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REVISTA Soc Bras Economia Política São Paulo nº 34 p 123162 fevereiro 2013 123 A racionalidade limitada de Herbert Simon na Microeconomia Ronivaldo Steingraber Ramon Garcia Fernandez Resumo Este artigo analisa a formação da teoria da racionalidade limitada de Herbert Simon e seus desdobramentos na Economia Diversos campos do conhecimento desconhecem esta teoria e criticam o descolamento da realidade da teoria neoclássica em relação ao comportamento maximizador adotado Este artigo contribui com a apresentação da evolução do conceito de racionalidade limitada em Simon e seu impacto na Eco nomia Tal impacto é verificado nas escolas ortodoxas como o desenvolvimento de teorias como a informação assimétrica risco moral second best e seleção adversa e em escolas heterodoxas como a schumpeteriana e evolucionária pós Keynesiana e institucionalistas Palavraschave racionalidade racionalidade limitada Herbert Simon satisficing Classificação JEL B21 B31 D01 Introdução Na economia antigos debates costumam ganhar importância após um longo tempo de esquecimento não com a mesma veemência ou no mesmo contexto mas com igual importância na formação das idéias da teoria econômica e da pesquisa empírica Um dos assuntos com grande Professor de Economia da UFSC Centro Socioeconômico da Universidade Federal de Santa Catarina Correio eletrônico ronivaldoufscgmailcom Professor de Economia UNIABC REVISTA Soc Bras Economia Política São Paulo nº 34 p 123162 fevereiro 2013 124 incidência de renascer das cinzas é o debate sobre a racionalidade dos agentes econômicos pertencente ao campo da microeconomia e com ampla aplicação nas demais áreas por se tratar de um tema metodoló gico básico como os indivíduos se comportam na teoriamodelo a ser considerado Este artigo tem o objetivo de apresentar o desenvolvimento do conceito de racionalidade limitada de Herbert Simon suas aplicações e limites como uma alternativa à teoria neoclássica de comportamento maximizador Outras teorias ortodoxas são apresentadas como resposta ao conceito de racionalidade limitada e serão discutidas em relação ao objetivo de responder Simon Evidências sobre o atual estado de de senvolvimento da teoria comportamental são apresentadas e concluise que a Economia ampliou a gama de conceitos sobre o comportamento dos agentes econômicos O desenvolvimento dos conceitos é apresen tado cronologicamente respeitando a evolução das ideias no campo da Economia O objetivo central deste artigo é contribuir com a discussão sobre o comportamento do indivíduo na microeconomia apresentando outras teorias concorrentes à racionalidade substantiva para áreas do conhe cimento que discutem aspectos de comportamento e decisão econômi cos mas criticam o posicionamento idealizador da teoria econômica identificando a evolução do debate de racionalidade na economia e o desenvolvimento atual deste debate que transborda para outras áreas do conhecimento Áreas como a Filosofia Ciências Sociais Relações Internacionais Administração Psicologia entre outras discutem com a Economia e a criticam em relação ao posicionamento restrito do com portamento humano Neste sentido a principal contribuição deste artigo é de apresentar a estas áreas do conhecimento as teorias concorrentes de caráter heterodoxo e críticas à corrente neoclássica que surgiram em função da pesquisa de racionalidade limitada de Herbert Simon e que são alternativas à racionalidade substantiva neoclássica que não aceita visões de comportamentos não perfeitos em seus modelos Apesar do caráter descritivo este artigo busca apresentar a evolu ção do pensamento econômico em relação ao comportamento dos agen tes econômicos e as principais teorias bem como suas conclusões e aplicações contribuindo com a discussão sobre como a Economia hoje REVISTA Soc Bras Economia Política São Paulo nº 34 p 123162 fevereiro 2013 125 possui novos conceitos sobre o comportamento humano e a forma como as decisões são tomadas A discussão inicial sobre o comportamento do indivíduo é tratada em relação à posse de informações denominada de racionalidade dos agentes econômicos A racionalidade envolve o conjunto de informações conhecimentos e hábitos a disposição do in divíduo e que formam a base lógica a qual permitirá ao mesmo tomar decisões agir e realizar estratégias Tradicionalmente a economia por meio da tradição neoclássica procurou modelar matematicamente o comportamento dos indivíduos consumidores empresas investidores entre outros Tal modelagem ampliou a capacidade de aplicação da teoria sob a forma de generali zação dos resultados e pressupostos básicos da teoria que assumia um comportamento padrão e sem falhas ou imperfeições de conhecimento para o agente econômico idealizado o homo economicus Já na virada do século XIX para o século XX os autores institu cionalistas americanos criticaram a perfeição desta teoria de comporta mento Tais autores acreditavam que a economia se isolou das demais ciências como a sociologia o direito e a psicologia quando a raciona lidade do homem econômico tornouse o padrão de comportamento da teoria econômica Em 1936 Keynes apresenta a incerteza como elemento básico do comportamento dos agentes no mercado A partir deste pressuposto no vas idéias da racionalidade foram apresentadas por autores como Hicks e Samuelson No início dos anos cinqüenta a teoria neoclássica afirma o pressuposto da racionalidade substantiva com o teorema de Arrow Debreu de equilíbrio geral Ao longo dos anos cinquenta Herbert Si mon apresenta a idéia de racionalidade limitada dos indivíduos como alternativa ao homem econômico Tal teoria preconizava que mesmo com a intenção de ser maximizador o indivíduo estava sujeito a come ter erros e omissões e naturalmente alcançar resultados satisfatórios e não ótimos A pesquisa de Simon é um divisor de águas na teoria econômica Em primeiro lugar ela define o conceito de racionalidade limitada e ao contrário da incerteza de Keynes amplia o entendimento sobre o comportamento dos agentes econômicos portanto com base microe conômica A partir das pesquisas de Herbert Simon no início dos anos REVISTA Soc Bras Economia Política São Paulo nº 34 p 123162 fevereiro 2013 126 sessenta nasce por meio de Muth o conceito de expectativas racionais mais ainda sem forma e aplicação definida mas que impactam profun damente o conceito neoclássico de racionalidade relaxando os rígidos pressupostos de comportamento maximizador Outros avanços na teo ria neoclássica também são pensados como resposta à racionalidade li mitada como o conceito de informação assimétrica e risco moral além do princípio da seleção adversa Em 1978 Herbert Simon é laureado com o prêmio Nobel de eco nomia e do final dos anos setenta até meados dos anos oitenta o debate sobre a racionalidade ganha novas perspectivas Autores heterodoxos como Williamson Nelson e Winter afirmam nas suas teorias a idéia de racionalidade limitada de Herbert Simon de forma explícita A expo sição de Simon nas demais teorias heterodoxas foi validada pela sua notoriedade como Nobel de economia mas também como forma de diferenciação da racionalidade neoclássica e da teoria das expectativas racionais que ganhou força na década de 80 A racionalidade limitada foi cunhada como uma alternativa à ra cionalidade substantiva neoclássica mas tornouse um dos pressupos tos das teorias heterodoxas que buscavam se diferenciarem justamente da vertente neoclássica Com o Nobel de economia de 2009 para Oliver Williamson e Elinor Ostrom a análise da governança nas empresas e cooperativas respectivamente ganham interesse e novas pesquisas nestas áreas serão crescentes As duas linhas de pesquisa mostram limites entre o mer cado competitivo e a capacidade de tomada de decisões eficientes A formação de instituições e capital social são formas de auxílio à toma da de decisão dos indivíduos cercados por problemas de limitação do conhecimento e falta de acesso às informações Em outras palavras novamente a racionalidade limitada de Herbert Simon ganha destaque mesmo que indiretamente Este artigo é composto por cinco seções contando com esta in trodução e a conclusão A seção dois apresenta o problema da raciona lidade na Economia e o debate entre a escola Neoclássica que dominou o pensamento econômico e as críticas de Simon quanto a não existência do comportamento preconizado pela teoria no mundo real e nas demais áreas do conhecimento como a Psicologia e as Ciências Sociais De REVISTA Soc Bras Economia Política São Paulo nº 34 p 123162 fevereiro 2013 127 forma ampla esta seção apresenta o problema da racionalidade para a metodologia da microeconomia e como o debate produziu duas visões antagônicas de mundo na Economia que são denominadas de forma generalista de vertentes Ortodoxa Clássica e Neoclássica e Heterodo xa que não aceitam a racionalidade dos agentes econômicos e o equilí brio do sistema de mercado A terceira seção analisa a formação do conceito de racionalidade limitada na economia A relação da racionalidade limitada com o pen samento dos velhos institucionalistas norteamericanos é apresentada nesta seção bem como a evolução da mesma frente a outras escolas de pensamento econômico heterodoxas como a Nova Economia Institu cional NEI os evolucionários Neo Schumpeterianos e PósKeyne sianos A seção quatro apresenta a conexão e implicações da racionali dade limitada com a gênese das expectativas racionais e a repercussão da mesma sobre o pensamento ortodoxo atual como o desenvolvimen to teórico dos Novos Keynesianos com as falhas de informação e a te oria das informações assimétricas assim como outros relaxamentos na teoria do homem econômico A seção cinco conclui este artigo e apre senta as diferentes teorias de racionalidade disponíveis no campo da microeconomia O debate central da racionalidade na Economia O termo racionalidade ocupa dentro da Economia um espaço de grande destaque mais precisamente dentro da microeconomia A for mação do conceito de racionalidade vem do estudo do comportamento dos indivíduos seu uso é indispensável para a elaboração de uma base teórica para qualquer paradigma como defende Arrow 1987 69 pa rece ser acertado que a teoria da Economia deve ser baseada na racio nalidade como uma matéria de princípio A tese do autor mostra que qualquer teoria econômica com fundamentos microeconômicos deve definir de antemão como os agentes econômicos se comportam As palavras de Arrow podem parecer muito arbitrárias no sentido de privilegiar o conceito de racionalidade como indispensável dentro da Economia Porém em todas as vertentes teóricas há um espaço para REVISTA Soc Bras Economia Política São Paulo nº 34 p 123162 fevereiro 2013 128 a racionalidade seja de forma exaustiva ou apenas uma referência ao tipo de racionalidade empregada e o porquê da escolha assumida As divergências na aplicação deste conceito são conhecidas na economia pois suscitaram alguns intensos debates da formação do pen samento econômico Um dos maiores debates sobre a definição do con ceito de racionalidade na economia foi o desenvolvimento do conceito de racionalidade limitada por Herbert Simon nos anos 50 com inspira ção institucionalista e até certo ponto discussão com a teoria neoclás sica ortodoxa Simon definiu o conceito de racionalidade na Economia em duas áreas distintas a racionalidade substantiva que apresentava re gras de escolha que validavam as previsões do modelo e a racionalida de processual que apresentava perspectiva realística e regras de escolha que refletiam a forma do processo de tomada de decisão do indivíduo LESOURNE ET ALLI 2006 O surgimento do conceito de racionalidade na Economia é relati vamente novo segundo Blaug 1999 315316 O significado da racionalidade para o economista é uma invenção relativamente recente que data dos anos 30 e descende da revolução mar ginal de 1870 Para os economistas clássicos a racionalidade termo que eles nunca usaram significava preferir mais a menos escolher a mais alta taxa de retorno minimizar custos unitários e acima de tudo buscar seu pró prio interesse sem consideração explícita para com o bemestar dos outros Com o uso da teoria da utilidade marginal e em particular com a interpre tação ordinalista de HicksAllen da utilidade a busca do interesse próprio discretamente cede lugar à maximização de um ordenamento de preferência consistente sob informação certa e completa Neumann e Morgenstorm in troduziram a interpretação da vantagem esperada onda há incerteza e mais recentemente a nova macroeconomia clássica reinterpretou a concepção da informação perfeita sob incerteza de forma a significar informação acerca da probabilidade da distribuição de preços futuros Porém o que há de comum a todas essas colocações do postulado de racionalidade ao longo dos últimos sessenta anos é um conjunto estável e bem comportado de preferências e informação perfeita sem custo acerca dos resultados futuros O uso da racionalidade na Economia está diretamente ligado pri meiramente à escola neoclássica Conforme Simonsen 1998 373 o REVISTA Soc Bras Economia Política São Paulo nº 34 p 123162 fevereiro 2013 129 postulado deriva da filosofia utilitária de Jeremy Bentham e nele se ins pirou toda a microeconomia neoclássica o consumidor maximiza sua utilidade dentro de suas limitações orçamentárias a empresa maximiza o lucro dentro de seu conjunto de possibilidades de produção Porém outras vertentes também utilizam o termo racionalidade contudo com outras interpretações A própria escola neoclássica já assume interpreta ções diferentes essa mudança é evidenciada por Arrow 1987 71 que assume que é notório que cada dia o uso do termo racionalidade não corresponde à definição do economista de transitividade e complemen taridade que é a maximização de algo Dentro da vertente neoclássica o conceito de racionalidade surgiu para ajudar a fixação da idéia de que os indivíduos tendem a agir de forma maximizadora Segundo Blaug 1999 315 a definição de racio nalidade neoclássica pode ser definida como A tentativa de derivar todo o comportamento econômico a partir da ação de indivíduos em busca da maximização de suas vantagens sujeitos aos obstáculos da tecnologia a das alocações Isso é o que se chama postulado de racionalidade que figura de forma inexpressiva em todo o argumento neo clássico O que o economista entende por racionalidade não corresponde à compreensão que o leigo tem do termo racionalidade significa escolher de acordo com uma ordem de preferências que é completa e transitiva su jeita à informação perfeita e adquirida a alto custo onde existe incerteza de resultados futuros a racionalidade significa a maximização da vantagem de um resultado multiplicada pela probabilidade de sua ocorrência O uso do termo racionalidade ajudou na ênfase de que o indivíduo maximiza seu comportamento A questão reside justamente na adoção desse postulado a defesa do comportamento maximizador tornouse uma condição eternamente condicionada à adoção por parte do indiví duo de um comportamento racional Conforme demonstra Geonakoplos 1987 autores como Bentham Jevons Menger e Walras consideravam a racionalidade como desdobramento da maximização da utilidade mas com as idéias de Pareto Hicks e Samuelson a racionalidade tornouse uma hipótese básica e a maximização da utilidade uma conseqüência lógica do comportamento racional REVISTA Soc Bras Economia Política São Paulo nº 34 p 123162 fevereiro 2013 130 A mudança de posicionamento teórico da economia neoclássi ca em adotar o postulado da racionalidade como uma hipótese básica foi amplamente reafirmada nos anos cinqüenta segundo Geonakoplos 1987 por meio dos modelos de equilíbrio geral estabelecidos por Ar row 1951 Debreu 1952 e ArrowDebreu 1954 O modelo ArrowDebreu foi construído para provar a hipótese de que o sistema econômico tende ao equilíbrio e foi o primeiro dentro do paradigma neoclássico Mckenzie 1987 mostra que a partir da cons trução desse modelo o trabalho de pesquisa se orienta mais para espe cificar as condições de equilíbrio testar a manutenção e a estabilidade do mesmo caso ele seja alcançado Em outras palavras o postulado de racionalidade foi deixado de lado no sentido de não ser discutido dentro do modelo de equilíbrio pois o mesmo passou a ser considerado irrefutável e segundo Blaug 1999 pertence ao núcleo central lakato siano da pesquisa neoclássica Graças a esses desenvolvimentos teóricos a racionalidade subs tantiva é tomada hoje como algo trivial que faz parte do conjunto de termos básicos da ciência econômica e que não requer qualquer esclare cimento pelo contrário a partir de conjuntos de axiomas desenvol veramse então as teorias ditas de escolha racional de um modo estri tamente demonstrativo tal como se faz normalmente em matemática PRADO 1996 26 Desde que o postulado da racionalidade tornouse uma das hipó teses bases da vertente neoclássica os demais desenvolvimentos teó ricos tornaramse orientados em seguir a trajetória do comportamento racional Conforme Blaug 1999 228 a teoria do comportamento a teoria da empresa e a teoria da produtividade marginal da demanda por fatores estão baseados na hipótese de certeza do conhecimento dos re sultados futuros O que equivale a dizer que tais desdobramentos teóri cos estão ligados ao postulado de racionalidade sem a especificação do mesmo para essas teorias a concepção de solução única e ótima ficaria comprometida Gaudin 1999 descreve a facilidade da economia neoclássica em encontrar soluções únicas como derivada da análise estática do mundo econômico Para ele a economia neoclássica supõe que tudo é conhe cido desde o começo Nada há a descobrir Está tudo pronto Não há REVISTA Soc Bras Economia Política São Paulo nº 34 p 123162 fevereiro 2013 131 inovação Por isso é possível modelizar tão facilmente GAUDIN 1999 60 A facilidade da economia neoclássica de em apenas um mode lo descrever o mundo está ligada a idéia de que segundo Simonsen 1998 373 o paradigma ignora o direito de cada indivíduo ter a sua própria função utilidade e de errar nas suas previsões para o futuro O que significa que o paradigma neoclássico assume apenas um tipo de indivíduo no seu modelo de escolha o homem econômico que é con cebido antes de tudo como um ser que resolve os seus problemas de sua existência no planeta guiado por sua razão SANCHEZ e MARCO 1998 43 Ramos 1993 89 e 91 comenta que a simplificação de se consi derar o homem econômico dentro do paradigma neoclássico como a representação de todos os indivíduos não passa de um artifício cria do uma invenção útil por motivos expositivos Longe de representar o homem real que interessa à ciência econômica e apesar do autor considerar que tal hipótese é apenas didática ele considera tal simpli ficação como perigosa no sentido de promover a revolta contra a ra zão o que implicaria em última análise uma revolta contra a própria vida humana Embora a economia neoclássica assuma a condição de que a hi pótese do homem econômico não é metodologicamente verdadeira em todos os seus aspectos inclusive a condição de racionalidade que o mesmo assume A posição é defendida como um argumento lógico e válido dentro da ciência econômica Simonsen 1998 defende que a consideração de que o ser humano comum não consegue agir como um homem econômico no sentido de não conseguir realizar todos os cálcu los que ele realiza por não possuir a racionalidade assumida pelo mes mo é acima de tudo uma verdadeira tolice Na prática o ser humano age como Machlup batizou de tudo se passa como se e que pode ser definido com o seguinte exemplo apurado em Simonsen 1998 374 Suponhamos que numa estrada de mão dupla um automóvel resol va ultrapassar um outro mas observa mais ao longe um caminhão na con tramão No modelo teórico o indivíduo precisa medir a sua distância inicial ao caminhão a velocidade deste último a velocidade que precisa alcançar na REVISTA Soc Bras Economia Política São Paulo nº 34 p 123162 fevereiro 2013 132 ultrapassagem o tempo em que precisa permanecer na contramão A ultra passagem só se deve realizar se o tempo na contramão for inferior à distância inicial ao caminhão dividida pelo soma de velocidades Na prática tudo se passa a menos de colisões como se o motorista fizesse todas essas contas A metodologia sugerida conclui que mesmo que os seres huma nos não saibam que estão realizando cálculos difíceis e reconhecendo todas as informações como a racionalidade substantiva adotada pelo homem econômico na prática eles agem como se fizessem os cálculos econômicos mesmo sem perceber A questão chave apontada por Blaug 1999 e que reflete direta mente o postulado de racionalidade neoclássico é a existência de eco nomias de escala em certas atividades para não mencionar o fenômeno das condições externas sugere imediatamente que algumas das condi ções iniciais da teoria do Equilíbrio Geral não estão satisfeitas a teoria do EG portanto é inaplicável e não falsa BLAUG 1999 227228 O que Blaug 1999 aponta dentro do modelo de equilíbrio geral com o uso da racionalidade substantiva é a sua alta refutação empírica dificilmente alguém conseguirá provar a existência de equilíbrio com as condições de racionalidade sugeridas pelo modelo Mesmo a verifi cação empírica de que os indivíduos se comportam de forma racional como o modelo prevê já é algo que beira o impossível embora esse ter mo impossível seja parcialmente desprezado pela teoria neoclássica A questão reside no fato que a teoria neoclássica é baseada no axioma da ergoticidade cunhado primeiramente por Samuelson em 1968 e que determina que o passado determina o futuro o que levou os modelos neoclássicos a trabalharem com processos estocásticos onde o futuro é meramente uma reflexão estatística do passado DUNN 2000 243 A vertente neoclássica desfrutou de certa tranqüilidade depois da demonstração mesmo que apenas teoricamente de que o sistema econômico tende ao equilíbrio quando os agentes econômicos são ra cionais o que leva infalivelmente o respectivo sistema a otimização Elster 1985 65 aponta que esse enorme sucesso do modelo de esco lha racional na Economia e em outras ciências é devido a sua aparente habilidade em soluções únicas e determinação de previsões em termos de comportamento maximizador Porém Simon 1976 144 colocou esse sucesso em xeque ao assumir que a economia neoclássica na ver REVISTA Soc Bras Economia Política São Paulo nº 34 p 123162 fevereiro 2013 133 dade tira grandes conclusões de poucas hipóteses a priori com pouca verificação empírica Segundo o autor o grande problema da teoria neoclássica foi de se colocar fora do amparo das outras ciências Esse isolamento foi amplamente defendido por economistas como Edward Mason Fritz Machlup e Milton Friedman Tal posicionamento levou à formação de uma tradição que colocou na ciência econômica o despre zo pela investigação empírica adotando uma visão plenamente positiva e normativa e sem falseamento SIMON 1980 2728 Mesmo recebendo um grande destaque no campo da Economia a vertente neoclássica não estava dominando a microeconomia sozinha Já na época das pesquisas baseadas no postulado de racionalidade como REVISTA Soc Bras Economia Política São Paulo nº 34 p 123162 fevereiro 2013 134 núcleo central da respectiva teoria outra vertente pesquisava o compor tamento dos indivíduos com uma ênfase totalmente diferente tratase do Institucionalismo também denominado de velho institucionalismo americano Apesar de estes conceitos terem quase cem anos eles são poucos conhecidos fora da área de pesquisa comportamental da Econo mia e dos autores heterodoxos A próxima seção apresenta as principais contribuições de Simon na Economia e que podem ser discutidas com outras áreas do conhecimento O esquema geral a ser desenvolvido nas duas próximas seções está apresentado nos quadros um e dois Percebese a divisão entre os concei tos de racionalidade substantiva e processual definidas em Simon 1976 no quadro um O quadro dois sintetiza as principais diferenças encontra das entre as duas vertentes de racionalidade encontradas na Economia A racionalidade limitada e seu impacto em Economia Segundo Simon 1980 os institucionalistas foram os pioneiros no estudo do comportamento da firma principalmente a figura de Com mons que influenciou posteriormente o trabalho de Herbert Simon Si mon declara que as idéias de Commons me proporcionaram muitos aprofundamentos e esclarecimentos em meus estudos iniciais sobre o processo decisório nas organizações veja meu comportamento admi nistrativo SIMON 1980 3637 A proposta do Institucionalismo era a de desenvolver uma ciência econômica que fugisse da análise estática restringida ao objeto econô mico ganhando de volta à análise do comportamento econômico no seu ambiente social o que inclui muitas variáveis inclusive algumas não econômicas Commons 1931 650 definiu o Institucionalismo como A análise dessas sanções coletivas fornecidas que correlacionam a Economia Jurisprudência e Ética que é o prérequisito da teoria econômica institucional David Hume encontrou a unidade dessas três ciências sociais no princípio da escassez1 e o conflito resultante de interesses ao contrário de Adam Smith que isolou a Economia das outras assumindo a providência divina abundância mundial e a resultante harmonia dos interesses A Econo mia institucional volta para Hume REVISTA Soc Bras Economia Política São Paulo nº 34 p 123162 fevereiro 2013 135 Claramente enquanto a economia neoclássica estreitava sua pes quisa rumo ao homem econômico racional que sempre maximiza a economia institucional voltavase para a pesquisa das variáveis que acompanham o agente econômico no seu ambiente de tomada de de cisões ambiente que incluía variáveis políticas e éticas além da área econômica Esse fato claramente levou à análise institucionalista a veri ficar que o indivíduo não age motivado apenas por seus interesses pois a escolha pode ser voluntária ou pode ser uma escolha involuntária imposta por outro indivíduo ou por ação coletiva COMMONS 1931 654 Tal evidência justifica o descolamento entre o indivíduo da eco nomia institucional e o homem econômico clássico e neoclássico A análise institucional nunca pôde dessa forma assumir o princípio da racionalidade como verdadeiro pelo contrário sempre evidenciou que esse tipo de comportamento era inviável pois ninguém conseguia se comportar dessa forma na prática o ambiente econômico institucional era muito mais complexo e sujeito a mais restrições as quais muitas vezes não exclusivamente econômicas Frank Knight 1989 77 definiu bem o descontentamento dos ins titucionalistas com o postulado da racionalidade Segundo ele nos de paramos com um paradoxo se alguém se comporta com racionalidade econômica perfeita não se comporta racionalmente como ser humano No limite a racionalidade instrumental se defronta com a categoria muito diferente da relação mecanicista de causa e efeito Seria irracio nal ser ou tentar ser perfeitamente racional esse é o veredicto do bom senso Neste ambiente é que Herbert Simon construiu suas idéias divi dido entre as tradições neoclássica e institucionalista Primeiramente Simon foi educado na visão neoclássica mas conhecia as idéias institu cionalistas muito bem e de certa forma não aceitava o paradigma neo clássico de forma passiva Como o próprio autor declarou se não pude aceitar a verdadeira fé da maximização da utilidade esperada não é por falha na minha excelente formação em economia SIMON 1996 385 Tal afirmação justificase em função das críticas de muitos economistas de que na verdade o trabalho de Simon não pertence à Economia e sim a Administração ou Psicologia REVISTA Soc Bras Economia Política São Paulo nº 34 p 123162 fevereiro 2013 136 Simon desenvolveu nos anos cinqüenta o conceito de racionali dade limitada como um instrumento para lidar com as limitadas habi lidades humanas de compreensão e de cálculo na presença de comple xidade e incerteza apesar de nessa época ele admitir que tal conceito possuía uma formulação inicial vaga genérica SIMON 1980 39 A racionalidade limitada como inicialmente desenvolvida por Simon possuía hipóteses mais fracas em relação à racionalidade subs tantiva ao analisar o comportamento e capacidade humana segundo o autor ela teria uma característica mais modesta e realista acerca do conhecimento e da capacidade de cálculo dos agentes econômicos A partir do conceito de racionalidade limitada introduzido a visão de como os indivíduos de comportam mudou na Economia Segundo Frank 1998 246247 Simon foi o primeiro a convencer os economistas de que os seres humanos são incapazes de se compor tar como os seres racionais descritos nos modelos convencionais da escolha racional e posteriormente alguns economistas a partir desta idéia de Simon escreveram textos bastante sofisticados acerca da tomada de decisão num contexto de informação incompleta A grande mudança introduzida conforme comentam Caldas e Coelho 1999 63 era que os agentes de Simon tem limites de percepção e conhecimento Suas escolhas são guiadas por avaliações de conse qüências esperadas de ações mas eles podem perceber um número muito grande de ações admissíveis sem computar perfeitamente as conseqüências de cada uma delas Essa capacidade do indivíduo apresentada por Simon de perceber as possíveis ações em volta de si chama a atenção para o fato de que a racionalidade limitada não é irracionalidade A chave do desenvolvimento da racionalidade limitada está ba seada na limitação das habilidades cognitivas do ser humano limites estes já conhecidos pela Psicologia principalmente no estudo da per cepção conforme aponta Jones 1997 Simon 1966 9899 argumentava em defesa do estudo da cogni ção humana e não apenas da esfera econômica onde este está inserido para ele quando um indivíduo toma uma decisão antes de se efetivar uma atividade física tudo passa pelo sistema nervoso central o que reforça a necessidade de se entender como funciona o cérebro humano REVISTA Soc Bras Economia Política São Paulo nº 34 p 123162 fevereiro 2013 137 Para Viale 1992 a percepção tornouse uma das bases do concei to de racionalidade limitada por ser o tema central da ciência cognitiva o que espelhou diretamente na racionalidade limitada a incapacidade do indivíduo perceber tudo o que acontece em volta de si ao contrá rio da racionalidade substantiva que possuía uma percepção objetiva Simon 1957 usa o conceito da percepção emprestado da Psicologia principalmente por meio do estudo de comportamento de ratos feita por Festinger 1953 Segundo Viale 1992 posteriormente o autor dedicouse ao es tudo da cognição diretamente no departamento de Psicologia e quan do retornou ao assunto da racionalidade limitada na Economia após o prêmio Nobel a argumentação do autor era muito maior voltada à definição de mecanismos de memória representação de códigos e da dos de informação além da organização de uma hierarquia mental tudo para entender a percepção e defender assim o princípio de racionalidade limitada A racionalidade limitada apresentada por Simon 1959 dizia que o indivíduo é limitado em apurar e interpretar informações ao tomar decisões e como desdobramento desse princípio o autor acreditava que o indivíduo não conseguia maximizar seus objetivos A crença na maxi mização sempre foi problemática para Simon que se posicionou contra este conceito em virtude de falta de comprovação empírica da mesma O descolamento entre a teoria comportamental da racionalidade limitada e a racionalidade substantiva neoclássica ficou evidente no objetivo das teorias A pesquisa de Simon buscou incorporar áreas do conhecimento afins que também investigam o comportamento dos in divíduos no processo de tomada de decisão como física biologia ou sistemas sociais SIMON 1962 467 e ciência política sociologia e psicologia SIMON 1979 493 Enquanto o foco da teoria neoclássica se restringia no objeto econômico sintetizado pelo homem econô mico BLAUG 1999 a racionalidade limitada abriu o foco de análise da economia em relação a outros campos do conhecimento tornado a teoria econômica mais próxima da realidade e menos restrita porém mais complexa e dinâmica SIMON 1959 Um dos maiores avanços da teoria da racionalidade limitada de Simon é o uso de métodos computacionais responsável pela caracterís REVISTA Soc Bras Economia Política São Paulo nº 34 p 123162 fevereiro 2013 138 tica de maior aproximação com a realidade O advento do computador permitiu o uso de simulações e de métodos mais complexos além da exploração do conceito de inteligência artificial SIMON 1978 23 a economia esteve sempre mais preocupada com os resultados da escolha racional do que o processo de escolha Como a análise econômica requer uma delimitação com a dinâmica da escolha sobre incerteza será mais e mais essencial considerar o processo da escolha Nos últimos vinte anos ocorreram importantes avanços no nosso entendimento da racionalidade pro cessual como resultado da pesquisa em inteligência artificial e psicologia cognitiva A importância dessas teorias do processo de escolha na economia pode providenciar uma imensa ajuda em definir nosso entendimento da di nâmica da racionalidade e da influência sobre a escolha da estrutura institu cional que se estabelece A aproximação do trabalho de Simon com outras disciplinas e áreas do conhecimento com maior sucesso foi com a Psicologia A racionalidade limi tada incorporou conceitos como emoção cognição formação de expectativas aprendizado e motivação entre outros Segundo Simon 1967 30 a teoria da racionalidade limitada procura mostrar como controles motivacionais e emocionais sobre a cognição podem ser incorporados no sistema de processamento de informação com considerável suporte empírico A teoria proposta con tem elementos de articulação principalmente por mostrar mecanismos rela tivamente familiares de motivação e emoção podem ser integrados em uma simples e natural forma com os mecanismos que foram postulados na teoria cognitiva de processamento de informação O autor nos anos cinqüenta foi convidado a freqüentar o projeto RAND2 onde conheceu vários cientistas inclusive da Psicologia toman do conhecimento de vários estudos que corroboravam a idéia de que o ser humano é limitado na esfera cognitiva e a complexidade do processo de tomada de decisão NEWELL ET ALLI 1958 A partir destes estu dos empíricos o autor procurou repassar para a Economia uma teoria de comportamento mais próxima do mundo real que na sua visão teria a REVISTA Soc Bras Economia Política São Paulo nº 34 p 123162 fevereiro 2013 139 racionalidade limitada como regra de comportamento para os indivíduos A síntese da racionalidade limitada é o satisficing que diz que quando as pessoas não sabem otimizar elas podem muito bem satisfazer encontrar uma boa solução SIMON 1996 370 Byron 2004 4 apresenta o con texto da regra de fatisfazimento satisficing de Simon como A regra de satisfazimento de Simon pode ser empregada como uma regra de parada para o tipo de situação de escolha Isto é ela pode pro videnciar uma maneira de parar a busca por alternativas Se você está pro curando um bom vinho para servir com o jantar podese adotar a regra de parar a busca quando se encontrar um vinho satisfatório que é um tão bom quanto Este quadro é consistente com a regra de satisficing ao se simplifi car a função de valor satisfatório não satisfatório assinalandose utilidades ao que for possível e escolher a ação em curse que seja uma garantia de satisfatório O foco inicial da pesquisa de Simon 1955 99 considerou o com portamento da empresa na tomada de decisão racional e posse das in formações necessárias Para o autor o modelo comportamental apre sentado considerava não apenas uma teoria de como as empresas se comportam mas sim como elas poderiam se comportar O conceito elaborado por Simon de racionalidade limitada adaptou se a outros autores igualmente descontentes com os postulados neoclássi cos de racionalidade visto que estes são descolados da realidade por con siderar um comportamento maximizador As teorias críticas se ampararam na racionalidade limitada em função do objetivo de analisar as instituições e comportamentos fora da teoria tradicional SIMON 1978 como os cus tos de transação e o oportunismo bem como a ideia de evolução e seleção natural na economia SIMON 1991 Esta relação é tratada adiante O uso da racionalidade limitada em outras escolas hetero doxas A influência da obra de Simon não ficou restrita apenas as ex pectativas racionais vertentes como o neoinstitucionalismo evolu REVISTA Soc Bras Economia Política São Paulo nº 34 p 123162 fevereiro 2013 140 cionistas e póskeynesianos foram influenciados pelas idéias de racio nalidade limitada DiMaggio 1994 defende que Simon e March eram as peças cha ves no que ele chama de tradição de Carnegie também denominada de teoria behaviorista da firma e que engloba o estudo da racionalidade com ênfase especial na Psicologia o que confere uma forma mais rea lista aos trabalhos dos dois autores além da aplicação do conceito nos estudos em tomada de decisão em organizações Essa tradição segundo o autor foi transferida para Yale onde Nelson e Winter continuaram as referidas pesquisas Earl 1988 comenta que algumas modificações foram introduzidas no trabalho de Simon sobre a racionalidade limitada por exemplo Nelson e Winter 1982 acrescentaram às pesquisas de Simon em Carnegie con ceitos Schumpterianos principalmente em relação à evolução das firmas e adaptação ao ambiente externo Dessa forma a visão evolucionista pode ser entendida como uma extensão da pesquisa de Carnegie sobre o compor tamento das organizações Nelson e Winter 1982 36 declaram em relação aos autores da referida instituição Nós estamos de acordo com a posição behaviorista que firmas não podem tender a estabilidade de forma excelen te em escala ao padrão de mensuração para a comparação de alternativas e na soma de nossos modelos temos incluído a variante de satisficing in dicada por Simon 1955a 1959 e Cyert e March 1963 O que Nelson e Winter fizeram em relação aos trabalhos de Car negie que eles chamam de behaviorismo foi assumir como verdadeiros os resultados para a partir dos mesmos verificar como as firmas tomam decisões Isto significa tornar a teoria da firma e a racionalidade limita da como pertencentes ao núcleo central da teoria evolucionista Outras hipóteses pertencem ao núcleo central evolucionista como princípios Schumpterianos e não somente behavioristas contudo a relação dos trabalhos de Carnegie com destaque para a racionalidade limitada e o princípio do satisficing são trabalhados pelos evolucionistas O desta que aqui comentado não diz respeito à medida da importância da obra de Simon na vertente evolucionista e sim a influência direta existente na obra de Nelson e Winter Essa posição pode ser visualizada na afirmação em que Nelson e Winter 1982 35 destacam a importância do trabalho de Simon REVISTA Soc Bras Economia Política São Paulo nº 34 p 123162 fevereiro 2013 141 Distinta da visão marginalista mas consistente com muitos elemen tos dela é a posição behaviorista Behavioristas pegam sua orientação no trabalho de Herbert Simon 1955a 1959 1965 destacando alguns ou todos os elementos seguintes A racionalidade do homem é limitada os proble mas de decisão da vida real são muito complexos para serem compreendidos e conseqüentemente as firmas não podem maximizar determinadas alternati vas em relação a todas imaginadas Regras de decisão relativamente simples e processuais são usadas para guiar a ação por causa do problema da racio nalidade limitada estas regras e processos não podem ser muito complicados e não podem ser caracterizados como ótimos no senso de que eles refletem os resultados do calculo global feito para registrar informações e custos de decisão entretanto eles podem ser satisfatórios para o propósito da firma dado o problema frente à mesma Os autores evolucionistas destacaram apenas alguns princípios behavioristas como importantes para sua obra o fato deles não a elo giarem em sua totalidade devese a algumas semelhanças desta última com a vertente neoclássica e o propósito do desenvolvimento da teoria evolucionista era de formar um resultado diferente do neoclássico Posteriormente outros autores SchumpeterianosEvolucionários con tribuíram com o debate do uso da racionalidade limitada no entendimento do processo de inovação na Economia como Dosi Orsenigo e Silberberg 1988 Para os autores as características do conhecimento tecnológico o tornam complexo os indivíduos apresentarão racionalidade limitada frente às decisões relativas à escolha do nível de investimento em determinada atividade inovadora além do problema da demanda para produtos inova dores ser incerta Por sua vez o papel das instituições se revela como uma estratégia de aquisição de conhecimento por parte das empresas já que elas não podem acumular conhecimento e competências suficientes para decidir frente à incerteza do investimento em inovação de maneira precisa O processo de inovação mostrase complexo na medida em que sua previsão não é certa apesar da trajetória seguida por uma determi nada tecnologia o estado da arte da mesma depende do acúmulo de conhecimento até o momento e das oportunidades estratégica e comer cial sentidas pelos agentes econômicos Este alto grau de incerteza é aprofundado pela competição entre diversas tecnologias e seus resulta dos que não seguem um padrão previsível3 REVISTA Soc Bras Economia Política São Paulo nº 34 p 123162 fevereiro 2013 142 As características do conhecimento tecnológico geram falhas de mercado em virtude da incerteza e dos resultados específicos para cada indivíduo que não são facilmente generalizados Dosi 1988 mostra que o progresso tecnológico e a introdução de inovações estão cercados por falhas de mercado compostas por externalidades racionalidade li mitada dos agentes e mercados imperfeitos Outro autor que enfatiza o uso da racionalidade limitada na sua obra é Williamson 1970 que trabalhou com o conceito de firma mul tidivisionária explicada por três razões primeiro a presença de infor mações incompletas segunda a presença dos custos de transação e por último a incerteza em relação ao futuro Resumidamente Williamson reconhece que os indivíduos são li mitados racionalmente o que impõe sérias restrições à capacidade dos mesmos em tomar decisões e fechar contratos na sua concepção é fa cultado aos agentes serem incapazes de formar expectativas eficientes sobre o futuro sem embasamento e sem erros persistentes no curto pra zo pois sua deficiência computacional advém da realidade complexa a ser entendida Ao realizar um contrato os agentes são incapazes de usar os dados existentes sobre o mercado para obter conhecimento de cur to prazo confiável envolvendo todas as variáveis econômicas DUNN 2000 425 Williamson 1970 16 destaca que os indivíduos possuem limites na sua capacidade de avaliar a situação onde os mesmos tomam deci sões como na passagem destacada a seguir A informação é incompleta se todos os preços relevantes não são continuadamente conhecidos para todas as transações em potencial Os cus tos de oportunidade de se gastar deliberadamente os recursos necessários para se tornar informado isto constitui um dos custos de usar o sistema de preços Além do mais há custos de negociar contratos com preços já conhe cidos Embora custos de ambos tipos costumeiramente tendem a zero em um mundo estático e perfeito esta não é uma condição interessante Ela não corresponde ao universo que nós procuramos atingir Com informação perfeita e custos de transação iguais a zero a bar ganha pode conduzir o sistema a uma alocação de recursos eficiente Na au sência dessas condições entretanto a adaptação incompleta as externalida des pode ser esperada de se obter Dados os sinais incorretos que o sistema REVISTA Soc Bras Economia Política São Paulo nº 34 p 123162 fevereiro 2013 143 de preços indica nessas circunstâncias um incentivo existe em combinar as partes interagidas e substituir uma solução administrativa em uma solução de mercado incorreta A interpretação de Williamson da racionalidade limitada dos in divíduos é usada para separar seu trabalho da teoria neoclássica e não para usála de forma auxiliar ao princípio da racionalidade substanti va Para Williamson 1970 170 a racionalidade limitada é talvez tão elementar como óbvia e tornase um requerimento óbvio não tratado explicitamente A pesquisa desenvolvida apresenta dessa forma a ca racterística de assumir o princípio da racionalidade limitada na sua obra como um axioma assim como os autores neoclássicos assumem o prin cípio da racionalidade substantiva em sua teoria A ênfase na racionalidade limitada pode ser visualizada dentro da firma no sentido de que ela seria o elemento que opera em impor um limite ao tamanho do processo de multidivisionalização WILLIAM SON 1970 35 o que significa que o tamanho ótimo da firma não é facilmente alcançado pela mesma apesar dela possuir um comporta mento intencionalmente racional Porém este comportamento limitado principalmente pela necessidade de se fechar contratos ex ante incom pletos a razão desse contrato ser incompleto é segundo Dunn 2000 a presença de racionalidade limitada que condiciona ao indivíduo a impossibilidade de se antecipar as conseqüências futuras do respectivo contrato Basicamente Williamson trabalha com racionalidade limitada apenas no curto prazo Dunn 2000 425426 comenta que a discussão de custos de transação de Williamson é essencialmente um argumento de imperfeição de curto prazo no longo prazo as decisões são ergódi cas e conhecidas devido à presença de fatores como repetição e rotina que são naturalmente padrões de comportamento de agentes econômi cos interessados em reduzir custos de transação Outra linha de pesquisa que estuda o conceito de racionalidade na Economia é a póskeynesiana O problema central pesquisado pe los póskeynesianos diz respeito à capacidade do indivíduo em coletar informações para a tomada de decisão o que é um problema de racio nalidade A racionalidade limitada do indivíduo pode ser visualizada REVISTA Soc Bras Economia Política São Paulo nº 34 p 123162 fevereiro 2013 144 nesta corrente pelo fato de que para ela se os agentes tem habilidade para coletar e processar com sucesso todas as informações relativas ao passado e eventos futuros esta informação de mercado existente não pode providenciar uma fundamentação confiável para se determinar os eventos futuros a razão apontada é que o passado não guia o curso dos eventos futuros os agentes estão em incerteza e não existe informa ção capaz de descobrir o futuroDUNN 2000 427 O indivíduo da teoria póskeynesiana é limitado racionalmente pela presença de incerteza no sistema econômico Na prática os indiví duos são confrontados com situações de tomada de decisão ergódicas como no caso de rotinas e não ergódicas no caso de incertezas Perce bese que os póskeynesianos usam o conceito de incerteza keynesiana que demonstra como os agentes desconhecem totalmente o futuro uti lizando convenções para guiar suas decisões no presente com desdo bramento no futuro problema denominado por Keynes como animal spirit ou efeito manada na falta de elementos que permitam o indivíduo de tomar decisões o comportamento de seguir o que os demais estão fazendo norteia a tomada de decisão Devido à admissão póskeynesiana de que no mundo real os indiví duos são confrontados com um misto de situações ergódicas e não ergódi cas tornase comum a interpretação de que desse ponto de vista não há um grande hiato dividindo a economia keynesiana da economia clássica velha e nova Economistas de pensamento keynesiano estão mais dispos tos a procurar elementos de irracionalidade como ilusão monetária animal spirit formação de expectativas de longo prazo mais do que preferirem restringir sua análise ao comportamento racional VERCELLI 1991 91 A herança do pós keynesianismo está firmada nos pressupostos de Keynes 1936 o princípio da incerteza Radicalmente oposto à ra cionalidade substantiva neoclássica Keynes advertia que os mercados eram totalmente imprevisíveis Walsh 2008 62 mostra que Assim como seu herói Newton Maynard Keynes aprendeu de uma maneira difícil que afirmando inevitavelmente o princípio da incerteza mercados financeiros são muitas vezes pulverizados por ondas imprevisíveis de esperança sentimentos e oportunidades e pregava as ondas puramente irracionais de otimismo ou depressão o que significava correr dos tou ros ou lutar com os ursos REVISTA Soc Bras Economia Política São Paulo nº 34 p 123162 fevereiro 2013 145 Keynes explicava que os mercados financeiros não são únicos por receberem uma cascata de informações que compromete sua efici ência mas também porque os investidores não podem ser atores racio nais da teoria clássica pois o cálculo dos retornos esperados não é uma tarefa fácil WALSH 2008 63 Apesar da ênfase no mercado finan ceiro o raciocínio da incerteza dos agentes econômicos é generalizada para todos os indivíduos no mercado nos pós keynesianos Dequech 2003 mostra como o conceito de incerteza é trabalha do pela sociologia econômica A justificativa apresentada pela manu tenção da incerteza nestes estudos é a presença de complexidade Esta complexidade é derivada de limites cognitivos como a racionalidade limitada de Simon e de regras sociais e instituições que podem cul minar em comportamentos irracionais O autor mostra que a ênfase na incerteza e não na racionalidade limitada reside no foco de situações e comportamentos sem intensão por parte dos indivíduos por serem estes motivados por movimentos coletivos sócias Neste sentido a incer teza é mais generalista do que a racionalidade limitada e seu foco de análise é macroeconômico enquanto a racionalidade limitada apresenta foco microeconômico no comportamento individual Os comportamentos irracionais sujeitos à incerteza e sem previ sibilidade opuseram Keynes e os pós keynesianos à escola clássica e ne oclássica de forma radical Alguns autores encontram na racionalidade limitada de Simon a chave para analisar comportamentos econômicos com objetivos definidos mas sem entrar na posse total de informações Em outras palavras a racionalidade limitada encontrase como um caso intermediário entre os extremos da posse total de informações e a total incerteza Como definido anteriormente a incerteza não se opõe a racio nalidade limitada e viceversa Caberia apenas uma melhor explicação do uso dos dois conceitos nos modelos sutilizados Enquanto a racio nalidade limitada encara o indivíduo com vontade de fazer a melhor escolha mas a posse de informações e suas limitações cognitivas o im pedem a incerteza mostra a presença de comportamentos irracionais e ambientes complexos com normas e instituições que orientam o com portamento do indivíduo sem que este perceba ou tome a decisão de maneira autônoma REVISTA Soc Bras Economia Política São Paulo nº 34 p 123162 fevereiro 2013 146 Outro avanço significativo de ruptura da economia heterodoxa com os princípios neoclássicos de racionalidade foi dado pelos econo mistas que estudam o meio ambiente e o desenvolvimento sustentável Um dos principais estudos é relacionado aos direitos de propriedade comuns ele visualiza alguns recursos como coletivos e a racionalidade individualista não se adapta ao problema levantado fato que levantou um dilema entre a racionalidade coletiva e a individual KLOOSTER 2007 Alguns estudos como Walsh 2007 afirmavam que o problema ambiental era agravado pela racionalidade limitada do consumidor que desconhece a eficiência dos produtos consumidos bem como seu ver dadeiro impacto ambiental advindo do processo produtivo utilizado e desconhecido pelo lado da demanda Um dos significativos avanços da economia ambiental foi sua aproximação com a geografia A partir dos anos setenta desenvolvese a geografia humana centrada em explicar como os avanços do homem impactavam o bioma nas diferentes regiões do planeta Esta linha de pesquisa aplica conceitos como racionalidade limitada e irracionalida de para explicar o desenvolvimento espacial do planeta ANDREWS e LINEHAM 2007 De forma geral os autores criticam o conceito neoclássico de ra cionalidade substantiva por ignorar qualquer diferenciação entre necessidade e vontade e tratalas como vontade Transformandose em uma teoria irracional HOESCHELE 2007 1228 Markantonatou 2007 1467 afirma que esta teoria recebe críticas porque nem todas as ações humanas podem ser explicadas por modelos de racionalidade pois inúmeras formas de ações são conduzidas por critérios emocionais afeto ou fatores não racionais Um argumento crítico central é que agindo racionalmente para maximizar a utilidade os indivíduos conhe cem todas as regras do contexto social em que estão e estão informados sobre os custos e benefícios de suas escolhas As críticas ficam mais evidentes no estudo de Bergh 2007 73 que sintetiza como a economia ecológica define o comportamento dos indivíduos frente ao problema ambiental para o autor REVISTA Soc Bras Economia Política São Paulo nº 34 p 123162 fevereiro 2013 147 Um número de estudos no campo de EE examina as implicações de política ambiental frente as teorias de comportamento econômico elas enfatizam a racionalidade limitada dos agentes econômicos ambos consu midores e produtores Teorias alternativas ou elementos teóricos incluem satisficing preferências lexográficas bemestar relativo hábitos e rotinas imitação reciprocidade miopia mudança e preferências endógenas e vários modelos de comportamento sob incerteza As críticas da economia ecológica rompem com o paradigma neoclássico Tanto que GeorgescuRoegen 1972 GeorgescuRoegen 1975 e GeorgescuRoegen 1977 propõem uma nova visão da eco nomia a bioeconomia Ela é baseada em alguns pressupostos inova dores como o valor do bemestar coletivo e não apenas individual como consequência as relações possuem valor O foco desta teoria não está no indivíduo mas na sua relação com a bioesfera sociedade or ganizações e família sofrendo restrição da termodinâmica e da biolo gia A economia não é definida como universal variando conforme as instituições história e cultura locais Nesta economia os agentes não são maximizadores e não há busca de equilíbrio ou mecanismos que o garantam o comportamento dos agentes pode ser competitivo ou coo perativo e a grande conclusão sugerida é a busca de resultados satisfa tórios o que aproxima o conceito de racionalidade limitada de Herbert Simon da economia ecológica GOWDY e MESNER 1998 O desenvolvimento das teorias ortodoxas de racionalidade A crítica de Simon ao comportamento perfeito do indivíduo na teoria neoclássica abriu caminho para a revisão do modelo idealizado de indivíduo assumido Os novos desenvolvimentos apresentados pela vertente neoclássica tinham o objetivo de aproximar esta teoria à rea lidade descrita nos trabalhos de Herbert Simon mas sem abandonar o postulado da racionalidade substantiva Neste sentido as contribuições apresentadas possibilitaram a adequação da teoria neoclássica às críti cas recebidas relaxando a ideia de indivíduo perfeito com a posse de todas as informações o que equivale a dizer que as contribuições apre REVISTA Soc Bras Economia Política São Paulo nº 34 p 123162 fevereiro 2013 148 sentadas são exceções ao homem econômico ainda válido e presente no cerne da teoria Primeiramente o conceito de racionalidade limitada produziu uma contribuição direta ao entendimento do conceito de racionalidade na teoria neoclássica presente no princípio das expectativas racionais A teoria das expectativas racionais surgiu a partir de 1960 com o pro jeto SimonHoltModiglianiMuth que foi sintetizado em um livro Plan ning production inventories and work force Dessa pesquisa Muth retirou as idéias para desenvolver as expectativas racionais segundo Simon 1996 como uma mutação da racionalidade limitada A idéia original do projeto de pesquisa dos quatro autores era de desenvolver uma programação di nâmica para funções de custo quadráticas e com isso ajudar na tomada de decisão do empresário Segundo Simon a vantagem de trabalhar com esse modelo residia no fato de que nele as regras de decisão são lineares e as distribuições de probabilidades de eventos futuros podem ser substituídas por seus valores esperados que servem como equivalentes na certeza o que significava conforme o autor em uma regra de simplificação de satis fazimento porém Muth visualizou nesse estudo um novo paradigma de comportamento racional sob incerteza SIMON 1980 4546 A relação entre a racionalidade limitada e o surgimento das expec tativas racionais foi providencial com a figura de Simon influenciando o desenvolvimento da referida teoria Segundo Sent 2000 Muth foi professor vinculado a Universidade Carnegie Mellon como pesquisa dor entre 1956 e 1959 e entre 1959 e 1962 ele foi professor assistente No ano de 1962 ele completou o seu PhD em economia matemática e até 1964 ficou como professor associado na respectiva universidade O ponto central levantado por Sent 2000 é que na época da pesquisa Muth não era doutor ele foi convidado a participar da referida pesquisa e dela retirou a idéia de expectativas racionais A tradição da pesquisa desenvolvida era anterior ao trabalho do grupo SimonHoltModiglianiMuth no ano de 1960 já no ano de 1954 Modigliani e Grunberg trabalhavam com racionalidade desenvolvendo o pressuposto de que sob certas condições previsões públicas corretas influenciariam positivamente no comportamento dos agentes tais pre visões públicas eram assumidas da teoria neoclássica e Muth assumiu essa condição como verdadeira no seu trabalho REVISTA Soc Bras Economia Política São Paulo nº 34 p 123162 fevereiro 2013 149 As expectativas racionais também foram trabalhadas por Lucas prêmio Nobel em 1995 e Sargent porém dentro da macroeconomia mas o princípio continuava sendo o de prever acontecimentos futuros mesmo com a presença de incerteza A explicação apresentada pelos dois economistas conforme Sent 1997 é de que o comportamento dos agentes econômicos muda quando as restrições também mudam o que acaba resultando em uma distribuição estocástica com a possibilidade de eliminação de erros dada a distribuição dos mesmos ser sistemática consequentemente sem a necessidade de se conhecer o passado dos in divíduos poderseia prever o comportamento futuro dos mesmos A diferença entre as expectativas racionais na micro e macroe conomia é relativizada pelo próprio Muth pois conforme aponta Sent 2000 ele admitiu o desejo de ter desenvolvido o modelo de expectati vas racionais ampliado para a macroeconomia mas faltoulhe determi nação pois de início sua idéia não foi bem aceita na Economia Dunn 2000 comenta que as expectativas racionais foram cons truídas com a hipótese de que o mundo é ergódigo e sem limites na capacidade computacional dos indivíduos que podem aprender infinita mente e aplicar todo e qualquer novo conhecimento nas suas decisões econômicas Dessa maneira o autor conclui que na teoria das expectati vas racionais não há lugar para decisões individuais porque o passado como descrito informa sobre o futuro revelando o curso apropriado da ação futura DUNN 2000 424 O segredo das expectativas racionais em propor um modelo es tocástico para agentes que estão sujeitos a erros na tomada de decisão no seu comportamento é segundo Simonsen e Cysne 1995 668 a afirmação de que os agentes econômicos projetam o comportamento das variáveis endógenas a partir do comportamento das variáveis exó genas Em outras palavras a hipótese estatística relevante era que o melhor estimador para uma variável aleatória isto é o estimador não tendencioso de mínima variância é a sua esperança condicional ao con junto de informações disponíveis e metodologicamente o pressuposto era que uma variável deve ser projetada de acordo com o seu modelo de determinação SIMONSEN e CYSNE 1995 422 dessa forma era possível condicionar o comportamento das variáveis endógenas em re lação ao comportamento esperado das variáveis exógenas REVISTA Soc Bras Economia Política São Paulo nº 34 p 123162 fevereiro 2013 150 Seguindo essa metodologia de trabalho era possível segundo Sargent 1976a 635 determinar que a representação permanece inal terada quando a autoridade institui uma nova política fora do período de estimação de forma a poder ser considerada como um equiva lente exato A capacidade de se prever o futuro é imensa e clara nesse modelo o futuro é uma representação das expectativas dos indivíduos considerandose que eles podem captar as variáveis exógenas para de terminar a direção do comportamento que devem seguir McMallum 1984 140 admite que desse ponto de vista o modelo das expectati vas racionais tem como assumido que os agentes sabem os valores de todas as variáveis passadas As hipóteses básicas do modelo de expectativas racionais segun do Sargent 1976b são três para no modelo macroeconômico desen volvido pelo autor A primeira diz que os agentes econômicos conhe cem o nível de preços apesar da crítica que muitas vezes as pessoas for mam expectativas com informações além dos preços legais ou correntes de mercado A segunda determina o conhecimento da distribuição de probabilidades das variáveis exógenas E a terceira combina as infor mações disponíveis para estimar o modelo usandose MQO mínimos quadrados ordinários A conclusão geral do modelo de expectativas racionais na ma croeconomia segundo Lucas 1972 103 é que as expectativas são formadas otimamente Essa possibilidade só se viabiliza graças à ca racterística do modelo de assumir que a distribuição de probabilidades é conhecida LUCAS 1972 110 Embora o modelo pretenda ser claro em relação à formação de expectativas que determinam o comportamento presente convergindo para o futuro Taylor 1985 418419 identifica algumas dificuldades explicativas do respectivo modelo Primeiro ele levanta a questão de como os agentes aprendem sobre o ambiente econômico que influencia seus comportamentos é raramente tratada na pesquisa de expectativas racionais ou seja o indivíduo não aprende no modelo mas o apren dizado é captado nas variáveis estudadas de forma ilimitada e igual para todos O segundo ponto negativo do modelo é que implicitamente assumese que o agente espera que os demais agentes tenham a mesma visão de ambiente econômico que ele tem Por fim o autor aponta a REVISTA Soc Bras Economia Política São Paulo nº 34 p 123162 fevereiro 2013 151 necessidade do modelo em sempre trabalhar com a hipótese de estabili dade negando a existência de bolhas especulativas por exemplo para que a solução única seja determinável A teoria da racionalidade limitada influenciou o desenvolvimento de novas teorias fora da escola neoclássica também No campo da ma croeconomia a teoria novokeynesiana desenvolveu teorias de falhas de informações e desvio do comportamento otimizador pelo menos no curto prazo No campo microeconômico a teoria da assimetria de informações ocupou o espaço vazio da teoria neoclássica em relação ao problema da falta de informações no processo de tomada de decisões Para Arrow 1987 71 a diferença entre os novoskeynesianos e a teoria neoclássica com concorrência perfeita em relação aos custos de se obter a informação para ele em um mundo competitivo o agen te individual tem conhecimento de todos ou pelo menos uma grande parte os preços e estes desenvolvem uma otimização baseada neste conhecimento Todo conhecimento é custoso mesmo o conhecimento dos preços A linha de pesquisa seguindo Stigler 1961 reconhece este problema Flaschel 2009 reconhece que a teoria novo keynesiana como em Mankiw 2001 Estrella e Fuhrer 2002 e Solow 20040 incorpora o princípio de racionalidade neoclássica com desdobramentos flexíveis ou seja esta teoria assume alguns desvios de comportamento principalmen te as imperfeições no mercado de trabalho mas mantém o princípio bási co de que os agentes econômicos são racionais Todavia trabalhos empí ricos desta escola como Fuhrer e Moore 1995 Mankiw 2001 e Eller a Gordon 2003 encontraram evidências fracas de realismo desta teoria Com o surgimento de várias interpretações de racionalidade a partir da obra de Herbert Simon este pode ser assumido como um divi sor de águas em relação à concepção de racionalidade na economia Em resposta ao novo conceito de racionalidade de Simon muitos autores neoclássicos foram estimulados a derivar respostas que concorressem com as novas propostas de racionalidade Analisando desse ponto de vista até a teoria neoclássica foi influenciada mesmo que indiretamen te pelo princípio de racionalidade limitada Arrow 1987 74 admite a importância da racionalidade limitada na teoria neoclássica quando diz em seu estudo eu estou aceitando a REVISTA Soc Bras Economia Política São Paulo nº 34 p 123162 fevereiro 2013 152 visão de Herbert Simon 1957 chs 14 15 na importância de reconhe cer que a racionalidade é limitada Não apenas Arrow apontou a importância do conceito de racionalida de limitada outro autor Vercelli 1991 94 propõe não apenas o reconheci mento de que a racionalidade limitada é importante para a Economia mas também a adoção de hipóteses de racionalidade mais fracas relaxando o postulado de racionalidade substantiva em resposta as demais racionalida des concorrentes A racionalidade substantiva ficaria como a racionalidade no seu sentido forte como o autor a apresenta no seguinte trecho Darei agora a definição de racionalidade substantiva na sua versão forte O equilíbrio descrito pelo modelo pode ser considerado racional do ponto de vista da racionalidade substantiva que coincide com o equilíbrio que caracteriza o objetivo ótimo Esta racionalidade em nada muda da concepção neoclássica ori ginal ela é a racionalidade substantiva e os seus resultados continuam sendo ótimos Contudo o autor propõe a adoção do conceito de racio nalidade fraca Ela seria uma hipótese muito mais branda e relaxada que a racionalidade substantiva e iria de encontro com a definição de racionalidade limitada agregando inclusive as expectativas racionais apesar da diferença existente entre as duas Contudo o autor avança em estabelecer que o princípio de racionalidade fraca pode ser separado da exigência de equilíbrio no sistema Conforme Vercelli 1995 95 a racionalidade fraca pode der definida como apresentada a seguir Eu proponho distinguir da acima racionalidade substantiva forte da versão menos expoente que eu chamarei de racionalidade substantiva fraca embora neste caso a racionalidade esteja indissociavelmente ligada aos estados de equilíbrio que são considerados estados temporários com os limites cognitivos e operativos da racionalidade humana reconhecidos Em outras palavras a racionalidade substantiva forte assume a racionalidade ilimitada enquanto a racionalidade substantiva fraca assume a racionalidade limitada A racionalidade substantiva fraca é muito mais vulnerável a críticas e paradoxos como veremos em referência a hipótese de expectativas racio nais Entretanto tendo aceitado a racionalidade limitada eu não vejo razões para manter uma ligação exclusiva entre racionalidade e equilíbrio REVISTA Soc Bras Economia Política São Paulo nº 34 p 123162 fevereiro 2013 153 O reconhecimento de que o comportamento humano é limitado por princípios cognitivos fica sendo a questão chave que baseia segun do o autor o conceito de racionalidade fraca Embora mesmo com tal relaxamento do conceito de racionalida de agora tomado como fraco e que apresenta o indivíduo como limita do frente ao conhecimento que abrange todas as alternativas possíveis de escolha ainda assim a corrente neoclássica mantém segundo Mas Collel et alli 1995 12 uma relação de preferência racional que abrange a transitividade e a complementaridade como quesitos presen tes ao princípio de racionalidade fraco o que leva o indivíduo a tomar uma decisão ótima sujeito às restrições apenas Outra solução apontada pela vertente neoclássica foi à introdução do conceito de aprendizagem nos seus modelos o que ajuda no en tendimento dos limites cognitivos acima ressaltados Schwartz 1998 argumenta que a introdução de aprendizagem na linha de pesquisa ne oclássica apenas usa a aprendizagem como fator de aumento de racio nalidade para se chegar à tomada de decisão ótima o que viabilizaria um modelo de incerteza e limitação cognitiva a se transformar em um modelo com capacidade de previsões consistentes e claras Frank 1998 comenta que a teoria de racionalidade limitada vi sualiza o aprendizado de forma diferente Segundo o autor a solução proposta por estes modelos nunca é clara e linear primeiramente por se assumir que existem custos relevantes para as informações necessárias para a tomada de decisão e também por admitir que o indivíduo possui a capacidade cognitiva de processamento limitada Talvez o maior avanço da teoria neoclássica em relação ao con ceito de racionalidade limitada seja o desenvolvimento da teoria de assimetria de informações desenvolvida originalmente por Akerlof 1970 Todavia tal teoria ainda pode conduzir ao equilíbrio mesmo que este seja um second best em razão da formação de externalidades econômicas que podem ser positivas ou negativas As assimetrias de in formação podem ser classificadas conforme Vercelli 1991 no escopo das teorias de racionalidade fraca Grossman 1981 apresenta uma relação entre o conceito de ex pectativas racionais e as informações assimétricas A conexão entre as duas formas de racionalidade reside na argumentação do autor na REVISTA Soc Bras Economia Política São Paulo nº 34 p 123162 fevereiro 2013 154 formação de choques exógenos presentes na economia em função da formação de informações assimétricas entre os agentes econômicos e a posterior adaptação dos mesmos a nova conjuntura econômica frente às regras e previsões futuras Outros avanços da teoria neoclássica com a racionalidade fraca são o risco moral moral hazard e a seleção adversa Arrow 1968 Pauly 1968 e MasColleu et alli 1995 mostram a aplicabilidade destes conceitos os autores identificam situações onde a informação é limitada entre os agentes econômicos possibilitando o desvio de com portamento de uma das partes envolvidas Todavia o ajuste existente mesmo que seja no longo prazo permite a adequação do comportamen to imperfeito em uma decisão ótima e maximizadora da utilidade Por fim a escola austríaca desenvolveu uma metodologia paralela à neoclássica que mantem o vinculo com o liberalismo econômico e o equilí brio mas sem o uso de racionalidade substantiva Estudos de Mises 1949 e Hayek 1941 são os precursores nesta linha de pesquisa O pensamento da escola austríaca sofre influência de Weber fato que pode ser notado no papel das instituições ambiente sobre a análise econômica desenvolvida A aproximação da escola austríaca da neoclássica convencional reside no método utilizado o individualismo metodológico que pressupõe a análise a partir da construção de um modelo de indivíduo modelo este exato e ape sar das imperfeições advindas do ambiente este continuava sendo um ma ximizador e a teoira continuava preconizando o liberalismo como política econômica a ser seguida ou seja as imperfeições do ambiente constituíam se em intervenções de interesses coletivos onde se encontrava o governo além de sindicatos e demais instituições da vontade coletiva desviando o comportamento maximizador do indivíduo para interesses que não a maxi mização da sua utilidade e de seus interesses FEIJÓ 2000 Conclusão A importância da teoria da racionalidade limitada de Herbert Si mon pode ser comprovada na análise de várias escolas ortodoxas e he terodoxas de pensamento econômico que incorporaram a proposta do autor nas suas considerações sobre o comportamento dos indivíduos REVISTA Soc Bras Economia Política São Paulo nº 34 p 123162 fevereiro 2013 155 Seu mérito vai ao encontro da necessidade de construção uma teoria de comportamento das agentes econômicos que incorporasse o comportamento observado no mundo real Neste sentido ela aproxima a economia de outras áreas do conhecimento como a psicologia admi nistração e sociologia Esta aproximação vai contra a tendência histórica de isolamento da economia das demais áreas científicas Apesar das críticas da esco la dos velhos institucionalistas americanos que pregavam o retorno da economia aos conceitos de Hume a economia deixou de lado as críticas relacionadas ao realismo e a aplicação empírica dos pressupostos de comportamento otimizador assumidos nos modelos de maximização da utilidade A racionalidade limitada estreitou a diferença entre a teoria eco nômica e a aplicabilidade dos modelos frente ao comportamento predito pelos mesmos Esta é a razão pela qual algumas escolas de pensamento econômico heterodoxas como a nova economia institucional a evolu cionária e os póskeynesianos assumiram a racionalidade limitada como forma básica de comportamento dos indivíduos nos seus modelos A teoria neoclássica também reagiu à introdução do conceito de racionalidade limitada Este impacto pode ser visualizado por meio do desenvolvimento da teoria de assimetria de informações do aprendi zado e da adoção de comportamentos second best o que equivale à adoção de um enunciado fraco da racionalidade substantiva relaxando a condição de posse total de informações e capacidade de otimização dos indivíduos Este artigo contribui com a definição da importância da pesquisa de Herbert Simon no campo de comportamento dos indivíduos por meio da teoria da racionalidade limitada o que já é de reconhecimento pú blico em função de prêmio Nobel recebido pelo pesquisador em 1978 Todavia verificase que após o laureamento do autor pelo Nobel várias escolas de pensamento econômico adotaram ou discutiram a valida de do conceito de racionalidade limitada entre os pressupostos básicos assumidos Tal fato conduziu a teoria da racionalidade limitada a ser um desdobramento inicial dos principais pesquisadores relacionados às escolas heterodoxas anteriormente citadas Desta forma este artigo mostra o impacto do legado de Simon sobre a ciência econômica com REVISTA Soc Bras Economia Política São Paulo nº 34 p 123162 fevereiro 2013 156 destaque para as escolas heterodoxas e sua preocupação com o realismo de seus modelos verificada por meio do pressuposto de racionalidade limitada dos agentes econômicos desenvolvida por Herbert Simon no final dos anos cinquenta Este artigo verificou que a racionalidade limitada é a principal alternativa teórica à racionalidade substantiva pregando a existência de limites cognitivos e processuais no comportamento do indivíduo Cercada por duas teorias radicais a racionalidade substantiva e a in certeza com resultados e hipóteses totalmente perfeitos e imperfeitos respectivamente a racionalidade limitada constituise em uma hipótese aberta e criada em um contexto de diálogo com outras áreas do conhe cimento Com este artigo esperase contribuir com a disseminação dos resultados da agenda de pesquisa de racionalidade e comportamento na economia estendendose a herança da pesquisa de Simon como a al ternativa mais coerente para outras disciplinas interessadas entenderem como a economia define o comportamento do indivíduo Abstract This article analyzes the formation of the theory of bounded rationality by Herbert Si mon and developments in economics Several fields of knowledge are unaware of this theory and critical detachment from reality of neoclassical theory in relation to maxi mizing behavior adopted This article contributes to the presentation of the evolution of the concept of bounded rationality in Simon and his impact on the economy This impact is seen in the orthodox schools the development of theories as asymmetric information moral hazard adverse selection and second best and heterodox schools such as the Schumpeterian and Evolutionary Institutionalisms and Post Keynesians Key words Rationality Bounded Rationality Herbert Simon Satisficing Referências ANDREWS GJ LINEHAN D Geography In ROBBINS P ed Encyclo pedia of environment and society London Sage p 752754 2007 ARROW KJ An extension of the basic theorems of classical welfare econo REVISTA Soc Bras Economia Política São Paulo nº 34 p 123162 fevereiro 2013 157 mics In NEYMAN J Proceedings of the second Berkeley Sympo sium on Mathematical Statistics and Probability Los Angeles Uni versity of California p 507532 1951 ARROW KJ The economics of moral hazard further comment The Ameri can Economic Review volume 58 number 3 p 537539 1968 ARROW KJ DEBREU G Existence of an equilibrium for a compatitive economy Econometrica volume 22 number 3 p 265290 1954 ARROW KJ Economic theory and the hypothesis of rationality In The new Palgrave a dictionary of economics Edited by John Eatwell Murray Milgate Pater Newmann London Macmillan p 6974 1087 BERGH JCJM van den Sustainable development in ecological economics In ATKINSON G DIETZ S NEUMAYER E Handbook of sustai nable development Cheltenham Edgar Elder p 6377 2007 BLAUG M Metodologia e Economia ou como os economistas explicam Edusp São Paulo 1999 BYRON M 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conhecimento é interligado e pode ser determinado endoge namente portanto ela não nasce sem uma base passada de conhecimento acumulado perten cente a um paradigma tecnológico que engloba diversas trajetórias tecnológicas em diferentes estágios de desenvolvimento

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REVISTA Soc Bras Economia Política São Paulo nº 34 p 123162 fevereiro 2013 123 A racionalidade limitada de Herbert Simon na Microeconomia Ronivaldo Steingraber Ramon Garcia Fernandez Resumo Este artigo analisa a formação da teoria da racionalidade limitada de Herbert Simon e seus desdobramentos na Economia Diversos campos do conhecimento desconhecem esta teoria e criticam o descolamento da realidade da teoria neoclássica em relação ao comportamento maximizador adotado Este artigo contribui com a apresentação da evolução do conceito de racionalidade limitada em Simon e seu impacto na Eco nomia Tal impacto é verificado nas escolas ortodoxas como o desenvolvimento de teorias como a informação assimétrica risco moral second best e seleção adversa e em escolas heterodoxas como a schumpeteriana e evolucionária pós Keynesiana e institucionalistas Palavraschave racionalidade racionalidade limitada Herbert Simon satisficing Classificação JEL B21 B31 D01 Introdução Na economia antigos debates costumam ganhar importância após um longo tempo de esquecimento não com a mesma veemência ou no mesmo contexto mas com igual importância na formação das idéias da teoria econômica e da pesquisa empírica Um dos assuntos com grande Professor de Economia da UFSC Centro Socioeconômico da Universidade Federal de Santa Catarina Correio eletrônico ronivaldoufscgmailcom Professor de Economia UNIABC REVISTA Soc Bras Economia Política São Paulo nº 34 p 123162 fevereiro 2013 124 incidência de renascer das cinzas é o debate sobre a racionalidade dos agentes econômicos pertencente ao campo da microeconomia e com ampla aplicação nas demais áreas por se tratar de um tema metodoló gico básico como os indivíduos se comportam na teoriamodelo a ser considerado Este artigo tem o objetivo de apresentar o desenvolvimento do conceito de racionalidade limitada de Herbert Simon suas aplicações e limites como uma alternativa à teoria neoclássica de comportamento maximizador Outras teorias ortodoxas são apresentadas como resposta ao conceito de racionalidade limitada e serão discutidas em relação ao objetivo de responder Simon Evidências sobre o atual estado de de senvolvimento da teoria comportamental são apresentadas e concluise que a Economia ampliou a gama de conceitos sobre o comportamento dos agentes econômicos O desenvolvimento dos conceitos é apresen tado cronologicamente respeitando a evolução das ideias no campo da Economia O objetivo central deste artigo é contribuir com a discussão sobre o comportamento do indivíduo na microeconomia apresentando outras teorias concorrentes à racionalidade substantiva para áreas do conhe cimento que discutem aspectos de comportamento e decisão econômi cos mas criticam o posicionamento idealizador da teoria econômica identificando a evolução do debate de racionalidade na economia e o desenvolvimento atual deste debate que transborda para outras áreas do conhecimento Áreas como a Filosofia Ciências Sociais Relações Internacionais Administração Psicologia entre outras discutem com a Economia e a criticam em relação ao posicionamento restrito do com portamento humano Neste sentido a principal contribuição deste artigo é de apresentar a estas áreas do conhecimento as teorias concorrentes de caráter heterodoxo e críticas à corrente neoclássica que surgiram em função da pesquisa de racionalidade limitada de Herbert Simon e que são alternativas à racionalidade substantiva neoclássica que não aceita visões de comportamentos não perfeitos em seus modelos Apesar do caráter descritivo este artigo busca apresentar a evolu ção do pensamento econômico em relação ao comportamento dos agen tes econômicos e as principais teorias bem como suas conclusões e aplicações contribuindo com a discussão sobre como a Economia hoje REVISTA Soc Bras Economia Política São Paulo nº 34 p 123162 fevereiro 2013 125 possui novos conceitos sobre o comportamento humano e a forma como as decisões são tomadas A discussão inicial sobre o comportamento do indivíduo é tratada em relação à posse de informações denominada de racionalidade dos agentes econômicos A racionalidade envolve o conjunto de informações conhecimentos e hábitos a disposição do in divíduo e que formam a base lógica a qual permitirá ao mesmo tomar decisões agir e realizar estratégias Tradicionalmente a economia por meio da tradição neoclássica procurou modelar matematicamente o comportamento dos indivíduos consumidores empresas investidores entre outros Tal modelagem ampliou a capacidade de aplicação da teoria sob a forma de generali zação dos resultados e pressupostos básicos da teoria que assumia um comportamento padrão e sem falhas ou imperfeições de conhecimento para o agente econômico idealizado o homo economicus Já na virada do século XIX para o século XX os autores institu cionalistas americanos criticaram a perfeição desta teoria de comporta mento Tais autores acreditavam que a economia se isolou das demais ciências como a sociologia o direito e a psicologia quando a raciona lidade do homem econômico tornouse o padrão de comportamento da teoria econômica Em 1936 Keynes apresenta a incerteza como elemento básico do comportamento dos agentes no mercado A partir deste pressuposto no vas idéias da racionalidade foram apresentadas por autores como Hicks e Samuelson No início dos anos cinqüenta a teoria neoclássica afirma o pressuposto da racionalidade substantiva com o teorema de Arrow Debreu de equilíbrio geral Ao longo dos anos cinquenta Herbert Si mon apresenta a idéia de racionalidade limitada dos indivíduos como alternativa ao homem econômico Tal teoria preconizava que mesmo com a intenção de ser maximizador o indivíduo estava sujeito a come ter erros e omissões e naturalmente alcançar resultados satisfatórios e não ótimos A pesquisa de Simon é um divisor de águas na teoria econômica Em primeiro lugar ela define o conceito de racionalidade limitada e ao contrário da incerteza de Keynes amplia o entendimento sobre o comportamento dos agentes econômicos portanto com base microe conômica A partir das pesquisas de Herbert Simon no início dos anos REVISTA Soc Bras Economia Política São Paulo nº 34 p 123162 fevereiro 2013 126 sessenta nasce por meio de Muth o conceito de expectativas racionais mais ainda sem forma e aplicação definida mas que impactam profun damente o conceito neoclássico de racionalidade relaxando os rígidos pressupostos de comportamento maximizador Outros avanços na teo ria neoclássica também são pensados como resposta à racionalidade li mitada como o conceito de informação assimétrica e risco moral além do princípio da seleção adversa Em 1978 Herbert Simon é laureado com o prêmio Nobel de eco nomia e do final dos anos setenta até meados dos anos oitenta o debate sobre a racionalidade ganha novas perspectivas Autores heterodoxos como Williamson Nelson e Winter afirmam nas suas teorias a idéia de racionalidade limitada de Herbert Simon de forma explícita A expo sição de Simon nas demais teorias heterodoxas foi validada pela sua notoriedade como Nobel de economia mas também como forma de diferenciação da racionalidade neoclássica e da teoria das expectativas racionais que ganhou força na década de 80 A racionalidade limitada foi cunhada como uma alternativa à ra cionalidade substantiva neoclássica mas tornouse um dos pressupos tos das teorias heterodoxas que buscavam se diferenciarem justamente da vertente neoclássica Com o Nobel de economia de 2009 para Oliver Williamson e Elinor Ostrom a análise da governança nas empresas e cooperativas respectivamente ganham interesse e novas pesquisas nestas áreas serão crescentes As duas linhas de pesquisa mostram limites entre o mer cado competitivo e a capacidade de tomada de decisões eficientes A formação de instituições e capital social são formas de auxílio à toma da de decisão dos indivíduos cercados por problemas de limitação do conhecimento e falta de acesso às informações Em outras palavras novamente a racionalidade limitada de Herbert Simon ganha destaque mesmo que indiretamente Este artigo é composto por cinco seções contando com esta in trodução e a conclusão A seção dois apresenta o problema da raciona lidade na Economia e o debate entre a escola Neoclássica que dominou o pensamento econômico e as críticas de Simon quanto a não existência do comportamento preconizado pela teoria no mundo real e nas demais áreas do conhecimento como a Psicologia e as Ciências Sociais De REVISTA Soc Bras Economia Política São Paulo nº 34 p 123162 fevereiro 2013 127 forma ampla esta seção apresenta o problema da racionalidade para a metodologia da microeconomia e como o debate produziu duas visões antagônicas de mundo na Economia que são denominadas de forma generalista de vertentes Ortodoxa Clássica e Neoclássica e Heterodo xa que não aceitam a racionalidade dos agentes econômicos e o equilí brio do sistema de mercado A terceira seção analisa a formação do conceito de racionalidade limitada na economia A relação da racionalidade limitada com o pen samento dos velhos institucionalistas norteamericanos é apresentada nesta seção bem como a evolução da mesma frente a outras escolas de pensamento econômico heterodoxas como a Nova Economia Institu cional NEI os evolucionários Neo Schumpeterianos e PósKeyne sianos A seção quatro apresenta a conexão e implicações da racionali dade limitada com a gênese das expectativas racionais e a repercussão da mesma sobre o pensamento ortodoxo atual como o desenvolvimen to teórico dos Novos Keynesianos com as falhas de informação e a te oria das informações assimétricas assim como outros relaxamentos na teoria do homem econômico A seção cinco conclui este artigo e apre senta as diferentes teorias de racionalidade disponíveis no campo da microeconomia O debate central da racionalidade na Economia O termo racionalidade ocupa dentro da Economia um espaço de grande destaque mais precisamente dentro da microeconomia A for mação do conceito de racionalidade vem do estudo do comportamento dos indivíduos seu uso é indispensável para a elaboração de uma base teórica para qualquer paradigma como defende Arrow 1987 69 pa rece ser acertado que a teoria da Economia deve ser baseada na racio nalidade como uma matéria de princípio A tese do autor mostra que qualquer teoria econômica com fundamentos microeconômicos deve definir de antemão como os agentes econômicos se comportam As palavras de Arrow podem parecer muito arbitrárias no sentido de privilegiar o conceito de racionalidade como indispensável dentro da Economia Porém em todas as vertentes teóricas há um espaço para REVISTA Soc Bras Economia Política São Paulo nº 34 p 123162 fevereiro 2013 128 a racionalidade seja de forma exaustiva ou apenas uma referência ao tipo de racionalidade empregada e o porquê da escolha assumida As divergências na aplicação deste conceito são conhecidas na economia pois suscitaram alguns intensos debates da formação do pen samento econômico Um dos maiores debates sobre a definição do con ceito de racionalidade na economia foi o desenvolvimento do conceito de racionalidade limitada por Herbert Simon nos anos 50 com inspira ção institucionalista e até certo ponto discussão com a teoria neoclás sica ortodoxa Simon definiu o conceito de racionalidade na Economia em duas áreas distintas a racionalidade substantiva que apresentava re gras de escolha que validavam as previsões do modelo e a racionalida de processual que apresentava perspectiva realística e regras de escolha que refletiam a forma do processo de tomada de decisão do indivíduo LESOURNE ET ALLI 2006 O surgimento do conceito de racionalidade na Economia é relati vamente novo segundo Blaug 1999 315316 O significado da racionalidade para o economista é uma invenção relativamente recente que data dos anos 30 e descende da revolução mar ginal de 1870 Para os economistas clássicos a racionalidade termo que eles nunca usaram significava preferir mais a menos escolher a mais alta taxa de retorno minimizar custos unitários e acima de tudo buscar seu pró prio interesse sem consideração explícita para com o bemestar dos outros Com o uso da teoria da utilidade marginal e em particular com a interpre tação ordinalista de HicksAllen da utilidade a busca do interesse próprio discretamente cede lugar à maximização de um ordenamento de preferência consistente sob informação certa e completa Neumann e Morgenstorm in troduziram a interpretação da vantagem esperada onda há incerteza e mais recentemente a nova macroeconomia clássica reinterpretou a concepção da informação perfeita sob incerteza de forma a significar informação acerca da probabilidade da distribuição de preços futuros Porém o que há de comum a todas essas colocações do postulado de racionalidade ao longo dos últimos sessenta anos é um conjunto estável e bem comportado de preferências e informação perfeita sem custo acerca dos resultados futuros O uso da racionalidade na Economia está diretamente ligado pri meiramente à escola neoclássica Conforme Simonsen 1998 373 o REVISTA Soc Bras Economia Política São Paulo nº 34 p 123162 fevereiro 2013 129 postulado deriva da filosofia utilitária de Jeremy Bentham e nele se ins pirou toda a microeconomia neoclássica o consumidor maximiza sua utilidade dentro de suas limitações orçamentárias a empresa maximiza o lucro dentro de seu conjunto de possibilidades de produção Porém outras vertentes também utilizam o termo racionalidade contudo com outras interpretações A própria escola neoclássica já assume interpreta ções diferentes essa mudança é evidenciada por Arrow 1987 71 que assume que é notório que cada dia o uso do termo racionalidade não corresponde à definição do economista de transitividade e complemen taridade que é a maximização de algo Dentro da vertente neoclássica o conceito de racionalidade surgiu para ajudar a fixação da idéia de que os indivíduos tendem a agir de forma maximizadora Segundo Blaug 1999 315 a definição de racio nalidade neoclássica pode ser definida como A tentativa de derivar todo o comportamento econômico a partir da ação de indivíduos em busca da maximização de suas vantagens sujeitos aos obstáculos da tecnologia a das alocações Isso é o que se chama postulado de racionalidade que figura de forma inexpressiva em todo o argumento neo clássico O que o economista entende por racionalidade não corresponde à compreensão que o leigo tem do termo racionalidade significa escolher de acordo com uma ordem de preferências que é completa e transitiva su jeita à informação perfeita e adquirida a alto custo onde existe incerteza de resultados futuros a racionalidade significa a maximização da vantagem de um resultado multiplicada pela probabilidade de sua ocorrência O uso do termo racionalidade ajudou na ênfase de que o indivíduo maximiza seu comportamento A questão reside justamente na adoção desse postulado a defesa do comportamento maximizador tornouse uma condição eternamente condicionada à adoção por parte do indiví duo de um comportamento racional Conforme demonstra Geonakoplos 1987 autores como Bentham Jevons Menger e Walras consideravam a racionalidade como desdobramento da maximização da utilidade mas com as idéias de Pareto Hicks e Samuelson a racionalidade tornouse uma hipótese básica e a maximização da utilidade uma conseqüência lógica do comportamento racional REVISTA Soc Bras Economia Política São Paulo nº 34 p 123162 fevereiro 2013 130 A mudança de posicionamento teórico da economia neoclássi ca em adotar o postulado da racionalidade como uma hipótese básica foi amplamente reafirmada nos anos cinqüenta segundo Geonakoplos 1987 por meio dos modelos de equilíbrio geral estabelecidos por Ar row 1951 Debreu 1952 e ArrowDebreu 1954 O modelo ArrowDebreu foi construído para provar a hipótese de que o sistema econômico tende ao equilíbrio e foi o primeiro dentro do paradigma neoclássico Mckenzie 1987 mostra que a partir da cons trução desse modelo o trabalho de pesquisa se orienta mais para espe cificar as condições de equilíbrio testar a manutenção e a estabilidade do mesmo caso ele seja alcançado Em outras palavras o postulado de racionalidade foi deixado de lado no sentido de não ser discutido dentro do modelo de equilíbrio pois o mesmo passou a ser considerado irrefutável e segundo Blaug 1999 pertence ao núcleo central lakato siano da pesquisa neoclássica Graças a esses desenvolvimentos teóricos a racionalidade subs tantiva é tomada hoje como algo trivial que faz parte do conjunto de termos básicos da ciência econômica e que não requer qualquer esclare cimento pelo contrário a partir de conjuntos de axiomas desenvol veramse então as teorias ditas de escolha racional de um modo estri tamente demonstrativo tal como se faz normalmente em matemática PRADO 1996 26 Desde que o postulado da racionalidade tornouse uma das hipó teses bases da vertente neoclássica os demais desenvolvimentos teó ricos tornaramse orientados em seguir a trajetória do comportamento racional Conforme Blaug 1999 228 a teoria do comportamento a teoria da empresa e a teoria da produtividade marginal da demanda por fatores estão baseados na hipótese de certeza do conhecimento dos re sultados futuros O que equivale a dizer que tais desdobramentos teóri cos estão ligados ao postulado de racionalidade sem a especificação do mesmo para essas teorias a concepção de solução única e ótima ficaria comprometida Gaudin 1999 descreve a facilidade da economia neoclássica em encontrar soluções únicas como derivada da análise estática do mundo econômico Para ele a economia neoclássica supõe que tudo é conhe cido desde o começo Nada há a descobrir Está tudo pronto Não há REVISTA Soc Bras Economia Política São Paulo nº 34 p 123162 fevereiro 2013 131 inovação Por isso é possível modelizar tão facilmente GAUDIN 1999 60 A facilidade da economia neoclássica de em apenas um mode lo descrever o mundo está ligada a idéia de que segundo Simonsen 1998 373 o paradigma ignora o direito de cada indivíduo ter a sua própria função utilidade e de errar nas suas previsões para o futuro O que significa que o paradigma neoclássico assume apenas um tipo de indivíduo no seu modelo de escolha o homem econômico que é con cebido antes de tudo como um ser que resolve os seus problemas de sua existência no planeta guiado por sua razão SANCHEZ e MARCO 1998 43 Ramos 1993 89 e 91 comenta que a simplificação de se consi derar o homem econômico dentro do paradigma neoclássico como a representação de todos os indivíduos não passa de um artifício cria do uma invenção útil por motivos expositivos Longe de representar o homem real que interessa à ciência econômica e apesar do autor considerar que tal hipótese é apenas didática ele considera tal simpli ficação como perigosa no sentido de promover a revolta contra a ra zão o que implicaria em última análise uma revolta contra a própria vida humana Embora a economia neoclássica assuma a condição de que a hi pótese do homem econômico não é metodologicamente verdadeira em todos os seus aspectos inclusive a condição de racionalidade que o mesmo assume A posição é defendida como um argumento lógico e válido dentro da ciência econômica Simonsen 1998 defende que a consideração de que o ser humano comum não consegue agir como um homem econômico no sentido de não conseguir realizar todos os cálcu los que ele realiza por não possuir a racionalidade assumida pelo mes mo é acima de tudo uma verdadeira tolice Na prática o ser humano age como Machlup batizou de tudo se passa como se e que pode ser definido com o seguinte exemplo apurado em Simonsen 1998 374 Suponhamos que numa estrada de mão dupla um automóvel resol va ultrapassar um outro mas observa mais ao longe um caminhão na con tramão No modelo teórico o indivíduo precisa medir a sua distância inicial ao caminhão a velocidade deste último a velocidade que precisa alcançar na REVISTA Soc Bras Economia Política São Paulo nº 34 p 123162 fevereiro 2013 132 ultrapassagem o tempo em que precisa permanecer na contramão A ultra passagem só se deve realizar se o tempo na contramão for inferior à distância inicial ao caminhão dividida pelo soma de velocidades Na prática tudo se passa a menos de colisões como se o motorista fizesse todas essas contas A metodologia sugerida conclui que mesmo que os seres huma nos não saibam que estão realizando cálculos difíceis e reconhecendo todas as informações como a racionalidade substantiva adotada pelo homem econômico na prática eles agem como se fizessem os cálculos econômicos mesmo sem perceber A questão chave apontada por Blaug 1999 e que reflete direta mente o postulado de racionalidade neoclássico é a existência de eco nomias de escala em certas atividades para não mencionar o fenômeno das condições externas sugere imediatamente que algumas das condi ções iniciais da teoria do Equilíbrio Geral não estão satisfeitas a teoria do EG portanto é inaplicável e não falsa BLAUG 1999 227228 O que Blaug 1999 aponta dentro do modelo de equilíbrio geral com o uso da racionalidade substantiva é a sua alta refutação empírica dificilmente alguém conseguirá provar a existência de equilíbrio com as condições de racionalidade sugeridas pelo modelo Mesmo a verifi cação empírica de que os indivíduos se comportam de forma racional como o modelo prevê já é algo que beira o impossível embora esse ter mo impossível seja parcialmente desprezado pela teoria neoclássica A questão reside no fato que a teoria neoclássica é baseada no axioma da ergoticidade cunhado primeiramente por Samuelson em 1968 e que determina que o passado determina o futuro o que levou os modelos neoclássicos a trabalharem com processos estocásticos onde o futuro é meramente uma reflexão estatística do passado DUNN 2000 243 A vertente neoclássica desfrutou de certa tranqüilidade depois da demonstração mesmo que apenas teoricamente de que o sistema econômico tende ao equilíbrio quando os agentes econômicos são ra cionais o que leva infalivelmente o respectivo sistema a otimização Elster 1985 65 aponta que esse enorme sucesso do modelo de esco lha racional na Economia e em outras ciências é devido a sua aparente habilidade em soluções únicas e determinação de previsões em termos de comportamento maximizador Porém Simon 1976 144 colocou esse sucesso em xeque ao assumir que a economia neoclássica na ver REVISTA Soc Bras Economia Política São Paulo nº 34 p 123162 fevereiro 2013 133 dade tira grandes conclusões de poucas hipóteses a priori com pouca verificação empírica Segundo o autor o grande problema da teoria neoclássica foi de se colocar fora do amparo das outras ciências Esse isolamento foi amplamente defendido por economistas como Edward Mason Fritz Machlup e Milton Friedman Tal posicionamento levou à formação de uma tradição que colocou na ciência econômica o despre zo pela investigação empírica adotando uma visão plenamente positiva e normativa e sem falseamento SIMON 1980 2728 Mesmo recebendo um grande destaque no campo da Economia a vertente neoclássica não estava dominando a microeconomia sozinha Já na época das pesquisas baseadas no postulado de racionalidade como REVISTA Soc Bras Economia Política São Paulo nº 34 p 123162 fevereiro 2013 134 núcleo central da respectiva teoria outra vertente pesquisava o compor tamento dos indivíduos com uma ênfase totalmente diferente tratase do Institucionalismo também denominado de velho institucionalismo americano Apesar de estes conceitos terem quase cem anos eles são poucos conhecidos fora da área de pesquisa comportamental da Econo mia e dos autores heterodoxos A próxima seção apresenta as principais contribuições de Simon na Economia e que podem ser discutidas com outras áreas do conhecimento O esquema geral a ser desenvolvido nas duas próximas seções está apresentado nos quadros um e dois Percebese a divisão entre os concei tos de racionalidade substantiva e processual definidas em Simon 1976 no quadro um O quadro dois sintetiza as principais diferenças encontra das entre as duas vertentes de racionalidade encontradas na Economia A racionalidade limitada e seu impacto em Economia Segundo Simon 1980 os institucionalistas foram os pioneiros no estudo do comportamento da firma principalmente a figura de Com mons que influenciou posteriormente o trabalho de Herbert Simon Si mon declara que as idéias de Commons me proporcionaram muitos aprofundamentos e esclarecimentos em meus estudos iniciais sobre o processo decisório nas organizações veja meu comportamento admi nistrativo SIMON 1980 3637 A proposta do Institucionalismo era a de desenvolver uma ciência econômica que fugisse da análise estática restringida ao objeto econô mico ganhando de volta à análise do comportamento econômico no seu ambiente social o que inclui muitas variáveis inclusive algumas não econômicas Commons 1931 650 definiu o Institucionalismo como A análise dessas sanções coletivas fornecidas que correlacionam a Economia Jurisprudência e Ética que é o prérequisito da teoria econômica institucional David Hume encontrou a unidade dessas três ciências sociais no princípio da escassez1 e o conflito resultante de interesses ao contrário de Adam Smith que isolou a Economia das outras assumindo a providência divina abundância mundial e a resultante harmonia dos interesses A Econo mia institucional volta para Hume REVISTA Soc Bras Economia Política São Paulo nº 34 p 123162 fevereiro 2013 135 Claramente enquanto a economia neoclássica estreitava sua pes quisa rumo ao homem econômico racional que sempre maximiza a economia institucional voltavase para a pesquisa das variáveis que acompanham o agente econômico no seu ambiente de tomada de de cisões ambiente que incluía variáveis políticas e éticas além da área econômica Esse fato claramente levou à análise institucionalista a veri ficar que o indivíduo não age motivado apenas por seus interesses pois a escolha pode ser voluntária ou pode ser uma escolha involuntária imposta por outro indivíduo ou por ação coletiva COMMONS 1931 654 Tal evidência justifica o descolamento entre o indivíduo da eco nomia institucional e o homem econômico clássico e neoclássico A análise institucional nunca pôde dessa forma assumir o princípio da racionalidade como verdadeiro pelo contrário sempre evidenciou que esse tipo de comportamento era inviável pois ninguém conseguia se comportar dessa forma na prática o ambiente econômico institucional era muito mais complexo e sujeito a mais restrições as quais muitas vezes não exclusivamente econômicas Frank Knight 1989 77 definiu bem o descontentamento dos ins titucionalistas com o postulado da racionalidade Segundo ele nos de paramos com um paradoxo se alguém se comporta com racionalidade econômica perfeita não se comporta racionalmente como ser humano No limite a racionalidade instrumental se defronta com a categoria muito diferente da relação mecanicista de causa e efeito Seria irracio nal ser ou tentar ser perfeitamente racional esse é o veredicto do bom senso Neste ambiente é que Herbert Simon construiu suas idéias divi dido entre as tradições neoclássica e institucionalista Primeiramente Simon foi educado na visão neoclássica mas conhecia as idéias institu cionalistas muito bem e de certa forma não aceitava o paradigma neo clássico de forma passiva Como o próprio autor declarou se não pude aceitar a verdadeira fé da maximização da utilidade esperada não é por falha na minha excelente formação em economia SIMON 1996 385 Tal afirmação justificase em função das críticas de muitos economistas de que na verdade o trabalho de Simon não pertence à Economia e sim a Administração ou Psicologia REVISTA Soc Bras Economia Política São Paulo nº 34 p 123162 fevereiro 2013 136 Simon desenvolveu nos anos cinqüenta o conceito de racionali dade limitada como um instrumento para lidar com as limitadas habi lidades humanas de compreensão e de cálculo na presença de comple xidade e incerteza apesar de nessa época ele admitir que tal conceito possuía uma formulação inicial vaga genérica SIMON 1980 39 A racionalidade limitada como inicialmente desenvolvida por Simon possuía hipóteses mais fracas em relação à racionalidade subs tantiva ao analisar o comportamento e capacidade humana segundo o autor ela teria uma característica mais modesta e realista acerca do conhecimento e da capacidade de cálculo dos agentes econômicos A partir do conceito de racionalidade limitada introduzido a visão de como os indivíduos de comportam mudou na Economia Segundo Frank 1998 246247 Simon foi o primeiro a convencer os economistas de que os seres humanos são incapazes de se compor tar como os seres racionais descritos nos modelos convencionais da escolha racional e posteriormente alguns economistas a partir desta idéia de Simon escreveram textos bastante sofisticados acerca da tomada de decisão num contexto de informação incompleta A grande mudança introduzida conforme comentam Caldas e Coelho 1999 63 era que os agentes de Simon tem limites de percepção e conhecimento Suas escolhas são guiadas por avaliações de conse qüências esperadas de ações mas eles podem perceber um número muito grande de ações admissíveis sem computar perfeitamente as conseqüências de cada uma delas Essa capacidade do indivíduo apresentada por Simon de perceber as possíveis ações em volta de si chama a atenção para o fato de que a racionalidade limitada não é irracionalidade A chave do desenvolvimento da racionalidade limitada está ba seada na limitação das habilidades cognitivas do ser humano limites estes já conhecidos pela Psicologia principalmente no estudo da per cepção conforme aponta Jones 1997 Simon 1966 9899 argumentava em defesa do estudo da cogni ção humana e não apenas da esfera econômica onde este está inserido para ele quando um indivíduo toma uma decisão antes de se efetivar uma atividade física tudo passa pelo sistema nervoso central o que reforça a necessidade de se entender como funciona o cérebro humano REVISTA Soc Bras Economia Política São Paulo nº 34 p 123162 fevereiro 2013 137 Para Viale 1992 a percepção tornouse uma das bases do concei to de racionalidade limitada por ser o tema central da ciência cognitiva o que espelhou diretamente na racionalidade limitada a incapacidade do indivíduo perceber tudo o que acontece em volta de si ao contrá rio da racionalidade substantiva que possuía uma percepção objetiva Simon 1957 usa o conceito da percepção emprestado da Psicologia principalmente por meio do estudo de comportamento de ratos feita por Festinger 1953 Segundo Viale 1992 posteriormente o autor dedicouse ao es tudo da cognição diretamente no departamento de Psicologia e quan do retornou ao assunto da racionalidade limitada na Economia após o prêmio Nobel a argumentação do autor era muito maior voltada à definição de mecanismos de memória representação de códigos e da dos de informação além da organização de uma hierarquia mental tudo para entender a percepção e defender assim o princípio de racionalidade limitada A racionalidade limitada apresentada por Simon 1959 dizia que o indivíduo é limitado em apurar e interpretar informações ao tomar decisões e como desdobramento desse princípio o autor acreditava que o indivíduo não conseguia maximizar seus objetivos A crença na maxi mização sempre foi problemática para Simon que se posicionou contra este conceito em virtude de falta de comprovação empírica da mesma O descolamento entre a teoria comportamental da racionalidade limitada e a racionalidade substantiva neoclássica ficou evidente no objetivo das teorias A pesquisa de Simon buscou incorporar áreas do conhecimento afins que também investigam o comportamento dos in divíduos no processo de tomada de decisão como física biologia ou sistemas sociais SIMON 1962 467 e ciência política sociologia e psicologia SIMON 1979 493 Enquanto o foco da teoria neoclássica se restringia no objeto econômico sintetizado pelo homem econô mico BLAUG 1999 a racionalidade limitada abriu o foco de análise da economia em relação a outros campos do conhecimento tornado a teoria econômica mais próxima da realidade e menos restrita porém mais complexa e dinâmica SIMON 1959 Um dos maiores avanços da teoria da racionalidade limitada de Simon é o uso de métodos computacionais responsável pela caracterís REVISTA Soc Bras Economia Política São Paulo nº 34 p 123162 fevereiro 2013 138 tica de maior aproximação com a realidade O advento do computador permitiu o uso de simulações e de métodos mais complexos além da exploração do conceito de inteligência artificial SIMON 1978 23 a economia esteve sempre mais preocupada com os resultados da escolha racional do que o processo de escolha Como a análise econômica requer uma delimitação com a dinâmica da escolha sobre incerteza será mais e mais essencial considerar o processo da escolha Nos últimos vinte anos ocorreram importantes avanços no nosso entendimento da racionalidade pro cessual como resultado da pesquisa em inteligência artificial e psicologia cognitiva A importância dessas teorias do processo de escolha na economia pode providenciar uma imensa ajuda em definir nosso entendimento da di nâmica da racionalidade e da influência sobre a escolha da estrutura institu cional que se estabelece A aproximação do trabalho de Simon com outras disciplinas e áreas do conhecimento com maior sucesso foi com a Psicologia A racionalidade limi tada incorporou conceitos como emoção cognição formação de expectativas aprendizado e motivação entre outros Segundo Simon 1967 30 a teoria da racionalidade limitada procura mostrar como controles motivacionais e emocionais sobre a cognição podem ser incorporados no sistema de processamento de informação com considerável suporte empírico A teoria proposta con tem elementos de articulação principalmente por mostrar mecanismos rela tivamente familiares de motivação e emoção podem ser integrados em uma simples e natural forma com os mecanismos que foram postulados na teoria cognitiva de processamento de informação O autor nos anos cinqüenta foi convidado a freqüentar o projeto RAND2 onde conheceu vários cientistas inclusive da Psicologia toman do conhecimento de vários estudos que corroboravam a idéia de que o ser humano é limitado na esfera cognitiva e a complexidade do processo de tomada de decisão NEWELL ET ALLI 1958 A partir destes estu dos empíricos o autor procurou repassar para a Economia uma teoria de comportamento mais próxima do mundo real que na sua visão teria a REVISTA Soc Bras Economia Política São Paulo nº 34 p 123162 fevereiro 2013 139 racionalidade limitada como regra de comportamento para os indivíduos A síntese da racionalidade limitada é o satisficing que diz que quando as pessoas não sabem otimizar elas podem muito bem satisfazer encontrar uma boa solução SIMON 1996 370 Byron 2004 4 apresenta o con texto da regra de fatisfazimento satisficing de Simon como A regra de satisfazimento de Simon pode ser empregada como uma regra de parada para o tipo de situação de escolha Isto é ela pode pro videnciar uma maneira de parar a busca por alternativas Se você está pro curando um bom vinho para servir com o jantar podese adotar a regra de parar a busca quando se encontrar um vinho satisfatório que é um tão bom quanto Este quadro é consistente com a regra de satisficing ao se simplifi car a função de valor satisfatório não satisfatório assinalandose utilidades ao que for possível e escolher a ação em curse que seja uma garantia de satisfatório O foco inicial da pesquisa de Simon 1955 99 considerou o com portamento da empresa na tomada de decisão racional e posse das in formações necessárias Para o autor o modelo comportamental apre sentado considerava não apenas uma teoria de como as empresas se comportam mas sim como elas poderiam se comportar O conceito elaborado por Simon de racionalidade limitada adaptou se a outros autores igualmente descontentes com os postulados neoclássi cos de racionalidade visto que estes são descolados da realidade por con siderar um comportamento maximizador As teorias críticas se ampararam na racionalidade limitada em função do objetivo de analisar as instituições e comportamentos fora da teoria tradicional SIMON 1978 como os cus tos de transação e o oportunismo bem como a ideia de evolução e seleção natural na economia SIMON 1991 Esta relação é tratada adiante O uso da racionalidade limitada em outras escolas hetero doxas A influência da obra de Simon não ficou restrita apenas as ex pectativas racionais vertentes como o neoinstitucionalismo evolu REVISTA Soc Bras Economia Política São Paulo nº 34 p 123162 fevereiro 2013 140 cionistas e póskeynesianos foram influenciados pelas idéias de racio nalidade limitada DiMaggio 1994 defende que Simon e March eram as peças cha ves no que ele chama de tradição de Carnegie também denominada de teoria behaviorista da firma e que engloba o estudo da racionalidade com ênfase especial na Psicologia o que confere uma forma mais rea lista aos trabalhos dos dois autores além da aplicação do conceito nos estudos em tomada de decisão em organizações Essa tradição segundo o autor foi transferida para Yale onde Nelson e Winter continuaram as referidas pesquisas Earl 1988 comenta que algumas modificações foram introduzidas no trabalho de Simon sobre a racionalidade limitada por exemplo Nelson e Winter 1982 acrescentaram às pesquisas de Simon em Carnegie con ceitos Schumpterianos principalmente em relação à evolução das firmas e adaptação ao ambiente externo Dessa forma a visão evolucionista pode ser entendida como uma extensão da pesquisa de Carnegie sobre o compor tamento das organizações Nelson e Winter 1982 36 declaram em relação aos autores da referida instituição Nós estamos de acordo com a posição behaviorista que firmas não podem tender a estabilidade de forma excelen te em escala ao padrão de mensuração para a comparação de alternativas e na soma de nossos modelos temos incluído a variante de satisficing in dicada por Simon 1955a 1959 e Cyert e March 1963 O que Nelson e Winter fizeram em relação aos trabalhos de Car negie que eles chamam de behaviorismo foi assumir como verdadeiros os resultados para a partir dos mesmos verificar como as firmas tomam decisões Isto significa tornar a teoria da firma e a racionalidade limita da como pertencentes ao núcleo central da teoria evolucionista Outras hipóteses pertencem ao núcleo central evolucionista como princípios Schumpterianos e não somente behavioristas contudo a relação dos trabalhos de Carnegie com destaque para a racionalidade limitada e o princípio do satisficing são trabalhados pelos evolucionistas O desta que aqui comentado não diz respeito à medida da importância da obra de Simon na vertente evolucionista e sim a influência direta existente na obra de Nelson e Winter Essa posição pode ser visualizada na afirmação em que Nelson e Winter 1982 35 destacam a importância do trabalho de Simon REVISTA Soc Bras Economia Política São Paulo nº 34 p 123162 fevereiro 2013 141 Distinta da visão marginalista mas consistente com muitos elemen tos dela é a posição behaviorista Behavioristas pegam sua orientação no trabalho de Herbert Simon 1955a 1959 1965 destacando alguns ou todos os elementos seguintes A racionalidade do homem é limitada os proble mas de decisão da vida real são muito complexos para serem compreendidos e conseqüentemente as firmas não podem maximizar determinadas alternati vas em relação a todas imaginadas Regras de decisão relativamente simples e processuais são usadas para guiar a ação por causa do problema da racio nalidade limitada estas regras e processos não podem ser muito complicados e não podem ser caracterizados como ótimos no senso de que eles refletem os resultados do calculo global feito para registrar informações e custos de decisão entretanto eles podem ser satisfatórios para o propósito da firma dado o problema frente à mesma Os autores evolucionistas destacaram apenas alguns princípios behavioristas como importantes para sua obra o fato deles não a elo giarem em sua totalidade devese a algumas semelhanças desta última com a vertente neoclássica e o propósito do desenvolvimento da teoria evolucionista era de formar um resultado diferente do neoclássico Posteriormente outros autores SchumpeterianosEvolucionários con tribuíram com o debate do uso da racionalidade limitada no entendimento do processo de inovação na Economia como Dosi Orsenigo e Silberberg 1988 Para os autores as características do conhecimento tecnológico o tornam complexo os indivíduos apresentarão racionalidade limitada frente às decisões relativas à escolha do nível de investimento em determinada atividade inovadora além do problema da demanda para produtos inova dores ser incerta Por sua vez o papel das instituições se revela como uma estratégia de aquisição de conhecimento por parte das empresas já que elas não podem acumular conhecimento e competências suficientes para decidir frente à incerteza do investimento em inovação de maneira precisa O processo de inovação mostrase complexo na medida em que sua previsão não é certa apesar da trajetória seguida por uma determi nada tecnologia o estado da arte da mesma depende do acúmulo de conhecimento até o momento e das oportunidades estratégica e comer cial sentidas pelos agentes econômicos Este alto grau de incerteza é aprofundado pela competição entre diversas tecnologias e seus resulta dos que não seguem um padrão previsível3 REVISTA Soc Bras Economia Política São Paulo nº 34 p 123162 fevereiro 2013 142 As características do conhecimento tecnológico geram falhas de mercado em virtude da incerteza e dos resultados específicos para cada indivíduo que não são facilmente generalizados Dosi 1988 mostra que o progresso tecnológico e a introdução de inovações estão cercados por falhas de mercado compostas por externalidades racionalidade li mitada dos agentes e mercados imperfeitos Outro autor que enfatiza o uso da racionalidade limitada na sua obra é Williamson 1970 que trabalhou com o conceito de firma mul tidivisionária explicada por três razões primeiro a presença de infor mações incompletas segunda a presença dos custos de transação e por último a incerteza em relação ao futuro Resumidamente Williamson reconhece que os indivíduos são li mitados racionalmente o que impõe sérias restrições à capacidade dos mesmos em tomar decisões e fechar contratos na sua concepção é fa cultado aos agentes serem incapazes de formar expectativas eficientes sobre o futuro sem embasamento e sem erros persistentes no curto pra zo pois sua deficiência computacional advém da realidade complexa a ser entendida Ao realizar um contrato os agentes são incapazes de usar os dados existentes sobre o mercado para obter conhecimento de cur to prazo confiável envolvendo todas as variáveis econômicas DUNN 2000 425 Williamson 1970 16 destaca que os indivíduos possuem limites na sua capacidade de avaliar a situação onde os mesmos tomam deci sões como na passagem destacada a seguir A informação é incompleta se todos os preços relevantes não são continuadamente conhecidos para todas as transações em potencial Os cus tos de oportunidade de se gastar deliberadamente os recursos necessários para se tornar informado isto constitui um dos custos de usar o sistema de preços Além do mais há custos de negociar contratos com preços já conhe cidos Embora custos de ambos tipos costumeiramente tendem a zero em um mundo estático e perfeito esta não é uma condição interessante Ela não corresponde ao universo que nós procuramos atingir Com informação perfeita e custos de transação iguais a zero a bar ganha pode conduzir o sistema a uma alocação de recursos eficiente Na au sência dessas condições entretanto a adaptação incompleta as externalida des pode ser esperada de se obter Dados os sinais incorretos que o sistema REVISTA Soc Bras Economia Política São Paulo nº 34 p 123162 fevereiro 2013 143 de preços indica nessas circunstâncias um incentivo existe em combinar as partes interagidas e substituir uma solução administrativa em uma solução de mercado incorreta A interpretação de Williamson da racionalidade limitada dos in divíduos é usada para separar seu trabalho da teoria neoclássica e não para usála de forma auxiliar ao princípio da racionalidade substanti va Para Williamson 1970 170 a racionalidade limitada é talvez tão elementar como óbvia e tornase um requerimento óbvio não tratado explicitamente A pesquisa desenvolvida apresenta dessa forma a ca racterística de assumir o princípio da racionalidade limitada na sua obra como um axioma assim como os autores neoclássicos assumem o prin cípio da racionalidade substantiva em sua teoria A ênfase na racionalidade limitada pode ser visualizada dentro da firma no sentido de que ela seria o elemento que opera em impor um limite ao tamanho do processo de multidivisionalização WILLIAM SON 1970 35 o que significa que o tamanho ótimo da firma não é facilmente alcançado pela mesma apesar dela possuir um comporta mento intencionalmente racional Porém este comportamento limitado principalmente pela necessidade de se fechar contratos ex ante incom pletos a razão desse contrato ser incompleto é segundo Dunn 2000 a presença de racionalidade limitada que condiciona ao indivíduo a impossibilidade de se antecipar as conseqüências futuras do respectivo contrato Basicamente Williamson trabalha com racionalidade limitada apenas no curto prazo Dunn 2000 425426 comenta que a discussão de custos de transação de Williamson é essencialmente um argumento de imperfeição de curto prazo no longo prazo as decisões são ergódi cas e conhecidas devido à presença de fatores como repetição e rotina que são naturalmente padrões de comportamento de agentes econômi cos interessados em reduzir custos de transação Outra linha de pesquisa que estuda o conceito de racionalidade na Economia é a póskeynesiana O problema central pesquisado pe los póskeynesianos diz respeito à capacidade do indivíduo em coletar informações para a tomada de decisão o que é um problema de racio nalidade A racionalidade limitada do indivíduo pode ser visualizada REVISTA Soc Bras Economia Política São Paulo nº 34 p 123162 fevereiro 2013 144 nesta corrente pelo fato de que para ela se os agentes tem habilidade para coletar e processar com sucesso todas as informações relativas ao passado e eventos futuros esta informação de mercado existente não pode providenciar uma fundamentação confiável para se determinar os eventos futuros a razão apontada é que o passado não guia o curso dos eventos futuros os agentes estão em incerteza e não existe informa ção capaz de descobrir o futuroDUNN 2000 427 O indivíduo da teoria póskeynesiana é limitado racionalmente pela presença de incerteza no sistema econômico Na prática os indiví duos são confrontados com situações de tomada de decisão ergódicas como no caso de rotinas e não ergódicas no caso de incertezas Perce bese que os póskeynesianos usam o conceito de incerteza keynesiana que demonstra como os agentes desconhecem totalmente o futuro uti lizando convenções para guiar suas decisões no presente com desdo bramento no futuro problema denominado por Keynes como animal spirit ou efeito manada na falta de elementos que permitam o indivíduo de tomar decisões o comportamento de seguir o que os demais estão fazendo norteia a tomada de decisão Devido à admissão póskeynesiana de que no mundo real os indiví duos são confrontados com um misto de situações ergódicas e não ergódi cas tornase comum a interpretação de que desse ponto de vista não há um grande hiato dividindo a economia keynesiana da economia clássica velha e nova Economistas de pensamento keynesiano estão mais dispos tos a procurar elementos de irracionalidade como ilusão monetária animal spirit formação de expectativas de longo prazo mais do que preferirem restringir sua análise ao comportamento racional VERCELLI 1991 91 A herança do pós keynesianismo está firmada nos pressupostos de Keynes 1936 o princípio da incerteza Radicalmente oposto à ra cionalidade substantiva neoclássica Keynes advertia que os mercados eram totalmente imprevisíveis Walsh 2008 62 mostra que Assim como seu herói Newton Maynard Keynes aprendeu de uma maneira difícil que afirmando inevitavelmente o princípio da incerteza mercados financeiros são muitas vezes pulverizados por ondas imprevisíveis de esperança sentimentos e oportunidades e pregava as ondas puramente irracionais de otimismo ou depressão o que significava correr dos tou ros ou lutar com os ursos REVISTA Soc Bras Economia Política São Paulo nº 34 p 123162 fevereiro 2013 145 Keynes explicava que os mercados financeiros não são únicos por receberem uma cascata de informações que compromete sua efici ência mas também porque os investidores não podem ser atores racio nais da teoria clássica pois o cálculo dos retornos esperados não é uma tarefa fácil WALSH 2008 63 Apesar da ênfase no mercado finan ceiro o raciocínio da incerteza dos agentes econômicos é generalizada para todos os indivíduos no mercado nos pós keynesianos Dequech 2003 mostra como o conceito de incerteza é trabalha do pela sociologia econômica A justificativa apresentada pela manu tenção da incerteza nestes estudos é a presença de complexidade Esta complexidade é derivada de limites cognitivos como a racionalidade limitada de Simon e de regras sociais e instituições que podem cul minar em comportamentos irracionais O autor mostra que a ênfase na incerteza e não na racionalidade limitada reside no foco de situações e comportamentos sem intensão por parte dos indivíduos por serem estes motivados por movimentos coletivos sócias Neste sentido a incer teza é mais generalista do que a racionalidade limitada e seu foco de análise é macroeconômico enquanto a racionalidade limitada apresenta foco microeconômico no comportamento individual Os comportamentos irracionais sujeitos à incerteza e sem previ sibilidade opuseram Keynes e os pós keynesianos à escola clássica e ne oclássica de forma radical Alguns autores encontram na racionalidade limitada de Simon a chave para analisar comportamentos econômicos com objetivos definidos mas sem entrar na posse total de informações Em outras palavras a racionalidade limitada encontrase como um caso intermediário entre os extremos da posse total de informações e a total incerteza Como definido anteriormente a incerteza não se opõe a racio nalidade limitada e viceversa Caberia apenas uma melhor explicação do uso dos dois conceitos nos modelos sutilizados Enquanto a racio nalidade limitada encara o indivíduo com vontade de fazer a melhor escolha mas a posse de informações e suas limitações cognitivas o im pedem a incerteza mostra a presença de comportamentos irracionais e ambientes complexos com normas e instituições que orientam o com portamento do indivíduo sem que este perceba ou tome a decisão de maneira autônoma REVISTA Soc Bras Economia Política São Paulo nº 34 p 123162 fevereiro 2013 146 Outro avanço significativo de ruptura da economia heterodoxa com os princípios neoclássicos de racionalidade foi dado pelos econo mistas que estudam o meio ambiente e o desenvolvimento sustentável Um dos principais estudos é relacionado aos direitos de propriedade comuns ele visualiza alguns recursos como coletivos e a racionalidade individualista não se adapta ao problema levantado fato que levantou um dilema entre a racionalidade coletiva e a individual KLOOSTER 2007 Alguns estudos como Walsh 2007 afirmavam que o problema ambiental era agravado pela racionalidade limitada do consumidor que desconhece a eficiência dos produtos consumidos bem como seu ver dadeiro impacto ambiental advindo do processo produtivo utilizado e desconhecido pelo lado da demanda Um dos significativos avanços da economia ambiental foi sua aproximação com a geografia A partir dos anos setenta desenvolvese a geografia humana centrada em explicar como os avanços do homem impactavam o bioma nas diferentes regiões do planeta Esta linha de pesquisa aplica conceitos como racionalidade limitada e irracionalida de para explicar o desenvolvimento espacial do planeta ANDREWS e LINEHAM 2007 De forma geral os autores criticam o conceito neoclássico de ra cionalidade substantiva por ignorar qualquer diferenciação entre necessidade e vontade e tratalas como vontade Transformandose em uma teoria irracional HOESCHELE 2007 1228 Markantonatou 2007 1467 afirma que esta teoria recebe críticas porque nem todas as ações humanas podem ser explicadas por modelos de racionalidade pois inúmeras formas de ações são conduzidas por critérios emocionais afeto ou fatores não racionais Um argumento crítico central é que agindo racionalmente para maximizar a utilidade os indivíduos conhe cem todas as regras do contexto social em que estão e estão informados sobre os custos e benefícios de suas escolhas As críticas ficam mais evidentes no estudo de Bergh 2007 73 que sintetiza como a economia ecológica define o comportamento dos indivíduos frente ao problema ambiental para o autor REVISTA Soc Bras Economia Política São Paulo nº 34 p 123162 fevereiro 2013 147 Um número de estudos no campo de EE examina as implicações de política ambiental frente as teorias de comportamento econômico elas enfatizam a racionalidade limitada dos agentes econômicos ambos consu midores e produtores Teorias alternativas ou elementos teóricos incluem satisficing preferências lexográficas bemestar relativo hábitos e rotinas imitação reciprocidade miopia mudança e preferências endógenas e vários modelos de comportamento sob incerteza As críticas da economia ecológica rompem com o paradigma neoclássico Tanto que GeorgescuRoegen 1972 GeorgescuRoegen 1975 e GeorgescuRoegen 1977 propõem uma nova visão da eco nomia a bioeconomia Ela é baseada em alguns pressupostos inova dores como o valor do bemestar coletivo e não apenas individual como consequência as relações possuem valor O foco desta teoria não está no indivíduo mas na sua relação com a bioesfera sociedade or ganizações e família sofrendo restrição da termodinâmica e da biolo gia A economia não é definida como universal variando conforme as instituições história e cultura locais Nesta economia os agentes não são maximizadores e não há busca de equilíbrio ou mecanismos que o garantam o comportamento dos agentes pode ser competitivo ou coo perativo e a grande conclusão sugerida é a busca de resultados satisfa tórios o que aproxima o conceito de racionalidade limitada de Herbert Simon da economia ecológica GOWDY e MESNER 1998 O desenvolvimento das teorias ortodoxas de racionalidade A crítica de Simon ao comportamento perfeito do indivíduo na teoria neoclássica abriu caminho para a revisão do modelo idealizado de indivíduo assumido Os novos desenvolvimentos apresentados pela vertente neoclássica tinham o objetivo de aproximar esta teoria à rea lidade descrita nos trabalhos de Herbert Simon mas sem abandonar o postulado da racionalidade substantiva Neste sentido as contribuições apresentadas possibilitaram a adequação da teoria neoclássica às críti cas recebidas relaxando a ideia de indivíduo perfeito com a posse de todas as informações o que equivale a dizer que as contribuições apre REVISTA Soc Bras Economia Política São Paulo nº 34 p 123162 fevereiro 2013 148 sentadas são exceções ao homem econômico ainda válido e presente no cerne da teoria Primeiramente o conceito de racionalidade limitada produziu uma contribuição direta ao entendimento do conceito de racionalidade na teoria neoclássica presente no princípio das expectativas racionais A teoria das expectativas racionais surgiu a partir de 1960 com o pro jeto SimonHoltModiglianiMuth que foi sintetizado em um livro Plan ning production inventories and work force Dessa pesquisa Muth retirou as idéias para desenvolver as expectativas racionais segundo Simon 1996 como uma mutação da racionalidade limitada A idéia original do projeto de pesquisa dos quatro autores era de desenvolver uma programação di nâmica para funções de custo quadráticas e com isso ajudar na tomada de decisão do empresário Segundo Simon a vantagem de trabalhar com esse modelo residia no fato de que nele as regras de decisão são lineares e as distribuições de probabilidades de eventos futuros podem ser substituídas por seus valores esperados que servem como equivalentes na certeza o que significava conforme o autor em uma regra de simplificação de satis fazimento porém Muth visualizou nesse estudo um novo paradigma de comportamento racional sob incerteza SIMON 1980 4546 A relação entre a racionalidade limitada e o surgimento das expec tativas racionais foi providencial com a figura de Simon influenciando o desenvolvimento da referida teoria Segundo Sent 2000 Muth foi professor vinculado a Universidade Carnegie Mellon como pesquisa dor entre 1956 e 1959 e entre 1959 e 1962 ele foi professor assistente No ano de 1962 ele completou o seu PhD em economia matemática e até 1964 ficou como professor associado na respectiva universidade O ponto central levantado por Sent 2000 é que na época da pesquisa Muth não era doutor ele foi convidado a participar da referida pesquisa e dela retirou a idéia de expectativas racionais A tradição da pesquisa desenvolvida era anterior ao trabalho do grupo SimonHoltModiglianiMuth no ano de 1960 já no ano de 1954 Modigliani e Grunberg trabalhavam com racionalidade desenvolvendo o pressuposto de que sob certas condições previsões públicas corretas influenciariam positivamente no comportamento dos agentes tais pre visões públicas eram assumidas da teoria neoclássica e Muth assumiu essa condição como verdadeira no seu trabalho REVISTA Soc Bras Economia Política São Paulo nº 34 p 123162 fevereiro 2013 149 As expectativas racionais também foram trabalhadas por Lucas prêmio Nobel em 1995 e Sargent porém dentro da macroeconomia mas o princípio continuava sendo o de prever acontecimentos futuros mesmo com a presença de incerteza A explicação apresentada pelos dois economistas conforme Sent 1997 é de que o comportamento dos agentes econômicos muda quando as restrições também mudam o que acaba resultando em uma distribuição estocástica com a possibilidade de eliminação de erros dada a distribuição dos mesmos ser sistemática consequentemente sem a necessidade de se conhecer o passado dos in divíduos poderseia prever o comportamento futuro dos mesmos A diferença entre as expectativas racionais na micro e macroe conomia é relativizada pelo próprio Muth pois conforme aponta Sent 2000 ele admitiu o desejo de ter desenvolvido o modelo de expectati vas racionais ampliado para a macroeconomia mas faltoulhe determi nação pois de início sua idéia não foi bem aceita na Economia Dunn 2000 comenta que as expectativas racionais foram cons truídas com a hipótese de que o mundo é ergódigo e sem limites na capacidade computacional dos indivíduos que podem aprender infinita mente e aplicar todo e qualquer novo conhecimento nas suas decisões econômicas Dessa maneira o autor conclui que na teoria das expectati vas racionais não há lugar para decisões individuais porque o passado como descrito informa sobre o futuro revelando o curso apropriado da ação futura DUNN 2000 424 O segredo das expectativas racionais em propor um modelo es tocástico para agentes que estão sujeitos a erros na tomada de decisão no seu comportamento é segundo Simonsen e Cysne 1995 668 a afirmação de que os agentes econômicos projetam o comportamento das variáveis endógenas a partir do comportamento das variáveis exó genas Em outras palavras a hipótese estatística relevante era que o melhor estimador para uma variável aleatória isto é o estimador não tendencioso de mínima variância é a sua esperança condicional ao con junto de informações disponíveis e metodologicamente o pressuposto era que uma variável deve ser projetada de acordo com o seu modelo de determinação SIMONSEN e CYSNE 1995 422 dessa forma era possível condicionar o comportamento das variáveis endógenas em re lação ao comportamento esperado das variáveis exógenas REVISTA Soc Bras Economia Política São Paulo nº 34 p 123162 fevereiro 2013 150 Seguindo essa metodologia de trabalho era possível segundo Sargent 1976a 635 determinar que a representação permanece inal terada quando a autoridade institui uma nova política fora do período de estimação de forma a poder ser considerada como um equiva lente exato A capacidade de se prever o futuro é imensa e clara nesse modelo o futuro é uma representação das expectativas dos indivíduos considerandose que eles podem captar as variáveis exógenas para de terminar a direção do comportamento que devem seguir McMallum 1984 140 admite que desse ponto de vista o modelo das expectati vas racionais tem como assumido que os agentes sabem os valores de todas as variáveis passadas As hipóteses básicas do modelo de expectativas racionais segun do Sargent 1976b são três para no modelo macroeconômico desen volvido pelo autor A primeira diz que os agentes econômicos conhe cem o nível de preços apesar da crítica que muitas vezes as pessoas for mam expectativas com informações além dos preços legais ou correntes de mercado A segunda determina o conhecimento da distribuição de probabilidades das variáveis exógenas E a terceira combina as infor mações disponíveis para estimar o modelo usandose MQO mínimos quadrados ordinários A conclusão geral do modelo de expectativas racionais na ma croeconomia segundo Lucas 1972 103 é que as expectativas são formadas otimamente Essa possibilidade só se viabiliza graças à ca racterística do modelo de assumir que a distribuição de probabilidades é conhecida LUCAS 1972 110 Embora o modelo pretenda ser claro em relação à formação de expectativas que determinam o comportamento presente convergindo para o futuro Taylor 1985 418419 identifica algumas dificuldades explicativas do respectivo modelo Primeiro ele levanta a questão de como os agentes aprendem sobre o ambiente econômico que influencia seus comportamentos é raramente tratada na pesquisa de expectativas racionais ou seja o indivíduo não aprende no modelo mas o apren dizado é captado nas variáveis estudadas de forma ilimitada e igual para todos O segundo ponto negativo do modelo é que implicitamente assumese que o agente espera que os demais agentes tenham a mesma visão de ambiente econômico que ele tem Por fim o autor aponta a REVISTA Soc Bras Economia Política São Paulo nº 34 p 123162 fevereiro 2013 151 necessidade do modelo em sempre trabalhar com a hipótese de estabili dade negando a existência de bolhas especulativas por exemplo para que a solução única seja determinável A teoria da racionalidade limitada influenciou o desenvolvimento de novas teorias fora da escola neoclássica também No campo da ma croeconomia a teoria novokeynesiana desenvolveu teorias de falhas de informações e desvio do comportamento otimizador pelo menos no curto prazo No campo microeconômico a teoria da assimetria de informações ocupou o espaço vazio da teoria neoclássica em relação ao problema da falta de informações no processo de tomada de decisões Para Arrow 1987 71 a diferença entre os novoskeynesianos e a teoria neoclássica com concorrência perfeita em relação aos custos de se obter a informação para ele em um mundo competitivo o agen te individual tem conhecimento de todos ou pelo menos uma grande parte os preços e estes desenvolvem uma otimização baseada neste conhecimento Todo conhecimento é custoso mesmo o conhecimento dos preços A linha de pesquisa seguindo Stigler 1961 reconhece este problema Flaschel 2009 reconhece que a teoria novo keynesiana como em Mankiw 2001 Estrella e Fuhrer 2002 e Solow 20040 incorpora o princípio de racionalidade neoclássica com desdobramentos flexíveis ou seja esta teoria assume alguns desvios de comportamento principalmen te as imperfeições no mercado de trabalho mas mantém o princípio bási co de que os agentes econômicos são racionais Todavia trabalhos empí ricos desta escola como Fuhrer e Moore 1995 Mankiw 2001 e Eller a Gordon 2003 encontraram evidências fracas de realismo desta teoria Com o surgimento de várias interpretações de racionalidade a partir da obra de Herbert Simon este pode ser assumido como um divi sor de águas em relação à concepção de racionalidade na economia Em resposta ao novo conceito de racionalidade de Simon muitos autores neoclássicos foram estimulados a derivar respostas que concorressem com as novas propostas de racionalidade Analisando desse ponto de vista até a teoria neoclássica foi influenciada mesmo que indiretamen te pelo princípio de racionalidade limitada Arrow 1987 74 admite a importância da racionalidade limitada na teoria neoclássica quando diz em seu estudo eu estou aceitando a REVISTA Soc Bras Economia Política São Paulo nº 34 p 123162 fevereiro 2013 152 visão de Herbert Simon 1957 chs 14 15 na importância de reconhe cer que a racionalidade é limitada Não apenas Arrow apontou a importância do conceito de racionalida de limitada outro autor Vercelli 1991 94 propõe não apenas o reconheci mento de que a racionalidade limitada é importante para a Economia mas também a adoção de hipóteses de racionalidade mais fracas relaxando o postulado de racionalidade substantiva em resposta as demais racionalida des concorrentes A racionalidade substantiva ficaria como a racionalidade no seu sentido forte como o autor a apresenta no seguinte trecho Darei agora a definição de racionalidade substantiva na sua versão forte O equilíbrio descrito pelo modelo pode ser considerado racional do ponto de vista da racionalidade substantiva que coincide com o equilíbrio que caracteriza o objetivo ótimo Esta racionalidade em nada muda da concepção neoclássica ori ginal ela é a racionalidade substantiva e os seus resultados continuam sendo ótimos Contudo o autor propõe a adoção do conceito de racio nalidade fraca Ela seria uma hipótese muito mais branda e relaxada que a racionalidade substantiva e iria de encontro com a definição de racionalidade limitada agregando inclusive as expectativas racionais apesar da diferença existente entre as duas Contudo o autor avança em estabelecer que o princípio de racionalidade fraca pode ser separado da exigência de equilíbrio no sistema Conforme Vercelli 1995 95 a racionalidade fraca pode der definida como apresentada a seguir Eu proponho distinguir da acima racionalidade substantiva forte da versão menos expoente que eu chamarei de racionalidade substantiva fraca embora neste caso a racionalidade esteja indissociavelmente ligada aos estados de equilíbrio que são considerados estados temporários com os limites cognitivos e operativos da racionalidade humana reconhecidos Em outras palavras a racionalidade substantiva forte assume a racionalidade ilimitada enquanto a racionalidade substantiva fraca assume a racionalidade limitada A racionalidade substantiva fraca é muito mais vulnerável a críticas e paradoxos como veremos em referência a hipótese de expectativas racio nais Entretanto tendo aceitado a racionalidade limitada eu não vejo razões para manter uma ligação exclusiva entre racionalidade e equilíbrio REVISTA Soc Bras Economia Política São Paulo nº 34 p 123162 fevereiro 2013 153 O reconhecimento de que o comportamento humano é limitado por princípios cognitivos fica sendo a questão chave que baseia segun do o autor o conceito de racionalidade fraca Embora mesmo com tal relaxamento do conceito de racionalida de agora tomado como fraco e que apresenta o indivíduo como limita do frente ao conhecimento que abrange todas as alternativas possíveis de escolha ainda assim a corrente neoclássica mantém segundo Mas Collel et alli 1995 12 uma relação de preferência racional que abrange a transitividade e a complementaridade como quesitos presen tes ao princípio de racionalidade fraco o que leva o indivíduo a tomar uma decisão ótima sujeito às restrições apenas Outra solução apontada pela vertente neoclássica foi à introdução do conceito de aprendizagem nos seus modelos o que ajuda no en tendimento dos limites cognitivos acima ressaltados Schwartz 1998 argumenta que a introdução de aprendizagem na linha de pesquisa ne oclássica apenas usa a aprendizagem como fator de aumento de racio nalidade para se chegar à tomada de decisão ótima o que viabilizaria um modelo de incerteza e limitação cognitiva a se transformar em um modelo com capacidade de previsões consistentes e claras Frank 1998 comenta que a teoria de racionalidade limitada vi sualiza o aprendizado de forma diferente Segundo o autor a solução proposta por estes modelos nunca é clara e linear primeiramente por se assumir que existem custos relevantes para as informações necessárias para a tomada de decisão e também por admitir que o indivíduo possui a capacidade cognitiva de processamento limitada Talvez o maior avanço da teoria neoclássica em relação ao con ceito de racionalidade limitada seja o desenvolvimento da teoria de assimetria de informações desenvolvida originalmente por Akerlof 1970 Todavia tal teoria ainda pode conduzir ao equilíbrio mesmo que este seja um second best em razão da formação de externalidades econômicas que podem ser positivas ou negativas As assimetrias de in formação podem ser classificadas conforme Vercelli 1991 no escopo das teorias de racionalidade fraca Grossman 1981 apresenta uma relação entre o conceito de ex pectativas racionais e as informações assimétricas A conexão entre as duas formas de racionalidade reside na argumentação do autor na REVISTA Soc Bras Economia Política São Paulo nº 34 p 123162 fevereiro 2013 154 formação de choques exógenos presentes na economia em função da formação de informações assimétricas entre os agentes econômicos e a posterior adaptação dos mesmos a nova conjuntura econômica frente às regras e previsões futuras Outros avanços da teoria neoclássica com a racionalidade fraca são o risco moral moral hazard e a seleção adversa Arrow 1968 Pauly 1968 e MasColleu et alli 1995 mostram a aplicabilidade destes conceitos os autores identificam situações onde a informação é limitada entre os agentes econômicos possibilitando o desvio de com portamento de uma das partes envolvidas Todavia o ajuste existente mesmo que seja no longo prazo permite a adequação do comportamen to imperfeito em uma decisão ótima e maximizadora da utilidade Por fim a escola austríaca desenvolveu uma metodologia paralela à neoclássica que mantem o vinculo com o liberalismo econômico e o equilí brio mas sem o uso de racionalidade substantiva Estudos de Mises 1949 e Hayek 1941 são os precursores nesta linha de pesquisa O pensamento da escola austríaca sofre influência de Weber fato que pode ser notado no papel das instituições ambiente sobre a análise econômica desenvolvida A aproximação da escola austríaca da neoclássica convencional reside no método utilizado o individualismo metodológico que pressupõe a análise a partir da construção de um modelo de indivíduo modelo este exato e ape sar das imperfeições advindas do ambiente este continuava sendo um ma ximizador e a teoira continuava preconizando o liberalismo como política econômica a ser seguida ou seja as imperfeições do ambiente constituíam se em intervenções de interesses coletivos onde se encontrava o governo além de sindicatos e demais instituições da vontade coletiva desviando o comportamento maximizador do indivíduo para interesses que não a maxi mização da sua utilidade e de seus interesses FEIJÓ 2000 Conclusão A importância da teoria da racionalidade limitada de Herbert Si mon pode ser comprovada na análise de várias escolas ortodoxas e he terodoxas de pensamento econômico que incorporaram a proposta do autor nas suas considerações sobre o comportamento dos indivíduos REVISTA Soc Bras Economia Política São Paulo nº 34 p 123162 fevereiro 2013 155 Seu mérito vai ao encontro da necessidade de construção uma teoria de comportamento das agentes econômicos que incorporasse o comportamento observado no mundo real Neste sentido ela aproxima a economia de outras áreas do conhecimento como a psicologia admi nistração e sociologia Esta aproximação vai contra a tendência histórica de isolamento da economia das demais áreas científicas Apesar das críticas da esco la dos velhos institucionalistas americanos que pregavam o retorno da economia aos conceitos de Hume a economia deixou de lado as críticas relacionadas ao realismo e a aplicação empírica dos pressupostos de comportamento otimizador assumidos nos modelos de maximização da utilidade A racionalidade limitada estreitou a diferença entre a teoria eco nômica e a aplicabilidade dos modelos frente ao comportamento predito pelos mesmos Esta é a razão pela qual algumas escolas de pensamento econômico heterodoxas como a nova economia institucional a evolu cionária e os póskeynesianos assumiram a racionalidade limitada como forma básica de comportamento dos indivíduos nos seus modelos A teoria neoclássica também reagiu à introdução do conceito de racionalidade limitada Este impacto pode ser visualizado por meio do desenvolvimento da teoria de assimetria de informações do aprendi zado e da adoção de comportamentos second best o que equivale à adoção de um enunciado fraco da racionalidade substantiva relaxando a condição de posse total de informações e capacidade de otimização dos indivíduos Este artigo contribui com a definição da importância da pesquisa de Herbert Simon no campo de comportamento dos indivíduos por meio da teoria da racionalidade limitada o que já é de reconhecimento pú blico em função de prêmio Nobel recebido pelo pesquisador em 1978 Todavia verificase que após o laureamento do autor pelo Nobel várias escolas de pensamento econômico adotaram ou discutiram a valida de do conceito de racionalidade limitada entre os pressupostos básicos assumidos Tal fato conduziu a teoria da racionalidade limitada a ser um desdobramento inicial dos principais pesquisadores relacionados às escolas heterodoxas anteriormente citadas Desta forma este artigo mostra o impacto do legado de Simon sobre a ciência econômica com REVISTA Soc Bras Economia Política São Paulo nº 34 p 123162 fevereiro 2013 156 destaque para as escolas heterodoxas e sua preocupação com o realismo de seus modelos verificada por meio do pressuposto de racionalidade limitada dos agentes econômicos desenvolvida por Herbert Simon no final dos anos cinquenta Este artigo verificou que a racionalidade limitada é a principal alternativa teórica à racionalidade substantiva pregando a existência de limites cognitivos e processuais no comportamento do indivíduo Cercada por duas teorias radicais a racionalidade substantiva e a in certeza com resultados e hipóteses totalmente perfeitos e imperfeitos respectivamente a racionalidade limitada constituise em uma hipótese aberta e criada em um contexto de diálogo com outras áreas do conhe cimento Com este artigo esperase contribuir com a disseminação dos resultados da agenda de pesquisa de racionalidade e comportamento na economia estendendose a herança da pesquisa de Simon como a al ternativa mais coerente para outras disciplinas interessadas entenderem como a economia define o comportamento do indivíduo Abstract This article analyzes the formation of the theory of bounded rationality by Herbert Si mon and developments in economics Several fields of knowledge are unaware of this theory and critical detachment from reality of neoclassical theory in relation to maxi mizing behavior adopted This article contributes to the presentation of the evolution of the concept of bounded rationality in Simon and his impact on the economy This impact is seen in the orthodox schools the development of theories as asymmetric information moral hazard adverse selection and second best and heterodox schools such as the Schumpeterian and Evolutionary Institutionalisms and Post Keynesians Key words Rationality Bounded Rationality Herbert Simon Satisficing Referências ANDREWS GJ LINEHAN D Geography In ROBBINS P ed Encyclo pedia of environment and society London Sage p 752754 2007 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conhecimento é interligado e pode ser determinado endoge namente portanto ela não nasce sem uma base passada de conhecimento acumulado perten cente a um paradigma tecnológico que engloba diversas trajetórias tecnológicas em diferentes estágios de desenvolvimento

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