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Pedagogia ·

Filosofia

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15022023 1602 Filosofia e Educação httpsaliceeadstockcombrce4372dbf264c45a18d59e5656342eee0ltikeyJhbGciOiJIUzI1NiIsInR5cCI6IkpXVCJ9eyJwbGF0Zm9ybVVy 16 Filosoza e Educação AUTORIA Jhonatan Diógenes de Oliveira Alves 15022023 1602 Filosofia e Educação httpsaliceeadstockcombrce4372dbf264c45a18d59e5656342eee0ltikeyJhbGciOiJIUzI1NiIsInR5cCI6IkpXVCJ9eyJwbGF0Zm9ybVVy 26 Conceituando Filosoza Caroa alunoa Quando você ouve a palavra Filosoa o que lhe vem à mente Pare para pensar um pouco sobre isso pois geralmente a interpretamos como algo muito vago sem cienticidade ou sem resultados comprovados e úteis Porém não se desespere pois pensar assim se tornou algo muito comum tendo em vista que alguns conceitos modernos de losoa se sobrepuseram ao verdadeiro signicado dessa ciência Filosoa de vida por exemplo se dene na possibilidade de cada indivíduo identicar quais valores tipos de pessoas locais experiências espirituais hábitos diários e até mesmo quais sentimentos cabem em suas vidas ARANHA MARTINS 2016 Contudo o conceito clássico de losoa vai além do mero achismo e remonta ao berço da Grécia Antiga entre os séculos VII e VI aC A palavra losoa deriva de duas outras philo e sophia Philo pode signicar amor amizade irmão enquanto Sophia seria sabedoria conhecimento Dessa forma Filosoa seria a busca eou o amor pelo conhecimento Nessa perspectiva a losoa é a ciência cuja intenção é conhecer reetir dialogar com a fonte do conhecimento humano isto é o próprio pensar Isso não signica dizer que as demais ciências não pensam é certo que cada uma delas possuem o seu objeto de estudo a biologia estuda a vida a sociologia investiga a sociedade a história pesquisa os fatos ocorridos no passado e atualmente Mas e a losoa O que ela pesquisa O objeto de pesquisa da losoa é o próprio pensar ARANHA MARTINS 2016 Ou seja de forma organizada ela observa as proposições que são transmitidas e ditas como verdadeiras e as coloca em dúvida fazendo com que seja possível tecer vários questionamentos acerca daquilo que antes era considerado como verdade absoluta O que é o amor A verdade existe Por que estamos neste mundo Questões como essas que por vezes nos parecem tão simples de serem respondidas são levadas às inúmeras possibilidades no pensamento losóco que não aceita soluções fáceis e aparentemente óbvias É a investigação sobre as coisas porém de forma sistematizada levando em consideração os aspectos naturais físicos e antropológicos para chegar a uma teoria que resolva determinada situação sem contradizerse em seus pressupostos Sobre isso Chauí arma Um dos legados mais importantes da Filosoa grega é portanto essa diferença entre o necessário e o contingente pois ela nos permite evitar o fatalismo tudo é necessário temos que nos conformar e nos resignar mas também evitar a ilusão de que podemos tudo quanto quisermos se alguma força extranatural ou sobrenatural nos ajudar pois a Natureza segue leis necessárias que podemos conhecer e nem tudo é possível por mais que o queiramos CHAUÍ 2000 p 23 15022023 1602 Filosofia e Educação httpsaliceeadstockcombrce4372dbf264c45a18d59e5656342eee0ltikeyJhbGciOiJIUzI1NiIsInR5cCI6IkpXVCJ9eyJwbGF0Zm9ybVVy 36 Com a losoa nos tornamos mais críticos porém mais livres pois não será qualquer resposta que satisfará nosso desejo pelo conhecimento A busca pela verdade se torna algo indispensável para uma vida feliz Foi o que aconteceu com os gregos que não podiam mais conviver com a obviedade dos mitos que lhes foram contados por séculos enquanto o mundo à sua volta exigia novas respostas as navegações traziam novos horizontes e a vida se estendia para além de suas ilhas Conceituando Educação Numa outra perspectiva falamos agora de Educação e qual a compreensão que se tem sobre ela Há uma diferença entre o termo educação e aprendizagem No dicionário Aurélio por exemplo a palavra educação se resume basicamente como um processo de se aprender uma habilidade ou a formação de novas gerações conforme sua cultura ou então a aplicação de métodos pedagógicos num determinado contexto Já a palavra aprendizagem seria o processo a duração o exercício teórico e prático para se adquirir o conhecimento AURÉLIO 2019 Por mais que haja a distinção de um termo para o outro eles se complementam no processo pedagógico Por esse motivo por mais que utilizemos o termo educação ao longo do texto você saberá que me rero a esta junção a habilidade e formação de novas culturas mais o exercício de se adquirir o conhecimento Falar de educação assim no singular seria limitar por demais a sua abrangência Contudo Brandão 2005 amplia o debate a respeito dessa ciência e a identica pelas diversas perspectivas possíveis a começar por uma mais remota a educação indígena A educação é como outras uma fração do modo de vida dos grupos sociais que a criam e recriam entre tantas outras invenções de sua cultura em sua sociedade Formas de educação que produzem e praticam para que elas reproduzam entre todos os que ensiname aprendem o saber que atravessa as palavras da tribo os códigos sociais de conduta as regras do trabalho BRANDÃO 2005 p 10 grifo do autor Começando pela educação da tribo indígena o autor nos apresenta a primeira característica da educação a livre formação da personalidade humana Ou seja numa retomada histórica percebemos que ela não se limitava ao conteúdo programático de uma instituição escolar até porque a escola sequer existia nesse período contextualizado pelo autor Avaliações exercícios registro de presença reunião com os pais e responsáveis giz e lousa tudo isso não representava a realidade da educação tendo em vista que no contexto indígena educar tinha outro signicado isto é um signicado prático 15022023 1602 Filosofia e Educação httpsaliceeadstockcombrce4372dbf264c45a18d59e5656342eee0ltikeyJhbGciOiJIUzI1NiIsInR5cCI6IkpXVCJ9eyJwbGF0Zm9ybVVy 46 Por esse motivo podemos compreender que educar é uma tarefa que acompanha a humanidade desde os seus primórdios antes mesmo da instituição escolar existir Na realidade das primeiras tribos educar era fazer das expressões naturais do indivíduo os modelos que fossem vistos e reproduzidos pelo grupo A descoberta do mundo se fazia no improviso em que todos conforme seus dons tornavamse aprendizes uns dos outros para posteriormente reproduzir as ações que deram certo e evitar aquelas que falharam Desse modo os mais velhos transmitiam aos mais novos seus conhecimentos e esses por sua vez iam construindo sua personalidade aprendiam as tarefas que lhes cabiam e aos poucos se tornavam participantes ativos daquela comunidade Nesse modelo ser ágil cauteloso disposto às atividades e com consciência de grupo era o que se esperava do jovem membro da tribo BRANDÃO 2005 Mais adiante essa ideia de educação é confrontada pelos preceitos que foram trazidos pelos colonizadores O homem branco isto é o civilizado trouxe uma outra perspectiva de educação fazendo com que sua cultura predominasse sobre a de origem indígena Nessa nova cultura que se apropriou das terras dos bens e do próprio signicado de trabalho e serviço daquela comunidade local a educação servia como instrumento de seleção e desigualdade conforme dirá Paviani Em nossa sociedade a educação em geral e a educação escolar particularmente impõemse como algo necessário para a sobrevivência do grupo e da própria sociedade Ela perde o caráter da espontaneidade e tornase um meio de controle e de reforço da desigualdade social apesar de não ser este o propósito das pessoas e dos educadores PAVIANI 1987 p 10 Assim identicamos dois contextos no qual a educação tem o seu signicado alterado Para as tribos indígenas era o aperfeiçoamento e o descobrimento dos dons de cada membro em favor do coletivo já em nossa sociedade que é movida por um forte apelo econômico e a busca pelo primeiro senão o melhor lugar educação representa a competição constante entre os seus pares Estes são somente dois exemplos do que possa ser educação porém a história nos legou diversos momentos nos quais cada grupo soube responder ao signicado do que seria essa ciência Monroe 1956 faz uma bela apresentação sobre o sentido de educação e a caracteriza em dois momentos principais o primeiro é essa educação primitiva que vimos há pouco encontrada nos selvagens e nos povos bárbaros que tinha como função a transmissão dos aprendizados adquiridos pelos mais velhos a m de que o jovem adquirisse os valores de seu povo Já o segundo momento se deu com o progresso da história o qual gerou diversas teorias Com as inúmeras tendências e métodos pedagógicos a educação se burocratizou o que tornou muito mais complicado a compreensão sobre qual o objetivo a organização e o resultado que devemos esperar dela MONROE 1956 15022023 1602 Filosofia e Educação httpsaliceeadstockcombrce4372dbf264c45a18d59e5656342eee0ltikeyJhbGciOiJIUzI1NiIsInR5cCI6IkpXVCJ9eyJwbGF0Zm9ybVVy 56 Por esse motivo a denição de educação pode ser realizada pela interpretação das diversas expressões trazidas pela história e seus intelectuais Infelizmente não temos tempo nem espaço para isso Porém o que podemos concluir dessa rica ciência é que o seu principal atributo se encontra na necessidade de modicar desenvolver e despertar habilidades no homem em seu processo de identicação pessoal e social A partir daí todos os detalhes a respeito de seus métodos e demais componentes se tornam detalhes que se modicam conforme os interesses de cada grupo que a exerce Conceituando Filosoza da Educação Após vermos o que é a losoa e o que é a educação temos condições de conciliar esses dois termos e chegar a uma conclusão sobre o que seria essa ciência híbrida composta por duas áreas distintas a losoa e a educação Ghiraldelli Júnior 2007 ao falar desse tema faz a comparação entre o lósofo e o pedagogo para depois denir o papel do lósofo da educação Pois bem seguindo sua lógica e refazendo a leitura sobre o conceito de losoa e de educação compreendemos que a losoa ou o lósofo é aquele que se preocupa com questões aleatórias por vezes incompreensíveis numa primeira observação ou até mesmo banais nas quais jamais teríamos interesse ou curiosidade em questionar Já o pedagogo ou a pedagogia se detém nas práticas da educação nos métodos de aprendizagem e o modo no qual estes estão sendo aplicados GHIRALDELLI JÚNIOR 2007 Por m a losoa da educação é uma parte da losoa que vem questionar a educação em alguns aspectos nos quais a pedagogia não encontra instrumentos e contextos para agir Ela geralmente se expressa na crítica realizada sobre as pedagogias dadas ou seja os resultados que são corriqueiramente aceitos como imutáveis ou difíceis de se alterarem Ele é especialista em criar um discurso a respeito da boa pedagogia e esta não raro é a negação da pedagogia vigente de algum local ou tempo O lósofo da educação é tão aborrecedor para aqueles que se recusam a ver problemas na educação quanto o lósofo em geral o é para aqueles que odeiam questionar qualquer coisa Mas o lósofo da educação não é inimigo do pedagogo Ele é um bom amigo ao menos do pedagogo inteligente A pedagogia utilizada corriqueiramente aquela que regra o que é feito na educação vigente e que se tornou banal por ser consensual é o objeto de questionamento do lósofo da educação GHIRALDELLI JÚNIOR 2005 p 30 grifo nosso 15022023 1602 Filosofia e Educação httpsaliceeadstockcombrce4372dbf264c45a18d59e5656342eee0ltikeyJhbGciOiJIUzI1NiIsInR5cCI6IkpXVCJ9eyJwbGF0Zm9ybVVy 66 Assim o lósofo da educação é o que traz as suas observações para o campo da educação Para isso ele precisa ser alguém atento à sua época conhecedor dos movimentos políticos e sociais que emergem em seu tempo Para saber mais sobre esse teórico nos deteremos na análise de sua atuação em nossa segunda aula aprofundando o estudo sobre seu trabalho ao longo da história CONCEITUANDO A relação entre losoa e educação acontece todas as vezes que a reexão losóca se estende aos conteúdos pedagógicos Porém antes de se complementarem losoa e educação são áreas distintas e autônomas O que as torna compatível é a necessidade que uma tem da outra no percurso de formação do homem enquanto ser cultural Ou seja é a necessidade que a educação encontra de pensar sobre a sua atuação e função na sociedade ao mesmo tempo em que a losoa permeia todos os espaços dos saberes tornandose útil e ao mesmo tempo incômoda para os que não gostam de se deparar com questionamentos 15022023 1602 A Função da Filosofia da Educação httpsaliceeadstockcombrc4dcb4bc370da426990f2acaebdf63e5eltikeyJhbGciOiJIUzI1NiIsInR5cCI6IkpXVCJ9eyJwbGF0Zm9ybVVyb 15 A Função da Filosoza da Educação AUTORIA Jhonatan Diógenes de Oliveira Alves 15022023 1602 A Função da Filosofia da Educação httpsaliceeadstockcombrc4dcb4bc370da426990f2acaebdf63e5eltikeyJhbGciOiJIUzI1NiIsInR5cCI6IkpXVCJ9eyJwbGF0Zm9ybVVyb 25 O Filósofo da Educação Caroa alunoa Para entendermos melhor o papel do lósofo da educação utilizaremos dessa aula para aprofundarmos os conceitos que regem a sua reexão e sua linha de atuação Ao discorrermos sobre ele percebemos que assim como a educação o lósofo da educação teve diversos pers ao longo da história O que eu quero dizer com isso é que para que ele pudesse se posicionar a respeito dos movimentos pedagógicos vigentes em cada período foi preciso que estivesse atento à sua época conhecesse a política e o formato social que compunha sua sociedade bem como ter reexões originais que fossem úteis aos problemas que aquele momento histórico enfrentava Todas essas características acima citadas formam aquilo que Leclerc chama de perl intelectual O intelectual é um indivíduo intrometido curioso por natureza que vai além devido a seu espírito investigador e crítico de toda implantação prossional Sartre acrescentará que quando um físico especialista do átomo fala de ssão nuclear ele fala enquanto cientista mas quando se pronuncia sobre o uso militar do átomo ele se exprime enquanto intelectual LECLERC 2004 p 17 Esse indivíduo curioso e que se interessa por aquilo que não lhe diz respeito forma a essência do lósofo Isso não signica que o intelectual é alguém fofoqueiro que se diverte com os problemas alheios e sempre quer saber mais para depois comentar a respeito Ele é o tipo de pessoa que não consegue se conformar com a realidade sem questionála pois entende que as coisas ao nosso redor são bem mais do que aparentam Na verdade esse sentimento losóco desejoso por ir além do óbvio é intrínseco em todo homem e mulher Tenho certeza de que você em certos momentos da vida já parou para se questionar a respeito de sua existência do valor da vida do signicado de amor de morte de Deus etc A diferença entre nós e o lósofo da educação é que ele dedica sua vida a observar os fatos e contextos que se relacionam com a educação buscando o fundamento dos fatos pedagógicos enquanto nós nos contentamos com as respostas corriqueiras e raramente as questionamos Sem se limitar às respostas óbvias prontas e inalteradas o lósofo da educação investiga para conhecer o problema a fundo e tenta solucionálo com suas teorias Nem sempre seus apontamentos são corretos porém o importante é que ele soube se posicionar e dizer o que acreditava ser pertinente GHIRALDELLI 2005 Para ele não é suciente saber que há por exemplo um problema no modo como uma criança se relaciona com a outra no ambiente escolar ou então que em certos momentos ou períodos de aula os alunos tendem a ser mais rebeldes Ele radicaliza suas respostas e leva as possibilidades aos extremos no intuito de encontrar uma 15022023 1602 A Função da Filosofia da Educação httpsaliceeadstockcombrc4dcb4bc370da426990f2acaebdf63e5eltikeyJhbGciOiJIUzI1NiIsInR5cCI6IkpXVCJ9eyJwbGF0Zm9ybVVyb 35 solução satisfatória para o problema em questão Desse modo não devemos esperar que um lósofo da educação dê uma resposta qualquer isso porque o modo como ele enxerga o mundo é fora do padrão Logo o pensamento losóco não é obvio mas ele deseja contribuir com a reexão trazer um novo olhar sobre o problema e ser capaz de criar gerar ciência e conhecimentos ALVES 2012 Levar as pessoas à reexão sobre questões de cunho educacional e pedagógico é o que torna alguém um lósofo da educação GUIRALDELLI JÚNIOR 2005 Essa tarefa não é fácil pois para seu efetivo sucesso é necessário despojamento é preciso sair do óbvio para enxergálo além das fronteiras do comodismo Nessa escola sempre fazemos assim Essa turma é difícil mesmo Se a família não deu conta de educar quem dirá eu Infelizmente frases desse tipo são frequentes em ambientes educacionais sobretudo na escola Por vezes a justicativa do problema ou do cenário em questão está sempre no outro na tradição naquilo que foi pensado de uma forma num determinado momento porém continua do mesmo jeito após décadas Para o lósofo da educação é impossível aceitar o que já está dado pronto inquestionado Ele precisa assumir o seu papel de interventor ora pelo silêncio ora pelas palavras mas sempre levando o outro a perceber que se é possível inovar e ir além das soluções já pensadas e dos caminhos já trilhados Por vezes as soluções encontradas pelo intelectual e no nosso caso pelo lósofo da educação não poderão ser aplicadas Contudo este pensador fará de tudo para expressar suas ideias em textos claros que atinjam o seu alvo e sejam no mínimo diretivos para a construção de um pensamento diferente daquele existente GHIRALDELLI JÚNIOR 2005 Perceba que ao apresentar o trabalho do lósofo da educação não estou dizendo que ele mudará a realidade ou vai solucionar o problema da escola com trabalhos sociais visita às famílias mutirão para mobilizar a sociedade em favor da educação reformular o quadro de alunos de uma escola ou distribuir cestas básicas para as famílias mais carentes daquele bairro Sabe por que ele não irá solucionar os problemas da educação com ações práticas Porque essa não é a sua função O intelectual e essa denição se encaixa no papel do lósofo da educação se detém na produção teórica e a sua expertise está no conhecimento sobre o seu meio e na formulação de ideias esclarecidas a respeito dele isto é sobre o momento no qual está inserido LECLERC 2004 O lósofo da educação é o sujeito que enfrenta de frente a problemática da educação por vezes diluída no meio social Ou seja quando isso acontece é sinal de que a questão pedagógica está escondida e ainda não foi identicada o que leva os intelectuais a caminharem em outra direção na busca de uma solução para o problema ALVES 2012 Vejamos um exemplo de como o trabalho intelectual age na prática referente a essa questão Numa entrevista dada em 2016 à revista Superinteressante o promotor Carlos Eduardo Fonseca da Matta da 3º Procuradoria de Justiça de São Paulo deu a seguinte declaração ao ser questionado sobre sua opinião a respeito da redução da 15022023 1602 A Função da Filosofia da Educação httpsaliceeadstockcombrc4dcb4bc370da426990f2acaebdf63e5eltikeyJhbGciOiJIUzI1NiIsInR5cCI6IkpXVCJ9eyJwbGF0Zm9ybVVyb 45 maioridade penal enquanto medida para diminuição do número de crimes cometidos por menores infratores Claro Sou totalmente favorável a baixar a idade de responsabilidade penal A sociedade não pode car à mercê de criminosos violentos sejam eles maiores ou menores de 18 anos Isso não signica que um menor que tenha furtado uma camiseta deva car anos na cadeia Nesse caso é razoável aplicar uma medida socioeducativa Mas é muito diferente quando esse menor pratica crimes graves como estupros sequestros e latrocínios Nesse caso ele tornouse um bandido perigosíssimo e é necessário defender a sociedade Hoje as leis federais e estaduais americanas bem como as de todos os países da Europa ocidental determinam a imposição de medidas de caráter penal a menores de 18 anos que comentem crimes graves No Brasil não Isso é um estímulo à criminalidade MATTA 2016 Indiferente de sermos favoráveis ou não a diminuição da menoridade o que ca evidente nesse recorte é que o promotor tratou em solucionar o problema da violência pelo ponto de vista mais lógico É natural que queiramos acabar com essa situação com o aumento da segurança do policiamento público com leis mais rígidas etc Todavia lembremos que frente às respostas óbvias o lósofo encontra soluções inovadoras Confrontemos as considerações de Matta com os dados apresentados pela Revista Exame em uma reportagem feita naquele mesmo ano De acordo com o Ipea para cada 1 a mais de jovens entre 15 e 17 anos nas escolas há uma redução de 2 na taxa de pessoas assassinadas nos municípios brasileiros Segundo as nossas estimativas a probabilidade de um indivíduo com até sete anos de estudo ser assassinado no Brasil é 159 vezes maior de outro indivíduo que tenha ingressado na universidade o que mostra que a educação é um verdadeiro escudo contra os homicídios no Brasil arma o responsável pelo estudo Daniel Cerqueira doutor em economia pela PUCRio e técnico de Planejamento e Pesquisa do Ipea EXAME 2016 Por mais que você já saiba e tenha ouvido por diversas vezes que a solução para a violência possa ser o investimento em educação nem sempre temos dados que comprovem como isso possa ser aplicável Além disso sendo nossa intenção tratar a respeito da atuação do lósofo da educação esse exemplo é importante para percebermos que ao diagnosticar o problema da violência como falta de investimento em educação a reportagem nos convida a abandonarmos o óbvio e encontrarmos outras estratégias para acabar com a violência Isso seria seguir uma lógica contrária às demais o que exige coragem mas também conhecimento É por isso que opiniões que expressam caminhos opostos àqueles aos quais estamos acostumados precisam de fundamentos teóricos sólidos com justicativas plausíveis e de fácil acesso e compreensão Nisso o lósofo da educação necessita ser perito Porém para se chegar a bons resultados é preciso pensar fora 15022023 1602 A Função da Filosofia da Educação httpsaliceeadstockcombrc4dcb4bc370da426990f2acaebdf63e5eltikeyJhbGciOiJIUzI1NiIsInR5cCI6IkpXVCJ9eyJwbGF0Zm9ybVVyb 55 do padrão oporse às respostas dadas e engessadas para encontrar outra explicação outra maneira de entender aquela mesma situação mas por uma ótica diferente PAVIANI 1987 Ou seja se você já está saturadoa de saber que a educação é atualmente o meio mais ecaz para erradicação da violência e de outros décits sociais foi porque alguém ousou ir além do problema em si e abriu margens para outras interpretações A esses pensadores damos o nome de intelectuais da educação ou então lósofos da educação Esses indivíduos corajosos estiveram presentes por toda a história e ainda estão Em muitos momentos seus trabalhos foram pioneiros precisaram enfrentar a oposição da época e de toda a sociedade por serem considerados ofensivos descabidos e até mesmo por serem interpretados como obras diabólicas que tinham como intenção acabar com a unidade da sociedade que era instituída pelos valores cristãos Nas aulas seguintes veremos alguns deles e o modo com suas reexões contribuíram para a expansão do tema da educação em sua época CONECTESE Conforme vimos a ideia de intelectual é próxima a do papel do lósofo da educação Na verdade o lósofo é por si só um intelectual e se faz pela observação do ambiente no qual vive pelo conhecimento sobre a história da humanidade e da sua cultura e por propor alternativas na compreensão sobre o cenário educacional de seu período Um dos autores que trabalham a respeito do que seja um intelectual e o perl que esse possa assumir é o lósofo Antônio Gramsci Vale a pena conhecer um pouco mais das suas observações a respeito dessa temática Acesse lá 15022023 1603 A Educação em Thomas Hobbes httpsaliceeadstockcombrc58eb95cd98c84194b2dd638f6b24ce6altikeyJhbGciOiJIUzI1NiIsInR5cCI6IkpXVCJ9eyJwbGF0Zm9ybVVy 18 A Educação em Thomas Hobbes AUTORIA Jhonatan Diógenes de Oliveira Alves 15022023 1603 A Educação em Thomas Hobbes httpsaliceeadstockcombrc58eb95cd98c84194b2dd638f6b24ce6altikeyJhbGciOiJIUzI1NiIsInR5cCI6IkpXVCJ9eyJwbGF0Zm9ybVVy 28 O Papel do Estado na Filosoza e Educação de Thomas Hobbes Vamos dar mais alguns passos em direção ao nosso estudo sobre alguns lósofos clássicos e o modo como suas teorias contribuíram para uma reexão pedagógica Iniciaremos essa nossa abordagem histórica a partir do pensamento do lósofo Thomas Hobbes Thomas Hobbes nasceu no ano de 1588 na cidade de Westport na Inglaterra Filho de um sacerdote anglicano foi criado no período do reinado da rainha Elisabete I 15331603 recebeu educação formal a partir dos seus quatro anos de idade e se formou pela universidade de Oxford no ano de 1608 Era teórico político lósofo e matemático porém atuou como preceptor do jovem William Cavendish que futuramente se tornaria o Duque de Devonshire Nessa época ele tinha somente vinte anos de idade Na história da losoa Hobbes é identicado popularmente como o pensador pessimista quando o assunto é natureza humana LIMONGI 2012 Ele John Locke e Rousseau são os três principais lósofos contratualistas isto é pensadores que defenderam a ideia de que a sociedade civil era organizada a partir de um contrato teoricamente falando porém seria um contrato Pois bem nessa ideia de contrato cada um dos três pensadores trouxe a sua contribuição e o seu entendimento sobre como este deveria funcionar Regra geral para os três o estado de natureza deveria ser retomado para que o homem pudesse NA PRÁTICA Por exemplo quando fazemos uma compra ou nos matriculamos em um curso ou quando entramos num relacionamento ou num emprego novo nós assumimos uma responsabilidade Algumas dessas coisas listadas não precisam de um contrato formal com reconhecimento de rma ou coisas do tipo Porém ao fazer a promessa de que irá pagar a compra ou irá frequentar o curso ou então que será el ao à companheiroa e às regras do novo trabalho você está automaticamente assumindo um compromisso semelhante a um contrato ctício feito verbalmente mas que lhe torna moralmente responsável por honrálo 15022023 1603 A Educação em Thomas Hobbes httpsaliceeadstockcombrc58eb95cd98c84194b2dd638f6b24ce6altikeyJhbGciOiJIUzI1NiIsInR5cCI6IkpXVCJ9eyJwbGF0Zm9ybVVy 38 se adequar à vida num contrato social Ao tratarmos de suas losoas acredito que isso tenha cado claro porém vale a pena retomar JeanJacques Rousseau O homem selvagem abandonaria sua liberdade natural para viver num acordo Ele faria isso porque o progresso o impulsionou e a necessidade de produzir roupas para se proteger do frio armas para caçar e abrigo para se proteger o zeram dependente de outros homens Sendo assim a vida em sociedade precisou ser criada Porém para que o homem tenha uma vida em comum sem perder sua felicidade era necessário que sua liberdade não fosse retirada Por isso as leis civis deveriam ser formuladas por todos em conjunto para que todos as aceitassem e se sentissem livres mesmo num contrato social Rousseau valorizava a liberdade 15022023 1603 A Educação em Thomas Hobbes httpsaliceeadstockcombrc58eb95cd98c84194b2dd638f6b24ce6altikeyJhbGciOiJIUzI1NiIsInR5cCI6IkpXVCJ9eyJwbGF0Zm9ybVVy 48 Após retomarmos o pensamento de Rousseau e Locke devemos compreender qual a contribuição trazida por Hobbes Assim como em Rousseau e Locke para Hobbes o estado de natureza era importante e deveria ser cultivado sobretudo em uma de suas principais características o egoísmo O homem é mau por natureza É isso que Pierre Bayle considera ao falar sobre Hobbes armando que o autor assim interpretou o homem natural BAYLE 1982 Porém vamos car com algumas interpretações mais modernas como a da professora Maria Isabel Limongi que entende o pensamento de Hobbes sobre a natureza humana como egoísta LIMONGI 2012 John Locke O contrato social já existia porém deveria ser reformulado Nessa reformulação ninguém teria o direito de retirar de um cidadão aquilo que ele conquistou com o seu trabalho Por esse motivo educar o homem seria necessário para que ele aprendesse a respeitar a sua natureza que era originariamente egoísta Ou seja quando o homem lutasse por seus direitos e competisse com os outros para alcançar o melhor lugar ou então pensasse primeiramente em si isso não seria ruim pois ele estaria permitindo que sua natureza se expressasse Ou seja os bens que ele adquirisse seriam frutos de seu esforço pois na ordem social ele soube ser o melhor Por isso que o dono da terra não deveria mais ser o senhor feudal tampouco o rei mas era aquele que a tivesse cultivado Locke valorizava a propriedade privada 15022023 1603 A Educação em Thomas Hobbes httpsaliceeadstockcombrc58eb95cd98c84194b2dd638f6b24ce6altikeyJhbGciOiJIUzI1NiIsInR5cCI6IkpXVCJ9eyJwbGF0Zm9ybVVy 58 De um modo geral os homens são basicamente todos iguais sendo as diferenças entre eles mínimas Apesar disso a disputa do homem estaria no desejo de provar aos demais que sua inteligência é maior sua força é superior até que todos obedeçam e aceitem sua autoridade Dessa forma o mais esperto sempre vence pois antecipa o golpe que sofreria do inimigo O interessante de estudar Hobbes é que sua leitura sobre o homem e a sociedade são muito atuais Ainda percebemos essas atitudes de arrogância prepotência e orgulho em nós não é mesmo Hobbes ao olhar para o gênero humano e identicar a corrupção que havia em seu comportamento entendeu o porquê da existência da sociedade Ou seja o fato de a vida social ser ainda hoje uma realidade seria porque sem ela nós não estaríamos vivos Entende isso Se no estado de natureza o homem seria movido por seus desejos egoístas de sempre ser o melhor ter maior vantagem sobre os demais ter o poder em suas mãos etc ele faria de tudo para alcançar seus objetivos nem que para isso fosse preciso agredir violentar torturar e matar os seus inimigos Com isso o resultado seria a sobrevivência do mais forte e o assassinato dos mais fracos Semelhante a uma selva o que determinaria o tempo de vida de alguém seria a sua agilidade para fugir do predador isto é um outro homem um bicho da sua própria espécie Para fugir dessa sina que o egoísmo humano proporcionaria ao mundo a sociedade e suas leis seriam aquelas que protegeriam o homem do próprio homem pois caso não houvesse interferência esses atacariam aos seus próprios semelhantes Daí vem a famosa frase de Hobbes SAIBA MAIS Em Leviatã Hobbes faz uma descrição da espécie humana e arma que desde o princípio da vida o homem sempre procurou realizar seus desejos colocandose acima de tudo e de todos Para conquistar seu território ele assassinava os demais e destruía as espécies e a natureza acreditando ser superior e gerando um estado permanente de guerra HOBBES 1983 Nada poderia parar o homem pois sua sede pelo poder era algo constante e sem limites Dessa ideia é que o autor retira sua certeza de que o homem não é naturalmente bom 15022023 1603 A Educação em Thomas Hobbes httpsaliceeadstockcombrc58eb95cd98c84194b2dd638f6b24ce6altikeyJhbGciOiJIUzI1NiIsInR5cCI6IkpXVCJ9eyJwbGF0Zm9ybVVy 68 O homem é o lobo do homem Cercado por leis que regram o seu comportamento o homem aprendeu a viver com o outro porém caso ele seja deixado à mercê de suas próprias vontades o resultado seria o retorno a um estado contínuo de guerra LIMONGI 2012 Nesse ponto vale perguntar e onde entra a ideia de educação em Hobbes O lósofo não tratou especicamente sobre educação ou seja o modo como educar o indivíduo para a sociedade que ele idealizava Porém sua losoa se posicionou a favor de um governo soberano e forte que deveria conduzir o homem à paz e à sociabilidade harmônica Portanto seria essa condução o fator pedagógico de seu pensamento visto que ele tinha um m a ser alcançado com suas ideias e que não poderia ser realizado caso deixássemos o homem agir por conta própria pois ele não é naturalmente sociável Em outras palavras as leis e os mandos sociais são pedagógicos nos educam e nos tornam conscientes daquilo que nos é permitido ou não certo ou errado bom ou ruim aprendendo a conviver partilhar nossos talentos e a lidar com as diferenças Parece um pouco utópico Hobbes depositar tanta conança nas leis pois ao olharmos para a sociedade percebemos que os casos de violência agressões roubos e mortes são constantes mesmo vivendo em sociedade Estaria Hobbes enganado ao dizer que as leis seriam o elemento responsável pela educação para a convivência em sociedade Na verdade não Lembremos que Hobbes acredita que alguns aspectos do estado de natureza devem ser preservados na vida em sociedade Neste caso o egoísmo humano tem um propósito principal que é o de conservar a própria vida O homem ao assumir o contrato social garante a sua sobrevivência em troca de não mais agir pelo seu impulso ao obedecer às leis Desse modo pensando primeiramente em si o homem estaria contribuindo para a aplicabilidade do bem comum Parece contraditório mas não é 15022023 1603 A Educação em Thomas Hobbes httpsaliceeadstockcombrc58eb95cd98c84194b2dd638f6b24ce6altikeyJhbGciOiJIUzI1NiIsInR5cCI6IkpXVCJ9eyJwbGF0Zm9ybVVy 78 Por mais que isso possa aparentar uma atitude altruísta na verdade não passa de uma reexão egoísta pois não seria pensar no outro mas é pensar em você Não faço igual porque não quero que façam comigo Não roubo porque não quero ser roubado quero segurança Não quero sofrer Não quero ser humilhadoa esquecidoa traídoa julgadoa etc Segundo Hobbes a partir do momento em que o homem pensasse e agisse se colocando em primeiro lugar o bem estar social seria uma consequência de atitudes e pensamentos egoístas que por querer viver numa sociedade melhor num bairro melhor numa casa melhor se educou para cumprir com aquilo que a lei estipulasse Ou seja em Hobbes percebemos que o problema está no cuidado que temos em apontar como os outros devem agir pensar ser É como se o lósofo nos dissesse Você quer mudanças Então comece por você Se tem sofrido com a violência acabe com ela primeiramente na sua casa no trânsito nas opiniões preconceituosas etc Atitudes assim poderia ajudar a mudar o contexto social No entanto não sejamos tão românticos ao ponto de acreditar que o comportamento individual sanaria todos os males da sociedade Lembremos que em Hobbes o homem é egoísta por natureza e precisa ser controlado Se mesmo vivendo em uma sociedade com leis a vida humana ainda se encontrar em risco a culpa não seria das pessoas mas do próprio governo Hobbes acreditava em um governo absolutista em que sua força deveria ser maior que a do povo pois caso o governo abrisse brechas o caos e a guerra se instalariam novamente na sociedade HOBBES 1983 Ou seja quando o governo é fraco a sociedade se perde e a natureza humana ca descontrolada Portanto o direcionamento das forças do cidadão deve ser submetido aos interesses e vontades de quem está no poder pois este saberá o que NA PRÁTICA Sabe quando você leva uma fechada de um outro carro no trânsito Ou então quando você é mal atendido por uma vendedora numa loja Ou ainda quando precisa utilizar o banheiro público e o encontra sem nenhum sinal de higiene Em todas essas situações você provavelmente pensaria Que coisa horrível Como pode alguém agir dessa maneira Ao se deparar com uma situação que não lhe agrada automaticamente você entende que aquilo poderia não ser confortável para uma outra pessoa e portanto você evita reproduzir tal comportamento As experiências negativas nos fazem entender como é ruim não ter o mínimo de consideração por parte de terceiros e isso lhe faz repensar seu comportamento 15022023 1603 A Educação em Thomas Hobbes httpsaliceeadstockcombrc58eb95cd98c84194b2dd638f6b24ce6altikeyJhbGciOiJIUzI1NiIsInR5cCI6IkpXVCJ9eyJwbGF0Zm9ybVVy 88 é melhor para o povo tendo em vista que este cona em seu líder uma vez que depositou em suas mãos a conança de suas vidas Assim concluímos nossa aula sobre Thomas Hobbes e sua contribuição para o campo da educação Veremos no próximo conteúdo o pensamento de outro teórico da educação bem como sua contribuição para a nossa discussão losóca pedagógica CONECTESE Uma das mais famosas frases de Hobbes foi O Homem é o lobo do Homem Nesse confronto eterno que a raça humana vive conforme nos ensina a losoa hobbesiana tudo seria guerra e morte caso o homem não fosse domado pela força da vida em sociedade que se respalda na lei para poder agir Entretanto as leis têm sido sucientes para que os homens deixem de se atacarem A cantora Pitty canta a música Lobo inspirada nas ideias de Thomas Hobbes e expressa bem o centro de seu posicionamento político Vale a pena conferir 15022023 1603 A Educação em John Locke httpsaliceeadstockcombrc9a7d2b06dc7644a2a2f6ec971f34e5c7ltikeyJhbGciOiJIUzI1NiIsInR5cCI6IkpXVCJ9eyJwbGF0Zm9ybVVyb 17 A Educação em John Locke AUTORIA Jhonatan Diógenes de Oliveira Alves 15022023 1603 A Educação em John Locke httpsaliceeadstockcombrc9a7d2b06dc7644a2a2f6ec971f34e5c7ltikeyJhbGciOiJIUzI1NiIsInR5cCI6IkpXVCJ9eyJwbGF0Zm9ybVVyb 27 A Educação em John Locke a Formação do Burguês Após conhecer a respeito da educação em Thomas Hobbes vamos discutir sobre o pensamento do lósofo inglês John Locke Locke nasceu no dia 29 de agosto de 1632 na aldeia de Somerset na cidade de Wrington Inglaterra Era lho de um funcionário do tribunal e capitão do exército parlamentar recebeu uma educação formal pois desde os seus quatorze anos de idade frequentou escolas Na realidade a formação de Locke foi extensa e além do curso de losoa que em sua época recebia o nome de Artes ele estudou Medicina e Ciências Naturais Seu pensamento ganhou destaque na Inglaterra de seu período pois semelhante a Rousseau Locke foi alguém que não se contentou com a ideia de educação sociedade e política que eram vigentes em seu contexto Apesar de não ser muito conhecido o seu discurso voltado à educação ele apresentou algumas notas a respeito do que considerava válido a ser transmitido ao homem visto que segundo ele a grande responsável pelas habilidades que uma pessoa possa ter seria a educação que ela recebeu LOCKE 2000 A obra na qual ele se dedica à pedagogia é Alguns pensamentos sobre a educação publicada em 1693 Cambi ao falar sobre John Locke arma foi de maneira geral o representante de um pensamento crítico que pretende submeter toda armação à prova da experiência e portanto colocar no centro do próprio trabalho os princípios da vericação experimental e da inferência empiricamente provada CAMBI 1999 p 316 Vamos agora entender o seu contexto para assim chegar aos fundamentos de sua teoria O período no qual ele viveu era governado pela monarquia por isso passou pelo reinado de Carlos I 1625 1649 acompanhou a sua execução bem como ainda era vivo no período do Protetorado que foi o momento no qual dois lordes assumiam temporariamente o lugar do rei visto que o seu posto estava vacante Durante esses governos sobretudo o de Carlos I os ingleses viviam sob a imposição das abusivas ordens reais Carlos I acreditava que o poder real era divino portanto todos deveriam obedecêlo e servilo com extrema devoção Suas decisões se impunham sobre às diretrizes da igreja da Inglaterra sobre os impostos que se tornavam cada vez mais elevados e tudo isso sem consultar o parlamento pois seu desejo era o de governar sozinho SILVEIRA 2017 Por esses e outros motivos Carlos I é considerado pela história um dos primeiros monarcas a promover o governo chamado de absolutista 15022023 1603 A Educação em John Locke httpsaliceeadstockcombrc9a7d2b06dc7644a2a2f6ec971f34e5c7ltikeyJhbGciOiJIUzI1NiIsInR5cCI6IkpXVCJ9eyJwbGF0Zm9ybVVyb 37 Passar por todas essas experiências de governos malsucedidos zeram de Locke um intelectual descrente naquele tipo de ordenamento social Vamos tentar pensar como Locke e reetir sobre seu posicionamento imagine você viver num governo em que mesmo com a mudança do líder os problemas continuam os mesmos e todas as tentativas de melhoria não deram certo Além disso novos ares chegavam os desejos de progresso permeavam a mente das pessoas que queriam se sentir livres para planejarem suas vidas e alcançarem sucesso Contudo frente a um governo que limitava às possibilidades de ascensão toda tentativa de desenvolvimento seria infrutífera Por esse motivo Locke acreditava na autonomia na independência O pensamento lockeano foi o responsável por mudanças signicativas não somente na Inglaterra mas também na França do século XVIII Assim como Rousseau e tantos outros autores Locke acreditou que as mudanças sociais se tornariam efetivas caso contasse com o trabalho da educação Crente disso o autor considerou a natureza humana como o princípio da organização social sendo necessário educar o homem para que este fosse ele mesmo enquanto se desenvolvia dentro de seu grupo Contudo a compreensão que Locke tinha do signicado de natureza era diferente daquela elencada por Rousseau conforme vimos anteriormente Nele contrário às ideias do lósofo de Genebra no estado de natureza o homem seria regido pela razão Mais que isso no estado de natureza a desigualdade não é algo produzido mas fruto desse estado e o egoísmo é uma das características próprias do homem LEONEL 1994 Trazer esses aspectos se faz importante para que posteriormente possamos compreender o conceito de educação desse pensador Percebamos que ao contrário daquilo que entendemos por educação nos dias de hoje para pensadores clássicos como John Locke a educação que se recebia de seus iguais e a instrução freepik Diferentemente de um poder real que viesse de Deus sua máxima se concentrou na ideia de uma vericação isto é só seria possível acreditar naquilo que fosse provado que a experiência demonstrasse que era possível de acontecer e ser real tanto na política quanto na educação Essa teoria inaugurada por Locke é conhecida como empirismo CAMBI 1999 15022023 1603 A Educação em John Locke httpsaliceeadstockcombrc9a7d2b06dc7644a2a2f6ec971f34e5c7ltikeyJhbGciOiJIUzI1NiIsInR5cCI6IkpXVCJ9eyJwbGF0Zm9ybVVyb 47 adquirida formalmente eram uma só Isso porque o aprendizado não se dava somente pela instituição escolar não era uma tarefa exclusiva da escola ensinar preceitos básicos de sociabilidade e valores morais Tudo isso se percebia no próprio contexto social se cobrava em casa e os conhecimentos acumulados eram transmitidos de geração em geração Ou seja ser homem e ser cidadão eram propostas complementares ambas movidas pelo raciocínio lógico e pelas ciências LEONEL 1994 Ao olhar para a sua sociedade e realizar suas críticas a respeito de sua estrutura Locke não desejava revolucionála a ponto de acabar com os ensinamentos que ela continha para lhe dar outros princípios Pelo contrário seu projeto se congurava na potencialização do saber adquirido pela experiência humana para que aquele que o possuísse pudesse se destacar em seu grupo Você consegue entender isso Consegue perceber a grande reexão teórica que Locke produziu em sua época Vamos detalhar esse conceito para que a essência do pensamento político e pedagógico de John Locke não passe despercebido A sociedade na qual ele vivia estava pautada numa política absolutista na qual os indivíduos não tinham liberdade para serem o que desejassem aí se encontrava a crítica de Locke Havendo sido tomados os cuidados adequados para manter o corpo forte e vigoroso de tal forma que possa ser capaz de obedecer e executar as ordens da mente a tarefa seguinte e mais importante é dispor a mente corretamente de modo que em todas as ocasiões ela seja inclinada a não consentir senão com o que seja adequado à dignidade e excelência de uma criatura racional LOCKE 31 2000 grifo nosso Enquanto criatura racional por natureza o homem não deveria se submeter aos mandos de um governo que se dizia superior a todos por ordem divina a ponto de diminuir o seu povo e fazêlo sofrer Desse modo caberia ao homem assumir a sua essência que era racional e pôr em prática a sua origem egoísta a m de que seu intuito fosse de ser sempre o melhor dentre os seus LEONEL 1994 Para alcançar tal empreitada o caminho seria a educação Educando o homem da sociedade porém tendo como base a sua natureza o resultado seria um indivíduo incapaz de se subordinar a um preceito que considerasse vazio pois saberia que sua capacidade racional o convidava a sempre buscar o melhor para si e consequentemente para a sua sociedade Com isso vemos que na educação lockeana o educando não se contentaria com a submissão mas o seu desejo de liberdade tomaria à frente de sua conduta social fazendoo um homem corajoso capaz de construir a sua própria história e ser merecedor de todos os méritos alcançados Em outras palavras esse ser educado nesses moldes pregurava o homem burguês do século XVIII Porém vale lembrar que tal liberdade garantida ao educando não se daria em todo o processo de aprendizado Inicialmente seria necessário que o aluno renunciasse aos seus desejos pois o grande princípio e fundamento de toda a virtude e valor 15022023 1603 A Educação em John Locke httpsaliceeadstockcombrc9a7d2b06dc7644a2a2f6ec971f34e5c7ltikeyJhbGciOiJIUzI1NiIsInR5cCI6IkpXVCJ9eyJwbGF0Zm9ybVVyb 57 está colocado nisto que um homem seja capaz de negar a si mesmo seus próprios desejos LOCKE 33 2000 grifo do autor A renúncia de si no momento certo faria o educando se concentrar em suas capacidades intelectuais para posteriormente gozar de toda felicidade que o seu esforço e conhecimento lhe renderam Ao armar isso o lósofo ia mais uma vez de encontro com os valores de sua época pois ignorava a crença nos conhecimentos inatos que cada homem trazia consigo desde sempre Se o conhecimento é algo que se adquire por meio do intelecto então não seria correto dizer que alguém canta escreve cozinha ou exerce qualquer atividade porque possui um dom CAMBI 1999 Com isso o que se tem é um tripé responsável pela formação do ser que são o físico o moral e o intelectual Seguindo esses três princípios seria possível alcançar futuramente o homem ideal para a nova ordem social que despontava contrária aos movimentos do regime monárquico A partir de um ensino reformado o que se encontraria era um homem também reformado O grande mal da sociedade estaria na condução da formação do homem dirá Locke Por vezes os pais que devem ser os grandes guardiões dos cuidados de seus lhos permitem desde cedo que estes se deixem corromper pelos maus costumes acreditando que nada lhes acontecerá tendo em vista sua pouca idade Locke os alerta acerca desse engano que por vezes inocentemente cometem Assim ele escreveu REFLITA Como se daria na prática a proposta pedagógica de Locke Vejamos sua teoria valorizava o cuidado com o corpo e com a mente isso porque se trata de instrumentos pelos quais o homem demonstra as suas potencialidades Em Locke a educação a partir da experiência é o que conduziria o homem ao conhecimento pois todos nascem rasos intelectualmente 15022023 1603 A Educação em John Locke httpsaliceeadstockcombrc9a7d2b06dc7644a2a2f6ec971f34e5c7ltikeyJhbGciOiJIUzI1NiIsInR5cCI6IkpXVCJ9eyJwbGF0Zm9ybVVyb 67 Eles amam seus pequenos e isto é sua obrigação mas seguidamente regozijamse junto com a pessoa deles também com suas faltas Eles não podem ser obstruídos dizem Deveselhe permitir que façam suas vontades em todas as coisas e não sendo capazes de grandes vícios na infância os pais pensam que podem com suciente segurança condescender com suas pequenas irregularidades e fazerem eles próprios gracejos com esta bela perversidade a qual lhes parece conveniente a esta idade inocente Mas a um pai carinhoso que não teria corrigido o lho por uma travessura perversa mas o desculpado dizendo É coisa pequena Solon muito bem respondeu Sim mas o costume é uma grande coisa LOCKE 34 2000 O amor não pode limitar os lhos tampouco fazêlos dependentes dos cuidados paternais Desse modo todo carinho em excesso deve ser evitado pois se não houver esse cuidado o risco de se perder todo o trabalho de formação do homem se torna eminente A educação nesses moldes não é leve e essa rigidez pedagógica é perceptível nos detalhes Locke pretendia permitir que o educando experimentasse a dor e aprendesse a conviver com ela Isso faria de seu aluno um homem conhecedor de si e de seus limites mas também de seus potenciais A renúncia dos prazeres na infância serviria para lhe fazer forte semelhante a um soldado que ao enfrentar as diculdades da batalha se esforça em superálas até chegar ao ponto de não mais sofrer tanto com as condições às quais é exposto pois aprendeu a lidar com o sofrimento Por m o resultado da educação lockeana seria o Lorde Inglês isto é homem culto capaz de interagir com os demais negociar e se posicionar livremente frente aos problemas de seu tempo de forma decidida e inuente sempre prezando pela propriedade privada que é o símbolo da sua independência visto que este sujeito não é mais o súdito subjugado aos mandos de um rei tirano mas é o burguês independente criador de sua história e que adquiriu com todos os esforços desprendidos a independência de sua vida e o sucesso pessoal prossional e social Prossigamos nossos estudos a respeito do pensamento clássico como uma expressão teórica dos fundamentos que compõem a losoa da educação 15022023 1603 A Educação em John Locke httpsaliceeadstockcombrc9a7d2b06dc7644a2a2f6ec971f34e5c7ltikeyJhbGciOiJIUzI1NiIsInR5cCI6IkpXVCJ9eyJwbGF0Zm9ybVVyb 77 SAIBA MAIS Ao falarmos da educação em Locke o que podemos destacar de todas as suas considerações é o processo e o resultado de sua proposta O fato de educar indica que o homem não pode permanecer no estado de natureza no qual estava inserido Por isso educar é desnaturar fazendo o sujeito assumir posturas que inicialmente não lhe eram próprias Nessa perspectiva em Locke o cidadão que não cumpre com as regras de sua cultura e sociedade é considerado deseducado Por isso diferente de lósofos como Rousseau a educação em Locke é visível se expressa nos gestos na fala e na postura que o indivíduo tem diante da vida em sociedade Em suma sua educação é social pois tem a função de levar o homem a obter sucesso enquanto cidadão membro de um grupo 15022023 1603 A Educação em JeanJacques Rousseau httpsaliceeadstockcombrcf80152f719824a9486a9013ab764f8a1ltikeyJhbGciOiJIUzI1NiIsInR5cCI6IkpXVCJ9eyJwbGF0Zm9ybVVyb 17 A Educação em Jean Jacques Rousseau AUTORIA Jhonatan Diógenes de Oliveira Alves 15022023 1603 A Educação em JeanJacques Rousseau httpsaliceeadstockcombrcf80152f719824a9486a9013ab764f8a1ltikeyJhbGciOiJIUzI1NiIsInR5cCI6IkpXVCJ9eyJwbGF0Zm9ybVVyb 27 A Teoria da Educação de Rousseau Educação e Política Ao falarmos sobre os lósofos da educação encontraremos diversos nomes nas mais variadas épocas históricas Contudo alguns grupos obtiveram destaque e se tornaram referenciais de ideias inovadoras e por vezes polêmicas a respeito dos fundamentos que regiam o conceito de pedagogia educação ensino etc Um desses pensadores foi JeanJacques Rousseau Rousseau nasceu no ano de 1712 na cidade de Genebra Suíça Filho de um relojoeiro foi criado pelo pai até seus dez anos de idade tendo em vista que sua mãe faleceu devido às complicações que tivera em seu parto Quando tinha dezesseis anos de idade Rousseau foge de sua cidade natal e parte em busca de novas experiências pelo mundo afora Viajou bastante morou na Itália teve aulas de latim e italiano passou por uma experiência religiosa e quase estudou para ser padre após sua conversão ao catolicismo SIMPSON 2009 Porém não contente com a vida que levava voltou para a estrada em busca de um lugar que o acolhesse Seu paradeiro foi a cidade de Paris na França onde passou a maior parte de seus anos Sua experiência pelo mundo afora o fez observar o homem em suas mais diversas expressões ricos pobres camponeses homens felizes outros amargurados com a vida que levavam pessoas que eram exploradas e tentavam a todo custo serem livres Por m após observar todos esses cenários Rousseau conclui que O homem nasce livre e por toda a parte encontrase a ferros ROUSSEAU 1999 p 53 Com isso o autor quis dizer que a sociedade do século XVIII sobretudo naqueles lugares nos quais ele havia passado eram permeados por indivíduos aprisionados que viviam subjugados aos mandos daqueles que detinham o poder e que como consequência dessa realidade vivam infelizes REFLITA Vale ressaltar que esse aprisionamento ia muito além de grades de ferro que poderiam prender um homem Os ferros aos quais Rousseau se referia não eram físicos mas ideológicos O cidadão estava preso aos preceitos sociais que lhe foram impostos ao longo dos anos era cativo dos costumes e dos valores que a sua sociedade lhe impunha sem poder se libertar deles pelo menos até aquele momento BOTO 2017 15022023 1603 A Educação em JeanJacques Rousseau httpsaliceeadstockcombrcf80152f719824a9486a9013ab764f8a1ltikeyJhbGciOiJIUzI1NiIsInR5cCI6IkpXVCJ9eyJwbGF0Zm9ybVVyb 37 Rousseau havia enxergado o problema de sua época além de ter que conviver com uma realidade totalmente desigual e injusta ele ainda precisava cumprir com os hábitos e costumes típicos daquele contexto A polidez nas relações as boas maneiras e as regras de etiqueta o seguir à moda e o trato com as pessoas conforme o seu grau de importância o modo como alguém deveria se portar à mesa etc Tudo isso fazia parte do cenário do século XVIII principalmente na França que contava com famosos manuais de civilidade que se tornaram extremamente populares na época em especial aquele que havia sido escrito por João Batista de La Salle intitulado Règles de la bienséance et de la civilité chrétienne ARIÈS1986 Esse manual continha ensinamentos sobre como uma pessoa deveria agir nas mais diversas ocasiões Vejamos um exemplo Apenas deitado é preciso cobrir todo o corpo fora o resto que sempre deve car descoberto Tampouco se deve tomar postura alguma inconveniente com a desculpa de maior comodidade nem permitir que o pretexto de dormir melhor se sobreponha ao decoro Não é cortês dobrar as pernas mas devese estendêlas e convém deitarse ora de um ora de outro lado pois não é apropriado dormir deitado de bruços LA SALLE 2012 vol III p 360 Talvez você possa se perguntam sobre qual o problema em seguir regras de etiqueta ou então ser bemeducadoa e cumprir com uma determinada postura quando se está na frente de alguém importante Na verdade quem é que não gosta de encontrar pessoas simpáticas por onde passa ou então ser bem tratado Pois bem para responder a essa questão devemos primeiramente lembrar que a resposta óbvia não cabe aqui uma vez que estamos tratando de losoa da educação Por isso nossa primeira tarefa é compreender qual a crítica realizada por Rousseau bem como o que isso tudo tem a ver com educação 15022023 1603 A Educação em JeanJacques Rousseau httpsaliceeadstockcombrcf80152f719824a9486a9013ab764f8a1ltikeyJhbGciOiJIUzI1NiIsInR5cCI6IkpXVCJ9eyJwbGF0Zm9ybVVyb 47 Aqui encontraremos a relação que Rousseau faz do problema social com a educação Todos os males que afetam o homem em sociedade são frutos das relações sociais e por esse motivo não se deveria culpabilizar o homem pelos excessos que ele cometia no convívio com os demais Ao invés de dizimar a espécie humana ou então acabar com a sociedade era preciso direcionála a outro caminho numa nova perspectiva de vida Isso só seria possível se o instrumento utilizado para salvar a humanidade fosse a educação ROUSSEAU 1973 Pode soar estranho utilizar termos como grades ideológicas salvação dizimar a espécie etc Porém devemos entender que a infelicidade humana era um problema levado a sério pelo lósofo e se ocupar da educação como o remédio capaz de acabar com tal conito fazia com que suas reexões se tornassem propostas inovadoras típicas de um intelectual da educação Ao educar o homem para aprender a ser ele mesmo a conviver com seus sentimentos e seus desejos e obedecer primeiramente à mestra natureza a felicidade e a liberdade voltariam a ser suas principais características conforme acreditava Rousseau Que se destine meu aluno à carreira militar à eclesiástica ou à advocacia pouco me importa Antes da vocação dos pais a natureza chamao para a vida humana Viver é o ofício que lhe quero ensinar Saindo de minhas mãos ele não será concordo nem magistrado nem soldado nem padre será primeiramente um homem ROUSSEAU 1973 p 15 grifo nosso Para Rousseau ao seguir todos esses preceitos sociais reproduzir os comportamentos aceitos por aquela sociedade o homem abandonava a sua essência sua origem Ou seja o lósofo entendia que o motivo das grades ideológicas e consequentemente da infelicidade humana se encontrava no distanciamento de nossa natureza que estava sempre cumprindo com os mandos sociais porém se esquecia de buscar aquilo que lhe era próprio e lhe fazia feliz 15022023 1603 A Educação em JeanJacques Rousseau httpsaliceeadstockcombrcf80152f719824a9486a9013ab764f8a1ltikeyJhbGciOiJIUzI1NiIsInR5cCI6IkpXVCJ9eyJwbGF0Zm9ybVVyb 57 Para isso os exageros de uma educação cheia de vícios deveriam ser retirados da formação desse novo homem Porém como construir esse novo homem sendo que todos os que estavam inseridos naquela sociedade eram corrompidos pela cultura No intuito de não errar em seu projeto político pedagógico Rousseau criou para si um personagem uma criança ctícia que se chamaria Emílio SIMPSON 2009 Emílio era uma criança órfã seu único referencial familiar seria Rousseau que cumpriria com o papel de preceptor do menino e o iria acompanhar até o dia em que chegasse à vida adulta Emílio teria uma infância diferente das crianças daquela sociedade não viveria na cidade não teria a companhia de outras crianças não tomaria banhos quentes não seria socorrido quando caísse ou chorasse sem motivo não se cobriria com inúmeras peças de roupas para se agasalhar não caria preso ao berço mas andaria livremente pela casa não comeria alimentos sosticados mas comeria frutas e pães e beberia água Enm sua educação inicial seria oposta àquela praticada à época e por esse motivo Rousseau a chamava de educação negativa ROUSSEAU 1973 O nosso olhar contemporâneo já de início identica a proposta de Rousseau como total loucura Como seria possível que uma criança não recebesse os cuidados básicos que sua tenra idade necessitava Porém o que o lósofo vem questionar é exatamente essa certeza da necessidade dos cuidados que consideramos básicos Para ele toda a atenção que se dava à criança em seus primeiros anos de vida eram práticas que levavam o homem aos maus hábitos Por exemplo o fato de se pegar a criança todas as vezes que ela chorava levaria a pequena a entender que para ter suas vontades satisfeitas bastaria chorar mesmo que não tivesse nenhum motivo para isso pois o que importaria era que seu desejo seria atendido por um adulto Com isso não estaria ele formando mais uma vez o homem de seu tempo que sempre quer ser atendido conforme suas vontades sem pensar nos demais e nas necessidades alheias Tente analisar as ideias de Rousseau de um ponto de vista losóco e você perceberá que elas possuem coerência Educando a criança nesses moldes Rousseau acreditava que conseguiria sanar os problemas de sua época pois uma sociedade melhor só seria possível com um homem melhor Porém aqui surge uma dúvida como seria possível educar o homem para a sociedade sendo que ele estava afastado dela vivendo no campo e aprendendo a ser o oposto do homem social Quando falamos de vida em sociedade precisamos entender que o que rege a sua organização são as leis e estas julgam quais dos nossos comportamentos são aceitáveis ou não Ou seja a sociedade indica quais valores morais são cabíveis ou não em sua estruturação Cassirer 1999 nos auxilia nessa questão e responde a essa pergunta sobre quais os valores morais que devem conduzir a vida em sociedade da seguinte maneira 15022023 1603 A Educação em JeanJacques Rousseau httpsaliceeadstockcombrcf80152f719824a9486a9013ab764f8a1ltikeyJhbGciOiJIUzI1NiIsInR5cCI6IkpXVCJ9eyJwbGF0Zm9ybVVyb 67 Com essas palavras Cassirer expressa uma das grandes novidades do pensamento rousseauniano para a época O homem aprende quais valores morais devem conduzir sua vida em sociedade a partir do momento em que ele olha para dentro de si mesmo Ou seja ao ouvir os apelos da natureza o homem não caria abandonado e sem rumo Sua natureza conduzida por uma educação natural lhe daria a resposta sobre como deveria agir quais os valores lhe fariam bem e quais ações lhe seriam prejudiciais Isso signicava que Rousseau depositava tamanha conança no homem e na educação que esse deveria receber a ponto de lhe dizer que para ser feliz novamente era preciso se ouvir se cuidar assumir quem de fato ele era sem ter medo de sofrer represálias pois a felicidade e a justiça aconteceriam quando cada indivíduo se descobrisse como único ao mesmo tempo em que entendesse que isso não o faria melhor ou superior aos demais mas os colocaria em pé de igualdade pois a essência humana seria a mesma O fato é que ser único signicava que cada indivíduo era responsável por si sem precisar agradar a ninguém Quando essa auto responsabilidade era compreendida por todos o resultado era uma rede de pessoas que tinham interesses em comum ideais coletivos e objetivos que juntos não gerariam discórdia mas união Essa resposta parece um tanto utópica não é Pois de fato ela o é mesmo Contudo ser utópico para Rousseau não signicava que suas ideias não poderiam existir apenas que ainda não havia nenhum outro homem que tivesse tentado colocálas em prática ULHÔA 1996 Portanto Rousseau é um referencial daquilo que consideramos um lósofo da educação Mas não somente ele Prossigamos o nosso estudo reetindo a respeito do trabalho de outros pensadores Os verdadeiros princípios da moral não se fundam em qualquer autoridade seja humana seja divina nem no poder da prova silogística São verdades que só se deixam apreender intuitivamente mas justamente essa intuição não é negada a ninguém pois constitui a força fundamental e a essência do próprio homem CASSIRER 1999 15022023 1603 A Educação em JeanJacques Rousseau httpsaliceeadstockcombrcf80152f719824a9486a9013ab764f8a1ltikeyJhbGciOiJIUzI1NiIsInR5cCI6IkpXVCJ9eyJwbGF0Zm9ybVVyb 77 CONECTESE Apesar de termos nos concentrado no pensamento pedagógico de Rousseau ele foi um autor que trabalhou diversos temas ao longo de sua vida Rousseau se interessava por botânica medicina música história educação política etc Para conhecer outro trabalho realizado por ele disponibilizo o link de uma de suas composições musicais intitulada Le devin du village O adivinho da aldeia composta pelo lósofo no ano de 1752 Para quem gosta de música clássica essa composição expressa bem o gênio rousseauniano 15022023 1604 A Educação em Augusto Comte httpsaliceeadstockcombrc79eb411dd21e47f392f8eee341769ad4ltikeyJhbGciOiJIUzI1NiIsInR5cCI6IkpXVCJ9eyJwbGF0Zm9ybVVyb 17 A Educação em Augusto Comte AUTORIA Jhonatan Diógenes de Oliveira Alves 15022023 1604 A Educação em Augusto Comte httpsaliceeadstockcombrc79eb411dd21e47f392f8eee341769ad4ltikeyJhbGciOiJIUzI1NiIsInR5cCI6IkpXVCJ9eyJwbGF0Zm9ybVVyb 27 O Positivismo de Comte Sociedade Política e Ciências a Educação Positiva Prossigamos com nosso conteúdo agora falando a respeito do pensamento do lósofo Augusto Comte Isidore Auguste Marie François Xavier Comte nasceu no ano de 1798 na cidade de Montpellier França Seu pai era funcionário público e sua vida sempre foi muito simples desde a infância Comte estudou na escola politécnica que era uma novidade para a sua época pois além de ter sido inaugurada quatro anos antes de seu nascimento também representava a conquista pelo direito de uma educação que todos poderiam ter acesso Isso não signicava que essas escolas fossem totalmente gratuitas mas que não se destinavam a uma única classe pois todos tinha acesso a elas tornando o conhecimento cientíco de acesso público CAMBI 1999 Desde jovem Comte tinha uma visão diferenciada de sua época Certamente porque viveu no período da Revolução Francesa viu de perto as barbáries do conito de classes e as lutas entre burguesia e revolucionários acreditou que seria possível constituir uma ordem social diferente daquela vigente Porém ele era pobre e sem qualquer reconhecimento público encontrar espaço para divulgar seus pensamentos não seria tarefa fácil Somente a partir do momento em que conseguiu trabalho como secretário do Conde Henri de SaintSimon é que pôde apresentar para a alta sociedade francesa aquilo que tinha em mente sobre como deveria funcionar a política daquele período Em 1826 criou o Curso de Filosoa Positiva que daria início à teoria sobre o signicado das ciências da política da sociedade e da educação 15022023 1604 A Educação em Augusto Comte httpsaliceeadstockcombrc79eb411dd21e47f392f8eee341769ad4ltikeyJhbGciOiJIUzI1NiIsInR5cCI6IkpXVCJ9eyJwbGF0Zm9ybVVyb 37 Ao olhar para o modo como o homem sobretudo o revolucionário se comportava em sociedade Comte não acreditava que aquilo era o resultado da corrupção humana assim como supunha outros pensadores como por exemplo Rousseau Para ele tais comportamentos de guerra e críticas intensas representavam que o caminho que a humanidade deveria percorrer para a evolução da espécie estava acontecendo naturalmente e tudo aquilo era transitório Graças a um contraste que em nossos dias deve parecer de início inexplicável mas que no fundo está em plena harmonia com a verdadeira situação inicial de nossa inteligência num tempo em que o espírito humano está ainda aquém dos mais simples problemas cientícos COMTE 1983 p 44 grifo nosso A humanidade deveria passar por três estágios teológico metafísico e positivo Segundo Comte o período no qual ele vivia estava no segundo estágio mas que logo caminharia para o terceiro e último graças à novidade trazida por sua losoa Vejamos o que signicava cada um desses estágios TEOLÓGICO Vivido pelos homens préhistóricos foi o período no qual a crença humana supunha que o que governava o mundo eram seres celestes e as divindades e a fé em um único Deus era o momento mais avançado do estágio teológico METAFÍSICO REFLITA Tudo começa com a seguinte reexão a sociedade atual é decadente e está cada dia mais a caminho da ruína Ou seja o movimento revolucionário havia despertado em Comte o sentimento de que os valores morais que sustentavam a pirâmide da estrutura social francesa estavam sendo derrubados Não que os costumes da monarquia fossem os mais assertivos na condução do povo pois havia reivindicações populares que tinham seu grau de razão e verdade quando se diziam descontentes com o velho regime Portanto para acabar com toda aquela contenda era necessário um novo regime uma nova lei em suma uma nova sociedade COMTE 1983 15022023 1604 A Educação em Augusto Comte httpsaliceeadstockcombrc79eb411dd21e47f392f8eee341769ad4ltikeyJhbGciOiJIUzI1NiIsInR5cCI6IkpXVCJ9eyJwbGF0Zm9ybVVyb 47 É o estágio intermediário no qual a crença nos deuses se encerra surgem as revoluções populares e se questiona o poder estabelecido A incerteza sobre o que é a vida em sociedade qual a origem do homem e se Deus existe são traços fortes desse estágio POSITIVO Sendo o último estágio é quando a humanidade acaba com as dúvidas sobre sua origem pois não mais se questiona sobre ela isso porque não importa mais o antes mas o que vale é o agora Acabase a fé monoteísta que é substituída pela fé na humanidade ou seja o centro do universo é o próprio homem e aquilo que ele vive e faz Sem adorar qualquer Deus o homem descobre que ele é o responsável pela criação pela morte pelas alegrias e tristezas que o circundam Acreditando que a humanidade deveria se resumir apenas no tempo presente sem se preocupar com questões históricas e de seu passado Comte estava preocupado em solucionar o conito de classes que existia em sua época Por mais que ele tenha escrito após o período revolucionário e não estivesse mais presenciando os conitos sociais sua intenção foi a de organizar o pensamento desestruturado que ainda perdurava na população Os resquícios do conito habitavam a mente das pessoas que ainda se sentiam perdidas em meio a tantas mudanças políticas e sociais BERGO 1983 É por isso que o estágio positivista não parava por aí sua intenção primeira era alterar o modo como o homem pensava a começar por uma nova interpretação de armativas básicas construídas com o passar do tempo Vejamos sobre elas A explicação sobre a origem do homem não deveria ser religiosa mas cientíca Isto é ao falar sobre a espécie humana o instrumento utilizado deveria ser os dados os números e tudo aquilo que pudesse ser demonstrado A natureza humana é relativa Isso signicava que não havia uma determinação sobre o porquê o homem existe tampouco a necessidade de se pesquisar sobre qual a nossa origem qual o lugar em que estamos e para onde iremos Essas perguntas que são clássicas da losoa se tornam irrelevantes no pensamento comtiano visto que tanto o homem quanto o seu conhecimento são relativos e temporais Sem se preocupar com o movimento dos tempos o positivismo de Comte arma que as leis naturais são invariáveis ou seja não se alteram Por esse motivo ao conhecer o homem hoje o conhecerei amanhã O mesmo se daria com as ciências ao estudar a biologia humana a sociologia a matemática a astronomia a física a antropologia e a química as leis seriam as mesmas em qualquer espaço e tempo Com isso o positivismo tratava de um conhecimento universal e que caminharia unido um ao outro sendo uma ciência complemento da seguinte O resultado seria uma losoa sã sem deuses e sem conitos ideológicos 15022023 1604 A Educação em Augusto Comte httpsaliceeadstockcombrc79eb411dd21e47f392f8eee341769ad4ltikeyJhbGciOiJIUzI1NiIsInR5cCI6IkpXVCJ9eyJwbGF0Zm9ybVVyb 57 Todos esses conceitos formavam basicamente a ideia que Comte elucidava para a organização social e da espécie humana E semelhante aos demais pensadores tratados até aqui o que valida o seu pensamento numa reexão pedagógica é o fato dele compreender que a educação seria o caminho mais assertivo para se alcançar o desenvolvimento de seu projeto losóco A Educação Positivista Comte ao falar sobre educação criou um passo a passo sobre como ela deveria acontecer Vejamos de que forma o autor formulou o seu raciocínio Todos nós nascemos dentro de uma sociedade certo Para Comte o papel dessa sociedade era o de retirar o indivíduo de seu egoísmo ou seja mostrar para ele que a humanidade é formada por muitos e que estes devem se ajudar mutuamente Esse é o papel da sociedade educar o homem para se dispor ao outro gerando uma personalidade altruísta isto é que se solidariza com o próximo MESQUIDA 2012 Ao tratar sobre solidariedade Comte se referia ao aprendizado do amor que deveria ser ensinado pela mãe que seria a principal responsável pela formação humana da criança ensinandolhe desde os primeiros anos de idade a amar a sua espécie respeitar a hierarquia daqueles que lhe são mais velhos e superiores e se desenvolver conforme os bons exemplos que adquirir ao longo de sua vida A educação começa com a vida sendo que a humana se divide em três fases ascendente estacionária e descendente A fase na qual toda a educação positivista se desenvolveria seria a ascendente e as outras seriam a da idade adulta e a da velhice Vejamos um pouco mais sobre o estágio ascendente Ele ocorreria até os 28 anos de idade Nela estariam os períodos mais importantes da identicação da criança com o seu grupo Guiada pela mãe a criança desenvolveria os seus sentidos e bons hábitos Aqui ela deveria aprender sobre educação estética que é o gosto pela dança arte música etc ao mesmo tempo em que conheceria sua língua materna e todas as outras que pudesse aprender Seus sentidos deveriam ser treinados pela mãe que lhe ensinaria a ser afetuosa carinhosa e bondosa COMTE 1983 Como é possível perceber o sucesso desse estágio dependeria majoritariamente do cuidado que a mãe reservasse ao acompanhamento da criança tendo a missão de deixar em sua memória boas lembranças e recordações marcantes de sua infância O que acompanharia esse estágio seriam os valores morais que se resumiriam no respeito às tradições e aos costumes de sua família e pátria Isso levaria a criança para uma vida harmoniosa em sociedade pois a veneração o apego e a bondade são motores que a impulsionariam na vida social A educação começaria em casa mas seria concluída na escola e essa seria pública Ou seja conduzida pelo governo a escola receberia a criança com os ensinamentos básicos vindos de casa e sua tarefa seria potencializar todos os preparos familiares 15022023 1604 A Educação em Augusto Comte httpsaliceeadstockcombrc79eb411dd21e47f392f8eee341769ad4ltikeyJhbGciOiJIUzI1NiIsInR5cCI6IkpXVCJ9eyJwbGF0Zm9ybVVyb 67 com um conhecimento cientíco que se daria pelas ciências positivas em três níveis de estudos 1º ESTUDO DA EXISTÊNCIA UNIVERSAL E DO MUNDO Pelas disciplinas de matemática astronomia física e química o aluno compreenderia a formação do universo aquilo que o compõe e qual a ordem estrutural das coisas 2º ESTUDOS ACERCA DA VIDA Nessa fase ele aprenderia os conteúdos de biologia sociologia geograa história economia e direito Partindo de uma leitura biológica sobre o que é a vida o aluno seria encaminhado para uma reexão acerca do desdobramento dês sa na sociedade sua organização política o modo como vive cada cultura e a maneira que se organizam politicamente 3º BASE DA CONDUTA FUTURA Aqui entraria a base moral ou seja o ensinamento sobre os comportamentos válidos em sua sociedade o que deve ser respeitado ou não repetido ou ignorado incentivado ou reprimido para que a vida em sociedade possa funcionar em plenitude Essa proposta demonstra uma preocupação latente de Comte com a existência de uma ordem universal que dominasse o homem e as ciências ao seu redor Com isso a sociedade teria pleno controle sobre a vida de cada homem bem como daquilo que ele pensasse sentisse e a forma como ele enxergaria o mundo pois todos os seus passos estariam determinados e prontos para serem postos em prática por uma educação concluída e préelaborada 15022023 1604 A Educação em Augusto Comte httpsaliceeadstockcombrc79eb411dd21e47f392f8eee341769ad4ltikeyJhbGciOiJIUzI1NiIsInR5cCI6IkpXVCJ9eyJwbGF0Zm9ybVVyb 77 CONECTESE O pensamento comtiano é muito organizado Ele estruturou a humanidade em período e fez o mesmo com as ciências dandolhes um começo um meio e um m no sentido de nalidade Desse modo Comte acreditava que se as ciências fossem positivadas haveria um momento em que seria possível ter controle total sobre as ciências a sociedade e até mesmo do homem Parece algo muito futurístico não é Mas isso já existe Alguns cientistas defendem a possibilidade de se produzir e utilizar pílulas para acabar com o sofrimento gerado pelo m de um relacionamento até porque quem nunca sofreu por amor que atire a primeira pedra 15022023 1604 A Educação em Michel Foucault httpsaliceeadstockcombrc72cb5bd55b1141a1b2d58fe57ec66dcaltikeyJhbGciOiJIUzI1NiIsInR5cCI6IkpXVCJ9eyJwbGF0Zm9ybVVy 18 A Educação em Michel Foucault AUTORIA Jhonatan Diógenes de Oliveira Alves 15022023 1604 A Educação em Michel Foucault httpsaliceeadstockcombrc72cb5bd55b1141a1b2d58fe57ec66dcaltikeyJhbGciOiJIUzI1NiIsInR5cCI6IkpXVCJ9eyJwbGF0Zm9ybVVy 28 A Escola como Partícipe das Instituições Disciplinares Dando alguns passos adiante analisaremos agora o pensamento contemporâneo do pensador Michel Foucault Foucault nasceu em Poitiers na França no ano de 1926 Sua família era tradicionalmente de médicos o que lhe garantiu uma infância estável e confortável Aos vinte anos de idade estudou psicologia e losoa na Escola Normal Superior e em 1952 se diplomou na área de psicopatologia A partir dali iniciou sua carreira como docente na Universidade de Lille onde seu trabalho ia além de uma reexão histórica mas buscava compreender os mecanismos que levavam às pessoas em sociedade a seguirem determinados padrões comportamentais afetivos sexuais etc Semelhante a Thomas Hobbes Foucault não foi um pensador que dedicou o seu trabalho a reetir diretamente sobre o contexto educacional Suas obras tratavam sobre a ideia de homem e como ela havia sido instrumentalizada pelas instituições Moldando os indivíduos conforme suas pretensões as diversas instituições engessam o processo de desenvolvimento humano limitando o seu trabalho a fazer com que os homens apenas respondam aos seus anseios validando com essa atitude o seu poder sobre todos eles Suas análises levaram em consideração a ideia de que o perl de homem constituído em cada contexto histórico foi moldado pelas instituições sociais LEBRUN 1985 Isso caracterizou aquilo que consideramos em Foucault como uma abordagem ao discurso ou seja as ideias que levaram as pessoas a serem aquilo que elas são a agir da maneira que agem frente ao outro frente às coisas frente aos valores morais e frente a elas mesmas MUCHAIL 1985 Nessa perspectiva encontramos o viés SAIBA MAIS Após algum tempo como professor publicou a obra A história da loucura um trabalho que surgiu a partir de sua tese defendida em 1961 Por essa obra Foucault começou a ganhar visibilidade externa e era convidado a participar de debates dar entrevistas palestras e a falar para o grande público sobre suas ideias Ele faleceu no ano de 1984 por complicações em decorrência do vírus da AIDS do qual era portador 15022023 1604 A Educação em Michel Foucault httpsaliceeadstockcombrc72cb5bd55b1141a1b2d58fe57ec66dcaltikeyJhbGciOiJIUzI1NiIsInR5cCI6IkpXVCJ9eyJwbGF0Zm9ybVVy 38 educacional de Foucault pois a escola enquanto instituição social também cumpre com o papel de formar cidadãos e disseminar em seu interior um tipo de disciplina de ideias e reexões que complementam o perl de homem que ela entrega para a sociedade Por tal reexão falaremos a respeito de Foucault enquanto lósofo da educação O autor em questão se encaixa num primeiro momento na abordagem fenomenológica que trabalhando numa perspectiva antropológica leva seus leitores a compreender a seguinte armativa não há uma denição do que seja o homem Vamos entender um pouco melhor essa questão sabe quando ouvimos dizer que cada pessoa tem um dom ou que nascemos destinados a alguma coisa ou então que há pessoas que nascem boas e outras nascem ruins Foi por essa linha que caminhou a reexão de Foucault inspirado nos pensadores gregos que nunca chegaram a uma denição do que fosse o sujeito seu trabalho como um todo se dedicou a se opor à ideia de uniformizar o comportamento humano FOUCAULT 1994 Para ele as instituições sociais possuem mecanismos próprios que cumprem com a função de gerar homens e mulheres iguais O sentido aqui não é de igualdade em que todos têm as mesmas oportunidades Não As instituições são aquelas que segundo Foucault mecanizam o ser humano e o fazem agir conforme lhe é solicitado pelo sistema A escola e seus agentes se enquadram nessa interpretação sendo também uma das instituições responsáveis atualmente por moldar o homem conforme os interesses daqueles que governam CARVALHO 2014 Para a fenomenologia isso não é verdade Cada indivíduo se constitui e se descobre conforme as experiências os movimentos históricos sociais e políticos que vivencia que formam a sua existência e lhe trazem signicado enquanto pessoa NICOLA 2005 15022023 1604 A Educação em Michel Foucault httpsaliceeadstockcombrc72cb5bd55b1141a1b2d58fe57ec66dcaltikeyJhbGciOiJIUzI1NiIsInR5cCI6IkpXVCJ9eyJwbGF0Zm9ybVVy 48 Quando falamos em agir conforme o sistema a crítica foucaultiana vai mais a fundo identicando aquilo que as instituições sociais promoveram ao longo dos anos para construir o perl de homem civil que almejavam Por uma arqueologia do saber ou seja numa escavação história sobre como se deu os diálogos e as relações de poder nas principais civilizações ocidentais Foucault contextualizou o seu século e constatou que as instituições que o compunham produziam cada uma em sua especicidade um saber que levava o homem a um posicionamento uniforme e dominado por ensinamentos padronizados isto é que levavam os indivíduos a pensarem e agirem de maneira igual reproduzindo comportamentos semelhantes MUCHAIL 1985 Foucault traz vários exemplos de instituições que possuem essa função a prisão o hospital o exército a sessão de terapia o trabalho e por m a escola Todos esses cumprem conforme sua expertise com a função de formar o homem nos moldes da sociedade na qual ele está inserido Apesar da diversidade cultural e das mudanças de uma sociedade para a outra praticamente todas caminham no mesmo intuito que é o de fazer o indivíduo obediente submisso cuidadoso e pacíco Até o nal da Idade Média o método utilizado por tais instituições era o da força física ou seja por meio de castigos corporais se ensinava ao indivíduo como ele deveria agir na prisão era a solitária nos hospitais psiquiátricos eram os tratamentos de choque na escola a palmatória a humilhação verbal etc Após esse período a estratégia mudou para aquilo que Foucault chamou de docilização do corpo FOUCAULT 1994 Semelhante aos demais lósofos da educação Foucault foi um pensador que identicou em sua sociedade um sistema de formação do homem que tinha um ordenamento muito claro em todas as suas ações sendo essas intencionais REFLITA A questão para Foucault não se reduzia a ideologias que eram ensinadas nas instituições O que ele percebeu foi que mais que ideologias transmitidas essas instituições disciplinares trabalhavam para conduzir o homem em todos os seus aspectos Isso acontece quando o sujeito é retirado de sua privacidade e levado para um determinado local onde passará horas por vezes dias a seguir prescrições de como deve se portar como agir o que comer como falar o que deve sentir ou não amar ou não etc 15022023 1604 A Educação em Michel Foucault httpsaliceeadstockcombrc72cb5bd55b1141a1b2d58fe57ec66dcaltikeyJhbGciOiJIUzI1NiIsInR5cCI6IkpXVCJ9eyJwbGF0Zm9ybVVy 58 Com isso o sujeito se desenvolveria para atender aos interesses governamentais sem levar em consideração o que de fato é seu enquanto pessoa e perdia a oportunidade de vivenciar a experiência de ser homem pelos seus próprios interesses sua própria vontade e aquilo que lhe chamasse a atenção Contudo podemos supor que ninguém em sã consciência renunciaria a sua liberdade em prol de uma causa que não lhe fosse justa ou que não lhe dissesse nada Por esse motivo os ensinamentos transmitidos ao homem pelas instituições são verdades prontas inquestionadas e que devem ser assimiladas por aqueles que delas se aproximam é preciso indagar até que ponto o que se cogita para a Educação como processo de socialização da cultura da vida no qual se constroem se mantêm e se transformam saberes conhecimentos e valores não passa de redundância das condicionantes matrizes de saberes e comportamentos aos quais os sujeitos estão submetidos ao longo de suas experiências com a instituição escolar CARVALHO 2014 p 110 Numa disciplina constante de nossos corpos e comportamentos Foucault armou que o indivíduo é instruído diariamente para que se torne um ser normalizado Ou seja o que se pretende é introduzilo num modelo existencial considerado como bom e correto que deverá ser posto em prática em determinada cultura e sociedade a m de avaliar o comportamento de cada indivíduo Isso signica que homem em sociedade é submetido a um exame moral constante se é bom e normalizado quando se cumpre tudo o que se pede se é ruim e anormal quando não consegue se adequar a todas as regras estipuladas FOUCAULT 1994 CONCEITUANDO A docilização do corpo se deu a partir do momento em que as instituições sociais deixaram de ser locais de suplício para administrarem o seu atendimento por meio do ensinamento Ao invés de obrigar o homem pela força física a cumprir com aquilo que se exigia a disseminação da ideia de aprendizado formação reeducação e outras palavras clichês levaram o homem a aceitar o status de aprendiz ou seja alguém que precisava estar disponível a se desenvolver modicando seu comportamento em prol do seu bem estar no cenário social CARVALHO 2014 15022023 1604 A Educação em Michel Foucault httpsaliceeadstockcombrc72cb5bd55b1141a1b2d58fe57ec66dcaltikeyJhbGciOiJIUzI1NiIsInR5cCI6IkpXVCJ9eyJwbGF0Zm9ybVVy 68 O homem moderno carrega em si esse valor moral e por vezes o desejo por ser aceito porém isso não é uma regra Para validar sua necessidade de participação e associação no grupo a escola se torna o local privilegiado para que a adequação ao padrão esperado seja alcançada Vejamos como isso acontece a criança é retirada de sua casa levada para um estabelecimento onde passará por volta de cinco horas ou mais distante de sua família e lá ela deverá cantar quando lhe pedirem formar la se sentar escrever o que a mandarem ler ou fazer silêncio sempre atenta às ordens que lhe forem dadas Caso ela consiga cumprir com tudo aquilo que lhe for pedido ao longo daquele período ela será considerada apta isto é normal Se o resultado for diferente do esperado o que teremos é uma criança fora dos padrões tida como desajustada anormal MOREIRA 2018 Todas essas práticas bem como a organização o formato a cor e os materiais utilizados na escola servem como entes normalizadores da criança A escola é somente um exemplo desse sistema que permeia todo o cenário social Foucault trouxe em suas ideias a compreensão de uma sociedade que se move por interesses bem articulados isto é todas as suas ações são intencionais CARVALHO 2014 O problema disso tudo é que o homem acaba vivendo sob cautela sem ter a oportunidade de se conhecer e crescer enquanto indivíduo consciente É como se ele vivesse numa espécie de prisão constantemente vigiado Sobre essa perspectiva Foucault utilizou em sua teoria o pensamento de Bentham Em 1785 o lósofo e jurista Jeremy Bentham idealizou a prisão perfeita chamada de panóptico Numa estrutura circular as celas estariam no entorno da obra o que faria do centro um espaço vazio preenchido somente por uma guarita ou seja uma construção também circular porém de vidros ou grades que não permitissem ao prisioneiro saber se estava sendo observado ou não Sabendo que ali dentro haveria um guarda porém sem nunca saber em qual momento ele era visto pelo mesmo as chances de tentar fugir ou de gerar uma rebelião seriam reduzidas drasticamente 15022023 1604 A Educação em Michel Foucault httpsaliceeadstockcombrc72cb5bd55b1141a1b2d58fe57ec66dcaltikeyJhbGciOiJIUzI1NiIsInR5cCI6IkpXVCJ9eyJwbGF0Zm9ybVVy 78 Figura 1 Estrutura do panóptico Foucault se utilizou dessa ideia ao descrever o homem moderno e a sua realidade social Segundo ele vivemos numa sociedade panóptica na qual somos vigiados a todo tempo por diversos meios e lugares Nas escolas nas ruas nas igrejas nos presídios etc o indivíduo é cercado por agentes que observam o seu comportamento e estão prontos para lhe aplicar uma punição Ambiguamente cumprimos com o papel de observados mas também de observadores ou seja os que atacam aqueles que ousarem fugir do padrão e se comportarem de maneira anormal Nossa punição não é física como já dizia Foucault mas moral pois julgamos e excluímos os que não se enquadram nos ensinamentos transmitidos pelas instituições e que ferem a obediência e a servidão culturalmente aceitas no ambiente social FOUCAULT 1994 A reexão de Foucault e aquelas trazidas pelos demais pensadores trabalhados até aqui nos auxiliaram na compreensão de como se expressou e ainda se expressa a crítica losóca dada à educação É pelo conhecimento de seu período bem como pela intenção de promover um debate a respeito dos fatores que inuenciam e delineiam a educação e suas expressões que esses intelectuais da educação contribuíram para a promoção de sua época e de um conhecimento que levasse o seu período eou os posteriores a uma análise de suas certezas e expressões do saber pedagógico Espero que até aqui você possa ter me acompanhado e compreendido todo o esquema de reexão proposto Continuemos a nossa reexão na aula seguinte 15022023 1604 A Educação em Michel Foucault httpsaliceeadstockcombrc72cb5bd55b1141a1b2d58fe57ec66dcaltikeyJhbGciOiJIUzI1NiIsInR5cCI6IkpXVCJ9eyJwbGF0Zm9ybVVy 88 CONECTESE O escritor George Orwell escreveu uma obra intitulada 1984 em que conta a história de Winston um homem que vivia numa sociedade completamente dominada pelas ordens do Estado em que cada cidadão apesar de ser obrigado a viver sozinho cumpria com a mesma ordem que era dada para todos A única forma de contato que o indivíduo tinha com outra pessoa era por meio de uma câmera e áudio por onde lhe eram passadas as ordens que deviam ser cumpridas O livro foi publicado no ano de 1949 e apesar da distância que existe entre a época na qual foi escrito e os tempos atuais ele retrata como que por mágica muitas das nossas questões sociais Programas de TV foram inspirados nessa obra e mesmo sendo um conto de cção suas tramas nos levam a uma reexão sobre a vida vigiada e conduzida por ordens externas que muito se assemelham a nossa 15022023 1605 Filosofia da Educação no Brasil httpsaliceeadstockcombrc63ff34aa7f3e4b6997ff9685d2cc7800ltikeyJhbGciOiJIUzI1NiIsInR5cCI6IkpXVCJ9eyJwbGF0Zm9ybVVybC 17 Filosoza da Educação no Brasil AUTORIA Jhonatan Diógenes de Oliveira Alves 15022023 1605 Filosofia da Educação no Brasil httpsaliceeadstockcombrc63ff34aa7f3e4b6997ff9685d2cc7800ltikeyJhbGciOiJIUzI1NiIsInR5cCI6IkpXVCJ9eyJwbGF0Zm9ybVVybC 27 As Primeiras Expressões da Construção da Disciplina de zlosoza da Educação no Brasil Olá alunoa Vimos o pensamento de alguns lósofos que se aproximavam em suas leituras acerca de seu tempo com a reexão educacional A estes denominamos como lósofos da educação pois souberam em seu contexto apresentar ideias que não se contentavam em aceitar o quadro educacional eou político vigente Porém vale questionar se a compreensão sobre o pensamento de tais autores dene a ideia de losoa da educação Para isso devemos olhar para a história da disciplina em si e identicar o modo como ela foi construída bem como o que deve caracterizar sua práxis A Filosoa da Educação enquanto disciplina curricular sempre esteve atrelada à disciplina de História da Educação isso porque tal conteúdo não possuía autonomia para se desvincular e criar um campo de saber próprio Pelo menos foi assim até o ano de 1970 quando se inauguraram no Brasil os primeiros cursos de pósgraduação em Educação AGUIAR WELLER 2016 O que se via a partir desse momento era bem mais que o surgimento de uma nova área do saber educacional e losóco mas principalmente a autoanálise que a losoa fazia sobre sua atuação frente ao campo pedagógico REFLITA Semelhante a essa ideia Pagni 2014 também nos apresenta que o caminho utilizado para se autoarmar enquanto campo do saber autônomo se deu pela leitura do pensamento educacional dos autores das escolas losócas Ou seja semelhante ao que zemos aqui em nosso curso a losoa da educação se constituía pelo conhecimento de autores que discorriam a respeito da educação em suas losoas tratandoa numa perspectiva analítica e crítica PAGNI 2014 15022023 1605 Filosofia da Educação no Brasil httpsaliceeadstockcombrc63ff34aa7f3e4b6997ff9685d2cc7800ltikeyJhbGciOiJIUzI1NiIsInR5cCI6IkpXVCJ9eyJwbGF0Zm9ybVVybC 37 Contudo alguns passos estavam por serem dados e a autocrítica da importância dessa disciplina tomava o debate acadêmico com a seguinte questão estudar losoa da educação se resume em conhecer o pensamento dos lósofos que tratam a respeito da educação ou ela deve ser interpretada por outras vertentes de reexão Alguns trabalhos se tornaram pioneiros nessa tarefa de compreender qual era a verdadeira identidade da losoa da educação a começar pela obra de Paulo Ghiraldelli Júnior 2000 Pagni arma que Ghiraldelli demonstra em sua obra O que é Filosoa da Educação a busca por responder à problemática levantada alguns anos atrás por Saviani 1983 e Dumerval Trigueira Mendes 1987 sobre a identidade da losoa da educação e como ela poderia estar menos desvinculada de uma crítica à política PAGNI 2014 Esse trabalho denia um norte para a área compreendendo que até aquele momento ela estava mais próxima à losoa que da educação em si Um outro autor que merece destaque é o professor Antônio Joaquim Severino sobre quem Pagni diz Alguns trabalhos de Severino 1990 2000 parecem se situar num momento de transição em que sem abandonar por completo a tradição O resultado desse movimento do campo foi senão a manutenção de uma saudável indenição enquanto tal ao menos certa pluralização do debate e a multiplicação de perspectivas teóricas PAGNI 2014 p 777 Professor Dermeval Saviani um dos pioneiros da Filosoa da Educação 15022023 1605 Filosofia da Educação no Brasil httpsaliceeadstockcombrc63ff34aa7f3e4b6997ff9685d2cc7800ltikeyJhbGciOiJIUzI1NiIsInR5cCI6IkpXVCJ9eyJwbGF0Zm9ybVVybC 47 Ou seja por meio de Pagni podemos compreender que Severino leva em consideração a validade em discutir sobre o pensamento dos lósofos a respeito da educação porém não seria somente essa a identidade dessa área de conhecimento sendo possível ao pensamento losóco educacional ir além dessa perspectiva Compreender o movimento de identicação da losoa da educação enquanto fato histórico é perceber que semelhante à losoa e a educação em si esse campo do saber não seguiu uma trajetória linear tampouco se deniu de modo exato e objetivo O seu saber passou pelo processo de aceitação por parte da academia e de seus teóricos sobretudo no campo losóco em que tal disciplina precisou conquistar seu espaço e respeito no cenário universitário brasileiro Albuquerque demonstra em seu trabalho oriundo de pesquisas de campo qual a percepção que os cursos de losoa tinham a respeito da disciplina de losoa da educação Assim ela arma que a disciplina Filosoa da Educação é concebida como coisa de educadores ou seja é relativa às Faculdades de Educação e não às Faculdades de Filosoa as quais por sua vez estariam mais preocupadas com aqueles saberes que têm mais tradição no campo acadêmico ou com os saberes de natureza mais teórica e portanto menos aplicada como parece ser o caso da educação ALBUQUERQUE 1998 p 50 A vericação desse cenário no qual a relação entre losoa e educação era vista como útil somente para um dos lados enfraquece a ideia de uma aliança equilibrada Quem está para quem a losoa está para a educação ou é a educação que necessita do pensar losóco De modo geral a década de 1990 retratou que a segunda armativa era a mais correta tendo em vista que a percepção do saber losóco dado à educação deveria passar pela leitura dos pensadores clássicos privilegiando a ação da losoa e não o da educação Albuquerque apresenta essa realidade em sua pesquisa de campo com trinta programas que possuíam a disciplina constatando a seguinte realidade no cenário educacional brasileiro daquela década A evidência empírica da existência de uma certa ênfase na losoa em relação aos aspectos mais pedagógicos pôde ser observada tanto na literatura que se propõe a explicitar essa problemática quanto na análise dos trinta programas da disciplina Filosoa da Educação Alguns desses programas atribuem um certo privilégio a temas da losoa ou de maneira sutil eles arrolam como conteúdo temas de losoa da educação mas muitas vezes terminam enfatizando primeiro a losoa para depois chegarem à educação se é que de fato chegam até ela ALBUQUERQUE 1998 p 50 15022023 1605 Filosofia da Educação no Brasil httpsaliceeadstockcombrc63ff34aa7f3e4b6997ff9685d2cc7800ltikeyJhbGciOiJIUzI1NiIsInR5cCI6IkpXVCJ9eyJwbGF0Zm9ybVVybC 57 Além dessa reexão levantada por Albuquerque sobre o modo como a losoa da educação era compreendida nos programas de educação e licenciaturas nos anos noventa temos Paviani que faz um trabalho muito próximo porém com foco nos pers das disciplinas em si 15022023 1605 Filosofia da Educação no Brasil httpsaliceeadstockcombrc63ff34aa7f3e4b6997ff9685d2cc7800ltikeyJhbGciOiJIUzI1NiIsInR5cCI6IkpXVCJ9eyJwbGF0Zm9ybVVybC 67 Por m Pucci 1998 trouxe à discussão outra característica da losoa da educação considerando como sua identidade a problematização em si Ou seja a partir do momento em que a losoa deixasse de fazer questionamentos ela perderia sua identidade Guiado pelo pensamento de Adorno Pucci armava que a positividade da losoa isto é a utilização dela para um agir prático seria descaracterizála tendo em vista que o seu grande diferencial é a inutilidade que essa possui para o mercado pois ao mesmo tempo em que ela se auto arma em seguida já é possível que se negue e contradiga tudo o que havia armado anteriormente Seu produto gera prejuízo não vende porque a propaganda opositora é feita por ela mesma PUCCI 1998 Isso resulta num saber indeterminado e lhe garante autonomia mas ao mesmo tempo lhe exige que não se acomode com os fatos tampouco se conforme com as declarações impostas pois seu compromisso histórico é com a verdade e não com os valores das sociedades O mesmo é possível dizer sobre a losoa da educação pois ao se deparar com os problemas pedagógicos não é seu dever solucionálos mas a reexão que levanta sobre o modo como eles são vistos bem como o modo como ela própria os encara fazem desse saber um conhecimento puramente teórico sem nenhum compromisso com a práxis PUCCI 1998 Olhando todos esses pensamentos podemos armar que eles retiram o peso que a losoa da educação carregava consigo ou que ainda possa carregar Isso porque o seu saber como dirá Pagni se concentra na interpretação e na leitura dos diversos caminhos que tal conhecimento pode percorrer sem limitarse a uma padronização de conteúdos a serem transmitidos PAGNI 2014 Desse modo concluímos dizendo que não há uma denição especíca para o qual seja o papel da losoa da educação A leitura dos lósofos clássicos a denição que eles trazem sobre o que é educação a interpretação da educação por um viés lógico estético ético ou político a crítica losóca sobre ela mesma e os caminhos pedagógicos existentes o pensar losóco como caminho para se gerar um educador crítico etc todos esses foram e ainda são instrumentos válidos para se fazer losoa da educação É desse modo que essa disciplina está arquitetada nos mais variados programas de pedagogia e licenciaturas inclusive no nosso Perceba que muitas das denições atribuídas a ela permeiam a nossa ementa Isso nos põe no movimento histórico como protagonistas de um saber que se constrói e se valida conforme as necessidades do tempo e de cada espaço social 15022023 1605 Filosofia da Educação no Brasil httpsaliceeadstockcombrc63ff34aa7f3e4b6997ff9685d2cc7800ltikeyJhbGciOiJIUzI1NiIsInR5cCI6IkpXVCJ9eyJwbGF0Zm9ybVVybC 77 FICA A DICA Filosoa não é um conhecimento pronto O mesmo se aplica à Filosoa da Educação Dizer o que funciona e o que não funciona não é o papel dessa ciência mas sua especicidade se encontra na dúvida no questionamento no levantamento de possibilidades e hipóteses Desse modo a losoa da educação é um saber a se construir que nunca está inteiramente pronto pois o dia em que isso acontecer ela deixará de ser losoa e se tornará conhecimento técnico ou histórico Por esse motivo o papel do lósofo da educação se caracteriza pela exigência da criticidade pela inconformidade com o óbvio e pela vocação por querer sempre conhecer o novo sem nunca se limitar a uma única resposta 15022023 1605 Principais Correntes Filosóficas httpsaliceeadstockcombrc5a8ea839f4cf42838ca1e014e4ca30d9ltikeyJhbGciOiJIUzI1NiIsInR5cCI6IkpXVCJ9eyJwbGF0Zm9ybVVyb 17 Principais Correntes Filosózcas AUTORIA Jhonatan Diógenes de Oliveira Alves 15022023 1605 Principais Correntes Filosóficas httpsaliceeadstockcombrc5a8ea839f4cf42838ca1e014e4ca30d9ltikeyJhbGciOiJIUzI1NiIsInR5cCI6IkpXVCJ9eyJwbGF0Zm9ybVVyb 27 Idealismo Olá alunoa Prossigamos com nossos estudos agora falando sobre algumas das principais correntes losócas que estão presentes na história da losoa Ver sobre tais correntes losócas se torna importante para que entendamos que nenhum conhecimento é neutro e todo saber está imbuído de alguma ideologia explícita ou não O termo ideologia se tornou odioso nos últimos anos principalmente pela onda de protestos noticiários e comentários em redes sociais dados num contexto político em que a todo momento o utiliza para designar alguma ideia falaciosa que se impõe sobre a população Todavia ideologia na losoa nada mais é que um conjunto de ideias que se armam mas que podem ser debatidas discutidas e reivindicadas Ou seja ideologia está presente em qualquer lugar ARANHA MARTINS 2016 Nessa perspectiva as correntes losócas trazem algumas ideias que compõem variados quadros de verdades ou seja pressupostos que se denem como válidos pelo ponto de vista nos quais são interpretados Nossa intenção nesta aula é apresentar somente três deles mas que representam bem as principais expressões do pensar losóco Começamos com a corrente losóca do idealismo CONCEITUANDO O idealismo tem suas origens na losoa de René Descartes 1596 1650 Diferentemente daquilo que erroneamente por vezes se apresenta o idealismo não é de origem platônica e o porquê vamos entender agora Platão acreditava na existência de dois mundos sendo o nosso o lugar das cópias da reprodução de um conhecimento primeiro que não habitava a nossa realidade mas pertencia a uma outra dimensão a um outro mundo REALE 1990 Esse segundo mundo era o das ideias onde a verdade sobre o homem e as coisas se expressava visivelmente e continha a essência de tudo o que existe aqui Ou seja o que Platão defendia compõe a corrente losóca do realismo não do idealismo 15022023 1605 Principais Correntes Filosóficas httpsaliceeadstockcombrc5a8ea839f4cf42838ca1e014e4ca30d9ltikeyJhbGciOiJIUzI1NiIsInR5cCI6IkpXVCJ9eyJwbGF0Zm9ybVVyb 37 O conceito de idealismo está amparado na denição de ideia mesmo É a interpretação que cada indivíduo faz a respeito de algo tomando para si o que é verdadeiro ou falso conforme sua vontade Descartes utilizou como princípio de seu método a sua famosa máxima Penso logo existo que indicava a sua escolha pela razão como aquela que conduziria todo o processo de descobrimento da verdade das coisas A partir dessa certeza primeira ele constrói toda a sua losoa tomando por regra geral que somente as coisas que concebemos clara e distintamente são verdadeiras e com isso buscou eliminar do universo a qualidade deixando apenas a quantidade ie extrair do eu um mundo de pontos e guras geométricas MENEGHETTI 2004 p374375 Levando em consideração a forma das coisas sem se deixar guiar pela aparência que elas possuem o idealismo cartesiano se propunha a simplicar ao máximo todo o conhecimento e as possíveis verdades que ele hipoteticamente possuísse Retirando os excessos caria somente o que poderia ser racionalmente validado para o sujeito que o analisava fazendo da verdade uma certeza oriunda do próprio homem Com isso ele retirava a crença em qualquer outra coisa que não fosse o próprio indivíduo e sua razão Seria o mesmo que dizer se temos cérebro ele nos é suciente para pensarmos por nós mesmos sem qualquer crença em deuses energias cósmicas ou qualquer coisa que fuja à racionalidade humana Essa foi somente a base do pensamento idealista porém encontramos sua continuidade em autores tais como Immanuel Kant 17241804 e Georg Wilhelm Hegel 17701831 cujas losoas dão continuidade a essa reexão na qual o conhecimento das coisas ocorre pela interpretação do sujeito ora pela experiência como é o caso de Kant ora pela razão pura como armava Descartes 15022023 1605 Principais Correntes Filosóficas httpsaliceeadstockcombrc5a8ea839f4cf42838ca1e014e4ca30d9ltikeyJhbGciOiJIUzI1NiIsInR5cCI6IkpXVCJ9eyJwbGF0Zm9ybVVyb 47 Em Hegel a consciência as ideias e aquilo que consideramos como verdade ou não está em constante mudança sendo esse próprio movimento o que expressa a realidade e constrói a história isto é pela expressão e posicionamento humano sobre os fatos que estão em eterna mudança A isso Hegel denominou de dialética Esse termo não é novo na losoa mas com ele ganhava um outro caráter Materialismo Histórico Dialético A dialética de Hegel se tornou a base para o surgimento do Materialismo que na losoa de Karl Marx é compreendido como materialismo histórico dialético Dialética em Hegel era a compreensão que o lósofo tinha acerca da essência em si Diferentemente do pensamento clássico dos lósofos gregos que acreditavam que o homem possuía uma essência imutável Hegel defendia a tese de que a verdade as coisas a natureza e o próprio homem estavam em constante transformação O movimento dialético se dava num ciclo composto por armações versus negações que resultavam em negações das próprias negações Ou seja tese antítese e síntese CUNHA CUNHA 1999 Marx se utilizou dessa dialética para criar o seu materialismo A ideia de materialismo data muito antes de Marx contudo utilizamos de sua denição pois suas ideias zeram contraste com todo o posicionamento da losoa tradicional ao interpretar a dialética hegeliana e toda a história da humanidade de um ponto de vista diferente Marx utilizou da tese de que a matéria que provinha da natureza havia sido modicada pela ação do homem sobre ela com o passar dos anos Sua inteligência e capacidade racional o levaram a empregar sobre as coisas a sua força e modicálas Da madeira ele fez a casa da pedra uniforme ele inventou a roda da rocha ele aou e criou suas armas Todas as coisas que ele pudesse alterar para o seu proveito assim ele o fez Contudo essa mudança não se limitou aos objetos mas se estendeu ao seu semelhante Aquele que tivesse mais força se sobrepunha aos demais e a relação que antes era de igualdade encontrou uma hierarquia Assim cada um era denido conforme o seu trabalho sua capacidade e poder sobre os objetos e os demais homens Nessa perspectiva constituíramse a sociedade e as classes sociais como fruto da criação humana em que cada membro possuía um lugar conforme suas habilidades e importância adquirida A partir dessa divisão formavamse segundo Marx a consciência humana e a ideia de quem o homem era no mundo SOUZA DOMINGUES 2009 Perceba a diferença da corrente idealista para a material histórico na primeira a ideia de quem sou eu e o que são as coisas era denida pela pura racionalidade que refutava as falsas informações e cava somente com o que pudesse ser vericado conforme o entendimento pessoal de cada indivíduo Já na segunda essa mesma ideia de quem sou eu e o que são as coisas se explicaria pela relação que se produziu entre as pessoas ao longo da história e a consciência que tal dinâmica social gerou no homem em sociedade 15022023 1605 Principais Correntes Filosóficas httpsaliceeadstockcombrc5a8ea839f4cf42838ca1e014e4ca30d9ltikeyJhbGciOiJIUzI1NiIsInR5cCI6IkpXVCJ9eyJwbGF0Zm9ybVVyb 57 Essas correntes losócas trazem as suas especicidades e nos levam a uma terceira Falaremos agora sobre a losoa da Escolástica Filosoza Escolástica Outra expressão losóca e que remonta ao período medieval é a escolástica Novamente na intenção de conhecer a origem do mundo e do homem essa teoria buscou interpretar a losoa grega a partir do pensamento teológico cristão a partir do século IX A reexão era conduzida pelos lósofosteólogos chamados de Padres da Igreja Temos vários nomes que se destacam tais como Jerônimo Gregório Magno Ambrósio e Agostinho ALMEIDA 2012 Daremos destaque às reexões trazidas por Tomás de Aquino no século XIII tendo em vista que suas ideias representam bem esse período que perdurou até o século XVI A reexão sobre o homem nesse período se dava na educação universitária A universidade era o local de debate e da presença dos lósofosteólogos que se utilizavam de seu cargo como professores para trabalhar a identidade do homem medieval e o modo como eles se explicavam OLIVEIRA 2013 O que demarcou as posições de tais pensadores foi o trabalho que cumpriam de utilizar do pensamento losóco grego e darlhe um sentido transcendental cristão Ou seja do mesmo modo que a losoa interpretava a vida terrena como supercial ou mesmo banal quando não vivida em função da experiência losóca os lósofosteólogos complementavam tal ideia com o discurso cristão de que a busca pela verdade deveria ser concluída na pessoa de Jesus Cristo para que a libertação da ignorância não fosse somente corporal mas também espiritual NUNES 2006 Para Tomás de Aquino a busca pela elevação espiritual e intelectual era própria do homem tendo em vista que o que lhe dava sua forma humana era sua alma O intelecto não seria fruto do corpo mas da alma que assim é constituída Do mesmo modo que o ser vegetativo das plantas não está em seu físico mas na alma que elas possuem Daí a importância da alma para que o corpo pudesse desempenhar o intelecto de forma proveitosa mas também do corpo para a alma a m de que essa tivesse um local para existir com exceção da alma humana Vejamos Isso quer também dizer que a alma não existe como uma espécie de conceito universal antes da união com o corpo na verdade ela não existe de forma alguma antes de sua união com o corpo Por outro lado porém e estritamente falando a alma humana não depende do corpo para existir à medida que o Aquinata a concebe como tendo sido criada por Deus ALMEIDA 2012 p 46 Sendo a alma humana a mais frágil dentre aquelas que possuem sabedoria comparado com os anjos ela necessita do corpo para adquirir o conhecimento Ele seria o instrumento que permitiria que ela sentisse e aprendesse sobre o mundo e as coisas que ele possui 15022023 1605 Principais Correntes Filosóficas httpsaliceeadstockcombrc5a8ea839f4cf42838ca1e014e4ca30d9ltikeyJhbGciOiJIUzI1NiIsInR5cCI6IkpXVCJ9eyJwbGF0Zm9ybVVyb 67 Sua principal obra foi a Suma da Teologia em que Tomás de Aquino elabora um resumo do que era a fé cristã para que a base do cristianismo e a interpretação católica fossem estudadas pelos alunos de teologia Questões de cunho moral são apresentadas em suas páginas como uma forma de traduzir a necessidade da dignidade das relações o que reetiria no diálogo do homem com Deus Com isso podemos entender que a losoa Escolástica representou não somente um momento de forte inuência cristã sob a vida social mas por ela a investigação a respeito do homem transcendia Ou seja apesar de identicar o homem como ser detentor de duas realidades distintas corpo e alma a dimensão da fé cristã não teria sentido se não fosse demonstrada nas relações com as demais pessoas Isso revela que nessa perspectiva o homem deveria estar em sintonia com a sua alma para que suas relações sociais tivessem signicado e fossem construtivas Caso contrário o que estaria em jogo era a organização da vida social mas também a sua própria construção antropológica OLIVEIRA 2013 Com isso o que se viu no período escolástico foi a conciliação do pensamento bíblico com o aristotélico na denição sobre a origem do homem NA PRÁTICA Por exemplo ao debater a Questão sobre o Respeito Tomás de Aquino inseria seus alunos à compreensão social sobre o modo como deveriam se relacionar com os demais sobretudo os que eram dados como seus superiores tendo em vista a distinção que tal cargo possuía Tal análise possuía forte relação com a experiência cristã de amor a Deus pois ao aprender a conviver com a hierarquia o indivíduo simultaneamente compreenderia a teologia cristã e seu ensinamento sobre o serviço e devoção Com isso podemos dizer que sua obra se resumia na teoria atrelada a uma prática OLIVEIRA 2013 15022023 1605 Principais Correntes Filosóficas httpsaliceeadstockcombrc5a8ea839f4cf42838ca1e014e4ca30d9ltikeyJhbGciOiJIUzI1NiIsInR5cCI6IkpXVCJ9eyJwbGF0Zm9ybVVyb 77 CONECTESE Apesar de termos trabalhado aqui somente três correntes losócas existem muitas outras expressões de pensamento É interessante perceber a capacidade que as ideias possuem de formar mundos dentro de nosso mundo Ou seja pelas linhas losócas é possível identicar o perl das pessoas e o modo como elas enxergam a vida e as situações do cotidiano Você já sabe qual a sua linha de pensamento losóco Não Então faça o teste e descubra 15022023 1606 Valores Morais httpsaliceeadstockcombrcea782f84635e402297e1dd7e51e59643ltikeyJhbGciOiJIUzI1NiIsInR5cCI6IkpXVCJ9eyJwbGF0Zm9ybVVy 16 Valores Morais AUTORIA Jhonatan Diógenes de Oliveira Alves 15022023 1606 Valores Morais httpsaliceeadstockcombrcea782f84635e402297e1dd7e51e59643ltikeyJhbGciOiJIUzI1NiIsInR5cCI6IkpXVCJ9eyJwbGF0Zm9ybVVy 26 Valores Morais Caminho para a Reexão Ética Estimadoa alunoa prossigamos com nossas aulas trabalhando agora com a ideia de valores Nosso objetivo com esse conteúdo é nos aproximarmos da reexão ética Tendo em vista que acabamos de analisar três correntes losócas históricas o idealismo o materialismo e a escolástica cabe questionar qual delas seria a mais assertiva Infelizmente ou felizmente não há uma resposta única para essa pergunta pois mesmo com a reexão sobre qual pensamento é correto e qual não é até hoje não se encontrou uma resposta Os diversos conceitos trabalhados pela losoa não possuem uma verdade absoluta na qual todas as outras se apoiam Mesmo falando sobre losoa da educação não seria correto criar dogmas sobre o que seria verdadeiro ou falso no campo pedagógico ou na compreensão do pensamento educacional Desse modo mais que ensinar o certo e o errado devemos aprender a nos posicionar de modo ético frente às adversidades losócas e educacionais Para isso é necessário que entendamos o princípio da reexão ética ou seja a quê ela se destina A base para sua compreensão é a identicação daquilo que podemos compreender e considerar como um valor Ao abordarmos esse assunto certamente não trataremos sobre a ideia de valor econômico mas ao utilizar o termo valor nos referimos aos valores éticos Constantemente atribuímos valor às coisas isto é damolhes um signicado um juízo de valor conforme o nosso juízo de realidade nos permite compreender o que é real Por exemplo quando vejo uma obra de arte e penso que ela é bonita ou então ao contrário quando as cores não me agradam ou não é tipo de arte que admiro etc nesses dois casos estou designando um valor àquele objeto Nesse caso o juízo de realidade se aplica sobre o fato existente ou seja a presença de um quadro uma obra de arte A partir do momento que eu o observo e digo a mim mesmo o que acho sobre ele estou atribuindo um juízo de valor Em outras palavras aplicamos o juízo de valores conforme o ser vivo ou o objeto mobiliza a nossa afetividade não nos deixando indiferentes frente a sua presença ARANHA MARTINS 2016 Podemos nos perguntar sobre qual o modo em que esses valores são constituídos ou seja de que maneira eles são formados Por mais que vivamos numa mesma cultura o choque de valores é uma realidade que compõe nossa sociedade Você já parou para se perguntar sobre isso Por que alguns gostam de verde e outros preferem o azul Ou então por que tem gente que prefere o frio e outros o calor Como pode existir em uma mesma família pessoas com comportamentos e opiniões tão diferentes O que podemos armar numa reexão social e losóca é que todo homem inserido em sociedade passa por três fases de adaptação cultural o que consequentemente inuenciará sua identicação ou não com certos valores 15022023 1606 Valores Morais httpsaliceeadstockcombrcea782f84635e402297e1dd7e51e59643ltikeyJhbGciOiJIUzI1NiIsInR5cCI6IkpXVCJ9eyJwbGF0Zm9ybVVy 36 assumidos por aquele grupo Vejamos HERANÇA CULTURAL Primeiramente nós herdamos os valores Ao nascermos somos inseridos em uma cultura e independentemente de nossa adesão ou não a ela suas características nos precedem são seguidas pela maioria das pessoas e os valores que ela propõe permeiam praticamente todos os espaços sociais AVALIAÇÃO Conforme vamos crescendo tais valores nos são ensinados nos diversos segmentos sociais primeiramente em casa depois nos demais espaços como a escola a igreja o parque as ruas etc De acordo com os valores culturais e o modo como agimos diante deles nossos atos são avaliados como bons ou ruins certos ou errados RESPOSTA SOCIAL Frente à avaliação que recebemos pelo comportamento que temos diante dos valores estabelecidos por nosso grupo estamos sujeitos a sanções ou bônus Por exemplo se cumprimos com nossos compromissos nanceiros adquirimos crédito mas se somos negligentes com ele recebemos alguma punição seja uma multa ou a proibição de comprar novamente por um determinado tempo O mesmo acontece quando descumprimos qualquer outra regra social A caminhada por esses três estágios é natural no processo de descoberta de si enquanto membro de um grupo social Por eles é que nos identicamos enquanto pessoa assumimos aquilo que mais se aproxima de nossos ideais e nos leva ao compromisso com os demais Em outras palavras os valores são o caminho para a formação do sujeito moral Deznindo Moral Aquilo que denimos como bom ou ruim certo ou errado diz qual o tipo de pessoa que desejamos ser em nossa sociedade Por isso entendemos que nenhum de nós nasce moral ou seja não nascemos sabendo o que é correto ou não Muitos pedagogistas dentre eles Rousseau já armavam isso quando escreviam que a criança não possuía maldade em suas ações pois não sendo seres morais o que as motivava a agir eram seus sentimentos ROUSSEAU 1973 Lembremos que não são todos os lósofos que compreendem a moral da mesma forma Immanuel Kant por exemplo avalia a moral numa dimensão universal ou seja mais que se ater aos mandos de um grupo ou uma situação em particular uma máxima pode ser considerada moral caso seja aplicável universalmente Isso ocorre porque a priori ele utiliza a ideia da racionalidade humana que é igual em todos os homens e por esse motivo não considera as experiências particulares Ele as chama de Imperativo Categórico que oriundas da razão tornamse obrigações que todos os 15022023 1606 Valores Morais httpsaliceeadstockcombrcea782f84635e402297e1dd7e51e59643ltikeyJhbGciOiJIUzI1NiIsInR5cCI6IkpXVCJ9eyJwbGF0Zm9ybVVy 46 homens devem seguir indistintamente CANDIOTTO 2010 Contudo seguimos uma interpretação geral que nos diz que não nascemos moral mas nos tornamos moral pois esse estado de ser nada mais é que uma construção ARANHA MARTINS 2016 Não camos alheios a essa transformação temporal mas quando aderimos a uma certa cultura compactuamos com as suas regras e valores morais O ato moral apesar de ser uma regra só pode existir na liberdade isto é quando o aceitamos e decidimos exercêlo Isso ocorre por se tratar de um compromisso que criamos com os demais membros de nosso grupo e iniciamos a nossa vida social Todas as vezes que prometo pagar ou quando me matriculo em um curso ou até mesmo quando inicio um novo emprego ou um novo relacionamento afetivo existe uma relação de conança e compromisso que devem ser honradas Por meio desses vínculos que criamos com os demais deixamos a infância e adentramos a vida adulta repleta de responsabilidades exigências e comprometimento com os outros ARANHA MARTINS 2016 Perceba que o ato moral não se dá no isolamento do sujeito Ao mesmo tempo em que ele provoca um efeito na pessoa que se compromete também afeta a sociedade representada na gura das pessoas com quem pactua A partir desse momento temos um dever com os outros ou seja estamos obrigados a cumprir com o que prometemos O mais interessante disso é que essa obrigação não ocorre de modo externo mas internamente somos acusados por nossa consciência daquilo que devemos fazer ou do modo que devemos agir Por exemplo imagine que você esteja caminhando por uma rua e logo à sua frente encontra uma senhora que descuidadamente deixou cair uma nota de cem reais no chão Diante de uma situação como essa qual seria a sua primeira atitude CONCEITUANDO Resumidamente podemos dizer que moral é um conjunto de normas e regras criadas por um grupo social O sujeito moral é aquele que age bem ou mal de acordo com as regras de determinado grupo e período Num primeiro momento os valores morais são herdados conforme o grupo no qual somos introduzidos que como bem dissemos possui regras próprias Conforme as relações sociais se alteram as regras morais também vão se redenindo e se adequando às necessidades de cada época e cultura Isso indica que elas não são estáticas ou eternas mas suas transformações ocorrem com o tempo 15022023 1606 Valores Morais httpsaliceeadstockcombrcea782f84635e402297e1dd7e51e59643ltikeyJhbGciOiJIUzI1NiIsInR5cCI6IkpXVCJ9eyJwbGF0Zm9ybVVy 56 Se o seu primeiro pensamento foi o de avisála sobre o dinheiro que acabara de cair e lhe devolver a nota meus parabéns Sua consciência moral está bem treinada Sem utilizar do pretexto de que quem perdeu foi descuidado ou de qualquer outra justicativa para se apossar do dinheiro a sua consciência foi a primeira a lhe cobrar aquilo que deveria ser feito sem que ninguém precisasse lembráloa Isso ocorre porque ao assumir o compromisso de cumprir com as regras sociais o próprio sujeito se impõe o cumprimento das normas que aprendeu desde pequeno demonstrando que a prática da moral não deve necessariamente ser sinônimo de coerção mas de liberdade ARANHA MARTINS 2016 Toda essa questão soa muito bem quando a observamos na teoria Contudo sabemos que a prática da moral não é uma tarefa fácil pois vivemos num mundo de muitas desigualdades Por diversas vezes vemos e ouvimos relatos de pessoas que justicam o seu descumprimento das regras morais porque passavam fome ou tinham qualquer outra necessidade que precisava ser sanada imediatamente o que a fez roubar furtar ou agir contra aquilo que fora combinado entre todos no acordo coletivo Vários lósofos escreveram em especial os contratualistas Hobbes Locke e Rousseau trabalhados aqui sobre a necessidade da vida em sociedade mas que essa somente sobreviveria caso houvesse um pacto social que fosse capaz de unir todos os cidadãos em um único acordo Isso nos leva a pensar sobre qual seria o melhor caminho para continuar nossa vida em sociedade cumprindo com as regras morais mas de um modo que fosse acessível e confortável para a todos ou pelo menos para a maioria Isso seria possível Como conciliar as necessidades particulares com as questões de cunho social que exigem padrões bem elaborados de regras que sirvam a todas as realidades As regras morais são sempre justas com aqueles que não conseguem se adequar aos seus padrões Quem precisa ser reavaliado os costumes morais ou o homem que neles não consegue se posicionar Questões como essas são importantes para a sociedade geral mas também para a escola e para a losoa que se aplica nela pois é nesse espaço em que se valida o que é considerado correto ou não nas relações sociais que se desenvolverão no futuro Como forma de combate às práticas imorais isto é aquelas que ferem a sociedade como um todo mais que aplicar severas punições aos desajustados que não se enquadram nos padrões morais o que se propõem aqui é um trabalho losóco Ou seja após entender os meandros do contexto moral queremos pela ética identicar quais os caminhos que se fazem necessários para um ajuste da moral Entendemos a ética não como uma resposta pronta mas como um olhar reexivo sobre aquilo que tradicionalmente e culturalmente fundamenta as ações morais CANDIOTTO 2010 Desse modo convém aprofundar nossa análise sobre esse conteúdo para compreender qual é o papel da ética na relação com os pressupostos morais que compõem uma sociedade 15022023 1606 Valores Morais httpsaliceeadstockcombrcea782f84635e402297e1dd7e51e59643ltikeyJhbGciOiJIUzI1NiIsInR5cCI6IkpXVCJ9eyJwbGF0Zm9ybVVy 66 SAIBA MAIS Moral é um conjunto de normas que existe num grupo social e recebemos desde pequenos Portanto a moral é a regra Isso exige que o indivíduo aprenda a conviver com os ensinamentos ou seja os valores que lhe são transmitidos para que possa fazer parte do grupo O desejo de ser aceito é algo natural do ser humano e faz com que cumpramos determinadas regras para encontrarmos o nosso lugar dentro de uma comunidade Geralmente isso é bom pois nos traz identidade forma nossa personalidade paralela aos ensinamentos que recebemos e complementa a nossa vida através das relações sociais Portanto aderir aos preceitos morais é importante para que o homem se realize socialmente e crie juízo de valor sobre os seus atos e o dos demais sabendo distinguir o certo do errado o que é bom ou ruim etc A própria Lei de Diretrizes e Bases da Educação LDBE 939496 nos traz em seus primeiros artigos o direito que toda pessoa tem de aprender e ensinar sendo a educação uma expressão clara dos valores morais que devem ser transmitidos a todos os cidadãos A Relação Entre Moral Ética e Lei AUTORIA Jhonatan Diógenes de Oliveira Alves Moral e lei Caroa alunoa ainda falando sobre a denição de ética passaremos primeiramente pelo estudo sobre a moral e a lei Num primeiro momento vimos o signicado de moral e como esse conjunto de normas e regras criadas por um determinado grupo social se constituíam nas relações sociais Dando um passo adiante notemos que o conceito de moral se aproxima muito daquilo que entendemos como lei Apesar das semelhanças esses dois conceitos são diferentes Vejamos um pouco mais sobre eles Conforme Candiotto 2010 existem algumas regras morais que são consideradas imprescindíveis para que a vida dos indivíduos e da sociedade possa uir bem Por isso elas deixam o caráter moral para assumir os traços de lei Ou seja a diferença se encontra no tipo de julgamento que cada uma delas irá exercer sobre o indivíduo CANDIOTTO 2010 O comentador continua apresentando algumas diferenças entre esses dois conceitos Organizaremos elas em tópicos a m de se tornar mais visível e didático A MORAL É um julgamento pautado naquilo que o indivíduo é ou aparenta ser O que a moral leva em consideração são os comportamentos pessoais do grupo ou da cultura que podem revelar os sujeitos em sua essência Muitas vezes o que está em jogo pode ser o modo como a pessoa se veste por exemplo mas também de onde ela veio com quem ela anda os lugares que ela frequenta e as suas atitudes que revelam quem ela é Já a lei não se preocupa tanto pelo o que a pessoa aparenta mas por aquilo que ela fez Nesse caso os indivíduos são julgados não tanto pelo que são mas em função daqueles atos considerados proibidos CANDIOTTO 2010 B TANTO A LEI QUANTO A MORAL São prescritivas ou seja determinam verbalmente e textualmente o que é certo ou errado Por exemplo o código de conduta de uma empresa se encaixa num termo moral que é estabelecido textualmente entre ela e o colaborador Porém a lei se baseia no exterior do sujeito e não em suas particularidades Diferentemente ocorre com a moral que por vezes se fundamenta em questões subjetivas para se armar como por exemplo o fato de alguém se vestir semelhante aos demais membros do grupo para encontrar aceitação nele C OUTRA QUESTÃO IMPORTANTE É QUE A LEI POSSUIUM PRAZO Após o cumprimento da sentença estipulada ela se encerra Com a moral não funciona assim sendo o seu julgamento indeterminado Por exemplo alguém que já foi preso porém cumpriu com a sentença e se encontra em liberdade não possui mais nenhuma dívida com a sociedade pois a lei lhe foi aplicada Porém o julgamento moral sobre seu passado poderá interferir em oportunidades futuras de emprego de relacionamento e até mesmo de convivência social Mais que tratar sobre a lei como uma forma de diferenciála da moral vale dizer que ela também é instrumentalizada pela ética no intuito de averiguar se o que ela determina é coerente com o princípio da dignidade e dos direitos humanos Isso signica que ela também é questionada pela reexão ética pois por vezes a lei pode se distanciar daquilo que é fundamental à vida humana privilegiando alguns grupos e negando o direito de outros Um exemplo muito marcante que podemos utilizar é o do Movimento Pelos Direitos Civis nos Estados Unidos entre 1955 a 1968 no qual se buscava o m da segregação racial que cultural e legalmente era adotado em todo o país Banheiros para brancos e para pessoas de cor escolas assentos em transportes públicos vagas em empresas comércios bares restaurantes e tantos outros lugares que de maneira legal adotavam tratamento diferenciado conforme a cor da pessoa AMARAL PINHO NASCIMENTO 2014 O sistema racista foi autenticado na década de 1980 pela Suprema Corte Norte Americana com leis aplicáveis em todos os estados MOEHLECKE 2009 Foram necessários muitos embates políticos e a luta de homens e mulheres para que essas leis fossem revogadas o que não aconteceu de uma hora para outra mas levou anos Depois do início do processo de dessegregação foi aprovada em 1957 uma Lei de Direitos Civis criando uma comissão cuja função seria investigar infrações aos direitos civis e também violações aos direitos de voto e em 1960 foi elaborada outra Lei de Direitos Civis visando garantir o voto negro mas ambas ainda enfrentaram a oposição sulista MOEHLECKE 2009 p 26 Martin Luther King Malcolm X e tantos outros negros que perderam a vida na luta por seus direitos nos mostram que por vezes as leis incorrem num erro ético e não conseguem atingir o ideal de preservação e manutenção da segurança e da vida de seus cidadãos Porém falamos sobre moral discorremos sobre a lei mas ainda não tratamos sobre o signicado de ética Passemos agora para a compreensão do que ela é e qual o seu papel em meio ao contexto social O que é Ética Após vericar o signicado de moral e de lei passemos a reexão sobre o signicado de ética para a losoa A denição de ética é muito ampla e pode ser encontrada em diversos lósofos De modo geral ética é a reexão sobre as noções e princípios que fundamentam a vida moral Esses princípios e noções vão depender da concepção de ser humano tomada como ponto de partida por cada cultura e sociedade ARANHA MARTINS 2016 Numa retomada histórica o primeiro a denir a ética como um saber losóco foi Aristóteles 384 aC 322 aC Classicada por ele como um conhecimento prático a ética serve para nos auxiliar a compreender qual a melhor maneira para viver bem sem ferir os princípios da justiça Para isso é necessário que haja uma denição de bem para que a ética possa atuar CANDIOTTO 2010 Tal denição do que seja o bem ou então daquilo que é o correto nos é dado pela moral e pela lei Portanto a ética em Aristóteles é a investigação sobre o melhor modo de agir diante de uma moral eou lei estabelecida por um determinado grupo Por isso que para que ela exista se faz necessário a norma a regra moral e a legalidade que são características próprias da vida em sociedade Para além da caracterização aristotélica convém sublinhar que a Ética é ainda uma reexão propriamente losóca no sentido de que não prescreve imediatamente o que é correto ou incorreto o que deve ou não deve ser feito aqui e agora Pelo contrário ela procura investigar por que devemos agir ou não desse ou daquele modo Sua função é esclarecer a respeito da melhor ação mas quem decide agir é o indivíduo À ética cabe argumentar por que do ponto de vista racional determinados princípios são mais valiosos que outros CANDIOTTO 2010 p 14 grifo nosso Cumprindo com a missão de ser um alerta para as nossas ações pessoais políticas e sociais a ética se enquadra no pensamento losóco como a consciência racional que não se contenta em cumprir com aquilo que lhe é prescrito É por isso que o termo código de ética presente em alguns códigos de condutas de algumas empresas não é adequado Sendo a ética componente da investigação losóca a respeito das armativas morais e legais que temos em sociedade como poderia se constituir num código O profeta pela posição de guru e modelo espiritual para a sua cultura tinha a obrigação moral de não mentir Todavia diante de uma situação que colocava em risco uma vida inocente essa regra moral foi desaada sendo necessário encontrar uma resposta adequada para ela Eis o dilema mentir para salvar uma vida ou falar a verdade para manter minha honra A resposta do profeta não fugiu da regra moral ao mesmo tempo em que não a armou de modo sentencioso Ele usou da ética pôsse a reetir para encontrar a melhor solução No momento em que é questionado pelo bando sobre o paradeiro daquele que estava sendo procurado ele racionalmente encontrou o equilíbrio entre seu compromisso moral e a importância de se zelar por uma vida Ao explicar para aqueles indivíduos que desde o momento em que estava sentado ali sendo que ele mudara de posição não havia visto ninguém com aquelas características descritas passar por ele Maomé soube ser ético sem ferir aos princípios morais tampouco car cego diante dele Uma moral que desumaniza não pode ser considerada como boa A tarefa vivida em sociedade e seus preceitos devem ser o de defender o homem garantindo sua inclusão e acesso aos seus direitos Nesses casos a ética se torna essencial para que o homem não se torne prepotente e deseje dominar o mundo com suas ideias sem levar em consideração que não somos os únicos a ocupar esse planeta O papel da ética é o de por em xeque as verdades absolutas que permeiam as relações sociais fazendo do homem o protagonista de sua participação em seu grupo Sem se contentar com as respostas dadas a pessoa e oa prossional éticoa é aquelea que compreende quem é e aquilo que lhe é próprio em sua posição porém se atenta em dar respostas novas priorizando sempre a vida e o bem estar social Essa reexão é tão importante que a ética deixou de ser um assunto somente da losoa e passou a ser discutida em diversas outras áreas criando parcerias com outras ciências e áreas de atuação É a chamada ética aplicada Na próxima aula veremos sobre ela e de que modo a ética tem contribuído de modo prático para uma vida mais equilibrada e justa NA PRÁTICA Numa democracia como a nossa a lei é algo estabelecido pelos representantes eleitos pelo povo Sua função é tornar a vida social mais harmônica capaz de gerar resultados de ordem e equilíbrio em que todos são assistidos de maneira igualitária A diferença entre moral e lei está sobretudo no prazo e no modo de execução Ninguém vai preso por se relacionar afetivamente com mais de uma pessoa mas será julgadoa pela moral do grupo como alguém de comportamento inapropriado Esse é um dos exemplos do modo como a moral se expressa No caso de um crime a lei é aplicada mas ela tem um prazo de início e de m Para a moral porém o julgamento pode durar eternamente ainda mais se o caso foi divulgado pelas mídias sociais e se tornar o assunto do dia Enquanto os holofotes da memória popular não forem apagados o culpado será assim considerado por vários anos Ética Aplicada AUTORIA Jhonatan Diógenes de Oliveira Alves O que é Ética Aplicada Ao discorrer sobre o conceito de ética vimos que ela atua como a consciência crítica do conhecimento sem deixar que os preceitos morais e as leis sejam criados sem qualquer tipo de reexão sobre suas máximas Com o passar do tempo a atuação da reexão ética se ampliou e o seu trabalho é indispensável para a compreensão atual do mundo e das relações humanas recebendo o nome de ética aplicada A ética aplicada é um ramo contemporâneo da losoa e sua função é gerar um diálogo referente às questões práticas que exigem uma argumentação racional Seu início se deu a partir dos acontecimentos do século XX como as guerras mundiais o uso de armas nucleares em combates e consequentemente a morte em massa de grupos e nações ARANHA MARTINS 2016 Tais situações exigiam uma reexão a respeito do valor da vida humana e o modo como o próprio homem havia se tornado o seu maior inimigo A raça humana não poderia se tornar refém daqueles que detinham o poder econômico e cientíco por isso a ética aplicada questionava por exemplo o risco da manipulação genética os cuidados que deveriam ser tomados com o meio ambiente as causas da pobreza em determinados regiões do planeta e excesso de riquezas em outras a injustiça e a desigualdade social ARANHA MARTINS 2016 O que se constatava a partir de 1960 era a necessidade de uma nova consciência global pois o homem não era dono do planeta apesar de ter acreditado nisso por séculos Seus atos haviam devastado diversas populações de outras espécies alterado o clima do planeta e contaminado as águas de rios com suas armas químicas tudo isso sem qualquer reexão e preocupação coletiva O homem precisava se tornar responsável por seus atos sendo a ética aplicada o campo de conhecimento losóco capaz de ajudálo nessa tarefa A partir desse momento a ética saía da reexão subjetiva ou seja de uma consciência particular para permear as relações coletivas o pensamento de empresas de grupos de governos etc ARANHA MARTINS 2016 A ética aplicada se estende a diversas áreas de conhecimento Em nosso estudo vamos apresentar três delas começando pela bioética A Bioética A bioética é uma ciência híbrida que reúne o pensamento humanístico com o cientíco Seu surgimento se deu na década de 1970 pelos trabalhos publicados por um professor norte americano chamado Van Rensselaer Potter e seu objetivo como ciência é identicar até que ponto a intervenção humana sobre a vida eou a formulação dessa é aceitável JUNQUEIRA 2007 Nela discutemse questões tais como a manipulação do genoma humano a escolha do sexo do bebê antes de seu nascimento a clonagem humana a produção de vegetais híbridos e de outros alimentos que tenham alterações em seu genoma a fecundação in vitro e a comercialização e exportação de espécies de animais para regiões que não são de sua origem ou seja a biopirataria Todas essas questões são abordadas pela bioética no intuito de diminuir os impactos que ações de transformações tão profundas poderiam causar na vida em sociedade e até mesmo no nosso planeta Imagine você tendo a possibilidade de escolher qual seria a cor dos olhos de seu lho o tom da pele dele ou o nível de sua capacidade de raciocínio tudo isso antes dele nascer ou então poder ter acesso a uma fruta que contenha reunida em seu DNA todos os nutrientes de uma refeição completa Aparentemente tudo isso seria incrível não é Mas será que seria bom Todos teriam acesso a essas novidades No caso da fruta híbrida o que aconteceria com os demais agricultores e produtores de alimentos Parariam de produzir O mercado alimentício se desequilibraria Ou então no caso de uma criança modicada geneticamente conforme o desejo dos pais você já imaginou como seria concorrer a uma vaga de emprego ou da faculdade com uma pessoa que tenha nascido com vantagens intelectuais produzidas por intervenção da ciência Não estaríamos criando uma raça melhorada que ao ser considerada superior encontraria privilégios sobre os obstáculos da vida Pode parecer exagero mas se não fosse pela intervenção de pesquisadores como Potter que se ocuparam em reetir sobre os benefícios e malefícios do uso desenfreado das possibilidades ou ideais cientícos nossa sociedade sofreria ainda mais com as desigualdades que a permeiam Certamente a ciência não se resume em previsões trágicas como as que foram elencadas acima Ao mesmo tempo em que há riscos a serem considerados os benefícios também são empolgantes Por exemplo a possibilidade de alterar o genoma humana para que doenças hereditárias sejam erradicadas seria uma conquista histórica e que beneciaria a todos Contudo a cautela por parte da ética aplicada não é em vão Ao agir desse modo essa ciência cumpre com o seu papel e permite que a ciência e a humanidade reitam sobre seu posicionamento antes de qualquer sentença A Ética Ambiental Um outro ramo da ética aplicada é a ética ambiental Sua temática é muito moderna e tem encontrado sucesso na adesão tanto das empresas quanto das pessoas É comum nos depararmos com propagandas comerciais e banners de empresas que ressaltam que o seu diferencial está no cuidado com o meio ambiente e na preservação da natureza Tudo isso teve início com a reexão ética A ética ambiental trata dos meios de se preservar e racionalizar os recursos naturais que são nitos e portanto não devem ser desperdiçados conforme os interesses econômicos que movem a sociedade atual Sem se limitar a uma reexão sobre os ecossistemas o que se avalia é o modo como o homem tem interagido com o meio ambiente COUTINHO 2009 A cultura do consumo em excesso o uso constante de agrotóxicos para produção de alimentos o desmatamento e a poluição de rios transformandoos em esgotos a céu aberto bem como a diminuição de espécies importantes para o equilíbrio do planeta etc todos esses fatores devem ser repensados e questionados pela ética ambiental Por mais distante que possa aparentar os agravos cometidos contra a natureza incidem diretamente na vida humana inclusive na sociedade Infelizmente nosso país presenciou no início de 2019 o desmoronamento da barragem da empresa Vale na cidade de Brumadinho MG fato que evidenciou o quanto os interesses privados podem ser fatais quando sobrepostos à vida humana A manutenção inadequada e a fraude nos laudos técnicos das barragens teriam causado a tragédia que acometeu a cidade de Brumadinho tanto que os prossionais responsáveis pela averiguação foram presos mas depois soltos como nos mostra a reportagem realizada na época Os laudos são assinados por prossionais da Vale e Tüv Süd Entre os responsáveis por parte da companhia alemã estão os engenheiros Makoto Namba e André Yassuda Eles foram presos na semana passada suspeitos de crimes ambientais falsidade ideológica e homicídio O advogado dos dois engenheiros anexou os A relação harmônica do homem com a natureza é uma das temáticas da bioética Fonte Pixabay relatórios no pedido de liberdade feito à Justiça mineira para tentar mostrar que Namba e Yassuda cumpriram com suas responsabilidades prossionais e apontaram a situação da barragem O Tribunal de Justiça de Minas TJMG negou o pedido liminar de habeas corpus A defesa recorreu ao Superior Tribunal de Justiça STJ G1GLOBO 2019 Por essa razão o desenvolvimento sustentável se faz imprescindível Isso signica que o progresso das tecnologias deve estar alinhado às necessidades do planeta sem ferir os seus recursos mas harmonizar a fragilidade e as necessidades da existência humana com o ambiente no qual estamos inseridos COUTINHO 2009 Esse trabalho pode ser desenvolvido na parceria entre governos e empresas privadas o que nos leva à terceira expressão da ética aplicada que é a ética dos negócios Ética nos Negócios A ética nos negócios levanta questões sobre a responsabilidade social das empresas Ou seja por mais que uma empresa não seja pública ela possui o dever de contribuir com a sociedade que a sustenta garantindo que seus negócios tenham preocupação que vão além do lucro Na década de 1960 o norte americano Raymond Baumhart fez uma pesquisa com 200 empresas e descobriu que o que faltava nelas era a capacidade de humanização A técnica e a ânsia por resultados melhores que as concorrentes não permitiam que elas enxergassem as pessoas que compunham os seus quadros de funcionários Após vinte anos a empresa Touche Ross fez outra pesquisa com 8180 executivos e percebeu que quanto mais à desvalorização das culturas e da sociedade como por exemplo a família os valores da vida em grupo os momentos de aprendizado e entretenimento etc deixavam de acontecer mais frequente se tornava o desaparecimento das relações éticas no trabalho ARRUDA 1989 Isso se dava pelo fato da pressão pela competição e o alcance das melhores metas e maiores lucros impedirem que os princípios éticos humanos e solidários fossem levados em consideração num acordo de negócios O resultado foi o aumento do número de funcionários doentes queda na produtividade e baixo desempenho geral por parte dos grupos mais competitivos ARRUDA 1989 A partir dessa constatação a ética nos negócios começou a ganhar espaço valorizando não somente os tipos de negociação que a empresa assume para si como também o cuidado com os funcionários e o seu bem estar como estratégia para manter bons prossionais alto desempenho e pessoas saudáveis em seu quadro de funcionários Esses são os efeitos da reexão ética quando aplicada na realidade de trabalho na cultura e na busca por respostas sobre a vida humana Utilizando esse princípio garantese a liberdade do homem enquanto ser pensante ao mesmo tempo em que une as ciências humanas com as demais entendendo que o papel desempenhado por cada uma delas é o bem estar do homem e a sua integridade Tais fatores contribuem para a uma vida mais equilibrada entre nós seres humanos e o restante da natureza Bons resultados e relações saudáveis é um dos desaos para a ética dos negócios Fonte Pixabay NA PRÁTICA Um gestor temperamental Autora Sonia Jordão Imagine que uma empresa contrate um novo gestor na área comercial com a expectativa de que as vendas aumentem No início do trabalho até parece que isso vai acontecer mas com o passar do tempo os resultados alcançados cam cada dia mais distantes das metas Mesmo o gestor sendo um prossional com um excelente currículo comprometido trabalhador e responsável infelizmente tudo isso não é suciente é preciso atingir as metas Mas por que será que o gestor ainda que bem qualicado não conseguiu atingir as metas Ele não sabe E quando é demitido tem uma sensação terrível mas mesmo assim tenta não se sentir um fracassado Acredita que bons prossionais não cam desempregados e é consciente de seu valor e de seu potencial Por isso preparase para procurar um novo emprego Atualiza seu currículo envia para diversas empresas e o cadastra em alguns sites Quando é chamado para alguma entrevista busca conhecer a empresa para se sentir mais preparado Pensa que não ter conseguido bons resultados não é motivo para desanimar Porém está consciente que se não der certo dessa vez sua carreira correrá sérios riscos Consegue uma vaga na área comercial e após alguns meses aumenta as vendas signicativamente Procura defender os interesses da Empresa onde trabalha para que tenha lucratividade mas também consegue defender os interesses dos clientes junto à Empresa É muito bom negociador e tem a empatia como ponto forte de suas características Depois de um tempo na empresa recebe uma reclamação de seu principal cliente Verica o que aconteceu e descobre que a reclamação procede o setor de produção cometeu um erro Resolve ir até a produção para informar o que havia ocorrido e preparar o pessoal para que corrijam o problema Chama algumas pessoas da equipe de produção para discutir a melhor solução e à medida que explica o que aconteceu aumenta seu nervosismo Não consegue entender como cometeram aquele erro e justamente com seu principal cliente Sem conseguir dominar seus sentimentos quando menos se espera grita com o funcionário que ele acredita ter cometido o erro Depois de dizer tudo que acha ser importante acalmase um pouco e volta para suas atividades Quando explode o gestor temperamental acredita que está com a razão e não percebe que sua forma de falar magoa as pessoas Em alguns casos ele briga com pessoas que são peçachave na Empresa funcionários daqueles que são difíceis encontrar outro com tamanha competência Um daqueles que é preciso fazer de tudo para não perdê lo O pior da atitude do gestor é que quando o funcionário comete algum erro ele chama a atenção do prossional na frente de seus colegas e de uma forma que nem lhe permite se justicar Aí por medo de errar e ser chamado a atenção novamente o prossional deixa também de tomar novas atitudes tentar inovar Isso porque sabe que se cometer qualquer erro acabará vendo uma explosão do gestor e se recebe uma repreensão sentese arrasado A alta direção toma conhecimento do acontecido e como acredita que é possível conseguir resultados positivos sem impor nada mostra ao gestor que ele não está agindo de acordo com os valores da organização Avisam que mesmo vendendo muito isso não é suciente para o gestor permanecer na empresa Resolvem então lhe dar uma última oportunidade O gestor pensa o que fazer Sem resultados é demitido Com resultados também corre o risco de ser demitido mais uma vez Ao analisar bem o problema descobre que atualmente a liderança na base do comando e controle não obtém o mesmo resultado de há alguns anos atrás Seus pensamentos se articulam e se reetem nas seguintes questões 1 Quando o líder comete um erro deve ou não pedir perdão O reconhecimento do erro ajuda na recuperação da dignidade e na mudança de atitude 2 Quem pretende ser um vencedor na vida como deve encarar seus erros 3 Os erros dos subordinados justicam o erro do líder 4 Como evitar a reação por impulso e reetir sobre a solução mais adequada com a cabeça fria 5 Como motivar os subordinados Como prestigiálos e desaálos 6 Como corrigir os erros dos subordinados Tendências Pedagógicas da Educação Brasileira AUTORIA Jhonatan Diógenes de Oliveira Alves Olá alunoa Vamos continuar nossa caminhada pela Filosoa da Educação e seus componentes Após passarmos pelo reconhecimento da ética e a sua aplicação em alguns segmentos sociais e cientícos voltemos o nosso olhar para a educação no Brasil e o modo como ela historicamente se apresentou a nós Daremos atenção aos movimentos que compuseram e ainda compõem a estrutura escolar predominante em nosso país que são basicamente dois a tendências liberais e as tendências progressistas Essas duas grandes linhas de pensamento pedagógico se dividem em outras que foram se organizando com o passar do tempo conforme a imagem a seguir nos mostra Principais Tendências e suas Ramicações Tendências Liberais Começaremos pela tendência liberal de educação e as suas expressões Você já ouviu falar desse termo aqui em nossas aulas Recordemos a Aula 4 na qual falamos sobre o pensamento do lósofo John Locke O liberalismo é uma teoria na qual se emprega os princípios da individualidade da liberdade da segurança da igualdade e da propriedade privada para o bom andamento da vida social ARANHA 1996 Esses valores foram defendidos pela burguesia que no século XVII até o XIX se fortaleceu economicamente e superou o antigo regime feudal predominante em toda Europa E foi nessa perspectiva liberal que caminharam as primeiras expressões pedagógicas que surgiram no Brasil no nal do século XVIII e início do XIX O início se deu com a escola tradicional Nela o professor é o centro de todo o aprendizado é o detentor do saber e o aluno é aquele que deve estar ali passivamente para assimilar o que o professor tem a oferecer O conteúdo transmitido pelo mestre é o saber pertencente àquela cultura e o esforço racional é o principal instrumento para se obter sucesso sem qualquer tipo de inovação ou questionamento trazido pelo aluno ARANHA 1996 Dessa forma garantiase a continuidade do aprendizado de forma linear e acrítica No Brasil a escola tradicional foi promovida no período do Brasil Colônia sob o comando dos padres jesuítas Como representantes da fé católica seus ensinamentos se baseavam nos dogmas da Igreja OLIVEIRA 2017 Não apenas no Brasil mas em todos os lugares essa escola se adaptava com a realidade do tempo e da cultura Ou seja os elementos trazidos em seu interior estavam de acordo com o comportamento exercido pela sociedade na qual ela estava inserida Por esse motivo a escola tradicional existiu em vários períodos e contextos representando variados grupos e cenários históricos do século XVI até o XX ARANHA 1996 Outra tendência que surgiu no século XIX foi a tendência Renovada também conhecida como RenovadaProgressista Tendo como modelo a escola nova a sua bandeira se resumia na defesa de uma escola que fosse para todos ou seja que trouxesse um conteúdo de acesso universal com o qual o aluno não fosse mais dependente do professor para aprender mas descobrisse em si os dons e atributos que lhe zessem sentido Nessa proposta de educação o professor deixava de ser o centro do processo de ensinoaprendizagem para dar espaço ao aluno OLIVEIRA 2017 A tendência RenovadaProgressista foi uma das expressões da escola nova que tinha por objetivo dar destaque ao desenvolvimento de uma educação que se pautasse no aluno Foi o que fez a tendência Renovadora nãoDiretiva que levava em consideração muito mais que aspectos comportamentais mas o nível de satisfação e realização por parte do aluno com aquilo que lhe era proposto desenvolver Na escola renovada o aluno é o centro do processo existindo uma preocupação muito grande com a natureza psicológica da criança Como a escolha dos conteúdos gira em torno dos interesses infantis o professor se esforça por despertar a atenção e a curiosidade da criança sem lhe cercear a espontaneidade Dependendo da escola existe maior ou menor nãodiretividade tornandose o professor apenas um facilitador da aprendizagem ARANHA 1996 p 167 Sala de aula tradicional Perceba que o espaço da criança é visto como o motivo principal de se existir a escola sendo ela o seu fundamento e o porquê de todo trabalho docente Nessa modalidade é que surge a reexão sobre o ambiente escolar como local de desenvolvimento integral da criança trazendo a formação de seus sentimentos de seu corpo e de suas vontades para o centro do debate O conhecimento decorado não era bem aceito nesses ambientes e se privilegiava a prática da descoberta enquanto conteúdo escolar Isso também se reetia na diminuição da rigidez e da disciplina que eram comuns na escola tradicional ARANHA 1996 Outra vertente liberal que surgiu no século XX a partir da década de sessenta foi a tendência tecnicista de educação Por ela a escola se tornava um espaço de preparação para o mercado de trabalho Formando mão de obra para as indústrias e fábricas sua atuação se deu na formação de alunos que tivessem conhecimentos práticos e úteis para a vida em sociedade o cumprimento das regras dos horários o respeito pela hierarquia dando a entender que cada um alcançaria o seu lugar conforme o esforço que desprendesse para superar aos demais e se superar independentemente de suas origens sociais e econômicas LIBÂNEO 1992 Como arma Aranha 1996 a escola tecnicista era reducionista pois levava em consideração apenas o conhecimento técnico na formação do aluno Sem se ater às necessidades humanas tal ensino acreditava que o progresso social surgiria por meio de preceitos bem estruturados conhecimentos cientícos e o aprendizado mecânico Ou seja apesar de todos esses fatores possuírem sua importância o que tal escola não compreendia era a possibilidade de se conhecer o mundo por outras vertentes que não as cientícas além de negligenciar a vontade humana frente a preceitos que lhe são impostos ARANHA 1996 É possível identicar o norte liberal em todas essas escolas aqui apresentadas Seja pelo viés da liberdade do sujeito na sua formação da individualidade na construção de homens que alcançam o seu espaço em meio aos demais ou então na segurança que um ensino tradicional possa ofertar para que não se erre sobre o modo como agir em busca do domínio intelectual temos a primeira expressão pedagógica de ensino que marcou o cenário brasileiro de educação Façamos o reconhecimento agora das tendências progressistas e de suas principais características CONECTESE Vale a pena aprofundar a reexão acerca do pensamento liberal e a relação que ele possui com o sistema capitalista Recomendo que assistam à aula do professor Ivan Cláudio Guedes na qual ele detalha os aspectos políticos e sociais dessa tendência pedagógica Tendências Progressistas Numa oposição clara à proposta da pedagogia liberal temos a tendência progressista e suas expressões ao longo da história da pedagogia Sua estruturação se deu pelas ideias marxistas traçando para o ambiente social e escolar um cenário de conito de classes haja vista que se essa teoria subentendia que a educação havia sido utilizada por séculos pela burguesia como uma forma de dominação do capital da população e dos meios de produção Dessa forma sua intenção era gerar um ensino libertador Analisando as tendências liberais sobretudo a tradicional o que os teóricos da educação percebiam era uma escolaquartel onde a excessiva severidade das disciplinas e conteúdo bem como a rigidez nas relações entre professor e aluno interferiam no processo de desenvolvimento e aprendizado do sujeito ARANHA 1996 Para fugir dessa proposta mecânica e engessada que gurava tal educação a tendência progressista ganhava espaço no ambiente escolar a começar pela escola libertadora Tendo Paulo Freire como principal teórico a escola libertadora se colocava ao lado do aluno entendendo que sua educação deveria leválo à liberdade intelectual e política Formando o aluno para ter um posicionamento intelectual politizado a preocupação não se concentrava no conteúdo que seria transmitido mas nas possibilidades que esse traria para a reestruturação social e intelectual do indivíduo levandoo a enxergar uma sociedade além da sua realidade imediata SILVA 2000 Em outras palavras essa educação insistia numa transformação do sujeito sobretudo do mais pobre e marginalizado que por conta dos ditames e desigualdades sociais não conseguiria se ver preso das amarras da educação liberal que reforçava em seu método uma sociedade dividida e hierarquizada Um passo adiante na educação libertadora foi a sua expressão a partir do ensino libertário Ou seja o que se considerava como instrumento para educar o sujeito era a relação que deveria existir entre o vivido e o aprendido Em sala de aula a relação estabelecida entre professor e aluno era de liberdade para o ensino onde não havia obrigação por parte do mestre em saber tudo tampouco ao aluno cabia cumprir com horários tarefas e outras exigências corriqueiras OLIVEIRA 2017 Sobre o conteúdo não haveria sentido para essa tendência transmitir um conhecimento que não fosse pautado na vivência do aluno correndo o risco de tornálo vazio e desnecessário O aprendizado deveria se constituir na relação dos grupos e nas experiências informais porém vivenciais e repletas de sentido pelo educando em seu processo de construção enquanto sujeito humano e político Sobre a ideia do que seria um aprendizado válido Libâneo arma Conhecimento aqui não é a investigação cognitiva do real para extrair dele um sistema de representações mentais mas a descoberta de respostas às necessidades e às exigências da vida social Assim os conteúdos propriamente ditos são os que resultam de necessidades e interesses manifestos pelo grupo e que não são necessária nem indispensavelmente as matérias de estudo LIBÂNEO 1992 p 11 Essa tendência apesar de soar como radical permitiu que a teoria CríticoSocial dos Conteúdos ou então a Históricocrítica encontrasse espaço para atuar na educação Nela a escola se tornava um local de referência imprescindível para se acabar com as desigualdades sociais uma vez que é na escola que se aprende a conviver de maneira igual sem qualquer distinção seja pelo uniforme pelas regras horários e exigências que são exigidas a todos Aranha diz que Saviani em sua obra Estrutura e Sistema analisou a Lei de Diretrizes e Bases da Educação de 1948 e a conclusão que chegava sobre ela era que lhe faltavam planos que demonstrassem qual era o ideal de educação brasileira ARANHA 1996 Ou seja isso indica que a falta de objetivos claros fazia da escola naquele período um local de mera reprodução de um sistema social e econômico já pronto e sem qualquer possibilidade de modicação É como se o aluno se perguntasse estudar para quê Minha vida sem o conhecimento escolar não será pior pois as opções que a educação traz não são capazes de me retirar da condição social na qual estou inserido Por m a tendência históricocrítica ofertava uma educação analítica a respeito da sociedade reetindo acerca de suas contradições dando ao aluno uma visão inovadora frente aos assuntos de seu cotidiano e das suas experiências O conteúdo aqui é valorizado pois por meio dele se faz novas leituras de teor crítico sobre a cultura dominante reetindo a partir da prática mas indo além dela LIBÂNEO 1992 O resultado desse ensino é o sujeito engajado consciente de si e preocupado com o todo A Educação Contemporânea e sua Filosoza AUTORIA Jhonatan Diógenes de Oliveira Alves Educação e Ideologia Prossigamos nossa reexão losóca a respeito da educação Após passar pelas duas principais correntes pedagógicas brasileiras façamos um estudo sobre as tendências pedagógicas atuais ou seja para onde tem caminhado a educação contemporânea bem como os sujeitos que são atendidos por ela Numa comparação com os movimentos educacionais dos séculos passados evidenciamos que as características da formação do homem se alteraram drasticamente No século XVIII tínhamos uma educação que ensinava para a sobrevivência e o esforço pessoal As pessoas aprendiam a lidar com o sofrimento a falta de recursos e a modéstia da vida sobretudo a rural Tal educação era dada principalmente pelas instituições religiosas que faziam da pobreza e simplicidade valores cristãos dignos de serem seguidos O homem se preparava para lidar com as regras cumprir com preceitos civis e viver em sociedade Somente a partir do século XIX é que esse ideal se alterou a partir das ideias de Pestalozzi e demais pensadores que traziam uma nova perspectiva centrada na preocupação com a formação individual e não mais coletiva ou seja o homem que se educa a m de se conhecer e descobrir quem ele era e de que modo poderia se posicionar no seu contexto social MONROE 1956 O que se evidencia da educação atualmente é a intenção de combinar esses dois fatores ou seja a formação para a sociedade mais a educação subjetiva de compreensão e conhecimento do si e de sua natureza A educação tem sido denida como preparação para a cidadania como ajustamento à sociedade como preparação para a vida social como aquisição da herança da raça MONROE 1956 p424 O papel que a pedagogiaeducação assumiram ao longo dos anos de formar o homem para corresponder aos seus anseios pessoais e os de seu grupo é o que a torna indispensável para a construção da vida em sociedade sendo próprio de nossa época uma educação elaborada por meio de ideologias Ao assumirmos a existência de ideologias que pairam sobre a vida em sociedade não queremos dizer que elas são sempre negativas Ao contrário toda cultura possui os seus traços próprios o que lhe torna única A questão a ser debatida é o quanto se educa atualmente para o autoconhecimento e a capacidade de suprir suas reais necessidades Enquanto a ideologia dominante na educação for aquela do dominador a cultura perderá sua essência e o indivíduo viverá em função de valores globais mas que não o representam de fato isso porque uma correta concepção da cultura deve ser reconduzila às suas raízes ideológicoraciais e compreender através deles tanto as suas estruturas como as suas articulações disciplinares desde a arte até a ciência CAMBI 1999 p 382383 Alcançar essa autonomia frente às imposições de uma sociedade consumista como a nossa se tornou um desao diário Por esse motivo a indecisão acerca do como e do que se deve ser reside na falta do autoconhecimento e identidade Como disse Zadorosny O homem passou a ser visto por uma ótica instrumental deixou de ser concebido como sujeito centrado na práxis para ser considerado consumidor compulsivo e oco de valores ZADOROSNY 2007 p390 Quando sabemos quem somos e do que precisamos para sermos felizes ignoramos os apelos externos para nos concentrarmos em nossos ideais particulares Obviamente que agir dessa forma atualmente seria nadar contra a maré tendo em vista que a cada momento surge um novo item que o mercado jura que você não conseguirá mais viver sem ele Nesse momento deve entrar a educação reexiva própria da análise losóca dando os indícios daquilo que é essencial e o que é supercial Capacidade esta que apesar de estar se perdendo a cada dia deve ser enfrentada pela indagação crítica levandonos ao seguinte questionamento qual é o papel da educação atualmente Uma das respostas que se obtém frente à essa pergunta é a concepção de educação para o mercado de trabalho CONECTESE Em 1988 o cantor Cazuza lançou o clipe de música Ideologia A letra retrata a decepção do jovem por perceber que todas as crenças que ele havia construído ao longo de sua vida sobre seus líderes políticos suas certezas de vida e o que era certo haviam desmoronado O refrão diz Ideologia eu quero uma pra viver Isso reforça a ideia do pensamento ideológico como próprio de qualquer sociedade que assume princípios para si No entanto ao mesmo tempo se evidencia pela letra que todas as ideias podem ser desfeitas reformuladas e inovadas Nesse sentido debater sobre elas é positivo pois amplia nossas perspectivas e visão sobre o mundo Conheça ou reveja a obra em A Escola para o Trabalho Na contemporaneidade a escola adquiriu um caráter universal como espaço privilegiado para a ação pedagógica e de acesso para todos No mesmo contexto situase o trabalho tarefa própria do homem e por ele assumida como subsídio para o sustento de sua sobrevivência Porém retomando brevemente a história acerca do trabalho foi no século XVIII que surgiu o aperfeiçoamento para a produção por meio da Revolução Industrial O tempo dedicado ao trabalho industrial era imenso o que ocupava a maior parte do tempo dos trabalhadores Por um lado isso os tornava prossionais especializados em suas tarefas capazes de desenvolvêlas em qualquer circunstância e até mesmo transmitilas para os outros Nessas condições temos a primeira relação do trabalho com a educação visto que o homem se desenvolvia tecnicamente por meio de sua relação com a indústria O agir pedagógico se formalizaria mais adiante como uma forma de garantir a continuidade da indústria e do trabalho de seus operários MANACORDA 2010 Uma das vertentes que temos atualmente é o uso da educação como forma de desenvolvimento econômico e social Na linguagem do mercado o capital humano ou seja o trabalhador em si quanto mais instruído melhor contribuirá com o desenvolvimento do setor no qual está inserido É o que diz o Mapa estratégico da Confederação Nacional da Indústria de 2014 Uma variável simples mas poderosa de sinalização das condições da produtividade sistêmica é o nível de dispersão de capital humano entre empresas parceiras em uma cadeia de produção Tudo o mais constante quanto maior for a dispersão do capital humano entre empresas tal como medido pela média da escolaridade treinamento prossional certicações número de engenheiros e prossionais técnicos e indicadores de performance e desempenho maior será a probabilidade de se observar os efeitos negativos associados à discrepância de produtividade Por outro lado quanto mais homogêneos forem os indicadores de capital humano e de desempenho menor será a probabilidade de que os efeitos negativos da discrepância de produtividade afetem a produtividade sistêmica CNI 2014 p 23 Aparentemente formar o indivíduo para o trabalho pode ser sinônimo de desenvolvimento econômico e social sendo dever do educador encorajar tal ação Essa aceitação da escola como local de formação para o trabalho é cultural e data do século XIX porém podemos armar com certeza que a escola prepara para o trabalho Ou seja é garantido ao indivíduo que ao passar por suas estruturas ele conseguirá se posicionar prossionalmente no futuro Falando numa perspectiva losóca e consequentemente crítica também devemos concordar que há algumas questões a serem consideradas Apesar dos possíveis benefícios econômicos e sociais que a instrução gera para a indústria ao NA PRÁTICA O exemplo mais próximo que temos desse período foi o surgimento da escola politécnica inaugurada no nal do século XVIII Essa instituição da qual pensadores como por exemplo Augusto Comte foi aprendiz formava prossionais para atuarem nas diversas áreas de conhecimento A experiência adquirida com a própria função depois a necessidade de melhorar suas habilidades naturais a partir de técnicas especícas conguravam a relação entre o saber e o trabalho MANACORDA 2010 considerarmos uma escola para o trabalho temos uma instituição que insere o sujeito em regras para posteriormente alcançar as competências prossionais CAMBI 1999 Todavia esse alcançar não pode ser garantido nem mesmo pela própria instituição escolar Isto é o modelo de escola atual segundo Cambi se ocupa com uma crise identitária tendo em vista que ao mesmo tempo em que todos os saberes lhe são designados e se torna sua responsabilidade administrálos e transmitilos há em sua estrutura e conteúdo a tarefa de estimular o sujeito a aprender a aprender Tendo o trabalho se tornado algo secular a escola se detém em outra tarefa que é a de apenas instruir CAMBI 1999 o que se tornou sua atividade guia e lhe faz cada dia mais burocrática e impaciente com os resultados que deve alcançar enquanto é pressionada por todos os lados e setores da sociedade da família ao Estado a m de encontrar um objetivo que realmente lhe guie Isso por dois motivos principais o primeiro é este identicado acima a impossibilidade atual de atrelar a formação com o trabalho tendo em vista que não há oportunidades para todos O segundo fator é o currículo escolar que não mais prepara para o trabalho mas contempla diversos conhecimentos sem um norte especíco SEGNINI 2000 Por vezes ouvimos nossos alunos armarem que aquilo que veem em sala de aula não contribui de forma signicativa com sua atuação prossional Diante dessa realidade a escola precisa agir Por m podemos considerar que o aumento da população e o não crescimento de oportunidades para todos zeram com que os sistemas de ensino se tornassem mais seletivos Num mundo competitivo o que temos é uma escola que tenta se equilibrar para dar conta da missão que lhe foi conada sem poder assumir novamente a tarefa de preparar para o mundo do trabalho pois sem qualquer garantia de sucesso prossional restalhe a formação do homem na multiculturalidade e incerteza de seu futuro Desse modo a reexão sobre sua atuação não deve se encerrar aqui mas o questionamento sobre suas diretrizes deve compor nossa atuação docente em busca de uma resposta para o quadro educacional brasileiro atual Filosoza da Educação na Formação do Professor AUTORIA Jhonatan Diógenes de Oliveira Alves A Formação Filosózca e Pedagógica do Professor no Brasil Caroa alunoa estamos quase no nal de nossa disciplina Para complementar nossas observações a respeito da losoa da educação e as suas temáticas veremos agora os aspectos de sua aplicação na formação do professor Nos últimos anos um dos principais temas abordados na formação docente tem sido a compreensão do lugar que a losoa tem ocupado nela Ou seja questionando a losoa da educação que é ensinada nas universidades o que se discute é qual o modo de aliar a sua teoria com uma prática ecaz Para essa investigação os PCNs Parâmetros Curriculares Nacionais possuem o modelo a ser alcançado pelos cursos de licenciatura no Brasil uma vez que suas considerações trazem como proposta de formação um conteúdo que seja capaz de levar o futuro professor a um aprendizado reexivo Sem se limitar à reprodução de conteúdo todo conhecimento apresentado na disciplina de losoa da educação dever permitir ao aluno que as abordagens trazidas em sala de aula o levem a buscar novas possibilidades para os dilemas que são próprios da escola e da educação como um todo TREVISAN 2011 Tal experiência sanaria as limitações existentes na elaboração das ementas dessa disciplina permitindo que o seu saber possa encontrar instrumentos para se tornar parte da prática diária do prossional da educação Digo isso porque dentre as ciências as humanas é a que melhor consegue dialogar com a losoa da educação Essa relação é histórica e data desde os gregos antigos sempre no desejo de solucionar os conitos humanos partindo de uma profunda interpretação de quem era o homem quais as suas características e como elas poderiam colaborar ou não no encontro dele com o outro e consigo mesmo SANTOS 2017 Desse modo vamos detalhar melhor essa primeira parte no intuito de xar nossa temática ok O que se avalia nesse primeiro momento acerca da disciplina de losoa da educação é a maneira como ela é desenvolvida nos cursos de licenciatura de nosso país Fazendo uma comparação o que se evidenciava em meados dos anos de 1990 era que sua matriz curricular possuía um forte apelo histórico movida por reexões que levavam o aluno à uma compreensão técnica sobre tendências pedagógicas metodologias autores e contextos didáticos Todavia o resultado dessa formação ao longo dos anos tinha sido a de professores que recebiam somente pressupostos normativos conforme apontou uma pesquisa realizada por Rocha 2009 referente à disciplina de Filosoa da Educação na formação dos professores primários paranaenses no período 19461971 Assim ela descreve em sua conclusão Portanto podese armar que no período de 1946 a 1971 a disciplina Filosoa da Educação ministrada no processo de formação dos professores primários paranaenses tinha um caráter mais normativo que um caráter de reexão e crítica de teorias e práticas educacionais ROCHA 2009 p 20 grifo nosso Essa conclusão somase à armativa trazida por Severino sobre a ausência de referenciais sobre a Filosoa da Educação nos primeiros anos em que a disciplina era ministrada nos cursos de pósgraduação em educação do país Essa realidade se alteraria apenas a partir da criação do grupo de nível nacional de pesquisadores sobre Filosoa da Educação SEVERINO 2000 Formando o seu conhecimento próprio a Filosoa da Educação se congurava como um saber válido e independente Entretanto de que valeria um saber que não fosse útil Ou seja qual a função de um conhecimento que não é visualizado expresso numa prática Esse é o questionamento contemporâneo sobre a necessidade da educação sobretudo a importância dos conhecimentos humanísticos Permeada por valores positivistas que entende a ciência apenas do ponto de vista prático encontramos na sociedade atual a cobrança feita sobre a escola para que a educação justique o porquê de sua existência Consequentemente essa pergunta se estende ao docente que se vê forçado a dizer e a convencer a sociedade sobre a importância de sua prossão Para o professor em formação tais perguntas podem leválo a dúvidas maiores Por exemplo você já se perguntou por que precisa aprender a história da educação Ou então qual o sentido de estudar o que pessoas disseram séculos atrás sendo que as necessidades atuais são tão diferentes daquelas Até mesmo esta disciplina pode lhe trazer esse tipo de questionamento sobre a validade dela para sua formação e isso é normal pois uma vez questionado o aluno também irá questionar aqueles que em sua concepção poderiam lhe trazer uma resposta nesse caso algum professor de seu curso Sobre essa questão é importante dizer não temos compromisso com a prática É isso mesmo Nós professores sobretudo os da área de humanas na qual a Filosoa da Educação se enquadra não nos relacionamos diretamente com a prática e não temos o dever de resolver seus questionamentos Sei que tal armativa pode não soar bem já que enquanto lhos de nosso tempo reproduzimos os questionamentos que nos são feitos por nossa cultura e sociedade sendo um deles sobre a eciência do trabalho docente Porém vamos entender o signicado dessa desobrigação do docente com a prática ao olhar para a formação do pedagogo O Lugar da Filosoza nos Cursos de Pedagogia Sabemos que a pedagogia é um saber que se dá historicamente por sua aplicabilidade Na realidade é isso que se observa na educação dos tempos atuais a prática tem dominado todos os cenários validando os conhecimentos por meio de uma ação Contudo voltamos a uma questão de identidade que no nosso caso enquanto professores se constrói pelo ser docente o qual pertence a categoria dos intelectuais LECLERC 2004 É claro que isso não nos torna inúteis para a atualidade sobretudo o docente que trabalha com conteúdos agudamente teóricos Apesar da moderna valorização da ação do fazer em si e o esquecimento da teoria o trabalho docente se faz pela compreensão de que sua prática deve existir na elaboração de uma teoria que possa ser vivencial A virada da prática no campo do conhecimento moderno não signica entretanto um esquecimento da teoria esvaziada dos seus fundamentos em benefício de metodologias e técnicas Antes disso signica que há uma nova interdependência entre o teórico e o prático e não a simples diluição de um dos polos contrastantes no outro Em síntese de certo ponto de vista se a teoria não for prática isto é se ela não impelir à ação tornase inócua vazia e sem sentido para o mundo em que vivemos TREVISAN 2011 p 205 Porém a vivência em si não nos compete Enquanto professor não posso me responsabilizar pelas escolhas que você alunoa fez frente ao saber adquirido Desde o aceite pelo conhecimento até o modo como ele seja utilizado tudo isso compromete o sujeito que dele fez uso e não quem o oportunizou Isso responde ao questionamento moderno da função da educação pois se desvincula de um fazer para se inserir em um ser Trevisan ainda tratando a respeito das interpretações sobre a teoria e a prática e qual delas deve ser considerada como a mais assertiva na formação docente bem como na atuação dessa prossão nos traz a seguinte reexão digna de ser lida conforme foi escrita pelo autor A ideia de partir deste tipo de prática para pensar a formação esquece que ela própria já está informada por uma teoria a saber uma teoria que rejeita o contexto de descoberta operando apenas no âmbito do contexto de validação do conhecimento TREVISAN 2011 p 206 grifo nosso Contudo ao olhar para o trabalho do pedagogo essa armativa se torna distante da realidade de tal prossional Ele no campo da educação é quem mais se dedica a aplicar seu conhecimento a partir da experiência e a vivência educativa Faz parte de sua essência levar a teoria para uma prática efetiva conforme diz Mühl e Mainardi que armam que o pedagogo é o prossional que se faz por meio da ação MÜHL MAINARDI 2017 Porém lembremos que nossa temática se refere à Filosoa da Educação esse saber híbrido que é composto pelo alinhamento da pedagogia com a losoa Por isso a armativa de que o professor é mais responsável por uma teoria que pela prática se encaixa perfeitamente no campo da pedagogia e no modo como a losoa da educação nele se insere Mesmo não tendo local de destaque a losoa esteve presente ao longo da história do curso e na formação do pedagogo abordando os fundamentos do conhecimento pedagógico a partir de lósofos e demais intelectuais Mühl e Mainardi 2017 fazem um alerta sobre o desaparecimento dessa disciplina da matriz curricular dos cursos de pedagogia o que conrma mais uma vez o quanto a prática tem se sobreposto à teoria sem levar em consideração os efeitos que isso acarretará na formação do professor e no futuro da educação escolar O que alega sua pesquisa é o distanciamento que a losoa sempre teve das ciências visto que a postura desta sempre foi a de superior aos demais conhecimentos por ser interpretada como a responsável pela crítica e oposição às ideias trazidas por cada saber bem como a nova tendência do conhecimento ser mais prático que teórico MÜHL MAINARDI 2017 Aqui há uma crítica ao modo como o saber losóco foi apresentado Por outro lado os autores avançam em suas considerações e chegam à conclusão de que historicamente a pedagogia se limitou a ser um saber do senso comum com pouca objetividade devido ao seu caráter humano Sob a alegação de ser uma ação prática muitos pedagogos têm insistido na ideia de que a aprendizagem ocorre pela prática e que a teorização não traz de modo geral uma contribuição efetiva para o desenvolvimento da prática Em nome da experiência prática e da eciência didática a reexão tem sido dispensada e a pedagogia reduzida a ao ensino de métodos e técnicas de ensino MÜHL MAINARDI 2017 p 14 Frente a esse equívoco as perdas são diversas e o papel do conteúdo pedagógico na formação docente tem se dizimado sendo a pura pedagogia insuciente para lidar com tais problemas Nesse contexto temos novamente a percepção da importância do saber losóco para a formação docente enquanto conteúdo teórico e prático permeado por reexões dos diversos pensadores elencados ao longo da história da losoa e da educação O caminho percorrido pelos autores clássicos pode ser instrumento guia para a trajetória de formação docente na atualidade Ou seja numa junção entre losoa e pedagogia é possível retomar as possibilidades do conhecimento desconstruindo a obviedade dos saberes para lançálos a uma crítica construtiva capaz de trazer novas respostas frente aos problemas corriqueiros Pansarelli na introdução de sua dissertação de mestrado recordanos da importância e da necessidade dos clássicos Olhar para as considerações trazidas por eles segundo o autor não traduz uma pretensa necessidade de reproduzilos nos dias de hoje Ocorre que frente aos ruídos das inúmeras teorias contemporâneas e o desejo por saber qual é a menos incorreta o trabalho pedagógico se perde em considerações vagas Por isso vale retomar aos clássicos e ouvir a sinfonia de suas ideias a m de que se descubra o que ainda não foi dito em nossos dias PANSARELLI 2014 Para concluir podemos armar que diante do desejo de se formar o educador faz se indispensável o trabalho losóco aliado ao pedagógico Desse modo a educação encontraria a solução para as suas principais questões que a constituem Primeiramente a formulação e assertividade na identidade do professor prossional intelectual capaz de gerir sua prática a partir da validação de suas teorias sendo sua expertise a elaboração explanação e vericação do conhecimento que propõe ao seu aluno Em segundo lugar a transformação do saber pedagógico que apesar de historicamente se dar a partir de uma prática amplia seus horizontes na junção de seu saber com a teoria apreendida pela losoa e seus pensadores Com essas duas questões pontuadas a formação docente encontrará respaldo para se tornar ecaz e indispensável na construção de novos saberes para a sociedade como um todo SAIBA MAIS Percebe que a relação existente entre losoa e pedagogia dá sentido e identidade ao trabalho docente A losoa é a ciência responsável pela reexão pela teoria e pelos diversos conhecimentos que possam existir sobre os mais variados assuntos Em uma palavra losoa é o conhecimento teórico Em contrapartida a pedagogia é o campo do saber que se preocupa com uma prática o modo como o conhecimento será aplicado a quem ele atingirá e de que modo fará isso Sendo dois campos de saberes tão distintos e ao mesmo tempo tão próximos eles se alinham na atuação docente Isso porque o docente é o indivíduo que possui como instrumento de trabalho o seu conhecimento É pelo seu saber que ele se insere no mercado de trabalho e contribui para a ciência enquanto pesquisador mas também para a formação de novos prossionais educadores ou não Nisso ele acumula em sua função o ser e o fazer sendo sua expertise o ser mas que não teria fundamento e utilidade se não produzisse um fazer Portanto o professor é o prossional que pela teoria permite que a prática seja viva e ecaz Educação Enquanto Ação Política AUTORIA Jhonatan Diógenes de Oliveira Alves Educação e Expressão Política Finalizando nossa disciplina nossa última aula abordará a questão da educação e sua estreita relação com a política No século XVIII a imperatriz da Áustria Maria Teresa ao assinar o decreto para a constituição da Comissão da Corte disse que A instrução é e sempre foi em cada época um fato político MANACORDA 2010 p 301 Isso representa o sentido que queremos dar a essa aula trazendo a relevância que toda consideração pedagógica traz para o contexto político Aristóteles armou que O homem é um ser político o que signicava que este havia sido feito para viver com os demais de sua espécie A convivência com os outros homens além de permitir que nos conheçamos garante a cada um o aprendizado de que o pensar e o opinar são condições intrínsecas a qualquer homem e que pela lei se tornou direito a ser exercido e respeitado por todos Dessa forma a principal exigência para se viver em sociedade é a capacidade de aceitar o diferente VELASCO 2018 Toda ação pedagógica possui um m social em sua execução e planejamento E a partir desse planejamento é que se desdobrará as ideias de ética moral cidadania liberdade etc Os pressupostos que fundamentam a ação pedagógica se encontram no modelo de sociedade vigente Isso explica o porquê de a educação se alterar conforme os valores políticos e culturais vistos que em cada realidade esses são dados numa perspectiva própria Vejamos um exemplo Estes resultados sublinham a importância de compreender a variação cultural na forma como as pessoas interpretam a si mesmos e suas relações com os outros Enquanto os pais europeus e americanos dão asas para que as crianças voem por conta própria os asiáticos oferecem um vento constante sob as asas de seus lhos descreveu Fu principal autor do estudo O GLOBO 2014 Em 2014 o jornal O Globo trouxe na coluna Sociedade uma pesquisa realizada pela Universidade de Stanford EUA na qual se identicava que a educação oriental e ocidental possuíam o mesmo valor e ecácia O GLOBO 2014 Diferentemente do que se pensa os dois pers de educação são bons pois cada um deles atende a um ideal de sociedade e não é possível fazer comparações de uma realidade com a outra O senso comum tende a interpretar obediência subserviência silêncio disciplina etc como valores que devem ser exigidos sobretudo pela escola Por vezes nós educadores caímos nesse engodo e queremos que nossos alunos somente cumpram com o que impomos sem criticar ou se opor aos nossos planos Apesar de parecer mais fácil e aparentemente ser o correto essa interpretação não corresponde a uma educação democrática e capaz de formar bons cidadãos O senso crítico precisa ocupar o espaço da sala de aula da educação infantil ao ensino superior em que todas as considerações trazidas pelo aluno são dignas de serem ouvidas e reetidas uma vez que o espaço escolar é privilegiado por possuir as tendências pedagógicas necessárias para a instrução dos sujeitos Mais do que isso educar vai além do ensino em si e deve encaminhar o educando para uma compreensão e atuação no contexto social feitas na liberdade VELASCO 2018 Essa é a característica principal do ensino brasileiro diferentemente de outras realidades pois a nossa educação corresponde às nossas necessidades sociais Portanto conforme nos diz a Lei de Diretrizes e Bases da Educação nacional 939496 a necessidade da instrução formal em nosso país e o modo como ela se desenvolve estão pautados na liberdade para o trabalho e para a vida social BRASIL 1996 Como referencial desse modelo de educação podemos olhar para a gura de um pensador contemporâneo que soube unir em seu trabalho as dimensões política pedagógica e social Vejamos a teoria de Paulo Freire Paulo Freire Educador e Teórico Trazemos para discussão o pensamento de Paulo Freire porque o que encontramos em suas considerações para a educação nacional se mistura numa proposta pedagógica porém política conforme entendemos o signicado de educação política Não nos referimos à Freire como modelo político mas pedagógico e losóco para a realidade nacional isso porque frente a desigualdade econômica e a difícil condição social e política da população ele inaugura uma educação que ao alfabetizar por meio de questões do cotidiano faça o sujeito enxergar as possibilidades de sair de sua condição precária e encontrar novos mecanismos para se recolocar socialmente PILETTI PILETTI 2018 Nessa caminhada a educação se faz o instrumento motor levando para a educação de jovens e adultos a libertação de suas limitações intelectuais e sociais com temas críticos porém a partir da linguagem do seu cotidiano Desse modo o ato do professor não é desinteressado apenas cumprindo com uma função externa Ao contrário o professor para Freire é alguém engajado e intencionado em sua tarefa de educar Para isso ele foge do método corriqueiro de adaptar o seu aluno aos conhecimentos e mundo já estipulado e dividido FREIRE 1975 Certamente que essa postura exigirá do mestre muito mais empenho e coragem pois a intenção dessa educação é desestabilizar Nessa proposta retomamos a ideia do diálogo para sair do conhecimento e chegar no sujeito O caminho por isto mesmo para um trabalho de libertação a ser realizado pela liderança revolucionária não é a propaganda libertadora Não está no mero ato de depositar a crença da liberdade nos oprimidos pensando conquistar a sua conança mas no dialogar com eles FREIRE 1975 p 58 Perceba que a linguagem utilizada pelo autor nos remete a um diálogo político isso porque em sua compreensão a educação não teria sentido se não levasse o indivíduo a uma ação social por si e por todos Quando Freire fala em outros momentos sobre uma educação domesticadora ele se refere ao modelo vigente em sua época no qual a escola cumpria somente com a função de transferir conhecimentos sem qualquer preocupação política e social com aquilo que estava ensinando Já quando propõe uma educação para libertação acreditava que o ato de conhecimento devia se fundar numa ação transformadora do sujeito e da realidade na qual ele se encontrava FREIRE 1975 O mais interessante em sua proposta é a percepção que ele tinha a respeito do modo como ela deveria acontecer O que tornava sua pedagogia mais desaadora era o fato de exigir que todo o trabalho realizado com o aluno não fosse convincente mas realista Ou seja a tarefa da educação não era resgatar os seus sujeitos mas mostrarlhes os rumos da história e aprender com ela ao mesmo tempo em que construíam a sua própria Para isso era necessário acabar com o analfabetismo político que seria uma percepção ingênua dos fatos e do mundo Segundo Freire 2011 o analfabeto político experimentando um sentimento de impotência em face da irracionalidade de uma realidade alienante e todopoderosa procura refugiarse na falsa segurança do subjetivismo Cuidando somente de seu próprio interesse o sujeito sem conhecimentos políticos claros enxerga o futuro pronto sem esperanças e perspectivas de mudanças porque não consegue perceber que a mudança do amanhã se encontra naquilo que é feito agora Desse modo a educação política seria aquela que quer transformar a realidade social através da ajuda mútua entre educadores e educandos desmisticando a realidade pela ação e conhecimento O modo pelo qual essa educação se organizaria seria pelo comprometimento que educador e educando teriam em conhecer a realidade dos fatos para assim poder alterálos Por isso a ciência não é neutra tampouco a educação Ao entrar em contato com uma realidade elas sempre acabam escolhendo um lado mesmo quando se silenciam diante de um fato pois o silêncio também é um posicionamento Ela deve partir para a reexão mas também levar a ação sem car passiva visto que a mudança social só ocorrerá na prática nunca apenas na consciência A isso Freire chama de Consciênciamundo uma consciência que vem da prática FREIRE 2011 Aparentemente essa proposta soa como utópica e impossível de acontecer tendo em vista que já existe uma educação estruturada e uma proposta política que permeia os espaços educacionais e econômicos do país Contudo Freire explica que haveria uma mudança de paradigmas e valores a começar pelos sujeitos que seriam educados Por meio dessa proposta a educação dominadora seria substituída pela humanizadora sendo o ato de conhecer que interfere na relação entre consciência e mundo assim conhecer o novo seria possível Chegase a essa conclusão porque o que se tem hoje veio de uma busca frente a um conhecimento anterior velho o que indica que a mudança é possível FREIRE 2011 Portanto ação cultural e educacional é conhecer e reconhecer o conhecimento existente fato que não ocorre com quem recebe a educação dominadora que é apolítica Por m o que podemos concluir é que a ação política mais que uma imposição tendenciosa sobre o ato de educar é na realidade a base para qualquer armativa pedagógica Quando se identica a política vigente de um país a educação dele poderá caminhar para dois rumos aceitar e validar os ideais políticos e culturais por meio de ações pedagógicas ou então refutálos e tornálos mais democráticos e participativos nos diversos segmentos em que a educação possa encontrar espaço para atuar No caso de Paulo Freire seu modelo de educação seguia a segunda vertente tornandose objeto de transformação dos sujeitos que necessitavam serem mais que observadores sociais mas indivíduos ativos e politizados CONECTESE Conforme vimos o senso comum tende a acreditar que a obediência e a submissão aos preceitos sociais são valores que devem ser ensinados pela escola Contudo muitos se esquecem ou não compreendem que a nossa realidade cultural não permite que tais ensinamentos encontrem adesão por parte dos educandos Isso não signica que nossa cultura não sabe educar Muito pelo contrário apenas indica que a nossa história e realidade social foi e continua sendo permeada por políticas de igualdade social de classe gênero etc Participamos da ONU e de seu grupo dos Direitos Humanos desde a sua fundação em 1948 e somos um país diversicado e rico em povos imigrantes desde a colonização Todos esses fatores não podem ser ignorados pois corroboraram a formação de nossa identidade Numa cultura oposta à nossa trago o discurso da ativista de direitos humanos nortecoreana Yeonmi Park que fugiu de seu país em 2007 e se refugiou na Coreia do sul em 2009 No vídeo ela apresenta a realidade que seu povo vivencia são proibidos de ler jornal ouvir música assistir TV e fazer ou receber ligações do exterior Chegamos ao nal de nossa disciplina Nela pudemos compreender o signicado da Filosoa da Educação e perceber que essa ciência híbrida se formou a partir da junção de duas áreas distintas de conhecimento a Filosoa e a PedagogiaEducação Ao conciliar Filosoa com Educação o que se obteve foi a leitura losóca direcionada aos problemas da educação começando pelo trabalho de lósofos que compuserem suas obras e nelas tentaram responder aos problemas políticos e sociais de sua época apelando para a educação Caminhando pelas leituras de Thomas Hobbes John Locke Rousseau Comte e Foucault identicamos de que modo cada um desses autores contribuiu com a análise da educação em seus contextos direta ou indiretamente tratando a respeito dos impactos que a educação traria para suas losoas Vale ressaltar que a leitura desses lósofos se tornou crucial para que pudéssemos avançar em nossas leituras e chegar ao pensamento losócopedagógico no Brasil Não somente nessa disciplina mas no início dos cursos de pósgraduação em educação do país foram as leituras dos pensadores clássicos que deram o respaldo para se constituir os primeiros movimentos da Filosoa da Educação Permeada pela leitura dos lósofos e de suas obras que tendiam para uma reexão pedagógica a Filosoa da Educação ganhava corpo e começava a se estruturar como uma ciência autônoma capaz de trazer seus próprios questionamentos e respondêlos a partir dos instrumentos que se construíam com o passar do tempo e do aperfeiçoamento de tal disciplina É claro que assim como todo conhecimento a ordem de reexão que se utilizou para embasar a problemática educacional foi constituído conforme o momento histórico bem como a intenção do período no qual foi escrito Por isso vimos as principais correntes losócas que seria o Idealismo o Materialismo e a Escolástica Certamente as demais correntes teriam muito a contribuir em nosso debate porém as três selecionadas para esse momento souberam representar a diversidade intelectual que existe nos saberes losócos Mesmo assim fomos adiante e vimos que independentemente da corrente losóca utilizada toda ação educativa social e cultural estava permeada por valores de ordem moral Isso signica que a condução de toda reexão e prática deve primeiramente Conclusão passar pelo crivo da moral a m de se registrar o que é considerado bom ou ruim certo ou errado no contexto social Em um primeiro momento essa análise é social pois nos permitiu compreender o que era valor e moral mas depois se tornou losoa ao inserirmos em nossas aulas a denição de ética A ética permeia o espaço da losoa pois faz questionamentos acerca dos valores morais e das leis criadas para cada grupo e aplicadas friamente Seriam as leis sempre justas Todas as sentenças morais são corretas ou é possível que ela contenha equívocos Ou seja a ética sempre questiona e leva os grupos a repensarem suas posturas morais tornando a vida em sociedade mais fraterna e saudável Essa presença da ética é tão importante que foi necessária sua expansão partindo dos dizeres losócos para adentrar os diversos campos de saberes e ações sociais No nosso caso vimos três deles a bioética a ética dos negócios e a ética ambiental Em cada uma delas percorremos o cerne de seu objetivo e quais os resultados que sua pesquisa poderia trazer Conhecendo mais sobre cada uma delas pudemos interagir com a ciência criando parceria entre ela e os conhecimentos humanos Voltando nosso olhar para a pedagogia em si tratamos das tendências pedagógicas e delas retiramos os principais movimentos que compuseram o cenário educacional brasileiro Mais que histórias do passado as tendências pedagógicas ainda sobrevivem na escola atual sendo papel do professor equilibrar sua metodologia para que possa na medida do possível caminhar por todas elas entendendo suas expressões e aquilo que cada uma trouxe de bom na construção dos conhecimentos e da formação humana Na educação moderna vimos o quanto a educação atual está permeada por ideologias e o papel que ela possui na construção de uma sociedade equilibrada Apesar do termo ser interpretado pejorativamente ideologia é o conjunto de ideias e pensamentos que podem ser debatidos e dialogados Todo conhecimento possui suas verdades porém o que as torna válidas é a capacidade de dialogar com as demais de forma democrática e civilizada Nessa perspectiva vimos que esse tipo de ensino deve permear a formação do educador Lidar com questões históricas e ao mesmo tempo fazer delas conteúdos transformadores é dever do professor e nisso se dá sua prática Por m vimos que a educação é uma expressão política e por tal motivo deve levar os seus sujeitos a uma atuação inserindoos numa vida feliz mas engajada na defesa da vida e dignidade humana assim como dizia Paulo Freire Foi um prazer caminhar com você até aqui Agradeço a companhia e desejo que nos encontremos nas próximas oportunidades de estudo Forte abraço Prof Me Jhonatan D O Alves