é o consumo b Os gastos do governo incluindo as transferências eram iguais a 181 do PIB dos Estados Unidos em 2014 c A propensão a consumir tem de ser positiva mas por outro lado pode adotar qualquer valor positivo d Um fator da recessão de 2009 foi uma queda no valor do parâmetro c0 e A política fiscal descreve a escolha do governo sobre gastos e impostos e é tratada como exógena em nosso modelo do mercado de bens f A condição de equilíbrio do mercado de bens afirma que o consumo é igual ao produto g Um aumento de uma unidade nos gastos do governo leva a um aumento de uma unidade no produto de equilíbrio h Um aumento da propensão a consumir leva a uma queda no produto 2 Suponhamos que a economia seja caracterizada pelas seguintes equações comportamentais C 160 06 YD I 150 G 150 T 100 Resolva para as seguintes variáveis a O PIB de equilíbrio Y b A renda disponível YD c Os gastos de consumo C 3 Para a economia descrita na questão 2 a Resolva para o produto de equilíbrio Calcule a demanda total É igual à produção Explique b Suponhamos que G agora seja igual a 110 Resolva para o produto de equilíbrio Calcule a demanda total É igual à produção Explique BookBlanchard 1indb 68 241017 1717 Capítulo 3 O mercado de bens 69 c Suponhamos que G seja igual a 110 logo o produto é dado por sua resposta em b Calcule a soma das poupanças privada e pública A soma dessas poupanças é igual ao investimento Explique Aprofundando 4 Multiplicador do orçamento equilibrado Por motivos tanto políticos quanto macroeconômicos os governos frequentemente relutam em incorrer em déficits orçamentários Aqui examinamos se mudan ças de política econômica em G e T que mantêm um orçamento equilibrado são neutras do ponto de vista macroeconômico Dito de outro modo verificamos se é possível afetar o produto por meio de mudanças em G e T de modo que o orçamento do governo se mantenha equilibrado Comece pela Equação 38 a Quanto Y aumenta quando G aumenta em uma unidade b Quanto Y diminui quando T aumenta em uma unidade c Por que as respostas de a e b são diferentes Suponhamos que a economia comece com um orça mento equilibrado T G Se o aumento de G for igual ao aumento de T então o orçamento se mantém em equilíbrio Calculemos agora o multiplicador do orçamento equilibrado d Suponhamos que tanto G quanto T aumentem exatamente em uma unidade Com base em suas respostas aos itens a e b qual é a mudança do PIB de equilíbrio As mudanças em G e T mantendo o orçamento equilibrado são neutras do ponto de vista macroeconômico e Como o valor específico da propensão a consumir afeta sua resposta de a Por quê 5 Estabilizadores automáticos Até aqui neste capítulo presumimos que as variáveis da política fiscal G e T sejam independentes do nível de renda Entretanto no mundo real não é este o caso Os impostos normalmente dependem do nível de renda e desse modo tendem a ser mais elevados quando a renda é maior Neste problema examinaremos como esta resposta automática dos impostos pode ajudar a reduzir o impacto de mudanças dos gastos autônomos sobre o produto Considere as seguintes equações comportamentais C c0 c1YD T t0 t1Y YD Y T G e I são constantes Suponha que t1 esteja entre 0 e 1 a Resolva para o produto de equilíbrio b Qual é o multiplicador A economia responde mais a mudanças do gasto autônomo quando t1 é igual a zero ou quando t1 é positivo Explique c Por que a política fiscal é chamada neste caso de estabilizador automático 6 Orçamento equilibrado versus estabilizadores automáticos Argumentase frequentemente que uma lei de orça mento equilibrado seria na verdade desestabilizadora Para entender este argumento considere a economia da questão 5 a Resolva para o produto de equilíbrio b Resolva para os impostos no equilíbrio Suponhamos que o governo comece com um orça mento equilibrado e que haja uma queda de c0 c O que acontece com Y O que acontece com os impostos d Suponhamos que o governo corte os gastos a fim de manter o orçamento equilibrado Qual será o efeito sobre Y O corte dos gastos necessário para equilibrar o orçamento atenuará ou reforçará o efeito da queda de c0 sobre o produto Não utilize álgebra Use sua intuição e responda com suas palavras 7 Impostos e transferências Lembrese de que definimos impostos T como líqui dos de transferências Em outras palavras T impostos transferências a Suponhamos que o governo aumente as transfe rências para famílias mas que esse aumento não seja financiado por aumentos de impostos Em vez disso o governo toma emprestado para pagar as transferências Mostre em um gráfico como o da Figura 32 como essa política afeta o produto de equilíbrio Explique b Suponhamos por outro lado que o governo pague pelo aumento das transferências com um aumento equivalente dos impostos Neste caso como o aumento das transferências afeta o produto de equilíbrio BookBlanchard 1indb 69 241017 1717 70 Macroeconomia c Agora suponhamos que a população inclua dois tipos de pessoa aquelas com alta propensão a consumir e aquelas com baixa propensão a con sumir Suponhamos que a política de transferên cias aumente os impostos daqueles com baixa propensão a consumir para pagar as transferên cias às pessoas com alta propensão a consumir Como esta política econômica afeta o produto de equilíbrio d Como você acha que a propensão a consumir pode variar entre os indivíduos de acordo com a renda Em outras palavras como você pensa que é a propensão a consumir para pessoas com alta renda e para pessoas com baixa renda Explique Dada sua resposta você acha que cor tes de impostos são mais eficazes para estimular o produto quando esses cortes são direcionados para contribuintes de alta renda ou para contri buintes de baixa renda 8 Investimento e renda Este problema examina as implicações de permitir que o investimento dependa do produto O Capítulo 5 estende esta análise muito além e introduz uma rela ção fundamental o efeito da taxa de juros sobre o investimento não examinada neste problema a Suponhamos que a economia seja caracterizada pelas equações comportamentais a seguir C c0 c1YD YD Y T I b0 b1Y Os gastos e impostos do governo são constan tes Note que o investimento agora cresce com o produto O Capítulo 5 discutirá os motivos para esta relação Resolva para o produto de equilíbrio b Qual é o valor do multiplicador Como a relação entre investimento e produto afeta o valor do mul tiplicador Para que o multiplicador seja positivo que condição c1 b1 deve satisfazer Justifique suas respostas c O que aconteceria se c1 b1 1 Pergunta desa fiadora pense no que acontece em cada rodada de gastos d Suponhamos que o parâmetro b0 às vezes cha mado de confiança das empresas aumente Como o produto de equilíbrio será afetado O investi mento mudará mais ou menos do que a mudança de b0 Por quê O que acontecerá com a pou pança nacional Explorando mais 9 Revendo o paradoxo da poupança Você deve conseguir responder às questões a seguir sem fazer nenhum cálculo embora um diagrama possa ajudar na parte a Para este problema não será neces sário calcular as magnitudes das mudanças nas variá veis econômicas somente a direção da mudança a Consideremos a economia descrita na questão 8 Suponhamos que os consumidores decidam consu mir menos e portanto poupar mais para determi nada quantidade de renda disponível Suponhamos especificamente que a confiança do consumidor c0 caia O que acontecerá ao produto b Como resultado do efeito sobre o produto que você determinou na parte a o que acontecerá ao investimento E à poupança pública E à poupança privada Explique Dica considere a caracteriza ção de equilíbrio na qual investimento é igual à poupança Qual é o efeito sobre o consumo c Suponhamos que os consumidores decidiram aumentar os gastos de forma que c0 aumentou Qual teria sido o efeito sobre o produto o investi mento e a poupança privada neste caso Explique Qual teria sido o efeito sobre o consumo d Comente a seguinte lógica Quando o pro duto é muito baixo é necessário um aumento na demanda por bens e serviços O investimento é um dos componentes da demanda e é igual à poupança Assim se o governo conseguisse con vencer as famílias a tentarem poupar mais então o investimento e o produto aumentariam O produto não é a única variável que afeta o investi mento À medida que desenvolvermos nosso modelo de economia retomaremos o paradoxo da poupança nos próximos capítulos 10 Usando a política fiscal neste primeiro e mais sim ples modelo para evitar a recessão de 2009 O PIB em 2009 foi de aproximadamente US 15000 bilhões Vimos no Capítulo 1 que o PIB caiu cerca de 3 pontos percentuais em 2009 a Quantos bilhões de dólares representam 3 pontos percentuais de US 15000 bilhões b Se a propensão para consumir fosse 05 em quanto os gastos do governo teriam de aumentar para evitar uma redução no produto c Se a propensão para consumir fosse de 05 quanto os impostos deveriam ser cortados para evitar qualquer redução no produto BookBlanchard 1indb 70 241017 1717 Capítulo 3 O mercado de bens 71 d Suponha que o Congresso tivesse decidido tanto aumentar os gastos quanto elevar os impostos pelo mesmo montante em 2009 Que aumento nos gas tos do governo e nos impostos teria sido necessário para evitar o declínio do produto em 2009 11 O problema da estratégia de saída No combate à recessão associada à crise impostos foram cortados e os gastos do governo aumentados O resultado foi um grande déficit público Para redu zir este déficit os impostos devem ser elevados ou os gastos do governo cortados Essa é a estratégia de saída do grande déficit a Como a redução do déficit de qualquer das duas formas afetará o nível de equilíbrio do produto no curto prazo b O que altera mais o equilíbrio de produto i cortar G em US 100 bilhões ii aumentar T em US 100 bilhões c Como sua resposta à questão b depende do valor da propensão marginal para consumir d Você ouve dizer que uma redução do déficit aumenta a confiança dos consumidores e das empresas reduzindo o declínio no produto que de outra forma ocorreria com a redução do déficit Este argumento é válido BookBlanchard 1indb 71 241017 1717 C A P Í T U L O 4 Mercados financeiros I Os mercados financeiros são intimidadores Envolvem uma rede intrincada de instituições que abrange desde bancos até fundos do mercado monetário fundos mútuos fundos de investimento e fundos hedge As transações envolvem títulos ações e outros créditos financeiros com nomes exóticos tais como swaps e opções As páginas de finanças dos jornais citam taxas de juros de muitos títulos do governo diversos títulos corporativos títulos de curto prazo e títulos de longo prazo gerando confusão Mas os mercados financeiros desempenham papel essencial na economia Determinam o custo dos fundos para empresas famílias e governo por conseguinte afetando suas decisões de gastos Para entender seu papel devemos proceder em etapas Neste capítulo focalizamos o papel do Banco Central em afetar essas taxas de juros Para isso simplificamos dras ticamente a realidade e consideramos que a economia tem apenas dois ativos dinheiro que não paga juros e títulos que pagam Isso nos permitirá entender como a taxa de juros dos títulos é determinada e o papel do Banco Central nos Estados Unidos o Fed abreviação de Federal Reserve Bank nesta determinação No Capítulo 5 vamos combinar o modelo do mercado de bens que desenvolvemos no Capítulo 3 com o modelo de mercados financeiros que desenvolvemos neste capítulo e ter outra perspectiva do produto de equilíbrio Feito isto no entanto retomaremos os mercados financeiros no Capítulo 6 levando em consideração mais ativos financeiros e mais taxas de juros além de enfocar o papel dos bancos e outras instituições financeiras Isto nos dará um modelo mais complexo e nos permitirá entender melhor o que aconteceu na recente crise O capítulo tem quatro seções A Seção 41 examina a demanda por moeda A Seção 42 supõe que o Banco Central controle diretamente a oferta de moeda e mostra como a taxa de juros é determinada pela condição de que a demanda seja igual à oferta de moeda A Seção 43 apresenta os bancos como responsáveis pela oferta de moeda revisita as taxas de juros e sua determinação e descreve o papel do Banco Central neste contexto A Seção 44 trata da restrição da política monetária decorrente do fato de que a taxa de juros dos títulos não pode ser negativa uma restrição que desempenhou um papel importante na crise 41 Demanda por moeda Esta seção examina os determinantes da demanda por moeda Uma advertên cia antes de começarmos palavras como moeda ou riqueza têm significados muito específicos em economia que frequentemente diferem daqueles das conversas cotidianas O objetivo do quadro Foco Armadilhas semânticas moeda renda e riqueza é ajudar a evitar algumas dessas armadilhas Leiao atentamente e retorne a ele de vez em quando BookBlanchard 1indb 72 241017 1717 Suponhamos que por ter poupado regularmente parte de sua renda no passado sua riqueza financeira atual seja de US 50000 Talvez você pretenda continuar poupando no futuro e aumentar sua riqueza mas seu valor atual já está determinado Suponhamos também que você só pode escolher entre dois ativos moeda e títulos A moeda que se pode usar para transações não paga juros No mundo real há dois tipos de moeda papelmoeda as moedas e notas em espécie e depósitos à vista os depósitos bancários sobre os quais você pode emitir cheques ou utilizar o cartão de débito A distinção entre os dois será importante quando examinarmos a oferta de moeda Por ora porém não precisamos nos preocupar com ela Os títulos pagam uma taxa de juros positiva i mas não podem ser usados para transações No mundo real há muitos tipos de título cada qual associada a uma taxa de juros específica Por enquanto vamos ignorar este aspecto da realidade e considerar que haja apenas um tipo de título que pague i a taxa de juros Suponhamos que a compra e a venda de títulos implique algum custo por exemplo o de dar um telefonema para o corretor e o de pagar uma taxa de corretagem Quanto de seus US 50000 você deveria reter em moeda e quanto em títulos Por um lado manter toda sua riqueza em forma de moeda é obviamente muito conveniente Evita a necessidade de ligar para o corretor ou arcar com uma taxa de corretagem Mas isto também significa não receber nenhuma renda de juros Por outro lado se retiver toda sua riqueza na forma de títulos receberá juros sobre o montante total mas terá de contatar seu corretor frequentemente quando precisar de dinheiro para andar de metrô pagar um cafezinho e assim por diante É uma maneira bastante inconveniente de viver Portanto é claro que você deveria reter tanto moeda quanto títulos Em que proporção Isso dependerá principalmente de duas variáveis Seu nível de transações Você desejará ter moeda suficiente à disposição para evitar a venda frequente de títulos em troca de moeda Digamos por exemplo que você normalmente gasta US 3000 por mês Neste caso você pode desejar ter à disposição em média o equivalente a dois meses de gastos ou US 6000 em moeda e o restante US 50000 US 6000 US 44000 em títulos Se em vez disso você normalmente gasta US 4000 por mês você pode desejar ter US 8000 em moeda e apenas US 42000 em títulos A taxa de juros dos títulos O único motivo para reter parte de sua riqueza em títulos é que eles pagam juros Quanto mais alta for a taxa de juros mais você estará disposto a enfrentar o trabalho e os custos associados à compra e à venda de títulos Se a taxa de juros for muito elevada você poderá decidir pela redução de seus saldos monetários para uma média equivalente a apenas duas semanas de gastos ou US 1500 supondo que seus gastos mensais sejam de US 3000 Dessa maneira você poderá reter uma média de US 48500 em títulos e como resultado receber mais juros Vamos esclarecer melhor este último aspecto Muitos de vocês provavelmente não retêm títulos suspeito que poucos têm um corretor Alguns de vocês contudo retêm títulos indiretamente se possuírem uma conta de investimento em uma instituição financeira Os fundos do mercado monetário o nome completo é fundos mútuos do mercado monetário agrupam os fundos de muitos investidores Esses fundos são então usados para comprar títulos normalmente títulos públicos Os fundos do mercado monetário pagam uma taxa de juros próxima mas ligeiramente inferior à taxa de juros dos títulos que retêm a diferença vem dos custos administrativos dos fundos e de suas margens de lucro No início da década de 1980 quando a taxa de juros dos fundos chegou a 14 ao ano uma taxa de juros muito elevada para os padrões atuais muitas pessoas que Certifiquese de saber a diferença entre a decisão sobre quanto poupar que determina como sua riqueza muda ao longo do tempo e a decisão sobre como alocar determinado estoque de riqueza entre moeda e títulos Você pode fazer pagamentos com cartão de crédito e evitar carregar dinheiro Mas ainda terá que ter dinheiro em sua conta corrente para pagar a administradora do cartão de crédito Armadilhas semânticas moeda renda e riqueza No dia a dia empregamos a palavra dinheiro para representar muitas coisas Usamos como sinônimo de renda ganhar dinheiro Como sinônimo de riqueza ela tem muito dinheiro Em economia é preciso ter mais cuidado Veja um guia básico de alguns termos e seu significado preciso em economia Moeda é o que se pode usar para pagar transações e pode ser papelmoeda ou depósitos à vista em bancos Renda é o que você ganha com seu trabalho mais o que recebe de juros e dividendos É um fluxo algo expresso em unidades de tempo renda semanal renda mensal ou renda anual por exemplo Certa vez perguntaram a J Paul Getty qual era sua renda Getty respondeu US 1000 O que ele pensou mas não disse US 1000 por minuto Poupança é a parte da renda líquida de impostos que não se gasta Também é um fluxo Se você poupar 10 de sua renda e ela for de US 3000 por mês então poupará US 300 por mês Pode às vezes ser usada como sinônimo de riqueza o valor que se acumulou ao longo do tempo Para evitar confusões não utilizaremos o termo poupança nesta segunda acepção Sua riqueza financeira ou simplesmente riqueza é o valor de todos os seus ativos financeiros menos todos os seus passivos financeiros Ao contrário da renda e da poupança que são variáveis de fluxo a riqueza financeira é uma variável de estoque É o valor da riqueza em dado instante no tempo Em dado instante do tempo você não pode alterar o montante total de sua riqueza financeira Só pode fazer isso ao longo do tempo à medida que poupa ou despoupa ou à medida que os valores de seus ativos e passivos variam Mas é possível mudar a composição de sua riqueza você pode por exemplo decidir pagar parte de sua hipoteca emitindo um cheque de sua contacorrente Isto leva a uma diminuição de seus passivos uma hipoteca menor e a uma diminuição equivalente de seus ativos um saldo menor em sua contacorrente mas isto não muda sua riqueza Os ativos financeiros que podem ser usados diretamente para comprar bens são chamados de moeda e incluem o papelmoeda e os depósitos à vista ou seja depósitos contra os quais se pode emitir cheques Moeda também é um estoque Alguém que é rico pode ter um saldo monetário pequeno por exemplo US 1 milhão em ações mas apenas US 500 em contacorrente Ou alguém pode ter uma renda elevada mas um saldo monetário pequeno por exemplo uma renda de US 10000 por mês mas somente US 1000 em contacorrente Investimento é um termo que os economistas reservam para a compra de novos bens de capital de máquinas a fábricas e edifícios comerciais Quando você se referir à compra de ações ou de outros ativos financeiros deve se referir a eles como um investimento financeiro Aprenda a ser economicamente correto Não diga Maria ganha muito dinheiro em vez disso diga Maria tem uma renda elevada Também não diga João tem muito dinheiro diga que João é muito rico antes mantinham toda a riqueza em contascorrentes que pagavam juros baixos ou iguais a zero entenderam o quanto poderiam ganhar de juros transferindo parte da riqueza para contas de investimento Agora que as taxas de juros diminuíram as pessoas são mais displicentes quanto a colocar o máximo possível em seus fundos de investimento Dito de outra maneira para um dado nível de transações as pessoas mantêm agora mais de sua riqueza em contascorrentes do que faziam no início da década de 1980 Derivação da demanda por moeda Vamos passar dessa discussão para uma equação que descreve a demanda por moeda Seja o montante de moeda que as pessoas desejam reter sua demanda por moeda dado por Md o d sobrescrito representa demanda A demanda por moeda na economia como um todo é simplesmente a soma de todas as demandas por moeda de cada pessoa nessa economia Portanto ela depende do nível total de transações na economia e da taxa de juros O nível total de transações na economia é difícil de ser medido mas é provável que seja aproximadamente proporcional à renda nominal a renda medida na moeda do país Se a renda nominal aumentasse em 10 seria razoável pensar que o montante de transações na economia também aumentaria aproximadamente em 10 Portanto podemos escrever a relação entre a demanda por moeda a renda nominal e a taxa de juros como Md Y Li 41 em que Y representa a renda nominal Leia esta equação do seguinte modo a demanda por moeda Md é igual à renda nominal Y multiplicada por uma função da taxa de juros i representada por Li O sinal negativo sob o i em Li reflete o fato de que a taxa de juros tem um efeito negativo sobre a demanda por moeda um aumento da taxa de juros reduz a demanda por moeda à medida que as pessoas colocam mais de sua riqueza em títulos A Equação 41 resume o que dissemos até agora Primeiro a demanda por moeda aumenta em proporção à renda nominal Se a renda nominal dobra aumentando de Y para 2Y a demanda por moeda também dobra aumentando de Y Li para 2Y Li Segundo a demanda por moeda depende negativamente da taxa de juros Isto é refletido pela função Li e pelo sinal negativo sob a taxa de juros um aumento na taxa de juros diminui a demanda por moeda A relação entre a demanda por moeda a renda nominal e a taxa de juros contida na Equação 41 é mostrada na Figura 41 A taxa de juros i é medida no eixo vertical A moeda M é medida no eixo horizontal Figura 41 Demanda por moeda Para dado nível de renda nominal uma taxa de juros menor aumenta a demanda por moeda A dada taxa de juros um aumento da renda nominal desloca a demanda por moeda para a direita Volte ao exemplo do Capítulo 2 de uma economia composta por uma siderúrgica e uma montadora Calcule o volume total de transações nessa economia e sua relação com o PIB Se ambas as empresas dobrassem de tamanho o que aconteceria com as transações e com o PIB O que importa aqui é a renda nominal a renda na moeda do país e não a renda real Se a renda real não variar mas os preços dobrarem levando a renda nominal a dobrar as pessoas precisarão ter o dobro de moeda para comprar a mesma cesta de consumo A relação entre a demanda por moeda e a taxa de juros para dado nível de renda nominal Y é representada pela curva Md que é negativamente inclinada quanto menor a taxa de juros quanto menor for i maior o montante de moeda que as pessoas desejam reter maior será M Para dada taxa de juros um aumento da renda nominal aumenta a demanda por moeda Em outras palavras um aumento da renda nominal desloca a demanda por moeda para a direita de Md para Md Por exemplo à taxa de juros i um aumento da renda nominal de Y para Y aumenta a demanda por moeda de M para M 42 Determinação da taxa de juros I Tendo examinado a demanda por moeda agora examinaremos a oferta de moeda e a seguir o equilíbrio No mundo real há dois tipos de moeda depósitos à vista que são ofertados pelos bancos e papelmoeda que é ofertado pelo Banco Central Nesta seção vamos supor que os depósitos à vista não existam que a única moeda na economia seja o papelmoeda do Banco Central Claramente isto não é realista mas tornará os mecanismos básicos mais transparentes Na próxima seção reintroduziremos os depósitos à vista e examinaremos o papel desempenhado pelos bancos Demanda por moeda oferta de moeda e taxa de juros de equilíbrio Suponhamos que o Banco Central decida ofertar um montante de moeda igual a M de modo que Ms M O sobrescrito s representa a oferta s é a inicial de supply que em inglês significa oferta Vamos desconsiderar por enquanto a questão de como exatamente o Banco Central oferta esse montante de moeda Retornaremos a ela alguns parágrafos adiante O equilíbrio nos mercados financeiros requer que a oferta de moeda seja igual à demanda por moeda ou seja Ms Md Portanto usando Ms M e a Equação 41 para a demanda por moeda a condição de equilíbrio é Oferta de moeda Demanda por moeda M Y Li 42 Esta equação nos diz que a taxa de juros i deve ser tal que dada sua renda Y as pessoas estejam dispostas a ter um montante de moeda igual à oferta de moeda existente M Esta relação de equilíbrio é representada graficamente na Figura 42 Como na Figura 41 a moeda é medida no eixo horizontal e a taxa de juros no vertical A demanda por moeda Md desenhada para um dado nível de renda nominal Y é negativamente inclinada uma taxa de juros maior implica uma demanda por moeda menor A oferta de moeda é desenhada como a linha vertical representada por Ms A oferta de moeda é igual a M e independe da taxa de juros O equilíbrio ocorre no ponto A e a taxa de juros de equilíbrio é dada por i Com essa caracterização do equilíbrio podemos examinar como as mudanças na renda nominal ou na oferta de moeda pelo Banco Central afetam a taxa de juros de equilíbrio A Figura 43 mostra os efeitos de um aumento da renda nominal sobre a taxa de juros Essa figura reproduz a Figura 42 e o equilíbrio inicial está no ponto A Um aumento da renda nominal de Y para Y aumenta o nível de transações que aumenta a demanda por moeda a qualquer taxa de juros A curva de demanda por moeda se desloca para a direita de Md para Md O equilíbrio se move para cima de A para A e a taxa de juros de equilíbrio aumenta de i para i Verbalmente para dada oferta de moeda um aumento da renda nominal leva a um aumento da taxa de juros O motivo é que à taxa de juros inicial a demanda por moeda excede a oferta Um aumento da taxa de juros é necessário para diminuir o montante de moeda que as pessoas desejam reter e para restabelecer o equilíbrio A Figura 44 mostra os efeitos de um aumento na oferta de moeda sobre a taxa de juros O equilíbrio inicial está no ponto A com taxa de juros i Um aumento na oferta de moeda de Ms M para Ms M leva a um deslocamento da curva da oferta de moeda para a direita de Ms para Ms O equilíbrio se move para baixo de A para A e a taxa de juros de equilíbrio diminui de i para i Nesta seção o termo moeda significa moeda do Banco Central ou papelmoeda 78 Macroeconomia Verbalmente um aumento da oferta de moeda pelo Banco Central leva a uma redução da taxa de juros A redução da taxa de juros aumenta a demanda por moeda de modo que ela seja igual à maior oferta de moeda M Demanda por moeda Md Oferta de moeda Ms Moeda M A Taxa de juros i i Figura 42 Determinação da taxa de juros A taxa de juros deve ser tal que a oferta de moeda que independe da taxa de juros seja igual à demanda por moeda que depende da taxa de juros Figura 43 Efeitos de um aumento da renda nominal sobre a taxa de juros Dada a oferta de moeda um aumento da renda nominal leva a um aumento da taxa de juros M A A Md Ms Md Y Y Moeda M Taxa de juros i i i BookBlanchard 1indb 78 241017 1717 Figura 44 Efeitos de um aumento da oferta de moeda sobre a taxa de juros Um aumento da oferta de moeda leva a uma diminuição da taxa de juros Política monetária e as operações de mercado aberto Podemos entender melhor os resultados das figuras 43 e 44 examinando mais detalhadamente como o Banco Central efetivamente altera a oferta de moeda e o que acontece quando ele faz isto Nas economias modernas o modo como o Banco Central altera a oferta de moeda consiste na compra ou venda de títulos no mercado de títulos Se um Banco Central deseja aumentar o montante de moeda na economia compra títulos e paga por eles por meio da criação de moeda Se deseja diminuir o montante de moeda na economia vende títulos e retira de circulação a moeda que recebe em troca desses títulos Essas ações são chamadas operações de mercado aberto porque ocorrem no mercado aberto títulos O balancete patrimonial de um banco ou de uma empresa ou de um indivíduo é uma lista de seus ativos e passivos em um instante no tempo O ativo é a soma do que o banco possui e do que lhe é devido nesse instante O passivo é tudo o que o banco deve a terceiros nesse mesmo instante Desnecessário dizer que a Figura 45 apresenta uma versão muito simplificada de um balancete patrimonial real de um Banco Central mas atende aos nossos propósitos O balancete do Banco Central Para compreender o que são as operações de mercado aberto é útil começarmos com o balancete patrimonial do Banco Central dado na Figura 45 Os ativos do Banco Central são a soma de títulos que ele retém em sua carteira e seu passivo é o estoque de moeda da economia As operações de mercado aberto levam a mudanças iguais do ativo e do passivo Se o Banco Central compra por exemplo US 1 milhão em títulos o montante de títulos que ele retém aumenta em US 1 milhão e da mesma forma o montante de moeda na economia também aumenta Esta operação é chamada operação de mercado aberto expansionista porque o Banco Central aumenta expande a oferta de moeda Se o Banco Central vende US 1 milhão em títulos tanto o montante de títulos possuídos pelo Banco Central como o montante de moeda na economia diminuem em US 1 milhão Esta operação é chamada operação de mercado aberto contracionista porque o Banco Central diminui contrai a oferta de moeda Figura 45 Balancete patrimonial do Banco Central e os efeitos de uma operação de mercado aberto expansionista Os ativos do Banco Central são a soma dos títulos que ele possui O passivo é o estoque de moeda da economia Uma operação de mercado aberto na qual o Banco Central compra títulos e emite moeda aumenta o ativo e o passivo no mesmo montante Balancete do Banco Central Ativos Passivos Títulos Moeda papelmoeda Efeitos de uma operação de mercado aberto expansionista Ativos Passivos Mudança na carteira de títulos US1 milhão Mudança no estoque de moeda US1 milhão Preço de títulos e rendimento de títulos Até aqui nos concentramos na taxa de juros dos títulos Na realidade o que é determinado nos mercados de títulos não são as taxas de juros mas os preços dos títulos Ambos estão contudo diretamente relacionados Entender esta relação será útil ao longo do livro Suponhamos que os títulos em nossa economia sejam de um ano títulos que prometem pagar dada quantidade de moeda por exemplo US 100 daqui a um ano Nos Estados Unidos títulos emitidos pelo governo com promessa de pagamento em um ano ou menos são chamados de letras do Tesouro ou simplesmente Tbills de Treasury bills que significa letras do Tesouro em inglês Seja o preço de um título hoje igual a PB em que o B subscrito representa os títulos da palavra em inglês bonds Se você comprar um título hoje e o mantiver por um ano a taxa de retorno da posse do título por um ano será igual a 100 PBPB Portanto a taxa de juros do título é dada por i 100 PB PB Se PB é US 99 a taxa de juros é igual a 199 0010 ou 10 ao ano Se PB é US 90 então a taxa de juros é 190 111 ao ano Quanto maior for o preço do título menor será a taxa de juros Se soubermos a taxa de juros poderemos descobrir o preço do título usando a mesma fórmula Reorganizando a fórmula anterior o preço de hoje do título de um ano que paga US 100 daqui a um ano é dado por PB 100 1 i O preço do título hoje é igual ao pagamento final dividido por 1 mais a taxa de juros Se a taxa de juros é positiva o preço do título é menor do que o pagamento final Quanto maior a taxa de juros menor o preço atual Quando os jornais anunciam que os mercados de títulos fecharam em alta hoje querem dizer que os preços dos títulos subiram e que portanto as taxas de juros caíram De volta às operações de mercado aberto Agora estamos prontos para retornar aos efeitos de uma operação de mercado aberto e seu efeito no equilíbrio do mercado monetário A taxa de juros é o que você recebe pelo título daqui a um ano US100 menos o que você paga pelo título hoje PB dividido pelo preço do título hoje PB Capítulo 4 Mercados financeiros I 89 A taxa de juros escolhida pelo Banco Central não pode baixar além de zero Quando a taxa de juros é igual a zero as pessoas e os bancos não veem diferença entre manter moeda ou títulos Um aumento na oferta de moeda leva a um aumento na demanda por moeda a um aumento nas reservas pelos bancos e a nenhuma variação na taxa de juros Este caso é conhecido como armadilha da liquidez em que a política monetária perde a capacidade de afetar a taxa de juros Palavraschave armadilha da liquidez 85 base monetária 84 depósitos à vista 73 estoque 74 Fed Federal Reserve Bank 72 fluxo 74 fundos do mercado monetário 73 intermediários financeiros 82 investimento 74 investimento financeiro 74 letras do Tesouro Tbill 80 limite inferior zero 85 mercado de fundos federais 85 moeda 74 moeda de alta potência 84 moeda do Banco Central 83 operação de mercado aberto contracionista 79 operação de mercado aberto expansionista 79 operações de mercado aberto 79 papelmoeda 73 poupança 74 razão das reservas 84 renda 74 reservas bancárias 82 riqueza financeira 74 taxa dos fundos federais 85 títulos 73 Questões e problemas Teste rápido 1 Usando as informações contidas neste capítulo diga se cada afirmação a seguir é verdadeira falsa ou incerta Explique brevemente a Renda e riqueza financeira são exemplos de variáveis de estoque b O termo investimento conforme empregado pelos economistas faz referência à aquisição de títulos e ações c A demanda por moeda não depende da taxa de juros porque somente os títulos rendem juros d Uma grande parcela da moeda dos EUA está fora do país e O Banco Central pode aumentar a oferta de moeda pela venda de títulos no mercado de títulos f O Federal Reserve pode determinar a oferta de moeda mas não alterar as taxas de juros g O preço dos títulos e as taxas de juros sempre se movem em direções opostas h Um aumento na renda PIB sempre será acom panhado por um aumento na taxa de juros quando a oferta de moeda não é aumentada 2 Suponhamos que a renda anual de uma pessoa seja de US 60000 Suponhamos também que sua função de demanda por moeda seja dada por Md Y 035 i a Qual é sua demanda por moeda quando a taxa de juros é de 5 E de 10 b Explique o efeito da taxa de juros sobre a demanda por moeda c Suponhamos que a taxa de juros seja de 10 Em termos percentuais o que acontece com sua demanda por moeda se a renda anual é reduzida em 50 d Suponhamos que a taxa de juros seja de 5 Em ter mos percentuais o que acontece com sua demanda por moeda se a renda anual é reduzida em 50 e Resuma o efeito da renda sobre a demanda por moeda Em termos percentuais como ele depende da taxa de juros 3 Considere um título que promete pagar US 100 em um ano a Qual é a taxa de juros sobre o título se seu preço hoje é de US 75 US 85 US 95 BookBlanchard 1indb 89 241017 1717 90 Macroeconomia b Qual é a relação entre o preço do título e a taxa de juros c Se a taxa de juros é de 8 qual é o preço do título hoje 4 Suponhamos que a demanda por moeda seja dada por Md Y 025 i em que Y é igual a US 100 Suponhamos tam bém que a oferta de moeda é de US 20 a Qual é a taxa de juros de equilíbrio b Se o Fed deseja aumentar a taxa de juros de equilíbrio i em 10 pontos percentuais de seu valor no item a em que nível deve fixar a oferta de moeda Aprofundando 5 Suponhamos que a riqueza de uma pessoa seja de US 50000 e que sua renda anual seja de US 60000 Suponhamos também que sua função de demanda por moeda seja dada por Md Y 035 i a Derive a demanda por títulos Suponhamos que a taxa de juros aumente em 10 pontos per centuais Qual é o efeito sobre a demanda por títulos b Quais são os efeitos de um aumento da riqueza sobre a demanda por moeda e sobre a demanda por títulos Explique c Quais são os efeitos de um aumento da renda sobre a demanda por moeda e sobre a demanda por títulos Explique d Considere o seguinte Quando as pessoas ganham mais dinheiro obviamente retêm mais títulos O que há de errado nesta afirmação 6 A demanda por títulos Neste capítulo você aprendeu que um aumento da taxa de juros torna os títulos mais atraentes por tanto leva as pessoas a reter mais de sua riqueza em títulos em vez de moeda No entanto você também aprendeu que um aumento da taxa de juros reduz o preço dos títulos Como um aumento da taxa de juros pode tornar os títulos mais atraentes e reduzir seus preços 7 Caixas automáticos e cartões de crédito Este problema examina o efeito da introdução de cai xas automáticos e cartões de crédito sobre a demanda por moeda Para simplificar vamos examinar a demanda por moeda de uma pessoa ao longo de quatro dias Suponhamos que antes dos caixas auto máticos e dos cartões de crédito ela fosse ao banco no início de cada período de quatro dias e retirasse de sua conta poupança todo o dinheiro necessário por quatro dias Ela gasta US 4 por dia a Quanto ela retira cada vez que vai ao banco Calcule os saldos monetários da pessoa do dia 1 ao dia 4 pela manhã antes de gastar qualquer quantia do dinheiro que retirou b Qual é o montante de moeda que ela retém em média Suponhamos agora que com o surgimento dos caixas automáticos a pessoa passe a fazer retiradas uma vez a cada dois dias c Recalcule sua resposta à parte a d Recalcule sua resposta à parte b Finalmente com o surgimento dos cartões de crédito essa pessoa passa a usar este meio de pagamento para quitar todas as suas compras Ela não faz retiradas de dinheiro até o quarto dia quando retira o necessário para pagar as compras feitas com cartão de crédito nos quatro dias anteriores e Recalcule sua resposta à parte a f Recalcule sua resposta à parte b g Com base nas respostas anteriores qual foi o efeito dos caixas automáticos e dos cartões de crédito sobre a demanda por moeda 8 A moeda e o sistema bancário Na Seção 43 descrevemos um sistema monetário que inclui bancos simples Suponhamos que as seguintes hipóteses sejam válidas i O público não retém papelmoeda ii A razão entre reservas e depósitos é de 01 iii A demanda por moeda é dada por Md Y 08 4i Inicialmente a base monetária é de US 100 bilhões e a renda nominal é de US 5 trilhões a Qual é a demanda por moeda do Banco Central b Descubra a taxa de juros de equilíbrio fazendo que a demanda por moeda do Banco Central seja igual à oferta da sua moeda c Qual é a oferta total de moeda É igual à demanda total por moeda à taxa de juros que você encontrou em b d Qual é o efeito de um aumento da moeda do Banco Central para US 300 bilhões sobre a taxa de juros BookBlanchard 1indb 90 241017 1717 Capítulo 4 Mercados financeiros I 91 e Se a oferta total de moeda aumenta para US 3 bilhões qual será o efeito sobre i Dica use o que você aprendeu em c 9 Escolhendo a quantidade de moeda ou a taxa de juros Suponhamos que a demanda por moeda seja dada por Md Y025 i em que Y é 100 a Se o Federal Reserve Bank fixar uma meta de taxa de juros de 5 qual será a oferta de moeda que o Federal Reserve deve criar b Se o Federal Reserve Bank quer aumentar i de 5 para 10 qual é o novo nível da oferta de moeda que o Federal Reserve deve definir c Qual é o efeito no balanço patrimonial do Federal Reserve do aumento da taxa de juros de 5 para 10 10 Política monetária em uma armadilha da liquidez Suponhamos que a demanda por moeda seja dada por Md Y025 i desde que as taxas de juros sejam positivas As perguntas a seguir referemse a situações em que a taxa de juros é igual a zero a Qual é a demanda por moeda quando as taxas de juros são iguais a zero e Y 80 b Se Y 80 qual é o menor valor da oferta de moeda em que a taxa de juros é igual a zero c Quando a taxa de juros é igual a zero o Banco Central pode continuar a aumentar a oferta de moeda d Os Estados Unidos passaram por um longo período de taxas de juros iguais a zero depois de 2009 Você pode encontrar evidências no texto de que a oferta de moeda continuou a aumentar nesse período e Consulte o banco de dados do Federal Reserve Bank of St Louis conhecido como FRED Encontre a série BOGMBASE base mone tária e analise seu comportamento de 2010 a 2015 O que aconteceu com a base monetária O que aconteceu com a taxa dos fundos fede rais no mesmo período Explorando mais 11 Política monetária atual Visite o site do Federal Reserve Board of Governors httpwwwfederalreservegov e faça o download do press release mais recente sobre política monetária do Comitê Federal de Mercado Aberto FOMC do inglês Federal Open Market Committee Certifiquese de que seja o press release mais recente do FOMC e não do Fed a Qual é a postura atual da política monetária Note que a política monetária será descrita em termos de aumento ou redução da taxa dos fundos federais e não de aumento ou redução da oferta de moeda ou da base monetária b Encontre um press release em que a taxa dos fundos federais foi realmente alterada pelo FOMC Como o Federal Reserve explicou a necessidade dessa mudança na política monetária Por fim você pode visitar o site do Fed e encontrar várias declarações explicando sua política atual de taxas de juros Essas declarações formam a base da análise no Capítulo 5 Algumas partes desta declaração devem fazer mais sentido ao final do Capítulo 5 Leitura adicional Vamos retomar muitos aspectos do sistema finan ceiro no decorrer do livro mas você pode querer aprofundar seus conhecimentos e ler algo sobre moeda e serviços bancários Aqui estão quatro indi cações BALL Laurence Money banking and finan cial markets Worth 2011 CECCHETTI Stephen e SCHOENHOLTZ Kermit Money banking and financial markets McGrawHillIrwin 2015 HUBBARD R Glenn Money the financial system and the economy AddisonWesley 2013 MISHKIN Frederic The economics of money banking and the financial system Pearson 2012 O Fed mantém um site útil httpwwwfederalre servegov que possui dados relativos aos mercados financeiros bem como informações sobre o que o Fed faz declarações recentes do presidente da instituição e assim por diante BookBlanchard 1indb 91 241017 1717 92 Macroeconomia Apêndice Determinação da taxa de juros quando as pessoas mantêm papelmoeda e depósitos à vista Na Seção 43 partimos da premissa simplificadora de que as pessoas mantinham apenas depósitos à vista e não papelmoeda Agora vamos flexibilizar esta premissa e derivar a taxa de juros de equilíbrio supondo que as pessoas tenham depósitos à vista e papelmoeda A maneira mais fácil de considerar como a taxa de juros nessa economia é determinada ainda é em termos de oferta e demanda por moeda do Banco Central A demanda por moeda do Banco Central é igual à demanda por moeda por parte das pessoas mais a demanda por reservas por parte dos bancos A oferta de moeda do Banco Central está sob con trole direto do Banco Central A taxa de juros de equilíbrio é tal que a demanda por e a oferta de moeda do Banco Central são equivalentes A Figura 4A1 mostra em detalhes a estrutura da demanda e da oferta de moeda do Banco Central Ignore as equações por ora concentrese nos quadros Comece pelo lado esquerdo A demanda por moeda por parte das pessoas é tanto por depósitos à vista quanto por papel moeda Considerando que os bancos têm de manter reservas para depósitos à vista e a demanda por este tipo de depósito leva a uma demanda por reservas por parte dos bancos Consequentemente a demanda por moeda do Banco Central é igual à demanda por reservas por parte dos bancos mais a demanda por papelmoeda Vá para o lado direito a oferta de moeda do Banco Central é determinada pelo Banco Central Observe o sinal de igualdade a taxa de juros deve ser tal que a demanda por e a oferta de moeda do Banco Central sejam iguais Passamos agora por cada um dos quadros da Figura 4A1 e perguntamos O que determina a demanda por depósitos à vista e a demanda por papelmoeda O que determina a demanda por reservas pelos bancos O que determina a demanda por moeda do Banco Central Como a condição de que a demanda por e a oferta de moeda do Banco Central sejam equivalentes deter mina a taxa de juros Demanda por moeda Quando as pessoas podem manter tanto depósitos à vista quanto papelmoeda a demanda por moeda envolve duas decisões Primeiro elas devem decidir quanta moeda deter Em segundo devem decidir quanto desse montante manter em papelmoeda e quanto em depósitos à vista É razoável supor que a demanda geral por moeda papelmoeda mais depósitos à vista é dada pelos mes mos fatores de antes As pessoas manterão mais dinheiro quanto maior for o nível das transações e menor a taxa de juros dos títulos Assim podemos supor que a demanda geral por moeda é dada pela mesma equação vista ante riormente Equação 41 Md Y Li 4A1 Isto nos leva à segunda decisão Como as pessoas decidem quanto manter em papelmoeda e quanto em depósitos à vista Papelmoeda é mais conveniente para pequenas transações também para as ilegais Os che ques são mais convenientes para transações de vulto Manter moeda em contacorrente é mais seguro do que portar dinheiro Vamos supor que as pessoas detenham uma propor ção fixa de sua moeda em papelmoeda chamemos essa proporção de c e por implicação mantenham uma proporção fixa 1 c em depósitos à vista Chamemos a demanda por papelmoeda de CUd CU para papel moeda currency em inglês e d para demanda Chamemos a demanda por depósitos à vista de Dd D para depósitos e d para demanda As duas demandas são dadas por CUd cMd 4A2 Dd 1 cMd 4A3 A Equação 4A2 mostra o primeiro componente da demanda por moeda do Banco Central a demanda por papelmoeda pelo público A Equação 4A3 mostra a demanda por depósitos à vista Agora temos uma descrição do primeiro quadro Demanda por moeda na parte inferior da Figura 4A1 a Equação 4A1 mostra a demanda geral por moeda As equações 4A2 e 4A3 mostram as demandas por depósitos à vista e por papelmoeda respectivamente A demanda por depósitos à vista leva a uma demanda por reservas por parte dos bancos o segundo componente da demanda por moeda do Banco Central Seja u a letra minúscula grega teta a razão das reservas o montante BookBlanchard 1indb 92 241017 1717 Capítulo 4 Mercados financeiros I 93 de reservas que os bancos detêm por dólar de depósitos à vista Seja R as reservas dos bancos Seja D o montante em dólares dos depósitos à vista Então pela definição de u a relação entre R e D é a seguinte R uD 4A4 Vimos que atualmente nos Estados Unidos a razão das reservas é aproximadamente igual a 10 Assim u é aproximadamente igual a 01 Se as pessoas querem manter Dd em depósitos então a partir da Equação 4A4 os bancos devem deter uDd em reservas Combinandose as equações 4A2 e 4A4 o segundo componente da demanda por moeda do Banco Central a demanda por reservas por parte dos bancos é dado por Rd u1 cMd 4A5 Temos agora a equação correspondente ao segundo quadro Demanda por reservas por parte dos bancos na parte inferior da Figura 4A1 Demanda por moeda do Banco Central Chamemos Hd a demanda por moeda do Banco Central Essa demanda é igual à soma das demandas por papelmoeda e por reservas Hd CUd Rd 4A6 Substitua CUd e Rd por suas expressões das equações 4A2 e 4A5 para obter Hd cMd u1 cMd c u1 cMd Por fim substitua a demanda geral por moeda Md por sua expressão da Equação 4A1 para obter Hd c u1 c Y Li 4A7 Isto nos dá a equação correspondente ao terceiro quadro Demanda por moeda do Banco Central na parte inferior da Figura 4A1 Determinação da taxa de juros Estamos prontos para caracterizar o equilíbrio Seja H a oferta de moeda do Banco Central H é controlado direta mente pelo Banco Central como na seção anterior o Banco Central pode alterar o montante de H através de operações de mercado aberto A condição de equilíbrio é que a oferta de moeda seja igual à demanda por moeda do Banco Central H Hd 4A8 Ou usando a Equação 49 H c u1 c YLi 4A9 A oferta de moeda do Banco Central o lado esquerdo da Equação 4A9 é igual à demanda por moeda do Banco Demanda por moeda Demanda por depósitos à vista Demanda por reservas por parte dos bancos Demanda por moeda do Banco Central Oferta de moeda do Banco Central Demanda por papelmoeda 5 Demanda por moeda Md 5 Y Li Demanda por depósitos à vista Dd 5 12c Md Demanda por reservas por parte dos bancos Rd 5 12c Md Demanda por moeda do Banco Central Hd 5 CUd 1 Rd 5 c 1 12c Md 5 c 1 12c Y Li Oferta de moeda do Banco Central H Demanda por papelmoeda CUd 5 c Md 5 Figura 4A1 Determinantes da demanda por e da oferta de moeda do Banco Central BookBlanchard 1indb 93 241017 1717 94 Macroeconomia Central o lado direito da Equação 4A9 que é igual ao termo entre colchetes multiplicado pela demanda geral por moeda Observe mais atentamente o termo entre colchetes Suponha que as pessoas mantenham apenas papelmoeda c 1 Assim o termo entre colchetes seria igual a 1 e a equação seria exatamente a mesma que a Equação 42 na Seção 42 com a letra H substituindo a letra M no lado esquerdo mas ambas representando a oferta de moeda do Banco Central Neste caso as pessoas manteriam apenas papelmoeda e os bancos não desempenhariam qualquer papel na oferta de moeda Voltaríamos ao caso analisado na Seção 42 Suponhamos em vez disso que as pessoas não tenham nenhuma moeda mas somente depósitos à vista c 0 Assim o termo entre parênteses seria igual a u e a equação seria a mesma que a Equação 46 na Seção 43 Deixando de lado esses dois casos extremos note que a demanda por moeda do Banco Central é tal como na Seção 42 proporcional à demanda geral por moeda com o fator de proporcionalidade sendo c u1 c em vez de apenas u Portanto as implicações são praticamente as mesmas de antes Uma redução na moeda do Banco Central leva a um aumento na taxa de juros ao passo que um aumento da moeda do Banco Central leva a uma redução na taxa de juros BookBlanchard 1indb 94 241017 1717 Capítulo 5 Mercados de bens e mercados financeiros o modelo ISLM 97 Determinação do produto Se levarmos em consideração a relação de investimento da Equação 51 a con dição de equilíbrio do mercado de bens será Y CY T IY i G 52 A produção o lado esquerdo da equação deve ser igual à demanda por bens o lado direito A Equação 52 é nossa relação IS expandida Podemos agora examinar o que ocorre com o produto quando a taxa de juros muda Comecemos pela Figura 51 Medese a demanda por bens no eixo vertical Medese o produto no eixo horizontal Para dado valor da taxa de juros i a demanda é uma função crescente do produto por dois motivos Um aumento do produto leva a um aumento da renda e também a um aumento da renda disponível O aumento da renda disponível leva a um aumento do consumo Esta relação já foi estudada no Capítulo 3 Um aumento do produto também leva a um aumento do investimento Esta é a relação entre investimento e produção que introduzimos neste capítulo Em resumo um aumento do produto leva por meio de seus efeitos sobre o consumo e o investimento a um aumento da demanda por bens Esta relação entre demanda e produto para dada taxa de juros é representada pela curva positivamente inclinada ZZ Observemos duas características de ZZ na Figura 51 Como não supusemos que as relações consumo e investimento na Equação 52 sejam lineares ZZ costuma ser uma curva em vez de uma reta Assim foi dese nhada como uma curva na Figura 51 Todos os argumentos que seguem seriam aplicáveis se admitíssemos que as relações consumo e investimento fossem lineares e que ZZ fosse uma linha reta Desenhamos ZZ de modo que fosse menos inclinada que a reta de 45 graus Em outras palavras assumimos que um aumento do produto leva a um aumento da 45 ZZ Demanda Produto Y Demanda Z Y A Figura 51 Equilíbrio do mercado de bens A demanda por bens é uma função crescente do produto O equilíbrio requer que a demanda por bens seja igual ao produto BookBlanchard 1indb 97 241017 1717 100 Macroeconomia Resumindo O equilíbrio do mercado de bens implica que um aumento da taxa de juros leva a uma diminuição do produto Esta relação é representada pela curva IS nega tivamente inclinada Mudanças em fatores que diminuem a demanda por bens dada a taxa de juros deslocam a curva IS para a esquerda Mudanças em fatores que aumentam a demanda por bens dada a taxa de juros deslocam a curva IS para a direita 52 Mercados financeiros e a relação LM Vamos agora nos voltar para os mercados financeiros Vimos no Capítulo 4 que a taxa de juros é determinada pela igualdade entre oferta e demanda por moeda M Y Li A variável M do lado esquerdo é o estoque nominal de moeda Vamos ignorar aqui os detalhes do processo de oferta de moeda que discutimos na Seção 43 e pensar apenas que o Banco Central controla M diretamente O lado direito nos dá a demanda por moeda que é função da renda nominal Y e da taxa nominal de juros i Como vimos na Seção 41 um aumento da renda nominal aumenta a demanda por moeda um aumento da taxa de juros diminui a demanda por moeda O equilíbrio requer que a oferta de moeda o lado esquerdo da equação seja igual à demanda por moeda o lado direito da equação Moeda real renda real e taxa de juros A equação M Y Li nos dá a relação entre moeda renda nominal e taxa de juros Será mais conveniente aqui reescrevêla como uma relação entre moeda real ou seja moeda em termos de bens renda real ou seja renda em termos de bens e taxa de juros Figura 53 Deslocamentos da curva IS Um aumento de impostos desloca a curva IS para a esquerda IS para T T IS para impostosT Juros i Y Produto Y Y i BookBlanchard 1indb 100 241017 1717 Capítulo 5 Mercados de bens e mercados financeiros o modelo ISLM 105 54 Uso de uma combinação de políticas Até agora examinamos a política fiscal e a política monetária isoladamente Nosso objetivo era mostrar como cada uma delas funcionava Na prática ambas são frequentemente usadas em conjunto O uso simultâneo de políticas monetária e fiscal é conhecido como combinação de políticas monetária e fiscal ou simplesmente combinação de políticas policy mix Às vezes a combinação correta significa utilizar as políticas monetária e fiscal no mesmo sentido Suponhamos por exemplo que a economia esteja em recessão e que o produto seja muito baixo Então ambas as políticas podem ser usadas para aumentar o produto Essa combinação é representada na Figura 58 O equilíbrio inicial é dado pela interseção de IS e LM no ponto A com o produto correspon dente Y A política fiscal expansionista digamos que por meio de uma redução dos impostos desloca a curva IS para a direita de IS para IS A política monetária Produto Y Y Y IS A A LM LM Taxa de juros i i i Figura 57 Os efeitos de uma diminuição na taxa de juros Uma expansão monetária desloca a curva LM para baixo e leva a um maior produto Vamos examinar primeiro a curva IS A alteração na taxa de juros não altera a relação entre a produção e a taxa de juros Não desloca a curva IS A mudança na taxa de juros no entanto leva trivialmente a um deslocamento da curva LM Esta curva deslocase para baixo da linha horizontal em i i para a linha horizontal i i O passo 2 é verificar como esses deslocamentos afetam o equilíbrio O equilíbrio é representado na Figura 57 A curva IS não se desloca e a curva LM deslocase para baixo A economia movese para baixo ao longo da curva IS e o equilíbrio se move do ponto A para o ponto A A produção aumenta de Y para Y e a taxa de juros diminui de i para i O passo 3 consiste em descrever isto em palavras uma menor taxa de juros leva a um aumento do investimento e por sua vez a um aumento da demanda e do produto Analisandose os componentes do produto o aumento do produto e a diminuição da taxa de juros levam ambos a um aumento do investimento O aumento da renda leva a um aumento da renda disponível e por sua vez do consumo Assim tanto o consumo quanto o investimento se elevam BookBlanchard 1indb 105 241017 1717 Capítulo 5 Mercados de bens e mercados financeiros o modelo ISLM 111 implica um maior investimento A relação entre redução do déficit e investimento é discutida no quadro Foco Redução do déficit bom ou ruim para o investimento Acabamos de ver um segundo exemplo de combinação de políticas Esta foi usada no início dos anos 1990 nos Estados Unidos Quando Bill Clinton foi eleito presidente em 1992 uma de suas prioridades era reduzir o déficit orçamentário com uma combinação de cortes de gasto e aumentos de imposto Clinton estava preocupado contudo que por si só tal contração fiscal levaria a uma diminuição da demanda e desencadearia outra recessão A estratégia certa era combinar uma con tração fiscal para se livrar do déficit com uma expansão monetária para garantir que a demanda e o produto permanecessem elevados Esta foi a estratégia adotada e executada por Bill Clinton responsável pela política fiscal e Alan Greenspan responsável pela política monetária O resultado desta estratégia e um pouco de sorte econômica foi uma redução constante do déficit orçamentário que se transformou em superávit orçamentário no final da década de 1990 e um aumento constante do produto durante o restante da década 55 Como o modelo ISLM se ajusta aos fatos Até agora ignoramos a dinâmica Por exemplo quando examinamos os efeitos de um aumento dos impostos na Figura 56 ou os efeitos de uma expansão monetária na Figura 57 fizemos como se a economia se movesse instanta neamente de A para A em outras palavras como se o produto fosse instanta neamente de Y para Y Isto certamente não é realista O ajuste do produto leva algum tempo Para captar essa dimensão temporal precisamos reintroduzir a dinâmica Produto Y Y Y Y IS IS LM LM A A A i Taxa de juros i Figura 59 Os efeitos de uma consolidação fiscal e uma expansão monetária combinadas A consolidação fiscal desloca a curva IS para a esquerda Uma expansão monetária desloca a curva LM para baixo BookBlanchard 1indb 111 241017 1717 114 Macroeconomia hipótese não é uma aproximação ruim da realidade no curto prazo O nível de preços praticamente não se altera nos primeiros seis trimestres Somente após os primeiros seis trimestres é que o nível de preços parece diminuir Isto nos dá uma pista importante do motivo pelo qual o modelo ISLM tornase menos confiável quando examinamos o médio prazo No médio prazo não podemos mais supor que o nível de preços seja dado e as mudanças nele tornamse importantes A Figura 510 fornece duas lições importantes Primeiro nos dá uma ideia da dinâmica do ajuste do produto e de outras variáveis em resposta à política monetária Segundo e mais fundamental ela nos mostra que o que observamos na economia é consistente com as implicações do modelo ISLM Isto não prova que o modelo ISLM seja o correto O que observamos na economia pode ser o resultado de um mecanismo completamente diferente e o fato de o modelo ISLM ajustarse bem pode ser uma coincidência Mas isto parece improvável O modelo ISLM parece ser uma base sólida para nos apoiarmos quando examinamos mudanças no nível de atividade no curto prazo Mais adiante estenderemos o modelo para examinar o papel das expectativas capítulos 14 a 16 e as implicações da abertura tanto dos mercados de bens quanto dos mercados financeiros capítulos 17 a 20 Mas primeiro devemos entender o que determina o produto no médio prazo Este é o tema dos capítulos 7 a 9 Resumo O modelo ISLM descreve as implicações do equi líbrio simultâneo do mercado de bens e dos mer cados financeiros A relação IS e a curva IS mostram as combinações de taxa de juros e nível de produto consistentes com o equilíbrio do mercado de bens Um aumento da taxa de juros leva a uma diminuição do produto Em consequência a curva IS é negativamente inclinada A relação LM e a curva LM mostram as combina ções de taxa de juros e nível de produto consistentes com o equilíbrio dos mercados financeiros Sob o pressuposto de que o Banco Central escolhe a taxa de juros a curva LM é uma linha horizontal à taxa de juros escolhida pelo Banco Central Uma expansão fiscal desloca a curva IS para a direita levando a um aumento do produto Uma contração fiscal desloca a curva IS para a esquerda levando a uma diminuição do produto Uma expansão monetária desloca a curva LM para baixo levando a um aumento do produto e a uma diminuição da taxa de juros Uma contração monetária desloca a curva LM para cima levando a uma dimi nuição do produto e a um aumento da taxa de juros A combinação das políticas monetária e fiscal é também conhecida simplesmente como combina ção de políticas Às vezes as políticas monetária e fiscal são utilizadas no mesmo sentido outras vezes em sentidos opostos A contração fiscal e a expansão monetária podem por exemplo atin gir uma diminuição do déficit orçamentário e ao mesmo tempo evitar uma diminuição do produto O modelo ISLM parece descrever bem o com portamento da economia no curto prazo Em par ticular os efeitos da política monetária parecem ser semelhantes àqueles indicados pelo modelo ISLM caso a dinâmica seja introduzida Um aumento da taxa de juros devido a uma contração monetária leva a uma diminuição consistente do produto cujo efeito máximo ocorre após cerca de oito trimestres Palavraschave aperto monetário 104 combinação de políticas monetária e fiscal 105 consolidação fiscal 102 contração fiscal 102 contração monetária 104 curva IS 98 curva LM 101 expansão fiscal 103 expansão monetária 104 intervalo de confiança 112 BookBlanchard 1indb 114 241017 1717 Capítulo 5 Mercados de bens e mercados financeiros o modelo ISLM 115 Questões e problemas Teste rápido 1 Usando as informações contidas neste capítulo diga se cada afirmação a seguir é verdadeira falsa ou incerta Explique brevemente a Os principais determinantes do investimento são o nível de vendas e a taxa de juros b Se todas as variáveis exógenas da relação IS forem constantes então um nível de produto mais alto só poderá ser atingido pela diminuição da taxa de juros c A curva IS é negativamente inclinada porque o equilíbrio do mercado de bens implica que um aumento dos impostos leve a um nível de produto mais baixo d Se os gastos do governo e os impostos aumen tarem no mesmo montante a curva IS não se deslocará e A curva LM é horizontal no nível da taxa de juros escolhido pela política do Banco Central f A oferta real de moeda é constante ao longo da curva LM g Se a oferta nominal de moeda é de US 400 bilhões e o nível de preço sobe de um valor de índice de 100 para um valor de índice de 103 a oferta real de moeda sobe h Se a oferta nominal de moeda aumenta de US 400 bilhões para US 420 bilhões e o nível de preços sobe de um valor de índice de 100 para 102 a oferta real de moeda sobe i Um aumento dos gastos governamentais leva à diminuição do investimento no modelo ISLM 2 Consideremos inicialmente o modelo do mercado de bens com investimento constante que vimos no Capítulo 3 O consumo é dado por C c0 c1 Y T sendo I G e T dados a Resolva para encontrar o produto de equilí brio Qual é o valor do multiplicador para uma mudança no gasto autônomo Agora deixemos o investimento depender tanto das vendas como da taxa de juros I b0 b1Y b2i b Resolva para encontrar o produto de equilíbrio usando os métodos vistos no Capítulo 3 A dada taxa de juros o efeito de uma mudança do gasto autônomo é maior do que era em a Por quê Suponhamos c1 b1 1 c Suponhamos que o Banco Central escolha uma taxa de juros de i Resolva para o produto de equilíbrio a esta taxa de juros d Desenhe o equilíbrio dessa economia usando um diagrama ISLM 3 Resposta da economia à política fiscal a Usando o diagrama de ISLM mostre os efeitos de uma diminuição dos gastos do governo sobre o produto Você pode explicar o que acontece com o investimento Por quê Agora consideremos o seguinte modelo ISLM C c0 c1 Y T I b0 b1Y b2i Z C I G i i b Resolva para encontrar o produto de equilíbrio quando a taxa de juros é i Suponhamos c1 b1 1 Dica se tiver problemas com este passo volte à questão 2 c Resolva para encontrar o nível de equilíbrio do investimento d Vamos para os bastidores do mercado monetá rio Use o equilíbrio no mercado monetário MP d1Y d2i para resolver o nível de equilíbrio da oferta real de moeda quando i i Como a oferta real de moeda varia de acordo com os gastos públicos 4 Consideremos o mercado monetário para compreen der melhor a curva LM horizontal neste capítulo A relação do mercado monetário Equação 53 é M P Y L1i2 a O que está no lado esquerdo da Equação 53 b O que está no lado direito da Equação 53 c Volte à Figura 43 no capítulo anterior Como está a função Li representada nessa figura d Você precisa modificar a Figura 43 para representar a Equação 53 de duas maneiras Como o eixo horizon tal deve ser renomeado Qual é a variável que des loca a função de demanda da moeda Desenhe uma Figura 43 modificada com as legendas apropriadas e Use sua Figura 43 modificada para mostrar que 1 à medida que o produto aumenta para manter cons tante a taxa de juros o Banco Central deve aumentar a oferta real de moeda 2 à medida que o produto diminui para manter constante a taxa de juros o Banco Central deve diminuir a oferta real de moeda BookBlanchard 1indb 115 241017 1717 116 Macroeconomia 5 Consideremos o seguinte exemplo numérico do modelo ISLM C 200 025YD I 150 025Y 1000i G 250 T 200 i 005 a Derive a relação IS Dica você deseja uma equação com Y do lado esquerdo e tudo o mais do lado direito b O Banco Central fixa uma taxa de juros de 5 Como esta decisão é representada nas equações c Qual é o nível de oferta real de moeda quando a taxa de juros é de 5 Use a expressão MP 2Y 8000i d Resolva para encontrar os valores de equilíbrio de C e I e verifique o valor obtido para Y adicio nando C I e G e Suponhamos agora que o Banco Central baixe a taxa de juros para 3 Como isso muda a curva LM Resolva para encontrar Y I e C e descreva os efeitos de uma política monetária expansionista Qual é o novo valor de equilíbrio da oferta MP f Retorne à situação inicial em que a taxa de juros determinada pelo Banco Central é de 5 Suponhamos agora que os gastos do governo aumentem para G 400 Resuma os efeitos de uma política fiscal expansionista sobre Y I e C Qual é o efeito da política fiscal expansionista sobre a oferta real de moeda Aprofundando 6 Investimento e taxa de juros O capítulo argumenta que o motivo pelo qual o inves timento depende negativamente da taxa de juros é que quando a taxa de juros aumenta o custo de tomar emprés timos também aumenta e isso desencoraja os investimen tos Contudo as empresas frequentemente financiam seus projetos de investimento com recursos próprios Se uma empresa estiver considerando utilizar seus próprios fundos em vez de realizar um empréstimo para financiar projetos de investimento as taxas de juros mais altas vão desencorajála na realização dos projetos Explique Dica pense em você mesmo como proprie tário de uma empresa que auferiu lucros e imagine que vai usar os lucros ou para financiar novos projetos de investimento ou para comprar títulos Sua decisão de investir em novos projetos para sua empresa será afetada pela taxa de juros 7 Combinação de políticas BushGreenspan Em 2001 o Fed buscou uma política monetária expan sionista e baixou as taxas de juros Ao mesmo tempo o presidente George W Bush pressionou pela redução dos impostos de renda por meio de leis a Mostre o efeito dessa combinação de políticas sobre o produto b Em que difere essa combinação de políticas da combinação ClintonGreenspan c O que aconteceu com o produto em 2001 Como você concilia o fato de ambas as políticas fiscal e monetária terem sido expansionistas com o fato de o crescimento ter sido tão baixo em 2002 Dica o que mais ocorreu 8 Qual combinação de políticas é necessária para atin gir os seguintes objetivos a Aumentar Y mantendo i constante O investi mento I seria alterado b Diminuir o déficit fiscal mantendo Y constante Por que i também deve mudar 9 O paradoxo menos paradoxal da poupança No final do Capítulo 3 um problema considerou o efeito da queda da confiança do consumidor na poupança privada e nos investimentos quando estes dependiam do produto mas não das taxas de juros Aqui consideramos o mesmo caso com base no modelo ISLM no qual o investimento depende tanto do produto quanto das taxas de juros mas o Banco Central altera as taxas de juros para manter constante o produto a Suponhamos que as famílias tentem poupar mais de modo que a confiança do consumidor caia Utilizando um diagrama ISLM no qual o banco central altera as taxas de juros para manter o produto constante mostre o efeito da queda na confiança do consumidor sobre o equilíbrio da economia b Como a queda da confiança do consumidor afe tará o consumo o investimento e a poupança pri vada A tentativa de poupar mais efetivamente levará a uma poupança maior Esta tentativa necessariamente levará uma poupança menor Explorando mais 10 Combinação de políticas ClintonGreenspan Conforme descrito ao longo do capítulo durante a administração Clinton a combinação de políticas mudou em direção a uma política fiscal mais contracionista e uma política monetária mais expansionista Esta questão explora as implicações dessa mudança na combinação de políticas na teoria e na prática BookBlanchard 1indb 116 241017 1717 Capítulo 5 Mercados de bens e mercados financeiros o modelo ISLM 117 a O que o Federal Reserve deve fazer para garan tir que uma queda em G e um aumento em T não tenham efeito sobre o produto Mostre o efeito dessas políticas em um diagrama ISLM O que acontece com a taxa de juros O que acontece com o investimento b Visite o site do Economic Report of the President httpswwwgovinfogovappcollection ERP Examine a Tabela B79 no apêndice esta tístico O que aconteceu com as receitas federais receita de impostos as despesas federais e o déficit orçamentário como porcentagem do PIB no período 19922000 Note que as despesas federais incluem as transferências que seriam excluídas da variável G conforme definimos em nosso modelo ISLM Ignore a diferença c O Federal Reserve Board of Governors publica o histórico recente da taxa dos fundos federais no site httpwwwfederalreservegovreleases h15datahtm Você deve escolher examinar a taxa em um intervalo diário semanal mensal ou anual Analise o período entre 1992 e 2000 Quando a política monetária se tornou mais expansionista d Vá para a tabela B2 do Economic Report of the President e obtenha dados sobre o PIB real e sobre o investimento interno bruto real no período 19922000 Calcule o investimento como uma percentagem do PIB para cada ano O que aconteceu com o investimento ao longo do período e Por fim vá para a Tabela B31 e obtenha dados sobre o PIB real per capita em dólares enca deados de 2005 para o período Calcule a taxa de crescimento para cada ano Qual foi a taxa média anualizada de crescimento no período 19922000 No Capítulo 10 você aprenderá que a taxa média anualizada de crescimento do PIB real per capita dos Estados Unidos foi de 26 entre 1950 e 2004 Como se comparou o cresci mento entre 1992 e 2000 à média no pósguerra 11 Consumo investimento e a recessão de 2001 Esta questão pede que você examine as variações do investimento e do consumo antes durante e depois da recessão de 2001 Pede também que considere a resposta do investimento e do consumo aos eventos de 11 de setembro de 2001 Visite o site do Bureau of Economic Analysis httpwwwbeagov Localize as tabelas do Nipa em particular as versões trimestrais da Tabela 111 que mostram a variação percentual do PIB real e de seus componentes e a Tabela 112 que mostra a contribui ção dos componentes do PIB à variação percentual total A Tabela 112 pesa a variação percentual dos componentes pelo seu tamanho O investimento é mais variável do que o consumo mas o consumo é muito maior do que o investimento portanto variações per centuais menores do consumo podem ter o mesmo impacto sobre o PIB de variações percentuais muito maiores do investimento Observe que as variações percentuais trimestrais são anualizadas isto é expres sas como taxas anuais Obtenha dados trimestrais em termos reais sobre PIB consumo investimento privado interno bruto e investimento fixo não residencial para o período de 1999 a 2002 nas tabelas 111 e 112 a Identifique os trimestres de crescimento nega tivo em 2000 e 2001 b Examine o consumo e o investimento em 2000 e 2001 Qual variável na Tabela 111 teve a maior variação percentual nesse período Compare o investimento fixo não residencial com o investimento total Qual variável teve a maior variação percentual c Na Tabela 112 obtenha a contribuição do con sumo e do investimento para o crescimento do PIB de 1999 a 2001 Calcule a média das contri buições trimestrais de cada variável para cada ano Agora calcule a variação da contribuição de cada variável para 2000 e 2001 isto é subtraia a contribuição média do consumo em 1999 da contribuição média do consumo em 2000 sub traia a contribuição média do consumo em 2000 da contribuição média do consumo em 2001 e faça o mesmo para o investimento nos dois anos Qual variável teve a maior queda na contribuição para o crescimento Em sua opinião qual foi a causa aproximada da recessão em 2001 Foi uma queda na demanda por investimento ou uma queda na demanda por consumo d Agora veja o que aconteceu com o consumo e o investimento no terceiro e no quarto trimestres de 2001 e nos dois primeiros trimestres de 2002 após os acontecimentos de 11 de setembro A queda no investimento ao final de 2001 faz sentido para você Quanto durou essa queda no investimento O que aconteceu com o con sumo nesse período Como você explica em particular a variação no consumo no quarto trimestre de 2001 Os ataques terroristas de 11 de setembro de 2001 causaram a recessão de 2001 Use a discussão no capítulo e sua intui ção como guias para responder às perguntas desta parte BookBlanchard 1indb 117 241017 1717 118 Macroeconomia Leitura adicional Uma descrição sobre a economia dos Estados Unidos do período da exuberância irracional até a recessão de 2001 e o papel das políticas fiscal e monetária está em KRUGMAN Paul The great unraveling W W Norton Nova York 2003 Advertência Krugman não gosta da administração Bush nem de suas políticas BookBlanchard 1indb 118 241017 1717 122 Macroeconomia Visto que a inflação esperada é normalmente positiva a taxa de juros real é normalmente mais baixa do que a taxa de juros nominal Para uma dada taxa de juros nominal quanto maior a taxa esperada de inflação menor a taxa de juros real O caso em que a inflação esperada é igual à taxa de juros nominal merece uma análise mais aprofundada Suponhamos que a taxa de juros nominal e a inflação esperada sejam ambas iguais a 10 e você é o devedor Para cada dólar que tomar emprestado neste ano terá de pagar US 110 no próximo ano Isso parece caro mas os dólares vão valer 10 menos em termos de pão no próximo ano Assim se você tomar emprestado o equivalente a 500 g de pão terá de pagar o equivalente a 500 g de pão no próximo ano O custo real do empréstimo a taxa de juros real é igual a zero Agora suponhamos que você seja o credor para cada dólar que emprestar neste ano receberá US 110 no próximo ano Isso parece atraente mas os dólares no próximo ano vão valer 10 a menos em termos de pão Se você emprestar o equivalente a 500 g de pão neste ano receberá o equivalente a 500 g de pão no próximo ano apesar da taxa de juros nominal de 10 a taxa de juros real é igual a zero Até aqui assumimos que há apenas um bem o pão Mas o que fizemos pode ser facilmente generalizado para muitos bens Tudo o que precisamos fazer é substituir o nível de preço o preço de uma cesta de bens pelo preço do pão na Equação 61 ou 63 Se usarmos o Índice de Preços ao Consumidor IPC para medir o nível de preços a taxa de juros real nos dirá de quanto consumo devemos abrir mão no próximo ano para consumir mais neste ano Taxas de juros nominais e reais nos Estados Unidos desde 1978 Voltemos à questão no início desta seção Podemos agora reformulála da seguinte forma a taxa de juros real em 2006 foi menor do que em 1981 Mais genericamente o que aconteceu com a taxa de juros real nos Estados Unidos desde o início dos anos 1980 A resposta é mostrada na Figura 62 que representa as taxas de juros nominais e reais desde 1978 Para cada ano a taxa de juros nominal é a taxa de um ano do Tbill no início do ano Para construir a taxa de juros real precisamos de um indica dor da inflação esperada mais precisamente a taxa de inflação esperada a partir do início de cada ano Utilizamos para cada ano a previsão de inflação usando o deflator do PIB para esse ano publicado no final do ano anterior pela OCDE Por exemplo a previsão de inflação considerada para construir a taxa de juros real de 2006 é a previsão de inflação de 2006 publicada pela OCDE em dezembro de 2005 ou seja 25 Observe que a taxa de juros real i e é baseada na inflação esperada Se a inflação real for diferente da esperada a taxa de juros real realizada i será diferente da taxa de juros real Por essa razão a taxa de juros real é às vezes deno minada taxa de juros real exante exante significa antes do fato neste caso antes que a inflação seja conhecida E a taxa de juros real realizada é denominada taxa de juros real expost expost significa depois do fato neste caso depois que a inflação seja conhecida A Figura 62 mostra a importância do ajuste para a inflação Embora a taxa nominal tenha sido muito menor em 2006 do que em 1981 a taxa de juros real foi mais elevada nesse período A taxa real foi de cerca de 17 em 2006 e 14 em 1981 Dito de outra forma apesar do acentuado declínio nas taxas de juros nominais tomar crédito custou efetivamente mais caro em 2006 do que em 1981 Isso se deve ao fato de que a inflação e com ela a inflação esperada tem baixado regularmente desde o início dos anos 1980 BookBlanchard 1indb 122 241017 1717 Capítulo 6 Mercados financeiros II o modelo ISLM ampliado 123 22 0 2 4 6 8 10 12 14 78 80 82 84 86 88 90 92 94 96 98 00 02 04 06 08 10 12 14 Taxa nominal Taxa real Percentual Figura 62 Taxas de juros nominal e real de Tbill com vencimento em um ano nos Estados Unidos desde 1978 A taxa nominal baixou consideravelmente desde o início da década de 1980 mas visto que a inflação esperada também caiu a taxa real diminuiu muito menos do que a nominal Fonte a taxa de juros nominal é a letra do Tesouro de 1 ano em dezembro do ano anterior Series TB1YR Federal Reserve Economic Data FRED Disponível em httpresearchstlouisfedorgfred2 Acesso em 30 jun 2017 Series TB6MS em dezembro de 2001 2002 2003 e 2004 A inflação esperada é a previsão de 12 meses usandose o deflator do PIB do Panorama Econômico da OCDE de dezembro do ano anterior Taxas de juros nominais e reais o limite inferior zero e a deflação Qual taxa de juros deve entrar na relação IS Certamente ao pensar em consumo ou decisões de investimento o que mais importa para as pessoas ou empresas é a taxa de juros real aquela em termos de bens Isso tem uma implicação direta para a política monetária Embora o Banco Central escolha a taxa nominal como vimos no Capítulo 3 ele se preocupa com a taxa de juros real porque é a que afeta decisões de gastos Para determinar a taxa de juros real de sua escolha o Banco Central deve levar em conta a inflação esperada Se por exemplo ele quer colocar a taxa de juros real no nível r deverá escolher a taxa nominal i de modo que dada a inflação esperada e a taxa de juros real r i e esteja no nível desejado Por exemplo se quiser que a taxa de juros real seja de 4 e a inflação esperada for 2 a taxa de juros nominal i será fixada em 6 Assim podemos pensar que o Banco Central escolhe a taxa de juros real Essa conclusão traz contudo uma importante advertência que discutimos no Capítulo 4 no contexto da armadilha da liquidez Como vimos lá o limite inferior zero implica que a taxa de juros nominal não pode ser negativa caso contrário as pessoas não vão manter títulos Isso implica que a taxa de juros real não pode ser inferior à inflação multiplicada por menos um Assim se a inflação esperada for de 2 por exemplo a taxa real mais baixa poderá ser 0 2 2 Enquanto a inflação esperada for positiva poderemos ter taxas de juros reais negativas Mas se a inflação esperada se tornar negativa se as pessoas anteciparem a deflação o limite inferior da taxa real será positivo e poderá se revelar elevado Se por exemplo a deflação esperada for de 2 a taxa real não poderá ser inferior a 2 Isso pode não ser baixo o suficiente para aumentar significativamente a demanda de bens e a economia poderá permanecer em recessão Como veremos na Seção 65 o limite inferior zero tornouse um problema sério durante a crise de 2008 BookBlanchard 1indb 123 241017 1717 136 Macroeconomia Financiamento no atacado Outra evolução das décadas de 1990 e 2000 foi o desenvolvimento de outras fontes financeiras além dos depósitos à vista pelos bancos Cada vez mais eles dependiam de empréstimos de outros bancos e outros investidores sob a forma de dívida de curto prazo para financiar a compra de seus ativos um processo conhecido como financiamento no atacado Os SIVs entidades financeiras criadas pelos bancos eram inteiramente financiados por esse tipo de financiamento O financiamento no atacado também parecia uma boa ideia dando aos ban cos mais flexibilidade no montante de fundos que poderiam usar para fazer empréstimos ou comprar ativos Mas havia um custo e esse custo mais uma vez se tornou claro durante a crise Embora os correntistas fossem protegidos por um seguro de depósito e não tivessem de se preocupar com o valor depositado não era esse o caso dos demais investidores Assim quando esses investidores se preocupavam com o valor dos ativos detidos pelos bancos ou SIVs pediam seus fundos de volta Em termos da discussão na seção anterior os bancos e SIVs tinham passivos líquidos muito mais líquidos do que seus ativos O resultado dessa combinação de alta alavancagem ativos ilíquidos e passivos líquidos foi uma grave crise financeira À medida que os preços dos imóveis resi denciais declinavam e algumas hipotecas não eram quitadas a alta alavancagem implicava um declínio acentuado do capital de bancos e SIVs Isso por sua vez obrigavaos a vender alguns de seus ativos Como esses ativos eram muitas vezes difíceis de avaliar eles tinham de vendêlos a preços de queima de estoque Isso por sua vez diminuía o valor de ativos similares remanescentes em seu balanço ou no balanço de outros intermediários financeiros acarretando mais declínio das razões de capital e forçando novas vendas de ativos e quedas nos preços A complexidade dos títulos detidos pelos bancos e SIVs dificultava a avaliação de sua solvência Os investidores relutavam em continuar a lhes emprestar e o financiamento no atacado cessou o que forçou novas vendas de ativos e quedas nos preços Até os bancos relutavam em fazer empréstimo para outros bancos Em 15 de setembro de 2008 o Lehman Brothers um grande banco com mais de US 600 bilhões em ativos declarou falência levando os participantes financeiros a concluir que muitos se não a maioria dos outros bancos e instituições financeiras estavam realmente em risco Em meados de setembro de 2008 o sistema financeiro estava paralisado Os bancos basicamente pararam de fazer empréstimos entre si ou a quem quer que fosse Rapidamente o que havia sido em grande parte uma crise financeira se transformou em uma crise macroeconômica Implicações macroeconômicas Os efeitos imediatos da crise financeira sobre a macroeconomia foram dois Primeiro um considerável aumento nas taxas de juros às quais pessoas e empresas poderiam contrair empréstimos se conseguissem obtêlos em segundo lugar uma queda acentuada na confiança Vimos o efeito sobre diversas taxas de juros na Figura 63 No final de 2008 as taxas de juros dos títulos mais bem classificados AAA subiram para mais de 8 ao passo que as dos títulos de ratings mais baixos BBB subiram para 10 De repente tomar empréstimo ficou extremamente oneroso para a maioria das empresas E para as muitas empresas pequenas demais para emitir títulos e portanto dependentes de crédito bancário isso se tornou praticamente impossível Os acontecimentos de setembro de 2008 também disseminaram angústia entre os consumidores e as empresas O fantasma de outra Grande Depressão e de modo mais generalizado confusão e temor sobre o que estava acontecendo BookBlanchard 1indb 136 241017 1717 140 Macroeconomia Resumo A taxa de juros nominal indica quantos dólares são necessários pagar no futuro em troca de um dólar no presente A taxa de juros real informa quantos bens são necessários pagar no futuro em troca de um bem no presente A taxa de juros real é aproximadamente igual à taxa de juros nominal menos a inflação esperada O limite inferior zero da taxa de juros nominal implica que a taxa de juros real não pode ser infe rior ao negativo da inflação esperada A taxa de juros de um título depende tanto da probabilidade de que o emitente do título vá ficar inadimplente quanto do grau de aversão ao risco dos detentores de títulos Uma probabilidade maior ou um grau mais elevado de aversão ao risco levam a uma taxa de juros mais alta Os intermediários financeiros recebem fundos de investidores e emprestam esses fundos a outros Ao escolher sua razão de alavancagem os intermedi ários financeiros ponderam o lucro esperado e o risco de insolvência Devido à alavancagem o sistema financeiro está exposto aos riscos de solvência e iliquidez Ambos podem levar os intermediários financeiros a dimi nuir os empréstimos Quanto maior o índice de alavancagem ou quanto mais ilíquidos os ativos ou quanto mais líquidos os passivos maior o risco de uma corrida bancária ou de modo mais geral de uma corrida aos interme diários financeiros O modelo ISLM deve ser ampliado para levar em conta a diferença entre a taxa de juros nominal e a taxa de juros real e a diferença entre a taxa básica escolhida pelo Banco Central e a taxa de juros às quais as empresas e as pessoas podem contrair empréstimo Um choque no sistema financeiro leva a um aumento da taxa de juros à qual pessoas e empresas podem tomar empréstimo a uma dada taxa básica Isso leva a uma redução no produto A crise financeira do final da década de 2000 foi desencadeada por uma queda nos preços dos imóveis residenciais E amplificada pelo sistema financeiro Os intermediários financeiros estavam altamente alavancados Por causa da securitização seus ati vos eram difíceis de avaliar e portanto ilíquidos Devido ao financiamento no atacado seus passivos eram líquidos Corridas forçaram os intermediários financeiros a reduzir os empréstimos com fortes efeitos adversos sobre o produto Foram utilizadas políticas financeiras fiscais e monetárias Elas não foram suficientes no entanto para evitar uma profunda recessão Palavraschave agências de rating 135 American Recovery and Reinvestment Act 138 atividade bancária limitada 128 ativos tóxicos 135 aversão ao risco 124 corridas bancárias 128 credores hipotecários 133 debaixo dágua underwater 133 depósitos sob demanda 128 finanças diretas 125 financiamento no atacado 136 garantia 138 hipotecas subprime 133 insolvência 127 liquidez 129 política monetária não convencional 138 preços de queima de estoque 128 prêmio de risco 124 programas de liquidez 138 provisão de liquidez 129 razão de alavancagem 126 razão de capital 126 securitização 135 seguro federal de depósito 129 shadow banking 125 taxa básica 130 taxa de empréstimo 130 taxa de juros nominais 120 taxa de juros reais 120 título garantido por créditos hipotecários MBS 135 BookBlanchard 1indb 140 241017 1717 Capítulo 6 Mercados financeiros II o modelo ISLM ampliado 141 títulos de dívida colateralizada CDO 135 títulos júnior 135 títulos sênior 135 Trouble Asset Relief Program TARP 138 veículos de investimento estruturado SIVs 134 Questões e problemas Teste rápido 1 Utilizando as informações deste capítulo diga se cada afirmação a seguir é verdadeira falsa ou incerta Explique brevemente a A taxa de juros nominal é medida em termos de bens a taxa de juros real é medida em termos de moeda b Enquanto a inflação esperada permanecer pratica mente constante os movimentos da taxa de juros real serão praticamente iguais aos movimentos na taxa de juros nominal c A taxa de juros básica nominal estava no limite inferior zero nos Estados Unidos em 2013 d Quando a inflação esperada sobe a taxa de juros real cai e Todos os títulos têm o mesmo risco de inadimplên cia e portanto pagam as mesmas taxas de juros f A taxa de juros básica nominal é definida pelo Banco Central g Um aumento no índice de alavancagem de um banco tende a aumentar tanto seu lucro esperado quanto seu risco de falência h A taxa de empréstimo real e a taxa básica real sempre se movem na mesma direção i Pode ser difícil avaliar ativos de bancos e outros intermediários financeiros particularmente em uma crise financeira j Quando um banco tem alta alavancagem e baixa liquidez deve vender ativos a preços de queima de estoque k Os bancos e outros intermediários financeiros possuem ativos que são menos líquidos do que seus passivos l Os preços dos imóveis residenciais aumentaram constantemente desde o ano 2000 m O programa de estímulo fiscal adotado pelos Estados Unidos em resposta à crise financeira ajudou a compensar o declínio na demanda agre gada e reduzir o tamanho da recessão n O programa de estímulo fiscal adotado pelos Estados Unidos incluiu um considerável aumento no déficit medido como percentual do PIB 2 Calcule a taxa de juros real usando a fórmula exata e a fórmula aproximada para cada conjunto de pres supostos listados nos itens a a c a i 4 πe 2 b i 15 πe 11 c i 54 πe 46 3 Preencha a tabela a seguir e responda às perguntas relacionadas com os dados nela contidos Situação Taxa de juros básica nominal Inflação esperada Taxa de juros básica real Prêmio de risco Taxa de empréstimo nominal Taxa de empréstimo real A 3 0 0 B 4 2 1 C 0 2 4 D 2 6 3 E 0 2 5 a Quais situações correspondem à armadilha da liquidez definida no Capítulo 4 b Quais situações correspondem ao caso em que o valor da taxa de juros básica nominal está no limite inferior zero c Qual situação tem o prêmio de risco mais alto Quais são os dois fatores de risco nos mercados de títulos que acarretam um prêmio de risco positivo d Por que é tão importante quando a taxa de juros básica nominal está no limite inferior zero manter uma taxa de inflação esperada positiva 4 Corridas bancárias modernas Consideremos um banco simples que tem ativos de 100 capital de 20 e depósitos à vista de 80 Lembrese do Capítulo 4 que os depósitos à vista são passivos de um banco a Monte o balanço do banco b Suponhamos que o valor percebido dos ativos do banco caia em 10 Qual é o novo valor do BookBlanchard 1indb 141 241017 1717 142 Macroeconomia capital do banco Qual é a taxa de alavancagem do banco c Suponhamos que os depósitos sejam segurados pelo governo Apesar do declínio do valor do capi tal dos bancos existe alguma razão imediata para que os correntistas saquem fundos do banco Sua resposta mudaria se o valor percebido dos ativos do banco caísse em 15 20 25 Explique Agora consideremos um tipo diferente de banco ainda com ativos de 100 e capital de 20 mas agora com crédito de curto prazo de 80 em vez de depósitos à vista O crédito de curto prazo deve ser pago ou rolado emprestado novamente quando vencer d Monte o balanço do banco e Novamente suponhamos que o valor percebido dos ativos do banco caia Se os credores estive rem preocupados com a solvência do banco eles estarão dispostos a continuar a prover crédito de curto prazo para o banco a taxas de juros baixas f Assumindose que o banco não possa obter capi tal adicional como ele pode conseguir os fundos necessários para pagar sua dívida a vencer Se muitos bancos estiverem nessa posição ao mesmo tempo e se os bancos possuírem tipos semelhan tes de ativo o que provavelmente acontecerá com o valor dos ativos desses bancos Como isso afe tará a disposição dos credores de oferecer crédito de curto prazo 5 A visão ISLM do mundo em mercados financeiros mais complexos Consideremos uma economia descrita na Figura 66 no texto a Quais são as unidades no eixo vertical da Figura 66 b Se a taxa de juros básica nominal for de 5 e a taxa de inflação esperada for de 3 qual será o valor do intercepto vertical da curva LM c Suponhamos que a taxa de juros nominal seja de 5 Se a inflação esperada baixar de 3 para 2 para impedir o deslocamento da curva LM na Figura 66 o que o Banco Central deve fazer com a taxa de juros básica nominal d Se a taxa de inflação esperada diminuísse de 3 para 2 a curva IS variaria e Se a taxa de inflação esperada diminuísse de 3 para 2 a curva LM variaria f Se o prêmio de risco dos títulos de risco aumen tasse de 5 para 6 a curva LM variaria g Se o prêmio de risco dos títulos de risco aumen tasse de 5 para 6 a curva IS variaria h Quais são as opções de política fiscal que impedem que um aumento do prêmio de risco sobre títulos de risco diminua o nível de produto i Quais são as opções de política monetária que impedem que um aumento do prêmio de risco sobre títulos de risco diminua o nível de produto Aprofundando 6 Taxas de juros nominais e reais pelo mundo a Há alguns episódios de taxa de juros nominal negativa no mundo Alguns podem ou não estar em ação no momento em que você lê este livro A taxa de juros básica nominal suíça o equiva lente suíço da taxa de fundos federais é a série IRSTCI01CHM156N da base de dados do FRED mantida no Federal Reserve Bank de St Louis A taxa de juros básica nominal suíça foi negativa em 2014 e 2015 Nesse caso por que não reter dinheiro em vez de títulos Nos Estados Unidos o Federal Reserve ainda não fixou a taxa básica nominal abaixo de zero b A taxa de juros real é frequentemente negativa veja a Figura 62 Em que circunstâncias ela pode ser negativa Nesse caso por que não reter apenas dinheiro em vez de títulos c Quais são os efeitos de uma taxa de juros real nega tiva sobre a tomada e a concessão de empréstimos d Encontre um exemplar recente da The Economist e consulte a tabela no seu verso intitulada Indicadores econômicos e financeiros Use a taxa de três meses do mercado monetário como uma aproximação da taxa de juros básica nomi nal e a mais recente taxa de variação dos preços ao consumidor como uma medida da taxa espe rada de inflação ambas são expressas em termos anuais Quais países apresentam a menor taxa de juros nominal Algum país tem uma taxa de juros básica nominal negativa Quais países têm as taxas de juros reais mais baixas Algumas des sas taxas de juros reais são negativas 7 O Troubled Asset Relief Program TARP Consideremos um banco que tem ativos de 100 capital de 20 e crédito de curto prazo de 80 Entre os ativos do banco estão ativos securitizados cujo valor depende do preço dos imóveis residenciais Esses ativos têm um valor de 50 a Monte o balanço do banco BookBlanchard 1indb 142 241017 1717 Capítulo 6 Mercados financeiros II o modelo ISLM ampliado 143 Suponhamos que como resultado de uma queda no preço dos imóveis residenciais os ativos securitizados do banco caiam em um montante incerto de modo que o valor dos ativos fique entre 25 e 45 Chamemos os ativos securitizados de ativos problemáticos O valor dos outros ativos permanece em 50 Como resultado da incerteza quanto ao valor dos ativos os credores estão relutantes em prover qualquer crédito de curto prazo ao banco b Dada a incerteza quanto ao valor dos ativos do banco qual é a faixa de valor do capital do banco Como resposta a esse problema o governo avalia a possibilidade de comprar os ativos problemáticos com a intenção de revendêlos quando os mercados se estabilizarem Essa é a versão original do TARP c Se o governo pagar 25 pelos ativos problemáticos qual será o valor do capital do banco Quanto o governo terá de pagar pelos ativos problemáticos para garantir que o capital do banco não tenha um valor negativo E se o governo pagar 45 para os ativos problemáticos mas o verdadeiro valor se revelar muito inferior quem assumirá o custo dessa avaliação equivocada Explique Suponhamos que em vez de comprar os ativos problemáticos o governo ofereça capital ao banco comprando a titularidade de ações com a intenção de revendêlas quando os mercados se estabilizarem É o que o TARP passou a ser O governo troca títulos do Tesouro que se tornam ativos para o banco pelas ações d Suponhamos que o governo troque 25 em títulos do Tesouro pela titularidade de ações Assumindose o pior cenário possível tal que o valor dos ativos problemáticos seja apenas 25 monte o novo balanço do banco Lembrese de que a empresa tem agora três ativos 50 de ativos não problemáticos 25 de ativos problemáticos e 25 de títulos do Tesouro Qual é o valor total do capital do banco O banco será insolvente e Considerandose as suas respostas e o material no texto por que a recapitalização pode ser uma política melhor do que comprar os ativos problemáticos 8 Cálculo do prêmio de risco sobre títulos O texto apresenta uma fórmula em que 1 i 1 p1 i x p0 p é a probabilidade de o título não se pagar o emi tente decreta falência e tem retorno igual a zero i é a taxa de juros básica nominal x é o prêmio de risco a Se a probabilidade de falência for igual a zero qual será a taxa de juros do título de risco b Calcule a probabilidade de falência quando a taxa de juros nominal de um devedor de risco é 8 e a taxa de juros básica nominal é 3 c Calcule a taxa de juros nominal para um devedor quando a probabilidade de falência é 1 e a taxa de juros básica nominal é 4 d Calcule a taxa de juros nominal para um devedor quando a probabilidade de falência é 5 e a taxa de juros básica nominal é 4 e A fórmula assume que o pagamento em caso de inadimplência é igual a zero Na realidade muitas vezes é positivo Como você mudaria a fórmula nesse caso 9 Política monetária não convencional política finan ceira e afrouxamento quantitativo quantitative easing Escrevemos o modelo ISLM em termos de Relação IS Y CY T IY r x G 65 Relação LM r r 66 Interprete a taxa de juros como a taxa de fundos federal ajustada à inflação esperada a taxa de juros básica real do Federal Reserve Assuma que a taxa à qual as empresas podem contrair empréstimos é muito superior à taxa dos fundos federais e de modo equivalente que o prêmio x na equação IS seja alto a Suponhamos que o governo tome medidas para melhorar a solvência do sistema financeiro Se a ação governamental for bemsucedida e os bancos se mostrarem mais dispostos a conceder empréstimo a outros bancos e a empresas não financeiras o que deverá acontecer com o prê mio O que acontecerá com o diagrama ISLM com base na Figura 66 Podemos considerar a política financeira como uma espécie de política macroeconômica b Diante de uma taxa de juros nominal igual a zero suponhamos que o Fed decida comprar títulos diretamente para facilitar o fluxo de crédito nos mercados financeiros Essa política é denominada afrouxamento quantitativo Se ela tiver êxito de modo que seja mais fácil para empresas financei ras e não financeiras obter crédito o que deverá acontecer com o prêmio Que efeito isso terá no diagrama ISLM Se o afrouxamento quantita tivo surte algum efeito é verdade que o Fed não tem opções de política para estimular a economia quando a taxa dos fundos federais é igual a zero BookBlanchard 1indb 143 241017 1717 144 Macroeconomia Leitura adicional Há muitos livros bons sobre a crise dentre eles The Big Short 2010 de Michael Lewis e Fools Gold 2009 de Gillian Tett Ambos mostram como o sistema finan ceiro passou a ser cada vez mais arriscado até final mente entrar em colapso Ambos parecem histórias de detetive com muita ação e personagens fascinantes The Big Short virou filme A Grande Aposta em 2015 In Fed We Trust 2009 escrito por David Wessel editor de economia do Wall Street Journal descreve como o Fed reagiu à crise Também é uma leitura fascinante Leia também o ponto de vista interno The Courage to Act A Memoir of a Crisis and Its Aftermath 2015 de Ben Bernanke que foi presi dente do Fed durante a crise c Veremos mais adiante que um argumento a favor do afrouxamento quantitativo é que ele aumenta a inflação esperada Suponhamos que o afrouxa mento quantitativo aumente a inflação esperada Como isso afeta a curva LM na Figura 66 Explorando mais 10 O spread entre títulos sem risco e de risco O texto utilizou a Figura 63 para descrever flutua ções nos spreads entre a taxa sem risco dos títulos do Tesouro dos Estados Unidos com vencimento em 10 anos e títulos corporativos AAA e BBB também de 10 anos Essa figura pode ser atualizada consultando se a base de dados do Federal Reserve Bank de St Louis FRED O rendimento dos títulos do Tesouro de 10 anos é a variável DGS10 O título AAA de 10 anos da Moodys é a série DAAA Por fim o rendi mento do título BBB do Bank of America é a série BAMLC0A4CBBBEY a Encontre os valores desses três rendimentos para o dia mais próximo de quando você estiver ana lisando esta questão Qual é o rendimento mais alto e qual é o rendimento mais baixo Qual é o spread entre o rendimento BBB e AAA b Agora volte um ano e encontre os mesmos ren dimentos calculando os spreads Você pode pre encher a tabela a seguir Data BBB AAA Tesouro BBB AAA AAA Tesouro BBB Tesouro Hoje Um ano atrás c Você vê alguma evidência de mudança no prêmio de risco em relação ao ano anterior ou ele tem sido relativamente estável Explique 11 Títulos indexados à inflação Alguns títulos emitidos pelo Tesouro dos Estados Unidos realizam pagamentos indexados à inflação Esses títulos compensam os investidores pela inflação Portanto as taxas de juros correntes sobre esses títulos são taxas de juros reais taxas de juros em termos de bens Essas taxas de juros podem ser usadas com as taxas de juros nominais para fornecer uma medida da inflação esperada Vejamos como Acesse o site do Federal Reserve Board e obtenha a mais recente divulgação estatística listando as taxas de juros httpwwwfederalreservegovreleasesh15 Current Encontre a taxa de juros nominal corrente dos títulos do Tesouro com vencimento em cinco anos A seguir encontre a taxa de juros corrente dos títulos do Tesouro indexados à inflação com vencimento em cinco anos Qual você acha que os agentes dos mer cados financeiros supõem que será a taxa de inflação média ao longo dos próximos cinco anos BookBlanchard 1indb 144 241017 1717 N do RT a taxa de juros foi elevada três vezes desde então em dezembro de 2015 em dezembro de 2016 e em março de 2017 mas segue abaixo de 10 BookBlanchard 1indb 146 241017 1717 C A P Í T U L O Pense no que acontece quando as empresas respondem a um aumento da demanda com um aumento da produção Uma produção maior leva a um nível de emprego maior Um nível de emprego maior leva a uma taxa de desemprego menor Uma taxa de desemprego menor leva a salários mais altos Salários mais altos elevam os custos de produção levando as empresas a elevar os preços Preços maiores levam os trabalhadores a reivindicar salários mais altos que levam a novos aumentos nos preços e assim por diante Até agora simplesmente ignoramos essa sequência de eventos Na hipótese de um nível de preços constante no modelo ISLM na realidade assumimos que as empresas fossem capazes e estivessem dispostas a ofertar qualquer montante de produto a um dado nível de preços Assim enquanto estávamos concentrados no curto prazo essa hipótese era aceitável Na medida em que nossa atenção se volta para o médio prazo devemos abandonála explorar como os preços e os salários se ajustam ao longo do tempo e determinar como isso por sua vez afeta o produto Esta será nossa tarefa neste e nos próximos dois capítulos No centro da sequência de eventos descrita está o mercado de trabalho no qual os salários são determinados Este capítulo se concentra no mercado de trabalho e apresenta seis seções A Seção 71 apresenta uma visão geral do mercado de trabalho A Seção 72 concentrase no desemprego como ele se move ao longo do tempo e como seus movimentos afetam os trabalhadores As seções 73 e 74 examinam a determinação de preços e salários A Seção 75 examina o equilíbrio do mercado de trabalho Ela descreve a taxa natural de desemprego a taxa de desemprego para a qual a economia tende a retornar no médio prazo A Seção 76 apresenta o caminho que percorreremos nos capítulos seguintes 71 Um giro pelo mercado de trabalho A população total dos Estados Unidos em 2014 era de 3189 milhões de pessoas Figura 71 Excluindo as que estavam abaixo da idade de trabalhar menores de 16 anos as que prestavam serviço nas Forças Armadas e as que se encontravam presas o número de pessoas potencialmente disponíveis para empregos civis a população civil disponível em idade ativa1 era de 2479 milhões 1 N do RT O conceito mais comumente utilizado é o de população em idade ativa em inglês working age population No entanto o autor usa um conceito relativamente frequente nos Estados Unidos mas que não encontra correlato no Brasil noninstitutional civilian population Optouse por traduzilo por população civil disponível em idade ativa para indicar que a sua diferença em relação ao conceito de população em idade ativa é justamente a exclusão dos militares e das pessoas internadas em alguma instituição seja prisional ou psiquiátrica como sugerido no próprio texto Mercado de trabalho 7 BookBlanchard 1indb 147 241017 1717 Capítulo 7 Mercado de trabalho 153 Se por outro lado o ajuste ocorrer mediante demissões involuntárias então os trabalhadores empregados terão um risco maior de perder seus empregos De modo geral as empresas recorrem a ambas as formas de ajuste um nível de desemprego maior está relacionado tanto com uma probabilidade menor de encontrar emprego se a pessoa está desempregada quanto com uma probabilidade maior de perder o emprego se a pessoa está empregada As figuras 74 e 75 mostram a atuação desses dois efeitos nos Estados Unidos ao longo do período 19962014 A Figura 74 mostra duas variáveis ao longo do tempo a taxa de desemprego medida no eixo vertical esquerdo e a proporção de trabalhadores desempregados que encontram emprego a cada mês medida no eixo vertical direito Essa proporção é calculada dividindose o fluxo do desemprego para o emprego durante cada mês pelo número de desempregados Para mostrar a relação entre as duas variáveis mais claramente a proporção dos desempregados que encontram emprego é mostrada em uma escala invertida Esteja certo de entender que na escala vertical direita a proporção é menor no topo e maior na parte inferior A relação entre movimentos da proporção de trabalhadores desempregados que encontram emprego e a taxa de desemprego é notável Períodos de maior desem prego estão associados a proporções muito mais baixas de trabalhadores desempre gados que encontram emprego Em 2010 por exemplo com o nível de desemprego próximo a 10 somente 17 dos desempregados encontraram emprego em um mês em oposição a 28 em 2007 quando o nível de desemprego era muito inferior De modo semelhante a Figura 75 mostra duas variáveis contra o tempo a taxa de desemprego medida no eixo vertical esquerdo e a taxa mensal de desligamento do emprego medida no eixo vertical direito A taxa mensal de desligamento é cal culada dividindose o fluxo do emprego para o desemprego e para fora da força de trabalho durante cada mês pelo número de empregados no mês A relação entre as taxas de desligamento e desemprego é bastante evidente Um nível de desemprego maior implica uma taxa de desligamento maior isto é uma probabilidade maior de 16 18 20 22 24 26 28 30 32 34 4 5 6 7 8 9 10 1996 1998 2000 2002 2004 2006 2008 2010 2012 2014 Taxa de desemprego Percentual de trabalhadores desempregados que encontram emprego em um mês Taxa de desemprego percentual Percentual de trabalhadores desempregados que encontram emprego escala inversa Figura 74 Taxa de desemprego e proporção de desempregados que encontram emprego 19962014 Quando o nível de desemprego é alto a proporção de desempregados que encontra emprego é baixa Observe que a escala do lado direito é invertida Áreas sombreadas são períodos de recessão Fontes Series UNRATE Federal Reserve Economic Data FRED Disponível em httpresearchstlouisfedorgfred2 Acesso em 7 jul 2017 Série criada por Fleischman e Fallick httpwwwfederalreservegoveconresdataresearchdata BookBlanchard 1indb 153 241017 1717 Capítulo 7 Mercado de trabalho 161 W P 1 1 m 76 Observe o que essa equação expressa as decisões de fixação de preços determi nam o salário real pago pelas empresas Um aumento da margem leva as empresas a aumentarem seus preços dado o salário que têm de pagar de modo equivalente um aumento da margem leva a uma diminuição do salário real A passagem da Equação 75 para a Equação 76 é algebricamente simples Mas a forma como a fixação de preços efetivamente determina o salário real pago pelas empresas pode não ser tão intuitiva Pensemos nisso da seguinte maneira suponhamos que a empresa em que você trabalha aumente sua margem elevando assim o preço de seu produto Seu salário real não muda muito Você continua a receber o mesmo salário nominal e o produto fabricado pela empresa é no máximo uma pequena parte de sua cesta de consumo Suponhamos agora que todas as empresas inclusive aquela para a qual você trabalha aumentem sua margem Todos os preços sobem Mesmo que você receba o mesmo salário nominal seu salário real cai Portanto quanto maior a margem fixada pelas empresas menor seu salário real e o de todo mundo É o que diz a Equação 76 A relação de fixação de preços na Equação 76 é mostrada como a linha horizontal PS de fixação de preços do inglês price setting na Figura 76 O salário real resultante da fixação de preços é igual a 11 m ele não depende da taxa de desemprego Salários reais e desemprego em equilíbrio O equilíbrio do mercado de trabalho requer que o salário real escolhido na fixação de salários seja igual ao salário real resultante da fixação de preços Esse modo de expressar o equilíbrio pode soar estranho para quem aprendeu a pensar em termos de oferta de trabalho e demanda por trabalho no curso de microecono mia A relação entre fixação de salários e fixação de preços por um lado e entre oferta de trabalho e demanda por trabalho por outro é mais estreita do que parece WS PS Taxa de desemprego u Relação de fixação de preços Relação de fixação de salários un Salário real WP A 1 1 1 m Figura 76 Salários preços e a taxa natural de desemprego A taxa natural de desemprego é a taxa de desemprego tal que o salário real escolhido na fixação de salários seja igual ao salário real resultante da fixação de preços BookBlanchard 1indb 161 241017 1717 Capítulo 7 Mercado de trabalho 165 equilíbrio do mercado de trabalho determina a taxa de desemprego Essa taxa de desemprego é conhecida como taxa natural de desemprego De modo geral o nível de preços efetivo pode ser diferente do nível de preços esperado por fixadores de salários Portanto a taxa de desemprego não precisa ser igual à taxa natural Os próximos capítulos mostrarão que no curto prazo o desemprego e o produto são determina dos pelos fatores em que nos concentramos nos quatro capítulos anteriores Entretanto no médio prazo o desemprego tende a retornar para a taxa natural e o produto tende a retornar para seu nível natural Palavraschave admissões 149 Current Population Survey CPS 149 demissões involuntárias 149 demissões voluntárias 149 desligamentos 149 duração média do desemprego 150 fora da força de trabalho 148 força de trabalho 148 função de produção 159 margem markup 160 negociação coletiva 154 poder de negociação 155 população civil disponível em idade ativa 147 produtividade do trabalho 159 proteção ao emprego 159 relação de fixação de preços 161 relação de fixação de salários 160 salário reserva 155 segurodesemprego 158 taxa de desemprego 148 taxa de emprego 151 taxa de participação 148 taxa estrutural de desemprego 163 taxa natural de desemprego 162 teorias do salárioeficiência 157 trabalhadores desalentados 151 Questões e problemas Teste rápido 1 Usando as informações contidas neste capítulo diga se cada afirmação a seguir é verdadeira falsa ou incerta Explique brevemente a Desde 1950 a taxa de participação nos Estados Unidos permaneceu aproximadamente constante em torno de 60 b A cada mês os fluxos de entrada e saída do emprego são muito pequenos em relação ao tama nho da força de trabalho c Menos de 10 de todos os trabalhadores desem pregados sai do desemprego a cada ano d A taxa de desemprego tende a ser alta nas reces sões e baixa nas expansões e A maioria dos trabalhadores normalmente recebe seu salário reserva f Trabalhadores não sindicalizados não têm poder de negociação g Pode interessar aos empregadores pagar salá rios maiores do que o salário reserva de seus trabalhadores h A taxa natural de desemprego não é afetada por mudanças nas políticas 2 Utilizando as informações apresentadas neste capí tulo responda às seguintes questões a Como percentual dos trabalhadores empregados qual é o tamanho dos fluxos de entrada e saída do emprego isto é admissões e desligamentos a cada mês b Como percentual dos trabalhadores desemprega dos qual é o tamanho dos fluxos do desemprego para o emprego a cada mês c Como percentual dos desempregados qual é o tamanho dos fluxos totais de saída do desem prego a cada mês Qual é a duração média do desemprego d Como percentual da força de trabalho qual é o tamanho dos fluxos totais de entrada e saída da força de trabalho a cada mês e No texto afirmamos que há uma média de 450 mil novos trabalhadores ingressando na força de trabalho a cada mês Qual percentual dos fluxos totais de entrada na força de trabalho os novos BookBlanchard 1indb 165 241017 1717 166 Macroeconomia trabalhadores ingressando na força de trabalho constituem 3 Taxa natural de desemprego Suponhamos que a margem dos preços dos bens sobre o custo marginal seja de 5 e a equação de fixação de salários seja W P 1 u em que u é a taxa de desemprego a Qual é o salário real tal qual determinado pela equação de fixação de preços b Qual é a taxa natural de desemprego c Suponhamos que a margem dos preços sobre os custos aumente para 10 O que acontece com a taxa natural de desemprego Explique a lógica que está por trás da sua resposta Aprofundando 4 Salários reserva Em meados da década de 1980 uma famosa supermo delo declarou que não levantaria da cama por menos de US 10000 provavelmente por dia a Qual é o seu próprio salário reserva b Seu primeiro emprego pagava mais do que seu salário reserva à época c Em relação a seu salário reserva na época em que você aceita cada emprego que emprego paga mais seu primeiro emprego ou o que você espera ter daqui a dez anos d Explique suas respostas para os itens a b e c em termos da teoria dos salárioseficiência e Parte da resposta da política econômica à crise foi estender o período pelo qual os trabalhadores poderiam receber o segurodesemprego Como essa mudança afetaria os salários reserva caso se tornasse permanente 5 Poder de negociação e determinação dos salários Mesmo na ausência de negociações coletivas os traba lhadores têm certo poder de negociação que lhes per mite auferir salários superiores a seus salários reserva O poder de negociação de cada trabalhador depende tanto da natureza do emprego quanto das condições do mercado de trabalho na economia como um todo Vejamos a seguir cada um desses fatores a Compare o emprego de um entregador e o de um administrador de redes de computador Em qual desses empregos o trabalhador tem maior poder de negociação Por quê b Para qualquer dado emprego como as condições do mercado de trabalho afetam o poder de nego ciação do trabalhador Qual das variáveis do mer cado de trabalho você observaria para avaliar as condições do mercado de trabalho c Suponhamos que para dadas condições do mer cado de trabalho a variável identificada no item b o poder de negociação do trabalhador em toda a economia aumente Que efeito isso teria sobre o salário real no médio prazo E no curto prazo O que determina o salário real no modelo descrito neste capítulo 6 A existência do desemprego a Com base na Figura 76 suponhamos que a taxa de desemprego esteja muito baixa Como uma taxa de desemprego baixa altera o poder de negocia ção relativo de trabalhadores e empresas Quais são as implicações de suas respostas sobre o que acontece com o salário à medida que a taxa de desemprego fica muito baixa b Dada sua resposta ao item a por que há desemprego na economia O que aconteceria com os salários reais se a taxa de desemprego fosse igual a zero 7 Mercado de trabalho informal Vimos no Capítulo 2 que o trabalho informal em casa por exemplo cozinhar tomar conta de crianças não é contado como parte do PIB Tal trabalho também não é considerado como emprego nas estatísticas do mercado de trabalho Tendo essas observações em mente consideremos duas economias cada uma com 100 trabalhadores distribuídos em 25 famílias cada uma formada por quatro pessoas Em cada família uma pessoa fica em casa e prepara a comida duas trabalham em áreas que não sejam a da cozinha e uma pessoa está desempregada Suponhamos que os trabalhadores que não atuem na cozinha produzam o mesmo produto efetivo e o mesmo produto medido em ambas as economias Na primeira economia a Comaemcasa os 25 tra balhadores da cozinha um de cada família preparam refeições para suas famílias em casa e não trabalham fora Todas as refeições são preparadas e consumi das em casa Nessa economia os 25 trabalhadores da cozinha não procuram trabalho no mercado formal e quando questionados respondem que não estão pro curando emprego Na segunda economia a Coma fora os 25 trabalhadores da cozinha são empregados pelos restaurantes Todas as refeições são compradas em restaurantes BookBlanchard 1indb 166 241017 1717 Capítulo 7 Mercado de trabalho 167 a Calcule o emprego e o desemprego medidos e a força de trabalho medida para cada economia Calcule a taxa de desemprego e a taxa de parti cipação medidas para cada economia Em qual economia o PIB medido é mais alto b Suponhamos agora que a economia Comaem casa mude Alguns restaurantes são abertos e os trabalhadores da cozinha de dez famílias são contratados para trabalhar neles Os integrantes dessas famílias agora fazem todas as suas refei ções em restaurantes Os trabalhadores da cozi nha restantes nas outras 15 famílias continuam a trabalhar em casa e não procuram empregos no setor formal Os membros dessas 15 famílias continuam a fazer todas as refeições em casa Sem calcular os números o que acontecerá com o emprego e o desemprego medidos e com a força de trabalho a taxa de desemprego e a taxa de participação medidas na Comaem casa O que acontecerá com o PIB medido na Comaemcasa c Suponhamos que você deseje incluir o trabalho doméstico no PIB e nas estatísticas de emprego Como medir o valor do trabalho doméstico no PIB Como alterar as definições de emprego desemprego e população fora da força de trabalho d Dadas suas novas definições no item c as estatísticas do mercado de trabalho diferi riam na Comaemcasa e na Comafora Supondo que os alimentos produzidos por essas economias tenham o mesmo valor o PIB medido nessas economias seria diferente Com suas novas definições o experimento no item b teria algum efeito sobre o mercado de trabalho ou sobre as estatísticas do PIB da Comaemcasa Explorando mais 8 Períodos de desemprego e desemprego de longo prazo De acordo com os dados apresentados neste capítulo cerca de 44 dos trabalhadores desempregados dei xam o desemprego a cada mês a Suponhamos que a probabilidade de deixar o desemprego seja a mesma para todos os desem pregados independentemente de como eles che garam a essa condição Qual é a probabilidade de que um trabalhador desempregado ainda esteja desempregado após um mês E após dois meses E após seis meses Agora consideremos a composição do universo de desempregados Usaremos um experimento sim ples para determinar a proporção de desemprega dos que estejam nessa condição há seis meses ou mais Suponhamos que o número de trabalhadores desempregados seja constante e igual a x A cada mês 47 dos desempregados encontra emprego e um número equivalente de trabalhadores ante riormente empregados perde o emprego b Consideremos o grupo de x trabalhadores que estão desempregados neste mês Após um mês que per centual desse grupo ainda estará desempregado Dica se 47 dos trabalhadores desempregados encontra emprego todos os meses que percentual dos trabalhadores desempregados originais x não encontrou empregos no primeiro mês c Após um segundo mês que percentual dos tra balhadores desempregados originais x está desempregada há pelo menos dois meses Dica dada sua resposta ao item b que percentual daqueles desempregados há pelo menos um mês não encontra emprego no segundo mês Após o sexto mês que percentual dos trabalhadores desempregados originais x está desempregado durante pelo menos seis meses d Utilizando a Tabela B13 do Economic Report of the President é o número da tabela segundo o relatório de 2015 encontre a proporção de desempregados que está desempregada há seis meses ou mais 27 semanas ou mais para cada ano entre o período de 2000 e 2014 Como os números entre 2000 e 2008 anos anteriores à crise se comparam com a resposta obtida no item c Você teria um palpite sobre o que pode causar a diferença entre os números reais e a resposta obtida neste problema Dica suponha que a probabilidade de deixar o desemprego diminua com o tempo de desemprego e O que acontece com o percentual de desempre gados que esteve desempregado por seis meses ou mais durante os anos de crise entre 2009 e 2011 f Existe alguma evidência do fim da crise quando se analisa o percentual de desempregados que estiveram desempregados por seis meses ou mais g Parte da resposta da política econômica à crise foi uma extensão do período em que um trabalhador desempregado poderia receber o segurodesem prego Como se pode prever que essa alteração afete a proporção dos desempregados há mais de seis meses Isso ocorreu BookBlanchard 1indb 167 241017 1717 168 Macroeconomia 9 Consulte o site do U S Bureau of Labor Statistics httpswwwblsgov Procure o último Employment Situation Summary sob o link National Employment a Quais são os dados mensais mais recentes sobre o tamanho da força de trabalho civil sobre o número de desempregados e sobre a taxa de desemprego dos Estados Unidos b Quantas pessoas estão empregadas c Calcule a mudança do número de desempregados entre o primeiro número da tabela e seu mês mais recente Faça o mesmo com o número de traba lhadores empregados A redução do desemprego é igual ao aumento do emprego Explique 10 A dinâmica típica do desemprego durante uma recessão A tabela ao lado mostra o comportamento do cres cimento real anual do PIB durante três recessões Esses dados são da Tabela B4 do Economic Report of the President Use a Tabela B35 do Economic Report of the President para preencher os valores anuais da taxa de desemprego na tabela anterior e responda às perguntas a seguir a Quando a taxa de desemprego em uma recessão é maior no ano em que o produto declina ou no ano seguinte Explique por quê b Explique o padrão da taxa de desemprego após uma recessão se trabalhadores desalentados retor narem à força de trabalho à medida que a econo mia se recupera c A taxa de desemprego permanece substancial mente mais elevada após a recessão provocada pela crise em 2009 Nessa recessão o seguro desemprego foi estendido de 6 para 12 meses Segundo o modelo qual será o efeito dessa polí tica sobre a taxa natural de desemprego Os dados sustentam essa previsão de alguma forma Ano Crescimento real do PIB Taxa de desemprego 1981 1982 1983 25 19 45 1990 1991 1992 19 02 34 2008 2009 2010 00 26 29 Leitura adicional Uma discussão complementar sobre o desem prego similar à deste capítulo é feita por Richard Layard Stephen Nickell e Richard Jackman em The unemployment crisis Oxford Oxford University Press 1994 Apêndice Relações de fixação de salários e de fixação de preços versus oferta e demanda por trabalho Em seu curso de microeconomia você provavelmente viu uma representação do equilíbrio do mercado de tra balho em termos da oferta de trabalho e da demanda por trabalho Você pode então estar se perguntando como a representação em termos de fixação de salários e fixação de preços se relaciona com a representação do mercado de trabalho vista no curso Em um sentido importante as duas representações são semelhantes Para entender por quê vamos redesenhar a Figura 76 em termos do salário real no eixo vertical e do nível de emprego em vez da taxa de desemprego no eixo horizontal Fizemos isso na Figura 1 O emprego N é medido no eixo horizontal O nível de emprego deve ser algo entre zero e L a força de trabalho O emprego não pode exceder o número de pessoas disponíveis para trabalhar a força de trabalho Para qualquer nível de emprego N o desemprego é dado por U L N Sabendo disso podemos medir o desemprego começando do L e deslocandose para a esquerda no eixo horizontal O desemprego é dado pela distância entre L e N Quanto menor o emprego BookBlanchard 1indb 168 241017 1717 Capítulo 7 Mercado de trabalho 169 N maior o desemprego e por implicação maior a taxa de desemprego U Vamos traçar as relações de fixação de salários e de fixação de preços e caracterizar o equilíbrio Um aumento do emprego deslocamento à direita ao longo do eixo horizontal implica uma dimi nuição do desemprego e portanto uma elevação do salário real determinado na fixação de salários Desse modo a relação de fixação do salário é agora ascendente O emprego mais elevado implica um salário real mais alto A relação de fixação de preços ainda é uma linha horizontal em WP 11 m O equilíbrio é dado pelo ponto A com o nível de emprego natural Nn e uma taxa de desemprego natural implícita igual a Un L NnL Nessa figura a relação de fixação de salários asse melhase a uma relação de oferta de trabalho À medida que o nível de emprego aumenta o salário real pago aos trabalhadores também aumenta Por esse motivo a rela ção de fixação de salários pode ser chamada de relação de oferta de trabalho O que chamamos de relação de fixação de preços assemelhase a uma relação plana de demanda por traba lho A razão pela qual ela é plana em vez de descendente devese à nossa simplificação de retornos constantes à força de trabalho em produção Se tivéssemos assumido mais convencionalmente que há retornos decrescentes do trabalho na produção nossa curva de fixação de preços seria negativamente inclinada como ocorre com a curva de demanda por trabalho padrão À medida que o emprego aumenta o custo marginal de produção também aumentaria forçando as empresas a elevar seus preços dados os salários que elas pagam Em outras palavras o salário real resultante da fixação de preços diminuiria à medida que o emprego aumentasse No entanto de vários modos os dois enfoques são diferentes A relação padrão de oferta de trabalho dá o salário pelo qual um dado número de trabalhadores está disposto a trabalhar Quanto mais alto o salário maior o número de trabalhadores dispostos a trabalhar Em contrapartida o salário correspondente a um dado nível de emprego na relação de fixação de salá rios é resultado de um processo de negociação entre trabalhadores e empresas ou da fixação unilateral de salários por parte das empresas Fatores como a estrutura da negociação coletiva ou o uso do salário para impedir demissões voluntárias afetam a rela ção de fixação de salários No mundo real parecem desempenhar um papel importante Contudo não têm papel algum na relação de oferta de trabalho padrão A relação padrão de demanda por trabalho dá o nível de emprego escolhido pelas empresas a um dado salá rio real É derivada sob a hipótese de que as empresas operem em mercados de bens e de trabalho competi tivos e portanto tomem os salários e os preços e consequentemente o salário real como dados Por outro lado a relação de fixação de preços leva em consideração o fato de que na maioria dos mercados as empresas efetivamente fixam os preços Fatores como o grau de concorrência no mercado de bens afetam a relação de fixação de preços ao afetarem a margem Esses fatores contudo não são considerados na relação padrão de demanda por trabalho No arcabouço composto por oferta de trabalho e demanda por trabalho os desempregados estão volun tariamente desempregados No salário real de equilíbrio eles preferem permanecer desempregados a trabalhar Em contrapartida no arcabouço composto por fixa ção de salários e fixação de preços o desemprego provavelmente é involuntário Por exemplo se as empresas pagam um salárioeficiência um salá rio acima do salário reserva os trabalhadores preferem estar empregados a estar desempregados Entretanto no equilíbrio ainda há desemprego involuntário Esse arcabouço também parece refle tir melhor a realidade do que aquele composto por oferta de trabalho e demanda por trabalho Esses são os três motivos pelos quais nos apoiamos nas relações de fixação de salários e de fixação de preços e não no enfoque de oferta de trabalho e demanda por trabalho para descrever o equilíbrio neste capítulo Figura 1 Fixação de salários e preços e o nível natural de emprego Fixação de preços Fixação de salários Emprego N L Nn N U A Salário real WP 1 1 1 m BookBlanchard 1indb 169 241017 1717 Capítulo 8 Curva de Phillips taxa natural de desemprego e inflação 171 Fonte Historical Statistics of the United States Disponível em httphsuscambridgeorgHSUSWebindexdo Acesso em 11 jul 2017 Figura 81 Inflação versus desemprego nos Estados Unidos 19001960 No período de 1900 a 1960 uma taxa de desemprego baixa nos Estados Unidos foi normalmente associada a uma taxa de inflação alta e uma taxa de desemprego alta foi normalmente associada a uma taxa de inflação baixa ou negativa Taxa de desemprego percentual Taxa de inflação percentual 20 15 10 5 0 5 10 15 0 5 10 15 20 25 81 Inflação inflação esperada e desemprego No Capítulo 7 derivamos a equação a seguir para fins de determinação de salá rios Equação 71 W Pe Fu z O salário nominal W estabelecido pelos fixadores de salários descritos no capítulo anterior depende do nível esperado de preços Pe da taxa de desemprego u e de uma variável z que captura todos os outros fatores que afetam a determinação dos salários desde o segurodesemprego até a forma de negociação coletiva Também no Capítulo 7 derivamos a equação a seguir para determinação de preços Equação 63 P 1 mW O preço P estipulado pelas empresas de modo equivalente o nível de preços é igual ao salário nominal W vezes 1 mais a margem m Usamos então essas duas relações com a hipótese adicional de que o nível de preços real era igual ao nível esperado de preços Sob esta hipótese derivamos a taxa natural de desemprego Agora vamos explorar o que acontece quando não impomos a hipótese adicional Substituir o salário nominal na segunda equação pela sua expressão dada pela primeira resulta em P Pe1 m Fu z Um aumento do nível esperado de preços leva a um aumento dos salários nominais o que por sua vez leva as empresas a elevarem seus preços provocando uma elevação no nível de preços Um aumento da taxa de desemprego leva a uma redução dos salários nominais o que por sua vez acarreta preços mais baixos e uma diminuição no nível de preços BookBlanchard 1indb 171 241017 1717 Capítulo 8 Curva de Phillips taxa natural de desemprego e inflação 173 nos referir a variáveis como inflação inflação esperada ou desemprego em um ano específico Portanto reescrevemos a Equação 82 como pt pt e 1m z2 aut 83 As variáveis t pt pt e e ut referemse respectivamente a inflação inflação esperada e desemprego no ano t Note que não há índices temporais em m e z Isso ocorre porque embora m e z possam se mover ao longo do tempo isto se dará lentamente em especial relativamente ao movimento da inflação e do desemprego Assim por ora vamos tratálos como constantes Equipados com a Equação 83 podemos retomar a curva de Phillips e suas mutações 82 Curva de Phillips e suas mutações Vamos começar com a relação entre desemprego e inflação da maneira como foi descoberta por Phillips Solow e Samuelson A primeira encarnação Suponhamos que a inflação varie de um ano para o outro em torno de algum valor pQ Suponhamos também que a inflação não seja persistente de modo que a deste ano não sirva de parâmetro para a do próximo ano Tratase de uma des crição satisfatória do comportamento da inflação no período em que Phillips ou Solow e Samuelson estudavam o assunto Em tal ambiente faz sentido que os fixadores de salários assumam que qualquer que seja a inflação do ano anterior a inflação do ano presente será simplesmente igual a pQ Neste caso pt e pQ e a Equação 83 tornase pt pQ 1m z2 aut 84 Neste caso observaremos uma relação negativa entre desemprego e inflação Esta é precisamente a relação negativa entre desemprego e inflação que Phillips encon trou para o Reino Unido e Solow e Samuelson para os Estados Unidos Quando o desemprego era elevado a inflação era baixa às vezes até mesmo negativa Quando o desemprego era baixo a inflação era positiva O tradeoff aparente e seu desaparecimento Quando publicados esses resultados sugeriam que os formuladores de política econômica estavam diante de um tradeoff entre inflação e desemprego Se estives sem dispostos a aceitar mais inflação poderiam atingir menor desemprego Parecia ser um tradeoff atraente e a partir do início dos anos 1960 a política macroeco nômica norteamericana visou reduzir continuamente o desemprego A Figura 82 apresenta as combinações das taxas de inflação e desemprego nos Estados Unidos ano a ano de 1961 a 1969 Observe como a relação entre desemprego e inflação correspondente à Equação 84 se manteve durante a longa expansão econômica de quase toda a década de 1960 De 1961 a 1969 a taxa de desemprego baixou continua mente de 68 para 34 e a da inflação subiu de 10 para 55 Expresso de modo informal a economia dos EUA deslocouse para cima ao longo da curva de Phillips original Realmente parecia que se os formuladores de política econômica estivessem dispostos a aceitar uma inflação mais elevada poderiam atingir um desemprego mais baixo BookBlanchard 1indb 173 241017 1717 174 Macroeconomia Entretanto por volta de 1970 a relação entre a taxa de inflação e a taxa de desem prego tão evidente na Figura 82 quebrou A Figura 83 mostra a combinação da taxa de inflação e da taxa de desemprego nos Estados Unidos para cada ano desde 1970 Os pontos estão dispersos em uma nuvem aproximadamente simétrica não existe mais qualquer relação visível entre a taxa de desemprego e a taxa de inflação Fonte Series UNRATE CPIAUSCL Federal Reserve Economic Data FRED Disponível em httpresearchstlouisfedorg fred2 Acesso em 11 jul 2017 Figura 82 Inflação versus desemprego nos Estados Unidos 19481969 A redução contínua na taxa de desemprego nos Estados Unidos durante a década de 1960 esteve associada a um aumento contínuo da taxa de inflação Taxa de desemprego percentual 1969 Taxa de inflação percentual 8 7 6 5 4 3 2 1 0 1 30 40 50 60 70 1968 1967 1966 1965 1964 1962 1963 1961 Fonte Series UNRATE CPIAUSCL Federal Reserve Economic Data FRED Figura 83 Inflação versus desemprego nos Estados Unidos 19702014 A partir de 1970 a relação entre taxa de desemprego e taxa de inflação desapareceu nos Estados Unidos 2 0 2 4 6 8 10 12 14 3 4 5 6 7 8 9 10 Taxa de inflação percentual Taxa de desemprego percentual BookBlanchard 1indb 174 241017 1717 Capítulo 8 Curva de Phillips taxa natural de desemprego e inflação 175 Por que a curva de Phillips original desapareceu Porque os fixadores de salários mudaram o modo como formavam suas expectativas em relação à inflação Essa mudança veio por sua vez de uma mudança no comportamento da infla ção A inflação tornouse mais persistente Aumentou a probabilidade de a inflação alta de um ano ser seguida por uma inflação alta no seguinte Assim as pessoas ao formarem suas expectativas começaram a levar em conta a persistência da inflação Essa mudança na formação de expectativas acabou por modificar a natureza da relação entre desemprego e inflação Examinemos melhor o argumento do parágrafo anterior Suponhamos que as expectativas de inflação sejam formadas de acordo com pt e 11 u2pQ upt 1 85 Em outras palavras a inflação esperada deste ano depende em parte de um valor constante pQ com peso 1 u e em parte da inflação no ano anterior que denotamos por pt 1 com peso u Quanto maior o valor de u mais a inflação do ano anterior levará os trabalhadores e as empresas a rever suas expectativas sobre a inflação para este ano e portanto maior será a taxa de inflação esperada Podemos pensar no que aconteceu na década de 1970 como um aumento do valor de u ao longo do tempo Enquanto a inflação se mantinha não persistente era razoável que trabalhado res e empresas ignorassem a inflação passada e admitissem um valor constante para a inflação No período examinado por Phillips e também por Samuelson e Solow u era próximo de zero e as expectativas eram aproximadamente dadas por pe pQ A curva de Phillips era dada pela Equação 84 Mas à medida que a inflação se tornava mais persistente trabalhadores e empresas começaram a mudar o modo de formar expectativas Eles partiram do princípio de que se a inflação fora alta no ano anterior provavelmente também seria alta no seguinte O parâmetro u o efeito da taxa de inflação do ano anterior sobre a taxa de inflação esperada para o ano atual aumen taria As evidências sugerem que em meados da década de 1970 as pessoas formavam suas expectativas esperando que a taxa de inflação do ano atual seria igual à taxa de inflação do ano anterior em outras palavras que u fosse igual a 1 Agora voltemos para as implicações de valores diferentes de u sobre a relação entre inflação e desemprego Para isso vamos substituir a Equação 85 para o valor de e t na Equação 82 pt 11 u2pQ upt 1 1m z2 aut pe 6 Quando u é igual a zero obtemos a curva de Phillips original uma relação entre a taxa de inflação e a taxa de desemprego pt pQ 1m z2 aut Quando u é positivo a taxa de inflação depende não só da taxa de desemprego mas também da taxa de inflação do ano anterior pt 11 u2pQ 1m z2 upt 1 aut Quando u é igual a 1 a relação tornase passando a taxa de inflação do ano anterior para o lado esquerdo da equação a seguinte pt pt 1 1m z2 aut 86 BookBlanchard 1indb 175 241017 1717 Capítulo 8 Curva de Phillips taxa natural de desemprego e inflação 181 possibilidade de trabalhadores contestarem a decisão e têla revertida A intenção da proteção ao emprego é reduzir as demis sões e assim proteger os trabalhadores do risco do desemprego Isso de fato acontece Mas o que tal pro teção também faz é aumentar o custo da mão de obra para a empresa e portanto diminuir o número de con tratações dificultando a busca de um novo emprego para o desempregado As evidências sugerem que embora a proteção ao emprego não necessariamente aumente o desemprego ela altera sua natureza a oscilação do desemprego diminui mas sua duração média aumenta Uma duração longa aumenta o risco de os desempregados perderem suas habilidades e autoestima afetando sua empregabilidade Saláriosmínimos A maioria dos países europeus define um saláriomínimo nacional Em alguns países a relação entre o saláriomínimo e a renda mediana pode ser bastante alta Saláriosmínimos muito altos certamente correm o risco de reduzir o emprego para trabalhadores menos qualificados elevando sua taxa de desemprego Regras de negociação Na maior parte dos países europeus os contratos de trabalho estão sujeitos a acordos de extensão Um acordo definido por um subgrupo de empresas e sindicatos pode ser auto maticamente ampliado para todas as empresas no setor Essa medida reforça consideravelmente o poder de negociação dos sindicatos pois reduz o escopo para competição por parte das empresas não sindi calizadas Como vimos no Capítulo 7 um forte poder de negociação por parte dos sindicatos pode resultar em maior desemprego a taxa de desemprego mais alta é necessária para harmonizar as demandas dos trabalhadores e os salários pagos pelas empresas Essas instituições do mercado de trabalho realmente explicam o alto desemprego na Europa O caso está aberto ou fechado Mais ou menos Aqui é importante lembrar dois fatos Fato 1 o desemprego nem sempre foi alto na Europa Na década de 1960 a taxa de desemprego nos quatro prin cipais países continentais europeus era cerca de 2 a 3 mais baixa do que a dos Estados Unidos Os economistas norteamericanos cruzavam o oceano para estudar o milagre do desemprego europeu A taxa natural hoje nesses países está em torno de 8 a 9 Como se explica esse aumento Uma hipótese é a de que as instituições eram dife rentes naquela época e a rigidez do mercado de trabalho surgiu somente nos últimos 40 anos Mas não é esse o caso É verdade que em resposta aos choques adversos da década de 1970 em particular as duas recessões que sucederam os aumentos do preço do petróleo mui tos governos europeus aumentaram a generosidade do segurodesemprego e o grau da proteção ao emprego Entretanto nem na década de 1960 as instituições do mercado de trabalho europeu se pareciam com as norte americanas A proteção social era mais alta na Europa e ainda assim o desemprego era menor Uma linha mais convincente de explicação se con centra na interação entre instituições e choques Algumas instituições do mercado de trabalho podem ser favorá veis em alguns ambientes e muito custosas em outros Consideremos a proteção ao emprego por exemplo Se a competição entre as empresas é limitada a necessidade de ajustar o emprego em cada empresa pode ser limitada também e portanto o custo da proteção ao emprego pode ser baixo Contudo se a competição aumenta entre empresas nacionais ou estrangeiras o custo da proteção ao emprego pode se tornar muito alto As empresas que não conseguirem ajustar rapidamente sua força de trabalho podem simplesmente deixar de competir e sair do negócio Fato 2 antes do início da recente crise uma série de países europeus apresentava baixo desemprego con forme mostra a Figura 1 que mostra a taxa de desem prego para 15 países europeus em 2006 os 15 membros da União Europeia antes da ampliação para 27 países Optamos por 2006 porque em todos esses países a inflação era estável sugerindo que a taxa de desemprego era aproximadamente igual à taxa natural Como se pode ver a taxa de desemprego era real mente alta nos quatro grandes países continentais França Espanha Alemanha e Itália Mas vale notar como a taxa de desemprego era baixa em alguns dos outros países especialmente Dinamarca Irlanda e Holanda Será que nesses países com baixo desemprego têm se segurodesemprego baixo baixa proteção ao emprego e sindicatos fracos Infelizmente as coisas não são tão simples Países como a Irlanda e o Reino Unido contam com instituições no mercado de trabalho que se parecem com as dos EUA segurodesemprego limitado baixa proteção ao emprego e sindicatos fracos Mas países como a Dinamarca e a Holanda possuem alto grau de proteção social em especial altos segurosdesemprego e sindicatos fortes O que concluir então Um consenso cada vez mais forte entre os economistas é o de que o problema mora nos pequenos detalhes uma proteção social gene rosa é compatível com um baixo desemprego mas deve ser oferecida de forma eficiente Por exemplo o M08BLAN058107SEC08indd 181 251017 1035 186 Macroeconomia 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 02 016 012 008 004 0 004 008 012 016 02 024 028 032 036 04 044 048 052 056 06 1984 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 02 016 012 008 004 0 004 008 012 016 02 024 028 032 036 04 044 048 052 056 06 2012 Proporção de salários Proporção de salários Variação do salário variação percentual Variação do salário variação percentual Fonte Pedro Portugal com base em pesquisa domiciliar portuguesa Figura 85 Distribuição das variações salariais em Portugal em tempos de alta e baixa inflação Resumo O equilíbrio do mercado de trabalho implica uma relação entre inflação inflação esperada e desem prego Dado o desemprego uma inflação esperada maior leva a uma inflação maior Dada a inflação esperada um desemprego maior leva a uma infla ção menor Quando a inflação não é muito persistente a inflação esperada não depende da inflação pas sada Assim a relação tornase uma relação entre inflação e desemprego Foi isso que Phillips no Reino Unido e Solow e Samuelson nos Estados Unidos descobriram quando examinaram no final da década de 1950 o comportamento conjunto do desemprego e da inflação À medida que a inflação se tornou mais persis tente a partir da década de 1960 as expectativas de inflação passaram a se basear cada vez mais na inflação passada A relação passou a ser entre o desemprego e a variação da inflação O desemprego alto leva a uma inflação decrescente o desemprego baixo leva a uma inflação crescente A taxa natural de desemprego é a taxa de desem prego em que a taxa de inflação permanece constante Quando a taxa de desemprego efetivo ultrapassa a taxa natural de desemprego a taxa de inflação normalmente diminui quando a taxa de desemprego efetivo é menor do que a taxa natural de desemprego a taxa de inflação normalmente aumenta A taxa natural de desemprego depende de muitos fatores que diferem de um país para outro e podem variar ao longo do tempo É por isso que a taxa BookBlanchard 1indb 186 241017 1717 Capítulo 8 Curva de Phillips taxa natural de desemprego e inflação 187 Palavraschave acordos de extensão 181 curva de Phillips 170 curva de Phillips aceleracionista 176 curva de Phillips aumentada pelas expectativas 176 curva de Phillips modificada 176 indexação de salários 184 rigidez do mercado de trabalho 179 taxa de desemprego não aceleradora da inflação NAIRU 179 Questões e problemas Teste rápido 1 Usando as informações contidas neste capítulo diga se cada afirmação a seguir é verdadeira falsa ou incerta Explique brevemente a A curva de Phillips original é a relação negativa entre desemprego e inflação observada pela pri meira vez no Reino Unido b A relação da curva de Phillips original mostrouse muito estável de um país para outro e ao longo do tempo c Em alguns períodos da história a inflação foi muito persistente entre anos contíguos Em outros a inflação de um ano foi um preditor insatisfatório da inflação do ano seguinte d Os formuladores de política econômica podem explorar o tradeoff entre inflação e desemprego apenas temporariamente e A inflação esperada é sempre igual à inflação efetiva f No final da década de 1960 os economistas Milton Friedman e Edmund Phelps afirmaram que os for muladores de política econômica podiam atingir uma taxa de desemprego tão reduzida quanto desejassem g Se as pessoas assumirem que a inflação será a mesma do último ano a relação da curva de Phillips será entre a variação da taxa de inflação e a taxa de desemprego h A taxa natural de desemprego é constante ao longo do tempo dentro de um país i A taxa natural de desemprego é a mesma em todos os países j Deflação significa que a taxa de inflação é negativa 2 Comente as seguintes afirmações a A curva de Phillips implica que quando o desem prego é alto a inflação é baixa e viceversa Portanto podemos experimentar ou inflação alta ou desemprego alto mas nunca ambos simultaneamente b Desde que a inflação elevada não nos incomode podemos atingir o nível de desemprego mais baixo que desejarmos Tudo o que precisamos fazer é aumentar a demanda por bens e serviços usando por exemplo uma política fiscal expansionista natural de desemprego varia entre países sendo mais alta na Europa do que nos Estados Unidos Além disso a taxa natural de desemprego varia ao longo do tempo Na Europa esta taxa aumentou muito desde a década de 1960 Nos Estados Unidos aumentou da década de 1960 à de 1980 e parece ter diminuído desde então As mudanças no modo como a taxa de inflação varia ao longo do tempo afetam o modo como os fixadores de salários formam expectativas e também a extensão em que utilizam a indexação de salários Quando a indexação de salários está amplamente disseminada pequenas mudanças no desemprego podem levar a variações muito grandes da inflação Com altas taxas de inflação a relação entre inflação e desemprego desaparece completamente A taxas de inflação muito baixas ou negativas a relação da curva de Phillips parece enfraquecer Durante a Grande Depressão até mesmo o desem prego muito alto levou apenas a uma deflação limi tada Esta questão é importante pois muitos países têm inflação baixa atualmente BookBlanchard 1indb 187 241017 1717 188 Macroeconomia c Em períodos de deflação os trabalhadores resis tem a reduções em seus salários nominais apesar de os preços estarem caindo 3 A taxa natural de desemprego a A curva de Phillips é pt pte 1m z2 aut Reescreva esta relação como uma relação entre o desvio da taxa de desemprego da taxa natural inflação e inflação esperada b No capítulo anterior derivamos a taxa natural de desemprego Qual a condição sobre o nível de preços e sobre o nível de preços esperado foi imposta nessa derivação Como isso se relaciona com a condição imposta no item a c Como a taxa natural de desemprego varia com a margem d Como a taxa natural de desemprego varia com o termo abrangente z e Identifique duas importantes fontes de variação na taxa natural de desemprego entre países e ao longo do tempo 4 A formação da inflação esperada O texto propõe o seguinte modelo de inflação esperada pte 11 u2 pQ upt 1 a Descreva o processo de formação da inflação esperada quando u 0 b Descreva o processo de formação da inflação esperada quando u 1 c Como você forma sua própria expectativa de infla ção Mais como em a ou mais como em b 5 Mutações da curva de Phillips Suponhamos que a curva de Phillips seja dada por pt pte 01 2ut e a inflação esperada seja dada por pte 11 u2 pQ upt 1 e suponhamos que u seja inicialmente igual a zero e pQ seja dado e não varie Pode ser igual a zero ou qualquer valor positivo Suponhamos que a taxa de desemprego seja inicialmente igual à taxa natural No ano t as auto ridades decidem reduzir a taxa de desemprego para 3 e mantêla nesse patamar para sempre a Determine a taxa de inflação dos períodos t 1 t 2 t 3 t 4 t 5 Como se compara com pQ b Você acredita na resposta dada em a Justifique Dica pense em como as pessoas provavelmente formam as expectativas de inflação Agora suponhamos que no ano t 6 u aumente de 0 para 1 Suponha que o governo ainda esteja determi nado a manter u em 3 para sempre c Por que u deve aumentar dessa forma d Qual será a taxa de inflação nos anos t 6 t 7 e t 8 e O que acontece com a inflação quando u 1 e o desemprego é mantido abaixo da taxa natural de desemprego f O que acontece com a inflação quando u 1 e o desemprego é mantido à taxa natural de desemprego Aprofundando 6 Os efeitos macroeconômicos da indexação de salários Suponhamos que a curva de Phillips seja dada por pt pte 01 2ut em que pt e pt 1 Suponhamos que a inflação no ano t 1 seja igual a zero No ano t o Banco Central decide manter a taxa de desemprego em 4 para sempre a Calcule a taxa de inflação para os anos t t 1 t 2 e t 3 Agora suponhamos que metade dos trabalhadores tenha contratos de trabalho indexados b Qual é a nova equação da curva de Phillips c Com base em sua resposta no item b recalcule sua resposta para o item a d Qual é o efeito da indexação de salários sobre a relação entre e u 7 Estimativa da taxa natural de desemprego Para responder a esta questão você precisará de dados sobre as taxas anuais de inflação e desemprego nos Estados Unidos desde 1970 os quais podem ser obti dos no site do Economic Report of the President httpswwwgpogovfdsysbrowsecollection actioncollectionCodeERP Planilhas em Excel dos valores podem ser baixadas Baixe os dados anuais da taxa de desemprego civil No relatório do ERP de 2015 é a Tabela B12 Além disso baixe o aumento percentual anual do índice de preços ao consumidor referente a todos consumidores urbanos No relatório do ERP de 2015 é a Tabela B10 Você pode acessar os mesmos dados no site do Federal Reserve Bank of St Louis FRED BookBlanchard 1indb 188 241017 1717 Capítulo 8 Curva de Phillips taxa natural de desemprego e inflação 189 a Com os dados trace um gráfico para todos os anos a partir de 1970 com a variação da infla ção no eixo vertical e a taxa de desemprego no eixo horizontal Seu gráfico é semelhante à Figura 84 b Com o auxílio de uma régua trace a reta que parece se ajustar melhor à nuvem de pontos da figura Qual é a declividade aproximada da sua reta Qual é o intercepto Escreva a equação correspondente c De acordo com a análise em b qual tem sido a taxa natural de desemprego desde 1970 8 Mudanças na taxa natural de desemprego a Repita a Questão 6 desenhando agora gráficos separados para o período 19701990 e de 1990 em diante b Você acha que a relação entre inflação e desem prego é diferente nos dois períodos Caso seja como a taxa natural de desemprego mudou Explorando mais 9 Usando a taxa natural de desemprego para prever mudanças na inflação A curva de Phillips estimada da Figura 84 é pt pt 1 30 05 ut Preencha a tabela a seguir usando os dados coletados na Questão 7 Você pode usar uma planilha a Avalie a capacidade da curva de Phillips de prever mudanças na inflação durante todo o período de tempo b Avalie a capacidade da curva de Phillips para prever mudanças na inflação durante os anos de crise de 2009 e 2010 O que você acha que pode estar acontecendo c Você pode adicionar anos após 2014 à sua tabela Avalie a capacidade preditiva fora da amostra da curva de Phillips aumentada pelas expectativas estimada com os dados que terminam em 2014 para prever a inflação após 2014 Ano Inflação Desemprego Variação prevista na inflação Variação prevista na inflação menos a variação efetiva na inflação 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 Anos futuros BookBlanchard 1indb 189 241017 1717 190 Macroeconomia 10 A taxa de inflação e a inflação esperada em diferentes décadas Preencha os valores na tabela a seguir para a inflação e a inflação esperada usando a década de 1960 Aqui você terá de encontrar os dados usando a base de dados do FRED operada pelo Federal Reserve Bank of St Louis A série está na Questão 7 Você se sairá melhor usando uma planilha A partir da década de 1960 Ano t Inflação efetiva t 1 Inflação efetiva defasada t e Inflação esperada sob diferentes hipóteses t e t Diferença inflação esperada menos inflação efetiva sob diferentes hipóteses Ano Suponha u 0 e Q 0 Suponha u 10 Suponha u 0 e Q 0 Suponha u 10 1963 1964 1965 1966 1967 1968 1969 a Zero é uma boa escolha para o valor de u na década de 1960 pQ 0 é uma boa escolha para um valor de pQ Como você faz essas avaliações b 1 é uma boa escolha para o valor de u na década de 1960 Como você faz essa avaliação Preencha os valores na tabela a seguir para a inflação e a inflação esperada usando as décadas de 1970 e 1980 Você se sairá melhor usando uma planilha Das décadas de 1970 e 1980 Ano t Inflação efetiva t 1 Inflação efetiva defasada t e Inflação esperada sob diferentes hipóteses t e t Diferença inflação esperada menos inflação efetiva sob diferentes hipóteses Ano Suponha u 0 e Q 0 Suponha u 10 Suponha u 0 e Q 0 Suponha u 10 1973 1974 1975 1976 1977 1978 1979 1980 1981 c Zero é uma boa escolha para o valor de u ou pQ na década de 1970 Como você faz essa avaliação d 1 é uma boa escolha para o valor de u na década de 1970 Como você faz essa avaliação e Como você compara o comportamento da infla ção seu nível médio e sua persistência nesses dois períodos BookBlanchard 1indb 190 241017 1717 Capítulo 8 Curva de Phillips taxa natural de desemprego e inflação 191 Apêndice Derivação da relação para uma relação entre inflação inflação esperada e desemprego Este apêndice mostra como ir da relação entre nível de preços nível esperado de preços e taxa de desemprego dada pela Equação 81 P Pe1 m1 au z para a relação entre inflação inflação esperada e taxa de desemprego dada pela Equação 82 e m z au Em primeiro lugar coloque subscritos temporais para o nível de preços o nível esperado de preços e a taxa de desemprego de modo que Pt t Pet e ut refiram se respectivamente a nível de preços nível esperado de preços e taxa de desemprego no ano t A Equação 81 tornase Pt Pte11 m211 aut z2 Em seguida passe de uma expressão em termos de níveis de preços para uma expressão em termos de taxas de inflação Divida ambos os lados pelo nível de preços do ano anterior Pt 1 Pt Pt 1 Pte Pt 1 11 m211 aut z2 8A1 Reescreva a fração PtPt 1 do lado esquerdo como Pt Pt 1 Pt Pt 1 Pt 1 Pt 1 1 Pt Pt 1 Pt 1 1 pt em que a primeira igualdade vem de subtrair e somar Pt 1 no numerador da fração a segunda igualdade vem do fato de que Pt 1Pt 1 1 e a terceira vem da definição da taxa de inflação 1pt K 1Pt Pt 12Pt 12 Faça o mesmo para a fração Pet Pt 1 do lado direito utilizando a definição da taxa de inflação esperada 1pte K 1Pte Pt 12Pt 12 Pte Pt 1 Pte Pt 1 Pt 1 Pt 1 1 Pte Pt 1 Pt 1 1 pte Substituindo Pt Pt1 e PtePt 1 Pt1 na Equação 8A1 pelas expressões que acabamos de derivar temos 11 pt2 11 pte211 m211 aut z2 Isso nos dá uma relação entre inflação t infla ção esperada pet e taxa de desemprego ut Os passos seguintes fazem que a relação pareça mais simples Divida ambos os lados por 11 pte211 m2 11 pt2 11 pte211 m2 1 aut z Enquanto a inflação a inflação esperada e a mar gem não forem grandes demais uma boa aproxima ção para o lado esquerdo dessa equação será dada por 1 pt pte m veja as proposições 3 e 6 no Apêndice 2 ao final do livro Substituindo na equação anterior e rearranjando temos pt pte 1m z2 aut Removendo os índices temporais essa é a Equação 82 do texto Mantendo os índices temporais essa é a Equação 83 A taxa de inflação t depende da taxa de inflação esperada pte e da taxa de desemprego ut A relação tam bém depende da margem m dos fatores que afetam a fixação de salários z e do efeito da taxa de desemprego sobre os salários a BookBlanchard 1indb 191 241017 1717 C A P Í T U L O 9 91 O modelo ISLMPC No Capítulo 6 derivamos a equação a seguir Equação 65 para o comporta mento do produto no curto prazo Y CY T IY r x G No curto prazo o produto é determinado pela demanda que é a soma de consumo investimentos e gastos governamentais O consumo depende da renda disponível que é igual à renda líquida de impostos O investimento depende do produto e da taxa de empréstimos real a taxa de juros real relevante às decisões de investimento é igual à taxa de empréstimo a soma da taxa básica real r definida pelo Banco Central com um prêmio de risco x Os gastos do governo são exógenos Como fizemos no Capítulo 6 podemos desenhar a curva IS contida na Equação 91 entre produto Y e a taxa básica r para impostos T prêmio de risco x e gastos governamentais G dados Isso é demonstrado na parte superior da Figura 91 A curva é inclinada para baixo Quanto menor a taxa básica real r dada pela curva plana LM maior o nível de equilíbrio do produto O mecanismo por trás da rela ção já deve ser familiar agora uma taxa básica mais baixa aumenta o investimento Maior investimento leva a maior demanda Maior demanda leva a maior produto O aumento do produto eleva ainda mais o consumo e o investimento acarretando maior aumento da demanda e assim por diante 91 A Seção 91 desenvolve o modelo ISLMPC A Seção 92 analisa a dinâmica de ajuste do produto e da inflação A Seção 93 examina os efeitos dinâmicos de uma consolidação fiscal A Seção 94 trata dos efeitos dinâmicos de um aumento no preço do petróleo A Seção 95 conclui o capítulo Do curto ao médio prazo o modelo ISLMPC Nos capítulos 3 a 6 analisamos o equilíbrio nos mercados de bens e nos mercados financeiros e vimos como no curto prazo o produto é determinado pela demanda Nos capítulos 7 e 8 examinamos o equilíbrio no mercado de trabalho e derivamos como o desemprego afeta a inflação Agora juntamos as duas partes para caracterizar o comportamento do produto do desemprego e da inflação tanto no curto quanto no médio prazo Diante de uma questão macroeconômica sobre determinado choque ou determinada política este modelo que denominaremos ISLMPC PC para curva de Phillips em inglês é normalmente o que usamos ou do qual partimos Esperamos que você o ache tão útil quanto nós O capítulo está organizado da seguinte forma BookBlanchard 1indb 192 241017 1717 198 Macroeconomia O fato de que leva tempo para que o produto volte ao seu nível natural levanta uma questão sobre a inflação Durante o processo de ajuste o produto se mantém consistentemente acima do potencial de modo que a inflação aumenta consisten temente Assim quando a economia atinge o ponto A a inflação é maior que no ponto A Se o Banco Central se preocupar não apenas com uma inflação estável mas também com o seu nível poderá muito bem decidir que deve não só estabilizar mas também reduzir a inflação Para isso é necessário elevar a taxa básica para além de rn a fim de baixar a inflação até que ela retorne a um nível aceitável pelo Banco Central Nesse caso o ajuste é mais complexo A economia sai de A e passa por A atingindo por exemplo o ponto C um ponto em que o Banco Central começa a reduzir a taxa básica de volta para rn Em outras palavras se o Banco Central almeja atingir um nível de inflação constante no médio prazo o crescimento inicial deve ser seguido por uma recessão O papel das expectativas revisitado A discussão anterior depende da forma como as pessoas formam suas expecta tivas e da forma específica da curva de Phillips Para verificar isso retomemos nossa discussão sobre a formação de expectativas no Capítulo 8 e em vez de assumir Produto Y rn Variação na taxa de inflação 0 Taxa de juros real r Produto Y PC Y A A Y C LM C IS Yn A A pp1 Figura 92 Produto e inflação de médio prazo No médio prazo a economia converge para o nível natural de produto e uma inflação estável BookBlanchard 1indb 198 241017 1717 200 Macroeconomia a inflação ainda está baixando Isso inicia o que os economistas chamam de espiral de deflação ou armadilha de deflação Vamos continuar assumindo que as expectativas inflacionárias sejam tais que os fixadores de salários esperam que a inflação seja a mesma do ano anterior de modo que um hiato do produto negativo implique inflação decrescente Se a inflação for igual a zero no início ela se tornará negativa E a inflação zero transformase em deflação Isso implica por sua vez que mesmo que a taxa nominal seja igual a zero a taxa básica real aumenta provocando uma demanda e um produto ainda mais baixos Deflação e produto baixo se alimentam um ao outro Um produto mais baixo acarreta mais deflação e mais deflação acarreta uma taxa de juros real mais alta e um produto mais baixo Como indicado pelas setas da Figura 93 em vez de convergir para o equilíbrio de médio prazo a economia se afasta dele com o produto diminuindo continuamente e a deflação aumentando continuamente Há pouco que o Banco Central possa fazer nesse cenário e a economia vai de mal a pior Produto Y Yn r Variação da taxa de inflação 0 PC Taxa de juros real r Produto Y Y 0 rn IS A Yn Y A A Y Y pp1 Figura 93 A espiral de deflação Se o limite inferior zero impede que a taxa básica eleve o produto de volta ao potencial o resultado pode ser uma espiral de deflação Mais deflação leva a uma taxa real mais alta e uma taxa real mais alta por sua vez leva a um produto mais baixo e a mais deflação BookBlanchard 1indb 200 241017 1717 202 Macroeconomia Esse cenário não retrata apenas uma preocupação teórica Tratase do cenário vivido durante a Grande Depressão Conforme mostrado no quadro Foco Deflação na Grande Depressão de 1929 a 1933 a inflação se transformou em uma deflação cada vez maior aumentando continuamente a taxa básica real e diminuindo os gastos e o produto até que outras medidas fossem tomadas e a economia começasse a se recuperar A recente crise suscitou preocupações semelhantes Com a taxa básica reduzida a zero nos principais países avançados a preocupação era de que a inflação ficasse negativa e começasse uma espiral semelhante Isso não aconteceu A inflação baixou e em alguns países virou deflação Como vimos no Capítulo 6 isso limitava a capacidade dos bancos centrais de baixar a taxa básica real e elevar o produto Mas a deflação permaneceu limitada e a espiral de deflação não aconteceu Uma razão associada à nossa discussão anterior sobre formação de expectativas é que as expectativas inflacionárias permaneceram amplamente ancoradas Como resultado a relação da curva de Phillips tomou a forma da Equação 95 em vez da 94 Um produto baixo acarretou inflação baixa e em alguns casos deflação moderada mas não uma deflação cada vez maior como foi o caso durante a Grande Depressão 93 Consolidação fiscal revisitada Podemos agora apresentar o modelo ISLMPC passo a passo Nesta seção vol tamos à consolidação fiscal discutida no Capítulo 5 Vamos analisar não somente seus efeitos de curto prazo mas também os de médio prazo Suponhamos que o produto esteja em seu potencial de modo que a economia se encontre no ponto A em ambos os gráficos da Figura 94 O produto Y é igual a Yn a taxa básica é igual a rn e a inflação está estável Agora suponhamos que o governo que apresentava um déficit decida por exemplo aumentar os impostos Em termos da Figura 94 esse aumento desloca a curva IS para a esquerda de IS para IS O novo equilíbrio de curto prazo é dado pelo ponto A em ambos os gráficos da Figura 94 À taxa básica dada rn o produto diminui de Yn para Y e a inflação começa a baixar Em outras palavras se o produto estava no potencial de início a consolidação fiscal por mais desejável que possa ser por outras razões leva a uma recessão Esse é o equilíbrio de curto prazo que descrevemos na Seção 53 do Capítulo 5 Note que à medida que a renda diminui e os impostos aumentam o consumo é reduzido em ambos os casos Observe também que à medida que o produto diminui isso também se dá com o investimento No curto prazo em bases macroeconômicas a consolidação fiscal não parece nada atrativa tanto o consumo quanto o investimento caem Vamos no entanto recorrer à dinâmica e ao médio prazo Visto que o produto é muito baixo e a inflação está diminuindo o Banco Central deve reagir e baixar a taxa básica até o produto voltar ao potencial Em termos da Figura 94 a economia movese para baixo na curva IS do gráfico superior e eleva o produto Com o aumento do produto a economia movese para cima na curva PC do gráfico inferior até o produto voltar ao potencial Assim o equilíbrio de médio prazo é dado pelo ponto A em ambos os gráficos O produto retorna a Yn e a inflação à estabilidade A taxa básica necessária para manter o produto no potencial passa a ser menor que antes igual a rn em vez de rn Agora vejamos a composição do produto nesse novo equilí brio Como a renda é a mesma de antes da consolidação fiscal mas os impostos são maiores o consumo é menor embora não tanto quanto no curto prazo Uma vez que o produto é o mesmo de antes mas a taxa de juros é menor o investimento é mais alto Em outras palavras a redução do consumo é compensada por uma elevação no investimento de modo que a demanda por implicação permanece inalterada Isso BookBlanchard 1indb 202 241017 1717 204 Macroeconomia 94 Efeitos de um aumento no preço do petróleo Até aqui analisamos choques à demanda os quais deslocaram a curva IS mas deixamos intactos o produto potencial e assim a posição da curva PC Há outros choques porém que afetam tanto a demanda quanto o produto potencial e desem penham um papel importante nas flutuações Um candidato óbvio são as oscilações no preço do petróleo Para entender por que consulte a Figura 95 A Figura 95 representa duas séries A primeira representada pela linha contínua é o preço em dólar do petróleo isto é o preço de um barril de petróleo em dólares desde 1970 É medida no eixo vertical esquerdo e consiste na série citada nos jornais todos os dias O que importa no entanto para as decisões econômicas não é o preço em dólar mas o preço real do petróleo isto é o preço em dólar do petróleo dividido pelo nível de preços Assim a segunda série na figura representada pela linha tracejada mostra o preço real do petróleo construído dividindo o preço em dólar pelo índice de preços ao consumidor dos Estados Unidos Observe que o preço real é um índice isto é normalizado a 100 em 1970 É medido no eixo vertical à direita O que impressiona na figura é o porte das oscilações no preço real do petróleo Duas vezes nos últimos 40 anos a economia dos EUA foi atingida com um aumento de cinco vezes no preço real do petróleo a primeira na década de 1970 e a segunda na década de 2000 A crise então levou a uma queda drástica no final de 2008 seguida por uma recuperação parcial e desde 2014 o preço caiu novamente para níveis anteriores a 2000 O que estava por trás dos dois grandes aumentos Na década de 1970 os prin cipais fatores foram a criação da OPEP Organização dos Países Exportadores de Petróleo um cartel de produtores de petróleo que conseguiu atuar como monopólio e aumentar preços e transtornos causados por guerras e revoluções no Oriente Médio Na década de 2000 o principal fator era muito diferente a saber o rápido crescimento das economias emergentes em particular a China que provo cou um acelerado aumento na demanda mundial de petróleo e por implicação um aumento contínuo nos preços reais do petróleo Figura 95 Preços nominal e real do petróleo 19702015 Nos últimos 40 anos houve dois aumentos acentuados no preço real do petróleo o primeiro na década de 1970 e o segundo na década de 2000 Fonte Series OILPRICE CPIAUSCL Federal Reserve Economic Data FRED Disponível em httpresearchstlouisfedorg fred2 O valor do índice é estipulado como igual a 100 em 1970 Acesso em 12 jul 2017 100 200 500 600 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 1970 1973 1976 1979 1982 1985 1988 1991 1994 1997 2000 2003 2006 2009 2012 Preço do petróleo em dólares Índice do preço real do petróleo eixo direito 2015 400 300 BookBlanchard 1indb 204 241017 1717 Capítulo 9 Do curto ao médio prazo o modelo ISLMPC 205 O que estava por trás das duas grandes reduções A súbita queda do preço no final de 2008 foi resultado da crise que levou a uma grande recessão e por sua vez a uma ampla e repentina queda na demanda por petróleo As causas da queda mais recente desde 2014 ainda estão em discussão A maioria dos observadores acredita que é uma combinação de aumento da oferta decorrente do aumento na produção de petróleo de xisto nos Estados Unidos e do colapso parcial do cartel da OPEP Vamos nos concentrar nos dois grandes aumentos Embora as causas tenham sido diferentes a implicação para as empresas e os consumidores dos EUA foi a mesma petróleo mais caro A questão é quais seriam os efeitos esperados de curto e médio prazos desses aumentos É evidente porém que ao responder à pergunta enfrentamos um problema O preço do petróleo não aparece em nenhum lugar no modelo que desenvolvemos até agora A razão disso é que até aqui assumimos que o produto era produzido usandose apenas mão de obra Uma forma de estender nosso modelo seria reconhecer explicitamente que o produto é produzido usando mão de obra mais outros insumos incluindo energia e a seguir descobrir qual é o efeito de um aumento no preço do petróleo sobre o preço fixado pelas empresas e a relação entre produto e emprego Um modo mais fácil e o caminho que seguiremos é simplesmente capturar o aumento no preço do petróleo com um aumento em m a margem do preço sobre o salário nominal A justificativa é simples Dados os salários um aumento no preço do petróleo aumenta o custo de produção forçando as empresas a aumentar os preços para manter a mesma taxa de lucratividade Partindo deste pressuposto podemos acompanhar os efeitos dinâmicos de um aumento na margem sobre produto e inflação Efeitos sobre a taxa natural de desemprego Vamos começar questionando o que acontece com a taxa natural de desemprego quando o preço real do petróleo sobe para simplificar deixaremos de mencionar real daqui em diante A Figura 96 reproduz a descrição do equilíbrio do mercado de trabalho da Figura 78 no Capítulo 7 Figura 96 Efeitos de um aumento no preço do petróleo sobre a taxa natural de desemprego Um aumento no preço do petróleo equivale a um aumento na margem Isto leva a salários reais mais baixos e a uma taxa natural de desemprego mais alta PS Taxa de desemprego u un un WS A A PS Salário real WP 1 1 1 m 1 1 1 m BookBlanchard 1indb 205 241017 1717 Capítulo 9 Do curto ao médio prazo o modelo ISLMPC 209 de ajuste excederá a diminuição de médio prazo por algum tempo Em termos mais simples a economia pode passar por uma grande recessão com apenas uma recuperação parcial A terceira questão está relacionada com a segunda e mais uma vez tem a ver com a formação de expectativas inflacionárias Suponhamos que em vez de assumir que a inflação seja igual à do último ano os fixadores de salários esperem que ela seja constante Nesse caso como vimos o produto acima do potencial leva a uma inflação alta e não crescente Desse modo à medida que o produto declina para seu menor nível potencial a inflação também declina Quando a economia atinge o ponto A a inflação volta para onde estava antes do aumento no preço do petróleo Não há necessidade de o Banco Central reduzir ainda mais o produto para reduzir a inflação Mais uma vez isso mostra a importância da formação de expectativas sobre os efeitos dinâmicos dos choques Isso também ajuda a explicar a diferença entre o efeito do preço do petróleo na década de 1970 que provocou alta inflação e profunda recessão e os efeitos do preço do petróleo na década de 2000 que foram muito mais favoráveis Isso é explorado em detalhes no quadro Foco Aumentos no preço do petróleo por que os anos 2000 foram tão diferentes dos anos 1970 95 Conclusões Este capítulo cobriu muitos temas Vamos reforçar algumas ideias principais e elaborar algumas conclusões Curto prazo versus médio prazo A principal mensagem deste capítulo é a de que choques ou mudanças na política econômica tipicamente têm efeitos diferentes no curto e médio prazos As divergências entre os economistas sobre os efeitos de várias políticas normalmente advêm de diferenças na estrutura de tempo que eles têm em mente Aqueles que se preocupam com o produto e o investimento no curto prazo podem relutar em ado tar a consolidação fiscal Mas aqueles que têm foco no médio e longo prazos verão que a consolidação auxilia o investimento e eventualmente com mais investimento e por conseguinte acumulação de capital eleva o produto Uma implicação é que nossa posição depende em particular de quão rápido achamos que a economia se ajusta aos choques Se acreditarmos que leva muito tempo para o produto retornar ao potencial naturalmente nos concentraremos mais no curto prazo e estaremos dispostos a usar políticas que aumentem o produto no curto prazo mesmo que os efeitos de médio prazo sejam nulos ou negativos Se acreditarmos que o produto retorna ao potencial rapidamente daremos mais ênfase às implicações de médio prazo e por implicação relutaremos em usar essas políticas Choques e mecanismos de propagação Este capítulo também apresenta uma forma geral de pensar sobre as flutuações do produto às vezes chamadas de ciclos econômicos movimentos do produto em torno de sua tendência uma tendência que ignoramos até agora mas sobre a qual nos concentraremos nos capítulos 10 a 13 Podemos ver a economia como constantemente afetada por choques Esses choques podem ser deslocamentos no consumo provenientes de mudanças na confiança do consumidor deslocamentos no investimento e assim por diante Eles BookBlanchard 1indb 209 241017 1717 Capítulo 9 Do curto ao médio prazo o modelo ISLMPC 211 Flutuações econômicas são o resultado de um fluxo contínuo de choques na oferta ou na demanda agre gada e dos efeitos dinâmicos de cada um desses choques sobre o produto Às vezes os choques iso lados ou combinados são adversos o suficiente para levar a uma recessão Palavraschave armadilha de deflação 200 choques 209 ciclos econômicos 209 coeficiente de Okun 196 espiral de deflação 200 estagflação 207 expectativas ancoradas 199 flutuações do produto 209 hiato do produto 194 mecanismo de propagação 210 Organização dos Países Exportadores de Petróleo OPEP 204 produto potencial 194 reserva de mão de obra 196 taxa de juros natural 197 taxa de juros neutra 197 taxa de juros wickselliana 197 Questões e problemas Teste rápido 1 Usando as informações contidas neste capítulo diga se cada afirmação a seguir é verdadeira falsa ou incerta Explique brevemente a A curva IS deslocase para cima com um aumento em G para cima com um aumento em T e para cima com um aumento em x b Se u un for maior que zero Y Yn é maior que zero c Se u un é igual a zero o produto está no potencial d Se u un for menor que zero o hiato do produto é negativo e Se o hiato do produto é positivo a inflação é maior que o esperado f Segundo a lei de Okun se o crescimento do pro duto aumentar um ponto percentual a taxa de desemprego cai um ponto percentual g À taxa natural de desemprego a inflação não está nem subindo nem caindo h Em um equilíbrio de médio prazo a taxa de infla ção é estável i O Banco Central sempre pode agir para manter o produto igual ao produto potencial j É mais fácil para o Banco Central manter o pro duto no produto potencial se as expectativas de inflação estiverem ancoradas k Um grande aumento no preço do petróleo aumenta a taxa natural de desemprego 2 O equilíbrio de médio prazo é caracterizado por quatro condições O produto é igual ao produto potencial Y Yn A taxa de desemprego é igual à taxa natural u un A taxa de juros real é igual à taxa de juros natural rn em que a demanda agregada é igual a Yn A taxa de inflação esperada e é igual à taxa real de inflação a Se o nível de inflação esperada for formado de modo que e seja igual a 1 caracterize o comportamento da inflação em um equilíbrio de médio prazo b Se o nível de inflação esperada for pQ qual será o nível de inflação real no equilíbrio de médio prazo c Escreva a relação IS como Y CY T IY r x G Suponhamos que rn seja de 2 Se x aumenta de 3 para 5 como o Banco Central deve mudar rn para manter o equilíbrio de médio prazo existente Explique d Suponhamos que G aumente Como o Banco Central deve mudar rn para manter o equilíbrio de médio prazo existente Explique e Suponhamos que T diminua Como o Banco Central deve mudar rn para manter o equilíbrio de médio prazo existente Explique f Para discutir no médio prazo uma expansão fiscal leva a um aumento na taxa natural de juros BookBlanchard 1indb 211 241017 1717 212 Macroeconomia 3 Os dois caminhos para o equilíbrio de médio prazo explorados neste capítulo fazem duas suposições dife rentes sobre a formação do nível de inflação esperada Um deles assume que o nível de inflação esperada seja igual à inflação defasada o nível de inflação esperada varia ao longo do tempo O outro caminho assume que o nível de inflação esperada está anco rado a um valor específico e nunca varia Comecemos no equilíbrio de médio prazo em que a inflação efe tiva e a esperada são iguais a 2 no período t a Suponhamos que haja um aumento na confiança do consumidor no período t 1 Como a curva IS muda Suponhamos que o Banco Central não altere a taxa básica real Como o equilíbrio de curto prazo no período t 1 se compara ao equi líbrio no período t b Consideremos o equilíbrio do período t 2 sob o pressuposto de que pt 2 e pt 1 Se o Banco Central deixar inalterada a taxa básica real como a inflação real no período t 2 vai se comparar com a inflação no período t 1 Como o Banco Central deve alterar a taxa nominal para manter a taxa real inalterada Continuemos para o período t 3 Fazendo a mesma suposição sobre o nível de inflação esperada e a taxa básica real como a inflação real no período t 3 se compara com a inflação no período t 2 c Consideremos o equilíbrio do período t 2 fazendo a suposição de que pt 2 e pQ Se o Banco Central deixar inalterada a taxa básica real como a inflação real no período t 2 vai se comparar com a inflação no período t 1 Como o Banco Central deve alterar a taxa de juros nominal para manter a taxa básica real inalterada Continuemos para o período t 3 Fazendo a mesma suposição sobre o nível de inflação esperada e a taxa básica real como a inflação no período t 3 se compara com a inflação no período t 2 d Compare os resultados da inflação e do produto no item b com os do item c e Qual dos cenários item b ou item c você acha que é mais realista Discuta f Suponhamos que no período t 4 o Banco Central decida elevar a taxa básica real o sufi ciente para retornar imediatamente a economia ao produto potencial e à taxa de inflação do período t Explique a diferença entre as políticas do Banco Central usando as duas hipóteses sobre a inflação esperada dos itens b e c 4 Um choque para a oferta agregada também terá resultados diferentes quando existirem suposições distintas sobre a formação do nível de inflação espe rada Como na Questão 3 um caminho pressupõe que o nível de inflação esperada seja igual à inflação defasada o nível de inflação esperada varia ao longo do tempo O outro caminho assume que o nível de inflação esperada está ancorado a um valor específico e nunca varia Comecemos no equilíbrio de médio prazo em que a inflação efetiva e a esperada são iguais a 2 no período t a Suponhamos que haja um aumento permanente no preço do petróleo no período t 1 Como a curva PC muda Suponhamos que o Banco Central não altere a taxa básica real Como o equilíbrio de curto prazo no período t 1 se com para ao equilíbrio no período t O que acontece com o produto O que acontece com a inflação b Consideremos o equilíbrio do período t 2 sob o pressuposto de que pt 2 e pt 1 Se o Banco Central deixar inalterada a taxa básica real como a inflação real no período t 2 vai se comparar com a inflação no período t 1 Continuemos para o período t 3 Fazendo a mesma suposição sobre o nível de inflação esperada e a taxa básica real como a inflação real no período t 3 se com para com a inflação no período t 2 c Consideremos o equilíbrio do período t 2 fazendo a suposição de que pt 2 e pQ Se o Banco Central deixar inalterada a taxa básica real como a inflação real no período t 2 vai se comparar com a inflação no período t 1 Continuemos para o período t 3 Fazendo a mesma suposição sobre o nível de inflação esperada e a taxa básica real como a inflação no período t 3 se compara com a inflação no período t 2 d Compare os resultados da inflação e do produto do item b com os do item c e No período t 4 o Banco Central decide mudar a taxa básica real para devolver a economia o mais rapidamente possível ao produto potencial e à taxa de inflação do período t Em qual cami nho para a formação da inflação esperada a taxa básica nominal é mais elevada no período t 4 o caminho de b ou o de c Explique por que quando as expectativas de inflação são ancoradas como no item c o Banco Central pode alterar a taxa básica para atingir imediatamente o novo nível de produto potencial e o nível de inflação do período t em t 4 Sustente o argumento de que não é possível o Banco Central atingir imediatamente tanto o novo nível de produto potencial quanto o nível de inflação do período t em t 4 quando a inflação esperada é igual a seu valor defasado BookBlanchard 1indb 212 241017 1717 Capítulo 9 Do curto ao médio prazo o modelo ISLMPC 213 Aprofundando 5 A lei de Okun é escrita como u u112 04 1gY 32 a Qual é o sinal de u u1 em uma recessão Qual é o sinal de u u1 em uma recuperação b Explique de onde vem o número de 3 c Explique por que o coeficiente do termo gY 3 é 04 e não 1 d Suponhamos que o número de imigrantes por ano que recebem permissão para entrar nos Estados Unidos tenha um aumento acentuado Como isso mudaria a lei de Okun 6 Consolidação fiscal no limite inferior zero Suponhamos que a economia esteja operando no limite inferior zero para a taxa básica nominal há um grande déficit orçamentário e a economia opera no produto potencial no período t Um governo recémeleito se compromete a cortar gastos e reduz o déficit no período t 1 no período t 2 e nos períodos subsequentes a Mostre os efeitos da política sobre o produto no período t 1 b Mostre os efeitos da política sobre a variação da inflação no período t 1 c Se a inflação esperada depender da inflação pas sada o que acontecerá com a taxa básica real no período t 2 Como isso afetará o produto no período t 3 d Como o limite inferior zero sobre as taxas de juros nominais dificulta uma consolidação fiscal Explorando mais 7 Consideremos os dados do quadro Foco Deflação na Grande Depressão a Você acredita que o produto voltou a seu nível potencial em 1933 b Que anos sugerem uma espiral de deflação como a descrita na Figura 93 c Sustente o argumento de que se o nível esperado de inflação permanecesse ancorado no valor real da inflação em 1929 a Grande Depressão teria sido menos severa d Sustente o argumento de que um estímulo fis cal substancial em 1930 teria tornado a Grande Depressão menos severa 8 Consideremos os dados do quadro Foco Deflação na Grande Depressão a Calcule as taxas de juros reais em cada ano com base na suposição de que o nível de inflação espe rada é a taxa de inflação do ano anterior A taxa de inflação em 1928 foi de 17 As variações nas taxas de juros reais explicam melhor os dados sobre crescimento real do produto e desemprego do que quando se levantou a hipótese de que a taxa de inflação esperada seria a taxa de inflação do ano em curso b Calcule o coeficiente da lei de Okun para cada ano de 1930 a 1933 Para isso consideremos que o produto potencial não esteja crescendo Especule por que razão as empresas não admitiram mais trabalhadores em 1933 apesar de o crescimento do produto ter sido de 91 Dica se o produto potencial não está crescendo a lei de Okun é u u112 agY 9 A Grande Depressão no Reino Unido Responda às perguntas com base nas informações da tabela a seguir a Há evidências da espiral de deflação de 1929 a 1933 no Reino Unido b Há evidências do efeito das altas taxas de juros sobre o produto c Há evidências de uma má escolha do nível da taxa de juros básica real pelo Banco Central Tabela 2 Taxa de juros nominal inflação e taxa de juros real no Reino Unido 19291933 Ano Taxa de desemprego Taxa de crescimento do produto Taxa de juros nomi nal de um ano i Taxa de inflação Taxa de juros real de um ano r 1929 104 30 50 090 59 1930 213 10 30 28 58 1931 221 50 60 43 103 1932 199 04 20 26 46 1933 167 33 20 21 41 BookBlanchard 1indb 213 241017 1717 BookBlanchard 1indb 214 241017 1717 BookBlanchard 1indb 216 241017 1717 218 Macroeconomia É aí que surge um problema prático como comparar o produto por pessoa entre países Cada um usa uma moeda específica e portanto o produto é expresso em termos da moeda corrente do país Uma solução natural é utilizar as taxas de câmbio na comparação do produto por pessoa da Índia com o dos Estados Unidos por exemplo podemos calcular o PIB por pessoa da Índia em rúpias usar a taxa de câmbio para obter o mesmo valor em dólares e comparálo ao PIB por pessoa dos Estados Unidos em dólares Essa abordagem simples entretanto não será suficiente por dois motivos Primeiro as taxas de câmbio podem sofrer grandes variações conforme vere mos nos capítulos 17 a 20 Por exemplo na década de 1980 o dólar aumentou e depois diminuiu cerca de 50 em relação às moedas dos parceiros comerciais dos Estados Unidos Mas certamente o padrão de vida norteamericano não aumentou 50 e depois diminuiu 50 em comparação ao padrão de vida de seus parceiros comerciais durante essa década Entretanto essa seria nossa conclusão se comparássemos o PIB por pessoa utilizando taxas de câmbio Fonte 18901947 Historical Statistics of the United States Disponível em httphsuscambridgeorgHSUSWeb indexdo Acesso em 17 out 2017 1948 to 2014 National Income and Product Accounts Estimativas da população de 1890 a 2014 de Louis Johnston e Samuel H Williamson What Was the US GDP Then Measuring Worth 2015 Disponível em httpswwwmeasuringworthcomdatasetsusgdp Acesso em 12 jul 2017 Figura 101 PIB dos Estados Unidos desde 1890 e PIB por pessoa dos Estados Unidos desde 1890 O gráfico a mostra o acentuado aumento no produto norteamericano desde 1890 por um fator de 46 O gráfico b mostra que o aumento do produto não é simplesmente o resultado do grande aumento da população dos Estados Unidos de 63 milhões para mais de 300 milhões nesse período O produto por pessoa aumentou por um fator de 9 200 400 800 1600 3200 6400 12800 25600 1890 1900 1910 1920 1930 1940 1950 1960 1970 1980 1990 2000 2010 2014 PIB em dólares de 2009 bilhões a 4000 8000 16000 32000 64000 1890 1900 1910 1920 1930 1940 1950 1960 1970 1980 1990 2000 2010 2014 PIB por pessoa em dólares de 2009 b BookBlanchard 1indb 218 241017 1717 226 Macroeconomia os países que apresentam um produto por pessoa de pelo menos um quarto do produto por pessoa dos Estados Unidos em 1950 e então examinar a conver gência dentro desse grupo A conclusão é que a maioria dos países do grupo realmente convergiu portanto a convergência não é somente um fenômeno da OCDE No entanto alguns poucos entre eles Uruguai Argentina e Venezuela não convergiram Em 1950 esses três países tinham aproximadamente o mesmo produto por pessoa da França Em 2009 tinham ficado bem para atrás seu nível de produto por pessoa situavase entre 25 e 50 do nível francês 103 Uma visão mais ampla do crescimento ao longo do tempo e do espaço Na seção anterior falamos sobre o crescimento nos países ricos ao longo dos últimos 50 anos Vamos agora contextualizar as informações olhando para as evidências para um período bem mais longo de tempo e para um conjunto maior de países Visão ao longo de dois milênios O produto por pessoa das economias atualmente ricas sempre cresceu a taxas semelhantes às da Tabela 101 A resposta é não A obtenção de estimativas de cres cimento tornase cada vez mais difícil à medida que retrocedemos no tempo Mas há um consenso entre os historiadores econômicos acerca das principais evoluções ao longo dos últimos dois mil anos Do fim do Império Romano até aproximadamente o ano 1500 não houve basi camente nenhum crescimento do produto por pessoa na Europa A maioria dos trabalhadores estava empregada na agricultura que apresentava pouco progresso tecnológico Sendo a parcela da agricultura no produto tão grande as invenções com aplicações fora dela não tinham como contribuir de forma expressiva para a pro dução em geral e para o produto Embora houvesse algum crescimento do produto um crescimento aproximadamente proporcional da população levava a um produto por pessoa praticamente constante Esse período de estagnação do produto por pessoa é frequentemente chamado de era malthusiana O economista inglês Thomas Robert Malthus argumentou no final do século XVIII que esse aumento proporcional do produto e da população não era uma coincidência Segundo Malthus qualquer aumento do produto levaria a uma queda da mortalidade levando a um aumento da população até que o pro duto por pessoa retornasse a seu nível inicial A Europa estava em uma armadilha malthusiana incapaz de aumentar seu produto por pessoa A Europa acabou conseguindo escapar dessa armadilha Entre 1500 e 1700 o crescimento do produto por pessoa tornouse positivo mas ainda era baixo apenas em torno de 01 ao ano Então aumentou para 02 ao ano de 1700 a 1820 A partir da Revolução Industrial as taxas de crescimento aumentaram mas de 1820 a 1950 a taxa de crescimento do produto por pessoa nos Estados Unidos era ainda de apenas 15 ao ano Portanto na cronologia da história humana o crescimento sustentado do produto por pessoa em especial as altas taxas de crescimento alcançadas desde 1950 é um fenômeno definitivamente recente Visão do crescimento pelos países Vimos como o produto por pessoa converge entre os países da OCDE E quanto aos outros países Os mais pobres também estão crescendo mais rapidamente Estão convergindo em direção aos Estados Unidos mesmo que ainda estejam muito atrás BookBlanchard 1indb 226 241017 1717 Capítulo 10 Os fatos do crescimento 233 Resumo Por períodos longos as flutuações no produto são ofuscadas pelo crescimento o aumento constante do produto agregado ao longo do tempo Ao examinarmos o crescimento de quatro paí ses ricos França Japão Reino Unido e Estados Unidos desde 1950 surgem dois fatos principais 1 Todos os quatro países experimentaram um forte crescimento e um grande aumento no padrão de vida O crescimento de 1950 a 2011 aumentou o produto real por pessoa por um fator de 33 nos Estados Unidos e 113 no Japão 2 Os níveis de produto por pessoa para os quatro países convergiram ao longo do tempo Dito de outra maneira os países que estavam atrás cres ceram mais rapidamente reduzindo a diferença entre eles e o líder atual os Estados Unidos Ao examinarmos as evidências para um conjunto maior de países e para um período de tempo maior surgem os seguintes fatos 1 Na cronologia da história humana o cresci mento sustentado do produto é um fenômeno recente 2 A convergência dos níveis de produto por pes soa não é um fenômeno mundial Muitos países asiáticos estão alcançando rapidamente os paí ses ricos mas a maioria dos africanos apresenta níveis de produto por pessoa baixos e taxas de crescimento baixas Para pensar sobre o crescimento os economistas partem de uma função de produção agregada que relaciona o produto agregado a dois fatores de pro dução capital e trabalho A quantidade de produto obtida dados esses insumos depende do estado da tecnologia Sob a hipótese de retornos constantes de escala a função de produção agregada implica que os aumen tos do produto por trabalhador podem vir tanto de aumentos no capital por trabalhador quanto de aperfeiçoamentos no estado da tecnologia A acumulação de capital por si só não é capaz de sustentar permanentemente o crescimento do produto por pessoa No entanto o volume de pou pança de um país é muito importante pois a taxa de poupança determina o nível do produto por pessoa ainda que não determine sua taxa de crescimento O crescimento sustentado do produto por pessoa devese em última instância ao progresso tecnoló gico Talvez a questão mais importante da teoria do crescimento seja quais são os fatores determinantes do progresso tecnológico Palavraschave acumulação de capital 231 armadilha malthusiana 226 convergência 225 crescimento 217 escala logarítmica 217 estado da tecnologia 229 força das taxas compostas 224 função de produção agregada 228 padrão de vida 217 paradoxo de Easterlin 222 paridade do poder de compra PPC 219 poder de compra 219 produto por pessoa 217 progresso tecnológico 231 quatro tigres 227 rendimentos decrescentes do capital 230 rendimentos decrescentes do trabalho 230 retornos constantes de escala 229 taxa de poupança 232 tecnológico definido da forma restrita os papéis das pesquisas básica e apli cada das leis de propriedade intelectual da educação e do treinamento será um dos temas tratados no Capítulo 12 O papel dos fatores mais amplos será discutido no Capítulo 13 BookBlanchard 1indb 233 241017 1717 Capítulo 10 Os fatos do crescimento 235 Explorando mais 6 Convergência entre Japão e Estados Unidos desde 1960 Consulte a página do PIB por pessoa no site do Bureau of Labor Statistics httpwwwblsgovilc intlgdpcapitagdphourhtmtable0 e obte nha os dados para o PIB por pessoa do Japão e dos Estados Unidos em 1960 1990 e no ano mais recente disponível a Calcule as taxas de crescimento anual médias do PIB por pessoa para os Estados Unidos e o Japão em dois períodos de 1960 a 1990 e de 1990 até o ano mais recente disponível O nível do produto real por pessoa no Japão tende a con vergir com o nível do produto real por pessoa nos Estados Unidos em cada um desses perío dos Explique b Suponhamos que em todos os anos desde 1990 o Japão e os Estados Unidos atingissem cada um suas taxas anuais de crescimento médias para o período entre 1960 e 1990 Como o PIB real por pessoa se compararia no Japão e nos Estados Unidos atualmente c O que aconteceu efetivamente ao crescimento no PIB real por pessoa do Japão e dos Estados Unidos entre 1990 e 2011 7 Convergência em dois conjuntos de países Vá ao site que contém as Penn World Tables e obtenha os dados sobre o PIB real por pessoa série encadeada de 1950 a 2011 ou o ano mais recente disponível para Estados Unidos França Bélgica Itália Etiópia Quênia Nigéria e Uganda Você precisará baixar o PIB real total em dólares norteamericanos de 2005 encadeados e a população Defina para cada país em cada ano a razão entre seu PIB real por pessoa e o dos Estados Unidos nesse ano de modo que essa razão seja igual a 1 para os Estados Unidos em todos os anos a Represente graficamente as razões para França Bélgica e Itália ao longo do período para o qual há dados disponíveis Seu gráfico sustenta a noção de convergência de França Bélgica e Itália em relação aos Estados Unidos c Repita o mesmo exercício para Etiópia Quênia Nigéria e Uganda Seu novo gráfico sustenta a noção de convergência desse grupo de países com os Estados Unidos 8 Sucessos e fracassos no crescimento Vá ao site que contém as Penn World Tables e obtenha os dados sobre o PIB real por pessoa série encade ada de 1970 para todos os países disponíveis Faça o mesmo para um ano mais atual digamos o ano anterior ao mais recente disponível Se escolher o ano mais recente disponível pode ser que as Penn World Tables não disponham dos dados sobre alguns países relevantes nesta questão a Classifique os países conforme o PIB por pessoa em 1970 Liste aqueles com os dez níveis mais altos de PIB por pessoa nesse ano Houve alguma surpresa b Faça a análise do item a para o ano mais recente para o qual foram coletados dados A composição dos dez países mais ricos mudou desde 1970 c Use todos os países para os quais existem dados tanto de 1970 quanto do ano mais recente Quais são os cinco países com o maior aumento propor cional no PIB real por pessoa d Use todos os países para os quais existem dados tanto de 1970 quanto do ano mais recente Quais são os cinco países com o menor aumento propor cional no PIB real por pessoa e Faça uma rápida pesquisa na internet sobre o país do item c com o maior aumento no PIB por pessoa ou sobre o país do item d com o menor aumento Você pode citar alguma razão para o sucesso ou o fracasso econômico do país escolhido Leitura adicional Brad deLong possui vários artigos fascinantes sobre crescimento em httpwebefzghrdokMGRvca vrakBerkeley20Faculty20Lunch20Talkpdf Leia em especial Berkeley Faculty Lunch Talk Themes of Twentieth Century Economic History que cobre muitos dos tópicos deste capítulo Uma apresentação ampla dos fatos sobre crescimento é feita por Angus Maddison em The World Economy A Millenium Perspective 2001 O site associado wwwtheworldeconomyorg apresenta um grande número de fatos e dados sobre crescimento ao longo dos dois últimos milênios O Capítulo 3 de Productivity and American Leadership de William Baumol Sue Anne Batey Blackman e Edward Wolff 1989 fornece uma descrição detalhada de como a vida foi transformada pelo crescimento nos Estados Unidos desde meados da década de 1880 BookBlanchard 1indb 235 241017 1717 C A P Í T U L O 11 Poupança acumulação de capital e produto As seções 111 e 112 examinam as interações entre produto e acumulação de capital e os efeitos da taxa de poupança A Seção 113 utiliza números para dar uma noção mais clara das grandezas envolvidas A Seção 114 amplia nossa discussão para levar em conta não apenas o capital físico mas também o capital humano Desde 1970 a taxa de poupança dos Estados Unidos a razão entre a poupança e o PIB foi em média de apenas 17 em comparação com 22 da Alemanha e 30 do Japão Esse fato pode explicar por que a taxa de crescimento dos Estados Unidos foi menor que a da maioria dos países da OCDE nos últimos 40 anos Aumentar a taxa de poupança dos Estados Unidos levaria a um maior crescimento sustentado do país no futuro A resposta básica para essas questões já foi dada no final do Capítulo 10 E é não Em períodos longos uma qualificação importante para a qual voltaremos a taxa de crescimento de uma economia não depende da sua taxa de poupança Não parece que o crescimento menor dos Estados Unidos nos últimos 50 anos resulte principalmente de uma taxa de poupança menor Também não deveríamos esperar que um aumento na taxa de poupança levasse a um crescimento maior e sustentado dos Estados Unidos Essa conclusão no entanto não significa que a baixa taxa de poupança dos Estados Unidos não preocupe Mesmo que não afete de maneira permanente a taxa de crescimento a taxa de poupança afeta o nível do produto e o padrão de vida Um aumento na taxa de poupança levaria a um crescimento maior por algum tempo resultando em última instância na elevação do padrão de vida dos Estados Unidos Os efeitos da taxa de poupança sobre o nível e a taxa de crescimento do produto são os assuntos deste capítulo 111 Interações entre produto e capital A determinação do produto no longo prazo está centrada em duas relações entre produto e capital O volume de capital determina o montante de produto a ser obtido O montante de produto determina o montante de poupança e por sua vez o montante de capital acumulado ao longo do tempo Juntas essas duas relações representadas na Figura 111 determinam a evolução do produto e do capital ao longo do tempo A seta cinza indica a primeira relação do capital para o produto As setas hachurada e pontilhada indicam as duas partes da segunda do produto para a poupança e o investimento e do investimento para a mudança no estoque de capital Vejamos uma relação de cada vez BookBlanchard 1indb 236 241017 1717 238 Macroeconomia O propósito de supor que N seja constante é facilitar o estudo do papel da acu mulação de capital no crescimento Se N for constante o único fator de produção que variará ao longo do tempo será o capital Entretanto a hipótese não é muito realista por isso vamos desconsiderála nos dois capítulos seguintes No Capítulo 12 consideraremos um crescimento constante da população e do nível de emprego No Capítulo 13 veremos como integrar nossa análise do longo prazo que ignora as flutuações do nível de emprego com nossa análise anterior de curto e médio prazos que se concentrou exatamente nessas flutuações do nível de emprego assim como nas flutuações associadas do produto e do nível de desemprego Mas é melhor deixar ambos os passos para mais tarde A segunda hipótese é de que não há progresso tecnológico e por isso a função de produção f ou de maneira equivalente F não se desloca ao longo do tempo Novamente o propósito da adoção dessa hipótese que obviamente é contrária aos fatos é destacar o papel da acumulação de capital No Capítulo 12 introduzi remos o progresso tecnológico e veremos que as conclusões básicas que derivamos aqui sobre o papel do capital no crescimento também valem quando há progresso tecnológico Novamente será melhor deixar esse passo para depois Com essas duas hipóteses nossa primeira relação entre o produto por trabalhador e o capital por trabalhador do lado da produção pode ser escrita como Yt N f a Kt N b 111 na qual introduzimos índices temporais para o produto e o capital mas não para o trabalho N que assumimos como constante e portanto não necessita de um índice temporal Em suma capital por trabalhador maior leva a um produto por trabalhador maior Efeitos do produto sobre a acumulação de capital Para derivar a segunda relação entre produto e acumulação de capital seguimos dois passos Primeiro derivamos a relação entre produto e investimento A seguir derivamos a relação entre investimento e acumulação de capital Produto e investimento Para derivar a relação entre produto e investimento adotamos três hipóteses Continuamos a supor que a economia seja fechada Como vimos no Capítulo 3 Equação 310 isso significa que o investimento I é igual à poupança a soma da poupança privada S e da poupança pública T G I S T G Para nos concentrarmos no comportamento da poupança privada supomos que a poupança pública T G seja igual a zero Mais adiante ao tratarmos das implicações da política fiscal para o crescimento desconsideraremos esta hipótese Com esta hipótese a equação anterior se torna I S O investimento é igual à poupança privada Supomos que a poupança privada seja proporcional à renda portanto S sY Do lado da produção o nível de capital por trabalhador determina o nível de produto por trabalhador Como veremos no Capítulo 17 poupança e investimento não precisam ser iguais em uma economia aberta Um país pode poupar menos do que investe e tomar emprestada a diferença do resto do mundo É o caso atual dos Estados Unidos BookBlanchard 1indb 238 241017 1717 Capítulo 11 Poupança acumulação de capital e produto 239 O parâmetro s é a taxa de poupança que apresenta um valor entre zero e 1 Essa hipótese reflete dois fatos básicos a respeito da poupança Primeiro a taxa de pou pança não parece aumentar ou diminuir sistematicamente à medida que um país se torna mais rico Segundo países mais ricos não parecem ter sistematicamente taxas de poupança maiores ou menores que os países mais pobres Combinando essas duas relações e introduzindo índices temporais obtemos uma relação simples entre investimento e produto It sYt O investimento é proporcional ao produto Quanto maior o produto maior a poupança e portanto maior o investimento Investimento e acumulação de capital O segundo passo relaciona o investimento que é um fluxo as novas máquinas pro duzidas e as novas fábricas construídas durante um dado período com o capital que é um estoque máquinas e fábricas existentes na economia em um momento no tempo Pensemos no tempo como medido em anos portanto t representa o ano t t 1 representa o ano t 1 e assim por diante Pensemos no estoque de capital como medido no início de cada ano assim Kt referese ao estoque de capital no início do ano t Kt1 ao estoque de capital no início do ano t 1 e assim por diante Suponhamos que o capital seja depreciado a uma taxa d letra grega minúscula delta ao ano Isto é de um ano para o outro uma proporção d do estoque de capi tal é sucateada e se torna inútil De forma equivalente uma proporção 1 d do estoque de capital permanece intacta de um ano para outro A evolução do estoque de capital é então dada por Kt1 1 dKt It O estoque de capital no início do ano t 1 Kt 1 é igual ao estoque de capital no início do ano t que ainda permanece intacto no ano t 1 1 dKt somado ao novo esto que de capital instalado durante o ano t isto é o investimento feito durante o ano t It Agora podemos combinar a relação entre produto e investimento com aquela entre investimento e acumulação de capital para obter a segunda relação de que precisamos para pensar sobre o crescimento a relação do produto com a acumu lação de capital Substituindo o investimento por sua expressão anterior e dividindo ambos os lados por N o número de trabalhadores na economia temos Kt 1 N 11 d2Kt N s Yt N Resumindo o capital por trabalhador no início do ano t 1 é igual ao capital por trabalhador no início do ano t ajustado pela depreciação somado ao investimento por trabalhador durante o ano t que é igual à taxa de poupança multiplicada pelo produto por trabalhador durante o ano t Desmembrando o termo 1 dKt N em KtN dKtN passando Kt N para o lado esquerdo e reagrupando o lado direito temos Kt 1 N Kt N s Yt N dKt N 112 Em suma a mudança no estoque de capital por trabalhador representada pela diferença entre os dois termos do lado esquerdo é igual à poupança por trabalhador representada pelo primeiro termo do lado direito menos a depreciação represen tada pelo segundo termo do lado direito Essa equação nos dá a segunda relação entre produto por trabalhador e capital por trabalhador Agora vemos duas especifi cações do comportamento da poupança ou de maneira equivalente do comporta mento do consumo uma para o curto prazo no Capítulo 3 e outra para o longo prazo neste capítulo Podese cogitar como as duas especificações se relacionam entre si e se são consistentes A resposta é sim Haverá uma discussão com pleta no Capítulo 15 Vale lembrar que fluxos são vari áveis com dimensão temporal isto é são definidas por uni dade de tempo estoques são variáveis que não têm dimensão temporal são definidas em um momento no tempo Produto poupança e investimento são fluxos Nível de emprego e capi tal são estoques Do lado da poupança o nível de produto por trabalhador determina a mudança no nível de capital por trabalhador ao longo do tempo BookBlanchard 1indb 239 241017 1717 240 Macroeconomia 112 Implicações de taxas de poupança diferentes Derivamos duas relações Do lado da produção vimos na Equação 111 como o capital determina o produto Do lado da poupança vimos na Equação 112 como o produto por sua vez determina a acumulação de capital Agora vamos juntálas para ver como determinam o comportamento do produto e do capital ao longo do tempo Dinâmica do capital e do produto Substituindo o produto por trabalhador Yt N na Equação 112 por sua expressão em termos de capital por trabalhador da Equação 111 temos Kt 1 N Kt N s f a Kt N b da Kt N b variação no capital Investimento durante o ano Depreciação durante o ano do ano para o ano t t 1 t t 113 Essa relação descreve o que ocorre com o capital por trabalhador A variação no capital por trabalhador deste ano para o próximo depende da diferença entre dois termos Investimento por trabalhador o primeiro termo da direita o nível do capital por trabalhador neste ano determina o produto por trabalhador neste ano Dada a taxa de poupança o produto por trabalhador determina o montante de poupança por trabalhador e assim do investimento por trabalhador neste ano A depreciação por trabalhador o segundo termo da direita o estoque de capital por trabalhador determina o montante de depreciação por trabalha dor neste ano Se o investimento por trabalhador supera a depreciação por trabalhador a variação no capital por trabalhador é positiva O capital por trabalhador aumenta Se o investimento por trabalhador é inferior à depreciação por trabalhador a variação no capital por trabalhador é negativa O capital por trabalhador diminui Dado o capital por trabalhador o produto por trabalhador é obtido pela Equação 111 Yt N f a Kt N b As equações 113 e 111 contêm todas as informações necessárias para enten dermos a dinâmica do capital e do produto ao longo do tempo O melhor modo de interpretálas é por meio de um gráfico Faremos isto na Figura 112 O pro duto por trabalhador é medido no eixo vertical e o capital por trabalhador no eixo horizontal Na Figura 112 vamos examinar primeiro a curva que representa o produto por trabalhador fKtN como função do capital por trabalhador A relação é igual à da Figura 104 o produto por trabalhador aumenta com o capital por trabalhador mas em virtude dos rendimentos decrescentes do capital quanto maior for o nível de capital por trabalhador menor será esse efeito Kt N 1 fKt N 1 sfKt N Kt N 1 dKt N BookBlanchard 1indb 240 241017 1717 Capítulo 11 Poupança acumulação de capital e produto 241 Vamos examinar agora as duas curvas que representam os dois componentes do lado direito da Equação 113 A relação que representa o investimento por trabalhador sfKt N tem o mesmo formato da função de produção exceto por estar mais para baixo por um fator s a taxa de poupança Suponhamos que na Figura 112 o nível de capital por trabalhador seja igual a K0N O produto por trabalhador é então dado pela distância vertical AB e o investimento por trabalhador é dado pela distância vertical AC que é igual a s vezes a distância vertical AB Assim exatamente como o produto por trabalhador o investimento por trabalhador aumenta com o capital por trabalhador mas com acréscimos cada vez menores à medida que o capital por trabalhador aumenta Quando o capital por trabalhador já está muito elevado o efeito de um aumento adicional desse capital sobre o produto por trabalhador e consequentemente sobre o investimento por trabalhador é muito pequeno A relação que representa a depreciação por trabalhador dKtN é representada por uma linha reta A depreciação por trabalhador aumenta proporcionalmente com o capital por trabalhador de modo que a relação é representada por uma linha reta com inclinação igual a d No nível de capital por trabalhador K0N a depreciação por trabalhador é dada pela distância vertical AD A variação no capital por trabalhador é dada pela diferença entre o investimento por trabalhador e a depreciação por trabalhador Em K0N a diferença é positiva o investimento por trabalhador supera a depreciação por trabalhador em um mon tante representado pela distância vertical CD AC AD de modo que o capital por trabalhador aumenta À medida que nos movemos para a direita ao longo do eixo horizontal e observamos níveis cada vez maiores de capital por trabalhador o investimento aumenta cada vez menos enquanto a depreciação continua a aumentar proporcionalmente ao capital Para algum nível de capital por trabalhador KN na Figura 112 o investimento é exatamente o bastante para cobrir a depreciação e o capital por trabalhador permanece constante À esquerda de KN o investimento Para facilitar a leitura do grá fico assumimos uma taxa de poupança excessivamente ele vada Você poderia dizer qual é aproximadamente o valor assumido para s Qual seria um valor plausível de s Produto por trabalhador YN Capital por trabalhador KN 0 Investimento por trabalhador Produto por trabalhador Depreciação por trabalhador f KtN KtN f KtN s Y N K K N N Figura 112 Dinâmica do capital e do produto Quando o capital e o produto são baixos o investimento supera a depreciação e o capital aumenta Quando o capital e o produto são altos o investimento é inferior à depreciação e o capital diminui BookBlanchard 1indb 241 241017 1717 242 Macroeconomia supera a depreciação e o capital por trabalhador aumenta Isso é indicado pelas setas apontando para a direita sobre a curva que representa a função de produção À direita de KN a depreciação supera o investimento e o capital por trabalhador diminui Isso é indicado pelas setas apontando para a esquerda sobre a curva que representa a função de produção Agora fica fácil descrever a evolução do capital por trabalhador e do produto por trabalhador ao longo do tempo Consideremos uma economia que comece com um nível baixo de capital por trabalhador digamos K0N na Figura 112 Como o investimento supera a depreciação neste ponto o capital por trabalhador aumenta E como o produto se move com o capital o produto por trabalhador também aumenta O capital por trabalhador finalmente atinge KN o nível em que o investimento é igual à depreciação Uma vez que a economia tenha atingido o nível de capital por trabalhador KN o produto e o capital por trabalhador permanecerão constantes em YN e KN seus níveis de equilíbrio de longo prazo Pensemos por exemplo em um país que perde parte de seu estoque de capital diga mos em consequência de bombardeios em uma guerra O mecanismo que acabamos de ver sugere que se a perda de capital do país for muito maior que as perdas humanas esse país sairá da guerra com um nível baixo de capital por trabalhador isto é em um ponto à esquerda de KN O país experimentará um grande aumento tanto no capital quanto no produto por trabalhador durante algum tempo Isso descreve bem o que aconteceu após a Segunda Guerra Mundial nos países que tiveram uma destruição proporcionalmente maior de capital do que de vidas humanas veja o quadro Foco Acumulação de capital e crescimento na França após a Segunda Guerra Mundial Se por outro lado um país começar com um nível elevado de capital por traba lhador isto é de um ponto à direita de KN a depreciação será superior ao investimento e tanto o capital como o produto por trabalhador diminuirão O nível inicial de capital por trabalhador é alto demais para ser sustentado dada a taxa de poupança Essa diminuição do capital por trabalhador continuará até que a economia atinja novamente o ponto no qual o investimento é igual à depreciação e o capital por trabalhador é igual a KN Desse ponto em diante o capital por trabalhador e o produto por trabalhador permanecerão constantes Vamos examinar mais atentamente os níveis de produto e de capital por trabalha dor para os quais a economia converge no longo prazo O estado em que o produto e o capital por trabalhador não se alteram mais é chamado estado estacionário da economia Se assumirmos o lado esquerdo da Equação 113 como igual a zero no estado estacionário por definição a variação no capital por trabalhador é igual a zero o valor do capital por trabalhador no estado estacionário KN será dado por s f a K N b d K N 114 O valor do capital por trabalhador no estado estacionário é tal que o montante de poupança por trabalhador o lado esquerdo é exatamente suficiente para cobrir a depreciação do estoque de capital por trabalhador o lado direito Dado o capital por trabalhador no estado estacionário KN o valor do produto por trabalhador no estado estacionário YN será dado pela função de produção Y N f a K N b 115 Agora temos todos os elementos de que precisamos para discutir os efeitos da taxa de poupança sobre o produto por trabalhador tanto ao longo do tempo quanto no estado estacionário Quando o capital por traba lhador é baixo essa razão e o produto por trabalhador aumentam ao longo do tempo Quando o capital por trabalha dor é alto essa razão e o pro duto por trabalhador diminuem ao longo do tempo O que o modelo prevê para o crescimento no pósguerra se um país registrar perdas pro porcionais de população e de capital Você acha essa res posta convincente Quais ele mentos podem estar faltando no modelo KN é o nível de capital por trabalhador no longo prazo BookBlanchard 1indb 242 241017 1717 Capítulo 11 Poupança acumulação de capital e produto 243 Quando a Segunda Guerra Mundial acabou em 1945 a França era um dos países europeus que mais haviam sofrido perdas O número de mortes foi grande mais de 550 mil em uma população de 42 milhões Em termos relativos porém as perdas de capital foram muito maiores Estimase que o estoque de capital francês em 1945 era cerca de 30 menor que o valor anterior à guerra Os números da Tabela 1 oferecem um quadro mais detalhado da destruição do capital O modelo de crescimento que acabamos de ver faz uma previsão clara do que ocorrerá com um país que perde grande parte do seu estoque de capital Esse país experimentará por algum tempo uma acumulação de capi tal e um crescimento do produto acelerados Nos termos da Figura 112 um país que inicialmente tenha um capital por trabalhador bem abaixo de KN crescerá rapidamente conforme converge para KN e o produto por trabalhador converge para YN Essa previsão se encaixa bem no caso da França no pósguerra Há muita evidência não científica de que pequenos aumentos de capital levaram a grandes aumen tos no produto Pequenos reparos em uma ponte impor tante levariam à sua reabertura Isso proporcionaria uma grande redução do tempo de viagem entre duas cidades levando a custos de transporte muito menores Essa redu ção nos custos de transporte possibilitaria então que uma fábrica obtivesse insumos essenciais aumentasse a produção e assim por d iante As evidências mais convincentes vêm entretanto dire tamente dos números efetivos do produto agregado De 1946 a 1950 a taxa de crescimento anual do PIB real da França foi muito alta 96 ao ano Isso levou a um aumento do PIB real de cerca de 60 no curso de cinco anos Todo esse aumento do PIB francês foi resultado da acumulação de capital A resposta é não Houve outras forças em ação além do mecanismo do nosso modelo Muito do estoque de capital que restou em 1945 era antigo O investimento havia sido pequeno na década de 1930 uma década dominada pela Grande Depressão e praticamente inexistente durante a guerra Boa parte da acumulação de capital no pósguerra esteve associada à introdução de capital mais moderno e ao uso de técnicas de produção mais modernas Esse foi outro motivo para as altas taxas de crescimento do período pósguerra Fonte Gilles SaintPaul Economic reconstruction in France 19451958 em Rudiger Dornbusch Willem Nolling e Richard Layard eds Postwar economic reconstruction and lessons for the east today Cambridge MA MIT Press 1993 Acumulação de capital e crescimento na França após a Segunda Guerra Mundial F O C O Tabela 1 Proporção do estoque de capital francês destruído ao final da Segunda Guerra Mundial Ferrovias Linhas 6 Estações 38 Locomotivas 21 Maquinário 60 Rodovias Automóveis 31 Caminhões 40 Rios Hidrovias 86 Eclusas 11 Barcaças 80 Prédios números absolutos Residenciais 1229000 Comerciais 246000 Taxa de poupança e produto Vamos voltar à questão do início do capítulo como a taxa de poupança afeta a taxa de crescimento do produto por trabalhador Nossa análise leva a uma resposta em três partes BookBlanchard 1indb 243 241017 1717 244 Macroeconomia 1 A taxa de poupança não tem nenhum efeito sobre a taxa de crescimento do produto por trabalhador no longo prazo que é igual a zero Essa conclusão é bastante óbvia Vimos que em última instância a economia converge para um nível constante de produto por trabalhador Em outras palavras no longo prazo a taxa de crescimento do produto é igual a zero qualquer que seja a taxa de poupança Há entretanto um modo de pensar sobre essa conclusão que será útil quando introduzirmos o progresso tecnológico no Capítulo 12 Pensemos no que seria necessário para sustentar uma taxa de crescimento de produto por trabalhador positiva constante no longo prazo O capital por trabalhador teria de aumentar Não apenas isso mas por causa dos rendimentos decrescentes do capital precisaria crescer mais rápido que o produto por trabalhador Isso implica que a economia teria de poupar a cada ano uma fração cada vez maior do produto e transferila para a acumulação de capital Em algum momento a fração de produto que a economia precisaria poupar seria maior que um algo claramente impossível Por isso é impossível sustentar uma taxa de crescimento positiva constante para sempre No longo prazo o capital por trabalhador deve ser constante assim como o produto por trabalhador 2 Entretanto a taxa de poupança determina o nível de produto por trabalhador no longo prazo Tudo o mais constante os países com taxa de poupança mais alta obterão um produto por trabalhador mais elevado no longo prazo A Figura 113 ilustra este aspecto Consideremos dois países com a mesma função de produção o mesmo nível de emprego e a mesma taxa de depreciação mas com taxas de poupança diferentes digamos s0 e s1 s0 A Figura 113 mostra a função de produção comum aos dois países fKtN e as funções poupança investimento por trabalhador como função do capital por trabalhador para cada um dos dois países s0fKtN e s1fKtN No longo prazo o país com taxa de poupança s0 alcançará o nível de capital por trabalhador K0N e de produto por trabalhador Y0N O país com a taxa de poupança s1 atingirá os níveis mais ele vados K1N e Y1N Alguns economistas argumen tam que o elevado crescimento do produto obtido pela União Soviética de 1950 a 1990 resul tou de um aumento contínuo na taxa de poupança ao longo do tempo que não poderia ser sustentado para sempre Paul Krugman usou a expressão crescimento stalinista para se referir a esse tipo de cresci mento resultante de uma taxa de poupança cada vez mais alta ao longo do tempo Note que a primeira proposição é uma afirmação sobre a taxa de crescimento do produto por trabalhador A segunda proposição é uma afirmação sobre o nível do produto por trabalhador Capital por trabalhador KN 0 1 Produto por trabalhador YN Investimento por trabalhador Investimento por trabalhador Produto por trabalhador Depreciação por trabalhador 1 0 f KtN KtN 1 f Kt N s 0 f KtN s Y Y N N K K N N Figura 113 Efeitos de taxas de poupanças diferentes Um país com uma taxa de poupança mais elevada atinge um nível mais alto de produto por trabalhador no estado estacionário BookBlanchard 1indb 244 241017 1717 Capítulo 11 Poupança acumulação de capital e produto 245 3 Um aumento na taxa de poupança levará a um maior crescimento do produto por trabalhador durante algum tempo mas não para sempre Esta conclusão decorre das duas proposições que acabamos de discutir Da primeira sabemos que um aumento na taxa de poupança não afeta a taxa de cresci mento do produto por trabalhador no longo prazo que permanece igual a zero Da segunda sabemos que um aumento na taxa de poupança leva a um aumento no nível de produto por trabalhador no longo prazo Daí temos que à medida que o produto por trabalhador aumentar para seu novo nível mais elevado em consequência do aumento na taxa de poupança a economia passará por um período de crescimento positivo Esse período de crescimento terminará quando a economia atingir seu novo estado estacionário Podemos usar a Figura 113 novamente para ilustrar esse aspecto Consideremos um país que tenha uma taxa de poupança inicial s0 Suponhamos que o capital por trabalhador inicialmente seja igual a K0N com um produto por trabalhador a ele associado de Y0N Agora consideremos os efeitos de um aumento na taxa de poupança de s0 para s1 A função que mostra poupançainvestimento por tra balhador como uma função do capital por trabalhador se desloca para cima de s0fKtN para s1fKtN No nível inicial de capital por trabalhador K0N o investimento supera a depre ciação de modo que o capital por trabalhador aumenta À medida que esse capital aumenta o mesmo ocorre com o produto por trabalhador e a economia passa por um período de crescimento positivo Quando o capital por trabalhador finalmente atinge K1N contudo o investimento tornase novamente igual à depreciação e o crescimento termina A partir daí a economia permanece em K1N com um produto por trabalhador a ele associado de Y1N A Figura 114 mostra a trajetória do produto por trabalhador ao longo do tempo Inicialmente o produto por trabalhador está constante no nível Y0N Após o aumento na taxa de poupança digamos no período t o produto por trabalhador aumenta por algum tempo até alcançar o nível mais alto Y1N e a taxa de crescimento volta para zero Derivamos esses três resultados sob a hipótese de que não há progresso tecnoló gico e portanto não há crescimento do produto por trabalhador no longo prazo Mas conforme veremos no Capítulo 12 os três resultados estendemse a uma economia com progresso tecnológico Vamos mostrar brevemente como Figura 114 Efeitos de um aumento na taxa de poupança sobre o produto por trabalhador em uma economia sem progresso tecnológico Um aumento na taxa de poupança leva a um período de crescimento maior até que o produto atinja seu novo estado estacionário mais elevado Tempo Produto por trabalhador YN Associado à taxa de poupança Associado à taxa de poupança 0 1 Y N 0 Y N t s 1 s0 s BookBlanchard 1indb 245 241017 1717 246 Macroeconomia Uma economia com progresso tecnológico apresenta uma taxa de crescimento de produto por trabalhador positiva mesmo no longo prazo Essa taxa de crescimento de longo prazo é independente da taxa de poupança a extensão do primeiro resultado que acabamos de discutir No entanto a taxa de poupança afeta o nível de produto por trabalhador a extensão do segundo resultado Um aumento na taxa de poupança leva a uma taxa de crescimento maior que a taxa de crescimento do estado estacionário até que a economia atinja uma nova trajetória mais elevada a extensão do nosso terceiro resultado Esses três resultados são ilustrados pela Figura 115 que estende a Figura 114 ao mostrar o efeito de um aumento na taxa de poupança sobre uma economia com progresso tecnológico positivo A figura mede o produto por trabalhador em uma escala logarítmica Consequentemente uma economia em que o produto por tra balhador cresce a uma taxa constante é representada por uma reta com inclinação igual a essa taxa de crescimento Na taxa de poupança inicial s0 a economia movese sobre a reta AA Se no período t a taxa de poupança aumentar para s1 a econo mia experimentará um crescimento maior por algum tempo até alcançar sua nova trajetória mais elevada BB Na trajetória BB a taxa de crescimento é novamente a mesma de antes do aumento da taxa de poupança isto é a inclinação de BB será igual à de AA Taxa de poupança e consumo Os governos podem afetar a taxa de poupança de diversas formas Primeiro podem variar a poupança pública Dada a poupança privada uma poupança pública positiva em outras palavras um superávit orçamentário leva a uma poupança total maior Simetricamente uma poupança pública negativa um déficit orçamentário leva a uma poupança total menor Segundo os governos podem usar impostos para afetar a poupança privada Por exemplo podem criar isenções de impostos para poupadores estimulandoos a poupar e assim aumen tando a poupança privada Veja a discussão sobre escalas logarítmicas no Apêndice 2 no final do livro Vale lembrar que poupança é a soma da poupança privada com a poupança pública Além disso poupança pública 3 superávit orçamentário des poupança pública 3 déficit orçamentário Figura 115 Efeitos de um aumento na taxa de poupança sobre o produto por trabalhador em uma economia com progresso tecnológico Um aumento na taxa de poupança leva a um período de crescimento maior até que o produto atinja uma nova trajetória mais elevada Tempo Produto por trabalhador YN escala logarítmica Associado à taxa de poupança 0 1 0 s s B A s A t B Associado à taxa de poupança BookBlanchard 1indb 246 241017 1717 Capítulo 11 Poupança acumulação de capital e produto 247 Que taxa de poupança os governos devem almejar Para elaborar a resposta temos de mudar nosso foco do comportamento do produto para o comportamento do consumo O motivo é que o que importa às pessoas não é quanto se produz mas o quanto elas consomem Está claro que o aumento na poupança deve vir inicialmente à custa de um con sumo menor exceto quando considerarmos útil omitiremos o termo por trabalha dor nesta subseção e nos referiremos apenas a consumo em vez de consumo por trabalhador e a capital em vez de capital por trabalhador e assim por diante Uma mudança na taxa de poupança em um dado ano não exerce qualquer efeito sobre o capital nesse ano e consequentemente nenhum efeito sobre o produto e a renda nesse ano Assim um aumento na poupança vem inicialmente com uma diminuição equivalente no consumo Um aumento na poupança leva a um aumento do consumo no longo prazo Não necessariamente O consumo pode cair não só de início mas também no longo prazo Podemos nos surpreender com isso Afinal sabemos pela Figura 113 que um aumento na taxa de poupança sempre leva a um aumento no nível de produto por trabalhador Mas produto não é o mesmo que consumo Para saber por que vejamos o que ocorre com dois valores extremos da taxa de poupança Uma economia em que a taxa de poupança é e sempre foi igual a zero constitui uma economia em que o capital é igual a zero Nesse caso o produto também equivale a zero assim como o consumo Uma taxa de poupança nula implica consumo nulo no longo prazo Agora consideremos uma economia em que a taxa de poupança é igual a 1 As pessoas poupam toda a sua renda O nível de capital e portanto de produto nessa economia será muito elevado Mas como as pessoas poupam toda a sua renda o consumo é igual a zero O que acontece é que a economia está carregando um montante excessivo de capital Para manter esse nível de produto é necessário que todo o produto se destine apenas a repor a depreciação Uma taxa de poupança igual a 1 também implica consumo igual a zero no longo prazo Esses dois casos extremos implicam que deve haver algum valor de taxa de poupança entre zero e 1 que maximize o nível de consumo no estado estacioná rio Aumentos na taxa de poupança abaixo desse valor inicialmente levam a uma diminuição do consumo porém no longo prazo levam a um aumento no consumo Aumentos na taxa de poupança acima desse valor diminuem o consumo não só inicialmente mas também no longo prazo Isso ocorre porque o aumento no capital associado ao aumento na taxa de poupança leva a apenas um pequeno aumento no produto aumento que é pequeno demais para cobrir a crescente depreciação Em outras palavras a economia carrega capital em demasia O nível de capital asso ciado ao valor da taxa de poupança que produz o maior nível de consumo no estado estacionário é conhecido como nível de capital da regra de ouro Os aumentos de capital além do nível da regra de ouro reduzem o consumo Esse argumento está ilustrado na Figura 116 que mostra o consumo por tra balhador no estado estacionário no eixo vertical contra a taxa de poupança no eixo horizontal Uma taxa de poupança igual a zero implica um estoque de capital igual a zero um nível de produto igual a zero e por consequência um nível de consumo por trabalhador igual a zero Para s entre zero e sG G referese à regra de ouro em inglês golden rule uma taxa de poupança maior leva a um capital mais alto um produto mais alto e um consumo por trabalhador mais alto Para s maior que sG os aumentos na taxa de poupança ainda levam a valores maiores do capital e do produto por trabalhador mas os aumentos agora levam a valores mais baixos do consumo por trabalhador Isso ocorre porque o aumento no produto Por assumir que o emprego é constante estamos ignorando o efeito de curto prazo de um aumento na taxa de poupança sobre o produto visto nos capítulos 3 5 e 9 No curto prazo um aumento na taxa de poupança não apenas reduz o consumo dada a renda mas também pode levar a uma recessão e reduzir ainda mais a renda Voltaremos a discutir os efeitos de curto e longo prazos das mudanças na poupança nos capítulos 16 e 22 BookBlanchard 1indb 247 241017 1717 248 Macroeconomia é mais que compensado pelo aumento na depreciação decorrente do estoque de capital maior Para s 1 o consumo por trabalhador é igual a zero O capital por trabalhador e o produto por trabalhador são elevados mas todo o produto é uti lizado exatamente para repor a depreciação não deixando nada para o consumo Se uma economia já possui tanto capital que está operando além da regra de ouro um aumento adicional na poupança diminuirá o consumo não somente agora mas também mais tarde Essa preocupação é relevante Alguns países dispõem realmente de tanto capital A evidência empírica indica que a maioria dos países da OCDE encontrase na verdade bem abaixo do nível de capital da regra de ouro O aumento da sua taxa de poupança levaria a um consumo maior no futuro e não menor Isso significa que na prática os governos se defrontam com um dilema um aumento na taxa de poupança leva a um consumo menor por algum tempo mas a um consumo maior depois O que os governos devem fazer O quanto devem tentar se aproximar da regra de ouro Isso depende da importância que atribuem ao bemestar das gerações atuais que estão mais sujeitas a perdas com políti cas econômicas destinadas a aumentar a taxa de poupança versus o bemestar das gerações futuras cuja probabilidade de ganho é maior Aí entra a política Gerações futuras não votam Isso significa que os governos não estão dispostos a pedir grandes sacrifícios das gerações atuais o que por sua vez significa que o capital provavelmente deve permanecer bem abaixo do nível da regra de ouro Nos Estados Unidos essas questões entre gerações estão em evidência no debate atual sobre a reforma da previdência social O quadro Foco Previdência social poupança e acumulação de capital nos Estados Unidos explora este tema com mais profundidade Taxa de poupança s 1 0 Consumo por trabalhador Consumo máximo por trabalhador no estado estacionário sG CN Figura 116 Efeitos da taxa de poupança sobre o consumo por trabalhador no estado estacionário Um aumento na taxa de poupança leva a um aumento e então a uma diminuição no consumo por trabalhador no estado estacionário BookBlanchard 1indb 248 241017 1717 Capítulo 11 Poupança acumulação de capital e produto 249 F O C O Previdência social poupança e acumulação de capital nos Estados Unidos A previdência social nos Estados Unidos foi criada em 1935 O objetivo do programa era assegurar que os idosos tivessem o suficiente para viver Com o passar do tempo tornouse o maior programa de governo do país Os benefícios pagos aos aposentados superam segundo semestre de 2015 4 do PIB Para dois terços dos apo sentados os benefícios representam mais de 50 de sua renda Há pouca dúvida de que em seus próprios termos o sistema de previdência social é um grande sucesso diminuindo a pobreza entre idosos Há pouca dúvida de que levou também a uma menor taxa de poupança nos Estados Unidos e portanto a uma menor acumulação de capital e um menor produto por pessoa no longo prazo Para entender por que devemos fazer um desvio teórico Pensemos em uma economia em que não haja qualquer sistema de previdência social em que os trabalhadores precisam poupar para garantir sua própria aposentadoria Agora vamos introduzir um sistema que colete contribuições previdenciárias dos trabalhadores e distribui benefícios para os aposentados O sistema pode fazer isto de duas maneiras Uma maneira consiste em tributar os trabalhadores investindo suas contribuições em ativos financeiros e devolvendo o principal acrescido dos juros aos trabalhadores quando se aposentam É o chamado sistema de capitalização Em qualquer momento o sistema tem fundos iguais às contribuições acumuladas de trabalhadores com as quais será capaz de pagar benefícios a esses trabalhadores quando se aposentarem Outra maneira consiste em tributar os trabalhado res e redistribuir as contribuições previdenciárias na forma de benefícios para os aposentados atuais É o chamado sistema de repartição O sistema paga benefícios conforme dá para repartir isto é à medida que os arrecada por meio de contribuições Do ponto de vista dos trabalhadores os dois siste mas são bastante semelhantes Em ambos os casos os trabalhadores pagam contribuições quando trabalham e recebem os benefícios quando se aposentam Entretanto existem duas diferenças principais Em primeiro lugar o que os aposentados recebem difere conforme o caso O que os aposentados recebem em um sistema de capitalização depende da taxa de retorno dos ativos financeiros mantidos pelo fundo O que os aposentados recebem no sistema de reparti ção depende da demografia a razão entre aposen tados e trabalhadores e da evolução das alíquotas de impostos determinadas pelo sistema Quando a população envelhece e a proporção de aposentados aumenta ou os aposentados recebem menos ou os trabalhadores têm de contribuir mais É mais ou menos assim que funciona dados do segundo semestre de 2015 nos Estados Unidos A razão entre aposentados e trabalhadores que era de 03 em 2000 já está acima de 04 e prevêse que se aproxime de 05 até 2030 Sob as regras vigentes os benefícios vão aumentar dos atuais 4 do PIB para 6 em 2030 Assim ou os benefícios terão de ser reduzidos caso em que a taxa de retorno para os trabalhadores que contribuí ram no passado será baixa ou as contribuições terão de ser aumentadas caso em que se reduzirá a taxa de retorno para os trabalhadores que estão contri buindo ou mais provavelmente alguma combinação de ambos será implementada Em segundo lugar e deixando de lado a questão do envelhecimento os dois sistemas têm implicações macroeconômicas diversas No sistema de capitalização os trabalhadores poupam menos porque esperam receber benefícios quando envelhecerem Mas o sistema previdenciário poupa em nome deles investindo suas contribuições em ativos financeiros A presença de um sistema de previdência social muda a composição da poupança total a pou pança privada diminui e a poupança pública aumenta Mas em uma primeira aproximação não há nenhum efeito sobre a poupança total e portanto nenhum efeito sobre a acumulação de capital No sistema de repartição os trabalhadores também poupam menos porque esperam receber benefícios quando envelhecerem Mas neste caso o sistema previdenciário não poupa por eles A redução na pou pança privada não é compensada por um aumento na poupança pública Há uma queda na poupança total bem como na acumulação de capital A maioria dos sistemas previdenciários atuais encon trase em algum ponto entre os de repartição e de capita lização Quando a previdência social dos Estados Unidos foi criada em 1935 a intenção era capitalizar parcialmente o sistema Mas não foi o que ocorreu Em vez de serem investidas as contribuições dos trabalhadores foram BookBlanchard 1indb 249 241017 1717 250 Macroeconomia usadas para pagar benefícios aos aposentados o que é o caso desde então Como as contribuições vêm supe rando ligeiramente os benefícios desde o início da década de 1980 a administração da previdência social criou um fundo fiduciário da previdência social Mas esse fundo é bem menor que o valor dos benefícios prometidos aos contribuintes atuais para quando se aposentarem O sistema norteamericano é basicamente um sistema de repartição e isso provavelmente levou a uma menor taxa de poupança nos Estados Unidos nos últimos 70 anos Nesse contexto alguns economistas e políticos suge riram que o governo norteamericano passasse a adotar o sistema de capitalização Um de seus argumentos era o de que a taxa de poupança dos Estados Unidos encontrase demasiadamente reduzida e a capitalização da previdência social contribuiria para aumentála Essa mudança poderia ser alcançada investindose de agora em diante as con tribuições previdenciárias em ativos financeiros em vez de distribuílas como benefícios aos aposentados Com essa mudança o sistema acumularia fundos consistentemente e acabaria por se tornar um sistema de capitalização Martin Feldstein economista de Harvard e defensor da mudança concluiu que no longo prazo ela levaria a um aumento de 34 no estoque de capital Como deveríamos pensar nessa proposta Provavelmente teria sido uma boa ideia capitalizar o sistema desde o início Os Estados Unidos teriam uma taxa de poupança mais alta O estoque de capital do país seria maior assim como o produto e o consumo Mas não podemos reescrever a história O sistema existente pro meteu benefícios aos aposentados e essas promessas devem ser honradas Isso significa que sob a proposta que acabamos de descrever os trabalhadores atuais precisariam na verdade contribuir duplamente de um lado para capitalizar o sistema e financiar sua própria aposentadoria de outro para financiar os benefícios devidos aos aposentados atuais Isso imporia um custo desproporcional aos atuais trabalhadores somando se aos problemas decorrentes do envelhecimento que podem vir a exigir maiores contribuições dos trabalha dores de qualquer maneira A implicação prática é que se for necessária a mudança para um sistema de capi talização deverá ser muito lenta de modo que o ônus do ajuste não pese demais sobre uma geração em relação às demais É provável que o debate ainda dure algum tempo Ao avaliar as propostas do governo e do Congresso devemos nos perguntar como eles lidam com a questão que acabamos de discutir Consideremos por exemplo a proposta de permitir que os trabalhadores a partir de agora depositem suas contribuições previdenciárias em uma conta pessoal em vez de pagálas para a previdência social e possam fazer retiradas dessa conta quando se aposentarem Essa proposta resultaria claramente em um aumento na poupança privada os trabalhadores estariam poupando mais Mas seu efeito final sobre a poupança depende de como os benefícios já prometidos pela pre vidência aos trabalhadores e aposentados atuais serão financiados Se como é o caso em algumas propostas esses benefícios forem financiados não por meio de impostos adicionais mas do financiamento por dívida então o aumento da poupança privada será compensado por um aumento nos déficits isto é uma diminuição na poupança pública A mudança para uma conta pessoal não aumentará a taxa de poupança total dos Estados Unidos Se por outro lado esses benefícios forem finan ciados por meio de impostos mais altos então a taxa de poupança dos Estados Unidos aumentará Mas neste caso os trabalhadores atuais tanto terão de contribuir para suas contas pessoais quanto pagar mais impostos Eles acabarão pagando duas vezes Para acompanhar o debate sobre a previdência social nos EUA consulte o site apartidário da Concord Coalition wwwconcordcoalitionorg 113 Uma ideia das grandezas Que impacto uma mudança na taxa de poupança tem sobre o produto no longo prazo Por quanto tempo e em que extensão um aumento na taxa de poupança afeta o crescimento A que distância os Estados Unidos se encontram do nível de capital da regra de ouro Para ter uma ideia melhor das respostas a essas questões vamos fazer algumas hipóteses mais específicas inserir alguns números e ver o resultado Suponhamos que a função de produção seja dada por Y 1K 1N 11 6 BookBlanchard 1indb 250 241017 1717 Capítulo 11 Poupança acumulação de capital e produto 251 O produto é igual à multiplicação da raiz quadrada do capital pela raiz quadrada do trabalho Uma especificação mais geral da função de produção conhecida como função de produção de CobbDouglas e suas implicações para o crescimento são apresentadas no apêndice deste capítulo Dividindo ambos os lados por N porque estamos interessados no produto por trabalhador obtemos Y N 1K1N N 1K 1N A K N O produto por trabalhador é igual à raiz quadrada do capital por trabalhador Dito de outra maneira a função de produção f que relaciona o produto por traba lhador ao capital por trabalhador é dada por f a Kt N b A Kt N Substituindo fKt N por 2KtN na Equação 113 temos Kt 1 N Kt N sA Kt N dKt N 11 7 Esta equação descreve a evolução do capital por trabalhador ao longo do tempo Vamos examinar suas implicações Efeitos da taxa de poupança sobre o produto no estado estacionário Qual o impacto de um aumento na taxa de poupança sobre o nível de produto por trabalhador no estado estacionário Vamos começar pela Equação 117 No estado estacionário o montante de capital por trabalhador é constante portanto o lado esquerdo da equação é igual a zero Isso implica que s A K N d K N Retiraremos os índices temporais que não são mais necessários pois no estado estacionário KN é constante O asterisco é para lembrar que estamos examinando o valor do capital no estado estacionário Eleve ambos os lados ao quadrado para obter s2 K N d2 a K N b 2 Divida ambos os lados por KN e reorganize K N a s db 2 11 8 O capital por trabalhador em estado estacionário é igual ao quadrado da razão entre a taxa de poupança e a taxa de depreciação Com base nas equações 116 e 118 o produto por trabalhador em estado esta cionário é dado por Y N C K N Ca s db 2 s d 11 9 O produto por trabalhador no estado estacionário é igual à razão entre a taxa de poupança e a taxa de depreciação Uma taxa de poupança maior e uma depreciação menor levam a um maior capital por trabalhador no estado estacionário Equação 118 e a um maior produto por Observe que esta função de produção apresenta retornos constantes de escala e rendi mentos decrescentes tanto do capital quanto do trabalho A segunda igualdade vem de 1NN 1N11N1N2 1 1N BookBlanchard 1indb 251 241017 1717 252 Macroeconomia trabalhador no estado estacionário Equação 119 Para ver o que isso significa vejamos um exemplo numérico Suponhamos que a taxa de depreciação seja de 10 ao ano e que a taxa de poupança também seja de 10 Então pelas equações 118 e 119 vemos que o capital e o produto por trabalhador no estado estacionário são ambos iguais a 1 Agora suponhamos que a taxa de poupança dobre de 10 para 20 Seguese a partir da Equação 118 que no novo estado estacionário o capital por trabalhador aumenta de 1 para 4 E a partir da Equação 119 que o produto por trabalhador dobra de 1 para 2 Portanto a duplicação da taxa de poupança leva no longo prazo à duplicação do produto por trabalhador este é um efeito substancial Efeitos dinâmicos de um aumento na taxa de poupança Acabamos de verificar que um aumento na taxa de poupança leva a um aumento no nível de produto no estado estacionário Mas quanto tempo leva para que o produto atinja seu novo nível de estado estacionário Dito de outra maneira em que extensão e por quanto tempo um aumento na taxa de poupança afeta a taxa de crescimento Para responder a essas perguntas devemos utilizar a Equação 117 e resolvêla para o capital por trabalhador no ano 0 no ano 1 e assim por diante Suponhamos que a taxa de poupança que sempre foi igual a 10 aumente no ano 0 de 10 para 20 e se mantenha no valor mais alto para sempre a partir daí No ano 0 nada acontece com o estoque de capital lembrese de que leva um ano para que poupança mais alta e investimento mais alto se manifestem em um capital mais alto Portanto o capital por trabalhador permanece igual ao valor no estado estacionário associado a uma taxa de poupança de 01 Da Equação 118 K0 N 101 0122 12 1 No ano 1 a Equação 117 nos dá K1 N K0 N sA K0 N dK0 N Com uma taxa de depreciação igual a 01 e uma taxa de poupança agora igual a 02 essa equação implica K1 N 1 10221112 10121 portanto K1 N 11 Do mesmo modo podemos resolver para K2N e assim por diante Uma vez determinados os valores de capital por trabalhador no ano 0 no ano 1 etc podemos usar a Equação 116 a fim de resolver para o produto por trabalhador no ano 0 no ano 1 e assim por diante Os resultados desse cálculo são apresentados na Figura 117 A Figura 117a mostra o nível de produto por trabalhador contra o tempo YN aumenta ao longo do tempo de seu valor inicial igual a 1 no ano 0 para seu valor no estado estacionário igual a 2 no longo prazo A Figura 117b fornece a mesma informação de um modo diferente mostrando a taxa de crescimento de pro duto por trabalhador contra o tempo Como a Figura 117b mostra o crescimento do produto por trabalhador é maior no início e depois diminui ao longo do tempo À medida que a economia atinge seu novo estado estacionário o crescimento do produto por trabalhador volta a zero A diferença entre investimento e depreciação é inicialmente maior É por isso que a acu mulação de capital e por sua vez o crescimento do produto são inicialmente mais altos BookBlanchard 1indb 252 241017 1717 Capítulo 11 Poupança acumulação de capital e produto 253 O que a Figura 117 mostra com clareza é que o ajuste para o novo equilíbrio de longo prazo mais elevado leva muito tempo O ajuste tem apenas 40 completos após 10 anos e 63 após 20 anos Dito de outra maneira o aumento na taxa de poupança eleva a taxa de crescimento do produto por trabalhador por muito tempo A taxa média anual de crescimento é de 31 nos primeiros 10 anos e de 15 nos 10 anos seguintes Embora as mudanças na taxa de poupança não tenham qualquer efeito sobre o crescimento no longo prazo elas certamente levam a um crescimento maior por muito tempo Voltando à questão levantada no início do capítulo a baixa taxa de poupança investimento nos Estados Unidos poderia explicar por que a taxa de crescimento do país tem sido tão pequena em relação aos demais países da OCDE desde 1950 A resposta seria sim se os Estados Unidos tivessem apresentado uma taxa de poupança mais alta no passado e se essa taxa de poupança tivesse caído substancial mente nos últimos 50 anos Se este fosse o caso isso poderia explicar o período de crescimento menor nos Estados Unidos nos últimos 50 anos nas linhas do mecanismo na Figura 117 com o sinal invertido pois estaríamos observando uma redução e não um aumento na taxa de poupança Mas não é o caso A taxa de poupança Figura 117 Efeitos dinâmicos de um aumento na taxa de poupança de 10 para 20 sobre o nível e a taxa de crescimento do produto por trabalhador É preciso muito tempo para que o produto se ajuste ao seu novo nível mais elevado após o aumento na taxa de poupança Dito de outra maneira um aumento na taxa de poupança leva a um longo período de crescimento maior Nível do produto por trabalhador 200 175 150 125 100 0 Anos a Efeito sobre o nível de produto por trabalhador Taxa de crescimento do produto por trabalhador percentual 5 4 3 2 1 0 b Efeito sobre o crescimento do produto 10 20 30 40 50 0 Anos 10 20 30 40 50 YN BookBlanchard 1indb 253 241017 1717 254 Macroeconomia norteamericana está baixa há muito tempo A poupança baixa não pode explicar o mau desempenho do crescimento dos Estados Unidos ao longo dos últimos 50 anos A taxa de poupança dos Estados Unidos e a regra de ouro Que taxa de poupança maximizaria o consumo por trabalhador no estado esta cionário Vale lembrar que no estado estacionário o consumo é igual ao que sobrou depois que um montante suficiente foi reservado para manter um nível constante de capital Mais formalmente no estado estacionário o consumo por trabalhador é igual ao produto menos a depreciação C N Y N d K N Usando as equações 118 e 119 para os valores do produto e do capital por trabalhador ambos no estado estacionário temos que o consumo por trabalhador é dado por C N s d da s db 2 s11 s2 d Utilizando esta equação com as equações 118 e 119 a Tabela 111 nos dá os valores no estado estacionário do capital do produto e do consumo por trabalhador para valores diferentes da taxa de poupança e para uma taxa de depreciação igual a 10 O consumo por trabalhador no estado estacionário é máximo quando s é igual a 12 Em outras palavras o nível de capital da regra de ouro está associado a uma taxa de poupança de 50 Abaixo desse nível aumentos na taxa de poupança levam a um aumento no consumo por trabalhador no longo prazo Vimos ante riormente que a taxa média de poupança dos Estados Unidos desde 1970 era de somente 17 Portanto podemos acreditar que ao menos nos Estados Unidos um aumento na taxa de poupança aumentaria o produto e o consumo por trabalhador no longo prazo Teste sua compreensão acerca dessas questões Usando as equações desta seção discuta os prós e os contras das medi das de política econômica des tinadas a aumentar a taxa de poupança nos Estados Unidos Tabela 111 A taxa de poupança e os níveis de estado estacionário do capital do produto e do consumo por trabalhador Taxa de poupança s Capital por trabalhador KN Produto por trabalhador YN Consumo por trabalhador CN 00 00 00 00 01 10 10 09 02 40 20 16 03 90 30 21 04 160 40 24 05 250 50 25 06 360 60 24 10 1000 100 00 BookBlanchard 1indb 254 241017 1717 Capítulo 11 Poupança acumulação de capital e produto 255 114 Capital físico versus capital humano Até agora nos concentramos no capital físico máquinas fábricas prédios de escritórios e assim por diante Mas as economias possuem outro tipo de capital o conjunto de habilidades dos trabalhadores na economia ou o que os economistas chamam de capital humano Uma economia com muitos trabalhadores altamente qualificados provavelmente será muito mais produtiva que outra em que a maioria dos trabalhadores é analfabeta Nos últimos dois séculos o aumento do capital humano tem sido tão grande quanto o do capital físico No início da Revolução Industrial somente 30 da popu lação dos países que atualmente constituem a OCDE sabiam ler Atualmente a taxa de alfabetização nos países da OCDE situase acima de 95 A educação formal não era compulsória antes da Revolução Industrial mas agora é em geral até os 16 anos Mesmo assim há grandes diferenças entre os países Hoje em dia nos países da OCDE praticamente 100 das crianças recebem ensino primário 90 recebem ensino secundário e 38 ensino superior Os percentuais nos países pobres países com PIB por pessoa inferior a US 400 são 95 32 e 4 respectivamente Como podemos pensar no efeito do capital humano sobre o produto Como a introdução do capital humano muda nossas conclusões anteriores Essas são as questões que examinaremos nesta seção final Ampliando a função de produção O modo mais natural de ampliar nossa análise para incluir o capital humano é modificar a relação da função de produção da Equação 111 para Y N f a K N H Nb 11 10 12 O nível de produto por trabalhador depende tanto do nível de capital físico por trabalhador KN quanto do nível de capital humano por trabalhador HN Assim como antes um aumento no capital por trabalhador KN leva a um aumento no produto por trabalhador E um aumento no nível médio de qualificação HN também leva a um maior produto por trabalhador Trabalhadores mais qualificados podem realizar tarefas mais complexas eles lidam mais facilmente com complicações inesperadas Tudo isso leva a um produto por trabalhador maior Admitimos anteriormente que aumentos no capital físico por trabalhador aumen tavam o produto mas que o efeito diminuía à medida que o nível de capital aumen tava Podemos adotar a mesma hipótese para o capital humano por trabalhador Pensemos em aumentos de HN como resultado de aumentos no número de anos de educação A evidência mostra que os retornos do aumento na proporção de crianças que recebem ensino primário são muito grandes No mínimo a capacidade de ler e escrever permite que as pessoas utilizem equipamentos mais sofisticados e produ tivos Para os países ricos no entanto o ensino primário e neste caso também o secundário não constitui mais uma vantagem relevante A maioria das crianças recebe ambos A vantagem relevante está agora no ensino superior Com certeza é bom saber que as evidências mostram que o ensino superior aumenta as habili dades das pessoas pelo menos quando medidas pelo aumento dos salários dos que adquirem essas habilidades Mas tomando um exemplo extremo não está claro que o fato de obrigar todos a obter um diploma de curso superior vá aumentar muito o produto agregado Muitas pessoas estariam sobrequalificadas e provavelmente mais frustradas em vez de mais produtivas Mesmo essa comparação pode ser enganosa pois a qualidade da educação pode ser completamente diferente entre os países Observe que estamos usando o mesmo símbolo H para representar a moeda do Banco Central no Capítulo 4 e o capi tal humano neste capítulo Os dois usos são tradicionais Não devemos nos confundir Examinaremos esta evidência no Capítulo 13 BookBlanchard 1indb 255 241017 1717 256 Macroeconomia Como deveríamos construir a medida do capital humano H A resposta é em grande parte da mesma maneira que elaboramos a medida do capital físico K Para construir K apenas somamos os valores dos diferentes componentes do capital de modo que um equipamento que custe US 2000 receba o dobro do peso de uma máquina que custe US 1000 De modo semelhante construímos a medida de H de maneira que os trabalhadores que ganham o dobro possuam o dobro do peso Consideremos por exemplo uma economia com 100 trabalhadores metade deles não qualificada e metade qualificada Suponhamos que o salário relativo dos traba lhadores qualificados seja o dobro do salário dos não qualificados Podemos então construir H como 50 1 50 2 150 O capital humano por trabalhador HN é igual a 150100 15 Capital humano capital físico e produto Como a introdução do capital humano altera a análise das seções anteriores Nossas conclusões a respeito da acumulação do capital físico permanecem válidas Um aumento na taxa de poupança aumenta o capital físico por trabalhador no estado estacionário e portanto aumenta o produto por trabalhador Mas agora nossas conclusões também se estendem à acumulação de capital humano Um aumento do quanto a sociedade poupa sob a forma de capital humano por meio da educa ção ou do treinamento no trabalho aumenta o capital humano por trabalhador no estado estacionário que leva a um aumento no produto por trabalhador Nosso modelo ampliado fornece um quadro mais detalhado da determinação do produto No longo prazo o modelo mostra que o produto depende tanto de quanto a socie dade poupa como de quanto gasta com educação Qual é a importância relativa do capital humano e do capital físico na deter minação do produto por trabalhador Um ponto de partida é comparar o quanto se gasta em educação formal com quanto se investe em capital físico Nos Estados Unidos os gastos com educação formal representam cerca de 65 do PIB Esse percentual inclui tanto os gastos do governo quanto os gastos pessoais privados com educação Está entre 13 e metade da taxa de investimento bruto em capital físico que é de aproximadamente 16 Mas essa comparação é apenas um primeiro passo Consideremos as seguintes complicações A educação sobretudo o ensino superior é em parte consumo em seu próprio benefício e em parte investimento Para nossos objetivos devemos incluir ape nas a parte relativa ao investimento No entanto os 65 do parágrafo anterior incluem ambos Pelo menos para o ensino superior o custo de oportunidade da educação de uma pessoa são os salários aos quais se renunciam enquanto se adquire a educação O gasto com educação deve incluir não só o custo efetivo da educação mas também esse custo de oportunidade Os 65 não incluem este custo A educação formal é apenas parte da educação Muito do que aprendemos vem do treinamento no trabalho seja ele formal ou informal Tanto os custos efetivos quanto os de oportunidade do treinamento no trabalho também deveriam ser incluídos Os 65 não incluem os custos associados ao treinamento no trabalho Devemos comparar as taxas de investimento líquidas da depreciação A depre ciação do capital físico em especial das máquinas provavelmente é maior que a depreciação do capital humano As habilidades deterioramse mas de forma mais lenta E diferentemente do capital físico quanto mais usadas mais demoram para se deteriorar O uso de salários relativos como peso baseiase na ideia de que eles refletiriam os pro dutos marginais relativos Supõese que um trabalhador com salário três vezes superior a outro tenha um produto mar ginal três vezes maior Uma questão contudo seria saber se os salários relativos refletem com precisão os produtos marginais relativos Um exemplo controverso ocupando o mesmo cargo com o mesmo tempo de ser viço as mulheres frequente mente ganham menos que os homens Isto significa que seu produto marginal é menor Na elaboração de uma medida de capital humano as mulheres deveriam receber um peso menor do que o dos homens Qual é o custo de oportunidade em relação ao valor das men salidades escolares BookBlanchard 1indb 256 241017 1717 Capítulo 11 Poupança acumulação de capital e produto 257 Por todos esses motivos é difícil obter números confiáveis para o investimento em capital humano Estudos recentes concluem que os investimentos em capital físico e em educação desempenham papéis aproximadamente semelhantes na determinação do produto Isso significa que o produto por trabalhador depende de modo aproximadamente igual do montante de capital físico e do montante de capital humano na economia Os países que poupam mais ou gastam mais com educação podem alcançar níveis de produto por trabalhador no estado estacionário substancialmente maiores Crescimento endógeno Observe o que nossa conclusão afirmou e o que não afirmou Afirmouse que um país que poupa mais ou gasta mais com educação alcançará um nível mais alto de produto por trabalhador no estado estacionário Não se afirmou que ao poupar ou gastar mais com educação um país poderá sustentar permanentemente um crescimento maior do produto por trabalhador Esta conclusão foi no entanto desafiada Seguindo Robert Lucas e Paul Romer pesquisadores têm explorado a possibilidade de que a acumulação conjunta de capitais físico e humano pode de fato ser suficiente para sustentar o crescimento Dado o capital humano aumentos de capital físico produzirão rendimentos decrescentes E dado o capital físico aumentos de capital humano também produzirão rendimentos decrescentes Mas esses pesquisadores pergun taram o que ocorre quando os capitais físico e humano aumentam ao mesmo tempo Uma economia pode crescer para sempre apenas com o aumento cons tante do capital e dos trabalhadores mais qualificados Os modelos que geram um crescimento contínuo mesmo sem progresso tecno lógico são chamados modelos de crescimento endógeno para refletir o fato de que neles ao contrário do modelo que vimos em seções anteriores deste capítulo a taxa de crescimento depende mesmo no longo prazo de variáveis como taxa de poupança e taxa de gastos com educação O veredicto sobre essa classe de modelos ainda não foi dado mas até agora tudo indica que nossas conclusões anteriores devam ser qualificadas mas não abandonadas O consenso atual é que O produto por trabalhador depende dos níveis de capitais físico e humano por trabalhador Ambas as formas de capital podem ser acumuladas uma pelo investimento físico outra por educação e treinamento O aumento na taxa de poupança ou na fração do produto despendida em educação e treinamento pode levar a níveis bem mais altos de produto por trabalhador no longo prazo Entretanto dada a taxa de progresso tecnológico essas medidas não levam a uma taxa de crescimento permanentemente maior Observe a qualificação da última proposição dada a taxa de progresso tecnológico Mas será que o progresso tecnológico não tem relação com o nível de capital humano na economia Uma força de trabalho mais instruída pode levar a uma taxa de progresso tecnológico maior Essas questões nos remetem ao tema do próximo capítulo as fontes e os efeitos do progresso tecnológico Robert Lucas recebeu o Prêmio Nobel em 1995 Ele leciona na Universidade de Chicago Paul Romer é professor da Universidade de Nova York BookBlanchard 1indb 257 241017 1717 258 Macroeconomia Resumo No longo prazo a evolução do produto é deter minada por duas relações Para facilitar a leitura deste resumo omitiremos a expressão por traba lhador Primeiro o nível de produto depende do montante de capital Segundo a acumulação de capital depende do nível do produto que determina a poupança e o investimento Essas interações entre capital e produto implicam que as economias convergem a partir de qualquer nível de capital e ignorando o progresso tecnoló gico tema do Capítulo 12 no longo prazo para um nível de capital de estado estacionário constante Associado a esse nível de capital há um nível de produto de estado estacionário O nível de capital no estado estacionário e por tanto o nível de produto no estado estacionário dependem positivamente da taxa de poupança Uma taxa de poupança mais alta leva a um nível de produto mais elevado no estado estacionário durante a transição para o novo estado estacio nário uma taxa de poupança mais alta leva a um crescimento positivo do produto Mas novamente ignorando o progresso tecnológico no longo prazo a taxa de crescimento do produto é igual a zero e portanto não depende da taxa de poupança Um aumento na taxa de poupança requer uma diminuição inicial no consumo No longo prazo o aumento da taxa de poupança pode levar a um aumento ou a uma diminuição do consumo depen dendo de a economia se encontrar abaixo ou acima do nível de capital da regra de ouro que é o nível de capital no qual o consumo no estado estacionário é mais elevado A maioria dos países tem um nível de capital abaixo do nível da regra de ouro Assim um aumento na taxa de poupança leva a uma diminuição inicial no consumo seguida de um aumento do consumo no longo prazo Ao considerar se implementam ou não medidas de política econômica destinadas a alterar a taxa de poupança de um país os formuladores da política econômica devem decidir que peso atribuir ao bemestar das gerações atuais versus o bemestar das gerações futuras Embora a maior parte da análise deste capítulo concentrese nos efeitos da acumulação de capi tal físico o produto depende dos níveis de capi tal físico e humano Ambas as formas de capi tal podem ser acumuladas uma por meio do investimento outra por educação e treinamento O aumento na taxa de poupança ou na fração do produto gasta com educação e treinamento pode levar a aumentos substanciais do produto no longo prazo Palavraschave capital humano 255 estado estacionário 242 fundo fiduciário da previdência social 250 modelos de crescimento endógeno 257 nível de capital da regra de ouro 247 sistema de capitalização 249 sistema de repartição 249 taxa de poupança 236 Questões e problemas Teste rápido 1 Usando as informações contidas neste capítulo diga se cada afirmação a seguir é verdadeira falsa ou incerta Explique brevemente a A taxa de poupança é sempre igual à taxa de investimento b Uma taxa de investimento mais alta pode sus tentar um crescimento maior do produto para sempre c Se o capital nunca se depreciasse o crescimento poderia prosseguir para sempre d Quanto mais elevada a taxa de poupança maior o consumo no estado estacionário BookBlanchard 1indb 258 241017 1718 Capítulo 11 Poupança acumulação de capital e produto 259 e Deveríamos transformar a previdência social de um sistema de repartição para um sistema de capitaliza ção Isso aumentaria o consumo agora e no futuro f O estoque de capital dos Estados Unidos está bem abaixo do nível da regra de ouro O governo deveria conceder isenções de impostos para a poupança pois o estoque de capital no país está muito abaixo do nível da regra de ouro g A educação aumenta o capital humano e desse modo o produto Assim os governos deveriam subsidiar a educação 2 Consideremos a seguinte afirmação O modelo de Solow mostra que a taxa de poupança não afeta a taxa de crescimento no longo prazo portanto devemos parar de nos preocupar com a baixa taxa de poupança nos Estados Unidos O aumento de tal taxa não teria nenhum efeito importante na economia Explique por que você concorda ou discorda 3 No Capítulo 3 vimos que um aumento na taxa de poupança pode levar a uma recessão no curto prazo ou seja o paradoxo da poupança Examinamos os efeitos no médio prazo no Problema 5 no final do Capítulo 7 Podemos agora examinar o efeito de um aumento na taxa de poupança no longo prazo Utilizando o modelo apresentado neste capítulo responda qual é o provável efeito de um aumento na taxa de poupança sobre o produto por trabalhador após uma década E após cinco décadas Aprofundando 4 Discuta o efeito provável sobre o nível do produto por pessoa no longo prazo de cada uma das seguintes alterações a O direito de excluir a poupança da renda no cál culo do imposto de renda b Uma taxa maior de participação das mulheres no mercado de trabalho mantida constante a população 5 Suponhamos que os Estados Unidos mudassem seu atual sistema de previdência social e passassem do sistema de repartição para o de capitalização Além disso suponhamos que o país financiasse a transição sem empréstimos governamentais adicionais Como tal mudança para o sistema de capitalização afetaria o nível e a taxa de crescimento do produto por tra balhador no longo prazo 6 Suponhamos que a função de produção seja dada por Y 05 1K 1N a Derive os níveis no estado estacionário do pro duto e do capital por trabalhador em termos da taxa de poupança s e da taxa de depreciação δ b Derive a equação para produto por trabalhador e consumo por trabalhador no estado estacionário em termos de s e δ c Suponhamos que δ 005 Com o auxílio de sua planilha preferida calcule o produto e o consumo por trabalhador no estado estacionário para s 0 s 01 s 02 s 1 Explique a intuição por trás dos seus resultados d Use a planilha que preferir para fazer um gráfico dos níveis do produto e do consumo por trabalha dor no estado estacionário ambos como função da taxa de poupança isto é medindo a taxa de poupança no eixo horizontal do gráfico e os valo res correspondentes do produto e do consumo por trabalhador no eixo vertical e O gráfico mostra que existe um valor de s que maximiza o produto por trabalhador O gráfico mostra que existe um valor de s que maximiza o consumo por trabalhador Se existe qual é esse valor 7 A função de produção CobbDouglas e o estado estacionário Esta questão baseiase no material do Apêndice deste capítulo Suponhamos que a produção da economia seja dada por Y KaN1a e consideremos que a 13 a Essa função de produção é caracterizada por retornos constantes de escala Explique b Há rendimentos decrescentes do capital c Há rendimentos decrescentes do trabalho d Transforme a função de produção em uma relação entre produto e capital por trabalhador e Para uma dada taxa de poupança s e uma taxa de depreciação δ obtenha uma expressão para o capital por trabalhador no estado estacionário f Obtenha uma expressão para o produto por tra balhador no estado estacionário g Resolva para o nível de produto por trabalhador no estado estacionário quando s 032 e δ 008 h Suponhamos que a taxa de depreciação perma neça constante em δ 008 enquanto a taxa de poupança cai pela metade para s 016 Qual é o novo nível de produto por trabalhador no estado estacionário BookBlanchard 1indb 259 241017 1718 260 Macroeconomia 8 Mantendo a lógica da Questão 7 suponhamos que a função de produção da economia seja dada por Y K13N23 e que tanto a taxa de poupança s quanto a taxa de depreciação D sejam iguais a 010 a Qual é o nível de capital por trabalhador no estado estacionário b Qual é o nível de produto por trabalhador no estado estacionário Suponhamos que a economia esteja no estado esta cionário e que no período t a taxa de depreciação aumente permanentemente de 010 para 020 c Quais serão os novos níveis de capital e de produto por trabalhador no estado estacionário d Calcule a trajetória do capital e do produto por trabalhador ao longo dos três primeiros períodos após a mudança na taxa de depreciação 9 Déficits e o estoque de capital Para a função de produção Y 1K 1N equation 119 a Equação 119 fornece a solução para o estoque de capital no estado estacionário a Mostre novamente os passos no texto que derivam a Equação 119 b Suponhamos que a taxa de poupança s seja inicialmente de 15 ao ano e que a taxa de depreciação δ seja de 75 Qual é o estoque de capital por trabalhador no estado estacionário Qual é o produto por trabalhador no estado estacionário c Suponhamos que haja um déficit do governo de 5 do PIB e que o governo elimine esse déficit Suponhamos também que a poupança privada permaneça inalterada de modo que a poupança total aumente para 20 Qual é o novo estoque de capital por trabalhador no estado estacioná rio Qual é o novo produto por trabalhador no estado estacionário Como isso se compara à sua resposta no item b Explorando mais 10 Poupança dos Estados Unidos e déficits governa mentais Esta questão segue a lógica da Questão 9 para explorar as implicações do déficit orçamentário dos Estados Unidos para o estoque de capital no longo prazo A questão supõe que o país terá um déficit orça mentário ao longo da duração desta edição do livro a O Banco Mundial relata a taxa de poupança interna bruta por país e ano O site é httpdataworld bankorgindicatorNYGNSICTRZS Encontre o número mais recente para os Estados Unidos Qual é a taxa de poupança total no país como por centagem do PIB Usando a depreciação e a lógica da Questão 9 qual seria o estoque de capital por trabalhador no estado estacionário Qual seria o produto por trabalhador no estado estacionário b Acesse a publicação mais recente do Economic Report of the President ERP e encontre o défi cit federal mais recente como porcentagem do PIB No ERP 2015 esse dado está na Tabela B20 Usando a lógica da Questão 9 suponha mos que o déficit orçamentário federal tenha sido eliminado e que não houve variação na poupança privada Qual seria o efeito sobre o estoque de capital por trabalhador no longo prazo Qual seria o efeito sobre o produto por trabalhador no longo prazo c Retorne à tabela de taxas de poupança interna bruta do Banco Mundial Como a taxa de pou pança da China se compara com a taxa de pou pança dos Estados Unidos Leitura adicional O tratamento clássico da relação entre taxa de pou pança e produto é de Robert Solow em Growth the ory an exposition 1970 Uma discussão de leitura fácil sobre se e como aumen tar a poupança e melhorar a educação nos Estados Unidos pode ser encontrada nos memorandos 23 a 27 em Memos to the president a guide through macroeco nomics for the busy policymaker de Charles Schultze presidente do Conselho de Assessores Econômicos na gestão Carter 1992 BookBlanchard 1indb 260 241017 1718 Capítulo 11 Poupança acumulação de capital e produto 261 Apêndice A função de produção CobbDouglas e o estado estacionário Em 1928 Charles Cobb matemático e Paul Douglas economista que se tornou senador dos Estados Unidos concluíram que a função de produção a seguir proporcio nava uma descrição muito boa da relação entre produto capital físico e trabalho nos Estados Unidos no período de 1899 a 1922 Y KaN1 a 11 A1 YN KaN1 aN N1 aN N1 aN1 Na YN KaNa 1KN2a sendo a um número entre 0 e 1 Suas descobertas se mostraram surpreendentemente robustas Ainda hoje a função de produção 11A1 agora conhecida como fun ção de produção CobbDouglas proporciona uma boa descrição da relação entre produto capital e trabalho nos Estados Unidos e se tornou uma ferramentapadrão para os economistas Verifique se ela satisfaz as duas propriedades que discutimos no texto retornos cons tantes de escala e rendimentos decrescentes do capital e do trabalho A finalidade deste apêndice é descrever o estado estacionário de uma economia quando a função de pro dução é dada pela Equação 11A1 Tudo que se precisa para acompanhar os passos é conhecer as propriedades de exponenciais Lembramos que no estado estacionário a poupança por trabalhador deve ser igual à depreciação por traba lhador Vejamos o que isto implica Para derivar a poupança por trabalhador devemos derivar em primeiro lugar a relação entre produto e capital por trabalhador resultante da Equação 11A1 Divida ambos os lados da Equação 11A1 por N Y KaN1 a 11 A1 YN KaN1 aN N1 aN N1 aN1 Na YN KaNa 1KN2a usando as propriedades de exponenciais Y KaN1 a 11 A1 YN KaN1 aN N1 aN N1 aN1 Na YN KaNa 1KN2a e então substituindo na equação anterior temos Y KaN1 a 11 A1 YN KaN1 aN N1 aN N1 aN1 Na YN KaNa 1KN2a O produto por trabalhador YN é igual à razão capi tal por trabalhador KN elevada à potência a A poupança por trabalhador é igual à taxa de pou pança multiplicada pelo produto por trabalhador Portanto usando a equação anterior ela é igual a s 1KN2a d 1KN2 s1KN2a d1KN2 s d1KN21 a A depreciação por trabalhador é igual à taxa de depre ciação multiplicada pelo capital por trabalhador s 1KN2a d 1KN2 s1KN2a d1KN2 s d1KN21 a O nível de capital no estado estacionário K é deter minado pela condição de que a poupança por tra balhador seja igual à depreciação por trabalhador portanto s 1KN2a d 1KN2 s1KN2a d1KN2 s d1KN21 a Para resolver esta expressão para o nível de capital por trabalhador no estado estacionário KN divida ambos os lados por KNa s 1KN2a d 1KN2 s1KN2a d1KN2 s d1KN21 a Divida ambos os lados por δ e mude a ordem da igualdade 1KN21 a sd 1 11 a2 1KN2 1sd2111 a2 1YN2 KNa 1sd2a11 a2 YN sd Por fim eleve ambos os lados à potência 11 a 1KN21 a sd 1 11 a2 1KN2 1sd2111 a2 1YN2 KNa 1sd2a11 a2 YN sd Isso dá o nível de capital por trabalhador em estado estacionário A partir da função de produção o nível de produto por trabalhador no estado estacionário é então igual a 1KN21 a sd 1 11 a2 1KN2 1sd2111 a2 1YN2 KNa 1sd2a11 a2 YN sd Vejamos o que esta última equação implica No texto efetivamente trabalhamos com um caso especial da Equação 11A1 aquele em que a 05 Elevar uma variável à potência 05 é o mesmo que tirar a raiz quadrada desta variável Se a 05 a equação anterior significa 1KN21 a sd 1 11 a2 1KN2 1sd2111 a2 1YN2 KNa 1sd2a11 a2 YN sd O produto por trabalhador é igual à razão entre a taxa de poupança e a taxa de depreciação Esta é a equação que discutimos no texto Dobrar a taxa de pou pança leva a dobrar o produto por trabalhador no estado estacionário A evidência empírica sugere entretanto que se pen sarmos em K como capital físico a estará mais pró ximo de 13 que 12 Supondose que a 13 então BookBlanchard 1indb 261 241017 1718 262 Macroeconomia a 1 a 131 13 1323 12 e a equação do produto por trabalhador produz YN 1sd212 2sd Isto implica efeitos menores da taxa de poupança sobre o produto por trabalhador do que foi sugerido pelos cálculos no texto Dobrar a taxa de poupança por exemplo significa que o produto por trabalhador aumenta por um fator de 12 ou apenas cerca de 14 dito de outra maneira um aumento de 40 no produto por trabalhador Há no entanto uma interpretação do nosso modelo em que o valor apropriado de a é próximo de 12 tornando assim os cálculos do texto aplicáveis Se seguindo o sugerido na Seção 114 levarmos em conta tanto o capital humano quanto o físico então um valor de a em torno de 12 para a contribuição dessa definição mais ampla de capital para o produto é razoavelmente apropriado Portanto uma interpreta ção dos resultados numéricos da Seção 113 é que eles mostram os efeitos de uma dada taxa de poupança mas que deve ser interpretada para incluir poupança tanto no capital físico quanto no capital humano mais máquinas e mais educação Termochave função de produção CobbDouglas 261 BookBlanchard 1indb 262 241017 1718 Capítulo 12 Progresso tecnológico e crescimento 271 O termo progresso tecnológico traz à mente imagens de grandes descobertas a invenção do microchip a descoberta da estrutura do DNA e assim por diante Essas descobertas sugerem um processo direcionado em grande parte pela pesquisa cien tífica e pelo acaso em vez de por forças econômicas Mas a verdade é que a maior parte do progresso tecnológico alcançado pelas economias modernas é consequência de um processo monótono o resultado das atividades de pesquisa e desenvolvimento PD das empresas Os gastos industriais com PD respondem por cerca de 2 a 3 do PIB de cada um dos quatro países mais ricos que examinamos no Capítulo 10 Estados Unidos França Japão e Reino Unido Aproximadamente 75 dos cerca de um milhão de cientistas e pesquisadores dos Estados Unidos que trabalham com PD são funcionários de empresas Os gastos com PD das empresas dos Estados Unidos correspondem a mais de 20 de seus gastos com investimento bruto e a mais de 60 de seus gastos com investimento líquido investimento bruto menos depreciação O motivo pelo qual as empresas gastam com PD é o mesmo por que compram novas máquinas ou constroem fábricas para aumentar os lucros Ao elevar os gas tos com PD uma empresa aumenta a probabilidade de descobrir e desenvolver um novo produto Empregaremos a palavra produto como termo genérico para representar novos bens ou novas técnicas de produção Se o novo produto for bemsucedido os lucros da empresa vão aumentar Há contudo uma diferença importante entre comprar uma máquina e gastar mais com PD A diferença é que o resultado da PD é fundamentalmente constituído de ideias E ao contrário de uma máquina uma ideia pode ser utilizada por muitas empresas ao mesmo tempo Uma empresa que acaba de adquirir uma nova máquina não precisa se preocupar se outra utilizará esta máquina em particular Uma empresa que descobriu e desen volveu um novo produto não pode desconsiderar esta hipótese Este último ponto implica que o nível de gastos com PD depende não apenas da fertilidade do processo de pesquisa como os gastos com PD se traduzem em novas ideias e novos produtos mas também da apropriabilidade dos resultados de pesquisa a extensão com que as empresas se beneficiam dos resultados de sua própria PD Vamos examinar cada um desses aspectos Fertilidade do processo de pesquisa Se a pesquisa for fértil isto é se os gastos com PD levarem a muitos produ tos novos tudo o mais constante as empresas terão mais incentivos para gastar em PD e por conseguinte os gastos com PD e o progresso tecnológico serão maiores Os determinantes da fertilidade da pesquisa residem em grande parte fora do domínio da economia Muitos fatores interagem aqui A fertilidade da pesquisa depende de uma interação bemsucedida entre pes quisa básica busca de princípios e resultados gerais e pesquisa e desenvolvimento aplicados aplicação desses resultados a usos específicos e o desenvolvimento de novos produtos A pesquisa básica não leva em si ao progresso tecnológico Mas o sucesso da pesquisa aplicada e do desenvolvimento depende em última análise da pesquisa básica Boa parte do desenvolvimento da indústria de computadores pode ser atribuída a alguns poucos avanços importantes da invenção do transistor à do microchip Do lado do software muito do progresso vem do avanço na matemática Por exemplo o progresso na criptografia vem do avanço da teoria dos números primos Alguns países parecem ser mais bemsucedidos na pesquisa básica outros são mais bemsucedidos em pesquisa aplicada e desenvolvimento Estudos apontam para diferenças no sistema de ensino como um dos motivos Por exemplo argumenta se frequentemente que o sistema de ensino superior francês com sua forte ênfase no pensamento abstrato gera pesquisadores melhores em pesquisa básica que em BookBlanchard 1indb 271 241017 1718 Capítulo 12 Progresso tecnológico e crescimento 275 Gestão inovação e imitação Embora PD seja claramente essencial para o progresso tecnológico seria equivo cado focar exclusivamente nesta dimensão porque outras são relevantes As tecnologias existentes podem ser aplicadas com mais ou menos eficiência e a concorrência intensa entre as empresas faz que tenham de ser mais eficientes Além disso como mostra o quadro Foco Práticas de gestão outra dimensão do progresso tecnológico uma boa gestão faz uma diferença substancial à produtividade das empresas E em alguns países a área de PD pode ser menos importante que em outros Nesse contexto pesquisas recentes sobre o crescimento enfatizaram a distinção entre crescimento por inovação e crescimento por imitação Para sustentar o crescimento os países avançados que estão na fronteira tecnológica devem inovar E isso exige gastos substanciais com PD Já os mais pobres que estão mais distantes da fronteira tecnológica podem crescer em grande medida imitando e não inovando por meio da importação e adaptação de tecnologias existentes em vez do desenvolvimento de novas A importação e a adaptação de tecno logias existentes claramente têm desempenhado um papel central na China ao longo das últimas três décadas Essa diferença entre inovação e imitação também explica por que os países menos avançados tecnologicamente costumam apresentar proteção mais frouxa de patentes A China por exemplo é um país com má aplicação dos direitos de patente Nossa discussão ajuda a explicar por quê Esses países são mais usuários que produtores de novas tecnologias Grande parte da sua melhoria na produtividade não advém de invenções domésticas mas da adaptação de tecnologias estrangeiras Neste caso os custos de uma proteção ineficiente de patentes são baixos porque haveria pou cas invenções domésticas de qualquer maneira Mas os benefícios da baixa proteção às patentes são claros Ela permite que empresas nacionais utilizem e adaptem tecnologia estrangeira sem ter de pagar direitos às empresas que desenvolveram a tecnologia o que é bom para o país Nesta fase podese ter a seguinte dúvida se nos países pobres o progresso tec nológico é mais um processo de imitação que de inovação por que alguns países como a China e outros asiáticos fazem bem isso ao contrário de outros como mui tos dos africanos Esta questão nos leva da macroeconomia para a economia do desenvolvimento e seria necessário um livro específico para fazer justiça ao tema Mas é uma questão importante demais para ser ignorada por completo aqui vamos discutir esta questão na próxima seção 123 Instituições progresso tecnológico e crescimento Para ter uma ideia da razão por que alguns países têm sucesso em imitar as tecno logias existentes enquanto outros não vamos comparar o Quênia aos Estados Unidos O PIB PPC por pessoa do Quênia é cerca de 120 daquele dos Estados Unidos Parte da diferença se deve a um nível muito inferior de capital por trabalhador no Quênia A outra parte se deve a um nível tecnológico muito inferior no país africano Estimase que A o estado da tecnologia no Quênia seja cerca de 113 do nível dos Estados Unidos Por que o estado da tecnologia queniano é tão baixo O país tem potencialmente acesso à maior parte do conhecimento mundial O que o impede de simplesmente adotar grande parte da tecnologia dos países avançados e preencher rapidamente grande parte da sua lacuna tecnológica com os Estados Unidos Podese pensar em inúmeras respostas que vão desde a geografia e o clima do Quênia até a sua cultura A maioria dos economistas acredita contudo que o principal problema para os países pobres em geral e para o Quênia em particular esteja em suas instituições deficientes BookBlanchard 1indb 275 241017 1718 282 Macroeconomia desenvolvimento de joint ventures entre empresas chinesas e estrangeiras Estas chegavam com melhores tecnologias e ao longo do tempo as locais aprendiam a utilizálas Fazendo referência à nossa discussão o crescimento veio em grande parte da imitação da importação e da adaptação de tecnologias modernas dos países avançados À medida que a China avança e se aproxima da fronteira tecnológica deve passar da imitação para a inovação e assim modificar seu modelo de crescimento Resumo Ao pensarmos nas implicações do progresso tec nológico para o crescimento é útil pensarmos no progresso tecnológico como um fator de aumento no montante de trabalho efetivo disponível na economia isto é o trabalho multiplicado pelo estado da tecnologia Podemos então pensar no produto como obtido por meio de capital e trabalho efetivo No estado estacionário o produto por trabalha dor efetivo e o capital por trabalhador efetivo são constantes Dito de outra maneira o produto por trabalhador e o capital por trabalhador crescem à taxa do progresso tecnológico Dito ainda de outra forma o produto e o capital crescem à mesma taxa do trabalho efetivo e portanto a uma taxa igual à soma da taxa de crescimento do número de trabalhadores mais a taxa de pro gresso tecnológico Quando a economia se encontra no estado esta cionário dizse que está em uma trajetória de crescimento equilibrado O produto o capital e o trabalho efetivo estão todos crescendo em equilíbrio isto é à mesma taxa A taxa de crescimento do produto no estado esta cionário é independente da taxa de poupança Entretanto a taxa de poupança afeta o nível do produto por trabalhador efetivo no estado esta cionário E aumentos da taxa de poupança levam por algum tempo a um aumento na taxa de cres cimento acima dessa taxa do estado estacionário O progresso tecnológico depende 1 da fertili dade da pesquisa e do desenvolvimento de como os gastos com PD se traduzem em novas ideias e novos produtos e 2 da apropriabilidade dos resultados de PD o grau em que as empresas se beneficiam dos resultados de sua PD Ao elaborar leis de patentes os governos devem buscar um equilíbrio entre o desejo de proteger futuras descobertas e incentivar as empresas a investir em PD e o desejo de tornar as desco bertas existentes disponíveis a usuários poten ciais sem restrições O progresso tecnológico sustentado exige que as instituições certas estejam funcionando Em particular exige direitos de propriedade bem estabelecidos e bem protegidos Sem direitos de propriedade adequados é provável que um país continue pobre Por outro lado um país pobre pode achar difícil colocar em prática direitos de propriedade adequados França Japão Reino Unido e Estados Unidos experimentam um crescimento aproximada mente equilibrado desde 1950 o crescimento do produto por trabalhador foi aproximadamente igual à taxa de progresso tecnológico O cresci mento na China é uma combinação de alta taxa de progresso tecnológico e investimento inusita damente alto acarretando um aumento na razão capitalproduto Palavraschave apropriabilidade 271 crescimento equilibrado 268 direitos de propriedade 276 estado da tecnologia 264 fertilidade do processo de pesquisa 271 fronteira tecnológica 275 patente 273 pesquisa e desenvolvimento PD 271 trabalho efetivo 264 trabalho em unidades de eficiência 264 BookBlanchard 1indb 282 241017 1718 Capítulo 12 Progresso tecnológico e crescimento 283 Questões e problemas Teste rápido 1 Usando as informações contidas neste capítulo diga se cada afirmação a seguir é verdadeira falsa ou incerta Explique brevemente a Formular a função de produção em termos de capital e trabalho efetivo implica que à medida que o nível de tecnologia aumenta 10 o número de trabalhadores necessários para atingir o mesmo nível de produto diminui 10 b Se a taxa de progresso tecnológico aumenta a taxa de investimento razão entre investimento e produto deve aumentar para manter constante o capital por trabalhador efetivo c No estado estacionário o produto por trabalhador efetivo cresce à taxa do crescimento populacional d No estado estacionário o produto por trabalhador cresce à taxa do progresso tecnológico e Uma taxa de poupança mais elevada implica um nível mais elevado de capital por trabalhador efetivo no estado estacionário e portanto uma taxa mais elevada de crescimento do produto por trabalhador efetivo f Mesmo que os retornos potenciais dos gastos com PD sejam idênticos aos retornos potenciais do investimento em uma nova máquina os gastos com PD apresentam um risco maior para as empresas que o investimento em novas máquinas g A impossibilidade de patentear um teorema implica que empresas privadas não investirão em pesquisa básica h Como acabaremos sabendo tudo uma hora o cres cimento chega ao fim i A tecnologia não desempenhou um papel impor tante no crescimento econômico chinês 2 PD e crescimento a Por que o montante dos gastos com PD é impor tante para o crescimento Como a apropriabili dade e a fertilidade da pesquisa afetam o mon tante de gastos com PD Determine como as propostas de política econômica apresentadas nos itens b a e afetam a apropriabi lidade e a fertilidade da pesquisa os gastos com PD e o produto no longo prazo b Um tratado internacional que assegure que as patentes de cada país sejam protegidas legal mente em todo o mundo Isto pode fazer parte da Parceria Transpacífico c Incentivos fiscais para cada dólar gasto com PD d Uma redução no financiamento para conferências patrocinadas pelo governo entre universidades e empresas e A eliminação de patentes para medicamentos inovadores de modo que possam ser vendidos a baixo custo assim que estejam disponíveis 3 Fontes de progresso tecnológico líderes versus seguidores a De onde vem o progresso tecnológico para os países que são líderes econômicos do mundo b Os países em desenvolvimento possuem outras alternativas de fontes de progresso tecnológico além das listadas no item a c Pode haver algum motivo para que os países em desenvolvimento venham a escolher uma fraca proteção de patentes Essa política envolve riscos para os países em desenvolvimento Aprofundando 4 Para cada uma das mudanças econômicas listadas nos itens a e b verifique o impacto provável sobre a taxa de crescimento e o nível do produto ao longo dos próximos cinco anos e das próximas cinco décadas a Uma redução permanente na taxa de progresso tecnológico b Uma redução permanente na taxa de poupança 5 Erro de medida inflação e crescimento da produtividade Suponhamos que haja apenas dois bens produzidos em uma economia cortes de cabelo e serviços bancá rios A tabela a seguir apresenta preços quantidades e número de trabalhadores contratados na produção de cada bem no Ano 1 e no Ano 2 Ano 1 Ano 2 P1 Q1 W1 P2 Q2 W2 Cortes de cabelo 10 100 50 12 100 50 Serviços bancários 10 200 50 12 230 60 a Qual é o PIB nominal de cada ano b Utilizando os preços do Ano 1 qual é o PIB real do Ano 2 Qual é a taxa de crescimento do PIB real BookBlanchard 1indb 283 241017 1718 284 Macroeconomia c Qual é a taxa de inflação medida pelo deflator do PIB d Utilizando os preços do Ano 1 qual é o PIB real por trabalhador no Ano 1 e no Ano 2 Qual é o crescimento da produtividade do trabalho entre o Ano 1 e o Ano 2 para toda a economia Suponhamos agora que os serviços bancários do Ano 2 não sejam iguais aos do Ano 1 porque passaram a incluir atendimento por telefone A tecnologia para o atendimento por telefone já estava disponível no Ano 1 mas o preço dos serviços bancários com atendimento pelo telefone no Ano 1 era de US 13 e ninguém esco lheu esse pacote Entretanto no Ano 2 o preço dos serviços bancários com atendimento pelo telefone foi de US 12 e todos optaram por esse pacote isto é no Ano 2 ninguém escolheu o pacote de serviços bancários do Ano 1 sem o atendimento por telefone Dica supo nhamos agora que haja dois tipos de serviço bancário aqueles com atendimento por telefone e aqueles sem Refaça a tabela anterior incluindo três produtos cor tes de cabelo e os dois tipos de serviço bancário e Utilizando os preços do Ano 1 qual é o PIB real do Ano 2 Qual é a taxa de crescimento do PIB real f Qual é a taxa de inflação medida pelo deflator do PIB g Qual é o crescimento da produtividade do traba lho entre o Ano 1 e o Ano 2 para toda a economia h Consideremos a seguinte afirmação Se a medição dos serviços bancários for executada de maneira errada por exemplo sem levar em conta a intro dução do atendimento por telefone estare mos superestimando a inflação e subestimando o aumento da produtividade Discuta esta afirma ção à luz das respostas dadas de a a g 6 Suponhamos que a função de produção da econo mia seja Y 1K 1AN que a taxa de poupança s seja igual a 16 e que a taxa de depreciação d seja igual a 10 Suponhamos ainda que o número de trabalhadores cresça 2 ao ano e que a taxa de progresso tecnológico seja de 4 ao ano a Obtenha os valores no estado estacionário de i Estoque de capital por trabalhador efetivo ii Produto por trabalhador efetivo iii Taxa de crescimento do produto por trabalha dor efetivo iv Taxa de crescimento do produto por trabalhador v Taxa de crescimento do produto b Suponhamos que a taxa de progresso tecnológico dobre para 8 ao ano Calcule novamente as respostas para o item a Explique c Suponhamos agora que a taxa de progresso tec nológico ainda seja igual a 4 ao ano mas que o número de trabalhadores cresça 6 ao ano Calcule novamente as respostas de a As pes soas estão em melhor situação em a ou em c Explique 7 Discuta o papel potencial dos seguintes fatores sobre o nível de produto por trabalhador no estado estacioná rio Em cada caso indique se o efeito se dá por meio de A K H ou de alguma combinação entre esses fatores A é o nível de tecnologia K é o nível de estoque de capital e H é o nível do estoque de capital humano a Localização geográfica b Educação c Proteção aos direitos de propriedade d Abertura ao comércio e Baixas alíquotas de impostos f Infraestrutura pública adequada g Baixo crescimento populacional Explorando mais 8 Contabilidade do crescimento O apêndice deste capítulo mostra como os dados sobre produto capital e trabalho podem ser utilizados para construir estimativas da taxa de crescimento do pro gresso tecnológico Neste problema modificamos tal abordagem para examinar o crescimento do capital por trabalhador Y K13 1AN223 A função nos dá uma boa descrição da produção em países ricos Seguindo os mesmos passos do apêndice você pode mostrar que 12 32gA gY 12 32gN 11 32gK 1gY gN2 11 321gK gN2 onde gy representa a taxa de crescimento de Y a O que a quantidade gY gN representa O que a quantidade gK gN representa b Rearranje a equação anterior a fim de resol ver para a taxa de crescimento do capital por trabalhador c Examine a Tabela 122 Usando sua resposta para o item b substitua a taxa média anual de BookBlanchard 1indb 284 241017 1718 Capítulo 12 Progresso tecnológico e crescimento 285 crescimento do produto por trabalhador e a taxa média anual de progresso tecnológico dos Estados Unidos para o período de 1985 a 2013 a fim de obter uma medida aproximada da taxa média anual de crescimento do capital por trabalhador Estritamente falando deveríamos construir essas medidas para cada ano individualmente mas nos limitamos aos dados prontamente disponíveis neste problema Faça o mesmo para os outros países listados na Tabela 122 na qual os dados vão até 2014 Como podemos comparar o cres cimento médio do capital por trabalhador nos países da tabela Esses resultados fazem sentido para você Explique Leitura adicional Para saber mais sobre a teoria e a evidência do cres cimento leia Charles Jones Introduction to economic growth 3 ed 2013 A página web de Jones http webstanfordeduchadj é um portal útil para pes quisa sobre crescimento Para mais informações sobre patentes leia a pesquisa da publicação The Economist intitulada Patents and Technology de 20 de outubro de 2005 Para saber mais sobre crescimento em dois paí ses grandes e de rápido crescimento leia Barry Bosworth e Susan M Collins Accounting for Growth Comparing China and India Journal of Economic Perspectives 2008 vol 22 n 1 4566 Sobre o papel das instituições no crescimento leia Growth Theory Through the Lens of Development Economics de Abhijit Banerjee e Esther Duflo capítulo 7 Handbook of Economic Growth 2005 seções 1 a 4 Para saber mais sobre instituições e crescimento leia os slides das palestras de 2004 de Lionel Robbins Understanding Institutions ministradas por Daron Acemoglu que podem ser encontradas em http economicsmitedufiles1353 Sobre dois pontos não abordados neste capítulo Crescimento e aquecimento global consulte o texto Stern Review on the Economics of Climate Change 2006 disponível em wwfsesourcephp1169157 O relatório é bastante longo leia somente a seção Executive Summary Crescimento e meioambiente leia a pesquisa da Economist Survey intitulada The global environ ment the great race de 4 de julho de 2002 e a atua lização intitulada The Anthropocene A Manmade World de 26 de maio de 2011 Apêndice Construindo uma medida de progresso tecnológico Em 1957 Robert Solow criou uma forma para cons truir uma estimativa do progresso tecnológico O método ainda usado hoje em dia parte de uma premissa impor tante a de que cada fator de produção é remunerado por seu produto marginal Sob essa hipótese é fácil calcular a contribuição de um aumento em qualquer fator de produção para o aumento no produto Por exemplo se um trabalha dor recebe US 30000 por ano a hipótese implica que sua contribuição para o produto seja de US 30000 Suponhamos agora que esse trabalhador aumente o montante de horas trabalhadas em 10 O aumento no produto decorrente desse aumento de horas será por tanto igual a US 30000 10 ou US 3000 Podemos descrever isso de modo mais formal Sejam o produto Y o trabalho N e o salário real WP O símbolo significa variação Então como acabamos de definir a variação no produto é igual ao salário real multiplicado pela mudança no trabalho Y W P N Divida ambos os lados da equação por Y divida e multiplique o lado direito por N e rearranje Y Y WN PY N N Note que o primeiro termo da direita WNPY é igual à fração do trabalho no produto a folha de salários total em dólares dividida pelo valor do produto em dóla res Represente essa fração por a Observe que YY é a taxa de crescimento do produto que vamos representar por gY Do mesmo modo observe que NN é a taxa de BookBlanchard 1indb 285 241017 1718 286 Macroeconomia variação do insumo trabalho que vamos representar por gN Portanto a relação anterior pode ser escrita como gY agN Generalizando esse raciocínio implica que a parte do crescimento do produto que pode ser atribuída ao crescimento do insumo trabalho é igual a a vezes gN Se por exemplo o emprego cresce 2 e a fração do tra balho é 07 então o crescimento do produto decorrente do crescimento do emprego é igual a 14 07 2 De modo análogo podemos calcular a parte do cresci mento do produto que pode ser atribuída ao crescimento do estoque de capital Como há somente dois fatores de produção trabalho e capital e como a fração do trabalho é igual a a a fração do capital na renda deve ser igual a 1 a Se a taxa de crescimento do capital é igual a gK a parte do crescimento do produto que pode ser atribuída ao crescimento de capital é igual a 1 a gK Se por exemplo o capital cresce 5 e a fração do capital é 03 então o crescimento do produto devido ao crescimento do estoque de capital é igual a 15 03 5 Juntando as contribuições do trabalho e do capital o crescimento do produto que pode ser atribuído ao cresci mento do trabalho e do capital é igual a 1agN 11 a2gK2 Podemos então medir os efeitos do progresso tec nológico pelo cálculo daquilo que Solow chamou de resíduo o excesso de crescimento efetivo do produto gY em relação ao crescimento que pode ser atribuído ao crescimento de capital e do trabalho 1agN 11 a2gK2 Resíduo K gY agN 11 a2gK Essa medida chamada de resíduo de Solow é fácil de calcular Tudo o que precisamos saber para o cálculo são a taxa de crescimento do produto gY a taxa de cresci mento do trabalho gN e a taxa de crescimento do capital gK com as frações do trabalho a e do capital 1 a Para continuar com nossos exemplos numéricos ante riores suponhamos que o emprego cresça 2 o estoque de capital cresça 5 e a fração do trabalho seja de 07 e assim a fração do capital seja 03 Então a parte do cres cimento do produto que pode ser atribuída ao crescimento do trabalho e do capital é igual a 29 07 2 03 5 Se o crescimento do produto é igual por exemplo a 4 então o resíduo de Solow é igual a 11 4 29 O resíduo de Solow às vezes é chamado de taxa de crescimento da produtividade total de fatores ou taxa de crescimento da PTF na forma abreviada O uso da produtividade total de fatores ocorre para distinguir essa taxa da taxa de crescimento da produtividade do trabalho definida por gY gN a taxa de crescimento do produto menos a taxa de crescimento do trabalho O resíduo de Solow está relacionado com a taxa de progresso tecnológico de um modo simples O resíduo é igual à fração do trabalho multiplicada pela taxa de progresso tecnológico Resíduo agA Não vamos derivar este resultado aqui Mas a intui ção dessa relação vem do fato de que o que importa na função de produção Y FK AN Equação 121 é a multiplicação do estado da tecnologia pelo trabalho AN Vimos que para obter a contribuição do crescimento do trabalho para o crescimento do produto devemos multiplicar a taxa de crescimento do trabalho por sua parcela do produto Como tanto N quanto A entram na função de produção do mesmo modo fica claro que para obter a contribuição do progresso tecnológico para o crescimento do produto também devemos multiplicar a taxa de progresso tecnológico pela fração do trabalho Se o resíduo de Solow for igual a zero o progresso tec nológico também será nulo Para construir uma estima tiva de gA devemos construir o resíduo de Solow e depois dividilo pela fração do trabalho Foi desta maneira que as estimativas de gA apresentadas no texto foram obtidas No exemplo numérico que vimos anteriormente o resíduo de Solow é igual a 11 e a fração do trabalho é igual a 07 Portanto a taxa de progresso tecnológico é igual a 16 1107 É preciso estar atento às definições de crescimento da produtividade abordadas neste capítulo Crescimento da produtividade do trabalho de modo equivalente a taxa de crescimento do produto por trabalhador gY gN Taxa de progresso tecnológico gA No estado estacionário o crescimento da produtivi dade do trabalho gY gN é igual à taxa de progresso tecnológico gA Entretanto fora do estado estacionário elas não precisam ser iguais Um aumento na razão capi tal por trabalhador efetivo decorrente por exemplo de um aumento na taxa de poupança fará que gY gN seja maior que gA durante algum tempo A apresentação original das ideias discutidas neste apêndice pode ser encontrada em Robert Solow Technical Change and the Aggregate Production Function Review of Economics and Statistics 1957 312320 Termoschave resíduo de Solow 286 taxa de crescimento da produtividade total de fatores 286 taxa de crescimento da PTF 286 BookBlanchard 1indb 286 241017 1718 C A P Í T U L O Passamos grande parte do Capítulo 12 celebrando os méritos do progresso tecnológico Argumentamos que no longo prazo o progresso tecnológico constitui a chave da elevação do padrão de vida As discussões popu lares são de modo geral mais ambivalentes O progresso tecnológico costuma ser responsabilizado pela alta do desemprego e por maior desigualdade de renda Esses temores têm fundamento Este é o conjunto de temas que discutiremos neste capítulo A Seção 131 examina a resposta de curto prazo do produto e do nível de desemprego aos aumentos na produtividade Ainda que no longo prazo o ajuste ao progresso tecnológico se dê por meio de aumentos no produto e não por aumentos no nível de desemprego a pergunta permanece quanto tempo será necessário para esse ajuste A seção conclui que a resposta é ambígua No curto prazo aumentos na produtividade por vezes reduzem o nível de desemprego e por outras o aumentam A Seção 132 examina a resposta de médio prazo do produto e do nível de desemprego aos aumentos na produtividade Concluise que nem a teoria nem a evidência empírica sustentam o receio de que a aceleração do progresso tecnológico pro voque mais desemprego Na verdade o efeito parece ocorrer em sentido inverso No médio prazo aumentos no crescimento da produtividade parecem estar associados a um nível de desemprego menor A Seção 133 retorna ao longo prazo e discute os efeitos do progresso tecnológico sobre a desigualdade de renda O progresso tecnológico traz consigo um processo complexo de criação e destruição de empregos Para aqueles que ficam sem trabalho ou para aqueles cujas habilidades não são mais requeridas o progresso tecnológico pode ser realmente uma maldição não uma bênção Como consumidores beneficiamse da disponibilidade de produtos novos e mais baratos Como trabalhadores podem passar por desemprego prolongado e ter de aceitar salários mais baixos ao assumir um novo emprego Como resultado desses efeitos o progresso tecnológico costuma ser associado a mudanças na desigualdade de renda A Seção 133 discute vários efeitos e analisa as evidências 131 Produtividade produto e desemprego no curto prazo No Capítulo 12 representamos o progresso tecnológico como um aumento de A o estado da tecnologia na função de produção Y FK AN O importante para os assuntos que discutiremos neste capítulo é o progresso tecnológico e não a acumulação de capital Então para simplificar vamos ignorar o capital e supor que o produto seja obtido de acordo com a seguinte função de produção Y AN 131 Sob esta hipótese o produto é obtido apenas usandose a força de trabalho N e cada trabalhador produz A unidades de produto Aumentos de A representam o progresso tecnológico Progresso tecnológico curto médio e longo prazos 13 BookBlanchard 1indb 287 241017 1718 294 Macroeconomia Evidência empírica Acabamos de derivar dois resultados importantes A taxa natural de desemprego não deve depender nem do nível de produtividade nem da taxa de crescimento da produtividade Como esses dois resultados se ajustam aos fatos Um problema óbvio para responder a esta questão é o que discutimos no Capítulo 8 ou seja não observamos a taxa natural Mas visto que a taxa efetiva oscila em torno da taxa natural a análise da taxa média de desemprego ao longo de uma década deve nos dar uma boa estimativa da taxa natural para essa década Uma análise do crescimento médio da produtividade ao longo de uma década tam bém se encarrega de outro problema que discutimos antes Embora as mudanças na reserva de mão de obra possam ter um grande efeito sobre as variações anuais da produtividade do trabalho elas provavelmente não fazem muita diferença quando examinamos o crescimento médio da produtividade ao longo de uma década A Figura 134 mostra o crescimento médio da produtividade do trabalho e a taxa média de desemprego nos Estados Unidos a cada década a partir de 1890 À primeira vista parece haver pouca relação entre as duas Podese argumentar que a década da Grande Depressão é tão atípica que não deveria ser considerada Se ignorarmos a década de 1930 a década da Grande Depressão uma relação embora não muito forte surgirá entre o crescimento da produtividade e a taxa de desemprego Mas é o oposto da relação prevista por aqueles que acreditam no desemprego tecnológico Períodos de alto crescimento da produtividade como as décadas de 1940 a 1960 estiveram associados a uma taxa de desemprego mais baixa Períodos de baixo crescimento da produtividade como o que vimos nos Estados Unidos de 2010 a 2014 estiveram associados a uma taxa de desemprego mais elevada 4 189021899 190021909 191021919 192021929 193021939 194021949 195021959 196021969 197021979 198021989 199021999 200022009 201022014 04 08 12 16 20 24 28 32 36 6 8 10 12 14 16 18 20 Média anual de crescimento da produtividade do trabalho percentual Taxa média de desemprego percentual Figura 134 Crescimento da produtividade e desemprego médias por década de 1890 a 2014 Há pouca relação entre as médias de dez anos do crescimento da produtividade e as médias de dez anos da taxa de desemprego Quando muito um maior crescimento da produtividade está associado a um menor desemprego Fonte dados anteriores a 1960 Historical Statistics of the United States dados após 1960 Bureau of Labor Statistics BookBlanchard 1indb 294 241017 1718 Capítulo 13 Progresso tecnológico curto médio e longo prazos 295 A teoria que desenvolvemos pode ser estendida para explicar essa relação inversa entre o crescimento da produtividade e o desemprego no médio prazo A resposta é sim Para entender o motivo precisamos examinar mais de perto como são formadas as expectativas de produtividade Até aqui examinamos a taxa de desemprego que prevalece quando as expectati vas tanto de preço quanto de produtividade estão corretas Entretanto as evidências sugerem que se leva muito tempo para que as expectativas se ajustem à realidade de um crescimento menor ou maior da produtividade Quando por exemplo ocorre desaceleração do crescimento da produtividade é necessário muito tempo para que a sociedade em geral e os trabalhadores em particular ajustem suas expectativas Enquanto isso os trabalhadores continuam a reivindicar aumentos de salários que já não são consistentes com a nova taxa mais baixa de crescimento da produtividade Para verificar o que isso implica examinemos o que acontece com a taxa de desem prego quando as expectativas de preço estão corretas isto é quando Pe P mas as expectativas de produtividade Ae podem não estar isto é Ae pode não ser igual a A Nesse caso as relações resultantes da fixação de preços e de salários são dadas por Fixação de preços W P A 1 m Fixação de salários W P Ae F1u z2 Suponhamos que o crescimento da produtividade diminua A variável A cresce mais lentamente que antes Caso as expectativas de crescimento da produtividade se ajustem devagar então Ae aumentará mais que A por algum tempo A Figura 135 retrata o que acontecerá com o desemprego Se Ae aumentar mais que A a relação de fixação de salários se deslocará para cima mais que a relação de fixação de preços O equilíbrio se moverá de B para B e a taxa natural de desemprego aumentará de un para un A taxa natural de desemprego permanecerá mais alta até que as expectativas de produtividade tenham se ajustado à nova realidade isto é até que Ae e A sejam iguais novamente Resumindo após a desaceleração no crescimento da produtividade os trabalhadores reivindicarão maiores aumentos de salário que as empresas podem Figura 135 Efeitos de uma diminuição no crescimento da produtividade sobre a taxa de desemprego quando as expectativas de crescimento da produtividade ajustamse lentamente Se levar tempo para que os trabalhadores ajustem suas expectativas de crescimento da produtividade uma desaceleração desse crescimento levará a um aumento na taxa natural de desemprego por algum tempo Salário real WP Taxa de desemprego u un B Fixação de salários Fixação de preços B un BookBlanchard 1indb 295 241017 1718 304 Macroeconomia Philippe Aghion e coautores no artigo do qual se extraiu a Figura 138 argumen tam que a inovação tecnológica permite ao inovador assumir a dianteira em relação aos concorrentes Muitas vezes também permite produzir com menos trabalhadores Ambos os fatores a nova tecnologia e o menor insumo de mão de obra contri buem para aumentar a parcela de renda do inovador à custa da parcela de renda dos trabalhadores ao menos até outros empreendedores terem acesso à nova tecnologia Por este mecanismo a inovação eleva a desigualdade de renda no topo tanto mais quanto maior o número de inovações e isso pode explicar o aumento da participação do 1 no topo na década de 1920 e desde o início da década de 1980 No entanto mesmo que os benefícios da inovação possam ser capturados inicialmente pelos que a geram acabarão sendo compartilhados amplamente à medida que a inovação é disseminada pela economia Além disso a inovação também parece promover a mobi lidade social por exemplo o estado mais inovador nos Estados Unidos a Califórnia tem tanto a parcela de renda do 1 no topo quanto um nível de mobilidade social bem mais elevado que o estado menos inovador o Alabama Segundo Aghion isso acontece por causa da destruição criativa À medida que empresas mais antigas são substituídas por outras que empregam a nova tecnologia os empreendedores antigos são substituídos por outros mais novos intensificando assim a mobilidade social Em nossa discussão sobre a desigualdade salarial e a parcela de renda do 1 no topo focamos nossa atenção nos Estados Unidos Curiosamente outros países avançados presumivelmente expostos às mesmas forças de globalização e pro gresso tecnológico enviesado para a qualificação apresentaram menos aumento na desigualdade salarial e muito menos aumento na parcela de renda do 1 no topo Isso sugere que as instituições e as políticas desempenham um papel importante na modelagem dessas evoluções Dada a importância econômica e política da questão o debate sobre as fontes de desigualdade e se os governos têm ferramentas para lidar com elas provavelmente continuará sendo central na macroeconomia por mais algum tempo Figura 138 A parcela de renda do topo e as patentes nos Estados Unidos 1963 a 2013 A figura representa o número de pedidos de patentes por 1000 habitantes em relação à parcela de renda do 1 no topo As observações abrangem os anos entre 1963 e 2013 Fonte Aghion P U Akcigit A Bergeaud R Blundell e D Hemous 2015 Innovation and Top Income Inequality CEPR Discussion Paper n 10659 025 02 015 01 2010 2000 1990 1980 1970 1960 02 04 06 08 1 Número de patentes por 1000 habitantes Parcela de renda do 1 no topo Renda Patente BookBlanchard 1indb 304 241017 1718 Capítulo 13 Progresso tecnológico curto médio e longo prazos 305 Resumo É comum a pessoas recearem que o progresso tec nológico vá destruir empregos e elevar a taxa de desemprego Esse temor esteve presente durante a Grande Depressão A teoria e a evidência sugerem que esse temor é em grande parte infundado Não há muita sustentação nem na teoria nem nos dados para a ideia de que um progresso tecno lógico mais rápido leve a um desemprego mais alto No curto prazo não há motivo para esperar tam pouco parece haver uma relação sistemática entre mudanças na produtividade e variações no nível de desemprego Se há alguma relação entre mudanças da produti vidade e variações do desemprego no médio prazo ela parece ser uma relação inversa Crescimento menor da produtividade parece levar a desemprego maior crescimento maior da produtividade parece levar a desemprego menor Uma explicação plausí vel é que é preciso haver um desemprego mais alto por um tempo para conciliar as expectativas sala riais dos trabalhadores com o crescimento menor da produtividade O progresso tecnológico não é um processo suave em que todos os trabalhadores saem ganhando Ao contrário é um processo de mudança estrutu ral Ainda que a maioria das pessoas se beneficie com o aumento no padrão médio de vida tam bém há perdedores À medida que novos bens e novas técnicas de produção são desenvolvidos velhos bens e velhas técnicas de produção tornam se obsoletos Alguns trabalhadores encontram demanda maior por suas habilidades e se benefi ciam do progresso tecnológico outros encontram demanda menor por suas habilidades e sofrem reduções nos salários relativos A desigualdade salarial tem aumentado nos Estados Unidos nos últimos 30 anos O salário real dos tra balhadores não qualificados caiu não apenas em relação ao salário real dos trabalhadores qualifi cados mas também em termos absolutos As duas causas principais são o comércio internacional e o progresso tecnológico enviesado para a qualificação A parcela da renda que vai para o 1 no topo aumentou consideravelmente nos Estados Unidos desde o início dos anos 1980 Quanto disso pode ser explicado pela má governança das empresas ou por altos retornos da inovação é objeto de uma discussão acalorada Palavraschave desemprego tecnológico 291 destruição criativa 296 mudança estrutural 296 progresso tecnológico enviesado para a qualificação 300 transformação churning 296 Questões e problemas Teste rápido 1 Usando as informações contidas neste capítulo diga se cada afirmação a seguir é verdadeira falsa ou incerta Explique brevemente a A variação no emprego e no produto por pessoa dos Estados Unidos desde 1900 sustenta o argu mento de que o progresso tecnológico leva a um aumento contínuo no nível de emprego b Trabalhadores beneficiamse igualmente do pro cesso de destruição criativa c Nas duas últimas décadas os salários reais dos tra balhadores não qualificados nos Estados Unidos caíram em relação aos salários reais dos trabalha dores qualificados d O progresso tecnológico acarreta uma redu ção no nível de emprego se e somente se o aumento no produto for menor que o aumento na produtividade e A aparente diminuição na taxa natural de desem prego nos Estados Unidos na segunda metade da década de 1990 pode ser explicada pelo fato de BookBlanchard 1indb 305 241017 1718 306 Macroeconomia que o crescimento na produtividade foi inespera damente alto nesse período f Se pudéssemos interromper o progresso tecnoló gico isso levaria a uma redução na taxa natural de desemprego 2 Suponhamos que uma economia seja descrita pelas seguintes equações Fixação de preços P 1 m WA Fixação de salários W Ae Pe1 u a Resolva para a taxa de desemprego se Pe P mas com Ae não necessariamente igual a A Explique os efeitos de AeA sobre a taxa de desemprego Suponhamos agora que as expectativas tanto para os preços quanto para a produtividade sejam acuradas b Resolva a taxa natural de desemprego se a mar gem m for igual a 5 c A taxa natural de desemprego depende da pro dutividade Explique 3 Comente esta afirmação Maior produtividade do trabalho permite que as empresas produzam mais bens com o mesmo número de trabalhadores e por tanto vendam os bens pelo mesmo preço ou por preços menores É por isso que aumentos na produ tividade do trabalho podem diminuir permanente mente a taxa de desemprego sem provocar inflação 4 Como cada uma das seguintes alterações pode afetar o hiato dos salários entre trabalhadores não qualifi cados e qualificados nos Estados Unidos a Gastos maiores com computadores em escolas públicas b Restrições à entrada de agricultores estrangeiros para trabalho temporário nos Estados Unidos c Aumento no número de faculdades públicas d Créditos tributários na América Central para empresas dos Estados Unidos Aprofundando 5 Progresso tecnológico agricultura e emprego Comente esta afirmação Aqueles que argumentam que o progresso tecnológico não diminui o emprego deveriam olhar para a agricultura No início do século passado havia mais de 11 milhões de trabalhadores rurais Atualmente há menos de 1 milhão Se todos os setores começarem a registrar o aumento na produtivi dade que ocorreu na agricultura durante o século XX ninguém mais estará empregado daqui a um século 6 Produtividade e a curva de oferta agregada Consideremos uma economia em que a produção é dada por Y AN Suponhamos que a fixação de preços e de salários seja dada por Fixação de preços P 1 m WA Fixação de salários W Ae Pe1 u Vale lembrar que a relação entre nível de emprego N força de trabalho L e taxa de desemprego u é dada por N 1 uL a Derive a curva de oferta agregada isto é a relação entre níveis de preços e de produto dados a mar gem os níveis de produtividade efetivo e esperado a força de trabalho e o nível esperado de preços Explique o papel de cada uma das variáveis b Mostre o efeito de um aumento proporcional na produtividade efetiva A e na produtividade espe rada Ae de modo que AAe permaneça inalte rada sobre a posição da curva de oferta agregada Explique c Suponhamos agora que a produtividade efetiva A aumente mas que a produtividade esperada Ae não varie Compare os resultados neste caso com as conclusões em b Explique a diferença 7 Tecnologia e mercado de trabalho No apêndice do Capítulo 7 vimos como as equações de fixação de salários e de preços podiam ser expressas em termos de oferta de e demanda por trabalho Neste problema ampliamos a análise para incluir a mudança tecnológica Consideremos a equação de fixação de salários a seguir WP Fu z como correspondente à oferta de trabalho Vale lem brar que para determinada força de trabalho L a taxa de desemprego u pode ser escrita como u 1 NL onde N representa o nível de emprego a Na equação de fixação de salários substitua u por sua expressão equivalente b Utilizando a relação obtida no item a trace a curva da oferta de trabalho em um diagrama com N no eixo horizontal e WP o salário real no eixo vertical BookBlanchard 1indb 306 241017 1718 Capítulo 13 Progresso tecnológico curto médio e longo prazos 307 Escrevemos a equação de fixação de preços como P 1 m MC onde MC é o custo marginal da produção Para gene ralizar um pouco nossa discussão no capítulo vamos escrever MC WMPL onde W é o salário e MPL o produto marginal do trabalho c Na equação de fixação de preços substitua MC por sua expressão equivalente e encontre o valor para o salário real WP O resultado é a relação da demanda por trabalho com WP como uma função do MPL e da margem m Ao longo do texto para simplificar assumimos que MPL era constante para um dado nível de tecnolo gia Aqui assumimos que o MPL cai com o nível de emprego novamente para determinado nível de tecnologia que é uma premissa mais realista d Considerando que o MPL cai com o nível de emprego desenhe o gráfico da relação da demanda por trabalho obtida no item c Utilize o mesmo gráfico obtido no item b e O que acontece com a curva de demanda por trabalho se o nível de tecnologia aumenta Dica o que acontece com o MPL quando a tecnologia se aperfeiçoa Explique Como o salário real é afetado pelo aumento no nível da tecnologia Explorando mais 8 Transformação O Bureau of Labor Statistics apresenta uma previsão das ocupações com maior declínio e maior crescimento de vagas nos Estados Unidos Examine as tabelas em wwwblsgovempeptable105htm para o maior declínio de vagas e httpswwwblsgovempep table104htm para o maior crescimento de vagas a Quais ocupações em declínio podem ser asso ciadas à mudança tecnológica Quais podem ser associadas à concorrência estrangeira b Quais ocupações com previsão de crescimento podem ser associadas à mudança tecnológica Quais podem ser associadas à mudança demográ fica em particular o envelhecimento da população dos Estados Unidos 9 Salários reais O capítulo apresenta dados sobre os salários relativos de trabalhadores qualificados e não qualificados Nesta questão examinamos a evolução dos salários reais a Com base na equação de fixação de preços usada no livro como os salários reais devem mudar com o avanço tecnológico Explique Houve progresso tecnológico de 1973 até o momento b Visite o site do Economic Report of the President mais recente httpswwwgpogovfdsysbrowse collectionactioncollectionCodeERP e loca lize a Tabela B15 Examine os dados sobre salário médio por hora nos setores não ligados à agricul tura em dólares de 1982 a 1984 isto é salário real por hora Como o salário real médio por hora em 1973 se compara com o salário real por hora no último ano com dados disponíveis c Com base nos dados sobre salários relativos apresen tados no capítulo o que seus resultados do item b sugerem sobre a evolução do salário real dos traba lhadores não qualificados desde 1973 O que suas respostas sugerem sobre a força do declínio relativo na demanda por trabalhadores não qualificados d O que pode estar faltando nessa análise da remu neração do trabalhador Os trabalhadores recebem alguma outra remuneração que não seja o salário O Economic Policy Institute EPI publica informa ções detalhadas sobre o salário real de várias clas ses de trabalhadores em sua publicação The State of Working America Às vezes o EPI disponibiliza dados dessa publicação em seu site wwwstateofworkinga mericaorg 10 Desigualdade de renda a Qual evidência apresentada no texto sustenta que a desigualdade de renda tem aumentado ao longo do tempo nos Estados Unidos b Com base na oferta e na demanda de trabalhado res qualificados explique o aumento na desigual dade de renda c Com base na oferta e na demanda de trabalha dores com menor nível de instrução explique o aumento na desigualdade de renda d Faça uma pesquisa na internet e se possível con traste as posições dos democratas e dos republi canos nos EUA quanto ao fato de que a crescente desigualdade de renda é um problema que exige solução política e Há evidências de 2011 sobre casamentos por nível educacional em httpwwwtheatlantic comsexesarchive201304collegegraduates marryothercollegegraduatesmostofthe time274654 No caso de ser mais provável que pessoas com mesmo nível educacional se casem entre si ao longo do tempo explique como isso contribui para a desigualdade de renda BookBlanchard 1indb 307 241017 1718 308 Macroeconomia Leitura adicional Para mais informações sobre o processo de realoca ção que caracteriza as economias modernas leia The Churn The Paradox of Progress relatório de 1993 do Federal Reserve Bank de Dallas Para um relato fascinante sobre como os computado res estão transformando o mercado de trabalho leia Frank Levy e Richard Murnane The New Division of Labor How Computers are Creating the Next Job Market Princeton Princeton University Press 2004 Para mais estatísticas sobre as várias dimensões da desigualdade nos Estados Unidos um site útil é The State of Working America publicado pelo Economic Policy Institute em httpwwwstateof workingamericaorg Para mais informações sobre inovação e desigualdade de renda leia além de O Capital no Século XXI 2014 de Thomas Piketty outro trabalho de Thomas Piketty e Emmanuel Saez Income Inequality in the United States 19131998 The Quarterly Journal of Economics 118 1 141 e Emmanuel Saez 2013 Striking it Richer The Evolution of Top Incomes in the United States mimeo UC Berkeley Para uma visão mais geral sobre tecnologia e desigual dade sob uma perspectiva ligeiramente diferente reco mendamos ler também Technology and Inequality de David Rotman MIT Technology Review 2014 disponível em httpwwwtechnologyreviewcom featuredstory531726technologyandinequality BookBlanchard 1indb 308 241017 1718 BookBlanchard 1indb 310 241017 1718 A Seção 141 introduz o conceito de valor presente descontado esperado que desempenha um papel central na determinação dos preços dos ativos e nas decisões de consumo e investimento A Seção 142 analisa a determinação dos preços e dos rendimentos dos títulos Mostra como os preços e rendimentos de títulos dependem das taxas de juros de curto prazo correntes e futuras esperadas Mostra também como usar a curva de rendimentos para conhecer o curso esperado das taxas de juros de curto prazo futuras A Seção 143 trata da determinação dos preços das ações Mostra como os preços das ações dependem dos lucros correntes e futuros esperados bem como das taxas de juros correntes e futuras esperadas Em seguida discute como os movimentos da atividade econômica afetam os preços das ações A Seção 144 aprofunda o exame da relevância de modismos e bolhas episódios em que os preços dos ativos em especial de ações ou imóveis parecem oscilar por razões não relacionadas com pagamentos ou taxas de juros correntes ou futuros esperados C A P Í T U L O 14 Nosso foco neste capítulo recairá sobre o papel que as expectativas desempenham na determinação dos preços de ativos desde títulos e ações até imóveis Discutimos o papel das expectativas informalmente em vários pontos dos fundamentos Agora é a hora de fazer isto mais formalmente Como veremos esses preços de ativos não só são afetados pela atividade corrente e pela futura esperada mas também por sua vez afetam as decisões que influenciam a atividade econômica corrente Entender sua determinação é portanto central para a compreensão das flutuações 141 Valor presente descontado esperado Para entender a importância do valor presente descontado esperado vamos examinar o exemplo de uma gerente que está avaliando se deve ou não comprar uma nova máquina Por um lado comprar e instalar a máquina envolve um custo no presente Por outro a máquina permitirá produzir vender e lucrar mais no futuro A questão com que a gerente se defronta é se o valor dos lucros esperados é maior que o custo de comprar e instalar a máquina É aqui que o conceito de valor presente descontado esperado vem a calhar o valor presente descontado esperado de uma sequência de pagamentos futuros é o valor no presente desta sequência esperada de pagamentos Ao calcular o valor presente descontado esperado da sequência de lucros a gerente simplifica seu problema basta comparar os dois números o valor presente descontado esperado e o custo inicial Se esse valor excede o custo ela deve ir em frente e comprar a máquina Caso contrário não deve fazer isso A questão prática é que o valor presente descontado esperado não é diretamente observável Deve ser obtido com base em informações sobre a sequência de pagamen tos esperados e taxas de juros esperadas Examinemos primeiro a mecânica do cálculo Mercados financeiros e expectativas BookBlanchard 1indb 311 241017 1718 320 Macroeconomia Arbitragem e preços dos títulos Antes de nos aprofundarmos nas implicações das equações 144 e 145 vamos examinar uma derivação alternativa da Equação 145 Essa derivação vai introduzir o importante conceito de arbitragem Suponhamos que você possa escolher entre reter títulos de um ano ou de dois anos e o que importa seja quanto terá daqui a um ano Quais títulos reter Suponha que você retenha títulos de um ano Para cada dólar colocado em títulos de um ano receberá 1 i1t dólares no próximo ano A primeira linha da Figura 143 apresenta esta relação Suponhamos que você retenha títulos de dois anos Como o preço desses títulos é P2t cada dólar colocado em títulos de dois anos compra 1P2t títulos no presente Quando o próximo ano chegar o título terá somente mais um ano para o vencimento Desse modo daqui a um ano o título de dois anos será um título de um ano Portanto o preço pelo qual você espera vendêlo no próximo ano é Pe 1t 1 que é o preço esperado de um título de um ano no próximo ano Então para cada dólar colocado em títulos de dois anos você pode esperar receber 1P2t vezes Pe 1t 1 ou de modo equivalente Pe 1t 1P2t dólares no próximo ano Isso está representado na segunda linha da Figura 143 Quais títulos reter Suponhamos que você e outros investidores estejam preo cupados apenas com o retorno esperado e não com o risco Essa suposição é conhecida como hipótese das expectativas e tratase de uma simplificação Você e os outros investidores provavelmente se preocuparão não apenas com o retorno esperado mas também com o risco associado a reter cada título Se você retém um título de um ano sabe com certeza o que terá no próximo ano Mas se for de dois anos o preço pelo qual você o venderá no próximo ano é incerto reter o título de dois anos envolve risco Como já dissemos vamos desconsiderar isto por ora e voltar ao tópico mais adiante Sob a hipótese de que você e outros investidores se importem somente com o retorno esperado seguese que os dois títulos devem oferecer o mesmo retorno esperado em um ano Digamos que esta condição não seja satisfeita Suponhamos por exemplo que o retorno em um ano sobre títulos de um ano fosse menor que o retorno esperado em um ano sobre títulos de dois anos Neste caso ninguém optaria por reter a oferta existente de títulos de um ano e o mercado de títulos de um ano não estaria em equilíbrio Somente se o retorno esperado em um ano fosse o mesmo para ambos os títulos é que os investidores estariam dispostos a reter tanto os títulos de um ano quanto os de dois anos Se os dois títulos oferecem o mesmo retorno esperado em um ano temse da Figura 143 que 1 i1t P1t 1 e P2t 146 O lado esquerdo da equação dá o retorno por dólar ao reter um título de um ano por um ano o lado direito dá o retorno esperado por dólar ao reter um título de dois Figura 143 Retornos ao reter títulos de um ano e de dois anos por um ano Títulos de 1 ano Ano t 1 1 P e 1t11 P2t Títulos de 2 anos 1 Ano t 1 1 1 1 1 i1t BookBlanchard 1indb 320 241017 1718 326 Macroeconomia esteja diante da opção de investir em títulos de um ano ou em ações por um ano Qual escolheria Se sua escolha for por títulos de um ano para cada dólar investido nesses títulos você terá 1 i1t dólares no próximo ano Essa recompensa é representada na linha superior da Figura 145 Suponha que sua escolha seja reter ações por um ano Sejam Qt o preço da ação Dt o dividendo neste ano e De t 1 o dividendo esperado no próximo ano Suponha que examinemos o preço da ação depois que o dividendo foi pago neste ano esse preço é conhecido como preço exdividendo de modo que o primeiro dividendo a ser pago após a compra da ação seja o dividendo do próximo ano Isto é apenas uma convenção poderíamos examinar alternativamente o preço antes que o divi dendo deste ano tivesse sido pago Que termo teríamos de adicionar Reter a ação por um ano implica comprar uma ação hoje receber um dividendo no ano que vem e depois vendêla Como o preço de uma ação é Qt cada dólar investido compra 1Qt ações E para cada ação comprada esperase receber De t 1 Qe t 1 a soma do dividendo esperado e do preço da ação no próximo ano Portanto para cada dólar investido em ações esperase receber De t 1 Qe t 1Qt Essa compensação é representada na linha inferior da Figura 145 Vamos usar o mesmo argumento de arbitragem que usamos para os títulos É evidente que reter uma ação por um ano é arriscado muito mais do que reter um título de um ano pelo mesmo período o que é isento de risco Em vez de proceder em duas etapas como fizemos no caso dos títulos primeiro deixando de lado as considerações de risco e depois introduzindo um prêmio de risco vamos levar em conta o risco desde o início e assumir que os investidores financeiros exigem um prêmio de risco para reter ações No caso das ações o prêmio de risco é chamado prêmio de risco das ações equity premium O equilíbrio exige que a taxa de retorno esperada proveniente da retenção de ações por um ano seja a mesma que a taxa de retorno de títulos de um ano mais o prêmio de risco das ações Dt 1 e Qt 1 e Qt 1 i1t x onde x indica o prêmio de risco das ações Reescrevemos esta equação como Qt Dt 1 e 11 i1 t x2 Qt 1 e 11 i1 t x2 1414 A arbitragem implica que o preço da ação hoje deve ser igual ao valor pre sente do dividendo esperado mais o valor presente do preço das ações esperado no próximo ano O próximo passo é pensar no que determina Qe t 1 o preço esperado das ações no próximo ano quando os investidores financeiros voltarão a enfrentar a escolha entre ações e títulos de um ano A mesma relação de arbitragem será válida Escrevendo a equação anterior mas agora para o tempo t 1 e levando as expectativas em conta temos Figura 145 Retornos da retenção por um ano de títulos de um ano ou de ações Títulos de um ano Ano t 1 1 D e 1 Q e t11 t11 Qt Ações 1 Ano t 1 1 1 1 1 i1t BookBlanchard 1indb 326 241017 1718 330 Macroeconomia O motivo disso é que ela ignora a resposta do Fed Se o mercado espera que o Fed não reaja e mantenha a taxa básica real inalterada em r o produto aumentará muito à medida que a economia passa para A Com taxas de juros inalteradas e produto mais alto os preços das ações sobem O comportamento do Fed é uma das maiores preocupações dos investidores financeiros Ao receber a notícia de uma atividade econômica inesperadamente intensa a pergunta recorrente em Wall Street é como o Fed vai reagir O que acontece se o mercado espera que o Fed possa vir a se preocupar que um aumento no produto acima de YA provoque um aumento na inflação Este seria o caso se YA já estivesse próximo ao nível natural de produto Neste caso um aumento adicional no produto levaria a um aumento na inflação algo que o Fed quer evitar Uma decisão do Fed de neutralizar o deslocamento à direita da curva IS com aumento na taxa básica faz que a curva LM se desloque para cima de LM para LM de modo que a economia vá de A para A e o produto não mude Neste caso os preços das ações certamente vão cair não há alteração nos lucros esperados mas a taxa de juros passa a ser maior Vamos resumir os preços das ações dependem das variações atual e futuras da atividade econômica Mas isto não implica uma relação simples entre os preços das ações e o produto O modo como os preços das ações reagem a uma variação do produto depende 1 do que o mercado esperava em primeiro lugar 2 da fonte dos choques que estão por trás da variação no produto e 3 de como o mercado espera que o Banco Central reaja à variação no produto Leia o quadro Foco Decifrando um pouco absurdos aparentes por que a bolsa de valores oscilou ontem e outras histórias e teste o conhecimento que acabou de adquirir Figura 147 Aumento dos gastos com consumo e bolsa de valores O aumento dos gastos com consumo leva a um nível de produto maior O que acontece com a bolsa de valores depende do que os investidores esperam que o Fed fará Se os investidores esperam que o Fed não reaja e mantenha a taxa básica inalterada o produto aumentará à medida que a economia passa para A Com uma taxa básica inalterada e maior produto os preços das ações vão subir Se os investidores esperam que o Fed reaja aumentando a taxa básica o produto poderá permanecer inalterado à medida que a economia se desloca para A Com o produto inalterado e uma taxa básica mais elevada os preços vão baixar Produto Y Taxa de juros real r r r IS A LM LM YA A A IS BookBlanchard 1indb 330 241017 1718 332 Macroeconomia 144 Risco bolhas modismos e os preços das ações Todas as variações nos preços das ações vêm de notícias sobre dividendos futu ros ou taxas de juros futuras A resposta é não por duas razões a primeira é que há variação ao longo do tempo nas percepções de risco A segunda é o desvio dos preços de seu valor fundamental as chamadas bolhas ou modismos Vamos analisar cada um deles Preços das ações e risco Na seção anterior assumimos que o prêmio de risco das ações x era constante Não é Após a Grande Depressão o prêmio de risco das ações era muito alto talvez refletindo o fato de que os investidores lembrandose do colapso do mercado de ações em 1929 relutavam a reter ações a menos que o prêmio fosse suficientemente elevado Começou a diminuir no início da década de 1950 de cerca de 7 para menos de 3 atualmente E também pode mudar rapidamente Parte da grande queda no mercado de ações em 2008 se deveu não apenas a expectativas mais pessimistas de dividendos futuros mas também ao grande aumento da incerteza e à percepção de maior risco por parte dos participantes do mercado de ações Assim grande parte da oscilação nos preços das ações não vem apenas das expectativas de dividendos futuros e taxas de juros futuras mas também do prêmio de risco das ações Preços de ativos fundamentos e bolhas Na seção anterior assumimos que os preços das ações eram sempre iguais ao seu valor fundamental definido como o valor presente dos dividendos esperados dado na Equação 1417 Os preços das ações sempre correspondem a seu valor fundamental A maioria dos economistas duvida disso Eles apontam para o outubro negro de 1929 quando a bolsa de valores dos Estados Unidos caiu 23 em dois dias e para 19 de outubro de 1987 quando o índice Dow Jones despencou 226 em um único dia Eles também apontam para a alta impressionante no índice Nikkei índice dos preços das ações japonesas que subiu de cerca de 13 mil em 1985 para aproximadamente 35 mil em 1989 caindo então para cerca de 16 mil em 1992 Em cada um dos casos a maioria dos economistas aponta para a falta de notícias claras ou pelo menos de notícias importantes o suficiente para causar variações tão grandes Em vez disso eles argumentam que os preços das ações nem sempre correspon dem a seu valor fundamental definido como o valor presente dos dividendos espe rados dado pela Equação 1417 e que as ações algumas vezes estão subvalorizadas ou sobrevalorizadas A sobrevalorização em algum momento chega ao fim às vezes com um colapso como em outubro de 1929 ou com um longo declínio como no caso do índice Nikkei Sob quais condições esses preços equivocados podem ocorrer A resposta sur preendente é que podem acontecer mesmo quando os investidores são racionais e quando existe arbitragem Para entender o motivo consideremos o caso de uma ação verdadeiramente sem valor isto é a ação de uma companhia que todos os investidores sabem que nunca registrará lucros nem pagará dividendos Fazendo De t 1 De t 2 e assim por diante iguais a zero na Equação 1417 temos uma resposta simples e nada surpreendente o valor fundamental dessa ação é igual a zero Mesmo assim você estaria disposto a pagar um preço positivo por essa ação Talvez sim se esperasse que o preço pelo qual pudesse vender a ação no próximo ano fosse maior que o preço deste ano O mesmo se aplica a um comprador no BookBlanchard 1indb 332 241017 1718 336 Macroeconomia Resumo O valor presente descontado esperado de uma sequência de pagamentos é igual ao valor neste ano da sequência esperada de pagamentos Ele depende positivamente dos pagamentos correntes e futuros esperados e negativamente das taxas de juros correntes e futuras esperadas Ao descontar uma sequência de pagamentos nomi nais correntes e futuros esperados devese utilizar taxas de juros nominais correntes e futuras espe radas Ao descontar uma sequência de pagamentos reais correntes e futuros esperados devese utilizar taxas de juros reais correntes e futuras esperadas A arbitragem entre títulos de diferentes venci mentos implica que o preço de um título é o valor presente dos pagamentos do título descontados usandose as taxas de juros de curto prazo cor rentes e esperadas durante a vida do título mais um prêmio de risco Taxas de juros de curto prazo correntes ou esperadas mais altas levam a preços de títulos mais baixos O rendimento até o vencimento de um título é aproximadamente igual à média das taxas de juros de curto prazo correntes e esperadas durante a vida de um título mais um prêmio de risco A inclinação da curva de rendimento de modo equivalente a estrutura a termo nos diz o que os mercados financeiros esperam que aconteça com as taxas de juros de curto prazo no futuro O valor fundamental de uma ação é o valor pre sente dos dividendos reais futuros esperados des contados usandose as taxas reais de juros de um ano correntes e futuras esperadas mais o prêmio de risco das ações Se não houver bolhas nem modis mos o preço de uma ação será igual a seu valor fundamental Um aumento nos dividendos esperados leva a um aumento no valor fundamental das ações um aumento nas taxas de juros de um ano correntes e esperadas leva a uma diminuição em seu valor fundamental Variações no produto podem ou não estar asso ciadas a variações nos preços das ações na mesma direção Essa associação depende 1 do que o mercado esperava em primeiro lugar 2 da fonte dos choques 3 de como o mercado espera que o Banco Central reaja à variação do produto Os preços das ações podem estar sujeitos a bolhas ou modismos que fazem que o preço de uma ação seja diferente de seu valor fundamental Bolhas são episódios em que os investidores compram uma ação por um preço maior que seu valor fundamen tal prevendo revendêla a um preço ainda maior Modismo é um termo geral para episódios em que em razão da moda ou do excesso de otimismo os investidores estão dispostos a pagar mais por uma ação que seu valor fundamental Palavraschave ações ou papéis 325 arbitragem 320 bolhas especulativas racionais 333 bônus do Tesouro 319 classificação dos títulos 318 curva de rendimento 317 dividendos 325 estrutura a termo das taxas de juros 317 fator de desconto 312 financiamento externo 324 financiamento interno 324 financiamento por ações 324 financiamento por dívida 324 hipótese das expectativas 320 letras do Tesouro Tbills 318 modismos 334 notas do Tesouro 319 pagamentos de cupom 318 passeio aleatório 328 preço exdividendo 326 prêmio de longo prazo 319 prêmio de risco 318 prêmio de risco das ações 326 rendimento 317 rendimento até o vencimento 317 rendimento corrente 318 taxa de cupom 318 taxa de desconto 312 BookBlanchard 1indb 336 241017 1718 Capítulo 14 Mercados financeiros e expectativas 337 taxas de juros de curto prazo 317 taxas de juros de longo prazo 317 taxas de juros de n anos 321 Treasury Inflation Protected Securities TIPS 319 títulos com cupom 318 títulos com desconto 318 títulos indexados 319 títulos podres junk bonds 318 títulos privados 318 títulos públicos 318 valor de face 318 valor fundamental 332 valor presente 313 valor presente descontado 313 valor presente descontado esperado 311 vencimento 316 vida de um título 318 Questões e problemas Teste rápido 1 Utilizando as informações deste capítulo diga se cada afirmação a seguir é verdadeira falsa ou incerta Explique brevemente a O valor presente descontado de um fluxo de retornos pode ser calculado em termos reais ou nominais b Quanto maior a taxa de juros de um ano menor o valor presente descontado de um pagamento no próximo ano c Normalmente esperase que as taxas de juros de um ano sejam constantes ao longo do tempo d Títulos são o direito a uma sequência de pagamen tos constantes por uma série de anos e Ações são um direito a uma sequência de paga mentos de dividendos por uma série de anos f Preços de imóveis são um direito a uma sequência de aluguéis futuros esperados ao longo de vários anos g A curva de rendimento normalmente se inclina para cima h Todos os ativos mantidos por um ano devem ter a mesma taxa de retorno i Em uma bolha o valor do ativo é o valor presente esperado de seus retornos futuros j O valor real global do mercado de ações não flutua muito em um ano k Títulos indexados protegem seu detentor contra a inflação 2 Em quais dos seguintes problemas você utilizaria pagamentos e taxas de juros reais ou em vez disso pagamentos e taxas de juros nominais para calcular o valor presente descontado esperado Em cada caso justifique a Estimar o valor presente descontado dos lucros de um investimento em uma máquina nova b Estimar o valor presente de um título público dos Estados Unidos de 20 anos c Decidir se compra ou faz um leasing de automóvel 3 Calcule a taxa de juros nominal de dois anos utili zando a fórmula exata e a fórmula aproximada para cada conjunto de hipóteses a seguir a it 2 ie t 1 3 b it 2 ie t 1 10 c it 2 ie t 1 3 O prêmio de longo prazo de um título de dois anos é de 1 4 O prêmio de risco das ações e o valor das ações a Explique por que na Equação 1414 é importante que as ações sejam exdividendo ou seja acabou de pagar seus dividendos deste ano e espera pagar seus próximos dividendos em um ano b Usando a Equação 1414 explique a contribuição de cada componente do preço das ações hoje c Se o prêmio de risco for maior tudo o mais igual o que acontece com o preço das ações hoje d Se a taxa de juros de um período aumenta o que acontece com o preço das ações hoje e Se o valor esperado das ações no início do período t 1 aumenta o que acontece com o valor das ações hoje f Agora analise atentamente a Equação 1415 Seja i1t i1t n 005 para todos os n Seja x 003 Calcule os coeficientes de De t 3 e De t 10 Compare o efeito de um aumento esperado de US 1 em um dividendo daqui a 3 anos e daqui a 10 anos g Repita o cálculo em f com i1t i1t n 008 para todos os n e x 005 5 Aproximação do preço de títulos de longo prazo O valor presente de um fluxo infinito de pagamentos de z que começa no próximo ano é zi quando a taxa de juros nominal i é constante Essa fórmula dá o BookBlanchard 1indb 337 241017 1718 338 Macroeconomia preço de um consol um título que faz um pagamento nominal fixo a cada ano para sempre É também uma boa aproximação do valor presente descontado de um fluxo de pagamentos constantes por períodos longos mas não infinitos desde que i seja constante Vamos examinar quão exata é a aproximação a Suponhamos que i 10 Seja z 100 Qual é o valor presente do consol b Se i 10 qual é o valor presente descontado esperado de um título que paga z nos próximos 10 anos Vinte anos Trinta anos Sessenta anos Dica use a fórmula do capítulo mas lembrese de ajustar para o primeiro pagamento c Repita os cálculos em a e b para i 2 e i 5 6 Política monetária e mercado de capitais Suponhamos que todas as taxas básicas correntes e esperadas no futuro tenham sido de 2 Suponhamos que o Fed decida apertar a política monetária e elevar a taxa básica de curto prazo r1t de 2 para 3 a O que acontece com os preços das ações se a mudança em r1t for temporária ou seja durar apenas um período Suponhamos que os divi dendos reais esperados não variem Use a Equação 1417 b O que acontece com os preços das ações se a mudança em r1t for permanente ou seja espera se que persista Assuma que os dividendos reais esperados não variem Use a Equação 1417 c O que acontece com os preços das ações hoje se a mudança em r1t for permanente e ela aumentar o produto e os dividendos futuros esperados Use a Equação 1417 Aprofundando 7 IRAs versus Roth IRAs Você quer economizar US 2000 no presente para sua aposentadoria em 40 anos e deve escolher entre os dois planos listados a seguir i Não pagar impostos no presente colocar o dinheiro em uma conta rendendo juros e pagar impostos da ordem de 25 do montante total retirado na aposentadoria Nos Estados Unidos esta conta é conhecida como uma conta de aposentadoria individual IRA Individual Retirement Account ii Pagar impostos equivalentes a 20 do mon tante do investimento no presente colocar o restante em uma conta rendendo juros e não pagar impostos ao sacar seus fundos na aposen tadoria Nos Estados Unidos isto é conhecido como Roth IRA a Qual é o valor presente descontado esperado de cada um desses planos se a taxa de juros for de 1 Ou 10 b Qual plano você escolheria em cada caso 8 Preços de imóveis e bolhas Imóveis residenciais podem ser considerados bens com um valor fundamental igual ao valor presente descontado esperado de aluguéis reais futuros a Você prefere usar pagamentos e taxas de juros reais ou pagamentos e taxas de juros nominais para determinar o valor de uma casa b A renda obtida com um imóvel seja no caso de você mesmo morar nele e assim economizar o pagamento do aluguel a um proprietário seja no caso de você ser o proprietário e alugála é como o dividendo de uma ação Escreva o equivalente da Equação 1417 para um imóvel c Por que taxas de juros baixas ajudariam a explicar um aumento na razão preçoaluguel d Se o investimento no mercado imobiliário é per cebido como mais seguro o que acontece com a razão preçoaluguel e O quadro Foco O aumento nos preços dos imó veis residenciais nos Estados Unidos fundamentos ou bolha apresenta um gráfico da razão preço aluguel Determine o valor do índice de preços dos imóveis residenciais CaseShiller e o compo nente de aluguel do índice de preços ao consumidor na base de dados econômicos do FRED mantida no Federal Reserve Bank of St Louis variáveis SPCS20RSA e CUSR0000SEHA respectiva mente O gráfico na Figura 1 nesse quadro Foco termina em junho de 2015 Calcule o aumento percentual do índice de preços imobiliários entre junho daquele ano e os últimos dados disponíveis Calcule o aumento percentual no índice de preços de aluguéis de junho de 2015 até os últimos dados disponíveis A razão preçoaluguel aumentou ou diminuiu desde junho de 2015 Explorando mais 9 Preços dos imóveis ao redor do mundo A revista The Economist publica anualmente o The Economist House Price Index que procura avaliar quais mercados imobiliários por país são os mais supervalorizados ou subvalorizados em relação aos BookBlanchard 1indb 338 241017 1718 Capítulo 14 Mercados financeiros e expectativas 339 fundamentos Encontre a versão mais recente desses dados na web a Um índice de supervalorização é a razão pre çosaluguéis Por que esse índice pode ajudar a detectar uma bolha imobiliária Usando os dados pesquisados em qual país os preços da habitação estão mais sobrevalorizados pela razão preçosaluguéis Essa medida teria aju dado a prever o colapso do mercado imobiliário nos Estados Unidos b Um segundo índice é a razão preços dos imóveis residenciaisrenda Por que esse índice pode aju dar a detectar uma bolha de preços imobiliários Usando esse dado em que país os imóveis estão mais sobrevalorizados pela razão preçosrenda Essa medida teria ajudado a prever o colapso do mercado imobiliário nos Estados Unidos 10 Títulos indexados à inflação Alguns títulos emitidos pelo Tesouro dos Estados Unidos fazem pagamentos indexados à inflação Esses títulos compensam os investidores pela infla ção Portanto as taxas de juros correntes desses títulos são taxas de juros reais taxas de juros em termos de bens Essas taxas podem ser utilizadas com as taxas de juros nominais para prover um indicador da inflação esperada Vejamos como Acesse o site do Federal Reserve Board e obtenha a estatística mais recente das taxas de juros wwwfede ralreservegovreleasesh15Current Encontre a taxa de juros nominal corrente dos títulos do Tesouro com vencimento em cinco anos A seguir localize a taxa de juros corrente em títulos do Tesouro indexados à infla ção com vencimento em cinco anos Qual você acha que os participantes dos mercados financeiros acreditam que será a taxa de inflação média nos próximos cinco anos Leitura adicional Existem muitos livros ruins sobre a Bolsa de Valores Um dos bons e divertido de ler é o de Burton Malkiel A Random Walk Down Wall Street 10 ed 2011 Peter Garber faz um relato das bolhas históri cas em Famous first bubbles Journal of Economic Perspectives primavera de 1990 42 p 3554 Apêndice Derivação do valor presente descontado esperado com o uso de taxas de juros reais ou nominais Este Apêndice mostra que as duas maneiras de expressar o valor presente descontado as equações 141 e 143 são equivalentes A Equação 141 fornece o valor presente como a soma dos pagamentos nominais correntes e futuros espe rados descontados usandose taxas de juros nominais correntes e futuras esperadas Vt zt 1 1 it zt 1 e 1 11 it2 11 it 1 e 2 zt 2 e g 141 A Equação 143 fornece o valor presente como a soma dos pagamentos reais correntes e futuros esperados descontados com o uso das taxas de juros reais correntes e futuras esperadas Vt zt 1 1 rt zt 1 e 1 11 rt2 11 rt 1 e 2 zt 2 e g 143 Divida ambos os lados da Equação 141 pelo nível de preços corrente Pt de modo que Vt Pt zt Pt 1 1 it zt 1 e Pt 1 11 it2 11 it 1 e 2 zt 2 e Pt g 14A1 Vamos examinar cada termo do lado direito da Equação 143 e mostrar que é igual ao termo corres pondente da Equação 14A1 Tome o primeiro termo ztPt Note que ztPt zt o valor real do pagamento corrente Logo esse termo é igual ao primeiro termo do lado direito da Equação 143 Tome o segundo termo 1 1 it zt 1 e Pt BookBlanchard 1indb 339 241017 1718 340 Macroeconomia Multiplicando o numerador e o denominador por Pe t 1 o nível de preços esperado para o próximo ano temos 1 1 it P Pt 1 e Pt zt 1 e Pt 1 e Note que a fração à direita ze t 1Pe t 1 é igual a ze t 1 o pagamento real esperado no instante t 1 Note que a fração no meio Pe t 1Pt pode ser reescrita como 1 1Pt 1 e Pt2Pt 11 pt 1 e 2 Usando a definição da inflação esperada como 1 1Pt 1 e Pt2Pt 11 pt 1 e 2 e reescrevendo o segundo termo temos 11 pt 1 e 2 11 it2 zt 1 e Lembrese da relação entre a taxa de juros real a taxa de juros nominal e a inflação esperada na Equação 143 1 rt 1 it1 πe t 1 Usando essa relação na equação anterior temos 1 11 rt2 zt 1 e Esse termo é igual ao segundo termo do lado direito da Equação 143 O mesmo método pode ser usado para reescrever os outros termos tenha certeza de que você consegue derivar o próximo termo Mostramos que o lado direito das equações 143 e 14A1 são iguais Daí vem que os termos do lado esquerdo são iguais portanto Vt Vt Pt A expressão diz que o valor presente dos pagamentos reais correntes e futuros esperados descontado usando se as taxas reais de juros correntes e futuras esperadas o termo do lado esquerdo é igual ao valor presente dos pagamentos nominais correntes e futuros esperados descontado usandose taxas de juros nominais correntes e futuras esperadas dividido pelo nível de preços correntes o termo do lado esquerdo BookBlanchard 1indb 340 241017 1718 354 Macroeconomia estoque de capital O investimento é calculado como a razão entre o investimento de empresas não financeiras dos Estados Unidos e seu estoque de capital O lucro é defasado uma vez Por exemplo para 2000 a figura mostra a mudança no investi mento em 2000 e a mudança no lucro em 1999 isto é um ano antes A razão para apresentar as duas variáveis desta forma é que a relação mais forte nos dados parece estar entre o investimento em determinado ano e o lucro no ano anterior uma defasagem possivelmente decorrente do fato de que leva tempo para as empresas decidirem sobre projetos de novos investimentos como reação a um lucro maior As áreas sombreadas na figura representam os anos em que houve recessão um declínio no produto por pelo menos dois trimestres consecutivos no ano Existe uma clara relação positiva entre variações no investimento e variações no lucro corrente na Figura 153 Será que essa relação é inconsistente com a teoria que acabamos de desenvolver que sustenta que o investimento está relacionado com o valor presente dos lucros futuros esperados em vez de com o lucro corrente Não necessariamente Se as empresas esperam que os lucros futuros e os correntes variem de modo semelhante o valor presente daqueles lucros futuros variará de modo semelhante à variação do corrente e o mesmo ocorrerá com o investimento Entretanto economistas que examinaram esta questão mais detalhadamente concluíram que o efeito do lucro corrente sobre o investimento é mais forte do que seria previsto pela teoria que desenvolvemos até aqui O quadro Foco Rentabilidade versus fluxo de caixa descreve como foram coletadas algumas das evidências sobre isso Por um lado empresas com projetos de investimento altamente rentáveis mas com baixos lucros atuais parecem estar investindo muito pouco Por outro empre sas que apresentam lucro atual elevado às vezes parecem investir em projetos de rentabilidade duvidosa Em suma o lucro atual parece afetar o investimento mesmo após controlado o efeito do valor presente esperado dos lucros Por que o lucro corrente desempenha um papel na decisão de investimento A resposta está implícita na Seção 151 em que discutimos por que o consumo depende diretamente da renda corrente alguns dos motivos que utilizamos para explicar o comportamento dos consumidores também se aplicam às empresas 1960 1965 1970 1975 1980 1985 1990 1995 2000 2005 2010 2014 20020 20015 20010 20005 0010 0015 0020 0005 0000 220 215 210 205 00 05 10 15 20 Mudança na razão entre investimento e capital Mudança na razão entre o lucro e o capital pontos percentuais Mudança no lucro escala à direita Mudança no investimento escala à esquerda Figura 153 Mudanças no investimento e no lucro nos EUA desde 1960 Investimento e lucro se movem muito mais juntos Fonte Haver Analytics Fonte original Gross investment Flow of funds variable FA105013005A Capital stock measured by Nonfinancial assets Profit is constructed from Net operating surplus taxes and transfers Bureau of Economic Analysis BookBlanchard 1indb 354 241017 1718 356 Macroeconomia Em resumo para se ajustar ao comportamento do investimento que observamos na prática a equação do investimento é especificada de maneira mais adequada como It I V1Πt e2 Πt4 1 2 157 Ou seja o investimento depende tanto do valor presente esperado dos lucros futuros quanto do nível corrente de lucro Lucro e vendas Vejamos em que ponto estamos Argumentamos que o investimento depende tanto do lucro corrente quanto do lucro esperado ou mais especificamente tanto do lucro corrente por unidade de capital quanto do lucro esperado por unidade de capital Precisamos dar um último passo O que determina o lucro por unidade de capital Resposta fundamentalmente dois fatores 1 o nível de vendas e 2 o estoque de capital existente Se as vendas forem baixas em relação ao estoque de capital os lucros por unidade de capital provavelmente também serão baixos Vamos escrever isso de maneira mais formal Ignoremos a diferença entre ven das e produto e seja Yt o produto ou de modo equivalente as vendas Seja Kt o estoque de capital no instante t Nossa discussão sugere a seguinte relação Πt Π a Yt Kt b 1 2 158 O lucro por unidade de capital é uma função crescente da razão entre as vendas e o estoque de capital Para um dado estoque de capital quanto maiores as vendas maior o lucro por unidade de capital Dadas as vendas quanto maior o estoque de capital menor será o lucro por unidade de capital Como é esta relação na prática A Figura 154 mostra variações anuais no lucro por unidade de capital medidas no eixo vertical direito e variações na razão entre produto e capital medidas no eixo vertical esquerdo para os Estados Unidos desde 1960 Assim como na Figura 153 o lucro por unidade de capital é definido como a soma dos lucros líquidos de impostos mais o pagamento de juros por companhias não financeiras dos Estados Unidos divididos por seu estoque de capital medido pelo custo de reposição A razão entre produto e capital é construída como a razão entre o produto interno bruto PIB e o estoque de capital agregado A Figura 154 mostra que há uma relação estreita entre variações no lucro por unidade de capital e variações na razão entre produto e capital Dado que a maioria das variações anuais na razão entre produto e capital vem das variações no produto e a maioria das variações anuais nos lucros por unidade de capital vem de variações no lucro o capital movese lentamente ao longo do tempo porque é grande se com parado ao investimento anual assim mesmo grandes movimentos no investimento levam a pequenas mudanças no estoque de capital podemos expressar a relação da seguinte maneira o lucro diminui nas recessões as áreas sombreadas da figura são períodos de recessão e aumenta nas expansões Por que essa relação entre produto e lucro é relevante aqui Porque implica uma ligação entre produto atual e produto futuro esperado por um lado e o investimento por outro O produto corrente afeta o lucro corrente o produto futuro esperado afeta o lucro futuro esperado e os lucros correntes e futuros esperados afetam o inves timento Por exemplo a previsão de uma longa e sustentada expansão econômica leva as empresas a esperar lucros altos agora e por algum tempo no futuro Essas expectativas por sua vez levarão a um maior investimento O efeito do produto BookBlanchard 1indb 356 241017 1718 358 Macroeconomia presente e no futuro pelo mesmo montante do aumento da renda Um aumento no consumo mais que proporcional necessitaria de cortes no consumo posterior mente e não há motivo para que os consumidores queiram planejar o consumo dessa maneira Agora consideremos o comportamento das empresas quando se deparam com um aumento nas vendas que acreditam ser permanente O valor presente dos lucros esperados aumenta levando a um aumento no investimento Ao con trário do consumo contudo isso não implica que o aumento no investimento deva ser no máximo igual ao aumento nas vendas Em vez disso quando uma empresa decide que um aumento nas vendas justifica a compra de uma máquina ou a construção de uma fábrica ela pode querer avançar com rapi dez levando a um aumento acentuado mas de curta duração nos gastos com investimento Esse aumento pode superar o aumento nas vendas De maneira mais concreta tomemos uma empresa que tenha uma razão entre capital e vendas anuais de digamos 3 Um aumento de US 10 milhões nas vendas neste ano se esperado como permanente requer que a empresa gaste US 30 milhões em capital adicional se deseja manter a mesma razão entre capital e produto Se a empresa compra o capital adicional imediatamente o aumento nos gastos de inves timento neste ano será igual a três vezes o aumento nas vendas Uma vez ajustado o estoque de capital a empresa voltará a seu padrão normal de investimento Este exemplo é extremo pois é pouco provável que as empresas ajustem seu estoque de capital imediatamente Mas mesmo que ajustem seu estoque de capital mais len tamente digamos ao longo de alguns anos o aumento no investimento ainda pode superar o aumento nas vendas por algum tempo Podemos contar a mesma história em termos da Equação 158 Como aqui não distinguimos produto e vendas o aumento inicial nas vendas leva a um aumento igual no produto Y de modo que YK a razão entre o produto da empresa e seu estoque de capital existente também aumenta O resultado é um lucro maior o que leva a empresa a aumentar o investimento Com o tempo o nível mais alto de investimento leva a um maior estoque de capital K de modo que YK diminui voltando para seu nível normal O lucro por unidade de capital volta ao normal bem como o investimento Deste modo em resposta a um aumento permanente nas vendas o investimento pode aumentar muito de início e então voltar ao normal ao longo do tempo Essas diferenças sugerem que o investimento deveria ser mais volátil que o consumo Quanto mais volátil A resposta é mostrada na Figura 155 com as taxas anuais de variação no consumo e no investimento nos Estados Unidos desde 1960 As áreas sombreadas representam os anos durante os quais a economia norteame ricana estava em recessão Para facilitar a interpretação da figura ambas as taxas de variação são mostradas como desvios da taxa média de variação de modo que são em média iguais a zero A Figura 155 leva a três conclusões Consumo e investimento normalmente se movem juntos As recessões por exemplo normalmente são associadas a reduções tanto do investimento quanto do consumo Dada nossa discussão que enfatizou que consumo e investimento dependem em grande parte dos mesmos determinantes isto não deve ser uma surpresa Investimento é muito mais volátil que consumo Os movimentos relativos do investimento variam de 29 a 26 enquanto os movimentos relativos do consumo variam apenas de 5 a 3 Contudo como o nível de investimento é muito menor que o de consumo vale lembrar que o investimento responde por 15 do PIB dos EUA contra 70 do BookBlanchard 1indb 358 241017 1718 Capítulo 15 Expectativas consumo e investimento 359 30 20 10 0 10 20 30 1960 1965 1970 1975 1980 1985 1990 1995 2000 2005 2010 Pontos percentuais 2014 Desvio do crescimento percentual do consumo em relação à sua média Desvio do crescimento percentual do investimento em relação à sua média Figura 155 Taxas de variação do consumo e do investimento nos Estados Unidos desde 1960 As variações relativas no investimento são bem maiores que as variações relativas no consumo Fonte Series PCECC96 GPDI Federal Reserve Economic Data FRED Disponível em httpresearchstlouisfedorg fred2 Acesso em 27 jul 2017 Resumo O consumo depende tanto da riqueza quanto da renda corrente A riqueza é a soma da riqueza não humana financeira e imobiliária com a riqueza humana o valor presente da renda esperada do trabalho livre de impostos A resposta do consumo às variações na renda depende de como os consumidores percebem essas variações como transitórias ou como permanentes O consumo provavelmente responde menos que um para um às variações na renda O consumo pode variar mesmo que a renda corrente não varie O investimento depende tanto do lucro corrente quanto do valor presente dos lucros futuros esperados Sob a hipótese simplificadora de que as empresas esperam que os lucros e as taxas de juros no futuro sejam iguais às do presente podemos pensar no investimento como dependente da razão entre o lucro e o custo de uso do capital em que custo de uso é a soma da taxa real de juros com a taxa de depreciação As variações no lucro estão estreitamente relacio nadas às variações no produto Portanto podemos pensar no investimento como dependendo indire tamente das variações no produto atual e no pro duto futuro esperado Empresas que preveem uma longa expansão do produto e desta forma uma longa sequência de lucros elevados vão investir As variações no produto que não se espera que sejam duradouras terão um efeito pequeno sobre o investimento O investimento é muito mais volátil que o con sumo Mas como o investimento nos Estados Unidos representa apenas 15 do PIB e o con sumo 70 as variações no consumo e no investi mento são de magnitude aproximadamente igual PIB para o consumo as variações no investimento de um ano para o próximo acabam sendo da mesma magnitude total que as variações no consumo Em outras palavras os dois componentes contribuem de maneira aproximadamente igual para as flutuações no produto ao longo do tempo BookBlanchard 1indb 359 241017 1718 360 Macroeconomia Palavraschave conjunto de dados em painel 342 custo de aluguel do capital 353 custo de uso do capital 353 expectativas estáticas 353 fluxo de caixa 355 q de Tobin 351 rentabilidade 355 riqueza financeira 342 riqueza humana 342 riqueza imobiliária 342 riqueza não humana 342 riqueza total 342 teoria do consumo da renda permanente 341 teoria do consumo do ciclo de vida 341 Questões e problemas Teste rápido 1 Usando as informações contidas neste capítulo diga se cada afirmação a seguir é verdadeira falsa ou incerta Explique brevemente a Para um universitário comum as riquezas humana e não humana são aproximadamente iguais b Experimentos naturais como a aposentadoria não sugerem que as expectativas de renda futura sejam um fator importante que afete o consumo c Após a crise financeira o crescimento da renda futura esperada caiu d Imóveis e fábricas depreciamse mais rapidamente que as máquinas e Um valor elevado do q de Tobin indica que a bolsa de valores acredita que o capital esteja sobrevalori zado e que portanto o investimento deva ser menor f A menos que o lucro corrente afete as expectati vas de lucros ele não deve ter qualquer impacto sobre o investimento g Dados das três últimas décadas nos Estados Unidos sugerem que os lucros das companhias estão estreitamente ligados ao ciclo econômico h Variações no consumo e no investimento ocorrem normalmente na mesma direção e aproximada mente na mesma magnitude 2 Uma consumidora possui uma riqueza não humana de US 100000 Ela ganha US 40000 neste ano e espera que seu salário aumente 5 em termos reais a cada ano pelos próximos dois anos Então ela se apo sentará A taxa de juros real é igual a 0 e esperase que permaneça assim no futuro A renda do trabalho é tributada a uma alíquota de 25 a Qual é a riqueza humana dessa consumidora b Qual é sua riqueza total c Se ela espera viver mais sete anos após a aposen tadoria e deseja que seu consumo permaneça igual em termos reais a cada ano a partir de agora quanto pode consumir neste ano d Se ela recebesse apenas neste ano um bônus de US 20000 com todos os seus pagamentos futuros de salário permanecendo iguais ao men cionado anteriormente em quanto ela poderia aumentar seu consumo no presente e no futuro e Suponhamos agora que na aposentadoria a Previdência Social comece a pagar benefícios anuais de 60 da remuneração da consumi dora durante seu último ano de trabalho Vamos assumir que os benefícios não sejam tributados Quanto ela pode consumir neste ano mantendo o consumo constante ao longo de sua vida 3 Um fabricante de biscoitos está pensando em com prar uma máquina que custa US 100000 A máquina depreciará 8 ao ano e gerará lucros reais de US 18000 no próximo ano US 18000 1 8 daqui a dois anos isto é o mesmo lucro real mas ajustado pela depreciação US 18000 1 82 daqui a três anos e assim por diante Determine se o fabricante deve comprar a máquina supondo que a taxa real de juros se mantenha constante em a 5 b 10 c 15 4 Suponhamos que aos 22 anos de idade você termine a faculdade e receba uma oferta de emprego com salário inicial de US 40000 ao ano Seu salário permanecerá constante em termos reais Entretanto você também foi aceito em um curso profissionalizante com duração de dois anos Depois de formado você espera que seu salário inicial seja 10 maior em termos reais e perma neça constante em termos reais a partir daí A alíquota do imposto sobre a renda do trabalho é de 40 a Com uma taxa de juros real nula e a expectativa de se aposentar aos 60 anos ou seja se você não BookBlanchard 1indb 360 241017 1718 Capítulo 15 Expectativas consumo e investimento 361 fizer o curso profissionalizante e espera trabalhar um total de 38 anos qual é o máximo que estaria disposto a pagar na forma de anuidades para frequentar essa escola profissionalizante b Qual seria sua resposta para a se você esperasse pagar 30 de sua renda em impostos Aprofundando 5 Poupança individual e acumulação de capital agregado Suponhamos que todo consumidor nasça sem nenhuma riqueza financeira e viva por três períodos juventude meiaidade e idade avançada Os consumi dores trabalham durante os dois primeiros períodos e se aposentam no último Sua renda é de US 5 no primeiro período US 25 no segundo e US 0 no último A inflação e a inflação esperada são iguais a zero assim como a taxa real de juros a Qual é o valor presente descontado da renda do trabalho no início da vida Qual é o nível susten tável de consumo mais elevado de modo que o consumo seja igual nos três períodos b Para cada grupo etário qual é o montante de poupança que permite aos consumidores a manu tenção do nível de consumo constante encontrado em a Dica a poupança pode ser um número negativo se o consumidor precisar tomar empres tado com o intuito de manter determinado nível de consumo c Suponhamos que haja n pessoas nascidas a cada período Qual é a poupança total da economia Dica some a poupança de cada grupo etário Lembrese de que alguns grupos etários podem ter poupança negativa Explique d Qual é a riqueza financeira total da economia Dica calcule a riqueza financeira das pessoas no início do primeiro do segundo e do terceiro perío dos de vida Some todos os resultados Lembrese de que as pessoas podem estar endividadas logo a riqueza financeira pode ser negativa 6 Restrições de empréstimo e acumulação de capital agregado Continuemos com o cenário do Exercício 5 mas agora supondo que restrições aos empréstimos não permitam que os consumidores jovens tomem empréstimos Se chamarmos a soma da renda e da riqueza financeira total de dinheiro em caixa a restrição de empréstimo significa que os consumidores não podem consumir mais do que o dinheiro que têm em caixa Em cada grupo etário os consumidores calculam sua riqueza total e então determinam seu nível desejado de con sumo como o nível mais alto que permita que seu consumo seja igual nos três períodos Entretanto se em qualquer momento o consumo desejado exceder o dinheiro em caixa os consumidores estarão limitados a consumir exatamente seu dinheiro em caixa a Calcule o consumo em cada período de vida Compare esta resposta com a que deu ao item a do Exercício 5 e explique quaisquer diferenças b Calcule a poupança total Compare esta resposta com a que deu ao item c do Exercício 5 e expli que quaisquer diferenças c Derive a riqueza financeira total Compare esta resposta a que deu ao item d do Exercício 5 e explique quaisquer diferenças d Considere a seguinte afirmação A liberalização financeira pode ser boa para os consumidores individuais mas é ruim para a acumulação de capital total Comente 7 Poupança com renda futura incerta Consideremos uma consumidora que vive três perío dos juventude meiaidade e idade avançada Quando jovem ela ganha US 20000 em renda do trabalho A remuneração durante a meiaidade é incerta Há 50 de probabilidade de que a consumidora vá ganhar US 40000 e 50 de probabilidade de que ela vá ganhar US 100000 Ao envelhecer ela gastará a poupança acumulada durante os períodos anteriores Suponha que a inflação a inflação esperada e a taxa de juros real sejam iguais a zero Ignore os impostos neste exercício a Qual é o valor esperado da remuneração na meia idade Dado esse número qual é o valor presente descontado da remuneração esperada do trabalho durante toda a vida Se a consumidora deseja manter um consumo esperado constante durante toda a vida quanto ela consumirá em cada perío do Quanto poupará em cada período b Agora suponha que a consumidora deseje acima de tudo manter um nível de consumo mínimo de US 20000 em cada período da sua vida Para fazer isso ela precisa considerar o pior resultado Se a remuneração durante a meiaidade acabar sendo de US 40000 quanto ela deve gastar quando jovem para garantir um consumo de pelo menos US 20000 em cada período Como esse nível de consumo se compara ao nível obtido para o período da juventude no item a c Dada sua resposta à parte b suponha que a remu neração da consumidora durante a meiaidade seja BookBlanchard 1indb 361 241017 1718 362 Macroeconomia de US 100000 Quanto ela deve gastar em cada período da sua vida O nível de consumo será constante durante toda sua vida Dica uma vez que a consumidora atinja a meiaidade ela tentará manter um consumo constante nos últimos dois períodos de vida desde que consiga consumir pelo menos US 20000 em cada período d Que efeito a incerteza sobre a renda futura do trabalho exerce sobre a poupança ou os emprés timos de jovens consumidores Explorando mais 8 Oscilações do consumo e do investimento Acesse o banco de dados do FRED administrado pelo Federal Reserve Bank of St Louis Encontre dados anuais para gastos de consumo pessoal e investimento interno privado bruto assim como para o PIB real Os dados são medidos em dólares reais Insira valores em uma planilha começando em 1960 e terminando no ano mais recente O FRED disponibiliza uma plani lha para ser baixada No momento da produção deste livro os nomes da série são Real GDP 2009 dollars GDPMCA1 Real Personal Consumption Expenditures 2009 dollars DPCERX1A020NBEA Real Gross Private Domestic Investment 2009 dollars GPDICA Você deve conseguir pesquisar esses nomes mas tome o cuidado de fazer o download dos níveis dessas vari áveis a uma taxa anual Preste atenção se as variáveis são medidas em milhões ou bilhões de dólares a Em média quantas vezes o consumo é maior que o investimento Calcule consumo e investimento como uma porcentagem do PIB b Calcule a variação nos níveis de consumo e investi mento de um ano para outro colocando os resultados em um gráfico para o período de 1961 até a data mais recente disponível As variações anuais no consumo e no investimento são de magnitude similar c Calcule o percentual da variação do consumo real e do investimento real desde 1961 Qual é mais volátil 9 Confiança do consumidor renda disponível e recessões Acesse o site do banco de dados econômicos do FRED e baixe a série para renda pessoal real dispo nível per capita nome da série A229RX0 a Survey of Consumers Index of Consumer Sentiment índice do sentimento do consumidor da Universidade de Michigan série UMCSENT1 Utilizaremos essa série de dados como nossa medida da confiança do consu midor Tenha o cuidado de baixar ambos os conjuntos de dados como um arquivo trimestral Coloque ambas as séries na mesma planilha a Antes de examinar os dados há motivos para esperar que a confiança do consumidor esteja relacionada com a renda disponível Há motivos para que a confiança do consumidor não esteja relacionada à renda disponível b Trace o nível do índice de sentimento do con sumidor contra a taxa de crescimento da renda disponível por pessoa A relação é positiva c Trace a variação do índice de sentimento do con sumidor contra a taxa de crescimento da renda disponível por pessoa Como é essa relação Concentrese nas observações em que a variação na renda disponível é inferior a 02 do valor abso luto O nível de sentimento do consumidor está mudando Como interpretar essas observações d Examine os dados de 2007 2008 e 2009 Como o comportamento do sentimento do consumidor de 2007 a 2008 se compara com o comportamento usual no sentimento do consumidor Por quê Dica a falência do Lehmann Brothers ocorreu em setembro de 2008 A queda no sentimento do consumidor prenuncia o declínio na renda pessoal disponível real que acompanhou a crise Apêndice Derivação do valor presente esperado dos lucros sob expectativas estáticas Vimos no texto Equação 153 que o valor presente esperado dos lucros é dado por V 1Πt e2 1 1 rt Πt 1 e 1 11 rt211 rt 1 e 2 11 d2 Πt 2 e g Se as empresas esperam que tanto os lucros futu ros por unidade de capital quanto as taxas de juros futuras permaneçam no mesmo nível atual de modo que Πt 1 e Πt 2 e g Πt e rt 1 e rt 2 e g rt a equação tornase BookBlanchard 1indb 362 241017 1718 Capítulo 15 Expectativas consumo e investimento 363 V1Πt e2 1 1 rt Πt 1 11 rt22 11 d2 Πt g Fatorando o termo 11 rtΠt V1Πt e2 1 1 rt Πt a1 1 d 1 rt g b 15A1 O termo entre parênteses nessa equação é uma pro gressão geométrica uma série com a forma 1 x x2 Assim da Proposição 2 do Apêndice 2 no final do livro 11 x x2 g 2 1 1 x Aqui x é igual a 1 d1 rt logo a1 1 d 1 rt a 1 d 1 rt b 2 g b 1 1 11 d211 rt2 1 rt rt d Substituindo o termo entre parênteses na Equação 15A1 pela expressão anterior e manipulando temos V1Πt e2 1 1 rt 1 rt rt d Πt Simplificando temos a Equação 155 do texto V1Πt e2 Πt 1rt d2 BookBlanchard 1indb 363 241017 1718 C A P Í T U L O 16 No Capítulo 14 vimos como as expectativas afetam os preços dos títulos e das ações No Capítulo 15 como as expec tativas afetam as decisões de consumo e de investimento E neste capítulo juntamos as partes e examinamos novamente os efeitos das políticas monetária e fiscal A Seção 161 apresenta a principal implicação do que já aprendemos as expectativas tanto do produto futuro quanto das taxas de juros futuras afetam os gastos correntes e portanto o produto corrente A Seção 162 examina a política monetária Mostra como os efeitos da política monetária dependem crucialmente de como as mudanças na taxa de política monetária levam pessoas e empresas a mudar suas expectativas sobre as taxas de juros futuras e sobre a renda futura e por implicação suas decisões de gasto A Seção 163 aborda a política fiscal Mostra como em contraste com o modelo simplificado que estudamos na parte dos Fundamentos uma política fiscal contracionista pode sob algumas circunstâncias levar a um aumento no produto mesmo no curto prazo Mais uma vez a maneira como as expectativas respondem à política é o ponto central da história 161 Expectativas e decisões fazendo o balanço Vamos começar revisando o que estudamos e então discutir como deveríamos modificar a descrição do mercado de bens e dos mercados financeiros o modelo ISLM que desenvolvemos na parte dos Fundamentos Expectativas consumo e decisões de investimento No Capítulo 15 vimos que as decisões tanto de consumo como de investimento dependem muito das expectativas da renda e das taxas de juros futuras A Figura 161 mostra um resumo dos canais por meio dos quais as expectativas afetam os gastos de consumo e de investimento Observe os vários canais pelos quais as variáveis futuras esperadas afetam as decisões atuais tanto diretamente quanto por meio dos preços dos ativos Um aumento na renda real do trabalho corrente e futura esperada líquida de impostos ou uma redução nas taxas de juros reais correntes e futuras esperadas elevam a riqueza humana o valor presente descontado esperado da renda real do trabalho líquido de impostos o que por sua vez leva a um aumento no consumo Um aumento nos dividendos reais correntes e futuros esperados ou uma redução nas taxas de juros reais correntes e futuras esperadas elevam os Expectativas produto e política econômica BookBlanchard 1indb 364 241017 1718 Capítulo 16 Expectativas produto e política econômica 369 pequeno da redução da taxa de juros corrente sobre o produto Mudanças na taxa de juros corrente se não acompanhadas de mudanças nas expectativas têm apenas um efeito pequeno sobre o gasto e por sua vez um efeito pequeno sobre o produto Contudo é razoável supor que as expectativas não sejam afetadas por uma política monetária expansionista Não é provável que à medida que o Fed reduza a taxa básica real corrente os mercados financeiros agora antecipem também taxas de juros reais mais baixas no futuro com um produto futuro maior estimulado por essa taxa de juros futura mais baixa O que ocorre então A uma dada taxa básica real corrente as perspectivas de uma taxa básica real futura menor e de um produto Taxa de juros real corrente r LM Produto corrente Y rˉ IS A YA Figura 163 Novo ISLM A curva IS tem uma inclinação negativa acentuada Tudo o mais constante uma mudança na taxa de juros corrente tem um efeito pequeno sobre o produto Dada a taxa de juros real corrente estipulada pelo Banco Central r o equilíbrio está no ponto A Banco Central reduz r LM IS YA YB YC r A B C Taxa de juros real corrente r Produto corrente Y D e 0 D e 0 Y r IS LM r Figura 164 Efeitos de uma política monetária expansionista Os efeitos da política monetária sobre o produto dependem muito de se e como as políticas monetárias afetam as expectativas BookBlanchard 1indb 369 241017 1718 Capítulo 16 Expectativas produto e política econômica 377 Composição do programa o programa elimina algumas das distorções da economia Estado inicial das finanças do governo qual é o tamanho do déficit inicial É um programa do tipo a última chance O que ocorrerá se o programa falhar Política monetária e outras vão ajudar a compensar o efeito adverso direto sobre a demanda no curto prazo Isto nos dá uma ideia da importância das expectativas na determinação do resultado e das complexidades envolvidas no uso da política fiscal neste contexto E é um exemplo muito mais que ilustrativo Tratase de um dos principais pontos de discórdia na zona do euro desde o início de 2010 Em 2010 a profunda recessão econômica junto com as medidas fiscais tomadas para limitar a queda da demanda durante 2009 provocou grandes déficits orçamen tários e grandes aumentos na dívida pública Havia pouca dúvida de que os déficits não podiam se prolongar indefinidamente e de que a dívida tinha de ser estabilizada em algum momento A questão era quando e em qual ritmo Alguns economistas assim como a maioria dos formuladores de política fiscal na zona do euro acreditavam que a consolidação devia começar imediatamente e ser rigorosa Argumentavam que isto era essencial para convencer os investido res de que a situação fiscal estava sob controle Alegavam que combinado com reformas estruturais para elevar o produto futuro o efeito das antecipações de maior produto mais tarde dominaria os efeitos adversos diretos da consolidação Por exemplo o presidente do Banco Central Europeu Jean Claude Trichet disse em setembro de 2010 Consolidação fiscal é um prérequisito para manter a confiança na credibi lidade das metas fiscais dos governos Efeitos positivos na confiança podem compensar uma queda na demanda decorrente da consolidação fiscal quando as estratégias de ajuste fiscal são percebidas como plausíveis ambiciosas e focadas no lado das despesas As condições para tais efeitos positivos são particularmente favoráveis no atual ambiente de incerteza macroeconômica Outros eram mais céticos Não acreditavam que em um ambiente desfavorável os efeitos positivos da expectativa seriam fortes Ressaltavam que a taxa básica já estava no limite zero e portanto a política monetária não poderia ajudar muito se é que viesse a ajudar de alguma forma Eles defendiam uma consolidação fiscal lenta e uniforme mesmo que isto conduzisse a níveis mais elevados de dívida até sua estabilização Essa discussão ficou conhecida como o debate dos multiplicadores fiscais Aqueles a favor de uma consolidação forte argumentavam que os multiplicadores fiscais ou seja os efeitos líquidos de uma consolidação fiscal uma vez levados em conta os efeitos diretos e de expectativas seriam provavelmente negativos Déficits menores levariam tudo o mais constante a um aumento no produto Aqueles contra uma consolidação forte defendiam que os multiplicadores fiscais seriam provavelmente positivos e possivelmente grandes Déficits menores levariam a uma diminuição no produto ou pelo menos retardariam a recuperação Os céticos infelizmente estavam certos À medida que as evidências se acumu lavam ficou claro que o efeito líquido da consolidação fiscal era contracionista A evidência mais forte disso era a relação entre erros de previsão e o tamanho da consolidação fiscal em diversos países Na maioria dos países europeus o crescimento em 2010 e 2011 foi muito inferior ao previsto Entre os países esses erros de previ são estavam estreitamente correlacionados com o tamanho da consolidação fiscal Como mostra a Figura 166 que traça erros de previsão de crescimento em relação a uma medida de consolidação fiscal os países com consolidações fiscais maiores apresentaram erro de previsão maior negativo Isso foi particularmente perceptível BookBlanchard 1indb 377 241017 1718 378 Macroeconomia no caso da Grécia mas também se viu em outros países Considerandose que as previsões foram desenvolvidas com base em modelos que implicavam multiplica dores positivos pequenos essa evidência implicava que os multiplicadores fiscais eram na verdade não só positivos mas maiores do que se supunha Os efeitos das expectativas não compensaram os efeitos diretos negativos da redução de gastos e do aumento de impostos Resumo Os gastos privados no mercado de bens dependem do produto corrente e futuro esperado e das taxas de juros reais correntes e futuras esperadas Expectativas afetam a demanda e por sua vez o produto Mudanças no produto futuro esperado ou na taxa de juros real futura esperada levam a mudanças nos gastos e no produto no presente Em consequência os efeitos das políticas fiscal e monetária sobre os gastos e o produto dependem de como a política afeta as expectativas do produto futuro e da taxa real de juros futura Expectativas racionais referemse à hipótese de que pessoas empresas e participantes dos mercados financeiros formam expectativas do futuro ao ava liar o curso da política futura esperada analisando as implicações para o produto futuro a taxa de juros futura e assim por diante Apesar de estar claro que a maior parte das pessoas não faz este exercício por conta própria podemos imaginar que o façam de maneira indireta por meio de previsões elaboradas por profissionais dos setores público e privado Embora certamente existam casos em que pessoas empresas ou investidores não tenham expectati vas racionais a hipótese de expectativas racionais parece ser a melhor referência para se avaliar os efeitos potenciais de políticas alternativas Formular uma política supondo que as pessoas cometerão erros sistemáticos em resposta a ela seria insensato O Banco Central controla a taxa de juros nominal de curto prazo Os gastos entretanto dependem da taxa de juros real corrente e da taxa de juros real futura esperada Assim o efeito da política mone tária sobre a atividade depende principalmente de se e como mudanças na taxa de juros nominal 2 Previsão de consolidação fiscal Erros de previsão do crescimento 4 6 0 2 10 5 0 5 ROM GRC DEU SWE FINMLT POL BEL IRL CYP DNK NOR CHE AUT ISL GBR SVKSPN PRT FRA CZEHUN NLDITA BGR ESP Figura 166 Erros de previsão de crescimento e consolidação fiscal na Europa 20102011 Países europeus com consolidações fiscais mais robustas em 2010 e 2011 tiveram maiores erros de previsão de crescimento negativo Abreviações usadas em inglês BookBlanchard 1indb 378 241017 1718 Capítulo 16 Expectativas produto e política econômica 379 Palavraschave adiamento backloading 376 credibilidade 376 expectativas adaptativas 371 expectativas estáticas 371 expectativas racionais 370 gasto privado agregado ou gasto privado 366 instinto animal 371 multiplicadores fiscais 377 Questões e problemas Teste rápido 1 Usando as informações contidas neste capítulo diga se cada afirmação a seguir é verdadeira falsa ou incerta Explique brevemente a Mudanças na taxa de juros real corrente de um ano provavelmente têm um efeito muito maior sobre os gastos que mudanças na taxa de juros real futura esperada de um ano b A introdução das expectativas no modelo do mer cado de bens torna a curva IS menos inclinada embora ainda seja negativamente inclinada c O investimento depende de taxas de juros corren tes e futuras esperadas d A hipótese das expectativas racionais implica que os consumidores levem em consideração os efeitos da política fiscal futura sobre o produto e A política fiscal futura esperada afeta a ativi dade econômica futura esperada mas não a atividade econômica atual f Dependendo do seu efeito sobre as expectativas uma contração fiscal pode na realidade levar a uma expansão econômica g A experiência irlandesa com programas de redu ção do déficit em 1982 e em 1987 fornece forte evidência contra a hipótese de que a redução do déficit possa levar a uma expansão do produto h A experiência da zona do euro em 2010 e 2011 sugere que consolidações fiscais por meio de expectativas levam a crescimento do produto 2 Consideremos estas duas citações relativas à política recente do Federal Reserve Em 12 de dezembro de 2012 o Federal Reserve emi tiu a seguinte nota Em especial o Comitê decidiu manter a meta para a taxa de fundos federais de 0 a ¼ e por ora antecipa que essa faixa excepcionalmente baixa para a taxa de fundos federais será apropriada ao menos enquanto a taxa de desemprego permanecer acima de 65 Em 10 de julho de 2013 Ben Bernanke presidente do Federal Reserve declarou Não haverá aumento automático da taxa de juros quando o desemprego atingir 65 a Por que as duas citações enfocam como será a política no futuro em vez de apenas explicar o que o Fed está fazendo no presente b Por que você acha que o presidente do Fed fez a segunda declaração c Em 25 de janeiro de 2012 quando a taxa de juros básica nominal estava no limite inferior zero o Federal Reserve anunciou uma meta de inflação de 2 Qual era o objetivo deste anúncio 3 Para cada um dos itens a até d determine se há um deslocamento da curva IS da curva LM de ambas ou de nenhuma Em cada caso suponha que nenhuma outra variável exógena se altere a Uma queda na taxa de juros real futura esperada de curto prazo levam a mudanças na taxa de juros real corrente e na taxa de juros real futura esperada Uma redução no déficit orçamentário pode levar a um aumento no produto e não a uma queda Isto porque as expectativas de um produto maior e taxas de juros menores no futuro podem levar a um aumento nos gastos que mais do que compensa a redução nos gastos proveniente do efeito direto da redução no déficit sobre os gastos totais Essa compensação depende do ritmo da credibilidade da natureza da redução no déficit e da capacidade da política monetária para acomodar e sustentar a demanda Essas condições não foram satisfeitas na Europa na década de 2010 BookBlanchard 1indb 379 241017 1718 380 Macroeconomia b Um aumento na taxa de juros básica real corrente c Um aumento nos impostos futuros esperados d Uma redução na renda futura esperada 4 Consideremos a seguinte afirmação A hipótese das expectativas racionais não é realista porque essen cialmente equivale à hipótese de que todo consumi dor tem conhecimento perfeito da economia Comente 5 Uma nova presidente acaba de ser eleita com a pro messa de campanha de corte de impostos As pessoas confiam que ela cumprirá sua promessa embora acre ditem que os cortes de impostos só serão implementa dos no futuro Determine o impacto da eleição sobre o produto corrente a taxa de juros corrente e o gasto privado corrente sob cada uma das hipóteses de a a c Em cada caso indique o que você acredita que ocorrerá com Y e r e e Te e como essas mudanças nas expectativas afetam o produto no presente a O Fed não mudará sua taxa de juros básica real corrente b O Fed agirá de modo a impedir qualquer mudança no produto corrente e futuro c O Fed não alterará nem a taxa de juros básica real corrente nem a taxa básica real futura 6 Os pacotes irlandeses de redução do déficit O quadro Foco Uma redução no déficit orçamentário pode levar a uma expansão do produto Irlanda na década de 1980 apresenta um exemplo de consolidação A Irlanda tinha um déficit orçamentário considerável em 1981 e 1982 a Quais as implicações de uma redução no déficit no médio e no longo prazos Quais são as vantagens de reduzir o déficit b O quadro discute dois programas de redução no déficit Qual é a diferença entre eles c O quadro apresenta uma evidência de que os dois programas de redução no déficit tiveram efeitos diferentes sobre as expectativas das famílias Qual é esta evidência d Embora os dados revelem um forte crescimento no produto de 1987 a 1989 há algumas evidências de continuidade da fragilidade macroeconômica da Irlanda durante a segunda consolidação fiscal Quais são essas evidências Aprofundando 7 Um novo presidente do Fed Suponhamos em uma economia hipotética que o presidente do Fed anuncie inesperadamente sua aposentadoria dentro de um ano Ao mesmo tempo o presidente do país anuncia seu indicado para assumir a vaga na presidência do Fed Os participantes do mercado financeiro esperam que o indicado seja confirmado pelo Congresso Acreditam também que o indicado conduzirá uma política monetária mais contracionista no futuro Em outras palavras os participantes do mercado esperam que a taxa de juros básica se eleve no futuro a Consideremos que o presente seja o último ano do mandato do presidente atual do Fed e que o futuro seja o período depois disso Dado que a política monetária será mais contracionista no futuro o que acontecerá com as taxas de juros futuras e o produto futuro pelo menos por um tempo antes de o produto retornar para seu nível natural Considerandose que essas mudanças no produto futuro e nas taxas de juros futuras sejam previstas o que acontecerá com o pro duto e com a taxa de juros no presente O que acontecerá com a curva de rendimento no dia do anúncio de que o presidente atual do Fed se aposentará em um ano Agora suponhamos que em vez de fazer um anúncio inesperado o presidente do Fed seja obrigado por lei a se aposentar em um ano os mandatos da presidência do Fed são limitados e que os participantes do mercado finan ceiro já soubessem disso há algum tempo Suponhamos como no item a que o presidente indique um substituto do qual se espera a condução de uma política monetária mais contracionista que a do presidente atual b Suponhamos que os participantes do mercado financeiro não se surpreendam com a escolha do presidente ou seja que tenham previsto corretamente quem o presidente nomearia Sob essas circunstâncias é provável que o anúncio do indicado tenha algum efeito sobre a curva de rendimento c Suponhamos em vez disso que a identidade do indicado seja uma surpresa e que os participantes do mercado financeiro esperassem alguém que defendesse uma política ainda mais contracio nista que o indicado de fato Sob essas circuns tâncias o que provavelmente ocorrerá com a curva de rendimento no dia do anúncio Dica tenha cuidado Em comparação com o que se espera o indicado deve seguir uma política mais contracionista ou mais expansionista d Em 9 de outubro de 2013 Janet Yellen foi nome ada presidente do Fed no lugar de Ben Bernanke Faça uma pesquisa na internet para verificar o que aconteceu com os mercados financeiros no dia em que a substituta foi anunciada Os participantes BookBlanchard 1indb 380 241017 1718 BookBlanchard 1indb 382 241017 1718 C A P Í T U L O Até aqui assumimos que a economia era fechada que não interagia com o resto do mundo Iniciamos dessa maneira para tornar as coisas mais simples e assim desenvolver nossa intuição sobre os mecanismos básicos da macroeconomia A Figura 171 que por conveniência repete a primeira figura do livro Figura 11 mostra como esta hipótese é na verdade ruim A figura traça as taxas de crescimento das economias avançadas e emergentes desde 2005 O impressionante é como essas taxas se moveram juntas Apesar do fato de a crise ter se originado nos Estados Unidos o resultado foi uma recessão mundial com crescimento negativo tanto nas economias avançadas quanto nas emergentes Portanto é hora de relaxar nossa premissa de economia fechada Entender as implicações macroeconômicas da abertura será nosso objetivo principal neste e nos próximos três capítulos A abertura é composta por três dimensões distintas 1 Abertura dos mercados de bens a capacidade que consumidores e empresas têm de escolher entre bens domés ticos e estrangeiros Em nenhum país essa escolha é totalmente livre de restrições Até os países mais comprometidos com o livre comércio possuem tarifas impostos sobre bens importados e cotas restrições à quantidade de bens que podem ser importados para pelo menos alguns bens estrangeiros Ao mesmo tempo na maioria dos países as tarifas médias são baixas e continuam a diminuir Figura 171 Crescimento em economias avançadas e emergentes desde 2005 A crise começou nos Estados Unidos mas afetou praticamente todos os países do mundo 10 5 0 5 10 15 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 Economias avançadas Economias de mercados emergentes e em desenvolvimento Mundo Mudança percentual Fonte FMI World Economic Outlook outubro de 2015 Reproduzido por cortesia do FMI 17 Abertura dos mercados de bens e dos mercados financeiros BookBlanchard 1indb 385 241017 1718 390 Macroeconomia A Figura 173 mostra a taxa de câmbio nominal entre o dólar e a libra desde 1971 Observemos as duas principais características da figura A tendência de alta na taxa de câmbio Em 1971 1 dólar valia apenas 041 libra Em 2015 1 dólar valia 065 libra Dito de outra maneira houve uma apreciação do dólar em relação à libra nesse período As grandes flutuações na taxa de câmbio Na década de 1980 uma apreciação acentuada em que o dólar mais que dobrou de valor em relação à libra foi seguida de uma depreciação igualmente acentuada Na década de 2000 uma grande depreciação foi seguida por uma grande apreciação quando a crise teve início e uma depreciação menor desde então Contudo se estivermos interessados na escolha entre bens domésticos e bens estrangeiros a taxa nominal de câmbio nos fornecerá apenas uma parte das infor mações de que precisamos A Figura 173 por exemplo mostranos apenas os movi mentos do preço relativo das duas moedas o dólar e a libra Para os turistas dos Estados Unidos que pensam em visitar o Reino Unido a questão não se trata apenas de quantas libras eles poderão obter em troca de seus dólares mas de quanto os bens no Reino Unido custarão em relação àquilo que custam nos Estados Unidos Isto nos leva a nosso próximo passo a obtenção das taxas de câmbio reais Da taxa de câmbio nominal para a taxa de câmbio real Como podemos obter a taxa de câmbio real entre os Estados Unidos e o Reino Unido o preço dos bens norteamericanos em termos dos bens britânicos Suponhamos que os Estados Unidos produzam somente um bem um Cadillac e que o Reino Unido também produza somente um bem um Jaguar Esta é uma daquelas hipóteses que vão completamente contra os fatos mas em breve seremos mais realistas A obtenção da taxa de câmbio real o preço dos bens norte ame ricanos Cadillacs em termos dos bens britânicos Jaguars seria simples Figura 173 Taxa de câmbio nominal entre o dólar e a libra desde 1971 Embora o dólar tenha apreciado em relação à libra nas últimas quatro décadas essa apreciação foi acompanhada de grandes oscilações na taxa de câmbio nominal entre as duas moedas 03 05 06 07 08 09 10 1971 1973 1976 1979 1982 1985 1988 1991 1994 1997 2000 2003 2006 2008 2011 2014 Dólar em termos de libras Out 2015 04 Fonte Series XUMAGBD Bank of England BookBlanchard 1indb 390 241017 1718 396 Macroeconomia para os investidores estrangeiros a retenção de ativos domésticos na realidade um empréstimo ao país Vamos começar examinando mais de perto a relação entre os fluxos comerciais e os financeiros Feito isso examinaremos os determinantes desses fluxos financeiros Balanço de pagamentos As transações de um país com o resto do mundo incluindo fluxos tanto comerciais quanto financeiros são resumidas por um conjunto de contas denominado balanço de pagamentos A Tabela 173 apresenta o balanço de pagamentos dos Estados Unidos para 2014 A tabela tem duas partes separadas por uma linha As transações são referidas como acima da linha ou abaixo da linha Transações correntes As transações acima da linha registram os pagamentos efetuados e recebidos do resto do mundo São as chamadas transações correntes As duas primeiras linhas registram as exportações e as importações de bens e serviços As exportações levam a pagamentos do resto do mundo ao passo que as importações levam a pagamentos ao resto do mundo A diferença entre exporta ções e importações é a balança comercial Em 2014 as importações superaram as exportações levando a um déficit comercial de US 508 bilhões para os Estados Unidos cerca de 3 do PIB norteamericano As exportações e as importações não são as únicas fontes de pagamentos efetu ados e recebidos do resto do mundo Os residentes nos Estados Unidos recebem renda da retenção de ativos estrangeiros e residentes estrangeiros recebem renda da retenção de ativos dos Estados Unidos Em 2014 a renda recebida do resto do mundo foi de US 823 bilhões e a renda paga a estrangeiros foi de US 585 bilhões com um saldo de renda líquido de US 238 bilhões Tabela 173 Balanço de pagamentos dos Estados Unidos 2014 em bilhões de dólares Transações correntes Exportações 2343 Importações 2851 Balança comercial déficit 1 508 Renda recebida 823 Renda paga 585 Renda líquida 2 238 Transferências líquidas recebidas 3 119 Saldo em transações correntes déficit 1 2 3 389 Contas capital e financeira Aumento dos ativos dos Estados Unidos retidos por estrangeiros 4 1031 Aumento dos ativos estrangeiros retidos pelos Estados Unidos 5 792 Saldo da conta financeira 7 4 5 239 Discrepância estatística saldo das contas capital e financeira saldo das transações correntes 150 Incluindo um aumento nos ativos dos Estados Unidos retidos por estrangeiros de US 54 bilhões das transações líquidas em derivativos financeiros Fonte US Bureau of Economic Analysis 17 de setembro de 2015 BookBlanchard 1indb 396 241017 1718 404 Macroeconomia Resumo A abertura dos mercados de bens permite que pes soas e empresas escolham entre bens domésticos e estrangeiros A abertura dos mercados financeiros permite que os investidores retenham ativos finan ceiros domésticos ou estrangeiros A taxa de câmbio nominal é o preço da moeda nacional em termos de moeda estrangeira Assim do ponto de vista dos Estados Unidos a taxa de câmbio nominal entre os Estados Unidos e o Reino Unido é o preço de um dólar em termos de libras Uma apreciação nominal ou de forma sucinta uma apreciação é um aumento no preço da moeda nacional em termos de moeda estrangeira Em outras palavras corresponde a um aumento na taxa de câmbio Uma depreciação nominal ou de forma sucinta uma depreciação é uma diminuição no preço da moeda nacional em ter mos de moeda estrangeira Corresponde a uma diminuição na taxa de câmbio A taxa de câmbio real é o preço relativo dos bens domésticos em termos dos bens estrangeiros É igual à taxa de câmbio nominal vezes o nível de preços doméstico dividido pelo nível de preços estrangeiro Uma apreciação real é um aumento no preço relativo dos bens domésticos em termos dos bens estrangei ros isto é um aumento na taxa real de câmbio Uma depreciação real é uma diminuição no preço relativo dos bens domésticos em termos de bens estrangeiros isto é uma diminuição na taxa real de câmbio A taxa de câmbio real multilateral ou de forma sucinta a taxa de câmbio real é uma média ponderada das taxas de câmbio reais bilaterais com o peso de cada país estrangeiro igual à sua participação no comércio O balanço de pagamentos registra as transações de um país com o resto do mundo O saldo em transa ções correntes é igual à soma da balança comercial com a renda líquida e as transferências líquidas que o país recebe do resto do mundo O saldo das contas capital e financeira é igual aos fluxos de capitais recebidos do resto do mundo menos os fluxos de capitais efetuados para o resto do mundo As transações correntes e as contas capital e financeira são imagens espelhadas uma da outra Desconsiderandose os problemas estatísticos a soma das transações correntes com as contas capi tal e financeira deve ser igual a zero Um déficit em transações correntes é financiado por fluxos financeiros líquidos de capitais do resto do mundo portanto por meio de um superávit das contas capi tal e financeira Do mesmo modo um superávit em transações correntes corresponde a um déficit das contas capital e financeira A paridade descoberta de juros ou de forma sucinta paridade de juros é uma condição de arbitragem segundo a qual as taxas de retorno esperadas em termos de moeda nacional sobre os títulos domésticos e os títulos estrangeiros devem ser iguais A paridade de juros implica que a taxa de juros interna seja aproximadamente igual à taxa de juros externa menos a taxa de apreciação esperada da moeda nacional Palavraschave abaixo da linha 396 abertura dos mercados de bens 385 abertura dos mercados de fatores 386 abertura dos mercados financeiros 386 acima da linha 396 Acordo Norteamericano de Livre Comércio Nafta 386 apreciação nominal 389 apreciação real 392 balanço de pagamentos 396 bens comercializáveis 387 condição da paridade de juros 400 contas capital e financeira 397 controles de capitais 386 cotas 385 depreciação nominal 389 depreciação real 392 desvalorização 389 discrepância estatística 397 divisas 395 déficit das contas capital e financeira 397 déficit em transações correntes 397 fluxos líquidos de capital 397 Produto Nacional Bruto PNB 398 BookBlanchard 1indb 404 241017 1718 406 Macroeconomia a Calcule a taxa nominal de juros de cada um dos títulos b Calcule a taxa de câmbio esperada no próximo ano consistente com a paridade descoberta de juros c Se você espera que o dólar deprecie em relação ao euro que título deve comprar d Suponhamos que você seja um investidor dos Estados Unidos Você troca dólares por euros e compra o título alemão Daqui a um ano constata se que a taxa de câmbio E na verdade é igual a 072 1 dólar 072 euro Qual é sua taxa de retorno efetiva em dólares comparada à taxa de retorno efetiva que você teria obtido se tivesse optado por reter o título dos Estados Unidos e As diferenças entre taxas de retorno em d são consistentes com a condição da paridade desco berta de juros Justifique Aprofundando 4 Consideremos um mundo em que haja três economias do mesmo tamanho A B e C e três bens roupas automóveis e computadores Suponhamos que os consumidores das três economias desejem gastar um montante igual nos três bens O valor de produção de cada um dos bens nas três economias é dado na tabela a seguir A B C Roupas 10 0 5 Automóveis 5 10 0 Computadores 0 5 10 a Qual é o PIB de cada economia Se o valor total do PIB for consumido e nenhum país tomar emprestado do exterior quanto os consumidores de cada economia gastarão em cada um dos bens b Se nenhum país tomar emprestado do exterior qual será a balança comercial de cada país Qual será o padrão de comércio nesse mundo Isto é que bens cada país exportará e para quem c Dada sua resposta ao item b o país A terá uma balança comercial igual a zero com o país B E com o país C Algum dos países terá uma balança comercial igual a zero com qualquer outro d Os Estados Unidos apresentam um grande déficit comercial Há um déficit comercial com cada um de seus principais parceiros comerciais mas é muito maior com alguns países China por exemplo do que com outros Suponhamos que os Estados Unidos eliminem seu déficit comercial total com o mundo como um todo Podese esperar que os Estados Unidos tenham uma balança comercial igual a zero com todos os seus parceiros comerciais O déficit comercial particularmente grande com a China indica necessariamente que este país não permite que bens dos Estados Unidos concorram em igualdade de condições com os bens chineses 5 Taxa de câmbio e o mercado de trabalho Suponhamos que a moeda nacional deprecie ou seja E cai Suponhamos também que P e P permaneçam constantes a Como a depreciação nominal afeta o preço rela tivo de bens domésticos isto é a taxa de câmbio real Considerandose sua resposta qual efeito uma depreciação nominal provavelmente terá sobre a demanda mundial por bens domésticos E sobre a taxa de desemprego doméstica b Dado o nível de preços estrangeiro P qual é o preço dos bens estrangeiros em termos da moeda nacional Como uma depreciação nominal afeta o preço de bens estrangeiros em termos de moeda nacional Como uma depreciação nominal afeta o índice de preços ao consumidor doméstico Dica lembrese de que os consumidores domésticos compram tanto bens estrangeiros importados quanto domésticos c Se o salário nominal permanece constante como uma depreciação nominal afeta o salário real d Comente a seguinte afirmação Uma moeda em depreciação coloca o trabalho doméstico à venda Explorando mais 6 Obtenha as taxas de câmbio nominais entre o Japão e os Estados Unidos do banco de dados do Federal Reserve Bank de St Louis FRED É a série AEXJPUS Essa taxa de câmbio é expressa em ienes por dólar a Na terminologia do capítulo quando a taxa de câmbio é escrita como iene por dólar qual país está sendo tratado como o país doméstico b Represente graficamente o valor do iene por dólar a partir de 1971 Em que períodos o iene apre ciou Em que períodos o iene depreciou c Dada a atual crise no Japão um modo de aumen tar a demanda seria tornar os bens japoneses mais atrativos Isto requer uma apreciação ou uma depreciação do iene d O que aconteceu ao iene nos últimos anos O iene apreciou ou depreciou Isso é bom ou ruim para o Japão BookBlanchard 1indb 406 241017 1718 Capítulo 17 Abertura dos mercados de bens e dos mercados financeiros 407 7 Encontre a edição mais recente do World Economic Outlook WEO no site do Fundo Monetário Internacional wwwimforg No Statistical Appendix localize a tabela intitulada Balances on Current Account que lista os saldos em transações correntes ao redor do mundo Use os dados do ano mais recente para responder às questões de a a c a Veja a soma dos saldos em transações correntes de todo o mundo Como observado neste capítulo a soma dos saldos em transações correntes deveria ser igual a zero Qual é na verdade a soma Por que essa soma indica algum erro de medida Isto é se a soma estivesse correta o que isso implicaria b Que regiões do mundo estão tomando emprestado e quais estão emprestando c Compare o saldo em transações correntes dos Estados Unidos com os saldos de outras econo mias avançadas Os Estados Unidos estão tomando emprestado apenas de economias avançadas d As tabelas estatísticas no WEO costumam pro jetar os dados para dois anos no futuro Observe os dados projetados para as transações correntes Suas respostas para os itens b e c tendem a mudar no futuro próximo 8 Poupança e investimento ao redor do mundo Obtenha a edição mais recente do World Economic Outlook WEO no site do Fundo Monetário Internacional wwwimforg No Statistical Appendix encontre a tabela intitulada Summary of Net Lending and Borrowing que lista a poupança e o investimento como percentual do PIB ao redor do mundo Use os dados do ano mais recente para responder às questões a e b a A poupança mundial se iguala ao investimento Ignore as pequenas discrepâncias estatísticas Justifique sua resposta com base em alguma intuição b Como a poupança norteamericana se com para ao investimento do país Como os Estados Unidos conseguem financiar seus investimentos Explicaremos este ponto explicitamente no pró ximo capítulo mas sua intuição deve ajudar a res ponder a esta pergunta c Da base de dados econômicos do FRED baixe o PIB real variável GDPC1 e o PNB real variável GNPC96 desde 1947 até os dados mais recentes Calcule a diferença percentual entre o PNB e o PIB nos Estados Unidos Qual é maior Por que isso ocorre Leitura adicional Para aprender mais sobre o comércio e a econo mia internacionais um manual muito bom é o de Paul Krugman Marc Melitz e Maurice Obstfeld International Economics Theory and Policy 10 ed Prentice Hall 2014 Para conhecer as taxas de câmbio atuais entre prati camente todos os pares de moedas do mundo veja o conversor de moedas em httpwwwoandacom currencyconverter BookBlanchard 1indb 407 241017 1718 Capítulo 18 O mercado de bens em uma economia aberta 411 Figura 181 Demanda por bens domésticos e exportações líquidas a a demanda doméstica por bens é uma função crescente da renda produto b e c a demanda por bens domésticos é obtida ao subtrair o valor das importações da demanda doméstica e somar as exportações d a balança comercial é uma função decrescente do produto Demanda Z DD Demanda doméstica C I G Produto Y a Demanda Z DD AA Importações IME Produto Y b Demanda Z DD AA ZZ Exportações X A B C Produto Y c Y Exportações líquidas NX NX Déficit comercial Superávit comercial BC d YTB YTB BookBlanchard 1indb 411 241017 1718 416 Macroeconomia igual às exportações líquidas de modo que se o comércio está equilibrado no ponto A então ZZ e DD interceptamse no ponto A Agora consideremos os efeitos de um aumento no produto estrangeiro ΔY por ora ignoremos a reta DD só a utilizaremos mais tarde Um produto estrangeiro maior significa uma demanda estrangeira maior incluindo uma demanda estrangeira maior pelos bens dos Estados Unidos Assim o efeito direto do aumento no produto estrangeiro é um aumento nas exportações dos Estados Unidos em um determinado montante que chamaremos de ΔX Para um dado nível de produto esse aumento nas exportações leva a um aumento na demanda por bens dos Estados Unidos de ΔX de modo que a reta que repre senta a demanda por bens domésticos como função do produto deslocase para cima em ΔX de ZZ para ZZ Para um dado nível de produto as exportações líquidas aumentam em ΔX Portanto a reta que representa as exportações líquidas como função do produto na Figura 184b também se desloca para cima em ΔX de NX para NX O novo equilíbrio situase no ponto A na Figura 184a com um nível de produto Y O aumento no produto estrangeiro leva a um aumento no produto doméstico O canal é claro Um produto estrangeiro maior leva a exportações de bens domésticos maiores o que aumenta o produto doméstico e a demanda doméstica por bens por meio do multiplicador Figura 184 Efeitos de um aumento na demanda estrangeira Um aumento na demanda estrangeira acarreta um aumento no produto e um superávit comercial Demanda Z ZZ Produto Y Produto Y Y A C D DD a 45 Exportações líquidas NX NX b 0 DX 0 DNX Demanda doméstica por bens DNX DX 0 Demanda por bens domésticos ZZ YTB NX A Y BookBlanchard 1indb 416 241017 1718 Capítulo 18 O mercado de bens em uma economia aberta 429 Palavraschave compressão de importações 424 condição de MarshallLerner 420 coordenação das políticas 419 curva J 425 demanda doméstica por bens 408 demanda por bens domésticos 408 G20 417 Questões e problemas Teste rápido 1 Usando as informações contidas neste capítulo diga se cada afirmação a seguir é verdadeira falsa ou incerta Explique brevemente a O déficit comercial atual dos EUA é resultante de um investimento extraordinariamente elevado e não de um declínio na poupança nacional b A identidade da renda nacional implica que défi cits orçamentários causam déficits comerciais c A abertura da economia para o comércio tende a aumentar o multiplicador porque um aumento nos gastos leva ao aumento nas exportações d Se o déficit comercial for igual a zero a demanda doméstica por bens e a demanda por bens domés ticos serão iguais e Uma depreciação real leva a uma melhora ime diata na balança comercial f Uma economia pequena aberta pode reduzir seu déficit comercial por meio de uma contração fiscal a um custo menor em termos de produto que uma grande economia aberta g A experiência dos Estados Unidos nos anos 1990 mostra que as apreciações da taxa de câmbio real provocam déficits comerciais enquanto as depre ciações da taxa de câmbio real levam a superávits comerciais h Um declínio na renda real pode levar a uma queda nas importações e portanto a um superávit comercial 2 Taxa de câmbio real taxa de câmbio nominal e inflação Utilizando a definição de taxa de câmbio real e as proposições 7 e 8 do Apêndice 2 no final do livro você pode mostrar que Resumo Em uma economia aberta a demanda por bens domésticos é igual à demanda doméstica por bens consumo mais investimento mais gastos do governo menos o valor das importações em ter mos de bens domésticos mais exportações Em uma economia aberta um aumento na demanda doméstica leva a um aumento menor no produto que em uma economia fechada pois parte da demanda adicional recai sobre as importações Pelo mesmo motivo um aumento na demanda doméstica tam bém leva a uma deterioração da balança comercial Um aumento na demanda estrangeira leva como resultado do aumento nas exportações tanto a um aumento no produto doméstico quanto a uma melhora da balança comercial Visto que os aumentos na demanda estrangeira melhoram a balança comercial e os aumentos na demanda doméstica a deterioram os países podem ser tentados a esperar por aumentos na demanda estrangeira para tirálos de uma recessão Quando um grupo de países está em recessão a coordenação pode em princípio ajudálos a superála Se a condição de MarshallLerner for satisfeita e evidências empíricas indicam que isto ocorre uma depreciação real levará a uma melhora nas exportações líquidas Uma depreciação real leva primeiro a uma dete rioração da balança comercial e depois a uma melhora Esse processo de ajuste é conhecido como curva J A condição de equilíbrio no mercado de bens pode ser reescrita como a condição em que a poupança pública e privada menos o investimento deve ser igual ao saldo em transações correntes Um superávit em transações correntes corresponde a um excesso de poupança sobre o investimento Um déficit em transações correntes corresponde a um excesso de investimento sobre a poupança BookBlanchard 1indb 429 241017 1718 430 Macroeconomia 1et et 12 et 1 1Et Et 12 Et 1 pt pt Resumindo a apreciação real percentual é igual à apreciação nominal percentual mais a diferença entre inflação interna e inflação externa a Se a inflação interna é maior que a inflação externa mas o país doméstico tem uma taxa de câmbio fixa o que acontece com a taxa de câm bio real ao longo do tempo Suponhamos que a condição de MarshallLerner seja satisfeita O que acontece com a balança comercial ao longo do tempo Explique com suas palavras b Suponhamos que a taxa de câmbio real seja cons tante digamos no nível exigido para que as expor tações líquidas ou as transações correntes sejam iguais a zero Nesse caso se a inflação interna for maior que a externa o que deve acontecer ao longo do tempo para manter um saldo comercial igual a zero 3 Uma recessão europeia e a economia dos Estados Unidos a Em 2014 os gastos da União Europeia com bens dos Estados Unidos eram de 18 das exporta ções deste país veja a Tabela 172 e as expor tações dos Estados Unidos chegavam a 15 do PIB norteamericano veja a Tabela 171 Qual era a parcela dos gastos da União Europeia com bens dos Estados Unidos em relação ao PIB norteamericano b Suponhamos que o multiplicador dos Estados Unidos seja 2 e que uma grave crise na Europa tenha reduzido o produto e as importações do país em 5 em relação a seu nível normal Dada sua resposta à questão a qual é o impacto da crise europeia sobre o PIB dos Estados Unidos c Se a crise europeia levar também a uma desacele ração de outras economias que importam bens dos Estados Unidos o efeito poderá ser maior Para estabelecer os limites do tamanho do efeito supo nhamos que as exportações dos Estados Unidos caiam 5 como resultado de mudanças no pro duto estrangeiro em um ano Qual é o impacto de uma queda de 5 nas exportações sobre o PIB dos Estados Unidos d Comente esta afirmação A menos que a Europa consiga evitar uma grave crise em decorrência dos problemas com a dívida soberana e o euro o cres cimento dos Estados Unidos será interrompido 4 Uma análise aprofundada da Tabela 181 indica qua tro alternativas Usando a Figura 185 como guia represente graficamente as situações ilustradas em cada uma dessas alternativas da tabela Certifiquese de entender por que a direção da mudança nas des pesas governamentais e na taxa de câmbio real é classificada como ambígua em cada caso Aprofundando 5 Exportações líquidas e demanda estrangeira a Suponhamos que haja um aumento no produto estrangeiro Mostre o efeito sobre a economia doméstica isto é reproduza a Figura 184 Qual é o efeito sobre o produto doméstico E sobre as exportações domésticas líquidas b Se a taxa de juros permanecer constante o que acontecerá com o investimento doméstico Se os impostos permanecerem constantes o que acon tecerá com o déficit orçamentário doméstico c Usando a Equação 185 o que deve acontecer com a poupança privada Explique d O produto estrangeiro não aparece na Equação 185 no entanto é evidente que ele afeta as expor tações líquidas Explique como isto é possível 6 Eliminando um déficit comercial a Consideremos uma economia com um déficit comercial NX 0 e com o produto igual a seu nível natural Suponhamos que o produto mesmo que possa se desviar do seu nível natural no curto prazo retorne a seu nível natural no médio prazo Suponhamos que o nível natural não seja afetado pela taxa de câmbio real O que deve acontecer com a taxa de câmbio real no médio prazo para eliminar o déficit comercial isto é aumentar NX até 0 b Agora anote a identidade da renda nacional Suponhamos novamente que o produto retorne a seu nível natural no médio prazo Se NX aumen tar até 0 o que deve acontecer com a demanda doméstica C I G no médio prazo Quais políticas governamentais estão disponíveis para reduzir a demanda doméstica no médio prazo Identifique quais componentes da demanda doméstica essas políticas econômicas afetam 7 Multiplicadores abertura e política fiscal Consideremos uma economia aberta caracterizada pelas equações a seguir C c0 c1Y T I d0 d1Y IM m1Y X x1Y BookBlanchard 1indb 430 241017 1718 Capítulo 18 O mercado de bens em uma economia aberta 431 Os parâmetros m1 e x1 representam as propensões a importar e exportar Suponhamos que a taxa de câmbio real seja fixada no valor de 1 e tratemos a renda estran geira Y como fixa Suponhamos ainda que os impostos sejam fixos e que as compras do governo sejam exóge nas ou seja decididas pelo governo A efetividade das mudanças é explorada em G sob premissas alternativas com relação à propensão a importar a Escreva a condição de equilíbrio no mercado para os bens domésticos e resolvaa para Y b Suponhamos que as compras do governo aumen tem em uma unidade Qual é o efeito sobre o pro duto Assuma que 0 m1 c1 d1 1 Explique por quê c Como ficam as exportações líquidas quando as compras do governo aumentam uma unidade Agora consideremos duas economias uma com m1 05 e outra com m1 01 Cada uma delas é caracterizada por c1 d1 06 d Suponhamos que uma das economias seja muito maior que a outra Qual economia você espera que tenha o maior valor de m1 Explique e Calcule suas respostas para os itens b e c para cada economia substituindo o valor dos parâme tros respectivos f Em qual economia a política fiscal terá maior efeito sobre o produto E sobre as exportações líquidas 8 Coordenação de políticas e a economia mundial Consideremos uma economia aberta na qual a taxa de câmbio real é fixa e igual a 1 O consumo o investimento os gastos do governo e os impostos são dados por C 10 08 Y T I 10 G 10 e T 10 Importações e exportações são dadas por IM 03 Y e X 03 Y onde Y representa o produto estrangeiro a Resolva para o produto de equilíbrio da economia doméstica dado Y Qual é o multiplicador dessa economia Se estivéssemos em uma economia fechada em que exportações e importações fossem identicamente iguais a zero qual seria o multiplicador Por que o multiplicador seria diferente em uma economia fechada b Suponhamos que a economia estrangeira tenha as mesmas equações que a economia doméstica invertendo os asteriscos Use os dois conjuntos de equações a fim de resolver para o produto de equilíbrio de cada país Dica use as equações da economia estrangeira a fim de resolver para Y em função de Y e substitua essa solução em Y na questão a Qual é o multiplicador de cada país agora Por que é diferente do multiplicador da economia aberta na questão a c Suponhamos que o governo G tenha como meta um nível de produto de 125 Supondo que o governo estrangeiro não altere G qual é o aumento de G necessário para atingir a meta de produto na eco nomia doméstica Calcule as exportações líquidas e o déficit orçamentário para cada país d Suponhamos que cada governo tenha uma meta de nível de produto de 125 e que cada governo aumente seus gastos no mesmo montante Qual é o aumento comum de G e G necessário para atingir a meta de produto em ambos os países Resolva para as exportações líquidas e o déficit orçamentário em cada país e Por que a coordenação fiscal como o aumento comum de G e G na questão d é tão difícil de alcançar na prática Explorando mais 9 Déficit comercial déficit em transações correntes e investimento dos Estados Unidos a Defina poupança nacional como poupança pri vada mais superávit do governo isto é como S T G Agora utilizando a Equação 185 descreva a relação entre o déficit em transações correntes a renda líquida de investimento e a diferença entre poupança nacional e investimento doméstico b Usando a base de dados econômicos do FRED colete dados anuais do PIB nominal série GDP do investimento interno bruto série GDPIA e das exportações líquidas série A019RC1A027NBEA desde 1980 até o ano mais recente disponível Divida o investimento interno bruto e as exportações líquidas pelo PIB de cada ano para expressar seus valores como percentual do PIB Qual ano apresenta o maior déficit comer cial como percentual do PIB c O superávit comercial em 1980 foi aproximada mente igual a zero Calcule a porcentagem média do PIB investido e o valor médio da balança comercial como porcentagem do PIB em três períodos 19801989 19901999 2000 até o último ponto Parece que os déficits comerciais foram utilizados para financiar o investimento d Um déficit comercial é mais preocupante quando não acompanhado por um aumento correspon dente no investimento Explique sua resposta BookBlanchard 1indb 431 241017 1718 432 Macroeconomia e A questão anterior aborda o déficit comercial e não o déficit em transações correntes Como a renda de investimento líquido NI corresponde à dife rença entre o déficit comercial e o déficit em tran sações correntes dos Estados Unidos Você pode baixar o PIB série GDP e o PNB série GNP do banco de dados do FRED no Federal Reserve Bank of St Louis Essa diferença é uma medida de NI Esse valor é crescente ou decrescente ao longo do tempo Qual é a implicação de tais mudanças Leitura adicional Uma discussão interessante sobre a relação entre défi cits comerciais déficits em transações correntes défi cits orçamentários poupança privada e investimento é dada em Saving and Investment in a Global Economy de Barry Bosworth Brookings Institution 1993 Para mais informações sobre a relação entre taxa de câmbio e balança comercial leia Exchange Rates and Trade Flows Disconnected Capítulo 3 World Economic Outlook International Monetary Fund outubro de 2015 Apêndice Derivação da condição de MarshallLerner Parta da definição de exportações líquidas NX X IMe Suponhamos que o comércio esteja inicialmente equi librado de modo que NX 0 e X IMe ou de modo equivalente eX IM A condição de MarshallLerner é aquela sob a qual uma depreciação real uma diminuição em e leva a um aumento nas exportações líquidas Para derivar essa condição multiplique primeiro ambos os lados da equação anterior por e para obter eNX eX IM Agora consideremos uma mudança na taxa de câm bio real de Δe O efeito da mudança na taxa de câmbio real sobre o lado esquerdo da equação é dado por Δe NX eΔNX Observe que se o comércio estiver inicialmente equi librado NX 0 então o primeiro termo nesta expressão é igual a zero e o efeito da mudança no lado esquerdo é simplesmente dado por eΔ NX O efeito da mudança na taxa de câmbio real sobre o lado direito da equação é dado por ΔeX eΔX ΔIM Juntando os dois lados temos eΔNX ΔeX e ΔX ΔIM Divida ambos os lados por eX para obter e1NX2eX 1e2XeX e1X2eX IMeX Simplifique e use o fato de se o comércio estiver inicialmente equilibrado eX IM para substituir eX por IM no último termo à direita Essas substituições fornecem 1NX2X 1e2e 1X2X IMIM A mudança na balança comercial como uma razão das exportações em resposta a uma depreciação real é igual à soma dos três termos O primeiro termo é igual à mudança proporcional na taxa de câmbio real Será negativo se houver uma depreciação real O segundo termo é igual à mudança proporcional nas exportações Será positivo se houver uma depre ciação real O terceiro termo é igual ao negativo da mudança proporcional nas importações Será positivo se houver uma depreciação real A condição de MarshallLerner é aquela em que a soma desses três termos é positiva Se for satisfeita uma depreciação real levará a uma melhora da balança comercial Um exemplo numérico será útil aqui Suponhamos que uma depreciação de 1 leve a um aumento pro porcional nas exportações de 09 e a uma diminuição proporcional nas importações de 08 A evidência econométrica sobre a relação de exportações e importa ções com a taxa de câmbio real sugere que esses números são na verdade razoáveis Neste caso o lado direito da equação será igual a 1 09 08 07 Portanto a balança comercial melhora A condição de MarshallLerner é satisfeita BookBlanchard 1indb 432 241017 1718 Capítulo 19 Produto taxa de juros e taxa de câmbio 439 A Figura 191 mostra a relação entre a taxa de juros interna i e a taxa de câmbio E decorrente da Equação 195 a relação da paridade de juros A relação é mostrada para uma dada taxa de câmbio futura esperada Ee e uma dada taxa de juros externa i e é representada por uma reta positivamente inclinada Quanto maior a taxa de juros interna maior a taxa de câmbio A Equação 195 também implica que quando a taxa de juros interna é igual à taxa de juros externa i i a taxa de câmbio é igual à taxa de câmbio futura esperada E Ee Isso implica que a reta correspondente à condição da paridade de juros passa pelo ponto A onde i i na figura O que acontecerá à reta se 1 i aumentar 2 Ee aumentar Figura 191 Relação entre a taxa de juros e a taxa de câmbio decorrente da paridade de juros Uma taxa de juros interna maior leva a uma taxa de câmbio maior uma apreciação Taxa de juros interna i Taxa de câmbio E A i 5 i Relação da paridade de juros dados i Ee E e 193 Colocando o mercado de bens e os mercados financeiros juntos Temos agora os elementos de que precisamos para compreender os movimentos do produto da taxa de juros e da taxa de câmbio O equilíbrio no mercado de bens implica que o produto depende entre outros fatores das taxas de juros e de câmbio Y CY T IY i G NXY Y E Vamos pensar na taxa de juros i como a taxa básica estipulada pelo Banco Central i i E a condição da paridade de juros implica uma relação positiva entre a taxa de juros interna e a taxa de câmbio E 1 i 1 i EQe Juntas essas três relações determinam o produto a taxa de juros e a taxa de câmbio Não é fácil trabalhar com três equações e três variáveis Mas podemos facilmente redu zilas a duas usando a condição da paridade de juros para eliminar a taxa de câmbio BookBlanchard 1indb 439 241017 1718 Capítulo 19 Produto taxa de juros e taxa de câmbio 443 O investimento também sobe porque depende tanto do produto quanto da taxa de juros I IY i Neste caso o produto aumenta e a taxa de juros não varia de modo que o investimento sobe E as exportações líquidas Lembramos que elas dependem do produto domés tico do produto estrangeiro e da taxa de câmbio NX NXY Y E O produto estrangeiro não se altera visto que assumimos que o resto do mundo não reage a um aumento nos gastos públicos domésticos A taxa de câmbio também não se altera acompanhando a taxa de juros Restanos o efeito do produto doméstico mais alto uma vez que o aumento no produto eleva as importações a uma taxa de câmbio inalterada as exportações líquidas caem Consequentemente o déficit orçamentário leva a uma deterioração da balança comercial Se o comércio estiver inicialmente equilibrado o déficit orçamentário levará a um déficit comercial Observese que embora um aumento no déficit orçamentário aumente o déficit comercial o efeito está longe de ser mecânico Funciona por meio do efeito do déficit orçamentário sobre o produto e por sua vez sobre o déficit comercial Agora suponhamos que o aumento em G aconteça em uma economia na qual o produto está próximo do produto potencial Yn O governo pode decidir elevar seus gastos mesmo que a economia já esteja em um produto potencial por exemplo porque precisa pagar por um evento excepcional como uma grande inundação sem recorrer a um aumento de impostos veremos mais a respeito no Capítulo 22 Neste caso o Banco Central teme que o aumento em G movendo a economia para cima do produto potencial possa aumentar a inflação É provável que responda elevando a taxa de juros O que acontece é descrito na Figura 195 A uma taxa de juros inalterada o produto aumenta de Yn para Y e a taxa de câmbio não muda Mas se o Banco Central acompanhar o aumento dos gastos com um aumento na taxa de juros o produto aumentará menos de Yn para Y e a taxa de câmbio sofrerá apreciação de E para E Novamente o que acontece com os vários componentes da demanda Como antes o consumo e os gastos públicos aumentam o consumo em decor rência do aumento da renda e os gastos do governo por hipótese Figura 195 Efeitos de um aumento em gastos governamentais quando o Banco Central responde elevando a taxa de juros Um aumento em gastos governamentais acarreta um aumento no produto Se o Banco Central responder elevando a taxa de juros haverá apreciação da taxa de câmbio Yn Taxa de câmbio E Produto Y a b IS A A Taxa de juros interna i Taxa de juros interna i LM G 0 E Y Y A A A LM IS E BookBlanchard 1indb 443 241017 1718 450 Macroeconomia Embora o país mantenha o controle da política fiscal apenas um instrumento de política econômica não é o suficiente Como vimos no Capítulo 18 por exemplo uma expansão fiscal pode ajudar a economia a sair de uma recessão mas somente à custa de um déficit comercial maior E um país que queira por exemplo diminuir seu déficit orçamentário não pode sob taxas de câmbio fixas usar a política monetária para compensar o efeito contracionista de sua política fiscal sobre o produto Assim por que alguns países fixam sua taxa de câmbio Por que 19 países euro peus e ainda há outros por vir adotaram uma moeda comum Para responder a essas questões devemos trabalhar mais Devemos examinar o que acontece não somente no curto prazo o que fizemos neste capítulo mas também no médio prazo quando o nível de preços pode se ajustar Devemos examinar a natureza das crises cambiais Com isso seremos capazes de avaliar as vantagens e desvantagens dos diversos regimes de taxa de câmbio Esses serão os temas tratados no Capítulo 20 Palavraschave atrelamentos 446 bandas 447 déficits gêmeos 446 economistas do lado da oferta supply siders 445 euro 447 minidesvalorizações 446 modelo MundellFleming 433 paradas súbitas 435 paridade central 447 porto seguro 437 Sistema Monetário Europeu SME 447 Resumo Em uma economia aberta a demanda por bens domésticos e produto depende tanto da taxa de juros quanto da taxa de câmbio Um aumento na taxa de juros diminui a demanda por bens domésticos Um aumento na taxa de câmbio uma apreciação também diminui a demanda por bens domésticos A taxa de juros é determinada pela condição de paridade segundo a qual títulos domésticos e estrangeiros devem ter a mesma taxa de retorno esperada em termos da moeda nacional Dadas a taxa de câmbio futura esperada e a taxa de juros externa os aumentos na taxa de juros interna levam a um aumento na taxa de câmbio uma apreciação Diminuições na taxa de juros interna levam a uma diminuição na taxa de câmbio uma depreciação Sob taxas de câmbio flexíveis uma política fiscal expansionista leva a um aumento no produto Se a expansão fiscal é parcialmente compensada por uma política monetária mais rigorosa ela provoca um aumento na taxa de juros e uma apreciação Sob taxas de câmbio flexíveis uma política monetá ria contracionista leva a uma diminuição no produto um aumento na taxa de juros e uma apreciação Há muitos tipos de arranjo de taxa de câmbio Eles incluem entre outros taxas de câmbio total mente flexíveis minidesvalorizações taxas de câmbio fixas ou atrelamentos e a adoção de uma moeda comum Sob taxas de câmbio fixas um país mantém uma taxa de câmbio fixa em termos de uma moeda estrangeira ou de uma cesta de moedas Sob taxas de câmbio fixas e a condição da paridade de juros um país deve manter uma taxa de juros igual à taxa de juros externa O Banco Central não pode mais utilizar a política monetária como um instrumento de política econômica Contudo a política fiscal passa a ter mais poder que sob taxas de câmbio flexíveis pois a política fiscal desenca deia a acomodação monetária e assim não leva a mudanças compensatórias na taxa de juros interna e na taxa de câmbio BookBlanchard 1indb 450 241017 1718 Capítulo 19 Produto taxa de juros e taxa de câmbio 451 Questões e problemas Teste rápido 1 Usando as informações contidas neste capítulo diga se cada afirmação a seguir é verdadeira falsa ou incerta Explique brevemente a A condição de paridade da taxa de juros significa que as taxas são iguais entre países b Tudo o mais constante a condição da paridade de juros implica que a moeda nacional apreciará em resposta a um aumento na taxa de câmbio esperada c Se investidores esperam que o dólar deprecie em relação ao iene ao longo do próximo ano as taxas de juros de um ano serão maiores nos Estados Unidos que no Japão d Se a taxa de câmbio esperada apreciar a taxa de câmbio corrente imediatamente aprecia e O Banco Central influencia o valor da taxa de câmbio ao mudar a taxa de juros interna em rela ção à taxa de juros externa f Um aumento nas taxas de juros internas todos os outros fatores mantidos aumenta as exportações g Uma expansão fiscal todos os outros fatores man tidos tende a aumentar as exportações líquidas h A política fiscal exerce maior efeito sobre o produto em uma economia com taxas de câm bio fixas que em uma economia com taxas de câmbio flexíveis i Sob uma taxa de câmbio fixa o Banco Central deve manter a taxa de juros interna igual às taxas de juros externas 2 Consideremos uma economia aberta com taxas de câmbio flexíveis Suponhamos que o produto esteja no nível natural mas que haja um déficit comercial O objetivo da política é reduzir o déficit comercial e deixar o produto em seu nível natural Qual é a combinação de políticas fiscal e monetária adequada 3 Neste capítulo mostramos que uma redução nas taxas de juros em uma economia operando sob taxas de câmbio flexíveis leva a um aumento no produto e a uma depreciação da moeda nacional a Como uma redução nas taxas de juros em uma economia com taxas de câmbio flexíveis afeta o consumo e o investimento b Como uma redução nas taxas de juros em uma economia com taxas de câmbio flexíveis afeta as exportações líquidas 4 Taxas de câmbio flexíveis e política macroeconômica estrangeira Consideremos uma economia aberta com taxas de câmbio flexíveis Seja PJD a condição da paridade de juros descoberta a Em um diagrama ISLMPJD mostre o efeito de um aumento no produto estrangeiro Y sobre o produto doméstico Y e sobre a taxa de câmbio E quando o Banco Central doméstico mantém inalterada a taxa de juros Explique b Em um diagrama ISLMPJD mostre o efeito de um aumento na taxa de juros externa i sobre o produto doméstico Y e a taxa de câmbio E quando o Banco Central doméstico mantém inal terada a taxa de juros Explique 5 Taxas de câmbio flexíveis e as respostas às mudanças na política macroeconômica estrangeira Suponhamos que haja uma política fiscal expansionista no país estrangeiro que aumente Y e i ao mesmo tempo a Em um diagrama ISLMPJD mostre o efeito do aumento no produto estrangeiro Y e na taxa de juros estrangeira i sobre o produto domés tico Y e a taxa de câmbio E quando o Banco Central nacional mantém inalterada a taxa de juros Explique b Em um diagrama ISLMPJD mostre o efeito do aumento no produto estrangeiro Y e na taxa de juros estrangeira i sobre o produto domés tico Y e a taxa de câmbio E quando o Banco Central nacional equipara o aumento na taxa de juros estrangeira com um aumento equivalente na taxa de juros doméstica Explique c Em um diagrama ISLMPJD mostre a política monetária doméstica que se segue ao aumento no produto estrangeiro Y e ao aumento na taxa de juros estrangeira i se a meta da política mone tária doméstica é manter inalterado o produto doméstico Y Explique Quando uma política como essa deve ser necessária Aprofundando 6 Taxas de câmbio fixas e política macroeconômica estrangeira Consideremos um sistema de taxa de câmbio fixa em que um grupo de países que chamaremos de países seguidores atrelam suas moedas à moeda de outro país chamado de país líder Visto que a moeda do país BookBlanchard 1indb 451 241017 1718 452 Macroeconomia líder não é fixa em relação às moedas dos países não pertencentes ao sistema de taxa de câmbio fixa o país líder pode conduzir a política monetária da forma que desejar Neste problema consideremos que o país doméstico seja um seguidor e o país estrangeiro o líder a Como um aumento nas taxas de juros do país líder afeta a taxa de juros e o produto do país seguidor b Como um aumento nas taxas de juros do país líder muda a composição do produto no país seguidor Suponha que o país seguidor não mude a política fiscal c O país seguidor pode usar a política fiscal para compensar os efeitos da redução nas taxas de juros do país líder e manter inalterado o produto doméstico Quando tal política fiscal pode ser desejável d Política fiscal envolve uma mudança nos gastos do governo ou uma mudança nos impostos Elabore um mix de políticas fiscais que mantenha inalte rados o consumo e o produto doméstico quando o país líder eleva as taxas de juros Qual componente do produto foi alterado 7 Taxa de câmbio como ferramenta de política monetária Uma taxa de câmbio flexível combinada com uma disposição de alterar a taxa de juros doméstica pode aumentar a eficácia da política monetária em uma eco nomia aberta Consideremos uma economia que sofre uma queda na confiança nos negócios o que tende a reduzir o investimento a Em um diagrama ISLMPJD mostre o efeito de curto prazo da queda na confiança nos negócios sobre o produto e a taxa de câmbio quando o Banco Central mantém inalterada a taxa de juros Como a composição do produto muda b O Banco Central está disposto a cortar a taxa de juros para restaurar o nível de produto a seu valor original Como isso altera a composição do produto c Se a taxa de câmbio fosse fixa e o Banco Central não pudesse alterar a taxa de juros lembramos que é fixa no valor estrangeiro i quais opções de política restam ao Banco Central d Os bancos centrais geralmente favorecem as taxas de câmbio flexíveis Explique por quê Explorando mais 8 Demanda por ativos norteamericanos o dólar e o déficit comercial Esta questão explora de que forma um aumento na demanda por ativos norteamericanos pode ter desace lerado a depreciação do dólar que muitos economistas acreditam ser justificada pelo grande déficit comercial dos Estados Unidos e pela necessidade de estimular a demanda por bens domésticos após a crise Aqui modi ficamos a estrutura ISLMPJD para analisar os efeitos de um aumento na demanda por ativos norteamericanos Escreva a condição da paridade de juros descoberta como 1 it 1 it Et Ee t 1 x onde o parâmetro x representa os fatores que afetam a demanda relativa por ativos domésticos Um aumento em x significa que os investidores estão dispostos a manter ativos domésticos a uma taxa de juros menor dada a taxa de juros estrangeira e as taxas de câmbio corrente e esperada a Resolva a condição PJD para a taxa de câmbio corrente Et b Substitua o resultado do item a na curva IS e elabore o diagrama PJD Como no texto podemos assumir que P e P são constantes e iguais a um c Suponhamos que como resultado de um acentu ado déficit comercial na economia doméstica os participantes do mercado financeiro acreditem que a moeda interna deva sofrer depreciação no futuro Por conta disso a taxa de câmbio espe rada Ee t 1 cai No diagrama ISLMPJD mostre o efeito da queda da taxa de câmbio esperada Quais os efeitos sobre a taxa de câmbio e sobre a balança comercial Dica na análise do efeito sobre a balança comercial lembrese por que a curva IS se movimentou d Agora suponhamos que a demanda relativa por ativos domésticos x aumente Como referência consideremos que o aumento seja suficiente para retornar a curva IS para sua posição original antes da queda na taxa de câmbio esperada Mostre os efeitos combinados da queda em Ee t1 e do aumento de x no diagrama ISLMPJD Quais são os efeitos finais sobre a taxa de câmbio e sobre a balança comercial e Com base em sua análise é possível que um aumento na demanda por ativos norteamericanos consiga evitar a depreciação do dólar É possível que um aumento na demanda por ativos norte americanos consiga piorar a situação da balança comercial Explique suas respostas 9 Rendimentos de títulos e movimentos cambiais de longo prazo BookBlanchard 1indb 452 241017 1718 Capítulo 19 Produto taxa de juros e taxa de câmbio 453 a Visite o site da The Economist wwwecono mistcom e colete dados sobre taxas de juros de 10 anos Pesquise a seção Markets Data e em seguida a subseção Economic and Financial Indicators Consulte as taxas de juros de 10 anos dos Estados Unidos Japão China GrãBretanha Canadá México e da área do euro Para cada país tratando a área do euro como um país calcule os spreads como a taxa de juros do país menos a taxa de juros dos Estados Unidos b A partir da condição da paridade de juros des coberta os spreads do item a são a aprecia ção anualizada esperada do dólar em relação a outras moedas Para calcular a apreciação esperada de 10 anos é preciso calcular o efeito composto Logo se x é o spread a apreciação esperada de 10 anos é 1 x10 1 Tenha cui dado com os pontos decimais Esperase que o dólar deprecie ou aprecie muito em relação à moeda de qualquer de seus seis principais parceiros comerciais c Dada sua resposta ao item b para que países uma apreciação ou depreciação significativa do dólar é esperada na próxima década Sua resposta parece plausível Apêndice Taxas de câmbio fixas taxas de juros e mobilidade de capitais A hipótese de mobilidade perfeita de capitais é uma boa aproximação do que acontece nos países com mercados financeiros altamente desenvolvidos e poucos controles de capital como os Estados Unidos o Reino Unido o Japão e a União Europeia Mas a hipótese é mais questionável nos países com mercados financei ros menos desenvolvidos ou nos quais há controles de capitais Nestes os investidores domésticos podem não ter o conhecimento nem o direito legal de comprar títulos estrangeiros quando as taxas de juros internas estão baixas O Banco Central pode diminuir as taxas de juros enquanto mantém uma dada taxa de câmbio Para examinar esses assuntos precisamos analisar novamente o balancete patrimonial do Banco Central No Capítulo 4 assumimos que o único ativo retido pelo Banco Central fossem os títulos domésticos Em uma economia aberta o Banco Central retém na verdade dois tipos de ativo 1 títulos domésticos e 2 reservas internacionais que imaginaremos como moeda estran geira embora ela também tome a forma de títulos ou ativos estrangeiros que pagam juros Imagine o balan cete patrimonial do Banco Central como o representado pela Figura 1 Figura 1 Balancete patrimonial do Banco Central Ativos Passivos Títulos Reservas internacionais Base monetária No lado do ativo estão os títulos e as reservas interna cionais e no do passivo a base monetária Agora há duas maneiras pelas quais o Banco Central pode alterar a base monetária pela compra ou venda de títulos no mercado de títulos ou pela compra ou venda de moeda estrangeira no mercado de câmbio Se você não leu a Seção 43 no Capítulo 4 substitua base monetária por oferta de moeda e ainda assim entenderá o argumento básico Mobilidade perfeita de capitais e taxas de câmbio fixas Consideremos primeiro os efeitos de uma operação de mercado aberto sob as hipóteses conjuntas de mobi lidade perfeita de capitais e de taxas de câmbio fixas as hipóteses que fizemos na última seção deste capítulo Suponhamos que a taxa de juros interna e a taxa de juros externa sejam inicialmente iguais logo i i Suponhamos agora que o Banco Central faça uma operação de mercado aberto expansionista com prando títulos no mercado de títulos no montante ΔB e criando moeda aumentando a base mone tária em troca Essa compra de títulos leva a uma diminuição na taxa de juros interna i Isso entretanto é apenas o início da história Agora que a taxa de juros interna é menor que a externa os investidores preferem reter títulos estran geiros Para comprar títulos estrangeiros eles devem primeiro comprar moeda estrangeira Então vão ao mercado de câmbio e vendem moeda nacional por moeda estrangeira BookBlanchard 1indb 453 241017 1718 454 Macroeconomia Se o Banco Central não fizesse nada o preço da moeda nacional cairia e o resultado seria uma depre ciação No entanto para manter seu compromisso com uma taxa de câmbio fixa o Banco Central não pode permitir que a moeda deprecie Assim deve intervir no mercado de câmbio e vender moeda estrangeira por moeda nacional À medida que ele vende moeda estrangeira e compra moeda nacional a base monetária diminui Que quantidade de moeda estrangeira o Banco Central deve vender Ele deve continuar vendendo até que a base monetária retorne ao nível anterior à operação de mercado aberto de modo que a taxa de juros interna seja novamente igual à taxa de juros externa Somente então os investidores estarão dis postos a reter títulos domésticos Quanto tempo todas essas etapas levam Sob mobi lidade perfeita de capitais tudo isso pode acontecer em questão de minutos após a operação de mercado aberto inicial Após essas etapas o balancete patrimonial do Banco Central parece ser como o representado na Figura 2 Os títulos retidos sobem em ΔB as reservas interna cionais caem em ΔB e a base monetária fica inalterada depois de subir em ΔB na operação de mercado aberto e cair em ΔB como resultado da venda de moeda estran geira no mercado de câmbio Figura 2 Balancete patrimonial do Banco Central após uma operação de mercado aberto e da intervenção induzida no mercado de câmbio Ativos Passivos Títulos B Reservas B Base monetária B B 0 Resumindo sob taxas de câmbio fixas e com mobi lidade perfeita de capitais o único efeito da operação de mercado aberto é alterar a composição do balancete patrimonial do Banco Central mas não a base monetária nem a taxa de juros Mobilidade imperfeita de capitais e taxas de câmbio fixas Vamos agora deixar de lado a hipótese da mobilidade perfeita de capitais Suponhamos que leve algum tempo para que os investidores mudem a composição entre títulos domésticos e estrangeiros Agora uma operação de mercado aberto expansio nista inicialmente pode fazer que a taxa de juros interna fique abaixo da externa Mas ao longo do tempo os investidores mudam para os títulos estrangeiros levando a um aumento na demanda por moeda estrangeira no mercado de câmbio Para evitar uma depreciação da moeda nacional o Banco Central mais uma vez deve estar pronto para vender moeda estrangeira e comprar moeda nacional O Banco Central acabará comprando moeda nacional em quantidade suficiente para compen sar os efeitos da operação inicial de mercado aberto A base monetária volta para seu nível anterior à operação de mercado aberto e o mesmo ocorre com a taxa de juros O Banco Central retém mais títulos domésticos e menos reservas internacionais A diferença entre este caso e o da mobilidade per feita de capitais é que ao aceitar uma perda de reservas internacionais o Banco Central pode diminuir as taxas de juros por algum tempo Se forem necessários apenas alguns dias para que os investidores se ajustem a opção pode ser pouco atraente como muitos países que sofreram grandes perdas de reservas sem muito efeito sobre a taxa de juros já descobriram à própria custa No entanto se o Banco Central puder afetar a taxa de juros interna por algumas semanas ou meses pode em algumas circunstâncias estar disposto a fazêlo Agora vamos nos desviar ainda mais da mobilidade perfeita de capitais Suponhamos que em resposta a uma diminuição na taxa de juros interna os investi dores não queiram ou não possam mudar muito suas carteiras para títulos estrangeiros Por exemplo há controles administrativos e legais sobre transações financeiras que tornam ilegal ou muito caro para resi dentes domésticos investirem fora do país Este é o caso relevante para várias economias emergentes da América Latina à China Após uma operação de mercado aberto expansio nista a taxa de juros interna diminui tornando os títu los domésticos menos atraentes Alguns investidores domésticos passam para os títulos estrangeiros vendendo moeda nacional por moeda estrangeira Para manter a taxa de câmbio o Banco Central deve comprar moeda nacional e ofertar moeda estrangeira Contudo a inter venção no câmbio pelo Banco Central pode agora ser pequena em comparação com a operação de mercado aberto inicial E se os controles de capitais realmente impedirem por completo que os investidores passem para os títulos estrangeiros pode não haver necessidade dessa intervenção no câmbio Mesmo se deixarmos esse caso extremo de lado os efeitos líquidos da operação de mercado aberto inicial e das subsequentes intervenções no câmbio provavelmente serão um aumento na base monetária uma diminuição na taxa de juros interna um aumento na quantidade de BookBlanchard 1indb 454 241017 1718 Capítulo 19 Produto taxa de juros e taxa de câmbio 455 títulos retidos pelo Banco Central e alguma perda embora limitada das reservas internacionais Com mobilidade imperfeita de capitais um país tem alguma liberdade para alterar a taxa de juros interna enquanto mantém sua taxa de câmbio Essa liberdade depende fundamentalmente de três fatores O grau de desenvolvimento de seus mercados finan ceiros e a disposição dos investidores domésticos e estrangeiros de mudar a composição entre ativos domésticos e estrangeiros O grau de controle de capitais que pode impor aos investidores domésticos e estrangeiros O montante de reservas internacionais que retém Quanto maiores as reservas que o país tem mais pode suprir a perda de reservas que ele provavelmente sustentará se diminuir a taxa de juros a uma dada taxa de câmbio Considerandose os grandes movimentos nos fluxos de capital que documentamos no capítulo todas essas questões são tópicos de acalorado debate Muitos países estão ponderando sobre uma utilização mais ativa dos controles de capital que no passado Muitos países tam bém estão acumulando grandes reservas como precaução contra grandes saídas de capital Palavrachave reservas internacionais 453 BookBlanchard 1indb 455 241017 1718 C A P Í T U L O 20 Em julho de 1944 representantes de 44 países se reuniram em Bretton Woods New Hampshire nos Estados Unidos para formular um novo sistema monetário e cambial internacional O sistema adotado por eles baseavase em taxas de câmbio fixas com todos os paísesmembros exceto os Estados Unidos fixando o preço de sua moeda em termos de dólares Em 1973 uma série de crises cambiais levou o sistema a um final repentino e um final do que agora se denomina período de Bretton Woods Desde então o mundo é descrito por muitos arranjos de taxa de câmbio alguns países operam sob taxas de câmbio flexíveis outros sob taxas de câmbio fixas Há também os que alternam esses regimes Qual regime de taxa de câmbio escolher é uma das questões mais debatidas em macroeconomia e como o quadrinho sugere uma decisão a ser tomada por todos os países do mundo Este capítulo trata desta questão Regimes de taxa de câmbio Então está combinado Até o dólar estabilizar deixamos a concha de marisco flutuar 1971 by Ed FisherThe New Yorker collectionThe cartoon Bank BookBlanchard 1indb 456 241017 1718 Capítulo 20 Regimes de taxa de câmbio 457 A Seção 201 examina o médio prazo Mostra que em forte contraste com os resultados que derivamos para o curto prazo no Capítulo 19 uma economia termina com taxa de câmbio real e nível de produto iguais no médio prazo independente de operar sob taxas de câmbio fixas ou flexíveis Isso obviamente não torna o regime de taxa de câmbio irrelevante o curto prazo importa muito mas é uma qualificação importante para nossa análise anterior A Seção 202 trata novamente das taxas de câmbio fixas concentrandose nas crises cambiais Durante uma crise cambial típica um país que opera sob uma taxa de câmbio fixa é forçado frequentemente sob condições dramáticas a abandonar sua pari dade e a desvalorizar As crises cambiais estiveram por trás do colapso do sistema de Bretton Woods Elas abalaram o Sistema Monetário Europeu no início da década de 1990 e foram um elemento importante da crise asiática no fim dessa mesma década É importante entender por que elas acontecem e o que implicam A Seção 203 trata novamente das taxas de câmbio flexíveis Mostra que o comportamento das taxas de câmbio e sua relação com a política monetária são na verdade mais complexos do que assumimos no Capítulo 19 Grandes flutuações da taxa de câmbio e a dificuldade de usar a política monetária para afetála tornam um regime de taxa de câmbio flexível menos atraente do que parecia ser no Capítulo 19 A Seção 204 reúne essas conclusões e apresenta os argumentos a favor das taxas flexíveis ou fixas Discute dois desenvolvimentos importantes a mudança para uma moeda comum em grande parte da Europa e a mudança para formas fortes de regimes de taxa de câmbio fixa dos comitês cambiais currency boards à dolarização 201 O médio prazo Ao enfocar o curto prazo no Capítulo 19 traçamos um forte contraste entre o comportamento de uma economia com taxas de câmbio flexíveis e com taxas fixas Sob taxas de câmbio flexíveis um país que precisava obter uma depreciação real por exemplo para reduzir seu déficit comercial ou sair de uma recessão poderia fazer isso recorrendo a uma política monetária expansionista para obter tanto uma taxa de juros menor quanto uma queda na taxa de câmbio uma depreciação Sob taxas de câmbio fixas um país perdia ambos os instrumentos Por definição sua taxa de câmbio nominal era fixa e assim não podia ser ajustada Além disso a taxa de câmbio fixa e a condição da paridade de juros implicavam que o país não podia ajustar sua taxa de juros a taxa de juros interna tinha de permanecer igual à externa Isso parecia tornar um regime de taxa de câmbio flexível muito mais atraente que o de taxa de câmbio fixa Por que um país deveria abrir mão de dois instrumentos macroeconômicos as taxas de câmbio e de juros À medida que mudamos nosso foco do curto para o médio prazo vemos que essa conclusão anterior precisa ser qualificada Embora nossas conclusões sobre o curto prazo sejam válidas veremos que no médio prazo a diferença entre os dois regimes desaparece Mais especifica mente no médio prazo a economia atinge a mesma taxa real de câmbio e o mesmo nível de produto seja sob taxas de câmbio fixas seja sob taxas flexíveis A intuição por trás desse resultado é simples Lembrese da definição de taxa de câmbio real e EP P A taxa de câmbio real e é igual à taxa de câmbio nominal E o preço da moeda nacional em termos da moeda estrangeira vezes o nível de preços doméstico P dividido pelo nível de preços estrangeiro P Existem portanto duas maneiras pelas quais a taxa real de câmbio pode se ajustar Por meio de uma mudança na taxa de câmbio nominal E por definição isso só pode ser feito sob taxas de câmbio flexíveis E se assumirmos que o nível de BookBlanchard 1indb 457 241017 1718 474 Macroeconomia Normalmente as crises cambiais começam quando os participantes dos mercados financeiros acreditam que uma moeda possa ser desvalorizada logo A defesa da paridade requer então taxas de juros muito elevadas com efeitos macroeconômicos adversos potencial mente grandes Esses efeitos adversos podem forçar o país a desvalorizar mesmo que inicialmente não houvesse planos para essa desvalorização A taxa de câmbio corrente depende 1 da diferença entre as taxas de juros internas correntes e futuras esperadas e as taxas de juros externas correntes e esperadas e 2 da taxa de câmbio futura esperada Qualquer fator que eleve as taxas de juros internas correntes ou futuras esperadas leva a um aumento na taxa de câmbio no presente Qualquer fator que eleve as taxas de juros externas correntes ou futuras esperadas leva a uma diminuição na taxa de câmbio no presente Qualquer fator que eleve a taxa de câmbio futura esperada leva a um aumento na taxa de câmbio no presente Existe amplo consenso entre os economistas de que regimes de taxa de câmbio flexível geralmente são preferíveis aos regimes de taxa de câmbio fixa exceto em dois casos 1 Quando um grupo de países está altamente inte grado e forma uma área monetária ótima Podese pensar em uma moeda comum para um grupo de países como uma forma extrema de taxas de câmbio fixas entre esse grupo de países Para que países formem uma área monetária ótima eles devem experimentar choques em grande parte semelhan tes ou deve existir alta mobilidade de trabalho entre esses países 2 Quando não se pode confiar que um Banco Central seguirá uma política monetária responsável sob taxas de câmbio flexíveis Nesse caso uma medida extrema de taxas de câmbio fixas como a dolariza ção ou um comitê cambial proporciona um meio de atar as mãos do Banco Central Palavraschave área monetária ótima 468 atrelamento rígido 472 Banco Central Europeu BCE 470 comitê cambial currency board 472 dolarização 472 flutuar 461 padrãoouro 460 Tratado de Maastricht 469 Questões e problemas Teste rápido 1 Usando as informações contidas neste capítulo diga se cada afirmação a seguir é verdadeira falsa ou incerta Explique brevemente a Se a taxa de câmbio nominal for fixa a taxa de câmbio real é fixa b Quando a inflação doméstica é igual à inflação externa a taxa de câmbio real é fixa c Desvalorização é um aumento na taxa de câmbio nominal d A volta da GrãBretanha ao padrãoouro provo cou anos de desemprego elevado e Um temor repentino de que um país vá des valorizar leva a um aumento na taxa de juros doméstica f Uma mudança na taxa de câmbio futura esperada muda a taxa de câmbio corrente g O efeito de uma redução nas taxas de juros domés ticas sobre a taxa de câmbio depende do tempo que se espera que as taxas de juros domésticas fiquem abaixo das taxas de juros estrangeiras h Como as economias tendem a voltar a seu nível natu ral de produto no médio prazo não faz diferença se um país escolhe uma taxa de câmbio fixa ou flexível i A alta mobilidade de trabalho dentro da Europa torna a zona do euro uma boa candidata a ter uma moeda comum j Um comitê cambial é a melhor forma de operar uma taxa de câmbio fixa BookBlanchard 1indb 474 241017 1718 Capítulo 20 Regimes de taxa de câmbio 475 2 Consideremos um país que opere sob taxas de câmbio fixas A curva IS é dada pela Equação 201 Y YaEQP P G T ipe Yb a Explique o termo i e Por que a taxa de juros nominal externa aparece na relação b Explique por que quando EQP P aumenta a curva IS se desloca para a esquerda c Na tabela a seguir como a taxa de câmbio real evolui do período 1 ao período 5 Qual é a infla ção doméstica Qual é a inflação estrangeira Trace um diagrama ISLM com a curva IS no período 1 e no período 5 Período P P E P P Taxa de câmbio real E 1 1000 1000 05 2 1030 1020 05 3 1061 1040 05 4 1093 1061 05 5 1126 1082 05 d Na tabela a seguir como a taxa de câmbio real evolui do período 1 ao período 5 Qual é a infla ção doméstica Qual é a inflação estrangeira Trace um diagrama ISLM com a curva IS no período 1 e no período 5 Período P P E P P Taxa de câmbio real E 1 1000 1000 05 2 1020 1030 05 3 1040 1061 05 4 1061 1093 05 5 1082 1126 05 e Na tabela a seguir como a taxa de câmbio real evolui do período 1 ao período 4 Qual é a infla ção doméstica Qual é a inflação estrangeira O que aconteceu entre o período 4 e o período 5 Trace um diagrama ISLM com a curva IS no período 1 e no período 5 Período P P E P P Taxa de câmbio real E 1 1000 1000 05 2 1030 1020 05 3 1061 1040 05 4 1093 1061 05 5 1126 1082 046 3 Escolhas políticas quando a taxa de câmbio real é demasiado elevada e a taxa de câmbio nominal é fixa Uma taxa de câmbio real sobrevalorizada é aquela em que os bens domésticos são onerosos demais em rela ção aos bens estrangeiros as exportações líquidas são pequenas demais e por implicação a demanda por bens domésticos é baixa demais Isso leva a escolhas difíceis de política econômica para o governo e o Banco Central As equações que descrevem a economia são A curva IS Y YaEQP P G T ipe Yb As curvas de Phillips para a economia interna e externa Curva de Phillips doméstica ppQ 1aL2 1Y Yn2 ppQ 1aL2 1Y Yn2 Curva de Phillips estrangeira ppQ 1aL2 1Y Yn2 ppQ 1aL2 1Y Yn2 No texto e nesta questão adotaremos duas hipóteses cruciais que serão exploradas nos itens a e b A seguir passaremos à análise das opções econômicas quando um país apresenta uma taxa de câmbio sobrevalorizada a Vamos assumir que a economia externa está sem pre em equilíbrio de médio prazo Quais são as implicações dessa hipótese para o produto externo e a inflação externa b Vamos assumir que as economias internas e externas compartilham o mesmo valor ancorado para o nível de inflação esperada denotada e Qual é a implicação dessa hipótese se tanto a economia interna quanto a externa estão em equilíbrio de médio prazo c Trace o diagrama ISLMPJD para o caso em que o país doméstico tem uma taxa de câmbio nominal sobrevalorizada Qual é a principal característica desse diagrama Sob taxas de câmbio fixas sem uma desvalorização como a economia volta a seu equilíbrio de médio prazo d Trace o diagrama ISLMPJD para o caso em que o país doméstico tem uma taxa de câmbio nominal sobrevalorizada Mostre como a economia pode retornar a seu equilíbrio de médio prazo quando a desvalorização é a política escolhida e Lembrese da hipótese de que a paridade de taxa de juros se mantém de tal modo que i i em todos os momentos Compare os retornos do título doméstico e do título estrangeiro no perío do da desvalorização Os detentores dos títulos continuarão a acreditar que há uma taxa de câm bio nominal completamente fixa Se os detento res de títulos acreditam que outra desvalorização BookBlanchard 1indb 475 241017 1718 476 Macroeconomia é possível quais são as consequências para as taxas de juros domésticas 4 Modelagem de uma crise cambial Uma crise cambial ocorre quando o atrelamento a taxa de câmbio fixa perde sua credibilidade Os deten tores de títulos já não acreditam que a taxa de câmbio do próximo período será a taxa de câmbio do período atual A equação da paridade da taxa de juros descoberta utilizada é a aproximação it it 1Et 1 e Et2 Et Período it it Et Ee t 1 1 3 05 05 2 3 05 045 3 3 05 045 4 3 05 05 5 15 3 05 04 6 3 04 04 a Resolva a condição de paridade da taxa de juros para o valor da taxa de juros doméstica no período 1 b No período 2 a crise tem início Resolva a condição de paridade da taxa de juros descoberta para o valor da taxa de juros doméstica no período 2 c A crise continua no período 3 Entretanto no período 4 o Banco Central e o governo resolvem a crise Como isso ocorre d Infelizmente no período 5 a crise volta maior e mais profunda do que nunca O Banco Central elevou as taxas de juros o suficiente para manter a paridade da taxa de juros descoberta Quais são as conse quências para o nível de reservas internacionais e Como a crise é resolvida no período 6 Isso tem implicações para a futura credibilidade do Banco Central e do governo 5 Modelagem dos movimentos da taxa de câmbio A Equação 205 fornece uma visão dos movimentos de taxas de câmbio nominais entre um país doméstico e um estrangeiro Lembrese de que os períodos na equação podem se referir a qualquer unidade de tempo A equação é Et 11 it211 it 1 e 2g11 it n e 2 11 it211 ie t 12g11 ie t n2 Et n 1 e a Suponhamos que estejamos considerando perío dos de um dia Há taxas de juros overnight 1 dia Como interpretaremos uma grande movimen tação na taxa de câmbio ao longo do dia se não observarmos qualquer alteração na taxa de juros de um dia b Vimos no Capítulo 15 que um mês taxa de juros de 30 ou 31 dias é a média da taxa de um dia de hoje e das taxas esperadas de 1 dia nos próximos 30 dias Isto será válido em ambos os países Esta manchete é veiculada em 1o de fevereiro BCE prevê cortar taxas de juros em 14 de fevereiro dólar sobe A manchete faz sentido c Vimos no Capítulo 15 que o rendimento de um título de dois anos é a média da taxa de juros de um ano de hoje e da taxa esperada de um ano para daqui a um ano Isto será válido em ambos os países Esta manchete é veiculada em 1o de fevereiro Fed anuncia que taxas de juros permanecem baixas no futuro previsível dólar cai A manchete faz sentido d Transações correntes são o empréstimo do país para o resto do mundo se positivo ou do resto do mundo se negativo Suponhamos que as tran sações correntes sejam mais negativas que o espe rado e essa notícia seja surpreendente Explique por que a taxa de câmbio depreciaria com essa notícia surpreendente Aprofundando 6 Realinhamentos da taxa de câmbio Observe a Figura 1 no quadro A crise de 1992 do SME As taxas de câmbio nominais europeias foram fixadas entre as principais moedas de aproximadamente 1979 a 1992 a Explique como ler o eixo vertical da Figura 1 Qual país sofreu a maior depreciação Qual país claramente sofreu a menor depreciação b Se as taxas de juros nominais de dois anos na França e na Itália tivessem sido semelhantes em janeiro de 1992 qual país teria gerado o maior retorno sobre um título de dois anos c Se as variações nas taxas de câmbio nominais devolveram os países ao equilíbrio de médio prazo quais deles tinham as maiores sobrevalori zações em 1992 7 Taxas de câmbio reais e nominais para Canadá e México Dois dos principais parceiros comerciais dos Estados Unidos são Canadá e México O banco de dados FRED do Federal Reserve Bank of St Louis mantém quatro séries úteis uma taxa de câmbio real efetiva ampla do México RBMXBIS uma taxa de câmbio real efetiva ampla do Canadá RBCABIS uma taxa de câmbio nominal de pesos mexicanos por dólar americano DEXMSUS e o número de dólares canadenses por dólar americano EXCAUS Faça o download de todas as séries mensais BookBlanchard 1indb 476 241017 1718 Capítulo 20 Regimes de taxa de câmbio 477 e organizeas em uma planilha com período de início em janeiro de 1994 a A taxa de câmbio no FRED é definida como o número de pesos mexicanos e o número de dóla res canadenses por dólar americano Redefinaos como o número de centavos de dólar americano por peso e o número de centavos de dólar ameri cano por dólar canadense Por que fazer isto b Trace um gráfico de séries temporais da taxa de câmbio nominal mexicanoamericana redefi nida e do índice da taxa de câmbio ampla real RBMXBIS Há algum período em que o valor da taxa de câmbio nominal esteja atrelado Quando o atrelamento foi liberado o peso apreciou ou depreciou Há algum período em que o peso está valorizando em termos nominais e depreciando em termos reais Qual é o comportamento recente do peso Um atrelamento da taxa de câmbio em 2015 teria beneficiado a economia mexicana c Trace um gráfico das séries temporais da taxa de câmbio nominal canadenseamericana redefinida e do índice da taxa de câmbio ampla real RBCABIS Estime a flutuação percentual no índice de taxa de câmbio real entre o Canadá e os Estados Unidos de 1994 a 2015 Há algum período em que o dólar canadense foi atrelado Explique por que o índice da taxa de câmbio real segue de perto a taxa de câmbio nominal no caso canadenseamericano Teria havido algum benefício em atrelar o dólar canadense ao dólar americano nesse período Explorando mais 8 Taxas de câmbio e expectativas Neste capítulo enfatizamos que as expectativas têm um efeito importante sobre a taxa de câmbio Neste pro blema utilizamos dados para avaliar a magnitude do papel desempenhado pelas expectativas Usando os resultados do Apêndice 2 ao final do capítulo é possível mostrar que a condição de paridade de juros descoberta a Equação 204 pode ser escrita como 1Et Et 12 Et 1 1it it2 1it 1 it 12 1Et e Et 1 e 2 Et 1 e Em palavras a variação percentual da taxa de câmbio apreciação da moeda nacional é aproximadamente igual à variação no diferencial da taxa de juros entre a taxa de juros interna e a externa mais a variação percentual das expectativas da taxa de câmbio a apreciação percentual esperada da moeda nacional Chamaremos de spread o diferencial da taxa de juros a Acesse a página do Bank of Canada wwwbank banquecanadaca e encontre os dados mensais sobre a taxa de letras do Tesouro mensal de um ano para os últimos dez anos Baixe os dados em uma planilha A seguir acesse a página do Banco Central de St Louis researchstlouisfedorgfred2 e baixe os dados men sais sobre a taxa norteamericana de letras do Tesouro mensal de um ano para o mesmo período Talvez seja necessário acessar a seção Constant Maturity e não a Treasury Bills Para cada mês subtraia a taxa de juros do Canadá da taxa de juros dos Estados Unidos para calcular o diferencial spread Então para cada mês calcule a variação do spread em relação ao mês anterior Certifiquese de converter os dados sobre a taxa de juros para a forma decimal adequada b Ainda na página do Banco Central de St Louis obtenha dados sobre a taxa mensal de câmbio entre o dólar americano e o canadense para o mesmo período do item a Mais uma vez salve os dados em uma planilha Calcule o percentual de aprecia ção do dólar americano para cada mês Utilizando a função de desviopadrão em seu programa calcule o desviopadrão do dólar americano Desviopadrão é a medida da variabilidade de uma série de dados c Para cada mês subtraia o diferencial da taxa de juros encontrada no item a do percentual de apreciação do dólar encontrado no item b Chame a diferença de mudança nas expectativas Calcule o desviopadrão da mudança nas expec tativas Como ele se compara ao desviopadrão da apreciação mensal do dólar Este exercício é simples demais Ainda assim a essên cia desta análise continua válida em um trabalho mais sofisticado No curto prazo movimentações nas taxas de juros de curto prazo não são responsáveis pela maior parte das variações na taxa de câmbio Grande parte das variações na taxa de câmbio deve ser atribuída a mudan ças nas expectativas Leitura adicional Para conhecer uma antiga visão cética do euro leia Martin Feldstein The European Central Bank and the Euro The First Year 2000 httpwwwnberorg papersw7517 e The Euro and the Stability Pact 2005 httpwwwnberorgpapersw11249 Para conhecer um bom livro sobre a crise do euro leia Jean PisaniFerry The Euro Crisis and its Aftermath Oxford University Press 2014 BookBlanchard 1indb 477 241017 1718 478 Macroeconomia Apêndices Apêndice 1 Derivação da relação IS sob taxas de câmbio fixas Vamos começar pela condição de equilíbrio no mercado de bens que derivamos no Capítulo 19 a Equação 191 Y CY T IY r G NXY Y ε Segundo essa condição para que o mercado de bens esteja em equilíbrio o produto deve ser igual à demanda por bens domésticos isto é à soma de consumo inves timento gastos do governo e exportações líquidas Agora lembramos as seguintes relações A taxa de juros real r é igual à taxa de juros nominal i menos a inflação esperada e veja o Capítulo 14 r K i e A taxa de câmbio real P é definida como segue veja o Capítulo 17 e EP P Sob taxas de câmbio fixas a taxa de câmbio nominal E é por definição fixa Representamos por E o valor ao qual a taxa de câmbio nominal é fixada logo E E Sob taxas de câmbio fixas e mobilidade perfeita de capitais a taxa de juros interna i deve ser igual à taxa de juros externa i veja o Capítulo 17 i i Usando essas quatro relações reescreva a Equação 201 como Y C1Y T2 I1Y i pe2 G NXaY Y EQP Pb Isso pode ser reescrito usandose uma notação mais compacta como Y YaEQP P G T i peYb que é a Equação 201 do texto Apêndice 2 Taxa real de câmbio taxa real de juros interna e taxa real de juros externa Na Seção 203 derivamos uma relação entre a taxa de câmbio nominal corrente as taxas de juros nominais corren tes e futuras esperadas domésticas e estrangeiras e a taxa de câmbio nominal futura esperada Equação 205 Este apêndice deriva uma relação semelhante mas em termos de taxas de juros reais e de taxa de câmbio real Além disso discute brevemente como essa relação alternativa pode ser usada para pensar nas variações da taxa de câmbio real Derivação da condição de paridade de juros reais Comecemos com a condição da paridade de juros nominais a Equação 192 11 it2 11 it2 Et Ee t 1 Lembrese da definição de taxa de juros real do Capítulo 6 Equação 63 11 rt2 11 it2 11 pt 1 e 2 onde e t 1 K Pe t 1 PtPt é a taxa de inflação esperada De modo análogo a taxa de juros real externa é dada por 11 r t2 11 it2 11 p e t 12 onde pe t 1 K 1Pe t 1 Pt2Pt é a taxa de inflação esperada externa Usando essas duas relações para eliminar as taxas de juros nominais na condição da paridade de juros temos 11 rt2 11 rt2 c Et Et 1 e 11 pe t 12 11 pt 1 e 2 d 20A1 Observe da definição de inflação que 11 pt 1 e 2 Pt 1 e Pt e de modo análogo 11 pe t 12 Pe t 1Pt Usando essas duas relações no termo entre colchetes temos Et Et 1 e 11 pe t 12 11 pt 1 e 2 Et Et 1 e Pe t 1 Pt Pt Pt 1 e Reorganizando os termos temos Et Pe t 1 Pt Et 1 e Pt Pt 1 e Et PtPt Et 1 e Pt 1 e Pe t 1 Usando a definição de taxa de câmbio real EtPtPt Et 1 e Pt 1 e Pe t 1 et et 1 e BookBlanchard 1indb 478 241017 1718 Capítulo 20 Regimes de taxa de câmbio 479 Substituindo na Equação 20A1 temos 11 rt2 11 rt2 et et 1 e Ou de maneira equivalente et 1 rt 1 rt et 1 e 20A2 A taxa de câmbio real atual depende das taxas de juros reais interna e externa do ano e da taxa de câmbio real futura esperada do próximo ano Essa equação corresponde à Equação 204 no texto mas agora em termos de taxas de câmbio e taxas de juros reais em vez de nominais Resolvendo a condição da paridade de juros reais para a frente O próximo passo é resolver a Equação 20A2 para a frente do mesmo modo que fizemos na Equação 204 no texto A equação anterior implica que a taxa de câmbio real no ano t 1 é dada por et 1 1 rt 1 e 1 re t 1 et 2 e Tomando as expectativas a partir do ano t et 1 1 rt 1 e 1 re t 1 et 2 e Substituindo na relação anterior et 11 rt2 11 rt2 11 rt 1 e 2 11 re t 12 et 2 e Resolvendo para et 11 rt2 11 rt2 11 rt 1 e 2 11 re t 12 et 2 e e assim por diante temos et 11 rt2 11 rt2 11 rt 1 e 2g11 rt n e 2 11 re t 1211 re t n2 et n 1 e Essa relação fornece a taxa de câmbio real corrente como função das taxas de juros reais internas correntes e futuras esperadas das taxas de juros reais externas correntes e futuras esperadas e da taxa real de câmbio esperada para o ano t n A vantagem dessa relação sobre a que derivamos no texto entre a taxa de câmbio nominal e as taxas de juros nominais Equação 205 é que normalmente é mais fácil prever a taxa de câmbio real futura que prever a taxa de câmbio nominal futura Se por exemplo a economia apresentar um grande déficit comercial podemos estar bastante confiantes de que terá de haver uma depreciação real que ee t n terá de ser menor Se houver uma depre ciação nominal o que acontecerá com Ee t n isso é mais difícil de dizer pois depende do que acontecerá com a inflação tanto interna quanto externa nos próximos n anos BookBlanchard 1indb 479 241017 1718 BookBlanchard 1indb 480 241017 1718 BookBlanchard 1indb 482 241017 1718 C A P Í T U L O Em diversos pontos deste livro vimos como a combinação certa de políticas fiscal e monetária pode ajudar um país a sair de uma recessão melhorar sua posição comercial sem aumentar a atividade ou elevar a inflação desacelerar uma economia superaquecida estimular o investimento e a acumulação de capital e assim por diante Essas conclusões no entanto parecem conflitar com as demandas frequentes de que os formuladores da política econômica sejam submetidos a restrições rigorosas Nos Estados Unidos são frequentes os pedidos de uma emenda de orçamento equilibrado na Constituição para limitar o crescimento da dívida Tal pedido era o primeiro item do Contrato com os Estados Unidos da América programa elaborado pelos republicanos para as eleições de meio de mandato em 1994 reproduzido na Figura 211 Ele ressurge com frequência mais recentemente em julho de 2011 quando foi proposto por um grupo de republicanos com laços estreitos com o Tea Party1 Na Europa os países que adotaram o euro assinaram um Pacto de Estabilidade e Crescimento PEC pelo qual tinham de manter seu déficit orçamentário abaixo de 3 do PIB sob pena de altas multas Como veremos este pacto acabou fracassando mas os europeus criaram novas formas de tornálo mais forte A política monetária também está sob fogo cruzado Por exemplo o estatuto do Banco Central da Nova Zelândia redigido em 1989 define o papel da política monetária como o de manutenção da estabilidade de preços excluindo qualquer outro objetivo macroeconômico Em meados de 2011 o governador do Texas Rick Perry que concorria à indicação presidencial republicana declarou Se esse cara presidente do Fed Ben Bernanke imprimir mais dinheiro entre agora e a eleição não sei o que vocês fariam com ele em Iowa mas nós o trataríamos bem mal aqui no Texas Imprimir mais moeda para fins políticos neste momento em particular da história norteamericana chega a ser uma deslealdade ou uma traição na minha opinião Rick Perry e vários outros republicanos querem que a presidência do Fed seja limitada por regras para que tenha bem menos autonomia Este capítulo examinará os argumentos a favor dessas restrições à política macroeconômica 1 N do RT o Tea Party é uma ala conservadora do Partido Republicano dos Estados Unidos que ganhou proeminência nos últimos anos com um discurso focado na defesa de políticas fiscais conservadoras e da redução do tamanho do Estado 21 Os formuladores de política econômica deveriam sofrer restrições As seções 211 e 212 examinam uma linha de argumentos a saber a de que os formuladores de política econômica podem ter boas intenções mas acabam por fazer mais mal do que bem A Seção 213 examina outra linha mais cínica de que os formuladores de política econômica fazem o que mais lhes convém e não necessariamente o que é melhor para o país BookBlanchard 1indb 483 241017 1718 484 Macroeconomia Figura 211 Contrato com os Estados Unidos da América Congressistas Republicanos Contrato com os Estados Unidos da América Um programa de responsabilidade SE VIOLARMOS ESTE CONTRATO LIVREMSE DE NÓS ESTAMOS FALANDO SÉRIO scutamos suas preocupações em alto e bom som Se vocês nos derem a maioria no primeiro dia do Congresso uma maioria republicana Obrigará o Congresso a viver de acordo com as mesmas leis a que se submetem todos os outros cidadãos norteamericanos Eliminará um em cada três assessores de comitês do Congresso Promoverá cortes no orçamento do Congresso E A seguir nos primeiros 100 dias haverá votação destes dez projetos de lei 1 Emenda do orçamento equilibrado e veto a itens de orçamento em separado é hora de obrigar o governo a viver com seus próprios meios e restaurar a responsabilidade com relação ao orçamento em Washington 2 Repressão a criminosos violentos vamos ser inflexíveis instituindo uma pena de morte efetiva competente e oportuna contra infratores violentos Reduziremos também a criminalidade com a construção de mais prisões o alongamento das penas e mais policiais nas ruas 3 Reforma das políticas de transferência o governo deve encorajar as pessoas a trabalhar e não a ter filhos fora do matrimônio 4 Proteção às crianças temos de fortalecer as famílias dando aos pais maior controle sobre a educação garantindo o pagamento das pensões alimentícias e reprimindo a pornografia infantil 5 Redução de impostos para as famílias tornaremos mais fácil alcançar o sonho americano poupar dinheiro comprar uma casa e mandar os filhos para a universidade 6 Defesa nacional fortalecida precisamos garantir uma defesa nacional fortalecida mediante a restauração de componentes essenciais ao financiamento da segurança nacional 7 Ampliação do limite de rendimentos dos cidadãos idosos podemos acabar com a discriminação etária do governo que desestimula os idosos a trabalhar se assim o quiserem 8 Diminuição da regulamentação governamental vamos acabar com a burocracia que sufoca os pequenos negócios e facilitar a realização de investimentos pelas pessoas a fim de gerar empregos e aumentar salários 9 Promoção de uma reforma do judiciário com base no bomsenso podemos por fim acabar com o excesso de processos judiciais com ações banais e o excesso de zelo de alguns advogados 10 Limitação do número de mandatos dos congressistas vamos substituir os políticos de carreira por cidadãos legisladores Afinal a política não deve ser um emprego vitalício Por favor veja o verso para saber se o candidato do seu distrito assinou o Contrato até 5 de outubro de 1994 211 Incerteza e política econômica Um modo pouco sutil de exprimir o primeiro argumento a favor das restrições à política econômica é dizer que quem sabe pouco deve fazer pouco O argumento tem duas partes os macroeconomistas e consequentemente os formuladores de política econômica que contam com consultoria sabem pouco e portanto devem fazer pouco Examinaremos cada uma das partes separadamente Quanto os macroeconomistas efetivamente sabem Macroeconomistas são como médicos tratando de um câncer Eles sabem muito mas há muito mais a saber Tomemos uma economia com desemprego alto na qual o Banco Central esteja considerando o uso da política monetária para incrementar a atividade econômica Suponhamos que haja margem para baixar os juros em outras palavras vamos dei xar de lado a questão mais difícil do que fazer se a economia cair na armadilha da liquidez Pensemos na sequência de ligações entre a redução dos juros que o Banco Central controla e um aumento no produto questões com que o Banco Central se defronta para decidir se baixa e em quanto a taxa de juros A alta taxa de desemprego corrente está acima da taxa natural de desemprego ou esta última em si aumentou Capítulo 7 Se a taxa de desemprego estiver próxima da taxa natural de desemprego haverá risco de uma expansão monetária levar a uma diminuição no desemprego abaixo da taxa natural e causar aumento na inflação Capítulo 9 BookBlanchard 1indb 484 241017 1718 Capítulo 21 Os formuladores de política econômica deveriam sofrer restrições 485 Figura 212 Resposta do produto a uma expansão monetária previsões de 10 modelos Embora os 10 modelos apresentem a previsão de que o produto aumentará durante algum tempo em resposta a uma expansão monetária a gama de respostas com relação ao tamanho e à duração da resposta do produto é ampla 05 00 05 10 15 20 25 0 1 2 3 4 Anos Desvio percentual da trajetória de base 5 6 7 8 9 10 EAGLE BCE GIMF CEPREMAPIMF QUEST EC FSGM FMI GCubed CAMA GFM IMF SIGMA FRB Oxford Oxford Economics GMUSE Banco do Canadá NiGEM NIESROECD Qual será o efeito da redução da taxa de juros de curto prazo sobre a de longo prazo Capítulo 14 Em quanto aumentarão os preços das ações Capítulo 14 Em quanto a moeda depreciará capítulos 19 e 20 Quanto tempo levará para que as taxas de juros de longo prazo menores e os preços das ações maiores afetem os gastos de investimento e consumo Capítulo 15 Quanto tempo levará para que os efeitos da curva J aconteçam e a balança comercial melhore Capítulo 18 Qual é o risco de que os efeitos venham tarde demais quando a economia já tiver se recuperado Ao avaliar essas questões os bancos centrais ou os formuladores de políticas macroeconômicas em geral não agem em um vácuo Eles contam sobretudo com modelos macroeconométricos As equações desses modelos mostram como essas ligações individuais se comportaram no passado No entanto modelos diferentes produzem respostas diferentes Isto porque têm estruturas diferentes listas diferentes de equações e de variáveis A Figura 212 mostra um exemplo dessa diversidade que vem de um estudo coorde nado pelo FMI que solicitou aos formuladores dos 10 principais modelos macroecono métricos que respondessem a uma questão similar trace os efeitos nos Estados Unidos de uma diminuição na taxa básica em 100 pontos básicos 1 ao longo de dois anos Três desses modelos foram desenvolvidos e são utilizados pelos bancos centrais quatro por organizações internacionais como FMI ou OCDE e três por instituições acadêmicas ou empresas Eles possuem uma estrutura aproximadamente semelhante que se pode considerar como uma versão mais detalhada do arcabouço ISLMPC que desenvolvemos no livro No entanto como se pode ver dão respostas bastante diversas para a mesma questão Embora a resposta média seja de um aumento no produto dos Estados Unidos da ordem de 08 após um ano as respostas variam de 01 a 21 Após dois anos a resposta média é de um aumento de 10 com um intervalo de 02 a 2 Em suma se medirmos a incerteza pela gama de respostas resultantes desse conjunto de modelos ela realmente existe quanto aos efeitos da política econômica BookBlanchard 1indb 485 241017 1718 492 Macroeconomia Consistência temporal e restrições aos formuladores de política econômica Vamos resumir o que aprendemos nesta seção Examinamos argumentos a favor de colocar restrições aos formuladores de política econômica com base na questão da inconsistência temporal Quando as questões de inconsistência temporal são relevantes as restrições rígi das aos formuladores de política econômica como uma regra de crescimento fixo da moeda no caso da política monetária ou uma regra para equilíbrio do orçamento no caso da política fiscal podem fornecer uma solução aproximada Mas a solução tem grandes custos pois impede completamente o uso da política macroeconômica Soluções melhores normalmente envolvem a estruturação de instituições melhores como um Banco Central independente ou um processo orçamentário melhor o que pode reduzir o problema da inconsistência temporal embora ao mesmo tempo possibilite o uso da política econômica para a estabilização do produto Contudo isto não é fácil de fazer 213 Política e política econômica Assumimos até aqui que os formuladores de política econômica eram benevo lentes isto é tentavam fazer o que era melhor para a economia Contudo grande parte do debate público contesta esta hipótese Os políticos ou os formuladores de política econômica prossegue o argumento fazem o que é melhor para si mesmos e isso nem sempre é o melhor para o país Já ouvimos os argumentos Políticos evitam as decisões difíceis e satisfazem ao eleitorado a política partidária conduz a um impasse e nunca se faz nada A discussão dos defeitos da democracia vai muito além do alcance deste livro O que podemos fazer aqui é examinar sucintamente como esses argumentos se aplicam à política macroeconômica examinar a evidência empírica e verificar que luz ela lança sobre a questão das restrições à política econômica Jogos entre os formuladores de política econômica e os eleitores Muitas decisões de política macroeconômica envolvem dilemas entre perdas de curto prazo e ganhos de longo prazo ou simetricamente entre ganhos de curto prazo e perdas de longo prazo Tomemos como exemplo os cortes de impostos Por definição os cortes levam a impostos menores no presente E provavelmente também levam a um aumento na atividade e portanto a um aumento no produto por algum tempo Mas a menos que esses cortes sejam compensados por diminuições iguais nos gastos do governo eles levarão a um déficit orçamentário maior e à necessidade de um aumento de impostos no futuro Se os eleitores tiverem uma visão de curto prazo a tentação para os políticos cortarem impostos poderá se tornar irresistível A política pode levar a déficits sistemáticos pelo menos até que o nível da dívida pública tenha se tornado tão alto que o medo obrigue os políticos a agir Passemos agora dos impostos para a política macroeconômica em geral Suponhamos de novo que os eleitores tenham uma visão de curto prazo Se o principal objetivo dos políticos for agradar aos eleitores a fim de se reelegerem qual será a melhor política senão expandir a demanda agregada antes de uma eleição levando a um crescimento maior e a um desemprego menor É verdade BookBlanchard 1indb 492 241017 1718 Capítulo 21 Os formuladores de política econômica deveriam sofrer restrições 499 aprovada em 1990 e estendida por nova legislação em 1993 e 1997 introduziu duas regras principais Impôs restrições sobre os gastos que eram divididos em duas categorias discri cionários basicamente gastos com bens e serviços inclusive defesa e obriga tórios basicamente pagamentos de transferências para indivíduos Restrições denominadas tetos de gastos foram estabelecidas para os gastos discricionários nos cinco anos seguintes Esses tetos foram fixados de maneira a exigir uma diminuição pequena mas contínua dos gastos discricionários em termos reais Cláusulas explícitas foram criadas para as emergências Por exemplo os gastos com a Operação Tempestade no Deserto durante a Guerra do Golfo em 1991 não ficaram sujeitos aos tetos Exigiu que um novo programa de transferências só pudesse ser adotado se mostrasse que não aumentaria os déficits no futuro seja arrecadando novas receitas seja pela diminuição de gastos em um programa existente Esta regra é conhecida como regra payasyougo ou Paygo O foco nos gastos e não no próprio déficit teve uma implicação importante Se houvesse uma recessão e portanto uma diminuição de receitas o déficit poderia aumentar sem desencadear uma diminuição nos gastos Isso ocorreu em 1991 e 1992 quando por causa da recessão o déficit aumentou apesar dos gastos satisfazerem às restrições impostas pelos tetos O foco nos gastos teve dois efeitos desejáveis permitiu um déficit fiscal maior durante uma recessão o que é bom do ponto de vista da política macroeconômica e diminuiu a pressão para quebrar as regras durante uma recessão algo bom do ponto de vista político Em 1998 os déficits haviam acabado e pela primeira vez em 20 anos o orçamento federal apresentava superávit Nem toda a redução do déficit se deveu às regras da Lei de Cumprimento do Orçamento Uma diminuição nos gastos em defesa provocada pelo fim da Guerra Fria e um grande aumento nas receitas de impostos decorrente da forte expansão da segunda metade da década de 1990 foram fatores importantes Mas existe um consenso amplo de que as regras desempenharam um papel importante em assegurar que as diminuições nos gastos com defesa e os aumentos nas receitas de impostos fossem usados para a redução do déficit e não para aumentos de outros programas de gastos Contudo quando surgiu o superávit orçamentário o Congresso se tornou cada vez mais disposto a violar suas próprias regras Os tetos de gastos foram sistematicamente desrespeitados e permitiuse que a regra payasyougo expirasse em 2002 A lição disso bem como do fracasso do PEC descrito no quadro Foco Regras fiscais da área do euro um breve histórico é que embora as regras possam ajudar elas não podem substituir a falta de resolução por parte dos formuladores de política econômica Resumo Os efeitos das políticas macroeconômicas são sempre incertos Essa incerteza deveria levar os formuladores de política econômica a ser mais cautelosos e a aplicar políticas menos ativas As políticas econômicas devem ter como objetivo amplo evitar recessões prolongadas desacelerar explosões de crescimento e evitar pressão infla cionária Quanto maior o nível de desemprego ou de inflação mais ativas devem ser as políticas eco nômicas Mas elas devem evitar visar à sintonia fina e à tentativa de manter um desemprego cons tante ou um crescimento do produto constante O uso da política macroeconômica para controlar a economia é muito diferente do controle de uma máquina Ao contrário de uma máquina a econo mia é composta de pessoas e empresas que tentam BookBlanchard 1indb 499 241017 1718 500 Macroeconomia Palavraschave Banco Central independente 490 ciclo político 493 controle ótimo 487 guerras por desgaste 495 inconsistência temporal 489 interações estratégicas 488 jogadores 488 jogo 487 Pacto de Estabilidade e Crescimento PEC 483 regra payasyougo 499 sintonia fina 487 teoria do controle ótimo 487 teoria dos jogos 487 tetos de gastos 499 Questões e problemas Teste rápido 1 Usando as informações contidas neste capítulo diga se cada afirmação a seguir é verdadeira falsa ou incerta Explique brevemente a Há tanta incerteza quanto aos efeitos da polí tica monetária que estaríamos em uma situação melhor se não utilizássemos essa política b Dependendo do modelo utilizado estimase que uma redução de um ponto percentual na taxa prever o que os formuladores de política econômica farão e reagem não somente à política atual mas também às expectativas da política futura Neste sentido podese pensar na política macroeconô mica como um jogo entre formuladores de política econômica e as pessoas da economia Em um jogo às vezes é melhor para um jogador desistir de algumas de suas opções Por exemplo quando ocorre um sequestro é melhor negociar com os sequestradores Mas um governo que se compromete com credibilidade a não negociar com sequestradores ou seja um governo que desiste da opção de negociação tem efetivamente maior probabilidade de impedir a ocorrência de sequestros O mesmo argumento aplicase a diversos aspectos da política macroeconômica Ao se comprometer com credibilidade a não utilizar a política mone tária para diminuir o desemprego abaixo de sua taxa natural um Banco Central pode aliviar os temores de que o crescimento da moeda será alto e no processo diminuir a inflação tanto esperada quanto real Quando os aspectos da inconsistência temporal forem relevantes restrições rígidas sobre formuladores de política econômica como uma regra fixa de crescimento da moeda no caso da política monetária poderão fornecer uma solu ção aproximada Mas a solução poderá ter grandes custos se impedir completamente o uso da política macroeconômica Métodos melhores normalmente envolvem a estruturação de instituições melho res como um Banco Central independente que podem reduzir o problema da inconsistência tem poral sem eliminar a política monetária como um instrumento de política macroeconômica Outro argumento a favor das restrições sobre formuladores de política econômica é que eles podem participar de jogos tanto com o público quanto entre si mesmos e esses jogos podem levar a resultados indesejáveis Os políticos podem tentar enganar um eleitorado com visão de curto prazo ao escolher políticas econômicas com benefícios de curto prazo mas com grandes custos de longo prazo por exemplo grandes déficits orçamen tários para ser reeleitos Os partidos políticos podem retardar decisões dolorosas na esperança de que outro partido promova o ajuste e assuma o ônus dessas medidas Nesses casos restrições rígi das à política econômica como uma emenda constitucional para equilibrar o orçamento for necem mais uma vez uma solução aproximada Alternativas melhores normalmente envolvem ins tituições melhores e melhores formas de estruturar o processo por meio do qual políticas econômicas são formuladas e decisões são tomadas Contudo o desenvolvimento e a implementação consistente desses arcabouços fiscais mostraramse difíceis na prática conforme demonstrado tanto nos Estados Unidos quanto na União Europeia BookBlanchard 1indb 500 241017 1718 Capítulo 21 Os formuladores de política econômica deveriam sofrer restrições 501 de juros aumente o crescimento do produto no ano do corte da taxa de juros em mero 01 ponto percentual c Dependendo do modelo utilizado estimase que uma redução de um ponto percentual na taxa de juros aumente o crescimento do produto no ano do corte da taxa de juros em expressivos 21 pontos percentuais d Elege um democrata para a presidência dos Estados Unidos aquele que deseja baixo desemprego e Há clara evidência de ciclos políticos nos Estados Unidos baixo desemprego durante as campa nhas eleitorais maior desemprego no restante do tempo f Regras de gastos fiscais nos Estados Unidos têm sido ineficientes para reduzir déficits orçamentários g Regras de equilíbrio orçamentário na Europa têm sido eficazes na restrição aos déficits orçamentários h Governos seriam sábios se anunciassem uma polí tica de não negociação com sequestradores i No caso de um sequestro é nitidamente sábio que os governos negociem com sequestradores mesmo que tenham anunciado uma política de não negociação j Existe alguma evidência de que de modo geral países com Bancos Centrais mais independentes têm inflação mais baixa k Em uma política fiscal do tipo mate a fera de fome cortes de gastos vêm antes de cortes de impostos 2 Implementando um ciclo político Você é assessor econômico de um presidente recém eleito Em quatro anos ele enfrentará outra eleição Os eleitores querem baixas taxas de desemprego e de inflação Contudo você acredita que as decisões de voto são fortemente influenciadas pelos valores do desem prego e da inflação no ano anterior ao da eleição e que o desempenho da economia nos três primeiros anos do governo de um presidente tem pouco efeito sobre o resultado da votação Suponhamos que a inflação do ano passado tenha sido de 10 e que a taxa de desemprego fosse igual à taxa natural A curva de Phillips é dada por t t 1 a ut un Suponhamos que você possa utilizar as políticas monetária e fiscal para obter qualquer taxa de desemprego que deseja para cada um dos quatro próximos anos Sua tarefa é ajudar o presidente a obter baixos desemprego e inflação no último ano do seu governo a Suponhamos que você queira obter uma taxa de desemprego baixa isto é uma taxa de desem prego abaixo da taxa natural no ano anterior à próxima eleição em quatro anos a partir de hoje O que acontecerá com a inflação no quarto ano b Dado o efeito sobre a inflação que você identifi cou na questão a o que aconselharia que o pre sidente fizesse nos primeiros anos do seu governo para obter uma baixa inflação no quarto ano c Agora suponhamos que a curva de Phillips seja dada por t e t a ut un Além disso suponhamos que as pessoas formem expectativas de inflação e t levando em consideração o futuro e não olhando apenas para a inflação do ano anterior e saibam que o presidente tem um incentivo para implementar as políticas econômicas que você identificou nas questões a e b As políticas que você descreveu nas questões a e b podem ser bemsuce didas Justifique 3 Suponhamos que o governo crie emendas constitu cionais para impedir que autoridades negociem com terroristas Quais são as vantagens de uma política como esta Quais as desvantagens 4 No início da década de 1990 a Nova Zelândia rees creveu o estatuto do seu Banco Central para tornar a inflação continuamente baixa seu único objetivo Por que a Nova Zelândia quis fazer isso Aprofundando 5 Expectativas políticas inflação e desemprego Consideremos um país com dois partidos os demo cratas e os republicanos Os democratas se preocupam mais com o desemprego que os republicanos e estes se preocupam mais com a inflação do que os democratas Quando os democratas estão no poder escolhem uma taxa de inflação D quando os republicanos estão no poder escolhem uma taxa de inflação R Assumimos que D R A curva de Phillips é dada por t e t a ut un Uma eleição está prestes a acontecer Suponhamos que as expectativas de inflação para o próximo ano representadas por e t sejam formadas antes da eleição BookBlanchard 1indb 501 241017 1718 502 Macroeconomia Essencialmente esta hipótese significa que os salários do próximo ano serão fixados antes da eleição Além disso democratas e republicanos têm chances iguais de ganhar a eleição a Resolva para a inflação esperada em termos de D e R b Suponha que os democratas vençam a eleição e implementem sua meta de taxa de inflação D Dada sua resolução para a inflação esperada na questão a a taxa de desemprego será maior igual ou menor que a taxa natural de desemprego c Suponha que os republicanos vençam a eleição e implementem sua meta de taxa de inflação R Dada sua resolução para a inflação esperada na questão a a taxa de desemprego será maior igual ou menor que sua taxa natural d Esses resultados se ajustam à evidência da Tabela 211 Justifique e Suponhamos agora que todos esperem que os democratas ganhem a eleição e que isso realmente aconteça Se os democratas implementarem sua meta de taxa de inflação a taxa de desemprego será maior igual ou menor que sua taxa natural 6 Redução do déficit como um jogo do dilema do prisioneiro Suponhamos que haja um déficit orçamentário Ele pode ser reduzido por meio de cortes nos gastos militares nos pro gramas sociais ou em ambos Os democratas têm de decidir se apoiarão cortes nos programas sociais Os republicanos têm de decidir se apoiarão cortes nos gastos militares Os resultados possíveis podem ser representados em uma tabela Cortes sociais Sim Não Cortes na defesa Sim R 1 D 2 R 2 D 3 Não R 3 D 2 R 1 D 1 A tabela apresenta os ganhos de cada partido para os vários resultados Pense no ganho como uma medida de felicidade para um dado partido sob dado resultado Se os democratas votam a favor de cortes nos gastos sociais e os republicanos votam contra os cortes nos gastos com defesa os republicanos recebem um ganho de 3 e os democratas recebem um ganho de 2 a Se os republicanos decidissem cortar gastos com defesa qual seria a melhor resposta dos democra tas Dada esta resposta qual seria o ganho dos republicanos b Se os republicanos decidissem não cortar os gastos militares qual seria a melhor resposta dos demo cratas Dada esta resposta qual seria o ganho dos republicanos c O que os republicanos farão O que os democra tas farão O déficit orçamentário será reduzido Justifique Um jogo com uma estrutura de ganhos como a deste problema que produz o resultado que acabamos de descrever é conhecido como dilema do prisioneiro Há alguma maneira de melhorar o resultado Explorando mais 7 Jogos précompromisso e inconsistência temporal das notícias Eventos atuais oferecem exemplos abundantes de conflitos em que partidos políticos estão envolvidos em um jogo tentam se comprometer antecipadamente com linhas de ação e se defrontam com problemas de incon sistência temporal Alguns exemplos surgem nos pro cessos políticos dos EUA nos negócios internacionais e nas relações entre trabalhadores e administradores a Escolha um conflito atual ou um resolvido recen temente para investigar Faça uma pesquisa na internet para conhecer as questões envolvidas no conflito as medidas tomadas pelas partes até o momento e o estado atual do jogo b De que formas as partes tentaram um précom promisso para determinadas ações no futuro Elas se defrontam com questões de inconsistência tem poral As partes falharam em colocar em prática qualquer uma das ações ameaçadas c O conflito se parece com um dilema do prisio neiro um jogo com uma estrutura de ganhos como a descrita no Problema 6 Em outras pala vras é provável ou efetivamente aconteceu que os incentivos individuais das partes levem a um resultado desfavorável que poderia ser melho rado para ambas as partes por meio da coopera ção É possível fazer um acordo Que tentativas as partes fizeram para negociar d Como você acha que o conflito será resolvido ou como foi resolvido 8 A legislação que regula o Federal Reserve Board O Federal Reserve Act de 1977 com emendas em 1978 1988 e 2000 rege a conduta do Federal Reserve a Em sua opinião o trecho da lei transcrito a seguir torna claros os objetivos de política eco nômica do Fed BookBlanchard 1indb 502 241017 1718 Capítulo 21 Os formuladores de política econômica deveriam sofrer restrições 503 Seção 2B Objetivos da política monetária O Conselho de Governadores do Federal Reserve System e o Comitê Federal de Mercado Aberto devem manter crescimento de longo prazo dos agregados monetá rios e de crédito que seja proporcional ao potencial de longo prazo da economia para aumentar a produção de modo a promover eficazmente os objetivos de emprego máximo preços estáveis e taxas de juros de longo prazo moderadas b Em sua opinião os trechos da lei transcritos a seguir são consistentes com a posição dos Estados Unidos na Figura 213 Seção 2B Apresentações e relatórios para o Congresso a Apresentações diante do Congresso Em geral O Presidente do Conselho deve se apre sentar ao Congresso em audições semestrais conforme especificado no parágrafo 2 referente A aos esfor ços atividades objetivos e planos do Conselho e do Comitê de Mercado Aberto em relação à condução da política monetária e B ao desenvolvimento econômico e às perspectivas de futuro descritas no relatório requerido na subseção b Seção 10 Conselho de Governadores do Federal Reserve System 1 Nomeação e qualificação dos membros O Conselho de Governadores do Federal Reserve System doravante designado Conselho será composto por sete membros a serem nomeados pelo Presidente por e com o aconselhamento e consentimento do Senado após a data de promulgação do Banking Act de 1935 para mandatos de quatorze anos Leitura adicional Para comparação de modelos consulte Gunter Coenen et al Effects of Fiscal Stimulus in Structural Models American Economic Journal Macroeconomics 2012 vol 4 n 1 p 2268 Se desejar saber mais a respeito das questões aqui apresentadas uma referência bastante útil é Political Economy in Macroeconomics de Alan Drazen Princeton University Press 2002 Para conhecer um argumento de que a inflação bai xou como resultado da maior independência dos ban cos centrais na década de 1990 leia Central Bank Independence and Inflation no Relatório Anual de 2009 do Federal Reserve Bank of St Louis disponível em httpswwwstlouisfedorgannualreport2009 centralbankindependenceandinflation Um dos principais defensores do ponto de vista de que o governo age de forma errada e por isso deveria ter restrições rígidas é James Buchanan da George Mason University Buchanan recebeu o Prêmio Nobel em 1986 por seu trabalho sobre a escolha pública Leia por exemplo seu livro escrito com Richard Wagner Democracy in Deficit The Political Legacy of Lord Keynes Liberty Fund 1977 Para uma interpretação do aumento da inflação na década de 1970 como resultado da inconsistência temporal veja Did Time Consistency Contribute to the Great Inflation de Henry Chappell e Rob McGregor Economics Politics 2004 vol 16 n 3 p 23351 BookBlanchard 1indb 503 241017 1718 C A P Í T U L O 22 Política fiscal um resumo À época da produção deste livro a política fiscal ocupa o centro das discussões econômicas Na maioria das economias avançadas a crise provocou grandes déficits orçamentários e um considerável aumento das razões dívidaPIB Na Grécia o governo informou que não poderá pagar integralmente sua dívida e está negociando com os credores O problema vai além desse país Em vários outros os investidores estão preocupados se há possibilidade efetiva de pagamento da dívida e reivindicam taxas de juros mais altas para compensar o risco de inadimplência Isso exige que os governos reduzam os déficits estabilizem a dívida e tranquilizem os investidores Ao mesmo tempo no entanto a recuperação é frágil e uma contração fiscal deve retardála ainda mais ao menos no curto prazo Assim os governos enfrentam uma escolha difícil reduzir rapidamente os déficits e assegurar aos mercados que pagarão sua dívida em detrimento de um crescimento mais baixo e até mesmo uma recessão ou reduzir os déficits mais lentamente para não retardar a recuperação e correr o risco de não convencer os investi dores de que a dívida será estabilizada O objetivo deste capítulo é rever o que aprendemos sobre política fiscal até o momento explorar mais profundamente a dinâmica dos déficits e das dívidas e lançar luz sobre os problemas associados à elevada dívida pública A Seção 221 faz um balanço do que aprendemos sobre política fiscal até aqui neste livro A Seção 222 examina mais de perto a restrição orçamentária do governo e suas implicações para a relação entre déficit orça mentário taxa de juros taxa de crescimento e dívida pública A Seção 223 aborda três questões para as quais a restrição orçamentária do governo desempenha um papel central da proposição de que os déficits não têm tanta importância assim a como administrar a política fiscal no ciclo e se é o caso de financiar guerras por meio de impostos ou de dívida A Seção 224 discute os riscos associados a uma dívida pública elevada desde impostos mais altos a taxas de juros mais altas inadimplência e inflação elevada 221 O que aprendemos Vamos rever o que aprendemos até aqui sobre política fiscal No Capítulo 3 analisamos como os gastos públicos e os impostos afetam a demanda e por sua vez o produto no curto prazo Vimos como no curto prazo uma expansão fiscal aumentos nos gastos públicos ou cortes de impostos aumenta o produto No Capítulo 5 examinamos os efeitos de curto prazo da política fiscal sobre o produto e sobre a taxa de juros Vimos como uma contração fiscal acarreta menor renda disponível o que leva as pessoas a reduzir seu consumo Essa redução na demanda provoca por sua BookBlanchard 1indb 504 241017 1718 Capítulo 22 Política fiscal um resumo 505 vez através de um multiplicador uma diminuição no produto e na renda A uma dada taxa básica a contração fiscal leva portanto a uma diminuição no produto Entretanto uma redução na taxa básica pelo Banco Central pode compensar em parte os efeitos adversos da contração fiscal No Capítulo 6 vimos como a política fiscal foi usada durante a recente crise para limitar a queda no produto Vimos que quando a economia está em uma armadilha de liquidez uma redução na taxa de juros não pode ser utilizada para aumentar o produto e portanto a política fiscal tem um papel importante a desempenhar No entanto grandes aumentos nos gastos e cortes nos impostos não foram sufi cientes para evitar a recessão No Capítulo 9 analisamos os efeitos da política fiscal no curto e no médio prazos Vimos que no médio prazo isto é tomandose o estoque de capital como dado uma consolidação fiscal não exerce qualquer efeito sobre o produto mas se reflete em uma composição diferente dos gastos No curto prazo porém o produto cai Em outras palavras se o produto está em seu nível potencial para começar a consolidação orçamentária ainda que desejável por outros motivos inicialmente leva a uma recessão No Capítulo 11 abordamos como a poupança tanto privada quanto pública afeta o nível de acumulação de capital e o nível do produto no longo prazo Vimos como uma vez considerada a acumulação de capital um déficit orça mentário maior e por implicação uma taxa de poupança nacional menor reduz a acumulação de capital acarretando um nível de produto mais baixo no longo prazo No Capítulo 16 retornamos aos efeitos de curto prazo da política fiscal levando em conta não apenas os efeitos diretos da política fiscal por meio de impostos e gastos governamentais mas também seus efeitos sobre as expectativas Vimos como os efeitos da política fiscal dependem das expectativas futuras das políticas fiscal e monetária Em especial vimos como uma redução do déficit pode em algumas circunstâncias causar um aumento no produto mesmo no curto prazo graças às expectativas de maior renda disponível no futuro No Capítulo 18 analisamos os efeitos da política fiscal quando a economia é aberta no mercado de bens Vimos como a política fiscal afeta tanto o produto quanto a balança comercial e examinamos a relação entre déficit orçamentário e déficit comercial No Capítulo 19 examinamos o papel da política fiscal em uma economia aberta tanto no mercado de bens quanto no mercado financeiro Vimos que quando o capital é móvel os efeitos da política fiscal dependem do regime cambial A política fiscal exerce um efeito mais forte sobre o produto sob taxas de câmbio flexíveis No Capítulo 21 tratamos dos problemas enfrentados pelos formuladores de política econômica em geral desde a incerteza sobre os efeitos da política até questões de consistência temporal e credibilidade Essas questões surgem na análise das políticas fiscal e monetária Ponderamos os prós e os contras de impor restrições à condução da política fiscal desde os tetos de gastos até uma emenda constitucional para equilibrar o orçamento Ao expor essas conclusões não prestamos muita atenção à restrição orçamentária do governo isto é à relação entre dívida déficits gastos e impostos Esta relação é importante porém na compreensão de como chegamos onde estamos atualmente BookBlanchard 1indb 505 241017 1718 508 Macroeconomia governo e os impostos Frequentemente convém decompor o déficit na soma de dois termos Pagamentos de juros sobre a dívida rBt 1 A diferença entre gastos e impostos Gt Tt Este termo é chamado déficit pri mário ou de maneira equivalente Tt Gt é chamado superávit primário Usando essa decomposição podemos reescrever a Equação 222 como Variação da dívida Pagamentos de juros Déficit primário Bt Bt 1 rBt 1 Gt Tt Ou passando Bt 1 para o lado direito e reorganizando Déficit primário Bt 1 rBt 1 Gt Tt 223 Segundo essa relação a dívida no final do ano t é igual a 1 r vezes a dívida no final do ano t 1 mais o déficit primário durante o ano t Gt Tt Vejamos algumas de suas implicações Impostos correntes versus impostos futuros Consideremos primeiro uma redução nos impostos por um ano para a trajetória da dívida e dos impostos futuros Comecemos com uma situação em que até o ano 1 o governo equilibrou seu orçamento de modo que a dívida inicial é igual a zero Fonte déficit oficial como percentual do PIB Tabela B19 Economic Report of the President inflação da série CPIAUCSL Federal Reserve Economic Data FRED Figura 1 Déficits orçamentários federais oficial e ajustado pela inflação para os Estados Unidos desde 1969 60 40 20 00 20 40 60 80 100 120 1969 1974 1979 1984 1989 1994 1999 2004 2009 2014 Percentual do PIB Déficit oficial Déficit ajustado pela inflação BookBlanchard 1indb 508 241017 1718 Capítulo 22 Política fiscal um resumo 509 Durante o ano 1 o governo diminuiu os impostos em 1 pensemos em US 1 bilhão por exemplo por um ano Assim a dívida ao final do ano 1 B1 é igual a 1 Nossa pergunta é o que acontece depois disso Pagamento total no ano 2 Suponhamos que o governo decida pagar toda a dívida durante o ano 2 Da Equação 223 a restrição orçamentária no ano 2 é dada por B2 1 rB1 G2 T2 Se a dívida for toda paga durante o ano 2 a dívida no final desse ano será igual a zero B2 0 Substituindo B1 por 1 e B2 por 0 e transpondo os termos temos T2 G2 1 r1 1 r Para pagar toda a dívida no ano 2 o governo deve apresentar um superávit primário igual a 1 r Isso pode ocorrer de duas maneiras por meio de uma diminuição nos gastos ou de um aumento nos impostos Suponhamos aqui e no restante desta seção que o ajuste ocorrerá por meio de impostos de modo que a trajetória dos gastos não será afetada Seguese que a diminuição dos impostos em 1 durante o ano 1 deve ser compensada por um aumento dos impostos em 1 r durante o ano 2 A trajetória de impostos e dívida correspondente a este caso é dada na Figura 221a se a dívida for totalmente paga durante o ano 2 a diminuição dos impostos em 1 no ano 1 necessitará de um aumento de impostos de 1 r no ano 2 Pagamento total no ano 2 T1 diminui em 1 1 T2 aumenta em 1 r Figura 221 Cortes de impostos pagamento da dívida e estabilização da dívida a Se a dívida for totalmente paga durante o ano 2 a diminuição nos impostos em 1 no ano 1 necessitará de um aumento nos impostos igual a 1 r no ano 2 b Se a dívida for totalmente paga durante o ano 5 a diminuição nos impostos em 1 no ano 1 necessitará de um aumento nos impostos igual a 1 r 4 durante o ano 5 c Se a dívida for estabilizada do ano 2 em diante os impostos deverão ser permanentemente maiores em r a partir do ano 2 b Reembolso da dívida no ano 5 Ano Impostos Dívida no final do ano 0 0 1 21 2 0 3 0 4 0 5 11r4 0 1 11r 11r2 11r3 0 a Reembolso da dívida no ano 2 Ano Impostos Dívida no final do ano 0 0 1 21 2 11r 3 0 4 0 5 0 0 1 0 0 0 0 c Estabilização da dívida no ano 2 Ano Impostos Dívida no final do ano 0 0 1 21 2 r 3 r 4 r 5 r 0 1 1 1 1 1 BookBlanchard 1indb 509 241017 1718 526 Macroeconomia Palavraschave austeridade fiscal 526 coeficiente de endividamento 511 Congressional Budget Office CBO 526 corte de cabelo 521 déficit ajustado pela inflação 506 déficit ciclicamente ajustado 515 déficit com emprego padronizado 515 déficit da metade do ciclo 515 déficit de pleno emprego 526 déficit estrutural 515 déficit primário 508 dominância fiscal 521 envolvimento do setor privado 521 equivalência ricardiana 514 estabilizador automático 516 financiamento monetário 521 hiperinflação 522 monetização da dívida 521 pontosbase 519 proposição de RicardoBarro 514 razão dívidaPIB 511 reescalonamento da dívida 521 reestruturação da dívida 521 restrição orçamentária do governo 506 senhoriagem 522 spread 519 suavização tributária 518 superávit primário 508 Resumo A restrição orçamentária do governo apresenta a evolução da dívida pública de acordo com os gastos e os impostos Um modo de expressar a restrição é que a variação da dívida o déficit é igual ao déficit primário mais os pagamentos de juros sobre a dívida O déficit primário é a diferença entre os gastos do governo com bens e serviços G e os impostos líquidos de transferências T Se os gastos do governo permanecerem inalte rados uma redução nos impostos deverá acabar sendo compensada por um aumento nos impostos no futuro Quanto mais o governo esperar para aumentar os impostos ou quanto maior for a taxa de juros real maior será o aumento final nos impostos O legado de déficits passados é uma dívida maior Para estabilizar a dívida o governo deve eliminar o déficit Para isso o governo deve apresentar um superávit primário igual aos pagamentos de juros sobre a dívida existente A evolução da razão dívidaPIB depende de quatro fatores a taxa de juros a taxa de crescimento o coefi ciente de endividamento inicial e o superávit primário Sob a proposição ricardiana da equivalência um déficit maior é compensado por um aumento igual na poupança privada Os déficits não exercem qual quer efeito sobre a demanda e sobre o produto A acumulação de dívida não afeta a acumulação de capital Quando a equivalência ricardiana falha déficits maiores levam a uma demanda maior e a um produto maior no curto prazo A acumulação da dívida acarreta uma acumulação de capital menor e portanto a um produto menor no longo prazo Para estabilizar a economia o governo deve apre sentar déficits durante as recessões e superávits durante as expansões O déficit ciclicamente ajus tado nos diz qual deveria ser o déficit sob as regras vigentes de impostos e gastos se o produto estivesse em seu nível potencial Os déficits são justificáveis em épocas de gas tos altos como nas guerras Em relação a um aumento de impostos os déficits levam a um con sumo maior e a um investimento menor durante as guerras Portanto eles transferem parte do ônus da guerra das pessoas que vivem durante o con flito para aquelas que viverão depois Os déficits também ajudam a suavizar os impostos e a reduzir as distorções tributárias Coeficientes de endividamento elevados aumentam o risco de ciclos viciosos Um risco mais alto de inadimplência percebido pode acarretar uma taxa de juros mais elevada e aumento na dívida Este aumento por sua vez pode provocar um risco de inadimplência maior e uma taxa de juros maior Ambos podem se combinar para levar a uma explo são da dívida Os governos podem não ter outra escolha senão declarar moratória ou recorrer ao financiamento monetário Este tipo de financia mento pode por sua vez levar à hiperinflação Em ambos os casos é provável que os custos econômi cos sejam consideráveis BookBlanchard 1indb 526 241017 1718 Capítulo 22 Política fiscal um resumo 527 Questões e problemas Teste rápido 1 Usando as informações contidas neste capítulo diga se cada afirmação a seguir é verdadeira falsa ou incerta Explique brevemente a Déficit é a diferença entre gastos públicos reais e impostos líquidos de transferências b Déficit primário é a diferença entre gastos públi cos reais e impostos líquidos de transferências c Os Estados Unidos experimentaram grandes flu tuações na razão dívidaPIB no século passado d A suavização tributária e o recurso a déficits aju dam a diluir o ônus da guerra entre as gerações e O governo sempre deve tomar uma atitude ime diata de forma a eliminar um déficit orçamentário ciclicamente ajustado f Se a equivalência ricardiana for válida um aumento nos impostos de renda não afetará nem o consumo nem a poupança g A razão dívidaPIB não pode exceder 100 h Um corte de cabelo reduz o valor de uma dívida pública pendente i O déficit ciclicamente ajustado é sempre menor que o déficit real j O déficit ajustado pela inflação é sempre menor que o déficit real k Quando a razão dívidaPIB é alta a melhor polí tica é a consolidação fiscal l Hiperinflação é uma taxa de inflação superior a 30 ao mês m Hiperinflações podem distorcer preços mas não exercem efeito sobre o produto real 2 Consideremos a seguinte afirmação Um déficit pode ser uma coisa boa em períodos de guerra Primeiro o déficit é temporário e quando a guerra acaba o governo pode voltar ao antigo nível de gastos e impostos Segundo dado que as evidências sustentam a proposição da equivalência ricardiana o déficit estimu lará a economia durante o período da guerra ajudando a manter baixa a taxa de desemprego Identifique os erros neste argumento Há alguma coisa correta nele 3 Consideremos uma economia caracterizada pelos seguintes fatos i O déficit orçamentário oficial é de 4 do PIB ii A razão dívidaPIB é de 100 iii A taxa de juros nominal é de 10 iv A taxa de inflação é de 7 a Qual é a razão entre déficitsuperávit primário e PIB b Qual é a razão déficitsuperávit ajustado pela inflação e PIB c Suponhamos que o produto esteja 2 abaixo de seu nível natural Qual é a razão déficitsuperávit ajustado pela inflação ciclicamente ajustado e o PIB d Suponhamos em vez disso que o produto comece em seu nível natural e que o crescimento do pro duto permaneça constante à taxa normal de 2 Como a razão dívidaPIB se altera ao longo do tempo 4 Suponhamos que a demanda por moeda assuma a seguinte forma M P Y1 1r pe2 em que Y 1000 e r 01 a Suponhamos que no curto prazo e seja constante e igual a 25 Calcule o montante de senhoriagem para cada taxa de crescimento de moeda anual MM listada i 25 ii 50 iii 75 b No médio prazo e MM Calcule o montante de senhoriagem associado às três taxas de crescimento de moeda anual no item a Explique por que as respostas diferem das do item a Aprofundando 5 Consideremos a economia descrita no problema 3 e suponhamos que haja uma taxa de câmbio fixa E Vamos assumir que os investidores estejam preo cupados com o fato de o nível da dívida se encon trar alto demais e que o governo possa desvalorizar para estimular o produto e portanto as receitas de impostos para ajudar a pagar a dívida A expecta tiva inicial dos investidores é de uma desvaloriza ção de 10 Em outras palavras a taxa de câmbio esperada Ee t 1 diminui 10 em relação a seu valor inicial E a Lembrese da condição da paridade descoberta de juros BookBlanchard 1indb 527 241017 1718 528 Macroeconomia it it Et 1 e EQ EQ Se a taxa de juros externa permanecer constante a 10 ao ano o que deverá acontecer com a taxa de juros interna quando Ee t 1 cair 10 b Suponhamos que a inflação interna permaneça a mesma O que acontecerá com a taxa de juros real interna O que provavelmente acontecerá com a taxa de crescimento c O que acontecerá com o déficit orçamentário ofi cial E com o déficit ajustado pela inflação d Suponhamos que a taxa de crescimento baixe de 2 para 0 O que acontecerá com a variação do coeficiente de endividamento Suponhamos que a razão entre déficitsuperávit primário e PIB per maneça inalterada mesmo que a queda no cresci mento possa reduzir as receitas de impostos 6 Equivalência ricardiana e política fiscal Primeiro consideremos uma economia em que a equi valência ricardiana não é válida a Suponhamos que o governo comece com um orçamento equilibrado Então há um aumento nos gastos públicos mas nenhuma mudança nos impostos Mostre em um diagrama ISLM o efeito dessa política sobre o produto no curto prazo quando o Banco Central mantém constante a taxa de juros real Como o governo financiará o aumento nos gastos públicos b Suponhamos como na questão a que o governo comece com um orçamento equilibrado e então aumente os gastos públicos Desta vez contudo suponhamos que os impostos aumentem no mesmo montante dos gastos do governo Mostre em um diagrama ISLM o efeito dessa política sobre o produto no curto prazo Relembrar a discussão sobre multiplicador no Capítulo 3 pode ser útil Os gastos do governo ou a política tri butária têm um multiplicador maior Como o efeito sobre o produto se compara com o efeito da questão a Agora suponhamos que a equivalência ricardiana seja válida nessa economia As questões c e d não necessitam do uso de diagramas c Consideremos novamente um aumento nos gastos do governo mas nenhuma mudança nos impostos Como o efeito sobre o produto se compara com os efeitos sobre o produto das questões a e b d Consideremos novamente um aumento nos gas tos do governo combinado com um aumento nos impostos no mesmo montante Como esse efeito sobre o produto se compara com os efeitos sobre o produto das questões a e b e Comente cada uma das seguintes afirmações i Sob a equivalência ricardiana os gastos do governo não exercem qualquer efeito sobre o produto ii Sob a equivalência ricardiana as mudanças nos impostos não exercem qualquer efeito sobre o produto Explorando mais 7 Consideremos uma economia em que i A razão dívidaPIB é de 40 ii O déficit primário é de 4 do PIB iii A taxa de crescimento normal é de 3 iv A taxa de juros real é de 3 a Usando o programa de planilha que preferir cal cule a razão dívidaPIB em 10 anos supondo que o déficit primário permaneça em 4 do PIB a cada ano a economia cresça à taxa de crescimento normal a cada ano e que a taxa de juros real esteja constante em 3 b Suponhamos que a taxa real de juros aumente para 5 mas tudo o mais permaneça como na questão a Calcule a razão dívidaPIB em 10 anos c Suponhamos que a taxa de crescimento normal caia para 1 e que a economia cresça à taxa de crescimento normal a cada ano Tudo o mais per manece como na questão a Calcule a razão dívidaPIB em 10 anos Compare sua resposta com a da questão b d Voltemos às hipóteses da questão a Suponhamos que os formuladores de política econômica deci dam que uma razão dívidaPIB superior a 50 seja arriscada Verifique que a redução imediata no déficit primário para 1 e a manutenção desse déficit por 10 anos produzirá uma razão dívida PIB de 50 em 10 anos Depois disso qual valor de déficit primário será necessário para manter a razão dívidaPIB em 50 e Continuando na questão d suponhamos que os formuladores de política econômica espe rem cinco anos antes de mudar a política fiscal Durante cinco anos o déficit primário permanece em 4 do PIB Qual é a razão dívidaPIB em cinco anos Suponhamos que após cinco anos os formuladores de política econômica decidam reduzir a razão dívidaPIB para 50 Nos anos BookBlanchard 1indb 528 241017 1718 Capítulo 22 Política fiscal um resumo 529 6 a 10 qual valor constante do déficit primário produzirá uma razão dívidaPIB de 50 ao final do ano 10 f Suponhamos que os formuladores de política eco nômica implementem a política da questão d ou da questão e Se essas políticas reduzirem a taxa de crescimento do produto por algum tempo como isso afetará o tamanho da redução no déficit primário necessária para atingir uma razão dívida PIB de 50 em 10 anos g Qual política a da questão d ou a da questão e você considera mais arriscada para a esta bilidade da economia 8 A situação fiscal nos Estados Unidos e em outros países Do banco de dados econômicos do FRED no Federal Reserve Bank of St Louis você pode extrair duas séries General Government Gross Debt of the United States GGGDTAUSA188N e uma medida do défi cit primário de todos os governos dos Estados Unidos USAGGXONLBGDP São medidas que incorporam todos os níveis de governo e esses dados são criados pelo Fundo Monetário Internacional FMI Utilizar dados do FMI ou de outras organizações ajuda a fazer uma comparação melhor entre os países Os dados costumam ser apresentados de uma forma menos política a Qual é a razão dívidaPIB dos Estados Unidos no último ano desses dados Descreva a trajetória dessa variável na última década b Qual é a variação da razão dívidaPIB no último ano dos dados A razão dívidaPIB pode cair mesmo que o déficit primário seja positivo c Use as informações sobre a variação na razão dívidaPIB e razão no déficit primário para inferir o termo que falta na Equação 225 no último ano dos dados Seu cálculo faz sentido para você d Dados semelhantes são criados para todos os países Uma fonte conveniente que compara a situação fiscal do setor público nos países do G7 é publicada pelo Departamento de Finanças do Canadá em um documento chamado Fiscal Reference Tables A seção intitulada International Fiscal Comparisons no final do documento apre senta os dados mais recentes Qual das grandes economias tem a maior e a menor razão entre dívida bruta e PIB Qual país tem o maior e o menor déficit como percentual do PIB São défi cits gerais ou déficits primários Leitura adicional A exposição moderna da proposição da equivalência ricardiana encontrase no artigo de Robert Barro Are Government Bonds Net Wealth Journal of Political Economy 1974 vol 82 n 6 p 1095117 A cada ano o Congressional Budget Office CBO dos Estados Unidos publica The Economic and Budget Outlook referente aos anos fiscais correntes e futuros O documento fornece uma apresentação clara e não tendenciosa do orçamento corrente dos Estados Unidos de questões orçamentárias atuais e das tendências do orçamento e está disponível em httpwwwcbogov Para saber mais sobre a hiperinflação alemã leia Steven Webb Hyperinflation and Stabilization in the Weimar Republic Oxford University Press 1989 Uma boa revisão do que os economistas sabem e não sabem sobre hiperinflação é dada em Rudiger Dornbusch Federico Sturzenegger e Holger Wolf Extreme Inflation Dynamics and Stabilization Brookings Papers on Economic Activity 1990 vol 2 p 184 Para uma discussão sobre austeridade fiscal na Europa acesse httpwwwvoxeuorgdebates hasausteritygonetoofar BookBlanchard 1indb 529 241017 1718 C A P Í T U L O 23 Política monetária um resumo A recente crise levou a uma importante reavaliação da política monetária Nas duas décadas anteriores à crise a maioria dos bancos centrais havia convergido para um arcabouço de política monetária chamado regime de metas de inflação fundamentado em dois princípios O primeiro era que o principal objetivo da política monetária consistia em manter a inflação estável e baixa o segundo que a melhor forma de atingir esse objetivo consistia em seguir de modo explícito ou implícito uma regra de taxa de juros a qual permitia que a taxa básica respondesse às oscilações da inflação e da atividade econômica Até a crise esse arcabouço parecia funcionar bem A inflação baixou e permaneceu baixa e estável na maioria dos países As flutuações do produto diminuíram em amplitude O período ficou conhecido como a Grande Moderação Vários pesquisadores buscaram as causas dessa moderação e muitos concluíram que uma política monetária melhor era um dos principais fatores por trás da melhora consolidando o apoio a esse arcabouço de política monetária Então veio a crise E forçou macroeconomistas e autoridades dos bancos centrais a reavaliar ao menos duas dimensões a primeira é o conjunto de questões levantadas pela armadilha de liquidez Quando uma economia atinge o limite inferior zero a taxa básica não pode mais ser usada para aumentar a atividade econômica Isto suscita duas questões primeira a política monetária pode ser conduzida de forma a evitar que se atinja o limite inferior zero Segunda quando a economia está no limite inferior zero há outras ferramentas que o Banco Central pode usar para ajudar a aumentar a atividade O segundo conjunto de questões diz respeito ao mandato do Banco Central e aos instrumentos de política mone tária Desde o começo dos anos 2000 até o início da crise a maioria das economias avançadas parecia se sair bem com crescimento sustentado do produto e inflação estável Contudo como vimos no Capítulo 6 nem tudo corria bem nos bastidores Importantes mudanças ocorriam no sistema financeiro como o grande aumento da alavancagem e a crescente dependência do financiamento no atacado por parte dos bancos Além disso em muitos países houve acentuados aumentos nos preços dos imóveis residenciais Esses fatores acabaram por estar na origem da crise Isto outra vez levanta duas séries de perguntas com vistas ao futuro o Banco Central deveria se preocupar não apenas com inflação e atividade mas também com os preços dos ativos a expansão do mercado de ações a expansão do mercado imobiliário e o risco no setor financeiro E neste caso de quais ferramentas ele dispõe Os objetivos deste capítulo são rever o que aprendemos sobre política monetária até aqui descrever a lógica do regime de metas de inflação e o uso de uma regra de taxa de juros e finalmente discutir onde nos colocamos em relação às questões levantadas pela crise A Seção 231 faz um balanço do que aprendemos até aqui neste livro A Seção 232 descreve o arcabouço do regime de metas de inflação A Seção 233 analisa os custos e benefícios da inflação e mostra as implicações da escolha de uma meta para a taxa de inflação A Seção 234 descreve medidas não convencionais de política monetária adotadas por bancos centrais ao atingirem o limite inferior zero A Seção 235 discute o papel potencial dos Bancos Centrais em assegurar a estabilidade financeira BookBlanchard 1indb 530 241017 1718 Capítulo 23 Política monetária um resumo 531 231 O que aprendemos No Capítulo 4 examinamos a demanda e a oferta de moeda bem como a deter minação da taxa de juros Vimos como o Banco Central pode controlar a taxa básica por meio de mudanças na oferta de moeda Vimos também que quando a taxa básica chega a zero um caso conhecido como armadilha de liquidez ou limite inferior zero mais aumentos na oferta de moeda não exercem qualquer efeito sobre a taxa básica No Capítulo 5 examinamos os efeitos de curto prazo da política monetária sobre o produto Vimos como uma redução na taxa de juros leva a um aumento nos gastos e por sua vez a um aumento no produto Vimos como as políticas monetária e fiscal podem ser usadas para afetar tanto o nível de produto quanto sua composição No Capítulo 6 introduzimos duas distinções importantes entre taxas de juros nominal e real e entre a taxa de empréstimo e a taxa básica A taxa de juros real é igual à taxa de juros nominal menos a inflação esperada A taxa de empréstimo é igual à taxa básica mais um prêmio de risco Vimos que o que importa para as decisões de gastos privados é a taxa de emprés timo real Discutimos como o estado do sistema financeiro afeta a relação entre as taxas básica e de empréstimo No Capítulo 9 analisamos os efeitos da política monetária no médio prazo Vimos que no médio prazo a política monetária não afeta nem o produto nem a taxa de juros real O produto retorna a seu potencial e a taxa de juros real retorna à taxa natural também chamada taxa neutra ou taxa de juros Wickselliana Uma vez que ela não afeta nem o produto nem a taxa de juros real um crescimento da moeda mais elevado provoca apenas uma inflação mais elevada Vimos como o limite inferior zero pode contudo descarrilar esse ajuste Um alto nível de desemprego pode levar à deflação o que no limite inferior zero leva a uma taxa de juros reais mais elevada o que reduz ainda mais a demanda e aumenta o desemprego No Capítulo 14 apresentamos outra importante distinção entre taxas de juros de curto e de longo prazo Vimos que taxas de juros de longo prazo dependem das expectativas de taxas futuras de curto prazo e de um prêmio de longo prazo Vimos como os preços das ações dependem de taxas futuras esperadas de curto prazo dividendos futuros e de um prêmio de risco das ações Vimos no entanto como os preços das ações podem estar sujeitos a bolhas ou modismos fazendo os preços diferirem dos valores fundamentais das ações No Capítulo 16 abordamos os efeitos das expectativas sobre os gastos e o produto bem como o papel da política monetária nesse contexto Vimos que a política monetária afeta a taxa de juros nominal de curto prazo mas que os gastos dependem das taxas de juros reais de curto prazo correntes e futuras esperadas Vimos como os efeitos da política monetária sobre o produto dependem crucialmente de como as expectativas respondem a essa política No Capítulo 19 tratamos dos efeitos da política monetária em uma economia aberta tanto nos mercados de bens quanto nos mercados financeiros Vimos como em uma economia aberta a política monetária afeta os gastos e o produto não somente por meio da taxa de juros mas também pela taxa de câmbio Um aumento da moeda leva a uma redução da taxa de juros e a uma depreciação e ambas elevam os gastos e o produto Vimos como sob taxas de BookBlanchard 1indb 531 241017 1718 532 Macroeconomia câmbio fixas o Banco Central abandona a política monetária como instrumento de política monetária No Capítulo 20 discutimos os prós e os contras de diversos regimes de política monetária a saber taxas de câmbio flexíveis versus taxas de câmbio fixas Vimos como sob taxas de câmbio flexíveis as oscilações nas taxas de juros podem provocar grandes variações nas taxas de câmbio Vimos como sob taxas de câmbio fixas a especulação pode provocar uma crise cambial e uma forte desvalorização Discutimos os prós e os contras da adoção de uma moeda comum como o euro ou mesmo da desistência da política monetária por meio da adoção de um comitê cambial ou da dolarização No Capítulo 21 examinamos os problemas com que se defronta a política macro econômica em geral e a política monetária em particular Vimos que a incerteza sobre os efeitos da política monetária deveria levar a políticas mais cautelosas Vimos que até formuladores de políticas beminten cionados às vezes podem não fazer o que é melhor e que há necessidade de lhes impor restrições Analisamos também os benefícios de ter um Banco Central independente e nomear um presidente conservador para a instituição Neste capítulo estendemos a análise para examinar primeiro o arcabouço do regime de metas de inflação vigente antes da crise e a seguir os desafios à política monetária levantados pela crise 232 Das metas de agregados monetários ao regime de metas de inflação Podese pensar nas metas de política monetária como duas a primeira consiste em manter a inflação estável e a segunda em estabilizar o produto em torno de seu potencial para evitar ou ao menos limitar recessões ou expansões Metas de agregados monetários Até a década de 1980 a estratégia era escolher uma meta de crescimento de moeda e permitir desvios da meta em função da atividade A lógica era simples Uma meta baixa para a taxa de crescimento de moeda implicava uma baixa taxa média de inflação Nas recessões o Banco Central poderia aumentar o crescimento de moeda causando uma redução nas taxas de juros e um aumento no produto Em períodos de expansão o Banco Central poderia diminuir o crescimento de moeda provocando um aumento nas taxas de juros e uma desaceleração no produto Essa estratégia não funcionou bem Em primeiro lugar a relação entre crescimento de moeda e inflação acabou se revelando frouxa até mesmo no médio prazo Isto é mostrado na Figura 231 que traça as médias de 10 anos da taxa de inflação dos Estados Unidos em relação às médias de 10 anos da taxa de crescimento de moeda de 1970 até a crise como ler a figura os números da inflação e do crescimento de moeda para 2000 por exemplo são a taxa de inflação média e a taxa de crescimento de moeda de 1991 a 2000 A taxa de inflação é calculada com base no índice de preços ao consumidor IPC A taxa de crescimento de moeda nominal é formada utilizandose a soma do papelmoeda e dos depósitos à vista conhecida como M1 como a medida do estoque de moeda A razão para usar médias de 10 anos deve ser clara No curto prazo as variações no crescimento de moeda nominal afetam principalmente o produto em vez da inflação É apenas no médio prazo que uma relação entre o crescimento de moeda nominal e a inflação deve surgir Tomar as médias BookBlanchard 1indb 532 241017 1718 Capítulo 23 Política monetária um resumo 533 de 10 anos do crescimento de moeda nominal e da inflação é um meio de detectar tal relação de médio prazo A razão para parar na crise é que como vimos no Capítulo 4 quando uma economia atinge o limite inferior zero o que ocorreu com a economia dos EUA no final de 2008 aumentos na oferta monetária deixam de exercer efeito sobre a taxa básica e por implicação o Banco Central não é mais capaz de afetar o produto e a inflação portanto queremos excluir o período durante o qual a economia dos Estados Unidos esteva presa ao limite inferior zero A Figura 231 mostra que para os Estados Unidos a relação entre crescimento de M1 e inflação não era rígida É verdade que ambos subiram na década de 1970 e caíram mais tarde Mas note como a inflação começou a baixar no início da década de 1980 enquanto o crescimento de moeda nominal permaneceu alto por mais uma década e só baixou nos anos 1990 A inflação média de 1981 a 1990 caiu para 4 e o crescimento médio de moeda no mesmo período ainda estava em 75 Em segundo lugar a relação entre oferta de moeda e taxa de juros no curto prazo também acabou por se revelar não confiável Uma dada diminuição no crescimento de moeda em resposta por exemplo a uma baixa atividade pode levar a diferentes efeitos sobre a taxa de juros tornando o crescimento de moeda um instrumento pouco confiável para afetar demanda e produto Ambos os problemas a fraca relação entre crescimento de moeda e inflação no médio prazo e a fraca relação entre taxa de juros e oferta de moeda no curto prazo tiveram a mesma origem qual seja nos deslocamentos na demanda por moeda Um exemplo vem a calhar Suponhamos que como resultado da introdução de cartões de crédito as pessoas decidam manter apenas a metade da quantia de dinheiro que portavam antes em outras palavras a demanda real por moeda cai pela metade No curto prazo a um determinado nível de preços essa queda acentuada na demanda por moeda provocará uma queda acentuada na taxa de juros Em outras palavras veremos uma queda acentuada na taxa de juros sem nenhuma mudança na oferta de moeda No médio prazo a uma determinada taxa de juros o nível de preços se ajustará e o estoque real de moeda acabará por cair pela metade Para um dado estoque nominal de Figura 231 Crescimento de M1 e inflação médias de 10 anos de 1970 à crise Não existe uma relação estreita entre o crescimento de M1 e a inflação mesmo no médio prazo 0 2 4 6 8 10 1970 1975 1980 1985 1990 1995 2000 2005 Porcentagem por ano Infação Crescimento de M1 Fonte séries CPIAUSL e M1SL Federal Reserve Economic Data FRED Disponível em httpresearchstlouisfedorg fred2 Acesso em 30 ago 2017 BookBlanchard 1indb 533 241017 1718 Capítulo 23 Política monetária um resumo 535 Esse resultado é um ponto de referência útil embora muito forte A vida não é tão agradável assim A principal objeção é que como vimos no Capítulo 8 a relação da curva de Phillips está longe de ser exata Há momentos em que a inflação pode estar acima da meta e o produto abaixo do potencial reintroduzindo um tradeoff entre os dois objetivos O Banco Central deve então decidir se se concentra na redução da inflação e adota uma política monetária mais restritiva ou se se con centra no aumento do produto e adota uma política monetária mais expansionista Então embora alguns bancos centrais tenham recebido um único mandato nome adamente uma inflação estável e baixa outros como o Fed dos Estados Unidos têm duplo mandato alcançar uma inflação tanto estável quanto baixa e manter o produto próximo do potencial Além disso todos os bancos centrais adotaram o que é chamado de regime flexível de metas de inflação Pelas razões discutidas no Capítulo 21 a incerteza sobre os efeitos da taxa de juros sobre o produto e por sua vez sobre a inflação os Bancos Centrais não tentam voltar a atingir a meta de inflação imediatamente Ao contrário ajustam a taxa de juros para retornar à meta para a taxa de inflação ao longo do tempo Passemos agora à regra da taxa de juros associada ao regime de metas de inflação A regra da taxa de juros A inflação não está sob controle direto do Banco Central A taxa básica sim Assim a questão é como definir essa taxa de modo a atingir a meta para a taxa de inflação A resposta é simples Quando a inflação é superior à meta aumen tar a taxa para reduzir a pressão sobre os preços quando está abaixo da meta reduzir a taxa básica Com isso em mente na década de 1990 John Taylor da Universidade de Stanford sugeriu a seguinte regra para a taxa básica conhecida como a regra de Taylor Seja t a taxa de inflação e a meta para a taxa de inflação Seja it a taxa de juros isto é a taxa de juros nominal controlada pelo Banco Central e i a meta para a taxa de juros nominal a taxa de juros nominal associada à taxa de juros neutra rn e a meta para a taxa de inflação portanto i rn Seja ut a taxa de desemprego e un a taxa de desemprego natural Consideremos que é o Banco Central que escolhe a taxa de juros nominal i Lembramos do Capítulo 4 que por meio das operações de mercado aberto e ignorando a armadilha de liquidez o Banco Central pode atingir qualquer taxa de juros nominal de curto prazo que desejar Segundo Taylor o Banco Central deve usar a seguinte regra it i a1pt p2 b1ut un2 em que a e b são coeficientes positivos escolhidos pelo Banco Central Vejamos o que diz a regra Se a inflação for igual à meta de inflação t e a taxa de desemprego igual à taxa natural de desemprego ut un o Banco Central deverá definir a taxa de juros nominal it igual à meta para o seu valor i Dessa forma a economia pode permanecer no mesmo caminho com a inflação igual à meta para a taxa de inflação e o desemprego igual à sua taxa natural Se a inflação for superior à meta t o Banco Central deverá elevar a taxa de juros nominal it acima de i Essa taxa de juros mais alta acarretará um aumento no desemprego e esse aumento acarretará uma queda na inflação O BookBlanchard 1indb 535 241017 1718 Capítulo 23 Política monetária um resumo 541 Consideremos duas economias ambas com uma taxa de juros real natural de 2 Na primeira economia o Banco Central mantém uma taxa média de inflação de 4 assim a taxa de juros nominal é em média igual a 2 4 6 Na segunda economia o Banco Central mantém uma taxa média de inflação de 0 assim a taxa de juros nominal é em média igual a 2 0 2 Suponhamos que ambas as economias sejam atingidas por um choque adverso semelhante que leve a uma dada taxa de juros à redução dos gastos e à redução do produto no curto prazo Na primeira economia o Banco Central pode baixar a taxa de juros nominal de 6 para 0 antes de atingir a armadilha de liquidez assim alcançando uma redução de 6 Sob a hipótese de que a inflação esperada não se altera de imediato e permanece igual a 4 a taxa de juros real diminui de 2 para 4 Isso provavelmente exercerá um forte efeito positivo sobre os gastos e ajudará a economia a se recuperar Na segunda economia o Banco Central só pode diminuir a taxa de juros nominal de 2 para 0 ou seja uma redução de 2 Sob a hipótese de que a inflação esperada não se altere de imediato e permaneça igual a 0 a taxa de juros real cai somente 2 de 2 para 0 Essa pequena redução na taxa de juros real pode não elevar muito os gastos Em resumo uma economia com maior taxa média de inflação tem mais oportuni dades de usar a política monetária para combater uma recessão Uma economia com baixa taxa média de inflação pode se tornar incapaz de usar a política monetária para fazer o produto voltar a seu nível natural Como vimos no Capítulo 6 essa possibilidade está longe de ser meramente teórica No início da crise os bancos centrais atingiram rapidamente o limite inferior zero incapazes de baixar mais as taxas de juros Com essa experiência em mente a questão é saber se isso deveria levar os bancos centrais a optar por uma inflação média mais elevada no futuro Alguns economistas argumentam que a crise recente é um acontecimento excepcional que é pouco provável que os países enfrentem uma armadilha de liquidez novamente no futuro e que portanto não há necessidade de adotar uma taxa média de inflação mais alta Outros argumentam que os problemas enfrentados por um país em uma armadilha de liquidez são tão graves que devemos evitar o risco de isso voltar a ocorrer e que uma taxa de inflação mais alta realmente se justifica O indiscutível porém é que uma inflação permanentemente baixa reduz a capacidade de o Banco Central afetar a taxa de juros real Taxa de inflação ótima o debate atual No estágio atual a maioria dos bancos centrais em economias avançadas tem uma meta de inflação de cerca de 2 Eles estão contudo sendo desafiados em duas frentes alguns economistas almejam a estabilidade de preços isto é inflação de 0 outros querem em vez disso uma meta de taxa de inflação mais alta algo em torno de 4 Os que almejam 0 argumentam que essa é uma meta muito diferente de qualquer outra ela corresponde à estabilidade de preços Isto é desejável por si só Saber que o nível de preços será aproximadamente o mesmo daqui a 10 ou 20 anos simplifica diversas decisões complicadas e elimina o alcance da ilusão monetária Além disso dado o problema de consistência temporal com que os bancos centrais se defrontam discutido no Capítulo 21 a credibilidade e a simplicidade da meta para a taxa de inflação são importantes Alguns economistas e dirigentes de bancos centrais acreditam que a estabilidade de preços isto é uma meta de 0 pode atingir esses objetivos melhor que uma meta para a taxa de inflação de 2 Até aqui no entanto nenhum Banco Central chegou a adotar uma meta de inflação de 0 BookBlanchard 1indb 541 241017 1718 Capítulo 23 Política monetária um resumo 543 Fed começou a comprar títulos do Tesouro de prazos mais longos com o objetivo de diminuir o prêmio sobre esses títulos O terceiro programa de afrouxamento quantitativo QE3 iniciouse em setembro de 2012 com a compra adicional de títulos garantidos por créditos hipotecários para baixar o custo das hipotecas e ajudar ainda mais o mercado imobiliário a se recuperar Muitas pesquisas têm sido feitas para avaliar a eficácia do afrouxamento quan titativo na redução de prêmios de risco Existe amplo consenso de que o QE1 fez uma grande diferença Ao intervir em um mercado que se tornara disfuncional a intervenção do Fed limitou o aumento nos prêmios Os efeitos do QE2 e do QE3 pelos quais o Fed interveio nos mercados que já não estavam disfuncionais são mais controversos É amplamente aceito que reduziram o prêmio de longo prazo de títulos públicos A questão é em quanto A avaliação geral das políticas de afrouxamento quantitativo nos Estados Unidos e em outras partes é que elas exerceram algum efeito sobre as taxas de empréstimos e portanto a política monetária ainda poderá surtir algum efeito sobre a atividade mesmo no limite inferior zero Mas também há amplo consenso de que elas atuam de forma mais complicada e menos confiável que a política monetária convencio nal Em outras palavras o limite inferior zero pode não tornar a política monetária impotente mas certamente limita sua eficiência Como resultado dessas políticas o balanço do Fed é muito maior do que antes da crise A Figura 232 mostra a evolução da base monetária nome dado à moeda do Banco Central desde 2005 Podese ver como até a crise ela era relativamente plana e como aumentou em decorrência do afrouxamento quantitativo de 850 bilhões de dólares ou cerca de 66 do PIB em setembro de 2008 para 4000 bilhões de dólares ou cerca de 22 do PIB no momento da produção deste livro Um dos principais problemas enfrentados pelo Fed nos próximos anos é a taxa à qual pretende reduzir seu balanço e se deseja voltar ao tamanho e à composição do balanço que tinha antes da crise Nesta fase os bancos estão dispostos a manter a maior parte do aumento da oferta de moeda sob a forma de excesso de reservas no Banco Central Dado que a taxa básica é igual a zero os bancos são indiferentes entre a detenção de reservas ou de títulos de curto prazo Quando o Fed começar a elevar a taxa básica e o Banco Central quiser que os bancos continuem a deter essas reservas em excesso terá de pagar juros sobre elas Figura 232 Evolução da base monetária dos Estados Unidos de 2005 a 2015 Como resultado do afrouxamento quantitativo a base monetária mais que quadruplicou entre 2005 e 2015 0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 4500 01012005 01072005 01012006 01072006 01012007 01072007 01012008 01072008 01012009 01072009 01012010 01072010 01012011 01072011 01012012 01072012 01012013 01072013 01012014 01072014 01012015 01072015 Bilhões de dólares BookBlanchard 1indb 543 241017 1718 544 Macroeconomia 235 Política monetária e estabilidade financeira Quando a crise financeira começou os Bancos Centrais viramse diante não somente de um acentuado declínio da demanda mas também de graves problemas no sistema financeiro Como vimos no Capítulo 6 o declínio nos preços dos imóveis residenciais havia sido o gatilho da crise que foi então amplificada por falhas no sistema financeiro A opacidade dos ativos suscitou dúvidas quanto à solvência das instituições financeiras Essas dúvidas levaram por sua vez a corridas aos bancos com os investidores tentando recuperar seus fundos forçando queimas de estoque e gerando mais dúvidas sobre a solvência A primeira questão urgente que os bancos centrais enfrentaram foi portanto quais medidas tomar além das já descritas nas seções anteriores A segunda questão era saber se e como no futuro a política monetária deveria tentar minimizar a probabilidade de outra crise financeira desse porte A seguir analisaremos ambas as questões separadamente Provisão de liquidez e emprestador em última instância Há muito tempo os bancos centrais sabem sobre as corridas bancárias Como vimos no Capítulo 6 a estrutura do balanço dos bancos os expõe às corridas Muitos de seus ativos como os empréstimos são ilíquidos Muitos de seus passivos como os depósitos à vista são líquidos Como seu nome indica os depósitos à vista em particular podem ser sacados à vista Portanto preocupações infundadas ou não por parte dos correntistas podem leválos a querer sacar seus fundos forçando o banco a fechar ou vender os ativos a preços de queima de estoque Em muitos países duas medidas foram tradicionalmente tomadas para limitar tais corridas Seguro de depósito que dão aos investidores a confiança de que vão recuperar seus fundos mesmo que o banco esteja insolvente de modo a não incentivar uma corrida aos bancos E caso a corrida realmente aconteça a provisão de liquidez pelo Banco Central para o banco em troca de alguma garantia ou seja de alguns dos ativos do banco Desse modo o banco pode obter a liquidez de que precisa para pagar os depositantes sem ter de vender os ativos Essa função do Banco Central é conhecida como emprestador em última instância e tem sido uma das funções do Fed desde sua criação em 1913 O que a crise mostrou no entanto foi que os bancos não eram as únicas institui ções financeiras sujeitas às corridas Qualquer instituição cujos ativos sejam menos líquidos que seus passivos está exposta a riscos semelhantes aos de uma corrida Se os investidores querem seus fundos de volta pode ser difícil para a instituição financeira obter a liquidez de que necessita Dada a urgência durante a crise o Fed estendeu a provisão de liquidez a instituições financeiras não bancárias Ele não tinha muita escolha mas com vistas ao futuro a questão é quais devem ser as regras quais instituições podem esperar receber liquidez do Banco Central e quais não podem A questão está longe de ser resolvida Os Bancos Centrais querem realmente prover liquidez a instituições que não estão sob sua regulamentação Ferramentas macroprudenciais A partir de meados da década de 2000 o Fed passou a se preocupar com o aumento nos preços dos imóveis residenciais Mas o Fed e outros bancos centrais que enfrentavam aumentos semelhantes estavam relutantes em intervir Isto por uma série de razões primeiro achavam difícil avaliar se os aumentos de preços refletiam aumentos nos fundamentos por exemplo taxas de juros baixas ou uma bolha isto é aumentos de preços acima dos justificados pelos fundamentos Em segundo lugar receavam que um aumento na taxa de juros embora pudesse estancar o aumento BookBlanchard 1indb 544 241017 1718 548 Macroeconomia Palavraschave afrouxamento de crédito 542 afrouxamento quantitativo 542 Basileia II 547 Basileia III 547 bracket creep 538 coincidência divina 534 controles de capital 547 custos de sola de sapato 537 emprestador em última instância 544 ferramentas macroprudenciais 546 Grande Moderação 530 ilusão monetária 538 investimento direto estrangeiro 547 M1 532 política monetária convencional 542 política monetária não convencional 542 QE1 542 QE2 542 QE3 543 quota de financiamento ou LTV máximo 546 regime de metas de inflação 530 regime flexível de metas de inflação 535 regra da taxa de juros 535 regra de Taylor 535 Questões e problemas Teste rápido 1 Usando as informações contidas neste capítulo diga se cada afirmação a seguir é verdadeira falsa ou incerta Explique brevemente a O argumento mais importante a favor de uma taxa de inflação positiva nos países da OCDE é a senhoriagem b O combate à inflação deveria ser o único obje tivo do Fed Resumo Até a década de 1980 o esquema de política mone tária concentravase no crescimento da moeda nominal Mas em virtude da relação deficiente entre inflação e crescimento da moeda nominal essa abordagem acabou sendo abandonada pela maioria dos Bancos Centrais Os Bancos Centrais agora se concentram em uma meta para a taxa de inflação em vez de uma meta para a taxa de crescimento da moeda nominal E pensam na política monetária em termos da deter minação da taxa de juros nominal e não da deter minação da taxa de crescimento da moeda nominal A regra de Taylor indica uma forma útil de refletir sobre a escolha da taxa de juros nominal A regra afirma que o Banco Central deve alterar a taxa de juros em resposta a dois fatores principais o desvio da taxa de inflação em relação à meta para essa taxa e o desvio da taxa de desemprego em relação à sua taxa natural Um Banco Central que seguir essa regra estabilizará a atividade e atingirá sua meta para a taxa de inflação no médio prazo A taxa ótima de inflação depende dos custos e bene fícios da inflação Uma inflação mais elevada provoca mais distorções em especial quando interage com o sistema tributário Mas uma inflação mais elevada que implica taxas de juros nominais médias mais ele vadas diminui a probabilidade de se atingir o limite inferior zero um limite que se revelou custoso na crise mais recente Quando economias avançadas atingem o limite infe rior zero seus Bancos Centrais exploram instrumen tos de política monetária não convencionais como o afrouxamento quantitativo Essas políticas atuam por meio dos efeitos das compras do Banco Central sobre os prêmios de risco associados a diferentes ativos Essas aquisições levaram a grandes aumentos nos balanços dos Bancos Centrais Um problema para o futuro é se os Bancos Centrais devem reduzir esses balanços e se essas medidas não convencionais devem ser usadas em tempos normais A crise mostrou que uma inflação estável não é condição suficiente para a estabilidade macroe conômica Isso leva os Bancos Centrais a explorar o uso de ferramentas macroprudenciais Essas ferramentas podem em princípio ajudar a limi tar bolhas controlar o crescimento do crédito e minimizar o risco no sistema financeiro A melhor maneira de usálas entretanto ainda é pouco compreendida e um dos desafios enfrentados pela política monetária na atualidade BookBlanchard 1indb 548 241017 1718 Capítulo 23 Política monetária um resumo 549 c A inflação e o crescimento da moeda moveramse em conjunto no período de 1970 a 2009 d Como a maioria das pessoas tem pouca dificul dade em distinguir valores nominais e reais a inflação não distorce a tomada de decisão e A maioria dos Bancos Centrais do mundo tem uma meta de inflação de 4 f Quanto maior a taxa de inflação maior a alíquota de imposto efetiva sobre ganhos de capital g A regra de Taylor descreve como os bancos cen trais ajustam a taxa de juros durante períodos de recessão e expansão h Era esperado que o limite inferior zero da taxa de juros nominal fosse uma característica regular da política monetária quando os regimes de metas de inflação começaram a ser adotados i O afrouxamento quantitativo referese às com pras de ativos por parte do Banco Central com a intenção de afetar diretamente o rendimento desses ativos j Na crise os Bancos Centrais ofereceram liquidez a instituições financeiras que não eram regulamen tadas por eles k Uma consequência da crise foi uma maior exigên cia de capital e um regime regulatório mais amplo para os bancos 2 Rompimento da ligação entre crescimento da moeda e inflação no médio prazo A relação de demanda por moeda no Capítulo 4 é usada implicitamente na Figura 231 Essa relação é M P Y L1i2 O Banco Central em conjunto com as autoridades políticas determina uma meta de inflação a Derive a meta de taxa de juros nominal em um equilíbrio de médio prazo b Considere o equilíbrio de médio prazo em que o produto potencial não cresce Derive a relação entre crescimento da moeda e inflação Explique c Considere agora o equilíbrio de médio prazo em que o produto potencial cresce a 3 ao ano A seguir derive a relação entre crescimento da moeda e inflação Você espera que a infla ção seja maior ou menor que o crescimento da moeda Explique d Considere a Figura 231 Examine primeiro o período que termina em torno de 1995 Como seus resultados nos itens b e c se relacionam com isso e Concentrese no caso em que toda moeda é papel moeda Podemos então pensar na demanda por moeda como demanda por papelmoeda você pode consultar novamente o apêndice do Capítulo 4 se necessário Nos últimos 50 anos i Caixas automáticos permitiram o saque de dinheiro fora do horário bancário regular ii O uso de cartões de crédito para compras foi amplamente expandido iii O uso de cartões de débito para compras aumentou muito iv Mais recentemente a tecnologia permitiu pequenas compras por cartões de crédito e débito aproximandose o cartão a um terminal de pagamento próximo à caixa registradora Como cada uma dessas inovações afeta a demanda por moeda f A base de dados do FRED no Federal Reserve Bank of St Louis tem uma série para moeda MBCURRCIR Faça o download desta e da série para o PIB nominal PIB Calcule a razão da moeda em relação ao PIB nominal Como essa série se comporta de 1980 a 2015 Isso é uma sur presa Quem mais além de famílias e empresas detém moeda nos Estados Unidos 3 Metas de inflação Consideremos um Banco Central que tenha uma meta de inflação Estudamos duas versões da curva de Phillips no Capítulo 9 A curva de Phillips geral é pt pt e a1ut un2 A primeira versão da curva de Phillips no Capítulo 9 foi pt pt 1 a1ut un2 A segunda versão da curva de Phillips no Capítulo 9 foi pt pQ a1ut un2 a Em que diferem as duas versões da curva de Phillips b Em princípio o Banco Central pode em qualquer das versões manter a taxa de inflação efetiva no período t igual à meta de inflação em cada perío do Como o Banco Central executa essa tarefa c Suponhamos que a taxa de inflação esperada seja ancorada não se mova e igual à meta da taxa de inflação isto é Como essa situação facilita a tarefa do Banco Central d Suponhamos que a taxa de inflação esperada seja a taxa de inflação do último período em vez da meta para a taxa de inflação Como isso dificulta a tarefa dos Bancos Centrais e Use sua resposta aos itens c e d para respon der à pergunta por que a credibilidade do Banco Central sobre a meta de inflação é tão útil BookBlanchard 1indb 549 241017 1718 550 Macroeconomia f Na questão b afirmamos que o Banco Central sempre pode atingir sua meta de inflação Isto é provável na prática g Um problema específico enfrentado pelo Banco Central é que a taxa natural de desemprego não é conhecida com certeza Suponhamos que a taxa natural de desemprego un varie com frequência Como essas variações afetarão a capacidade de o Banco Central atingir sua meta de inflação Explique 4 Títulos indexados e incerteza acerca da inflação No Capítulo 14 no quadro Foco O vocabulário do mercado de títulos introduzimos o conceito de um título indexado à inflação Embora esses títulos normalmente sejam de longo prazo o exemplo a seguir compara uma letra do Tesouro de um ano com uma letra do Tesouro também de um ano indexada à inflação a Uma letra do Tesouro padrão de um ano valendo US 100 promete pagar US 100 em um ano e é vendida hoje por PB a notação é do Capítulo 4 Qual é a taxa de juros nominal da letra b Suponhamos que o nível de preços seja P hoje e P1 no próximo ano e que o título seja vendido hoje por PB Qual é a taxa de juros real da letra c Uma letra do Tesouro indexada paga mais no pró ximo ano para compensar a inflação entre a data de emissão e a de pagamento Se a letra for emitida hoje quando o índice de preços é 100 qual será o pagamento no próximo ano se o índice subir para 110 Qual é a taxa de juros real de uma letra inde xada que é vendida por PB hoje d Se você fosse um investidor manteria títulos inde xados ou não indexados 5 Explicando a política monetária não convencional Foi observado no texto que além de letras do Tesouro o Federal Reserve comprou grandes montantes de títulos garantidos por créditos hipotecários e títulos públicos de longo prazo como parte do afrouxamento quantitativo A Figura 232 mostra que a partir do final de 2015 havia cerca de 45 trilhões de dólares de ativos na base monetária Esses ativos estavam distri buídos aproximadamente como 02 trilhão de títulos do Tesouro com menos de um ano até o vencimento 22 trilhões de títulos do Tesouro com prazo superior a um ano e 17 trilhão de dólares em títulos garantidos por créditos hipotecários a Por que o Federal Reserve Board comprou títulos garantidos por créditos hipotecários b Por que o Federal Reserve Board comprou títulos do Tesouro de longo prazo c Quais consequências você preveria da seguinte operação do Federal Reserve Board venda de 05 trilhão em títulos garantidos por créditos hipo tecários e compra de 05 trilhão em títulos do Tesouro com menos de um ano até o vencimento d Quais consequências você preveria da seguinte operação do Federal Reserve Board venda de 05 trilhão em títulos do Tesouro com vencimento supe rior a um ano e compra de 05 trilhão em títulos do Tesouro com menos de um ano até o vencimento 6 A razão LTV máxima A maioria dos mutuários compra a casa própria com uma combinação de pagamento em dinheiro e hipoteca A razão LTV é uma regra que estabelece o empréstimo hipo tecário máximo permitido para a compra de um imóvel a Se uma casa custa US 300000 e a razão LTV máxima é de 80 como na Dinamarca qual é a entrada mínima a ser paga b Se a razão LTV máxima for reduzida como isso afetará a demanda por casas próprias c No Capítulo 14 fizemos referência ao The Economist House Price Index Localize este índice e observe o comportamento dos preços de imó veis residenciais no Canadá e nos Estados Unidos de 1970 a 2015 Em 10 de dezembro de 2015 o Ministro das Finanças do Canadá anunciou um aumento no valor mínimo da entrada em qualquer porção de uma hipoteca acima de US 500000 O anúncio pode ser encontrado em httpwww fingccan1515088engasp Por que essa ação foi tomada Você viu algum efeito sobre os preços dos imóveis no Canadá O que você conclui Aprofundando 7 Impostos inflação e casa própria Neste capítulo discutimos o efeito da inflação sobre a alíquota de imposto efetiva sobre ganhos de capital na venda de um imóvel Nesta questão exploramos o efeito da inflação sobre outro aspecto da legislação tributária a dedução dos juros sobre hipotecas Suponhamos que você tenha uma hipoteca de US 50000 A inflação esperada é e e a taxa de juros nominal sobre sua hipoteca é i Consideremos dois casos i e 0 i 4 ii e 10 i 14 a Qual é a taxa de juros real que você está pagando sobre sua hipoteca em cada caso b Suponha que você possa deduzir os pagamentos de juros nominais da hipoteca antes de pagar o BookBlanchard 1indb 550 241017 1718 Capítulo 23 Política monetária um resumo 551 imposto de renda como ocorre nos Estados Unidos Suponha que a alíquota tributária seja de 25 Portanto para cada dólar que você paga como juros da hipoteca paga 25 centavos a menos de imposto na realidade recebendo um subsídio do governo para o custo de sua hipoteca Calcule em cada caso a taxa de juros real que você paga sobre sua hipoteca levando em conta esse subsídio c Considerandose apenas a dedução dos juros da hipoteca e não a tributação dos ganhos de capital a inflação é boa para os proprietários de imóveis nos Estados Unidos 8 Suponhamos que você tenha sido eleito para o Congresso Um dia um de seus colegas faz a seguinte declaração O presidente do Fed é o formulador de política econô mica com maior poder nos Estados Unidos Não devemos entregar as chaves da economia para alguém que não foi eleito e que portanto não presta contas à população O Congresso deveria impor ao Fed uma regra de Taylor explícita O Congresso deveria escolher não somente a meta para a taxa de inflação mas o peso relativo das metas de inflação e de desemprego Por que as preferências de um indivíduo deveriam substituir o desejo da população expresso por meio de processo democrático e legislativo Você concorda com seu colega Discuta as vantagens e desvantagens de impor ao Fed uma regra de Taylor explícita Explorando mais 9 A frequência do limite inferior zero ao redor do mundo Use o banco de dados FRED no Federal Reserve Bank of St Louis para encontrar as taxas de juros nominais médias mensais para cinco players principais A série dessas taxas é Estados Unidos fundos federais FEDFUNDS Reino Unido INTDSRGBM193N Banco Central Europeu que abrange Itália França e que Alemanha taxa imediata em euros IRSTCI01EZM156N Banco do Japão taxa imediata em iene IRSTCI01JPM156N Banco do Canadá taxa imediata IRSTCB01CAM156N Qual desses Bancos Centrais passou um período sig nificativo de tempo no limite inferior zero desde 2000 10 Política monetária atual O Problema 10 no Capítulo 4 pediu que você conside rasse a postura atual da política monetária Aqui pedimos que você faça isso novamente mas com o conhecimento adicional de política monetária que adquiriu neste e em capítulos anteriores Acesse o site do Federal Reserve Board of Governors wwwfederalreservegov e baixe o mesmo comu nicado para a imprensa que você viu no Capítulo 4 caso tenha respondido ao Problema 10 ou o comuni cado mais recente do Federal Open Market Committee FOMC a Qual é a postura da política monetária descrita no comunicado para a imprensa b Existe evidência de que ao FOMC leva em conta tanto a inflação quanto o desemprego ao fixar a política para a taxa de juros como seria ditado pela regra de Taylor c A linguagem do comunicado faz referência explí cita a uma meta de inflação d A linguagem levanta quaisquer questões rela cionadas à regulamentação macroprudencial de instituições financeiras Leitura adicional Para conhecer uma das primeiras definições do regime de metas de inflação leia Inflation Targeting A New Framework for Monetary Policy de Ben Bernanke e Frederic Mishkin Journal of Economic Perspectives 1997 vol 11 primavera p 97116 Este artigo foi escrito por Ben Bernanke antes de assumir a presidência do Fed Para saber mais detalhes institucionais sobre como o Fed realmente opera acesse httpwwwfederalre servegovaboutthefeddefaulthtm Uma visão cronológica dos desenvolvimentos financeiros e das ações do Fed de 2008 a 2011 é dada em httpwwwnytimescominterac tive20080927businesseconomy20080927 WEEKSTIMELINEhtml Uma boa e longa leitura The description of the pro blems in the financial sector and of US monetary policy during the crisis by the Chairman of the Fed himself in The Courage to Act de Ben Bernanke WW Norton Co Inc 2015 BookBlanchard 1indb 551 241017 1718 C A P Í T U L O 24 Epílogo a história da macroeconomia Passamos os 23 capítulos anteriores apresentando o arcabouço que a maioria dos economistas usa para refletir sobre assuntos macroeconômicos as principais conclusões que tiram e os assuntos sobre os quais discordam O modo como esse arcabouço foi construído ao longo do tempo é uma história fascinante E é essa história que pretendemos contar neste capítulo A Seção 241 começa com os primórdios da macroeconomia moderna Keynes e a Grande Depressão A Seção 242 trata da síntese neoclássica um resumo das ideias de Keynes com as de economistas anteriores que dominou a macroeconomia até o início da década de 1970 A Seção 243 descreve a crítica das expectativas racionais o forte ataque à síntese neoclássica que levou a uma completa revisão da macroeconomia a partir da década de 1970 A Seção 244 fornece uma impressão sobre as principais linhas de pesquisa em macroeconomia até a crise A Seção 245 dá o primeiro passo na avaliação dos efeitos da crise sobre a macroeconomia 241 Keynes e a Grande Depressão A história da macroeconomia moderna começa em 1936 com a publicação de Teoria geral do emprego do juro e da moeda de John Maynard Keynes Enquanto escrevia o livro Keynes confidenciou a um amigo Acredito estar escrevendo um livro sobre teoria econômica que revolucionará em grande parte suponho que não de uma vez mas no decorrer dos próximos dez anos a maneira como o mundo pensa sobre os problemas econômicos Keynes estava certo O momento em que o livro surgiu foi certamente um dos motivos do seu sucesso imediato A Grande Depressão não constituiu apenas uma catástrofe econômica mas também um fracasso intelectual para os economistas que trabalhavam com a teoria dos ciclos econômicos como a macroeconomia era então chamada Poucos economistas tinham uma explicação coerente para a Depressão fosse para sua profundidade fosse para sua extensão As medidas econômicas adotadas pelo governo Roosevelt como parte do New Deal baseavamse mais na intuição que na teoria econômica A Teoria geral ofereceu uma interpretação dos acontecimentos um arcabouço intelectual e um argumento claro a favor da intervenção governamental A Teoria geral enfatizava a demanda efetiva o que chamamos hoje de demanda agregada No curto prazo argumentou Keynes a demanda efetiva determina o produto Mesmo se o produto finalmente retorna a seu nível natural o processo na melhor das hipóteses será lento Uma das citações mais famosas de Keynes é No longo prazo estaremos todos mortos John Maynard Keynes BettmannCorbis BookBlanchard 1indb 552 241017 1718 Capítulo 24 Epílogo a história da macroeconomia 553 No processo de derivação da demanda efetiva Keynes introduziu muitos dos elementos básicos da macroeconomia moderna A relação entre o consumo e a renda e o multiplicador que explica como os cho ques de demanda podem ser amplificados e levar a grandes alterações no produto A preferência pela liquidez o termo que Keynes utilizou para a demanda por moeda que explica como a política monetária pode afetar as taxas de juros e a demanda agregada A importância das expectativas ao afetar o consumo e o investimento a ideia de que o instinto animal alterações nas expectativas constitui um fator importante por trás das alterações na demanda e no produto A Teoria geral foi mais que um tratado para economistas Teve implicações claras em termos de política econômica que estavam em sintonia com a época aguardar que a economia se recuperasse por si própria era irresponsável Em meio a uma depressão tentar equilibrar o orçamento era não somente estúpido mas também arriscado O uso ativo da política fiscal era essencial para fazer que o país retomasse os altos níveis de emprego 242 A síntese neoclássica Em poucos anos a Teoria geral transformou a macroeconomia Nem todos se converteram e poucos concordaram com tudo No entanto a maioria das discussões girou em torno dela Em princípios da década de 1950 surgiu um amplo consenso baseado na inte gração de muitas das ideias de Keynes com as de seus antecessores Esse consenso foi chamado de síntese neoclássica Citando Paul Samuelson na edição de 1955 de seu livro Economics o primeiro manual de economia moderna Em anos recentes 90 dos economistas norteamericanos deixaram de ser economistas keynesianos ou economistas antikeynesianos Em vez disso trabalharam na direção de uma síntese do que tem valor tanto na economia mais antiga quanto nas teorias modernas de determinação da renda O resul tado pode ser chamado de economia neoclássica e é aceito em linhas gerais por todos os autores excetuandose uns 5 de escritores de extremaesquerda ou de extremadireita A síntese neoclássica permaneceria como a visão dominante por mais 20 anos O progresso foi espantoso levando muitos a chamar o período do início da década de 1940 até o início da década de 1970 de era de ouro da macroeconomia Progresso em todas as frentes A primeira tarefa após a publicação da Teoria geral foi formalizar matematica mente o que Keynes queria dizer Embora soubesse matemática ele evitou usála em sua obra O resultado disso foram as intermináveis controvérsias sobre o que Keynes queria dizer e se havia falhas lógicas em alguns de seus argumentos O modelo ISLM Surgiram diversas formalizações das ideias de Keynes A mais influente foi o modelo ISLM desenvolvido por John Hicks e Alvin Hansen na década de 1930 e início da de 1940 A versão inicial do modelo ISLM muito semelhante àquela Paul Samuelson Rick FriedmanCorbis Franco Modigliani Plinio LepriAP Images BookBlanchard 1indb 553 241017 1718 554 Macroeconomia que apresentamos no Capítulo 5 deste livro foi criticada por mutilar muitas das ideias originais de Keynes As expectativas não desempenhavam qualquer papel e tanto o ajuste de preços quanto o de salários estava totalmente ausente Entretanto o modelo ISLM fornecia um fundamento para iniciar a construção e como tal teve imenso sucesso As discussões organizaramse em torno das declividades das curvas IS e LM de quais variáveis estavam faltando nas duas relações quais equações de preços e salários deviam ser acrescentadas ao modelo e assim por diante Teorias do consumo do investimento e da demanda por moeda Keynes enfatizara a importância do comportamento do consumo e do investi mento e da escolha entre moeda e outros ativos financeiros Progressos importantes logo foram feitos em todas essas três frentes Na década de 1950 Franco Modigliani então em Carnegie Mellon e depois no MIT e Milton Friedman na Universidade de Chicago desenvolveram de maneira independente a teoria do consumo que vimos no Capítulo 15 Ambos insistiram na importância das expectativas na determinação das decisões de consumo atual James Tobin de Yale desenvolveu a teoria do investimento baseada na relação entre o valor presente dos lucros e o investimento A teoria foi refinada e testada por Dale Jorgenson de Harvard Vimos essa teoria no Capítulo 15 Tobin também desenvolveu a teoria da demanda por moeda e de maneira mais geral a teoria da escolha entre ativos diferentes com base na liquidez no retorno e no risco Seu trabalho tornouse a base não só de um tratamento aperfeiçoado dos mercados financeiros na macroeconomia mas também da teoria das finanças em geral Teoria do crescimento Paralelamente ao trabalho sobre as flutuações houve um interesse renovado no crescimento Em contraste com a estagnação da era anterior à Segunda Guerra Mundial a maioria dos países registrou um crescimento acelerado nas décadas de 1950 e 1960 Mesmo que tenham experimentado flutuações seus padrões de vida elevaramse rapidamente O modelo de crescimento desenvolvido em 1956 por Robert Solow do MIT que vimos nos capítulos 11 e 12 proporcionou uma estrutura para pensar nos determinantes do crescimento Seguiuse então uma imensidão de trabalhos sobre os papéis que a poupança e o progresso tecnológico desempenham na determinação do crescimento Modelos macroeconométricos Todas essas contribuições foram integradas em modelos macroeconométricos cada vez maiores O primeiro modelo macroeconométrico dos Estados Unidos desenvolvido no início da década de 1950 por Lawrence Klein da Universidade da Pensilvânia foi uma relação IS ampliada com 16 equações Com o desenvolvimento das Contas Nacionais disponibilizando melhores dados e o desenvolvimento da econometria e dos computadores os modelos logo aumentaram de tamanho O esforço mais impressionante foi a construção do modelo MPS a sigla vem das iniciais de MIT Pensilvânia e Social Science Research Council respectivamente as duas universidades e a instituição de pesquisa envolvidas em sua criação desenvolvido na década de 1960 por uma equipe liderada por Modigliani Sua estrutura era uma versão expandida do modelo ISLM somada a um mecanismo da curva de Phillips Mas todos os seus componentes consumo investimento e demanda por moeda refletiam o imenso progresso teórico e empírico alcançado desde Keynes James Tobin AP Images Robert Solow Ira Wyman SygmaCorbis Lawrence Klein B Thumma AP Images BookBlanchard 1indb 554 241017 1718 Capítulo 24 Epílogo a história da macroeconomia 555 Keynesianos versus monetaristas Com esse progresso tão rápido muitos macroeconomistas aqueles que se autodefinem como keynesianos passaram a acreditar que o futuro seria brilhante A natureza das flutuações tornavase cada vez mais bem compreendida o desenvol vimento de modelos possibilitava que fossem tomadas decisões de política econômica de modo mais eficaz A sintonia fina da economia e a eliminação por completo das recessões pareciam fazer parte de um futuro não muito distante Esse otimismo foi ao encontro do ceticismo de uma minoria reduzida porém influente a dos monetaristas Seu líder intelectual era Milton Friedman Embora concordasse que muito progresso estava sendo feito ele próprio era o pai de uma das principais contribuições à macroeconomia a teoria do consumo Friedman não compartilhava do entusiasmo geral Ele acreditava que a compreensão da eco nomia ainda era muito limitada Questionava as motivações dos governos assim como a noção de que realmente sabiam o suficiente para melhorar os resultados macroeconômicos Na década de 1960 os debates entre keynesianos e monetaristas dominaram as manchetes da economia As discussões concentravamse em três assuntos 1 a eficácia da política monetária versus política fiscal 2 a curva de Phillips e 3 o papel da política econômica Política monetária versus política fiscal Keynes enfatizou a política fiscal em vez da monetária como a chave para combater recessões o que se cristalizou como o senso comum A curva IS muitos argumentavam era bastante inclinada Variações na taxa de juros exerciam pouco efeito sobre a demanda e o produto Portanto a política monetária não funcionava muito bem Já a política fiscal que afeta diretamente a demanda poderia afetar o produto de maneira mais rápida e confiável Friedman contestou essa conclusão enfaticamente Em seu livro de 1963 A mone tary history of the United States 18671960 ele e Anna Schwartz reviram minuciosa mente as evidências sobre a política monetária e a relação entre moeda e produto nos Estados Unidos ao longo de um século A conclusão não foi apenas de que a política monetária era muito poderosa mas também de que os movimentos da moeda explica vam a maior parte das flutuações no produto Eles interpretaram a Grande Depressão como consequência de um grande erro de política monetária uma diminuição da oferta de moeda como resultado das falências bancárias diminuição que o Fed poderia ter evitado com o aumento da base monetária mas não o fez O desafio de Friedman e Schwartz foi seguido de um vigoroso debate e de intensa pesquisa sobre os efeitos respectivos das políticas fiscal e monetária Por fim chegouse a um consenso Tanto a política fiscal quanto a monetária afetavam claramente a economia E se os formuladores de política econômica se preocupa vam não apenas com o nível mas também com a composição do produto a melhor política normalmente seria uma combinação de ambas A curva de Phillips O segundo debate concentrouse na curva de Phillips que não fazia parte do modelo keynesiano inicial Mas como proporcionava uma forma conveniente e aparentemente confiável de explicar as variações de salários e preços ao longo do tempo tornouse parte da síntese neoclássica Na década de 1960 com base na evidência empírica até então disponível muitos economistas keynesianos acredi tavam na existência de um tradeoff confiável entre desemprego e inflação mesmo no longo prazo Milton Friedman Chuck NackeAlamy Stock Photo Edmund Phelps James LeynseCorbis BookBlanchard 1indb 555 241017 1718 556 Macroeconomia Milton Friedman e Edmund Phelps da Universidade de Colúmbia discorda vam totalmente dessa ideia Argumentavam que a existência de um tradeoff de longo prazo era incompatível com a teoria econômica básica Argumentavam que o tradeoff aparente desapareceria rapidamente se os formuladores de política econômica de fato tentassem explorálo isto é se tentassem obter desemprego baixo aceitando inflação maior Como vimos no Capítulo 8 quando estudamos a evolução da curva de Phillips Friedman e Phelps definitivamente estavam certos Em meados da década de 1970 o consenso era realmente de que não havia tradeoff de longo prazo entre inflação e desemprego O papel da política econômica O terceiro debate girou em torno do papel da política econômica Cético de que os economistas soubessem o suficiente para estabilizar o produto e fosse possível confiar que os formuladores de política econômica fariam a coisa certa Friedman argumentou a favor do uso de regras simples como o crescimento constante da moeda uma regra que discutimos no Capítulo 23 Eis o que ele disse em um depoi mento no Congresso em 1958 Uma taxa de crescimento constante da oferta de moeda não significará estabilidade perfeita embora evite as amplas flutuações que experimentamos de tempos em tempos no passado É tentador procurar ir mais longe e usar as variações monetárias para compensar outros fatores responsáveis pela expan são e contração As evidências disponíveis lançam sérias dúvidas sobre a possibilidade de produzir quaisquer ajustes finos na atividade econômica por meio de ajustes finos na política monetária ao menos no estágio atual de conhecimento Há portanto sérias limitações à possibilidade de uma política monetária discricionária e muito risco de que essa política possa piorar as coisas em vez de melhorálas Pressões políticas para fazer algo em face de aumentos relativamente moderados de preços ou de reduções relativamente moderadas de preço e emprego são claramente demasiado fortes no estado atual do comportamento público A principal lição que se pode tirar desses dois aspectos anteriores é que ceder a essas pressões pode muitas vezes fazer mais mal do que bem Fonte The Supply of Money and Changes in Prices and Output depoimento ao Congresso 1958 Como vimos no Capítulo 21 esse debate sobre o papel da política macroeco nômica não está resolvido A natureza dos argumentos mudou um pouco mas eles continuam entre nós 243 A crítica das expectativas racionais Apesar das batalhas entre keynesianos e monetaristas por volta de 1970 a macroeconomia parecia um campo bemsucedido e maduro Parecia ter êxito em explicar os acontecimentos e orientar as escolhas de política econômica A maioria dos debates ocorria dentro de um arcabouço intelectual comum No entanto poucos anos depois ela estava em crise E essa crise tinha duas fontes Uma delas foram os acontecimentos Em meados da década de 1970 muitos países passavam pela estagflação uma palavra cunhada na época para representar a existência simultânea de alto desemprego e alta inflação Os macroeconomistas não haviam previsto a estagflação Depois do fato e após alguns anos de pes quisa chegouse a uma explicação convincente com base nos efeitos de choques adversos de oferta tanto sobre os preços quanto sobre o produto Discutimos os Robert Lucas RalfFinn HestoftCorbis BookBlanchard 1indb 556 241017 1718 Capítulo 24 Epílogo a história da macroeconomia 557 efeitos desses choques no Capítulo 9 Mas era tarde demais para desfazer o dano à imagem da disciplina A outra fonte foram as ideias No início da década de 1970 um pequeno grupo de economistas Robert Lucas de Chicago Thomas Sargent então em Minnesota e agora na Universidade de Nova York e Robert Barro então em Chicago e agora em Harvard liderou um forte ataque contra a principal corrente da macroecono mia Eles não mediram palavras Em um artigo de 1978 Lucas e Sargent afirmaram Que as previsões da economia keynesiana estavam absolutamente incor retas e que a doutrina na qual se baseavam era fundamentalmente falha agora são simples realidades que não envolvem nenhuma sutileza em teoria econô mica A tarefa com que se deparam os estudantes contemporâneos do ciclo econômico é a de examinar os destroços determinando quais características desse admirável acontecimento intelectual chamado Revolução Keynesiana podem ser recuperadas e postas em bom uso e quais devem ser descartadas As três implicações das expectativas racionais O principal argumento de Lucas e Sargent era o de que a economia keynesiana havia ignorado a totalidade das implicações do efeito das expectativas sobre o comportamento O procedimento a adotar argumentavam era supor que as pessoas formavam expectativas tão racionalmente quanto podiam com base nas informações de que dispunham Considerar que as pessoas tinham expectativas racionais gerava três implicações principais todas altamente danosas à macroeconomia keynesiana A crítica de Lucas A primeira implicação era de que os modelos macroeconômicos existentes não serviam para formular a política econômica Embora reconhecessem que as expectativas afetavam o comportamento esses modelos não as incorporavam de maneira explícita Supunhase que todas as variáveis dependiam de valores cor rentes e passados de outras variáveis inclusive as de política econômica Portanto o que os modelos captavam era o conjunto de relações entre variáveis econômicas que valiam no passado sob políticas econômicas passadas Se essas políticas fossem alteradas argumentava Lucas a maneira como as pessoas formavam as expectativas também se alteraria tornando as relações estimadas e consequentemente as simulações geradas com o uso dos modelos macroeconométricos existentes guias pobres quanto ao que aconteceria sob essas novas políticas econômicas Essa crítica dos modelos macroeconométricos ficou conhecida como crítica de Lucas Tomandose novamente a história da curva de Phillips como exemplo os dados até o início da década de 1970 sugeriam um tradeoff entre desemprego e inflação Na medida em que os formuladores de política econômica tentavam explorar esse tradeoff ele desapareceu Expectativas racionais e a curva de Phillips A segunda implicação foi a de que quando as expectativas racionais foram introduzidas nos modelos keynesianos estes na realidade produziram conclusões completamente não keynesianas Por exemplo os modelos implicavam que os desvios do produto em relação a seu nível natural eram de curta duração muito menor que os economistas keynesianos alegavam Esse argumento baseavase no reexame da relação de oferta agregada Nos mode los keynesianos o retorno lento do produto a seu nível natural vinha do ajuste lento dos preços e salários por meio do mecanismo da curva de Phillips Um aumento na Thomas Sargent Peter FoleyCorbis Robert Barro Imaginechina Corbis BookBlanchard 1indb 557 241017 1718 558 Macroeconomia moeda por exemplo levava primeiro a um aumento no produto e a um desemprego menor O desemprego menor levava então a salários nominais e a preços maiores O ajuste continuava até que os salários e os preços tivessem aumentado na mesma proporção que a moeda nominal até que o desemprego e o produto tivessem ambos voltado a seus níveis naturais Entretanto como ressaltou Lucas esse ajuste era altamente dependente das expectativas de inflação baseadas no passado backwardlooking por parte dos fixadores de salários No modelo MPS por exemplo os salários respondiam ape nas às inflações atual e passada e ao desemprego atual Mas supondose que os fixadores de salários tivessem expectativas racionais o ajuste provavelmente seria muito mais rápido Mudanças na moeda conforme fossem previstas poderiam não ter efeito algum sobre o produto Por exemplo ao prever um aumento na moeda de 5 ao longo do ano seguinte os fixadores de salários aumentariam os salários nominais fixados nos contratos para o próximo ano em 5 As empresas por sua vez aumentariam os preços em 5 O resultado seria que não aconteceria mudança alguma no estoque real de moeda na demanda e no produto Segundo Lucas dentro da lógica dos modelos keynesianos somente as mudanças não previstas na moeda afetariam o produto As variações previsíveis da moeda não teriam qualquer efeito sobre a atividade Generalizando se os fixadores de salários tivessem expectativas racionais os deslocamentos da demanda possivelmente teriam efeito sobre o produto somente enquanto os salários nominais estivessem fixados um ano ou cerca disso Mesmo em seus próprios termos o modelo keynesiano não fornecia uma teoria convincente sobre os efeitos prolongados da demanda sobre o produto Controle ótimo versus teoria dos jogos A terceira implicação foi a de que se as pessoas e as empresas tinham expectativas racionais era errado pensar na política econômica como o controle de um sistema complicado mas passivo Ao contrário o certo era pensar na política econômica como um jogo entre os formuladores de política econômica e a economia A ferra menta apropriada não seria o controle ótimo mas a teoria dos jogos E esta levava a uma visão diferente da política econômica Um exemplo marcante foi a questão da inconsistência temporal discutida por Finn Kydland então em Carnegie Mellon agora na Universidade da Califórnia em Santa Bárbara e Edward Prescott então em Carnegie Mellon agora na Universidade do Estado do Arizona uma questão que discutimos no Capítulo 21 as boas intenções por parte dos formuladores de política econômica podem realmente levar ao desastre Em resumo quando as expectativas racionais foram introduzidas os modelos keynesianos não podiam ser usados para determinar a política econômica esses modelos não podiam explicar desvios prolongados do produto em relação a seu nível natural a teoria da política econômica tinha de ser reformulada com o uso das ferramentas da teoria dos jogos Integração das expectativas racionais Como se pode perceber pelo tom da citação de Lucas e Sargent a atmosfera intelectual da macroeconomia estava tensa no início da década de 1970 Mas em poucos anos um processo de integração de ideias não de pessoas porque os ânimos permaneceram exaltados foi iniciado e dominou as décadas de 1970 e 1980 Em pouco tempo a ideia de que as expectativas racionais era a hipótese de tra balho correta conquistou ampla aceitação Não porque todos os macroeconomistas acreditassem que as pessoas as empresas e os participantes dos mercados financeiros BookBlanchard 1indb 558 241017 1718 Capítulo 24 Epílogo a história da macroeconomia 559 sempre formavam expectativas racionalmente mas porque as expectativas racionais pareciam ser uma referência natural pelo menos até que os economistas tivessem progredido mais na compreensão sobre se e como as expectativas efetivas diferiam sistematicamente das expectativas racionais Começouse então a trabalhar nos desafios colocados por Lucas e Sargent Implicações das expectativas racionais Primeiro houve uma exploração sistemática do papel e das implicações das expectativas racionais nos mercados de bens financeiros e de trabalho Muito do que foi descoberto foi apresentado neste livro Por exemplo Robert Hall então no MIT e agora em Stanford mostrou que se os consumidores tivessem grande capacidade de previsão no sentido definido no Capítulo 15 as mudanças no consumo seriam imprevisíveis A melhor previsão do consumo do próximo ano seria o consumo deste ano Em outras palavras as variações no consumo seriam muito difíceis de prever Esse resultado surpreendeu a maioria dos macroeconomistas na época mas baseiase na verdade em uma intuição simples Se os consumidores tiverem grande capacidade de previsão só alterarão seu consumo quando aprenderem algo novo sobre o futuro Mas por definição essa novidade não pode ser prevista Esse comportamento do consumo conhecido como passeio aleatório do consumo tem servido desde então como referência para as pesquisas sobre o consumo Rudiger Dornbusch do MIT mostrou que as grandes oscilações nas taxas de câmbio sob taxas de câmbio flexíveis que anteriormente haviam sido pensadas como o resultado da especulação por investidores irracionais eram plenamente consistentes com a racionalidade Seu argumento que vimos no Capítulo 20 foi o de que as mudanças na política monetária podem levar a mudanças prolongadas nas taxas de juros nominais mudanças nas taxas de juros nominais corrente e esperada levam por sua vez a grandes variações na taxa de câmbio O modelo de Dornbusch conhecido como modelo da sobrerreação overshooting das taxas de câmbio tornouse referência nas discussões sobre variações na taxa de câmbio Fixação de salários e preços Segundo houve uma exploração sistemática da determinação de salários e preços que foi muito além da relação da curva de Phillips Duas contribuições importantes foram dadas por Stanley Fischer então no MIT agora presidente do Banco Central de Israel e John Taylor então na Universidade de Colúmbia e agora em Stanford Ambos mostraram que o ajuste de preços e salários em res posta a mudanças no desemprego pode ser lento mesmo sob expectativas racionais Fischer e Taylor ressaltaram uma característica importante da fixação tanto de salários quanto de preços a difusão temporal das decisões sobre salários e preços Em contraste com a história simples que contamos anteriormente em que todos os salários e preços aumentavam simultaneamente em antecipação a um aumento na moeda as decisões efetivas sobre salários e preços se espalham ao longo do tempo Portanto não existe um ajuste sincronizado repentino de todos os salários e preços em resposta a um aumento na moeda Em vez disso o ajuste provavelmente será lento com salários e preços ajustandose ao novo nível de moeda por meio de um processo de saltos ao longo do tempo Fischer e Taylor mostraram portanto que o segundo problema levantado pela crítica das expectativas racionais pode ser resol vido que um retorno lento do produto a seu nível natural pode ser consistente com as expectativas racionais no mercado de trabalho Robert Hall Robert Hall Rudiger Dornbusch Luca BrunoAP Images Stanley Fischer Achmad IbrahimAP Images John Taylor Susana GonzalesBloombergGetty Images BookBlanchard 1indb 559 241017 1718 560 Macroeconomia Teoria da política econômica Em terceiro lugar refletir sobre a política econômica em termos da teoria dos jogos levou a uma explosão de pesquisas sobre a natureza dos jogos que estavam sendo praticados não só entre os formuladores de política econômica e a economia mas também entre os próprios formuladores de política econômica entre par tidos políticos ou entre o Banco Central e o governo ou entre governos de países diferentes Um dos principais resultados dessa pesquisa foi o desenvolvimento de uma maneira de pensar mais rigorosa sobre conceitos vagos como credibilidade reputação e compromisso Ao mesmo tempo houve uma evidente mudança de foco de o que os governos devem fazer para o que os governos realmente fazem aumentando a percepção das restrições políticas que os economistas devem levar em conta quando aconselham os formuladores de política econômica Em resumo no final da década de 1980 os desafios levantados pela crítica das expectativas racionais haviam levado a uma revisão completa da macroeconomia A estrutura básica foi estendida para levar em conta as implicações das expectativas racionais ou mais genericamente do comportamento que olhava para o futuro das pessoas e empresas Como vimos esses temas têm papel crucial ao longo deste livro 244 Desenvolvimentos da teoria macroeconômica até a crise de 2009 Desde o final da década de 1980 até a crise três grupos dominaram as principais linhas de pesquisa os novoclássicos os novokeynesianos e os pesquisadores da nova teoria do crescimento Note o uso generoso da palavra novo Ao contrário dos fabricantes de detergentes os economistas evitam usar novo e melhorado A mensagem subliminar é a mesma A teoria econômica novoclássica e a teoria dos ciclos econômicos reais A crítica das expectativas racionais foi mais que uma mera crítica à teoria eco nômica keynesiana Ela também ofereceu sua própria interpretação das flutuações Segundo Lucas em vez de se basearem nas imperfeições dos mercados de trabalho no ajuste lento de salários e preços e assim por diante para explicar as flutuações os macroeconomistas deveriam ver até que ponto podiam explicálas como efeitos de choques nos mercados competitivos com preços e salários totalmente flexíveis Essa é a pauta de pesquisa adotada pelos novoclássicos Seu líder intelectual é Edward Prescott e os modelos que ele e seus seguidores desenvolveram são conhecidos como modelos dos ciclos econômicos reais RBC da sigla em inglês real business cycle Essa abordagem baseavase em duas premissas A primeira é metodológica Lucas argumentou que para evitar as armadilhas anteriores os modelos macroeconômicos deveriam ser construídos a partir de micro fundamentos isto é maximização da utilidade pelos trabalhadores maximização dos lucros pelas empresas e expectativas racionais Antes do advento dos computadores tal tarefa era difícil se não impossível de ser alcançada Modelos construídos dessa maneira teriam sido de solução analítica muito complexa Na verdade grande parte da arte da macroeconomia estava na busca de atalhos simples que capturassem a essência de um modelo enquanto o mantinha simples o suficiente para ser solu cionado esta ainda é a arte da redação de um bom livro O desenvolvimento do poder computacional viabilizou a solução numérica de tais modelos e uma grande Edward Prescott Giuseppe AresuAP Images BookBlanchard 1indb 560 241017 1718 566 Macroeconomia do crescimento e o desenvolvimento dos grandes modelos macroeconométricos O principal debate durante a década de 1960 deu se entre os keynesianos e os monetaristas Os keynesianos acreditavam que os avanços da teoria macroeconômica permitiriam melhor controle da economia Os monetaristas liderados por Milton Friedman eram mais céticos quanto à capacidade de o governo ajudar a estabilizar a economia Na década de 1970 a macroeconomia passou por uma crise por dois motivos o surgimento da estagflação que surpreendeu a maioria dos economistas e um ataque teórico liderado por Robert Lucas Lucas e seus seguidores mostraram que com a introdução das expectativas racionais 1 os modelos keynesianos não podiam ser utilizados para determinar a política econômica 2 os modelos keynesianos não podiam explicar os desvios prolongados do produto em rela ção a seu nível natural e 3 a teoria da política eco nômica precisava ser reformulada utilizandose as ferramentas da teoria dos jogos Grande parte das décadas de 1970 e 1980 foi dedi cada a integrar as expectativas racionais à macroe conomia Como se refletiu neste livro atualmente os macroeconomistas estão muito mais atentos ao papel das expectativas na determinação dos efeitos dos choques e da política econômica e à complexi dade da política econômica do que há duas décadas A pesquisa atual da teoria macroeconômica avança ao longo de três linhas Os economistas novoclás sicos estão explorando quanto as flutuações podem ser explicadas como movimentos do nível natural de produto e não como desvios em relação a ele Os economistas novokeynesianos estão explo rando de maneira mais formal o papel das imper feições dos mercados nas flutuações Os pesquisa dores da nova teoria do crescimento estão explorando os determinantes do progresso tecno lógico Essas linhas estavam se sobrepondo cada vez mais e às vésperas da crise parecia que uma nova síntese estava para surgir A crise reflete um grande fracasso intelectual por parte da macroeconomia a incapacidade de compreender a importância macroeconômica do sistema financeiro Embora muitos dos elemen tos necessários para entender a crise tenham se desenvolvido antes dela eles não tinham centrali dade no pensamento macroeconômico nem foram integrados aos grandes modelos macroeconômicos Muitas pesquisas agora estão focadas nas ligações macrofinanceiras A crise também levantou uma questão importante sobre o processo de ajuste por meio do qual o produto volta a seu nível natural Se existe um con senso pode ser o de que com relação a pequenos choques e flutuações normais o processo de ajuste funciona e a política econômica pode acelerar esse retorno mas que em resposta a choques gran des e excepcionais o processo normal de ajuste pode falhar o espaço para a política econômica ser limitado e a recuperação da economia levar um longo tempo Palavraschave crítica de Lucas 557 custos de menu 561 demanda efetiva 552 difusão temporal das decisões sobre salários e pre ços 559 keynesianos 555 modelos dos ciclos econômicos reais 560 modelos RBC real business cycle 560 monetaristas 555 nova teoria do crescimento 562 novoclássicos 560 novokeynesianos 561 passeio aleatório do consumo 559 preferência pela liquidez 553 rigidez nominal 561 síntese neoclássica 553 teoria dos ciclos econômicos 552 Leitura adicional Dois clássicos são John Maynard Keynes The general theory of employment interest and money Palgrave Macmillan 1936 e Milton Friedman e Anna Schwartz A monetary history of the United States Princeton University Press 1963 Aviso o primeiro é uma leitura trabalhosa e o segundo é um volume de peso BookBlanchard 1indb 566 241017 1718 Capítulo 24 Epílogo a história da macroeconomia 567 Para um relato sobre a evolução da macroeconomia nos manuais a partir de 1940 leia Paul Samuelson Credo of a lucky textbook author Journal of Economic Perspectives primavera de 1997 vol 11 p 15360 Na introdução de Studies in business cycle theory MIT Press 1981 Robert Lucas desenvolve seu enfo que da macroeconomia e fornece um guia de suas contribuições O artigo que lançou a teoria dos ciclos econômicos reais é de Edward Prescott Theory ahead of busi ness cycle measurement Federal Reserve Bank of Minneapolis Review outono de 1996 p 922 Não é uma leitura fácil Para mais informações sobre a teoria econômica novo keynesiana leia David Romer The new Keynesian synthesis Journal of Economic Perspectives inverno de 1993 vol 7 p 522 Para mais informações sobre a nova teoria do cresci mento leia Paul Romer The origins of endogenous growth Journal of Economic Perspectives inverno de 1994 vol 8 p 322 Para um exame detalhado da história das ideias macroeconômicas com entrevistas densas da maio ria dos pesquisadores principais leia o livro de Brian Snowdon e Howard Vane Modern macroeconomics its origins development and current state Edward Elgar Publishing Ltd 2005 Para dois pontos de vista sobre o estado da macro economia précrise leia V V Chari e Patrick Kehoe Macroeconomics in practice How theory is shaping policy Journal of Economic Perspectives 2006 vol 20 n 4 p 328 e N Greg Mankiw The macroecono mist as scientist and engineer Journal of Economic Perspectives vol 20 n 4 p 2946 Para conhecer uma visão cética sobre mercados finan ceiros e as contribuições de Thaler e Shleifer dentre outros leia The myth of the rational market A history of risk reward and delusion on Wall Street de Justin Fox Harper Collins Publishers 2009 Para uma avaliação da política macroeconômica pós crise leia In the wake of the crisis leading econo mists reassess economic policy editado por Olivier Blanchard et al MIT Press 2012 Se quiser saber mais sobre questões e teorias macroeconômicas A maioria das revistas de economia inclui muita matemática e é de difícil leitura No entanto algu mas se esforçam para ser mais amigáveis Em especial o Journal of Economic Perspectives traz artigos não técnicos sobre pesquisas e questões da economia atual O Brookings Papers on Economic Activity publicado duas vezes ao ano analisa pro blemas macroeconômicos atuais O mesmo acontece com o Economic Policy publicado na Europa que se concentra mais em assuntos europeus A maioria dos bancos regionais do Federal Reserve também publica revistas com artigos de fácil leitura essas publicações estão disponíveis gratuitamente Entre elas estão Economic Review publicada pelo Fed de Cleveland Economic Review publicada pelo Fed de Kansas City New England Economic Review publicada pelo Fed de Boston e Quarterly Review publicada pelo Fed de Minneapolis Tratamentos mais avançados da teoria macroeconô mica atual aproximadamente no nível de uma pri meira disciplina de pósgraduação em macroeconomia estão em David Romer Advanced macroeconomics 4 ed McGrawHill 2011 e em Olivier Blanchard e Stanley Fischer Lectures on macroeconomics 1989 BookBlanchard 1indb 567 241017 1718 Apêndices 569 entre localizados nos Estados Unidos usada para o PIB e ofertados pelos residentes nos Estados Unidos utilizada para o PNB Por exemplo o lucro de uma fábrica de propriedade dos Estados Unidos localizada no Japão não é incluído no PIB dos Estados Unidos mas sim no PNB Portanto para irmos do PIB para o PNB primeiro precisamos adicionar os recebimentos de renda de fatores do resto do mundo que é a renda do capital dos Estados Unidos ou dos residentes nos Estados Unidos no exterior linha 2 Então subtraímos os pagamen tos de renda de fatores para o resto do mundo que é a renda recebida pelo capital estrangeiro e pelos residentes estrangeiros nos Estados Unidos linha 3 Em 2014 os recebimentos do resto do mundo supe raram os pagamentos para o resto do mundo em US 263 bilhões de modo que o PNB foi maior que o PIB em US 263 bilhões O próximo passo nos leva do PNB ao produto nacio nal líquido ou PNL linha 6 A diferença entre o PNB e o PNL é a depreciação do capital chamada nas contas nacionais consumo de capital fixo Por fim as linhas 7 e 8 nos levam do PNL para a renda nacional linha 8 A renda nacional é definida como a renda que se origina da produção de bens e serviços ofertados pelos residentes nos Estados Unidos Em tese a renda nacional e o produto nacional líquido deveriam ser iguais Na prática eles normalmente diferem pois são calculados de modos diferentes O PNL é calculado de cima para baixo começando pelo PIB e seguindo os passos descritos na Tabela A11 Em vez disso a renda nacional é calculada de baixo para cima pela adição de diversos componentes da renda de fatores remuneração dos empregados lucros das empresas e assim por diante Se pudésse mos medir tudo com exatidão as duas medidas deve riam ser iguais Na prática elas diferem e a diferença entre as duas é chamada discrepância estatística Em 2014 a renda nacional dos Estados Unidos calculada de baixo para cima número da linha 8 foi maior que o produto nacional líquido calculado de cima para baixo número da linha 6 em US 212 bilhões A discrepância estatística é um alerta útil dos problemas estatísticos envolvidos na construção das contas de renda nacional Embora US 212 bilhões pareçam ser um erro grande como uma porcentagem do PIB o erro é de cerca de 1 ponto percentual A parte inferior da tabela linhas 9 a 15 decompõe a renda nacional em tipos diferentes de renda Impostos indiretos linha 9 Parte da renda nacional vai diretamente para o Estado sob a forma desses impostos Impostos indiretos é apenas outro nome para impostos sobre vendas O restante da renda nacional vai ou para os empregados ou para as empresas Remuneração dos empregados linha 10 ou renda do trabalho é o que vai para os empregados É de longe o maior componente da renda nacional repre sentando 61 da renda nacional dos Estados Unidos A renda do trabalho é a soma dos ordenados e dos salários linha 11 e dos adicionais a ordenados e salários linha 12 Esses adicionais vão de contribui ções patronais para a previdência social de longe o maior item a itens exóticos como as contribuições patronais a juízes de paz para os emolumentos de casamento Lucro das empresas e transferências corporativas linha 13 Lucro é definido como receitas menos cus tos inclusive o pagamento de juros menos deprecia ção Transferências corporativas que respondem por US 127 bilhões em US 2073 bilhões são compostas de itens como pagamentos de indenização por danos pessoais e contribuições das empresas a organizações sem fins lucrativos Juros líquidos linha 14 são os juros pagos pelas empresas menos os juros recebidos pelas empresas mais os juros recebidos do resto do mundo menos os juros pagos para o resto do mundo Em 2014 a maior parte dos juros líquidos representou juros líquidos pagos pelas empresas os Estados Unidos receberam praticamente o mesmo montante de juros do resto do mundo que o pago para o resto do mundo Assim a soma dos lucros das empresas com os juros líquidos pagos por elas foi de aproximadamente US 2073 bilhões US 532 bilhões US 2605 bilhões ou cerca de 17 da renda nacional Renda de proprietários linha 15 é a renda recebida por trabalhadores autônomos É definida como a renda de propriedades individuais de sociedades uni pessoais e de cooperativas isentas de impostos Renda pessoal de aluguéis linha 16 é a renda de aluguéis de propriedades menos a depreciação dessas propriedades As casas produzem serviços de habita ção a renda de aluguéis mede a renda recebida por esses serviços Se as contas nacionais medissem apenas os aluguéis efetivos a renda de aluguéis dependeria da proporção de imóveis alugados versus os ocupados por seus pro prietários Por exemplo se todos se tornassem proprie tários do imóvel em que moram a renda de aluguéis iria para zero e o PIB medido diminuiria Para evitar esse problema as contas nacionais consideram os imóveis BookBlanchard 1indb 569 241017 1718 Apêndices 573 déficit oficial foi assim igual a US 631 bilhões linha 14 mais linha 15 Sabemos entretanto que essa medida é incorreta veja o quadro Foco Contabilidade da inflação e mensuração dos déficits no Capítulo 22 É adequado corrigir o indicador de déficit oficial pelo papel da infla ção na redução do valor real da dívida pública A medida correta o déficit ajustado pela inflação ou seja a soma do déficit oficial com os pagamentos de juros reais foi de US 476 bilhões linha 19 ou 27 do PIB Atenção As contas nacionais proporcionam uma descrição internamente consistente da atividade agregada Mas subjacentes a essas contas existem muitas escolhas sobre o que incluir e o que não incluir onde contabili zar alguns tipos de renda ou gasto e assim por diante Seguem três exemplos O trabalho doméstico não é contabilizado no PIB Se por exemplo duas mulheres decidirem uma tomar conta do filho da outra em vez de tomarem conta de seu próprio filho e uma pagar à outra pelo serviço de babá o PIB medido subirá ao passo que o PIB ver dadeiro não se alterará A solução seria contabilizar o trabalho doméstico no PIB do mesmo modo que atribuímos aluguéis aos imóveis ocupados por seus proprietários Mas até o momento isso não foi feito A compra de uma casa é tratada como um investi mento e os serviços de habitação são então tratados como parte do consumo Compare isso com o trata mento dado aos automóveis Embora os automóveis forneçam serviços por um longo tempo ainda que não tão longo quanto as casas as compras deste tipo de bem não são tratadas como investimento mas como consumo aparecendo nas contas nacionais apenas no ano em que a compra é feita As compras de máquinas feitas pelas empresas são tratadas como investimento As despesas com edu cação são tratadas como consumo de serviços de educação Mas a educação em parte é claramente um investimento as pessoas adquirem educação para aumentar sua renda futura Muitas compras governamentais devem ter um valor nas contas nacionais na ausência de uma transação de mercado Como atribuir valor ao trabalho de profes sores que ensinam crianças a ler quando essa transa ção é obrigada pelo Estado como parte da educação compulsória A regra usada é valorizála a seu custo usando os salários dos professores O cálculo correto do déficit e da dívida do governo é uma tarefa desafiadora Aqui está um aspecto do problema suponhamos que os professores do exem plo dado sejam pagos em parte com dinheiro e em parte com a promessa de uma aposentadoria futura Existe uma importante percepção de que a aposen tadoria é como uma dívida pública isto é um pas sivo futuro dos contribuintes Contudo esses passi vos não são contabilizados na medida do déficit na Tabela A14 ou em nossas medidaspadrão de dívida Outro problema reside no tratamento das garantias da dívida do setor privado pelos governos federal ou estadual Esses passivos contingentes devem ser contabilizados como parte da dívida pública A lista poderia continuar Entretanto a finalidade desses exemplos não é levar à conclusão de que as contas nacionais estão erradas A maioria das decisões contábeis que acabamos de ver foi tomada por bons motivos frequentemente em virtude da disponibilidade de dados ou da simplicidade A mensagem é que para utilizar melhor as contas nacionais devemos entender sua lógica mas também entender as escolhas feitas e portanto suas limitações Palavraschave bens duráveis 570 bens não duráveis 570 compras do governo 571 consumo de capital fixo 569 contas de renda e produto nacional CRPN 568 contas nacionais 568 déficit ajustado pela inflação 573 déficit oficial 573 equipamentos e softwares 570 exportações 571 exportações líquidas 571 gastos pessoais de consumo 570 importações 571 impostos indiretos 569 instalações 570 investimento fixo bruto interno privado 570 investimento não residencial 570 investimento residencial 571 juros líquidos 569 lucro das empresas 569 pagamentos de renda de fatores para o resto do mundo 569 produto interno bruto PIB 568 produto nacional bruto PNB 568 produto nacional líquido PNL 569 BookBlanchard 1indb 573 241017 1718 574 Macroeconomia recebimentos de renda de fatores do resto do mundo 569 remuneração dos empregados 569 renda de proprietários 569 renda nacional 569 renda pessoal 570 renda pessoal de aluguéis 569 renda pessoal disponível 570 saldo comercial 571 serviços 570 superávit primário 572 transferências pessoais 572 variações de estoques das empresas 571 Leitura adicional Para saber mais detalhes leia A guide to the National Income and Products Accounts of the United States setem bro de 2006 Disponível em wwwbeagovnationalpdf nipaguidpdf Acesso em 26 set 2017 BookBlanchard 1indb 574 241017 1718 Apêndice 2 Revisão matemática Este apêndice apresenta as ferramentas e os resulta dos matemáticos utilizados neste livro Série geométrica Definição Série geométrica é uma soma de números da seguinte forma 1 x x2 xn em que x é um número que pode ser maior ou menor que 1 e xn representa x elevado à enésima potência isto é x multiplicado por ele mesmo n vezes Exemplos deste tipo de série são A soma de gastos em cada rodada do multiplicador Capítulo 3 Se c for a propensão marginal a con sumir a soma dos aumentos dos gastos após n 1 rodadas será dada por 1 c c2 cn O valor presente descontado de uma sequência de pagamentos de 1 dólar ao ano por n anos Capítulo 14 quando a taxa de juros é igual a i 1 1 1 i 1 11 i22 g 1 11 i2n 1 Geralmente temos algumas perguntas quando encon tramos uma série como essa 1 Qual é a soma 2 A soma explode se deixarmos n aumentar ou atinge um limite finito E se este for o caso qual é o limite As proposições a seguir dizem o que é necessário saber para responder a essas perguntas A Proposição 1 ensina como calcular a soma Proposição 1 1 x x2 g xn 1 xn 1 1 x A21 A prova é a seguinte multiplique a soma por 1 x e use o fato de que xaxb xab isto é devemos somar os expoentes ao multiplicar 11 x x2 g xn211 x2 1 x x2 g xn x x2 g xn xn 1 1 xn 1 Todos os termos da direita exceto o primeiro e o último cancelamse Dividindo os dois lados por 1 x temos a equação A21 Essa fórmula pode ser usada para qualquer x e qualquer n Se por exemplo x for 09 e n for 10 a soma será igual a 686 Se x for 12 e n for 10 a soma será igual a 3215 A Proposição 2 mostra o que acontece à medida que n aumenta Proposição 2 se x for menor que 1 a soma irá para 1 1 x à medida que n aumenta Se x for igual ou maior que 1 a soma explode à medida que n aumenta Esta é a prova se x for menor que 1 xn tenderá a zero à medida que n aumentar Assim da equação A21 a soma vai para 11 x Se x for maior que 1 xn se tornará cada vez maior à medida que xn aumentar 1 xn se tornará um número negativo cada vez maior e a razão 1 xn1 x se tornará um número positivo cada vez maior A soma portanto explodirá à medida que n aumentar Aplicação do Capítulo 14 consideremos o valor pre sente de um pagamento de US 1 para sempre iniciando no próximo ano quando a taxa de juros é i O valor presente é dado por 1 11 i2 1 11 i22 g A22 Colocando 11 i em evidência reescreva o valor presente como 1 11 i2 c 1 1 11 i2 gd O termo entre colchetes é uma série geométrica com x 11 i Como a taxa de juros i é positiva x é menor que 1 Aplicando a Proposição 2 quando n se torna grande o termo entre parênteses fica igual a 1 1 1 11 i2 11 i2 11 i 12 11 i2 i Substituindo o termo entre colchetes na equação anterior por 1 ii temos 1 11 i2 c 11 i2 i d 1 i O valor presente de uma sequência de pagamentos de US 1 ao ano para sempre começando no próximo ano é igual a US 1 dividido pela taxa de juros Se i for igual a 5 ao ano o valor presente será igual a US 1005 US 20 Aproximações úteis Ao longo deste livro usamos diversas aproximações para facilitar os cálculos Essas aproximações são mais confiáveis quando as variáveis x y e z são pequenas digamos entre 0 e 10 Os exemplos numéricos das proposições 3 a 8 a seguir baseiamse nos valores x 005 e y 003 BookBlanchard 1indb 575 241017 1718 576 Macroeconomia Proposição 3 1 x 1 y 1 x y A23 Aqui está a prova decompondo 1 x 1 y temos 1 x 1 y 1 x y xy Se x e y são pequenos o produto xy é muito pequeno e pode ser ignorado como uma aproximação por exemplo se x 005 e y 003 então xy 00015 Portanto 1 x 1 y é aproxima damente igual a 1 x y Para os valores de x e y anteriores por exemplo a aproximação dá 108 em comparação com um valor exato de 10815 Proposição 4 1 x2 1 2x A24 A prova segue diretamente da Proposição 3 com y x Para o valor de x 005 a aproximação dá 110 em comparação com o valor exato de 11025 Aplicação do Capítulo 14 da arbitragem a relação entre a taxa de juros de dois anos e as taxas de juros de um ano atual e esperada é dada por 11 i2t22 11 i1t211 i1t 1 e 2 Usando a Proposição 4 no lado esquerdo da equação temos 11 i2t22 1 2i2t Usando a Proposição 3 no lado direito da equação temos 11 i1t211 i1t 1 e 2 1 i1t i1t 1 e Utilizando essa expressão para substituir 1 i1t 1 ie 1t1 na relação de arbitragem original temos 1 2i2t 1 i1t i1t 1 e Ou reorganizando i2t 1i1t i1t 1 e 2 2 A taxa de juros de dois anos é aproximadamente igual à média das taxas de juros de um ano atual e esperada Proposição 5 1 xn 1 nx A25 A prova segue da aplicação repetida das proposições 3 e 4 Por exemplo 1 x3 1 x2 1 x 1 2x 1 x pela Proposição 4 1 2x x 1 3x pela Proposição 3 A aproximação contudo tornase pior à medida que n aumenta Por exemplo para x 005 e n 5 a aproxi mação dá 125 em comparação com um valor exato de 12763 Para n 10 a aproximação dá 150 em compa ração com um valor exato de 163 Proposição 6 11 x2 11 y2 11 x y2 A26 Aqui está a prova consideremos o produto 1 x y 1 y Decompondo o produto temos 1 x y 1 y 1 x xy y2 Se tanto x quanto y forem pequenos então xy e y2 serão muito pequenos de modo que 1 x y 1 y 1 x Dividindo ambos os lados dessa aproximação por 1 y produzse a proposição anterior Para os valores de x 005 e y 003 a aproximação dá 102 enquanto o valor correto é 1019 Aplicação do Capítulo 14 a taxa real de juros é defi nida por 11 rt2 11 it2 11 pt 1 e 2 Usando a Proposição 6 temos 11 rt2 11 it pt 1 e 2 Simplificando rt it pt 1 e Isso nos fornece a aproximação que usamos em muitos pontos deste livro A taxa de juros real é aproximadamente igual à taxa nominal de juros menos a inflação esperada Essas aproximações também são muito convenientes quando lidamos com taxas de crescimento Defina a taxa de crescimento de x por gx K Δxx e da mesma forma para z gz y e gy Os exemplos numéricos a seguir se baseiam nos valores gx 005 e gy 003 Proposição 7 se z xy então gz gx gy A27 A prova é a seguinte seja Δz o aumento de z quando x aumenta Δx e y aumenta Δy Assim por definição z Δz x Δxy Δy Divida ambos os lados por z O lado esquerdo tornase 1z z2 z a1 z z b O lado direito tornase 1x x21y y2 z 1x x2 x 1y y2 y a1 x x b a1 y y b em que a primeira igualdade decorre do fato de que z xy e a segunda igualdade da simplificação de cada uma das duas frações Usando as expressões para os lados esquerdo e direito produzse BookBlanchard 1indb 576 241017 1718 Apêndices 577 a1 z z b a1 x x b a1 y y b ou de maneira equivalente 1 gz 1 gx 1 gy Da Proposição 3 1 gz 1 gx gy ou de modo equivalente gz gx gy Para gx 005 e gy 003 a aproximação dá gz 8 enquanto o valor correto é 815 Aplicação do Capítulo 13 seja a função de produção da forma Y NA em que Y é a produção N é o emprego e A é a produtividade Representando as taxas de cres cimento de Y N e A por gY gN e gA respectivamente a Proposição 7 implica gY gN gA A taxa de crescimento do produto é aproximada mente igual à taxa de crescimento do emprego mais a taxa de crescimento da produtividade Proposição 8 se z xy então gz gx gy A28 A prova é a seguinte seja Δz o aumento de z quando x aumenta Δx e y aumenta Δy Então por definição temos z z x x y y Divida ambos os lados por z O lado esquerdo tornase az z z b a1 z z b O lado direito tornase 1x x2 1y y2 1 z 1x x2 1y y2 y x 1x x2x 1y y2y 1 1xx 2 1 1yy2 em que a primeira igualdade decorre do fato de que z xy a segunda vem da reorganização dos termos e a terceira da simplificação Usando as expressões para os lados esquerdo e direito temos 1 zz 1 1xx2 1 1yy2 ou substituindo 1 gz 1 gx 1 gy Da Proposição 6 1 gz 1 gx gy ou de maneira equivalente gz gx gy Para gx 005 e gy 003 a aproximação dá gz 2 enquanto o valor correto é de 19 Aplicação do Capítulo 9 seja M a moeda nominal e P o nível de preços Seguese que a taxa de crescimento do estoque da moeda real MP é dado por gMP gM π em que π é a taxa de crescimento dos preços ou de forma equivalente a taxa de inflação Funções Neste livro utilizamos as funções de maneira infor mal como um meio de mostrar como uma variável depende de uma ou mais outras variáveis Em alguns casos examinamos como uma variável Y muda com uma variável X Escrevemos essa relação como Y fX O sinal embaixo de X indica uma relação positiva um aumento de X leva a um aumento de Y Um sinal embaixo de X indicaria uma relação negativa um aumento de X leva a uma diminuição de Y Em alguns casos permitimos que a variável Y dependa de mais de uma variável Por exemplo permitimos que Y dependa de X e Z Y fX Z Os sinais indicam que um aumento de X leva a um aumento de Y e que um aumento de Z leva a uma dimi nuição de Y Um exemplo desse tipo de função é a função de investimento 51 do Capítulo 5 I IY i Essa equação diz que o investimento I aumenta com a produção Y e diminui com a taxa de juros i Em alguns casos é razoável supor que a relação entre duas ou mais variáveis seja uma relação linear Um dado aumento de X sempre leva ao mesmo aumento de Y Nesse caso a função é dada por Y a bX Essa relação pode ser representada por uma reta que fornece Y para qualquer valor de X O parâmetro a dá o valor de Y quando X é igual a zero É chamado de intercepto porque dá o valor de Y quando a reta que representa a relação intercepta cruza o eixo vertical BookBlanchard 1indb 577 241017 1718 578 Macroeconomia O parâmetro b nos diz em quanto Y aumenta quando X aumenta uma unidade É chamado de inclinação por que é igual à inclinação da reta que representa a relação Uma relação linear simples é a relação Y X repre sentada pela reta de 45 graus com inclinação igual a 1 Outro exemplo de relação linear é a função de consumo a Equação 32 do Capítulo 3 C c0 c1YD em que C é o consumo e YD é a renda disponível c0 nos diz qual seria o consumo se a renda disponível fosse igual a zero c1 nos diz quanto o consumo aumenta quando a renda aumenta em uma unidade c1 é chamado propensão marginal a consumir Escalas logarítmicas Uma variável que cresce a uma taxa de crescimento constante aumenta em incrementos cada vez maiores ao longo do tempo Consideremos uma variável X que cresce ao longo do tempo a uma taxa de crescimento constante digamos de 3 ao ano Comece no ano zero e suponha que X 2 Portanto um aumento de 3 em X representa um aumento de 006 003 2 Vá para o ano 20 X agora é igual a 210320 361 Um aumento de 3 agora representa um aumento de 011 003 361 Vá para o ano 100 X é igual a 2103100 384 Um aumento de 3 representa um aumento de 115 003 384 logo este é um aumento cerca de 20 vezes maior que no ano 0 Se mostrarmos graficamente X contra o tempo usando uma escala vertical linear padrão o gráfico terá a aparência da Figura A21a Os aumentos de X tornamse cada vez maiores ao longo do tempo 006 no ano 0 011 no ano 20 115 no ano 100 A curva que representa X contra o tempo tornase cada vez mais inclinada Outra forma de representar a evolução de X é usar uma escala logarítmica para medir X no eixo vertical A propriedade de uma escala logarítmica é a de que o mesmo aumento proporcional nesta variável é represen tado pela mesma distância vertical na escala Portanto o comportamento de uma variável como X que aumenta pelo mesmo aumento proporcional 3 a cada ano agora é representado por uma reta A Figura A21b representa o comportamento de X desta vez usando uma escala logarítmica no eixo vertical O fato de que a relação é representada por uma reta indica que X está crescendo a uma taxa constante ao longo do tempo Quanto maior a taxa de crescimento mais inclinada é a reta Em contraste com X variáveis econômicas como o PIB não crescem a uma taxa constante a cada ano Sua taxa de crescimento pode ser maior em algumas décadas e menor em outras uma recessão pode levar a alguns anos Figura A21 a Evolução de X utilizando uma escala linear b Evolução de X utilizando uma escala logarítmica X 0 10 20 30 40 50 60 20 40 60 80 100 Tempo Escala logarítmica Escala linear X 0 2 4 8 16 32 64 20 40 60 80 100 Tempo X 5 2103t X 5 2103t a b BookBlanchard 1indb 578 241017 1718 Apêndices 579 de crescimento negativo Entretanto ao examinar a evolu ção dessas variáveis ao longo do tempo é frequentemente mais informativo utilizar uma escala logarítmica em vez de uma escala linear Vejamos o motivo A Figura A22a mostra o PIB real dos Estados Unidos de 1890 a 2011 usando uma escala linear padrão Como o PIB real dos Estados Unidos foi cerca de 51 vezes maior em 2011 que em 1890 o mesmo aumento proporcional do PIB foi 51 vezes maior em 2011 que em 1890 Portanto a curva que representa a evolução do PIB ao longo do tempo tornase cada vez mais inclinada É muito difícil constatar com base na figura se a economia dos Estados Unidos está crescendo mais rápido ou mais devagar que há 50 ou 100 anos A Figura A22b mostra o PIB dos Estados Unidos de 1890 a 2011 utilizando agora uma escala logarítmica Se a taxa de crescimento do PIB fosse a mesma a cada ano portanto o aumento proporcional do PIB fosse o mesmo a cada ano a evolução do PIB seria repre sentada por uma reta da mesma forma que a evolução de X foi representada por uma reta na Figura A21b Como a taxa de crescimento do PIB não é constante a cada ano portanto o aumento proporcional do PIB não é o mesmo a evolução do PIB não é mais repre sentada por uma reta Ao contrário do que acontece na Figura A22a o PIB não explode ao longo do tempo e o gráfico é mais informativo Aqui estão dois exemplos Se na Figura A22b fôssemos traçar uma reta ajus tada à curva de 1890 a 1929 e outra reta ajustada à curva de 1950 a 2011 os dois períodos estão separa dos na Figura A22b as duas retas teriam aproxi madamente a mesma inclinação Isso nos diz que a taxa média de crescimento foi aproximadamente a mesma durante os dois períodos A queda no produto de 1929 a 1933 está muito visível na Figura A22b Em contraste a crise atual parece pequena em relação à Grande Depressão O mesmo ocorre com a forte recuperação do produto que se seguiu Na década de 1950 o produto parece ter vol tado à sua antiga reta de tendência Isso sugere que a Grande Depressão não esteve associada a um nível de produto permanentemente menor Observe em ambos os casos que não poderíamos ter derivado essas conclusões examinando a Figura A22a mas podemos deriválas examinando a Figura A22b Isso mostra a utilidade de usar uma escala logarítmica Palavraschave inclinação 578 intercepto 577 relação linear 577 Figura A22 a PIB dos Estados Unidos desde 1890 utilizando uma escala linear b PIB dos Estados Unidos desde 1890 utilizando uma escala logarítmica PIB bilhões de dólares de 2005 PIB bilhões de dólares de 2005 1880 1900 1920 1940 1960 1980 2000 1880 1900 1920 1940 1960 1980 2000 2000 0 250 500 1000 2000 4000 8000 16000 4000 6000 8000 10000 12000 14000 Escala logarítmica Escala linear a b Fonte 18901928 Historical Statistics of the United States Tabela F15 ajustada para o nível para ser consistente com a série pós1929 19292011 BEA bilhões de dólares encadeados de 2005 Disponível em httpwwwbeagovnationalindexhtmgdp Acesso em 27 set 2017 BookBlanchard 1indb 579 241017 1718 Apêndice 3 Introdução à econometria Como sabemos que o consumo depende da renda disponível Como sabemos o valor da propensão a consumir Para responder a essas perguntas e de modo mais geral estimar as relações comportamentais e encontrar os valores dos parâmetros relevantes os economistas usam a econometria conjunto de técnicas estatísticas concebidas para aplicação em economia A econometria pode se tornar bastante técnica mas neste apêndice vamos esboçar seus princípios básicos Faremos isso usando como exemplo a função de consumo apresen tada no Capítulo 3 e nos concentraremos em estimar c1 a propensão a consumir a partir da renda disponível Variações no consumo e variações na renda disponível A propensão a consumir nos diz quanto o consumo varia para uma dada variação na renda disponível O primeiro passo natural é simplesmente traçar um gráfico das variações no consumo versus as variações na renda disponível e observar com que se parece a relação entre ambas Podese ver isso na Figura A31 O eixo vertical na Figura A31 mede a variação anual no consumo menos a variação média anual no consumo para cada ano de 1970 a 2014 Mais precisamente seja Ct o consumo do ano t Seja Ct a representação de Ct Ct 1 a variação no consumo do ano t 1 para o ano t Seja C a variação média anual no consumo desde 1970 A variável medida no eixo vertical é obtida por Ct C Um valor positivo da variável representa um aumento no consumo acima da média enquanto um valor negativo representa um aumento no consumo abaixo da média De modo semelhante o eixo horizontal mede a varia ção anual na renda disponível menos a variação média anual na renda disponível desde 1970 YDt YD Cada quadrado no gráfico mostra os desvios da varia ção no consumo e da renda disponível em relação às respectivas médias para um dado ano entre 1970 e 2014 Por exemplo em 2014 a variação no consumo foi maior que a média em US 107 bilhões e a variação na renda disponível foi maior que a média em US 123 bilhões Para nossos objetivos não é importante saber a que ano se refere cada quadrado apenas com o que se parece o conjunto de pontos no diagrama Portanto com exceção de 2014 não indicamos os anos na Figura A31 A Figura A31 sugere duas conclusões principais A primeira de que há uma clara relação positiva entre as variações no consumo e as variações na renda dis ponível A maioria dos pontos situase nos quadrantes superior direito e inferior esquerdo da figura Quando a renda disponível aumenta mais que a média o con sumo normalmente também aumenta mais que a média E quando a renda disponível aumenta menos que a média assim também o faz o consumo A segunda de que a relação entre as duas variáveis é boa mas não perfeita Em particular alguns pon tos situamse no quadrante superior esquerdo estes correspondem aos anos em que variações na renda disponível abaixo da média estiveram associadas a variações no consumo acima da média A econometria nos permite expressar essas duas con clusões de modo mais preciso e obter uma estimativa da Figura A31 Variações no consumo versus variações na renda disponível 19702011 Há uma clara relação positiva entre as variações no consumo e as variações na renda disponível 400 300 200 100 0 100 200 300 400 300 200 100 0 100 200 300 Variação no consumo em bilhões de dólares de 2009 Variação na renda disponível em bilhões de dólares de 2009 2014 Fonte Series PCECCA DSPIC96 Federal Reserve Economic Data FRED Disponível em httpresearchstlouisfedorg fred2 Acesso em 27 set 2017 BookBlanchard 1indb 580 241017 1718 Apêndices 581 propensão a consumir Usando um software econométrico podemos encontrar a reta que se ajusta melhor à nuvem de pontos da Figura A31 Esse processo de ajuste da reta é chamado mínimos quadrados ordinários MQO1 A equação estimada correspondente à reta é chamada de regressão e a reta em si é chamada de reta de regressão Em nosso caso a equação estimada é dada por 1Ct C2 0661YDt YD2 residual RQ 2 051 A31 A reta de regressão correspondente a essa equação estimada é mostrada na Figura A32 A Equação A31 apresenta dois números importantes os pacotes econo métricos oferecem mais informações que as apresentadas anteriormente uma listagem típica com explicações adicionais é dada no quadro Foco Guia para entender resultados econométricos O primeiro número importante é a propensão a con sumir estimada A equação nos diz que um aumento na renda disponível de US 1 bilhão acima do nor mal normalmente está associado a um aumento no consumo de US 066 bilhão acima do normal Em outras palavras a propensão a consumir estimada é de 066 É positiva porém menor que 1 O segundo número importante é R2 que é uma medida da precisão do ajuste da reta de regressão após estimar o efeito da renda disponível sobre o consumo podemos decompor a variação do consumo de cada ano na parcela que é devida à variação da renda disponível o primeiro termo da direita na Equação A31 e no resto que é chamado de resí duo Por exemplo o resíduo para 2014 é indicado na Figura A32 pela distância vertical entre o ponto que representa 2014 e a reta de regressão Se todos os pontos na Figura A32 estivessem exata mente sobre a reta estimada todos os resíduos seriam iguais a zero todas as variações no consumo seriam expli cadas por variações na renda disponível Contudo como se pode ver não é esse o caso R2 é a estatística que nos dá uma medida da precisão do ajuste da reta R2 está sempre entre 0 e 1 Um valor igual a 1 implicaria que a relação entre as duas variáveis é perfeita que todos os pontos estão exatamente sobre a reta de regressão Um valor igual a zero implicaria que o computador não enxerga nenhuma relação entre as duas variáveis O valor de R2 de 051 na Equação A31 é alto mas não muito Ele confirma a mensagem da Figura A32 variações na renda disponível claramente afetam o consumo mas ainda assim há uma boa parte da variação no consumo que não pode ser explicada pelas variações na renda disponível Correlação versus causalidade O que determinamos até aqui é que consumo e renda disponível normalmente caminham juntos Mais for malmente vimos que há uma correlação positiva entre 1 O termo mínimos quadrados vem do fato de que a reta tem a propriedade de minimizar a soma dos quadrados das distâncias dos pontos à reta portanto nos oferece os mínimos quadrados A palavra ordinários significa que este é o método mais simples utilizado na econometria Figura A32 Variações no consumo e variações na renda disponível a reta de regressão A reta de regressão é a que melhor se ajusta à dispersão dos pontos 400 300 200 100 0 100 200 300 400 300 200 100 0 100 200 300 Variação no consumo em bilhões de dólares de 2009 Variação na renda disponível em bilhões de dólares de 2009 2014 BookBlanchard 1indb 581 241017 1718 Apêndices 583 do consumo sobre a renda disponível Na realidade o modelo que desenvolvemos no Capítulo 3 nos diz que se por qualquer razão os consumidores decidirem gastar mais então o produto a renda e por sua vez a renda disponível aumentarão Se parte da relação entre con sumo e renda disponível se origina do efeito do consumo sobre a renda disponível então não é correto interpretar a Equação A31 como indicativa do efeito da renda dis ponível sobre o consumo Um exemplo vem a calhar aqui Suponhamos que o consumo não dependa da renda disponível de modo que o verdadeiro valor de c1 seja zero Isto não é muito realista mas deixará a questão mais clara Assim repre sentemos a função de consumo como uma reta horizontal uma reta com inclinação zero na Figura A33 A seguir vamos assumir que a renda disponível seja igual a YD de modo que a combinação inicial de consumo e renda disponível seja dada pelo ponto A Suponhamos agora que em virtude de um aumento de confiança os consumidores aumentem seu consumo deslocando a reta de consumo para cima Se a demanda afetar o produto então a renda e por sua vez a renda disponível aumentarão de modo que a nova combinação de consumo e renda disponível será dada digamos pelo ponto B Se em vez disso os consumidores se tornarem mais pessimistas a reta de consumo se deslocará para baixo bem como o produto levando a uma combinação de consumo e renda disponível dada pelo ponto D Se examinarmos a economia descrita nos dois pará grafos anteriores observamos os pontos A B e D Se como fizemos antes desenharmos a reta que melhor se ajusta a esses pontos estimaremos uma reta posi tivamente inclinada como CC e assim estimaremos um valor positivo para a propensão a consumir c1 Lembramos entretanto que o verdadeiro valor de c1 é zero Então por que obtivemos uma resposta errada um valor positivo para c1 se o seu verdadeiro valor é zero Porque interpretamos a relação positiva entre renda disponível e consumo como indicativa do efeito da renda disponível sobre o consumo quando na verdade a relação reflete o efeito do consumo sobre a renda disponível Há aqui uma importante lição a diferença entre cor relação e causalidade O fato de que duas variáveis se movem juntas não implica que variações na primeira variável causem variações na segunda Talvez a causali dade ocorra no sentido oposto movimentos na segunda variável causem movimentos na primeira Ou então como é provavelmente o caso aqui talvez a causali dade ocorra nos dois sentidos a renda disponível afeta o consumo e o consumo afeta a renda disponível Existe uma saída para o problema correlação versus causalidade Se estivermos interessados e estamos no efeito da renda disponível sobre o consumo pode remos ainda aprender sobre ele com base nos dados A resposta sim mas somente utilizando mais informações Figura A33 Regressão enganosa A relação entre renda disponível e consumo decorre do efeito do consumo sobre a renda e não do efeito da renda sobre o consumo Consumo C Renda disponível YD YD D A B c1 verdadeiro 5 00 CC Função consumo estimada BookBlanchard 1indb 583 241017 1718 584 Macroeconomia Vamos supor que sabemos que uma variação especí fica da renda disponível não foi causada por uma variação no consumo Então examinando a reação do consumo a esta variação na renda disponível poderíamos aprender como o consumo reage à renda disponível poderíamos estimar a propensão a consumir Essa resposta pareceria simplesmente supor a ausência do problema Como podemos afirmar que uma variação na renda disponível não se deve a uma variação no consumo Na realidade às vezes podemos Suponhamos por exemplo que o governo aumente significativamente os gastos com defesa levando a um aumento na demanda e por sua vez a um aumento no produto Nesse caso se observarmos aumentos tanto na renda disponível quanto no consumo poderemos supor com segurança que a variação no consumo reflete o efeito da renda disponível sobre o consumo e portanto estimar a propensão a consumir Esse exemplo sugere uma estratégia geral Encontre variáveis exógenas isto é variáveis que afetam a renda disponível mas que não são por sua vez afetadas por ela Examine a variação no consumo em resposta não a todas as variações na renda disponível como fizemos em nossa regressão anterior mas em resposta às variações na renda disponível que podem ser explicadas por variações nessas variá veis exógenas Com essa estratégia podemos estar confiantes de que o que estamos estimando é o efeito da renda disponível sobre o consumo e não o inverso O problema de encontrar essas variáveis exógenas é conhecido na econometria como problema de iden tificação Essas variáveis exógenas quando podem ser encontradas são chamadas de instrumentos Métodos de estimação baseados no uso de tais instrumentos são chamados métodos de variáveis instrumentais Se a Equação A31 for estimada usandose um método de variáveis instrumentais as variações nos gastos do governo com defesas atuais e passadas como os instrumen tos em vez dos mínimos quadrados ordinários como fizemos anteriormente a equação estimada será 1Ct C2 0581YD t YD2 Notese que o coeficiente da renda disponível 058 é menor que o coeficiente de 066 da Equação A31 Essa redução na propensão a consumir estimada é exa tamente o que esperaríamos Nossa estimativa anterior na Equação A31 refletiu não apenas o efeito da renda disponível sobre o consumo mas também o efeito do consumo de volta sobre a renda disponível O uso de instrumentos elimina esse segundo efeito motivo pelo qual encontramos um efeito estimado menor da renda disponível sobre o consumo Esta breve introdução à econometria não substitui um curso de econometria mas proporciona uma ideia de como os economistas utilizam os dados para estimar relações e parâmetros e para identificar relações causais entre variáveis econômicas Palavraschave causalidade 582 correlação 581 estatística t 582 graus de liberdade 582 instrumentos 584 métodos de variáveis instrumentais 584 mínimos quadrados ordinários MQO 581 observações válidas 582 problema de identificação 584 regressão 581 resíduo R2 581 reta de regressão 581 variáveis independentes 582 variável dependente 582 BookBlanchard 1indb 584 241017 1718 Índice A A Monetary History of the United States Friedman e Schwartz 555 A teoria geral do emprego dos juros e da moeda Keynes 63 95 552 Abertura dos mercados de bens 386 386394 dos mercados de fatores 386 dos mercados financeiros 386 394403 Acemoglu Daron 277 563 Ações 74 324 325 Acordo Norteamericano de Livre Comércio NAFTA 386 Acordos de extensão 181 Acumulação de capital 231 236 238239 243 249250 vs progresso tecnológico 279280 Adiamento 376 Admissões 149 Afrouxamento de crédito 542 Ver também Afrouxamento quantitativo Afrouxamento quantitativo 542 Afrouxamento quantitativo 1 QE1 542 Afrouxamento quantitativo 2 QE2 542543 Afrouxamento quantitativo 3 QE3 543 Agências de classificação de risco 135 Aghion Philippe 304 562563 Ajuda temporária 183 Ajuste Veja também Dinâmica de ajuste produto de equilíbrio 6061 63 6667 Akerlof George 561562 Alavancagem 134135 empréstimos e 127129 escolha da 126 Alemanha crise cambial do SME 463464 spread 519 taxa de desemprego 182 figura unificação 449 Ancorado 199 Aperto monetário 104 Apreciação moeda nacional 389 real 392 Apreciação real 392 Aproximações 575577 Arbitragem preços dos títulos e 319321 vs valor presente 320 Área do euro 10 mapa de 11 Área monetária comum 11 468470 Área monetária ótima 468 Argentina comitê cambial 472473 moeda dos Estados Unidos detentores de 76 Armadilha da liquidez 8588 Armadilha de deflação 200 Armadilha malthusiana 226 Artigos de notícias mercado de ações e 331 Aterrissagem suave 323 Atividade econômica hiperinflação 522 mercado de ações e 328 Ativos domésticos vs estrangeiros 399400 financeiros 7273 Ativos domésticos 399403 Ativos estrangeiros 399403 Ativos tóxicos 135 Atrelamento da moeda 446447 rígido 471472 taxa de câmbio 446447 Atrelamento rígido 471472 Aumann Robert 488 Austeridade fiscal 524 Austrália 512513 Áustria taxa de desemprego em 182 figura Aversão ao risco 124 B Balança comercial 51 571 depreciação produção e 419424 poupança investimento e 426428 produto de equilíbrio e 412413 Balancete 79 Banco Central 79 Balanço de pagamentos 396398 Banco Central conquistando credibilidade 489491 equilíbrio atingindo 8485 moeda 7981 Banco Central Europeu BCE 10 470 Banco Central Independente 490 Bancos o que eles fazem 8283 crise financeira mundial 36 132139 Bandas 446447 Barro Robert 557 Base monetária 84 Basileia II 547 Basileia III 547 Bélgica 182 449 Bens comercializáveis 387 demanda doméstica 409 demanda por 5255 domésticos vs estrangeiros 388389 finais 22 intermediários 22 Bens comercializáveis 387 Bens domésticos 388389 demanda por 414415 vs bens estrangeiros 388389 Bens duráveis 570 Bens estrangeiros 386388 Bens finais 22 Bens intermediários 22 Bens não duráveis 570 Bernanke Ben 483 562 Blinder Alan 490 491 540 Bloom Nick 274 Bolha especulativa 333335 Bolhas especulativas racionais 333335 Bônus do Tesouro 319 Botswana 228 Bureau of Labor Statistics BLS 32 Bush George W 108 C Câmbio 393394 Canadá 512513 Capital consumo de fixo 569 custo de aluguel de 353 estado estacionário 242 físico vs humano 255257 nível de regra de ouro de 254 por trabalhador 230 produto e 236239 265269 rendimentos decrescentes para 230 Capital em estado estacionário 242 Capital físico 255257 ampliando a função de produção 255256 crescimento endógeno 257 produto e 255257 Capital humano 255 ampliação da função de produção 255256 crescimento endógeno 257 produto e 255256 Causalidade 581583 Cavallo Domingo 472473 Cesta de consumo 32 China 1416 crescimento e inflação desde 1990 15 tabela mecanismos de crescimento 278 progresso tecnológico vs crescimento 280282 Choi Don 540 Choques 209210 mercado de trabalho 180 Choques e políticas financeiras 131132 Churchill Winston 460 Ciclo político de negócios 493 Ciclos de negócios 209 políticos 493 Classificações de títulos 318319 Cobb Charles 251 Coeficiente de endividamento 511512 Coeficiente de Okun 196 Coincidência divina 534 Combinação de políticas 483 ClintonGreenspan 111 monetárias e fiscais 105111 Combinação de políticas ClintonGreenspan 111 Combinação de políticas monetárias e fiscais 105111 Comitês cambiais 471473 Composição 224 Compras do governo 571572 Compressão de importações 424 Computadores preços de 2627 Comunismo 14 15 Condição da paridade de juros 400 435439 Condição de equilíbrio 56 Condição de MarshallLerner 420 432 Congressional Budget Office CBO 525 526 Conjuntos de dados em painel 342343 Consistência temporal e restrições aos formuladores de política econômica 492 Consolidação fiscal 102103 202203 política monetária e produto 368371 relação IS e 364368 Consols 315 Consumidores previsões 341346 Consumo 3133 50 5254 341348 componente do PIB 50 decisões de investimento e 364368 554 dependente da renda corrente 343344 despesas de consumo pessoal 570 determinantes de 409410 do capital fixo 569 expectativas e 343344 347348 expectativas racionais 558 mudanças em 581583 nos Estados Unidos durante a Segunda Guerra Mundial 517 parâmetros que caracterizam a relação entre rendimento disponível e 53 por pessoa 220221 problema do estudante universitário 343344 taxa de poupança e 246248 volatilidade 357359 Conta capital 397398 Contas de renda e produto nacional contas de renda nacional 22 555 568573 Contas nacionais Veja Contas de renda e produto nacional Contração fiscal 102 Contração monetária 104 Z05BLAN058107SEIDXDEFIindd 595 081117 1633 596 Macroeconomia nos Estados Unidos 444446 Contrato com os Estados Unidos da América 483 484 figura Controles de capital 386 547 Convergência do produto por pessoa 224226 Coordenação das políticas 419 Coordenação das políticas macroeconômicas 419 Coreia do Norte instituições em 278 Coreia do Sul instituições em 277 Correlação 581583 Corridas bancárias 83 128129 Corte de cabelo 521 Cotas 385 Credibilidade conquista de 489492 de programa de redução do déficit 375 Crescimento 217 228233 acumulação de capital vs progresso tecnológico 279280 através de milênios 226 em países ricos desde 1950 221226 endógenos modelos de 257 entre países ricos 221226 279280 equilibrado 268 felicidade e 222223 fontes de 231233 função de produção agregada 228229 importância das instituições para 275279 moeda 532534 países da OCDE 226228 pósSegunda Guerra Mundial na França 243 produtividade 910 produto por trabalhador e capital por traba lhador 230 retornos de escala e rendimentos de fatores 229230 Crescimento da produtividade baixo 910 Crescimento do produto 6 Crescimento endógeno 257 Crescimento equilibrado 268 Crescimento monetário 532534 Crescimento stalinista 244 Crise econômica 36 do problema imobiliário à crise financeira 132139 economia novoclássica e teoria dos modelos dos ciclos de negócios reais 560 lições de 564565 nova teoria do crescimento 562563 novokeynesiana 561562 síntese das teorias 563564 Crítica de Lucas 557 CRPN Veja Conta de renda e produto nacional Cupons título com 318 Current Population Survey CPS 28 149 150 299 342 Curto prazo 36 Curva de Phillips 3536 170 173177 192194 193 555556 crítica de Friedman 177 deflação e 185186 expectativas racionais e 557558 inflação e 3536 182185 mutações 173177 taxa natural de desemprego e 177179 tradeoff aparente e seu desaparecimento 173177 Curva de Phillips aceleracionista 176 Curva de Phillips aumentada pelas expectativas 176 Curva de Phillips modificada 176 Curva de rendimento 317 interpretação 323 limite inferior zero decolagem e 324 Curva IS derivação 98 deslocamentos de 98100 expectativas e 368371 feito do aumento de impostos 102104 Curva J 424426 Curva LM derivação 101102 deslocamentos de 100 efeito do aumento de impostos 102104 Custo de menu 561 Custo de uso 353 Custo de vida 31 Custo do aluguel 353 Custo sombra 353 Custos de sola de sapato 537 D Debaixo dágua 133 Decisões expectativas e 364368 investimento 350 Decisões de investimento 350 Decisões salariais difusão temporal das 559 Decreto NorteAmericano de Recuperação e Reinvestimento 138139 Déficits Veja também Déficit orçamentário aritmética de 506507 ciclicamente ajustado 515516 comércio 415 425426 conta de capital 397 guerras e 516518 medição de 507508 nos Estados Unidos durante a Segunda Guerra Mundial 517 Pacto de Estabilidade e Crescimento europeu 483 496498 Déficit ajustado pela inflação 506 Déficit ciclicamente ajustado 515516 Déficit com emprego padronizado 515 Déficit comercial 51 415 Déficit da conta de capital 397 Déficit da metade do ciclo 515 Déficit de pleno emprego 515 Déficit em transação corrente 397 Déficit estrutural 515 Déficit orçamentário 64 Veja também Déficits na Irlanda 372374 nos Estados Unidos 524525 Déficit primário 508 Deflação 31 33 limite inferior zero e 123 na Grande Depressão 201 relação da curva de Phillips e 185186 Deflator do Produto Interno Bruto PIB 31 Delors Jacques 469 Demanda 49 Veja também Demanda agregada doméstica aumentos em 414415 estrangeira aumentos em 415417 Demanda agregada 552 Demanda de bens domésticos 409 Demanda de dinheiro Veja Demanda por moeda Demanda doméstica aumentos de 409 414415 Demanda efetiva 552 Demanda estrangeira aumentos 415417 Demanda por bens 5255 Demanda por moeda 7276 8285 554 crescimento e inflação M1 533 figura derivação 7476 taxa de juros e 7681 Demanda por moeda bancária 82 Demanda por moeda do Banco Central 8384 Demanda por reservas 8384 Demissões 149 custos de 180181 Depósitos à vista 73 82 128129 Depósitos demanda 128129 Depreciação balança comercial produto e 419424 estoque de capital 349 moeda nacional 389 real 392 420421 Depreciação real 392 Depressão Veja Grande Depressão Desemprego 27 destruição de empregos transformação e perdas de remuneração 297298 duração média do 150 felicidade e 30 inflação e 191 488489 movimentos em 151154 na Europa 1213 180181 produto e 287290 salários preços e 157 salários reais de equilíbrio e 161162 seguro 158 tecnológico 291 visão dos economistas 2931 Desemprego tecnológico 291 Desgaste guerras por 495 Designação fora da força de trabalho 28 Desigualdade Veja também Desigualdade salarial e o 1 superior 302304 tecnologia educação e 301302 Desigualdade salarial aumento em 299301 e o 1 superior 302304 Desligamentos 149 Destruição criativa 296 563 Destruição de empregos 297298 Desvalorização 389 argumento a favor e contra 459461 Determinação de preço função de produção 159 Determinação salarial 154159 desemprego e preços 157158 negociação 155 nível de preços esperado 157158 salárioseficiência 156 segurodesemprego 158 taxa de desemprego 158 Diamond Doug 564 Diamond Peter 562 Difusão temporal das decisões sobre salários e pre ços 559 Diminuição do emprego em relação ao produto 113 Dinamarca taxa de desemprego em 182 figura Dinâmica do ajuste 61 Direitos de propriedade proteção de 275279 Discrepância estatística 397 Dispositivo disciplinar desemprego como 162 Distorções tributárias 518 537538 Dívida aritmética de 506507 pagamento 509511 riscos de alta 518525 Dividendos 325 Dolarização 471472 Dominância fiscal 521 Dornbusch Rudiger 559 Douglas Paul 251 Dybvig Philip 564 E Easterlin Richard 222 Econometria 60 580584 Economia aberta efeitos da política monetária 441 modelo ISLM em 442 figura política fiscal em 441446 relação IS em 408412 Economia de mercado 16 Economia do desenvolvimento 228 Economic Outlook da OCDE 20 Economic Report of the President 19 Educação salários relativos por 298 tecnologia desigualdade e 301302 Eficiência salarial 156 562 Henry Ford e 156 El Salvador 76 Eleitores formuladores de políticas e 492494 Emendas orçamento equilibrado 483 Employment Outlook da OCDE 20 Empregados remuneração de 569 Emprego 27 Emprestador em última instância 544 Empréstimo e alavancagem 127129 Empréstimos 83 Empréstimos hipotecários 133 Z05BLAN058107SEIDXDEFIindd 596 081117 1633 Índice 597 EMS Veja Sistema Monetário Europeu Envolvimento do setor privado 521 Equação comportamental 52 Equador 76 Equilíbrio em mercados financeiros 101 435439 mercado de fundos federais e taxa dos fundos federais 85 no curto e médio prazos 458459 no mercado de bens 55 433435 Equilíbrio de curto prazo 197 209 Equilíbrio de médio prazo 197 209 dinâmica e 197202 Equilíbrio geral estocástico dinâmico 564 Equipamento e software 570 Equivalência Ricardiana 514515 Escalas logarítmicas 217 578579 Espanha crise do SME 463 spreads de títulos 519 taxa de desemprego 12 figura 182 figura Espirais de dívida e limite inferior zero 199202 Espiral de deflação 200 Estabilização da dívida 510511 Estabilizador automático 516 Estado estacionário da economia 242 função de produção CobbDouglas e 251 Estados Unidos 610 ajuste do PIB ao PNB 568569 aumento dos preços da habitação 334335 composição por países das exportações e impor tações em 2014 394 tabela consumo durante a Segunda Guerra Mundial 517 contração monetária e expansão fiscal 444446 crescimento desemprego e inflação 19902015 7 tabela déficit orçamentário 524525 desemprego 29 direitos de propriedade em 276 emprego desemprego e para fora da força de trabalho 19962014 149 figura estatísticas econômicas 19 inflação em 171 figura 173174 orçamento equilibrado 483 Previdência Social 249250 produto por pessoa desde 1950 222 tabela produto por trabalhador e progresso tecnológico 280 tabela razões exportaçõesPIB desde 1960 387 figura recessão de 2001 107109 redução do déficit em 494495 taxa de desemprego 19482014 152 figura taxa de poupança 236 taxa natural de desemprego 183 taxas de juros nominais e reais 122123 403 figura US Department of Commerce 19 Estagflação 207 556 Estatística econômica 19 Estoques 51 55 60 de negócios mudanças 571 Estrutura a termo das taxas de juros 317 Estruturas 570 Euro 1014 benefícios de 1314 conversão para 448449 história de 469470 Pacto de Estabilidade e Crescimento 483 496498 Europa crescimento ao longo de dois milênios 226 desemprego 1213 180182 negociação coletiva 155 spreads de títulos 519 Europa Central 16 Expansão do produto 372374 Expansão fiscal 103 nos Estados Unidos 444446 Expansão monetária 104 mercado de ações e 329 resposta do produto para 485 figura Expansões 26 Expectativas 347348 decisões e 364368 estáticas 350 362363 371 papel de 199 política e 487492 política monetária produto e 368371 redução do déficit produção e 372378 sobre o futuro papel de 374378 Expectativas adaptativas 371 Expectativas estáticas 353 362363 371 Expectativas inflacionárias 199 Expectativas racionais 370 371 crítica de 556560 curva de Phillips e 557558 integração de 558560 Exportações 51 386388 571 da China 14 determinantes de 410 superiores ao PIB 388 Exportações líquidas 49 571 F Facilidades de liquidez 138 Fator de desconto 312 Fator de mercado abertura em 386 Federal Reserve Bank Fed 72 Veja também Banco Central Federal Reserve Bank of St Louis 19 Federal Reserve Board Veja também Banco Central incerteza 486 moeda 76 moeda em circulação 76 reação negativa a 491 Federal Reserve Economic Database FRED 19 Feldstein Martin 250 Ferramentas macroprudenciais 544547 565 Finanças 521524 Finanças de capital próprio 325 Finanças diretas 125 Financiamento por dívida 324 Finlândia taxa de desemprego 182 figura Fischer Stanley 559 Fleming Marcus 433 444 Flutuação 461 Flutuações do produto 209 Fluxo 74 Fluxo de caixa vs rentabilidade 355 Fluxos de capital próprio 435437 Fluxos líquidos de capital 397 Fora da força de trabalho 148 Força das taxas compostas 224 Força de trabalho 148 taxa de desemprego e 2730 Ford Henry 156 Formuladores de políticas macroeconômicas base de conhecimentos 484485 incerteza e 486487 jogos que eles jogam 492494 494495 restrições em 486487 492 França acumulação de capital e crescimento após Segunda Guerra Mundial 243 produto por pessoa desde 1950 222 tabela produto por trabalhador e progresso tecnológico 280 tabela taxa de desemprego 182 figura unificação alemã taxas de juros e EMS 449 Friedman Milton 177 341 487 554556 Fronteira tecnológica 275 Função consumo 52 6263 Função de produção 159 agregada 228229 CobbDouglas 251 determinação de preços 159 estendendo a 255256 progresso tecnológico e 263265 Função de produção agregada 228229 Função de produção CobbDouglas 251 Funções 577578 Fundo fiduciário 250 Fundo Monetário Internacional FMI 20 Fundos do mercado monetário 7274 G G20 417418 Gali Jordi 563 564 Garantia 138 Títulos de dívida colateralizada CDOs 135 Garber Peter 333 Gasto autônomo 56 59 figura Gasto privado 366 Gasto privado agregado 366 Gastos autônomos 56 privados agregados 366 Gastos com consumo 329330 Gastos do governo 51 55 como razão ao PIB 108109 figura determinantes de 409410 diminuição de 372374 efeitos de aumento em 441442 escolha do nível de produto e 65 mais impostos política fiscal descrita por 55 nas contas de renda nacionais 572573 Gastos pessoais de consumo 570 Gertler Mark 562 Gestão inovação e imitação 275 Getty J Paul 74 Global Financial Stability Report GFSR 20 Goffe Bill 20 Goldin Claudia 301 Governo papel na escolha do produto 6566 GrãBretanha Veja também Reino Unido retorno ao padrãoouro 460 Gráfico equilíbrio 5760 Veja também Equilíbrio Grande Depressão 564565 deflação em 201 Keynes e 552 taxa de emprego natural e 185186 temores de 6263 visão dos monetaristas 555 Grande Moderação 530 Grécia razão dívidaPIB 504 taxa de desemprego 182 figura Greenspan Alan 107 111 Griliches Zvi 272 Guerras e déficits 516518 Guiné Equatorial 228 H Hall Robert 559 Hansen Alvin 89 554 Harsanyi John 488 Hiato do produto 194 Hicks John 89 554 Hiperinflaçãoões 522 financiamento monetário e 523524 Hipotecas subprime 132134 Hipótese das expectativas 320 Historical Statistics of the United States Colonial Times to 1970 20 Holanda 181182 Holanda bolha das tulipas 333 Holmström Bengt 564 564565 Hong Kong 545546 Howitt Peter 563 I Identidade 52 Iliquidez 127129 Ilusão monetária 538 Importações 51 386388 571 determinantes de 410 Impostos 54 controle governamental do produto 6566 Z05BLAN058107SEIDXDEFIindd 597 081117 1633 598 Macroeconomia correntes vs futuros 508511 efeito sobre curva IS 99100 102104 indiretos 569 nas contas de renda nacional 572573 Impostos indiretos 569 Inadimplência 521 Incapacidade trabalhadores 183 Incerteza multiplicativa 486 Inconsistência temporal 489 558 Indexação salarial 184 Índia 16 Índice de Preços no Consumidor IPC 3132 Índice Nikkei 332 Índices de ações 325 Índices de preços 3132 Índices encadeados 4445 Inflação 33 Veja também Deflação hiperinflaçãoões benefícios de 540541 China 14 15 tabela contabilidade 507508 crescimento de moeda e 532534 curva de Phillips e 3536 182185 custos de 536539 desemprego e 7 tabela 173177 191 488489 esperada 119123 171173 Lei de Okun 34 mudança de categoria 33 nos Estados Unidos 7 tabela 171 figura 173174 produto de médio prazo e 197 199 União Europeia 10 quadro 11 visão dos economistas sobre 33 Inflação pura 33 Início da recessão de 2000 Veja Recessão de 2001 Insolvência 127 Instinto animal 371 Instituições progresso tecnológico e crescimento 275279 Instrumentos 584 Interações estratégicas 488 Intermediários financeiros 82 papéis de 125129 134136 Intervalo de confiança 112 Investimento 5051 5455 74 349357 554 acumulação de capital e 238239 China 14 16 decisões de consumo e 357359 364365 dependente das vendas 96 determinantes de 409410 igualando a poupança 64 lucro atual vs esperado 353355 lucro e vendas 356357 mercado de ações e 351352 mercado de bens 96 nominal 7476 nos Estados Unidos durante a Segunda Guerra Mundial 517 poupança balança comercial e 426428 poupança e saldo em conta corrente 426428 redução do déficit e 110 taxas de juros e 96 volatilidade 357359 Investimento direto estrangeiro 547 Investimento em estoque 51 96 Investimento financeiro 50 74 Investimento fixo 50 Investimento fixo bruto interno privado 570 Investimento não residencial 50 570 Investimento residencial 50 571 Irlanda desemprego 181182 redução do déficit em 372374 taxa de desemprego 182 figura Israel 472 Itália spreads de títulos 519 taxa de desemprego 182 figura J Japão negociação coletiva 155 produto por pessoa desde 1950 222 tabela produto por trabalhador e progresso tecnológico 280 tabela Jogadores 488 Jorgenson Dale 554 Juros líquidos 569 K Katz Larry F 301 Keynes John Maynard 63 65 95 460 552 555 Keynesianos 555 novos 561562 Klein Lawrence 554 555 Krugman Paul 244 Kuwait PIB vs PNB 398399 Kuznets Simon 21 Kydland Finn 488 558 L Lado do produto contas nacionais 570572 Lamont Owen 355 Lehman Brothers 4 6263 Lei de Cumprimento do Orçamento de 1990 498 Lei de Okun 34 através do tempo e de países 195196 Lerner Abba 420 Leste europeu 210 Letras do Tesouro Tbills 80 318 Limite inferior zero 85 324 deflação e 123 espirais de dívida e 199202 taxas de juros e 89 123 Liquidez 127129 Longo prazo 37 Lucas Robert 257 371 557 562 Lucro corporativo 569 corrente vs esperado 353355 investimento e expectativas de 349 valor presente esperado dos lucros sob expecta tivas estáticas 362363 vendas e 356357 Lucro corrente vs lucro esperado 353355 Lucros das empresas 569 Luxemburgo 182 M M1 533 Macroeconomia desenvolvimentos até à crise de 2009 560564 nova teoria do crescimento 562563 Maddison Angus 20 Malthus Robert 226 Mania das tulipas 333 Mankiw N Gregory 562 Mao Tsetung 278 Margem 160 Marshall Alfred 420 Mate a fera de fome 494 Mavrody Sergei 333 Mecanismos de propagação 210 choques e 209210 Médio prazo 37 taxas de câmbio flexíveis vs fixas 457461 Menem Carlos 472 Mercado de ações atividade econômica e 328 aumento dos gastos com consumo e 329330 expansão monetária e 329 funcionando bem 328 investimento e o 351 Mercado de bens abertura do 386 386394 bens nacionais vs estrangeiros 388389 equilíbrio em 5565 412413 433435 exportações e importações 386388 relação IS e 95100 408412 reunindo mercados financeiros e 439441 Mercado de fundos federais 85 Mercado de trabalho considerações gerais 147151 fixação de salários e preços 168169 instituições 13 Mercados financeiros abertura em 386 394403 ativos domésticos vs ativos estrangeiros 399400 balanço de pagamentos 396398 conta de capital 397 demanda por moeda 7276 determinação da taxa de juros 7688 equilíbrio em 85 435439 mercado e taxa de fundos federais 85 oferta e demanda por moeda dos bancos cen trais 8385 política monetária e operações de mercado aberto 7981 relação LM e 100105 reunir os mercados de bens e 439441 taxas de câmbio e taxas de juros 401403 títulos domésticos vs títulos estrangeiros 435439 transações correntes 396397 Meta de inflação 530 532534 da meta de moeda para 532536 Métodos de variáveis instrumentais 584 México depreciação do peso nos anos 1990 421 Milho híbrido 272273 Minidesvalorização 446447 Mínimos quadrados ordinários MQO 581 Mobilidade de capital 453455 Modelo ISLM 89 102104 554 dinâmica 111114 extensão 130132 para economia aberta 441 política e atividade monetária 104 política fiscal e taxa de juros 102104 Modelo ISLMPC 192194 Modelo MPS 554 Modelo MundellFleming 433 Modelos dos ciclos econômicos reais RBC 560 Modelos macroeconométricos 554555 Modigliani Franco 341 487 554 554 Modismos preços das ações 334 Moeda 72 áreas de moeda comum 468470 atrelamento 446447 doméstica apreciação e depreciação de 389 Estados Unidos detentores de 76 Moeda de alta potência 84 Moeda dos Estados Unidos detentores de 76 Moeda real 100101 Monetaristas 555556 Monetarização da dívida 524 Mortensen Dale 562 Mudança de categoria 33 538 Mudança estrutural 296 Multiplicadores em equações algébricas 57 fiscal 377 Multiplicadores fiscais 377 Mundell Robert 433 444 468 N Nash John 488 National Basketball Association NBA 495 National Bureau of Economic Research NBER 107 National Economic Trends 19 National Income and Product Accounts of the United States 19 Negociação sequestros e 488 Negociação coletiva 154 Nível das transações 73 Nível de capital da regra de ouro 247248 254 Nível de preço 31 esperado 157 relação de ajuste de preços 160161 291292 Notas do Tesouro 319 Nova teoria do crescimento 562563 Nova Zelândia 512513 Número índice 31 Z05BLAN058107SEIDXDEFIindd 598 081117 1633 Índice 599 O OCDE Veja Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico Oferta Veja Oferta de moeda Oferta de moeda 7779 8385 Okun Arthur 34 Operações de mercado aberto 79 política monetária e 7981 Operações de mercado aberto contracionistas 79 Operações de mercado aberto expansionista 79 Orçamento equilibrado 5657 483 Organização dos Países Exportadores de Petróleo OPEP 204 Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico OCDE 19 crescimento 226228 razão entre exportações e PIB 387 taxas de inflação em 536 537 tabela P Pacto de Estabilidade e Crescimento PEC 483 496498 Padrão de vida 217221 aumento desde 1950 221222 Padrãoouro retorno da GrãBretanha ao 460 Pagamento dívida 509511 Pagamentos saldo de 396398 taxas de juros constantes e 314315 Pagamentos de cupons 318 Pagamentos de renda de fatores para o resto do mundo 569 Países africanos crescimento econômico 17 produto por pessoa 227228 Países asiáticos produto por pessoa em 227 Países periféricos do euro desaparecimento de défi cits de conta em 423424 Panel Study of Income Dynamics PSID 342 Paradoxo da poupança 65 6667 Paradoxo de Easterlin 222 Paridade coberta de juros 400 Paridade descoberta de juros 400 Paridade do poder de compra PPC 14 219221 construção de 220221 Passeio aleatório 328 Passeio aleatório do consumo 559 Patentes 273 Perdas de remuneração 297298 Período de Bretton Woods 456 467 Perry Rick 483 Pesquisa biogenética 272274 Pesquisa e desenvolvimento PD 271 Phelps Edmund 163 178 555 Phillips A W 170 PIB de produto agregado 2225 determinantes do nível de 3637 PIB em dólares 24 25 PIB nominal 2425 31 PIB real 2425 31 cálculo 24 2627 construção de 4445 PIB real em dólares encadeados 2009 25 PIB real por pessoa 26 PIB Veja Produto Interno Bruto Piketty Thomas 303 Pirâmide MMM 333 Pissarides Christopher 562 Planejamento central 16 PNB Veja produto nacional bruto Poder de negociação 155 181 Política econômica expectativas e 487402 incerteza e 484487 papel da 556 política e 492499 teoria da 560 Política fiscal 55 138139 417419 504 combinada com taxa de câmbio 421423 efeitos na economia aberta 441446 equivalência Ricardiana 514515 restrição orçamentária do governo 506513 restrições 496 reunião do G20 417418 riscos de dívida alta 518525 sob taxas de câmbio fixas 446448 taxa de juros e 102104 vs política monetária 555 Política macroeconômica expectativas e 487492 política e 492499 Política monetária 368371 convencional 542 e estabilidade financeira 544547 efeitos de curto e médio prazo 209 efeitos na economia aberta 441442 expectativas produto e 368371 formulação de 532536 limites de 138 não convencional 138 542543 operações de mercado aberto e 7981 taxa de juros e 104 vs política fiscal 555 Política monetária convencional 542 Política monetária não convencional 138 542543 Política política macroeconômica e 492499 População civil disponível em idade ativa 147 População civil não institucional 147148 População prisional 183 Portugal 182 463464 Poupança 74 aposentadoria 346 investimento balança comercial e 426428 investimento igual 64 paradoxo de 65 6667 Previdência Social e 249250 privada 64 pública 64 Poupança de aposentadoria 346 Poupança privada 64 Poupança pública 64 PPP Veja Paridade do poder de compra Práticas de gestão e progresso tecnológico 274 Precificação hedônica 27 Preço exdividendo 326 Preço relativo 24 Preços Veja também preços específicos salários desemprego e 157 Preços da habitação 132134 Razões LTV máximas 545547 Preços das ações bolhas e modismos 332335 como valores presentes 325328 de 2007 a 2010 5 movimentos em 325330 Preços do petróleo mudanças em 204209 Preços e rendimentos dos títulos 80 316324 Preferência de liquidez 553 Prêmio de capital próprio 326 Prêmio de risco 124125 318 Prescott Edward 488 558 560 Previdência Social 249250 Problema de identificação 584 Processo de pesquisa 271 fertilidade de 271272 Processo de transformação 296297 Produção 31 32 49 Veja também Produto Produtividade produto desemprego e 287290 taxa natural de desemprego e 291296 Produtividade do trabalho 159 Produto 67 Veja também Produto agregado pro duto de equilíbrio capital de produto em estado estacionário e 236239 255257 265269 China 14 15 tabela choques financeiros e 131132 depreciação balança comercial e 419424 determinação 97100 dinâmica 61 111114 investimento e 238239 PIB e 22 política monetária expectativas e 368371 produtividade desemprego e 287290 redução do déficit e 372378 taxa de juros e 97100 taxa de poupança e 243248 251254 Produto de equilíbrio balança comercial e 412413 determinação de 5564 equações algébricas 56 no mercado de bens 55 433435 representações gráficas 5759 tempo para produto se ajustar 6061 66 Produto em estado estacionário 242 taxa de poupança e 251252 269270 Produto Interno Bruto PIB 568569 composição de 5051 contas de renda e produto nacional CRPN 568574 exportações que superam o 388 nível vs taxa de crescimento 26 nominal e real 2425 nos Estados Unidos 24 25 figura 26 figura 218 figura 579 figura para PNB 568569 precificação hedônica e 27 produção e renda 2223 razão dívidaPIB 510511 vs PNB no Kuwait 398399 Produto Nacional Bruto PNB 22 568569 Produto nacional líquido PNN 569 Produto por hora trabalhada 221 Produto por pessoa 217221 ao longo de milênios 226 convergência de 224226 em países da OCDE 226228 em países ricos 221 221226 entre países 226228 Produto por trabalhador 221 230 Produto potencial 194 Programa de Resgate de Ativos Problemáticos TARP 138 Progressão geométrica 60 314 575 Progresso tecnológico construindo uma medida de 285286 crescimento e 231 263 determinantes de 270275 enviesado para a qualificação 300 função de produção e 263265 instituições e 275279 modelos dos ciclos econômicos reais e 560 PIB real e variações de mercado 26 produto capital e 265269 taxa de poupança e 269270 transformação desigualdade e 296304 vs acumulação de capital 279280 Progresso tecnológico enviesado para qualificação 300 Propensão a poupar 65 Propensão marginal a consumir 53 Propensão para consumir 53 Proposição de RicardoBarro 514 Proteção ao emprego 159 180181 Provisão de liquidez 129 544 Q q de Tobin 351352 Queima de estoque 128 Quênia direitos de propriedade em 276 R Razão das reservas 84 Razão de alavancagem 126 Razão de capital 126 Razão LTV 545546 Recessão de 2001 107109 Recessões 26 membros do mercado do euro e 13 recessão de 2001 107109 Recursos da internet dados macroeconômicos 20 Redução do déficit 372378 494495 Z05BLAN058107SEIDXDEFIindd 599 081117 1633 600 Macroeconomia Reescalonamento da dívida 521 Reestruturação da dívida 521 Reforma da Previdência Social 249250 Regime flexível de metas de inflação 535 Regimes cambiais escolhendo entre 468473 Regra de PAYGO 499 Regra de taxa de juros 530 535536 Regra de Taylor 535 Regras fiscais da área do euro história 496498 Regressão 581 Reino Unido coeficiente de endividamento após Segunda Guerra Mundial 512513 desemprego 180182 padrãoouro 460 produto por pessoa desde 1950 222 tabela produto por trabalhador e progresso tecnológico 280 tabela taxa de desemprego 182 figura taxas de juros nominais e reais 403 figura Relação de fixação de salário 160 168169 291292 Relação de oferta agregada 557 Relação IS em economia aberta 408412 expectativas e 364368 mercado de bens e 64 95100 relações LM e 102104 sob taxas de câmbio fixas 458 478 Relação linear 53 Relação LM e mercados financeiros 100105 Relação trabalhooferta 168169 Remuneração dos empregados 569 Renda 49 consumo e renda corrente 347348 contas de renda e produto nacional 568572 determinantes de 409410 disponível 52 PIB como soma de 24 real 100101 riqueza moeda e 74 Renda de lucro 23 Renda disponível 52 mudanças em 581583 parâmetros que caracterizam a relação entre consumo e 53 Renda do capital 23 Renda do proprietário 569 Renda do trabalho 23 Renda nominal 7476 Renda pessoal 570 Renda pessoal de aluguel 569 Renda pessoal disponível 570 Renda real 100101 Rendimento até o vencimento 317 Rendimento corrente 318 Rendimento do trabalho decrescentes 230 Rendimento dos fatores 229230 Rendimentos do capital decrescentes 230 Rentabilidade vs fluxo de caixa 355 Reserva de mão de obra 196 Reservas 82 demanda por 84 Reservas cambiais 453 Resíduo 581 de Solow 285 Resíduo de Solow 286 Restrições bancárias 129 Restrições orçamentárias do governo 506513 Resultados de pesquisa apropriabilidade de 272274 Reta de regressão 176 581 Retornos constantes de escala 229 Retornos de escala constantes 229 Ricardo David 514 Rigidez do mercado de trabalho 13 179 Rigidez nominal 561 Riqueza na forma de títulos 73 renda dinheiro e 73 tipos de 342 Riqueza financeira 74 342 Riqueza humana 342 Riqueza imobiliária 342 Riqueza não humana 342 Riqueza total 342 Risco 124125 de inadimplência 521 preços das ações e 332335 títulos e 317 322323 Risco de inadimplência 317 519521 Romer Paul 257 562 Roubini Nouriel 20 564 Rússia moeda dos EUA detentores de 76 Pirâmide MMM 333 S Salário reserva 155 Salários reais 33 equilíbrio 161162 taxa natural do desemprego e 292293 Salários reais 161163 292293 Saláriosmínimos 181 Saldo da conta de capital 397 Saldo de renda 396 Saldo em transação corrente 397 Samuelson Paul 170 553 Sargent Thomas 371 557 Schelling Tom 488 Schumpeter Joseph 296 563 Schwartz Anna 555 Securitização 135 Seguro depósito 83 desemprego 180181 Seguro de depósito 83 129 Selten Reinhard 488 Senhoriagem 522 540 Sequestros e negociações 488 Serviços 570 Shafir Eldar 538 Shiller Robert 334 Shleifer Andrei 563 564 Síntese neoclássica 553556 Sintonia fina 487 Sistema de repartição da Previdência Social 249 Sistema de repartição 249 Sistema Monetário Europeu SME 447 crise cambial 463464 unificação alemã e 449 Sites para questões macroeconômicas 19 Solow Robert M 170 228 285286 554 Solvência 127 Spread 519 Standard Poors SP 318 Standard Poors 500 SP 500 325 Statistical Abstract of the United States 19 Stone Richard 21 StraussKahn Dominique 417 Suécia 182 463 Superávit da conta capital 397 orçamentário 64 Superávit comercial 51 Superávit de conta de capital 397 Superávit em transação corrente 397 Superávit orçamentário 64 Superávit primário 508 Survey of Current Business 19 T Tarifas 385 Taxa básica 130 Taxa de câmbio Veja também Taxa de câmbio real atrelamento 446447 bilateral 393394 combinada com políticas fiscais 421423 fixa 389 447448 458 461464 flexível 464467 história 456 multilateral 393394 nominal 389393 para a frente 400 PIB por pessoa 217219 taxa de juros e 401403 volatilidade de 466467 Taxa de câmbio futura 400 Taxa de câmbio real 389393 478479 e taxas de juros reais domésticas e estrangeiras 478479 Taxa de câmbio real dos EUA 393394 Taxa de crescimento progresso tecnológico e 263282 Taxa de cupom 318 Taxa de desconto 312 Taxa de desemprego 6 2730 148 158 Veja também Taxa natural de desemprego 19962014 153 figura cálculo 28 estrutural 163 EUA 19602014 29 figura força de trabalho e 2728 natural 160163 salários e 157 vs crescimento de produto nos EUA 19602014 34 figura Taxa de Desemprego Não Aceleradora da Inflação NAIRU 179 Taxa de emprego 151 Taxa de empréstimo 130 Taxa de inflação 7 3133 ótima 536542 Taxas de juros 197 constante 314315 demanda por moeda e 83 determinação de 7681 equilíbrio 8388 investimento dependente 96 limite inferior zero e 89 123 moeda real renda real e 100101 nominal e real 119123 315316 nula 315 oferta monetária e 83 política fiscal e 102104 política monetária e 104 real 478479 540541 riqueza em dinheiro vs títulos 73 sobre títulos 73 taxas de câmbio e 401403 453455 466467 478479 unificação alemã e 449 Taxa de juros de equilíbrio 7779 Taxa de juros de Wicksell 197 Taxa de juros neutra 197 Taxa de juros no ano n 321 Taxa de participação 28 148 Taxa de poupança 232 236 consumo e 246248 dinâmica do capital e do produto 240242 efeito sobre produto em estado estacionário 251252 269270 efeitos dinâmicos de um aumento na 252254 estado estacionário 242 Estados Unidos 249250 254 implicações de alternativas 240248 produto em relação a 243248 251254 Taxa dos fundos federais 85 329 19992002 108109 figura Taxa estrutural de desemprego 163 Taxa natural de desemprego 162 curva de Phillips e 177179 entre países 179 Estados Unidos 183 preços do petróleo e 204205 209 produtividade e 291296 relação de fixação de preços 160161 relação de fixação de salários 160 salários reais de equilíbrio e desemprego 161162 variações ao longo do tempo 179 182 183 Taxa natural de juros 197 Taxas de câmbio bilaterais 393394 Taxas de câmbio fixas 389 446450 mobilidade de capital e 453455 política fiscal sob 447448 relação IS em 458 478 Z05BLAN058107SEIDXDEFIindd 600 081117 1633 Índice 601 Taxas de câmbio multilaterais 393394 Taxas de câmbio nominais 389393 Taxas de juros nominais 119123 315316 339340 Taxas de juros nula 315 Taxas de juros reais 119123 315316 339340 478 479 Veja também Taxas de juros negativas 540541 taxa de câmbio real e 478479 valor presente descontado esperado 339340 Taylor John 559 Tea Party 483 Tecnologia difusão de nova 272273 estado da 229 264 hibridização do milho 272273 produto em relação a 229 Teoria do consumo da renda permanente 341 Teoria do consumo do ciclo de vida 341 Teoria do controle ótimo 487 558 Teoria do crescimento 554 Teoria dos ciclos econômicos 552 real 560561 Teoria dos jogos 487 558 Teoria econômica novoclássica 560561 Teoria econômica novokeynesiana 561562 Tetos de gastos 499 Thaler Richard 564 The Economist 19 The World Economy A Millennial Perspective 20 Tirole Jean 564 565 Título garantido por créditos hipotecários Mortgage based security MBS 135 Títulos 73 7980 compra de brasileiros 401402 detenção de riqueza em forma de 7273 domésticos vs estrangeiros 435439 fluxos de fundos 435437 taxa de juros 73 Títulos brasileiros compra 401402 Títulos com desconto 318 Títulos domésticos vs títulos estrangeiros 435439 Títulos estrangeiros vs títulos domésticos 435439 Títulos indexados 319 Títulos júnior 135 Títulos podres 318 Títulos privados 318 Títulos públicos 318 Títulos sêniores 135 Tobin James 351 554 Trabalhadores desalentados 28 151 fluxos de 148151 poder de negociação 155 produto e capital por 230 Trabalhadores desalentados 28 151 Trabalho efetivo 264 Trabalho em unidades de eficiência 264 Trabalho rendimentos decrescentes do 230 Transação corrente 396397 taxas de câmbio e 466 Transações abaixo da linha 396 Transações acima da linha 396 Transferências corporativas 569 Transferências do governo 51 Transferências líquidas recebidas 397 Tratado de Maastricht 469470 496 Tversky Amos 538 U UE27 Veja União Europeia União Europeia UE 1014 desempenho econômico 1213 desemprego 1213 Pacto de Estabilidade e Crescimento 483 496498 produto 19902015 10 tabela União Monetária Europeia UME 469 União Soviética 244 Unidades de eficiência mão de obra 264 V Valor agregado PIB como soma de 23 Valor de face 318 Valor fundamental de ações 332 Valor presente descontado esperado 339340 Valores presentes 312316 derivando 339340 dos lucros esperados 349350 362363 preços das ações como 324331 preços dos títulos como 319 taxas de juro nominais vs reais e 315316 utilização de 312316 Valores descontados presentes esperados 312316 339340 Valores presentes descontados esperados 312316 339340 Valorizações 389 Van Reenen John 274 Variabilidade da inflação 539 Variações cambiais sob taxas de câmbio flexível 464467 Variações nos estoques de empresas 571 Variáveis endógenas 54 exógenas 54 Variáveis endógenas 54 Variáveis exógenas 54 Veículos de investimento estruturado SIV 134 Vencimento título 316317 Vendas investimento dependente de 96 lucro e 356357 Vendas no varejo 357 Venti Steven 346 Volatilidade de consumo e investimento 357359 taxa de câmbio 466467 W Wise David 346 Woodford Michael 563564 World Economy Outlook WEO 20 Y Yellen Janet 561 Yeltsin Boris 333 462 Z05BLAN058107SEIDXDEFIindd 601 081117 1633 Símbolo Termo correspondente Inserido no capítulo d O sobrescrito d significa demanda e O sobrescrito e significa esperado A Gasto privado agregado 16 Também produtividade do trabalhoestados da tecnologia 7 12 a Efeito da taxa de desemprego sobre a taxa de inflação dada a inflação esperada 8 B Dívida pública 22 C Consumo 3 CU Papelmoeda 4 c Proporção de moeda mantida sob a forma de papelmoeda 4 c0 Consumo quando a renda disponível é igual a zero 3 c1 Propensão a consumir 3 D Depósitos à vista 4 Também dividendo real de uma ação 14 D Dividendo nominal de uma ação 14 d Taxa de depreciação 11 E Taxa nominal de câmbio preço da moeda estrangeira em termos da moeda nacional 17 E Taxa nominal de câmbio fixa 19 Ee Taxa de câmbio futura esperada 17 e Taxa de câmbio real 17 G Gastos do governo 3 gA Taxa de crescimento do progresso tecnológico 12 gK Taxa de crescimento do capital 12 gN Taxa de crescimento populacional 12 g gy Taxa de crescimento do produto 8 H Moeda de alta potênciaBase monetária moeda do Banco Central 4 Também Capital humano 11 I Investimento fixo 3 IM Importações 3 i Taxa nominal de juros 4 i1 Taxa nominal de juros de um ano 14 i2 Taxa nominal de juros de dois anos 14 i Taxa nominal de juros externa 17 Também meta de taxa de juros para o Banco Central K Estoque de capital 10 L Força de trabalho 2 Símbolo Termo correspondente Inserido no capítulo M Estoque de moeda nominal 4 Md Demanda por moeda nominal 4 Ms Oferta de moeda nominal 4 m Margem de preços sobre salários 7 N Emprego 2 Nn Nível natural de emprego 9 NI Pagamentos líquidos do resto do mundo NX Exportações líquidas 18 P Deflator do PIBIPCnível de preços 2 P Nível de preços externo 17 Inflação 2 Lucro por unidade de capital 15 Q Preço real da ação 14 Q Preço nominal da ação 14 R Reservas bancárias 4 r Taxa real de juros 6 S Poupança privada 3 s Taxa de poupança privada 11 T Impostos líquidos impostos pagos pelos consumidores menos transferências 3 Tr Transferências do governo 22 u Proporção de reservas dos bancos 4 U Desemprego 2 u Taxa de desemprego 2 un Taxa natural de desemprego 7 V Valor presente de uma sequência de paga mentos reais z 14 V Valor presente de uma sequência de paga mentos nominais z 14 W Salário nominal 7 Y PIB realprodutooferta de bens 2 Y PIB nominal 2 YD Renda disponível 3 YL Renda do trabalho 15 Yn Nível natural de produto 9 Y Produto externo 18 X Exportações 3 Z Demanda por bens 3 z Fatores que afetam o salário dado o desemprego 7 Também pagamento real 14 Z Pagamento nominal 14 Símbolos usados neste livro BookBlanchard 1indb 602 241017 1719 7 ª E D I Ç Ã O l o j a p e a r s o n c o m b r ISBN 9788543020549 020549 9 788543 Economia MACROECONOMIA MACROECONOMIA O L I V I E R B L A N C H A R D O L I V I E R B L A N C H A R D B L A N C H A R D Macroeconomia permite que o leitor tenha contato com eventos macroeco nômicos atuais ao abordar desde a grande crise econômica global iniciada em 2008 a políti ca monetária dos Estados Unidos os problemas ocorridos na zona do Euro e o crescimento econômico da China entre outros Aliando teoria e práti ca o livro traz uma visão integrada da macroeconomia estru turandose em um modelo que baseia suas conclusões nas implicações das condições de equilíbrio em três ti pos de mercado de bens fi nanceiro e de trabalho Isso faz com que o estudante veja a área como um todo coerente não apenas como uma coletânea de modelos permiti ndo que ele tenha uma compreensão de eventos macroeconômicos passados mas também seja ca paz de entender os eventos futuros Um verdadeiro manual de macroeconomia póscrise este livro discute im portantes eventos macroeconômicos relacionandoos com o mundo real o que proporciona uma compreensão mais profunda dos conceitos e resul tados apresentados A obra é ideal para estudantes de economia adminis tração ciências contábeis engenharia de produção e cursos de graduação tecnológica na área de gestão MACROECONOMIA 7 ª E D I Ç Ã O 7 ª E D I Ç Ã O svpearsoncombr A Sala Virtual oferece para professores manual do professor em inglês exercícios adicionais em inglês e apresentações em PowerPoint Para estudantesquestões de múltipla escolha Este livro também está disponível para compra em formato ebook Para adquirilo acesse nosso site 9788543020549CVRBLANCHARDindd 79 131117 1727