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CARTOGRAFIA Prof Me Thiago César Frediani SantAna Prof Me Estevão Pastori Garbin GRADUAÇÃO Unicesumar Acesse o seu livro também disponível na versão digital C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ Núcleo de Educação a Distância SANTANA Thiago César Frediani GARBIN Estevão Pastori Cartografia Thiago César Frediani SantAna Estevão Pastori Garbin Reimpressão 2021 MaringáPr Unicesumar 2020 200 p Graduação EaD 1 Cartografia 2 Geografia 3 EaD I Título ISBN 9788545919100 CDD 22 ed 912 CIP NBR 12899 AACR2 Ficha catalográfica elaborada pelo bibliotecário João Vivaldo de Souza CRB8 6828 Impresso por Reitor Wilson de Matos Silva ViceReitor Wilson de Matos Silva Filho PróReitor Executivo de EAD William Victor Kendrick de Matos Silva PróReitor de Ensino de EAD Janes Fidélis Tomelin Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi NEAD Núcleo de Educação a Distância Diretoria Executiva Chrystiano Mincof James Prestes Tiago Stachon Diretoria de Graduação e Pósgraduação Kátia Coelho Diretoria de Permanência Leonardo Spaine Diretoria de Design Educacional Débora Leite Head de Produção de Conteúdos Celso Luiz Braga de Souza Filho Head de Curadoria e Inovação Tania Cristiane Yoshie Fukushima Gerência de Produção de Conteúdo Diogo Ribeiro Garcia Gerência de Projetos Especiais Daniel Fuverki Hey Gerência de Processos Acadêmicos Taessa Penha Shiraishi Vieira Gerência de Curadoria Carolina Abdalla Normann de Freitas Supervisão de Produção de Conteúdo Nádila Toledo Coordenador de Conteúdo Priscilla Campiolo Manesco Paixão Designer Educacional Lilian Vespa Projeto Gráfico Jaime de Marchi Junior José Jhonny Coelho Arte Capa Arthur Cantareli Silva Ilustração Capa Bruno Pardinho Editoração Juliana Duenha Qualidade Textual Meyre Barbosa Ilustração Rodrigo Barbosa Em um mundo global e dinâmico nós trabalhamos com princípios éticos e profissionalismo não so mente para oferecer uma educação de qualidade mas acima de tudo para gerar uma conversão in tegral das pessoas ao conhecimento Baseamonos em 4 pilares intelectual profissional emocional e espiritual Iniciamos a Unicesumar em 1990 com dois cursos de graduação e 180 alunos Hoje temos mais de 100 mil estudantes espalhados em todo o Brasil nos quatro campi presenciais Maringá Curitiba Ponta Grossa e Londrina e em mais de 300 polos EAD no país com dezenas de cursos de graduação e pósgraduação Produzimos e revisamos 500 livros e distribuímos mais de 500 mil exemplares por ano Somos reconhecidos pelo MEC como uma instituição de excelência com IGC 4 em 7 anos consecutivos Estamos entre os 10 maiores grupos educacionais do Brasil A rapidez do mundo moderno exige dos educa dores soluções inteligentes para as necessidades de todos Para continuar relevante a instituição de educação precisa ter pelo menos três virtudes inovação coragem e compromisso com a quali dade Por isso desenvolvemos para os cursos de Engenharia metodologias ativas as quais visam reunir o melhor do ensino presencial e a distância Tudo isso para honrarmos a nossa missão que é promover a educação de qualidade nas diferentes áreas do conhecimento formando profissionais cidadãos que contribuam para o desenvolvimento de uma sociedade justa e solidária Vamos juntos Seja bemvindoa caroa acadêmicoa Você está iniciando um processo de transformação pois quan do investimos em nossa formação seja ela pessoal ou profissional nos transformamos e consequente mente transformamos também a sociedade na qual estamos inseridos De que forma o fazemos Crian do oportunidades eou estabelecendo mudanças capazes de alcançar um nível de desenvolvimento compatível com os desafios que surgem no mundo contemporâneo O Centro Universitário Cesumar mediante o Núcleo de Educação a Distância oa acompanhará durante todo este processo pois conforme Freire 1996 Os homens se educam juntos na transformação do mundo Os materiais produzidos oferecem linguagem dialógi ca e encontramse integrados à proposta pedagógica contribuindo no processo educacional complemen tando sua formação profissional desenvolvendo com petências e habilidades e aplicando conceitos teóricos em situação de realidade de maneira a inserilo no mercado de trabalho Ou seja estes materiais têm como principal objetivo provocar uma aproximação entre você e o conteúdo desta forma possibilita o desenvolvimento da autonomia em busca dos conhe cimentos necessários para a sua formação pessoal e profissional Portanto nossa distância nesse processo de cresci mento e construção do conhecimento deve ser apenas geográfica Utilize os diversos recursos pedagógicos que o Centro Universitário Cesumar lhe possibilita Ou seja acesse regularmente o Studeo que é o seu Ambiente Virtual de Aprendizagem interaja nos fó runs e enquetes assista às aulas ao vivo e participe das discussões Além disso lembrese que existe uma equipe de professores e tutores que se encontra dis ponível para sanar suas dúvidas e auxiliáloa em seu processo de aprendizagem possibilitandolhe trilhar com tranquilidade e segurança sua trajetória acadêmica CURRÍCULO Prof Me Thiago Cesar Frediani SantAna Possui graduação em Geografia pela Universidade Estadual de Maringá UEM MaringáPR 2008 Mestre pelo Programa de PósGraduação em Geografia da Universidade Estadual de Maringá UEM 20092011 na área de Análise Ambiental Atualmente é doutorando em Geografia pela Universidade Estadual de Maringá Atua como professor no ensino superior nos cursos de Geografia Engenharia Civil e Arquitetura e Urbanismo Tem experiência na área de Geociências com ênfase em Cartografia Básica httplattescnpqbr3767642326547587 Prof Me Estevão Pastori Garbin Mestre em Geografia pela Universidade Estadual de Maringá 2016 com pesquisa na área de Cartografia e Semiótica Graduado em Geografia bacharelado e licenciatura pela Universidade Estadual de Maringá 2013 com estágio na Universidade Técnica de Lisboa em Gestão Urbanística e Planejamento Urbano e Territorial 20122013 Atualmente é aluno do curso de doutorado em Geografia pela UEM e professor do curso de Geografia da Unicesumar Tem experiência nas áreas de ensino de cartografia semiótica peirceana e avaliação de livros paradidáticos httplattescnpqbr7882921634824099j SEJA BEMVINDOA Caroa acadêmicoa é com grande satisfação que apresentamos esta nova edição do livro da disciplina de Cartografia revista e ampliada Nesta obra sintetizamos e aprimo ramos os conteúdos fundamentais na formação dos professores de Geografia de forma alinhada com as principais obras da cartografia nacional e internacional Na primeira unidade discutiremos como o saber cartográfico e os mapas estavam pre sentes nas sociedades antes mesmo da invenção da escrita Aprenderemos que os ma pas são formas de comunicação particulares de cada povo sendo influenciados dire tamente pelo contexto social cultural e econômico da época Discutiremos também o processo de sistematização da Cartografia em uma ciência autônoma da Geografia salientando os principais paradigmas que estruturam a agenda de pesquisa dessa ciên cia nos últimos cinquenta anos Na segunda unidade discutiremos os principais produtos cartográficos utilizados na Ge ografia as finalidades e características A partir desses produtos analisaremos também os processos e as etapas que constituem a produção de uma informação cartográfica salientando a grande influência que o autor de mapas possui na representação espacial Por fim estudaremos como esses processos de construção da informação cartográfica são influenciados pela escala cartográfica discutindo os meios para a realização do seu cálculo e as especificidades da escala gráfica e numérica Na terceira unidade estudaremos o processo histórico de determinação da verdadeira forma da Terra Neste capítulo verificaremos como os povos antigos realizavam suas in vestigações para trabalhar com os indícios da esfericidade do nosso planeta e as princi pais teorias desses pensadores Aprenderemos também como podemos nos orientar no espaço a partir de instrumentos como a bússola bem como calcular de maneira exata os ângulos para nossa orientação Por fim trabalharemos o cálculo das coordenadas geográ ficas como um meio para realizarmos a localização em qualquer ponto do planeta Terra Na quarta unidade discutiremos os desafios envolvidos na construção e escolha das projeções cartográficas Estudaremos também os principais meios no levantamento de dados da paisagem e as formas mais empregadas na representação do relevo com ênfase nas cartas topográficas Na última unidade discutiremos o princípio organizador dos fusos horários bem como os meios de calcularmos a diferença dos horários entre várias localidades Encerraremos nossos estudos discutindo os impactos que as novas tecnologias causaram na Cartogra fia com o desenvolvimento e a popularização dos Sistemas de Informação Geográfica Esperamos que este livro seja seu companheiro nesta sua trajetória de formação profis sional Bons estudos Prof Estevão Pastori Garbin Prof Thiago Cesar Frediani SantAna APRESENTAÇÃO CARTOGRAFIA SUMÁRIO 08 UNIDADE I CARTOGRAFIA PRÁTICA ANTIGA CIÊNCIA RECENTE 15 Introdução 16 O Mapa na História da Humanidade 28 A Ciência Cartográfica 38 As Relações Entre a Cartografia e a Geografia 43 Considerações Finais UNIDADE II ELEMENTOS E PROCESSOS FUNDAMENTAIS PARA A COMUNICAÇÃO CARTOGRÁFICA 55 Introdução 56 Os Produtos Cartográficos Básicos 68 As Etapas do Projeto Cartográfico 87 Escala Cartográfica 97 Considerações Finais SUMÁRIO 09 UNIDADE III OS DESAFIOS DA CARTOGRAFIA NA REPRESENTAÇÃO DA FORMA DA TERRA 109 Introdução 110 A Forma da Terra 118 Estratégias de Orientação no Espaço 128 As Coordenadas Geográficas 133 Considerações Finais UNIDADE IV PROJEÇÕES CARTOGRÁFICAS E REPRESENTAÇÃO DO RELEVO 143 Introdução 144 As Projeções Cartográficas 155 Conhecendo os Principais Métodos para a Realização de Levantamentos Planialtimétricos 159 Representação e Leitura do Relevo na Cartografia 167 Considerações Finais SUMÁRIO 10 UNIDADE V FUSOS HORÁRIOS E SISTEMAS DE INFORMAÇÃO GEOGRÁFICA 177 Introdução 178 Fusos Horários 186 O Papel dos Sistemas de Informação Geográfica Sig 194 Considerações Finais UNIDADE I Prof Me Estevão Pastori Garbin Prof Me Thiago César Frediani SantAna CARTOGRAFIA PRÁTICA ANTIGA CIÊNCIA RECENTE Objetivos de Aprendizagem Apresentar a relação histórica da Cartografia com as diferentes sociedades Refletir sobre o processo de sistematização da ciência cartográfica Apresentar as relações entre a Cartografia e a Geografia Plano de Estudo A seguir apresentamse os tópicos que você estudará nesta unidade O mapa na história da humanidade A ciência cartográfica As relações entre a Cartografia e a Geografia INTRODUÇÃO Caroa acadêmicoa iniciaremos nossos estudos sobre a Cartografia discutindo o seu papel ao longo da história da humanidade Como será visto embora a prática de mapear o espaço seja anterior à escrita a sistematização da Cartografia como ciência autônoma é muito recente remontandose ao período que sucede a Segunda Guerra Mundial Nesse sentido abordaremos a Cartografia em dois momentos distintos porém complemen tares a Cartografia enquanto prática humana inerente à necessidade de compreensão e exploração do espaço e enquanto ciência autônoma com paradigmas e linhas de pes quisa sistematizadas por um amplo corpo de pesquisadores Este percurso deve estar intimamente desenvolvido na consciência doa professora de Geografia pois a evolução da Cartografia remete a própria com preensão do espaço O mapa muito além de um registro estático da realidade revela visões de mundo e estratégias cognitivas de compreensão do espaço pelos seres humanos A Cartografia não deve ser reduzida a um catálogo de conteú dos a ser transmitido peloa professora mas trabalhada como um saber que será desenvolvido a um só tempo com toda a trajetória do aluno de Geografia Todavia como construir uma visão integrada da Cartografia ao conhecimento geográfico Este é um desafio cotidiano e permanente tanto do professor quanto do aluno Nosso objetivo nesta unidade é demonstrar como o conhecimento humano na representação do espaço evoluiu e se transformou em um corpo sistematizado de conhecimento que é a ciência cartográfica Para tanto assinalaremos o papel histórico dos mapas como signos do seu tempo e sua valorização com o advento do capitalismo Em um segundo momento discutiremos o contexto da transfor mação da Cartografia em uma ciência autônoma da Geografia e quais foram os principais esforços na construção de uma agenda de pesquisas para essa ciência Esperamos que essas discussões permitam que você desenvolva uma leitura mais ampla e integrada do papel da Cartografia em nossa sociedade bem como dos caminhos que essa ciência percorreu até os dias atuais Introdução Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 13 CARTOGRAFIA PRÁTICA ANTIGA CIÊNCIA RECENTE Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 I U N I D A D E 14 O MAPA NA HISTÓRIA DA HUMANIDADE Caroa alunoa você já pensou como seria difícil desenvolver suas ativida des cotidianas sem conhecer o seu espaço Desconhecer os principais trajetos da cidade a disposição das avenidas centrais ou até mesmo a direção correta do nosso destino tornaria a nossa rotina muito mais difícil É por essa razão prática que o saber geográfico constitui desde os primórdios da humanidade uma con dição para a sobrevivência humana É por meio desse saber que os seres humanos se orientam e se deslocam no espaço criam territórios e elaboram estratégias essenciais para a manutenção de sua vida sendo o mapa um importante ins trumento que auxilia os seres humanos antes mesmo do surgimento da escrita Segundo Matias 1996 na préhistória o conhecimento do meio era trans mitido de forma oral e gestual e seu registro era realizado por meio de inscrições gráficas em rochas nos interiores das cavernas O conhecimento era restrito a sua vivência mais imediata e estava associado as atividades essenciais para a manutenção do grupo tais como a pesca a caça e a moradia O gesto a pintura e a produção de sons por exemplo tornam possível que os seres humanos produzam e manipulem elementos mentais que denominaremos representações ou signos De acordo com Santaella 2012 signo é tudo aquilo que independente do seu material constituinte O Mapa na História da Humanidade Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 15 ou da sua forma representa algum aspecto de algo para alguém Podemos afirmar portanto que as palavras que falamos no nosso dia a dia os gestos que fazemos no trabalho ou as ideias vagas que temos quando assistimos uma aula são signos embora o modo com que funcionem sejam diferenciados O mapa neste sentido também pode ser considerado um signo ou melhor um complexo sistema de signos que comunica algum aspecto do espaço para outras pessoas ou para nós mesmos Vale notar que o desenvolvimento de novas técnicas torna possível que os seres humanos criem signos mais elabo rados com mais possibilidades de uso e isso naturalmente é válido também para os mapas Basta imaginarmos como é muito mais fácil identificarmos hoje a orientação geográfica de um fenômeno a partir do Google Maps se comparar mos por exemplo a um mapa do século XIII Com o desenvolvimento da técnica o homem tornouse capaz de realizar ativi dades mais complexas e de criar um meio cada vez menos restrito às possibilidades ofertadas pela natureza o desenvolvimento da agricultura permitiu aos homens a sedentarização e demandou conhecimento de áreas mais próprias para o cultivo as caravelas permitiram que novos territórios alémmar fossem conquistados e tornou urgente a confecção de mapas para a navegação enquanto as Revoluções Industriais criaram novas demandas de recursos energéticos e o entendimento de sua distribui ção e localização Representar o espaço portanto sempre foi uma necessidade para o desenvolvimento dos povos Contudo assim como afirmamos toda representação é parcial e limitada na sua função de representar os fenômenos qual seria o aspecto limitado que os mapas deveriam representar do espaço Sabemos que a localização é uma preocupação recorrente dos mapas mas será que é a última Caroa alunoa vejamos uma descoberta emblemática que pode nos aju dar a responder esta questão Em 1963 durante as escavações arqueológicas em Çatal Höyük na região centroocidental da Turquia uma equipe de arqueólogos descobriu o que seria o mapa autêntico mais antigo já encontrado elaborado apro ximadamente 6000 aC Embora este mapa primitivo apresente certas similitudes com as plantas cartográficas modernas sua utilização era voltada para a realização de um ritual sagrado muito diferente dos usos dos mapas atuais HARLEY 1991 Como você pode notar pela reconstituição do mapa na Figura 1 é possível identifi carmos o traçado de um povoado neolítico e ao fundo o vulcão Hasan Dag em erupção CARTOGRAFIA PRÁTICA ANTIGA CIÊNCIA RECENTE Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 I U N I D A D E 16 Figura 1 Reconstituição do mapa de Çatal Höyük Turquia Fonte Pour la science 2014 online¹ Figura 2 Imagens da escavação onde o mapa foi encontrado Fonte Ancient Wisdom 2019 online² O reconhecimento de um espectro mais amplo de representações espaciais como mapas é um fenômeno recente resultado da adoção de uma visão menos eurocêntrica e mais universal de como as sociedades humanas entendem e O Mapa na História da Humanidade Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 17 representam seus espaços John Brian Harley 1932 1991 um dos principais pesquisadores da história da Cartografia ressalta que os produtos cartográficos que não seguiam os padrões da Cartografia Europeia de exatidão passaram a ser considerados mapas apenas há algumas décadas Anteriormente eram tratados apenas como curiosidades cartográficas HARLEY 1991 p 5 É esse tipo de mudança de pensamento que tornou possível que hoje as representações antigas as quais eram confeccionadas em tiras vegetais conchas ou até mesmo madeira sejam consideradas mapas antigos Figura 3 Mapa indígena das Ilhas Marshall Descrição da imagem mapa indígena das Ilhas Marshall construído em tiras vegetais e conchas O mapa consiste em uma quadrícula ortogonal feita em tiras vegetais representando o mar livre e as tiras vegetais curvas as frentes das ondas próximas às ilhas representadas pelas conchas Fonte Raisz 1969 p 7 CARTOGRAFIA PRÁTICA ANTIGA CIÊNCIA RECENTE Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 I U N I D A D E 18 Figura 4 Mapa de GaSur Descrição da imagem o mapa de GaSur foi confeccionado em uma pequena placa de barro que representa o rio Eufrates com montanhas em cada lado Data de aproximadamente 2500 aC Fonte Raisz 1969 p 9 As características selecionadas do espaço para sua representação cartográfica são variáveis não estando restrita unicamente à localização exata dos fenôme nos Ao longo da história da humanidade os mapas foram empregados para localizar os fenômenos e para fins ritualísticos demarcar fronteiras mapear recursos naturais expressar visões da organização do próprio mundo e dentre muitos outros papéis Hoje a Cartografia é reconhecida como uma linguagem mais universal e mais antiga do que se pensava e não estamos nos referindo ao termo Cartografia neste momento como uma ciência exata mas como um conjunto de saberes envolvidos na produção de representações do espaço que cada povo desenvol veu de acordo com suas necessidades Isso significa que seria um reducionismo irresponsável definir que o conhecimento humano na construção de mapas ocor reu de maneira linear e de acordo com a nossa visão moderna da Cartografia Vários povos antigos como os chineses indianos gregos e indígenas por exem plo desenvolveram suas cartografias mas cada um com suas particularidades O Mapa na História da Humanidade Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 19 Os gregos são reconhecidos como importantes contribuintes para a formu lação da Cartografia por diversos motivos pelo estudo da forma da Terra pelo emprego da geometria na obtenção das dimensões do nosso planeta pelo desen volvimento do princípio do sistema de coordenadas geográficas e inclusive pelas discussões sobre as projeções cartográficas Ao contrário do que muitas pessoas imaginam a ideia da esfericidade da Terra no mundo grego não tem origem nas observações astronômicas mas em argumentos filosóficos Hecateu 500 aC um geógrafo jônico considerava que o planeta tinha um formato de disco no qual ao redor corriam as águas dos oceanos Entretanto a filosofia grega considerava que a esfera era a forma geométrica mais perfeita o que justificaria que o nosso planeta assumisse uma forma esferoidal e não plana justamente por acreditarem que nosso planeta fosse uma obraprima dos deuses A hipótese da esfericidade da Terra foi comprovada posteriormente pelo povo grego por meio de observações em campo além do estabelecimento de conceitos ainda hoje usados como Equador Polos Trópicos Zonas Tórridas Temperadas e Frias RAISZ 1969 Erastótenes de Cirene 276 a 196 aC é um dos grandes nomes da Antiguidade que contribuiu sobremaneira na Cartografia Responsável pela Biblioteca de Alexandria realizou a medição da Terra a partir de um poço na cidade de Siena durante o solstí cio de verão e calculou que a sua circunferência era de 46 mil quilômetros um valor apenas 16 distante do valor real Além disso construiu um mapamúndi do mundo habitado que contava com paralelos e meridianos para a localização Outro importante personagem grego foi Cláudio Ptolomeu 90 a 168 dC que desenvolveu um sistema de representação da Terra baseado na utilização de uma grade quadriculada de coordenadas baseadas na posição dos corpos celes tes CROSBY 1999 Sua principal obra é intitulada Geografia que consistia em oito volumes descrevendo os princípios teóricos empregados nas projeções carto gráficas e nos mapas presentes em sua coletânea Embora a base de dados usada por Ptolomeu era oriunda de mapas antigos e relatos de viajantes seu conjunto de mapas é considerado o primeiro Atlas Universal RAISZ 1969 CARTOGRAFIA PRÁTICA ANTIGA CIÊNCIA RECENTE Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 I U N I D A D E 20 Figura 5 Mapamúndi gravado por Johannes Schnitzer 1482 a partir da obra de Ptolomeu Fonte Open Culture 2017 online³ A evolução dos mapas no entanto nem sempre apresentou um desenvolvi mento progressivo e pautado na exatidão das medidas da superfície terrestre A cartografia romana por exemplo não priorizava o aprimoramento do sistema de latitudes e longitudes as medições astronômicas e as projeções Seus objeti vos eram mais práticos para fins militares e administrativos o que resultou no resgate de representações mais simples que assim como os geógrafos jônicos adotavam mapas que representavam a Terra em formato de disco Durante a Idade Média período que se estendeu na Europa do século V ao século XV predominou a visão teológica do universo sob forte influência da Igreja Católica que estabeleceu um domínio cultural e social no velho continente por dez séculos O comércio perdeu a importância conquistada na Antiguidade o que afetou diretamente as estratégias e estilos empregados na confecção de mapas deste período e um mapa muito representativo da Idade Média é o mapa TO Ele demarca uma visão esquemática do mundo compatível com os preceitos bíblicos de que o mundo era cercado por um grande oceano e entrecortado por três massas continentais que representavam a Europa Ásia e África com Jerusalém ocupando geralmente o centro A letra T localizada dentro do círculo que lembra a letra O Mapa na História da Humanidade Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 21 O corresponde a três corpos dágua o rio Nilo o rio Dom e na parte inferior o mar Mediterrâneo como você pode conferir na Figura 6 Figura 6 Um típico Mapa TO Fonte Raisz 1969 Este mapa é ilustrativo porque demonstra uma característica que por vezes é invi sível quando olhamos os produtos cartográficos contemporâneos todo mapa é uma construção social criada a partir de visões de mundo que podem ser muito distin tas entre os povos ao longo do tempo Isso não significa que devemos considerar que os mapas são mentirosos ou dispensáveis ao contrário este aspecto da parcia lidade e relatividade do seu conteúdo é inerente a qualquer outra prática humana Acontece que com as mudanças das necessidades de uma sociedade alteramse suas produções intelectuais inclusive os mapas A visão teológica dominante na Idade Média por exemplo era insuficiente para outros propósitos como a nave gação o que acabou por impulsionar no século XIII o desenvolvimento de um novo estilo de mapa voltado para os navegadores os mapas portulanos Como o nome sugere os mapas portulanos priorizavam a representação mais CARTOGRAFIA PRÁTICA ANTIGA CIÊNCIA RECENTE Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 I U N I D A D E 22 exata dos portos e dos trajetos para o deslocamento nos mares e oceanos Nesse sentido elementos familiares como a rosadosventos voltaram a ser emprega dos na Cartografia assim como uma crescente preocupação em representar com detalhes os acidentes geográficos litorâneos embora contassem com pouquíssimas informações das áreas do interior dos continentes Os portulanos foram conce bidos para águas cercadas ou quasecercadas por terras como o Mediterrâneo e estiveram associados ao uso da bússola o que gerava certa independência dos navegadores em relação à visibilidade dos astros celestes para determinar sua orientação CROSBY 1999 O problema é que para a navegação em grandes dis tâncias suas distorções eram muito significativas o que levou a um esforço dos cartógrafos em desenvolver mapas mais precisos e funcionais para a navegação Figura 7 Mapa Portulano do século XVII Descrição da imagem os mapas portulanos eram compostos por um sistema de várias rosadosventos e rumos para a navegação com a bússola Eram geralmente confeccionados em peles de animais Fonte Wikimedia Commons 2019 online4 A descoberta de um exemplar da obra Geografia de Ptolomeu no ano de 1440 em Florença contribuiu significativamente na transformação da percepção espacial do Ocidente No século XV as técnicas de representação cartográfica a O Mapa na História da Humanidade Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 23 partir do uso de uma grade de coordenadas empregadas por Ptolomeu já esta vam integradas nas práticas dos cartógrafos europeus Além disso a Terra era frequentemente representada numa esfera com latitudes e longitudes sem dúvida foi uma transformação importante sobretudo quando comparamos com os mapas medievais Com o fim da Idade Média a Cartografia volta a ganhar importância espe cialmente para a delimitação de rotas comerciais para o registro de novas terras e para o planejamento de estratégias para a expansão dos territórios Raisz 1969 identifica três principais motivos para a rápida transformação que a Cartografia presenciou neste período quais sejam a a redescoberta e a correção da obra de Ptolomeu que continha informações exageradas sobre alguns aspectos terrestres b o desenvolvimento da imprensa e o consequente aumento na difusão de mapas mais acessíveis economicamente ao público e c os Grandes Descobrimentos que geraram novas informações e uma demanda crescente de novos mapas mais precisos Tudo isso pode ser comprovado por Harvey 2009 p 221 o qual sus tenta que o saber geográfico se tornou uma mercadoria valiosa numa sociedade que assumia uma consciência cada vez maior de lucro Ao longo dos séculos XVI e XVII a Cartografia foi desenvolvida e aprimo rada por diversas sociedades que a enxergavam como um meio necessário para o crescimento econômico e a conquista de novas terras e mercados Além dos portugueses espanhóis e italianos os holandeses vivenciaram um período de grande destaque na Cartografia com destaque para Gerhard Kremer também conhecido por seu nome latinizado Geraldo Mercator 1512 1594 Além do desenvolvimento da projeção cartográfica que leva seu nome Mercator teve o mérito de revisar os estudos de Ptolomeu sobre Geografia Astronomia História Natural e das Ciências Naturais baseado em relatos de navegantes mais confiáveis e a partir de dados de viagens empreendidas por ele mesmo Entretanto havia alguns problemas significativos que assolavam os mapas desse período em áreas com pouca informação disponível era comum que fossem preenchidos os espaços em branco dos mapas com informações fic tícias ou exageradas para se tornarem mais atrativos comercialmente RAISZ 1969 assim como exemplifica a Figura 8 CARTOGRAFIA PRÁTICA ANTIGA CIÊNCIA RECENTE Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 I U N I D A D E 24 Figura 8 Caspar Plautius 1621 um exemplo de mapa com informações fictícias Fonte DreyerEimbcke 1996 No século XVIII a França vivencia um período de forte desenvolvimento cul tural baseado nos ideais iluministas o que resultou na produção de mapas que buscassem retratar de maneira minuciosa e exata as informações conhecidas dos territórios Foi a partir desse século que surgiram os Serviços Geográficos Nacionais responsáveis por realizar o levantamento topográfico dos seus terri tórios geralmente empreendido pelo exército A palavra atlas que hoje utilizamos para designar publicações que reúnem um conjunto de mapas também nos foi legada por Mercator Como con sequência de um trabalho de muitos anos foram reunidos vários mapas para resultar numa publicação a qual Mercator chamou de Atlas Devemos lembrar entretanto que a edição só ocorreu em 1595 quatro meses após a morte de Mercator por iniciativa de seu filho Rumold O motivo que levou à escolha da palavra atlas entretanto ainda gera discussões Para alguns foi escolhida como uma homenagem ao rei Atlas da Mauritânia para ou tros teria sido uma referência à divindade grega Atlas que de acordo com a mitologia tendo tomado o partido dos gigantes contra os deuses e preten dendo derrubar o céu fora condenado por Zeus a sustentálo nos próprios ombros Fonte Duarte 2002 O Mapa na História da Humanidade Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 25 No Renascimento há uma aproximação muito significativa entre as ativida des de geógrafos e cartógrafos isto é na compreensão e na representação do espaço porque ainda não havia instrumentos suficientes para a determinação das longitudes o que exigia que os geógrafos trabalhassem com o levantamento das latitudes a partir da Astronomia e a aproximação das longitudes a partir da interpretação crítica dos relatos de viagens Esse cenário transformouse signi ficativamente com o desenvolvimento do cronômetro marinho e tornou a tarefa de produção de mapas um conhecimento mais familiar aos engenheiros cartó grafos do que aos geógrafos Assim como lembra Claval 2009 essa mudança levou os geógrafos a perderem metade de seu campo de atuação para os cartógra fos buscando especializarse nas formas de descrição e interpretação do espaço ao contrário dos engenheiros cartógrafos que se especializaram na representa ção geométrica e na coleta de dados Embora essa transformação tenha se intensificado a partir do século XVIII a Cartografia só foi considerada ciência autônoma com paradigmas e teorias pró prias no período que sucede a Segunda Guerra Mundial Caroa alunoa vamos compreender o contexto e as implicações dessa institucionalização A cartografia une o objetivo ao subjetivo a prática aos valores o mito ao fato comprovado a precisão à aproximação Você consegue identificar esses aspectos aparentemente contraditórios nos mapas que você usa CARTOGRAFIA PRÁTICA ANTIGA CIÊNCIA RECENTE Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 I U N I D A D E 26 A CIÊNCIA CARTOGRÁFICA Se existe um momento em que o conhecimento do território é uma questão literalmente de vida ou morte este momento é durante uma guerra com o desenrolar das Primeira e Segunda Guerras Mundiais no século XX mapear o território inimigo tornouse fundamental Contudo como criar mapas confi áveis eficazes em representar o espaço e de rápido entendimento Essas eram questões que durante a Segunda Guerra Mundial eram urgentes e desafiavam Arthur Robinson o responsável pela Divisão de Mapas do Escritório de Assuntos Estratégicos dos Estados Unidos da América MONTELLO 2002 Robinson amadureceu um repertório de experiências muito significativas durante a guerra o que motivou a sintetizar suas lições apreendidas em um livro denominado The Look of Maps an examination of cartographic design em algo como A aparência dos mapas um exame do desenho cartográfico publicado em 1952 A grande inovação desse material foi a apresentação de um estudo siste mático de como elaborar adequadamente um projeto cartográfico isto é as diretrizes que deveriam guiar a construção de um mapa cuja chave estaria no entendimento das limitações da percepção visual humana De acordo com Robinson 1952 a essência da Cartografia é tornar uma infor mação inteligível para o leitor Mais do que simplesmente desenhar a Cartografia A Ciência Cartográfica Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 27 deve pensar em métodos adequados para selecionar generalizar e representar as informações do espaço para algum usuário de mapas Nessa obra Robinson construiu uma aproximação entre a Psicologia e a Cartografia mais especificamente em um modelo de análise estímuloresposta conhecido como psicofísico Basicamente esse modelo comparava as respostas que os usuários de mapas relatavam na percepção do tamanho e das cores empre gadas nos símbolos cartográficos embora não fizesse parte desse programa de pesquisas uma preocupação em entender o porquê determinada sequência de cores por exemplo era mais bem avaliada que outra SANTIL SLUTER 2011 Mesmo que não fosse o primeiro a sugerir que a Cartografia deveria se aproxi mar da Psicologia para compreender como os mapas efetivamente funcionavam Robinson foi o primeiro a publicar um estudo sistemático de mapas que seguiu essa estratégia metodológica MONTELLO 2002 The Look of Maps foi responsável por semear um princípio que transformaria a Cartografia nas décadas seguintes de que os usuários de mapas deveriam ser considerados na definição das proposições do projeto cartográfico pois o mapa serve como um canal de comunicação entre dois entes o autor de mapas e o usuário No caso se o mapa é um canal de comunicação sua eficácia só poderia ser avaliada se o destinatário final fosse considerado nessa equação Essa cons trução de princípios deveria estar alicerçada na pesquisa empírica com testes laboratoriais o que de certa forma afastou a ideia da Cartografia como uma prática artística e a aproximou de uma prática científica sistematizada Evidentemente separar a ciência da arte e etiquetar um mapa como pertencente apenas a uma dessas categorias é um reducionismo perigoso Assim esperamos que nossa breve apresentação da história dos mapas no início deste capítulo tenha deixado claro que essa questão é muito mais complexa Entretanto o que gosta ríamos de pontuar é que foi a partir da publicação da obra de Arthur Robinson que a Cartografia passou a ser abordada como uma ciência que necessitava de testes empíricos para sua evolução e não apenas impressões estéticas individuais dos seus autores Didaticamente podemos dizer que a Cartografia era pensada a partir de um novo paradigma que denominaremos Comunicação Cartográfica CARTOGRAFIA PRÁTICA ANTIGA CIÊNCIA RECENTE Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 I U N I D A D E 28 O PARADIGMA DA COMUNICAÇÃO CARTOGRÁFICA Quando afirmamos que uma ciência constrói um paradigma estamos dizendo que um grupo de pesquisadores compartilham alguns princípios para a inves tigação e para o entendimento do seu objeto de estudo De acordo com Correa 2011 p 60 um paradigma é um conjunto de ações intelectuais que possibi litam estabelecer uma dada inteligibilidade à realidade com base em conexões de ideais de natureza descritiva explicativa normativa preditiva ou compreen siva No caso da ciência cartográfica o primeiro paradigma que orientou o maior número de programas de pesquisa é denominado comunicação cartográfica O primeiro e principal aspecto desse paradigma foi considerar que todo mapa é constituído por mensagens prédefinidas pelo seu autor de tal modo que a grande tarefa da Cartografia seria investigar quais são as estratégias mais otimi zadas para se transmitir estas mensagens para um usuário MACEACHREN 1995 Essa tentativa de compreender o processo de comunicação entre o autor o mapa e o usuário deu origem a uma série de modelos esquemáticos para tornar mais inteligível o processo de comunicação cartográfica sendo o principal deles aprimorado e publicado por Koláčný em 1969 assim como ilustra a Figura 9 REALIDADE REALIDADE DO CARTÓGRAFO REALIDADE DO USUÁRIO Sobreposição de Realidades Necessidades Objetivas Tarefas Objetivas Conhecimento Experiência Conhecimento Experiência Processos psicológicos Processos psicológicos Efeito da informação cartográfca concretizada Concretização da informação cartográfca Habilidades Habilidades Conteúdo da mente do Cartógrafo Conteúdo da mente do Usuário Linguagem Cartográfca Linguagem Cartográfca Ação baseada na leitura da informação cartográfca Observação e seleção da realidade MAPA Figura 9 Modelo da comunicação cartográfica Descrição de imagem modelo de comunicação da informação cartográfica proposto por Koláčný em 1969 O modelo se constitui como um fluxo informativo que tem como origem a mente do cartógrafo que se materializa no mapa e é direcionado para o usuário A comunicação seria bemsucedida quando uma parcela da realidade do cartógrafo correspondesse ao repertório da realidade do usuário Fonte adaptado de MacEachren 1995 A Ciência Cartográfica Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 29 Basicamente o modelo da comunicação da informação cartográfica se constitui no reconhecimento de que a transmissão de uma informação é sempre relativa ao universo do autor de mapas que propõe uma mensagem a ser transmitida Os signos que representam as ideias da mente do cartógrafo e tornam possível a comunicação são materializados na linguagem cartográfica e a eficácia das escolhas feitas pelo autor dependem de vários fatores tais como a experiência profissional de quem produz o mapa as particularidades dos seus processos psi cológicos os meios técnicos para a confecção do produto cartográfico dentre outros O mapa portanto é apenas um momento de uma cadeia comunicativa de ideias e sua eficácia em transmitilas depende do esforço dos cartógrafos em realizar a máxima diminuição de ruídos possíveis Então o que é um ruído Vamos imaginar uma situação hipotética em que estamos conversando por meio de uma ligação telefônica De repente um cami nhão passa ao lado de um dos falantes impedindo que o ouvinte escute com clareza a mensagem transmitida na conversa Pode ser ainda que um dos tele fones empregados na conversa tenha um defeito no microfone o que impede a captação adequada do áudio ou ainda que um dos interlocutores utilize uma expressão verbal desconhecida pelo ouvinte Temos três exemplos de ruídos que impedem uma comunicação eficaz No mapa são considerados ruídos quaisquer elementos que dificultem sua leitura como a confecção de símbolos muito pequenos o uso de contraste de cores muito exageradas a presença de informações irrelevantes que causem distrações no lei tor ou até mesmo a qualidade gráfica insuficiente da impressão Nesse sentido o autor de mapas deve identificar e corrigir os ruídos do mapa para que a comu nicação da informação cartográfica seja a mais direta possível GARBIN 2016 O segundo domínio do esquema de comunicação cartográfica proposto por Koláčný é relativo ao repertório de conhecimentos pertencentes ao usuário de mapas É nele que os conteúdos representados pelo mapa serão extraídos e essa tarefa exige que o leitor conheça minimamente as convenções e as caracterís ticas que estruturam a linguagem cartográfica bem como tenha as condições ambientais e cognitivas mínimas para que a mensagem obtida seja interpretada O terceiro aspecto que chama a atenção desse esquema é a sobreposição das realidades do autor de mapas e do usuário Essa área sobreposta significa que deve CARTOGRAFIA PRÁTICA ANTIGA CIÊNCIA RECENTE Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 I U N I D A D E 30 existir um ponto de contato entre o repertório de conhecimento da linguagem cartográfica entre o emissor e o receptor para que a mensagem seja devidamente compreendida O mapa portanto deve ser construído tendo em vista que pon tos de contato são esses e a maneira de descobrilos é investigando o perfil do usuário para o qual o mapa se destina O problema é que nesse paradigma os usuários de mapas são considerados meras caixas pretas que respondem ao estímulo do mapa desconsiderando a criatividade a inventividade a influência da cultura o contexto e a subjetividade dos seres humanos na interpretação de um produto cartográfico KENT 2018 MACEACHREN 1995 Embora seja um princípio importante na prática os mapas poucas vezes apresentam a característica de ter uma mensagem específica construída pelo cartógrafo ou geógrafo Que tal explorarmos algumas situações para compre endermos as limitações desse princípio Considere uma carta topográfica um dos produtos mais conhecidos da Cartografia qual é a mensagem que essa carta comunica Será que é a localização exata das cotas de altitude do terreno A posi ção relativa dos cursos dágua Ou o tamanho das cidades Figura 10 Fragmento de uma carta topográfica Fonte Wikimedia Commons 2019 online5 A Ciência Cartográfica Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 31 Mesmo se considerarmos que a localização dos fenômenos da paisagem seja a mensagem principal desse produto essa visão seria ainda incompleta pois um geólogo poderia encontrar novas informações ou mensagens mais específicas da dinâmica da paisagem se compararmos com a leitura realizada por um engenheiro civil por exemplo Além disso será que quem faz o mapa tem todo o controle e conhecimento das informações que um mapa pode conter Há ainda novos complicadores que não existiam no momento de adoção desse paradigma será que a disseminação de computadores que transformam o mapa de maneira ins tantânea torna útil esse tipo de modelo de comunicação Como você caroa alunoa pôde perceber as perguntas são diversas Para construirmos uma resposta satisfatória é necessário introduzirmos novos con ceitos nesta linha do tempo da Cartografia tratando de uma ação mental que todos nós realizamos e que a ciência cartográfica começou a integrar em suas discussões teóricas a visualização A VISUALIZAÇÃO CARTOGRÁFICA Assim como percebemos a tarefa primordial do paradigma da comunicação car tográfica foi a de encontrar mapas otimizados e funcionais para a realização de tarefas específicas para cada tipo de usuário Acontece que ao longo da década de 80 e 90 a disseminação de computadores para o grande público forçou os car tógrafos a se depararem com um cenário totalmente novo pessoas comuns sem qualquer formação especializada em mapas tinham acesso a programas computa cionais cada vez mais amigáveis o que tornava a produção de mapas uma tarefa cada vez mais corriqueira e não restrita à especialistas e pesquisadores das geociências Além disso com a facilidade em compartilhar informações via Internet um número cada vez maior de usuários tinha acesso a mapas que não necessaria mente eram voltados para o seu perfil Será que esses novos usuários que não apenas consumiam mas produziam seus próprios mapas buscavam uma for mação complementar para produzir os seus mapas no dia a dia Não e isso levou a comunidade de pesquisadores em Cartografia a repensar alguns princí pios até então amplamente aceitos CARTOGRAFIA PRÁTICA ANTIGA CIÊNCIA RECENTE Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 I U N I D A D E 32 O primeiro ponto que gostaríamos de enfatizar é que independentemente do tipo de uso que os usuários fazem dos mapas todos eles envolvem uma ação cognitiva que consiste em gerar imagens mentais que denominamos visualiza ção Em termos gerais visualizar significa tornar visível para a mente alguma coisa o que não necessariamente significa restringir essa imagem mental ao domínio da visão mas compreendêlas como signos especiais que facilitam um melhor entendimento da realidade por parte dos seres humanos A visualização científica referese às ações de visualização voltadas a explorar a realidade a par tir do método científico e nesse sentido a Cartografia começou a se debruçar sobre o estudo das diferentes formas de visualizar o espaço não só entender melhor suas características físicas mas sociais econômicas sanitárias cultu rais dentre outras O termo empregado para se referir aos modos de visualizar o espaço para a Cartografia é visualização cartográfica ou ainda visualização geográfica ou geovisualização Para que um mapa gere visualizações esperase que seja capaz de facili tar o entendimento de algum aspecto do espaço embora isso de certa forma seja uma tarefa realizada por qualquer bom mapa A questão que é posta como desafiadora é que os computadores permitiram que fossem desenvolvidos sof twares como os Sistemas de Informação Geográfica SIGs que permitem maior interação e consequentemente uma transformação do produto cartográfico sem pre que o usuário precisar Por exemplo a possibilidade de escolher no Google Maps entre uma camada sombreada do relevo das vias de circulação ou da ima gem de satélite permite que o usuário visualize um mesmo espaço da maneira que mais lhe convém Esse era um cenário inimaginável no contexto anterior à Cartografia digital pois os mapas eram congelados no papel e sua atualização poderia ser custosa e demorada Para que essas novas características da Cartografia fossem ressaltadas novos esquemas foram formulados pela comunidade científica cada qual valorizando um novo cenário das pesquisas sobre mapas Vejamos dois dos principais modelos A Ciência Cartográfica Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 33 PENSAMENTO VISUAL COMUNICAÇÃO VISUAL Exploração Confrmação Síntese Apresentação DOMÍNIO PRIVADO DOMÍNIO PÚBLICO Figura 11 Os quatro momentos do uso do mapa exploração confirmação síntese e apresentação Fonte adaptada de MacEachren 1995 O primeiro modelo proposto por DiBiase 1990 enfoca os diferentes momentos no uso dos mapas e agrupam seus usuários em duas grandes classes os especia listas domínio privado e os nãoespecialistas domínio público O domínio privado é composto por pesquisadores ou usuário avançados que utilizam o mapa para gerar um novo conhecimento ou ainda confirmar hipóteses explo ratórias No caso os mapas gerados para esse domínio voltado para a exploração e confirmação de hipóteses científicas pode não necessitar de mapas que sigam rigorosamente todas as convenções cartográficas e sua aparência final pode ser até mesmo considerada pouco amigável por usuários nãoespecialistas Por outro lado usuários nãoespecialistas pertencentes do domínio público usam mapas em um nível mais elementar para a realização de tarefas mais sim ples e cotidianas Basicamente esses usuários decodificam uma informação já explorada e tratada por algum pesquisador o que exige que o mapa seja pen sado inclusive esteticamente para ser amigável a um número maior e menos CARTOGRAFIA PRÁTICA ANTIGA CIÊNCIA RECENTE Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 I U N I D A D E 34 restrito de usuários Nesse sentido o paradigma da comunicação cartográfica é mais evidente nesse domínio marcado pela comunicação visual ao contrário do domínio privado que é marcado pelo pensamento visual É fundamental lembrarmos que essas quatro etapas e esses dois domínios não são excludentes mas predominantes O que o autor de mapas deve considerar é em qual momento no processo de investigação científica de exploração confirmação síntese ou de apresentação o mapa em questão será empregado A capacidade de transformação e adaptação de um mapa ou de um SIG em alterar as formas com que um fenômeno pode ser representado para que novas informações sobre o espaço estudado sejam exploradas ou confirmadas é denominado interatividade Dentre as características que um produto cartográfico pode oferecer pode mos elencar a mudança nos níveis ou camadas de informações alteração rápida no modo de implantação e representação dos dados representação de fenômenos em movimento ou ainda alteração da escala cartográfica de maneira automá tica Essa propriedade de interatividade deve ser sempre considerada de maneira relativa isto é os produtos carto gráficos podem apresentar baixa ou alta interatividade na represen tação dos fenômenos e não deve ser vista como uma propriedade ou presente ou ausente de um mapa Essa propriedade que pode ou não favorecer a visualização é assinalada no esquema desen volvido por MacEachren 1995 e comumente denominada carto grafia ao cubo Comunicação Visualização Público Privado Apresentar o conhecido Revelar o desconhecido Alta interatividade Baixa interatividade Figura 12 O modelo cartografia ao cubo ou cubo cartográfico Fonte adaptada de MacEachren 1995 A Ciência Cartográfica Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 35 Esse modelo conceitual demonstra a presença de três parâmetros que caracteri zam o mapa o tipo de público atendido o grau de interatividade do produto e o tipo de função que desempenha Os vértices opostos formado nos polos con trários dos três parâmetros apresentados indicam a atividade predominante que um produto cartográfico pode desempenhar produtos com alta interatividade usados por usuários do domínio privado para explorar novos conhecimentos priorizam a ação da visualização Por outro lado os usuários do domínio público com acesso aos produtos de baixa interatividade e que usam os mapas para deco dificar informações já confirmadas cientificamente estão inseridos nas atividades típicas da comunicação cartográfica Caroa alunoa para ver na prática como o modelo da cartografia ao cubo funciona acesse o QR Code a seguir Quais atividades podem ser propostas aos alunos da Educação Básica para que se aprenda as diferentes funções desempenhadas pelos mapas em um processo investigativo Para ter mais informações sobre o conteúdo cartografia ao cubo consulte nosso QR Code por meio da sua plataforma CARTOGRAFIA PRÁTICA ANTIGA CIÊNCIA RECENTE Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 I U N I D A D E 36 AS RELAÇÕES ENTRE A CARTOGRAFIA E A GEOGRAFIA Assim como apresentamos no início deste capítulo existe uma relação muito próxima entre o desenvolvimento do conhecimento geográfico dos povos e o desen volvimento de uma cartografia própria A partir do estabelecimento da ciência como forma prioritária de entender a realidade nos séculos XVIII e XIX ocu pando o lugar da visão religiosa que vigorou na Idade Média tanto a Geografia quanto a Cartografia passaram a apresentar forte reciprocidade Esta auxiliando o desenvolvimento do conhecimento geográfico sistematizado e aquela por sua vez promovendo o desenvolvimento de novas formas de representações espaciais É válido relembrar que há grande variedade de geografias reveladas pela história do pensamento geográfico cada qual com períodos que valorizavam abordagens problemas e paradigmas próprios do seu tempo Da mesma forma não há apenas uma cartografia mas várias assim como veremos nas linhas seguintes A Cartografia é atualmente definida pela Associação Cartográfica Internacional como uma disciplina que envolve a arte a ciência e a tecnologia na produção de mapas DENT 1985 Por mapa entendemos uma imagem grá fica que mostra a localização de classes ou categorias de fenômenos no espaço a partir de uma projeção ortogonal KEATES 1989 Além dos aspectos mais As Relações Entre a Cartografia e a Geografia Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 37 imediatamente tangíveis a produção de mapas envolve a coleta de dados seu tra tamento sua generalização e sua simbolização Logo os desafios da Cartografia não envolvem apenas as preocupações mais materiais mas também cognitivas no processo de produção e leitura dos produtos cartográficos De maneira geral encontramos na literatura cartográfica uma classifica ção básica para os mapas em dois grandes grupos mapas de referência e mapas temáticos Caroa alunoa assim como veremos ao longo deste livro essa não é a única forma de classificarmos os mapas mas será o nosso ponto de partida Podemos definir os mapas de referência ainda conhecidos como mapas gerais ou mapas de base como as representações cartográficas que priorizam um alto grau de exatidão na localização dos fenômenos do espaço tanto naturais quanto culturais Geralmente esses mapas são os primeiros gerados pelos Estados para o conhecimento dos recursos naturais dos territórios e para o planejamento sendo comumente executados pelos exércitos As escalas cartográficas desses mapas são variadas entre 110000 e 1100000 e representam os recursos hídricos as vias de circulação do território as curvas de nível o arruamento das cidades as fronteiras e limites administrativos e outros ele mentos da paisagem que se encontram ali de maneira permanente O título desses mapas remete sempre ao nome da localidade principal inserida no recorte espacial feito pelo autor de mapas Até a metade do século XVIII este era o tipo de mapa domi nante sendo a carta topográfica o seu produto típico JOLY 1990 KEATES 1989 A segunda grande categoria de mapas são os mapas temáticos também denominados mapas especiais que têm como objetivo demonstrar a distri buição espacial de algum fenômeno geográfico específico O desenvolvimento dos mapas temáticos é posterior ao dos mapas de base remontando ao século XVIII Seu surgimento ocorre pela necessidade de novas abordagens científicas do espaço pois a mera catalogação exaustiva dos aspectos visíveis da paisagem presente na cartografia sistemática tornavase cada vez menos suficiente para entender os fenômenos e processos naturais invisíveis como a dinâmica da pres são atmosférica das chuvas da temperatura ou até mesmo de algumas doenças Passavase portanto do estabelecimento de classes eminentemente visuais para categorias mentais dos fenômenos geralmente ressaltando sua estrutura DENT 1985 MARTINELLI 2009 Os mapas temáticos podem ter inumeráveis temas CARTOGRAFIA PRÁTICA ANTIGA CIÊNCIA RECENTE Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 I U N I D A D E 38 mas geralmente são divididos em dois subgrupos os qualitativos que mostram a distribuição ou localização de algum fenômeno e os quantitativos que mostram os aspectos numéricos dos fenômenos especializados Por desenvolver e dispor de novas técnicas para a representação de uma gama cada vez maior de fenômenos a Cartografia passou a ganhar um papel cada vez mais relevante na exploração confirmação síntese e apresentação do conhecimento geográfico sistematizado Voltemos à nossa questão inicial como a Cartografia responde às mudanças de paradigmas da Geografia no estudo do espaço Seria possível identificarmos tipos privilegiados de mapas nas correntes do pensamento geográfico Mais do que determinarmos os tipos de mapas que cada momento histórico da Geografia prioriza devemos entender quais são as maneiras que os geógrafos utilizam os mapas para subsidiar suas investigações Na Geografia Clássica por exemplo que priorizava a catalogação e descrição do espaço os mapas eram ferramentas usa das para a indicação da localização dos cursos dágua a extensão da vegetação ou mesmo das cidades Na Geografia Regional os mapas eram empregados para a regionalização e a identificação das particularidades de um determinado recorte espacial tanto para fins acadêmicos quanto para o planejamento do território No contexto da Nova Geografia que propõe estudar as organizações espa ciais por meio do emprego de teorias modelos e técnicas matemáticas o mapa passa a ser entendido como um modelo da realidade É relativamente fácil visualizar os mapas como modelos representativos do mundo real mas é importante compreender que eles são também modelos conceituais que contêm a essência de generalizações da realidade Nessa perspectiva mapas são instrumentos analíticos úteis que ajudam os inves tigadores a verem o mudo real sob uma nova luz ou até proporcionarlhes uma visão inteiramente nova da realidade BOARD 1975 p 140 De maneira mais imediata não há nenhum problema em tratarmos os mapas como modelos quando temos a consciência da sua insuficiência em esgotar toda a dinâ mica e a complexidade do espaço geográfico O problema maior que gerou uma série de críticas a essa Geografia Quantitativa foi a adoção de técnicas estatísticas para a geração de dados sem um questionamento sobre o significado histórico dos processos que produziram as características do espaço investigado É válido lem brar que o mapa nunca pode ser visto como um produto com um fim em si mesmo isto é sem um uso que envolva o entendimento de algum aspecto do espaço As Relações Entre a Cartografia e a Geografia Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 39 No período de renovação da Geografia surgiu uma corrente que segundo Christofoletti 1982 tem como foco centralizar a experiência individual ou do grupo na busca da compreensão do comportamento e da percepção das pessoas em relação aos seus lugares Esse movimento utiliza a fenomenologia existencial para delimitar a noção de espaço como o espaço presente permeado de senti mentos imaginação e subjetividades Nesse movimento a Cartografia centrase nos estudos da percepção do espaço pelo indivíduo e na influência dos elemen tos cartográficos na percepção das pessoas Contudo de que forma De acordo com Claval 2011 no início dos anos 60 os geógrafos ficaram fascinados com os estudos desenvolvidos por Kevin Lynch sobre a imagem que as pessoas construíam em relação às cidades que habitavam pedindo para que estas desenhassem em folhas em branco mapas espontâneos também denomi nados de mapas mentais que podem ser considerados Imagens espaciais que as pessoas têm de lugares conhecidos direta ou indiretamente As representações espaciais mentais podem ser do es paço vivido no cotidiano como por exemplo os lugares construídos do presente ou do passado de localidades espaciais distantes ou ainda formadas a partir de acontecimentos sociais culturais históricos e eco nômicos divulgados nos meios de comunicação ARCHELA GRA TÃO TROSTDORF 2004 p 127 Figura 13 Exemplo de mapa mental desenhado por um adolescente de 14 anos Fonte Archela Gratão e Trostdorf 2004 CARTOGRAFIA PRÁTICA ANTIGA CIÊNCIA RECENTE Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 I U N I D A D E 40 O mapa mental é um elemento intangível presente na memória dos seres huma nos utilizado para a localização orientação e julgamentos espaciais Entretanto esse termo é frequentemente adotado para nomear os desenhos espontâneos esquemáticos e pouco rigorosos do ponto de vista matemático que os seres humanos produzem geralmente em folhas de papel No ensino de Geografia esse tipo de recurso é muito utilizado nas séries iniciais como recurso para o diagnóstico de apreensões gerais dos alunos e como ponto de partida para ama durecer uma alfabetização cartográfica No ensino de Geografia a Cartografia é considerada uma linguagem impor tante na promoção do entendimento do espaço geográfico cujo interesse temse mostrado crescente entre os professores desde a publicação dos Parâmetros Curriculares Nacionais de Geografia na década de 1990 Esse aspecto todavia será aprofundado nos próximos capítulos pois a alfabetização cartográfica exige a adoção de estratégias especiais pelo professor de Geografia CONSIDERAÇÕES FINAIS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 41 CONSIDERAÇÕES FINAIS Caroa alunoa a Cartografia é um conhecimento que sempre esteve presente nas sociedade Além de ser uma ferramenta para localização e deslocamento dos grupos os mapas se constituem como formas de ver e entender a realidade característica cada vez mais valorizada pela Cartografia Histórica É evidente que dada a grande variedade de culturas e demandas seus aspectos são diversos quando olhamos os mapas dos povos antigos mas todos indicam a necessidade de os seres humanos conhecerem o seu espaço Embora seja um saber antigo a sistematização da Cartografia enquanto ciência autônoma é recente datando após a Segunda Guerra Mundial Em um primeiro momento o paradigma vigente na ciência cartográfica considerava o mapa como um canal de informação de uma mensagem prédeterminada mas esse paradigma mostrouse insuficiente pois os mapas não possuem necessa riamente uma quantidade de informação controlada pelo seu autor O conceito de visualização cartográfica emerge então considerando o mapa em sua função mais ampla de gerar imagens mentais do espaço o que abriu novas perspec tivas para que as modernizações tecnológicas inclusive a Cartografia Digital encontrasse um arcabouço teórico consistente Estabelecer a especificidade do perfil do provável usuário de mapas embora seja um dado importantíssimo no estabelecimento das diretrizes do projeto car tográfico é uma tarefa que exige um cuidado por parte do autor ainda maior Isso ocorre porque os computadores dispositivos móveis e a Internet torna ram as geoinformações mais acessíveis para um número muito maior e diverso de usuários Podemos afirmar que o saber cartográfico e geográfico mesmo se concen trando em campos distintos o primeiro tendo interesse em representar o espaço enquanto o segundo preocupase em compreendêlo estão conectados desde antes da invenção da escrita Hoje a Cartografia auxilia a Geografia na geração de visualizações para exploração confirmação síntese e apresentação de novos conhecimentos sendo uma ferramenta importantíssima para o ensino de geo grafia nas escolas 42 1 Embora a Cartografia seja uma prática milenar sua sistematização em uma ci ência autônoma aconteceu somente após a Segunda Guerra Mundial Assinale a alternativa que corresponde à principal característica desse reconhecimento a O surgimento de uma nova categoria de mapas denominada mapas temáti cos que reflete o desenvolvimento tecnológico e as novas formas de coletas de dados b A adoção de um paradigma científico denominado comunicação cartográfi ca que orientou as pesquisas em Cartografia c O desenvolvimento tecnológico dos computadores e dos mapas digitais d O começo da utilização de mapas para a reconstrução das regiões destruí das pela guerra e O amadurecimento da geovisualização como conceito estruturador do pro jeto cartográfico 2 A visão moderna da história da Cartografia reconhece um espectro mais am plo de representações espaciais como mapas legítimos Um dos motivos dessa mudança de perspectiva é o abandono da visão eurocêntrica como parâmetro único de visão correta do mundo Considerando essa tendência analise as afir mações seguintes I A moderna história da Cartografia considera os aspectos cartométricos como balizadores na diferenciação entre um mapa e um desenho qualquer II O conceito de visualização cartográfica pode ser empregado na problemati zação dos mapas préhistóricos III Um dos aspectos que diferencia os mapas antigos dos atuais é que estes possuem a preocupação de serem compreendidos pelo maior número de pessoas possível IV Até mesmo os povos sem escrita desenvolveram mapas para a realização de itinerários pelo território É correto o que se afirma em a I e II apenas b II e III apenas c IV apenas d II III e IV apenas e I II III e IV 43 3 Considerando os mapas apresentados na figura a seguir julgue as afirmações a seguir com V para as Verdadeiras e F para as Falsas Fonte httpsenterprisegooglecombrintlptBRmapsproductsmapsapihtml A capacidade do usuário de alterar as formas de visualização de um fenôme no representado é um exemplo de interatividade É possível afirmarmos que os dois mapas cumprem de maneira satisfatória o mesmo objetivo Predominantemente os usuários que utilizam os dois mapas pertencem ao domínio privado A vertente psicofísica dos estudos em Cartografia fornece estudos para jus tificar a escolha do melhor trajeto definido nos mapas A sequência correta é a V F F F b V V F F c F V V V d F F F V e V V V F 44 4 Todo mapa cumpre uma função isto é não pode ser compreendido como um produto isolado com um fim em si mesmo Considerando o primeiro paradig ma da Cartografia qual é o papel que o usuário de mapas passa a ter na elabo ração do projeto cartográfico 5 O conceito de visualização cartográfica considera que um produto cartográfi co pode cumprir diferentes papéis na construção do conhecimento científico Identifique quais papéis são esses e forneça exemplos que poderiam ser leva dos para os alunos da Educação Básica 45 Desconstruindo o mapa No final da década de 1980 e início da década de 1990 principalmente na literatura anglosaxônica ampliouse a discussão sobre natureza subjetiva e retórica do mapa Um dos precursores dessa discussão foi J Brian Harley com seu artigo Deconstructing the map publicado na revista Cartographica em 1989 Harley 1989 propõe uma leitura da natureza da Cartografia a partir da concepção do mapa como uma construção social Com base principalmente nas obras de Derrida e Foucault o autor propõe a descons trução do mapa por meio da análise de sua textualidade e de sua natureza retórica e metafórica Harley afirma que as análises conceituais usuais da história da Cartografia se baseavam em fundamentos filosóficos que estabeleciam uma leitura prémoderna ou então moderna do tema e por isso era necessário desenvolver uma análise a par tir de fundamentações filosóficas que permitissem uma leitura pósmoderna Para isso Harley afirma que a estratégia de desconstrução seria a chave O autor apresenta a des construção como tática para romper a ligação entre realidade e representação que tem dominado o pensamento cartográfico o objetivo é sugerir que uma epistemologia alternativa baseada mais na teoria social do que no positivismo científico é mais apropria da para a história da Cartografia p 02 grifo do autor Da teoria de Foucault Harley 1989 utiliza para o processo de desconstrução do pensa mento cartográfico a ideia da onipresença do poder em todo o conhecimento mesmo sendo o poder invisível ou implícito incluindo o conhecimento particular codificado nos mapas e atlas Das ideias de Derrida ele toma a presença de retórica em todos os textos o que demanda uma busca por metáfora e retórica em mapas que antes os pes quisadores encontravam somente medidas e topografia p 03 Nesse sentido o mapa é visto como um texto a partir da compreensão de que o que constitui um texto não é a presença de elementos de linguística mas o ato de construção sendo assim os ma pas como construções que empregam um sistema de signos convencional tornamse texto p 07 Os mapas são artefatos culturais A partir desses princípios o autor propõe que a desconstrução do mapa é uma forma de leitura que Nos leva a ler nas entrelinhas do mapa nas margens do texto e atra vés de suas figurações a descobrir os silêncios e as contradições que de safiam a aparente honestidade da imagem Começamos a aprender que os fatos cartográficos somente são fatos dentro de uma perspectiva cul tural específica Começamos a entender como os mapas assim como a arte longe de serem uma abertura transparente para o mundo são no entanto uma maneira particular do homem olhar o mundo HARLEY 1989 p 03 grifo do autor Neste contexto a Cartografia é conceituada pelo autor como um discurso um sistema que dispõe de um conjunto de regras para a representação do conhecimento intrínseco às imagens que definimos como mapas e atlas p 12 O autor apresenta duas formas de poder na Cartografia a externa e a interna Por poder externo ele entende o poder exercido por alguém sobre o mapeamento não é o poder intrínseco ao mapa e ao ma 46 peador mas sim o poder que é fruto da demanda do contratante para quem o mapa é elaborado Já o poder interno é o poder próprio do mapa exercido a partir da seleção e hierarquização dos elementos representados HARLEY 1989 Podemos concluir que esses dois poderes são indissociáveis pois só a partir do poder interno é que o poder externo pode existir já que é o tratamento das técnicas e dos elementos representados que possibilita diversas expressões de um mesmo espaço Fonte adaptado de Girardi 2019 online⁶ Material Complementar MATERIAL COMPLEMENTAR O descobrimento da Terra História e histórias da aventura cartográfica Oswald DreyerEimbcke Editora Melhoramentos e Edusp Sinopse este livro mostra que o descobrimento da Terra não foi somente obra de um empreendimento planejado e executado pelas potências marítimas da Europa Ao contrário o acaso mitos enganos e preconceitos também levaram a muitas descobertas curiosas e originaram surpreendentes representação cartográficas Baseado na documentação de um grande número de mapas e cartas geográficas o autor narra a história e as histórias empolgantes do descobrimento da Terra O site da competição de mapas feitos por crianças em homenagem à Barbara Petchenik mostra uma série de mapas criados por jovens do mundo todo Eles expressam visões desejos e medos de centenas de crianças Web httpschildrensmapslibrarycarletonca REFERÊNCIAS ARCHELA R S GRATÃO L H B TROSTDORF M A S O lugar dos mapas mentais na representação do lugar Geografia v 13 n 1 p 127141 2004 BOARD C Os mapas como modelos In HAGGETT P CHORLEY R J org Modelos físicos e de informação em Geografia Rio de Janeiro Editora da Universidade de São Paulo 1975 p 139184 CHRISTOFOLETTI A As perspectivas dos estudos geográficos In CHRISTOFOLETTI A Perspectivas da Geografia São Paulo Difel 1982 CLAVAL P A revolução pósfuncionalista e as concepções atuais da Geografia In MENDONÇA F KOZEL S org Elementos de epistemologia da geografia con temporânea Curitiba Editora da UFPR 2009 p 1146 CLAVAL P Epistemologia da Geografia Florianópolis Editora UFSC 2011 CORREA R L Reflexões sobre Paradigma Geografia e Contemporaneidade Revista da Anpege v 7 n 1 p 5965 2011 CROSBY A W A mensuração da realidade São Paulo Editora Unesp 1999 DENT B D Principles of thematic map design Massachussetts AddisonWesley 1985 DIBIASE D Visualization in the Earth Sciences Earth and Mineral Science v 59 n 2 p 1318 1990 DUARTE P A Fundamentos de Cartografia 2 ed Florianópolis Editora da UFSC 2002 DREYEREIMBCKE O O descobrimento da Terra São Paulo MelhoramentosEdusp 1996 GARBIN E P Contribuições da semiótica peirceana para a caracterização da se miose da carta topográfica 2016 Dissertação Mestrado em Geografia Universi dade Estadual de Maringá Maringá HARLEY J B A nova história da Cartografia In Correio da Unesco a 19 n 8 p 49 ago1991 HARVEY D Condição PósModerna 18 ed São Paulo Edições Loyola 2009 JOLY F A Cartografia 6 ed Campinas Papirus 1990 KEATES J Cartographic design and production 2 ed New York Longman Scien tific Technical 1989 KENT A J Form Follows Feedback Rethinking Cartographic Communication West minster Papers in Communication and Culture v 13 n 2 p 96112 2018 MACEACHREN A M How Maps Work representation visualization and design New York The Guilford Press 1995 REFERÊNCIAS 49 MATIAS L F Por uma cartografia geográfica uma análise da representação car tográfica na geografia 1996 Dissertação Mestrado FFLHC Universidade de São Paulo São Paulo MARTINELLI M A sistematização da cartografia temática In ALMEIDA R D org Cartografia escolar 2 ed São Paulo Contexto 2009 p 193220 MONTELLO D R Cognitive MapDesign Research in 20Th Century theoretical and empirical approaches Cartography and Geographic Information Science v 29 n 3 p 283304 2002 RAISZ E Cartografia Geral Rio de Janeiro Editora Científica 1969 ROBINSON A H The look of maps an examination of cartographic design Madi son Milwaukee e Londres The University of Wisconsin Press 1952 SANTAELLA L O que é Semiótica São Paulo Brasiliense 2012 SANTIL F L D P SLUTER C R S As Pesquisas Em Cognição Visual Aplicadas À Carto grafia Revista Brasileira de Cartografia n 642 p 367376 2011 REFERÊNCIAS ONLINE 1 Em httpswwwpourlasciencefrsdarcheologiepeintureneolithiquedecatal hoeyuekvolcanoupeaudeleopard11824php Acesso em 15 jul 2019 2 Em httpwwwancientwisdomcomImagesmapscatalhuyuk6200bcjpg Acesso em 15 jul 2019 3 Em httpwwwopenculturecom201704ancientworldmapsthatchange dtheworldseemapsfromancientgreecebabylonromeandtheislamic worldhtml Acesso em 15 jul 2019 4 Em httpsuploadwikimediaorgwikipediacommonsbb8JapanesePorto lanMapjpg Acesso em 15 jul 2019 5 Em httpscommonswikimediaorgwikiFileTopographicmapexamplepng Acesso em 16 jul 2019 6 Em httpwww2fctunespbrneraatlascgcchtm Acesso em 16 jul 2019 GABARITO 1 B 2 C 3 A 4 No paradigma da comunicação cartográfica o usuário passa a ser considerado um ente fundamental na construção do mapa pois se deve compreender quais são as suas necessidades e seu repertório de conhecimento para que se produ zam mapas com a menor quantidade de ruídos possíveis 5 A comunicação cartográfica específica tem quatro papéis no uso dos mapas exploração confirmação síntese e apresentação Na exploração o professor po deria levar rabiscos iniciais de mapas explorando a relação entre a presença de água contaminada e cólera por exemplo Na confirmação os alunos poderiam ser levados para a sala de informática e confirmarem que existe uma relação entre áreas com relevo acidentado e escorregamentos Na fase da síntese os alunos poderiam elaborar um mapa de áreas de risco de tsunamis Por fim na apresentação o professor poderia levar um atlas geográfico UNIDADE II Prof Me Estevão Pastori Garbin Prof Me Thiago César Frediani SantAna ELEMENTOS E PROCESSOS FUNDAMENTAIS PARA A COMUNICAÇÃO CARTOGRÁFICA Objetivos de Aprendizagem Apresentar os principais produtos cartográficos utilizados na Geografia Discutir o processo de seleção generalização e simbolização do projeto cartográfico Discutir o papel da escala cartográfica Plano de Estudo A seguir apresentamse os tópicos que você estudará nesta unidade Os produtos cartográficos básicos As etapas do projeto cartográfico Escala cartográfica INTRODUÇÃO Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 53 INTRODUÇÃO Caroa alunoa embora os mapas estejam cada vez mais presentes em nosso dia a dia isso não significa que as pessoas tenham facilidade no uso e princi palmente na sua construção Isso não ocorre apenas pela ausência de domínio das técnicas ou da falta de conhecimento no manuseio de softwares de produção gráfica mas principalmente pela ausência de conhecimento das implicações que os processos e técnicas de representação podem causar no usuário do produto Nesse sentido abordaremos nesta unidade quais são os principais produtos cartográficos empregados na Geografia para posteriormente discutirmos os pro cessos e elementos que constituem o mapa Nosso objetivo é mostrar o motivo de os mapas serem altamente dependentes da capacidade de seus autores e como a ausência de conhecimento sobre alguns procedimentos básicos podem induzir à leitura de mapas de maneira equivocada Para tanto trataremos do processo de seleção e generalização cartográfica discutindo as particularidades que envolvem a sua linguagem Em seguida discutiremos os pressupostos básicos da semiologia gráfica mostrando quais são as maneiras corretas de representarmos as diferentes rela ções que os dados presentes nos mapas podem apresentar A semiologia gráfica é uma teoria bem estabelecida sobretudo na cartografia temática sendo consi derada um verdadeiro referencial para a construção dos produtos cartográficos mas nem por isso é comumente aplicada inclusive por órgãos do governo como o próprio Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IBGE Por fim conheceremos como escolher e calcular a escala cartográfica em um mapa um assunto que desperta certa ansiedade nos alunos de Geografia A escala está diretamente associada ao nível de detalhamento que um produto cartográfico tem e diante disso está diretamente ligada ao processo de defini ção do projeto de mapas Esperamos que esta unidade auxilie em sua caminhada como futuroa professora de Geografia pois os conteúdos aqui desenvolvidos possuem uma presença obrigatória no currículo escolar desta disciplina Bons estudos ELEMENTOS E PROCESSOS FUNDAMENTAIS PARA A COMUNICAÇÃO CARTOGRÁFICA Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 II U N I D A D E 54 OS PRODUTOS CARTOGRÁFICOS BÁSICOS Iniciaremos o conteúdo programático desta unidade apresentando o significado ou assim como veremos os problemas envolvidos na definição dos prin cipais produtos cartográficos utilizados na Geografia Além de esclarecermos e distinguirmos alguns conceitos nosso objetivo é leválo a entender as principais diferenças e potencialidades dessas representações Vamos começar Mapa e carta O termo mapa embora seja de uso comum na Cartografia apresenta alguns problemas de definição se o compararmos ao termo carta pois muitas vezes são tomados como sinônimos De maneira geral o termo mapa é reconhecido como uma representação plana de uma grande porção do espaço mesmo que não exista um limite exato para definir quão grande ou pequena pode ser consi derada esta porção O IBGE 1998 por exemplo define que os mapas delimitam Os Produtos Cartográficos Básicos Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 55 sua área de interesse com acidentes naturais ou divisões políticoadministrativas enquanto as cartas seriam divididas de acordo com os paralelos e meridianos No entanto Oliveira 1993 aponta que essa particularidade varia de acordo com o uso corrente do termo em um idioma no Brasil os mapas são geralmente associados à representação da superfície terrestre e estão pouco associados à navegação ou aos oceanos Duarte 2002 p 123 por outro lado considera que Há entre nós uma tendência ao uso de mapa como designativo geral reservandose carta e planta para espécies de mapas Parecenos até ser o modo correto Assim podemos fazer inclusive um jogo de palavras dizendose que cartas e plantas são mapas mas nem todo mapa é carta ou planta Mapa seria o gênero carta e planta as espécies Etimologicamente a distinção entre mapa e carta parece mais clara e indica o tipo de material que o produto é confeccionado No caso a palavra mapa teria origem cartaginesa que significa toalha de mesa geralmente feita em tecido ou pele de animal Já o termo carta teria origem egípcia e significa papel OLIVEIRA 1993 No ensino de Geografia a distinção entre mapas e cartas pode variar segundo o autor do livro didático Alguns por exemplo utilizam o critério da escala car tográfica outros o nível de detalhamento e precisão usados nos produtos para estabelecer essa distinção terminológica Embora sejam propostas válidas res saltamos que o professor de Geografia deve discutir com seus alunos sobre esse problema nas definições apresentando as diferentes faces que os mapas e as car tas assumem ao longo da história Esse aspecto não pode ser encarado como um problema negativo mas como um sinal da riqueza e complexidade da história e do uso dos mapas pelos seres humanos Os mapas e as cartas apresentam várias subcategorias dentre as quais assi nalamos algumas a Mapa cadastral mapa com uma escala cartográfica grande 1500 a 125000 isto é que representa uma área geográfica pequena Oferece um nível elevado de detalhamento e é utilizado para demarcações precisas de ELEMENTOS E PROCESSOS FUNDAMENTAIS PARA A COMUNICAÇÃO CARTOGRÁFICA Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 II U N I D A D E 56 lotes e edificações De acordo com Gaspar 2005 eles nasceram com pro pósitos fiscais constituindo um importante instrumento no ordenamento territorial Um exemplo de mapa cadastral pode ser visto na Figura 1 Figura 1 Mapa cadastral de um bairro de Curitiba Descrição de imagem exemplo de mapa cadastral Note que a escala cartográfica grande permite um detalhamento das divisões dos lotes possibilitando que a administração municipal tenha um olhar mais minucioso do território Fonte IPPUC 2019 online1 b Mapa corográfico representa os dados estatísticos de vastas regiões países ou continentes nesse caso entendese que a escala cartográfica é sempre pequena O termo corográfico deriva das palavras gregas cho ros lugar e pleth valor assim como pode ver visto nas Figuras 2 e 3 Os Produtos Cartográficos Básicos Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 57 Figura 2 Exemplo de um mapa corográfico da Austrália indicando as áreas de maior densidade populacional no país Fonte Wikipedia 2019 online2 Figura 3 Exemplo de um mapa corográfico do Brasil indicando as áreas de maior densidade de povoamento Fonte Wikipedia 2018 online3 ELEMENTOS E PROCESSOS FUNDAMENTAIS PARA A COMUNICAÇÃO CARTOGRÁFICA Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 II U N I D A D E 58 c Mapa hipsométrico representa o terreno ou o relevo submarino em termos de altitude acima ou abaixo de um plano de referência seja em curvas em sombreado ou em cores como expresso na Figura 4 Figura 4 Exemplo de mapa hipsométrico do Rio Grande do Sul Fonte Atlas SocioeconômicoRS 2019 online4 d Mapamudo comumente para uso escolar não apresenta letreiros ou informações gerais Geralmente é um mapa que indica apenas os limi tes de uma área assim como exemplificam as Figuras 5 e 6 Os Produtos Cartográficos Básicos Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 59 Figura 5 Exemplo de um mapamudo do Brasil note que ele apresenta apenas os limites territoriais cabendo ao aluno a complementação das informações Fonte IBGE 2019 online5 Figura 6 Mapamudo dos continentes Fonte IBGE 2019 online6 ELEMENTOS E PROCESSOS FUNDAMENTAIS PARA A COMUNICAÇÃO CARTOGRÁFICA Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 II U N I D A D E 60 e Mapa turístico representação espacial cuja função é atender às necessi dades de turistas Geralmente utilizam uma linguagem cartográfica que não exige o conhecimento sistemático das convenções da Cartografia e costumam apresentar um grau relativo de exatidão no posicionamento dos pontos de interesse assim como exemplificam as Figuras 7 e 8 Figura 7 Mapa turístico do Rio de Janeiro Fonte Rio de Janeiro Aqui 2019 online7 Figura 8 Mapa turístico da cidade de Curitiba Fonte Multimídia Turismo 2019 online8 Os Produtos Cartográficos Básicos Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 61 Planta Representação espacial que possui uma escala cartográfica muito grande isto é compreende áreas muito pequenas e com um nível elevado de detalhamento Empregada principalmente na visualização de detalhes de edificações assim como mostra a Figura 9 Figura 9 Exemplo de uma planta cartográfica Destaque para o elevado número de detalhes evidenciados na representação Existe uma grande diferença entre um mapa e uma fotografia aérea Em pri meiro lugar a fotografia mostra todos os objetos que o sensor fotográfico pode captar e somente esses o mapa por outro lado mostra uma seleção mais ou menos criteriosa de entidades naturais e artificiais visíveis e invisí veis com maior ou menor detalhamento Em segundo lugar estas entida des são representadas de forma convencional através de uma simbologia própria o que não acontece em uma fotografia aérea Fonte Gaspar 2005 p 5 ELEMENTOS E PROCESSOS FUNDAMENTAIS PARA A COMUNICAÇÃO CARTOGRÁFICA Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 II U N I D A D E 62 Croqui Os croquis podem ser considerados esboços iniciais de mapas utilizados prin cipalmente em circunstâncias nas quais a representação não precisa apresentar elevado grau de exatidão de uma área ou como ferramenta para organização preliminar de informações coletadas em campo Os croquis também são deno minados de esboço assim como mostra a Figura 10 Figura 10 Exemplo de croqui ou esboço cartográfico Fonte Neves 2006 online9 Os Produtos Cartográficos Básicos Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 63 Globo O globo é uma representação cartográfica da superfície terrestre construída sobre uma esfera Tratase de uma solução que causa menos distor ções se comparada com a projeção em superfícies planas mas pouco prática para seu transporte e acondicionamento O primeiro globo que se tem conhecimento foi gerado pelo grego Crates 150 aC e no Renascimento destacouse o globo ter restre de Martin Behaim em Nuremberg 1492 OLIVEIRA 1993 Mosaico Denominamos mosaico um conjunto de fotos de uma determinada área recor tado e montado técnica e artisticamente de forma a dar a impressão de que todo o conjunto é uma única fotografia IBGE 1998 Esse tipo de produto é particularmente usado no planejamento regional pois oferece uma visão aérea de vastas áreas Na Figura 12 apresentamos um exemplo de mosaico de parte do rio Amazonas Figura 11 Exemplo de globo terrestre ELEMENTOS E PROCESSOS FUNDAMENTAIS PARA A COMUNICAÇÃO CARTOGRÁFICA Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 II U N I D A D E 64 Figura 12 Mosaico do rio Amazonas Fonte INPE 2008 online10 Carta imagem Produto que se constitui de imagens de satélite retificadas e georreferenciadas super posta por reticulado da projeção podendo conter símbolos e toponímias IBGE 1998 Figura 13 Exemplo de uma carta imagem Fonte Alagoas em dados e informações 2019 online¹¹ Os Produtos Cartográficos Básicos Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 65 Ortofotocarta Uma ortofotografia é uma fotografia resultante da transformação de uma foto original uma perspectiva central do terreno em uma projeção ortogonal sobre um plano complementada por símbolos linhas e georreferenciada com ou sem legenda podendo conter informações planimétricas IBGE 1998 assim como mostra a Figura 14 Figura 14 Exemplo de ortofotocarta Fonte Lira et al 2017 p 1564 Ortofotomapa Conjunto de várias ortofotocartas adjacentes de uma determinada região IBGE 1998 ELEMENTOS E PROCESSOS FUNDAMENTAIS PARA A COMUNICAÇÃO CARTOGRÁFICA Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 II U N I D A D E 66 AS ETAPAS DO PROJETO CARTOGRÁFICO Por serem modelos simplificados da realidade os mapas necessitam passar por uma série de etapas responsáveis pela seleção tratamento e representação das informações que atenderão as demandas do usuário final Essas são etapas que independem do tipo ou da categoria a que o mapa pertence mas que dependem do repertório de conhecimento do seu elaborador como é o caso do geógrafo Essa fase inicial denominada projeto cartográfico é constituída sobretudo pela a definição dos objetivos e do público do mapa b seleção das informações que serão utilizadas c as formas mais adequadas de generalização e a d sim bolização atendendo às necessidades do perfil do futuro usuário do mapa como discutido na Unidade I Para Sluter 2008 p 6 O cartógrafo deve com a ajuda do usuário relacionar e descrever estas tarefas que serão desenvolvidas com o mapa compreender como o usuário de mapas as realizará e como utilizará os mapas para justa mente cumprir as tarefas que lhe são atribuídas Finalizando essa fase de elencar o perfil do usuário e os usos do mapa seguese para a fase de seleção De acordo com Gaspar 2005 p 160 As Etapas do Projeto Cartográfico Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 67 A fase da seleção consiste basicamente em identificar as categorias de informação a incluir no modelo em função do seu objetivo Tratase de um processo estreitamente condicionado pelo propósito da representa ção o que significa que dele depende o sucesso ou insucesso da mesma O que significa identificar as categorias de informação Como realizar essa seleção Uma característica curiosa dos mapas e que a maioria das pessoas não per cebe é que todo fenômeno presente na legenda não representa um fato geográfico singular único mas uma classe de fenômenos que compartilha uma mesma carac terística GARBIN 2016 KEATES 1982 No caso de um curso dágua representado comumente por uma linha azul todos os cursos dágua que empregam um mesmo símbolo têm o mesmo significado sendo as coordenadas geográficas as responsáveis por indicarem a localização particular de cada fenômeno tornandoos singulares No processo de seleção das informações relevantes para compor o mapa o autor deve pensar em quais atributos são importantes para facilitar o entendimento do lei tor se o objetivo é elaborar uma carta topográfica serão representados os acidentes topográficos as redes hidrográficas a vegetação as vias de comunicação os limites administrativos e entre outros Não se trata de decidir se apenas alguns dos aciden tes topográficos cursos dágua ou limites administrativos serão representados mas decidir quais categorias ou classes de fenômenos serão importantes para compor o mapa bem como a base cartográfica adequada GASPAR 2005 Por base carto gráfica compreendese o conjunto de todas as informações cartográficas que têm a função de servir como referência espacial ao tema representado SLUTER 2008 p 7 O terceiro processo presente no projeto cartográfico sucessivo ao da seleção é denominado generalização cartográfica A generalização consiste na adaptação das informações elencadas na fase de seleção de acordo com as características do leitor de mapas e sua consequente adaptação às circunstâncias técnicas que envolve a confecção do mapa como o tamanho do papel ou o tipo de material disponível para sua construção A razão principal para a existência dessa fase é o fato de que os mapas apresentam uma escala menor do que o fenômeno repre sentado o que exige que este passe por um tratamento para que não torne o mapa muito poluído visualmente ou até mesmo ilegível KEATES 1989 A generalização assim como você pode perceber caroa alunoa com parando os mapas em escalas diferentes na Figura 15 pode ser realizada de maneira muito distinta além de induzir o leitor de mapas a visualizar algumas ELEMENTOS E PROCESSOS FUNDAMENTAIS PARA A COMUNICAÇÃO CARTOGRÁFICA Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 II U N I D A D E 68 Figura 15 O papel da escala na generalização cartográfica Descrição de imagem Implicações da generalização cartográfica com a mudança de escala em um software de mapas digitais Fonte adaptada de Brasil 2017 online características de uma área em detrimento de outras Vamos estudar alguns des ses procedimentos ESCALA CARTOGRÁFICA Menor Maior As Etapas do Projeto Cartográfico Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 69 a Classificação o objetivo do procedimento de classificação é a tipificação e o ordenamento da informação que estará presente no mapa Seu papel é buscar a simplicidade mesmo que para isso agrupe os dados em clas ses maiores para realçar o fenômeno principal GASPAR 2005 Figura 16 Classificação de lotes distintos em um quarteirão Fonte os autores b Simplificação seu objetivo é eliminar os pormenores desnecessários ou prejudiciais para a leitura dos fenômenos espaciais Por vezes na mudança para uma escala cartográfica menor alguns símbolos são eliminados ou simplificados geometricamente Figura 17 Exemplo de simplificação das feições de uma rede hidrográfica Fonte os autores c Realce este procedimento tem como objetivo exagerar ou enfatizar elemen tos relevantes no mapa para tornálos mais perceptíveis como avenidas rodovias e edifícios específicos por exemplo ELEMENTOS E PROCESSOS FUNDAMENTAIS PARA A COMUNICAÇÃO CARTOGRÁFICA Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 II U N I D A D E 70 Figura 18 Exemplo da operação de realce nas principais vias de circulação d Simbolização representação dos fenômenos espaciais por meio de símbo los Este procedimento é considerado integrante da generalização quando afeta a dimensão espacial do fenômeno que pode levar a degradação da sua escala de medida assim como veremos no tópico seguinte Você consegue identificar as operações de classificação simplificação real ce e simbolização quando usa o Google Maps ou o Bing Maps As Etapas do Projeto Cartográfico Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 71 Escalas de medida O mapa tem o papel primordial de indicar a localização dos fenômenos no espaço mas esse não é o único tipo de informação que possui Um aspecto de grande importância presente no mapa é a natureza e os tipos de relação que os dados estabelecem entre si denominados escala de medida De acordo com Dent 1985 o objetivo dessa escala é estruturar formas adequadas na obser vação da realidade e é organizada em uma hierarquia de quatro níveis criando formas mais ou menos complexas de medição Em ordem crescente de comple xidade as quatro escalas são a Escala nominal destinase a identificar fenômenos que pertencem às clas ses de dados semelhantes ou diferentes Essas relações estabelecidas entre os dados são qualitativas e no mapa apresentam sempre um mesmo sím bolo É por meio da escala nominal que se distingue por exemplo uma estrada de um rio os diferentes usos da terra Contudo não torna possível estabelecer qualquer tipo de hierarquia ou quantificação GASPAR 2005 Figura 19 Exemplo de aplicação da escala nominal Fonte A Bacia em Estudo 2019 online¹² ELEMENTOS E PROCESSOS FUNDAMENTAIS PARA A COMUNICAÇÃO CARTOGRÁFICA Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 II U N I D A D E 72 b Escala ordinal destinase a ordenar dentro de uma mesma categoria os fenômenos representados Permite verificar em qual ordem hierárquica os fenômenos são representados embora não permita dizer exatamente quanto um fenômeno é maior ou menor que outro isto é não torna pos sível nenhuma forma de quantificação GASPAR 2005 É esta escala que torna possível identificar áreas de maior ou menor susceptibilidade à ero são maior ou menor exclusão social dentre outros Figura 20 Exemplo de mapa que utiliza uma escala de mensuração ordinal criando uma noção de hierarquia Fonte Prates 2014 online¹³ As Etapas do Projeto Cartográfico Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 73 c Escala de intervalos destinase a estabelecer uma sequência numérica com origem arbitrária cujo grau zero não indica a ausência da proprie dade medida São exemplos de escala de intervalo as escalas Celsius e Fahrenheit bem como as escalas para medir altitude GASPAR 2005 Ao contrário da escala ordinal a escala intervalar permite estabelecer relações numéricas relativas entre duas ou mais classes Figura 21 Exemplo de mapa que adota uma escala de mensuração intervalar Fonte Inmet 2014 p 3 ELEMENTOS E PROCESSOS FUNDAMENTAIS PARA A COMUNICAÇÃO CARTOGRÁFICA Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 II U N I D A D E 74 d Escala absoluta ou de razão destinase a estabelecer uma sequência numérica cujo grau zero indica a ausência de uma propriedade medida Neste caso a razão entre dois valores tem um significado intrínseco Por exemplo é possível afirmar que se uma cidade A é duas vezes mais populosa do que a cidade B Assim o leitor identificaria que a razão de habitantes é de 21 GASPAR 2005 Figura 22 O mapa de população dos Estados em 2010 é um exemplo de escala de mensuração absoluta Fonte Martinelli 2014 Na literatura cartográfica brasileira essas quatro escalas de medida são mais fre quentemente adaptadas em três propriedades perceptivas que são os tipos de relações que os mapas expressam entre os fenômenos relação de similaridade As Etapas do Projeto Cartográfico Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 75 diferença corresponde à escala nominal relação de ordem corresponde à escala ordinal e relação de quantidade corresponde às escalas de intervalo e absoluta É fundamental ressaltarmos que um dado pertencente à escala absoluta ou intervalar pode ser transformado em um dado ordinal e este por sua vez em um dado nominal O inverso porém não é possível Vejamos isso com o seguinte exemplo Quadro 1 Evolução da produção agrícola em toneladas no Estado do Paraná PRODUTO 1995 2000 2005 2010 2015 Canadeaçúcar 20429522 23191970 29717100 48361207 47368045 Erva mate 20277 206188 164752 123132 217851 Soja 5694427 7188386 9492153 14091829 17229378 Trigo 1068689 700118 2767440 3442660 3330589 Fonte adaptado de IPARDES 2019 online¹⁴ A partir do nosso banco de dados exposto no Quadro 1 é possível identificar mos diferentes tipos de escalas de medida a depender da natureza da informação do nosso interesse e das perguntas que serão utilizadas para sua seleção Ao perguntarmos quais sãoos tipos de produtos estamos adotando uma escala de mensuração nominal pois não há qualquer medição quantitativa ou hierárquica entre os tipos de produtos agrícolas Por outro lado podemos investigar qual é a ordem dos anos em que uma cultura específica apresentou maior ou menor produção no caso estamos ado tando uma escala de mensuração ordinal Por fim poderíamos ainda questionar quanto exatamente a produção de canadeaçúcar foi maior do que a produção de soja sendo uma característica da escala de mensuração absoluta Saber iden tificar a natureza dos dados por meio das escalas de medida é uma habilidade fundamental para o geógrafo pois é por meio desse reconhecimento que serão escolhidos os símbolos para a construção do mapa ELEMENTOS E PROCESSOS FUNDAMENTAIS PARA A COMUNICAÇÃO CARTOGRÁFICA Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 II U N I D A D E 76 A contribuição da Semiologia Gráfica para a construção da lin guagem dos mapas Denominamos linguagem cartográfica ou linguagem dos mapas o conjunto de signos que constitui os produtos cartográficos permitindo que se represente a localização e os tipos de relações entre os fenômenos espaciais Na Cartografia a questão de como construir uma linguagem cartográfica otimizada é de grande interesse pois sua má utilização pode induzir o usuário de mapas a ter uma leitura equivocada da realidade As discussões e contribuições mais significativas no campo da linguagem car tográfica apresentam uma proximidade muito maior com o ramo da Cartografia Temática em relação à Cartografia Sistemática Isso ocorre por razões históricas já que é uma cartografia rigorosamente técnica e normatizada pela legislação dos países sendo historicamente anterior à cartografia temática quando os estudos científicos da linguagem cartográfica foram desenvolvidos a partir da década de 1960 e as normativas técnicas da cartografia de base estavam solidamente estabelecidas O principal autor que contribuiu com o estudo de uma linguagem dos mapas foi Jacques Bertin 19182010 um cartógrafo francês que publicou em 1967 a obra Semiologia Gráfica O objetivo de Bertin era desenvolver uma linguagem car tográfica universal monossêmica e de rápida apreensão permitindo que os mapas fossem interpretados corretamente por qualquer pessoa Para que esse objetivo fosse atingido a chave seria a eliminação do código no processo comunicativo e a adoção de pressupostos lógicos inerentes à percepção visual humana Por código compreendemos todo tipo de regra arbitrária e convencional estabelecida em uma comunidade de falantes a qual organiza as regras de uso e os significados dos sig nos NETTO 1983 Seu emprego seria descartado quando se compreendessem as relações lógicas entre as variáveis visuais e as propriedades perceptivas As variáveis visuais ou variáveis retinianas são os elementos gráficos que variam visualmente isto é o aspecto visível dos símbolos que constituem os mapas Por outro lado as propriedades perceptivas são os significados ineren tes que as variáveis visuais possuem Na prática traduzemse como os tipos de relações que o tema representado no mapa comunica As três relações que os fenômenos estabelecem entre si são de similaridadediversidade ordem O e proporcionalidade Q QUEIROZ 2000 As Etapas do Projeto Cartográfico Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 77 No que se refere às variáveis visuais elas se constituem em sete tipos se con siderarmos também as duas dimensões do plano X Y como indicadores da localização do fenômeno As outras seis são Tamanho Referese à variação da dimensão do símbolo Esta variável permite que sejam visualizadas informações quantitativas conforme pode ser visto no mapa sobre a população nas capitais brasileiras em 2010 Esta variável visual permite ao leitor uma rápida visualização da distribuição das quantidades de habitantes pela área cartografada mesmo antes da leitura das informações contidas na legenda do mapa É a única variável visual que expressa a propriedade de proporcionalidade Q Figura 23 A variável visual tamanho aplicada no mapa da população nas capitais brasileiras em 2010 Fonte Martinelli 2014 ELEMENTOS E PROCESSOS FUNDAMENTAIS PARA A COMUNICAÇÃO CARTOGRÁFICA Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 II U N I D A D E 78 Valor Referese à variação na tonalidade de uma cor podendo ser utilizados valores fortes ou fracos escuros ou claros respectivamente No mapa de densidade demográfica no mundo foi utilizada a variação dos tons para representar os inter valos matemáticos sendo adotado o tom mais claro para a menor densidade o tom mais escuro para a maior densidade e os tons intermediários para as classes existentes entre os extremos Esta variável visual permite ao leitor estabelecer relações entre fortefraco maismenos maiormenor mesmo antes da leitura da legenda no mapa sendo a propriedade perceptiva a ordem O Figura 24 Variável visual valor Fonte IBGE 2019 online Granulação Referese a uma representação semelhante às hachuras ou pontilhados que dão a noção de claroescuro ou preenchidovazio Nesse mapa de distribuição da população do Brasil foram adotados pontos que representam dez mil habitantes As Etapas do Projeto Cartográfico Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 79 distribuídos conforme a concentração populacional no território Com a apli cação dessa variável visual o observador consegue enxergar a distribuição do fenômenoelemento ao longo de toda a área cartografada estabelecendo a ideia de concentraçãodispersão mesmo antes da leitura da legenda no mapa Figura 25 Exemplo de aplicação da variável visual granulação Fonte Atlas SocioeconômicoRS 2019 online¹⁵ Cor Tratase da sensação subjetiva das pessoas em relação à radiação eletromagnética com determinado comprimento de onda que ao atingir os cones localizados na retina dão noções de cores É uma das formas de representação mais utilizada na cartografia visto que pode aparecer combinada às outras Quando utilizada exclusivamente tem como finalidade diferenciar os elementos cartografados veja a versão colorida do livro a qual está disponível no AVA ELEMENTOS E PROCESSOS FUNDAMENTAIS PARA A COMUNICAÇÃO CARTOGRÁFICA Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 II U N I D A D E 80 Figura 26 Aplicação da variável visual cor Fonte IBGE 2019 online Nesse mapa de cobertura vegetal do Brasil todos os elementos possuem em comum a natureza da informação vegetação porém cada formação vegetal possui características únicas o que não nos permite estabelecer uma ordem uma dispersão ou uma concentração Nesse caso a cor mostra a localização e As Etapas do Projeto Cartográfico Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 81 a extensão ocupada pela formação vegetal representada O observador tem a noção de diferença entre as informações antes da leitura da legenda no mapa Orientação Tratase da inclinação dos traços nas representações podendo ser na posição vertical oblíqua ou horizontal Esta variável visual diferencia os elementos car tografados conforme a inclinação do traço o qual precisa manter a mesma espessura para não passar a percepção de ordem Figura 27 Variável visual orientação Fonte Bertin 1967 Forma Referese ao uso de símbolos convencionais ou não sejam eles figuras geométri cas pictogramas letras números e entre outros Nessa variável visual trabalhase com a diferenciação dos elementos representados pois cada pictograma tem uma origem e um significado diferenciado o que exige a elaboração de uma extensa legenda que os apresenta de maneira clara No mapa a seguir foram utilizados ELEMENTOS E PROCESSOS FUNDAMENTAIS PARA A COMUNICAÇÃO CARTOGRÁFICA Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 II U N I D A D E 82 diversos pictogramas para representar a distribuição de uma série de minerais brasileiros sendo necessária uma leitura atenta das representações e da legenda Figura 28 A variável visual forma Fonte IBGE 2019 online Essa variável visual pode causar erros de leitura quando a série de dados repre sentados for muito extensa Recomendase a utilização dessa variável visual para mapas ou cartas em que a quantidade de elementos a serem representados for suficiente para uma leitura rápida As Etapas do Projeto Cartográfico Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 83 Modos de implantação das variáveis visuais Além de ficarmos atentos ao tipo de relação que uma variável visual expressa é fundamental conhecermos os três modos de implantação que podem possuir O critério para a escolha de um dos modos varia de acordo com a natureza do fenô meno representado e pode ser alterado com a mudança da escala cartográfica O modo de implantação pontual é empregado quando as dimensões espaciais do fenômeno não são uma informação de interesse mas apenas a sua localização No caso a escala cartográfica do produto deve ser pequena o suficiente para que o fenômeno representado tenha sua extensão ignorada Esse tipo de modo de implan tação é utilizado em mapas cuja função é mostrar a localização real ou aproximada de um fenômeno como as capitais dos estados ou a localização dos aeroportos O modo de implantação linear é empregado em fenômenos que se esten dem de maneira contínua sobre a superfície terrestre cujo comprimento é a única informação útil para a leitura do atributo São utilizadas linhas contínuas ou pontilhados para representar a extensão desses fenômenos com espessuras variáveis Podemos citar como exemplo as rodovias as ferrovias os cursos hídri cos as linhas de transmissão de energia ou de distribuição de água pois esses elementos se manifestam por uma grande extensão sobre a superfície e descre vem um trajeto contínuo O modo de implantação zonal ou areal é empregado para representar fenô menos cuja dimensão ou extensão é significativa para a escala apresentada no mapa ou seja são fenômenos que devem ser desenhados de forma que seja Algumas variáveis visuais apresentam a capacidade de favorecer um agru pamento de vários símbolos formando uma única imagem ou de favorecer a separação dos elementos do mapa O nome dessa propriedade de agrupar é associativa indicada pelo símbolo como é o caso das variáveis forma cor orientação e granulação Já as variáveis ordem e tamanho são denomi nadas dissociativas Fonte Martinelli 2014 ELEMENTOS E PROCESSOS FUNDAMENTAIS PARA A COMUNICAÇÃO CARTOGRÁFICA Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 II U N I D A D E 84 possível ler sua área e sua forma Podemos citar como exemplo os mapas de clima vegetação e regiões do Brasil A síntese das variáveis visuais seus modos de implantação e suas propriedades perceptivas são expressas pela figura a seguir Figura 29 Variáveis visuais modos de implantação e propriedades perceptivas Fonte adaptada de Bertin 1967 Devemos lembrar que atualmente os mapas digitais permitem a alteração ins tantânea da escala aplicada à representação e portanto as formas de implantação são alteradas continuamente nos mapas disponíveis no ambiente virtual Depois de verificarmos os conceitos mais elementares da cartografia e da leitura carto gráfica começaremos a estabelecer relações mais complexas de implantação e leitura iniciando pela escala cartográfica que constitui relação matemática fun damental em uma representação cartográfica Escala Cartográfica Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 85 ESCALA CARTOGRÁFICA De forma bastante direta podemos definir escala como a relação da dimensão de um elemento eou um objeto apresentado no desenho original para a dimen são real do mesmo elemento eou objeto Essa relação pode ser apresentada por meio de escala numérica ou por escala gráfica As escalas podem ser de redução 1 n em que o objeto é representado com as dimensões reduzidas no desenho ampliação 1 n em que o objeto é representado com as dimensões ampliadas no desenho sendo pouco comum na Geografia ou naturais 11 em que o objeto é representado no desenho com as dimensões reais Notase que a escala de redução é a mais utilizada para a representação cartográfica na Geografia pois os mapas geográficos representam grandes extensões da superfície terrestre É muito comum referirse às escalas como escala grande ou escala pequena mais comum ainda é a inversão dos seus significados Uma escala cartográfica é ELEMENTOS E PROCESSOS FUNDAMENTAIS PARA A COMUNICAÇÃO CARTOGRÁFICA Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 II U N I D A D E 86 considerada grande quando possui um denominador pequeno visto que nesse caso o mapa representará uma área reduzida com mais detalhes Já uma escala é considerada pequena quando seu denominador é grande nesse caso o mapa representará uma área maior porém com menos detalhes A seguir serão apre sentados dois mapas um apresenta uma escala pequena representa uma grande área em que é possível identificar a localização de Brasília porém com deta lhes muito generalizados Já o outro apresenta uma escala grande se comparada com a escala do primeiro mapa representando uma área menor porém com maiores detalhes eixos viários quadras Figura 30 Cidade de Brasília a partir de uma escala cartográfica pequena Fonte Brasil 2017 online Escala Cartográfica Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 87 Figura 31 Cidade de Brasília a partir de uma escala cartográfica grande Fonte Brasil 2017 online Os valores escalares são por convenção adimensionais ou seja não apresentam diretamente uma dimensão unidade ao se escrever 1100 lêse que uma uni dade no mapa desenho corresponde a 100 unidades no terreno real Portanto 1 cm no desenho corresponde a 100 cm no terreno ou 1 milímetro do desenho corresponde a 100 milímetros no terreno Como os mapas em geral são medidos com o auxílio de régua adotase o centímetro como unidade aplicável na deter minação das relações matemáticas da escala em um mapa utilizado na Geografia ELEMENTOS E PROCESSOS FUNDAMENTAIS PARA A COMUNICAÇÃO CARTOGRÁFICA Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 II U N I D A D E 88 A escala é dada pela relação matemática 1 E M Sendo escala 1 uma unidade no mapa denominador da escala corresponde ao valor real E M Por exemplo se uma distância entre dois pontos é representada no desenho com um centímetro de comprimento e sabese que o comprimento no terreno é de 100 m a proporção escalar utilizada na representação será de 110000 Quando se realiza a leitura das distâncias no mapa eou no terreno real é pos sível estabelecer três relações sendo 1 Determinação da escala quando se têm os valores da distância real e sua correspondente distância gráfica d E D Sendo escala distância gráfica distância real E d D Em uma escala de redução o valor da distância gráfica d deve ser apresentado no valor 1 e a distância real D deve ser equivalente a essa distância gráfica Exemplo Sabendose que a distância entre dois pontos no mapa é de 3 cm e que sua correspondente real é de 600 metros determine a escala do mapa em questão 1º Passo coletar as informações disponíveis no enunciado do exercício E d 3 cm D 600 m 2º Passo caso as medidas da distância real D e distância gráfica d sejam distintas convertelas em uma medida comum para cortálas E d 3 cm D 60000 cm 3º Passo realizar as operações matemáticas simplificando o máximo possível o resultado E dD E 3cm60000cm 3cm60000cm 120000 Portanto a escala será de 120000 lembrese de que a representação da escala é adimensional portanto não se coloca a unidade ELEMENTOS E PROCESSOS FUNDAMENTAIS PARA A COMUNICAÇÃO CARTOGRÁFICA Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 II U N I D A D E 90 2 Determinação da distância real quando se têm os valores da escala e a distância gráfica entre pontos de interesse D d M Sendo distância real distância gráfica denominador da escala D d M 3 Determinação da distância gráfica quando se têm os valores da escala e a distância real entre os pontos de interesse D d M Sendo distância gráfica distância real denominador da escala d D M Para ter mais informações sobre o conteúdo de como realizar a conversão das unidades de medida consulte nosso QR Code por meio da sua plataforma Escala Cartográfica Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 91 Exemplo Sabendose que a distância real entre dois pontos é de 700 m qual é a distân cia gráfica em centímetros correspondente em um mapa de escala 15000 1º Passo coletar as informações disponíveis no enunciado do exercício 1 5000 E 5000 700 M D m 2º Passo caso a medida da distância real D seja distinta da medida que o enunciado pede realizar a conversão 1 5000 E 5000 70000 M D cm 3º Passo realizar as operações matemáticas simplificando ao máximo possí vel o resultado 70000 5000 14 D d M cm d d cm Portanto a distância gráfica será de 14 centímetros As escalas gráficas são constituídas por um segmento de reta dividido de modo a mostrar graficamente a relação entre as dimensões de um objeto no dese nho e no terreno conforme ilustra a Figura 32 ELEMENTOS E PROCESSOS FUNDAMENTAIS PARA A COMUNICAÇÃO CARTOGRÁFICA Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 II U N I D A D E 92 0 1 2 3 0 1 2 3 Km Km Dist gráfca Dist real Dist real Dist gráfca Figura 32 Estrutura de uma escala gráfica Fonte os autores Essa representação escalar facilita a leitura direta da escala em um mapa pois basta posicionar a régua sobre a linha graduada como demonstrado na Figura 33 Figura 33 Procedimento para leitura de uma escala gráfica Fonte os autores Escala Cartográfica Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 93 Após o posicionamento basta ler a distância gráfica no primeiro intervalo Figura 34 Procedimento para a leitura da escala gráfica Fonte os autores No exemplo ilustrado na Figura 34 verificase que o intervalo da escala mede 1 cm gráfico sendo que esse valor equivale a 136 km no terreno real embora não seja obrigatório que esse valor seja sempre de 1 cm A partir dessa leitura direta faz se a leitura da distância gráfica com a régua entre os pontos de interesse ELEMENTOS E PROCESSOS FUNDAMENTAIS PARA A COMUNICAÇÃO CARTOGRÁFICA Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 II U N I D A D E 94 Figura 35 Procedimento para leitura da escala gráfica Fonte os autores Nesse exemplo foi obtida a distância em linha reta entre Manaus AM e Santarém PA sendo que no mapa utilizado é de 45 cm Para determinar a distância real entre as duas cidades basta multiplicar a distância real para 1 cm gráfico que foi obtida anteriormente sendo 136 km 45 136 612 D d M D D km A escala gráfica ainda tem como vantagem a possibilidade do cálculo da escala em um mapa que foi ampliado ou reduzido pois o traço e suas divisões são man tidos durante os processos de ampliação e redução O uso correto dos produtos cartográficos está associado ao conhecimento dos tipos de representações carto gráficas dos modos de implantação e representação da informação e da escala adequada para a temática escolhida A compreensão dos elementos de representa ção cartográfica produtos símbolos extensão e proporção é fundamental para o graduando em Geografia pois é o nível mais elementar para a compreensão dos dados cartográficos seja na leitura de um mapa técnico ou em um mapa escolar CONSIDERAÇÕES FINAIS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 95 CONSIDERAÇÕES FINAIS Nesta unidade foram apresentados alguns elementos essenciais para a leitura cartográfica e consequentemente importantes para a correta elaboração dos produtos cartográficos Discutimos os diferentes produtos cartográficos globos mapas cartas plantas ou imagens apresentando as escalas e os detalhamentos dos diversos tipos além de verificar a aplicação de cada material nas diferen tes práticas geográficas Verificamos as formas de representação quantitativas e qualitativas de se cartografar as informações além de quando e como devem ser aplicadas e lidas para a melhor comunicação possível Estudamos também os três modos de implantação das informações carto gráficas linear pontual e zonal e a partir de exemplos reais demonstrouse como e quando se utiliza cada um dos modos Após discutir e ilustrar os modos de implantação apresentamos as variáveis visuais que são utilizadas no desenho cartográfico ressaltandose que a escolha da variável visual se dá em função da pro priedade perceptiva que melhor representa os elementos a serem cartografados e do modo de implantação que melhor demonstra a extensão do mesmo elemento Finalmente apresentamos a escala cartográfica que também é um elemento essencial para a representação e para a leitura cartográfica básica pois estabe lece a relação de proporção entre as dimensões lineares representadas no mapa e as suas correspondentes relações no terreno real Portanto nesta segunda uni dade foram apresentados os fundamentos elementares da cartografia praticada na Geografia acadêmica e escolar tanto para a elaboração de produtos quanto na leitura cartográfica Na próxima unidade abordaremos os elementos essenciais para a representação plana e digital dos mapas possibilitando um aprofunda mento nos conceitos necessários para a boa prática cartográfica 96 1 Além da mudança das dimensões da área representada a alteração da escala cartográfica causa outros efeitos na representação dos fenômenos no mapa Assinale a alternativa que indica o impacto da escala cartográfica na fase do projeto cartográfico a A escala cartográfica está relacionada diretamente à etapa de seleção carto gráfica que consiste na simplificação dos traços dos fenômenos represen tados b A escala cartográfica é um fator determinante na escolha das propriedades perceptivas escolhidas pelo autor de mapas na construção da simbologia c A escala cartográfica altera o tipo de público ao qual o mapa se destina quanto maior a escala mais especializados são seus usuários d A escala cartográfica está diretamente relacionada à etapa de generaliza ção influenciando o grau de detalhamento dos fenômenos e O autor de mapas deve escolher a escala cartográfica de acordo com o maior fenômeno representado 2 Um professor de Geografia decidiu levar para sua aula uma série de mapas para ensinar escala cartográfica para seus alunos Em certa etapa sua intenção era a de apresentar os produtos cartográficos de forma a evidenciar uma dimi nuição de escala Os produtos cartográficos selecionados foram 1 Mapa cadastral para que os alunos visualizassem os loteamentos do bairro da escola 2 Mapa do Brasil para que os alunos visualizassem as fronteiras do nosso país 3 Mapamudo do Estado de São Paulo para que os alunos completassem com as variáveis visuais adequadas a produção industrial anual 4 Mapa turístico para que os alunos explorassem os atrativos turísticos da ci dade Organizando os produtos cartográficos da maior para a menor escala obtémse a ordem a 3 4 2 1 b 4 1 2 3 c 1 4 3 2 d 2 3 4 1 e 1 2 3 4 97 3 Considerando o mapa a seguir julgue as assertivas a seguir com V para as Verdadeiras e F para as Falsas Fonte MARTINELLI M Mapas gráficos e redes faça você mesmo São Paulo Oficina de Textos 2014 O mapa apresenta dois modos de implantação de dados pontual e linear A variável visual do mapa é de diversidadesimilaridade Uma das propriedades perceptivas da variável visual adotada é seu papel associativo A escala de medida empregada no mapa é nominal A sequência correta das afirmações é a V V V V b F V F F c V F F V d F F F V e F F V V 98 4 Ao preparar uma aula sobre escala cartográfica um professor selecionou dois mapas da mesma área com escalas diferentes sendo as escalas dos respectivos mapas 1500 e 110000 Ao apresentar os mapas para os alunos foi questio nado o porquê de o primeiro mapa possuir uma escala considerada maior do que a escala do segundo mapa Considerando o problema exposto explique porque o primeiro mapa na escala 1500 pode ser classificado como de escala grande quando comparado com o segundo mapa de escala 110000 5 Em um mapa de escala 125000 foi traçada uma reta entre dois pontos com uma distância gráfica de 13 cm Calcule a distância real dessa linha 99 Desde os primórdios da humanidade o uso de representações gráficas faz parte das atividades humanas Seja como instrumento de orientação espacial seja como docu mento para apreensão da realidade dos territórios ou ainda para o domínio dos espa ços conquistados a cartografia tem servido aos interesses das sociedades humanas Ao longo do tempo os saberes cartográficos e geográficos passaram por um acréscimo de conteúdos os quais contribuem para o conhecimento dos fenômenos naturais e sociais que ocorrem no espaço geográfico No texto a seguir é apresentado um breve resgate da integração que vem ocorrendo entre a cartografia e o saber geográficoensino da Geografia ao longo do tempo A Geografia é um vasto conjunto de saberes que existe há séculos Alguns desses sabe res são representados por meio de documentos cartográficos em que são representa das diferenças físicas e humanas Mediante cartas podem ser estabelecidas estratégias de ação A partir do século XIX o estudo e a confecção de mapas foram dissociados da Geografia recebendo a denominação de Cartografia Nesse período pesquisadores de diversas áreas Ciências Humanas e da Terra começaram a desenvolver cartas temáticas especializadas como geológicas botânicas entre outras Para Oliveira 1988 a parti cipação da Geografia na Cartografia não se restringe somente à elaboração de mapas temáticos A carta topográfica oriunda de uma cobertura regular de fotografias aéreas é a base inequívoca do binômio GeografiaCartografia Os produtos cartográficos facilitam o ensino da Geografia uma vez que devem ser em pregados como forma de despertar a sensibilidade dos aprendizes como também da queles a quem o produto seja de interesse Os mapas são considerados portanto como modelos para o desenvolvimento do conhecimento geográfico Além da falta de habi lidade muitos professores de Geografia deparamse com um sério problema os mapas são em geral idealizados para adultos e não para crianças ou seja são generalizações da realidade que implicam escala projeção e simbologia os quais não têm significação nenhuma para os alunos Fonte adaptado de Sales e Silva 2007 MATERIAL COMPLEMENTAR Mapas de Geografia e Cartografia Temática Marcelo Martinelli Editora Contexto Sinopse esse livro destinase a estudantes de graduação e pós graduação além de pesquisadores e profissionais de Geografia e de outros campos científicos que elejam o mapa como meio de registro pesquisa e comunicação dos resultados obtidos em seus estudos O livro introduz o leitor ao domínio das representações gráficas e apresenta os fundamentos metodológicos da cartografia temática da Geografia em bases semiológicas atinentes à comunicação visual Comentário este livro está disponível na Biblioteca Virtual Pearson Este artigo aborda a importância da escala nas representações cartográficas e ainda discute a necessidade da definição de uma escala adequada para a representação dos temas específicos Disponível em httpwwwrcunespbrigceplanejamentodownloadisabelcartografiageog isabelAula2aula2escala1pdf Acesso em 17 jul 2019 REFERÊNCIAS 101 BERTIN J Sémiologie graphique Les diagrammes Les réseaux Les cartes 3 ed Paris Les réimpressions 1967 BRASIL Portal de Mapas IBGE online 2017 Disponível em httpsportaldema pasibgegovbrportalphphomepage Acesso em 16 jul 2019 DENT B D Principles of thematic map design Massachusetts AddisonWesley 1985 DUARTE P A Fundamentos de Cartografia 2 ed Florianópolis Editora da UFSC 2002 GARBIN E P Contribuições da semiótica peirceana para a caracterização da se miose da carta topográfica 2016 Dissertação Mestrado em Geografia Universi dade Estadual de Maringá Maringá GASPAR J A Cartas e projecções cartográficas 3 ed Lisboa Lidel 2005 IBGE Noções básicas de Cartografia Rio de Janeiro IBGE 1998 Densidade demográfica no mundo IBGE 2019 Disponível em https geoftpibgegovbrprodutoseducacionaisatlaseducacionaisatlasgeografico escolarmapasdomundosociedadeeeconomiamundoniveldedensidade demograficapdf Acesso em 12 jun 2019 Recursos minerais IBGE 2019 Disponível em httpsgeoftpibgegovbr produtoseducacionaismapastematicosmapasdobrasilmapasnacionaisin formacoesambientaisrecursosmineraispdf Acesso em 17 jul 2019 Vegetação IBGE 2019 Disponível em httpsgeoftpibgegovbrprodu toseducacionaisatlaseducacionaisatlasgeograficoescolarmapasdobrasil mapasnacionaisinformacoesambientaisbrasilvegetacaopdf Acesso em 17 jul 2019 INMET NOTÍCIAS Boletim Informativo do Instituto Nacional de MeteorologiaMapa INMET Notícias a 8 n 41 janfev 2014 Disponível em httpwwwinmetgovbr portalarquploadboletimInformativo56pdf Acesso em 17 jul 2019 KEATES J Understanding maps London Longman 1982 Cartographic design and production 2 ed New York Longman Scientific Technical 1989 LIRA E FRANCA T LINS T SATO S S Visualização interativa de uma ortofotocar ta através de modelagem em 3D In CONGRESSO BRASILEIRO DE CARTOGRAFIA E EXPOSICARTA 27 26 2017 Rio de Janeiro Anais Rio de Janeiro SBC 2017 p 15611564 MARTINELLI M Mapas gráficos e redes faça você mesmo São Paulo Oficina de Textos 2014 REFERÊNCIAS NETTO J T C Semiótica informação e comunicação diagrama da teoria do signo São Paulo Perspectiva 1983 OLIVEIRA C de Curso de cartografia moderna 2 ed Rio de Janeiro IBGE 1993 QUEIROZ D R E A semiologia e a cartografia temática Boletim de Geografia v 18 p 121127 2000 SALES J J G SILVA R M da O ensino de cartografia temática como instrumento perceptivo no ensino de Geografia In ENCONTRO DE EXTENSÃO ENCONTRO DE INICIAÇÃO À DOCÊNCIA 9 10 2007 João Pessoa Anais João Pessoa ENEX ENED 2007 SLUTER C R Uma abordagem sistêmica para o desenvolvimento de projeto carto gráfico com parte do processo de comunicação Portal da Cartografia Londrina v 1 n 1 p 120 2008 REFERÊNCIAS ONLINE 1 Em httpwwwippucorgbrmapasinterativoslocalizador Acesso em 10 jun 2019 2 Em httpsenwikipediaorgwikiChoroplethmapmediaFileAustralianCen sus2011demographicmapAustraliabySLABCPfield2715Christiani tyAnglicanPersonssvg Acesso em 16 jul 2019 3 Em httpsptwikipediaorgwikiMapacoroplC3A9ticomediaFileAR CHELLAETHERYImg05png Acesso em 16 jul 2019 4 Em httpsatlassocioeconomicorsgovbrhipsometriaeunidadesgeomorfolo gicas Acesso em 16 jul 2019 5 Em ftpgeoftpibgegovbrprodutoseducacionaismapasmudosmapasdo mundocontinentespdf Acesso em 10 jun 2019 6 Em ftpgeoftpibgegovbrprodutoseducacionaismapasmudosmapasdo brasilmapasnacionaisbrasilpdf Acesso em 10 jun 2019 7 Em httpwwwriodejaneiroaquicomptmapaturisticohtml Acesso em 16 jul 2019 REFERÊNCIAS 103 8 Em httpmultimidiaturismocuritibaprgovbr20148jpg00000209jpg Aces so em 16 jul 2019 9 Em httpdosencontrosblogspotcom200610unsmapasdeumlivroyoua reheredehtml Acesso em 16 jul 2019 10 Em httpwwwinpebrnoticiasnoticiaphpCodNoticia1501 Acesso em 16 jul 2019 11 Em httpdadosalgovbrdatasetb2dcb5ed2628456a91156593dabf9df9re source9b7c933e31f048eabae288ef2bea7ffedownloadcartaatalaiafinalpng Acesso em 17 jul 2019 12 Em httpw3ufsmbrenquadraABaciahtm Acesso em 17 jul 2019 13 Em httpsmundogeocomblog20141107artigotratadopotencialdeero dibilidadenomunicipiodefrancasp Acesso em 17 jul 2019 14 Em httpwwwipardesprgovbrimpindexphp Acesso em 17 jul 2019 15 Em httpsatlassocioeconomicorsgovbrdistribuicaoedensidadedemografi ca Acesso em 17 jul 2019 GABARITO 1 D 2 C 3 E 4 No primeiro mapa a escala 1500 representa uma área reduzida porém apre senta um grande detalhamento Nessa escala a proporção entre o objeto real e a representação é de 1 centímetro no mapa e corresponde a 500 centímetro 5 metros no terreno real No segundo mapa a escala 110000 representa uma área maior porém com um detalhamento pequeno Nessa escala cada 1 centímetro no mapa corresponde a 10000 centímetros 100 metros no terreno real 5 325000 cm ou 325 km UNIDADE III Prof Me Thiago César Frediani SantAna Prof Me Estevão Pastori Garbin OS DESAFIOS DA CARTOGRAFIA NA REPRESENTAÇÃO DA FORMA DA TERRA Objetivos de Aprendizagem Compreender o processo histórico de determinação da forma da Terra Conhecer as diferentes estratégias para a orientação no espaço geográfico Compreender a função e o cálculo das coordenadas geográficas Plano de Estudo A seguir apresentamse os tópicos que você estudará nesta unidade A forma da Terra Estratégias de orientação no espaço As coordenadas geográficas INTRODUÇÃO Caroa alunoa embora hoje seja fácil afirmarmos qual é a verdadeira forma do nosso planeta devemos ter clareza de que esse tipo de indagação motivou vários povos antigos que não dispunham das ferramentas computacionais que temos hoje mas que realizaram importantes reflexões sobre essa questão Nesta unidade compreenderemos um pouco mais sobre como essa trajetória ocor reu Iniciaremos nossos estudos com as contribuições dos gregos examinando os métodos empregados por eles no estudo da forma da Terra Esse é um tema importante porque a partir do reconhecimento da esferici dade do nosso planeta um novo tipo de desafio surgiu no horizonte da Cartografia o desenvolvimento de estratégias para a representação de uma superfície curva em um plano desafio que está diretamente ligado à invenção das coordenadas geográficas Neste sentido abordaremos como o sistema de coordenadas geográ ficas se organiza ressaltando a interdependência com outros meios fundamentais para a representação da superfície terrestre Também estudaremos quais foram as estratégias historicamente empregadas para a orientação no espaço discutindo suas limitações bem como os meios de obtermos os rumos e os azimutes por meio da bússola A partir desse conteúdo aprenderemos a realizar a conversão entre essas medidas ressaltando sua inter dependência com a rosadosventos Essas discussões são fundamentais para os futuros professores de Geografia porque são conteúdos de presença obrigatória no currículo escolar além de servi rem como fundamento no entendimento dos principais desafios na representação do nosso planeta Esperamos que esta unidade forneça informações necessárias para que em sua vida profissional a tomada de decisões no processo de con fecção de produtos cartográficos mapas cartas plantas etc ocorra de maneira prática e suficientemente clara Introdução Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 107 OS DESAFIOS DA CARTOGRAFIA NA REPRESENTAÇÃO DA FORMA DA TERRA Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 III U N I D A D E 108 A FORMA DA TERRA Caroa alunoa com o desenvolvimento tecnológico que culminou no lan çamento de satélites artificiais que imageiam o nosso planeta a popularização dos meios de comunicação em massa e a Internet o formato visível que a Terra possui vista do espaço é uma imagem comum no imaginário coletivo mas nem sempre foi assim Até os últimos sessenta anos a forma do nosso planeta exigia dos povos um complexo raciocínio inferencial baseado nos indícios que foram aprimorados de maneira relativamente lenta ao longo da história da humani dade Cabe neste momento uma pergunta para você responder qual é a forma da Terra A resposta para essa questão é depende Para as ciências que tratam espe cificamente da representação do nosso planeta existem vários modelos que são A Forma da Terra Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 109 adotados para permitir a representação No entanto fornecer esses modelos e suas principais características sem recorrer a um breve histórico das principais descobertas é deixar de lado alguns raciocínios que complementam a nossa visão da Geografia Vamos começar Nas Unidades I e II constatamos que a preocupação central da Cartografia é a representação do espaço sendo o mapa seu objeto principal de estudo O levantamento e a medição do espaço embora estejam relacionados como etapas antecedentes e necessárias para a coleta dos dados e posteriormente serão repre sentados no mapa são o objetos de estudo de outra ciência denominada Geodésia De acordo com Oliveira 1993 a Geodésia é uma ciência que se ocupa em deter minar o tamanho e a figura da Terra por meio de medições como triangulação nivelamento e observações gravimétricas bem como em determinar o campo gra vitacional externo da Terra e até certo limite a estrutura interna Os métodos e as técnicas para a definição da forma do nosso planeta apri moraramse ao longo do tempo mas têm como o marco fundador a medição do raio da Terra estabelecida por Erastótenes 276 196 aC a partir da dife rença angular que os raios solares apresentavam simultaneamente em um poço na cidade de Siena e Alexandria O raciocínio empregado por Erastótenes foi o seguinte sabendo que a distância entre Siena e Alexandria que segundo o que pressupunha o filósofo compartilhavam uma mesma longitude era de 800 km a medição do ângulo formado pela sombra de uma estaca fincada no chão no solstício de verão 21 de junho indicaria o grau de curvatura da Terra entre os dois pontos A simples existência da sombra em Alexandria e sua ausência em Siena ao meiodia era um forte indício da esfericidade do planeta A partir desse dado bastaria dividir o ângulo encontrado pelo valor total da circunferência ter restre que é 360º para se determinar o raio planetário O ângulo formado pela sombra da estaca em Alexandria foi de 72º o que corresponde a uma das cinquenta partes da Terra A partir da multiplicação da distância conhecida entre as cidades por cinquenta Erastótenes determinou que a circunferência do planeta era aproximadamente 39250 quilômetros OS DESAFIOS DA CARTOGRAFIA NA REPRESENTAÇÃO DA FORMA DA TERRA Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 III U N I D A D E 110 NORTE OESTE SUL ESTE Raios do Sol Estaca 90 N E o Observação em Alexandria Observação em Siena Raios do sol no poço corte s 712 Alexandria Siena Rio Nilo 800 km Figura 1 Método empregado por Erastótenes na medição da Terra Fonte adaptada de Oliveira 1993 O valor encontrado por Erastótenes e o valor real da circunferência da Terra na linha do Equador diferenciamse em apenas 320 quilômetros Essa diferença se deu porque Siena e Alexandria não estavam exatamente na mesma longitude O levantamento e as medições para a determinação da forma real da Terra tornaramse secundárias ao longo da Idade Média mas voltaram a ganhar atenção durante o período das Grandes Navegações nos séculos XV e XVI impulsiona das pela busca de novas terras e riquezas Nesse período destacaramse as ideias de Cristóvão Colombo que defendeu insistentemente a ideia de uma Terra com a superfície arredondada e as de Fernão de Magalhães que realizou a primeira viagem de circumnavegação completa da Terra A Forma da Terra Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 111 Com o fortalecimento dos impérios coloniais em meados do século XVII inúmeras teorias e instrumentos recémdesenvolvidos juntamente com as des cobertas realizadas durante as navegações contribuíram para o amadurecimento das concepções da forma da Terra O francês Jean Picard 16201682 foi quem resgatou e aplicou o método desenvolvido por Eratóstenes e calculou o raio da Terra a partir do arco de circunferência localizado entre as cidades Paris e Amiens calculando o valor de 6372 km Ainda no século XVII franceses e ingleses travavam uma batalha científica para determinar a forma e a dimensão exata da Terra Giovanni Cassini medindo um arco de meridiano entre as cidades de Dunquerque e Collioure afirmou que a Terra tinha a forma de um ovo ovoide sendo achatada na região do Equador e alongada na direção dos pólos Isaac Newton então pôs em xeque a proposição de Cassini ao desenvolver com base em observações pendulares e na gravitação universal a teoria de que a Terra tem os dois polos achatados e uma dilatação no Equador o que a tornaria um elipsoide assim como ilustra a Figura 2 Na primeira metade do século XVIII a Academia de Ciências de Paris tentou explicar de forma definitiva a contradição entre as teorias de Cassini e de Newton e para isso foram organizadas duas expedições científicas A primeira expedi ção chefiada por CharlesMarie de la Condamine foi enviada para a América do Sul percorrendo o Peru e o Equador onde se realizou a medição de um grau de arco de meridiano próximo à linha equatorial e obteve como resultado que nessa posição o grau meridiano media 110613 metros A segunda expedição foi chefiada por Pierre Maupertius e enviada para o ártico onde se mediu um grau de arco de meridiano na Lapônia ponto próximo ao extremo polo Norte da Terra e verificou que o arco meridiano nessa localização media 111948 metros concluindose que a Terra é achatada nos polos e dilatada no Equador Com os resultados obtidos ficou constatado que a Teoria da Terra Ovoide pro posta por Cassini estava errada e nosso planeta possui um raio equatorial maior de acordo com a proposta de Newton OS DESAFIOS DA CARTOGRAFIA NA REPRESENTAÇÃO DA FORMA DA TERRA Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 III U N I D A D E 112 Modelo de Newton eixo polar eixo polar Modelo de Cassini 1 1 1 1 Figura 2 Os modelos da forma da Terra propostos por Isaac Newton e Giovanni Cassini Fonte os autores É importante ressaltar que os dois modelos ilustrados pela Figura 2 são didati camente exagerados na realidade a diferença do eixo equatorial do eixo polar é de apenas 21 quilômetros aproximadamente Mesmo com os resultados obtidos pelas expedições francesas vários esforços foram direcionados para a continuidade dos estudos sobre a forma da Terra em diversas partes da Europa Assim físicos e matemáticos dedicavamse a buscar uma informação mais precisa sobre o assunto Em 1828 Carl Friedrich Gauss 17771855 propôs um modelo físico e não geométrico da Terra baseado na superfície equipotencial do campo de gravi dade do planeta que coincide com o nível médio não perturbado dos mares Em 1873 Listing conclui que se a gravidade exerce força diferente para cada ponto da superfície a Terra deveria ter uma superfície irregular como um grande bloco rochoso com uma superfície rugosa denominando essa forma de Geoide Esse modelo é considerado referência para os levantamentos planimétricos e altimé tricos de alta precisão É importante assinalar que existe uma diferença significativa entre a super fície topográfica e a superfície do geoide Podemos considerar como superfície A Forma da Terra Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 113 topográfica todos os aspectos mensuráveis da superfície terrestre o que inclui as grandes altitudes e grandes depressões o ponto mais alto dessa superfície no nosso planeta o Monte Everest tem uma altitude de 8840 metros enquanto o ponto mais baixo a Fossa das Marianas tem 11000 metros de profundi dade o que se evidencia uma amplitude topográfica de quase 20 quilômetros Embora na escala humana seja uma diferença considerável no modelo geoidal essa amplitude seria de no máximo 110 metros pois o geoide é obtido a partir dos valores gravimétricos de um ponto e não de sua altitude Um exemplo de como o geoide é caracterizado está expresso na Figura 3 Figura 3 A Terra a partir da forma de um geoide Fonte Wikipedia 2012 online1 Por mais precisos entretanto que sejam os valores obtidos pela superfície geoi dal dependendo da finalidade das atividades desenvolvidas podese adotar formas mais simplificadas para a representação da Terra nas quais destacamse o plano a esfera e o elipsoide OS DESAFIOS DA CARTOGRAFIA NA REPRESENTAÇÃO DA FORMA DA TERRA Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 III U N I D A D E 114 Plano Esfera Elipsóide Figura 4 Os três modelos mais comuns para a representação da Terra Fonte os autores O modelo plano de representação da superfície terrestre é a estratégia mais sim ples usada como superfície de referência para áreas muito limitadas de até 50 km² Por serem muito reduzidas essas áreas não apresentam as deformações observadas na curvatura terrestre fornecendo maior facilidade na representa ção e no tratamento dos dados obtidos nos trabalhos de topografia Já a esfera é a forma geométrica mais conhecida para representar o nosso planeta Sua adoção pressupõe a eliminação da diferença de tamanho entre os eixos polar e equatorial bem como a amplitude das altitudes da superfície ter restre Ao contrário do modelo plano as escalas geralmente empregadas nesse tipo de modelo esférico são muito pequenas de 15000000 e inferiores Se é verdade que o modelo esférico é mais aproximado da forma da Terra em relação ao modelo plano também é verdade que as operações matemáticas necessárias para a obtenção de medidas são mais complexas Por exemplo você deve se lembrar caroa alunoa de que a menor distância entre dois pontos em um plano é uma reta certo Contudo no caso da esfera o caminho mais curto é um arco de circunferência Isso significa que quanto mais próximo da forma real do planeta mais difícil é de se trabalhar na realização de operações mate máticas sobre as representações cartográficas A Forma da Terra Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 115 O modelo mais complicado para representar a superfície terrestre é o elip soidal Ele considera o achatamento que a Terra tem em direção aos pólos e é empregado principalmente em levantamentos de alta precisão É a partir do modelo elipsoidal que são definidas as coordenadas geodésicas elipsoidais A forma elipsoidal pode apresentar uma grande variedade de aspectos pois ao contrário do círculo seus eixos vertical e horizontal possuem valores distin tos Na prática isso significa que dependendo da localização da área que será representada devese adotar o elipsoide com as configurações mais adequadas para sua finalidade Para se estabelecer uma fixação entre o geoide e o elipsoide para uma representação mais fiel possível é escolhido um datum geodésico De acordo com Gaspar 2005 o termo datum é empregado na Geodésia para designar um conjunto de parâmetros que constituem a referência de um deter minado sistema de coordenadas geográficas Os data plural de datum podem ser locais ou globais no caso do Brasil desde 2013 utilizase o datum geodé sico SIRGAS 2000 substituindo o datum anterior o SAD 69 O efeito prático da mudança de um datum é o fato de que além de permitir uma acurácia maior no posicionamento dos fenômenos no espaço atribuemse posições ligeiramente diferentes para valores idênticos das coordenadas geográficas Por mais importante que seja a adoção de uma superfície de referência para a representação cartográfica do planeta essa tarefa estaria incompleta sem a articulação com uma estratégia de orientação e localização assunto tratado nas próximas páginas OS DESAFIOS DA CARTOGRAFIA NA REPRESENTAÇÃO DA FORMA DA TERRA Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 III U N I D A D E 116 ESTRATÉGIAS DE ORIENTAÇÃO NO ESPAÇO Caroa alunoa para que possamos nos deslocar no espaço de um ponto a outro é necessário termos ao menos três informações conhecidas saber onde esta mos para onde vamos e o sentido que devemos seguir Essa pode parecer uma tarefa aparentemente simples quando os lugares são próximos e bem conhe cidos mas passam a exigir uma estratégia mais elaborada quando trabalhamos com grandes distâncias e desconhecemos o nosso ponto de chegada A evolução do raciocínio espacial dos povos antigos demonstra algumas estratégias muito interessantes para resolver essa questão A estratégia mais primitiva para a apropriação e a orientação dos espaços é a adoção de toponímias isto é batizar o terreno com algum nome que permite referenciálo comunitariamente CLAVAL 2011 Logo tornase possível criar um ponto de referência e situar os lugares colocandoos atrás da colina do castelo à Estratégias de Orientação no Espaço Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 117 direita da Praça dos Três Poderes e assim por diante O problema dessa estratégia é que as toponímias não possuem nomes universais isto é têm alcance limitado a uma determinada cultura além do fato de não permitirem que as pessoas que nunca viram esses fatos geográficos os utilizem como um ponto de referência A solução para a limitação do uso das toponímias foi a utilização de pontos de referência acessíveis a qualquer pessoa tendo como base a observação dos astros celestes como o Sol a Lua e outras estrelas Se pararmos para pensar qualquer pessoa tem condições de olhar o céu e identificar esses pontos comuns que ser vem como referência e ajustar a sua direção no deslocamento A observação desses astros e o conhecimento das trajetórias aparentes na abóboda celeste como o local onde o Sol nasce e se põe tornou a tarefa de deslocamento tendo como referência uma grade universal e mais precisa do que o uso dos topônimos Com o avanço dos conhecimentos das civilizações e com a necessidade cada vez maior de se movimentar por territórios longínquos surgiu a padronização dos pontos principais de referência que ficaram conhecidos como pontos car deais A forma mais simples de se orientar pelos pontos cardeais era por meio da observação do movimento dos astros bastando saber que o Sol a Lua e as estre las nascem sempre a leste A rosadosventos foi criada para indicar exatamente os sentidos dos pontos cardeais e a partir deles desenvolveramse outros pontos de precisão intermediários entre os pontos cardeais que são chamados de pon tos colaterais e entre esses últimos foram determinados os pontos subcolaterais Você já parou para pensar no significado dos nomes dos topônimos do lu gar onde você mora OS DESAFIOS DA CARTOGRAFIA NA REPRESENTAÇÃO DA FORMA DA TERRA Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 III U N I D A D E 118 Figura 6 A Rosadosventos e os pontos cardeais colaterais e subcolaterais Fonte Wikipedia 2008 online2 PONTOS CARDEAIS N Norte S Sul E ou L Leste W ou O Oeste PONTOS COLATERAIS NE Nordeste SE Sudeste SO Sudoeste NO Noroeste Estratégias de Orientação no Espaço Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 119 PONTOS SUBCOLATERAIS NNE NorNordeste ENE LésNordeste ESE LésSudeste SSE SulSudeste SSO SulSudoeste OSO OésSudoeste ONO OésNoroeste NNO NorNoroeste Quadro 1 Os pontos cardeais colaterais e subcolaterais Fonte os autores As limitações oriundas da técnica de observação dos astros celestes para deter minar a orientação recaem sobre alguns problemas comuns no nosso dia a dia e que em situações específicas causariam sérios problemas para aqueles que dela dependem Basta imaginar que durante uma tempestade ou estando um céu com grande nebulosidade não há a possibilidade de enxergar os astros celestes e um marinheiro ficaria totalmente desorientado Para isso buscaramse alternativas que servissem como meio seguro e mais constante para a orientação no nosso planeta como é o caso da orientação a partir do campo magnético da Terra A bússola é o instrumento utilizado para a orientação que funciona a par tir da atração de uma agulha imantada em relação ao campo magnético da Terra Foi descoberta pelos chineses aproximadamente no ano de 1100 dC Além de propor o geoide também foi Gauss quem realizou os estudos iniciais sistemáticos para compreender a variação desse campo magnético em nível planetário Dessas pesquisas verificouse que 95 desse campo são originados no interior terres tre devido à composição rica em ferro Em outras palavras ao considerarmos o nosso planeta uma grande esfera verificamos que próximo ao seu centro origina se um campo magnético assim como uma espécie de ímã de barra denominado OS DESAFIOS DA CARTOGRAFIA NA REPRESENTAÇÃO DA FORMA DA TERRA Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 III U N I D A D E 120 dípolo Esse dípolo não está perfeitamente alinhado ao Equador o que forma um ângulo de aproximadamente 115 Por essa razão a agulha imantada da bússola não aponta para o eixo correspondente aos meridianos mas ao norte magnético Esse ângulo de desvio da agulha é denominado declinação magnética ERNESTO MARQUES 2008 Devese pontuar que o magnetismo na Terra tem seus valores alterados com o tempo ou seja o norte magnético está em um permanente e discreto movimento É por isso que para trabalharmos com a orientação temos que identificar os diferentes nortes que existem pois variam a depender do critério que considerarmos Denominamos norte verdadeiro ou norte geográfico os pontos extremos do alinhamento que coincidem com o eixo de rotação da Terra sobre o qual se descreve o movimento de rotação diária A orientação pelo norte verdadeiro ou geográfico é dada por uma linha imaginária paralela ao eixo de rotação da Terra A distribuição do campo geomagnético sobre a superfície da Terra é melhor observada em cartas isomagnéticas isto é mapas nos quais linhas unem pontos que correspondem a um mesmo valor de um determinado parâme tro magnético As linhas isomagnéticas cruzam continentes e oceanos sem distúrbios e não mostram relações óbvias com grandes cadeias de mon tanhas ou com cadeias submarinas Esse fato deixa claro que a origem do campo geomagnético necessariamente tem de ser profunda Fonte Ernesto e Marques 2008 p 77 Estratégias de Orientação no Espaço Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 121 Pólo Magnético Norte Pólo Magnético Sul Pólo Geográfco Norte Pólo Geográfco Sul Figura 7 Declinação magnética entre o norte verdadeiro e o norte magnético A agulha imantada da bússola no entanto que indica o norte não está orientada em relação ao norte geográfico mas ao norte magnético da Terra A ponta da agulha que marca o sentido norte na verdade aponta para o sul magnético da Terra enquanto a extremidade oposta aponta o norte magnético da Terra Logo o norte apontado pela agulha da bússola é o norte magnético mas que corresponde ao sul geográfico O norte magnético é obtido pelo campo magnético terrestre e apresenta uma diferença de direção em relação ao norte verdadeiro Além disso o norte mag nético não é fixo pois o campo magnético da Terra está sempre em movimento Ao longo dos anos o polo magnético da Terra sofre uma flutuação alterando sua direção Em mapeamentos antigos é necessário verificar qual foi a alteração sofrida pelo norte magnético da Terra no período OS DESAFIOS DA CARTOGRAFIA NA REPRESENTAÇÃO DA FORMA DA TERRA Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 III U N I D A D E 122 CALCULANDO RUMOS E AZIMUTES Embora os pontos cardeais colaterais e subcolaterais ofereçam meios para se deter minar uma orientação a trajetória de grandes distâncias necessitam de cálculos matemáticos para se determinar da forma mais exata possível a orientação a ser percorrida Para tanto são utilizados dois tipos de informações o azimute e o rumo Azimute O azimute é o ângulo formado entre o meridiano de origem linha paralela ao eixo de rotação da Terra e o alinhamento do ponto de interesse Sua origem tanto magnética quanto geográfica é o norte e a angulação varia de 0 a 360 N 0360 S E 90 W 270 180 Az Az Az Az 4 0 3 2 1 Figura 8 Exemplo de marcações do azimute Fonte os autores Estratégias de Orientação no Espaço Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 123 Rumo O rumo é o menor ângulo entre a meridiana NorteSul e o ponto lido A varia ção desse ângulo é de 0 a 90 sendo contado do norte ou do sul para leste ou oeste Segundo Borges 2013 p 35 o rumo de uma linha é o ângulo horizontal entre a direção nortesul e a linha medido a partir do norte ou do sul na dire ção da linha porém não ultrapassando 90 O rumo é obtido com leituras segmentadas ou seja na prática seria necessário determinar em qual quadrante o objeto ou o caminho que se quer ler está locali zado Nesse caso os quadrantes correspondem a um quarto da rosa dos ventos sendo que podemos dividir as direções norte sul leste e oeste em quatro quadrantes 1º quadrante NE 2º quadrante SE 3º quadrante SWSO 4º quadrante NWNO O valor numérico do rumo sempre deve ser acompanhado de sua orientação ou seja de onde partiu a leitura norte ou sul e para onde foi girada a bússola leste ou oeste como N S E W90 NW 40 SE 30 NE 50 SW 44 90 0 0 Figura 9 Leitura do rumo em uma bússola Fonte os autores OS DESAFIOS DA CARTOGRAFIA NA REPRESENTAÇÃO DA FORMA DA TERRA Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 III U N I D A D E 124 50NE significa que a leitura teve início em norte e que o ponto está a 50º no sentido leste E 30SE significa que a leitura teve início em sul e que o ponto está a 30º no sen tido leste E 44NW significa que a leitura teve início em norte e que o ponto está a 44º no sentido oeste W 40SW significa que a leitura teve início em sul e que o ponto está a 40º no sen tido oeste W TRANSFORMAÇÕES DE RUMO E AZIMUTE Cada quadrante tem o seu modo de transformar rumo em azimute ou o contrá rio como demonstrado a seguir De Azimute para Rumo 1 quadrante NE Rumo Az 2 quadrante SE Rumo 180 Az 3 quadrante SW Rumo Az 180 4 quadrante NW Rumo 360 Az Estratégias de Orientação no Espaço Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 125 De Rumo para Azimute 1 quadrante Az Rumo 2 quadrante Az 180 Rumo 3 quadrante Az 180 Rumo 4 quadrante Az 360 Rumo Para representar os dados angulares obtidos a partir de um azimute em uma carta basta usar um transferidor Marcase o ponto de partida da leitura e se coloca a base do transferidor linha 0º 180º paralela ao ponto de referência sobre o ponto a partir do qual pretendemos traçar o azimute Logo em seguida marcase na carta junto à marca de graduação do transferidor correspondente ao ângulo do azimute pretendido Finalmente é traçada uma linha que passa pelo ponto do ângulo medido e tem a extensão da distância já determinada N Az S E R O N Az S E R O N Az S E R O N Az S E R O 1 Quadrante 2 Quadrante 3 Quadrante 4 Quadrante Figura 10 Transformação entre rumos e azimutes Fonte os autores OS DESAFIOS DA CARTOGRAFIA NA REPRESENTAÇÃO DA FORMA DA TERRA Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 III U N I D A D E 126 AS COORDENADAS GEOGRÁFICAS Os gregos foram os responsáveis pela elaboração dos primeiros sistemas de coor denadas de latitudes e longitudes Os paralelos são linhas imaginárias que têm como origem a Linha do Equador a qual divide a Terra nos hemisférios norte e sul Os paralelos circundam horizontalmente o planeta partindo do 0º na linha do Equador até 90º no Polo Sul e 90º no Polo Norte Os meridianos são linhas imagi nárias que tocam os polos da Terra O meridiano central é denominado Greenwich 0º o qual divide a Terra nos hemisférios Leste e Oeste e a partir dele são contados 180º para leste e 180º para oeste Figura 11 Paralelos e Meridianos As Coordenadas Geográficas Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 127 O meridiano central foi instituído em 1895 no Congresso Internacional de Geografia quando todos os países aceitaram que o principal meridiano deve ria passar sobre Londres Seu lado oposto denominado antimeridiano 180º coincide com a Linha Internacional de Data LID e passa justamente sobre o Oceano Pacífico onde está o fuso internacional do dia Existem alguns paralelos especiais que têm nome próprio devido à sua importância para outras áreas de estudos como a astronomia e a climatolo gia São os Trópicos de Câncer e de Capricórnio localizados respectivamente a 23º2730N e 23º2730S e os círculos polares Ártico e Antártico localizados respectivamente a 66º33N e 66º33S Figura 12 Os principais paralelos da Terra Quando os paralelos e os meridianos se cruzam formase o que é denominado coordenada geográfica cada ponto da superfície terrestre tem a sua coordenada geográfica formada por uma latitude que poderá ser norte ou sul com grau minuto e segundo de arco e uma longitude que pode ser leste ou oeste OS DESAFIOS DA CARTOGRAFIA NA REPRESENTAÇÃO DA FORMA DA TERRA Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 III U N I D A D E 128 Figura 13 A formação das coordenadas geográficas a partir do cruzamento de um paralelo com um meridiano Fonte Wikipedia 2014 online3 PONTO COORDENADAS GEOGRÁFICAS Latitude φ Longitude λ A 50 N 100 W B 40 N 80 E C 20 S 40 W D 10 S 20 E Tabela 1 Coordenadas geográficas dos pontos da Figura 13 Fonte os autores Um dado importante que Em que ser calculado entre dois pontos a partir de suas coordenadas geográficas é a diferença de latitude e longitude Para efeitos de cálculo considerase que as latitudes do hemisfério norte apresentam um valor positivo enquanto as do sul negativo No caso das longitudes utilizamse valores positivos para leste e negativos para oeste do meridiano de Greenwich Para tanto empregamse as fórmulas matemáticas a seguir para se obter essa informação A B ϕ ϕ ϕ As Coordenadas Geográficas Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 129 Onde diferença de latitude diferença do ponto A diferença do ponto B A B ϕ ϕ ϕ A B λ λ λ Onde diferença de longitude longitude do ponto A longitude do ponto B A B ϕ ϕ ϕ Para mostrarmos como se obtêm as diferenças de latitude e longitude entre dois pontos consideraremos os dados presentes no Quadro 1 levando em conside ração as coordenadas geográficas dos pontos A 50N 100W B 40N 80E C 20S 40W e D 10S 20E Para obtermos a diferença de latitude entre os pontos A e B basta substituirmos os valores da fórmula a seguir pelos valores correspondentes dos pontos 50 40 10 A B ϕ ϕ ϕ ϕ ϕ No caso da diferença de longitude basta substituirmos os valores da fórmula a seguir pelos valores correspondentes dos pontos 100 80 100 80 180 A B λ λ λ λ λ λ OS DESAFIOS DA CARTOGRAFIA NA REPRESENTAÇÃO DA FORMA DA TERRA Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 III U N I D A D E 130 Nesse exemplo em específico é válido lembrar que os sinais de positivo e nega tivo que acompanham os pontos A e B dependem do hemisfério no qual se encontram Quando dois pontos se encontram com uma diferença de longi tude de 180 como foi o caso dos pontos A e B dizemos que A se encontra no antimeridiano de B E você caroa alunoa saberia calcular a diferença de latitude e longitude entre os pontos C e D Para ter mais informações sobre o conteúdo e assistir à resolução do exercício proposto consulte nosso QR Code por meio da sua plataforma CONSIDERAÇÕES FINAIS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 131 CONSIDERAÇÕES FINAIS A cartografia é imprescindível para os estudos relacionados aos fenômenos geo gráficos Para tanto é necessário conhecer a superfície cartografada a melhor forma de representação dos fenômenos que ocorrem no espaço geográfico além das ferramentas contemporâneas e os novos produtos que podem ser gerados para uma comunicação cartográfica mais eficiente Nesta unidade verificamos o processo histórico que culminou com a deter minação de modelos para representação da forma terrestre notando que a ciência é incansável na busca dos grandes questionamentos do homem sobre a Terra onde vive e desenvolve suas atividades econômicas sociais e intelectuais Ao longo deste capítulo foram apresentados os principais procedimentos realizados pelos gregos para a determinação da forma da Terra bem como os argumentos de Newton e Cassini sobre as especificidades dos seus eixos Discutimos ainda os conceitos e os procedimentos de orientação e locali zação geográfica os quais são necessários para a compreensão da localização e distribuição dos fenômenos geográficos A partir dos pontos cardeais colaterais e subcolaterais você pôde aprender como se orientar no espaço bem como obter os valores dos rumos e azimutes para trabalhar com seus alunos em sala de aula Um dos conteúdos que discutimos nesta unidade foi a compreensão das diferentes formas geométricas utilizadas como modelos para a representação do nosso planeta Esse tipo de procedimento é fundamental porque permite tor nar viável a representação da superfície terrestre soluções diretamente ligadas à escala e aos propósitos de uso Por fim estudamos o princípio que organiza as coordenadas geográficas discutindo como estabelecer a diferença entre as latitudes e longitudes de dois pontos aspectos que serão retomados e aprofundados nos próximos capítulos 132 1 Considerando as diferenças entre o rumo e o azimute analise as proposições listadas a seguir I A orientação dos rumos e dos azimutes tem origem no Norte II O valor do rumo deve apresentar o menor ângulo em relação ao eixo norte sul e ao ponto subcolateral correspondente III Um rumo de 45º NW tem sua origem em norte e vai para oeste IV O valor do rumo varia de 0º a 90º e o valor do azimute de 0º a 360º Está correto apenas o que se afirma em a I b I e II c II e III d III e IV e II III e IV 2 Um professor realizou uma aula prática de orientação com bússola Para essa aula ele utilizou um mapa confeccionado com a orientação feita pelo norte verdadeiro da Terra Durante a prática os alunos constataram que alguns pon tos no terreno não estavam na mesma orientação marcada no mapa Identifi que a fonte de erro que apareceu durante a aula prática 3 A representação das formas da Terra envolve uma série de conceitos geomé tricos geodésicos e geográficos Considerando a especificidade desses con ceitos julgue as afirmativas a seguir com V para as Verdadeiras e F para as Falsas A forma mais precisa da Terra é denominada geoides A Cartografia utiliza vários modelos geométricos para representar o nosso planeta inclusive o plano Ao olharmos uma paisagem pela janela é possível enxergarmos parte da superfície do geoide A função dos data é estabelecer um elo entre o geoide e o elipsoide na re presentação do espaço 133 Se considerarmos uma escala cartográfica muito grande é possível visuali zarmos o efeito da curvatura terrestre A sequência correta é a F F V V F b V V F V V c F V V F V d V F F F V e V V F V F 4 Durante um trabalho de campo aos alunos do curso de Geografia foi solicita do que determinassem as coordenadas geográficas do ponto A 231425N 122412W Ao realizar as correções dos resultados o professor verificou que embora as coordenadas fossem idênticas a posição entre os pontos não coin cidiam assim como mostra a figura a seguir Considerando que os equipamentos estavam em perfeitas condições assinale a alternativa que corresponde ao tipo de informação que o professor deixou de repassar e que determinou a diferença de localização entre os pontos a Os valores dos eixos do elipsoide b A escala cartográfica c A orientação d A longitude e O datum 134 5 Os gregos foram os responsáveis por uma série de inovações que até hoje es tão presentes nas práticas de representação do espaço Com base nessas con tribuições estudadas nesta unidade analise as asserções a seguir e a relação proposta entre elas I Uma das maiores descobertas do povo grego foi a utilização dos astros ce lestes para o desenvolvimento de um sistema de coordenadas geográficas universais PORQUE II O uso das toponímias tornava os pontos de referência restritos ao nível local A respeito dessas asserções assinale a alternativa correta a As asserções I e II são proposições verdadeiras e a II é justificativa correta da I b As asserções I e II são proposições verdadeiras mas a II não é justificativa correta da I c A asserção I é proposição verdadeira e a II é proposição falsa d A asserção I é proposição falsa e a II é uma proposição verdadeira e As asserções I e II são proposições falsas 135 A orientação com mapa e bússola tornouse um esporte em franco crescimento na últi ma década atualmente existem vários grupos que são adeptos dessa modalidade ain da pouco divulgada A orientação consiste em um desafio de se utilizar uma bússola e uma carta planialtimétrica para se chegar a lugares específicos sem nenhuma referência adicional O mais comum é a orientação na selva onde alguns alvos são colocados den tro de uma extensa área de mata com orientações azimuterumo e distâncias com essas informações o atleta precisa se deslocar até os alvos A seguir é apresentado um texto que relata a breve história dessa modalidade Nos primórdios da existência humana a orientação e a localização espacial eram habi lidades necessárias para a sobrevivência principalmente nos deslocamentos terrestres para a busca de refúgios e de alimentos Ao longo dos séculos com o conhecimento dos astros com a invenção da bússola e com o uso dos mapas a localização e a orientação se tornaram mais precisas permitindo nortear o deslocamento de exploradores e nave gadores de terras e mares além de orientarse em qualquer momento ou condição do ambiente Atualmente temos uma gama de informação sobre qualquer lugar à disposição de mui tas pessoas através do SIG da rede ciberespacial e do GPS Entretanto no meio dessa trajetória surge uma atividade a Orientação A Orientação é uma prática muito antiga na Europa e teve início nos países nórdicos há mais de um século Em meados do século XIX militares escandinavos realizavam exercícios de orien tação com suas tropas em meio às paisagens naturais com o objetivo de treinar e de entreter O Major Ernst Killander um sueco e líder de escoteiros conseguiu divulgar e popularizar o esporte A princípio constatou que os jovens se afastavam cada vez mais das ativida des esportivas de corrida e do atletismo e decidiu explorar a paisagem sueca para atrair os jovens corredores Fixou pontos no meio das florestas entregou um mapa e uma bússola para os participantes estabelecendo assim uma corrida A prática da atividade se tornou um grande sucesso e ele foi incentivado a ampliar a orientação para outras pessoas Fonte adaptado de Scherma e Ferreira 2011 MATERIAL COMPLEMENTAR O prêmio da longitude Joan Dash Editora Companhia das Letras Sinopse em 1714 depois de muitos naufrágios dos navios da Marinha Real o Parlamento Britânico instituiu um prêmio milionário para quem descobrisse como determinar a longitude no mar Para uma potência naval como a Inglaterra era inadmissível que desastres marítimos continuassem a ocorrer Cinquenta anos depois o prêmio continuava sem vencedores Cientistas consagrados como Isaac Newton e Edmond Halley haviam tentado estabelecer um método de calcular a longitude a partir de experimentos de astronomia mas sem sucesso Quem conseguiu descobrir a maneira de medila com precisão foi um humilde relojoeiro John Harrison Só faltava que a Comissão de Longitude grupo designado para conceder o prêmio concordasse em reconhecer que um trabalhador pobre e pouco articulado pudesse ser o vencedor Tinha início uma briga que ocuparia o resto da vida de Harrison Numa reportagem minuciosa que combina história da ciência diário de bordo e biografia Joan Dash recria esse conflito e apresenta os detalhes de um personagem central na história da ciência protagonista de uma corrida que contribuiu literalmente para ajudar o homem a descobrir seu lugar no mundo O link a seguir apresenta um breve vídeo que demonstra de maneira muito simples e prática a utilização das bússolas topográfica e militar para a tomada de dados em campo Web httpswwwyoutubecomwatchvz6UG56NpR8 REFERÊNCIAS 137 BORGES A C Topografia aplicada à Engenharia Civil São Paulo Blucher 2013 CLAVAL P Epistemologia da Geografia Florianópolis Editora UFSC 2011 ERNESTO M MARQUES L S Investigando o interior da Terra In TEIXEIRA W FAIR CHILD T R TOLEDO M C M de TAIOLI F Decifrando a Terra São Paulo Compa nhia Editora Nacional 2008 p 6482 GASPAR J A Cartas e projecções cartográficas 3 ed Lisboa Lidel 2005 OLIVEIRA C Dicionário cartográfico 4 ed Rio de Janeiro IBGE 1993 SCHERMA E P FERREIRA E R Ler analisar e interpretar mapas através das práticas da orientação Imaginação e Inovação desafios para a Cartografia Escolar In COLÓ QUIO DE CARTOGRAFIA PARA CRIANÇAS E ESCOLARES 7 2011 Vitória Anais Vitória 2011 p 230255 Disponível emh ttpscartografiaescolar2011fileswor dpresscom201203leranalisarinterpretarmapasatravespraticaorientacaopdf Acesso em 14 jun 2019 REFERÊNCIAS ONLINE 1 Em httpsptwikipediaorgwikiGeoidemediaFileGeoidssmjpg Acesso em 18 jul 2019 2 Em httpsptwikipediaorgwikiRosadosventosmediaFileBrosenwindro seItsvg Acesso em 18 jul 2019 3 Em httpsptwikipediaorgwikiFicheiroMapacoordenadasgeogrC3A1fi caseditadojpg Acesso em 14 jun 2019 GABARITO 1 D 2 Tratase da diferença angular que existe entre o norte verdadeiro e o norte mag nético da Terra Essa diferença que gerou o erro de observação é denominada declinação magnética 3 E 4 E 5 A UNIDADE IV Prof Me Estevão Pastori Garbin Prof Me Thiago César Frediani SantAna PROJEÇÕES CARTOGRÁFICAS E REPRESENTAÇÃO DO RELEVO Objetivos de Aprendizagem Identificar as especificidades das projeções cartográficas na representação espacial Conhecer os principais instrumentos para a obtenção de dados planialtimétricos da paisagem Conhecer as principais técnicas para a representação cartográfica do relevo Plano de Estudo A seguir apresentamse os tópicos que você estudará nesta unidade As projeções cartográficas Conhecendo os principais métodos para a realização de levantamentos planialtimétricos Representação e leitura do relevo na cartografia INTRODUÇÃO Caroa alunoa nesta unidade estudaremos quais são as implicações da trans formação de uma superfície curva em uma superfície plana nas representações cartográficas As projeções cartográficas formam um importante conjunto de estratégias desenvolvidas e amadurecidas desde os gregos para o encontro de soluções na representação da superfície terrestre Discutiremos as fontes de dis torções geradas nesse processo Outro ponto que abordaremos são os principais ramos e métodos para o levantamento de dados do terreno a partir dos conceitos de altimetria planime tria e as relações com a Cartografia Em seguida daremos atenção especial aos tipos de soluções historicamente empregadas na representação do relevo consi derando as especificidades e potencialidade de cada uma O nosso foco principal será a leitura das curvas de nível uma invenção moderna que auxiliou sobrema neira a Cartografia na representação de forma mais fidedigna do relevo Por fim aprenderemos como construir e interpretar um recurso muito útil na visualização da altimetria do relevo os perfis topográficos Eles são caracte rizados por uma transposição das informações contidas nas curvas de nível em uma visão lateral facilitando a visualização dos declives e auxiliando na leitura da paisagem Estudaremos passo a passo como construir um perfil topográ fico considerando suas especificidades escalares e as principais estratégias para a transposição das informações presentes em uma carta topográfica Esperamos que esta unidade forneça as informações necessárias para que em sua vida profissional a tomada de decisões no processo de confecção de produtos cartográficos mapas cartas plantas etc ocorra de maneira prática e suficientemente clara Introdução Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 141 PROJEÇÕES CARTOGRÁFICAS E REPRESENTAÇÃO DO RELEVO Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV U N I D A D E 142 AS PROJEÇÕES CARTOGRÁFICAS Um dos maiores desafios decorrentes do conhecimento e da medição da cur vatura terrestre é a sua transposição para uma superfície plana como em uma folha de papel por exemplo causando as menores deformações possíveis A transposição de uma superfície curva para uma plana é um tipo de problema recorrente se observarmos o nosso cotidiano como na construção de uma bola de futebol Figura 1 Figura 1 Um tipo de solução para a transformação de um objeto em duas superfícies distintas Fonte os autores As Projeções Cartográficas Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 143 No caso da bola de futebol construída a partir de um material bem rígido são recortados pequenos polígonos que depois de costurados possuem suas linhas suavizadas pela pressão do ar do interior da bola Na Cartografia adotamse estratégias engenhosamente semelhantes mas com uma dificuldade adicional as distorções causadas na transposição de uma superfície curva para a plana afe tam diretamente algumas características da informação geográfica presente no mapa Denominamos esse conjunto de soluções empregadas na transposição de um ponto de uma superfície curva para uma superfície plana bem como na sua materialização de projeção cartográfica GASPAR 2005 Os paralelos e os meridianos cumprem um papel importante na execução das projeções porque indicam as deformações causadas na transposição carto gráfica Isso significa que é a partir de suas trajetórias que identificamos o tipo de projeção utilizada na construção de um mapa bem como no tipo de proprie dade que essa projeção conserva ou deforma na representação espacial Os procedimentos envolvidos na construção de uma projeção cartográfica podem ser divididos em dois principais momentos O primeiro é caracterizado pela redução escalar do modelo terrestre adotado para a representação do planeta o que envolve todas as transformações que a mudança de escala pode ocasionar na representação espacial assim como vimos na Unidade II O exemplo mais repre sentativo dessa operação é a construção de um globo terrestre pouco utilizado no nosso cotidiano pelo seu alto grau de generalização e pela dificuldade em trans portálo O segundo momento corresponde à transformação da forma dos objetos oriundos da transposição de uma superfície curva para uma superfície plana A aplicação das projeções cartográficas sempre causa a distorção de algum aspecto no mapa Nesse sentido é possível dividirmos as projeções em catego rias de acordo com o tipo de distorção ou conservação quais sejam a Projeções conformes Nas projeções conformes é possível observarmos uma preservação das formas dos objetos pequenos representados nos mapas mas que sofrem uma mudança de escala quando se prolongam da linha do Equador e se aproximam dos polos Isso significa que associar o termo conforme com a preservação das formas de objetos grandes como os continentes é um entendimento equivocado Em determinado PROJEÇÕES CARTOGRÁFICAS E REPRESENTAÇÃO DO RELEVO Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV U N I D A D E 144 ponto localizado sobre uma projeção conforme a escala é preservada em todas as direções No entanto essa escala pode variar entre dois pontos distintos assim como ilustra a Figura 2 Figura 2 Efeito de uma projeção conforme na forma de quatro pontos em latitudes distintas Fonte adaptada de Gaspar 2005 b Projeções equivalentes Nas projeções equivalentes a principal propriedade que se busca conservar são as áreas dos objetos Esse tipo de propósito é particularmente importante na representação dos mapas políticos pois preservam as dimensões entre os dife rentes territórios embora as formas sejam distorcidas pela variação dos ângulos que não são preservados assim como mostra a Figura 3 Figura 3 Transformação de um objeto em diferentes latitudes em uma projeção azimutal equivalente polar Fonte adaptada de Gaspar 2005 Um exemplo de projeção equivalente é a projeção de Mollweide em que os meri dianos são apresentados como linhas curvas enquanto os paralelos são traçados As Projeções Cartográficas Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 145 em linha reta A área do desenho corresponde à mesma proporção da área ter restre As regiões localizadas na área central do mapa possuem menor distorção do que as regiões das extremidades Figura 4 Projeção de Mollweide Fonte Wikimedia Commons 2011 online1 c Projeções equidistantes Embora seja impossível preservar as distâncias entre todos os pontos da superfície terrestre em um mapa o objetivo das projeções equidistantes é preservar as distân cias entre alguns pontos específicos no sentido lesteoeste NorteSul por exemplo d Projeções azimutais O propósito principal das projeções azimutais como o nome indica é preservar os azimutes a partir de um determinado ponto Ela é utilizada sobretudo para a construção de mapas cuja utilização está relacionada diretamente à orientação e Projeções afiláticas Nas projeções afiláticas os ângulos e as áreas são deformados no desenho mas dentro de um limite de erro Este tipo de projeção é utilizado principalmente para fins didáticos PROJEÇÕES CARTOGRÁFICAS E REPRESENTAÇÃO DO RELEVO Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV U N I D A D E 146 N N S Ângulos Áreas Distâncias Direções S W W E N S W E N S W E A A B B C C E A A B B C C d dA dB dC d d Figura 5 Transformações causadas pelas projeções em um determinado objeto Fonte adaptada de Gaspar 2005 Além das propriedades conservadas pelas projeções cartográficas é possível cate gorizálas de acordo com a superfície de projeção e a posição dessa superfície em relação ao modelo terrestre assim como mostra a Figura 5 As Projeções Cartográficas Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 147 P P P P P P P P P P PLANAS CÔNICAS CILINDRICAS POLAR plano tangente no pólo EQUATORIAL plano tangente no equador HORIZONTAL plano tangente em um ponto qualquer HORIZONTAL eixo do cone inclinado em relação ao eixo da Terra HORIZONTAL eixo do cilindro inclinado em relação ao eixo da Terra TRANSVERSA eixo do cone perpendicular ao eixo da terra TRANSVERSA eixo do cilindro perpendicular ao eixo da Terra NORMAL eixo do cone paralelo ao eixo da Terra EQUATORIAL eixo do cilindro paralelo ao eixo da Terra P P P P P P P P Figura 6 Classificação das projeções de acordo com a superfície de projeção e sua posição Fonte IBGE 1998 p 34 PROJEÇÕES CARTOGRÁFICAS E REPRESENTAÇÃO DO RELEVO Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV U N I D A D E 148 No que se refere ao tipo de superfície de projeção podemos classificar as pro jeções cartográficas em a Projeção cilíndrica Na projeção cilíndrica a Terra é envolvida por um cilindro no qual são traçadas as superfícies representadas Na projeção cilíndrica transversa os meridianos tocam os dois polos projetandose de forma perpendicular sobre a Linha do Equador enquanto os paralelos apresentamse com maior espaçamento entre si à medida que se aproximam dos polos Portanto nessa projeção quanto mais próximas dos polos estiverem as áreas representadas maior será a deformação encontrada na representação da superfície terrestre Dizemos que uma projeção cilíndrica é secante quando a superfície de pro jeção corta o elipsoide em dois pontos ou duas linhas de secância no caso de cortarem nos paralelos que correspondem à latitude de 70º norte e sul significa que as distorções entre essas latitudes serão menores Essa projeção é ampla mente utilizada para a representação de mapas mundi na forma de planisférios Figura 7 Exemplo de projeção cilíndrica equatorial tangente Fonte Brasil Escola 2019 online2 As Projeções Cartográficas Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 149 Projeção de Mercator Durante o período das grandes navegações a projeção cilíndrica elaborada pelo cartógrafo holandês Gerardus Mercator foi adotada em larga escala pelos navegadores pois permitia que se traçassem linhas retas para obter a direção a ser tomada Por ser uma projeção conforme e que representa o mundo sob uma perspectiva europeia centralizou o continente europeu aparentando dimensões maiores no desenho Por isso é denominada de projeção eurocêntrica Figura 8 Projeção cilíndrica transversa de Mercator Na década de 1970 o cartógrafo Arno Peters apresentou sua projeção equivalente Sua intenção foi contrapor a visão eurocêntrica que existia nos mapas ainda baseados na projeção de Mercator A projeção de Peters é cilíndrica porém as distâncias angulares entre os paralelos diminuem à medida que se afastam do Equador o que provoca um alongamento nos desenhos dos contornos continentais distorcendo suas formas mas mantendo as áreas PROJEÇÕES CARTOGRÁFICAS E REPRESENTAÇÃO DO RELEVO Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV U N I D A D E 150 Figura 9 Projeção cilíndrica de Peters Fonte Wikipedia Commons 2019 online3 b Projeção cônica Na projeção cônica a superfície terres tre é projetada sobre um cone que toca um ponto tangente ou secante à superfície ter restre Após a elaboração do desenho o cone é aberto formando um plano Nessa proje ção os meridianos convergem para um dos polos enquanto os paralelos são semicírcu los concêntricos Essa projeção possui menor deformação nas áreas de latitudes médias entre 25º e 65º para norte ou para sul Figura 10 Projeção cônica Fonte Brasil Escola 2019 online² As Projeções Cartográficas Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 151 c Projeção Azimutal Na projeção azimutal um plano é colocado tangen ciando um ponto da superfície Os meridianos têm como origem o ponto de tangência e os paralelos formam círculos concêntricos A distorção é maior nas áreas mais distantes do ponto de tangência Essa projeção pode ser Polar quando o ponto de tan gência está em um dos polos Equatorial quando o ponto de tangência está sobre a linha do Equador ou Oblíqua quando o ponto de tangência não está em nenhum dos anteriores d Projeção ortográfica Nessa projeção considerase que a fonte de projeção está no infinito ou seja não toca a superfície Além disso apenas um hemisfério poderá ser mostrado e os espaçamentos entre os paralelos diminuem à medida que se localizam próximo ao Equador Essa projeção é utilizada para destacar alguma região do globo terrestre e Projeções interrompidas São denominadas interrompidas as projeções cartográficas que não apresentam uma continuidade entre as linhas dos paralelos e meridianos Embora evitem que áreas específicas tenham deformação menor sua interrupção inviabiliza o Figura 11 Projeção Azimutal Polar Fonte Brasil Escola 2019 online² PROJEÇÕES CARTOGRÁFICAS E REPRESENTAÇÃO DO RELEVO Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV U N I D A D E 152 seu uso na maioria das atividades cotidianas A projeção interrompida ou des continuada de Goode por exemplo é uma projeção que mostra a equivalência das massas continentais e para isso descarta algumas áreas onde predominam as massas oceânicas Para obter maior precisão é realizado o alinhamento dos meridianos centrais da projeção aos meridianos dos continentes Figura 12 Projeção Descontinuada de Goode Fonte Wikipedia 2019 online⁴ A partir do conhecimento sobre as projeções cartográficas você percebeu que os mapas utilizados em sala de aula não são totalmente fiéis às dimen sões e às formas reais da Terra Como podemos trabalhar essa ideia em sala de aula com os alunos Conhecendo os Principais Métodos para a Realização de Levantamentos Planialtimétricos Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 153 CONHECENDO OS PRINCIPAIS MÉTODOS PARA A REALIZAÇÃO DE LEVANTAMENTOS PLANIALTIMÉTRICOS O conhecimento em cartografia envolve também as ferramentas de geotecno logias que são trabalhadas pela topografia geodésia e geoprocessamento sendo que o conhecimento básico dessas ferramentas é importante para o graduado em Geografia na elaboração de cartas ou mapas topográficos e na interpretação deles sendo desejável a compreensão das informações que esses mapas ou car tas lhe fornecem para uma correta correlação análise e síntese da informação O levantamento de campo conta com técnicas e instrumentos da geotec nologia para a obtenção da localização plana X Y e altimétrica dos pontos a serem cartografados É uma parte da Geociência que procura realizar um estudo local sem considerar a curvatura da Terra trabalhando em um plano tangente à superfície da Terra de dimensões de em média 50 km x 50 km buscando repre sentar de forma detalhada o que acontece na área estudada apresentando seu relevo estradas construções de divisas cursos dágua e elementos antrópicos A técnica de levantamento topográfico tem como objetivo segundo Borges 2003 p 1 PROJEÇÕES CARTOGRÁFICAS E REPRESENTAÇÃO DO RELEVO Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV U N I D A D E 154 Representar no papel a configuração de uma porção de terreno com as benfeitorias que estão em sua superfície Ela permite a representação em planta dos limites de uma propriedade dos detalhes que estão em seu interior cercas construções campos cultivados e benfeitorias em geral córregos vales espigões etc O levantamento dos dados é realizado pela obtenção de distâncias e ângulos por meio dos quais é possível a determinação dos seguintes dados Coordenadas X Y e Z Áreas Volumes Perímetros Além disso os levantamentos podem ser obtidos por meio de métodos plani métricos ou altimétricos Levantamento planimétrico É o levantamento da área de estudo para uma representação plana sem consi derar o relevo local Nesse tipo de levantamento são representados os limites do lote perímetro área construções estradas rios etc Diversos tipos de equi pamentos e técnicas podem ser utilizados para esse tipo de levantamento cujos dados obtidos são os ângulos horizontais e as distâncias horizontais A represen tação dos dados será sempre referente ao plano de estudo perpendicular ao eixo gravitacional terrestre e será em uma folha representado um plano com uma vista superior As coordenadas trabalhadas nesse tipo de levantamento serão referentes apenas aos eixos X e Y De acordo com Borges 2003 p 13 na planimetria são medidas as gran dezas sobre um plano horizontal Essas grandezas são as distâncias e os ângulos portanto as distâncias horizontais e os ângulos horizontais Levantamento altimétrico Na altimetria o objetivo é determinar os relevos do terreno e obter suas alti tudes referentes a uma superfície de referência que o profissional adotou seja por um ponto de altura conhecida seja por alguma referência necessária para Conhecendo os Principais Métodos para a Realização de Levantamentos Planialtimétricos Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 155 a realização de um projeto Por exemplo a altura de um meiofio é importante para o engenheiro saber a que altura tem que ficar o seu projeto Nesse levan tamento são medidas grandezas como distâncias verticais e ângulos verticais para uma posterior definição de alturas diferenças de alturas e cotas A representação cartográfica da altimetria é feita por meio de isolinhas cha madas de curvas de nível Figura 13 que mostram em um plano como é a variação do relevo fornecendo informações que possibilitam verificar os pon tos mais altos ou mais baixos do terreno em estudo os pontos de alagamento e as inclinações do relevo Figura 13 Curvas de nível Fonte os autores As coordenadas trabalhadas nesse tipo de levantamento serão referentes apenas ao eixo da altitude Z de acordo com Borges 2003 p 2 Pela altimetria fazemos as medições das distâncias e dos ângulos verticais que na planta não podem ser representados Por essa razão a altimetria usa como representação a vista lateral ou perfil ou corte ou elevação os detalhes da altimetria são representados sobre um plano vertical PROJEÇÕES CARTOGRÁFICAS E REPRESENTAÇÃO DO RELEVO Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV U N I D A D E 156 Levantamento planialtimétrico O levantamento planialtimétrico consiste na união dos levantamentos altimétrico e planimétrico tendo como objetivo a determinação das três coordenadas X Y e Z No levantamento planialtimétrico são levantados os valores dos ângulos horizontais dos ângulos verticais e das distâncias inclinadas Com esses dados ainda podemos obter por meio de cálculos ou equipamentos de medições as distâncias horizontais e as cotas e diferenças de alturas entre pontos Esse é o levantamento mais importante para a elaboração de cartas que mostram todas as dimensões possíveis de se cartografar Com os dados desse tipo de levan tamento é possível verificar todo o comportamento do terreno definir as formas de relevo definir a declividade do terreno verificar seu posicionamento dentro da zona de luminosidade além de possibilitar a determinação da altitude de qualquer ponto dentro da cartamapa Ademais é possível observar a posição dos elemen tos planimétricos como rios estradas cidades quadras e entre outros elementos Representação e Leitura do Relevo na Cartografia Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 157 REPRESENTAÇÃO E LEITURA DO RELEVO NA CARTOGRAFIA De acordo com Keates 1989 o relevo é caracterizado pelos valores da altitude e da declividade A utilização das curvas de nível para a representação dessas carac terísticas é uma invenção moderna resultado do avanço científico da Matemática e da Geometria De acordo com Imhof 2007 o relevo tem sido objeto de repre sentação na Cartografia desde os mapas mais antigos De maneira geral algumas estratégias para representálo podem ser sintetizadas pela Figura 14 PROJEÇÕES CARTOGRÁFICAS E REPRESENTAÇÃO DO RELEVO Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV U N I D A D E 158 Figura 14 Formas de representação do relevo Fonte adaptada de Imhof 2007 As mais antigas e comuns representações de montanhas na Cartografia eram em forma de montes formas simples uniformes mostrando apenas um lado do fenômeno em um domo de forma regular Quando representadas em fileiras as montanhas eram orientadas perpendicularmente ao eixo dos vales IMHOF 2007 A representação da declividade era simulada por hachuras em manchas na Idade Média sem a fidedignidade com as feições encontradas no território A partir do século XV o uso de domos regulares começou a ser abandonado e a representação das montanhas começou a ser orientada ao ponto de vista do observador Os símbolos simplesmente sobrepostos começaram a ser representados como massas montanhosas Representação e Leitura do Relevo na Cartografia Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 159 estendidas as chamadas escamas de peixe No século XVI o uso de formas volu mosas em conjunto com a iluminação tornouse muito presentes IMHOF 2007 As isolinhas de altitude são recursos que demandaram o desenvolvimento da Matemática e da Geometria para o seu desenvolvimento Elas foram desenvolvidas no século XVII apesar de somente serem extensivamente utilizadas duzentos anos depois do seu surgimento IMHOF 2007 De acordo com DSG 1998 a curva de nível é uma linha contínua e fechada que representa na carta a sucessão dos pontos de mesma altitude de uma elevação referidos ao datum vertical estabelecido As curvas de nível são mais próximas de onde as declividades forem maiores de tal modo que em áreas montanhosas formarão superfícies mais escurecidas no mapa RAISZ 1969 Duas curvas de nível jamais se cruzam caso isso ocorra é indicação de erro em sua representação A Figura 15 ilustra alguns exemplos de como são representadas em curvas de nível algumas feições do relevo Figura 15 Representação das feições de diferentes relevos pelas curvas de nível Fonte Linguagem Geográfica 2017 online⁵ PROJEÇÕES CARTOGRÁFICAS E REPRESENTAÇÃO DO RELEVO Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV U N I D A D E 160 Uma mesma carta topográfica pode apresentar curvas de nível com espessuras diferentes o que significa a presença de curvas mestras e ordinárias As primei ras aparecem em intervalos maiores com diferenças de altitudes de 50 em 50 metros ou de 100 em 100 metros As curvas de menor espessura com espaça mento menores são denominadas ordinárias SANCHEZ 1975 CONSTRUÇÃO E LEITURA DE PERFIS TOPOGRÁFICOS O perfil topográfico é um recurso muito útil para visualizar como se comporta o relevo em um determinado corte longitudinal Como pode ser verificado na figura a seguir as duas situações apresentam um mesmo desnível de 40 metros mas o desnível da Situação 1 é muito menos suave pois essa diferença está dis tribuída em uma distância mais curta se compararmos à Situação 2 Para os estudos geográficos essa visualização da declividade do terreno pode ser muito útil sobretudo para o planejamento ambiental na análise de áreas de risco para a habitação ou ainda para identificar relações entre o tipo de solo e as condi ções para o desenvolvimento Situação 1 Situação 2 A 50 50 40 30 20 10 50 40 30 20 10 50 40 30 30 20 10 10 B C D m A B C D m Figura 16 Cortes longitudinais expressos em perfis topográficos Fonte adaptada de Sanchez 1975 Representação e Leitura do Relevo na Cartografia Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 161 A construção de um perfil topográfico a partir das curvas de nível exige alguns cuidados sobretudo na interpretação dos valores altimétricos e na definição do exagero vertical da escala Contudo veremos passo a passo de como realizar a construção desse tipo de perfil A construção de um perfil topográfico exige evidentemente que se disponha de alguns instrumentos básicos para a realização da representação É necessária a utilização de uma régua lápis ou preferencialmente uma lapiseira de ponta fina borracha e folha de papel milimetrado O uso de softwares para a elabo ração de perfis dispensa esses aparatos analógicos mas é importante dominar essas técnicas porque podem ser facilmente replicadas em sala de aula 1º passo Identificação e desenho do segmento de reta que será representado A primeira etapa na construção de um perfil topográfico é a determinação do alinhamento que será retratado A escolha deve ser pautada de acordo com as necessidades do usuário ou seja não existe uma regra fixa para determinar o comprimento ou a direção de uma linha Para fins didáticos optamos por cons truir o perfil do alinhamento AB expresso na figura a seguir Nesse sentido após a escolha do local a ser representado trace com o auxílio de uma régua e do lápis a trajetória do perfil Figura 17 Determinação da linha em que será realizado o perfil Fonte os autores PROJEÇÕES CARTOGRÁFICAS E REPRESENTAÇÃO DO RELEVO Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV U N I D A D E 162 Perceba caroa alunoa que a linha em questão realiza o cruzamento com diversas curvas de nível sendo a de maior valor a de 980 metros e a de menor altitude 880 metros A amplitude do declive é portanto de 100 metros Se ado tarmos a escala original da carta de 125000 para representar esse declive de 100 metros ele corresponderia a uma distância vertical de 04 cm tornando nosso perfil com uma diferença de altitude muito discreta O segundo passo portanto é encontrar uma escala vertical para a altitude diferente da escala horizontal 2 passo Definição da escala vertical e do exagero Denominamos exagero da escala vertical a diferença de proporção existente entre essa escala em relação à escala horizontal Não há uma regra fixa para a determi nação desse exagero o que demanda a experiência e o interesse do autor do perfil em definir o seu valor numérico No caso do exemplo adotado em que existe uma amplitude de altitude de 100 metros podemos escolher representar essa ampli tude em um espaço de 05 cm para cada valor de altitude da curva de nível isto é a cada 20 metros de diferença expressase em meio centímetro verticalmente no papel entre um ponto e outro Para achar o valor dessa escala vertical basta utili zar a fórmula de determinação da escala cartográfica já estudada na Unidade II 05 5 20 20000 4000 d E D cm mm i E m mm Você pode realizar o download de diversas cartas topográficas gratuita mente no site do IBGE Basta acessar o link disponível a seguir httpswww ibgegovbrgeocienciasnovoportalcartasemapasfolhastopograficas 15809folhasdacartadobrasilhtmledicao16042tacessoaoproduto Fonte os autores Representação e Leitura do Relevo na Cartografia Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 163 Nesse caso identificamos que o valor da escala vertical é de 14000 Para cal cular o exagero da escala vertical basta dividir o valor dos denominadores da escala horizontal pela vertical 25000 625 Exagero 4000 Portanto o exagero da escala vertical foi de 625 3 passo Transposição dos pontos da carta para o perfil Depois de calcular o exagero da escala vertical a etapa seguinte consiste na trans posição dos pontos onde ocorreram o cruzamento com alguma curva de nível No caso podese usar o papel milimetrado para facilitar o procedimento man tendo a escala original na transposição do corte AB e estabelecendo a escala vertical de 14000 isto é meio centímetro corresponde a uma variação de 20 metros de altitude assim como está ilustrado na Figura 18 Muito cuidado neste momento caroa alunoa pois os pontos devem ser distribuídos verticalmente na altitude correspondente Figura 18 Transposição dos pontos para o papel milimetrado Fonte os autores PROJEÇÕES CARTOGRÁFICAS E REPRESENTAÇÃO DO RELEVO Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV U N I D A D E 164 4 Passo Ligar os pontos e complementar as informações do perfil O último passo consiste no traçado das linhas entre os pontos e a complementa ção das informações do perfil Nessa etapa final é muito importante não traçar as linhas de forma muito abrupta entre os pontos mas simular a suavidade na declinação natural do relevo É possível também indicar na cor azul a posição da lâmina dágua os valores das escalas e a orientação assim como mostra a Figura 19 980 960 940 920 900 880 980 960 940 920 900 880 metros metros Escala vertical 14000 Escala horizontal 125000 A B N A B Figura 19 Finalizando o perfil topográfico Fonte os autores Além de indicar a presença de um curso dágua o perfil topográfico também pode conter informações complementares como o uso do solo a indicação dos limites administrativos ou ainda o tipo de vegetação existente Nesse caso não pode mos esquecer de indicar por meio da legenda os seus respectivos significados CONSIDERAÇÕES FINAIS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 165 CONSIDERAÇÕES FINAIS Nesta unidade estudamos o que são as projeções cartográficas quais são suas propriedades e seus papéis no auxílio da Cartografia na representação da super fície curva do planeta Terra em uma superfície plana Aprendemos que a partir da projeção de Mercator diversas foram as soluções propostas para este pro blema cada qual preservando e deformando alguma característica espacial as formas os ângulos as distâncias as direções ou a distribuição de um erro con trolado entre todas essas propriedades Estudamos também os meios de classificarmos as projeções cartográfi cas quanto ao tipo de superfície de projeção Ao adotarmos o cone cilindro ou plano estamos favorecendo algum tipo de área geográfica bem como um tipo de distorção que nosso produto cartográfico acarretará em sua representação Conhecemos ao longo desta unidade os principais ramos e as técnicas empre gadas no levantamento de dados que são representados pela Cartografia para posteriormente estudarmos as principais formas de representação do relevo Na Cartografia o relevo é representado sobretudo no que se refere à sua altitude e declividade o que motivou o desenvolvimento e o aprimoramento de diversas estratégias por parte dos pesquisadores A curva de nível é o recurso mais moderno para a representação do relevo pois permite uma visualização mais exata da superfície terrestre A partir dela aprendemos quais são os seus tipos de traçados e como transportálas para os perfis topográficos a fim de compreendermos em uma visão vertical como a altitude e a declividade se comportam Esperamos que esta unidade tenha auxiliado no amadurecimento de sua prática profissional e que você possa trabalhar com uma gama maior de recur sos da Cartografia 166 1 Em relação às projeções cartográficas e suas propriedades analise as afirma ções I Na projeção de Goode as áreas onde predominam as massas oceânicas são descontínuas II A projeção de Mercator é considerada afilática pois os ângulos e a forma são alterados III Na projeção cônica os meridianos convergem para um dos polos e os para lelos são semicírculos IV A projeção cônica é preferencialmente utilizada para a representação de todo o globo terrestre pois não possui distorção É correto o que se afirma em a I e II apenas b I e III apenas c II e III apenas d I II e III apenas e II III e IV apenas 2 A construção de um perfil topográfico exige na maioria das vezes a adoção de um exagero na definição de uma das escalas para que se visualize adequada mente a variação altimétrica do relevo Assinale a alternativa que corresponde ao tipo de escala em questão a Escala horizontal b Escala de mensuração c Escala numérica d Escala vertical e Escala altimétrica 3 A partir da representação exposta na figura a seguir analise as afirmações e as julgue com V para as Verdadeiras e F para as Falsas 167 Ri o d o s Í n d i o s A 500 600 642 B N A curva de nível de maior valor corresponde a de 640 metros O fragmento apresenta duas curvas mestras e sete ordinárias A amplitude do perfil AB é de 120 metros A jusante do Rio dos Índios está orientada para o Sul O perfil AB mostraria os mesmos valores das curvas de nível do perfil BA A sequência correta é a V V F V F b F F V V F c V F F V V d F V F F F e V V F F V 4 A cartografia busca representar graficamente a superfície terrestre porém a transformação dessa superfície real curva em uma superfície representada de forma plana acaba gerando uma série de distorções de forma ou de ângulo nos mapas Para minimizar esses erros foram criadas as projeções cartográficas sendo que cada tipo de projeção possui uma propriedade específica quanto ao erro de representação Liste e explique as propriedades de erros na projeção cartográfica 5 A representação do relevo é uma das principais preocupações da Cartografia Considerando as diferentes estratégias adotadas para a sua representação in dique três vantagens que o traçado das curvas de nível possui em relação às formas de representação mais antigas 168 As diferentes e múltiplas Tecnologias de Comunicação e Informação TCIs que per meiam o dia a dia dos educandos como computador celular câmera fotográfica Inter net são tecnologias usadas pelos adolescentes em idade escolar para brincar jogar tro car e receber mensagens dos amigos o que possibilita conforme descreve Kenski 2004 p 100 outras lógicas de compreensão do mundo de apropriação das informações de relacionamento e convívio interpessoal e de participação A Cartografia ensinada nas escolas deve ultrapassar a localização dos fenômenos geo gráficos tornandose uma linguagem que desperta interesse e motivação aos alunos para além da sala de aula A facilidade e o entusiasmo dos alunos em manusear tecno logias digitais possibilita ao professor utilizar geotecnologias como imagem de satélite GPS e SIG e ainda recursos de multimídia aplicados a Cartografia para facilitar a identi ficação como também relacionar elementos naturais e socioeconômicos presentes na superfície terrestre o que melhora o entendimento da realidade da complexidade e do dinamismo do espaço geográfico É preciso que as metodologias no ensino básico sejam repensadas de modo que con templem recursos digitais associados a representação espacial em meio analógico e com isso favoreçam a leitura e a construção de representações espaciais a partir da le genda orientação coordenadas geográficas escala que são elementos fundamentais para o uso da linguagem gráfica somase a necessidade de proporcionar aos professo res oportunidades tanto em termos de cursos de capacitação como infraestrutura nas escolas para trabalhar com essas novas ferramentas A disponibilidade gratuita na Internet de geotecnologias somada a facilidade por exem plo do educando para obter foto ou registrar vídeo e som de uma dada área da super fície terrestre através dos seus smartphones contribuem para desenvolver a Educação Ambiental considerando o aluno como protagonista do processo de ensinoaprendi zagem sob a mediação do professor por meio de atividades que contribuam para a formação de cidadãos conscientes das suas ações e atitudes em meio a degradação e a exaustão dos recursos naturais O uso da linguagem cartográfica na Educação Ambiental através da utilização de da dos e informações obtidas em formato multimídia observações levantadas em campo também com o uso do GPS juntamente com o SIG Web possibilita ao aluno representar cartograficamente o meio ambiente a partir do contato físico com o meio que se viven cia e experimenta A integração entre Meio Ambiente e Cartografia oferece aos alunos possibilidades para representar fenômenos geográficos concomitantemente em seus aspectos físicos e sociais desde a percepção socioambiental do seu cotidiano até a cor relação com outras escalas espaciais e temporais Fonte Sousa e Maio 2014 p 02 Material Complementar MATERIAL COMPLEMENTAR Fundamentos de orientação cartografia e navegação terrestre Raul M P Friedmann Editora Editora UTFPR Sinopse aprender a usar adequadamente bússolas em qualquer situação abre muitas portas Ler e interpretar mapas dos mais variados tipos abre muitas outras portas Além disso saber utilizar receptores GPS de qualquer tipo escancara de uma vez muitas outras mais Saber usar tudo isso conjuntamente descortina tantas e tão variadas possibilidades das quais seria difícil fazer uma relação completa Na obra Fundamentos de Orientação Cartografia e Navegação Terrestrevocê aprenderá a utilizar instrumentos para sua orientação na exploração do espaço sejam antigos ou modernos O site Map Projection Transition apresenta de forma fácil e prática como diferentes projeções cartográficas transformam a representação da superfície terrestre Web httpswwwjasondaviescommapstransition REFERÊNCIAS BORGES A C Topografia aplicada à Engenharia Civil São Paulo Blucher 2013 DSG Manual Técnico de Convenções Cartográficas T34 700 Primeira Parte Normas para o emprego dos símbolos 2 ed Sl sn 1998 GASPAR J A Cartas e projecções cartográficas 3 ed Lisboa Lidel 2005 IBGE Noções Básicas de Cartografia Rio de Janeiro IBGE 1998 IMHOF E Cartographic relief presentation Redlands ESRI Press 2007 KEATES J Cartographic design and production 2 ed New York Longman Scien tific Technical 1989 RAISZ E Cartografia Geral Rio de Janeiro Científica 1969 SANCHEZ M C Perfis topográficos características e técnicas de construção Notí cias Geomorfológicas v 15 n 29 p 6781 1975 SOUSA I B de MAIO A C di Tecnologias aplicadas a cartografia na educação am biental uma experiência no segundo segmento do Ensino Fundamental In CON GRESSO BRASILEIRO DE CARTOGRAFIA 26 2014 Gramado Anais Gramado Universidade Federal Fluminense 2014 REFERÊNCIAS 171 REFERÊNCIAS ONLINE 1 Em httpscommonswikimediaorgwikiFileMollweideprojectionSWjpg Acesso em 19 jul 2019 2 Em httpsbrasilescolauolcombrgeografiaprojecoescartograficas Acesso em 19 jul 2019 3 Em httpsuploadwikimediaorgwikipediacommons77aNetzentwuerfePe terspng Acesso em 19 jul 2019 4 Em httpwikipediaqwikacomen2ptGoodehomolosineprojection Acesso em 19 jul 2019 5 Em httplinguagemgeograficablogspotcom201707comolerascurvasde niveldeumahtml Acesso em 14 jun 2019 GABARITO 1 B 2 D 3 E 4 As projeções podem ser classificadas de acordo com os erros em conformes equivalentes equidistantes e afiláticas Nas projeções conformes os ângulos serão conservados mas as áreas exibirão deformações incompatíveis com a su perfície terrestre Já as projeções equivalentes preservam as áreas do desenho porém os ângulos serão deformados Nas projeções equidistantes são preserva das as distâncias entre alguns pontos Já nas projeções afiláticas os ângulos e as áreas são deformados mas dentro de um limite de erro 5 Permitem calcular com exatidão a declividade do terreno Além disso possibili tam identificar com um nível alto de detalhamento as altitudes do relevo bem como permitem elaborar representações alternativas como o perfil topográfico para complementar a visualização das altitudes UNIDADE V Prof Me Estevão Pastori Garbin Prof Me Thiago César Frediani SantAna FUSOS HORÁRIOS E SISTEMAS DE INFORMAÇÃO GEOGRÁFICA Objetivos de Aprendizagem Compreender o princípio e o cálculo dos fusos horários Compreender o papel e as potencialidades dos Sistemas de Informação Geográfica SIG Plano de Estudo A seguir apresentamse os tópicos que você estudará nesta unidade Fusos Horários O papel dos Sistemas de Informação Geográfica SIG INTRODUÇÃO Caroa alunoa nesta última unidade estudaremos dois conteúdos muito pre sentes no ensino de Geografia e que pelo crescente processo evolutivo dos meios tecnológicos e de transporte têm se tornado mais concretos para um número cada vez maior de pessoas os fusos horários e os Sistemas de Informação Geográfica Os fusos horários são recursos desenvolvidos e disseminados no século XIX na Europa e nos Estados Unidos como uma forma de integrar em um sistema internacional os horários e as datas de acordo com a distância aparente do Sol no horizonte a fim de facilitar a conversão de horários entre países geografica mente distantes Essa necessidade tornouse latente pela crescente integração da economia mundial que desde a Primeira Revolução Industrial tem experimen tado um fenômeno de encurtamento das distâncias pelos meios de transporte e comunicação exigindo que os países se organizassem para tornar o horário civil transponível entre as nações Nesse sentido vamos aprender como se organizam os fusos horários como realizar os cálculos para a obtenção das datas e de que forma os meridianos participam desse processo de organização do tempo terrestre Em seguida estudaremos os impactos que as tecnologias computacionais trouxeram para a Cartografia tornandoa digital Logo entenderemos o que é o geoprocessamento e quais são as potencialidades ilustradas pelos Sistemas de Informação Geográfica SIG Esses sistemas são capazes de armazenar anali sar e representar cartograficamente os dados posicionais estando integrados nas atividades de planejamento urbano ambiental de prospecção e afins como recurso tecnológico indispensável na contemporaneidade Como resultado você será capaz de integrar todas as discussões teóricas apreendidas ao longo deste livro e as colocará em uma nova perspectiva refle tindo sobre como as tecnologias computacionais podem promover uma nova escala de análise na localização correlação e síntese de novos conhecimentos Esperamos que esta unidade seja um diferencial na sua formação acadêmica em Geografia Bons estudos Introdução Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 175 FUSOS HORÁRIOS E SISTEMAS DE INFORMAÇÃO GEOGRÁFICA Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V U N I D A D E 176 FUSOS HORÁRIOS Caroa alunoaassim como percebemos ao longo das unidades anteriores a Cartografia é um saber que interfere diretamente no nosso dia a dia Um dos reflexos do seu uso e que percebemos claramente ao nos deslocarmos pelo espaço em grandes distâncias é a adoção de um sistema de fusos horários isto é de par celas dos territórios brasileiro e mundial que adotam um mesmo horário legal para a organização das atividades diárias O princípio que justifica a existência de fusos horários é simples dada a esfe ricidade da Terra sua superfície recebe a luz solar de forma desigual e em tempos diferentes ao longo do seu processo de rotação diária Pelo fato de que nossas socie dades se organizam para aproveitar ao máximo a luz solar no desenvolvimento das atividades cotidianas e considerando a crescente interação das atividades econômicas buscouse organizar um sistema de fusos horários para que fosse possível calcular o horário legal entre duas regiões distantes ao mesmo tempo Considerando o fato que a Terra leva em média 24 horas para realizar o movimento de rotação completo sobre o próprio eixo dividiuse o valor em Fusos Horários Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 177 graus da esfera terrestre 360º pelas 24 horas do dia legal e se determinou que a cada hora a Terra realiza um movimento de rotação de aproximadamente 15º Como você deve se lembrar cada ponto da superfície terrestre que varia no sentido lesteoeste apresenta um valor de longitude diferente sendo os fusos horários formados por intervalos de 15 que variam longitudinalmente inde pendentemente do valor da latitude variação no eixo nortesul assim como você pode conferir na Figura 1 0 1 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 2 3 4 5 6 7 8 9 11 10 12 0 60 60 120 120 180 180 0 30 30 60 60 90 90 Meridiano de Greenwich GMT Brasília Buenos Aires Cidade do México Lima Washington Los Angeles Ottawa Paris Madrid Londres Trípole Moscou Argel Reykjavik Adis Abeba Riad Cairo Luanda Nairóbi Niamei Cidade do Cabo Maputo Dacar Melbourne Jacarta Teerã Manila Bucareste Astana Nova Délhi Vancouver Bogotá Georgetown Seul Tóquio Beijing Nova Iorque Sydney Hong Kong Berlim Cabo Verde Açores Is Madeira Is Canárias IsAleutas IsTonga Is Malvinas IsHavaí IsGalápagos IsPitcairn IsFiji Fuso Horário Civil 2018 wwwibgegovbr 0800 721 8181 d e ata d la ret na oic n ni a niL h oic nado arf oirár o H Fonte 1 World map of time zones Taunton United Kingdom Hydrographic Office HM Nautical Almanac Office HMNAO Aug 2018 Disponível em httpastroukhogovuknaomiscellaneaWMTZ Acesso em out 2018 2 Atlas geográfico 3 ed Rio de Janeiro IBGE 1986 PROJEÇÃO DE ROBINSON 70 140km 0 Figura 1 Os fusos horários no mundo Fonte adaptado de IBGE 2018 online1 Como você pode perceber caroa alunoa os fusos horários não são estabelecidos de maneira absolutamente linear sobretudo quando passa por áreas continentais Isso acontece para facilitar a organização e a sincronicidade dos horários em um mesmo país ou região pois a divisão de um território nacional por exemplo com mais de um horário legal pode dificultar a dinâmica econômica espacialmente Evidentemente países com grandes dimensões longitudinais como o Brasil os Estados Unidos e a Rússia adotam mais de um fuso horário para seus territórios para evitar disparidade significativa na posição do sol no horizonte FUSOS HORÁRIOS E SISTEMAS DE INFORMAÇÃO GEOGRÁFICA Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V U N I D A D E 178 Atualmente o Brasil apresenta quatro fusos horários em seu território O pri meiro fuso horário compreende as ilhas oceânicas à leste da costa brasileira como é o caso do arquipélago de Fernando de Noronha por exemplo O segundo fuso horário compreende as regiões sul sudeste nordeste os estados de Goiás Tocantins Pará e Amapá bem como o Distrito Federal O terceiro fuso horário compreende os estados de Mato Grosso do Sul Mato Grosso Rondônia Roraima e quase todo o estado do Amazonas Por fim o quarto fuso horário brasileiro corresponde ao estado do Acre e parte do estado do Amazonas Ele foi extinto em 2008 e recriado em 2013 Cada país tem autonomia para determinar a quantidade de fusos e qual é o limite exato de um fuso horário em seu território mas todos os fusos estão organiza dos dentro de um sistema internacional para a determinação da data Nesse sistema considerase que o meridiano de referência para o cálculo do horário corresponde ao fuso do Meridiano de Greenwich 0º de tal modo que seu antimeridiano que cor responde ao de 180º seja denominado de Linha Internacional de Mudança de Data Se nos deslocarmos do meridiano de origem para o sentido leste convencio nouse que as horas legais devem ter uma hora de acréscimo a cada um dos 12 fusos sendo o número de horas acrescidas após a sigla GMT Greenwich Mean Time ou Hora Média de Greenwich com um sinal de Se nos deslocarmos para oeste subtraise uma hora a cada um dos 12 fusos indicado pela sigla GMT com um sinal de e a quantidade de fusos percorridos Logo percebemos que há um intervalo de 24 horas de um extremo do último fuso de leste GMT 12 com o último fuso a oeste GMT 12 cujo limite coincide com a Linha Quando realizamos viagens de longas distâncias percorrendo mais de dois fusos horários é comum sentirmos insônia falta de apetite e irritabilidade Esses são alguns dos sintomas do Jet Lag condição causada pelo descom passo do nosso relógio biológico com a hora local Fonte os autores Fusos Horários Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 179 Internacional de Mudança de Data Essa linha é fundamental no ordenamento da data porque dependendo do sentido na qual é transposta são acrescentados ou subtraídos vinte e quatro horas para o ajuste da hora legal No caso do Brasil por estar a oeste do Meridiano de Greenwich há uma diminuição de uma hora a cada fuso percorrido no sentido lesteoeste ou seja todo o território brasileiro está atrasado em relação ao meridiano de origem do sistema Entretanto esse atraso varia a depender do fuso horário do Brasil o primeiro está duas horas atrasado em relação ao fuso de origem GMT 2 o segundo fuso está três horas atrasado GMT 3 o terceiro quatro horas GMT 4 enquanto o quarto fuso está com cinco horas de atraso GMT 5 assim como mostra a Figura 2 OC EA N O ATLÂN T I C O O CE AN O ATL ÂNTI CO OCEANO PACÍFICO 4 horas 5 horas 3 horas 2 horas 30 O 30 O 40 O 40 O 50 O 50 O 60 O 60 O 70 O 70 O Linha do Equador 0 10 S 10 S 20 S 20 S 30 S 30 S Trópico de Capricórnio PERU BOLIVIA ARGENTINA CHILE PARAGUAI VENEZUELA COLÔMBIA URUGUAI GUIANA FRANCESA SURINAME GUIANA Arquipélago de São Pedro e São Paulo Arquipélago de Fernando de Noronha Ilha de Trindade Ilha de Martin Vaz Atol das Rocas PARÁ AMAZONAS BAHIA MATO GROSSO GOIÁS PIAUÍ MINAS GERAIS ACRE PARANÁ RONDÔNIA MARANHÃO TOCANTINS RORAIMA CEARÁ SÃO PAULO AMAPÁ MATO GROSSO DO SUL RIO GRANDE DO SUL PENAMBUCO PARAÍBA SANTA CATARINA ALAGOAS ESPÍRITO SANTO RIO DE JANEIRO SERGIPE RIO GRANDE DO NORTE DISTRITO FEDERAL N S L O Projeção Policônica 0 260 130 km Fonte 3 Brasil Lei n 12876 de 30 de outubro de 2013 Altera o decreto n 2784 de 18 de junho de 1913 para estabelecer os fusos horários do estado do Acre e de parte do estado do Amazonas e revoga a lei n 11662 de 24 de abril de 2008 Diário Oficial da União Brasília DF ano 150 n 212 31 out 2013 Seção 1 p 1 Disponível em httpwwwplanaltogovbrccivil03Ato201120142013LeiL12876htm Acesso em out 2018 o Fuso horário civil 2018 wwwibgegovbr 0800 721 8181 Figura 2 Distribuição dos fusos horários brasileiros Fonte adaptado de IBGE 2018 online2 O Brasil faz parte do grupo de países que alteram seus fusos horários para maior aproveitamento da luz solar durante os meses do verão Atualmente o Horário Brasileiro de Verão pode ser adotado pelos estados e onde é adotado tem início no terceiro domingo de outubro e encerrase no terceiro domingo de fevereiro FUSOS HORÁRIOS E SISTEMAS DE INFORMAÇÃO GEOGRÁFICA Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V U N I D A D E 180 exceto quando o terceiro domingo de fevereiro coincidir com o domingo de Carnaval transferindoo para o domingo seguinte Nesse período os relógios devem ser adiantados em uma hora CALCULANDO OS FUSOSHORÁRIOS O cálculo do horário legal em fusos horários diferentes não é uma tarefa matemati camente complexa mas exige certa atenção e cuidado na interpretação e resolução do problema Assim alguns pressupostos básicos devem estar bem fixados 1 Todas as localidades dentro de um mesmo fuso compartilham um mesmo horário legal 2 As localidades presentes em fusos a leste sempre terão um horário uni versal adiantado em relação às localidades em fusos a oeste 3 Caso a Linha Internacional da Data seja atravessada de leste para oeste devese diminuir um dia Caso seja atravessada de oeste para leste deve se acrescentar um dia para a determinação da data Diante desses três pressupostos básicos analisaremos algumas situações concre tas para a determinação do horário legal em duas localidades distintas a Determinar o horário entre duas localidades O problema mais básico de fuso horário é o cálculo de quantas horas os relógios de duas localidades distintas estão marcando Para obter o resultado basta cal cular quantos fusos horários de diferença estão entre as localidades bem como Será que os ganhos econômicos causados pelo horário de verão são real mente significativos nos dias de hoje Fusos Horários Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 181 a determinação se a segunda localidade está à leste ou oeste Caso esteja à leste a diferença dos fusos horários deve ser somada à hora do ponto de origem caso esteja a oeste do ponto de origem deve ser feita uma subtração Por exemplo considere que são nove horas da manhã no horário local de Brasília GMT 3 Qual será o horário local em Tóquio GMT 9 O primeiro passo é determinar a diferença de fusos horários existentes entre Brasília e Tóquio Por estarem em hemisférios diferentes indicado pelo sinal de positivo em Tóquio isto é à direita de Greenwich e Brasília e negativo indicando oeste devese realizar uma operação de soma dos valores dos fusos em módulo ou seja independentemente dos sinais de ou que os acom panham obtendose o resultado de 12 horas de diferença Logo quando em Brasília os relógios marcarem 0900 em Tóquio será 2100 912 b Determinar o horário entre duas localidades considerando o tempo de realização de uma viagem O segundo tipo de problema mais comum na determinação do horário local é a utilização do tempo transcorrido em uma viagem somada à diferença natural dos fusos horários A resolução entretanto diferenciase da situação anterior pela soma do tempo de viagem ao horário local do destino Por exemplo um viajante saiu às 0800 de Paris GMT 1 com destino à cidade de Pequim na China GMT 8 Sabendo que o voo terá 10 horas de duração o viajante deverá ajustar seu relógio para qual horário local no destino O primeiro passo é determinar a diferença de fusos horários existentes entre Paris e Pequim Diferente do exemplo anterior tanto Paris quanto Pequim estão no mesmo hemisfério logo devese subtrair os valores em módulo das duas loca lidades 18 o que resulta em 7 horas de diferença Assim quando o horário local de Paris for 08 horas da manhã o horário local de Pequim será 1500 08h 7h pois a cidade de destino está à leste da cidade de origem O resultado final entretanto deve somar o tempo gasto pelo voo do viajante 10 horas resultando em um horário local do destino em 0100 do dia seguinte 15h do horário local 10h de tempo do voo 25 horas descontando 24 horas que é a quantidade de horas em um dia resultando em 01h do dia seguinte FUSOS HORÁRIOS E SISTEMAS DE INFORMAÇÃO GEOGRÁFICA Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V U N I D A D E 182 c Determinar o horário entre duas localidades considerando a realiza ção de uma viagem que atravessa a Linha Internacional de Mudança de Data O terceiro e último tipo de exercício mais comum sobre fusos horários envolve a traves sia da LID considerando ou não o tempo gasto de viagem Os procedimentos iniciais são idên ticos aos anteriores com a diferença que caso a LID seja atravessada no sentido lesteoeste devese diminuir 1 dia no cálculo da data ao passo que se for atravessada no sentido oeste leste devese acrescentar 1 dia no cálculo da data No entanto atenção lembrese de que a posição leste e oeste não é organizada entre o ponto de origem e de destino mas em relação ao Meridiano de Greenwich e hemisférios que variam 180º para leste e 180º para oeste Por exemplo observe as localidades A GMT12 e B GMT12 indicadas no mapa a seguir Considerando que na localidade A são 0800 do dia 30 de outubro qual é o horário e a data local do ponto B Figura 3 Pontos A e B separados pela Linha Internacional de Mudança da Data Fonte adaptada de Wikimedia Commons 2019 online3 Fusos Horários Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 183 O primeiro passo é reconhecer que os pontos A e B estão em hemisférios distin tos logo devese somar a diferença dos fusos entre as duas localidades GMT12 e GMT12 O resultado será 24 horas de diferença pois os valores devem estar em módulo O segundo procedimento é determinar se a localidade B está a leste ou a oeste de A para verificar se a diferença de 24 horas deve ser acrescida ou diminuída da hora local do ponto A Como você deve se lembrar a LID marca o limite dos hemisférios organizados a partir do Meridiano de Greenwich logo o ponto A está com um fuso horário mais adiantado em relação ao ponto B Nesse caso devese subtrair 24 horas do horário local de A para determinar o horário correspondente em B Assim quando na localidade A for 0800 do dia 30 de outubro na localidade B será 0800 do dia 29 de outubro Caso o exercício coloque em questão o tempo de deslocamento na realiza ção da viagem bastaria adicionar o valor ao horário local do destino FUSOS HORÁRIOS E SISTEMAS DE INFORMAÇÃO GEOGRÁFICA Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V U N I D A D E 184 O PAPEL DOS SISTEMAS DE INFORMAÇÃO GEOGRÁFICA SIG Além da organização e operacionalização dos fusos horários a Cartografia oferece uma vasta possibilidade na organização e no tratamento das informações geor referenciadas isto é as informações que estão atreladas a um dado posicional Com o desenvolvimento e a popularização dos computadores principalmente a partir da década de 1980 a Cartografia experimentou uma verdadeira revolu ção na capacidade de auxiliar a tomada de decisões espaciais sendo o principal representante dessas novas potencialidades os Sistemas de Informação Geográfica SIG a partir do Geoprocessamento De acordo com Câmara e Davis 2001 p 1 Nesse contexto o termo Geoprocessamento denota a disciplina do co nhecimento que utiliza técnicas matemáticas e computacionais para o tratamento da informação geográfica e que vem influenciando de ma neira crescente as áreas de Cartografia Análise de Recursos Naturais Transportes Comunicações Energia e Planejamento Urbano e Regio nal As ferramentas computacionais para Geoprocessamento chama das de Sistemas de Informação Geográfica permitem realizar análises O Papel dos Sistemas de Informação Geográfica Sig Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 185 complexas ao integrar dados de diversas fontes e ao criar bancos de dados georreferenciados Tornam ainda possível automatizar a produ ção de documentos cartográficos Os SIGs são sistemas informatizados utilizados para o processamento e a mani pulação de informações geográficas que utilizam métodos estatísticos e modelos matemáticos para realizar análises complexas e automatizar a elaboração de pro dutos cartográficos De acordo com Burrough e McDonnell 1998 os Sistemas de Informação Geográfica podem facilitar a fase da entrada de dados seu trata mento ou análise espacial bem como a produção de mapas De forma resumida podemos dizer que um SIG é um Sistema constituído por um conjunto de programas computacionais o qual integra dados equipamentos e pessoas com o objetivo de coletar ar mazenar recuperar manipular visualizar e analisar dados espacialmente referenciados a um sistema de coordenadas conhecido FITZ 2008 p 23 De acordo com Simielli 1999 há três níveis de operações desenvolvidas por meio dos mapas as quais os SIGs podem auxiliar na execução Embora sejam em quantidades distintas tais níveis são qualitativamente compatíveis com as quatro etapas propostas por DiBiase 1990 vistas na Unidade I quais sejam exploração confirmação síntese e apresentação O primeiro nível de uso do mapa é denominado localização e análise envolve o domínio por parte dos usuários das noções básicas da Cartografia cujas operações características é a localização dos fenômenos por meio das coordenadas geográficas bem como a correta leitura da legenda e a definição de sua orientação geográfica O segundo nível é denominado correlação caracterizado pela combinação de duas ou mais cartas de análise Nessa operação os usuários devem estabelecer relações entre dois ou mais fenômenos buscando algum tipo de correspondência que possa ser explorada exploração de hipóteses Os layers ou seja as cama das de informação são inseridos de maneira individual no sistema formando um conjunto de dados que podem ser sobrepostos conforme a necessidade do trabalho para favorecer a correlação das informações espaciais Essas cama das precisam passar por um processo de adequação para que todas possuam a mesma referência de superfície e a mesma projeção cartográfica FUSOS HORÁRIOS E SISTEMAS DE INFORMAÇÃO GEOGRÁFICA Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V U N I D A D E 186 Por fim o terceiro nível é o de síntese caracterizado pelas relações explora das entre os fenômenos correlacionados anteriormente e transformados a partir da geração de novos tipos ou categorias OS PRINCIPAIS MODELOS DE DADOS ESPACIAIS Os dados espaciais presentes em um SIG podem ser divididos em duas principais categorias salientando a natureza representacional Assim eles podem assumir uma natureza do tipo vetorial ou do tipo matricial O modelo vetorial é o mais utilizado dentro da Cartografia e consiste em representar os elementos a partir de vetores indicando a posição e a direção do fenômeno com o uso de pontos linhas e áreas permitindo que as posições e formas sejam as mais exatas possíveis Já o modelo matricial é caracterizado por condicionar as informações espaciais a uma grade prédefinida por células de tamanhos fixos limitando que os fenômenos espaciais sejam condicionados as feições das células Figura 4 Diferenças entre dados matriciais e vetoriais Fonte adaptada de Davis 1996 O Papel dos Sistemas de Informação Geográfica Sig Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 187 No exemplo exposto pela Figura 4 é feita a representação matricial e vetorial de um mesmo recorte espacial Notase que no modelo matricial cada célula é pre enchida com o valor correspondente ao tipo de fenômeno presente No segundo mapa as informações são representadas seguindo um modelo vetorial tornando mais exata espacialmente as informações Além da natureza dos dados espaciais é possível classificarmos tais dados de acordo com as formas principais De acordo com Câmara e Monteiro 2001 as cinco formas são dados temáticos dados cadastrais redes imagens e Modelos Numéricos de Terreno MNT Vejamos as características de cada forma de dados cartográficos Dados Temáticos Os dados temáticos descrevem a distribuição espacial de uma grandeza geo gráfica ou seja a localização espacial de um elemento específico Não há uma leitura de atributos mais complexos como área volume e outros dados cadas trais Geralmente esses dados são obtidos em campo ou de forma automatizada mediante o processamento de imagens de satélite Dados Cadastrais Um dado cadastral também descreve a distribuição espacial de uma grandeza geográfica porém distinguese de um dado temático pois cada um dos ele mentos é um objeto geográfico que possui atributos em uma tabela de dados e pode estar associado a várias representações gráficas Nesse tipo de dado além da representação gráfica desenho é elaborada uma tabela com diversos dados sobre o mesmo elemento a qual é incorporada à representação conforme ilus tra a Figura 5 FUSOS HORÁRIOS E SISTEMAS DE INFORMAÇÃO GEOGRÁFICA Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V U N I D A D E 188 País Brasil Argentina Chile PIB US bn Pop milhões 350 295 45 159 34 14 Figura 5 Dados temáticos do PIB e da População de alguns países da América do Sul Fonte Câmara e Davis 2001 Nessa representação há uma tabela de dados com informações estatísticas ane xada à representação cartográfica do mapa da América do Sul A partir dessa tabela é possível gerar outros mapas como o mapa do PIB na América do Sul ou o mapa da população da América do Sul Redes O conceito de rede está relacionado às informações associadas à interligação de elementos que se comportam de maneira integrada interdependente e continu amente sobre a superfície terrestre Podemos verificar esses tipos de informações no mapeamento das redes de distribuição de energia e água nas redes de drena gens como rios e córregos nos sistemas de transporte e entre outros Nesse tipo de dado cada objeto geográfico cabo telefônico transformador de rede elétrica cano de água rios possui uma localização geográfica exata e está sempre asso ciado a atributos descritivos presentes no banco de dados O Papel dos Sistemas de Informação Geográfica Sig Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 189 Figura 6 Exemplo de rede hidrográfica Fonte Wikimedia Commons 2019online⁴ Em geral nos mapas de hidrografia é possível verificar que os cursos dágua se conectam formando a rede de drenagem que flui de forma contínua sobre o território FUSOS HORÁRIOS E SISTEMAS DE INFORMAÇÃO GEOGRÁFICA Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V U N I D A D E 190 Imagem Obtidas por satélites fotografias aéreas ou outros sensores aerotransportados as imagens representam formas de captura indireta de informação espacial A imagem orbital fornece uma grande quantidade de informações da superfície como relevo hidrografia vegetação áreas urbanas áreas agrícolas e entre outras Todavia essas informações só se tornam cartográficas após um processo de inter pretação análise e desenho quando as informações que estavam representadas no conjunto da imagem são separadas em camadas distintas Figura 7 Exemplo de imagem composição colorida TMLANDSAT para a região de Manaus Fonte Câmara e Davis 2001 O Papel dos Sistemas de Informação Geográfica Sig Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 191 Modelo Numérico do Terreno MNT É utilizado para denotar a representação quantitativa de uma grandeza que varia continuamente no espaço Entre os usos de modelos numéricos do ter reno podemos citar a Armazenamento de dados de altimetria para gerar mapas topográficos b Análises para projeto de estradas e barragens c Cômputo de mapas de declividade e exposição para apoio a análises de geomorfologia e erodibilidade FUSOS HORÁRIOS E SISTEMAS DE INFORMAÇÃO GEOGRÁFICA Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V U N I D A D E 192 CONSIDERAÇÕES FINAIS Nesta unidade estudamos o princípio organizador dos fusos horários o seu papel na integração das atividades econômicas e as formas de realizar o seu cál culo Como percebemos essa estratégia foi desenvolvida no século XIX como um recurso para compensar as diferenças naturais existentes na posição do sol que regula as atividades humanas No caso específico do Brasil verificamos a coexistência de quatro fusos horários e que todos estão a oeste do Meridiano de Greenwich isto é todo o país tem as horas atrasadas em relação ao ponto de origem do sistema Em seguida estudamos o papel dos Sistemas de Informação Geográfica SIG como um componente significativo da Cartografia digital que desde os anos 1960 tem se aprimorado e ganhado maior relevância nas atividades que envolvem geoinformações Inicialmente esses sistemas eram pouco integrados desempenhando de maneira pouco eficaz suas tarefas mas apresentou uma forte evolução a partir da década de 1980 sendo capaz de armazenar dados espaciais realizar análises complexas e produzir mapas em uma velocidade significativa mente elevada Embora o geoprocessamento se figure como a última tendência nos estudos envolvendo mapas é importante ressaltar que todo o conhecimento teórico se faz necessário para que essa atividade não seja conduzida de maneira irrespon sável ou até mesmo errônea Embora as interfaces de usuário e a popularização dos computadores atraiam um número cada vez maior de usuários para esses softwares isso não significa que eles saibam os conteúdos básicos para criarem produtos cartográficos corretos e consistentes tanto do ponto de vista cartomé trico quanto semântico Esperamos que essas discussões sejam relevantes para que você caroa alunoa possa realizar as análises espaciais com o auxílio de SIGs da melhor maneira possível 193 1 Para um trabalho de planejamento urbano foram levantados os dados das quadras de uma cidade o que gerou um mapa temático de quadras Poste riormente foram coletados os dados de número de residências número de moradores e a área construída de cada quadra A tabela com esses dados foi anexada aos dados temáticos gerando uma carta cadastral das quadras Di ferencie os tipos de informações representadas nas cartas temáticas das infor mações representadas nas cartas cadastrais 2 Em um trabalho de pesquisa um acadêmico precisa elaborar o mapa de um bairro porém foi solicitado que fosse elaborada a carta vetorial e a matricial da mesma área Caracterize as formas de representação vetoriais e as formas de representação matricial 3 Um viajante saiu às 09 h de Brasília GMT 3 com destino à cidade de Pequim na China GMT 8 Sabendo que o voo terá 16 horas de duração o viajante deverá ajustar seu relógio para qual horário local no destino a 1100 b 1200 c 0000 d 1000 e 0100 4 Um turista brasileiro saiu do Rio de Janeiro às 12 h do dia 7 de dezembro com destino à cidade de Rio Branco no Acre Sabendo que a cidade de origem ado ta o horário de verão e a viagem durou 6 horas qual será o horário do desem barco do turista no destino a 1700 b 1600 c 1800 d 1900 e 1300 194 5 Os fusos horários têm como objetivo organizar o sistema do tempo civil e sur giu a partir do desenvolvimento dos meios de transporte oriundos da Revo lução Industrial Sobre sua organização julgue as afirmativas a seguir com V para as Verdadeiras e F para as Falsas Os fusos horários variam latitudinalmente A Linha Internacional de Mudança da Data corresponde ao antimeridiano de Greenwich O Brasil está todo a oeste de Greenwich isto é seu horário está sempre atra sado em relação aos países orientais Os fusos horários correspondem a uma convenção humana sem qualquer relação com os movimentos da Terra Atravessando a LID no sentido oesteleste subtraise 1 dia na data A sequência correta é a V F V F V b F V F V F c V V F F F d F F F V V e F V V F F 195 Numa visão retrospectiva e prospectiva sobre a tecnologia de SIG os autores conside ram a existência de três gerações de sistemas A primeira geração cujo desenvolvimento se inicia na década de 80 caracterizase por sistemas herdeiros da tradição de cartografia automatizada cujo suporte de bancos de dados é limitado alguns podem operar em conjunto com SGBD tabulares e cujo para digma típico de trabalho é o mapa chamado de cobertura ou de plano de informa ção Esta primeira geração de sistemas foi desenvolvida inicialmente para ambientes da classe VAX e a partir de 1985 para sistemas PCDOS A utilização desta classe de sis temas é principalmente em projetos isolados os levantamentos de inventário na maior parte das vezes não têm a preocupação de gerar arquivos digitais de dados A segunda geração de SIGs chegou ao mercado no início da década de 90 e caracteri zase por sistemas concebidos para uso em conjunto em ambientes clienteservidor Usualmente tais sistemas funcionam acoplados a gerenciadores de bancos de dados relacionais como ORACLE e INGRES e incluem pacotes adicionais para processamento de imagens Esta geração foi tipicamente desenvolvida em ambientes multiplataforma UNIX OS2 Windows com interfaces baseadas em janelas Podese prever para o final da década de 90 o aparecimento de uma terceira geração de SIGs Esta geração será herdeira do enorme interesse dos usuários em redes locais e remotas de computadores e no uso do WWW World Wide Web Para esta terceira geração o crescimento dos bancos de dados espaciais e a necessidade de seu comparti lhamento com outras instituições requer o recurso a tecnologias como bancos de dados distribuídos e federativos Estes sistemas deverão seguir os requisitos de interoperabili dade de maneira a permitir o acesso de informações espaciais por SIGs distintos Fonte Câmara e Freitas s d MATERIAL COMPLEMENTAR Fundamentos de Informação Geográfica João Matos Editora Lidel Sinopse esta obra destinase ao apoio no ensino das ciências da informação geográfica ao nível superior e de pósgraduação podendo servir como referência de conceitos fundamentais para profissionais e utilizadores de sistemas de informação geográfica O seu conteúdo reflete o corpo de conhecimento associado às ciências da informação geográfica abrangendo as matérias que são consideradas imprescindíveis para uma boa utilização prática REFERÊNCIAS 197 BURROUGH P A MCDONNELL R A Principles of geographical information sys tems Oxford Oxford University Press 1998 CÂMARA G MEDEIROS J S Princípios Básicos em geoprocessamento In Sistema de Informações Geográficas Aplicações na Agricultura 2 ed Brasília Embrapa 1998 CÂMARA G DAVIS C Introdução In CÂMARA G DAVIS C MONTEIRO A M V org Introdução à Ciência da Geoinformação São José dos Campos INPE 2001 p 15 CÂMARA G FREITAS U M Perspectivas em Sistemas de Informação Geo gráfica SIG sd Disponível em httpmtcm12sidinpebrcolsidinpebr iris1912200507200544doc1995camarapdf Acesso em 12 mar 2019 CÂMARA G MONTEIRO A M V Conceitos básicos em ciências da geoinforma ção In CÂMARA G DAVIS C MONTEIRO A M V org Introdução à Ciência da Geoinformação São José dos Campos INPE 2001 p 635 DAVIS B GIS a visual approach New York OnWord Press 1996 DIBIASE D Visualization in the Earth Sciences Earth and Mineral Science v 59 n 2 p 1318 1990 FITZ P R Geoprocessamento sem complicação São Paulo Oficina de Textos 2008 SIMIELLI M E R Cartografia no Ensino Fundamental e Médio In CARLOS A F A org A Geografia na Sala de Aula São Paulo Contexto 1999 p 92108 REFERÊNCIAS ONLINE 1 Em httpsatlasescolaribgegovbrimagesatlasmapasmundomundofuso horC3A1riocivilpdf Acesso em 25 jul 2019 2 Em httpsatlasescolaribgegovbrimagesatlasmapasbrasilbrasilfusohora riopdf Acesso em 26 jul 2019 3 Em httpsuploadwikimediaorgwikipediacommons661International DateLinepng Acesso em 22 jul 2019 4 Em httpsptwikipediaorgwikiBaciahidrogrC3A1ficamediaFileThe SourceoftheAmazonRiverjpg Acesso em 22 jul 2019 GABARITO 1 Nas cartas temáticas são apresentadas somente as informações de localização e identificação do atributo Já nas cartas cadastrais há a inserção de tabelas com dados quantitativos e qualitativos dos elementos cartografados 2 Os dados vetoriais apresentam a exata localização e forma dos elementos carto grafados enquanto nas representações matriciais os dados são distribuídos em células formadas por linhas e colunas Nesse caso não é possível determinar a exata forma dos dados cartografados 3 B 4 A 5 E CONCLUSÃO 199 Caroa alunoa neste livro estudamos um conjunto de conceitos elementares da Cartografia aplicada à Geografia Trabalhamos os mais básicos com a discus são sobre a história e sua importância as implicações na compreensão do espaço geográfico processo de sistematização e principais paradigmas de pesquisa A discussão buscou gerar um questionamento sobre o porquê da Cartografia no ensino e na prática geográfica bem como mostrar o papel da comunicação e vi sualização cartográfica na compreensão dos fenômenos naturais e sociais Em seguida apresentamos e qualificamos os principais produtos cartográficos as formas de representação gráfica e as aplicações para a Geografia Estudamos as etapas envolvidas no processo de construção da informação cartográfica e estabelecemos as relações matemáticas entre a representação o mapa e as di mensões reais dos fenômenos por meio da escala cartográfica Na terceira unidade estabelecemos uma relação entre a forma da Terra e os modos de representação dessa superfície Foi apresentado ainda como é uti lizada a bússola e a rosa dos ventos na orientação e nos cálculos dos rumos e azimutes Por fim estudamos o princípio das coordenadas geográficas sua finalidade e sua aplicação na Cartografia Na quarta unidade trabalhamos os métodos e os instrumentos usados para o levantamento em campo dos dados além das principais projeções cartográ ficas para transposição da superfície curva da Terra em uma superfície plana analógica Estudamos os principais meios de representação do relevo terrestre discutindo as estratégias para a criação de um perfil topográfico Para fechar nossos estudos aprendemos como calcular as diferenças de horário entre dois ou mais pontos em fusos distintos no planeta bem como os concei tos iniciais para o estudo dos Sistemas de Informação Geográfica SIG Essas discussões são relevantes na medida em que funcionam como uma preparação para o aprofundamento nos estudos sobre Geoprocessamento e para o Senso riamento Remoto Esperamos que a disciplina tenha contribuído para melhor compreensão do espaço geográfico e para a prática na elaboração de produtos cartográficos ANOTAÇÕES
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CARTOGRAFIA Prof Me Thiago César Frediani SantAna Prof Me Estevão Pastori Garbin GRADUAÇÃO Unicesumar Acesse o seu livro também disponível na versão digital C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ Núcleo de Educação a Distância SANTANA Thiago César Frediani GARBIN Estevão Pastori Cartografia Thiago César Frediani SantAna Estevão Pastori Garbin Reimpressão 2021 MaringáPr Unicesumar 2020 200 p Graduação EaD 1 Cartografia 2 Geografia 3 EaD I Título ISBN 9788545919100 CDD 22 ed 912 CIP NBR 12899 AACR2 Ficha catalográfica elaborada pelo bibliotecário João Vivaldo de Souza CRB8 6828 Impresso por Reitor Wilson de Matos Silva ViceReitor Wilson de Matos Silva Filho PróReitor Executivo de EAD William Victor Kendrick de Matos Silva PróReitor de Ensino de EAD Janes Fidélis Tomelin Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi NEAD Núcleo de Educação a Distância Diretoria Executiva Chrystiano Mincof James Prestes Tiago Stachon Diretoria de Graduação e Pósgraduação Kátia Coelho Diretoria de Permanência Leonardo Spaine Diretoria de Design Educacional Débora Leite Head de Produção de Conteúdos Celso Luiz Braga de Souza Filho Head de Curadoria e Inovação Tania Cristiane Yoshie Fukushima Gerência de Produção de Conteúdo Diogo Ribeiro Garcia Gerência de Projetos Especiais Daniel Fuverki Hey Gerência de Processos Acadêmicos Taessa Penha Shiraishi Vieira Gerência de Curadoria Carolina Abdalla Normann de Freitas Supervisão de Produção de Conteúdo Nádila Toledo Coordenador de Conteúdo Priscilla Campiolo Manesco Paixão Designer Educacional Lilian Vespa Projeto Gráfico Jaime de Marchi Junior José Jhonny Coelho Arte Capa Arthur Cantareli Silva Ilustração Capa Bruno Pardinho Editoração Juliana Duenha Qualidade Textual Meyre Barbosa Ilustração Rodrigo Barbosa Em um mundo global e dinâmico nós trabalhamos com princípios éticos e profissionalismo não so mente para oferecer uma educação de qualidade mas acima de tudo para gerar uma conversão in tegral das pessoas ao conhecimento Baseamonos em 4 pilares intelectual profissional emocional e espiritual Iniciamos a Unicesumar em 1990 com dois cursos de graduação e 180 alunos Hoje temos mais de 100 mil estudantes espalhados em todo o Brasil nos quatro campi presenciais Maringá Curitiba Ponta Grossa e Londrina e em mais de 300 polos EAD no país com dezenas de cursos de graduação e pósgraduação Produzimos e revisamos 500 livros e distribuímos mais de 500 mil exemplares por ano Somos reconhecidos pelo MEC como uma instituição de excelência com IGC 4 em 7 anos consecutivos Estamos entre os 10 maiores grupos educacionais do Brasil A rapidez do mundo moderno exige dos educa dores soluções inteligentes para as necessidades de todos Para continuar relevante a instituição de educação precisa ter pelo menos três virtudes inovação coragem e compromisso com a quali dade Por isso desenvolvemos para os cursos de Engenharia metodologias ativas as quais visam reunir o melhor do ensino presencial e a distância Tudo isso para honrarmos a nossa missão que é promover a educação de qualidade nas diferentes áreas do conhecimento formando profissionais cidadãos que contribuam para o desenvolvimento de uma sociedade justa e solidária Vamos juntos Seja bemvindoa caroa acadêmicoa Você está iniciando um processo de transformação pois quan do investimos em nossa formação seja ela pessoal ou profissional nos transformamos e consequente mente transformamos também a sociedade na qual estamos inseridos De que forma o fazemos Crian do oportunidades eou estabelecendo mudanças capazes de alcançar um nível de desenvolvimento compatível com os desafios que surgem no mundo contemporâneo O Centro Universitário Cesumar mediante o Núcleo de Educação a Distância oa acompanhará durante todo este processo pois conforme Freire 1996 Os homens se educam juntos na transformação do mundo Os materiais produzidos oferecem linguagem dialógi ca e encontramse integrados à proposta pedagógica contribuindo no processo educacional complemen tando sua formação profissional desenvolvendo com petências e habilidades e aplicando conceitos teóricos em situação de realidade de maneira a inserilo no mercado de trabalho Ou seja estes materiais têm como principal objetivo provocar uma aproximação entre você e o conteúdo desta forma possibilita o desenvolvimento da autonomia em busca dos conhe cimentos necessários para a sua formação pessoal e profissional Portanto nossa distância nesse processo de cresci mento e construção do conhecimento deve ser apenas geográfica Utilize os diversos recursos pedagógicos que o Centro Universitário Cesumar lhe possibilita Ou seja acesse regularmente o Studeo que é o seu Ambiente Virtual de Aprendizagem interaja nos fó runs e enquetes assista às aulas ao vivo e participe das discussões Além disso lembrese que existe uma equipe de professores e tutores que se encontra dis ponível para sanar suas dúvidas e auxiliáloa em seu processo de aprendizagem possibilitandolhe trilhar com tranquilidade e segurança sua trajetória acadêmica CURRÍCULO Prof Me Thiago Cesar Frediani SantAna Possui graduação em Geografia pela Universidade Estadual de Maringá UEM MaringáPR 2008 Mestre pelo Programa de PósGraduação em Geografia da Universidade Estadual de Maringá UEM 20092011 na área de Análise Ambiental Atualmente é doutorando em Geografia pela Universidade Estadual de Maringá Atua como professor no ensino superior nos cursos de Geografia Engenharia Civil e Arquitetura e Urbanismo Tem experiência na área de Geociências com ênfase em Cartografia Básica httplattescnpqbr3767642326547587 Prof Me Estevão Pastori Garbin Mestre em Geografia pela Universidade Estadual de Maringá 2016 com pesquisa na área de Cartografia e Semiótica Graduado em Geografia bacharelado e licenciatura pela Universidade Estadual de Maringá 2013 com estágio na Universidade Técnica de Lisboa em Gestão Urbanística e Planejamento Urbano e Territorial 20122013 Atualmente é aluno do curso de doutorado em Geografia pela UEM e professor do curso de Geografia da Unicesumar Tem experiência nas áreas de ensino de cartografia semiótica peirceana e avaliação de livros paradidáticos httplattescnpqbr7882921634824099j SEJA BEMVINDOA Caroa acadêmicoa é com grande satisfação que apresentamos esta nova edição do livro da disciplina de Cartografia revista e ampliada Nesta obra sintetizamos e aprimo ramos os conteúdos fundamentais na formação dos professores de Geografia de forma alinhada com as principais obras da cartografia nacional e internacional Na primeira unidade discutiremos como o saber cartográfico e os mapas estavam pre sentes nas sociedades antes mesmo da invenção da escrita Aprenderemos que os ma pas são formas de comunicação particulares de cada povo sendo influenciados dire tamente pelo contexto social cultural e econômico da época Discutiremos também o processo de sistematização da Cartografia em uma ciência autônoma da Geografia salientando os principais paradigmas que estruturam a agenda de pesquisa dessa ciên cia nos últimos cinquenta anos Na segunda unidade discutiremos os principais produtos cartográficos utilizados na Ge ografia as finalidades e características A partir desses produtos analisaremos também os processos e as etapas que constituem a produção de uma informação cartográfica salientando a grande influência que o autor de mapas possui na representação espacial Por fim estudaremos como esses processos de construção da informação cartográfica são influenciados pela escala cartográfica discutindo os meios para a realização do seu cálculo e as especificidades da escala gráfica e numérica Na terceira unidade estudaremos o processo histórico de determinação da verdadeira forma da Terra Neste capítulo verificaremos como os povos antigos realizavam suas in vestigações para trabalhar com os indícios da esfericidade do nosso planeta e as princi pais teorias desses pensadores Aprenderemos também como podemos nos orientar no espaço a partir de instrumentos como a bússola bem como calcular de maneira exata os ângulos para nossa orientação Por fim trabalharemos o cálculo das coordenadas geográ ficas como um meio para realizarmos a localização em qualquer ponto do planeta Terra Na quarta unidade discutiremos os desafios envolvidos na construção e escolha das projeções cartográficas Estudaremos também os principais meios no levantamento de dados da paisagem e as formas mais empregadas na representação do relevo com ênfase nas cartas topográficas Na última unidade discutiremos o princípio organizador dos fusos horários bem como os meios de calcularmos a diferença dos horários entre várias localidades Encerraremos nossos estudos discutindo os impactos que as novas tecnologias causaram na Cartogra fia com o desenvolvimento e a popularização dos Sistemas de Informação Geográfica Esperamos que este livro seja seu companheiro nesta sua trajetória de formação profis sional Bons estudos Prof Estevão Pastori Garbin Prof Thiago Cesar Frediani SantAna APRESENTAÇÃO CARTOGRAFIA SUMÁRIO 08 UNIDADE I CARTOGRAFIA PRÁTICA ANTIGA CIÊNCIA RECENTE 15 Introdução 16 O Mapa na História da Humanidade 28 A Ciência Cartográfica 38 As Relações Entre a Cartografia e a Geografia 43 Considerações Finais UNIDADE II ELEMENTOS E PROCESSOS FUNDAMENTAIS PARA A COMUNICAÇÃO CARTOGRÁFICA 55 Introdução 56 Os Produtos Cartográficos Básicos 68 As Etapas do Projeto Cartográfico 87 Escala Cartográfica 97 Considerações Finais SUMÁRIO 09 UNIDADE III OS DESAFIOS DA CARTOGRAFIA NA REPRESENTAÇÃO DA FORMA DA TERRA 109 Introdução 110 A Forma da Terra 118 Estratégias de Orientação no Espaço 128 As Coordenadas Geográficas 133 Considerações Finais UNIDADE IV PROJEÇÕES CARTOGRÁFICAS E REPRESENTAÇÃO DO RELEVO 143 Introdução 144 As Projeções Cartográficas 155 Conhecendo os Principais Métodos para a Realização de Levantamentos Planialtimétricos 159 Representação e Leitura do Relevo na Cartografia 167 Considerações Finais SUMÁRIO 10 UNIDADE V FUSOS HORÁRIOS E SISTEMAS DE INFORMAÇÃO GEOGRÁFICA 177 Introdução 178 Fusos Horários 186 O Papel dos Sistemas de Informação Geográfica Sig 194 Considerações Finais UNIDADE I Prof Me Estevão Pastori Garbin Prof Me Thiago César Frediani SantAna CARTOGRAFIA PRÁTICA ANTIGA CIÊNCIA RECENTE Objetivos de Aprendizagem Apresentar a relação histórica da Cartografia com as diferentes sociedades Refletir sobre o processo de sistematização da ciência cartográfica Apresentar as relações entre a Cartografia e a Geografia Plano de Estudo A seguir apresentamse os tópicos que você estudará nesta unidade O mapa na história da humanidade A ciência cartográfica As relações entre a Cartografia e a Geografia INTRODUÇÃO Caroa acadêmicoa iniciaremos nossos estudos sobre a Cartografia discutindo o seu papel ao longo da história da humanidade Como será visto embora a prática de mapear o espaço seja anterior à escrita a sistematização da Cartografia como ciência autônoma é muito recente remontandose ao período que sucede a Segunda Guerra Mundial Nesse sentido abordaremos a Cartografia em dois momentos distintos porém complemen tares a Cartografia enquanto prática humana inerente à necessidade de compreensão e exploração do espaço e enquanto ciência autônoma com paradigmas e linhas de pes quisa sistematizadas por um amplo corpo de pesquisadores Este percurso deve estar intimamente desenvolvido na consciência doa professora de Geografia pois a evolução da Cartografia remete a própria com preensão do espaço O mapa muito além de um registro estático da realidade revela visões de mundo e estratégias cognitivas de compreensão do espaço pelos seres humanos A Cartografia não deve ser reduzida a um catálogo de conteú dos a ser transmitido peloa professora mas trabalhada como um saber que será desenvolvido a um só tempo com toda a trajetória do aluno de Geografia Todavia como construir uma visão integrada da Cartografia ao conhecimento geográfico Este é um desafio cotidiano e permanente tanto do professor quanto do aluno Nosso objetivo nesta unidade é demonstrar como o conhecimento humano na representação do espaço evoluiu e se transformou em um corpo sistematizado de conhecimento que é a ciência cartográfica Para tanto assinalaremos o papel histórico dos mapas como signos do seu tempo e sua valorização com o advento do capitalismo Em um segundo momento discutiremos o contexto da transfor mação da Cartografia em uma ciência autônoma da Geografia e quais foram os principais esforços na construção de uma agenda de pesquisas para essa ciência Esperamos que essas discussões permitam que você desenvolva uma leitura mais ampla e integrada do papel da Cartografia em nossa sociedade bem como dos caminhos que essa ciência percorreu até os dias atuais Introdução Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 13 CARTOGRAFIA PRÁTICA ANTIGA CIÊNCIA RECENTE Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 I U N I D A D E 14 O MAPA NA HISTÓRIA DA HUMANIDADE Caroa alunoa você já pensou como seria difícil desenvolver suas ativida des cotidianas sem conhecer o seu espaço Desconhecer os principais trajetos da cidade a disposição das avenidas centrais ou até mesmo a direção correta do nosso destino tornaria a nossa rotina muito mais difícil É por essa razão prática que o saber geográfico constitui desde os primórdios da humanidade uma con dição para a sobrevivência humana É por meio desse saber que os seres humanos se orientam e se deslocam no espaço criam territórios e elaboram estratégias essenciais para a manutenção de sua vida sendo o mapa um importante ins trumento que auxilia os seres humanos antes mesmo do surgimento da escrita Segundo Matias 1996 na préhistória o conhecimento do meio era trans mitido de forma oral e gestual e seu registro era realizado por meio de inscrições gráficas em rochas nos interiores das cavernas O conhecimento era restrito a sua vivência mais imediata e estava associado as atividades essenciais para a manutenção do grupo tais como a pesca a caça e a moradia O gesto a pintura e a produção de sons por exemplo tornam possível que os seres humanos produzam e manipulem elementos mentais que denominaremos representações ou signos De acordo com Santaella 2012 signo é tudo aquilo que independente do seu material constituinte O Mapa na História da Humanidade Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 15 ou da sua forma representa algum aspecto de algo para alguém Podemos afirmar portanto que as palavras que falamos no nosso dia a dia os gestos que fazemos no trabalho ou as ideias vagas que temos quando assistimos uma aula são signos embora o modo com que funcionem sejam diferenciados O mapa neste sentido também pode ser considerado um signo ou melhor um complexo sistema de signos que comunica algum aspecto do espaço para outras pessoas ou para nós mesmos Vale notar que o desenvolvimento de novas técnicas torna possível que os seres humanos criem signos mais elabo rados com mais possibilidades de uso e isso naturalmente é válido também para os mapas Basta imaginarmos como é muito mais fácil identificarmos hoje a orientação geográfica de um fenômeno a partir do Google Maps se comparar mos por exemplo a um mapa do século XIII Com o desenvolvimento da técnica o homem tornouse capaz de realizar ativi dades mais complexas e de criar um meio cada vez menos restrito às possibilidades ofertadas pela natureza o desenvolvimento da agricultura permitiu aos homens a sedentarização e demandou conhecimento de áreas mais próprias para o cultivo as caravelas permitiram que novos territórios alémmar fossem conquistados e tornou urgente a confecção de mapas para a navegação enquanto as Revoluções Industriais criaram novas demandas de recursos energéticos e o entendimento de sua distribui ção e localização Representar o espaço portanto sempre foi uma necessidade para o desenvolvimento dos povos Contudo assim como afirmamos toda representação é parcial e limitada na sua função de representar os fenômenos qual seria o aspecto limitado que os mapas deveriam representar do espaço Sabemos que a localização é uma preocupação recorrente dos mapas mas será que é a última Caroa alunoa vejamos uma descoberta emblemática que pode nos aju dar a responder esta questão Em 1963 durante as escavações arqueológicas em Çatal Höyük na região centroocidental da Turquia uma equipe de arqueólogos descobriu o que seria o mapa autêntico mais antigo já encontrado elaborado apro ximadamente 6000 aC Embora este mapa primitivo apresente certas similitudes com as plantas cartográficas modernas sua utilização era voltada para a realização de um ritual sagrado muito diferente dos usos dos mapas atuais HARLEY 1991 Como você pode notar pela reconstituição do mapa na Figura 1 é possível identifi carmos o traçado de um povoado neolítico e ao fundo o vulcão Hasan Dag em erupção CARTOGRAFIA PRÁTICA ANTIGA CIÊNCIA RECENTE Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 I U N I D A D E 16 Figura 1 Reconstituição do mapa de Çatal Höyük Turquia Fonte Pour la science 2014 online¹ Figura 2 Imagens da escavação onde o mapa foi encontrado Fonte Ancient Wisdom 2019 online² O reconhecimento de um espectro mais amplo de representações espaciais como mapas é um fenômeno recente resultado da adoção de uma visão menos eurocêntrica e mais universal de como as sociedades humanas entendem e O Mapa na História da Humanidade Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 17 representam seus espaços John Brian Harley 1932 1991 um dos principais pesquisadores da história da Cartografia ressalta que os produtos cartográficos que não seguiam os padrões da Cartografia Europeia de exatidão passaram a ser considerados mapas apenas há algumas décadas Anteriormente eram tratados apenas como curiosidades cartográficas HARLEY 1991 p 5 É esse tipo de mudança de pensamento que tornou possível que hoje as representações antigas as quais eram confeccionadas em tiras vegetais conchas ou até mesmo madeira sejam consideradas mapas antigos Figura 3 Mapa indígena das Ilhas Marshall Descrição da imagem mapa indígena das Ilhas Marshall construído em tiras vegetais e conchas O mapa consiste em uma quadrícula ortogonal feita em tiras vegetais representando o mar livre e as tiras vegetais curvas as frentes das ondas próximas às ilhas representadas pelas conchas Fonte Raisz 1969 p 7 CARTOGRAFIA PRÁTICA ANTIGA CIÊNCIA RECENTE Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 I U N I D A D E 18 Figura 4 Mapa de GaSur Descrição da imagem o mapa de GaSur foi confeccionado em uma pequena placa de barro que representa o rio Eufrates com montanhas em cada lado Data de aproximadamente 2500 aC Fonte Raisz 1969 p 9 As características selecionadas do espaço para sua representação cartográfica são variáveis não estando restrita unicamente à localização exata dos fenôme nos Ao longo da história da humanidade os mapas foram empregados para localizar os fenômenos e para fins ritualísticos demarcar fronteiras mapear recursos naturais expressar visões da organização do próprio mundo e dentre muitos outros papéis Hoje a Cartografia é reconhecida como uma linguagem mais universal e mais antiga do que se pensava e não estamos nos referindo ao termo Cartografia neste momento como uma ciência exata mas como um conjunto de saberes envolvidos na produção de representações do espaço que cada povo desenvol veu de acordo com suas necessidades Isso significa que seria um reducionismo irresponsável definir que o conhecimento humano na construção de mapas ocor reu de maneira linear e de acordo com a nossa visão moderna da Cartografia Vários povos antigos como os chineses indianos gregos e indígenas por exem plo desenvolveram suas cartografias mas cada um com suas particularidades O Mapa na História da Humanidade Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 19 Os gregos são reconhecidos como importantes contribuintes para a formu lação da Cartografia por diversos motivos pelo estudo da forma da Terra pelo emprego da geometria na obtenção das dimensões do nosso planeta pelo desen volvimento do princípio do sistema de coordenadas geográficas e inclusive pelas discussões sobre as projeções cartográficas Ao contrário do que muitas pessoas imaginam a ideia da esfericidade da Terra no mundo grego não tem origem nas observações astronômicas mas em argumentos filosóficos Hecateu 500 aC um geógrafo jônico considerava que o planeta tinha um formato de disco no qual ao redor corriam as águas dos oceanos Entretanto a filosofia grega considerava que a esfera era a forma geométrica mais perfeita o que justificaria que o nosso planeta assumisse uma forma esferoidal e não plana justamente por acreditarem que nosso planeta fosse uma obraprima dos deuses A hipótese da esfericidade da Terra foi comprovada posteriormente pelo povo grego por meio de observações em campo além do estabelecimento de conceitos ainda hoje usados como Equador Polos Trópicos Zonas Tórridas Temperadas e Frias RAISZ 1969 Erastótenes de Cirene 276 a 196 aC é um dos grandes nomes da Antiguidade que contribuiu sobremaneira na Cartografia Responsável pela Biblioteca de Alexandria realizou a medição da Terra a partir de um poço na cidade de Siena durante o solstí cio de verão e calculou que a sua circunferência era de 46 mil quilômetros um valor apenas 16 distante do valor real Além disso construiu um mapamúndi do mundo habitado que contava com paralelos e meridianos para a localização Outro importante personagem grego foi Cláudio Ptolomeu 90 a 168 dC que desenvolveu um sistema de representação da Terra baseado na utilização de uma grade quadriculada de coordenadas baseadas na posição dos corpos celes tes CROSBY 1999 Sua principal obra é intitulada Geografia que consistia em oito volumes descrevendo os princípios teóricos empregados nas projeções carto gráficas e nos mapas presentes em sua coletânea Embora a base de dados usada por Ptolomeu era oriunda de mapas antigos e relatos de viajantes seu conjunto de mapas é considerado o primeiro Atlas Universal RAISZ 1969 CARTOGRAFIA PRÁTICA ANTIGA CIÊNCIA RECENTE Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 I U N I D A D E 20 Figura 5 Mapamúndi gravado por Johannes Schnitzer 1482 a partir da obra de Ptolomeu Fonte Open Culture 2017 online³ A evolução dos mapas no entanto nem sempre apresentou um desenvolvi mento progressivo e pautado na exatidão das medidas da superfície terrestre A cartografia romana por exemplo não priorizava o aprimoramento do sistema de latitudes e longitudes as medições astronômicas e as projeções Seus objeti vos eram mais práticos para fins militares e administrativos o que resultou no resgate de representações mais simples que assim como os geógrafos jônicos adotavam mapas que representavam a Terra em formato de disco Durante a Idade Média período que se estendeu na Europa do século V ao século XV predominou a visão teológica do universo sob forte influência da Igreja Católica que estabeleceu um domínio cultural e social no velho continente por dez séculos O comércio perdeu a importância conquistada na Antiguidade o que afetou diretamente as estratégias e estilos empregados na confecção de mapas deste período e um mapa muito representativo da Idade Média é o mapa TO Ele demarca uma visão esquemática do mundo compatível com os preceitos bíblicos de que o mundo era cercado por um grande oceano e entrecortado por três massas continentais que representavam a Europa Ásia e África com Jerusalém ocupando geralmente o centro A letra T localizada dentro do círculo que lembra a letra O Mapa na História da Humanidade Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 21 O corresponde a três corpos dágua o rio Nilo o rio Dom e na parte inferior o mar Mediterrâneo como você pode conferir na Figura 6 Figura 6 Um típico Mapa TO Fonte Raisz 1969 Este mapa é ilustrativo porque demonstra uma característica que por vezes é invi sível quando olhamos os produtos cartográficos contemporâneos todo mapa é uma construção social criada a partir de visões de mundo que podem ser muito distin tas entre os povos ao longo do tempo Isso não significa que devemos considerar que os mapas são mentirosos ou dispensáveis ao contrário este aspecto da parcia lidade e relatividade do seu conteúdo é inerente a qualquer outra prática humana Acontece que com as mudanças das necessidades de uma sociedade alteramse suas produções intelectuais inclusive os mapas A visão teológica dominante na Idade Média por exemplo era insuficiente para outros propósitos como a nave gação o que acabou por impulsionar no século XIII o desenvolvimento de um novo estilo de mapa voltado para os navegadores os mapas portulanos Como o nome sugere os mapas portulanos priorizavam a representação mais CARTOGRAFIA PRÁTICA ANTIGA CIÊNCIA RECENTE Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 I U N I D A D E 22 exata dos portos e dos trajetos para o deslocamento nos mares e oceanos Nesse sentido elementos familiares como a rosadosventos voltaram a ser emprega dos na Cartografia assim como uma crescente preocupação em representar com detalhes os acidentes geográficos litorâneos embora contassem com pouquíssimas informações das áreas do interior dos continentes Os portulanos foram conce bidos para águas cercadas ou quasecercadas por terras como o Mediterrâneo e estiveram associados ao uso da bússola o que gerava certa independência dos navegadores em relação à visibilidade dos astros celestes para determinar sua orientação CROSBY 1999 O problema é que para a navegação em grandes dis tâncias suas distorções eram muito significativas o que levou a um esforço dos cartógrafos em desenvolver mapas mais precisos e funcionais para a navegação Figura 7 Mapa Portulano do século XVII Descrição da imagem os mapas portulanos eram compostos por um sistema de várias rosadosventos e rumos para a navegação com a bússola Eram geralmente confeccionados em peles de animais Fonte Wikimedia Commons 2019 online4 A descoberta de um exemplar da obra Geografia de Ptolomeu no ano de 1440 em Florença contribuiu significativamente na transformação da percepção espacial do Ocidente No século XV as técnicas de representação cartográfica a O Mapa na História da Humanidade Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 23 partir do uso de uma grade de coordenadas empregadas por Ptolomeu já esta vam integradas nas práticas dos cartógrafos europeus Além disso a Terra era frequentemente representada numa esfera com latitudes e longitudes sem dúvida foi uma transformação importante sobretudo quando comparamos com os mapas medievais Com o fim da Idade Média a Cartografia volta a ganhar importância espe cialmente para a delimitação de rotas comerciais para o registro de novas terras e para o planejamento de estratégias para a expansão dos territórios Raisz 1969 identifica três principais motivos para a rápida transformação que a Cartografia presenciou neste período quais sejam a a redescoberta e a correção da obra de Ptolomeu que continha informações exageradas sobre alguns aspectos terrestres b o desenvolvimento da imprensa e o consequente aumento na difusão de mapas mais acessíveis economicamente ao público e c os Grandes Descobrimentos que geraram novas informações e uma demanda crescente de novos mapas mais precisos Tudo isso pode ser comprovado por Harvey 2009 p 221 o qual sus tenta que o saber geográfico se tornou uma mercadoria valiosa numa sociedade que assumia uma consciência cada vez maior de lucro Ao longo dos séculos XVI e XVII a Cartografia foi desenvolvida e aprimo rada por diversas sociedades que a enxergavam como um meio necessário para o crescimento econômico e a conquista de novas terras e mercados Além dos portugueses espanhóis e italianos os holandeses vivenciaram um período de grande destaque na Cartografia com destaque para Gerhard Kremer também conhecido por seu nome latinizado Geraldo Mercator 1512 1594 Além do desenvolvimento da projeção cartográfica que leva seu nome Mercator teve o mérito de revisar os estudos de Ptolomeu sobre Geografia Astronomia História Natural e das Ciências Naturais baseado em relatos de navegantes mais confiáveis e a partir de dados de viagens empreendidas por ele mesmo Entretanto havia alguns problemas significativos que assolavam os mapas desse período em áreas com pouca informação disponível era comum que fossem preenchidos os espaços em branco dos mapas com informações fic tícias ou exageradas para se tornarem mais atrativos comercialmente RAISZ 1969 assim como exemplifica a Figura 8 CARTOGRAFIA PRÁTICA ANTIGA CIÊNCIA RECENTE Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 I U N I D A D E 24 Figura 8 Caspar Plautius 1621 um exemplo de mapa com informações fictícias Fonte DreyerEimbcke 1996 No século XVIII a França vivencia um período de forte desenvolvimento cul tural baseado nos ideais iluministas o que resultou na produção de mapas que buscassem retratar de maneira minuciosa e exata as informações conhecidas dos territórios Foi a partir desse século que surgiram os Serviços Geográficos Nacionais responsáveis por realizar o levantamento topográfico dos seus terri tórios geralmente empreendido pelo exército A palavra atlas que hoje utilizamos para designar publicações que reúnem um conjunto de mapas também nos foi legada por Mercator Como con sequência de um trabalho de muitos anos foram reunidos vários mapas para resultar numa publicação a qual Mercator chamou de Atlas Devemos lembrar entretanto que a edição só ocorreu em 1595 quatro meses após a morte de Mercator por iniciativa de seu filho Rumold O motivo que levou à escolha da palavra atlas entretanto ainda gera discussões Para alguns foi escolhida como uma homenagem ao rei Atlas da Mauritânia para ou tros teria sido uma referência à divindade grega Atlas que de acordo com a mitologia tendo tomado o partido dos gigantes contra os deuses e preten dendo derrubar o céu fora condenado por Zeus a sustentálo nos próprios ombros Fonte Duarte 2002 O Mapa na História da Humanidade Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 25 No Renascimento há uma aproximação muito significativa entre as ativida des de geógrafos e cartógrafos isto é na compreensão e na representação do espaço porque ainda não havia instrumentos suficientes para a determinação das longitudes o que exigia que os geógrafos trabalhassem com o levantamento das latitudes a partir da Astronomia e a aproximação das longitudes a partir da interpretação crítica dos relatos de viagens Esse cenário transformouse signi ficativamente com o desenvolvimento do cronômetro marinho e tornou a tarefa de produção de mapas um conhecimento mais familiar aos engenheiros cartó grafos do que aos geógrafos Assim como lembra Claval 2009 essa mudança levou os geógrafos a perderem metade de seu campo de atuação para os cartógra fos buscando especializarse nas formas de descrição e interpretação do espaço ao contrário dos engenheiros cartógrafos que se especializaram na representa ção geométrica e na coleta de dados Embora essa transformação tenha se intensificado a partir do século XVIII a Cartografia só foi considerada ciência autônoma com paradigmas e teorias pró prias no período que sucede a Segunda Guerra Mundial Caroa alunoa vamos compreender o contexto e as implicações dessa institucionalização A cartografia une o objetivo ao subjetivo a prática aos valores o mito ao fato comprovado a precisão à aproximação Você consegue identificar esses aspectos aparentemente contraditórios nos mapas que você usa CARTOGRAFIA PRÁTICA ANTIGA CIÊNCIA RECENTE Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 I U N I D A D E 26 A CIÊNCIA CARTOGRÁFICA Se existe um momento em que o conhecimento do território é uma questão literalmente de vida ou morte este momento é durante uma guerra com o desenrolar das Primeira e Segunda Guerras Mundiais no século XX mapear o território inimigo tornouse fundamental Contudo como criar mapas confi áveis eficazes em representar o espaço e de rápido entendimento Essas eram questões que durante a Segunda Guerra Mundial eram urgentes e desafiavam Arthur Robinson o responsável pela Divisão de Mapas do Escritório de Assuntos Estratégicos dos Estados Unidos da América MONTELLO 2002 Robinson amadureceu um repertório de experiências muito significativas durante a guerra o que motivou a sintetizar suas lições apreendidas em um livro denominado The Look of Maps an examination of cartographic design em algo como A aparência dos mapas um exame do desenho cartográfico publicado em 1952 A grande inovação desse material foi a apresentação de um estudo siste mático de como elaborar adequadamente um projeto cartográfico isto é as diretrizes que deveriam guiar a construção de um mapa cuja chave estaria no entendimento das limitações da percepção visual humana De acordo com Robinson 1952 a essência da Cartografia é tornar uma infor mação inteligível para o leitor Mais do que simplesmente desenhar a Cartografia A Ciência Cartográfica Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 27 deve pensar em métodos adequados para selecionar generalizar e representar as informações do espaço para algum usuário de mapas Nessa obra Robinson construiu uma aproximação entre a Psicologia e a Cartografia mais especificamente em um modelo de análise estímuloresposta conhecido como psicofísico Basicamente esse modelo comparava as respostas que os usuários de mapas relatavam na percepção do tamanho e das cores empre gadas nos símbolos cartográficos embora não fizesse parte desse programa de pesquisas uma preocupação em entender o porquê determinada sequência de cores por exemplo era mais bem avaliada que outra SANTIL SLUTER 2011 Mesmo que não fosse o primeiro a sugerir que a Cartografia deveria se aproxi mar da Psicologia para compreender como os mapas efetivamente funcionavam Robinson foi o primeiro a publicar um estudo sistemático de mapas que seguiu essa estratégia metodológica MONTELLO 2002 The Look of Maps foi responsável por semear um princípio que transformaria a Cartografia nas décadas seguintes de que os usuários de mapas deveriam ser considerados na definição das proposições do projeto cartográfico pois o mapa serve como um canal de comunicação entre dois entes o autor de mapas e o usuário No caso se o mapa é um canal de comunicação sua eficácia só poderia ser avaliada se o destinatário final fosse considerado nessa equação Essa cons trução de princípios deveria estar alicerçada na pesquisa empírica com testes laboratoriais o que de certa forma afastou a ideia da Cartografia como uma prática artística e a aproximou de uma prática científica sistematizada Evidentemente separar a ciência da arte e etiquetar um mapa como pertencente apenas a uma dessas categorias é um reducionismo perigoso Assim esperamos que nossa breve apresentação da história dos mapas no início deste capítulo tenha deixado claro que essa questão é muito mais complexa Entretanto o que gosta ríamos de pontuar é que foi a partir da publicação da obra de Arthur Robinson que a Cartografia passou a ser abordada como uma ciência que necessitava de testes empíricos para sua evolução e não apenas impressões estéticas individuais dos seus autores Didaticamente podemos dizer que a Cartografia era pensada a partir de um novo paradigma que denominaremos Comunicação Cartográfica CARTOGRAFIA PRÁTICA ANTIGA CIÊNCIA RECENTE Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 I U N I D A D E 28 O PARADIGMA DA COMUNICAÇÃO CARTOGRÁFICA Quando afirmamos que uma ciência constrói um paradigma estamos dizendo que um grupo de pesquisadores compartilham alguns princípios para a inves tigação e para o entendimento do seu objeto de estudo De acordo com Correa 2011 p 60 um paradigma é um conjunto de ações intelectuais que possibi litam estabelecer uma dada inteligibilidade à realidade com base em conexões de ideais de natureza descritiva explicativa normativa preditiva ou compreen siva No caso da ciência cartográfica o primeiro paradigma que orientou o maior número de programas de pesquisa é denominado comunicação cartográfica O primeiro e principal aspecto desse paradigma foi considerar que todo mapa é constituído por mensagens prédefinidas pelo seu autor de tal modo que a grande tarefa da Cartografia seria investigar quais são as estratégias mais otimi zadas para se transmitir estas mensagens para um usuário MACEACHREN 1995 Essa tentativa de compreender o processo de comunicação entre o autor o mapa e o usuário deu origem a uma série de modelos esquemáticos para tornar mais inteligível o processo de comunicação cartográfica sendo o principal deles aprimorado e publicado por Koláčný em 1969 assim como ilustra a Figura 9 REALIDADE REALIDADE DO CARTÓGRAFO REALIDADE DO USUÁRIO Sobreposição de Realidades Necessidades Objetivas Tarefas Objetivas Conhecimento Experiência Conhecimento Experiência Processos psicológicos Processos psicológicos Efeito da informação cartográfca concretizada Concretização da informação cartográfca Habilidades Habilidades Conteúdo da mente do Cartógrafo Conteúdo da mente do Usuário Linguagem Cartográfca Linguagem Cartográfca Ação baseada na leitura da informação cartográfca Observação e seleção da realidade MAPA Figura 9 Modelo da comunicação cartográfica Descrição de imagem modelo de comunicação da informação cartográfica proposto por Koláčný em 1969 O modelo se constitui como um fluxo informativo que tem como origem a mente do cartógrafo que se materializa no mapa e é direcionado para o usuário A comunicação seria bemsucedida quando uma parcela da realidade do cartógrafo correspondesse ao repertório da realidade do usuário Fonte adaptado de MacEachren 1995 A Ciência Cartográfica Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 29 Basicamente o modelo da comunicação da informação cartográfica se constitui no reconhecimento de que a transmissão de uma informação é sempre relativa ao universo do autor de mapas que propõe uma mensagem a ser transmitida Os signos que representam as ideias da mente do cartógrafo e tornam possível a comunicação são materializados na linguagem cartográfica e a eficácia das escolhas feitas pelo autor dependem de vários fatores tais como a experiência profissional de quem produz o mapa as particularidades dos seus processos psi cológicos os meios técnicos para a confecção do produto cartográfico dentre outros O mapa portanto é apenas um momento de uma cadeia comunicativa de ideias e sua eficácia em transmitilas depende do esforço dos cartógrafos em realizar a máxima diminuição de ruídos possíveis Então o que é um ruído Vamos imaginar uma situação hipotética em que estamos conversando por meio de uma ligação telefônica De repente um cami nhão passa ao lado de um dos falantes impedindo que o ouvinte escute com clareza a mensagem transmitida na conversa Pode ser ainda que um dos tele fones empregados na conversa tenha um defeito no microfone o que impede a captação adequada do áudio ou ainda que um dos interlocutores utilize uma expressão verbal desconhecida pelo ouvinte Temos três exemplos de ruídos que impedem uma comunicação eficaz No mapa são considerados ruídos quaisquer elementos que dificultem sua leitura como a confecção de símbolos muito pequenos o uso de contraste de cores muito exageradas a presença de informações irrelevantes que causem distrações no lei tor ou até mesmo a qualidade gráfica insuficiente da impressão Nesse sentido o autor de mapas deve identificar e corrigir os ruídos do mapa para que a comu nicação da informação cartográfica seja a mais direta possível GARBIN 2016 O segundo domínio do esquema de comunicação cartográfica proposto por Koláčný é relativo ao repertório de conhecimentos pertencentes ao usuário de mapas É nele que os conteúdos representados pelo mapa serão extraídos e essa tarefa exige que o leitor conheça minimamente as convenções e as caracterís ticas que estruturam a linguagem cartográfica bem como tenha as condições ambientais e cognitivas mínimas para que a mensagem obtida seja interpretada O terceiro aspecto que chama a atenção desse esquema é a sobreposição das realidades do autor de mapas e do usuário Essa área sobreposta significa que deve CARTOGRAFIA PRÁTICA ANTIGA CIÊNCIA RECENTE Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 I U N I D A D E 30 existir um ponto de contato entre o repertório de conhecimento da linguagem cartográfica entre o emissor e o receptor para que a mensagem seja devidamente compreendida O mapa portanto deve ser construído tendo em vista que pon tos de contato são esses e a maneira de descobrilos é investigando o perfil do usuário para o qual o mapa se destina O problema é que nesse paradigma os usuários de mapas são considerados meras caixas pretas que respondem ao estímulo do mapa desconsiderando a criatividade a inventividade a influência da cultura o contexto e a subjetividade dos seres humanos na interpretação de um produto cartográfico KENT 2018 MACEACHREN 1995 Embora seja um princípio importante na prática os mapas poucas vezes apresentam a característica de ter uma mensagem específica construída pelo cartógrafo ou geógrafo Que tal explorarmos algumas situações para compre endermos as limitações desse princípio Considere uma carta topográfica um dos produtos mais conhecidos da Cartografia qual é a mensagem que essa carta comunica Será que é a localização exata das cotas de altitude do terreno A posi ção relativa dos cursos dágua Ou o tamanho das cidades Figura 10 Fragmento de uma carta topográfica Fonte Wikimedia Commons 2019 online5 A Ciência Cartográfica Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 31 Mesmo se considerarmos que a localização dos fenômenos da paisagem seja a mensagem principal desse produto essa visão seria ainda incompleta pois um geólogo poderia encontrar novas informações ou mensagens mais específicas da dinâmica da paisagem se compararmos com a leitura realizada por um engenheiro civil por exemplo Além disso será que quem faz o mapa tem todo o controle e conhecimento das informações que um mapa pode conter Há ainda novos complicadores que não existiam no momento de adoção desse paradigma será que a disseminação de computadores que transformam o mapa de maneira ins tantânea torna útil esse tipo de modelo de comunicação Como você caroa alunoa pôde perceber as perguntas são diversas Para construirmos uma resposta satisfatória é necessário introduzirmos novos con ceitos nesta linha do tempo da Cartografia tratando de uma ação mental que todos nós realizamos e que a ciência cartográfica começou a integrar em suas discussões teóricas a visualização A VISUALIZAÇÃO CARTOGRÁFICA Assim como percebemos a tarefa primordial do paradigma da comunicação car tográfica foi a de encontrar mapas otimizados e funcionais para a realização de tarefas específicas para cada tipo de usuário Acontece que ao longo da década de 80 e 90 a disseminação de computadores para o grande público forçou os car tógrafos a se depararem com um cenário totalmente novo pessoas comuns sem qualquer formação especializada em mapas tinham acesso a programas computa cionais cada vez mais amigáveis o que tornava a produção de mapas uma tarefa cada vez mais corriqueira e não restrita à especialistas e pesquisadores das geociências Além disso com a facilidade em compartilhar informações via Internet um número cada vez maior de usuários tinha acesso a mapas que não necessaria mente eram voltados para o seu perfil Será que esses novos usuários que não apenas consumiam mas produziam seus próprios mapas buscavam uma for mação complementar para produzir os seus mapas no dia a dia Não e isso levou a comunidade de pesquisadores em Cartografia a repensar alguns princí pios até então amplamente aceitos CARTOGRAFIA PRÁTICA ANTIGA CIÊNCIA RECENTE Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 I U N I D A D E 32 O primeiro ponto que gostaríamos de enfatizar é que independentemente do tipo de uso que os usuários fazem dos mapas todos eles envolvem uma ação cognitiva que consiste em gerar imagens mentais que denominamos visualiza ção Em termos gerais visualizar significa tornar visível para a mente alguma coisa o que não necessariamente significa restringir essa imagem mental ao domínio da visão mas compreendêlas como signos especiais que facilitam um melhor entendimento da realidade por parte dos seres humanos A visualização científica referese às ações de visualização voltadas a explorar a realidade a par tir do método científico e nesse sentido a Cartografia começou a se debruçar sobre o estudo das diferentes formas de visualizar o espaço não só entender melhor suas características físicas mas sociais econômicas sanitárias cultu rais dentre outras O termo empregado para se referir aos modos de visualizar o espaço para a Cartografia é visualização cartográfica ou ainda visualização geográfica ou geovisualização Para que um mapa gere visualizações esperase que seja capaz de facili tar o entendimento de algum aspecto do espaço embora isso de certa forma seja uma tarefa realizada por qualquer bom mapa A questão que é posta como desafiadora é que os computadores permitiram que fossem desenvolvidos sof twares como os Sistemas de Informação Geográfica SIGs que permitem maior interação e consequentemente uma transformação do produto cartográfico sem pre que o usuário precisar Por exemplo a possibilidade de escolher no Google Maps entre uma camada sombreada do relevo das vias de circulação ou da ima gem de satélite permite que o usuário visualize um mesmo espaço da maneira que mais lhe convém Esse era um cenário inimaginável no contexto anterior à Cartografia digital pois os mapas eram congelados no papel e sua atualização poderia ser custosa e demorada Para que essas novas características da Cartografia fossem ressaltadas novos esquemas foram formulados pela comunidade científica cada qual valorizando um novo cenário das pesquisas sobre mapas Vejamos dois dos principais modelos A Ciência Cartográfica Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 33 PENSAMENTO VISUAL COMUNICAÇÃO VISUAL Exploração Confrmação Síntese Apresentação DOMÍNIO PRIVADO DOMÍNIO PÚBLICO Figura 11 Os quatro momentos do uso do mapa exploração confirmação síntese e apresentação Fonte adaptada de MacEachren 1995 O primeiro modelo proposto por DiBiase 1990 enfoca os diferentes momentos no uso dos mapas e agrupam seus usuários em duas grandes classes os especia listas domínio privado e os nãoespecialistas domínio público O domínio privado é composto por pesquisadores ou usuário avançados que utilizam o mapa para gerar um novo conhecimento ou ainda confirmar hipóteses explo ratórias No caso os mapas gerados para esse domínio voltado para a exploração e confirmação de hipóteses científicas pode não necessitar de mapas que sigam rigorosamente todas as convenções cartográficas e sua aparência final pode ser até mesmo considerada pouco amigável por usuários nãoespecialistas Por outro lado usuários nãoespecialistas pertencentes do domínio público usam mapas em um nível mais elementar para a realização de tarefas mais sim ples e cotidianas Basicamente esses usuários decodificam uma informação já explorada e tratada por algum pesquisador o que exige que o mapa seja pen sado inclusive esteticamente para ser amigável a um número maior e menos CARTOGRAFIA PRÁTICA ANTIGA CIÊNCIA RECENTE Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 I U N I D A D E 34 restrito de usuários Nesse sentido o paradigma da comunicação cartográfica é mais evidente nesse domínio marcado pela comunicação visual ao contrário do domínio privado que é marcado pelo pensamento visual É fundamental lembrarmos que essas quatro etapas e esses dois domínios não são excludentes mas predominantes O que o autor de mapas deve considerar é em qual momento no processo de investigação científica de exploração confirmação síntese ou de apresentação o mapa em questão será empregado A capacidade de transformação e adaptação de um mapa ou de um SIG em alterar as formas com que um fenômeno pode ser representado para que novas informações sobre o espaço estudado sejam exploradas ou confirmadas é denominado interatividade Dentre as características que um produto cartográfico pode oferecer pode mos elencar a mudança nos níveis ou camadas de informações alteração rápida no modo de implantação e representação dos dados representação de fenômenos em movimento ou ainda alteração da escala cartográfica de maneira automá tica Essa propriedade de interatividade deve ser sempre considerada de maneira relativa isto é os produtos carto gráficos podem apresentar baixa ou alta interatividade na represen tação dos fenômenos e não deve ser vista como uma propriedade ou presente ou ausente de um mapa Essa propriedade que pode ou não favorecer a visualização é assinalada no esquema desen volvido por MacEachren 1995 e comumente denominada carto grafia ao cubo Comunicação Visualização Público Privado Apresentar o conhecido Revelar o desconhecido Alta interatividade Baixa interatividade Figura 12 O modelo cartografia ao cubo ou cubo cartográfico Fonte adaptada de MacEachren 1995 A Ciência Cartográfica Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 35 Esse modelo conceitual demonstra a presença de três parâmetros que caracteri zam o mapa o tipo de público atendido o grau de interatividade do produto e o tipo de função que desempenha Os vértices opostos formado nos polos con trários dos três parâmetros apresentados indicam a atividade predominante que um produto cartográfico pode desempenhar produtos com alta interatividade usados por usuários do domínio privado para explorar novos conhecimentos priorizam a ação da visualização Por outro lado os usuários do domínio público com acesso aos produtos de baixa interatividade e que usam os mapas para deco dificar informações já confirmadas cientificamente estão inseridos nas atividades típicas da comunicação cartográfica Caroa alunoa para ver na prática como o modelo da cartografia ao cubo funciona acesse o QR Code a seguir Quais atividades podem ser propostas aos alunos da Educação Básica para que se aprenda as diferentes funções desempenhadas pelos mapas em um processo investigativo Para ter mais informações sobre o conteúdo cartografia ao cubo consulte nosso QR Code por meio da sua plataforma CARTOGRAFIA PRÁTICA ANTIGA CIÊNCIA RECENTE Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 I U N I D A D E 36 AS RELAÇÕES ENTRE A CARTOGRAFIA E A GEOGRAFIA Assim como apresentamos no início deste capítulo existe uma relação muito próxima entre o desenvolvimento do conhecimento geográfico dos povos e o desen volvimento de uma cartografia própria A partir do estabelecimento da ciência como forma prioritária de entender a realidade nos séculos XVIII e XIX ocu pando o lugar da visão religiosa que vigorou na Idade Média tanto a Geografia quanto a Cartografia passaram a apresentar forte reciprocidade Esta auxiliando o desenvolvimento do conhecimento geográfico sistematizado e aquela por sua vez promovendo o desenvolvimento de novas formas de representações espaciais É válido relembrar que há grande variedade de geografias reveladas pela história do pensamento geográfico cada qual com períodos que valorizavam abordagens problemas e paradigmas próprios do seu tempo Da mesma forma não há apenas uma cartografia mas várias assim como veremos nas linhas seguintes A Cartografia é atualmente definida pela Associação Cartográfica Internacional como uma disciplina que envolve a arte a ciência e a tecnologia na produção de mapas DENT 1985 Por mapa entendemos uma imagem grá fica que mostra a localização de classes ou categorias de fenômenos no espaço a partir de uma projeção ortogonal KEATES 1989 Além dos aspectos mais As Relações Entre a Cartografia e a Geografia Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 37 imediatamente tangíveis a produção de mapas envolve a coleta de dados seu tra tamento sua generalização e sua simbolização Logo os desafios da Cartografia não envolvem apenas as preocupações mais materiais mas também cognitivas no processo de produção e leitura dos produtos cartográficos De maneira geral encontramos na literatura cartográfica uma classifica ção básica para os mapas em dois grandes grupos mapas de referência e mapas temáticos Caroa alunoa assim como veremos ao longo deste livro essa não é a única forma de classificarmos os mapas mas será o nosso ponto de partida Podemos definir os mapas de referência ainda conhecidos como mapas gerais ou mapas de base como as representações cartográficas que priorizam um alto grau de exatidão na localização dos fenômenos do espaço tanto naturais quanto culturais Geralmente esses mapas são os primeiros gerados pelos Estados para o conhecimento dos recursos naturais dos territórios e para o planejamento sendo comumente executados pelos exércitos As escalas cartográficas desses mapas são variadas entre 110000 e 1100000 e representam os recursos hídricos as vias de circulação do território as curvas de nível o arruamento das cidades as fronteiras e limites administrativos e outros ele mentos da paisagem que se encontram ali de maneira permanente O título desses mapas remete sempre ao nome da localidade principal inserida no recorte espacial feito pelo autor de mapas Até a metade do século XVIII este era o tipo de mapa domi nante sendo a carta topográfica o seu produto típico JOLY 1990 KEATES 1989 A segunda grande categoria de mapas são os mapas temáticos também denominados mapas especiais que têm como objetivo demonstrar a distri buição espacial de algum fenômeno geográfico específico O desenvolvimento dos mapas temáticos é posterior ao dos mapas de base remontando ao século XVIII Seu surgimento ocorre pela necessidade de novas abordagens científicas do espaço pois a mera catalogação exaustiva dos aspectos visíveis da paisagem presente na cartografia sistemática tornavase cada vez menos suficiente para entender os fenômenos e processos naturais invisíveis como a dinâmica da pres são atmosférica das chuvas da temperatura ou até mesmo de algumas doenças Passavase portanto do estabelecimento de classes eminentemente visuais para categorias mentais dos fenômenos geralmente ressaltando sua estrutura DENT 1985 MARTINELLI 2009 Os mapas temáticos podem ter inumeráveis temas CARTOGRAFIA PRÁTICA ANTIGA CIÊNCIA RECENTE Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 I U N I D A D E 38 mas geralmente são divididos em dois subgrupos os qualitativos que mostram a distribuição ou localização de algum fenômeno e os quantitativos que mostram os aspectos numéricos dos fenômenos especializados Por desenvolver e dispor de novas técnicas para a representação de uma gama cada vez maior de fenômenos a Cartografia passou a ganhar um papel cada vez mais relevante na exploração confirmação síntese e apresentação do conhecimento geográfico sistematizado Voltemos à nossa questão inicial como a Cartografia responde às mudanças de paradigmas da Geografia no estudo do espaço Seria possível identificarmos tipos privilegiados de mapas nas correntes do pensamento geográfico Mais do que determinarmos os tipos de mapas que cada momento histórico da Geografia prioriza devemos entender quais são as maneiras que os geógrafos utilizam os mapas para subsidiar suas investigações Na Geografia Clássica por exemplo que priorizava a catalogação e descrição do espaço os mapas eram ferramentas usa das para a indicação da localização dos cursos dágua a extensão da vegetação ou mesmo das cidades Na Geografia Regional os mapas eram empregados para a regionalização e a identificação das particularidades de um determinado recorte espacial tanto para fins acadêmicos quanto para o planejamento do território No contexto da Nova Geografia que propõe estudar as organizações espa ciais por meio do emprego de teorias modelos e técnicas matemáticas o mapa passa a ser entendido como um modelo da realidade É relativamente fácil visualizar os mapas como modelos representativos do mundo real mas é importante compreender que eles são também modelos conceituais que contêm a essência de generalizações da realidade Nessa perspectiva mapas são instrumentos analíticos úteis que ajudam os inves tigadores a verem o mudo real sob uma nova luz ou até proporcionarlhes uma visão inteiramente nova da realidade BOARD 1975 p 140 De maneira mais imediata não há nenhum problema em tratarmos os mapas como modelos quando temos a consciência da sua insuficiência em esgotar toda a dinâ mica e a complexidade do espaço geográfico O problema maior que gerou uma série de críticas a essa Geografia Quantitativa foi a adoção de técnicas estatísticas para a geração de dados sem um questionamento sobre o significado histórico dos processos que produziram as características do espaço investigado É válido lem brar que o mapa nunca pode ser visto como um produto com um fim em si mesmo isto é sem um uso que envolva o entendimento de algum aspecto do espaço As Relações Entre a Cartografia e a Geografia Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 39 No período de renovação da Geografia surgiu uma corrente que segundo Christofoletti 1982 tem como foco centralizar a experiência individual ou do grupo na busca da compreensão do comportamento e da percepção das pessoas em relação aos seus lugares Esse movimento utiliza a fenomenologia existencial para delimitar a noção de espaço como o espaço presente permeado de senti mentos imaginação e subjetividades Nesse movimento a Cartografia centrase nos estudos da percepção do espaço pelo indivíduo e na influência dos elemen tos cartográficos na percepção das pessoas Contudo de que forma De acordo com Claval 2011 no início dos anos 60 os geógrafos ficaram fascinados com os estudos desenvolvidos por Kevin Lynch sobre a imagem que as pessoas construíam em relação às cidades que habitavam pedindo para que estas desenhassem em folhas em branco mapas espontâneos também denomi nados de mapas mentais que podem ser considerados Imagens espaciais que as pessoas têm de lugares conhecidos direta ou indiretamente As representações espaciais mentais podem ser do es paço vivido no cotidiano como por exemplo os lugares construídos do presente ou do passado de localidades espaciais distantes ou ainda formadas a partir de acontecimentos sociais culturais históricos e eco nômicos divulgados nos meios de comunicação ARCHELA GRA TÃO TROSTDORF 2004 p 127 Figura 13 Exemplo de mapa mental desenhado por um adolescente de 14 anos Fonte Archela Gratão e Trostdorf 2004 CARTOGRAFIA PRÁTICA ANTIGA CIÊNCIA RECENTE Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 I U N I D A D E 40 O mapa mental é um elemento intangível presente na memória dos seres huma nos utilizado para a localização orientação e julgamentos espaciais Entretanto esse termo é frequentemente adotado para nomear os desenhos espontâneos esquemáticos e pouco rigorosos do ponto de vista matemático que os seres humanos produzem geralmente em folhas de papel No ensino de Geografia esse tipo de recurso é muito utilizado nas séries iniciais como recurso para o diagnóstico de apreensões gerais dos alunos e como ponto de partida para ama durecer uma alfabetização cartográfica No ensino de Geografia a Cartografia é considerada uma linguagem impor tante na promoção do entendimento do espaço geográfico cujo interesse temse mostrado crescente entre os professores desde a publicação dos Parâmetros Curriculares Nacionais de Geografia na década de 1990 Esse aspecto todavia será aprofundado nos próximos capítulos pois a alfabetização cartográfica exige a adoção de estratégias especiais pelo professor de Geografia CONSIDERAÇÕES FINAIS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 41 CONSIDERAÇÕES FINAIS Caroa alunoa a Cartografia é um conhecimento que sempre esteve presente nas sociedade Além de ser uma ferramenta para localização e deslocamento dos grupos os mapas se constituem como formas de ver e entender a realidade característica cada vez mais valorizada pela Cartografia Histórica É evidente que dada a grande variedade de culturas e demandas seus aspectos são diversos quando olhamos os mapas dos povos antigos mas todos indicam a necessidade de os seres humanos conhecerem o seu espaço Embora seja um saber antigo a sistematização da Cartografia enquanto ciência autônoma é recente datando após a Segunda Guerra Mundial Em um primeiro momento o paradigma vigente na ciência cartográfica considerava o mapa como um canal de informação de uma mensagem prédeterminada mas esse paradigma mostrouse insuficiente pois os mapas não possuem necessa riamente uma quantidade de informação controlada pelo seu autor O conceito de visualização cartográfica emerge então considerando o mapa em sua função mais ampla de gerar imagens mentais do espaço o que abriu novas perspec tivas para que as modernizações tecnológicas inclusive a Cartografia Digital encontrasse um arcabouço teórico consistente Estabelecer a especificidade do perfil do provável usuário de mapas embora seja um dado importantíssimo no estabelecimento das diretrizes do projeto car tográfico é uma tarefa que exige um cuidado por parte do autor ainda maior Isso ocorre porque os computadores dispositivos móveis e a Internet torna ram as geoinformações mais acessíveis para um número muito maior e diverso de usuários Podemos afirmar que o saber cartográfico e geográfico mesmo se concen trando em campos distintos o primeiro tendo interesse em representar o espaço enquanto o segundo preocupase em compreendêlo estão conectados desde antes da invenção da escrita Hoje a Cartografia auxilia a Geografia na geração de visualizações para exploração confirmação síntese e apresentação de novos conhecimentos sendo uma ferramenta importantíssima para o ensino de geo grafia nas escolas 42 1 Embora a Cartografia seja uma prática milenar sua sistematização em uma ci ência autônoma aconteceu somente após a Segunda Guerra Mundial Assinale a alternativa que corresponde à principal característica desse reconhecimento a O surgimento de uma nova categoria de mapas denominada mapas temáti cos que reflete o desenvolvimento tecnológico e as novas formas de coletas de dados b A adoção de um paradigma científico denominado comunicação cartográfi ca que orientou as pesquisas em Cartografia c O desenvolvimento tecnológico dos computadores e dos mapas digitais d O começo da utilização de mapas para a reconstrução das regiões destruí das pela guerra e O amadurecimento da geovisualização como conceito estruturador do pro jeto cartográfico 2 A visão moderna da história da Cartografia reconhece um espectro mais am plo de representações espaciais como mapas legítimos Um dos motivos dessa mudança de perspectiva é o abandono da visão eurocêntrica como parâmetro único de visão correta do mundo Considerando essa tendência analise as afir mações seguintes I A moderna história da Cartografia considera os aspectos cartométricos como balizadores na diferenciação entre um mapa e um desenho qualquer II O conceito de visualização cartográfica pode ser empregado na problemati zação dos mapas préhistóricos III Um dos aspectos que diferencia os mapas antigos dos atuais é que estes possuem a preocupação de serem compreendidos pelo maior número de pessoas possível IV Até mesmo os povos sem escrita desenvolveram mapas para a realização de itinerários pelo território É correto o que se afirma em a I e II apenas b II e III apenas c IV apenas d II III e IV apenas e I II III e IV 43 3 Considerando os mapas apresentados na figura a seguir julgue as afirmações a seguir com V para as Verdadeiras e F para as Falsas Fonte httpsenterprisegooglecombrintlptBRmapsproductsmapsapihtml A capacidade do usuário de alterar as formas de visualização de um fenôme no representado é um exemplo de interatividade É possível afirmarmos que os dois mapas cumprem de maneira satisfatória o mesmo objetivo Predominantemente os usuários que utilizam os dois mapas pertencem ao domínio privado A vertente psicofísica dos estudos em Cartografia fornece estudos para jus tificar a escolha do melhor trajeto definido nos mapas A sequência correta é a V F F F b V V F F c F V V V d F F F V e V V V F 44 4 Todo mapa cumpre uma função isto é não pode ser compreendido como um produto isolado com um fim em si mesmo Considerando o primeiro paradig ma da Cartografia qual é o papel que o usuário de mapas passa a ter na elabo ração do projeto cartográfico 5 O conceito de visualização cartográfica considera que um produto cartográfi co pode cumprir diferentes papéis na construção do conhecimento científico Identifique quais papéis são esses e forneça exemplos que poderiam ser leva dos para os alunos da Educação Básica 45 Desconstruindo o mapa No final da década de 1980 e início da década de 1990 principalmente na literatura anglosaxônica ampliouse a discussão sobre natureza subjetiva e retórica do mapa Um dos precursores dessa discussão foi J Brian Harley com seu artigo Deconstructing the map publicado na revista Cartographica em 1989 Harley 1989 propõe uma leitura da natureza da Cartografia a partir da concepção do mapa como uma construção social Com base principalmente nas obras de Derrida e Foucault o autor propõe a descons trução do mapa por meio da análise de sua textualidade e de sua natureza retórica e metafórica Harley afirma que as análises conceituais usuais da história da Cartografia se baseavam em fundamentos filosóficos que estabeleciam uma leitura prémoderna ou então moderna do tema e por isso era necessário desenvolver uma análise a par tir de fundamentações filosóficas que permitissem uma leitura pósmoderna Para isso Harley afirma que a estratégia de desconstrução seria a chave O autor apresenta a des construção como tática para romper a ligação entre realidade e representação que tem dominado o pensamento cartográfico o objetivo é sugerir que uma epistemologia alternativa baseada mais na teoria social do que no positivismo científico é mais apropria da para a história da Cartografia p 02 grifo do autor Da teoria de Foucault Harley 1989 utiliza para o processo de desconstrução do pensa mento cartográfico a ideia da onipresença do poder em todo o conhecimento mesmo sendo o poder invisível ou implícito incluindo o conhecimento particular codificado nos mapas e atlas Das ideias de Derrida ele toma a presença de retórica em todos os textos o que demanda uma busca por metáfora e retórica em mapas que antes os pes quisadores encontravam somente medidas e topografia p 03 Nesse sentido o mapa é visto como um texto a partir da compreensão de que o que constitui um texto não é a presença de elementos de linguística mas o ato de construção sendo assim os ma pas como construções que empregam um sistema de signos convencional tornamse texto p 07 Os mapas são artefatos culturais A partir desses princípios o autor propõe que a desconstrução do mapa é uma forma de leitura que Nos leva a ler nas entrelinhas do mapa nas margens do texto e atra vés de suas figurações a descobrir os silêncios e as contradições que de safiam a aparente honestidade da imagem Começamos a aprender que os fatos cartográficos somente são fatos dentro de uma perspectiva cul tural específica Começamos a entender como os mapas assim como a arte longe de serem uma abertura transparente para o mundo são no entanto uma maneira particular do homem olhar o mundo HARLEY 1989 p 03 grifo do autor Neste contexto a Cartografia é conceituada pelo autor como um discurso um sistema que dispõe de um conjunto de regras para a representação do conhecimento intrínseco às imagens que definimos como mapas e atlas p 12 O autor apresenta duas formas de poder na Cartografia a externa e a interna Por poder externo ele entende o poder exercido por alguém sobre o mapeamento não é o poder intrínseco ao mapa e ao ma 46 peador mas sim o poder que é fruto da demanda do contratante para quem o mapa é elaborado Já o poder interno é o poder próprio do mapa exercido a partir da seleção e hierarquização dos elementos representados HARLEY 1989 Podemos concluir que esses dois poderes são indissociáveis pois só a partir do poder interno é que o poder externo pode existir já que é o tratamento das técnicas e dos elementos representados que possibilita diversas expressões de um mesmo espaço Fonte adaptado de Girardi 2019 online⁶ Material Complementar MATERIAL COMPLEMENTAR O descobrimento da Terra História e histórias da aventura cartográfica Oswald DreyerEimbcke Editora Melhoramentos e Edusp Sinopse este livro mostra que o descobrimento da Terra não foi somente obra de um empreendimento planejado e executado pelas potências marítimas da Europa Ao contrário o acaso mitos enganos e preconceitos também levaram a muitas descobertas curiosas e originaram surpreendentes representação cartográficas Baseado na documentação de um grande número de mapas e cartas geográficas o autor narra a história e as histórias empolgantes do descobrimento da Terra O site da competição de mapas feitos por crianças em homenagem à Barbara Petchenik mostra uma série de mapas criados por jovens do mundo todo Eles expressam visões desejos e medos de centenas de crianças Web httpschildrensmapslibrarycarletonca REFERÊNCIAS ARCHELA R S GRATÃO L H B TROSTDORF M A S O lugar dos mapas mentais na representação do lugar Geografia v 13 n 1 p 127141 2004 BOARD C Os mapas como modelos In HAGGETT P CHORLEY R J org Modelos físicos e de informação em Geografia Rio de Janeiro Editora da Universidade de São Paulo 1975 p 139184 CHRISTOFOLETTI A As perspectivas dos estudos geográficos In CHRISTOFOLETTI A Perspectivas da Geografia São Paulo Difel 1982 CLAVAL P A revolução pósfuncionalista e as concepções atuais da Geografia In MENDONÇA F KOZEL S org Elementos de epistemologia da geografia con temporânea Curitiba Editora da UFPR 2009 p 1146 CLAVAL P Epistemologia da Geografia Florianópolis Editora UFSC 2011 CORREA R L Reflexões sobre Paradigma Geografia e Contemporaneidade Revista da Anpege v 7 n 1 p 5965 2011 CROSBY A W A mensuração da realidade São Paulo Editora Unesp 1999 DENT B D Principles of thematic map design Massachussetts AddisonWesley 1985 DIBIASE D Visualization in the Earth Sciences Earth and Mineral Science v 59 n 2 p 1318 1990 DUARTE P A Fundamentos de Cartografia 2 ed Florianópolis Editora da UFSC 2002 DREYEREIMBCKE O O descobrimento da Terra São Paulo MelhoramentosEdusp 1996 GARBIN E P Contribuições da semiótica peirceana para a caracterização da se miose da carta topográfica 2016 Dissertação Mestrado em Geografia Universi dade Estadual de Maringá Maringá HARLEY J B A nova história da Cartografia In Correio da Unesco a 19 n 8 p 49 ago1991 HARVEY D Condição PósModerna 18 ed São Paulo Edições Loyola 2009 JOLY F A Cartografia 6 ed Campinas Papirus 1990 KEATES J Cartographic design and production 2 ed New York Longman Scien tific Technical 1989 KENT A J Form Follows Feedback Rethinking Cartographic Communication West minster Papers in Communication and Culture v 13 n 2 p 96112 2018 MACEACHREN A M How Maps Work representation visualization and design New York The Guilford Press 1995 REFERÊNCIAS 49 MATIAS L F Por uma cartografia geográfica uma análise da representação car tográfica na geografia 1996 Dissertação Mestrado FFLHC Universidade de São Paulo São Paulo MARTINELLI M A sistematização da cartografia temática In ALMEIDA R D org Cartografia escolar 2 ed São Paulo Contexto 2009 p 193220 MONTELLO D R Cognitive MapDesign Research in 20Th Century theoretical and empirical approaches Cartography and Geographic Information Science v 29 n 3 p 283304 2002 RAISZ E Cartografia Geral Rio de Janeiro Editora Científica 1969 ROBINSON A H The look of maps an examination of cartographic design Madi son Milwaukee e Londres The University of Wisconsin Press 1952 SANTAELLA L O que é Semiótica São Paulo Brasiliense 2012 SANTIL F L D P SLUTER C R S As Pesquisas Em Cognição Visual Aplicadas À Carto grafia Revista Brasileira de Cartografia n 642 p 367376 2011 REFERÊNCIAS ONLINE 1 Em httpswwwpourlasciencefrsdarcheologiepeintureneolithiquedecatal hoeyuekvolcanoupeaudeleopard11824php Acesso em 15 jul 2019 2 Em httpwwwancientwisdomcomImagesmapscatalhuyuk6200bcjpg Acesso em 15 jul 2019 3 Em httpwwwopenculturecom201704ancientworldmapsthatchange dtheworldseemapsfromancientgreecebabylonromeandtheislamic worldhtml Acesso em 15 jul 2019 4 Em httpsuploadwikimediaorgwikipediacommonsbb8JapanesePorto lanMapjpg Acesso em 15 jul 2019 5 Em httpscommonswikimediaorgwikiFileTopographicmapexamplepng Acesso em 16 jul 2019 6 Em httpwww2fctunespbrneraatlascgcchtm Acesso em 16 jul 2019 GABARITO 1 B 2 C 3 A 4 No paradigma da comunicação cartográfica o usuário passa a ser considerado um ente fundamental na construção do mapa pois se deve compreender quais são as suas necessidades e seu repertório de conhecimento para que se produ zam mapas com a menor quantidade de ruídos possíveis 5 A comunicação cartográfica específica tem quatro papéis no uso dos mapas exploração confirmação síntese e apresentação Na exploração o professor po deria levar rabiscos iniciais de mapas explorando a relação entre a presença de água contaminada e cólera por exemplo Na confirmação os alunos poderiam ser levados para a sala de informática e confirmarem que existe uma relação entre áreas com relevo acidentado e escorregamentos Na fase da síntese os alunos poderiam elaborar um mapa de áreas de risco de tsunamis Por fim na apresentação o professor poderia levar um atlas geográfico UNIDADE II Prof Me Estevão Pastori Garbin Prof Me Thiago César Frediani SantAna ELEMENTOS E PROCESSOS FUNDAMENTAIS PARA A COMUNICAÇÃO CARTOGRÁFICA Objetivos de Aprendizagem Apresentar os principais produtos cartográficos utilizados na Geografia Discutir o processo de seleção generalização e simbolização do projeto cartográfico Discutir o papel da escala cartográfica Plano de Estudo A seguir apresentamse os tópicos que você estudará nesta unidade Os produtos cartográficos básicos As etapas do projeto cartográfico Escala cartográfica INTRODUÇÃO Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 53 INTRODUÇÃO Caroa alunoa embora os mapas estejam cada vez mais presentes em nosso dia a dia isso não significa que as pessoas tenham facilidade no uso e princi palmente na sua construção Isso não ocorre apenas pela ausência de domínio das técnicas ou da falta de conhecimento no manuseio de softwares de produção gráfica mas principalmente pela ausência de conhecimento das implicações que os processos e técnicas de representação podem causar no usuário do produto Nesse sentido abordaremos nesta unidade quais são os principais produtos cartográficos empregados na Geografia para posteriormente discutirmos os pro cessos e elementos que constituem o mapa Nosso objetivo é mostrar o motivo de os mapas serem altamente dependentes da capacidade de seus autores e como a ausência de conhecimento sobre alguns procedimentos básicos podem induzir à leitura de mapas de maneira equivocada Para tanto trataremos do processo de seleção e generalização cartográfica discutindo as particularidades que envolvem a sua linguagem Em seguida discutiremos os pressupostos básicos da semiologia gráfica mostrando quais são as maneiras corretas de representarmos as diferentes rela ções que os dados presentes nos mapas podem apresentar A semiologia gráfica é uma teoria bem estabelecida sobretudo na cartografia temática sendo consi derada um verdadeiro referencial para a construção dos produtos cartográficos mas nem por isso é comumente aplicada inclusive por órgãos do governo como o próprio Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IBGE Por fim conheceremos como escolher e calcular a escala cartográfica em um mapa um assunto que desperta certa ansiedade nos alunos de Geografia A escala está diretamente associada ao nível de detalhamento que um produto cartográfico tem e diante disso está diretamente ligada ao processo de defini ção do projeto de mapas Esperamos que esta unidade auxilie em sua caminhada como futuroa professora de Geografia pois os conteúdos aqui desenvolvidos possuem uma presença obrigatória no currículo escolar desta disciplina Bons estudos ELEMENTOS E PROCESSOS FUNDAMENTAIS PARA A COMUNICAÇÃO CARTOGRÁFICA Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 II U N I D A D E 54 OS PRODUTOS CARTOGRÁFICOS BÁSICOS Iniciaremos o conteúdo programático desta unidade apresentando o significado ou assim como veremos os problemas envolvidos na definição dos prin cipais produtos cartográficos utilizados na Geografia Além de esclarecermos e distinguirmos alguns conceitos nosso objetivo é leválo a entender as principais diferenças e potencialidades dessas representações Vamos começar Mapa e carta O termo mapa embora seja de uso comum na Cartografia apresenta alguns problemas de definição se o compararmos ao termo carta pois muitas vezes são tomados como sinônimos De maneira geral o termo mapa é reconhecido como uma representação plana de uma grande porção do espaço mesmo que não exista um limite exato para definir quão grande ou pequena pode ser consi derada esta porção O IBGE 1998 por exemplo define que os mapas delimitam Os Produtos Cartográficos Básicos Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 55 sua área de interesse com acidentes naturais ou divisões políticoadministrativas enquanto as cartas seriam divididas de acordo com os paralelos e meridianos No entanto Oliveira 1993 aponta que essa particularidade varia de acordo com o uso corrente do termo em um idioma no Brasil os mapas são geralmente associados à representação da superfície terrestre e estão pouco associados à navegação ou aos oceanos Duarte 2002 p 123 por outro lado considera que Há entre nós uma tendência ao uso de mapa como designativo geral reservandose carta e planta para espécies de mapas Parecenos até ser o modo correto Assim podemos fazer inclusive um jogo de palavras dizendose que cartas e plantas são mapas mas nem todo mapa é carta ou planta Mapa seria o gênero carta e planta as espécies Etimologicamente a distinção entre mapa e carta parece mais clara e indica o tipo de material que o produto é confeccionado No caso a palavra mapa teria origem cartaginesa que significa toalha de mesa geralmente feita em tecido ou pele de animal Já o termo carta teria origem egípcia e significa papel OLIVEIRA 1993 No ensino de Geografia a distinção entre mapas e cartas pode variar segundo o autor do livro didático Alguns por exemplo utilizam o critério da escala car tográfica outros o nível de detalhamento e precisão usados nos produtos para estabelecer essa distinção terminológica Embora sejam propostas válidas res saltamos que o professor de Geografia deve discutir com seus alunos sobre esse problema nas definições apresentando as diferentes faces que os mapas e as car tas assumem ao longo da história Esse aspecto não pode ser encarado como um problema negativo mas como um sinal da riqueza e complexidade da história e do uso dos mapas pelos seres humanos Os mapas e as cartas apresentam várias subcategorias dentre as quais assi nalamos algumas a Mapa cadastral mapa com uma escala cartográfica grande 1500 a 125000 isto é que representa uma área geográfica pequena Oferece um nível elevado de detalhamento e é utilizado para demarcações precisas de ELEMENTOS E PROCESSOS FUNDAMENTAIS PARA A COMUNICAÇÃO CARTOGRÁFICA Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 II U N I D A D E 56 lotes e edificações De acordo com Gaspar 2005 eles nasceram com pro pósitos fiscais constituindo um importante instrumento no ordenamento territorial Um exemplo de mapa cadastral pode ser visto na Figura 1 Figura 1 Mapa cadastral de um bairro de Curitiba Descrição de imagem exemplo de mapa cadastral Note que a escala cartográfica grande permite um detalhamento das divisões dos lotes possibilitando que a administração municipal tenha um olhar mais minucioso do território Fonte IPPUC 2019 online1 b Mapa corográfico representa os dados estatísticos de vastas regiões países ou continentes nesse caso entendese que a escala cartográfica é sempre pequena O termo corográfico deriva das palavras gregas cho ros lugar e pleth valor assim como pode ver visto nas Figuras 2 e 3 Os Produtos Cartográficos Básicos Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 57 Figura 2 Exemplo de um mapa corográfico da Austrália indicando as áreas de maior densidade populacional no país Fonte Wikipedia 2019 online2 Figura 3 Exemplo de um mapa corográfico do Brasil indicando as áreas de maior densidade de povoamento Fonte Wikipedia 2018 online3 ELEMENTOS E PROCESSOS FUNDAMENTAIS PARA A COMUNICAÇÃO CARTOGRÁFICA Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 II U N I D A D E 58 c Mapa hipsométrico representa o terreno ou o relevo submarino em termos de altitude acima ou abaixo de um plano de referência seja em curvas em sombreado ou em cores como expresso na Figura 4 Figura 4 Exemplo de mapa hipsométrico do Rio Grande do Sul Fonte Atlas SocioeconômicoRS 2019 online4 d Mapamudo comumente para uso escolar não apresenta letreiros ou informações gerais Geralmente é um mapa que indica apenas os limi tes de uma área assim como exemplificam as Figuras 5 e 6 Os Produtos Cartográficos Básicos Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 59 Figura 5 Exemplo de um mapamudo do Brasil note que ele apresenta apenas os limites territoriais cabendo ao aluno a complementação das informações Fonte IBGE 2019 online5 Figura 6 Mapamudo dos continentes Fonte IBGE 2019 online6 ELEMENTOS E PROCESSOS FUNDAMENTAIS PARA A COMUNICAÇÃO CARTOGRÁFICA Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 II U N I D A D E 60 e Mapa turístico representação espacial cuja função é atender às necessi dades de turistas Geralmente utilizam uma linguagem cartográfica que não exige o conhecimento sistemático das convenções da Cartografia e costumam apresentar um grau relativo de exatidão no posicionamento dos pontos de interesse assim como exemplificam as Figuras 7 e 8 Figura 7 Mapa turístico do Rio de Janeiro Fonte Rio de Janeiro Aqui 2019 online7 Figura 8 Mapa turístico da cidade de Curitiba Fonte Multimídia Turismo 2019 online8 Os Produtos Cartográficos Básicos Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 61 Planta Representação espacial que possui uma escala cartográfica muito grande isto é compreende áreas muito pequenas e com um nível elevado de detalhamento Empregada principalmente na visualização de detalhes de edificações assim como mostra a Figura 9 Figura 9 Exemplo de uma planta cartográfica Destaque para o elevado número de detalhes evidenciados na representação Existe uma grande diferença entre um mapa e uma fotografia aérea Em pri meiro lugar a fotografia mostra todos os objetos que o sensor fotográfico pode captar e somente esses o mapa por outro lado mostra uma seleção mais ou menos criteriosa de entidades naturais e artificiais visíveis e invisí veis com maior ou menor detalhamento Em segundo lugar estas entida des são representadas de forma convencional através de uma simbologia própria o que não acontece em uma fotografia aérea Fonte Gaspar 2005 p 5 ELEMENTOS E PROCESSOS FUNDAMENTAIS PARA A COMUNICAÇÃO CARTOGRÁFICA Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 II U N I D A D E 62 Croqui Os croquis podem ser considerados esboços iniciais de mapas utilizados prin cipalmente em circunstâncias nas quais a representação não precisa apresentar elevado grau de exatidão de uma área ou como ferramenta para organização preliminar de informações coletadas em campo Os croquis também são deno minados de esboço assim como mostra a Figura 10 Figura 10 Exemplo de croqui ou esboço cartográfico Fonte Neves 2006 online9 Os Produtos Cartográficos Básicos Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 63 Globo O globo é uma representação cartográfica da superfície terrestre construída sobre uma esfera Tratase de uma solução que causa menos distor ções se comparada com a projeção em superfícies planas mas pouco prática para seu transporte e acondicionamento O primeiro globo que se tem conhecimento foi gerado pelo grego Crates 150 aC e no Renascimento destacouse o globo ter restre de Martin Behaim em Nuremberg 1492 OLIVEIRA 1993 Mosaico Denominamos mosaico um conjunto de fotos de uma determinada área recor tado e montado técnica e artisticamente de forma a dar a impressão de que todo o conjunto é uma única fotografia IBGE 1998 Esse tipo de produto é particularmente usado no planejamento regional pois oferece uma visão aérea de vastas áreas Na Figura 12 apresentamos um exemplo de mosaico de parte do rio Amazonas Figura 11 Exemplo de globo terrestre ELEMENTOS E PROCESSOS FUNDAMENTAIS PARA A COMUNICAÇÃO CARTOGRÁFICA Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 II U N I D A D E 64 Figura 12 Mosaico do rio Amazonas Fonte INPE 2008 online10 Carta imagem Produto que se constitui de imagens de satélite retificadas e georreferenciadas super posta por reticulado da projeção podendo conter símbolos e toponímias IBGE 1998 Figura 13 Exemplo de uma carta imagem Fonte Alagoas em dados e informações 2019 online¹¹ Os Produtos Cartográficos Básicos Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 65 Ortofotocarta Uma ortofotografia é uma fotografia resultante da transformação de uma foto original uma perspectiva central do terreno em uma projeção ortogonal sobre um plano complementada por símbolos linhas e georreferenciada com ou sem legenda podendo conter informações planimétricas IBGE 1998 assim como mostra a Figura 14 Figura 14 Exemplo de ortofotocarta Fonte Lira et al 2017 p 1564 Ortofotomapa Conjunto de várias ortofotocartas adjacentes de uma determinada região IBGE 1998 ELEMENTOS E PROCESSOS FUNDAMENTAIS PARA A COMUNICAÇÃO CARTOGRÁFICA Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 II U N I D A D E 66 AS ETAPAS DO PROJETO CARTOGRÁFICO Por serem modelos simplificados da realidade os mapas necessitam passar por uma série de etapas responsáveis pela seleção tratamento e representação das informações que atenderão as demandas do usuário final Essas são etapas que independem do tipo ou da categoria a que o mapa pertence mas que dependem do repertório de conhecimento do seu elaborador como é o caso do geógrafo Essa fase inicial denominada projeto cartográfico é constituída sobretudo pela a definição dos objetivos e do público do mapa b seleção das informações que serão utilizadas c as formas mais adequadas de generalização e a d sim bolização atendendo às necessidades do perfil do futuro usuário do mapa como discutido na Unidade I Para Sluter 2008 p 6 O cartógrafo deve com a ajuda do usuário relacionar e descrever estas tarefas que serão desenvolvidas com o mapa compreender como o usuário de mapas as realizará e como utilizará os mapas para justa mente cumprir as tarefas que lhe são atribuídas Finalizando essa fase de elencar o perfil do usuário e os usos do mapa seguese para a fase de seleção De acordo com Gaspar 2005 p 160 As Etapas do Projeto Cartográfico Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 67 A fase da seleção consiste basicamente em identificar as categorias de informação a incluir no modelo em função do seu objetivo Tratase de um processo estreitamente condicionado pelo propósito da representa ção o que significa que dele depende o sucesso ou insucesso da mesma O que significa identificar as categorias de informação Como realizar essa seleção Uma característica curiosa dos mapas e que a maioria das pessoas não per cebe é que todo fenômeno presente na legenda não representa um fato geográfico singular único mas uma classe de fenômenos que compartilha uma mesma carac terística GARBIN 2016 KEATES 1982 No caso de um curso dágua representado comumente por uma linha azul todos os cursos dágua que empregam um mesmo símbolo têm o mesmo significado sendo as coordenadas geográficas as responsáveis por indicarem a localização particular de cada fenômeno tornandoos singulares No processo de seleção das informações relevantes para compor o mapa o autor deve pensar em quais atributos são importantes para facilitar o entendimento do lei tor se o objetivo é elaborar uma carta topográfica serão representados os acidentes topográficos as redes hidrográficas a vegetação as vias de comunicação os limites administrativos e entre outros Não se trata de decidir se apenas alguns dos aciden tes topográficos cursos dágua ou limites administrativos serão representados mas decidir quais categorias ou classes de fenômenos serão importantes para compor o mapa bem como a base cartográfica adequada GASPAR 2005 Por base carto gráfica compreendese o conjunto de todas as informações cartográficas que têm a função de servir como referência espacial ao tema representado SLUTER 2008 p 7 O terceiro processo presente no projeto cartográfico sucessivo ao da seleção é denominado generalização cartográfica A generalização consiste na adaptação das informações elencadas na fase de seleção de acordo com as características do leitor de mapas e sua consequente adaptação às circunstâncias técnicas que envolve a confecção do mapa como o tamanho do papel ou o tipo de material disponível para sua construção A razão principal para a existência dessa fase é o fato de que os mapas apresentam uma escala menor do que o fenômeno repre sentado o que exige que este passe por um tratamento para que não torne o mapa muito poluído visualmente ou até mesmo ilegível KEATES 1989 A generalização assim como você pode perceber caroa alunoa com parando os mapas em escalas diferentes na Figura 15 pode ser realizada de maneira muito distinta além de induzir o leitor de mapas a visualizar algumas ELEMENTOS E PROCESSOS FUNDAMENTAIS PARA A COMUNICAÇÃO CARTOGRÁFICA Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 II U N I D A D E 68 Figura 15 O papel da escala na generalização cartográfica Descrição de imagem Implicações da generalização cartográfica com a mudança de escala em um software de mapas digitais Fonte adaptada de Brasil 2017 online características de uma área em detrimento de outras Vamos estudar alguns des ses procedimentos ESCALA CARTOGRÁFICA Menor Maior As Etapas do Projeto Cartográfico Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 69 a Classificação o objetivo do procedimento de classificação é a tipificação e o ordenamento da informação que estará presente no mapa Seu papel é buscar a simplicidade mesmo que para isso agrupe os dados em clas ses maiores para realçar o fenômeno principal GASPAR 2005 Figura 16 Classificação de lotes distintos em um quarteirão Fonte os autores b Simplificação seu objetivo é eliminar os pormenores desnecessários ou prejudiciais para a leitura dos fenômenos espaciais Por vezes na mudança para uma escala cartográfica menor alguns símbolos são eliminados ou simplificados geometricamente Figura 17 Exemplo de simplificação das feições de uma rede hidrográfica Fonte os autores c Realce este procedimento tem como objetivo exagerar ou enfatizar elemen tos relevantes no mapa para tornálos mais perceptíveis como avenidas rodovias e edifícios específicos por exemplo ELEMENTOS E PROCESSOS FUNDAMENTAIS PARA A COMUNICAÇÃO CARTOGRÁFICA Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 II U N I D A D E 70 Figura 18 Exemplo da operação de realce nas principais vias de circulação d Simbolização representação dos fenômenos espaciais por meio de símbo los Este procedimento é considerado integrante da generalização quando afeta a dimensão espacial do fenômeno que pode levar a degradação da sua escala de medida assim como veremos no tópico seguinte Você consegue identificar as operações de classificação simplificação real ce e simbolização quando usa o Google Maps ou o Bing Maps As Etapas do Projeto Cartográfico Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 71 Escalas de medida O mapa tem o papel primordial de indicar a localização dos fenômenos no espaço mas esse não é o único tipo de informação que possui Um aspecto de grande importância presente no mapa é a natureza e os tipos de relação que os dados estabelecem entre si denominados escala de medida De acordo com Dent 1985 o objetivo dessa escala é estruturar formas adequadas na obser vação da realidade e é organizada em uma hierarquia de quatro níveis criando formas mais ou menos complexas de medição Em ordem crescente de comple xidade as quatro escalas são a Escala nominal destinase a identificar fenômenos que pertencem às clas ses de dados semelhantes ou diferentes Essas relações estabelecidas entre os dados são qualitativas e no mapa apresentam sempre um mesmo sím bolo É por meio da escala nominal que se distingue por exemplo uma estrada de um rio os diferentes usos da terra Contudo não torna possível estabelecer qualquer tipo de hierarquia ou quantificação GASPAR 2005 Figura 19 Exemplo de aplicação da escala nominal Fonte A Bacia em Estudo 2019 online¹² ELEMENTOS E PROCESSOS FUNDAMENTAIS PARA A COMUNICAÇÃO CARTOGRÁFICA Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 II U N I D A D E 72 b Escala ordinal destinase a ordenar dentro de uma mesma categoria os fenômenos representados Permite verificar em qual ordem hierárquica os fenômenos são representados embora não permita dizer exatamente quanto um fenômeno é maior ou menor que outro isto é não torna pos sível nenhuma forma de quantificação GASPAR 2005 É esta escala que torna possível identificar áreas de maior ou menor susceptibilidade à ero são maior ou menor exclusão social dentre outros Figura 20 Exemplo de mapa que utiliza uma escala de mensuração ordinal criando uma noção de hierarquia Fonte Prates 2014 online¹³ As Etapas do Projeto Cartográfico Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 73 c Escala de intervalos destinase a estabelecer uma sequência numérica com origem arbitrária cujo grau zero não indica a ausência da proprie dade medida São exemplos de escala de intervalo as escalas Celsius e Fahrenheit bem como as escalas para medir altitude GASPAR 2005 Ao contrário da escala ordinal a escala intervalar permite estabelecer relações numéricas relativas entre duas ou mais classes Figura 21 Exemplo de mapa que adota uma escala de mensuração intervalar Fonte Inmet 2014 p 3 ELEMENTOS E PROCESSOS FUNDAMENTAIS PARA A COMUNICAÇÃO CARTOGRÁFICA Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 II U N I D A D E 74 d Escala absoluta ou de razão destinase a estabelecer uma sequência numérica cujo grau zero indica a ausência de uma propriedade medida Neste caso a razão entre dois valores tem um significado intrínseco Por exemplo é possível afirmar que se uma cidade A é duas vezes mais populosa do que a cidade B Assim o leitor identificaria que a razão de habitantes é de 21 GASPAR 2005 Figura 22 O mapa de população dos Estados em 2010 é um exemplo de escala de mensuração absoluta Fonte Martinelli 2014 Na literatura cartográfica brasileira essas quatro escalas de medida são mais fre quentemente adaptadas em três propriedades perceptivas que são os tipos de relações que os mapas expressam entre os fenômenos relação de similaridade As Etapas do Projeto Cartográfico Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 75 diferença corresponde à escala nominal relação de ordem corresponde à escala ordinal e relação de quantidade corresponde às escalas de intervalo e absoluta É fundamental ressaltarmos que um dado pertencente à escala absoluta ou intervalar pode ser transformado em um dado ordinal e este por sua vez em um dado nominal O inverso porém não é possível Vejamos isso com o seguinte exemplo Quadro 1 Evolução da produção agrícola em toneladas no Estado do Paraná PRODUTO 1995 2000 2005 2010 2015 Canadeaçúcar 20429522 23191970 29717100 48361207 47368045 Erva mate 20277 206188 164752 123132 217851 Soja 5694427 7188386 9492153 14091829 17229378 Trigo 1068689 700118 2767440 3442660 3330589 Fonte adaptado de IPARDES 2019 online¹⁴ A partir do nosso banco de dados exposto no Quadro 1 é possível identificar mos diferentes tipos de escalas de medida a depender da natureza da informação do nosso interesse e das perguntas que serão utilizadas para sua seleção Ao perguntarmos quais sãoos tipos de produtos estamos adotando uma escala de mensuração nominal pois não há qualquer medição quantitativa ou hierárquica entre os tipos de produtos agrícolas Por outro lado podemos investigar qual é a ordem dos anos em que uma cultura específica apresentou maior ou menor produção no caso estamos ado tando uma escala de mensuração ordinal Por fim poderíamos ainda questionar quanto exatamente a produção de canadeaçúcar foi maior do que a produção de soja sendo uma característica da escala de mensuração absoluta Saber iden tificar a natureza dos dados por meio das escalas de medida é uma habilidade fundamental para o geógrafo pois é por meio desse reconhecimento que serão escolhidos os símbolos para a construção do mapa ELEMENTOS E PROCESSOS FUNDAMENTAIS PARA A COMUNICAÇÃO CARTOGRÁFICA Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 II U N I D A D E 76 A contribuição da Semiologia Gráfica para a construção da lin guagem dos mapas Denominamos linguagem cartográfica ou linguagem dos mapas o conjunto de signos que constitui os produtos cartográficos permitindo que se represente a localização e os tipos de relações entre os fenômenos espaciais Na Cartografia a questão de como construir uma linguagem cartográfica otimizada é de grande interesse pois sua má utilização pode induzir o usuário de mapas a ter uma leitura equivocada da realidade As discussões e contribuições mais significativas no campo da linguagem car tográfica apresentam uma proximidade muito maior com o ramo da Cartografia Temática em relação à Cartografia Sistemática Isso ocorre por razões históricas já que é uma cartografia rigorosamente técnica e normatizada pela legislação dos países sendo historicamente anterior à cartografia temática quando os estudos científicos da linguagem cartográfica foram desenvolvidos a partir da década de 1960 e as normativas técnicas da cartografia de base estavam solidamente estabelecidas O principal autor que contribuiu com o estudo de uma linguagem dos mapas foi Jacques Bertin 19182010 um cartógrafo francês que publicou em 1967 a obra Semiologia Gráfica O objetivo de Bertin era desenvolver uma linguagem car tográfica universal monossêmica e de rápida apreensão permitindo que os mapas fossem interpretados corretamente por qualquer pessoa Para que esse objetivo fosse atingido a chave seria a eliminação do código no processo comunicativo e a adoção de pressupostos lógicos inerentes à percepção visual humana Por código compreendemos todo tipo de regra arbitrária e convencional estabelecida em uma comunidade de falantes a qual organiza as regras de uso e os significados dos sig nos NETTO 1983 Seu emprego seria descartado quando se compreendessem as relações lógicas entre as variáveis visuais e as propriedades perceptivas As variáveis visuais ou variáveis retinianas são os elementos gráficos que variam visualmente isto é o aspecto visível dos símbolos que constituem os mapas Por outro lado as propriedades perceptivas são os significados ineren tes que as variáveis visuais possuem Na prática traduzemse como os tipos de relações que o tema representado no mapa comunica As três relações que os fenômenos estabelecem entre si são de similaridadediversidade ordem O e proporcionalidade Q QUEIROZ 2000 As Etapas do Projeto Cartográfico Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 77 No que se refere às variáveis visuais elas se constituem em sete tipos se con siderarmos também as duas dimensões do plano X Y como indicadores da localização do fenômeno As outras seis são Tamanho Referese à variação da dimensão do símbolo Esta variável permite que sejam visualizadas informações quantitativas conforme pode ser visto no mapa sobre a população nas capitais brasileiras em 2010 Esta variável visual permite ao leitor uma rápida visualização da distribuição das quantidades de habitantes pela área cartografada mesmo antes da leitura das informações contidas na legenda do mapa É a única variável visual que expressa a propriedade de proporcionalidade Q Figura 23 A variável visual tamanho aplicada no mapa da população nas capitais brasileiras em 2010 Fonte Martinelli 2014 ELEMENTOS E PROCESSOS FUNDAMENTAIS PARA A COMUNICAÇÃO CARTOGRÁFICA Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 II U N I D A D E 78 Valor Referese à variação na tonalidade de uma cor podendo ser utilizados valores fortes ou fracos escuros ou claros respectivamente No mapa de densidade demográfica no mundo foi utilizada a variação dos tons para representar os inter valos matemáticos sendo adotado o tom mais claro para a menor densidade o tom mais escuro para a maior densidade e os tons intermediários para as classes existentes entre os extremos Esta variável visual permite ao leitor estabelecer relações entre fortefraco maismenos maiormenor mesmo antes da leitura da legenda no mapa sendo a propriedade perceptiva a ordem O Figura 24 Variável visual valor Fonte IBGE 2019 online Granulação Referese a uma representação semelhante às hachuras ou pontilhados que dão a noção de claroescuro ou preenchidovazio Nesse mapa de distribuição da população do Brasil foram adotados pontos que representam dez mil habitantes As Etapas do Projeto Cartográfico Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 79 distribuídos conforme a concentração populacional no território Com a apli cação dessa variável visual o observador consegue enxergar a distribuição do fenômenoelemento ao longo de toda a área cartografada estabelecendo a ideia de concentraçãodispersão mesmo antes da leitura da legenda no mapa Figura 25 Exemplo de aplicação da variável visual granulação Fonte Atlas SocioeconômicoRS 2019 online¹⁵ Cor Tratase da sensação subjetiva das pessoas em relação à radiação eletromagnética com determinado comprimento de onda que ao atingir os cones localizados na retina dão noções de cores É uma das formas de representação mais utilizada na cartografia visto que pode aparecer combinada às outras Quando utilizada exclusivamente tem como finalidade diferenciar os elementos cartografados veja a versão colorida do livro a qual está disponível no AVA ELEMENTOS E PROCESSOS FUNDAMENTAIS PARA A COMUNICAÇÃO CARTOGRÁFICA Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 II U N I D A D E 80 Figura 26 Aplicação da variável visual cor Fonte IBGE 2019 online Nesse mapa de cobertura vegetal do Brasil todos os elementos possuem em comum a natureza da informação vegetação porém cada formação vegetal possui características únicas o que não nos permite estabelecer uma ordem uma dispersão ou uma concentração Nesse caso a cor mostra a localização e As Etapas do Projeto Cartográfico Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 81 a extensão ocupada pela formação vegetal representada O observador tem a noção de diferença entre as informações antes da leitura da legenda no mapa Orientação Tratase da inclinação dos traços nas representações podendo ser na posição vertical oblíqua ou horizontal Esta variável visual diferencia os elementos car tografados conforme a inclinação do traço o qual precisa manter a mesma espessura para não passar a percepção de ordem Figura 27 Variável visual orientação Fonte Bertin 1967 Forma Referese ao uso de símbolos convencionais ou não sejam eles figuras geométri cas pictogramas letras números e entre outros Nessa variável visual trabalhase com a diferenciação dos elementos representados pois cada pictograma tem uma origem e um significado diferenciado o que exige a elaboração de uma extensa legenda que os apresenta de maneira clara No mapa a seguir foram utilizados ELEMENTOS E PROCESSOS FUNDAMENTAIS PARA A COMUNICAÇÃO CARTOGRÁFICA Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 II U N I D A D E 82 diversos pictogramas para representar a distribuição de uma série de minerais brasileiros sendo necessária uma leitura atenta das representações e da legenda Figura 28 A variável visual forma Fonte IBGE 2019 online Essa variável visual pode causar erros de leitura quando a série de dados repre sentados for muito extensa Recomendase a utilização dessa variável visual para mapas ou cartas em que a quantidade de elementos a serem representados for suficiente para uma leitura rápida As Etapas do Projeto Cartográfico Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 83 Modos de implantação das variáveis visuais Além de ficarmos atentos ao tipo de relação que uma variável visual expressa é fundamental conhecermos os três modos de implantação que podem possuir O critério para a escolha de um dos modos varia de acordo com a natureza do fenô meno representado e pode ser alterado com a mudança da escala cartográfica O modo de implantação pontual é empregado quando as dimensões espaciais do fenômeno não são uma informação de interesse mas apenas a sua localização No caso a escala cartográfica do produto deve ser pequena o suficiente para que o fenômeno representado tenha sua extensão ignorada Esse tipo de modo de implan tação é utilizado em mapas cuja função é mostrar a localização real ou aproximada de um fenômeno como as capitais dos estados ou a localização dos aeroportos O modo de implantação linear é empregado em fenômenos que se esten dem de maneira contínua sobre a superfície terrestre cujo comprimento é a única informação útil para a leitura do atributo São utilizadas linhas contínuas ou pontilhados para representar a extensão desses fenômenos com espessuras variáveis Podemos citar como exemplo as rodovias as ferrovias os cursos hídri cos as linhas de transmissão de energia ou de distribuição de água pois esses elementos se manifestam por uma grande extensão sobre a superfície e descre vem um trajeto contínuo O modo de implantação zonal ou areal é empregado para representar fenô menos cuja dimensão ou extensão é significativa para a escala apresentada no mapa ou seja são fenômenos que devem ser desenhados de forma que seja Algumas variáveis visuais apresentam a capacidade de favorecer um agru pamento de vários símbolos formando uma única imagem ou de favorecer a separação dos elementos do mapa O nome dessa propriedade de agrupar é associativa indicada pelo símbolo como é o caso das variáveis forma cor orientação e granulação Já as variáveis ordem e tamanho são denomi nadas dissociativas Fonte Martinelli 2014 ELEMENTOS E PROCESSOS FUNDAMENTAIS PARA A COMUNICAÇÃO CARTOGRÁFICA Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 II U N I D A D E 84 possível ler sua área e sua forma Podemos citar como exemplo os mapas de clima vegetação e regiões do Brasil A síntese das variáveis visuais seus modos de implantação e suas propriedades perceptivas são expressas pela figura a seguir Figura 29 Variáveis visuais modos de implantação e propriedades perceptivas Fonte adaptada de Bertin 1967 Devemos lembrar que atualmente os mapas digitais permitem a alteração ins tantânea da escala aplicada à representação e portanto as formas de implantação são alteradas continuamente nos mapas disponíveis no ambiente virtual Depois de verificarmos os conceitos mais elementares da cartografia e da leitura carto gráfica começaremos a estabelecer relações mais complexas de implantação e leitura iniciando pela escala cartográfica que constitui relação matemática fun damental em uma representação cartográfica Escala Cartográfica Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 85 ESCALA CARTOGRÁFICA De forma bastante direta podemos definir escala como a relação da dimensão de um elemento eou um objeto apresentado no desenho original para a dimen são real do mesmo elemento eou objeto Essa relação pode ser apresentada por meio de escala numérica ou por escala gráfica As escalas podem ser de redução 1 n em que o objeto é representado com as dimensões reduzidas no desenho ampliação 1 n em que o objeto é representado com as dimensões ampliadas no desenho sendo pouco comum na Geografia ou naturais 11 em que o objeto é representado no desenho com as dimensões reais Notase que a escala de redução é a mais utilizada para a representação cartográfica na Geografia pois os mapas geográficos representam grandes extensões da superfície terrestre É muito comum referirse às escalas como escala grande ou escala pequena mais comum ainda é a inversão dos seus significados Uma escala cartográfica é ELEMENTOS E PROCESSOS FUNDAMENTAIS PARA A COMUNICAÇÃO CARTOGRÁFICA Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 II U N I D A D E 86 considerada grande quando possui um denominador pequeno visto que nesse caso o mapa representará uma área reduzida com mais detalhes Já uma escala é considerada pequena quando seu denominador é grande nesse caso o mapa representará uma área maior porém com menos detalhes A seguir serão apre sentados dois mapas um apresenta uma escala pequena representa uma grande área em que é possível identificar a localização de Brasília porém com deta lhes muito generalizados Já o outro apresenta uma escala grande se comparada com a escala do primeiro mapa representando uma área menor porém com maiores detalhes eixos viários quadras Figura 30 Cidade de Brasília a partir de uma escala cartográfica pequena Fonte Brasil 2017 online Escala Cartográfica Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 87 Figura 31 Cidade de Brasília a partir de uma escala cartográfica grande Fonte Brasil 2017 online Os valores escalares são por convenção adimensionais ou seja não apresentam diretamente uma dimensão unidade ao se escrever 1100 lêse que uma uni dade no mapa desenho corresponde a 100 unidades no terreno real Portanto 1 cm no desenho corresponde a 100 cm no terreno ou 1 milímetro do desenho corresponde a 100 milímetros no terreno Como os mapas em geral são medidos com o auxílio de régua adotase o centímetro como unidade aplicável na deter minação das relações matemáticas da escala em um mapa utilizado na Geografia ELEMENTOS E PROCESSOS FUNDAMENTAIS PARA A COMUNICAÇÃO CARTOGRÁFICA Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 II U N I D A D E 88 A escala é dada pela relação matemática 1 E M Sendo escala 1 uma unidade no mapa denominador da escala corresponde ao valor real E M Por exemplo se uma distância entre dois pontos é representada no desenho com um centímetro de comprimento e sabese que o comprimento no terreno é de 100 m a proporção escalar utilizada na representação será de 110000 Quando se realiza a leitura das distâncias no mapa eou no terreno real é pos sível estabelecer três relações sendo 1 Determinação da escala quando se têm os valores da distância real e sua correspondente distância gráfica d E D Sendo escala distância gráfica distância real E d D Em uma escala de redução o valor da distância gráfica d deve ser apresentado no valor 1 e a distância real D deve ser equivalente a essa distância gráfica Exemplo Sabendose que a distância entre dois pontos no mapa é de 3 cm e que sua correspondente real é de 600 metros determine a escala do mapa em questão 1º Passo coletar as informações disponíveis no enunciado do exercício E d 3 cm D 600 m 2º Passo caso as medidas da distância real D e distância gráfica d sejam distintas convertelas em uma medida comum para cortálas E d 3 cm D 60000 cm 3º Passo realizar as operações matemáticas simplificando o máximo possível o resultado E dD E 3cm60000cm 3cm60000cm 120000 Portanto a escala será de 120000 lembrese de que a representação da escala é adimensional portanto não se coloca a unidade ELEMENTOS E PROCESSOS FUNDAMENTAIS PARA A COMUNICAÇÃO CARTOGRÁFICA Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 II U N I D A D E 90 2 Determinação da distância real quando se têm os valores da escala e a distância gráfica entre pontos de interesse D d M Sendo distância real distância gráfica denominador da escala D d M 3 Determinação da distância gráfica quando se têm os valores da escala e a distância real entre os pontos de interesse D d M Sendo distância gráfica distância real denominador da escala d D M Para ter mais informações sobre o conteúdo de como realizar a conversão das unidades de medida consulte nosso QR Code por meio da sua plataforma Escala Cartográfica Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 91 Exemplo Sabendose que a distância real entre dois pontos é de 700 m qual é a distân cia gráfica em centímetros correspondente em um mapa de escala 15000 1º Passo coletar as informações disponíveis no enunciado do exercício 1 5000 E 5000 700 M D m 2º Passo caso a medida da distância real D seja distinta da medida que o enunciado pede realizar a conversão 1 5000 E 5000 70000 M D cm 3º Passo realizar as operações matemáticas simplificando ao máximo possí vel o resultado 70000 5000 14 D d M cm d d cm Portanto a distância gráfica será de 14 centímetros As escalas gráficas são constituídas por um segmento de reta dividido de modo a mostrar graficamente a relação entre as dimensões de um objeto no dese nho e no terreno conforme ilustra a Figura 32 ELEMENTOS E PROCESSOS FUNDAMENTAIS PARA A COMUNICAÇÃO CARTOGRÁFICA Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 II U N I D A D E 92 0 1 2 3 0 1 2 3 Km Km Dist gráfca Dist real Dist real Dist gráfca Figura 32 Estrutura de uma escala gráfica Fonte os autores Essa representação escalar facilita a leitura direta da escala em um mapa pois basta posicionar a régua sobre a linha graduada como demonstrado na Figura 33 Figura 33 Procedimento para leitura de uma escala gráfica Fonte os autores Escala Cartográfica Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 93 Após o posicionamento basta ler a distância gráfica no primeiro intervalo Figura 34 Procedimento para a leitura da escala gráfica Fonte os autores No exemplo ilustrado na Figura 34 verificase que o intervalo da escala mede 1 cm gráfico sendo que esse valor equivale a 136 km no terreno real embora não seja obrigatório que esse valor seja sempre de 1 cm A partir dessa leitura direta faz se a leitura da distância gráfica com a régua entre os pontos de interesse ELEMENTOS E PROCESSOS FUNDAMENTAIS PARA A COMUNICAÇÃO CARTOGRÁFICA Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 II U N I D A D E 94 Figura 35 Procedimento para leitura da escala gráfica Fonte os autores Nesse exemplo foi obtida a distância em linha reta entre Manaus AM e Santarém PA sendo que no mapa utilizado é de 45 cm Para determinar a distância real entre as duas cidades basta multiplicar a distância real para 1 cm gráfico que foi obtida anteriormente sendo 136 km 45 136 612 D d M D D km A escala gráfica ainda tem como vantagem a possibilidade do cálculo da escala em um mapa que foi ampliado ou reduzido pois o traço e suas divisões são man tidos durante os processos de ampliação e redução O uso correto dos produtos cartográficos está associado ao conhecimento dos tipos de representações carto gráficas dos modos de implantação e representação da informação e da escala adequada para a temática escolhida A compreensão dos elementos de representa ção cartográfica produtos símbolos extensão e proporção é fundamental para o graduando em Geografia pois é o nível mais elementar para a compreensão dos dados cartográficos seja na leitura de um mapa técnico ou em um mapa escolar CONSIDERAÇÕES FINAIS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 95 CONSIDERAÇÕES FINAIS Nesta unidade foram apresentados alguns elementos essenciais para a leitura cartográfica e consequentemente importantes para a correta elaboração dos produtos cartográficos Discutimos os diferentes produtos cartográficos globos mapas cartas plantas ou imagens apresentando as escalas e os detalhamentos dos diversos tipos além de verificar a aplicação de cada material nas diferen tes práticas geográficas Verificamos as formas de representação quantitativas e qualitativas de se cartografar as informações além de quando e como devem ser aplicadas e lidas para a melhor comunicação possível Estudamos também os três modos de implantação das informações carto gráficas linear pontual e zonal e a partir de exemplos reais demonstrouse como e quando se utiliza cada um dos modos Após discutir e ilustrar os modos de implantação apresentamos as variáveis visuais que são utilizadas no desenho cartográfico ressaltandose que a escolha da variável visual se dá em função da pro priedade perceptiva que melhor representa os elementos a serem cartografados e do modo de implantação que melhor demonstra a extensão do mesmo elemento Finalmente apresentamos a escala cartográfica que também é um elemento essencial para a representação e para a leitura cartográfica básica pois estabe lece a relação de proporção entre as dimensões lineares representadas no mapa e as suas correspondentes relações no terreno real Portanto nesta segunda uni dade foram apresentados os fundamentos elementares da cartografia praticada na Geografia acadêmica e escolar tanto para a elaboração de produtos quanto na leitura cartográfica Na próxima unidade abordaremos os elementos essenciais para a representação plana e digital dos mapas possibilitando um aprofunda mento nos conceitos necessários para a boa prática cartográfica 96 1 Além da mudança das dimensões da área representada a alteração da escala cartográfica causa outros efeitos na representação dos fenômenos no mapa Assinale a alternativa que indica o impacto da escala cartográfica na fase do projeto cartográfico a A escala cartográfica está relacionada diretamente à etapa de seleção carto gráfica que consiste na simplificação dos traços dos fenômenos represen tados b A escala cartográfica é um fator determinante na escolha das propriedades perceptivas escolhidas pelo autor de mapas na construção da simbologia c A escala cartográfica altera o tipo de público ao qual o mapa se destina quanto maior a escala mais especializados são seus usuários d A escala cartográfica está diretamente relacionada à etapa de generaliza ção influenciando o grau de detalhamento dos fenômenos e O autor de mapas deve escolher a escala cartográfica de acordo com o maior fenômeno representado 2 Um professor de Geografia decidiu levar para sua aula uma série de mapas para ensinar escala cartográfica para seus alunos Em certa etapa sua intenção era a de apresentar os produtos cartográficos de forma a evidenciar uma dimi nuição de escala Os produtos cartográficos selecionados foram 1 Mapa cadastral para que os alunos visualizassem os loteamentos do bairro da escola 2 Mapa do Brasil para que os alunos visualizassem as fronteiras do nosso país 3 Mapamudo do Estado de São Paulo para que os alunos completassem com as variáveis visuais adequadas a produção industrial anual 4 Mapa turístico para que os alunos explorassem os atrativos turísticos da ci dade Organizando os produtos cartográficos da maior para a menor escala obtémse a ordem a 3 4 2 1 b 4 1 2 3 c 1 4 3 2 d 2 3 4 1 e 1 2 3 4 97 3 Considerando o mapa a seguir julgue as assertivas a seguir com V para as Verdadeiras e F para as Falsas Fonte MARTINELLI M Mapas gráficos e redes faça você mesmo São Paulo Oficina de Textos 2014 O mapa apresenta dois modos de implantação de dados pontual e linear A variável visual do mapa é de diversidadesimilaridade Uma das propriedades perceptivas da variável visual adotada é seu papel associativo A escala de medida empregada no mapa é nominal A sequência correta das afirmações é a V V V V b F V F F c V F F V d F F F V e F F V V 98 4 Ao preparar uma aula sobre escala cartográfica um professor selecionou dois mapas da mesma área com escalas diferentes sendo as escalas dos respectivos mapas 1500 e 110000 Ao apresentar os mapas para os alunos foi questio nado o porquê de o primeiro mapa possuir uma escala considerada maior do que a escala do segundo mapa Considerando o problema exposto explique porque o primeiro mapa na escala 1500 pode ser classificado como de escala grande quando comparado com o segundo mapa de escala 110000 5 Em um mapa de escala 125000 foi traçada uma reta entre dois pontos com uma distância gráfica de 13 cm Calcule a distância real dessa linha 99 Desde os primórdios da humanidade o uso de representações gráficas faz parte das atividades humanas Seja como instrumento de orientação espacial seja como docu mento para apreensão da realidade dos territórios ou ainda para o domínio dos espa ços conquistados a cartografia tem servido aos interesses das sociedades humanas Ao longo do tempo os saberes cartográficos e geográficos passaram por um acréscimo de conteúdos os quais contribuem para o conhecimento dos fenômenos naturais e sociais que ocorrem no espaço geográfico No texto a seguir é apresentado um breve resgate da integração que vem ocorrendo entre a cartografia e o saber geográficoensino da Geografia ao longo do tempo A Geografia é um vasto conjunto de saberes que existe há séculos Alguns desses sabe res são representados por meio de documentos cartográficos em que são representa das diferenças físicas e humanas Mediante cartas podem ser estabelecidas estratégias de ação A partir do século XIX o estudo e a confecção de mapas foram dissociados da Geografia recebendo a denominação de Cartografia Nesse período pesquisadores de diversas áreas Ciências Humanas e da Terra começaram a desenvolver cartas temáticas especializadas como geológicas botânicas entre outras Para Oliveira 1988 a parti cipação da Geografia na Cartografia não se restringe somente à elaboração de mapas temáticos A carta topográfica oriunda de uma cobertura regular de fotografias aéreas é a base inequívoca do binômio GeografiaCartografia Os produtos cartográficos facilitam o ensino da Geografia uma vez que devem ser em pregados como forma de despertar a sensibilidade dos aprendizes como também da queles a quem o produto seja de interesse Os mapas são considerados portanto como modelos para o desenvolvimento do conhecimento geográfico Além da falta de habi lidade muitos professores de Geografia deparamse com um sério problema os mapas são em geral idealizados para adultos e não para crianças ou seja são generalizações da realidade que implicam escala projeção e simbologia os quais não têm significação nenhuma para os alunos Fonte adaptado de Sales e Silva 2007 MATERIAL COMPLEMENTAR Mapas de Geografia e Cartografia Temática Marcelo Martinelli Editora Contexto Sinopse esse livro destinase a estudantes de graduação e pós graduação além de pesquisadores e profissionais de Geografia e de outros campos científicos que elejam o mapa como meio de registro pesquisa e comunicação dos resultados obtidos em seus estudos O livro introduz o leitor ao domínio das representações gráficas e apresenta os fundamentos metodológicos da cartografia temática da Geografia em bases semiológicas atinentes à comunicação visual Comentário este livro está disponível na Biblioteca Virtual Pearson Este artigo aborda a importância da escala nas representações cartográficas e ainda discute a necessidade da definição de uma escala adequada para a representação dos temas específicos Disponível em httpwwwrcunespbrigceplanejamentodownloadisabelcartografiageog isabelAula2aula2escala1pdf Acesso em 17 jul 2019 REFERÊNCIAS 101 BERTIN J Sémiologie graphique Les diagrammes Les réseaux Les cartes 3 ed Paris Les réimpressions 1967 BRASIL Portal de Mapas IBGE online 2017 Disponível em httpsportaldema pasibgegovbrportalphphomepage Acesso em 16 jul 2019 DENT B D Principles of thematic map design Massachusetts AddisonWesley 1985 DUARTE P A Fundamentos de Cartografia 2 ed Florianópolis Editora da UFSC 2002 GARBIN E P Contribuições da semiótica peirceana para a caracterização da se miose da carta topográfica 2016 Dissertação Mestrado em Geografia Universi dade Estadual de Maringá Maringá GASPAR J A Cartas e projecções cartográficas 3 ed Lisboa Lidel 2005 IBGE Noções básicas de Cartografia Rio de Janeiro IBGE 1998 Densidade demográfica no mundo IBGE 2019 Disponível em https geoftpibgegovbrprodutoseducacionaisatlaseducacionaisatlasgeografico escolarmapasdomundosociedadeeeconomiamundoniveldedensidade demograficapdf Acesso em 12 jun 2019 Recursos minerais IBGE 2019 Disponível em httpsgeoftpibgegovbr produtoseducacionaismapastematicosmapasdobrasilmapasnacionaisin formacoesambientaisrecursosmineraispdf Acesso em 17 jul 2019 Vegetação IBGE 2019 Disponível em httpsgeoftpibgegovbrprodu toseducacionaisatlaseducacionaisatlasgeograficoescolarmapasdobrasil mapasnacionaisinformacoesambientaisbrasilvegetacaopdf Acesso em 17 jul 2019 INMET NOTÍCIAS Boletim Informativo do Instituto Nacional de MeteorologiaMapa INMET Notícias a 8 n 41 janfev 2014 Disponível em httpwwwinmetgovbr portalarquploadboletimInformativo56pdf Acesso em 17 jul 2019 KEATES J Understanding maps London Longman 1982 Cartographic design and production 2 ed New York Longman Scientific Technical 1989 LIRA E FRANCA T LINS T SATO S S Visualização interativa de uma ortofotocar ta através de modelagem em 3D In CONGRESSO BRASILEIRO DE CARTOGRAFIA E EXPOSICARTA 27 26 2017 Rio de Janeiro Anais Rio de Janeiro SBC 2017 p 15611564 MARTINELLI M Mapas gráficos e redes faça você mesmo São Paulo Oficina de Textos 2014 REFERÊNCIAS NETTO J T C Semiótica informação e comunicação diagrama da teoria do signo São Paulo Perspectiva 1983 OLIVEIRA C de Curso de cartografia moderna 2 ed Rio de Janeiro IBGE 1993 QUEIROZ D R E A semiologia e a cartografia temática Boletim de Geografia v 18 p 121127 2000 SALES J J G SILVA R M da O ensino de cartografia temática como instrumento perceptivo no ensino de Geografia In ENCONTRO DE EXTENSÃO ENCONTRO DE INICIAÇÃO À DOCÊNCIA 9 10 2007 João Pessoa Anais João Pessoa ENEX ENED 2007 SLUTER C R Uma abordagem sistêmica para o desenvolvimento de projeto carto gráfico com parte do processo de comunicação Portal da Cartografia Londrina v 1 n 1 p 120 2008 REFERÊNCIAS ONLINE 1 Em httpwwwippucorgbrmapasinterativoslocalizador Acesso em 10 jun 2019 2 Em httpsenwikipediaorgwikiChoroplethmapmediaFileAustralianCen sus2011demographicmapAustraliabySLABCPfield2715Christiani tyAnglicanPersonssvg Acesso em 16 jul 2019 3 Em httpsptwikipediaorgwikiMapacoroplC3A9ticomediaFileAR CHELLAETHERYImg05png Acesso em 16 jul 2019 4 Em httpsatlassocioeconomicorsgovbrhipsometriaeunidadesgeomorfolo gicas Acesso em 16 jul 2019 5 Em ftpgeoftpibgegovbrprodutoseducacionaismapasmudosmapasdo mundocontinentespdf Acesso em 10 jun 2019 6 Em ftpgeoftpibgegovbrprodutoseducacionaismapasmudosmapasdo brasilmapasnacionaisbrasilpdf Acesso em 10 jun 2019 7 Em httpwwwriodejaneiroaquicomptmapaturisticohtml Acesso em 16 jul 2019 REFERÊNCIAS 103 8 Em httpmultimidiaturismocuritibaprgovbr20148jpg00000209jpg Aces so em 16 jul 2019 9 Em httpdosencontrosblogspotcom200610unsmapasdeumlivroyoua reheredehtml Acesso em 16 jul 2019 10 Em httpwwwinpebrnoticiasnoticiaphpCodNoticia1501 Acesso em 16 jul 2019 11 Em httpdadosalgovbrdatasetb2dcb5ed2628456a91156593dabf9df9re source9b7c933e31f048eabae288ef2bea7ffedownloadcartaatalaiafinalpng Acesso em 17 jul 2019 12 Em httpw3ufsmbrenquadraABaciahtm Acesso em 17 jul 2019 13 Em httpsmundogeocomblog20141107artigotratadopotencialdeero dibilidadenomunicipiodefrancasp Acesso em 17 jul 2019 14 Em httpwwwipardesprgovbrimpindexphp Acesso em 17 jul 2019 15 Em httpsatlassocioeconomicorsgovbrdistribuicaoedensidadedemografi ca Acesso em 17 jul 2019 GABARITO 1 D 2 C 3 E 4 No primeiro mapa a escala 1500 representa uma área reduzida porém apre senta um grande detalhamento Nessa escala a proporção entre o objeto real e a representação é de 1 centímetro no mapa e corresponde a 500 centímetro 5 metros no terreno real No segundo mapa a escala 110000 representa uma área maior porém com um detalhamento pequeno Nessa escala cada 1 centímetro no mapa corresponde a 10000 centímetros 100 metros no terreno real 5 325000 cm ou 325 km UNIDADE III Prof Me Thiago César Frediani SantAna Prof Me Estevão Pastori Garbin OS DESAFIOS DA CARTOGRAFIA NA REPRESENTAÇÃO DA FORMA DA TERRA Objetivos de Aprendizagem Compreender o processo histórico de determinação da forma da Terra Conhecer as diferentes estratégias para a orientação no espaço geográfico Compreender a função e o cálculo das coordenadas geográficas Plano de Estudo A seguir apresentamse os tópicos que você estudará nesta unidade A forma da Terra Estratégias de orientação no espaço As coordenadas geográficas INTRODUÇÃO Caroa alunoa embora hoje seja fácil afirmarmos qual é a verdadeira forma do nosso planeta devemos ter clareza de que esse tipo de indagação motivou vários povos antigos que não dispunham das ferramentas computacionais que temos hoje mas que realizaram importantes reflexões sobre essa questão Nesta unidade compreenderemos um pouco mais sobre como essa trajetória ocor reu Iniciaremos nossos estudos com as contribuições dos gregos examinando os métodos empregados por eles no estudo da forma da Terra Esse é um tema importante porque a partir do reconhecimento da esferici dade do nosso planeta um novo tipo de desafio surgiu no horizonte da Cartografia o desenvolvimento de estratégias para a representação de uma superfície curva em um plano desafio que está diretamente ligado à invenção das coordenadas geográficas Neste sentido abordaremos como o sistema de coordenadas geográ ficas se organiza ressaltando a interdependência com outros meios fundamentais para a representação da superfície terrestre Também estudaremos quais foram as estratégias historicamente empregadas para a orientação no espaço discutindo suas limitações bem como os meios de obtermos os rumos e os azimutes por meio da bússola A partir desse conteúdo aprenderemos a realizar a conversão entre essas medidas ressaltando sua inter dependência com a rosadosventos Essas discussões são fundamentais para os futuros professores de Geografia porque são conteúdos de presença obrigatória no currículo escolar além de servi rem como fundamento no entendimento dos principais desafios na representação do nosso planeta Esperamos que esta unidade forneça informações necessárias para que em sua vida profissional a tomada de decisões no processo de con fecção de produtos cartográficos mapas cartas plantas etc ocorra de maneira prática e suficientemente clara Introdução Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 107 OS DESAFIOS DA CARTOGRAFIA NA REPRESENTAÇÃO DA FORMA DA TERRA Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 III U N I D A D E 108 A FORMA DA TERRA Caroa alunoa com o desenvolvimento tecnológico que culminou no lan çamento de satélites artificiais que imageiam o nosso planeta a popularização dos meios de comunicação em massa e a Internet o formato visível que a Terra possui vista do espaço é uma imagem comum no imaginário coletivo mas nem sempre foi assim Até os últimos sessenta anos a forma do nosso planeta exigia dos povos um complexo raciocínio inferencial baseado nos indícios que foram aprimorados de maneira relativamente lenta ao longo da história da humani dade Cabe neste momento uma pergunta para você responder qual é a forma da Terra A resposta para essa questão é depende Para as ciências que tratam espe cificamente da representação do nosso planeta existem vários modelos que são A Forma da Terra Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 109 adotados para permitir a representação No entanto fornecer esses modelos e suas principais características sem recorrer a um breve histórico das principais descobertas é deixar de lado alguns raciocínios que complementam a nossa visão da Geografia Vamos começar Nas Unidades I e II constatamos que a preocupação central da Cartografia é a representação do espaço sendo o mapa seu objeto principal de estudo O levantamento e a medição do espaço embora estejam relacionados como etapas antecedentes e necessárias para a coleta dos dados e posteriormente serão repre sentados no mapa são o objetos de estudo de outra ciência denominada Geodésia De acordo com Oliveira 1993 a Geodésia é uma ciência que se ocupa em deter minar o tamanho e a figura da Terra por meio de medições como triangulação nivelamento e observações gravimétricas bem como em determinar o campo gra vitacional externo da Terra e até certo limite a estrutura interna Os métodos e as técnicas para a definição da forma do nosso planeta apri moraramse ao longo do tempo mas têm como o marco fundador a medição do raio da Terra estabelecida por Erastótenes 276 196 aC a partir da dife rença angular que os raios solares apresentavam simultaneamente em um poço na cidade de Siena e Alexandria O raciocínio empregado por Erastótenes foi o seguinte sabendo que a distância entre Siena e Alexandria que segundo o que pressupunha o filósofo compartilhavam uma mesma longitude era de 800 km a medição do ângulo formado pela sombra de uma estaca fincada no chão no solstício de verão 21 de junho indicaria o grau de curvatura da Terra entre os dois pontos A simples existência da sombra em Alexandria e sua ausência em Siena ao meiodia era um forte indício da esfericidade do planeta A partir desse dado bastaria dividir o ângulo encontrado pelo valor total da circunferência ter restre que é 360º para se determinar o raio planetário O ângulo formado pela sombra da estaca em Alexandria foi de 72º o que corresponde a uma das cinquenta partes da Terra A partir da multiplicação da distância conhecida entre as cidades por cinquenta Erastótenes determinou que a circunferência do planeta era aproximadamente 39250 quilômetros OS DESAFIOS DA CARTOGRAFIA NA REPRESENTAÇÃO DA FORMA DA TERRA Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 III U N I D A D E 110 NORTE OESTE SUL ESTE Raios do Sol Estaca 90 N E o Observação em Alexandria Observação em Siena Raios do sol no poço corte s 712 Alexandria Siena Rio Nilo 800 km Figura 1 Método empregado por Erastótenes na medição da Terra Fonte adaptada de Oliveira 1993 O valor encontrado por Erastótenes e o valor real da circunferência da Terra na linha do Equador diferenciamse em apenas 320 quilômetros Essa diferença se deu porque Siena e Alexandria não estavam exatamente na mesma longitude O levantamento e as medições para a determinação da forma real da Terra tornaramse secundárias ao longo da Idade Média mas voltaram a ganhar atenção durante o período das Grandes Navegações nos séculos XV e XVI impulsiona das pela busca de novas terras e riquezas Nesse período destacaramse as ideias de Cristóvão Colombo que defendeu insistentemente a ideia de uma Terra com a superfície arredondada e as de Fernão de Magalhães que realizou a primeira viagem de circumnavegação completa da Terra A Forma da Terra Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 111 Com o fortalecimento dos impérios coloniais em meados do século XVII inúmeras teorias e instrumentos recémdesenvolvidos juntamente com as des cobertas realizadas durante as navegações contribuíram para o amadurecimento das concepções da forma da Terra O francês Jean Picard 16201682 foi quem resgatou e aplicou o método desenvolvido por Eratóstenes e calculou o raio da Terra a partir do arco de circunferência localizado entre as cidades Paris e Amiens calculando o valor de 6372 km Ainda no século XVII franceses e ingleses travavam uma batalha científica para determinar a forma e a dimensão exata da Terra Giovanni Cassini medindo um arco de meridiano entre as cidades de Dunquerque e Collioure afirmou que a Terra tinha a forma de um ovo ovoide sendo achatada na região do Equador e alongada na direção dos pólos Isaac Newton então pôs em xeque a proposição de Cassini ao desenvolver com base em observações pendulares e na gravitação universal a teoria de que a Terra tem os dois polos achatados e uma dilatação no Equador o que a tornaria um elipsoide assim como ilustra a Figura 2 Na primeira metade do século XVIII a Academia de Ciências de Paris tentou explicar de forma definitiva a contradição entre as teorias de Cassini e de Newton e para isso foram organizadas duas expedições científicas A primeira expedi ção chefiada por CharlesMarie de la Condamine foi enviada para a América do Sul percorrendo o Peru e o Equador onde se realizou a medição de um grau de arco de meridiano próximo à linha equatorial e obteve como resultado que nessa posição o grau meridiano media 110613 metros A segunda expedição foi chefiada por Pierre Maupertius e enviada para o ártico onde se mediu um grau de arco de meridiano na Lapônia ponto próximo ao extremo polo Norte da Terra e verificou que o arco meridiano nessa localização media 111948 metros concluindose que a Terra é achatada nos polos e dilatada no Equador Com os resultados obtidos ficou constatado que a Teoria da Terra Ovoide pro posta por Cassini estava errada e nosso planeta possui um raio equatorial maior de acordo com a proposta de Newton OS DESAFIOS DA CARTOGRAFIA NA REPRESENTAÇÃO DA FORMA DA TERRA Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 III U N I D A D E 112 Modelo de Newton eixo polar eixo polar Modelo de Cassini 1 1 1 1 Figura 2 Os modelos da forma da Terra propostos por Isaac Newton e Giovanni Cassini Fonte os autores É importante ressaltar que os dois modelos ilustrados pela Figura 2 são didati camente exagerados na realidade a diferença do eixo equatorial do eixo polar é de apenas 21 quilômetros aproximadamente Mesmo com os resultados obtidos pelas expedições francesas vários esforços foram direcionados para a continuidade dos estudos sobre a forma da Terra em diversas partes da Europa Assim físicos e matemáticos dedicavamse a buscar uma informação mais precisa sobre o assunto Em 1828 Carl Friedrich Gauss 17771855 propôs um modelo físico e não geométrico da Terra baseado na superfície equipotencial do campo de gravi dade do planeta que coincide com o nível médio não perturbado dos mares Em 1873 Listing conclui que se a gravidade exerce força diferente para cada ponto da superfície a Terra deveria ter uma superfície irregular como um grande bloco rochoso com uma superfície rugosa denominando essa forma de Geoide Esse modelo é considerado referência para os levantamentos planimétricos e altimé tricos de alta precisão É importante assinalar que existe uma diferença significativa entre a super fície topográfica e a superfície do geoide Podemos considerar como superfície A Forma da Terra Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 113 topográfica todos os aspectos mensuráveis da superfície terrestre o que inclui as grandes altitudes e grandes depressões o ponto mais alto dessa superfície no nosso planeta o Monte Everest tem uma altitude de 8840 metros enquanto o ponto mais baixo a Fossa das Marianas tem 11000 metros de profundi dade o que se evidencia uma amplitude topográfica de quase 20 quilômetros Embora na escala humana seja uma diferença considerável no modelo geoidal essa amplitude seria de no máximo 110 metros pois o geoide é obtido a partir dos valores gravimétricos de um ponto e não de sua altitude Um exemplo de como o geoide é caracterizado está expresso na Figura 3 Figura 3 A Terra a partir da forma de um geoide Fonte Wikipedia 2012 online1 Por mais precisos entretanto que sejam os valores obtidos pela superfície geoi dal dependendo da finalidade das atividades desenvolvidas podese adotar formas mais simplificadas para a representação da Terra nas quais destacamse o plano a esfera e o elipsoide OS DESAFIOS DA CARTOGRAFIA NA REPRESENTAÇÃO DA FORMA DA TERRA Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 III U N I D A D E 114 Plano Esfera Elipsóide Figura 4 Os três modelos mais comuns para a representação da Terra Fonte os autores O modelo plano de representação da superfície terrestre é a estratégia mais sim ples usada como superfície de referência para áreas muito limitadas de até 50 km² Por serem muito reduzidas essas áreas não apresentam as deformações observadas na curvatura terrestre fornecendo maior facilidade na representa ção e no tratamento dos dados obtidos nos trabalhos de topografia Já a esfera é a forma geométrica mais conhecida para representar o nosso planeta Sua adoção pressupõe a eliminação da diferença de tamanho entre os eixos polar e equatorial bem como a amplitude das altitudes da superfície ter restre Ao contrário do modelo plano as escalas geralmente empregadas nesse tipo de modelo esférico são muito pequenas de 15000000 e inferiores Se é verdade que o modelo esférico é mais aproximado da forma da Terra em relação ao modelo plano também é verdade que as operações matemáticas necessárias para a obtenção de medidas são mais complexas Por exemplo você deve se lembrar caroa alunoa de que a menor distância entre dois pontos em um plano é uma reta certo Contudo no caso da esfera o caminho mais curto é um arco de circunferência Isso significa que quanto mais próximo da forma real do planeta mais difícil é de se trabalhar na realização de operações mate máticas sobre as representações cartográficas A Forma da Terra Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 115 O modelo mais complicado para representar a superfície terrestre é o elip soidal Ele considera o achatamento que a Terra tem em direção aos pólos e é empregado principalmente em levantamentos de alta precisão É a partir do modelo elipsoidal que são definidas as coordenadas geodésicas elipsoidais A forma elipsoidal pode apresentar uma grande variedade de aspectos pois ao contrário do círculo seus eixos vertical e horizontal possuem valores distin tos Na prática isso significa que dependendo da localização da área que será representada devese adotar o elipsoide com as configurações mais adequadas para sua finalidade Para se estabelecer uma fixação entre o geoide e o elipsoide para uma representação mais fiel possível é escolhido um datum geodésico De acordo com Gaspar 2005 o termo datum é empregado na Geodésia para designar um conjunto de parâmetros que constituem a referência de um deter minado sistema de coordenadas geográficas Os data plural de datum podem ser locais ou globais no caso do Brasil desde 2013 utilizase o datum geodé sico SIRGAS 2000 substituindo o datum anterior o SAD 69 O efeito prático da mudança de um datum é o fato de que além de permitir uma acurácia maior no posicionamento dos fenômenos no espaço atribuemse posições ligeiramente diferentes para valores idênticos das coordenadas geográficas Por mais importante que seja a adoção de uma superfície de referência para a representação cartográfica do planeta essa tarefa estaria incompleta sem a articulação com uma estratégia de orientação e localização assunto tratado nas próximas páginas OS DESAFIOS DA CARTOGRAFIA NA REPRESENTAÇÃO DA FORMA DA TERRA Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 III U N I D A D E 116 ESTRATÉGIAS DE ORIENTAÇÃO NO ESPAÇO Caroa alunoa para que possamos nos deslocar no espaço de um ponto a outro é necessário termos ao menos três informações conhecidas saber onde esta mos para onde vamos e o sentido que devemos seguir Essa pode parecer uma tarefa aparentemente simples quando os lugares são próximos e bem conhe cidos mas passam a exigir uma estratégia mais elaborada quando trabalhamos com grandes distâncias e desconhecemos o nosso ponto de chegada A evolução do raciocínio espacial dos povos antigos demonstra algumas estratégias muito interessantes para resolver essa questão A estratégia mais primitiva para a apropriação e a orientação dos espaços é a adoção de toponímias isto é batizar o terreno com algum nome que permite referenciálo comunitariamente CLAVAL 2011 Logo tornase possível criar um ponto de referência e situar os lugares colocandoos atrás da colina do castelo à Estratégias de Orientação no Espaço Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 117 direita da Praça dos Três Poderes e assim por diante O problema dessa estratégia é que as toponímias não possuem nomes universais isto é têm alcance limitado a uma determinada cultura além do fato de não permitirem que as pessoas que nunca viram esses fatos geográficos os utilizem como um ponto de referência A solução para a limitação do uso das toponímias foi a utilização de pontos de referência acessíveis a qualquer pessoa tendo como base a observação dos astros celestes como o Sol a Lua e outras estrelas Se pararmos para pensar qualquer pessoa tem condições de olhar o céu e identificar esses pontos comuns que ser vem como referência e ajustar a sua direção no deslocamento A observação desses astros e o conhecimento das trajetórias aparentes na abóboda celeste como o local onde o Sol nasce e se põe tornou a tarefa de deslocamento tendo como referência uma grade universal e mais precisa do que o uso dos topônimos Com o avanço dos conhecimentos das civilizações e com a necessidade cada vez maior de se movimentar por territórios longínquos surgiu a padronização dos pontos principais de referência que ficaram conhecidos como pontos car deais A forma mais simples de se orientar pelos pontos cardeais era por meio da observação do movimento dos astros bastando saber que o Sol a Lua e as estre las nascem sempre a leste A rosadosventos foi criada para indicar exatamente os sentidos dos pontos cardeais e a partir deles desenvolveramse outros pontos de precisão intermediários entre os pontos cardeais que são chamados de pon tos colaterais e entre esses últimos foram determinados os pontos subcolaterais Você já parou para pensar no significado dos nomes dos topônimos do lu gar onde você mora OS DESAFIOS DA CARTOGRAFIA NA REPRESENTAÇÃO DA FORMA DA TERRA Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 III U N I D A D E 118 Figura 6 A Rosadosventos e os pontos cardeais colaterais e subcolaterais Fonte Wikipedia 2008 online2 PONTOS CARDEAIS N Norte S Sul E ou L Leste W ou O Oeste PONTOS COLATERAIS NE Nordeste SE Sudeste SO Sudoeste NO Noroeste Estratégias de Orientação no Espaço Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 119 PONTOS SUBCOLATERAIS NNE NorNordeste ENE LésNordeste ESE LésSudeste SSE SulSudeste SSO SulSudoeste OSO OésSudoeste ONO OésNoroeste NNO NorNoroeste Quadro 1 Os pontos cardeais colaterais e subcolaterais Fonte os autores As limitações oriundas da técnica de observação dos astros celestes para deter minar a orientação recaem sobre alguns problemas comuns no nosso dia a dia e que em situações específicas causariam sérios problemas para aqueles que dela dependem Basta imaginar que durante uma tempestade ou estando um céu com grande nebulosidade não há a possibilidade de enxergar os astros celestes e um marinheiro ficaria totalmente desorientado Para isso buscaramse alternativas que servissem como meio seguro e mais constante para a orientação no nosso planeta como é o caso da orientação a partir do campo magnético da Terra A bússola é o instrumento utilizado para a orientação que funciona a par tir da atração de uma agulha imantada em relação ao campo magnético da Terra Foi descoberta pelos chineses aproximadamente no ano de 1100 dC Além de propor o geoide também foi Gauss quem realizou os estudos iniciais sistemáticos para compreender a variação desse campo magnético em nível planetário Dessas pesquisas verificouse que 95 desse campo são originados no interior terres tre devido à composição rica em ferro Em outras palavras ao considerarmos o nosso planeta uma grande esfera verificamos que próximo ao seu centro origina se um campo magnético assim como uma espécie de ímã de barra denominado OS DESAFIOS DA CARTOGRAFIA NA REPRESENTAÇÃO DA FORMA DA TERRA Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 III U N I D A D E 120 dípolo Esse dípolo não está perfeitamente alinhado ao Equador o que forma um ângulo de aproximadamente 115 Por essa razão a agulha imantada da bússola não aponta para o eixo correspondente aos meridianos mas ao norte magnético Esse ângulo de desvio da agulha é denominado declinação magnética ERNESTO MARQUES 2008 Devese pontuar que o magnetismo na Terra tem seus valores alterados com o tempo ou seja o norte magnético está em um permanente e discreto movimento É por isso que para trabalharmos com a orientação temos que identificar os diferentes nortes que existem pois variam a depender do critério que considerarmos Denominamos norte verdadeiro ou norte geográfico os pontos extremos do alinhamento que coincidem com o eixo de rotação da Terra sobre o qual se descreve o movimento de rotação diária A orientação pelo norte verdadeiro ou geográfico é dada por uma linha imaginária paralela ao eixo de rotação da Terra A distribuição do campo geomagnético sobre a superfície da Terra é melhor observada em cartas isomagnéticas isto é mapas nos quais linhas unem pontos que correspondem a um mesmo valor de um determinado parâme tro magnético As linhas isomagnéticas cruzam continentes e oceanos sem distúrbios e não mostram relações óbvias com grandes cadeias de mon tanhas ou com cadeias submarinas Esse fato deixa claro que a origem do campo geomagnético necessariamente tem de ser profunda Fonte Ernesto e Marques 2008 p 77 Estratégias de Orientação no Espaço Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 121 Pólo Magnético Norte Pólo Magnético Sul Pólo Geográfco Norte Pólo Geográfco Sul Figura 7 Declinação magnética entre o norte verdadeiro e o norte magnético A agulha imantada da bússola no entanto que indica o norte não está orientada em relação ao norte geográfico mas ao norte magnético da Terra A ponta da agulha que marca o sentido norte na verdade aponta para o sul magnético da Terra enquanto a extremidade oposta aponta o norte magnético da Terra Logo o norte apontado pela agulha da bússola é o norte magnético mas que corresponde ao sul geográfico O norte magnético é obtido pelo campo magnético terrestre e apresenta uma diferença de direção em relação ao norte verdadeiro Além disso o norte mag nético não é fixo pois o campo magnético da Terra está sempre em movimento Ao longo dos anos o polo magnético da Terra sofre uma flutuação alterando sua direção Em mapeamentos antigos é necessário verificar qual foi a alteração sofrida pelo norte magnético da Terra no período OS DESAFIOS DA CARTOGRAFIA NA REPRESENTAÇÃO DA FORMA DA TERRA Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 III U N I D A D E 122 CALCULANDO RUMOS E AZIMUTES Embora os pontos cardeais colaterais e subcolaterais ofereçam meios para se deter minar uma orientação a trajetória de grandes distâncias necessitam de cálculos matemáticos para se determinar da forma mais exata possível a orientação a ser percorrida Para tanto são utilizados dois tipos de informações o azimute e o rumo Azimute O azimute é o ângulo formado entre o meridiano de origem linha paralela ao eixo de rotação da Terra e o alinhamento do ponto de interesse Sua origem tanto magnética quanto geográfica é o norte e a angulação varia de 0 a 360 N 0360 S E 90 W 270 180 Az Az Az Az 4 0 3 2 1 Figura 8 Exemplo de marcações do azimute Fonte os autores Estratégias de Orientação no Espaço Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 123 Rumo O rumo é o menor ângulo entre a meridiana NorteSul e o ponto lido A varia ção desse ângulo é de 0 a 90 sendo contado do norte ou do sul para leste ou oeste Segundo Borges 2013 p 35 o rumo de uma linha é o ângulo horizontal entre a direção nortesul e a linha medido a partir do norte ou do sul na dire ção da linha porém não ultrapassando 90 O rumo é obtido com leituras segmentadas ou seja na prática seria necessário determinar em qual quadrante o objeto ou o caminho que se quer ler está locali zado Nesse caso os quadrantes correspondem a um quarto da rosa dos ventos sendo que podemos dividir as direções norte sul leste e oeste em quatro quadrantes 1º quadrante NE 2º quadrante SE 3º quadrante SWSO 4º quadrante NWNO O valor numérico do rumo sempre deve ser acompanhado de sua orientação ou seja de onde partiu a leitura norte ou sul e para onde foi girada a bússola leste ou oeste como N S E W90 NW 40 SE 30 NE 50 SW 44 90 0 0 Figura 9 Leitura do rumo em uma bússola Fonte os autores OS DESAFIOS DA CARTOGRAFIA NA REPRESENTAÇÃO DA FORMA DA TERRA Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 III U N I D A D E 124 50NE significa que a leitura teve início em norte e que o ponto está a 50º no sentido leste E 30SE significa que a leitura teve início em sul e que o ponto está a 30º no sen tido leste E 44NW significa que a leitura teve início em norte e que o ponto está a 44º no sentido oeste W 40SW significa que a leitura teve início em sul e que o ponto está a 40º no sen tido oeste W TRANSFORMAÇÕES DE RUMO E AZIMUTE Cada quadrante tem o seu modo de transformar rumo em azimute ou o contrá rio como demonstrado a seguir De Azimute para Rumo 1 quadrante NE Rumo Az 2 quadrante SE Rumo 180 Az 3 quadrante SW Rumo Az 180 4 quadrante NW Rumo 360 Az Estratégias de Orientação no Espaço Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 125 De Rumo para Azimute 1 quadrante Az Rumo 2 quadrante Az 180 Rumo 3 quadrante Az 180 Rumo 4 quadrante Az 360 Rumo Para representar os dados angulares obtidos a partir de um azimute em uma carta basta usar um transferidor Marcase o ponto de partida da leitura e se coloca a base do transferidor linha 0º 180º paralela ao ponto de referência sobre o ponto a partir do qual pretendemos traçar o azimute Logo em seguida marcase na carta junto à marca de graduação do transferidor correspondente ao ângulo do azimute pretendido Finalmente é traçada uma linha que passa pelo ponto do ângulo medido e tem a extensão da distância já determinada N Az S E R O N Az S E R O N Az S E R O N Az S E R O 1 Quadrante 2 Quadrante 3 Quadrante 4 Quadrante Figura 10 Transformação entre rumos e azimutes Fonte os autores OS DESAFIOS DA CARTOGRAFIA NA REPRESENTAÇÃO DA FORMA DA TERRA Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 III U N I D A D E 126 AS COORDENADAS GEOGRÁFICAS Os gregos foram os responsáveis pela elaboração dos primeiros sistemas de coor denadas de latitudes e longitudes Os paralelos são linhas imaginárias que têm como origem a Linha do Equador a qual divide a Terra nos hemisférios norte e sul Os paralelos circundam horizontalmente o planeta partindo do 0º na linha do Equador até 90º no Polo Sul e 90º no Polo Norte Os meridianos são linhas imagi nárias que tocam os polos da Terra O meridiano central é denominado Greenwich 0º o qual divide a Terra nos hemisférios Leste e Oeste e a partir dele são contados 180º para leste e 180º para oeste Figura 11 Paralelos e Meridianos As Coordenadas Geográficas Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 127 O meridiano central foi instituído em 1895 no Congresso Internacional de Geografia quando todos os países aceitaram que o principal meridiano deve ria passar sobre Londres Seu lado oposto denominado antimeridiano 180º coincide com a Linha Internacional de Data LID e passa justamente sobre o Oceano Pacífico onde está o fuso internacional do dia Existem alguns paralelos especiais que têm nome próprio devido à sua importância para outras áreas de estudos como a astronomia e a climatolo gia São os Trópicos de Câncer e de Capricórnio localizados respectivamente a 23º2730N e 23º2730S e os círculos polares Ártico e Antártico localizados respectivamente a 66º33N e 66º33S Figura 12 Os principais paralelos da Terra Quando os paralelos e os meridianos se cruzam formase o que é denominado coordenada geográfica cada ponto da superfície terrestre tem a sua coordenada geográfica formada por uma latitude que poderá ser norte ou sul com grau minuto e segundo de arco e uma longitude que pode ser leste ou oeste OS DESAFIOS DA CARTOGRAFIA NA REPRESENTAÇÃO DA FORMA DA TERRA Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 III U N I D A D E 128 Figura 13 A formação das coordenadas geográficas a partir do cruzamento de um paralelo com um meridiano Fonte Wikipedia 2014 online3 PONTO COORDENADAS GEOGRÁFICAS Latitude φ Longitude λ A 50 N 100 W B 40 N 80 E C 20 S 40 W D 10 S 20 E Tabela 1 Coordenadas geográficas dos pontos da Figura 13 Fonte os autores Um dado importante que Em que ser calculado entre dois pontos a partir de suas coordenadas geográficas é a diferença de latitude e longitude Para efeitos de cálculo considerase que as latitudes do hemisfério norte apresentam um valor positivo enquanto as do sul negativo No caso das longitudes utilizamse valores positivos para leste e negativos para oeste do meridiano de Greenwich Para tanto empregamse as fórmulas matemáticas a seguir para se obter essa informação A B ϕ ϕ ϕ As Coordenadas Geográficas Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 129 Onde diferença de latitude diferença do ponto A diferença do ponto B A B ϕ ϕ ϕ A B λ λ λ Onde diferença de longitude longitude do ponto A longitude do ponto B A B ϕ ϕ ϕ Para mostrarmos como se obtêm as diferenças de latitude e longitude entre dois pontos consideraremos os dados presentes no Quadro 1 levando em conside ração as coordenadas geográficas dos pontos A 50N 100W B 40N 80E C 20S 40W e D 10S 20E Para obtermos a diferença de latitude entre os pontos A e B basta substituirmos os valores da fórmula a seguir pelos valores correspondentes dos pontos 50 40 10 A B ϕ ϕ ϕ ϕ ϕ No caso da diferença de longitude basta substituirmos os valores da fórmula a seguir pelos valores correspondentes dos pontos 100 80 100 80 180 A B λ λ λ λ λ λ OS DESAFIOS DA CARTOGRAFIA NA REPRESENTAÇÃO DA FORMA DA TERRA Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 III U N I D A D E 130 Nesse exemplo em específico é válido lembrar que os sinais de positivo e nega tivo que acompanham os pontos A e B dependem do hemisfério no qual se encontram Quando dois pontos se encontram com uma diferença de longi tude de 180 como foi o caso dos pontos A e B dizemos que A se encontra no antimeridiano de B E você caroa alunoa saberia calcular a diferença de latitude e longitude entre os pontos C e D Para ter mais informações sobre o conteúdo e assistir à resolução do exercício proposto consulte nosso QR Code por meio da sua plataforma CONSIDERAÇÕES FINAIS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 131 CONSIDERAÇÕES FINAIS A cartografia é imprescindível para os estudos relacionados aos fenômenos geo gráficos Para tanto é necessário conhecer a superfície cartografada a melhor forma de representação dos fenômenos que ocorrem no espaço geográfico além das ferramentas contemporâneas e os novos produtos que podem ser gerados para uma comunicação cartográfica mais eficiente Nesta unidade verificamos o processo histórico que culminou com a deter minação de modelos para representação da forma terrestre notando que a ciência é incansável na busca dos grandes questionamentos do homem sobre a Terra onde vive e desenvolve suas atividades econômicas sociais e intelectuais Ao longo deste capítulo foram apresentados os principais procedimentos realizados pelos gregos para a determinação da forma da Terra bem como os argumentos de Newton e Cassini sobre as especificidades dos seus eixos Discutimos ainda os conceitos e os procedimentos de orientação e locali zação geográfica os quais são necessários para a compreensão da localização e distribuição dos fenômenos geográficos A partir dos pontos cardeais colaterais e subcolaterais você pôde aprender como se orientar no espaço bem como obter os valores dos rumos e azimutes para trabalhar com seus alunos em sala de aula Um dos conteúdos que discutimos nesta unidade foi a compreensão das diferentes formas geométricas utilizadas como modelos para a representação do nosso planeta Esse tipo de procedimento é fundamental porque permite tor nar viável a representação da superfície terrestre soluções diretamente ligadas à escala e aos propósitos de uso Por fim estudamos o princípio que organiza as coordenadas geográficas discutindo como estabelecer a diferença entre as latitudes e longitudes de dois pontos aspectos que serão retomados e aprofundados nos próximos capítulos 132 1 Considerando as diferenças entre o rumo e o azimute analise as proposições listadas a seguir I A orientação dos rumos e dos azimutes tem origem no Norte II O valor do rumo deve apresentar o menor ângulo em relação ao eixo norte sul e ao ponto subcolateral correspondente III Um rumo de 45º NW tem sua origem em norte e vai para oeste IV O valor do rumo varia de 0º a 90º e o valor do azimute de 0º a 360º Está correto apenas o que se afirma em a I b I e II c II e III d III e IV e II III e IV 2 Um professor realizou uma aula prática de orientação com bússola Para essa aula ele utilizou um mapa confeccionado com a orientação feita pelo norte verdadeiro da Terra Durante a prática os alunos constataram que alguns pon tos no terreno não estavam na mesma orientação marcada no mapa Identifi que a fonte de erro que apareceu durante a aula prática 3 A representação das formas da Terra envolve uma série de conceitos geomé tricos geodésicos e geográficos Considerando a especificidade desses con ceitos julgue as afirmativas a seguir com V para as Verdadeiras e F para as Falsas A forma mais precisa da Terra é denominada geoides A Cartografia utiliza vários modelos geométricos para representar o nosso planeta inclusive o plano Ao olharmos uma paisagem pela janela é possível enxergarmos parte da superfície do geoide A função dos data é estabelecer um elo entre o geoide e o elipsoide na re presentação do espaço 133 Se considerarmos uma escala cartográfica muito grande é possível visuali zarmos o efeito da curvatura terrestre A sequência correta é a F F V V F b V V F V V c F V V F V d V F F F V e V V F V F 4 Durante um trabalho de campo aos alunos do curso de Geografia foi solicita do que determinassem as coordenadas geográficas do ponto A 231425N 122412W Ao realizar as correções dos resultados o professor verificou que embora as coordenadas fossem idênticas a posição entre os pontos não coin cidiam assim como mostra a figura a seguir Considerando que os equipamentos estavam em perfeitas condições assinale a alternativa que corresponde ao tipo de informação que o professor deixou de repassar e que determinou a diferença de localização entre os pontos a Os valores dos eixos do elipsoide b A escala cartográfica c A orientação d A longitude e O datum 134 5 Os gregos foram os responsáveis por uma série de inovações que até hoje es tão presentes nas práticas de representação do espaço Com base nessas con tribuições estudadas nesta unidade analise as asserções a seguir e a relação proposta entre elas I Uma das maiores descobertas do povo grego foi a utilização dos astros ce lestes para o desenvolvimento de um sistema de coordenadas geográficas universais PORQUE II O uso das toponímias tornava os pontos de referência restritos ao nível local A respeito dessas asserções assinale a alternativa correta a As asserções I e II são proposições verdadeiras e a II é justificativa correta da I b As asserções I e II são proposições verdadeiras mas a II não é justificativa correta da I c A asserção I é proposição verdadeira e a II é proposição falsa d A asserção I é proposição falsa e a II é uma proposição verdadeira e As asserções I e II são proposições falsas 135 A orientação com mapa e bússola tornouse um esporte em franco crescimento na últi ma década atualmente existem vários grupos que são adeptos dessa modalidade ain da pouco divulgada A orientação consiste em um desafio de se utilizar uma bússola e uma carta planialtimétrica para se chegar a lugares específicos sem nenhuma referência adicional O mais comum é a orientação na selva onde alguns alvos são colocados den tro de uma extensa área de mata com orientações azimuterumo e distâncias com essas informações o atleta precisa se deslocar até os alvos A seguir é apresentado um texto que relata a breve história dessa modalidade Nos primórdios da existência humana a orientação e a localização espacial eram habi lidades necessárias para a sobrevivência principalmente nos deslocamentos terrestres para a busca de refúgios e de alimentos Ao longo dos séculos com o conhecimento dos astros com a invenção da bússola e com o uso dos mapas a localização e a orientação se tornaram mais precisas permitindo nortear o deslocamento de exploradores e nave gadores de terras e mares além de orientarse em qualquer momento ou condição do ambiente Atualmente temos uma gama de informação sobre qualquer lugar à disposição de mui tas pessoas através do SIG da rede ciberespacial e do GPS Entretanto no meio dessa trajetória surge uma atividade a Orientação A Orientação é uma prática muito antiga na Europa e teve início nos países nórdicos há mais de um século Em meados do século XIX militares escandinavos realizavam exercícios de orien tação com suas tropas em meio às paisagens naturais com o objetivo de treinar e de entreter O Major Ernst Killander um sueco e líder de escoteiros conseguiu divulgar e popularizar o esporte A princípio constatou que os jovens se afastavam cada vez mais das ativida des esportivas de corrida e do atletismo e decidiu explorar a paisagem sueca para atrair os jovens corredores Fixou pontos no meio das florestas entregou um mapa e uma bússola para os participantes estabelecendo assim uma corrida A prática da atividade se tornou um grande sucesso e ele foi incentivado a ampliar a orientação para outras pessoas Fonte adaptado de Scherma e Ferreira 2011 MATERIAL COMPLEMENTAR O prêmio da longitude Joan Dash Editora Companhia das Letras Sinopse em 1714 depois de muitos naufrágios dos navios da Marinha Real o Parlamento Britânico instituiu um prêmio milionário para quem descobrisse como determinar a longitude no mar Para uma potência naval como a Inglaterra era inadmissível que desastres marítimos continuassem a ocorrer Cinquenta anos depois o prêmio continuava sem vencedores Cientistas consagrados como Isaac Newton e Edmond Halley haviam tentado estabelecer um método de calcular a longitude a partir de experimentos de astronomia mas sem sucesso Quem conseguiu descobrir a maneira de medila com precisão foi um humilde relojoeiro John Harrison Só faltava que a Comissão de Longitude grupo designado para conceder o prêmio concordasse em reconhecer que um trabalhador pobre e pouco articulado pudesse ser o vencedor Tinha início uma briga que ocuparia o resto da vida de Harrison Numa reportagem minuciosa que combina história da ciência diário de bordo e biografia Joan Dash recria esse conflito e apresenta os detalhes de um personagem central na história da ciência protagonista de uma corrida que contribuiu literalmente para ajudar o homem a descobrir seu lugar no mundo O link a seguir apresenta um breve vídeo que demonstra de maneira muito simples e prática a utilização das bússolas topográfica e militar para a tomada de dados em campo Web httpswwwyoutubecomwatchvz6UG56NpR8 REFERÊNCIAS 137 BORGES A C Topografia aplicada à Engenharia Civil São Paulo Blucher 2013 CLAVAL P Epistemologia da Geografia Florianópolis Editora UFSC 2011 ERNESTO M MARQUES L S Investigando o interior da Terra In TEIXEIRA W FAIR CHILD T R TOLEDO M C M de TAIOLI F Decifrando a Terra São Paulo Compa nhia Editora Nacional 2008 p 6482 GASPAR J A Cartas e projecções cartográficas 3 ed Lisboa Lidel 2005 OLIVEIRA C Dicionário cartográfico 4 ed Rio de Janeiro IBGE 1993 SCHERMA E P FERREIRA E R Ler analisar e interpretar mapas através das práticas da orientação Imaginação e Inovação desafios para a Cartografia Escolar In COLÓ QUIO DE CARTOGRAFIA PARA CRIANÇAS E ESCOLARES 7 2011 Vitória Anais Vitória 2011 p 230255 Disponível emh ttpscartografiaescolar2011fileswor dpresscom201203leranalisarinterpretarmapasatravespraticaorientacaopdf Acesso em 14 jun 2019 REFERÊNCIAS ONLINE 1 Em httpsptwikipediaorgwikiGeoidemediaFileGeoidssmjpg Acesso em 18 jul 2019 2 Em httpsptwikipediaorgwikiRosadosventosmediaFileBrosenwindro seItsvg Acesso em 18 jul 2019 3 Em httpsptwikipediaorgwikiFicheiroMapacoordenadasgeogrC3A1fi caseditadojpg Acesso em 14 jun 2019 GABARITO 1 D 2 Tratase da diferença angular que existe entre o norte verdadeiro e o norte mag nético da Terra Essa diferença que gerou o erro de observação é denominada declinação magnética 3 E 4 E 5 A UNIDADE IV Prof Me Estevão Pastori Garbin Prof Me Thiago César Frediani SantAna PROJEÇÕES CARTOGRÁFICAS E REPRESENTAÇÃO DO RELEVO Objetivos de Aprendizagem Identificar as especificidades das projeções cartográficas na representação espacial Conhecer os principais instrumentos para a obtenção de dados planialtimétricos da paisagem Conhecer as principais técnicas para a representação cartográfica do relevo Plano de Estudo A seguir apresentamse os tópicos que você estudará nesta unidade As projeções cartográficas Conhecendo os principais métodos para a realização de levantamentos planialtimétricos Representação e leitura do relevo na cartografia INTRODUÇÃO Caroa alunoa nesta unidade estudaremos quais são as implicações da trans formação de uma superfície curva em uma superfície plana nas representações cartográficas As projeções cartográficas formam um importante conjunto de estratégias desenvolvidas e amadurecidas desde os gregos para o encontro de soluções na representação da superfície terrestre Discutiremos as fontes de dis torções geradas nesse processo Outro ponto que abordaremos são os principais ramos e métodos para o levantamento de dados do terreno a partir dos conceitos de altimetria planime tria e as relações com a Cartografia Em seguida daremos atenção especial aos tipos de soluções historicamente empregadas na representação do relevo consi derando as especificidades e potencialidade de cada uma O nosso foco principal será a leitura das curvas de nível uma invenção moderna que auxiliou sobrema neira a Cartografia na representação de forma mais fidedigna do relevo Por fim aprenderemos como construir e interpretar um recurso muito útil na visualização da altimetria do relevo os perfis topográficos Eles são caracte rizados por uma transposição das informações contidas nas curvas de nível em uma visão lateral facilitando a visualização dos declives e auxiliando na leitura da paisagem Estudaremos passo a passo como construir um perfil topográ fico considerando suas especificidades escalares e as principais estratégias para a transposição das informações presentes em uma carta topográfica Esperamos que esta unidade forneça as informações necessárias para que em sua vida profissional a tomada de decisões no processo de confecção de produtos cartográficos mapas cartas plantas etc ocorra de maneira prática e suficientemente clara Introdução Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 141 PROJEÇÕES CARTOGRÁFICAS E REPRESENTAÇÃO DO RELEVO Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV U N I D A D E 142 AS PROJEÇÕES CARTOGRÁFICAS Um dos maiores desafios decorrentes do conhecimento e da medição da cur vatura terrestre é a sua transposição para uma superfície plana como em uma folha de papel por exemplo causando as menores deformações possíveis A transposição de uma superfície curva para uma plana é um tipo de problema recorrente se observarmos o nosso cotidiano como na construção de uma bola de futebol Figura 1 Figura 1 Um tipo de solução para a transformação de um objeto em duas superfícies distintas Fonte os autores As Projeções Cartográficas Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 143 No caso da bola de futebol construída a partir de um material bem rígido são recortados pequenos polígonos que depois de costurados possuem suas linhas suavizadas pela pressão do ar do interior da bola Na Cartografia adotamse estratégias engenhosamente semelhantes mas com uma dificuldade adicional as distorções causadas na transposição de uma superfície curva para a plana afe tam diretamente algumas características da informação geográfica presente no mapa Denominamos esse conjunto de soluções empregadas na transposição de um ponto de uma superfície curva para uma superfície plana bem como na sua materialização de projeção cartográfica GASPAR 2005 Os paralelos e os meridianos cumprem um papel importante na execução das projeções porque indicam as deformações causadas na transposição carto gráfica Isso significa que é a partir de suas trajetórias que identificamos o tipo de projeção utilizada na construção de um mapa bem como no tipo de proprie dade que essa projeção conserva ou deforma na representação espacial Os procedimentos envolvidos na construção de uma projeção cartográfica podem ser divididos em dois principais momentos O primeiro é caracterizado pela redução escalar do modelo terrestre adotado para a representação do planeta o que envolve todas as transformações que a mudança de escala pode ocasionar na representação espacial assim como vimos na Unidade II O exemplo mais repre sentativo dessa operação é a construção de um globo terrestre pouco utilizado no nosso cotidiano pelo seu alto grau de generalização e pela dificuldade em trans portálo O segundo momento corresponde à transformação da forma dos objetos oriundos da transposição de uma superfície curva para uma superfície plana A aplicação das projeções cartográficas sempre causa a distorção de algum aspecto no mapa Nesse sentido é possível dividirmos as projeções em catego rias de acordo com o tipo de distorção ou conservação quais sejam a Projeções conformes Nas projeções conformes é possível observarmos uma preservação das formas dos objetos pequenos representados nos mapas mas que sofrem uma mudança de escala quando se prolongam da linha do Equador e se aproximam dos polos Isso significa que associar o termo conforme com a preservação das formas de objetos grandes como os continentes é um entendimento equivocado Em determinado PROJEÇÕES CARTOGRÁFICAS E REPRESENTAÇÃO DO RELEVO Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV U N I D A D E 144 ponto localizado sobre uma projeção conforme a escala é preservada em todas as direções No entanto essa escala pode variar entre dois pontos distintos assim como ilustra a Figura 2 Figura 2 Efeito de uma projeção conforme na forma de quatro pontos em latitudes distintas Fonte adaptada de Gaspar 2005 b Projeções equivalentes Nas projeções equivalentes a principal propriedade que se busca conservar são as áreas dos objetos Esse tipo de propósito é particularmente importante na representação dos mapas políticos pois preservam as dimensões entre os dife rentes territórios embora as formas sejam distorcidas pela variação dos ângulos que não são preservados assim como mostra a Figura 3 Figura 3 Transformação de um objeto em diferentes latitudes em uma projeção azimutal equivalente polar Fonte adaptada de Gaspar 2005 Um exemplo de projeção equivalente é a projeção de Mollweide em que os meri dianos são apresentados como linhas curvas enquanto os paralelos são traçados As Projeções Cartográficas Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 145 em linha reta A área do desenho corresponde à mesma proporção da área ter restre As regiões localizadas na área central do mapa possuem menor distorção do que as regiões das extremidades Figura 4 Projeção de Mollweide Fonte Wikimedia Commons 2011 online1 c Projeções equidistantes Embora seja impossível preservar as distâncias entre todos os pontos da superfície terrestre em um mapa o objetivo das projeções equidistantes é preservar as distân cias entre alguns pontos específicos no sentido lesteoeste NorteSul por exemplo d Projeções azimutais O propósito principal das projeções azimutais como o nome indica é preservar os azimutes a partir de um determinado ponto Ela é utilizada sobretudo para a construção de mapas cuja utilização está relacionada diretamente à orientação e Projeções afiláticas Nas projeções afiláticas os ângulos e as áreas são deformados no desenho mas dentro de um limite de erro Este tipo de projeção é utilizado principalmente para fins didáticos PROJEÇÕES CARTOGRÁFICAS E REPRESENTAÇÃO DO RELEVO Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV U N I D A D E 146 N N S Ângulos Áreas Distâncias Direções S W W E N S W E N S W E A A B B C C E A A B B C C d dA dB dC d d Figura 5 Transformações causadas pelas projeções em um determinado objeto Fonte adaptada de Gaspar 2005 Além das propriedades conservadas pelas projeções cartográficas é possível cate gorizálas de acordo com a superfície de projeção e a posição dessa superfície em relação ao modelo terrestre assim como mostra a Figura 5 As Projeções Cartográficas Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 147 P P P P P P P P P P PLANAS CÔNICAS CILINDRICAS POLAR plano tangente no pólo EQUATORIAL plano tangente no equador HORIZONTAL plano tangente em um ponto qualquer HORIZONTAL eixo do cone inclinado em relação ao eixo da Terra HORIZONTAL eixo do cilindro inclinado em relação ao eixo da Terra TRANSVERSA eixo do cone perpendicular ao eixo da terra TRANSVERSA eixo do cilindro perpendicular ao eixo da Terra NORMAL eixo do cone paralelo ao eixo da Terra EQUATORIAL eixo do cilindro paralelo ao eixo da Terra P P P P P P P P Figura 6 Classificação das projeções de acordo com a superfície de projeção e sua posição Fonte IBGE 1998 p 34 PROJEÇÕES CARTOGRÁFICAS E REPRESENTAÇÃO DO RELEVO Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV U N I D A D E 148 No que se refere ao tipo de superfície de projeção podemos classificar as pro jeções cartográficas em a Projeção cilíndrica Na projeção cilíndrica a Terra é envolvida por um cilindro no qual são traçadas as superfícies representadas Na projeção cilíndrica transversa os meridianos tocam os dois polos projetandose de forma perpendicular sobre a Linha do Equador enquanto os paralelos apresentamse com maior espaçamento entre si à medida que se aproximam dos polos Portanto nessa projeção quanto mais próximas dos polos estiverem as áreas representadas maior será a deformação encontrada na representação da superfície terrestre Dizemos que uma projeção cilíndrica é secante quando a superfície de pro jeção corta o elipsoide em dois pontos ou duas linhas de secância no caso de cortarem nos paralelos que correspondem à latitude de 70º norte e sul significa que as distorções entre essas latitudes serão menores Essa projeção é ampla mente utilizada para a representação de mapas mundi na forma de planisférios Figura 7 Exemplo de projeção cilíndrica equatorial tangente Fonte Brasil Escola 2019 online2 As Projeções Cartográficas Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 149 Projeção de Mercator Durante o período das grandes navegações a projeção cilíndrica elaborada pelo cartógrafo holandês Gerardus Mercator foi adotada em larga escala pelos navegadores pois permitia que se traçassem linhas retas para obter a direção a ser tomada Por ser uma projeção conforme e que representa o mundo sob uma perspectiva europeia centralizou o continente europeu aparentando dimensões maiores no desenho Por isso é denominada de projeção eurocêntrica Figura 8 Projeção cilíndrica transversa de Mercator Na década de 1970 o cartógrafo Arno Peters apresentou sua projeção equivalente Sua intenção foi contrapor a visão eurocêntrica que existia nos mapas ainda baseados na projeção de Mercator A projeção de Peters é cilíndrica porém as distâncias angulares entre os paralelos diminuem à medida que se afastam do Equador o que provoca um alongamento nos desenhos dos contornos continentais distorcendo suas formas mas mantendo as áreas PROJEÇÕES CARTOGRÁFICAS E REPRESENTAÇÃO DO RELEVO Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV U N I D A D E 150 Figura 9 Projeção cilíndrica de Peters Fonte Wikipedia Commons 2019 online3 b Projeção cônica Na projeção cônica a superfície terres tre é projetada sobre um cone que toca um ponto tangente ou secante à superfície ter restre Após a elaboração do desenho o cone é aberto formando um plano Nessa proje ção os meridianos convergem para um dos polos enquanto os paralelos são semicírcu los concêntricos Essa projeção possui menor deformação nas áreas de latitudes médias entre 25º e 65º para norte ou para sul Figura 10 Projeção cônica Fonte Brasil Escola 2019 online² As Projeções Cartográficas Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 151 c Projeção Azimutal Na projeção azimutal um plano é colocado tangen ciando um ponto da superfície Os meridianos têm como origem o ponto de tangência e os paralelos formam círculos concêntricos A distorção é maior nas áreas mais distantes do ponto de tangência Essa projeção pode ser Polar quando o ponto de tan gência está em um dos polos Equatorial quando o ponto de tangência está sobre a linha do Equador ou Oblíqua quando o ponto de tangência não está em nenhum dos anteriores d Projeção ortográfica Nessa projeção considerase que a fonte de projeção está no infinito ou seja não toca a superfície Além disso apenas um hemisfério poderá ser mostrado e os espaçamentos entre os paralelos diminuem à medida que se localizam próximo ao Equador Essa projeção é utilizada para destacar alguma região do globo terrestre e Projeções interrompidas São denominadas interrompidas as projeções cartográficas que não apresentam uma continuidade entre as linhas dos paralelos e meridianos Embora evitem que áreas específicas tenham deformação menor sua interrupção inviabiliza o Figura 11 Projeção Azimutal Polar Fonte Brasil Escola 2019 online² PROJEÇÕES CARTOGRÁFICAS E REPRESENTAÇÃO DO RELEVO Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV U N I D A D E 152 seu uso na maioria das atividades cotidianas A projeção interrompida ou des continuada de Goode por exemplo é uma projeção que mostra a equivalência das massas continentais e para isso descarta algumas áreas onde predominam as massas oceânicas Para obter maior precisão é realizado o alinhamento dos meridianos centrais da projeção aos meridianos dos continentes Figura 12 Projeção Descontinuada de Goode Fonte Wikipedia 2019 online⁴ A partir do conhecimento sobre as projeções cartográficas você percebeu que os mapas utilizados em sala de aula não são totalmente fiéis às dimen sões e às formas reais da Terra Como podemos trabalhar essa ideia em sala de aula com os alunos Conhecendo os Principais Métodos para a Realização de Levantamentos Planialtimétricos Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 153 CONHECENDO OS PRINCIPAIS MÉTODOS PARA A REALIZAÇÃO DE LEVANTAMENTOS PLANIALTIMÉTRICOS O conhecimento em cartografia envolve também as ferramentas de geotecno logias que são trabalhadas pela topografia geodésia e geoprocessamento sendo que o conhecimento básico dessas ferramentas é importante para o graduado em Geografia na elaboração de cartas ou mapas topográficos e na interpretação deles sendo desejável a compreensão das informações que esses mapas ou car tas lhe fornecem para uma correta correlação análise e síntese da informação O levantamento de campo conta com técnicas e instrumentos da geotec nologia para a obtenção da localização plana X Y e altimétrica dos pontos a serem cartografados É uma parte da Geociência que procura realizar um estudo local sem considerar a curvatura da Terra trabalhando em um plano tangente à superfície da Terra de dimensões de em média 50 km x 50 km buscando repre sentar de forma detalhada o que acontece na área estudada apresentando seu relevo estradas construções de divisas cursos dágua e elementos antrópicos A técnica de levantamento topográfico tem como objetivo segundo Borges 2003 p 1 PROJEÇÕES CARTOGRÁFICAS E REPRESENTAÇÃO DO RELEVO Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV U N I D A D E 154 Representar no papel a configuração de uma porção de terreno com as benfeitorias que estão em sua superfície Ela permite a representação em planta dos limites de uma propriedade dos detalhes que estão em seu interior cercas construções campos cultivados e benfeitorias em geral córregos vales espigões etc O levantamento dos dados é realizado pela obtenção de distâncias e ângulos por meio dos quais é possível a determinação dos seguintes dados Coordenadas X Y e Z Áreas Volumes Perímetros Além disso os levantamentos podem ser obtidos por meio de métodos plani métricos ou altimétricos Levantamento planimétrico É o levantamento da área de estudo para uma representação plana sem consi derar o relevo local Nesse tipo de levantamento são representados os limites do lote perímetro área construções estradas rios etc Diversos tipos de equi pamentos e técnicas podem ser utilizados para esse tipo de levantamento cujos dados obtidos são os ângulos horizontais e as distâncias horizontais A represen tação dos dados será sempre referente ao plano de estudo perpendicular ao eixo gravitacional terrestre e será em uma folha representado um plano com uma vista superior As coordenadas trabalhadas nesse tipo de levantamento serão referentes apenas aos eixos X e Y De acordo com Borges 2003 p 13 na planimetria são medidas as gran dezas sobre um plano horizontal Essas grandezas são as distâncias e os ângulos portanto as distâncias horizontais e os ângulos horizontais Levantamento altimétrico Na altimetria o objetivo é determinar os relevos do terreno e obter suas alti tudes referentes a uma superfície de referência que o profissional adotou seja por um ponto de altura conhecida seja por alguma referência necessária para Conhecendo os Principais Métodos para a Realização de Levantamentos Planialtimétricos Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 155 a realização de um projeto Por exemplo a altura de um meiofio é importante para o engenheiro saber a que altura tem que ficar o seu projeto Nesse levan tamento são medidas grandezas como distâncias verticais e ângulos verticais para uma posterior definição de alturas diferenças de alturas e cotas A representação cartográfica da altimetria é feita por meio de isolinhas cha madas de curvas de nível Figura 13 que mostram em um plano como é a variação do relevo fornecendo informações que possibilitam verificar os pon tos mais altos ou mais baixos do terreno em estudo os pontos de alagamento e as inclinações do relevo Figura 13 Curvas de nível Fonte os autores As coordenadas trabalhadas nesse tipo de levantamento serão referentes apenas ao eixo da altitude Z de acordo com Borges 2003 p 2 Pela altimetria fazemos as medições das distâncias e dos ângulos verticais que na planta não podem ser representados Por essa razão a altimetria usa como representação a vista lateral ou perfil ou corte ou elevação os detalhes da altimetria são representados sobre um plano vertical PROJEÇÕES CARTOGRÁFICAS E REPRESENTAÇÃO DO RELEVO Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV U N I D A D E 156 Levantamento planialtimétrico O levantamento planialtimétrico consiste na união dos levantamentos altimétrico e planimétrico tendo como objetivo a determinação das três coordenadas X Y e Z No levantamento planialtimétrico são levantados os valores dos ângulos horizontais dos ângulos verticais e das distâncias inclinadas Com esses dados ainda podemos obter por meio de cálculos ou equipamentos de medições as distâncias horizontais e as cotas e diferenças de alturas entre pontos Esse é o levantamento mais importante para a elaboração de cartas que mostram todas as dimensões possíveis de se cartografar Com os dados desse tipo de levan tamento é possível verificar todo o comportamento do terreno definir as formas de relevo definir a declividade do terreno verificar seu posicionamento dentro da zona de luminosidade além de possibilitar a determinação da altitude de qualquer ponto dentro da cartamapa Ademais é possível observar a posição dos elemen tos planimétricos como rios estradas cidades quadras e entre outros elementos Representação e Leitura do Relevo na Cartografia Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 157 REPRESENTAÇÃO E LEITURA DO RELEVO NA CARTOGRAFIA De acordo com Keates 1989 o relevo é caracterizado pelos valores da altitude e da declividade A utilização das curvas de nível para a representação dessas carac terísticas é uma invenção moderna resultado do avanço científico da Matemática e da Geometria De acordo com Imhof 2007 o relevo tem sido objeto de repre sentação na Cartografia desde os mapas mais antigos De maneira geral algumas estratégias para representálo podem ser sintetizadas pela Figura 14 PROJEÇÕES CARTOGRÁFICAS E REPRESENTAÇÃO DO RELEVO Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV U N I D A D E 158 Figura 14 Formas de representação do relevo Fonte adaptada de Imhof 2007 As mais antigas e comuns representações de montanhas na Cartografia eram em forma de montes formas simples uniformes mostrando apenas um lado do fenômeno em um domo de forma regular Quando representadas em fileiras as montanhas eram orientadas perpendicularmente ao eixo dos vales IMHOF 2007 A representação da declividade era simulada por hachuras em manchas na Idade Média sem a fidedignidade com as feições encontradas no território A partir do século XV o uso de domos regulares começou a ser abandonado e a representação das montanhas começou a ser orientada ao ponto de vista do observador Os símbolos simplesmente sobrepostos começaram a ser representados como massas montanhosas Representação e Leitura do Relevo na Cartografia Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 159 estendidas as chamadas escamas de peixe No século XVI o uso de formas volu mosas em conjunto com a iluminação tornouse muito presentes IMHOF 2007 As isolinhas de altitude são recursos que demandaram o desenvolvimento da Matemática e da Geometria para o seu desenvolvimento Elas foram desenvolvidas no século XVII apesar de somente serem extensivamente utilizadas duzentos anos depois do seu surgimento IMHOF 2007 De acordo com DSG 1998 a curva de nível é uma linha contínua e fechada que representa na carta a sucessão dos pontos de mesma altitude de uma elevação referidos ao datum vertical estabelecido As curvas de nível são mais próximas de onde as declividades forem maiores de tal modo que em áreas montanhosas formarão superfícies mais escurecidas no mapa RAISZ 1969 Duas curvas de nível jamais se cruzam caso isso ocorra é indicação de erro em sua representação A Figura 15 ilustra alguns exemplos de como são representadas em curvas de nível algumas feições do relevo Figura 15 Representação das feições de diferentes relevos pelas curvas de nível Fonte Linguagem Geográfica 2017 online⁵ PROJEÇÕES CARTOGRÁFICAS E REPRESENTAÇÃO DO RELEVO Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV U N I D A D E 160 Uma mesma carta topográfica pode apresentar curvas de nível com espessuras diferentes o que significa a presença de curvas mestras e ordinárias As primei ras aparecem em intervalos maiores com diferenças de altitudes de 50 em 50 metros ou de 100 em 100 metros As curvas de menor espessura com espaça mento menores são denominadas ordinárias SANCHEZ 1975 CONSTRUÇÃO E LEITURA DE PERFIS TOPOGRÁFICOS O perfil topográfico é um recurso muito útil para visualizar como se comporta o relevo em um determinado corte longitudinal Como pode ser verificado na figura a seguir as duas situações apresentam um mesmo desnível de 40 metros mas o desnível da Situação 1 é muito menos suave pois essa diferença está dis tribuída em uma distância mais curta se compararmos à Situação 2 Para os estudos geográficos essa visualização da declividade do terreno pode ser muito útil sobretudo para o planejamento ambiental na análise de áreas de risco para a habitação ou ainda para identificar relações entre o tipo de solo e as condi ções para o desenvolvimento Situação 1 Situação 2 A 50 50 40 30 20 10 50 40 30 20 10 50 40 30 30 20 10 10 B C D m A B C D m Figura 16 Cortes longitudinais expressos em perfis topográficos Fonte adaptada de Sanchez 1975 Representação e Leitura do Relevo na Cartografia Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 161 A construção de um perfil topográfico a partir das curvas de nível exige alguns cuidados sobretudo na interpretação dos valores altimétricos e na definição do exagero vertical da escala Contudo veremos passo a passo de como realizar a construção desse tipo de perfil A construção de um perfil topográfico exige evidentemente que se disponha de alguns instrumentos básicos para a realização da representação É necessária a utilização de uma régua lápis ou preferencialmente uma lapiseira de ponta fina borracha e folha de papel milimetrado O uso de softwares para a elabo ração de perfis dispensa esses aparatos analógicos mas é importante dominar essas técnicas porque podem ser facilmente replicadas em sala de aula 1º passo Identificação e desenho do segmento de reta que será representado A primeira etapa na construção de um perfil topográfico é a determinação do alinhamento que será retratado A escolha deve ser pautada de acordo com as necessidades do usuário ou seja não existe uma regra fixa para determinar o comprimento ou a direção de uma linha Para fins didáticos optamos por cons truir o perfil do alinhamento AB expresso na figura a seguir Nesse sentido após a escolha do local a ser representado trace com o auxílio de uma régua e do lápis a trajetória do perfil Figura 17 Determinação da linha em que será realizado o perfil Fonte os autores PROJEÇÕES CARTOGRÁFICAS E REPRESENTAÇÃO DO RELEVO Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV U N I D A D E 162 Perceba caroa alunoa que a linha em questão realiza o cruzamento com diversas curvas de nível sendo a de maior valor a de 980 metros e a de menor altitude 880 metros A amplitude do declive é portanto de 100 metros Se ado tarmos a escala original da carta de 125000 para representar esse declive de 100 metros ele corresponderia a uma distância vertical de 04 cm tornando nosso perfil com uma diferença de altitude muito discreta O segundo passo portanto é encontrar uma escala vertical para a altitude diferente da escala horizontal 2 passo Definição da escala vertical e do exagero Denominamos exagero da escala vertical a diferença de proporção existente entre essa escala em relação à escala horizontal Não há uma regra fixa para a determi nação desse exagero o que demanda a experiência e o interesse do autor do perfil em definir o seu valor numérico No caso do exemplo adotado em que existe uma amplitude de altitude de 100 metros podemos escolher representar essa ampli tude em um espaço de 05 cm para cada valor de altitude da curva de nível isto é a cada 20 metros de diferença expressase em meio centímetro verticalmente no papel entre um ponto e outro Para achar o valor dessa escala vertical basta utili zar a fórmula de determinação da escala cartográfica já estudada na Unidade II 05 5 20 20000 4000 d E D cm mm i E m mm Você pode realizar o download de diversas cartas topográficas gratuita mente no site do IBGE Basta acessar o link disponível a seguir httpswww ibgegovbrgeocienciasnovoportalcartasemapasfolhastopograficas 15809folhasdacartadobrasilhtmledicao16042tacessoaoproduto Fonte os autores Representação e Leitura do Relevo na Cartografia Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 163 Nesse caso identificamos que o valor da escala vertical é de 14000 Para cal cular o exagero da escala vertical basta dividir o valor dos denominadores da escala horizontal pela vertical 25000 625 Exagero 4000 Portanto o exagero da escala vertical foi de 625 3 passo Transposição dos pontos da carta para o perfil Depois de calcular o exagero da escala vertical a etapa seguinte consiste na trans posição dos pontos onde ocorreram o cruzamento com alguma curva de nível No caso podese usar o papel milimetrado para facilitar o procedimento man tendo a escala original na transposição do corte AB e estabelecendo a escala vertical de 14000 isto é meio centímetro corresponde a uma variação de 20 metros de altitude assim como está ilustrado na Figura 18 Muito cuidado neste momento caroa alunoa pois os pontos devem ser distribuídos verticalmente na altitude correspondente Figura 18 Transposição dos pontos para o papel milimetrado Fonte os autores PROJEÇÕES CARTOGRÁFICAS E REPRESENTAÇÃO DO RELEVO Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV U N I D A D E 164 4 Passo Ligar os pontos e complementar as informações do perfil O último passo consiste no traçado das linhas entre os pontos e a complementa ção das informações do perfil Nessa etapa final é muito importante não traçar as linhas de forma muito abrupta entre os pontos mas simular a suavidade na declinação natural do relevo É possível também indicar na cor azul a posição da lâmina dágua os valores das escalas e a orientação assim como mostra a Figura 19 980 960 940 920 900 880 980 960 940 920 900 880 metros metros Escala vertical 14000 Escala horizontal 125000 A B N A B Figura 19 Finalizando o perfil topográfico Fonte os autores Além de indicar a presença de um curso dágua o perfil topográfico também pode conter informações complementares como o uso do solo a indicação dos limites administrativos ou ainda o tipo de vegetação existente Nesse caso não pode mos esquecer de indicar por meio da legenda os seus respectivos significados CONSIDERAÇÕES FINAIS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 165 CONSIDERAÇÕES FINAIS Nesta unidade estudamos o que são as projeções cartográficas quais são suas propriedades e seus papéis no auxílio da Cartografia na representação da super fície curva do planeta Terra em uma superfície plana Aprendemos que a partir da projeção de Mercator diversas foram as soluções propostas para este pro blema cada qual preservando e deformando alguma característica espacial as formas os ângulos as distâncias as direções ou a distribuição de um erro con trolado entre todas essas propriedades Estudamos também os meios de classificarmos as projeções cartográfi cas quanto ao tipo de superfície de projeção Ao adotarmos o cone cilindro ou plano estamos favorecendo algum tipo de área geográfica bem como um tipo de distorção que nosso produto cartográfico acarretará em sua representação Conhecemos ao longo desta unidade os principais ramos e as técnicas empre gadas no levantamento de dados que são representados pela Cartografia para posteriormente estudarmos as principais formas de representação do relevo Na Cartografia o relevo é representado sobretudo no que se refere à sua altitude e declividade o que motivou o desenvolvimento e o aprimoramento de diversas estratégias por parte dos pesquisadores A curva de nível é o recurso mais moderno para a representação do relevo pois permite uma visualização mais exata da superfície terrestre A partir dela aprendemos quais são os seus tipos de traçados e como transportálas para os perfis topográficos a fim de compreendermos em uma visão vertical como a altitude e a declividade se comportam Esperamos que esta unidade tenha auxiliado no amadurecimento de sua prática profissional e que você possa trabalhar com uma gama maior de recur sos da Cartografia 166 1 Em relação às projeções cartográficas e suas propriedades analise as afirma ções I Na projeção de Goode as áreas onde predominam as massas oceânicas são descontínuas II A projeção de Mercator é considerada afilática pois os ângulos e a forma são alterados III Na projeção cônica os meridianos convergem para um dos polos e os para lelos são semicírculos IV A projeção cônica é preferencialmente utilizada para a representação de todo o globo terrestre pois não possui distorção É correto o que se afirma em a I e II apenas b I e III apenas c II e III apenas d I II e III apenas e II III e IV apenas 2 A construção de um perfil topográfico exige na maioria das vezes a adoção de um exagero na definição de uma das escalas para que se visualize adequada mente a variação altimétrica do relevo Assinale a alternativa que corresponde ao tipo de escala em questão a Escala horizontal b Escala de mensuração c Escala numérica d Escala vertical e Escala altimétrica 3 A partir da representação exposta na figura a seguir analise as afirmações e as julgue com V para as Verdadeiras e F para as Falsas 167 Ri o d o s Í n d i o s A 500 600 642 B N A curva de nível de maior valor corresponde a de 640 metros O fragmento apresenta duas curvas mestras e sete ordinárias A amplitude do perfil AB é de 120 metros A jusante do Rio dos Índios está orientada para o Sul O perfil AB mostraria os mesmos valores das curvas de nível do perfil BA A sequência correta é a V V F V F b F F V V F c V F F V V d F V F F F e V V F F V 4 A cartografia busca representar graficamente a superfície terrestre porém a transformação dessa superfície real curva em uma superfície representada de forma plana acaba gerando uma série de distorções de forma ou de ângulo nos mapas Para minimizar esses erros foram criadas as projeções cartográficas sendo que cada tipo de projeção possui uma propriedade específica quanto ao erro de representação Liste e explique as propriedades de erros na projeção cartográfica 5 A representação do relevo é uma das principais preocupações da Cartografia Considerando as diferentes estratégias adotadas para a sua representação in dique três vantagens que o traçado das curvas de nível possui em relação às formas de representação mais antigas 168 As diferentes e múltiplas Tecnologias de Comunicação e Informação TCIs que per meiam o dia a dia dos educandos como computador celular câmera fotográfica Inter net são tecnologias usadas pelos adolescentes em idade escolar para brincar jogar tro car e receber mensagens dos amigos o que possibilita conforme descreve Kenski 2004 p 100 outras lógicas de compreensão do mundo de apropriação das informações de relacionamento e convívio interpessoal e de participação A Cartografia ensinada nas escolas deve ultrapassar a localização dos fenômenos geo gráficos tornandose uma linguagem que desperta interesse e motivação aos alunos para além da sala de aula A facilidade e o entusiasmo dos alunos em manusear tecno logias digitais possibilita ao professor utilizar geotecnologias como imagem de satélite GPS e SIG e ainda recursos de multimídia aplicados a Cartografia para facilitar a identi ficação como também relacionar elementos naturais e socioeconômicos presentes na superfície terrestre o que melhora o entendimento da realidade da complexidade e do dinamismo do espaço geográfico É preciso que as metodologias no ensino básico sejam repensadas de modo que con templem recursos digitais associados a representação espacial em meio analógico e com isso favoreçam a leitura e a construção de representações espaciais a partir da le genda orientação coordenadas geográficas escala que são elementos fundamentais para o uso da linguagem gráfica somase a necessidade de proporcionar aos professo res oportunidades tanto em termos de cursos de capacitação como infraestrutura nas escolas para trabalhar com essas novas ferramentas A disponibilidade gratuita na Internet de geotecnologias somada a facilidade por exem plo do educando para obter foto ou registrar vídeo e som de uma dada área da super fície terrestre através dos seus smartphones contribuem para desenvolver a Educação Ambiental considerando o aluno como protagonista do processo de ensinoaprendi zagem sob a mediação do professor por meio de atividades que contribuam para a formação de cidadãos conscientes das suas ações e atitudes em meio a degradação e a exaustão dos recursos naturais O uso da linguagem cartográfica na Educação Ambiental através da utilização de da dos e informações obtidas em formato multimídia observações levantadas em campo também com o uso do GPS juntamente com o SIG Web possibilita ao aluno representar cartograficamente o meio ambiente a partir do contato físico com o meio que se viven cia e experimenta A integração entre Meio Ambiente e Cartografia oferece aos alunos possibilidades para representar fenômenos geográficos concomitantemente em seus aspectos físicos e sociais desde a percepção socioambiental do seu cotidiano até a cor relação com outras escalas espaciais e temporais Fonte Sousa e Maio 2014 p 02 Material Complementar MATERIAL COMPLEMENTAR Fundamentos de orientação cartografia e navegação terrestre Raul M P Friedmann Editora Editora UTFPR Sinopse aprender a usar adequadamente bússolas em qualquer situação abre muitas portas Ler e interpretar mapas dos mais variados tipos abre muitas outras portas Além disso saber utilizar receptores GPS de qualquer tipo escancara de uma vez muitas outras mais Saber usar tudo isso conjuntamente descortina tantas e tão variadas possibilidades das quais seria difícil fazer uma relação completa Na obra Fundamentos de Orientação Cartografia e Navegação Terrestrevocê aprenderá a utilizar instrumentos para sua orientação na exploração do espaço sejam antigos ou modernos O site Map Projection Transition apresenta de forma fácil e prática como diferentes projeções cartográficas transformam a representação da superfície terrestre Web httpswwwjasondaviescommapstransition REFERÊNCIAS BORGES A C Topografia aplicada à Engenharia Civil São Paulo Blucher 2013 DSG Manual Técnico de Convenções Cartográficas T34 700 Primeira Parte Normas para o emprego dos símbolos 2 ed Sl sn 1998 GASPAR J A Cartas e projecções cartográficas 3 ed Lisboa Lidel 2005 IBGE Noções Básicas de Cartografia Rio de Janeiro IBGE 1998 IMHOF E Cartographic relief presentation Redlands ESRI Press 2007 KEATES J Cartographic design and production 2 ed New York Longman Scien tific Technical 1989 RAISZ E Cartografia Geral Rio de Janeiro Científica 1969 SANCHEZ M C Perfis topográficos características e técnicas de construção Notí cias Geomorfológicas v 15 n 29 p 6781 1975 SOUSA I B de MAIO A C di Tecnologias aplicadas a cartografia na educação am biental uma experiência no segundo segmento do Ensino Fundamental In CON GRESSO BRASILEIRO DE CARTOGRAFIA 26 2014 Gramado Anais Gramado Universidade Federal Fluminense 2014 REFERÊNCIAS 171 REFERÊNCIAS ONLINE 1 Em httpscommonswikimediaorgwikiFileMollweideprojectionSWjpg Acesso em 19 jul 2019 2 Em httpsbrasilescolauolcombrgeografiaprojecoescartograficas Acesso em 19 jul 2019 3 Em httpsuploadwikimediaorgwikipediacommons77aNetzentwuerfePe terspng Acesso em 19 jul 2019 4 Em httpwikipediaqwikacomen2ptGoodehomolosineprojection Acesso em 19 jul 2019 5 Em httplinguagemgeograficablogspotcom201707comolerascurvasde niveldeumahtml Acesso em 14 jun 2019 GABARITO 1 B 2 D 3 E 4 As projeções podem ser classificadas de acordo com os erros em conformes equivalentes equidistantes e afiláticas Nas projeções conformes os ângulos serão conservados mas as áreas exibirão deformações incompatíveis com a su perfície terrestre Já as projeções equivalentes preservam as áreas do desenho porém os ângulos serão deformados Nas projeções equidistantes são preserva das as distâncias entre alguns pontos Já nas projeções afiláticas os ângulos e as áreas são deformados mas dentro de um limite de erro 5 Permitem calcular com exatidão a declividade do terreno Além disso possibili tam identificar com um nível alto de detalhamento as altitudes do relevo bem como permitem elaborar representações alternativas como o perfil topográfico para complementar a visualização das altitudes UNIDADE V Prof Me Estevão Pastori Garbin Prof Me Thiago César Frediani SantAna FUSOS HORÁRIOS E SISTEMAS DE INFORMAÇÃO GEOGRÁFICA Objetivos de Aprendizagem Compreender o princípio e o cálculo dos fusos horários Compreender o papel e as potencialidades dos Sistemas de Informação Geográfica SIG Plano de Estudo A seguir apresentamse os tópicos que você estudará nesta unidade Fusos Horários O papel dos Sistemas de Informação Geográfica SIG INTRODUÇÃO Caroa alunoa nesta última unidade estudaremos dois conteúdos muito pre sentes no ensino de Geografia e que pelo crescente processo evolutivo dos meios tecnológicos e de transporte têm se tornado mais concretos para um número cada vez maior de pessoas os fusos horários e os Sistemas de Informação Geográfica Os fusos horários são recursos desenvolvidos e disseminados no século XIX na Europa e nos Estados Unidos como uma forma de integrar em um sistema internacional os horários e as datas de acordo com a distância aparente do Sol no horizonte a fim de facilitar a conversão de horários entre países geografica mente distantes Essa necessidade tornouse latente pela crescente integração da economia mundial que desde a Primeira Revolução Industrial tem experimen tado um fenômeno de encurtamento das distâncias pelos meios de transporte e comunicação exigindo que os países se organizassem para tornar o horário civil transponível entre as nações Nesse sentido vamos aprender como se organizam os fusos horários como realizar os cálculos para a obtenção das datas e de que forma os meridianos participam desse processo de organização do tempo terrestre Em seguida estudaremos os impactos que as tecnologias computacionais trouxeram para a Cartografia tornandoa digital Logo entenderemos o que é o geoprocessamento e quais são as potencialidades ilustradas pelos Sistemas de Informação Geográfica SIG Esses sistemas são capazes de armazenar anali sar e representar cartograficamente os dados posicionais estando integrados nas atividades de planejamento urbano ambiental de prospecção e afins como recurso tecnológico indispensável na contemporaneidade Como resultado você será capaz de integrar todas as discussões teóricas apreendidas ao longo deste livro e as colocará em uma nova perspectiva refle tindo sobre como as tecnologias computacionais podem promover uma nova escala de análise na localização correlação e síntese de novos conhecimentos Esperamos que esta unidade seja um diferencial na sua formação acadêmica em Geografia Bons estudos Introdução Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 175 FUSOS HORÁRIOS E SISTEMAS DE INFORMAÇÃO GEOGRÁFICA Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V U N I D A D E 176 FUSOS HORÁRIOS Caroa alunoaassim como percebemos ao longo das unidades anteriores a Cartografia é um saber que interfere diretamente no nosso dia a dia Um dos reflexos do seu uso e que percebemos claramente ao nos deslocarmos pelo espaço em grandes distâncias é a adoção de um sistema de fusos horários isto é de par celas dos territórios brasileiro e mundial que adotam um mesmo horário legal para a organização das atividades diárias O princípio que justifica a existência de fusos horários é simples dada a esfe ricidade da Terra sua superfície recebe a luz solar de forma desigual e em tempos diferentes ao longo do seu processo de rotação diária Pelo fato de que nossas socie dades se organizam para aproveitar ao máximo a luz solar no desenvolvimento das atividades cotidianas e considerando a crescente interação das atividades econômicas buscouse organizar um sistema de fusos horários para que fosse possível calcular o horário legal entre duas regiões distantes ao mesmo tempo Considerando o fato que a Terra leva em média 24 horas para realizar o movimento de rotação completo sobre o próprio eixo dividiuse o valor em Fusos Horários Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 177 graus da esfera terrestre 360º pelas 24 horas do dia legal e se determinou que a cada hora a Terra realiza um movimento de rotação de aproximadamente 15º Como você deve se lembrar cada ponto da superfície terrestre que varia no sentido lesteoeste apresenta um valor de longitude diferente sendo os fusos horários formados por intervalos de 15 que variam longitudinalmente inde pendentemente do valor da latitude variação no eixo nortesul assim como você pode conferir na Figura 1 0 1 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 2 3 4 5 6 7 8 9 11 10 12 0 60 60 120 120 180 180 0 30 30 60 60 90 90 Meridiano de Greenwich GMT Brasília Buenos Aires Cidade do México Lima Washington Los Angeles Ottawa Paris Madrid Londres Trípole Moscou Argel Reykjavik Adis Abeba Riad Cairo Luanda Nairóbi Niamei Cidade do Cabo Maputo Dacar Melbourne Jacarta Teerã Manila Bucareste Astana Nova Délhi Vancouver Bogotá Georgetown Seul Tóquio Beijing Nova Iorque Sydney Hong Kong Berlim Cabo Verde Açores Is Madeira Is Canárias IsAleutas IsTonga Is Malvinas IsHavaí IsGalápagos IsPitcairn IsFiji Fuso Horário Civil 2018 wwwibgegovbr 0800 721 8181 d e ata d la ret na oic n ni a niL h oic nado arf oirár o H Fonte 1 World map of time zones Taunton United Kingdom Hydrographic Office HM Nautical Almanac Office HMNAO Aug 2018 Disponível em httpastroukhogovuknaomiscellaneaWMTZ Acesso em out 2018 2 Atlas geográfico 3 ed Rio de Janeiro IBGE 1986 PROJEÇÃO DE ROBINSON 70 140km 0 Figura 1 Os fusos horários no mundo Fonte adaptado de IBGE 2018 online1 Como você pode perceber caroa alunoa os fusos horários não são estabelecidos de maneira absolutamente linear sobretudo quando passa por áreas continentais Isso acontece para facilitar a organização e a sincronicidade dos horários em um mesmo país ou região pois a divisão de um território nacional por exemplo com mais de um horário legal pode dificultar a dinâmica econômica espacialmente Evidentemente países com grandes dimensões longitudinais como o Brasil os Estados Unidos e a Rússia adotam mais de um fuso horário para seus territórios para evitar disparidade significativa na posição do sol no horizonte FUSOS HORÁRIOS E SISTEMAS DE INFORMAÇÃO GEOGRÁFICA Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V U N I D A D E 178 Atualmente o Brasil apresenta quatro fusos horários em seu território O pri meiro fuso horário compreende as ilhas oceânicas à leste da costa brasileira como é o caso do arquipélago de Fernando de Noronha por exemplo O segundo fuso horário compreende as regiões sul sudeste nordeste os estados de Goiás Tocantins Pará e Amapá bem como o Distrito Federal O terceiro fuso horário compreende os estados de Mato Grosso do Sul Mato Grosso Rondônia Roraima e quase todo o estado do Amazonas Por fim o quarto fuso horário brasileiro corresponde ao estado do Acre e parte do estado do Amazonas Ele foi extinto em 2008 e recriado em 2013 Cada país tem autonomia para determinar a quantidade de fusos e qual é o limite exato de um fuso horário em seu território mas todos os fusos estão organiza dos dentro de um sistema internacional para a determinação da data Nesse sistema considerase que o meridiano de referência para o cálculo do horário corresponde ao fuso do Meridiano de Greenwich 0º de tal modo que seu antimeridiano que cor responde ao de 180º seja denominado de Linha Internacional de Mudança de Data Se nos deslocarmos do meridiano de origem para o sentido leste convencio nouse que as horas legais devem ter uma hora de acréscimo a cada um dos 12 fusos sendo o número de horas acrescidas após a sigla GMT Greenwich Mean Time ou Hora Média de Greenwich com um sinal de Se nos deslocarmos para oeste subtraise uma hora a cada um dos 12 fusos indicado pela sigla GMT com um sinal de e a quantidade de fusos percorridos Logo percebemos que há um intervalo de 24 horas de um extremo do último fuso de leste GMT 12 com o último fuso a oeste GMT 12 cujo limite coincide com a Linha Quando realizamos viagens de longas distâncias percorrendo mais de dois fusos horários é comum sentirmos insônia falta de apetite e irritabilidade Esses são alguns dos sintomas do Jet Lag condição causada pelo descom passo do nosso relógio biológico com a hora local Fonte os autores Fusos Horários Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 179 Internacional de Mudança de Data Essa linha é fundamental no ordenamento da data porque dependendo do sentido na qual é transposta são acrescentados ou subtraídos vinte e quatro horas para o ajuste da hora legal No caso do Brasil por estar a oeste do Meridiano de Greenwich há uma diminuição de uma hora a cada fuso percorrido no sentido lesteoeste ou seja todo o território brasileiro está atrasado em relação ao meridiano de origem do sistema Entretanto esse atraso varia a depender do fuso horário do Brasil o primeiro está duas horas atrasado em relação ao fuso de origem GMT 2 o segundo fuso está três horas atrasado GMT 3 o terceiro quatro horas GMT 4 enquanto o quarto fuso está com cinco horas de atraso GMT 5 assim como mostra a Figura 2 OC EA N O ATLÂN T I C O O CE AN O ATL ÂNTI CO OCEANO PACÍFICO 4 horas 5 horas 3 horas 2 horas 30 O 30 O 40 O 40 O 50 O 50 O 60 O 60 O 70 O 70 O Linha do Equador 0 10 S 10 S 20 S 20 S 30 S 30 S Trópico de Capricórnio PERU BOLIVIA ARGENTINA CHILE PARAGUAI VENEZUELA COLÔMBIA URUGUAI GUIANA FRANCESA SURINAME GUIANA Arquipélago de São Pedro e São Paulo Arquipélago de Fernando de Noronha Ilha de Trindade Ilha de Martin Vaz Atol das Rocas PARÁ AMAZONAS BAHIA MATO GROSSO GOIÁS PIAUÍ MINAS GERAIS ACRE PARANÁ RONDÔNIA MARANHÃO TOCANTINS RORAIMA CEARÁ SÃO PAULO AMAPÁ MATO GROSSO DO SUL RIO GRANDE DO SUL PENAMBUCO PARAÍBA SANTA CATARINA ALAGOAS ESPÍRITO SANTO RIO DE JANEIRO SERGIPE RIO GRANDE DO NORTE DISTRITO FEDERAL N S L O Projeção Policônica 0 260 130 km Fonte 3 Brasil Lei n 12876 de 30 de outubro de 2013 Altera o decreto n 2784 de 18 de junho de 1913 para estabelecer os fusos horários do estado do Acre e de parte do estado do Amazonas e revoga a lei n 11662 de 24 de abril de 2008 Diário Oficial da União Brasília DF ano 150 n 212 31 out 2013 Seção 1 p 1 Disponível em httpwwwplanaltogovbrccivil03Ato201120142013LeiL12876htm Acesso em out 2018 o Fuso horário civil 2018 wwwibgegovbr 0800 721 8181 Figura 2 Distribuição dos fusos horários brasileiros Fonte adaptado de IBGE 2018 online2 O Brasil faz parte do grupo de países que alteram seus fusos horários para maior aproveitamento da luz solar durante os meses do verão Atualmente o Horário Brasileiro de Verão pode ser adotado pelos estados e onde é adotado tem início no terceiro domingo de outubro e encerrase no terceiro domingo de fevereiro FUSOS HORÁRIOS E SISTEMAS DE INFORMAÇÃO GEOGRÁFICA Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V U N I D A D E 180 exceto quando o terceiro domingo de fevereiro coincidir com o domingo de Carnaval transferindoo para o domingo seguinte Nesse período os relógios devem ser adiantados em uma hora CALCULANDO OS FUSOSHORÁRIOS O cálculo do horário legal em fusos horários diferentes não é uma tarefa matemati camente complexa mas exige certa atenção e cuidado na interpretação e resolução do problema Assim alguns pressupostos básicos devem estar bem fixados 1 Todas as localidades dentro de um mesmo fuso compartilham um mesmo horário legal 2 As localidades presentes em fusos a leste sempre terão um horário uni versal adiantado em relação às localidades em fusos a oeste 3 Caso a Linha Internacional da Data seja atravessada de leste para oeste devese diminuir um dia Caso seja atravessada de oeste para leste deve se acrescentar um dia para a determinação da data Diante desses três pressupostos básicos analisaremos algumas situações concre tas para a determinação do horário legal em duas localidades distintas a Determinar o horário entre duas localidades O problema mais básico de fuso horário é o cálculo de quantas horas os relógios de duas localidades distintas estão marcando Para obter o resultado basta cal cular quantos fusos horários de diferença estão entre as localidades bem como Será que os ganhos econômicos causados pelo horário de verão são real mente significativos nos dias de hoje Fusos Horários Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 181 a determinação se a segunda localidade está à leste ou oeste Caso esteja à leste a diferença dos fusos horários deve ser somada à hora do ponto de origem caso esteja a oeste do ponto de origem deve ser feita uma subtração Por exemplo considere que são nove horas da manhã no horário local de Brasília GMT 3 Qual será o horário local em Tóquio GMT 9 O primeiro passo é determinar a diferença de fusos horários existentes entre Brasília e Tóquio Por estarem em hemisférios diferentes indicado pelo sinal de positivo em Tóquio isto é à direita de Greenwich e Brasília e negativo indicando oeste devese realizar uma operação de soma dos valores dos fusos em módulo ou seja independentemente dos sinais de ou que os acom panham obtendose o resultado de 12 horas de diferença Logo quando em Brasília os relógios marcarem 0900 em Tóquio será 2100 912 b Determinar o horário entre duas localidades considerando o tempo de realização de uma viagem O segundo tipo de problema mais comum na determinação do horário local é a utilização do tempo transcorrido em uma viagem somada à diferença natural dos fusos horários A resolução entretanto diferenciase da situação anterior pela soma do tempo de viagem ao horário local do destino Por exemplo um viajante saiu às 0800 de Paris GMT 1 com destino à cidade de Pequim na China GMT 8 Sabendo que o voo terá 10 horas de duração o viajante deverá ajustar seu relógio para qual horário local no destino O primeiro passo é determinar a diferença de fusos horários existentes entre Paris e Pequim Diferente do exemplo anterior tanto Paris quanto Pequim estão no mesmo hemisfério logo devese subtrair os valores em módulo das duas loca lidades 18 o que resulta em 7 horas de diferença Assim quando o horário local de Paris for 08 horas da manhã o horário local de Pequim será 1500 08h 7h pois a cidade de destino está à leste da cidade de origem O resultado final entretanto deve somar o tempo gasto pelo voo do viajante 10 horas resultando em um horário local do destino em 0100 do dia seguinte 15h do horário local 10h de tempo do voo 25 horas descontando 24 horas que é a quantidade de horas em um dia resultando em 01h do dia seguinte FUSOS HORÁRIOS E SISTEMAS DE INFORMAÇÃO GEOGRÁFICA Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V U N I D A D E 182 c Determinar o horário entre duas localidades considerando a realiza ção de uma viagem que atravessa a Linha Internacional de Mudança de Data O terceiro e último tipo de exercício mais comum sobre fusos horários envolve a traves sia da LID considerando ou não o tempo gasto de viagem Os procedimentos iniciais são idên ticos aos anteriores com a diferença que caso a LID seja atravessada no sentido lesteoeste devese diminuir 1 dia no cálculo da data ao passo que se for atravessada no sentido oeste leste devese acrescentar 1 dia no cálculo da data No entanto atenção lembrese de que a posição leste e oeste não é organizada entre o ponto de origem e de destino mas em relação ao Meridiano de Greenwich e hemisférios que variam 180º para leste e 180º para oeste Por exemplo observe as localidades A GMT12 e B GMT12 indicadas no mapa a seguir Considerando que na localidade A são 0800 do dia 30 de outubro qual é o horário e a data local do ponto B Figura 3 Pontos A e B separados pela Linha Internacional de Mudança da Data Fonte adaptada de Wikimedia Commons 2019 online3 Fusos Horários Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 183 O primeiro passo é reconhecer que os pontos A e B estão em hemisférios distin tos logo devese somar a diferença dos fusos entre as duas localidades GMT12 e GMT12 O resultado será 24 horas de diferença pois os valores devem estar em módulo O segundo procedimento é determinar se a localidade B está a leste ou a oeste de A para verificar se a diferença de 24 horas deve ser acrescida ou diminuída da hora local do ponto A Como você deve se lembrar a LID marca o limite dos hemisférios organizados a partir do Meridiano de Greenwich logo o ponto A está com um fuso horário mais adiantado em relação ao ponto B Nesse caso devese subtrair 24 horas do horário local de A para determinar o horário correspondente em B Assim quando na localidade A for 0800 do dia 30 de outubro na localidade B será 0800 do dia 29 de outubro Caso o exercício coloque em questão o tempo de deslocamento na realiza ção da viagem bastaria adicionar o valor ao horário local do destino FUSOS HORÁRIOS E SISTEMAS DE INFORMAÇÃO GEOGRÁFICA Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V U N I D A D E 184 O PAPEL DOS SISTEMAS DE INFORMAÇÃO GEOGRÁFICA SIG Além da organização e operacionalização dos fusos horários a Cartografia oferece uma vasta possibilidade na organização e no tratamento das informações geor referenciadas isto é as informações que estão atreladas a um dado posicional Com o desenvolvimento e a popularização dos computadores principalmente a partir da década de 1980 a Cartografia experimentou uma verdadeira revolu ção na capacidade de auxiliar a tomada de decisões espaciais sendo o principal representante dessas novas potencialidades os Sistemas de Informação Geográfica SIG a partir do Geoprocessamento De acordo com Câmara e Davis 2001 p 1 Nesse contexto o termo Geoprocessamento denota a disciplina do co nhecimento que utiliza técnicas matemáticas e computacionais para o tratamento da informação geográfica e que vem influenciando de ma neira crescente as áreas de Cartografia Análise de Recursos Naturais Transportes Comunicações Energia e Planejamento Urbano e Regio nal As ferramentas computacionais para Geoprocessamento chama das de Sistemas de Informação Geográfica permitem realizar análises O Papel dos Sistemas de Informação Geográfica Sig Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 185 complexas ao integrar dados de diversas fontes e ao criar bancos de dados georreferenciados Tornam ainda possível automatizar a produ ção de documentos cartográficos Os SIGs são sistemas informatizados utilizados para o processamento e a mani pulação de informações geográficas que utilizam métodos estatísticos e modelos matemáticos para realizar análises complexas e automatizar a elaboração de pro dutos cartográficos De acordo com Burrough e McDonnell 1998 os Sistemas de Informação Geográfica podem facilitar a fase da entrada de dados seu trata mento ou análise espacial bem como a produção de mapas De forma resumida podemos dizer que um SIG é um Sistema constituído por um conjunto de programas computacionais o qual integra dados equipamentos e pessoas com o objetivo de coletar ar mazenar recuperar manipular visualizar e analisar dados espacialmente referenciados a um sistema de coordenadas conhecido FITZ 2008 p 23 De acordo com Simielli 1999 há três níveis de operações desenvolvidas por meio dos mapas as quais os SIGs podem auxiliar na execução Embora sejam em quantidades distintas tais níveis são qualitativamente compatíveis com as quatro etapas propostas por DiBiase 1990 vistas na Unidade I quais sejam exploração confirmação síntese e apresentação O primeiro nível de uso do mapa é denominado localização e análise envolve o domínio por parte dos usuários das noções básicas da Cartografia cujas operações características é a localização dos fenômenos por meio das coordenadas geográficas bem como a correta leitura da legenda e a definição de sua orientação geográfica O segundo nível é denominado correlação caracterizado pela combinação de duas ou mais cartas de análise Nessa operação os usuários devem estabelecer relações entre dois ou mais fenômenos buscando algum tipo de correspondência que possa ser explorada exploração de hipóteses Os layers ou seja as cama das de informação são inseridos de maneira individual no sistema formando um conjunto de dados que podem ser sobrepostos conforme a necessidade do trabalho para favorecer a correlação das informações espaciais Essas cama das precisam passar por um processo de adequação para que todas possuam a mesma referência de superfície e a mesma projeção cartográfica FUSOS HORÁRIOS E SISTEMAS DE INFORMAÇÃO GEOGRÁFICA Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V U N I D A D E 186 Por fim o terceiro nível é o de síntese caracterizado pelas relações explora das entre os fenômenos correlacionados anteriormente e transformados a partir da geração de novos tipos ou categorias OS PRINCIPAIS MODELOS DE DADOS ESPACIAIS Os dados espaciais presentes em um SIG podem ser divididos em duas principais categorias salientando a natureza representacional Assim eles podem assumir uma natureza do tipo vetorial ou do tipo matricial O modelo vetorial é o mais utilizado dentro da Cartografia e consiste em representar os elementos a partir de vetores indicando a posição e a direção do fenômeno com o uso de pontos linhas e áreas permitindo que as posições e formas sejam as mais exatas possíveis Já o modelo matricial é caracterizado por condicionar as informações espaciais a uma grade prédefinida por células de tamanhos fixos limitando que os fenômenos espaciais sejam condicionados as feições das células Figura 4 Diferenças entre dados matriciais e vetoriais Fonte adaptada de Davis 1996 O Papel dos Sistemas de Informação Geográfica Sig Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 187 No exemplo exposto pela Figura 4 é feita a representação matricial e vetorial de um mesmo recorte espacial Notase que no modelo matricial cada célula é pre enchida com o valor correspondente ao tipo de fenômeno presente No segundo mapa as informações são representadas seguindo um modelo vetorial tornando mais exata espacialmente as informações Além da natureza dos dados espaciais é possível classificarmos tais dados de acordo com as formas principais De acordo com Câmara e Monteiro 2001 as cinco formas são dados temáticos dados cadastrais redes imagens e Modelos Numéricos de Terreno MNT Vejamos as características de cada forma de dados cartográficos Dados Temáticos Os dados temáticos descrevem a distribuição espacial de uma grandeza geo gráfica ou seja a localização espacial de um elemento específico Não há uma leitura de atributos mais complexos como área volume e outros dados cadas trais Geralmente esses dados são obtidos em campo ou de forma automatizada mediante o processamento de imagens de satélite Dados Cadastrais Um dado cadastral também descreve a distribuição espacial de uma grandeza geográfica porém distinguese de um dado temático pois cada um dos ele mentos é um objeto geográfico que possui atributos em uma tabela de dados e pode estar associado a várias representações gráficas Nesse tipo de dado além da representação gráfica desenho é elaborada uma tabela com diversos dados sobre o mesmo elemento a qual é incorporada à representação conforme ilus tra a Figura 5 FUSOS HORÁRIOS E SISTEMAS DE INFORMAÇÃO GEOGRÁFICA Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V U N I D A D E 188 País Brasil Argentina Chile PIB US bn Pop milhões 350 295 45 159 34 14 Figura 5 Dados temáticos do PIB e da População de alguns países da América do Sul Fonte Câmara e Davis 2001 Nessa representação há uma tabela de dados com informações estatísticas ane xada à representação cartográfica do mapa da América do Sul A partir dessa tabela é possível gerar outros mapas como o mapa do PIB na América do Sul ou o mapa da população da América do Sul Redes O conceito de rede está relacionado às informações associadas à interligação de elementos que se comportam de maneira integrada interdependente e continu amente sobre a superfície terrestre Podemos verificar esses tipos de informações no mapeamento das redes de distribuição de energia e água nas redes de drena gens como rios e córregos nos sistemas de transporte e entre outros Nesse tipo de dado cada objeto geográfico cabo telefônico transformador de rede elétrica cano de água rios possui uma localização geográfica exata e está sempre asso ciado a atributos descritivos presentes no banco de dados O Papel dos Sistemas de Informação Geográfica Sig Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 189 Figura 6 Exemplo de rede hidrográfica Fonte Wikimedia Commons 2019online⁴ Em geral nos mapas de hidrografia é possível verificar que os cursos dágua se conectam formando a rede de drenagem que flui de forma contínua sobre o território FUSOS HORÁRIOS E SISTEMAS DE INFORMAÇÃO GEOGRÁFICA Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V U N I D A D E 190 Imagem Obtidas por satélites fotografias aéreas ou outros sensores aerotransportados as imagens representam formas de captura indireta de informação espacial A imagem orbital fornece uma grande quantidade de informações da superfície como relevo hidrografia vegetação áreas urbanas áreas agrícolas e entre outras Todavia essas informações só se tornam cartográficas após um processo de inter pretação análise e desenho quando as informações que estavam representadas no conjunto da imagem são separadas em camadas distintas Figura 7 Exemplo de imagem composição colorida TMLANDSAT para a região de Manaus Fonte Câmara e Davis 2001 O Papel dos Sistemas de Informação Geográfica Sig Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 191 Modelo Numérico do Terreno MNT É utilizado para denotar a representação quantitativa de uma grandeza que varia continuamente no espaço Entre os usos de modelos numéricos do ter reno podemos citar a Armazenamento de dados de altimetria para gerar mapas topográficos b Análises para projeto de estradas e barragens c Cômputo de mapas de declividade e exposição para apoio a análises de geomorfologia e erodibilidade FUSOS HORÁRIOS E SISTEMAS DE INFORMAÇÃO GEOGRÁFICA Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V U N I D A D E 192 CONSIDERAÇÕES FINAIS Nesta unidade estudamos o princípio organizador dos fusos horários o seu papel na integração das atividades econômicas e as formas de realizar o seu cál culo Como percebemos essa estratégia foi desenvolvida no século XIX como um recurso para compensar as diferenças naturais existentes na posição do sol que regula as atividades humanas No caso específico do Brasil verificamos a coexistência de quatro fusos horários e que todos estão a oeste do Meridiano de Greenwich isto é todo o país tem as horas atrasadas em relação ao ponto de origem do sistema Em seguida estudamos o papel dos Sistemas de Informação Geográfica SIG como um componente significativo da Cartografia digital que desde os anos 1960 tem se aprimorado e ganhado maior relevância nas atividades que envolvem geoinformações Inicialmente esses sistemas eram pouco integrados desempenhando de maneira pouco eficaz suas tarefas mas apresentou uma forte evolução a partir da década de 1980 sendo capaz de armazenar dados espaciais realizar análises complexas e produzir mapas em uma velocidade significativa mente elevada Embora o geoprocessamento se figure como a última tendência nos estudos envolvendo mapas é importante ressaltar que todo o conhecimento teórico se faz necessário para que essa atividade não seja conduzida de maneira irrespon sável ou até mesmo errônea Embora as interfaces de usuário e a popularização dos computadores atraiam um número cada vez maior de usuários para esses softwares isso não significa que eles saibam os conteúdos básicos para criarem produtos cartográficos corretos e consistentes tanto do ponto de vista cartomé trico quanto semântico Esperamos que essas discussões sejam relevantes para que você caroa alunoa possa realizar as análises espaciais com o auxílio de SIGs da melhor maneira possível 193 1 Para um trabalho de planejamento urbano foram levantados os dados das quadras de uma cidade o que gerou um mapa temático de quadras Poste riormente foram coletados os dados de número de residências número de moradores e a área construída de cada quadra A tabela com esses dados foi anexada aos dados temáticos gerando uma carta cadastral das quadras Di ferencie os tipos de informações representadas nas cartas temáticas das infor mações representadas nas cartas cadastrais 2 Em um trabalho de pesquisa um acadêmico precisa elaborar o mapa de um bairro porém foi solicitado que fosse elaborada a carta vetorial e a matricial da mesma área Caracterize as formas de representação vetoriais e as formas de representação matricial 3 Um viajante saiu às 09 h de Brasília GMT 3 com destino à cidade de Pequim na China GMT 8 Sabendo que o voo terá 16 horas de duração o viajante deverá ajustar seu relógio para qual horário local no destino a 1100 b 1200 c 0000 d 1000 e 0100 4 Um turista brasileiro saiu do Rio de Janeiro às 12 h do dia 7 de dezembro com destino à cidade de Rio Branco no Acre Sabendo que a cidade de origem ado ta o horário de verão e a viagem durou 6 horas qual será o horário do desem barco do turista no destino a 1700 b 1600 c 1800 d 1900 e 1300 194 5 Os fusos horários têm como objetivo organizar o sistema do tempo civil e sur giu a partir do desenvolvimento dos meios de transporte oriundos da Revo lução Industrial Sobre sua organização julgue as afirmativas a seguir com V para as Verdadeiras e F para as Falsas Os fusos horários variam latitudinalmente A Linha Internacional de Mudança da Data corresponde ao antimeridiano de Greenwich O Brasil está todo a oeste de Greenwich isto é seu horário está sempre atra sado em relação aos países orientais Os fusos horários correspondem a uma convenção humana sem qualquer relação com os movimentos da Terra Atravessando a LID no sentido oesteleste subtraise 1 dia na data A sequência correta é a V F V F V b F V F V F c V V F F F d F F F V V e F V V F F 195 Numa visão retrospectiva e prospectiva sobre a tecnologia de SIG os autores conside ram a existência de três gerações de sistemas A primeira geração cujo desenvolvimento se inicia na década de 80 caracterizase por sistemas herdeiros da tradição de cartografia automatizada cujo suporte de bancos de dados é limitado alguns podem operar em conjunto com SGBD tabulares e cujo para digma típico de trabalho é o mapa chamado de cobertura ou de plano de informa ção Esta primeira geração de sistemas foi desenvolvida inicialmente para ambientes da classe VAX e a partir de 1985 para sistemas PCDOS A utilização desta classe de sis temas é principalmente em projetos isolados os levantamentos de inventário na maior parte das vezes não têm a preocupação de gerar arquivos digitais de dados A segunda geração de SIGs chegou ao mercado no início da década de 90 e caracteri zase por sistemas concebidos para uso em conjunto em ambientes clienteservidor Usualmente tais sistemas funcionam acoplados a gerenciadores de bancos de dados relacionais como ORACLE e INGRES e incluem pacotes adicionais para processamento de imagens Esta geração foi tipicamente desenvolvida em ambientes multiplataforma UNIX OS2 Windows com interfaces baseadas em janelas Podese prever para o final da década de 90 o aparecimento de uma terceira geração de SIGs Esta geração será herdeira do enorme interesse dos usuários em redes locais e remotas de computadores e no uso do WWW World Wide Web Para esta terceira geração o crescimento dos bancos de dados espaciais e a necessidade de seu comparti lhamento com outras instituições requer o recurso a tecnologias como bancos de dados distribuídos e federativos Estes sistemas deverão seguir os requisitos de interoperabili dade de maneira a permitir o acesso de informações espaciais por SIGs distintos Fonte Câmara e Freitas s d MATERIAL COMPLEMENTAR Fundamentos de Informação Geográfica João Matos Editora Lidel Sinopse esta obra destinase ao apoio no ensino das ciências da informação geográfica ao nível superior e de pósgraduação podendo servir como referência de conceitos fundamentais para profissionais e utilizadores de sistemas de informação geográfica O seu conteúdo reflete o corpo de conhecimento associado às ciências da informação geográfica abrangendo as matérias que são consideradas imprescindíveis para uma boa utilização prática REFERÊNCIAS 197 BURROUGH P A MCDONNELL R A Principles of geographical information sys tems Oxford Oxford University Press 1998 CÂMARA G MEDEIROS J S Princípios Básicos em geoprocessamento In Sistema de Informações Geográficas Aplicações na Agricultura 2 ed Brasília Embrapa 1998 CÂMARA G DAVIS C Introdução In CÂMARA G DAVIS C MONTEIRO A M V org Introdução à Ciência da Geoinformação São José dos Campos INPE 2001 p 15 CÂMARA G FREITAS U M Perspectivas em Sistemas de Informação Geo gráfica SIG sd Disponível em httpmtcm12sidinpebrcolsidinpebr iris1912200507200544doc1995camarapdf Acesso em 12 mar 2019 CÂMARA G MONTEIRO A M V Conceitos básicos em ciências da geoinforma ção In CÂMARA G DAVIS C MONTEIRO A M V org Introdução à Ciência da Geoinformação São José dos Campos INPE 2001 p 635 DAVIS B GIS a visual approach New York OnWord Press 1996 DIBIASE D Visualization in the Earth Sciences Earth and Mineral Science v 59 n 2 p 1318 1990 FITZ P R Geoprocessamento sem complicação São Paulo Oficina de Textos 2008 SIMIELLI M E R Cartografia no Ensino Fundamental e Médio In CARLOS A F A org A Geografia na Sala de Aula São Paulo Contexto 1999 p 92108 REFERÊNCIAS ONLINE 1 Em httpsatlasescolaribgegovbrimagesatlasmapasmundomundofuso horC3A1riocivilpdf Acesso em 25 jul 2019 2 Em httpsatlasescolaribgegovbrimagesatlasmapasbrasilbrasilfusohora riopdf Acesso em 26 jul 2019 3 Em httpsuploadwikimediaorgwikipediacommons661International DateLinepng Acesso em 22 jul 2019 4 Em httpsptwikipediaorgwikiBaciahidrogrC3A1ficamediaFileThe SourceoftheAmazonRiverjpg Acesso em 22 jul 2019 GABARITO 1 Nas cartas temáticas são apresentadas somente as informações de localização e identificação do atributo Já nas cartas cadastrais há a inserção de tabelas com dados quantitativos e qualitativos dos elementos cartografados 2 Os dados vetoriais apresentam a exata localização e forma dos elementos carto grafados enquanto nas representações matriciais os dados são distribuídos em células formadas por linhas e colunas Nesse caso não é possível determinar a exata forma dos dados cartografados 3 B 4 A 5 E CONCLUSÃO 199 Caroa alunoa neste livro estudamos um conjunto de conceitos elementares da Cartografia aplicada à Geografia Trabalhamos os mais básicos com a discus são sobre a história e sua importância as implicações na compreensão do espaço geográfico processo de sistematização e principais paradigmas de pesquisa A discussão buscou gerar um questionamento sobre o porquê da Cartografia no ensino e na prática geográfica bem como mostrar o papel da comunicação e vi sualização cartográfica na compreensão dos fenômenos naturais e sociais Em seguida apresentamos e qualificamos os principais produtos cartográficos as formas de representação gráfica e as aplicações para a Geografia Estudamos as etapas envolvidas no processo de construção da informação cartográfica e estabelecemos as relações matemáticas entre a representação o mapa e as di mensões reais dos fenômenos por meio da escala cartográfica Na terceira unidade estabelecemos uma relação entre a forma da Terra e os modos de representação dessa superfície Foi apresentado ainda como é uti lizada a bússola e a rosa dos ventos na orientação e nos cálculos dos rumos e azimutes Por fim estudamos o princípio das coordenadas geográficas sua finalidade e sua aplicação na Cartografia Na quarta unidade trabalhamos os métodos e os instrumentos usados para o levantamento em campo dos dados além das principais projeções cartográ ficas para transposição da superfície curva da Terra em uma superfície plana analógica Estudamos os principais meios de representação do relevo terrestre discutindo as estratégias para a criação de um perfil topográfico Para fechar nossos estudos aprendemos como calcular as diferenças de horário entre dois ou mais pontos em fusos distintos no planeta bem como os concei tos iniciais para o estudo dos Sistemas de Informação Geográfica SIG Essas discussões são relevantes na medida em que funcionam como uma preparação para o aprofundamento nos estudos sobre Geoprocessamento e para o Senso riamento Remoto Esperamos que a disciplina tenha contribuído para melhor compreensão do espaço geográfico e para a prática na elaboração de produtos cartográficos ANOTAÇÕES