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Psicologia ·
Projeto de Extensão
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JORGE CASTELLÁ SARRIERA ENRIQUE TEÓFILO SAFORCADA Organizadores Introdução à PSICOLOGIA COMUNITÁRIA Bases teóricas e metodológicas Coautores Adolfo Pizzinato Ceres Berger Faraco Juliana Amoretti Kátia Bones Rocha Kátia Regina Frizzo Lilian Rodrigues da Cruz Maria Amélia Jaeger de Souza Maria de Fátima Quintal de Freitas Maria Piedad Rangel Meneses Mariana Calesso Moreira Mariana Gonçalves Boeckel Pedrinho Arcides Guareschi Editora Sulina Editora Meridional 2010 Editorial Paidós SAICF 2008 Título original Enfoques conceptuales y técnicos en Psicología Comunitaria Capa Vinícius Xavier Projeto gráfico e editoração FOSFOROGRÁFICOClo Sbardelotto Revisão Matheus Gazzola Tussi Revisão técnica GPPCUFRGS Tradução Autores Editor Luis Gomes 1ª reimpressão Dados Internacionais de Catalogação na Publicação CIP Bibliotecária responsável Denise Mari de Andrade Souza CRB 10960 161 Introdução à Psicologia Comunitária bases teóricas e metodológicas Jorge Castellá Sarriera e Enrique Teófilo Saforcada orgs Porto Alegre Sulina 2014 230 p Título original Enfoques conceptuales y técnicos en Psicología Comunitaria ISBN 9788520505885 1 Psicologia 2 Psicologia Comunitária 3 Psicologia Social 3 Psicologia Pesquisa 4 Psicologia Metodologia I Sarriera Jorge Castellá II Saforcada Enrique Teófilo CDD 150 CDU 1599 Todos os direitos desta edição reservados à EDITORA MERIDIONAL LTDA Av Osvaldo Aranha 440 conj 101 CEP 90035190 Porto Alegre RS Tel 51 33114082 Fax 51 32644194 sulinaeditorasulinacombr wwweditorasulinacombr Fevereiro2014 Impresso no BrasilPrinted in Brazil Capítulo 6 ANÁLISE DE NECESSIDADES DE UM GRUPO OU COMUNIDADE A AVALIAÇÃO COMO PROCESSO Jorge Castellá Sarriera Pressupostos Iniciar uma atividade comunitária exige uma adequada planificação Esta planificação deve ter uma boa sustentação teóricoconceitual que oriente a ação e um bom conhecimento da realidade Em Psicologia Comunitária as teorias que apresentamos no primeiro capítulo sustentam a necessidade de contextualizar a comunidade sua história evolução cultura entender a interdependência entre os diferentes sistemas micro meso e macrossocial junto com a ideologia as políticas públicas as organizações e assumir o compromisso profissional na intervenção comunitária para o fortalecimiento e a construção de redes de apoio que possam produzir trocas sociais para a melhoria da qualidade de vida de todos A análise de necessidades terá dois protagonistas Segundo Montero 1994 os investigadores ou técnicos externos e os investigadoresinternos os membros da comunidade Para eles é imprescindível a familiarização com a comunidade através de um processo de aproximação e diálogo de mútua aprendizagem e de respeito O conhecimento da comunidade de seu espaço físico 139 seus costumes e seu cotidiano facilitará a inserção e o diálogo para o levantamento de necessidades e a abertura necessária para que essas possam ser analisadas com crítica e liberdade Este processo de aproximação à comunidade dará início à análise de necessidades não se relacionando com as intervenções que partem de programas elaborados a priori impostos de cima para baixo desenvolvidos através de oficinas técnicas e procedentes de experiências de outros contextos Mas também há o que criticar em outro extremo aqueles profissionais que querem mimetizar com a comunidade e durante meses às vezes anos não conseguem ter parâmetros claros para estabelecer necessidades e metas de ação comunitária e vão trabalhando em um processo circular sem avanços conforme sopra o vento Definição de análises de necessidades Montero 1994 define as análises de necessidades como uma atividade inicial e dentro de um processo de investigaçãoação participante IAP que ajuda a especificar os problemas que afligem a comunidade e verifica as condições sentidas por seus membros Segundo a autora uma necessidade existe para um grupo quando seus membros sentem que lhes falta alguma coisa ou quando certas situações em suas vidas produzem efeitos que perturbam porque a maneira de atuar sobre elas é ineficiente Montero 1994 p 8 Essa atividade de análises seguirá durante todo o processo de ação comunitária buscando transformar as necessidades percebidas cognitivamente em necessidades sentidas cognitiva e afetivamente ou conscientizadas Nesse sentido a comunidade pode perceber mas não sentir uma necessidade possivelmente por estar embotada pelos meios de comunicação social ou pela naturalização daquilo que para os investigadores externos seria objeto de grande preocupação bloqueando sua capacidade de pensar analiticamente colocando em termos ideológicos um conhecimento determinado de antemão que busca conformar as pessoas segundo os interesses dominantes Desta maneira se acostuma por exemplo com uma situação de encarecimento como se fosse a forma natural de viver Alguns autores definem ou entendem o significado de necessidade de forma diferente Assim para SolanoPastrana 1992 existem diferentes conotações de necessidade como desejo expectativa problema ou demanda Parecenos que esses diversos sentidos não podem reduzirse ao âmbito da necessidade e que cada um expressa um leque de possibilidades a serem trabalhadas junto à comunidade de formas diferentes ainda que todos eles indiretamente relacionados com as necessidades É preciso que cada investigador determine o que entende por necessidade e os indicadores que identificam seu conceito assim como esteja atento às atribuições que a própria comunidade faz do significado de necessidade Outro aspecto conceitual básico se relaciona com os diferentes tipos de necessidade Assim como vimos que Montero 1994 diferenciava as necessidades sentidas das percebidas SerranoGarcía 1992 diferencia as necessidades sentidas diretamente pelas pessoas da comunidade daquelas inferidas que são provenientes de profissionais ou instituições vinculados à comunidade ou de critérios preestabelecidos As necessidades sentidas são do tipo mais subjetivo e incluem sentimentos preocupações e percepções As necessidades inferidas são do tipo objetivo como as necessidades normativas e comparativas que são extraídas de fontes documentais e de estudos epidemiológicos Além das necessidades que respondem às carências ou falta de coisas precisas em ordem material e psicossocial estão os problemas que a comunidade está vivendo Se considerarmos segundo a Enciclopédia Britânica 1994 que problema é uma situação que ameaça certos valores básicos e culturais causados por de 140 141 ajustes individuais às normas adotadas ou a falhas existentes na própria estrutura social e que se refere a qualquer assunto ou questão que envolva dúvida insegurança ou dificuldade o mesmo processo com o qual tratamos as necessidades também pode ser usado para tratar os problemas As necessidades estão mais relacionadas à falta enquanto os problemas estão relacionados aos conflitos e dificuldades Junto ao levantamento de necessidades e problemas é necessário identificar os recursos com os quais conta uma comunidade Um primeiro aspecto é o conhecimento das instituições sociais religiosas de saúde e educativas que estão em sua região e com as quais no futuro poderão estabelecer redes de apoio Um segundo aspecto é a avaliação destas instituições pelos próprios responsáveis pelos membros da equipe investigadora e pelos próprios usuários Um terceiro aspecto são as expectativas que se têm sobre esses serviços e seu potencial contribuinte para a comunidade Além disso as instituições sociais os recursos podem ser de ordem pessoal e social líderes atuais e potenciais vínculos relacionais informais conhecimentos e experiências de pessoas de referência da comunidade Cabe enfatizar também o levantamento das fontes de recursos não utilizados seja de programas sociais de encontros seja de pressuposto participativo se existe em seu município seja de ONGs que estão com disponibilidade para auxiliar a comunidade Geralmente a comunidade por falta de consciência e organização deixa de se beneficiar de recursos que poderiam auxiliar em seu desenvolvimento Concluindo que aspectos podemos considerar em uma análise de necessidades Desde meu ponto de vista deveríamos enfocar três dimensões básicas 1 As necessidades sentidas percebidas e inferidas 2 Os problemas mais proeminentes e as formas de resolução dos mesmos que a comunidade propõe 3 O levantamento dos recursos que esta comunidade possui institucionais pessoais redes ou pode ter acesso Procedimentos metodológicos Para realizar o levantamento de necessidades de uma comunidade nos valeremos de diferentes técnicas que poderão ser desenvolvidas ou construídas em conjunto entre investigadores externos e internos As técnicas de identificação de necessidades de problemas e recursos comunitários são variadas Entrevistas a Individuais 1 com líderes comunitários de instituições ou associações do bairro nas quais se identifiquem os problemas específicos de cada instituição frente à comunidade a participação em suas atividades e a avaliação que os líderes fazem das necessidades e do potencial da comunidade 2 com membros da comunidade escolhendo de forma intencional uma amostra heterogênea b Grupais com membros da comunidade sem vínculo ou controle externo Através de Grupos Focais ou de discussão avaliando a situação de grupos específicos terceira idade mulheres jovens crianças desempregados ou de temas relevantes problemas necessidades expectativas c Comunitárias em associações instituições igrejas postos de saúde etc onde se discutem temas de interesse comum d Entrevistas com questionários para responder a instrumentos de análises de necessidades com uma amostra representativa da comunidade levantando aspectos como participação organização comunitária necessidades avaliação de serviços comunitários de liderança problemas mais preocupantes soluções e alternativas propostas 142 143 Análise histórica e documental a Registros históricos da comunidade através de pessoas significativas e veteranas ou de materiais documentais fotos periódicos etc b Registros estatísticos com base nos estudos epidemiológicos educacionais judiciais laborais da zona onde se situa a vila Análise de indicadores demográficos sociais de fatores de risco de usuários Dados sobre a utilização dos serviços c Registros geográficos físicos e materiais da comunidade Características do espaço físico e seu significado características e condições de moradia localização da vila dentro do contexto do município saneamento básico iluminação Diário de campo Anotações sobre as observações feitas durante o processo de inserção e familiarização na comunidade seja em seu cotidiano como nos momentos mais significativos analisando as estratégias de enfrentamento dos problemas e de resolução dos mesmos Alguns lugares privilegiados para estas observações podem ser a Em lugares públicos com membros da comunidade rua bares salas de espera onde se pode observar o cotidiano da comunidade identificar as palavras geradoras ou as mais frequentemente utilizadas para descrever sua vida sua comunidade anotar as queixas ou problemas da mesma b Visitas domiciliares acompanhado por membros da comunidade ou sendo convidado para conversar e conhecer as casas a forma de vida e os recursos pessoais familiares Análise dos dados A eleição das técnicas deve estar relacionada aos objetivos da análise Muitas vezes se utilizam várias técnicas de análise ao mesmo tempo A este processo damos o nome de triangulação quer dizer o uso de mais de uma técnica para o estudo de um tema em nosso caso a análise de necessidades As técnicas devem abarcar de forma representativa aspectos quantitativos e qualitativos da comunidade Ao mesmo tempo a multitécnica deve ser capaz de fazer uma análise inicial que chegue ao centro motivacional da comunidade Pretendese outro objetivo neste levantamento quer dizer que a comunidade reflita de forma crítica sobre sua realidade e suas possibilidades de ação Como diz Montero 1994 o processo de avaliação de necessidades estabelece um processo de conscientização p 9 A análise dos dados coletados pelos investigadores externos e internos deve passar pela peneira dos próprios interessados quer dizer a comunidade Uma vez que tenhamos coletado as informações sobre a história da comunidade sobre as condições de vida moradia e sobrevivência passamos a identificar segundo Freitas 1994 as necessidades e problemáticas vividas pela comunidade em seu cotidiano com relação aos processos psicossociais que afetam seus membros Também como temos visto anteriormente podemos levantar as formas alternativas de enfrentamento pensadas pela comunidade para resolução de suas necessidades e problemas Os dados recolhidos passam a seguir por uma análise conjunta entre os membros e líderes da comunidade e os investigadores externos para contrastar os dados colocar as necessidades e problemas em ordem de prioridade analisar e decidir sobre as alternativas e estratégias a seguir A comunidade escolherá a melhor forma de organização para alcançar os objetivos propostos criará comissões e grupos de trabalho buscará os recursos para implementar suas ações e 144 145 delimitará as formas de avaliação periódica para dar continuidade ao trabalho ou a partir de novas análises priorizar outras metas O processo de análise de necessidades se constrói dentro de uma concepção de investigação dialógica e sequencial e se vai transformando à medida que o grupo ou comunidade avança para níveis de consciência mais diferenciados Este processo é o mesmo que Paulo Freire 1987 propõe na análise de temas geradores e das situaçõeslimite Ao decodificar uma situação uma palavra geradora ou uma necessidade percebida será através da problematização que mude a compreensão da mesma permitindo observar a realidade decodificada ou desideologizada em um nível de consciência mais crítica podendo emergir novos sentimentos representações e necessidades Conscientizar para Montero 1994 significa trazer à consciência situações e feitos antes desconhecidos Conforme as necessidades são sentidas a nível cognitivo e emocional ao entender as situações as insatisfações aparecem e as pessoas estão mais dispostas a uma ação de troca Esse processo implica segundo a autora orientar as pessoas do real para o possível Análise de necessidades na prática Três experiências em tempos e contextos diferentes Com a finalidade de ilustrar diferentes tipos de levantamento de necessidades a partir de objetivos e grupos diferenciados vamos expor três trabalhos que encabeçamos em diferentes épocas e contextos 1 Conscientização promoção humana e transformação comunitária Objetivo ação conscientizadora mobilização da comunidade e promoção humana 2 Conhecimento e identificação de necessidades em uma Vila Objetivo conhecer as necessidades problemas e recursos da Vila Contribuir com subsídios para o Posto de Saúde para implementação de Programas Comunitários Local trabalho desenvolvido junto ao Campus Aproximado da PUCRS na Vila Fátima de Porto Alegre Brasil Duração da intervenção Oito meses Equipe de trabalho psicólogo coordenador três estudantes de Psicologia Comunitária da UAM Espanha e 12 alunos voluntários da Faculdade de Psicologia com a colaboração de técnicos e residentes em Psicologia do Posto de Saúde da Vila Enfoque teórico psicossocialecológico Familiarização o fato que apresentamos aos membros da comunidade como professores e alunos da universidade que colabora com a manutenção do Posto de Saúde facilitou a atitude positiva e de acolhida dos moradores Todos abriram as portas de suas casas e nos convidaram a entrar em suas moradias para tomar café ou mate Houve participação dos entrevistados de forma sincera e aberta Recolhimento dos dados foram realizadas entrevistas com os líderes dos centros comunitários visitas e entrevistas a 53 famílias distribuídas por zonas geográficas da comunidade e escolhidas seguindo rotas aleatórias Os dados levantados se relacionaram à saúde percebida as enfermidades padecidas pela família e a avaliação da atenção no Posto de Saúde Dados escolares e de empregodesemprego Levantaramse problemas e necessidades percebidas conhecimento e interesse em participar das associações comunitárias do bairro e identificação de propostas de melhoria da qualidade de vida Direção dos dados levantados por não ser a equipe de trabalho a mesma que trabalha no Posto de Saúde da comunidade se decidiu não discutir diretamente os dados recolhidos com a própria comunidade sem discutiremos primeiro com a direção do Campus para dar aos dados a direção que esta considera oportuna Também foram elaborados informes para ficar à disposição dos psicólogos e alunos de Psicologia Comunitária do Posto de Saúde Avaliação da análise e intervenção excelente acolhida por parte da Comunidade dos investigadores externos levantamento de expectativas e de consciência social Recolhimento de indicadores psicossociais relevantes para profissionais e alunos que trabalham na Comunidade Sensibilização da equipe do Posto para a abertura e implicação em atividades fora do Posto de Saúde junto com a comunidade Registro Sarriera e cols 1994 3 Análise do perfil psicossocial de jovens desempregados Objetivo auxiliar aos jovens com dificuldades de inserção sociolaboral Local cidade de Porto Alegre RS Brasil Duração três anos Equipe psicólogo e 12 estudantes da Faculdade de Psicologia bolsistas de pesquisa científica Enfoque teórico paradigma ecológicocontextual Familiarização para poder conhecer as necessidades e problemas dos jovens desempregados iniciamos entrevistando em profundidade a oito jovens com características diferentes sexo idade nível socioeconômico grau de instrução experiência laboral Elementos iniciais da Análise de Necessidades análise das experiências de busca de emprego e de história de vida desses adolescentes através de análise de conteúdo Com base nesta aproximação aos jovens e ao tema preparamos um instrumento de aplicação coletiva a 563 jovens de 14 a 18 anos constituindo uma amostra representativa por amostragem em múltiplas etapas Dados recolhidos através de entrevistas individuais por rotas aleatórias Análise dos dados foram avaliados dados pessoais familiares escolares laborais de busca de emprego atribuições e significado do trabalho e de bemestar psicológico Elaborouse um perfil do jovem desempregado com base em análise discriminante entre jovens empregados estudantes e desempregados Este perfil foi revisado junto com os jovens através de uma intervenção Intervenção psicossocial com seis grupos de aproximadamente 20 jovens de 16 a 21 anos inscritos no Instituto Nacional de Emprego para buscar trabalho se discutiu e se desenvolveu um Programa de Inserção Sociolaboral com base na análise de necessidades realizada estruturando o Programa em três módulos Orientação Vocacional e Ocupacional Estratégias de Busca de Emprego e Desenvolvimento de Habilidades e conhecimentos críticos sobre Mercado de Trabalho e de direitos e deveres do trabalhador Avaliação da intervenção o resultado foi positivo e de muita motivação entre os jovens Porém o programa de acompanhamento para sua inserção laboral nos seis meses seguintes foi difícil de avaliar devido à perda de contato com os mesmos Como fruto desta experiência foi publicado um Manual de Orientação Ocupacional dirigido aos jovens de classe popular com os conteúdos e técnicas avaliados pelos próprios jovens nas intervenções Registro Sarriera e cols 2000 e 2004 Considerações finais Como bem disse Kelly 1992 p 45 a Avaliação do contexto permite ao investigador escutar as vozes dos demais proporcionando a oportunidade de compreender e atribuir o poder aos outros Fazer com que a comunidade participe do processo da intervenção comunitária é tão importante como o conteúdo que se pretende desenvolver Qualquer programa que se pretenda comunitário deve iniciar pelo conhecimento da comunidade através da inserção e familiarização do investigador externo observando a vida os valores as preocupações e as esperanças de seus membros A participação da própria comunidade na planificação das estratégias a seguir e dos objetivos a definir no levantamento da análise de necessidades é o ideal pretendido Às vezes não haverá possibilidade de iniciar como uma ação conjunta a avaliação das necessidades iniciais mas esta fase servirá como sensibilização e familiarização com a comunidade com relação à temática inicialmente proposta de trabalho As três experiências aqui resumidas com objetivos e metodologias diferentes revelam uma preocupação pelo entendimento do fenômeno desde uma perspectiva bidirecional investigadores internos e externos Temos constatado que certa detecção inicial de necessidades sentidas e a priorização das mesmas no processo de intervenção é a chave motivacional geradora de uma maior mobilização comunitária As dificuldades encontradas na ação comunitária procedem em sua maioria de instituições da comunidade orientadas por membros externos à própria comunidade docentes nas escolas profissionais nos postos de saúde que criam maiores resistências ao câmbio e forçam consciente ou inconscientemente a manutenção do status quo Conhecer as necessidades de uma comunidade e trabalhar junto com ela para seu desenvolvimento e bemestar implica um duplo compromisso o científico estudando e produzindo co nhecimentos que facilitem o desenvolvimento comunitário e o éticosocial comprometendose junto com a comunidade em seus problemas seus fracassos e suas conquistas Referências FREIRE P 1987 A pedagogia do oprimido Brasil Paz e Terra FREITAS M DE F QUINTAL de 1998 Inserção na comunidade e análise de necessidades reflexões sobre a prática do psicólogo Reflexão e Crítica 11 1 p 175789 KELLY J G Psicologia comunitaria el enfoque ecológico contextualista Buenos Aires Centro Editor de América Latina 1992 MONTERO M Consciousness raising conversion and deideologization in community psychosocial work Journal of community psychology v22 1994 p 311 SARRIERA J C El método de Paulo Freire en una zona marginada de Asunción Asunción Universidad Católica Facultad de Psicologá Monografía de Conclusión de Curso 1974 SARRIERA J C coord Análise de Necessidades Psicossociais na Vila Nossa Senhora de Fátima Porto Alegre PUCRS Grupo de Pesquisa em Psicologia Comunitária Relatório de Pesquisa 1993 SARRIERA J C coord Psicologia Comunitária Estudos Atuais Porto Alegre Sulina 2000 SARRIERA J C CÂMARA S G BERLIM C S Manual de Orientação Ocupacional Porto Alegre Sulina 2004 SERRANOGARCÍA I COLLAZO W R Contribuciones puertorriqueñas a la psicología socialcomunitaria Porto Rico Editorial de la Universidad de Puerto Rico EDUPR 1992 SOLANOPASTRANA F R Detección de necesidades en la comunidad rural La Plata En SERRANOGARCÍA I COLLAZO W R Contribuciones puertorriqueñas a la psicología socialcomunitaria Porto Rico Editorial de la Univer sidad de Puerto Rico EDUPR 1992 152 INTRODUCCIÓN A LA PSICOLOGÍA COMUNITARIA Desarrollo conceptos y procesos Maritza Montero PAIDÓS TRAMAS SOCIALES 1ª Edição ISBN 9501245233 Editorial Paidos 2004Buenos Aires Argentina Montero M Introdução à psicologia comunitária Desenvolvimento conceitos e processos Machine Translated by Google 1 Origem e desenvolvimento da psicologia comunitária 19 Origens da psicologia comunitária os primórdios 19 O início na América Latina 19 Psicologia comunitária na América AngloSaxônica 21 Características iniciais da psicologia comunitária desenvolvida na América Latina21 Fases no desenvolvimento da psicologia comunitária 24 Um caso a analisar O caso venezuelano no último quartel do século XX 26 Resumo 29 Bibliografia adicional 30 Algumas questões para refletir sobre psicologia e comunidade 30 Exercícios problematizadores sobre o desenvolvimento da psicologia comunitária 30 2 O que é psicologia comunitária 31 Definição de psicologia comunitária 31 Características da psicologia comunitária 33 A origem pluridisciplinar da psicologia comunitária 34 Psicologia comunitária e psicologia social comunitária 35 O objeto da psicologia comunitária 36 Psicologia comunitária e desenvolvimento comunitário 36 Sobre o método em psicologia comunitária 37 Resumo 39 Bibliografia adicional 40 Questões para reflectir sobre a psicologia comunitária 40 Exercícios problematizadores sobre a perspectiva psicológica comunitária40 Prólogo Validade psicopolítica o próximo desafio para a psicologia comunitária de Isaac Prilleitcnsky 5 Epílogo ao prólogo de Maritza Montero quinze Índice 3 O paradigma da psicologia comunitária e a sua fundamentação ética e relacional41 Sobre modelos e paradigmas 41 A noção de paradigma 41 Sobre a estrutura paradigmática dos modelos científicos43 O paradigma da construção e transformação crítica 43 Dimensão ontológica 43 Dimensão epistemológica 44 A relação entre psicólogos comunitários e outros atores sociais 45 Dimensão metodológica 45 Dimensão ética 45 A ética do relacionamento 47 Ética moralidade e deontologia conceitos relacionados mas não sinônimos 47 Coautoria e apropriação do conhecimento 48 Dimensão política 48 Uma episteme do relacionamento 49 Uma perspectiva holística dos paradigmas cinquenta 1 Índice Machine Translated by Google 5 Valores e princípios orientadores da psicologia comunitária 68 Introdução 68 Concepção avaliativa da psicologia comunitária 69 A origem da valores em psicologia comunitária 70 Relação entre princípios e valores 72 O tratamento explícito de valores na psicologia comunitária 74 Perigos associados a uma práxis que se admite baseada em valores 77 Resumo 79 Bibliografia adicional 80 Perguntas para refletir sobre valores no trabalho comunitário 80 Exercício problematizador sobre a relação entre valores e trabalho comunitário 80 6 Trabalho comunitário 81 O que fazem os profissionais de psicologia comunitária 81 Trabalho comunitário e produção de conhecimento 84 Condições necessárias para ser psicólogo comunitário 85 Poder e exercício da psicologia comunitária 86 O escopo do trabalho comunitário 86 Áreas de aplicação dentro da psicologia comunitária 89 A formação de psicólogos comunitários 90 4 Influências e desenvolvimentos teóricos na psicologia comunitária 54 Influências teóricas iniciais na psicologia comunitária 54 Aspectos teóricos provenientes de conceitos psicossociais atributivos relacionados aos processos psicossociais comunitários 54 A influência da fenomenologia 56 A contribuição de Marx e as correntes de influência marxista 56 Faça da necessidade uma virtude 57 Primeiras respostas teóricas dentro da psicologia comunitária 58 A abordagem ecológica cultural 58 Uma teorização inicial na América Latina psicologia do desenvolvimento 59 Relações e influências teóricas atuais 60 A perspectiva da libertação psicologia 60 A abordagem crítica 61 A tendência sistêmica 62 A perspectiva comportamental 62 O iterativo modelo reflexivo generativo 63 Resumo 65 Bibliografia adicional 66 Questões para refletir sobre as explicações teóricas produzidas na psicologia comunitária 67 Exercícios problematizadores sobre a fundamentação teórica em psicologia comunitária67 Resumo 51 Bibliografia adicional 52 perguntas para reflectir sobre aspectos paradigmáticos da psicologia comunitária53 Exercício problematizador sobre as dimensões paradigmáticas da psicologia comunitária53 2 Índice Machine Translated by Google 8 Participação e compromisso no trabalho comunitário108 O que é participação 108 Escopo e benefícios da participação comunitária 109 Dificuldades de participação comunitária 110 A definição de compromisso 112 A natureza motivadora do compromisso 113 A natureza crítica do compromisso 113 A natureza avaliativa do compromisso 114 Eixos do compromisso 115 De quem é o compromisso 116 A relação entre participação e comprometimento 117 Efeitos do comprometimento no trabalho comunitário 119 Por que participar com comprometimento 119 Resumo 121 Bibliografia adicional 122 Perguntas para Refletir sobre Participação e Engajamento Comunitário 122 Exercícios problematizadores sobre participação e comprometimento em trabalho psicossocial comunitário 122 9 Processos psicossociais comunitários123 Introdução 123 Habituação naturalização e familiarização 123 Quarto 123 Naturalização e familiarização 124 Problematização e desnaturalização 125 Conscientização e desideologização 126 7 Comunidade e sentido de comunidade95 Sobre o conceito de comunidade 95 A difícil definição de comunidade 96 Localização e relacionamento na definição de comunidade 97 Aspectos constitutivos do conceito de comunidade99 Uma definição de comunidade 100 O substrato psicossocial de a comunidade 100 Natureza paradoxal de conceito de comunidade 101 A visão crítica do conceito de comunidade 101 O sentido de comunidade quebracabeça miragem algo mais ou igual 103 O sentido de identidade comunitária 105 Resumo 106 Bibliografia complementar 107 Questão para reflectir sobre a noção de comunidade e o sentido de comunidade107 Exercícios de resolução de problemas sobre a noção de comunidade e o sentido da comunidade107 Características desejáveis na formação acadêmica de psicólogos comunitários91 Resumo 93 Questões para refletir sobre a prática profissional em psicologia comunitária94 Exercício problematizador sobre a prática da psicologia comunitária94 3 Índice Machine Translated by Google Bibliografia 144 4 Glossário de termos usados em psicologia comunitária138 A problematização vista a partir da práxis a perspectiva dos agentes internos127 O processo de conversão 128 A relação entre conversão consciência e influência social 128 O jogo dialético entre pressão social conversão e conscientização 130 Consciência e inconsciência nos processos de mudança social131 Afetividade nos processos psicossociais comunitários 131 Resumo 136 Bibliografia adicional 136 Perguntas para refletir sobre os processos psicossociais comunitários 136 Exercícios de resolução de problemas sobre processos psicossociais comunitários e mudança social 137 Índice Machine Translated by Google Com precisão característica Maritza Montero descreve a situação da psicologia comunitária a história da disciplina e seus principais problemas Com uma perspicácia requintada ela discerne os papéis da psicologia comunitária na sua ajuda aos oprimidos e na sua mobilização da sociedade em geral para um maior bemestar Neste prólogo desejo desenvolver a sua visão da psicologia comunitária e projectar o campo no sentido de uma abordagem renovada ao bemestar e à justiça Para isso discuto a centralidade do bemestar na boa sociedade e a centralidade do poder no quadro da validade psicopolítica O bemestar depende da distribuição equitativa dos recursos numa sociedade Sem bens sociais suficientes como habitação transporte e serviços de saúde entre outros as pessoas desfavorecidas são impedidas de alcançar níveis de bemestar que apenas aqueles com recursos superiores podem pagar Elster 1992 Kawachi Kennedy Wilkinson 1999 Marmot e Wilkinson 1999 Se vivêssemos num mundo mais igualitário a relevância da justiça poderia ser questionada mas na realidade vivemos num mundo onde a desigualdade está a crescer em proporções sem precedentes dentro e entre as nações Felice 2003 Korten 1995 1999 A experiência de bemestar emocional deriva da interação entre múltiplos fatores pessoais relacionais e coletivos que funcionam em sinergia Nelson e Prilleltensky 2004 Prilleltensky e Nelson 2002 Prilleltensky Nelson e Peirson 2001a b Um estado de bemestar é alcançado pelo efeito sinérgico de múltiplas forças em que cada domínio deve obter um nível mínimo de satisfação A Figura 1 coloca o bemestar no centro dos círculos concêntricos A omissão de qualquer esfera faz desaparecer todo o bemestar Isaac Prilleltenskyÿ A sociedade é um campo em discussão Filósofos cientistas políticos e comentaristas sociais debatem os méritos de diferentes concepções Cohen 2000 Felice 2003 Kane 1994 Redner 2001 Selznick 2002 No entanto todos parecem concordar que um único valor ou atributo não pode abranger as múltiplas qualidades de uma sociedade ideal Kekes 1993 Miller 1999 Saul 2001 ponto que é reiterado neste livro de Montero Embora necessárias nem a liberdade nem a igualdade são condições suficientes para o surgimento de uma boa sociedade Além disso várias sociedades diferem no que diz respeito aos traços desejados nas suas visões específicas Alcoff e Mendieta 2000 Dudgeon Garvey e Pickett 2000 Dussel 1988 Holdstock 2000 No entanto existem alguns atributos que parecem influenciar o bemestar de indivíduos e grupos numa vasta gama de comunidades sociedades e nações Devido à sua proeminência histórica amplo alcance e desejabilidade global o bemestar e a justiça emergem como componentes cruciais da boa sociedade Felice 2003 Lane 2000 Nelson e Prilleltensky 2004 Sen 1999a b Validade psicopolítica o próximo desafio para a psicologia comunitária PREFÁCIO 5 Programa de Doutoramento em Investigação Comunitária e Acrion Peabody College Universidade Vanderbilt Tennessee Estados Unidos Ingressou Tradução do prólogo María Gabriela Lovera Prefácio Isaac Prilleltensky ÿ Machine Translated by Google Como Montero mostra neste livro uma abundância de bemestar pessoal por exemplo auto estima domínio controle esperança não pode substituir a falta de bemestar relacional por exemplo senado comunitário cuidado e compaixão apoio social ou bemestar coletivo por exemplo acesso a serviços de saúde redes de segurança igualdade Os três domínios do bemestar devem ser equilibrados na sua segurança relativa e cada um deles deve satisfazer certas necessidades básicas Lustig 2001 Macklin 1993 Nelson Lord e Ochocka 2001 A nossa teoria do bemestar concebe o desenvolvimento humano em termos de propriedades que se reforçam mutuamente das qualidades pessoais relacionais e sociais As necessidades pessoais como a saúde a autodeterminação e as oportunidades de crescimento estão intimamente ligadas à satisfação das necessidades coletivas como os cuidados de saúde adequados o acesso à água potável a distribuição justa e equitativa de encargos e recursos e a igualdade económica Carr e Sloan 2003 Keating e Hertzman 1999 Kim Millen Irwin Gersham 2000 Macklin 1993 Marmot e Wilkinson 1999 Wilkinson 1996 Sinergia e equilíbrio entre necessidades pessoais relacionais e coletivas no bemestar figura 1 No nível pessoal o bemestar está intimamente ligado aos domínios interpessoal e social Prilleltensky Nelson Peirson 2001a b Existe uma vasta realidade material que afeta a forma como nos sentimos e como nos comportamos em relação aos outros Macklin 1993 Murray e Campbell 2003 Embora as crenças e percepções sejam importantes não podem ser isoladas do ambiente cultural político e económico Eckersley 2000 2002 Elster 1992 Para experimentar qualidade de vida necessitamos de condições sociais e políticas suficientes livres de exploração económica e abuso dos direitos humanos Felice 2003 George 2002 Korten 1995 1999 Sen 1999a b Em qualquer caso esperamos que os intercâmbios interpessoais baseados no respeito e apoio mútuos aumentem a nossa qualidade de vida Eckersley 2000 mostrou que as experiências subjetivas de bemestar são fortemente marcadas por tendências culturais como o individualismo e o consumismo enquanto Narayan e seus colegas afirmaram que a experiência psicológica da pobreza está diretamente relacionada às estruturas políticas de corrupção e opressão Narayan Chambers Kaul Shah Petesch 2000 Narayan Patel Schafft Rademacher Kocht Schuke 2000 Embora as necessidades possam ser vivenciadas psicológica e subjetivamente todas elas têm dinâmicas materiais e políticas que inibem ou facilitam a sua satisfação A concentração exclusiva no domínio psicológico ignora a dinâmica do poder e da política que 6 Isaac Prilleltensky Prefácio Machine Translated by Google Esses preceitos teóricos estão incorporados na experiência da vida real Os indivíduos alcançam o bemestar quando todos os três conjuntos de necessidades primárias são satisfeitos pessoais relacionais e coletivas A pesquisa demonstra que as necessidades psicológicas de esperança otimismo Keyes Haidt 2003 estimulação intelectual crescimento cognitivo Shonkhoff Phillips 2000 domínio controle Marmot 1999 Rutter 1987 saúde física Smedley Syme 2000 bemestar mental Nelson Lord Ochocka 2001 Nelson Prilleltensky 2004 significado e espiritualidade Kloos Moore 2000 Powell Shahabi Thoresen 2003 devem ser alcançados pelos indivíduos para experimentar uma sensação de bemestar pessoal Mas estas necessidades não podem ser alcançadas isoladamente A maioria deles exige a presença de relacionamentos de apoio O efeito saudável dos relacionamentos é gerado através da satisfação das necessidades relacionais afeto cuidado e compaixão vínculo e apoio Cohen Underwood Gottiieb 2000 Ornish 1997 Rhoades e Eisenberg 2002 Stansfeld 1999 respeito pela diversidade Dudgeon Garvey Pickett 2000 Trickett Watts Birman 1994 Moane 1999 Prilleltensky 2003a e participação significativa na família no trabalho e na vida cívica Klein Ralis Smith Major Douglas 2000 Nelson Lord e Ochocka 2001 Putnam 2000 2001 Construir o bemestar como se fosse estritamente psicológico seria comparável a falar de almas sem corpos enquanto definilo como estritamente comunitário equivaleria a falar de culturas sem pessoas Nenhuma das categorizações capta todas as necessidades e fontes de bemestar A sinergia é perturbada quando as necessidades de um domínio não são minimamente satisfeitas ou quando uma esfera de bemestar domina as restantes relegandoas para segundo plano da nossa consciência Para corrigir potenciais desequilíbrios certas circunstâncias históricas exigem que um domínio seja temporariamente favorecido até que o equilíbrio seja restaurado Saul 2001 Quando os membros das sociedades coletivistas sentem que as regras e regulamentos são opressivos chegou o momento de restaurar a liberdade pessoal Quando as sociedades confundem o individualismo com a liberdade e o significado pessoal justificamse os esforços para aumentar o sentido de comunidade solidariedade e transcendência Etzioni 1996 1998 Os cidadãos dos regimes comunistas anteriores testemunham o primeiro enquanto muitos grupos nas sociedades ocidentais testemunham o último Saul 2001 Eles estão subjacentes às necessidades humanas e sociais Fox e Prilleltensky 1997 Por outro lado a concentração exclusiva nas constelações de poder não leva em conta a experiência vivida de bemestar As necessidades pessoais e relacionais dizem respeito principalmente ao domínio psicológico Embora necessários não são suficientemente determinantes do bemestar Prilleltensky 1994 Shulman Lorenz e Watkins 2003 A necessidade de políticas justas de acesso aos serviços de saúde de educação pública de segurança de justiça nas práticas de contratação de habitação acessível de emprego de protecção contra a exploração são todos parte inseparáveis do bemestar Carry Sloan 2003 Keating e Hertzman 1999 Kim Millen Irwin Gersham 2000 O peso da discriminação dos cuidados de saúde inadequados da educação e dos transportes públicos deficientes corroem o bemestar pessoal e colectivo tanto no Norte como no Sul Marmot e Wilkinson 1999 Smedley e Syme 2000 Wilkinson 1996 Por outro lado os cuidados de saúde universais os cuidados infantis e as redes de segurança social aumentam igualmente o bemestar público e privado dos cidadãos Sen 1999a b Sen 1999a b articula a natureza complementar de diversas estruturas sociais na promoção do que chamamos de bemestar e do que ele chama de desenvolvimento humano Para isso propõe a interação de cinco tipos de liberdades na busca pelo desenvolvimento humano a 7 Prefácio Isaac Prilleltensky Machine Translated by Google O estado de Kerala na Índia fornece outra ilustração de como os laços de solidariedade criaram efeitos positivos em todos os três níveis de bemestar Franke e Chasen 2000 Parayil 2000 Desde o início do século as mulheres naquele pobre estado começaram a se organizar em movimentos sociais que clamavam pela proteção dos agricultores pisatários programas de nutrição infantil reformas agrárias e desenvolvimento comunitário Através do processo de organização as mulheres vivenciaram uma sensação de fortalecimento psicológico Mas a solidariedade não só produziu um maior controlo pessoal e um sentimento de domínio como também levou a mudanças sociais significativas Os índices de saúde pública como a alfabetização a mortalidade infantil e a longevidade são muito melhores em Kerala do que no resto da Índia Franke e Chasen 2000 Num estudo realizado com mais de sessenta mil pessoas em quarenta e sete países o Banco Mundial documentou os efeitos negativos da pobreza Não foi surpresa que as pessoas pobres que Corpos de conhecimento diversos mas convergentes demonstram as ligações interligadas entre o bem estar pessoal relacional e coletivo A pesquisa de Putnam 2000 2001 sobre capital social ilustra como a participação na vida cívica produz benefícios que vão além dos atores individuais envolvidos tema abordado por Maritza Montero Em comparação com comunidades e estados com baixo capital social ou participação cívica as comunidades cujos membros fazem mais trabalho voluntário em igrejas hospitais clubes escolas e associações cívicas desfrutam de níveis mais elevados de bemestar relacional como vínculo e vínculo e níveis mais elevados do bemestar coletivo expresso em melhores resultados educacionais de saúde e de assistência social para a população O capital social tem até efeitos positivos para a diversidade medidos na investigação de Putnam pela tolerância às políticas de acção afirmativa Pessoas que ajudam os outros através de laços de solidariedade produzem efeitos benéficos nas esferas pessoal relacional e coletiva de bemestar liberdades políticas b oportunidades económicas c oportunidades sociais d garantia de transparência e segurança protectora Cada um destes diferentes tipos de direitos e oportunidades contribui para desenvolver a capacidade geral da pessoa Podem também servir para se complementarem As liberdades não são apenas os fins primários do desenvolvimento mas também um dos seus principais meios Além de reconhecer fundamentalmente a importância avaliativa da liberdade também temos de compreender a extraordinária ligação empírica que liga liberdades de diferentes tipos entre si As liberdades políticas sob a forma de liberdade de expressão e escolha promovem a segurança económica As oportunidades sociais sob a forma de educação e serviços de saúde facilitam a participação económica As oportunidades económicas sob a forma da possibilidade de participação no comércio e na produção podem ajudar a gerar abundância pessoal e recursos públicos para serviços sociais Liberdades de vários tipos podem fortalecerse mutuamente Sen 1999b pp 1011 A investigação longitudinal de Marmot 1999 Marmot e Feeney 1996 sobre a saúde dos funcionários públicos britânicos também mostra a força das ligações entre classe relações no local de trabalho e bemestar pessoal Acompanhando milhares de pessoas durante mais de duas décadas Marmot descobriu que as pessoas com menos controlo sobre os seus empregos trabalhadores domésticos e não qualificados morreram a uma taxa quatro vezes superior à das pessoas com maior controlo gestores e executivos O grupo com maior grau de autonomia gestores teve metade da mortalidade do segundo grupo profissionais um terço em relação ao grupo seguinte auxiliares e um quarto do grupo com menor autonomia os não qualificados As relações de trabalho e as divisões de classe interagiram com o controlo e a flexibilidade para criar taxas diferenciadas de saúde e mortalidade pessoal 8 Prefácio Isaac Prilleltensky Machine Translated by Google Vejamos agora o segundo domínio da boa sociedade a justiça trata da alocação justa e equitativa de encargos recursos e poderes na sociedade Miller 1999 Portanto é uma construção essencialmente relacional No seu livro Princípios de Justiça Miller 1999 distingue três tipos de relações implícitas na distribuição de encargos e recursos a comunidade de apoio a associação instrumental e a cidadania Necessidade mérito e igualdade respectivamente são os princípios que normalmente orientam a alocação em cada uma dessas relações Na comunidade solidária Miller inclui a família e outras associações estreitas que podem ser mantidas entre membros de uma comunidade étnica A associação instrumental geralmente deriva de relações de trabalho nas quais as pessoas estão envolvidas na produção de bens serviços ou trocas A cidadania por sua vez reflete as relações entre membros de uma entidade política circunscrita como uma cidade ou uma nação Os problemas ocorrem quando as sociedades aderem rigidamente a um conjunto de princípios em detrimento de outros Se o mérito for o único critério considerado justificável para a distribuição de recursos estaremos a ignorar o facto de alguns cidadãos exigirem a satisfação de necessidades básicas É o caso das necessidades de educação básica protecção e cuidados de saúde Sen 1999a b A evidência apresentada acima sugere duas tendências no bemestar A primeira é que existe uma estreita associação entre bemestar pessoal relacional e coletivo A segunda que existe uma ligação clara entre bemestar e justiça Tepper 2001 A cultura popular as figuras de autoridade e até os psicólogos muitas vezes reduzem o bem estar a dinâmicas pessoais e relacionais ignorando inocentemente o papel das forças colectivas e da justiça Fox e Prilleltensky 1997 Hepburn 2003 Para as crianças os jovens e os adultos a mensagem implícita e muitas vezes explícita é que o bemestar depende sobretudo das nossas capacidades e das nossas relações familiares Embora os agentes socializadores sejam rápidos a admitir que as variáveis colectivas desempenham um papel tal como a justiça e a igualdade elas são muito remotas e difíceis de discernir ou estão fora do nosso alcance Goodman 2001 Macedo 1994 Miller 1999 participaram no estudo confirmaram que a privação económica que produz competição por recursos económicos cria divisões dentro das suas comunidades Igualmente previsível foi a descoberta de que a pobreza teve um impacto negativo na sua saúde física e psicológica na sua dignidade na sua autoestima e nas suas oportunidades de vida Narayan Chambers Kaul Shah Petesch 2000 Narayan Patel Schafft Rademacher Kocht Schulte 2000 Na mesma linha Wilkinson documentou como a desigualdade diminui a longevidade 1996 e Sen 1999a 1999b relatou como o investimento em estruturas sociais aumenta a qualidade de vida nos países em desenvolvimento Mientras usualmente hay buenas razones para que la gente distribuya los recursos en sus familias en términos de necesidades y en las situaciones laborales en términos de mérito algunas circunstancias requieren que tengamos en cuenta las necesidades fuera de la familia y el esfuerzo y otros principios en a família Embora a igualdade seja o primeiro princípio de justiça que rege as relações entre os cidadãos por vezes os cidadãos podem ter razões para exigir justiça com base na necessidade ou no mérito Os cidadãos que não dispõem dos recursos necessários para desempenhar o seu papel como membros plenos da comunidade têm justamente direito a que esses recursos lhes sejam fornecidos Assim a ajuda médica a habitação e o rendimento básico podem ser considerados por algumas pessoas como necessidades na perspectiva do cidadão Entre os cidadãos certas necessidades importam do ponto de vista da justiça porque se não forem satisfeitas a igualdade de estatuto de determinados cidadãos estão em risco 9 Prefácio Isaac Prilleltensky Machine Translated by Google A Figura 2 coloca a justiça nas intersecções entre méritos necessidades e igualdade Devido à variabilidade de contextos e circunstâncias pessoais estes três princípios serão invocados de diversas maneiras Sinergia e equilíbrio entre mérito necessidades e igualdade na justiça No entanto para promover a justiça social todos eles devem ser alcançáveis e mantidos em tensão criativa Saul 2001 Se o espaço total ocupado pelas três esferas na Figura 2 permanecesse constante e um círculo crescesse desproporcionalmente as esferas restantes seriam reduzidas em importância e sabedoria Se o mérito fosse considerado como o modo dominante de atribuição por exemplo a necessidade e a igualdade seriam ofuscadas e minadas Se tal for o caso e há de facto alguma evidência de que isto ocorre em certas meritocracias temos de perguntar se a primazia da O critério de mérito do mérito é justificado com base no contexto ou com base em processos de socialização que favorecem aqueles que beneficiam a descartar necessidades e igualdade Goodman 2001 Há razões para afirmar que os interesses pessoais e grupais influenciam a escolha dos padrões de alocação negligenciando muitas vezes a situação contextual específica dos cidadãos Carr e Sloan 2003 Miller 1999 bem como o bemestar que podemos ter certos domínios de trás para frente como é o caso da justiça Os domínios negligenciados quaisquer que sejam devem ser atendidos para restaurar o equilíbrio perdido Como claramente indicado Um regime de alocação dogmático que ignora o contexto da vida das pessoas pode facilmente degenerar em discursos que culpam as vítimas e justificam a desigualdade Goodman 2001 Para evitar o risco de abordagens de justiça do tipo tamanho único devemos ser capazes de contemplar múltiplos esquemas de alocação que respondam à variabilidade no contexto Sob certas condições de igualdade o esforço seria o critério racional a utilizar Em condições de desigualdade o critério das necessidades seria justificado Figura 2 Análoga à metáfora do equilíbrio exigido no bemestar Miller 1999 postula que o equilíbrio entre necessidades mérito e igualdade deve ser alcançado em sociedades que aspiram à justiça Tal como o bemestar exige um mínimo de satisfação das necessidades pessoais relacionais e colectivas também a boa sociedade exige a presença de considerações complementares de justiça necessidades mérito e igualdade Miller 1999 pp 3132 10 Prefácio Isaac Prilleltensky Machine Translated by Google Experimente voz e escolha ao longo da vida Esperança e otimismo Saúde psicológica Controle e autodeterminação O bemestar aumenta através da satisfação equilibrada das seguintes necessidades Domínio aprendizagem e crescimento Saúde física Funcionários A justiça aumenta ao ter o poder a capacidade e a oportunidade de Explorar a transcendência e o sentido da vida livre de repressões ideológicas Relação entre bemestar e justiça nos domínios pessoal relacional e coletivo Envolverse em relações de apoio evitar relações abusivas e ter acesso a recursos que aumentem o bem estar tabela 1 Ter acesso a alimentos nutritivos abrigo segurança e cuidados de saúde preventivos e primários de alta qualidade Para que os grupos marginalizados alcancem a justiça o poder deve ser introduzido na equação Alguns grupos têm mais poder capacidade e oportunidade para satisfazer as suas necessidades do que outros Isto é dependendo da capacidade e da oportunidade alguns indivíduos e grupos estão em melhor posição do que outros para satisfazer as suas necessidades psicológicas e materiais Boulding 1989 Della Porta e Diani 1999 Hillman 1995 Prilleltensky no prelo Tarrow 1998 Devido ao privilégio classe raça género ou capacidades físicas alguns indivíduos grupos e nações enfrentam desvantagens Moane 1999 Shulman Lorenz Watkins 2003 Histórias de opressão e discriminação restringem as suas capacidades de satisfazer as suas necessidades psicológicas e materiais As diferenças de poder impedem a igualdade a justiça a equidade e a participação democrática Carr e Sloan 2003 Prilleltensky 2003a b Devido ao tremendo impacto das forças políticas pensamos que é importante identificar um conjunto de factores políticos que aumentam ou diminuem o bemestar e a justiça Quanto maior for o poder a capacidade e as oportunidades que um grupo tiver maior será a possibilidade que terá de promover o bem estar e a justiça para os seus membros Prilleltensky no prelo Cada uma das necessidades de bemestar descritas tem uma correlação política A Tabela 1 ilustra como o poder a capacidade e a oportunidade influenciam a probabilidade de as necessidades de bemestar serem satisfeitas e de a justiça aumentar Experimente eventos positivos na vida e evite a desesperança aprendida onze Para que a justiça se torne um resultado tangível e não apenas um estado de coisas ideal ela deve ser praticada A justiça pode ser alcançada voluntariamente quando um sector da sociedade abandona os seus privilégios em benefício de outros Mas na maioria das vezes a justiça tem de ser posta em causa O poder e o privilégio são geralmente tomados e não dados Freeman e Johnson 1999 Tarrow 1998 Experimente eventos que aumentam o estímulo e o crescimento projetados para atender a necessidades únicas Significado e espiritualidade Montero os processos de habituação ideologização e familiarização capítulo 9 interferem na necessidade de mudança de paradigmas na filosofia política Prefácio Isaac Prilleltensky Machine Translated by Google Participação democrática Sustentabilidade ambiental Estes e outros exemplos ilustram o papel central do poder no bemestar e na justiça Sem isso podemos experimentar opressão O excesso de poder pode impedir que outras pessoas tenham acesso a alguns recursos valiosos Na medida certa permite que os bens sociais e psicológicos sejam partilhados equitativamente entre indivíduos e grupos o que nos leva à questão da validade psicopolítica Por si só nem as explicações psicológicas nem as políticas são suficientes para responder pelas fontes do sofrimento e do bemestar humanos Da mesma forma nem as intervenções psicológicas nem as políticas por si só podem melhorar o bemestar humano Só quando alcançamos uma compreensão política e psicológica integrada do poder do bemestar e da justiça é que mudamos efectivamente o mundo que nos rodeia A questão urgente agora é como converter as intuições adquiridas até agora e habilmente articuladas por Maritza Montero em pesquisa e prática Solidariedade e sentido de comunidade Ser um participante ativo na vida da comunidade e oporse à passividade Manter a própria identidade sem medo de discriminação ou retaliação Liberdade Se os indivíduos e os grupos não tiverem a oportunidade de aumentar a sua competência política é pouco provável que alcancem níveis satisfatórios de bemestar Macedo 1994 O papel do poder no bemestar e na justiça é de suprema importância A nível pessoal o estatuto socioeconómico pode ser um determinante crucial do tipo e da qualidade da educação e dos cuidados de saúde que uma pessoa recebe No nível relacional o poder pode ser um fator chave para manter ou encerrar um relacionamento abusivo A nível colectivo o poder político pode levar um grupo a superar o Apartheid e outro a alcançar a igualdade de remuneração para mulheres e minorias Carinho vínculo e apoio social opressivo Procurar e beneficiar da liberdade individual e colectiva sem restrições indevidas impostas por outros indivíduos ou grupos Beneficiar de um ambiente limpo e sustentável para a geração presente e para as gerações futuras contrapondose a políticas que devastam a paisagem natural e construída Compartilhe experiências com membros da comunidade sem regras de conformidade Lutar procurar e beneficiar de uma distribuição justa e equitativa de recursos obrigações e poder na sociedade Envolverse com outras pessoas em relacionamentos de apoio mútuo Igualdade Experimente relacionamentos nutritivos livres de abuso físico emocional ou psicológico Coletivo 12 Cuidado e compaixão Respeito pela diversidade O poder é onipresente Existe em todos os campos de prática e está presente na forma como pensamos sobre as pessoas com quem trabalhamos e na forma como as tratamos Em Relacional Prefácio Isaac Prilleltensky Machine Translated by Google O objetivo central da validade psicopolítica é infundir na psicologia comunitária e nas ciências sociais a consciência do papel que o poder desempenha no bemestar na opressão e na justiça nos domínios pessoal relacional e coletivo Para alcançar validade psicopolítica a investigação e as intervenções devem adoptar certos critérios que indiquem até que ponto a investigação e a acção incorporam lições sobre o poder psicológico e político Para estreitar a lacuna entre a retórica e a ação na psicologia comunitária proponho que avaliemos todas as nossas atividades no que diz respeito à validade epistêmica e à validade transformacional Isto nos permitirá concretizar nosso interesse com diferenciais de poder no discurso e na prática Como o poder permeia a investigação e a acção sugiro que sejam consideradas tanto a validade epistémica como a transformacional A validade da transformação por sua vez deriva do potencial das nossas ações para promover o bem estar pessoal relacional e coletivo reduzindo as desigualdades de poder e aumentando a ação política a participação e o compromisso como demonstra Montero no capítulo 8 Podese dizer que toda psicologia comunitária busca aumentar o bemestar e reduzir a injustiça mas permitame discordar Como Geoff Nelson e eu discutimos Prilleltensky e Nelson 1997 2002 muitas intervenções no campo da psicologia comunitária por mais bemintencionadas que sejam não alteram estruturas mas visam ajudar as vítimas Ao longo de um continuum que vai da melhoria à transformação as nossas ações contribuem principalmente para a primeira e apenas perifericamente para a segunda A validade epistêmica é alcançada relatando sistematicamente o papel que o poder desempenha nas dinâmicas políticas e psicológicas que afetam os fenômenos de interesse Esse relatório deve considerar o papel do poder na psicologia e nas políticas de bemestar e justiça nos domínios pessoal relacional e coletivo Podese argumentar que a minha definição de validade epistêmica psicopolítica limita o campo da psicologia comunitária excluindo potencialmente estudos que estão fora desses domínios Isso é uma fonte de tensão Por um lado quero que o campo da psicologia comunitária seja pluralista e aceite diversos paradigmas Por outro lado sinto que tal pluralismo pode levar a um relativismo que por sua vez dilui a missão do campo e a preocupação com o bemestar dos oprimidos Talvez tal como o bemestar seja uma questão de equilíbrio entre orientações concorrentes E também tal como acontece com o bemestar a posição preferida depende do contexto cultural e temporal da decisão No clima actual penso que deveríamos reorientar o papel do poder no bemestar e na justiça Daí o papel prescrito para a validade epistêmica psicopolítica Em todas as nossas interações com os membros da comunidade usamos o nosso poder com consequências que podem melhorar o bemestar ou ser opressivas Não está claro quais práticas promovem o bemestar e quais pressupostos perpetuam a justiça porque mesmo com as melhores intenções podemos causar danos Assim o principal desafio é refletir sobre as nossas práticas e investigar os seus efeitos Um segundo desafio é incorporar lições sobre poder justiça e bemestar na prática diária Para responder a estes desafios proponho o uso da validade psicopolítica epistêmica e transformacional Prilleltensky 2003 Se esta inovação sobreviver ao uso futuro será certamente substituída por uma alternativa contextualmente mais robusta No entanto até chegar o momento em que tenhamos esgotado a nossa compreensão do papel do poder no bemestar e no sofrimento opto por procurar este tipo de validade na investigação Tal como no caso da validade epistémica a validade transformacional pode reduzir a justificação das intervenções de psicologia comunitária Acções que nada têm a ver com poder desigualdade e mudança política poderiam receber menos importância neste terreno É uma questão de prioridades Se eu olhar para o contexto para determinar quais intervenções poderiam 13 Prefácio Isaac Prilleltensky Machine Translated by Google Ao estabelecermos a ligação feminista adequada entre o pessoal e o político podemos introduzir mudanças políticas em todas as nossas intervenções Portanto não proponho redução de habilidades sociais autoconceito autoajuda visitas domiciliares oportunidades de formação profissional Pelo contrário proponho reorientálos para atacar as fontes da desigualdade e da exploração Não é uma redução mas um redirecionamento que sugiro A validade psicopolítica oscila entre dois riscos Uma versão diluída corre o risco de perpetuar o status quo enquanto uma forma rígida arrisca o dogmatismo No primeiro caso não muda muita coisa na psicologia comunitária e fazemos o nosso trabalho sem perceber a urgência das atuais configurações sociais de poder para os pobres e os oprimidos No segundo caso impomos limites inflexíveis em torno do que é e do que não é prática de psicologia comunitária justificável Algures no meio está um caminho em direcção à missão central da psicologia comunitária aumentar o bemestar para todos e eliminar a opressão daqueles que a sofrem e os seus efeitos nocivos para a saúde mental Maritza Montero prestou um serviço inestimável à profissão ao esclarecer meticulosamente quais ações promovem o bemestar e a justiça e quais conceitos podem nos confundir É um tributo à sua sagacidade intelectual o facto de ela poder iluminar o caminho para uma boa sociedade num tempo de escuridão global É uma homenagem ao seu espírito que ela possa nos motivar quando o desânimo toma conta Meu único arrependimento em relação a este livro é que meus colegas de língua inglesa aprenderão suas ideias através de mim e não diretamente das palavras de Maritza Agradeçolhe por me dar a oportunidade de ler um exemplar inédito desta contribuição histórica e por me pedir algumas reflexões É um raro privilégio atingir o nível de respeito que Maritza Montero recebe em vários continentes Como alguém que viajou e trabalhou em vários continentes posso atestar que as suas contribuições fazem a diferença onde quer que vá em qualquer língua que fale Este livro é mais uma oferta que ele faz à comunidade de psicologia comunitária no mundo e sem dúvida enriquecerá a todos nós ISAAC PRILLELTENSKY Não temos de ver a promoção da saúde como exclusivamente relacionada com a saúde nem devemos ver a aprendizagem social e emocional nas escolas como exclusivamente interpessoal Prilleltensky Prilleltensky 2003a b c Precisamos de ver como a nossa saúde e as nossas relações são afectadas pelas desigualdades de poder em todos os níveis de análise Quando os participantes em qualquer tipo de intervenção de psicologia comunitária aprendem sobre as origens sociais e políticas da opressão e do bemestar há uma possibilidade de que contribuam para mudar estas condições adversas Mas não basta conhecer as fontes Os participantes precisam ser ativados para que se tornem agentes de mudança social O tempo é curto e o sofrimento é vasto Os recursos são limitados e devemos ser responsáveis perante as populações oprimidas que sofrem devido à desigualdade Se continuarmos a utilizar os nossos limitados recursos de psicologia comunitária para melhorar as condições e tratar os feridos quem trabalhará para transformar as condições que criaram a exploração e a angústia em primeiro lugar No entanto esta mudança não exclui estratégias de melhoria Pelo contrário propõe enriquecêlos incorporando o desenvolvimento sociopolítico a consciência e a ação social preferido no contexto actual eu argumentaria que a maioria dos recursos é atribuída a intervenções centradas na pessoa que contribuem apenas marginalmente para a mudança social Prilleltensky e Nelson 2002 Quando o contexto muda e a igualdade política é alcançada para os grupos oprimidos podemos concentrarnos em intervenções que aumentem a autoestima o apoio social e as competências sociais Nashville Tennessee novembro de 2003 14 Prefácio Isaac Prilleltensky Machine Translated by Google Imprensa da Universidade de Harvard 2002 Cultura saúde e bemestar em R Eckersley J Dixon e B Douglas eds As origens sociais da saúde e do bemestar Cambridge University Press Nova York Fundação Russell Sage Cohen GA 2000 Se você é 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pensa e depois escreve deunos mais do que um prólogo desenvolve um conceito a sua definição explicação e crítica Se o leitor estiver com pressa pare diante de suas páginas Se por outro lado ele é um daqueles que procuram a medula então já a encontrou Etzioni A 1996 A Nova Regra de Ouro Nova York Basic Books ed 1998 The Essential Communitarian Reader Boulder EUA Rowman EPÍLOGO DO PRÓLOGO Prefácio Isaac Prilleltensky Machine Translated by Google Kane R 1994 Através do labirinto moral em busca de valores absolutos em um mundo pluralista Nova York Paragon Kloos B e Moore T eds 2001 Espiritualidade religião e psicologia comunitária II Recursos caminhos e perspectivas edição especial Jornal de Psicologia Comunitária 295 1999 The Post Corporate World São Francisco Berrett KoehterKumarian Press Londres Routledge Hillman J 1995 Tipos de poder um guia para seus usos inteligentes Nova York Doubleday Rappaport e E Seidman eds Handbook of Community Psychology Nova York Klewer Academic Plenum Korten 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e Libertação Londres Macmillan 17 York Simon Schuster Nelson G e Prilleltensky I eds no prelo Psicologia Comunitária Em Busca da Libertação Prilleltensky I e Fox D no prelo Alfabetização psicopolítica para o bemestar e a justiça Diário Psicóloga 2010 19 Nelson G Senhor e Ochocka J 2001 Mudando o paradigma na saúde mental comunitária 1997 Valores suposições e práticas Avaliando as implicações morais do discurso e ação psicológica American Psychologist 47 517535 2003a Compreender resistir e superar a opressão Rumo à validade psicopolítica American Journal of Community Psychology 31 195202 2003b Pobreza e poder em S Carr e T Sloan eds Pobreza e Psicologia Mudança Nova York Oxford University Press Powell L Shahabi L e Thoresen C 2003 Religião e espiritualidade ligações com a saúde física American Psychologist 58 3652 2001 b O papel do poder e do controle na vida das crianças uma análise ecológica dos caminhos para o bemestar resiliência e problemas Journal of Community and Applied Social Psychology 11 143158 Nova York Harper e Collins Murray M e Campbell C 2003 Vivendo em um mundo material Refletindo sobre alguns pressupostos da psicologia da saúde Journal of Health Psychology 8 231236 configurações Londres MacMillan Palgrave e Bemestar Nova York Palgrave MacMillan de Psicologia Comunitária 2001 Capital social Medição e consequências Isuma Canadian Journal of Prefácio Isaac Prilleltensky Machine Translated by Google Nova York Livros Akáshicos Shulman Lorenz H e Watkins M 2003 Psicologia profunda e colonialismo Individuação Smedley BD e Syme SL eds Promovendo a Saúde Estratégias de Intervenção de Pesquisa Social e Comportamental Washington DC National Academy Press Schalit J ed 2002 O Leitor Anticapitalismo Imaginando uma Geografia da Oposição Ortopsiquiatria 57 316331 Shonkhoff J e Phillips D eds 2000 Dos neurônios aos bairros a ciência do desenvolvimento na primeira infância Washington National Academy Press ver através e libertação Quadrante 33 1132 Saul J 2001 On Equilibrium Nova York Penguin Littifield 1999b Desenvolvimento como Liberdade Nova York Anchor Books Tcppcr B 2001 Consequências da injustiça organizacional para a saúde Testes dos efeitos principais e interativos Comportamento Organizacional e Processos de Decisão Humana 86197215 Trickett EJ Watts RJ e Birman D eds 1994 Diversidade Humana Perspectiva sobre Pessoas no Contexto São Francisco JosscyBass Watts R Williams N Jagers R 2003 Desenvolvimento sociopolítico American Journal of Community Psychology 31185194 Rutter M 1987 Resiliência psicossocial e mecanismos de proteção American Journal of Imprensa Tarrow S 1998 Poder em movimento movimentos sociais e política contenciosa Nova York Cambridge University Press 18 Jornal de Psicologia Aplicada 87698714 Estudos do Sudeste Asiático Stansfeld S 1999 Apoio social e coesão social em M Marmot R Wilkinson eds Determinantes Sociais da Saúde Nova York Oxford University Press pp 155158 Rhoades L e Eisenberg R 2002 Suporte organizacional percebido uma revisão da literatura Sen A 1999a Além da Crise Estratégias de Desenvolvimento na Ásia Instituto de Cingapura de Washington Academia Nacional de Imprensa Redner H 2001 Vida Ética O Passado e o Presente das Culturas Éticas Nova York Rowman Seiznick P 2002 A Persuação Comunitária Washington Woodrow Wilson Center Promovendo a Saúde Estratégias de Intervenção da Pesquisa Social e Comportamental Wilkinson RG 1996 Sociedades Insalubres As Aflições da Desigualdade Londres Routledge Pesquisa Política 2 4151 Isaac Prilleltensky Prefácio Machine Translated by Google Durante as décadas de sessenta e setenta do século XX ocorreu uma série de movimentos sociais que difundiram ideias políticas e económicas entre elas a teoria da dependência que irão influenciar as formas de fazer e pensar nas ciências sociais Na psicologia tais ideias produzem uma mudança em direção a uma concepção da disciplina centrada nos grupos sociais na sociedade e nos indivíduos que a compõem compreendendo o sujeito humano como um ser ativo dinâmico construtor de sua realidade bem como em suas necessidades e expectativas rumo a uma concepção diferente de saúde e doença e sobretudo à forma como os psicólogos abordam a sua consideração e tratamento Ao mesmo tempo procura criar uma psicologia cujas respostas tenham origem na disciplina O começo na América Latina Na América Latina a psicologia comunitária nasceu da discordância com uma psicologia social que se situava predominantemente sob o signo do individualismo e que praticava a fragmentação com cuidado rigoroso mas que não respondia aos problemas sociais Podese dizer então que se trata de uma psicologia que surge do vazio causado pelo caráter eminentemente subjetivista da psicologia social psicológica Striker 1983 e pela perspectiva eminentemente macrossocial de outras disciplinas sociais voltadas para a comunidade É também uma psicologia que olha criticamente desde o seu início para as experiências e práticas psicológicas e para o mundo em que surge e com cujas circunstâncias deve lidar Origem e desenvolvimento da psicologia comunitária Esta tendência responde a um movimento nas ciências sociais e humanas que na América Latina no final da década de 1950 começou a produzir uma sociologia comprometida e militante dirigida fundamentalmente aos oprimidos aos necessitados em sociedades onde a desigualdade em vez de desaparecendo devido ao desenvolvimento tornouse cada vez mais extremo Ao mesmo tempo no campo da psicologia dificilmente é permitida a ênfase no indivíduo mesmo dentro do campo psicossocial a visão do sujeito passivo receptor de ações ou produtor de respostas direcionadas predeterminadas e não gerador de ação por contribuir eficazmente para a solução de problemas urgentes das sociedades em que foi utilizado O desafio era enfrentar os problemas sociais de uma realidade muito específica o subdesenvolvimento da América Latina e suas consequências no comportamento dos indivíduos e grupos a dependência dos países que compõem a região e suas consequências psicossociais tanto nas atribuições de causalidade e sobre os seus efeitos na acção problemas concretos vistos em sua relação contextual e não como abstrações de sinal negativo como cistos a serem extraídos para manutenção de sistemas aparentemente homeostáticos Origens da psicologia comunitária os primórdios CAPÍTULO 1 Ambos eram profundamente insatisfatórios A experiência porque estava ligada a um paradigma que a condenava ao distanciamento a uma manipulação das circunstâncias de investigação e aplicação não só extrativa mas também falsamente objetiva e neutra De alguma forma devido à fragmentação e ao forçamento da definição dos sujeitos dentro de quadros prédefinidos as pessoas afetadas por um determinado problema permaneceram meras e o problema desapareceu para reaparecer continuamente com formas muito semelhantes às já conhecidas ou com novas formas ora envolvendose sob o manto de um novo conceito ou de uma nova teoria que lhe deu um novo nome uma nova interpretação Assim o processo de busca 19 Origem e desenvolvimento da psicologia comunitária Maritza Montero Machine Translated by Google Maritza Montero Origem e desenvolvimento da psicologia comunitária Paradigmas explicações e teorias psicológicas atuais pareciam inadequadas incompletas e parciais As soluções derivadas deles foram suficientes apenas para tratar o desconforto de alguns e ignorar as doenças de muitos Foi levantada a necessidade de dar uma resposta imediata a problemas reais e urgentes cujos efeitos psicológicos nos indivíduos não só os limitam e perturbam mas também os degradam e pior ainda passam a gerar elementos que mantêm a situação problemática com uma visão diferente diagnosticar a partir de uma globalidade estar atento à relação total em que ela se apresenta Esta nova forma de fazer procurou produzir um modelo alternativo ao modelo médico que faça prevalecer a condição doente e anormal das comunidades com as quais trabalhamos Pelo contrário a proposta apresentada baseouse nos aspectos positivos e nos recursos destas comunidades procurando o seu desenvolvimento e fortalecimento e centrando nelas a origem da acção Os membros dessas comunidades deixaram de ser considerados sujeitos passivos sujeitos da atividade dos psicólogos mas passaram a ser vistos como atores sociais construtores de sua realidade Montero 1982 1984a A ênfase estará na comunidade e não no fortalecimento das instituições E isso ocorre simultaneamente em vários países da América Latina embora o primeiro a gerar um ambiente acadêmico e uma instrução sistemática nesse sentido seja Porto Rico que já em meados dos anos setenta contava com um curso de mestrado e um doutorado em Psicologia Comunitária Rivera Medina Cintron e Bauermeister 1978 RiveraMedina 1992 No caso porto riquenho a proximidade com os Estados Unidos pode têlo determinado como um pioneiro pois também foi o primeiro a saber que a disciplina com esse nome havia sido criada dez anos antes nos Estados Unidos Por outro lado é preciso dizer que a criação destes cursos foi auxiliada pela vocação de transformação social daqueles que os fundaram Em outras nações a prática da psicologia comunitária antecede a denominação e a geração de espaços acadêmicos para o seu estudo Ao olhar para o mundo para o ambiente o seu carácter insatisfatório também se agudizou porque eram precisamente as condições de vida de grandes grupos da população os seus sofrimentos os seus problemas e a necessidade urgente de intervir neles para produzir soluções e mudanças que isso gerou um tipo de pressão que advinda do ambiente do que se costuma chamar de realidade começou a ser internalizada e reconstruída por psicólogos que constataram que a ação derivada das formas tradicionais de aplicação da psicologia não era apenas insuficiente mas também tardia e muitas vezes inócua limitandose ao mero diagnóstico e produzindo intervenções desfocadas Assim na década de setenta devido às condições sociais presentes em muitos países latinoamericanos e à pouca capacidade que a psicologia demonstrou para responder aos problemas urgentes que os afligiam começou a desenvolverse uma nova prática que exigirá uma redefinição tanto dos profissionais da psicologia e seu objeto de estudo e intervenção Tal situação revelou uma crise de legitimidade e significado Montero 1994b para a disciplina particularmente sentida no campo psicossocial A separação entre ciência e vida constatada pelas ciências sociais levou ao resgate de linhas de pensamento que nunca foram silenciosas mas cujas contribuições foram muitas vezes postas de lado por serem classificadas como não científicas ou por não se ajustarem à tendência dominante A fenomenologia as correntes marxistas muitas formas qualitativas de pesquisa começaram a ser revistas e reivindicadas e é neste clima de insatisfação e busca por alternativas que surgirá a necessidade de produzir uma forma alternativa de fazer psicologia de conhecimento recomeçou enquanto o sentimento de sentimento vil tornouse cada vez mais intenso Entretanto nada ou muito pouco parecia mudar naquela realidade que queríamos não só estudar mas também transformar resolvendo os problemas nela identificados vinte Machine Translated by Google Origem e desenvolvimento da psicologia comunitária Maritza Montero Nesse congresso decidiuse gerar um novo tipo de formação para psicólogos que lhes permitisse exercer a profissão bem como desempenhar um novo papel na comunidade Por trás desta proposta estavam o Movimento Comunitário de Saúde Mental a tendência desinstitucionalizadora do tratamento das doenças mentais o movimento sóciopolítico da Guerra à Pobreza os programas de desenvolvimento e planeamento urbano a crítica e revisão dos programas de saúde 1978 e um pouco mais atrás a defesa dos direitos civis e o antissegregacionismo Levme e Perkins 1987 Entre os problemas aí enfocados incluíamse a sobrecarga dos locais onde os pacientes são tratados e a sua conversão em repositórios de seres humanos a crescente insatisfação com a psicoterapia como única modalidade de intervenção psicológica e a necessidade de considerar os aspectos ambientais Heller e Monahan 1977 Características iniciais da psicologia comunitária desenvolvida na América Latina Como vimos o início da psicologia comunitária caracterizase na maioria dos países latino americanos com exceção de Porto Rico por ser definida mais como uma prática do que como um novo ramo da psicologia A psicologia comunitária foi feita sem saber pelo menos durante a maior parte dos anos setenta Porém a ausência de um nome próprio a falta de um nicho acadêmico e a não preocupação imediata em obter reconhecimento social não foram obstáculos ao desenvolvimento de certas características que o marcam desde o início Algumas dessas características irão se transformar com o tempo outras serão acentuadas e desenvolvidas ainda mais e muitas outras desaparecerão para dar lugar a novas expressões Os aspectos que marcaram a psicologia comunitária em seus primórdios Montero 1994b 1994d são 1 A busca de teorias métodos e práticas que permitissem uma psicologia que contribuísse não apenas para estudar mas principalmente para fornecer soluções para os problemas urgentes que afectam as sociedades latinoamericanas Nesse sentido propõese como uma das possíveis respostas à crise da psicologia social vinte e um Geralmente não existem datas exatas para o surgimento de formas de produção de conhecimento A partir desse encontro não só foram gerados programas específicos para atuação na comunidade como também se abriu um campo de estudo e reflexão sobre a nova prática que tem sido extremamente frutífero como mostra o surgimento de correntes de desenvolvimento teórico prático como o linha ecológico transacional os muitos cursos e publicações sobre o assunto a criação de uma divisão especial Divisão 27 na American Psychological Association e o surgimento de publicações especializadas como o American Journal of Community Psychology o Journal of Community Psychology o Journal of Prevention e Intervenção na Comunidade e fora dos Estados Unidos mas no mundo de língua inglesa o Journal of Community and Social Psychology e mais recentemente Community Work and Family No entanto o nascimento da psicologia comunitária nos Estados Unidos equivale a uma certidão de nascimento Na verdade é bem sabido que em maio de 1965 numa conferência Conferência sobre a Educação de Psicólogos para a Saúde Mental Comunitária organizada por psicólogos sociais clínicos e escolares em Swampscott Massachusetts este ramo da psicologia teve início Muitos dos psicólogos participantes relataram posteriormente o clima da discussão e os objetivos que foram definidos Bennett Anderson Cooper Hassol Klein e Rosenblum 1966 Mann 1978 Murrell 1973 Heller e Monahan 1977 entre outros outros Psicologia comunitária na América AngloSaxônica Machine Translated by Google 1 Escovar 1977 definiu o desenvolvimento naquela época como a capacidade de fazer mudanças no ambiente Maritza Montero Origem e desenvolvimento da psicologia comunitária 5 Orientação para a transformação social Escovar 1977 1980 Serrano García e Irizarry 1979 SerranoGarcía López e RiveraMedina 1992 Arango 1992 O norte deste ramo da psicologia é a mudança social muitas vezes definida em termos da noção de desenvolvimento 6 A certeza do caráter histórico da psicologia como ciência da comunidade como grupo social e do sujeito humano Ou seja compreender que elas surgem e fazem parte de um espaço e tempo e ocorrem em relações construídas cotidianamente coletivamente em processos dialéticos de influência mútua 7 A busca de modelos teóricos e metodológicos que ajudassem a compreender e explicar os fenômenos com os quais trabalhavam ver acima E isto significou que no seu início apelou a mentes muito diversas quer porque algumas forneciam descrições comportamentais precisas e a forma de as produzir quer porque outras forneciam categorias de análise e explicações socioeconómicas ou políticas de longo alcance Essa característica também lhe conferiu uma ampla perspectiva multidisciplinar pois dadas as poucas respostas e o curto alcance que a psicologia apresentava voltaramse para campos tão variados como a educação popular a filosofia a sociologia e a antropologia 9 A necessidade de redefinir o papel dos profissionais de psicologia social que por tudo o que precede não conseguiram sustentar uma prática marcada por uma separação ou distanciamento antiséptico nem por uma autodefinição baseada em competências que evidentemente careciam o conhecimento da comunidade produzido a partir dele Montero 1980 1982 Perdomo 1988 4 E devido à indefinição e à sua orientação marcadamente psicossocial Silva e Undurraga 1990 Chinkes Lapalma e Nicenboim 1991 Saforcada 1992 Almeida 1996 também lhe faltou um espaço académico e profissional próprio até meados de seu início década de oitenta Este nexo psicossocial vai ser a marca predominante o que também se reflecte no facto de muitas explicações teóricas provirem da psicologia social e dela terem sido retirados muitos recursos metodológicos bem como de outras ciências sociais como a sociologia e a antropologia redefinido ad hoc1 no sentido de retirar o seu carácter de progresso em direcção à prosperidade económica para o enquadrar nos parâmetros que para uma comunidade significam melhor qualidade de vida maior satisfação com a vida mais possibilidades de expressão e controlo sobre as suas circunstâncias de vida 3 A falta de definição As primeiras definições produzidas na América Latina aparecem no início dos anos oitenta Montero 1980 1982 2 Do exposto decorre outro traço característico a redefinição da psicologia social indo além do objeto desse ramo da psicologia Em suma a psicologia comunitária nasce de uma prática transformadora confrontada com uma situação que apela a uma pluralidade de fontes teóricas para depois tentar a partir da revisão crítica das mentes e do aprofundamento de algumas descartando outras e também inovando desenvolver modelos teóricos próprios que respondem às realidades com as quais se trabalha responsáveis por sua vez pelo surgimento desta psicologia Da mesma forma busca gerar um 8 A concepção muito clara desde o início de que o chamado sujeito da pesquisa é uma pessoa não sujeita à vontade e aos desígnios de quem investiga É alguém dinâmico ativo que constrói a sua realidade Montero 1982 um ator social cuja voz faz parte da polifonia da vida social e que ao fazer parte da ação e da investigação realizada com a sua comunidade tem direitos e Ele tem funções que o relacionam com ambas as tarefas 22 Machine Translated by Google Origem e desenvolvimento da psicologia comunitária Maritza Montero Influência da psicologia da libertação Rappaport Swift e Hess 1984 1987a 1987b Serrano García 1984 MartínBaró 1986 Montero 2003b 19751979 Primeiros produtos no campo da psicologia social latinoamericana Contribuições e desenvolvimento de métodos participativos SerranoGarcía e Irizarry 1979 Sanguinetti 1981 Montero 1984a Desenvolvimento teórico dos conceitos de consciência naturalização habituação e outros conceitos relacionados Montero 1991a 1994c Quintal de Freitas 1996 19551974 Abordagens das ciências sociais às comunidades Aplicações inovadoras Introdução de formas de pesquisaação Génese dos conceitos de investigação e sensibilização militante sociologia educação popular Fals Borda 1959 1978 Freiré 1969 1970 19871992 Introdução do conceito de sentido de comunidade Primeiros modelos teóricos Sarason 1974 SerranoGarcía e Álvarez 1992 Cronick 1989 Giuliani García e Wiesenfeld 1994 23 19811982 Desenvolvimento de técnicas de identificação de necessidades MartíCosta e SerranoGarcía 19801996 Descrições do trabalho psicossocial comunitário Avanços técnicos e metodológicos Wiesenfeld e Sánchez 1996 Almeida 1996 Olave e Zambrano 1993 19801997 Definição de psicologia social comunitária e seu objeto Construção de um novo papel para os psicólogos sociais Introdução de princípios orientadores Montero 1980 Influência da teologia da libertação Santiago SerranoGarcía e Perfecto 1983 Quintal de Freitas 1994 Giuliani e WiesenfeId 1997 1994 19831984 Desenvolvimento teórico das noções de fortalecimento e desideologização Foi então proposta como uma psicologia da ação para a transformação em que pesquisadores e sujeitos estão do mesmo lado na relação de estudo uma vez que ambos fazem parte da mesma situação Montero 1984a Na Tabela 1 você pode ver como a ênfase colocada nos primeiros anos do desenvolvimento latino americano na práxis e nas formas de realizála é posteriormente equilibrada à medida que desenvolvimentos teóricos emergem da reflexão sobre essa práxis É interessante notar que esta produção teórica foi rapidamente naturalizada no sentido de ter sido aceita mas não reconhecida chegando mesmo a negála ou diminuíla Talvez isso se deva ao fato de não ter recebido um nome Não foi nomeado e rotulado da forma tradicional razão pela qual quando revisto superficialmente a discussão conceptual e epistemológica que implica não é evidente Outra possível razão é uma hipótese não é habitual reconhecer na nossa parte do continente a capacidade criativa e os seus produtos portanto somos rotulados e nos rotulamos como ateóricos Os dados citados na Tabela 1 apenas o trabalho pioneiro está incluído mostram que as coisas são diferentes e devem ajudar a quebrar estereótipos debilitantes e negativos 1983 e discussão teórica sobre o conceito Montero 1991a metodologia baseada na ação e participação que é uma resposta alternativa às formas convencionais de estudar esses grupos sociais específicos que são as comunidades Momentos no desenvolvimento da psicologia comunitária na América Latina 19851995 Análise e reconceptualização da noção de poder SerranoGarcía e López tabela 1 Machine Translated by Google Maritza Montero Origem e desenvolvimento da psicologia comunitária participantes Hernández 1996a Montero 1996a Sánchez 2000 1994 Sánchez 2001 Montero 2003a 2003b 2004 Como vemos a partir da década de setenta começou a ser construída uma forma de fazer psicologia Primeiro com alguma cautela na medida em que era necessário aceitar que algo diferente estava sendo feito e que também era preciso batizar e definir Ao mesmo tempo certas fronteiras começaram a ser rompidas novos métodos e técnicas foram criados baseados em formas menos tradicionais de agir e investigar de explicar Isto esteve ligado à consciência de que os conceitos que utilizávamos eram muitas vezes insuficientes e inadequados e sobretudo à aceitação de que estávamos perante situações inéditas sobre as quais ainda não tínhamos noções claras Mas então à medida que se avançava na tarefa de construir conhecimento com base nas experiências vividas e na reflexão sobre elas a prática gerava conhecimento e o conhecimento produzia novas práticas a um ritmo cada vez maior Assim já no início da década de oitenta o método aparece claramente traçado E em meados dessa década a teoria entrou pela geração de conceitos explicações e interpretações e dez anos depois nos encontramos imersos no problema epistemológico com a presença de um modelo pouco relacionado ao paradigma dominante no momento em que toda essa história começa a tomar forma Um modelo construído por psicólogos que há quase trinta anos trabalham com afinco e impaciência em seis frentes Prático teórico trata da construção de um corpo de conhecimentos intimamente relacionados cujo conteúdo é produto de uma práxis que gera ação modos de fazer coisas e explicações e interpretações delas Ontológico define a natureza do sujeito cognoscente Epistemológico busca definir o caráter do conhecimento produzido e o tipo de relação de produção desse conhecimento Metodológico traz contribuições quanto ao método a ser aplicado para produzir conhecimento Ético visa definir a natureza da relação entre pesquisadoresintervenientes e o 19942004 Revisão do conceito de liderança e seus processos na comunidade Hernández Fases no desenvolvimento da psicologia comunitária Crítica aos conceitos de familiarização comprometimento retorno sistemático Lañe e Sawaia 1991 Gonçalves de Freitas 1995 1997 19932000 Bases epistemológicas Moreno 1993 Guareschi 1996 Montero 1997 2000a 2000b Wiesenfeld 1997 24 19911994 Revisão crítica dos conceitos de comunidade Redefinindo a influência minoritária Natureza política do trabalho comunitário Lañe e Sawaia 1991 Montero 1994b 1994d 1998b 1996 2000 Discussão crítica e definição do conceito de participação incluindo a novecentos e noventa e cinco 19901993 Discussão e reflexão sobre o papel da afetividade nos processos comunitários Lañe e Sawaia 1991 León e Montenegro 1993 SerranoGarcía e Perfecto 1992 Nota São incluídos apenas trabalhos que introduzam temas conceitos ou processos 19911997 Revisão da pesquisaação participativa e dos conceitos de participação e autogestão Jiménez 1994 Montero 1994a 1996a Hernández 1996a León Montenegro Ramdjan e Villarte 1997 Sánchez 1997 Santiago Machine Translated by Google Origem e desenvolvimento da psicologia comunitária Maritza Montero 4 Ampliação do campo com a incorporação da reflexão sobre a estrutura paradigmática e as perspectivas freireana e da psicologia da libertação psicossocial orientado para soluções que responde às demandas por legitimidade social problemas sociais e transformação social e transformação de instituições 25 América Latina Estados Unidos 1 Geração de uma nova prática 1 Criação de uma nova prática psicológica 5 Fase de expansão do campo incorporando e desenvolvendo aspectos ligados à saúde às organizações à educação ao meio ambiente e à clínica Início do desenvolvimento de subramificações Relação com a psicologia da libertação e com a corrente crítica Novos atores sociais com a participação das pessoas envolvidas Supõe Isto supõe Rejeição do modelo médico Assinalouse que a psicologia comunitária se desenvolve quase simultaneamente dez anos de diferença separam as manifestações visíveis na América Latina da data de fundação nos Estados Unidos e paralelamente no continente americano Mas considerar que esta evolução pode ser explicada a partir de um único modelo ou interpretação dos factos seria uma grande simplificação e redução do fenómeno Por isso farei uma periodização por fases ou etapas ou momentos mostrando sua presença em ambas as regiões Na tabela 2 aparecem em ordem cronológica momentos que indicam a introdução de temas teóricos conceituais e metodológicos no desenvolvimento da disciplina na América Latina e nos Estados Unidos 3 Geração de conceitos teóricos e Geração de novas práticas desenvolvimento de metodologias Desenvolvimento de dois métodos participativos principais Construção de uma corrente paralela uma nova prática de natureza ecológica cultural com ênfase psicossocial Outra de 3 Fase inicial de geração de teoria e cunho clínico preventivo com ênfase em aspectos de saúde comunitária reflexão sobre isso 2 Estruturação do novo campo Novo papel do psicólogo disciplinar desde a sua definição 2 Fase de definição de uma nova delimitação da área fixação de valores subdisciplina psicologia social comunitária geração de uma nova prática Divulgaçãopsicologia comunitária definição do campo imediato do objeto e dos valores que o norteiam pessoas que formam comunidades aquelas que nas pesquisas tradicionais são chamadas de sujeitos por serem objetos de conhecimento e ação e cuja atuação ativa na produção de conhecimento é um aspecto fundamental para esse modelo Político dá origem à expressão de diferentes vozes dentro do fazer e do saber e inclui aspectos como autoria e propriedade do conhecimento produzido Fases no desenvolvimento da psicologia comunitária 4 Fase de reflexão sobre a estrutura paradigmática da disciplina aspectos ontológicos epistemológicos metodológicos éticos e políticos mesa 2 Machine Translated by Google Origem e desenvolvimento da psicologia comunitária Maritza Montero 3 Relação dialógica entre agentes externos psicólogos e agentes internos membros da comunidade e reconhecimento da natureza ativa destes últimos Montero 1982 Rappaport 1977 5 Relação entre os problemas socioambientais e o cotidiano das pessoas Murrell 1973 Newbrough 1973 Rappaport 1977 Montero 1984a Wiesenfeld 1997 6 Interinfluência de certos modelos como a psicologia a teologia e a filosofia da libertação a educação popular freiriana Santiago SerranoGarcía e Perfecto 1983 Montero 1991 Newbrough OGorman Docki e Moroney 1991 ou a desenvolvimento ou mobilização da consciência social Murrell 1973 Montero 1992 2000a Na década de setenta diante do crescente fenômeno da marginalidade produto da migração interna ruralurbana e da imigração de países vizinhos iniciouse na Venezuela uma série de intervenções em comunidades com poucos recursos a partir da iniciativa de instituições governamentais Fundacomún e Fundasocial e não governamentais por exemplo CESAP Centro de Estudos Sociais para Ação Popular hoje Grupo Social CESAP Em meados da década de setenta o Decreto 332 do Poder Executivo criou os Módulos Múltiplos de Atendimento do Ministério da Saúde e Assistência Social constituídos por pequenos centros de atendimento instalados em bairros marginais ou de baixa renda Os seus objectivos eram Promover e apoiar técnica e financeiramente organizações económicas que permitam a incorporação da população destes bairros pobres no processo de desenvolvimento económico e promover organizações de base nesses bairros Este último tinha como objetivo criar uma consciência social que promovesse a melhoria do nível de vida dos habitantes O objectivo era incorporar os sectores socialmente mais desfavorecidos na política de desenvolvimento do Estado 2 Concepção do psicólogo como agente de mudança social generativo reflexivo Bennett Anderson Cooper Hassol Klein Rosenblum 1966 Escovar 1979 Montero 1980 1984a 1988 1991b Newbrough 0Gorman Docki e Moroney 1991 Dokecki 1992 Stokols 1992 4 Geração de novas formas de investigar e intervir para transformar o meio ambiente e fortalecer as pessoas Rappaport Swift e Hess 1984 Rappaport 1987 SerranoGarcía 1984 Serrano García e RosarioCollazo 1992 Da mesma forma à medida que em ambas as áreas de emergência América Latina e Estados Unidos a subdisciplina cresce e se consolida também crescem as relações de troca e interinfluência coincidindo nos seguintes aspectos 1 União de teoria e prática Rappaport 1977 Montero 1980 1984a Newbrough et al 1991 Estas fases não correspondem a períodos localizados temporariamente de forma fixa Nem ocorreram simultaneamente em todos os países da mesma região Em alguns países a disciplina começa com nome e sobrenome podendo até estar localizada em um campo especificamente delimitado O que se pode dizer é que no seu conjunto em cada uma das duas regiões estas etapas marcaram o desenvolvimento deste ramo da psicologia O caso venezuelano no último quartel do século XX 26 Um caso para analisar Como as condições sociais promoveram e mediaram o surgimento de um movimento comunitário 7 Necessidade de substituir o modelo médico por modelos psicológicos Reconhecimento da natureza histórica e cultural dos fenómenos psicológicos e sociais com a consequente aceitação da diversidade Rappaport 1977 Montero 1978 1994b Machine Translated by Google Maritza Montero Origem e desenvolvimento da psicologia comunitária As necessidades foram determinadas por especialistas e funcionários públicos e embora às vezes os programas tenham sido iniciados por solicitação popular com base em demandas levantadas por um grupo foram posteriormente modificados acelerados ou suspensos de acordo com políticas oficialmente estabelecidas Na prática estes programas revelaram um tom eminentemente político partidário os programas de recondicionamento de bairros satisfizeram algumas necessidades determinadas externamente ao mesmo tempo que tiveram um efeito calmante sobre a inquietação e motivação para mudanças mais profundas Os conselhos comunitários ou de bairro passaram a ser constituídos por simpatizantes ou membros dos partidos políticos que exerciam o poder e tornaram se instrumentos de controlo social e muitas vezes verdadeiros filtros das necessidades sentidas bem como detentores imediatos do poder de dar e negar Esta situação gerou um sistema que incorporou os beneficiários mantendoos à espera preservando o estado de necessidade Concedeu e melhorou mas em troca de certas ações ou da ausência de outras E de facto mediou o desenvolvimento comunitário e a organização popular ao mesmo tempo que promoveu a participação dirigida e controlada que separou os esforços comunitários oficiais e as acções comunitárias privadas ou independentes Então outro tipo de movimento social ocorreu simultaneamente ao lado das diretorias controladas pelos partidos políticos surgiram associações e grupos motivados por necessidades vividas e sentidas coletivamente e pelo desejo de produzir uma transformação não só do meio ambiente mas também dos indivíduos e a relação entre os dois Formaramse assim organizações privadas algumas baseadas na religião orientadas pela necessidade de transformar o seu habitat e modo de vida e de exercer influência na produção dessa vida Este movimento social independente tem sido tão importante que em meados da década de 1980 se falava na ocupação por estas organizações do espaço político até então controlado por partidos de qualquer signo Diante disso reações como a criação de associações oficiais paralelas campanhas difamatórias e até assédio por parte dos deslocados não demoraram a ocorrer A concepção de desenvolvimento comunitário que fundou esta política procurava que as comunidades com poucos recursos carentes de serviços se organizassem e assumissem a tarefa de gerir a mudança no sentido de melhorar o seu ambiente e assumir a responsabilidade pela sua manutenção Por sua vez o VI Plano da Nação propunha formalmente a organização social do povo através da participação de todos os seus membros em todos os níveis mas podese dizer que de facto entre as disposições gerais planos da Nação decretos de o Poder Executivo e sua execução ocorreu uma separação de objetivos e meios E embora em muitos documentos de organizações estatais se possam ler palavras como formação de consciência organização desenvolvimento e autonomia o que se conseguiu em grande parte foram formas mediadas de participação em planos nos quais muitas vezes o uma agenda explícita se sobrepõe a uma agenda oculta de natureza controladora muito mais peremptória e poderosa adotar recomendações de organizações internacionais Esta separação ocorreu porque os setores populares cujas necessidades eram por vezes parcialmente satisfeitas compreenderam ao mesmo tempo que para obter certas conquistas para produzir a pronta transformação do seu modo de vida tinham que se organizar e assumir o controle Assim paralelamente surgiram associações de bairro comunidades de base e outras formas de organização popular que quer em bairros marginais quer em bairros de classe média ou em áreas de classe trabalhadora colocaram o núcleo da acção comunitária sob o seu próprio controlo O interessante é que se abriu uma perspectiva de ação coletiva e apesar do clientelismo político muitas pessoas e grupos tiveram a oportunidade de vivenciar o alcance do trabalho comunitário Como consequência uma política e orientação estatal 27 Machine Translated by Google Origem e desenvolvimento da psicologia comunitária Maritza Montero 4 Participação integrada para a identificação de necessidades e sua priorização bem como de recursos para a busca de soluções e tomada de decisão neste sentido 5 Ação na comunidade Início e execução das obras que fazem parte do plano dirigidas por técnicos com incorporação de mão de obra popular composta por alguns vizinhos 7 Tomada de decisões por grupos comunitários organizados que ouvem as vozes das pessoas interessadas dentro deles 4 Campanha para motivar a comunidade a participar na execução do referido plano liderada por especialistas para Detecção por técnicos de líderes comunitários propensos à ação governamental b Uso de mídias sociais Propaganda divulgação do plano ou programa c Formação de uma organização de base Conselho Comunitário Conselho de Bairro Pró Mejoras etc promovida a partir do projeto 6 Educação contínua dos membros da comunidade em diferentes áreas relacionadas não só com a satisfação das necessidades e gestão de recursos mas também com o seu crescimento como grupo e a sua melhoria pessoal No segundo caso nos movimentos comunitários que emergem de baixo para cima ou seja a partir de organizações de base geradas nas comunidades o trabalho tem outras características que coincidem com as propostas da psicologia social comunitária Montero 1988 Estas características são as seguintes 1 Predominância de relações horizontais entre os membros do grupo 6 Relacionamento entre a instituição e o bairro canalizado pela diretoria que muitas vezes resultava na separação total entre ela e o restante dos vizinhos 7 Tendência à conversão da organização criada na comunidade em instrumento de propaganda partidária e eleitoral 28 3 Desenvolvimento de formas de obter recursos e gerir a ajuda oficial muitas vezes essencial sem comprometer o controlo e a direcção incorporando com vários graus de compromisso muitos membros da comunidade O que é definido como muitos depende do tamanho da comunidade Alguns bairros de baixa renda não apenas nas cidades venezuelanas mas em outros na América Ásia e África podem agrupar vários milhares de pessoas nesses casos geralmente trabalhar com grupos organizados dentro destes conglomerados cujas ações podem ter um efeito multiplicador que se estende a muitos dos habitantes mas não abrange todos Assim se produzem duas formas de trabalho comunitário a primeira uma que opera de cima para baixo dos órgãos do Estado às comunidades que desenvolve o seguinte modelo Montero 1988 1 Seleção de um bairro ou área carente pelo instituição promotora 2 Conscientização dos participantes sobre os problemas suas causas formas de resolvêlos e suas dificuldades acadêmicos que se desenvolviam paralelamente concordaram em promover uma forma diferente de enfrentar os problemas sociais Nesse sentido podese dizer que uma cultura comunitária começou a se formar 3 Elaboração pelos técnicos de um plano de trabalho 5 Ação conjunta na execução das tarefas incorporando o maior número possível de pessoas da comunidade 2 Determinação e priorização das necessidades do referido local definidas por técnicos especializados Machine Translated by Google Maritza Montero Origem e desenvolvimento da psicologia comunitária Resumo Assim são apresentadas as condições de desenvolvimento inicial da psicologia comunitária latino americana suas fases de desenvolvimento seu caráter predominantemente social em suas origens já que em nossas latitudes surge principalmente da psicologia social embora posteriormente os ramos da saúde comunitária meio ambiente comunitário psicologia e psicologia educacional comunitária entre outras Este capítulo narra as origens da psicologia comunitária em duas áreas América Latina e Canadá e Estados Unidos Isso porque a história da psicologia sofreu um fenômeno de reidentificação realizado a partir da forma como os textos produzidos nos EUA e adotados acriticamente no resto do nosso continente apresentam o desenvolvimento desta subdisciplina científica Por isso decidi descrever como surgiu o campo psicológico comunitário em nossos países apresentando desenvolvimentos bastante próximos em alguns aspectos apesar de nos primórdios latinoamericanos ter surgido a tradicional dificuldade de transferência de conhecimentos que caracterizou o disciplina em muitos lugares do nosso continente e também da Europa Ásia e África o que não impediu que vozes críticas se levantassem Estas duas tendências ainda coexistem Os governos venezuelanos observaram até agora uma tradição paternalistaclientelista ininterrupta Mas é preciso salientar que mesmo em tempos em que toda ajuda oficial envolve a exigência de dobrar o pescoço diante das exigências dos governantes da nãomenclatura partidária dos excessos do autoritarismo e do medo de suas represálias as organizações comunitárias nascidas da capacidade de autogestão das pessoas e do desejo de transformar suas condições de vida continuam fortes e determinadas embora o teto econômico e o teto político ao se tornarem mais baixos possam gerar obstáculos de grande magnitude bem como fatores de desorganização e desesperança desmobilização e apatia que devem ser enfrentados e superados através de recursos democráticos participativos Ao apresentar o que chamei em outro lugar de vidas paralelas Montero 1994d quis destacar como ao atender às necessidades de nossas populações a psicologia foi capaz de produzir um modo de fazer que gerou métodos e teorias para ao mesmo tempo produziu respostas aos problemas destas sociedades E que isto ocorreu algumas vezes antes algumas vezes simultaneamente algumas vezes pouco depois de algo semelhante ou equivalente ter acontecido no mais paradigmático dos centros de poderconhecimento Por fim o caso venezuelano é analisado mais detalhadamente não só porque é o que melhor conheço mas também porque mostra a complexidade do campo comunitário e como nele várias tendências podem competir confrontarse e coexistir gerando ao mesmo tempo vez uma cultura comunitária que constrói modos de ser e de estar de viver e de pensar a partir da experiência de fazer coisas com os outros de produzir mudanças através do trabalho conjunto 29 Machine Translated by Google Maritza Montero Origem e desenvolvimento da psicologia comunitária Montero M 1994 Vidas paralelas psicologia comunitária na América Latina e nos Estados Unidos em M Montero coord Psicologia social comunitária Teoria método e experiência Guadalajara Universidade de Guadalajara pp 1946 Este capítulo mostra o desenvolvimento da psicologia na América comparando sua evolução nos países latinoamericanos com sua formação nos Estados Unidos com base nos aspectos centrais da psicologia comunitária Perguntas para refletir sobre psicologia e comunidade Por que as formas de psicologia comunitária entendida como uma disciplina sistemática não como práticas isoladas não foram desenvolvidas na América Latina antes da década de 1970 Que instituições sociais poderão ter sido ameaçadas pelo desenvolvimento de uma psicologia comunitária Quais teriam sido fortalecidos A psicologia comunitária seguiu algum padrão específico no seu desenvolvimento teórico prático Que tipo de padrão é esse se houver A psicologia comunitária cumpriu os objectivos originalmente definidos Você os mudou 30 75106 Neste capítulo de um livro dedicado às contribuições portoriquenhas a este campo da psicologia a primeira seção discute a constituição do campo não apenas em Porto Rico mas como no caso deste e de outro capítulo SerranoGarcía e Alvarez seu desenvolvimento em toda a América apresentando uma visão ampla e bem informada sobre o assunto Martín González A 1998 comp Psicologia comunitária Fundamentos e aplicações Parte II História desenvolvimento peculiaridades diferenciais e perspectivas da psicologia comunitária Madrid Síntesis pp 83174 A parte deste livro que se recomenda ler como complemento inclui oito capítulos que tratam de diferentes regiões da América e da Europa o que permite fazer comparações e mostra diferenças e semelhanças SerranoGarcía I López MM e RiveraMedina E 1992 Rumo a uma psicologia socialcomunitária em I Serrano García e W RosarioCollazo coords Contribuições portoriquenhas para a psicologia socialcomunitária San Juan Porto Rico EDUPR pp Leitura adicional Exercícios problematizadores sobre o desenvolvimento da psicologia comunitária Comparar artigos que tratam da relação entre as formas de aplicação psicossocial realizadas na comunidade no início dos anos setenta e as realizadas hoje Analisar diferenças e semelhanças em temas métodos explicações teóricas papel dos psicólogos papel das pessoas na comunidade entre outros aspectos Comparar artigos sobre psicologia comunitária teórica metodológica aplicada atualmente realizados na América Latina nos Estados Unidos e na Europa Analise as diferenças tendências e semelhanças Machine Translated by Google O que é psicologia comunitária Maritza Montero Podese dizer que a maioria dos autores define psicologia comunitária como aquela que trata da comunidade e se realiza com a comunidade Esta definição permitenos delimitar com bastante clareza a comunidade e os cuidados de saúde pois se for excluído o papel activo da comunidade poderão tratar se de aplicações psicológicas relativas à saúde à educação ao aconselhamento especificamente aos aspectos clínicos que embora ocorram no âmbito da comunidade próprio território se houver não implicará trabalho comunitário pois não conta com a participação dos que compõem a comunidade a que se dirigem essas ações nem com a sua perspectiva sobre o assunto Os próprios primeiros psicólogos comunitários não estavam muito inclinados a definir psicologia comunitária Um bom exemplo disso é o já citado caso de Rappaport 1977 que ao perguntar o que é a psicologia comunitária aponta o conflito ou a complexa relação entre o indivíduo e os grupos sociais 1977 1 destacando também o direito à à diversidade e à igualdade à educação e à informação e confessa a sua insatisfação com as definições dadas nos Estados Unidos até então Por fim finaliza apontando os três aspectos mencionados Outro exemplo é Newbrough 1973 1974 que também ao invés de definir o campo aponta seu objeto ou escopo de trabalho a interação entre as pessoas e seu ambiente a partir de uma perspectiva ecológica Newbrough e Rappaport estão entre os pioneiros nos Estados Unidos e entre os que mais contribuíram para a disciplina além de gerarem correntes teórico práticas que impulsionam muitos estudos Provavelmente esse cuidado foi influenciado pelo fato de estarem fundando um acampamento e naqueles 31 O que é psicologia comunitária Isto representa uma característica realmente a primeira e primordial a essencial da psicologia comunitária a comunidade inclui o papel ativo da comunidade a sua participação E não apenas como convidado ou como espectador aceito ou beneficiário de benefícios mas como agente ativo com voz voto e veto Naturalmente ter uma primeira característica implica outras Em seu livro de 1977 Rappaport menciona como porque a preocupação de ampliar a perspectiva intrapsíquica que dominava a consideração dos aspectos relativos à saúde e em particular à saúde mental estava presente em sua origem uma certa ênfase nos fatores ecológicos e culturais que afetam esses aspectos os problemas receberam atenção especial em muitos casos Rappaport 1977 2 Mas como ele acrescenta muitos outros campos da psicologia tiveram a mesma preocupação Por isso este autor procura especificar o ponto indicando três aspectos mais específicos relatividade cultural diversidade e ecologia entendendo por ecologia a adaptação entre as pessoas e o meio ambiente Rappaport 1977 Kelly 1966 1986 também dá ênfase às condições ecológicas Na verdade esses autores fazem parte da chamada corrente ecológicocultural que tem dado importantes contribuições para o desenvolvimento deste campo psicológico Outra característica seria a ênfase colocada no desenvolvimento de pontos fortes e capacidades em vez de pontos fracos e deficiências A mudança social ou como diz Sawaia 1998 182 o movimento de recriação permanente da existência colectiva é uma condição presente na maioria das definições ver abaixo o que ao mesmo tempo lhe confere um carácter político no sentido de que aqueles que trabalham na psicologia comunitária produzem em conjunto com as comunidades intervenções para alcançar o referido fortalecimento e mudança Montero 1998 Somase a isso o seu caráter científico e aplicado notado desde o início Rappaport 1977 Newbrough 1973 Definição de psicologia comunitária EPISÓDIO 2 Machine Translated by Google O que é psicologia comunitária Maritza Montero Se entendermos que uma ciência se define pelo seu objeto pelos seus conceitos linguagem e pelo seu método então fica mais explicável a discrição inicial que marca o final dos anos setenta e oitenta quando o novo campo se estruturava Isso explica porque para alguns autores ela é definida por algumas de suas características ou condições de existência É o caso de Sarason 1974 que define esta subdisciplina a partir de um tema central de estudo o sentido de comunidade e o seu fortalecimento e produção Outros o fazem com base na relação entre os indivíduos e o meio ambiente Kelly 1970 1971Zax v Specier 1974 Levine e Perkins 1987 ou entre o estresse psicossocial e seus efeitos na saúde Dohrenwend 1978 ou pelos valores ou princípios que o orientam Newbrough 1973 Rappaport 1977 Isso significa que a primeira coisa a ficar clara foi o objeto e seu fundamento avaliativo e a partir de sua definição e enriquecimento na prática foram produzidos conceitos e feitas contribuições ao método em grande parte retirados da psicologia social e de outras ciências sociais antropologia etnologia sociologia Por esta razão nenhuma definição propriamente dita foi encontrada antes da década de 1980 Em 1982 defini pela primeira vez a psicologia comunitária a definição foi repetida em 1984 como o ramo da psicologia cujo objecto é o estudo dos factores psicossociais que permitem desenvolver promover e manter o controlo e o poder que os indivíduos podem exercer sobre o seu ambiente ambiente individual e social para resolver os problemas que os afligem e conseguir mudanças nesses ambientes e na estrutura social Porém os anteriores a essa data predominantemente descritivos anunciam o caminho a seguir indicam os valores que sustentam o ramo recémcriado e apresentam a perspectiva a partir da qual será baseado o comportamento social e a concepção de ser humano em que se baseia estudado Assim a definição de Rappaport 1977 73 diz que a psicologia comunitária é a disciplina que acentua a importância da perspectiva ecológica da interação apoiando a possibilidade de melhorar a adaptação entre as pessoas e o seu ambiente através da criação de novas possibilidades sociais e através do desenvolvimento de recursos pessoais em vez de enfatizar exclusivamente a eliminação das deficiências dos indivíduos ou das suas comunidades Em alguns casos embora geralmente você saiba o que não quer fazer geralmente é mais difícil pelo menos inicialmente expressar o que você quer fazer Esta definição embora não muito precisa mostra a ênfase na relação indivíduomeio cultural social físico coloca seu objetivo na produção de uma melhor relação entre ambos e coloca a possibilidade de alcançála em ambos os pólos juntos Este último situa a sua definição no campo psicossocial colocando implicitamente o seu objecto na interface entre o indivíduo e a sociedade entre as abordagens microssocial e macrossocial Esta definição implica Um papel diferente para os profissionais de psicologia o de agentes de transformação social que partilham os seus conhecimentos com outros atores sociais provenientes da comunidade possuidores de conhecimentos e orientados pelos mesmos objetivos com os quais trabalham em conjunto A localização da disciplina como campo interdisciplinar pois ao propor mudanças sociais assume um objetivo também levantado em outras ciências sociais A detecção de potencialidades psicossociais e sua estimulação Uma mudança na forma de encarar a realidade interpretá la e reagir a ela Fazer psicologia para a transformação positiva social e individual Mudanças no habitat no indivíduo nas relações indivíduogruposociedade As mudanças 32 Machine Translated by Google O que é psicologia comunitária Maritza Montero Em 1977 Heller e Monahan apresentaram os seguintes aspectos como característicos da psicologia comunitária 1977 21 A abordagem ecológica Preocupação com os problemas de funcionamento humano que incluíam a prevenção de distúrbios mas que iam além daqueles tradicionalmente identificados como saúde mental Pesquisa multidisciplinar e colaborativa já que o campo das comunidades não é exclusivo de uma única ciência A ênfase na capacidade de enfrentar problemas adaptação e competência e não apenas nas perturbações Uma abordagem empírica e experimental à intervenção social A rejeição Heller e Monahan usaram o verbo evitar do modelo médico Na tabela a seguir resumo os aspectos ou características que caracterizam a psicologia comunidade social Características da psicologia comunitária Destes seis pontos o primeiro o quarto e o sexto estão presentes tal como foram declarados então O segundo e o terceiro foram ampliados através da práxis desenvolvida nos últimos trinta anos do século passado e até agora no presente E a quinta foi ampliada uma vez que foram criados e adotados outros modelos de pesquisa que incluem aspectos qualitativos entre eles se desenvolveu especialmente a pesquisaação participativa Montero 1994a 2000b 2003b Revendo essa definição em 2002 à luz da minha própria prática de vinte e cinco anos de prática na área bem como a de colegas na América Latina nos Estados Unidos no Canadá na Austrália e em alguns lugares da Europa acredito que Devo mencionar explicitamente a práxis da psicologia comunitária uma prática que conduz a uma teoria que induz a prática bem como os factores culturais e sociais com os quais tive de lidar desde o meu início na área E embora haja tanto a dizer sobre a psicologia comunitária assim como sobre outras áreas do conhecimento evitarei a tentação da definição do rio que conta o que acontece em cada porto Acredito que nos aspectos que menciono aparecem os aspectos básicos presentes no trabalho da maioria dos colegas com quem me relacionei ou que conheci através da leitura de suas obras bem como no meu próprio trabalho Acredito que já não é necessário definir por meio de demarcação nem mesmo quando nos deparamos com o uso descuidado que por vezes se faz do termo comunidade para abranger antigas práticas paternalistas assistenciais individualistas Hoje existe um corpo de conhecimento que indica a amplitude e profundidade da subdisciplina Por outro lado estabelecer limites seria um trabalho inútil pois como se sabe os limites da ciência como os de outros fenómenos sociais são confusos Por isso mudam por isso crescem ou desaparecem e tal condição deriva do mesmo conhecimento que produzem O facto de ser assim faz parte da dinâmica social no indivíduo levam a mudanças nos grupos aos quais pertence incluindo a comunidade e viceversa as mudanças nesses grupos transformam as pessoas Produzse assim uma relação dialética de transformações mútuas 33 Machine Translated by Google O que é psicologia comunitária Maritza Montero Sánchez Vidal 1996 130 considera que as definições da psicologia comunitária sofrem maioritariamente de imprecisão e imprecisão o que ocorre como já vimos especialmente nos seus primórdios A isto somase a denúncia do caráter utópico devido aos aspectos desejáveis formulados em termos de situações desejáveis ou ideais e à condição programática limitandose muitas vezes a prescrever o que deve ser feito é por isso que geralmente também são instrumentais Da mesma forma aponta certas imprecisões neles que levam a psicologia comunitária a ser facilmente confundida com outros campos aplicados e ao mesmo tempo acusa os de não se concentrarem no seu objeto definindoo pelo que é mas sim de dizerem o que não é é a psicologia comunitária na tentativa de diferenciála de outros ramos o que os torna pouco convincentes E por último acrescenta este autor caracterizamse pela multidisciplinaridade ou seja por apontarem o carácter multidisciplinar da psicologia comunitária algo que podemos considerar directamente relacionado com a condição anterior e que aponta um aspecto que historicamente faz parte da subdisciplina tendo surgido de uma conjunção de ramos da psicologia e apelado à integração de conhecimentos de outras ciências sociais aspecto que parece ser constitutivo das disciplinas surgidas nas áreas limítrofes entre diferentes campos de conhecimento e aplicação Para julgar o grau de desenvolvimento de uma ciência é necessário então situála no A origem multidisciplinar da psicologia comunitária Tabela 3 Características da psicologia social comunitária Trata dos fenómenos psicossociais produzidos em relação aos processos comunitários tendo em conta o contexto cultural e social em que surgem Concebe a comunidade como uma entidade dinâmica composta por agentes ativos atores sociais relacionados que constroem a realidade em que vivem Enfatiza os pontos fortes e as capacidades e não as deficiências e os pontos fracos Leve em conta a relatividade cultural Inclui diversidade Assumir as relações entre as pessoas e o ambiente em que vivem Tem uma orientação para a mudança social visando o desenvolvimento comunitário baseada numa dupla motivação comunitária e científica Inclui uma orientação para a mudança pessoal na interrelação entre os indivíduos e a comunidade Procura que a comunidade tenha poder e controle sobre os processos que a afetam Tem uma condição política na medida em que envolve a formação da cidadania e o fortalecimento da sociedade civil A ação comunitária incentiva a participação e ocorre através dela É ciência aplicada Produz intervenções sociais É predominantemente de natureza preventiva Ao mesmo tempo e pela sua natureza científica produz reflexão crítica e teoria Esse ponto de multidisciplinaridade precisa então ser estudado mais do que como um defeito ou limitação como uma condição devida à natureza complexa da psicologia comunitária pois é necessário reconhecer que nela estão integrados aspectos psicossociais sociológicos culturais e políticos Assim mais do que ser definida pela negação pela exclusão esta é uma psicologia que deve ser definida pela inclusão e integração sem que isso implique necessariamente ecletismo 3 4 Machine Translated by Google Maritza Montero O que é psicologia comunitária É interessante e significativo que a psicologia comunitária tenha surgido na América num momento de crise que obriga muitos ramos da psicologia e especialmente o seu ramo social a repensarse criticamente e a avaliar o seu papel social e científico e que isso ocorra quando todo o campo da psicologia a ciência começa a ser abalada pelo impulso das tendências neoparadigmáticas Na verdade se por um lado Kuhn abriu uma discussão apaixonada em 1962 cf Mas por que os dois nomes Qual a diferença entre eles É a mesma coisa ou dois ramos do mesmo tronco Tentarei responder às questões anteriores salientando que embora na América Latina tenha havido um uso extenso e intensivo do nome psicologia social comunitária isso ocorre porque as suas origens nesta parte do continente estavam no campo da psicologia social onde a nova prática foi criada É dele que são retirados muitos de seus métodos estratégias e técnicas bem como alguns conceitos iniciais e explicações teóricas Psicologia comunitária e psicologia social comunitária contexto histórico Portanto quanto à definição por negação cabe rever quando e como ela foi feita Mais do que uma definição o que se encontra em trabalhos como os já citados diversas vezes por Rappaport e Newbrough ou nos de Cook 1970 Heller e Monahan 1977 e Mann 1978 entre outros é uma demarcação de campos típicos da fase nascente da disciplina Se revermos a génese da psicologia comunitária vemos que ela deriva de vários campos que a marcam profundamente o psicossocial o clínico o educacional e em particular o movimento de saúde mental na comunidade com o qual parecia estar unido para os fins dos anos sessenta e até mesmo na década de setenta Como aponta Cook 1970 2 a diferenciação teve de ser feita porque a psicologia comunitária vai além da saúde mental na comunidade devido ao seu interesse em problemas não relacionados à saúde mental por exemplo o funcionamento dos indivíduos em unidades sociais organizações e comunidades A construção da nova disciplina também multidisciplinar parece exigir diferenciação E se observarmos como naqueles que lhe deram origem os problemas ou programas são frequentemente tratados sob o título de comunidade em que a comunidade não aparece de todo então a insistência na definição pela separação da então nascente subdisciplina é compreensível Lakatos e Musgrave 1975 sobre o carácter transitório de qualquer paradigma e condicionou o carácter científico de uma disciplina à presença ou ausência de um paradigma orientador do seu trabalho por outro lado certas ideias que coexistiram com o paradigma hipotéticodedutivo introduzidas pelo positivismo começaram a ocupar novos campos que esse paradigma não conseguia dar conta A emergência da psicologia social comunitária ou simplesmente comunitária como produto e expressão da crítica às formas estabelecidas e da necessidade de produzir uma disciplina eficaz no tratamento dos problemas sociais é uma das manifestações da mudança paradigmática que estava a ocorrer A psicologia social comunitária talvez a expressão mais desenvolvida e difundida na América tem como centro o desenvolvimento de comunidades autogeridas para resolver os seus problemas Para tanto estuda as relações de poder e controle sobre as circunstâncias da vida seus efeitos nos processos psicossociais e no campo latinoamericano bem como em certos centros de ensino pesquisa e prática em outros lugares do mundo é orientado para a intervenção crítica para a transformação social facilitando e fortalecendo os processos psicossociais que permitem o desenvolvimento de comunidades autogeridas para resolver os seus problemas 35 Machine Translated by Google O que é psicologia comunitária Maritza Montero A segunda abordagem a mudança ou transformação social deve ser novamente especificada Estas não são mudanças sinalizadas de fora para a comunidade A positividade dessa transformação é definida a partir da situação da comunidade devendo ser conhecida a incorporação de aspectos externos provenientes de considerações de saúde mental saúde comunitária avanços científicos aspectos culturais religiosos políticos ou econômicos por exemplo discutido refletido e aceito pela comunidade As linhas de transformação são traçadas a partir da própria comunidade e sobretudo das aspirações desejos e necessidades da comunidade Nesse sentido é interessante observar como as ideias da psicologia da libertação juntamente com a consciência do caráter autodeterminante da comunidade têm interagido com a psicologia comunitária latinoamericana influenciandose mutuamente e são atualmente reconhecidas em trabalhos como esse de Nelson e Prilleltensky 2003 em que o bemestar e a libertação são apontados como objeto da psicologia comunitária e mais ainda a coexistência destes dois objetivos com a mudança social numa forma de simbiose social devido à complexidade de fenômenos comunitários Montero 2003a Psicologia comunitária e desenvolvimento comunitário A referida definição Montero 1982 aponta o poder e o controle sobre as circunstâncias da vida por parte das pessoas que compõem as comunidades bem como a mudança social como objeto deste ramo da psicologia Com efeito o primeiro ponto coloca a comunidade como âmbito e sujeito do trabalho psicossocial comunitário Mas não como um espaço delimitado pela teoria mas autodelimitado pela própria comunidade E não como sujeito sujeito definido externamente mas autodefinido a partir da própria comunidade como sujeito ativo das ações que nele se realizam como ator social construtor de sua própria realidade A ênfase nas deficiências desvantagens e fragilidades que parecem orientar certas intervenções e estudos em psicologia comunitária tem sido criticada Montenegro 2004 no prelo como expressão da definição que os agentes externos psicólogos podem fazer da comunidade trabalhadores sociólogos profissionais de saúde por exemplo O objeto da psicologia comunitária Nos Estados Unidos e no Canadá o nome psicologia comunitária é o predominante aparecendo em revistas em programas acadêmicos e também na linguagem cotidiana Mas este último também acontece na América Latina E quando examinamos os conteúdos do que é ensinado escrito e discutido em ambas as regiões pode haver uma maior ou menor tendência social uma maior ou menor ênfase em aspectos ligados à saúde e sua promoção à doença mental e sua prevenção mas as coincidências são maiores que as diferenças Neste trabalho e para abranger as diversas tendências deste ramo da psicologia que se alimentam das origens acima apresentadas optei por utilizar o nome mais genérico 36 Para definir o seu objeto de estudo a psicologia comunitária precisou nos seus primeiros anos de existência separar o ramo nascente da psicologia de outras práticas já existentes nas ciências sociais relacionadas com a comunidade comunidade ou desenvolvimento comunal Quase quatro décadas depois tal distinção não é mais necessária pois a prática tem mostrado as diferenças ao mesmo tempo em que aponta a comodidade multidisciplinar na hora de trabalhar Machine Translated by Google O que é psicologia comunitária Maritza Montero O desenvolvimento comunitário tem sido definido como o produto da acção comunitária Fals Borda 1959 1978 acção que ocorre quando a comunidade se responsabiliza pelos seus problemas e se organiza para os resolver desenvolvendo os seus próprios recursos e potencialidades e também recorrendo a pessoas de fora Esta noção exclui o paternalismo uma vez que se baseia na autogestão e na autodeterminação Contudo nem sempre são suficientes para atingir os objetivos da comunidade Os factores económicos e políticos criam muitas vezes barreiras que são difíceis de ultrapassar para a acção comunitária imediata O desenvolvimento comunitário deve portanto envolver também estratégias para superar tais obstáculos no longo prazo mantendo a comunidade sempre o controle da situação sob pena de fracasso O desenvolvimento comunitário então seguindo Fals Borda 1959 deve partir dos seguintes princípios catálise social consistindo na presença de um agente promotor do desenvolvimento pertencente ou não ao grupo cujo papel não é diretivo munido do recursos técnicos necessários bem como motivação e atitudes claras quanto ao seu papel e ao da comunidade autonomia que significa centralização no grupo inicial responsável por controlar dirigir e realizar o desenvolvimento prioridade que consiste no grupo indicar as necessidades a serem atendidas estabelecendo sua hierarquia realização isto é a obtenção de conquistas concretas imediatas que nos permitam alcançar o objetivo final a mudança social E por fim o princípio dos estímulos que consiste em reforçar especificamente cada conquista alcançada por menor que seja A minha experiência pessoal foi a de me encontrar em meados dos anos setenta perante problemas sociais que não podiam ser estudados nem resolvidos aplicando as formas habituais de tratamento desenvolvidas até então pela psicologia Somase a isso a convicção de que tais problemas deveriam ser enfrentados não só pelos psicólogos neles interessados mas também pelas pessoas afetadas dada a ineficiência ou inutilidade social dos procedimentos disponíveis Estas permitiram o diagnóstico em termos psicossociais o que já era conhecido mas estabeleceram uma lacuna entre esse diagnóstico e as formas de intervenção planeadas externamente ao âmbito do problema o que gerou um contínuo descompasso entre os acontecimentos da vida social os processos psicossociais vinculados a eles e às respostas da disciplina Algo semelhante ao problema lógico de Aquiles e da tartaruga colocado por Zenão na Grécia antiga Aquiles apesar de ser o corredor mais rápido nunca vencerá a corrida contra a tartaruga que partiu na pista antes dele pois é necessário que ele chegue ao local de onde partiu primeiro o perseguido a tartaruga Sobre o método em psicologia comunitária na organização e desenvolvimento de uma comunidade Embora questões relativas ao método sua fundamentação seu desenvolvimento sua implementação e sua aplicação em técnicas e procedimentos sejam discutidas com mais detalhes em outro lugar devese dizer aqui que uma ciência é tradicionalmente reconhecida por definir um objeto de estudo por gerar uma linguagem sobre o assunto e para criar um método para realizar esse estudo No que diz respeito ao método da psicologia comunitária como aconteceu no início com o seu objeto a nascente subdisciplina teve que contar com alguns dos métodos e técnicas existentes embora a sua aplicação fosse orientada por princípios e objetivos diferentes daqueles que reinavam naquela época Esses métodos e técnicas vieram principalmente da psicologia social isto é particularmente notável na psicologia comunitária desenvolvida na América Latina embora a antropologia a etnometodologia e a sociologia crítica também tenham fornecido empréstimos importantes tanto processualmente como na própria concepção da abordagem metodológica 37 Machine Translated by Google Maritza Montero O que é psicologia comunitária Por isso junto com meus alunos da época fomos primeiro ao que já sabíamos e ao que estava ao nosso alcance Da psicologia social tiramos as técnicas e procedimentos da dinâmica de grupo pois sabíamos que tínhamos que trabalhar com grupos comunitários e essas técnicas nos permitiram estabelecer trocas produtivas e vivas nas quais todos os membros do grupo pudessem ter a oportunidade de expressar o seu pontos de vista suas preocupações suas opiniões Também utilizamos técnicas de observação e acrescentamos abordagens participativas e sensibilidade da etnometodologia e da antropologia cultural Como naquela época investigar desta forma levantava suspeitas quanto à validade e fiabilidade recorremos à presença de observadores separados independentes e com posições diferentes no local de observação para que os seus registos nos permitissem verificar se o que tinha acontecido tinha ocorrido relatórios disseram que isso havia acontecido O primeiro desenvolvimento metodológico que gerou um método ativo participativo e transformador vem de Porto Rico Em 1979 Irma SerranoGarcía e Alberto Irizarry publicaram um artigo intitulado Intervenção na pesquisa no então recémcriado Boletim da AVEPSO Associação Venezuelana de Psicologia Social onde além de descreverem as intervenções psicossociais comunitárias que realizavam em o bairro Buen Consejo em San Juan Porto Rico apresentou um diagrama detalhado e uma descrição das etapas e das diferentes técnicas utilizadas ao mesmo tempo que apontou suas fontes de inspiração os aspectos gerados na práxis e os princípios norteadores Eles chamaram esse método de participante e também se referiram a ele como intervenção de pesquisa Ao mesmo tempo em que isso acontecia começávamos a estudar as contribuições que Fals Borda 1959 1978 fazia da sociologia crítica ou militante como também tem sido chamada para aquilo que ele inicialmente e inspirou no psicólogo Kurt Lewin 19481973 descreveua como pesquisaação mas já em 1977 no Simpósio Mundial de Pesquisa Ativa e Análise Científica Cartagena Colômbia passou a ser chamada de pesquisaação participativa A união entre teoria e prática como apontamos no capítulo 5 deste trabalho é um dos princípios fundamentais da psicologia comunitária e juntamente com a consideração da natureza activa dos participantes provenientes das comunidades e a redefinição do papel de psicólogos comunitários contribuiu para o desenvolvimento da perspectiva metodológica participativa que caracteriza o método em psicologia comunitária impossível é por isso que necessariamente sempre o precederá por alguma distância A mesma coisa mas com influências diferentes aconteceu nos Estados Unidos Em 1977 Rappaport apontou quatro fontes no desenvolvimento das estratégias de intervenção que eram utilizadas no campo comunitário naquela época 1 as formas de psicoterapia breve e intervenção em crise caracterizadas pela rapidez e pela sua adaptação à situação qual a contribuição da psicologia clínica e do movimento de saúde mental na comunidade 2 a análise de pequenos grupos e em geral da dinâmica de grupo a partir da psicologia social 3 as contribuições da teoria dos sistemas e suas aplicações na psicologia social das organizações e 4 análises institucionais e comunitárias organização comunitária e perspectivas ecológicas a partir de análises sociais abrangentes É interessante observar como também no caso americano se recorreu ao que existia e que permitiu uma abordagem transformadora Assim como na América Latina o tratamento destas estratégias e táticas metodológicas foi mediado pelos valores e objetivos da nova subdisciplina O impulso gerado tanto nos primórdios da América Latina como da América não diminuiu A natureza participativa de muitas das técnicas utilizadas em psicologia 38 Machine Translated by Google O que é psicologia comunitária Maritza Montero É regido pelos seguintes princípios básicos 1 O princípio científico de que o método segue o objeto Os métodos não são independentes nem determinam o que investigar O método está indissociavelmente ligado aos aspectos epistemológicos e oncológicos ver capítulo 3 Portanto é o problema que determina qual método utilizar para quê e quando Daí a natureza participativa dos métodos comunitários 3 A natureza ativa do método A orientação para a transformação da psicologia comunitária requer formas de saber que respondam às exigências colocadas pelas comunidades 4 O carácter contínuo da sua aplicação Isto significa que embora existam aplicações técnicas ou processuais específicas toda intervenção comunitária envolve uma aplicação metodológica que acompanha todas as ações e relações que se realizam com a comunidade 5 A natureza heurística deste método que na sua necessidade de responder às exigências da situação deve gerar formas sistemáticas de responder às suas características quando estas não existem anteriormente Por fim é necessário salientar que em geral o método da psicologia comunitária 2 O carácter participativo deste método já referido que se manifesta na sua implementação na discussão e reflexão dos resultados apresentados e na tomada de decisão quanto à sua utilização Outro aspecto que caracteriza este pluralismo metodológico é a utilização de métodos qualitativos muitas vezes predominantes e quantitativos Há consciência de que embora os primeiros nos permitam obter o significado dos processos na sua riqueza e diversidade os segundos permitem avaliar a magnitude dos recursos e necessidades e fornecem informações importantes no desenvolvimento de planos e estratégias de mudança na comunidade comunidade bem como o lugar central que nela ocupa a investigaçãoação participativa têm sido afirmados e ampliados mas ao mesmo tempo existe o que pode ser considerado uma forma de pluralismo metodológico no sentido de que a par deste método a utilização das formas tradicionais de investigação e intervenção social não está descartada Por exemplo a utilização de inquéritos métodos epidemiológicos observação técnicas de dinâmica de grupo que nunca deixaram de ser utilizadas inventários testes psicológicos O interessante é que tanto tradicionais quanto participativos os métodos são sempre orientados pelos princípios e valores da disciplina e nesse sentido é comum encontrar transformações de cunho participativo que lhes são aplicadas como a intervenção de comunidades membros na discussão e produção de itens de questionário ou em técnicas de discussão e reflexão em grupo 6 O carácter contextualizado que se expressa na adaptação do método técnicas e procedimentos ao contexto específico cultural e comunitário em que se trabalha Este capítulo apresenta uma descrição do que é o objeto e uma referência geral ao método da psicologia comunitária Embora todo este livro se refira a ela aqui são especificados o nome e as características definidoras deste ramo da psicologia que marcam o seu caráter orientado para a transformação social e pessoal dinâmico contextualizado participativo político preventivo gerador de uma práxis que quando intervindo produz resultados concretos e reflexão teórica consciente da diversidade temporal e espacial decorrente do relativismo cultural São também apontadas as relações e diferenças com outras formas de abordagem às comunidades como o desenvolvimento comunitário bem como a sua 39 Resumo Machine Translated by Google SerranoGarcía I López MM e RiveraMedina E 1992 Rumo a uma psicologia social comunitária em I Serrano García e W RosarioCollazo coords Contribuições portoriquenhas para a psicologia social comunitária San Juan Porto Rico EDUPR pp SerranoGarcía I 1992 Intervenção na pesquisa seu desenvolvimento em I SerranoGarcía e W RosarioCollazo coords Contribuições portoriquenhas à psicologia social comunitária San Juan Porto Rico EDUPR pp 211282 Este capítulo apresenta informações detalhadas e bastante completas sobre o método participante sua construção e seus fundamentos Sua leitura proporciona uma visão ampla do assunto É essencial para quem atua na área psicológica comunitária Questões para refletir sobre a psicologia comunitária Qual a especificidade disciplinar da psicologia comunitária Outras disciplinas científicas poderão abranger o campo de acção da psicologia comunitária Que aspectos positivos e quais aspectos negativos derivam da condição multidisciplinar presente no surgimento da psicologia comunitária Exercícios de problematização na perspectiva psicológica comunitária Rever relatórios de intervençõesinvestigações comunitárias e descrever com base na sua investigação as contribuições que a psicologia comunitária traz à comunidade e à psicologia Leve qualquer jornal de onde você mora Leitura adicional 74105 Este capítulo situa a psicologia social comunitária em seu quadro conceitual ao mesmo tempo que descreve seu objeto e dá exemplos de sua práxis na Universidade de Porto Rico Embora na América Latina a psicologia comunitária tenha sido principalmente uma psicologia social comunitária indicase por que se adota o nome mais genérico já que desta forma se incluem outras tendências não menos marcadas por essa primeira influência mas que a partir da última década eles começaram a desenvolver suas áreas específicas Por fim descrevese brevemente como se originou o método predominante na disciplina apontando suas características e os princípios básicos que o norteiam pontos de contato com outros ramos da psicologia e com outras ciências sociais com as quais mantém vasos comunicantes e que além disso estiveram presentes no seu surgimento e contribuíram com conceitos e métodos posteriormente modulados e transformados no campo psicológico comunitário 40 Procure informações sobre as comunidades que existem naquela localidade Pense em como a psicologia comunitária poderia intervir neles O que é psicologia comunitária Maritza Montero Machine Translated by Google A psicologia comunitária surgiu quase ao mesmo tempo que o chamado novo paradigma pouco depois conhecido nas ciências naturais e sociais como paradigma relativista quântico Podese dizer que é uma manifestação daquele paradigma que se vinha desenvolvendo desde finais do século XIX e que começou a ocupar um lugar relevante a partir da década de 1980 Isto fica evidente no fato de que a psicologia comunitária nasce marcada pelos signos da complexidade do holismo e da ambiguidade imprecisão Dentro desta consideração geral do modo de conhecer o mundo e o ser humano este novo campo da psicologia constrói por sua vez uma versão própria baseada em uma práxis na qual atua a partir da crítica não apenas do status quo teórico e metodológico mas também a concepção de ser humano e seu papel na produção do conhecimento Com a sua criação pretendeuse produzir uma forma de intervenção nos problemas psicossociais de forma a criar uma psicologia efetivamente social produzindo também transformações nas pessoas e no seu ambiente definidas e dirigidas por essas mesmas pessoas e não a partir de programas que ao prescindir de a participação dos seus destinatários viu a sua eficácia limitada à qualidade dos seus intérpretes e ao fim da sua duração O paradigma se expressa na psicologia comunitária a partir dos modos de fazer ao mesmo tempo em que se definem seus atores agentes externos e internos redefinindo seus papéis e apontando o campo compartilhado de sua ação Como foi dito logo começam a ser desenvolvidos conceitos explicativos e descritivos e com eles começa a construção teórica baseada na ação e na reflexão Um modelo que não é vitalício mas que cumpre durante um certo tempo uma função estruturante e sistematizadora do conhecimento gerado e que à medida que avança um campo do conhecimento pode partilhar espaço e tempo com outros modelos alternativos Chamei esse modelo assim construído de paradigma de construção e transformação crítica embora seja comum ouvilo mencionado em termos de sua inserção científicogeográfica como psicologia social comunitária latinoamericana mas tal título é demasiado genérico e de facto embora o modelo tenha muitas das suas primeiras expressões na América Latina também se desenvolveu para além das nossas fronteiras Austrália alguns centros académicos nos Estados Unidos e Reino Unido Por outro lado embora tenha tido influência e uma estreita relação em alguns casos com o construcionismo crítico considero que reduzilo a essa única tendência é ligálo a uma corrente com a qual embora coincida em muitos pontos e manteve interação ativa também possui aspectos não compartilhados O primeiro nome tem a vantagem de indicar os aspectos fundamentais que norteiam o trabalho comunitário na nossa América aquela construção aquela práxis que surgiu com tanta força e foi assumida no nosso continente 41 Sobre modelos e paradigmas Qual é o modelo que resume essa forma de construção do conhecimento Um modelo é entendido aqui como uma forma de fazer e compreender a partir da qual novos conhecimentos são gerados O paradigma da psicologia comunitária e sua fundamentação ética e relacional CAPÍTULO 3 A noção de paradigma Para definir a estrutura paradigmática da psicologia social comunitária devemos primeiro esclarecer do que estamos falando quando usamos a palavra paradigma uma vez que como se sabe o termo tem nada menos que 21 conotações diferentes Masterman 1975 Por paradigma O paradigma da psicologia comunitária e sua fundamentação ética e relacional Maritza Montero Machine Translated by Google Acredito que tais demandas sejam atendidas no caso da psicologia comunitária pois se compararmos os desenvolvimentos realizados tanto na América Latina quanto nos Estados Unidos corrente ecológicocultural psicologia para o bemestar e a libertação de Nelson e Prillekensky 2003 no Canadá na Austrália Bishop Sonn Drew e Contos 2002 e na Inglaterra Orford 1998 podemos encontrar diferenças em teorias específicas Contudo também é possível perceber como nos aspectos fundamentais de natureza paradigmática há coincidência diálogo libertação apoio social consciência inclusão social ética são aspectos que mais cedo ou mais tarde encontramos nas obras dos mais proeminentes psicólogos comunitários do mundo no último quarto de século Podese dizer então que existe uma comunidade diferenciada que possui canais de comunicação a Comissão de Psicologia Comunitária da Sociedade Interamericana de Psicologia Divisão 27 da Associação Americana de Psicologia a Sociedade de Pesquisa e Ação Comunitária e uma boa número de revistas especializadas internacionais e nacionais e que partilha inúmeras técnicas e métodos tanto qualitativos como quantitativos E essa comunidade sustenta com a sua práxis o paradigma que aqui se apresenta construído por psicólogos que trabalham com comunidades e que há mais de três décadas trabalham arduamente num modelo de produção de conhecimento cujos produtos apresento em cinco dimensões Epistemológico referese à relação entre sujeitos cognoscentes e objetos de conhecimento e neste paradigma é marcado pela complexidade e pelo caráter relacional ou seja pelo fato de que o conhecimento é sempre produzido nas e através das relações e não como um incidente isolado de uma indivíduo solitário Metodológico trata das formas utilizadas para produzir conhecimento que na psicologia comunitária tendem a ser predominantemente participativas embora outras formas não sejam excluídas Segundo Munné 1989 para que haja um paradigma é necessário gerar uma comunidade científica informal mas bem diferenciada caracterizada por ter canais de comunicação próprios por partilhar a mesma abordagem epistemológica por utilizar uma terminologia específica conceptual comum utilizando um método ou métodos particulares e mesmo assumindo uma escala de valores semelhante Munné 1989 32 Ontológico diz respeito à natureza e definição do sujeito cognoscente condição que na psicologia comunitária não se limita a um único tipo de conhecedor proveniente de uma única instituição social quase sempre a ciência Como a psicologia comunitária reconhece a natureza produtora de conhecimento dos membros das comunidades então a natureza da relação entre os pesquisadores externos psicólogos e as pessoas que formam as comunidades aquelas que na pesquisa tradicional são chamadas de sujeitos é um aspecto fundamental neste paradigma Isto supõe um conjunto sistemático de ideias e práticas que regem as interpretações sobre a actividade humana sobre os seus produtores Munné em 1989 fala de um modelo de homem a sua génese e os seus efeitos nas pessoas e na sociedade e que indicam caminhos preferenciais de fazer para conhecêlos Montero 1993 1996b Compreende um modelo ou forma de conhecer que inclui tanto uma concepção do indivíduo ou sujeito cognoscente quanto uma concepção do mundo em que vive e das relações entre os dois 42 Política referese ao caráter e à finalidade do conhecimento produzido bem como ao seu âmbito de aplicação e aos seus efeitos sociais ou seja a natureza política da ação Ética referese à definição do Outro e à sua inclusão na relação de produção do conhecimento ao respeito por esse Outro e à sua participação na autoria e propriedade do conhecimento produzido Maritza Montero O paradigma da psicologia comunitária e sua fundamentação ética e relacional Machine Translated by Google O fato de haver cinco dimensões aqui apresentadas se deve à natureza reflexiva e crítica que caracterizou a psicologia comunitária desde o seu nascimento Este contínuo exame crítico levounos a perceber que os aspectos éticos e políticos embora muitas vezes presentes na acção não estavam a ser considerados como parte integrante de um modo de produção de conhecimento aliás o mesmo ocorre noutros ramos não só de psicologia mas da ciência em geral Montero 19931996b 1996c Portanto é necessário dar o lugar que corresponde a estas duas dimensões ao lado das outras três tradicionalmente consideradas ontologia epistemologia e metodologia Esta classificação tripartida formalmente exclusiva dos aspectos éticos e políticos pode ser um resquício da consideração dominante que nos últimos três séculos foi dada aos aspectos da produção do conhecimento que privilegiam o individualismo e o lugar institucionalizado da ciência o que não significa que muitos investigadores não têm dado importância às outras duas dimensões O que acontece é que embora alguns autores Smith 1990 House 1990 May 1980 considerem que poderiam ou deveriam ser considerados pelos investigadores como aspectos independentes eles não são vistos como uma parte intrínseca tanto para melhor como para pior do modelo de produção de conhecimento assumido Vejamos a seguir como se configura esse paradigma da psicologia comunitária em cada uma dessas cinco dimensões Para a psicologia a natureza do ser cognoscente temse centrado tradicionalmente no indivíduo e na sua subjetividade e no caso da psicologia social principalmente na sua interação com grupos nos quais ocorre a comunicação face a face Esse ser isolado origem e destino da interação é o que costumamos chamar de sujeito Mas a psicologia comunitária não trabalha com sujeitos trabalha com atores sociais Mas isso ainda não é suficiente pois no complexo cenário social existem atores primeiros e atores secundários protagonistas e figurantes Alguns fazem longos discursos e outros mal atravessam a cena para entregar uma carta fazer barulho ou cair mortos Assim na psicologia comunitária não se trata apenas de um ser ativo e não meramente reativo mas de alguém que constrói a realidade e que protagoniza o cotidiano A etapa social não tem uma etapa única é múltipla Além disso quando falamos de ator social estamos falando de alguém que possui conhecimento e que o produz continuamente Portanto é alguém que pensa age e cria cujo conhecimento denominado saber popular deve ser levado em consideração Portanto ao envolver esse sujeito em trabalhos e pesquisas comunitárias seu conhecimento se soma à sua ação na construção de novos conhecimentos Sobre a estrutura paradigmática dos modelos científicos O paradigma da construção e a transformação crítica Três dos cinco campos indicados acima epistemológico natureza do conhecimento ontológico natureza do ser e metodológico natureza do modo de conhecer são geralmente considerados Lincoln e Guba 1985 Guba 1991 como a estrutura ou as instâncias básicas de um paradigma científico comunidade e a possibilidade que cada entidade tem de se expressar e fazer ouvir a sua voz no espaço público 43 dimensão ontológica O paradigma da psicologia comunitária e sua fundamentação ética e relacional Maritza Montero Machine Translated by Google As consequências desta posição ontológica para a psicologia comunitária são evidentes Em primeiro lugar toda consideração passiva da comunidade deve ser descartada e portanto os seus membros têm o direito de tomar decisões sobre os assuntos que lhes dizem respeito bem como o compromisso de executálos Se se espera que a comunidade desempenhe mas não lhe seja permitido decidir sobre o destino ou a condição da sua acção ou se a tarefa a ser executada for imposta com mais ou menos subtileza a concepção passiva do Outro ainda estará presente A este respeito Santiago SerranoGarcía e Perfecto 1983 1920 exemplificam os efeitos desta posição na psicologia comunitária quando estabelecem os seguintes pressupostos como guia para o trabalho comunitário A comunidade tem o direito de decidir qual o tema vai embora para intervirinvestigar e como você quer que isso seja feito A comunidade é a mais afectada por qualquer tipo de investigaçãointervenção Portanto ninguém tem o direito de intervirinvestigar sem o seu consentimento A comunidade dispõe de recursos para realizar as suas próprias intervençõespesquisas sem a necessidade da vinda de estranhos para realizar esta tarefa O papel do profissional neste trabalho deve ser o de facilitador e não o de especialista Mas além disso esta construção é social e portanto relativa pois responde a um momento e a um espaço específico uma vez que é produzida historicamente Com isto não negamos a existência da realidade apenas nos apropriamos daquilo que nos corresponde pois é um mundo de conhecimento que corresponde aos nossos esforços e histórias ao mesmo tempo que lhes respondemos Assim a realidade para esta concepção de conhecimento é inerente aos sujeitos que a constroem ativa e simbolicamente todos os dias dandolhe existência e que dela fazem parte A realidade está no sujeito e ao seu redor Por sua vez o sujeito está na realidade faz parte dela e não é possível separálos Dimensão epistemológica científico e popular E o sujeito do conhecimento seja qual for a sua origem é também um sujeito que critica age e reflete a partir da realidade que constrói a partir do discurso e das ações Esta dimensão referese à natureza da produção do conhecimento Tal relação é proposta com caráter monista o que significa que não há distância entre sujeito e objeto Não são tratados como entidades separadas e independentes para cujo relacionamento e contato deve haver aproximações mediadas por procedimentos que podem ou não estar presentes em alguns sujeitos ou em alguns objetos É que ambos sujeito e objeto são considerados parte de uma mesma dimensão numa relação de influência mútua O sujeito constrói uma realidade que por sua vez o transforma o limita e o impulsiona Ambas vão sendo construídas continuamente num processo dinâmico num movimento constante que não é apenas dialético mas também analético Dussel 1998 Analítica1 é entendida como a extensão da dialética que permite incluir na totalidade formada pela tese sua antítese e síntese de ambas a diversidade e a estranheza do outro inimaginável que ao entrar nessa relação a enriquece e expande ao mesmo tempo mesmo tempo Em resumo tratase de um monismo dinâmico que supõe internamente um movimento contínuo de transformação mútua entre o sujeito cognoscente e o objeto conhecido que contém numa única substância os termos dessa relação 44 O paradigma da psicologia comunitária e sua fundamentação ética e relacional Maritza Montero O prefixo grego ana significa do além 1 Machine Translated by Google Se a construção do conhecimento e do sujeito cognoscente se definem como vimos obviamente os métodos tradicionais baseados no que Fernández Christlieb 1994a eb chama de epistemologia da distância pela separação que impõe entre o sujeito e o objeto têm um lugar limitado neste campo É por isso que a investigaçãoação se assume na sua expressão participativa PAR retirada do campo da sociologia e da educação popular embora a sua origem seja na psicologia Lewin 19481973 enriquecendoa com aspectos provenientes daqueles métodos psicologia tradicional dinâmica e de natureza coletiva Métodos capazes de produzir perguntas e respostas diante de suas transformações e das abordagens que estas provocam Métodos cuja característica fundamental é a capacidade de mudar de acordo com as mudanças do problema em estudo de forma que as construções sejam geradas numa ação crítica e reflexiva de natureza coletiva Pretendese então construir uma metodologia dialógica dinâmica e transformadora que incorpore a comunidade no seu autoestudo Santiago SerranoGarcía e Perfecto 1992 285 Por isso como já foi dito a dialética se amplia transformandoa em analética conseguindo assim uma forma de intervenção e estudo que responde aos interesses das pessoas a quem se pretendem destinar os seus benefícios Dimensão ética Os aspectos epistemológicos e ontológicos apresentados acima suscitam uma relação entre o sujeito cognoscente e o objeto cognoscível o que altera a abordagem do objeto de estudo proposta pela psicologia tradicional Não é mais possível falar em relação sujeito objeto considerando os sujeitos sociais membros das comunidades como segundo termo do binômio uma vez que são igualmente sujeitos conhecedores participantes legais e de fato da pesquisaintervenção comunitária É necessário então estabelecer uma relação sujeitosujeito objeto pois existe um sujeito duplo cognoscente É por isso que a psicologia fala de agentes externos e de agentes internos no trabalho comunitário e propõe uma relação dialógica horizontal de união do conhecimento científico e do conhecimento popular e de retorno sistemático do conhecimento científico produzido às comunidades ao mesmo tempo que entrega de o conhecimento popular construído a agentes externos pois cada um participou de sua construção e contribuiu a partir de sua experiência de seu conhecimento cotidiano de seu bom senso e de sua disciplina Por esta razão o papel dos psicólogos comunitários não é o de intervenientes especialistas mas sim o de catalisadores de transformações sociais Mas talvez o aspecto mais interessante na dimensão metodológica comunitária seja a necessidade de gerar métodos que se transformem ao mesmo ritmo que as comunidades mudam Dimensão metodológica A relação entre psicólogos comunitários e outros atores sociais Quatro cinco A definição do Outro e a sua inclusão na relação de produção do conhecimento constituem o eixo desta dimensão Tem como principal objetivo a relação com o Outro em termos de igualdade e respeito incluindo a responsabilidade que cada pessoa tem em relação ao Outro entendendo a responsabilidade não de responder mas de responder pelo Outro Dussel 1998 Tratase de uma consideração do Outro não como um objeto criado por quem controla determinados recursos na relação nem como um produto da imaginação dessa pessoa que em O paradigma da psicologia comunitária e sua fundamentação ética e relacional Maritza Montero Machine Translated by Google De acordo com o paradigma em que se insere esta subdisciplina no campo Uma ética baseada na relação supõe uma forma de expressão da retidão que vai além do direito de afirmar o próprio interesse de considerar o interesse comum acima do bemestar individual A equidade da ética da relação significa reconhecer não só o caráter humano e digno do outro mas também que a alteridade não é uma lacuna uma diferença algo que distingue que separa mas faz parte do EU Que cada um é outro e que cada um é um eu Montero 2000a As consequências que se manifestam em todas as dimensões paradigmáticas derivam de tal concepção ética Para a psicologia comunitária o respeito pelo outro a sua inclusão em toda a sua diversidade a sua igualdade os seus direitos e obrigações expressamse no campo ontológico na definição do seu objeto de estudo nos aspectos epistemológicos na relação de produção conjunta de conhecimento entre agentes externos e internos e nessa forma de definilos como produtores de conhecimento na dimensão metodológica ao transformar os modos e meios de conhecer e nos aspectos políticos da disciplina ao apontar os seus objetivos e o efeito que podem ter no espaço público e na sociedade em geral Estas consequências podem ser resumidas da seguinte forma O Outro não é um objeto criado pelo Um2 Para além da construção que se faz desse Outro existe uma existência que por sua vez constrói a si mesma e aos que a rodeiam Isto traduzse na psicologia comunitária na sua definição da existência independente e histórica da comunidade como uma forma de grupo e dos seus membros na sua singularidade Como já foi dito a comunidade como grupo ou conjunto de grupos organizados tem voz própria e os seus membros activos têm a capacidade de tomar e executar as suas próprias decisões têm a capacidade e o direito de participar A cultura e as suas modalidades reflectemse tanto na comunidade como nos seus agentes internos e nos agentes externos E os padrões de relacionamento para compreender e cometer erros ao mesmo tempo que se desenvolvem culturalmente são transformados no relacionamento Montero 2000a A relação é sempre dialógica e tem caráter discursivo Isto significa que as relações humanas devem estar abertas a uma multiplicidade de vozes Impor silêncio a certas categorias sociais é antiético e é uma forma de suprimir ou excluir outras 46 A ética do relacionamento comunidade falamos de uma ética da relação que defini da seguinte forma A concepção ética envolve o caráter inclusivo do trabalho comunitário no qual busca integrar respeitando as diferenças individuais em vez de excluir ou separar A comunidade como grupo ou conjunto de grupos organizados tem voz própria e os seus membros activos têm a capacidade de tomar e executar as suas próprias decisões têm a capacidade e o direito de participar Como comunidad es un sustantivo colectivo aun cuando se trabaje con grupos organizados de la comunidad relativamente pequeños es necesario orientar ese trabajo hacia la participación de aquellas personas que aunque no formen parte de esos grupos tienen partipación en los procesos que afectan y hacen a a comunidade Psicologia comunitária significa reconhecer a existência independente da comunidade como forma de grupo e dos seus membros na sua singularidade na sua qualidade de proprietários de uma história por eles construída antes e depois da intervenção comunitária O paradigma da psicologia comunitária e sua fundamentação ética e relacional Maritza Montero As letras maiúsculas são utilizadas nas palavras Outro e Um para indicar a natureza genérica da alteridade Outro e da unidade Um referindose ao sujeito sob cuja perspectiva uma relação é proposta 2 Machine Translated by Google Por outro lado quando alguém é acusado de falta de ética de violar a ética ou de ir contra ela aludindo a um comportamento repreensível entrase no campo da moralidade Na psicologia como em muitas outras áreas profissionais é comum encontrar uma fusão entre ética moralidade e deontologia É muito bom que existam normas que regulam as práticas profissionais mas é igualmente conveniente explicar os princípios éticos que constituem o substrato dessas normas E em geral os três níveis de distinção entre o bem e o mal devem estar localizados no seu grau de especificidade e generalidade Já vimos do que se trata a ética A moralidade é o conjunto de prescrições e normas culturais através das quais se expressa a ética cujo cumprimento é instado a ser seguido em uma determinada época e sociedade ou cultura Como indica sua etimologia vem do latim mores que significa costumes a moral diz respeito aos modos de fazer e de se comportar Ética e moral andam juntas a primeira influenciando a segunda mas não são termos intercambiáveis Porém como dito o que se costuma falar e o que se encontra frequentemente em manuais e tratados científicos é a deontologia ou seja o conjunto de 47 Pareceria inútil se não redundante definir ética O cotidiano é repleto de menções e usos relacionados à ética Em qualquer rua ou mesa de qualquer cidade todos os dias alguém diz a alguém que Fulano assumiu uma atitude ou posição ética ou que Zutano carece de toda ética Da mesma forma todos os dias alguém é lembrado de manter a conduta ética ou códigos de ética profissional são citados ou invocados E tudo isso é feito como algo natural e típico das tarefas diárias Mas estamos falando da mesma coisa nos exemplos apresentados Nas conversas cotidianas palavras que avaliam ou julgam o comportamento de uma pessoa conhecida parecem referirse a um cânone que regula o comportamento e a disposição das pessoas na vida social No caso dos chamados códigos de ética profissional tratase de conjuntos de disposições que regem a forma como a profissão específica a que se referem deve ser exercida na sua relação com as pessoas com quem irá lidar Pareceria então que existem diferentes níveis de significado referidos à ética E de fato é Os referidos códigos tratam das regulamentações deontológicas relativas às diferentes práticas profissionais E a deontologia trata dos deveres e do seu devido cumprimento portanto cumprir o código de ética da profissão psicológica por exemplo significa fazêlo através das boas práticas observando as normas que regulam o exercício da profissão Ou seja o que trata do bem em geral e do caráter mau ou bom das ações de acordo com a cultura em que se vive X deve ter observado um determinado comportamento de outra forma esperado de pessoas como as envolvidas numa situação específica Mas X não agiu da maneira adequada e esperada por isso é acusado de ser antiético de violar a ética Parece então que a ética se refere ao substrato sobre o qual se baseiam as práticas desejadas e desejáveis consideradas boas em cada cultura moralidade e a partir do qual se regulam os comportamentos julgados como ótimos para cada profissão deontologia Ética moralidade e deontologia conceitos relacionados mas não sinônimos Consequentemente a psicologia comunitária está aberta à pluralidade de formas de produção de conhecimento e transformação Aceitar que o conhecimento pode ocorrer em diferentes áreas através de diferentes meios é uma noção que na psicologia comunitária está ligada ao princípio de que teoria e prática não podem ser separadas ver capítulo 5 O aspecto crítico se expressa na reflexão permanente sobre o que está sendo feito e leva à consciência do que se apresenta como uma forma natural de ver as coisas Maritza Montero O paradigma da psicologia comunitária e sua fundamentação ética e relacional Machine Translated by Google Coautoria e propriedade do conhecimento Dimensão política O respeito por este Outro e a sua participação na autoria e propriedade do conhecimento produzido mostra o caráter ético deste paradigma Dos três aspectos descritos acima fica claro que por haver um duplo sujeito cognoscente ou melhor por reconhecer que aqueles que eram tradicionalmente definidos como sujeitos de pesquisa também produzem conhecimento há autoria compartilhada do conhecimento produzido no trabalho comunitário ver capítulo 6 regras a seguir para observar condutas moralmente impecáveis mas não necessariamente e completamente éticas uma vez que normas socialmente aceitáveis podem excluir determinadas categorias ou grupos ou podem permitir práticas que os prejudiquem Ao mesmo tempo tudo isto reflecte uma posição ética anterior a eles que determina o seu significado e orientação Os códigos de ética profissional são então conjuntos de regras de conduta pertencentes à ordem moral que se enquadram no campo sempre aplicado da deontologia ou da teoria dos deveres Como existe um duplo sujeito cognoscente já que aqueles que tradicionalmente eram definidos como sujeitos de pesquisa também produzem conhecimento há autoria compartilhada para o conhecimento produzido no trabalho comunitário Fals Borda 1985 descreve a prática que chama de devolução sistemática do conhecimento produzido aos membros da comunidade Gonçalves de Freitas 1997 também aponta a necessidade do seu complemento lógico e dialógico a entrega sistemática do conhecimento popular aos agentes externos Este intercâmbio é necessário porque embora ambos os tipos de agentes tenham trabalhado em conjunto como vimos muitas vezes os membros da comunidade podem não estar conscientes do que significa a sua contribuição E exatamente a mesma coisa pode acontecer com alguns agentes externos em relação a essa contribuição vinda da comunidade Essa coautoria deve estar claramente estabelecida nos relatórios produzidos no sentido de que deve ser citado quem fez o que E se for um artigo ou um trabalho acadêmico produzido a partir de trabalho realizado por um agente externo esse trabalho deverá indicar o que as pessoas da comunidade fizeram e deverá ser obtida sua permissão para publicação embora o artigo ou livro seja produzido por o agente externo E se a análise foi construída de forma colaborativa então a coautoria deveria ser obrigatória Este é um aspecto ético pois é necessário reconhecer que nem todos os produtos da investigaçãointervenção comunitária provêm do campo científico O contexto da descoberta não é exclusivo da ciência e no caso do trabalho comunitário como há uma reflexão e ação partilhada derivada do reconhecimento da natureza ativa dos participantes o conhecimento produzido pertence tanto a agentes externos como a agentes internos membros da comunidade e é portanto propriedade de ambos e deve servir a ambos Esta consideração dos membros da comunidade como coprodutores não é apenas um exercício do respeito que deve ser tido pelo Outro mas também o reconhecimento da sua igualdade na diferença Ou seja é investido de direitos bem como se distingue pelo seu caráter único E é essa consideração que permite o diálogo bem como a reflexão crítica nos dois sentidos do agente externo para o interno e viceversa O carácter e a finalidade do conhecimento produzido bem como o seu âmbito de aplicação e os seus efeitos sociais moldam a natureza política da acção comunitária A política referese 48 O paradigma da psicologia comunitária e sua fundamentação ética e relacional Maritza Montero Machine Translated by Google Uma episteme do relacionamento Guareschi 1996 82 define o relacionamento como a ordenação ou direção intrínseca de uma coisa na direção de outra e cita uma frase dita por uma jovem em uma comunidade um relacionamento é uma coisa que não pode ser ela mesma se não haveria outro 1996 82 Pareceme que tal concepção responde ao que é a essência do social indicando que não apenas um está na relação mas que um está na relação pois ninguém pode estar sem o outro assim como esse outro está igualmente o correlato do eu Guareschi 1996 83 fala de pessoasrelação o que se explica porque a pessoa só pode existir em relação Para além da relação existe apenas o mundo das coisas que é um mundo enquanto a nossa relação com ele o definir Não relacionamento é vazio nada Mas vou mais longe nem a coisa nem o nome nem eu nem você existem exceto na relação A relação faz os seres que a constroem A psicologia comunitária é definida como uma psicologia das relações criada para um mundo relacional Seu objeto trata de formas específicas de relacionamento entre pessoas unidas por Da mesma forma a geração de conhecimento e o respeito à diversidade têm consequências políticas e podem ser produto de políticas públicas específicas E se a ética reside no reconhecimento e na aceitação do Outro na sua diferença na sua aceitação como sujeito cognoscente e de direitos iguais a relação que se dá em tais circunstâncias será libertadora porque a liberdade não reside no isolamento e na separação entre Um e Outro mas na intersubjetividade que ao reconhecer a humanidade do Outro permite que por esse ato o Um também seja humano De tal forma que o caráter ético está intimamente ligado ao político A ideia da relação como área fundamental do ser e do saber começa a se fazer sentir no campo das ciências sociais latinoamericanas no início da segunda metade do século XX Os primeiros trabalhos de Paulo Freiré 1988 expressamno com grande clareza Somos seres de relações num mundo de relações afirma referindose à necessidade de compreender que o conhecimento não ocorre em pessoas isoladas mas na intersubjetividade que é produto da relação A filosofia da libertação outro produto latinoamericano continuou a elaborar a ideia Dussel 1973 1998 e no campo da psicologia tem sido trabalhada por Moreno 1993 e por Guareschi 1996 A psicologia comunitária propõe uma participação cujo caráter político se manifesta na função desalienadora mobilizadora de consciência e socializadora que a práxis realizada pode ter A desalienação e a sensibilização apresentamse como processos que fazem parte da reflexão que procura contrariar os efeitos ideológicos das estruturas de poder e de dependência E esta participação não procura apenas remediar algum mal realizar algum desejo mas também gerar comportamentos que respondam a uma projeção ativa do indivíduo no seu ambiente social bem como a uma concepção equilibrada desse ambiente e do seu lugar nele à esfera pública à esfera da cidadania e à forma como nos relacionamos com outras pessoas nela Da mesma forma referese ao poder e às suas linhas de ação que constitui o seu núcleo central Isso significa fazer e dizer na sociedade em que vivemos Portanto tem a ver com ter voz e fazêla ser ouvida e com criar espaços para que aqueles que foram relegados ao silêncio possam falar e ser ouvidos e o diálogo possa ser estabelecido Uma sociedade não pode ser considerada livre quando o que se chama de diálogo só pode ocorrer entre aqueles que dizem a mesma coisa ou falam com a mesma voz Por isso a relação dialógica proposta na psicologia comunitária ao gerar um espaço de ação transformadora cria ao mesmo tempo um espaço de ação cidadã que permite a expressão das comunidades e portanto é um exercício de democracia 49 O paradigma da psicologia comunitária e sua fundamentação ética e relacional Maritza Montero Machine Translated by Google Uma perspectiva holística de paradigmas Em outras palavras toda epistemologia está diretamente relacionada a uma concepção ontológica que define o ser e o objeto do conhecimento a partir da qual se produz uma relação cognitiva Por sua vez o método aplicado também reflete estes dois aspectos Isto é particularmente importante pois no que diz respeito ao método e às técnicas dele derivadas produzse o que só posso descrever como um efeito perverso uma vez que às vezes se torna independente das concepções ontológicas e epistemológicas éticas e políticas em conjunto com que surge e se torna o motivo da investigação em vez de ser o caminho da investigação Da mesma forma quando se fala em ontologia epistemologia e metodologia não é possível deixar de fora a ética e a política O ponto central da ética reside como vimos na concepção do Outro na sua definição e no âmbito da sua participação na relação com o sujeito cognoscente Isto é na definição desse Outro como objeto ou como sujeito como entidade cognoscente ou como objeto de conhecimento Ao mesmo tempo a admissão da existência de uma carga de valor na construção do conhecimento bem como de quem está incluído ou excluído As cinco dimensões de um paradigma ontologia epistemologia metodologia ética e política devem ser vistas como uma soma integrativa Essas cinco dimensões são consideradas na psicologia comunitária como aspectos inerentes ao processo de construção do conhecimento que consciente ou inconscientemente estão sempre presentes e marcam o modo de conhecer E isso acontece porque as fronteiras entre as cinco dimensões não são impermeáveis Estas não são cinco esferas separadas mas um todo que inclui todas elas Não andam em fila única nem possuem caráter ordinal ou seja não existem uns primeiro e outros depois nenhuma dimensão precede a outra pois são todas interdependentes Cada um deles toca todos os outros em um único relacionamento É preciso ser ontologia para saber epistemologia e esse conhecimento se realiza seguindo um procedimento ou caminho que leva à produção de conhecimento metodologia Mas tal coisa não acontece isoladamente Todo indivíduo cognoscente é membro de uma relação na qual o conhecimento é produzido Os seres humanos separados da sociedade são indivíduos mas não humanos A humanidade é adquirida nas relações sociais3 laços identitários construídos em relações historicamente estabelecidas que por sua vez constroem e delimitam um campo o da comunidade Não é possível portanto realizar ações comunitárias baseadas em uma concepção fragmentária de comunidade construída a partir da soma de indivíduos isolados O ser como entidade individual é uma noção incompleta que omite através de um exercício intelectual uma parte de si o Outro com o qual se relaciona e para o qual é um alter Em cada relação o conhecimento é produzido e o conhecimento só surge nas relações de tal forma que a presença do Outro está sempre presente mesmo quando trabalhamos sozinhos E há a ética porque a solidão embora possa ser privada da companhia física ou emocional de outros não elimina a história nem as experiências nem os afetos que surgem dos contactos socializantes E mais ainda todo conhecimento afeta o grupo a sociedade por isso ao excluí los de seus benefícios ou aplicarlhes seus aspectos negativos exercemos poder sobre eles E ao respeitar e admitir a capacidade de construção de conhecimento de qualquer categoria social ao ouvir as vozes dos indivíduos que a compõem estamos respeitando o seu direito ao espaço público E isso é política cinquenta O paradigma da psicologia comunitária e sua fundamentação ética e relacional Maritza Montero 3 Como é o caso das crianças selvagens Machine Translated by Google O que as pessoas da comunidade sabem sobre a sua situação O estudo crítico da psicologia comunitária do trabalho comunitário realizado em cada caso e do conhecimento produzido Ontologia Perguntas características Como é que os seus próprios membros definem a comunidade O que são segundo eles problemas desejos necessidades expectativas e recursos Estrutura do paradigma da construção e transformação crítica A construção do conhecimento por agentes externos e internos Troca de conhecimento Escopo O sujeito ativo do conhecimento ou ser do conhecimento que é ao mesmo tempo agente externo e interno O ser do objeto que se conhece ou o que são as coisas a realidade que é construída e transformada pelo ser humano Tabela 4 Epistemologia Relação entre sujeitos conhecedores psicólogos e interessados na comunidade e a comunidade seus interesses e problemas A episteme da relação ganha destaque com sua concepção de uma ontologia e de uma epistemologia em que a relação é a área fundamental da construção do ser do conhecimento e da ética como fundamento dos modos de se relacionar e da práxis comunitária O que foi aprendido o que foi ensinado A quem O paradigma assim construído é analisado nas suas cinco dimensões ontologia epistemologia metodologia ética e política Apontamse as características que os compõem e mostrase a perspectiva holística e relacional em que se baseia São discutidos aspectos éticos relativos não apenas à prática da psicologia comunitária mas também aos seus produtos e à questão da autoria e coautoria do conhecimento Qual é a natureza da relação entre os agentes de mudança e a comunidade os seus interesses e problemas O que aqui se descreve configura um modelo de ação delineia também uma práxis de reflexão crítica e insere se numa corrente num modo de fazer ciência e especificamente psicologia que integra um paradigma ou seja um modo de produção e organização do conhecimento uma forma de compreender o mundo e os seres humanos Tal modelo surgiu numa psicologia da ação para a transformação em que pesquisadores e sujeitos estão do mesmo lado na relação de estudo uma vez que ambos fazem parte da mesma situação Quem ou o que é conhecido 51 Resumo O que sabem os agentes externos sobre a comunidade e os seus membros deles exclui de sua produção e uso supõe um alcance ou dimensão política Maritza Montero O paradigma da psicologia comunitária e sua fundamentação ética e relacional Machine Translated by Google Qual é o lugar do agente interno na produção do conhecimento Qual é o lugar do agente externo Para que serve o conhecimento Quem sabe de Organização da comunidade de acordo com seus interesses objetivos e processos Quais são os seus interesses em cada caso Ética Existe comprometimento tanto dos agentes externos quanto dos internos Política Quem são os participantes da comunidade e quem são os agentes externos O que deve ser feito e como produzir conhecimento Quem deveria fazer isso Como produzir formas de intervenção e avaliação que respondam às características de cada comunidade As pessoas interessadas na comunidade estão conscientes dos seus direitos e deveres como cidadãos e perante a comunidade de Leitura adicional Este capítulo foi preparado a partir de trabalhos anteriores do autor entre os quais qualquer um dos dois seguintes pode fornecer mais informações sobre a epistemologia e a ontologia da relação Reflexividade Para quem é o conhecimentoQuais são os efeitos do conhecimento é 52 A concepção do outro e seu lugar na produção e ação do conhecimento Existem formas de exclusão na comunidade Problematização conscientização desideologização Julgamento de apreciação aplicado à distinção entre o bem e o mal Que tipo de relacionamento existe entre agentes externos e internos Respeito pelos direitos e cumprimento dos deveres e obrigações por parte de ambos os tipos de agentes Tomada de decisão reflexiva Ampliar as formas de produzir conhecimento introduzindo métodos participativos biográficos e qualitativos focados na busca de sentido na resolução de problemas e na transformação de circunstâncias específicas O que é feito com o conhecimento produzido pelos agentes internos Apontando aspectos psicológicos e informações sobre eles por psicólogos Montero M 1996 Ética e política em psicologia Dimensões não reconhecidas em wwwantalayauabes Existe uma versão em inglês revisada e ampliada Ética e política em psicologia dimensões do crepúsculo International Journal of Critical Metodologia Os modos de produção do conhecimento O paradigma da psicologia comunitária e sua fundamentação ética e relacional Maritza Montero Machine Translated by Google Moreno A 1993 Uma episteme da relação em O anel e a trama Caracas CIPUniversidade de Carabobo pp 427428 Este capítulo apresenta informações sobre os antecedentes da episteme de relacionamento sobre sua conexão com a noção de episteme popular desenvolvida pelo autor e sobre o significado e alcance do conceito de relacionamento Questões para refletir sobre aspectos paradigmáticos da psicologia comunitária O que fazer se as pessoas de uma comunidade por ignorância ou por alguma norma cultural ou religiosa fizerem ou deixarem de fazer coisas que as prejudicam e cujos efeitos nocivos nós psicólogos conhecemos O que fazem os psicólogos comunitários com as suas opiniões e conhecimentos científicos especializados É possível acolher numa equipa de trabalho pessoas cujas convicções religiosas políticas ou culturais sejam a principal e inexplicável motivação para trabalhar com a comunidade Exercício problematizador sobre as dimensões paradigmáticas da psicologia comunitária Com base nas cinco dimensões paradigmáticas da psicologia comunitária analisar as relações que ocorrem entre agentes externos e agentes internos num programa de intervenção ou investigação comunitária e também entre os próprios agentes internos entre si Faça perguntas e procure respostas em seu comportamento e fala Prepare uma síntese descritiva com seus resultados e proponha formas de análise reflexiva que você possa realizar com a comunidade a respeito dos aspectos positivos e negativos que você possa ter encontrado 53 Da mesma forma para saber mais sobre a episteme da relação você pode consultar as seguintes obras Guareschi P 1996 Relações comunitárias relações de dominação em RH Freitas Campos org Psicologia social comunitária Río de Janeiro Vozes pp 8199 Este artigo traz uma discussão interessante sobre a noção de relacionamento E para ampliar o aspecto político do paradigma é possível consultar Montero M 1998 O trabalho comunitário psicossocial como modo alternativo de ação política A construção e transformação crítica da sociedade Comunidade Trabalho e Família 11 6578 Montero M 2002 Construção do Outro libertação de si mesmo Utopia e Práxis Latinoamericana 7 16 4151 Também em wwwfilonenosorgutopial6PDF Maritza20Monteropdf Psicologia 6 2001 8198 O paradigma da psicologia comunitária e sua fundamentação ética e relacional Maritza Montero Machine Translated by Google Como uma disciplina científica nascente tem suporte teórico De onde você tira os conceitos e explicações que lhe permitem interpretar as experiências a partir das quais você se desenvolve Estas questões assemelhamse à inútil disquisição filosófica sobre o que veio primeiro o ovo ou a galinha universal1 que faz parte da herança do senso comum em muitas culturas se não fosse pelo facto de ao centrarse neste ramo da psicologia na sua vertente histórica perspectiva vemos que a psicologia comunitária assim como outros ramos do conhecimento não surge no campo científico totalmente adulta nem como Atenas já armada de lança elmo elmo e conhecimento Em primeiro lugar a sua origem como já foi dito no capítulo 1 está ligada ao descontentamento com as práticas habituais no início da segunda metade do século XX por parte de certos ramos da psicologia ligados à transformação das pessoas e da sociedade a psicologia educacional psicologia social psicologia clínica Esses ramos tratam por definição de processos pelos quais as pessoas mudam seja pela aquisição de conhecimentos pelo desenvolvimento de comportamentos ou pelo recebimento de tratamentos e orientações de socialização que as definem como membros específicos de determinadas categorias sociais alfabetizadosanalfabetos educados sem instrução normaisanormais saudáveldoente livredependente excluído de pertencimento e assim por diante Aspectos teóricos provenientes de conceitos psicossociais atributivos relacionados aos processos psicossociais comunitários No seu início a psicologia comunitária analisou os processos psicossociais que levam às transformações sociais ambientais e pessoais necessárias para satisfazer as necessidades da comunidade e promover o desenvolvimento comunitário Ele também estudou os processos que podem bloquear impedir ou reduzir esses esforços Na época final dos anos sessenta nos Estados Unidos anos setenta na América Latina as teorias do locus de controle Rotter 1966 Lefcourt 1976 1981 entre vários autores da desesperança ou do desamparo aprendido Seligman 1975 da autoeficácia e seu bloqueio Bandura 1978 para citar apenas os mais relevantes naquela corrente descreveu comportamentos em que as pessoas poderiam cair na passividade e na apatia considerando que entre suas ações e o resultado ou Influências teóricas iniciais na psicologia comunitária Uma das preocupações internas e ao mesmo tempo objecto de crítica externa na psicologia comunitária durante os seus primeiros vinte anos de existência foi a aparente ausência de teorias próprias essa era a preocupação interna ou de teoria em geral acusação externa Ambas as posições eram explicáveis já que nas décadas de setenta e oitenta era uma subdisciplina nascente Tão novo que em muitos casos era desconhecido academicamente aparecia em pouquíssimos estudos e ainda no início dos anos noventa em alguns importantes centros europeus de investigação e ensino havia quem se perguntasse o que era a psicologia comunitária Influências e desenvolvimentos teóricos na psicologia comunitária CAPÍTULO 4 54 Influências e desenvolvimentos teóricos na psicologia comunitária Maritza Montero Refirome ao tipo de problemas muito frequentes na escolástica medieval constituídos por noções genéricas ou entidades abstratas cujo estatuto ontológico era indeterminado e que davam origem a problemas absurdos como por exemplo tentar saber quantos anjos caberiam num espaço a cabeça de um alfinete 1 Machine Translated by Google Considerei esta circunstância como uma mudança interpretativa pois na psicologia comunitária que se desenvolvia tanto na América Latina como nos Estados Unidos as descrições foram tomadas mas foi dada uma explicação muito diferente cf Escovar 1977 1980 Rappaport 1977 apontando que a passividade a desesperança e a externalidade não são a causa mas a consequência de certas condições sociopolíticas e econômicas No nível psicológico isso envolve efeitos cognitivos afetivos e comportamentais Estas teorias contribuíram para descrições comportamentais da psicologia social comunitária que coincidiam com o comportamento que este novo ramo da psicologia se propunha mudar para alcançar processos de fortalecimento ou empoderamento Montero 1982 1984 1991b baseados na afirmação participação compromisso criatividade diálogo e confiança na capacidade da comunidade como grupo organizado e de seus membros de transformar o ambiente e o grupo Lembrese que a presença dessas descrições e explicações psicossociais coincide com o momento em que se iniciou a construção da psicologia social comunitária como subdisciplina psicológica científica Recordese também que naqueles momentos começou a construirse uma práxis para a qual não existia uma teoria préexistente de áreas muito diversas e que portanto apelava a muitos campos e tendências para a interpretação da sua ação não fazer um mosaico explicativo mas tentar entender o que está diante dele E esta própria compreensãointerpretação teorização não surge completa de uma só vez mas é construída na práxis Consequentemente não haveria relação causal uma vez que seriam percebidos como independentes locus de controle externo desamparo Portanto a pessoa passa a considerar que nada do que ela fizer terá efeito sobre o que acontece ou pode acontecer Além disso isso vem acompanhado da crença naquilo que se chamava de outros poderosos por exemplo o destino a má ou a boa sorte o mauolhado a providência divina o governo que estariam no controle das circunstâncias diante dos desafios das pessoas desamparo e fraqueza Ao mesmo tempo essas teorias mostraram que o controle sobre as circunstâncias da vida estava associado a pessoas ativas assertivas e interessadas no que acontecia ao seu redor Os conceitos que estas teorias criaram referemse ao que acontece nos indivíduos mas centramse neles como a causa dos seus problemas sem procurar o que causou a passividade a desmotivação ou o bloqueio da eficácia considerando ao mesmo tempo que o seu comportamento submisso e apático é o que os exclui do sucesso e do progresso As pessoas que enfrentam circunstâncias socioeconómicas e políticas adversas fora do seu controlo aprendem a não confiar nos seus próprios esforços através de experiências de fracasso socialmente estabelecidas Os meios utilizados para tal incluem vários mecanismos e meios entre os quais se destacam a influência proveniente do exercício do poder nas mãos daqueles cujos interesses se adequam a essas circunstâncias categorizações sociais estabelecidas a partir de processos de exclusão de determinados grupos a expressão destas condições através da educação formal e informal dos meios de comunicação social da religião e das regulamentações sociais através das quais as explicações sobre a ordem do mundo são disseminadas e inculcadas No campo comunitário expressase na desconfiança e apreensão relativamente às intenções e ações dos agentes externos no desinteresse e na espera que outros façam o que precisa ser feito ou na esperança de que sem os cidadãos nada faça um dia sorte entrará em greve ou haverá um bom governo que cumpra o que promete 55 Influências e desenvolvimentos teóricos na psicologia comunitária Maritza Montero Machine Translated by Google As ideias de Marx explícita ou implicitamente são a base de grande parte da psicologia comunitária latinoamericana Montero 1980 1982 1984a especialmente as ideias dos Manuscritos EconômicoFilosóficos de 1844 e 1848 A relação com esta Teoria permitiunos compreender os problemas comunitários ao nível da totalidade económica social e política em que ocorrem superando a tendência psicológica de fazer do sujeito o universo de estudo descontextualizandoo Não foi uma adoção religiosa ou de acordo com as linhas partidárias das ideias de Marx e Engels Foi e continua a ser uma leitura crítica que nos permitiu ir às fontes de certas ideias como a relação senhorescravo A estas primeiras influências juntaramse sociólogos latinoamericanos igualmente influenciados pelas ideias marxistas entre as quais encontramos a teoria da dependência Cardoso e Faletto 1978 e o movimento da chamada sociologia militante ou ciência social crítica em que os trabalhos de Fals Borda 1959 1979 19701987 1985 e Molano 1979 lançaram as bases para uma práxis renovadora das ciências sociais do papel dos investigadores e intervenientes sociais e para o desenvolvimento de métodos entre os quais está a transformação participativa da investigaçãoação Da mesma forma dentro do amplo campo de influência marxista situamos a educação popular postulada por Paulo Freiré embora esta corrente poderosa e original talvez a práxis A contribuição de Marx e as correntes de influência marxista levantada por Hegel animada pelo desejo de compreender as relações de exclusão submissão opressão e obediência mas também de resistência Um exemplo pode ser encontrado no trabalho de Cronick 2002 1999 Da mesma forma podemos encontrar vestígios de autores marxistas como Goldmann SerranoGarcía e Irizarry 1979 ou autores pertencentes à Escola de Frankfurt Adorno Horkheimer e desenvolvimentos pósmarxistas da teoria crítica como os de Habermas e o Escola de Paris Althusser Goldmann A fenomenologia por sua vez por meio de Dilthey Schutz e duas de suas expressões nas ciências sociais a etnometodologia e o construcionismo social contribui para a nascente psicologia comunitária a busca pela totalidade uma visão holística e necessidade de abandonar a ideia de separação entre pesquisador e pesquisado com base na suposta neutralidade dos primeiros e na não contaminação dos segundos O caráter falacioso e ao mesmo tempo utópico de tal afirmação foi denunciado por Goldmann 1972 e demonstrado na década de oitenta com trabalhos como o de Prigogine e Stengers 1982 das ciências naturais A etnometodologia em particular insistiu na importância do estudo da vida quotidiana como espaço de atribuição de significado à actividade humana e ao seu ambiente como forma de produzir respostas mais eficientes céleres e económicas aos problemas que surgem nessa área E na psicologia trabalhos como o de Gergen 1985 1991 um dos principais promotores da corrente sócioconstrucionista coincidirão com a psicologia comunitária em muitos aspectos básicos principalmente no pressuposto da comunidade como uma totalidade na qual um social a transformação ocorre a partir do cotidiano e da concepção do ser humano como ator e construtor da realidade Esta relação com pressupostos fenomenológicos e construcionistas é evidente nos escritos iniciais de pesquisadores portoriquenhos de psicologia comunitária por exemplo SerranoGarcía e Irizarry 1979 Santiago SerranoGarcía e Perfecto 1983 que analisam e criticam com base em a prática comunitária que realizavam os postulados iniciais de Berger e Luckman 1966 sobre a construção social da realidade A influência da fenomenologia 56 Maritza Montero Influências e desenvolvimentos teóricos na psicologia comunitária Machine Translated by Google Da mesma forma e para definir o papel que os psicólogos começam a desempenhar neste campo nascente para o qual a psicologia tradicional não deu a resposta adequada recorremos inicialmente à concepção Gramsciana do intelectual orgânico Gramsci 1970 que produzirá em algumas interpretações ad hoc uma figura que é vista como a de um agente iluminador pois sugere a figura de intermediários conhecedores de uma forma de verdade que deveria ser transmitida às pessoas enganadas alienadas e mantidas na ignorância para que elas poderiam libertarse e desenvolver suas capacidades para produzir transformações sociais Esta concepção inspirou uma corrente de acção e reflexão qualificada em algumas das suas primeiras expressões como uma psicologia do esclarecimento no sentido de que partiu de alguma forma de abrir ou desenvolver isto é iluminar a consciência obscurecida por certas circunstâncias da vida e pelas deficiências delas derivadas Devese dizer que esta concepção foi rapidamente superada e criticada entre outros autores por Santiago SerranoGarcía e Perfecto 1983 Quase simultaneamente falavase Escovar 1980 de uma psicologia para o desenvolvimento em que factores psicológicos e sociais mais a incorporação de pessoas necessitadas de mudança produziriam intervenções transformadoras no seu ambiente e em si mesmas ver abaixo Estas concepções aliadas à experiência no terreno permitiram que o nascente ramo comunitário criasse a sua própria plataforma de lançamento ao mesmo tempo que proporcionava perspectivas Faça da necessidade uma virtude mais criativo e transformador gerado no campo socioeducativo no século XX proporcionou novas formas de intervenção social mediada e realizada pela e com a comunidade ou seja realizada com um sujeito ativo em relação ator de sua própria transformação no controle das circunstâncias de sua vida e da direção de sua ação Esta corrente constituiu um importante contributo ao criar os conceitos e muitas técnicas a eles ligadas de problematização desideologização consciencialização e libertação Freiré 1970 1969 Barreiro 1974 Se esta combinação parece estranha e pouco ortodoxa a razão é que não existiam naquela época década de setenta teorias psicológicas ou psicossociais que satisfizessem as exigências impostas pela nascente disciplina da psicologia social comunitária As teorias de atribuição citadas descreviam um tipo de comportamento familiar que correspondia a alguns fenômenos psicossociais observáveis que também foram descritos e relatados em nossa área mas as explicações destinadas a elucidar o que estava acontecendo centradas no indivíduo isolado eram insatisfatórias e não davam conta dos fenômenos comunitários As teorias filosóficas e sociais mencionadas permitiram vislumbrar um horizonte mais amplo onde o coletivo tinha lugar Dessa forma os fenômenos psicológicos que ocorrem devido à convivência em comunidade poderiam ser trabalhados E o que a psicologia social comunitária começou a fazer mesmo sem ser muito claro foi construir a ponte psicossocial comunitária entre eles Devese dizer neste sentido que não se tratava de buscar uma teoria porque seus autores eram mais ou menos prestigiados aprovados ou aprovados acadêmica ou socialmente Tratavase de encontrar explicações e hipóteses que nos permitissem compreender melhor o que observávamos e seguindo a máxima cartesiana fazer da necessidade uma virtude realizar um trabalho que nos levasse juntamente com as pessoas envolvidas ao transformações desejadas Uma obra que de alguma forma desse sentido ao que estávamos gerando permitindo ao mesmo tempo desenvolver novos significados que substituíssem aqueles que serviam de alavanca para movimentar o mundo em construção e que explicassem como o indivíduo se torna uma comunidade e como a comunidade afeta o indivíduo construindose 57 Influências e desenvolvimentos teóricos na psicologia comunitária Maritza Montero Machine Translated by Google Esta abordagem dominou o cenário psicossocial comunitário nos Estados Unidos começando no final da década de 1970 ao longo da década de 1980 e ainda está em construção ativa Contém os desenvolvimentos florescentes iniciados por autores como Newbrough Rappaport Kelly Sarason Stokols Seidman Chavis Wandersman Zimmerman entre outros Na década de setenta Newbrough e seus colaboradores Newbrough 1973 Newbrough OGorman Docki e Moroney 1991 começaram a gerar uma concepção de psicologia comunitária que chamaram de psicologia ecológica transacional que se baseia na ideia de que deve reajustar o ambiente social antes de tentar curar indivíduos que apresentam desajustes na comunidade Aqui se reflete a concepção lewiniana de que a personalidade é função do espaço de convivência e portanto é preciso atuar sobre o meio ambiente para conseguir transformações nos indivíduos e ao mesmo tempo gerar relações equilibradas entre eles Dentro desta mesma corrente e simultaneamente Rappaport 1977 desenvolveu uma linha ecológico cultural no que pode ser considerada uma forma de romper as barreiras de classe que dominavam o campo científico do seu país naquela época e que determinavam as formas de abordagem aos fenómenos comunitários Por outro lado Dohrenwend 1978 utiliza a noção de tensão social estresse social para criar um modelo conceitual segundo o qual a psicologia comunitária deveria se incumbir da tarefa de reduzir o índice de psicopatologia na comunidade reduzindo as condições que produzem tensão na comunidade no ambiente ou em indivíduos Por sua vez Julien Rappaport 1977 ao distorcer a virada psicológica das teorias de atribuição que focavam no indivíduo a presença de comportamentos de passividade desesperança desmotivação e em geral apatia apontou a importância dos valores relacionados à diversidade inclusão e relatividade cultural como base da perspectiva ecológica Dentro desta mesma corrente será localizada a abordagem ecológica contextualista proposta por JC Kelly 1986 1992 entre outros segundo a qual a ênfase é colocada na responsabilidade do sujeito A abordagem ecológica cultural Mencionaremos três manifestações dessa tendência que marcaram especialmente a psicologia comunitária americana Primeiras respostas teóricas dentro da psicologia comunitária epistemológico para a delimitação do seu objeto de conhecimento Mas rapidamente deram lugar ao centro das atenções para dar lugar às explicações interpretações e hipóteses que começaram a surgir na psicologia social comunitária na década de 1980 Nesse sentido é preciso dizer que a teoria na disciplina surgiu da práxis foi e está sendo desenvolvida na interação entre a pesquisa prática empírica a reflexão crítica sobre o que foi feito especificamente e as explicações advindas do referido campos e outros novos e é mais um resultado do trabalho construído pela comunidade Tal condição parece ter sido uma das razões pelas quais ainda bem na década de noventa alguns autores reclamaram da ausência teórica da disciplina não encontrando as legendas clássicas que anunciam o que é formalmente apresentado como teoria Mas se olharmos para trás sem raiva e sem deficiência perceberemos que na primeira metade da década de oitenta foram criados e definidos certos conceitos que transcenderam as fronteiras da subdisciplina como fortalecimento frequentemente conhecido pela palavra inglesa empoderamento mas usado desde seus primórdios na América Latina como empoderamento ou fortalecimento E há também explicações teóricas mais amplas como a concepção relacional de poder SerranoGarcía e López Sánchez 1994 58 Influências e desenvolvimentos teóricos na psicologia comunitária Maritza Montero Machine Translated by Google A primeira proposta integradora de uma psicologia comunitária feita na América Latina foi apresentada por Escovar no final dos anos setenta 1977 1980 Para este autor a psicologia comunitária marcadamente ligada à psicologia social seria uma psicologia para o desenvolvimento que deveria estimular o potencial da comunidade através dos seus membros a fim de transformar o sistema social A ideia básica do seu modelo estabelecia a relação entre fatores estruturais situações de natureza socioeconômica política e cultural geradoras de desigualdade em que uma relação de dominaçãosubordinação coloca determinadas categorias de pessoas em condições de falta de controle sobre o ambiente físico e sociocultural produzindo alienação pela falta de controle preditivo e pela concepção de que os objetos produzidos os bens são superiores às pessoas seus produtores E esta combinação de fatores estruturais e de alienação produz consequências comportamentais e atitudinais apatia passividade indiferença desinteresse político que caracterizam as descrições que se fazem dos povos latinoamericanos há mais de um século cf Escovar assume as descrições atributivas de causalidade descritas acima indicando que o que elas apresentam é um quadro psicológico de alienação Esta alienação geral teria segundo Escovar consequências comportamentais e atitudinais muito específicas falta de iniciativa apatia fraca participação ausência de comportamento exploratório falta de interesse político e atitudes negativas especialmente em relação à mudança Assim para conseguir a transformação este autor propôs a necessidade de actuar ao nível dos factores estruturais e da alienação em conjunto modificando assim a prática habitual dos programas de desenvolvimento que tradicionalmente tendem a atacar apenas os aspectos estruturais esquecendo o factor da alienação a um nível psicossocial nível muito mais difícil de gerir mas com efeitos directos no comportamento das pessoas Uma psicologia comunitária com tal orientação deveria concentrar seus esforços na consecução dessa mudança no foco do controle o que implicaria mudanças comportamentais e atitudinais ao mesmo tempo que transformaria fatores estruturais Mas Escovar não levou mais longe a sua teoria Já na primeira metade da década de oitenta este autor havia desaparecido do horizonte psicossocial comunitário e do campo de produção 59 Uma teorização inicial na América Latina psicologia do desenvolvimento Montero 1984b Esta corrente caracterizase por apontar e incluir a diversidade cultural defender a substituição do modelo médico de tratamento dos problemas sociais por modelos psicossociais comunitários unir teoria e práxis considerar os psicólogos comunitários como agentes de mudança social comprometidos com essa mudança acreditam ser necessário estabelecer uma relação igualitária dialógica e de enriquecimento psicológico com as pessoas das comunidades considerar essas pessoas como seres históricos ativos e criativos e promover o seu desenvolvimento e fortalecimento empoderamento bem como a sua conscientização adoção do conceito freireano de consciência2 Nos últimos trinta anos do século XX e até agora no século XXI esta corrente deu importantes contribuições teóricas metodológicas e contribuições práticas para a psicologia comunitária e também fez sentir sua influência no ramo ambiental comunitário ver capítulo 2 no sentido epistemológico na sua flexibilidade e no seu carácter activo e construtor da realidade bem como na natureza multifacetada dos ambientes sociais e portanto na utilização de metodologias alternativas ou complementares Westergaard e Kelly 1992 Influências e desenvolvimentos teóricos na psicologia comunitária Maritza Montero Ver nota 2 do capítulo 9 2 Machine Translated by Google Em relação à corrente predominante na América Latina que chamamos de psicologia da construção e da transformação crítica os elementos que a caracterizam são desenvolvidos no capítulo 3 deste trabalho A psicologia da libertação anunciada no campo psicopolítico em 1986 por Ignacio Martín Baró e desenvolvida desde a década de noventa por vários psicólogos latinoamericanos Martín Baró 1986 19871989 Montero 1992 2000a Dobles 2000 é um movimento inspirado na teologia da libertação e nas mesmas fontes da psicologia social comunitária Desde a década de noventa estabeleceuse uma interinfluência ativa entre este ramo da psicologia e a psicologia social do movimento de libertação que abrange vários campos da psicologia dada a afinidade em termos de princípios e propósitos Da psicologia da libertação juntamente com a influência freireana desde cedo incorporada e partilhada tanto por essa tendência como pela psicologia comunitária surge o interesse na facilitação de processos de desideologização e no desenvolvimento das capacidades das pessoas para reagir criticamente às circunstâncias de opressão gerando formas de conhecimento e ações que transformem suas condições de vida A libertação é entendida como a emancipação dos grupos sociais que sofrem opressão e carência daquelas maiorias populares populares na população sentido demográfico marginalizadas dos meios e formas de satisfazer com dignidade as necessidades básicas e complementares e de desenvolver o seu potencial para autodeterminação Relações e influências teóricas atuais A perspectiva da psicologia da libertação A psicologia comunitária tem mantido um diálogo interessante com outros movimentos e tendências das ciências sociais e também da psicologia desenvolvidos desde a década de 1980 Mencionaremos três tendências cuja expressão não é apenas evidente mas claramente distinta na atual psicologia comunitária latinoamericana a perspectiva da psicologia da libertação a abordagem da psicologia crítica e a tendência sistêmica Os dois primeiros envolvem modos de fazer e compreender a práxis Isto significa que não são teorias mas posições paradigmáticas que influenciam teorias e aplicações concretas A terceira apresenta uma forma de fazer psicologia comunitária com uma perspectiva da teoria sistêmica E acrescentaremos uma tendência que vem se desenvolvendo nos Estados Unidos paralelamente à corrente ecológicocultural com a qual mantém vasos comunicantes a perspectiva comportamental Por fim apresentaremos uma das diversas maneiras pelas quais os desenvolvimentos locais seguindo muitas das diretrizes presentes na psicologia comunitária desenvolvida na América Latina e ao mesmo tempo reconhecendo a influência americana estão implementando uma práxis que constrói e transforma criticamente a iterativa modelo reflexivogenerativo desenvolvido na Austrália acadêmico No entanto lançou certas bases para o desenvolvimento de ideias que já enraizadas no campo comunitário preservaram a perspectiva de concentrar os esforços psicológicos nos membros da comunidade tendo em conta os processos cognitivos 60 E essa libertação também abrange a emancipação dos grupos opressores da sua própria alienação e dependência de ideias socialmente negativas Montero 2000a 10 Tratase então de um processo complexo que envolve conjuntamente agentes externos e internos de grupos oprimidos Este duplo aspecto dentro da unidade do processo corresponde ao que em Maritza Montero Influências e desenvolvimentos teóricos na psicologia comunitária Machine Translated by Google A corrente crítica temse feito sentir no campo da psicologia desde finais dos anos sessenta manifestandose através das diversas áreas da psicologia e de muitas das suas principais teorias A crítica é entendida como a posição que denuncia demonstra e rejeita a manutenção e justificação de condições de vida injustas e formas de saber insatisfatórias No caso da psicologia comunitária podese dizer que ela é filha da crítica pois surge como resposta à insatisfação com as formas de fazer as coisas que predominavam há trinta ou quarenta anos Mas além disso e como fica evidente a seguir o aspecto crítico expresso no construcionismo social tem sido uma presença com a qual houve muitos pontos de encontro mas também de separação Com efeito embora desde os seus primórdios a psicologia social comunitária tenha assumido o carácter activo e construtivo dos aspectos sociais das pessoas perspectiva que surgiu da reflexão no contacto com as circunstâncias em que trabalhavam Montero 1980 SerranoGarcía e Irizarry 1979 em ao mesmo tempo gerou uma perspectiva crítica e dialógica para a reflexão que passou a produzir influenciada pelos postulados da Escola de Frankurt do marxismo da teoria da dependência e da obra de Freiré Esta combinação levou a psicologia comunitária a centrarse com maior ou menor felicidade com maior ou menor dificuldade não apenas no aspecto construtivo da ação mas também no seu aspecto desconstrutivo na medida em que exige uma análise de causas e consequências de significados contradições e ressentimentos de direções e oposições A realidade é construída e ao fazêlo recebe significado e certas construções e certos significados impõemse a outros influenciando obstruindo e servindo certos interesses Por isso é necessário incorporar novos atores à ação e à reflexão para ouvir as vozes daqueles que vivenciam os problemas e a quem se dirigem os programas sociais ou que deles estão excluídos 61 A abordagem crítica A psicologia comunitária foi definida desde o seu início na América Latina na década de setenta como a relação dialógica entre psicólogos e pessoas da comunidade bem como uma concepção da comunidade e de seus membros que não os considera como fracos doentes sem o capacidade de ação mas pelo contrário como portadores de recursos e forças de algum tipo que possam ser mobilizados e que possam ser fortalecidos para alcançar transformações Por isso considerase que a libertação na psicologia comunitária começa nesse ato de reconhecimento da liberdade do outro que deixa de ser sujeito sujeito para ocupar um lugar de igualdade como ator social fundamental detentor de competências e conhecimentos específicos de natureza diferente Montero 2000a 11 Da mesma forma o aspecto libertador está presente na perspectiva ética que marca o trabalho comunitário ver capítulo 3 O caráter construído da realidade não substitui a sua existência E nesse sentido a produção psicológica comunitária já apresenta uma tradição de intervenção que descarta as formas vulgares do construcionismo que na década de oitenta negava a existência de uma realidade paralisando a práxis produzida pelo relativismo que embora reconhecesse a construção do outro ele não conseguia ver nossas próprias construções A realidade existe porque a construímos socialmente todos os dias É por isso que podemos e devemos intervir As formas de apreendêlo conhecêlo interpretálo descrevêlo explicálo são um produto social mediado por atos e símbolos E como essas construções variam conforme os grupos e as sociedades no espaço e no tempo é fundamental incorporar as reflexões feitas tanto a partir do campo da ciência quanto do senso comum e do conhecimento construído por quem vive em determinadas circunstâncias objeto de estudo e crítica para alguns de incômodo satisfação ou rejeição e também de crítica para outros Disto surge uma forma de relativismo Influências e desenvolvimentos teóricos na psicologia comunitária Maritza Montero Machine Translated by Google Esta tendência baseiase na concepção de que as sociedades constituem sistemas abertos em constante transformação Portanto a tarefa da psicologia comunitária será gerar fontes que facilitem isso harmoniosamente transformações em benefício dos diferentes níveis sociais passando do microssocial ao macrossocial passando pelo mesossocial Fuks 1998 destaca que esta abordagem se baseia na ideia de comunicação como um sistema o que nos permite aprofundar a complexidade das comunidades e da psicoterapia uma vez que a perspectiva pode ser utilizada transdisciplinar e ao mesmo tempo coordenar ações cognições e emoções examinando as semelhanças e diferenças das pessoas dessas comunidades Isto pressupõe uma visão ampla e holística que entende que a comunidade é constituída por redes sociais que o conhecimento é relativo e que é necessário criar quadros de significado para ele discursos que nele são produzidos como parte do processo de transação social Fuks 1998 246247 E a ação comunitária é entendida como a coconstrução de realidades o que se expressa em uma das tarefas dos psicólogos que nela atuam facilitar mudanças nas perspectivas utilizadas para pensar a saúde comunitária A perspectiva comportamental A tendência sistêmica o que leva a não considerar o conhecimento construído como última e última palavra mas não cai na consideração vulgar de que como tudo é construído muda de um momento para o outro e portanto não existe A base está na práxis É aí que a realidade se constrói e porque isso acontece todos os dias essa realidade para o bem ou para o mal existe e está aí pois todos os dias é construída pelas pessoas que a habitam É por isso que eles o mantêm ou o transformam E as teorias da alienação e da ideologia têm então muito a nos dizer pois podem explicar porque não mudamos o que nos maltrata ou porque ignoramos o que poderia transformar as circunstâncias negativas que sofremos criamos e mantemos A abordagem de Fuks visa o desenvolvimento de experiências que permitam vivenciar relações que facilitem a comunicação e seu fluxo adequado bem como as ideias e sentimentos que se produzem ao compartilhar problemas e objetivos que visam eliminálos A sua aplicação temse centrado na abordagem organizacional comunitária mas existem algumas experiências bem sucedidas realizadas nas comunidades como é o caso do CeAc uma organização comunitária criada por Saúl Fuks e os residentes de um bairro popular vizinho da Universidade Nacional de Rosário na Argentina Nessa tendência além da abordagem sistêmica é frequente o uso de métodos etnográficos Lorion 1977 Esta perspectiva está presente em alguns centros de pesquisa reconhecidos tanto nos Estados Unidos como na América Latina Na nossa América na Colômbia e no México no estado de Veracruz programa Los Horcones existem expressões interessantes do seu desenvolvimento E houve um projeto iniciado por Emilio Ribes Iñesta em Iztacala estado do México no final dos anos setenta que não sobreviveu Nos Estados Unidos um de seus centros de irradiação mais importantes e reconhecidos está localizado na Universidade do Kansas e é dirigido por Stephen B Fawcett embora outros proeminentes pesquisadores americanos colaborem nele Um aspecto interessante desta corrente é que embora se baseie numa teoria cujo paradigma aparentemente a limitaria ao que se poderia chamar de aspectos objetivos de acordo com o modelo positivista tradicional do ambiente comunitário imediato a fim de abordar o problemas presentes neles para resolvêlos Fawcett 1990 o contato mantido com o 62 Influências e desenvolvimentos teóricos na psicologia comunitária Maritza Montero Machine Translated by Google A ênfase desta corrente coloca o foco da práxis comunitária em comportamentos específicos das pessoas das comunidades com as quais trabalha utilizando sistemas de medição confiáveis e preferindo desenhos experimentais mas não limitados a eles cujas avaliações melhoram a prática ao produzir aplicáveis e resultados replicáveis Esta última condição levanta diversas questões Que tipo de réplica É possível replicar práticas em diferentes comunidades com diferentes pessoas em diferentes contextos e tempos Este modelo desenvolvido nas últimas duas décadas na Austrália baseiase numa prática em que os desenvolvimentos e experiências de outras áreas são repetidamente comparados com as diferenças produzidas em diferentes contextos locais A formalização mais recente do modelo foi feita por Bishop Sonn Drew e Contos 2002 As ideias fundamentais que sustentam esta posição são as seguintes 1 Consideração do peso que as perspectivas mundiais dominantes têm no desenvolvimento da disciplina e como podem restringir a capacidade de ver as grandes forças que operam em cada contexto Isso significa que se reconhece a influência do mainstream mas se aponta o perigo que representa no sentido de ofuscar a visão do que está acontecendo na área específica em que atuamos Revisando trabalhos de Fawcett e outros pesquisadores Francisco Fawcett Schuitz e PaineAndrews 2001 Fawcett Francisco PaineAndrews Lewis Richter Harris Williams Berkeley Schuitz Fisher e López 1993 Fawcett Paine e Francisco 1993 que funcionam na mesma linha encontramos intervenções comunitárias muito bem feitas com respeito e participação das partes interessadas com resultado óptimo e com modelos de aplicação que possam de facto servir de base para outros projectos e outras intervenções Mas isso não seria uma réplica se entendermos o conceito da forma como foi definido no método experimental Talvez fosse necessário que os defensores desta corrente teórica se libertassem um pouco mais da sua própria linguagem teórica e revisassem a sua própria práxis para libertála do peso dos significados que não respondem ao que nela acontece A forte corrente cultural ecológica ver acima bem como o carácter crítico que os seus promotores têm mantido Fawcett Mathews e Fletcher 1980 determinaram uma definição específica baseada nas condições em que ocorrem os fenómenos comunitários Assim Fawcett 1990 65 considera que a posição analítico comportamental vê estes fenómenos como uma função da interação entre o comportamento das pessoas nos territórios organizações e subculturas que definem a comunidade de interesse e os eventos no ambiente físico e social no contexto imediato e mais amplo Para tanto são levadas em consideração variáveis macroestruturais como condições de emprego e subemprego pobreza dificuldades no atendimento às necessidades básicas da vida diária creche insegurança falta de escolas por exemplo e variáveis mais próximas como informações sobre emprego oportunidades a existência de redes de apoio e os vínculos que elas podem criar para mudar condições de vida específicas Isto significa que se considera que o que pode acontecer depende da estrutura física do ambiente e o que acontecerá depende das relações entre comportamento e ambiente no contexto atual Morris 1998 citado em Fawcett 1990 66 O modelo iterativoreflexivogenerativo 2 A necessidade de reconsiderar o papel profissional dos psicólogos comunitários com base no contexto em que trabalham incorporando a incerteza a ambiguidade e a instabilidade no seu trabalho bem como tendo em conta as relações de poder que possam existir entre eles e os 63 Maritza Montero Influências e desenvolvimentos teóricos na psicologia comunitária Machine Translated by Google 4 União de reflexão e ação para produção de teoria O conceitual dá base para a reflexão sobre o substantivo e por sua vez o substantivo se reflete no domínio conceitual 5 A importância do óbvio Isto significa que é necessário não só perceber o óbvio mas leválo seriamente em conta a fim de reconhecer tendências em desenvolvimento ou retrocesso a fim de planear a acção Em relação a isso apresentase outro aspecto que também tem sido central na psicologia comunitária desenvolvida na América Latina e que pode ser percebido no paradigma que a fundamenta o que é conhecido e assumido sem discussão deve ser objeto de reflexão e análise uma vez que inclui a memória afetiva transmitida de geração em geração Bishop Sonn Drewy Contos 2002 Este aspecto coincide com o que no nosso continente chamamos de naturalização e que também se soma ao conhecimento popular e ao conhecimento científico ver capítulo 9 7 Incorporação de aspectos do construcionismo social e do movimento pósmoderno ao mesmo tempo que toma emprestados conceitos e termos de desenvolvimentos externos especialmente da psicologia comunitária desenvolvida nos Estados Unidos Um exemplo disso é o conceito de senso de comunidade sobre o qual podemos ver Fisher e Sonn 2002 e Fisher Sonn e Bishop 2002 3 Reflexão Este aspecto fundamental para o modelo permite compreender que o conhecimento vai além dos fundamentos de uma disciplina científica O conhecimento da comunidade deve estar unido ao conhecimento da disciplina aqui fica evidente a influência freiriana e aliás citase a obra de Freiré de 1972 Existe expertise mas ela não vem de apenas um lado mas sim do conhecimento das pessoas e dos psicólogos Isto se assemelha ao que foi proposto na América Latina ao apontar que os psicólogos não atuam na qualidade de especialistas no sentido de se apresentarem e serem vistos como portadores do único conhecimento válido pessoas das comunidades Esta revisão do trabalho psicológico comunitário envolve incluir a ação dos psicólogos comunitários como mediadores ativos entre as comunidades e os programas e desenvolvimentos de instituições governamentais e não governamentais 6 Revalorização do contexto avaliando o que vem de fora na área específica em que é aplicado desenvolvendo assim uma epistemologia idiossincrática do grego idios que significa único individual e também um pluralismo metodológico que permite uma melhor adaptação ao domínio complexo em que trabalhamos Isto assume um fundamento pragmático que se justifica pelo facto de o contextualismo permitir ajustarse à dinâmica dos locais onde se trabalha ao mesmo tempo que proporciona uma visão da experiência humana e do mundo que é ao mesmo tempo construtiva e reativa variável holística e pluralista e tem implicações importantes para as formas e meios pelos quais devemos examinar e compreender a ação humana Jaeger e Rosnow 1988 71 citado em Bishop Sonn Drew e Contos 2002 571 Podese dizer que este modelo participa do paradigma descrito no capítulo 3 deste trabalho Na verdade embora os autores citados sejam explícitos no reconhecimento da influência dominante da corrente americana ecológicocultural e muito mais discretos no que diz respeito à corrente latinoamericana é fácil perceber as coincidências com o paradigma de construção e transformação crítica desenvolvida em nossa América bem como a influência freiriana é evidente 64 Maritza Montero Influências e desenvolvimentos teóricos na psicologia comunitária Machine Translated by Google Os manuscritos juvenis de Marx e Engels as contribuições de Freiré para a educação popular e de Fals Borda para a sociologia crítica bem como o ponto de vista fenomenológico forneceram conceitos fundamentais São descritos os primeiros desenvolvimentos teóricos gerados nos Estados Unidos e na América Latina corrente ecológicocultural e psicologia do desenvolvimento e em seguida são apresentadas as influências e relações teóricopráticas atuais a interação mutuamente alimentar entre a psicologia comunitária e a psicologia da libertação e natureza crítica dos desenvolvimentos psicológicos comunitários que caracterizam esta psicologia desde as suas origens As contribuições desse movimento de construção de uma práxis reflexiva são apresentadas ao longo do capítulo Por fim é mostrado um exemplo de construção teórica e epistemológica gerada a partir do contexto revisado criticamente que embora seja definido como focado em pequenas mudanças acaba mostrando como a partir de ver o que acontece no ambiente específico e agir com base nas forças que movêlo podese criar uma psicologia generativa acreditando que apenas o que já existe é modulado 65 Este capítulo apresenta uma visão panorâmica do percurso percorrido pela psicologia comunitária na sustentação teórica da sua prática e dos seus conceitos Para tanto apresentase primeiramente como em seus primórdios este ramo da psicologia se apoiou em alguns desenvolvimentos feitos pela psicologia social da época anos sessenta e setenta como as teorias da atribuição de causalidade cujas descrições comportamentais apresentavam análise em termos de processos psicossociais o que permitiu localizar alguns aspectos presentes nas pessoas membros de comunidades para compreender fenômenos como apatia ou desesperança Embora deva ser dito que tais explicações atribucionais foram rapidamente descartadas pela subdisciplina nascente Simultaneamente na América Latina procurouse um suporte teórico que nos permitisse compreender estes fenómenos contextualizandoos na sua perspectiva social económica e política Resumo O gráfico a seguir apresenta um resumo gráfico das primeiras influências influências centrais e interrelações no desenvolvimento da psicologia social comunitária na América Latina Maritza Montero Influências e desenvolvimentos teóricos na psicologia comunitária Machine Translated by Google Leitura adicional Wiesenfeld E e Sánchez E eds 1995 Psicologia social comunitária Contribuições LatinoAmericanas Caracas Comissão de PósGraduação Faculdade de Ciências Humanas e Educação Universidade Central da Venezuela Tropikos Este livro apresenta um passeio por sete países latinoamericanos Argentina Brasil Colômbia Chile México Porto Rico e Venezuela no qual autores de cada um desses países dão uma visão geral da prática e da teoria aplicada neles até o início dos anos noventa Interinfluências e relações na psicologia comunitária desenvolvidas na América figura 1 Tolan P Keys C Chertok F e Jason L 1990 Pesquisa em Psicologia Comunitária Questões de Teoria e Método Washington American Psychological Association A segunda parte deste trabalho é interessante porque apresenta em seus primeiros cinco capítulos tantas abordagens teóricas os contextualistas ecológicos KingryWestergaard e Kelly a análise evolutiva dos fenómenos comunitários Lorion abordagens organizacionais Riger a agenda do empoderamento a perspectiva comportamental Fawcett escrita por seus principais promotores SerranoGarcía I e Álvarez Hernández S 1992 Análise comparativa de frameworks 66 Influências e desenvolvimentos teóricos na psicologia comunitária Maritza Montero Machine Translated by Google Sánchez Vidal A 1996 Psicologia comunitária Bases conceituais e métodos de intervenção Barcelona EÜB Ver capítulos 4 e 5 desta obra Psicologia comunitária definição e características pp 105128 e Outros conceitos e modelos teóricos em psicologia comunitária pp 149172 Os capítulos mencionados descrevem algumas das principais produções teóricas presentes na psicologia comunitária americana que podem complementar o que foi dito neste capítulo sobre a corrente ecológicocultural Questões para refletir sobre as explicações teóricas produzidas na psicologia comunitária Por que existe coincidência entre os postulados da psicologia comunitária e a corrente do construcionismo social Ou entre a psicologia comunitária e a psicologia da libertação Onde residem essas coincidências Onde há diferenças As explicações teóricas construídas na psicologia comunitária dão conta dos fenómenos comunitários Por que sim e por que não Em que aspectos Como Exercícios de problematização da fundamentação teórica em psicologia comunitária Tomar artigos ou capítulos de livros ou relatórios descritivos de intervenções realizadas nas comunidades e rever analiticamente e numa perspectiva crítica os seguintes aspectos O enquadramento teórico ou fundamentação teórica explícita presente na obra analisada A forma como a discussão e as conclusões são apoiadas Para conduzir a sua análise faça um autoexame relativamente às suas preferências ou rejeições de certas teorias e tendências dentro da psicologia comunitária 1985 em I SerranoGarcía e W RosarioCollazo coords Contribuições portoriquenhas para a psicologia comunitária San Juan Porto Rico EDUPR pp 19 Para desenvolvimentos recentes como o modelo iterativoreflexivogenerativo você pode ler o artigo de Bishop B Sonn C Drew N e Contos N 2002 A evolução da epistemologia e dos conceitos em uma prática iterativa generativareflexiva A importância das pequenas diferenças American Journal of Community Psychology 30 4 493510 74 conceitos conceituais da psicologia comunitária nos Estados Unidos e na América Latina 1960 67 Influências e desenvolvimentos teóricos na psicologia comunitária Maritza Montero Machine Translated by Google Toda ação humana explícita ou implicitamente é guiada por uma concepção de mundo dos seres humanos e das relações que existem entre eles Essas concepções orientam o comportamento das pessoas dandolhe sentido e direção A ciência como tarefa humana não escapa ao estabelecimento daquelas bases sobre as quais se constroem o objeto a linguagem e o método de cada disciplina Ora essas concepções envolvem não apenas uma construção de como é o mundo de como é o ser humano e de como é a relação entre ambos e entre as pessoas mas também estabelecem cânones de perfeição cânones do mundo ideal do mundo em direção a quem se projeta caminhar e também sobre a pessoa ideal o ser humano perfeito e a melhor forma de relacionamento Esses cânones não são rígidos não são dados de uma vez por todas Estão a mudar na mesma medida que a humanidade mudou e com ela as sociedades em que vive Esses cânones respondem a valores ou seja a formas de ser considerado o mais perfeito acabado e completo para uma determinada época e sociedade Existem valores como justiça verdade fidelidade amor união liberdade compaixão para citar alguns mas muito presentes neste momento histórico que também estiveram presentes no passado mas cuja definição variou muito ao longo da história da humanidade A Justiça por exemplo teve um percurso interessante O Código de Hamurabi é considerado a primeira lei escrita Nesse registro do dever da sociedade babilônica foi estabelecida a famosa lei de Talião olho por olho dente por dente Quem causou o dano deveria ser punido recebendo exatamente o mesmo dano que causou A presença ou ausência de intenção não foi tida em conta naquela lei O direito romano constituiu um enorme avanço nesta concepção apesar de lhe faltar muito em termos de equidade pois considerava a mulher como se fosse uma filha loco filiaé em tudo o que se relacionasse com a administração de bens embora as coisas melhorou um pouco no final do império uma vez que as viúvas podiam agora ser autorizadas a administrar a propriedade A Idade Média também não se caracterizou pela amplitude nesse sentido Quanto à liberdade que sempre foi um valor muito reconhecido e desejado tem sido tão ou mais restrita que a equidade uma vez que o primeiro tratado internacional sobre a abolição da escravatura só ocorreu em 1844 em Paris mas ainda em 1860 houve ainda eram escravos Por exemplo nos Estados Unidos os escravos constituíam 68 Valores e princípios norteadores da psicologia comunitária Quando neste contexto falamos de sociedade não nos referimos a áreas territoriais específicas mas a concepções de sociedade que transcendem as fronteiras mais ou menos estreitas de uma cidade de um país de uma cultura de uma etnia Assim havia um ideal assírio um babilônico um fenício um grego um carolíngio um renascentista um industrial outro colonialista imperialista marxista capitalista entre muitos outros Da mesma forma hoje falamos de globalização como uma visão do mundo que envolve certas políticas um sistema económico internacional e uma concepção do ser humano e da forma ideal de acordo com esse sistema como devem comportar se Referese a valores que podemos definir como estados ideais normativos que nos dizem como ser e como fazer gerando normatividade na ação metas para as quais o comportamento é direcionado Ou seja são diretrizes éticas que inspiram os cânones ou modos de ser e de se comportar considerados os mais perfeitos acabados e completos para uma determinada época e sociedade cujas crenças e costumes influenciam Introdução CAPÍTULO 5 Valores e princípios norteadores da psicologia comunitária Maritza Montero Machine Translated by Google Concepção avaliativa da psicologia comunitária Façamos uma pequena análise do que se entende por valor na psicologia A definição mais conhecida e mais citada é provavelmente a de Rokeach 1973 Um valor é a convicção duradoura de que um modo específico de conduta ou estado final de existência é pessoalmente ou socialmente preferível a um modo oposto de conduta ou estado final de existência ou oposto Nesta definição o valor está na base de um modo de comportamento e também no final É normatividade na ação e motivação para a ação é o objetivo para o qual o comportamento é direcionado e está nos próprios atos executados para atingir esse objetivo Nesse sentido o Como vemos os valores e sua definição são os marcadores que orientam a interação em uma sociedade Você não precisa saber que eles existem A sua presença nos acompanha sempre com toda a sua amplitude e todas as suas limitações e se expressa em comportamentos socialmente estabelecidos assim como a sombra acompanha o corpo e é por ele projetada A psicologia comunitária por ser uma disciplina nascida da crítica e da reação a uma expressão do status quo dos serviços psicológicos em meados do século XX propôs desde a sua criação uma consideração avaliativa do que pretendia ser a prática da psicologia em em relação a Os destinatários dos serviços de psicologia Para quem são os serviços Como é esse ser humano Qual é o seu lugar na sociedade Como deveria ser a sociedade na qual esses serviços deveriam ser prestados A relação entre usuários de serviços psicológicos e profissionais de psicologia Que tipo de relacionamento deveria existir Com quem os psicólogos comunitários interagem A ação realizada Quem o executa Quem o dirige Como isso é feito O que fazer Com quem fazer O lugar e o papel desempenhado pelos psicólogos comunitários Quais são o escopo e os limites da prática psicológica Com quem é o compromisso dos profissionais veja o capítulo 7 um terço da população nos estados escravistas Você poderia possuir um ser humano como se fosse uma vaca ou um galinheiro cheio de aves A categoria dos seres livres foi então definida com um critério de exclusão inimigos naturalmente estrangeiros que não eram cidadãos Aqueles que eram diferentes pela cor pelas feições pelos costumes estavam fora da categoria de pessoas que poderiam ser livres E ainda hoje todos os dias um grande número de pessoas morre de fome ou de doenças para as quais se conhece cura ou carece de água potável luz serviços sanitários e desconhece os sinais com os quais poderia perpetuar a memória quotidiana e deixar um relato das metáforas que lhe permitiriam expressar as suas experiências uma vez que não lê nem escreve Julien Rappaport na sua obra fundamental de 1977 expressa muito bem esta ligação entre a procura do conhecimento a ciência como um dos meios para o produzir e os valores aliás a sabedoria o conhecimento é um dos valores mais enraizados nos seres humanos quando diz que forças sociais mediadas por valores e crenças pessoais 1977 26 influenciaram esta perpétua investigação E acrescenta que a psicologia comunitária pode lidar melhor com as questões morais éticas e de valores do bemestar humano através da valorização das múltiplas comunidades que constituem a sociedade 1977 27 E para isso não é possível evitar a influência dos valores tanto pessoalmente aceitos como culturalmente adquiridos através do processo de socialização em que aparecem não apenas como modos de agir esperados transmitidos pela educação formal mas também por meio de ações que fazem parte da vida cotidiana e do bom senso 69 Valores e princípios norteadores da psicologia comunitária Maritza Montero Machine Translated by Google Da mesma forma na América Latina onde as raízes da psicologia comunitária se afundam nas das ciências sociais na sua perspectiva crítica e transformadora ver capítulo 1 a preocupação com os valores e a sua explicação já estão presentes nas mesmas fontes onde procurou basear se Assim na obra de Fals Borda Acción comunal en una vereda colombiana 1959 são definidos cinco princípios fundamentais que se baseiam em valores e foram adotados pela psicologia mas dos quais se pode dizer que dois deles o quarto e quinto possuem caráter psicossocial Esses princípios são 1 Catálise social que define o papel do agente externo que atua junto à comunidade na busca de sua transformação Este papel é o de catalisador de uma acção transformadora que procura um propósito autónomo e libertador para as pessoas participantes e para a comunidade em geral a que pertencem Este princípio é complementado pelo seguinte Os valores subjacentes são liberdade respeito e autonomia 3 Prioridades isto é a priorização pelos membros da comunidade participantes das necessidades ou ações que desejam abordar ou cumprir Este princípio pressupõe uma organização interna que desenha uma estratégia de ação Os valores subjacentes são organização e autonomia 4 Conquistas ou seja necessidade de obter conquistas de produzir resultados no sentido da transformação desejada Ter produtos concretos que demonstrem que a ação conjunta produziu resultados o que estimula a sensibilização e a cooperação Valores subjacentes trabalho cooperação consciência e realização 5 Estímulos princípio que como o anterior tem sido uma das mais conhecidas e sólidas contribuições do behaviorismo tanto original como nas suas versões skinneriana e intercomportamental uma das mais importantes teorias psicológicas do século XX O que este princípio propõe é a necessidade de que a comunidade em geral e em particular aqueles dos seus membros que se organizam em grupos de trabalho construam e definam como estímulos tanto materiais como imateriais aspectos relacionados com as suas realizações Podem ser formas de reconhecimento externo satisfação com o sucesso ou qualidade da tarefa executada ou com a própria mudança ou O reconhecimento da existência e da necessidade de valores norteadores da ação acompanha a psicologia comunitária desde os seus primórdios O próprio facto de na sua versão americana o mainstream ser definido em todas as suas expressões específicas como ecológico indica que ele é guiado pela presença de certos valores harmonia entre as pessoas e o seu ambiente a preservação do bemestar individual e coletivo que vive num determinado ambiente a harmonia portanto do próprio ambiente desde que sejam harmoniosas as relações entre os elementos que nele convivem e necessariamente o configuram por fazer parte dele Bemestar e harmonia E poderíamos acrescentar dentro dos primeiros relações de respeito solidariedade união trabalho amizade equidade justiça paz Valores 2 Autonomia do grupo segundo a qual toda ação deve ser decidida organizada e realizada com orientação democrática por e com os grupos organizados da comunidade e todos os membros da mesma que queiram participar utilizando suas capacidades seus recursos materiais e espirituais e seu potencial bem como aqueles de fora que podem e desejam obter Os valores subjacentes são a democracia e a autonomia A origem dos valores na psicologia comunitária os princípios norteadores da disciplina os valores seriam o combustível e o destino Não é à toa que este autor os classificará como instrumentais e finais estes últimos subclassificados em intrapessoais e interpessoais 70 Valores e princípios norteadores da psicologia comunitária Maritza Montero Machine Translated by Google Da actividade do padre local que primeiro emprestou os poucos livros que possuía e depois recebeu como empréstimo do Banco do Livro uma caixa viajante uma caixa com cerca de uma centena de livros que voltou a emprestar às crianças interessadas na leitura foi criado um grupo de crianças adolescentes jovens e adultos que junto com o padre e a ajuda externa recebida arrecadaram dinheiro colaboraram na construção e construíram a sede da biblioteca Neste relato resumido é possível apontar os valores que motivaram a criação e conquista da instituição conhecimento solidariedade autonomia trabalho e respeito este último incorporado às normas do regulamento interno da biblioteca Em 1995 foi realizada uma avaliação na qual 158 pessoas da comunidade com idades entre nove e setenta anos selecionadas com base no seu conhecimento da comunidade e na sua ligação com diferentes atividades de extensão comunitária deram a sua opinião sobre a biblioteca e sobre o funcionamento da biblioteca escola do bairro Suas respostas indicam a presença dos seguintes valores educação estudo amor amizade boa vida união participação beleza no ambiente inovação valores nacionalistas reflexão Vejamos algumas frases que expressam os sentimentos das pessoas entrevistadas em relação à escola e à biblioteca do bairro Sobre a biblioteca Teve o efeito de me fazer sentir valioso ao participar de atividades Num bairro popular da zona leste da cidade de Caracas em meados dos anos setenta a biblioteca La Urbina foi construída através de contribuições comunitárias e de uma instituição estatal o Banco del Libro1 A história é um feliz exemplo de conquista e transformação Aquela sede parece mais uma casa do bairro pois segue o mesmo esquema construtivo assenta na encosta do morro tem três andares escalonados piso de cimento e cobertura em chapa metálica uma delas inclinada de tal forma que posteriormente Esse espaço não poderia ser conquistado para ampliar a última sala de leitura Desde então a biblioteca empresta livros e brinquedos aos sábados ministrou cursos de dança música canto teatro contação de histórias e modelagem em argila Atualmente acolhe o projeto Constelação desenvolvimento de identidade social positiva através da expressão pictórica e realiza um programa de férias com visitas a parques praias teatros cinemas e piscinas Seus funcionários são em sua maioria recrutados no próprio bairro muitos deles exleitores e usuários de bibliotecas E o livro mais lido tanto que os exemplares em uso apresentam bordas desgastadas das páginas e capas é uma história de conquistas publicada pelo Banco del Libro que tem como protagonista um grupo de crianças que logo após a construção de A biblioteca realizou uma atividade de mobilização dos adultos da comunidade que culminou na construção de um parque infantil A Rua é Livre título do livro que narra esta ação comunitária teve oito edições e muitas mais reimpressões ganhou alguns prémios internacionais e a sua distribuição transcendeu as fronteiras do país Mas onde sempre esteve o melhor levantador é na vizinhança onde é sempre uma fonte viva de satisfação e orgulho para os seus habitantes As heroínas e heróis já são mães e pais mas seus filhos citam esse exemplo E a biblioteca é o santuário da solidariedade da segurança da amizade do respeito e da paz bem como do conhecimento para todo o bairro Vejamos um exemplo transformação alcançada Fiz amigos que não conhecia na escola 71 Instituição criada em 1960 que tem como objetivo fundamental promover a leitura e publicar livros infantis de qualidade através de alcance das pessoas de baixa renda Valores e princípios norteadores da psicologia comunitária Maritza Montero 1 Machine Translated by Google 2 3 Relação entre princípios e valores O que destaquei nestes depoimentos aponta os valores relativos às atividades e às situações vividas como deficiências Sem educação você não é ninguém Você tem que dar amor aos professores Havia professores que desanimavam as crianças não contribuíam para a sua educação Neste princípio reside o caráter científico deste ramo da psicologia e em geral de todos os outros Onde há produção de conhecimento há uma estreita relação entre teoria e prática e o que as transforma no que chamamos de práxis é a reflexão A reflexão baseada no diálogo é um valor intimamente ligado à ação a partir da qual é gerada e à qual conduz pois envolve uma análise crítica que nos permite desnaturar o que foi naturalizado e portanto é considerado um modo de ser consiga São valores referidos no trabalho dos atores comunitários A união entre teoria e prática Desde o final da década de 1970 existia na nascente psicologia comunitária a convicção de que a relação entre teoria e prática não poderia e não deveria ser dividida A teoria por si só ao se desligar do suporte concreto da aplicação a circunstâncias específicas não só não consegue demonstrar o seu alcance e as suas limitações os seus acertos e os seus erros mas também não consegue atestar a si mesma A prática por si só sem a capacidade sistematizadora relacional e explicativa da teoria perdese em ações sem sentido para a produção do conhecimento Gestos esquecidos na correria do dia a dia A melhor lembrança que ele tem dela é que ela queria aprender A pior lembrança é que eu não Em diversas ocasiões tenho discutido o tema Montero 1980 1982 1998a acrescentando a esses valores e princípios introduzidos por Fals Borda outros que considerei impulsionadores das práticas comunitárias ou presentes nas ações comunitárias através da intervenção dos membros das comunidades ou como resultado da reflexão produzida entre agentes externos e internos durante o trabalho realizado Nesse sentido é preciso lembrar mais uma vez que no modelo açãoreflexãoação complementado pela reflexãoaçãoreflexão se realiza a construção do que se chama de práxis teoria que produz prática prática que produz teoria em um processo contínuo de reflexão e que como veremos também tem a ver com valores Esses valores presentes na literatura com diferentes graus de sistematização e elaboração conceitual podem ser organizados conforme sua referência ao ser ou ao fazer Sobre escola Em alguns como o de Rappaport 1977 citado acima a presença de valores faz parte do título2 E o mesmo ocorre com o mais recente dos citados neste trabalho o manual coordenado por Nelson e Prilleltensky 20033 72 Lá aprendi que a vida poderia ser diferente e melhor Mas além de exemplos como o anterior os manuais ou obras de psicologia comunitária quase sempre incluem o tema dos valores ou princípios que norteiam a disciplina Aprendi a compartilhar com as pessoas Valores e princípios norteadores da psicologia comunitária Psicologia Comunitária em Busca do BemEstar e da Libertação ou seja Psicologia Comunitária em Busca do Psicologia Comunitária Valores Pesquisa e Ação ou seja Psicologia comunitária Valores pesquisa e ação Maritza Montero bemestar e libertação Machine Translated by Google Isto significa que a concretização de um objetivo oscila entre o sucesso máximo e o mínimo de ações alcançadas que nos permitam aproximarnos dele Esse máximo desejável nem sempre é alcançado mas esse mínimo necessário deve ser sempre alcançado A participação e o compromisso destes outros será uma meta e uma necessidade mas não a condição inicial Este princípio ligado ao valor do respeito é feito práxis a partir da necessidade da psicologia comunitária incorporar o conhecimento popular e conforme recomendação de Fals Borda 1985 de informar as pessoas da comunidade sobre o que tem sido feito pelos agentes externos com o trabalho realizado pois são os primeiros interessados Na reflexão realizada com grupos comunitários Gonçalves de Freitas 1995 1997 estudou o registro dos dois sentidos em que ocorreu o retorno dele para os agentes internos da comunidade e destes para os primeiros Pensar na descentralização apenas como uma ação de profissionais externos à comunidade pode na verdade ser considerado uma demonstração da crença de que só quem tem um determinado tipo de formação produz conhecimento e na verdade implicou uma visão debilitante da comunidade e foi também uma contradição quanto à natureza dialógica da relação entre os dois tipos de agentes Esta forma de retorno foi conceptualizada por Gonçalves de Freitas como uma entrega sistemática de conhecimento popular 1997 6263 e é um exemplo da natureza heurística da práxis O centro de poder e controle localizado na comunidade Este é talvez um dos princípios mais controversos provavelmente devido ao quão profundamente enraizada está a concepção assimétrica de poder E em particular na sua relação com o conhecimento De tal forma que é muito difícil aceitar que outros possam saber entendendo como outros todos os excluídos das categorias que detêm o controle de certas formas de conhecimento Mas se falamos de participação e o método fundamental desta psicologia está centrado nela pesquisaação participativa não é possível prescindir deste princípio E quanto à devolutiva sistemática esta consiste em o conhecimento produzido por agentes externos e internos ser objeto de explicação reflexão e discussão conjunta A estes juntamse dois princípios ligados à prática e dirigidos à acção dos agentes externos e à relação entre estes e os agentes internos o mínimo necessário versus o máximo desejável e o retorno sistemático do conhecimento produzido No primeiro caso devese levar em conta que o trabalho comunitário não se produz através de um movimento unânime monolítico e uniforme das comunidades Neles há dissensões graus variados de participação e comprometimento ver capítulo 8 momentos de intensa atividade e outros de calma aparente ou efetiva singularidades e continuidades Ou seja estamos diante da diversidade e da experiência compartilhada de interesses e desejos de transformação Todo lo cual debe ser considerado pero no para ver si las condiciones ideales están dadas por cuanto ellas son una construcción que produce la acción sino para iniciar el trabajo con aquellos grupos o personas interesadas que expresan los deseos y objetivos explícitos e implícitos dos demais essencial de certas coisas ou factos que permite a mobilização da consciência no sentido de realização e que possibilita a recuperação crítica da história vivida É o exame que transforma a necessidade verbalizada em ação e que permite separar as necessidades induzidas daquelas provenientes de carências profundas e insuportáveis ou de desejos não menos intensos Montero 1998a 221 Aqui como antes e como segue os valores são novamente o conhecimento e a igualdade na sua expressão mais ampla e a consciência como expressão desse conhecimento 73 São princípios ou valores referentes ao ser dos atores sociais engajados no trabalho comunitário A consideração de que os participantes são atores sociais construtores da realidade Maritza Montero Valores e princípios norteadores da psicologia comunitária Machine Translated by Google Estes valores e princípios que para fins expositivos organizei em termos da sua referência preferencial ao fazer não devem ser vistos como pertencentes exclusivamente a uma categoria ou outra Na verdade estão interrelacionadas e constituem as três grandes orientações ontológicas epistemológicas éticas e políticas da psicologia comunitária a concepção relacional do ser e do saber episteme da relação a orientação construtiva e transformadora da realidade e a procura da harmonia entre as pessoas e o meio ambiente pautados na busca pelo bemestar Nelson e Prilleltensky 2003 incluem pelo menos dois capítulos sobre valores em sua obra embora ao examinarmos vejamos que eles estão presentes em praticamente todos os capítulos Na verdade já são anunciados desde o título em que a busca pelo bemestar e pela libertação é indicada como objetivo da psicologia comunitária Tanto nos primeiros trabalhos escritos na área como já na década de noventa o bemestar estava implícito na ideia de transformação ou mencionado como o objetivo a ser alcançado através dessa transformação ou mudança Quanto à libertação embora tenha sido uma ideia que teve grande influência na psicologia comunitária que por sua vez forneceu um modus operandi às ideias libertacionistas que surgiram no interior da psicologia social e especialmente daquela referente à política nem teve um lugar predominante na literatura embora tenha sido mencionado especialmente na América Latina Desta forma descobrimos que o primeiro valor geral universal poderíamos dizer que aparece relacionado à psicologia comunitária é a transformação Diversidade justiça e igualdade são valores em que o ser e o fazer mostram a sua união A diversidade de atores sociais dá origem a múltiplas formas de compreensão e construção dos fenômenos vivenciados e das formas de conhecêlos A igualdade permite que todos os agentes envolvidos vejam reconhecida a sua possibilidade e capacidade de gerar conhecimento e expressálo A eles se soma a solidariedade pois a troca de saberes é uma forma de colaborar em união com o outro portanto com capacidade de decisão ação e transformação do seu cotidiano e do seu ambiente Para o primeiro dos princípios mencionados os valores base são a construção do conhecimento ligado à vida à igualdade e ao caráter ativo transformador e criativo do ser humano O valor igualdade está ligado aos da liberdade e da transformação social Uma psicologia que define seus sujeitos como construtores de atores não pode submetêlos à condição de executores de ações prescritas sem discussão dirigidas externamente Isto não significa como por vezes se tem entendido que os agentes externos psicólogos comunitários e outros profissionais não tenham voz ou opinião Eles têm isso e é sua obrigação profissional expressálo e explicálo mas as pessoas que construíram a comunidade têm os seus próprios e possuem conhecimentos que precisam ser ouvidos e incorporados A consciência como condição de conhecimento de realizar de ser e estar como ator no mundo é outro valor assim como a possibilidade dessa consciência se expandir se mobilizar transformar seus conteúdos e com isso é o caráter significado e direção das ações das pessoas Da consciência intimamente ligada a ela surgem a problematização da realidade que se constrói e em que se vive a desnaturalização já mencionada a possibilidade de transformação tanto individual como social na busca do bem estar com definição direção e controle por pessoas Os valores subjacentes aqui são a libertação e o conhecimento O tratamento explícito dos valores na psicologia comunitária 74 Valores e princípios norteadores da psicologia comunitária Maritza Montero Machine Translated by Google Mas Nelson e Prilleltensky 2003 introduzem outra coisa uma classificação de valores feita a partir de uma perspectiva comunitária Vale a pena dizer que até aquele momento e desde o início a psicologia comunitária tinha falado de valores tinhaos incorporado na sua prática nas suas teorias e no seu método mas não os tinha classificado embora tivesse tentado mesmo extensivamente e de forma intensiva alguns desses valores participação poder empoderamento diversidade justiça social solidariedade entre outros Também não recorreu à categorização já clássica feita por Rokeach 1973 porque em vez de fazer um estudo a partir de teorias estabelecidas produziu conhecimentos decorrentes da práxis Os referidos autores consideram que na psicologia comunitária são necessários três tipos de valores pessoais relacionais e coletivos incluindo assim todas as fontes de influência que ocorrem numa comunidade individuais ou subjetivos intersubjetivos e coletivos Os segundos os relacionais são responsáveis por garantir que não haja confrontos entre os outros dois e deles poderíamos dizer que são os caracteristicamente comunitários Colaboração participação solidariedade união diálogo diversidade respeito são valores relacionais São responsáveis pelo reconhecimento do outro no seu carácter único e ao mesmo tempo no seu carácter de pares iguais em direitos e deveres a todos os outros Entre os primeiros indivíduos o direito à constituição de uma identidade pessoal não é apenas um valor desejável mas também um imperativo do processo evolutivo e da saúde mental de cada pessoa Liberdade e igualdade na minha opinião são valores individuais e coletivos Ambos residem no indivíduo e ao mesmo tempo transcendem os seus limites e os do grupo seja qual for a sua dimensão Não se pode ser livre como indivíduo numa sociedade de prisioneiros ou de indivíduos subjugados assim como não se pode ser limitadamente livre ou razoavelmente igual gratuito em alguns momentos ou em algumas situações e não em outras Não iguais entre alguns e inferiores ou superiores entre outros pois nesses casos a inferioridade de alguns e a superioridade de outros marcam a presença de desigualdade Justiça paz equidade bemestar a boa vida libertação o direito de desenvolver uma identidade social são valores coletivos E os três tipos de valores devem atuar juntos de forma sinérgica para alcançar uma perspectiva holística da situação de trabalho e da comunidade que combinada com o que Nelson e Prilleltensky 2003 chamam de responsabilidade faz parte do que consideramos como um compromisso ver capítulo 8 A introdução da ideia de libertação como objetivo fundamental é um avanço Por um lado reconhece expressamente a importância das ideias centradas na opressão e na necessidade de superála nas deficiências na miséria e nas limitações que provocam e por outro destaca o reconhecimento do saber popular da igualdade social e o fortalecimento dos recursos de que as pessoas dispõem pelos quais a psicologia comunitária luta desde o seu início atividade social que visa alcançar o bemestar desejado pois está sempre condicionada ao que os membros da comunidade definem como tal e ao que na troca de conhecimentos que ocorre no trabalho comunitário podem definir como tal Não pode haver bemestar sem libertação Respondem também ao reconhecimento dos limites dos direitos e deveres da autodeterminação e dos desejos pessoais e permitem que cada pessoa se expresse a partir da sua posição e situação e ao mesmo tempo reconheça a presença de interesses e necessidades coletivas Mas é importante notar que as definições específicas para cada grupo bem como para cada cultura variam de acordo com a história comum as condições de vida e as experiências individuais de cada um dos seus membros Vejamos um exemplo a boa vida o que muitas vezes se chama de bemestar Embora existam numerosos estudos sobre a sociedade ideal e a boa sociedade estes estudos têm sido quase sempre realizados em amostras representativas de 75 Valores e princípios norteadores da psicologia comunitária Maritza Montero Machine Translated by Google Todas as sociedades humanas sonharam em alcançar uma sociedade melhor onde existisse uma vida melhor As utopias são prova disso Tanto as retrospectivas a idéia mítica de que no passado houve uma época feliz uma Idade de Ouro quando o maior bem possível foi alcançado quanto as prospectivas a Idade de Ouro um dia chegará apresentam modelos dessa vida boa em o melhor de todas as palavras possiveis E de fato cada comunidade tem a sua forma de construir essa operacionalização do sonho que pelas circunstâncias da vida da história vivida da educação recebida do poder exercido pode ser mais ou menos ampla ou restrita viável ou inviável e sempre funciona entre valores A reflexão comunitária assume os desejos as normas e as motivações contidas nestas definições mas deve mostrar caminhos complementares alternativas maior abrangência restrições éticas que facilitem o acesso Como vemos estes requisitos ajudam mas não resolvem o problema de decidir sobre os critérios adequados e por fim devemos voltar à recomendação de promover reflexivamente os valores já mencionados neste capítulo com base em decisões inevitavelmente marcadas pelo cultura e história mas também orientada pela felicidade desejada pelas pessoas mesmo sabendo que a felicidade é um conceito elusivo geralmente claro a posteriori muito impreciso quando pensado em termos de futuro E talvez seja melhor assim pois você estará sempre em busca da felicidade e nessa busca muitas coisas negativas serão mudadas no presente populações calculadas com base em dimensões e critérios estatísticos e sociológicos o que é muito bom para saber qual é a opinião média de uma representação estatística da população de um determinado local Mas quando trabalhamos com comunidades encontramos grupos específicos que têm uma história comum ver capítulo 8 e que não reflectem na sua composição todo o conglomerado social mas sim partes muito específicas em termos de características demográficas Além disso são constituídos por pessoas únicas com idiossincrasias e modos de ser e de fazer os seus e ao mesmo tempo com uma identidade social comunitária que faz parte de cada um deles mas não os padroniza complementando os e ao mesmo tempo integrando suas individualidades Portanto o que significa uma vida boa pode mudar de uma comunidade para outra E parte do trabalho comunitário envolve o fornecimento de outras concreções do mesmo valor Isso significa que os valores a que nos referimos devem atender a determinados critérios pois não basta que sejam desejáveis Assim Prilleltensky 2001 considera que existem quatro requisitos que um valor deve cumprir para orientar eficazmente o trabalho comunitário Orientar os processos que conduzem a um cenário ideal Para este autor este cenário é a ideia de uma boa sociedade que temos Isto já introduz uma nuance relativa e indica como os valores também respondem às condições sociais em que se vive e portanto a mudança social que se pretende está sujeita à tensão entre diferentes fontes de valores numa mesma sociedade e entre sociedades Evite o dogmatismo e o relativismo O primeiro impõe certos valores a outros determinados por um grupo dentro de uma sociedade O relativismo considera todos eles no mesmo plano levando assim à paralisia ou à inconstância desorientadora Os valores devem ser complementares e não contraditórios entre si Mais uma vez neste critério vemos que surge o problema da pluralidade de valores e a dificuldade em decidir quais são os melhores ou mais adequados Prilleltensky 2001 752 recomenda que sejam consistentes internamente ou seja que aqueles que orientam um grupo sejam consistentes entre si Promover o bemestar pessoal coletivo e relacional Ou seja levam a ações com resultados satisfatórios tanto para as pessoas quanto para o grupo e para as relações entre eles 76 Valores e princípios norteadores da psicologia comunitária Maritza Montero Machine Translated by Google 2 Colocar e depois formular objectivos de acordo com essas concepções de mundo sociedade comunidade e pessoa Tudo isso poderia ser resumido em fazer o que se diz e dizer o que se faz indicando por que se faz A psicologia comunitária aponta que a participação e o comprometimento são fundamentais para sua práxis e de fato transforma a pesquisaação ao incorporar como participantes aqueles que antes eram chamados de sujeitos de pesquisa Isto significa como já foi dito que estes participantes têm o direito de intervir na investigação como agentes ativos com direito de palavra voto e veto O ponto 1 da lista anterior deverá ser discutido com os participantes bem como as ações a realizar e a sua avaliação Os pontos 2 e 3 são muito reveladores das concepções indicadas no ponto 1 e das possíveis inconsistências Podemos declararnos profundamente democráticos mas se os objectivos do trabalho não responderem aos interesses da comunidade e se os modos de acção empregarem membros da comunidade mas não os consultarmos sobre quando como onde porquê e para que qual o propósito dessas ações e práticas não só haverá uma direção autocrática mas também a Eu poderia ter copiado o subtítulo que Nelson e Prilleltensky 2003 usaram Ameaças à prática orientada para valores mas pareceme que essa frase poderia levar à suposição de que existe prática que não é orientada para valores e não creio que exista prática que não seja orientada para valores Eles não precisam ser mencionados explicitamente para que existam Se voltarmos à definição dada no início deste capítulo os valores são aqueles modos de comportamento e estados finais de existência que nos dizem como ir e para onde ir A psicologia comunitária baseiase em valores eticamente desejáveis ou seja pautada pelo respeito e consideração pelo próximo pela harmonia e pelo que é considerado positivo no mundo em que vivemos Mas podíamos encontrar grupos comunidades ou sociedades para os quais a violência ou a perfeição física como foi o caso em Esparta onde foram eliminados os recémnascidos com defeitos congénitos eram um valor Ou sociedades que não falam de valores mas cujas ações revelam os valores que as norteiam ou ainda grupos que declaram o seu apego a determinados valores socialmente aprovados e cujas ações os contradizem O trabalho comunitário deverá então 1 Explicitar os valores que o orientam indicando a sua concepção de mundo de sociedade desejável de comunidade procurada de pessoa Isto não nos deveria levar a pensar que temos de fazer grandes declarações de princípios Não se trata de longas disquisições mas de coerência entre o que é dito planeado ou desenhado feito corrigido avaliado e celebrado e o porquê e para que se faz E algumas linhas e palavras são suficientes 3 Conceber e utilizar modos de acção consistentes com estes objectivos e propósitos finais Perigos associados a uma práxis que admite basearse em valores aos benefícios desejados Não se pode ter conhecimento e não o partilhar tal como não se pode conhecer os benefícios dos modos e rotas de acção e ocultálos Por isso é necessária uma reflexão em que a informação seja discutida processada e enriquecida Não apenas prescrições éticas e morais ou determinações científicas não apenas experiência vivida Nem a filosofia moral nem as contribuições da área são suficientes por si só Nelson e Prilleltensky 2003 Eles precisam ser validados na prática E o que a psicologia comunitária busca é alcançar livremente a boa vida bemestar através do conhecimento construído reflexivamente por quem a busca mesmo sabendo que a boa vida sempre pode ser melhor que o objetivo final está sempre mais lá porque é uma característica humana estar insatisfeito com o que foi alcançado e o desejo de transcender o atual para alcançar um futuro sempre melhor Processo no qual as sociedades são construídas e o mundo em que vivemos é transformado 77 Valores e princípios norteadores da psicologia comunitária Maritza Montero Machine Translated by Google Além disso devemos estar atentos a determinadas situações e fatos que podem introduzir essas contradições entre o dizer e o fazer comunitário em relação aos valores assumidos como norteador ético Por exemplo planeamento desorganizado que leva à incoordenação entre objectivos planos e modos de acção e direcções específicas Numa cadeia de erros desentendimentos e mera boa vontade mal coordenada é muito fácil falar de bemestar de visão global da situação holismo de compromisso e participação de solidariedade e identidade e depois trabalhar de acordo com a pressão de o momento de forma reativa e não planejada com objetivos claros E daí até confundir valores coletivos individuais e relacionais com desejos pessoais formas preferidas de agir e fazer do meu jeito a distância é pequena Ao explicar os valores que sustentam um programa é possível que haja choques de interesses com outros programas ou instituições que possam estar promovendo aspectos opostos Por exemplo gerar um programa que busque a solidariedade a colaboração a autonomia grupal a diversidade e em geral formas afiliativas de relações sociais em uma sociedade autoritária que exalta a agressividade acarreta riscos e perigos que podem levar a ataques físicos 78 Uma boa forma de saber se os valores enunciados num programa comunitário ou anunciados na sua promoção estão presentes é perguntar como foram incorporados nos objetivos e nos procedimentos técnicas formas ou formas de atingir esses objetivos Por exemplo estamos falando de libertação Ok então vamos examinar as respostas às seguintes perguntas Que tipo de problemas o programa enfrenta Porque ele faz isto A quem se destina o programa Com quem você trabalha O que o programa faz para que os participantes reflitam sobre aspectos naturalizados relacionados ao seu cotidiano Que formas de mobilização de consciência ocorreram entre os participantes Como é que os participantes fortalecem as suas capacidades e recursos Como você faz com que eles desenvolvam novos Existem pessoas da comunidade nos locais de controle e direção do programa Que grau de comprometimento os participantes demonstram com o programa Os participantes consideram que o programa lhes pertence É um erro comum pensar que todos entendem os valores da mesma forma e que portanto todas as comunidades e todos os programas podem ser orientados da mesma forma Portanto é necessário discutir as finalidades e objectivos de cada programa possível com aqueles a quem se dirige e que dele participarão Só assim é possível saber como entendem determinados valores que se supõem universais Ou seja é preciso levar em conta a visão cultural e histórica da comunidade Poderíamos fazer muitas outras perguntas mas estas já indicam se há ou não um caráter libertador no programa em questão Uma boa prática é colocar questões sobre programas específicos que conhecemos e dependendo das respostas que recebermos proceder ao fortalecimento das áreas onde as respostas são contrárias ou nulas no que diz respeito ao valor que os suporta e cujos requisitos devem ser alcançados participação nem a autonomia nem a libertação por exemplo estarão presentes A história está repleta de perseguições empreendidas e sofridas pela defesa de certos valores Em geral declarar os valores que sustentam um trabalho é sempre um ato ousado temerário mas também necessário Entre os riscos corridos o mais perigoso poderá advir dos confrontos acima indicados Outros virão dos pontos que nos possam ser apresentados relativamente à escolha feita porquê esses valores e porque não outros Aviso que não é possível fugir desse tipo de crítica Então quando confrontado com essa questão pareceme Valores e princípios norteadores da psicologia comunitária Maritza Montero Machine Translated by Google Este capítulo trata do caráter avaliativo intrínseco da geração da psicologia comunitária que desde os seus primórdios e em todas as áreas do seu surgimento se mostrou orientada por valores que explicitou tanto na sua prática como nas suas teorias Desta forma a psicologia comunitária manifesta uma concepção ética e paradigmática que opta por definir os aspectos normativos e avaliativos que norteiam a sua acção e que representam uma concepção do ser humano da sociedade em que vive e da sociedade em que poderia live e uma concepção da relação de produção de conhecimento Eles motivam e direcionam a regulamentação em ação ao mesmo tempo que definem o objetivo a ser alcançado Leitura adicional Certamente quando este livro for impresso já o estará publicou o trabalho coordenado por Nelson e Prilleltensky Psicologia Comunitária em Busca da Libertação e do BemEstar Novo Resumo Os valores da psicologia comunitária estão relacionados com os princípios que moldaram a sua constituição e que influenciam Na verdade existe uma interrelação constitucional entre eles Podem ser classificados como relacionados ao ser e relacionados ao fazer dos atores comunitários mas sempre entendendo que o ser e o fazer não estão separados e que os princípios e valores atuam em conjunto Os textos e em geral os trabalhos relacionados com esta área do conhecimento nem sempre dedicam um espaço especial à discussão ou análise dos valores que norteiam a psicologia comunitária embora na maioria deles se possam encontrar menções relacionadas com aqueles que foram tratados neste capítulo particularmente aqueles que visam alcançar a transformação baseada no bemestar o desenvolvimento de uma condição social baseada na liberdade na justiça no respeito na solidariedade na participação no compromisso na autonomia e na obtenção de formas harmoniosas de equilíbrio com o meio ambiente A par da referida organização de valores e princípios discutese também aquela feita por Nelson e Prilleltensky 2003 em termos pessoais relacionais e coletivos Da mesma forma alegase a necessidade não só de explicitar os valores que norteiam a práxis comunitária mas também de que esta práxis seja coerente com eles apontando alguns passos para verificar este aspecto E por fim discutemse os perigos inerentes a esse fazer e dizer que expõe os seus valores e a sua orientação ética expondose consequentemente ao evidenciar das contradições e à sua verificação na práxis Por outro lado pode acontecer que a imposição ou o autoritarismo resida em quem dirige ou prepara o programa quando acreditam obstinadamente na qualidade oportunidade adequação e superioridade dos seus valores sobre quaisquer outros que lhes sejam propostos E isso é um perigo porque quando há participação há diversidade de opiniões e é comum que haja opiniões divergentes e até contrárias Tanto entre os agentes externos como internos é possível encontrar pessoas que querem impor os seus valores a todo custo seja através do confronto da manipulação ou de ameaças mais ou menos explícitas Se tais divergências não forem discutidas permanecerão dentro do grupo e poderão levar a desvios dos objetivos e dos meios para alcançá los Ou podem silenciar aqueles que têm valores diferentes levandoos a separarse do projecto ou a desinteressarse dele É válido responder só porque ou dar uma explicação longa e detalhada da sua orientação ética se houver tempo para isso York Palgrave Macmillan do qual recomendo especialmente a leitura do terceiro capítulo 79 Maritza Montero Valores e princípios norteadores da psicologia comunitária Machine Translated by Google Montero M 1998 A comunidade como objetivo e sujeito da ação social em A Martín González ed Psicologia Comunitária Fundamentos e aplicações Madrid Síntese pp 210222 Este capítulo apresenta informações gerais sobre o tema no contexto psicológico comunitário Exercício problematizador sobre a relação entre valores e trabalho comunitário Pegue algum programa social governamental não governamental ou privado voltado para a comunidade e analise quais valores o norteiam Para isso perguntese Que tipo de transformação ou desenvolvimento individual você deseja alcançar nos membros da comunidade participantes do programa Através de que meios Que modos de relacionamento entre as pessoas a quem o programa se dirige são incorporados emergem ou são fomentados durante a execução do referido programa Que tipo de transformação comunitária o programa propõe Ele está alcançando ela Como Qual é a visão da comunidade que emerge da proposta do programa e da sua execução Que tipo de relação se estabelece entre a comunidade objeto do programa e a sociedade a que pertence Lañe S e Sawaia B 1991 Psicologia ciência ou política em M Montero coord Ação e discurso Problemas de psicologia política na América Latina Caracas Eduven pp 59 Perguntas para refletir sobre valores no trabalho comunitário Que valor ou valores você considera essencial para realizar o trabalho comunitário Por que a psicologia comunitária assumiu os valores apresentados neste capítulo Qual é a finalidade dos princípios e valores que norteiam a psicologia comunitária É realmente necessário que o trabalho comunitário seja baseado nos valores mencionados neste capítulo 85 Embora este texto não trate diretamente de valores seu conteúdo é inspirado nos valores mencionados neste capítulo e deve ser lido por seu caráter crítico Valores para psicologia comunitária Allí se tratan las fuentes de los valores sustentados por la subdisciplina se discuten las formas de encontrar un equilibrio entre los valores personales relaciónales y colectivos y se analizan las maneras de llevar a la práctica los valores promulgados y de lidiar con las amenazas a os mesmos 80 Quem é responsável pelo que acontece durante a execução do programa Indique os valores que sustentam cada um desses aspectos Maritza Montero Valores e princípios norteadores da psicologia comunitária Machine Translated by Google Uma das primeiras preocupações que surgiram no campo do trabalho psicológico comunitário foi sistematizar a acção desenvolvida pelos psicólogos que quer conscientes de iniciar um novo campo da psicologia quer ignorandoo tinham muito claro que a forma de fazer predominante na profissão e o ensino nas salas de aula da época anos setenta na América Latina meados dos anos sessenta nos Estados Unidos não era apropriado para a nova prática que estava começando Neste sentido destacouse o catalisador ou facilitador ou promotor da mudança social que os psicólogos comunitários devem ter como agentes de mudança A isso se soma seu caráter de educador em sentido amplo e de interveniente em situações ou processos de interesse comunitário Montero 1982 Serrano García e Irizarry 1979 A psicologia comunitária exige uma combinação de papéis dos profissionais que a praticam ou O que fazem os profissionais de psicologia comunitária Isto se manifesta com maior ou menor grau de clareza em muitos dos primeiros manuais e artigos então publicados nos quais se procurava definir a tarefa e como fazêla Escovar 1979 Montero 1980 1982 SerranoGarcía e Irizarry 1979 Assim em 1982 já era evidente que o novo ramo procurava dar uma resposta eficiente aos problemas das sociedades cujos efeitos psicológicos sobre o indivíduo não só os limitam e perturbam mas também os degradam e pior ainda tornamse geradores de elementos que mantêm a situação problemática Montero 1984 391 Isto é como já repeti muitas vezes o objectivo era criar uma psicologia socialmente sensível que face aos problemas sociais não só os estudasse redefinindoos em diagnósticos formulados em termos científicos descrevendo sistematicamente as queixas das pessoas mas também o que permitiria ao mesmo tempo realizar intervenções que os transformassem durante o próprio processo de estudálos E mais ainda reconheceuse que para realizar tal coisa era necessário trabalhar em conjunto com as pessoas afetadas pela situação envolvidas na situação atores sociais na situação Isto significou Diagnosticar em conjunto com as pessoas da comunidade a partir de situações que constituem um todo Esteja ciente dessa totalidade Estabelecer com os atores sociais localizados na demanda o problema ou desejo a ser satisfeito e com aqueles localizados na situação a ser estudada e na qual intervir uma relação peculiar de colaboração cooperação e troca de conhecimentos psicológicos e populares esta última proveniente de múltiplas fontes incluindo subculturas de investigadores e comunidades Sobre este aspecto já em 1959 e depois em 1978 Fals Borda falava do intercâmbio entre conceitos e factos observações apropriadas acção concreta ou prática relevante para determinar a validade do que foi observado e da reflexão de acordo com os resultados da prática e produção de preconceitos ou abordagens ad hoc num novo nível 1978 224 Portanto ter uma compreensão diferenciada das pessoas com quem trabalha pois elas não serão vistas como sujeitos passivos ou destinatários inertes de ações e serviços psicológicos mas como atores sociais construtores de sua realidade Definir o papel do psicólogo comunitário como o de agente de mudança ligado à detecção de potencialidades recursos capacidades ao fortalecimento e implementação das mesmas e à mudança nas formas de interpretar construir e influenciar a realidade Montero 1982 RiveraMedina 1992 SerranoGarcía López e RiveraMedina 1992 Trabalho comunitário CAPÍTULO 6 81 Maritza Montero Trabalho comunitário Machine Translated by Google Wiesenfeld e López Collazo e Gorrín Quintal de Freitas 82 19902003 Kelly 1966 Serrano Garcia Stenmark 1977 Glidewell 1977 Sánchez Vidal e González Gabaldór sf Peralta 1998 Intervenção e apoio psicossocial Bravo Vick Rosário Tabela 5 Atividades consideradas como prática profissional dos psicólogos comunitários Glidewell 1977 O papel do psicólogo comunitário foi definido não como o de um especialista dono do conhecimento que se relaciona com quem não sabe mas como o de alguém que tem conhecimentos que lhe permitem agir mas que ao mesmo tempo precisa conhecimento possuído por esse interlocutor agente de sua própria transformação com quem precisará trabalhar interativamente para produzir as transformações acordadas entre ambos Por isso falamos de agentes externos psicólogos e de agentes internos os interessados das comunidades Montero 1982 Rappaport 1977 SerranoGarcía e Irizarry 1979 Rapport 1977 Heller e Monahan 1977 Consulta Branco 1998 19971998 Sanches Gregório 2001 Peralta 1998 Newbrough 1973 Bravo Vick Rosário Sánchez Vidal 1996 e Collazo e Gorrín 19661975 Saforcada 1992 Bennet et al 1966 Heller 1970 Kelly 1986 Heller 1970 Serrano Garcia No quadro 6 apresento uma síntese das práticas coletadas pela literatura entre 1966 e 2003 apontando os papéis atribuídos aos psicólogos comunitários e as práticas específicas correspondentes a cada um deles Escusado será dizer que estes papéis não são mutuamente exclusivos mas complementares na maioria dos casos Da mesma forma é claro que a prática da psicologia comunitária abrange quatro grandes áreas de prática profissional nos diferentes ramos da ciência Prevenção especialmente primária com a promoção de comportamentos considerados desejáveis de acordo com várias concepções do que é desejável Intervenção muitas vezes ligada à investigação com sentido participativo Pesquisa Avaliação Talvez devêssemos dizer uma forma diferente de ser psicólogo combinando intervenção ensino interactivo investigação e avaliação Isto foi claramente expresso por SerranoGarcía e Irizarry 1979 no conceito de intervenção na investigação e está também presente na utilização da investigaçãoacção participativa e no seu desenvolvimento no campo comunitário Montero 1994a 2000b 19761989 Ecologia Maritza Montero Trabalho comunitário Machine Translated by Google Collazo e Gorrín Saforcada 1992 Prilleltensky 2003 Reforço Heller 1970 Muñoz Vázquez Montero 1998a Santiago Bemestar e libertação Rapport 1981 1984 Garcia Bravo Vick Prilleltensky 2003 Democratização García e Perfecto Bravo Vick Rosário Montero 2000a Montero 1984a Nelson e 1992 Sánchez Vidal 1996 Nelson e Prilleltensky 2003 Avaliação Freitas 1997a1998 Sánchez Wiesenfeld e López Blanco 1998 Produção de conhecimento em pesquisa científico e popular Montero 1984a Rapport 1977 Escovar 1979 Montero 1980 1984a Montero 1995a 1998b Highlander Nelson e Santiago Serrano Montero 1984a 83 Montero 2003b 1992 Serrano Garcia Prilleltensky 2003 García e Perfecto 1983 Montero 1991a 1991b Saforcada Nelson e Gorrin Peralta 1998 Glidewell 1977 Montero 1991a 1991b Quintal de Freitas 1997a1997b1998 Montero 1984a Promoção de valores Prilleltensky 2003 Agente de mudança social Peralta 1998 SerranoGarcía 1992 Conhecimento Glidewell 1977 Stenmark 1977 Sánchez Vidal e González Gabaldón sf Prilleltensky 1994 Macksoud e Cantera Highlander Nelson e 1987 Serrano Garcia 1984 Rosário Collazo e Sánchez Vidal 1996 Desenvolvimento político defesa social Prilleltensky 2003 1992 Montero 1994a Quintal de Nelson e e de Trabalho comunitário Maritza Montero Machine Translated by Google Trabalho comunitário e produção de conhecimento Nelson e Prilleltensky são os coordenadores do trabalho que também contém artigos de sua autoria Os aspectos apresentados estão distribuídos nos vários capítulos que compõem o livro e respondem a um consenso quanto à orientação comparada pelos diferentes autores incluindo a deste trabalho Collazo e Gorrín Peralta 1998 Bravo Vick Rosário 84 Serrano Garcia Provavelmente porque são mantidos sob análise contínua o que se traduz em algumas avaliações superficiais que por não encontrarem as denominações formais não conseguem reconhecer o uso da teoria na práxis cotidiana Sánchez Vidal 1996 E isso tem consequências para a produção do conhecimento pois os psicólogos comunitários não se enquadram na categoria dos profissionais que consideram que a teoria se faz e nasce atrás de uma secretária ou que a prática é apenas uma questão de caminhar no campo mas sim que têm bem compreendido que é o produto de um movimento dialético e até analético ver capítulo 3 em certos casos que une a prática com a reflexão para renovar a ação enquanto produz uma teoria informada Como já disse Rappaport 1977 114 sua diferença com o modo de fazer psicologia aplicada da época residia no fato de que eles interpretam que a preocupação com o bemestar social significa tomar ações diretas para reduzir os males contemporâneos Isto significa que existe um interesse evidente direto e explícito em colocar o seu trabalho ao serviço da sociedade mas ao mesmo tempo como aqui foi afirmado e como foi demonstrado nos últimos trinta anos há um constante exame da prática que vem produzindo um corpo teórico em constante construção Neste sentido é interessante e também divertido verificar que nesta reflexão constante a maior preocupação no âmbito do campo comunitário é procurar a compreensão dos fenómenos estudados aprender com os fenómenos em que se intervém assumir o carácter heurístico tanto dos acertos em relação aos erros quanto em muito menor grau de anunciar formalmente a criação de teorias Glidewell 1977 Reconhecese também que dado que a ação transformadora provém de pelo menos duas fontes de fora e de dentro da comunidade ela atua portanto em dois sentidos ambos os sujeitos da relação serão transformados Ambos os campos de relacionamento comunitário e disciplinar da psicologia irão adquirir conhecimento produzindo uma relação dialética de transformações mútuas Montero 1982 390 Nelly 1966 A psicologia comunitária surge num momento de mudança paradigmática ver Capítulo 1 Isto fica evidente na concepção da tarefa psicológica da psicologia comunitária que coloca o centro de gravidade do controle e do poder na comunidade deslocandoa dos psicólogos como agentes externos para atores sociais pertencentes à comunidade Montero 1982 Tal concepção supõe então dois tipos de sujeitos ambos ativos ambos produtores de conhecimento os psicólogos agentes externos em processo de atuação de acordo com seus conhecimentos psicológicos científicos e culturais e pessoas das comunidades agentes internos nesse mesmo processo processo com o seu conhecimento historicamente produzido com o seu conhecimento sobre a sua comunidade os seus problemas e a sua cultura Terapia Maritza Montero Trabalho comunitário Machine Translated by Google 2 Respeito ao Outro seja ele quem for 4 Não oculte nem omita informações que possam ser úteis às pessoas com quem você trabalha 5 Modéstia em dois sentidos primeiro entendida como aceitar que há coisas que não se conhecem e que é preciso saber que é necessário aprender e que a aprendizagem pode vir não só de centros de conhecimento estabelecidos mas também de lugares pessoas e situações inesperadas E em segundo lugar como propôs Fals Borda 19701987 no sentido de não desprezar os aspectos simples cotidianos os fenômenos aparentemente triviais pensando que só os grandes acontecimentos são dignos de intervenção e investigação A humanidade não tem limites pois faz parte da natureza e todos os seus aspectos merecem ser objeto de estudo e artesanato 6 Portanto esteja aberto à surpresa à dissidência à contradição à correção e à dúvida E quando ocorrer algum destes verifique reveja as fontes documentadas e a experiência vivida consultar comparar contrastar opiniões diferentes E uma vez que você tenha uma posição ou opinião pessoal discutaa levantea e defendaa e também esteja disposto a abandonála e modificála diante de argumentos e fundamentos mais bem fundamentados e convincentes Que condições são então necessárias nos psicólogos comunitários Apontar as qualidades que um profissional deve ter é algo que se enquadra no campo dos valores e do que deveria ser pois faz parte do ideal que orienta a ação concreta Portanto embora esta seja uma área que se supõe essencial e portanto correria o risco de ser tratada como imutável sabemos que de tempos em tempos avanços ou novas ideias transformações sociais necessidades e aspirações culturalmente estabelecidas bem como as concepções de bem e mal que predominam em uma sociedade geram diferentes perfis do ser em cada uma de suas funções específicas 3 Aceitação da diversidade do Outro reconhecendo o seu direito de ser igual a nós A resposta à questão então referirseá a um campo da psicologia que como observado nos capítulos 1 e 2 surgiu para tentar responder a necessidades sociais marcadas por desigualdades insuportáveis e consequentemente dedicar seus esforços para trabalhar com esses processos psicológicos que possa garantir que as pessoas produzam transformações sociais que as libertem das condições de privação submissão exclusão e que lhes permitam alcançar o bemestar que desejam A partir desta base podemos elencar as seguintes condições que hoje são consideradas necessárias para a prática da psicologia comunitária 1 Sensibilidade social e sentido de justiça social Condições necessárias para ser psicólogo comunitário 7 Saiba ouvir e esteja disposto a fazêlo 9 Não tente praticar psicologia comunitária se não estiver disposto a agir de acordo com os valores do respeito pelo Outro ver capítulo 5 e de acordo com as condições anteriores As primeiras quatro condições são essencialmente éticas O quinto e o sexto respondem a qualidades pessoais que nem sempre estão presentes nos profissionais mas que podem ser adquiridas na prática e que também podem ser encontradas em outras áreas da ciência O sétimo e o oitavo podem ser adquiridos com treinamento e prática adequados A nona envolve autoanálise e um sério exame interno ao mesmo tempo em que retorna ao campo ético 85 8 Coloque o seu conhecimento a serviço das transformações necessárias e desejadas pelas pessoas com quem irá trabalhar Trabalho comunitário Maritza Montero Machine Translated by Google Quando se trata de relacionamento humano em comunidade e em liberdade tudo isso e muito mais é possível O escopo do trabalho comunitário Onde os psicólogos comunitários fazem seu trabalho Certa vez iniciei a ministração de um curso de psicologia comunitária no Departamento de Psicologia Social da Faculdade de Psicologia da Universidade Central da Venezuela citando alguns versos do dramaturgo e poeta alemão Bertolt Brecht porque me parece que suas palavras indicar para onde ir e por que fazêlo Esses versos são os seguintes Sob o familiar descubra o incomum sob o cotidiano encontre o inexplicável tudo o que é chamado de habitual pode te preocupar na regra descubra o abuso e onde quer que o abuso se manifeste 86 Isto não significa igualdades planas em que desapareçam as diferenças individuais as capacidades diferenciadas os compromissos desiguais a participação mais ou menos activa e mais ou menos efectiva bem como os erros pessoais e colectivos Tratase de oportunidades iguais para todas as pessoas envolvidas no trabalho comunitário Tratase de um trabalho comunitário como o próprio nome indica envolvendo um grupo de tamanho indefinido em que todos os seus membros podem dizer o que pensam aprovam desaprovam ou discordam e sobretudo agir discutir e refletir sobre o que foi feito As comunidades não são utopias urbanas ou rurais nem estão isentas de conflitos e desastres Portanto ao trabalhar com eles você está trabalhando com seres humanos específicos cada um com suas idiossincrasias e cada comunidade com sua situação específica suas características únicas e seus elementos semelhantes a outros grupos por isso embora a psicologia comunitária apresente princípios e diretrizes gerais ao mesmo tempo alerta quem o exerce e analisa que é necessário que estes princípios e diretrizes sejam aplicados com base nas condições de cada comunidade particular Um aspecto relacionado a essas características do trabalho dos psicólogos comunitários diz respeito à noção de poder geralmente relacionada ao controle do conhecimento Ao admitir a atuação conjunta e a existência de conhecimentos diversos convergindo para uma mesma situação para um mesmo problema e provenientes de vários atores sociais psicólogos líderes comunitários e não comunitários diversas pessoas da comunidade outros profissionais relacionados com a comunidade prestadores de serviços de serviços ligados à comunidade entre outros o equilíbrio de poder e o controle das ações não residirão em um único grupo normalmente agentes externos definidos como técnicos ou especialistas mas serão distribuídos entre os diversos agentes Certamente em comunidades marcadas pela privação socioeconómica os agentes externos com o rótulo profissional tendem a ser vistos correctamente como pertencentes a um estatuto socioeconómico mais elevado mas o trabalho comunitário começa por estabelecer relações de respeito entre todas as pessoas envolvidas na relação e quando considerando o bemestar e o fortalecimento das pessoas para que possam exercer a sua condição de cidadãos e se reconhecerem como tal exercendo os seus deveres e usufruindo dos seus direitos devese criar uma relação dialógica em que as diversas vozes com a sua variedade de sotaques têm a mesma oportunidade de se fazerem ouvir de intervir de serem ouvidos e de receber uma resposta É essa interação viva e frutífera que nos permite aprender uns com os outros ensinandonos uns aos outros Poder e exercício da psicologia comunitária Trabalho comunitário Maritza Montero Machine Translated by Google Saúde da comunidade Ecologia Mudança social Ecologia Período Inclusão social Democratização e inclusão social 19901999 19801989 Reforço Tabela 6 Objetivos da psicologia comunitária ao longo do seu desenvolvimento 19662003 Mudança social Estes versos são de um poema intitulado A exceção e a regra e embora não acredite que nós que trabalhamos no campo comunitário devamos aspirar à santidade através do martírio creio que neles está a essência do compromisso da curiosidade científica desacordo com o status quo que leva a trabalhar pela transformação da sociedade Y creo también que tales condiciones son simplemente humanas pues no otra cosa ha hecho la humanidad en su historia estar insatisfecha con el estado de las cosas invertir vías para superar sus insuficiencias rebelarse contra los abusos y tratar de ponerles remedio una y outra vez Portanto para trabalhar em comunidades é preciso um pouco ou muito disso tudo O poema para tranquilidade ou consternação dos leitores posso dizer que não causou suicídios nem produziu revoluções mas devo também dizer que alguns psicólogos comunitários muito bons e muitos outros bons psicólogos comunitários se formaram nessas salas de aula e muitos mais graduados também se formaram optando por outras áreas de especialização psicológica Prevenção primária Mudança social Democratização e inclusão social Suporte social Saúde mental na comunidade Prevenção primária Casa 19661969 Saúde da comunidade Conscientização Ecológica 87 Prevenção primária Objetivos definidos em cada período Prevenção primária Saúde da comunidade Preocupação e busca de soluções para problemas sociais 19701979 Conhecimento A relevância que encontro nos versos do poema citado está relacionada com os objetivos que a psicologia comunitária definiu como seus tanto na América Latina como nos Estados Unidos No quadro 6 apresento esses objetivos indicando em que período aparecem e se são mantidos ou não ao longo dos quase quarenta anos de psicologia comunitária praticada sistematicamente encontre o remédio Inclusão social Fortalecimento de grupos socialmente desfavorecidos Trabalho comunitário Maritza Montero Machine Translated by Google Democratização e inclusão social Reforço Prevenção primária Na Tabela 6 é possível ver como certos objectivos persistem por exemplo prevenção primária ou reforço enquanto outros mudam ao longo do tempo Por exemplo a saúde mental na comunidade é um conceito que quase imediatamente começa a transformarse e a ser substituído por um conceito mais amplo e abrangente a saúde comunitária O objetivo relativo à ecologia esteve muito presente nas décadas de setenta e oitenta recordese o surgimento das teorias ecológicotransacionais ou ecológicoculturais Heller 1970 Heller e Monahan 1977 Newbrough OGorman Dockecki e Moroney 1981 entre outros mas então sua presença é escassa na literatura apesar de a proposta básica ser evidente em muitos escritos A libertação começou a aparecer na década de noventa na América Latina e fez a sua entrada formal na cena americana em 2003 Nelson e Prilleltensky 2003 Da mesma forma o bemestar aparece explicitamente desde 2000 A mudança social ocupou um lugar central tanto na América Latina como nos Estados Unidos desde o final da década de 1970 tal como a inclusão social e a prevenção primária E desde a década de 1980 o fortalecimento dos grupos sociais com os quais trabalhamos a inclusão social a democratização que isso acarreta e a sensibilização estão presentes em grande parte da literatura produzida nas Américas Mudança social Conhecimento Liberação de bemestar 20002003 Mas o descontentamento e as críticas não diminuíram e viraram as suas armas contra a própria disciplina Assim Gregory 2001 queixase amargamente de como os objectivos que fizeram a diferença em 1966 nos Estados Unidos parecem na sua opinião ter sido confusos ter sido desacreditados e o entusiasmo parece ter diminuído Gregory continua dizendo dado o estado do mundo hoje em dia a única conclusão possível é que embora o espírito da psicologia comunitária possa estar presente esse espírito caiu tão baixo que a base da promessa ainda é lá em grande parte ausente Gregory 2001 482 88 Tal como indicado na tabela 6 e também afirmado nos capítulos 1 e 2 a psicologia comunitária surge como uma resposta à insatisfação e como uma via alternativa às práticas dominantes na psicologia dos anos sessenta e à época na nossa América como a necessidade de produzir uma psicologia que responda aos problemas das nossas sociedades e à situação dos sectores socialmente desfavorecidos da população Estas palavras dramáticas ignoraram os desenvolvimentos florescentes levados a cabo nas suas Este último não significa que sejam os únicos grupos sociais com os quais os psicólogos comunitários trabalham uma vez que é possível e de facto que o trabalho comunitário afecte outros sectores sociais Mas muitos psicólogos latino americanos optaram por realizar o nosso trabalho com grupos socialmente desfavorecidos1 uma vez que a transformação social é indicada como um dos objetivos centrais desta subdisciplina da psicologia Trabalho comunitário Maritza Montero A consideração da desvantagem social evidenciada por todas as ciências sociais pelos meios de comunicação social pela literatura pelas ciências da saúde pelas estatísticas das organizações nacionais e internacionais não significa desvantagem cultural ou total incapacidade ou imobilidade Faço esta observação porque por vezes é possível encontrar uma certa polarização em relação a estes grupos não ver os seus recursos espirituais e culturais e considerálos como entidades indefesas ou pelo contrário ver as suas capacidades criativas e simbólicas e não perceber que eles sofrem deficiências terríveis 1 Machine Translated by Google Não podemos encerrar este capítulo sem mencionar as áreas que com base nos objetivos indicados na Figura 2 foram desenvolvidas no campo da psicologia comunitária nos últimos trinta e cinco anos Primeiramente a psicologia comunitária atuou sobre dois dos ramos da psicologia que promoveram o seu surgimento a psicologia social e a psicologia da saúde que inclui aspectos clínicos e aspectos de saúde Na verdade especialmente na América Latina uma grande parte da investigação e da intervenção também muitas vezes combinadas foi dedicada à solução de problemas sociais Um efeito disto é claramente reconhecível numa área que tem sido chamada de ambiente comunitário e que como o seu nome indica ultrapassa a linha entre a psicologia ambiental e a psicologia comunitária Os trabalhos de Wiesenfeld seu trabalho de 2000 resume muito bem o ponto são ilustrativos da produção neste novo campo e mostram como a participação comunitária pode realizar transformações extraordinárias e conquistas de enorme utilidade para as pessoas das comunidades E há também indícios de uma produção de interesse em relação à psicologia política que como já apontei em outra ocasião Montero 1998b 2003 assume em si um caráter político ao constituir certas obras voltadas à transformação social à formação da cidadania a promoção do desenvolvimento da consciência cívica e portanto a formação da sociedade civil Há também uma prática escolar comunitária e outra prática organizacional comunitária em que os princípios valores objetivos e métodos da psicologia comunitária convergem com as práticas escolares incorporando a comunidade organizada à tarefa de educar formalmente ou no caso das organizações permeando as formas de produzir seu desenvolvimento por meio de consultoria intervenção participativa e técnicas de pesquisa Áreas de aplicação na psicologia comunitária próprio país em Michigan e Illinois na Universidade Vanderbilt no Tennessee e na Universidade do Kansas para citar apenas uma grande área e dois importantes centros de desenvolvimento comunitário A ignorância do que estava acontecendo em outras áreas daquele mundo cujo destino o preocupava é óbvia O interessante é que parece ser o caso de ver meia garrafa vazia e não meia garrafa cheia Na verdade existem desenvolvimentos comunitários que têm pouca semelhança com a prática que se desenvolveu em locais como os mencionados acima para os Estados Unidos ou no Brasil Colômbia Costa Rica Porto Rico e Venezuela mas ao mesmo tempo e como se pode verificar nos dados da tabela apresentada existe um núcleo de objectivos que se manteve firme e até foi enriquecido Mas é preciso compreender que à medida que uma disciplina se desenvolve e se expande não é possível esperar que todos aqueles que a praticam sigam os mesmos princípios objetivos e métodos por mais desejáveis que sejam A ciência não é um culto ou uma seita nem responde felizmente a ordens estritas Ao mesmo tempo uma parte considerável dos esforços do novo ramo está direcionada para trabalhar pela saúde comunitária um campo em que o social o clínico e a saúde se uniram produzindo resultados interessantes Com efeito na última década tem vindo a desenvolverse uma área clínica comunitária cuja definição se vai construindo na práxis de jovens psicólogos clínicos interessados em responder aos problemas clínicos presentes nas comunidades gerando uma prática que sai do consultório e chega as áreas em que o comportamento é formado deformado reformado e transformado e com ele a vida das pessoas Em todas estas áreas costumase destacar o trabalho que visa detectar formar e fortalecer lideranças a respeito do qual é importante dizer que embora seja verdade que é reconhecido e recomendado pela literatura é necessário alertar que o trabalho comunitário não deve permanecer apenas no intercâmbio com líderes consagrados mas esta formação deve 89 Maritza Montero Trabalho comunitário Machine Translated by Google Gráfico 2 Áreas de aplicação da psicologia comunitária 90 A formação de psicólogos comunitários estar aberto a quem já se inscreveu ou lidera grupos e também a outros membros das comunidades que desejam recebêlo A detecção de líderes pode ser muito enganosa a menos que você esteja em contato com a comunidade há muito tempo na medida em que você pode estar privilegiando certas pessoas em detrimento de outras Além disso na formação em temas como tomada de decisão discussão em grupo reflexão e formas de comunicação que normalmente são solicitadas por grupos organizados nas comunidades devese abrir a possibilidade de que possam ser recebidos por outras pessoas da comunidade Na minha experiência esta abertura tem sido benéfica para ambas as partes uma vez que tem revelado algumas práticas amigáveis e outras francamente autoritárias Montero 2003b e 2004 no prelo bem como confrontos de poder dentro destes grupos todos eles devem ser devidamente trabalhados por eles Existem dois campos possíveis de formação para o trabalho comunitário prático e acadêmico No primeiro caso as pessoas com o título genérico de psicólogo recebem formação especializada no trabalho com comunidades através da sua incorporação em projetos ou programas existentes nos quais outros psicólogos com experiência comunitária os introduzem na prática Foi assim que muitas pessoas se formaram no passado e foi esse o caminho percorrido por muitos profissionais nas décadas de sessenta e setenta em muitos países americanos e europeus A prática com seus desafios e demandas as provações com seus erros e acertos e a leitura de literatura especializada eram muitas vezes as únicas escolas disponíveis para psicólogos que desejassem atuar na área No entanto embora a escola da prática possa proporcionar experiências inestimáveis Montero e Giullani 1999 e seja certamente o terreno onde se testa se alguém é ou não um profissional eficiente no trabalho comunitário nada mais é do que isso um teste definitivo mas não é suficiente como campo de treinamento Uma das razões para dizer isto reside no facto de nem todas as experiências obtidas em relação à comunidade se enquadrarem no campo da psicologia comunitária Como aponta Quintal de Freitas 1994 é necessário distinguir entre o trabalho psicológico comunitário e a a prática realizada na comunidade que transfere formas tradicionais de fazer psicologia e concepções centradas no Maritza Montero Trabalho comunitário Machine Translated by Google Características desejáveis na formação acadêmica de psicólogos comunitários Esta questão não é nada fácil de responder uma vez que a psicologia comunitária não pode basearse apenas nos aspectos teóricos fornecidos pela literatura produzida na área Esses erros e desentendimentos muitos deles cometidos com a melhor intenção possível são evitados pela formação acadêmica Isso não significa que ele por sua vez esteja livre de erros pois apontar explicitamente o objeto o método o alcance sua teoria e sua prática não os dispensa mas há um exercício crítico para apontálos e corrigi los A este respeito deve dizerse que nos Estados Unidos o campo nascente da psicologia comunitária desenvolveu rapidamente nichos académicos para o seu ensino investigação e desenvolvimento sistemático Na América Latina a Universidade de Porto Rico foi pioneira na criação de áreas de estudo que durante a década de setenta fundou um Mestrado e criou um Doutorado em Psicologia Comunitária e o Instituto Tecnológico de Estudos Sociais do Ocidente ITESO em Guadalajara que em meados da década de setenta criou um curso de pósgraduação sobre o tema Noutros países da nossa parte do continente devido ao seu carácter predominantemente psicossocial a psicologia comunitária entrou através de departamentos ou cátedras de psicologia social Um exemplo é a Venezuela onde em 1985 foi ministrada pela primeira vez uma disciplina de psicologia social comunitária opcional2 e posteriormente incorporada à cadeira de Psicologia Aplicada3 que a oferece entre outras possíveis áreas de aplicação E no Mestrado em Psicologia Social e no Curso de Especialização em Intervenção Psicossocial foi criada a possibilidade de optar pela menção Comunidades4 O modelo de pósgraduação genérica em psicologia ou psicologia social dentro do qual se aloja a possibilidade de investigação e obtenção a formação universitária de quarto nível com estudos e pesquisas específicas na área é bastante difundida embora também tenham surgido cursos de pósgraduação especializados indivíduo por exemplo psicoterapia ou aconselhamento psicológico o que não deve ser entendido como uma crítica ou desqualificação daquela forma de prática mas apenas como uma demarcação entre o que a psicologia clínica tradicional ou escolar para apontar apenas duas especialidades pode fazem e o que se faz na psicologia comunitária b a prática que transforma os psicólogos em ativistas em relação aos problemas de determinadas comunidades deixando de lado sua especificidade profissional e o que podem contribuir a partir dela Perdomo 1988 e c o prática que admite influência tanto social como psicológica nos problemas ou fenómenos a estudar mas que não distingue claramente onde e porque se manifesta uma ou outra origem com a qual as técnicas aplicadas e as críticas feitas não estão relacionadas com o problema estudado Que características deve ter a formação académica do psicólogo comunitário Em primeiro lugar porque estes aspectos teóricos não decorrem de teorias formuladas de costas para a prática Todos os aspectos teóricos da psicologia comunitária foram produzidos até agora na práxis Isso significa que são produto da união da prática e da reflexão sobre a prática e da prática refletida que volta a refletir Portanto embora seja verdade que o 91 Psicologia Social Comunitária ministrada por Maritza Montero no Departamento de Psicologia Social Opção em Psicologia Social préespecialização Antes dessa data as pesquisas poderiam ser feitas na área psicossocial comunitária a partir das teses de bacharelado ou a partir dos projetos propostos pelo professor com a participação dos alunos 3 Trabalho comunitário Maritza Montero O grau atribuído é de Mestre em Psicologia Social ou de Especialista em Intervenção Psicossocial menção Comunidades A incorporação foi feita em 1990 e começou a ser ditada em 1991 4 2 Machine Translated by Google Outro aspecto muito importante é ensinar aos alunos que ao aprenderem a profissão de psicólogo comunitário não se tornam especialistas cuja opinião será o oráculo a seguir a última palavra a ouvir Devem saber que o trabalho que aprendem exige ouvir e responder ao que ouvem e dialogar para encontrar uma solução conjunta que na prática da psicologia comunitária somos profissionais na medida em que cada situação se torna uma sala de aula de aprendizagem e ensino que aprendemos sem deixar de ser psicólogos que ensinamos sendo psicólogos Ou seja mantemos a horizontalidade da relação com as pessoas das comunidades sem perder a especificidade da nossa profissão e sem cair no paternalismo na piedade e na condescendência 92 Além disso apresentar um grupo de alunos a uma comunidade pela primeira vez pode ser tão difícil para eles quanto para a comunidade A psicologia comunitária fala de um processo de familiarização que pode durar anos mas que nos primeiros momentos exige uma introdução conhecerse reconhecer o lugar seja ele qual for conhecer as suas características e deixar as pessoas dos grupos comunitários com quem está localizado quem trabalha também se familiariza e nos conhece e entende o que é a relação que ali se inicia para quem vem ou se vê pela primeira vez cara a cara E entretanto sabemos que os alunos têm tempo limitado e que a comunidade tem o seu tempo e os seus ritmos É por estas razões que um programa de psicologia comunitária deve estar relacionado com alguma organização comunitária ou instituição de trabalho comunitário que independentemente dos prazos académicos possa manter o ritmo de trabalho com a comunidade ao mesmo tempo que proporciona ao programa académico a oportunidade de inserir os seus alunos nas diferentes fases do trabalho que está a ser realizado de forma a que as pessoas da comunidade não vejam os seus interesses diminuídos nem o ritmo dos seus projetos seja perturbado O aluno deve primeiro aprender o que costumamos chamar de vocabulário da disciplina mas mais do que isso é uma linguagem que compreende conceitos e fenômenos logo após deve passar a aprender esses mesmos conceitos na prova prática Portanto a primeira característica da formação em psicologia comunitária deve ser o caráter teórico prático das disciplinas ministradas E ao fazêlo temos um primeiro problema a resolver a dificuldade de combinar de fazer coincidir o tempo académico e o tempo comunitário Montero e Giuliani 1999 Os cursos universitários têm prazos rigorosamente estabelecidos Por outro lado os fenômenos comunitários ocorrem na vida cotidiana que não tem começo nem fim que está sempre ali fluindo Além disso eles acontecem quando acontecem e não são repetíveis Portanto um sistema não pode ser imposto a uma comunidade nem é ético fazêlo na qual durante um determinado número de meses ou semanas estamos intensamente envolvidos no trabalho com ela e depois desaparecemos por um período de várias semanas ou meses Resolvemos isso inserindo o trabalho prático dos alunos em projetos maiores conduzidos por organizações de serviço público universitário por exemplo Parque Social Manuel Aguirre da Universidade Católica Andrés Bello Caracas Venezuela ou em programas realizados por outras instituições ou pelas próprias comunidades indicando que o trabalho dos alunos supervisionados pelos professores será realizado em determinado período de tempo e sempre com base no trabalho previsto em tais projetos Assim os alunos entram trabalham e quando uma vez concluído o seu trabalho os seus resultados discutidos com a comunidade e avaliados tanto pelos seus membros como pelo professor eles saem o plano de longo ou médio prazo continua Não se trata de entrar experimentar e depois desaparecer pois não é o caso de fazer pesquisaintervenção extrativista Por esta razão é conveniente ensinar aos novos alunos que a comunidade não é uma entidade doente fraca ou indefesa ver capítulo 7 descartando assim as concepções Trabalho comunitário Maritza Montero Machine Translated by Google Da mesma forma a reflexão crítica deve sempre acompanhar a formação e a práxis comunitária Cada sessão de trabalho com a comunidade deve ser analisada de forma a evidenciar os acertos e erros as razões de determinados comportamentos e sobretudo como aprender uns com os outros ao mesmo tempo que aprendemos a conhecer os nossos acordos e as nossas rejeições Sem mencionálo explicitamente este capítulo falou sobre a implementação do que tem sido chamado de utopia comunitária Prado 1997 entre outros Se considerarmos as utopias positivas e presumo que esta teria esse caráter como parte dos sonhos que refletem as expectativas das sociedades então não deveríamos considerálas apenas como aquilo que carece de um lugar físico onde se instalar u topos em grego não lugar mas como guias metodológicos da ação de transformação social Nesse sentido este capítulo procurou ser um resumo da práxis comunitária apresentando o que se entende por profissão de psicólogo comunitário e o que se espera que sejam os profissionais da especialidade em que consiste o seu trabalho quais as áreas específicas que foram abrangidas principalmente focados e como se tenta formálos Para fazer isso confiei principalmente na minha prática e na de colegas de sucesso Esta formação acompanha sempre o ensino académico sistemático com a prática do trabalho comunitário Foi o que fiz e foi o que vi ser feito Também tenho visto práticas paternalistas e estudos cindidos nos quais por um lado existe a teoria usando agora o termo no sentido vulgar de conhecimento desprovido de contato com uma base na ação concreta e por outro uma série de práticas desprovidas de sentido de natureza episódica Mas estes casos não são relevantes pois aqui tratamos do trabalho em psicologia comunitária para o qual se acrescentou ao já dito uma breve revisão das contribuições indicadas pela literatura e provenientes da experiência Cada projeto de trabalho com uma comunidade específica requer um plano Obviamente existem certos tópicos que deveriam necessariamente ter um lugar nos programas acadêmicos Como podemos ensinar psicologia comunitária sem trabalhar temas como a noção de comunidade participação compromisso ou pesquisaação participativa por exemplo Mas a par dos temas básicos poderão existir outros destinados a apoiar alguma orientação específica correspondente ao currículo de estudos É por isso que é possível que existam programas de estudo predominantemente direcionados para aspectos relacionados com a prevenção primária e secundária em saúde comunitária e outros mais orientados para a investigaçãoação Mas como dito anteriormente os conceitos básicos que informam o aluno sobre a disciplina seu alcance relações e limites seu método e suas principais técnicas de intervenção e pesquisa seus aspectos éticos e seus fundamentos teóricos devem estar ao alcance de todos aqueles que Eles começam no campo psicológico comunitário ideologizou o que são as comunidades e proporcionou aos alunos uma visão histórica e dinâmica delas e da sociedade em que se encontram E isto deve ser aliado ao melhor ensino teórico e metodológico possível acompanhado de uma prática rigorosa e ética bem organizada e bem concebida de tal forma que tanto os alunos como os grupos interessados nas comunidades possam atingir os seus objectivos e gerar e noutros um alto nível de comprometimento capítulo 8 Montero e Giuliani 1999 Resumo 93 Trabalho comunitário Maritza Montero Machine Translated by Google Exercício problematizador da prática da psicologia comunitária Tomemos um ou mais relatórios de intervenções ou pesquisas psicológicas comunitárias ou artigos onde este tipo de trabalho seja relatado Analise O que os psicólogos fizeram Qual tem sido o papel das comunidades A quem são atribuídos os resultados alcançados Se houver equipes interdisciplinares o que cada profissional faz Qual a sua contribuição para o trabalho realizado Que processos psicológicos foram tratados nesse trabalho Como eles são apresentados Os consultores comunitários dialogam Como Como é que os profissionais de psicologia comunitária introduzem o conhecimento da sua disciplina no seu trabalho com as comunidades O que acontece e o que fazer quando pessoas ou grupos de uma comunidade não seguem as sugestões indicações recomendações advertências ou comentários analisar cada opção feitos por agentes externos psicólogos comunitários Questões para refletir sobre a prática profissional em psicologia comunitária Quando há diálogo e quando é feita consulta 94 Trabalho comunitário Maritza Montero Machine Translated by Google Sobre o conceito de comunidade Ao mesmo tempo no campo das ciências sociais o panorama não é mais simples Em meados do século XX Hillery 1955 afirmou ter encontrado mais de noventa e quatro definições diferentes No entanto foram feitos alguns progressos no sentido de uma definição de comunidade a partir de uma perspectiva psicossocial Assim em muitas definições Chavis e Newbrough 1986 Giuliani García e Wiesenfeld 1994 Sánchez 2000 indicase que comunidade envolve relações interações de fazer e saber e sentir pelo fato de compartilhar esses aspectos comuns E estas relações não são à distância ocorrem num ambiente social em que certos interesses ou certas necessidades se desenvolveram histórica e culturalmente uma área determinada por circunstâncias específicas que para melhor ou para pior afetam em maior ou menor grau um grupo de pessoas que se reconhecem como participantes que desenvolvem uma forma de identidade social devido a essa história partilhada e que constroem um sentido de comunidade SdeC também definido em maior ou menor grau entre os componentes daquele grupo social mas identificável no pronome pessoal da primeira pessoa do plural nós É importante nesse sentido lembrar algo que Heller alertou em 1988 a necessidade de focar na comunidade como um sentimento e não na comunidade como uma cena ou lugar O trabalho comunitário não se interessa pelo lugar onde a comunidade se encontra enquanto tal mas sim pelos processos psicossociais de opressão transformação e libertação que ocorrem nas pessoas que ao conviverem num determinado contexto com características e condições específicas desenvolveram formas de adaptação ou resistência e querem fazer mudanças Esta posição tem sido descrita na literatura especializada como relacional ou do relacionamento Assim enquanto trabalhamos para facilitar e catalisar esta transformação e libertação não podemos ignorar o contexto em que ela ocorre e que pode ser parte do problema Comunidade e senso de comunidade CAPÍTULO 7 Vamos falar sobre a comunidade Ela é a noçãochave a noção central o escopo fundamental e o motor o ator e o destinatário das transformações o sujeito e o objeto desta disciplina chamada psicologia comunitária e ao mesmo tempo a presença antecedente e constante na vida social Como muitas das palavraschave no campo social comunidade é um termo polissêmico complexo e confuso Examinemos então como esse conceito foi definido O Dicionário da Língua Espanhola da Real Academia Espanhola em sua vigésima segunda edição de 2001 apresenta oito significados São os que mais se aproximam do fenômeno estudado pela psicologia comunitária a qualidade do comum que pertence ou se estende a vários conjunto de pessoas de alguma cidade região ou nação e aquilo que é usufruído por pessoas vaidosas sem pertencer a ninguém em particular Neste campo psicológico é definido como um fenômeno social e como veremos particularmente psicossocial que deriva do seu nome de comum compartilhado que afeta todos aqueles agrupados de acordo com determinados motivos interesses ou aspectos O último significado do DRAE citado incluiria este aspecto Mas dito desta forma comunidade poderia ser quase qualquer coisa desde um grupo de acionistas de uma empresa que pode ser milhares ou milhões de pessoas até uma charterhouse este último caso reflete outro dos significados do DRAE Da mesma forma é necessário destacar o aspecto dinâmico em constante transformação das comunidades Uma comunidade como qualquer fenómeno social não é uma entidade fixa e estática dada sob uma forma e estrutura Uma comunidade é uma entidade em movimento até porque está sempre em processo de ser como é o caso das pessoas que a compõem O que permite definila é a identidade social e o sentido de comunidade que os seus membros constroem e a 95 Comunidade e senso de comunidade Maritza Montero Machine Translated by Google Um grupo social dinâmico histórico e culturalmente constituído e desenvolvido préexistente à presença de investigadores ou intervenientes sociais que partilha interesses objectivos necessidades e problemas num determinado espaço e tempo e que colectivamente gera uma identidade bem como formas organizacionais desenvolvendo e utilizando recursos para atingir seus objetivos Montero 1998a 212 Aspectos comuns e partilhados História Cultura Interesses necessidades problemas expectativas construídas socialmente pelos membros do grupo Um espaço e um tempo Montero 1998a Chavis e Wandersman 1990 Relações sociais habituais e frequentes muitas vezes face a face Montero 1998a Sánchez 2000 Interinfluência entre indivíduos e entre o coletivo e os indivíduos McMillan e Chavis 1986 Uma identidade social construída a partir dos aspectos anteriores Sentimento de pertencimento à comunidade Desenvolvimento de um sentido de comunidade derivado de todos os itens acima Um nível de integração muito mais concreto do que o de outras formas colectivas de organização social tais como classe social etnia religião ou nação Montero 1998a Laço emocional partilhado McMillan e Chavis 1986 León e Montenegro 1993 Formas de poder produzidas no âmbito de relações partilhadas Chavis e Wandersman 1990 Limites desfocados As ciências sociais têm uma tradição de dois séculos em relação ao conceito de comunidade nesse sentido ver Wiesenfeld 1997 que foi tratado desde o início da sociologia para distinguir formas de grupos associativos menores que a sociedade e ao mesmo tempo distintivos Em 1984 e depois em 1998 com base na minha própria experiência de trabalho e na de outros investigadores defini a comunidade como Tabela 7 Aspectos constitutivos do conceito de comunidade A difícil definição de comunidade história social que também se constrói neste processo que transcende as fronteiras interativas da comunidade e por vezes lhe confere um nome e um lugar nos sistemas de nomenclatura oficiais e informais da sociedade Este aspecto identificativo tem estado ligado ao sentido de comum ver abaixo e passamos a falar de uma identidade de sentido de comunidade Puddifoot 2003 Pareceme que esta definição poderia muito bem ser revista e receber alguns esclarecimentos e alguns comentários Assim é necessário dizer como às vezes parece pouco claro que ao desenvolver uma forma de identidade social por exemplo o povo de San José o povo do petróleo nós comercializamos vendedores aqueles do outro lado as identidades individuais que cada uma das pessoas de uma comunidade desenvolveu ao longo da vida não desaparecem É necessário então ter em mente que o conceito de identidade não se refere a uma 96 Maritza Montero Comunidade e senso de comunidade Machine Translated by Google Localização e relacionamento na definição de comunidade Existem comunidades fisicamente dispersas nas quais apenas o SoC discutiremos este conceito abaixo gera o aspecto integrativo Sánchez 2000 toca tangencialmente no problema quando coloca a ênfase da definição nas noções de processo e relacionamento citando Chavis e Newbrough 1986 335 que definem comunidade como o conjunto de relações sociais que estão ligadas por um senso comunitário Sánchez 2000 47 também traz à tona a opinião de Moreno ao afirmar que Viver num determinado bairro o que implica um determinado território tem sido talvez a característica mínima comum a todas as nossas comunidades por isso qual bairro ou determinado setor dela se torna a comunidade típica da cidade sf 49 Esta explicação coloca ênfase então na parte da referida definição que diz num determinado espaço e tempo e aponta a ação individual que não se perde no interior da comunidade mas é parte constitutiva dela Portanto quando falamos em comunidade não estamos nos referindo a grupos homogêneos mas sim a grupos compostos por indivíduos que compartilham conhecimentos sentimentos necessidades desejos projetos cuja atenção beneficiará o coletivo beneficiando assim seus membros E a este respeito deve dizerse que de facto nenhum grupo é perfeitamente homogéneo a menos que sobre ele seja exercida uma força uniformizadora de natureza autoritária E no entanto sempre haverá aqueles que quebrarão essa dominação processo ou fenômeno estático e único mas como está bem estabelecido nos estudos psicossociais sobre o tema as pessoas além de possuírem aquela forma de autodefinição que nos permite reconhecernos através das múltiplas transformações que desenvolvemos ao longo de nossas vidas vidas também construímos identidades múltiplas de acordo com as filiações e circunstâncias de vida muito diferentes que fazem parte da rede de relações e interações cotidianas gênero faixa etária identidades profissionais religiosas políticas étnicas etc como destacou Blanco 1993 esteve presente na obra de MartínBaró o de onde ao qual Blanco acrescentou o de quem Onde estamos com quem e quando são circunstâncias que contribuem às vezes de forma indelével para fixar em cada um de nós ao mesmo tempo com sotaques e sinais individuais de forma reconhecível as marcas sociais É por isso que as pessoas dizem que alguém está na casa dos sessenta ou na casa dos quarenta ou tipicamente militar ou que Tem um certo ar monjil Outro aspecto a ser discutido é a localização espacial da comunidade o que tem sido chamado na literatura de perspectiva locacional ponto que levanta algumas dificuldades específicas A obra de Moreno foi construída em a partir de e com pessoas que efetivamente habitam um território delimitado o do bairro1 e essa especificidade é fundamental em seu trabalho pois Moreno elabora os conceitos chave de sua interpretação a partir da convivência naquele local específico É impossível fazer uma revisão exaustiva das condições territoriais das comunidades com as quais trabalham actualmente os psicólogos comunitários nos vários continentes mas pelo que se verifica pelo que se publica em revistas e livros da área o que se constata é que estes são indivíduos que convivem próximos uns dos outros ou que mantêm relacionamentos face a face e que conviver próximo ou interagir habitualmente diretamente face a face os afeta psicossocialmente São partilhadas expectativas necessidades ou problemas socialmente construídos o que cria uma sensação de grupo maior ou menor dependendo das circunstâncias 97 Comunidade e senso de comunidade Bairro neste caso referese a um conglomerado específico em áreas marginais da cidade de Caracas Maritza Montero Venezuela que em cada caso tem uma história particular de desenvolvimento 1 Machine Translated by Google Quando alguém participa muito e não recebe resposta o que isso significa Como isso é interpretado Para mim comunidade ou comunidade é a procura de um ponto de encontro onde se possam especificar as necessidades daquela área e chegar a esse ponto de encontro que em termos mais simples é uma comunidade que você se integre com o seu vizinho com quem não é vizinho aí chega uma hora que você chega ali no ponto de encontro Aí você para e diz que somos uma comunidade Sánchez 2000 50 Para mim é um grupo de famílias que estão integradas e que partilham serviços que partilham com os vizinhos nos bons e nos maus momentos Que compartilham momentos sociais integração com as crianças Para mim comunidade é este bairro aqui estão reunidos todos os conceitos que cabem numa comunidade Mulher 36 anos Giuliani García e Wiesenfeld 1994 89 É ouvir as crianças correndo é sentir as vozes conhecidas é se sentir seguro no seu chão é sentir que você anda sem medo que conhece todo mundo que olha para você e vai até lá Que eu entre no bairro e possa passar tranquilamente às duas ou três da manhã Claro que se eu gritar eles vão me ajudar claro completamente certo Mulher 51 anos Giuliani García e Wesenfeld 1994 89 Não tentarei responder aqui a essas questões pois acredito que se trata de um tema que merece um espaço à parte e uma pesquisa de campo virtual e real e esta afirmação já é um diferencial Recebi respostas negativas exclamativas de pessoas que estudam processos psicossociais cibernéticos E há alguns aspectos que devem ser examinados Como saber quem é a pessoa com quem você está conversando pela Internet Como é verificada a veracidade dos dados identificativos descrições pessoais por exemplo Isso importa O que acontece quando alguém sai da rede ou cancela a inscrição na lista Isso afeta o grupo Como Deixemos o novo campo para os ciberpsicólogos e depois esclareçamos que embora o território seja um elemento não é o elemento definidor embora tenha sido tratado desta forma em quase todas as definições que o incluem quase sempre dentro das enumerações dos componentes do o conceito de comunidade Uma vizinha da comunidade La Esperanza entrevistada por Sánchez 2000 e duas mulheres entrevistadas por Giuliani e García Giuliani García e Wiesenfeld 1994 em outro bairro da cidade de Caracas dão definições de comunidade que devem ser analisadas Pareceme que já abordámos outro problema que analisarei mais tarde o da relação entre comunidade e sentido de comunidade e se é ou não possível separálos ou onde começa e termina um e onde o outro O que acontece é que talvez se tenha dado demasiada ênfase à noção de território e neste caso é necessário alertar que a simples partilha de um espaço de um lugar não gera necessariamente uma comunidade Por exemplo os reclusos numa prisão podem gerar certos grupos solidários e coesos mas uma prisão não é uma comunidade nem um quartel E por outro lado voltando à questão formulada anteriormente existem comunidades fisicamente dispersas É necessário analisar o que isso implica Uma comunidade virtual por exemplo uma sala de batepapo na Internet ou um site onde pessoas com determinado interesse postam suas opiniões e dúvidas recebem respostas e pedidos de informações discutem e trocam não só conhecimentos mas também piadas e conversas fazer amigos realizar atividades juntos desenvolver matrizes de opinião e até dar apelidos uns aos outros e fazer circular descrições pessoaisÉ uma comunidade tal como tem sido entendida pela psicologia comunitária É outro tipo de comunidade Os conceitos e métodos da psicologia comunitária são úteis para trabalhar com estes grupos compartilhada e essa interação dá origem a um senso de comunidade que está intimamente ligado a uma identidade social comunitária 98 Maritza Montero Comunidade e senso de comunidade Machine Translated by Google Nestas definições dadas dentro das comunidades devem ser destacados os seguintes aspectos que marcam o conceito de comunidade para as pessoas entrevistadas e que ilustram o ponto A comunidade como ponto de encontro Esse ponto é procurado por algum grupo de pessoas E nesse ponto está a coincidência o encontro o encontro Ou seja o relacionamento Integrarse com o vizinho O encontro não é com qualquer um mas com os vizinhos o que implícita mas claramente indica tanto uma abrangência espacial quanto uma relação cotidiana dada pela proximidade espacial E referese também implicitamente a um espaço específico onde se forjou uma história um futuro o bairro nestes casos O sentimento vocalizado de ser um nós Na conjunção do encontro do vizinho surge a consciência do nós E aí o SdeC é reconhecido Relações sociais estreitas que envolvam solidariedade ajuda segurança derivada da confiança nos outros união partilha do bem e do mal A criação de um espaço ou ambiente físico e psicológico de segurança de pertença onde os sons e os olhares estabelecem uma espécie de intimidade socializada Estas componentes são a pertença a interrelação e a cultura comum Krause 2001 55 A primeira é definida por sentirse parte de como pertencer a ou identificarse com o que equivale ao que Hernández 1994 1996 chama de ter parte ser parte participar Elemento com o qual todos os psicólogos comunitários certamente concordam mas que não é suficiente por si só pois podemos encontrálo em relação a outros tipos de grupos A terceira cultura que proporciona significados partilhados é mais precisa mas poderá ainda ser demasiado ampla a menos que o termo seja clarificado e trate de aspectos subculturais muito específicos Mas nesse caso seria antes uma história comum em que os significados são construídos O segundo componente corrige a possível amplitude dos anteriores ao estabelecer que o sentido de interrelação e portanto o compartilhamento de significados ocorre no contato ou comunicação interinfluente Krause alerta que esses componentes seriam os elementos para uma definição ideal e orientadora e para uma reflexão ética sobre o conceito Acho que se for acrescentado o caráter histórico o fundamento adquire precisão Uma comunidade então é feita de relações mas não só entre pessoas mas entre pessoas e um lugar que junto com ações compartilhadas com medos e alegrias com fracassos e triunfos sentidos e vividos dá lugar à memória um nicho de memória coletiva e individual Um lugar construído física e emocionalmente do qual nos apropriamos e que nos apropria para o bem e para o mal Aspectos constitutivos do conceito de comunidade Por sua vez Krause considera que existe um número mínimo de componentes que nos permitem construir o conceito de comunidade ou reconhecer comunidade num grupo social específico Forster 1998 referindose às relações entre comunidades e profissionais universitários introduz o conceito de comunidades intencionais o que coincide com o que temos vindo a discutir porque segundo este autor tais comunidades são aquelas que se caracterizam por partilha um modo de vida total e não apenas alguns interesses e contactos para alcançar um objectivo comum têm relacionamentos presenciais que tendem a se expandir preocupamse com o bem estar de todos os membros e sentemse mutuamente obrigados a promovêlo ser central na formação das identidades dos seus membros devido às relações de partilha 99 Comunidade e senso de comunidade Maritza Montero Machine Translated by Google Permitome agora rever a minha definição de há duas décadas e apresentar o seguinte uma comunidade é um grupo em constante transformação e evolução o seu tamanho pode variar que na sua interrelação gera um sentimento de pertença e de identidade social levando os seus membros consciência de si como grupo e fortalecimento como unidade e potencial social O substrato psicossocial da comunidade O que caracteriza psicossocialmente uma comunidade Como sabemos que existe uma comunidade em algum lugar A literatura psicossocial comunitária tem estudado este tema e apontado alguns aspectos que nos permitem responder às questões ou pelo menos direcionálas para alguns aspectos que podem ser considerados como expressão de uma comunidade Por exemplo a coesão entre os membros característica dos grupos principalmente daqueles organizados e com determinado tempo de funcionamento Esta coesão se expressa na solidariedade na união entre as pessoas da comunidade que podem ajudarse mutuamente nas tarefas difíceis ou pesadas nos momentos de perigo ou necessidade a forma de conhecimento e tratamento que ocorre entre os seus membros Na verdade muitas pessoas de uma comunidade têm contato frequente entre si outras são conhecidas de vista e em geral você tem uma ideia de quem é quem onde mora o que faz E quando não é assim identificar o setor de origem seja um bairro um bairro uma aldeia ou o departamento ou secção se for uma organização confere consideração e respeito Da mesma forma e devido a esse conhecimento proporcionado pela proximidade e pela história compartilhada as antipatias e rejeições também se baseiam em conflitos e acontecimentos específicos Quer dizer a indiferença é difícil A existência de redes de apoio social para fins caritativos desportivos culturais e laborais bem como formas específicas de organização grupos organizados pode ser outro aspecto Tudo o que foi dito acima mostra que apesar da dificuldade em definir o que é uma comunidade há um certo número de coincidências quanto ao que constitui o núcleo fundamental que a caracteriza A comunidade é ainda um grupo social histórico que reflete uma cultura préexistente para o pesquisador que possui uma determinada organização cujos graus variam conforme o caso com interesses e necessidades comuns que tem vida própria na qual se reúne uma pluralidade de vidas provenientes de seus membros que desenvolve frequentes formas de interrelação marcadas pela ação afetividade conhecimento e informação Não se deve esquecer que como parte da sua dinâmica estas relações internas também podem conduzir a situações conflituosas que conduzem à divisão à desintegração e à perda de identidade Uma definição de comunidade obrigações costumes tradições Forster 1998 40 100 Um aspecto fundamental é a consciência não só aquela inerente ao sentido de comunidade mas também aquela relacionada com as circunstâncias de vida partilhadas Este é um aspecto particularmente importante porque talvez o aspecto mais identificativo da comunidade seja reconhecerse como participante de um processo historicamente vivido que afecta a todos apesar das múltiplas diferenças que possam existir entre as pessoas que constituem a comunidade e além disso precisamente porque dessa diversidade Esta unidade do plural já foi expressa em 1887 pelo sociólogo Ferdinand de Tónnies quando disse que o que distingue a comunidade é ser um amálgama de seres humanos que permanecem unidos apesar de todos os factores que tendem a separálos que aliás ocorre em todas as esferas sociais Maritza Montero Comunidade e senso de comunidade Machine Translated by Google Esta condição paradoxal levou alguns psicólogos sociais a alertar para o possível perigo que poderia advir de uma noção uniformizadora de comunidade que poderia levar a incorrer numa aspiração de homogeneidade que ao induzir regularidades promove a procura de de equilíbrio e congruência típico das teorias psicológicas sociais enquadradas no paradigma positivista que poderia orientar as pessoas a adotar e manter um status quo Wiesenfeld 1997 12 em vez de uma transformação social libertadora Pallí 2003 sugere a mesma coisa quando diz que algumas tentativas de definir a comunidade levaram a delimitála de tal forma que quanto mais claros se tornam seus limites menos negociável ela se torna no sentido de compreensível Embora uma das tendências mais vigorosas dentro da psicologia comunitária seja aquela que erguendo bem alto a bandeira que deu origem à subdisciplina assume militantemente a busca pela libertação e bemestar dos oprimidos através da mudança social e individual Nelson e Prilleltensky 2003 no prelo é um bom sinal de alerta em relação às visões reducionistas A visão crítica do conceito de comunidade Pallí 2003 coloca o conceito de comunidade sob um prisma crítico para analisar três abordagens que tiveram certa influência em algumas formas de trabalho comunitário A primeira destas abordagens considera a comunidade como algo poluente ilustrada por aquelas formas de abordagem à comunidade em que os intervenientes ou investigadores mantêm um discurso que fala de igualdade mas tomam medidas que mantêm a separação entre o que fazem e a comunidade Pessoalmente visitei locais construídos no centro de uma comunidade e ao mesmo tempo rodeados de cercas e muros dentro dos quais se realizam atividades e se prestam serviços às pessoas da comunidade que ao mesmo tempo nada têm o que fazer com ela Isso poderia ser uma ilustração da posição descrita acima Pallí atribui essa concepção ao que a antropóloga Mary Douglas 19851996 chama de lógica da higiene não se contaminar com a comunidade algo que seria uma expressão do medo que inspira mas que também nos parece reflectir a incapacidade de olhar para a comunidade e de se relacionar com ela Natureza paradoxal do conceito de comunidade É preciso então ter presente o caráter paradoxal inerente à condição dialética da comunidade As pessoas fazem a comunidade que por sua vez deixa a sua marca nessas pessoas ideia que Sánchez 2000 50 também exprime ao dizer a comunidade constróise enquanto se constrói a solução para um problema Da mesma forma é preciso notar o caráter turvo da comunidade pois se ela como diz Wiesenfeld 1997 é uma construção social é necessariamente algo que não pode ser definitivo A noção de um conjunto confuso pode nos ajudar a compreender o caráter móvel e em constante evolução da comunidade Como já foi mencionado comunidade é um processo que se constrói e desconstrui continuamente Pela sua dinâmica está em contínua mobilidade e transformação e portanto não pode terminar ou começar dentro de limites precisos e definidos Como diz Pallí 2003 citando Bourdieu 1982 os limites têm duas funções impedem que quem está de fora faça parte do que está dentro dele mas também impede que quem está de dentro saia eles marcam seus construtores Com efeito muito se tem falado sobre a multiplicidade inerente a cada sociedade mas apesar desta diversidade é necessário reconhecer que uma e outra vez os seres humanos criam coletividades às quais na sua construção dotam especificidades claramente distinguíveis que por sua vez 101 Comunidade e senso de comunidade Maritza Montero Machine Translated by Google Que significa isso Acredito que a resposta está no fato de que a ideia homogeneizadora e unificadora de comunidade ao invés de ser gerada na literatura especializada faz parte do imaginário popular Para muitos novos investigadores é geralmente uma descoberta surpreendente e por vezes uma aprendizagem difícil de aceitar que as comunidades têm o seu próprio tempo o seu ritmo a sua linguagem os seus altos e baixos de acção e passividade que as coisas não acontecem quando agentes externos as planeiam mas quando a comunidade considera e sente que deve quer e pode fazêlas Que o tempo de latência o tempo de preparação e o tempo de agir respondem às condições internas da comunidade intrínsecas à comunidade e à forma como esta tem de assimilar os factores externos Para usar uma metáfora a comunidade expandese e contraise e também descansa e parece não ouvir nem ver ver e ouvir É por isso que a participação aumenta ou diminui dependendo das atividades dependendo da atividade dos grupos e dos líderes E os limites dependerão do alcance das relações e redes que possam ser tecidas dentro de si 102 En la experiencia de trabajo con comunidades urbanas de bajos recursos y también de clase media cuando hay grupos de estudiantes que llevan a cabo sus trabajos prácticos en ellas éstos se sorprenden porque a las reuniones con la comunidad acuden a veces sólo una o dos docenas de pessoas Eles se perguntam então será que esse pequeno grupo é a comunidade Da mesma forma em outras ocasiões o espanto ocorre porque depois de trabalhar com vinte ou trinta pessoas em uma atividade específica descobrem que os participantes quadruplicaram ou quintuplicaram e às vezes até se transformam em uma multidão E se investigarem um pouco mais descobrem que boa parte dos moradores locais dependendo do caso está bem ciente de tudo o que está sendo feito ou discutido Ou que quase ninguém sabe nada sobre as atividades do grupo envolvido numa tarefa de interesse comum Outra abordagem limitante da comunidade é considerála deficiente Isto é tão incapazes e deficientes tão fracos ou doentes Este tipo de visão é a que predominou sob o chamado modelo médico ver apenas as deficiências não os pontos fortes gerando relações paternalistas clientelistas nas quais a comunidade está sempre na situação de minoria de deficiência E para dizer a verdade não é só o modelo médico que promove tal visão é também o modelo missionário que se verifica em algumas ONG e em certos grupos religiosos para os quais a comunidade é uma espécie de frágil entidade propensa a ser vítima de perigos e incapaz de superar seus males sem ajuda externa E por fim a terceira abordagem é aquela que vê a comunidade como algo puro que pode ser contaminado pela ação de agentes externos de modo que tudo o que dela provém é perfeito intocável e imutável Em última análise esta posição não é menos debilitante que a anterior pois esta pureza implica uma fragilidade que rejeita todas as formas de discussão aprendizagem e transformação como se a comunidade não fosse capaz de refletir sobre novas ideias e modos de ação Outro aspecto a discutir relacionado a este último ponto é o do contraste indivíduocomunidade Psicólogos e antropólogos culturais têm falado de sociedades individualistas e de sociedades coletivistas No primeiro a orientação do conhecimento e da ação centrase no indivíduo como entidade isolada na sua situação na sua história pessoal nas suas condições e características psicológicas e sociais dependendo sempre da pessoa Neste último a vida social tende a ser compreendida em termos de redes e grupos inter relações e intersubjetividades localizadas em formas grupais entre elas as comunidades Os extremos destas duas posições como as tipologias e em geral todas as formas de polarização tendem a reduzir e simplificar os fenómenos estudados Por um lado o indivíduo é apresentado sozinho um átomo social que soma seu isolamento ao dos demais átomos de tal forma que só é possível desvendar os fenômenos sociais prestando atenção ao indivíduo Cada ser Maritza Montero Comunidade e senso de comunidade Machine Translated by Google O senso de comunidade quebracabeça miragem outra coisa ou igual Embora muitos psicólogos comunitários concordem com a afirmação de Sarason não há acordo quanto ao conceito de SoC a tal ponto que alguns autores consideram que ao lidar com esta questão nos encontramos num pântano Puddifoot 1996 devido à imprecisão e complexidade natureza do conceito Outros tentaram resolver o problema numa perspectiva psicométrica desenvolvendo escalas para medir diferentes dimensões do sentido de comunidade de acordo com as respectivas formas de definição do construto Exemplos de tais trabalhos de amor perdidos são a Escala de Satisfação Comunitária de Bardo 1976 Escala de Senso de Comunidade de Glynn 1981 Índice de Coesão de Bairro de Buckner 1988 a Medida Multidimensional de Vizinhança de Skiaeveland e outros 1996 todas citadas por Obst Smith e Zinkiewicz 2002 Além de dar uma certa ilusão de precisão e controle estes apenas fornecem dados descritivos dos aspectos hipotetizados nas definições teóricas que geralmente são observáveis no trabalho comunitário e que recebem múltiplos nomes de acordo com as categorias teoricamente construídas A medição acaba então sendo um beco sem saída Muitas vezes se diz sentido de comunidade como se pode dizer bom senso ou senso de orientação Ou seja falase dele como algo que sempre existiu Mas realmente não é assim É um conceito que embora tenha sido introduzido muito cedo no corpo teórico da psicologia comunitária Sarason 1974 tem sido objecto de muita discussão de algumas teorias e de numerosos estudos empíricos A razão para isto é que como muitos outros conceitos da psicologia comunitária e das ciências sociais em geral não é fácil de definir e também implica uma concepção de comunidade sobre a qual deve ser construída O problema de ordem epistemológica é que a definição de comunidade quase sempre inclui o SoC como um dos seus elementos característicos Na verdade muitas vezes considerase que existe uma comunidade onde existe SoC E vice versa Um exemplo é o artigo de Fyson 1999 349350 no qual ao anunciar os componentes conceituais do que chama de comunidade transformacional passa a definir seguindo McMillan e Chavis a SdeC Então ele é um rei ou rainha em seu mundo de vida sem súditos comitiva ou superior Por outro lado a posição extrema só vê movimentos sociais massas grupos entidades que uniformizam o comportamento dos seres que os compõem No primeiro caso perdese a riqueza e a compreensão do indivíduo eliminandose o efeito das relações sociais nas quais se é ao mesmo tempo indivíduo e construtor de relações que se constroem Na segunda caímos num sociologismo grosseiro que esquece que em cada relação social as partes que a criam respondem especificamente em função do tipo de relação e ao mesmo tempo criam essa relação e fazem parte da situação Sarason que é o primeiro a usar esta noção 1974 157 diz que ela consiste na percepção de semelhança com os outros uma interdependência consciente com os outros uma vontade de manter essa interdependência dando ou fazendo aos outros o que é esperado dos outros deles o sentimento de que fazemos parte de uma estrutura maior e estável da qual dependemos Da mesma forma considera que a psicologia comunitária deveria ter este termo como núcleo central pois sua existência indica uma orientação positiva que mantém e fortalece a comunidade enquanto sua ausência gera desarticulação e destrói a comunidade Como já vimos o termo comunidade em si não é claro tem características de um conjunto fuzzy ao que podemos acrescentar que ao tentar definir o SoC o resultado é muito semelhante à noção de interrelação que caracteriza as comunidades Para 103 Comunidade e senso de comunidade Maritza Montero Machine Translated by Google Da mesma forma a capacidade percebida de uma pessoa ser influenciada pelo grupo também é considerada assim como a capacidade da comunidade de influenciar os seus membros e outros grupos O mesmo acontece com Buckner 1988 que distingue três indicadores fundamentais para definir o conceito o sentido psicológico de comunidade dentro do bairro A Atração O fato é que devido a essas dificuldades os autores em geral tornaramse mais cuidadosos e embora argumentem e apontem os erros de todos poucos se atrevem a definir o conceito de SoC McMillan 1996 e McMillan e Chavis 1986 9 definem SoC como o senso que os membros de uma comunidade têm de pertencimento o sentimento de que os membros são importantes uns para os outros e para o grupo necessidades serão atendidas através do compromisso de estarem juntos A partir desta definição baseada na afetividade apontam quatro componentes do SoC Afiliação abrange a história partilhada e a identidade social dos membros símbolos comuns segurança e apoio emocional investimento pessoal na comunidade os direitos e deveres decorrentes dessa adesão as recompensas por pertencer à comunidade e finalmente os limites de adesão que pela experiência profissional creio serem extremamente difíceis de demarcar uma vez que mudam constantemente e são imprecisos ao tempo muito importante para o sentimento de pertencimento Influência a capacidade conforme percebida de induzir outros a agir de determinada maneira bem como de serem consultados ou de terem sua opinião ouvida e ponderada na comunidade Outros autores Sonn e Bishop 2002 9 o SoC é simplesmente o que caracteriza os grupos sociais Fisher y Sonn 2002 encuentran un punto que podría señalar una cierta especificidad que sin embargo no es delimitada cuando la comunidad se describe en términos de localización aspectos espaciales y geográficos la igualdad compartida por los miembros parece residir en a paisagem Quando a comunidade é definida em termos de relações a paisagem ou o ambiente não aparecem Obviamente há aí uma distinção mas não está claro se ela se deve a um artefato introduzido pela forma de definir a comunidade portanto dependente dos pesquisadores ou se a definição ao contrário é aquela que depende do importância que é dada ao aspecto relacional ou da localização Além disso de facto as questões colocadas pelos autores referiamse na verdade a toda a nação australiana por exemplo O que significa para si ser australiano pelo que o SoC a que se referem é o que normalmente é definido como nacional identidade Esta componente implica a coesão e unidade do grupo bem como dependendo do caso a conformidade que pode ocorrer dentro dele Integração e satisfação de necessidades referese aos benefícios que a pessoa pode receber ao pertencer à comunidade em termos de status respeito valores compartilhados popularidade e ajuda material e psicológica em momentos de necessidade Por exemplo as redes comunitárias são muito eficazes neste aspecto Segundo Fyson 1999 352 esta componente é o que nos permite compreender porque é que um grupo de pessoas numa relação organizacional institucional mecânica e outro onde existe uma experiência comunitária transformadora são diferentes uma vez que as necessidades no Em segundo lugar são definidos e satisfeitos pelos próprios membros partilhando sentimentos e responsabilidades Comprometimento e vínculos afetivos compartilhados pertencer a uma comunidade significa compartilhar datas e acontecimentos especiais conhecer as pessoas pelo nome e apelido manter relações próximas e afetivas com muitas pessoas saber que se pode contar com elas nos momentos de alegria e tristeza Segundo McMillan e Chavis 1986 este é o componente fundamental do SoC que como vimos é baseado nas relações afetivas 104 Comunidade e senso de comunidade Maritza Montero Machine Translated by Google Parece que a SdeC está algures entre a adesão a influência e os laços emocionais através da identidade e da história partilhada A dificuldade de definir o SoC fica implicitamente evidente no fato de alguns autores incluindo Puddifoot 2003 diferenciarem entre senso de identidade comunitária e senso psicológico de comunidade que seria o que se refere à maioria dos pesquisadores que lidaram com o tópico Para começar Puddifoot anuncia o carácter multidimensional do primeiro indicando também que não se refere apenas a percepções individuais mas também não é exclusivamente social porque se baseia em condições sociais específicas Puddifoot 2003 88 Por esta razão inclui ambos os extremos sob os títulos de aspectos pessoais e aspectos partilhados A identidade comunitária para este autor 2003102 seria composta por seis dimensões as três primeiras de natureza pessoal e as três seguintes de natureza partilhada Sentido de apoio pessoal a comunidade é sentida pelos seus membros como uma fonte de apoio pessoal Sensação de contentamento pessoal sensação de estar pessoalmente situado e seguro na comunidade Senso de inclusão pessoal ativa Senso ativo de comprometimento pessoal Sentido de vizinhança A vizinhança com o que implica em termos de relacionamento é a norma para os membros da comunidade Se revisarmos o trabalho de Sánchez 2000 e o de Wiesenfeld 2000 ambos referentes à mesma comunidade La Esperanza em Casalta Caracas Venezuela encontramos uma comunidade com um forte sentimento de pertencimento integração e identidade e com laços emocionais claros mas o oposto ocorre numa pesquisa realizada por Rapley e Pretty 1999 onde se constatou que as pessoas que responderam a uma entrevista não dirigida através da qual indagaram sobre o SoC não Não lidaram com fluência nem com a noção de comunidade nem com a de SdeC Rapley e Pretty consideram que ter utilizado um método qualitativo é a razão de terem obtido resultados diferentes mas tanto Sánchez como Wiesenfeld utilizaram métodos qualitativos entrevistas histórias de vida e observação participante em além de fazêlo repetidamente ao longo de mais de uma década portanto a existência ou não de algo que possa ser definido como uma comunidade ou SoC não depende de um artefato metodológico mas de outro aspecto que creio estar enraizado na história vividos e construídos em comum com participação diária e investimento emocional e afetivo Portanto as pessoas que produzem os resultados que analisam constroem a sua própria definição de comunidade Sánchez 2000 Esta diversidade de resultados também indica a indivisibilidade entre comunidade e sentido de comunidade O SoC é uma função de uma comunidade específica Não podemos falar disso de forma abstrata mas sim a partir da experiência comunitária O senso de identidade comunitária Mas tudo o que foi dito acima que pode ser verificado em quase todas as comunidades ainda não define o SoC e ao escrever e ler essas condições podese descrever o tipo de associação ou relacionamentos que ocorrem na comunidade E também não está definido o que é o sentido psicológico de comunidade o que parece então um adiamento do problema sentidas pelos residentes em relação ao seu bairro e o grau de interação dentro do bairro E a primeira ou todas juntas parecem corresponder ao que se tem chamado na literatura de coesão grupal 105 Comunidade e senso de comunidade Maritza Montero Machine Translated by Google Resumo Quase poderia dizer que não é de estranhar que ao tentar definir o que é o SdeC caia no sentido de identidade Então o assunto fica mais claro Não porque este conceito indescritível tenha sido finalmente definido nem porque agora possamos dizer aqui está o SdeC e possamos apontar alguma imagem algum caroço algum objeto ou dar um daqueles exemplos que iluminam tudo mas porque quando nos deparamos com pelo conceito de identidade é possível explicar a indefinição do SdeC A identidade é um daqueles objetos que Baudrillard 1983 chamou de fatais ou seja aqueles indefiníveis inapreensíveis impenetráveis insuportáveis que escapam às tentativas de quem procura analisálos pois se recusam a se decompor que zombam daqueles que aspiram a sintetizá los porque fogem à possibilidade de unificação e que repetidamente assaltam intrometemse atravessam e permeiam o trabalho de pesquisa Objetos que estão por toda parte porque não pertencem exclusivamente a ninguém Neste capítulo foi discutido o conceito de comunidade apresentando uma definição que combina três elementos fundamentais na constituição de uma comunidade certos tipos de relações entre as pessoas que apresentam características típicas de uma situação sóciohistórica econômica espacial e cultural e que são marcadas pela proximidade física psicológica emocional e habitual da interação sem que esta atinja os níveis de intimidade dos grupos de pares ou da família nem a competitividade e coordenação das equipas desportivas por exemplo Da mesma forma procurou se mostrar como a comunidade e o sentido de comunidade fazem parte de um mesmo fenômeno no qual a copresença de um e de outro constitui um objeto social complexo e é mutuamente determinado A dificuldade em definir o que se descreve a sua presença evidente o seu carácter constitutivo de relações sociais fortes e a sua condição de factor integrador fundamental da comunidade apontam a fatalidade do fenómeno Mas também indicam que há um conjunto de descrições que se sobrepõem e que coincidem em apontar aspectos não só comportamentais mas também afetivos não só sociais mas também individuais e ao mesmo tempo mostram que é algo que ocorre entre tudo isso e aquilo sendo A soma de tudo isso é mais do que cada uma das partes o que se reflete em cada uma delas Porquê falar de um sentido de comunidade ou de identidade comunitária e não simplesmente apontar algo que já foi mencionado quando se fala de comunidade Refirome ao conceito de identidade comunitária Aquela noção que dá sentido que se expressa em ações e verbalizações que é carregada de afeto que se constrói historicamente e se expressa nas relações e que naturalmente é vaga e imprecisa pois ao passar pelas pessoas está impregnada de individualidades o que lhe confere o seu carácter psicossocial mas pelo menos evita a fragmentação desse sentimento comunitário em múltiplos sentidos específicos Embora seja fácil reconhecer e admitir que existe algo que poderia e deveria ser chamado de senso de comunidade quando se trata de definir esse algo as coisas parecem ficar bastante complicadas Esta complicação responde à complexidade que caracteriza o conceito de comunidade e por extensão contaminação ou experiência tudo o que está relacionado com o trabalho comunitário O que parece haver em relação a este conceito é novamente a descrição de um processo que se constrói nas relações comunitárias na intersubjetividade que ocorre em contextos específicos que geram uma história comum Estabilidade percebida Os membros da comunidade consideramno estável e seguro 106 Comunidade e senso de comunidade Maritza Montero Machine Translated by Google O artigo de Puddifoot 2003 Exploring personal and shared sense of community Identity in Durham City England Journal of Community Psychology 31 1 87106 também apresenta uma discussão interessante sobre a questão Exercícios problematizadores sobre a noção de comunidade e o sentido de comunidade Selecionar uma comunidade definida como tal por agentes externos e instituições ou organizações com ela relacionadas Pergunte sobre os seus limites e alcance onde começa onde termina até onde ou até onde se estende e o que o caracteriza Vá até lá ou entre em contato com as pessoas ou redes que o criaram e faça as mesmas perguntas Comparar as respostas recebidas e analisar o conceito de comunidade e o seu significado nos diferentes informantes Além do texto clássico de Sarason The Psychological Sense of Community Prospects for a Community Psychology 1974 citado nas referências bibliográficas deste trabalho onde se encontra a origem do conceito de sentido de comunidade os trabalhos de Euclides Sánchez 2000 Todos com Esperança Continuidade da participação comunitária Caracas Comissão de PósGraduação Faculdade de Ciências Humanas e Educação Universidade Central da Venezuela e Esther Wiesenfeld 2000 e La autoconstrucción Um estudo psicossocial sobre o significado da habitação Caracas Conselho Nacional de Habitação apresenta descrições interessantes de pessoas que fazem parte de grupos comunitários organizados que ilustram o que é discutido neste capítulo a partir de uma perspectiva normalmente não apresentada em textos acadêmicos Leitura adicional Questão para refletir sobre a noção de comunidade e o sentido de comunidade De que forma a produção de conceitos como o sentido de comunidade construído individualmente ou socialmente partilhado ajudou a compreender o conceito de comunidade e a relação entre o externo e o interno agentes psicológicos ou culturais 107 Comunidade e senso de comunidade Maritza Montero Machine Translated by Google Palavras comumente usadas às vezes têm definições mais complexas Isso porque justamente por serem comumente utilizados no dia a dia são enriquecidos a cada dia com os múltiplos significados que as pessoas lhes atribuem Em termos mais técnicos dizemos que à denotação definição ou definições oficiais que os dicionários nos dão serão acrescentados muitos outros significados que chamamos de conotações construídos pela cultura nas suas diversas formas Isso acontece com o conceito de participação E por ser também um conceitochave para a psicologia comunitária é necessário especificar a sua utilização nesta área do conhecimento Em 1996 ao analisar as conotações dadas à acção de participar Montero 1996a 7 encontrei pelo menos três de carácter geral utilizadas tanto no senso comum como na investigação social Foram eles 1 Praticar ou estar envolvido em algum ato ou fenômeno social em que outras pessoas estejam presentes da mesma forma 2 Envolver terceiros em fatos ou acontecimentos informálos ou de alguma forma apresentálos a alguma forma de conhecimento ou ação que emana da fonte informante 3 Compartilhe certas circunstâncias e emoções com outras pessoas 108 Participação e comprometimento no trabalho comunitário Mas não é fácil encontrar uma definição de participação E isso acontece porque são muitos já que foi definido sob muitas perspectivas Assim a perspectiva política tem sido por vezes enfatizada uma forma de alcançar o poder de alcançar o desenvolvimento social ou de exercer a democracia Considerase também desde o nível da comunicação informar e ser informado ouvir e ser ouvido ou do nível econômico compare certos benefícios materiais tenha parte Do ponto de vista mesossocial e microssocial falamos de processo social e de processos psicossociais através dos quais as pessoas se mobilizam para atingir determinados objetivos que lhes permitem satisfazer necessidades e produzir mudanças sociais O que é participação CAPÍTULO 8 E nesse trabalho coletivo ele se transforma e se transforma em uma relação que envolve indivíduos grupos e circunstâncias das quais se participa o que por sua vez implica decisões ações direitos deveres e conquistas Como foi demonstrado no campo psicossocial Esta natureza abrangente da relação é bem expressa por autores como Hernández 1995 1996 1997 e Sánchez 2000 A primeira quando diz que participar é participar ter parte ser parte então a participação comunitária é então fazer possuir transformar e ser num movimento que vai do coletivo ao individual e viceversa A segunda através da reflexão dos participantes da comunidade cujas palavras manifestam claramente esse sentido global e coletivo Por exemplo uma das pessoas cujo testemunho apresenta Sánchez 2000 38 estabelece a diferença entre participar e colaborar da seguinte forma Participar é algo maior todos trabalham juntos Colaborar é menor é trabalhar também mas menor posso trabalhar sozinho e colaboro Quando participo trabalho com outras pessoas Ordenei esses significados do aspecto menos compartilhado para o aspecto mais compartilhado No primeiro caso você está com outras pessoas em algo de interesse mútuo mas não é necessariamente uma ação comunitária embora pudesse ser No segundo caso há uma ação relacional de um dos membros do relacionamento possível No terceiro caso que também pode incluir os dois anteriores haveria uma relação plena de participação comunitária Participação e comprometimento no trabalho comunitário Maritza Montero Machine Translated by Google Sánchez 2000 41 Darei agora a minha não com a intenção de contribuir para o excesso ou tentar encerrar a discussão mas sim para sintetizar o que foi dito até agora e para me ajudar a compreender o que experimentei e compartilhei com vários grupos comunitários até agora A participação comunitária pode ser definida da seguinte forma um processo organizado coletivo livre e inclusivo no qual existe uma variedade de atores atividades e graus de comprometimento que é guiado por valores e objetivos compartilhados na concretização de quais comunidade e ocorrem transformações individuais 109 A estes aspectos podemos acrescentar outras características da participação comunitária citadas por Sánchez como o carácter inclusivo da participação estar direcionado para o alcance de uma meta ser constituído por uma multiplicidade de tarefas ou ações orientadas para esse propósito comum a necessidade de união e organização para serem eficazes sendo um espaço dinâmico que evolui Sánchez 2000 3738 e sendo uma construção social múltipla sujeita a valores e circunstâncias contextuais que surgem num determinado momento A lista de componentes da participação como vemos é longa e complexa A partir delas é possível construir não uma mas múltiplas definições é o que parece ter acontecido Assim na perspectiva comunitária participação significa A acção conjunta e livre de um grupo que partilha interesses e objectivos Contextualização e relação com a história da comunidade e o momento ou situação em que ela ocorre Um processo que envolve a produção e troca de conhecimento Conselhos recursos e serviços são trocados Acção de socialização e sensibilização que transmite partilha e modifica padrões comportamentais Colaboração Ou seja trabalho partilhado pelo grupo em diferentes graus de intensidade e envolvimento Correlação leiase correlação Relacionamentos compartilhados ideias compartilhadas recursos materiais e espirituais compartilhados Organizar dirigir tomar decisões executar ações para atingir metas estabelecidas em conjunto Existência de padrões democráticos de comunicação entre os participantes Reflexividade Ou seja a capacidade de avaliar criticamente o trabalho realizado Solidariedade Vários graus de comprometimento com projetos comunitários e seus objetivos Nem todas as pessoas numa comunidade têm o mesmo grau de compromisso Geração e aceitação de regulamentos para funcionar como um grupo Dar e receber Você contribui e ao mesmo tempo é beneficiário das contribuições feitas por terceiros e além disso da soma de todas as participações comunidade que a participação é uma condição para o empoderamento e a liberdade A maioria dos autores concorda que a participação comunitária é benéfica para os indivíduos participantes cujo crescimento pessoal se desenvolve positivamente Escopo e benefícios da participação comunitária Devese dizer que este conceito de participação inclui tanto os agentes internos da comunidade como os agentes externos líderes e seguidores os ardentes e os mornos os experientes e os novatos os fiéis e os esporádicos Participação e comprometimento no trabalho comunitário Maritza Montero Machine Translated by Google A Tabela 8 resume o alcance e os efeitos positivos da participação comunitária Dificuldades de participação comunitária Da mesma forma como já dissemos noutro lugar Montero 1995a 1998a 2002b a participação comunitária tem um efeito político no sentido de que forma a cidadania e desenvolve e fortalece a sociedade civil ao mesmo tempo que aumenta a responsabilidade social Clary e Snyder 2002 Como diz Carmona 1988 é também uma forma de subversão não no sentido de produzir uma reviravolta dramática nas relações sociais mas no sentido da queda perene que a cada hora dá um pouco e que acaba por partir a rocha É então política no sentido mais amplo e também mais exato do termo pois se refere ao comportamento dos cidadãos relativamente à polis o que outros autores reconhecem Sánchez 2000 37 Tem também um efeito amplo de natureza socializadora e outro específico de natureza educativa informal e modo alternativo de ação política Montero 1995a Montero 1996a para aqueles que recebem os benefícios dessa participação para as instituições relativamente às quais é necessário dizer que podem ser áreas de participação ou coparticipantes num plano externo a elas e para a sociedade Clary e Snyder 2002 No caso dos beneficiários de benefícios devese notar também que nos projetos psicossociais comunitários esta categoria é ao mesmo tempo produtora e receptora uma vez que a maioria dos que participam para alcançar objetivos benéficos para a comunidade são membros da comunidade atuam para satisfazem as necessidades que os afetam e ao fazêlo desenvolvemse E isto também se aplica aos agentes externos uma vez que todo o trabalho psicossocial comunitário afecta tanto os agentes internos como os externos Tabela 8 Âmbito da participação comunitária É um processo que reúne simultaneamente ensino e aprendizagem Todos os participantes contribuem e recebem Tem efeitos socializadores Diretrizes de ação são geradas Tem efeitos de sensibilização Desenvolve colaboração e solidariedade Mobiliza facilita e estimula os recursos existentes materiais e imateriais e incentiva a criação e obtenção de novos Pode gerar formas de comunicação horizontal entre os participantes Produz troca e geração de conhecimento Permite o desenvolvimento da capacidade reflexiva e crítica Desenvolve e fortalece o compromisso Fortalece a comunidade Pode introduzir a diversidade tornando possível o diálogo e as relações com os outros num nível de igualdade baseado na inclusão Por isso incentiva o surgimento de novas ideias novas formas de fazer as coisas novos resultados Você pode alterar a direção e o controle das tarefas que estão sendo executadas Embora o maior problema que os psicólogos e líderes comunitários possam enfrentar seja a falta de participação dos membros de uma comunidade a própria participação também implica dificuldades que devem ser antecipadas e resolvidas no trabalho comunitário A participação conscientizou os psicólogos comunitários de que eles não são os únicos atores na pesquisa e na ação comunitária uma lição necessária de modéstia recebida 110 Participação e comprometimento no trabalho comunitário Maritza Montero Machine Translated by Google Por outro lado a participação das pessoas não está isolada das práticas comuns que prevalecem na vida social de um país de uma região de uma área de uma comunidade E isso significa que essa participação pode ser influenciada por tendências políticas religiosas ou de qualquer outro tipo das quais provêm certos interesses certas necessidades que podem bloquear desviar ou mesmo tornar perigoso o trabalho psicossocial comunitário por exemplo em áreas como a saúde ou organização social Portanto se quisermos evitar a polarização dos membros de uma comunidade com a consequente divisão e abstenção ou participação baseada em interesses partidários e não comunitários é necessário que sem abrir mão das ideias políticas que temos individualmente o A participação comunitária é guiada pelo compromisso com a comunidade e os seus interesses E que a afiliação política pessoal seja mantida separada do trabalho comunitário Quando os membros de uma comunidade veem ou suspeitam que é do interesse de um partido político que orienta a acção a sua disposição muda e também a sua participação E o mesmo se aplica aos interesses religiosos A participação tendenciosa em relação a grupos de interesse específicos é percebida como tal e influencia o grau e a qualidade da participação e do compromisso Outra fonte de dificuldades pode ser as alianças que os agentes externos fazem com determinados sectores da comunidade o que de alguma forma significa a exclusão de outros grupos Los miembros de una comunidad pueden tener conocimientos provenientes de su cultura y sus tradiciones que pueden ser muy valiosos y respetados pero que también podrían entrar en contradicción con los cambios necesarios para la comunidad tal como se los define desde pautas socialmente establecidas externas a a comunidade Pode acontecer que as crenças e costumes ou valores mantidos numa comunidade sejam a base de certos comportamentos de certos modos de vida que envolvem perigos que provocam formas de exclusão ou maus tratos ou que mantêm o desconhecimento sobre determinados fenómenos A diversidade de afiliações políticas de membros da comunidade ou investigadores pode ser outra causa de problemas Viver em sociedade expressar as nossas opiniões utilizar os serviços públicos exercer os nossos direitos civis e cumprir as nossas obrigações cívicas são ações politicamente marcadas Todos temos ideias políticas comportamentos políticos mas o aspecto político de cada cidadão não está necessariamente ligado a aspectos partidários uma vez que apenas uma pequena fracção dos cidadãos é activa em partidos políticos Algumas destas dificuldades dizem respeito ao compromisso e ao conhecimento que pode ser gerido na comunidade quase três décadas atrás e isso moldou o caráter da subdisciplina De tal condição como ensina Paulo Freiré 1964 deriva o reconhecimento de que no trabalho comunitário coexistem conhecimentos diversos todos os quais devem ser levados em conta mas como a experiência nos diz a admissão de tais condições não faz sentido não impedir que a relação entre agentes externos e internos no trabalho psicossocial comunitário seja livre de conflitos e problemas Finalmente deve ficar claro que certas práticas em que formas de ação predeterminadas são propostas sem consulta por organizações externas às comunidades não são 111 Como aponta Perdomo 1988 esse tipo de relação pode produzir clientelismo ou assistencialismo sempre vinculado à dependência ou ser confundido com ativismo político Tudo isso pode assumir conotações autoritárias que acabam por deixar de lado a comunidade os seus interesses e pôr fim à participação e ao desenvolvimento comunitário E em relação a isto é necessário ter em mente que o efeito multiplicador e socializador da participação também pode servir objectivos de natureza socialmente indesejáveis ou negativas Participar em si não é bom nem mau tudo depende dos valores e da concepção ética a que essa participação responde Participação e comprometimento no trabalho comunitário Maritza Montero Machine Translated by Google Algo semelhante acontece com a noção de compromisso com o que foi indicado para a noção de participação 2 A intenção anunciada publicamente de praticar um ato esta seria a declaração formal de compromisso Kieer 1971 citado em Klinger 2000 188 3 A força na intenção de atingir um objetivo ou a adesão pessoal à sua busca Klinger 2000 188 As palavras compromisso e comunidade quase sempre andam juntas principalmente quando se fala em trabalho comunitário Muitas vezes ouvimos que é necessário comprometerse com esse trabalho ou com os objetivos e metas da comunidade Ou dizse que falta comprometimento a alguém ou que estava ou não comprometido com o que fazia O compromisso assume assim aspectos de qualidade de virtude de condição necessária para trabalhar na com e para a comunidade A primeira coisa encontrada tanto na literatura psicológica quanto na sociológica é a advertência de que o conceito de compromisso tem uma pluralidade de significados é polissêmico Ao revisar a literatura escrita principalmente em espanhol e inglês é necessário salientar que três palavras inglesas correspondem à palavra espanhola compromisso comprometimento comprometimento e envolvimento Klinger 2000 registra os seguintes significados para o termo comprometimento o mais popular deles na área anglosaxônica muitas vezes usado de forma intercambiável com engajamento 1 A decisão momentânea de atingir um objetivo específico Klinger 2000 188 1977 Tubbs 1993 e Heckhausen e Jul 1985 citado em Klinger 2000 A definição de compromisso pode ser considerada participação comunitária Nestes casos o que existe é a cooptação ou acusações em relações autoritárias clientelistas ou populistas em que a participação é nominal e a sua condição democrática é inexistente Montero 1996a 10 Essas práticas geram dependência e estimulam a passividade Isso não significa que não possam existir iniciativas louváveis de instituições externas às comunidades tanto governamentais como nãogovernamentais mas para que haja participação é necessário que nestes casos ocorra um encontro de vontades decisões e reflexões entre os órgãos externos ou as instituições e as comunidades que devem ter acesso ao controlo e à decisão sobre o que é feito fortalecendose e desenvolvendo os seus próprios recursos 4 Dedicação ou obrigação1 de um indivíduo para com a vida ou a sociedade através da realização de objetivos significativos Brickman 1987 ou socialmente compatíveis o oposto da alienação K Kenniston 1968 Ambas as referências vêm de Klinger 2000188 As distinções que entre os termos mencionados aparecem na literatura anglosaxônica estão presentes na literatura espanhola como características ou elementos integrantes do No caso do termo envolvimento a sua definição centrase principalmente no que poderíamos chamar de participação comprometida dos cidadãos no espaço público através do voluntariado ou da sua incorporação não oficial no serviço público Seria o envolvimento de pessoas em instituições governamentais e organizações de base Stukas e Dunlap 2002 e teria em comum com o voluntariado a sua orientação prósocial embora como indicam Stukas e Dunlap esta última seria uma forma genérica de envolvimento destinada a em beneficiar qualquer outra pessoa grupo ou organização 112 Participação e comprometimento no trabalho comunitário Maritza Montero O autor utiliza a palavra inglesa engagement que normalmente é traduzida como comprometimento Para evitar a tautologia utilizo os sinônimos dados pelos dicionários 1 Machine Translated by Google O que importa nesses sentidos atribuídos ao termo é a natureza motivadora seja ela momentânea ou duradoura que identifica uma pessoa Motivação que proporciona força e resistência na decisão de agir para atingir um objetivo Como diz Brickman 1987 citado em Klinger 2000 188 o comprometimento é o que leva uma pessoa a assumir ou continuar um curso de ação quando dificuldades ou alternativas positivas influenciam a pessoa a abandonar a ação A natureza crítica do compromisso A psicologia social comunitária desenvolvida na América Latina percebeu depois de ter constatado a natureza complexa da noção de compromisso os aspectos críticos a ela ligados Lane e Sawaia 1991 iniciaram formalmente a discussão nesse sentido no início da última década do século passado E o fizeram na perspectiva Gramsciana o que nos permite explicar e ao mesmo tempo criticar a função dos profissionais de psicologia comunitária Mas já em 1988 Perdomo tinha alertado sobre o papel dos trabalhadores comunitários e certos perigos a ele associados Perdomo criticou naquela época o perigo de o trabalho comunitário degenerar em ativismo político religioso social com ausência de reflexão teórica e rigor metodológico Isto é numa acção impensada imediata e não planeada por mãos desmioladas Em povo ao acreditar que tudo o que vem das pessoas da comunidade é uma verdade absoluta negligenciando a consideração Gramsciana de que o senso comum popular é tão cheio de ideologia quanto qualquer outra área da sociedade Em especialista ou perito separado da comunidade por um suposto conhecimento superior que lhe permite ser o único a decidir o que fazer E por fim na sensibilização ou iluminação que se vê 113 A natureza motivadora do compromisso Dizse então que o conceito de compromisso parece muito claro mas quando refletimos sobre ele não é tão claro Comprometemonos com certas coisas certas ideias certos movimentos e não outros Ou seja que a motivação e essa força não ocorrem de forma abstrata nem em relação a qualquer coisa ou circunstância Comprometemonos em relação a algo que consideramos digno valioso necessário conveniente de fazer seja individual ou socialmente Considero que o voluntariado está incluído no compromisso Num projecto de investigação acção comunitária existem muitos graus de compromisso alguns deles se enquadram na definição de voluntariado e todos como apontamos nestas páginas veja abaixo são necessários e bemvindos e podem evoluir de uma forma para outra Mas o compromisso vai além do voluntariado Assim entendo por compromisso a consciência e o sentimento de responsabilidade e obrigação em relação ao trabalho e aos objetivos de um grupo comunidade projeto ou causa que leva a pessoa a acompanhá la agir e responderlhe pelas ações realizadas compromisso Contudo cabe fazer uma distinção com o termo voluntariado já mencionado uma vez que sua origem e ação parecem restringirse ao nível individual enquanto o compromisso de que tratamos aqui se forma e se expressa nas relações comunitárias A esse respeito García Roca e Comes Ballester 19957 afirmam que trata dos interesses de outras pessoas ou da sociedade carece de interesse económico pessoal desenvolvese num quadro mais ou menos organizado é uma escolha livre e expressa por meios pacíficos Participação e comprometimento no trabalho comunitário Maritza Montero Machine Translated by Google Comprometimento é Ato crítico de encontro e melhoria entre agentes externos e internos Valorização do que é popular em si Respeito ao conhecimento popular e sua valorização Conhecimento da intervenção do subjetivo no objetivo e viceversa Reconhecimento do direito dos membros da comunidade de participarem na investigação Articulação entre teoria e prática para alcançar a transformação do conhecimento e do mundo Um serviço destinado a apoiar os caprichos e caprichos do proletariado ou de qualquer outro grupo Lane e Sawaia p 75 O cancelamento do agente externo nos agentes internos Populismo Adoção da visão do sujeito da pesquisa considerando de forma acrítica que a verdade está nele Beneficência caridade Ativismo Empirismo impensado A psicologia comunitária propõe o estudo do compromisso baseado em valores relacionados com a justiça social e a igualdade os direitos humanos os interesses e necessidades das comunidades e fundamentalmente o respeito pelos outros Assim quando falamos de compromisso comunitário baseamonos em considerações de natureza social coletiva e humanitária Isto significa que na base desta motivação para atingir objetivos considerados importantes significativos estão valores que sustentam aquela força intenção dedicação e obrigação mencionadas nas definições acima revisadas São estes valores que também sustentam os princípios apresentados no capítulo 3 E embora os compromissos variem em intensidade e direção ao longo da vida é por causa desses valores em que se baseiam que alguns deles podem nos acompanhar ao longo da vida e estão ao nosso lado no momento da morte Às vezes eles até causam isso 114 Tabela 9 O compromisso não é Algo que surge de interesses subjetivos e ideológicos Uma atitude pessoal benevolente por parte de agentes externos à comunidade Molano em 1978 alertou sobre a falsidade do postulado de que a pesquisa em contato com o povo leva à ação política e esta por sua vez ao compromisso com o objeto de estudo Lane e Sawaia 1991 72 por seu lado alertam contra o ativismo apontado por Perdomo e sustentam que o compromisso é um ato crítico de encontro e superação e não de anulação de um no outro referindose à confusão de alguns agentes externos que tendem a fundir se com os membros da comunidade deixando então de emprestar os seus conhecimentos Para Lane e Sawaia 1991 tal posição leva a dois erros conhecimento cristalizado e empirismo sem princípios Os autores também apontam qual é o compromisso incluído na tabela 9 e o que não é ele mesmo como um salvador de pessoas alienadas a quem mobilizará e iluminará com seu conhecimento e bondade ao mesmo tempo que os controlará e dirigirá Consideração ativa do ser humano A natureza avaliativa do compromisso Maritza Montero Participação e comprometimento no trabalho comunitário Machine Translated by Google Gráfico 3 Eixo 1 Origem e local de comprometimento Eixo 2 Categorias de pessoas comprometidas Eixo 3 Escopo do compromisso A compreensão e aplicação da noção de compromisso pela diversidade de valores a partir dos quais pode ser explicada religiosa partidária económica classista étnica cultural oscila segundo três eixos um que vai do interesse individual ao bemestar coletivo outra que vai da seletividade grupal comprometimento com determinados grupos à consideração de que qualquer grupo e muitos interesses podem produzila e uma terceira que vai de agentes externos a agentes internos dependendo de onde se baseia o compromisso O que estes eixos indicam é que o compromisso não é um fenómeno uniforme mas pode oscilar ao longo destes três eixos ver figura 3 Eixos orientadores do compromisso Eixos de compromisso Portanto em relação à comunidade o compromisso está ligado a aspectos éticos e políticos que lhe dão direção consistência e apoio Nesse sentido a presença ou ausência de comprometimento em relação ao trabalho comunitário não depende da mera declaração verbal de sua existência mas é comprovada na ação e na reflexão Muitas vezes é dado como certo que existe naquelas situações em que se manifestam algumas formas de solidariedade ou em que estão presentes interesses sociais ou que exigem dedicação a determinadas causas 115 Participação e comprometimento no trabalho comunitário Maritza Montero Machine Translated by Google O que Fals Borda explica e situa porém foi assumido e naturalizado por muitos profissionais da psicologia comunitária como uma atitude ou disposição ou condição desejável e necessária naqueles que iam trabalhar com comunidades De tal forma que o compromisso se tornou uma parte substancial daquele lugar comum que costumamos chamar de vocação de serviço e que muitas vezes é uma zona crepuscular situada entre a beneficência social e o narcisismo socializado Assim em grande parte da literatura da área o compromisso é entendido como o dos pesquisadores e intervenientes sociais em relação às comunidades com as quais trabalham sendo então apresentado como um impulso unilateral devido aos membros dessas comunidades como uma disposição benevolente de agentes externos desejável e correta especialmente politicamente correta E embora muitos profissionais da psicologia comunitária estejam sinceramente comprometidos com o trabalho e com as pessoas com quem o realizam esta localização externa do compromisso tem levado a uma interpretação leve do conceito segundo a qual basta proclamarse identificado com a defesa do proletariado ou com os interesses da instituição ou com o grupo para satisfazer a necessidade de compromisso e integrar essa qualidade positiva no halo social e profissional Assim temse consciência de que não é só o agente externo que precisa de comprometimento mas também os agentes internos membros da comunidade organizada precisam se comprometer e de fato o fazem com os objetivos do trabalho que está sendo realizado Gonçalves de Freitas 1995 1997 Como vimos nos capítulos anteriores as pessoas com quem trabalhamos são consideradas agentes ativos da sua própria transformação como construtoras da sua realidade Então por que não reconhecer o seu compromisso com isso Em 1970 Fals Borda 19701987 introduziu o conceito de compromissoacção apontando o carácter motivador de uma actividade mas a definição que deu então colocou o compromisso num campo mais específico o da acção do cientista social que é sensível aos problemas da sociedade em que vive e que quer responderlhes ao mesmo tempo que se situa numa perspectiva de produção de conhecimento Na mesma obra citada Fals Borda acrescenta que este compromisso implica uma visão dentro da ciência condicionada social e politicamente que levará à acumulação do conhecimento científico e ao seu enriquecimento à sua renovação à sua revitalização 1970 1987 61 Esta concepção supõe a coexistência de duas áreas no compromisso dos cientistas sociais que no caso do referido autor são sempre investigadores cujas contribuições são produzidas na práxis2 Estas áreas são os problemas sociais específicos com os quais trabalham e os da ciência a partir do qual trabalhamos Em ambos os casos a ação e o compromisso visam a transformação social enriquecedora dos membros da sociedade em que ocorre De quem é o compromisso A participação de pessoas das comunidades com as quais trabalhamos levou a uma revisão crítica desta concepção no sentido de que a posição unilateral adoptada por muitos profissionais relativamente ao compromisso implica de facto uma exclusão dos membros das comunidades como Outros Com efeito apresenta implicitamente uma concepção destas pessoas como fracas frágeis e passivas É então uma forma de regressar às tradicionais visões paternalistas e populistas segundo as quais os intervenientes sociais ou investigadores que vêm de fora são fortes e têm poder razão pela qual também devem ser bemintencionados e precisam de estar empenhados ao mesmo tempo que As comunidades são pessoas carentes de quem tais coisas não deveriam ser exigidas 116 Participação e comprometimento no trabalho comunitário Maritza Montero União da ação concreta e da teoria que a explica e interpreta através da reflexão crítica sobre ambas 2 Machine Translated by Google A relação entre participação e comprometimento O que foi dito acima indica que nem a participação nem o compromisso são fenómenos monolíticos do tipo tudo ou nada Montero 1998a A vida já sabemos é complexa e cada pessoa tem múltiplas obrigações e motivos para agir Seguese que existem diferentes graus de participação e compromisso dentro da mesma comunidade e mesmo ao longo da vida das pessoas E tal como os agentes externos devem estar atentos às manifestações de compromisso dos membros da comunidade e à promoção e facilitação da participação devem também ter em conta as variações de ambos os fenómenos e não rejeitar ou considerar como menos importantes as formas de participação menos comprometida A participação e o compromisso são fenómenos complexos Como dizem Martín González e López 1998 200 ao introduzirem a natureza legitimadora do compromisso a participação autêntica é participação comprometida E isso acontece porque a participação e o compromisso reforçamse mutuamente portanto não há uma parcela pequena Toda participação é necessária A relação entre participação e compromisso pode ser expressa graficamente ver Figura 4 117 estabelecer os códigos de troca e compromisso das pessoas imersas na pesquisa reduz os riscos de que o pesquisador externo apenas aproveite as informações fornecidas pela comunidade e as gerencie e utilize de acordo com seus interesses sem fornecer elementos para resolver seus problemas e que a comunidade abuse e utilize indevidamente as contribuições e técnicas científicas que aprendeu e também aproveite esse recurso sem devolver parte de seu conhecimento à pesquisa Existe uma relação direta entre comprometimento e participação Ao considerar um devese considerar também o outro A orientação participativa da psicologia social comunitária tornounos conscientes desta relação codependente entre participação e compromisso produzindo consequentemente uma expansão da definição habitualmente dada para o primeiro destes termos Assim quanto maior a participação maior o comprometimento e viceversa quanto maior o comprometimento maior a participação Eles fortalecemse e aumentamse mutuamente cada um influencia o outro quantitativa e qualitativamente participar implica algum grau de comprometimento ter comprometimento Estar comprometido significa um maior grau e qualidade de participação Portanto a concepção que limita o comprometimento ao círculo de profissionais ou interessados que vão ajudar facilitar processos ensinar ou liberar assume implicitamente e apesar de todas as boas intenções que possa ter uma posição de superioridade já que o compromisso unilateral com os necessitados e os desamparados de qualquer nível socioeconómico com os pobres os marginalizados apresentaos como menos capazes como passivos ou com falta de recursos Os agentes externos aparecem então como a fonte da mudança social e portanto num nível superior Isto parece ser um antigo resquício da concepção que a psicologia comunitária queria mudar Ao reconhecer que o comprometimento deve estar presente em ambos os tipos de agentes de transformação suas diferenças são levadas em consideração e reconhecese que a motivação e os valores podem e devem estar presentes ou ausentes em ambos Montero 2002b E como alerta Gonçalves de Freitas 1997 62 transformação e aquela construção Eles não estão interessados em alcançar mudanças positivas para sua comunidade É lugarcomum da psicologia comunitária reconhecer que sem a participação da comunidade sem a sua incorporação comprometida em projetos de interesse social que beneficiem a comunidade a ação dos agentes externos não tem efeitos duradouros Maritza Montero Participação e comprometimento no trabalho comunitário Machine Translated by Google 2 Participação frequente e alto comprometimento 4 Participação esporádica baixo comprometimento 5 Participação inicial ou provisória mediante compromisso por exemplo contribuições financeiras apoio material Rotação dos primeiros níveis 1 Núcleo de máxima participação e comprometimento 3 Participação específica comprometimento médio Níveis de participação e compromisso na comunidade Gráfico 4 Direção ou movimento entre níveis Promoção de um movimento centrípeto de maior participação 7 Curiosidade positiva ou amigável Não há compromisso 118 É por isso que é tão importante promover o movimento centrípeto dos membros da comunidade em direcção ao núcleo de maior participação tanto interessados como não interessados sem No centro do círculo encontramos líderes comunitários membros de grupos organizados ou movimentos internos a favor de alguma transformação ou da solução de algum problema Costumo chamálos de a ponta da lança Neles está a máxima participação e o maior comprometimento No próximo círculo estarão os membros dos grupos organizados que não lideram mas que participam de todas as atividades O terceiro círculo corresponde às pessoas que não pertencem a grupos organizados mas que participam de forma consistente nas atividades que dirigem Depois vêm aqueles que participam esporadicamente em algumas atividades mais ou menos motivadoras de acordo com os seus interesses ou preferências em seguida aqueles que não atuam diretamente mas contribuem facilitando de alguma forma o trabalho dos outros dão dinheiro materiais prestam algum serviço fazem ligações cuidam de crianças etc Seguem aqueles que aprovam o que é feito e demonstram simpatia por essas tarefas e aqueles que olham com aprovação Esta última categoria pareceria não participativa e certamente não é comprometida mas não deve de forma alguma ser deixada de lado ou menosprezada uma vez que expressões de acordo podem levar a pequenas colaborações e estas a formas de participação mais comprometidas 6 Participação tangencial compromisso indefinido por exemplo aprovação acordo Participação e comprometimento no trabalho comunitário Maritza Montero Machine Translated by Google Para Fals Borda 19701987 sempre sob a ótica exclusiva de agentes externos os efeitos do comprometimento na produção de conhecimento se manifestam em Na escolha pelo cientista dos temas ou questões a serem investigados e na prioridades que lhes concede bem como as abordagens e formas de gerir os dados resultantes 19701987 55 Aumentando as possibilidades de criação e originalidade do seu trabalho O fato de um agente comprometido com o trabalho que realiza identifica mais facilmente os grupos chave que merecem ser atendidos pela ciência e que se tornarão grupos de referência para o pesquisador Stukas e Dunlap 2002 417 consideram que o compromisso pode ajudar a estabelecer laços fortes entre as comunidades e as instituições que nelas residem ao gerar ajuda e apoio para a satisfação das necessidades e ao facilitar a interação entre os membros da comunidade Destas interrelações pode surgir a compreensão mútua entre os níveis interinstitucional intergrupal e pessoal Uma questão que surge quando se discute o tema da participação e do compromisso é porquê participar A resposta não é apenas psicológica é também filosófica ética social económica e provavelmente tem muitas outras origens Os efeitos do comprometimento no trabalho dos agentes externos e internos da comunidade têm sido vivenciados na prática comunitária e descritos por diversos autores Mas na perspectiva psicossocial comunitária as questões e prioridades são decididas pela e com a comunidade uma vez que como já dissemos o compromisso não é unilateral por isso embora seja verdade que a acção dos agentes externos é facilitada porque o seu compromisso torna tornálos mais abertos às novas ideias e perspectivas à diversidade e às necessidades dos outros é necessário que o mesmo aconteça com os agentes internos cuja criatividade e originalidade também são facilitadas pelo compromisso Mas o efeito mais importante do compromisso é produzir análises mais sérias e profundas através do esforço conjunto de ambos os tipos de agentes acompanhadas de ações mais produtivas e mais adequadas às situações específicas em que atuam Efeitos do comprometimento no trabalho comunitário esquecer ao mesmo tempo que é necessária a rotatividade das pessoas que estão no primeiro e segundo círculo pois o cansaço e o esforço bem como a habituação podem reduzir a sua capacidade de trabalho e por vezes degenerar em formas de autoritarismo Montero 2002b Essa rotação deverá manter essas pessoas nos três círculos imediatamente adjacentes Batson Ahmad e Tsang 2002 consideram que existem quatro razões básicas para uma participação comunitária comprometida Uma primeira razão de natureza egoísta participar em favor da comunidade para obter benefícios para si Referi me a este ponto em relação à forma negativa narcisista e sedutora de liderança comunitária noutro local Montero 2003b uma vez que com efeito a prática psicossocial comunitária permite encontrar pessoas assim motivadas que embora promovam ou Ajudam a alcançar os objectivos da comunidade procurando assim ganhar visibilidade ocupar posições de poder reconhecimento e prestígio Vimos também como tal motivação limita outros membros da comunidade e até bloqueia as suas iniciativas e realizações Batson Ahmad e Tsang 2002 434 435 consideram que existe um leque de possibilidades neste motivo que vão desde formas filantrópicas doações em nome de uma pessoa até 119 Por que participar com comprometimento Participação e comprometimento no trabalho comunitário Maritza Montero Machine Translated by Google Mas por que participar não é a única questão que levantou a noção de compromisso participativo ou participação comprometida Tal como os psicólogos comunitários reflectiram sobre os fundamentos éticos destes processos básicos o mesmo fizeram alguns sociólogos e filósofos Em 1970 Fals Borda considerava que para saber com o que ou com quem um pesquisador comunitário deveria se comprometer deveria se fazer algumas perguntas relacionadas aos seus compromissos anteriores à objetividade que para ele era garantida pela ciência e ao ideal de serviço Um resumo dessas questões é apresentado na Tabela 1 Foram feitas num momento histórico específico e a partir da perspectiva sociopolítica que foi chamada de sociologia militante ou também crítica O seu conteúdo continua válido sobretudo se o analisarmos à luz de considerações éticas coletivistas ou altruístas e dos princípios que neste sentido norteiam o paradigma atual da psicologia social comunitária E para confirmar esta validade vale a pena mencionar as questões que um filósofo social Richard Rorty 1991 levantou no mesmo sentido vinte anos depois ver tabela 2 atividades voluntárias realizadas por pessoa isoladamente incluindo obtenção de benefícios para alguma instituição externa à qual representa ou pertence religiosa empresarial política Razões altruístas destinadas a beneficiar um ou mais indivíduos Estas razões estariam ligadas à empatia ou seja sentimentos orientados para os outros congruentes com o bemestar percebido de outra pessoa Batson 1991 que podem ser complementados por outros emoções positivas como simpatia compaixão ou ternura Os autores acima mencionados indicam no entanto que a investigação realizada neste domínio mostra que as pessoas não são muito empáticas relativamente aos principais problemas sociais existentes Devese considerar a este respeito que diante de tais resultados é necessário levar em conta o contexto temporal e espacial em que estes estudos foram realizados e como o assunto foi investigado Coletivismo servir a comunidade para beneficiá la Coletivismo significa a motivação para alcançar um aumento no bemestar de um grupo ou coletivo Batson 1994 Nesse sentido apontase como limitação que essa motivação geralmente esteja presente em relação ao grupo ou comunidade a que se pertence Não acho que isso seja uma limitação pelo contrário vejoo como a base de apoio e ponto de partida para a participação e o compromisso Precisamente por pertencer a uma determinada comunidade existe o sentido de comunidade a necessidade em relação a ela o propósito de satisfazêla e a possibilidade de desejar o melhor para aquela comunidade Agora quando se trata de agentes externos então podese pensar que a limitação está presente por isso acredito que quem não está motivado e não tem comprometimento nesse sentido não deve ser obrigado a realizar um trabalho comunitário Não há trabalho pior do que aquele que não se quer fazer e as ações dessas pessoas certamente tendem a ter falhas ou limitações Os princípios trabalhar para a comunidade com base em princípios éticos e morais como justiça e equidade ou direitos humanos Batson Ahmad e Tsang 2002 mostram novamente que a questão não fica totalmente clara quando lembram que a racionalização pode muitas vezes funcionar como um mecanismo de defesa quando não se trata de ver o que está errado nos outros mas no nosso próprio quintal Este é o tipo de motivação que deveria estar subjacente a todas as outras considerações mas o relativismo na sua aplicação que emerge do que apontam os referidos autores permitenos compreender porque é que um país é devastado e então se estabelece um programa de ajuda aos órfãos os mutilados e os sobreviventes deslocados 120 Maritza Montero Participação e comprometimento no trabalho comunitário Machine Translated by Google Com quais comunidades você deveria se identificar De qual grupo você deveria se considerar membro Quais são os limites da nossa comunidade O que foi ganho em solidariedade dentro de um grupo restrito ou de uma sociedade específica custou a nossa capacidade de ouvir estranhos que sofrem ou que têm novas ideias E refletir sobre os compromissos a sua direção e motivação faz parte da profissão psicossocial comunitária Resumo Este capítulo apresenta dois conceitos fundamentais da psicologia comunitária participação e compromisso São tratados em conjunto porque são interdependentes um não pode existir sem o outro pois existe uma relação direta entre os dois São analisados os benefícios e também as dificuldades de participação tendo em conta que apesar destas últimas não pode haver trabalho com a comunidade em que não haja participação Assim como se dá uma definição de participação comunitária também se define o compromisso expressando o seu carácter motivador crítico e avaliativo Dependerá destas três características que o compromisso que acompanha a motivação constitui o impulso reflexivo que não só Questões de interesse para definir comprometimento Rorty 1991 A classificação de Batson Ahmad e Tsang apresenta quatro fontes de motivação para compromissoação ou participação comprometida As questões de Fals Borda e Rorty obrigamnos a examinarnos com base na perspectiva ética que fundamenta cada fonte Mas quando se fala em compromisso e sobretudo quando se trabalha a partir dele é necessário manter uma perspectiva de totalidade pois longe de essas fontes de motivação serem instâncias separadas muitas vezes fazem parte de um único processo Na prática podese partir de um motivo ou da união de vários deles já que não são compartimentos estanques E uma vez que o envolvimento e a participação são processos dinâmicos históricos e portanto situados ambos mudam dependendo das circunstâncias Garantir que o altruísmo o coletivismo e os princípios estejam presentes no trabalho psicossocial comunitário modula o egoísmo que junto com os anteriores pode ser uma força motivadora que ajuda a alcançar objetivos limitados ao bemestar desejado por uma comunidade mesa 2 Quadro 1 Questões de interesse para definir comprometimento Fals Borda 19701987 Com quais grupos estive comprometido até agora Como se reflectem nos meus trabalhos os interesses de classe económicos políticos ou religiosos dos grupos aos quais pertenço Quais são os grupos que não temeriam que fosse feita uma estimativa realista do estado da sociedade e que portanto dariam o seu total apoio à objectividade da ciência Quais são os grupos movimentos ou partidos políticos que procuram servir a sociedade pensando no benefício das pessoas marginalizadas que até agora foram vítimas das instituições Quais são os grupos que se beneficiam das contradições incoerências e inconsistências presentes na sociedade 121 Participação e comprometimento no trabalho comunitário Maritza Montero Machine Translated by Google Hernández E coord 1996 Participação Áreas desafios e perspectivas Caracas CESAP Este trabalho apresenta uma coleção de artigos sobre o tema da participação social em geral e da participação comunitária em particular sob diversas perspectivas uma vez que são escritos a partir de vários campos das ciências sociais Apresenta também as reflexões dos membros daquela comunidade sobre o seu próprio processo de participação Perguntas para refletir sobre a participação e o envolvimento comunitário Que interesses económicos se reflectem nas práticas comunitárias Na sociedade de hoje com que grupos alguém que queira fazer trabalho comunitário deve comprometerse Por que nem todos os beneficiários do trabalho psicossocial comunitário participam com a mesma assiduidade e grau de intensidade Por que outros fazem isso com muita dedicação Como poderia ser medido o compromisso com uma comunidade Hernández E 1996a A comunidade como espaço de participação Um espaço de desenvolvimento local em E Hernández coord Participação Áreas desafios e perspectivas Caracas CESAP pp 2144 Neste capítulo é possível perceber a natureza política dos processos de participação uma vez que se analisa como ao participar as comunidades não só desenvolvem a cidadania mas também fortalecem o poder local fortalecendo a democracia Sánchez E 2000 Todos com Esperança Continuidade da participação comunitária Caracas Comissão de Pós Graduação Faculdade de Ciências Humanas e Educação Universidade Central da Venezuela Este trabalho reúne as observações e o estudo sobre a participação em uma comunidade realizado por seu autor há mais de uma década Leitura adicional produzir ações que possam surpreender mas também permitir que a participação nelas não seja cega nem muda A participação e o compromisso são portanto partes indissociáveis do processo de transformação que ocorre no trabalho comunitário e diz respeito tanto aos agentes externos como aos internos São analisadas as razões pessoais éticas grupais profissionais e coletivas que levam à participação e que produzem comprometimento mostrando quantos sentimentos e interesses vão se combinar nessas duas noções no momento em que se transformam em ações concretas com um propósito Ao mesmo tempo ressaltase que nenhum dos conceitos é de responsabilidade de um único tipo de agente de transformação Tanto os externos como os internos são atores comprometidos e participantes Exercícios de resolução de problemas sobre participação e compromisso no trabalho psicossocial comunitário Analisar o trabalho realizado por uma equipe comunitária que surgiu de uma necessidade problema ou desejo sentido pelas pessoas de uma comunidade e por uma equipe designada por alguma instituição para realizar uma ação semelhante Compare sua eficiência participação conquistas senso de integração Observe pessoas de um grupo organizado em alguma comunidade Quem fala mais 122 Quem contribui mais Quem pergunta mais Como as diferentes pessoas do grupo falam Podese deduzir algo sobre seu comprometimento e participação Participação e comprometimento no trabalho comunitário Maritza Montero Machine Translated by Google Este capítulo trata dos processos psicossociais fundamentais para a psicologia comunitária em qualquer uma de suas perspectivas habituais social ambiental educacional organizacional ou clínica São processos que influenciam as relações sociais das pessoas e por sua vez são influenciados pelas circunstâncias sociais e envolvem subprocessos de natureza cognitiva emocional e motivacional que têm consequências comportamentais De outras perspectivas estes processos comunitários têm sido objecto de estudo não só no campo da psicologia mas também noutras ciências sociais ou na filosofia nas quais alguns deles se originaram como modos de explicação do comportamento humano e também de situações sociais igualmente complexas fenômenos Da mesma forma esses conceitos que emergem da práxis comunitária fazem parte da construção teórica da psicologia comunitária Habituação naturalização e familiarização O que foi referido anteriormente traduzse a nível psicológico na construção de um campo habitual de conhecimento em que a realidade quotidiana é codificada e organizada através de processos de habituação e normalização de situações adversas e familiarização de novas circunstâncias adaptandoas ao habitual uns integrando os ao que já é conhecido e tornandoos semelhantes semelhantes ao que já é conhecido e portanto familiar Um dos efeitos de tal processo são as baixas expectativas de mudança relativamente às circunstâncias da vida enquanto as circunstâncias alternativas são percebidas como remotas impossíveis estranhas ou fora do alcance das pessoas que se encontram nessa situação Este campo do conhecimento caracterizase pelo bloqueio ou corte no estabelecimento de relações de causaefeito relativamente a estas condições de vida o que produz o que conhecemos como ideologia e que se expressa na hegemonia de certas ideias sobre outras com a consequente influência sobre outras a forma de construir a realidade que pode levar à aceitação absoluta e passiva daquilo que prejudica e limita as possibilidades individuais e grupais quando não as nega definitivamente Introdução Tais processos embora tenham sido amplamente discutidos nas ciências sociais e na educação precisam ser estudados em seu aspecto psicossocial pois afetam não apenas os indivíduos mas também as relações por meio das quais essas pessoas se constroem e constroem seu mundo de vida Além disso desempenham um papel fundamental na manutenção e na transformação das condições de vida e constituem o eixo do trabalho comunitário Processos psicossociais comunitários CAPÍTULO 9 123 As normas e a visão de mundo de cada cultura geram estilos de vida que são ao mesmo tempo produto e produtores de padrões estruturados de comportamentos regulares e relativamente estáveis alguns dos quais se consubstanciam de tal forma com aquela visão de mundo mundo e com regulamentos construídos em conjunto que são executados de forma espontânea mecânica não mediada por reflexão ou decisões explícitas Essas estruturas de comportamento estruturadas e estáveis não discutidas não assumidas conscientemente são o que tem sido chamado de habitus Esta noção criada pelo sociólogo francês Pierre Habituação Processos psicossociais comunitários Maritza Montero Machine Translated by Google Naturalização e familiarização O processo de naturalização também está vinculado a outro que foi definido como familiarização1 Mais uma vez a psicologia da cognição social descrevenos a função Então Os habitus configuram então modos de encarar o cotidiano alguns dos quais são considerados o modo natural de ser e de fazer no mundo como se fizessem parte da essência das coisas Ao mesmo tempo implicam uma codificação não expressa que inclui expectativas sociais sobre o próprio habitus não se espera nem se pensa que se possa agir de outra forma a ponto de antecipar as consequências dessas ações com as quais também servem de vínculos circunstanciais entre diversas situações reproduzindo as estruturas sociais que as geraram Tais características certamente facilitam a vida social pois se tivéssemos que pensar continuamente em cada ação que realizamos para produzir o nosso cotidiano provavelmente ela deixaria de sêlo pois demoraríamos boa parte do dia para estabelecer a cadeia de decisões e ações que constroem o cotidiano Mas ao mesmo tempo a habituação leva à admissão e reprodução impensada acrítica e consciente de circunstâncias da vida que podem ser prejudiciais às pessoas Bourdieu 1972 caracterizase por Ser uma regularidade associada a um ambiente socialmente estruturado ou seja uma forma de estruturar comportamentos agir e responder dentro de um sistema social Ser durável pois tende a ser mantido ao longo do tempo Constituir um comportamento estruturante que ao mesmo tempo é estruturado ou seja um padrão de comportamento estabelecido e estável que produz sistematização de padrões comportamentais ao mesmo tempo em que se ajusta aos padrões existentes Ser uma prática e representação de uma condição regulamentada e regular Ser realizado sem uma direção conscientemente escolhida nem controle explícito das operações necessárias para atingir seus objetivos Estar ajustado à regulamentação colectiva sem necessidade de receber instruções específicas Permitir que as pessoas enfrentem situações inesperadas para as quais fornece modos de ação estabelecidos Forneça uma antecipação implícita das consequências de tais situações Constituir uma resposta socialmente codificada e esperada Tende a reproduzir as estruturas sociais objetivas das quais é efeito mantendoas Falta intenção estratégica pois atua como elo conjuntural Montero 2001 Exemplos de formas de naturalização são apresentados num contexto diferente do da psicologia comunitária pela teoria das representações sociais quando descreve como um esquema conceitual ganha realidade ao ontologizá lo isto é tratar o conceito como se fosse um ser atribuindolhe preferências e ações valores e tendências Roqueplo cit enjodelet 1984 368369 O mesmo procedimento cognitivo de esquematização indica outro dos passos que conduzem à naturalização Na esquematização a linguagem é utilizada para compor as imagens que usaríamos para mostrar um objeto a outras pessoas ao mesmo tempo que damos uma estrutura a esse objeto Grize 1974 cit enjodelet 1984 369 124 Processos psicossociais comunitários Maritza Montero Esse processo difere do procedimento realizado na pesquisaintervenção ou no trabalho de pesquisaação participativa que recebe o mesmo nome e consiste em conhecer a comunidade e ser conhecido por ela 1 Machine Translated by Google O choque entre estas formas de agir fixas inquestionáveis e maquinais e a introdução de outras formas de acção ou de novas concepções do mundo que tocam nestes aspectos profundos e básicos da vida social poderia estar na base das transformações psicossociais produzidas no processos que combinam ação com reflexão Combinação essa que como já indicava Freiré 1970 1973 leva ao processo de conscientização e desnaturalização revelando contradições e mostrando possibilidades de agir de forma diferente O conceito de problematização foi introduzido pelo educador brasileiro Paulo Freiré 1970 para contrapôlo à concepção bancária de educação que consiste em absorver e armazenar passivamente conhecimentos já estruturados A problematização ao contrário consiste no processo de analisar criticamente o estar no mundo no qual e com o qual se está 1970 90 Freiré acrescenta que problematizar é responder ao ser da consciência que é a sua intencionalidade Para conseguir esta resposta a pessoa deve negar o que foi comunicado e dar existência à comunicação Freiré 1970 85 Com isso Freiré quer dizer que o que é recebido o que é estabelecido e estabelecido é contrariado em benefício da atividade de produção da comunicação como troca produtiva refletida no diálogo Ao levantar o conceito de problematização no campo da psicologia é necessário também vinculálo à cognição pois esta se refere às formas como construímos o conhecimento do mundo em que vivemos e de nós mesmos ao mesmo tempo que ao fazêlo recebemos a influência histórica desse conhecimento A problematização é entendida no campo psicossocial comunitário como um processo crítico de conhecimento em que o A naturalização e a familiarização são as formas de aceitar conhecer e relacionarse com o estranho com o diverso tornálo aceitável admissível e também internalizálo e considerálo como parte do caminho do mundo Juntamente com a habituação são os mecanismos microssociais que mantêm certas estruturas e certos modos de vida ao mesmo tempo que mantêm a permanência ou o status social Problematização e desnaturalização Como vemos o processo de naturalização faz parte do processo de conhecimento Todos os dias naturalizamos múltiplos objetos e fatos através dos procedimentos de habituação e familiarização tão bem descritos pela psicologia Mas à explicação construtiva desses mesmos mecanismos que nos permitem viver é necessário acrescentar a sua função responsável de manter dependendo das circunstâncias a aceitação dos aspectos negativos que podem tornar a nossa vida difícil senão insuportável Novamente como no caso das teorias de atribuição desenvolvidas paralelamente a estas descrições a psicologia da cognição social estuda aspectos que permitem explicar desde o nível psicológico formas complexas de comportamento social que no caso das comunidades é necessário conhecer para poder ser capaz de trabalhar como propõe a psicologia social comunitária pela transformação social Moscovici 1981 ao falar da ancoragem do processo de representação social fala da familiarização do estranho menciona os mecanismos de classificação categorização rotulagem nomeação e explicação que sujeitos a uma lógica específica permitem assumir o estranho ao fazêlo o familiar isto é aproximandoo através dos mecanismos indicados do que já é conhecido tornandoo semelhante ao que é conhecido Tal cadeia de eventos cognitivos leva a ancorar o conhecimento assim estruturado ao conhecimento já existente objetificandoo Esta última condição segundo Moscovici 1981 198 satura o conceito desconhecido com a realidade transformandoo num bloco de construção da própria realidade 125 Processos psicossociais comunitários Maritza Montero Machine Translated by Google A problematização leva então à desnaturalização pois ao problematizar o caráter essencial e natural atribuído a determinados fatos ou relações revelamse suas contradições bem como seu caráter vinculado a interesses sociais ou políticos e suas limitações no que diz respeito à capacidade de avançar ou para superar situações negativas ou limitantes Quando as necessidades e os recursos das comunidades são detectados e priorizados na psicologia comunitária como um primeiro passo nos programas de pesquisaintervenção a problematização e a desnaturalização são processos psicossociais intrínsecos ao processo E os passos necessários para fazer essa identificação essa hierarquização e avaliação de necessidades e recursos problematizando e revelando o caráter socialmente construído bem como os interesses envolvidos nessa construção naturalizadora fazem parte de um processo de conscientização ou conscientização como pode também pode ser lido em alguns autores2 A conscientização é entendida como o processo de mobilização da consciência de caráter libertador no que diz respeito a situações fatos ou relações causas e efeitos até então ignorados ou despercebidos mas que impactam de forma que os sujeitos desse processo consideram negativo Segundo Barreiro 1974 é a aquisição da consciência de si mesmo como pessoa numa sociedade com a qual está comprometido porque nela interage É a consciência da natureza dinâmica das relações que se tem com o mundo e é também a consciência da própria capacidade crítica em relação a elas e da situação negativa em que se vive Tal forma de consciência supõe um modo de saber que leva ao compromisso da pessoa com a sociedade em que vive no sentido de que nela assume o seu papel ativo que deixa de ser alguém que segue o fluxo que se submete sem hesitação e sem análise sem pensar às opiniões das pessoas do seu ambiente imediato ou dos líderes da sociedade em que vive É tornarse alguém comprometido com a construção diária dessa realidade exercendo direitos e assumindo deveres com relação aos quais você sabe por que e por que os contratou Tanto o processo de conscientização quanto o processo de desnaturalização a ele vinculado são de natureza crítica Não é possível desnaturalizar um estereótipo um lugarcomum uma crença tradicional e firmemente enraizada uma norma um hábito ou em geral uma forma de comportamento cuja presença na vida quotidiana só se explica porque é assim que as coisas são ou porque é assim que as pessoas se comportam ou porque é assim que sempre se fez se não houver um processo de crítica que submeta o assunto em questão à revisão discussão e análise revelando os mecanismos de poder que fixaram esse modo de ser fazer ou compreender caráter natural relacionado a determinados fenômenos refletindo sobre suas causas e consequências de tal forma que como diz o próprio Freiré 1970 85 o objeto cognoscível em vez de ser o termo do ato cognoscente de um sujeito é o mediador de sujeitos cognoscentes Nesse sentido a problematização produz uma mobilização do campo cognitivo Conscientização e desideologização No campo da educação popular Freiré 1973 1979 Barreiro 1974 onde surge o conceito falase em tomada de consciência que envolve sempre uma mudança de consciência que leva a afastarse da realidade negativa ou insatisfatória desejado ou positivo possível percebendo 126 O Dicionário da Língua Espanhola da Real Academia Espanhola na sua vigésima segunda edição de 2001 inclui ambos os termos As traduções espanholas de Freiré usam o termo consciência As ciências sociais latinoamericanas que difundiram analisaram enriqueceram e aplicaram o conceito utilizam a palavra conscientização que passou para o inglês como conscientização substituindo a expressão conscientização Maritza Montero Processos psicossociais comunitários 2 Machine Translated by Google A sensibilização é um processo contínuo sujeito à forte pressão da influência das tendências dominantes que na medida em que emanam de grupos com poder estabelecido envolvem não só o contraste de ideias mas ainda mais o uso de numerosos meios repressivos Portanto a mobilização de consciência e o compromisso não são imperecíveis imutáveis não ocorrem de uma vez por todas e para sempre mas evoluem de acordo com a vida e as conquistas da comunidade de acordo com as influências e pressões que podem ser recebidas Problematização vista a partir da práxis a perspectiva dos agentes internos O conceito de consciência tem sido levantado por todos os seus promotores como produto da práxis comunitária não só no âmbito psicológico mas desde os seus primórdios na sociologia Fals Borda 1959 1978 na educação popular Freiré 1964 1970 Barreiro 1974 1976 e em psicologia política MartínBaró 1983 Recentemente a pesquisa para a tese de bacharelado de Cerullo Cerullo e Wiesenfeld 2001 teve como objetivo investigar como o fenômeno da consciência se manifesta em algumas pessoas pertencentes a grupos organizados em uma comunidade Os resultados obtidos nesta pesquisa mostram que nas sete pessoas entrevistadas entrevistas abertas focadas em profundidade no trabalho comunitário estão presentes aspectos já descritos na literatura sobre o conceito Assim as pessoas participantes da pesquisa demonstraram a Sentido de sua existência no mundo que produz 127 Esta mobilização tem um carácter libertador e implica uma posição política no sentido amplo do termo Ou seja no sentido de ser um cidadão consciente E como implica um processo de produção de conhecimento que leva à revelação de causas ao estabelecimento de ligações e ao levantamento do véu de ignorância necessário à manutenção de um estado de coisas implica um processo de desideologização Isto é entendido como a construção e reconstrução de uma consciência integral não fracionada por meio da qual se produz uma compreensão do mundo em que se vive e das circunstâncias da vida no que é totalidade Nos processos de problematização desideologização e conscientização residirá a possibilidade de mudanças tanto esperadas quanto inesperadas dependendo se ocorrem em uma relação intencional ou como parte de algum processo específico que pode ocorrer em uma comunidade grupo ou pessoa em sua vida experiências Envolve também o desenvolvimento de uma perspectiva crítica através do diálogo Crítico no sentido de que é reflexivo analítico observador e problematizador das relações entre fenómenos e circunstâncias assumidas e aceites e as submete ao exame e à discussão que permitem a integração do julgamento e dos factos A consciência crítica assim gerada substitui o que Vieira Pinto 1960 chamou de consciência ingênua que se considera superior aos fatos dominandoos por si e por isso se julga livre para compreendêlos como melhor lhe convier Afasta também a consciência mágica que capta os factos mas lhes confere um poder superior a si razão pela qual os teme e se submete Freiré 1969 102 constituindo assim uma nova forma de alienação a pessoa que existe uma situação de opressão Goldmann 1970 1972 Destaco aqui o uso do termo mobilização que prefiro à conscientização pois todos os seres humanos têm consciência Tratase portanto de suscitar uma mobilização transformadora do conteúdo da consciência e não de gerar uma consciência onde não existia E esse processo ocorre na pessoa pela sua reflexão e ação não é obra de imposição de mãos ou ideias de um agente externo ao qual são atribuídos poderes especiais Maritza Montero Processos psicossociais comunitários Machine Translated by Google O processo de conversão A relação entre conversão consciência e influência social Contudo a questão não é simples Na nossa prática psicossocial comunitária temos observado que o processo de conversão pode ocorrer de duas maneiras da comunidade como minoria ativa para a maioria dominante e também desta para setores ou membros da comunidade que também podem mudar inconscientemente os seus hábitos de pensar e agir É claro que a ideia de conversão negativa do foco dominante que se opõe à mudança para o grupo inovador é desesperadora mas não definitiva O que nós temos Esses resultados mostram que no processo de mobilização da consciência conscientização dos participantes de grupos organizados em comunidade e nos estudos baseados na práxis realizados pelos criadores e posteriores aplicadores do conceito os mesmos elementos estão presentes Isto não é surpreendente uma vez que a investigação acção comunitária e os processos de participação realizados na comunidade onde a investigação foi realizada se basearam em valores e princípios que orientaram a psicologia comunitária desde os seus primórdios ver capítulo 5 Mas vale a pena notar que algumas das pessoas entrevistadas têm um histórico de participação comunitária antes destas intervenções E daí se deduz que o caráter dialógico de respeito abertura e liberdade além de estar voltado para os interesses da comunidade fortalece desenvolve e também gera processos de sensibilização Paicheler e Moscovici 1984 Moscovici e Mugny 1987 Papastamou 19801981 Doise 1987 Ibáñez 1987 Huguet Nemeth e Personnaz 1995 entre outros autores estudaram o processo de conversão fenômeno psicológico pelo qual de forma sutil se produz uma mudança nos processos de conhecimento e percepção através dos quais os pontos são adotados implicitamente ou as respostas de outro É a passagem de uma crença considerada falsa para uma verdade presumida e uma mudança de comportamento Doise 1987 23 Ou como acrescenta Touraine 1973 a conversão envolve uma ruptura com a experiência passada O processo tem sido estudado como produto da influência de uma minoria ativa que introduz uma inovação luta por ela e mesmo quando não é vitoriosa conseguea através daquele processo de instilação inconsciente que ocorre na troca de ideias mesmo beligerante que suas propostas sejam parcialmente e às vezes totalmente aceitas embora as pessoas que propõem mudanças nem sempre sejam bem recebidas podem até sofrer por isso Isto significa que mais do que um triunfo pessoal é um sucesso de ideias que beneficia um grupo ou setor social b Solidariedade o que os levou a se organizarem como um grupo dentro da comunidade c Compromisso com a ação e superação de situações negativas d Caráter histórico dinâmico e circunstancial Cerullo e Wiesenfeld 2001 21 do processo vinculado ao curso de vida daqueles participantes e Relação entre ação e reflexão F Caráter dialógico das relações entre os entrevistados e os agentes externos à comunidade à Consciência das necessidades a2 Consciência da necessidade de se organizar para satisfazêlos para 3 Sentido de responsabilidade e corresponsabilidade 128 Processos psicossociais comunitários Maritza Montero Machine Translated by Google Numa comunidade problematizada desideologizada em relação a determinadas circunstâncias e explicações naturalizadas a força da consciência estruturada no grupo ou comunidade pode levála a suscitar decisivamente o conflito que oporá as suas ideias e as suas reivindicações ao grupo à instituição ou em geral a maioria3 que no exercício do seu poder pode muitas vezes oporse explicitamente ou utilizar os recursos necessários para uma oposição implícita A consciência crítica também pode permitir à comunidade confrontar grupos maioritários que aparentemente aceitam uma proposta para depois combatêla através de acções contrárias a ela ou que introduzindo desvios ou intervenções destinadas a mudar o seu rumo tentam conduzir a comunidade no caminho certo direção adequada para o mainstream Da mesma forma essa consciência permite que a comunidade produza os argumentos e as ações para expressar comunicar e divulgar suas ideias que ao contrário do que expressam muitos críticos do trabalho comunitário vão além de exigir demandas sociais ação aliás nada desprezível São estas ações que dão caráter político ao desenvolvimento e organização comunitária constituindo uma alternativa cidadã ao partidarismo indiferente corrupto e distorcido do sistema democrático uma alternativa de organização social e novas formas de exercício da democracia Montero 1998b 2003b 2003c Essa tensão não irá desaparecer Certas situações são superadas avanços importantes são obtidos mas as situações quando transformadas geram novas formas de dissidência e inovação e também novas formas de opressão Por isso é necessário trabalhar com as comunidades para transformar as suas fraquezas em pontos fortes e fazer dos seus pontos fortes instrumentos adequados para mudar as coisas para que saibam reconhecer os seus recursos olhandoos a partir de perspectivas diferentes daquelas consideradas naturais formas de ação e para que reconheçam também as formas de conversão e os mecanismos habitualmente utilizados para dar origem a essas vias de ação censura ameaça psicologização desqualificação baseada em critérios psicológicos por exemplo ser instável ser auto consciente ser louco sociologização desqualificação baseada em critérios sociais por exemplo ser pobre ser indiano não ter educação formal e a negação do que o outro faz ou é capaz de fazer O que se observa é que entre maiorias e minorias existe uma tensão dialética que exerce continuamente pressão de ambos os lados Montero 1994c 1998b 2003b E isso é típico da vida social Quando a comunidade se mobiliza para defender os seus interesses ou alcançar os seus objectivos poderá ter de confrontar interesses opostos de grupos poderosos É possível que em tais situações algumas comunidades como foi dito Montero 1994c 1998b gerem movimentos organizados e constituam uma minoria activa De acordo com a teoria das minorias ativas proposta originalmente por Moscovici 1979 e posteriormente desenvolvida por Mugny 1981 Mugny e Pérez 1986 Moscovici e Mugny 1987 Papastamou 1983 1987 e Doise 1987 entre outros quando o conflito é gerado com uma minoria ativa à qual acrescentamos o complemento da consciência iniciase um processo dinâmico de confronto de forças entre a maioria dominante da oposição e a ação insistente do grupo inovador que é visto como diferente resistente às pressões sociais e com pouca ou nenhuma legitimidade com pouca ou nenhuma credibilidade e ainda como dissidente em relação à norma esperada e desejada da posição majoritária A resistência e a dissidência conferem ao grupo minoritário assertividade relativamente às suas próprias razões ao mesmo tempo que fortalecem a consciência que apoia a necessidade de reivindicar ou propor o que é justo o que é apropriado O processo de desenvolvimento da consciência a construção pelo grupo dessa consciência tanto de si como para si no sentido de que 129 Maioria é entendida como o conceito consagrado nas ciências sociais grupo de e com poder não o mero denotação quantitativa Processos psicossociais comunitários Maritza Montero 3 Machine Translated by Google É esta consciência que leva à produção daquilo que Vieira Pinto chama de actos limites ou seja aqueles que se dirigem à superação e à negação do que foi concedido em vez de implicarem a sua aceitação dócil e passiva cit in Freiré 1970 116 e que permitem a superação de situações extremas sobre as quais é necessário agir e produzir as transformações necessárias As situaçõeslimite são entendidas como aquelas em que as pessoas se deparam com barreiras obstáculos ou pressões de tal tipo que não podem mais aceitálos suportálos ou escondêlos e cuja natureza insuportável deve ser combatida com atos extremos que lhes permitam ser superado Estes por mais arriscados que sejam nunca serão tão repulsivos quanto aqueles São então circunstâncias de vida nas quais não sendo mais possível continuar sendo objeto de sua negatividade a ficção da naturalidade se desfaz de modo que nenhum dos mecanismos adaptativos e ideologizantes funcionam mais dado que o caráter negativo daquelas circunstâncias tornálos absolutamente insuportáveis Constituem o limite daquilo que se está disposto a aceitar e induzem a cometer atos extremos Esse conceito proposto por Vieira Pinto 1960 tem origem na filósofa alemã Kari Jaspers que concebe os atos limites como intransponíveis e portanto paralisantes Mas tal como são assumidas por Vieira Pinto tornamse a verdadeira margem onde começam todas as possibilidades 1960 2 64 Ou seja o ponto de corte onde não há recuo onde só existe a possibilidade de se transformar ou desaparecer Mas não devemos esquecer que tal como a comunidade organizada pode ser uma fonte de influência transformadora a situação social dispõe de vários mecanismos de defesa alguns capazes de engolir as reformas ou mudanças propostas pelas minorias aceitandoas e ao mesmo tempo distorcendoas e adaptandoas atendêlos aos seus próprios interesses para que não ocorram as mudanças desejadas pelas comunidades Ibáñez 1987 234 alerta sobre esse perigo quando diz A ação dissidente e divergente persistente consistente e resistente da comunidade organizada como minoria ativa pode produzir na maioria o que tem sido chamado de fenômeno de conversão Este conceito aplicase a mudanças que ocorrem mas só são percebidas muito depois de terem sofrido uma influência minoritária Moscovici e Mugny 1987 2 de tal forma que uma ideia é aceite mas sem necessariamente aceitar o seu autor Isto explica porque por vezes a acção comunitária produz repressão imediata ou respostas negativas mas ao mesmo tempo a ideia ou reivindicação é adoptada pela maioria com poder de decisão e implementada como parte das suas políticas sem reconhecer a influência minoritária Nestes casos é necessário que a comunidade reflita sobre os efeitos das suas ações e estabeleça vínculos de influência a fim de evitar os efeitos desmobilizadores que a repressão e a desqualificação recebidas poderiam ter Na nossa experiência a intervenção das redes sociais pode ter um efeito positivo pois por um lado dão visibilidade às reivindicações e ações da comunidade e por outro constituem por si só uma forma de reconhecimento e recompensa social membros além de constituir uma forma de registro público da origem de ideias e transformações permite la generación del compromiso de los miembros respecto de los objetivos y las acciones para lograrlos y la convicción razonada de las metas a alcanzar y los medios a emplear necesitan del fortalecimiento de la identidad grupa 1 que se logra a través del proceso de concientización antes mencionado O jogo dialético entre pressão social conversão e conscientização a sociedade é de tal natureza que os seus mecanismos reguladores são ao mesmo tempo reprodutores e modificadores do que já está estabelecido a natureza da situação é 130 Processos psicossociais comunitários Maritza Montero Machine Translated by Google Poderíamos dizer que no processo de construção social do conhecimento e da realidade existe uma tensão constante Por isso as ações que visam alcançar a construção da consciência mobilizandoa para a crítica devem ser múltiplas variadas e mantidas ao longo do tempo pois cada membro do grupo ou comunidade está sujeito à pressão conservadora do status bem como o que eles faça a respeito sinta o ataque da mudança O conceito de conversão faz parte daquilo que na teoria das minorias activas é conhecido como influência social inconsciente mas como propomos aqui supõe uma interacção entre consciência e nãoconsciência O que a psicologia social comunitária propõe se manifesta não apenas por meio de ações e verbalizações mas também entra no campo da consciência É disso que trata o processo de conscientização Então um grupo ou comunidade com consciência crítica em relação às suas condições materiais de vida pode assumir a liderança do seu destino e das ações concomitantes alcançando os seus objetivos e em casos extremos tornandose uma minoria ativa ou gerando um movimento social Tanto nos grupos maioritários como nos minoritários há pessoas que tomam consciência da incoerência entre a sua posição passada e as suas opiniões actuais e esta interação também faz parte da vida social e deve ser tida em conta especialmente quando se trata de processos psicossociais que ocorrem em uma comunidade que precisa encontrar ou recuperar dentro de si a capacidade de transformar o seu ambiente e os seus membros Por outro lado quando falamos de minorias ativas e lembramos das suas características de insistência persistência resistência dissidência esse aspecto heroico nos faz pensar em grupos muito homogêneos muito claros muito unidos que atuam em bloco Quando os psicólogos comunitários vão trabalhar no terreno encontramos pessoas que respondem plenamente a estas características Também descobrimos que fazem isso por um certo tempo e encontramos outros que o fazem às vezes esporadicamente até mesmo com relutância Há tudo em uma comunidade A comunidade não é uma pequena legião marchando no mesmo ritmo É heterogêneo mutável dinâmico E o maravilhoso é que a mudança nasce dessa diversidade Por isso é preciso lembrar que há consciência e que através dela as conversões inconscientes adquirem expressões militantes explícitas que produzem transformações claramente discerníveis nas pessoas e nos grupos E lembrese ao mesmo tempo que a evolução social tem um significado no qual as inovações estão inscritas o que explicará por que algumas só são compreendidas ou aceitas às vezes muito tempo depois de terem sido produzidas Consciência e inconsciência nos processos de mudança social Há portanto uma dialética baseada na tensão entre consciência conversão e pressão conservadora Montero 1998b 2003b Você pode lutar pela mudança com ousadia assumindo inúmeros riscos enfrentando perigos e obtendo certas conquistas Podese também passar para a passividade evoluir para formas de conservadorismo e sair delas novamente para analisar as mudanças ocorridas e a situação que as seguiu sem que isso signifique que uma vez alcançado um nível de compromisso participação e consciência estes serão ser mantido imutável preservado mas a sua constante evolução está igualmente assegurada Afetividade nos processos psicossociais comunitários 131 Trabalhar com comunidades não é fácil nem simples Horários e datas dependendo de muitas pessoas com ocupações muito variadas exigem trabalhar em horários em que poderíamos Processos psicossociais comunitários Maritza Montero Machine Translated by Google Mas a minha experiência e a de muitos colegas é que trabalhar com comunidades é cheio de surpresas piadas risos e embora também haja dores e carências esses sentimentos não são os únicos expressos pelas pessoas que os sofrem Um dos aspectos fortalecedores do trabalho psicológico comunitário é a jovialidade o bom humor e a alegria com que muitos membros da comunidade engajados em projetos comunitários assumem tarefas se preparam para realizálas tomam decisões importantes e discutem os resultados obtidos A visão considerada objetiva subtrai esses aspectos dos documentos produzidos no trabalho comunitário reduzindoos a histórias ou enumerações desprovidas da motivação advinda dos afetos ou no esforço de eliminação da afetividade e principalmente quando se trabalha com pessoas de baixos recursos econômicos a felicidade e a alegria são apagadas e os aspectos negativos são exagerados Uma consequência disto pode ser vista nas descrições das comunidades como entidades doentes ou fracas e incapazes de se encarregarem da sua transformação capítulo 7 Esses desenhos vieram de jovens nascidos no bairro e moradores do mesmo A quinta foi feita por uma pessoa que não pertencia ao bairro figura de autoridade pela profissão e pelos estudos mas que ali residia há muito tempo embora já não o fizesse O desenho desta pessoa apresentou uma visão que os participantes descreveram como pessimista do grupo um Porém na maioria dos relatórios de trabalho comunitários e também de outros ramos a parte alegre dá lugar ao doloroso ou ao glorioso pois neles a ênfase costuma ser colocada nos aspectos metodológicos no difícil dados qualitativos ou quantitativos e na discussão e nos resultados obtidos desprovidos de qualquer referência às características do processo realizado aos seus altos e baixos e à relação gerada entre agentes externos e internos Toda a parte atraente motivadora lúdica alegre bemhumorada original criativa brilhante divertida e emocional desaparece E as adversidades e dificuldades também tendem a evaporar Talvez isto aconteça porque o cognitivo é visto como o racional e portanto de acordo com o paradigma que foi dominante até muito recentemente como superior provavelmente porque a ligação somática das emoções ligadas à afetividade quase sempre incontrolável é responsável pela sua má reputação A supressão da afetividade não é um problema exclusivo da psicologia comunitária pois parece ocorrer em todas as áreas da psicologia e em geral é um mal dos cientistas que aparentemente para serem considerados graves acreditam que devem matar seus leitores com tédio ou eliminar suas histórias e descrições dos aspectos cotidianos nos quais basearam suas pesquisas estar em casa ou em ocupações alternativas e menos exigentes Tudo isto é sabido e não se trata aqui de fazer uma ladainha das dificuldades nem de pedir desculpa pela tarefa mas de acrescentar outra condição a esse trabalho a parte emocional Com efeito uma característica do trabalho com comunidades é que normalmente é acompanhado de alegria simpatia e em geral afetividade positiva embora também haja afeto negativo mas não na proporção de afetos positivos Um exemplo do que foi dito acima é o que aconteceu com alguns estudantes que realizavam uma pesquisa participativa com um grupo comunitário espirituoso de um bairro de baixa renda da cidade de Caracas que havia sido estabelecido como um grupo de apoio para outros grupos organizados da comunidade dedicado a resolver problemas e satisfazer as necessidades da própria comunidade Como parte do processo de consolidação e autoconhecimento do grupo foi realizado um exercício em que cada integrante deveria fazer uma representação gráfica do grupo Dos cinco desenhos produzidos quatro representavam um grupo unido feliz afetivo capaz de resolver problemas León e Montenegro 1993 149 132 Processos psicossociais comunitários Maritza Montero Machine Translated by Google As falhas também foram reconhecidas mas em meio a um ambiente energizante impulsionando o comprometimento e a criatividade A visão negativa da comunidade faz parte embora possa estar relacionada a outros fatores também da não visão do que é afetivo da incapacidade aprendida de aceitar emoções No exemplo em questão o autor do desenho desqualificante sentiuse muito afetado ao comparar seu desenho com os demais e ao ouvir os comentários do grupo Essa emoção perturbadora provavelmente lhe ensinou algo sobre seu relacionamento com o grupo e a comunidade bem como sobre a imagem que ele tinha deles Ter manifestado o valor do carinho para a vida do grupo e para a execução das suas tarefas é um exemplo da importância que o afeto tem para a vida quotidiana A psicologia parece ter esquecido essa condição motivadora da afetividade apesar de Henri Wallon na primeira metade do século XX 1934 apontar que o relacionamento afetivo é uma necessidade humana moldada durante o processo de socialização em que Orientações e estabelecem se normas que moldam as formas de expressar essa relação que está ligada à sensibilidade e influencia a ação e a aprendizagem Segundo este autor a expressão das emoções necessita sempre do outro e precisa suscitar no outro reações semelhantes ou recíprocas e inversamente tem uma grande força de contágio no outro Wallon 19341964 85 Esta união com a sensibilidade expressa uma experiência primária nas pessoas uma experiência fundadora sempre presente de base biológica e expressa socialmente mulher feia e triste que representa o grupo tem dúvidas sobre seu futuro Tu bi ou não tu bi4 e se vê contemplando o céu utopia liberdade ar sonhos León y Montenegro 1993 149 Tal representação foi rejeitada pelos demais participantes O interessante é que este exemplo revela que mesmo quando os problemas da vida cotidiana são discutidos em circunstâncias precárias as pessoas podem ter não apenas uma boa opinião de si mesmas o que é necessário para poder promovem e executam transformações mas também o fazem com base em afetos positivos que lhes permitem ver seus recursos imateriais Neste caso foram mencionados A união entre os membros do grupo O clima de alegria festa e conhecimento mútuo O método utilizado para trabalhar O cumprimento dos compromissos assumidos A afetividade e receptividade e o facto de sentir que as opiniões pessoais foram tidas em conta León e Montenegro 1993 149150 E o que se entende por afetividade León e Montenegro 1993 1998 definemno como o conjunto de estados e expressões emocionais localizados dentro de um continuum cujos pólos são gostar e não gostar através dos quais o indivíduo está envolvido numa relação consigo mesmo e com o seu ambiente 1993 68 Os afetos são construídos psicossocialmente e incluem emoções que são reações afetivas momentâneas de grande intensidade com manifestações neurovegetativas por exemplo dispneia sudorese tremor rubor com expressões socialmente codificadas e também sentimentos que são estados afetivos relativamente duradouros e de curta duração ao mesmo tempo modificável ao longo do tempo Markus e Kitayama 1994 339340 dão uma definição socialmente integrada das emoções que compõem a afetividade quando dizem que são um conjunto de roteiros socialmente compartilhados compostos por processos fisiológicos e que são expressos subjetivamente através de comportamentos que eles adaptamse e ajustamse ao seu ambiente sociocultural e semiótico imediato 133 Essa frase que utilizava grafia fonética foi colocada em uma pequena placa acima da cabeça da figura fazendo com que referência à perplexidade do Hainlet de Shakespeare Processos psicossociais comunitários Maritza Montero 4 Machine Translated by Google Como podemos ignorar a afetividade quando vemos os múltiplos trabalhos do afeto no cotidiano do trabalho comunitário Ou as manifestações causadas pelo medo A afetividade intervém no desenvolvimento do que se chama de sentido de comunidade e na construção coletiva de outra noção que inclui a anterior identidade comunitária bem como nas formas de rejeição da comunidade Os afetos estão igualmente presentes na geração de movimentos de protesto e mudança ou na constituição de grupos organizados dentro das comunidades E é a paixão que pode fazer com que uma comunidade se torne uma minoria activa quando se trata de defender algo que toca profundamente esse processo unitário que amalgama cognição emoçãoacção Isto é algo que alguns psicólogos comunitários e outros investigadores sociais reconheceram Por exemplo Agnes Heller 1980 disse que agir pensar sentir e perceber constituem um processo unificado e Lane e Sawaia 1991 referiramse à necessidade de introduzir a paixão na investigação científica uma vez que conhecer com paixão é comprometerse à realidade e permite a compreensão que conduz ao conhecimento 1991 83 No campo da sociologia crítica Fals Borda na sua Dupla História do Litoral procurou manter o carácter holístico da orientação fenomenológica colocando ao lado das páginas que continham o relato científico as correspondentes descrições fenomenológicas nas quais ele coletou suas anotações e impressões e sentimentos e em geral os aspectos que geralmente são deixados de lado5 Sawaia em seu cuidadoso estudo psicossocial da obra de o filósofo Spinoza 1999 2004 no prelo recupera para a psicologia a noção espinosiana da bondade das paixões que livram a monotonia e neutralizam a inércia dando interesse e sentido às nossas vidas motivando a ação Assim a felicidade e o sofrimento públicos e privados são o centro da práxis psicossocial que luta contra a exclusão e a submissão questões que tocam o trabalho comunitário A indiferença e a suposta neutralidade descomprometida não levam à transformação social É por esta razão que o estudo da afetividade e das formas como ela se expressa na prática são tão importantes na psicologia comunitária Como pensar na participação comprometida e no comprometimento participativo nos efeitos da tomada de consciência sem considerar a emoção de perceber que é possível ver as coisas por outros ângulos entender por que aquilo que se acreditava essencial e imutável pode sofrer mutações que tudo pode mudar inclusive nós mesmos O importante é que a afetividade é um aspecto constitutivo da atividade humana que se expressa nos inúmeros atos da vida cotidiana Nesse sentido o trabalho comunitário ao propor processos de problematização de desnaturalização que levam à desideologização de conscientização deve necessariamente levar em conta a parte afetiva de tais processos Afeto consciência e ação estão relacionados e é somente por um ato de prestidigitação teórica que podemos separar o cognitivo o afetivo e o conativo E assim é porque como destacou Agnes Heller 1980 a afetividade permite antecipar no sentido de selecionar e motivar o que queremos saber e fazer Acompanha a acção e o conhecimento e deriva das transacções ou relações que as pessoas mantêm com o seu ambiente A isto Harré e Parrott 1996 acrescentam as seguintes funções das emoções presentes na afetividade induzir atividade e facilitar o controle social uma vez que as emoções negativas estão relacionadas com normas e costumes sociais destinados a agir da mesma forma eles 134 Tal prática não tem sido apoiada e na verdade não é fácil de ler embora a importância do objectivo pretendido seja cada vez mais reconhecido Processos psicossociais comunitários Maritza Montero 5 Machine Translated by Google Os efeitos da afetividade estão resumidos na tabela 10 135 Funções da afetividade Gráfico 5 Tabela 10 Afetividade e processos psicossociais comunitários A afetividade intervém em todo o trabalho comunitário e é particularmente evidente nos seguintes processos Participação Compromisso Problematização Deideologização Reflexão e avaliação Formação de identidades comunitárias e sentido de comunidade Rejeição da comunidade Geração de movimentos de resistência e protesto Dinamização da acção comunitária Processos psicossociais comunitários Maritza Montero Machine Translated by Google Por fim fazse referência à importância de considerar a afetividade em todos os processos mencionados e no trabalho psicológico comunitário em geral mostrando suas funções e sua união indissolúvel com os aspectos cognitivos e de ação León M e Montenegro M 1998 Retorno da emoção na pesquisa comunitária psicossocial Journal of Community Psychology 26 3 219227 Este artigo faz uma análise bem informada da afetividade e dos processos psicossociais e mostra um exemplo da práxis comunitária dos autores Montero M 2003 Teoria e prática da psicologia comunitária A tensão entre comunidade e sociedade Buenos Aires Paidós Ver Capítulo 4 Atividade e Resistência na Comunidade pp 119142 Ali são discutidos os processos de influência e resistência social Perguntas para refletir sobre os processos psicossociais comunitários Como saber quem é ideologizado e por quê O processo de conversão não é bom nem mau faz parte do jogo de forças que ocorre entre as comunidades e a sociedade entre diversas formas de pressão e tensão e faz parte do jogo dialético entre elas e o processo de tomada de consciência Por isso também se estuda a influência da consciência e a presença da inconsciência nos processos de mudança social Leitura adicional Este capítulo trata especificamente dos fenômenos psicossociais comunitários habituação familiarização problematização desideologização naturalização e desnaturalização conscientização e conversão Cada um deles é analisado mostrando como atuam na comunidade e quais são seus efeitos No caso da habituação analisase também a noção de habituação considerando que configura estruturas estáveis de comportamento não discutidas ou assumidas conscientemente que são fundamentais para o surgimento de processos como a habituação a naturalização e a ideologia Assim mostrase como existem processos que tendem a manter um determinado estado de coisas e como existem outros problematização desnaturalização desideologização conscientização que buscam romper com a tendência dificultadora das transformações comunitárias Este tipo de processos transformativos ocupa um lugar importante no trabalho psicológico comunitário e constitui de facto o seu núcleo central porque enquanto um modo de vida de ser de ser é considerado negativo ou indesejável mas ao mesmo tempo é visto como inevitável pode haver pouco que possa ser feito para mudar isso Por isso é necessária a problematização e com ela o movimento de reflexão que revela a relação entre conversão consciência e influência social Resumo Como se distinguem situações ou ideias naturalizadas de comportamentos e opiniões correspondentes a padrões culturais Como se expressa a afetividade nas comunidades com as quais você trabalha Como você mesmo expressa isso 136 Montero M 1991a Conscientização conversão e desideologização no trabalho psicossocial comunitário Boletim AVEPSO XIV 1 312 Este artigo analisa os processos discutidos neste capítulo e dá exemplos da prática Processos psicossociais comunitários Maritza Montero Machine Translated by Google Ao se deparar com uma situação prejudicial perigosa ou difícil presente numa comunidade mas não claramente percebida pelos seus membros pense nas perguntas que você poderia fazer às pessoas dessa comunidade para facilitar um processo de problematização Peça às pessoas com quem você trabalha em um projeto ou programa comunitário agentes externos e internos que pensem em situações relacionadas ao assunto ou problema discutido para indicar formas de naturalização Faça isso também Analise reflexiva e criticamente suas produções no grupo Exercícios de problematização sobre processos psicossociais comunitários e mudança social Observe quais expressões afetivas facilitam ou bloqueiam os processos comunitários de que forma essas expressões se manifestam e que efeito têm nos participantes 137 Processos psicossociais comunitários Maritza Montero Machine Translated by Google Mudança social É o movimento de recriação permanente da existência coletiva Sawaia 1998 Comprometimento A consciência e o sentimento de responsabilidade e obrigação em relação ao trabalho e aos objetivos de um grupo comunidade projeto ou causa que leva a pessoa a acompanhálos agir e responder a eles pelas ações realizadas A força da intenção de atingir um objetivo ou adesão pessoal à sua busca Klinger 2000 Comunidade Grupo social dinâmico constituído e desenvolvido histórica e culturalmente preexistente à presença de investigadores ou intervenientes sociais em constante transformação e evolução a sua dimensão pode variar que na sua frequente interrelação marcada pela ação afetividade conhecimento e a informação gera sentimento de pertencimento e identidade social tomando consciência de si mesmo e fortalecendo a capacidade de organização como unidade social e como potencial desenvolvendo e utilizando recursos para atingir seus objetivos Analéctica anadialéctica Extensión de la dialéctica que permite incluir en la totalidad formada por la tesis su antítesis y la síntesis de ambas la diversidad y extrañeza del otro no imaginado que al entrar en esa relación la enriquece y amplía al mesmo tempo Momento do método dialético que prioriza o que está além da totalidade Dussel 1988 Autonomia do grupo princípio de Capacidade dos grupos comunitários organizados e de todos os membros da comunidade que desejam participar de decidir organizar e realizar ações com orientação democrática utilizando suas capacidades recursos e potencialidades materiais e espirituais bem como os recursos externos que podem e desejam obter Fals Borda 1959 Atos limites Aqueles que visam superar e negar o que é socialmente concedido em vez de aceitálo docilmente e passivamente permitindo assim a superação de situações limites sobre as quais devem ser tomadas ações e produzidas as transformações necessárias Ou seja são aqueles atos produzidos diante de circunstâncias insuportáveis em condições em que a comunicação habitual a palavra verbal ou escrita as formas alternativas de resolver o problema já não são suficientes Isto é quando você não consegue mais fazer isso Glossário de termos usados em psicologia comunitária Conversão Processo sutil de modificação cognitiva ou perceptual pelo qual uma pessoa continua a dar sua resposta habitual ao adotar implicitamente os pontos de vista ou respostas de outros Estas mudanças só passam a ser percebidas muito depois de a pessoa ter sido exposta a uma influência de tal forma que uma ideia é aceite mas sem necessariamente aceitar o seu autor Negação É a recusa em conceder plausibilidade a um fato ou afirmação expressa por uma minoria Os argumentos utilizados pelos adversários o seu discurso as suas razões são atacados privandoos da razão da coerência e desvalorizandoos para reduzir ou anular a sua possível influência social Conscientização É o processo contínuo de mobilização da consciência de caráter libertador em relação a situações fatos ou relações causas e efeitos até aquele momento ignorado ou despercebido que leva a passar do real ao possível e perceber que existe uma situação considerada negativa Representa uma posição política no sentido amplo do termo Dedicação ou obrigação de um indivíduo para com a vida ou a sociedade através da realização de objetivos significativos Brickman 1987 ou socialmente compatíveis 138 Glossário de termos usados em psicologia comunitária Machine Translated by Google Dimensão epistemológica da psicologia comunitária Conexão complexa em que sujeitosobjetos conhecedores do conhecimento produzem conhecimento por meio das relações que estabelecem Dimensão ética da psicologia comunitária Referese à definição do Outro e à sua inclusão na relação de produção de conhecimento ao respeito por esse Outro e à sua participação na autoria e propriedade do conhecimento produzido Dimensão metodológica da psicologia comunitária Abrange as formas utilizadas para produzir conhecimento que na psicologia comunitária tendem a ser predominantemente participativas embora outras formas não sejam excluídas Dimensão ontológica da psicologia comunitária Diz respeito à natureza e definição do sujeito cognoscente que na psicologia comunitária envolve tanto agentes externos pesquisadores psicólogos como também os membros das comunidades cuja natureza produtora de conhecimento é reconhecida Desnaturação Exame crítico das noções crenças e procedimentos que sustentam os modos de fazer e compreender no cotidiano de tal forma que o que é naturalizado seja despojado de sua naturalidade mostrando seu caráter construído Consiste em problematizar o carácter essencial e natural atribuído a determinados factos ou relações revelando as suas contradições bem como a sua ligação com interesses sociais ou políticos Devolução sistemática Procedimento dialógico que implica que o conhecimento produzido pelos agentes externos e internos seja objeto explícito de reflexão e discussão conjunta incorporando assim o conhecimento popular no conhecimento psicológico e informando as pessoas da comunidade sobre o que tem sido feito pelos agentes externos agentes no trabalho realizado Deideologização Construção e reconstrução de uma consciência integral e não fracionada por meio da qual se produz uma compreensão do mundo em que se vive e das circunstâncias da vida no que é totalidade Implica um processo de produção de conhecimento que leva ao estabelecimento de causas e conexões dissipando a ignorância necessária para manter um determinado estado de coisas Desenvolvimento comunitário É o produto da ação comunitária Fals Borda 1959 1978 Ação que ocorre quando a comunidade se responsabiliza por seus problemas e se organiza para resolvêlos desenvolvendo seus próprios recursos e potencialidades e também utilizando os de estranhos Dimensão política da psicologia comunitária Diz respeito ao caráter e finalidade do conhecimento produzido bem como ao seu âmbito de aplicação e efeitos sociais ou seja à natureza política da ação comunitária e à possibilidade que cada pessoa tem de se expressar e se fazer ouvida sua voz no espaço público Ecologia Os psicólogos comunitários definiram a ecologia e a condição ecológica que a psicologia comunitária deve ter como a adaptação entre as pessoas e o meio ambiente nas relações entre eles gerando alternativas ao localizar e desenvolver recursos e forças ao mesmo tempo que as diferenças individuais e comunitárias são mantido Kelly 1966 1986 Rappaport 1977 Esta definição é inspirada na biologia mas difere dela 139 Emoções Conjunto de roteiros socialmente compartilhados compostos por processos fisiológicos e que são expressos subjetivamente por meio de comportamentos que se adaptam e se ajustam ao seu ambiente sociocultural e semiótico imediato Kitayama e Markus 1994 Conjunto de estados de humor e expressões situados num continuum cujos pólos são o gostar e o não gostar através dos quais o indivíduo se envolve numa relação consigo mesmo e Glossário de termos usados em psicologia comunitária Machine Translated by Google Habituação Comportamento mecânico diário que não requer reflexão ou planejamento pois é realizado de forma quase automática Envolve o uso de diretrizes sociais e culturais não expressas ligadas a expectativas sociais implícitas Facilita a vida social ao liberar uma série de comportamentos que fazem parte do cotidiano do planejamento da reflexão e da decisão Pode levar à reprodução impensada e acrítica de circunstâncias da vida que podem ser prejudiciais às pessoas Habitus Estrutura durável de comportamento estruturante e também estruturada e estável não discutida ou assumida conscientemente que produz sistematização de padrões comportamentais ao mesmo tempo em que se ajusta aos padrões existentes Adaptase às regulamentações colectivas sem necessidade de receber instruções específicas constituindo uma resposta socialmente codificada e esperada desprovida de intenção estratégica pois funciona como um elo conjuntural que permite às pessoas enfrentar situações inesperadas para as quais fornece modos de acção estabelecidos Desta forma dá uma antecipação implícita das consequências de tais situações ao mesmo tempo que tende a reproduzir as estruturas sociais objectivas de que é efeito mantendoas Identidade comunitária Forma de identidade social de natureza complexa e confusa construída histórica e coletivamente pelas pessoas que compõem uma comunidade que se expressa em relações marcadas pela afetividade no discurso e nas ações que dão sentido ao pertencimento a essa comunidade Episteme do relacionamento Modo de conhecer através dos relacionamentos Ética do relacionamento Ética baseada no relacionamento cuja forma de expressão da retidão vai além do direito de afirmação do próprio interesse ao considerar o interesse comum acima do bemestar individual e ao reconhecer o caráter humano e digno do outro aceitando a sua diversidade Fortalecimento Processo pelo qual os membros de uma comunidade indivíduos interessados e grupos organizados desenvolvem conjuntamente capacidades e recursos para controlar a sua situação de vida agindo de forma comprometida consciente e crítica para conseguir a transformação do seu ambiente de acordo com as suas necessidades e aspirações transformandose ao mesmo tempo Familiarização Processo cognitivo que consiste em fazer com que o estranho seja assimilado e parecido com o conhecido de forma que não só seja aceitável mas também facilmente manejável pela pessoa Utiliza mecanismos de classificação categorização rotulagem nomeação e explicação que sujeitos a uma lógica específica permitem assumir o que é estranho aproximandoo através dos mecanismos indicados do que já é conhecido assemelhandoo ao que é conhecido com o seu ambiente León e Montenegro 1993 1998 140 Libertação Emancipação dos grupos sociais que sofrem opressão e carência daquelas maiorias populares no sentido populacional demográfico marginalizadas dos meios e formas de satisfazer decentemente as necessidades básicas e complementares e de desenvolver o seu potencial de se autodeterminarem Localiza as necessidades em relação à situação global em que essa vida se desenvolve e em relação aos recursos que se possui e aos que precisam ser adquiridos Identificação de necessidades Processo constituído por um conjunto de atividades grupais de caráter fundamentalmente participativo através das quais se procura a própria comunidade ou grupo apontar aqueles aspectos da sua vida comum que considera insatisfatórios inaceitáveis problemáticos aqueles aspectos que reconhecem como perturbadores limitantes ou que impossibilitam a concretização do modo de vida a que aspiram e têm direito Glossário de termos usados em psicologia comunitária Machine Translated by Google Poder Interação pessoal ou indireta cotidiana na qual as pessoas expressam seu consenso social e as rupturas entre sua experiência e sua consciência SerranoGarcía e LópezSánchez 1994 Relação dinâmica entre atores sociais dinâmicos possuidores de recursos que podem ser de diferentes condições na qual se estabelece uma negociação que visa alcançar um intercâmbio entre ambos os atores a fim de alcançar acesso e usufruto satisfatório e equitativo para ambos as condições para adquirilos 141 Minoritário Grupo que está privado do exercício de determinados poderes ou impedido de aceder Prioridades princípio de Hierarquização das necessidades ou ações que se deseja atender ou cumprir pelas pessoas da comunidade participantes do trabalho comunitário Fals Borda 1959 Emancipação de grupos opressores da sua própria alienação e dependência de ideias socialmente negativas Paradigma Modelo ou forma de conhecer que inclui tanto uma concepção do indivíduo ou sujeito cognoscente quanto uma concepção do mundo em que vive e das relações entre os dois Naturalização Processo pelo qual certos fenômenos e padrões de comportamento são considerados como as coisas são no mundo como parte essencial da natureza da sociedade É responsável pela manutenção e facilitação das circunstâncias típicas do cotidiano e também pela aceitação dos aspectos negativos que podem dificultar senão insuportável a vida das pessoas Objeto fatal Aquilo que se caracteriza por escapar ao nosso desejo e necessidade de medilo descrevêlo compreendê lo e explicálo por transcender as explicações que construímos sobre isso e por se apresentar a nós continuamente complexo imediato e distante inacessível e inevitável tentador difícil e impossível de dominar Líder transformativo Forma de liderança definida pela presença de uma forte e intensa componente afetiva pela elevada demonstração de energia e trabalho não só do líder mas do grupo a que pertence pois uma das suas qualidades é mobilizar as pessoas do grupo e sua área de influência e por desenvolver vínculos sólidos com os demais membros da comunidade que por sua vez retribuem com intensa simpatia e carinho presentes até nas pessoas menos participativas Participação Processo organizado coletivo gratuito inclusivo no qual há variedade de atores atividades e graus de comprometimento que se orienta por valores e objetivos compartilhados em cujo alcance ocorrem transformações comunitárias e individuais Isto envolve um conjunto sistemático de ideias e práticas que regem as interpretações da atividade humana dos seus produtores da sua génese e dos seus efeitos nas pessoas e na sociedade e indicam formas preferidas de os conhecer Líder altruísta Aquele cujo exercício de dirigir as tarefas comunitárias vai além do bom cumprimento excede o esperado e exigido demonstrando consideração e respeito pelos outros de profunda natureza ética bem como sentimentos e qualidades caracterizados pela busca do benefício coletivo e do aprimoramento individual Montero 2003b Maioria Grupo que detém e exerce o poder independentemente do seu número Práxis Prática refletida que leva à teoria que induz a prática Liderança comunitária Liderança complexa de carácter ativo participativo e democrático que fortalece o compromisso com a comunidade gera modos e modelos de ação assumindose como um serviço Glossário de termos usados em psicologia comunitária Machine Translated by Google Psicologização consiste na explicação da posição e do discurso de uma minoria a partir de atribuições referentes às características psicológicas de seus membros Envolve a implementação de cadeias atributivas que atribuem comportamentos e opiniões negativas à minoria seguida do deslocamento da responsabilidade pela situação em que se encontram Redes comunitárias Rede de relações complexas de troca entre múltiplos e diversos atores com variados estilos de atuação que mantém um constante fluxo e refluxo de informações e mediações organizadas e estabelecidas em prol de um objetivo comum o desenvolvimento o fortalecimento e o cumprimento de metas específico para uma comunidade em um contexto particular Sentido de comunidad Percepción de similitud con otros una interdependencia consciente con otros una voluntad de mantener esa interdependencia dando o haciendo a otros lo que se espera de ellos el sentimiento de que se es parte de una estructura mayor estable y de a que Psicologia comunitária Disciplina que enfatiza a importância da perspectiva ecológica da interação apoiando a possibilidade de melhorar a adaptação entre as pessoas e seu ambiente através da criação de novas possibilidades sociais e através do desenvolvimento de recursos pessoais em vez de enfatizar exclusivamente na eliminação do deficiências dos indivíduos ou das suas comunidades Rappaport 1977 73 Psicologia social comunitária Ramo da psicologia cujo objetivo é o estudo dos fatores psicossociais que permitem desenvolver promover e manter o controle e o poder que os indivíduos podem exercer sobre seu ambiente individual e social para resolver os problemas que os afligem e conseguir mudanças nesses ambientes e na estrutura social Protesto Forma de expressão do descontentamento do desconforto de grupos ou populações através da qual os cidadãos em geral as comunidades ou grupos específicos dentro deles expressam a sua dissidência e tornam pública a sua opinião sobre algum aspecto ou situação que causa o seu descontentamento Protestar é transformar o descontentamento em acção Kinndcimans 1997 não só participando num movimento social mas também indo além da simpatia Problematização Processo de análise crítica das circunstâncias da vida e do papel que a pessoa nelas desempenha que questiona as explicações e considerações habituais sobre essas circunstâncias Resistência resiliência Capacidade de adaptação elasticidade e poder de recuperação em situações difíceis Capacidade de resistir a pressões e constrangimentos Capacidade de preservar a aparência preservando a essência Egeland Carison e Stroufe 1993 517 definem esta resiliência como a capacidade de se adaptar competir ou funcionar positivamente com sucesso apesar de condições de alto risco estresse crônico ou após trauma grave ou arrastado de uma coisa com outra 142 Relacionamento Ordenação ou direção intrínseca de uma coisa em relação a outra Correspondência Redes sociais Sistemas de relações entre atores sejam eles instituições ou pessoas que se abrem a outras organizações ou pessoas com quem estabelecem comunicação para fins úteis gerais que se traduzem na produção de bens e serviços que têm como beneficiários com recursos limitados ou com necessidades básicas insatisfeitas Estes sistemas abertos estão em constante mudança capacitam os seus membros e satisfazem as suas necessidades e expectativas reconhecendo e colocando em ação os recursos e forças que possuem para alcançar uma melhor qualidade de vida Morillo de Hidalgo 2000 Glossário de termos usados em psicologia comunitária Machine Translated by Google Valores Modos de comportamento e estados normativos ideais que nos dizem como ir e para onde ir Eles determinam a normatividade na ação e a motivação para a ação o objetivo para o qual o comportamento é direcionado Representam diretrizes éticas que inspiram os cânones ou modos de ser e de se comportar considerados os mais perfeitos completos e completos para uma determinada época e sociedade cujas crenças e costumes influenciam Um valor é a convicção duradoura de que um modo específico de conduta ou estado final de existência é pessoal ou socialmente preferível a um modo de conduta oposto ou contrário ou estado final de existência Rokeach 1973 Voluntariado Consiste em zelar pelos interesses de outras pessoas ou da sociedade sem interesse econômico pessoal Embora se baseie numa escolha livre e se exprima através de meios pacíficos desenvolvese num quadro mais ou menos organizado García Roca e Comes Ballester 1995 17 Eles constituem o limite daquilo que alguém está disposto a aceitar Eles induzem você a praticar atos extremos Sociologização Processo que tem a função de atribuir a intenção do conteúdo dos motivos alegados por uma minoria que colidem com as posições majoritárias a características da ordem social como ignorância origem étnica religião ou classe Situaçõeslimite Circunstâncias de vida em que por não ser mais possível manter uma situação negativa a ficção da naturalidade se desfaz de modo que nenhum dos mecanismos adaptativos e ideologizantes funciona dado que o seu caráter negativo torna essas circunstâncias absolutamente insuportáveis para aqueles que os sofrem depende Sarason 1974 157 143 Glossário de termos usados em psicologia comunitária Machine Translated by Google Batson CD Ahmad N e TsangJ A 2002 Quatro motivações para o envolvimento comunitário Journal of Social Issues 58 3 429446 Brandão CR 1981 Pesquisa participante São Paulo Brasiliense 8ª ed Chavis DM e Wandersman A 1990 Sentido de comunidade no ambiente urbano Um catalisador para participação e desenvolvimento comunitário American Journal of Community Psychology 18 5581 Brickman P 1987 Compromisso Conflito e Cuidado Englewood Cliffs Prentice Hall Arango Califórnia 1992 Psicologia comunitária na Colômbia Seus paradigmas e consequências trabalho apresentado no Congresso IberoAmericano de Psicologia Madrid Bennett CC Anderson LS Cooper S Hassol L Klein DC e Rosenblum G eds 1966 Psicologia Comunitária Um Relatório da 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aplicações Madrid Visor pp 159172 reforçamencs Monografias Psicológicas 80 1 não 609 completo Sanguinetti Y 1981 Pesquisa nos processos de desenvolvimento da América Latina Revista da Associação LatinoAmericana de Psicologia Social 1 1 221238 Sarason SB 1974 O senso psicológico de comunidade Perspectivas para uma psicologia comunitária São Francisco JosseyBass Rotter J 1966 Expectativas generalizadas para o controle interno versus externo de Sánchez Vidal A e González Gabaldón B sf Funções e formação do psicólogo comunitário em A Martín González E Chacón Fuertes e M Martínez García eds Psicologia Comunitária Madrid Visualizador pp 309332 1999 Psicologia Social Urna Ciencia sem fronteira na neomodernidade em Psicologia no final do século Caracas Sociedade Interamericana de Psicologia pp 323336 2004 no prelo A afetividade como fenômeno équicopolítico e lócus de reflexão epistemológica crítica em psicologia social International Journal of Critical Psychology 9 Seeman M 1959 Sobre o significado da alienação American Sociological Review 24 Seligman M 1975 Desamparo Sobre Depressão Desenvolvimento e Morte São Francisco Freeman Co elenco Indefensión Madrid Debate SerranoGarcía I 1984 A Ilusão de Empoderamento Desenvolvimento Comunitário num Contexto Colonial em J Rappaport Swift C e Hess R eds Studies in Empowerment Steps Toioard Understanding and Action Nova York Haworth Press pp 173200 1992 Metodologia participante uma experiência portoriquenha em I SerranoGarcía e W RiveraMedina E Ciñeron CC e Bauermeister J 1978 Desenvolvendo um programa de treinamento em psicologia comunitária em Porto Rico Psicologia comunitária origens princípios e fundamentos teóricos Journal of Community Psychology 6 316319 Caracas Comissão de PósGraduação Faculdade de Ciências Humanas e Educação Universidade Central da Venezuela RosarioCollazo coord Contribuições portoriquenhas para a psicologia social comunitária Saforcada E 1992 Introdução in Kelly et al Psicologia Comunitária A abordagem ecológico contextualista Buenos Aires Centro Editorial LatinoAmericano pp 734 Sánchez E 2000 Todos com Esperança Continuidade da participação comunitária Santiago LC SerranoGarcía I e Perfecco G 1983 Psicologia social comunitária e 1992 Intervenção na pesquisa seu desenvolvimento em I SerranoGarcía e W 154 teologia da libertação Boletim AVEPSO VI 1 1521 Rokeach M 1960 The Open and Close Mind Nova York Basic Books AVEPSO XXIV2 81102 2001 Organização e liderança na comunidade participativa na Revista de la Rodríguez A Riofrío G e Welsh E 1980 Dos invasores aos invadidos Lima DUESCO 3ª ed Rorty R 1991 Objetividade Relativismo e Verdade Artigos Filosóficos vol 1 Cambridge Reino Unido Cambridge University Press Sánchez Vidal A 1996 Psicologia Comunitária Barcelona EUB San Juan Porto Rico EDUPR pp 283304 Sawaia B 1998 Psicologia comunitária uma área paradigmática de conhecimento científico comprometido em A Martín González coord Psicologia Comunitária Fundamentos e aplicações Madrid Visor pp 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social rumo a uma psicologia social interdisciplinar em JRTorregrosa e B Sarabia comps Perspectivas e contextos da psicologia social Barcelona Hispano Europa pp 1372 SerranoGarcía I e W Rosario coords 1992 Contribuições portoriquenhas para a psicologia Touraine A 1973 Produção da sociedade Paris Editions du Seuil Silva G e Undurraga G 1990 O modelo de intervenção comunitária na implementação de uma campanha de prevenção em saúde mental Boletim AVEPSO XIII 2 1925 iniciativas educacionais Journal of Social Issue 58 3 411428 Wallon H 19341964 As origens do personagem na criança Buenos Aires Lautaro comunidade social San Juan Porto Rico EDUPR SerranoGarcía I e Álvarez S 1992 Análise comparativa de estruturas conceituais de psicologia comunitária nos Estados Unidos e na América Latina 19601985 em I SerranoGarcía e W Rosario Collazo coords Contribuições portoriquenhas para a psicologia social comunitária San Juan Porto Rico EDUPR pp 1974 profissão psicológica Psicologia VI 4 225242 155 SerranoGarcía I e Irizarry A 1979 Intervenção na pesquisa Boletim do Stenmark DE 1977 Treinamento de campo em psicologia comunitária em I Iscoe BL Bloom e C Routledge SerranoGarcía I e López Sánchez G 1994 Uma perspectiva diferente de poder e mudança social para a psicologia social comunitária em M Montero coord Psicologia social comunitária Teoria método e experiência Guadalajara Universidade de Guadalajara Scokols D 1992 O psicólogo pesquisador como agente de mudança social in Kelly comp Psicologia comunitária A abordagem ecológicocontextualista Buenos Aires Centro Editora de América Latina pp 8389 Ed elenco Comunidade e sociedade Buenos Aires Losada 1947 Vieira Pinto A 1960 Consciência e realidade nacional Rio de Janeiro ISEB 2 vols SerranoGarcía I López Sánchez MM e RiveraMedina E 1992 Rumo a uma psicologia social comunitária em I SerranoGarcía e W RosarioCollazo coords Contribuições portoriquenhas para a psicologia social comunitária San Juan Porto Rico EDUPR pp 74105 Stukas AA e Dunlap MR 2002 Comunidade abordagens teóricas e envolvimento RosarioCollazo coords Contribuições portoriquenhas para a psicologia sóciocomunitária San Juan Porto Rico EDUPR pp 211282 Bibliografia Machine Translated by Google Wiesenfeld coord O horizonte da transformação Ação e reflexão a partir da psicologia social comunitária Caracas AVEPSO fascículo 8 722 Wiesenfeld E 2000 Autoconstrução Um estudo psicossocial do significado da habitação Caracas Conselho Nacional de Habitação Wiesenfeld E e Sánchez E coord Wiesenfeld E 1997 Longe do equilíbrio comunidade diversidade e complexidade em E América Latina pp 3551 1996 Psicologia social comunitária Caracas UCVDiretoria de PósGraduaçãoTropykos Zax M e Speccer GA 1974 Uma Introdução à Psicologia Comunitária Nova York Wiley Ed elenco Introdução à psicologia comunitária México El Manual Moderno 1979 156 Bibliografia Machine Translated by Google Qué es la psicología comunitaria Esta pregunta tan aparentemente sencilla recibe de la mano de Maritza Montero un rico y exhaustivo desarrollo que le permite desplegar los conceptos fundamentales que conforman la base de esta disciplina Nacida a partir de la preocupación por ampliar la perspectiva intrapsíquica que dominaba la psicología tradicional la psicología comunitaria ha ido evolucionando desde su surgimiento gracias al aporte de distintas corrientes teóricas como la fenomenología el marxismo el enfoque ecológicocultural la psicología de la liberación los enfoques crítico y sistémico y el modelo iterativoreflexivogenerativo A ellas la autora añade su propia visión desplegada a lo largo de la obra El lector encontrará articuladas las problemáticas más relevantes que giran en torno a la labor en el ámbito comunitario las características propias de la disciplina en América latina la formación de los psicólogos comunitarios y la producción del saber la diferencia entre participación comunitaria y compromiso las relaciones entre presión social conversión y concientización entre otras El texto incluye un glosario de términos propios de la psicología comunitaria que permitirá al lector un rápido acceso al vocabulario técnico del área Esta obra que mantiene estrechos puntos de contacto con el libro anterior de la autora Teoría y práctica de la psicología comunitaria vol 18 de esta colección es el resultado de más de treinta años de fecunda labor de Maritza Montero en el área comunitaria Maritza Montero es licenciada en Psicología por la Universidad de Venezuela Magíster en Psicología por la Universidad Simón Bolívar Venezuela y doctora en Sociología Universidad de París Profesora de universidades de su país y profesora invitada en diversas universidades extranjeras ha recibido el Premio Interamericano de Psicología en 1995 y el Premio Nacional de Ciencias en 2000 Venezuela Editora asociada del American Journal of Community Psychology ha publicado diversos libros y numerosos artículos en revistas científicas especializadas 23 PAIDÓS TRAMAS SOCIALES PSICOLOGIA SOCIAL COMUNITÁRIA Da solidariedade à autonomia 20ª Edição Regina Helena de Freitas Campos Org Silvia TM Lane Bader B Sawaia Maria de Fátima Q de Freitas Pedrinho Guareschi Jacyara CR Nasciutti Naumi A de Vasconcelos Regina Helena Campos EDITORA VOZES 2 Orelhas do livro Esta coleção apresenta reflexões do grupo de Trabalho em psicologia social comunitária da Associação Nacional de Pesquisa e Pósgraduação em psicologia ANPPEPP Esta nova área de estudo a Psicologia Social Comunitária pretende contribuir para a construção de relações sociais mais democráticas e solidárias e para a promoção da autonomia e da melhoria da qualidade de vida nas comunidades Neste livro diferentes aspectos das relações entre o psicólogo e a comunidade são abordados em especial o histórico as perspectivas teóricas e os instrumentos de análise e intervenção disponíveis e em elaboração neste campo Fazer psicologia comunitária é estudar as condições internas e externas ao homem que o impedem de ser sujeito e as condições que o fazem sujeito numa comunidade ao mesmo tempo que no ato de compreender trabalhar com esse homem a partir dessas condições na construção de sua personalidade de sua individualidade crítica da consciência de si identidade e de uma nova realidade social Goiás Os valores comunitários devem interiorizados como projeto individual para se transformar em ação Devem ser pensados e sentidos como necessidade A expressão tão cara à prática conunitária nos anos 1970 conscientização deve ser ampliada para abancar não só a tomada de consciência como também a tomada de inconsciência pois ninguém é motivado por interesses coletivos abstratos e não se pode exigir que o homem abandone a esfera pessoal da busca da felecidade pois bemestar coletivo e prazer individual não são dicotômicos e o consenso democrático não é conquistado necessariamente à custa do sacrifício pessoal Bader B Sawaia 3 Regina Helena de Freitas Campos org Sílvia Tatiana Maurer Lane Bader Burian Sawaia Maria de Fátima Quintal de Freitas Pedrinho Guareschi Jacyra C Rachael Nasciutti Maumi A de Vasconcelos Regina Helena de Campos Freitas PSICOLOGIA SOCIAL COMUNITÁRIA Da solidariedade à autonomia EDITORA VOZES Petrópolis 4 1996 Editora Vozes Ltda Rua Frei Luiz 100 25689900 Petrópolis RJ Todos os direitos reservados Nenhuma parte desta obra poderá ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma eou quaisquer meios eletrônico ou mecânico incluindo fotocópia e gravação ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem permissão Capa Josiane Furiati ISBN 9788532616449 Dados internacionais de Catalogação na Publicação CIP Câmara Brasileira do Livro SP Brasil Psicologia social comunitária Da solidariedade à autonomia Regina Helena de Freitas Campos org 13 ed Petrópolis RJ Vozes 2007 Vários autores 1 Psicologia social I Campos Regina Helena de Freitas II Título 96380 Índice para catálogo sistemático 1 Psicologia social comunitária 302 5 SUMÁRIO Apresentação 7 Introdução A Psicologia Social Comunitária 9 Regina Helena de Freitas Campos Histórico e fundamentos da Psicologia Comunitária no Brasil 17 Sílvia Tatiana Maurer Lane Comunidade A apropriação científica de um conceito tão antigo quanto a humanidade 35 Bader Burihan Sawaia Psicologia na comunidade psicologia da comunidade e psicologia social comunitária Práticas da psicologia em comunidade nas décadas de 60 a 90 no Brasil 54 Maria de Fátima Quintal de Freitas Relações comunitárias Relações de dominação 81 Pedrinho A Guareschi A instituição como via de acesso à comunidade 100 Jacyra C Rochael Nasciutti Qualidade de vida e habitação 127 Naumi A de Vasconcelos Psicologia comunitária cultural e consciente 164 Regina Helena de Freitas Autores 178 6 7 APRESENTAÇÃO Esta coletânea apresenta reflexões do Grupo de Trabalho em psicologia social comunitária da Associação Nacional de Pesquisa e Pósgraduação em Psicologia ANPEPP Inspirando nas discussões do grupo constituindo durante a realização do V simpósio de Pesquisa e intercâmbio científico da ANPEPP realizado em Caxanbu Minas Gerais em meio de 1994 os textos exploram diferentes aspectos das relações entre o psicólogo e a comunidade visando enriquecer o debatésobre as perspectivas teóricas do Campo Os autores são todos professores de psicologia social em programas de Pósgraduação na área em diversas universidades brasileiras Pontifícia Universidade Católica de São Paulo Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul Universidade Federal do Rio de Janeiro Universidade Federal do Espírito Santo e Universidade Federal de Minas Gerais A reunião deste grupo de pesquisadores na ANPEPP tem por objetivo promover a melhor delimitação do campo e aperfeiçoar os instrumentos de análise e intervenção disponíveis e em elaboração Esta e a primeira produção conjunta do grupo que esperamos seja útil aos profissionais estudantes e pesquisadores que compartilham de nossas preocupações e buscam em seu trabalho contribuir para a construção de relações democráticas e solidárias nas comunidades em que atuam 8 9 INTRODUÇÃO A PSICOLOGIA SOCIAL COMUNITÁRIA Regina Helena de Freitas Campos A comunidade seja geográfica um bairro por exemplo ou psicossocial por exemplo os colegas de profissão é o lugar em que grande parte da vida cotidiana é vivida Entretanto o conceito de comunidade utilizado pela psicologia social comunitária tem algumas características próprias derivadas da própria forma como surgiu entre nós esta nova área de estudos Sabemos que a prática científica não e imune aos movimentos sociais em cujo contexto se desenvolve e a psicologia social comunitária não é exceção a esta regra Desde meados da década de 60 no Brasil a utilização de teorias e métodos da psicologia em trabalhos feitos em comunidades de baixa renda visando por um lado deselitizar a profissão e de outro buscar a melhoria das condições de vida da população trabalhadora constitui o espaço teórico e prático do que passamos a denominar a psicologia comunitária ou psicologia na comunidade Freitas 1994 Bairros populares favelas associações de bairro comunidades eclesiais de base movimentos populares em geral foram os lugares em que tiveram início essas experiências de psicologia comunitária Mais recentemente com a ampliação dos sistemas de saúde e educação pública no país e o aumento do 10 número de psicólogos trabalhando em postos de saúde creches instituições de promoção do bemestar social ou setores do sistema judiciário voltados para o cuidado de famílias e menores enfim em instituições públicas que visam promover o desenvolvimento social a psicologia social comunitária procura desenvolver os instrumentais de análise e intervenção relevantes para as novas problemáticas que se apresentam aos psicólogos Tipicamente os trabalhos comunitários partem de um levantamento das necessidades e carências vividas pelo grupocliente sobretudo no que se refere às condições de saúde educação e saneamento básico A seguir utilizandose métodos e processos de conscientização procurase trabalhar com os grupos populares para que eles assumam progressivamente seu papel de sujeitos de sua própria história conscientes dos determinantes sóciopolíticos de sua situação e ativos na busca de soluções para os problemas enfrentados A busca do desenvolvimento da consciência crítica da ética da solidariedade e de práticas cooperativas ou mesmo autogestionárias a partir da análise dos problemas cotidianos da comunidade marca a produção teórica e prática da psicologia social comunitária A perspectiva da psicologia social comunitária enfatiza em termos teóricos a problematização da relação entre produção teórica e aplicação do conhecimento partese do pressuposto de que o conhecimento se produz na interação entre o profissional e os sujeitos da investigação Utilizandose a conceituação do papel dos intelectuais de Gramsci podese dizer que os psicólogos atuando em trabalhos de psicologia social comunitária desempenham o papel de intelectuais tradicionais na medida em que organizam o saber já constituído pela psicologia social e se encarregam de transmitilo mas 11 visando a formação de intelectuais orgânicos isto é sujeitos capazes de sintetizar o ponto de vista da comunidade e de coordenar processos de transformação do instituído em termos de metodologia utilizase sobretudo a metodologia da pesquisa participante na qual o pesquisador e os sujeitos da pesquisa trabalham juntos na busca de explicações para os problemas colocados e no planejamento e execução de programas de transformação da realidade vivida em termos de valores os trabalhos de psicologia comunitária enfatizam sobretudo a ética da solidariedade os direitos humanos fundamentais e a busca da melhoria da qualidade de vida da população focalizada Ou seja questionase a visão da ciência como atividade não valorativa e assumese ativamente o compromisso ético e político Em termos éticos buscase trabalhar no sentido de estabelecer as condições apropriadas para o exercício pleno da cidadania da democracia e da igualdade entre pares Em termos políticos questionam se todas as formas de opressão e de dominação e buscase o desenvolvimento de práticas de autogestão cooperativa Bomfim 1987 Góis 1993 define a psicologia comunitária como uma área da psicologia social que estuda a atividade do psiquismo decorrente do modo de vida do lugarcomunidade estuda o sistema de relações e representações identidade níveis de consciência identificação e pertinência dos indivíduos ao lugarcomunidade e aos grupos comunitários Visa ao desenvolvimento da consciência dos moradores como sujeitos históricos e comunitários através de um esforço interdisciplinar que perpassa o desenvolvimento dos 12 grupos e da comunidade Seu problema central e a transformação do indivíduo em sujeito Em trabalho recente sobre a situação da psicologia social no Brasil Bomfim observa o crescimento da área entre nós e informa que as atividades são em sua grande maioria constituídas por atuações em equipes multidisciplinares que estabelecem procedimentos práticos de acordo com a demanda social e possibilidades de ação Bomfim 1994 As principais estratégias de ação detectadas foram reuniões com os moradores para análise das necessidades e possíveis soluções inclusive com o incentivo à formação de grupos de autogestão e à formação de recursos humanos da própria comunidade e propostas de atividades específicas Para que a formação de recursos humanos capazes de desenvolver e dar continuidade a projetos de melhoria da qualidade de vida seja viável temse verificado a importância de fortalecer o envolvimento afetivo com os objetivos e programas de ação propostos A promoção deste envolvimento tem sido feita exatamente através da busca de uma definição pela própria comunidade das prioridades de atuação Neste sentido o psicólogo atua mais como um analista facilitador que como um profissional que toma as iniciativas de solucionar os problemas São centrais portanto nesta área de estudos os conceitos que contribuem na análise da constituição do sujeito social produto e produtor da cultura e as metodologias de desenvolvimento da consciência Neste volume estudos e reflexões sobre algumas dessas problemáticas específicas da psicologia social comunitária são apresentados ao leitor Pioneira na delimitação conceituai da área na America Latina Sílvia Tatiana Maurer Lane professora de psicologia social no programa de estudos pósgraduados em psicologia da Pontifícia universidade Católica de São Paulo explica o 13 surgimento da psicologia comunitária entre nós durante os anos 70 como reação à opressão política e dominação econômica e ideológica que caracterizaram o período militar na região Observase nos relatos de experiências na área a tentativa de promover em comunidades populares a crescente consciência da situação de opressão e a iniciativa de ações transformadoras autônomas que levassem em consideração a necessária vinculação entre condições objetivas de vida e processos psicológicos A partir desses relatos a autora busca definir os principais conceitos teóricos necessários ao trabalho do psicólogo em comunidade e a evolução dos modelos de atuação no Brasil A seguir Bader Sawaia também lecionando no programa de estudos pósgraduados da Pontifícia universidade Católica de São Paulo explora as origens do próprio conceito de comunidade na história do pensamento social A autora analisa a evolução do conceito como contraponto ao avanço do senso individualista que caracteriza o capitalismo Acompanhando as perspectivas que informaram a elaboração teórica da noção de comunidade na sociologia e na psicologia Sawaia observa como a partir de um ponto de vista totalitário o conceito passa no final do século XX a incorporar o sentido da resistência à opressão e da luta pela cidadania plena Maria de Fátima Quintal de Freitas docente do mestrado em psicologia da Universidade Federal do Espírito Santo acompanha a evolução do conceito de comunidade em psicologia a partir das representações e práticas dos psicólogos e observa que a principal fonte de definição da área da psicologia comunitária nos anos 60 e 70 vinculavase a práticas comprometidas com a perspectiva de libertação sóciopolítica da população Já no curso da década de 80 e início dos anos 90 esta 14 perspectiva se modifica a partir de transformações no próprio sistema de saúde pública no país Estas transformações se tornam mais evidentes a partir da própria mudança de denominação a psicologia na comunidade passa à psicologia da comunidade tomando como unidade de análise o grupo comunitário e a psicologia comunitária que toma como objeto de análise o sujeito construído sóciohistoricamente Já Pedrinho Guareschi professor no programa de pósgraduação em psicologia social da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul convida o leitor a compartilhar sua reflexão sobre conceitos fundamentais da psicologia social comunitária como os conceitos de relações sociais relações de dominação e relações comunitárias procurando demonstrar que e na comunidade que se estruturam as relações democráticas desejáveis Jacyara Nasciutti professora no programa de pós graduação em comunidades e ecologia social da Universidade Federal do Rio de Janeiro busca esclarecer as relações entre instituições e comunidades de um ponto de vista psicossocial e mostra como utilizar os conceitos da análise institucional na análise das instituições de saúde mental no Brasil Naumi Vasconcelos também professora no programa de pósgraduação em comunidades e ecologia social da Universidade Federal do Rio de Janeiro reflete sobre a relação entre qualidade de vida e habitação focalizando especialmente o processo de ocupação do espaço urbano e da construção de hábitos comunitários em habitações urbanas as relações corpocasa e seus impactos sobre as representações da qualidade de vida Procura assim uma definição subjetiva de qualidade de vida que possa ser incorporada como contribuição da psicologia social aos indicadores objetivos deste conceito 15 Regina Helena de Freitas Campos do programa de mestrado em psicologia social da Universidade Federal de Minas Gerais trabalha sobre as relações entre comunidade cultura e consciência Busca assim refletir sobre como as teorias sobre os processos de construção do conhecimento produzidas pela psicologia social podem se aproximar das práticas da psicologia comunitária sobretudo no que se refere à emergência dos processos de conscientização mencionados na literatura da área Esta coletânea espera contribuir para o desenvolvimento teórico da psicologia social comunitária estabelecendo bases mais sólidas para os conceitos de interesse para estudantes e profissionais da área BIBLIOGRAFIA BOMFIM Elizabeth M Comum moderna cidade In Bomfím E e Machado M Em torno da psicologia social Belo Horizonte publicação autônoma 1987 Psicologia social psicologia do esporte e psicologia jurídica In Achcar R et alii Psicólogo brasileiro Práticas emergentes e desafios para a formação São Paulo Casa do Psicólogo 1994 FREITAS Maria de Fátima Q Psicologia comunitária Professores de psicologia falam sobre os modelos que orientam a sua prática Tese de doutorado São Paulo Pontifícia universidade Católica de São Paulo 1994 GÓIS Cezar Wagner de Lima Noções de psicologia comunitária Fortaleza Edições UFC 1993 16 LANE Sílvia T Maurer Psicologia Ciência ou política São Paulo EDUC 1988 17 HISTÓRICO E FUNDAMENTOS DA PSICOLOGIA COMUNITÁRIA NO BRASIL1 Sílvia Tatiana Maurer Lane Introdução Uma revisão da psicologia comunitária no Brasil não pode ser feita fora do contexto econômico e político do Brasil e da America Latina Sem dúvida o golpe militar de 1964 tem muito a ver com o seu surgimento pois se num primeiro momento 196875 vivemos um período de extrema repressão e violência quando uma reunião de cinco pessoas já era considerada subversão ele fez com que individualmente os profissionais de psicologia se questionassem sobre a atuação junto à maioria da população e de qual seria o seu papel na sua conscientização e organização Esta preocupação é mais sentida na universidade quando a partir dos movimentos de 1968 questionando o ensino e a academia e desenvolvida uma reflexão crítica quanto ao seu papel principalmente em países do Terceiro Mundo que não podem se dar ao luxo de uma universidade fechada numa torre de marfim Neste contexto os professores dos cursos de formação profissional do psicólogo questionam a sua prática ao mesmo tempo em que a crise da psicologia como ciência está patente em que a antipsiquiatria abala os conceitos 1 Tratase da 1ª parte revista e ampliada de um artigo em coautoria com Bader B Sawaia enviado para publicação num livro sobre psicologia social comunitária na America Latina organizado por Sanchez E e Wiesenfeld E a ser publicado na Venezuela 18 de doença mental deslocando o problema para a questão da saúde mental e para uma possível ação preventiva junto à maioria da população pobre oprimida e desatendida pelo Estado É nesse período também que surge nos Estados Unidos e em vários países da America Latina a expressão psicologia comunitária referindose à atuação de profissionais junto a populações carentes porém a maioria dos trabalhos dessa época tinham um forte cunho assistência e manipulativo utilizando técnicas e procedimentos sem a necessária análise crítica a intenção era boa porém não os resultados obtidos Fora da universidade médicos e psiquiatras preocupados com a saúde pública e uma ação preventiva criam na década de 70 os centros comunitários de saúde mental que segundo A Abib Andery 198112 o fazem numa tentativa de superar os clássicos hospitais psiquiátricos mas também nesse caso as mudanças foram mais aparentes do que estruturais Por outro lado já na década de 60 surge uma preocupação com a educação popular com a alfabetização de adultos como instrumento de conscientização são os trabalhos de Paulo Freire e de outros dos quais participavam diversos profissionais e entre eles psicólogos sem qualquer preocupação em definir especificidades em termos de áreas de trabalho eram atividades inerentes à cidadania Essas experiências levam os psicólogos na década de 70 a desenvolverem atividades em comunidades em termos de educação popular tendo como meta a conscientização da população Assim vamos encontrar sob o rótulo de psicologia social comunitária uma prática voltada a a prevenção da saúde mental unindo psicólogos psiquiatras e assistentes sociais e b educação popular com a participação de pedagogos psicólogos sociólogos e 19 assistentes sociais No encontro de 81 as duas linhas se confundem Também neste encontro uma questão pouco discutida mas necessária de ser aclarada foi colocada O que é uma comunidade Ela é possível numa sociedade capitalista baseada na idéia de competição Ou ela e uma utopia que se pretende atingir algum dia Na nossa revisão utilizaremos dois referenciais 1 o 1º Encontro Regional de Psicologia na comunidade realizado em São Paulo em 1981 com trabalhos realizados na década de 70 e 2 o 2º Encontro Regional ocorrido em Belo Horizonte em 1988 com relatos referentes a trabalhos da década de 80 Ambos foram organizados pela Associação Brasileira de Psicologia Social ABRAPSO tendo por objetivos a troca de experiências e principalmente o de não cometer os mesmos erros Em cada encontro foram apresentados em torno de 10 relatórios para uma audiência de mais de 100 profissionais como psicólogos assistentes sociais educadores sociólogos etc Podemos observar nestes dois encontros o contraste entre preocupações com a saúde mental e aqueles com a educação popular ambos com objetivos diferentes O encontro de 1981 À procura de uma compreensão de uma psicologia social comunitária O Projeto de Saúde Mental Comunitária do Jardim Santo Antônio foi apresentado por Helio Figueiredo como proposta que se origina na universidade em 77 numa visão do compromisso dela com a sociedade A equipe e formada por dois professores de psicologia uma socióloga e um administrador que devem orientar alunos estagiários do curso de psicologia O projeto é precedido por uma pesquisa que deverá dizer o melhor local de trabalho e levando ao aluguel de uma sede própria em julho de 79 onde são 20 prestados serviços como atendimento psicológico individual e grupal acompanhamento do clube de mães e grupo de jovens e promoção de reuniões da equipe com grupos do bairro a fim de se definir programas de ação A presença constante e fixa da equipe no bairro faz com que os grupos passem a procurála tendo como referência a casa da sede Com o objetivo de atuar a nível da saúde mental a equipe detecta como principais problemas da população além de questões como ausência de infraestrutura baixos salários violência urbana desgaste físico e psicológico a questão da perda da identidade cultural devido à migração a ação dos meios de comunicação transmitindo a ideologia de uma sociedade de massa e de consumo e por último a ausência de organização popular Da prática desenvolvida o grupo profissional chega à definição clara de seu objetivo que seria o de proporcionar o crescimento da consciência dessa população através da participação dos indivíduos em grupos que os levariam a superar o individualismo e a se unirem em atividades que visassem mudar o seu cotidiano Uma outra experiência e relatada por Pedro de C Pontual e Paulo Moldes 1981 realizada pelo centro de Educação Popular do Instituto Sedes Sapientiae SP cuja proposta é de intervenção crítica e de prestação de serviços nas áreas de saúde e educação através de duas equipes interdisciplinares jornalistas psicólogos sociólogos assistentes sociais teólogos economistas pedagogos geógrafos engenheiros e arquitetos Os princípios básicos que norteiam as duas equipes são a importância da organização legítima dos trabalhadores por eles mesmos a importância do controle pela base dos movimentos populares a importância do aspecto organizativo como conscientizador dos 21 movimentos e o profissional como dinamizador como animador dos grupos nunca como liderança É Pontual que afirma Nesse sentido o que identifica qualquer profissional ligado realmente aos movimentos populares e o seu papel de educador popular embora ele possa dar uma contribuição maior na área de conhecimento em que ele se formou 198130 e continua dizendo que enquanto psicólogos devem lidar com a dinâmica de grupos de encontros com questões metodológicas e de avaliação também devem lidar com as tensões e problemas de relacionamento porém sem fazer recortes todos se identificam como educadores populares Há ainda o relato da atuação da equipe junto à população visando definir problemas prioritários que levam a comunidade a questionarse o quanto sabe sobre a própria realidade e a realizar uma pesquisa no bairro e apresentar os seus resultados em um caderno em quadrinhos que divulgado leva a uma assembleia com objetivo de discutir os resultados da pesquisa e definir os problemas prioritários ou seja creche posto de saúde e coleta de lixo A discussão da creche por sua vez leva à produção de um filme super 8 sobre as crianças do bairro que quando exibido mobiliza a população num movimento reivindicatório por creche Um terceiro relato nesse encontro referiuse à utilização do psicodramapedagógico com mulheres na periferia apresentado por Maria Alice Vassimon 19813945 É colocado como objetivo a educação popular auxiliando o grupo a perceber a sua própria realidade a sua própria cultura Vassimon 198141 O trabalho iniciase com 60 mulheres ávidas em discutir problemas de seu cotidiano em relação a filhos maridos casa família etc e a equipe também interdisciplinar preocupase durante dois anos em como tornar o grupo independente e assumir a própria história e seu próprio caminho 198141 22 Este grupo de mulheres assume o clube de mães aproximase da escola organiza uma feira de arte e trabalha no posto de saúde dando curso para gestantes cada vez mais independentes da equipe à qual recorrem quando necessário necessidade essa que se espaça cada vez mais ao longo do tempo O relato encerrase com uma reflexão sobre o psicodrama como sendo uma forma de aproximação extremamente saudável porque não se fica falando e para o povo falar nem sempre é fácil e para estimular uma libertação imprimir a direção a sua própria realidade o psicodrama e muito importante 198148 Brühl e Malheiros apresentaram suas reflexões sobre a psicologia social comunitária no Nordeste Paraíba agora voltada para uma formação universitária a nível de mestrado em psicologia na comunidade da Universidade Federal da Paraíba Das observações e experiências realizadas os autores definem dois níveis de atuação 1 desenvolvimento de trabalho educacional visando a mobilização e organização de grupos comunitários para a busca de soluções de seus problemas 2 desenvolvimento de trabalho de assessoramento a grupos já existentes E finalizam afirmando que a atuação do psicólogo deve darse no sentido de que a resolução das situações de crises individuais resulte na superação das contradições sociais que geraram 1981102 através de um processo de conscientização Outras experiências em centros de saúde em bairros com grupos de mulheres de adolescentes de teatro e outros foram apresentados sempre enfatizando o grupo como condição básica tanto para a ação clínica como preventiva e educativa O Encontro de 1981 se encerra com o questionamento se a atuação do psicólogo se caracteriza 23 por tarefas visando a prevenção e a cura da doença mental ou por tarefas educativas e conscientizadoras O que e específico da psicologia e dos demais profissionais envolvidos nas mesmas tarefas E qual o papel da universidade 1981987 O que vemos nesse momento é ainda uma visão do psicólogo que se define pelas técnicas que utiliza e não pelo conhecimento que ele tem do psiquismo humano do indivíduo como pessoa que se constrói na relação com os outros no desenvolvimento de suas atividades no movimento de sua consciência e na produção de sua identidade E ainda uma visão fragmentada do indivíduo aprendizagem educação e um processo terapia e outro conscientização e outro ainda Parece que o único ponto constante e a relação grupai e no encontro com os outros semelhantes que descobrimos a realidade que descobrimos a individualidade e a sociedade As diferentes idéias são discutidas em torno de técnicas ao invés de considerarem a natureza do psiquismo humano e a natureza do indivíduo que interage com outros Encontro de 1988 À procura da sistematização No Encontro Mineiro de Psicologia Comunitária de 1988 os relatores procuraram definir qual a especificidade da prática psicológica em comunidade e grande ênfase é dada às técnicas de dinâmica de grupo como se pode observar nos relatos de Elizabeth Bomfim 1988200 É a partir do conhecimento dos grupos e das instituições que se chega à organização popular é a experiência que ela e Marília N da Mata Machado relatam sobre a favela de Vila Acaba Mundo em Belo Horizonte As atividades desenvolvidas além de propiciar 24 o treinamento de estudantes de psicologia treinam os moradores em técnicas de autoorganização através de recursos que vão desde um vídeo sobre a favela de informações sobre direitos que a comunidade tem para ir em busca de soluções até uma prática grupal espaço de palavra livre visando a autoorganização e a criação de cooperativas A atuação clínica se dá em termos de análise e terapia da autodepreciação visando o erguimento da autoestima É ainda na Vila Acaba Mundo que Alayde M Caifa de Arantes 1988150 relata sua experiência com grupos de adolescentes onde não se fala em psicólogos mas se trabalha em artesanato visando através do desenvolvimento grupal a compreensão das relações sociais e das regras necessárias para uma melhor convivência Elizabeth Bomfim sintetiza o trabalho de seu grupo afirmando a existência de uma relação estreita entre saúde e condições de vida cabendo ao psicólogo atuar no sentido de que as condições e modos de vida precisam ser dominados para que haja autonomia de sujeito para exercer a sua saúde 1988202 O trabalho apresentado por Angela Caniato e uma avaliação da experiência realizada pela Universidade de Maringá em uma comunidade atendida por posto de saúde e conclui que o psicólogo esbarra nos limites teóricos e técnicos de sua formação na universidade que não lhe permite responder às demandas de atendimento psicossocialmente colocadas pelas populações que freqüentam estes postos de saúde 1988180 E continua afirmando que o cidadão desaparece sob o indivíduo doente que procura o psicólogo para se tratar 1988181 Daí a necessidade de se resgatar a individualidade e a subjetividadecompetência do psicólogo 25 Por fim William CC Pereira faz uma análise do individualismo como produto da modernidade e analisando o filme A classe operária vai ao paraíso conclui que a grande vítima mais do que o corpo do indivíduo é a subjetividade negada por um poder arbitrário Resgata a questão do poder que permeia as relações sociais apontando para a necessidade de se diferenciar podertrabalhoserviço de poderdominação autoritarismo o primeiro sendo um jogo de mútuas influências e o segundo apenas um fetiche Concluindo o relato deste Encontro podemos observar um avanço na definição do que seja uma atuação do psicólogo em comunidades cabendo a ele desenvolver grupos que se tornem conscientes e aptos a exercer um autocontrole de situações de vida através de atividades cooperativas e organizadas Para tanto o entendimento de relações de poder que se constituem no cotidiano e de grande importância para a compreensão tanto da violência arbitrária quanto de uma ação cooperativa e transformadora Por outro lado o resgatéda subjetividade que implica na compreensão das representações do mundo em que vive até às emoções e afetos que definem a sua individualidade única Além destes trabalhos apresentados nos Encontros várias universidades têm criado o que chamam de serviço de extensão visando integrar alunos e professores de diferentes áreas na prestação de serviços à sociedade em geral e nesta linha a participação de psicólogos em trabalhos comunitários tem sido bastante significativa À guisa de exemplo gostaríamos de relatar o trabalho desenvolvido na Universidade Metodista de Piracicaba SP UNIMEP onde o serviço de extensão se origina pela atuação da equipe de psicólogos sociais liderada por Lucila Reboredo junto à população favelada 26 da cidade levandoa a se constituir em associação a reivindicar seus direitos a melhorar sua condição de vida chegando a um projeto de autoconstruções com a participação de vários setores da universidade É um trabalho que foi relatado e analisado por Reboredo em sua tese de doutorado o qual já se estende por vários anos e se amplia para outras atividades garantida pela institucionalização do setor de extensão universitária integrada ao ensino e à pesquisa Trabalhos comunitários na zona rural Acreditamos ser importante ainda uma menção aos trabalhos comunitários desenvolvidos na zona rural provavelmente os primeiros a falarem em comunidade contando com a participação de cientistas sociais e que se estendeu de forma semelhante por vários países da America Latina Na década de 40 encontramos os chamados centros sociais que deram origem aos atuais centros comunitários Esses contavam com o apoio da Igreja Católica de assistentes sociais e órgãos governamentais criando equipes itinerantes interdisciplinares médicos agrônomos assistentes sociais e outros que procuravam organizar grupos locais que dessem continuidade aos trabalhos propostos basicamente educativos Porém estes em pouco tempo se desfaziam Após a II Guerra Mundial a ONU desenvolve um programa de Desenvolvimento de comunidades que no Brasil contou com a cooperação dos Estados Unidos visando a consolidação do sistema capitalista Em 1951 são definidos os objetivos destes centros entre eles o de constituirse uma organização democrática obedecendo ao propósito de fomentar a solidariedade comunal dispondo para tal fim de um local onde 27 possam se reunir em pé de igualdade os residentes de um mesmo setor para participar de atividades sociais recreativas e educativas Apud Amman 198538 As atividades desenvolvidas nestes centros se caracterizavam por serem acríticas e aclassistas procurando atravésda ação comunitária desenvolver os indivíduos e conseqüentemente a sociedade O combatéao analfabetismo foi a primeira meta seguida do ensino de tecnologias agrícolas e numa segunda etapa criamse instituições que visam uma maior integração social Em um seminário realizado em 1960 foram estabelecidos princípios básicos para o desenvolvimento comunitário que implicavam na ajuda de cientistas sociais orientados pela perspectiva positivista de sociedade que levava a uma postura essencialmente paternalista mas com um discurso desenvolvimentista Tratavase de harmonizar através da participação de todos os conflitos existentes acreditando que a igualdade social poderia brotar automaticamente das estruturas econômicas sociais e políticas do capitalismo monopolista Fernandes F Prefácio in Amman 198543 Um destes centros comunitários foi estudado por Patrícia Maria GC Mortara para a sua dissertação de mestrado defendida em setembro de 1989 Através de entrevistas abertas e de análise das representações sociais de moradores de um bairro da cidade de Amparo no interior do Estado de São Paulo Mortara estuda a consciência social de participantes de atividades do centro comunitário que congrega grande parte dos moradores do bairro O centro comunitário foi criado em 1969 por fazendeiros e lideranças locais que o sustentam até hoje visando atuar na saúde preventiva e curativa e na educação formal e informal tendo por finalidade 28 promover o homem integrandoo no meio em que vive Mortara 198972 Atualmente o centro desenvolve atividades tais como grupos de mães e jovens atividades educativas desde préescola até a integração escola comunidade serviços ambulatoriais médicos e dentários atendimento psicológico cursos profissionalizantes e recreações sociais Cabe observar que aqui o psicólogo e o profissional clínico que atende pacientes encaminhados sem qualquer participação mais ativa nas relações comunitárias apenas faz parte de uma equipe que presta serviços à população Ao analisar as representações de moradores participantes de atividades do centro Mortara mostra com clareza que os homens antes colonos ora assalariados mantêm uma relação afiliativa com os patrões que são bons e não pagam melhores salários porque não podem a culpa é do governo As mulheres cuidam dos afazeres domésticos e dos filhos quando casadas ou trabalham em atividades femininas procurando sempre que possível ajudar os outros A união entre os moradores do bairro é exaltada em contraposição a outros locais Mortera 1989162163 Em suma este estudo mostra com clareza a existência de trabalhos comunitários que por sua origem paternalista e objetivos assistenciais levam à manutenção de consciências fragmentadas pelo idealismo e individualismo e de fato impedindo qualquer avanço tanto na ação como na consciência Não podemos deixar de mencionar que alguns anos antes fins da década de 40 e início de 50 em Minas Gerais uma psicóloga Helena Antipoff defendia o princípio da educação democrática e de que a inteligência era algo construído socialmente Na Fazenda do Rosário ela criou um centro educacional onde qualquer criança deficiente abandonada pobre ou rica branca ou preta 29 tinha seu lugar garantido Criou também a Associação Comunitária do Rosário na qual psicóloga educadores e a comunidade trabalham em conjunto pela melhoria das condições de vida da população e por sua autonomia Toda esta história tão brasileira nos seus contrastes foi pesquisada por Regina Helena de F Campos em sua tese de doutorado e contínua a ser pesquisada por seus alunos Campos 1990 Os resultados destes trabalhos podem ser vistos no museu dedicado a Helena Antipoff na Secretaria da Educação de Minas Gerais Se o estudo de Mortara caracteriza a maioria dos centros comunitários na zona rural existem exceções onde se procura desenvolver uma psicologia social comunitária visando a organização da população para ações com autonomia que levem à solução de problemas concretos oriundos da contradição fundamental entre capital e trabalho É o caso de trabalhos desenvolvidos no Estado do Ceará a partir do serviço de extensão da Universidade Federal deste Estado sob a coordenação do professor e psicólogo Cezar Wagner de Lima Góis São trabalhos publicados2 que conhecemos em recente visita ao Ceará por ocasião da 41ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência Portanto estaremos apresentando o relato oral do professor Wagner Góis e a visita que fizemos em sua companhia a uma aldeia de pescadores onde um grupo de psicólogos e educadores atuam Um dos trabalhos relatados ocorria junto a uma comunidade agrícolaextrativa no agreste que se achava em sua fase final ou seja a retirada da equipe universitária do local dado o desenvolvimento e 2 Em janeiro de 1990 a Revista Psicologia e Sociedade da ABRAPSOpubtou o primeiro trabalho relatado Pedra Branca uma contribuição comunitária Ano V novembro de 89 a março de 90 p 95118 30 autonomia organizativa da população Era um trabalho de alguns anos de troca de saberes de participação em grupos e de assessoria requerida que atingia o seu objetivo a consciência da cidadania a visão clara dos problemas vividos e dos canais para possíveis soluções Nesta fase final a ida da equipe ao município era esporádica havendo mais uma intenção de reforço do que de assessoria para garantir um sentimento de segurança e ao mesmo tempo algo como se precisarem de nós estamos aqui A outra comunidade na qual assistimos a uma reunião aberta era uma aldeia de pescadores que estavam sendo expulsos por industriais explorando o pescado em larga escala impedindo direta e indiretamente a sobrevivência alimentar e econômica dos pescadores e suas famílias A reunião visava discutir os direitos violados e como agir para defendêlos As sugestões variaram desde a resistência armada até o apelo às instituições governamentais e as estratégias propostas consideravam os mais diferentes ângulos até chegarem à decisão de recorrer às instituições legais porém com a mobilização dos meios de comunicação de massa e sem deixar a vila desprotegida A reunião terminou com a designação de quem faria o quê Pudemos notar que a equipe da universidade apesar de bastante entrosada e querida pelos moradores do local apenas assistia à discussão coordenada por um deles e só participava quando solicitada para algum esclarecimento Notamos a confiança no poder de decisão do grupo sinal de uma autonomia em construção 31 Em busca de uma sistematização teórico prática Certamente não demos conta com estes relatos de todas as experiências em psicologia social comunitária que vêm ocorrendo no Brasil porém acreditamos que eles sejam significativos em termos de representatividade das grandes questões teóricas e práticas que a caracterizam hoje em nosso país A partir desta revisão nos compete ainda uma sistematização teóricoprática dentro dos pressupostos que vêm orientando nossos trabalhos nestes últimos anos As diversas experiências comunitárias vêm apontando para a importância do grupo como condição por um lado para o conhecimento da realidade comum para a autoreflexão e por outro para a ação conjunta e organizada Em outros termos estamos falando da consciência e da atividade categorias fundamentais do psiquismo humano que sistematizam muito do que se sabe sobre comportamento aprendizagem e cognição Quando se procura resgatar a subjetividade esta implica necessariamente em identidade categoria que leva ao conhecimento da singularidade do indivíduo que se exprime em termos afetivos motivacionais através das relações com os outros ou seja na vida grupal A análise das três categorias fundamentais atividade consciência e identidade só se faz pelo registro de mediações com a linguagem e o pensamento ferramenta essencial para as relações com os outros e que irá constituir os conteúdos da consciência E são também estas relações sociais que se desenvolvem através de atividades que por sua vez sofrem a mediação das emoções individuais possivelmente constituindo conteúdos inconscientes 32 presentes tanto na consciência como na atividade e na identidade Sintetizando o psicólogo na comunidade trabalha fundamentalmente com a linguagem e representações com relações grupais vínculo essencial entre o indivíduo e a sociedade e com as emoções e afetos próprios da subjetividade para exercer sua ação a nível da consciência da atividade e da identidade dos indivíduos que irão algum dia viver em verdadeira comunidade E é Góis 1990117 quem melhor define esta prática Fazer psicologia comunitária e estudar as condições internas e externas ao homem que o impedem de ser sujeito e as condições que o fazem sujeito numa comunidade ao mesmo tempo que no ato de compreender trabalhar com esse homem a partir dessas condições na construção de sua personalidade de sua individualidade crítica da consciência de si identidade e de uma nova realidade social Acreditamos que estes aspectos teóricos estão concretizados na pesquisa de Bader B Sawaia onde através de sua participação junto a mulheres de uma favela analisa o movimento de consciência imbricada nas atividades desenvolvidas por elas ao longo de quatro anos Sawaia demonstra a importância metodológica da pesquisa participante como recurso científico distinto da militância porém sem negar os compromissos social e político necessariamente envolvidos neste processo Sawaia 1987 Quando decidimos delinear nova visão histórica da psicologia comunitária no Brasil pudemos observar que os grupos seja como recurso da pesquisa participante seja como referência teórica são os espaços privilegiados para uma análise teóricoprática dos avanços das consciências individuais envolvidas no processo 33 É no contexto grupal que nos identificamos com o outro e e nele também que nos diferenciamos deste e assim construímos a nossa identidade sendo o grupo condição para a sua manutenção ou metamorfose Porém é também nas relações grupais que sentimos a ação do poder o qual tanto pode negar a nossa identidade como redefinila Há o poder do bom falante aquele que entende de tudo e assim impõe o seu pensamento aos demais como uma verdade absoluta Neste jogo o participante expressionista se sente perdido pois ele o outro e estudado ele sabe falar bem e precisamos de um líder E a conclusão acaba sendo deixa ele decidir Desta forma cristalizamos a nossa identidade nos submetendo a um poder autoritário e espúrio esquecendo que em um grupo por princípio somos todos iguais em direitos e deveres BIBLIOGRAFIA ABRAPSO Anais do I Encontro de Psicologia na Comunicação São Paulo 1981 AMMANN Safira Bezerra Ideologia de desenvolvimento de comunidade no Brasil São Paulo Cortez Editora 1985 ANDERY AA Psicologia na comunidade no Brasil In Anais do I Encontro Regional de Psicologia na comunidade São Paulo 1981 ARANTES AMC Vila Acaba Mundo In Anais do III Encontro Mineiro de Psicologia Social ABRAPSO março ano III nº 4 1988 BOMFIM E Vila Acaba Mundo Bairro Sion In Anais do III Encontro Mineiro de Psicologia Social ABRAPSO março ano in ng 4 1988 BRÜHL D e MALHEIRO DPA Psicologia na comunidade e os problemas psicossociais de grupos populacionais pobres do Nordeste do Brasil In Anais do I Encontro Regional de Psicologia na comunidade São Paulo 1981 34 CAMPOS RH de F Psicologia na comunitária no Brasil Um pouco de história In Anais do III Simpósio de Pesquisa e Intercâmbio Científico ANPEPP PUCSP agosto 1990 p 28 CANIATO Angela Implicações do enfoque social na prática do psicólogo em saúde mental In Anais do III Encontro Mineiro de Psicologia Social ABRAPSO março ano III nº 9 4 1988 FIGUEIREDO H Proposta de atuação do Projeto de Saúde Mental Comunitária do jardim Santo Antônio In Anais do I Encontro Regional na comunidade São Paulo 1981MORTARA PMGC A consciência social de uma população rural um estudo de caso no Bairro Pantaleão dissertação de mestrado Amparo PUCSP São Paulo 1989 PONTUAL P de C e Moldes P Experiência de bairro operário In Anais do l Encontro Regional de Psicologia da comunidade São Paulo 1981 SAWAIA Bader B A consciência em construção no processo de construção da existência tese de doutorado PUCSP 1987 VASSIMON MA Psicodrama pedagógico com mulheres na periferia In Anais do I Encontro Regional de Psicologia na comunidade São Paulo 1981 35 COMUNIDADE A APROPRIAÇÃO CIENTÍFICA DE UM CONCEITO TÃO ANTIGO QUANTO A HUMANIDADE Bader Burihan Sawaía Comunidade é um conceito ausente na história das idéias psicológicas Aparece como referencial analítico apenas nos anos 70 quando um ramo da psicologia social se autoqualificou de comunitária Assim fazendo definiu intencionalidades e destinatários para apresentar se como ciência comprometida com a realidade estudada especialmente com os excluídos da cidadania A descoberta da comunidade não foi um processo específico da psicologia social Fez parte de um movimento mais amplo de avaliação crítica do papel social das ciências e por conseguinte do paradigma da neutralidade científica desencadeado nos anos 60 e culminado nas décadas de 70 e 80 quando o conceito de comunidade invadiu literalmente o discurso das ciências humanas e sociais especialmente as práticas na área da saúde mental Não há dúvidas de que a introdução deste conceito no corpo teórico da psicologia social constituiu um aspecto epistemológico importante na medida que representou a opção por uma teoria crítica que interpreta o mundo com a intenção de transformálo Heller 1984289 Entretanto comunidade tornouse conceito capaz de abarcar qualquer perspectiva de prática profissional contanto que realizada fora de consultórios e 36 instituições permitindo seu uso demagógico no discurso político neoliberal para designar o compromisso com o povo e a união do povo3 ou ainda no discurso dos que se arvoram de inventores da sociedade ou defensores da pureza étnica e cultural Hoje comunidade aparece como a utopia do final do século para enfrentar o processo de globalização considerado o grande vilão da vida em comum e solidária mas uma utopia reacionária saudosista que em vez de orientar ações voltadas ao futuro remete ao passado como uma espécie de lamento Aliás se prestarmos atenção notaremos que toda utopia propõe modelos de comunidade como arquétipo de situação ideal que teria ocorrido nos primórdios da humanidade e que o homem perdeu Um lugar cujos habitantes inclinamse ao bem naturalmente portanto onde se atinge a perfeição e não há o que mudar Inclusive na era das descobertas o novo mundo foi padrão do imaginário utópico como o lugar não contaminado pela civilização sendo as comunidades indígenas o seu ícone Essa ideia desencadeou iniciativas de construção de comunidades de caráter utópico socialista tanto no Brasil como nos EUA Devido à diversidade de significado e ao uso demagógico da palavra comunidade cujo trailer foi acima apresentado e preciso refletir sobre esse conceito nas suas múltiplas significações e esclarecer o enfoque adotado sob pena de cometer falhas e interpretações falsas especialmente hoje quando a maioria dos profissionais da saúde e das ciências humanas dizem estar trabalhando nas e com as comunidades 3 Um chefe de narcotráfico do Rio de Janeiro em entrevista recente referiuse aos moradores de uma favela desta cidade como a minha comunidade 37 1 A comunidade na história do pensamento social A O debaté entre comunidade e individualismo ou a utopia que remete ao passado Comunidade tem presença intermitente na história das ideias Ela aparece e desaparece das reflexões sobre o homem e sociedade em consonância às especificidades do contexto histórico e esse movimento explicita a dimensão política do conceito objetivado no confronto entre valores coletivistas e valores individualistas A cada avanço do individualismo vêse o florescer de utopias comunitárias e viceversa como aponta Nisbet 1973 ao afirmar que o movimento de hostilidade intelectual à comunidade e seu substrato ético ocorrido no Iluminismo foi decorrência de sua associação ao sistema feudal Os filósofos da Ilustração estavam empenhados na destruição dos grupos e associações surgidas na Idade Média para combater os resquícios de dominação e exploração do homem resultante de interdependências básicas do feudalismo Contra a ideia de sociedade fundada na comunidade defendiam a ideia de sociedade fundada no contrato entre homens livres não homens membros de corporações ou camponeses que se vinculam racionalmente em modos específicos e limitados de associações Esse movimento anticomunitário assentado no desejo de destruir a ordem feudal injusta foi reforçado pelas duas revoluções francesa e industrial e encontrou apoio também entre os que recusavam a ideia de contrato e defendiam a doutrina do egoísmo racional e conseqüentemente do racionalismo econômico Para todos esses comunidade era o inimigo do progresso que se vislumbrava no final do século XVIII representando a persistência das tradições a serem vencidas pois impedia 38 o desenvolvimento econômico e a reforma administrativa Enfim todas as forças sociais críticas uniramse na tarefa gigantesca de eliminar os destroços comunais legados pela Idade Média que penetrou no século XIX No entanto esse mesmo período assistiu a emergência de uma reação intelectual iniciada pelo pensamento conservador de recuperação da comunidade como modelo de boa sociedade ameaçado pelo individualismo e pelo racionalismo valores propagados pelo Iluminismo Dessa forma comunidade tornouse o centro do debatéda modernidade nascente De um lado condenada como conservadora e antagônica ao progresso De outro defendida pelos que tinham horror à modernização como símbolo de tudo de bom e que o progresso destruiu Mas em ambas as perspectivas comunidade aparece como utopia que remete ao passado com significado reacionário cujo protótipo e a família encontrando sua expressão simbólica na religião nação raça profissão e nas cruzadas Sua delimitação pode ser local ou global pois o que importa é a comunhão de objetivos a condição de continuação no tempo o engajamento moral a coesão e a coerção social Com o tempo esses valores extrapolaram o âmbito do pensamento conservador e cada um a seu modo foram sendo apresentados no pensamento político e filosófico e atémesmo religioso do século XIX em oposição aos valores das cidades modernas Segundo Nisbet 1973 a nostalgia da comunidade comunitária e o sentimento inerente ao pensamento social do século XIX Na religião apareceu no bojo do movimento contra a pastoral individualista e a teologia racionalista do século XVIII idéias de Lutero e Calvino acusadas de afastarem o homem do caráter comunitário e cooperativo tradicionais Essa corrente de pensamento atingiu os 39 teólogos dos países ocidentais provocando um verdadeiro renascimento dos temas litúrgicos e canônicos o qual subsidiou posteriormente o reavivamento das comunidades eclesiais de base como no Brasil nos anos 70 Na filosofia a ideia de comunidade apareceu sob os mais variados aspectos mas sempre como fundamento do ataque ao racionalismo utilitário ao individualismo ao industrialismo do laissezfaire e ao igualitarismo da Revolução Francesa Na obra de Hegel Filosofia do direito um dos pensadores mais proeminentes do século XIX cuja filosofia dialética serviu de base ao marxismo o Estado e uma Communitas communitatum e não a agregação de indivíduos pelo contrato como propunha o Iluminismo Sua visão de sociedade é concêntrica formada por círculos interligados de associações como família comunidade local classe social e Igreja cada qual autônoma nos limites de sua abrangência funcional cada uma delas considerada fonte de afirmação do indivíduo e todos eles em conjunto reconhecidos como elemento formativo do verdadeiro Estado Nisbet 197355 Mas foi na sociologia ciência emergente no início do século XIX que comunidade elevouse à categoria analítica central do pensamento social e se estabeleceu a antítese de comunidade e sociedade como expressão do contraste entre valores comunitários e não comunitários respectivamente B O debate entre comunidade e sociedade Gemeinschaft und Gesellschaft Esse debate foi expressado na sociologia alemã por Tõnnies 1944 atravésdos termos Cemeinschafte Gesellschaft no final do século XIX que criou uma 40 estrutura tipológica da ideia de comunidade onde sistematizou a noção de comunidade esboçada no início do referido século tanto pelos conservadores como pelos revolucionários recolocandoa como critério de oposição entre modernização e tradição apesar de afirmar que comunidade faz parte da sociedade Gemeinschaft está baseado em três eixos o sangue o lugar e o espírito ou o parentesco a vizinhança e a amizade respectivamente sendo o sangue o seu elemento constitutivo e o trabalho e a crença comuns a sua base de construção Todos os sentimentos nobres como o amor a lealdade a honra a amizade são emoções de Cemeinschaft sendo que na Gesellschaft não há nada de positivo do ponto de vista moral Nela os homens não estão vinculados mas divididos Ela aparece na atividade aquisitiva e na ciência racional e sua base é o mercado a troca e o dinheiro Em resumo para Tõnnies comunidade não é uma variável ou um espaço mas uma realidade e a causa para outros fenômenos Nisbet 1973 Tal ideia permeia as reflexões sociológicas desde seus fundadores até hoje associada a diferentes fenômenos e objetivada em diferentes oposições Weber considerado o sociólogo da ação social em suas reflexões sobre as relações sociais solidárias 1917 distinguiu dois tipos que segundo ele recordam a classificação feita por Tõnnies a comunitária e a associativa tendo como critério de distinção o processo de racionalização Ambas podem ser fechadas ou abertas em direção ao exterior e se combinarem de diferentes formas nas relações entre os homens Comunalização referese à relação baseada no sentimento subjetivo do pertencer estar implicado na existência do outro como a família e grupos unidos pela camaradagem vizinhança e fraternidade religiosa A relação pode ser afetiva piedade amizade ou erótica e amorosa enfim baseada 41 em qualquer espécie de fundamentos emocional ou tradicional Sociação é uma relação cuja atividade se funda sobre um compromisso de interesse motivado racionalmente em valor ou finalidade é resultante de vontade ou opção racionais mais que na identificação afetiva Um outro sociólogo que trouxe importante contribuição ao conceito de comunidade foi Simmel considerado o Freud da sociedade por seus estudos das relações inconscientes da organização social Ele também denunciou a objetivação crescente da cultura moderna e a conseqüente impessoalidade das relações a ponto de anular a totalidade da subjetividade humana Esse contexto favorece o surgimento de um tipo de comunidade que ele denominou sociedade secreta criada para separar o indivíduo alienado da sociedade impessoal e darlhe sentimento de pertencimento portanto lugar de identidade de valores associados à comunidade alertando porém que essa sociedade secreta pode tornarse um fator de dissociação mais do que de socialização e aos olhos do governo e da sociedade um inimigo Wolff 1950 e Simmel 1894 C Comunidade como fenômeno empírico No início do século XX presenciase na sociologia uma explosão de estudos sobre comunidades configurandoa de um lado como espaço empírico de pesquisa em contraposição às situações laboratoriais dos experimentos e de outro de estudos microssociais em contraposição às análises estruturais Comunidade tornouse referencial de análise que permite olhar a sociedade do ponto de vista do vivido sem cair no psicologismo reducionista e pesquisar segundo procedimentos atéentão próprios da antropologia nos seus estudos sobre comunidades 42 indígenas como a observação participante ou empírica e estudos de caso4 D Comunidade como utopia que remete ao futuro Marx difere de forma significativa das implicações valorativas tradicionais que sustentam o contraste entre comunidade e sociedade Sua concepção dialética materialista da sociedade situa historicamente o debate comunidade e sociedade no capitalismo isto é no centro da luta de classes A sociedade na teoria marxista não é harmoniosa mas conflitiva sendo que o harmonioso e o conflito não são determinados pela presença ou ausência de valores comunitários mas por problemas nas relações de produção O individualismo inimigo das relações comunitárias e fruto do fetiche da mercadoria do trabalho alienado e produtor de mais valia No entanto Marx também se rendeu ao comunitarismo enquanto ética da vida social digna e justa Mas sua ideia de comunidade não se refere à volta ao passado perdido ou à recuperação dos valores comunitários em nível local ou nacional para superar as agruras do individualismo Ele se afasta de modelos baseados no tradicionalismo e no localismo pois acredita na vasta associação de nações na comunidade transnacional e encontra na classe trabalhadora a estrutura para a redenção ética da humanidade como demonstra o apelo que fez no Manifesto do partido comunista 198345 Proletariado de todos os países univos II Comunidade no corpo teórico da psicologia 4 Ver resumo desses estudos em Horkheimer e Adorno 1973151 171 43 Não se encontram referências explícitas sobre comunidade nas obras de psicologia social atéos anos 70 quando foi introduzida no corpo teóricometodológico da psicologia comunitária conforme dito anteriormente Mesmo nas reflexões sobre o que mantém o homem em sociedade e sobre a formação da consciência temas centrais do debate entre os pioneiros da psicologia a comunidade só aparece muito raramente para referirse às instâncias intermediárias entre o homem e a sociedade ou como sinônimo de sociedade e com diferentes conotações valorativas Como exemplo podese citar os estudos sobre psicologia dos povos realizados por Wundt em 1904 onde comunidade aparece como sinônimo de interação coletiva Segundo ele a psicologia popular consiste nos produtos mentais criados por uma comunidade humana que não se reduzem à consciência individual pois pressupôem ações recíprocas de muitos indivíduos Esse produto da interação coletiva mantém unidos os membros de uma nação Wundt 1926 e Baró 1983 Freud também aponta o caráter homogeneizador da comunidade ressaltando porém a sua dimensão negativa e injusta de considerar todos os homens iguais em desejos e necessidades Segundo ele a natureza humana dificilmente se dobra a qualquer espécie de comunidade social e viver em comunidade e trocar uma parte de felicidade pessoal por uma parte de segurança atravésde mecanismos que facilitam essa má troca Freud 1976 Nem mesmo na psicologia social ramo de psicologia criada no início do século XX com o intuito de analisar a relação homemsociedade o conceito de 44 comunidade aparece como central Em lugar dele grupo5 e interação social tornaramse dominantes nos estudos sobre os fenômenos coletivos especialmente na psicologia social norteamericana voltada aos problemas sociais provocados pela imigração e pela II Guerra Mundial com o objetivo de promover a integração de grupos e indivíduos à sociedade americana É nesse corpo teórico da psicologia que o conceito de comunidade foi introduzido como categoria analítica acompanhando um movimento mais geral da época Na década de 50 comunidade penetrou com muita força nas ciências sociais após ter sido recuperada na cena política no bojo de idéias liberaispopulistas e corporativistas inscrevendose nas estratégias de modernização do pós guerra criadas para enfrentar a Guerra Fria Wanderley 1990 Portanto comunidade entrou na psicologia no seio de um corpo teórico orientado pelo condutivismo e pelo método experimental com o objetivo de integrar indivíduos e grupos a partir da transformação de atitudes inspirado nos estudos psicossociais sobre grupo6 A diferença entre comunidade e grupo era dada pelo simbolismo do primeiro como denotativo de legitimidade da práxis psicossocial com associações tão variadas como estado sindicato e movimentos revolucionários 5 A palavra grupo é uma expressão ocasional um lugar vazio que segundo o contexto de cada ocasião se enche de diferentes significados Serve para definir qualquer tipo de relação recíproca entre multiplicidade de indivíduos qualquer vínculo entre seres humanos Adorno e Horkheimer 197361 Quando minha identificação e o grupo se encontram reciprocamente em uma correlação organizacional essencial e estável não temos mais grupos mas comunidade Heller1987 6 Em 1945 Skinner publicou uma obra de ficção na qual apresentou como viveria na prática uma comunidade planejada segundo a tecnologia do comportamento orientada pelos pressupostos condutivistas Walden Tvvo uma sociedade do futuro 45 Inicialmente comunidade foi introduzida na área clínica visando humanizar o atendimento ao doente mental e se espalhou atravésdas políticas desenvolvimentistas propagadas por organismos internacionais como OEA CEPAL BID ONU e Aliança para o Progresso especialmente nos países da America Latina A intenção era educativa e preventiva Trabalhavase em comunidades com o objetivo de desenvolver potencialidades individuais grupais e coletivas para integrar a população aos programas oficiais de modernização e para prevenir doenças Suas primeiras experiências práticas estiveram associadas portanto à educação popular à medicina psiquiátrica comunitária e sempre sob a proteção e orientação do Estado Sua tese sociológica central era a crença na modernização cultural e econômica como via de progresso atravésde reformas de base na agricultura indústria e nos valores e atitudes da população Comunidade era entendida como unidade consensual sujeito único e homogêneo lugar de gerenciamento de conflito e de mudanças de atitude Sua prática visava a união de esforços entre povo e autoridade governamental para melhorar as condições de vida de comunidades e através delas integrar a sociedade nacional construindo a prosperidade do país E sua delimitação era espacialgeográfica Os psicólogos que trabalhavam em comunidades passaram a se inspirar nas teorias psicológicas que mais contemplavam o social na análise da subjetividade tanto de tradição psicanalítica quanto institucional e sociométrica Os autores que mais se destacaram foram Kurt Lewin Goffman Reich Moffart e Bleger e um pouco mais tarde Moscovici e pensadores da fenomenologia Nesse período o corpo teórico da psicologia comunitária apresentou avanços positivos na medida em que começou a superar a cisão entre subjetividade e 46 objetividade mas não alterou sua intencionalidade prática que continuava voltada à integração social mais que à exclusão A tomada de consciência da necessidade de rever criticamente a intencionalidade e o destinatário da teoria se consolidou apenas no final da década de 70 com o domínio da matriz marxista quando a psicologia comunitária se apresentou como área de conhecimento científico não elitista a serviço do povo para superar a exploração e a dominação O psicólogo que na fase anterior se confundia com o educador social com o assistente social e com o clínico fora do consultório agora se tornou militante com o objetivo de promover a passagem da consciência de classe em si à consciência de classe para si favorecendo a tomada de consciência expressão fundamental da psicologia comunitária da exploração e da alienação e a organização da população em movimentos de resistência e de reivindicação Nesse contexto comunidade passou a ser entendida como lugar que reúne pares da classe trabalhadora considerada o agente social capaz de realizar a intencionalidade prática da teoria crítica isto é a negação da exclusão no capitalismo mantida pela exploração da maisvalia e pela alienação do homem do produto de seu trabalho Apesar das diferenças essenciais as duas vertentes se aproximaram na medida que incorporaram as características apresentadas nas reflexões clássicas tanto filosóficas quanto sociológicas sobre comunidade quais sejam ação conjunta rede de sociabilidade baseada na cooperação e solidariedade homogeneização de interesses em torno de necessidades coletivas lugar de sentimentos nobres não individualistas como lealdade amizade e honra e espaço geográfico empírico de ação e pesquisa Por outro lado ambas as 47 concepções afastaramse dos estudos clássicos ao concordarem que a comunidade é célula de sociedade capaz de irradiar mudanças e não erradicar mudanças Mudança social é o ponto que marca a profunda diferença entre essas duas vertentes da psicologia comunitária do ponto de vista epistemológico político e ideológico Na psicologia comunitária norteamericana a concepção de mudança está acoplada à modernização dos setores atrasados e pobres visando sua adaptação ao capitalismo avançado e na psicologia comunitária latinoamericana a mudança é concebida como transformação de uma sociedade exploradora e portanto como revolução socialista ou cidadã Essa última vertente promoveu grandes transformações no corpo teóricometodológico da psicologia social e colaborou com o avanço organizacionalpolítico da população mas não conseguiu libertála de mistificações do conceito e de sua redução ao um A homogeneização e imobilismo continuaram presentes nas reflexões sobre comunidade reapresentandoa como o lugar onde não existe o mal a injustiça como o paraíso na terra e portanto estagnado Hoje a reflexão sobre comunidade em psicologia encontrase em situação privilegiada A grande produção de pesquisas relatórios de práticas e reflexões teóricas gestadas nos anos 70 e 80 permite uma avaliação responsável à luz das questões éticas postas pela modernidade contemporânea e atéentão preteridas pelo atrelamento dos estudos de comunidade ao confronto exclusivo entre modernização versus revolução e integração versus conflito A sociedade assolada pelo processo de globalização de um lado presencia a queda de todas as fronteiras tradicionais que separavam homens e nações cujo exemplo mais fantástico e a rede internet de informática que acena com a comunidade virtual Por 48 outro assiste atônita à emergência de novasvelhas formas de diferenciação e segregação o que coloca a alteridade e identidade como figuras proeminentes da vida social digna obrigando os estudos de comunidade a retornarem a sua gênese para recuperar seu substrato éticosimbólico como categoria de integração mas também de autonomia que é definida por Heller de forma admirável comunidade e sistema de relação que remete ao mais alto grau de desenvolvimento de generecidade Heller 1987 Segundo ela o predicado comunitário contém valores específicos que permitem o amadurecimento e desenvolvimento das potencialidades humanas nos espaços particulares do cotidiano portanto não antagônico à individualidade Nessa concepção a comunidade rompe com a dicotomia clássica entre coletividade e individualidade ser humano genérico e ser humano particular apresentando se como espaço privilegiado da passagem da universalidade ética humana à singularidade do gozo individual Um movimento de recriação permanente da existência coletiva fluir de experiências sociais vividas como realidade do eu e partilhadas intersubjetivamente capaz de subsidiar formas coletivas de luta pela libertação de cada um e pela igualdade de todos Portanto se comunidade contem individualidade não pode ser trabalhada como unidade consensual sujeito único Só a ação conjunta não a caracteriza ao contrário a homogeneização pode negála pois ela deve oferecer um espaço total de atitudes particulares Isso não significa abrir mão de idéias comuns mas do consenso fechado e conseguido às custas da ditadura das necessidades Heller1992 incentivando o exercício da comunicação livre onde todos participam com igual poder e competência argumentativa no processo de ressignificação da vida social 49 Todos os membros de relação devem ter legitimidade para se fazer ouvir e a capacidade argumentativa para participar da construção do consenso democrático7 para que uns não se alienem no outro considerado o dono do saber lembrando que capacidade argumentativa não e mera aquisição de vocabulário e treino de retórica discursiva para convencer o outro Ela e a capacidade de defender suas próprias necessidades respeitando a dos outros isto é habilidade de atravésda linguagem lidar com a realidade do desejo próprio e do outro construindo um nós Portanto e exercício de sensação e de reflexão para que o sujeito sintase legitimado enquanto membro do processo dialógico democrático Os valores comunitários devem ser interiorizados como projeto individual para se transformar em ação Devem ser pensados e sentidos como necessidade A expressão tão cara à prática comunitária nos anos 70 conscientização deve ser ampliada para abarcar não só a tomada de consciência como também a tomada da inconsciência8 pois ninguém é motivado por interesses coletivos abstratos e não se pode exigir que o homem abandone a esfera pessoal da busca da felicidade pois bemestar coletivo e prazer individual não são dicotômicos e o consenso democrático não é conquistado necessariamente à custa do sacrifício pessoal Marcuse nos anos 60 já destacava a dimensão estéticoerótica indispensável à existência humana criticando a paz do cemitério que caracterizava todo projeto utópico comunitário sob pena de se defender um 7 Reflexões inspiradas nas idéias de Habermas 1985 e 1987 e Carone 1994 8 Expressão usada por Rolnik 1994 50 modo de vida esmagador apesar de tranqüilo materialmente 1975 Aqui cabe um alerta sobre o perigo de se priorizar esta dimensão em detrimento da política econômica em um país onde a maioria da população é excluída dos direitos sociais Claro que surgem ações voltadas à garantia das condições de sobrevivência com dignidade O que se quer afirmar e que abrir mão da dimensão éticoestética e cair na práxis reducionista que considera o povo uma massa disforme que responde em uníssono aos apelos materiais atribuindo apenas à burguesia as sutilezas psicológicas III Considerações finais A presente reflexão não pretendeu apresentar comunidade como um conceito plenamente elaborado e fechado o que significaria retirar o caráter sóciopolítico e utópico que a caracteriza transformandoa em conceito vazio e abstrato O que se quis ressaltar é que comunidade mais do que uma categoria científicoanalítica e categoria orientadora da ação e da reflexão e seu conteúdo é extremamente sensível ao contexto social em que se insere pois está associada ao debate milenar sobre exclusão social e ética do bem viver Nisbet 197448 balizou de forma admirável todas as idéias atéaqui apresentadas como fundamentais à comunidade Comunidade abrange todas as formas de relacionamento caracterizado por um grau elevado de intimidade pessoal profundeza emocional engajamento moral e continuado no tempo Ela encontra seu fundamento no homem visto em sua totalidade e não neste ou naquele papel que possa desempenhar na 51 ordem social Sua força psicológica deriva duma motivação profunda e realizase na fusão das vontades individuais o que seria impossível numa união que se fundasse na mera conveniência ou em elementos de racionalidade A comunidade e a fusão do sentimento e do pensamento da tradição e da ligação intencional da participação e da volição O elemento que lhe dá vida e movimento é a dialética da individualidade e da coletividade A relação face a face e o espaço geográfico não são fundamentais na configuração da comunidade mas são sua base cotidiana de objetivação conforme aponta Heller 1987 A generecidade humana a humanidade realizase em forma concreta de vida em célula de base Nessa perspectiva comunidade apresentase como dimensão temporalespacial da cidadania na era da globalização portanto espaços relacionais de objetivação da sociedade democrática plural e igualitária A psicologia social ao qualificarse de comunitária hoje explicita o objetivo de colaborar com a criação desses espaços relacionais que vinculam os indivíduos a territórios físicos ou simbólicos e a temporalidades partilhadas num mundo assolado pela ética do levar vantagem em tudo e do é dando que se recebe Esses espaços comunitários se alimentam de fontes que lançam a outras comunidades e buscam na interlocução da fronteira o sentido mais profundo da dignidade humana Enfim ela delimita seu campo de competência na luta contra a exclusão de qualquer espécie 52 BIBLIOGRAFIA BARÓ Martin Acdón e ideologia Psicologia social desde centroamericano San Salvador UCAEDIT 1983 CARONE Iray A questão dos paradigmas nas ciências humanas e o paradigma das objetivações sociais de Agnes Heller In Lane STM e Sawaia BB As novas vertentes da psicologia social São Paulo Ed BrasilienseEduc no prelo BOMFIM EM e MOTA MMN Psicologia comunitária In Revista Psicologia e comunidade n 4 ABRAPSO MG 1988 FREUD S Malestar na civilização São Paulo Abril Cultural 1978 Novas conferências introdutórias sobre psicanálise Rio de Janeiro Imago 1976 GOIS CW Noções de psicologia comunitária Fortaleza Edições UFC 1993 HABERMAS J Teoria de Ia acción comunicativa Madrid Taurus 2vol 1989 Conciência moral y acción comunicativa Barcelona Ediciones Península 1985 HELLER A Crítica de Ia llustradón Barcelona Ediciones Península 1984 Sociologia de Ia vida cotidiana Barcelona Ediciones Península 2ª ed1987 Teoria das necessidades revisitada palestra na PUCSP 120592 HORKHEIMER M e ADORNO TW orgs Temas básicos de sociologia São Paulo Cultrix 1973 LANE ST e SAWAIA BB Psicologia Ciência ou política In Montero Maritza coord Acción y discurso 53 problema de psicologia política en America Latina Eduven 1991 MARCUSE H Eros e civilização Uma interpretação filosófica do pensamento de Freud Rio de Janeiro Zahar 3ª edição 1975 MARX K e ENGELS F Manifesto do partido comunista São Paulo Ed Global 3ª edição 983 NISBET RA The sodological tradition Londres Heinemann 1973 Comunidade In Foracchi MM e Martins J de Souza Sociologia e sociedade Rio de Janeiro LTC 1977 ROLNIK S Cidadania e alteridade O psicólogo o homem da ética e a reinvenção da democracia In Spink MJ org A cidadania em construção Uma reflexão transdisciplinar São Paulo Cortez Ed 1994 SAWAIA BB Cidadania diversidade e comunidade Uma reflexão psicossocial In Spink MJ org A cidadania em construção Uma reflexão interdisciplinar São Paulo Cortez Ed 1994 SIMMEL G Lê problème de Ia sociologie In Revuede Metaphysique et de Morale 1984 La rnetrópolis y Ia vida mental In Wolff KH org La Sciología de Ceorg Simmel New York The Free Press 1964 SKINNER BF Walden two New York Macmillan 1976 TÖNNIES F Communauté et societè Paris Puf 1944 WANDERLEY MB Metamorfoses do desenvolvimento de comunidade São Paulo Cortez Ed 1993 WEBER M Economia e sociedad Mexico Fondo de Cultura Econômico 2 vols 1964 WUNDT W Elementos de psicologia de los pueblos Madrid Danniel Jorro 1926 54 PSICOLOGIA NA COMUNIDADE PSICOLOGIA DA COMUNIDADE E PSICOLOGIA SOCIAL COMUNITÁRIA Práticas da psicologia em comunidade nas décadas de 60 a 90 no Brasil Maria de Fátima Quintal de Freitas9 Falar hoje quase a meados da década de 90 sobre a psicologia comunitária ou de uma maneira mais simplificada sobre a prática da psicologia em comunidade é com certeza muito diferente do que se estivéssemos fazendo o mesmo em inícios dos anos 80 especialmente considerandose as peculiaridades que a nossa história recente tem presenciado Se fizéssemos neste momento um rápido levantamento sobre que ideia seria construída na cabeça das pessoas quando solicitássemos que pensassem sobre a prática da psicologia comunitária ou da psicologia na comunidade ou mesmo da psicologia da comunidade poderíamos arriscar dizer que a quase totalidade delas estaria pensando em alguma das seguintes situações algumas imaginariam o psicólogo em algum lugar mais pobre e sem infraestrutura outras veriam o psicólogo indo de encontro à população população essa que geralmente desconhece 9 A autora agradece à Dra Regina Helena de F Campos a oportunidade para a publicação deste trabalho Correspondência referente a este trabalho poderá ser enviada à Rua Natalina D Carneiro 740 Apto 101A Penha Vitória ES Brasil CEP 29060 000 55 esse trabalho assim como as suas possibilidades de ajuda outras ainda pensariam em lugares como favelas cortiços bairros de periferia lixões assentamentos mutirões associações de bairros grupos de mulheres de jovens de terceira idade menores de rua ou grupos marginalizados em geral e algumas poderiam também pensar em situações institucionalizadas cuja população freqüentadora estaria muito próxima à condição de marginalizada dos serviços direitos e obrigações da sociedade e do Estado Acreditando que a todo e qualquer processo de trabalho e de produção de conhecimento existem determinações históricas e políticas que os influenciam podese afirmar que falar da psicologia comunitária e falar também da história política recente do Brasil e da America Latina Poderíamos então indagar se todos estes exemplos caracterizariam práticas da psicologia em comunidade Para responder a isto fazse necessário recuperar o processo de surgimento desse tipo de prática e para isto é necessário atender a dois aspectos um ligado ao processo histórico pertinente a essa Prática recuperando as condições que contribuíram para o aparecimento dos chamados trabalhos em comunidade e outro ligado aos aspectos que podem explicar como a Profissão de psicólogo foi sendo constituída criada e em torno de que temáticasproblemáticas essa prática profissional foi se estruturando e preparando novos quadros de psicólogos para a realidade brasileira Isto pode contribuir para algumas reflexões a respeito das práticas que estão sendo desenvolvidas e sobre os cursos de psicologia em termos de como eles estão preparando para a prática nesse tipo de trabalho Pensar sobre o tipo de atuação da psicologia na 56 comunidade exige que se identifique as tendências que ela tem apresentado assim como as perspectivas teóricas e metodológicas que têm permeado o desenvolvimento de tais trabalhos Ao longo da exposição aqui realizada estará sendo citada uma bibliografia referente à temática do desenvolvimento de trabalhos em comunidade por psicólogos Esta bibliografia poderá ser consultada mais detalhadamente por aqueles que pretendam desenvolver estudos nesta área ou que pretendam orientar suas práticas futuras com vistas a um maior engajamento para as problemáticas cotidianas vividas pelo povo do nosso país 1 Sobre a história da inserção do profissional de psicologia no desenvolvimento de trabalhos em comunidade O nome trabalhos em comunidade é uma expressão relativamente antiga tendo surgido nas décadas de 40 e 50 Nesse período o Brasil passava por mudanças no seu modelo produtivo saindo do agropecuário e ingressando no agroindustrial o que exigia a preparação de uma nova mãodeobra mais afeita às demandas de um sistema fabril Assim neste contexto são criados e desenvolvidos vários projetos nas áreas educacional e assistencial sob a responsabilidade e a coordenação do Estado objetivando preparar os setores populares para tarefas relacionadas a esse novo modelo econômico Ammann 1980 Eram trabalhos comunitários que atendiam aos interesses das elites econômicas do país cujos profissionais em sua maioria provenientes das ciências humanas e sociais ocupavam nesses projetos funções estratégicas destinadas à prestação de serviços básicos à população Dentro deste clima do chamado desenvolvimentismo o Brasil atravessa a década de 50 assistindo em diversos locais 57 cidades e estados a realização de vários trabalhos junto aos setores mais desfavorecidos da população quase todos com fortes elementos assistencialistas e paternalistas Wanderley 1993 É neste decênio que Brasília é construída que o governo de Juscelino Kubitschek JK adota a filosofia de crescer 50 anos em cinco anos ao mesmo tempo em que o país já assiste ao crescimento da inflação do desemprego e da sua pobreza em ritmo acelerado 11 Entrando nos anos 60 Nos anos 60 o Brasil e vários países da America Latina entram em um período de graves e fortes confrontos estabelecidos entre de um lado o Estado e as forças capitalistas e de outro as necessidades básicas da população e a participação da sociedade civil nas discussões políticas e societárias Os movimentos populares urbanos tornamse mais freqüentes e no meio rural as ligas camponesas vão aglutinando um número maior de trabalhos em torno de reivindicações de necessidades básicas As greves espalhamse em vários setores da produção e dos serviços o desemprego atinge números assustadores e a inflação e o custo de vida tornamse insuportáveis para as classes trabalhadoras e para a população em geral Freire 1979 No Brasil nos primeiros anos desta década acontecem tentativas de significativas transformações especialmente na área educacional Tratavase de projetos que buscavam o desenvolvimento de uma consciência crítica na população a fim de que esta pudesse recuperar seu lugar no processo social do qual fazia parte Exemplos disto foram os trabalhos executados principalmente no nordeste do país de educação popular e de adultos fundamentados na filosofia e no método de Paulo Freire apresentando um compromisso político explícito com a 58 libertação dos setores populares e com o resgate do seu papel como agentes sociais e históricos Freire 1974 1978 1979a e 1979b Oliveira 1981 Ceccon et alii 1983 Podese também citar a experiência pedagógica De pé no chão também se aprende a ler desenvolvida quase à mesma época no estado do Rio Grande do Norte Góis 1980 Entretanto no Brasil o tempo de vida de tais trabalhos foi muito curto Freire Oliveira Oliveira e Ceccon 1980 devido ao recrudescimento dos mecanismos e das formas de controle repressivo mais ou menos explícitos empregados pelo Estado para conter as manifestações populares e impedir o fortalecimento da crença da população em si mesma enquanto agente do processo social e político Assistese a um grande movimento de participação e reivindicação populares são as ligas camponesas com as suas caminhadas atéos grandes centros urbanos solicitando condições mínimas e razoáveis para o plantio e para a colheita na terra são os diversos setores da população em geral revoltandose contra o assustador índice de vida são os operários reivindicando medidas efetivas contra o arrocho salarial Em março de 1964 instaurase o regime militar no país que contribui para um recrudescimento dessas condições assim como por instalar um regime de terror político e cultural na realidade brasileira Basbaum 1976 O Brasil é obrigado a conviver com um sistema de governo que põe fim a vários direitos civis enquanto as contradições existentes na realidade social vão criando situações concretas na vida das pessoas sobre as quais vários profissionais passam a atuar Iglesias 1993 No mundo eclodem diversas manifestações como as barricadas de Paris em maio de 1968 como as 59 incipientes manifestações contra os regimes totalitários do Leste Europeu Hobsbawm 1992 como os inúmeros e sangrentos conflitos raciais na África do Sul como a fome e a miséria levando grandes parcelas da população à doença quando não à morte na Ásia na África na America Latina enfim nos chamados países do Terceiro Mundo Ao lado dos pólos industriais e dos centros de riqueza iam crescendo imensos cinturões de pobreza e de miséria Freire 1979 Estes cinturões eram na realidade bairros vilas aglomerações de casas e casebres que iam de maneira desorganizada sendo erguidos em terrenos os mais inóspitos e inseguros possíveis contudo mais próximos dos locais onde as pessoas podiam trabalhar Às vezes encontravase e ainda se encontra um conjunto de casas de madeira erguidas sobre morros sobre grandes rochas ou sobre um terreno pantanoso ou alagado Os moradores desses lugares eram e são os trabalhadores das fábricas das indústrias dos escritórios das escolas dos hospitais dos bancos ou das grandes residências e mansões É no quadro destes acontecimentos políticos e econômicos que em 27 de agosto de 1962 dáse o reconhecimento oficial da profissão de psicólogo no Brasil e se criam as disposições legais lei Nº 4119 de 270862 para a regulamentação e criação dos cursos de psicologia Sindicato dos Psicólogos do Estado de São Paulo 1981 Os modelos teóricos e metodológicos que passaram a ser ministrados nos primeiros cursos de psicologia no país eram importados em sua grande maioria dos Estados Unidos havendo pouca participação das produções europeias Historicamente desde a sua criação como profissão no Brasil a psicologia tem passado por vários tipos de prática Tradicionalmente ela se estruturou atravésdo desenvolvimento da prática nos 60 consultórios nas organizações e nos ambientes educacionais Assim era em especial na década de 60 A partir de meados da década de 60 em alguns locais dáse a inserção do psicólogo com o objetivo de somar esforços e de colaborar para tornar a psicologia mais próxima à população em geral e mais comprometida com a vida dos setores menos privilegiados buscando com isso uma deselitização da profissão e as práticas vão ganhando uma significação política de mobilização e de transformação sociais Nesses anos começavam a ser preparadas as primeiras turmas de psicólogos que haviam ingressado nas faculdades e universidades brasileiras Ao mesmo tempo nos contextos nacional e internacional acompanhavase o surgimento de uma série de conflitossociais decorrentes da insatisfação popular frente ao descaso e desrespeito das autoridades e à repressão oriunda das ações do Estado A intensidade e recorrência desses acontecimentos começam a imprimir um novo rumo para as relações sociais forjadas macro e microestruturalmente É neste contexto que se vê o início do emprego do termo psicologia na comunidade Uma das primeiras vezes em que ele é utilizado oficialmente sendo posteriormente publicado em revista eou periódicos da área e nos trabalhos executados sob a responsabilidade de um grupo de psicólogos ligados à Pontifícia Universidade Católica de São Paulo PUCSP tendo também a participação de alguns estudantes de psicologia na época Mais tarde essa experiência foi publicada10 em artigos de Andery 1984 onde essa 10 Conferência proferida e publicada sob o título de Psicologia na comunidade no Brasil de Alberto Abib Andery p 1113 Anais do I Encontro Regional de Psicologia na Comunidade PUCSP e Regional São PauloABRAPSO O referido encontro foi realizado em setembro de 1981 nas dependências da PUCSP Em 1984 e 61 temática e denominação são abordados Foram trabalhos desenvolvidos junto às populações de baixa renda na Zona Leste de São Paulo e depois na Zona Oeste em Osasco já com a participação de professores do curso de graduação da PUCSP e de mais estudantes de psicologia àquela época inseridos em núcleos de pesquisa eou de estágio que se constituíam em exigências para a conclusão do curso Complementando estas informações é importante assinalar também que já em inícios dos anos 70 em Belo Horizonte na universidade Federal de Minas Gerais na UFMG fazia parte do currículo do curso de psicologia a disciplina psicologia comunitária Nesse período outros trabalhos11 também são desenvolvidos na Paraíba com a participação de psicólogos formados em São Paulo na PUC em Belo Horizonte por profissionais que já atuavam em comunidade12 antes mesmo da sua formação como psicólogo e que após obtêla deram continuidade até a atualidade em Porto Alegre na PUCRS e na UFRGS e comercializada a primeira edição do livro Psicologia social O homem em movimento da Editora Brasiliense São Paulo obra sob organização de Lane S T M e Codo W onde na parte 4 referente à Praxis do Psicólogo encontrase o artigo intitulado Psicologia na comunidade p 203220 de autoria de Alberto Abib Andery 11 Em 1981 nos Anais da 33ª Reunião Anual da SBPC realizada em Salvador é publicado o resumo Psicologia voltada para a comunidade experiência da Paraíba Área rural e urbana p 804 de autoria de Dirceu Malheiro e outros em que é feito o relato das práticas que os psicólogos que trabalhavam na UFPb tinham desenvolvido junto a comunidades rurais e urbanas nos anos anteriores 12 Encontramse trabalhos realizados há mais de 20 anos como os da Cabana do Pai Tomas pelo Prof William C Castilho Pereira em Belo Horizonte Minas Gerais representando uma extensa frente de trabalho para psicólogos nessa área Psicologia e Sociedade ABRAPSOPUCMC Belo Horizonte Ano IV na 7 setembro de 1989 p136142 62 em SP onde trabalhos junto a diferentes comunidades vão sendo realizados tendo a participação de psicólogos que em sua grande maioria pertenciam a quadros da carreira docente13 e em outros locais de modo relativamente disperso e pouco divulgado naquela época O psicólogo trabalhava de uma maneira voluntária não remunerada e firmemente convicto do seu papel político e social junto a esses setores da população Os referenciais teóricos e metodológicos da sociologia da antropologia da história da educação popular e do serviço social tornaramse conhecidos pelos psicólogos que passaram a empregálos com certa prioridade nos trabalhos que desenvolviam nas comunidades A preocupação fundamental era o desenvolvimento de atividades e tarefas que permitissem colocar a psicologia a serviço dessas populações e ao mesmo tempo em algumas dessas práticas havia o compromisso de colaborar para que as pessoas se organizassem e reivindicassem por suas necessidades básicas e melhorias das suas condições de vida Tentavase descaracterizar a psicologia como uma profissão elitista e que havia feito alianças com a burguesia Todas as formas de trabalho eram bem vindas desde que se guiassem por uma preocupação em oferecer algum tipo de colaboração à população seja sob a forma de serviços psicológicos seja ajudandoa a se organizar politicamente A maneira como isto era feito e segundo quais orientações teóricas e metodológicas eram aspectos naquele período pouco debatidos Era o momento político e histórico em que esses trabalhos foram se configurando como necessários em termos de irem sendo construídas novas frentes de atuação Ao mesmo tempo havia poucos psicólogos com 13 Para uma breve exposição a respeito disto ver Pimentel Regina Sileikis Fragmentos de um trabalho com a comunidade In 63 disponibilidade e envolvimento para participar dessas práticas 12 Entrando nos anos 70 O país ainda era governado por militares mas a população foi aprendendo a criar e a lutar por canais de reivindicação seja sob a forma de associações de bairros de entidades de defesa do cidadão e da anistia de movimentos contra a carestia e o alto custo de vida de grupos de educação popular e pastorais do operário do menor e da mulher Vários profissionais liberais entre eles intelectuais de diferentes áreas de conhecimento incorporaramse aos setores populares no exercício de funções e de trabalhos que pudessem levar alguma contribuição ao movimento popular que timidamente se organizava Esta participação seja diretamente envolvidos nos movimentos e formas de organização da população ou somente na função de pensadores e animadores de debates sobre temáticas importantes para a população colaborou para o surgimento de trabalhos e de publicações que analisam as formas de organização dos setores populares SchererWarren e Krische 1987 lokoi 1989 Jacobi 1989 Martins 1989 entre outros e que estudam os processos de formação de consciência e de participação política da população Barreiro 1985 Sader 1988 entre outros Neste contexto e na dinâmica em que os acontecimentos sociais foram sendo construídos podese dizer de um lado que foi o envolvimento e o compromisso do profissional de psicologia junto aos movimentos populares que deram início a essa prática com características de se voltar para problemáticas diferentes das com que tradicionalmente trabalhava ocorrendo em situações e ambientes também diversos 64 Os resultados no mínimo de tal participação foram gerar uma divulgação atravésde livros revistas com números especiais artigos e apresentação de trabalhos em eventos científicos das problemáticas sociais vividas pela população e de possíveis encaminhamentos decorrentes das análises feitas Caniato 1986 Chitarra 1987 Iene Neto 1987 Bomfim et alii 198990 Por outro lado tal envolvimento e identificação com a vida e a situação dos desfavorecidos tornaramse possíveis somente pelo fato da população estar vivendo condições concretas extremamente difíceis que produziam uma tal repercussão que tornaram esses intelectuais mais sensíveis às problemáticas presentes nesses segmentos sociais Assim o clima de repressão política e cultural em que ainda se vivia e o constante processo de pauperização da sociedade contribuíram para aglutinar profissionais que por acreditarem ser possível colaborar na construção de uma sociedade mais justa e digna se enfileiram junto aos setores desprivilegiados desenvolvendo trabalhos práticos e teóricos e também participando dos movimentos populares Os profissionais de psicologia começaram a marcar novos espaços atravésde práticas diferentes saindo dos consultórios das empresas e das escolas e indo para os bairros populares para as favelas para as associações de bairros para as comunidades eclesiais de base Os trabalhos passaram a advogar não só o caráter da deselitização da psicologia como também um claro envolvimento e participação políticas junto aos movimentos populares como faziam também os profissionais das outras ciências sociais e humanas As atividades desenvolvidas apresentavam várias características desde a promoção de reuniões e discussões em torno das necessidades vividas pela população passando por levantamentos e descrições das 65 condições de vida e das deficiências educacionais culturais e de saúde da população assim como por oferecer algum tipo de assistência psicológica gratuita atéa participação conjunta em passeatas mobilizações e abaixoassinados dirigidos às autoridades como uma forma de protesto contra as precárias condições de existência e como uma maneira de reivindicar os serviços básicos Como os trabalhos em comunidade via de regra eram voluntários os profissionais normalmente desenvolviam outras atividades remuneradas em outros setores na grande maioria ligados à academia Em contrapartida isso permitiu que a discussão sobre as condições da inserção nessa realidade fossem levadas para dentro da universidade onde se iniciaram os debates e as reflexões a respeito da prática do psicólogo e do seu compromisso social e político Vale a pena relembrar que alguns trabalhos já estavam obtendo algum reconhecimento e espaço para a sua realização em específico dentro da universidade Podemse citar os trabalhos desenvolvidos pelo grupo de professores e psicólogos entre eles o pioneiro o da UFMG em Belo Horizonte que passaram a contemplar em seus currículos a disciplina psicologia comunitária Bomfim 1989 a qual visava discutir e trabalhar questões relativas à ecologia humana e às formas de organização e participação populares 13 Entrando nos anos 80 Quando o país começava a viver um clima de expectativa para com a abertura democrática em fins dos anos 70 e início dos 80 a discussão e divulgação sobre os trabalhos desenvolvidos em comunidade passaram a ter mais atenção evidenciandose uma preocupação sobre o seu caráter de clandestinidade Alem disso as 66 discussões permitiram criar espaços para repensar os aspectos nãoremunerado e voluntário como também os metodológicos referentes à prática do psicólogo em comunidade A denominação psicologia comunitária passa a ser um termo mais consagrado e adotado por vários profissionais inclusive em debates e reflexões14 Um dos primeiros momentos em que se noticia no Brasil sobre a expressão psicologia comunitária sob a forma de publicação acontece no trabalho A psicologia comunitária considerações teóricas e práticas de autoria de DAmorim 1980 Após isso a expressão aparece publicada Lane 1981 em setembro de 1981 na conferência Psicologia comunitária na America Latina proferida pela Profa Dra Sílvia T Maurer Lane durante o I Encontro Regional de Psicologia na comunidade na PUCSP No mesmo Encontro Derdick et alii 1981 apresenta o trabalho Psicologia comunitária em bairros periféricos de Osasco descrevendo a experiência desenvolvida naquela região A significação destes trabalhos chamados de Psicologia comunitária está no fato deles explicitarem uma prática da psicologia social anunciando seu compromisso político e permitindo que as críticas feitas às teorias psicologizantes e a históricas sejam evidenciadas 131 Criação da ABRAPSO Em meados dos anos 80 as questões relativas à falta de definição e de especificidade dessa prática Lane 1987 Lane e Bader 1988 Freitas 1986 1987 1988 1988a Franco 1988 Andery 1989 Bomfim 1989a e 14 O termo aparece também na publicação dos trabalhos de Freitas 1982 Armam Filho 1983 Vasconcellos 1985 Mourão 1986 Bomtim et ai 1988 Andery 1989 Bomtim 1989 Bomfim 1990 Campos 1990 Góis 1991 Mendes 1991 Cóis 1993 67 1989b começam a aparecer em alguns debates travados em reuniões científicas e em encontros promovidos pela Associação Brasileira de Psicologia Social ABRAPSO Esta associação foi criada oficialmente em julho de 1980 na UERJRJ durante a 32 Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência SBPC quando no dia 11 acontecia uma mesaredonda organizada pela Associação LatinoAmericana de Psicologia Social comissão PróFortnação da ABRAPSO sob a coordenação da Profa Dra Sílvia T Maurer Lane com o tema A psicologia social como ação Transformadora tendo a participação de STM Lane da PUCSP JJC Sampaio do Instituto de Psiquiatria do Ceará e da universidade de Fortaleza G Leno Neto da UFPB e MLViolante da PUCSP No contexto da psicologia no Brasil a ABRAPSO constituiuse em um marco importante para a construção de uma psicologia social crítica histórica e comprometida com a realidade concreta da população Em cada região do país ou mesmo dependendo do grau de aglutinação e de organização em torno das temáticas desenvolvidas pela psicologia social existente em cada estado foram sendo criados núcleos e regionais da ABRAPSO que passaram a realizar os seus encontros regionais com uma certa regularidade A ABRAPSO atravésda sua Regional São Paulo em setembro de 1981 promove o I Encontro Regional de Psicologia na comunidade onde são apresentadas experiências que estavam sendo desenvolvidas como trabalhos junto a mulheres da periferia a crianças de creches em centros de educação popular entre outros Em 1985 na Universidade Estadual de Maringá no Paraná e realizado o I Encontro Nacional de Psicologia 68 Social da ABRAPSO15 reunindo inúmeros professores psicólogos e estudantes do país onde foram apresentados trabalhos que propunham reflexões a respeito dos cursos de psicologia e do ensino da psicologia social como também sobre as intervenções em postos de saúde O II Encontro Nacional de Psicologia Social da ABRAPSO16 acontece em novembro de 1986 em Belo Horizonte Minas Gerais reunindo trabalhos e várias apresentações sobre política violência ecologia delegacias de mulheres sexualidade sindicatos saúde educação comunidades entre outros temas O III Encontro Nacional de Psicologia Social da ABRAPSO realizase em São Paulo na PUC em maio de 1987 objetivando reunir os profissionais de áreas afins para discutir as temáticas relativas à vida da população em geral e às possibilidades de realização de trabalhos conjuntos Em setembro de 1987 na Universidade Federal do Espírito Santo UFES em Vitória e realizado o IV Encontro Nacional de Psicologia Social da ABRAPSO reunindo professores pesquisadores profissionais e estudantes de vários estados do país em torno de temáticas como psicologia e comunidade 15 com a realização deste I Encontro dáse início ao primeiro número da revista publicada pela ABRAPSO Psicologia e Sociedade Para maiores informações sobre os trabalhos apresentados neste evento ver revista Psicologia e Sociedade centro de ciências humanas da PUCSP ANO I janeiro de 1986 nº 1 Para maiores informações e descrições sobre os trabalhos apresentados ver os Anais do I Encontro Regional de Psicologia na Comunidade setembro de 1981 PUCSP 16 Para maiores informações ver os Anais do II Encontro Nacional e I Encontro Mineiro de Psicologia Social da ABRAPSO FAPEMIGMC V 1 1986 Este evento foi realizado em promoção conjunta com o Departamento de Psicologia da UFMG e do Departamento de Psicologia da PUCMG A maioria dos trabalhos que foram apresentados neste Encontro estão publicados na revista Psicologia e Sociedade Belo Horizonte ABRAPSO PUCMG Ano IV nº 7 setembro de 1 989 69 movimentos sociais psicologia política delegacia de mulheres história da psicologia social entre outras Dois anos mais tarde em setembro de 1989 no Instituto Paraibano de Educação em João Pessoa acontece o V Encontro Nacional de Psicologia Social da ABRAPSO reunindo também inúmeros profissionais da área Iniciam se os grupos de trabalho em torno de uma dada temática de interesse tendo sido criado entre outros o Grupo de Trabalho de Psicologia Comunitária A mesma estruturação envolvendo os grupos de trabalho alem de outras atividades como mesas redondas e simpósios esteve presente nos VI e VII Encontros Nacionais de Psicologia Social promovidos pela ABRAPSO e realizados respectivamente em maio de 1991 na Universidade Estadual do Rio de Janeiro UERJRJ no Rio de Janeiro e em junho de 1993 na Universidade do Vale do Itajaí UNIVALI em Itajaí Santa Catarina17 14 Entrando nos anos 90 No início dos anos 90 a nível nacional presencia se a expansão dos trabalhos dos psicólogos junto aos diversos setores e segmentos da população Entretanto cabe salientar que essa expansão acontece dentro de um quadro variado de práticas envolvendo diferentes pressupostos filosóficos e referenciais teóricos Passase a ouvir mais freqüentemente a denominação de psicologia da comunidade São práticas desenvolvidas quando o psicólogo está no posto de 17 Em agosto de 1992 na Câmara Municipal de Belo Horizonte em Minas Gerais foi realizado o 1º Congresso Brasileiro de Psicologia da Comunidade e Trabalho Social Autogestão Participação e Cidadania Entre as mesasredondas realizadas podese encontrar a de políticas públicas e sociais Participação popular e psicologia da comunidade e trabalho social gritos nossos 70 saúde na secretaria do bemestar social em algum órgão ligado à família e aos menores ou quando o psicólogo está em algum setor vinculado às instituições penais Enfim quando ocupa um espaço profissional dentro de alguma instituição normalmente pública que tem como objetivos ampliar e democratizar o fornecimento dos serviços de diversas áreas para a população em geral Tratase dessa maneira de uma atuação que passa a ser desenvolvida como uma demanda solicitada por uma instituição É uma atividade que surge associada ao contexto do trabalho social na área de saúde havendo o surgimento de problemáticasquestões ligadas à saúde coletiva em que é esperado do psicólogo que ele tenha um papel de trabalhador social dentro dos movimentos de saúde Em decorrência isto contribui para que a psicologia passe a ser vista como fundamentalmente uma profissão da saúde Nesses trabalhos encontramse fortes influências da análise institucional do movimento instituinte e das chamadas intervenções psicossociológicas A existência destas práticas com esta orientação em específico não se restringe aos anos 90 Já em 1986 durante por exemplo o II Encontro Nacional e II Encontro Mineiro de Psicologia Social ABRAPSO realizado em Belo Horizonte encontramse alguns trabalhos que relatam experiências nessa área Em agosto de 1992 em Belo Horizonte durante o 1º Congresso Brasileiro de Psicologia da comunidade e Trabalho Social verificase também o predomínio de trabalhos na área da saúde ou voltados para esta temática numa proporção quatro vezes maior do que os trabalhos referentes às temáticas ligadas às escolas e creches às questões de metodologia do trabalho comunitário ou mesmo ao relato de outro tipo de experiência Entretanto cabe relembrar que as outras práticas denominadas neste capítulo de psicologia na 71 comunidade ou mesmo psicologia comunitária continuaram existindo e sendo desenvolvidas concomitantemente Na realidade estes primeiros anos da década de 90 têm presenciado uma diversidade teórica epistemológica e metodológica no desenvolvimento desses trabalhos em comunidade pelos psicólogos 15 Algumas considerações Ao longo dessas quase quatro décadas verificase que os espaços para o desenvolvimento da prática da psicologia em comunidade assim como os motivos para a realização das mesmas têm se modificado A partir da metade dos anos 80 quando o Brasil vê definitivamente a saída dos militares do governo passando a enfrentar dificuldades quanto à administração e às novas conjunções políticas que se criam em torno do poder mudanças acontecem na esfera da administração pública em relação ao fornecimento de diversos serviços profissionais O resultado das eleições diretas a nível municipal e estadual a partir da década de 80 revelou o peso que a organização e a mobilização populares tiveram após anos de silêncio e de proibições políticas visto que os cargos para a prefeitura e para o governo de Estado em várias regiões do país foram sendo ocupados por candidatos mais progressistas e afinados com as reivindicações populares Ampliaramse as possibilidades de inserção dos profissionais das ciências sociais e humanas em funções e cargos destinados especificamente à prestação de serviços à população E ampliaramse também o espaço de trabalho e a possibilidade de reconhecimento da profissão de psicólogo junto aos setores populares É neste período que em São Paulo por exemplo junto ao governo do estado após inúmeras incursões e 72 debates do Sindicato dos Psicólogos de São Paulo associado ao Conselho Regional de Psicologia CRP 06SP criase a Possibilidade concreta para que o profissional de psicologia Passe a trabalhar em postosunidades de saúde tendo uma atuação institucionalmente reconhecida Realizamse concursos públicos iniciandose em São Paulo para as novas vagas de psicologia Vários profissionais começam a trabalhar em postosunidades de saúde situados em locais distantes e precários de bairros de periferia podendo oferecer um serviço à população em geral porém agora de uma maneira remunerada e não mais clandestina Outros estados no Brasil gradativamente nos anos que se seguem vão acompanhando esta iniciativa de tal modo que o cargo para a função de Psicólogo foi sendo criado 2 Psicologia na comunidade psicologia da comunidade e psicologia social comunitária Algumas diferenças Tendo sido apresentadas informações a respeito da trajetória e das condições que contribuíram de alguma maneira para o aparecimento dessas práticas considera se que há diferenças entre elas que ultrapassam a mera distinção nominativa Assim poderseia dizer que a psicologia na comunidade de fato surgiu e recebeu essa identificação de na comunidade em uma época em que isso era fundamental eram momentos em que a psicologia vivia fortemente uma crise em relação aos modelos importados e alheios à realidade brasileira e dessa forma assumia a proposta de se deselitizar e de se tornar mais ligada às condições de vida da população Para isso ela necessitava deixar de ser realizada nos consultórios e nas escolas por exemplo e passar a 73 ser desenvolvida na comunidade Foram iniciativas importantes e com uma significação histórica grande para aquilo que se vivia nas décadas de 60 e 70 Durante o passar desses anos o emprego das expressões foram se misturando e se confundindo especialmente entre os termos na e da como que numa sinonímia Somente nestes últimos anos aproximadamente de 1985 para cá adquirindo uma maior força no início dos anos 90 é que a expressão psicologia da comunidade tornouse de uso freqüente Passou a se referir às práticas ligadas às questões da saúde ao movimento de saúde e que envolviam atividades que se realizam atravésda mediação de algum órgão prestador de serviços que se constituía na instituição na qual o psicólogo trabalhava Assim os trabalhos realizados com diversas temáticas situações embasamentos teóricos e orientações metodológicas defendiam que fosse desenvolvida uma psicologia menos acadêmica menos intelectualizada mais identificada com a população permitindo que ela tivesse acesso aos serviços de saúde que o profissional de psicologia poderia e deveria prestar visto que isto é um direito de qualquer cidadão Grande parte dos trabalhos são desenvolvidos dentro de uma perspectiva do chamado trabalho institucional do movimento institucionalista e das intervenções psicossociológicas adotando instrumentais oriundos das vertentes clínicas e educacionais No mesmo sentido porém apresentando diferenças significativas uma vez que compreende o homem como sendo sóciohistoricamente construído e ao mesmo tempo construindo as concepções a respeito de si mesmo dos outros homens e do contexto social encontrase a psicologia comunitária ou que na América Latina tem sido chamado de psicologia social comunitária exatamente para estabelecer esta 74 diferenciação com a prática assistencialista ligada aos serviços de saúde presente nos modelos importados especialmente dos Estados Unidos A psicologia social comunitária utilizase do enquadre teórico da psicologia social privilegiando o trabalho com os grupos colaborando para a formação da consciência crítica e para a construção de uma identidade social e individual orientadas por preceitos eticamente humanos 3 Necessidades colocadas à prática da psicologia em comunidade Considerações finais Atualmente procedendose a uma análise cuidadosa sobre as práticas da psicologia em comunidade verificase a coexistência de vários trabalhos apresentando várias características muitas vezes atéincongruentes entre si Alguns elementos mereceriam ser destacados quando se propõe discutir sobre a prática do psicólogo fora dos ambientes tradicionais de trabalho Alguns deles seriam a Os trabalhos desenvolvidos em comunidade perderam seu caráter de clandestinidade presente nas décadas de 60 e 70 principalmente com isso de um lado diminuíram as dificuldades quanto à aceitabilidade ou permissividade do trabalho e de outro aumentaram as condições para se efetuar reflexões e análises sobre os aspectos intrínsecos a essa prática competindo à universidade proceder a tais análises durante o processo de formação de novos quadros de psicólogos b Houve um aumento significativo dos apelos por parte do Estado para uma maior participaçãojunto à sociedade e às suas problemáticas Tais apelos incidiram também sobre as profissões e entre elas sobre a psicologia 75 c Institucionalizouse o espaço para a atuação do psicólogo junto aos diversos setores e segmentos da população Entretanto a identidade e a prática desse profissional do ponto de vista da sua agência formadora no caso dos cursos de graduação permaneceram praticamente inalteradas e pouco debatidas com vistas a qualquer possibilidade de mudança eou adequação às necessidades da realidade social Em trabalho recente Freitas 1994 verificase que os modelos teóricos e a preparação profissional do futuro profissional de psicologia desenvolvidos hoje nos cursos de psicologia pouco diferem da mesma preparação das décadas anteriores Isto pode indicar de um lado uma cristalização da universidade nos modelos teórico metodológicos e de outro a manutenção de condições para que o estudante de psicologia se distancie e desconheça a realidade cotidiana vivida pelo povo do seu país d Quando da inserção e atuação em uma nova realidade para a prática profissional psicológica observa se a adoção dos mesmos modelos de atuação presentes nas formas tradicionais de trabalho do profissional de psicologia Os instrumentos e os modelos filosóficos implícitos na atuação do psicólogo seja na prática clínica ou educacional foram transpostos para a prática em comunidade havendo uma ênfase do seu papel como promotor de saúde e Há ao mesmo tempo alguns trabalhos de psicólogos em comunidade que estão empregando modelos para a sua prática construídos a partir de um referencial teórico proveniente de uma psicologia social crítica fundamentada em uma concepção histórico dialética e construindo para isso instrumentais coerentes a essa postura Poderseia falar da tentativa de construção de um novo paradigma para a compreensão dos fenômenos psicossociais que se materializam e 76 adquirem sua significação em uma perspectiva micro e macroestrutural atravésdas relações travadas no cotidiano e também um paradigma que se estende para o plano da intervenção e da atuação deste profissional junto aos problemas concretos das pessoas de seu país estado ou cidade problemas estes que têm uma incidência única e particular para as pessoas envolvidas Finalizando poderíamos infelizmente dizer que nos nossos cursos de psicologia professores e estudantes desconhecem na sua maioria as condições concretas em que vive a maior parcela da nossa população A extensa divulgação de campanhas e notícias seja atravésda TV do rádio eou dos jornais não e suficiente e infelizmente nem capaz de tornar realmente conhecida e familiar a crueldade da miséria e da fome em que se encontra quase um quarto da nossa população Para se contribuir com uma vida psicológica mais saudável é necessário que o trabalho a ser desenvolvido ultrapasse a esfera do individual e do particular ao mesmo tempo em que adquira uma perspectiva de apreensão da realidade em sua totalidade e em sua concretude histórica podendo então apreender a vida real e concreta das pessoas Fazer isto na especificidade do trabalho das práticas psicológicas significa atuar dentro de uma perspectiva da psicologia social em uma visão sóciohistórica junto às relações que são travadas na esfera do cotidiano eliminandose posturas reducionistas psicologizantes e ahistóricas sobre os processos psicossociais Nestes anos quase a meados da década de 90 podese portanto dizer que não se vive mais a urgência como nas décadas anteriores de produzir a maior quantidade possível de intervenções e práticas junto aos setores populares Nas décadas anteriores em especial durante os anos de exceção era importante que a psicologia enquanto uma prática social claramente 77 comprometida pudesse se ampliar e se estender para além das situações tradicionais contribuindo para o estabelecimento de alianças com as classes sociais desprivilegiadas e assumindo assim um compromisso político a favor da população e das suas formas e possibilidades de organização Entretanto afirmar sobre esta não urgência não pode nos autorizar a dizer que os problemas da população diminuíram ou foram resolvidos Ao contrário poderseia dizer que hoje presenciamos uma pobreza uma miséria e uma fome muito mais crueis e desumanas que têm contribuído para minar e destruir as formas básicas de convivência humana e solidária E é neste contexto e para esta realidade que as práticas da psicologia em comunidade deveriam ser discutidas e construídas de tal modo que pudessem colaborar para a construção da identidade e para o desenvolvimento de uma consciência crítica nas pessoas no seu cotidiano Poderseia dizer que nesta década a exigência feita à psicologia baseiase muito mais na necessidade de serem produzidos trabalhos práticas e intervenções que tenham qualidade e competência suficientes para responderem às exigências que lhes são feitas pelos diversos setores da sociedade Além disso as indefinições e as incertezas quanto à identificação das práticas a existência de pressupostos e instrumentais muito diversos quando da realização dos trabalhos e a percepção de que os psicólogos estão sendo guiados nessas práticas por embasamentos filosóficos e teóricos às vezes contraditórios entre si parecem apontar para a necessidade de serem encontrados critérios que estabeleçam diferenças entre essas práticas levando a refletir sobre a necessidade ou não delas serem chamadas de uma ou de outra maneira 78 BIBLIOGRAFIA AMMANN Safira B Ideologia do desenvolvimento de comunidade no Brasil São Paulo Cortez Editora1980 ANDERY Alberto Abib Psicologia na comunidade In Psicologia social O homem em movimento Lane e Codo orgs São Paulo Ed Brasiliense 1984 p 203220 Psicologia social e comunitária In Psicologia e Sociedade Belo Horizonte ABRAPSO 1989 7125135 BARREIRO Júlio Educación popular y proceso de concientizacón Madrid Siglo Veintiuno Editores 1985 BASBAUM Leôncio História sincera da república De 1961 a 1967 São Paulo Ed AlfaÔmega 2 edição 1976 BOMFIM Elizabeth M Notas sobre a psicologia social e comunitária no Brasil In Psicologia e Sociedade Belo Horizonte ABRAPSO 1989a 74246 O psicólogo na comunidade In Psicologia e Sociedade Belo Horizonte ABRAPSO 1989b 7 115119 BOMFIM Elizabeth M et alii Meninas de rua O cotidiano e a lei In Psicologia e Sociedade Belo Horizonte ABRAPSO PUC MC 8 4962 198990 Psicologia comunitária In Psicologia e Sociedade Belo Horizonte ABRAPSO PUCMG 1988 p 1316 CANIATO Angela A luta pela moradia de exfavelados como parte essencial do processo de formação da consciência social dissertação de mestrado em psicologia social PUCSP 1986 CAVALCANTI P Celso U e RAMOS Jovelino coords Memórias do exílio Brasil 1964 São Paulo Editora Livramento 1978 CECCON Claudius et alii A vida na escola e a escola da vida Petrópolis VozesIDAC 1983 CHITARRA Rolando J Construção de projetos sociais alternativos Um estudo de comunidades rurais dissertação de mestrado em psicologia social PUCSP 1987 DAMORIM Maria Alice A psicologia comunitária considerações teóricas e práticas In Arquivos Brasileiros de Psicologia Rio de Janeiro 1980 323 p 99105 79 DERDICK Sílvia et alii Psicologia comunitária em bairros periféricos de Osasco In Anais do I Encontro Regional de Psicologia na comunidade São Paulo ABRAPSO 1981 p 173 178 FRANCO Vânia C A natureza das técnicas de intervenção em comunidades In Psicologia e Sociedade Belo Horizonte ABRAPSO PUCMG 1988 57073 FREIRE Paulo OLIVEIRA Rosiska D OLIVEIRA Miguel D e CECCON Claudius Exílio e identidade A trajetória de dez anos do IDAC In Vivendo eaprendendo Freire P et alii São Paulo Brasiliense 1980 p 914 FREIRE Paulo Cartas à GuinéBissau Rio de Janeiro Paz e Terra 1978 Condentización Buenos Aires Ed Busqueda 1974 Educação como prática da liberdade Rio de Janeiro Paz e Terra 1979a Multinacionais e trabalhadores no Brasil São Paulo Editora Brasiliense 1979 Pedagogia do oprimido Rio de Janeiro Paz e Terra 1979b FREITAS M Fátima Quintal de Fatores responsáveis pela inserção do psicólogo na comunidade na grande São Paulo In Anais da XVII Reunião Anual de Psicologia Ribeirão Preto São Paulo SPRP 1987 p 275 O psicólogo e a comunidade In Psicologia e Sociedade Belo Horizonte ABRAPSO PUCMG 1988a 57485 Psicólogos na comunidade importância e orientação do trabalho desenvolvido In Psicologia Teoria e pesquisa Brasília 198843 236248 Psicologia comunitária Professores de psicologia falam sobre os modelos que orientam a sua prática tese de doutorado em psicologia social PUCSP 1994 O psicólogo na comunidade um estudo da atuação de profissionais engajados em trabalhos comunitários dissertação de mestrado em psicologia social PUCSP 1986 GÓIS Moacyr de De pé no chão também se aprende a ler 1961 1964 Uma escola democrática Rio de Janeiro Ed Civilização Brasileira 1980 HOBSBAWN Eric Adeus a tudo aquilo In Depois da queda Fracasso do comunismo e o futuro do socialismo Blackburn Robin org Rio de Janeiro Paz e Terra 1992 p 93106 80 IENO NETO Genaro Psicologia e movimentos populares Algumas possibilidades de aproximação In Revista de Psicologia Fortaleza 51 2935 198 IGLESIAS Francisco Trajetória política do Brasil De 1500 a 1964 São Paulo Companhia das Letras 1993 IOKOI Zilda MG Lutas sociais na America Latina Porto Alegre Mercado Aberto 1989 JACOBI Pedro R Movimentos sociais e políticas públicas São Paulo Cortez Editora 1989 LANE Sílvia TM A psicologia social e uma nova concepção do homem para a psicologia In Psicologia social O homem em movimento Lane e Codo orgs São Paulo Brasiliense 1987 p 1019 Psicologia comunitária na America Latina In Anais do I Encontro Regional de Psicologia na comunidade São Paulo ABRAPSO 1981 59 LANE Sílvia T Maurer e SAWAIA Bader B Psicologia Ciência ou política São Paulo PréPrint EDUC 1988 MARTINS José de Souza Caminhada no chão da noite São Paulo HUCITEC 1989 OLIVEIRA Rosiska D Os movimentos sociais reinventam a educação In Educação e Sociedade São Paulo Cortez Editora 8 março81 p 3360 PIMENTEL Regina S Fragmentos de um trabalho com a comunidade In Psicologia e Sociedade ABRAPSOPUCMC Ano IV n2 7 set89 p 136142 SADER Eder Quando novos personagens entraram em cena Rio de Janeiro Paz e Terra 1988 SCHERERWARREN Use e KRISCHKE Paulo J Uma revolução no cotidiano São Paulo Brasiliense 1987 SINDICATO dos Psicólogos do Estado de São Paulo Psicólogo Informações sobre o exercício da profissão São Paulo Cortez Editora 1981 WANDERLEY Manangela Belflore Metamorfoses do desenvolvimento de comunidade São Paulo Cortez Editora 1993 81 RELAÇÕES COMUNITÁRIAS RELAÇÕES DE DOMINAÇÃO Pedrinho A Cuareschi18 Sem querer criar muita expectativa arriscaria dizer que a leitura das páginas que seguem poderá talvez causar surpresa a alguns leitores Isso porque vou tentar rediscutir os conceitos ligados ao título acima conceitos muito badalados usados e abusados mas que quando escrutinados e trazidos à luz do dia podem de repente mostrar dimensões que em geral permanecem veladas ocultas O que pretendo sem maiores pretensões é fazer um pouco o que Paul Ricoeur chama de levantar suspeitas perfurar as máscaras19 Vamos caminhar por etapas Primeiro vamos fazer uma parada diante da realidade das relações sociais Em seguida vamos perguntar o que elas têm a ver com os grupos comunidades Veremos os vários tipos de relações Deternosemos ao final na discussão de dois tipos centrais as relações de dominação e as relações comunitárias Relações sociais que é isso mesmo É Aristóteles quem diz que o bom filósofo e o bom cientista deve ter a capacidade de se admirar diante das coisas mais óbvias e banais e se perguntar o que aquilo de fato significa Pois você já se perguntou alguma vez o que significa relação Tente dar uma resposta a você 18 Desejo agradecer ao grupo de leitura e discussão da linha de pesquisa Ideologia Comunicação e Representações Sociais do mestrado em psicologia da PUCRS as valiosas críticas e comentários 19 O conflito das interpretações Ensaios de hermenêutica Rio de Janeiro Imago 197887 82 mesmoa Não se espante se não souber conceituar o que seja relação A maioria das pessoas começa a dar exemplos de relações a trazer palavras que são relações como relação e comunicação relação e união etc Mas não é dito o que é relação apenas são dados exemplos de relações Então conseguiu responder o que seja relação Não Vamos lá os filósofos após muita discussão conceituam relação como sendo uma ordenação intrínseca de uma coisa em direção a outra Em latim e curto e rápido Ordo ad aliquid Complicado Nem tanto Pois vamos refletir um pouco sobre isso Uma vez uma jovem de 15 anos conceituou relação de um modo simples e claro relação é uma coisa que não pode ser ela mesma se não houver outra É isso mesmo Relação é uma coisa que não pode existir que não pode ser sem que haja uma outra coisa para completála Mas essa outra coisa fica sendo parte essencial dela Passa a pertencer à sua definição específica Vamos tentar exemplificar para melhor compreender Tomemos uma pessoa a Maria Dizemos comumente que a Maria é uma pessoa um ser Atenção um Agora se digo Maria mãe eu já digo três pois para a Maria ser mãe ela precisa de ao menos mais dois um marido e um filho Mas a mãe não é uma É uma mas na sua definição entram mais dois de maneira absolutamente necessária de tal modo que se não houver um marido e um filho a Maria será a Maria mas não será mãe Então se diz que mãe é um conceito relativo isto é mãe como pai filho irmão etc implicam relação Esta é pois a definição de relação uma ordenação um direcionamento intrínseco necessário de uma coisa em direção a outra Mas essa coisa continua uma Nesse sentido relação é um e e três ao mesmo tempo embora não sob o mesmo aspecto Então 83 comunicação união diálogo etc são relações mas relação e muito mais é um conceito que se aplica a uma realidade que não pode ser ela mesma sem que haja uma outra coisa Muitas vezes ficamos com a impressão principalmente devido aos exemplos que são dados de que relação seja algo que une que liga duas coisas Nem sempre é assim O conflito por exemplo é uma relação como a rejeição a exclusão Relação existe sempre que uma coisa não pode sozinha dar conta de sua existência de seu ser O conflito a exclusão são relações pois ninguém pode brigar sozinho e se há exclusão há alguém que exclui e alguém que e excluído A percepção da relação é pois uma percepção dialética percepção de que algumas coisas necessitam de outras para serem elas mesmas Interessante nesse contexto é se perguntar como as pessoas se definem como elas se vêem a elas mesmas Essa discussão é fascinante Há alguns que se vêem e vêem os outros como se fossem indivíduos isto é entidades que não têm nada a ver com os outros isolados suficientes em si mesmos A filosofia liberal vê os seres humanos exatamente desse jeito O máximo que se aceita e que entre dois seres possam existir relações mas eles são entidades à parte Quando se fala então em pessoas em relação precisaria precisar melhor se são indivíduos que se relacionam ou se são pessoas relação como veremos em seguida Outros já tomam o ser humano como se fosse peça de uma máquina parte de um todo Sua explicação é dada pelo todo o estado a instituição que é a realidade fundamental Temos aqui todas as formas de totalitarismo conseqüência de um sociologismo crasso Finalmente há os que vêem os demais e se consideram a si próprios como pessoas relação isto 84 é seres que em si mesmos implicam outros seres que ao se definirem já incluem necessariamente outras pessoas São únicos singulares como é único um pai um irmão e por isso são sujeitos de responsabilidade mas não se explicam nem se definem apenas a partir deles e neles próprios Sua subjetividade e um ancoradouro de milhões de outros de relações Dentre um universo de milhões de relações que eles estabelecem no decorrer de suas vidas eles recortam sua figura única singular mas plena de outros Relações sociais como elemento definidor dos grupos Muitíssimas vezes alunos tanto de graduação como de pósgraduação têmme procurado para solicitar material sobre grupos ou referências sobre grupos Fico então pensando sobre alguma bibliografia artigos e me dou conta de que existem milhares de trabalhos Mas o que me fica mordendo por dentro é a questão Será que com a leitura de todo esse material as pessoas vão se dar conta do que mesmo constitui um grupo20 Pois é isso que gostaria de discutir agora de tentar perfurar máscara de questionar esse óbvio Comece a responder a você mesmoa como fez com o conceito relação o que seria um grupo o que constituiria o essencial de um grupo Já respondeu Vejamos O que constitui um grupo é o número de pessoas Bem precisa haver ao menos duas ou se dermos razão ao antigo proverbio latino que diz que dois não constituem um grupo duo non faciunt collegium ao menos três Mas pode haver três cem 500 sempre e um 20 Quando se falar aqui em grupo podese incluir também uma comunidade um grupo comunitário Veja porém a discussão feita no item Relações comunitárias 85 grupo Parece que não é o número então que constitui o grupo Seria o tipo de pessoas O sexo homens ou mulheres A cor brancos ou negros A etnia italianos alemães etc A religião católicos protestantes Parece que também não Seria a distância entre eles Para ser um grupo todos têm de estar no mesmo lugar Também parece que não pois dizemos que o grupo de desempregados fez um protesto mas não chegaram nem a se reunir Não é então a distância nem o contato físico que é essencial ao grupo Veja adiante a discussão sobre público Que seria então Pois aqui está o interessante o que constitui um grupo é a existência ou não de relações Comece a conferir Se não há relação nenhuma entre pessoas jamais se poderá falar em grupo o que existe é como se fosse um poste ao lado do outro sem ninguém ter nada a ver com outro Agora no momento em que se estabelecer qualquer relação entre pessoas começa aí um grupo Elas têm de ter algo em comum e esse comum é exatamente o que pode estar tanto numa como noutra E esse comum e a relação que perpassa por todas está presente em todas fazendo essa amarração conjunta Essas relações está claro podem ser de milhões de tipos diferentes Podem também ter uma intensidade maior ou menor Em certos grupos as relações podem ser extremamente fluidas às vezes baseadas apenas em um aspecto Particular como o fato de ser mulher ou ser brasileiro Em outros casos as relações podem ser fortemente intensas de grande coesão de tal modo que se alguém mexe com um membro do grupo todos os outros se sentem atingidos e tomam as dores dessa pessoa O que constitui um grupo pois são as relações Se quiser saber se há grupo ou não veja se há relações 86 ou não Se quiser saber de que tipo é o grupo veja qual o tipo de relações como veremos mais adiante Se quiser mudar transformar um grupo comece por transformar as relações existentes nesse grupo3 Visão estática versus visão dinâmica de grupo Uma conseqüência extremamente importante que deve ser realçada e colocada com clareza ao se conceituar o grupo a partir do conceito de relação e o enfoque dinâmico e ao mesmo tempo aberto que e assumido na análise e discussão dos grupos Por quê Veja lá De relação vem a palavra relativo Ora relativo e o contrário de absoluto Absoluto quer dizer total completo fechado sem contradições Se eu vejo entãoo grupo a partir de relações eu vou ter uma visão de grupo sempre relativa isto é incompleta em construção em transformação Isso quer dizer que nunca posso fechar a compreensão de um grupo saber tudo sobre um grupo Se ele se constitui a partir de relações estas relações são dinâmicas sempre mutáveis podem mudar de um momento para outro O máximo que eu posso dizer e que nesse momento as relações são estas Mas elas podem dentro de pouco tempo ou à medida em que os participantes do grupo adquirirem mais ou menos poder se transformar e com isso transformar o grupo Veja agora você a enorme diferença que existe entre conceituar grupo a partir de relações e conceituálo a partir de uma visão estática e fotográfica Dentro da visão funcionaiistapositivista de grupo o pressuposto que permanece e que o grupo e algo estático com suas estratificações a própria palavra já trai a visão estática onde as pessoas possuem posições outra vez a sugestão de estabilidade e desempenham papeis que se supõem os membros do grupo têm de desempenhar 87 Bem pode ser que você goste ou ache mais interessante esta segunda visão baseada em pressupostos estáveis Acontece porém que dentro desse enfoque podese perceber apenas uma dimensão do grupo Refletindo um pouco mais podese ver que isso traz conseqüências para a prática concreta A tentação de pensar que eles sempre foram assim e conseqüentemente sempre serão assim e muito forte As possibilidades de ver que são possíveis mudanças ficam veladas diminuídas Você mesmo pode constatar que os grupos mudam e às vezes mudam bem rapidamente Qual então o instrumental mais adequado para se poder compreender os grupos de um modo mais completo Responda você mesmo Multidão massa público É certamente esclarecedor discutir aqui dois conceitos que aparecem algumas vezes nas discussões e que são importantes para nossa discussão futura sobre comunidade o de massa ou multidão e o de público Costumase chamar de massa ou multidão a existência de um grande número de pessoas ligadas porcontigüidade física isto é que estejam num mesmo local Não são precisamente grupos como os tomamos aqui São mais amontoados de gente onde as pessoas não chegam em geral a se conhecer E o caso por exemplo da maioria das multidões que se congregam nos estádios de futebol Se é verdade que todas vão para ver o jogo também é verdade que ninguém se conhece que não há relação nenhuma entre além do fato de estarem no mesmo lugar Na multidão as relações entre pessoas praticamente inexistem e a única relação fica sendo como um chefe um dirigente Ele pode com facilidade usar a emoção e o calor que o contato físico desperta para 88 manipular essas multidões e leválas a fazer coisas que um grupo que reflete nunca faria Por isso as multidões são sempre perigosas Lê Bon21 explica que no contágio das multidões as pessoas liberam o id e se guiam pelas emoções A certeza da impunidade ninguém consegue saber quem fez o quê aumenta a irresponsabilidade Ao discutirmos o que é comunidade vamos ver que são muito diversas as relações de um grupo onde as pessoas se conhecem e se estimam comunidade das relações que se verificam na multidão Já o que se convencionou chamar de público e algo um pouco diferente também são multidões mas sem contigüidade física pois estão espalhadas por milhares de locais e a única ligação entre elas e o fato de estarem por exemplo sintonizados num mesmo canal de televisão ou numa mesma estação de rádio ou serem leitores de um mesmo jornal de uma revista Mas entre esses teleouvintes ou telespectadores nem se conhecem nem se relacionam sob mais nenhum aspecto Se o público por um lado não traz os perigos que as multidões podem ocasionar por outro lado as relações ali estabelecidas são unidirecionais de mão única provindas de uma boca grande que fala sozinha e milhões que só escutam e vêem sem possibilidade de dar um retorno E o que acontece com os Meios de Comunicação de Massa que detêm por isso grande possibilidade de manipular e condicionar as pessoas Relações e relações Você já deve terse dado conta de que uma relação pode ser de mil tipos diferentes A única coisa 21 21 Custave Lê Bon 1 895 La Psyciooge dês Foules Paris AlcanfErtt inglês The Crowd 1960 Nova Iorque The Viking Press 89 que ela de fato exige e que haja vários elementos presentes como já vimos acima Relação nunca se predica de uma só entidade pois ela sempre implica outros É questão agora de examinar para cada caso específico o tipo de relação existente e conseqüentemente ver de que tipo de grupo se trata Essa não é evidentemente uma tarefa fácil É necessária muita observação muita argúcia muita paciência Muitas vezes as relações são mais latentes que manifestas Mais disfarçadas que evidentes O discurso muitas vezes e o contrário da prática Usamse para a tarefa de se detectar as relações todos os instrumentos de pesquisa que forem necessários observação entrevistas pesquisa participante questionários enfim todo tipo de teste que possa revelar a vida social esta vida que se constrói nas e pelas relações e se é vida é sempre dinâmica sempre em transformação Fica claro também que as relações podem ser diferentes até mesmo contraditórias dependendo do momento É importante então ver quais são as que mais se manifestam a intensidade com que se mostram sua abrangência e generalização Tornase evidente ainda que é extremamente difícil senão impossível quantificar essas relações Elas devem ser vistas numa escala de mais ou menos gerais mais ou menos intensas mais ou menos fixas Relações de dominação A estas alturas podemos nos deter na análise de um tipo especial de relação a relação de dominação parte do título desse trabalho Acho importante como início de conversa fazer aqui uma distinção ainda bastante nova mas muito 90 prática e que vai ajudar a ver as coisas com mais clareza tratase de distinguir entre poder e dominação22 Podese definir poder como sendo a capacidade de uma pessoa de um grupo para executar uma ação qualquer ou para desempenhar qualquer prática Nesse sentido todas as pessoas têm algum poder na medida em que podem fazer alguma coisa Já dominação é definida como uma relação entre pessoas entre grupos ou entre pessoas e grupos atravésda qual uma das partes expropria rouba se apodera do poder capacidade de outros Por extensão dominação e uma relação onde alguém a pretexto de o outro possuir determinadas qualidades ou características como o fato de ser mulher de fazer parte de determinada etnia ou raça de ser jovem etc se apropria de seus poderes capacidades e passa a tratálo de maneira desigual Dominação portanto é uma relação assimétrica desigual injusta se quiser Essa distinção é muito estratégica pois de repente nos damos conta de que todos têm poder atémesmo aquelas pessoas que oficialmente não exercem ou não ocupam posições de poder mas na prática são as que fazem tudo ou quase tudo pois têm capacidade podem fazer essas coisas Origem da dominação Uma questão curiosa é descobrir como surge a dominação Para se entender melhor esse mecanismo 22 São diversos os autores que tentam refinar esses conceitos Entre eles estão John B Thompson Ideology and modern Culture Cambndge Polity Press 1990 1 5Qs Enk Wright University of Wisconsin Departamento de Sociologia e outros Para uma discussão mais aprofundada sobre o tema vejase Cuareschi Sociologia da prática social Petrópohs Vozes 1992 p 125129 91 necessitamos de um outro conceito importante o de ideologia Podese definir ideologia ao menos e assim que a maioria dos autores hoje o fazem23 como sendo o uso o emprego de formas simbólicas significados sentidos para criar sustentar e reproduzir determinados tipos de relações Ideologia e o que vai dar sentido significado às coisas Ideologia nesse sentido poderá servir para criar e sustentar relações tanto justas éticas como também para criar e sustentar relações assimétricas desiguais injustas que chamamos de relações de dominação A ideologia no seu diaadia vai criando significados sentidos definições de determinadas realidades Esses significados e sentidos têm sempre uma conotação de valor positivo ou negativo Por exemplo a partir de aparências nem sempre fundamentadas começamos a dizer que os homens ou as mulheres são mais trabalhadores mais honestosas etc Ou começamos a dizer que os brasileiros são mais bondosos que os japoneses são mais trabalhadores que os negros são mais festeiros etc Dizendo com outras palavras vamos criando juízos de valor discriminações estereótipos preconceitos Vamos juntando ligando qualidades características valorativas a determinadas pessoas ou coisas Esses estereótipos quando negativos criam e sustentam as relações de dominação Começase a dizer por exemplo que as mulheres são mais afetivas que não possuem tanto poder de decisão de realização se for usada a expressão em inglês achievement motive 23 John B Thompson em seus dois livros já clássicos sobre ideologia Studies in the Theory of ideology e ideology and Modem culture ambos de Cambridge Polity Press 1990 faz um excelente apanhado crítico da história e das teorias sobre ideologia assumindo esta definição operativa 92 impressiona mais A partir daí fica fácil pagar às mulheres apenas 60 do que se paga aos homens como nos dizem as estatísticas A expropriação econômica está baseada num estereótipo ideológico O mesmo acontece com os negros Primeiramente se diz que os negros são mais alegres gostam de festa não gostam muito de trabalhar outra maneira de dizer que são preguiçosos etc Daí para se pagar então apenas 70 do que se paga aos brancos como também comprovam as estatísticas e apenas um passo E assim por diante Diferentes formas de dominação Concluise do que se viu acima que são inúmeras as formas de dominação A dominação econômica que é a forma mais geral e para onde vão desaguar quase todas as outras acontece sempre que alguem rouba expropria a capacidade poder de trabalho de outras pessoas O trabalho humano e a fonte única de riqueza das nações É só trabalho que pode ser explorado nada mais Essa é com certeza a principal forma de dominação e se faz presente em geral como conseqüência da dominação política e cultural que veremos abaixo Uma segunda forma é a dominação política Política no seu sentido mais amplo é o conjunto de relações que se estabelecem entre pessoas e grupos na sociedade em geral Vivemos todos mergulhados nessas relações políticas pelo fato de vivermos numa sociedade No sentido mais estrito entendese por política as relações que se estabelecem entre pessoas ou grupos e os responsáveis pelo bem comum de toda a sociedade são as relações que se dão entre o Estado o governo e os cidadãos Todas as ações humanas são políticas no sentido mais geral do termo o ser humano e um ser político por natureza São chamadas relações políticas no 93 sentido estrito do termo as que se dão imediatamente entre os cidadãos e seus governantes entre os cidadãos e o Estado Existe então uma dominação política quando as relações entre pessoas e grupos entre grupos ou entre as pessoas grupos governo e Estado não forem justas democráticas desrespeitando os direitos dos diversos sujeitos Uma terceira forma de dominação mais difícil de se detectar é a dominação cultural Cultura no seu sentido mais amplo é todo agir humano Delimitamos aqui o sentido de cultura como sendo um conjunto de relações entre pessoas ou grupos que se sedimentaram que de certa forma se cristalizaram de tal modo que em alguns casos passam a ser pensadas e tratadas como se fizessem parte da própria natureza das pessoas e das coisas Sendo que muitas vezes essas relações cristalizadas são assimétricas desiguais dáse o fato de existirem em determinadas circunstâncias relações de dominação cultural Essa dominação possui inúmeras formas como por exemplo o racismo que como relação de dominação tem sua origem na criação de estereótipos e discriminações negativos de um grupo racial sobre outro Isso produz assimetrias que vão se materializar em ações e práticas de subordinação de expropriação política e econômica e muitos outros tipos de exclusão do grupo discriminado24 o patriarcalismo que consiste no estabelecimento de assimetrias com base nas relações de gênero Costumase distinguir hoje em dia entre a dimensão biológica todos temos um sexo e a dimensão cultural o gênero masculino ou feminino Essa dimensão cultural é construída pelos usos e costumes humanos é resultado 24 Para uma discussão mais aprofundada dessa questão vejase Pednnho A Cuareschi Sociologia da prática social Petrópolis Vozes 1992 cap XVII 94 das relações que se estabelecem entre os diferentes gêneros e é aí que vamos encontrar relações assimétricas desiguais onde homens ou mulheres passam a dominar ou explorar os parceirosas25 o institucionalismo que consiste em colocar uma instituição como uma igreja por exemplo como a única Verdadeira ou como mais importante que todas as outras Pessoas são formadas com a ideia de que determinada instituição é absoluta eterna com isso se legitimam repressões e ações injustas contra as pessoas pertencentes às demais instituições Poderíamos enumerar muitas outras formas de dominação baseadas em diferentes aspectos culturais como a dominação religiosa a partir de uma religião ou igreja a dominação profissional a partir de um determinado tipo de profissão como ser professor advogado Fica a critério de cada comunidade identificar quais as relações de dominação cultural existentes em seu meio Relações comunitárias Chegamos finalmente ao ponto central ao cume de nossa discussão Na caminhada que fizemos até aqui você certamente já foi detectando os muitos desvios por onde nos podem levar determinadas práticas baseadas em diferentes tipos de relações Restanos agora mostrar quais as relações que embasam uma prática comunitária essa possível via régia ou caminho real que nos poderia conduzir a uma sociedade verdadeiramente democrática participativa igualitária 25 Idem cap XIV 95 Comunidade o que é isso É difícil fugir à seguinte questão o que é mesmo uma comunidade Na verdade é aí que reside todo o problema Ao conceituarmos o que seja uma comunidade já estaremos discutindo essas relações pois ela será conceituada ou definida a partir dessas relações específicas Foram muitos os que se aventuraram em discutir comunidade Um dos primeiros foi o filósofo alemão Ferdinand Tõnnies26 Para ele a comunidade é uma associação que se dá na linha do ser isto é por uma participação profunda dos membros no grupo onde são colocadas em comum relações primárias como o próprio ser a própria vida o conhecimento mútuo a amizade os sentimentos Já a sociedade é uma associação que se dá na linha do haver isto é os membros colocam em comum algo do seu algo do que possuem como o dinheiro a capacidade técnica sua capacidade esportiva Os seres humanos participam pois da comunidade não pelo que têm mas pelo que são Uma das conceituações mais interessantes de comunidade atribuída a Marx é a seguinte um tipo de vida em sociedade onde todos são chamados pelo nome Esse ser chamado pelo nome significa uma vivência em sociedade onde a pessoa além de possuir um nome próprio isto é além de manter sua identidade e singularidade tem possibilidade de participar de dizer sua opinião de manifestar seu pensamento de ser alguém Essa é a visão de ser humano como pessoa relação Como vimos no início ao discutir o conceito de 26 Ferdinand Tõnnies 18551935 tornouse famoso por sua obra Gememschaft und Ceseilschaft Comunidade e sociedade onde mostra a diferença e os critérios para diferenciar comunidade e sociedade 96 relação ela supera dois extremos muito comuns hoje em dia que se constituem em duas distorções reducionistas e por isso mesmo inibidoras de um pleno desenvolvimento humano de um lado um individualismo grosseiro fundamentado na filosofia liberal que tem como pressuposto um ser humano isolado de todos auto suficiente fechado sobre si mesmo sempre em competição para poder sobreviver de outro lado o pressuposto de um ser humano como peça de uma máquina parte de um todo colocado a serviço do Estado ou de instituições burocráticas anulado em sua subjetividade Vivendo em comunidade as pessoas têm possibilidade de superar esses extremos mantendo sua singularidade mas necessitando dos outros para sua plena realização Na comunidade elas têm voz e vez podem colocar em ação suas iniciativas desenvolvem sua criatividade mas seu ser não se esgota nelas mesmas elas se completam na medida em que se tornam um ser para exercitando sua plena vocação de animal político social Poderíamos fazer aqui uma ligação entre comunidade e democracia Quando pode uma sociedade ser chamada verdadeiramente de democrática Normalmente se diz que democracia exige participação respeito à dignidade e singularidade de todos os cidadãos etc Mas na prática como e quando isso se dá Do que se expôs acima podese perceber muito bem que é somente quando existem verdadeiras comunidades onde as pessoas são chamadas pelo nome isto é são identificadas e podem participar que pode existir democracia Um país pode ter 150 milhões de habitantes Mas esse país somente será democrático se houver em sua base uma rede de comunidades onde os cidadãos exercitam seus direitos de participação e são respeitados como pessoas É nesse nível básico que acontece a vida e a vivência democrática Se não houver 97 democracia em nível comunitário não poderá haver democracia em nenhum outro nível seja municipal estadual ou nacional O teste de uma sociedade democrática é a existência de verdadeiras comunidades As relações comunitárias que constituem uma verdadeira comunidade são relações igualitárias que se dão entre pessoas que possuem iguais direitos e deveres Essas relações implicam que todos possam ter vez e voz que todos sejam reconhecidos em sua singularidade onde as diferenças sejam respeitadas E mais as relações comunitárias implicam também a existência de uma dimensão afetiva implicam que as pessoas sejam amadas estimadas e benquistas O trabalho comunitário Gostaria ao terminar de levantar alguns questionamentos sobre alguns aspectos ligados ao trabalho comunitário especificamente aos assim chamados estágios que tanto a psicologia comunitária como osas estudantes de Serviço Social e de outras faculdades realizam nas comunidades Não se pode deixar de constatar as excelentes experiências que vários grupos estão fazendo em diversos lugares É uma nova psicologia comunitária que está nascendo Por isso mesmo esses questionamentos são mais alertas para que possamos pensar e nos posicionar antes de tentar essa experiência Um primeiro questionamento ligase ao fato tido como normal de que na maioria das vezes esses estágios são realizados em vilas pobres carentes Qual seria a razão de isso ser assim Uma segunda questão central se propõe perguntar sobre o que na verdade osas estudantes vão fazer nesses locais vão para lá para se exercitar Para aprender Para ensinarajudar 98 O pressuposto a não ser que eu esteja muito equivocado é que esses estágios além de serem um treino querem também ajudar ser um serviço a essas comunidades carentes Mas como saber de antemão que aquelas sejam comunidades com problemas Não poderia ser o caso de existirem lá verdadeiras comunidades com alto grau de participação e grande coesão afetiva Que iriam fazer lá então osas estagiáriosas Iriam ajudar no quê Suponhamos porém que se vá para uma comunidade a fim de aprender Mas se e por essa razão por que não dirigirse também para locais onde existem boas comunidades como por exemplo para os bairros chiques e sofisticados de nossas capitais Será que essas comunidades não poderiam ser um local de aprendizado e não teria coisas boas a oferecer Indo um pouco mais a fundo na questão digamos que essesas estagiáriosas vão para colaborar e para testar de certo modo seus conhecimentos teóricos Se assim é por que ir quase que exclusivamente para as comunidades das vilas e periferias economicamente pobres E poder seia perguntar ainda mais será que a razão de essas vilas e periferias serem assim tão pobres e marginalizadas não é devido em grande parte ao fato de existirem comunidades ricas e opulentas Não é dessas comunidades que procedem em geral os próprios governantes e técnicos dessas cidades E será que um bom estágio de psicologia comunitária ou serviço social não poderia colaborar para que essas comunidades de elites se abrissem à problemática social se solidarizassem com os excluídos já que solidariedade hoje o termo da moda Que dizer disso O que de fato se quer questionar é se uma comunidade para ser boa comunidade depende do seu nível econômico e se um estágio precisa necessariamente ser feito entre vilas periféricas 99 Enfim um último questionamento será que por detrás dessa questão não se poderia entrever presente em nossas universidades certo maior ou menor preconceito elitista de que os bons são os que vivem bem em regiões abastadas e que os menos bons são os que vivem nos bairros pobres E que os que estudam nas universidades têm de redimir ajudar esses pobres Gostaria de concluir com uma pequena reflexão Todos os que já viveram ou tiveram algum contato com comunidades sejam quais forem sabem muito bem que todas elas possuem um saber que em princípio não e nem pior nem melhor que o nosso é apenas diferente Qualquer atividade que porventura venha a ser desenvolvida com tais grupos deve ter em mente no mínimo duas coisas primeiro um respeito muito grande pelo saber dos outros Isso exige que eu comece por prestar atenção não apenas ao que as pessoas dizem mas também ao que as pessoas fazem E só podemos chegar a isso na medida em que nos formos inserindo nas comunidades com cuidado e humildade como alguém que pede licença para poder participar segundo que o projeto inclua além do diálogo e a partilha de saberes a garantia de autonomia e autogestão das próprias comunidades Afinal são eles que lá vivem e que vão continuar a viver Quem vai por um tempo para prestar um serviço para partilhar seu saber não pode retirar das comunidades essa prerrogativa fundamental de liberdade e autonomia A autogestão e o ápice de relações genuinamente democráticas onde há participação de todos Essas questões provocantes e importantes devem fazer parte da agenda de qualquer pessoa que de um modo ou outro queira entrar em contato com qualquer atividade no campo da psicologia social comunitária 100 A INSTITUIÇÃO COMO VIA DE ACESSO À COMUNIDADE Lacyara C Rochael Nasdutti As questões ligadas às instituições sociais têm despertado cada vez mais a atenção e o interesse de estudiosos das ciências humanas e sociais Isso pode ser constatado tanto nos meios acadêmicos com objetivos de construção teórica e de pesquisas quanto nos grupos de atuação eminentemente prática cujos objetivos primeiros são a ação social e a reflexão sobre as diferentes práticas e seus efeitos junto aos grupos interessados O objetivo deste texto e o de buscar clarificar as interrelações entre instituições e comunidade e discutir o lugar que esse tema ocupa na psicossociologia Assim sendo é importante iniciarmos essa exposição contextualizando os conceitos utilizados para em seguida referenciandonos em pressupostos teóricos e metodológicos específicos discutirmos a prática do psicossociólogo em instituições nas perspectivas da psicossociologia de comunidades27 Por que a instituição Quando alguem ingressa como aluno em uma universidade seja ela qual for tem certas expectativas com relação à sua vida nessa instituição à maneira como 27 A preferência pelo termo psicossociologia ao de psicologia social segue a proposição de J Maisonneuve que o privilegia exatamente pelo fato de que o termo não privilegia a ascendência do psicológico sobre o social nem seu inverso mas pressupõe sim uma interação entre ambos Maisonneuve J 1977 101 vai ser visto e tratado pelos funcionários pelos professores pelos colegas e atémesmo por pessoas estranhas à universidade Da mesma forma espera que essas pessoas se comportem conforme os lugares que ocupam na hierarquia institucional assim como pressupõe que os conhecimentos que ali lhe serão transmitidos sejam coerentes com o prestígio e a função de uma universidade da qual espera ainda obter um diploma que seja reconhecido pública e oficialmente lhe permitindo assim o ingresso no mercado de trabalho Enfim o aluno pressupõe que seus objetivos de forma geral coincidam pelo menos em parte com os objetivos das outras pessoas que ali se encontram e da própria universidade enquanto instituição de ensino Isso também acontece quando alguém se interna em um hospital como paciente ou quando ingressa no mesmo hospital como profissional médico enfermeiro psicólogo técnico administrativo etc Sabemos que quando ingressamos em uma instituição qualquer temos que nos conformar às regras cumprir exigências desempenharmos um papel que já nos é prescrito de antemão É um pequeno mundo uma pequena sociedade na qual vivemos Por outro lado é ali também que queremos ser reconhecidos em nossa singularidade que queremos fazer valer nossos direitos e vontades realizar nossos objetivos individuais E assim como nós todos os outros que ali se encontram não importa a posição ou papel desempenhado todos buscam o mesmo isto é cada um visa atender seu objetivo individual se deparando entretanto com um mesmo quadro institucional De um lado o coletivo o social determinante das regras das leis dos papeis e das formas estabelecidas de interrelação entre os indivíduos De outro as diferentes necessidades conscientes e desejos quase nunca conscientes de diferentes indivíduos também determinantes de suas 102 ações E o palco das articulações e desarticulações entre tais determinantes de origens diversas social e psicológica e justamente a instituição Viver coletivamente implica assim em instituirse em organizações o que significa divisão de papéis divisão de trabalho e bem ou mal hierarquização das relações sociais estabelecendose como conseqüência as relações de poder que permeiam toda e qualquer relação social Voltemos então à questão colocada Por que a instituição A instituição como campo de pesquisa e de ação para a psicossociologia de comunidades se mostra como lugar privilegiado pois constitui o espaço socialmente organizado no qual se dão as articulações entre os diferentes elementos sociais econômicos ideológicos culturais e políticos e os elementos psicológicos Essas articulações como veremos mais à frente podem ser apreendidas atravésda análise psicossocial realizada no próprio real institucional Rochael Nasciutti 1991 Os dispositivos institucionaisoferecem bem ou mal aos indivíduos a possibilidade de manifestações psíquicas de confrontação interpessoal e de ação individual ao mesmo tempo em que representam em sua estrutura organizacional as imposições legais políticas e econômicas que regulamentam a sociedade Lugar portanto do conflito inerente à vida coletiva e à inter relação entre os indivíduos Conflito que pode se manifestar atravésdo disfuncionamento manifesto no nível organizacional ou nível subjacente mascarado em práticas ritualizadas Mas o que vem a ser mesmo uma instituição O termo instituição vem sendo usado no contexto da psicossociologia por diferentes teóricos 103 fundamentados principalmente em Castoriadis28 para designar em princípio tudo aquilo que no social se estabelece aquilo que é reconhecido por todos como fazendo parte de um amplo sistema social De maneira geral podemos dizer que tudo aquilo que se tornou instituído reconhecido como tendo existência materializada na vida social e instituição Nessa concepção ampla do conceito o menino de rua por exemplo passou a ser uma instituição social em nosso país atual uma vez que a existência de uma ampla legião de meninos de rua e reconhecida pela sociedade civil e mesmo oficialmente pelo Estado Podemos citar os sistemas formais de ensino de saúde o casamento a Igreja e o Estado como exemplos de grandes instituições que regulamentam a vida em sociedade Essas grandes instituições no entanto se concretizam na realidade social em redes de estabelecimentos de ensino colégios universidades em hospitais nas famílias nas paróquias locais e nas repartições públicas distribuídas de forma equilibrada ou não pelas diferentes comunidades que compõem o tecido social Na verdade essas unidades organizacionais instituídas como uma universidade por exemplo passam a existir não só como parte como estabelecimentos das grandes instituições no caso a instituição educação mas passam a ter vida própria e são instituições em si mesmas Elas são ligadas à cultura local influenciando e sendo influenciadas pelos contextos social político e econômico nos quais se inscrevem atravessadas pelo imaginário social incluindo ainda um sistema simbólico próprio Podemos assim falar em 28 Comellus Castoriadis pensador de origem grega faz parte da intelectualidade francesa contemporânea Seu livro A instituição imaginária da sociedade serviu de base para o desenvolvimento de diversos estudos e teorias institucionalistas e psicossociais ressaltando questões ligadas ao imaginário e ao simbólico na constituição social 104 instituições existentes dentro de outras instituições mais amplas Alem disso existem inúmeras outras instituições sociais autônomas que permeiam a dinâmica social com diferentes objetivos surgidas espontaneamente dos movimentos sociais e da realidade históricosocial como as associações de trabalhadores de moradores ou as Organizações NãoGovernamentais A importância que as instituições têm na organização da vida social tanto quanto na organização da vida individual e reconhecida pela psicossociologia que faz destas um de seus objetos privilegiados de estudo como colocado acima Situemos a seguir os princípios teóricos què embasam essa linha de estudos Os pressupostos da psicossociologia Na perspectiva da psicossociologia os processos individuais conscientes e inconscientes são considerados como tendo o mesmo grau de importância que os processos sociais Assim nesse espaço de articulação teórica que a psicossociologia se insere não há uma redução dos processos sociais às projeções imaginárias individuais nem se considera que o psiquismo individual seja totalmente sujeito aos determinantes objetivos da realidade social É verdade que o social atua de forma determinante sobre o comportamento individual e mais ainda se inscreve no corpo e no psiquismo do indivíduo na representação que ele faz de si mesmo e dos outros e nas relações que ele mantem com o outro Porem esse mesmo social obedece em sua organização aos ditames das vicissitudes humanas das exigências psíquicas individuais Nessa ótica social é tudo aquilo que se refere à vida coletiva organizada e psicológico e tudo o que se refere ao indivíduo tanto no nível consciente quanto no inconsciente como ator social responsável e como sujeito 105 do inconsciente embora não sejam entidades estanques e independentes entre si Pelo contrário são indissociáveis só podemos nos referir ao social e ao psicológico como forma didática de falarmos de espaços que na realidade se confundem Se a psicossociologia considera seu objeto de estudo o homem em situação social como complexo e atravessado por múltiplos determinantes é conseqüentemente lógico que procure estabelecer relações e articulações entre contribuições teóricas das diversas disciplinas que sob suas especificidades analisam as questões que chamamos de psicossociais Assim os fundamentos teóricos da psicossociologia são multireferenciais conteúdos principalmente da sociologia e da psicanálise vêm se juntar aos conteúdos da psicologia social assim como os de disciplinas afins como a antropologia e a história Esses diferentes saberes que se complementam são articulados entre si na tentativa de apreensão do sentido das atividades sociais humanas Articulações difíceis e perigosas pois a transposição de conceitos elaborados dentro de um corpo teórico para outros campos de saber não pode se dar de forma a descaracterizálos ou tornálos sem sentido ou pior desvirtuálos das significações epistemológicas nos quais foram moldados Tratase na verdade de relações possíveis de serem estabelecidas entre orientações congruentes dessas disciplinas onde os conceitos específicos resguardam e respeitam seus contextos de origem Mesmo em uma única disciplina como na própria psicologia existem diferentes olhares conceitos diferentes ou atédivergentes entre si E mesmo nessa forma interior de teorização decorrente da postura de teóricos e pesquisadores em psicologia frente à vida às ciências e ao conhecimento comum mesmo assim buscamos estabelecer relações entre nossas teorias visando uma maior compreensão da realidade complexa 106 esta sim impossível de ser explicada e compreendida a partir de um único olhar disciplinar O campo da psicossociologia e o dos grupos das instituições dos conjuntos concretos conforme define o psicossociólogo francês E Enriquez 1983 nos quais o indivíduo se encontra e que mediatiza sua vida pessoal e a coletividade Diversos teóricos da sociologia e psicossociologia contemporânea como Alain Touraine Pierre Ansart e Eugène Enriquez na França enfatizam aspectos individuais e psíquicos na dinâmica social principalmente no que se refere à sua constituição simbólica e imaginária Por outro lado as obras ditas sociológicas de Freud29 contribuem para a compreensão da organização social quanto à carga de projeções psíquicas que ela comporta A concepção do ser histórico para a psicologia social conforme desenvolvida por S Lane inclui os aspectos ideológicos e da consciência que marcam a atividade do homem na sociedade contribuindo assim para a análise psicossocial junto a grupos instituições e comunidades Historicamente a análise psicossocial institucional se filiou a correntes teóricas e metodológicas de diferentes origens De Kurt Lewin herdou a noção de campo dinâmico cujos elementos se encontram em interdependência e a action research atravésda intervenção psicossocial em grupos e instituições reais Através da psicanálise freudiana busca a compreensão dos investimentos psicológicos na formação do social e das formas de manifestação e projeções do inconsciente nas relações sociais nas quais os indivíduos reeditam as relações pais e filhos e fantasias arcaicas De Marx a 29 São consideradas como obras sociais de Freud seus últimos trabalhos como Toíem e tabu O tuturo de uma ilusão Psicologia de grupo e análise do ego O malestar na civilização e Moisés e o monoteísmo 107 noção de que o social é a condição histórica e determinante da existência humana o materialismo histórico analisado em termos de conflito de classes Das proposições aparentemente inconciliáveis de Freud o homem é o lobo do homem e de Marx a existência humana e social por natureza diversos estudiosos fundaram seus projetos teóricos mesmo se alguns desses caíram no ostracismo acadêmico como Reich e Marcuse recorrendo ainda a teóricos da sociologia e da antropologia O movimento institucionalista de origem basicamente francesa se apoia nessas principais correntes acima citadas Desse movimento fazem parte e têm relações próximas com a psicossociologia 1 A sociopsicanálise de Gerard Mendel busca conciliar as referências a Freud e a Marx intervindo em instituições onde busca responder à demanda de uma classe institucional conforme o lugar que esse segmento ocupa no aparelho de produção da instituição nas relações de poder atento às projeções inconscientes dos indivíduos Por exemplo intervindo em sua companhia de ônibus urbanos solicitado pelo segmento dos motoristas ele trabalhou sobre as relações dos motoristas com os outros setores e analisou afetos ligados às suas atividades e ao lugar que ocupavam na empresa 2 A psicoterapia institucional representada principalmente em suas origens por Tosquelles J Oury e Guattari se interessa basicamente pelas instituições psiquiátricas é a forma como estas reproduzem as relações de alienação e de cristalização na perpetuação da doença mental Todo o movimento de desinstitucionalização desenvolvido na Itália e liderado por Basaglia nos hospitais 108 psiquiátricos visa o questionamento da eficácia dessas instituições e busca sua dinamização atravésda ruptura do instituído Nessa perspectiva o lugar de cada profissional no hospital e sua função terapêutica são questionados seja o médico ou o faxineiro 3 A socioanálise ou análise institucional conforme concebida por Lapassade e Lourau tem origem na sociologia A análise institucional visa a revelação do nãodito do recalque político revelação esta que não e feita pelo analista mas pelos analisadores que são sintomas contraditórios reveladores do disfuncionamento das contradições e conflitos institucionais uma greve um suicídio um caso de assédio sexual por ex O que se busca em todas essas linhas apesar de suas diferenças é uma mudança nas relações sociais pelo questionamento de práticas instituídas e cristalizadas pela reflexão sobre a condição histórica que permeia as interrelações institucionais Buscase o movimento onde se manifesta a estagnação a naturalização do instituído e essa busca se dá atravésdos atores sociais Daí a impossibilidade de dissociação do social e do psicológico Daí o sentido clínico da pesquisa e da prática a intersubjetividade onde fenômenos psíquicos ocorrem entre indivíduos isto é socialmente nos grupos nas instituições nas comunidades no social mais amplo O dogmatismo que marca um corte na rede das ciências humanas e sociais não impede que diversos estudiosos defendam a ideia da teoria sempre em construção jamais concluída Mesmo mantendo suas especificidades teóricas procuram atravésda interdisciplinaridade chegar um pouco mais perto desse 109 objetosujeito de estudo que somos nós seres que se interrelacionam socialmente A psicossociologia nas instituições O administrador de empresas olha para a instituição enquanto organização de trabalho buscando azeitar a máquina com objetivos de aumentar a produção e o lucro mesmo que para isso se interesse pelo homem enquanto peça de produção O sociólogo vê nas instituições o germe e os efeitos dos movimentos sociais a organização social do trabalho ou das relações sócioeconô micopolíticas sob a égide do determinismo social A psicanálise busca enxergar as instituições como depositárias das mazelas e desejos do inconsciente individual O psicólogo da indústria dirige seu olhar para o comportamento as habilidades e capacidades individuais mensuráveis em escalas e os processos grupais seguindo uma lógica instrumental das relações mercantis O psicossociólogo quanto a este tentará olhar para a realidade institucional enquanto objeto complexo de pesquisa dotado de um sistema simbólico que lhe dá um sentido social atravessado por um imaginário social produto e produtor de imaginários individuais A instituição é muito mais que uma organização na verdade a primeira inclui a segunda É composta em parte pelos determinantes sociais e em parte construída com tijolos e janelas do psiquismo humano O conceito de instituição como estrutura social inclui além da organização o espaço social simbólico o código a regra imaginário representações mitos e psicológico onde se encontra a organização Constitui assim uma identidade instituída sobre uma lei própria interiorizada num sistema de regras e inclui ainda a transmissão de um saber que lhe é próprio ligado a uma ideologia a valores precisos à 110 formação da sociedade e da cultura conforme analisa J BarusMichel É do lugar dessa interação psicossocial que o psicossociólogo ao fazer uma análise da instituição vai dirigir seu olhar tanto para o que é de ordem do instituído lugar da instituição no sistema sócioeconômicopolítico identidade social história tanto para o que é da ordem do funcional hierarquia sistemas de decisão e de comunicação funcionamento formal divisão de papeis assim como procurará apreender o que é da ordem do sujeito e das relações interpessoais É através ainda uma vez da interação do intercruzamento desses diferentes níveis que uma leitura da instituição se apresenta Não de forma total mas o mais abrangente possível buscando integrar os diferentes determinantes considerando a complexidade da realidade com a qual lidamos Além disso o fato de sermos objetos e sujeitos ao mesmo tempo não nos permite a pretensão nem nos dá a isenção de apreendermos completamente a realidade na qual estamos inseridos O sentido dessa realidade é buscado nas entrelinhas dos meandros mas também das evidências institucionais As instituições são manifestações e concretizações das realidades da vida em sociedade Não precisam de estabelecimentos para existirem mas sempre se estabelecem criam suas leis suas regras seus códigos suas ideologias Impôem costumes prêmios e punições transmitem valores e estabelecem limites Produzem coisas ou pessoas mas também protegem dão garantias alimentam egos e ilusões e servem como projeção para as fraquezas e anseios da alma humana São espaços de mediação como dissemos entre a vida individual e a vida coletiva Falar da dinâmica institucional é falar dessas relações que se tecem entre indivíduo e instituição e que longe de serem estáticas se movem em todas as 111 direções A relação individual à instituição se enraíza na identidade social cultural e política que se realiza na prática cotidiana mobilizando nos atores sociais investimentos e representações lhes permitindo assim se identificarem ao conjunto social É considerando todos esses aspectos que o olhar do pesquisador para a instituição deve ser o mais abrangente possível É atravésda análise dos mecanismos institucionais das relações instituídas e institucionalizadas em seus diferentes níveis que e possível apreender no contexto da realidade objetiva as relações sociais nos pontos de articulação entre a ordem social e a ordem psicológica A questão do método Um número crescente de pesquisas têm sido realizadas em instituições abordando diferentes aspectos da realidade institucional Esses estudos seguem metodologias variadas conforme os pressupostos teóricos que as orientem A psicossociologia tem privilegiado uma metodologia que se baseia nos princípios da pesquisa ação A pesquisaação se define essencialmente pelo elo entre o saber e o fazer30 Ela parte de uma perspectiva epistemológica interdisciplinar e que inclui assim diferentes saberes acadêmicos além da relação entre saber científico e saber popular A metodologia própria à pesquisaação leva em conta as relações entre Homem x Cultura x Meio Ambiente implicando como conseqüência a reelaboração 30 Para o aprofundamento na metodologia de pesquisaação ver o texto O híten da pesquisaação traço de união entre saber e tazer de minha autoria e o livro de Michel Thiollent sobre o assunto ambos relacionados nas referências bibliográficas ao tmal deste capítulo 112 coletiva de aspirações e valores psicossociais a participação comunitária e a ação organizada Nesse sentido a metodologia vai ser desenvolvida conforme simultaneamente os objetivos voltados para a busca do saber e os rumos da ação A pesquisaação visa a conquista do conhecimento atravésda pesquisa e a transformação atravésda ação Supõe uma troca mais do que uma devolução elaborada do que se aprende numa reflexão teórica juntamente com os atores sociais envolvidos Rochael Nasciutti 1992 É fundamental que haja um planejamento rigoroso da pesquisa onde um objeto claro seja definido e hipóteses construídas como num projeto de pesquisa científica Mas as diferenças da pesquisaação com a pesquisa dita científica existem e se manifestam em variados aspectos A própria postura do pesquisador frente a seu objeto de pesquisa se distancia da postura do pesquisador científico ortodoxo31 Aqui o pesquisador entende que o princípio da neutralidade científica é um mito Ele se encontra implicado com seu objeto atéa alma no sentido estrito e lato da palavra Implicado pela sua posição técnicoprofissional ele planeja elabora hipóteses pesquisa sobre objetos psicossociais e analisa resultados a partir de uma posição social que não pode lhe ser indiferente já que lhe assegura o poder de um saber Implicado existencialmente enquanto ser histórico o pesquisador é sujeito de uma ideologia de valores sociais e realiza julgamentos que lhe fazem olhar para a realidade que pesquisa sob uma certa óticaética Implicado psicoafetivamente ele gosta ou não da 31 Teoricamente ele se coloca aberto aos diferentes saberes de disciplinas afins e da própria realidade atravésde seus atores sociais em situações sociais Quando falo do ator social compreendoo nos dois sentidos da palavra ator aquele que representa um papel que lhe e atribuído pela sociedade e ator aquele que atua que age sobre o social que sobre ele age Interage 113 realidade social que apreende tanto científica quanto vivencialmente projeta nela e na interpretação que dela faz conteúdos de seu inconsciente utilizaa em seus mecanismos de defesa investea de suas vontades conscientes A noção de implicação se opondo à postura de isenção e neutralidade supõe o envolvimento do pesquisador com seu objeto de pesquisa nesses diferentes níveis acima comentados Na pesquisaação a implicação é elemento fundamental É a partir da compreensão de que a neutralidade é impossível posto que qualquer ação de pesquisa por mais que as variáveis em jogo e por acaso as sabemos todas sejam controladas ou manipuladas é uma ação oriunda de um ator social o pesquisador olhando para outros atores socialis com os qualis de alguma forma interage A velha piada do rato de laboratório que diz ao outro rato condicionei esse cara direitinho Toda vez que pressiono a barra ele me dá uma gota dágua exemplifica com perfeição o que afirmo acima O objeto com o qual estamos interagindo atravésda pesquisa mesmo que seja um rato nos olha nos controla nos analisa como nós enquanto pesquisadores o olhamos controlamos analisamos Alem disso existe um saber que e próprio à realidade social e aos atores sociais nela envolvidos que nem sempre o pesquisador apreende atravésdos métodos científicos tradicionais É o saber da práxis Em suma na perspectiva da pesquisaação formas diferentes de saber são associadas Em princípio pela postura interdisciplinar do pesquisador Associandose a esse campo de saber o saber de quem faz podemos nos aproximar mais da complexidade do real pela ação dos diferentes atores sociais envolvidos na situação universo de pesquisa pesquisador Dessa forma o saber acadêmico se enriquece e a reflexão conjunta e 114 ação dinamizam o social rompendo formas cristalizadas de funcionamento e instituindose mobilidade e transformações na realidade social num contexto do fazerproduzirsaber que norteará um outro fazer que gerará um outro saber Rochael Nasciutti 1992 Em termos de técnicas de pesquisa apropriadas à pesquisaação não há uma delimitação definitiva das mesmas posto que as situações reais e que serão determinantes dessas escolhas Podemos no entanto citar as entrevistas semiestruturadas os questionários a observação livre eou sistemática a etnometodologia a análise de conteúdo documental e histórica atravésde material disponível a análise do discurso os grupos operativos e a dinâmica de grupo A metodologia das histórias de vida oriunda das ciências sociais tem se mostrado um referencial metodológico de grande importância no estudo dos grupos instituições e comunidades A análise da história de vida segundo Queiroz 1977 permite a apreensão da interação entre a vida individual e o social ultrapassando assim o caráter individual do que e transmitido pelo ator social em seu relato e que se insere na coletividade à qual pertence o narrador É toda uma história coletiva uma verdade subjetiva do grupo que se manifesta na história individual com um espelho do seu tempo e de seu grupo Poirier 1983 O cruzamento das histórias de vida de indivíduos pertencentes a um mesmo grupo social permite ao pesquisador a apreensão da interrelação entre dados fragmentários do alcance à significação dos relatos recolocados em seus contextos sócioeconômicoculturais e ainda uma síntese dos elementos constitutivos de um discurso do grupo a várias vozes A nível individual ambas as lógicas social e psicológica da apreensão da realidade formalizada representada e vivida percebida pelo sujeito podem ser identificadas explicitando a 115 relação deste com as situações sociais com as quais se defronta Assim um grupo social pode ser analisado quanto a diferentes aspectos da vida de seus componentes como estrutura familiar de origem escolaridade vida profissional e inserção social representações coletivas mecanismos de ação e movimento social A herança econômica social e cultural são elementos psicossociais que contribuem na determinação das trajetórias de vida formando um patrimônio em comum Pereira Nóbrega e Rochael Nasciutti 1994 Essa abordagem metodológica contribui para a compreensão mais ampla do comportamento humano em situações sociais em função de seus múltiplos determinantes e permite a identificação de elementos a serem trabalhados juntamente com o grupo A instituição como via de acesso à comunidade Segundo Pierson 1974 as comunidades surgem do simples fato de vivermos em simbiose isto é de viverem juntos num mesmo habitat indivíduos tanto semelhantes quanto diferentes e da competição cooperativa em que se empenham As comunidades são estudadas como partes organizadas funcionalmente num sistema de interdependência intrincada e continuamente mutável enfatizando a divisão de trabalho a especialização de atividades e a concentração dos indivíduos em instituições No Brasil via de regra quando se fala em estudos comunitários ou estudos de comunidades a associação imediata que se faz e de que se trata sempre de comunidades carentes desfavorecidas favelas Essa associação tem sua razão de ser já que a maioria dos trabalhos publicados principalmente nas áreas de 116 sociologia e serviço social referemse efetivamente a estudos em comunidades carentes Podemos supor sem grandes riscos de erro que a ênfase e a prioridade dada a esse trabalho se deve às graves questões sociais brasileiras ao imenso fosso que separa os grupamentos sociais em função das desigualdades de renda e de condições de vida ao descaso dos setores públicos para com essas comunidades Cabe no entanto ressaltar que para a psicossociologia o conceito de comunidade engloba evidentemente as comunidades carentes mas não se restringe a elas Se a comunidade caraterizase pela distribuição em espaços de homens instituições e atividades unidade de vida em comum e de ação coletiva e de controle social formal se a instituição se apresenta como espaço de mediação entre o que é da ordem do social e o que é da ordem do individual podemos perceber a nítida interrelação e interdependência entre instituição e comunidade e mais repito a importância de se privilegiar a instituição como campo de pesquisa e ação sobre a comunidade As considerações e proposições teóricas e metodológicas desenvolvidas até aqui referemse a grupos instituições e comunidades de modo geral sem especificações que caracterizem um ou outro como objeto de pesquisa em particular Exemplos de objetos ou situações específicas de pesquisa ou de intervenção psicossocial são muitos Um número crescente de trabalhos têm sido desenvolvidos nos últimos anos em nosso país ligados por exemplo à questão educacional envolvendo ação sócioeducativa realizada por equipe interdisciplinar como o projeto desenvolvido na comunidadefavela da Rocinha32 no Rio de Janeiro onde 32 A análise desse projeto realizado pelo NEAM Núcleo de Estudos e Ação sobre o Menor PUCRJ foi objeto da tese de mestrado da coordenadora do projeto Marina Lemette Moreira Universidade e 117 as relações universidade x comunidade sãorepensadas e as possibilidades de maior integração enfre ambas são apontadas visando benefícios mútuos Por outro lado instituições como as ONGs Organizações Não Governamentais têm sido objeto de análise sob diferentes aspectos que vão desde os lugares que ocupam no social sua identidade social atéa reflexão aprofundada sobre suas formas de ação e objetivos33 Na linha da ecologia social pesquisadores da psicossociologia buscam entender as relações do homem e de grupos com o espaço construído seja nas metrópoles ou nas zonas rurais seja na remoção de comunidades e suas conseqüências no âmbito da família da profissão do lazer etc Instituições têm sido analisadas quanto às suas próprias estruturas e características funcionais e ideológicas que definem em grande parte o modo como são vivenciadas pelos que delas participam como afirmei no início deste texto Um exemplo e a intervenção sócio analítica desenvolvida em uma prisão militar utilizando metodologia participativa na qual além da análise psicossocial envolvendo os diferentes níveis da organização da instituição foram desenvolvidos grupos operativos com grupos de presos34 As relações de poder relacionadas ao papel determinante da ideologia e aos investimentos psíquicos feitos pelos indivíduos nas instituições foram analisadas em uma instituição Comunidade Repensando a Educação Mestrado do Programa EICOSIPUFRJ 1994 7 Organizações NaoCovernamentais Aspectos de construção de uma identidade na perspectiva da psicossociologia dissertação de mestrado de Eneida Lacerda Pamplona Programa EICOSIPUFRJ 1995 34 Uma instituição total em análise Uma intervenção socioanalítica em um presídio militar Cristina Lúcia Maia Coelho tese de doutorado IPUFRj 1994 118 universitária numa pesquisa por mim elaborada seguindo a grade de leitura institucional proposta por J BarusMichel35 Ainda uma pesquisaação realizada em uma unidade de internação de um hospital público junto à equipe de profissionais e pacientes internados buscou analisar as formas de investimentos desses pacientes na instituição hospitalar relacionadas às suas histórias de vida e projetos assim como as questões e conflitos produzidos nas interrelações entre os membros da equipe e entre equipe e pacientes36 Muitos outros trabalhos têm sido desenvolvidos em todo o país e seria interessante que o leitor consultasse periódicos e livros da área para vislumbrar todas as possibilidades de pesquisa e ação que tornam relevante o trabalho do psicossociólogo Como conclusão e ilustração das considerações teóricas e metodológicas desenvolvidas o ensaio que se segue elaborado a partir de um trabalho desenvolvido na área das instituições de saúde mental sob a ótica da análise psicossocial clínica pode clarificar ainda mais nossas propostas e contribuir para a reflexão do leitor Mudanças no modelo assistência nas instituições de saúde mental no Brasil37 35 Ideologie pouvoir et statut du sujet Une analyse psychosodale dune institution universitaire tese de doutorado Universite Paris VII 1991 36 Vida e ruptura podese lidar com o imponderável jacyara C Rochael Nasciutti e Neide P Nobrega XXIV Congresso Interamericano de Psicologia Chile 1993 37 Essa reflexão é fruto de um trabalho de intervenção institucional realizado em equipe coordenada pelo Prof Dr Eduardo M Vasconcelos tSSUFRJ e integrada por mim IPEICOSUFRJ e pelos psicólogos Paulo S Prazeres e M Angelica Eleuteno de Souza membros do NESCONUFMG órgão que financiou o projeto desenvolvido no CHPBFHEMIGMG Este trabalho foi apresentado no 119 A história da assistência aos portadores de doença mental no Brasil é conhecida mais pelos seus desacertos do que por modelos assistenciais efetivos Esses desacertos incluíam uma política de exclusão referenciada no modelo do macrohospital do asilo do campo de concentração do depósito de loucos A filosofia subjacente a esse modelo tradicional implicava numa representação do doente mental como um nãoser social ao qual todos os direitos reservados ao cidadão eram negados e como um nãoser humano do qual eram retirados toda a individualidade e respeito humanos e negada a identidade Conseqüentemente as práticas institucionais e sociais voltadas para a assistência a esses indivíduos resumiamse primariamente a quando muito garantirlhes a sobrevivência física e secundariamente a mantêlos inofensivos atravésde procedimentos inibidores como as cirurgias ou as drogas Uma legião de zumbis vagavam e infelizmente ainda vagam pelos pátios das instituições ditas de assistência à saúde mental De que saúde se trata aí é um dos pontos que pretendo desenvolver pelo viés da questão institucional Apesar de sabermos que esse olhar e essa concepção predominante da doença mental com todas as implicações psicossociais decorrentes ainda persistem em alguma parte das instituições hospitalares e asilares brasileiras as considerações que teci acima foram colocadas no preterito propositadamente Isto porque mudanças têm ocorrido que nos permitem o otimismo e a expectativa de que novos modelos assistenciais que têm sido implantados aqui e ali servirão Seminário Internacional de Desenvolvimento Social da cátedra UNESCO de Desenv Durável na UFRJ 1994 120 como multiplicadores de uma nova filosofia assistencial que privilegie o cidadão e a pessoa doente mental Sob influência de um amplo movimento internacional centrado principalmente na Itália em Cuba e de alguma forma tida como equivocada nos Estados Unidos e tomando como referência local a estrutura asilar predominante em nossas instituições públicas ou privadas profissionais da saúde mental de diferentes formações têm questionado o modelo vigente e proposto formas alternativas de assistência ao doente mental ao mesmo tempo em que se reflete sobre as atuações disciplinares que visem a profilaxia e ações preventivas na saúde mental de maneira global O Ministério da Saúde e o Legislativo por sua vez se comprometem com o movimento e estabelecem regras e normas que implicam na reestruturação ou na elaboração de novos modelos assistenciais que contemplem a criação de dispositivos terapêuticos e mudanças nos atendimentos prestados à clientela e que se apoiam numa nova concepção do lugar psicossocial do cliente portador de sofrimento psíquico grave principalmente no que concerne aos aspectos de reconhecimento da cidadania reinserção social e familiar e descronificação para os já inseridos no modelo vigente pacientes asilares e de formas de atendimento que evitem a internação e conseqüente cronificação dos pacientes ambulatoriais Em ambos os casos deve prevalecer o princípio da nãoexclusão e do respeito à pessoa humana Observase no entanto uma grande resistência por parte das grandes instituições asilares e de alguns setores da sociedade à efetivação dessas mudanças embora todos reconheçam a falência do modelo assistencial atual Essa resistência pode ser entendida como motivada e justificada por diferentes fatores psicossociais Numa perspectiva ampla e social 121 predomina uma representação social negativa da doença mental e seu portador implicando em atitudes preconceituosas estereotipadas e excludentes por parte da sociedade e dos próprios profissionais dessas instituições que embora exerçam suasfunções terapêuticas ou administrativas em contato com esses clientes estão obviamente tão sujeitos aos mecanismos de formação de representações sociais quanto qualquer outro membro de sua cultura e sociedade Diversos estudos têm mostrado sob diferentes ângulos de análise filosófico psicológico sociológico Foucault D Jodelet entre outros o quanto a loucura habita o imaginário social nos remetendo ao questionamento de nossa própria razão daqueles considerados sãos e do pavor de perdêla Afastar o doente mental segregálo isolálo de nossos olhares e convivência retirarlhe os atributos e prerrogativas de cidadão e de ser humano e o mecanismo conseqüente que nos sossega e nos faz crer que não corremos o mesmo risco Resumidamente grosso modo a internação e cronificação assim se justificam Acontece que não são apenas os doentes que se cronificam na internação hospitalarasilar A repetição contínua de práticas ao longo do tempo a estrutura burocráticoadministrativa que rigidamente se instala pela cristalização das interrelações institucionais reproduz na própria instituição assistencial o modelo cronificador dos pacientes A rigidez organizacional e terapêutica indissociável da filosofia a elas adjacente mas associada ainda a outros determinantes culturais políticosociais e psicológicos faz com que essas instituições funcionem como pequenos feudos de reprodução social isolados do mundo como os loucos que abrigam alheios às mudanças do mundo cá de fora focos de resistência aos movimentos sociais 122 A esses fatores juntase um outro elemento extremamente poderoso na sociedade capitalista em que vivemos o financeiro A indústria da loucura tem retorno monetário seguro rentável e permanente Há uma grande resistência por parte dos que vivem da insanidade do outro há honrosas exceções em abandonar estrategias instituídas de ganhos financeiros seguros que a cronificação aporta e que garante a perpetuação dos hospitaisasilos Novas formas de atendimento ao usuário podem ser interessantes para o próprio mas garantem a continuidade do custobenefício de quem lucra com o modelo atual Mudar o modelo assistencial em saúde mental significa assim determinação ética e política que passa por e acarreta mudanças nos níveis social institucional e individual ça mental e de seu portador Nesse sentido o discurso e a atuação dos profissionais da saúde mental é fundamental38 Institucional em seus diferentes níveis 1 No nível do instituído compreendendo os próprios alicerces dos hospitais e asilos instalações infraestrutura estatutos leis normas e regras internas e fundamentalmente na filosofia norteadora do projeto terapêutico que lhe é próprio e que deve conjugar as 38 O recente episódio ocorrido em São Paulo envolvendo uma declaração de um psiquiatra sobre uma suposta epilepsia condutopática que teria sido responsável pelo assassinato de quase toda a família por parte de um rapaz de 21 anos vem levantando uma enorme polêmica dentro da própria categoria que infelizmente pelas circunstâncias trágicas que a motivaram parece extremamente saudável no que se refere ao tema proposto o tim ou no mínimo a redução dos estereótipos e alarmismos infundados a propósito da doença mental seu portador e sua inserção social ver revista feíof números 1307 1311 e 1313 outnov94 123 determinações ministeriais e legais com sua realidade local seus objetivos e projetos próprios sua inserção na comunidade sua clientela suas relações com outras instituições sociais 2 No nível funcional promovendo uma dinâmica nas redes de decisão e de comunicação entre setores e serviços criando uma nova cultura organizacional que priorize a gestão participativa a partir da redefinição das metas e práticas instituídas e das mudanças referidas no nível do instituído É principalmente nesse nível que se manifestará na realidade cotidiana das práticas o modelo assistência adotado39 3 No nível relacional redefinese o lugar e o papel do ator social envolvido no processo A criação de equipes efetivamente interdisciplinares e não apenas multidisciplinares40 permite a maior integração entre os 39 As recomendações ministeriais e dos especialistas incluem a criação de serviços extrahospitalares oficinas terapêuticas centros de convivência equipes volantes grupos de familiares profissionais de referência lares abrigados hospitaisdia entre tantos outros procedimentos que de um lado evitem internações longas eou desnecessárias e de outro permitam a remserção familiar social e no mercado de trabalho de pacientes cronificados pela internação prolongada Em todos esses procedimentos o resgate da cidadania civil política e social está incluído como objetivo fundamental ao lado das funções efetivamente terapêuticas que visem o bemestar psicossocial do portador de sofrimento psíquico ver bibliografia 40 A interdisciplinaridade tem mão dupla não apenas permite a integração dos diferentes saberes na efetivação dos objetivos terapêuticos como deve ainda contribuir para o próprio conhecimento disciplinar pelas possibilidades de enriquecimento e mudanças que o contacto e troca com outros saberes e práticas propicia Nesse sentido vale aqui repetir um argumento do Prot Wanderley Codo ao justificar a importância da equipe atuar interdisciplinanamente evitar transformar a equipe num agrupamento cujo desígnio tosse o rateio da realidade do paciente no caso entre os vários especialistas implicando em uma compartimentalização que e o avesso de seus 124 profissionais de diferentes categorias e posições hierárquicas e estabelece que cada ator seja um agente terapêutico dentro da dinâmica organizacionalfuncionalassistencial o que significa ainda mudanças nas relações profissionais x cliente No nível individual manifestamse todas as transformações referidas no nível do instituído do funcional e do relacional institucional O ator social ao ver redefinida sua inserção profissionalinstitucional ao perceber diferentemente seu objeto de trabalho seu papel e seu lugar de sujeitoator no processo terapêutico se resitua se reavalia e se transforma Um trabalho realizado em um grande hospital psiquiátrico do país dentro de um amplo projeto de intervenção institucional com objetivos de reestruturação do modelo assistencial adotado e de análise das relações institucionais da estrutura e organização revela entre diversos outros elementos apenas parcialmente presentes neste trabalho a carência de reconhecimento e valorização individual e profissional dos diferentes atores sociais profissionais a queixa de isolamento e de falta de treinamento o desconhecimento da dinâmica funcional global por um lado e por outro uma grande preocupação com o bemestar dos pacientes e com seu próprio bemestar psíquico A análise evidenciou ainda a cristalização do modelo de macrohospital com tendências centralizadoras grandes investimentos na infraestrutura em detrimento da assistência e um imaginário institucional que conduzia à estagnação Essas observações foram objeto de reflexão e análise de caminhos possíveis realizadas conjuntamente pela equipe de consultoria e os diversos segmentos que compõem a comunidade hospitalar objetivos recusandose a se transformar em pugilato em arena conceitual onde todos perdem 125 Haverá um ponto de partida para essas mudanças Seria necessário se começar pela sociedade ou pelo ator social Se considerarmos como considero que há uma interação dinâmica entre todos esses níveis social institucional e individual e ainda que determinantes sociais culturais e psicológicos se articulam produzindo formas de representação e de atuação com relação aos diferentes objetos psicossociais nos quais incluo a doença mental e seu portador podemos perceber que não existe um único ponto de partida É atravésdos movimentos instituintes da integração hospitalcomunidade e da ação planejada dos diferentes atores sociais envolvidos que novos modelos assistenciais poderão efetivamente ser implantados com possibilidades de sucesso Mas principalmente a instituição enquanto mediador entre o que é da ordem social e cultural e o que é da ordem do indivíduosujeitoator se revela como o centro dinamizador das transformações sociais As mudanças no modelo assistencial nas instituições de saúde mental no Brasil estão ocorrendo e podem contribuir de forma eficiente e efetiva para o desenvolvimento humano e social por um lado reduzindo a distância física e o isolamento psicossocial desses marginalizados pessoas que por sofrerem psiquicamente são excluídas da sociedade e por outro lado redimensionando a inserção e identidade social das instituições e de seus atores sociais BIBLIOGRAFIA BARUSMICHEL J Lê sujet social Paris Dunod 1987 CASTORIADIS C A instituição imaginária da sociedade São Paulo Ed Paz e Terra 1986 126 ENRIQUEZ E Eloge de Ia Psychosociologie In Connexons EPI ne 42 Paris 1983 Da horda ao Estado Rio de Janeiro Zahar 1990 LANE S e CODO W org Psicologia social O homem em movimento São Paulo Ed Brasiliense 1992 MAISONNEUVE J Introdução à psicossoclologia São Paulo Ed Brasiliense 1988 PEREIRA NÓBREGA N e ROCHAEL NASCIUTTI J Vida e ruptura Podese lidar com o imponderável In Arquivos Brasileiros de Psicologia vol 46 n9 34 1994 p 4556 PIERSON D Estudos de ecologia humana São Paulo L Martins Ed 1974 POIRIER et alii Lês recits de ve theoríe et pratique Paris PUF 1983 QUEIROZ Ml Relatos orais Do indizível ao dizível In Von Simson OM org Experimentos com histórias de vida Ene Aberta de Ciências Sociais São Paulo Ed Vertice 1988 ROCHAEL NASCIUTTI J Ideologie pouvoir et status du sujet Une analyse psychosociale dans une institution universitaire tese de doutorado Universite Paris VII 1991 O hífen da pesquisaação traço de união entre saber e fazer In Anais do 1º Congresso Brasileiro de Psicologia da Comunidade de Trabalho Social tomo II Belo Horizonte 1992 ROTELLI F et alii Desinstitucionalização São Paulo Ed Hucitec 1990 THIOLLENT M Metodologia de pesquisaação São Paulo CortezEd 1988 VASCONCELOS EM Do hospício à comunidade Belo Horizonte Ed Segrac 1992 127 QUALIDADE DE VIDA E HABITAÇÃO Naumi A de Vasconcelos Por uma psicossociologia da habitação A noção de corpo indefeso do qual a casa constitui veste protetora simbólica de uma situação existencial satisfatória ou ao contrário carente que tantas vezes se manifesta na expressão conjunta de corpo doente mal abrigado e mal vestido41 Que o habitar faz parte de qualidade de vida parece ser uma dessas afirmações incapazes de levantar qualquer polêmica Mas a polêmica não tarda a surgir desde que passe a conceituar a própria expressão qualidade de vida Será ela correlata de gênero de vida Max Sorre ou ainda de nível de vida com o que essa expressão comporta de ascensão econômica e social Como avaliar essa qualidade em nossas sociedades de consumo sem tornála correlata da noção de quantidade de bens de artigos domésticos de consumo E como atuam os modelos culturais na conceituação de qualidade de vida e no que em este artigo interessa em sua ligação com a habitação Lembremos a definição de Bordieu modelos culturais formam o conjunto de representações de uma prática própria a todos os membros de um grupo e que se define então a partir desse grupo etnia sociedade etc São habitus sistemas de disposição durável estruturas estruturadas predispostas a funcionar como estruturas 41 Mana Heloísa Feneion Costa Representações coletivas no alto da Boa Vista Rio de Janeiro MS 1975 128 estruturantes isto é enquanto princípio de geração e de estruturação das práticas e das representações que podem ser objetivamente regradas ou reguladas sem serem absolutamente o produto de obediência a regras objetivamente adaptadas a seu fim sem supor a visão consciente dos fins e o domínio expresso das operações necessárias para atingilos e sendo tudo isso coletivamente orquestradas não são o produto da ação organizadora de um maestro42 Certo eles podem ser tudo isso retrucam alguns autores mas uma definição de nada vale quando ela está distanciada de sua práxis Ora a prática dos modelos culturais em nossas sociedades de consjsmo tem revelado serem os mesmos maquilados pelo poder político e econômico com a finalidade de manipular e mascarar necessidades humanas Seria o caso para M Duelos43 dos modelos habitacionais que elaborados por arquitetos distanciados dos interesses comunitários propostos pela exploração imobiliária e pela política da moradia são na verdade maneiras de disfarçar a penúria e a má distribuição do espaço nas cidades Os aspectos qualitativos e simbólicos de que se revestem esses modelos seriam puras estratégias a qualidade do habitar seria a outra fase da redução da quantidade do confinamento espacial para vender uma redução do espaço tudo é válido tanto o apelo a um ideal de modo de vida novo à americana exigindo a supressão de paredes na residência quanto o apelo ao ideal de vida tradicional onde o jardim deve ser necessariamente pequeno para ser íntimo44 42 Bordieu Pierre Esquisse dune theone de Ia pratique Paris E Droz 1972 43 Duelos M Pavillonaire dune vie nouvelle Paris C S U 1976 44 Idem In Modeles Cultureis Paris CERAENSBA 1977 129 O argumento de Duelos e serio e merece que nos detenhamos sobre ele mesmo porque nos remete a toda uma tradição de exploração espacial com ressonâncias diretas sobre o espaço habitado Lembro de passagem os impostos sobre as janelas que pesavam sobre os casebres da França no século passado e que Victor Hugo em Os miseráveis explora tão habilmente explicandonos por que o espaço dos mesmos era tão confinado Os modelos culturais não têm culpa desse mau uso responde H Raymond45 a M Duelos em uma polêmica celebre Mas se estão tão sujeitos assim a um mau uso se se prestam tão facilmente a serem corrompidos pelo consumismo como detectar nesses modelos sua inocência sua representatividade dos habitus de uma comunidade Como ali diferenciar o que é oferecido pela gerência dos poderes e o que é buscado por grupos e pessoas O curtocircuito ou retroação do que é oferecido sobre o que é buscado tão pregnantes na lei da oferta e da procura característica de nossas sociedades mostra o quanto é difícil discernir na noção de modelo cultural aquilo que emana de necessidades e habitus daquilo que ali É costurado pelo marketing O mesmo se pode dizer do conceito qualidade de vida e de seus modelos culturais passíveis certamente da mesma manipulação a alertar o pesquisador sobre as dificuldades de basear tais modelos somente sobre as representações de grupos e pessoas Essas representações já virão certamente contaminadas por efeito do curtocircuito mencionado Relacionar qualidade de vida e habitação e deparar com toda uma serie de fatores políticos e econômicos a definir essa relação nesta ou naquela 45 Raymond H In Modeles Culturels Habitat Paris CERAENSBA 1977 130 comunidade nesta ou naquela época A noção de intimidade por exemplo que marca modernamente a qualidade do habitar seria ela realmente ligada a um modelo cultural tal como define Bordieu a uma necessidade humana ou a valores e a necessidades fabricadas e veiculadas por diferente ideologias Sabemos que Aries R Flandrin J e Shorter E46 relacionam o nascimento do sentimento de intimidade na família moderna com uma transformação social de cima para baixo na organização do espaço habitado Entretanto ficase sem saber o que engendrou o que a necessidade da intimidade teria sido causa da transformação espacial ou ao contrário esta teria gerado aquela Ao evocar a evolução dos costumes os modelos culturais da família burguesa como fatores explicativos dessa transformação Flandrin adverte sobre as diferenças entre as classes sociais o nível de vida e para as classes pobres o que a cultura e para as classes ricas E ao criticar a relação exigência de intimidade sentimento de família ele adverte que se os pobres não podem ter recantos íntimos em suas casas a promiscuidade resultante não significa ausência de sentimento de família ao contrário a abertura das casas ou do quarto o leito comum a hospitalidade podem ser vistas como favorecendo a coesão familiar e comunitária Teriam sido os moralistas obcecados pela tentação do contato carnal e os ingienistas do século passado que combatendo esse dormir comunitário teriam estabelecido a citada relação Já para outros autores Habermas por exemplo na construção da intimidade existe outra coisa que um simples uso do espaço interior existe uma dialética que 46 Aries P Uenfant et Ia ve familiale sous ancen regime Seuil 1973 Flandrin J L Familles parente maison sexualite dans ancenne societe Harhette 1976 Shorter E Nassance de Ia famille moderne Seuil 1977 131 se instaura entre interior a moradia como espaço familiar e exterior o espaço urbano a sociedade fazendo desaparecer a complementaridade entre eles Podese dizer que dentro desta ótica a intimidade não se põe como elemento de qualidade de vida habitacional mas antes como exigência de nível de vida ligada à ascensão econômica de uma classe a burguesia que passa a ditar os modelos culturais de tudo inclusive do habitar O ideário da intimidade habitacional burguesa teria precipitado o corte entre família e sociedade entre Estado e sociedade civil entre trabalho social e trabalho doméstico a partir do sec XVIII A diversidade das posições epistemológicas com respeito à noção de qualidade de vida a pregnância ali da habitação e nela de espaços como o da intimidade têm o valor entre outros de pôr em relevo a necessidade de estudos inter ou transdisciplinares a esse respeito atentos a não cair em reducionismos sociológicos Só agora se incrementa a visão do simbolismo da habitação a mostrar que aquilo que se configura altamente simbólico para um determinado grupo cultural pode não sêlo para outro e que o simbolismo habitacional deve ser colhido além disso em quadros espaciais que não se encerram sempre entre quatro paredes Assim a simbólica da intimidade pode muitas vezes referirse a espaços muito diferenciados e o que é muito importante nem sempre dentro da habitação locais de intimidade podem ser embaixo daquela árvore em cima daquela pedra dentro daquela gruta etc enfim lugares onde o ser humano experimenta sua singularidade Os modelos culturais explicitados em nossa cultura relativamente à qualidade de vida habitacional não dão conta da variedade a ela subjacente a exigir investigações do por que e do como os sujeitos aderem ou se submetem a tais modelos Uma psicologia do habitar ou uma psicossociologia tornase indispensável 132 para se captar a subjetividade ali presente E como não há sujeitos assexuados indispensável igualmente se torna levar em consideração as diferenças entre os sexos quanto ao uso e a percepção da habitação A ausência dessa atenção ao gênero pode explicar em grande parte o fracasso de tantas políticas habitacionais tributado quase sempre a uma resistência à mudança por parte do habitante Afirmação generalista que não leva em consideração 1 o fato de que essa resistência existe ela deve ter tantas razões de ser na própria subjetividade do habitante 2 que essa subjetividade e essa resistência variam conforme os sexos Homens e mulheres não percebem a habitação da mesma maneira Não se pode mais reduzir a fatores sócioeconômicos as diferentes maneiras de habitar Aliás permeando uma cultura de classe transcorre toda uma cultura de gênero que convém analisar em seus conflitos internos Palmade e Lugassy47 falando sobre a transversalidade do gênero na habitação recorrem a uma projeção quase geométrica do corpo sexuado constatando que as mulheres preferem situarse no interior e os homens no exterior Entretanto ao concluírem que tal diferença eqüivale a uma projeção corporal dentrofora característica de cada um dos sexos eles naturalizam oposições ideológicas ultrapassadas como masculino x feminino fora x dentro habitação x meio circundante Entre a rara produção psicossocial sobre a habitação podese citar um estudo de Coing H48 onde aparecem interessantes exemplos do que se poderia talvez chamar de dissonâncias cognitivas nas 47 Palmade et Lugassy La dialectique du logement et cie son environnement Ministere de LEquipement et do Logement Paris 1970 48 Coing H Renovation urbaine ei changement social Ed Ouvrières Paris 1966 133 representações e percepções que os indivíduos e grupos fazem da habitação Essas incongruências no entanto deixam de sêlo desde que se penetre a lógica ou a simbólica que as subentendem E assim que esse autor ao apresentar o exemplo de um quarteirão parisiense relata que ele é objetivamente sórdido as casas pouco confortáveis em condições de surpeuplement pathogène mas ele conclui lê quartier plaft à ses habitants Aqui se encontra de tudo encontrase sempre alguem conhecido na rua a gente está em casa em todo lugar Não há fronteiras entre a rua a casa a fábrica Resultados de pesquisas49 a que cheguei incluem também as incongruências citadas por Coing revelando no entanto seu comprometimento com a variável gênero mulheres e homens não representando da mesma maneira a habitação e seus arredores ou seu território as dissonâncias entre representação e realidade são também diferenciadas que transpareceu por exemplo no item avaliação do local atravésde questões propostas e de desenhos da parte dos moradores Tal como no exemplo de Coing tratavase de um bairro rural objetivamente sórdido mas que para a população masculina apresentava inúmeras vantagens lugar isolado e tranqüilo silencioso muito verde posso andar como eu quero etc A avaliação feminina ao contrário destacou as desvantagens insegurança dificuldades de acesso a mercados e hospitais falta de distração isolamento Aliás um dado que a psicossociologia das aglomerações precisaria aprofundar é exatamente o da diferença de avaliação e de representação entre os 49 Naumi A de Vasconcelos Corpo e casa em Queimados CNPq Dep de Antropologia do Museu Nacional 197578 A mulher e o espaço CNPq Inst de Psicologia da UFRJ 199294 Lê corps Ia maison Ia sexualite tese de doutorado Universite Catholique de Louvain 1983 134 sexos em relação àquilo que caracterizaria um espaço como urbano ou como rural mesmo havendo um continuum entre eles as representações persistem em marcar uma discontinuidade É assim que a cidade parece mobilizar mais as mulheres que os homens para os quais o campo se coloca mais freqüentemente como ideal de vida Não se trata de verificar qual sexo estaria mais perto da realidade objetiva dos espaços habitados mas de levar em consideração o porquê de representações tão diferenciadas de atentar para seu impacto na vida da comunidade a impedir muitas vezes um acordo intragrupal no sentido de melhoria de condições de vida e explicando em parte o insucesso de muitos projetos de associações de bairro ou de campanhas ambientais A atenção ao habitante ou subjetividade e habitação ou ainda a relação corpocasa Falar em subjetividade e falar em corpo não evidentemente enquanto mero substrato fisiológico mas enquanto nossa presença no mundo como diz a fenomenologia e falar dessa presença é falar de sua apresentação sexuada a permear todas as suas outras formas de apresentação econômicas e culturais Levar em consideração os papeis de gênero na construção do corpo e na formação da subjetividade não irá certamente resolver todos os conflitos da presença humana no mundo ou como é o caso aqui os conflitos habitacionais dessa presença mas e condição indispensável para o diagnóstico desses conflitos e para seu processo de resolução permita pelo menos limpara área em suas camadas mais profundas deixando ver melhor o que sobre elas secularmente se acumulou Formulações como transparência social da habitação bastante reconhecida entre vários autores só 135 têm sentido se essa transparência for acessível ao habitante e não apenas ao lúcido pesquisador Sem essa consciência da parte dos sujeitos a alienação habitacional se instaura como aliás parece ser o caso na maioria de nossos aglomerados urbanos Mas não basta aos sujeitos perceberem criticamente o reflexo sobre seu habitat das estruturas e dos sistemas sociais não basta que percebam o quanto a maneira de habitar Os modelos de habitação que lhes são propostos reproduzem planos que lhes são alheios que não os consultam em suas necessidades habitacionais é preciso que percebam também o quanto a desapropriação espacial vai a par de uma desapropriação em nível de pessoa do corpo enquanto substrato daquela O tema da desapropriação do corpo pode parecer à primeira vista uma posição estritamente psicanalítica sem nada a ver com a questão da qualidade de vida e destas com a habitação Só parece Dados clínicos e análises de histórias de vida mostram com eloqüência a pregnância da vivência do espaço habitado na vivência e na autoestima do corpo próprio e da sexualidade com repercussões diretas sobre a saúde o bemestar físico e emocional os relacionamentos afetivos e sociais a atuação profissional enfim sobre tudo o que se relaciona com qualidade de vida Partindo da hipótese de que entre a imagem do corpo próprio e a imagem da casa existe uma troca simbólica de natureza projetiva de que essa troca indica uma relação arcaica e primitiva entre aqueles dois termos e de que nela a diferenciação sexual e uma variável importante realizei entre 1975 e 1978 juntamente com uma equipe do Departamento de Antropologia do Museu Nacional uma pesquisa numa comunidade de Queimados na Baixada Fluminense O caráter qualitativo intensivo e participante de que ela se revestiu 136 levounos a habitar no local durante três meses aplicando ao lado das técnicas de rotina um instrumento metodológico a prova corpocasa elaborada especialmente para essa pesquisa objetivando detectar a troca simbólica acima referida sua distinção entre os sexos e a mútua transformação das imagens do corpo e da casa uma vez os mesmos colocados em confronto permitindo uma categorização das analogias encontradas Dividindo as analogias corpocasa em analogias estruturais e analogias funcionais conforme se situem ou se refiram a aspectos externos e formais ou a atividades de um e de outra os resultados apontam o forte condicionamento dos papeis de gênero e dos estereótipos sexuais nas comparações feitas pelos sujeitos e a uma estreita relação entre o habitar na casa e o se habitar no corpo relação vivida muito diferentemente pelas mulheres e pelos homens Considerando a distinção entre símbolo e sintoma pude verificar que os discursos masculinos além de serem mais lacunares e breves colocavamse ordinariamente na categoria do simbólico a casa como símbolo da vivência e da imagem do próprio corpo conotando com o orgulho de teremna construído e assim como com o prazer de nela habitarem enquanto os discursos femininos longos e repletos de interpolações se incluíam geralmente na categoria do sintomático o espaço doméstico sendo freqüentemente representado como vulnerável precário mal situado sem defesa diante de forças tanto sociais inveja controle dos vizinhos quanto naturais vento chuva desabamento e sobrenaturais assombrações mausolhados emprestando essa imagem ao próprio corpo e à própria sexualidade representada como exposta a feitiçarias invasões doenças e solidão 137 Não deixa de ser intrigante que essa pregnância simbólica da habitação no psiquismo tão importante para o deciframento de sintomas individuais assim como para a explicação e compreensão de comportamentos grupais interessando assim tanto a uma clínica quanto a uma ação políticosocial não seja ainda melhor trabalhada pela comunidade científica É verdade que em diferentes épocas aparecem produções a respeito indicando estar ali um tema de interesse universal entretanto o caráter esporádico das mesmas lhe retira o necessário assentamento epistemológico E o fato de estudos sobre a habitação concentraremse em algumas datas escasseando a seguir Foi aliás o critério seguido por F Battagliola et alii50 quando observam o fato de situarem se em torno dos anos 70 as datas de publicação ou de reedição de estudos sobre a ligação da estrutura familiar e a estrutura habitacional anos que segundo os autores marcam uma etapa de reflexão a esse respeito Por outro lado a simbólica do habitar tornase em muitos autores um espaço de projeção de ideologias diversas ou só merecendo uma atenção científica quando unida a uma temática outra a família as desigualdades sociais o consumismo etc raramente sendo vista como um componente arcaico e universal a dela fazer um capítulo permanente dentro das ciências humanas A leitura de um quadro cultural atravésda arquitetura e da habitação Comecemos com Gilberto Freyre51 a nos mostrar a casagrande e sua integração ao ambiente seu papel 50 F Battagllola M Gruska e B Mazerat Rapport entre levolution de Ia struclure familiale et Ia structure de 1habitat Quelques íencfances de Ia recherche Laboratoire dEcoEthologie Humame Paris julho1981 51 Freyre G Casagrande e senzala 138 como fundamento da organização social em seus vários aspectos econômico social político cultura sexual Indica como a religião e as superstições de um povo revelamse nas forças sobrenaturais a se expandirem nas casas malassombradas índice valioso para se detectar o que ali se passa ou passava os segredos os aspectos não revelados da vida familiar e social da época Porque os malassombrados costumam reproduzir as alegrias os sofrimentos os gestos mais característicos da vida nas casas grandes Vemos também como o corpo empresta a sua imagem à ligação da casagrande com a estabilidade patriarcal de que e expressão sua própria arquitetura gorda horizontal formando um modelo não apenas regional mas nacional A história social da doméstica conjugal sob o patriarcalismo escravocrata e polígamo da sua vida de menino do seu cristianismo reduzido religião de família e influenciado pelas crendices da senzala Nas casasgrandes foi onde atéhoje melhor se exprimiu o caráter brasileiro nossa continuidade social A notar também em Freyre a influência das idéias de Spengler entre as quais a de que o tipo de habitação apresenta valor históricosocial superior ao da raça assim como a ideia da libação da etnia com um território particular uma raça não se transporta de um continente a outro seria preciso que se transportasse com ela o meio físico que um geógrafo atual como Joel Bonnemaison coloca como central em seus estudos Mas antes de apresentar as idéias deste autor será oportuno revisitarmos Spengler A pregnância simbólica do espaço construído nas várias culturas à qual se juntam as temáticas do espaço tempo do espaçomorte da intuição espacial são dentro da visão spengleriana definidas como sendo um problema da alma ocidental e exclusivamente dela por necessidade fatídica A representação do espaço seria 139 inexistente para o homem antigo grego sobretudo que se contentaria com a matéria o limite visível mas nunca com o espaço puro infinito Tal negação espacial é vista como pathos não admitir um mais além Spengler52 insiste bastante na desencarnação do espaço no Ocidente e da qual o impressionismo seria um exemplo Já o sentimento espacial grego encontraria sua expressão no corpo petreo do templo grego análogo a um corpo humano solidamente fincado na terra e em torno do qual tudo se ordena Falta ali a dimensão da profundidade própria da alma faustiana que para o autor simboliza a alma ocidental em oposição ao espírito apolíneo Multiplicamse as ilustrações entre a arquitetura as esculturas e as manufaturas faustiana e apolínea A arquitetura ocidental faustiana teria nascido quando surgem as manifestações de uma nova religiosidade a reforma cluniacense por volta do ano 1000 dC origina projetos a expressarem uma vontade tão titânica que freqüentemente a capacidade das catedrais ultrapassa de longe o número de pessoas que formam a congregação O linguajar apaixonado dessa arquitetura repetese na poesia a mesma vontade de aço a superar e romper quaisquer obstáculos do visível Essa experiência cósmica e totalmente alheia ao homem apolíneo Ignoramna tanto Homero como os Evangelhos O mito do Santo Gral e dos seus cavaleiros faz com que entendamos a necessidade íntima de espaço do catolicismo germâniconórdico Spengler prossegue mostrando como a arquitetura reflete a organização sócioespacial de cada época e como ela se inflete sobre o discurso religioso A pluralidade de corpos avulsos na qual se manifesta o cosmo antigo requer um mundo semelhante de deuses 52 Spengler O A decadência do Ocidente Rio de Janeiro Zahar Ed 1973 140 Já o espaço cósmico único exige o Deus único do cristianismo mágico ou faustiano p 118s Expõe um vasto leque de exemplos da ligação entre os vários aspectos do espaço construído sobretudo os templos com o momento social de dada cultura Texto denso riquíssimo desdenhado muitas vezes por causa de sua ideologia por ideólogos que se desconhecem como tal O livro de Spengler é obrigatório dentro de uma bibliografia sobre o habitat humano como aliás o prova a retomada nem sempre confessa de muitas de suas idéias por pesquisadores A casa começa antes da casa ou a importância do território Estudos sobre habitação e sobre população do espaço cultural das periferias das grandes cidades das cidades dormitórios não podem prescindir da consideração do território É assim que Bonnemason53 falando sobre os diferentes grupos as diversas subculturas ou etnias das grandes cidades traz subsídios importantes sobre a função do território ali indicando o quanto os estudos sobre habitação não podem desvincularse do mesmo As sociedades urbanas e industrializadas apresentam verdadeiras etnias tendo um comportamento próprio um ser coletivo que se traduz ao mesmo tempo por uma visão do mundo e por tipos de territorialidade Na sociedade moderna o que representa a etnia são os grupos complexos de contornos movediços estratificados em uma infinidade de microgrupos possuindo cada um seu tipo de discurso Lembra a esse propósito o livro de Erica Jong Lê 53 Bonnemaison Voyage autour du temtoire In espace geographique nº 4 Paris 141 complexe ofcare que fala da tribu psicanalítica assemelhando a mesma a um grupo étnico com suas mitologias ritos e territórios Uma etnia só sobrevive se ligada à sua territorialidade e uma vez que esta se perca a sobrevivência de um grupo não é possível senão pela criação de um novo território de marginalidade e delinqüência ou por sua recriação no sonho ou no mito Não se pode separar os povos de seu território sem que isso se assemelhe a um etnocídio p 256 O território se põe como locus simbólico lugar onde a alteridade e a convivialidade se manifestam Comentando a rarefação do território em nossas sociedades o autor considera que isso se faz em benefício de um espaço banalizado sinal de um empobrecimento cultural quando não de uma certa incapacidade de comunicação com uma terra e também com os semelhantes p 261 O autor nos lembra os pontos de referência simbólicos do território em torno dos quais se desenvolve lê sejour paisible de Maurice Leenhardt assim como a poética do espaço de Bachelard O autor mostra que a territorialidade decorre com efeito da etnia na medida em que ela é antes de tudo a relação culturalmente vivida entre um grupo humano e uma trama de lugar hierarquizados e interdependentes um território p 253 Além de seus discursos particulares toda etnia e também toda cultura se objetiva em um território Partindo da colocação de que cultura e território são termos indissociáveis o autor chama o território de geosmbolo possuindo uma dimensão simbólica e cultural onde se enraízam os valores e se conforta a identidade dos povos e dos grupos étnicos A velha noção do gênero de vida retorna dentro de uma ecologia cultural na medida em que se intenta compreender a 142 visão do mundo e da espiritualidade de um povo em sua relação com o ambiente com o espaço construído do qual a habitação é ponto central A abordagem cultural está presente na noção de espaço vivido quando Gilles Sautier o autor observa o quanto a correspondência entre o homem e os lugares entre uma sociedade e sua paisagem é carregada de afetividade e exprime uma relação cultural no sentido amplo do termo p 251 A noção de território que tem sua origem nos estudos etológicos e que configura uma defesa do animal contra os membros de sua própria espécie Elliot Howard ao ser estendida ao domínio humano provocou polêmicas apaixonadas sobre as quais Bonnernaison não se estende preferindo apontar as diferenças entre território animal e território humano o último não e ligadoa uma apropriação biológica nem e sempre cercado por fronteiras o que o caracteriza é ser um conjunto de lugares hierárquicos conectados a uma rede de itinerários onde os grupos e as etnias vivem uma certa relação entre o enraizamento e as viagens A territorialidade engloba ao mesmo tempo o que é fixação e o que e mobilidade p 253254 Falando sobre as fronteiras que caracterizam os territórios animais o autor mostra que elas nem sempre existem nos territórios humanos os nômades privilegiando a mobilidade constituem territórios derrance em alguns povos sedentários não existem linhas de fronteira os limites sendo assinalados por pontos de referência árvores rochedos etc Tudo parece indicar que a noção de fronteira como hoje e universalmente entendida demarcação rígida objetivada muitas vezes em muros é um fato moderno ligado ao desenvolvimento dos Estados não caracterizando o conjunto das sociedades tradicionais para as quais o território marcaria um tipo de relação efetiva e cultural a 143 uma terra antes de ser o reflexo de apropriação e de exclusão do estrangeiro p 254 Colocando uma importante distinção entre cultura e sociedade Bonnernaison chama a atenção para o enfoque da mesma em estudos sobre habitação e sobre território entre o espaço social e o espaço cultural existe uma diferença fundamental tanto de plano quanto de tipo de visão O primeiro concebido em termos de organização e de produção o segundo em termos de significação e de relação simbólica p 255 onde se aninha a identidade cultural Importante é também sua distinção entre espaço esfrutural espaço vivido e espaço cultural o primeiro é o espaço objetivo ordenado e estruturado por cada sociedade segundo suas próprias finalidades suas funções e seu nível tecnológico esse espaço estrutural é vivido diferentemente por cada sociedade e dentro delas pelos grupos e pelos indivíduos fazendo aparecer o espaço vivido formado pela soma dos lugares e dos trajetos que são usuais a um grupo ou a um indivíduo espaço subjetivo a seu cotidiano ligado a um estatuto e a um comportamento social Já o espaço cultural engloba mas também transcende o espaço vivido ele é um espaço geosimbólico de comunhão com um conjunto de signos e de valores p 257 Levar em consideração o espaço cultural pode contribuir a políticas de habitação e de distribuição populacional mais eficazes atentas ao menos aos possíveis desajustes que podem ocorrer quando se deslocam grupos ou etnias de seus territórios A nova geografia para Bonnemaison ao centrar se sobre o espaço o considera dentro do campo cultural suscetível de revelar a geoestrutura da mesma Cita a propósito a crítica de Ann Buttimer à excessiva conceptualização de análise da geoestrutura mostrando a necessidade de uma geografia existencial Atenta às 144 relações vividas e ao espaço social lembrando ainda Max Sorre Cita Mareei Belanger sobre as soluções encontradas pelos geógrafos de Quebec atravésdo estudo das representações dos valores e das ideologias pelas e segundo as quais um território se desenvolve e toma forma p 251 mostrando a importância do ponto de vista cultural em geografia e para a ecologia A preocupação dessa nova geografia ou de uma geografia cultural com o espaço construído sobretudo a habitação e com o território está presente também nos trabalhos de Paul Claval54 onde se nota um certo parentesco com o trabalho de Rapoport no que tange a diferenciação entre cultura popular e cultura erudita e sua ligação com a organização do espaço o elo de cada sociedade com seu modelo de espaço a relação do mesmo com o gênero de vida e com uma filosofia da existência Ao salientar que as sociedades europeias vivem desde o século XVI pelo menos uma relação ao espaço que privilegia a geometria a vontade de desencarnação p 248 encontramos também ali um eco das idéias de Spengler sobre o estilo faustiano da arquitetura À procura do espaço perdido A subjetividade nômade de nosso tempo desenraizada de território pessoas circulando pelas ruas ouvindo através de seus walkmans músicas de toda parte do mundo cortadas de suas terras natais sem retorno possível tanto física quanto simbolicamente é um tema caro a F GuattariJ O paradoxo dessa circulação que não move viajase sem sair do lugar as paisagens vistas de um avião repetem o que já se viu 54 Claval P Lês geographes et lês realltes culturelles In espace geographique nº 4 Paris 145 em telas de TV não leva a uma diferenciação ao novo mas dá a impressão de tudo estar fixo no mesmo lugar levando a uma banalização aliás já ressaltada pelos autores anteriormente citados para os quais a perda do território eqüivale a um empobrecimento cultural e à perda de identidade A solução para salvar essa subjetividade ameaçada de paralisia não estaria no retorno a uma Jerusalem ou em uma reterritorialização mas na restauração de uma cidade subjetiva estaria dentro da própria subjetividade na medida em que consiga integrar essas experiências de nomadismo reconquistando um nomadismo existencial tão intenso quanto o dos índios da América précolombiana ao contrário do falso nomadismo que nos deixa no mesmo lugar o do turismo do consumismo Seria então explorar a desterritorialização dandolhe um novo sentido Além dessa solução individual uma solução coletiva aponta a necessidade de uma refinalização dos espaços construídos e da mentalidade urbana já que o futuro da humanidade parece inseparável do devenir urbano Cuattari considera um pleonasmo a questão de saber como será essa humanidade urbana no futuro Cita dados dos prospectivistas pelos quais 80 da população mundial viverá em cidades nos próximos decênios e os 20 restantes apenas estarão localizados fora dela pois viverão em sua dependência Como conseqüência as diferenças sociais não obedecerão o que já acontece em grandes cidades a divisões espaciais tipo centroperiferia Elas irão existir em um mesmo espaço gerando uma coexistência alienatória como a dos grandes centros financeiros rodeados por zonas de subdesenvolvimento Essa coexistência espacial que não anula a diferença de classes fenômenos modernos que de minha parte chamaria de perversão do espaço habitado e vista como 146 conseqüência do capitalismo ao operar uma desterritorialização a serviço de seus objetivos de mercado tornando as cidades imensas máquinas produtoras de subjetividade individual e coletiva Deste modo os urbanistas não poderão mais contentarse em definir as cidades em termos de espacialidade O fenômeno urbano mudou de natureza Igualmente a Ecologia não deverá contentarse apenas com os fatores ambientais Ela deverá ocuparse também das devastações ecológicas sobre o campo social e sobre a região mental Enfim mesmo contrapondose a uma buáta de reterritorialização considerada impossível o autor reconhece que a perda do território cultural é fator de perturbação social e mental e que para sanála será necessário toda uma mudança de mentalidade no sentido de integrar o nomadismo contemporâneo dentro da cidade subjetiva ítalo Calvino A habitação enquanto ponto de convergência entre o tipo de organização espacial de uma sociedade e sua reorganização políticoeconômica Denis Couchaux55 mostra como sociedades sedentárias ligandose à acumulação de riquezas e sociedades nômades onde a mobilidade interdita essa acumulação divergem pour cause quanto à percepção da moradia A cidade locus das sociedades sedentárias resulta precisamente de uma acumulação tanto de riqueza quanto de espaço não sendo difícil deduzir daí a estreita relação entre o desmembramento do espaço nas cidades quarteirões casas cômodos e o 55 Cuattan F Restauração da cidade subetiva In Ideias JB 29790 Couchaux D Habitais nômades Paris Ed Alternatives et Paralleles 1980 147 desmembramento social classes castas corporações Entre os povos nômades a fluidez das relações sociais e econômicas está diretamente ligada à fluidez do espaço da habitação O espaço não se acumula ali sobre a forma de lugares os lugares só existem como lugares de passagem refletindose na forma leve das construções e em sua nãocompartimentação Essa diferença de percepção do espaço entre povos nômades e sedentários não significa que entre os primeiros também não exista uma repartição do espaço apenas que essa repartição é mental submetida a uma serie de mitos e de ritos que ordenam o espaço o qual é mapeado simbolicamente Assim a distinção entre casa e lar house and home transparece nesse cotejo entre nomadismo e sedentarismo entre os nômades o lar não e sinônimo de casa ou esta não coincide com os limites materiais da habitação p 16 o lar referindose muitas vezes ao acampamento e não à tenda A interação simbólica dos nômades com o espaço pela qual ils ne peuvent rien prendre sans donner quelque chose en retour não significa exatamente respeito pela natureza e como o autor comenta A Natureza com um grande N não e senão o imaginário da sociedade industrial p 17 Não é a natureza que é respeitada entre os nômades mas uma organização mental do mundo bastando um símbolo para definir um território p 18 ou uma habitação e dentro dela os vários espaços de comer de repousar de conversar etc Cita o exemplo dos índios Guataki do Paraguai e sua divisão simbólica do espaço de dormir dormindo sobre o solo ou sob um simples teto de ramos eles operam uma curiosa divisão desse espaço tomando como referência o corpo da mulher dividida metaforicamente de alto a baixo e segundo sua dupla natureza a parte anterior e o lado mãe a parte posterior é o lado esposa diante do qual os maridos pois ela pode ter vários se 148 repartem hierarquicamente efetuandose assim uma dupla divisão do corpo feminino longitudinal e transversal Essa transparência simbólica da habitação a coloca assim na convergência de todos os elementos que constituem a sociedade e embora isso seja mais evidente em sociedades não urbanizadas também nestas existe qualquer coisa de análogo somente que desconhecida pelo habitante diferença fundamental a mostrar o elo perdido do homem urbano com seu habitat A habitação como locus privilegiado para o estudo da cultura popular O descaso das construções populares que Rapoport56 chama de indígenas em proveito dos edifícios importantes mais diretamente ligados à intervenção de arquitetos e vista como uma lacuna nos trabalhos sobre habitação posto que as construções populares são as que melhor informam sobre a cultura de massa e a vida cotidiana de um povo construindo alem disso a maior parte do ambiente construído O descaso acima compromete a preocupação e os programas ecológicos Negligenciar os edifícios indígenas que constituem o ambiente teve como resultado negligenciar o próprio ambiente levando a negligenciar sua manutenção contribuindo para sua crescente deterioração Estendendose a seguir sobre análises conceituais dos termos habitações primitivas assim como de seus planos materiais processos formas de construção sua história as preocupações dos habitantesconstrutores e sobre o significado cultural e 56 Rapoport A Pour une anthropooge de Ia maison Paris Dunot Bordas 1969 149 simbólico dessas habitações Rapoport comenta a passagem da tradição para a institucionalização da habitação e suas razões históricosociais A não diferenciação nas formas e nos processos de construção caracterizaria as sociedades primitivas e agrárias indiferenciação que transparece também em outros domínios da vida e do pensamento Não existe separação entre a vida o trabalho e a religião do homem p 12 Citando Giedion Siegfried o autor vê nas pinturas pré históricas a ausência de diferenciação entre o homem e o animal ligada à ausência de linhas orientadas e à ausência da vertical cujo aparecimento marcaria a supremacia do homem sobre o animal e as primeiras civilizações O conceito gênero de vida de Max Sorre apoia o autor em suas análises sobre a relação da unidade primitiva com elementos espirituais materiais ou sociais e a maneira de utilizar o espaço contrária à sua multiplicação ou separação Quando os lugares tornam se mais separados e diferenciados o número de tipos de lugar aumenta p 12 dando disso numerosos exemplos ao longo do tempo e das culturas Salienta o fato de que entre todos os espaços construídos e a habitação que melhor mostra a forma de vida de uma cultura é também na habitação que as formas indígenas se mostram já que outros tipos de construção são mais próximas da arquitetura e da cultura dominante A habitação é um locus privilegiado para se entender a cultura popular Interrogandose por que estudar ainda a forma das habitações primitivas e préindustriais em um mundo que muda tão rapidamente o autor aponta as seguintes razões 1 necessidade de estudos pluridisciplinares e comparativos que permitam compreender a coexistência em nossas cidades de diferentes culturas e subculturas portadoras de aspirações e de modelos diferentes no que 150 tange à moradia o que e válido sobretudo para países em via de desenvolvimento 2 tais estudos contribuem a uma melhor percepção da moradia dentro das necessidades fundamentais e do significado destas últimas 3 contribuem ainda para uma variedade maior de soluções possíveis já que fornece uma grande quantidade de variáveis em culturas diferentes e exemplos extremos que lucrarão em ser comparados uns aos outros Se para o estudo das relações entre o espaço construído o meio ambiente e o homem as habitações primitivas são de mais proveito que as modernas na medida em que sendo mais subordinadas aos determinantes físicos permitem analisar melhor a importância relativa das forças físicas e culturais que agem sobre a forma não se trata de diferenciar habitações primitivas e contemporâneas segundo um critério cronológico mas técnico ligado ao modo de vida Isso faz com que possamos encontrar as primeiras atéem nossos dias caracterizadas sobretudo pela ausência de mudanças as cabanas de ramos da época neolítica são ainda utilizadas nas ilhas Fidji Multiplicando exemplos a respeito mostra como as construções primitivas indígenas não podem ser estudadas como um material histórico normal pois não são cronológicas Lembra as observações de Mircea Eliade sobre o tempo para camponeses e para o homem primitivo sua concepção de tempo não é linear mas cíclica instaurando um presente contínuo concepção de tempo que se reflete em suas construções onde mudanças não são bemvindas O método de estudo dessas habitações é portanto muito diferente do das construções de estilo ou do da história da arquitetura que contam com documentos escritos ou faltam aquelas Para esse estudo tratase de observar as próprias habitações suas formas e divisões 151 ligandoas aos costumes crenças e ao comportamento pois o autor destaca a ligação entre comportamento forma de vida e forma construída esta seria sua materialização ambos influenciandose mutuamente A questão é saber como mudanças culturais ao exprimiremse atravésde comportamentos assemelham se às mudanças ambientais que se exprimem atravésda forma construída O método utilizado no livro foi o de escolher as características da moradia que parecem ser as mais universais e examinálas em contextos diferentes a fim de compreender aquilo que age sobre as formas das habitações e sobre os grupos o que freqüentemente permite determinar logo de início a região a cultura e mesmo a subcultura às quais uma casa ou uma aglomeração pertencem p 24 Citando Ruth Benedict cada civilização na ótica de uma outra ignora aspectos fundamentais e privilegia aspectos secundários sugere que isso se passa também em relação à moradia e que conhecer outras maneiras de planejála ou edificála em tempos e espaços diferentes contribui para descobrir a especificidade de nosso problema a respeito As evidências que resultam dessas comparações podem conduzir a uma compreensão dos aspectos sociais e psicológicos do ambiente O autor adverte no entanto sobre o risco das comparações que desconheçam que mesmo nas culturas modernas semelhantes umas às outras existem diferenças significativas e que entre culturas diferentes existem semelhanças e constantes no que tange A vários aspectos da habitação citando a propósito os trabalhos de ET Hall TJe s7enf Language e The Hidden Dimension A hipótese de trabalho de Rapoport e sempre procurar no modo de vida nas aspirações no sistema social na percepção da territorialidade e das chamadas necessidades fundamentais na relação entre a casa e a 152 aglomeração a explicação para as diferenças de formas de materiais e de organização do espaço da habitação Não que a forma construída seja determinada por esses fatores o autor vê ali uma coincidência resultado da interação desses fatores e do caráter indissociável da composição final Uma fenomenologia e uma psicologia da habitação Não se poderia iniciar essa abordagem sem lembrar Bachelard57 sua topofina onde examina as imagens do espaço feliz o sentido do habitar os devaneios do morar os arquetipos da casa Encontrar a concha inicial em toda moradia mesmo no castelo eis a tarefa primeira do fenomenólogo p 21 Define assim sua opção hermenêutica na análise da casa ela e o que protege guarda propicia intimidade e solidão A analogia da casa com um ninho o faz citar Michelet O ninho é a casa construída para o corpo pelo corpo tomando sua forma pelo interior A casa como vestimenta ajustada ao corpo A ligação tempoespaço vem mostrarse nas visões da casa natal ou da casa sonhada e lembrar nos também Fernando Pessoa e como e branca de graça a paisagem que não sei vista de trás da vidraça do lar que nunca terei Ao empregar imagens em sua análise da habitação Bachelard justifica a função imagística do exagero 57 Bachelard G La poetique de espace Paris PUF 1981 153 estamos diante do ato aumentativo pelo qual a imaginação ultrapassa a realidade De onde vem o dinamismo evidente dessas imagens excessivas Essas imagens se aninham na dialética do oculto e do manifesto a partir do ser reprimido e que se fazem as mais dinâmicas evasões p 9192 alusão clara ao recolhimento da casa condição de expansão do ser Recusando a oposição redutivista exterior x interior que freqüentemente é empregada na análise da função da moradia Bachelard mostra como são tênues as fronteiras entre um e outro e como para uma antropologia metafísica o exterior e o interior colocam problemas que não são simétricos p 160 Fala das inversões topoanalíticas das imagens citando os versos de Tristan Tzara Ou borvent lês loups Uma lenta humildade penetra no quarto que habita em mim na palma do repouso A poesia essa metafísica instantânea no dizer do autor adquire foros de uma verdadeira poiesis construção sem a qual o habitat humano deixe de sêlo privado de sua significação e de seu simbolismo A casa imagem do eu Com essa frase de um obscuro filósofo grego Artemidoro de Daldis Marc Olivier58 comenta como desde tempos remotos já se intuía a significação da casa e de sua arquitetura no psiquismo dado que a psicanálise depois virá explorar sobretudo na vida onírica o exterior da habitação aparecendo como a máscara a aparência do sujeito o teto significando a busca da unidade ou o elo com as origens se na vida cotidiana a colocação do telhado implica em uma cerimônia de acabamento da 58 Olivier M La psychanalyse de Ia maison SeuMtetUÍtions 1972 154 casa na experiência onírica ela seria indicativo freqüentemente de uma fase avançada da reconstrução do eu os andares inferiores corresponderiam às pulsões arcaicas e instintuais enquanto a cozinha seria o lugar da transformação psíquica e aparece em certas fases da evolução interior do ser Essa correspondência do ser com sua casa se encontra nos escritos sagrados de numerosas tradições sendo que na China a saída da alma por ocasião da morte se traduz pela expressão quebra do teto p 7778 A ligação da casa com o corpo humano é vista atravésdo simbolismo da porta ao destacar a forma de que a mesma se reveste nas casas primitivas freqüentemente ovalizada como uma espécie de fenda natural boca vagina ou através o simbolismo da forma da casa semelhante a um bolso circular na base como se nota nos desenhos infantis ou semelhante a seios com orifícios de saída de lábios inchados o ventre da mãe o útero como se vê em habitações africanas primitivas A sacralização da porta os ritos de entrada existentes em várias culturas simbolizam a tentativa de entrar de novo no útero e estaria na origem do mito do eterno retorno O autor lembra o ritual japonês de entrar na casa onde a porta é designada pela palavra genkan significando obscuro misterioso O fato do ser humano ter deixado o abrigo primeiro da caverna mais seguro por um abrigo mais precário como a casa é comparado ao nascimento Larrachement a 1unite et lexpulsion est exige par une necessite daccomplissement Uma vez abandonada a caverna o homem voltaria a ela para sacralizála decorandoa com suas pinturas A caverna tornase santuário das forças da natureza com as quais o homem rompeu 155 O autor citado ao salientar o simbolismo das formas lembra Arno Stern59 quando aponta sete figuras geométricas simbólicas que estariam na base de todas as construções o círculo o triângulo o quadrado a cruz a espiral a onda o ponto As quatro primeiras permitiram construir todos os templos e edifícios enquanto as três últimas são complementares e revelariam pulsões cósmicas O ponto por exemplo teria sua expressão sonora no tamtam e sua expressão gestual no ritmo saccade manifestação de uma libido original que encontraria sua plena expressão na atividade sexual lembrando aqui Jung em Metamorfoses da alma e seus símbolos O quadrado representaria o homem e a terra vindo depois do círculo que exprime a unidade O triângulo une horizontalmente o círculo ao quadrado mas nos desenhos infantis o triângulo aparece na casa entre o quadrado da terra e o disco do céu numa organização vertical Dans lê dessin de lenfant toute forme naít de Ia spirale irregulière en passant par lê cercle Ce lê cercle qui petit à petit deforme devient tringle ou carre II y a un dialogue entre lê haut et lê bas dans lê dessins denfants quand ils faisent dês formes inverties ou dês triangles opposes p 68 A figura do círculo nasceria da consciência da lembrança do paraíso perdido do útero e da caverna cuja saída marca a ruptura com a unidade da natureza O círculo e a imagem arquétipica do universo depositada em nós p 56 Essa imagem é angustiante e a cruz será sua expressão Limage de Ia croix naít alors sous nos yeux du concept du cercle dejà exprime car pour que se puisse former 1image du cercle dans notre psyche naissante devrait au prealable avoir eu lieu larrachement à 1unite naturelle p 57 O triângulo vem 59 Stern A La maison image de mói in An Educateur ns 7 1967 p 3236 156 depois do círculo ele e a imagem arquétípica de um apelo de ultrapassagem para reencontrar a unidade perdida p 58 En traçant sã maison autour de lui 1homme descend lê ciei sur terre Perry Goodman avait bien raison Ia maisoncercle etait de cê fait temple p 61 O teto cônico saiu assim do triângulo que une a base terrestre da casa à unidade colocada no firmamento Se o homem se separou do universo e de suas leis ele sente necessidade de um religamento religião religare e cest de cê desir dunion que naítra lê toit Netait cê pás hier encore au grenier sous lê toit precisement que lon conservai precieusement lês souvenirs dês ancêtres qui nous reliaient a nos origines Assim o círculo e o triângulo teriam dado nascimento a casa como modelo reduzido do universo O autor explica o aparecimento da casa quadrada como simultâneo ao domínio do indivíduo sobre a terra o quadrado simbolizando o lugar separado do homem frente à natureza O redondo da casa será deslocado para o templo cujo papel será o de exprimir o desejo de unidade original II reunira lê plus souvent dans 1espace lê cube de Ia terre à Ia coupole celeste p 61 O templo é o lugar da cruzcarson propre est de montrer lê chemin de dedans pkitôt que celui de dehors alors que Ia maison restera lê foyer temporel ou lhomme sassume dans sã condition terrestre p 65 a cruz desaparecendo nas casas à medida que tendem à horizontalidade e à repartição das peças No autor acima um dos raros na área psicanalítica a se interessar pelo habitar observamos que sua pregnância psíquica é raramente tratada ou o e dentro de uma ótica monocordiamente junguiana A projeção corpo casa é pouco estudada e menos ainda o caráter sexuado dessa projeção o que não deixa de ser uma grande lacuna já que as diferenças de significado da casa para o homem e para a mulher assim como as trocas simbólicas 157 entre a imagem do corpo e a imagem da casa são matéria de estudo indispensável quando se trata de sexualidade humana de gênero campo por excelência da psicanálise Uma semiologia do espaço habitado O projeto de uma pesquisa etimológica baseada em Hubert Tonka filósofa apoiada em Heidegger e empírica utilizando alguns procedimentos de Moles e o empreendimento de EkambiSchmidt60 em seu estudo sobre a percepção do habitat A palavra habitação recobrindo diferentes significados ação de habitar imóvel lugar será ao primeiro sentido que a autora aplica sua análise atravésda etimologia do verbo habere avoir se tenir realizando um levantamento dos qualificativos emprestados a casa Os resultados de sua pesquisa empírica fornece índices de oposição entre a habitação antiga e a contemporânea marcada pela precariedade das coisas o nomadismo e a mobilidade residencial Mostrando a arquitetura como expressão dos valores de uma civilização assim como de sua organização sexual e familiar a autora lembra o fato já comentado nesta recensão bibliográfica da repartição do espaço doméstico segundo o sexo nas civilizações passadas que ela atribui a influência da família extensa patriarcal ao passo que nas sociedades atuais essa repartição se faz em função dos filhos sem no entanto explicar essa mudança de repartição Salienta a fascinação da casa e a personalidade autônoma da mesma a revestirse muitas vezes de um poder fantástico que se estende atéseus objetos estes 60 EkambiSchmidt Jezabelle La perception de Phabitat Paris E Universitaires1972 158 considerados como elementos de definição dos espaços do habitat pois além do código dos objetos presentes em certas peças específicas o objeto e o lugar geométrico de investimento psicológico afetivo e estético profundo e como tal ele é o signo de outra coisa os objetos da casa são excetuando alguns destinados a uma peça precisa que eles caracterizam e não podem portanto em princípio serem intercambiados de uma peça a outra sem mudar a vocação dessa peça p 51 54 Mostrandose antifuncionalista a autora afirma que e o supérfluo que torna personalizado o espaço da casa Aplicando o método das constelações de atributos Moles mostra respostas que traduzem estereótipos e fantasias bem mais que a realidade doméstica vivida A dialética do vertical e do horizontal lembrando as leis de A Moles que compõe 90 do nosso ambiente com ângulos de 90 e 180 graus constituem uma civilização do retângulo na qual os móveis são incluídos Além das razões funcionais que explicam este fato existem também razões psicológicas na retidão das linhas e dos ângulos há um elemento de segurança para quem os percebe enquanto as formas curvas são fatores de inquietação Sabese que basta encerrar alguém em uma torre redonda sem pontos de referência para enlouquecêlo rapidamente Estudos Doxiadis comprovam que os domos em forma de bulbos são elementos de insegurança Será interessante confrontar essa interpretação do redondo com aquelas que insistem ao contrário no caráter securizante dessa forma e de seus derivados como no autor anteriormente citado ou em Bachelard ao comparar a casa a um ninho a uma concha 159 Gisela Pankow61 analisa o papel metafórico que elementos do espaço construído peças da casa portas janelas etc desempenham nas obras de vários autores como também no processo psicanalítico Saindo da clínica para a literatura salienta a ligação entre o espaço imaginário e tempo vivido a revelarem uma dinâmica oculta do espaço nos conflitos das personagens literárias das obras analisadas A relação entre o espaço do corpo e o espaço habitado entre as divisões e repartições de um e de outro são comentadas e o texto é rico em análises psicoliterárias onde o problema da percepção e dos fantasmas do corpo e do espaço é analisado dentro de uma metodologia psicanalítica por demais ciosa em meu entender em fazer prevalecer seu quadro teórico em detrimento do quadro do objeto ou seja do próprio espaço vivido Ressaltese no entanto o cuidado da autora em sustentar que nem tudo é projeção na psicose mas verdadeiras produções criticando certas visões psicanalíticas e psiquiátricas O texto de Pankow enfoca bem mais os conflitos psíquicos ligados à vivência do espaço do corpo do que os conflitos resultantes da interrelação dessa vivência com a do espaço habitado este só incidentalmente comparece nesses estudos perdendose assim a ligação simbólica entre esses dois espaços Concluindo esta apresentação interdisciplinar de estudos habitacionais quero esclarecer que a escolha dos autores buscou privilegiar obras de acesso disponível em nosso meio é nesse sentido e importante incluir algumas teses e dissertações que têm aparecido esporadicamente desde 1970 em nosso cenário 61 Pankow Gisela O homem e seu espaço vivido Campinas Papirus 1988 160 universitário indicando ele uma sensibilidade científica à importância do espaço habitado a merecer todo nosso apoio Mônica Maria Galcerati62 realiza um trabalho que transita do campo semântico ao campo ontológico e ao campo cultural destacando no primeiro campo as mudanças operadas no sentido da palavra espaço conforme o contexto extraverbal no segundo campo a evolução históricofilosófica do conceito de espaço onde Heidegger aparece como referência importante no terceiro campo a autora trabalha sobre os símbolos primários de uma cultura dentro dos quais destaca o símbolo ligado à necessidade de sentir a extensão explicando assim o surgimento do espaço clássico relacionado com a alma apolínea e o espaço ocidental expressão da alma fáustica Spengler mais uma vez é referência Mostra nos últimos capítulos que a obra e a história da arte foram desde sempre a história da criação de um espaço específico e singular e detendose nas versões da concepção espacial contemporânea faz oportunas colocações sobre a chamada era espacial em sua relatividade e polivalência de valores Partindo de estudos que consideram como aprendidas as dimensões e as características do espaço pessoal justificando assim as diferenças culturais a respeito Míriam Fonseca Raja Gabaglia63 interessase pela aprendizagem vicária do espaço entre crianças destacando ali as diferenças sexuais Realiza para isso 62 Galcerati Mônica Maria Sobre a problemática do espaço e da especlalidade nas artes plásticas tese de habilitação para livre docência PUCRIO 1978 63 Cabaglia Míriam Fonseca Raja A aprendizagem por observação no desenvolvimento do espaço pessoal dissertação de mestrado PUC RIO 1978 161 uma pesquisa de medição de espaço social entre 48 meninos e 48 meninas empregando o PPSM medida simulada do espaço pessoal e cujos resultados confirmam a hipótese da aprendizagem vicária do espaço Seus resultados mostram também diferenças entre os sexos quanto a essa aprendizagem Rosa Maria Toniolo64 detémse sobre a relação da mitologia e do espaço observando que nas sociedades arcaicas o mundo só e mundo quando se torna nosso mundo exigindo ritos uma recriação uma consagração fora disso o mundo é caos M Eliade 1965 O nosso mundo situase sempre no centro por ser ali que se produz a ruptura na homogeneidade do espaço O espaço não consagrado onde não se discriminou nenhuma estrutura porque nenhuma orientação foi projetada é simples extensão amorfa igualase ao Caos Nele o homem perde seu significado ôntico não tem referências e marcas dada sua homogeneidade Aí nada se destaca o homem tornase ambíguo e padece na vivência relativa onde tudo pode ser e nada é onde tudo e virtual não real A estrutura do espaço real se faz a partir do deslocamento da homogeneidade em direção orientada à organização de uma configuração o centro nele o Caos se diferencia em Cosmos Nesse sentido o cosmos é construído p 31 A casa reproduziria esse dinamismo a partir de um ponto central em torno do qual se constróem quatro pontos cardeais A casa só é casa quando traz a marca humana Fala da impessoalidade dos arranhacéus e ao abordar a psicologia da casa lembra a topoanálise de Bacheard A imagem da casa é como uma topografia de nosso ser íntimo A autora se interroga se podemos 64 Toniolo Rosa Maria O espaço deste tempo Uma leitura da intimidade do adolescente dissertação de mestrado Dep de Psicologia PUCRIO 1980 162 isolar essa essência íntima e concreta para justificar o valor singular que atribuímos a todas as nossas imagens de intimidade protegida Não é o quarto Bachelard a essência íntima isolada o berço inicial que dá abrigo ao corpo Não podemos tomálo como um diagrama psicológico e a partir dele estabelecer referência com a estrutura mítica da espacialidade da casa centrolimites e desenvolver uma topoanálise p 35 Comenta o quanto o espaço definido psicologicamente se faz a partir do próprio corpo atravésde intuições para frente para trás etc Ao falar sobre o significado de direções e de posições a autora deixa de aprofundar esse ponto importante num próximo trabalho quem sabe a favor de valorações discutíveis Dizendo com Empedocles que o ser e redondo o redondo simbolizando o existir construído salienta ser a psicopatologia a perda do redondo os deslocamentos as quebras no espaço do redondo lembrando Minkowski quando pergunta o que está intacto no doente p 42 Ao abordar a ligação corpoespaço observa que na representação mítica o mundo objetivo se faz inteligível e se divide em determinadas esferas de realidade quando se reproduz analogicamente nas correspondências do próprio corpo onde uma unidade míticoorgânica e conservada No âmago do pensamento mítico a unidade do microcosmos e do macrocosmos está concebida de tal modo que não é o homem que está formado das partes do mundo mas o mundo é que está formado das partes do homem Encontramos uma direção inversa na concepção germânicocristã p 36 É oportuno acrescentar que é bem assim que o livro organizado por Berta Ribeiro Antes o mundo não existia mostra a explicação do mundo para os Desana Enfatizando a diferença entre o espaço matemático funcional e o espaço mítico estrutural onde vigora a 163 dialética centrolimites procura seus traços na atualidade e realiza uma pesquisa com adolescentes de vários bairros de São Paulo objetivando determinar o lugar do quarto onde mais gosta de ficar e ação correspondente a dialética centro X limites a integridade do redondo A análise dos dados visando estabelecer diagnósticos da organização espaçocorporal entre grupos masculinos e femininos de adolescentes A confrontação de aspectos de arquitetura verticalidade e horizontalidade em torno do Conjunto Sesquicentenário da Independência leva a um relato da situação dos moradores e do conflito ali encontrado entre padrão de vida e nível de expectativas por Joy Costa Matos65 A representação do espaço em Panofski e em Francastel assim como suas respectivas implicações no que tange tanto ao caráter simbólico quanto ao caráter sociológico do espaço figurativo é o tema de Jorge Lúcio de Campos66 65 Mattos Costa Joy Habitação de interesse social Uma estratégia de desenvolvimento comunitário dissertação de mestrado C E P B UER 1982 66 Campos Jorge Lúcio de Apresentação do espaço em Panofsky e Francastel tese IFCSUFRJ 1987 164 PSICOLOGIA COMUNITÁRIA CULTURA E CONSCIÊNCIA Regina Helena de Freitas Campos Os projetos de psicologia social comunitária descritos na literatura Góis 1993 Bomfim et alii 1992 Andery 1984 Lane neste volume em geral focalizam dois processos psicossociais a consciência e a cultura Ao falar da consciência enfatizam predominantemente o trabalho de conscientização isto é de desvelamento para o sujeito dos determinantes de suas condições de vida Quanto à questão da cultura este conceito tem sido importante na descrição das práticas específicas de determinadas populações e dos significados compartilhados pelos membros do grupo em relação a sua prática Neste contexto a problemática do convívio e do diálogo em grupos de diferentes inserções sócioculturais e com histórias diversas ocupa lugar de destaque entre as preocupações dos psicólogos que atuam em comunidades As publicações da área tanto no Brasil quanto no exterior divulgam estudos em que é analisada a psicossociologia de diferentes grupos caracterizados por similaridades em termos de classe ou lugar social gênero e etnia em interação com a sociedade inclusiva Os conceitos utilizados para descrever estas interações decorrem das principais teorias utilizadas em psicologia social destacandose a contribuição da abordagem cognitiva da teoria das representações sociais e do interacionismo simbólico 165 Neste trabalho vamos examinar em que medida cada uma destas diferentes abordagens ilumina determinados aspectos da interação em grupos multiculturais e como pode contribuir para informar práticas de psicologia comunitária As abordagens clássicas cognição social e socialização Pesquisadores de orientação cognitivista enfatizam o estudo da consciência e exploram o efeito do pensamento e da interpretação dos sujeitos sobre a atividade social Inspirados sobretudo nos trabalhos da Gestalt estes teóricos se interessam especialmente pelo modo como os processos mentais internos às pessoas impõem formas ao mundo externo Neste sentido acreditam que a percepção dos eventos é a principal variável que influencia a conduta do sujeito social A principal influência teórica sobre o cognitivismo em psicologia social vem do trabalho de Kurt Lewin a teoria de campo Nesta teoria a maneira como as pessoas representam o mundo é o principal determinante de sua ação No estudo das representações que as pessoas elaboram sobre determinados aspectos do ambiente em determinados momentos de sua vida Lewin demonstrou que o modo como o indivíduo constrói sua representação do mundo pode variar de acordo com suas necessidades ou objetivos internos isto é as construções mentais que influenciam a conduta Em decorrência desta influência os processos cognitivos e o impacto da cognição sobre as relações sociais se tornaram centrais na psicologia social contemporânea Esta abordagem pode ser observada sobretudo nos estudos da percepção social e das representações sociais Gergen 1981 166 Moscovici 1986 ao comentar a afirmação corrente de que a psicologia social teria sido invadida recentemente por uma verdadeira revolução cognitiva observa que na verdade o que está acontecendo é uma volta às concepções mais clássicas dos fenômenos psíquicos que atribuem mais importância às imagens mentais ao raciocínio e à memória ativa Na sua opinião a psicologia social estaria se voltando novamente para o estudo da consciência Um olhar sobre a história recente desta disciplina mostra que no primeiro estágio de seu desenvolvimento no início do século o estudo das multidões da propaganda e dos processos de influência social foi feito enfatizando sobretudo os aspectos emocionais afetivos e inconscientes os fatores irracionais do comportamento dos grupos Estas primeiras teorias tiveram sucesso sobretudo entre os nazistas e demais grupos que defendiam o autoritarismo na Europa dos anos 20 e 30 Para Moscovici foi precisamente este sucesso das teorias irracionalistas entre os grupos de orientação autoritarista que teria levado o primeiro grupo de psicossociólogos alemães que se refugiaram nos Estados Unidos entre os quais Lewin e Asch a protestar contra essa abordagem das relações sociais Lewin então se voltou para o estudo dos pequenos grupos e para a lógica que rege a conduta de seus membros Lewin 1951 enquanto Asch procurou substituir a abordagem que busca a explicação da liderança em termos de prestígio ou sugestão pelo estudo da lógica dos processos de influência social Asch 1952 Em ambos a racionalidade humana e enfatizada E para Moscovici é precisamente esta a razão pela qual os processos cognitivos estiveram no centro desta nova psicologia social nos EUA O foco de atenção das teorias cognitivistas são as atitudes definidas como estruturas cognitivas determinadas por conjuntos de valores e por tendências 167 para a ação organizadas a partir da experiência em função das quais se organizam todas as outras manifestações psíquicas percepções julgamentos e condutas Neste conjunto destacase a abordagem de Festinger cuja originalidade consistiu precisamente em apontar as tensões entre cognições contraditórias ou a contradição entre a atitude e a ação como forças motrizes das modificações de opiniões e de julgamentos Segundo Moscovici para Festinger o homem e um animal racionalizante mais que racional diante de um conflito o sujeito realinha suas atitudes em função dos motivos subjetivos e da ação efetiva e não o contrário que seria em função da razão Esta seria a lógica do chamado pensamento natural o pensamento utilizado pelo sujeito na vida cotidiana para explicar e orientar sua ação sobre o mundo Tratase de uma lógica regida por valores na qual a racionalidade é regida pelo metassistema de finalidades e desejos do sujeito A partir de Festinger a análise da percepção social se tornou central para a compreensão dos fenômenos grupais No entanto a análise das relações de grupo foi sendo progressivamente substituída pela temática da interação entre pessoas o que reduziu o âmbito da teoria da dissonância cognitiva que foi perdendo o interesse inclusive para o próprio autor Moscovici 1986 Mais recentemente sobretudo por influência da cibernética e da ciência da computação as atenções dos pesquisadores se concentraram no estudo da cognição social o homem como máquina pensante o estudo dos mecanismos de processamento das informações Os indivíduos elaboram teorias implícitas sobre os outros baseadas no senso comum nos preconceitos em conceitos ingênuos retirados da prática cotidiana teorias estas fortemente influenciadas pela linguagem atravésda qual se transmitem de um indivíduo a outro Explicações alternativas são exploradas para se chegar a elucidar as 168 razões do comportamento do outro Estas formas de processamento das informações atéa elaboração de uma interpretação se dariam a partir de esquemas isto é conexões previamente estabelecidas que agem como ponto de ligação entre a memória e a percepção e que cumprem a função de selecionar entre as informações disponíveis aquelas que são cruciais para a compreensão da situação Os esquemas se dividem em esquemas causais e esquemas de acontecimentos Os primeiros transformam cada elemento de informação em efeito de uma causa os segundos descrevem uma seqüência de acontecimentos dos quais participamos scripts acumulações de experiências mentais que mobilizam a memória de situações passadas semelhantes e indicam o curso apropriado de ação na situação presente fVergnaud 1991 Deste ponto de vista a conduta observada em situações de interação de grupos é analisada em termos das percepções e atitudes de cada membro do grupo em relação aos outros O preconceito por exemplo é definido como um conjunto de atitudes negativas em relação a um dado indivíduo ou grupo A discriminação é vista como a conduta associada a uma atitude negativa em relação a uma determinada minoria Analisando a formação das atitudes preconceituosas Katz 1976 observou a ocorrência de uma serie ordenada de esquemas adquiridos pelo indivíduo ao longo de seu desenvolvimento nos quais se cristalizaria determinada percepção em relação a membros de minorias Para que se forme uma atitude no entanto é necessário que o sujeito seja socializado em um ambiente que lhe forneça informações explícitas ou implícitas sobre como deve ver e se comportar em relação às minorias Assim ao mesmo tempo em que atitudes se desenvolvem a identidade em relação ao seu próprio grupo se fortalece ou seja o sentimento do nós por 169 oposição ao eles Nesta visão contemporânea a abordagem cognitivista se combina a pressupostos da teoria dos papeis No entanto por estar centrada na elaboração de percepções e representações no indivíduo a esta abordagem falta uma melhor caracterização do modo pelo qual estas percepções e representações individualmente construídas se tornam sociais isto é passam a reger a conduta não apenas de um indivíduo mas de grupos sociais inteiros Esta questão é abordada com mais precisão pela abordagem sóciointeracionista e pela teoria das representações sociais Abordagem sóciointeracionista O conhecimento se constrói na interação social esta e a grande descoberta da abordagem sócio interacionista Vygotsky foi o primeiro autor em psicologia a colocar a questão do conhecimento como resultando da interação Vygotsky 1978 Para ele o conhecimento seria social antes de ser individual e os artefatos criados pela atividade humana bem como a linguagem seriam os principais mediadores no processo de internalização da cultura Para os sóciointeracionistas os seres humanos vivem em um ambiente em constante transformação pois os artefatos culturais e a linguagem são transformados pela própria atividade dos grupos humanos em interação Em outras palavras o ambiente humano é constantemente criado e recriado pela atividade cultural Cada artefato cultural contem além de sua forma física o código de condutas e de interações que o tornou possível e que condiciona a ação das novas gerações que o utilizam Da mesma forma a linguagem contem o código das representações e recortes do mundo legados pela cultura e é assim que se transmitem as visões de mundo de uma geração a outra 170 A atividade mental humana é condicionada portanto por sua existência em um mundo simultaneamente natural e artificial Nas palavras de Cole As características especiais da vida mental humana são precisamente as características de um organismo que pode habitar transformar e recriar um mundo mediado por artefatos Como o filósofo soviético Evald llyenkov 1977 colocou o mundo das coisas criadas pelo homem para o homem e portanto as coisas que são formas reificadas da atividade humana e a condição para a existência da consciência humana A natureza especial desta consciência decorre da natureza dual materialideal do sistema de artefatos que constitui o ambiente cultural os seres humanos vivem em um mundo duplo simultaneamente natural e artificial Cole 1995 p 32 As conseqüências desta concepção para o estudo da vida em comunidade é mesmo para a intervenção em comunidades são facilmente observáveis Se o conhecimento se constrói na interação e se esta interação é mediada por símbolos e artefatos produzidos culturalmente duas conseqüências se impõem aos psicólogos conhecer a cultura local e contribuir para a construção de novos significados atravésda interação Por isso é tão importante propiciar oportunidades para o diálogo para a interação em grupos pois é precisamente nestas situações que novos significados emergem Neste sentido o estudo das estruturas discursivas e da retórica tem se revelado também importante A ideia e que em situações de interação principalmente quando culturas diferentes se encontram interpretações diferentes da mesma realidade podem estar em jogo Se o conhecimento é construído na atividade e se os grupos humanos por sua própria experiência em atividades diferentes produzem interpretações divergentes acerca da mesma realidade estas diferenças certamente estarão expressas em seu discurso Assim são as próprias 171 categorias discursivas dos participantes da interação que se tornam a principal fonte de informação sobre as diferentes visões de mundo ou mesmo ideologias implicadas na situação Edwards 1995 Assim a abordagem sóciointeracionista ao superar o individualismo da abordagem cognitivista clássica coloca em novas bases a questão da interação social por considerála constitutiva da consciência Esta visão tem conseqüências importantes para a elaboração de estratégias dialógicas de desenvolvimento da consciência como e o caso dos programas comunitários Representações sociais A teoria das representações sociais busca superar as limitações da abordagem cognitivista seja clássica ou contemporânea por abordar não apenas a construção das representações no indivíduo mas a maneira como estas representações se tornam hegemônicas em uma dada formação social Assim a ênfase da teoria é o estudo do aspecto social isto é interindividual da representação A construção da representação deixa de ser uma questão individual para se tornar uma função simbólica do grupo social em seu conjunto O conceito de representação social proposto por Moscovici 1961 procura descrever representações coletivas enquanto construções simbólicas historicamente determinadas socialmente compartilhadas e comunicadas atravésde redes institucionais específicas que ao mesmo tempo modelam as ações dos grupos no interior da formação social considerada e são por elas modeladas Nesta abordagem o que determina a ação dos indivíduos não é portanto apenas a sua própria representação do real mas a representação que atravésde uma complexa rede de relações sociais eles compartilham com os demais membros do grupo do qual 172 fazem parte No entanto as representações sociais são construtos em permanente transformação Se guardam relação com o passado da comunidade com suas tradições e história são também o produto da prática presente e dos horizontes que guiam a ação dos grupos sociais que operam simbolicamente através delas Na teoria das representações sociais dois aspectos merecem destaque por sua contribuição ao estudo da interação Em primeiro lugar a ideia de que as representações que os sujeitos constróem compartilham e comunicam entre si são fruto de histórias já construídas e como tal são transmitidas Em segundo lugar a lembrança oportuna de que as práticas presentes vão progressivamente contribuir para introduzir novos elementos nas representações e em última instância para transformálas é precisamente esta dialética que permite avançar a compreensão da ação individual e grupal como uma resultante do movimento entre as categorias já cristalizadascoletivamente e o movimento de renovação que nasce das práticas cotidianas Neste sentido chegamos a uma concepção na qual não são apenas as representações sociais que orientam a conduta humana mas esta mesma conduta é que contribui para construir as representações A ênfase nestes dois aspectos da análise é importante na compreensão dos efeitos da complexidade cultural sobre a conduta e sobre a própria construção da subjetividade no interior da cultura Mais que isto a própria ideia de que as representações sociais assim como as próprias formações sociais que lhes dão forma estão em constante transformação chama a atenção para novos objetos de análise justamente aqueles que apontam para a diferença a mudança 173 A interpretação da cultura como empreendimento intersubjetivo Como vimos até aqui o campo de estudo delimitado pela psicologia social principalmente se aplicado ao estudo e intervenção em comunidades é constituído em última análise pela análise da cultura O conceito de cultura referese precisamente a este conjunto de significados compartilhados que orientam a conduta dos indivíduos Estes significados se por um lado apresentam as características de homogeneidade e a duração tendo em vista suas origens na tradição e na história do grupo são também questionados pelo movimento de construção de novas práticas que por sua vez na interação produzem novos significados A psicologia social trabalha com conceitos que permitem trabalhar as relações culturais em situações de diálogo contribuindo para desenvolver a capacidade de análise das situações e para a construção de novas interpretações Esta é precisamente a situação na qual se encontram muitos dos trabalhos comunitários com os quais nos envolvemos como psicólogos sociais No entanto é preciso observar também que a própria psicologia social constituise em uma interpretação da cultura Conforme lembra Valsiner a ciência psicológica é construída sobre sistemas de significados culturais compartilhados em sociedades determinadas Valsiner 1994 No interior da mesma formação social podemos encontrar interpretações divergentes sobre os mesmos fenômenos que nascem da experiência diversificada de grupos sociais em conflito Campos 1992 Por isso e também a partir da observação da miríade de categorias culturais atravésdas quais os sujeitos sociais constróem suas respectivas identidades tornase importante incorporar à análise a percepção dos próprios sujeitos sobre as categorias 174 psicossociais que regulam sua conduta e até sobre os próprios cientistas que buscam estudálos Esta perspectiva de conhecimento relacional Rosaldo 1989 problematiza o lugar do observador nas ciências sociais e passa a considerar a verdade contida na percepção do sujeito da análise a respeito de sua própria inserção cultural Tratase de tornar visíveis na pesquisa e na intervenção não só o grupo observado com seus valores crenças percepções e representações mas também o cientista que observa Na verdade realiza se aqui o projeto sóciointeracionista de propiciar a oportunidade da construção do conhecimento na interação incluindose nesta interação o próprio psicólogo social A análise da cultura e das representações que os sujeitos se fazem dela requer uma espécie de dupla visão que se movimenta do narrador o cientista social ao protagonista da ação o insider portador dos significados que se quer conhecer Seria a partir deste movimento que o conhecimento se tornaria possível e o movimento cultural passível de ser apreendido Nesta abordagem a própria díade composta pelo psicossociólogo e sen sujeito tornase um grupo multicultural e a problemática da interpretação dos significados compartilhados ou não um instrumento de trabalho que contribui para a compreensão dos determinantes da ação de cada um dos sujeitos na situação Na análise de grupos multiculturais como os grupos com os quais nos relacionamos em projetos comunitários esta proposta de análise é especialmente apropriada Na medida em que busca romper com a pretensa nowhere lanei em que se coloca o pesquisador tradicional permite incorporar à pesquisa não só a visão do observador ele próprio imerso em uma rede de relações culturais e de representações dela decorrentes 175 como respeita a visão do sujeito pesquisado como um depoimento a ser considerado como digno de figurar como um relato da situação equivalente ao do pesquisador Superase assim a ideia de que as percepções do sujeito da pesquisa seriam meros indicadores de uma realidade desconhecida para ele próprio à qual só teria acesso o pesquisador munido de sua teoria E assim se movimenta o estudo psicossociológico dos grupos multiculturais de uma abordagem centrada no indivíduo passamos à história do grupo social como fonte das representações que os indivíduos se fazem uns dos outros para chegar a uma abordagem em que a própria análise das representações se torna um empreendimento intersubjetivo Nesta última abordagem a interpretação da ação dos sujeitos imersos na cultura e a resultante de um processo de reflexão no qual a análise focaliza precisamente os diferentes pontos de vista envolvidos na definição da situação Para a psicologia social comunitária estas contribuições são relevantes na medida em que apontam para os aspectos cruciais do processo de conscientização a cultura como construção intersubjetiva de significados e o diálogo como contexto para a problematização e reconstrução cultural BIBLIOGRAFIA ANDERY Alberto A Psicologia na comunidade In Lane Sílvia e Codo Wanderley orgs Psicologia social o homem em movimento São Paulo Brasiliense 1984 ASCH S Social Psychology Englewood Cliffs NJ PrenticeHall 1952 176 BOMFIM Elizabeth CAMPOS Regina HF e FREITAS Maria de Fátima Q Psicólogo Brasileiro A construção de novos rumos Campinas Ed Átomo 1992 CAMPOS Regina HF Notas para uma história das idéias psicológicas em Minas Gerais In Drawin Carlos R et alíi Psicologia Possíveis olhares outros fazeres Belo Horizonte Conselho Regional de Psicologia 1992 COLE Michael Culture and cognitive development From crosscultural research to creating systems of cultural mediation In Culture and Psychology 11 1995 2554 EDWARDS Derek A commentary on discursive and cultural psychology In Culture and Psychology 11 1995 5566 GERGEN K e GERGEN M Social Psychology New York Hartcourt Brace Jovanovich 1981 p 2024 GÓIS Cezar Wagner de Lima Noções de psicologia comuntátia Fortaleza Ed UFC 1993 KATZ PA The acquisition of racial atitudes in children In Katz PA Toward the Elimination of Racism New York Pergamon Press 1976 LANE Sílvia Histórico e fundamentos da psicologia comunitária no Brasil cf cap 1 do presente volume LEWIN K Teoria de campo em ciência social São Paulo Pioneira 1965 1üed de 1951 em inglês MOSCOVICI S 1989 Dês representations collectives aux representations sociales In Jodelet D org Lçs representa tions sociales Paris PDF 177 Lere dês representations sociales In Doise W e Palmonari A orgs Letude dês representations sociales Neuchâtel Delachaux et Niestle 1986 ROSALDO R Culture and Truth the Remaking of Social Analysis Boston Beacon Press 1989 VALSINER Jaan Beyond the Cognitive or any other Revolution A coconstructionist look for the future in the past Paper presented for an Invited Lecture at the Fifth Congress of the National Academy of Psychology of índia Allahabad October 68 1994 Usesof Common Senseand Ordinary Language m Psychology and Beyond A Constructionist Perspective and Its Implica tions Ch 3 in Siegfried j EdJ The Status of Common Sense in Psychology Norwood NJ Ablex Pubhshmg Corporation 1994 p 4957 VERGNAUD Gerard Pourquoi Ia psychologie cognitive In La Pensee 282919 juilletaoüt 1991 VYGOTSKY Lev S A formação social da mente São Paulo Martins Fontes 1978 178 OS AUTORES Sílvia Tatiana tvíaurer Lane e doutora em psicologia social e atua no Programa de Estudos Pós graduados em psicologia social da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo Bader Burihan Sawaia é doutora em psicologia social pela PUCSP e professora dos programas de Pós graduação em psicologia social da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo e de Enfermagem na Universidade de São Paulo É também chefe do Departamento de Sociologia da PUCSP Maria de Fátima Quintal de Freitas é doutora em psicologia social pela PUCSP e professora do Departamento de Psicologia Social e do Desenvolvimento do Programa de Pósgraduação em Psicologia da Universidade Federal do Espírito Santo Pedrinho A Cuareschi é PhD pela University of Wisconsin at Madison é professor do programa de Pós graduação em Psicologia Social da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul Jacyrara C Rochael Nasduttí é doutora em psicologia clínica e professora do Instituto de Psicologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro atuando no Programa de Mestrado EICOS Estudos Interdisciplinares em Comunidades e Ecologia Social Naumi A de Vasconcelos psicanalista é doutora em ciências sexológicas pela Universidade de Louvain Bélgica e professora do Instituto de Psicologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro atuando no Programa de Mestrado EICOS Estudos Interdisciplinares em Comunidades e Ecologia Social Regina Helena de Freitas Campos PhD pela Universidade de Stanford EUA e professora no Programa de Mestrado em Psicologia Social da Universidade Federal de Minas Gerais 1 INTRODUÇÃO A psicologia comunitária se caracteriza por seu compromisso com a transformação social e a promoção do bemestar coletivo especialmente em contextos de vulnerabilidade social A construção de uma brinquedoteca em um espaço destinado a atender crianças carentes inserese nesta perspectiva ao criar um ambiente que não apenas oferece um espaço lúdico mas também contribui para o desenvolvimento integral das crianças e para o fortalecimento da comunidade A brinquedoteca mais do que um local de diversão é um espaço de aprendizagem socialização e apoio psicológico desempenhando um papel crucial na promoção do desenvolvimento cognitivo emocional e social das crianças Diversos autores destacam a importância de espaços lúdicos na infância como elementos fundamentais para a construção de competências sociais e emocionais Segundo Winnicott 1975 o brincar é essencial para o desenvolvimento infantil pois permite à criança expressarse elaborar experiências e desenvolver a criatividade Além disso autores como Vigotsky 2007 ressaltam que o brincar possibilita a internalização de valores e normas sociais contribuindo para a formação de indivíduos mais conscientes e participativos na sociedade Neste contexto a elaboração de um projeto de construção de uma brinquedoteca para um espaço que atende crianças carentes tornase uma ação significativa de intervenção comunitária Este projeto busca não apenas criar um local de recreação mas também um ambiente que propicie o desenvolvimento saudável das crianças e que fortaleça a coesão comunitária A literatura existente reforça a ideia de que intervenções deste tipo quando bem planejadas e executadas têm o potencial de transformar realidades promovendo maior equidade social e qualidade de vida Por exemplo a obra de Sarriera e cols 2012 destaca a importância de projetos comunitários na construção de um ambiente de suporte social que é vital para o desenvolvimento infantil em contextos de vulnerabilidade Além disso estudos de autores como Bronfenbrenner 1996 e seu Modelo Bioecológico do Desenvolvimento Humano enfatizam a relevância do ambiente e das interações sociais para o desenvolvimento humano sugerindo que espaços como a brinquedoteca podem funcionar como importantes contextos de desenvolvimento para crianças em situação de risco 2 DESENVOLVIMENTO A primeira etapa envolve a realização de um diagnóstico comunitário para identificar as necessidades específicas das crianças e da comunidade Este diagnóstico será conduzido por meio de reuniões com líderes comunitários entrevistas com pais e responsáveis e observações diretas das crianças no ambiente atual A participação ativa da comunidade é fundamental nesta fase para garantir que o projeto atenda às expectativas e necessidades reais dos beneficiários De acordo com Montero 2003 a inclusão da comunidade no diagnóstico fortalece o senso de pertencimento e aumenta a eficácia do projeto Com base nos resultados do diagnóstico o planejamento da brinquedoteca será elaborado O espaço será projetado para incluir diversas áreas de atividades como áreas para jogos educativos leitura artes e atividades físicas A organização espacial da brinquedoteca deve permitir supervisão adequada por parte dos educadores garantindo a segurança e o bemestar das crianças Fisher 2009 destaca que ambientes bem projetados que oferecem variedade e desafios apropriados são cruciais para o desenvolvimento cognitivo e emocional das crianças A escolha dos materiais e equipamentos levará em consideração critérios de durabilidade segurança e adequação às diferentes faixas etárias atendidas A implementação do projeto envolverá a mobilização de recursos financeiros materiais e humanos Serão estabelecidas parcerias com organizações governamentais e nãogovernamentais além de buscar apoio de empresas locais e voluntários A literatura sublinha a importância das parcerias para a sustentabilidade dos projetos comunitários garantindo recursos contínuos e diversificados Wandersman Florin 2000 A formação e capacitação dos profissionais que atuarão na brinquedoteca serão etapas essenciais desta fase Educadores e monitores serão treinados em práticas lúdicas mediação de conflitos identificação de sinais de abuso e negligência e estratégias de promoção do desenvolvimento socioemocional Segundo Bronfenbrenner 1996 a qualidade das interações entre as crianças e os adultos mediadores é um dos principais determinantes do impacto positivo dos ambientes educativos A fase de monitoramento e avaliação será contínua integrandose ao projeto desde o início Utilizando metodologias participativas como avaliação formativa e somativa serão realizados ajustes constantes para adaptar o projeto às mudanças nas necessidades da comunidade Checkoway e RichardsSchuster 2006 ressaltam que a avaliação contínua envolvendo todos os stakeholders aumenta a eficácia e a sustentabilidade dos projetos Dados qualitativos e quantitativos serão coletados por meio de entrevistas questionários e observações permitindo uma análise detalhada dos impactos do projeto na vida das crianças e da comunidade A divulgação dos resultados por meio de relatórios e apresentações comunitárias fortalecerá a transparência e o compromisso com a melhoria contínua Para garantir a sustentabilidade do projeto serão desenvolvidas estratégias de captação de recursos e gestão participativa A criação de um conselho gestor composto por representantes da comunidade educadores e parceiros será recomendada para assegurar a continuidade das atividades e a manutenção da brinquedoteca Nelson e Prilleltensky 2005 apontam que a gestão participativa promove maior engajamento comunitário e aumenta a resiliência dos projetos 3 CONCLUSÃO A construção de uma brinquedoteca em um espaço destinado a crianças carentes representa uma intervenção significativa no contexto da psicologia comunitária promovendo o desenvolvimento integral das crianças e fortalecendo os laços comunitários Ao longo deste projeto foram destacadas as várias etapas envolvidas desde o diagnóstico comunitário até a implementação e avaliação contínua cada uma fundamentada em princípios teóricos e empíricos que sublinham a importância do envolvimento comunitário e da criação de ambientes propícios ao desenvolvimento infantil O diagnóstico comunitário inicial baseado na participação ativa dos membros da comunidade permitiu identificar de forma precisa as necessidades e expectativas locais Esta etapa é crucial pois garante que o projeto seja alinhado com a realidade dos beneficiários promovendo um maior engajamento e senso de pertencimento Estudos como os de Montero 2003 corroboram a importância desta abordagem participativa que fortalece a coresponsabilidade e a eficácia das intervenções comunitárias O planejamento da brinquedoteca com a criação de áreas diversificadas para atividades educativas artísticas e físicas foi concebido com base em evidências que apontam para os benefícios de ambientes variados e desafiadores para o desenvolvimento cognitivo e emocional das crianças Fisher 2009 A escolha cuidadosa dos materiais e a organização espacial que favorece a supervisão e a segurança destacam a preocupação com a qualidade do ambiente oferecido fator decisivo para o sucesso do projeto A fase de implementação com a mobilização de recursos e a formação de parcerias demonstra a relevância de uma abordagem colaborativa e integrada A capacitação dos profissionais que atuarão na brinquedoteca focada não apenas em práticas lúdicas mas também em técnicas de mediação e identificação de necessidades específicas assegura que as interações no espaço sejam de alta qualidade conforme apontado por Bronfenbrenner 1996 As parcerias estabelecidas com organizações e voluntários são fundamentais para a sustentabilidade do projeto conforme destacado por Wandersman e Florin 2000 O monitoramento e a avaliação contínua do projeto garantem que ele permaneça relevante e eficaz ao longo do tempo A utilização de metodologias participativas para a coleta e análise de dados permite ajustes constantes assegurando que o projeto evolua conforme as necessidades da comunidade Checkoway RichardsSchuster 2006 A transparência e a divulgação dos resultados fortalecem a confiança da comunidade e dos parceiros promovendo uma cultura de melhoria contínua REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRONFENBRENNER Urie A ecologia do desenvolvimento humano experimentos naturais e planejados Porto Alegre Artes Médicas 1996 CHECKOWAY Barry RICHARDSSCHUSTER Katie Youth participation in community evaluation research American Journal of Evaluation v 27 n 3 p 301 312 2006 FISHER Kelly R et al The physical environment and play A review of research in early childhood education and care Early Childhood Education Journal v 37 n 3 p 239246 2009 MONTERO Maritza Teoría y práctica de la psicología comunitaria La tensión entre comunidad y sociedad Buenos Aires Paidós 2003 NELSON Geoffrey PRILLELTENSKY Isaac Community psychology In pursuit of liberation and wellbeing New York Palgrave Macmillan 2005 SARRIERA Jorge Castellá DELLAGLIO Débora Dalbosco LISBOA Carmen Saraiva Psicologia comunitária Um enfoque emancipatório São Paulo Casa do Psicólogo 2012 VIGOTSKY Lev Semionovitch A formação social da mente O desenvolvimento dos processos psicológicos superiores 6 ed São Paulo Martins Fontes 2007 WANDERSMAN Abraham FLORIN Paul Citizen participation and community organizations In Handbook of Community Psychology New York Springer 2000 p 247272 WINNICOTT Donald Woods O brincar e a realidade Rio de Janeiro Imago 1975
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JORGE CASTELLÁ SARRIERA ENRIQUE TEÓFILO SAFORCADA Organizadores Introdução à PSICOLOGIA COMUNITÁRIA Bases teóricas e metodológicas Coautores Adolfo Pizzinato Ceres Berger Faraco Juliana Amoretti Kátia Bones Rocha Kátia Regina Frizzo Lilian Rodrigues da Cruz Maria Amélia Jaeger de Souza Maria de Fátima Quintal de Freitas Maria Piedad Rangel Meneses Mariana Calesso Moreira Mariana Gonçalves Boeckel Pedrinho Arcides Guareschi Editora Sulina Editora Meridional 2010 Editorial Paidós SAICF 2008 Título original Enfoques conceptuales y técnicos en Psicología Comunitaria Capa Vinícius Xavier Projeto gráfico e editoração FOSFOROGRÁFICOClo Sbardelotto Revisão Matheus Gazzola Tussi Revisão técnica GPPCUFRGS Tradução Autores Editor Luis Gomes 1ª reimpressão Dados Internacionais de Catalogação na Publicação CIP Bibliotecária responsável Denise Mari de Andrade Souza CRB 10960 161 Introdução à Psicologia Comunitária bases teóricas e metodológicas Jorge Castellá Sarriera e Enrique Teófilo Saforcada orgs Porto Alegre Sulina 2014 230 p Título original Enfoques conceptuales y técnicos en Psicología Comunitaria ISBN 9788520505885 1 Psicologia 2 Psicologia Comunitária 3 Psicologia Social 3 Psicologia Pesquisa 4 Psicologia Metodologia I Sarriera Jorge Castellá II Saforcada Enrique Teófilo CDD 150 CDU 1599 Todos os direitos desta edição reservados à EDITORA MERIDIONAL LTDA Av Osvaldo Aranha 440 conj 101 CEP 90035190 Porto Alegre RS Tel 51 33114082 Fax 51 32644194 sulinaeditorasulinacombr wwweditorasulinacombr Fevereiro2014 Impresso no BrasilPrinted in Brazil Capítulo 6 ANÁLISE DE NECESSIDADES DE UM GRUPO OU COMUNIDADE A AVALIAÇÃO COMO PROCESSO Jorge Castellá Sarriera Pressupostos Iniciar uma atividade comunitária exige uma adequada planificação Esta planificação deve ter uma boa sustentação teóricoconceitual que oriente a ação e um bom conhecimento da realidade Em Psicologia Comunitária as teorias que apresentamos no primeiro capítulo sustentam a necessidade de contextualizar a comunidade sua história evolução cultura entender a interdependência entre os diferentes sistemas micro meso e macrossocial junto com a ideologia as políticas públicas as organizações e assumir o compromisso profissional na intervenção comunitária para o fortalecimiento e a construção de redes de apoio que possam produzir trocas sociais para a melhoria da qualidade de vida de todos A análise de necessidades terá dois protagonistas Segundo Montero 1994 os investigadores ou técnicos externos e os investigadoresinternos os membros da comunidade Para eles é imprescindível a familiarização com a comunidade através de um processo de aproximação e diálogo de mútua aprendizagem e de respeito O conhecimento da comunidade de seu espaço físico 139 seus costumes e seu cotidiano facilitará a inserção e o diálogo para o levantamento de necessidades e a abertura necessária para que essas possam ser analisadas com crítica e liberdade Este processo de aproximação à comunidade dará início à análise de necessidades não se relacionando com as intervenções que partem de programas elaborados a priori impostos de cima para baixo desenvolvidos através de oficinas técnicas e procedentes de experiências de outros contextos Mas também há o que criticar em outro extremo aqueles profissionais que querem mimetizar com a comunidade e durante meses às vezes anos não conseguem ter parâmetros claros para estabelecer necessidades e metas de ação comunitária e vão trabalhando em um processo circular sem avanços conforme sopra o vento Definição de análises de necessidades Montero 1994 define as análises de necessidades como uma atividade inicial e dentro de um processo de investigaçãoação participante IAP que ajuda a especificar os problemas que afligem a comunidade e verifica as condições sentidas por seus membros Segundo a autora uma necessidade existe para um grupo quando seus membros sentem que lhes falta alguma coisa ou quando certas situações em suas vidas produzem efeitos que perturbam porque a maneira de atuar sobre elas é ineficiente Montero 1994 p 8 Essa atividade de análises seguirá durante todo o processo de ação comunitária buscando transformar as necessidades percebidas cognitivamente em necessidades sentidas cognitiva e afetivamente ou conscientizadas Nesse sentido a comunidade pode perceber mas não sentir uma necessidade possivelmente por estar embotada pelos meios de comunicação social ou pela naturalização daquilo que para os investigadores externos seria objeto de grande preocupação bloqueando sua capacidade de pensar analiticamente colocando em termos ideológicos um conhecimento determinado de antemão que busca conformar as pessoas segundo os interesses dominantes Desta maneira se acostuma por exemplo com uma situação de encarecimento como se fosse a forma natural de viver Alguns autores definem ou entendem o significado de necessidade de forma diferente Assim para SolanoPastrana 1992 existem diferentes conotações de necessidade como desejo expectativa problema ou demanda Parecenos que esses diversos sentidos não podem reduzirse ao âmbito da necessidade e que cada um expressa um leque de possibilidades a serem trabalhadas junto à comunidade de formas diferentes ainda que todos eles indiretamente relacionados com as necessidades É preciso que cada investigador determine o que entende por necessidade e os indicadores que identificam seu conceito assim como esteja atento às atribuições que a própria comunidade faz do significado de necessidade Outro aspecto conceitual básico se relaciona com os diferentes tipos de necessidade Assim como vimos que Montero 1994 diferenciava as necessidades sentidas das percebidas SerranoGarcía 1992 diferencia as necessidades sentidas diretamente pelas pessoas da comunidade daquelas inferidas que são provenientes de profissionais ou instituições vinculados à comunidade ou de critérios preestabelecidos As necessidades sentidas são do tipo mais subjetivo e incluem sentimentos preocupações e percepções As necessidades inferidas são do tipo objetivo como as necessidades normativas e comparativas que são extraídas de fontes documentais e de estudos epidemiológicos Além das necessidades que respondem às carências ou falta de coisas precisas em ordem material e psicossocial estão os problemas que a comunidade está vivendo Se considerarmos segundo a Enciclopédia Britânica 1994 que problema é uma situação que ameaça certos valores básicos e culturais causados por de 140 141 ajustes individuais às normas adotadas ou a falhas existentes na própria estrutura social e que se refere a qualquer assunto ou questão que envolva dúvida insegurança ou dificuldade o mesmo processo com o qual tratamos as necessidades também pode ser usado para tratar os problemas As necessidades estão mais relacionadas à falta enquanto os problemas estão relacionados aos conflitos e dificuldades Junto ao levantamento de necessidades e problemas é necessário identificar os recursos com os quais conta uma comunidade Um primeiro aspecto é o conhecimento das instituições sociais religiosas de saúde e educativas que estão em sua região e com as quais no futuro poderão estabelecer redes de apoio Um segundo aspecto é a avaliação destas instituições pelos próprios responsáveis pelos membros da equipe investigadora e pelos próprios usuários Um terceiro aspecto são as expectativas que se têm sobre esses serviços e seu potencial contribuinte para a comunidade Além disso as instituições sociais os recursos podem ser de ordem pessoal e social líderes atuais e potenciais vínculos relacionais informais conhecimentos e experiências de pessoas de referência da comunidade Cabe enfatizar também o levantamento das fontes de recursos não utilizados seja de programas sociais de encontros seja de pressuposto participativo se existe em seu município seja de ONGs que estão com disponibilidade para auxiliar a comunidade Geralmente a comunidade por falta de consciência e organização deixa de se beneficiar de recursos que poderiam auxiliar em seu desenvolvimento Concluindo que aspectos podemos considerar em uma análise de necessidades Desde meu ponto de vista deveríamos enfocar três dimensões básicas 1 As necessidades sentidas percebidas e inferidas 2 Os problemas mais proeminentes e as formas de resolução dos mesmos que a comunidade propõe 3 O levantamento dos recursos que esta comunidade possui institucionais pessoais redes ou pode ter acesso Procedimentos metodológicos Para realizar o levantamento de necessidades de uma comunidade nos valeremos de diferentes técnicas que poderão ser desenvolvidas ou construídas em conjunto entre investigadores externos e internos As técnicas de identificação de necessidades de problemas e recursos comunitários são variadas Entrevistas a Individuais 1 com líderes comunitários de instituições ou associações do bairro nas quais se identifiquem os problemas específicos de cada instituição frente à comunidade a participação em suas atividades e a avaliação que os líderes fazem das necessidades e do potencial da comunidade 2 com membros da comunidade escolhendo de forma intencional uma amostra heterogênea b Grupais com membros da comunidade sem vínculo ou controle externo Através de Grupos Focais ou de discussão avaliando a situação de grupos específicos terceira idade mulheres jovens crianças desempregados ou de temas relevantes problemas necessidades expectativas c Comunitárias em associações instituições igrejas postos de saúde etc onde se discutem temas de interesse comum d Entrevistas com questionários para responder a instrumentos de análises de necessidades com uma amostra representativa da comunidade levantando aspectos como participação organização comunitária necessidades avaliação de serviços comunitários de liderança problemas mais preocupantes soluções e alternativas propostas 142 143 Análise histórica e documental a Registros históricos da comunidade através de pessoas significativas e veteranas ou de materiais documentais fotos periódicos etc b Registros estatísticos com base nos estudos epidemiológicos educacionais judiciais laborais da zona onde se situa a vila Análise de indicadores demográficos sociais de fatores de risco de usuários Dados sobre a utilização dos serviços c Registros geográficos físicos e materiais da comunidade Características do espaço físico e seu significado características e condições de moradia localização da vila dentro do contexto do município saneamento básico iluminação Diário de campo Anotações sobre as observações feitas durante o processo de inserção e familiarização na comunidade seja em seu cotidiano como nos momentos mais significativos analisando as estratégias de enfrentamento dos problemas e de resolução dos mesmos Alguns lugares privilegiados para estas observações podem ser a Em lugares públicos com membros da comunidade rua bares salas de espera onde se pode observar o cotidiano da comunidade identificar as palavras geradoras ou as mais frequentemente utilizadas para descrever sua vida sua comunidade anotar as queixas ou problemas da mesma b Visitas domiciliares acompanhado por membros da comunidade ou sendo convidado para conversar e conhecer as casas a forma de vida e os recursos pessoais familiares Análise dos dados A eleição das técnicas deve estar relacionada aos objetivos da análise Muitas vezes se utilizam várias técnicas de análise ao mesmo tempo A este processo damos o nome de triangulação quer dizer o uso de mais de uma técnica para o estudo de um tema em nosso caso a análise de necessidades As técnicas devem abarcar de forma representativa aspectos quantitativos e qualitativos da comunidade Ao mesmo tempo a multitécnica deve ser capaz de fazer uma análise inicial que chegue ao centro motivacional da comunidade Pretendese outro objetivo neste levantamento quer dizer que a comunidade reflita de forma crítica sobre sua realidade e suas possibilidades de ação Como diz Montero 1994 o processo de avaliação de necessidades estabelece um processo de conscientização p 9 A análise dos dados coletados pelos investigadores externos e internos deve passar pela peneira dos próprios interessados quer dizer a comunidade Uma vez que tenhamos coletado as informações sobre a história da comunidade sobre as condições de vida moradia e sobrevivência passamos a identificar segundo Freitas 1994 as necessidades e problemáticas vividas pela comunidade em seu cotidiano com relação aos processos psicossociais que afetam seus membros Também como temos visto anteriormente podemos levantar as formas alternativas de enfrentamento pensadas pela comunidade para resolução de suas necessidades e problemas Os dados recolhidos passam a seguir por uma análise conjunta entre os membros e líderes da comunidade e os investigadores externos para contrastar os dados colocar as necessidades e problemas em ordem de prioridade analisar e decidir sobre as alternativas e estratégias a seguir A comunidade escolherá a melhor forma de organização para alcançar os objetivos propostos criará comissões e grupos de trabalho buscará os recursos para implementar suas ações e 144 145 delimitará as formas de avaliação periódica para dar continuidade ao trabalho ou a partir de novas análises priorizar outras metas O processo de análise de necessidades se constrói dentro de uma concepção de investigação dialógica e sequencial e se vai transformando à medida que o grupo ou comunidade avança para níveis de consciência mais diferenciados Este processo é o mesmo que Paulo Freire 1987 propõe na análise de temas geradores e das situaçõeslimite Ao decodificar uma situação uma palavra geradora ou uma necessidade percebida será através da problematização que mude a compreensão da mesma permitindo observar a realidade decodificada ou desideologizada em um nível de consciência mais crítica podendo emergir novos sentimentos representações e necessidades Conscientizar para Montero 1994 significa trazer à consciência situações e feitos antes desconhecidos Conforme as necessidades são sentidas a nível cognitivo e emocional ao entender as situações as insatisfações aparecem e as pessoas estão mais dispostas a uma ação de troca Esse processo implica segundo a autora orientar as pessoas do real para o possível Análise de necessidades na prática Três experiências em tempos e contextos diferentes Com a finalidade de ilustrar diferentes tipos de levantamento de necessidades a partir de objetivos e grupos diferenciados vamos expor três trabalhos que encabeçamos em diferentes épocas e contextos 1 Conscientização promoção humana e transformação comunitária Objetivo ação conscientizadora mobilização da comunidade e promoção humana 2 Conhecimento e identificação de necessidades em uma Vila Objetivo conhecer as necessidades problemas e recursos da Vila Contribuir com subsídios para o Posto de Saúde para implementação de Programas Comunitários Local trabalho desenvolvido junto ao Campus Aproximado da PUCRS na Vila Fátima de Porto Alegre Brasil Duração da intervenção Oito meses Equipe de trabalho psicólogo coordenador três estudantes de Psicologia Comunitária da UAM Espanha e 12 alunos voluntários da Faculdade de Psicologia com a colaboração de técnicos e residentes em Psicologia do Posto de Saúde da Vila Enfoque teórico psicossocialecológico Familiarização o fato que apresentamos aos membros da comunidade como professores e alunos da universidade que colabora com a manutenção do Posto de Saúde facilitou a atitude positiva e de acolhida dos moradores Todos abriram as portas de suas casas e nos convidaram a entrar em suas moradias para tomar café ou mate Houve participação dos entrevistados de forma sincera e aberta Recolhimento dos dados foram realizadas entrevistas com os líderes dos centros comunitários visitas e entrevistas a 53 famílias distribuídas por zonas geográficas da comunidade e escolhidas seguindo rotas aleatórias Os dados levantados se relacionaram à saúde percebida as enfermidades padecidas pela família e a avaliação da atenção no Posto de Saúde Dados escolares e de empregodesemprego Levantaramse problemas e necessidades percebidas conhecimento e interesse em participar das associações comunitárias do bairro e identificação de propostas de melhoria da qualidade de vida Direção dos dados levantados por não ser a equipe de trabalho a mesma que trabalha no Posto de Saúde da comunidade se decidiu não discutir diretamente os dados recolhidos com a própria comunidade sem discutiremos primeiro com a direção do Campus para dar aos dados a direção que esta considera oportuna Também foram elaborados informes para ficar à disposição dos psicólogos e alunos de Psicologia Comunitária do Posto de Saúde Avaliação da análise e intervenção excelente acolhida por parte da Comunidade dos investigadores externos levantamento de expectativas e de consciência social Recolhimento de indicadores psicossociais relevantes para profissionais e alunos que trabalham na Comunidade Sensibilização da equipe do Posto para a abertura e implicação em atividades fora do Posto de Saúde junto com a comunidade Registro Sarriera e cols 1994 3 Análise do perfil psicossocial de jovens desempregados Objetivo auxiliar aos jovens com dificuldades de inserção sociolaboral Local cidade de Porto Alegre RS Brasil Duração três anos Equipe psicólogo e 12 estudantes da Faculdade de Psicologia bolsistas de pesquisa científica Enfoque teórico paradigma ecológicocontextual Familiarização para poder conhecer as necessidades e problemas dos jovens desempregados iniciamos entrevistando em profundidade a oito jovens com características diferentes sexo idade nível socioeconômico grau de instrução experiência laboral Elementos iniciais da Análise de Necessidades análise das experiências de busca de emprego e de história de vida desses adolescentes através de análise de conteúdo Com base nesta aproximação aos jovens e ao tema preparamos um instrumento de aplicação coletiva a 563 jovens de 14 a 18 anos constituindo uma amostra representativa por amostragem em múltiplas etapas Dados recolhidos através de entrevistas individuais por rotas aleatórias Análise dos dados foram avaliados dados pessoais familiares escolares laborais de busca de emprego atribuições e significado do trabalho e de bemestar psicológico Elaborouse um perfil do jovem desempregado com base em análise discriminante entre jovens empregados estudantes e desempregados Este perfil foi revisado junto com os jovens através de uma intervenção Intervenção psicossocial com seis grupos de aproximadamente 20 jovens de 16 a 21 anos inscritos no Instituto Nacional de Emprego para buscar trabalho se discutiu e se desenvolveu um Programa de Inserção Sociolaboral com base na análise de necessidades realizada estruturando o Programa em três módulos Orientação Vocacional e Ocupacional Estratégias de Busca de Emprego e Desenvolvimento de Habilidades e conhecimentos críticos sobre Mercado de Trabalho e de direitos e deveres do trabalhador Avaliação da intervenção o resultado foi positivo e de muita motivação entre os jovens Porém o programa de acompanhamento para sua inserção laboral nos seis meses seguintes foi difícil de avaliar devido à perda de contato com os mesmos Como fruto desta experiência foi publicado um Manual de Orientação Ocupacional dirigido aos jovens de classe popular com os conteúdos e técnicas avaliados pelos próprios jovens nas intervenções Registro Sarriera e cols 2000 e 2004 Considerações finais Como bem disse Kelly 1992 p 45 a Avaliação do contexto permite ao investigador escutar as vozes dos demais proporcionando a oportunidade de compreender e atribuir o poder aos outros Fazer com que a comunidade participe do processo da intervenção comunitária é tão importante como o conteúdo que se pretende desenvolver Qualquer programa que se pretenda comunitário deve iniciar pelo conhecimento da comunidade através da inserção e familiarização do investigador externo observando a vida os valores as preocupações e as esperanças de seus membros A participação da própria comunidade na planificação das estratégias a seguir e dos objetivos a definir no levantamento da análise de necessidades é o ideal pretendido Às vezes não haverá possibilidade de iniciar como uma ação conjunta a avaliação das necessidades iniciais mas esta fase servirá como sensibilização e familiarização com a comunidade com relação à temática inicialmente proposta de trabalho As três experiências aqui resumidas com objetivos e metodologias diferentes revelam uma preocupação pelo entendimento do fenômeno desde uma perspectiva bidirecional investigadores internos e externos Temos constatado que certa detecção inicial de necessidades sentidas e a priorização das mesmas no processo de intervenção é a chave motivacional geradora de uma maior mobilização comunitária As dificuldades encontradas na ação comunitária procedem em sua maioria de instituições da comunidade orientadas por membros externos à própria comunidade docentes nas escolas profissionais nos postos de saúde que criam maiores resistências ao câmbio e forçam consciente ou inconscientemente a manutenção do status quo Conhecer as necessidades de uma comunidade e trabalhar junto com ela para seu desenvolvimento e bemestar implica um duplo compromisso o científico estudando e produzindo co nhecimentos que facilitem o desenvolvimento comunitário e o éticosocial comprometendose junto com a comunidade em seus problemas seus fracassos e suas conquistas Referências FREIRE P 1987 A pedagogia do oprimido Brasil Paz e Terra FREITAS M DE F QUINTAL de 1998 Inserção na comunidade e análise de necessidades reflexões sobre a prática do psicólogo Reflexão e Crítica 11 1 p 175789 KELLY J G Psicologia comunitaria el enfoque ecológico contextualista Buenos Aires Centro Editor de América Latina 1992 MONTERO M Consciousness raising conversion and deideologization in community psychosocial work Journal of community psychology v22 1994 p 311 SARRIERA J C El método de Paulo Freire en una zona marginada de Asunción Asunción Universidad Católica Facultad de Psicologá Monografía de Conclusión de Curso 1974 SARRIERA J C coord Análise de Necessidades Psicossociais na Vila Nossa Senhora de Fátima Porto Alegre PUCRS Grupo de Pesquisa em Psicologia Comunitária Relatório de Pesquisa 1993 SARRIERA J C coord Psicologia Comunitária Estudos Atuais Porto Alegre Sulina 2000 SARRIERA J C CÂMARA S G BERLIM C S Manual de Orientação Ocupacional Porto Alegre Sulina 2004 SERRANOGARCÍA I COLLAZO W R Contribuciones puertorriqueñas a la psicología socialcomunitaria Porto Rico Editorial de la Universidad de Puerto Rico EDUPR 1992 SOLANOPASTRANA F R Detección de necesidades en la comunidad rural La Plata En SERRANOGARCÍA I COLLAZO W R Contribuciones puertorriqueñas a la psicología socialcomunitaria Porto Rico Editorial de la Univer sidad de Puerto Rico EDUPR 1992 152 INTRODUCCIÓN A LA PSICOLOGÍA COMUNITARIA Desarrollo conceptos y procesos Maritza Montero PAIDÓS TRAMAS SOCIALES 1ª Edição ISBN 9501245233 Editorial Paidos 2004Buenos Aires Argentina Montero M Introdução à psicologia comunitária Desenvolvimento conceitos e processos Machine Translated by Google 1 Origem e desenvolvimento da psicologia comunitária 19 Origens da psicologia comunitária os primórdios 19 O início na América Latina 19 Psicologia comunitária na América AngloSaxônica 21 Características iniciais da psicologia comunitária desenvolvida na América Latina21 Fases no desenvolvimento da psicologia comunitária 24 Um caso a analisar O caso venezuelano no último quartel do século XX 26 Resumo 29 Bibliografia adicional 30 Algumas questões para refletir sobre psicologia e comunidade 30 Exercícios problematizadores sobre o desenvolvimento da psicologia comunitária 30 2 O que é psicologia comunitária 31 Definição de psicologia comunitária 31 Características da psicologia comunitária 33 A origem pluridisciplinar da psicologia comunitária 34 Psicologia comunitária e psicologia social comunitária 35 O objeto da psicologia comunitária 36 Psicologia comunitária e desenvolvimento comunitário 36 Sobre o método em psicologia comunitária 37 Resumo 39 Bibliografia adicional 40 Questões para reflectir sobre a psicologia comunitária 40 Exercícios problematizadores sobre a perspectiva psicológica comunitária40 Prólogo Validade psicopolítica o próximo desafio para a psicologia comunitária de Isaac Prilleitcnsky 5 Epílogo ao prólogo de Maritza Montero quinze Índice 3 O paradigma da psicologia comunitária e a sua fundamentação ética e relacional41 Sobre modelos e paradigmas 41 A noção de paradigma 41 Sobre a estrutura paradigmática dos modelos científicos43 O paradigma da construção e transformação crítica 43 Dimensão ontológica 43 Dimensão epistemológica 44 A relação entre psicólogos comunitários e outros atores sociais 45 Dimensão metodológica 45 Dimensão ética 45 A ética do relacionamento 47 Ética moralidade e deontologia conceitos relacionados mas não sinônimos 47 Coautoria e apropriação do conhecimento 48 Dimensão política 48 Uma episteme do relacionamento 49 Uma perspectiva holística dos paradigmas cinquenta 1 Índice Machine Translated by Google 5 Valores e princípios orientadores da psicologia comunitária 68 Introdução 68 Concepção avaliativa da psicologia comunitária 69 A origem da valores em psicologia comunitária 70 Relação entre princípios e valores 72 O tratamento explícito de valores na psicologia comunitária 74 Perigos associados a uma práxis que se admite baseada em valores 77 Resumo 79 Bibliografia adicional 80 Perguntas para refletir sobre valores no trabalho comunitário 80 Exercício problematizador sobre a relação entre valores e trabalho comunitário 80 6 Trabalho comunitário 81 O que fazem os profissionais de psicologia comunitária 81 Trabalho comunitário e produção de conhecimento 84 Condições necessárias para ser psicólogo comunitário 85 Poder e exercício da psicologia comunitária 86 O escopo do trabalho comunitário 86 Áreas de aplicação dentro da psicologia comunitária 89 A formação de psicólogos comunitários 90 4 Influências e desenvolvimentos teóricos na psicologia comunitária 54 Influências teóricas iniciais na psicologia comunitária 54 Aspectos teóricos provenientes de conceitos psicossociais atributivos relacionados aos processos psicossociais comunitários 54 A influência da fenomenologia 56 A contribuição de Marx e as correntes de influência marxista 56 Faça da necessidade uma virtude 57 Primeiras respostas teóricas dentro da psicologia comunitária 58 A abordagem ecológica cultural 58 Uma teorização inicial na América Latina psicologia do desenvolvimento 59 Relações e influências teóricas atuais 60 A perspectiva da libertação psicologia 60 A abordagem crítica 61 A tendência sistêmica 62 A perspectiva comportamental 62 O iterativo modelo reflexivo generativo 63 Resumo 65 Bibliografia adicional 66 Questões para refletir sobre as explicações teóricas produzidas na psicologia comunitária 67 Exercícios problematizadores sobre a fundamentação teórica em psicologia comunitária67 Resumo 51 Bibliografia adicional 52 perguntas para reflectir sobre aspectos paradigmáticos da psicologia comunitária53 Exercício problematizador sobre as dimensões paradigmáticas da psicologia comunitária53 2 Índice Machine Translated by Google 8 Participação e compromisso no trabalho comunitário108 O que é participação 108 Escopo e benefícios da participação comunitária 109 Dificuldades de participação comunitária 110 A definição de compromisso 112 A natureza motivadora do compromisso 113 A natureza crítica do compromisso 113 A natureza avaliativa do compromisso 114 Eixos do compromisso 115 De quem é o compromisso 116 A relação entre participação e comprometimento 117 Efeitos do comprometimento no trabalho comunitário 119 Por que participar com comprometimento 119 Resumo 121 Bibliografia adicional 122 Perguntas para Refletir sobre Participação e Engajamento Comunitário 122 Exercícios problematizadores sobre participação e comprometimento em trabalho psicossocial comunitário 122 9 Processos psicossociais comunitários123 Introdução 123 Habituação naturalização e familiarização 123 Quarto 123 Naturalização e familiarização 124 Problematização e desnaturalização 125 Conscientização e desideologização 126 7 Comunidade e sentido de comunidade95 Sobre o conceito de comunidade 95 A difícil definição de comunidade 96 Localização e relacionamento na definição de comunidade 97 Aspectos constitutivos do conceito de comunidade99 Uma definição de comunidade 100 O substrato psicossocial de a comunidade 100 Natureza paradoxal de conceito de comunidade 101 A visão crítica do conceito de comunidade 101 O sentido de comunidade quebracabeça miragem algo mais ou igual 103 O sentido de identidade comunitária 105 Resumo 106 Bibliografia complementar 107 Questão para reflectir sobre a noção de comunidade e o sentido de comunidade107 Exercícios de resolução de problemas sobre a noção de comunidade e o sentido da comunidade107 Características desejáveis na formação acadêmica de psicólogos comunitários91 Resumo 93 Questões para refletir sobre a prática profissional em psicologia comunitária94 Exercício problematizador sobre a prática da psicologia comunitária94 3 Índice Machine Translated by Google Bibliografia 144 4 Glossário de termos usados em psicologia comunitária138 A problematização vista a partir da práxis a perspectiva dos agentes internos127 O processo de conversão 128 A relação entre conversão consciência e influência social 128 O jogo dialético entre pressão social conversão e conscientização 130 Consciência e inconsciência nos processos de mudança social131 Afetividade nos processos psicossociais comunitários 131 Resumo 136 Bibliografia adicional 136 Perguntas para refletir sobre os processos psicossociais comunitários 136 Exercícios de resolução de problemas sobre processos psicossociais comunitários e mudança social 137 Índice Machine Translated by Google Com precisão característica Maritza Montero descreve a situação da psicologia comunitária a história da disciplina e seus principais problemas Com uma perspicácia requintada ela discerne os papéis da psicologia comunitária na sua ajuda aos oprimidos e na sua mobilização da sociedade em geral para um maior bemestar Neste prólogo desejo desenvolver a sua visão da psicologia comunitária e projectar o campo no sentido de uma abordagem renovada ao bemestar e à justiça Para isso discuto a centralidade do bemestar na boa sociedade e a centralidade do poder no quadro da validade psicopolítica O bemestar depende da distribuição equitativa dos recursos numa sociedade Sem bens sociais suficientes como habitação transporte e serviços de saúde entre outros as pessoas desfavorecidas são impedidas de alcançar níveis de bemestar que apenas aqueles com recursos superiores podem pagar Elster 1992 Kawachi Kennedy Wilkinson 1999 Marmot e Wilkinson 1999 Se vivêssemos num mundo mais igualitário a relevância da justiça poderia ser questionada mas na realidade vivemos num mundo onde a desigualdade está a crescer em proporções sem precedentes dentro e entre as nações Felice 2003 Korten 1995 1999 A experiência de bemestar emocional deriva da interação entre múltiplos fatores pessoais relacionais e coletivos que funcionam em sinergia Nelson e Prilleltensky 2004 Prilleltensky e Nelson 2002 Prilleltensky Nelson e Peirson 2001a b Um estado de bemestar é alcançado pelo efeito sinérgico de múltiplas forças em que cada domínio deve obter um nível mínimo de satisfação A Figura 1 coloca o bemestar no centro dos círculos concêntricos A omissão de qualquer esfera faz desaparecer todo o bemestar Isaac Prilleltenskyÿ A sociedade é um campo em discussão Filósofos cientistas políticos e comentaristas sociais debatem os méritos de diferentes concepções Cohen 2000 Felice 2003 Kane 1994 Redner 2001 Selznick 2002 No entanto todos parecem concordar que um único valor ou atributo não pode abranger as múltiplas qualidades de uma sociedade ideal Kekes 1993 Miller 1999 Saul 2001 ponto que é reiterado neste livro de Montero Embora necessárias nem a liberdade nem a igualdade são condições suficientes para o surgimento de uma boa sociedade Além disso várias sociedades diferem no que diz respeito aos traços desejados nas suas visões específicas Alcoff e Mendieta 2000 Dudgeon Garvey e Pickett 2000 Dussel 1988 Holdstock 2000 No entanto existem alguns atributos que parecem influenciar o bemestar de indivíduos e grupos numa vasta gama de comunidades sociedades e nações Devido à sua proeminência histórica amplo alcance e desejabilidade global o bemestar e a justiça emergem como componentes cruciais da boa sociedade Felice 2003 Lane 2000 Nelson e Prilleltensky 2004 Sen 1999a b Validade psicopolítica o próximo desafio para a psicologia comunitária PREFÁCIO 5 Programa de Doutoramento em Investigação Comunitária e Acrion Peabody College Universidade Vanderbilt Tennessee Estados Unidos Ingressou Tradução do prólogo María Gabriela Lovera Prefácio Isaac Prilleltensky ÿ Machine Translated by Google Como Montero mostra neste livro uma abundância de bemestar pessoal por exemplo auto estima domínio controle esperança não pode substituir a falta de bemestar relacional por exemplo senado comunitário cuidado e compaixão apoio social ou bemestar coletivo por exemplo acesso a serviços de saúde redes de segurança igualdade Os três domínios do bemestar devem ser equilibrados na sua segurança relativa e cada um deles deve satisfazer certas necessidades básicas Lustig 2001 Macklin 1993 Nelson Lord e Ochocka 2001 A nossa teoria do bemestar concebe o desenvolvimento humano em termos de propriedades que se reforçam mutuamente das qualidades pessoais relacionais e sociais As necessidades pessoais como a saúde a autodeterminação e as oportunidades de crescimento estão intimamente ligadas à satisfação das necessidades coletivas como os cuidados de saúde adequados o acesso à água potável a distribuição justa e equitativa de encargos e recursos e a igualdade económica Carr e Sloan 2003 Keating e Hertzman 1999 Kim Millen Irwin Gersham 2000 Macklin 1993 Marmot e Wilkinson 1999 Wilkinson 1996 Sinergia e equilíbrio entre necessidades pessoais relacionais e coletivas no bemestar figura 1 No nível pessoal o bemestar está intimamente ligado aos domínios interpessoal e social Prilleltensky Nelson Peirson 2001a b Existe uma vasta realidade material que afeta a forma como nos sentimos e como nos comportamos em relação aos outros Macklin 1993 Murray e Campbell 2003 Embora as crenças e percepções sejam importantes não podem ser isoladas do ambiente cultural político e económico Eckersley 2000 2002 Elster 1992 Para experimentar qualidade de vida necessitamos de condições sociais e políticas suficientes livres de exploração económica e abuso dos direitos humanos Felice 2003 George 2002 Korten 1995 1999 Sen 1999a b Em qualquer caso esperamos que os intercâmbios interpessoais baseados no respeito e apoio mútuos aumentem a nossa qualidade de vida Eckersley 2000 mostrou que as experiências subjetivas de bemestar são fortemente marcadas por tendências culturais como o individualismo e o consumismo enquanto Narayan e seus colegas afirmaram que a experiência psicológica da pobreza está diretamente relacionada às estruturas políticas de corrupção e opressão Narayan Chambers Kaul Shah Petesch 2000 Narayan Patel Schafft Rademacher Kocht Schuke 2000 Embora as necessidades possam ser vivenciadas psicológica e subjetivamente todas elas têm dinâmicas materiais e políticas que inibem ou facilitam a sua satisfação A concentração exclusiva no domínio psicológico ignora a dinâmica do poder e da política que 6 Isaac Prilleltensky Prefácio Machine Translated by Google Esses preceitos teóricos estão incorporados na experiência da vida real Os indivíduos alcançam o bemestar quando todos os três conjuntos de necessidades primárias são satisfeitos pessoais relacionais e coletivas A pesquisa demonstra que as necessidades psicológicas de esperança otimismo Keyes Haidt 2003 estimulação intelectual crescimento cognitivo Shonkhoff Phillips 2000 domínio controle Marmot 1999 Rutter 1987 saúde física Smedley Syme 2000 bemestar mental Nelson Lord Ochocka 2001 Nelson Prilleltensky 2004 significado e espiritualidade Kloos Moore 2000 Powell Shahabi Thoresen 2003 devem ser alcançados pelos indivíduos para experimentar uma sensação de bemestar pessoal Mas estas necessidades não podem ser alcançadas isoladamente A maioria deles exige a presença de relacionamentos de apoio O efeito saudável dos relacionamentos é gerado através da satisfação das necessidades relacionais afeto cuidado e compaixão vínculo e apoio Cohen Underwood Gottiieb 2000 Ornish 1997 Rhoades e Eisenberg 2002 Stansfeld 1999 respeito pela diversidade Dudgeon Garvey Pickett 2000 Trickett Watts Birman 1994 Moane 1999 Prilleltensky 2003a e participação significativa na família no trabalho e na vida cívica Klein Ralis Smith Major Douglas 2000 Nelson Lord e Ochocka 2001 Putnam 2000 2001 Construir o bemestar como se fosse estritamente psicológico seria comparável a falar de almas sem corpos enquanto definilo como estritamente comunitário equivaleria a falar de culturas sem pessoas Nenhuma das categorizações capta todas as necessidades e fontes de bemestar A sinergia é perturbada quando as necessidades de um domínio não são minimamente satisfeitas ou quando uma esfera de bemestar domina as restantes relegandoas para segundo plano da nossa consciência Para corrigir potenciais desequilíbrios certas circunstâncias históricas exigem que um domínio seja temporariamente favorecido até que o equilíbrio seja restaurado Saul 2001 Quando os membros das sociedades coletivistas sentem que as regras e regulamentos são opressivos chegou o momento de restaurar a liberdade pessoal Quando as sociedades confundem o individualismo com a liberdade e o significado pessoal justificamse os esforços para aumentar o sentido de comunidade solidariedade e transcendência Etzioni 1996 1998 Os cidadãos dos regimes comunistas anteriores testemunham o primeiro enquanto muitos grupos nas sociedades ocidentais testemunham o último Saul 2001 Eles estão subjacentes às necessidades humanas e sociais Fox e Prilleltensky 1997 Por outro lado a concentração exclusiva nas constelações de poder não leva em conta a experiência vivida de bemestar As necessidades pessoais e relacionais dizem respeito principalmente ao domínio psicológico Embora necessários não são suficientemente determinantes do bemestar Prilleltensky 1994 Shulman Lorenz e Watkins 2003 A necessidade de políticas justas de acesso aos serviços de saúde de educação pública de segurança de justiça nas práticas de contratação de habitação acessível de emprego de protecção contra a exploração são todos parte inseparáveis do bemestar Carry Sloan 2003 Keating e Hertzman 1999 Kim Millen Irwin Gersham 2000 O peso da discriminação dos cuidados de saúde inadequados da educação e dos transportes públicos deficientes corroem o bemestar pessoal e colectivo tanto no Norte como no Sul Marmot e Wilkinson 1999 Smedley e Syme 2000 Wilkinson 1996 Por outro lado os cuidados de saúde universais os cuidados infantis e as redes de segurança social aumentam igualmente o bemestar público e privado dos cidadãos Sen 1999a b Sen 1999a b articula a natureza complementar de diversas estruturas sociais na promoção do que chamamos de bemestar e do que ele chama de desenvolvimento humano Para isso propõe a interação de cinco tipos de liberdades na busca pelo desenvolvimento humano a 7 Prefácio Isaac Prilleltensky Machine Translated by Google O estado de Kerala na Índia fornece outra ilustração de como os laços de solidariedade criaram efeitos positivos em todos os três níveis de bemestar Franke e Chasen 2000 Parayil 2000 Desde o início do século as mulheres naquele pobre estado começaram a se organizar em movimentos sociais que clamavam pela proteção dos agricultores pisatários programas de nutrição infantil reformas agrárias e desenvolvimento comunitário Através do processo de organização as mulheres vivenciaram uma sensação de fortalecimento psicológico Mas a solidariedade não só produziu um maior controlo pessoal e um sentimento de domínio como também levou a mudanças sociais significativas Os índices de saúde pública como a alfabetização a mortalidade infantil e a longevidade são muito melhores em Kerala do que no resto da Índia Franke e Chasen 2000 Num estudo realizado com mais de sessenta mil pessoas em quarenta e sete países o Banco Mundial documentou os efeitos negativos da pobreza Não foi surpresa que as pessoas pobres que Corpos de conhecimento diversos mas convergentes demonstram as ligações interligadas entre o bem estar pessoal relacional e coletivo A pesquisa de Putnam 2000 2001 sobre capital social ilustra como a participação na vida cívica produz benefícios que vão além dos atores individuais envolvidos tema abordado por Maritza Montero Em comparação com comunidades e estados com baixo capital social ou participação cívica as comunidades cujos membros fazem mais trabalho voluntário em igrejas hospitais clubes escolas e associações cívicas desfrutam de níveis mais elevados de bemestar relacional como vínculo e vínculo e níveis mais elevados do bemestar coletivo expresso em melhores resultados educacionais de saúde e de assistência social para a população O capital social tem até efeitos positivos para a diversidade medidos na investigação de Putnam pela tolerância às políticas de acção afirmativa Pessoas que ajudam os outros através de laços de solidariedade produzem efeitos benéficos nas esferas pessoal relacional e coletiva de bemestar liberdades políticas b oportunidades económicas c oportunidades sociais d garantia de transparência e segurança protectora Cada um destes diferentes tipos de direitos e oportunidades contribui para desenvolver a capacidade geral da pessoa Podem também servir para se complementarem As liberdades não são apenas os fins primários do desenvolvimento mas também um dos seus principais meios Além de reconhecer fundamentalmente a importância avaliativa da liberdade também temos de compreender a extraordinária ligação empírica que liga liberdades de diferentes tipos entre si As liberdades políticas sob a forma de liberdade de expressão e escolha promovem a segurança económica As oportunidades sociais sob a forma de educação e serviços de saúde facilitam a participação económica As oportunidades económicas sob a forma da possibilidade de participação no comércio e na produção podem ajudar a gerar abundância pessoal e recursos públicos para serviços sociais Liberdades de vários tipos podem fortalecerse mutuamente Sen 1999b pp 1011 A investigação longitudinal de Marmot 1999 Marmot e Feeney 1996 sobre a saúde dos funcionários públicos britânicos também mostra a força das ligações entre classe relações no local de trabalho e bemestar pessoal Acompanhando milhares de pessoas durante mais de duas décadas Marmot descobriu que as pessoas com menos controlo sobre os seus empregos trabalhadores domésticos e não qualificados morreram a uma taxa quatro vezes superior à das pessoas com maior controlo gestores e executivos O grupo com maior grau de autonomia gestores teve metade da mortalidade do segundo grupo profissionais um terço em relação ao grupo seguinte auxiliares e um quarto do grupo com menor autonomia os não qualificados As relações de trabalho e as divisões de classe interagiram com o controlo e a flexibilidade para criar taxas diferenciadas de saúde e mortalidade pessoal 8 Prefácio Isaac Prilleltensky Machine Translated by Google Vejamos agora o segundo domínio da boa sociedade a justiça trata da alocação justa e equitativa de encargos recursos e poderes na sociedade Miller 1999 Portanto é uma construção essencialmente relacional No seu livro Princípios de Justiça Miller 1999 distingue três tipos de relações implícitas na distribuição de encargos e recursos a comunidade de apoio a associação instrumental e a cidadania Necessidade mérito e igualdade respectivamente são os princípios que normalmente orientam a alocação em cada uma dessas relações Na comunidade solidária Miller inclui a família e outras associações estreitas que podem ser mantidas entre membros de uma comunidade étnica A associação instrumental geralmente deriva de relações de trabalho nas quais as pessoas estão envolvidas na produção de bens serviços ou trocas A cidadania por sua vez reflete as relações entre membros de uma entidade política circunscrita como uma cidade ou uma nação Os problemas ocorrem quando as sociedades aderem rigidamente a um conjunto de princípios em detrimento de outros Se o mérito for o único critério considerado justificável para a distribuição de recursos estaremos a ignorar o facto de alguns cidadãos exigirem a satisfação de necessidades básicas É o caso das necessidades de educação básica protecção e cuidados de saúde Sen 1999a b A evidência apresentada acima sugere duas tendências no bemestar A primeira é que existe uma estreita associação entre bemestar pessoal relacional e coletivo A segunda que existe uma ligação clara entre bemestar e justiça Tepper 2001 A cultura popular as figuras de autoridade e até os psicólogos muitas vezes reduzem o bem estar a dinâmicas pessoais e relacionais ignorando inocentemente o papel das forças colectivas e da justiça Fox e Prilleltensky 1997 Hepburn 2003 Para as crianças os jovens e os adultos a mensagem implícita e muitas vezes explícita é que o bemestar depende sobretudo das nossas capacidades e das nossas relações familiares Embora os agentes socializadores sejam rápidos a admitir que as variáveis colectivas desempenham um papel tal como a justiça e a igualdade elas são muito remotas e difíceis de discernir ou estão fora do nosso alcance Goodman 2001 Macedo 1994 Miller 1999 participaram no estudo confirmaram que a privação económica que produz competição por recursos económicos cria divisões dentro das suas comunidades Igualmente previsível foi a descoberta de que a pobreza teve um impacto negativo na sua saúde física e psicológica na sua dignidade na sua autoestima e nas suas oportunidades de vida Narayan Chambers Kaul Shah Petesch 2000 Narayan Patel Schafft Rademacher Kocht Schulte 2000 Na mesma linha Wilkinson documentou como a desigualdade diminui a longevidade 1996 e Sen 1999a 1999b relatou como o investimento em estruturas sociais aumenta a qualidade de vida nos países em desenvolvimento Mientras usualmente hay buenas razones para que la gente distribuya los recursos en sus familias en términos de necesidades y en las situaciones laborales en términos de mérito algunas circunstancias requieren que tengamos en cuenta las necesidades fuera de la familia y el esfuerzo y otros principios en a família Embora a igualdade seja o primeiro princípio de justiça que rege as relações entre os cidadãos por vezes os cidadãos podem ter razões para exigir justiça com base na necessidade ou no mérito Os cidadãos que não dispõem dos recursos necessários para desempenhar o seu papel como membros plenos da comunidade têm justamente direito a que esses recursos lhes sejam fornecidos Assim a ajuda médica a habitação e o rendimento básico podem ser considerados por algumas pessoas como necessidades na perspectiva do cidadão Entre os cidadãos certas necessidades importam do ponto de vista da justiça porque se não forem satisfeitas a igualdade de estatuto de determinados cidadãos estão em risco 9 Prefácio Isaac Prilleltensky Machine Translated by Google A Figura 2 coloca a justiça nas intersecções entre méritos necessidades e igualdade Devido à variabilidade de contextos e circunstâncias pessoais estes três princípios serão invocados de diversas maneiras Sinergia e equilíbrio entre mérito necessidades e igualdade na justiça No entanto para promover a justiça social todos eles devem ser alcançáveis e mantidos em tensão criativa Saul 2001 Se o espaço total ocupado pelas três esferas na Figura 2 permanecesse constante e um círculo crescesse desproporcionalmente as esferas restantes seriam reduzidas em importância e sabedoria Se o mérito fosse considerado como o modo dominante de atribuição por exemplo a necessidade e a igualdade seriam ofuscadas e minadas Se tal for o caso e há de facto alguma evidência de que isto ocorre em certas meritocracias temos de perguntar se a primazia da O critério de mérito do mérito é justificado com base no contexto ou com base em processos de socialização que favorecem aqueles que beneficiam a descartar necessidades e igualdade Goodman 2001 Há razões para afirmar que os interesses pessoais e grupais influenciam a escolha dos padrões de alocação negligenciando muitas vezes a situação contextual específica dos cidadãos Carr e Sloan 2003 Miller 1999 bem como o bemestar que podemos ter certos domínios de trás para frente como é o caso da justiça Os domínios negligenciados quaisquer que sejam devem ser atendidos para restaurar o equilíbrio perdido Como claramente indicado Um regime de alocação dogmático que ignora o contexto da vida das pessoas pode facilmente degenerar em discursos que culpam as vítimas e justificam a desigualdade Goodman 2001 Para evitar o risco de abordagens de justiça do tipo tamanho único devemos ser capazes de contemplar múltiplos esquemas de alocação que respondam à variabilidade no contexto Sob certas condições de igualdade o esforço seria o critério racional a utilizar Em condições de desigualdade o critério das necessidades seria justificado Figura 2 Análoga à metáfora do equilíbrio exigido no bemestar Miller 1999 postula que o equilíbrio entre necessidades mérito e igualdade deve ser alcançado em sociedades que aspiram à justiça Tal como o bemestar exige um mínimo de satisfação das necessidades pessoais relacionais e colectivas também a boa sociedade exige a presença de considerações complementares de justiça necessidades mérito e igualdade Miller 1999 pp 3132 10 Prefácio Isaac Prilleltensky Machine Translated by Google Experimente voz e escolha ao longo da vida Esperança e otimismo Saúde psicológica Controle e autodeterminação O bemestar aumenta através da satisfação equilibrada das seguintes necessidades Domínio aprendizagem e crescimento Saúde física Funcionários A justiça aumenta ao ter o poder a capacidade e a oportunidade de Explorar a transcendência e o sentido da vida livre de repressões ideológicas Relação entre bemestar e justiça nos domínios pessoal relacional e coletivo Envolverse em relações de apoio evitar relações abusivas e ter acesso a recursos que aumentem o bem estar tabela 1 Ter acesso a alimentos nutritivos abrigo segurança e cuidados de saúde preventivos e primários de alta qualidade Para que os grupos marginalizados alcancem a justiça o poder deve ser introduzido na equação Alguns grupos têm mais poder capacidade e oportunidade para satisfazer as suas necessidades do que outros Isto é dependendo da capacidade e da oportunidade alguns indivíduos e grupos estão em melhor posição do que outros para satisfazer as suas necessidades psicológicas e materiais Boulding 1989 Della Porta e Diani 1999 Hillman 1995 Prilleltensky no prelo Tarrow 1998 Devido ao privilégio classe raça género ou capacidades físicas alguns indivíduos grupos e nações enfrentam desvantagens Moane 1999 Shulman Lorenz Watkins 2003 Histórias de opressão e discriminação restringem as suas capacidades de satisfazer as suas necessidades psicológicas e materiais As diferenças de poder impedem a igualdade a justiça a equidade e a participação democrática Carr e Sloan 2003 Prilleltensky 2003a b Devido ao tremendo impacto das forças políticas pensamos que é importante identificar um conjunto de factores políticos que aumentam ou diminuem o bemestar e a justiça Quanto maior for o poder a capacidade e as oportunidades que um grupo tiver maior será a possibilidade que terá de promover o bem estar e a justiça para os seus membros Prilleltensky no prelo Cada uma das necessidades de bemestar descritas tem uma correlação política A Tabela 1 ilustra como o poder a capacidade e a oportunidade influenciam a probabilidade de as necessidades de bemestar serem satisfeitas e de a justiça aumentar Experimente eventos positivos na vida e evite a desesperança aprendida onze Para que a justiça se torne um resultado tangível e não apenas um estado de coisas ideal ela deve ser praticada A justiça pode ser alcançada voluntariamente quando um sector da sociedade abandona os seus privilégios em benefício de outros Mas na maioria das vezes a justiça tem de ser posta em causa O poder e o privilégio são geralmente tomados e não dados Freeman e Johnson 1999 Tarrow 1998 Experimente eventos que aumentam o estímulo e o crescimento projetados para atender a necessidades únicas Significado e espiritualidade Montero os processos de habituação ideologização e familiarização capítulo 9 interferem na necessidade de mudança de paradigmas na filosofia política Prefácio Isaac Prilleltensky Machine Translated by Google Participação democrática Sustentabilidade ambiental Estes e outros exemplos ilustram o papel central do poder no bemestar e na justiça Sem isso podemos experimentar opressão O excesso de poder pode impedir que outras pessoas tenham acesso a alguns recursos valiosos Na medida certa permite que os bens sociais e psicológicos sejam partilhados equitativamente entre indivíduos e grupos o que nos leva à questão da validade psicopolítica Por si só nem as explicações psicológicas nem as políticas são suficientes para responder pelas fontes do sofrimento e do bemestar humanos Da mesma forma nem as intervenções psicológicas nem as políticas por si só podem melhorar o bemestar humano Só quando alcançamos uma compreensão política e psicológica integrada do poder do bemestar e da justiça é que mudamos efectivamente o mundo que nos rodeia A questão urgente agora é como converter as intuições adquiridas até agora e habilmente articuladas por Maritza Montero em pesquisa e prática Solidariedade e sentido de comunidade Ser um participante ativo na vida da comunidade e oporse à passividade Manter a própria identidade sem medo de discriminação ou retaliação Liberdade Se os indivíduos e os grupos não tiverem a oportunidade de aumentar a sua competência política é pouco provável que alcancem níveis satisfatórios de bemestar Macedo 1994 O papel do poder no bemestar e na justiça é de suprema importância A nível pessoal o estatuto socioeconómico pode ser um determinante crucial do tipo e da qualidade da educação e dos cuidados de saúde que uma pessoa recebe No nível relacional o poder pode ser um fator chave para manter ou encerrar um relacionamento abusivo A nível colectivo o poder político pode levar um grupo a superar o Apartheid e outro a alcançar a igualdade de remuneração para mulheres e minorias Carinho vínculo e apoio social opressivo Procurar e beneficiar da liberdade individual e colectiva sem restrições indevidas impostas por outros indivíduos ou grupos Beneficiar de um ambiente limpo e sustentável para a geração presente e para as gerações futuras contrapondose a políticas que devastam a paisagem natural e construída Compartilhe experiências com membros da comunidade sem regras de conformidade Lutar procurar e beneficiar de uma distribuição justa e equitativa de recursos obrigações e poder na sociedade Envolverse com outras pessoas em relacionamentos de apoio mútuo Igualdade Experimente relacionamentos nutritivos livres de abuso físico emocional ou psicológico Coletivo 12 Cuidado e compaixão Respeito pela diversidade O poder é onipresente Existe em todos os campos de prática e está presente na forma como pensamos sobre as pessoas com quem trabalhamos e na forma como as tratamos Em Relacional Prefácio Isaac Prilleltensky Machine Translated by Google O objetivo central da validade psicopolítica é infundir na psicologia comunitária e nas ciências sociais a consciência do papel que o poder desempenha no bemestar na opressão e na justiça nos domínios pessoal relacional e coletivo Para alcançar validade psicopolítica a investigação e as intervenções devem adoptar certos critérios que indiquem até que ponto a investigação e a acção incorporam lições sobre o poder psicológico e político Para estreitar a lacuna entre a retórica e a ação na psicologia comunitária proponho que avaliemos todas as nossas atividades no que diz respeito à validade epistêmica e à validade transformacional Isto nos permitirá concretizar nosso interesse com diferenciais de poder no discurso e na prática Como o poder permeia a investigação e a acção sugiro que sejam consideradas tanto a validade epistémica como a transformacional A validade da transformação por sua vez deriva do potencial das nossas ações para promover o bem estar pessoal relacional e coletivo reduzindo as desigualdades de poder e aumentando a ação política a participação e o compromisso como demonstra Montero no capítulo 8 Podese dizer que toda psicologia comunitária busca aumentar o bemestar e reduzir a injustiça mas permitame discordar Como Geoff Nelson e eu discutimos Prilleltensky e Nelson 1997 2002 muitas intervenções no campo da psicologia comunitária por mais bemintencionadas que sejam não alteram estruturas mas visam ajudar as vítimas Ao longo de um continuum que vai da melhoria à transformação as nossas ações contribuem principalmente para a primeira e apenas perifericamente para a segunda A validade epistêmica é alcançada relatando sistematicamente o papel que o poder desempenha nas dinâmicas políticas e psicológicas que afetam os fenômenos de interesse Esse relatório deve considerar o papel do poder na psicologia e nas políticas de bemestar e justiça nos domínios pessoal relacional e coletivo Podese argumentar que a minha definição de validade epistêmica psicopolítica limita o campo da psicologia comunitária excluindo potencialmente estudos que estão fora desses domínios Isso é uma fonte de tensão Por um lado quero que o campo da psicologia comunitária seja pluralista e aceite diversos paradigmas Por outro lado sinto que tal pluralismo pode levar a um relativismo que por sua vez dilui a missão do campo e a preocupação com o bemestar dos oprimidos Talvez tal como o bemestar seja uma questão de equilíbrio entre orientações concorrentes E também tal como acontece com o bemestar a posição preferida depende do contexto cultural e temporal da decisão No clima actual penso que deveríamos reorientar o papel do poder no bemestar e na justiça Daí o papel prescrito para a validade epistêmica psicopolítica Em todas as nossas interações com os membros da comunidade usamos o nosso poder com consequências que podem melhorar o bemestar ou ser opressivas Não está claro quais práticas promovem o bemestar e quais pressupostos perpetuam a justiça porque mesmo com as melhores intenções podemos causar danos Assim o principal desafio é refletir sobre as nossas práticas e investigar os seus efeitos Um segundo desafio é incorporar lições sobre poder justiça e bemestar na prática diária Para responder a estes desafios proponho o uso da validade psicopolítica epistêmica e transformacional Prilleltensky 2003 Se esta inovação sobreviver ao uso futuro será certamente substituída por uma alternativa contextualmente mais robusta No entanto até chegar o momento em que tenhamos esgotado a nossa compreensão do papel do poder no bemestar e no sofrimento opto por procurar este tipo de validade na investigação Tal como no caso da validade epistémica a validade transformacional pode reduzir a justificação das intervenções de psicologia comunitária Acções que nada têm a ver com poder desigualdade e mudança política poderiam receber menos importância neste terreno É uma questão de prioridades Se eu olhar para o contexto para determinar quais intervenções poderiam 13 Prefácio Isaac Prilleltensky Machine Translated by Google Ao estabelecermos a ligação feminista adequada entre o pessoal e o político podemos introduzir mudanças políticas em todas as nossas intervenções Portanto não proponho redução de habilidades sociais autoconceito autoajuda visitas domiciliares oportunidades de formação profissional Pelo contrário proponho reorientálos para atacar as fontes da desigualdade e da exploração Não é uma redução mas um redirecionamento que sugiro A validade psicopolítica oscila entre dois riscos Uma versão diluída corre o risco de perpetuar o status quo enquanto uma forma rígida arrisca o dogmatismo No primeiro caso não muda muita coisa na psicologia comunitária e fazemos o nosso trabalho sem perceber a urgência das atuais configurações sociais de poder para os pobres e os oprimidos No segundo caso impomos limites inflexíveis em torno do que é e do que não é prática de psicologia comunitária justificável Algures no meio está um caminho em direcção à missão central da psicologia comunitária aumentar o bemestar para todos e eliminar a opressão daqueles que a sofrem e os seus efeitos nocivos para a saúde mental Maritza Montero prestou um serviço inestimável à profissão ao esclarecer meticulosamente quais ações promovem o bemestar e a justiça e quais conceitos podem nos confundir É um tributo à sua sagacidade intelectual o facto de ela poder iluminar o caminho para uma boa sociedade num tempo de escuridão global É uma homenagem ao seu espírito que ela possa nos motivar quando o desânimo toma conta Meu único arrependimento em relação a este livro é que meus colegas de língua inglesa aprenderão suas ideias através de mim e não diretamente das palavras de Maritza Agradeçolhe por me dar a oportunidade de ler um exemplar inédito desta contribuição histórica e por me pedir algumas reflexões É um raro privilégio atingir o nível de respeito que Maritza Montero recebe em vários continentes Como alguém que viajou e trabalhou em vários continentes posso atestar que as suas contribuições fazem a diferença onde quer que vá em qualquer língua que fale Este livro é mais uma oferta que ele faz à comunidade de psicologia comunitária no mundo e sem dúvida enriquecerá a todos nós ISAAC PRILLELTENSKY Não temos de ver a promoção da saúde como exclusivamente relacionada com a saúde nem devemos ver a aprendizagem social e emocional nas escolas como exclusivamente interpessoal Prilleltensky Prilleltensky 2003a b c Precisamos de ver como a nossa saúde e as nossas relações são afectadas pelas desigualdades de poder em todos os níveis de análise Quando os participantes em qualquer tipo de intervenção de psicologia comunitária aprendem sobre as origens sociais e políticas da opressão e do bemestar há uma possibilidade de que contribuam para mudar estas condições adversas Mas não basta conhecer as fontes Os participantes precisam ser ativados para que se tornem agentes de mudança social O tempo é curto e o sofrimento é vasto Os recursos são limitados e devemos ser responsáveis perante as populações oprimidas que sofrem devido à desigualdade Se continuarmos a utilizar os nossos limitados recursos de psicologia comunitária para melhorar as condições e tratar os feridos quem trabalhará para transformar as condições que criaram a exploração e a angústia em primeiro lugar No entanto esta mudança não exclui estratégias de melhoria Pelo contrário propõe enriquecêlos incorporando o desenvolvimento sociopolítico a consciência e a ação social preferido no contexto actual eu argumentaria que a maioria dos recursos é atribuída a intervenções centradas na pessoa que contribuem apenas marginalmente para a mudança social Prilleltensky e Nelson 2002 Quando o contexto muda e a igualdade política é alcançada para os grupos oprimidos podemos concentrarnos em intervenções que aumentem a autoestima o apoio social e as competências sociais Nashville Tennessee novembro de 2003 14 Prefácio Isaac Prilleltensky Machine Translated by Google Imprensa da Universidade de Harvard 2002 Cultura saúde e bemestar em R Eckersley J Dixon e B Douglas eds As origens sociais da saúde e do bemestar Cambridge University Press Nova York Fundação Russell Sage Cohen GA 2000 Se você é igualitário por que você é tão rico Cambridge EUA Boulding K 1989 Três Faces do Poder Newbury Park CA Sage Eckersley R 2000 A bênção mista do progresso material Retornos decrescentes na busca do progresso Journal of Happiness Studies 1 267292 Elster J 1992 Justiça local como as instituições alocam bens escassos e encargos necessários Carr S e Sloan T eds 2003 Pobreza e Psicologia Prática Crítica Emergente Boston KluwerPlenum Bibliografia do prólogo Dussel E 1988 Ética e Comunidade Maryknoll EUA Orbis Franke R e Chasin B 2000 O modelo de Kerala é sustentável Lições do passado perspectivas para o futuro em G Parayil ed Kerala The Development Experience Nova York Zed Livros Freman J e Johnson V eds 1999 Ondas de protesto movimentos sociais nos anos sessenta quinze Alcoff L e Mendieta E eds 2000 Pensando do lado de baixo da história a filosofia da libertação de Enrique Dussel Nova York Rowman Littlefield Dudgeon P Garvey D e Pickett H eds 2000 Trabalhando com Indígenas Australianos Um Manual para Psicólogos Perth Austrália Gunada Press Fox D e Prilleltensky I eds 1997 Psicologia Crítica Uma Introdução Londres Sage Caracas dezembro de 2003 Blackwell Felice W 2003 O New Deal Global Direitos Humanos Econômicos e Sociais na Política Mundial Nova York Rowman e Littiefield MARIZA MONTERO Della Porta D e Diani M 1999 Movimentos Sociais Uma Introdução Oxford Reino Unido Littifield Cohen S Underwood LG e Gottlieb BH eds 2000 Medição e Intervenção de Apoio Social Um Guia para Cientistas Sociais e de Saúde Oxford Reino Unido Oxford University Press Quando pedi a Isaac para fazer o prefácio do meu livro pensei que ele escreveria a espécie habitual de meia dúzia de páginas E fiquei feliz com isso Mas se os leitores já leram as páginas anteriores terão percebido que Prilleltensky não é uma pessoa comum portanto não segue os caminhos habituais Ele é daqueles que vão pelo caminho errado entram pela porta de saída sistematizam a desordem e viram a ordem de cabeça para baixo E como pensa e depois escreve deunos mais do que um prólogo desenvolve um conceito a sua definição explicação e crítica Se o leitor estiver com pressa pare diante de suas páginas Se por outro lado ele é um daqueles que procuram a medula então já a encontrou Etzioni A 1996 A Nova Regra de Ouro Nova York Basic Books ed 1998 The Essential Communitarian Reader Boulder EUA Rowman EPÍLOGO DO PRÓLOGO Prefácio Isaac Prilleltensky Machine Translated by Google Kane R 1994 Através do labirinto moral em busca de valores absolutos em um mundo pluralista Nova York Paragon Kloos B e Moore T eds 2001 Espiritualidade religião e psicologia comunitária II Recursos caminhos e perspectivas edição especial Jornal de Psicologia Comunitária 295 1999 The Post Corporate World São Francisco Berrett KoehterKumarian Press Londres Routledge Hillman J 1995 Tipos de poder um guia para seus usos inteligentes Nova York Doubleday Rappaport e E Seidman eds Handbook of Community Psychology Nova York Klewer Academic Plenum Korten 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Desigualdade Global e a Saúde dos Pobres Monroe EUA Common Courage Press Macklin R 1993 Saúde da mulher uma perspectiva ética Journal of Law Medicine and Ethics 21 2329 Hepburn A 2003 Uma introdução à psicologia social crítica Londres Sage Kekes J 1993 A Moralidade do Pluralismo Princeton EUA Princeton University Press 35 Keyes C e Haidt J eds 2003 Florescimento Psicologia Positiva e a Vida Bem Viveda Washington DC American Psychological Association Macedo D 1994 Alfabetizações de poder o que os americanos não têm permissão para saber Boulder CO Westview Press Goodman D 2001 Promovendo a Diversidade e a Justiça Social Londres Sage Keating DP e Hertzman C eds 1999 Saúde do Desenvolvimento e a Riqueza das Nações Dinâmica Social Biológica e Educacional Nova York The Guilford Press Lustig N 2001 Introdução em N Lustig ed Protegendo os Pobres Proteção Social no Mundo em Desenvolvimento Washington Brookings Institution Press Banco Interamericano de Desenvolvimento Kawachi I Kennedy B e 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dos pobres alguém pode nos ouvir Nova York Oxford University Press Prilleltensky I e Prilleltensky O 2003a Rumo a uma prática crítica de psicologia da saúde Journal of Health Psychology 8 197210 2003b Reconciliando os papéis de ajudante profissional e agente crítico em psicologia da saúde Journal of Health Psychology 8 243246 2003c Sinergias para bem estar e libertação no aconselhamento psicológico The Counseling Prilleltensky I Nelson G e Peirson L eds 2001a Promovendo o BemEstar Familiar e Prevenindo Maus Tratos Infantis Fundamentos para Pensar e Agir Toronto University of Toronto Press Narayan D Câmaras R Shah M e Petesch P 2000 Vozes dos Pobres Clamando por Parayil G ed 2000 Kerala A Experiência de Desenvolvimento Londres Zed Books Prilleltensky I e Nelson G 2002 Fazendo psicologia criticamente Fazendo a diferença em diversos Ornish D 1997 Amor e sobrevivência a base científica para o poder de cura da intimidade Moane G 1999 Gênero e Colonialismo Uma Análise Psicológica da Opressão 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Psychology 11 143158 Nova York Harper e Collins Murray M e Campbell C 2003 Vivendo em um mundo material Refletindo sobre alguns pressupostos da psicologia da saúde Journal of Health Psychology 8 231236 configurações Londres MacMillan Palgrave e Bemestar Nova York Palgrave MacMillan de Psicologia Comunitária 2001 Capital social Medição e consequências Isuma Canadian Journal of Prefácio Isaac Prilleltensky Machine Translated by Google Nova York Livros Akáshicos Shulman Lorenz H e Watkins M 2003 Psicologia profunda e colonialismo Individuação Smedley BD e Syme SL eds Promovendo a Saúde Estratégias de Intervenção de Pesquisa Social e Comportamental Washington DC National Academy Press Schalit J ed 2002 O Leitor Anticapitalismo Imaginando uma Geografia da Oposição Ortopsiquiatria 57 316331 Shonkhoff J e Phillips D eds 2000 Dos neurônios aos bairros a ciência do desenvolvimento na primeira infância Washington National Academy Press ver através e libertação Quadrante 33 1132 Saul J 2001 On Equilibrium Nova York Penguin Littifield 1999b Desenvolvimento como Liberdade Nova York Anchor Books Tcppcr B 2001 Consequências da injustiça organizacional para a saúde Testes dos efeitos principais e interativos Comportamento Organizacional e Processos de Decisão Humana 86197215 Trickett EJ Watts RJ e Birman D eds 1994 Diversidade Humana Perspectiva sobre Pessoas no Contexto São Francisco JosscyBass Watts R Williams N Jagers R 2003 Desenvolvimento sociopolítico American Journal of Community Psychology 31185194 Rutter M 1987 Resiliência psicossocial e mecanismos de proteção American Journal of Imprensa Tarrow S 1998 Poder em movimento movimentos sociais e política contenciosa Nova York Cambridge University Press 18 Jornal de Psicologia Aplicada 87698714 Estudos do Sudeste Asiático Stansfeld S 1999 Apoio social e coesão social em M Marmot R Wilkinson eds Determinantes Sociais da Saúde Nova York Oxford University Press pp 155158 Rhoades L e Eisenberg R 2002 Suporte organizacional percebido uma revisão da literatura Sen A 1999a Além da Crise Estratégias de Desenvolvimento na Ásia Instituto de Cingapura de Washington Academia Nacional de Imprensa Redner H 2001 Vida Ética O Passado e o Presente das Culturas Éticas Nova York Rowman Seiznick P 2002 A Persuação Comunitária Washington Woodrow Wilson Center Promovendo a Saúde Estratégias de Intervenção da Pesquisa Social e Comportamental Wilkinson RG 1996 Sociedades Insalubres As Aflições da Desigualdade Londres Routledge Pesquisa Política 2 4151 Isaac Prilleltensky Prefácio Machine Translated by Google Durante as décadas de sessenta e setenta do século XX ocorreu uma série de movimentos sociais que difundiram ideias políticas e económicas entre elas a teoria da dependência que irão influenciar as formas de fazer e pensar nas ciências sociais Na psicologia tais ideias produzem uma mudança em direção a uma concepção da disciplina centrada nos grupos sociais na sociedade e nos indivíduos que a compõem compreendendo o sujeito humano como um ser ativo dinâmico construtor de sua realidade bem como em suas necessidades e expectativas rumo a uma concepção diferente de saúde e doença e sobretudo à forma como os psicólogos abordam a sua consideração e tratamento Ao mesmo tempo procura criar uma psicologia cujas respostas tenham origem na disciplina O começo na América Latina Na América Latina a psicologia comunitária nasceu da discordância com uma psicologia social que se situava predominantemente sob o signo do individualismo e que praticava a fragmentação com cuidado rigoroso mas que não respondia aos problemas sociais Podese dizer então que se trata de uma psicologia que surge do vazio causado pelo caráter eminentemente subjetivista da psicologia social psicológica Striker 1983 e pela perspectiva eminentemente macrossocial de outras disciplinas sociais voltadas para a comunidade É também uma psicologia que olha criticamente desde o seu início para as experiências e práticas psicológicas e para o mundo em que surge e com cujas circunstâncias deve lidar Origem e desenvolvimento da psicologia comunitária Esta tendência responde a um movimento nas ciências sociais e humanas que na América Latina no final da década de 1950 começou a produzir uma sociologia comprometida e militante dirigida fundamentalmente aos oprimidos aos necessitados em sociedades onde a desigualdade em vez de desaparecendo devido ao desenvolvimento tornouse cada vez mais extremo Ao mesmo tempo no campo da psicologia dificilmente é permitida a ênfase no indivíduo mesmo dentro do campo psicossocial a visão do sujeito passivo receptor de ações ou produtor de respostas direcionadas predeterminadas e não gerador de ação por contribuir eficazmente para a solução de problemas urgentes das sociedades em que foi utilizado O desafio era enfrentar os problemas sociais de uma realidade muito específica o subdesenvolvimento da América Latina e suas consequências no comportamento dos indivíduos e grupos a dependência dos países que compõem a região e suas consequências psicossociais tanto nas atribuições de causalidade e sobre os seus efeitos na acção problemas concretos vistos em sua relação contextual e não como abstrações de sinal negativo como cistos a serem extraídos para manutenção de sistemas aparentemente homeostáticos Origens da psicologia comunitária os primórdios CAPÍTULO 1 Ambos eram profundamente insatisfatórios A experiência porque estava ligada a um paradigma que a condenava ao distanciamento a uma manipulação das circunstâncias de investigação e aplicação não só extrativa mas também falsamente objetiva e neutra De alguma forma devido à fragmentação e ao forçamento da definição dos sujeitos dentro de quadros prédefinidos as pessoas afetadas por um determinado problema permaneceram meras e o problema desapareceu para reaparecer continuamente com formas muito semelhantes às já conhecidas ou com novas formas ora envolvendose sob o manto de um novo conceito ou de uma nova teoria que lhe deu um novo nome uma nova interpretação Assim o processo de busca 19 Origem e desenvolvimento da psicologia comunitária Maritza Montero Machine Translated by Google Maritza Montero Origem e desenvolvimento da psicologia comunitária Paradigmas explicações e teorias psicológicas atuais pareciam inadequadas incompletas e parciais As soluções derivadas deles foram suficientes apenas para tratar o desconforto de alguns e ignorar as doenças de muitos Foi levantada a necessidade de dar uma resposta imediata a problemas reais e urgentes cujos efeitos psicológicos nos indivíduos não só os limitam e perturbam mas também os degradam e pior ainda passam a gerar elementos que mantêm a situação problemática com uma visão diferente diagnosticar a partir de uma globalidade estar atento à relação total em que ela se apresenta Esta nova forma de fazer procurou produzir um modelo alternativo ao modelo médico que faça prevalecer a condição doente e anormal das comunidades com as quais trabalhamos Pelo contrário a proposta apresentada baseouse nos aspectos positivos e nos recursos destas comunidades procurando o seu desenvolvimento e fortalecimento e centrando nelas a origem da acção Os membros dessas comunidades deixaram de ser considerados sujeitos passivos sujeitos da atividade dos psicólogos mas passaram a ser vistos como atores sociais construtores de sua realidade Montero 1982 1984a A ênfase estará na comunidade e não no fortalecimento das instituições E isso ocorre simultaneamente em vários países da América Latina embora o primeiro a gerar um ambiente acadêmico e uma instrução sistemática nesse sentido seja Porto Rico que já em meados dos anos setenta contava com um curso de mestrado e um doutorado em Psicologia Comunitária Rivera Medina Cintron e Bauermeister 1978 RiveraMedina 1992 No caso porto riquenho a proximidade com os Estados Unidos pode têlo determinado como um pioneiro pois também foi o primeiro a saber que a disciplina com esse nome havia sido criada dez anos antes nos Estados Unidos Por outro lado é preciso dizer que a criação destes cursos foi auxiliada pela vocação de transformação social daqueles que os fundaram Em outras nações a prática da psicologia comunitária antecede a denominação e a geração de espaços acadêmicos para o seu estudo Ao olhar para o mundo para o ambiente o seu carácter insatisfatório também se agudizou porque eram precisamente as condições de vida de grandes grupos da população os seus sofrimentos os seus problemas e a necessidade urgente de intervir neles para produzir soluções e mudanças que isso gerou um tipo de pressão que advinda do ambiente do que se costuma chamar de realidade começou a ser internalizada e reconstruída por psicólogos que constataram que a ação derivada das formas tradicionais de aplicação da psicologia não era apenas insuficiente mas também tardia e muitas vezes inócua limitandose ao mero diagnóstico e produzindo intervenções desfocadas Assim na década de setenta devido às condições sociais presentes em muitos países latinoamericanos e à pouca capacidade que a psicologia demonstrou para responder aos problemas urgentes que os afligiam começou a desenvolverse uma nova prática que exigirá uma redefinição tanto dos profissionais da psicologia e seu objeto de estudo e intervenção Tal situação revelou uma crise de legitimidade e significado Montero 1994b para a disciplina particularmente sentida no campo psicossocial A separação entre ciência e vida constatada pelas ciências sociais levou ao resgate de linhas de pensamento que nunca foram silenciosas mas cujas contribuições foram muitas vezes postas de lado por serem classificadas como não científicas ou por não se ajustarem à tendência dominante A fenomenologia as correntes marxistas muitas formas qualitativas de pesquisa começaram a ser revistas e reivindicadas e é neste clima de insatisfação e busca por alternativas que surgirá a necessidade de produzir uma forma alternativa de fazer psicologia de conhecimento recomeçou enquanto o sentimento de sentimento vil tornouse cada vez mais intenso Entretanto nada ou muito pouco parecia mudar naquela realidade que queríamos não só estudar mas também transformar resolvendo os problemas nela identificados vinte Machine Translated by Google Origem e desenvolvimento da psicologia comunitária Maritza Montero Nesse congresso decidiuse gerar um novo tipo de formação para psicólogos que lhes permitisse exercer a profissão bem como desempenhar um novo papel na comunidade Por trás desta proposta estavam o Movimento Comunitário de Saúde Mental a tendência desinstitucionalizadora do tratamento das doenças mentais o movimento sóciopolítico da Guerra à Pobreza os programas de desenvolvimento e planeamento urbano a crítica e revisão dos programas de saúde 1978 e um pouco mais atrás a defesa dos direitos civis e o antissegregacionismo Levme e Perkins 1987 Entre os problemas aí enfocados incluíamse a sobrecarga dos locais onde os pacientes são tratados e a sua conversão em repositórios de seres humanos a crescente insatisfação com a psicoterapia como única modalidade de intervenção psicológica e a necessidade de considerar os aspectos ambientais Heller e Monahan 1977 Características iniciais da psicologia comunitária desenvolvida na América Latina Como vimos o início da psicologia comunitária caracterizase na maioria dos países latino americanos com exceção de Porto Rico por ser definida mais como uma prática do que como um novo ramo da psicologia A psicologia comunitária foi feita sem saber pelo menos durante a maior parte dos anos setenta Porém a ausência de um nome próprio a falta de um nicho acadêmico e a não preocupação imediata em obter reconhecimento social não foram obstáculos ao desenvolvimento de certas características que o marcam desde o início Algumas dessas características irão se transformar com o tempo outras serão acentuadas e desenvolvidas ainda mais e muitas outras desaparecerão para dar lugar a novas expressões Os aspectos que marcaram a psicologia comunitária em seus primórdios Montero 1994b 1994d são 1 A busca de teorias métodos e práticas que permitissem uma psicologia que contribuísse não apenas para estudar mas principalmente para fornecer soluções para os problemas urgentes que afectam as sociedades latinoamericanas Nesse sentido propõese como uma das possíveis respostas à crise da psicologia social vinte e um Geralmente não existem datas exatas para o surgimento de formas de produção de conhecimento A partir desse encontro não só foram gerados programas específicos para atuação na comunidade como também se abriu um campo de estudo e reflexão sobre a nova prática que tem sido extremamente frutífero como mostra o surgimento de correntes de desenvolvimento teórico prático como o linha ecológico transacional os muitos cursos e publicações sobre o assunto a criação de uma divisão especial Divisão 27 na American Psychological Association e o surgimento de publicações especializadas como o American Journal of Community Psychology o Journal of Community Psychology o Journal of Prevention e Intervenção na Comunidade e fora dos Estados Unidos mas no mundo de língua inglesa o Journal of Community and Social Psychology e mais recentemente Community Work and Family No entanto o nascimento da psicologia comunitária nos Estados Unidos equivale a uma certidão de nascimento Na verdade é bem sabido que em maio de 1965 numa conferência Conferência sobre a Educação de Psicólogos para a Saúde Mental Comunitária organizada por psicólogos sociais clínicos e escolares em Swampscott Massachusetts este ramo da psicologia teve início Muitos dos psicólogos participantes relataram posteriormente o clima da discussão e os objetivos que foram definidos Bennett Anderson Cooper Hassol Klein e Rosenblum 1966 Mann 1978 Murrell 1973 Heller e Monahan 1977 entre outros outros Psicologia comunitária na América AngloSaxônica Machine Translated by Google 1 Escovar 1977 definiu o desenvolvimento naquela época como a capacidade de fazer mudanças no ambiente Maritza Montero Origem e desenvolvimento da psicologia comunitária 5 Orientação para a transformação social Escovar 1977 1980 Serrano García e Irizarry 1979 SerranoGarcía López e RiveraMedina 1992 Arango 1992 O norte deste ramo da psicologia é a mudança social muitas vezes definida em termos da noção de desenvolvimento 6 A certeza do caráter histórico da psicologia como ciência da comunidade como grupo social e do sujeito humano Ou seja compreender que elas surgem e fazem parte de um espaço e tempo e ocorrem em relações construídas cotidianamente coletivamente em processos dialéticos de influência mútua 7 A busca de modelos teóricos e metodológicos que ajudassem a compreender e explicar os fenômenos com os quais trabalhavam ver acima E isto significou que no seu início apelou a mentes muito diversas quer porque algumas forneciam descrições comportamentais precisas e a forma de as produzir quer porque outras forneciam categorias de análise e explicações socioeconómicas ou políticas de longo alcance Essa característica também lhe conferiu uma ampla perspectiva multidisciplinar pois dadas as poucas respostas e o curto alcance que a psicologia apresentava voltaramse para campos tão variados como a educação popular a filosofia a sociologia e a antropologia 9 A necessidade de redefinir o papel dos profissionais de psicologia social que por tudo o que precede não conseguiram sustentar uma prática marcada por uma separação ou distanciamento antiséptico nem por uma autodefinição baseada em competências que evidentemente careciam o conhecimento da comunidade produzido a partir dele Montero 1980 1982 Perdomo 1988 4 E devido à indefinição e à sua orientação marcadamente psicossocial Silva e Undurraga 1990 Chinkes Lapalma e Nicenboim 1991 Saforcada 1992 Almeida 1996 também lhe faltou um espaço académico e profissional próprio até meados de seu início década de oitenta Este nexo psicossocial vai ser a marca predominante o que também se reflecte no facto de muitas explicações teóricas provirem da psicologia social e dela terem sido retirados muitos recursos metodológicos bem como de outras ciências sociais como a sociologia e a antropologia redefinido ad hoc1 no sentido de retirar o seu carácter de progresso em direcção à prosperidade económica para o enquadrar nos parâmetros que para uma comunidade significam melhor qualidade de vida maior satisfação com a vida mais possibilidades de expressão e controlo sobre as suas circunstâncias de vida 3 A falta de definição As primeiras definições produzidas na América Latina aparecem no início dos anos oitenta Montero 1980 1982 2 Do exposto decorre outro traço característico a redefinição da psicologia social indo além do objeto desse ramo da psicologia Em suma a psicologia comunitária nasce de uma prática transformadora confrontada com uma situação que apela a uma pluralidade de fontes teóricas para depois tentar a partir da revisão crítica das mentes e do aprofundamento de algumas descartando outras e também inovando desenvolver modelos teóricos próprios que respondem às realidades com as quais se trabalha responsáveis por sua vez pelo surgimento desta psicologia Da mesma forma busca gerar um 8 A concepção muito clara desde o início de que o chamado sujeito da pesquisa é uma pessoa não sujeita à vontade e aos desígnios de quem investiga É alguém dinâmico ativo que constrói a sua realidade Montero 1982 um ator social cuja voz faz parte da polifonia da vida social e que ao fazer parte da ação e da investigação realizada com a sua comunidade tem direitos e Ele tem funções que o relacionam com ambas as tarefas 22 Machine Translated by Google Origem e desenvolvimento da psicologia comunitária Maritza Montero Influência da psicologia da libertação Rappaport Swift e Hess 1984 1987a 1987b Serrano García 1984 MartínBaró 1986 Montero 2003b 19751979 Primeiros produtos no campo da psicologia social latinoamericana Contribuições e desenvolvimento de métodos participativos SerranoGarcía e Irizarry 1979 Sanguinetti 1981 Montero 1984a Desenvolvimento teórico dos conceitos de consciência naturalização habituação e outros conceitos relacionados Montero 1991a 1994c Quintal de Freitas 1996 19551974 Abordagens das ciências sociais às comunidades Aplicações inovadoras Introdução de formas de pesquisaação Génese dos conceitos de investigação e sensibilização militante sociologia educação popular Fals Borda 1959 1978 Freiré 1969 1970 19871992 Introdução do conceito de sentido de comunidade Primeiros modelos teóricos Sarason 1974 SerranoGarcía e Álvarez 1992 Cronick 1989 Giuliani García e Wiesenfeld 1994 23 19811982 Desenvolvimento de técnicas de identificação de necessidades MartíCosta e SerranoGarcía 19801996 Descrições do trabalho psicossocial comunitário Avanços técnicos e metodológicos Wiesenfeld e Sánchez 1996 Almeida 1996 Olave e Zambrano 1993 19801997 Definição de psicologia social comunitária e seu objeto Construção de um novo papel para os psicólogos sociais Introdução de princípios orientadores Montero 1980 Influência da teologia da libertação Santiago SerranoGarcía e Perfecto 1983 Quintal de Freitas 1994 Giuliani e WiesenfeId 1997 1994 19831984 Desenvolvimento teórico das noções de fortalecimento e desideologização Foi então proposta como uma psicologia da ação para a transformação em que pesquisadores e sujeitos estão do mesmo lado na relação de estudo uma vez que ambos fazem parte da mesma situação Montero 1984a Na Tabela 1 você pode ver como a ênfase colocada nos primeiros anos do desenvolvimento latino americano na práxis e nas formas de realizála é posteriormente equilibrada à medida que desenvolvimentos teóricos emergem da reflexão sobre essa práxis É interessante notar que esta produção teórica foi rapidamente naturalizada no sentido de ter sido aceita mas não reconhecida chegando mesmo a negála ou diminuíla Talvez isso se deva ao fato de não ter recebido um nome Não foi nomeado e rotulado da forma tradicional razão pela qual quando revisto superficialmente a discussão conceptual e epistemológica que implica não é evidente Outra possível razão é uma hipótese não é habitual reconhecer na nossa parte do continente a capacidade criativa e os seus produtos portanto somos rotulados e nos rotulamos como ateóricos Os dados citados na Tabela 1 apenas o trabalho pioneiro está incluído mostram que as coisas são diferentes e devem ajudar a quebrar estereótipos debilitantes e negativos 1983 e discussão teórica sobre o conceito Montero 1991a metodologia baseada na ação e participação que é uma resposta alternativa às formas convencionais de estudar esses grupos sociais específicos que são as comunidades Momentos no desenvolvimento da psicologia comunitária na América Latina 19851995 Análise e reconceptualização da noção de poder SerranoGarcía e López tabela 1 Machine Translated by Google Maritza Montero Origem e desenvolvimento da psicologia comunitária participantes Hernández 1996a Montero 1996a Sánchez 2000 1994 Sánchez 2001 Montero 2003a 2003b 2004 Como vemos a partir da década de setenta começou a ser construída uma forma de fazer psicologia Primeiro com alguma cautela na medida em que era necessário aceitar que algo diferente estava sendo feito e que também era preciso batizar e definir Ao mesmo tempo certas fronteiras começaram a ser rompidas novos métodos e técnicas foram criados baseados em formas menos tradicionais de agir e investigar de explicar Isto esteve ligado à consciência de que os conceitos que utilizávamos eram muitas vezes insuficientes e inadequados e sobretudo à aceitação de que estávamos perante situações inéditas sobre as quais ainda não tínhamos noções claras Mas então à medida que se avançava na tarefa de construir conhecimento com base nas experiências vividas e na reflexão sobre elas a prática gerava conhecimento e o conhecimento produzia novas práticas a um ritmo cada vez maior Assim já no início da década de oitenta o método aparece claramente traçado E em meados dessa década a teoria entrou pela geração de conceitos explicações e interpretações e dez anos depois nos encontramos imersos no problema epistemológico com a presença de um modelo pouco relacionado ao paradigma dominante no momento em que toda essa história começa a tomar forma Um modelo construído por psicólogos que há quase trinta anos trabalham com afinco e impaciência em seis frentes Prático teórico trata da construção de um corpo de conhecimentos intimamente relacionados cujo conteúdo é produto de uma práxis que gera ação modos de fazer coisas e explicações e interpretações delas Ontológico define a natureza do sujeito cognoscente Epistemológico busca definir o caráter do conhecimento produzido e o tipo de relação de produção desse conhecimento Metodológico traz contribuições quanto ao método a ser aplicado para produzir conhecimento Ético visa definir a natureza da relação entre pesquisadoresintervenientes e o 19942004 Revisão do conceito de liderança e seus processos na comunidade Hernández Fases no desenvolvimento da psicologia comunitária Crítica aos conceitos de familiarização comprometimento retorno sistemático Lañe e Sawaia 1991 Gonçalves de Freitas 1995 1997 19932000 Bases epistemológicas Moreno 1993 Guareschi 1996 Montero 1997 2000a 2000b Wiesenfeld 1997 24 19911994 Revisão crítica dos conceitos de comunidade Redefinindo a influência minoritária Natureza política do trabalho comunitário Lañe e Sawaia 1991 Montero 1994b 1994d 1998b 1996 2000 Discussão crítica e definição do conceito de participação incluindo a novecentos e noventa e cinco 19901993 Discussão e reflexão sobre o papel da afetividade nos processos comunitários Lañe e Sawaia 1991 León e Montenegro 1993 SerranoGarcía e Perfecto 1992 Nota São incluídos apenas trabalhos que introduzam temas conceitos ou processos 19911997 Revisão da pesquisaação participativa e dos conceitos de participação e autogestão Jiménez 1994 Montero 1994a 1996a Hernández 1996a León Montenegro Ramdjan e Villarte 1997 Sánchez 1997 Santiago Machine Translated by Google Origem e desenvolvimento da psicologia comunitária Maritza Montero 4 Ampliação do campo com a incorporação da reflexão sobre a estrutura paradigmática e as perspectivas freireana e da psicologia da libertação psicossocial orientado para soluções que responde às demandas por legitimidade social problemas sociais e transformação social e transformação de instituições 25 América Latina Estados Unidos 1 Geração de uma nova prática 1 Criação de uma nova prática psicológica 5 Fase de expansão do campo incorporando e desenvolvendo aspectos ligados à saúde às organizações à educação ao meio ambiente e à clínica Início do desenvolvimento de subramificações Relação com a psicologia da libertação e com a corrente crítica Novos atores sociais com a participação das pessoas envolvidas Supõe Isto supõe Rejeição do modelo médico Assinalouse que a psicologia comunitária se desenvolve quase simultaneamente dez anos de diferença separam as manifestações visíveis na América Latina da data de fundação nos Estados Unidos e paralelamente no continente americano Mas considerar que esta evolução pode ser explicada a partir de um único modelo ou interpretação dos factos seria uma grande simplificação e redução do fenómeno Por isso farei uma periodização por fases ou etapas ou momentos mostrando sua presença em ambas as regiões Na tabela 2 aparecem em ordem cronológica momentos que indicam a introdução de temas teóricos conceituais e metodológicos no desenvolvimento da disciplina na América Latina e nos Estados Unidos 3 Geração de conceitos teóricos e Geração de novas práticas desenvolvimento de metodologias Desenvolvimento de dois métodos participativos principais Construção de uma corrente paralela uma nova prática de natureza ecológica cultural com ênfase psicossocial Outra de 3 Fase inicial de geração de teoria e cunho clínico preventivo com ênfase em aspectos de saúde comunitária reflexão sobre isso 2 Estruturação do novo campo Novo papel do psicólogo disciplinar desde a sua definição 2 Fase de definição de uma nova delimitação da área fixação de valores subdisciplina psicologia social comunitária geração de uma nova prática Divulgaçãopsicologia comunitária definição do campo imediato do objeto e dos valores que o norteiam pessoas que formam comunidades aquelas que nas pesquisas tradicionais são chamadas de sujeitos por serem objetos de conhecimento e ação e cuja atuação ativa na produção de conhecimento é um aspecto fundamental para esse modelo Político dá origem à expressão de diferentes vozes dentro do fazer e do saber e inclui aspectos como autoria e propriedade do conhecimento produzido Fases no desenvolvimento da psicologia comunitária 4 Fase de reflexão sobre a estrutura paradigmática da disciplina aspectos ontológicos epistemológicos metodológicos éticos e políticos mesa 2 Machine Translated by Google Origem e desenvolvimento da psicologia comunitária Maritza Montero 3 Relação dialógica entre agentes externos psicólogos e agentes internos membros da comunidade e reconhecimento da natureza ativa destes últimos Montero 1982 Rappaport 1977 5 Relação entre os problemas socioambientais e o cotidiano das pessoas Murrell 1973 Newbrough 1973 Rappaport 1977 Montero 1984a Wiesenfeld 1997 6 Interinfluência de certos modelos como a psicologia a teologia e a filosofia da libertação a educação popular freiriana Santiago SerranoGarcía e Perfecto 1983 Montero 1991 Newbrough OGorman Docki e Moroney 1991 ou a desenvolvimento ou mobilização da consciência social Murrell 1973 Montero 1992 2000a Na década de setenta diante do crescente fenômeno da marginalidade produto da migração interna ruralurbana e da imigração de países vizinhos iniciouse na Venezuela uma série de intervenções em comunidades com poucos recursos a partir da iniciativa de instituições governamentais Fundacomún e Fundasocial e não governamentais por exemplo CESAP Centro de Estudos Sociais para Ação Popular hoje Grupo Social CESAP Em meados da década de setenta o Decreto 332 do Poder Executivo criou os Módulos Múltiplos de Atendimento do Ministério da Saúde e Assistência Social constituídos por pequenos centros de atendimento instalados em bairros marginais ou de baixa renda Os seus objectivos eram Promover e apoiar técnica e financeiramente organizações económicas que permitam a incorporação da população destes bairros pobres no processo de desenvolvimento económico e promover organizações de base nesses bairros Este último tinha como objetivo criar uma consciência social que promovesse a melhoria do nível de vida dos habitantes O objectivo era incorporar os sectores socialmente mais desfavorecidos na política de desenvolvimento do Estado 2 Concepção do psicólogo como agente de mudança social generativo reflexivo Bennett Anderson Cooper Hassol Klein Rosenblum 1966 Escovar 1979 Montero 1980 1984a 1988 1991b Newbrough 0Gorman Docki e Moroney 1991 Dokecki 1992 Stokols 1992 4 Geração de novas formas de investigar e intervir para transformar o meio ambiente e fortalecer as pessoas Rappaport Swift e Hess 1984 Rappaport 1987 SerranoGarcía 1984 Serrano García e RosarioCollazo 1992 Da mesma forma à medida que em ambas as áreas de emergência América Latina e Estados Unidos a subdisciplina cresce e se consolida também crescem as relações de troca e interinfluência coincidindo nos seguintes aspectos 1 União de teoria e prática Rappaport 1977 Montero 1980 1984a Newbrough et al 1991 Estas fases não correspondem a períodos localizados temporariamente de forma fixa Nem ocorreram simultaneamente em todos os países da mesma região Em alguns países a disciplina começa com nome e sobrenome podendo até estar localizada em um campo especificamente delimitado O que se pode dizer é que no seu conjunto em cada uma das duas regiões estas etapas marcaram o desenvolvimento deste ramo da psicologia O caso venezuelano no último quartel do século XX 26 Um caso para analisar Como as condições sociais promoveram e mediaram o surgimento de um movimento comunitário 7 Necessidade de substituir o modelo médico por modelos psicológicos Reconhecimento da natureza histórica e cultural dos fenómenos psicológicos e sociais com a consequente aceitação da diversidade Rappaport 1977 Montero 1978 1994b Machine Translated by Google Maritza Montero Origem e desenvolvimento da psicologia comunitária As necessidades foram determinadas por especialistas e funcionários públicos e embora às vezes os programas tenham sido iniciados por solicitação popular com base em demandas levantadas por um grupo foram posteriormente modificados acelerados ou suspensos de acordo com políticas oficialmente estabelecidas Na prática estes programas revelaram um tom eminentemente político partidário os programas de recondicionamento de bairros satisfizeram algumas necessidades determinadas externamente ao mesmo tempo que tiveram um efeito calmante sobre a inquietação e motivação para mudanças mais profundas Os conselhos comunitários ou de bairro passaram a ser constituídos por simpatizantes ou membros dos partidos políticos que exerciam o poder e tornaram se instrumentos de controlo social e muitas vezes verdadeiros filtros das necessidades sentidas bem como detentores imediatos do poder de dar e negar Esta situação gerou um sistema que incorporou os beneficiários mantendoos à espera preservando o estado de necessidade Concedeu e melhorou mas em troca de certas ações ou da ausência de outras E de facto mediou o desenvolvimento comunitário e a organização popular ao mesmo tempo que promoveu a participação dirigida e controlada que separou os esforços comunitários oficiais e as acções comunitárias privadas ou independentes Então outro tipo de movimento social ocorreu simultaneamente ao lado das diretorias controladas pelos partidos políticos surgiram associações e grupos motivados por necessidades vividas e sentidas coletivamente e pelo desejo de produzir uma transformação não só do meio ambiente mas também dos indivíduos e a relação entre os dois Formaramse assim organizações privadas algumas baseadas na religião orientadas pela necessidade de transformar o seu habitat e modo de vida e de exercer influência na produção dessa vida Este movimento social independente tem sido tão importante que em meados da década de 1980 se falava na ocupação por estas organizações do espaço político até então controlado por partidos de qualquer signo Diante disso reações como a criação de associações oficiais paralelas campanhas difamatórias e até assédio por parte dos deslocados não demoraram a ocorrer A concepção de desenvolvimento comunitário que fundou esta política procurava que as comunidades com poucos recursos carentes de serviços se organizassem e assumissem a tarefa de gerir a mudança no sentido de melhorar o seu ambiente e assumir a responsabilidade pela sua manutenção Por sua vez o VI Plano da Nação propunha formalmente a organização social do povo através da participação de todos os seus membros em todos os níveis mas podese dizer que de facto entre as disposições gerais planos da Nação decretos de o Poder Executivo e sua execução ocorreu uma separação de objetivos e meios E embora em muitos documentos de organizações estatais se possam ler palavras como formação de consciência organização desenvolvimento e autonomia o que se conseguiu em grande parte foram formas mediadas de participação em planos nos quais muitas vezes o uma agenda explícita se sobrepõe a uma agenda oculta de natureza controladora muito mais peremptória e poderosa adotar recomendações de organizações internacionais Esta separação ocorreu porque os setores populares cujas necessidades eram por vezes parcialmente satisfeitas compreenderam ao mesmo tempo que para obter certas conquistas para produzir a pronta transformação do seu modo de vida tinham que se organizar e assumir o controle Assim paralelamente surgiram associações de bairro comunidades de base e outras formas de organização popular que quer em bairros marginais quer em bairros de classe média ou em áreas de classe trabalhadora colocaram o núcleo da acção comunitária sob o seu próprio controlo O interessante é que se abriu uma perspectiva de ação coletiva e apesar do clientelismo político muitas pessoas e grupos tiveram a oportunidade de vivenciar o alcance do trabalho comunitário Como consequência uma política e orientação estatal 27 Machine Translated by Google Origem e desenvolvimento da psicologia comunitária Maritza Montero 4 Participação integrada para a identificação de necessidades e sua priorização bem como de recursos para a busca de soluções e tomada de decisão neste sentido 5 Ação na comunidade Início e execução das obras que fazem parte do plano dirigidas por técnicos com incorporação de mão de obra popular composta por alguns vizinhos 7 Tomada de decisões por grupos comunitários organizados que ouvem as vozes das pessoas interessadas dentro deles 4 Campanha para motivar a comunidade a participar na execução do referido plano liderada por especialistas para Detecção por técnicos de líderes comunitários propensos à ação governamental b Uso de mídias sociais Propaganda divulgação do plano ou programa c Formação de uma organização de base Conselho Comunitário Conselho de Bairro Pró Mejoras etc promovida a partir do projeto 6 Educação contínua dos membros da comunidade em diferentes áreas relacionadas não só com a satisfação das necessidades e gestão de recursos mas também com o seu crescimento como grupo e a sua melhoria pessoal No segundo caso nos movimentos comunitários que emergem de baixo para cima ou seja a partir de organizações de base geradas nas comunidades o trabalho tem outras características que coincidem com as propostas da psicologia social comunitária Montero 1988 Estas características são as seguintes 1 Predominância de relações horizontais entre os membros do grupo 6 Relacionamento entre a instituição e o bairro canalizado pela diretoria que muitas vezes resultava na separação total entre ela e o restante dos vizinhos 7 Tendência à conversão da organização criada na comunidade em instrumento de propaganda partidária e eleitoral 28 3 Desenvolvimento de formas de obter recursos e gerir a ajuda oficial muitas vezes essencial sem comprometer o controlo e a direcção incorporando com vários graus de compromisso muitos membros da comunidade O que é definido como muitos depende do tamanho da comunidade Alguns bairros de baixa renda não apenas nas cidades venezuelanas mas em outros na América Ásia e África podem agrupar vários milhares de pessoas nesses casos geralmente trabalhar com grupos organizados dentro destes conglomerados cujas ações podem ter um efeito multiplicador que se estende a muitos dos habitantes mas não abrange todos Assim se produzem duas formas de trabalho comunitário a primeira uma que opera de cima para baixo dos órgãos do Estado às comunidades que desenvolve o seguinte modelo Montero 1988 1 Seleção de um bairro ou área carente pelo instituição promotora 2 Conscientização dos participantes sobre os problemas suas causas formas de resolvêlos e suas dificuldades acadêmicos que se desenvolviam paralelamente concordaram em promover uma forma diferente de enfrentar os problemas sociais Nesse sentido podese dizer que uma cultura comunitária começou a se formar 3 Elaboração pelos técnicos de um plano de trabalho 5 Ação conjunta na execução das tarefas incorporando o maior número possível de pessoas da comunidade 2 Determinação e priorização das necessidades do referido local definidas por técnicos especializados Machine Translated by Google Maritza Montero Origem e desenvolvimento da psicologia comunitária Resumo Assim são apresentadas as condições de desenvolvimento inicial da psicologia comunitária latino americana suas fases de desenvolvimento seu caráter predominantemente social em suas origens já que em nossas latitudes surge principalmente da psicologia social embora posteriormente os ramos da saúde comunitária meio ambiente comunitário psicologia e psicologia educacional comunitária entre outras Este capítulo narra as origens da psicologia comunitária em duas áreas América Latina e Canadá e Estados Unidos Isso porque a história da psicologia sofreu um fenômeno de reidentificação realizado a partir da forma como os textos produzidos nos EUA e adotados acriticamente no resto do nosso continente apresentam o desenvolvimento desta subdisciplina científica Por isso decidi descrever como surgiu o campo psicológico comunitário em nossos países apresentando desenvolvimentos bastante próximos em alguns aspectos apesar de nos primórdios latinoamericanos ter surgido a tradicional dificuldade de transferência de conhecimentos que caracterizou o disciplina em muitos lugares do nosso continente e também da Europa Ásia e África o que não impediu que vozes críticas se levantassem Estas duas tendências ainda coexistem Os governos venezuelanos observaram até agora uma tradição paternalistaclientelista ininterrupta Mas é preciso salientar que mesmo em tempos em que toda ajuda oficial envolve a exigência de dobrar o pescoço diante das exigências dos governantes da nãomenclatura partidária dos excessos do autoritarismo e do medo de suas represálias as organizações comunitárias nascidas da capacidade de autogestão das pessoas e do desejo de transformar suas condições de vida continuam fortes e determinadas embora o teto econômico e o teto político ao se tornarem mais baixos possam gerar obstáculos de grande magnitude bem como fatores de desorganização e desesperança desmobilização e apatia que devem ser enfrentados e superados através de recursos democráticos participativos Ao apresentar o que chamei em outro lugar de vidas paralelas Montero 1994d quis destacar como ao atender às necessidades de nossas populações a psicologia foi capaz de produzir um modo de fazer que gerou métodos e teorias para ao mesmo tempo produziu respostas aos problemas destas sociedades E que isto ocorreu algumas vezes antes algumas vezes simultaneamente algumas vezes pouco depois de algo semelhante ou equivalente ter acontecido no mais paradigmático dos centros de poderconhecimento Por fim o caso venezuelano é analisado mais detalhadamente não só porque é o que melhor conheço mas também porque mostra a complexidade do campo comunitário e como nele várias tendências podem competir confrontarse e coexistir gerando ao mesmo tempo vez uma cultura comunitária que constrói modos de ser e de estar de viver e de pensar a partir da experiência de fazer coisas com os outros de produzir mudanças através do trabalho conjunto 29 Machine Translated by Google Maritza Montero Origem e desenvolvimento da psicologia comunitária Montero M 1994 Vidas paralelas psicologia comunitária na América Latina e nos Estados Unidos em M Montero coord Psicologia social comunitária Teoria método e experiência Guadalajara Universidade de Guadalajara pp 1946 Este capítulo mostra o desenvolvimento da psicologia na América comparando sua evolução nos países latinoamericanos com sua formação nos Estados Unidos com base nos aspectos centrais da psicologia comunitária Perguntas para refletir sobre psicologia e comunidade Por que as formas de psicologia comunitária entendida como uma disciplina sistemática não como práticas isoladas não foram desenvolvidas na América Latina antes da década de 1970 Que instituições sociais poderão ter sido ameaçadas pelo desenvolvimento de uma psicologia comunitária Quais teriam sido fortalecidos A psicologia comunitária seguiu algum padrão específico no seu desenvolvimento teórico prático Que tipo de padrão é esse se houver A psicologia comunitária cumpriu os objectivos originalmente definidos Você os mudou 30 75106 Neste capítulo de um livro dedicado às contribuições portoriquenhas a este campo da psicologia a primeira seção discute a constituição do campo não apenas em Porto Rico mas como no caso deste e de outro capítulo SerranoGarcía e Alvarez seu desenvolvimento em toda a América apresentando uma visão ampla e bem informada sobre o assunto Martín González A 1998 comp Psicologia comunitária Fundamentos e aplicações Parte II História desenvolvimento peculiaridades diferenciais e perspectivas da psicologia comunitária Madrid Síntesis pp 83174 A parte deste livro que se recomenda ler como complemento inclui oito capítulos que tratam de diferentes regiões da América e da Europa o que permite fazer comparações e mostra diferenças e semelhanças SerranoGarcía I López MM e RiveraMedina E 1992 Rumo a uma psicologia socialcomunitária em I Serrano García e W RosarioCollazo coords Contribuições portoriquenhas para a psicologia socialcomunitária San Juan Porto Rico EDUPR pp Leitura adicional Exercícios problematizadores sobre o desenvolvimento da psicologia comunitária Comparar artigos que tratam da relação entre as formas de aplicação psicossocial realizadas na comunidade no início dos anos setenta e as realizadas hoje Analisar diferenças e semelhanças em temas métodos explicações teóricas papel dos psicólogos papel das pessoas na comunidade entre outros aspectos Comparar artigos sobre psicologia comunitária teórica metodológica aplicada atualmente realizados na América Latina nos Estados Unidos e na Europa Analise as diferenças tendências e semelhanças Machine Translated by Google O que é psicologia comunitária Maritza Montero Podese dizer que a maioria dos autores define psicologia comunitária como aquela que trata da comunidade e se realiza com a comunidade Esta definição permitenos delimitar com bastante clareza a comunidade e os cuidados de saúde pois se for excluído o papel activo da comunidade poderão tratar se de aplicações psicológicas relativas à saúde à educação ao aconselhamento especificamente aos aspectos clínicos que embora ocorram no âmbito da comunidade próprio território se houver não implicará trabalho comunitário pois não conta com a participação dos que compõem a comunidade a que se dirigem essas ações nem com a sua perspectiva sobre o assunto Os próprios primeiros psicólogos comunitários não estavam muito inclinados a definir psicologia comunitária Um bom exemplo disso é o já citado caso de Rappaport 1977 que ao perguntar o que é a psicologia comunitária aponta o conflito ou a complexa relação entre o indivíduo e os grupos sociais 1977 1 destacando também o direito à à diversidade e à igualdade à educação e à informação e confessa a sua insatisfação com as definições dadas nos Estados Unidos até então Por fim finaliza apontando os três aspectos mencionados Outro exemplo é Newbrough 1973 1974 que também ao invés de definir o campo aponta seu objeto ou escopo de trabalho a interação entre as pessoas e seu ambiente a partir de uma perspectiva ecológica Newbrough e Rappaport estão entre os pioneiros nos Estados Unidos e entre os que mais contribuíram para a disciplina além de gerarem correntes teórico práticas que impulsionam muitos estudos Provavelmente esse cuidado foi influenciado pelo fato de estarem fundando um acampamento e naqueles 31 O que é psicologia comunitária Isto representa uma característica realmente a primeira e primordial a essencial da psicologia comunitária a comunidade inclui o papel ativo da comunidade a sua participação E não apenas como convidado ou como espectador aceito ou beneficiário de benefícios mas como agente ativo com voz voto e veto Naturalmente ter uma primeira característica implica outras Em seu livro de 1977 Rappaport menciona como porque a preocupação de ampliar a perspectiva intrapsíquica que dominava a consideração dos aspectos relativos à saúde e em particular à saúde mental estava presente em sua origem uma certa ênfase nos fatores ecológicos e culturais que afetam esses aspectos os problemas receberam atenção especial em muitos casos Rappaport 1977 2 Mas como ele acrescenta muitos outros campos da psicologia tiveram a mesma preocupação Por isso este autor procura especificar o ponto indicando três aspectos mais específicos relatividade cultural diversidade e ecologia entendendo por ecologia a adaptação entre as pessoas e o meio ambiente Rappaport 1977 Kelly 1966 1986 também dá ênfase às condições ecológicas Na verdade esses autores fazem parte da chamada corrente ecológicocultural que tem dado importantes contribuições para o desenvolvimento deste campo psicológico Outra característica seria a ênfase colocada no desenvolvimento de pontos fortes e capacidades em vez de pontos fracos e deficiências A mudança social ou como diz Sawaia 1998 182 o movimento de recriação permanente da existência colectiva é uma condição presente na maioria das definições ver abaixo o que ao mesmo tempo lhe confere um carácter político no sentido de que aqueles que trabalham na psicologia comunitária produzem em conjunto com as comunidades intervenções para alcançar o referido fortalecimento e mudança Montero 1998 Somase a isso o seu caráter científico e aplicado notado desde o início Rappaport 1977 Newbrough 1973 Definição de psicologia comunitária EPISÓDIO 2 Machine Translated by Google O que é psicologia comunitária Maritza Montero Se entendermos que uma ciência se define pelo seu objeto pelos seus conceitos linguagem e pelo seu método então fica mais explicável a discrição inicial que marca o final dos anos setenta e oitenta quando o novo campo se estruturava Isso explica porque para alguns autores ela é definida por algumas de suas características ou condições de existência É o caso de Sarason 1974 que define esta subdisciplina a partir de um tema central de estudo o sentido de comunidade e o seu fortalecimento e produção Outros o fazem com base na relação entre os indivíduos e o meio ambiente Kelly 1970 1971Zax v Specier 1974 Levine e Perkins 1987 ou entre o estresse psicossocial e seus efeitos na saúde Dohrenwend 1978 ou pelos valores ou princípios que o orientam Newbrough 1973 Rappaport 1977 Isso significa que a primeira coisa a ficar clara foi o objeto e seu fundamento avaliativo e a partir de sua definição e enriquecimento na prática foram produzidos conceitos e feitas contribuições ao método em grande parte retirados da psicologia social e de outras ciências sociais antropologia etnologia sociologia Por esta razão nenhuma definição propriamente dita foi encontrada antes da década de 1980 Em 1982 defini pela primeira vez a psicologia comunitária a definição foi repetida em 1984 como o ramo da psicologia cujo objecto é o estudo dos factores psicossociais que permitem desenvolver promover e manter o controlo e o poder que os indivíduos podem exercer sobre o seu ambiente ambiente individual e social para resolver os problemas que os afligem e conseguir mudanças nesses ambientes e na estrutura social Porém os anteriores a essa data predominantemente descritivos anunciam o caminho a seguir indicam os valores que sustentam o ramo recémcriado e apresentam a perspectiva a partir da qual será baseado o comportamento social e a concepção de ser humano em que se baseia estudado Assim a definição de Rappaport 1977 73 diz que a psicologia comunitária é a disciplina que acentua a importância da perspectiva ecológica da interação apoiando a possibilidade de melhorar a adaptação entre as pessoas e o seu ambiente através da criação de novas possibilidades sociais e através do desenvolvimento de recursos pessoais em vez de enfatizar exclusivamente a eliminação das deficiências dos indivíduos ou das suas comunidades Em alguns casos embora geralmente você saiba o que não quer fazer geralmente é mais difícil pelo menos inicialmente expressar o que você quer fazer Esta definição embora não muito precisa mostra a ênfase na relação indivíduomeio cultural social físico coloca seu objetivo na produção de uma melhor relação entre ambos e coloca a possibilidade de alcançála em ambos os pólos juntos Este último situa a sua definição no campo psicossocial colocando implicitamente o seu objecto na interface entre o indivíduo e a sociedade entre as abordagens microssocial e macrossocial Esta definição implica Um papel diferente para os profissionais de psicologia o de agentes de transformação social que partilham os seus conhecimentos com outros atores sociais provenientes da comunidade possuidores de conhecimentos e orientados pelos mesmos objetivos com os quais trabalham em conjunto A localização da disciplina como campo interdisciplinar pois ao propor mudanças sociais assume um objetivo também levantado em outras ciências sociais A detecção de potencialidades psicossociais e sua estimulação Uma mudança na forma de encarar a realidade interpretá la e reagir a ela Fazer psicologia para a transformação positiva social e individual Mudanças no habitat no indivíduo nas relações indivíduogruposociedade As mudanças 32 Machine Translated by Google O que é psicologia comunitária Maritza Montero Em 1977 Heller e Monahan apresentaram os seguintes aspectos como característicos da psicologia comunitária 1977 21 A abordagem ecológica Preocupação com os problemas de funcionamento humano que incluíam a prevenção de distúrbios mas que iam além daqueles tradicionalmente identificados como saúde mental Pesquisa multidisciplinar e colaborativa já que o campo das comunidades não é exclusivo de uma única ciência A ênfase na capacidade de enfrentar problemas adaptação e competência e não apenas nas perturbações Uma abordagem empírica e experimental à intervenção social A rejeição Heller e Monahan usaram o verbo evitar do modelo médico Na tabela a seguir resumo os aspectos ou características que caracterizam a psicologia comunidade social Características da psicologia comunitária Destes seis pontos o primeiro o quarto e o sexto estão presentes tal como foram declarados então O segundo e o terceiro foram ampliados através da práxis desenvolvida nos últimos trinta anos do século passado e até agora no presente E a quinta foi ampliada uma vez que foram criados e adotados outros modelos de pesquisa que incluem aspectos qualitativos entre eles se desenvolveu especialmente a pesquisaação participativa Montero 1994a 2000b 2003b Revendo essa definição em 2002 à luz da minha própria prática de vinte e cinco anos de prática na área bem como a de colegas na América Latina nos Estados Unidos no Canadá na Austrália e em alguns lugares da Europa acredito que Devo mencionar explicitamente a práxis da psicologia comunitária uma prática que conduz a uma teoria que induz a prática bem como os factores culturais e sociais com os quais tive de lidar desde o meu início na área E embora haja tanto a dizer sobre a psicologia comunitária assim como sobre outras áreas do conhecimento evitarei a tentação da definição do rio que conta o que acontece em cada porto Acredito que nos aspectos que menciono aparecem os aspectos básicos presentes no trabalho da maioria dos colegas com quem me relacionei ou que conheci através da leitura de suas obras bem como no meu próprio trabalho Acredito que já não é necessário definir por meio de demarcação nem mesmo quando nos deparamos com o uso descuidado que por vezes se faz do termo comunidade para abranger antigas práticas paternalistas assistenciais individualistas Hoje existe um corpo de conhecimento que indica a amplitude e profundidade da subdisciplina Por outro lado estabelecer limites seria um trabalho inútil pois como se sabe os limites da ciência como os de outros fenómenos sociais são confusos Por isso mudam por isso crescem ou desaparecem e tal condição deriva do mesmo conhecimento que produzem O facto de ser assim faz parte da dinâmica social no indivíduo levam a mudanças nos grupos aos quais pertence incluindo a comunidade e viceversa as mudanças nesses grupos transformam as pessoas Produzse assim uma relação dialética de transformações mútuas 33 Machine Translated by Google O que é psicologia comunitária Maritza Montero Sánchez Vidal 1996 130 considera que as definições da psicologia comunitária sofrem maioritariamente de imprecisão e imprecisão o que ocorre como já vimos especialmente nos seus primórdios A isto somase a denúncia do caráter utópico devido aos aspectos desejáveis formulados em termos de situações desejáveis ou ideais e à condição programática limitandose muitas vezes a prescrever o que deve ser feito é por isso que geralmente também são instrumentais Da mesma forma aponta certas imprecisões neles que levam a psicologia comunitária a ser facilmente confundida com outros campos aplicados e ao mesmo tempo acusa os de não se concentrarem no seu objeto definindoo pelo que é mas sim de dizerem o que não é é a psicologia comunitária na tentativa de diferenciála de outros ramos o que os torna pouco convincentes E por último acrescenta este autor caracterizamse pela multidisciplinaridade ou seja por apontarem o carácter multidisciplinar da psicologia comunitária algo que podemos considerar directamente relacionado com a condição anterior e que aponta um aspecto que historicamente faz parte da subdisciplina tendo surgido de uma conjunção de ramos da psicologia e apelado à integração de conhecimentos de outras ciências sociais aspecto que parece ser constitutivo das disciplinas surgidas nas áreas limítrofes entre diferentes campos de conhecimento e aplicação Para julgar o grau de desenvolvimento de uma ciência é necessário então situála no A origem multidisciplinar da psicologia comunitária Tabela 3 Características da psicologia social comunitária Trata dos fenómenos psicossociais produzidos em relação aos processos comunitários tendo em conta o contexto cultural e social em que surgem Concebe a comunidade como uma entidade dinâmica composta por agentes ativos atores sociais relacionados que constroem a realidade em que vivem Enfatiza os pontos fortes e as capacidades e não as deficiências e os pontos fracos Leve em conta a relatividade cultural Inclui diversidade Assumir as relações entre as pessoas e o ambiente em que vivem Tem uma orientação para a mudança social visando o desenvolvimento comunitário baseada numa dupla motivação comunitária e científica Inclui uma orientação para a mudança pessoal na interrelação entre os indivíduos e a comunidade Procura que a comunidade tenha poder e controle sobre os processos que a afetam Tem uma condição política na medida em que envolve a formação da cidadania e o fortalecimento da sociedade civil A ação comunitária incentiva a participação e ocorre através dela É ciência aplicada Produz intervenções sociais É predominantemente de natureza preventiva Ao mesmo tempo e pela sua natureza científica produz reflexão crítica e teoria Esse ponto de multidisciplinaridade precisa então ser estudado mais do que como um defeito ou limitação como uma condição devida à natureza complexa da psicologia comunitária pois é necessário reconhecer que nela estão integrados aspectos psicossociais sociológicos culturais e políticos Assim mais do que ser definida pela negação pela exclusão esta é uma psicologia que deve ser definida pela inclusão e integração sem que isso implique necessariamente ecletismo 3 4 Machine Translated by Google Maritza Montero O que é psicologia comunitária É interessante e significativo que a psicologia comunitária tenha surgido na América num momento de crise que obriga muitos ramos da psicologia e especialmente o seu ramo social a repensarse criticamente e a avaliar o seu papel social e científico e que isso ocorra quando todo o campo da psicologia a ciência começa a ser abalada pelo impulso das tendências neoparadigmáticas Na verdade se por um lado Kuhn abriu uma discussão apaixonada em 1962 cf Mas por que os dois nomes Qual a diferença entre eles É a mesma coisa ou dois ramos do mesmo tronco Tentarei responder às questões anteriores salientando que embora na América Latina tenha havido um uso extenso e intensivo do nome psicologia social comunitária isso ocorre porque as suas origens nesta parte do continente estavam no campo da psicologia social onde a nova prática foi criada É dele que são retirados muitos de seus métodos estratégias e técnicas bem como alguns conceitos iniciais e explicações teóricas Psicologia comunitária e psicologia social comunitária contexto histórico Portanto quanto à definição por negação cabe rever quando e como ela foi feita Mais do que uma definição o que se encontra em trabalhos como os já citados diversas vezes por Rappaport e Newbrough ou nos de Cook 1970 Heller e Monahan 1977 e Mann 1978 entre outros é uma demarcação de campos típicos da fase nascente da disciplina Se revermos a génese da psicologia comunitária vemos que ela deriva de vários campos que a marcam profundamente o psicossocial o clínico o educacional e em particular o movimento de saúde mental na comunidade com o qual parecia estar unido para os fins dos anos sessenta e até mesmo na década de setenta Como aponta Cook 1970 2 a diferenciação teve de ser feita porque a psicologia comunitária vai além da saúde mental na comunidade devido ao seu interesse em problemas não relacionados à saúde mental por exemplo o funcionamento dos indivíduos em unidades sociais organizações e comunidades A construção da nova disciplina também multidisciplinar parece exigir diferenciação E se observarmos como naqueles que lhe deram origem os problemas ou programas são frequentemente tratados sob o título de comunidade em que a comunidade não aparece de todo então a insistência na definição pela separação da então nascente subdisciplina é compreensível Lakatos e Musgrave 1975 sobre o carácter transitório de qualquer paradigma e condicionou o carácter científico de uma disciplina à presença ou ausência de um paradigma orientador do seu trabalho por outro lado certas ideias que coexistiram com o paradigma hipotéticodedutivo introduzidas pelo positivismo começaram a ocupar novos campos que esse paradigma não conseguia dar conta A emergência da psicologia social comunitária ou simplesmente comunitária como produto e expressão da crítica às formas estabelecidas e da necessidade de produzir uma disciplina eficaz no tratamento dos problemas sociais é uma das manifestações da mudança paradigmática que estava a ocorrer A psicologia social comunitária talvez a expressão mais desenvolvida e difundida na América tem como centro o desenvolvimento de comunidades autogeridas para resolver os seus problemas Para tanto estuda as relações de poder e controle sobre as circunstâncias da vida seus efeitos nos processos psicossociais e no campo latinoamericano bem como em certos centros de ensino pesquisa e prática em outros lugares do mundo é orientado para a intervenção crítica para a transformação social facilitando e fortalecendo os processos psicossociais que permitem o desenvolvimento de comunidades autogeridas para resolver os seus problemas 35 Machine Translated by Google O que é psicologia comunitária Maritza Montero A segunda abordagem a mudança ou transformação social deve ser novamente especificada Estas não são mudanças sinalizadas de fora para a comunidade A positividade dessa transformação é definida a partir da situação da comunidade devendo ser conhecida a incorporação de aspectos externos provenientes de considerações de saúde mental saúde comunitária avanços científicos aspectos culturais religiosos políticos ou econômicos por exemplo discutido refletido e aceito pela comunidade As linhas de transformação são traçadas a partir da própria comunidade e sobretudo das aspirações desejos e necessidades da comunidade Nesse sentido é interessante observar como as ideias da psicologia da libertação juntamente com a consciência do caráter autodeterminante da comunidade têm interagido com a psicologia comunitária latinoamericana influenciandose mutuamente e são atualmente reconhecidas em trabalhos como esse de Nelson e Prilleltensky 2003 em que o bemestar e a libertação são apontados como objeto da psicologia comunitária e mais ainda a coexistência destes dois objetivos com a mudança social numa forma de simbiose social devido à complexidade de fenômenos comunitários Montero 2003a Psicologia comunitária e desenvolvimento comunitário A referida definição Montero 1982 aponta o poder e o controle sobre as circunstâncias da vida por parte das pessoas que compõem as comunidades bem como a mudança social como objeto deste ramo da psicologia Com efeito o primeiro ponto coloca a comunidade como âmbito e sujeito do trabalho psicossocial comunitário Mas não como um espaço delimitado pela teoria mas autodelimitado pela própria comunidade E não como sujeito sujeito definido externamente mas autodefinido a partir da própria comunidade como sujeito ativo das ações que nele se realizam como ator social construtor de sua própria realidade A ênfase nas deficiências desvantagens e fragilidades que parecem orientar certas intervenções e estudos em psicologia comunitária tem sido criticada Montenegro 2004 no prelo como expressão da definição que os agentes externos psicólogos podem fazer da comunidade trabalhadores sociólogos profissionais de saúde por exemplo O objeto da psicologia comunitária Nos Estados Unidos e no Canadá o nome psicologia comunitária é o predominante aparecendo em revistas em programas acadêmicos e também na linguagem cotidiana Mas este último também acontece na América Latina E quando examinamos os conteúdos do que é ensinado escrito e discutido em ambas as regiões pode haver uma maior ou menor tendência social uma maior ou menor ênfase em aspectos ligados à saúde e sua promoção à doença mental e sua prevenção mas as coincidências são maiores que as diferenças Neste trabalho e para abranger as diversas tendências deste ramo da psicologia que se alimentam das origens acima apresentadas optei por utilizar o nome mais genérico 36 Para definir o seu objeto de estudo a psicologia comunitária precisou nos seus primeiros anos de existência separar o ramo nascente da psicologia de outras práticas já existentes nas ciências sociais relacionadas com a comunidade comunidade ou desenvolvimento comunal Quase quatro décadas depois tal distinção não é mais necessária pois a prática tem mostrado as diferenças ao mesmo tempo em que aponta a comodidade multidisciplinar na hora de trabalhar Machine Translated by Google O que é psicologia comunitária Maritza Montero O desenvolvimento comunitário tem sido definido como o produto da acção comunitária Fals Borda 1959 1978 acção que ocorre quando a comunidade se responsabiliza pelos seus problemas e se organiza para os resolver desenvolvendo os seus próprios recursos e potencialidades e também recorrendo a pessoas de fora Esta noção exclui o paternalismo uma vez que se baseia na autogestão e na autodeterminação Contudo nem sempre são suficientes para atingir os objetivos da comunidade Os factores económicos e políticos criam muitas vezes barreiras que são difíceis de ultrapassar para a acção comunitária imediata O desenvolvimento comunitário deve portanto envolver também estratégias para superar tais obstáculos no longo prazo mantendo a comunidade sempre o controle da situação sob pena de fracasso O desenvolvimento comunitário então seguindo Fals Borda 1959 deve partir dos seguintes princípios catálise social consistindo na presença de um agente promotor do desenvolvimento pertencente ou não ao grupo cujo papel não é diretivo munido do recursos técnicos necessários bem como motivação e atitudes claras quanto ao seu papel e ao da comunidade autonomia que significa centralização no grupo inicial responsável por controlar dirigir e realizar o desenvolvimento prioridade que consiste no grupo indicar as necessidades a serem atendidas estabelecendo sua hierarquia realização isto é a obtenção de conquistas concretas imediatas que nos permitam alcançar o objetivo final a mudança social E por fim o princípio dos estímulos que consiste em reforçar especificamente cada conquista alcançada por menor que seja A minha experiência pessoal foi a de me encontrar em meados dos anos setenta perante problemas sociais que não podiam ser estudados nem resolvidos aplicando as formas habituais de tratamento desenvolvidas até então pela psicologia Somase a isso a convicção de que tais problemas deveriam ser enfrentados não só pelos psicólogos neles interessados mas também pelas pessoas afetadas dada a ineficiência ou inutilidade social dos procedimentos disponíveis Estas permitiram o diagnóstico em termos psicossociais o que já era conhecido mas estabeleceram uma lacuna entre esse diagnóstico e as formas de intervenção planeadas externamente ao âmbito do problema o que gerou um contínuo descompasso entre os acontecimentos da vida social os processos psicossociais vinculados a eles e às respostas da disciplina Algo semelhante ao problema lógico de Aquiles e da tartaruga colocado por Zenão na Grécia antiga Aquiles apesar de ser o corredor mais rápido nunca vencerá a corrida contra a tartaruga que partiu na pista antes dele pois é necessário que ele chegue ao local de onde partiu primeiro o perseguido a tartaruga Sobre o método em psicologia comunitária na organização e desenvolvimento de uma comunidade Embora questões relativas ao método sua fundamentação seu desenvolvimento sua implementação e sua aplicação em técnicas e procedimentos sejam discutidas com mais detalhes em outro lugar devese dizer aqui que uma ciência é tradicionalmente reconhecida por definir um objeto de estudo por gerar uma linguagem sobre o assunto e para criar um método para realizar esse estudo No que diz respeito ao método da psicologia comunitária como aconteceu no início com o seu objeto a nascente subdisciplina teve que contar com alguns dos métodos e técnicas existentes embora a sua aplicação fosse orientada por princípios e objetivos diferentes daqueles que reinavam naquela época Esses métodos e técnicas vieram principalmente da psicologia social isto é particularmente notável na psicologia comunitária desenvolvida na América Latina embora a antropologia a etnometodologia e a sociologia crítica também tenham fornecido empréstimos importantes tanto processualmente como na própria concepção da abordagem metodológica 37 Machine Translated by Google Maritza Montero O que é psicologia comunitária Por isso junto com meus alunos da época fomos primeiro ao que já sabíamos e ao que estava ao nosso alcance Da psicologia social tiramos as técnicas e procedimentos da dinâmica de grupo pois sabíamos que tínhamos que trabalhar com grupos comunitários e essas técnicas nos permitiram estabelecer trocas produtivas e vivas nas quais todos os membros do grupo pudessem ter a oportunidade de expressar o seu pontos de vista suas preocupações suas opiniões Também utilizamos técnicas de observação e acrescentamos abordagens participativas e sensibilidade da etnometodologia e da antropologia cultural Como naquela época investigar desta forma levantava suspeitas quanto à validade e fiabilidade recorremos à presença de observadores separados independentes e com posições diferentes no local de observação para que os seus registos nos permitissem verificar se o que tinha acontecido tinha ocorrido relatórios disseram que isso havia acontecido O primeiro desenvolvimento metodológico que gerou um método ativo participativo e transformador vem de Porto Rico Em 1979 Irma SerranoGarcía e Alberto Irizarry publicaram um artigo intitulado Intervenção na pesquisa no então recémcriado Boletim da AVEPSO Associação Venezuelana de Psicologia Social onde além de descreverem as intervenções psicossociais comunitárias que realizavam em o bairro Buen Consejo em San Juan Porto Rico apresentou um diagrama detalhado e uma descrição das etapas e das diferentes técnicas utilizadas ao mesmo tempo que apontou suas fontes de inspiração os aspectos gerados na práxis e os princípios norteadores Eles chamaram esse método de participante e também se referiram a ele como intervenção de pesquisa Ao mesmo tempo em que isso acontecia começávamos a estudar as contribuições que Fals Borda 1959 1978 fazia da sociologia crítica ou militante como também tem sido chamada para aquilo que ele inicialmente e inspirou no psicólogo Kurt Lewin 19481973 descreveua como pesquisaação mas já em 1977 no Simpósio Mundial de Pesquisa Ativa e Análise Científica Cartagena Colômbia passou a ser chamada de pesquisaação participativa A união entre teoria e prática como apontamos no capítulo 5 deste trabalho é um dos princípios fundamentais da psicologia comunitária e juntamente com a consideração da natureza activa dos participantes provenientes das comunidades e a redefinição do papel de psicólogos comunitários contribuiu para o desenvolvimento da perspectiva metodológica participativa que caracteriza o método em psicologia comunitária impossível é por isso que necessariamente sempre o precederá por alguma distância A mesma coisa mas com influências diferentes aconteceu nos Estados Unidos Em 1977 Rappaport apontou quatro fontes no desenvolvimento das estratégias de intervenção que eram utilizadas no campo comunitário naquela época 1 as formas de psicoterapia breve e intervenção em crise caracterizadas pela rapidez e pela sua adaptação à situação qual a contribuição da psicologia clínica e do movimento de saúde mental na comunidade 2 a análise de pequenos grupos e em geral da dinâmica de grupo a partir da psicologia social 3 as contribuições da teoria dos sistemas e suas aplicações na psicologia social das organizações e 4 análises institucionais e comunitárias organização comunitária e perspectivas ecológicas a partir de análises sociais abrangentes É interessante observar como também no caso americano se recorreu ao que existia e que permitiu uma abordagem transformadora Assim como na América Latina o tratamento destas estratégias e táticas metodológicas foi mediado pelos valores e objetivos da nova subdisciplina O impulso gerado tanto nos primórdios da América Latina como da América não diminuiu A natureza participativa de muitas das técnicas utilizadas em psicologia 38 Machine Translated by Google O que é psicologia comunitária Maritza Montero É regido pelos seguintes princípios básicos 1 O princípio científico de que o método segue o objeto Os métodos não são independentes nem determinam o que investigar O método está indissociavelmente ligado aos aspectos epistemológicos e oncológicos ver capítulo 3 Portanto é o problema que determina qual método utilizar para quê e quando Daí a natureza participativa dos métodos comunitários 3 A natureza ativa do método A orientação para a transformação da psicologia comunitária requer formas de saber que respondam às exigências colocadas pelas comunidades 4 O carácter contínuo da sua aplicação Isto significa que embora existam aplicações técnicas ou processuais específicas toda intervenção comunitária envolve uma aplicação metodológica que acompanha todas as ações e relações que se realizam com a comunidade 5 A natureza heurística deste método que na sua necessidade de responder às exigências da situação deve gerar formas sistemáticas de responder às suas características quando estas não existem anteriormente Por fim é necessário salientar que em geral o método da psicologia comunitária 2 O carácter participativo deste método já referido que se manifesta na sua implementação na discussão e reflexão dos resultados apresentados e na tomada de decisão quanto à sua utilização Outro aspecto que caracteriza este pluralismo metodológico é a utilização de métodos qualitativos muitas vezes predominantes e quantitativos Há consciência de que embora os primeiros nos permitam obter o significado dos processos na sua riqueza e diversidade os segundos permitem avaliar a magnitude dos recursos e necessidades e fornecem informações importantes no desenvolvimento de planos e estratégias de mudança na comunidade comunidade bem como o lugar central que nela ocupa a investigaçãoação participativa têm sido afirmados e ampliados mas ao mesmo tempo existe o que pode ser considerado uma forma de pluralismo metodológico no sentido de que a par deste método a utilização das formas tradicionais de investigação e intervenção social não está descartada Por exemplo a utilização de inquéritos métodos epidemiológicos observação técnicas de dinâmica de grupo que nunca deixaram de ser utilizadas inventários testes psicológicos O interessante é que tanto tradicionais quanto participativos os métodos são sempre orientados pelos princípios e valores da disciplina e nesse sentido é comum encontrar transformações de cunho participativo que lhes são aplicadas como a intervenção de comunidades membros na discussão e produção de itens de questionário ou em técnicas de discussão e reflexão em grupo 6 O carácter contextualizado que se expressa na adaptação do método técnicas e procedimentos ao contexto específico cultural e comunitário em que se trabalha Este capítulo apresenta uma descrição do que é o objeto e uma referência geral ao método da psicologia comunitária Embora todo este livro se refira a ela aqui são especificados o nome e as características definidoras deste ramo da psicologia que marcam o seu caráter orientado para a transformação social e pessoal dinâmico contextualizado participativo político preventivo gerador de uma práxis que quando intervindo produz resultados concretos e reflexão teórica consciente da diversidade temporal e espacial decorrente do relativismo cultural São também apontadas as relações e diferenças com outras formas de abordagem às comunidades como o desenvolvimento comunitário bem como a sua 39 Resumo Machine Translated by Google SerranoGarcía I López MM e RiveraMedina E 1992 Rumo a uma psicologia social comunitária em I Serrano García e W RosarioCollazo coords Contribuições portoriquenhas para a psicologia social comunitária San Juan Porto Rico EDUPR pp SerranoGarcía I 1992 Intervenção na pesquisa seu desenvolvimento em I SerranoGarcía e W RosarioCollazo coords Contribuições portoriquenhas à psicologia social comunitária San Juan Porto Rico EDUPR pp 211282 Este capítulo apresenta informações detalhadas e bastante completas sobre o método participante sua construção e seus fundamentos Sua leitura proporciona uma visão ampla do assunto É essencial para quem atua na área psicológica comunitária Questões para refletir sobre a psicologia comunitária Qual a especificidade disciplinar da psicologia comunitária Outras disciplinas científicas poderão abranger o campo de acção da psicologia comunitária Que aspectos positivos e quais aspectos negativos derivam da condição multidisciplinar presente no surgimento da psicologia comunitária Exercícios de problematização na perspectiva psicológica comunitária Rever relatórios de intervençõesinvestigações comunitárias e descrever com base na sua investigação as contribuições que a psicologia comunitária traz à comunidade e à psicologia Leve qualquer jornal de onde você mora Leitura adicional 74105 Este capítulo situa a psicologia social comunitária em seu quadro conceitual ao mesmo tempo que descreve seu objeto e dá exemplos de sua práxis na Universidade de Porto Rico Embora na América Latina a psicologia comunitária tenha sido principalmente uma psicologia social comunitária indicase por que se adota o nome mais genérico já que desta forma se incluem outras tendências não menos marcadas por essa primeira influência mas que a partir da última década eles começaram a desenvolver suas áreas específicas Por fim descrevese brevemente como se originou o método predominante na disciplina apontando suas características e os princípios básicos que o norteiam pontos de contato com outros ramos da psicologia e com outras ciências sociais com as quais mantém vasos comunicantes e que além disso estiveram presentes no seu surgimento e contribuíram com conceitos e métodos posteriormente modulados e transformados no campo psicológico comunitário 40 Procure informações sobre as comunidades que existem naquela localidade Pense em como a psicologia comunitária poderia intervir neles O que é psicologia comunitária Maritza Montero Machine Translated by Google A psicologia comunitária surgiu quase ao mesmo tempo que o chamado novo paradigma pouco depois conhecido nas ciências naturais e sociais como paradigma relativista quântico Podese dizer que é uma manifestação daquele paradigma que se vinha desenvolvendo desde finais do século XIX e que começou a ocupar um lugar relevante a partir da década de 1980 Isto fica evidente no fato de que a psicologia comunitária nasce marcada pelos signos da complexidade do holismo e da ambiguidade imprecisão Dentro desta consideração geral do modo de conhecer o mundo e o ser humano este novo campo da psicologia constrói por sua vez uma versão própria baseada em uma práxis na qual atua a partir da crítica não apenas do status quo teórico e metodológico mas também a concepção de ser humano e seu papel na produção do conhecimento Com a sua criação pretendeuse produzir uma forma de intervenção nos problemas psicossociais de forma a criar uma psicologia efetivamente social produzindo também transformações nas pessoas e no seu ambiente definidas e dirigidas por essas mesmas pessoas e não a partir de programas que ao prescindir de a participação dos seus destinatários viu a sua eficácia limitada à qualidade dos seus intérpretes e ao fim da sua duração O paradigma se expressa na psicologia comunitária a partir dos modos de fazer ao mesmo tempo em que se definem seus atores agentes externos e internos redefinindo seus papéis e apontando o campo compartilhado de sua ação Como foi dito logo começam a ser desenvolvidos conceitos explicativos e descritivos e com eles começa a construção teórica baseada na ação e na reflexão Um modelo que não é vitalício mas que cumpre durante um certo tempo uma função estruturante e sistematizadora do conhecimento gerado e que à medida que avança um campo do conhecimento pode partilhar espaço e tempo com outros modelos alternativos Chamei esse modelo assim construído de paradigma de construção e transformação crítica embora seja comum ouvilo mencionado em termos de sua inserção científicogeográfica como psicologia social comunitária latinoamericana mas tal título é demasiado genérico e de facto embora o modelo tenha muitas das suas primeiras expressões na América Latina também se desenvolveu para além das nossas fronteiras Austrália alguns centros académicos nos Estados Unidos e Reino Unido Por outro lado embora tenha tido influência e uma estreita relação em alguns casos com o construcionismo crítico considero que reduzilo a essa única tendência é ligálo a uma corrente com a qual embora coincida em muitos pontos e manteve interação ativa também possui aspectos não compartilhados O primeiro nome tem a vantagem de indicar os aspectos fundamentais que norteiam o trabalho comunitário na nossa América aquela construção aquela práxis que surgiu com tanta força e foi assumida no nosso continente 41 Sobre modelos e paradigmas Qual é o modelo que resume essa forma de construção do conhecimento Um modelo é entendido aqui como uma forma de fazer e compreender a partir da qual novos conhecimentos são gerados O paradigma da psicologia comunitária e sua fundamentação ética e relacional CAPÍTULO 3 A noção de paradigma Para definir a estrutura paradigmática da psicologia social comunitária devemos primeiro esclarecer do que estamos falando quando usamos a palavra paradigma uma vez que como se sabe o termo tem nada menos que 21 conotações diferentes Masterman 1975 Por paradigma O paradigma da psicologia comunitária e sua fundamentação ética e relacional Maritza Montero Machine Translated by Google Acredito que tais demandas sejam atendidas no caso da psicologia comunitária pois se compararmos os desenvolvimentos realizados tanto na América Latina quanto nos Estados Unidos corrente ecológicocultural psicologia para o bemestar e a libertação de Nelson e Prillekensky 2003 no Canadá na Austrália Bishop Sonn Drew e Contos 2002 e na Inglaterra Orford 1998 podemos encontrar diferenças em teorias específicas Contudo também é possível perceber como nos aspectos fundamentais de natureza paradigmática há coincidência diálogo libertação apoio social consciência inclusão social ética são aspectos que mais cedo ou mais tarde encontramos nas obras dos mais proeminentes psicólogos comunitários do mundo no último quarto de século Podese dizer então que existe uma comunidade diferenciada que possui canais de comunicação a Comissão de Psicologia Comunitária da Sociedade Interamericana de Psicologia Divisão 27 da Associação Americana de Psicologia a Sociedade de Pesquisa e Ação Comunitária e uma boa número de revistas especializadas internacionais e nacionais e que partilha inúmeras técnicas e métodos tanto qualitativos como quantitativos E essa comunidade sustenta com a sua práxis o paradigma que aqui se apresenta construído por psicólogos que trabalham com comunidades e que há mais de três décadas trabalham arduamente num modelo de produção de conhecimento cujos produtos apresento em cinco dimensões Epistemológico referese à relação entre sujeitos cognoscentes e objetos de conhecimento e neste paradigma é marcado pela complexidade e pelo caráter relacional ou seja pelo fato de que o conhecimento é sempre produzido nas e através das relações e não como um incidente isolado de uma indivíduo solitário Metodológico trata das formas utilizadas para produzir conhecimento que na psicologia comunitária tendem a ser predominantemente participativas embora outras formas não sejam excluídas Segundo Munné 1989 para que haja um paradigma é necessário gerar uma comunidade científica informal mas bem diferenciada caracterizada por ter canais de comunicação próprios por partilhar a mesma abordagem epistemológica por utilizar uma terminologia específica conceptual comum utilizando um método ou métodos particulares e mesmo assumindo uma escala de valores semelhante Munné 1989 32 Ontológico diz respeito à natureza e definição do sujeito cognoscente condição que na psicologia comunitária não se limita a um único tipo de conhecedor proveniente de uma única instituição social quase sempre a ciência Como a psicologia comunitária reconhece a natureza produtora de conhecimento dos membros das comunidades então a natureza da relação entre os pesquisadores externos psicólogos e as pessoas que formam as comunidades aquelas que na pesquisa tradicional são chamadas de sujeitos é um aspecto fundamental neste paradigma Isto supõe um conjunto sistemático de ideias e práticas que regem as interpretações sobre a actividade humana sobre os seus produtores Munné em 1989 fala de um modelo de homem a sua génese e os seus efeitos nas pessoas e na sociedade e que indicam caminhos preferenciais de fazer para conhecêlos Montero 1993 1996b Compreende um modelo ou forma de conhecer que inclui tanto uma concepção do indivíduo ou sujeito cognoscente quanto uma concepção do mundo em que vive e das relações entre os dois 42 Política referese ao caráter e à finalidade do conhecimento produzido bem como ao seu âmbito de aplicação e aos seus efeitos sociais ou seja a natureza política da ação Ética referese à definição do Outro e à sua inclusão na relação de produção do conhecimento ao respeito por esse Outro e à sua participação na autoria e propriedade do conhecimento produzido Maritza Montero O paradigma da psicologia comunitária e sua fundamentação ética e relacional Machine Translated by Google O fato de haver cinco dimensões aqui apresentadas se deve à natureza reflexiva e crítica que caracterizou a psicologia comunitária desde o seu nascimento Este contínuo exame crítico levounos a perceber que os aspectos éticos e políticos embora muitas vezes presentes na acção não estavam a ser considerados como parte integrante de um modo de produção de conhecimento aliás o mesmo ocorre noutros ramos não só de psicologia mas da ciência em geral Montero 19931996b 1996c Portanto é necessário dar o lugar que corresponde a estas duas dimensões ao lado das outras três tradicionalmente consideradas ontologia epistemologia e metodologia Esta classificação tripartida formalmente exclusiva dos aspectos éticos e políticos pode ser um resquício da consideração dominante que nos últimos três séculos foi dada aos aspectos da produção do conhecimento que privilegiam o individualismo e o lugar institucionalizado da ciência o que não significa que muitos investigadores não têm dado importância às outras duas dimensões O que acontece é que embora alguns autores Smith 1990 House 1990 May 1980 considerem que poderiam ou deveriam ser considerados pelos investigadores como aspectos independentes eles não são vistos como uma parte intrínseca tanto para melhor como para pior do modelo de produção de conhecimento assumido Vejamos a seguir como se configura esse paradigma da psicologia comunitária em cada uma dessas cinco dimensões Para a psicologia a natureza do ser cognoscente temse centrado tradicionalmente no indivíduo e na sua subjetividade e no caso da psicologia social principalmente na sua interação com grupos nos quais ocorre a comunicação face a face Esse ser isolado origem e destino da interação é o que costumamos chamar de sujeito Mas a psicologia comunitária não trabalha com sujeitos trabalha com atores sociais Mas isso ainda não é suficiente pois no complexo cenário social existem atores primeiros e atores secundários protagonistas e figurantes Alguns fazem longos discursos e outros mal atravessam a cena para entregar uma carta fazer barulho ou cair mortos Assim na psicologia comunitária não se trata apenas de um ser ativo e não meramente reativo mas de alguém que constrói a realidade e que protagoniza o cotidiano A etapa social não tem uma etapa única é múltipla Além disso quando falamos de ator social estamos falando de alguém que possui conhecimento e que o produz continuamente Portanto é alguém que pensa age e cria cujo conhecimento denominado saber popular deve ser levado em consideração Portanto ao envolver esse sujeito em trabalhos e pesquisas comunitárias seu conhecimento se soma à sua ação na construção de novos conhecimentos Sobre a estrutura paradigmática dos modelos científicos O paradigma da construção e a transformação crítica Três dos cinco campos indicados acima epistemológico natureza do conhecimento ontológico natureza do ser e metodológico natureza do modo de conhecer são geralmente considerados Lincoln e Guba 1985 Guba 1991 como a estrutura ou as instâncias básicas de um paradigma científico comunidade e a possibilidade que cada entidade tem de se expressar e fazer ouvir a sua voz no espaço público 43 dimensão ontológica O paradigma da psicologia comunitária e sua fundamentação ética e relacional Maritza Montero Machine Translated by Google As consequências desta posição ontológica para a psicologia comunitária são evidentes Em primeiro lugar toda consideração passiva da comunidade deve ser descartada e portanto os seus membros têm o direito de tomar decisões sobre os assuntos que lhes dizem respeito bem como o compromisso de executálos Se se espera que a comunidade desempenhe mas não lhe seja permitido decidir sobre o destino ou a condição da sua acção ou se a tarefa a ser executada for imposta com mais ou menos subtileza a concepção passiva do Outro ainda estará presente A este respeito Santiago SerranoGarcía e Perfecto 1983 1920 exemplificam os efeitos desta posição na psicologia comunitária quando estabelecem os seguintes pressupostos como guia para o trabalho comunitário A comunidade tem o direito de decidir qual o tema vai embora para intervirinvestigar e como você quer que isso seja feito A comunidade é a mais afectada por qualquer tipo de investigaçãointervenção Portanto ninguém tem o direito de intervirinvestigar sem o seu consentimento A comunidade dispõe de recursos para realizar as suas próprias intervençõespesquisas sem a necessidade da vinda de estranhos para realizar esta tarefa O papel do profissional neste trabalho deve ser o de facilitador e não o de especialista Mas além disso esta construção é social e portanto relativa pois responde a um momento e a um espaço específico uma vez que é produzida historicamente Com isto não negamos a existência da realidade apenas nos apropriamos daquilo que nos corresponde pois é um mundo de conhecimento que corresponde aos nossos esforços e histórias ao mesmo tempo que lhes respondemos Assim a realidade para esta concepção de conhecimento é inerente aos sujeitos que a constroem ativa e simbolicamente todos os dias dandolhe existência e que dela fazem parte A realidade está no sujeito e ao seu redor Por sua vez o sujeito está na realidade faz parte dela e não é possível separálos Dimensão epistemológica científico e popular E o sujeito do conhecimento seja qual for a sua origem é também um sujeito que critica age e reflete a partir da realidade que constrói a partir do discurso e das ações Esta dimensão referese à natureza da produção do conhecimento Tal relação é proposta com caráter monista o que significa que não há distância entre sujeito e objeto Não são tratados como entidades separadas e independentes para cujo relacionamento e contato deve haver aproximações mediadas por procedimentos que podem ou não estar presentes em alguns sujeitos ou em alguns objetos É que ambos sujeito e objeto são considerados parte de uma mesma dimensão numa relação de influência mútua O sujeito constrói uma realidade que por sua vez o transforma o limita e o impulsiona Ambas vão sendo construídas continuamente num processo dinâmico num movimento constante que não é apenas dialético mas também analético Dussel 1998 Analítica1 é entendida como a extensão da dialética que permite incluir na totalidade formada pela tese sua antítese e síntese de ambas a diversidade e a estranheza do outro inimaginável que ao entrar nessa relação a enriquece e expande ao mesmo tempo mesmo tempo Em resumo tratase de um monismo dinâmico que supõe internamente um movimento contínuo de transformação mútua entre o sujeito cognoscente e o objeto conhecido que contém numa única substância os termos dessa relação 44 O paradigma da psicologia comunitária e sua fundamentação ética e relacional Maritza Montero O prefixo grego ana significa do além 1 Machine Translated by Google Se a construção do conhecimento e do sujeito cognoscente se definem como vimos obviamente os métodos tradicionais baseados no que Fernández Christlieb 1994a eb chama de epistemologia da distância pela separação que impõe entre o sujeito e o objeto têm um lugar limitado neste campo É por isso que a investigaçãoação se assume na sua expressão participativa PAR retirada do campo da sociologia e da educação popular embora a sua origem seja na psicologia Lewin 19481973 enriquecendoa com aspectos provenientes daqueles métodos psicologia tradicional dinâmica e de natureza coletiva Métodos capazes de produzir perguntas e respostas diante de suas transformações e das abordagens que estas provocam Métodos cuja característica fundamental é a capacidade de mudar de acordo com as mudanças do problema em estudo de forma que as construções sejam geradas numa ação crítica e reflexiva de natureza coletiva Pretendese então construir uma metodologia dialógica dinâmica e transformadora que incorpore a comunidade no seu autoestudo Santiago SerranoGarcía e Perfecto 1992 285 Por isso como já foi dito a dialética se amplia transformandoa em analética conseguindo assim uma forma de intervenção e estudo que responde aos interesses das pessoas a quem se pretendem destinar os seus benefícios Dimensão ética Os aspectos epistemológicos e ontológicos apresentados acima suscitam uma relação entre o sujeito cognoscente e o objeto cognoscível o que altera a abordagem do objeto de estudo proposta pela psicologia tradicional Não é mais possível falar em relação sujeito objeto considerando os sujeitos sociais membros das comunidades como segundo termo do binômio uma vez que são igualmente sujeitos conhecedores participantes legais e de fato da pesquisaintervenção comunitária É necessário então estabelecer uma relação sujeitosujeito objeto pois existe um sujeito duplo cognoscente É por isso que a psicologia fala de agentes externos e de agentes internos no trabalho comunitário e propõe uma relação dialógica horizontal de união do conhecimento científico e do conhecimento popular e de retorno sistemático do conhecimento científico produzido às comunidades ao mesmo tempo que entrega de o conhecimento popular construído a agentes externos pois cada um participou de sua construção e contribuiu a partir de sua experiência de seu conhecimento cotidiano de seu bom senso e de sua disciplina Por esta razão o papel dos psicólogos comunitários não é o de intervenientes especialistas mas sim o de catalisadores de transformações sociais Mas talvez o aspecto mais interessante na dimensão metodológica comunitária seja a necessidade de gerar métodos que se transformem ao mesmo ritmo que as comunidades mudam Dimensão metodológica A relação entre psicólogos comunitários e outros atores sociais Quatro cinco A definição do Outro e a sua inclusão na relação de produção do conhecimento constituem o eixo desta dimensão Tem como principal objetivo a relação com o Outro em termos de igualdade e respeito incluindo a responsabilidade que cada pessoa tem em relação ao Outro entendendo a responsabilidade não de responder mas de responder pelo Outro Dussel 1998 Tratase de uma consideração do Outro não como um objeto criado por quem controla determinados recursos na relação nem como um produto da imaginação dessa pessoa que em O paradigma da psicologia comunitária e sua fundamentação ética e relacional Maritza Montero Machine Translated by Google De acordo com o paradigma em que se insere esta subdisciplina no campo Uma ética baseada na relação supõe uma forma de expressão da retidão que vai além do direito de afirmar o próprio interesse de considerar o interesse comum acima do bemestar individual A equidade da ética da relação significa reconhecer não só o caráter humano e digno do outro mas também que a alteridade não é uma lacuna uma diferença algo que distingue que separa mas faz parte do EU Que cada um é outro e que cada um é um eu Montero 2000a As consequências que se manifestam em todas as dimensões paradigmáticas derivam de tal concepção ética Para a psicologia comunitária o respeito pelo outro a sua inclusão em toda a sua diversidade a sua igualdade os seus direitos e obrigações expressamse no campo ontológico na definição do seu objeto de estudo nos aspectos epistemológicos na relação de produção conjunta de conhecimento entre agentes externos e internos e nessa forma de definilos como produtores de conhecimento na dimensão metodológica ao transformar os modos e meios de conhecer e nos aspectos políticos da disciplina ao apontar os seus objetivos e o efeito que podem ter no espaço público e na sociedade em geral Estas consequências podem ser resumidas da seguinte forma O Outro não é um objeto criado pelo Um2 Para além da construção que se faz desse Outro existe uma existência que por sua vez constrói a si mesma e aos que a rodeiam Isto traduzse na psicologia comunitária na sua definição da existência independente e histórica da comunidade como uma forma de grupo e dos seus membros na sua singularidade Como já foi dito a comunidade como grupo ou conjunto de grupos organizados tem voz própria e os seus membros activos têm a capacidade de tomar e executar as suas próprias decisões têm a capacidade e o direito de participar A cultura e as suas modalidades reflectemse tanto na comunidade como nos seus agentes internos e nos agentes externos E os padrões de relacionamento para compreender e cometer erros ao mesmo tempo que se desenvolvem culturalmente são transformados no relacionamento Montero 2000a A relação é sempre dialógica e tem caráter discursivo Isto significa que as relações humanas devem estar abertas a uma multiplicidade de vozes Impor silêncio a certas categorias sociais é antiético e é uma forma de suprimir ou excluir outras 46 A ética do relacionamento comunidade falamos de uma ética da relação que defini da seguinte forma A concepção ética envolve o caráter inclusivo do trabalho comunitário no qual busca integrar respeitando as diferenças individuais em vez de excluir ou separar A comunidade como grupo ou conjunto de grupos organizados tem voz própria e os seus membros activos têm a capacidade de tomar e executar as suas próprias decisões têm a capacidade e o direito de participar Como comunidad es un sustantivo colectivo aun cuando se trabaje con grupos organizados de la comunidad relativamente pequeños es necesario orientar ese trabajo hacia la participación de aquellas personas que aunque no formen parte de esos grupos tienen partipación en los procesos que afectan y hacen a a comunidade Psicologia comunitária significa reconhecer a existência independente da comunidade como forma de grupo e dos seus membros na sua singularidade na sua qualidade de proprietários de uma história por eles construída antes e depois da intervenção comunitária O paradigma da psicologia comunitária e sua fundamentação ética e relacional Maritza Montero As letras maiúsculas são utilizadas nas palavras Outro e Um para indicar a natureza genérica da alteridade Outro e da unidade Um referindose ao sujeito sob cuja perspectiva uma relação é proposta 2 Machine Translated by Google Por outro lado quando alguém é acusado de falta de ética de violar a ética ou de ir contra ela aludindo a um comportamento repreensível entrase no campo da moralidade Na psicologia como em muitas outras áreas profissionais é comum encontrar uma fusão entre ética moralidade e deontologia É muito bom que existam normas que regulam as práticas profissionais mas é igualmente conveniente explicar os princípios éticos que constituem o substrato dessas normas E em geral os três níveis de distinção entre o bem e o mal devem estar localizados no seu grau de especificidade e generalidade Já vimos do que se trata a ética A moralidade é o conjunto de prescrições e normas culturais através das quais se expressa a ética cujo cumprimento é instado a ser seguido em uma determinada época e sociedade ou cultura Como indica sua etimologia vem do latim mores que significa costumes a moral diz respeito aos modos de fazer e de se comportar Ética e moral andam juntas a primeira influenciando a segunda mas não são termos intercambiáveis Porém como dito o que se costuma falar e o que se encontra frequentemente em manuais e tratados científicos é a deontologia ou seja o conjunto de 47 Pareceria inútil se não redundante definir ética O cotidiano é repleto de menções e usos relacionados à ética Em qualquer rua ou mesa de qualquer cidade todos os dias alguém diz a alguém que Fulano assumiu uma atitude ou posição ética ou que Zutano carece de toda ética Da mesma forma todos os dias alguém é lembrado de manter a conduta ética ou códigos de ética profissional são citados ou invocados E tudo isso é feito como algo natural e típico das tarefas diárias Mas estamos falando da mesma coisa nos exemplos apresentados Nas conversas cotidianas palavras que avaliam ou julgam o comportamento de uma pessoa conhecida parecem referirse a um cânone que regula o comportamento e a disposição das pessoas na vida social No caso dos chamados códigos de ética profissional tratase de conjuntos de disposições que regem a forma como a profissão específica a que se referem deve ser exercida na sua relação com as pessoas com quem irá lidar Pareceria então que existem diferentes níveis de significado referidos à ética E de fato é Os referidos códigos tratam das regulamentações deontológicas relativas às diferentes práticas profissionais E a deontologia trata dos deveres e do seu devido cumprimento portanto cumprir o código de ética da profissão psicológica por exemplo significa fazêlo através das boas práticas observando as normas que regulam o exercício da profissão Ou seja o que trata do bem em geral e do caráter mau ou bom das ações de acordo com a cultura em que se vive X deve ter observado um determinado comportamento de outra forma esperado de pessoas como as envolvidas numa situação específica Mas X não agiu da maneira adequada e esperada por isso é acusado de ser antiético de violar a ética Parece então que a ética se refere ao substrato sobre o qual se baseiam as práticas desejadas e desejáveis consideradas boas em cada cultura moralidade e a partir do qual se regulam os comportamentos julgados como ótimos para cada profissão deontologia Ética moralidade e deontologia conceitos relacionados mas não sinônimos Consequentemente a psicologia comunitária está aberta à pluralidade de formas de produção de conhecimento e transformação Aceitar que o conhecimento pode ocorrer em diferentes áreas através de diferentes meios é uma noção que na psicologia comunitária está ligada ao princípio de que teoria e prática não podem ser separadas ver capítulo 5 O aspecto crítico se expressa na reflexão permanente sobre o que está sendo feito e leva à consciência do que se apresenta como uma forma natural de ver as coisas Maritza Montero O paradigma da psicologia comunitária e sua fundamentação ética e relacional Machine Translated by Google Coautoria e propriedade do conhecimento Dimensão política O respeito por este Outro e a sua participação na autoria e propriedade do conhecimento produzido mostra o caráter ético deste paradigma Dos três aspectos descritos acima fica claro que por haver um duplo sujeito cognoscente ou melhor por reconhecer que aqueles que eram tradicionalmente definidos como sujeitos de pesquisa também produzem conhecimento há autoria compartilhada do conhecimento produzido no trabalho comunitário ver capítulo 6 regras a seguir para observar condutas moralmente impecáveis mas não necessariamente e completamente éticas uma vez que normas socialmente aceitáveis podem excluir determinadas categorias ou grupos ou podem permitir práticas que os prejudiquem Ao mesmo tempo tudo isto reflecte uma posição ética anterior a eles que determina o seu significado e orientação Os códigos de ética profissional são então conjuntos de regras de conduta pertencentes à ordem moral que se enquadram no campo sempre aplicado da deontologia ou da teoria dos deveres Como existe um duplo sujeito cognoscente já que aqueles que tradicionalmente eram definidos como sujeitos de pesquisa também produzem conhecimento há autoria compartilhada para o conhecimento produzido no trabalho comunitário Fals Borda 1985 descreve a prática que chama de devolução sistemática do conhecimento produzido aos membros da comunidade Gonçalves de Freitas 1997 também aponta a necessidade do seu complemento lógico e dialógico a entrega sistemática do conhecimento popular aos agentes externos Este intercâmbio é necessário porque embora ambos os tipos de agentes tenham trabalhado em conjunto como vimos muitas vezes os membros da comunidade podem não estar conscientes do que significa a sua contribuição E exatamente a mesma coisa pode acontecer com alguns agentes externos em relação a essa contribuição vinda da comunidade Essa coautoria deve estar claramente estabelecida nos relatórios produzidos no sentido de que deve ser citado quem fez o que E se for um artigo ou um trabalho acadêmico produzido a partir de trabalho realizado por um agente externo esse trabalho deverá indicar o que as pessoas da comunidade fizeram e deverá ser obtida sua permissão para publicação embora o artigo ou livro seja produzido por o agente externo E se a análise foi construída de forma colaborativa então a coautoria deveria ser obrigatória Este é um aspecto ético pois é necessário reconhecer que nem todos os produtos da investigaçãointervenção comunitária provêm do campo científico O contexto da descoberta não é exclusivo da ciência e no caso do trabalho comunitário como há uma reflexão e ação partilhada derivada do reconhecimento da natureza ativa dos participantes o conhecimento produzido pertence tanto a agentes externos como a agentes internos membros da comunidade e é portanto propriedade de ambos e deve servir a ambos Esta consideração dos membros da comunidade como coprodutores não é apenas um exercício do respeito que deve ser tido pelo Outro mas também o reconhecimento da sua igualdade na diferença Ou seja é investido de direitos bem como se distingue pelo seu caráter único E é essa consideração que permite o diálogo bem como a reflexão crítica nos dois sentidos do agente externo para o interno e viceversa O carácter e a finalidade do conhecimento produzido bem como o seu âmbito de aplicação e os seus efeitos sociais moldam a natureza política da acção comunitária A política referese 48 O paradigma da psicologia comunitária e sua fundamentação ética e relacional Maritza Montero Machine Translated by Google Uma episteme do relacionamento Guareschi 1996 82 define o relacionamento como a ordenação ou direção intrínseca de uma coisa na direção de outra e cita uma frase dita por uma jovem em uma comunidade um relacionamento é uma coisa que não pode ser ela mesma se não haveria outro 1996 82 Pareceme que tal concepção responde ao que é a essência do social indicando que não apenas um está na relação mas que um está na relação pois ninguém pode estar sem o outro assim como esse outro está igualmente o correlato do eu Guareschi 1996 83 fala de pessoasrelação o que se explica porque a pessoa só pode existir em relação Para além da relação existe apenas o mundo das coisas que é um mundo enquanto a nossa relação com ele o definir Não relacionamento é vazio nada Mas vou mais longe nem a coisa nem o nome nem eu nem você existem exceto na relação A relação faz os seres que a constroem A psicologia comunitária é definida como uma psicologia das relações criada para um mundo relacional Seu objeto trata de formas específicas de relacionamento entre pessoas unidas por Da mesma forma a geração de conhecimento e o respeito à diversidade têm consequências políticas e podem ser produto de políticas públicas específicas E se a ética reside no reconhecimento e na aceitação do Outro na sua diferença na sua aceitação como sujeito cognoscente e de direitos iguais a relação que se dá em tais circunstâncias será libertadora porque a liberdade não reside no isolamento e na separação entre Um e Outro mas na intersubjetividade que ao reconhecer a humanidade do Outro permite que por esse ato o Um também seja humano De tal forma que o caráter ético está intimamente ligado ao político A ideia da relação como área fundamental do ser e do saber começa a se fazer sentir no campo das ciências sociais latinoamericanas no início da segunda metade do século XX Os primeiros trabalhos de Paulo Freiré 1988 expressamno com grande clareza Somos seres de relações num mundo de relações afirma referindose à necessidade de compreender que o conhecimento não ocorre em pessoas isoladas mas na intersubjetividade que é produto da relação A filosofia da libertação outro produto latinoamericano continuou a elaborar a ideia Dussel 1973 1998 e no campo da psicologia tem sido trabalhada por Moreno 1993 e por Guareschi 1996 A psicologia comunitária propõe uma participação cujo caráter político se manifesta na função desalienadora mobilizadora de consciência e socializadora que a práxis realizada pode ter A desalienação e a sensibilização apresentamse como processos que fazem parte da reflexão que procura contrariar os efeitos ideológicos das estruturas de poder e de dependência E esta participação não procura apenas remediar algum mal realizar algum desejo mas também gerar comportamentos que respondam a uma projeção ativa do indivíduo no seu ambiente social bem como a uma concepção equilibrada desse ambiente e do seu lugar nele à esfera pública à esfera da cidadania e à forma como nos relacionamos com outras pessoas nela Da mesma forma referese ao poder e às suas linhas de ação que constitui o seu núcleo central Isso significa fazer e dizer na sociedade em que vivemos Portanto tem a ver com ter voz e fazêla ser ouvida e com criar espaços para que aqueles que foram relegados ao silêncio possam falar e ser ouvidos e o diálogo possa ser estabelecido Uma sociedade não pode ser considerada livre quando o que se chama de diálogo só pode ocorrer entre aqueles que dizem a mesma coisa ou falam com a mesma voz Por isso a relação dialógica proposta na psicologia comunitária ao gerar um espaço de ação transformadora cria ao mesmo tempo um espaço de ação cidadã que permite a expressão das comunidades e portanto é um exercício de democracia 49 O paradigma da psicologia comunitária e sua fundamentação ética e relacional Maritza Montero Machine Translated by Google Uma perspectiva holística de paradigmas Em outras palavras toda epistemologia está diretamente relacionada a uma concepção ontológica que define o ser e o objeto do conhecimento a partir da qual se produz uma relação cognitiva Por sua vez o método aplicado também reflete estes dois aspectos Isto é particularmente importante pois no que diz respeito ao método e às técnicas dele derivadas produzse o que só posso descrever como um efeito perverso uma vez que às vezes se torna independente das concepções ontológicas e epistemológicas éticas e políticas em conjunto com que surge e se torna o motivo da investigação em vez de ser o caminho da investigação Da mesma forma quando se fala em ontologia epistemologia e metodologia não é possível deixar de fora a ética e a política O ponto central da ética reside como vimos na concepção do Outro na sua definição e no âmbito da sua participação na relação com o sujeito cognoscente Isto é na definição desse Outro como objeto ou como sujeito como entidade cognoscente ou como objeto de conhecimento Ao mesmo tempo a admissão da existência de uma carga de valor na construção do conhecimento bem como de quem está incluído ou excluído As cinco dimensões de um paradigma ontologia epistemologia metodologia ética e política devem ser vistas como uma soma integrativa Essas cinco dimensões são consideradas na psicologia comunitária como aspectos inerentes ao processo de construção do conhecimento que consciente ou inconscientemente estão sempre presentes e marcam o modo de conhecer E isso acontece porque as fronteiras entre as cinco dimensões não são impermeáveis Estas não são cinco esferas separadas mas um todo que inclui todas elas Não andam em fila única nem possuem caráter ordinal ou seja não existem uns primeiro e outros depois nenhuma dimensão precede a outra pois são todas interdependentes Cada um deles toca todos os outros em um único relacionamento É preciso ser ontologia para saber epistemologia e esse conhecimento se realiza seguindo um procedimento ou caminho que leva à produção de conhecimento metodologia Mas tal coisa não acontece isoladamente Todo indivíduo cognoscente é membro de uma relação na qual o conhecimento é produzido Os seres humanos separados da sociedade são indivíduos mas não humanos A humanidade é adquirida nas relações sociais3 laços identitários construídos em relações historicamente estabelecidas que por sua vez constroem e delimitam um campo o da comunidade Não é possível portanto realizar ações comunitárias baseadas em uma concepção fragmentária de comunidade construída a partir da soma de indivíduos isolados O ser como entidade individual é uma noção incompleta que omite através de um exercício intelectual uma parte de si o Outro com o qual se relaciona e para o qual é um alter Em cada relação o conhecimento é produzido e o conhecimento só surge nas relações de tal forma que a presença do Outro está sempre presente mesmo quando trabalhamos sozinhos E há a ética porque a solidão embora possa ser privada da companhia física ou emocional de outros não elimina a história nem as experiências nem os afetos que surgem dos contactos socializantes E mais ainda todo conhecimento afeta o grupo a sociedade por isso ao excluí los de seus benefícios ou aplicarlhes seus aspectos negativos exercemos poder sobre eles E ao respeitar e admitir a capacidade de construção de conhecimento de qualquer categoria social ao ouvir as vozes dos indivíduos que a compõem estamos respeitando o seu direito ao espaço público E isso é política cinquenta O paradigma da psicologia comunitária e sua fundamentação ética e relacional Maritza Montero 3 Como é o caso das crianças selvagens Machine Translated by Google O que as pessoas da comunidade sabem sobre a sua situação O estudo crítico da psicologia comunitária do trabalho comunitário realizado em cada caso e do conhecimento produzido Ontologia Perguntas características Como é que os seus próprios membros definem a comunidade O que são segundo eles problemas desejos necessidades expectativas e recursos Estrutura do paradigma da construção e transformação crítica A construção do conhecimento por agentes externos e internos Troca de conhecimento Escopo O sujeito ativo do conhecimento ou ser do conhecimento que é ao mesmo tempo agente externo e interno O ser do objeto que se conhece ou o que são as coisas a realidade que é construída e transformada pelo ser humano Tabela 4 Epistemologia Relação entre sujeitos conhecedores psicólogos e interessados na comunidade e a comunidade seus interesses e problemas A episteme da relação ganha destaque com sua concepção de uma ontologia e de uma epistemologia em que a relação é a área fundamental da construção do ser do conhecimento e da ética como fundamento dos modos de se relacionar e da práxis comunitária O que foi aprendido o que foi ensinado A quem O paradigma assim construído é analisado nas suas cinco dimensões ontologia epistemologia metodologia ética e política Apontamse as características que os compõem e mostrase a perspectiva holística e relacional em que se baseia São discutidos aspectos éticos relativos não apenas à prática da psicologia comunitária mas também aos seus produtos e à questão da autoria e coautoria do conhecimento Qual é a natureza da relação entre os agentes de mudança e a comunidade os seus interesses e problemas O que aqui se descreve configura um modelo de ação delineia também uma práxis de reflexão crítica e insere se numa corrente num modo de fazer ciência e especificamente psicologia que integra um paradigma ou seja um modo de produção e organização do conhecimento uma forma de compreender o mundo e os seres humanos Tal modelo surgiu numa psicologia da ação para a transformação em que pesquisadores e sujeitos estão do mesmo lado na relação de estudo uma vez que ambos fazem parte da mesma situação Quem ou o que é conhecido 51 Resumo O que sabem os agentes externos sobre a comunidade e os seus membros deles exclui de sua produção e uso supõe um alcance ou dimensão política Maritza Montero O paradigma da psicologia comunitária e sua fundamentação ética e relacional Machine Translated by Google Qual é o lugar do agente interno na produção do conhecimento Qual é o lugar do agente externo Para que serve o conhecimento Quem sabe de Organização da comunidade de acordo com seus interesses objetivos e processos Quais são os seus interesses em cada caso Ética Existe comprometimento tanto dos agentes externos quanto dos internos Política Quem são os participantes da comunidade e quem são os agentes externos O que deve ser feito e como produzir conhecimento Quem deveria fazer isso Como produzir formas de intervenção e avaliação que respondam às características de cada comunidade As pessoas interessadas na comunidade estão conscientes dos seus direitos e deveres como cidadãos e perante a comunidade de Leitura adicional Este capítulo foi preparado a partir de trabalhos anteriores do autor entre os quais qualquer um dos dois seguintes pode fornecer mais informações sobre a epistemologia e a ontologia da relação Reflexividade Para quem é o conhecimentoQuais são os efeitos do conhecimento é 52 A concepção do outro e seu lugar na produção e ação do conhecimento Existem formas de exclusão na comunidade Problematização conscientização desideologização Julgamento de apreciação aplicado à distinção entre o bem e o mal Que tipo de relacionamento existe entre agentes externos e internos Respeito pelos direitos e cumprimento dos deveres e obrigações por parte de ambos os tipos de agentes Tomada de decisão reflexiva Ampliar as formas de produzir conhecimento introduzindo métodos participativos biográficos e qualitativos focados na busca de sentido na resolução de problemas e na transformação de circunstâncias específicas O que é feito com o conhecimento produzido pelos agentes internos Apontando aspectos psicológicos e informações sobre eles por psicólogos Montero M 1996 Ética e política em psicologia Dimensões não reconhecidas em wwwantalayauabes Existe uma versão em inglês revisada e ampliada Ética e política em psicologia dimensões do crepúsculo International Journal of Critical Metodologia Os modos de produção do conhecimento O paradigma da psicologia comunitária e sua fundamentação ética e relacional Maritza Montero Machine Translated by Google Moreno A 1993 Uma episteme da relação em O anel e a trama Caracas CIPUniversidade de Carabobo pp 427428 Este capítulo apresenta informações sobre os antecedentes da episteme de relacionamento sobre sua conexão com a noção de episteme popular desenvolvida pelo autor e sobre o significado e alcance do conceito de relacionamento Questões para refletir sobre aspectos paradigmáticos da psicologia comunitária O que fazer se as pessoas de uma comunidade por ignorância ou por alguma norma cultural ou religiosa fizerem ou deixarem de fazer coisas que as prejudicam e cujos efeitos nocivos nós psicólogos conhecemos O que fazem os psicólogos comunitários com as suas opiniões e conhecimentos científicos especializados É possível acolher numa equipa de trabalho pessoas cujas convicções religiosas políticas ou culturais sejam a principal e inexplicável motivação para trabalhar com a comunidade Exercício problematizador sobre as dimensões paradigmáticas da psicologia comunitária Com base nas cinco dimensões paradigmáticas da psicologia comunitária analisar as relações que ocorrem entre agentes externos e agentes internos num programa de intervenção ou investigação comunitária e também entre os próprios agentes internos entre si Faça perguntas e procure respostas em seu comportamento e fala Prepare uma síntese descritiva com seus resultados e proponha formas de análise reflexiva que você possa realizar com a comunidade a respeito dos aspectos positivos e negativos que você possa ter encontrado 53 Da mesma forma para saber mais sobre a episteme da relação você pode consultar as seguintes obras Guareschi P 1996 Relações comunitárias relações de dominação em RH Freitas Campos org Psicologia social comunitária Río de Janeiro Vozes pp 8199 Este artigo traz uma discussão interessante sobre a noção de relacionamento E para ampliar o aspecto político do paradigma é possível consultar Montero M 1998 O trabalho comunitário psicossocial como modo alternativo de ação política A construção e transformação crítica da sociedade Comunidade Trabalho e Família 11 6578 Montero M 2002 Construção do Outro libertação de si mesmo Utopia e Práxis Latinoamericana 7 16 4151 Também em wwwfilonenosorgutopial6PDF Maritza20Monteropdf Psicologia 6 2001 8198 O paradigma da psicologia comunitária e sua fundamentação ética e relacional Maritza Montero Machine Translated by Google Como uma disciplina científica nascente tem suporte teórico De onde você tira os conceitos e explicações que lhe permitem interpretar as experiências a partir das quais você se desenvolve Estas questões assemelhamse à inútil disquisição filosófica sobre o que veio primeiro o ovo ou a galinha universal1 que faz parte da herança do senso comum em muitas culturas se não fosse pelo facto de ao centrarse neste ramo da psicologia na sua vertente histórica perspectiva vemos que a psicologia comunitária assim como outros ramos do conhecimento não surge no campo científico totalmente adulta nem como Atenas já armada de lança elmo elmo e conhecimento Em primeiro lugar a sua origem como já foi dito no capítulo 1 está ligada ao descontentamento com as práticas habituais no início da segunda metade do século XX por parte de certos ramos da psicologia ligados à transformação das pessoas e da sociedade a psicologia educacional psicologia social psicologia clínica Esses ramos tratam por definição de processos pelos quais as pessoas mudam seja pela aquisição de conhecimentos pelo desenvolvimento de comportamentos ou pelo recebimento de tratamentos e orientações de socialização que as definem como membros específicos de determinadas categorias sociais alfabetizadosanalfabetos educados sem instrução normaisanormais saudáveldoente livredependente excluído de pertencimento e assim por diante Aspectos teóricos provenientes de conceitos psicossociais atributivos relacionados aos processos psicossociais comunitários No seu início a psicologia comunitária analisou os processos psicossociais que levam às transformações sociais ambientais e pessoais necessárias para satisfazer as necessidades da comunidade e promover o desenvolvimento comunitário Ele também estudou os processos que podem bloquear impedir ou reduzir esses esforços Na época final dos anos sessenta nos Estados Unidos anos setenta na América Latina as teorias do locus de controle Rotter 1966 Lefcourt 1976 1981 entre vários autores da desesperança ou do desamparo aprendido Seligman 1975 da autoeficácia e seu bloqueio Bandura 1978 para citar apenas os mais relevantes naquela corrente descreveu comportamentos em que as pessoas poderiam cair na passividade e na apatia considerando que entre suas ações e o resultado ou Influências teóricas iniciais na psicologia comunitária Uma das preocupações internas e ao mesmo tempo objecto de crítica externa na psicologia comunitária durante os seus primeiros vinte anos de existência foi a aparente ausência de teorias próprias essa era a preocupação interna ou de teoria em geral acusação externa Ambas as posições eram explicáveis já que nas décadas de setenta e oitenta era uma subdisciplina nascente Tão novo que em muitos casos era desconhecido academicamente aparecia em pouquíssimos estudos e ainda no início dos anos noventa em alguns importantes centros europeus de investigação e ensino havia quem se perguntasse o que era a psicologia comunitária Influências e desenvolvimentos teóricos na psicologia comunitária CAPÍTULO 4 54 Influências e desenvolvimentos teóricos na psicologia comunitária Maritza Montero Refirome ao tipo de problemas muito frequentes na escolástica medieval constituídos por noções genéricas ou entidades abstratas cujo estatuto ontológico era indeterminado e que davam origem a problemas absurdos como por exemplo tentar saber quantos anjos caberiam num espaço a cabeça de um alfinete 1 Machine Translated by Google Considerei esta circunstância como uma mudança interpretativa pois na psicologia comunitária que se desenvolvia tanto na América Latina como nos Estados Unidos as descrições foram tomadas mas foi dada uma explicação muito diferente cf Escovar 1977 1980 Rappaport 1977 apontando que a passividade a desesperança e a externalidade não são a causa mas a consequência de certas condições sociopolíticas e econômicas No nível psicológico isso envolve efeitos cognitivos afetivos e comportamentais Estas teorias contribuíram para descrições comportamentais da psicologia social comunitária que coincidiam com o comportamento que este novo ramo da psicologia se propunha mudar para alcançar processos de fortalecimento ou empoderamento Montero 1982 1984 1991b baseados na afirmação participação compromisso criatividade diálogo e confiança na capacidade da comunidade como grupo organizado e de seus membros de transformar o ambiente e o grupo Lembrese que a presença dessas descrições e explicações psicossociais coincide com o momento em que se iniciou a construção da psicologia social comunitária como subdisciplina psicológica científica Recordese também que naqueles momentos começou a construirse uma práxis para a qual não existia uma teoria préexistente de áreas muito diversas e que portanto apelava a muitos campos e tendências para a interpretação da sua ação não fazer um mosaico explicativo mas tentar entender o que está diante dele E esta própria compreensãointerpretação teorização não surge completa de uma só vez mas é construída na práxis Consequentemente não haveria relação causal uma vez que seriam percebidos como independentes locus de controle externo desamparo Portanto a pessoa passa a considerar que nada do que ela fizer terá efeito sobre o que acontece ou pode acontecer Além disso isso vem acompanhado da crença naquilo que se chamava de outros poderosos por exemplo o destino a má ou a boa sorte o mauolhado a providência divina o governo que estariam no controle das circunstâncias diante dos desafios das pessoas desamparo e fraqueza Ao mesmo tempo essas teorias mostraram que o controle sobre as circunstâncias da vida estava associado a pessoas ativas assertivas e interessadas no que acontecia ao seu redor Os conceitos que estas teorias criaram referemse ao que acontece nos indivíduos mas centramse neles como a causa dos seus problemas sem procurar o que causou a passividade a desmotivação ou o bloqueio da eficácia considerando ao mesmo tempo que o seu comportamento submisso e apático é o que os exclui do sucesso e do progresso As pessoas que enfrentam circunstâncias socioeconómicas e políticas adversas fora do seu controlo aprendem a não confiar nos seus próprios esforços através de experiências de fracasso socialmente estabelecidas Os meios utilizados para tal incluem vários mecanismos e meios entre os quais se destacam a influência proveniente do exercício do poder nas mãos daqueles cujos interesses se adequam a essas circunstâncias categorizações sociais estabelecidas a partir de processos de exclusão de determinados grupos a expressão destas condições através da educação formal e informal dos meios de comunicação social da religião e das regulamentações sociais através das quais as explicações sobre a ordem do mundo são disseminadas e inculcadas No campo comunitário expressase na desconfiança e apreensão relativamente às intenções e ações dos agentes externos no desinteresse e na espera que outros façam o que precisa ser feito ou na esperança de que sem os cidadãos nada faça um dia sorte entrará em greve ou haverá um bom governo que cumpra o que promete 55 Influências e desenvolvimentos teóricos na psicologia comunitária Maritza Montero Machine Translated by Google As ideias de Marx explícita ou implicitamente são a base de grande parte da psicologia comunitária latinoamericana Montero 1980 1982 1984a especialmente as ideias dos Manuscritos EconômicoFilosóficos de 1844 e 1848 A relação com esta Teoria permitiunos compreender os problemas comunitários ao nível da totalidade económica social e política em que ocorrem superando a tendência psicológica de fazer do sujeito o universo de estudo descontextualizandoo Não foi uma adoção religiosa ou de acordo com as linhas partidárias das ideias de Marx e Engels Foi e continua a ser uma leitura crítica que nos permitiu ir às fontes de certas ideias como a relação senhorescravo A estas primeiras influências juntaramse sociólogos latinoamericanos igualmente influenciados pelas ideias marxistas entre as quais encontramos a teoria da dependência Cardoso e Faletto 1978 e o movimento da chamada sociologia militante ou ciência social crítica em que os trabalhos de Fals Borda 1959 1979 19701987 1985 e Molano 1979 lançaram as bases para uma práxis renovadora das ciências sociais do papel dos investigadores e intervenientes sociais e para o desenvolvimento de métodos entre os quais está a transformação participativa da investigaçãoação Da mesma forma dentro do amplo campo de influência marxista situamos a educação popular postulada por Paulo Freiré embora esta corrente poderosa e original talvez a práxis A contribuição de Marx e as correntes de influência marxista levantada por Hegel animada pelo desejo de compreender as relações de exclusão submissão opressão e obediência mas também de resistência Um exemplo pode ser encontrado no trabalho de Cronick 2002 1999 Da mesma forma podemos encontrar vestígios de autores marxistas como Goldmann SerranoGarcía e Irizarry 1979 ou autores pertencentes à Escola de Frankfurt Adorno Horkheimer e desenvolvimentos pósmarxistas da teoria crítica como os de Habermas e o Escola de Paris Althusser Goldmann A fenomenologia por sua vez por meio de Dilthey Schutz e duas de suas expressões nas ciências sociais a etnometodologia e o construcionismo social contribui para a nascente psicologia comunitária a busca pela totalidade uma visão holística e necessidade de abandonar a ideia de separação entre pesquisador e pesquisado com base na suposta neutralidade dos primeiros e na não contaminação dos segundos O caráter falacioso e ao mesmo tempo utópico de tal afirmação foi denunciado por Goldmann 1972 e demonstrado na década de oitenta com trabalhos como o de Prigogine e Stengers 1982 das ciências naturais A etnometodologia em particular insistiu na importância do estudo da vida quotidiana como espaço de atribuição de significado à actividade humana e ao seu ambiente como forma de produzir respostas mais eficientes céleres e económicas aos problemas que surgem nessa área E na psicologia trabalhos como o de Gergen 1985 1991 um dos principais promotores da corrente sócioconstrucionista coincidirão com a psicologia comunitária em muitos aspectos básicos principalmente no pressuposto da comunidade como uma totalidade na qual um social a transformação ocorre a partir do cotidiano e da concepção do ser humano como ator e construtor da realidade Esta relação com pressupostos fenomenológicos e construcionistas é evidente nos escritos iniciais de pesquisadores portoriquenhos de psicologia comunitária por exemplo SerranoGarcía e Irizarry 1979 Santiago SerranoGarcía e Perfecto 1983 que analisam e criticam com base em a prática comunitária que realizavam os postulados iniciais de Berger e Luckman 1966 sobre a construção social da realidade A influência da fenomenologia 56 Maritza Montero Influências e desenvolvimentos teóricos na psicologia comunitária Machine Translated by Google Da mesma forma e para definir o papel que os psicólogos começam a desempenhar neste campo nascente para o qual a psicologia tradicional não deu a resposta adequada recorremos inicialmente à concepção Gramsciana do intelectual orgânico Gramsci 1970 que produzirá em algumas interpretações ad hoc uma figura que é vista como a de um agente iluminador pois sugere a figura de intermediários conhecedores de uma forma de verdade que deveria ser transmitida às pessoas enganadas alienadas e mantidas na ignorância para que elas poderiam libertarse e desenvolver suas capacidades para produzir transformações sociais Esta concepção inspirou uma corrente de acção e reflexão qualificada em algumas das suas primeiras expressões como uma psicologia do esclarecimento no sentido de que partiu de alguma forma de abrir ou desenvolver isto é iluminar a consciência obscurecida por certas circunstâncias da vida e pelas deficiências delas derivadas Devese dizer que esta concepção foi rapidamente superada e criticada entre outros autores por Santiago SerranoGarcía e Perfecto 1983 Quase simultaneamente falavase Escovar 1980 de uma psicologia para o desenvolvimento em que factores psicológicos e sociais mais a incorporação de pessoas necessitadas de mudança produziriam intervenções transformadoras no seu ambiente e em si mesmas ver abaixo Estas concepções aliadas à experiência no terreno permitiram que o nascente ramo comunitário criasse a sua própria plataforma de lançamento ao mesmo tempo que proporcionava perspectivas Faça da necessidade uma virtude mais criativo e transformador gerado no campo socioeducativo no século XX proporcionou novas formas de intervenção social mediada e realizada pela e com a comunidade ou seja realizada com um sujeito ativo em relação ator de sua própria transformação no controle das circunstâncias de sua vida e da direção de sua ação Esta corrente constituiu um importante contributo ao criar os conceitos e muitas técnicas a eles ligadas de problematização desideologização consciencialização e libertação Freiré 1970 1969 Barreiro 1974 Se esta combinação parece estranha e pouco ortodoxa a razão é que não existiam naquela época década de setenta teorias psicológicas ou psicossociais que satisfizessem as exigências impostas pela nascente disciplina da psicologia social comunitária As teorias de atribuição citadas descreviam um tipo de comportamento familiar que correspondia a alguns fenômenos psicossociais observáveis que também foram descritos e relatados em nossa área mas as explicações destinadas a elucidar o que estava acontecendo centradas no indivíduo isolado eram insatisfatórias e não davam conta dos fenômenos comunitários As teorias filosóficas e sociais mencionadas permitiram vislumbrar um horizonte mais amplo onde o coletivo tinha lugar Dessa forma os fenômenos psicológicos que ocorrem devido à convivência em comunidade poderiam ser trabalhados E o que a psicologia social comunitária começou a fazer mesmo sem ser muito claro foi construir a ponte psicossocial comunitária entre eles Devese dizer neste sentido que não se tratava de buscar uma teoria porque seus autores eram mais ou menos prestigiados aprovados ou aprovados acadêmica ou socialmente Tratavase de encontrar explicações e hipóteses que nos permitissem compreender melhor o que observávamos e seguindo a máxima cartesiana fazer da necessidade uma virtude realizar um trabalho que nos levasse juntamente com as pessoas envolvidas ao transformações desejadas Uma obra que de alguma forma desse sentido ao que estávamos gerando permitindo ao mesmo tempo desenvolver novos significados que substituíssem aqueles que serviam de alavanca para movimentar o mundo em construção e que explicassem como o indivíduo se torna uma comunidade e como a comunidade afeta o indivíduo construindose 57 Influências e desenvolvimentos teóricos na psicologia comunitária Maritza Montero Machine Translated by Google Esta abordagem dominou o cenário psicossocial comunitário nos Estados Unidos começando no final da década de 1970 ao longo da década de 1980 e ainda está em construção ativa Contém os desenvolvimentos florescentes iniciados por autores como Newbrough Rappaport Kelly Sarason Stokols Seidman Chavis Wandersman Zimmerman entre outros Na década de setenta Newbrough e seus colaboradores Newbrough 1973 Newbrough OGorman Docki e Moroney 1991 começaram a gerar uma concepção de psicologia comunitária que chamaram de psicologia ecológica transacional que se baseia na ideia de que deve reajustar o ambiente social antes de tentar curar indivíduos que apresentam desajustes na comunidade Aqui se reflete a concepção lewiniana de que a personalidade é função do espaço de convivência e portanto é preciso atuar sobre o meio ambiente para conseguir transformações nos indivíduos e ao mesmo tempo gerar relações equilibradas entre eles Dentro desta mesma corrente e simultaneamente Rappaport 1977 desenvolveu uma linha ecológico cultural no que pode ser considerada uma forma de romper as barreiras de classe que dominavam o campo científico do seu país naquela época e que determinavam as formas de abordagem aos fenómenos comunitários Por outro lado Dohrenwend 1978 utiliza a noção de tensão social estresse social para criar um modelo conceitual segundo o qual a psicologia comunitária deveria se incumbir da tarefa de reduzir o índice de psicopatologia na comunidade reduzindo as condições que produzem tensão na comunidade no ambiente ou em indivíduos Por sua vez Julien Rappaport 1977 ao distorcer a virada psicológica das teorias de atribuição que focavam no indivíduo a presença de comportamentos de passividade desesperança desmotivação e em geral apatia apontou a importância dos valores relacionados à diversidade inclusão e relatividade cultural como base da perspectiva ecológica Dentro desta mesma corrente será localizada a abordagem ecológica contextualista proposta por JC Kelly 1986 1992 entre outros segundo a qual a ênfase é colocada na responsabilidade do sujeito A abordagem ecológica cultural Mencionaremos três manifestações dessa tendência que marcaram especialmente a psicologia comunitária americana Primeiras respostas teóricas dentro da psicologia comunitária epistemológico para a delimitação do seu objeto de conhecimento Mas rapidamente deram lugar ao centro das atenções para dar lugar às explicações interpretações e hipóteses que começaram a surgir na psicologia social comunitária na década de 1980 Nesse sentido é preciso dizer que a teoria na disciplina surgiu da práxis foi e está sendo desenvolvida na interação entre a pesquisa prática empírica a reflexão crítica sobre o que foi feito especificamente e as explicações advindas do referido campos e outros novos e é mais um resultado do trabalho construído pela comunidade Tal condição parece ter sido uma das razões pelas quais ainda bem na década de noventa alguns autores reclamaram da ausência teórica da disciplina não encontrando as legendas clássicas que anunciam o que é formalmente apresentado como teoria Mas se olharmos para trás sem raiva e sem deficiência perceberemos que na primeira metade da década de oitenta foram criados e definidos certos conceitos que transcenderam as fronteiras da subdisciplina como fortalecimento frequentemente conhecido pela palavra inglesa empoderamento mas usado desde seus primórdios na América Latina como empoderamento ou fortalecimento E há também explicações teóricas mais amplas como a concepção relacional de poder SerranoGarcía e López Sánchez 1994 58 Influências e desenvolvimentos teóricos na psicologia comunitária Maritza Montero Machine Translated by Google A primeira proposta integradora de uma psicologia comunitária feita na América Latina foi apresentada por Escovar no final dos anos setenta 1977 1980 Para este autor a psicologia comunitária marcadamente ligada à psicologia social seria uma psicologia para o desenvolvimento que deveria estimular o potencial da comunidade através dos seus membros a fim de transformar o sistema social A ideia básica do seu modelo estabelecia a relação entre fatores estruturais situações de natureza socioeconômica política e cultural geradoras de desigualdade em que uma relação de dominaçãosubordinação coloca determinadas categorias de pessoas em condições de falta de controle sobre o ambiente físico e sociocultural produzindo alienação pela falta de controle preditivo e pela concepção de que os objetos produzidos os bens são superiores às pessoas seus produtores E esta combinação de fatores estruturais e de alienação produz consequências comportamentais e atitudinais apatia passividade indiferença desinteresse político que caracterizam as descrições que se fazem dos povos latinoamericanos há mais de um século cf Escovar assume as descrições atributivas de causalidade descritas acima indicando que o que elas apresentam é um quadro psicológico de alienação Esta alienação geral teria segundo Escovar consequências comportamentais e atitudinais muito específicas falta de iniciativa apatia fraca participação ausência de comportamento exploratório falta de interesse político e atitudes negativas especialmente em relação à mudança Assim para conseguir a transformação este autor propôs a necessidade de actuar ao nível dos factores estruturais e da alienação em conjunto modificando assim a prática habitual dos programas de desenvolvimento que tradicionalmente tendem a atacar apenas os aspectos estruturais esquecendo o factor da alienação a um nível psicossocial nível muito mais difícil de gerir mas com efeitos directos no comportamento das pessoas Uma psicologia comunitária com tal orientação deveria concentrar seus esforços na consecução dessa mudança no foco do controle o que implicaria mudanças comportamentais e atitudinais ao mesmo tempo que transformaria fatores estruturais Mas Escovar não levou mais longe a sua teoria Já na primeira metade da década de oitenta este autor havia desaparecido do horizonte psicossocial comunitário e do campo de produção 59 Uma teorização inicial na América Latina psicologia do desenvolvimento Montero 1984b Esta corrente caracterizase por apontar e incluir a diversidade cultural defender a substituição do modelo médico de tratamento dos problemas sociais por modelos psicossociais comunitários unir teoria e práxis considerar os psicólogos comunitários como agentes de mudança social comprometidos com essa mudança acreditam ser necessário estabelecer uma relação igualitária dialógica e de enriquecimento psicológico com as pessoas das comunidades considerar essas pessoas como seres históricos ativos e criativos e promover o seu desenvolvimento e fortalecimento empoderamento bem como a sua conscientização adoção do conceito freireano de consciência2 Nos últimos trinta anos do século XX e até agora no século XXI esta corrente deu importantes contribuições teóricas metodológicas e contribuições práticas para a psicologia comunitária e também fez sentir sua influência no ramo ambiental comunitário ver capítulo 2 no sentido epistemológico na sua flexibilidade e no seu carácter activo e construtor da realidade bem como na natureza multifacetada dos ambientes sociais e portanto na utilização de metodologias alternativas ou complementares Westergaard e Kelly 1992 Influências e desenvolvimentos teóricos na psicologia comunitária Maritza Montero Ver nota 2 do capítulo 9 2 Machine Translated by Google Em relação à corrente predominante na América Latina que chamamos de psicologia da construção e da transformação crítica os elementos que a caracterizam são desenvolvidos no capítulo 3 deste trabalho A psicologia da libertação anunciada no campo psicopolítico em 1986 por Ignacio Martín Baró e desenvolvida desde a década de noventa por vários psicólogos latinoamericanos Martín Baró 1986 19871989 Montero 1992 2000a Dobles 2000 é um movimento inspirado na teologia da libertação e nas mesmas fontes da psicologia social comunitária Desde a década de noventa estabeleceuse uma interinfluência ativa entre este ramo da psicologia e a psicologia social do movimento de libertação que abrange vários campos da psicologia dada a afinidade em termos de princípios e propósitos Da psicologia da libertação juntamente com a influência freireana desde cedo incorporada e partilhada tanto por essa tendência como pela psicologia comunitária surge o interesse na facilitação de processos de desideologização e no desenvolvimento das capacidades das pessoas para reagir criticamente às circunstâncias de opressão gerando formas de conhecimento e ações que transformem suas condições de vida A libertação é entendida como a emancipação dos grupos sociais que sofrem opressão e carência daquelas maiorias populares populares na população sentido demográfico marginalizadas dos meios e formas de satisfazer com dignidade as necessidades básicas e complementares e de desenvolver o seu potencial para autodeterminação Relações e influências teóricas atuais A perspectiva da psicologia da libertação A psicologia comunitária tem mantido um diálogo interessante com outros movimentos e tendências das ciências sociais e também da psicologia desenvolvidos desde a década de 1980 Mencionaremos três tendências cuja expressão não é apenas evidente mas claramente distinta na atual psicologia comunitária latinoamericana a perspectiva da psicologia da libertação a abordagem da psicologia crítica e a tendência sistêmica Os dois primeiros envolvem modos de fazer e compreender a práxis Isto significa que não são teorias mas posições paradigmáticas que influenciam teorias e aplicações concretas A terceira apresenta uma forma de fazer psicologia comunitária com uma perspectiva da teoria sistêmica E acrescentaremos uma tendência que vem se desenvolvendo nos Estados Unidos paralelamente à corrente ecológicocultural com a qual mantém vasos comunicantes a perspectiva comportamental Por fim apresentaremos uma das diversas maneiras pelas quais os desenvolvimentos locais seguindo muitas das diretrizes presentes na psicologia comunitária desenvolvida na América Latina e ao mesmo tempo reconhecendo a influência americana estão implementando uma práxis que constrói e transforma criticamente a iterativa modelo reflexivogenerativo desenvolvido na Austrália acadêmico No entanto lançou certas bases para o desenvolvimento de ideias que já enraizadas no campo comunitário preservaram a perspectiva de concentrar os esforços psicológicos nos membros da comunidade tendo em conta os processos cognitivos 60 E essa libertação também abrange a emancipação dos grupos opressores da sua própria alienação e dependência de ideias socialmente negativas Montero 2000a 10 Tratase então de um processo complexo que envolve conjuntamente agentes externos e internos de grupos oprimidos Este duplo aspecto dentro da unidade do processo corresponde ao que em Maritza Montero Influências e desenvolvimentos teóricos na psicologia comunitária Machine Translated by Google A corrente crítica temse feito sentir no campo da psicologia desde finais dos anos sessenta manifestandose através das diversas áreas da psicologia e de muitas das suas principais teorias A crítica é entendida como a posição que denuncia demonstra e rejeita a manutenção e justificação de condições de vida injustas e formas de saber insatisfatórias No caso da psicologia comunitária podese dizer que ela é filha da crítica pois surge como resposta à insatisfação com as formas de fazer as coisas que predominavam há trinta ou quarenta anos Mas além disso e como fica evidente a seguir o aspecto crítico expresso no construcionismo social tem sido uma presença com a qual houve muitos pontos de encontro mas também de separação Com efeito embora desde os seus primórdios a psicologia social comunitária tenha assumido o carácter activo e construtivo dos aspectos sociais das pessoas perspectiva que surgiu da reflexão no contacto com as circunstâncias em que trabalhavam Montero 1980 SerranoGarcía e Irizarry 1979 em ao mesmo tempo gerou uma perspectiva crítica e dialógica para a reflexão que passou a produzir influenciada pelos postulados da Escola de Frankurt do marxismo da teoria da dependência e da obra de Freiré Esta combinação levou a psicologia comunitária a centrarse com maior ou menor felicidade com maior ou menor dificuldade não apenas no aspecto construtivo da ação mas também no seu aspecto desconstrutivo na medida em que exige uma análise de causas e consequências de significados contradições e ressentimentos de direções e oposições A realidade é construída e ao fazêlo recebe significado e certas construções e certos significados impõemse a outros influenciando obstruindo e servindo certos interesses Por isso é necessário incorporar novos atores à ação e à reflexão para ouvir as vozes daqueles que vivenciam os problemas e a quem se dirigem os programas sociais ou que deles estão excluídos 61 A abordagem crítica A psicologia comunitária foi definida desde o seu início na América Latina na década de setenta como a relação dialógica entre psicólogos e pessoas da comunidade bem como uma concepção da comunidade e de seus membros que não os considera como fracos doentes sem o capacidade de ação mas pelo contrário como portadores de recursos e forças de algum tipo que possam ser mobilizados e que possam ser fortalecidos para alcançar transformações Por isso considerase que a libertação na psicologia comunitária começa nesse ato de reconhecimento da liberdade do outro que deixa de ser sujeito sujeito para ocupar um lugar de igualdade como ator social fundamental detentor de competências e conhecimentos específicos de natureza diferente Montero 2000a 11 Da mesma forma o aspecto libertador está presente na perspectiva ética que marca o trabalho comunitário ver capítulo 3 O caráter construído da realidade não substitui a sua existência E nesse sentido a produção psicológica comunitária já apresenta uma tradição de intervenção que descarta as formas vulgares do construcionismo que na década de oitenta negava a existência de uma realidade paralisando a práxis produzida pelo relativismo que embora reconhecesse a construção do outro ele não conseguia ver nossas próprias construções A realidade existe porque a construímos socialmente todos os dias É por isso que podemos e devemos intervir As formas de apreendêlo conhecêlo interpretálo descrevêlo explicálo são um produto social mediado por atos e símbolos E como essas construções variam conforme os grupos e as sociedades no espaço e no tempo é fundamental incorporar as reflexões feitas tanto a partir do campo da ciência quanto do senso comum e do conhecimento construído por quem vive em determinadas circunstâncias objeto de estudo e crítica para alguns de incômodo satisfação ou rejeição e também de crítica para outros Disto surge uma forma de relativismo Influências e desenvolvimentos teóricos na psicologia comunitária Maritza Montero Machine Translated by Google Esta tendência baseiase na concepção de que as sociedades constituem sistemas abertos em constante transformação Portanto a tarefa da psicologia comunitária será gerar fontes que facilitem isso harmoniosamente transformações em benefício dos diferentes níveis sociais passando do microssocial ao macrossocial passando pelo mesossocial Fuks 1998 destaca que esta abordagem se baseia na ideia de comunicação como um sistema o que nos permite aprofundar a complexidade das comunidades e da psicoterapia uma vez que a perspectiva pode ser utilizada transdisciplinar e ao mesmo tempo coordenar ações cognições e emoções examinando as semelhanças e diferenças das pessoas dessas comunidades Isto pressupõe uma visão ampla e holística que entende que a comunidade é constituída por redes sociais que o conhecimento é relativo e que é necessário criar quadros de significado para ele discursos que nele são produzidos como parte do processo de transação social Fuks 1998 246247 E a ação comunitária é entendida como a coconstrução de realidades o que se expressa em uma das tarefas dos psicólogos que nela atuam facilitar mudanças nas perspectivas utilizadas para pensar a saúde comunitária A perspectiva comportamental A tendência sistêmica o que leva a não considerar o conhecimento construído como última e última palavra mas não cai na consideração vulgar de que como tudo é construído muda de um momento para o outro e portanto não existe A base está na práxis É aí que a realidade se constrói e porque isso acontece todos os dias essa realidade para o bem ou para o mal existe e está aí pois todos os dias é construída pelas pessoas que a habitam É por isso que eles o mantêm ou o transformam E as teorias da alienação e da ideologia têm então muito a nos dizer pois podem explicar porque não mudamos o que nos maltrata ou porque ignoramos o que poderia transformar as circunstâncias negativas que sofremos criamos e mantemos A abordagem de Fuks visa o desenvolvimento de experiências que permitam vivenciar relações que facilitem a comunicação e seu fluxo adequado bem como as ideias e sentimentos que se produzem ao compartilhar problemas e objetivos que visam eliminálos A sua aplicação temse centrado na abordagem organizacional comunitária mas existem algumas experiências bem sucedidas realizadas nas comunidades como é o caso do CeAc uma organização comunitária criada por Saúl Fuks e os residentes de um bairro popular vizinho da Universidade Nacional de Rosário na Argentina Nessa tendência além da abordagem sistêmica é frequente o uso de métodos etnográficos Lorion 1977 Esta perspectiva está presente em alguns centros de pesquisa reconhecidos tanto nos Estados Unidos como na América Latina Na nossa América na Colômbia e no México no estado de Veracruz programa Los Horcones existem expressões interessantes do seu desenvolvimento E houve um projeto iniciado por Emilio Ribes Iñesta em Iztacala estado do México no final dos anos setenta que não sobreviveu Nos Estados Unidos um de seus centros de irradiação mais importantes e reconhecidos está localizado na Universidade do Kansas e é dirigido por Stephen B Fawcett embora outros proeminentes pesquisadores americanos colaborem nele Um aspecto interessante desta corrente é que embora se baseie numa teoria cujo paradigma aparentemente a limitaria ao que se poderia chamar de aspectos objetivos de acordo com o modelo positivista tradicional do ambiente comunitário imediato a fim de abordar o problemas presentes neles para resolvêlos Fawcett 1990 o contato mantido com o 62 Influências e desenvolvimentos teóricos na psicologia comunitária Maritza Montero Machine Translated by Google A ênfase desta corrente coloca o foco da práxis comunitária em comportamentos específicos das pessoas das comunidades com as quais trabalha utilizando sistemas de medição confiáveis e preferindo desenhos experimentais mas não limitados a eles cujas avaliações melhoram a prática ao produzir aplicáveis e resultados replicáveis Esta última condição levanta diversas questões Que tipo de réplica É possível replicar práticas em diferentes comunidades com diferentes pessoas em diferentes contextos e tempos Este modelo desenvolvido nas últimas duas décadas na Austrália baseiase numa prática em que os desenvolvimentos e experiências de outras áreas são repetidamente comparados com as diferenças produzidas em diferentes contextos locais A formalização mais recente do modelo foi feita por Bishop Sonn Drew e Contos 2002 As ideias fundamentais que sustentam esta posição são as seguintes 1 Consideração do peso que as perspectivas mundiais dominantes têm no desenvolvimento da disciplina e como podem restringir a capacidade de ver as grandes forças que operam em cada contexto Isso significa que se reconhece a influência do mainstream mas se aponta o perigo que representa no sentido de ofuscar a visão do que está acontecendo na área específica em que atuamos Revisando trabalhos de Fawcett e outros pesquisadores Francisco Fawcett Schuitz e PaineAndrews 2001 Fawcett Francisco PaineAndrews Lewis Richter Harris Williams Berkeley Schuitz Fisher e López 1993 Fawcett Paine e Francisco 1993 que funcionam na mesma linha encontramos intervenções comunitárias muito bem feitas com respeito e participação das partes interessadas com resultado óptimo e com modelos de aplicação que possam de facto servir de base para outros projectos e outras intervenções Mas isso não seria uma réplica se entendermos o conceito da forma como foi definido no método experimental Talvez fosse necessário que os defensores desta corrente teórica se libertassem um pouco mais da sua própria linguagem teórica e revisassem a sua própria práxis para libertála do peso dos significados que não respondem ao que nela acontece A forte corrente cultural ecológica ver acima bem como o carácter crítico que os seus promotores têm mantido Fawcett Mathews e Fletcher 1980 determinaram uma definição específica baseada nas condições em que ocorrem os fenómenos comunitários Assim Fawcett 1990 65 considera que a posição analítico comportamental vê estes fenómenos como uma função da interação entre o comportamento das pessoas nos territórios organizações e subculturas que definem a comunidade de interesse e os eventos no ambiente físico e social no contexto imediato e mais amplo Para tanto são levadas em consideração variáveis macroestruturais como condições de emprego e subemprego pobreza dificuldades no atendimento às necessidades básicas da vida diária creche insegurança falta de escolas por exemplo e variáveis mais próximas como informações sobre emprego oportunidades a existência de redes de apoio e os vínculos que elas podem criar para mudar condições de vida específicas Isto significa que se considera que o que pode acontecer depende da estrutura física do ambiente e o que acontecerá depende das relações entre comportamento e ambiente no contexto atual Morris 1998 citado em Fawcett 1990 66 O modelo iterativoreflexivogenerativo 2 A necessidade de reconsiderar o papel profissional dos psicólogos comunitários com base no contexto em que trabalham incorporando a incerteza a ambiguidade e a instabilidade no seu trabalho bem como tendo em conta as relações de poder que possam existir entre eles e os 63 Maritza Montero Influências e desenvolvimentos teóricos na psicologia comunitária Machine Translated by Google 4 União de reflexão e ação para produção de teoria O conceitual dá base para a reflexão sobre o substantivo e por sua vez o substantivo se reflete no domínio conceitual 5 A importância do óbvio Isto significa que é necessário não só perceber o óbvio mas leválo seriamente em conta a fim de reconhecer tendências em desenvolvimento ou retrocesso a fim de planear a acção Em relação a isso apresentase outro aspecto que também tem sido central na psicologia comunitária desenvolvida na América Latina e que pode ser percebido no paradigma que a fundamenta o que é conhecido e assumido sem discussão deve ser objeto de reflexão e análise uma vez que inclui a memória afetiva transmitida de geração em geração Bishop Sonn Drewy Contos 2002 Este aspecto coincide com o que no nosso continente chamamos de naturalização e que também se soma ao conhecimento popular e ao conhecimento científico ver capítulo 9 7 Incorporação de aspectos do construcionismo social e do movimento pósmoderno ao mesmo tempo que toma emprestados conceitos e termos de desenvolvimentos externos especialmente da psicologia comunitária desenvolvida nos Estados Unidos Um exemplo disso é o conceito de senso de comunidade sobre o qual podemos ver Fisher e Sonn 2002 e Fisher Sonn e Bishop 2002 3 Reflexão Este aspecto fundamental para o modelo permite compreender que o conhecimento vai além dos fundamentos de uma disciplina científica O conhecimento da comunidade deve estar unido ao conhecimento da disciplina aqui fica evidente a influência freiriana e aliás citase a obra de Freiré de 1972 Existe expertise mas ela não vem de apenas um lado mas sim do conhecimento das pessoas e dos psicólogos Isto se assemelha ao que foi proposto na América Latina ao apontar que os psicólogos não atuam na qualidade de especialistas no sentido de se apresentarem e serem vistos como portadores do único conhecimento válido pessoas das comunidades Esta revisão do trabalho psicológico comunitário envolve incluir a ação dos psicólogos comunitários como mediadores ativos entre as comunidades e os programas e desenvolvimentos de instituições governamentais e não governamentais 6 Revalorização do contexto avaliando o que vem de fora na área específica em que é aplicado desenvolvendo assim uma epistemologia idiossincrática do grego idios que significa único individual e também um pluralismo metodológico que permite uma melhor adaptação ao domínio complexo em que trabalhamos Isto assume um fundamento pragmático que se justifica pelo facto de o contextualismo permitir ajustarse à dinâmica dos locais onde se trabalha ao mesmo tempo que proporciona uma visão da experiência humana e do mundo que é ao mesmo tempo construtiva e reativa variável holística e pluralista e tem implicações importantes para as formas e meios pelos quais devemos examinar e compreender a ação humana Jaeger e Rosnow 1988 71 citado em Bishop Sonn Drew e Contos 2002 571 Podese dizer que este modelo participa do paradigma descrito no capítulo 3 deste trabalho Na verdade embora os autores citados sejam explícitos no reconhecimento da influência dominante da corrente americana ecológicocultural e muito mais discretos no que diz respeito à corrente latinoamericana é fácil perceber as coincidências com o paradigma de construção e transformação crítica desenvolvida em nossa América bem como a influência freiriana é evidente 64 Maritza Montero Influências e desenvolvimentos teóricos na psicologia comunitária Machine Translated by Google Os manuscritos juvenis de Marx e Engels as contribuições de Freiré para a educação popular e de Fals Borda para a sociologia crítica bem como o ponto de vista fenomenológico forneceram conceitos fundamentais São descritos os primeiros desenvolvimentos teóricos gerados nos Estados Unidos e na América Latina corrente ecológicocultural e psicologia do desenvolvimento e em seguida são apresentadas as influências e relações teóricopráticas atuais a interação mutuamente alimentar entre a psicologia comunitária e a psicologia da libertação e natureza crítica dos desenvolvimentos psicológicos comunitários que caracterizam esta psicologia desde as suas origens As contribuições desse movimento de construção de uma práxis reflexiva são apresentadas ao longo do capítulo Por fim é mostrado um exemplo de construção teórica e epistemológica gerada a partir do contexto revisado criticamente que embora seja definido como focado em pequenas mudanças acaba mostrando como a partir de ver o que acontece no ambiente específico e agir com base nas forças que movêlo podese criar uma psicologia generativa acreditando que apenas o que já existe é modulado 65 Este capítulo apresenta uma visão panorâmica do percurso percorrido pela psicologia comunitária na sustentação teórica da sua prática e dos seus conceitos Para tanto apresentase primeiramente como em seus primórdios este ramo da psicologia se apoiou em alguns desenvolvimentos feitos pela psicologia social da época anos sessenta e setenta como as teorias da atribuição de causalidade cujas descrições comportamentais apresentavam análise em termos de processos psicossociais o que permitiu localizar alguns aspectos presentes nas pessoas membros de comunidades para compreender fenômenos como apatia ou desesperança Embora deva ser dito que tais explicações atribucionais foram rapidamente descartadas pela subdisciplina nascente Simultaneamente na América Latina procurouse um suporte teórico que nos permitisse compreender estes fenómenos contextualizandoos na sua perspectiva social económica e política Resumo O gráfico a seguir apresenta um resumo gráfico das primeiras influências influências centrais e interrelações no desenvolvimento da psicologia social comunitária na América Latina Maritza Montero Influências e desenvolvimentos teóricos na psicologia comunitária Machine Translated by Google Leitura adicional Wiesenfeld E e Sánchez E eds 1995 Psicologia social comunitária Contribuições LatinoAmericanas Caracas Comissão de PósGraduação Faculdade de Ciências Humanas e Educação Universidade Central da Venezuela Tropikos Este livro apresenta um passeio por sete países latinoamericanos Argentina Brasil Colômbia Chile México Porto Rico e Venezuela no qual autores de cada um desses países dão uma visão geral da prática e da teoria aplicada neles até o início dos anos noventa Interinfluências e relações na psicologia comunitária desenvolvidas na América figura 1 Tolan P Keys C Chertok F e Jason L 1990 Pesquisa em Psicologia Comunitária Questões de Teoria e Método Washington American Psychological Association A segunda parte deste trabalho é interessante porque apresenta em seus primeiros cinco capítulos tantas abordagens teóricas os contextualistas ecológicos KingryWestergaard e Kelly a análise evolutiva dos fenómenos comunitários Lorion abordagens organizacionais Riger a agenda do empoderamento a perspectiva comportamental Fawcett escrita por seus principais promotores SerranoGarcía I e Álvarez Hernández S 1992 Análise comparativa de frameworks 66 Influências e desenvolvimentos teóricos na psicologia comunitária Maritza Montero Machine Translated by Google Sánchez Vidal A 1996 Psicologia comunitária Bases conceituais e métodos de intervenção Barcelona EÜB Ver capítulos 4 e 5 desta obra Psicologia comunitária definição e características pp 105128 e Outros conceitos e modelos teóricos em psicologia comunitária pp 149172 Os capítulos mencionados descrevem algumas das principais produções teóricas presentes na psicologia comunitária americana que podem complementar o que foi dito neste capítulo sobre a corrente ecológicocultural Questões para refletir sobre as explicações teóricas produzidas na psicologia comunitária Por que existe coincidência entre os postulados da psicologia comunitária e a corrente do construcionismo social Ou entre a psicologia comunitária e a psicologia da libertação Onde residem essas coincidências Onde há diferenças As explicações teóricas construídas na psicologia comunitária dão conta dos fenómenos comunitários Por que sim e por que não Em que aspectos Como Exercícios de problematização da fundamentação teórica em psicologia comunitária Tomar artigos ou capítulos de livros ou relatórios descritivos de intervenções realizadas nas comunidades e rever analiticamente e numa perspectiva crítica os seguintes aspectos O enquadramento teórico ou fundamentação teórica explícita presente na obra analisada A forma como a discussão e as conclusões são apoiadas Para conduzir a sua análise faça um autoexame relativamente às suas preferências ou rejeições de certas teorias e tendências dentro da psicologia comunitária 1985 em I SerranoGarcía e W RosarioCollazo coords Contribuições portoriquenhas para a psicologia comunitária San Juan Porto Rico EDUPR pp 19 Para desenvolvimentos recentes como o modelo iterativoreflexivogenerativo você pode ler o artigo de Bishop B Sonn C Drew N e Contos N 2002 A evolução da epistemologia e dos conceitos em uma prática iterativa generativareflexiva A importância das pequenas diferenças American Journal of Community Psychology 30 4 493510 74 conceitos conceituais da psicologia comunitária nos Estados Unidos e na América Latina 1960 67 Influências e desenvolvimentos teóricos na psicologia comunitária Maritza Montero Machine Translated by Google Toda ação humana explícita ou implicitamente é guiada por uma concepção de mundo dos seres humanos e das relações que existem entre eles Essas concepções orientam o comportamento das pessoas dandolhe sentido e direção A ciência como tarefa humana não escapa ao estabelecimento daquelas bases sobre as quais se constroem o objeto a linguagem e o método de cada disciplina Ora essas concepções envolvem não apenas uma construção de como é o mundo de como é o ser humano e de como é a relação entre ambos e entre as pessoas mas também estabelecem cânones de perfeição cânones do mundo ideal do mundo em direção a quem se projeta caminhar e também sobre a pessoa ideal o ser humano perfeito e a melhor forma de relacionamento Esses cânones não são rígidos não são dados de uma vez por todas Estão a mudar na mesma medida que a humanidade mudou e com ela as sociedades em que vive Esses cânones respondem a valores ou seja a formas de ser considerado o mais perfeito acabado e completo para uma determinada época e sociedade Existem valores como justiça verdade fidelidade amor união liberdade compaixão para citar alguns mas muito presentes neste momento histórico que também estiveram presentes no passado mas cuja definição variou muito ao longo da história da humanidade A Justiça por exemplo teve um percurso interessante O Código de Hamurabi é considerado a primeira lei escrita Nesse registro do dever da sociedade babilônica foi estabelecida a famosa lei de Talião olho por olho dente por dente Quem causou o dano deveria ser punido recebendo exatamente o mesmo dano que causou A presença ou ausência de intenção não foi tida em conta naquela lei O direito romano constituiu um enorme avanço nesta concepção apesar de lhe faltar muito em termos de equidade pois considerava a mulher como se fosse uma filha loco filiaé em tudo o que se relacionasse com a administração de bens embora as coisas melhorou um pouco no final do império uma vez que as viúvas podiam agora ser autorizadas a administrar a propriedade A Idade Média também não se caracterizou pela amplitude nesse sentido Quanto à liberdade que sempre foi um valor muito reconhecido e desejado tem sido tão ou mais restrita que a equidade uma vez que o primeiro tratado internacional sobre a abolição da escravatura só ocorreu em 1844 em Paris mas ainda em 1860 houve ainda eram escravos Por exemplo nos Estados Unidos os escravos constituíam 68 Valores e princípios norteadores da psicologia comunitária Quando neste contexto falamos de sociedade não nos referimos a áreas territoriais específicas mas a concepções de sociedade que transcendem as fronteiras mais ou menos estreitas de uma cidade de um país de uma cultura de uma etnia Assim havia um ideal assírio um babilônico um fenício um grego um carolíngio um renascentista um industrial outro colonialista imperialista marxista capitalista entre muitos outros Da mesma forma hoje falamos de globalização como uma visão do mundo que envolve certas políticas um sistema económico internacional e uma concepção do ser humano e da forma ideal de acordo com esse sistema como devem comportar se Referese a valores que podemos definir como estados ideais normativos que nos dizem como ser e como fazer gerando normatividade na ação metas para as quais o comportamento é direcionado Ou seja são diretrizes éticas que inspiram os cânones ou modos de ser e de se comportar considerados os mais perfeitos acabados e completos para uma determinada época e sociedade cujas crenças e costumes influenciam Introdução CAPÍTULO 5 Valores e princípios norteadores da psicologia comunitária Maritza Montero Machine Translated by Google Concepção avaliativa da psicologia comunitária Façamos uma pequena análise do que se entende por valor na psicologia A definição mais conhecida e mais citada é provavelmente a de Rokeach 1973 Um valor é a convicção duradoura de que um modo específico de conduta ou estado final de existência é pessoalmente ou socialmente preferível a um modo oposto de conduta ou estado final de existência ou oposto Nesta definição o valor está na base de um modo de comportamento e também no final É normatividade na ação e motivação para a ação é o objetivo para o qual o comportamento é direcionado e está nos próprios atos executados para atingir esse objetivo Nesse sentido o Como vemos os valores e sua definição são os marcadores que orientam a interação em uma sociedade Você não precisa saber que eles existem A sua presença nos acompanha sempre com toda a sua amplitude e todas as suas limitações e se expressa em comportamentos socialmente estabelecidos assim como a sombra acompanha o corpo e é por ele projetada A psicologia comunitária por ser uma disciplina nascida da crítica e da reação a uma expressão do status quo dos serviços psicológicos em meados do século XX propôs desde a sua criação uma consideração avaliativa do que pretendia ser a prática da psicologia em em relação a Os destinatários dos serviços de psicologia Para quem são os serviços Como é esse ser humano Qual é o seu lugar na sociedade Como deveria ser a sociedade na qual esses serviços deveriam ser prestados A relação entre usuários de serviços psicológicos e profissionais de psicologia Que tipo de relacionamento deveria existir Com quem os psicólogos comunitários interagem A ação realizada Quem o executa Quem o dirige Como isso é feito O que fazer Com quem fazer O lugar e o papel desempenhado pelos psicólogos comunitários Quais são o escopo e os limites da prática psicológica Com quem é o compromisso dos profissionais veja o capítulo 7 um terço da população nos estados escravistas Você poderia possuir um ser humano como se fosse uma vaca ou um galinheiro cheio de aves A categoria dos seres livres foi então definida com um critério de exclusão inimigos naturalmente estrangeiros que não eram cidadãos Aqueles que eram diferentes pela cor pelas feições pelos costumes estavam fora da categoria de pessoas que poderiam ser livres E ainda hoje todos os dias um grande número de pessoas morre de fome ou de doenças para as quais se conhece cura ou carece de água potável luz serviços sanitários e desconhece os sinais com os quais poderia perpetuar a memória quotidiana e deixar um relato das metáforas que lhe permitiriam expressar as suas experiências uma vez que não lê nem escreve Julien Rappaport na sua obra fundamental de 1977 expressa muito bem esta ligação entre a procura do conhecimento a ciência como um dos meios para o produzir e os valores aliás a sabedoria o conhecimento é um dos valores mais enraizados nos seres humanos quando diz que forças sociais mediadas por valores e crenças pessoais 1977 26 influenciaram esta perpétua investigação E acrescenta que a psicologia comunitária pode lidar melhor com as questões morais éticas e de valores do bemestar humano através da valorização das múltiplas comunidades que constituem a sociedade 1977 27 E para isso não é possível evitar a influência dos valores tanto pessoalmente aceitos como culturalmente adquiridos através do processo de socialização em que aparecem não apenas como modos de agir esperados transmitidos pela educação formal mas também por meio de ações que fazem parte da vida cotidiana e do bom senso 69 Valores e princípios norteadores da psicologia comunitária Maritza Montero Machine Translated by Google Da mesma forma na América Latina onde as raízes da psicologia comunitária se afundam nas das ciências sociais na sua perspectiva crítica e transformadora ver capítulo 1 a preocupação com os valores e a sua explicação já estão presentes nas mesmas fontes onde procurou basear se Assim na obra de Fals Borda Acción comunal en una vereda colombiana 1959 são definidos cinco princípios fundamentais que se baseiam em valores e foram adotados pela psicologia mas dos quais se pode dizer que dois deles o quarto e quinto possuem caráter psicossocial Esses princípios são 1 Catálise social que define o papel do agente externo que atua junto à comunidade na busca de sua transformação Este papel é o de catalisador de uma acção transformadora que procura um propósito autónomo e libertador para as pessoas participantes e para a comunidade em geral a que pertencem Este princípio é complementado pelo seguinte Os valores subjacentes são liberdade respeito e autonomia 3 Prioridades isto é a priorização pelos membros da comunidade participantes das necessidades ou ações que desejam abordar ou cumprir Este princípio pressupõe uma organização interna que desenha uma estratégia de ação Os valores subjacentes são organização e autonomia 4 Conquistas ou seja necessidade de obter conquistas de produzir resultados no sentido da transformação desejada Ter produtos concretos que demonstrem que a ação conjunta produziu resultados o que estimula a sensibilização e a cooperação Valores subjacentes trabalho cooperação consciência e realização 5 Estímulos princípio que como o anterior tem sido uma das mais conhecidas e sólidas contribuições do behaviorismo tanto original como nas suas versões skinneriana e intercomportamental uma das mais importantes teorias psicológicas do século XX O que este princípio propõe é a necessidade de que a comunidade em geral e em particular aqueles dos seus membros que se organizam em grupos de trabalho construam e definam como estímulos tanto materiais como imateriais aspectos relacionados com as suas realizações Podem ser formas de reconhecimento externo satisfação com o sucesso ou qualidade da tarefa executada ou com a própria mudança ou O reconhecimento da existência e da necessidade de valores norteadores da ação acompanha a psicologia comunitária desde os seus primórdios O próprio facto de na sua versão americana o mainstream ser definido em todas as suas expressões específicas como ecológico indica que ele é guiado pela presença de certos valores harmonia entre as pessoas e o seu ambiente a preservação do bemestar individual e coletivo que vive num determinado ambiente a harmonia portanto do próprio ambiente desde que sejam harmoniosas as relações entre os elementos que nele convivem e necessariamente o configuram por fazer parte dele Bemestar e harmonia E poderíamos acrescentar dentro dos primeiros relações de respeito solidariedade união trabalho amizade equidade justiça paz Valores 2 Autonomia do grupo segundo a qual toda ação deve ser decidida organizada e realizada com orientação democrática por e com os grupos organizados da comunidade e todos os membros da mesma que queiram participar utilizando suas capacidades seus recursos materiais e espirituais e seu potencial bem como aqueles de fora que podem e desejam obter Os valores subjacentes são a democracia e a autonomia A origem dos valores na psicologia comunitária os princípios norteadores da disciplina os valores seriam o combustível e o destino Não é à toa que este autor os classificará como instrumentais e finais estes últimos subclassificados em intrapessoais e interpessoais 70 Valores e princípios norteadores da psicologia comunitária Maritza Montero Machine Translated by Google Da actividade do padre local que primeiro emprestou os poucos livros que possuía e depois recebeu como empréstimo do Banco do Livro uma caixa viajante uma caixa com cerca de uma centena de livros que voltou a emprestar às crianças interessadas na leitura foi criado um grupo de crianças adolescentes jovens e adultos que junto com o padre e a ajuda externa recebida arrecadaram dinheiro colaboraram na construção e construíram a sede da biblioteca Neste relato resumido é possível apontar os valores que motivaram a criação e conquista da instituição conhecimento solidariedade autonomia trabalho e respeito este último incorporado às normas do regulamento interno da biblioteca Em 1995 foi realizada uma avaliação na qual 158 pessoas da comunidade com idades entre nove e setenta anos selecionadas com base no seu conhecimento da comunidade e na sua ligação com diferentes atividades de extensão comunitária deram a sua opinião sobre a biblioteca e sobre o funcionamento da biblioteca escola do bairro Suas respostas indicam a presença dos seguintes valores educação estudo amor amizade boa vida união participação beleza no ambiente inovação valores nacionalistas reflexão Vejamos algumas frases que expressam os sentimentos das pessoas entrevistadas em relação à escola e à biblioteca do bairro Sobre a biblioteca Teve o efeito de me fazer sentir valioso ao participar de atividades Num bairro popular da zona leste da cidade de Caracas em meados dos anos setenta a biblioteca La Urbina foi construída através de contribuições comunitárias e de uma instituição estatal o Banco del Libro1 A história é um feliz exemplo de conquista e transformação Aquela sede parece mais uma casa do bairro pois segue o mesmo esquema construtivo assenta na encosta do morro tem três andares escalonados piso de cimento e cobertura em chapa metálica uma delas inclinada de tal forma que posteriormente Esse espaço não poderia ser conquistado para ampliar a última sala de leitura Desde então a biblioteca empresta livros e brinquedos aos sábados ministrou cursos de dança música canto teatro contação de histórias e modelagem em argila Atualmente acolhe o projeto Constelação desenvolvimento de identidade social positiva através da expressão pictórica e realiza um programa de férias com visitas a parques praias teatros cinemas e piscinas Seus funcionários são em sua maioria recrutados no próprio bairro muitos deles exleitores e usuários de bibliotecas E o livro mais lido tanto que os exemplares em uso apresentam bordas desgastadas das páginas e capas é uma história de conquistas publicada pelo Banco del Libro que tem como protagonista um grupo de crianças que logo após a construção de A biblioteca realizou uma atividade de mobilização dos adultos da comunidade que culminou na construção de um parque infantil A Rua é Livre título do livro que narra esta ação comunitária teve oito edições e muitas mais reimpressões ganhou alguns prémios internacionais e a sua distribuição transcendeu as fronteiras do país Mas onde sempre esteve o melhor levantador é na vizinhança onde é sempre uma fonte viva de satisfação e orgulho para os seus habitantes As heroínas e heróis já são mães e pais mas seus filhos citam esse exemplo E a biblioteca é o santuário da solidariedade da segurança da amizade do respeito e da paz bem como do conhecimento para todo o bairro Vejamos um exemplo transformação alcançada Fiz amigos que não conhecia na escola 71 Instituição criada em 1960 que tem como objetivo fundamental promover a leitura e publicar livros infantis de qualidade através de alcance das pessoas de baixa renda Valores e princípios norteadores da psicologia comunitária Maritza Montero 1 Machine Translated by Google 2 3 Relação entre princípios e valores O que destaquei nestes depoimentos aponta os valores relativos às atividades e às situações vividas como deficiências Sem educação você não é ninguém Você tem que dar amor aos professores Havia professores que desanimavam as crianças não contribuíam para a sua educação Neste princípio reside o caráter científico deste ramo da psicologia e em geral de todos os outros Onde há produção de conhecimento há uma estreita relação entre teoria e prática e o que as transforma no que chamamos de práxis é a reflexão A reflexão baseada no diálogo é um valor intimamente ligado à ação a partir da qual é gerada e à qual conduz pois envolve uma análise crítica que nos permite desnaturar o que foi naturalizado e portanto é considerado um modo de ser consiga São valores referidos no trabalho dos atores comunitários A união entre teoria e prática Desde o final da década de 1970 existia na nascente psicologia comunitária a convicção de que a relação entre teoria e prática não poderia e não deveria ser dividida A teoria por si só ao se desligar do suporte concreto da aplicação a circunstâncias específicas não só não consegue demonstrar o seu alcance e as suas limitações os seus acertos e os seus erros mas também não consegue atestar a si mesma A prática por si só sem a capacidade sistematizadora relacional e explicativa da teoria perdese em ações sem sentido para a produção do conhecimento Gestos esquecidos na correria do dia a dia A melhor lembrança que ele tem dela é que ela queria aprender A pior lembrança é que eu não Em diversas ocasiões tenho discutido o tema Montero 1980 1982 1998a acrescentando a esses valores e princípios introduzidos por Fals Borda outros que considerei impulsionadores das práticas comunitárias ou presentes nas ações comunitárias através da intervenção dos membros das comunidades ou como resultado da reflexão produzida entre agentes externos e internos durante o trabalho realizado Nesse sentido é preciso lembrar mais uma vez que no modelo açãoreflexãoação complementado pela reflexãoaçãoreflexão se realiza a construção do que se chama de práxis teoria que produz prática prática que produz teoria em um processo contínuo de reflexão e que como veremos também tem a ver com valores Esses valores presentes na literatura com diferentes graus de sistematização e elaboração conceitual podem ser organizados conforme sua referência ao ser ou ao fazer Sobre escola Em alguns como o de Rappaport 1977 citado acima a presença de valores faz parte do título2 E o mesmo ocorre com o mais recente dos citados neste trabalho o manual coordenado por Nelson e Prilleltensky 20033 72 Lá aprendi que a vida poderia ser diferente e melhor Mas além de exemplos como o anterior os manuais ou obras de psicologia comunitária quase sempre incluem o tema dos valores ou princípios que norteiam a disciplina Aprendi a compartilhar com as pessoas Valores e princípios norteadores da psicologia comunitária Psicologia Comunitária em Busca do BemEstar e da Libertação ou seja Psicologia Comunitária em Busca do Psicologia Comunitária Valores Pesquisa e Ação ou seja Psicologia comunitária Valores pesquisa e ação Maritza Montero bemestar e libertação Machine Translated by Google Isto significa que a concretização de um objetivo oscila entre o sucesso máximo e o mínimo de ações alcançadas que nos permitam aproximarnos dele Esse máximo desejável nem sempre é alcançado mas esse mínimo necessário deve ser sempre alcançado A participação e o compromisso destes outros será uma meta e uma necessidade mas não a condição inicial Este princípio ligado ao valor do respeito é feito práxis a partir da necessidade da psicologia comunitária incorporar o conhecimento popular e conforme recomendação de Fals Borda 1985 de informar as pessoas da comunidade sobre o que tem sido feito pelos agentes externos com o trabalho realizado pois são os primeiros interessados Na reflexão realizada com grupos comunitários Gonçalves de Freitas 1995 1997 estudou o registro dos dois sentidos em que ocorreu o retorno dele para os agentes internos da comunidade e destes para os primeiros Pensar na descentralização apenas como uma ação de profissionais externos à comunidade pode na verdade ser considerado uma demonstração da crença de que só quem tem um determinado tipo de formação produz conhecimento e na verdade implicou uma visão debilitante da comunidade e foi também uma contradição quanto à natureza dialógica da relação entre os dois tipos de agentes Esta forma de retorno foi conceptualizada por Gonçalves de Freitas como uma entrega sistemática de conhecimento popular 1997 6263 e é um exemplo da natureza heurística da práxis O centro de poder e controle localizado na comunidade Este é talvez um dos princípios mais controversos provavelmente devido ao quão profundamente enraizada está a concepção assimétrica de poder E em particular na sua relação com o conhecimento De tal forma que é muito difícil aceitar que outros possam saber entendendo como outros todos os excluídos das categorias que detêm o controle de certas formas de conhecimento Mas se falamos de participação e o método fundamental desta psicologia está centrado nela pesquisaação participativa não é possível prescindir deste princípio E quanto à devolutiva sistemática esta consiste em o conhecimento produzido por agentes externos e internos ser objeto de explicação reflexão e discussão conjunta A estes juntamse dois princípios ligados à prática e dirigidos à acção dos agentes externos e à relação entre estes e os agentes internos o mínimo necessário versus o máximo desejável e o retorno sistemático do conhecimento produzido No primeiro caso devese levar em conta que o trabalho comunitário não se produz através de um movimento unânime monolítico e uniforme das comunidades Neles há dissensões graus variados de participação e comprometimento ver capítulo 8 momentos de intensa atividade e outros de calma aparente ou efetiva singularidades e continuidades Ou seja estamos diante da diversidade e da experiência compartilhada de interesses e desejos de transformação Todo lo cual debe ser considerado pero no para ver si las condiciones ideales están dadas por cuanto ellas son una construcción que produce la acción sino para iniciar el trabajo con aquellos grupos o personas interesadas que expresan los deseos y objetivos explícitos e implícitos dos demais essencial de certas coisas ou factos que permite a mobilização da consciência no sentido de realização e que possibilita a recuperação crítica da história vivida É o exame que transforma a necessidade verbalizada em ação e que permite separar as necessidades induzidas daquelas provenientes de carências profundas e insuportáveis ou de desejos não menos intensos Montero 1998a 221 Aqui como antes e como segue os valores são novamente o conhecimento e a igualdade na sua expressão mais ampla e a consciência como expressão desse conhecimento 73 São princípios ou valores referentes ao ser dos atores sociais engajados no trabalho comunitário A consideração de que os participantes são atores sociais construtores da realidade Maritza Montero Valores e princípios norteadores da psicologia comunitária Machine Translated by Google Estes valores e princípios que para fins expositivos organizei em termos da sua referência preferencial ao fazer não devem ser vistos como pertencentes exclusivamente a uma categoria ou outra Na verdade estão interrelacionadas e constituem as três grandes orientações ontológicas epistemológicas éticas e políticas da psicologia comunitária a concepção relacional do ser e do saber episteme da relação a orientação construtiva e transformadora da realidade e a procura da harmonia entre as pessoas e o meio ambiente pautados na busca pelo bemestar Nelson e Prilleltensky 2003 incluem pelo menos dois capítulos sobre valores em sua obra embora ao examinarmos vejamos que eles estão presentes em praticamente todos os capítulos Na verdade já são anunciados desde o título em que a busca pelo bemestar e pela libertação é indicada como objetivo da psicologia comunitária Tanto nos primeiros trabalhos escritos na área como já na década de noventa o bemestar estava implícito na ideia de transformação ou mencionado como o objetivo a ser alcançado através dessa transformação ou mudança Quanto à libertação embora tenha sido uma ideia que teve grande influência na psicologia comunitária que por sua vez forneceu um modus operandi às ideias libertacionistas que surgiram no interior da psicologia social e especialmente daquela referente à política nem teve um lugar predominante na literatura embora tenha sido mencionado especialmente na América Latina Desta forma descobrimos que o primeiro valor geral universal poderíamos dizer que aparece relacionado à psicologia comunitária é a transformação Diversidade justiça e igualdade são valores em que o ser e o fazer mostram a sua união A diversidade de atores sociais dá origem a múltiplas formas de compreensão e construção dos fenômenos vivenciados e das formas de conhecêlos A igualdade permite que todos os agentes envolvidos vejam reconhecida a sua possibilidade e capacidade de gerar conhecimento e expressálo A eles se soma a solidariedade pois a troca de saberes é uma forma de colaborar em união com o outro portanto com capacidade de decisão ação e transformação do seu cotidiano e do seu ambiente Para o primeiro dos princípios mencionados os valores base são a construção do conhecimento ligado à vida à igualdade e ao caráter ativo transformador e criativo do ser humano O valor igualdade está ligado aos da liberdade e da transformação social Uma psicologia que define seus sujeitos como construtores de atores não pode submetêlos à condição de executores de ações prescritas sem discussão dirigidas externamente Isto não significa como por vezes se tem entendido que os agentes externos psicólogos comunitários e outros profissionais não tenham voz ou opinião Eles têm isso e é sua obrigação profissional expressálo e explicálo mas as pessoas que construíram a comunidade têm os seus próprios e possuem conhecimentos que precisam ser ouvidos e incorporados A consciência como condição de conhecimento de realizar de ser e estar como ator no mundo é outro valor assim como a possibilidade dessa consciência se expandir se mobilizar transformar seus conteúdos e com isso é o caráter significado e direção das ações das pessoas Da consciência intimamente ligada a ela surgem a problematização da realidade que se constrói e em que se vive a desnaturalização já mencionada a possibilidade de transformação tanto individual como social na busca do bem estar com definição direção e controle por pessoas Os valores subjacentes aqui são a libertação e o conhecimento O tratamento explícito dos valores na psicologia comunitária 74 Valores e princípios norteadores da psicologia comunitária Maritza Montero Machine Translated by Google Mas Nelson e Prilleltensky 2003 introduzem outra coisa uma classificação de valores feita a partir de uma perspectiva comunitária Vale a pena dizer que até aquele momento e desde o início a psicologia comunitária tinha falado de valores tinhaos incorporado na sua prática nas suas teorias e no seu método mas não os tinha classificado embora tivesse tentado mesmo extensivamente e de forma intensiva alguns desses valores participação poder empoderamento diversidade justiça social solidariedade entre outros Também não recorreu à categorização já clássica feita por Rokeach 1973 porque em vez de fazer um estudo a partir de teorias estabelecidas produziu conhecimentos decorrentes da práxis Os referidos autores consideram que na psicologia comunitária são necessários três tipos de valores pessoais relacionais e coletivos incluindo assim todas as fontes de influência que ocorrem numa comunidade individuais ou subjetivos intersubjetivos e coletivos Os segundos os relacionais são responsáveis por garantir que não haja confrontos entre os outros dois e deles poderíamos dizer que são os caracteristicamente comunitários Colaboração participação solidariedade união diálogo diversidade respeito são valores relacionais São responsáveis pelo reconhecimento do outro no seu carácter único e ao mesmo tempo no seu carácter de pares iguais em direitos e deveres a todos os outros Entre os primeiros indivíduos o direito à constituição de uma identidade pessoal não é apenas um valor desejável mas também um imperativo do processo evolutivo e da saúde mental de cada pessoa Liberdade e igualdade na minha opinião são valores individuais e coletivos Ambos residem no indivíduo e ao mesmo tempo transcendem os seus limites e os do grupo seja qual for a sua dimensão Não se pode ser livre como indivíduo numa sociedade de prisioneiros ou de indivíduos subjugados assim como não se pode ser limitadamente livre ou razoavelmente igual gratuito em alguns momentos ou em algumas situações e não em outras Não iguais entre alguns e inferiores ou superiores entre outros pois nesses casos a inferioridade de alguns e a superioridade de outros marcam a presença de desigualdade Justiça paz equidade bemestar a boa vida libertação o direito de desenvolver uma identidade social são valores coletivos E os três tipos de valores devem atuar juntos de forma sinérgica para alcançar uma perspectiva holística da situação de trabalho e da comunidade que combinada com o que Nelson e Prilleltensky 2003 chamam de responsabilidade faz parte do que consideramos como um compromisso ver capítulo 8 A introdução da ideia de libertação como objetivo fundamental é um avanço Por um lado reconhece expressamente a importância das ideias centradas na opressão e na necessidade de superála nas deficiências na miséria e nas limitações que provocam e por outro destaca o reconhecimento do saber popular da igualdade social e o fortalecimento dos recursos de que as pessoas dispõem pelos quais a psicologia comunitária luta desde o seu início atividade social que visa alcançar o bemestar desejado pois está sempre condicionada ao que os membros da comunidade definem como tal e ao que na troca de conhecimentos que ocorre no trabalho comunitário podem definir como tal Não pode haver bemestar sem libertação Respondem também ao reconhecimento dos limites dos direitos e deveres da autodeterminação e dos desejos pessoais e permitem que cada pessoa se expresse a partir da sua posição e situação e ao mesmo tempo reconheça a presença de interesses e necessidades coletivas Mas é importante notar que as definições específicas para cada grupo bem como para cada cultura variam de acordo com a história comum as condições de vida e as experiências individuais de cada um dos seus membros Vejamos um exemplo a boa vida o que muitas vezes se chama de bemestar Embora existam numerosos estudos sobre a sociedade ideal e a boa sociedade estes estudos têm sido quase sempre realizados em amostras representativas de 75 Valores e princípios norteadores da psicologia comunitária Maritza Montero Machine Translated by Google Todas as sociedades humanas sonharam em alcançar uma sociedade melhor onde existisse uma vida melhor As utopias são prova disso Tanto as retrospectivas a idéia mítica de que no passado houve uma época feliz uma Idade de Ouro quando o maior bem possível foi alcançado quanto as prospectivas a Idade de Ouro um dia chegará apresentam modelos dessa vida boa em o melhor de todas as palavras possiveis E de fato cada comunidade tem a sua forma de construir essa operacionalização do sonho que pelas circunstâncias da vida da história vivida da educação recebida do poder exercido pode ser mais ou menos ampla ou restrita viável ou inviável e sempre funciona entre valores A reflexão comunitária assume os desejos as normas e as motivações contidas nestas definições mas deve mostrar caminhos complementares alternativas maior abrangência restrições éticas que facilitem o acesso Como vemos estes requisitos ajudam mas não resolvem o problema de decidir sobre os critérios adequados e por fim devemos voltar à recomendação de promover reflexivamente os valores já mencionados neste capítulo com base em decisões inevitavelmente marcadas pelo cultura e história mas também orientada pela felicidade desejada pelas pessoas mesmo sabendo que a felicidade é um conceito elusivo geralmente claro a posteriori muito impreciso quando pensado em termos de futuro E talvez seja melhor assim pois você estará sempre em busca da felicidade e nessa busca muitas coisas negativas serão mudadas no presente populações calculadas com base em dimensões e critérios estatísticos e sociológicos o que é muito bom para saber qual é a opinião média de uma representação estatística da população de um determinado local Mas quando trabalhamos com comunidades encontramos grupos específicos que têm uma história comum ver capítulo 8 e que não reflectem na sua composição todo o conglomerado social mas sim partes muito específicas em termos de características demográficas Além disso são constituídos por pessoas únicas com idiossincrasias e modos de ser e de fazer os seus e ao mesmo tempo com uma identidade social comunitária que faz parte de cada um deles mas não os padroniza complementando os e ao mesmo tempo integrando suas individualidades Portanto o que significa uma vida boa pode mudar de uma comunidade para outra E parte do trabalho comunitário envolve o fornecimento de outras concreções do mesmo valor Isso significa que os valores a que nos referimos devem atender a determinados critérios pois não basta que sejam desejáveis Assim Prilleltensky 2001 considera que existem quatro requisitos que um valor deve cumprir para orientar eficazmente o trabalho comunitário Orientar os processos que conduzem a um cenário ideal Para este autor este cenário é a ideia de uma boa sociedade que temos Isto já introduz uma nuance relativa e indica como os valores também respondem às condições sociais em que se vive e portanto a mudança social que se pretende está sujeita à tensão entre diferentes fontes de valores numa mesma sociedade e entre sociedades Evite o dogmatismo e o relativismo O primeiro impõe certos valores a outros determinados por um grupo dentro de uma sociedade O relativismo considera todos eles no mesmo plano levando assim à paralisia ou à inconstância desorientadora Os valores devem ser complementares e não contraditórios entre si Mais uma vez neste critério vemos que surge o problema da pluralidade de valores e a dificuldade em decidir quais são os melhores ou mais adequados Prilleltensky 2001 752 recomenda que sejam consistentes internamente ou seja que aqueles que orientam um grupo sejam consistentes entre si Promover o bemestar pessoal coletivo e relacional Ou seja levam a ações com resultados satisfatórios tanto para as pessoas quanto para o grupo e para as relações entre eles 76 Valores e princípios norteadores da psicologia comunitária Maritza Montero Machine Translated by Google 2 Colocar e depois formular objectivos de acordo com essas concepções de mundo sociedade comunidade e pessoa Tudo isso poderia ser resumido em fazer o que se diz e dizer o que se faz indicando por que se faz A psicologia comunitária aponta que a participação e o comprometimento são fundamentais para sua práxis e de fato transforma a pesquisaação ao incorporar como participantes aqueles que antes eram chamados de sujeitos de pesquisa Isto significa como já foi dito que estes participantes têm o direito de intervir na investigação como agentes ativos com direito de palavra voto e veto O ponto 1 da lista anterior deverá ser discutido com os participantes bem como as ações a realizar e a sua avaliação Os pontos 2 e 3 são muito reveladores das concepções indicadas no ponto 1 e das possíveis inconsistências Podemos declararnos profundamente democráticos mas se os objectivos do trabalho não responderem aos interesses da comunidade e se os modos de acção empregarem membros da comunidade mas não os consultarmos sobre quando como onde porquê e para que qual o propósito dessas ações e práticas não só haverá uma direção autocrática mas também a Eu poderia ter copiado o subtítulo que Nelson e Prilleltensky 2003 usaram Ameaças à prática orientada para valores mas pareceme que essa frase poderia levar à suposição de que existe prática que não é orientada para valores e não creio que exista prática que não seja orientada para valores Eles não precisam ser mencionados explicitamente para que existam Se voltarmos à definição dada no início deste capítulo os valores são aqueles modos de comportamento e estados finais de existência que nos dizem como ir e para onde ir A psicologia comunitária baseiase em valores eticamente desejáveis ou seja pautada pelo respeito e consideração pelo próximo pela harmonia e pelo que é considerado positivo no mundo em que vivemos Mas podíamos encontrar grupos comunidades ou sociedades para os quais a violência ou a perfeição física como foi o caso em Esparta onde foram eliminados os recémnascidos com defeitos congénitos eram um valor Ou sociedades que não falam de valores mas cujas ações revelam os valores que as norteiam ou ainda grupos que declaram o seu apego a determinados valores socialmente aprovados e cujas ações os contradizem O trabalho comunitário deverá então 1 Explicitar os valores que o orientam indicando a sua concepção de mundo de sociedade desejável de comunidade procurada de pessoa Isto não nos deveria levar a pensar que temos de fazer grandes declarações de princípios Não se trata de longas disquisições mas de coerência entre o que é dito planeado ou desenhado feito corrigido avaliado e celebrado e o porquê e para que se faz E algumas linhas e palavras são suficientes 3 Conceber e utilizar modos de acção consistentes com estes objectivos e propósitos finais Perigos associados a uma práxis que admite basearse em valores aos benefícios desejados Não se pode ter conhecimento e não o partilhar tal como não se pode conhecer os benefícios dos modos e rotas de acção e ocultálos Por isso é necessária uma reflexão em que a informação seja discutida processada e enriquecida Não apenas prescrições éticas e morais ou determinações científicas não apenas experiência vivida Nem a filosofia moral nem as contribuições da área são suficientes por si só Nelson e Prilleltensky 2003 Eles precisam ser validados na prática E o que a psicologia comunitária busca é alcançar livremente a boa vida bemestar através do conhecimento construído reflexivamente por quem a busca mesmo sabendo que a boa vida sempre pode ser melhor que o objetivo final está sempre mais lá porque é uma característica humana estar insatisfeito com o que foi alcançado e o desejo de transcender o atual para alcançar um futuro sempre melhor Processo no qual as sociedades são construídas e o mundo em que vivemos é transformado 77 Valores e princípios norteadores da psicologia comunitária Maritza Montero Machine Translated by Google Além disso devemos estar atentos a determinadas situações e fatos que podem introduzir essas contradições entre o dizer e o fazer comunitário em relação aos valores assumidos como norteador ético Por exemplo planeamento desorganizado que leva à incoordenação entre objectivos planos e modos de acção e direcções específicas Numa cadeia de erros desentendimentos e mera boa vontade mal coordenada é muito fácil falar de bemestar de visão global da situação holismo de compromisso e participação de solidariedade e identidade e depois trabalhar de acordo com a pressão de o momento de forma reativa e não planejada com objetivos claros E daí até confundir valores coletivos individuais e relacionais com desejos pessoais formas preferidas de agir e fazer do meu jeito a distância é pequena Ao explicar os valores que sustentam um programa é possível que haja choques de interesses com outros programas ou instituições que possam estar promovendo aspectos opostos Por exemplo gerar um programa que busque a solidariedade a colaboração a autonomia grupal a diversidade e em geral formas afiliativas de relações sociais em uma sociedade autoritária que exalta a agressividade acarreta riscos e perigos que podem levar a ataques físicos 78 Uma boa forma de saber se os valores enunciados num programa comunitário ou anunciados na sua promoção estão presentes é perguntar como foram incorporados nos objetivos e nos procedimentos técnicas formas ou formas de atingir esses objetivos Por exemplo estamos falando de libertação Ok então vamos examinar as respostas às seguintes perguntas Que tipo de problemas o programa enfrenta Porque ele faz isto A quem se destina o programa Com quem você trabalha O que o programa faz para que os participantes reflitam sobre aspectos naturalizados relacionados ao seu cotidiano Que formas de mobilização de consciência ocorreram entre os participantes Como é que os participantes fortalecem as suas capacidades e recursos Como você faz com que eles desenvolvam novos Existem pessoas da comunidade nos locais de controle e direção do programa Que grau de comprometimento os participantes demonstram com o programa Os participantes consideram que o programa lhes pertence É um erro comum pensar que todos entendem os valores da mesma forma e que portanto todas as comunidades e todos os programas podem ser orientados da mesma forma Portanto é necessário discutir as finalidades e objectivos de cada programa possível com aqueles a quem se dirige e que dele participarão Só assim é possível saber como entendem determinados valores que se supõem universais Ou seja é preciso levar em conta a visão cultural e histórica da comunidade Poderíamos fazer muitas outras perguntas mas estas já indicam se há ou não um caráter libertador no programa em questão Uma boa prática é colocar questões sobre programas específicos que conhecemos e dependendo das respostas que recebermos proceder ao fortalecimento das áreas onde as respostas são contrárias ou nulas no que diz respeito ao valor que os suporta e cujos requisitos devem ser alcançados participação nem a autonomia nem a libertação por exemplo estarão presentes A história está repleta de perseguições empreendidas e sofridas pela defesa de certos valores Em geral declarar os valores que sustentam um trabalho é sempre um ato ousado temerário mas também necessário Entre os riscos corridos o mais perigoso poderá advir dos confrontos acima indicados Outros virão dos pontos que nos possam ser apresentados relativamente à escolha feita porquê esses valores e porque não outros Aviso que não é possível fugir desse tipo de crítica Então quando confrontado com essa questão pareceme Valores e princípios norteadores da psicologia comunitária Maritza Montero Machine Translated by Google Este capítulo trata do caráter avaliativo intrínseco da geração da psicologia comunitária que desde os seus primórdios e em todas as áreas do seu surgimento se mostrou orientada por valores que explicitou tanto na sua prática como nas suas teorias Desta forma a psicologia comunitária manifesta uma concepção ética e paradigmática que opta por definir os aspectos normativos e avaliativos que norteiam a sua acção e que representam uma concepção do ser humano da sociedade em que vive e da sociedade em que poderia live e uma concepção da relação de produção de conhecimento Eles motivam e direcionam a regulamentação em ação ao mesmo tempo que definem o objetivo a ser alcançado Leitura adicional Certamente quando este livro for impresso já o estará publicou o trabalho coordenado por Nelson e Prilleltensky Psicologia Comunitária em Busca da Libertação e do BemEstar Novo Resumo Os valores da psicologia comunitária estão relacionados com os princípios que moldaram a sua constituição e que influenciam Na verdade existe uma interrelação constitucional entre eles Podem ser classificados como relacionados ao ser e relacionados ao fazer dos atores comunitários mas sempre entendendo que o ser e o fazer não estão separados e que os princípios e valores atuam em conjunto Os textos e em geral os trabalhos relacionados com esta área do conhecimento nem sempre dedicam um espaço especial à discussão ou análise dos valores que norteiam a psicologia comunitária embora na maioria deles se possam encontrar menções relacionadas com aqueles que foram tratados neste capítulo particularmente aqueles que visam alcançar a transformação baseada no bemestar o desenvolvimento de uma condição social baseada na liberdade na justiça no respeito na solidariedade na participação no compromisso na autonomia e na obtenção de formas harmoniosas de equilíbrio com o meio ambiente A par da referida organização de valores e princípios discutese também aquela feita por Nelson e Prilleltensky 2003 em termos pessoais relacionais e coletivos Da mesma forma alegase a necessidade não só de explicitar os valores que norteiam a práxis comunitária mas também de que esta práxis seja coerente com eles apontando alguns passos para verificar este aspecto E por fim discutemse os perigos inerentes a esse fazer e dizer que expõe os seus valores e a sua orientação ética expondose consequentemente ao evidenciar das contradições e à sua verificação na práxis Por outro lado pode acontecer que a imposição ou o autoritarismo resida em quem dirige ou prepara o programa quando acreditam obstinadamente na qualidade oportunidade adequação e superioridade dos seus valores sobre quaisquer outros que lhes sejam propostos E isso é um perigo porque quando há participação há diversidade de opiniões e é comum que haja opiniões divergentes e até contrárias Tanto entre os agentes externos como internos é possível encontrar pessoas que querem impor os seus valores a todo custo seja através do confronto da manipulação ou de ameaças mais ou menos explícitas Se tais divergências não forem discutidas permanecerão dentro do grupo e poderão levar a desvios dos objetivos e dos meios para alcançá los Ou podem silenciar aqueles que têm valores diferentes levandoos a separarse do projecto ou a desinteressarse dele É válido responder só porque ou dar uma explicação longa e detalhada da sua orientação ética se houver tempo para isso York Palgrave Macmillan do qual recomendo especialmente a leitura do terceiro capítulo 79 Maritza Montero Valores e princípios norteadores da psicologia comunitária Machine Translated by Google Montero M 1998 A comunidade como objetivo e sujeito da ação social em A Martín González ed Psicologia Comunitária Fundamentos e aplicações Madrid Síntese pp 210222 Este capítulo apresenta informações gerais sobre o tema no contexto psicológico comunitário Exercício problematizador sobre a relação entre valores e trabalho comunitário Pegue algum programa social governamental não governamental ou privado voltado para a comunidade e analise quais valores o norteiam Para isso perguntese Que tipo de transformação ou desenvolvimento individual você deseja alcançar nos membros da comunidade participantes do programa Através de que meios Que modos de relacionamento entre as pessoas a quem o programa se dirige são incorporados emergem ou são fomentados durante a execução do referido programa Que tipo de transformação comunitária o programa propõe Ele está alcançando ela Como Qual é a visão da comunidade que emerge da proposta do programa e da sua execução Que tipo de relação se estabelece entre a comunidade objeto do programa e a sociedade a que pertence Lañe S e Sawaia B 1991 Psicologia ciência ou política em M Montero coord Ação e discurso Problemas de psicologia política na América Latina Caracas Eduven pp 59 Perguntas para refletir sobre valores no trabalho comunitário Que valor ou valores você considera essencial para realizar o trabalho comunitário Por que a psicologia comunitária assumiu os valores apresentados neste capítulo Qual é a finalidade dos princípios e valores que norteiam a psicologia comunitária É realmente necessário que o trabalho comunitário seja baseado nos valores mencionados neste capítulo 85 Embora este texto não trate diretamente de valores seu conteúdo é inspirado nos valores mencionados neste capítulo e deve ser lido por seu caráter crítico Valores para psicologia comunitária Allí se tratan las fuentes de los valores sustentados por la subdisciplina se discuten las formas de encontrar un equilibrio entre los valores personales relaciónales y colectivos y se analizan las maneras de llevar a la práctica los valores promulgados y de lidiar con las amenazas a os mesmos 80 Quem é responsável pelo que acontece durante a execução do programa Indique os valores que sustentam cada um desses aspectos Maritza Montero Valores e princípios norteadores da psicologia comunitária Machine Translated by Google Uma das primeiras preocupações que surgiram no campo do trabalho psicológico comunitário foi sistematizar a acção desenvolvida pelos psicólogos que quer conscientes de iniciar um novo campo da psicologia quer ignorandoo tinham muito claro que a forma de fazer predominante na profissão e o ensino nas salas de aula da época anos setenta na América Latina meados dos anos sessenta nos Estados Unidos não era apropriado para a nova prática que estava começando Neste sentido destacouse o catalisador ou facilitador ou promotor da mudança social que os psicólogos comunitários devem ter como agentes de mudança A isso se soma seu caráter de educador em sentido amplo e de interveniente em situações ou processos de interesse comunitário Montero 1982 Serrano García e Irizarry 1979 A psicologia comunitária exige uma combinação de papéis dos profissionais que a praticam ou O que fazem os profissionais de psicologia comunitária Isto se manifesta com maior ou menor grau de clareza em muitos dos primeiros manuais e artigos então publicados nos quais se procurava definir a tarefa e como fazêla Escovar 1979 Montero 1980 1982 SerranoGarcía e Irizarry 1979 Assim em 1982 já era evidente que o novo ramo procurava dar uma resposta eficiente aos problemas das sociedades cujos efeitos psicológicos sobre o indivíduo não só os limitam e perturbam mas também os degradam e pior ainda tornamse geradores de elementos que mantêm a situação problemática Montero 1984 391 Isto é como já repeti muitas vezes o objectivo era criar uma psicologia socialmente sensível que face aos problemas sociais não só os estudasse redefinindoos em diagnósticos formulados em termos científicos descrevendo sistematicamente as queixas das pessoas mas também o que permitiria ao mesmo tempo realizar intervenções que os transformassem durante o próprio processo de estudálos E mais ainda reconheceuse que para realizar tal coisa era necessário trabalhar em conjunto com as pessoas afetadas pela situação envolvidas na situação atores sociais na situação Isto significou Diagnosticar em conjunto com as pessoas da comunidade a partir de situações que constituem um todo Esteja ciente dessa totalidade Estabelecer com os atores sociais localizados na demanda o problema ou desejo a ser satisfeito e com aqueles localizados na situação a ser estudada e na qual intervir uma relação peculiar de colaboração cooperação e troca de conhecimentos psicológicos e populares esta última proveniente de múltiplas fontes incluindo subculturas de investigadores e comunidades Sobre este aspecto já em 1959 e depois em 1978 Fals Borda falava do intercâmbio entre conceitos e factos observações apropriadas acção concreta ou prática relevante para determinar a validade do que foi observado e da reflexão de acordo com os resultados da prática e produção de preconceitos ou abordagens ad hoc num novo nível 1978 224 Portanto ter uma compreensão diferenciada das pessoas com quem trabalha pois elas não serão vistas como sujeitos passivos ou destinatários inertes de ações e serviços psicológicos mas como atores sociais construtores de sua realidade Definir o papel do psicólogo comunitário como o de agente de mudança ligado à detecção de potencialidades recursos capacidades ao fortalecimento e implementação das mesmas e à mudança nas formas de interpretar construir e influenciar a realidade Montero 1982 RiveraMedina 1992 SerranoGarcía López e RiveraMedina 1992 Trabalho comunitário CAPÍTULO 6 81 Maritza Montero Trabalho comunitário Machine Translated by Google Wiesenfeld e López Collazo e Gorrín Quintal de Freitas 82 19902003 Kelly 1966 Serrano Garcia Stenmark 1977 Glidewell 1977 Sánchez Vidal e González Gabaldór sf Peralta 1998 Intervenção e apoio psicossocial Bravo Vick Rosário Tabela 5 Atividades consideradas como prática profissional dos psicólogos comunitários Glidewell 1977 O papel do psicólogo comunitário foi definido não como o de um especialista dono do conhecimento que se relaciona com quem não sabe mas como o de alguém que tem conhecimentos que lhe permitem agir mas que ao mesmo tempo precisa conhecimento possuído por esse interlocutor agente de sua própria transformação com quem precisará trabalhar interativamente para produzir as transformações acordadas entre ambos Por isso falamos de agentes externos psicólogos e de agentes internos os interessados das comunidades Montero 1982 Rappaport 1977 SerranoGarcía e Irizarry 1979 Rapport 1977 Heller e Monahan 1977 Consulta Branco 1998 19971998 Sanches Gregório 2001 Peralta 1998 Newbrough 1973 Bravo Vick Rosário Sánchez Vidal 1996 e Collazo e Gorrín 19661975 Saforcada 1992 Bennet et al 1966 Heller 1970 Kelly 1986 Heller 1970 Serrano Garcia No quadro 6 apresento uma síntese das práticas coletadas pela literatura entre 1966 e 2003 apontando os papéis atribuídos aos psicólogos comunitários e as práticas específicas correspondentes a cada um deles Escusado será dizer que estes papéis não são mutuamente exclusivos mas complementares na maioria dos casos Da mesma forma é claro que a prática da psicologia comunitária abrange quatro grandes áreas de prática profissional nos diferentes ramos da ciência Prevenção especialmente primária com a promoção de comportamentos considerados desejáveis de acordo com várias concepções do que é desejável Intervenção muitas vezes ligada à investigação com sentido participativo Pesquisa Avaliação Talvez devêssemos dizer uma forma diferente de ser psicólogo combinando intervenção ensino interactivo investigação e avaliação Isto foi claramente expresso por SerranoGarcía e Irizarry 1979 no conceito de intervenção na investigação e está também presente na utilização da investigaçãoacção participativa e no seu desenvolvimento no campo comunitário Montero 1994a 2000b 19761989 Ecologia Maritza Montero Trabalho comunitário Machine Translated by Google Collazo e Gorrín Saforcada 1992 Prilleltensky 2003 Reforço Heller 1970 Muñoz Vázquez Montero 1998a Santiago Bemestar e libertação Rapport 1981 1984 Garcia Bravo Vick Prilleltensky 2003 Democratização García e Perfecto Bravo Vick Rosário Montero 2000a Montero 1984a Nelson e 1992 Sánchez Vidal 1996 Nelson e Prilleltensky 2003 Avaliação Freitas 1997a1998 Sánchez Wiesenfeld e López Blanco 1998 Produção de conhecimento em pesquisa científico e popular Montero 1984a Rapport 1977 Escovar 1979 Montero 1980 1984a Montero 1995a 1998b Highlander Nelson e Santiago Serrano Montero 1984a 83 Montero 2003b 1992 Serrano Garcia Prilleltensky 2003 García e Perfecto 1983 Montero 1991a 1991b Saforcada Nelson e Gorrin Peralta 1998 Glidewell 1977 Montero 1991a 1991b Quintal de Freitas 1997a1997b1998 Montero 1984a Promoção de valores Prilleltensky 2003 Agente de mudança social Peralta 1998 SerranoGarcía 1992 Conhecimento Glidewell 1977 Stenmark 1977 Sánchez Vidal e González Gabaldón sf Prilleltensky 1994 Macksoud e Cantera Highlander Nelson e 1987 Serrano Garcia 1984 Rosário Collazo e Sánchez Vidal 1996 Desenvolvimento político defesa social Prilleltensky 2003 1992 Montero 1994a Quintal de Nelson e e de Trabalho comunitário Maritza Montero Machine Translated by Google Trabalho comunitário e produção de conhecimento Nelson e Prilleltensky são os coordenadores do trabalho que também contém artigos de sua autoria Os aspectos apresentados estão distribuídos nos vários capítulos que compõem o livro e respondem a um consenso quanto à orientação comparada pelos diferentes autores incluindo a deste trabalho Collazo e Gorrín Peralta 1998 Bravo Vick Rosário 84 Serrano Garcia Provavelmente porque são mantidos sob análise contínua o que se traduz em algumas avaliações superficiais que por não encontrarem as denominações formais não conseguem reconhecer o uso da teoria na práxis cotidiana Sánchez Vidal 1996 E isso tem consequências para a produção do conhecimento pois os psicólogos comunitários não se enquadram na categoria dos profissionais que consideram que a teoria se faz e nasce atrás de uma secretária ou que a prática é apenas uma questão de caminhar no campo mas sim que têm bem compreendido que é o produto de um movimento dialético e até analético ver capítulo 3 em certos casos que une a prática com a reflexão para renovar a ação enquanto produz uma teoria informada Como já disse Rappaport 1977 114 sua diferença com o modo de fazer psicologia aplicada da época residia no fato de que eles interpretam que a preocupação com o bemestar social significa tomar ações diretas para reduzir os males contemporâneos Isto significa que existe um interesse evidente direto e explícito em colocar o seu trabalho ao serviço da sociedade mas ao mesmo tempo como aqui foi afirmado e como foi demonstrado nos últimos trinta anos há um constante exame da prática que vem produzindo um corpo teórico em constante construção Neste sentido é interessante e também divertido verificar que nesta reflexão constante a maior preocupação no âmbito do campo comunitário é procurar a compreensão dos fenómenos estudados aprender com os fenómenos em que se intervém assumir o carácter heurístico tanto dos acertos em relação aos erros quanto em muito menor grau de anunciar formalmente a criação de teorias Glidewell 1977 Reconhecese também que dado que a ação transformadora provém de pelo menos duas fontes de fora e de dentro da comunidade ela atua portanto em dois sentidos ambos os sujeitos da relação serão transformados Ambos os campos de relacionamento comunitário e disciplinar da psicologia irão adquirir conhecimento produzindo uma relação dialética de transformações mútuas Montero 1982 390 Nelly 1966 A psicologia comunitária surge num momento de mudança paradigmática ver Capítulo 1 Isto fica evidente na concepção da tarefa psicológica da psicologia comunitária que coloca o centro de gravidade do controle e do poder na comunidade deslocandoa dos psicólogos como agentes externos para atores sociais pertencentes à comunidade Montero 1982 Tal concepção supõe então dois tipos de sujeitos ambos ativos ambos produtores de conhecimento os psicólogos agentes externos em processo de atuação de acordo com seus conhecimentos psicológicos científicos e culturais e pessoas das comunidades agentes internos nesse mesmo processo processo com o seu conhecimento historicamente produzido com o seu conhecimento sobre a sua comunidade os seus problemas e a sua cultura Terapia Maritza Montero Trabalho comunitário Machine Translated by Google 2 Respeito ao Outro seja ele quem for 4 Não oculte nem omita informações que possam ser úteis às pessoas com quem você trabalha 5 Modéstia em dois sentidos primeiro entendida como aceitar que há coisas que não se conhecem e que é preciso saber que é necessário aprender e que a aprendizagem pode vir não só de centros de conhecimento estabelecidos mas também de lugares pessoas e situações inesperadas E em segundo lugar como propôs Fals Borda 19701987 no sentido de não desprezar os aspectos simples cotidianos os fenômenos aparentemente triviais pensando que só os grandes acontecimentos são dignos de intervenção e investigação A humanidade não tem limites pois faz parte da natureza e todos os seus aspectos merecem ser objeto de estudo e artesanato 6 Portanto esteja aberto à surpresa à dissidência à contradição à correção e à dúvida E quando ocorrer algum destes verifique reveja as fontes documentadas e a experiência vivida consultar comparar contrastar opiniões diferentes E uma vez que você tenha uma posição ou opinião pessoal discutaa levantea e defendaa e também esteja disposto a abandonála e modificála diante de argumentos e fundamentos mais bem fundamentados e convincentes Que condições são então necessárias nos psicólogos comunitários Apontar as qualidades que um profissional deve ter é algo que se enquadra no campo dos valores e do que deveria ser pois faz parte do ideal que orienta a ação concreta Portanto embora esta seja uma área que se supõe essencial e portanto correria o risco de ser tratada como imutável sabemos que de tempos em tempos avanços ou novas ideias transformações sociais necessidades e aspirações culturalmente estabelecidas bem como as concepções de bem e mal que predominam em uma sociedade geram diferentes perfis do ser em cada uma de suas funções específicas 3 Aceitação da diversidade do Outro reconhecendo o seu direito de ser igual a nós A resposta à questão então referirseá a um campo da psicologia que como observado nos capítulos 1 e 2 surgiu para tentar responder a necessidades sociais marcadas por desigualdades insuportáveis e consequentemente dedicar seus esforços para trabalhar com esses processos psicológicos que possa garantir que as pessoas produzam transformações sociais que as libertem das condições de privação submissão exclusão e que lhes permitam alcançar o bemestar que desejam A partir desta base podemos elencar as seguintes condições que hoje são consideradas necessárias para a prática da psicologia comunitária 1 Sensibilidade social e sentido de justiça social Condições necessárias para ser psicólogo comunitário 7 Saiba ouvir e esteja disposto a fazêlo 9 Não tente praticar psicologia comunitária se não estiver disposto a agir de acordo com os valores do respeito pelo Outro ver capítulo 5 e de acordo com as condições anteriores As primeiras quatro condições são essencialmente éticas O quinto e o sexto respondem a qualidades pessoais que nem sempre estão presentes nos profissionais mas que podem ser adquiridas na prática e que também podem ser encontradas em outras áreas da ciência O sétimo e o oitavo podem ser adquiridos com treinamento e prática adequados A nona envolve autoanálise e um sério exame interno ao mesmo tempo em que retorna ao campo ético 85 8 Coloque o seu conhecimento a serviço das transformações necessárias e desejadas pelas pessoas com quem irá trabalhar Trabalho comunitário Maritza Montero Machine Translated by Google Quando se trata de relacionamento humano em comunidade e em liberdade tudo isso e muito mais é possível O escopo do trabalho comunitário Onde os psicólogos comunitários fazem seu trabalho Certa vez iniciei a ministração de um curso de psicologia comunitária no Departamento de Psicologia Social da Faculdade de Psicologia da Universidade Central da Venezuela citando alguns versos do dramaturgo e poeta alemão Bertolt Brecht porque me parece que suas palavras indicar para onde ir e por que fazêlo Esses versos são os seguintes Sob o familiar descubra o incomum sob o cotidiano encontre o inexplicável tudo o que é chamado de habitual pode te preocupar na regra descubra o abuso e onde quer que o abuso se manifeste 86 Isto não significa igualdades planas em que desapareçam as diferenças individuais as capacidades diferenciadas os compromissos desiguais a participação mais ou menos activa e mais ou menos efectiva bem como os erros pessoais e colectivos Tratase de oportunidades iguais para todas as pessoas envolvidas no trabalho comunitário Tratase de um trabalho comunitário como o próprio nome indica envolvendo um grupo de tamanho indefinido em que todos os seus membros podem dizer o que pensam aprovam desaprovam ou discordam e sobretudo agir discutir e refletir sobre o que foi feito As comunidades não são utopias urbanas ou rurais nem estão isentas de conflitos e desastres Portanto ao trabalhar com eles você está trabalhando com seres humanos específicos cada um com suas idiossincrasias e cada comunidade com sua situação específica suas características únicas e seus elementos semelhantes a outros grupos por isso embora a psicologia comunitária apresente princípios e diretrizes gerais ao mesmo tempo alerta quem o exerce e analisa que é necessário que estes princípios e diretrizes sejam aplicados com base nas condições de cada comunidade particular Um aspecto relacionado a essas características do trabalho dos psicólogos comunitários diz respeito à noção de poder geralmente relacionada ao controle do conhecimento Ao admitir a atuação conjunta e a existência de conhecimentos diversos convergindo para uma mesma situação para um mesmo problema e provenientes de vários atores sociais psicólogos líderes comunitários e não comunitários diversas pessoas da comunidade outros profissionais relacionados com a comunidade prestadores de serviços de serviços ligados à comunidade entre outros o equilíbrio de poder e o controle das ações não residirão em um único grupo normalmente agentes externos definidos como técnicos ou especialistas mas serão distribuídos entre os diversos agentes Certamente em comunidades marcadas pela privação socioeconómica os agentes externos com o rótulo profissional tendem a ser vistos correctamente como pertencentes a um estatuto socioeconómico mais elevado mas o trabalho comunitário começa por estabelecer relações de respeito entre todas as pessoas envolvidas na relação e quando considerando o bemestar e o fortalecimento das pessoas para que possam exercer a sua condição de cidadãos e se reconhecerem como tal exercendo os seus deveres e usufruindo dos seus direitos devese criar uma relação dialógica em que as diversas vozes com a sua variedade de sotaques têm a mesma oportunidade de se fazerem ouvir de intervir de serem ouvidos e de receber uma resposta É essa interação viva e frutífera que nos permite aprender uns com os outros ensinandonos uns aos outros Poder e exercício da psicologia comunitária Trabalho comunitário Maritza Montero Machine Translated by Google Saúde da comunidade Ecologia Mudança social Ecologia Período Inclusão social Democratização e inclusão social 19901999 19801989 Reforço Tabela 6 Objetivos da psicologia comunitária ao longo do seu desenvolvimento 19662003 Mudança social Estes versos são de um poema intitulado A exceção e a regra e embora não acredite que nós que trabalhamos no campo comunitário devamos aspirar à santidade através do martírio creio que neles está a essência do compromisso da curiosidade científica desacordo com o status quo que leva a trabalhar pela transformação da sociedade Y creo también que tales condiciones son simplemente humanas pues no otra cosa ha hecho la humanidad en su historia estar insatisfecha con el estado de las cosas invertir vías para superar sus insuficiencias rebelarse contra los abusos y tratar de ponerles remedio una y outra vez Portanto para trabalhar em comunidades é preciso um pouco ou muito disso tudo O poema para tranquilidade ou consternação dos leitores posso dizer que não causou suicídios nem produziu revoluções mas devo também dizer que alguns psicólogos comunitários muito bons e muitos outros bons psicólogos comunitários se formaram nessas salas de aula e muitos mais graduados também se formaram optando por outras áreas de especialização psicológica Prevenção primária Mudança social Democratização e inclusão social Suporte social Saúde mental na comunidade Prevenção primária Casa 19661969 Saúde da comunidade Conscientização Ecológica 87 Prevenção primária Objetivos definidos em cada período Prevenção primária Saúde da comunidade Preocupação e busca de soluções para problemas sociais 19701979 Conhecimento A relevância que encontro nos versos do poema citado está relacionada com os objetivos que a psicologia comunitária definiu como seus tanto na América Latina como nos Estados Unidos No quadro 6 apresento esses objetivos indicando em que período aparecem e se são mantidos ou não ao longo dos quase quarenta anos de psicologia comunitária praticada sistematicamente encontre o remédio Inclusão social Fortalecimento de grupos socialmente desfavorecidos Trabalho comunitário Maritza Montero Machine Translated by Google Democratização e inclusão social Reforço Prevenção primária Na Tabela 6 é possível ver como certos objectivos persistem por exemplo prevenção primária ou reforço enquanto outros mudam ao longo do tempo Por exemplo a saúde mental na comunidade é um conceito que quase imediatamente começa a transformarse e a ser substituído por um conceito mais amplo e abrangente a saúde comunitária O objetivo relativo à ecologia esteve muito presente nas décadas de setenta e oitenta recordese o surgimento das teorias ecológicotransacionais ou ecológicoculturais Heller 1970 Heller e Monahan 1977 Newbrough OGorman Dockecki e Moroney 1981 entre outros mas então sua presença é escassa na literatura apesar de a proposta básica ser evidente em muitos escritos A libertação começou a aparecer na década de noventa na América Latina e fez a sua entrada formal na cena americana em 2003 Nelson e Prilleltensky 2003 Da mesma forma o bemestar aparece explicitamente desde 2000 A mudança social ocupou um lugar central tanto na América Latina como nos Estados Unidos desde o final da década de 1970 tal como a inclusão social e a prevenção primária E desde a década de 1980 o fortalecimento dos grupos sociais com os quais trabalhamos a inclusão social a democratização que isso acarreta e a sensibilização estão presentes em grande parte da literatura produzida nas Américas Mudança social Conhecimento Liberação de bemestar 20002003 Mas o descontentamento e as críticas não diminuíram e viraram as suas armas contra a própria disciplina Assim Gregory 2001 queixase amargamente de como os objectivos que fizeram a diferença em 1966 nos Estados Unidos parecem na sua opinião ter sido confusos ter sido desacreditados e o entusiasmo parece ter diminuído Gregory continua dizendo dado o estado do mundo hoje em dia a única conclusão possível é que embora o espírito da psicologia comunitária possa estar presente esse espírito caiu tão baixo que a base da promessa ainda é lá em grande parte ausente Gregory 2001 482 88 Tal como indicado na tabela 6 e também afirmado nos capítulos 1 e 2 a psicologia comunitária surge como uma resposta à insatisfação e como uma via alternativa às práticas dominantes na psicologia dos anos sessenta e à época na nossa América como a necessidade de produzir uma psicologia que responda aos problemas das nossas sociedades e à situação dos sectores socialmente desfavorecidos da população Estas palavras dramáticas ignoraram os desenvolvimentos florescentes levados a cabo nas suas Este último não significa que sejam os únicos grupos sociais com os quais os psicólogos comunitários trabalham uma vez que é possível e de facto que o trabalho comunitário afecte outros sectores sociais Mas muitos psicólogos latino americanos optaram por realizar o nosso trabalho com grupos socialmente desfavorecidos1 uma vez que a transformação social é indicada como um dos objetivos centrais desta subdisciplina da psicologia Trabalho comunitário Maritza Montero A consideração da desvantagem social evidenciada por todas as ciências sociais pelos meios de comunicação social pela literatura pelas ciências da saúde pelas estatísticas das organizações nacionais e internacionais não significa desvantagem cultural ou total incapacidade ou imobilidade Faço esta observação porque por vezes é possível encontrar uma certa polarização em relação a estes grupos não ver os seus recursos espirituais e culturais e considerálos como entidades indefesas ou pelo contrário ver as suas capacidades criativas e simbólicas e não perceber que eles sofrem deficiências terríveis 1 Machine Translated by Google Não podemos encerrar este capítulo sem mencionar as áreas que com base nos objetivos indicados na Figura 2 foram desenvolvidas no campo da psicologia comunitária nos últimos trinta e cinco anos Primeiramente a psicologia comunitária atuou sobre dois dos ramos da psicologia que promoveram o seu surgimento a psicologia social e a psicologia da saúde que inclui aspectos clínicos e aspectos de saúde Na verdade especialmente na América Latina uma grande parte da investigação e da intervenção também muitas vezes combinadas foi dedicada à solução de problemas sociais Um efeito disto é claramente reconhecível numa área que tem sido chamada de ambiente comunitário e que como o seu nome indica ultrapassa a linha entre a psicologia ambiental e a psicologia comunitária Os trabalhos de Wiesenfeld seu trabalho de 2000 resume muito bem o ponto são ilustrativos da produção neste novo campo e mostram como a participação comunitária pode realizar transformações extraordinárias e conquistas de enorme utilidade para as pessoas das comunidades E há também indícios de uma produção de interesse em relação à psicologia política que como já apontei em outra ocasião Montero 1998b 2003 assume em si um caráter político ao constituir certas obras voltadas à transformação social à formação da cidadania a promoção do desenvolvimento da consciência cívica e portanto a formação da sociedade civil Há também uma prática escolar comunitária e outra prática organizacional comunitária em que os princípios valores objetivos e métodos da psicologia comunitária convergem com as práticas escolares incorporando a comunidade organizada à tarefa de educar formalmente ou no caso das organizações permeando as formas de produzir seu desenvolvimento por meio de consultoria intervenção participativa e técnicas de pesquisa Áreas de aplicação na psicologia comunitária próprio país em Michigan e Illinois na Universidade Vanderbilt no Tennessee e na Universidade do Kansas para citar apenas uma grande área e dois importantes centros de desenvolvimento comunitário A ignorância do que estava acontecendo em outras áreas daquele mundo cujo destino o preocupava é óbvia O interessante é que parece ser o caso de ver meia garrafa vazia e não meia garrafa cheia Na verdade existem desenvolvimentos comunitários que têm pouca semelhança com a prática que se desenvolveu em locais como os mencionados acima para os Estados Unidos ou no Brasil Colômbia Costa Rica Porto Rico e Venezuela mas ao mesmo tempo e como se pode verificar nos dados da tabela apresentada existe um núcleo de objectivos que se manteve firme e até foi enriquecido Mas é preciso compreender que à medida que uma disciplina se desenvolve e se expande não é possível esperar que todos aqueles que a praticam sigam os mesmos princípios objetivos e métodos por mais desejáveis que sejam A ciência não é um culto ou uma seita nem responde felizmente a ordens estritas Ao mesmo tempo uma parte considerável dos esforços do novo ramo está direcionada para trabalhar pela saúde comunitária um campo em que o social o clínico e a saúde se uniram produzindo resultados interessantes Com efeito na última década tem vindo a desenvolverse uma área clínica comunitária cuja definição se vai construindo na práxis de jovens psicólogos clínicos interessados em responder aos problemas clínicos presentes nas comunidades gerando uma prática que sai do consultório e chega as áreas em que o comportamento é formado deformado reformado e transformado e com ele a vida das pessoas Em todas estas áreas costumase destacar o trabalho que visa detectar formar e fortalecer lideranças a respeito do qual é importante dizer que embora seja verdade que é reconhecido e recomendado pela literatura é necessário alertar que o trabalho comunitário não deve permanecer apenas no intercâmbio com líderes consagrados mas esta formação deve 89 Maritza Montero Trabalho comunitário Machine Translated by Google Gráfico 2 Áreas de aplicação da psicologia comunitária 90 A formação de psicólogos comunitários estar aberto a quem já se inscreveu ou lidera grupos e também a outros membros das comunidades que desejam recebêlo A detecção de líderes pode ser muito enganosa a menos que você esteja em contato com a comunidade há muito tempo na medida em que você pode estar privilegiando certas pessoas em detrimento de outras Além disso na formação em temas como tomada de decisão discussão em grupo reflexão e formas de comunicação que normalmente são solicitadas por grupos organizados nas comunidades devese abrir a possibilidade de que possam ser recebidos por outras pessoas da comunidade Na minha experiência esta abertura tem sido benéfica para ambas as partes uma vez que tem revelado algumas práticas amigáveis e outras francamente autoritárias Montero 2003b e 2004 no prelo bem como confrontos de poder dentro destes grupos todos eles devem ser devidamente trabalhados por eles Existem dois campos possíveis de formação para o trabalho comunitário prático e acadêmico No primeiro caso as pessoas com o título genérico de psicólogo recebem formação especializada no trabalho com comunidades através da sua incorporação em projetos ou programas existentes nos quais outros psicólogos com experiência comunitária os introduzem na prática Foi assim que muitas pessoas se formaram no passado e foi esse o caminho percorrido por muitos profissionais nas décadas de sessenta e setenta em muitos países americanos e europeus A prática com seus desafios e demandas as provações com seus erros e acertos e a leitura de literatura especializada eram muitas vezes as únicas escolas disponíveis para psicólogos que desejassem atuar na área No entanto embora a escola da prática possa proporcionar experiências inestimáveis Montero e Giullani 1999 e seja certamente o terreno onde se testa se alguém é ou não um profissional eficiente no trabalho comunitário nada mais é do que isso um teste definitivo mas não é suficiente como campo de treinamento Uma das razões para dizer isto reside no facto de nem todas as experiências obtidas em relação à comunidade se enquadrarem no campo da psicologia comunitária Como aponta Quintal de Freitas 1994 é necessário distinguir entre o trabalho psicológico comunitário e a a prática realizada na comunidade que transfere formas tradicionais de fazer psicologia e concepções centradas no Maritza Montero Trabalho comunitário Machine Translated by Google Características desejáveis na formação acadêmica de psicólogos comunitários Esta questão não é nada fácil de responder uma vez que a psicologia comunitária não pode basearse apenas nos aspectos teóricos fornecidos pela literatura produzida na área Esses erros e desentendimentos muitos deles cometidos com a melhor intenção possível são evitados pela formação acadêmica Isso não significa que ele por sua vez esteja livre de erros pois apontar explicitamente o objeto o método o alcance sua teoria e sua prática não os dispensa mas há um exercício crítico para apontálos e corrigi los A este respeito deve dizerse que nos Estados Unidos o campo nascente da psicologia comunitária desenvolveu rapidamente nichos académicos para o seu ensino investigação e desenvolvimento sistemático Na América Latina a Universidade de Porto Rico foi pioneira na criação de áreas de estudo que durante a década de setenta fundou um Mestrado e criou um Doutorado em Psicologia Comunitária e o Instituto Tecnológico de Estudos Sociais do Ocidente ITESO em Guadalajara que em meados da década de setenta criou um curso de pósgraduação sobre o tema Noutros países da nossa parte do continente devido ao seu carácter predominantemente psicossocial a psicologia comunitária entrou através de departamentos ou cátedras de psicologia social Um exemplo é a Venezuela onde em 1985 foi ministrada pela primeira vez uma disciplina de psicologia social comunitária opcional2 e posteriormente incorporada à cadeira de Psicologia Aplicada3 que a oferece entre outras possíveis áreas de aplicação E no Mestrado em Psicologia Social e no Curso de Especialização em Intervenção Psicossocial foi criada a possibilidade de optar pela menção Comunidades4 O modelo de pósgraduação genérica em psicologia ou psicologia social dentro do qual se aloja a possibilidade de investigação e obtenção a formação universitária de quarto nível com estudos e pesquisas específicas na área é bastante difundida embora também tenham surgido cursos de pósgraduação especializados indivíduo por exemplo psicoterapia ou aconselhamento psicológico o que não deve ser entendido como uma crítica ou desqualificação daquela forma de prática mas apenas como uma demarcação entre o que a psicologia clínica tradicional ou escolar para apontar apenas duas especialidades pode fazem e o que se faz na psicologia comunitária b a prática que transforma os psicólogos em ativistas em relação aos problemas de determinadas comunidades deixando de lado sua especificidade profissional e o que podem contribuir a partir dela Perdomo 1988 e c o prática que admite influência tanto social como psicológica nos problemas ou fenómenos a estudar mas que não distingue claramente onde e porque se manifesta uma ou outra origem com a qual as técnicas aplicadas e as críticas feitas não estão relacionadas com o problema estudado Que características deve ter a formação académica do psicólogo comunitário Em primeiro lugar porque estes aspectos teóricos não decorrem de teorias formuladas de costas para a prática Todos os aspectos teóricos da psicologia comunitária foram produzidos até agora na práxis Isso significa que são produto da união da prática e da reflexão sobre a prática e da prática refletida que volta a refletir Portanto embora seja verdade que o 91 Psicologia Social Comunitária ministrada por Maritza Montero no Departamento de Psicologia Social Opção em Psicologia Social préespecialização Antes dessa data as pesquisas poderiam ser feitas na área psicossocial comunitária a partir das teses de bacharelado ou a partir dos projetos propostos pelo professor com a participação dos alunos 3 Trabalho comunitário Maritza Montero O grau atribuído é de Mestre em Psicologia Social ou de Especialista em Intervenção Psicossocial menção Comunidades A incorporação foi feita em 1990 e começou a ser ditada em 1991 4 2 Machine Translated by Google Outro aspecto muito importante é ensinar aos alunos que ao aprenderem a profissão de psicólogo comunitário não se tornam especialistas cuja opinião será o oráculo a seguir a última palavra a ouvir Devem saber que o trabalho que aprendem exige ouvir e responder ao que ouvem e dialogar para encontrar uma solução conjunta que na prática da psicologia comunitária somos profissionais na medida em que cada situação se torna uma sala de aula de aprendizagem e ensino que aprendemos sem deixar de ser psicólogos que ensinamos sendo psicólogos Ou seja mantemos a horizontalidade da relação com as pessoas das comunidades sem perder a especificidade da nossa profissão e sem cair no paternalismo na piedade e na condescendência 92 Além disso apresentar um grupo de alunos a uma comunidade pela primeira vez pode ser tão difícil para eles quanto para a comunidade A psicologia comunitária fala de um processo de familiarização que pode durar anos mas que nos primeiros momentos exige uma introdução conhecerse reconhecer o lugar seja ele qual for conhecer as suas características e deixar as pessoas dos grupos comunitários com quem está localizado quem trabalha também se familiariza e nos conhece e entende o que é a relação que ali se inicia para quem vem ou se vê pela primeira vez cara a cara E entretanto sabemos que os alunos têm tempo limitado e que a comunidade tem o seu tempo e os seus ritmos É por estas razões que um programa de psicologia comunitária deve estar relacionado com alguma organização comunitária ou instituição de trabalho comunitário que independentemente dos prazos académicos possa manter o ritmo de trabalho com a comunidade ao mesmo tempo que proporciona ao programa académico a oportunidade de inserir os seus alunos nas diferentes fases do trabalho que está a ser realizado de forma a que as pessoas da comunidade não vejam os seus interesses diminuídos nem o ritmo dos seus projetos seja perturbado O aluno deve primeiro aprender o que costumamos chamar de vocabulário da disciplina mas mais do que isso é uma linguagem que compreende conceitos e fenômenos logo após deve passar a aprender esses mesmos conceitos na prova prática Portanto a primeira característica da formação em psicologia comunitária deve ser o caráter teórico prático das disciplinas ministradas E ao fazêlo temos um primeiro problema a resolver a dificuldade de combinar de fazer coincidir o tempo académico e o tempo comunitário Montero e Giuliani 1999 Os cursos universitários têm prazos rigorosamente estabelecidos Por outro lado os fenômenos comunitários ocorrem na vida cotidiana que não tem começo nem fim que está sempre ali fluindo Além disso eles acontecem quando acontecem e não são repetíveis Portanto um sistema não pode ser imposto a uma comunidade nem é ético fazêlo na qual durante um determinado número de meses ou semanas estamos intensamente envolvidos no trabalho com ela e depois desaparecemos por um período de várias semanas ou meses Resolvemos isso inserindo o trabalho prático dos alunos em projetos maiores conduzidos por organizações de serviço público universitário por exemplo Parque Social Manuel Aguirre da Universidade Católica Andrés Bello Caracas Venezuela ou em programas realizados por outras instituições ou pelas próprias comunidades indicando que o trabalho dos alunos supervisionados pelos professores será realizado em determinado período de tempo e sempre com base no trabalho previsto em tais projetos Assim os alunos entram trabalham e quando uma vez concluído o seu trabalho os seus resultados discutidos com a comunidade e avaliados tanto pelos seus membros como pelo professor eles saem o plano de longo ou médio prazo continua Não se trata de entrar experimentar e depois desaparecer pois não é o caso de fazer pesquisaintervenção extrativista Por esta razão é conveniente ensinar aos novos alunos que a comunidade não é uma entidade doente fraca ou indefesa ver capítulo 7 descartando assim as concepções Trabalho comunitário Maritza Montero Machine Translated by Google Da mesma forma a reflexão crítica deve sempre acompanhar a formação e a práxis comunitária Cada sessão de trabalho com a comunidade deve ser analisada de forma a evidenciar os acertos e erros as razões de determinados comportamentos e sobretudo como aprender uns com os outros ao mesmo tempo que aprendemos a conhecer os nossos acordos e as nossas rejeições Sem mencionálo explicitamente este capítulo falou sobre a implementação do que tem sido chamado de utopia comunitária Prado 1997 entre outros Se considerarmos as utopias positivas e presumo que esta teria esse caráter como parte dos sonhos que refletem as expectativas das sociedades então não deveríamos considerálas apenas como aquilo que carece de um lugar físico onde se instalar u topos em grego não lugar mas como guias metodológicos da ação de transformação social Nesse sentido este capítulo procurou ser um resumo da práxis comunitária apresentando o que se entende por profissão de psicólogo comunitário e o que se espera que sejam os profissionais da especialidade em que consiste o seu trabalho quais as áreas específicas que foram abrangidas principalmente focados e como se tenta formálos Para fazer isso confiei principalmente na minha prática e na de colegas de sucesso Esta formação acompanha sempre o ensino académico sistemático com a prática do trabalho comunitário Foi o que fiz e foi o que vi ser feito Também tenho visto práticas paternalistas e estudos cindidos nos quais por um lado existe a teoria usando agora o termo no sentido vulgar de conhecimento desprovido de contato com uma base na ação concreta e por outro uma série de práticas desprovidas de sentido de natureza episódica Mas estes casos não são relevantes pois aqui tratamos do trabalho em psicologia comunitária para o qual se acrescentou ao já dito uma breve revisão das contribuições indicadas pela literatura e provenientes da experiência Cada projeto de trabalho com uma comunidade específica requer um plano Obviamente existem certos tópicos que deveriam necessariamente ter um lugar nos programas acadêmicos Como podemos ensinar psicologia comunitária sem trabalhar temas como a noção de comunidade participação compromisso ou pesquisaação participativa por exemplo Mas a par dos temas básicos poderão existir outros destinados a apoiar alguma orientação específica correspondente ao currículo de estudos É por isso que é possível que existam programas de estudo predominantemente direcionados para aspectos relacionados com a prevenção primária e secundária em saúde comunitária e outros mais orientados para a investigaçãoação Mas como dito anteriormente os conceitos básicos que informam o aluno sobre a disciplina seu alcance relações e limites seu método e suas principais técnicas de intervenção e pesquisa seus aspectos éticos e seus fundamentos teóricos devem estar ao alcance de todos aqueles que Eles começam no campo psicológico comunitário ideologizou o que são as comunidades e proporcionou aos alunos uma visão histórica e dinâmica delas e da sociedade em que se encontram E isto deve ser aliado ao melhor ensino teórico e metodológico possível acompanhado de uma prática rigorosa e ética bem organizada e bem concebida de tal forma que tanto os alunos como os grupos interessados nas comunidades possam atingir os seus objectivos e gerar e noutros um alto nível de comprometimento capítulo 8 Montero e Giuliani 1999 Resumo 93 Trabalho comunitário Maritza Montero Machine Translated by Google Exercício problematizador da prática da psicologia comunitária Tomemos um ou mais relatórios de intervenções ou pesquisas psicológicas comunitárias ou artigos onde este tipo de trabalho seja relatado Analise O que os psicólogos fizeram Qual tem sido o papel das comunidades A quem são atribuídos os resultados alcançados Se houver equipes interdisciplinares o que cada profissional faz Qual a sua contribuição para o trabalho realizado Que processos psicológicos foram tratados nesse trabalho Como eles são apresentados Os consultores comunitários dialogam Como Como é que os profissionais de psicologia comunitária introduzem o conhecimento da sua disciplina no seu trabalho com as comunidades O que acontece e o que fazer quando pessoas ou grupos de uma comunidade não seguem as sugestões indicações recomendações advertências ou comentários analisar cada opção feitos por agentes externos psicólogos comunitários Questões para refletir sobre a prática profissional em psicologia comunitária Quando há diálogo e quando é feita consulta 94 Trabalho comunitário Maritza Montero Machine Translated by Google Sobre o conceito de comunidade Ao mesmo tempo no campo das ciências sociais o panorama não é mais simples Em meados do século XX Hillery 1955 afirmou ter encontrado mais de noventa e quatro definições diferentes No entanto foram feitos alguns progressos no sentido de uma definição de comunidade a partir de uma perspectiva psicossocial Assim em muitas definições Chavis e Newbrough 1986 Giuliani García e Wiesenfeld 1994 Sánchez 2000 indicase que comunidade envolve relações interações de fazer e saber e sentir pelo fato de compartilhar esses aspectos comuns E estas relações não são à distância ocorrem num ambiente social em que certos interesses ou certas necessidades se desenvolveram histórica e culturalmente uma área determinada por circunstâncias específicas que para melhor ou para pior afetam em maior ou menor grau um grupo de pessoas que se reconhecem como participantes que desenvolvem uma forma de identidade social devido a essa história partilhada e que constroem um sentido de comunidade SdeC também definido em maior ou menor grau entre os componentes daquele grupo social mas identificável no pronome pessoal da primeira pessoa do plural nós É importante nesse sentido lembrar algo que Heller alertou em 1988 a necessidade de focar na comunidade como um sentimento e não na comunidade como uma cena ou lugar O trabalho comunitário não se interessa pelo lugar onde a comunidade se encontra enquanto tal mas sim pelos processos psicossociais de opressão transformação e libertação que ocorrem nas pessoas que ao conviverem num determinado contexto com características e condições específicas desenvolveram formas de adaptação ou resistência e querem fazer mudanças Esta posição tem sido descrita na literatura especializada como relacional ou do relacionamento Assim enquanto trabalhamos para facilitar e catalisar esta transformação e libertação não podemos ignorar o contexto em que ela ocorre e que pode ser parte do problema Comunidade e senso de comunidade CAPÍTULO 7 Vamos falar sobre a comunidade Ela é a noçãochave a noção central o escopo fundamental e o motor o ator e o destinatário das transformações o sujeito e o objeto desta disciplina chamada psicologia comunitária e ao mesmo tempo a presença antecedente e constante na vida social Como muitas das palavraschave no campo social comunidade é um termo polissêmico complexo e confuso Examinemos então como esse conceito foi definido O Dicionário da Língua Espanhola da Real Academia Espanhola em sua vigésima segunda edição de 2001 apresenta oito significados São os que mais se aproximam do fenômeno estudado pela psicologia comunitária a qualidade do comum que pertence ou se estende a vários conjunto de pessoas de alguma cidade região ou nação e aquilo que é usufruído por pessoas vaidosas sem pertencer a ninguém em particular Neste campo psicológico é definido como um fenômeno social e como veremos particularmente psicossocial que deriva do seu nome de comum compartilhado que afeta todos aqueles agrupados de acordo com determinados motivos interesses ou aspectos O último significado do DRAE citado incluiria este aspecto Mas dito desta forma comunidade poderia ser quase qualquer coisa desde um grupo de acionistas de uma empresa que pode ser milhares ou milhões de pessoas até uma charterhouse este último caso reflete outro dos significados do DRAE Da mesma forma é necessário destacar o aspecto dinâmico em constante transformação das comunidades Uma comunidade como qualquer fenómeno social não é uma entidade fixa e estática dada sob uma forma e estrutura Uma comunidade é uma entidade em movimento até porque está sempre em processo de ser como é o caso das pessoas que a compõem O que permite definila é a identidade social e o sentido de comunidade que os seus membros constroem e a 95 Comunidade e senso de comunidade Maritza Montero Machine Translated by Google Um grupo social dinâmico histórico e culturalmente constituído e desenvolvido préexistente à presença de investigadores ou intervenientes sociais que partilha interesses objectivos necessidades e problemas num determinado espaço e tempo e que colectivamente gera uma identidade bem como formas organizacionais desenvolvendo e utilizando recursos para atingir seus objetivos Montero 1998a 212 Aspectos comuns e partilhados História Cultura Interesses necessidades problemas expectativas construídas socialmente pelos membros do grupo Um espaço e um tempo Montero 1998a Chavis e Wandersman 1990 Relações sociais habituais e frequentes muitas vezes face a face Montero 1998a Sánchez 2000 Interinfluência entre indivíduos e entre o coletivo e os indivíduos McMillan e Chavis 1986 Uma identidade social construída a partir dos aspectos anteriores Sentimento de pertencimento à comunidade Desenvolvimento de um sentido de comunidade derivado de todos os itens acima Um nível de integração muito mais concreto do que o de outras formas colectivas de organização social tais como classe social etnia religião ou nação Montero 1998a Laço emocional partilhado McMillan e Chavis 1986 León e Montenegro 1993 Formas de poder produzidas no âmbito de relações partilhadas Chavis e Wandersman 1990 Limites desfocados As ciências sociais têm uma tradição de dois séculos em relação ao conceito de comunidade nesse sentido ver Wiesenfeld 1997 que foi tratado desde o início da sociologia para distinguir formas de grupos associativos menores que a sociedade e ao mesmo tempo distintivos Em 1984 e depois em 1998 com base na minha própria experiência de trabalho e na de outros investigadores defini a comunidade como Tabela 7 Aspectos constitutivos do conceito de comunidade A difícil definição de comunidade história social que também se constrói neste processo que transcende as fronteiras interativas da comunidade e por vezes lhe confere um nome e um lugar nos sistemas de nomenclatura oficiais e informais da sociedade Este aspecto identificativo tem estado ligado ao sentido de comum ver abaixo e passamos a falar de uma identidade de sentido de comunidade Puddifoot 2003 Pareceme que esta definição poderia muito bem ser revista e receber alguns esclarecimentos e alguns comentários Assim é necessário dizer como às vezes parece pouco claro que ao desenvolver uma forma de identidade social por exemplo o povo de San José o povo do petróleo nós comercializamos vendedores aqueles do outro lado as identidades individuais que cada uma das pessoas de uma comunidade desenvolveu ao longo da vida não desaparecem É necessário então ter em mente que o conceito de identidade não se refere a uma 96 Maritza Montero Comunidade e senso de comunidade Machine Translated by Google Localização e relacionamento na definição de comunidade Existem comunidades fisicamente dispersas nas quais apenas o SoC discutiremos este conceito abaixo gera o aspecto integrativo Sánchez 2000 toca tangencialmente no problema quando coloca a ênfase da definição nas noções de processo e relacionamento citando Chavis e Newbrough 1986 335 que definem comunidade como o conjunto de relações sociais que estão ligadas por um senso comunitário Sánchez 2000 47 também traz à tona a opinião de Moreno ao afirmar que Viver num determinado bairro o que implica um determinado território tem sido talvez a característica mínima comum a todas as nossas comunidades por isso qual bairro ou determinado setor dela se torna a comunidade típica da cidade sf 49 Esta explicação coloca ênfase então na parte da referida definição que diz num determinado espaço e tempo e aponta a ação individual que não se perde no interior da comunidade mas é parte constitutiva dela Portanto quando falamos em comunidade não estamos nos referindo a grupos homogêneos mas sim a grupos compostos por indivíduos que compartilham conhecimentos sentimentos necessidades desejos projetos cuja atenção beneficiará o coletivo beneficiando assim seus membros E a este respeito deve dizerse que de facto nenhum grupo é perfeitamente homogéneo a menos que sobre ele seja exercida uma força uniformizadora de natureza autoritária E no entanto sempre haverá aqueles que quebrarão essa dominação processo ou fenômeno estático e único mas como está bem estabelecido nos estudos psicossociais sobre o tema as pessoas além de possuírem aquela forma de autodefinição que nos permite reconhecernos através das múltiplas transformações que desenvolvemos ao longo de nossas vidas vidas também construímos identidades múltiplas de acordo com as filiações e circunstâncias de vida muito diferentes que fazem parte da rede de relações e interações cotidianas gênero faixa etária identidades profissionais religiosas políticas étnicas etc como destacou Blanco 1993 esteve presente na obra de MartínBaró o de onde ao qual Blanco acrescentou o de quem Onde estamos com quem e quando são circunstâncias que contribuem às vezes de forma indelével para fixar em cada um de nós ao mesmo tempo com sotaques e sinais individuais de forma reconhecível as marcas sociais É por isso que as pessoas dizem que alguém está na casa dos sessenta ou na casa dos quarenta ou tipicamente militar ou que Tem um certo ar monjil Outro aspecto a ser discutido é a localização espacial da comunidade o que tem sido chamado na literatura de perspectiva locacional ponto que levanta algumas dificuldades específicas A obra de Moreno foi construída em a partir de e com pessoas que efetivamente habitam um território delimitado o do bairro1 e essa especificidade é fundamental em seu trabalho pois Moreno elabora os conceitos chave de sua interpretação a partir da convivência naquele local específico É impossível fazer uma revisão exaustiva das condições territoriais das comunidades com as quais trabalham actualmente os psicólogos comunitários nos vários continentes mas pelo que se verifica pelo que se publica em revistas e livros da área o que se constata é que estes são indivíduos que convivem próximos uns dos outros ou que mantêm relacionamentos face a face e que conviver próximo ou interagir habitualmente diretamente face a face os afeta psicossocialmente São partilhadas expectativas necessidades ou problemas socialmente construídos o que cria uma sensação de grupo maior ou menor dependendo das circunstâncias 97 Comunidade e senso de comunidade Bairro neste caso referese a um conglomerado específico em áreas marginais da cidade de Caracas Maritza Montero Venezuela que em cada caso tem uma história particular de desenvolvimento 1 Machine Translated by Google Quando alguém participa muito e não recebe resposta o que isso significa Como isso é interpretado Para mim comunidade ou comunidade é a procura de um ponto de encontro onde se possam especificar as necessidades daquela área e chegar a esse ponto de encontro que em termos mais simples é uma comunidade que você se integre com o seu vizinho com quem não é vizinho aí chega uma hora que você chega ali no ponto de encontro Aí você para e diz que somos uma comunidade Sánchez 2000 50 Para mim é um grupo de famílias que estão integradas e que partilham serviços que partilham com os vizinhos nos bons e nos maus momentos Que compartilham momentos sociais integração com as crianças Para mim comunidade é este bairro aqui estão reunidos todos os conceitos que cabem numa comunidade Mulher 36 anos Giuliani García e Wiesenfeld 1994 89 É ouvir as crianças correndo é sentir as vozes conhecidas é se sentir seguro no seu chão é sentir que você anda sem medo que conhece todo mundo que olha para você e vai até lá Que eu entre no bairro e possa passar tranquilamente às duas ou três da manhã Claro que se eu gritar eles vão me ajudar claro completamente certo Mulher 51 anos Giuliani García e Wesenfeld 1994 89 Não tentarei responder aqui a essas questões pois acredito que se trata de um tema que merece um espaço à parte e uma pesquisa de campo virtual e real e esta afirmação já é um diferencial Recebi respostas negativas exclamativas de pessoas que estudam processos psicossociais cibernéticos E há alguns aspectos que devem ser examinados Como saber quem é a pessoa com quem você está conversando pela Internet Como é verificada a veracidade dos dados identificativos descrições pessoais por exemplo Isso importa O que acontece quando alguém sai da rede ou cancela a inscrição na lista Isso afeta o grupo Como Deixemos o novo campo para os ciberpsicólogos e depois esclareçamos que embora o território seja um elemento não é o elemento definidor embora tenha sido tratado desta forma em quase todas as definições que o incluem quase sempre dentro das enumerações dos componentes do o conceito de comunidade Uma vizinha da comunidade La Esperanza entrevistada por Sánchez 2000 e duas mulheres entrevistadas por Giuliani e García Giuliani García e Wiesenfeld 1994 em outro bairro da cidade de Caracas dão definições de comunidade que devem ser analisadas Pareceme que já abordámos outro problema que analisarei mais tarde o da relação entre comunidade e sentido de comunidade e se é ou não possível separálos ou onde começa e termina um e onde o outro O que acontece é que talvez se tenha dado demasiada ênfase à noção de território e neste caso é necessário alertar que a simples partilha de um espaço de um lugar não gera necessariamente uma comunidade Por exemplo os reclusos numa prisão podem gerar certos grupos solidários e coesos mas uma prisão não é uma comunidade nem um quartel E por outro lado voltando à questão formulada anteriormente existem comunidades fisicamente dispersas É necessário analisar o que isso implica Uma comunidade virtual por exemplo uma sala de batepapo na Internet ou um site onde pessoas com determinado interesse postam suas opiniões e dúvidas recebem respostas e pedidos de informações discutem e trocam não só conhecimentos mas também piadas e conversas fazer amigos realizar atividades juntos desenvolver matrizes de opinião e até dar apelidos uns aos outros e fazer circular descrições pessoaisÉ uma comunidade tal como tem sido entendida pela psicologia comunitária É outro tipo de comunidade Os conceitos e métodos da psicologia comunitária são úteis para trabalhar com estes grupos compartilhada e essa interação dá origem a um senso de comunidade que está intimamente ligado a uma identidade social comunitária 98 Maritza Montero Comunidade e senso de comunidade Machine Translated by Google Nestas definições dadas dentro das comunidades devem ser destacados os seguintes aspectos que marcam o conceito de comunidade para as pessoas entrevistadas e que ilustram o ponto A comunidade como ponto de encontro Esse ponto é procurado por algum grupo de pessoas E nesse ponto está a coincidência o encontro o encontro Ou seja o relacionamento Integrarse com o vizinho O encontro não é com qualquer um mas com os vizinhos o que implícita mas claramente indica tanto uma abrangência espacial quanto uma relação cotidiana dada pela proximidade espacial E referese também implicitamente a um espaço específico onde se forjou uma história um futuro o bairro nestes casos O sentimento vocalizado de ser um nós Na conjunção do encontro do vizinho surge a consciência do nós E aí o SdeC é reconhecido Relações sociais estreitas que envolvam solidariedade ajuda segurança derivada da confiança nos outros união partilha do bem e do mal A criação de um espaço ou ambiente físico e psicológico de segurança de pertença onde os sons e os olhares estabelecem uma espécie de intimidade socializada Estas componentes são a pertença a interrelação e a cultura comum Krause 2001 55 A primeira é definida por sentirse parte de como pertencer a ou identificarse com o que equivale ao que Hernández 1994 1996 chama de ter parte ser parte participar Elemento com o qual todos os psicólogos comunitários certamente concordam mas que não é suficiente por si só pois podemos encontrálo em relação a outros tipos de grupos A terceira cultura que proporciona significados partilhados é mais precisa mas poderá ainda ser demasiado ampla a menos que o termo seja clarificado e trate de aspectos subculturais muito específicos Mas nesse caso seria antes uma história comum em que os significados são construídos O segundo componente corrige a possível amplitude dos anteriores ao estabelecer que o sentido de interrelação e portanto o compartilhamento de significados ocorre no contato ou comunicação interinfluente Krause alerta que esses componentes seriam os elementos para uma definição ideal e orientadora e para uma reflexão ética sobre o conceito Acho que se for acrescentado o caráter histórico o fundamento adquire precisão Uma comunidade então é feita de relações mas não só entre pessoas mas entre pessoas e um lugar que junto com ações compartilhadas com medos e alegrias com fracassos e triunfos sentidos e vividos dá lugar à memória um nicho de memória coletiva e individual Um lugar construído física e emocionalmente do qual nos apropriamos e que nos apropria para o bem e para o mal Aspectos constitutivos do conceito de comunidade Por sua vez Krause considera que existe um número mínimo de componentes que nos permitem construir o conceito de comunidade ou reconhecer comunidade num grupo social específico Forster 1998 referindose às relações entre comunidades e profissionais universitários introduz o conceito de comunidades intencionais o que coincide com o que temos vindo a discutir porque segundo este autor tais comunidades são aquelas que se caracterizam por partilha um modo de vida total e não apenas alguns interesses e contactos para alcançar um objectivo comum têm relacionamentos presenciais que tendem a se expandir preocupamse com o bem estar de todos os membros e sentemse mutuamente obrigados a promovêlo ser central na formação das identidades dos seus membros devido às relações de partilha 99 Comunidade e senso de comunidade Maritza Montero Machine Translated by Google Permitome agora rever a minha definição de há duas décadas e apresentar o seguinte uma comunidade é um grupo em constante transformação e evolução o seu tamanho pode variar que na sua interrelação gera um sentimento de pertença e de identidade social levando os seus membros consciência de si como grupo e fortalecimento como unidade e potencial social O substrato psicossocial da comunidade O que caracteriza psicossocialmente uma comunidade Como sabemos que existe uma comunidade em algum lugar A literatura psicossocial comunitária tem estudado este tema e apontado alguns aspectos que nos permitem responder às questões ou pelo menos direcionálas para alguns aspectos que podem ser considerados como expressão de uma comunidade Por exemplo a coesão entre os membros característica dos grupos principalmente daqueles organizados e com determinado tempo de funcionamento Esta coesão se expressa na solidariedade na união entre as pessoas da comunidade que podem ajudarse mutuamente nas tarefas difíceis ou pesadas nos momentos de perigo ou necessidade a forma de conhecimento e tratamento que ocorre entre os seus membros Na verdade muitas pessoas de uma comunidade têm contato frequente entre si outras são conhecidas de vista e em geral você tem uma ideia de quem é quem onde mora o que faz E quando não é assim identificar o setor de origem seja um bairro um bairro uma aldeia ou o departamento ou secção se for uma organização confere consideração e respeito Da mesma forma e devido a esse conhecimento proporcionado pela proximidade e pela história compartilhada as antipatias e rejeições também se baseiam em conflitos e acontecimentos específicos Quer dizer a indiferença é difícil A existência de redes de apoio social para fins caritativos desportivos culturais e laborais bem como formas específicas de organização grupos organizados pode ser outro aspecto Tudo o que foi dito acima mostra que apesar da dificuldade em definir o que é uma comunidade há um certo número de coincidências quanto ao que constitui o núcleo fundamental que a caracteriza A comunidade é ainda um grupo social histórico que reflete uma cultura préexistente para o pesquisador que possui uma determinada organização cujos graus variam conforme o caso com interesses e necessidades comuns que tem vida própria na qual se reúne uma pluralidade de vidas provenientes de seus membros que desenvolve frequentes formas de interrelação marcadas pela ação afetividade conhecimento e informação Não se deve esquecer que como parte da sua dinâmica estas relações internas também podem conduzir a situações conflituosas que conduzem à divisão à desintegração e à perda de identidade Uma definição de comunidade obrigações costumes tradições Forster 1998 40 100 Um aspecto fundamental é a consciência não só aquela inerente ao sentido de comunidade mas também aquela relacionada com as circunstâncias de vida partilhadas Este é um aspecto particularmente importante porque talvez o aspecto mais identificativo da comunidade seja reconhecerse como participante de um processo historicamente vivido que afecta a todos apesar das múltiplas diferenças que possam existir entre as pessoas que constituem a comunidade e além disso precisamente porque dessa diversidade Esta unidade do plural já foi expressa em 1887 pelo sociólogo Ferdinand de Tónnies quando disse que o que distingue a comunidade é ser um amálgama de seres humanos que permanecem unidos apesar de todos os factores que tendem a separálos que aliás ocorre em todas as esferas sociais Maritza Montero Comunidade e senso de comunidade Machine Translated by Google Esta condição paradoxal levou alguns psicólogos sociais a alertar para o possível perigo que poderia advir de uma noção uniformizadora de comunidade que poderia levar a incorrer numa aspiração de homogeneidade que ao induzir regularidades promove a procura de de equilíbrio e congruência típico das teorias psicológicas sociais enquadradas no paradigma positivista que poderia orientar as pessoas a adotar e manter um status quo Wiesenfeld 1997 12 em vez de uma transformação social libertadora Pallí 2003 sugere a mesma coisa quando diz que algumas tentativas de definir a comunidade levaram a delimitála de tal forma que quanto mais claros se tornam seus limites menos negociável ela se torna no sentido de compreensível Embora uma das tendências mais vigorosas dentro da psicologia comunitária seja aquela que erguendo bem alto a bandeira que deu origem à subdisciplina assume militantemente a busca pela libertação e bemestar dos oprimidos através da mudança social e individual Nelson e Prilleltensky 2003 no prelo é um bom sinal de alerta em relação às visões reducionistas A visão crítica do conceito de comunidade Pallí 2003 coloca o conceito de comunidade sob um prisma crítico para analisar três abordagens que tiveram certa influência em algumas formas de trabalho comunitário A primeira destas abordagens considera a comunidade como algo poluente ilustrada por aquelas formas de abordagem à comunidade em que os intervenientes ou investigadores mantêm um discurso que fala de igualdade mas tomam medidas que mantêm a separação entre o que fazem e a comunidade Pessoalmente visitei locais construídos no centro de uma comunidade e ao mesmo tempo rodeados de cercas e muros dentro dos quais se realizam atividades e se prestam serviços às pessoas da comunidade que ao mesmo tempo nada têm o que fazer com ela Isso poderia ser uma ilustração da posição descrita acima Pallí atribui essa concepção ao que a antropóloga Mary Douglas 19851996 chama de lógica da higiene não se contaminar com a comunidade algo que seria uma expressão do medo que inspira mas que também nos parece reflectir a incapacidade de olhar para a comunidade e de se relacionar com ela Natureza paradoxal do conceito de comunidade É preciso então ter presente o caráter paradoxal inerente à condição dialética da comunidade As pessoas fazem a comunidade que por sua vez deixa a sua marca nessas pessoas ideia que Sánchez 2000 50 também exprime ao dizer a comunidade constróise enquanto se constrói a solução para um problema Da mesma forma é preciso notar o caráter turvo da comunidade pois se ela como diz Wiesenfeld 1997 é uma construção social é necessariamente algo que não pode ser definitivo A noção de um conjunto confuso pode nos ajudar a compreender o caráter móvel e em constante evolução da comunidade Como já foi mencionado comunidade é um processo que se constrói e desconstrui continuamente Pela sua dinâmica está em contínua mobilidade e transformação e portanto não pode terminar ou começar dentro de limites precisos e definidos Como diz Pallí 2003 citando Bourdieu 1982 os limites têm duas funções impedem que quem está de fora faça parte do que está dentro dele mas também impede que quem está de dentro saia eles marcam seus construtores Com efeito muito se tem falado sobre a multiplicidade inerente a cada sociedade mas apesar desta diversidade é necessário reconhecer que uma e outra vez os seres humanos criam coletividades às quais na sua construção dotam especificidades claramente distinguíveis que por sua vez 101 Comunidade e senso de comunidade Maritza Montero Machine Translated by Google Que significa isso Acredito que a resposta está no fato de que a ideia homogeneizadora e unificadora de comunidade ao invés de ser gerada na literatura especializada faz parte do imaginário popular Para muitos novos investigadores é geralmente uma descoberta surpreendente e por vezes uma aprendizagem difícil de aceitar que as comunidades têm o seu próprio tempo o seu ritmo a sua linguagem os seus altos e baixos de acção e passividade que as coisas não acontecem quando agentes externos as planeiam mas quando a comunidade considera e sente que deve quer e pode fazêlas Que o tempo de latência o tempo de preparação e o tempo de agir respondem às condições internas da comunidade intrínsecas à comunidade e à forma como esta tem de assimilar os factores externos Para usar uma metáfora a comunidade expandese e contraise e também descansa e parece não ouvir nem ver ver e ouvir É por isso que a participação aumenta ou diminui dependendo das atividades dependendo da atividade dos grupos e dos líderes E os limites dependerão do alcance das relações e redes que possam ser tecidas dentro de si 102 En la experiencia de trabajo con comunidades urbanas de bajos recursos y también de clase media cuando hay grupos de estudiantes que llevan a cabo sus trabajos prácticos en ellas éstos se sorprenden porque a las reuniones con la comunidad acuden a veces sólo una o dos docenas de pessoas Eles se perguntam então será que esse pequeno grupo é a comunidade Da mesma forma em outras ocasiões o espanto ocorre porque depois de trabalhar com vinte ou trinta pessoas em uma atividade específica descobrem que os participantes quadruplicaram ou quintuplicaram e às vezes até se transformam em uma multidão E se investigarem um pouco mais descobrem que boa parte dos moradores locais dependendo do caso está bem ciente de tudo o que está sendo feito ou discutido Ou que quase ninguém sabe nada sobre as atividades do grupo envolvido numa tarefa de interesse comum Outra abordagem limitante da comunidade é considerála deficiente Isto é tão incapazes e deficientes tão fracos ou doentes Este tipo de visão é a que predominou sob o chamado modelo médico ver apenas as deficiências não os pontos fortes gerando relações paternalistas clientelistas nas quais a comunidade está sempre na situação de minoria de deficiência E para dizer a verdade não é só o modelo médico que promove tal visão é também o modelo missionário que se verifica em algumas ONG e em certos grupos religiosos para os quais a comunidade é uma espécie de frágil entidade propensa a ser vítima de perigos e incapaz de superar seus males sem ajuda externa E por fim a terceira abordagem é aquela que vê a comunidade como algo puro que pode ser contaminado pela ação de agentes externos de modo que tudo o que dela provém é perfeito intocável e imutável Em última análise esta posição não é menos debilitante que a anterior pois esta pureza implica uma fragilidade que rejeita todas as formas de discussão aprendizagem e transformação como se a comunidade não fosse capaz de refletir sobre novas ideias e modos de ação Outro aspecto a discutir relacionado a este último ponto é o do contraste indivíduocomunidade Psicólogos e antropólogos culturais têm falado de sociedades individualistas e de sociedades coletivistas No primeiro a orientação do conhecimento e da ação centrase no indivíduo como entidade isolada na sua situação na sua história pessoal nas suas condições e características psicológicas e sociais dependendo sempre da pessoa Neste último a vida social tende a ser compreendida em termos de redes e grupos inter relações e intersubjetividades localizadas em formas grupais entre elas as comunidades Os extremos destas duas posições como as tipologias e em geral todas as formas de polarização tendem a reduzir e simplificar os fenómenos estudados Por um lado o indivíduo é apresentado sozinho um átomo social que soma seu isolamento ao dos demais átomos de tal forma que só é possível desvendar os fenômenos sociais prestando atenção ao indivíduo Cada ser Maritza Montero Comunidade e senso de comunidade Machine Translated by Google O senso de comunidade quebracabeça miragem outra coisa ou igual Embora muitos psicólogos comunitários concordem com a afirmação de Sarason não há acordo quanto ao conceito de SoC a tal ponto que alguns autores consideram que ao lidar com esta questão nos encontramos num pântano Puddifoot 1996 devido à imprecisão e complexidade natureza do conceito Outros tentaram resolver o problema numa perspectiva psicométrica desenvolvendo escalas para medir diferentes dimensões do sentido de comunidade de acordo com as respectivas formas de definição do construto Exemplos de tais trabalhos de amor perdidos são a Escala de Satisfação Comunitária de Bardo 1976 Escala de Senso de Comunidade de Glynn 1981 Índice de Coesão de Bairro de Buckner 1988 a Medida Multidimensional de Vizinhança de Skiaeveland e outros 1996 todas citadas por Obst Smith e Zinkiewicz 2002 Além de dar uma certa ilusão de precisão e controle estes apenas fornecem dados descritivos dos aspectos hipotetizados nas definições teóricas que geralmente são observáveis no trabalho comunitário e que recebem múltiplos nomes de acordo com as categorias teoricamente construídas A medição acaba então sendo um beco sem saída Muitas vezes se diz sentido de comunidade como se pode dizer bom senso ou senso de orientação Ou seja falase dele como algo que sempre existiu Mas realmente não é assim É um conceito que embora tenha sido introduzido muito cedo no corpo teórico da psicologia comunitária Sarason 1974 tem sido objecto de muita discussão de algumas teorias e de numerosos estudos empíricos A razão para isto é que como muitos outros conceitos da psicologia comunitária e das ciências sociais em geral não é fácil de definir e também implica uma concepção de comunidade sobre a qual deve ser construída O problema de ordem epistemológica é que a definição de comunidade quase sempre inclui o SoC como um dos seus elementos característicos Na verdade muitas vezes considerase que existe uma comunidade onde existe SoC E vice versa Um exemplo é o artigo de Fyson 1999 349350 no qual ao anunciar os componentes conceituais do que chama de comunidade transformacional passa a definir seguindo McMillan e Chavis a SdeC Então ele é um rei ou rainha em seu mundo de vida sem súditos comitiva ou superior Por outro lado a posição extrema só vê movimentos sociais massas grupos entidades que uniformizam o comportamento dos seres que os compõem No primeiro caso perdese a riqueza e a compreensão do indivíduo eliminandose o efeito das relações sociais nas quais se é ao mesmo tempo indivíduo e construtor de relações que se constroem Na segunda caímos num sociologismo grosseiro que esquece que em cada relação social as partes que a criam respondem especificamente em função do tipo de relação e ao mesmo tempo criam essa relação e fazem parte da situação Sarason que é o primeiro a usar esta noção 1974 157 diz que ela consiste na percepção de semelhança com os outros uma interdependência consciente com os outros uma vontade de manter essa interdependência dando ou fazendo aos outros o que é esperado dos outros deles o sentimento de que fazemos parte de uma estrutura maior e estável da qual dependemos Da mesma forma considera que a psicologia comunitária deveria ter este termo como núcleo central pois sua existência indica uma orientação positiva que mantém e fortalece a comunidade enquanto sua ausência gera desarticulação e destrói a comunidade Como já vimos o termo comunidade em si não é claro tem características de um conjunto fuzzy ao que podemos acrescentar que ao tentar definir o SoC o resultado é muito semelhante à noção de interrelação que caracteriza as comunidades Para 103 Comunidade e senso de comunidade Maritza Montero Machine Translated by Google Da mesma forma a capacidade percebida de uma pessoa ser influenciada pelo grupo também é considerada assim como a capacidade da comunidade de influenciar os seus membros e outros grupos O mesmo acontece com Buckner 1988 que distingue três indicadores fundamentais para definir o conceito o sentido psicológico de comunidade dentro do bairro A Atração O fato é que devido a essas dificuldades os autores em geral tornaramse mais cuidadosos e embora argumentem e apontem os erros de todos poucos se atrevem a definir o conceito de SoC McMillan 1996 e McMillan e Chavis 1986 9 definem SoC como o senso que os membros de uma comunidade têm de pertencimento o sentimento de que os membros são importantes uns para os outros e para o grupo necessidades serão atendidas através do compromisso de estarem juntos A partir desta definição baseada na afetividade apontam quatro componentes do SoC Afiliação abrange a história partilhada e a identidade social dos membros símbolos comuns segurança e apoio emocional investimento pessoal na comunidade os direitos e deveres decorrentes dessa adesão as recompensas por pertencer à comunidade e finalmente os limites de adesão que pela experiência profissional creio serem extremamente difíceis de demarcar uma vez que mudam constantemente e são imprecisos ao tempo muito importante para o sentimento de pertencimento Influência a capacidade conforme percebida de induzir outros a agir de determinada maneira bem como de serem consultados ou de terem sua opinião ouvida e ponderada na comunidade Outros autores Sonn e Bishop 2002 9 o SoC é simplesmente o que caracteriza os grupos sociais Fisher y Sonn 2002 encuentran un punto que podría señalar una cierta especificidad que sin embargo no es delimitada cuando la comunidad se describe en términos de localización aspectos espaciales y geográficos la igualdad compartida por los miembros parece residir en a paisagem Quando a comunidade é definida em termos de relações a paisagem ou o ambiente não aparecem Obviamente há aí uma distinção mas não está claro se ela se deve a um artefato introduzido pela forma de definir a comunidade portanto dependente dos pesquisadores ou se a definição ao contrário é aquela que depende do importância que é dada ao aspecto relacional ou da localização Além disso de facto as questões colocadas pelos autores referiamse na verdade a toda a nação australiana por exemplo O que significa para si ser australiano pelo que o SoC a que se referem é o que normalmente é definido como nacional identidade Esta componente implica a coesão e unidade do grupo bem como dependendo do caso a conformidade que pode ocorrer dentro dele Integração e satisfação de necessidades referese aos benefícios que a pessoa pode receber ao pertencer à comunidade em termos de status respeito valores compartilhados popularidade e ajuda material e psicológica em momentos de necessidade Por exemplo as redes comunitárias são muito eficazes neste aspecto Segundo Fyson 1999 352 esta componente é o que nos permite compreender porque é que um grupo de pessoas numa relação organizacional institucional mecânica e outro onde existe uma experiência comunitária transformadora são diferentes uma vez que as necessidades no Em segundo lugar são definidos e satisfeitos pelos próprios membros partilhando sentimentos e responsabilidades Comprometimento e vínculos afetivos compartilhados pertencer a uma comunidade significa compartilhar datas e acontecimentos especiais conhecer as pessoas pelo nome e apelido manter relações próximas e afetivas com muitas pessoas saber que se pode contar com elas nos momentos de alegria e tristeza Segundo McMillan e Chavis 1986 este é o componente fundamental do SoC que como vimos é baseado nas relações afetivas 104 Comunidade e senso de comunidade Maritza Montero Machine Translated by Google Parece que a SdeC está algures entre a adesão a influência e os laços emocionais através da identidade e da história partilhada A dificuldade de definir o SoC fica implicitamente evidente no fato de alguns autores incluindo Puddifoot 2003 diferenciarem entre senso de identidade comunitária e senso psicológico de comunidade que seria o que se refere à maioria dos pesquisadores que lidaram com o tópico Para começar Puddifoot anuncia o carácter multidimensional do primeiro indicando também que não se refere apenas a percepções individuais mas também não é exclusivamente social porque se baseia em condições sociais específicas Puddifoot 2003 88 Por esta razão inclui ambos os extremos sob os títulos de aspectos pessoais e aspectos partilhados A identidade comunitária para este autor 2003102 seria composta por seis dimensões as três primeiras de natureza pessoal e as três seguintes de natureza partilhada Sentido de apoio pessoal a comunidade é sentida pelos seus membros como uma fonte de apoio pessoal Sensação de contentamento pessoal sensação de estar pessoalmente situado e seguro na comunidade Senso de inclusão pessoal ativa Senso ativo de comprometimento pessoal Sentido de vizinhança A vizinhança com o que implica em termos de relacionamento é a norma para os membros da comunidade Se revisarmos o trabalho de Sánchez 2000 e o de Wiesenfeld 2000 ambos referentes à mesma comunidade La Esperanza em Casalta Caracas Venezuela encontramos uma comunidade com um forte sentimento de pertencimento integração e identidade e com laços emocionais claros mas o oposto ocorre numa pesquisa realizada por Rapley e Pretty 1999 onde se constatou que as pessoas que responderam a uma entrevista não dirigida através da qual indagaram sobre o SoC não Não lidaram com fluência nem com a noção de comunidade nem com a de SdeC Rapley e Pretty consideram que ter utilizado um método qualitativo é a razão de terem obtido resultados diferentes mas tanto Sánchez como Wiesenfeld utilizaram métodos qualitativos entrevistas histórias de vida e observação participante em além de fazêlo repetidamente ao longo de mais de uma década portanto a existência ou não de algo que possa ser definido como uma comunidade ou SoC não depende de um artefato metodológico mas de outro aspecto que creio estar enraizado na história vividos e construídos em comum com participação diária e investimento emocional e afetivo Portanto as pessoas que produzem os resultados que analisam constroem a sua própria definição de comunidade Sánchez 2000 Esta diversidade de resultados também indica a indivisibilidade entre comunidade e sentido de comunidade O SoC é uma função de uma comunidade específica Não podemos falar disso de forma abstrata mas sim a partir da experiência comunitária O senso de identidade comunitária Mas tudo o que foi dito acima que pode ser verificado em quase todas as comunidades ainda não define o SoC e ao escrever e ler essas condições podese descrever o tipo de associação ou relacionamentos que ocorrem na comunidade E também não está definido o que é o sentido psicológico de comunidade o que parece então um adiamento do problema sentidas pelos residentes em relação ao seu bairro e o grau de interação dentro do bairro E a primeira ou todas juntas parecem corresponder ao que se tem chamado na literatura de coesão grupal 105 Comunidade e senso de comunidade Maritza Montero Machine Translated by Google Resumo Quase poderia dizer que não é de estranhar que ao tentar definir o que é o SdeC caia no sentido de identidade Então o assunto fica mais claro Não porque este conceito indescritível tenha sido finalmente definido nem porque agora possamos dizer aqui está o SdeC e possamos apontar alguma imagem algum caroço algum objeto ou dar um daqueles exemplos que iluminam tudo mas porque quando nos deparamos com pelo conceito de identidade é possível explicar a indefinição do SdeC A identidade é um daqueles objetos que Baudrillard 1983 chamou de fatais ou seja aqueles indefiníveis inapreensíveis impenetráveis insuportáveis que escapam às tentativas de quem procura analisálos pois se recusam a se decompor que zombam daqueles que aspiram a sintetizá los porque fogem à possibilidade de unificação e que repetidamente assaltam intrometemse atravessam e permeiam o trabalho de pesquisa Objetos que estão por toda parte porque não pertencem exclusivamente a ninguém Neste capítulo foi discutido o conceito de comunidade apresentando uma definição que combina três elementos fundamentais na constituição de uma comunidade certos tipos de relações entre as pessoas que apresentam características típicas de uma situação sóciohistórica econômica espacial e cultural e que são marcadas pela proximidade física psicológica emocional e habitual da interação sem que esta atinja os níveis de intimidade dos grupos de pares ou da família nem a competitividade e coordenação das equipas desportivas por exemplo Da mesma forma procurou se mostrar como a comunidade e o sentido de comunidade fazem parte de um mesmo fenômeno no qual a copresença de um e de outro constitui um objeto social complexo e é mutuamente determinado A dificuldade em definir o que se descreve a sua presença evidente o seu carácter constitutivo de relações sociais fortes e a sua condição de factor integrador fundamental da comunidade apontam a fatalidade do fenómeno Mas também indicam que há um conjunto de descrições que se sobrepõem e que coincidem em apontar aspectos não só comportamentais mas também afetivos não só sociais mas também individuais e ao mesmo tempo mostram que é algo que ocorre entre tudo isso e aquilo sendo A soma de tudo isso é mais do que cada uma das partes o que se reflete em cada uma delas Porquê falar de um sentido de comunidade ou de identidade comunitária e não simplesmente apontar algo que já foi mencionado quando se fala de comunidade Refirome ao conceito de identidade comunitária Aquela noção que dá sentido que se expressa em ações e verbalizações que é carregada de afeto que se constrói historicamente e se expressa nas relações e que naturalmente é vaga e imprecisa pois ao passar pelas pessoas está impregnada de individualidades o que lhe confere o seu carácter psicossocial mas pelo menos evita a fragmentação desse sentimento comunitário em múltiplos sentidos específicos Embora seja fácil reconhecer e admitir que existe algo que poderia e deveria ser chamado de senso de comunidade quando se trata de definir esse algo as coisas parecem ficar bastante complicadas Esta complicação responde à complexidade que caracteriza o conceito de comunidade e por extensão contaminação ou experiência tudo o que está relacionado com o trabalho comunitário O que parece haver em relação a este conceito é novamente a descrição de um processo que se constrói nas relações comunitárias na intersubjetividade que ocorre em contextos específicos que geram uma história comum Estabilidade percebida Os membros da comunidade consideramno estável e seguro 106 Comunidade e senso de comunidade Maritza Montero Machine Translated by Google O artigo de Puddifoot 2003 Exploring personal and shared sense of community Identity in Durham City England Journal of Community Psychology 31 1 87106 também apresenta uma discussão interessante sobre a questão Exercícios problematizadores sobre a noção de comunidade e o sentido de comunidade Selecionar uma comunidade definida como tal por agentes externos e instituições ou organizações com ela relacionadas Pergunte sobre os seus limites e alcance onde começa onde termina até onde ou até onde se estende e o que o caracteriza Vá até lá ou entre em contato com as pessoas ou redes que o criaram e faça as mesmas perguntas Comparar as respostas recebidas e analisar o conceito de comunidade e o seu significado nos diferentes informantes Além do texto clássico de Sarason The Psychological Sense of Community Prospects for a Community Psychology 1974 citado nas referências bibliográficas deste trabalho onde se encontra a origem do conceito de sentido de comunidade os trabalhos de Euclides Sánchez 2000 Todos com Esperança Continuidade da participação comunitária Caracas Comissão de PósGraduação Faculdade de Ciências Humanas e Educação Universidade Central da Venezuela e Esther Wiesenfeld 2000 e La autoconstrucción Um estudo psicossocial sobre o significado da habitação Caracas Conselho Nacional de Habitação apresenta descrições interessantes de pessoas que fazem parte de grupos comunitários organizados que ilustram o que é discutido neste capítulo a partir de uma perspectiva normalmente não apresentada em textos acadêmicos Leitura adicional Questão para refletir sobre a noção de comunidade e o sentido de comunidade De que forma a produção de conceitos como o sentido de comunidade construído individualmente ou socialmente partilhado ajudou a compreender o conceito de comunidade e a relação entre o externo e o interno agentes psicológicos ou culturais 107 Comunidade e senso de comunidade Maritza Montero Machine Translated by Google Palavras comumente usadas às vezes têm definições mais complexas Isso porque justamente por serem comumente utilizados no dia a dia são enriquecidos a cada dia com os múltiplos significados que as pessoas lhes atribuem Em termos mais técnicos dizemos que à denotação definição ou definições oficiais que os dicionários nos dão serão acrescentados muitos outros significados que chamamos de conotações construídos pela cultura nas suas diversas formas Isso acontece com o conceito de participação E por ser também um conceitochave para a psicologia comunitária é necessário especificar a sua utilização nesta área do conhecimento Em 1996 ao analisar as conotações dadas à acção de participar Montero 1996a 7 encontrei pelo menos três de carácter geral utilizadas tanto no senso comum como na investigação social Foram eles 1 Praticar ou estar envolvido em algum ato ou fenômeno social em que outras pessoas estejam presentes da mesma forma 2 Envolver terceiros em fatos ou acontecimentos informálos ou de alguma forma apresentálos a alguma forma de conhecimento ou ação que emana da fonte informante 3 Compartilhe certas circunstâncias e emoções com outras pessoas 108 Participação e comprometimento no trabalho comunitário Mas não é fácil encontrar uma definição de participação E isso acontece porque são muitos já que foi definido sob muitas perspectivas Assim a perspectiva política tem sido por vezes enfatizada uma forma de alcançar o poder de alcançar o desenvolvimento social ou de exercer a democracia Considerase também desde o nível da comunicação informar e ser informado ouvir e ser ouvido ou do nível econômico compare certos benefícios materiais tenha parte Do ponto de vista mesossocial e microssocial falamos de processo social e de processos psicossociais através dos quais as pessoas se mobilizam para atingir determinados objetivos que lhes permitem satisfazer necessidades e produzir mudanças sociais O que é participação CAPÍTULO 8 E nesse trabalho coletivo ele se transforma e se transforma em uma relação que envolve indivíduos grupos e circunstâncias das quais se participa o que por sua vez implica decisões ações direitos deveres e conquistas Como foi demonstrado no campo psicossocial Esta natureza abrangente da relação é bem expressa por autores como Hernández 1995 1996 1997 e Sánchez 2000 A primeira quando diz que participar é participar ter parte ser parte então a participação comunitária é então fazer possuir transformar e ser num movimento que vai do coletivo ao individual e viceversa A segunda através da reflexão dos participantes da comunidade cujas palavras manifestam claramente esse sentido global e coletivo Por exemplo uma das pessoas cujo testemunho apresenta Sánchez 2000 38 estabelece a diferença entre participar e colaborar da seguinte forma Participar é algo maior todos trabalham juntos Colaborar é menor é trabalhar também mas menor posso trabalhar sozinho e colaboro Quando participo trabalho com outras pessoas Ordenei esses significados do aspecto menos compartilhado para o aspecto mais compartilhado No primeiro caso você está com outras pessoas em algo de interesse mútuo mas não é necessariamente uma ação comunitária embora pudesse ser No segundo caso há uma ação relacional de um dos membros do relacionamento possível No terceiro caso que também pode incluir os dois anteriores haveria uma relação plena de participação comunitária Participação e comprometimento no trabalho comunitário Maritza Montero Machine Translated by Google Sánchez 2000 41 Darei agora a minha não com a intenção de contribuir para o excesso ou tentar encerrar a discussão mas sim para sintetizar o que foi dito até agora e para me ajudar a compreender o que experimentei e compartilhei com vários grupos comunitários até agora A participação comunitária pode ser definida da seguinte forma um processo organizado coletivo livre e inclusivo no qual existe uma variedade de atores atividades e graus de comprometimento que é guiado por valores e objetivos compartilhados na concretização de quais comunidade e ocorrem transformações individuais 109 A estes aspectos podemos acrescentar outras características da participação comunitária citadas por Sánchez como o carácter inclusivo da participação estar direcionado para o alcance de uma meta ser constituído por uma multiplicidade de tarefas ou ações orientadas para esse propósito comum a necessidade de união e organização para serem eficazes sendo um espaço dinâmico que evolui Sánchez 2000 3738 e sendo uma construção social múltipla sujeita a valores e circunstâncias contextuais que surgem num determinado momento A lista de componentes da participação como vemos é longa e complexa A partir delas é possível construir não uma mas múltiplas definições é o que parece ter acontecido Assim na perspectiva comunitária participação significa A acção conjunta e livre de um grupo que partilha interesses e objectivos Contextualização e relação com a história da comunidade e o momento ou situação em que ela ocorre Um processo que envolve a produção e troca de conhecimento Conselhos recursos e serviços são trocados Acção de socialização e sensibilização que transmite partilha e modifica padrões comportamentais Colaboração Ou seja trabalho partilhado pelo grupo em diferentes graus de intensidade e envolvimento Correlação leiase correlação Relacionamentos compartilhados ideias compartilhadas recursos materiais e espirituais compartilhados Organizar dirigir tomar decisões executar ações para atingir metas estabelecidas em conjunto Existência de padrões democráticos de comunicação entre os participantes Reflexividade Ou seja a capacidade de avaliar criticamente o trabalho realizado Solidariedade Vários graus de comprometimento com projetos comunitários e seus objetivos Nem todas as pessoas numa comunidade têm o mesmo grau de compromisso Geração e aceitação de regulamentos para funcionar como um grupo Dar e receber Você contribui e ao mesmo tempo é beneficiário das contribuições feitas por terceiros e além disso da soma de todas as participações comunidade que a participação é uma condição para o empoderamento e a liberdade A maioria dos autores concorda que a participação comunitária é benéfica para os indivíduos participantes cujo crescimento pessoal se desenvolve positivamente Escopo e benefícios da participação comunitária Devese dizer que este conceito de participação inclui tanto os agentes internos da comunidade como os agentes externos líderes e seguidores os ardentes e os mornos os experientes e os novatos os fiéis e os esporádicos Participação e comprometimento no trabalho comunitário Maritza Montero Machine Translated by Google A Tabela 8 resume o alcance e os efeitos positivos da participação comunitária Dificuldades de participação comunitária Da mesma forma como já dissemos noutro lugar Montero 1995a 1998a 2002b a participação comunitária tem um efeito político no sentido de que forma a cidadania e desenvolve e fortalece a sociedade civil ao mesmo tempo que aumenta a responsabilidade social Clary e Snyder 2002 Como diz Carmona 1988 é também uma forma de subversão não no sentido de produzir uma reviravolta dramática nas relações sociais mas no sentido da queda perene que a cada hora dá um pouco e que acaba por partir a rocha É então política no sentido mais amplo e também mais exato do termo pois se refere ao comportamento dos cidadãos relativamente à polis o que outros autores reconhecem Sánchez 2000 37 Tem também um efeito amplo de natureza socializadora e outro específico de natureza educativa informal e modo alternativo de ação política Montero 1995a Montero 1996a para aqueles que recebem os benefícios dessa participação para as instituições relativamente às quais é necessário dizer que podem ser áreas de participação ou coparticipantes num plano externo a elas e para a sociedade Clary e Snyder 2002 No caso dos beneficiários de benefícios devese notar também que nos projetos psicossociais comunitários esta categoria é ao mesmo tempo produtora e receptora uma vez que a maioria dos que participam para alcançar objetivos benéficos para a comunidade são membros da comunidade atuam para satisfazem as necessidades que os afetam e ao fazêlo desenvolvemse E isto também se aplica aos agentes externos uma vez que todo o trabalho psicossocial comunitário afecta tanto os agentes internos como os externos Tabela 8 Âmbito da participação comunitária É um processo que reúne simultaneamente ensino e aprendizagem Todos os participantes contribuem e recebem Tem efeitos socializadores Diretrizes de ação são geradas Tem efeitos de sensibilização Desenvolve colaboração e solidariedade Mobiliza facilita e estimula os recursos existentes materiais e imateriais e incentiva a criação e obtenção de novos Pode gerar formas de comunicação horizontal entre os participantes Produz troca e geração de conhecimento Permite o desenvolvimento da capacidade reflexiva e crítica Desenvolve e fortalece o compromisso Fortalece a comunidade Pode introduzir a diversidade tornando possível o diálogo e as relações com os outros num nível de igualdade baseado na inclusão Por isso incentiva o surgimento de novas ideias novas formas de fazer as coisas novos resultados Você pode alterar a direção e o controle das tarefas que estão sendo executadas Embora o maior problema que os psicólogos e líderes comunitários possam enfrentar seja a falta de participação dos membros de uma comunidade a própria participação também implica dificuldades que devem ser antecipadas e resolvidas no trabalho comunitário A participação conscientizou os psicólogos comunitários de que eles não são os únicos atores na pesquisa e na ação comunitária uma lição necessária de modéstia recebida 110 Participação e comprometimento no trabalho comunitário Maritza Montero Machine Translated by Google Por outro lado a participação das pessoas não está isolada das práticas comuns que prevalecem na vida social de um país de uma região de uma área de uma comunidade E isso significa que essa participação pode ser influenciada por tendências políticas religiosas ou de qualquer outro tipo das quais provêm certos interesses certas necessidades que podem bloquear desviar ou mesmo tornar perigoso o trabalho psicossocial comunitário por exemplo em áreas como a saúde ou organização social Portanto se quisermos evitar a polarização dos membros de uma comunidade com a consequente divisão e abstenção ou participação baseada em interesses partidários e não comunitários é necessário que sem abrir mão das ideias políticas que temos individualmente o A participação comunitária é guiada pelo compromisso com a comunidade e os seus interesses E que a afiliação política pessoal seja mantida separada do trabalho comunitário Quando os membros de uma comunidade veem ou suspeitam que é do interesse de um partido político que orienta a acção a sua disposição muda e também a sua participação E o mesmo se aplica aos interesses religiosos A participação tendenciosa em relação a grupos de interesse específicos é percebida como tal e influencia o grau e a qualidade da participação e do compromisso Outra fonte de dificuldades pode ser as alianças que os agentes externos fazem com determinados sectores da comunidade o que de alguma forma significa a exclusão de outros grupos Los miembros de una comunidad pueden tener conocimientos provenientes de su cultura y sus tradiciones que pueden ser muy valiosos y respetados pero que también podrían entrar en contradicción con los cambios necesarios para la comunidad tal como se los define desde pautas socialmente establecidas externas a a comunidade Pode acontecer que as crenças e costumes ou valores mantidos numa comunidade sejam a base de certos comportamentos de certos modos de vida que envolvem perigos que provocam formas de exclusão ou maus tratos ou que mantêm o desconhecimento sobre determinados fenómenos A diversidade de afiliações políticas de membros da comunidade ou investigadores pode ser outra causa de problemas Viver em sociedade expressar as nossas opiniões utilizar os serviços públicos exercer os nossos direitos civis e cumprir as nossas obrigações cívicas são ações politicamente marcadas Todos temos ideias políticas comportamentos políticos mas o aspecto político de cada cidadão não está necessariamente ligado a aspectos partidários uma vez que apenas uma pequena fracção dos cidadãos é activa em partidos políticos Algumas destas dificuldades dizem respeito ao compromisso e ao conhecimento que pode ser gerido na comunidade quase três décadas atrás e isso moldou o caráter da subdisciplina De tal condição como ensina Paulo Freiré 1964 deriva o reconhecimento de que no trabalho comunitário coexistem conhecimentos diversos todos os quais devem ser levados em conta mas como a experiência nos diz a admissão de tais condições não faz sentido não impedir que a relação entre agentes externos e internos no trabalho psicossocial comunitário seja livre de conflitos e problemas Finalmente deve ficar claro que certas práticas em que formas de ação predeterminadas são propostas sem consulta por organizações externas às comunidades não são 111 Como aponta Perdomo 1988 esse tipo de relação pode produzir clientelismo ou assistencialismo sempre vinculado à dependência ou ser confundido com ativismo político Tudo isso pode assumir conotações autoritárias que acabam por deixar de lado a comunidade os seus interesses e pôr fim à participação e ao desenvolvimento comunitário E em relação a isto é necessário ter em mente que o efeito multiplicador e socializador da participação também pode servir objectivos de natureza socialmente indesejáveis ou negativas Participar em si não é bom nem mau tudo depende dos valores e da concepção ética a que essa participação responde Participação e comprometimento no trabalho comunitário Maritza Montero Machine Translated by Google Algo semelhante acontece com a noção de compromisso com o que foi indicado para a noção de participação 2 A intenção anunciada publicamente de praticar um ato esta seria a declaração formal de compromisso Kieer 1971 citado em Klinger 2000 188 3 A força na intenção de atingir um objetivo ou a adesão pessoal à sua busca Klinger 2000 188 As palavras compromisso e comunidade quase sempre andam juntas principalmente quando se fala em trabalho comunitário Muitas vezes ouvimos que é necessário comprometerse com esse trabalho ou com os objetivos e metas da comunidade Ou dizse que falta comprometimento a alguém ou que estava ou não comprometido com o que fazia O compromisso assume assim aspectos de qualidade de virtude de condição necessária para trabalhar na com e para a comunidade A primeira coisa encontrada tanto na literatura psicológica quanto na sociológica é a advertência de que o conceito de compromisso tem uma pluralidade de significados é polissêmico Ao revisar a literatura escrita principalmente em espanhol e inglês é necessário salientar que três palavras inglesas correspondem à palavra espanhola compromisso comprometimento comprometimento e envolvimento Klinger 2000 registra os seguintes significados para o termo comprometimento o mais popular deles na área anglosaxônica muitas vezes usado de forma intercambiável com engajamento 1 A decisão momentânea de atingir um objetivo específico Klinger 2000 188 1977 Tubbs 1993 e Heckhausen e Jul 1985 citado em Klinger 2000 A definição de compromisso pode ser considerada participação comunitária Nestes casos o que existe é a cooptação ou acusações em relações autoritárias clientelistas ou populistas em que a participação é nominal e a sua condição democrática é inexistente Montero 1996a 10 Essas práticas geram dependência e estimulam a passividade Isso não significa que não possam existir iniciativas louváveis de instituições externas às comunidades tanto governamentais como nãogovernamentais mas para que haja participação é necessário que nestes casos ocorra um encontro de vontades decisões e reflexões entre os órgãos externos ou as instituições e as comunidades que devem ter acesso ao controlo e à decisão sobre o que é feito fortalecendose e desenvolvendo os seus próprios recursos 4 Dedicação ou obrigação1 de um indivíduo para com a vida ou a sociedade através da realização de objetivos significativos Brickman 1987 ou socialmente compatíveis o oposto da alienação K Kenniston 1968 Ambas as referências vêm de Klinger 2000188 As distinções que entre os termos mencionados aparecem na literatura anglosaxônica estão presentes na literatura espanhola como características ou elementos integrantes do No caso do termo envolvimento a sua definição centrase principalmente no que poderíamos chamar de participação comprometida dos cidadãos no espaço público através do voluntariado ou da sua incorporação não oficial no serviço público Seria o envolvimento de pessoas em instituições governamentais e organizações de base Stukas e Dunlap 2002 e teria em comum com o voluntariado a sua orientação prósocial embora como indicam Stukas e Dunlap esta última seria uma forma genérica de envolvimento destinada a em beneficiar qualquer outra pessoa grupo ou organização 112 Participação e comprometimento no trabalho comunitário Maritza Montero O autor utiliza a palavra inglesa engagement que normalmente é traduzida como comprometimento Para evitar a tautologia utilizo os sinônimos dados pelos dicionários 1 Machine Translated by Google O que importa nesses sentidos atribuídos ao termo é a natureza motivadora seja ela momentânea ou duradoura que identifica uma pessoa Motivação que proporciona força e resistência na decisão de agir para atingir um objetivo Como diz Brickman 1987 citado em Klinger 2000 188 o comprometimento é o que leva uma pessoa a assumir ou continuar um curso de ação quando dificuldades ou alternativas positivas influenciam a pessoa a abandonar a ação A natureza crítica do compromisso A psicologia social comunitária desenvolvida na América Latina percebeu depois de ter constatado a natureza complexa da noção de compromisso os aspectos críticos a ela ligados Lane e Sawaia 1991 iniciaram formalmente a discussão nesse sentido no início da última década do século passado E o fizeram na perspectiva Gramsciana o que nos permite explicar e ao mesmo tempo criticar a função dos profissionais de psicologia comunitária Mas já em 1988 Perdomo tinha alertado sobre o papel dos trabalhadores comunitários e certos perigos a ele associados Perdomo criticou naquela época o perigo de o trabalho comunitário degenerar em ativismo político religioso social com ausência de reflexão teórica e rigor metodológico Isto é numa acção impensada imediata e não planeada por mãos desmioladas Em povo ao acreditar que tudo o que vem das pessoas da comunidade é uma verdade absoluta negligenciando a consideração Gramsciana de que o senso comum popular é tão cheio de ideologia quanto qualquer outra área da sociedade Em especialista ou perito separado da comunidade por um suposto conhecimento superior que lhe permite ser o único a decidir o que fazer E por fim na sensibilização ou iluminação que se vê 113 A natureza motivadora do compromisso Dizse então que o conceito de compromisso parece muito claro mas quando refletimos sobre ele não é tão claro Comprometemonos com certas coisas certas ideias certos movimentos e não outros Ou seja que a motivação e essa força não ocorrem de forma abstrata nem em relação a qualquer coisa ou circunstância Comprometemonos em relação a algo que consideramos digno valioso necessário conveniente de fazer seja individual ou socialmente Considero que o voluntariado está incluído no compromisso Num projecto de investigação acção comunitária existem muitos graus de compromisso alguns deles se enquadram na definição de voluntariado e todos como apontamos nestas páginas veja abaixo são necessários e bemvindos e podem evoluir de uma forma para outra Mas o compromisso vai além do voluntariado Assim entendo por compromisso a consciência e o sentimento de responsabilidade e obrigação em relação ao trabalho e aos objetivos de um grupo comunidade projeto ou causa que leva a pessoa a acompanhá la agir e responderlhe pelas ações realizadas compromisso Contudo cabe fazer uma distinção com o termo voluntariado já mencionado uma vez que sua origem e ação parecem restringirse ao nível individual enquanto o compromisso de que tratamos aqui se forma e se expressa nas relações comunitárias A esse respeito García Roca e Comes Ballester 19957 afirmam que trata dos interesses de outras pessoas ou da sociedade carece de interesse económico pessoal desenvolvese num quadro mais ou menos organizado é uma escolha livre e expressa por meios pacíficos Participação e comprometimento no trabalho comunitário Maritza Montero Machine Translated by Google Comprometimento é Ato crítico de encontro e melhoria entre agentes externos e internos Valorização do que é popular em si Respeito ao conhecimento popular e sua valorização Conhecimento da intervenção do subjetivo no objetivo e viceversa Reconhecimento do direito dos membros da comunidade de participarem na investigação Articulação entre teoria e prática para alcançar a transformação do conhecimento e do mundo Um serviço destinado a apoiar os caprichos e caprichos do proletariado ou de qualquer outro grupo Lane e Sawaia p 75 O cancelamento do agente externo nos agentes internos Populismo Adoção da visão do sujeito da pesquisa considerando de forma acrítica que a verdade está nele Beneficência caridade Ativismo Empirismo impensado A psicologia comunitária propõe o estudo do compromisso baseado em valores relacionados com a justiça social e a igualdade os direitos humanos os interesses e necessidades das comunidades e fundamentalmente o respeito pelos outros Assim quando falamos de compromisso comunitário baseamonos em considerações de natureza social coletiva e humanitária Isto significa que na base desta motivação para atingir objetivos considerados importantes significativos estão valores que sustentam aquela força intenção dedicação e obrigação mencionadas nas definições acima revisadas São estes valores que também sustentam os princípios apresentados no capítulo 3 E embora os compromissos variem em intensidade e direção ao longo da vida é por causa desses valores em que se baseiam que alguns deles podem nos acompanhar ao longo da vida e estão ao nosso lado no momento da morte Às vezes eles até causam isso 114 Tabela 9 O compromisso não é Algo que surge de interesses subjetivos e ideológicos Uma atitude pessoal benevolente por parte de agentes externos à comunidade Molano em 1978 alertou sobre a falsidade do postulado de que a pesquisa em contato com o povo leva à ação política e esta por sua vez ao compromisso com o objeto de estudo Lane e Sawaia 1991 72 por seu lado alertam contra o ativismo apontado por Perdomo e sustentam que o compromisso é um ato crítico de encontro e superação e não de anulação de um no outro referindose à confusão de alguns agentes externos que tendem a fundir se com os membros da comunidade deixando então de emprestar os seus conhecimentos Para Lane e Sawaia 1991 tal posição leva a dois erros conhecimento cristalizado e empirismo sem princípios Os autores também apontam qual é o compromisso incluído na tabela 9 e o que não é ele mesmo como um salvador de pessoas alienadas a quem mobilizará e iluminará com seu conhecimento e bondade ao mesmo tempo que os controlará e dirigirá Consideração ativa do ser humano A natureza avaliativa do compromisso Maritza Montero Participação e comprometimento no trabalho comunitário Machine Translated by Google Gráfico 3 Eixo 1 Origem e local de comprometimento Eixo 2 Categorias de pessoas comprometidas Eixo 3 Escopo do compromisso A compreensão e aplicação da noção de compromisso pela diversidade de valores a partir dos quais pode ser explicada religiosa partidária económica classista étnica cultural oscila segundo três eixos um que vai do interesse individual ao bemestar coletivo outra que vai da seletividade grupal comprometimento com determinados grupos à consideração de que qualquer grupo e muitos interesses podem produzila e uma terceira que vai de agentes externos a agentes internos dependendo de onde se baseia o compromisso O que estes eixos indicam é que o compromisso não é um fenómeno uniforme mas pode oscilar ao longo destes três eixos ver figura 3 Eixos orientadores do compromisso Eixos de compromisso Portanto em relação à comunidade o compromisso está ligado a aspectos éticos e políticos que lhe dão direção consistência e apoio Nesse sentido a presença ou ausência de comprometimento em relação ao trabalho comunitário não depende da mera declaração verbal de sua existência mas é comprovada na ação e na reflexão Muitas vezes é dado como certo que existe naquelas situações em que se manifestam algumas formas de solidariedade ou em que estão presentes interesses sociais ou que exigem dedicação a determinadas causas 115 Participação e comprometimento no trabalho comunitário Maritza Montero Machine Translated by Google O que Fals Borda explica e situa porém foi assumido e naturalizado por muitos profissionais da psicologia comunitária como uma atitude ou disposição ou condição desejável e necessária naqueles que iam trabalhar com comunidades De tal forma que o compromisso se tornou uma parte substancial daquele lugar comum que costumamos chamar de vocação de serviço e que muitas vezes é uma zona crepuscular situada entre a beneficência social e o narcisismo socializado Assim em grande parte da literatura da área o compromisso é entendido como o dos pesquisadores e intervenientes sociais em relação às comunidades com as quais trabalham sendo então apresentado como um impulso unilateral devido aos membros dessas comunidades como uma disposição benevolente de agentes externos desejável e correta especialmente politicamente correta E embora muitos profissionais da psicologia comunitária estejam sinceramente comprometidos com o trabalho e com as pessoas com quem o realizam esta localização externa do compromisso tem levado a uma interpretação leve do conceito segundo a qual basta proclamarse identificado com a defesa do proletariado ou com os interesses da instituição ou com o grupo para satisfazer a necessidade de compromisso e integrar essa qualidade positiva no halo social e profissional Assim temse consciência de que não é só o agente externo que precisa de comprometimento mas também os agentes internos membros da comunidade organizada precisam se comprometer e de fato o fazem com os objetivos do trabalho que está sendo realizado Gonçalves de Freitas 1995 1997 Como vimos nos capítulos anteriores as pessoas com quem trabalhamos são consideradas agentes ativos da sua própria transformação como construtoras da sua realidade Então por que não reconhecer o seu compromisso com isso Em 1970 Fals Borda 19701987 introduziu o conceito de compromissoacção apontando o carácter motivador de uma actividade mas a definição que deu então colocou o compromisso num campo mais específico o da acção do cientista social que é sensível aos problemas da sociedade em que vive e que quer responderlhes ao mesmo tempo que se situa numa perspectiva de produção de conhecimento Na mesma obra citada Fals Borda acrescenta que este compromisso implica uma visão dentro da ciência condicionada social e politicamente que levará à acumulação do conhecimento científico e ao seu enriquecimento à sua renovação à sua revitalização 1970 1987 61 Esta concepção supõe a coexistência de duas áreas no compromisso dos cientistas sociais que no caso do referido autor são sempre investigadores cujas contribuições são produzidas na práxis2 Estas áreas são os problemas sociais específicos com os quais trabalham e os da ciência a partir do qual trabalhamos Em ambos os casos a ação e o compromisso visam a transformação social enriquecedora dos membros da sociedade em que ocorre De quem é o compromisso A participação de pessoas das comunidades com as quais trabalhamos levou a uma revisão crítica desta concepção no sentido de que a posição unilateral adoptada por muitos profissionais relativamente ao compromisso implica de facto uma exclusão dos membros das comunidades como Outros Com efeito apresenta implicitamente uma concepção destas pessoas como fracas frágeis e passivas É então uma forma de regressar às tradicionais visões paternalistas e populistas segundo as quais os intervenientes sociais ou investigadores que vêm de fora são fortes e têm poder razão pela qual também devem ser bemintencionados e precisam de estar empenhados ao mesmo tempo que As comunidades são pessoas carentes de quem tais coisas não deveriam ser exigidas 116 Participação e comprometimento no trabalho comunitário Maritza Montero União da ação concreta e da teoria que a explica e interpreta através da reflexão crítica sobre ambas 2 Machine Translated by Google A relação entre participação e comprometimento O que foi dito acima indica que nem a participação nem o compromisso são fenómenos monolíticos do tipo tudo ou nada Montero 1998a A vida já sabemos é complexa e cada pessoa tem múltiplas obrigações e motivos para agir Seguese que existem diferentes graus de participação e compromisso dentro da mesma comunidade e mesmo ao longo da vida das pessoas E tal como os agentes externos devem estar atentos às manifestações de compromisso dos membros da comunidade e à promoção e facilitação da participação devem também ter em conta as variações de ambos os fenómenos e não rejeitar ou considerar como menos importantes as formas de participação menos comprometida A participação e o compromisso são fenómenos complexos Como dizem Martín González e López 1998 200 ao introduzirem a natureza legitimadora do compromisso a participação autêntica é participação comprometida E isso acontece porque a participação e o compromisso reforçamse mutuamente portanto não há uma parcela pequena Toda participação é necessária A relação entre participação e compromisso pode ser expressa graficamente ver Figura 4 117 estabelecer os códigos de troca e compromisso das pessoas imersas na pesquisa reduz os riscos de que o pesquisador externo apenas aproveite as informações fornecidas pela comunidade e as gerencie e utilize de acordo com seus interesses sem fornecer elementos para resolver seus problemas e que a comunidade abuse e utilize indevidamente as contribuições e técnicas científicas que aprendeu e também aproveite esse recurso sem devolver parte de seu conhecimento à pesquisa Existe uma relação direta entre comprometimento e participação Ao considerar um devese considerar também o outro A orientação participativa da psicologia social comunitária tornounos conscientes desta relação codependente entre participação e compromisso produzindo consequentemente uma expansão da definição habitualmente dada para o primeiro destes termos Assim quanto maior a participação maior o comprometimento e viceversa quanto maior o comprometimento maior a participação Eles fortalecemse e aumentamse mutuamente cada um influencia o outro quantitativa e qualitativamente participar implica algum grau de comprometimento ter comprometimento Estar comprometido significa um maior grau e qualidade de participação Portanto a concepção que limita o comprometimento ao círculo de profissionais ou interessados que vão ajudar facilitar processos ensinar ou liberar assume implicitamente e apesar de todas as boas intenções que possa ter uma posição de superioridade já que o compromisso unilateral com os necessitados e os desamparados de qualquer nível socioeconómico com os pobres os marginalizados apresentaos como menos capazes como passivos ou com falta de recursos Os agentes externos aparecem então como a fonte da mudança social e portanto num nível superior Isto parece ser um antigo resquício da concepção que a psicologia comunitária queria mudar Ao reconhecer que o comprometimento deve estar presente em ambos os tipos de agentes de transformação suas diferenças são levadas em consideração e reconhecese que a motivação e os valores podem e devem estar presentes ou ausentes em ambos Montero 2002b E como alerta Gonçalves de Freitas 1997 62 transformação e aquela construção Eles não estão interessados em alcançar mudanças positivas para sua comunidade É lugarcomum da psicologia comunitária reconhecer que sem a participação da comunidade sem a sua incorporação comprometida em projetos de interesse social que beneficiem a comunidade a ação dos agentes externos não tem efeitos duradouros Maritza Montero Participação e comprometimento no trabalho comunitário Machine Translated by Google 2 Participação frequente e alto comprometimento 4 Participação esporádica baixo comprometimento 5 Participação inicial ou provisória mediante compromisso por exemplo contribuições financeiras apoio material Rotação dos primeiros níveis 1 Núcleo de máxima participação e comprometimento 3 Participação específica comprometimento médio Níveis de participação e compromisso na comunidade Gráfico 4 Direção ou movimento entre níveis Promoção de um movimento centrípeto de maior participação 7 Curiosidade positiva ou amigável Não há compromisso 118 É por isso que é tão importante promover o movimento centrípeto dos membros da comunidade em direcção ao núcleo de maior participação tanto interessados como não interessados sem No centro do círculo encontramos líderes comunitários membros de grupos organizados ou movimentos internos a favor de alguma transformação ou da solução de algum problema Costumo chamálos de a ponta da lança Neles está a máxima participação e o maior comprometimento No próximo círculo estarão os membros dos grupos organizados que não lideram mas que participam de todas as atividades O terceiro círculo corresponde às pessoas que não pertencem a grupos organizados mas que participam de forma consistente nas atividades que dirigem Depois vêm aqueles que participam esporadicamente em algumas atividades mais ou menos motivadoras de acordo com os seus interesses ou preferências em seguida aqueles que não atuam diretamente mas contribuem facilitando de alguma forma o trabalho dos outros dão dinheiro materiais prestam algum serviço fazem ligações cuidam de crianças etc Seguem aqueles que aprovam o que é feito e demonstram simpatia por essas tarefas e aqueles que olham com aprovação Esta última categoria pareceria não participativa e certamente não é comprometida mas não deve de forma alguma ser deixada de lado ou menosprezada uma vez que expressões de acordo podem levar a pequenas colaborações e estas a formas de participação mais comprometidas 6 Participação tangencial compromisso indefinido por exemplo aprovação acordo Participação e comprometimento no trabalho comunitário Maritza Montero Machine Translated by Google Para Fals Borda 19701987 sempre sob a ótica exclusiva de agentes externos os efeitos do comprometimento na produção de conhecimento se manifestam em Na escolha pelo cientista dos temas ou questões a serem investigados e na prioridades que lhes concede bem como as abordagens e formas de gerir os dados resultantes 19701987 55 Aumentando as possibilidades de criação e originalidade do seu trabalho O fato de um agente comprometido com o trabalho que realiza identifica mais facilmente os grupos chave que merecem ser atendidos pela ciência e que se tornarão grupos de referência para o pesquisador Stukas e Dunlap 2002 417 consideram que o compromisso pode ajudar a estabelecer laços fortes entre as comunidades e as instituições que nelas residem ao gerar ajuda e apoio para a satisfação das necessidades e ao facilitar a interação entre os membros da comunidade Destas interrelações pode surgir a compreensão mútua entre os níveis interinstitucional intergrupal e pessoal Uma questão que surge quando se discute o tema da participação e do compromisso é porquê participar A resposta não é apenas psicológica é também filosófica ética social económica e provavelmente tem muitas outras origens Os efeitos do comprometimento no trabalho dos agentes externos e internos da comunidade têm sido vivenciados na prática comunitária e descritos por diversos autores Mas na perspectiva psicossocial comunitária as questões e prioridades são decididas pela e com a comunidade uma vez que como já dissemos o compromisso não é unilateral por isso embora seja verdade que a acção dos agentes externos é facilitada porque o seu compromisso torna tornálos mais abertos às novas ideias e perspectivas à diversidade e às necessidades dos outros é necessário que o mesmo aconteça com os agentes internos cuja criatividade e originalidade também são facilitadas pelo compromisso Mas o efeito mais importante do compromisso é produzir análises mais sérias e profundas através do esforço conjunto de ambos os tipos de agentes acompanhadas de ações mais produtivas e mais adequadas às situações específicas em que atuam Efeitos do comprometimento no trabalho comunitário esquecer ao mesmo tempo que é necessária a rotatividade das pessoas que estão no primeiro e segundo círculo pois o cansaço e o esforço bem como a habituação podem reduzir a sua capacidade de trabalho e por vezes degenerar em formas de autoritarismo Montero 2002b Essa rotação deverá manter essas pessoas nos três círculos imediatamente adjacentes Batson Ahmad e Tsang 2002 consideram que existem quatro razões básicas para uma participação comunitária comprometida Uma primeira razão de natureza egoísta participar em favor da comunidade para obter benefícios para si Referi me a este ponto em relação à forma negativa narcisista e sedutora de liderança comunitária noutro local Montero 2003b uma vez que com efeito a prática psicossocial comunitária permite encontrar pessoas assim motivadas que embora promovam ou Ajudam a alcançar os objectivos da comunidade procurando assim ganhar visibilidade ocupar posições de poder reconhecimento e prestígio Vimos também como tal motivação limita outros membros da comunidade e até bloqueia as suas iniciativas e realizações Batson Ahmad e Tsang 2002 434 435 consideram que existe um leque de possibilidades neste motivo que vão desde formas filantrópicas doações em nome de uma pessoa até 119 Por que participar com comprometimento Participação e comprometimento no trabalho comunitário Maritza Montero Machine Translated by Google Mas por que participar não é a única questão que levantou a noção de compromisso participativo ou participação comprometida Tal como os psicólogos comunitários reflectiram sobre os fundamentos éticos destes processos básicos o mesmo fizeram alguns sociólogos e filósofos Em 1970 Fals Borda considerava que para saber com o que ou com quem um pesquisador comunitário deveria se comprometer deveria se fazer algumas perguntas relacionadas aos seus compromissos anteriores à objetividade que para ele era garantida pela ciência e ao ideal de serviço Um resumo dessas questões é apresentado na Tabela 1 Foram feitas num momento histórico específico e a partir da perspectiva sociopolítica que foi chamada de sociologia militante ou também crítica O seu conteúdo continua válido sobretudo se o analisarmos à luz de considerações éticas coletivistas ou altruístas e dos princípios que neste sentido norteiam o paradigma atual da psicologia social comunitária E para confirmar esta validade vale a pena mencionar as questões que um filósofo social Richard Rorty 1991 levantou no mesmo sentido vinte anos depois ver tabela 2 atividades voluntárias realizadas por pessoa isoladamente incluindo obtenção de benefícios para alguma instituição externa à qual representa ou pertence religiosa empresarial política Razões altruístas destinadas a beneficiar um ou mais indivíduos Estas razões estariam ligadas à empatia ou seja sentimentos orientados para os outros congruentes com o bemestar percebido de outra pessoa Batson 1991 que podem ser complementados por outros emoções positivas como simpatia compaixão ou ternura Os autores acima mencionados indicam no entanto que a investigação realizada neste domínio mostra que as pessoas não são muito empáticas relativamente aos principais problemas sociais existentes Devese considerar a este respeito que diante de tais resultados é necessário levar em conta o contexto temporal e espacial em que estes estudos foram realizados e como o assunto foi investigado Coletivismo servir a comunidade para beneficiá la Coletivismo significa a motivação para alcançar um aumento no bemestar de um grupo ou coletivo Batson 1994 Nesse sentido apontase como limitação que essa motivação geralmente esteja presente em relação ao grupo ou comunidade a que se pertence Não acho que isso seja uma limitação pelo contrário vejoo como a base de apoio e ponto de partida para a participação e o compromisso Precisamente por pertencer a uma determinada comunidade existe o sentido de comunidade a necessidade em relação a ela o propósito de satisfazêla e a possibilidade de desejar o melhor para aquela comunidade Agora quando se trata de agentes externos então podese pensar que a limitação está presente por isso acredito que quem não está motivado e não tem comprometimento nesse sentido não deve ser obrigado a realizar um trabalho comunitário Não há trabalho pior do que aquele que não se quer fazer e as ações dessas pessoas certamente tendem a ter falhas ou limitações Os princípios trabalhar para a comunidade com base em princípios éticos e morais como justiça e equidade ou direitos humanos Batson Ahmad e Tsang 2002 mostram novamente que a questão não fica totalmente clara quando lembram que a racionalização pode muitas vezes funcionar como um mecanismo de defesa quando não se trata de ver o que está errado nos outros mas no nosso próprio quintal Este é o tipo de motivação que deveria estar subjacente a todas as outras considerações mas o relativismo na sua aplicação que emerge do que apontam os referidos autores permitenos compreender porque é que um país é devastado e então se estabelece um programa de ajuda aos órfãos os mutilados e os sobreviventes deslocados 120 Maritza Montero Participação e comprometimento no trabalho comunitário Machine Translated by Google Com quais comunidades você deveria se identificar De qual grupo você deveria se considerar membro Quais são os limites da nossa comunidade O que foi ganho em solidariedade dentro de um grupo restrito ou de uma sociedade específica custou a nossa capacidade de ouvir estranhos que sofrem ou que têm novas ideias E refletir sobre os compromissos a sua direção e motivação faz parte da profissão psicossocial comunitária Resumo Este capítulo apresenta dois conceitos fundamentais da psicologia comunitária participação e compromisso São tratados em conjunto porque são interdependentes um não pode existir sem o outro pois existe uma relação direta entre os dois São analisados os benefícios e também as dificuldades de participação tendo em conta que apesar destas últimas não pode haver trabalho com a comunidade em que não haja participação Assim como se dá uma definição de participação comunitária também se define o compromisso expressando o seu carácter motivador crítico e avaliativo Dependerá destas três características que o compromisso que acompanha a motivação constitui o impulso reflexivo que não só Questões de interesse para definir comprometimento Rorty 1991 A classificação de Batson Ahmad e Tsang apresenta quatro fontes de motivação para compromissoação ou participação comprometida As questões de Fals Borda e Rorty obrigamnos a examinarnos com base na perspectiva ética que fundamenta cada fonte Mas quando se fala em compromisso e sobretudo quando se trabalha a partir dele é necessário manter uma perspectiva de totalidade pois longe de essas fontes de motivação serem instâncias separadas muitas vezes fazem parte de um único processo Na prática podese partir de um motivo ou da união de vários deles já que não são compartimentos estanques E uma vez que o envolvimento e a participação são processos dinâmicos históricos e portanto situados ambos mudam dependendo das circunstâncias Garantir que o altruísmo o coletivismo e os princípios estejam presentes no trabalho psicossocial comunitário modula o egoísmo que junto com os anteriores pode ser uma força motivadora que ajuda a alcançar objetivos limitados ao bemestar desejado por uma comunidade mesa 2 Quadro 1 Questões de interesse para definir comprometimento Fals Borda 19701987 Com quais grupos estive comprometido até agora Como se reflectem nos meus trabalhos os interesses de classe económicos políticos ou religiosos dos grupos aos quais pertenço Quais são os grupos que não temeriam que fosse feita uma estimativa realista do estado da sociedade e que portanto dariam o seu total apoio à objectividade da ciência Quais são os grupos movimentos ou partidos políticos que procuram servir a sociedade pensando no benefício das pessoas marginalizadas que até agora foram vítimas das instituições Quais são os grupos que se beneficiam das contradições incoerências e inconsistências presentes na sociedade 121 Participação e comprometimento no trabalho comunitário Maritza Montero Machine Translated by Google Hernández E coord 1996 Participação Áreas desafios e perspectivas Caracas CESAP Este trabalho apresenta uma coleção de artigos sobre o tema da participação social em geral e da participação comunitária em particular sob diversas perspectivas uma vez que são escritos a partir de vários campos das ciências sociais Apresenta também as reflexões dos membros daquela comunidade sobre o seu próprio processo de participação Perguntas para refletir sobre a participação e o envolvimento comunitário Que interesses económicos se reflectem nas práticas comunitárias Na sociedade de hoje com que grupos alguém que queira fazer trabalho comunitário deve comprometerse Por que nem todos os beneficiários do trabalho psicossocial comunitário participam com a mesma assiduidade e grau de intensidade Por que outros fazem isso com muita dedicação Como poderia ser medido o compromisso com uma comunidade Hernández E 1996a A comunidade como espaço de participação Um espaço de desenvolvimento local em E Hernández coord Participação Áreas desafios e perspectivas Caracas CESAP pp 2144 Neste capítulo é possível perceber a natureza política dos processos de participação uma vez que se analisa como ao participar as comunidades não só desenvolvem a cidadania mas também fortalecem o poder local fortalecendo a democracia Sánchez E 2000 Todos com Esperança Continuidade da participação comunitária Caracas Comissão de Pós Graduação Faculdade de Ciências Humanas e Educação Universidade Central da Venezuela Este trabalho reúne as observações e o estudo sobre a participação em uma comunidade realizado por seu autor há mais de uma década Leitura adicional produzir ações que possam surpreender mas também permitir que a participação nelas não seja cega nem muda A participação e o compromisso são portanto partes indissociáveis do processo de transformação que ocorre no trabalho comunitário e diz respeito tanto aos agentes externos como aos internos São analisadas as razões pessoais éticas grupais profissionais e coletivas que levam à participação e que produzem comprometimento mostrando quantos sentimentos e interesses vão se combinar nessas duas noções no momento em que se transformam em ações concretas com um propósito Ao mesmo tempo ressaltase que nenhum dos conceitos é de responsabilidade de um único tipo de agente de transformação Tanto os externos como os internos são atores comprometidos e participantes Exercícios de resolução de problemas sobre participação e compromisso no trabalho psicossocial comunitário Analisar o trabalho realizado por uma equipe comunitária que surgiu de uma necessidade problema ou desejo sentido pelas pessoas de uma comunidade e por uma equipe designada por alguma instituição para realizar uma ação semelhante Compare sua eficiência participação conquistas senso de integração Observe pessoas de um grupo organizado em alguma comunidade Quem fala mais 122 Quem contribui mais Quem pergunta mais Como as diferentes pessoas do grupo falam Podese deduzir algo sobre seu comprometimento e participação Participação e comprometimento no trabalho comunitário Maritza Montero Machine Translated by Google Este capítulo trata dos processos psicossociais fundamentais para a psicologia comunitária em qualquer uma de suas perspectivas habituais social ambiental educacional organizacional ou clínica São processos que influenciam as relações sociais das pessoas e por sua vez são influenciados pelas circunstâncias sociais e envolvem subprocessos de natureza cognitiva emocional e motivacional que têm consequências comportamentais De outras perspectivas estes processos comunitários têm sido objecto de estudo não só no campo da psicologia mas também noutras ciências sociais ou na filosofia nas quais alguns deles se originaram como modos de explicação do comportamento humano e também de situações sociais igualmente complexas fenômenos Da mesma forma esses conceitos que emergem da práxis comunitária fazem parte da construção teórica da psicologia comunitária Habituação naturalização e familiarização O que foi referido anteriormente traduzse a nível psicológico na construção de um campo habitual de conhecimento em que a realidade quotidiana é codificada e organizada através de processos de habituação e normalização de situações adversas e familiarização de novas circunstâncias adaptandoas ao habitual uns integrando os ao que já é conhecido e tornandoos semelhantes semelhantes ao que já é conhecido e portanto familiar Um dos efeitos de tal processo são as baixas expectativas de mudança relativamente às circunstâncias da vida enquanto as circunstâncias alternativas são percebidas como remotas impossíveis estranhas ou fora do alcance das pessoas que se encontram nessa situação Este campo do conhecimento caracterizase pelo bloqueio ou corte no estabelecimento de relações de causaefeito relativamente a estas condições de vida o que produz o que conhecemos como ideologia e que se expressa na hegemonia de certas ideias sobre outras com a consequente influência sobre outras a forma de construir a realidade que pode levar à aceitação absoluta e passiva daquilo que prejudica e limita as possibilidades individuais e grupais quando não as nega definitivamente Introdução Tais processos embora tenham sido amplamente discutidos nas ciências sociais e na educação precisam ser estudados em seu aspecto psicossocial pois afetam não apenas os indivíduos mas também as relações por meio das quais essas pessoas se constroem e constroem seu mundo de vida Além disso desempenham um papel fundamental na manutenção e na transformação das condições de vida e constituem o eixo do trabalho comunitário Processos psicossociais comunitários CAPÍTULO 9 123 As normas e a visão de mundo de cada cultura geram estilos de vida que são ao mesmo tempo produto e produtores de padrões estruturados de comportamentos regulares e relativamente estáveis alguns dos quais se consubstanciam de tal forma com aquela visão de mundo mundo e com regulamentos construídos em conjunto que são executados de forma espontânea mecânica não mediada por reflexão ou decisões explícitas Essas estruturas de comportamento estruturadas e estáveis não discutidas não assumidas conscientemente são o que tem sido chamado de habitus Esta noção criada pelo sociólogo francês Pierre Habituação Processos psicossociais comunitários Maritza Montero Machine Translated by Google Naturalização e familiarização O processo de naturalização também está vinculado a outro que foi definido como familiarização1 Mais uma vez a psicologia da cognição social descrevenos a função Então Os habitus configuram então modos de encarar o cotidiano alguns dos quais são considerados o modo natural de ser e de fazer no mundo como se fizessem parte da essência das coisas Ao mesmo tempo implicam uma codificação não expressa que inclui expectativas sociais sobre o próprio habitus não se espera nem se pensa que se possa agir de outra forma a ponto de antecipar as consequências dessas ações com as quais também servem de vínculos circunstanciais entre diversas situações reproduzindo as estruturas sociais que as geraram Tais características certamente facilitam a vida social pois se tivéssemos que pensar continuamente em cada ação que realizamos para produzir o nosso cotidiano provavelmente ela deixaria de sêlo pois demoraríamos boa parte do dia para estabelecer a cadeia de decisões e ações que constroem o cotidiano Mas ao mesmo tempo a habituação leva à admissão e reprodução impensada acrítica e consciente de circunstâncias da vida que podem ser prejudiciais às pessoas Bourdieu 1972 caracterizase por Ser uma regularidade associada a um ambiente socialmente estruturado ou seja uma forma de estruturar comportamentos agir e responder dentro de um sistema social Ser durável pois tende a ser mantido ao longo do tempo Constituir um comportamento estruturante que ao mesmo tempo é estruturado ou seja um padrão de comportamento estabelecido e estável que produz sistematização de padrões comportamentais ao mesmo tempo em que se ajusta aos padrões existentes Ser uma prática e representação de uma condição regulamentada e regular Ser realizado sem uma direção conscientemente escolhida nem controle explícito das operações necessárias para atingir seus objetivos Estar ajustado à regulamentação colectiva sem necessidade de receber instruções específicas Permitir que as pessoas enfrentem situações inesperadas para as quais fornece modos de ação estabelecidos Forneça uma antecipação implícita das consequências de tais situações Constituir uma resposta socialmente codificada e esperada Tende a reproduzir as estruturas sociais objetivas das quais é efeito mantendoas Falta intenção estratégica pois atua como elo conjuntural Montero 2001 Exemplos de formas de naturalização são apresentados num contexto diferente do da psicologia comunitária pela teoria das representações sociais quando descreve como um esquema conceitual ganha realidade ao ontologizá lo isto é tratar o conceito como se fosse um ser atribuindolhe preferências e ações valores e tendências Roqueplo cit enjodelet 1984 368369 O mesmo procedimento cognitivo de esquematização indica outro dos passos que conduzem à naturalização Na esquematização a linguagem é utilizada para compor as imagens que usaríamos para mostrar um objeto a outras pessoas ao mesmo tempo que damos uma estrutura a esse objeto Grize 1974 cit enjodelet 1984 369 124 Processos psicossociais comunitários Maritza Montero Esse processo difere do procedimento realizado na pesquisaintervenção ou no trabalho de pesquisaação participativa que recebe o mesmo nome e consiste em conhecer a comunidade e ser conhecido por ela 1 Machine Translated by Google O choque entre estas formas de agir fixas inquestionáveis e maquinais e a introdução de outras formas de acção ou de novas concepções do mundo que tocam nestes aspectos profundos e básicos da vida social poderia estar na base das transformações psicossociais produzidas no processos que combinam ação com reflexão Combinação essa que como já indicava Freiré 1970 1973 leva ao processo de conscientização e desnaturalização revelando contradições e mostrando possibilidades de agir de forma diferente O conceito de problematização foi introduzido pelo educador brasileiro Paulo Freiré 1970 para contrapôlo à concepção bancária de educação que consiste em absorver e armazenar passivamente conhecimentos já estruturados A problematização ao contrário consiste no processo de analisar criticamente o estar no mundo no qual e com o qual se está 1970 90 Freiré acrescenta que problematizar é responder ao ser da consciência que é a sua intencionalidade Para conseguir esta resposta a pessoa deve negar o que foi comunicado e dar existência à comunicação Freiré 1970 85 Com isso Freiré quer dizer que o que é recebido o que é estabelecido e estabelecido é contrariado em benefício da atividade de produção da comunicação como troca produtiva refletida no diálogo Ao levantar o conceito de problematização no campo da psicologia é necessário também vinculálo à cognição pois esta se refere às formas como construímos o conhecimento do mundo em que vivemos e de nós mesmos ao mesmo tempo que ao fazêlo recebemos a influência histórica desse conhecimento A problematização é entendida no campo psicossocial comunitário como um processo crítico de conhecimento em que o A naturalização e a familiarização são as formas de aceitar conhecer e relacionarse com o estranho com o diverso tornálo aceitável admissível e também internalizálo e considerálo como parte do caminho do mundo Juntamente com a habituação são os mecanismos microssociais que mantêm certas estruturas e certos modos de vida ao mesmo tempo que mantêm a permanência ou o status social Problematização e desnaturalização Como vemos o processo de naturalização faz parte do processo de conhecimento Todos os dias naturalizamos múltiplos objetos e fatos através dos procedimentos de habituação e familiarização tão bem descritos pela psicologia Mas à explicação construtiva desses mesmos mecanismos que nos permitem viver é necessário acrescentar a sua função responsável de manter dependendo das circunstâncias a aceitação dos aspectos negativos que podem tornar a nossa vida difícil senão insuportável Novamente como no caso das teorias de atribuição desenvolvidas paralelamente a estas descrições a psicologia da cognição social estuda aspectos que permitem explicar desde o nível psicológico formas complexas de comportamento social que no caso das comunidades é necessário conhecer para poder ser capaz de trabalhar como propõe a psicologia social comunitária pela transformação social Moscovici 1981 ao falar da ancoragem do processo de representação social fala da familiarização do estranho menciona os mecanismos de classificação categorização rotulagem nomeação e explicação que sujeitos a uma lógica específica permitem assumir o estranho ao fazêlo o familiar isto é aproximandoo através dos mecanismos indicados do que já é conhecido tornandoo semelhante ao que é conhecido Tal cadeia de eventos cognitivos leva a ancorar o conhecimento assim estruturado ao conhecimento já existente objetificandoo Esta última condição segundo Moscovici 1981 198 satura o conceito desconhecido com a realidade transformandoo num bloco de construção da própria realidade 125 Processos psicossociais comunitários Maritza Montero Machine Translated by Google A problematização leva então à desnaturalização pois ao problematizar o caráter essencial e natural atribuído a determinados fatos ou relações revelamse suas contradições bem como seu caráter vinculado a interesses sociais ou políticos e suas limitações no que diz respeito à capacidade de avançar ou para superar situações negativas ou limitantes Quando as necessidades e os recursos das comunidades são detectados e priorizados na psicologia comunitária como um primeiro passo nos programas de pesquisaintervenção a problematização e a desnaturalização são processos psicossociais intrínsecos ao processo E os passos necessários para fazer essa identificação essa hierarquização e avaliação de necessidades e recursos problematizando e revelando o caráter socialmente construído bem como os interesses envolvidos nessa construção naturalizadora fazem parte de um processo de conscientização ou conscientização como pode também pode ser lido em alguns autores2 A conscientização é entendida como o processo de mobilização da consciência de caráter libertador no que diz respeito a situações fatos ou relações causas e efeitos até então ignorados ou despercebidos mas que impactam de forma que os sujeitos desse processo consideram negativo Segundo Barreiro 1974 é a aquisição da consciência de si mesmo como pessoa numa sociedade com a qual está comprometido porque nela interage É a consciência da natureza dinâmica das relações que se tem com o mundo e é também a consciência da própria capacidade crítica em relação a elas e da situação negativa em que se vive Tal forma de consciência supõe um modo de saber que leva ao compromisso da pessoa com a sociedade em que vive no sentido de que nela assume o seu papel ativo que deixa de ser alguém que segue o fluxo que se submete sem hesitação e sem análise sem pensar às opiniões das pessoas do seu ambiente imediato ou dos líderes da sociedade em que vive É tornarse alguém comprometido com a construção diária dessa realidade exercendo direitos e assumindo deveres com relação aos quais você sabe por que e por que os contratou Tanto o processo de conscientização quanto o processo de desnaturalização a ele vinculado são de natureza crítica Não é possível desnaturalizar um estereótipo um lugarcomum uma crença tradicional e firmemente enraizada uma norma um hábito ou em geral uma forma de comportamento cuja presença na vida quotidiana só se explica porque é assim que as coisas são ou porque é assim que as pessoas se comportam ou porque é assim que sempre se fez se não houver um processo de crítica que submeta o assunto em questão à revisão discussão e análise revelando os mecanismos de poder que fixaram esse modo de ser fazer ou compreender caráter natural relacionado a determinados fenômenos refletindo sobre suas causas e consequências de tal forma que como diz o próprio Freiré 1970 85 o objeto cognoscível em vez de ser o termo do ato cognoscente de um sujeito é o mediador de sujeitos cognoscentes Nesse sentido a problematização produz uma mobilização do campo cognitivo Conscientização e desideologização No campo da educação popular Freiré 1973 1979 Barreiro 1974 onde surge o conceito falase em tomada de consciência que envolve sempre uma mudança de consciência que leva a afastarse da realidade negativa ou insatisfatória desejado ou positivo possível percebendo 126 O Dicionário da Língua Espanhola da Real Academia Espanhola na sua vigésima segunda edição de 2001 inclui ambos os termos As traduções espanholas de Freiré usam o termo consciência As ciências sociais latinoamericanas que difundiram analisaram enriqueceram e aplicaram o conceito utilizam a palavra conscientização que passou para o inglês como conscientização substituindo a expressão conscientização Maritza Montero Processos psicossociais comunitários 2 Machine Translated by Google A sensibilização é um processo contínuo sujeito à forte pressão da influência das tendências dominantes que na medida em que emanam de grupos com poder estabelecido envolvem não só o contraste de ideias mas ainda mais o uso de numerosos meios repressivos Portanto a mobilização de consciência e o compromisso não são imperecíveis imutáveis não ocorrem de uma vez por todas e para sempre mas evoluem de acordo com a vida e as conquistas da comunidade de acordo com as influências e pressões que podem ser recebidas Problematização vista a partir da práxis a perspectiva dos agentes internos O conceito de consciência tem sido levantado por todos os seus promotores como produto da práxis comunitária não só no âmbito psicológico mas desde os seus primórdios na sociologia Fals Borda 1959 1978 na educação popular Freiré 1964 1970 Barreiro 1974 1976 e em psicologia política MartínBaró 1983 Recentemente a pesquisa para a tese de bacharelado de Cerullo Cerullo e Wiesenfeld 2001 teve como objetivo investigar como o fenômeno da consciência se manifesta em algumas pessoas pertencentes a grupos organizados em uma comunidade Os resultados obtidos nesta pesquisa mostram que nas sete pessoas entrevistadas entrevistas abertas focadas em profundidade no trabalho comunitário estão presentes aspectos já descritos na literatura sobre o conceito Assim as pessoas participantes da pesquisa demonstraram a Sentido de sua existência no mundo que produz 127 Esta mobilização tem um carácter libertador e implica uma posição política no sentido amplo do termo Ou seja no sentido de ser um cidadão consciente E como implica um processo de produção de conhecimento que leva à revelação de causas ao estabelecimento de ligações e ao levantamento do véu de ignorância necessário à manutenção de um estado de coisas implica um processo de desideologização Isto é entendido como a construção e reconstrução de uma consciência integral não fracionada por meio da qual se produz uma compreensão do mundo em que se vive e das circunstâncias da vida no que é totalidade Nos processos de problematização desideologização e conscientização residirá a possibilidade de mudanças tanto esperadas quanto inesperadas dependendo se ocorrem em uma relação intencional ou como parte de algum processo específico que pode ocorrer em uma comunidade grupo ou pessoa em sua vida experiências Envolve também o desenvolvimento de uma perspectiva crítica através do diálogo Crítico no sentido de que é reflexivo analítico observador e problematizador das relações entre fenómenos e circunstâncias assumidas e aceites e as submete ao exame e à discussão que permitem a integração do julgamento e dos factos A consciência crítica assim gerada substitui o que Vieira Pinto 1960 chamou de consciência ingênua que se considera superior aos fatos dominandoos por si e por isso se julga livre para compreendêlos como melhor lhe convier Afasta também a consciência mágica que capta os factos mas lhes confere um poder superior a si razão pela qual os teme e se submete Freiré 1969 102 constituindo assim uma nova forma de alienação a pessoa que existe uma situação de opressão Goldmann 1970 1972 Destaco aqui o uso do termo mobilização que prefiro à conscientização pois todos os seres humanos têm consciência Tratase portanto de suscitar uma mobilização transformadora do conteúdo da consciência e não de gerar uma consciência onde não existia E esse processo ocorre na pessoa pela sua reflexão e ação não é obra de imposição de mãos ou ideias de um agente externo ao qual são atribuídos poderes especiais Maritza Montero Processos psicossociais comunitários Machine Translated by Google O processo de conversão A relação entre conversão consciência e influência social Contudo a questão não é simples Na nossa prática psicossocial comunitária temos observado que o processo de conversão pode ocorrer de duas maneiras da comunidade como minoria ativa para a maioria dominante e também desta para setores ou membros da comunidade que também podem mudar inconscientemente os seus hábitos de pensar e agir É claro que a ideia de conversão negativa do foco dominante que se opõe à mudança para o grupo inovador é desesperadora mas não definitiva O que nós temos Esses resultados mostram que no processo de mobilização da consciência conscientização dos participantes de grupos organizados em comunidade e nos estudos baseados na práxis realizados pelos criadores e posteriores aplicadores do conceito os mesmos elementos estão presentes Isto não é surpreendente uma vez que a investigação acção comunitária e os processos de participação realizados na comunidade onde a investigação foi realizada se basearam em valores e princípios que orientaram a psicologia comunitária desde os seus primórdios ver capítulo 5 Mas vale a pena notar que algumas das pessoas entrevistadas têm um histórico de participação comunitária antes destas intervenções E daí se deduz que o caráter dialógico de respeito abertura e liberdade além de estar voltado para os interesses da comunidade fortalece desenvolve e também gera processos de sensibilização Paicheler e Moscovici 1984 Moscovici e Mugny 1987 Papastamou 19801981 Doise 1987 Ibáñez 1987 Huguet Nemeth e Personnaz 1995 entre outros autores estudaram o processo de conversão fenômeno psicológico pelo qual de forma sutil se produz uma mudança nos processos de conhecimento e percepção através dos quais os pontos são adotados implicitamente ou as respostas de outro É a passagem de uma crença considerada falsa para uma verdade presumida e uma mudança de comportamento Doise 1987 23 Ou como acrescenta Touraine 1973 a conversão envolve uma ruptura com a experiência passada O processo tem sido estudado como produto da influência de uma minoria ativa que introduz uma inovação luta por ela e mesmo quando não é vitoriosa conseguea através daquele processo de instilação inconsciente que ocorre na troca de ideias mesmo beligerante que suas propostas sejam parcialmente e às vezes totalmente aceitas embora as pessoas que propõem mudanças nem sempre sejam bem recebidas podem até sofrer por isso Isto significa que mais do que um triunfo pessoal é um sucesso de ideias que beneficia um grupo ou setor social b Solidariedade o que os levou a se organizarem como um grupo dentro da comunidade c Compromisso com a ação e superação de situações negativas d Caráter histórico dinâmico e circunstancial Cerullo e Wiesenfeld 2001 21 do processo vinculado ao curso de vida daqueles participantes e Relação entre ação e reflexão F Caráter dialógico das relações entre os entrevistados e os agentes externos à comunidade à Consciência das necessidades a2 Consciência da necessidade de se organizar para satisfazêlos para 3 Sentido de responsabilidade e corresponsabilidade 128 Processos psicossociais comunitários Maritza Montero Machine Translated by Google Numa comunidade problematizada desideologizada em relação a determinadas circunstâncias e explicações naturalizadas a força da consciência estruturada no grupo ou comunidade pode levála a suscitar decisivamente o conflito que oporá as suas ideias e as suas reivindicações ao grupo à instituição ou em geral a maioria3 que no exercício do seu poder pode muitas vezes oporse explicitamente ou utilizar os recursos necessários para uma oposição implícita A consciência crítica também pode permitir à comunidade confrontar grupos maioritários que aparentemente aceitam uma proposta para depois combatêla através de acções contrárias a ela ou que introduzindo desvios ou intervenções destinadas a mudar o seu rumo tentam conduzir a comunidade no caminho certo direção adequada para o mainstream Da mesma forma essa consciência permite que a comunidade produza os argumentos e as ações para expressar comunicar e divulgar suas ideias que ao contrário do que expressam muitos críticos do trabalho comunitário vão além de exigir demandas sociais ação aliás nada desprezível São estas ações que dão caráter político ao desenvolvimento e organização comunitária constituindo uma alternativa cidadã ao partidarismo indiferente corrupto e distorcido do sistema democrático uma alternativa de organização social e novas formas de exercício da democracia Montero 1998b 2003b 2003c Essa tensão não irá desaparecer Certas situações são superadas avanços importantes são obtidos mas as situações quando transformadas geram novas formas de dissidência e inovação e também novas formas de opressão Por isso é necessário trabalhar com as comunidades para transformar as suas fraquezas em pontos fortes e fazer dos seus pontos fortes instrumentos adequados para mudar as coisas para que saibam reconhecer os seus recursos olhandoos a partir de perspectivas diferentes daquelas consideradas naturais formas de ação e para que reconheçam também as formas de conversão e os mecanismos habitualmente utilizados para dar origem a essas vias de ação censura ameaça psicologização desqualificação baseada em critérios psicológicos por exemplo ser instável ser auto consciente ser louco sociologização desqualificação baseada em critérios sociais por exemplo ser pobre ser indiano não ter educação formal e a negação do que o outro faz ou é capaz de fazer O que se observa é que entre maiorias e minorias existe uma tensão dialética que exerce continuamente pressão de ambos os lados Montero 1994c 1998b 2003b E isso é típico da vida social Quando a comunidade se mobiliza para defender os seus interesses ou alcançar os seus objectivos poderá ter de confrontar interesses opostos de grupos poderosos É possível que em tais situações algumas comunidades como foi dito Montero 1994c 1998b gerem movimentos organizados e constituam uma minoria activa De acordo com a teoria das minorias ativas proposta originalmente por Moscovici 1979 e posteriormente desenvolvida por Mugny 1981 Mugny e Pérez 1986 Moscovici e Mugny 1987 Papastamou 1983 1987 e Doise 1987 entre outros quando o conflito é gerado com uma minoria ativa à qual acrescentamos o complemento da consciência iniciase um processo dinâmico de confronto de forças entre a maioria dominante da oposição e a ação insistente do grupo inovador que é visto como diferente resistente às pressões sociais e com pouca ou nenhuma legitimidade com pouca ou nenhuma credibilidade e ainda como dissidente em relação à norma esperada e desejada da posição majoritária A resistência e a dissidência conferem ao grupo minoritário assertividade relativamente às suas próprias razões ao mesmo tempo que fortalecem a consciência que apoia a necessidade de reivindicar ou propor o que é justo o que é apropriado O processo de desenvolvimento da consciência a construção pelo grupo dessa consciência tanto de si como para si no sentido de que 129 Maioria é entendida como o conceito consagrado nas ciências sociais grupo de e com poder não o mero denotação quantitativa Processos psicossociais comunitários Maritza Montero 3 Machine Translated by Google É esta consciência que leva à produção daquilo que Vieira Pinto chama de actos limites ou seja aqueles que se dirigem à superação e à negação do que foi concedido em vez de implicarem a sua aceitação dócil e passiva cit in Freiré 1970 116 e que permitem a superação de situações extremas sobre as quais é necessário agir e produzir as transformações necessárias As situaçõeslimite são entendidas como aquelas em que as pessoas se deparam com barreiras obstáculos ou pressões de tal tipo que não podem mais aceitálos suportálos ou escondêlos e cuja natureza insuportável deve ser combatida com atos extremos que lhes permitam ser superado Estes por mais arriscados que sejam nunca serão tão repulsivos quanto aqueles São então circunstâncias de vida nas quais não sendo mais possível continuar sendo objeto de sua negatividade a ficção da naturalidade se desfaz de modo que nenhum dos mecanismos adaptativos e ideologizantes funcionam mais dado que o caráter negativo daquelas circunstâncias tornálos absolutamente insuportáveis Constituem o limite daquilo que se está disposto a aceitar e induzem a cometer atos extremos Esse conceito proposto por Vieira Pinto 1960 tem origem na filósofa alemã Kari Jaspers que concebe os atos limites como intransponíveis e portanto paralisantes Mas tal como são assumidas por Vieira Pinto tornamse a verdadeira margem onde começam todas as possibilidades 1960 2 64 Ou seja o ponto de corte onde não há recuo onde só existe a possibilidade de se transformar ou desaparecer Mas não devemos esquecer que tal como a comunidade organizada pode ser uma fonte de influência transformadora a situação social dispõe de vários mecanismos de defesa alguns capazes de engolir as reformas ou mudanças propostas pelas minorias aceitandoas e ao mesmo tempo distorcendoas e adaptandoas atendêlos aos seus próprios interesses para que não ocorram as mudanças desejadas pelas comunidades Ibáñez 1987 234 alerta sobre esse perigo quando diz A ação dissidente e divergente persistente consistente e resistente da comunidade organizada como minoria ativa pode produzir na maioria o que tem sido chamado de fenômeno de conversão Este conceito aplicase a mudanças que ocorrem mas só são percebidas muito depois de terem sofrido uma influência minoritária Moscovici e Mugny 1987 2 de tal forma que uma ideia é aceite mas sem necessariamente aceitar o seu autor Isto explica porque por vezes a acção comunitária produz repressão imediata ou respostas negativas mas ao mesmo tempo a ideia ou reivindicação é adoptada pela maioria com poder de decisão e implementada como parte das suas políticas sem reconhecer a influência minoritária Nestes casos é necessário que a comunidade reflita sobre os efeitos das suas ações e estabeleça vínculos de influência a fim de evitar os efeitos desmobilizadores que a repressão e a desqualificação recebidas poderiam ter Na nossa experiência a intervenção das redes sociais pode ter um efeito positivo pois por um lado dão visibilidade às reivindicações e ações da comunidade e por outro constituem por si só uma forma de reconhecimento e recompensa social membros além de constituir uma forma de registro público da origem de ideias e transformações permite la generación del compromiso de los miembros respecto de los objetivos y las acciones para lograrlos y la convicción razonada de las metas a alcanzar y los medios a emplear necesitan del fortalecimiento de la identidad grupa 1 que se logra a través del proceso de concientización antes mencionado O jogo dialético entre pressão social conversão e conscientização a sociedade é de tal natureza que os seus mecanismos reguladores são ao mesmo tempo reprodutores e modificadores do que já está estabelecido a natureza da situação é 130 Processos psicossociais comunitários Maritza Montero Machine Translated by Google Poderíamos dizer que no processo de construção social do conhecimento e da realidade existe uma tensão constante Por isso as ações que visam alcançar a construção da consciência mobilizandoa para a crítica devem ser múltiplas variadas e mantidas ao longo do tempo pois cada membro do grupo ou comunidade está sujeito à pressão conservadora do status bem como o que eles faça a respeito sinta o ataque da mudança O conceito de conversão faz parte daquilo que na teoria das minorias activas é conhecido como influência social inconsciente mas como propomos aqui supõe uma interacção entre consciência e nãoconsciência O que a psicologia social comunitária propõe se manifesta não apenas por meio de ações e verbalizações mas também entra no campo da consciência É disso que trata o processo de conscientização Então um grupo ou comunidade com consciência crítica em relação às suas condições materiais de vida pode assumir a liderança do seu destino e das ações concomitantes alcançando os seus objetivos e em casos extremos tornandose uma minoria ativa ou gerando um movimento social Tanto nos grupos maioritários como nos minoritários há pessoas que tomam consciência da incoerência entre a sua posição passada e as suas opiniões actuais e esta interação também faz parte da vida social e deve ser tida em conta especialmente quando se trata de processos psicossociais que ocorrem em uma comunidade que precisa encontrar ou recuperar dentro de si a capacidade de transformar o seu ambiente e os seus membros Por outro lado quando falamos de minorias ativas e lembramos das suas características de insistência persistência resistência dissidência esse aspecto heroico nos faz pensar em grupos muito homogêneos muito claros muito unidos que atuam em bloco Quando os psicólogos comunitários vão trabalhar no terreno encontramos pessoas que respondem plenamente a estas características Também descobrimos que fazem isso por um certo tempo e encontramos outros que o fazem às vezes esporadicamente até mesmo com relutância Há tudo em uma comunidade A comunidade não é uma pequena legião marchando no mesmo ritmo É heterogêneo mutável dinâmico E o maravilhoso é que a mudança nasce dessa diversidade Por isso é preciso lembrar que há consciência e que através dela as conversões inconscientes adquirem expressões militantes explícitas que produzem transformações claramente discerníveis nas pessoas e nos grupos E lembrese ao mesmo tempo que a evolução social tem um significado no qual as inovações estão inscritas o que explicará por que algumas só são compreendidas ou aceitas às vezes muito tempo depois de terem sido produzidas Consciência e inconsciência nos processos de mudança social Há portanto uma dialética baseada na tensão entre consciência conversão e pressão conservadora Montero 1998b 2003b Você pode lutar pela mudança com ousadia assumindo inúmeros riscos enfrentando perigos e obtendo certas conquistas Podese também passar para a passividade evoluir para formas de conservadorismo e sair delas novamente para analisar as mudanças ocorridas e a situação que as seguiu sem que isso signifique que uma vez alcançado um nível de compromisso participação e consciência estes serão ser mantido imutável preservado mas a sua constante evolução está igualmente assegurada Afetividade nos processos psicossociais comunitários 131 Trabalhar com comunidades não é fácil nem simples Horários e datas dependendo de muitas pessoas com ocupações muito variadas exigem trabalhar em horários em que poderíamos Processos psicossociais comunitários Maritza Montero Machine Translated by Google Mas a minha experiência e a de muitos colegas é que trabalhar com comunidades é cheio de surpresas piadas risos e embora também haja dores e carências esses sentimentos não são os únicos expressos pelas pessoas que os sofrem Um dos aspectos fortalecedores do trabalho psicológico comunitário é a jovialidade o bom humor e a alegria com que muitos membros da comunidade engajados em projetos comunitários assumem tarefas se preparam para realizálas tomam decisões importantes e discutem os resultados obtidos A visão considerada objetiva subtrai esses aspectos dos documentos produzidos no trabalho comunitário reduzindoos a histórias ou enumerações desprovidas da motivação advinda dos afetos ou no esforço de eliminação da afetividade e principalmente quando se trabalha com pessoas de baixos recursos econômicos a felicidade e a alegria são apagadas e os aspectos negativos são exagerados Uma consequência disto pode ser vista nas descrições das comunidades como entidades doentes ou fracas e incapazes de se encarregarem da sua transformação capítulo 7 Esses desenhos vieram de jovens nascidos no bairro e moradores do mesmo A quinta foi feita por uma pessoa que não pertencia ao bairro figura de autoridade pela profissão e pelos estudos mas que ali residia há muito tempo embora já não o fizesse O desenho desta pessoa apresentou uma visão que os participantes descreveram como pessimista do grupo um Porém na maioria dos relatórios de trabalho comunitários e também de outros ramos a parte alegre dá lugar ao doloroso ou ao glorioso pois neles a ênfase costuma ser colocada nos aspectos metodológicos no difícil dados qualitativos ou quantitativos e na discussão e nos resultados obtidos desprovidos de qualquer referência às características do processo realizado aos seus altos e baixos e à relação gerada entre agentes externos e internos Toda a parte atraente motivadora lúdica alegre bemhumorada original criativa brilhante divertida e emocional desaparece E as adversidades e dificuldades também tendem a evaporar Talvez isto aconteça porque o cognitivo é visto como o racional e portanto de acordo com o paradigma que foi dominante até muito recentemente como superior provavelmente porque a ligação somática das emoções ligadas à afetividade quase sempre incontrolável é responsável pela sua má reputação A supressão da afetividade não é um problema exclusivo da psicologia comunitária pois parece ocorrer em todas as áreas da psicologia e em geral é um mal dos cientistas que aparentemente para serem considerados graves acreditam que devem matar seus leitores com tédio ou eliminar suas histórias e descrições dos aspectos cotidianos nos quais basearam suas pesquisas estar em casa ou em ocupações alternativas e menos exigentes Tudo isto é sabido e não se trata aqui de fazer uma ladainha das dificuldades nem de pedir desculpa pela tarefa mas de acrescentar outra condição a esse trabalho a parte emocional Com efeito uma característica do trabalho com comunidades é que normalmente é acompanhado de alegria simpatia e em geral afetividade positiva embora também haja afeto negativo mas não na proporção de afetos positivos Um exemplo do que foi dito acima é o que aconteceu com alguns estudantes que realizavam uma pesquisa participativa com um grupo comunitário espirituoso de um bairro de baixa renda da cidade de Caracas que havia sido estabelecido como um grupo de apoio para outros grupos organizados da comunidade dedicado a resolver problemas e satisfazer as necessidades da própria comunidade Como parte do processo de consolidação e autoconhecimento do grupo foi realizado um exercício em que cada integrante deveria fazer uma representação gráfica do grupo Dos cinco desenhos produzidos quatro representavam um grupo unido feliz afetivo capaz de resolver problemas León e Montenegro 1993 149 132 Processos psicossociais comunitários Maritza Montero Machine Translated by Google As falhas também foram reconhecidas mas em meio a um ambiente energizante impulsionando o comprometimento e a criatividade A visão negativa da comunidade faz parte embora possa estar relacionada a outros fatores também da não visão do que é afetivo da incapacidade aprendida de aceitar emoções No exemplo em questão o autor do desenho desqualificante sentiuse muito afetado ao comparar seu desenho com os demais e ao ouvir os comentários do grupo Essa emoção perturbadora provavelmente lhe ensinou algo sobre seu relacionamento com o grupo e a comunidade bem como sobre a imagem que ele tinha deles Ter manifestado o valor do carinho para a vida do grupo e para a execução das suas tarefas é um exemplo da importância que o afeto tem para a vida quotidiana A psicologia parece ter esquecido essa condição motivadora da afetividade apesar de Henri Wallon na primeira metade do século XX 1934 apontar que o relacionamento afetivo é uma necessidade humana moldada durante o processo de socialização em que Orientações e estabelecem se normas que moldam as formas de expressar essa relação que está ligada à sensibilidade e influencia a ação e a aprendizagem Segundo este autor a expressão das emoções necessita sempre do outro e precisa suscitar no outro reações semelhantes ou recíprocas e inversamente tem uma grande força de contágio no outro Wallon 19341964 85 Esta união com a sensibilidade expressa uma experiência primária nas pessoas uma experiência fundadora sempre presente de base biológica e expressa socialmente mulher feia e triste que representa o grupo tem dúvidas sobre seu futuro Tu bi ou não tu bi4 e se vê contemplando o céu utopia liberdade ar sonhos León y Montenegro 1993 149 Tal representação foi rejeitada pelos demais participantes O interessante é que este exemplo revela que mesmo quando os problemas da vida cotidiana são discutidos em circunstâncias precárias as pessoas podem ter não apenas uma boa opinião de si mesmas o que é necessário para poder promovem e executam transformações mas também o fazem com base em afetos positivos que lhes permitem ver seus recursos imateriais Neste caso foram mencionados A união entre os membros do grupo O clima de alegria festa e conhecimento mútuo O método utilizado para trabalhar O cumprimento dos compromissos assumidos A afetividade e receptividade e o facto de sentir que as opiniões pessoais foram tidas em conta León e Montenegro 1993 149150 E o que se entende por afetividade León e Montenegro 1993 1998 definemno como o conjunto de estados e expressões emocionais localizados dentro de um continuum cujos pólos são gostar e não gostar através dos quais o indivíduo está envolvido numa relação consigo mesmo e com o seu ambiente 1993 68 Os afetos são construídos psicossocialmente e incluem emoções que são reações afetivas momentâneas de grande intensidade com manifestações neurovegetativas por exemplo dispneia sudorese tremor rubor com expressões socialmente codificadas e também sentimentos que são estados afetivos relativamente duradouros e de curta duração ao mesmo tempo modificável ao longo do tempo Markus e Kitayama 1994 339340 dão uma definição socialmente integrada das emoções que compõem a afetividade quando dizem que são um conjunto de roteiros socialmente compartilhados compostos por processos fisiológicos e que são expressos subjetivamente através de comportamentos que eles adaptamse e ajustamse ao seu ambiente sociocultural e semiótico imediato 133 Essa frase que utilizava grafia fonética foi colocada em uma pequena placa acima da cabeça da figura fazendo com que referência à perplexidade do Hainlet de Shakespeare Processos psicossociais comunitários Maritza Montero 4 Machine Translated by Google Como podemos ignorar a afetividade quando vemos os múltiplos trabalhos do afeto no cotidiano do trabalho comunitário Ou as manifestações causadas pelo medo A afetividade intervém no desenvolvimento do que se chama de sentido de comunidade e na construção coletiva de outra noção que inclui a anterior identidade comunitária bem como nas formas de rejeição da comunidade Os afetos estão igualmente presentes na geração de movimentos de protesto e mudança ou na constituição de grupos organizados dentro das comunidades E é a paixão que pode fazer com que uma comunidade se torne uma minoria activa quando se trata de defender algo que toca profundamente esse processo unitário que amalgama cognição emoçãoacção Isto é algo que alguns psicólogos comunitários e outros investigadores sociais reconheceram Por exemplo Agnes Heller 1980 disse que agir pensar sentir e perceber constituem um processo unificado e Lane e Sawaia 1991 referiramse à necessidade de introduzir a paixão na investigação científica uma vez que conhecer com paixão é comprometerse à realidade e permite a compreensão que conduz ao conhecimento 1991 83 No campo da sociologia crítica Fals Borda na sua Dupla História do Litoral procurou manter o carácter holístico da orientação fenomenológica colocando ao lado das páginas que continham o relato científico as correspondentes descrições fenomenológicas nas quais ele coletou suas anotações e impressões e sentimentos e em geral os aspectos que geralmente são deixados de lado5 Sawaia em seu cuidadoso estudo psicossocial da obra de o filósofo Spinoza 1999 2004 no prelo recupera para a psicologia a noção espinosiana da bondade das paixões que livram a monotonia e neutralizam a inércia dando interesse e sentido às nossas vidas motivando a ação Assim a felicidade e o sofrimento públicos e privados são o centro da práxis psicossocial que luta contra a exclusão e a submissão questões que tocam o trabalho comunitário A indiferença e a suposta neutralidade descomprometida não levam à transformação social É por esta razão que o estudo da afetividade e das formas como ela se expressa na prática são tão importantes na psicologia comunitária Como pensar na participação comprometida e no comprometimento participativo nos efeitos da tomada de consciência sem considerar a emoção de perceber que é possível ver as coisas por outros ângulos entender por que aquilo que se acreditava essencial e imutável pode sofrer mutações que tudo pode mudar inclusive nós mesmos O importante é que a afetividade é um aspecto constitutivo da atividade humana que se expressa nos inúmeros atos da vida cotidiana Nesse sentido o trabalho comunitário ao propor processos de problematização de desnaturalização que levam à desideologização de conscientização deve necessariamente levar em conta a parte afetiva de tais processos Afeto consciência e ação estão relacionados e é somente por um ato de prestidigitação teórica que podemos separar o cognitivo o afetivo e o conativo E assim é porque como destacou Agnes Heller 1980 a afetividade permite antecipar no sentido de selecionar e motivar o que queremos saber e fazer Acompanha a acção e o conhecimento e deriva das transacções ou relações que as pessoas mantêm com o seu ambiente A isto Harré e Parrott 1996 acrescentam as seguintes funções das emoções presentes na afetividade induzir atividade e facilitar o controle social uma vez que as emoções negativas estão relacionadas com normas e costumes sociais destinados a agir da mesma forma eles 134 Tal prática não tem sido apoiada e na verdade não é fácil de ler embora a importância do objectivo pretendido seja cada vez mais reconhecido Processos psicossociais comunitários Maritza Montero 5 Machine Translated by Google Os efeitos da afetividade estão resumidos na tabela 10 135 Funções da afetividade Gráfico 5 Tabela 10 Afetividade e processos psicossociais comunitários A afetividade intervém em todo o trabalho comunitário e é particularmente evidente nos seguintes processos Participação Compromisso Problematização Deideologização Reflexão e avaliação Formação de identidades comunitárias e sentido de comunidade Rejeição da comunidade Geração de movimentos de resistência e protesto Dinamização da acção comunitária Processos psicossociais comunitários Maritza Montero Machine Translated by Google Por fim fazse referência à importância de considerar a afetividade em todos os processos mencionados e no trabalho psicológico comunitário em geral mostrando suas funções e sua união indissolúvel com os aspectos cognitivos e de ação León M e Montenegro M 1998 Retorno da emoção na pesquisa comunitária psicossocial Journal of Community Psychology 26 3 219227 Este artigo faz uma análise bem informada da afetividade e dos processos psicossociais e mostra um exemplo da práxis comunitária dos autores Montero M 2003 Teoria e prática da psicologia comunitária A tensão entre comunidade e sociedade Buenos Aires Paidós Ver Capítulo 4 Atividade e Resistência na Comunidade pp 119142 Ali são discutidos os processos de influência e resistência social Perguntas para refletir sobre os processos psicossociais comunitários Como saber quem é ideologizado e por quê O processo de conversão não é bom nem mau faz parte do jogo de forças que ocorre entre as comunidades e a sociedade entre diversas formas de pressão e tensão e faz parte do jogo dialético entre elas e o processo de tomada de consciência Por isso também se estuda a influência da consciência e a presença da inconsciência nos processos de mudança social Leitura adicional Este capítulo trata especificamente dos fenômenos psicossociais comunitários habituação familiarização problematização desideologização naturalização e desnaturalização conscientização e conversão Cada um deles é analisado mostrando como atuam na comunidade e quais são seus efeitos No caso da habituação analisase também a noção de habituação considerando que configura estruturas estáveis de comportamento não discutidas ou assumidas conscientemente que são fundamentais para o surgimento de processos como a habituação a naturalização e a ideologia Assim mostrase como existem processos que tendem a manter um determinado estado de coisas e como existem outros problematização desnaturalização desideologização conscientização que buscam romper com a tendência dificultadora das transformações comunitárias Este tipo de processos transformativos ocupa um lugar importante no trabalho psicológico comunitário e constitui de facto o seu núcleo central porque enquanto um modo de vida de ser de ser é considerado negativo ou indesejável mas ao mesmo tempo é visto como inevitável pode haver pouco que possa ser feito para mudar isso Por isso é necessária a problematização e com ela o movimento de reflexão que revela a relação entre conversão consciência e influência social Resumo Como se distinguem situações ou ideias naturalizadas de comportamentos e opiniões correspondentes a padrões culturais Como se expressa a afetividade nas comunidades com as quais você trabalha Como você mesmo expressa isso 136 Montero M 1991a Conscientização conversão e desideologização no trabalho psicossocial comunitário Boletim AVEPSO XIV 1 312 Este artigo analisa os processos discutidos neste capítulo e dá exemplos da prática Processos psicossociais comunitários Maritza Montero Machine Translated by Google Ao se deparar com uma situação prejudicial perigosa ou difícil presente numa comunidade mas não claramente percebida pelos seus membros pense nas perguntas que você poderia fazer às pessoas dessa comunidade para facilitar um processo de problematização Peça às pessoas com quem você trabalha em um projeto ou programa comunitário agentes externos e internos que pensem em situações relacionadas ao assunto ou problema discutido para indicar formas de naturalização Faça isso também Analise reflexiva e criticamente suas produções no grupo Exercícios de problematização sobre processos psicossociais comunitários e mudança social Observe quais expressões afetivas facilitam ou bloqueiam os processos comunitários de que forma essas expressões se manifestam e que efeito têm nos participantes 137 Processos psicossociais comunitários Maritza Montero Machine Translated by Google Mudança social É o movimento de recriação permanente da existência coletiva Sawaia 1998 Comprometimento A consciência e o sentimento de responsabilidade e obrigação em relação ao trabalho e aos objetivos de um grupo comunidade projeto ou causa que leva a pessoa a acompanhálos agir e responder a eles pelas ações realizadas A força da intenção de atingir um objetivo ou adesão pessoal à sua busca Klinger 2000 Comunidade Grupo social dinâmico constituído e desenvolvido histórica e culturalmente preexistente à presença de investigadores ou intervenientes sociais em constante transformação e evolução a sua dimensão pode variar que na sua frequente interrelação marcada pela ação afetividade conhecimento e a informação gera sentimento de pertencimento e identidade social tomando consciência de si mesmo e fortalecendo a capacidade de organização como unidade social e como potencial desenvolvendo e utilizando recursos para atingir seus objetivos Analéctica anadialéctica Extensión de la dialéctica que permite incluir en la totalidad formada por la tesis su antítesis y la síntesis de ambas la diversidad y extrañeza del otro no imaginado que al entrar en esa relación la enriquece y amplía al mesmo tempo Momento do método dialético que prioriza o que está além da totalidade Dussel 1988 Autonomia do grupo princípio de Capacidade dos grupos comunitários organizados e de todos os membros da comunidade que desejam participar de decidir organizar e realizar ações com orientação democrática utilizando suas capacidades recursos e potencialidades materiais e espirituais bem como os recursos externos que podem e desejam obter Fals Borda 1959 Atos limites Aqueles que visam superar e negar o que é socialmente concedido em vez de aceitálo docilmente e passivamente permitindo assim a superação de situações limites sobre as quais devem ser tomadas ações e produzidas as transformações necessárias Ou seja são aqueles atos produzidos diante de circunstâncias insuportáveis em condições em que a comunicação habitual a palavra verbal ou escrita as formas alternativas de resolver o problema já não são suficientes Isto é quando você não consegue mais fazer isso Glossário de termos usados em psicologia comunitária Conversão Processo sutil de modificação cognitiva ou perceptual pelo qual uma pessoa continua a dar sua resposta habitual ao adotar implicitamente os pontos de vista ou respostas de outros Estas mudanças só passam a ser percebidas muito depois de a pessoa ter sido exposta a uma influência de tal forma que uma ideia é aceite mas sem necessariamente aceitar o seu autor Negação É a recusa em conceder plausibilidade a um fato ou afirmação expressa por uma minoria Os argumentos utilizados pelos adversários o seu discurso as suas razões são atacados privandoos da razão da coerência e desvalorizandoos para reduzir ou anular a sua possível influência social Conscientização É o processo contínuo de mobilização da consciência de caráter libertador em relação a situações fatos ou relações causas e efeitos até aquele momento ignorado ou despercebido que leva a passar do real ao possível e perceber que existe uma situação considerada negativa Representa uma posição política no sentido amplo do termo Dedicação ou obrigação de um indivíduo para com a vida ou a sociedade através da realização de objetivos significativos Brickman 1987 ou socialmente compatíveis 138 Glossário de termos usados em psicologia comunitária Machine Translated by Google Dimensão epistemológica da psicologia comunitária Conexão complexa em que sujeitosobjetos conhecedores do conhecimento produzem conhecimento por meio das relações que estabelecem Dimensão ética da psicologia comunitária Referese à definição do Outro e à sua inclusão na relação de produção de conhecimento ao respeito por esse Outro e à sua participação na autoria e propriedade do conhecimento produzido Dimensão metodológica da psicologia comunitária Abrange as formas utilizadas para produzir conhecimento que na psicologia comunitária tendem a ser predominantemente participativas embora outras formas não sejam excluídas Dimensão ontológica da psicologia comunitária Diz respeito à natureza e definição do sujeito cognoscente que na psicologia comunitária envolve tanto agentes externos pesquisadores psicólogos como também os membros das comunidades cuja natureza produtora de conhecimento é reconhecida Desnaturação Exame crítico das noções crenças e procedimentos que sustentam os modos de fazer e compreender no cotidiano de tal forma que o que é naturalizado seja despojado de sua naturalidade mostrando seu caráter construído Consiste em problematizar o carácter essencial e natural atribuído a determinados factos ou relações revelando as suas contradições bem como a sua ligação com interesses sociais ou políticos Devolução sistemática Procedimento dialógico que implica que o conhecimento produzido pelos agentes externos e internos seja objeto explícito de reflexão e discussão conjunta incorporando assim o conhecimento popular no conhecimento psicológico e informando as pessoas da comunidade sobre o que tem sido feito pelos agentes externos agentes no trabalho realizado Deideologização Construção e reconstrução de uma consciência integral e não fracionada por meio da qual se produz uma compreensão do mundo em que se vive e das circunstâncias da vida no que é totalidade Implica um processo de produção de conhecimento que leva ao estabelecimento de causas e conexões dissipando a ignorância necessária para manter um determinado estado de coisas Desenvolvimento comunitário É o produto da ação comunitária Fals Borda 1959 1978 Ação que ocorre quando a comunidade se responsabiliza por seus problemas e se organiza para resolvêlos desenvolvendo seus próprios recursos e potencialidades e também utilizando os de estranhos Dimensão política da psicologia comunitária Diz respeito ao caráter e finalidade do conhecimento produzido bem como ao seu âmbito de aplicação e efeitos sociais ou seja à natureza política da ação comunitária e à possibilidade que cada pessoa tem de se expressar e se fazer ouvida sua voz no espaço público Ecologia Os psicólogos comunitários definiram a ecologia e a condição ecológica que a psicologia comunitária deve ter como a adaptação entre as pessoas e o meio ambiente nas relações entre eles gerando alternativas ao localizar e desenvolver recursos e forças ao mesmo tempo que as diferenças individuais e comunitárias são mantido Kelly 1966 1986 Rappaport 1977 Esta definição é inspirada na biologia mas difere dela 139 Emoções Conjunto de roteiros socialmente compartilhados compostos por processos fisiológicos e que são expressos subjetivamente por meio de comportamentos que se adaptam e se ajustam ao seu ambiente sociocultural e semiótico imediato Kitayama e Markus 1994 Conjunto de estados de humor e expressões situados num continuum cujos pólos são o gostar e o não gostar através dos quais o indivíduo se envolve numa relação consigo mesmo e Glossário de termos usados em psicologia comunitária Machine Translated by Google Habituação Comportamento mecânico diário que não requer reflexão ou planejamento pois é realizado de forma quase automática Envolve o uso de diretrizes sociais e culturais não expressas ligadas a expectativas sociais implícitas Facilita a vida social ao liberar uma série de comportamentos que fazem parte do cotidiano do planejamento da reflexão e da decisão Pode levar à reprodução impensada e acrítica de circunstâncias da vida que podem ser prejudiciais às pessoas Habitus Estrutura durável de comportamento estruturante e também estruturada e estável não discutida ou assumida conscientemente que produz sistematização de padrões comportamentais ao mesmo tempo em que se ajusta aos padrões existentes Adaptase às regulamentações colectivas sem necessidade de receber instruções específicas constituindo uma resposta socialmente codificada e esperada desprovida de intenção estratégica pois funciona como um elo conjuntural que permite às pessoas enfrentar situações inesperadas para as quais fornece modos de acção estabelecidos Desta forma dá uma antecipação implícita das consequências de tais situações ao mesmo tempo que tende a reproduzir as estruturas sociais objectivas de que é efeito mantendoas Identidade comunitária Forma de identidade social de natureza complexa e confusa construída histórica e coletivamente pelas pessoas que compõem uma comunidade que se expressa em relações marcadas pela afetividade no discurso e nas ações que dão sentido ao pertencimento a essa comunidade Episteme do relacionamento Modo de conhecer através dos relacionamentos Ética do relacionamento Ética baseada no relacionamento cuja forma de expressão da retidão vai além do direito de afirmação do próprio interesse ao considerar o interesse comum acima do bemestar individual e ao reconhecer o caráter humano e digno do outro aceitando a sua diversidade Fortalecimento Processo pelo qual os membros de uma comunidade indivíduos interessados e grupos organizados desenvolvem conjuntamente capacidades e recursos para controlar a sua situação de vida agindo de forma comprometida consciente e crítica para conseguir a transformação do seu ambiente de acordo com as suas necessidades e aspirações transformandose ao mesmo tempo Familiarização Processo cognitivo que consiste em fazer com que o estranho seja assimilado e parecido com o conhecido de forma que não só seja aceitável mas também facilmente manejável pela pessoa Utiliza mecanismos de classificação categorização rotulagem nomeação e explicação que sujeitos a uma lógica específica permitem assumir o que é estranho aproximandoo através dos mecanismos indicados do que já é conhecido assemelhandoo ao que é conhecido com o seu ambiente León e Montenegro 1993 1998 140 Libertação Emancipação dos grupos sociais que sofrem opressão e carência daquelas maiorias populares no sentido populacional demográfico marginalizadas dos meios e formas de satisfazer decentemente as necessidades básicas e complementares e de desenvolver o seu potencial de se autodeterminarem Localiza as necessidades em relação à situação global em que essa vida se desenvolve e em relação aos recursos que se possui e aos que precisam ser adquiridos Identificação de necessidades Processo constituído por um conjunto de atividades grupais de caráter fundamentalmente participativo através das quais se procura a própria comunidade ou grupo apontar aqueles aspectos da sua vida comum que considera insatisfatórios inaceitáveis problemáticos aqueles aspectos que reconhecem como perturbadores limitantes ou que impossibilitam a concretização do modo de vida a que aspiram e têm direito Glossário de termos usados em psicologia comunitária Machine Translated by Google Poder Interação pessoal ou indireta cotidiana na qual as pessoas expressam seu consenso social e as rupturas entre sua experiência e sua consciência SerranoGarcía e LópezSánchez 1994 Relação dinâmica entre atores sociais dinâmicos possuidores de recursos que podem ser de diferentes condições na qual se estabelece uma negociação que visa alcançar um intercâmbio entre ambos os atores a fim de alcançar acesso e usufruto satisfatório e equitativo para ambos as condições para adquirilos 141 Minoritário Grupo que está privado do exercício de determinados poderes ou impedido de aceder Prioridades princípio de Hierarquização das necessidades ou ações que se deseja atender ou cumprir pelas pessoas da comunidade participantes do trabalho comunitário Fals Borda 1959 Emancipação de grupos opressores da sua própria alienação e dependência de ideias socialmente negativas Paradigma Modelo ou forma de conhecer que inclui tanto uma concepção do indivíduo ou sujeito cognoscente quanto uma concepção do mundo em que vive e das relações entre os dois Naturalização Processo pelo qual certos fenômenos e padrões de comportamento são considerados como as coisas são no mundo como parte essencial da natureza da sociedade É responsável pela manutenção e facilitação das circunstâncias típicas do cotidiano e também pela aceitação dos aspectos negativos que podem dificultar senão insuportável a vida das pessoas Objeto fatal Aquilo que se caracteriza por escapar ao nosso desejo e necessidade de medilo descrevêlo compreendê lo e explicálo por transcender as explicações que construímos sobre isso e por se apresentar a nós continuamente complexo imediato e distante inacessível e inevitável tentador difícil e impossível de dominar Líder transformativo Forma de liderança definida pela presença de uma forte e intensa componente afetiva pela elevada demonstração de energia e trabalho não só do líder mas do grupo a que pertence pois uma das suas qualidades é mobilizar as pessoas do grupo e sua área de influência e por desenvolver vínculos sólidos com os demais membros da comunidade que por sua vez retribuem com intensa simpatia e carinho presentes até nas pessoas menos participativas Participação Processo organizado coletivo gratuito inclusivo no qual há variedade de atores atividades e graus de comprometimento que se orienta por valores e objetivos compartilhados em cujo alcance ocorrem transformações comunitárias e individuais Isto envolve um conjunto sistemático de ideias e práticas que regem as interpretações da atividade humana dos seus produtores da sua génese e dos seus efeitos nas pessoas e na sociedade e indicam formas preferidas de os conhecer Líder altruísta Aquele cujo exercício de dirigir as tarefas comunitárias vai além do bom cumprimento excede o esperado e exigido demonstrando consideração e respeito pelos outros de profunda natureza ética bem como sentimentos e qualidades caracterizados pela busca do benefício coletivo e do aprimoramento individual Montero 2003b Maioria Grupo que detém e exerce o poder independentemente do seu número Práxis Prática refletida que leva à teoria que induz a prática Liderança comunitária Liderança complexa de carácter ativo participativo e democrático que fortalece o compromisso com a comunidade gera modos e modelos de ação assumindose como um serviço Glossário de termos usados em psicologia comunitária Machine Translated by Google Psicologização consiste na explicação da posição e do discurso de uma minoria a partir de atribuições referentes às características psicológicas de seus membros Envolve a implementação de cadeias atributivas que atribuem comportamentos e opiniões negativas à minoria seguida do deslocamento da responsabilidade pela situação em que se encontram Redes comunitárias Rede de relações complexas de troca entre múltiplos e diversos atores com variados estilos de atuação que mantém um constante fluxo e refluxo de informações e mediações organizadas e estabelecidas em prol de um objetivo comum o desenvolvimento o fortalecimento e o cumprimento de metas específico para uma comunidade em um contexto particular Sentido de comunidad Percepción de similitud con otros una interdependencia consciente con otros una voluntad de mantener esa interdependencia dando o haciendo a otros lo que se espera de ellos el sentimiento de que se es parte de una estructura mayor estable y de a que Psicologia comunitária Disciplina que enfatiza a importância da perspectiva ecológica da interação apoiando a possibilidade de melhorar a adaptação entre as pessoas e seu ambiente através da criação de novas possibilidades sociais e através do desenvolvimento de recursos pessoais em vez de enfatizar exclusivamente na eliminação do deficiências dos indivíduos ou das suas comunidades Rappaport 1977 73 Psicologia social comunitária Ramo da psicologia cujo objetivo é o estudo dos fatores psicossociais que permitem desenvolver promover e manter o controle e o poder que os indivíduos podem exercer sobre seu ambiente individual e social para resolver os problemas que os afligem e conseguir mudanças nesses ambientes e na estrutura social Protesto Forma de expressão do descontentamento do desconforto de grupos ou populações através da qual os cidadãos em geral as comunidades ou grupos específicos dentro deles expressam a sua dissidência e tornam pública a sua opinião sobre algum aspecto ou situação que causa o seu descontentamento Protestar é transformar o descontentamento em acção Kinndcimans 1997 não só participando num movimento social mas também indo além da simpatia Problematização Processo de análise crítica das circunstâncias da vida e do papel que a pessoa nelas desempenha que questiona as explicações e considerações habituais sobre essas circunstâncias Resistência resiliência Capacidade de adaptação elasticidade e poder de recuperação em situações difíceis Capacidade de resistir a pressões e constrangimentos Capacidade de preservar a aparência preservando a essência Egeland Carison e Stroufe 1993 517 definem esta resiliência como a capacidade de se adaptar competir ou funcionar positivamente com sucesso apesar de condições de alto risco estresse crônico ou após trauma grave ou arrastado de uma coisa com outra 142 Relacionamento Ordenação ou direção intrínseca de uma coisa em relação a outra Correspondência Redes sociais Sistemas de relações entre atores sejam eles instituições ou pessoas que se abrem a outras organizações ou pessoas com quem estabelecem comunicação para fins úteis gerais que se traduzem na produção de bens e serviços que têm como beneficiários com recursos limitados ou com necessidades básicas insatisfeitas Estes sistemas abertos estão em constante mudança capacitam os seus membros e satisfazem as suas necessidades e expectativas reconhecendo e colocando em ação os recursos e forças que possuem para alcançar uma melhor qualidade de vida Morillo de Hidalgo 2000 Glossário de termos usados em psicologia comunitária Machine Translated by Google Valores Modos de comportamento e estados normativos ideais que nos dizem como ir e para onde ir Eles determinam a normatividade na ação e a motivação para a ação o objetivo para o qual o comportamento é direcionado Representam diretrizes éticas que inspiram os cânones ou modos de ser e de se comportar considerados os mais perfeitos completos e completos para uma determinada época e sociedade cujas crenças e costumes influenciam Um valor é a convicção duradoura de que um modo específico de conduta ou estado final de existência é pessoal ou socialmente preferível a um modo de conduta oposto ou contrário ou estado final de existência Rokeach 1973 Voluntariado Consiste em zelar pelos interesses de outras pessoas ou da sociedade sem interesse econômico pessoal Embora se baseie numa escolha livre e se exprima através de meios pacíficos desenvolvese num quadro mais ou menos organizado García Roca e Comes Ballester 1995 17 Eles constituem o limite daquilo que alguém está disposto a aceitar Eles induzem você a praticar atos extremos Sociologização Processo que tem a função de atribuir a intenção do conteúdo dos motivos alegados por uma minoria que colidem com as posições majoritárias a características da ordem social como ignorância origem étnica religião ou classe Situaçõeslimite Circunstâncias de vida em que por não ser mais possível manter uma situação negativa a ficção da naturalidade se desfaz de modo que nenhum dos mecanismos adaptativos e ideologizantes funciona dado que o seu caráter negativo torna essas circunstâncias absolutamente insuportáveis para aqueles que os sofrem depende Sarason 1974 157 143 Glossário de termos usados em psicologia comunitária Machine Translated by Google Batson CD Ahmad N e TsangJ A 2002 Quatro motivações para o envolvimento comunitário Journal of Social Issues 58 3 429446 Brandão CR 1981 Pesquisa participante São Paulo Brasiliense 8ª ed Chavis DM e Wandersman A 1990 Sentido de comunidade no ambiente urbano Um catalisador para participação e desenvolvimento comunitário American Journal of Community Psychology 18 5581 Brickman P 1987 Compromisso Conflito e Cuidado Englewood Cliffs Prentice Hall Arango Califórnia 1992 Psicologia comunitária na Colômbia Seus paradigmas e consequências trabalho apresentado no Congresso IberoAmericano de Psicologia Madrid Bennett CC Anderson LS Cooper S Hassol L Klein DC e Rosenblum G eds 1966 Psicologia Comunitária Um Relatório da 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Locus de controle Trenas atuais em teoria e pesquisa Hillsdale Lincoln Y e Guba É 1985 Naturalista Inquiry Beverly Hills Sage Resolvendo Conflitos Sociais Londres Souvenir Press pp 201220 Lane STM e Sawaia B 1991 Psicologia ciência ou política em M Montero coord Ação e discurso Problemas de psicologia política na América Latina Caracas Eduven pp 5985 ed 1981 Pesquisa vs Locus de Controle Nova York Academic Press Lorion R 1977 Desenvolvimento comunitário e abordagens de sistemas em I Iscoe B Bloom e Ch Spielberger eds Community Psychology in Transition Nova York Wiley pp 8386 MartínBaró I 1983 Ação e ideologia Psicologia social da América Central San Salvador 231 Eribaum Bibliografia Machine Translated by Google Molano A 1978 Notas sobre o papel da política na investigação social in Crítica e política nas ciências sociais O debate teoria e prática Cartagena Simpósio Mundial CartagenaPunta de Lanza vol 1 pp 319360 1988 Escopo e papéis da psicologia comunitária na Venezuela Boletim AVEPSO XI 3 37 1991a Conscientização conversão e desideologização no trabalho psicossocial comunitário Boletim AVEPSO XIV 1 3 12 1991b Perspectiva da psicologia comunitária na América Latina Psicologia XV 1 18 1992 Psicologia da libertação Proposta de uma teoria psicossociológica em H Masterman M 1975 A natureza dos paradigmas em Lakatos I e A Musgrave coords Crítica e desenvolvimento do conhecimento Madrid Grijalbo pp 159202 Montenegro M 2004 no prelo Identidades subjetivação e posições de sujeito reflexões sobre a transformação na esfera da intervenção social International Journal of Critical Psychology 9 Sulista Montero M 1978 Por uma psicologia social histórica Boletim AVEPSO I 117 1993 Permanência e mudança de paradigmas na construção do conhecimento Psicologia LatinoAmericana 12 1159170 27 358370 1994a Pesquisaação participante A união entre o conhecimento popular e o conhecimento científico Revista de Psicologia Universidade Ricardo Palma VI 1 31 McMillan D e Chavis D 1986 Sentido de comunidade Uma definição e teoria Journal of Community Psychology 14623 1984 Ideologia alienação e identidade nacional Caracas EBUC 1994b Apresentação em M Montero coord Psicologia social comunitária Teoria método e experiência Guadalajara Editorial da Universidade de Guadalajara pp 7 1979 Notas sobre o papel da política na investigação social em O Fals Borda coord Crítica e política nas ciências sociais O debate Teoria e Prática Bogotá Punta de Lanza página 319360 Fundamentos e aplicações Madrid Síntese pp 192210 2 91105 150 Marx K 18441960 Manuscritos econômicos e filosóficos de 1844 Santiago do Chile Montenegro M e Pujol J 2003 no prelo Conhecimento situado uma luta entre o relativismo construcionista e a necessidade de fundamentar a ação Revista Interamericana de Psicologia 37 2 Riquelme coord Outras realidades outras vias de acesso Caracas Nueva Sociedad May W 1990 Fazendo ética o suporte das teorias éticas no trabalho de campo Problemas Sociais 1980 Psicologia social e o desenvolvimento das comunidades na América Latina Revista cientista Interação social 3 1124 Quatro cinco McMillan D 1996 Sentido de comunidade Journal of Community Psychology 2 4 315325 1982 Psicologia comunitária origens princípios e fundamentos teóricos Boletim AVEPSO V 1 1522 Também em 1984 Revista LatinoAmericana de Psicologia 16 3 387399 Martín González A e López JS 1998 Daqui e dali Rumo a uma psicologia social que se comunique plural e integrativa em A Martín González ed Psicologia Comunitária Bibliografia Machine Translated by Google Psicologia 2 131 143 1997 Da realidade da verdade e de outras ilusões concretas por uma epistemologia da psicologia social comunitária Conferências São Paulo XXVI Congresso Interamericano de Psicologia pp 6168 Também em Revista Psykhe 8 1 Chile 918 2003b Teoria e prática da psicologia comunitária A tensão entre comunidade e sociedade Buenos Aires Paidos Estaca Áreas desafios e perspectivas Caracas CESAP pp 720 1996b Ética e política em psicologia Dimensões não reconhecidas wwwantalayauabes Existe uma versão revisada e ampliada em inglês 2002 Ética e políticas em psicologia dimensões do crepúsculo International Journal of Community Psychology 6 8198 Chicago Associação Americana de Psicologia 1994c Processos de influência social consciente e inconsciente no trabalho psicossocial comunitário a dialética entre maiorias e minorias ativas em M Montero coord Psicologia social comunitária Teoria método e experiência Guadalajara Universidade de Guadalajara pp 1998b Trabalho comunitário psicossocial como modo alternativo de ação política A construção e transformação crítica da sociedade Comunidade Trabalho e Família 1 1 6578 1998a A comunidade como objetivo e sujeito da ação social em A Martín González ed Psicologia Comunitária Fundamentos e aplicações Madrid Síntese pp 210 222 151 110 2000b Participação em pesquisaação participativa Revisão Anual de Crítica 2000a Perspectivas e desafios da psicologia da libertação em JJ Vásquez coord Psicologia social e libertação na América Latina México Universidad Autónoma MecropolicanaIzcapalapa pp 926 1994d Vidas paralelas psicologia comunitária na América Latina e nos Estados Unidos em M Montero coord Psicologia Social Comunitária Teoria método e experiência Guadalajara Editorial da Universidade de Guadalajara pp 1945 1995a Modos alternativos de ação política em O DAdamo V García Beaudoux e M Montero coord Psicologia da ação política Buenos Aires Paidós pp 91 1996a Participação Significado alcance e limites em E Hernández coord 2001 Paradigmas conceitos e relações para uma nova era como repensar as ciências sociais da América Latina em T Hernández comp As ciências sociais reflexões no final do século Caracas CEAPUCVTropykos p 7192 2002a Aspectos teóricos e epistemológicos em Psicologia Comunitária American Journal of Community Psychology XX X número especial número completo 2002b Construção do Outro libertação de si Utopia e Práxis Latinoamericana 7 16 4151 2003a no prelo Novos Horizontes para o Conhecimento A Influência da Participação Cidadã 1995b Educação em San José de La Urbina Dois modelos educativos Escola e Biblioteca Caracas Relatório de trabalho 1995c Processos de influência social consciente e inconsciente no trabalho psicossocial comunitário a dialética entre maiorias ativas e minorias em M Montero coord Psicologia social comunitária Teoria método e experiência Guadalajara Universidade de Guadalajara pp 239258 Bibliografia Machine Translated by Google Munné F 1989 O indivíduo e a sociedade Barcelona PPU 1981 Sobre representações sociais in P Forgas ed Cognição Social Londres Academic Press pp 181210 Newbrough JR 1973 Psicologia comunitária um novo holismo American Journal of Community Psychology 1 1 201211 Orford J 1998 Psicologia Comunitária no Reino Unido em A Martín G coord Psicologia Comunitária Fundamentos e aplicações Madrid Síntese pp 8289 Moscovici S 19611979 A psicanálise sua imagem e seu público Buenos Aires Huemul Murrell SA 1973 Psicologia Comunitária e Sistemas Sociais Nova York Behavioral Publications Nelson G e Prilleltensky I eds 2003 Psicologia Comunitária em Busca do BemEstar e da Libertação Nova York Palgrave Macmillan Pallí C 2003 Desfocando diferenças a comunidade caminhando na corda bamba Revista Interamericana de Psicologia Papastamou S 19801981 Stracégies dinfluence minoricaire et majoritarie Bulletin de Psychologie 3 3 975978 Santiago do Chile Universidade Diego Portales 2 2 204206 2003c Entre a sociedade e o indivíduo a viagem da psicologia comunitária à complexidade em G Nelson e I Prillelcensky eds Psicologia Comunitária em Busca do BemEstar e da Libertação Nova York Palgrave Me Millan 2004 no prelo Líderes comunitários além do dever e acima da autosatisfação Jornal de Prevenção e Intervenção na Comunidade 27 1 Moscovici S e Mugny G 1987 Psychologie de la conversão Cousset Del Val Ed elenco S Newbrough Jr OGorman RT Dockecki PR e Moroney 1991 Tomard uma abordagem pósmoderna para pesquisa e ação comunitária Tempe Terceira Conferência Bienal sobre Pesquisa e Ação Comunitária 1979 Psychologie des minorités actives Paris PUF Ed elenco Psicologia da minorias ativas Barcelona Morata 1981 1974 Psicologia Comunitária Algumas perspectivas Joumal of Community Psychology 1987 Psicologização e resistência à conversão em S Moscovici e G Mugny 152 Olave RM e Zambrano L coords 1993 Psicologia comunitária e saúde mental no Chile Moreno A 1993 O anel e a trama Caracas CIPUniversidade de Carabobo Mugny G 1981 O poder das minorias Barcelona Rol Moscovici G Mugny e A Pérez coord Influência social inconsciente Barcelona Anthropos 1991 Montero M e Giuliani F 1999 Ensino em psicologia social comunitária alguns problemas Psykhe 8 1 5763 desenvolvimento humano sustentável Puntal 6 11 1015 Muñoz Vásquez M Maksoud S e Cantera L 1992 O grupo de discussão como método de sensibilização e sua aplicação com grupos de mulheres divorciadas em I SerranoGarcía v W Rosario eds Contribuições portoriquenhas para a psicologia socialcomunitária San Juan Porto Rico Editora da Universidade de Porto Rico pp 399426 Obst P Smith SG e Zinkiewicz L 2002 Uma exploração do senso de comunidade Pare 3 Dimensões e preditores do senso psicológico de comunidade em comunidades geográficas Journal of Community Psychology30l 119133 Paicheler G e Moscovici S 1984 Suivisme et Conversion em S Moscovici ed Psychologie Sociale Paris PUE Ed elenco Psicologia Social Barcelona Paidós 1984 Morillo de Hidalgo C 2000 Redes sociais novo modelo organizacional para Bibliografia Machine Translated by Google coord Psychologie de la Conversion Coussee Del Val pp 197218 Rapley M e Pretty GMH 1999 Jogando Procrustes A produção interacional de um senso psicológico de comunidade Journal of Community Psychology 27 6 695714 EDUPR pp 318 1981 Em louvor ao paradoxo Uma política social de empoderamento em vez de prevenção americano social Boletim AVEPSO XI 13443 Quintal de Freitas M E 1994 Práticas em comunidade e psicologia comunitária in M Prillelcensky I r994 Empoderamento na psicologia convencional Legitimidade obstáculos e 1996 Contribuições da psicologia social e da psicologia política para o desenvolvimento da 1987a Termos de empoderamento American Journal of Community Psychology 23 5 1997a Psicologia social comunitária e outras práticas psicológicas Diferenças identificadas na perspectiva dos professores de psicologia da região sudeste do Brasil em M Montero comp Psicologia e comunidade Caracas Universidade Central da Venezuela Comissão de Estudos de PósGraduação Sociedade Interamericana de Psicologia Comissão de Psicologia Comunitária pp 2535 possibilidades Canadian Psychology 35 58375 1987b Termos de empoderamento Exemplos de prevenção em direção a uma teoria para psicologia comunitária American Journal of Community Psychology 15 121148 Jornal de Psicologia Comunitária 24327337 1998 Modelos de prática comunitária no Brasil possibilidades para a relação psicologiacomunidade Journal of Community Psychology 26 3 261268 RiveraMedina E 1992 Psicologia social comunitária na Universidade de Porto Rico desenvolvimento de uma experiência em I SerranoGarcía e W RosarioCollazo coords Contribuições portoriquenhas para a psicologia comunitária social São João Porto Rico Inglaterra Journal of Community Psychology 31 1 87106 Perdomo G 1988 O pesquisador comunitário cientista imparcial ou gestor de mudança Rappaport J 1977 Psicologia Comunitária Valores Pesquisa e Ação Nova York Holc Rinehart e Winston 153 Prado MAM 1997 Uma psicologia e uma utopia comunitária na cranização do mundo moderno in M Montero comp Psicologia e comunidade Caracas Universidade Central da Venezuela Comissão de Estudos de PósGraduaçãoComissão de Psicologia ComunitáriaSIP Montero coord Psicologia social comunitária Teoria método e experiência Guadalajara Universidade de Guadalajara pp 139166 Jornal de Psicologia Comunitária 9 1 126 2001 Práxis baseada em valores na psicologia comunitária Movendo a justiça social covarde e a ação social American Journal of Community Psychology 29 747778 Prigogine I e Scengers I 1982 A nova aliança Madrid Aliança psicologia comunitária Psicologia e sociedade 8 1 6382 795807 Rappaport J Swifc C e Hess R eds 1984 Estudos em Empoderamento Passos em Direção à Compreensão e Ação Nova York Haworch Press Puddifoot J 1996 Algumas considerações iniciais na medição da identidade comunitária 1997b Práticas da psicologia na comunidade elementos para sua preparação na universidade em M Montero comp Psicologia e comunidade Caracas Universidade Central da Venezuela Comissão de PósGraduaçãoSociedade Interamericana de Psicologia Comissão de Psicologia da Comunicação pp 3641 2003 Explorando o senso pessoal e compartilhado de identidade comunitária na cidade de Durham Bibliografia Machine Translated by Google Sánchez E Wiesenfeld E e López Blanco R 1998 Trajetória e perspectivas da psicologia social comunitária na América Latina em A Martín González ed Psicologia Comunitária Fundamentos e aplicações Madrid Visor pp 159172 reforçamencs Monografias Psicológicas 80 1 não 609 completo Sanguinetti Y 1981 Pesquisa nos processos de desenvolvimento da América Latina Revista da Associação LatinoAmericana de Psicologia Social 1 1 221238 Sarason SB 1974 O senso psicológico de comunidade Perspectivas para uma psicologia comunitária São Francisco JosseyBass Rotter J 1966 Expectativas generalizadas para o controle interno versus externo de Sánchez Vidal A e González Gabaldón B sf Funções e formação do psicólogo comunitário em A Martín González E Chacón Fuertes e M Martínez García eds Psicologia Comunitária Madrid Visualizador pp 309332 1999 Psicologia Social Urna Ciencia sem fronteira na neomodernidade em Psicologia no final do século Caracas Sociedade Interamericana de Psicologia pp 323336 2004 no prelo A afetividade como fenômeno équicopolítico e lócus de reflexão epistemológica crítica em psicologia social International Journal of Critical Psychology 9 Seeman M 1959 Sobre o significado da alienação American Sociological Review 24 Seligman M 1975 Desamparo Sobre Depressão Desenvolvimento e Morte São Francisco Freeman Co elenco Indefensión Madrid Debate SerranoGarcía I 1984 A Ilusão de Empoderamento Desenvolvimento Comunitário num Contexto Colonial em J Rappaport Swift C e Hess R eds Studies in Empowerment Steps Toioard Understanding and Action Nova York Haworth Press pp 173200 1992 Metodologia participante uma experiência portoriquenha em I SerranoGarcía e W RiveraMedina E Ciñeron CC e Bauermeister J 1978 Desenvolvendo um programa de treinamento em psicologia comunitária em Porto Rico Psicologia comunitária origens princípios e fundamentos teóricos Journal of Community Psychology 6 316319 Caracas Comissão de PósGraduação Faculdade de Ciências Humanas e Educação Universidade Central da Venezuela RosarioCollazo coord Contribuições portoriquenhas para a psicologia social comunitária Saforcada E 1992 Introdução in Kelly et al Psicologia Comunitária A abordagem ecológico contextualista Buenos Aires Centro Editorial LatinoAmericano pp 734 Sánchez E 2000 Todos com Esperança Continuidade da participação comunitária Santiago LC SerranoGarcía I e Perfecco G 1983 Psicologia social comunitária e 1992 Intervenção na pesquisa seu desenvolvimento em I SerranoGarcía e W 154 teologia da libertação Boletim AVEPSO VI 1 1521 Rokeach M 1960 The Open and Close Mind Nova York Basic Books AVEPSO XXIV2 81102 2001 Organização e liderança na comunidade participativa na Revista de la Rodríguez A Riofrío G e Welsh E 1980 Dos invasores aos invadidos Lima DUESCO 3ª ed Rorty R 1991 Objetividade Relativismo e Verdade Artigos Filosóficos vol 1 Cambridge Reino Unido Cambridge University Press Sánchez Vidal A 1996 Psicologia Comunitária Barcelona EUB San Juan Porto Rico EDUPR pp 283304 Sawaia B 1998 Psicologia comunitária uma área paradigmática de conhecimento científico comprometido em A Martín González coord Psicologia Comunitária Fundamentos e aplicações Madrid Visor pp 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social rumo a uma psicologia social interdisciplinar em JRTorregrosa e B Sarabia comps Perspectivas e contextos da psicologia social Barcelona Hispano Europa pp 1372 SerranoGarcía I e W Rosario coords 1992 Contribuições portoriquenhas para a psicologia Touraine A 1973 Produção da sociedade Paris Editions du Seuil Silva G e Undurraga G 1990 O modelo de intervenção comunitária na implementação de uma campanha de prevenção em saúde mental Boletim AVEPSO XIII 2 1925 iniciativas educacionais Journal of Social Issue 58 3 411428 Wallon H 19341964 As origens do personagem na criança Buenos Aires Lautaro comunidade social San Juan Porto Rico EDUPR SerranoGarcía I e Álvarez S 1992 Análise comparativa de estruturas conceituais de psicologia comunitária nos Estados Unidos e na América Latina 19601985 em I SerranoGarcía e W Rosario Collazo coords Contribuições portoriquenhas para a psicologia social comunitária San Juan Porto Rico EDUPR pp 1974 profissão psicológica Psicologia VI 4 225242 155 SerranoGarcía I e Irizarry A 1979 Intervenção na pesquisa Boletim do Stenmark DE 1977 Treinamento de campo em psicologia comunitária em I Iscoe BL Bloom e C Routledge SerranoGarcía I e López Sánchez G 1994 Uma perspectiva diferente de poder e mudança social para a psicologia social comunitária em M Montero coord Psicologia social comunitária Teoria método e experiência Guadalajara Universidade de Guadalajara Scokols D 1992 O psicólogo pesquisador como agente de mudança social in Kelly comp Psicologia comunitária A abordagem ecológicocontextualista Buenos Aires Centro Editora de América Latina pp 8389 Ed elenco Comunidade e sociedade Buenos Aires Losada 1947 Vieira Pinto A 1960 Consciência e realidade nacional Rio de Janeiro ISEB 2 vols SerranoGarcía I López Sánchez MM e RiveraMedina E 1992 Rumo a uma psicologia social comunitária em I SerranoGarcía e W RosarioCollazo coords Contribuições portoriquenhas para a psicologia social comunitária San Juan Porto Rico EDUPR pp 74105 Stukas AA e Dunlap MR 2002 Comunidade abordagens teóricas e envolvimento RosarioCollazo coords Contribuições portoriquenhas para a psicologia sóciocomunitária San Juan Porto Rico EDUPR pp 211282 Bibliografia Machine Translated by Google Wiesenfeld coord O horizonte da transformação Ação e reflexão a partir da psicologia social comunitária Caracas AVEPSO fascículo 8 722 Wiesenfeld E 2000 Autoconstrução Um estudo psicossocial do significado da habitação Caracas Conselho Nacional de Habitação Wiesenfeld E e Sánchez E coord Wiesenfeld E 1997 Longe do equilíbrio comunidade diversidade e complexidade em E América Latina pp 3551 1996 Psicologia social comunitária Caracas UCVDiretoria de PósGraduaçãoTropykos Zax M e Speccer GA 1974 Uma Introdução à Psicologia Comunitária Nova York Wiley Ed elenco Introdução à psicologia comunitária México El Manual Moderno 1979 156 Bibliografia Machine Translated by Google Qué es la psicología comunitaria Esta pregunta tan aparentemente sencilla recibe de la mano de Maritza Montero un rico y exhaustivo desarrollo que le permite desplegar los conceptos fundamentales que conforman la base de esta disciplina Nacida a partir de la preocupación por ampliar la perspectiva intrapsíquica que dominaba la psicología tradicional la psicología comunitaria ha ido evolucionando desde su surgimiento gracias al aporte de distintas corrientes teóricas como la fenomenología el marxismo el enfoque ecológicocultural la psicología de la liberación los enfoques crítico y sistémico y el modelo iterativoreflexivogenerativo A ellas la autora añade su propia visión desplegada a lo largo de la obra El lector encontrará articuladas las problemáticas más relevantes que giran en torno a la labor en el ámbito comunitario las características propias de la disciplina en América latina la formación de los psicólogos comunitarios y la producción del saber la diferencia entre participación comunitaria y compromiso las relaciones entre presión social conversión y concientización entre otras El texto incluye un glosario de términos propios de la psicología comunitaria que permitirá al lector un rápido acceso al vocabulario técnico del área Esta obra que mantiene estrechos puntos de contacto con el libro anterior de la autora Teoría y práctica de la psicología comunitaria vol 18 de esta colección es el resultado de más de treinta años de fecunda labor de Maritza Montero en el área comunitaria Maritza Montero es licenciada en Psicología por la Universidad de Venezuela Magíster en Psicología por la Universidad Simón Bolívar Venezuela y doctora en Sociología Universidad de París Profesora de universidades de su país y profesora invitada en diversas universidades extranjeras ha recibido el Premio Interamericano de Psicología en 1995 y el Premio Nacional de Ciencias en 2000 Venezuela Editora asociada del American Journal of Community Psychology ha publicado diversos libros y numerosos artículos en revistas científicas especializadas 23 PAIDÓS TRAMAS SOCIALES PSICOLOGIA SOCIAL COMUNITÁRIA Da solidariedade à autonomia 20ª Edição Regina Helena de Freitas Campos Org Silvia TM Lane Bader B Sawaia Maria de Fátima Q de Freitas Pedrinho Guareschi Jacyara CR Nasciutti Naumi A de Vasconcelos Regina Helena Campos EDITORA VOZES 2 Orelhas do livro Esta coleção apresenta reflexões do grupo de Trabalho em psicologia social comunitária da Associação Nacional de Pesquisa e Pósgraduação em psicologia ANPPEPP Esta nova área de estudo a Psicologia Social Comunitária pretende contribuir para a construção de relações sociais mais democráticas e solidárias e para a promoção da autonomia e da melhoria da qualidade de vida nas comunidades Neste livro diferentes aspectos das relações entre o psicólogo e a comunidade são abordados em especial o histórico as perspectivas teóricas e os instrumentos de análise e intervenção disponíveis e em elaboração neste campo Fazer psicologia comunitária é estudar as condições internas e externas ao homem que o impedem de ser sujeito e as condições que o fazem sujeito numa comunidade ao mesmo tempo que no ato de compreender trabalhar com esse homem a partir dessas condições na construção de sua personalidade de sua individualidade crítica da consciência de si identidade e de uma nova realidade social Goiás Os valores comunitários devem interiorizados como projeto individual para se transformar em ação Devem ser pensados e sentidos como necessidade A expressão tão cara à prática conunitária nos anos 1970 conscientização deve ser ampliada para abancar não só a tomada de consciência como também a tomada de inconsciência pois ninguém é motivado por interesses coletivos abstratos e não se pode exigir que o homem abandone a esfera pessoal da busca da felecidade pois bemestar coletivo e prazer individual não são dicotômicos e o consenso democrático não é conquistado necessariamente à custa do sacrifício pessoal Bader B Sawaia 3 Regina Helena de Freitas Campos org Sílvia Tatiana Maurer Lane Bader Burian Sawaia Maria de Fátima Quintal de Freitas Pedrinho Guareschi Jacyra C Rachael Nasciutti Maumi A de Vasconcelos Regina Helena de Campos Freitas PSICOLOGIA SOCIAL COMUNITÁRIA Da solidariedade à autonomia EDITORA VOZES Petrópolis 4 1996 Editora Vozes Ltda Rua Frei Luiz 100 25689900 Petrópolis RJ Todos os direitos reservados Nenhuma parte desta obra poderá ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma eou quaisquer meios eletrônico ou mecânico incluindo fotocópia e gravação ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem permissão Capa Josiane Furiati ISBN 9788532616449 Dados internacionais de Catalogação na Publicação CIP Câmara Brasileira do Livro SP Brasil Psicologia social comunitária Da solidariedade à autonomia Regina Helena de Freitas Campos org 13 ed Petrópolis RJ Vozes 2007 Vários autores 1 Psicologia social I Campos Regina Helena de Freitas II Título 96380 Índice para catálogo sistemático 1 Psicologia social comunitária 302 5 SUMÁRIO Apresentação 7 Introdução A Psicologia Social Comunitária 9 Regina Helena de Freitas Campos Histórico e fundamentos da Psicologia Comunitária no Brasil 17 Sílvia Tatiana Maurer Lane Comunidade A apropriação científica de um conceito tão antigo quanto a humanidade 35 Bader Burihan Sawaia Psicologia na comunidade psicologia da comunidade e psicologia social comunitária Práticas da psicologia em comunidade nas décadas de 60 a 90 no Brasil 54 Maria de Fátima Quintal de Freitas Relações comunitárias Relações de dominação 81 Pedrinho A Guareschi A instituição como via de acesso à comunidade 100 Jacyra C Rochael Nasciutti Qualidade de vida e habitação 127 Naumi A de Vasconcelos Psicologia comunitária cultural e consciente 164 Regina Helena de Freitas Autores 178 6 7 APRESENTAÇÃO Esta coletânea apresenta reflexões do Grupo de Trabalho em psicologia social comunitária da Associação Nacional de Pesquisa e Pósgraduação em Psicologia ANPEPP Inspirando nas discussões do grupo constituindo durante a realização do V simpósio de Pesquisa e intercâmbio científico da ANPEPP realizado em Caxanbu Minas Gerais em meio de 1994 os textos exploram diferentes aspectos das relações entre o psicólogo e a comunidade visando enriquecer o debatésobre as perspectivas teóricas do Campo Os autores são todos professores de psicologia social em programas de Pósgraduação na área em diversas universidades brasileiras Pontifícia Universidade Católica de São Paulo Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul Universidade Federal do Rio de Janeiro Universidade Federal do Espírito Santo e Universidade Federal de Minas Gerais A reunião deste grupo de pesquisadores na ANPEPP tem por objetivo promover a melhor delimitação do campo e aperfeiçoar os instrumentos de análise e intervenção disponíveis e em elaboração Esta e a primeira produção conjunta do grupo que esperamos seja útil aos profissionais estudantes e pesquisadores que compartilham de nossas preocupações e buscam em seu trabalho contribuir para a construção de relações democráticas e solidárias nas comunidades em que atuam 8 9 INTRODUÇÃO A PSICOLOGIA SOCIAL COMUNITÁRIA Regina Helena de Freitas Campos A comunidade seja geográfica um bairro por exemplo ou psicossocial por exemplo os colegas de profissão é o lugar em que grande parte da vida cotidiana é vivida Entretanto o conceito de comunidade utilizado pela psicologia social comunitária tem algumas características próprias derivadas da própria forma como surgiu entre nós esta nova área de estudos Sabemos que a prática científica não e imune aos movimentos sociais em cujo contexto se desenvolve e a psicologia social comunitária não é exceção a esta regra Desde meados da década de 60 no Brasil a utilização de teorias e métodos da psicologia em trabalhos feitos em comunidades de baixa renda visando por um lado deselitizar a profissão e de outro buscar a melhoria das condições de vida da população trabalhadora constitui o espaço teórico e prático do que passamos a denominar a psicologia comunitária ou psicologia na comunidade Freitas 1994 Bairros populares favelas associações de bairro comunidades eclesiais de base movimentos populares em geral foram os lugares em que tiveram início essas experiências de psicologia comunitária Mais recentemente com a ampliação dos sistemas de saúde e educação pública no país e o aumento do 10 número de psicólogos trabalhando em postos de saúde creches instituições de promoção do bemestar social ou setores do sistema judiciário voltados para o cuidado de famílias e menores enfim em instituições públicas que visam promover o desenvolvimento social a psicologia social comunitária procura desenvolver os instrumentais de análise e intervenção relevantes para as novas problemáticas que se apresentam aos psicólogos Tipicamente os trabalhos comunitários partem de um levantamento das necessidades e carências vividas pelo grupocliente sobretudo no que se refere às condições de saúde educação e saneamento básico A seguir utilizandose métodos e processos de conscientização procurase trabalhar com os grupos populares para que eles assumam progressivamente seu papel de sujeitos de sua própria história conscientes dos determinantes sóciopolíticos de sua situação e ativos na busca de soluções para os problemas enfrentados A busca do desenvolvimento da consciência crítica da ética da solidariedade e de práticas cooperativas ou mesmo autogestionárias a partir da análise dos problemas cotidianos da comunidade marca a produção teórica e prática da psicologia social comunitária A perspectiva da psicologia social comunitária enfatiza em termos teóricos a problematização da relação entre produção teórica e aplicação do conhecimento partese do pressuposto de que o conhecimento se produz na interação entre o profissional e os sujeitos da investigação Utilizandose a conceituação do papel dos intelectuais de Gramsci podese dizer que os psicólogos atuando em trabalhos de psicologia social comunitária desempenham o papel de intelectuais tradicionais na medida em que organizam o saber já constituído pela psicologia social e se encarregam de transmitilo mas 11 visando a formação de intelectuais orgânicos isto é sujeitos capazes de sintetizar o ponto de vista da comunidade e de coordenar processos de transformação do instituído em termos de metodologia utilizase sobretudo a metodologia da pesquisa participante na qual o pesquisador e os sujeitos da pesquisa trabalham juntos na busca de explicações para os problemas colocados e no planejamento e execução de programas de transformação da realidade vivida em termos de valores os trabalhos de psicologia comunitária enfatizam sobretudo a ética da solidariedade os direitos humanos fundamentais e a busca da melhoria da qualidade de vida da população focalizada Ou seja questionase a visão da ciência como atividade não valorativa e assumese ativamente o compromisso ético e político Em termos éticos buscase trabalhar no sentido de estabelecer as condições apropriadas para o exercício pleno da cidadania da democracia e da igualdade entre pares Em termos políticos questionam se todas as formas de opressão e de dominação e buscase o desenvolvimento de práticas de autogestão cooperativa Bomfim 1987 Góis 1993 define a psicologia comunitária como uma área da psicologia social que estuda a atividade do psiquismo decorrente do modo de vida do lugarcomunidade estuda o sistema de relações e representações identidade níveis de consciência identificação e pertinência dos indivíduos ao lugarcomunidade e aos grupos comunitários Visa ao desenvolvimento da consciência dos moradores como sujeitos históricos e comunitários através de um esforço interdisciplinar que perpassa o desenvolvimento dos 12 grupos e da comunidade Seu problema central e a transformação do indivíduo em sujeito Em trabalho recente sobre a situação da psicologia social no Brasil Bomfim observa o crescimento da área entre nós e informa que as atividades são em sua grande maioria constituídas por atuações em equipes multidisciplinares que estabelecem procedimentos práticos de acordo com a demanda social e possibilidades de ação Bomfim 1994 As principais estratégias de ação detectadas foram reuniões com os moradores para análise das necessidades e possíveis soluções inclusive com o incentivo à formação de grupos de autogestão e à formação de recursos humanos da própria comunidade e propostas de atividades específicas Para que a formação de recursos humanos capazes de desenvolver e dar continuidade a projetos de melhoria da qualidade de vida seja viável temse verificado a importância de fortalecer o envolvimento afetivo com os objetivos e programas de ação propostos A promoção deste envolvimento tem sido feita exatamente através da busca de uma definição pela própria comunidade das prioridades de atuação Neste sentido o psicólogo atua mais como um analista facilitador que como um profissional que toma as iniciativas de solucionar os problemas São centrais portanto nesta área de estudos os conceitos que contribuem na análise da constituição do sujeito social produto e produtor da cultura e as metodologias de desenvolvimento da consciência Neste volume estudos e reflexões sobre algumas dessas problemáticas específicas da psicologia social comunitária são apresentados ao leitor Pioneira na delimitação conceituai da área na America Latina Sílvia Tatiana Maurer Lane professora de psicologia social no programa de estudos pósgraduados em psicologia da Pontifícia universidade Católica de São Paulo explica o 13 surgimento da psicologia comunitária entre nós durante os anos 70 como reação à opressão política e dominação econômica e ideológica que caracterizaram o período militar na região Observase nos relatos de experiências na área a tentativa de promover em comunidades populares a crescente consciência da situação de opressão e a iniciativa de ações transformadoras autônomas que levassem em consideração a necessária vinculação entre condições objetivas de vida e processos psicológicos A partir desses relatos a autora busca definir os principais conceitos teóricos necessários ao trabalho do psicólogo em comunidade e a evolução dos modelos de atuação no Brasil A seguir Bader Sawaia também lecionando no programa de estudos pósgraduados da Pontifícia universidade Católica de São Paulo explora as origens do próprio conceito de comunidade na história do pensamento social A autora analisa a evolução do conceito como contraponto ao avanço do senso individualista que caracteriza o capitalismo Acompanhando as perspectivas que informaram a elaboração teórica da noção de comunidade na sociologia e na psicologia Sawaia observa como a partir de um ponto de vista totalitário o conceito passa no final do século XX a incorporar o sentido da resistência à opressão e da luta pela cidadania plena Maria de Fátima Quintal de Freitas docente do mestrado em psicologia da Universidade Federal do Espírito Santo acompanha a evolução do conceito de comunidade em psicologia a partir das representações e práticas dos psicólogos e observa que a principal fonte de definição da área da psicologia comunitária nos anos 60 e 70 vinculavase a práticas comprometidas com a perspectiva de libertação sóciopolítica da população Já no curso da década de 80 e início dos anos 90 esta 14 perspectiva se modifica a partir de transformações no próprio sistema de saúde pública no país Estas transformações se tornam mais evidentes a partir da própria mudança de denominação a psicologia na comunidade passa à psicologia da comunidade tomando como unidade de análise o grupo comunitário e a psicologia comunitária que toma como objeto de análise o sujeito construído sóciohistoricamente Já Pedrinho Guareschi professor no programa de pósgraduação em psicologia social da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul convida o leitor a compartilhar sua reflexão sobre conceitos fundamentais da psicologia social comunitária como os conceitos de relações sociais relações de dominação e relações comunitárias procurando demonstrar que e na comunidade que se estruturam as relações democráticas desejáveis Jacyara Nasciutti professora no programa de pós graduação em comunidades e ecologia social da Universidade Federal do Rio de Janeiro busca esclarecer as relações entre instituições e comunidades de um ponto de vista psicossocial e mostra como utilizar os conceitos da análise institucional na análise das instituições de saúde mental no Brasil Naumi Vasconcelos também professora no programa de pósgraduação em comunidades e ecologia social da Universidade Federal do Rio de Janeiro reflete sobre a relação entre qualidade de vida e habitação focalizando especialmente o processo de ocupação do espaço urbano e da construção de hábitos comunitários em habitações urbanas as relações corpocasa e seus impactos sobre as representações da qualidade de vida Procura assim uma definição subjetiva de qualidade de vida que possa ser incorporada como contribuição da psicologia social aos indicadores objetivos deste conceito 15 Regina Helena de Freitas Campos do programa de mestrado em psicologia social da Universidade Federal de Minas Gerais trabalha sobre as relações entre comunidade cultura e consciência Busca assim refletir sobre como as teorias sobre os processos de construção do conhecimento produzidas pela psicologia social podem se aproximar das práticas da psicologia comunitária sobretudo no que se refere à emergência dos processos de conscientização mencionados na literatura da área Esta coletânea espera contribuir para o desenvolvimento teórico da psicologia social comunitária estabelecendo bases mais sólidas para os conceitos de interesse para estudantes e profissionais da área BIBLIOGRAFIA BOMFIM Elizabeth M Comum moderna cidade In Bomfím E e Machado M Em torno da psicologia social Belo Horizonte publicação autônoma 1987 Psicologia social psicologia do esporte e psicologia jurídica In Achcar R et alii Psicólogo brasileiro Práticas emergentes e desafios para a formação São Paulo Casa do Psicólogo 1994 FREITAS Maria de Fátima Q Psicologia comunitária Professores de psicologia falam sobre os modelos que orientam a sua prática Tese de doutorado São Paulo Pontifícia universidade Católica de São Paulo 1994 GÓIS Cezar Wagner de Lima Noções de psicologia comunitária Fortaleza Edições UFC 1993 16 LANE Sílvia T Maurer Psicologia Ciência ou política São Paulo EDUC 1988 17 HISTÓRICO E FUNDAMENTOS DA PSICOLOGIA COMUNITÁRIA NO BRASIL1 Sílvia Tatiana Maurer Lane Introdução Uma revisão da psicologia comunitária no Brasil não pode ser feita fora do contexto econômico e político do Brasil e da America Latina Sem dúvida o golpe militar de 1964 tem muito a ver com o seu surgimento pois se num primeiro momento 196875 vivemos um período de extrema repressão e violência quando uma reunião de cinco pessoas já era considerada subversão ele fez com que individualmente os profissionais de psicologia se questionassem sobre a atuação junto à maioria da população e de qual seria o seu papel na sua conscientização e organização Esta preocupação é mais sentida na universidade quando a partir dos movimentos de 1968 questionando o ensino e a academia e desenvolvida uma reflexão crítica quanto ao seu papel principalmente em países do Terceiro Mundo que não podem se dar ao luxo de uma universidade fechada numa torre de marfim Neste contexto os professores dos cursos de formação profissional do psicólogo questionam a sua prática ao mesmo tempo em que a crise da psicologia como ciência está patente em que a antipsiquiatria abala os conceitos 1 Tratase da 1ª parte revista e ampliada de um artigo em coautoria com Bader B Sawaia enviado para publicação num livro sobre psicologia social comunitária na America Latina organizado por Sanchez E e Wiesenfeld E a ser publicado na Venezuela 18 de doença mental deslocando o problema para a questão da saúde mental e para uma possível ação preventiva junto à maioria da população pobre oprimida e desatendida pelo Estado É nesse período também que surge nos Estados Unidos e em vários países da America Latina a expressão psicologia comunitária referindose à atuação de profissionais junto a populações carentes porém a maioria dos trabalhos dessa época tinham um forte cunho assistência e manipulativo utilizando técnicas e procedimentos sem a necessária análise crítica a intenção era boa porém não os resultados obtidos Fora da universidade médicos e psiquiatras preocupados com a saúde pública e uma ação preventiva criam na década de 70 os centros comunitários de saúde mental que segundo A Abib Andery 198112 o fazem numa tentativa de superar os clássicos hospitais psiquiátricos mas também nesse caso as mudanças foram mais aparentes do que estruturais Por outro lado já na década de 60 surge uma preocupação com a educação popular com a alfabetização de adultos como instrumento de conscientização são os trabalhos de Paulo Freire e de outros dos quais participavam diversos profissionais e entre eles psicólogos sem qualquer preocupação em definir especificidades em termos de áreas de trabalho eram atividades inerentes à cidadania Essas experiências levam os psicólogos na década de 70 a desenvolverem atividades em comunidades em termos de educação popular tendo como meta a conscientização da população Assim vamos encontrar sob o rótulo de psicologia social comunitária uma prática voltada a a prevenção da saúde mental unindo psicólogos psiquiatras e assistentes sociais e b educação popular com a participação de pedagogos psicólogos sociólogos e 19 assistentes sociais No encontro de 81 as duas linhas se confundem Também neste encontro uma questão pouco discutida mas necessária de ser aclarada foi colocada O que é uma comunidade Ela é possível numa sociedade capitalista baseada na idéia de competição Ou ela e uma utopia que se pretende atingir algum dia Na nossa revisão utilizaremos dois referenciais 1 o 1º Encontro Regional de Psicologia na comunidade realizado em São Paulo em 1981 com trabalhos realizados na década de 70 e 2 o 2º Encontro Regional ocorrido em Belo Horizonte em 1988 com relatos referentes a trabalhos da década de 80 Ambos foram organizados pela Associação Brasileira de Psicologia Social ABRAPSO tendo por objetivos a troca de experiências e principalmente o de não cometer os mesmos erros Em cada encontro foram apresentados em torno de 10 relatórios para uma audiência de mais de 100 profissionais como psicólogos assistentes sociais educadores sociólogos etc Podemos observar nestes dois encontros o contraste entre preocupações com a saúde mental e aqueles com a educação popular ambos com objetivos diferentes O encontro de 1981 À procura de uma compreensão de uma psicologia social comunitária O Projeto de Saúde Mental Comunitária do Jardim Santo Antônio foi apresentado por Helio Figueiredo como proposta que se origina na universidade em 77 numa visão do compromisso dela com a sociedade A equipe e formada por dois professores de psicologia uma socióloga e um administrador que devem orientar alunos estagiários do curso de psicologia O projeto é precedido por uma pesquisa que deverá dizer o melhor local de trabalho e levando ao aluguel de uma sede própria em julho de 79 onde são 20 prestados serviços como atendimento psicológico individual e grupal acompanhamento do clube de mães e grupo de jovens e promoção de reuniões da equipe com grupos do bairro a fim de se definir programas de ação A presença constante e fixa da equipe no bairro faz com que os grupos passem a procurála tendo como referência a casa da sede Com o objetivo de atuar a nível da saúde mental a equipe detecta como principais problemas da população além de questões como ausência de infraestrutura baixos salários violência urbana desgaste físico e psicológico a questão da perda da identidade cultural devido à migração a ação dos meios de comunicação transmitindo a ideologia de uma sociedade de massa e de consumo e por último a ausência de organização popular Da prática desenvolvida o grupo profissional chega à definição clara de seu objetivo que seria o de proporcionar o crescimento da consciência dessa população através da participação dos indivíduos em grupos que os levariam a superar o individualismo e a se unirem em atividades que visassem mudar o seu cotidiano Uma outra experiência e relatada por Pedro de C Pontual e Paulo Moldes 1981 realizada pelo centro de Educação Popular do Instituto Sedes Sapientiae SP cuja proposta é de intervenção crítica e de prestação de serviços nas áreas de saúde e educação através de duas equipes interdisciplinares jornalistas psicólogos sociólogos assistentes sociais teólogos economistas pedagogos geógrafos engenheiros e arquitetos Os princípios básicos que norteiam as duas equipes são a importância da organização legítima dos trabalhadores por eles mesmos a importância do controle pela base dos movimentos populares a importância do aspecto organizativo como conscientizador dos 21 movimentos e o profissional como dinamizador como animador dos grupos nunca como liderança É Pontual que afirma Nesse sentido o que identifica qualquer profissional ligado realmente aos movimentos populares e o seu papel de educador popular embora ele possa dar uma contribuição maior na área de conhecimento em que ele se formou 198130 e continua dizendo que enquanto psicólogos devem lidar com a dinâmica de grupos de encontros com questões metodológicas e de avaliação também devem lidar com as tensões e problemas de relacionamento porém sem fazer recortes todos se identificam como educadores populares Há ainda o relato da atuação da equipe junto à população visando definir problemas prioritários que levam a comunidade a questionarse o quanto sabe sobre a própria realidade e a realizar uma pesquisa no bairro e apresentar os seus resultados em um caderno em quadrinhos que divulgado leva a uma assembleia com objetivo de discutir os resultados da pesquisa e definir os problemas prioritários ou seja creche posto de saúde e coleta de lixo A discussão da creche por sua vez leva à produção de um filme super 8 sobre as crianças do bairro que quando exibido mobiliza a população num movimento reivindicatório por creche Um terceiro relato nesse encontro referiuse à utilização do psicodramapedagógico com mulheres na periferia apresentado por Maria Alice Vassimon 19813945 É colocado como objetivo a educação popular auxiliando o grupo a perceber a sua própria realidade a sua própria cultura Vassimon 198141 O trabalho iniciase com 60 mulheres ávidas em discutir problemas de seu cotidiano em relação a filhos maridos casa família etc e a equipe também interdisciplinar preocupase durante dois anos em como tornar o grupo independente e assumir a própria história e seu próprio caminho 198141 22 Este grupo de mulheres assume o clube de mães aproximase da escola organiza uma feira de arte e trabalha no posto de saúde dando curso para gestantes cada vez mais independentes da equipe à qual recorrem quando necessário necessidade essa que se espaça cada vez mais ao longo do tempo O relato encerrase com uma reflexão sobre o psicodrama como sendo uma forma de aproximação extremamente saudável porque não se fica falando e para o povo falar nem sempre é fácil e para estimular uma libertação imprimir a direção a sua própria realidade o psicodrama e muito importante 198148 Brühl e Malheiros apresentaram suas reflexões sobre a psicologia social comunitária no Nordeste Paraíba agora voltada para uma formação universitária a nível de mestrado em psicologia na comunidade da Universidade Federal da Paraíba Das observações e experiências realizadas os autores definem dois níveis de atuação 1 desenvolvimento de trabalho educacional visando a mobilização e organização de grupos comunitários para a busca de soluções de seus problemas 2 desenvolvimento de trabalho de assessoramento a grupos já existentes E finalizam afirmando que a atuação do psicólogo deve darse no sentido de que a resolução das situações de crises individuais resulte na superação das contradições sociais que geraram 1981102 através de um processo de conscientização Outras experiências em centros de saúde em bairros com grupos de mulheres de adolescentes de teatro e outros foram apresentados sempre enfatizando o grupo como condição básica tanto para a ação clínica como preventiva e educativa O Encontro de 1981 se encerra com o questionamento se a atuação do psicólogo se caracteriza 23 por tarefas visando a prevenção e a cura da doença mental ou por tarefas educativas e conscientizadoras O que e específico da psicologia e dos demais profissionais envolvidos nas mesmas tarefas E qual o papel da universidade 1981987 O que vemos nesse momento é ainda uma visão do psicólogo que se define pelas técnicas que utiliza e não pelo conhecimento que ele tem do psiquismo humano do indivíduo como pessoa que se constrói na relação com os outros no desenvolvimento de suas atividades no movimento de sua consciência e na produção de sua identidade E ainda uma visão fragmentada do indivíduo aprendizagem educação e um processo terapia e outro conscientização e outro ainda Parece que o único ponto constante e a relação grupai e no encontro com os outros semelhantes que descobrimos a realidade que descobrimos a individualidade e a sociedade As diferentes idéias são discutidas em torno de técnicas ao invés de considerarem a natureza do psiquismo humano e a natureza do indivíduo que interage com outros Encontro de 1988 À procura da sistematização No Encontro Mineiro de Psicologia Comunitária de 1988 os relatores procuraram definir qual a especificidade da prática psicológica em comunidade e grande ênfase é dada às técnicas de dinâmica de grupo como se pode observar nos relatos de Elizabeth Bomfim 1988200 É a partir do conhecimento dos grupos e das instituições que se chega à organização popular é a experiência que ela e Marília N da Mata Machado relatam sobre a favela de Vila Acaba Mundo em Belo Horizonte As atividades desenvolvidas além de propiciar 24 o treinamento de estudantes de psicologia treinam os moradores em técnicas de autoorganização através de recursos que vão desde um vídeo sobre a favela de informações sobre direitos que a comunidade tem para ir em busca de soluções até uma prática grupal espaço de palavra livre visando a autoorganização e a criação de cooperativas A atuação clínica se dá em termos de análise e terapia da autodepreciação visando o erguimento da autoestima É ainda na Vila Acaba Mundo que Alayde M Caifa de Arantes 1988150 relata sua experiência com grupos de adolescentes onde não se fala em psicólogos mas se trabalha em artesanato visando através do desenvolvimento grupal a compreensão das relações sociais e das regras necessárias para uma melhor convivência Elizabeth Bomfim sintetiza o trabalho de seu grupo afirmando a existência de uma relação estreita entre saúde e condições de vida cabendo ao psicólogo atuar no sentido de que as condições e modos de vida precisam ser dominados para que haja autonomia de sujeito para exercer a sua saúde 1988202 O trabalho apresentado por Angela Caniato e uma avaliação da experiência realizada pela Universidade de Maringá em uma comunidade atendida por posto de saúde e conclui que o psicólogo esbarra nos limites teóricos e técnicos de sua formação na universidade que não lhe permite responder às demandas de atendimento psicossocialmente colocadas pelas populações que freqüentam estes postos de saúde 1988180 E continua afirmando que o cidadão desaparece sob o indivíduo doente que procura o psicólogo para se tratar 1988181 Daí a necessidade de se resgatar a individualidade e a subjetividadecompetência do psicólogo 25 Por fim William CC Pereira faz uma análise do individualismo como produto da modernidade e analisando o filme A classe operária vai ao paraíso conclui que a grande vítima mais do que o corpo do indivíduo é a subjetividade negada por um poder arbitrário Resgata a questão do poder que permeia as relações sociais apontando para a necessidade de se diferenciar podertrabalhoserviço de poderdominação autoritarismo o primeiro sendo um jogo de mútuas influências e o segundo apenas um fetiche Concluindo o relato deste Encontro podemos observar um avanço na definição do que seja uma atuação do psicólogo em comunidades cabendo a ele desenvolver grupos que se tornem conscientes e aptos a exercer um autocontrole de situações de vida através de atividades cooperativas e organizadas Para tanto o entendimento de relações de poder que se constituem no cotidiano e de grande importância para a compreensão tanto da violência arbitrária quanto de uma ação cooperativa e transformadora Por outro lado o resgatéda subjetividade que implica na compreensão das representações do mundo em que vive até às emoções e afetos que definem a sua individualidade única Além destes trabalhos apresentados nos Encontros várias universidades têm criado o que chamam de serviço de extensão visando integrar alunos e professores de diferentes áreas na prestação de serviços à sociedade em geral e nesta linha a participação de psicólogos em trabalhos comunitários tem sido bastante significativa À guisa de exemplo gostaríamos de relatar o trabalho desenvolvido na Universidade Metodista de Piracicaba SP UNIMEP onde o serviço de extensão se origina pela atuação da equipe de psicólogos sociais liderada por Lucila Reboredo junto à população favelada 26 da cidade levandoa a se constituir em associação a reivindicar seus direitos a melhorar sua condição de vida chegando a um projeto de autoconstruções com a participação de vários setores da universidade É um trabalho que foi relatado e analisado por Reboredo em sua tese de doutorado o qual já se estende por vários anos e se amplia para outras atividades garantida pela institucionalização do setor de extensão universitária integrada ao ensino e à pesquisa Trabalhos comunitários na zona rural Acreditamos ser importante ainda uma menção aos trabalhos comunitários desenvolvidos na zona rural provavelmente os primeiros a falarem em comunidade contando com a participação de cientistas sociais e que se estendeu de forma semelhante por vários países da America Latina Na década de 40 encontramos os chamados centros sociais que deram origem aos atuais centros comunitários Esses contavam com o apoio da Igreja Católica de assistentes sociais e órgãos governamentais criando equipes itinerantes interdisciplinares médicos agrônomos assistentes sociais e outros que procuravam organizar grupos locais que dessem continuidade aos trabalhos propostos basicamente educativos Porém estes em pouco tempo se desfaziam Após a II Guerra Mundial a ONU desenvolve um programa de Desenvolvimento de comunidades que no Brasil contou com a cooperação dos Estados Unidos visando a consolidação do sistema capitalista Em 1951 são definidos os objetivos destes centros entre eles o de constituirse uma organização democrática obedecendo ao propósito de fomentar a solidariedade comunal dispondo para tal fim de um local onde 27 possam se reunir em pé de igualdade os residentes de um mesmo setor para participar de atividades sociais recreativas e educativas Apud Amman 198538 As atividades desenvolvidas nestes centros se caracterizavam por serem acríticas e aclassistas procurando atravésda ação comunitária desenvolver os indivíduos e conseqüentemente a sociedade O combatéao analfabetismo foi a primeira meta seguida do ensino de tecnologias agrícolas e numa segunda etapa criamse instituições que visam uma maior integração social Em um seminário realizado em 1960 foram estabelecidos princípios básicos para o desenvolvimento comunitário que implicavam na ajuda de cientistas sociais orientados pela perspectiva positivista de sociedade que levava a uma postura essencialmente paternalista mas com um discurso desenvolvimentista Tratavase de harmonizar através da participação de todos os conflitos existentes acreditando que a igualdade social poderia brotar automaticamente das estruturas econômicas sociais e políticas do capitalismo monopolista Fernandes F Prefácio in Amman 198543 Um destes centros comunitários foi estudado por Patrícia Maria GC Mortara para a sua dissertação de mestrado defendida em setembro de 1989 Através de entrevistas abertas e de análise das representações sociais de moradores de um bairro da cidade de Amparo no interior do Estado de São Paulo Mortara estuda a consciência social de participantes de atividades do centro comunitário que congrega grande parte dos moradores do bairro O centro comunitário foi criado em 1969 por fazendeiros e lideranças locais que o sustentam até hoje visando atuar na saúde preventiva e curativa e na educação formal e informal tendo por finalidade 28 promover o homem integrandoo no meio em que vive Mortara 198972 Atualmente o centro desenvolve atividades tais como grupos de mães e jovens atividades educativas desde préescola até a integração escola comunidade serviços ambulatoriais médicos e dentários atendimento psicológico cursos profissionalizantes e recreações sociais Cabe observar que aqui o psicólogo e o profissional clínico que atende pacientes encaminhados sem qualquer participação mais ativa nas relações comunitárias apenas faz parte de uma equipe que presta serviços à população Ao analisar as representações de moradores participantes de atividades do centro Mortara mostra com clareza que os homens antes colonos ora assalariados mantêm uma relação afiliativa com os patrões que são bons e não pagam melhores salários porque não podem a culpa é do governo As mulheres cuidam dos afazeres domésticos e dos filhos quando casadas ou trabalham em atividades femininas procurando sempre que possível ajudar os outros A união entre os moradores do bairro é exaltada em contraposição a outros locais Mortera 1989162163 Em suma este estudo mostra com clareza a existência de trabalhos comunitários que por sua origem paternalista e objetivos assistenciais levam à manutenção de consciências fragmentadas pelo idealismo e individualismo e de fato impedindo qualquer avanço tanto na ação como na consciência Não podemos deixar de mencionar que alguns anos antes fins da década de 40 e início de 50 em Minas Gerais uma psicóloga Helena Antipoff defendia o princípio da educação democrática e de que a inteligência era algo construído socialmente Na Fazenda do Rosário ela criou um centro educacional onde qualquer criança deficiente abandonada pobre ou rica branca ou preta 29 tinha seu lugar garantido Criou também a Associação Comunitária do Rosário na qual psicóloga educadores e a comunidade trabalham em conjunto pela melhoria das condições de vida da população e por sua autonomia Toda esta história tão brasileira nos seus contrastes foi pesquisada por Regina Helena de F Campos em sua tese de doutorado e contínua a ser pesquisada por seus alunos Campos 1990 Os resultados destes trabalhos podem ser vistos no museu dedicado a Helena Antipoff na Secretaria da Educação de Minas Gerais Se o estudo de Mortara caracteriza a maioria dos centros comunitários na zona rural existem exceções onde se procura desenvolver uma psicologia social comunitária visando a organização da população para ações com autonomia que levem à solução de problemas concretos oriundos da contradição fundamental entre capital e trabalho É o caso de trabalhos desenvolvidos no Estado do Ceará a partir do serviço de extensão da Universidade Federal deste Estado sob a coordenação do professor e psicólogo Cezar Wagner de Lima Góis São trabalhos publicados2 que conhecemos em recente visita ao Ceará por ocasião da 41ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência Portanto estaremos apresentando o relato oral do professor Wagner Góis e a visita que fizemos em sua companhia a uma aldeia de pescadores onde um grupo de psicólogos e educadores atuam Um dos trabalhos relatados ocorria junto a uma comunidade agrícolaextrativa no agreste que se achava em sua fase final ou seja a retirada da equipe universitária do local dado o desenvolvimento e 2 Em janeiro de 1990 a Revista Psicologia e Sociedade da ABRAPSOpubtou o primeiro trabalho relatado Pedra Branca uma contribuição comunitária Ano V novembro de 89 a março de 90 p 95118 30 autonomia organizativa da população Era um trabalho de alguns anos de troca de saberes de participação em grupos e de assessoria requerida que atingia o seu objetivo a consciência da cidadania a visão clara dos problemas vividos e dos canais para possíveis soluções Nesta fase final a ida da equipe ao município era esporádica havendo mais uma intenção de reforço do que de assessoria para garantir um sentimento de segurança e ao mesmo tempo algo como se precisarem de nós estamos aqui A outra comunidade na qual assistimos a uma reunião aberta era uma aldeia de pescadores que estavam sendo expulsos por industriais explorando o pescado em larga escala impedindo direta e indiretamente a sobrevivência alimentar e econômica dos pescadores e suas famílias A reunião visava discutir os direitos violados e como agir para defendêlos As sugestões variaram desde a resistência armada até o apelo às instituições governamentais e as estratégias propostas consideravam os mais diferentes ângulos até chegarem à decisão de recorrer às instituições legais porém com a mobilização dos meios de comunicação de massa e sem deixar a vila desprotegida A reunião terminou com a designação de quem faria o quê Pudemos notar que a equipe da universidade apesar de bastante entrosada e querida pelos moradores do local apenas assistia à discussão coordenada por um deles e só participava quando solicitada para algum esclarecimento Notamos a confiança no poder de decisão do grupo sinal de uma autonomia em construção 31 Em busca de uma sistematização teórico prática Certamente não demos conta com estes relatos de todas as experiências em psicologia social comunitária que vêm ocorrendo no Brasil porém acreditamos que eles sejam significativos em termos de representatividade das grandes questões teóricas e práticas que a caracterizam hoje em nosso país A partir desta revisão nos compete ainda uma sistematização teóricoprática dentro dos pressupostos que vêm orientando nossos trabalhos nestes últimos anos As diversas experiências comunitárias vêm apontando para a importância do grupo como condição por um lado para o conhecimento da realidade comum para a autoreflexão e por outro para a ação conjunta e organizada Em outros termos estamos falando da consciência e da atividade categorias fundamentais do psiquismo humano que sistematizam muito do que se sabe sobre comportamento aprendizagem e cognição Quando se procura resgatar a subjetividade esta implica necessariamente em identidade categoria que leva ao conhecimento da singularidade do indivíduo que se exprime em termos afetivos motivacionais através das relações com os outros ou seja na vida grupal A análise das três categorias fundamentais atividade consciência e identidade só se faz pelo registro de mediações com a linguagem e o pensamento ferramenta essencial para as relações com os outros e que irá constituir os conteúdos da consciência E são também estas relações sociais que se desenvolvem através de atividades que por sua vez sofrem a mediação das emoções individuais possivelmente constituindo conteúdos inconscientes 32 presentes tanto na consciência como na atividade e na identidade Sintetizando o psicólogo na comunidade trabalha fundamentalmente com a linguagem e representações com relações grupais vínculo essencial entre o indivíduo e a sociedade e com as emoções e afetos próprios da subjetividade para exercer sua ação a nível da consciência da atividade e da identidade dos indivíduos que irão algum dia viver em verdadeira comunidade E é Góis 1990117 quem melhor define esta prática Fazer psicologia comunitária e estudar as condições internas e externas ao homem que o impedem de ser sujeito e as condições que o fazem sujeito numa comunidade ao mesmo tempo que no ato de compreender trabalhar com esse homem a partir dessas condições na construção de sua personalidade de sua individualidade crítica da consciência de si identidade e de uma nova realidade social Acreditamos que estes aspectos teóricos estão concretizados na pesquisa de Bader B Sawaia onde através de sua participação junto a mulheres de uma favela analisa o movimento de consciência imbricada nas atividades desenvolvidas por elas ao longo de quatro anos Sawaia demonstra a importância metodológica da pesquisa participante como recurso científico distinto da militância porém sem negar os compromissos social e político necessariamente envolvidos neste processo Sawaia 1987 Quando decidimos delinear nova visão histórica da psicologia comunitária no Brasil pudemos observar que os grupos seja como recurso da pesquisa participante seja como referência teórica são os espaços privilegiados para uma análise teóricoprática dos avanços das consciências individuais envolvidas no processo 33 É no contexto grupal que nos identificamos com o outro e e nele também que nos diferenciamos deste e assim construímos a nossa identidade sendo o grupo condição para a sua manutenção ou metamorfose Porém é também nas relações grupais que sentimos a ação do poder o qual tanto pode negar a nossa identidade como redefinila Há o poder do bom falante aquele que entende de tudo e assim impõe o seu pensamento aos demais como uma verdade absoluta Neste jogo o participante expressionista se sente perdido pois ele o outro e estudado ele sabe falar bem e precisamos de um líder E a conclusão acaba sendo deixa ele decidir Desta forma cristalizamos a nossa identidade nos submetendo a um poder autoritário e espúrio esquecendo que em um grupo por princípio somos todos iguais em direitos e deveres BIBLIOGRAFIA ABRAPSO Anais do I Encontro de Psicologia na Comunicação São Paulo 1981 AMMANN Safira Bezerra Ideologia de desenvolvimento de comunidade no Brasil São Paulo Cortez Editora 1985 ANDERY AA Psicologia na comunidade no Brasil In Anais do I Encontro Regional de Psicologia na comunidade São Paulo 1981 ARANTES AMC Vila Acaba Mundo In Anais do III Encontro Mineiro de Psicologia Social ABRAPSO março ano III nº 4 1988 BOMFIM E Vila Acaba Mundo Bairro Sion In Anais do III Encontro Mineiro de Psicologia Social ABRAPSO março ano in ng 4 1988 BRÜHL D e MALHEIRO DPA Psicologia na comunidade e os problemas psicossociais de grupos populacionais pobres do Nordeste do Brasil In Anais do I Encontro Regional de Psicologia na comunidade São Paulo 1981 34 CAMPOS RH de F Psicologia na comunitária no Brasil Um pouco de história In Anais do III Simpósio de Pesquisa e Intercâmbio Científico ANPEPP PUCSP agosto 1990 p 28 CANIATO Angela Implicações do enfoque social na prática do psicólogo em saúde mental In Anais do III Encontro Mineiro de Psicologia Social ABRAPSO março ano III nº 9 4 1988 FIGUEIREDO H Proposta de atuação do Projeto de Saúde Mental Comunitária do jardim Santo Antônio In Anais do I Encontro Regional na comunidade São Paulo 1981MORTARA PMGC A consciência social de uma população rural um estudo de caso no Bairro Pantaleão dissertação de mestrado Amparo PUCSP São Paulo 1989 PONTUAL P de C e Moldes P Experiência de bairro operário In Anais do l Encontro Regional de Psicologia da comunidade São Paulo 1981 SAWAIA Bader B A consciência em construção no processo de construção da existência tese de doutorado PUCSP 1987 VASSIMON MA Psicodrama pedagógico com mulheres na periferia In Anais do I Encontro Regional de Psicologia na comunidade São Paulo 1981 35 COMUNIDADE A APROPRIAÇÃO CIENTÍFICA DE UM CONCEITO TÃO ANTIGO QUANTO A HUMANIDADE Bader Burihan Sawaía Comunidade é um conceito ausente na história das idéias psicológicas Aparece como referencial analítico apenas nos anos 70 quando um ramo da psicologia social se autoqualificou de comunitária Assim fazendo definiu intencionalidades e destinatários para apresentar se como ciência comprometida com a realidade estudada especialmente com os excluídos da cidadania A descoberta da comunidade não foi um processo específico da psicologia social Fez parte de um movimento mais amplo de avaliação crítica do papel social das ciências e por conseguinte do paradigma da neutralidade científica desencadeado nos anos 60 e culminado nas décadas de 70 e 80 quando o conceito de comunidade invadiu literalmente o discurso das ciências humanas e sociais especialmente as práticas na área da saúde mental Não há dúvidas de que a introdução deste conceito no corpo teórico da psicologia social constituiu um aspecto epistemológico importante na medida que representou a opção por uma teoria crítica que interpreta o mundo com a intenção de transformálo Heller 1984289 Entretanto comunidade tornouse conceito capaz de abarcar qualquer perspectiva de prática profissional contanto que realizada fora de consultórios e 36 instituições permitindo seu uso demagógico no discurso político neoliberal para designar o compromisso com o povo e a união do povo3 ou ainda no discurso dos que se arvoram de inventores da sociedade ou defensores da pureza étnica e cultural Hoje comunidade aparece como a utopia do final do século para enfrentar o processo de globalização considerado o grande vilão da vida em comum e solidária mas uma utopia reacionária saudosista que em vez de orientar ações voltadas ao futuro remete ao passado como uma espécie de lamento Aliás se prestarmos atenção notaremos que toda utopia propõe modelos de comunidade como arquétipo de situação ideal que teria ocorrido nos primórdios da humanidade e que o homem perdeu Um lugar cujos habitantes inclinamse ao bem naturalmente portanto onde se atinge a perfeição e não há o que mudar Inclusive na era das descobertas o novo mundo foi padrão do imaginário utópico como o lugar não contaminado pela civilização sendo as comunidades indígenas o seu ícone Essa ideia desencadeou iniciativas de construção de comunidades de caráter utópico socialista tanto no Brasil como nos EUA Devido à diversidade de significado e ao uso demagógico da palavra comunidade cujo trailer foi acima apresentado e preciso refletir sobre esse conceito nas suas múltiplas significações e esclarecer o enfoque adotado sob pena de cometer falhas e interpretações falsas especialmente hoje quando a maioria dos profissionais da saúde e das ciências humanas dizem estar trabalhando nas e com as comunidades 3 Um chefe de narcotráfico do Rio de Janeiro em entrevista recente referiuse aos moradores de uma favela desta cidade como a minha comunidade 37 1 A comunidade na história do pensamento social A O debaté entre comunidade e individualismo ou a utopia que remete ao passado Comunidade tem presença intermitente na história das ideias Ela aparece e desaparece das reflexões sobre o homem e sociedade em consonância às especificidades do contexto histórico e esse movimento explicita a dimensão política do conceito objetivado no confronto entre valores coletivistas e valores individualistas A cada avanço do individualismo vêse o florescer de utopias comunitárias e viceversa como aponta Nisbet 1973 ao afirmar que o movimento de hostilidade intelectual à comunidade e seu substrato ético ocorrido no Iluminismo foi decorrência de sua associação ao sistema feudal Os filósofos da Ilustração estavam empenhados na destruição dos grupos e associações surgidas na Idade Média para combater os resquícios de dominação e exploração do homem resultante de interdependências básicas do feudalismo Contra a ideia de sociedade fundada na comunidade defendiam a ideia de sociedade fundada no contrato entre homens livres não homens membros de corporações ou camponeses que se vinculam racionalmente em modos específicos e limitados de associações Esse movimento anticomunitário assentado no desejo de destruir a ordem feudal injusta foi reforçado pelas duas revoluções francesa e industrial e encontrou apoio também entre os que recusavam a ideia de contrato e defendiam a doutrina do egoísmo racional e conseqüentemente do racionalismo econômico Para todos esses comunidade era o inimigo do progresso que se vislumbrava no final do século XVIII representando a persistência das tradições a serem vencidas pois impedia 38 o desenvolvimento econômico e a reforma administrativa Enfim todas as forças sociais críticas uniramse na tarefa gigantesca de eliminar os destroços comunais legados pela Idade Média que penetrou no século XIX No entanto esse mesmo período assistiu a emergência de uma reação intelectual iniciada pelo pensamento conservador de recuperação da comunidade como modelo de boa sociedade ameaçado pelo individualismo e pelo racionalismo valores propagados pelo Iluminismo Dessa forma comunidade tornouse o centro do debatéda modernidade nascente De um lado condenada como conservadora e antagônica ao progresso De outro defendida pelos que tinham horror à modernização como símbolo de tudo de bom e que o progresso destruiu Mas em ambas as perspectivas comunidade aparece como utopia que remete ao passado com significado reacionário cujo protótipo e a família encontrando sua expressão simbólica na religião nação raça profissão e nas cruzadas Sua delimitação pode ser local ou global pois o que importa é a comunhão de objetivos a condição de continuação no tempo o engajamento moral a coesão e a coerção social Com o tempo esses valores extrapolaram o âmbito do pensamento conservador e cada um a seu modo foram sendo apresentados no pensamento político e filosófico e atémesmo religioso do século XIX em oposição aos valores das cidades modernas Segundo Nisbet 1973 a nostalgia da comunidade comunitária e o sentimento inerente ao pensamento social do século XIX Na religião apareceu no bojo do movimento contra a pastoral individualista e a teologia racionalista do século XVIII idéias de Lutero e Calvino acusadas de afastarem o homem do caráter comunitário e cooperativo tradicionais Essa corrente de pensamento atingiu os 39 teólogos dos países ocidentais provocando um verdadeiro renascimento dos temas litúrgicos e canônicos o qual subsidiou posteriormente o reavivamento das comunidades eclesiais de base como no Brasil nos anos 70 Na filosofia a ideia de comunidade apareceu sob os mais variados aspectos mas sempre como fundamento do ataque ao racionalismo utilitário ao individualismo ao industrialismo do laissezfaire e ao igualitarismo da Revolução Francesa Na obra de Hegel Filosofia do direito um dos pensadores mais proeminentes do século XIX cuja filosofia dialética serviu de base ao marxismo o Estado e uma Communitas communitatum e não a agregação de indivíduos pelo contrato como propunha o Iluminismo Sua visão de sociedade é concêntrica formada por círculos interligados de associações como família comunidade local classe social e Igreja cada qual autônoma nos limites de sua abrangência funcional cada uma delas considerada fonte de afirmação do indivíduo e todos eles em conjunto reconhecidos como elemento formativo do verdadeiro Estado Nisbet 197355 Mas foi na sociologia ciência emergente no início do século XIX que comunidade elevouse à categoria analítica central do pensamento social e se estabeleceu a antítese de comunidade e sociedade como expressão do contraste entre valores comunitários e não comunitários respectivamente B O debate entre comunidade e sociedade Gemeinschaft und Gesellschaft Esse debate foi expressado na sociologia alemã por Tõnnies 1944 atravésdos termos Cemeinschafte Gesellschaft no final do século XIX que criou uma 40 estrutura tipológica da ideia de comunidade onde sistematizou a noção de comunidade esboçada no início do referido século tanto pelos conservadores como pelos revolucionários recolocandoa como critério de oposição entre modernização e tradição apesar de afirmar que comunidade faz parte da sociedade Gemeinschaft está baseado em três eixos o sangue o lugar e o espírito ou o parentesco a vizinhança e a amizade respectivamente sendo o sangue o seu elemento constitutivo e o trabalho e a crença comuns a sua base de construção Todos os sentimentos nobres como o amor a lealdade a honra a amizade são emoções de Cemeinschaft sendo que na Gesellschaft não há nada de positivo do ponto de vista moral Nela os homens não estão vinculados mas divididos Ela aparece na atividade aquisitiva e na ciência racional e sua base é o mercado a troca e o dinheiro Em resumo para Tõnnies comunidade não é uma variável ou um espaço mas uma realidade e a causa para outros fenômenos Nisbet 1973 Tal ideia permeia as reflexões sociológicas desde seus fundadores até hoje associada a diferentes fenômenos e objetivada em diferentes oposições Weber considerado o sociólogo da ação social em suas reflexões sobre as relações sociais solidárias 1917 distinguiu dois tipos que segundo ele recordam a classificação feita por Tõnnies a comunitária e a associativa tendo como critério de distinção o processo de racionalização Ambas podem ser fechadas ou abertas em direção ao exterior e se combinarem de diferentes formas nas relações entre os homens Comunalização referese à relação baseada no sentimento subjetivo do pertencer estar implicado na existência do outro como a família e grupos unidos pela camaradagem vizinhança e fraternidade religiosa A relação pode ser afetiva piedade amizade ou erótica e amorosa enfim baseada 41 em qualquer espécie de fundamentos emocional ou tradicional Sociação é uma relação cuja atividade se funda sobre um compromisso de interesse motivado racionalmente em valor ou finalidade é resultante de vontade ou opção racionais mais que na identificação afetiva Um outro sociólogo que trouxe importante contribuição ao conceito de comunidade foi Simmel considerado o Freud da sociedade por seus estudos das relações inconscientes da organização social Ele também denunciou a objetivação crescente da cultura moderna e a conseqüente impessoalidade das relações a ponto de anular a totalidade da subjetividade humana Esse contexto favorece o surgimento de um tipo de comunidade que ele denominou sociedade secreta criada para separar o indivíduo alienado da sociedade impessoal e darlhe sentimento de pertencimento portanto lugar de identidade de valores associados à comunidade alertando porém que essa sociedade secreta pode tornarse um fator de dissociação mais do que de socialização e aos olhos do governo e da sociedade um inimigo Wolff 1950 e Simmel 1894 C Comunidade como fenômeno empírico No início do século XX presenciase na sociologia uma explosão de estudos sobre comunidades configurandoa de um lado como espaço empírico de pesquisa em contraposição às situações laboratoriais dos experimentos e de outro de estudos microssociais em contraposição às análises estruturais Comunidade tornouse referencial de análise que permite olhar a sociedade do ponto de vista do vivido sem cair no psicologismo reducionista e pesquisar segundo procedimentos atéentão próprios da antropologia nos seus estudos sobre comunidades 42 indígenas como a observação participante ou empírica e estudos de caso4 D Comunidade como utopia que remete ao futuro Marx difere de forma significativa das implicações valorativas tradicionais que sustentam o contraste entre comunidade e sociedade Sua concepção dialética materialista da sociedade situa historicamente o debate comunidade e sociedade no capitalismo isto é no centro da luta de classes A sociedade na teoria marxista não é harmoniosa mas conflitiva sendo que o harmonioso e o conflito não são determinados pela presença ou ausência de valores comunitários mas por problemas nas relações de produção O individualismo inimigo das relações comunitárias e fruto do fetiche da mercadoria do trabalho alienado e produtor de mais valia No entanto Marx também se rendeu ao comunitarismo enquanto ética da vida social digna e justa Mas sua ideia de comunidade não se refere à volta ao passado perdido ou à recuperação dos valores comunitários em nível local ou nacional para superar as agruras do individualismo Ele se afasta de modelos baseados no tradicionalismo e no localismo pois acredita na vasta associação de nações na comunidade transnacional e encontra na classe trabalhadora a estrutura para a redenção ética da humanidade como demonstra o apelo que fez no Manifesto do partido comunista 198345 Proletariado de todos os países univos II Comunidade no corpo teórico da psicologia 4 Ver resumo desses estudos em Horkheimer e Adorno 1973151 171 43 Não se encontram referências explícitas sobre comunidade nas obras de psicologia social atéos anos 70 quando foi introduzida no corpo teóricometodológico da psicologia comunitária conforme dito anteriormente Mesmo nas reflexões sobre o que mantém o homem em sociedade e sobre a formação da consciência temas centrais do debate entre os pioneiros da psicologia a comunidade só aparece muito raramente para referirse às instâncias intermediárias entre o homem e a sociedade ou como sinônimo de sociedade e com diferentes conotações valorativas Como exemplo podese citar os estudos sobre psicologia dos povos realizados por Wundt em 1904 onde comunidade aparece como sinônimo de interação coletiva Segundo ele a psicologia popular consiste nos produtos mentais criados por uma comunidade humana que não se reduzem à consciência individual pois pressupôem ações recíprocas de muitos indivíduos Esse produto da interação coletiva mantém unidos os membros de uma nação Wundt 1926 e Baró 1983 Freud também aponta o caráter homogeneizador da comunidade ressaltando porém a sua dimensão negativa e injusta de considerar todos os homens iguais em desejos e necessidades Segundo ele a natureza humana dificilmente se dobra a qualquer espécie de comunidade social e viver em comunidade e trocar uma parte de felicidade pessoal por uma parte de segurança atravésde mecanismos que facilitam essa má troca Freud 1976 Nem mesmo na psicologia social ramo de psicologia criada no início do século XX com o intuito de analisar a relação homemsociedade o conceito de 44 comunidade aparece como central Em lugar dele grupo5 e interação social tornaramse dominantes nos estudos sobre os fenômenos coletivos especialmente na psicologia social norteamericana voltada aos problemas sociais provocados pela imigração e pela II Guerra Mundial com o objetivo de promover a integração de grupos e indivíduos à sociedade americana É nesse corpo teórico da psicologia que o conceito de comunidade foi introduzido como categoria analítica acompanhando um movimento mais geral da época Na década de 50 comunidade penetrou com muita força nas ciências sociais após ter sido recuperada na cena política no bojo de idéias liberaispopulistas e corporativistas inscrevendose nas estratégias de modernização do pós guerra criadas para enfrentar a Guerra Fria Wanderley 1990 Portanto comunidade entrou na psicologia no seio de um corpo teórico orientado pelo condutivismo e pelo método experimental com o objetivo de integrar indivíduos e grupos a partir da transformação de atitudes inspirado nos estudos psicossociais sobre grupo6 A diferença entre comunidade e grupo era dada pelo simbolismo do primeiro como denotativo de legitimidade da práxis psicossocial com associações tão variadas como estado sindicato e movimentos revolucionários 5 A palavra grupo é uma expressão ocasional um lugar vazio que segundo o contexto de cada ocasião se enche de diferentes significados Serve para definir qualquer tipo de relação recíproca entre multiplicidade de indivíduos qualquer vínculo entre seres humanos Adorno e Horkheimer 197361 Quando minha identificação e o grupo se encontram reciprocamente em uma correlação organizacional essencial e estável não temos mais grupos mas comunidade Heller1987 6 Em 1945 Skinner publicou uma obra de ficção na qual apresentou como viveria na prática uma comunidade planejada segundo a tecnologia do comportamento orientada pelos pressupostos condutivistas Walden Tvvo uma sociedade do futuro 45 Inicialmente comunidade foi introduzida na área clínica visando humanizar o atendimento ao doente mental e se espalhou atravésdas políticas desenvolvimentistas propagadas por organismos internacionais como OEA CEPAL BID ONU e Aliança para o Progresso especialmente nos países da America Latina A intenção era educativa e preventiva Trabalhavase em comunidades com o objetivo de desenvolver potencialidades individuais grupais e coletivas para integrar a população aos programas oficiais de modernização e para prevenir doenças Suas primeiras experiências práticas estiveram associadas portanto à educação popular à medicina psiquiátrica comunitária e sempre sob a proteção e orientação do Estado Sua tese sociológica central era a crença na modernização cultural e econômica como via de progresso atravésde reformas de base na agricultura indústria e nos valores e atitudes da população Comunidade era entendida como unidade consensual sujeito único e homogêneo lugar de gerenciamento de conflito e de mudanças de atitude Sua prática visava a união de esforços entre povo e autoridade governamental para melhorar as condições de vida de comunidades e através delas integrar a sociedade nacional construindo a prosperidade do país E sua delimitação era espacialgeográfica Os psicólogos que trabalhavam em comunidades passaram a se inspirar nas teorias psicológicas que mais contemplavam o social na análise da subjetividade tanto de tradição psicanalítica quanto institucional e sociométrica Os autores que mais se destacaram foram Kurt Lewin Goffman Reich Moffart e Bleger e um pouco mais tarde Moscovici e pensadores da fenomenologia Nesse período o corpo teórico da psicologia comunitária apresentou avanços positivos na medida em que começou a superar a cisão entre subjetividade e 46 objetividade mas não alterou sua intencionalidade prática que continuava voltada à integração social mais que à exclusão A tomada de consciência da necessidade de rever criticamente a intencionalidade e o destinatário da teoria se consolidou apenas no final da década de 70 com o domínio da matriz marxista quando a psicologia comunitária se apresentou como área de conhecimento científico não elitista a serviço do povo para superar a exploração e a dominação O psicólogo que na fase anterior se confundia com o educador social com o assistente social e com o clínico fora do consultório agora se tornou militante com o objetivo de promover a passagem da consciência de classe em si à consciência de classe para si favorecendo a tomada de consciência expressão fundamental da psicologia comunitária da exploração e da alienação e a organização da população em movimentos de resistência e de reivindicação Nesse contexto comunidade passou a ser entendida como lugar que reúne pares da classe trabalhadora considerada o agente social capaz de realizar a intencionalidade prática da teoria crítica isto é a negação da exclusão no capitalismo mantida pela exploração da maisvalia e pela alienação do homem do produto de seu trabalho Apesar das diferenças essenciais as duas vertentes se aproximaram na medida que incorporaram as características apresentadas nas reflexões clássicas tanto filosóficas quanto sociológicas sobre comunidade quais sejam ação conjunta rede de sociabilidade baseada na cooperação e solidariedade homogeneização de interesses em torno de necessidades coletivas lugar de sentimentos nobres não individualistas como lealdade amizade e honra e espaço geográfico empírico de ação e pesquisa Por outro lado ambas as 47 concepções afastaramse dos estudos clássicos ao concordarem que a comunidade é célula de sociedade capaz de irradiar mudanças e não erradicar mudanças Mudança social é o ponto que marca a profunda diferença entre essas duas vertentes da psicologia comunitária do ponto de vista epistemológico político e ideológico Na psicologia comunitária norteamericana a concepção de mudança está acoplada à modernização dos setores atrasados e pobres visando sua adaptação ao capitalismo avançado e na psicologia comunitária latinoamericana a mudança é concebida como transformação de uma sociedade exploradora e portanto como revolução socialista ou cidadã Essa última vertente promoveu grandes transformações no corpo teóricometodológico da psicologia social e colaborou com o avanço organizacionalpolítico da população mas não conseguiu libertála de mistificações do conceito e de sua redução ao um A homogeneização e imobilismo continuaram presentes nas reflexões sobre comunidade reapresentandoa como o lugar onde não existe o mal a injustiça como o paraíso na terra e portanto estagnado Hoje a reflexão sobre comunidade em psicologia encontrase em situação privilegiada A grande produção de pesquisas relatórios de práticas e reflexões teóricas gestadas nos anos 70 e 80 permite uma avaliação responsável à luz das questões éticas postas pela modernidade contemporânea e atéentão preteridas pelo atrelamento dos estudos de comunidade ao confronto exclusivo entre modernização versus revolução e integração versus conflito A sociedade assolada pelo processo de globalização de um lado presencia a queda de todas as fronteiras tradicionais que separavam homens e nações cujo exemplo mais fantástico e a rede internet de informática que acena com a comunidade virtual Por 48 outro assiste atônita à emergência de novasvelhas formas de diferenciação e segregação o que coloca a alteridade e identidade como figuras proeminentes da vida social digna obrigando os estudos de comunidade a retornarem a sua gênese para recuperar seu substrato éticosimbólico como categoria de integração mas também de autonomia que é definida por Heller de forma admirável comunidade e sistema de relação que remete ao mais alto grau de desenvolvimento de generecidade Heller 1987 Segundo ela o predicado comunitário contém valores específicos que permitem o amadurecimento e desenvolvimento das potencialidades humanas nos espaços particulares do cotidiano portanto não antagônico à individualidade Nessa concepção a comunidade rompe com a dicotomia clássica entre coletividade e individualidade ser humano genérico e ser humano particular apresentando se como espaço privilegiado da passagem da universalidade ética humana à singularidade do gozo individual Um movimento de recriação permanente da existência coletiva fluir de experiências sociais vividas como realidade do eu e partilhadas intersubjetivamente capaz de subsidiar formas coletivas de luta pela libertação de cada um e pela igualdade de todos Portanto se comunidade contem individualidade não pode ser trabalhada como unidade consensual sujeito único Só a ação conjunta não a caracteriza ao contrário a homogeneização pode negála pois ela deve oferecer um espaço total de atitudes particulares Isso não significa abrir mão de idéias comuns mas do consenso fechado e conseguido às custas da ditadura das necessidades Heller1992 incentivando o exercício da comunicação livre onde todos participam com igual poder e competência argumentativa no processo de ressignificação da vida social 49 Todos os membros de relação devem ter legitimidade para se fazer ouvir e a capacidade argumentativa para participar da construção do consenso democrático7 para que uns não se alienem no outro considerado o dono do saber lembrando que capacidade argumentativa não e mera aquisição de vocabulário e treino de retórica discursiva para convencer o outro Ela e a capacidade de defender suas próprias necessidades respeitando a dos outros isto é habilidade de atravésda linguagem lidar com a realidade do desejo próprio e do outro construindo um nós Portanto e exercício de sensação e de reflexão para que o sujeito sintase legitimado enquanto membro do processo dialógico democrático Os valores comunitários devem ser interiorizados como projeto individual para se transformar em ação Devem ser pensados e sentidos como necessidade A expressão tão cara à prática comunitária nos anos 70 conscientização deve ser ampliada para abarcar não só a tomada de consciência como também a tomada da inconsciência8 pois ninguém é motivado por interesses coletivos abstratos e não se pode exigir que o homem abandone a esfera pessoal da busca da felicidade pois bemestar coletivo e prazer individual não são dicotômicos e o consenso democrático não é conquistado necessariamente à custa do sacrifício pessoal Marcuse nos anos 60 já destacava a dimensão estéticoerótica indispensável à existência humana criticando a paz do cemitério que caracterizava todo projeto utópico comunitário sob pena de se defender um 7 Reflexões inspiradas nas idéias de Habermas 1985 e 1987 e Carone 1994 8 Expressão usada por Rolnik 1994 50 modo de vida esmagador apesar de tranqüilo materialmente 1975 Aqui cabe um alerta sobre o perigo de se priorizar esta dimensão em detrimento da política econômica em um país onde a maioria da população é excluída dos direitos sociais Claro que surgem ações voltadas à garantia das condições de sobrevivência com dignidade O que se quer afirmar e que abrir mão da dimensão éticoestética e cair na práxis reducionista que considera o povo uma massa disforme que responde em uníssono aos apelos materiais atribuindo apenas à burguesia as sutilezas psicológicas III Considerações finais A presente reflexão não pretendeu apresentar comunidade como um conceito plenamente elaborado e fechado o que significaria retirar o caráter sóciopolítico e utópico que a caracteriza transformandoa em conceito vazio e abstrato O que se quis ressaltar é que comunidade mais do que uma categoria científicoanalítica e categoria orientadora da ação e da reflexão e seu conteúdo é extremamente sensível ao contexto social em que se insere pois está associada ao debate milenar sobre exclusão social e ética do bem viver Nisbet 197448 balizou de forma admirável todas as idéias atéaqui apresentadas como fundamentais à comunidade Comunidade abrange todas as formas de relacionamento caracterizado por um grau elevado de intimidade pessoal profundeza emocional engajamento moral e continuado no tempo Ela encontra seu fundamento no homem visto em sua totalidade e não neste ou naquele papel que possa desempenhar na 51 ordem social Sua força psicológica deriva duma motivação profunda e realizase na fusão das vontades individuais o que seria impossível numa união que se fundasse na mera conveniência ou em elementos de racionalidade A comunidade e a fusão do sentimento e do pensamento da tradição e da ligação intencional da participação e da volição O elemento que lhe dá vida e movimento é a dialética da individualidade e da coletividade A relação face a face e o espaço geográfico não são fundamentais na configuração da comunidade mas são sua base cotidiana de objetivação conforme aponta Heller 1987 A generecidade humana a humanidade realizase em forma concreta de vida em célula de base Nessa perspectiva comunidade apresentase como dimensão temporalespacial da cidadania na era da globalização portanto espaços relacionais de objetivação da sociedade democrática plural e igualitária A psicologia social ao qualificarse de comunitária hoje explicita o objetivo de colaborar com a criação desses espaços relacionais que vinculam os indivíduos a territórios físicos ou simbólicos e a temporalidades partilhadas num mundo assolado pela ética do levar vantagem em tudo e do é dando que se recebe Esses espaços comunitários se alimentam de fontes que lançam a outras comunidades e buscam na interlocução da fronteira o sentido mais profundo da dignidade humana Enfim ela delimita seu campo de competência na luta contra a exclusão de qualquer espécie 52 BIBLIOGRAFIA BARÓ Martin Acdón e ideologia Psicologia social desde centroamericano San Salvador UCAEDIT 1983 CARONE Iray A questão dos paradigmas nas ciências humanas e o paradigma das objetivações sociais de Agnes Heller In Lane STM e Sawaia BB As novas vertentes da psicologia social São Paulo Ed BrasilienseEduc no prelo BOMFIM EM e MOTA MMN Psicologia comunitária In Revista Psicologia e comunidade n 4 ABRAPSO MG 1988 FREUD S Malestar na civilização São Paulo Abril Cultural 1978 Novas conferências introdutórias sobre psicanálise Rio de Janeiro Imago 1976 GOIS CW Noções de psicologia comunitária Fortaleza Edições UFC 1993 HABERMAS J Teoria de Ia acción comunicativa Madrid Taurus 2vol 1989 Conciência moral y acción comunicativa Barcelona Ediciones Península 1985 HELLER A Crítica de Ia llustradón Barcelona Ediciones Península 1984 Sociologia de Ia vida cotidiana Barcelona Ediciones Península 2ª ed1987 Teoria das necessidades revisitada palestra na PUCSP 120592 HORKHEIMER M e ADORNO TW orgs Temas básicos de sociologia São Paulo Cultrix 1973 LANE ST e SAWAIA BB Psicologia Ciência ou política In Montero Maritza coord Acción y discurso 53 problema de psicologia política en America Latina Eduven 1991 MARCUSE H Eros e civilização Uma interpretação filosófica do pensamento de Freud Rio de Janeiro Zahar 3ª edição 1975 MARX K e ENGELS F Manifesto do partido comunista São Paulo Ed Global 3ª edição 983 NISBET RA The sodological tradition Londres Heinemann 1973 Comunidade In Foracchi MM e Martins J de Souza Sociologia e sociedade Rio de Janeiro LTC 1977 ROLNIK S Cidadania e alteridade O psicólogo o homem da ética e a reinvenção da democracia In Spink MJ org A cidadania em construção Uma reflexão transdisciplinar São Paulo Cortez Ed 1994 SAWAIA BB Cidadania diversidade e comunidade Uma reflexão psicossocial In Spink MJ org A cidadania em construção Uma reflexão interdisciplinar São Paulo Cortez Ed 1994 SIMMEL G Lê problème de Ia sociologie In Revuede Metaphysique et de Morale 1984 La rnetrópolis y Ia vida mental In Wolff KH org La Sciología de Ceorg Simmel New York The Free Press 1964 SKINNER BF Walden two New York Macmillan 1976 TÖNNIES F Communauté et societè Paris Puf 1944 WANDERLEY MB Metamorfoses do desenvolvimento de comunidade São Paulo Cortez Ed 1993 WEBER M Economia e sociedad Mexico Fondo de Cultura Econômico 2 vols 1964 WUNDT W Elementos de psicologia de los pueblos Madrid Danniel Jorro 1926 54 PSICOLOGIA NA COMUNIDADE PSICOLOGIA DA COMUNIDADE E PSICOLOGIA SOCIAL COMUNITÁRIA Práticas da psicologia em comunidade nas décadas de 60 a 90 no Brasil Maria de Fátima Quintal de Freitas9 Falar hoje quase a meados da década de 90 sobre a psicologia comunitária ou de uma maneira mais simplificada sobre a prática da psicologia em comunidade é com certeza muito diferente do que se estivéssemos fazendo o mesmo em inícios dos anos 80 especialmente considerandose as peculiaridades que a nossa história recente tem presenciado Se fizéssemos neste momento um rápido levantamento sobre que ideia seria construída na cabeça das pessoas quando solicitássemos que pensassem sobre a prática da psicologia comunitária ou da psicologia na comunidade ou mesmo da psicologia da comunidade poderíamos arriscar dizer que a quase totalidade delas estaria pensando em alguma das seguintes situações algumas imaginariam o psicólogo em algum lugar mais pobre e sem infraestrutura outras veriam o psicólogo indo de encontro à população população essa que geralmente desconhece 9 A autora agradece à Dra Regina Helena de F Campos a oportunidade para a publicação deste trabalho Correspondência referente a este trabalho poderá ser enviada à Rua Natalina D Carneiro 740 Apto 101A Penha Vitória ES Brasil CEP 29060 000 55 esse trabalho assim como as suas possibilidades de ajuda outras ainda pensariam em lugares como favelas cortiços bairros de periferia lixões assentamentos mutirões associações de bairros grupos de mulheres de jovens de terceira idade menores de rua ou grupos marginalizados em geral e algumas poderiam também pensar em situações institucionalizadas cuja população freqüentadora estaria muito próxima à condição de marginalizada dos serviços direitos e obrigações da sociedade e do Estado Acreditando que a todo e qualquer processo de trabalho e de produção de conhecimento existem determinações históricas e políticas que os influenciam podese afirmar que falar da psicologia comunitária e falar também da história política recente do Brasil e da America Latina Poderíamos então indagar se todos estes exemplos caracterizariam práticas da psicologia em comunidade Para responder a isto fazse necessário recuperar o processo de surgimento desse tipo de prática e para isto é necessário atender a dois aspectos um ligado ao processo histórico pertinente a essa Prática recuperando as condições que contribuíram para o aparecimento dos chamados trabalhos em comunidade e outro ligado aos aspectos que podem explicar como a Profissão de psicólogo foi sendo constituída criada e em torno de que temáticasproblemáticas essa prática profissional foi se estruturando e preparando novos quadros de psicólogos para a realidade brasileira Isto pode contribuir para algumas reflexões a respeito das práticas que estão sendo desenvolvidas e sobre os cursos de psicologia em termos de como eles estão preparando para a prática nesse tipo de trabalho Pensar sobre o tipo de atuação da psicologia na 56 comunidade exige que se identifique as tendências que ela tem apresentado assim como as perspectivas teóricas e metodológicas que têm permeado o desenvolvimento de tais trabalhos Ao longo da exposição aqui realizada estará sendo citada uma bibliografia referente à temática do desenvolvimento de trabalhos em comunidade por psicólogos Esta bibliografia poderá ser consultada mais detalhadamente por aqueles que pretendam desenvolver estudos nesta área ou que pretendam orientar suas práticas futuras com vistas a um maior engajamento para as problemáticas cotidianas vividas pelo povo do nosso país 1 Sobre a história da inserção do profissional de psicologia no desenvolvimento de trabalhos em comunidade O nome trabalhos em comunidade é uma expressão relativamente antiga tendo surgido nas décadas de 40 e 50 Nesse período o Brasil passava por mudanças no seu modelo produtivo saindo do agropecuário e ingressando no agroindustrial o que exigia a preparação de uma nova mãodeobra mais afeita às demandas de um sistema fabril Assim neste contexto são criados e desenvolvidos vários projetos nas áreas educacional e assistencial sob a responsabilidade e a coordenação do Estado objetivando preparar os setores populares para tarefas relacionadas a esse novo modelo econômico Ammann 1980 Eram trabalhos comunitários que atendiam aos interesses das elites econômicas do país cujos profissionais em sua maioria provenientes das ciências humanas e sociais ocupavam nesses projetos funções estratégicas destinadas à prestação de serviços básicos à população Dentro deste clima do chamado desenvolvimentismo o Brasil atravessa a década de 50 assistindo em diversos locais 57 cidades e estados a realização de vários trabalhos junto aos setores mais desfavorecidos da população quase todos com fortes elementos assistencialistas e paternalistas Wanderley 1993 É neste decênio que Brasília é construída que o governo de Juscelino Kubitschek JK adota a filosofia de crescer 50 anos em cinco anos ao mesmo tempo em que o país já assiste ao crescimento da inflação do desemprego e da sua pobreza em ritmo acelerado 11 Entrando nos anos 60 Nos anos 60 o Brasil e vários países da America Latina entram em um período de graves e fortes confrontos estabelecidos entre de um lado o Estado e as forças capitalistas e de outro as necessidades básicas da população e a participação da sociedade civil nas discussões políticas e societárias Os movimentos populares urbanos tornamse mais freqüentes e no meio rural as ligas camponesas vão aglutinando um número maior de trabalhos em torno de reivindicações de necessidades básicas As greves espalhamse em vários setores da produção e dos serviços o desemprego atinge números assustadores e a inflação e o custo de vida tornamse insuportáveis para as classes trabalhadoras e para a população em geral Freire 1979 No Brasil nos primeiros anos desta década acontecem tentativas de significativas transformações especialmente na área educacional Tratavase de projetos que buscavam o desenvolvimento de uma consciência crítica na população a fim de que esta pudesse recuperar seu lugar no processo social do qual fazia parte Exemplos disto foram os trabalhos executados principalmente no nordeste do país de educação popular e de adultos fundamentados na filosofia e no método de Paulo Freire apresentando um compromisso político explícito com a 58 libertação dos setores populares e com o resgate do seu papel como agentes sociais e históricos Freire 1974 1978 1979a e 1979b Oliveira 1981 Ceccon et alii 1983 Podese também citar a experiência pedagógica De pé no chão também se aprende a ler desenvolvida quase à mesma época no estado do Rio Grande do Norte Góis 1980 Entretanto no Brasil o tempo de vida de tais trabalhos foi muito curto Freire Oliveira Oliveira e Ceccon 1980 devido ao recrudescimento dos mecanismos e das formas de controle repressivo mais ou menos explícitos empregados pelo Estado para conter as manifestações populares e impedir o fortalecimento da crença da população em si mesma enquanto agente do processo social e político Assistese a um grande movimento de participação e reivindicação populares são as ligas camponesas com as suas caminhadas atéos grandes centros urbanos solicitando condições mínimas e razoáveis para o plantio e para a colheita na terra são os diversos setores da população em geral revoltandose contra o assustador índice de vida são os operários reivindicando medidas efetivas contra o arrocho salarial Em março de 1964 instaurase o regime militar no país que contribui para um recrudescimento dessas condições assim como por instalar um regime de terror político e cultural na realidade brasileira Basbaum 1976 O Brasil é obrigado a conviver com um sistema de governo que põe fim a vários direitos civis enquanto as contradições existentes na realidade social vão criando situações concretas na vida das pessoas sobre as quais vários profissionais passam a atuar Iglesias 1993 No mundo eclodem diversas manifestações como as barricadas de Paris em maio de 1968 como as 59 incipientes manifestações contra os regimes totalitários do Leste Europeu Hobsbawm 1992 como os inúmeros e sangrentos conflitos raciais na África do Sul como a fome e a miséria levando grandes parcelas da população à doença quando não à morte na Ásia na África na America Latina enfim nos chamados países do Terceiro Mundo Ao lado dos pólos industriais e dos centros de riqueza iam crescendo imensos cinturões de pobreza e de miséria Freire 1979 Estes cinturões eram na realidade bairros vilas aglomerações de casas e casebres que iam de maneira desorganizada sendo erguidos em terrenos os mais inóspitos e inseguros possíveis contudo mais próximos dos locais onde as pessoas podiam trabalhar Às vezes encontravase e ainda se encontra um conjunto de casas de madeira erguidas sobre morros sobre grandes rochas ou sobre um terreno pantanoso ou alagado Os moradores desses lugares eram e são os trabalhadores das fábricas das indústrias dos escritórios das escolas dos hospitais dos bancos ou das grandes residências e mansões É no quadro destes acontecimentos políticos e econômicos que em 27 de agosto de 1962 dáse o reconhecimento oficial da profissão de psicólogo no Brasil e se criam as disposições legais lei Nº 4119 de 270862 para a regulamentação e criação dos cursos de psicologia Sindicato dos Psicólogos do Estado de São Paulo 1981 Os modelos teóricos e metodológicos que passaram a ser ministrados nos primeiros cursos de psicologia no país eram importados em sua grande maioria dos Estados Unidos havendo pouca participação das produções europeias Historicamente desde a sua criação como profissão no Brasil a psicologia tem passado por vários tipos de prática Tradicionalmente ela se estruturou atravésdo desenvolvimento da prática nos 60 consultórios nas organizações e nos ambientes educacionais Assim era em especial na década de 60 A partir de meados da década de 60 em alguns locais dáse a inserção do psicólogo com o objetivo de somar esforços e de colaborar para tornar a psicologia mais próxima à população em geral e mais comprometida com a vida dos setores menos privilegiados buscando com isso uma deselitização da profissão e as práticas vão ganhando uma significação política de mobilização e de transformação sociais Nesses anos começavam a ser preparadas as primeiras turmas de psicólogos que haviam ingressado nas faculdades e universidades brasileiras Ao mesmo tempo nos contextos nacional e internacional acompanhavase o surgimento de uma série de conflitossociais decorrentes da insatisfação popular frente ao descaso e desrespeito das autoridades e à repressão oriunda das ações do Estado A intensidade e recorrência desses acontecimentos começam a imprimir um novo rumo para as relações sociais forjadas macro e microestruturalmente É neste contexto que se vê o início do emprego do termo psicologia na comunidade Uma das primeiras vezes em que ele é utilizado oficialmente sendo posteriormente publicado em revista eou periódicos da área e nos trabalhos executados sob a responsabilidade de um grupo de psicólogos ligados à Pontifícia Universidade Católica de São Paulo PUCSP tendo também a participação de alguns estudantes de psicologia na época Mais tarde essa experiência foi publicada10 em artigos de Andery 1984 onde essa 10 Conferência proferida e publicada sob o título de Psicologia na comunidade no Brasil de Alberto Abib Andery p 1113 Anais do I Encontro Regional de Psicologia na Comunidade PUCSP e Regional São PauloABRAPSO O referido encontro foi realizado em setembro de 1981 nas dependências da PUCSP Em 1984 e 61 temática e denominação são abordados Foram trabalhos desenvolvidos junto às populações de baixa renda na Zona Leste de São Paulo e depois na Zona Oeste em Osasco já com a participação de professores do curso de graduação da PUCSP e de mais estudantes de psicologia àquela época inseridos em núcleos de pesquisa eou de estágio que se constituíam em exigências para a conclusão do curso Complementando estas informações é importante assinalar também que já em inícios dos anos 70 em Belo Horizonte na universidade Federal de Minas Gerais na UFMG fazia parte do currículo do curso de psicologia a disciplina psicologia comunitária Nesse período outros trabalhos11 também são desenvolvidos na Paraíba com a participação de psicólogos formados em São Paulo na PUC em Belo Horizonte por profissionais que já atuavam em comunidade12 antes mesmo da sua formação como psicólogo e que após obtêla deram continuidade até a atualidade em Porto Alegre na PUCRS e na UFRGS e comercializada a primeira edição do livro Psicologia social O homem em movimento da Editora Brasiliense São Paulo obra sob organização de Lane S T M e Codo W onde na parte 4 referente à Praxis do Psicólogo encontrase o artigo intitulado Psicologia na comunidade p 203220 de autoria de Alberto Abib Andery 11 Em 1981 nos Anais da 33ª Reunião Anual da SBPC realizada em Salvador é publicado o resumo Psicologia voltada para a comunidade experiência da Paraíba Área rural e urbana p 804 de autoria de Dirceu Malheiro e outros em que é feito o relato das práticas que os psicólogos que trabalhavam na UFPb tinham desenvolvido junto a comunidades rurais e urbanas nos anos anteriores 12 Encontramse trabalhos realizados há mais de 20 anos como os da Cabana do Pai Tomas pelo Prof William C Castilho Pereira em Belo Horizonte Minas Gerais representando uma extensa frente de trabalho para psicólogos nessa área Psicologia e Sociedade ABRAPSOPUCMC Belo Horizonte Ano IV na 7 setembro de 1989 p136142 62 em SP onde trabalhos junto a diferentes comunidades vão sendo realizados tendo a participação de psicólogos que em sua grande maioria pertenciam a quadros da carreira docente13 e em outros locais de modo relativamente disperso e pouco divulgado naquela época O psicólogo trabalhava de uma maneira voluntária não remunerada e firmemente convicto do seu papel político e social junto a esses setores da população Os referenciais teóricos e metodológicos da sociologia da antropologia da história da educação popular e do serviço social tornaramse conhecidos pelos psicólogos que passaram a empregálos com certa prioridade nos trabalhos que desenvolviam nas comunidades A preocupação fundamental era o desenvolvimento de atividades e tarefas que permitissem colocar a psicologia a serviço dessas populações e ao mesmo tempo em algumas dessas práticas havia o compromisso de colaborar para que as pessoas se organizassem e reivindicassem por suas necessidades básicas e melhorias das suas condições de vida Tentavase descaracterizar a psicologia como uma profissão elitista e que havia feito alianças com a burguesia Todas as formas de trabalho eram bem vindas desde que se guiassem por uma preocupação em oferecer algum tipo de colaboração à população seja sob a forma de serviços psicológicos seja ajudandoa a se organizar politicamente A maneira como isto era feito e segundo quais orientações teóricas e metodológicas eram aspectos naquele período pouco debatidos Era o momento político e histórico em que esses trabalhos foram se configurando como necessários em termos de irem sendo construídas novas frentes de atuação Ao mesmo tempo havia poucos psicólogos com 13 Para uma breve exposição a respeito disto ver Pimentel Regina Sileikis Fragmentos de um trabalho com a comunidade In 63 disponibilidade e envolvimento para participar dessas práticas 12 Entrando nos anos 70 O país ainda era governado por militares mas a população foi aprendendo a criar e a lutar por canais de reivindicação seja sob a forma de associações de bairros de entidades de defesa do cidadão e da anistia de movimentos contra a carestia e o alto custo de vida de grupos de educação popular e pastorais do operário do menor e da mulher Vários profissionais liberais entre eles intelectuais de diferentes áreas de conhecimento incorporaramse aos setores populares no exercício de funções e de trabalhos que pudessem levar alguma contribuição ao movimento popular que timidamente se organizava Esta participação seja diretamente envolvidos nos movimentos e formas de organização da população ou somente na função de pensadores e animadores de debates sobre temáticas importantes para a população colaborou para o surgimento de trabalhos e de publicações que analisam as formas de organização dos setores populares SchererWarren e Krische 1987 lokoi 1989 Jacobi 1989 Martins 1989 entre outros e que estudam os processos de formação de consciência e de participação política da população Barreiro 1985 Sader 1988 entre outros Neste contexto e na dinâmica em que os acontecimentos sociais foram sendo construídos podese dizer de um lado que foi o envolvimento e o compromisso do profissional de psicologia junto aos movimentos populares que deram início a essa prática com características de se voltar para problemáticas diferentes das com que tradicionalmente trabalhava ocorrendo em situações e ambientes também diversos 64 Os resultados no mínimo de tal participação foram gerar uma divulgação atravésde livros revistas com números especiais artigos e apresentação de trabalhos em eventos científicos das problemáticas sociais vividas pela população e de possíveis encaminhamentos decorrentes das análises feitas Caniato 1986 Chitarra 1987 Iene Neto 1987 Bomfim et alii 198990 Por outro lado tal envolvimento e identificação com a vida e a situação dos desfavorecidos tornaramse possíveis somente pelo fato da população estar vivendo condições concretas extremamente difíceis que produziam uma tal repercussão que tornaram esses intelectuais mais sensíveis às problemáticas presentes nesses segmentos sociais Assim o clima de repressão política e cultural em que ainda se vivia e o constante processo de pauperização da sociedade contribuíram para aglutinar profissionais que por acreditarem ser possível colaborar na construção de uma sociedade mais justa e digna se enfileiram junto aos setores desprivilegiados desenvolvendo trabalhos práticos e teóricos e também participando dos movimentos populares Os profissionais de psicologia começaram a marcar novos espaços atravésde práticas diferentes saindo dos consultórios das empresas e das escolas e indo para os bairros populares para as favelas para as associações de bairros para as comunidades eclesiais de base Os trabalhos passaram a advogar não só o caráter da deselitização da psicologia como também um claro envolvimento e participação políticas junto aos movimentos populares como faziam também os profissionais das outras ciências sociais e humanas As atividades desenvolvidas apresentavam várias características desde a promoção de reuniões e discussões em torno das necessidades vividas pela população passando por levantamentos e descrições das 65 condições de vida e das deficiências educacionais culturais e de saúde da população assim como por oferecer algum tipo de assistência psicológica gratuita atéa participação conjunta em passeatas mobilizações e abaixoassinados dirigidos às autoridades como uma forma de protesto contra as precárias condições de existência e como uma maneira de reivindicar os serviços básicos Como os trabalhos em comunidade via de regra eram voluntários os profissionais normalmente desenvolviam outras atividades remuneradas em outros setores na grande maioria ligados à academia Em contrapartida isso permitiu que a discussão sobre as condições da inserção nessa realidade fossem levadas para dentro da universidade onde se iniciaram os debates e as reflexões a respeito da prática do psicólogo e do seu compromisso social e político Vale a pena relembrar que alguns trabalhos já estavam obtendo algum reconhecimento e espaço para a sua realização em específico dentro da universidade Podemse citar os trabalhos desenvolvidos pelo grupo de professores e psicólogos entre eles o pioneiro o da UFMG em Belo Horizonte que passaram a contemplar em seus currículos a disciplina psicologia comunitária Bomfim 1989 a qual visava discutir e trabalhar questões relativas à ecologia humana e às formas de organização e participação populares 13 Entrando nos anos 80 Quando o país começava a viver um clima de expectativa para com a abertura democrática em fins dos anos 70 e início dos 80 a discussão e divulgação sobre os trabalhos desenvolvidos em comunidade passaram a ter mais atenção evidenciandose uma preocupação sobre o seu caráter de clandestinidade Alem disso as 66 discussões permitiram criar espaços para repensar os aspectos nãoremunerado e voluntário como também os metodológicos referentes à prática do psicólogo em comunidade A denominação psicologia comunitária passa a ser um termo mais consagrado e adotado por vários profissionais inclusive em debates e reflexões14 Um dos primeiros momentos em que se noticia no Brasil sobre a expressão psicologia comunitária sob a forma de publicação acontece no trabalho A psicologia comunitária considerações teóricas e práticas de autoria de DAmorim 1980 Após isso a expressão aparece publicada Lane 1981 em setembro de 1981 na conferência Psicologia comunitária na America Latina proferida pela Profa Dra Sílvia T Maurer Lane durante o I Encontro Regional de Psicologia na comunidade na PUCSP No mesmo Encontro Derdick et alii 1981 apresenta o trabalho Psicologia comunitária em bairros periféricos de Osasco descrevendo a experiência desenvolvida naquela região A significação destes trabalhos chamados de Psicologia comunitária está no fato deles explicitarem uma prática da psicologia social anunciando seu compromisso político e permitindo que as críticas feitas às teorias psicologizantes e a históricas sejam evidenciadas 131 Criação da ABRAPSO Em meados dos anos 80 as questões relativas à falta de definição e de especificidade dessa prática Lane 1987 Lane e Bader 1988 Freitas 1986 1987 1988 1988a Franco 1988 Andery 1989 Bomfim 1989a e 14 O termo aparece também na publicação dos trabalhos de Freitas 1982 Armam Filho 1983 Vasconcellos 1985 Mourão 1986 Bomtim et ai 1988 Andery 1989 Bomtim 1989 Bomfim 1990 Campos 1990 Góis 1991 Mendes 1991 Cóis 1993 67 1989b começam a aparecer em alguns debates travados em reuniões científicas e em encontros promovidos pela Associação Brasileira de Psicologia Social ABRAPSO Esta associação foi criada oficialmente em julho de 1980 na UERJRJ durante a 32 Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência SBPC quando no dia 11 acontecia uma mesaredonda organizada pela Associação LatinoAmericana de Psicologia Social comissão PróFortnação da ABRAPSO sob a coordenação da Profa Dra Sílvia T Maurer Lane com o tema A psicologia social como ação Transformadora tendo a participação de STM Lane da PUCSP JJC Sampaio do Instituto de Psiquiatria do Ceará e da universidade de Fortaleza G Leno Neto da UFPB e MLViolante da PUCSP No contexto da psicologia no Brasil a ABRAPSO constituiuse em um marco importante para a construção de uma psicologia social crítica histórica e comprometida com a realidade concreta da população Em cada região do país ou mesmo dependendo do grau de aglutinação e de organização em torno das temáticas desenvolvidas pela psicologia social existente em cada estado foram sendo criados núcleos e regionais da ABRAPSO que passaram a realizar os seus encontros regionais com uma certa regularidade A ABRAPSO atravésda sua Regional São Paulo em setembro de 1981 promove o I Encontro Regional de Psicologia na comunidade onde são apresentadas experiências que estavam sendo desenvolvidas como trabalhos junto a mulheres da periferia a crianças de creches em centros de educação popular entre outros Em 1985 na Universidade Estadual de Maringá no Paraná e realizado o I Encontro Nacional de Psicologia 68 Social da ABRAPSO15 reunindo inúmeros professores psicólogos e estudantes do país onde foram apresentados trabalhos que propunham reflexões a respeito dos cursos de psicologia e do ensino da psicologia social como também sobre as intervenções em postos de saúde O II Encontro Nacional de Psicologia Social da ABRAPSO16 acontece em novembro de 1986 em Belo Horizonte Minas Gerais reunindo trabalhos e várias apresentações sobre política violência ecologia delegacias de mulheres sexualidade sindicatos saúde educação comunidades entre outros temas O III Encontro Nacional de Psicologia Social da ABRAPSO realizase em São Paulo na PUC em maio de 1987 objetivando reunir os profissionais de áreas afins para discutir as temáticas relativas à vida da população em geral e às possibilidades de realização de trabalhos conjuntos Em setembro de 1987 na Universidade Federal do Espírito Santo UFES em Vitória e realizado o IV Encontro Nacional de Psicologia Social da ABRAPSO reunindo professores pesquisadores profissionais e estudantes de vários estados do país em torno de temáticas como psicologia e comunidade 15 com a realização deste I Encontro dáse início ao primeiro número da revista publicada pela ABRAPSO Psicologia e Sociedade Para maiores informações sobre os trabalhos apresentados neste evento ver revista Psicologia e Sociedade centro de ciências humanas da PUCSP ANO I janeiro de 1986 nº 1 Para maiores informações e descrições sobre os trabalhos apresentados ver os Anais do I Encontro Regional de Psicologia na Comunidade setembro de 1981 PUCSP 16 Para maiores informações ver os Anais do II Encontro Nacional e I Encontro Mineiro de Psicologia Social da ABRAPSO FAPEMIGMC V 1 1986 Este evento foi realizado em promoção conjunta com o Departamento de Psicologia da UFMG e do Departamento de Psicologia da PUCMG A maioria dos trabalhos que foram apresentados neste Encontro estão publicados na revista Psicologia e Sociedade Belo Horizonte ABRAPSO PUCMG Ano IV nº 7 setembro de 1 989 69 movimentos sociais psicologia política delegacia de mulheres história da psicologia social entre outras Dois anos mais tarde em setembro de 1989 no Instituto Paraibano de Educação em João Pessoa acontece o V Encontro Nacional de Psicologia Social da ABRAPSO reunindo também inúmeros profissionais da área Iniciam se os grupos de trabalho em torno de uma dada temática de interesse tendo sido criado entre outros o Grupo de Trabalho de Psicologia Comunitária A mesma estruturação envolvendo os grupos de trabalho alem de outras atividades como mesas redondas e simpósios esteve presente nos VI e VII Encontros Nacionais de Psicologia Social promovidos pela ABRAPSO e realizados respectivamente em maio de 1991 na Universidade Estadual do Rio de Janeiro UERJRJ no Rio de Janeiro e em junho de 1993 na Universidade do Vale do Itajaí UNIVALI em Itajaí Santa Catarina17 14 Entrando nos anos 90 No início dos anos 90 a nível nacional presencia se a expansão dos trabalhos dos psicólogos junto aos diversos setores e segmentos da população Entretanto cabe salientar que essa expansão acontece dentro de um quadro variado de práticas envolvendo diferentes pressupostos filosóficos e referenciais teóricos Passase a ouvir mais freqüentemente a denominação de psicologia da comunidade São práticas desenvolvidas quando o psicólogo está no posto de 17 Em agosto de 1992 na Câmara Municipal de Belo Horizonte em Minas Gerais foi realizado o 1º Congresso Brasileiro de Psicologia da Comunidade e Trabalho Social Autogestão Participação e Cidadania Entre as mesasredondas realizadas podese encontrar a de políticas públicas e sociais Participação popular e psicologia da comunidade e trabalho social gritos nossos 70 saúde na secretaria do bemestar social em algum órgão ligado à família e aos menores ou quando o psicólogo está em algum setor vinculado às instituições penais Enfim quando ocupa um espaço profissional dentro de alguma instituição normalmente pública que tem como objetivos ampliar e democratizar o fornecimento dos serviços de diversas áreas para a população em geral Tratase dessa maneira de uma atuação que passa a ser desenvolvida como uma demanda solicitada por uma instituição É uma atividade que surge associada ao contexto do trabalho social na área de saúde havendo o surgimento de problemáticasquestões ligadas à saúde coletiva em que é esperado do psicólogo que ele tenha um papel de trabalhador social dentro dos movimentos de saúde Em decorrência isto contribui para que a psicologia passe a ser vista como fundamentalmente uma profissão da saúde Nesses trabalhos encontramse fortes influências da análise institucional do movimento instituinte e das chamadas intervenções psicossociológicas A existência destas práticas com esta orientação em específico não se restringe aos anos 90 Já em 1986 durante por exemplo o II Encontro Nacional e II Encontro Mineiro de Psicologia Social ABRAPSO realizado em Belo Horizonte encontramse alguns trabalhos que relatam experiências nessa área Em agosto de 1992 em Belo Horizonte durante o 1º Congresso Brasileiro de Psicologia da comunidade e Trabalho Social verificase também o predomínio de trabalhos na área da saúde ou voltados para esta temática numa proporção quatro vezes maior do que os trabalhos referentes às temáticas ligadas às escolas e creches às questões de metodologia do trabalho comunitário ou mesmo ao relato de outro tipo de experiência Entretanto cabe relembrar que as outras práticas denominadas neste capítulo de psicologia na 71 comunidade ou mesmo psicologia comunitária continuaram existindo e sendo desenvolvidas concomitantemente Na realidade estes primeiros anos da década de 90 têm presenciado uma diversidade teórica epistemológica e metodológica no desenvolvimento desses trabalhos em comunidade pelos psicólogos 15 Algumas considerações Ao longo dessas quase quatro décadas verificase que os espaços para o desenvolvimento da prática da psicologia em comunidade assim como os motivos para a realização das mesmas têm se modificado A partir da metade dos anos 80 quando o Brasil vê definitivamente a saída dos militares do governo passando a enfrentar dificuldades quanto à administração e às novas conjunções políticas que se criam em torno do poder mudanças acontecem na esfera da administração pública em relação ao fornecimento de diversos serviços profissionais O resultado das eleições diretas a nível municipal e estadual a partir da década de 80 revelou o peso que a organização e a mobilização populares tiveram após anos de silêncio e de proibições políticas visto que os cargos para a prefeitura e para o governo de Estado em várias regiões do país foram sendo ocupados por candidatos mais progressistas e afinados com as reivindicações populares Ampliaramse as possibilidades de inserção dos profissionais das ciências sociais e humanas em funções e cargos destinados especificamente à prestação de serviços à população E ampliaramse também o espaço de trabalho e a possibilidade de reconhecimento da profissão de psicólogo junto aos setores populares É neste período que em São Paulo por exemplo junto ao governo do estado após inúmeras incursões e 72 debates do Sindicato dos Psicólogos de São Paulo associado ao Conselho Regional de Psicologia CRP 06SP criase a Possibilidade concreta para que o profissional de psicologia Passe a trabalhar em postosunidades de saúde tendo uma atuação institucionalmente reconhecida Realizamse concursos públicos iniciandose em São Paulo para as novas vagas de psicologia Vários profissionais começam a trabalhar em postosunidades de saúde situados em locais distantes e precários de bairros de periferia podendo oferecer um serviço à população em geral porém agora de uma maneira remunerada e não mais clandestina Outros estados no Brasil gradativamente nos anos que se seguem vão acompanhando esta iniciativa de tal modo que o cargo para a função de Psicólogo foi sendo criado 2 Psicologia na comunidade psicologia da comunidade e psicologia social comunitária Algumas diferenças Tendo sido apresentadas informações a respeito da trajetória e das condições que contribuíram de alguma maneira para o aparecimento dessas práticas considera se que há diferenças entre elas que ultrapassam a mera distinção nominativa Assim poderseia dizer que a psicologia na comunidade de fato surgiu e recebeu essa identificação de na comunidade em uma época em que isso era fundamental eram momentos em que a psicologia vivia fortemente uma crise em relação aos modelos importados e alheios à realidade brasileira e dessa forma assumia a proposta de se deselitizar e de se tornar mais ligada às condições de vida da população Para isso ela necessitava deixar de ser realizada nos consultórios e nas escolas por exemplo e passar a 73 ser desenvolvida na comunidade Foram iniciativas importantes e com uma significação histórica grande para aquilo que se vivia nas décadas de 60 e 70 Durante o passar desses anos o emprego das expressões foram se misturando e se confundindo especialmente entre os termos na e da como que numa sinonímia Somente nestes últimos anos aproximadamente de 1985 para cá adquirindo uma maior força no início dos anos 90 é que a expressão psicologia da comunidade tornouse de uso freqüente Passou a se referir às práticas ligadas às questões da saúde ao movimento de saúde e que envolviam atividades que se realizam atravésda mediação de algum órgão prestador de serviços que se constituía na instituição na qual o psicólogo trabalhava Assim os trabalhos realizados com diversas temáticas situações embasamentos teóricos e orientações metodológicas defendiam que fosse desenvolvida uma psicologia menos acadêmica menos intelectualizada mais identificada com a população permitindo que ela tivesse acesso aos serviços de saúde que o profissional de psicologia poderia e deveria prestar visto que isto é um direito de qualquer cidadão Grande parte dos trabalhos são desenvolvidos dentro de uma perspectiva do chamado trabalho institucional do movimento institucionalista e das intervenções psicossociológicas adotando instrumentais oriundos das vertentes clínicas e educacionais No mesmo sentido porém apresentando diferenças significativas uma vez que compreende o homem como sendo sóciohistoricamente construído e ao mesmo tempo construindo as concepções a respeito de si mesmo dos outros homens e do contexto social encontrase a psicologia comunitária ou que na América Latina tem sido chamado de psicologia social comunitária exatamente para estabelecer esta 74 diferenciação com a prática assistencialista ligada aos serviços de saúde presente nos modelos importados especialmente dos Estados Unidos A psicologia social comunitária utilizase do enquadre teórico da psicologia social privilegiando o trabalho com os grupos colaborando para a formação da consciência crítica e para a construção de uma identidade social e individual orientadas por preceitos eticamente humanos 3 Necessidades colocadas à prática da psicologia em comunidade Considerações finais Atualmente procedendose a uma análise cuidadosa sobre as práticas da psicologia em comunidade verificase a coexistência de vários trabalhos apresentando várias características muitas vezes atéincongruentes entre si Alguns elementos mereceriam ser destacados quando se propõe discutir sobre a prática do psicólogo fora dos ambientes tradicionais de trabalho Alguns deles seriam a Os trabalhos desenvolvidos em comunidade perderam seu caráter de clandestinidade presente nas décadas de 60 e 70 principalmente com isso de um lado diminuíram as dificuldades quanto à aceitabilidade ou permissividade do trabalho e de outro aumentaram as condições para se efetuar reflexões e análises sobre os aspectos intrínsecos a essa prática competindo à universidade proceder a tais análises durante o processo de formação de novos quadros de psicólogos b Houve um aumento significativo dos apelos por parte do Estado para uma maior participaçãojunto à sociedade e às suas problemáticas Tais apelos incidiram também sobre as profissões e entre elas sobre a psicologia 75 c Institucionalizouse o espaço para a atuação do psicólogo junto aos diversos setores e segmentos da população Entretanto a identidade e a prática desse profissional do ponto de vista da sua agência formadora no caso dos cursos de graduação permaneceram praticamente inalteradas e pouco debatidas com vistas a qualquer possibilidade de mudança eou adequação às necessidades da realidade social Em trabalho recente Freitas 1994 verificase que os modelos teóricos e a preparação profissional do futuro profissional de psicologia desenvolvidos hoje nos cursos de psicologia pouco diferem da mesma preparação das décadas anteriores Isto pode indicar de um lado uma cristalização da universidade nos modelos teórico metodológicos e de outro a manutenção de condições para que o estudante de psicologia se distancie e desconheça a realidade cotidiana vivida pelo povo do seu país d Quando da inserção e atuação em uma nova realidade para a prática profissional psicológica observa se a adoção dos mesmos modelos de atuação presentes nas formas tradicionais de trabalho do profissional de psicologia Os instrumentos e os modelos filosóficos implícitos na atuação do psicólogo seja na prática clínica ou educacional foram transpostos para a prática em comunidade havendo uma ênfase do seu papel como promotor de saúde e Há ao mesmo tempo alguns trabalhos de psicólogos em comunidade que estão empregando modelos para a sua prática construídos a partir de um referencial teórico proveniente de uma psicologia social crítica fundamentada em uma concepção histórico dialética e construindo para isso instrumentais coerentes a essa postura Poderseia falar da tentativa de construção de um novo paradigma para a compreensão dos fenômenos psicossociais que se materializam e 76 adquirem sua significação em uma perspectiva micro e macroestrutural atravésdas relações travadas no cotidiano e também um paradigma que se estende para o plano da intervenção e da atuação deste profissional junto aos problemas concretos das pessoas de seu país estado ou cidade problemas estes que têm uma incidência única e particular para as pessoas envolvidas Finalizando poderíamos infelizmente dizer que nos nossos cursos de psicologia professores e estudantes desconhecem na sua maioria as condições concretas em que vive a maior parcela da nossa população A extensa divulgação de campanhas e notícias seja atravésda TV do rádio eou dos jornais não e suficiente e infelizmente nem capaz de tornar realmente conhecida e familiar a crueldade da miséria e da fome em que se encontra quase um quarto da nossa população Para se contribuir com uma vida psicológica mais saudável é necessário que o trabalho a ser desenvolvido ultrapasse a esfera do individual e do particular ao mesmo tempo em que adquira uma perspectiva de apreensão da realidade em sua totalidade e em sua concretude histórica podendo então apreender a vida real e concreta das pessoas Fazer isto na especificidade do trabalho das práticas psicológicas significa atuar dentro de uma perspectiva da psicologia social em uma visão sóciohistórica junto às relações que são travadas na esfera do cotidiano eliminandose posturas reducionistas psicologizantes e ahistóricas sobre os processos psicossociais Nestes anos quase a meados da década de 90 podese portanto dizer que não se vive mais a urgência como nas décadas anteriores de produzir a maior quantidade possível de intervenções e práticas junto aos setores populares Nas décadas anteriores em especial durante os anos de exceção era importante que a psicologia enquanto uma prática social claramente 77 comprometida pudesse se ampliar e se estender para além das situações tradicionais contribuindo para o estabelecimento de alianças com as classes sociais desprivilegiadas e assumindo assim um compromisso político a favor da população e das suas formas e possibilidades de organização Entretanto afirmar sobre esta não urgência não pode nos autorizar a dizer que os problemas da população diminuíram ou foram resolvidos Ao contrário poderseia dizer que hoje presenciamos uma pobreza uma miséria e uma fome muito mais crueis e desumanas que têm contribuído para minar e destruir as formas básicas de convivência humana e solidária E é neste contexto e para esta realidade que as práticas da psicologia em comunidade deveriam ser discutidas e construídas de tal modo que pudessem colaborar para a construção da identidade e para o desenvolvimento de uma consciência crítica nas pessoas no seu cotidiano Poderseia dizer que nesta década a exigência feita à psicologia baseiase muito mais na necessidade de serem produzidos trabalhos práticas e intervenções que tenham qualidade e competência suficientes para responderem às exigências que lhes são feitas pelos diversos setores da sociedade Além disso as indefinições e as incertezas quanto à identificação das práticas a existência de pressupostos e instrumentais muito diversos quando da realização dos trabalhos e a percepção de que os psicólogos estão sendo guiados nessas práticas por embasamentos filosóficos e teóricos às vezes contraditórios entre si parecem apontar para a necessidade de serem encontrados critérios que estabeleçam diferenças entre essas práticas levando a refletir sobre a necessidade ou não delas serem chamadas de uma ou de outra maneira 78 BIBLIOGRAFIA AMMANN Safira B Ideologia do desenvolvimento de comunidade no Brasil São Paulo Cortez Editora1980 ANDERY Alberto Abib Psicologia na comunidade In Psicologia social O homem em movimento Lane e Codo orgs São Paulo Ed Brasiliense 1984 p 203220 Psicologia social e comunitária In Psicologia e Sociedade Belo Horizonte ABRAPSO 1989 7125135 BARREIRO Júlio Educación popular y proceso de concientizacón Madrid Siglo Veintiuno Editores 1985 BASBAUM Leôncio História sincera da república De 1961 a 1967 São Paulo Ed AlfaÔmega 2 edição 1976 BOMFIM Elizabeth M Notas sobre a psicologia social e comunitária no Brasil In Psicologia e Sociedade Belo Horizonte ABRAPSO 1989a 74246 O psicólogo na comunidade In Psicologia e Sociedade Belo Horizonte ABRAPSO 1989b 7 115119 BOMFIM Elizabeth M et alii Meninas de rua O cotidiano e a lei In Psicologia e Sociedade Belo Horizonte ABRAPSO PUC MC 8 4962 198990 Psicologia comunitária In Psicologia e Sociedade Belo Horizonte ABRAPSO PUCMG 1988 p 1316 CANIATO Angela A luta pela moradia de exfavelados como parte essencial do processo de formação da consciência social dissertação de mestrado em psicologia social PUCSP 1986 CAVALCANTI P Celso U e RAMOS Jovelino coords Memórias do exílio Brasil 1964 São Paulo Editora Livramento 1978 CECCON Claudius et alii A vida na escola e a escola da vida Petrópolis VozesIDAC 1983 CHITARRA Rolando J Construção de projetos sociais alternativos Um estudo de comunidades rurais dissertação de mestrado em psicologia social PUCSP 1987 DAMORIM Maria Alice A psicologia comunitária considerações teóricas e práticas In Arquivos Brasileiros de Psicologia Rio de Janeiro 1980 323 p 99105 79 DERDICK Sílvia et alii Psicologia comunitária em bairros periféricos de Osasco In Anais do I Encontro Regional de Psicologia na comunidade São Paulo ABRAPSO 1981 p 173 178 FRANCO Vânia C A natureza das técnicas de intervenção em comunidades In Psicologia e Sociedade Belo Horizonte ABRAPSO PUCMG 1988 57073 FREIRE Paulo OLIVEIRA Rosiska D OLIVEIRA Miguel D e CECCON Claudius Exílio e identidade A trajetória de dez anos do IDAC In Vivendo eaprendendo Freire P et alii São Paulo Brasiliense 1980 p 914 FREIRE Paulo Cartas à GuinéBissau Rio de Janeiro Paz e Terra 1978 Condentización Buenos Aires Ed Busqueda 1974 Educação como prática da liberdade Rio de Janeiro Paz e Terra 1979a Multinacionais e trabalhadores no Brasil São Paulo Editora Brasiliense 1979 Pedagogia do oprimido Rio de Janeiro Paz e Terra 1979b FREITAS M Fátima Quintal de Fatores responsáveis pela inserção do psicólogo na comunidade na grande São Paulo In Anais da XVII Reunião Anual de Psicologia Ribeirão Preto São Paulo SPRP 1987 p 275 O psicólogo e a comunidade In Psicologia e Sociedade Belo Horizonte ABRAPSO PUCMG 1988a 57485 Psicólogos na comunidade importância e orientação do trabalho desenvolvido In Psicologia Teoria e pesquisa Brasília 198843 236248 Psicologia comunitária Professores de psicologia falam sobre os modelos que orientam a sua prática tese de doutorado em psicologia social PUCSP 1994 O psicólogo na comunidade um estudo da atuação de profissionais engajados em trabalhos comunitários dissertação de mestrado em psicologia social PUCSP 1986 GÓIS Moacyr de De pé no chão também se aprende a ler 1961 1964 Uma escola democrática Rio de Janeiro Ed Civilização Brasileira 1980 HOBSBAWN Eric Adeus a tudo aquilo In Depois da queda Fracasso do comunismo e o futuro do socialismo Blackburn Robin org Rio de Janeiro Paz e Terra 1992 p 93106 80 IENO NETO Genaro Psicologia e movimentos populares Algumas possibilidades de aproximação In Revista de Psicologia Fortaleza 51 2935 198 IGLESIAS Francisco Trajetória política do Brasil De 1500 a 1964 São Paulo Companhia das Letras 1993 IOKOI Zilda MG Lutas sociais na America Latina Porto Alegre Mercado Aberto 1989 JACOBI Pedro R Movimentos sociais e políticas públicas São Paulo Cortez Editora 1989 LANE Sílvia TM A psicologia social e uma nova concepção do homem para a psicologia In Psicologia social O homem em movimento Lane e Codo orgs São Paulo Brasiliense 1987 p 1019 Psicologia comunitária na America Latina In Anais do I Encontro Regional de Psicologia na comunidade São Paulo ABRAPSO 1981 59 LANE Sílvia T Maurer e SAWAIA Bader B Psicologia Ciência ou política São Paulo PréPrint EDUC 1988 MARTINS José de Souza Caminhada no chão da noite São Paulo HUCITEC 1989 OLIVEIRA Rosiska D Os movimentos sociais reinventam a educação In Educação e Sociedade São Paulo Cortez Editora 8 março81 p 3360 PIMENTEL Regina S Fragmentos de um trabalho com a comunidade In Psicologia e Sociedade ABRAPSOPUCMC Ano IV n2 7 set89 p 136142 SADER Eder Quando novos personagens entraram em cena Rio de Janeiro Paz e Terra 1988 SCHERERWARREN Use e KRISCHKE Paulo J Uma revolução no cotidiano São Paulo Brasiliense 1987 SINDICATO dos Psicólogos do Estado de São Paulo Psicólogo Informações sobre o exercício da profissão São Paulo Cortez Editora 1981 WANDERLEY Manangela Belflore Metamorfoses do desenvolvimento de comunidade São Paulo Cortez Editora 1993 81 RELAÇÕES COMUNITÁRIAS RELAÇÕES DE DOMINAÇÃO Pedrinho A Cuareschi18 Sem querer criar muita expectativa arriscaria dizer que a leitura das páginas que seguem poderá talvez causar surpresa a alguns leitores Isso porque vou tentar rediscutir os conceitos ligados ao título acima conceitos muito badalados usados e abusados mas que quando escrutinados e trazidos à luz do dia podem de repente mostrar dimensões que em geral permanecem veladas ocultas O que pretendo sem maiores pretensões é fazer um pouco o que Paul Ricoeur chama de levantar suspeitas perfurar as máscaras19 Vamos caminhar por etapas Primeiro vamos fazer uma parada diante da realidade das relações sociais Em seguida vamos perguntar o que elas têm a ver com os grupos comunidades Veremos os vários tipos de relações Deternosemos ao final na discussão de dois tipos centrais as relações de dominação e as relações comunitárias Relações sociais que é isso mesmo É Aristóteles quem diz que o bom filósofo e o bom cientista deve ter a capacidade de se admirar diante das coisas mais óbvias e banais e se perguntar o que aquilo de fato significa Pois você já se perguntou alguma vez o que significa relação Tente dar uma resposta a você 18 Desejo agradecer ao grupo de leitura e discussão da linha de pesquisa Ideologia Comunicação e Representações Sociais do mestrado em psicologia da PUCRS as valiosas críticas e comentários 19 O conflito das interpretações Ensaios de hermenêutica Rio de Janeiro Imago 197887 82 mesmoa Não se espante se não souber conceituar o que seja relação A maioria das pessoas começa a dar exemplos de relações a trazer palavras que são relações como relação e comunicação relação e união etc Mas não é dito o que é relação apenas são dados exemplos de relações Então conseguiu responder o que seja relação Não Vamos lá os filósofos após muita discussão conceituam relação como sendo uma ordenação intrínseca de uma coisa em direção a outra Em latim e curto e rápido Ordo ad aliquid Complicado Nem tanto Pois vamos refletir um pouco sobre isso Uma vez uma jovem de 15 anos conceituou relação de um modo simples e claro relação é uma coisa que não pode ser ela mesma se não houver outra É isso mesmo Relação é uma coisa que não pode existir que não pode ser sem que haja uma outra coisa para completála Mas essa outra coisa fica sendo parte essencial dela Passa a pertencer à sua definição específica Vamos tentar exemplificar para melhor compreender Tomemos uma pessoa a Maria Dizemos comumente que a Maria é uma pessoa um ser Atenção um Agora se digo Maria mãe eu já digo três pois para a Maria ser mãe ela precisa de ao menos mais dois um marido e um filho Mas a mãe não é uma É uma mas na sua definição entram mais dois de maneira absolutamente necessária de tal modo que se não houver um marido e um filho a Maria será a Maria mas não será mãe Então se diz que mãe é um conceito relativo isto é mãe como pai filho irmão etc implicam relação Esta é pois a definição de relação uma ordenação um direcionamento intrínseco necessário de uma coisa em direção a outra Mas essa coisa continua uma Nesse sentido relação é um e e três ao mesmo tempo embora não sob o mesmo aspecto Então 83 comunicação união diálogo etc são relações mas relação e muito mais é um conceito que se aplica a uma realidade que não pode ser ela mesma sem que haja uma outra coisa Muitas vezes ficamos com a impressão principalmente devido aos exemplos que são dados de que relação seja algo que une que liga duas coisas Nem sempre é assim O conflito por exemplo é uma relação como a rejeição a exclusão Relação existe sempre que uma coisa não pode sozinha dar conta de sua existência de seu ser O conflito a exclusão são relações pois ninguém pode brigar sozinho e se há exclusão há alguém que exclui e alguém que e excluído A percepção da relação é pois uma percepção dialética percepção de que algumas coisas necessitam de outras para serem elas mesmas Interessante nesse contexto é se perguntar como as pessoas se definem como elas se vêem a elas mesmas Essa discussão é fascinante Há alguns que se vêem e vêem os outros como se fossem indivíduos isto é entidades que não têm nada a ver com os outros isolados suficientes em si mesmos A filosofia liberal vê os seres humanos exatamente desse jeito O máximo que se aceita e que entre dois seres possam existir relações mas eles são entidades à parte Quando se fala então em pessoas em relação precisaria precisar melhor se são indivíduos que se relacionam ou se são pessoas relação como veremos em seguida Outros já tomam o ser humano como se fosse peça de uma máquina parte de um todo Sua explicação é dada pelo todo o estado a instituição que é a realidade fundamental Temos aqui todas as formas de totalitarismo conseqüência de um sociologismo crasso Finalmente há os que vêem os demais e se consideram a si próprios como pessoas relação isto 84 é seres que em si mesmos implicam outros seres que ao se definirem já incluem necessariamente outras pessoas São únicos singulares como é único um pai um irmão e por isso são sujeitos de responsabilidade mas não se explicam nem se definem apenas a partir deles e neles próprios Sua subjetividade e um ancoradouro de milhões de outros de relações Dentre um universo de milhões de relações que eles estabelecem no decorrer de suas vidas eles recortam sua figura única singular mas plena de outros Relações sociais como elemento definidor dos grupos Muitíssimas vezes alunos tanto de graduação como de pósgraduação têmme procurado para solicitar material sobre grupos ou referências sobre grupos Fico então pensando sobre alguma bibliografia artigos e me dou conta de que existem milhares de trabalhos Mas o que me fica mordendo por dentro é a questão Será que com a leitura de todo esse material as pessoas vão se dar conta do que mesmo constitui um grupo20 Pois é isso que gostaria de discutir agora de tentar perfurar máscara de questionar esse óbvio Comece a responder a você mesmoa como fez com o conceito relação o que seria um grupo o que constituiria o essencial de um grupo Já respondeu Vejamos O que constitui um grupo é o número de pessoas Bem precisa haver ao menos duas ou se dermos razão ao antigo proverbio latino que diz que dois não constituem um grupo duo non faciunt collegium ao menos três Mas pode haver três cem 500 sempre e um 20 Quando se falar aqui em grupo podese incluir também uma comunidade um grupo comunitário Veja porém a discussão feita no item Relações comunitárias 85 grupo Parece que não é o número então que constitui o grupo Seria o tipo de pessoas O sexo homens ou mulheres A cor brancos ou negros A etnia italianos alemães etc A religião católicos protestantes Parece que também não Seria a distância entre eles Para ser um grupo todos têm de estar no mesmo lugar Também parece que não pois dizemos que o grupo de desempregados fez um protesto mas não chegaram nem a se reunir Não é então a distância nem o contato físico que é essencial ao grupo Veja adiante a discussão sobre público Que seria então Pois aqui está o interessante o que constitui um grupo é a existência ou não de relações Comece a conferir Se não há relação nenhuma entre pessoas jamais se poderá falar em grupo o que existe é como se fosse um poste ao lado do outro sem ninguém ter nada a ver com outro Agora no momento em que se estabelecer qualquer relação entre pessoas começa aí um grupo Elas têm de ter algo em comum e esse comum é exatamente o que pode estar tanto numa como noutra E esse comum e a relação que perpassa por todas está presente em todas fazendo essa amarração conjunta Essas relações está claro podem ser de milhões de tipos diferentes Podem também ter uma intensidade maior ou menor Em certos grupos as relações podem ser extremamente fluidas às vezes baseadas apenas em um aspecto Particular como o fato de ser mulher ou ser brasileiro Em outros casos as relações podem ser fortemente intensas de grande coesão de tal modo que se alguém mexe com um membro do grupo todos os outros se sentem atingidos e tomam as dores dessa pessoa O que constitui um grupo pois são as relações Se quiser saber se há grupo ou não veja se há relações 86 ou não Se quiser saber de que tipo é o grupo veja qual o tipo de relações como veremos mais adiante Se quiser mudar transformar um grupo comece por transformar as relações existentes nesse grupo3 Visão estática versus visão dinâmica de grupo Uma conseqüência extremamente importante que deve ser realçada e colocada com clareza ao se conceituar o grupo a partir do conceito de relação e o enfoque dinâmico e ao mesmo tempo aberto que e assumido na análise e discussão dos grupos Por quê Veja lá De relação vem a palavra relativo Ora relativo e o contrário de absoluto Absoluto quer dizer total completo fechado sem contradições Se eu vejo entãoo grupo a partir de relações eu vou ter uma visão de grupo sempre relativa isto é incompleta em construção em transformação Isso quer dizer que nunca posso fechar a compreensão de um grupo saber tudo sobre um grupo Se ele se constitui a partir de relações estas relações são dinâmicas sempre mutáveis podem mudar de um momento para outro O máximo que eu posso dizer e que nesse momento as relações são estas Mas elas podem dentro de pouco tempo ou à medida em que os participantes do grupo adquirirem mais ou menos poder se transformar e com isso transformar o grupo Veja agora você a enorme diferença que existe entre conceituar grupo a partir de relações e conceituálo a partir de uma visão estática e fotográfica Dentro da visão funcionaiistapositivista de grupo o pressuposto que permanece e que o grupo e algo estático com suas estratificações a própria palavra já trai a visão estática onde as pessoas possuem posições outra vez a sugestão de estabilidade e desempenham papeis que se supõem os membros do grupo têm de desempenhar 87 Bem pode ser que você goste ou ache mais interessante esta segunda visão baseada em pressupostos estáveis Acontece porém que dentro desse enfoque podese perceber apenas uma dimensão do grupo Refletindo um pouco mais podese ver que isso traz conseqüências para a prática concreta A tentação de pensar que eles sempre foram assim e conseqüentemente sempre serão assim e muito forte As possibilidades de ver que são possíveis mudanças ficam veladas diminuídas Você mesmo pode constatar que os grupos mudam e às vezes mudam bem rapidamente Qual então o instrumental mais adequado para se poder compreender os grupos de um modo mais completo Responda você mesmo Multidão massa público É certamente esclarecedor discutir aqui dois conceitos que aparecem algumas vezes nas discussões e que são importantes para nossa discussão futura sobre comunidade o de massa ou multidão e o de público Costumase chamar de massa ou multidão a existência de um grande número de pessoas ligadas porcontigüidade física isto é que estejam num mesmo local Não são precisamente grupos como os tomamos aqui São mais amontoados de gente onde as pessoas não chegam em geral a se conhecer E o caso por exemplo da maioria das multidões que se congregam nos estádios de futebol Se é verdade que todas vão para ver o jogo também é verdade que ninguém se conhece que não há relação nenhuma entre além do fato de estarem no mesmo lugar Na multidão as relações entre pessoas praticamente inexistem e a única relação fica sendo como um chefe um dirigente Ele pode com facilidade usar a emoção e o calor que o contato físico desperta para 88 manipular essas multidões e leválas a fazer coisas que um grupo que reflete nunca faria Por isso as multidões são sempre perigosas Lê Bon21 explica que no contágio das multidões as pessoas liberam o id e se guiam pelas emoções A certeza da impunidade ninguém consegue saber quem fez o quê aumenta a irresponsabilidade Ao discutirmos o que é comunidade vamos ver que são muito diversas as relações de um grupo onde as pessoas se conhecem e se estimam comunidade das relações que se verificam na multidão Já o que se convencionou chamar de público e algo um pouco diferente também são multidões mas sem contigüidade física pois estão espalhadas por milhares de locais e a única ligação entre elas e o fato de estarem por exemplo sintonizados num mesmo canal de televisão ou numa mesma estação de rádio ou serem leitores de um mesmo jornal de uma revista Mas entre esses teleouvintes ou telespectadores nem se conhecem nem se relacionam sob mais nenhum aspecto Se o público por um lado não traz os perigos que as multidões podem ocasionar por outro lado as relações ali estabelecidas são unidirecionais de mão única provindas de uma boca grande que fala sozinha e milhões que só escutam e vêem sem possibilidade de dar um retorno E o que acontece com os Meios de Comunicação de Massa que detêm por isso grande possibilidade de manipular e condicionar as pessoas Relações e relações Você já deve terse dado conta de que uma relação pode ser de mil tipos diferentes A única coisa 21 21 Custave Lê Bon 1 895 La Psyciooge dês Foules Paris AlcanfErtt inglês The Crowd 1960 Nova Iorque The Viking Press 89 que ela de fato exige e que haja vários elementos presentes como já vimos acima Relação nunca se predica de uma só entidade pois ela sempre implica outros É questão agora de examinar para cada caso específico o tipo de relação existente e conseqüentemente ver de que tipo de grupo se trata Essa não é evidentemente uma tarefa fácil É necessária muita observação muita argúcia muita paciência Muitas vezes as relações são mais latentes que manifestas Mais disfarçadas que evidentes O discurso muitas vezes e o contrário da prática Usamse para a tarefa de se detectar as relações todos os instrumentos de pesquisa que forem necessários observação entrevistas pesquisa participante questionários enfim todo tipo de teste que possa revelar a vida social esta vida que se constrói nas e pelas relações e se é vida é sempre dinâmica sempre em transformação Fica claro também que as relações podem ser diferentes até mesmo contraditórias dependendo do momento É importante então ver quais são as que mais se manifestam a intensidade com que se mostram sua abrangência e generalização Tornase evidente ainda que é extremamente difícil senão impossível quantificar essas relações Elas devem ser vistas numa escala de mais ou menos gerais mais ou menos intensas mais ou menos fixas Relações de dominação A estas alturas podemos nos deter na análise de um tipo especial de relação a relação de dominação parte do título desse trabalho Acho importante como início de conversa fazer aqui uma distinção ainda bastante nova mas muito 90 prática e que vai ajudar a ver as coisas com mais clareza tratase de distinguir entre poder e dominação22 Podese definir poder como sendo a capacidade de uma pessoa de um grupo para executar uma ação qualquer ou para desempenhar qualquer prática Nesse sentido todas as pessoas têm algum poder na medida em que podem fazer alguma coisa Já dominação é definida como uma relação entre pessoas entre grupos ou entre pessoas e grupos atravésda qual uma das partes expropria rouba se apodera do poder capacidade de outros Por extensão dominação e uma relação onde alguém a pretexto de o outro possuir determinadas qualidades ou características como o fato de ser mulher de fazer parte de determinada etnia ou raça de ser jovem etc se apropria de seus poderes capacidades e passa a tratálo de maneira desigual Dominação portanto é uma relação assimétrica desigual injusta se quiser Essa distinção é muito estratégica pois de repente nos damos conta de que todos têm poder atémesmo aquelas pessoas que oficialmente não exercem ou não ocupam posições de poder mas na prática são as que fazem tudo ou quase tudo pois têm capacidade podem fazer essas coisas Origem da dominação Uma questão curiosa é descobrir como surge a dominação Para se entender melhor esse mecanismo 22 São diversos os autores que tentam refinar esses conceitos Entre eles estão John B Thompson Ideology and modern Culture Cambndge Polity Press 1990 1 5Qs Enk Wright University of Wisconsin Departamento de Sociologia e outros Para uma discussão mais aprofundada sobre o tema vejase Cuareschi Sociologia da prática social Petrópohs Vozes 1992 p 125129 91 necessitamos de um outro conceito importante o de ideologia Podese definir ideologia ao menos e assim que a maioria dos autores hoje o fazem23 como sendo o uso o emprego de formas simbólicas significados sentidos para criar sustentar e reproduzir determinados tipos de relações Ideologia e o que vai dar sentido significado às coisas Ideologia nesse sentido poderá servir para criar e sustentar relações tanto justas éticas como também para criar e sustentar relações assimétricas desiguais injustas que chamamos de relações de dominação A ideologia no seu diaadia vai criando significados sentidos definições de determinadas realidades Esses significados e sentidos têm sempre uma conotação de valor positivo ou negativo Por exemplo a partir de aparências nem sempre fundamentadas começamos a dizer que os homens ou as mulheres são mais trabalhadores mais honestosas etc Ou começamos a dizer que os brasileiros são mais bondosos que os japoneses são mais trabalhadores que os negros são mais festeiros etc Dizendo com outras palavras vamos criando juízos de valor discriminações estereótipos preconceitos Vamos juntando ligando qualidades características valorativas a determinadas pessoas ou coisas Esses estereótipos quando negativos criam e sustentam as relações de dominação Começase a dizer por exemplo que as mulheres são mais afetivas que não possuem tanto poder de decisão de realização se for usada a expressão em inglês achievement motive 23 John B Thompson em seus dois livros já clássicos sobre ideologia Studies in the Theory of ideology e ideology and Modem culture ambos de Cambridge Polity Press 1990 faz um excelente apanhado crítico da história e das teorias sobre ideologia assumindo esta definição operativa 92 impressiona mais A partir daí fica fácil pagar às mulheres apenas 60 do que se paga aos homens como nos dizem as estatísticas A expropriação econômica está baseada num estereótipo ideológico O mesmo acontece com os negros Primeiramente se diz que os negros são mais alegres gostam de festa não gostam muito de trabalhar outra maneira de dizer que são preguiçosos etc Daí para se pagar então apenas 70 do que se paga aos brancos como também comprovam as estatísticas e apenas um passo E assim por diante Diferentes formas de dominação Concluise do que se viu acima que são inúmeras as formas de dominação A dominação econômica que é a forma mais geral e para onde vão desaguar quase todas as outras acontece sempre que alguem rouba expropria a capacidade poder de trabalho de outras pessoas O trabalho humano e a fonte única de riqueza das nações É só trabalho que pode ser explorado nada mais Essa é com certeza a principal forma de dominação e se faz presente em geral como conseqüência da dominação política e cultural que veremos abaixo Uma segunda forma é a dominação política Política no seu sentido mais amplo é o conjunto de relações que se estabelecem entre pessoas e grupos na sociedade em geral Vivemos todos mergulhados nessas relações políticas pelo fato de vivermos numa sociedade No sentido mais estrito entendese por política as relações que se estabelecem entre pessoas ou grupos e os responsáveis pelo bem comum de toda a sociedade são as relações que se dão entre o Estado o governo e os cidadãos Todas as ações humanas são políticas no sentido mais geral do termo o ser humano e um ser político por natureza São chamadas relações políticas no 93 sentido estrito do termo as que se dão imediatamente entre os cidadãos e seus governantes entre os cidadãos e o Estado Existe então uma dominação política quando as relações entre pessoas e grupos entre grupos ou entre as pessoas grupos governo e Estado não forem justas democráticas desrespeitando os direitos dos diversos sujeitos Uma terceira forma de dominação mais difícil de se detectar é a dominação cultural Cultura no seu sentido mais amplo é todo agir humano Delimitamos aqui o sentido de cultura como sendo um conjunto de relações entre pessoas ou grupos que se sedimentaram que de certa forma se cristalizaram de tal modo que em alguns casos passam a ser pensadas e tratadas como se fizessem parte da própria natureza das pessoas e das coisas Sendo que muitas vezes essas relações cristalizadas são assimétricas desiguais dáse o fato de existirem em determinadas circunstâncias relações de dominação cultural Essa dominação possui inúmeras formas como por exemplo o racismo que como relação de dominação tem sua origem na criação de estereótipos e discriminações negativos de um grupo racial sobre outro Isso produz assimetrias que vão se materializar em ações e práticas de subordinação de expropriação política e econômica e muitos outros tipos de exclusão do grupo discriminado24 o patriarcalismo que consiste no estabelecimento de assimetrias com base nas relações de gênero Costumase distinguir hoje em dia entre a dimensão biológica todos temos um sexo e a dimensão cultural o gênero masculino ou feminino Essa dimensão cultural é construída pelos usos e costumes humanos é resultado 24 Para uma discussão mais aprofundada dessa questão vejase Pednnho A Cuareschi Sociologia da prática social Petrópolis Vozes 1992 cap XVII 94 das relações que se estabelecem entre os diferentes gêneros e é aí que vamos encontrar relações assimétricas desiguais onde homens ou mulheres passam a dominar ou explorar os parceirosas25 o institucionalismo que consiste em colocar uma instituição como uma igreja por exemplo como a única Verdadeira ou como mais importante que todas as outras Pessoas são formadas com a ideia de que determinada instituição é absoluta eterna com isso se legitimam repressões e ações injustas contra as pessoas pertencentes às demais instituições Poderíamos enumerar muitas outras formas de dominação baseadas em diferentes aspectos culturais como a dominação religiosa a partir de uma religião ou igreja a dominação profissional a partir de um determinado tipo de profissão como ser professor advogado Fica a critério de cada comunidade identificar quais as relações de dominação cultural existentes em seu meio Relações comunitárias Chegamos finalmente ao ponto central ao cume de nossa discussão Na caminhada que fizemos até aqui você certamente já foi detectando os muitos desvios por onde nos podem levar determinadas práticas baseadas em diferentes tipos de relações Restanos agora mostrar quais as relações que embasam uma prática comunitária essa possível via régia ou caminho real que nos poderia conduzir a uma sociedade verdadeiramente democrática participativa igualitária 25 Idem cap XIV 95 Comunidade o que é isso É difícil fugir à seguinte questão o que é mesmo uma comunidade Na verdade é aí que reside todo o problema Ao conceituarmos o que seja uma comunidade já estaremos discutindo essas relações pois ela será conceituada ou definida a partir dessas relações específicas Foram muitos os que se aventuraram em discutir comunidade Um dos primeiros foi o filósofo alemão Ferdinand Tõnnies26 Para ele a comunidade é uma associação que se dá na linha do ser isto é por uma participação profunda dos membros no grupo onde são colocadas em comum relações primárias como o próprio ser a própria vida o conhecimento mútuo a amizade os sentimentos Já a sociedade é uma associação que se dá na linha do haver isto é os membros colocam em comum algo do seu algo do que possuem como o dinheiro a capacidade técnica sua capacidade esportiva Os seres humanos participam pois da comunidade não pelo que têm mas pelo que são Uma das conceituações mais interessantes de comunidade atribuída a Marx é a seguinte um tipo de vida em sociedade onde todos são chamados pelo nome Esse ser chamado pelo nome significa uma vivência em sociedade onde a pessoa além de possuir um nome próprio isto é além de manter sua identidade e singularidade tem possibilidade de participar de dizer sua opinião de manifestar seu pensamento de ser alguém Essa é a visão de ser humano como pessoa relação Como vimos no início ao discutir o conceito de 26 Ferdinand Tõnnies 18551935 tornouse famoso por sua obra Gememschaft und Ceseilschaft Comunidade e sociedade onde mostra a diferença e os critérios para diferenciar comunidade e sociedade 96 relação ela supera dois extremos muito comuns hoje em dia que se constituem em duas distorções reducionistas e por isso mesmo inibidoras de um pleno desenvolvimento humano de um lado um individualismo grosseiro fundamentado na filosofia liberal que tem como pressuposto um ser humano isolado de todos auto suficiente fechado sobre si mesmo sempre em competição para poder sobreviver de outro lado o pressuposto de um ser humano como peça de uma máquina parte de um todo colocado a serviço do Estado ou de instituições burocráticas anulado em sua subjetividade Vivendo em comunidade as pessoas têm possibilidade de superar esses extremos mantendo sua singularidade mas necessitando dos outros para sua plena realização Na comunidade elas têm voz e vez podem colocar em ação suas iniciativas desenvolvem sua criatividade mas seu ser não se esgota nelas mesmas elas se completam na medida em que se tornam um ser para exercitando sua plena vocação de animal político social Poderíamos fazer aqui uma ligação entre comunidade e democracia Quando pode uma sociedade ser chamada verdadeiramente de democrática Normalmente se diz que democracia exige participação respeito à dignidade e singularidade de todos os cidadãos etc Mas na prática como e quando isso se dá Do que se expôs acima podese perceber muito bem que é somente quando existem verdadeiras comunidades onde as pessoas são chamadas pelo nome isto é são identificadas e podem participar que pode existir democracia Um país pode ter 150 milhões de habitantes Mas esse país somente será democrático se houver em sua base uma rede de comunidades onde os cidadãos exercitam seus direitos de participação e são respeitados como pessoas É nesse nível básico que acontece a vida e a vivência democrática Se não houver 97 democracia em nível comunitário não poderá haver democracia em nenhum outro nível seja municipal estadual ou nacional O teste de uma sociedade democrática é a existência de verdadeiras comunidades As relações comunitárias que constituem uma verdadeira comunidade são relações igualitárias que se dão entre pessoas que possuem iguais direitos e deveres Essas relações implicam que todos possam ter vez e voz que todos sejam reconhecidos em sua singularidade onde as diferenças sejam respeitadas E mais as relações comunitárias implicam também a existência de uma dimensão afetiva implicam que as pessoas sejam amadas estimadas e benquistas O trabalho comunitário Gostaria ao terminar de levantar alguns questionamentos sobre alguns aspectos ligados ao trabalho comunitário especificamente aos assim chamados estágios que tanto a psicologia comunitária como osas estudantes de Serviço Social e de outras faculdades realizam nas comunidades Não se pode deixar de constatar as excelentes experiências que vários grupos estão fazendo em diversos lugares É uma nova psicologia comunitária que está nascendo Por isso mesmo esses questionamentos são mais alertas para que possamos pensar e nos posicionar antes de tentar essa experiência Um primeiro questionamento ligase ao fato tido como normal de que na maioria das vezes esses estágios são realizados em vilas pobres carentes Qual seria a razão de isso ser assim Uma segunda questão central se propõe perguntar sobre o que na verdade osas estudantes vão fazer nesses locais vão para lá para se exercitar Para aprender Para ensinarajudar 98 O pressuposto a não ser que eu esteja muito equivocado é que esses estágios além de serem um treino querem também ajudar ser um serviço a essas comunidades carentes Mas como saber de antemão que aquelas sejam comunidades com problemas Não poderia ser o caso de existirem lá verdadeiras comunidades com alto grau de participação e grande coesão afetiva Que iriam fazer lá então osas estagiáriosas Iriam ajudar no quê Suponhamos porém que se vá para uma comunidade a fim de aprender Mas se e por essa razão por que não dirigirse também para locais onde existem boas comunidades como por exemplo para os bairros chiques e sofisticados de nossas capitais Será que essas comunidades não poderiam ser um local de aprendizado e não teria coisas boas a oferecer Indo um pouco mais a fundo na questão digamos que essesas estagiáriosas vão para colaborar e para testar de certo modo seus conhecimentos teóricos Se assim é por que ir quase que exclusivamente para as comunidades das vilas e periferias economicamente pobres E poder seia perguntar ainda mais será que a razão de essas vilas e periferias serem assim tão pobres e marginalizadas não é devido em grande parte ao fato de existirem comunidades ricas e opulentas Não é dessas comunidades que procedem em geral os próprios governantes e técnicos dessas cidades E será que um bom estágio de psicologia comunitária ou serviço social não poderia colaborar para que essas comunidades de elites se abrissem à problemática social se solidarizassem com os excluídos já que solidariedade hoje o termo da moda Que dizer disso O que de fato se quer questionar é se uma comunidade para ser boa comunidade depende do seu nível econômico e se um estágio precisa necessariamente ser feito entre vilas periféricas 99 Enfim um último questionamento será que por detrás dessa questão não se poderia entrever presente em nossas universidades certo maior ou menor preconceito elitista de que os bons são os que vivem bem em regiões abastadas e que os menos bons são os que vivem nos bairros pobres E que os que estudam nas universidades têm de redimir ajudar esses pobres Gostaria de concluir com uma pequena reflexão Todos os que já viveram ou tiveram algum contato com comunidades sejam quais forem sabem muito bem que todas elas possuem um saber que em princípio não e nem pior nem melhor que o nosso é apenas diferente Qualquer atividade que porventura venha a ser desenvolvida com tais grupos deve ter em mente no mínimo duas coisas primeiro um respeito muito grande pelo saber dos outros Isso exige que eu comece por prestar atenção não apenas ao que as pessoas dizem mas também ao que as pessoas fazem E só podemos chegar a isso na medida em que nos formos inserindo nas comunidades com cuidado e humildade como alguém que pede licença para poder participar segundo que o projeto inclua além do diálogo e a partilha de saberes a garantia de autonomia e autogestão das próprias comunidades Afinal são eles que lá vivem e que vão continuar a viver Quem vai por um tempo para prestar um serviço para partilhar seu saber não pode retirar das comunidades essa prerrogativa fundamental de liberdade e autonomia A autogestão e o ápice de relações genuinamente democráticas onde há participação de todos Essas questões provocantes e importantes devem fazer parte da agenda de qualquer pessoa que de um modo ou outro queira entrar em contato com qualquer atividade no campo da psicologia social comunitária 100 A INSTITUIÇÃO COMO VIA DE ACESSO À COMUNIDADE Lacyara C Rochael Nasdutti As questões ligadas às instituições sociais têm despertado cada vez mais a atenção e o interesse de estudiosos das ciências humanas e sociais Isso pode ser constatado tanto nos meios acadêmicos com objetivos de construção teórica e de pesquisas quanto nos grupos de atuação eminentemente prática cujos objetivos primeiros são a ação social e a reflexão sobre as diferentes práticas e seus efeitos junto aos grupos interessados O objetivo deste texto e o de buscar clarificar as interrelações entre instituições e comunidade e discutir o lugar que esse tema ocupa na psicossociologia Assim sendo é importante iniciarmos essa exposição contextualizando os conceitos utilizados para em seguida referenciandonos em pressupostos teóricos e metodológicos específicos discutirmos a prática do psicossociólogo em instituições nas perspectivas da psicossociologia de comunidades27 Por que a instituição Quando alguem ingressa como aluno em uma universidade seja ela qual for tem certas expectativas com relação à sua vida nessa instituição à maneira como 27 A preferência pelo termo psicossociologia ao de psicologia social segue a proposição de J Maisonneuve que o privilegia exatamente pelo fato de que o termo não privilegia a ascendência do psicológico sobre o social nem seu inverso mas pressupõe sim uma interação entre ambos Maisonneuve J 1977 101 vai ser visto e tratado pelos funcionários pelos professores pelos colegas e atémesmo por pessoas estranhas à universidade Da mesma forma espera que essas pessoas se comportem conforme os lugares que ocupam na hierarquia institucional assim como pressupõe que os conhecimentos que ali lhe serão transmitidos sejam coerentes com o prestígio e a função de uma universidade da qual espera ainda obter um diploma que seja reconhecido pública e oficialmente lhe permitindo assim o ingresso no mercado de trabalho Enfim o aluno pressupõe que seus objetivos de forma geral coincidam pelo menos em parte com os objetivos das outras pessoas que ali se encontram e da própria universidade enquanto instituição de ensino Isso também acontece quando alguém se interna em um hospital como paciente ou quando ingressa no mesmo hospital como profissional médico enfermeiro psicólogo técnico administrativo etc Sabemos que quando ingressamos em uma instituição qualquer temos que nos conformar às regras cumprir exigências desempenharmos um papel que já nos é prescrito de antemão É um pequeno mundo uma pequena sociedade na qual vivemos Por outro lado é ali também que queremos ser reconhecidos em nossa singularidade que queremos fazer valer nossos direitos e vontades realizar nossos objetivos individuais E assim como nós todos os outros que ali se encontram não importa a posição ou papel desempenhado todos buscam o mesmo isto é cada um visa atender seu objetivo individual se deparando entretanto com um mesmo quadro institucional De um lado o coletivo o social determinante das regras das leis dos papeis e das formas estabelecidas de interrelação entre os indivíduos De outro as diferentes necessidades conscientes e desejos quase nunca conscientes de diferentes indivíduos também determinantes de suas 102 ações E o palco das articulações e desarticulações entre tais determinantes de origens diversas social e psicológica e justamente a instituição Viver coletivamente implica assim em instituirse em organizações o que significa divisão de papéis divisão de trabalho e bem ou mal hierarquização das relações sociais estabelecendose como conseqüência as relações de poder que permeiam toda e qualquer relação social Voltemos então à questão colocada Por que a instituição A instituição como campo de pesquisa e de ação para a psicossociologia de comunidades se mostra como lugar privilegiado pois constitui o espaço socialmente organizado no qual se dão as articulações entre os diferentes elementos sociais econômicos ideológicos culturais e políticos e os elementos psicológicos Essas articulações como veremos mais à frente podem ser apreendidas atravésda análise psicossocial realizada no próprio real institucional Rochael Nasciutti 1991 Os dispositivos institucionaisoferecem bem ou mal aos indivíduos a possibilidade de manifestações psíquicas de confrontação interpessoal e de ação individual ao mesmo tempo em que representam em sua estrutura organizacional as imposições legais políticas e econômicas que regulamentam a sociedade Lugar portanto do conflito inerente à vida coletiva e à inter relação entre os indivíduos Conflito que pode se manifestar atravésdo disfuncionamento manifesto no nível organizacional ou nível subjacente mascarado em práticas ritualizadas Mas o que vem a ser mesmo uma instituição O termo instituição vem sendo usado no contexto da psicossociologia por diferentes teóricos 103 fundamentados principalmente em Castoriadis28 para designar em princípio tudo aquilo que no social se estabelece aquilo que é reconhecido por todos como fazendo parte de um amplo sistema social De maneira geral podemos dizer que tudo aquilo que se tornou instituído reconhecido como tendo existência materializada na vida social e instituição Nessa concepção ampla do conceito o menino de rua por exemplo passou a ser uma instituição social em nosso país atual uma vez que a existência de uma ampla legião de meninos de rua e reconhecida pela sociedade civil e mesmo oficialmente pelo Estado Podemos citar os sistemas formais de ensino de saúde o casamento a Igreja e o Estado como exemplos de grandes instituições que regulamentam a vida em sociedade Essas grandes instituições no entanto se concretizam na realidade social em redes de estabelecimentos de ensino colégios universidades em hospitais nas famílias nas paróquias locais e nas repartições públicas distribuídas de forma equilibrada ou não pelas diferentes comunidades que compõem o tecido social Na verdade essas unidades organizacionais instituídas como uma universidade por exemplo passam a existir não só como parte como estabelecimentos das grandes instituições no caso a instituição educação mas passam a ter vida própria e são instituições em si mesmas Elas são ligadas à cultura local influenciando e sendo influenciadas pelos contextos social político e econômico nos quais se inscrevem atravessadas pelo imaginário social incluindo ainda um sistema simbólico próprio Podemos assim falar em 28 Comellus Castoriadis pensador de origem grega faz parte da intelectualidade francesa contemporânea Seu livro A instituição imaginária da sociedade serviu de base para o desenvolvimento de diversos estudos e teorias institucionalistas e psicossociais ressaltando questões ligadas ao imaginário e ao simbólico na constituição social 104 instituições existentes dentro de outras instituições mais amplas Alem disso existem inúmeras outras instituições sociais autônomas que permeiam a dinâmica social com diferentes objetivos surgidas espontaneamente dos movimentos sociais e da realidade históricosocial como as associações de trabalhadores de moradores ou as Organizações NãoGovernamentais A importância que as instituições têm na organização da vida social tanto quanto na organização da vida individual e reconhecida pela psicossociologia que faz destas um de seus objetos privilegiados de estudo como colocado acima Situemos a seguir os princípios teóricos què embasam essa linha de estudos Os pressupostos da psicossociologia Na perspectiva da psicossociologia os processos individuais conscientes e inconscientes são considerados como tendo o mesmo grau de importância que os processos sociais Assim nesse espaço de articulação teórica que a psicossociologia se insere não há uma redução dos processos sociais às projeções imaginárias individuais nem se considera que o psiquismo individual seja totalmente sujeito aos determinantes objetivos da realidade social É verdade que o social atua de forma determinante sobre o comportamento individual e mais ainda se inscreve no corpo e no psiquismo do indivíduo na representação que ele faz de si mesmo e dos outros e nas relações que ele mantem com o outro Porem esse mesmo social obedece em sua organização aos ditames das vicissitudes humanas das exigências psíquicas individuais Nessa ótica social é tudo aquilo que se refere à vida coletiva organizada e psicológico e tudo o que se refere ao indivíduo tanto no nível consciente quanto no inconsciente como ator social responsável e como sujeito 105 do inconsciente embora não sejam entidades estanques e independentes entre si Pelo contrário são indissociáveis só podemos nos referir ao social e ao psicológico como forma didática de falarmos de espaços que na realidade se confundem Se a psicossociologia considera seu objeto de estudo o homem em situação social como complexo e atravessado por múltiplos determinantes é conseqüentemente lógico que procure estabelecer relações e articulações entre contribuições teóricas das diversas disciplinas que sob suas especificidades analisam as questões que chamamos de psicossociais Assim os fundamentos teóricos da psicossociologia são multireferenciais conteúdos principalmente da sociologia e da psicanálise vêm se juntar aos conteúdos da psicologia social assim como os de disciplinas afins como a antropologia e a história Esses diferentes saberes que se complementam são articulados entre si na tentativa de apreensão do sentido das atividades sociais humanas Articulações difíceis e perigosas pois a transposição de conceitos elaborados dentro de um corpo teórico para outros campos de saber não pode se dar de forma a descaracterizálos ou tornálos sem sentido ou pior desvirtuálos das significações epistemológicas nos quais foram moldados Tratase na verdade de relações possíveis de serem estabelecidas entre orientações congruentes dessas disciplinas onde os conceitos específicos resguardam e respeitam seus contextos de origem Mesmo em uma única disciplina como na própria psicologia existem diferentes olhares conceitos diferentes ou atédivergentes entre si E mesmo nessa forma interior de teorização decorrente da postura de teóricos e pesquisadores em psicologia frente à vida às ciências e ao conhecimento comum mesmo assim buscamos estabelecer relações entre nossas teorias visando uma maior compreensão da realidade complexa 106 esta sim impossível de ser explicada e compreendida a partir de um único olhar disciplinar O campo da psicossociologia e o dos grupos das instituições dos conjuntos concretos conforme define o psicossociólogo francês E Enriquez 1983 nos quais o indivíduo se encontra e que mediatiza sua vida pessoal e a coletividade Diversos teóricos da sociologia e psicossociologia contemporânea como Alain Touraine Pierre Ansart e Eugène Enriquez na França enfatizam aspectos individuais e psíquicos na dinâmica social principalmente no que se refere à sua constituição simbólica e imaginária Por outro lado as obras ditas sociológicas de Freud29 contribuem para a compreensão da organização social quanto à carga de projeções psíquicas que ela comporta A concepção do ser histórico para a psicologia social conforme desenvolvida por S Lane inclui os aspectos ideológicos e da consciência que marcam a atividade do homem na sociedade contribuindo assim para a análise psicossocial junto a grupos instituições e comunidades Historicamente a análise psicossocial institucional se filiou a correntes teóricas e metodológicas de diferentes origens De Kurt Lewin herdou a noção de campo dinâmico cujos elementos se encontram em interdependência e a action research atravésda intervenção psicossocial em grupos e instituições reais Através da psicanálise freudiana busca a compreensão dos investimentos psicológicos na formação do social e das formas de manifestação e projeções do inconsciente nas relações sociais nas quais os indivíduos reeditam as relações pais e filhos e fantasias arcaicas De Marx a 29 São consideradas como obras sociais de Freud seus últimos trabalhos como Toíem e tabu O tuturo de uma ilusão Psicologia de grupo e análise do ego O malestar na civilização e Moisés e o monoteísmo 107 noção de que o social é a condição histórica e determinante da existência humana o materialismo histórico analisado em termos de conflito de classes Das proposições aparentemente inconciliáveis de Freud o homem é o lobo do homem e de Marx a existência humana e social por natureza diversos estudiosos fundaram seus projetos teóricos mesmo se alguns desses caíram no ostracismo acadêmico como Reich e Marcuse recorrendo ainda a teóricos da sociologia e da antropologia O movimento institucionalista de origem basicamente francesa se apoia nessas principais correntes acima citadas Desse movimento fazem parte e têm relações próximas com a psicossociologia 1 A sociopsicanálise de Gerard Mendel busca conciliar as referências a Freud e a Marx intervindo em instituições onde busca responder à demanda de uma classe institucional conforme o lugar que esse segmento ocupa no aparelho de produção da instituição nas relações de poder atento às projeções inconscientes dos indivíduos Por exemplo intervindo em sua companhia de ônibus urbanos solicitado pelo segmento dos motoristas ele trabalhou sobre as relações dos motoristas com os outros setores e analisou afetos ligados às suas atividades e ao lugar que ocupavam na empresa 2 A psicoterapia institucional representada principalmente em suas origens por Tosquelles J Oury e Guattari se interessa basicamente pelas instituições psiquiátricas é a forma como estas reproduzem as relações de alienação e de cristalização na perpetuação da doença mental Todo o movimento de desinstitucionalização desenvolvido na Itália e liderado por Basaglia nos hospitais 108 psiquiátricos visa o questionamento da eficácia dessas instituições e busca sua dinamização atravésda ruptura do instituído Nessa perspectiva o lugar de cada profissional no hospital e sua função terapêutica são questionados seja o médico ou o faxineiro 3 A socioanálise ou análise institucional conforme concebida por Lapassade e Lourau tem origem na sociologia A análise institucional visa a revelação do nãodito do recalque político revelação esta que não e feita pelo analista mas pelos analisadores que são sintomas contraditórios reveladores do disfuncionamento das contradições e conflitos institucionais uma greve um suicídio um caso de assédio sexual por ex O que se busca em todas essas linhas apesar de suas diferenças é uma mudança nas relações sociais pelo questionamento de práticas instituídas e cristalizadas pela reflexão sobre a condição histórica que permeia as interrelações institucionais Buscase o movimento onde se manifesta a estagnação a naturalização do instituído e essa busca se dá atravésdos atores sociais Daí a impossibilidade de dissociação do social e do psicológico Daí o sentido clínico da pesquisa e da prática a intersubjetividade onde fenômenos psíquicos ocorrem entre indivíduos isto é socialmente nos grupos nas instituições nas comunidades no social mais amplo O dogmatismo que marca um corte na rede das ciências humanas e sociais não impede que diversos estudiosos defendam a ideia da teoria sempre em construção jamais concluída Mesmo mantendo suas especificidades teóricas procuram atravésda interdisciplinaridade chegar um pouco mais perto desse 109 objetosujeito de estudo que somos nós seres que se interrelacionam socialmente A psicossociologia nas instituições O administrador de empresas olha para a instituição enquanto organização de trabalho buscando azeitar a máquina com objetivos de aumentar a produção e o lucro mesmo que para isso se interesse pelo homem enquanto peça de produção O sociólogo vê nas instituições o germe e os efeitos dos movimentos sociais a organização social do trabalho ou das relações sócioeconô micopolíticas sob a égide do determinismo social A psicanálise busca enxergar as instituições como depositárias das mazelas e desejos do inconsciente individual O psicólogo da indústria dirige seu olhar para o comportamento as habilidades e capacidades individuais mensuráveis em escalas e os processos grupais seguindo uma lógica instrumental das relações mercantis O psicossociólogo quanto a este tentará olhar para a realidade institucional enquanto objeto complexo de pesquisa dotado de um sistema simbólico que lhe dá um sentido social atravessado por um imaginário social produto e produtor de imaginários individuais A instituição é muito mais que uma organização na verdade a primeira inclui a segunda É composta em parte pelos determinantes sociais e em parte construída com tijolos e janelas do psiquismo humano O conceito de instituição como estrutura social inclui além da organização o espaço social simbólico o código a regra imaginário representações mitos e psicológico onde se encontra a organização Constitui assim uma identidade instituída sobre uma lei própria interiorizada num sistema de regras e inclui ainda a transmissão de um saber que lhe é próprio ligado a uma ideologia a valores precisos à 110 formação da sociedade e da cultura conforme analisa J BarusMichel É do lugar dessa interação psicossocial que o psicossociólogo ao fazer uma análise da instituição vai dirigir seu olhar tanto para o que é de ordem do instituído lugar da instituição no sistema sócioeconômicopolítico identidade social história tanto para o que é da ordem do funcional hierarquia sistemas de decisão e de comunicação funcionamento formal divisão de papeis assim como procurará apreender o que é da ordem do sujeito e das relações interpessoais É através ainda uma vez da interação do intercruzamento desses diferentes níveis que uma leitura da instituição se apresenta Não de forma total mas o mais abrangente possível buscando integrar os diferentes determinantes considerando a complexidade da realidade com a qual lidamos Além disso o fato de sermos objetos e sujeitos ao mesmo tempo não nos permite a pretensão nem nos dá a isenção de apreendermos completamente a realidade na qual estamos inseridos O sentido dessa realidade é buscado nas entrelinhas dos meandros mas também das evidências institucionais As instituições são manifestações e concretizações das realidades da vida em sociedade Não precisam de estabelecimentos para existirem mas sempre se estabelecem criam suas leis suas regras seus códigos suas ideologias Impôem costumes prêmios e punições transmitem valores e estabelecem limites Produzem coisas ou pessoas mas também protegem dão garantias alimentam egos e ilusões e servem como projeção para as fraquezas e anseios da alma humana São espaços de mediação como dissemos entre a vida individual e a vida coletiva Falar da dinâmica institucional é falar dessas relações que se tecem entre indivíduo e instituição e que longe de serem estáticas se movem em todas as 111 direções A relação individual à instituição se enraíza na identidade social cultural e política que se realiza na prática cotidiana mobilizando nos atores sociais investimentos e representações lhes permitindo assim se identificarem ao conjunto social É considerando todos esses aspectos que o olhar do pesquisador para a instituição deve ser o mais abrangente possível É atravésda análise dos mecanismos institucionais das relações instituídas e institucionalizadas em seus diferentes níveis que e possível apreender no contexto da realidade objetiva as relações sociais nos pontos de articulação entre a ordem social e a ordem psicológica A questão do método Um número crescente de pesquisas têm sido realizadas em instituições abordando diferentes aspectos da realidade institucional Esses estudos seguem metodologias variadas conforme os pressupostos teóricos que as orientem A psicossociologia tem privilegiado uma metodologia que se baseia nos princípios da pesquisa ação A pesquisaação se define essencialmente pelo elo entre o saber e o fazer30 Ela parte de uma perspectiva epistemológica interdisciplinar e que inclui assim diferentes saberes acadêmicos além da relação entre saber científico e saber popular A metodologia própria à pesquisaação leva em conta as relações entre Homem x Cultura x Meio Ambiente implicando como conseqüência a reelaboração 30 Para o aprofundamento na metodologia de pesquisaação ver o texto O híten da pesquisaação traço de união entre saber e tazer de minha autoria e o livro de Michel Thiollent sobre o assunto ambos relacionados nas referências bibliográficas ao tmal deste capítulo 112 coletiva de aspirações e valores psicossociais a participação comunitária e a ação organizada Nesse sentido a metodologia vai ser desenvolvida conforme simultaneamente os objetivos voltados para a busca do saber e os rumos da ação A pesquisaação visa a conquista do conhecimento atravésda pesquisa e a transformação atravésda ação Supõe uma troca mais do que uma devolução elaborada do que se aprende numa reflexão teórica juntamente com os atores sociais envolvidos Rochael Nasciutti 1992 É fundamental que haja um planejamento rigoroso da pesquisa onde um objeto claro seja definido e hipóteses construídas como num projeto de pesquisa científica Mas as diferenças da pesquisaação com a pesquisa dita científica existem e se manifestam em variados aspectos A própria postura do pesquisador frente a seu objeto de pesquisa se distancia da postura do pesquisador científico ortodoxo31 Aqui o pesquisador entende que o princípio da neutralidade científica é um mito Ele se encontra implicado com seu objeto atéa alma no sentido estrito e lato da palavra Implicado pela sua posição técnicoprofissional ele planeja elabora hipóteses pesquisa sobre objetos psicossociais e analisa resultados a partir de uma posição social que não pode lhe ser indiferente já que lhe assegura o poder de um saber Implicado existencialmente enquanto ser histórico o pesquisador é sujeito de uma ideologia de valores sociais e realiza julgamentos que lhe fazem olhar para a realidade que pesquisa sob uma certa óticaética Implicado psicoafetivamente ele gosta ou não da 31 Teoricamente ele se coloca aberto aos diferentes saberes de disciplinas afins e da própria realidade atravésde seus atores sociais em situações sociais Quando falo do ator social compreendoo nos dois sentidos da palavra ator aquele que representa um papel que lhe e atribuído pela sociedade e ator aquele que atua que age sobre o social que sobre ele age Interage 113 realidade social que apreende tanto científica quanto vivencialmente projeta nela e na interpretação que dela faz conteúdos de seu inconsciente utilizaa em seus mecanismos de defesa investea de suas vontades conscientes A noção de implicação se opondo à postura de isenção e neutralidade supõe o envolvimento do pesquisador com seu objeto de pesquisa nesses diferentes níveis acima comentados Na pesquisaação a implicação é elemento fundamental É a partir da compreensão de que a neutralidade é impossível posto que qualquer ação de pesquisa por mais que as variáveis em jogo e por acaso as sabemos todas sejam controladas ou manipuladas é uma ação oriunda de um ator social o pesquisador olhando para outros atores socialis com os qualis de alguma forma interage A velha piada do rato de laboratório que diz ao outro rato condicionei esse cara direitinho Toda vez que pressiono a barra ele me dá uma gota dágua exemplifica com perfeição o que afirmo acima O objeto com o qual estamos interagindo atravésda pesquisa mesmo que seja um rato nos olha nos controla nos analisa como nós enquanto pesquisadores o olhamos controlamos analisamos Alem disso existe um saber que e próprio à realidade social e aos atores sociais nela envolvidos que nem sempre o pesquisador apreende atravésdos métodos científicos tradicionais É o saber da práxis Em suma na perspectiva da pesquisaação formas diferentes de saber são associadas Em princípio pela postura interdisciplinar do pesquisador Associandose a esse campo de saber o saber de quem faz podemos nos aproximar mais da complexidade do real pela ação dos diferentes atores sociais envolvidos na situação universo de pesquisa pesquisador Dessa forma o saber acadêmico se enriquece e a reflexão conjunta e 114 ação dinamizam o social rompendo formas cristalizadas de funcionamento e instituindose mobilidade e transformações na realidade social num contexto do fazerproduzirsaber que norteará um outro fazer que gerará um outro saber Rochael Nasciutti 1992 Em termos de técnicas de pesquisa apropriadas à pesquisaação não há uma delimitação definitiva das mesmas posto que as situações reais e que serão determinantes dessas escolhas Podemos no entanto citar as entrevistas semiestruturadas os questionários a observação livre eou sistemática a etnometodologia a análise de conteúdo documental e histórica atravésde material disponível a análise do discurso os grupos operativos e a dinâmica de grupo A metodologia das histórias de vida oriunda das ciências sociais tem se mostrado um referencial metodológico de grande importância no estudo dos grupos instituições e comunidades A análise da história de vida segundo Queiroz 1977 permite a apreensão da interação entre a vida individual e o social ultrapassando assim o caráter individual do que e transmitido pelo ator social em seu relato e que se insere na coletividade à qual pertence o narrador É toda uma história coletiva uma verdade subjetiva do grupo que se manifesta na história individual com um espelho do seu tempo e de seu grupo Poirier 1983 O cruzamento das histórias de vida de indivíduos pertencentes a um mesmo grupo social permite ao pesquisador a apreensão da interrelação entre dados fragmentários do alcance à significação dos relatos recolocados em seus contextos sócioeconômicoculturais e ainda uma síntese dos elementos constitutivos de um discurso do grupo a várias vozes A nível individual ambas as lógicas social e psicológica da apreensão da realidade formalizada representada e vivida percebida pelo sujeito podem ser identificadas explicitando a 115 relação deste com as situações sociais com as quais se defronta Assim um grupo social pode ser analisado quanto a diferentes aspectos da vida de seus componentes como estrutura familiar de origem escolaridade vida profissional e inserção social representações coletivas mecanismos de ação e movimento social A herança econômica social e cultural são elementos psicossociais que contribuem na determinação das trajetórias de vida formando um patrimônio em comum Pereira Nóbrega e Rochael Nasciutti 1994 Essa abordagem metodológica contribui para a compreensão mais ampla do comportamento humano em situações sociais em função de seus múltiplos determinantes e permite a identificação de elementos a serem trabalhados juntamente com o grupo A instituição como via de acesso à comunidade Segundo Pierson 1974 as comunidades surgem do simples fato de vivermos em simbiose isto é de viverem juntos num mesmo habitat indivíduos tanto semelhantes quanto diferentes e da competição cooperativa em que se empenham As comunidades são estudadas como partes organizadas funcionalmente num sistema de interdependência intrincada e continuamente mutável enfatizando a divisão de trabalho a especialização de atividades e a concentração dos indivíduos em instituições No Brasil via de regra quando se fala em estudos comunitários ou estudos de comunidades a associação imediata que se faz e de que se trata sempre de comunidades carentes desfavorecidas favelas Essa associação tem sua razão de ser já que a maioria dos trabalhos publicados principalmente nas áreas de 116 sociologia e serviço social referemse efetivamente a estudos em comunidades carentes Podemos supor sem grandes riscos de erro que a ênfase e a prioridade dada a esse trabalho se deve às graves questões sociais brasileiras ao imenso fosso que separa os grupamentos sociais em função das desigualdades de renda e de condições de vida ao descaso dos setores públicos para com essas comunidades Cabe no entanto ressaltar que para a psicossociologia o conceito de comunidade engloba evidentemente as comunidades carentes mas não se restringe a elas Se a comunidade caraterizase pela distribuição em espaços de homens instituições e atividades unidade de vida em comum e de ação coletiva e de controle social formal se a instituição se apresenta como espaço de mediação entre o que é da ordem do social e o que é da ordem do individual podemos perceber a nítida interrelação e interdependência entre instituição e comunidade e mais repito a importância de se privilegiar a instituição como campo de pesquisa e ação sobre a comunidade As considerações e proposições teóricas e metodológicas desenvolvidas até aqui referemse a grupos instituições e comunidades de modo geral sem especificações que caracterizem um ou outro como objeto de pesquisa em particular Exemplos de objetos ou situações específicas de pesquisa ou de intervenção psicossocial são muitos Um número crescente de trabalhos têm sido desenvolvidos nos últimos anos em nosso país ligados por exemplo à questão educacional envolvendo ação sócioeducativa realizada por equipe interdisciplinar como o projeto desenvolvido na comunidadefavela da Rocinha32 no Rio de Janeiro onde 32 A análise desse projeto realizado pelo NEAM Núcleo de Estudos e Ação sobre o Menor PUCRJ foi objeto da tese de mestrado da coordenadora do projeto Marina Lemette Moreira Universidade e 117 as relações universidade x comunidade sãorepensadas e as possibilidades de maior integração enfre ambas são apontadas visando benefícios mútuos Por outro lado instituições como as ONGs Organizações Não Governamentais têm sido objeto de análise sob diferentes aspectos que vão desde os lugares que ocupam no social sua identidade social atéa reflexão aprofundada sobre suas formas de ação e objetivos33 Na linha da ecologia social pesquisadores da psicossociologia buscam entender as relações do homem e de grupos com o espaço construído seja nas metrópoles ou nas zonas rurais seja na remoção de comunidades e suas conseqüências no âmbito da família da profissão do lazer etc Instituições têm sido analisadas quanto às suas próprias estruturas e características funcionais e ideológicas que definem em grande parte o modo como são vivenciadas pelos que delas participam como afirmei no início deste texto Um exemplo e a intervenção sócio analítica desenvolvida em uma prisão militar utilizando metodologia participativa na qual além da análise psicossocial envolvendo os diferentes níveis da organização da instituição foram desenvolvidos grupos operativos com grupos de presos34 As relações de poder relacionadas ao papel determinante da ideologia e aos investimentos psíquicos feitos pelos indivíduos nas instituições foram analisadas em uma instituição Comunidade Repensando a Educação Mestrado do Programa EICOSIPUFRJ 1994 7 Organizações NaoCovernamentais Aspectos de construção de uma identidade na perspectiva da psicossociologia dissertação de mestrado de Eneida Lacerda Pamplona Programa EICOSIPUFRJ 1995 34 Uma instituição total em análise Uma intervenção socioanalítica em um presídio militar Cristina Lúcia Maia Coelho tese de doutorado IPUFRj 1994 118 universitária numa pesquisa por mim elaborada seguindo a grade de leitura institucional proposta por J BarusMichel35 Ainda uma pesquisaação realizada em uma unidade de internação de um hospital público junto à equipe de profissionais e pacientes internados buscou analisar as formas de investimentos desses pacientes na instituição hospitalar relacionadas às suas histórias de vida e projetos assim como as questões e conflitos produzidos nas interrelações entre os membros da equipe e entre equipe e pacientes36 Muitos outros trabalhos têm sido desenvolvidos em todo o país e seria interessante que o leitor consultasse periódicos e livros da área para vislumbrar todas as possibilidades de pesquisa e ação que tornam relevante o trabalho do psicossociólogo Como conclusão e ilustração das considerações teóricas e metodológicas desenvolvidas o ensaio que se segue elaborado a partir de um trabalho desenvolvido na área das instituições de saúde mental sob a ótica da análise psicossocial clínica pode clarificar ainda mais nossas propostas e contribuir para a reflexão do leitor Mudanças no modelo assistência nas instituições de saúde mental no Brasil37 35 Ideologie pouvoir et statut du sujet Une analyse psychosodale dune institution universitaire tese de doutorado Universite Paris VII 1991 36 Vida e ruptura podese lidar com o imponderável jacyara C Rochael Nasciutti e Neide P Nobrega XXIV Congresso Interamericano de Psicologia Chile 1993 37 Essa reflexão é fruto de um trabalho de intervenção institucional realizado em equipe coordenada pelo Prof Dr Eduardo M Vasconcelos tSSUFRJ e integrada por mim IPEICOSUFRJ e pelos psicólogos Paulo S Prazeres e M Angelica Eleuteno de Souza membros do NESCONUFMG órgão que financiou o projeto desenvolvido no CHPBFHEMIGMG Este trabalho foi apresentado no 119 A história da assistência aos portadores de doença mental no Brasil é conhecida mais pelos seus desacertos do que por modelos assistenciais efetivos Esses desacertos incluíam uma política de exclusão referenciada no modelo do macrohospital do asilo do campo de concentração do depósito de loucos A filosofia subjacente a esse modelo tradicional implicava numa representação do doente mental como um nãoser social ao qual todos os direitos reservados ao cidadão eram negados e como um nãoser humano do qual eram retirados toda a individualidade e respeito humanos e negada a identidade Conseqüentemente as práticas institucionais e sociais voltadas para a assistência a esses indivíduos resumiamse primariamente a quando muito garantirlhes a sobrevivência física e secundariamente a mantêlos inofensivos atravésde procedimentos inibidores como as cirurgias ou as drogas Uma legião de zumbis vagavam e infelizmente ainda vagam pelos pátios das instituições ditas de assistência à saúde mental De que saúde se trata aí é um dos pontos que pretendo desenvolver pelo viés da questão institucional Apesar de sabermos que esse olhar e essa concepção predominante da doença mental com todas as implicações psicossociais decorrentes ainda persistem em alguma parte das instituições hospitalares e asilares brasileiras as considerações que teci acima foram colocadas no preterito propositadamente Isto porque mudanças têm ocorrido que nos permitem o otimismo e a expectativa de que novos modelos assistenciais que têm sido implantados aqui e ali servirão Seminário Internacional de Desenvolvimento Social da cátedra UNESCO de Desenv Durável na UFRJ 1994 120 como multiplicadores de uma nova filosofia assistencial que privilegie o cidadão e a pessoa doente mental Sob influência de um amplo movimento internacional centrado principalmente na Itália em Cuba e de alguma forma tida como equivocada nos Estados Unidos e tomando como referência local a estrutura asilar predominante em nossas instituições públicas ou privadas profissionais da saúde mental de diferentes formações têm questionado o modelo vigente e proposto formas alternativas de assistência ao doente mental ao mesmo tempo em que se reflete sobre as atuações disciplinares que visem a profilaxia e ações preventivas na saúde mental de maneira global O Ministério da Saúde e o Legislativo por sua vez se comprometem com o movimento e estabelecem regras e normas que implicam na reestruturação ou na elaboração de novos modelos assistenciais que contemplem a criação de dispositivos terapêuticos e mudanças nos atendimentos prestados à clientela e que se apoiam numa nova concepção do lugar psicossocial do cliente portador de sofrimento psíquico grave principalmente no que concerne aos aspectos de reconhecimento da cidadania reinserção social e familiar e descronificação para os já inseridos no modelo vigente pacientes asilares e de formas de atendimento que evitem a internação e conseqüente cronificação dos pacientes ambulatoriais Em ambos os casos deve prevalecer o princípio da nãoexclusão e do respeito à pessoa humana Observase no entanto uma grande resistência por parte das grandes instituições asilares e de alguns setores da sociedade à efetivação dessas mudanças embora todos reconheçam a falência do modelo assistencial atual Essa resistência pode ser entendida como motivada e justificada por diferentes fatores psicossociais Numa perspectiva ampla e social 121 predomina uma representação social negativa da doença mental e seu portador implicando em atitudes preconceituosas estereotipadas e excludentes por parte da sociedade e dos próprios profissionais dessas instituições que embora exerçam suasfunções terapêuticas ou administrativas em contato com esses clientes estão obviamente tão sujeitos aos mecanismos de formação de representações sociais quanto qualquer outro membro de sua cultura e sociedade Diversos estudos têm mostrado sob diferentes ângulos de análise filosófico psicológico sociológico Foucault D Jodelet entre outros o quanto a loucura habita o imaginário social nos remetendo ao questionamento de nossa própria razão daqueles considerados sãos e do pavor de perdêla Afastar o doente mental segregálo isolálo de nossos olhares e convivência retirarlhe os atributos e prerrogativas de cidadão e de ser humano e o mecanismo conseqüente que nos sossega e nos faz crer que não corremos o mesmo risco Resumidamente grosso modo a internação e cronificação assim se justificam Acontece que não são apenas os doentes que se cronificam na internação hospitalarasilar A repetição contínua de práticas ao longo do tempo a estrutura burocráticoadministrativa que rigidamente se instala pela cristalização das interrelações institucionais reproduz na própria instituição assistencial o modelo cronificador dos pacientes A rigidez organizacional e terapêutica indissociável da filosofia a elas adjacente mas associada ainda a outros determinantes culturais políticosociais e psicológicos faz com que essas instituições funcionem como pequenos feudos de reprodução social isolados do mundo como os loucos que abrigam alheios às mudanças do mundo cá de fora focos de resistência aos movimentos sociais 122 A esses fatores juntase um outro elemento extremamente poderoso na sociedade capitalista em que vivemos o financeiro A indústria da loucura tem retorno monetário seguro rentável e permanente Há uma grande resistência por parte dos que vivem da insanidade do outro há honrosas exceções em abandonar estrategias instituídas de ganhos financeiros seguros que a cronificação aporta e que garante a perpetuação dos hospitaisasilos Novas formas de atendimento ao usuário podem ser interessantes para o próprio mas garantem a continuidade do custobenefício de quem lucra com o modelo atual Mudar o modelo assistencial em saúde mental significa assim determinação ética e política que passa por e acarreta mudanças nos níveis social institucional e individual ça mental e de seu portador Nesse sentido o discurso e a atuação dos profissionais da saúde mental é fundamental38 Institucional em seus diferentes níveis 1 No nível do instituído compreendendo os próprios alicerces dos hospitais e asilos instalações infraestrutura estatutos leis normas e regras internas e fundamentalmente na filosofia norteadora do projeto terapêutico que lhe é próprio e que deve conjugar as 38 O recente episódio ocorrido em São Paulo envolvendo uma declaração de um psiquiatra sobre uma suposta epilepsia condutopática que teria sido responsável pelo assassinato de quase toda a família por parte de um rapaz de 21 anos vem levantando uma enorme polêmica dentro da própria categoria que infelizmente pelas circunstâncias trágicas que a motivaram parece extremamente saudável no que se refere ao tema proposto o tim ou no mínimo a redução dos estereótipos e alarmismos infundados a propósito da doença mental seu portador e sua inserção social ver revista feíof números 1307 1311 e 1313 outnov94 123 determinações ministeriais e legais com sua realidade local seus objetivos e projetos próprios sua inserção na comunidade sua clientela suas relações com outras instituições sociais 2 No nível funcional promovendo uma dinâmica nas redes de decisão e de comunicação entre setores e serviços criando uma nova cultura organizacional que priorize a gestão participativa a partir da redefinição das metas e práticas instituídas e das mudanças referidas no nível do instituído É principalmente nesse nível que se manifestará na realidade cotidiana das práticas o modelo assistência adotado39 3 No nível relacional redefinese o lugar e o papel do ator social envolvido no processo A criação de equipes efetivamente interdisciplinares e não apenas multidisciplinares40 permite a maior integração entre os 39 As recomendações ministeriais e dos especialistas incluem a criação de serviços extrahospitalares oficinas terapêuticas centros de convivência equipes volantes grupos de familiares profissionais de referência lares abrigados hospitaisdia entre tantos outros procedimentos que de um lado evitem internações longas eou desnecessárias e de outro permitam a remserção familiar social e no mercado de trabalho de pacientes cronificados pela internação prolongada Em todos esses procedimentos o resgate da cidadania civil política e social está incluído como objetivo fundamental ao lado das funções efetivamente terapêuticas que visem o bemestar psicossocial do portador de sofrimento psíquico ver bibliografia 40 A interdisciplinaridade tem mão dupla não apenas permite a integração dos diferentes saberes na efetivação dos objetivos terapêuticos como deve ainda contribuir para o próprio conhecimento disciplinar pelas possibilidades de enriquecimento e mudanças que o contacto e troca com outros saberes e práticas propicia Nesse sentido vale aqui repetir um argumento do Prot Wanderley Codo ao justificar a importância da equipe atuar interdisciplinanamente evitar transformar a equipe num agrupamento cujo desígnio tosse o rateio da realidade do paciente no caso entre os vários especialistas implicando em uma compartimentalização que e o avesso de seus 124 profissionais de diferentes categorias e posições hierárquicas e estabelece que cada ator seja um agente terapêutico dentro da dinâmica organizacionalfuncionalassistencial o que significa ainda mudanças nas relações profissionais x cliente No nível individual manifestamse todas as transformações referidas no nível do instituído do funcional e do relacional institucional O ator social ao ver redefinida sua inserção profissionalinstitucional ao perceber diferentemente seu objeto de trabalho seu papel e seu lugar de sujeitoator no processo terapêutico se resitua se reavalia e se transforma Um trabalho realizado em um grande hospital psiquiátrico do país dentro de um amplo projeto de intervenção institucional com objetivos de reestruturação do modelo assistencial adotado e de análise das relações institucionais da estrutura e organização revela entre diversos outros elementos apenas parcialmente presentes neste trabalho a carência de reconhecimento e valorização individual e profissional dos diferentes atores sociais profissionais a queixa de isolamento e de falta de treinamento o desconhecimento da dinâmica funcional global por um lado e por outro uma grande preocupação com o bemestar dos pacientes e com seu próprio bemestar psíquico A análise evidenciou ainda a cristalização do modelo de macrohospital com tendências centralizadoras grandes investimentos na infraestrutura em detrimento da assistência e um imaginário institucional que conduzia à estagnação Essas observações foram objeto de reflexão e análise de caminhos possíveis realizadas conjuntamente pela equipe de consultoria e os diversos segmentos que compõem a comunidade hospitalar objetivos recusandose a se transformar em pugilato em arena conceitual onde todos perdem 125 Haverá um ponto de partida para essas mudanças Seria necessário se começar pela sociedade ou pelo ator social Se considerarmos como considero que há uma interação dinâmica entre todos esses níveis social institucional e individual e ainda que determinantes sociais culturais e psicológicos se articulam produzindo formas de representação e de atuação com relação aos diferentes objetos psicossociais nos quais incluo a doença mental e seu portador podemos perceber que não existe um único ponto de partida É atravésdos movimentos instituintes da integração hospitalcomunidade e da ação planejada dos diferentes atores sociais envolvidos que novos modelos assistenciais poderão efetivamente ser implantados com possibilidades de sucesso Mas principalmente a instituição enquanto mediador entre o que é da ordem social e cultural e o que é da ordem do indivíduosujeitoator se revela como o centro dinamizador das transformações sociais As mudanças no modelo assistencial nas instituições de saúde mental no Brasil estão ocorrendo e podem contribuir de forma eficiente e efetiva para o desenvolvimento humano e social por um lado reduzindo a distância física e o isolamento psicossocial desses marginalizados pessoas que por sofrerem psiquicamente são excluídas da sociedade e por outro lado redimensionando a inserção e identidade social das instituições e de seus atores sociais BIBLIOGRAFIA BARUSMICHEL J Lê sujet social Paris Dunod 1987 CASTORIADIS C A instituição imaginária da sociedade São Paulo Ed Paz e Terra 1986 126 ENRIQUEZ E Eloge de Ia Psychosociologie In Connexons EPI ne 42 Paris 1983 Da horda ao Estado Rio de Janeiro Zahar 1990 LANE S e CODO W org Psicologia social O homem em movimento São Paulo Ed Brasiliense 1992 MAISONNEUVE J Introdução à psicossoclologia São Paulo Ed Brasiliense 1988 PEREIRA NÓBREGA N e ROCHAEL NASCIUTTI J Vida e ruptura Podese lidar com o imponderável In Arquivos Brasileiros de Psicologia vol 46 n9 34 1994 p 4556 PIERSON D Estudos de ecologia humana São Paulo L Martins Ed 1974 POIRIER et alii Lês recits de ve theoríe et pratique Paris PUF 1983 QUEIROZ Ml Relatos orais Do indizível ao dizível In Von Simson OM org Experimentos com histórias de vida Ene Aberta de Ciências Sociais São Paulo Ed Vertice 1988 ROCHAEL NASCIUTTI J Ideologie pouvoir et status du sujet Une analyse psychosociale dans une institution universitaire tese de doutorado Universite Paris VII 1991 O hífen da pesquisaação traço de união entre saber e fazer In Anais do 1º Congresso Brasileiro de Psicologia da Comunidade de Trabalho Social tomo II Belo Horizonte 1992 ROTELLI F et alii Desinstitucionalização São Paulo Ed Hucitec 1990 THIOLLENT M Metodologia de pesquisaação São Paulo CortezEd 1988 VASCONCELOS EM Do hospício à comunidade Belo Horizonte Ed Segrac 1992 127 QUALIDADE DE VIDA E HABITAÇÃO Naumi A de Vasconcelos Por uma psicossociologia da habitação A noção de corpo indefeso do qual a casa constitui veste protetora simbólica de uma situação existencial satisfatória ou ao contrário carente que tantas vezes se manifesta na expressão conjunta de corpo doente mal abrigado e mal vestido41 Que o habitar faz parte de qualidade de vida parece ser uma dessas afirmações incapazes de levantar qualquer polêmica Mas a polêmica não tarda a surgir desde que passe a conceituar a própria expressão qualidade de vida Será ela correlata de gênero de vida Max Sorre ou ainda de nível de vida com o que essa expressão comporta de ascensão econômica e social Como avaliar essa qualidade em nossas sociedades de consumo sem tornála correlata da noção de quantidade de bens de artigos domésticos de consumo E como atuam os modelos culturais na conceituação de qualidade de vida e no que em este artigo interessa em sua ligação com a habitação Lembremos a definição de Bordieu modelos culturais formam o conjunto de representações de uma prática própria a todos os membros de um grupo e que se define então a partir desse grupo etnia sociedade etc São habitus sistemas de disposição durável estruturas estruturadas predispostas a funcionar como estruturas 41 Mana Heloísa Feneion Costa Representações coletivas no alto da Boa Vista Rio de Janeiro MS 1975 128 estruturantes isto é enquanto princípio de geração e de estruturação das práticas e das representações que podem ser objetivamente regradas ou reguladas sem serem absolutamente o produto de obediência a regras objetivamente adaptadas a seu fim sem supor a visão consciente dos fins e o domínio expresso das operações necessárias para atingilos e sendo tudo isso coletivamente orquestradas não são o produto da ação organizadora de um maestro42 Certo eles podem ser tudo isso retrucam alguns autores mas uma definição de nada vale quando ela está distanciada de sua práxis Ora a prática dos modelos culturais em nossas sociedades de consjsmo tem revelado serem os mesmos maquilados pelo poder político e econômico com a finalidade de manipular e mascarar necessidades humanas Seria o caso para M Duelos43 dos modelos habitacionais que elaborados por arquitetos distanciados dos interesses comunitários propostos pela exploração imobiliária e pela política da moradia são na verdade maneiras de disfarçar a penúria e a má distribuição do espaço nas cidades Os aspectos qualitativos e simbólicos de que se revestem esses modelos seriam puras estratégias a qualidade do habitar seria a outra fase da redução da quantidade do confinamento espacial para vender uma redução do espaço tudo é válido tanto o apelo a um ideal de modo de vida novo à americana exigindo a supressão de paredes na residência quanto o apelo ao ideal de vida tradicional onde o jardim deve ser necessariamente pequeno para ser íntimo44 42 Bordieu Pierre Esquisse dune theone de Ia pratique Paris E Droz 1972 43 Duelos M Pavillonaire dune vie nouvelle Paris C S U 1976 44 Idem In Modeles Cultureis Paris CERAENSBA 1977 129 O argumento de Duelos e serio e merece que nos detenhamos sobre ele mesmo porque nos remete a toda uma tradição de exploração espacial com ressonâncias diretas sobre o espaço habitado Lembro de passagem os impostos sobre as janelas que pesavam sobre os casebres da França no século passado e que Victor Hugo em Os miseráveis explora tão habilmente explicandonos por que o espaço dos mesmos era tão confinado Os modelos culturais não têm culpa desse mau uso responde H Raymond45 a M Duelos em uma polêmica celebre Mas se estão tão sujeitos assim a um mau uso se se prestam tão facilmente a serem corrompidos pelo consumismo como detectar nesses modelos sua inocência sua representatividade dos habitus de uma comunidade Como ali diferenciar o que é oferecido pela gerência dos poderes e o que é buscado por grupos e pessoas O curtocircuito ou retroação do que é oferecido sobre o que é buscado tão pregnantes na lei da oferta e da procura característica de nossas sociedades mostra o quanto é difícil discernir na noção de modelo cultural aquilo que emana de necessidades e habitus daquilo que ali É costurado pelo marketing O mesmo se pode dizer do conceito qualidade de vida e de seus modelos culturais passíveis certamente da mesma manipulação a alertar o pesquisador sobre as dificuldades de basear tais modelos somente sobre as representações de grupos e pessoas Essas representações já virão certamente contaminadas por efeito do curtocircuito mencionado Relacionar qualidade de vida e habitação e deparar com toda uma serie de fatores políticos e econômicos a definir essa relação nesta ou naquela 45 Raymond H In Modeles Culturels Habitat Paris CERAENSBA 1977 130 comunidade nesta ou naquela época A noção de intimidade por exemplo que marca modernamente a qualidade do habitar seria ela realmente ligada a um modelo cultural tal como define Bordieu a uma necessidade humana ou a valores e a necessidades fabricadas e veiculadas por diferente ideologias Sabemos que Aries R Flandrin J e Shorter E46 relacionam o nascimento do sentimento de intimidade na família moderna com uma transformação social de cima para baixo na organização do espaço habitado Entretanto ficase sem saber o que engendrou o que a necessidade da intimidade teria sido causa da transformação espacial ou ao contrário esta teria gerado aquela Ao evocar a evolução dos costumes os modelos culturais da família burguesa como fatores explicativos dessa transformação Flandrin adverte sobre as diferenças entre as classes sociais o nível de vida e para as classes pobres o que a cultura e para as classes ricas E ao criticar a relação exigência de intimidade sentimento de família ele adverte que se os pobres não podem ter recantos íntimos em suas casas a promiscuidade resultante não significa ausência de sentimento de família ao contrário a abertura das casas ou do quarto o leito comum a hospitalidade podem ser vistas como favorecendo a coesão familiar e comunitária Teriam sido os moralistas obcecados pela tentação do contato carnal e os ingienistas do século passado que combatendo esse dormir comunitário teriam estabelecido a citada relação Já para outros autores Habermas por exemplo na construção da intimidade existe outra coisa que um simples uso do espaço interior existe uma dialética que 46 Aries P Uenfant et Ia ve familiale sous ancen regime Seuil 1973 Flandrin J L Familles parente maison sexualite dans ancenne societe Harhette 1976 Shorter E Nassance de Ia famille moderne Seuil 1977 131 se instaura entre interior a moradia como espaço familiar e exterior o espaço urbano a sociedade fazendo desaparecer a complementaridade entre eles Podese dizer que dentro desta ótica a intimidade não se põe como elemento de qualidade de vida habitacional mas antes como exigência de nível de vida ligada à ascensão econômica de uma classe a burguesia que passa a ditar os modelos culturais de tudo inclusive do habitar O ideário da intimidade habitacional burguesa teria precipitado o corte entre família e sociedade entre Estado e sociedade civil entre trabalho social e trabalho doméstico a partir do sec XVIII A diversidade das posições epistemológicas com respeito à noção de qualidade de vida a pregnância ali da habitação e nela de espaços como o da intimidade têm o valor entre outros de pôr em relevo a necessidade de estudos inter ou transdisciplinares a esse respeito atentos a não cair em reducionismos sociológicos Só agora se incrementa a visão do simbolismo da habitação a mostrar que aquilo que se configura altamente simbólico para um determinado grupo cultural pode não sêlo para outro e que o simbolismo habitacional deve ser colhido além disso em quadros espaciais que não se encerram sempre entre quatro paredes Assim a simbólica da intimidade pode muitas vezes referirse a espaços muito diferenciados e o que é muito importante nem sempre dentro da habitação locais de intimidade podem ser embaixo daquela árvore em cima daquela pedra dentro daquela gruta etc enfim lugares onde o ser humano experimenta sua singularidade Os modelos culturais explicitados em nossa cultura relativamente à qualidade de vida habitacional não dão conta da variedade a ela subjacente a exigir investigações do por que e do como os sujeitos aderem ou se submetem a tais modelos Uma psicologia do habitar ou uma psicossociologia tornase indispensável 132 para se captar a subjetividade ali presente E como não há sujeitos assexuados indispensável igualmente se torna levar em consideração as diferenças entre os sexos quanto ao uso e a percepção da habitação A ausência dessa atenção ao gênero pode explicar em grande parte o fracasso de tantas políticas habitacionais tributado quase sempre a uma resistência à mudança por parte do habitante Afirmação generalista que não leva em consideração 1 o fato de que essa resistência existe ela deve ter tantas razões de ser na própria subjetividade do habitante 2 que essa subjetividade e essa resistência variam conforme os sexos Homens e mulheres não percebem a habitação da mesma maneira Não se pode mais reduzir a fatores sócioeconômicos as diferentes maneiras de habitar Aliás permeando uma cultura de classe transcorre toda uma cultura de gênero que convém analisar em seus conflitos internos Palmade e Lugassy47 falando sobre a transversalidade do gênero na habitação recorrem a uma projeção quase geométrica do corpo sexuado constatando que as mulheres preferem situarse no interior e os homens no exterior Entretanto ao concluírem que tal diferença eqüivale a uma projeção corporal dentrofora característica de cada um dos sexos eles naturalizam oposições ideológicas ultrapassadas como masculino x feminino fora x dentro habitação x meio circundante Entre a rara produção psicossocial sobre a habitação podese citar um estudo de Coing H48 onde aparecem interessantes exemplos do que se poderia talvez chamar de dissonâncias cognitivas nas 47 Palmade et Lugassy La dialectique du logement et cie son environnement Ministere de LEquipement et do Logement Paris 1970 48 Coing H Renovation urbaine ei changement social Ed Ouvrières Paris 1966 133 representações e percepções que os indivíduos e grupos fazem da habitação Essas incongruências no entanto deixam de sêlo desde que se penetre a lógica ou a simbólica que as subentendem E assim que esse autor ao apresentar o exemplo de um quarteirão parisiense relata que ele é objetivamente sórdido as casas pouco confortáveis em condições de surpeuplement pathogène mas ele conclui lê quartier plaft à ses habitants Aqui se encontra de tudo encontrase sempre alguem conhecido na rua a gente está em casa em todo lugar Não há fronteiras entre a rua a casa a fábrica Resultados de pesquisas49 a que cheguei incluem também as incongruências citadas por Coing revelando no entanto seu comprometimento com a variável gênero mulheres e homens não representando da mesma maneira a habitação e seus arredores ou seu território as dissonâncias entre representação e realidade são também diferenciadas que transpareceu por exemplo no item avaliação do local atravésde questões propostas e de desenhos da parte dos moradores Tal como no exemplo de Coing tratavase de um bairro rural objetivamente sórdido mas que para a população masculina apresentava inúmeras vantagens lugar isolado e tranqüilo silencioso muito verde posso andar como eu quero etc A avaliação feminina ao contrário destacou as desvantagens insegurança dificuldades de acesso a mercados e hospitais falta de distração isolamento Aliás um dado que a psicossociologia das aglomerações precisaria aprofundar é exatamente o da diferença de avaliação e de representação entre os 49 Naumi A de Vasconcelos Corpo e casa em Queimados CNPq Dep de Antropologia do Museu Nacional 197578 A mulher e o espaço CNPq Inst de Psicologia da UFRJ 199294 Lê corps Ia maison Ia sexualite tese de doutorado Universite Catholique de Louvain 1983 134 sexos em relação àquilo que caracterizaria um espaço como urbano ou como rural mesmo havendo um continuum entre eles as representações persistem em marcar uma discontinuidade É assim que a cidade parece mobilizar mais as mulheres que os homens para os quais o campo se coloca mais freqüentemente como ideal de vida Não se trata de verificar qual sexo estaria mais perto da realidade objetiva dos espaços habitados mas de levar em consideração o porquê de representações tão diferenciadas de atentar para seu impacto na vida da comunidade a impedir muitas vezes um acordo intragrupal no sentido de melhoria de condições de vida e explicando em parte o insucesso de muitos projetos de associações de bairro ou de campanhas ambientais A atenção ao habitante ou subjetividade e habitação ou ainda a relação corpocasa Falar em subjetividade e falar em corpo não evidentemente enquanto mero substrato fisiológico mas enquanto nossa presença no mundo como diz a fenomenologia e falar dessa presença é falar de sua apresentação sexuada a permear todas as suas outras formas de apresentação econômicas e culturais Levar em consideração os papeis de gênero na construção do corpo e na formação da subjetividade não irá certamente resolver todos os conflitos da presença humana no mundo ou como é o caso aqui os conflitos habitacionais dessa presença mas e condição indispensável para o diagnóstico desses conflitos e para seu processo de resolução permita pelo menos limpara área em suas camadas mais profundas deixando ver melhor o que sobre elas secularmente se acumulou Formulações como transparência social da habitação bastante reconhecida entre vários autores só 135 têm sentido se essa transparência for acessível ao habitante e não apenas ao lúcido pesquisador Sem essa consciência da parte dos sujeitos a alienação habitacional se instaura como aliás parece ser o caso na maioria de nossos aglomerados urbanos Mas não basta aos sujeitos perceberem criticamente o reflexo sobre seu habitat das estruturas e dos sistemas sociais não basta que percebam o quanto a maneira de habitar Os modelos de habitação que lhes são propostos reproduzem planos que lhes são alheios que não os consultam em suas necessidades habitacionais é preciso que percebam também o quanto a desapropriação espacial vai a par de uma desapropriação em nível de pessoa do corpo enquanto substrato daquela O tema da desapropriação do corpo pode parecer à primeira vista uma posição estritamente psicanalítica sem nada a ver com a questão da qualidade de vida e destas com a habitação Só parece Dados clínicos e análises de histórias de vida mostram com eloqüência a pregnância da vivência do espaço habitado na vivência e na autoestima do corpo próprio e da sexualidade com repercussões diretas sobre a saúde o bemestar físico e emocional os relacionamentos afetivos e sociais a atuação profissional enfim sobre tudo o que se relaciona com qualidade de vida Partindo da hipótese de que entre a imagem do corpo próprio e a imagem da casa existe uma troca simbólica de natureza projetiva de que essa troca indica uma relação arcaica e primitiva entre aqueles dois termos e de que nela a diferenciação sexual e uma variável importante realizei entre 1975 e 1978 juntamente com uma equipe do Departamento de Antropologia do Museu Nacional uma pesquisa numa comunidade de Queimados na Baixada Fluminense O caráter qualitativo intensivo e participante de que ela se revestiu 136 levounos a habitar no local durante três meses aplicando ao lado das técnicas de rotina um instrumento metodológico a prova corpocasa elaborada especialmente para essa pesquisa objetivando detectar a troca simbólica acima referida sua distinção entre os sexos e a mútua transformação das imagens do corpo e da casa uma vez os mesmos colocados em confronto permitindo uma categorização das analogias encontradas Dividindo as analogias corpocasa em analogias estruturais e analogias funcionais conforme se situem ou se refiram a aspectos externos e formais ou a atividades de um e de outra os resultados apontam o forte condicionamento dos papeis de gênero e dos estereótipos sexuais nas comparações feitas pelos sujeitos e a uma estreita relação entre o habitar na casa e o se habitar no corpo relação vivida muito diferentemente pelas mulheres e pelos homens Considerando a distinção entre símbolo e sintoma pude verificar que os discursos masculinos além de serem mais lacunares e breves colocavamse ordinariamente na categoria do simbólico a casa como símbolo da vivência e da imagem do próprio corpo conotando com o orgulho de teremna construído e assim como com o prazer de nela habitarem enquanto os discursos femininos longos e repletos de interpolações se incluíam geralmente na categoria do sintomático o espaço doméstico sendo freqüentemente representado como vulnerável precário mal situado sem defesa diante de forças tanto sociais inveja controle dos vizinhos quanto naturais vento chuva desabamento e sobrenaturais assombrações mausolhados emprestando essa imagem ao próprio corpo e à própria sexualidade representada como exposta a feitiçarias invasões doenças e solidão 137 Não deixa de ser intrigante que essa pregnância simbólica da habitação no psiquismo tão importante para o deciframento de sintomas individuais assim como para a explicação e compreensão de comportamentos grupais interessando assim tanto a uma clínica quanto a uma ação políticosocial não seja ainda melhor trabalhada pela comunidade científica É verdade que em diferentes épocas aparecem produções a respeito indicando estar ali um tema de interesse universal entretanto o caráter esporádico das mesmas lhe retira o necessário assentamento epistemológico E o fato de estudos sobre a habitação concentraremse em algumas datas escasseando a seguir Foi aliás o critério seguido por F Battagliola et alii50 quando observam o fato de situarem se em torno dos anos 70 as datas de publicação ou de reedição de estudos sobre a ligação da estrutura familiar e a estrutura habitacional anos que segundo os autores marcam uma etapa de reflexão a esse respeito Por outro lado a simbólica do habitar tornase em muitos autores um espaço de projeção de ideologias diversas ou só merecendo uma atenção científica quando unida a uma temática outra a família as desigualdades sociais o consumismo etc raramente sendo vista como um componente arcaico e universal a dela fazer um capítulo permanente dentro das ciências humanas A leitura de um quadro cultural atravésda arquitetura e da habitação Comecemos com Gilberto Freyre51 a nos mostrar a casagrande e sua integração ao ambiente seu papel 50 F Battagllola M Gruska e B Mazerat Rapport entre levolution de Ia struclure familiale et Ia structure de 1habitat Quelques íencfances de Ia recherche Laboratoire dEcoEthologie Humame Paris julho1981 51 Freyre G Casagrande e senzala 138 como fundamento da organização social em seus vários aspectos econômico social político cultura sexual Indica como a religião e as superstições de um povo revelamse nas forças sobrenaturais a se expandirem nas casas malassombradas índice valioso para se detectar o que ali se passa ou passava os segredos os aspectos não revelados da vida familiar e social da época Porque os malassombrados costumam reproduzir as alegrias os sofrimentos os gestos mais característicos da vida nas casas grandes Vemos também como o corpo empresta a sua imagem à ligação da casagrande com a estabilidade patriarcal de que e expressão sua própria arquitetura gorda horizontal formando um modelo não apenas regional mas nacional A história social da doméstica conjugal sob o patriarcalismo escravocrata e polígamo da sua vida de menino do seu cristianismo reduzido religião de família e influenciado pelas crendices da senzala Nas casasgrandes foi onde atéhoje melhor se exprimiu o caráter brasileiro nossa continuidade social A notar também em Freyre a influência das idéias de Spengler entre as quais a de que o tipo de habitação apresenta valor históricosocial superior ao da raça assim como a ideia da libação da etnia com um território particular uma raça não se transporta de um continente a outro seria preciso que se transportasse com ela o meio físico que um geógrafo atual como Joel Bonnemaison coloca como central em seus estudos Mas antes de apresentar as idéias deste autor será oportuno revisitarmos Spengler A pregnância simbólica do espaço construído nas várias culturas à qual se juntam as temáticas do espaço tempo do espaçomorte da intuição espacial são dentro da visão spengleriana definidas como sendo um problema da alma ocidental e exclusivamente dela por necessidade fatídica A representação do espaço seria 139 inexistente para o homem antigo grego sobretudo que se contentaria com a matéria o limite visível mas nunca com o espaço puro infinito Tal negação espacial é vista como pathos não admitir um mais além Spengler52 insiste bastante na desencarnação do espaço no Ocidente e da qual o impressionismo seria um exemplo Já o sentimento espacial grego encontraria sua expressão no corpo petreo do templo grego análogo a um corpo humano solidamente fincado na terra e em torno do qual tudo se ordena Falta ali a dimensão da profundidade própria da alma faustiana que para o autor simboliza a alma ocidental em oposição ao espírito apolíneo Multiplicamse as ilustrações entre a arquitetura as esculturas e as manufaturas faustiana e apolínea A arquitetura ocidental faustiana teria nascido quando surgem as manifestações de uma nova religiosidade a reforma cluniacense por volta do ano 1000 dC origina projetos a expressarem uma vontade tão titânica que freqüentemente a capacidade das catedrais ultrapassa de longe o número de pessoas que formam a congregação O linguajar apaixonado dessa arquitetura repetese na poesia a mesma vontade de aço a superar e romper quaisquer obstáculos do visível Essa experiência cósmica e totalmente alheia ao homem apolíneo Ignoramna tanto Homero como os Evangelhos O mito do Santo Gral e dos seus cavaleiros faz com que entendamos a necessidade íntima de espaço do catolicismo germâniconórdico Spengler prossegue mostrando como a arquitetura reflete a organização sócioespacial de cada época e como ela se inflete sobre o discurso religioso A pluralidade de corpos avulsos na qual se manifesta o cosmo antigo requer um mundo semelhante de deuses 52 Spengler O A decadência do Ocidente Rio de Janeiro Zahar Ed 1973 140 Já o espaço cósmico único exige o Deus único do cristianismo mágico ou faustiano p 118s Expõe um vasto leque de exemplos da ligação entre os vários aspectos do espaço construído sobretudo os templos com o momento social de dada cultura Texto denso riquíssimo desdenhado muitas vezes por causa de sua ideologia por ideólogos que se desconhecem como tal O livro de Spengler é obrigatório dentro de uma bibliografia sobre o habitat humano como aliás o prova a retomada nem sempre confessa de muitas de suas idéias por pesquisadores A casa começa antes da casa ou a importância do território Estudos sobre habitação e sobre população do espaço cultural das periferias das grandes cidades das cidades dormitórios não podem prescindir da consideração do território É assim que Bonnemason53 falando sobre os diferentes grupos as diversas subculturas ou etnias das grandes cidades traz subsídios importantes sobre a função do território ali indicando o quanto os estudos sobre habitação não podem desvincularse do mesmo As sociedades urbanas e industrializadas apresentam verdadeiras etnias tendo um comportamento próprio um ser coletivo que se traduz ao mesmo tempo por uma visão do mundo e por tipos de territorialidade Na sociedade moderna o que representa a etnia são os grupos complexos de contornos movediços estratificados em uma infinidade de microgrupos possuindo cada um seu tipo de discurso Lembra a esse propósito o livro de Erica Jong Lê 53 Bonnemaison Voyage autour du temtoire In espace geographique nº 4 Paris 141 complexe ofcare que fala da tribu psicanalítica assemelhando a mesma a um grupo étnico com suas mitologias ritos e territórios Uma etnia só sobrevive se ligada à sua territorialidade e uma vez que esta se perca a sobrevivência de um grupo não é possível senão pela criação de um novo território de marginalidade e delinqüência ou por sua recriação no sonho ou no mito Não se pode separar os povos de seu território sem que isso se assemelhe a um etnocídio p 256 O território se põe como locus simbólico lugar onde a alteridade e a convivialidade se manifestam Comentando a rarefação do território em nossas sociedades o autor considera que isso se faz em benefício de um espaço banalizado sinal de um empobrecimento cultural quando não de uma certa incapacidade de comunicação com uma terra e também com os semelhantes p 261 O autor nos lembra os pontos de referência simbólicos do território em torno dos quais se desenvolve lê sejour paisible de Maurice Leenhardt assim como a poética do espaço de Bachelard O autor mostra que a territorialidade decorre com efeito da etnia na medida em que ela é antes de tudo a relação culturalmente vivida entre um grupo humano e uma trama de lugar hierarquizados e interdependentes um território p 253 Além de seus discursos particulares toda etnia e também toda cultura se objetiva em um território Partindo da colocação de que cultura e território são termos indissociáveis o autor chama o território de geosmbolo possuindo uma dimensão simbólica e cultural onde se enraízam os valores e se conforta a identidade dos povos e dos grupos étnicos A velha noção do gênero de vida retorna dentro de uma ecologia cultural na medida em que se intenta compreender a 142 visão do mundo e da espiritualidade de um povo em sua relação com o ambiente com o espaço construído do qual a habitação é ponto central A abordagem cultural está presente na noção de espaço vivido quando Gilles Sautier o autor observa o quanto a correspondência entre o homem e os lugares entre uma sociedade e sua paisagem é carregada de afetividade e exprime uma relação cultural no sentido amplo do termo p 251 A noção de território que tem sua origem nos estudos etológicos e que configura uma defesa do animal contra os membros de sua própria espécie Elliot Howard ao ser estendida ao domínio humano provocou polêmicas apaixonadas sobre as quais Bonnernaison não se estende preferindo apontar as diferenças entre território animal e território humano o último não e ligadoa uma apropriação biológica nem e sempre cercado por fronteiras o que o caracteriza é ser um conjunto de lugares hierárquicos conectados a uma rede de itinerários onde os grupos e as etnias vivem uma certa relação entre o enraizamento e as viagens A territorialidade engloba ao mesmo tempo o que é fixação e o que e mobilidade p 253254 Falando sobre as fronteiras que caracterizam os territórios animais o autor mostra que elas nem sempre existem nos territórios humanos os nômades privilegiando a mobilidade constituem territórios derrance em alguns povos sedentários não existem linhas de fronteira os limites sendo assinalados por pontos de referência árvores rochedos etc Tudo parece indicar que a noção de fronteira como hoje e universalmente entendida demarcação rígida objetivada muitas vezes em muros é um fato moderno ligado ao desenvolvimento dos Estados não caracterizando o conjunto das sociedades tradicionais para as quais o território marcaria um tipo de relação efetiva e cultural a 143 uma terra antes de ser o reflexo de apropriação e de exclusão do estrangeiro p 254 Colocando uma importante distinção entre cultura e sociedade Bonnernaison chama a atenção para o enfoque da mesma em estudos sobre habitação e sobre território entre o espaço social e o espaço cultural existe uma diferença fundamental tanto de plano quanto de tipo de visão O primeiro concebido em termos de organização e de produção o segundo em termos de significação e de relação simbólica p 255 onde se aninha a identidade cultural Importante é também sua distinção entre espaço esfrutural espaço vivido e espaço cultural o primeiro é o espaço objetivo ordenado e estruturado por cada sociedade segundo suas próprias finalidades suas funções e seu nível tecnológico esse espaço estrutural é vivido diferentemente por cada sociedade e dentro delas pelos grupos e pelos indivíduos fazendo aparecer o espaço vivido formado pela soma dos lugares e dos trajetos que são usuais a um grupo ou a um indivíduo espaço subjetivo a seu cotidiano ligado a um estatuto e a um comportamento social Já o espaço cultural engloba mas também transcende o espaço vivido ele é um espaço geosimbólico de comunhão com um conjunto de signos e de valores p 257 Levar em consideração o espaço cultural pode contribuir a políticas de habitação e de distribuição populacional mais eficazes atentas ao menos aos possíveis desajustes que podem ocorrer quando se deslocam grupos ou etnias de seus territórios A nova geografia para Bonnemaison ao centrar se sobre o espaço o considera dentro do campo cultural suscetível de revelar a geoestrutura da mesma Cita a propósito a crítica de Ann Buttimer à excessiva conceptualização de análise da geoestrutura mostrando a necessidade de uma geografia existencial Atenta às 144 relações vividas e ao espaço social lembrando ainda Max Sorre Cita Mareei Belanger sobre as soluções encontradas pelos geógrafos de Quebec atravésdo estudo das representações dos valores e das ideologias pelas e segundo as quais um território se desenvolve e toma forma p 251 mostrando a importância do ponto de vista cultural em geografia e para a ecologia A preocupação dessa nova geografia ou de uma geografia cultural com o espaço construído sobretudo a habitação e com o território está presente também nos trabalhos de Paul Claval54 onde se nota um certo parentesco com o trabalho de Rapoport no que tange a diferenciação entre cultura popular e cultura erudita e sua ligação com a organização do espaço o elo de cada sociedade com seu modelo de espaço a relação do mesmo com o gênero de vida e com uma filosofia da existência Ao salientar que as sociedades europeias vivem desde o século XVI pelo menos uma relação ao espaço que privilegia a geometria a vontade de desencarnação p 248 encontramos também ali um eco das idéias de Spengler sobre o estilo faustiano da arquitetura À procura do espaço perdido A subjetividade nômade de nosso tempo desenraizada de território pessoas circulando pelas ruas ouvindo através de seus walkmans músicas de toda parte do mundo cortadas de suas terras natais sem retorno possível tanto física quanto simbolicamente é um tema caro a F GuattariJ O paradoxo dessa circulação que não move viajase sem sair do lugar as paisagens vistas de um avião repetem o que já se viu 54 Claval P Lês geographes et lês realltes culturelles In espace geographique nº 4 Paris 145 em telas de TV não leva a uma diferenciação ao novo mas dá a impressão de tudo estar fixo no mesmo lugar levando a uma banalização aliás já ressaltada pelos autores anteriormente citados para os quais a perda do território eqüivale a um empobrecimento cultural e à perda de identidade A solução para salvar essa subjetividade ameaçada de paralisia não estaria no retorno a uma Jerusalem ou em uma reterritorialização mas na restauração de uma cidade subjetiva estaria dentro da própria subjetividade na medida em que consiga integrar essas experiências de nomadismo reconquistando um nomadismo existencial tão intenso quanto o dos índios da América précolombiana ao contrário do falso nomadismo que nos deixa no mesmo lugar o do turismo do consumismo Seria então explorar a desterritorialização dandolhe um novo sentido Além dessa solução individual uma solução coletiva aponta a necessidade de uma refinalização dos espaços construídos e da mentalidade urbana já que o futuro da humanidade parece inseparável do devenir urbano Cuattari considera um pleonasmo a questão de saber como será essa humanidade urbana no futuro Cita dados dos prospectivistas pelos quais 80 da população mundial viverá em cidades nos próximos decênios e os 20 restantes apenas estarão localizados fora dela pois viverão em sua dependência Como conseqüência as diferenças sociais não obedecerão o que já acontece em grandes cidades a divisões espaciais tipo centroperiferia Elas irão existir em um mesmo espaço gerando uma coexistência alienatória como a dos grandes centros financeiros rodeados por zonas de subdesenvolvimento Essa coexistência espacial que não anula a diferença de classes fenômenos modernos que de minha parte chamaria de perversão do espaço habitado e vista como 146 conseqüência do capitalismo ao operar uma desterritorialização a serviço de seus objetivos de mercado tornando as cidades imensas máquinas produtoras de subjetividade individual e coletiva Deste modo os urbanistas não poderão mais contentarse em definir as cidades em termos de espacialidade O fenômeno urbano mudou de natureza Igualmente a Ecologia não deverá contentarse apenas com os fatores ambientais Ela deverá ocuparse também das devastações ecológicas sobre o campo social e sobre a região mental Enfim mesmo contrapondose a uma buáta de reterritorialização considerada impossível o autor reconhece que a perda do território cultural é fator de perturbação social e mental e que para sanála será necessário toda uma mudança de mentalidade no sentido de integrar o nomadismo contemporâneo dentro da cidade subjetiva ítalo Calvino A habitação enquanto ponto de convergência entre o tipo de organização espacial de uma sociedade e sua reorganização políticoeconômica Denis Couchaux55 mostra como sociedades sedentárias ligandose à acumulação de riquezas e sociedades nômades onde a mobilidade interdita essa acumulação divergem pour cause quanto à percepção da moradia A cidade locus das sociedades sedentárias resulta precisamente de uma acumulação tanto de riqueza quanto de espaço não sendo difícil deduzir daí a estreita relação entre o desmembramento do espaço nas cidades quarteirões casas cômodos e o 55 Cuattan F Restauração da cidade subetiva In Ideias JB 29790 Couchaux D Habitais nômades Paris Ed Alternatives et Paralleles 1980 147 desmembramento social classes castas corporações Entre os povos nômades a fluidez das relações sociais e econômicas está diretamente ligada à fluidez do espaço da habitação O espaço não se acumula ali sobre a forma de lugares os lugares só existem como lugares de passagem refletindose na forma leve das construções e em sua nãocompartimentação Essa diferença de percepção do espaço entre povos nômades e sedentários não significa que entre os primeiros também não exista uma repartição do espaço apenas que essa repartição é mental submetida a uma serie de mitos e de ritos que ordenam o espaço o qual é mapeado simbolicamente Assim a distinção entre casa e lar house and home transparece nesse cotejo entre nomadismo e sedentarismo entre os nômades o lar não e sinônimo de casa ou esta não coincide com os limites materiais da habitação p 16 o lar referindose muitas vezes ao acampamento e não à tenda A interação simbólica dos nômades com o espaço pela qual ils ne peuvent rien prendre sans donner quelque chose en retour não significa exatamente respeito pela natureza e como o autor comenta A Natureza com um grande N não e senão o imaginário da sociedade industrial p 17 Não é a natureza que é respeitada entre os nômades mas uma organização mental do mundo bastando um símbolo para definir um território p 18 ou uma habitação e dentro dela os vários espaços de comer de repousar de conversar etc Cita o exemplo dos índios Guataki do Paraguai e sua divisão simbólica do espaço de dormir dormindo sobre o solo ou sob um simples teto de ramos eles operam uma curiosa divisão desse espaço tomando como referência o corpo da mulher dividida metaforicamente de alto a baixo e segundo sua dupla natureza a parte anterior e o lado mãe a parte posterior é o lado esposa diante do qual os maridos pois ela pode ter vários se 148 repartem hierarquicamente efetuandose assim uma dupla divisão do corpo feminino longitudinal e transversal Essa transparência simbólica da habitação a coloca assim na convergência de todos os elementos que constituem a sociedade e embora isso seja mais evidente em sociedades não urbanizadas também nestas existe qualquer coisa de análogo somente que desconhecida pelo habitante diferença fundamental a mostrar o elo perdido do homem urbano com seu habitat A habitação como locus privilegiado para o estudo da cultura popular O descaso das construções populares que Rapoport56 chama de indígenas em proveito dos edifícios importantes mais diretamente ligados à intervenção de arquitetos e vista como uma lacuna nos trabalhos sobre habitação posto que as construções populares são as que melhor informam sobre a cultura de massa e a vida cotidiana de um povo construindo alem disso a maior parte do ambiente construído O descaso acima compromete a preocupação e os programas ecológicos Negligenciar os edifícios indígenas que constituem o ambiente teve como resultado negligenciar o próprio ambiente levando a negligenciar sua manutenção contribuindo para sua crescente deterioração Estendendose a seguir sobre análises conceituais dos termos habitações primitivas assim como de seus planos materiais processos formas de construção sua história as preocupações dos habitantesconstrutores e sobre o significado cultural e 56 Rapoport A Pour une anthropooge de Ia maison Paris Dunot Bordas 1969 149 simbólico dessas habitações Rapoport comenta a passagem da tradição para a institucionalização da habitação e suas razões históricosociais A não diferenciação nas formas e nos processos de construção caracterizaria as sociedades primitivas e agrárias indiferenciação que transparece também em outros domínios da vida e do pensamento Não existe separação entre a vida o trabalho e a religião do homem p 12 Citando Giedion Siegfried o autor vê nas pinturas pré históricas a ausência de diferenciação entre o homem e o animal ligada à ausência de linhas orientadas e à ausência da vertical cujo aparecimento marcaria a supremacia do homem sobre o animal e as primeiras civilizações O conceito gênero de vida de Max Sorre apoia o autor em suas análises sobre a relação da unidade primitiva com elementos espirituais materiais ou sociais e a maneira de utilizar o espaço contrária à sua multiplicação ou separação Quando os lugares tornam se mais separados e diferenciados o número de tipos de lugar aumenta p 12 dando disso numerosos exemplos ao longo do tempo e das culturas Salienta o fato de que entre todos os espaços construídos e a habitação que melhor mostra a forma de vida de uma cultura é também na habitação que as formas indígenas se mostram já que outros tipos de construção são mais próximas da arquitetura e da cultura dominante A habitação é um locus privilegiado para se entender a cultura popular Interrogandose por que estudar ainda a forma das habitações primitivas e préindustriais em um mundo que muda tão rapidamente o autor aponta as seguintes razões 1 necessidade de estudos pluridisciplinares e comparativos que permitam compreender a coexistência em nossas cidades de diferentes culturas e subculturas portadoras de aspirações e de modelos diferentes no que 150 tange à moradia o que e válido sobretudo para países em via de desenvolvimento 2 tais estudos contribuem a uma melhor percepção da moradia dentro das necessidades fundamentais e do significado destas últimas 3 contribuem ainda para uma variedade maior de soluções possíveis já que fornece uma grande quantidade de variáveis em culturas diferentes e exemplos extremos que lucrarão em ser comparados uns aos outros Se para o estudo das relações entre o espaço construído o meio ambiente e o homem as habitações primitivas são de mais proveito que as modernas na medida em que sendo mais subordinadas aos determinantes físicos permitem analisar melhor a importância relativa das forças físicas e culturais que agem sobre a forma não se trata de diferenciar habitações primitivas e contemporâneas segundo um critério cronológico mas técnico ligado ao modo de vida Isso faz com que possamos encontrar as primeiras atéem nossos dias caracterizadas sobretudo pela ausência de mudanças as cabanas de ramos da época neolítica são ainda utilizadas nas ilhas Fidji Multiplicando exemplos a respeito mostra como as construções primitivas indígenas não podem ser estudadas como um material histórico normal pois não são cronológicas Lembra as observações de Mircea Eliade sobre o tempo para camponeses e para o homem primitivo sua concepção de tempo não é linear mas cíclica instaurando um presente contínuo concepção de tempo que se reflete em suas construções onde mudanças não são bemvindas O método de estudo dessas habitações é portanto muito diferente do das construções de estilo ou do da história da arquitetura que contam com documentos escritos ou faltam aquelas Para esse estudo tratase de observar as próprias habitações suas formas e divisões 151 ligandoas aos costumes crenças e ao comportamento pois o autor destaca a ligação entre comportamento forma de vida e forma construída esta seria sua materialização ambos influenciandose mutuamente A questão é saber como mudanças culturais ao exprimiremse atravésde comportamentos assemelham se às mudanças ambientais que se exprimem atravésda forma construída O método utilizado no livro foi o de escolher as características da moradia que parecem ser as mais universais e examinálas em contextos diferentes a fim de compreender aquilo que age sobre as formas das habitações e sobre os grupos o que freqüentemente permite determinar logo de início a região a cultura e mesmo a subcultura às quais uma casa ou uma aglomeração pertencem p 24 Citando Ruth Benedict cada civilização na ótica de uma outra ignora aspectos fundamentais e privilegia aspectos secundários sugere que isso se passa também em relação à moradia e que conhecer outras maneiras de planejála ou edificála em tempos e espaços diferentes contribui para descobrir a especificidade de nosso problema a respeito As evidências que resultam dessas comparações podem conduzir a uma compreensão dos aspectos sociais e psicológicos do ambiente O autor adverte no entanto sobre o risco das comparações que desconheçam que mesmo nas culturas modernas semelhantes umas às outras existem diferenças significativas e que entre culturas diferentes existem semelhanças e constantes no que tange A vários aspectos da habitação citando a propósito os trabalhos de ET Hall TJe s7enf Language e The Hidden Dimension A hipótese de trabalho de Rapoport e sempre procurar no modo de vida nas aspirações no sistema social na percepção da territorialidade e das chamadas necessidades fundamentais na relação entre a casa e a 152 aglomeração a explicação para as diferenças de formas de materiais e de organização do espaço da habitação Não que a forma construída seja determinada por esses fatores o autor vê ali uma coincidência resultado da interação desses fatores e do caráter indissociável da composição final Uma fenomenologia e uma psicologia da habitação Não se poderia iniciar essa abordagem sem lembrar Bachelard57 sua topofina onde examina as imagens do espaço feliz o sentido do habitar os devaneios do morar os arquetipos da casa Encontrar a concha inicial em toda moradia mesmo no castelo eis a tarefa primeira do fenomenólogo p 21 Define assim sua opção hermenêutica na análise da casa ela e o que protege guarda propicia intimidade e solidão A analogia da casa com um ninho o faz citar Michelet O ninho é a casa construída para o corpo pelo corpo tomando sua forma pelo interior A casa como vestimenta ajustada ao corpo A ligação tempoespaço vem mostrarse nas visões da casa natal ou da casa sonhada e lembrar nos também Fernando Pessoa e como e branca de graça a paisagem que não sei vista de trás da vidraça do lar que nunca terei Ao empregar imagens em sua análise da habitação Bachelard justifica a função imagística do exagero 57 Bachelard G La poetique de espace Paris PUF 1981 153 estamos diante do ato aumentativo pelo qual a imaginação ultrapassa a realidade De onde vem o dinamismo evidente dessas imagens excessivas Essas imagens se aninham na dialética do oculto e do manifesto a partir do ser reprimido e que se fazem as mais dinâmicas evasões p 9192 alusão clara ao recolhimento da casa condição de expansão do ser Recusando a oposição redutivista exterior x interior que freqüentemente é empregada na análise da função da moradia Bachelard mostra como são tênues as fronteiras entre um e outro e como para uma antropologia metafísica o exterior e o interior colocam problemas que não são simétricos p 160 Fala das inversões topoanalíticas das imagens citando os versos de Tristan Tzara Ou borvent lês loups Uma lenta humildade penetra no quarto que habita em mim na palma do repouso A poesia essa metafísica instantânea no dizer do autor adquire foros de uma verdadeira poiesis construção sem a qual o habitat humano deixe de sêlo privado de sua significação e de seu simbolismo A casa imagem do eu Com essa frase de um obscuro filósofo grego Artemidoro de Daldis Marc Olivier58 comenta como desde tempos remotos já se intuía a significação da casa e de sua arquitetura no psiquismo dado que a psicanálise depois virá explorar sobretudo na vida onírica o exterior da habitação aparecendo como a máscara a aparência do sujeito o teto significando a busca da unidade ou o elo com as origens se na vida cotidiana a colocação do telhado implica em uma cerimônia de acabamento da 58 Olivier M La psychanalyse de Ia maison SeuMtetUÍtions 1972 154 casa na experiência onírica ela seria indicativo freqüentemente de uma fase avançada da reconstrução do eu os andares inferiores corresponderiam às pulsões arcaicas e instintuais enquanto a cozinha seria o lugar da transformação psíquica e aparece em certas fases da evolução interior do ser Essa correspondência do ser com sua casa se encontra nos escritos sagrados de numerosas tradições sendo que na China a saída da alma por ocasião da morte se traduz pela expressão quebra do teto p 7778 A ligação da casa com o corpo humano é vista atravésdo simbolismo da porta ao destacar a forma de que a mesma se reveste nas casas primitivas freqüentemente ovalizada como uma espécie de fenda natural boca vagina ou através o simbolismo da forma da casa semelhante a um bolso circular na base como se nota nos desenhos infantis ou semelhante a seios com orifícios de saída de lábios inchados o ventre da mãe o útero como se vê em habitações africanas primitivas A sacralização da porta os ritos de entrada existentes em várias culturas simbolizam a tentativa de entrar de novo no útero e estaria na origem do mito do eterno retorno O autor lembra o ritual japonês de entrar na casa onde a porta é designada pela palavra genkan significando obscuro misterioso O fato do ser humano ter deixado o abrigo primeiro da caverna mais seguro por um abrigo mais precário como a casa é comparado ao nascimento Larrachement a 1unite et lexpulsion est exige par une necessite daccomplissement Uma vez abandonada a caverna o homem voltaria a ela para sacralizála decorandoa com suas pinturas A caverna tornase santuário das forças da natureza com as quais o homem rompeu 155 O autor citado ao salientar o simbolismo das formas lembra Arno Stern59 quando aponta sete figuras geométricas simbólicas que estariam na base de todas as construções o círculo o triângulo o quadrado a cruz a espiral a onda o ponto As quatro primeiras permitiram construir todos os templos e edifícios enquanto as três últimas são complementares e revelariam pulsões cósmicas O ponto por exemplo teria sua expressão sonora no tamtam e sua expressão gestual no ritmo saccade manifestação de uma libido original que encontraria sua plena expressão na atividade sexual lembrando aqui Jung em Metamorfoses da alma e seus símbolos O quadrado representaria o homem e a terra vindo depois do círculo que exprime a unidade O triângulo une horizontalmente o círculo ao quadrado mas nos desenhos infantis o triângulo aparece na casa entre o quadrado da terra e o disco do céu numa organização vertical Dans lê dessin de lenfant toute forme naít de Ia spirale irregulière en passant par lê cercle Ce lê cercle qui petit à petit deforme devient tringle ou carre II y a un dialogue entre lê haut et lê bas dans lê dessins denfants quand ils faisent dês formes inverties ou dês triangles opposes p 68 A figura do círculo nasceria da consciência da lembrança do paraíso perdido do útero e da caverna cuja saída marca a ruptura com a unidade da natureza O círculo e a imagem arquétipica do universo depositada em nós p 56 Essa imagem é angustiante e a cruz será sua expressão Limage de Ia croix naít alors sous nos yeux du concept du cercle dejà exprime car pour que se puisse former 1image du cercle dans notre psyche naissante devrait au prealable avoir eu lieu larrachement à 1unite naturelle p 57 O triângulo vem 59 Stern A La maison image de mói in An Educateur ns 7 1967 p 3236 156 depois do círculo ele e a imagem arquétípica de um apelo de ultrapassagem para reencontrar a unidade perdida p 58 En traçant sã maison autour de lui 1homme descend lê ciei sur terre Perry Goodman avait bien raison Ia maisoncercle etait de cê fait temple p 61 O teto cônico saiu assim do triângulo que une a base terrestre da casa à unidade colocada no firmamento Se o homem se separou do universo e de suas leis ele sente necessidade de um religamento religião religare e cest de cê desir dunion que naítra lê toit Netait cê pás hier encore au grenier sous lê toit precisement que lon conservai precieusement lês souvenirs dês ancêtres qui nous reliaient a nos origines Assim o círculo e o triângulo teriam dado nascimento a casa como modelo reduzido do universo O autor explica o aparecimento da casa quadrada como simultâneo ao domínio do indivíduo sobre a terra o quadrado simbolizando o lugar separado do homem frente à natureza O redondo da casa será deslocado para o templo cujo papel será o de exprimir o desejo de unidade original II reunira lê plus souvent dans 1espace lê cube de Ia terre à Ia coupole celeste p 61 O templo é o lugar da cruzcarson propre est de montrer lê chemin de dedans pkitôt que celui de dehors alors que Ia maison restera lê foyer temporel ou lhomme sassume dans sã condition terrestre p 65 a cruz desaparecendo nas casas à medida que tendem à horizontalidade e à repartição das peças No autor acima um dos raros na área psicanalítica a se interessar pelo habitar observamos que sua pregnância psíquica é raramente tratada ou o e dentro de uma ótica monocordiamente junguiana A projeção corpo casa é pouco estudada e menos ainda o caráter sexuado dessa projeção o que não deixa de ser uma grande lacuna já que as diferenças de significado da casa para o homem e para a mulher assim como as trocas simbólicas 157 entre a imagem do corpo e a imagem da casa são matéria de estudo indispensável quando se trata de sexualidade humana de gênero campo por excelência da psicanálise Uma semiologia do espaço habitado O projeto de uma pesquisa etimológica baseada em Hubert Tonka filósofa apoiada em Heidegger e empírica utilizando alguns procedimentos de Moles e o empreendimento de EkambiSchmidt60 em seu estudo sobre a percepção do habitat A palavra habitação recobrindo diferentes significados ação de habitar imóvel lugar será ao primeiro sentido que a autora aplica sua análise atravésda etimologia do verbo habere avoir se tenir realizando um levantamento dos qualificativos emprestados a casa Os resultados de sua pesquisa empírica fornece índices de oposição entre a habitação antiga e a contemporânea marcada pela precariedade das coisas o nomadismo e a mobilidade residencial Mostrando a arquitetura como expressão dos valores de uma civilização assim como de sua organização sexual e familiar a autora lembra o fato já comentado nesta recensão bibliográfica da repartição do espaço doméstico segundo o sexo nas civilizações passadas que ela atribui a influência da família extensa patriarcal ao passo que nas sociedades atuais essa repartição se faz em função dos filhos sem no entanto explicar essa mudança de repartição Salienta a fascinação da casa e a personalidade autônoma da mesma a revestirse muitas vezes de um poder fantástico que se estende atéseus objetos estes 60 EkambiSchmidt Jezabelle La perception de Phabitat Paris E Universitaires1972 158 considerados como elementos de definição dos espaços do habitat pois além do código dos objetos presentes em certas peças específicas o objeto e o lugar geométrico de investimento psicológico afetivo e estético profundo e como tal ele é o signo de outra coisa os objetos da casa são excetuando alguns destinados a uma peça precisa que eles caracterizam e não podem portanto em princípio serem intercambiados de uma peça a outra sem mudar a vocação dessa peça p 51 54 Mostrandose antifuncionalista a autora afirma que e o supérfluo que torna personalizado o espaço da casa Aplicando o método das constelações de atributos Moles mostra respostas que traduzem estereótipos e fantasias bem mais que a realidade doméstica vivida A dialética do vertical e do horizontal lembrando as leis de A Moles que compõe 90 do nosso ambiente com ângulos de 90 e 180 graus constituem uma civilização do retângulo na qual os móveis são incluídos Além das razões funcionais que explicam este fato existem também razões psicológicas na retidão das linhas e dos ângulos há um elemento de segurança para quem os percebe enquanto as formas curvas são fatores de inquietação Sabese que basta encerrar alguém em uma torre redonda sem pontos de referência para enlouquecêlo rapidamente Estudos Doxiadis comprovam que os domos em forma de bulbos são elementos de insegurança Será interessante confrontar essa interpretação do redondo com aquelas que insistem ao contrário no caráter securizante dessa forma e de seus derivados como no autor anteriormente citado ou em Bachelard ao comparar a casa a um ninho a uma concha 159 Gisela Pankow61 analisa o papel metafórico que elementos do espaço construído peças da casa portas janelas etc desempenham nas obras de vários autores como também no processo psicanalítico Saindo da clínica para a literatura salienta a ligação entre o espaço imaginário e tempo vivido a revelarem uma dinâmica oculta do espaço nos conflitos das personagens literárias das obras analisadas A relação entre o espaço do corpo e o espaço habitado entre as divisões e repartições de um e de outro são comentadas e o texto é rico em análises psicoliterárias onde o problema da percepção e dos fantasmas do corpo e do espaço é analisado dentro de uma metodologia psicanalítica por demais ciosa em meu entender em fazer prevalecer seu quadro teórico em detrimento do quadro do objeto ou seja do próprio espaço vivido Ressaltese no entanto o cuidado da autora em sustentar que nem tudo é projeção na psicose mas verdadeiras produções criticando certas visões psicanalíticas e psiquiátricas O texto de Pankow enfoca bem mais os conflitos psíquicos ligados à vivência do espaço do corpo do que os conflitos resultantes da interrelação dessa vivência com a do espaço habitado este só incidentalmente comparece nesses estudos perdendose assim a ligação simbólica entre esses dois espaços Concluindo esta apresentação interdisciplinar de estudos habitacionais quero esclarecer que a escolha dos autores buscou privilegiar obras de acesso disponível em nosso meio é nesse sentido e importante incluir algumas teses e dissertações que têm aparecido esporadicamente desde 1970 em nosso cenário 61 Pankow Gisela O homem e seu espaço vivido Campinas Papirus 1988 160 universitário indicando ele uma sensibilidade científica à importância do espaço habitado a merecer todo nosso apoio Mônica Maria Galcerati62 realiza um trabalho que transita do campo semântico ao campo ontológico e ao campo cultural destacando no primeiro campo as mudanças operadas no sentido da palavra espaço conforme o contexto extraverbal no segundo campo a evolução históricofilosófica do conceito de espaço onde Heidegger aparece como referência importante no terceiro campo a autora trabalha sobre os símbolos primários de uma cultura dentro dos quais destaca o símbolo ligado à necessidade de sentir a extensão explicando assim o surgimento do espaço clássico relacionado com a alma apolínea e o espaço ocidental expressão da alma fáustica Spengler mais uma vez é referência Mostra nos últimos capítulos que a obra e a história da arte foram desde sempre a história da criação de um espaço específico e singular e detendose nas versões da concepção espacial contemporânea faz oportunas colocações sobre a chamada era espacial em sua relatividade e polivalência de valores Partindo de estudos que consideram como aprendidas as dimensões e as características do espaço pessoal justificando assim as diferenças culturais a respeito Míriam Fonseca Raja Gabaglia63 interessase pela aprendizagem vicária do espaço entre crianças destacando ali as diferenças sexuais Realiza para isso 62 Galcerati Mônica Maria Sobre a problemática do espaço e da especlalidade nas artes plásticas tese de habilitação para livre docência PUCRIO 1978 63 Cabaglia Míriam Fonseca Raja A aprendizagem por observação no desenvolvimento do espaço pessoal dissertação de mestrado PUC RIO 1978 161 uma pesquisa de medição de espaço social entre 48 meninos e 48 meninas empregando o PPSM medida simulada do espaço pessoal e cujos resultados confirmam a hipótese da aprendizagem vicária do espaço Seus resultados mostram também diferenças entre os sexos quanto a essa aprendizagem Rosa Maria Toniolo64 detémse sobre a relação da mitologia e do espaço observando que nas sociedades arcaicas o mundo só e mundo quando se torna nosso mundo exigindo ritos uma recriação uma consagração fora disso o mundo é caos M Eliade 1965 O nosso mundo situase sempre no centro por ser ali que se produz a ruptura na homogeneidade do espaço O espaço não consagrado onde não se discriminou nenhuma estrutura porque nenhuma orientação foi projetada é simples extensão amorfa igualase ao Caos Nele o homem perde seu significado ôntico não tem referências e marcas dada sua homogeneidade Aí nada se destaca o homem tornase ambíguo e padece na vivência relativa onde tudo pode ser e nada é onde tudo e virtual não real A estrutura do espaço real se faz a partir do deslocamento da homogeneidade em direção orientada à organização de uma configuração o centro nele o Caos se diferencia em Cosmos Nesse sentido o cosmos é construído p 31 A casa reproduziria esse dinamismo a partir de um ponto central em torno do qual se constróem quatro pontos cardeais A casa só é casa quando traz a marca humana Fala da impessoalidade dos arranhacéus e ao abordar a psicologia da casa lembra a topoanálise de Bacheard A imagem da casa é como uma topografia de nosso ser íntimo A autora se interroga se podemos 64 Toniolo Rosa Maria O espaço deste tempo Uma leitura da intimidade do adolescente dissertação de mestrado Dep de Psicologia PUCRIO 1980 162 isolar essa essência íntima e concreta para justificar o valor singular que atribuímos a todas as nossas imagens de intimidade protegida Não é o quarto Bachelard a essência íntima isolada o berço inicial que dá abrigo ao corpo Não podemos tomálo como um diagrama psicológico e a partir dele estabelecer referência com a estrutura mítica da espacialidade da casa centrolimites e desenvolver uma topoanálise p 35 Comenta o quanto o espaço definido psicologicamente se faz a partir do próprio corpo atravésde intuições para frente para trás etc Ao falar sobre o significado de direções e de posições a autora deixa de aprofundar esse ponto importante num próximo trabalho quem sabe a favor de valorações discutíveis Dizendo com Empedocles que o ser e redondo o redondo simbolizando o existir construído salienta ser a psicopatologia a perda do redondo os deslocamentos as quebras no espaço do redondo lembrando Minkowski quando pergunta o que está intacto no doente p 42 Ao abordar a ligação corpoespaço observa que na representação mítica o mundo objetivo se faz inteligível e se divide em determinadas esferas de realidade quando se reproduz analogicamente nas correspondências do próprio corpo onde uma unidade míticoorgânica e conservada No âmago do pensamento mítico a unidade do microcosmos e do macrocosmos está concebida de tal modo que não é o homem que está formado das partes do mundo mas o mundo é que está formado das partes do homem Encontramos uma direção inversa na concepção germânicocristã p 36 É oportuno acrescentar que é bem assim que o livro organizado por Berta Ribeiro Antes o mundo não existia mostra a explicação do mundo para os Desana Enfatizando a diferença entre o espaço matemático funcional e o espaço mítico estrutural onde vigora a 163 dialética centrolimites procura seus traços na atualidade e realiza uma pesquisa com adolescentes de vários bairros de São Paulo objetivando determinar o lugar do quarto onde mais gosta de ficar e ação correspondente a dialética centro X limites a integridade do redondo A análise dos dados visando estabelecer diagnósticos da organização espaçocorporal entre grupos masculinos e femininos de adolescentes A confrontação de aspectos de arquitetura verticalidade e horizontalidade em torno do Conjunto Sesquicentenário da Independência leva a um relato da situação dos moradores e do conflito ali encontrado entre padrão de vida e nível de expectativas por Joy Costa Matos65 A representação do espaço em Panofski e em Francastel assim como suas respectivas implicações no que tange tanto ao caráter simbólico quanto ao caráter sociológico do espaço figurativo é o tema de Jorge Lúcio de Campos66 65 Mattos Costa Joy Habitação de interesse social Uma estratégia de desenvolvimento comunitário dissertação de mestrado C E P B UER 1982 66 Campos Jorge Lúcio de Apresentação do espaço em Panofsky e Francastel tese IFCSUFRJ 1987 164 PSICOLOGIA COMUNITÁRIA CULTURA E CONSCIÊNCIA Regina Helena de Freitas Campos Os projetos de psicologia social comunitária descritos na literatura Góis 1993 Bomfim et alii 1992 Andery 1984 Lane neste volume em geral focalizam dois processos psicossociais a consciência e a cultura Ao falar da consciência enfatizam predominantemente o trabalho de conscientização isto é de desvelamento para o sujeito dos determinantes de suas condições de vida Quanto à questão da cultura este conceito tem sido importante na descrição das práticas específicas de determinadas populações e dos significados compartilhados pelos membros do grupo em relação a sua prática Neste contexto a problemática do convívio e do diálogo em grupos de diferentes inserções sócioculturais e com histórias diversas ocupa lugar de destaque entre as preocupações dos psicólogos que atuam em comunidades As publicações da área tanto no Brasil quanto no exterior divulgam estudos em que é analisada a psicossociologia de diferentes grupos caracterizados por similaridades em termos de classe ou lugar social gênero e etnia em interação com a sociedade inclusiva Os conceitos utilizados para descrever estas interações decorrem das principais teorias utilizadas em psicologia social destacandose a contribuição da abordagem cognitiva da teoria das representações sociais e do interacionismo simbólico 165 Neste trabalho vamos examinar em que medida cada uma destas diferentes abordagens ilumina determinados aspectos da interação em grupos multiculturais e como pode contribuir para informar práticas de psicologia comunitária As abordagens clássicas cognição social e socialização Pesquisadores de orientação cognitivista enfatizam o estudo da consciência e exploram o efeito do pensamento e da interpretação dos sujeitos sobre a atividade social Inspirados sobretudo nos trabalhos da Gestalt estes teóricos se interessam especialmente pelo modo como os processos mentais internos às pessoas impõem formas ao mundo externo Neste sentido acreditam que a percepção dos eventos é a principal variável que influencia a conduta do sujeito social A principal influência teórica sobre o cognitivismo em psicologia social vem do trabalho de Kurt Lewin a teoria de campo Nesta teoria a maneira como as pessoas representam o mundo é o principal determinante de sua ação No estudo das representações que as pessoas elaboram sobre determinados aspectos do ambiente em determinados momentos de sua vida Lewin demonstrou que o modo como o indivíduo constrói sua representação do mundo pode variar de acordo com suas necessidades ou objetivos internos isto é as construções mentais que influenciam a conduta Em decorrência desta influência os processos cognitivos e o impacto da cognição sobre as relações sociais se tornaram centrais na psicologia social contemporânea Esta abordagem pode ser observada sobretudo nos estudos da percepção social e das representações sociais Gergen 1981 166 Moscovici 1986 ao comentar a afirmação corrente de que a psicologia social teria sido invadida recentemente por uma verdadeira revolução cognitiva observa que na verdade o que está acontecendo é uma volta às concepções mais clássicas dos fenômenos psíquicos que atribuem mais importância às imagens mentais ao raciocínio e à memória ativa Na sua opinião a psicologia social estaria se voltando novamente para o estudo da consciência Um olhar sobre a história recente desta disciplina mostra que no primeiro estágio de seu desenvolvimento no início do século o estudo das multidões da propaganda e dos processos de influência social foi feito enfatizando sobretudo os aspectos emocionais afetivos e inconscientes os fatores irracionais do comportamento dos grupos Estas primeiras teorias tiveram sucesso sobretudo entre os nazistas e demais grupos que defendiam o autoritarismo na Europa dos anos 20 e 30 Para Moscovici foi precisamente este sucesso das teorias irracionalistas entre os grupos de orientação autoritarista que teria levado o primeiro grupo de psicossociólogos alemães que se refugiaram nos Estados Unidos entre os quais Lewin e Asch a protestar contra essa abordagem das relações sociais Lewin então se voltou para o estudo dos pequenos grupos e para a lógica que rege a conduta de seus membros Lewin 1951 enquanto Asch procurou substituir a abordagem que busca a explicação da liderança em termos de prestígio ou sugestão pelo estudo da lógica dos processos de influência social Asch 1952 Em ambos a racionalidade humana e enfatizada E para Moscovici é precisamente esta a razão pela qual os processos cognitivos estiveram no centro desta nova psicologia social nos EUA O foco de atenção das teorias cognitivistas são as atitudes definidas como estruturas cognitivas determinadas por conjuntos de valores e por tendências 167 para a ação organizadas a partir da experiência em função das quais se organizam todas as outras manifestações psíquicas percepções julgamentos e condutas Neste conjunto destacase a abordagem de Festinger cuja originalidade consistiu precisamente em apontar as tensões entre cognições contraditórias ou a contradição entre a atitude e a ação como forças motrizes das modificações de opiniões e de julgamentos Segundo Moscovici para Festinger o homem e um animal racionalizante mais que racional diante de um conflito o sujeito realinha suas atitudes em função dos motivos subjetivos e da ação efetiva e não o contrário que seria em função da razão Esta seria a lógica do chamado pensamento natural o pensamento utilizado pelo sujeito na vida cotidiana para explicar e orientar sua ação sobre o mundo Tratase de uma lógica regida por valores na qual a racionalidade é regida pelo metassistema de finalidades e desejos do sujeito A partir de Festinger a análise da percepção social se tornou central para a compreensão dos fenômenos grupais No entanto a análise das relações de grupo foi sendo progressivamente substituída pela temática da interação entre pessoas o que reduziu o âmbito da teoria da dissonância cognitiva que foi perdendo o interesse inclusive para o próprio autor Moscovici 1986 Mais recentemente sobretudo por influência da cibernética e da ciência da computação as atenções dos pesquisadores se concentraram no estudo da cognição social o homem como máquina pensante o estudo dos mecanismos de processamento das informações Os indivíduos elaboram teorias implícitas sobre os outros baseadas no senso comum nos preconceitos em conceitos ingênuos retirados da prática cotidiana teorias estas fortemente influenciadas pela linguagem atravésda qual se transmitem de um indivíduo a outro Explicações alternativas são exploradas para se chegar a elucidar as 168 razões do comportamento do outro Estas formas de processamento das informações atéa elaboração de uma interpretação se dariam a partir de esquemas isto é conexões previamente estabelecidas que agem como ponto de ligação entre a memória e a percepção e que cumprem a função de selecionar entre as informações disponíveis aquelas que são cruciais para a compreensão da situação Os esquemas se dividem em esquemas causais e esquemas de acontecimentos Os primeiros transformam cada elemento de informação em efeito de uma causa os segundos descrevem uma seqüência de acontecimentos dos quais participamos scripts acumulações de experiências mentais que mobilizam a memória de situações passadas semelhantes e indicam o curso apropriado de ação na situação presente fVergnaud 1991 Deste ponto de vista a conduta observada em situações de interação de grupos é analisada em termos das percepções e atitudes de cada membro do grupo em relação aos outros O preconceito por exemplo é definido como um conjunto de atitudes negativas em relação a um dado indivíduo ou grupo A discriminação é vista como a conduta associada a uma atitude negativa em relação a uma determinada minoria Analisando a formação das atitudes preconceituosas Katz 1976 observou a ocorrência de uma serie ordenada de esquemas adquiridos pelo indivíduo ao longo de seu desenvolvimento nos quais se cristalizaria determinada percepção em relação a membros de minorias Para que se forme uma atitude no entanto é necessário que o sujeito seja socializado em um ambiente que lhe forneça informações explícitas ou implícitas sobre como deve ver e se comportar em relação às minorias Assim ao mesmo tempo em que atitudes se desenvolvem a identidade em relação ao seu próprio grupo se fortalece ou seja o sentimento do nós por 169 oposição ao eles Nesta visão contemporânea a abordagem cognitivista se combina a pressupostos da teoria dos papeis No entanto por estar centrada na elaboração de percepções e representações no indivíduo a esta abordagem falta uma melhor caracterização do modo pelo qual estas percepções e representações individualmente construídas se tornam sociais isto é passam a reger a conduta não apenas de um indivíduo mas de grupos sociais inteiros Esta questão é abordada com mais precisão pela abordagem sóciointeracionista e pela teoria das representações sociais Abordagem sóciointeracionista O conhecimento se constrói na interação social esta e a grande descoberta da abordagem sócio interacionista Vygotsky foi o primeiro autor em psicologia a colocar a questão do conhecimento como resultando da interação Vygotsky 1978 Para ele o conhecimento seria social antes de ser individual e os artefatos criados pela atividade humana bem como a linguagem seriam os principais mediadores no processo de internalização da cultura Para os sóciointeracionistas os seres humanos vivem em um ambiente em constante transformação pois os artefatos culturais e a linguagem são transformados pela própria atividade dos grupos humanos em interação Em outras palavras o ambiente humano é constantemente criado e recriado pela atividade cultural Cada artefato cultural contem além de sua forma física o código de condutas e de interações que o tornou possível e que condiciona a ação das novas gerações que o utilizam Da mesma forma a linguagem contem o código das representações e recortes do mundo legados pela cultura e é assim que se transmitem as visões de mundo de uma geração a outra 170 A atividade mental humana é condicionada portanto por sua existência em um mundo simultaneamente natural e artificial Nas palavras de Cole As características especiais da vida mental humana são precisamente as características de um organismo que pode habitar transformar e recriar um mundo mediado por artefatos Como o filósofo soviético Evald llyenkov 1977 colocou o mundo das coisas criadas pelo homem para o homem e portanto as coisas que são formas reificadas da atividade humana e a condição para a existência da consciência humana A natureza especial desta consciência decorre da natureza dual materialideal do sistema de artefatos que constitui o ambiente cultural os seres humanos vivem em um mundo duplo simultaneamente natural e artificial Cole 1995 p 32 As conseqüências desta concepção para o estudo da vida em comunidade é mesmo para a intervenção em comunidades são facilmente observáveis Se o conhecimento se constrói na interação e se esta interação é mediada por símbolos e artefatos produzidos culturalmente duas conseqüências se impõem aos psicólogos conhecer a cultura local e contribuir para a construção de novos significados atravésda interação Por isso é tão importante propiciar oportunidades para o diálogo para a interação em grupos pois é precisamente nestas situações que novos significados emergem Neste sentido o estudo das estruturas discursivas e da retórica tem se revelado também importante A ideia e que em situações de interação principalmente quando culturas diferentes se encontram interpretações diferentes da mesma realidade podem estar em jogo Se o conhecimento é construído na atividade e se os grupos humanos por sua própria experiência em atividades diferentes produzem interpretações divergentes acerca da mesma realidade estas diferenças certamente estarão expressas em seu discurso Assim são as próprias 171 categorias discursivas dos participantes da interação que se tornam a principal fonte de informação sobre as diferentes visões de mundo ou mesmo ideologias implicadas na situação Edwards 1995 Assim a abordagem sóciointeracionista ao superar o individualismo da abordagem cognitivista clássica coloca em novas bases a questão da interação social por considerála constitutiva da consciência Esta visão tem conseqüências importantes para a elaboração de estratégias dialógicas de desenvolvimento da consciência como e o caso dos programas comunitários Representações sociais A teoria das representações sociais busca superar as limitações da abordagem cognitivista seja clássica ou contemporânea por abordar não apenas a construção das representações no indivíduo mas a maneira como estas representações se tornam hegemônicas em uma dada formação social Assim a ênfase da teoria é o estudo do aspecto social isto é interindividual da representação A construção da representação deixa de ser uma questão individual para se tornar uma função simbólica do grupo social em seu conjunto O conceito de representação social proposto por Moscovici 1961 procura descrever representações coletivas enquanto construções simbólicas historicamente determinadas socialmente compartilhadas e comunicadas atravésde redes institucionais específicas que ao mesmo tempo modelam as ações dos grupos no interior da formação social considerada e são por elas modeladas Nesta abordagem o que determina a ação dos indivíduos não é portanto apenas a sua própria representação do real mas a representação que atravésde uma complexa rede de relações sociais eles compartilham com os demais membros do grupo do qual 172 fazem parte No entanto as representações sociais são construtos em permanente transformação Se guardam relação com o passado da comunidade com suas tradições e história são também o produto da prática presente e dos horizontes que guiam a ação dos grupos sociais que operam simbolicamente através delas Na teoria das representações sociais dois aspectos merecem destaque por sua contribuição ao estudo da interação Em primeiro lugar a ideia de que as representações que os sujeitos constróem compartilham e comunicam entre si são fruto de histórias já construídas e como tal são transmitidas Em segundo lugar a lembrança oportuna de que as práticas presentes vão progressivamente contribuir para introduzir novos elementos nas representações e em última instância para transformálas é precisamente esta dialética que permite avançar a compreensão da ação individual e grupal como uma resultante do movimento entre as categorias já cristalizadascoletivamente e o movimento de renovação que nasce das práticas cotidianas Neste sentido chegamos a uma concepção na qual não são apenas as representações sociais que orientam a conduta humana mas esta mesma conduta é que contribui para construir as representações A ênfase nestes dois aspectos da análise é importante na compreensão dos efeitos da complexidade cultural sobre a conduta e sobre a própria construção da subjetividade no interior da cultura Mais que isto a própria ideia de que as representações sociais assim como as próprias formações sociais que lhes dão forma estão em constante transformação chama a atenção para novos objetos de análise justamente aqueles que apontam para a diferença a mudança 173 A interpretação da cultura como empreendimento intersubjetivo Como vimos até aqui o campo de estudo delimitado pela psicologia social principalmente se aplicado ao estudo e intervenção em comunidades é constituído em última análise pela análise da cultura O conceito de cultura referese precisamente a este conjunto de significados compartilhados que orientam a conduta dos indivíduos Estes significados se por um lado apresentam as características de homogeneidade e a duração tendo em vista suas origens na tradição e na história do grupo são também questionados pelo movimento de construção de novas práticas que por sua vez na interação produzem novos significados A psicologia social trabalha com conceitos que permitem trabalhar as relações culturais em situações de diálogo contribuindo para desenvolver a capacidade de análise das situações e para a construção de novas interpretações Esta é precisamente a situação na qual se encontram muitos dos trabalhos comunitários com os quais nos envolvemos como psicólogos sociais No entanto é preciso observar também que a própria psicologia social constituise em uma interpretação da cultura Conforme lembra Valsiner a ciência psicológica é construída sobre sistemas de significados culturais compartilhados em sociedades determinadas Valsiner 1994 No interior da mesma formação social podemos encontrar interpretações divergentes sobre os mesmos fenômenos que nascem da experiência diversificada de grupos sociais em conflito Campos 1992 Por isso e também a partir da observação da miríade de categorias culturais atravésdas quais os sujeitos sociais constróem suas respectivas identidades tornase importante incorporar à análise a percepção dos próprios sujeitos sobre as categorias 174 psicossociais que regulam sua conduta e até sobre os próprios cientistas que buscam estudálos Esta perspectiva de conhecimento relacional Rosaldo 1989 problematiza o lugar do observador nas ciências sociais e passa a considerar a verdade contida na percepção do sujeito da análise a respeito de sua própria inserção cultural Tratase de tornar visíveis na pesquisa e na intervenção não só o grupo observado com seus valores crenças percepções e representações mas também o cientista que observa Na verdade realiza se aqui o projeto sóciointeracionista de propiciar a oportunidade da construção do conhecimento na interação incluindose nesta interação o próprio psicólogo social A análise da cultura e das representações que os sujeitos se fazem dela requer uma espécie de dupla visão que se movimenta do narrador o cientista social ao protagonista da ação o insider portador dos significados que se quer conhecer Seria a partir deste movimento que o conhecimento se tornaria possível e o movimento cultural passível de ser apreendido Nesta abordagem a própria díade composta pelo psicossociólogo e sen sujeito tornase um grupo multicultural e a problemática da interpretação dos significados compartilhados ou não um instrumento de trabalho que contribui para a compreensão dos determinantes da ação de cada um dos sujeitos na situação Na análise de grupos multiculturais como os grupos com os quais nos relacionamos em projetos comunitários esta proposta de análise é especialmente apropriada Na medida em que busca romper com a pretensa nowhere lanei em que se coloca o pesquisador tradicional permite incorporar à pesquisa não só a visão do observador ele próprio imerso em uma rede de relações culturais e de representações dela decorrentes 175 como respeita a visão do sujeito pesquisado como um depoimento a ser considerado como digno de figurar como um relato da situação equivalente ao do pesquisador Superase assim a ideia de que as percepções do sujeito da pesquisa seriam meros indicadores de uma realidade desconhecida para ele próprio à qual só teria acesso o pesquisador munido de sua teoria E assim se movimenta o estudo psicossociológico dos grupos multiculturais de uma abordagem centrada no indivíduo passamos à história do grupo social como fonte das representações que os indivíduos se fazem uns dos outros para chegar a uma abordagem em que a própria análise das representações se torna um empreendimento intersubjetivo Nesta última abordagem a interpretação da ação dos sujeitos imersos na cultura e a resultante de um processo de reflexão no qual a análise focaliza precisamente os diferentes pontos de vista envolvidos na definição da situação Para a psicologia social comunitária estas contribuições são relevantes na medida em que apontam para os aspectos cruciais do processo de conscientização a cultura como construção intersubjetiva de significados e o diálogo como contexto para a problematização e reconstrução cultural BIBLIOGRAFIA ANDERY Alberto A Psicologia na comunidade In Lane Sílvia e Codo Wanderley orgs Psicologia social o homem em movimento São Paulo Brasiliense 1984 ASCH S Social Psychology Englewood Cliffs NJ PrenticeHall 1952 176 BOMFIM Elizabeth CAMPOS Regina HF e FREITAS Maria de Fátima Q Psicólogo Brasileiro A construção de novos rumos Campinas Ed Átomo 1992 CAMPOS Regina HF Notas para uma história das idéias psicológicas em Minas Gerais In Drawin Carlos R et alíi Psicologia Possíveis olhares outros fazeres Belo Horizonte Conselho Regional de Psicologia 1992 COLE Michael Culture and cognitive development From crosscultural research to creating systems of cultural mediation In Culture and Psychology 11 1995 2554 EDWARDS Derek A commentary on discursive and cultural psychology In Culture and Psychology 11 1995 5566 GERGEN K e GERGEN M Social Psychology New York Hartcourt Brace Jovanovich 1981 p 2024 GÓIS Cezar Wagner de Lima Noções de psicologia comuntátia Fortaleza Ed UFC 1993 KATZ PA The acquisition of racial atitudes in children In Katz PA Toward the Elimination of Racism New York Pergamon Press 1976 LANE Sílvia Histórico e fundamentos da psicologia comunitária no Brasil cf cap 1 do presente volume LEWIN K Teoria de campo em ciência social São Paulo Pioneira 1965 1üed de 1951 em inglês MOSCOVICI S 1989 Dês representations collectives aux representations sociales In Jodelet D org Lçs representa tions sociales Paris PDF 177 Lere dês representations sociales In Doise W e Palmonari A orgs Letude dês representations sociales Neuchâtel Delachaux et Niestle 1986 ROSALDO R Culture and Truth the Remaking of Social Analysis Boston Beacon Press 1989 VALSINER Jaan Beyond the Cognitive or any other Revolution A coconstructionist look for the future in the past Paper presented for an Invited Lecture at the Fifth Congress of the National Academy of Psychology of índia Allahabad October 68 1994 Usesof Common Senseand Ordinary Language m Psychology and Beyond A Constructionist Perspective and Its Implica tions Ch 3 in Siegfried j EdJ The Status of Common Sense in Psychology Norwood NJ Ablex Pubhshmg Corporation 1994 p 4957 VERGNAUD Gerard Pourquoi Ia psychologie cognitive In La Pensee 282919 juilletaoüt 1991 VYGOTSKY Lev S A formação social da mente São Paulo Martins Fontes 1978 178 OS AUTORES Sílvia Tatiana tvíaurer Lane e doutora em psicologia social e atua no Programa de Estudos Pós graduados em psicologia social da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo Bader Burihan Sawaia é doutora em psicologia social pela PUCSP e professora dos programas de Pós graduação em psicologia social da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo e de Enfermagem na Universidade de São Paulo É também chefe do Departamento de Sociologia da PUCSP Maria de Fátima Quintal de Freitas é doutora em psicologia social pela PUCSP e professora do Departamento de Psicologia Social e do Desenvolvimento do Programa de Pósgraduação em Psicologia da Universidade Federal do Espírito Santo Pedrinho A Cuareschi é PhD pela University of Wisconsin at Madison é professor do programa de Pós graduação em Psicologia Social da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul Jacyrara C Rochael Nasduttí é doutora em psicologia clínica e professora do Instituto de Psicologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro atuando no Programa de Mestrado EICOS Estudos Interdisciplinares em Comunidades e Ecologia Social Naumi A de Vasconcelos psicanalista é doutora em ciências sexológicas pela Universidade de Louvain Bélgica e professora do Instituto de Psicologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro atuando no Programa de Mestrado EICOS Estudos Interdisciplinares em Comunidades e Ecologia Social Regina Helena de Freitas Campos PhD pela Universidade de Stanford EUA e professora no Programa de Mestrado em Psicologia Social da Universidade Federal de Minas Gerais 1 INTRODUÇÃO A psicologia comunitária se caracteriza por seu compromisso com a transformação social e a promoção do bemestar coletivo especialmente em contextos de vulnerabilidade social A construção de uma brinquedoteca em um espaço destinado a atender crianças carentes inserese nesta perspectiva ao criar um ambiente que não apenas oferece um espaço lúdico mas também contribui para o desenvolvimento integral das crianças e para o fortalecimento da comunidade A brinquedoteca mais do que um local de diversão é um espaço de aprendizagem socialização e apoio psicológico desempenhando um papel crucial na promoção do desenvolvimento cognitivo emocional e social das crianças Diversos autores destacam a importância de espaços lúdicos na infância como elementos fundamentais para a construção de competências sociais e emocionais Segundo Winnicott 1975 o brincar é essencial para o desenvolvimento infantil pois permite à criança expressarse elaborar experiências e desenvolver a criatividade Além disso autores como Vigotsky 2007 ressaltam que o brincar possibilita a internalização de valores e normas sociais contribuindo para a formação de indivíduos mais conscientes e participativos na sociedade Neste contexto a elaboração de um projeto de construção de uma brinquedoteca para um espaço que atende crianças carentes tornase uma ação significativa de intervenção comunitária Este projeto busca não apenas criar um local de recreação mas também um ambiente que propicie o desenvolvimento saudável das crianças e que fortaleça a coesão comunitária A literatura existente reforça a ideia de que intervenções deste tipo quando bem planejadas e executadas têm o potencial de transformar realidades promovendo maior equidade social e qualidade de vida Por exemplo a obra de Sarriera e cols 2012 destaca a importância de projetos comunitários na construção de um ambiente de suporte social que é vital para o desenvolvimento infantil em contextos de vulnerabilidade Além disso estudos de autores como Bronfenbrenner 1996 e seu Modelo Bioecológico do Desenvolvimento Humano enfatizam a relevância do ambiente e das interações sociais para o desenvolvimento humano sugerindo que espaços como a brinquedoteca podem funcionar como importantes contextos de desenvolvimento para crianças em situação de risco 2 DESENVOLVIMENTO A primeira etapa envolve a realização de um diagnóstico comunitário para identificar as necessidades específicas das crianças e da comunidade Este diagnóstico será conduzido por meio de reuniões com líderes comunitários entrevistas com pais e responsáveis e observações diretas das crianças no ambiente atual A participação ativa da comunidade é fundamental nesta fase para garantir que o projeto atenda às expectativas e necessidades reais dos beneficiários De acordo com Montero 2003 a inclusão da comunidade no diagnóstico fortalece o senso de pertencimento e aumenta a eficácia do projeto Com base nos resultados do diagnóstico o planejamento da brinquedoteca será elaborado O espaço será projetado para incluir diversas áreas de atividades como áreas para jogos educativos leitura artes e atividades físicas A organização espacial da brinquedoteca deve permitir supervisão adequada por parte dos educadores garantindo a segurança e o bemestar das crianças Fisher 2009 destaca que ambientes bem projetados que oferecem variedade e desafios apropriados são cruciais para o desenvolvimento cognitivo e emocional das crianças A escolha dos materiais e equipamentos levará em consideração critérios de durabilidade segurança e adequação às diferentes faixas etárias atendidas A implementação do projeto envolverá a mobilização de recursos financeiros materiais e humanos Serão estabelecidas parcerias com organizações governamentais e nãogovernamentais além de buscar apoio de empresas locais e voluntários A literatura sublinha a importância das parcerias para a sustentabilidade dos projetos comunitários garantindo recursos contínuos e diversificados Wandersman Florin 2000 A formação e capacitação dos profissionais que atuarão na brinquedoteca serão etapas essenciais desta fase Educadores e monitores serão treinados em práticas lúdicas mediação de conflitos identificação de sinais de abuso e negligência e estratégias de promoção do desenvolvimento socioemocional Segundo Bronfenbrenner 1996 a qualidade das interações entre as crianças e os adultos mediadores é um dos principais determinantes do impacto positivo dos ambientes educativos A fase de monitoramento e avaliação será contínua integrandose ao projeto desde o início Utilizando metodologias participativas como avaliação formativa e somativa serão realizados ajustes constantes para adaptar o projeto às mudanças nas necessidades da comunidade Checkoway e RichardsSchuster 2006 ressaltam que a avaliação contínua envolvendo todos os stakeholders aumenta a eficácia e a sustentabilidade dos projetos Dados qualitativos e quantitativos serão coletados por meio de entrevistas questionários e observações permitindo uma análise detalhada dos impactos do projeto na vida das crianças e da comunidade A divulgação dos resultados por meio de relatórios e apresentações comunitárias fortalecerá a transparência e o compromisso com a melhoria contínua Para garantir a sustentabilidade do projeto serão desenvolvidas estratégias de captação de recursos e gestão participativa A criação de um conselho gestor composto por representantes da comunidade educadores e parceiros será recomendada para assegurar a continuidade das atividades e a manutenção da brinquedoteca Nelson e Prilleltensky 2005 apontam que a gestão participativa promove maior engajamento comunitário e aumenta a resiliência dos projetos 3 CONCLUSÃO A construção de uma brinquedoteca em um espaço destinado a crianças carentes representa uma intervenção significativa no contexto da psicologia comunitária promovendo o desenvolvimento integral das crianças e fortalecendo os laços comunitários Ao longo deste projeto foram destacadas as várias etapas envolvidas desde o diagnóstico comunitário até a implementação e avaliação contínua cada uma fundamentada em princípios teóricos e empíricos que sublinham a importância do envolvimento comunitário e da criação de ambientes propícios ao desenvolvimento infantil O diagnóstico comunitário inicial baseado na participação ativa dos membros da comunidade permitiu identificar de forma precisa as necessidades e expectativas locais Esta etapa é crucial pois garante que o projeto seja alinhado com a realidade dos beneficiários promovendo um maior engajamento e senso de pertencimento Estudos como os de Montero 2003 corroboram a importância desta abordagem participativa que fortalece a coresponsabilidade e a eficácia das intervenções comunitárias O planejamento da brinquedoteca com a criação de áreas diversificadas para atividades educativas artísticas e físicas foi concebido com base em evidências que apontam para os benefícios de ambientes variados e desafiadores para o desenvolvimento cognitivo e emocional das crianças Fisher 2009 A escolha cuidadosa dos materiais e a organização espacial que favorece a supervisão e a segurança destacam a preocupação com a qualidade do ambiente oferecido fator decisivo para o sucesso do projeto A fase de implementação com a mobilização de recursos e a formação de parcerias demonstra a relevância de uma abordagem colaborativa e integrada A capacitação dos profissionais que atuarão na brinquedoteca focada não apenas em práticas lúdicas mas também em técnicas de mediação e identificação de necessidades específicas assegura que as interações no espaço sejam de alta qualidade conforme apontado por Bronfenbrenner 1996 As parcerias estabelecidas com organizações e voluntários são fundamentais para a sustentabilidade do projeto conforme destacado por Wandersman e Florin 2000 O monitoramento e a avaliação contínua do projeto garantem que ele permaneça relevante e eficaz ao longo do tempo A utilização de metodologias participativas para a coleta e análise de dados permite ajustes constantes assegurando que o projeto evolua conforme as necessidades da comunidade Checkoway RichardsSchuster 2006 A transparência e a divulgação dos resultados fortalecem a confiança da comunidade e dos parceiros promovendo uma cultura de melhoria contínua REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRONFENBRENNER Urie A ecologia do desenvolvimento humano experimentos naturais e planejados Porto Alegre Artes Médicas 1996 CHECKOWAY Barry RICHARDSSCHUSTER Katie Youth participation in community evaluation research American Journal of Evaluation v 27 n 3 p 301 312 2006 FISHER Kelly R et al The physical environment and play A review of research in early childhood education and care Early Childhood Education Journal v 37 n 3 p 239246 2009 MONTERO Maritza Teoría y práctica de la psicología comunitaria La tensión entre comunidad y sociedad Buenos Aires Paidós 2003 NELSON Geoffrey PRILLELTENSKY Isaac Community psychology In pursuit of liberation and wellbeing New York Palgrave Macmillan 2005 SARRIERA Jorge Castellá DELLAGLIO Débora Dalbosco LISBOA Carmen Saraiva Psicologia comunitária Um enfoque emancipatório São Paulo Casa do Psicólogo 2012 VIGOTSKY Lev Semionovitch A formação social da mente O desenvolvimento dos processos psicológicos superiores 6 ed São Paulo Martins Fontes 2007 WANDERSMAN Abraham FLORIN Paul Citizen participation and community organizations In Handbook of Community Psychology New York Springer 2000 p 247272 WINNICOTT Donald Woods O brincar e a realidade Rio de Janeiro Imago 1975