·

História ·

Outros

Send your question to AI and receive an answer instantly

Ask Question

Preview text

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PROGRAMA DE PÓSGRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO MESTRADO EM EDUCAÇÃO POR FORÇA DAS CIRCUNSTÂNCIAS MARIA THÉTIS NUNES NA DIREÇÃO DO COLÉGIO ESTADUAL DE SERGIPE 19511955 ADRIANA DE ANDRADE SANTOS SÃO CRISTÓVÃOSE 2021 UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PROGRAMA DE PÓSGRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO MESTRADO EM EDUCAÇÃO POR FORÇA DAS CIRCUNSTÂNCIAS MARIA THÉTIS NUNES NA DIREÇÃO DO COLÉGIO ESTADUAL DE SERGIPE 19511955 ADRIANA DE ANDRADE SANTOS Dissertação apresentada ao Programa de Pós Graduação em Educação da Universidade Federal de Sergipe para obtenção do título de Mestre em Educação Orientadora Profa Dra Josefa Eliana Souza SÃO CRISTÓVÃOSE 2021 FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELO SIBIUFS UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE S237p Santos Adriana de Andrade Por força das circunstâncias Maria Thetis Nunes na direção do Colégio Estadual de Sergipe 19511955 Adriana de Andrade Santos orientadora Josefa Eliana Souza São Cristóvão SE 2021 201 f il Dissertação mestrado em Educação Universidade Federal de Sergipe 2021 1 Educação Sergipe 2 Historia Sergipe 3 Colégio Estadual de Sergipe SE Historia 4 Nunes Maria Thetis 1923 2009 l Souza Josefa Eliana orient lI Título CDU 378137091 CRB5 SE001607O UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PRÓREITORIA DE PÓSGRADUAÇÃO E PESQUISA PROGRAMA DE PÓSGRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO ADRIANA DE ANDRADE SANTOS POR FORÇA DAS CIRCUNSTÂNCIAS MARIA THÉTIS NUNES NA DIREÇÃO DO COLÉGIO ESTADUAL DE SERGIPE 19511955 Aprovada em 26022021 Dissertação apresentada ao Programa de PósGraduação em Educação da Universidade Federal de Sergipe e aprovada pela Banca Examinadora Profa Dra Josefa Eliana Souza Orientadora Programa de PósGraduação em EducaçãoUFS Prof Dr Joaquim Tavares da Conceição Universidade Tiradentes Programa de PósGraduação em EducaçãoUFS Profª Dr ª Maria Neide Sobral Universidade Federal de SergipeUFS Prof Dr José Genivaldo Martires Universidade Federal de SergipeUFS Prof Dr Magno Francisco De Jesus Santos Universidade Federal do Rio Grande do NorteUFRN SÃO CRISTÓVÃO SE 2021 À Maria Thétis Nunes in memoriam AGRADECIMENTOS Essa pesquisa foi possível graças aos esforços empreendidos por mim e alguns agentes Chegou a hora de agradecer a todos aqueles que contribuíram direta eou indiretamente para que este levante se concretizasse Agradeço primeiramente a Deus pela dádiva da vida pela sua bondade em permitir que tal feito se realizasse Muitos foram os momentos que me peguei clamando a ele por força foco discernimento e coragem para seguir em frente Agradeço muitíssimo a minha orientadora professora Dra Josefa Eliana exemplo de dedicação e amor pelo que faz Sua postura perante a profissão docente renovame a esperança de tempos melhores para a educação brasileira Quando crescer quero ser igual à senhora Também foi fundamental a colaboração dos professores do Departamento de Pós graduação em Educação PPGED Josefa Eliana Souza Silvana Bretas e Edimilson Menezes por todos os saberes arremetidos aos alunos que integraram ou integram esse departamento Ambos dirimiram dúvidas e oportunizaram o acesso às fontes que sustentam a argumentação deste trabalho Sublinho ainda o apoio de amigos e amigas que encontrei durante esses deslocamentos e cujos posicionamentos combativos não me fizeram desanimar em meio à empreitada Agradecimento resumido nas pessoas de Lidiana Vieira fiel escudeira sempre elencando qualidades não vistas por mim encorajandome com palavras de superação e elevação sem contar pelos socorros recorrentes à área das tecnologias e da cartografia A Cristiane Tavares pela amizade obtida por meio de choros e risos pelos incentivos constantes pela ajuda mútua nos momentos de descontração e dor como também pelo carinho que construímos ao longo de oito anos de parceria como colegas de turma e bolsistas fazendo com que essa amizade transcendesse os portões da Universidade Sou grata também aos colegas de turma nas pessoas de Juselice Alencar Danilo Mota Thiciane Nascimento e Matheus Luamm os quais ao longo desses dois anos de mestrado contribuíram essencialmente para a minha formação como educadora e cidadã Para concluir esse estudo fezse necessário a colaboração de outras pessoas Por isso agradeço aos colegas professores Suely Cristina Silva Souza Waldinei Santos Silva Rosemeire Marcedo Costa Ana Cláudia Mendonça Rita de Cácia Souza dentre outros Gratidão extensiva as professora Eva Maria Siqueira Alves e Lianna de Melo Torres pela coordenação em projetos de pesquisa e extensão tecnológica Agradecimentos aos profissionais que integram o Centro de Educação e Memória do Atheneu Sergipense CEMAS da Biblioteca Central da Universidade Federal de Sergipe BICEN do Arquivo Público do Estado de Sergipe e da Biblioteca Central da Bahia Agradeço aos préstimos de João Quintino pelo intermédio junto aos exalunos Arivaldo de Andrade e Francisco Guimarães Rollemberg Como também aos professores Dr José Genivaldo Martires e Dr Jorge Carvalho do Nascimento pela partilha de memórias e conhecimentos Agradeço aos professores que compuseram a banca de minha defesa de mestrado Dr Magno Francisco de Jesus Santos pertencente à Universidade Federal do Rio Grande do Norte e aos professores pertencentes à Universidade Federal de Sergipe Dr Joaquim Tavares da Conceição Dr José Genivaldo Martires e a Profa Dra Maria Neide Sobral pela leitura atenta e pelas sublimes observações em prol do crescimento desse trabalho Por fim agradeço sobretudo a minha filha Eduarda razão do meu viver Sou grata também a Everton Não sei como me suporta Entre tapas e beijos se vão 19 anos de convivências e de ajuda mútua Sei que não foi fácil para mim muito menos para você que durante anos se dispôs a servir de mototáxi abrindo mão do seu horário de descanso e almoço para concretude dos meus ideais A Madalena por ter me carregado em seu ventre por nove meses E claro ao meu pai Jorge Antônio homem simples prestativo e imaturo por ter me concebido seu gene Embora não saiba transmitir sentimentos paternais é um socorro presente Aos meus irmãos paternos Rodolfo Marcos e Paulo como também a meus irmãos maternos Ana Cláudia Renata e Messias in memoriam os quais compartilharam comigo muitos dos momentos mais difíceis e especiais da minha vida Aos meus queridos sobrinhos Júlia e Arthur que me fazem tão feliz e amada como também pelos momentos de alegria que por instantes faziamme esquecer as atribulações corriqueiras Obrigada por fazerem parte desta jornada Quando a família não pode exercer a parte que lhe cabe na educação dos filhos por ter de garantir a produção de toda a riqueza social é a instituição escolar a responsável pela socialização das informações e ideologias que cimentam todo o constructo social é o espaço escolar que é responsável pela transmissão dos saberes produzidos e acumulados pela sociedade LOMBARDI 2012 p 19 grifo do autor RESUMO A presente dissertação propõese a compreender a atuação de Maria Thétis Nunes como diretora do Colégio Estadual de Sergipe durante o recorte temporal de 1951 a 1955 período que marca o início e o término de suas funções como dirigente da citada instituição de ensino Este estudo inserese no campo da História da Educação e constituise em uma pesquisa qualitativa de cunhos histórico documental e bibliográfico que comunga princípios defendidos pela História Cultural Os fundamentos teóricometodológicos que cimentam este trabalho e atendem aos conceitos de intelectual e redes de sociabilidades defendidos por Jean François Sirinelli articulado ao conceito de campo e poder simbólico de Pierre Bourdieu o qual subsidiou o processo de análise dos dados coletados Dentre as fontes documentais apresentamse livro de ponto do professor livro de contrato de funcionário livro de registro de diploma ata de relatório escolar anual ata de resultado final ata geral de exame ata de prova oral ata de reunião da congregação escolar atestado boletim caderneta de aula publicação em jornal revista e diário oficial fotografia e principalmente livro de correspondência expedida e recebida do mencionado estabelecimento de ensino A análise das fontes impressas e por meio de entrevistas semiestruturadas foi identificado que os relatórios de final de ano permitiram compreender um pouco mais sobre a atuação de Maria Thétis Nunes enquanto regente do Colégio Estadual de Sergipe além de revelar a situação educacional da principal casa de ensino secundário sergipano na época em voga PalavrasChaves Administração Escolar Colégio Estadual de Sergipe Intelectuais Maria Thétis Nunes ABSTRACT This dissertation aims at understanding Maria Thétis Nunes performance as director of Colégio Estadual de Sergipe during the period from 1951 to 1955 a period that marks the beginning and the end of her functions as head of that educational institution This study is part of the field of Educational History and is a qualitative research of historical documentary and bibliographic nature that shares principles defended by Cultural History The theoreticalmethodological foundations that underpin this work meet the concepts of intellectual and sociability networks advocated by JeanFrançois Sirinelli articulated to the concepts of field of Pierre Bourdieu which will support the process of analysis of the data collected Among the documentary sources are teachers time book employee contract book diploma registration book annual school report minutes final result minutes general exam minutes oral test minutes school congregation meeting minutes certificate bulletin class notebook publication in the newspaper magazine and official diary photography and mainly correspondence book sent and received from the mentioned educational establishment In the preliminary analysis and through semistructured interviews it was identified that the yearend reports will allow us to understand a little more about Maria Thétis Nunes performance as regent of the State College of Sergipe besides revealing the educational situation of the main secondary school in the State of Sergipe at the time in vogue Keywords Intellectuals Maria Thétis Nunes School Administration State College of Sergipe LISTA DE FIGURAS Figura 1 Localização da rua na qual Thétis Nunes morou em Itabaiana 36 Figura 2 Livro de Atas do Atheneu Sergipense 44 Figura 3 Professor Joaquim Vieira Sobral 46 Figura 4 Decreto que nomeou Thétis Nunes professora substituta do Atheneu Sergipense 1941 52 Figura 5 Centro de Estudos da Faculdade de Filosofia da Bahia 63 Figura 6 Discurso de Maria Thétis Nunes na sessão solene em homenagem aos professores Abdias Bezerra e Arthur Fortes 65 Figura 7 Ofício da Congregação do Atheneu Sergipense sobre a nomeação de Thétis Nunes para a cadeira de Geografia Geral 1946 72 Figura 8 Decreto que nomeou Thétis Nunes professor catedrático do Atheneu Sergipense 1946 72 Figura 9 Fachada da antiga Livraria Regina e foto atual do local 74 Figura 10 Thétis Nunes em seu gabinete no Colégio Estadual de Sergipe 1954 81 Figura 11 Dispensa e designação de diretor do CES 1951 82 Figura 12 Ilustração do Prédio que abrigou o Atheneu Pedro II Atheneuzinho 83 Figura 13 Ilustração do Prédio do Colégio Estadual de Sergipe 1951 Sede atual 83 Figura 14 Ilustração do Pátio do Colégio Estadual de Sergipe 1950 86 Figura 15 Materiais da seção de Educação Física do Colégio Estadual de Sergipe oriundos do antigo prédio 1949 88 Figura 16 Notícia sobre a inauguração do campo de esportes Adolpho Rollemberg 89 Figura 17 Credencial do estudante Francisco Guimarães Rollemberg como membro da União Sergipana dos Estudantes Secundários USES 1952 124 Figura 18 Materiais solicitados por Thétis Nunes para os Salões de Geografia e História 132 Figura 19 Artigo denunciando as precárias condições do Laboratório de Química do Atheneu Pedro II 133 Figura 20 Passagem do artigo Arnaldo Garcez e os Estudantes do Colégio Estadual 134 Figura 21 Thétis Nunes discursando na inauguração do Auditório 135 LISTA DE QUADROS Quadro 1 Levantamento de produções sobre Maria Thétis Nunes 18 Quadro 2 Itinerário de Thétis Nunes como aluna do Curso Ginasial do Colégio Pedro II 19351939 46 Quadro 3 Notas que Maria Thétis Nunes obteve da banca examinadora no concurso para professor catedrático do Colégio Estadual de Sergipe 71 Quadro 4 Corpo docente do Curso Ginasial do Colégio Estadual de Sergipe 1952 1953 1954 e 1955 100 Quadro 5 Corpo docente do Curso Colegial Clássico e Científico do Colégio Estadual de Sergipe 1952 1953 1954 e 1955 105 Quadro 6 Suplemento da folha correspondente às aulas suplementares do CES no mês de março de 1953 111 Quadro 7 Livros adotados pelo Colégio Estadual de Sergipe para o ano de 1952 113 Quadro 8 Matrículas do 1º semestre de 1954 118 Quadro 9 Matrículas do 1º semestre de 1955 119 LISTA DE SIGLAS AIB Ação Integralista Brasileira APS Arquivo Público Estadual de Sergipe ASL Academia Sergipana de Letras BICEN Biblioteca Central da Universidade Federal de Sergipe CADES Campanha de Aperfeiçoamento de Difusão do Ensino Secundário CAPES Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior CEMAS Centro de Educação e Memoria do Atheneu Sergipense CEB Centro de Estudos Brasileiros CES Colégio Estadual de Sergipe CBHE Congresso Brasileiro de História da Educação CNEC Campanha Nacional de Escolas da Comunidade DED Departamento de Educação DEHEA Grupo de Pesquisa Disciplinas Escolares História Ensino e Aprendizagem DGE Departamento de Geografia ENEFD Escola Nacional de Educação Física e Desporto ESHE Encontro Sergipano de História da Educação ESSS Escola Superior de Serviço Social FAPITECSE Fundação de Apoio à Pesquisa e à Inovação Tecnológica do Estado de Sergipe FCFS Faculdade Católica de Filosofia de Sergipe FFB Faculdade de Filosofia da Bahia GREPHES Grupo de Estudos e Pesquisas sobre História do Ensino Superior IEX Iniciação em Extensão Tecnológica IHGSE Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe ISEB Instituto Superior de Estudos Brasileiros OMS Organização Mundial da Saúde ONU Organização das Nações Unidas PCB Partido Comunista Brasileiro PIBIC JR Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica Júnior PPGED Programa de Pósgraduação em Educação PSD Partido Social Democrático PTN Partido Trabalhista Nacional PUCSP Pontifícia Universidade Católica de São Paulo SCAS Sociedade de Cultura Artística de Sergipe SBHE Sociedade Brasileira de História da Educação TCC Trabalho de Conclusão de Curso UDN União Democrática Nacional UEB União Estudantil da Bahia UFS Universidade Federal de Sergipe URS União Republicana de Sergipe USES União Sergipana dos Estudantes Secundários SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO 14 2 MARIA THÉTIS NUNES DA SERRA DE ITABAIANA AOS BANCOS ESCOLARES DO COLÉGIO ATHENEU PEDRO II 36 21 MARIA THÉTIS NUNES DA FACULDADE DE FILOSOFIA DA BAHIA Á CATÉDRA DE GEOGRAFIA DO COLÉGIO ESTADUAL DE SERGIPE 56 3 ASSUMIREIS E ORGANIZAREIS PARECERES DE MARIA THÉTIS NUNES SOBRE O COLÉGIO ESTADUAL DE SERGIPE 78 31UM OLHAR SOBRE O CORPO DOCENTE DO COLÉGIO ESTADUAL DE SERGIPE 94 32 UM OLHAR SOBRE O CORPO DISCENTE DO COLÉGIO ESTADUAL DE SERGIPE 117 321 Tempos de recordar ações de incentivo da diretora Thétis Nunes para com os alunos do Colégio Estadual de Sergipe 120 33 PARA ALÉM DA SALA DE AULA UM OLHAR ACERCA DOS OUTROS ESPAÇOS DO COLÉGIO ESTADUAL DE SERGIPE 128 BREVES CONSIDERAÇÕES 139 REFERÊNCIAS 146 APÊNDICE 163 ANEXO 185 14 Introdução 1 INTRODUÇÃO Nas últimas décadas do século XX as pesquisas sobre História da Educação nascida em meados do século XIX ganharam destaque em meio aos temas educacionais principalmente nas áreas de humanas fortalecendo assim o campo históricoeducativo como afirma Castanha 2013 Segundo este autor fatores diversos explicam o aumento do número de pesquisas nessa área a exemplo da criação de programas de pósgraduação em educação fortalecimento de grupos de pesquisa abertura dos canais de publicação dos estudos aproximação dos pesquisadores em história da educação das teorias da história CASTANHA 2013 p 80 dentre outros Nos dias hodiernos a cultura patrimonial escolar vem sendo centro de discussões principalmente no palco dos estudos da História da Educação O que foi e é produzido nesses espaços de aprendizagens particularmente a vasta documentação relata ou nos revela o desenvolvimento e as ações de uma determinada sociedade em uma dada época Para Neves e Martins 2008 p 36 os recentes debates teóricos e metodológicos discutidos dentro da História da Educação enfatizam a necessidade de conhecermos a escola em sua especificidade de organização de trabalho pedagógico e da cultura que produz e reproduz Melhor dizendo os ditos debates focam na necessidade de se estudar a cultura escolar das instituições educacionais Essa cultura escolar é entendida por Dominique Julia como um conjunto de normas que definem conhecimentos a ensinar e condutas a inculcar e um conjunto de práticas que permitem a transmissão desses conhecimentos e a incorporação desses comportamentos normas e práticas coordenadas a finalidades que podem variar segundo as épocas finalidades religiosas sociopolíticas ou simplesmente de socialização normas e práticas JULIA 2001 p 10 À vista disso o pesquisador de História da Educação em seus estudos cria uma representação do passado Entretanto Fonseca 2006 salienta que são impostas dificuldades à pesquisa notadamente no processo de localização das fontes na realização das leituras de alguns documentos e manuscritos no tocante à grafia eou desgaste deles ou ainda a sua inexistência ocasionados às vezes pelo descarte ou má conservação de vestígios gerados pelo ser humano que se perdem com o passar do tempo Todas as instituições escolares dispõem de arquivos No entanto percebese que há falta de interesse e de conhecimento de alguns agentes em preservar a memória e a história da 15 Introdução instituição A consolidação do Atheneu Sergipense como instituição é refletida em palavras atos gestos eou pensamentos que compreendem documentos gerados ou recolhidos por uma entidade pública ou privada que são necessários à sua criação ao seu funcionamento e ao exercício das atividades que justificam sua existência BELLOTO 2006 p 28 Nessa conjuntura apresento o Atheneu Sergipense como espaço que carrega e guarda consigo fontes cujas informações foram fundamentais no processo de elaboração desta pesquisa Por conseguinte atento para a importância do Centro de Educação e Memória do Atheneu Sergipense CEMAS pela salvaguarda dos arquivos históricos escolares dessa instituição provedores de inúmeras possibilidades de investigação e análise científica que permitem aos pesquisadores dissertarem sobre as mudanças ocorridas no sistema educacional sergipano ao longo do tempo O Atheneu Sergipense foi fundado em 24 de outubro de 1870 por meio do Regulamento Orgânico da Instrução Pública de Sergipe Esse regulamento foi organizado por Manuel Luiz Azevedo dAraújo diretor geral da Instrução Pública na época Conhecido como Casa de Educação Literária o Atheneu Sergipense quando de sua criação ofertava à elite sergipana dois cursos o de Humanidades distribuído em quatro anos e o Normal ministrado em dois anos Devese ressaltar o seu funcionamento ininterrupto até os dias atuais Esta instituição dispõe de um acervo documental extenso e bastante rico à disposição de historiadores e pesquisadores da educação Convém salientar que ao longo destes 150 anos a instituição recebeu múltiplas denominações Atheneu Sergipense 1870 Lyceu Secundário de Sergipe 1881 Escola Normal de Dois Graus 1882 Atheneu Sergipense 1890 Atheneu Pedro II 1925 Atheneu Sergipense 1938 Colégio de Sergipe 1942 Colégio Estadual de Sergipe 1943 Colégio Estadual Atheneu Sergipense 1970 e atualmente Colégio Estadual Atheneu Sergipense Centro de Excelência desde 2003 ALVESb 2005 p 8182 A cabo de explicação utilizase no trabalho a denominação referente a cada ano priorizando muitas das vezes a mais popular Atheneu Sergipense bem como Colégio Estadual de Sergipe CES por ser a denominação utilizada no período estudado O desejo em ingressar no Mestrado em Educação surgiu ainda em 2016 antes mesmo de concluir o curso de Licenciatura Plena em Pedagogia pela Universidade Federal de Sergipe UFS por incentivo de uma colega de turma Inicialmente tentei ingresso como aluna regular Posteriormente tentei ingresso no mestrado pelo Departamento de História A persistência e a obstinação eram tamanhas que tentei mais uma vez ingressar no mestrado por meio do Edital de 2017 agora como aluna especial e sem êxito decidi desistir Desisti 16 Introdução temporariamente convém salientar Porém em 2018 certa de que seria a última tentativa pareceume uma peça do destino porque finalmente passei nesse Edital para cursar o Mestrado em Educação com a certeza de dar continuidade à pesquisa iniciada ainda na graduação intitulada As correspondências do Atheneu Sergipense ofícios recebidos e expedidos no período de 1951 a 1955 orientada pela professora Rita de Cácia Santos Souza1 na qual tive como objeto de pesquisa as correspondências do Atheneu Sergipense Partiram daí os primeiros olhares para atuação de Maria Thétis Nunes como diretora do Colégio Estadual de Sergipe Mas donde surgiu esse interesse por Thétis Nunes Como bem disse Bourdieu 1990 p 42 Quem procura acha O interesse por essa temática surgiu em 2013 por ser bolsista de Iniciação em Extensão Tecnológica IEx em um projeto cujo foco foi avaliar os indicadores a gestão e os resultados do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação Científica Júnior PIBIC Jr em Sergipe programa operacionalizado pela Fundação de Apoio à Pesquisa e à Inovação Tecnológica do Estado de Sergipe FAPITECSE no período de 2003 a 2013 Posto isso declaro ser esse o início da minha jornada rumo à descoberta no campo da pesquisa em História da Educação Ser bolsista possibilitoume ingresso no Grupo de Pesquisa Disciplinas Escolares História Ensino e Aprendizagem DEHEA e participação na pesquisa O Centro de Educação e Memória do Atheneu Sergipense CEMAS Realizei por intermédio dessa pesquisa cursos que me deram suporte para atuar no trato de documentos salvaguardados no presente arquivo Importa lembrar que em 2020 houve mudança de orientação Passei a integrar o Grupo de Estudos e Pesquisas sobre História do Ensino Superior GREPHES2UFSCNPq que tem 1 Professora do Departamento de Educação da Universidade Federal de Sergipe Ministrando as disciplinas Educação Inclusiva Fundamentos da Investigação Científica Fundamentos Filosóficos da Educação Tópicos Especiais de Ensino Monografia Libras Pesquisa em Educação Especial e Tecnologia Assistiva Tem pós doutorado e doutorado em Educação pela Universidade Federal da Bahia mestrado em Educação pela Universidade Federal de Sergipe e Licenciatura em Pedagogia pela Universidade Federal de Sergipe Membro da Sociedade Movimento dos Focolares Associação Brasileira de Psicopedagogia Seção Sergipe Associação Brasileira de Pesquisadores em Educação Especial SBEE Sociedade Brasileira de Pesquisadores em História da EducaçãoSBHE Academia Literocultural de Sergipe ALCS Pesquisadora e Líder do Núcleo de Estudo Extensão e Pesquisa em Inclusão Educacional e Tecnologia Assistiva NÚPITAUFS EDUCONUFS Tem experiência na área de Educação infantil à pósgraduação atuando e publicando principalmente nas seguintes temáticas Educação História da educação formação de professores educação especial e inclusiva práticas pedagógicas tecnologia assistiva educação infantil ensinoaprendizagem Libras arte e diversidade Texto informado pelo autor no Currículo Lattes Disponível em httplattescnpqbr5346944386346175 Acesso em 26 mar 2021 2 Criado em outubro de 2011 pela Profa Dra Josefa Eliana Souza Fruto do Projeto intitulado Universidade Federal de Sergipe de Escola Superior a Universidade Multicampi que objetivou desenvolver estudos 17 Introdução como foco principal a história da Universidade Federal de Sergipe além de desenvolver estudos sobre biografia e trajetória de vida de intelectuais ligados à história da UFS Maria Thétis Nunes foi uma delas Contudo o presente trabalho anseia compreender uma das facetas da trajetória de vida de Thétis Nunes não na UFS mas no Colégio Estadual de Sergipe no cargo de diretora Entendo que a certeza da minha relação com o grupo GREPHES consolida se pelo interesse no estudo de trajetória e da história da educação sergipana Como dito em meados de 2013 foramme apresentadas as correspondências do Atheneu Sergipense mas a indecisão pairava sobre mim O que pesquisar em meio à vastidão de correspondências existente na instituição Inicialmente decidi analisar os ofícios recebidos e expedidos nos anos de 1951 e 1952 Em suma investigaria com quem o Colégio Estadual de Sergipe na época se correspondia quem se correspondia com a instituição e o teor dessas correspondências bem como a relevância de ambas na gestão de Maria Thétis Nunes e para a educação sergipana Encontravame encantada pela história de Maria Thétis Nunes Lembrome de que ela era sempre citada pelos professores na graduação como também nas bancas de defesa de mestrado e doutorado das quais participei como ouvinte e eu já havia tido contato com o seu livro intitulado História da Educação em Sergipe obra discutida na disciplina optativa Educação Brasileira ofertada pelo Departamento de Educação DED e ministrada por minha atual orientadora Profa Dra Josefa Eliana Souza3 disciplina cuja ementa contemplou a figura de Thétis Nunes Desse modo entendi que tudo me levava àquela intelectual sobretudo quando ao garimpar as correspondências de 1952 identifiquei que no campo de diretor Thétis Nunes associados à linha de pesquisa História da Universidade em março de 2010 A produção acadêmica decorrente dos estudos iniciais resultou em variados artigos monografias dissertações e teses em andamento além do livro História e Memória Universidade Federal de Sergipe 19682012 financiado pela UFS As ações do GREPHES tem por objetivo investigar as transformações históricas que resultaram na implantação e funcionamento da UFS Além da História da instituição interessam estudos sobre a construção de trajetórias de intelectuais da educação práticas pedagógicas criação circulação e difusão de impressos assim como articular o ensino superior com a educação patrimonial e a história da expansão da UFS em Sergipe Informações coletadas em httpcechufsbrpagina20772gruposdepesquisa Acesso em 30 out 2020 3 Doutora em Educação pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo Mestrado em Educação obtido na Universidade Federal de Sergipe Bacharela em História pela Universidade Federal de Sergipe e Graduada em História também pela Universidade Federal de Sergipe Professora Associada II do Departamento de Educação e membro do corpo permanente do Programa de PósGraduação em Educação da UFS Membro da Comissão de História do Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe Membro do Conselho EditorialCientífico Nacional da Interespaço Revista de Geografia e Interdisciplinaridade Membro da Sociedade Brasileira de História da EducaçãoSBHE Atua no campo da História da Educação e os seus interesses estão voltados para discussões que dizem respeito ao Ensino Superior no Brasil Instituições Intelectuais Representações Memória e Materiais Impressos tendo como foco principal história da Universidade Federal de Sergipe UFS Lidera o Grupo de Estudos e Pesquisas sobre História do Ensino Superior GREPHESUFSCNPq Texto informado pelo autor no Currículo Lattes Disponível em httplattescnpqbr0698585902048453 Acesso em 26 mar 2021 18 Introdução assinava como a dirigente do Colégio Estadual de Sergipe Assim a partir do real interesse em conhecer mais sobre a História da Educação em Sergipe e do Colégio Estadual de Sergipe e sobremaneira da trajetória dessa intelectual como diretora resolvi realizar essa pesquisa que teve início ainda na graduação Maria Thétis Nunes destacouse ao longo dos seus 86 anos de vida por ser pioneira em múltiplos setores Benemérita professora destacada historiadora brasileira do século XX desenvolveu pesquisas em diferentes temáticas e publicou uma vastidão de trabalhos4 Representante da cultura brasileira em terras estrangeiras foi a mais premiada das mulheres sergipanas Em reconhecimento aos seus feitos em prol da educação sergipana e brasileira importantes aspectos de sua biografia já foram explorados em livro tese dissertação monografia artigo publicado em periódico dossiê em revista especializada na área da educação como nos revela o quadro a seguir Quadro 1 Levantamento de produções sobre Maria Thétis Nunes Ano Autor Título LIVRO 1999 Maria Nely Santos Professora Thétis uma vida 2018 Clovis Carvalho Britto Org Sob os véus de Mnemosyne a imaginação museal de Maria Thetis Nunes TESE 2015 João Paulo Gama Oliveira Caminhos cruzados itinerários de pioneiros professores do ensino superior em Sergipe 19151954 2020 José Genivaldo Martires Do capelo ao fardão a inserção de professoras na Academia Sergipana de Letras no século XX DISSERTAÇÃO 2011 João Paulo Gama Oliveira Disciplinas docentes e conteúdos itinerários da História na Faculdade Católica de Filosofia de Sergipe 19511962 2020 Marcos Breno Andrade Leal Catálogo de fontes metalinguísticas estudo exploratório dos fundos pessoais do Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe IHGSE MONOGRAFIA 1997 Norberto Rocha de Oliveira Maria Thétis Nunes uma contribuição a historiografia sergipana 2008 Cleverton dos Santos O catolicismo colonial sergipano segundo Maria Thétis Nunes 2008 João Paulo Gama Oliveira O curso de geografia e história da Faculdade Católica de Filosofia de Sergipe 19511954 entre alunas docentes e disciplinas uma história 4 Destaco alguns trabalhos de grande valia para a educação sergipana realizados por Thétis Nunes A civilização Árabe sua influência na civilização ocidental 2002 História da Educação em Sergipe 1984 História de Sergipe a partir de 1820 1978 Sergipe Colonial I 1989 Sergipe Colonial II 1996 Sergipe Provincial I 2000 Ensino Secundário e Sociedade Brasileira 1962 dentre outros 19 Introdução 2014 Jandison Moura da Silva Maria Thétis Nunes um olhar sobre a Revolta de Santo Amaro REVISTA 2004 Revista do Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe Dossiê Maria Thétis Nunes 2009 Revista do Mestrado em Educação Maria Thétis Nunes 06011923 a 25102009 FASCÍCULO 2009 Jornal da Cidade Thétis e a história da educação doméstica I 2009 Thiago Fragata Maria Thétis Nunes museóloga sim 2017 Correio de Sergipe Maria Thetis Nunes caminhos percorridos pela jovem sergipana PERÍODICOS E ANAIS DE EVENTOS 2010 João Paulo Gama Oliveira As aulas de Maria Thétis Nunes na Faculdade Católica de Filosofia de Sergipe 19511956 2012 Os professores de história da antiga FAFI 2013 A área da Geografia no curso de Geografia e História da Faculdade Católica de Filosofia de Sergipe 19511962 2016 Caminhos percorridos por Maria Thetis Nunes pioneira catedrática do Atheneu Sergipense 2017 Vestígios dos jovens anos escolares de uma intelectual brasileira itinerários da aluna Maria Thetis Nunes no Atheneu Sergipense 19351941 Itinerários de Maria Thetis Nunes na Faculdade de Filosofia da Bahia 19431946 Maria Thetis Nunes o ingresso da subversiva nos caminhos do magistério 19441945 Fonte Quadro elaborado pela pesquisadora com base no banco de dados da BICEN Ciente dos esforços já empreendidos pelos supraditos pesquisadores em retratar a trajetória estudantil e docente de Maria Thétis Nunes no Atheneu Sergipense aspectos da sua atuação como professora da Faculdade Católica de Filosofia de Sergipe e posteriormente da Universidade Federal de Sergipe seu itinerário como aluna e bolsista do Instituto Superior de Estudos Brasileiros ISEB diretora do Centro de Estudos Culturais na Argentina além do campo de atuação como museóloga inquietoume o silenciamento a respeito da trajetória de Thétis Nunes como diretora do Colégio Estadual de Sergipe resumida em breves linhas e com ênfase na nomeação Assim sendo a pesquisa em tela não parte de um patamar zero de conhecimento ao contrário partimos de condições já dadas existentes e de uma prática anterior nossa e de outros que gerou a necessidade da pesquisa ao problematizarse como bem salienta FRIGOTTO 2010 p 96 Nesse sentido a culminância dessa escrita se deu graças a 20 Introdução trabalhos anteriores os quais são fornecedores de subsídios e reveladores de indícios para problematização deste Dessa forma a pesquisa documental foi imperiosa na obtenção das informações Assim foram realizadas coletas de dados priorizando trabalhos que versam sobre o objeto de estudo Colégio Estadual de Sergipe mais conhecido como Atheneu Sergipense Maria Thétis Nunes e trajetória de vida campo de atuação nas seguintes bases de pesquisa Biblioteca Central BICEN da Universidade Federal de Sergipe em busca de livros jornais e revistas Programa de Pósgraduação em Educação PPGED à cata de teses dissertações e periódicos Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe IHGSE à procura de fontes em jornais e revistas Departamentos de História e Ciências da Religião em busca de Trabalhos de Conclusão de Curso TCC Congresso Brasileiro de História da Educação SBHE atrás de artigos científicos e Correio de Sergipe em busca de fascículos Dentro dessa perspectiva ao inserir os descritores Atheneu Sergipense no banco de dados do Catálogo de Teses e Dissertações da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior CAPES e no banco de dados da Bicen localizei 40 trabalhos Compreendem estes livro tese dissertação TCC e monografia de especialização que versam sobre aspectos pertinentes à citada instituição ilustrados no APÊNDICE A Assim sendo destaco a tese de doutorado de Eva Maria Siqueira Alves5 defendida na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo PUCSP em 2005 Intitulada O Atheneu Sergipense uma Casa de Educação Literária examinada segundo os planos de estudos 18701908 Essa autora objetivou conhecer o cenário do Atheneu Sergipense no período compreendido entre as últimas três décadas do século XIX e a primeira década do século XX Ela investigou o espaço formador de vultos que se projetaram no panorama político e social almejando tornar acessíveis traços significativos da história do Atheneu Sergipense 5 Eva Maria Siqueira Alves tem Doutorado em Educação História Política Sociedade pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo Mestrado em Educação pela Universidade Federal de Sergipe e Licenciatura em Matemática pela Universidade Federal de Sergipe Professora Titular Portaria N 0782 da UFS aposentada Voluntária do Programa de PósGraduação em Educação da UFS 20172020 Presidiu o CONMEA Conselho Municipal de Educação de Aracaju 20152017 Coordenou o Programa de Pós Graduação em Educação da UFS Mestrado e Doutorado no período de 2009 a 2013 Foi coordenadora do Fórum de Coordenadores dos Programas de PósGraduação em Educação das Regiões Norte e Nordeste FORPRED NNE de 2012 a 2013 Dirigiu a Sociedade Brasileira de Educação Matemática Regional Sergipe 20062012 Coordenou no período de 2008 a 2010 o Plano de Metas Compromisso Todos pela Educação na elaboração dos Planos de Ações Articuladas PAR em Sergipe FNDEUFSSEED Dirigiu o Centro de Educação e Memória do Atheneu Sergipense CEMAS por meio do termo de cooperação técnica firmado entre a Secretaria de Estado da Educação e a Universidade Federal de Sergipe 20052020 Pesquisa na área de Educação com ênfase em História da Educação Texto informado pelo autor no Currículo Lattes Disponível em httplattescnpqbr5696705408159072 Acesso em 26 mar 2021 21 Introdução investigou o processo formador do colégio trazendo à cena as finalidades da instituição as cadeiras lá ministradas o método de ensino elementos que no seu conjunto conferiram identidade àquela Casa de Educação Literária sendo indispensável essa leitura àqueles que versem sobre o Atheneu Sergipense Em busca de trabalhos que abordem a respeito da intelectual Thétis Nunes destaco o pioneiro trabalho de conclusão de curso de Norberto Rocha de Oliveira intitulado Maria Thétis Nunes uma contribuição à historiografia sergipana defendido em 1997 que objetivou resgatar vida e obra de Thétis Nunes destacou os primeiros historiadores sergipanos e seus livros retratou a vida e a formação acadêmica bem como sua trajetória como professora e historiadora além de enfatizar a importância do Instituto Superior de Estudos Brasileiros na sua formação resgatando as principais características das suas produções historiográficas publicadas na época Vale ressaltar que dentre as 76 laudas somente na página de número 15 é que o autor faz menção à nomeação e atuação de Maria Thétis Nunes como diretora do Atheneu Sergipense Relatou que ela foi convidada para assumir o cargo de diretora no ano de 1952 por Arnaldo Garcez então governador do estado permanecendo nessa função entre 1952 a 1955 além de dirigir uma congregação de 20 homens dos mais renomados nomes da nossa cultura Destacamse entre suas ações a implantação de uma sala de geografia que ficou famosa modernização da biblioteca e implantação de novas medidas pedagógicas OLIVEIRA 1997 p 15 Todavia de acordo com as fontes Thétis Nunes foi nomeada para exercer a função gratificada de diretora do Colégio Estadual de Sergipe por decreto de 15 de dezembro de 1951 conforme assevera SANTOS 1999 p 28 Este fato é evidenciado também pelo ofício nº 3 de 07 de janeiro de 1952 no qual Thétis Nunes comunica que em 17 de dezembro de 1951 assumiu a função de diretora para a qual foi designada por meio do decreto do dia 15 de dezembro daquele ano confirmando assim a assertiva de Santos 1999 E cabe parabenizálo pelas riquíssimas fontes presentes em anexos recorte de jornais sergipanos baianos e rosarianos que tratam de Maria Thétis Nunes Outro trabalho que despertou o olhar para o presente tema foi o de Maria Nely Santos publicado no ano de 1999 em sua obra intitulada Professora Thétis uma vida A autora discorreu sobre a vida de Thétis Nunes trouxe à baila recordações de sua trajetória sua nomeação nos cargos de professora e diretora do Colégio Estadual de Sergipe além de sua indicação para representar o estado de Sergipe no ISEB por designação do governador 22 Introdução Leandro Maciel 19551959 sem contar da sua viagem para Argentina onde assumiria o cargo de diretora do Centro de Estudos Brasileiros CEB No capítulo intitulado O Atheneu de professora a diretora a pesquisadora Maria Nely abordou a mudança de prédio do Atheneu Sergipense ocorrida no ano de 1950 a indicação do nome de Thétis Nunes pelo governador Arnaldo Rolemberg Garcez para ela assumir o cargo de diretora do já mencionado estabelecimento de ensino bem como sua relutância em aceitar de prontidão o convite Frisa Santos 1999 a reivindicação proferida por Thétis Nunes de despachar diretamente com o governador sem a intervenção de terceiros Esse pedido foi deferido pelo governo Convite aceito Outros aspectos elencados pela autora foi o apoio incondicional do governador durante sua gestão a solidariedade e companheirismo de todos os colegas da congregação SANTOS 1999 p 29 bem como seu pedido de demissão antes da mudança de governo Discorre ainda acerca dos feitos de Thétis Nunes em arrumar uma casa totalmente nova e sobremaneira conceber e deliberar o uso dos espaços Por sua iniciativa foi criada e posta em funcionamento a Cooperativa Escolar João Ribeiro para atender aos alunos carentes SANTOS 1999 p 30 Ademais também tece considerações sobre seus esforços para o retorno da circulação do Jornal do Atheneu Importa ressaltar que esse trabalho instigou ainda mais minha vontade em compreender a trajetória de Maria Thétis Nunes como diretora do supramencionado estabelecimento de ensino secundário Abrese ressalva para figura do professor Dr João Paulo Gama Oliveira6 por ser o pesquisador que mais se dedicou a estudar os itinerários de Maria Thétis Nunes No ano de 2008 João Paulo apresentou o trabalho de conclusão de curso intitulado O curso de geografia e história da Faculdade Católica de Filosofia de Sergipe 19511954 entre 6 Professor Adjunto da Universidade Federal de Sergipe com atuação no Departamento de Educação DEDI e no Mestrado Profissional em Ensino de História PROFHISTÓRIA Doutor e Mestre em Educação graduado em História Licenciatura pela UFS Coordenador do Centro de Educação e Memória do Atheneu Sergipense CEMAS desde 2019 Avaliador do Programa Nacional do Livro e do Material Didático de História em quatro edições Coordenou a Divisão de Licenciaturas junto à Próreitoria de Graduação da Universidade Federal de Sergipe entre janeiro de 2019 e novembro de 2020 Possui experiência na educação básica como professor de História da rede pública estadual de ensino de Sergipe e do Instituto Federal de Sergipe Membro do Grupo de Pesquisas Relicário DEDIUFSCNPq e HEDUCA PPGHUFPel Líder do Grupo de Pesquisa Disciplinas Escolares História Ensino e Aprendizagem DEHEA UFSCNPq É membro da Associação Nacional de Profissionais de HistóriaANPUH da Sociedade Brasileira de História da Educação SBHE do Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe e da Academia de Letras de Aracaju ocupando a cadeira do historiador Silvério Leite Fontes Pesquisa principalmente nos seguintes temas História da Educação Intelectuais Sergipanos História do Ensino Secundário História do Ensino Superior Profissão Docente Patrimônio escolar e História do Ensino de História Texto informado pelo autor no Currículo Lattes Disponível em httplattescnpqbr1683730358783754 Acesso em 26 mar 2021 23 Introdução alunas docentes e disciplinas uma história Esse autor analisou o curso de Geografia e História da Faculdade Católica de Filosofia de Sergipe nos anos de 1951 a 1954 período de ingresso e conclusão da primeira turma a se matricular no curso em tal Faculdade Traçou aspectos da formação desses profissionais por meio dos seus alunos dos professores e das disciplinas que formaram o primeiro currículo do curso do qual Thétis Nunes fez parte como professora de Geografia Física História do Brasil e Administração Escolar Em 2011 defendeu na Universidade Federal de Sergipe a dissertação de mestrado intitulada Disciplinas docentes e conteúdos itinerários da História na Faculdade Católica de Filosofia de Sergipe 19511962 na qual investigou as disciplinas ministradas no curso de Geografia e História da referida faculdade no período de 1951 a 1962 O autor analisou os saberes transmitidos naquele curso de formação de docentes de História em meados do século XX as disciplinas os perfis dos seus docentes e os conteúdos explícitos que formaram as bases da investigação desse recorte do passado que contribuiu sobremaneira para o ensino de História em Sergipe Vale frisar que Maria Thétis Nunes integrou o quadro de professores do presente estudo No ano de 2015 João Paulo Gama Oliveira defendeu na Universidade Federal de Sergipe a tese de doutorado intitulada Caminhos cruzados itinerários de pioneiros professores do ensino superior em Sergipe 19151954 na qual investigou um grupo de pioneiros professores do ensino superior sergipano Nesse trabalho o autor analisou os caminhos trilhados por Felte Bezerra 19081990 José Bonifácio Fortes Neto 19262004 José Silvério Leite Fontes 19252005 Manoel Cabral Machado 19162009 e Maria Thétis Nunes 19232009 desde a vida estudantil atuação no ensino secundário até à docência nas primeiras turmas de graduados da Faculdade Católica de Filosofia de Sergipe Analisou os itinerários individuais desse grupo de intelectuais desde a formação escolar até seu ingresso no magistério secundário e os primeiros passos como docentes na pioneira instituição de formação de professores no ensino superior em Sergipe a FCFS Dentre os vários artigos publicados em revistas especializadas na área da educação importa destacar o texto intitulado Vestígios dos jovens anos escolares de uma intelectual brasileira itinerários da aluna Maria Thetis Nunes no Atheneu Sergipense 19351941 publicado em 2017 na Revista de História e Historiografia da Educação No aludido trabalho o autor analisou os itinerários da vida escolar de Maria Thétis Nunes no recorte temporal de 1935 a 1941 período no qual ela foi aluna do Atheneu Sergipense O estudo dos itinerários ocorreu por meio da análise das origens do seu despertar intelectual e 24 Introdução político nas instituições educacionais que frequentou e dos mestres que foram registrados em suas memórias O pesquisador João Paulo Gama Oliveira em seus trabalhos dedicouse aos itinerários de Thétis Nunes enquanto aluna e professora do Atheneu Sergipense aluna da Faculdade Católica de Filosofia da Bahia e professora da Faculdade Católica de Sergipe além da UFS No tocante à trajetória dela como diretora do Colégio Estadual de Sergipe esse pesquisador tece breves palavras para relatar sua indicação No processo de localização das fontes identifiquei no Departamento de História da Universidade Federal de Sergipe três trabalhos de conclusão de curso o primeiro de autoria de Oliveira 1997 o segundo de Oliveira 2008 ambos discutidos anteriormente bem como o trabalho de Jandison Moura Silva defendido no ano de 2014 intitulado Maria Thétis Nunes um olhar sobre a revolta de Santo Amaro O autor analisou dois textos de Maria Thétis Nunes que versam sobre a Revolta de Santo Amaro São eles Insurreição de Santo Amaro das Brotas antecedente publicado pela Revista do Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe nº 31 em 1992 e parte do livro Sergipe Provincial I 1820 1840 publicado em 2000 cuja argumentação principal foi examinar os fundamentos da orientação historiográfica a partir das posições adotadas pela historiadora Thétis Nunes O autor abriu parêntese em sua escrita para informar alguns lugares perpassados por Thétis Nunes e citou a passagem dela pelo Colégio Atheneu Sergipense inicialmente aluna depois professora e por fim como diretora SILVA 2014 p 33 Evidenciouse que a palavra diretora é citada apenas pelo autor nesse trecho do texto A edição de número 9 da Revista do Mestrado em Educação exerceu a ação de elaborar um dossiê no ano de 2004 com cinco conferências em homenagem a Maria Thétis Nunes Na primeira conferência o pesquisador Luiz Antônio Barreto7 membro da Academia 7 Natural de Lagarto SE nasceu em 10 de fevereiro de 1944 e faleceu em 17 de abril de 2012 Filho do casal João Muniz Barreto e Josefa Alves Barreto Cursou o ensino primário na cidade de Pedrinhas e o ensino secundário no Colégio Tobias Barreto Atuou como secretário do reitor da Universidade Federal de Sergipe entre os anos 19681969 Foi diretor da Galeria de Artes Álvaro Santos chefe da Divisão de Cultura do Departamento de Educação da Secretaria de Estado da Educação secretário municipal de Educação e Cultura de Aracaju de Estado da Cultura de Estado da Comunicação secretário de Estado da Educação Desporte e Lazer e subsecretário de Comunicação do Estado Foi assessor Cultural do Instituto Nacional do Livro e da Presidência da Confederação Nacional da Indústria chefe do escritório em Sergipe da Fundação Joaquim Nabuco e superintendente do Instituto de Documentação da Fundação Joaquim Nabuco em Recife Foi diretor da Organização Simões Editora administrador Estadual da Campanha Nacional de Escolas da Comunidade CNEC e professor nos cursos de cinema e literatura da cinemateca do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro coordenador do Curso de Geografia Cultural do Brasil Nordeste da Bahia ao Rio Grande do Norte para estudantes da Universidade de Essex Inglaterra e diretor do Instituto de Filosofia LusoBrasileira Ocupou a Cadeira nº 23 da Academia Sergipana de Letras vindo a presidila no biênio 19811983 Foi membro fundador do Instituto LusoBrasileiro de Filosofia e sócio do IHGSE do Instituto Brasileiro de Filosofia da 25 Introdução Sergipana de Letras traça o perfil historiográfico de Thétis Nunes Em versos o autor discorre sobre a vida de menina de Thétis seu ingresso como aluna atuação como professora da cátedra de História em 1945 ano da morte de seu querido professor Arthur Fortes8 e como diretora do Atheneu seus estudos no Instituto Superior de Estudos Brasileiros e apresenta também as principais revistas em que Thétis Nunes publicou seus trabalhos e suas obras A segunda conferência da Revista ficou a cargo do pesquisador Marcos Cezar de Freitas9 da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo que apresentou ao leitor os principais intelectuais isebianos que estimularam Thétis Nunes a se enveredar pela vertente marxista O pesquisador José Octávio de Arruda Mello10 da Universidade Federal da Paraíba encarregouse da terceira conferência na qual versou sobre as lembranças do seu relacionamento na posição de aluno da Campanha de Aperfeiçoamento de Difusão do Ensino Secundário CADES com Thétis Nunes enquanto professora de Geografia Geral e do Brasil em 1959 Nessa conferência ele revelou que Thétis Nunes em uma conversa particular confessou que no ano de 1964 não foi punida visto que se encontrava fora do país União Brasileira de Escritores e da Academia Brasileira de Filosofia Atuou como literato pensador e agente cultural 8 Arthur Gentil Fortes nasceu no dia 23 de julho de 1881 na cidade de Aracaju vindo a falecer em 27 de novembro de 1944 Filho do casal Antônio Augusto Gentil e Antônia Junqueira Fortes Fez o curso de humanidades no Colégio Atheneu Sergipense no qual foi professor vitalício da cadeira de História Geral e do Brasil entre 19161944 bem como diretor desse estabelecimento de ensino Lecionou História e Francês no Colégio Tobias Barreto e as disciplinas de Francês e Geografia no Instituto América Foi membro do Conselho Superior do Ensino e diretor da Escola Normal Atuou como deputado estadual entre 19231925 e foi secretário geral do Governo do Estado durante a revolução de 1930 Enquanto docente empenhouse no exercício da oratória e da criação poética Destacouse na vida intelectual sergipana da época por meio das participações em associações como o Grêmio Tobias Barreto o Clube Esperanto e o Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe Foi fundador e redator do jornal O Cenáculo e atuou na direção do jornal O Liberal além de colaborador dos jornais A Cidade do Rio Correio de Aracaju Estado de Sergipe Diário da Manhã e Boletim de Ariel Também atuou como colaborador do Diário Oficial do Estado de Sergipe e da Revista da Academia Sergipana de Letras Durante dois anos foi membro efetivo do Conselho Superior do Ensino 9 Professor Associado LivreDocente do Departamento de Educação da Escola de Filosofia Letras e Ciências Humanas da Universidade Federal de São Paulo Orientador de mestrado doutorado e supervisionador de pós doutorados Iniciou a carreira de professor da educação básica na escola pública em 1982 e em 1988 tornouse professor universitário Atua na formação de professores no Curso de Pedagogia oferecendo cursos sobre a construção social da infância Coordena o Projeto de Pesquisa EDUCINEP Educação Inclusiva na Escola Pública que abriga a Plataforma de Saberes Inclusivos com colaboradores do Brasil e do exterior Desenvolve projeto de produtividade em pesquisa financiado pelo CNPq Texto informado pelo autor no Currículo Lattes Disponível em httplattescnpqbr6855478178963979 Acesso em 20 jan 2021 10 Possui graduação em licenciatura em história pela Universidade Federal da Paraíba Graduação em Ciências Jurídicas e Sociais pela Universidade Federal da Paraíba Especialização em Métodos e Técnicas de Pesquisa Histórica pela Universidade Federal de Pernambuco mestrado em História pela Universidade Federal de Pernambuco e doutorado em História Social pela Universidade de São Paulo Tem experiência na área de História com ênfase em História do Brasil Texto informado pelo autor no Currículo Lattes Disponível em httpbuscatextualcnpqbrbuscatextualvisualizacvdo Acesso em 20 jan 2021 26 Introdução Responsável pela quarta conferência o professor Jorge Carvalho do Nascimento11 da Universidade Federal de Sergipe objetivou conhecer os principais intelectuais sobre os quais Thétis Nunes se debruçou a conhecer bem como o esforço de compreensão da intelectualidade empreendido pela autora Os pesquisadores Alfredo Julien12 Ruy Belém de Araújo e Luiz Eduardo Pina de Lima encerram o ciclo das conferências tecendo breves palavras a respeito de Maria Thétis Nunes da Civilização Árabe e da Civilização Ocidental Constatei que dentre as cinco conferências somente a primeira faz menção à palavra diretora as demais vislumbram a passagem de Maria Thétis Nunes pela CADES e pelo ISEB Friso o livro intitulado Sob os véus de Mnemosyne de autoria de Clovis Carvalho Britto Rafael Jesus da Silva Dantas e Roberto Fernandes dos Santos Junior 2018 no qual os autores promovem apontamentos iniciais acerca de como os indivíduos e as instituições ao contribuírem para a fabricação de imortalidades e perpetuação de legados monumentalizadores manipulam essas narrativas ocasionando silêncios e silenciamentos de determinados aspectos de uma trajetória ou seja esquecimentos visando compreender em especial alguns trajetos de Maria Thétis Nunes desde 1923 a 2009 tendo como fio condutor sua formaçãoatuação como museóloga A partir da leitura identifiquei que os autores não 11 Foi Secretário de Estado da Educação de Sergipe e conselheiro fiscal do Conselho Nacional de Secretários Estaduais da Educação CONSED Professor aposentado Associado do Departamento de História do Mestrado em História e do Mestrado e Doutorado em Educação da Universidade Federal de Sergipe Foi coordenador do Programa de PósGraduação em Educação da UFS Doutor em História e Filosofia da Educação pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo Atuou como pesquisador bolsa sanduiche CAPES na Johan Wolfgang Göethe Universität de Frankfurt na República Federal da Alemanha É mestre em História e Filosofia da Educação também pela PUC de São Paulo Fez curso de especialização em Desenvolvimento Econômico e Relações Internacionais pela Universidade de HavanaFaculdade LatinoAmericana de Ciências Sociais e em Administração Pública pela Universidade de CampinasFundação de Desenvolvimento da Administração Pública Estudou Direito e é licenciado em Pedagogia com Habilitação em Administração Escolar Fundou e coordenou o Grupo de Pesquisa em História da Educação da UFS Intelectuais da Educação Instituições Educacionais e Práticas Escolares Foi DiretorPresidente da Empresa Pública de Serviços Gráficos do Estado de Sergipe Segrase Imprensa Oficial Exerceu o cargo de Secretário de Estado Adjunto de Turismo do Estado de Sergipe no período 20072009 Foi Secretário Municipal de Educação de Aracaju nos períodos de 8687 e 9798 e Secretário de Governo do Município de Aracaju no período 19992000 Foi membro do Conselho Editorial da Typografia Editorial T e também Membro do Instituto Tobias Barreto de Educação e Cultura ITBEC Foi membro da diretoria da Sociedade Brasileira de História da Educação e do Conselho Editorial da Coleção História da Educação da Editora Autêntica Foi membro do Conselho Estadual de Educação de Sergipe e também do Conselho Estadual de Cultura Foi Diretor do Departamento de Cultura e Arte da Universidade Federal de Sergipe e Chefe do Departamento de História da UFS Texto informado pelo autor no Currículo Lattes Disponível em httplattescnpqbr1545911375120314 Acesso em 20 jan 2021 12 Pósdoutorado pelo Programa de Pósgraduação Educação Artes e História da Cultura da Universidade Presbiteriana Mackenzie Doutorado em História Social pela Universidade de São Paulo 2006 Mestrado em História Social pela Universidade de São Paulo 2001 Graduação em História pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo 1986 Professor Associado da Universidade Federal de Sergipe Atualmente realiza pesquisas e estudos sobre as formas de representação em narrativas dramáticas e autobiográficas das relações entre indivíduo poder e sociedade com ênfase em suas dimensões éticas e culturais Texto informado pelo autor no Currículo Lattes Disponível em httplattescnpqbr8739491010215866 Acesso em 20 jan 2021 27 Introdução dedicaram nem mesmo uma linha para falar da trajetória de Thétis Nunes como diretora do Colégio Estadual de Sergipe Identifiquei duas edições do Jornal Correios de Sergipe publicadas em homenagem a Thétis Nunes sob o título Memórias de Sergipe personalidades sergipanas A primeira publicação data de 12 de junho de 2005 na qual pesquisadores da lavra de Giovani Allievi Luiz Antônio Barreto Jorge Carvalho do Nascimento e Hilton Lopes tecem considerações sobre a vida e obras da intelectual A segunda edição do jornal organizada pelo professor Dr Joaquim Tavares da Conceição13 e pela jornalista Rísia Rodrigues data do ano de 2017 sendo o pesquisador João Paulo Gama Oliveira responsável pela produção do texto intitulado Maria Thétis Nunes caminhos percorridos pela jovem sergipana Ao analisar os trabalhos citados anteriormente constatouse que nenhum dos pesquisadores direcionou o olhar para a trajetória de Thétis Nunes como diretora do Colégio Estadual de Sergipe apesar da vasta gama de fontes existentes acerca da temática bem como pelo fato de ela ter sido a primeira mulher a ocupar essa função de diretora na presente instituição de ensino Em busca de trabalhos que abordam a trajetória de vida identifiquei no Departamento de Pósgraduação em Educação da Universidade Federal de Sergipe quatro teses de doutorado e 10 dissertações de mestrado defendidas durante o período de 2000 a 2020 Ressalvo os trabalhos produzidos pelos membros do Grupo de Estudos e Pesquisas sobre História do Ensino Superior GREPHESUFSCNPq Ver APÊNDICE C a exemplo da dissertação de mestrado intitulada Entre fatos e relatos as trajetórias de Carmelita Pinto Fontes e Rosália Bispo dos Santos na educação sergipana 19601991 defendida no ano de 2016 pela pesquisadora Ane Rose de Jesus Santos Maciel que analisou as trajetórias intelectuais de Carmelita Pinto Fontes e Rosália Bispo dos Santos e suas contribuições para a 13 Doutor em História 2012 pela Universidade Federal da Bahia Mestre em Educação 2007 e Graduado em História pela Universidade Federal de Sergipe 1993 Bacharel em Direito pela Universidade Tiradentes 1996 Especialização em Direito Processual pela Universidade Federal de Santa Catarina Professor titular da Universidade Federal de Sergipe com atuação no Colégio de Aplicação no Programa de PósGraduação em Educação PPGEDUFS e no Programa de Mestrado Profissional em Ensino de História ProfHistóriaUFS Líder do Grupo de Estudos e Pesquisas em História da Educação memórias sujeitos saberes e práticas educativas GEPHEDCNPqUFS Avaliador do Programa Nacional do Livro Didático PNLD 2016 História Anos Iniciais do Ensino Fundamental PNLD 2018 História Ensino Médio PNLD 2019 História Anos Iniciais do Ensino Fundamental PNLD 2019 História Anos Iniciais do Ensino Fundamental PNLD 2019 Atualização da BNCC anos iniciais do Ensino Fundamental Coordenador do Centro de Pesquisa Documentação e Memória do Colégio de Aplicação UFS Sócio efetivo do Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe Membro do corpo editorial da Revista Tempos e Espaços em Educação Membro do Conselho Editorial da Universidade Federal de Sergipe e Editor da Revista do Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe Texto informado pelo autor no Currículo Lattes Disponível em httplattescnpqbr6407061514040419 Acesso em 20 jan 2021 28 Introdução educação sergipana durante os anos de 1960 a 1991 Nessa dissertação buscouse compreender como ambas as professoras consolidaram suas profissões e conduziram suas atividades pedagógicas nas instituições em que atuaram a fim de demonstrar os impactos que suas ações proporcionaram à sociedade de sua época A pesquisadora Anna Karla de Melo Silva também se enveredou pelos caminhos da escrita a respeito da temática trajetória de vida Defendeu em 2014 o trabalho intitulado Felte Bezerra 19331958 um quartel de atividades líterocientíficas no intuito de construir a trajetória desse professor sergipano e suas contribuições para o Ensino Superior de Sergipe Outros trabalhos que compreendem esta lavra são os de Almeida 2009 Cruz 2018 Maciel 2020 Martires 2016 Melnikoff 2016 Paixão 2020 Santos 2018 Santos 2015 e Souza 2017 Concluído o levantamento da revisão de literatura debruceime sobre as fontes Como já dispunha de um quantidade significativa de fontes resultante do meu TCC particularmente de livros e folhas avulsas das correspondências expedidas e recebidas direcionei o olhar para outros fundos do acervo documental do Centro de Educação e Memória do Atheneu Sergipense CEMAS especialmente nos livro de ponto do professor livro de contrato de funcionário livro de registro de diploma ata de relatório escolar anual ata de resultado final ata geral de exame ata de prova oral ata de reunião da congregação escolar atestado boletim caderneta de aula recorte de jornais e do diário oficial e fotografia Também continuei a investigar na Biblioteca Central da Universidade Federal de Sergipe fontes que dessem suporte à escrita Fiz ainda pesquisas no Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe no qual localizei o Fundo Maria Thétis Nunes Nas idas e vindas visitei a Biblioteca Universitária Reitor Macedo Costa localizada na Universidade Federal da Bahia Campus Ondina onde localizei e fotografei a tese defendida por Thétis Nunes para obtenção do título de Bacharel em Geografia e História além da Biblioteca Central do Estado da Bahia Barris em busca de publicações daquela intelectual em jornais de modo a compor o entendimento acerca de sua gestão à frente do Colégio Estadual de Sergipe Convém mencionar que realizei visitas iniciais à Biblioteca Pública Epifânio Dórea e ao Arquivo Público do Estado de Sergipe onde localizei recortes do Diário Oficial que tratam de portarias e requerimentos a respeito do objeto estudado Evidencio que seria imprescindível retornar aos fundos em busca de mais fontes Entretanto desde o mês de março de 2020 quando a Organização Mundial da Saúde OMS definiu o surto da doença 29 Introdução covid19 como pandemia foi decretado pelo governo Federal14 e pelos governos estaduais o isolamento social Em virtude disso todos os órgãos que não eram tidos como essenciais tiveram suas portas fechadas o que me impossibilitou a ter acesso a outras fontes documentais a exemplo do fundo de Maria Thétis Nunes presente no IHGSE a leis decretos e regulamentos acerca da educação sergipana salvaguardados na Biblioteca Epifânio Dória e ao boletim de Thétis Nunes enquanto aluna da Faculdade de Filosofia da Bahia bem como a publicação de textos da universitária em jornais locais Apesar disso armazenei os registros já coletados em pastas de acordo com os fundos e separados por ano e realizei um mapeamento dessas correspondências no qual constatei que os assuntos mais recorrentes tratam de portarias com pedidos de admissão e rescisão de contratos título de licença dos funcionários certificados de pontos de trabalho empenho de verbas apresentação de funcionários convites para solenidades pedidos para contratação de profissionais compras de materiais reparos na estrutura do prédio aumento de salários dentre outros Desse modo a pesquisa tem como objetivo principal compreender a atuação de Maria Thétis Nunes como diretora do Colégio Estadual de Sergipe durante o período de 1951 a 1955 por meio de fontes presentes no acervo documental do CEMAS em especial nos livros e folhas avulsas das correspondências expedidas e recebidas pela instituição O recorte cronológico da pesquisa está compreendido entre o ano de 1951 quando Thétis Nunes assumiu a direção do Colégio Estadual de Sergipe e 1955 ano em que ela pediu demissão do cargo de diretora Cabe destacar que esses anos apresentaram conforme o levantamento de fontes documentais realizada por mim maior número de registros o que possibilitoume identificar o teor dos ofícios recebidos e expedidos como também aprofundar reflexões no intuito de compreender a atuação de Thétis Nunes à frente da direção do supracitado colégio Logo como não foi localizado entre os trabalhos em circulação nenhum que verse sobre a importância dessa intelectual ocupar a administração de uma escola e assim por meio de inquietações recorrentes na investigação e sobre os conhecimentos já produzidos acerca da problemática em questão registro a clara pretensão de contribuir para os estudos na área Para tanto lanço as seguintes questões norteadoras Por que dentre os seus pares Maria Thétis 14 O presidente do Brasil em exercício Jair Messias Bolsonaro por meio do Decreto nº 10282 de 20 de março de 2020 que regulamentou a Lei nº 13979 de 6 de fevereiro de 2020 para definir os serviços públicos e as atividades essenciais Disponível em httpwwwplanaltogovbrccivil03ato2019 20222020decretoD10282compiladohtm Acesso em 02 fev 2021 30 Introdução Nunes foi a escolhida para atuar como diretora do Colégio Estadual de Sergipe O que as correspondências expedidas e recebidas pela instituição revelam sobre o perfil de diretora de Thétis Nunes Sabese que na época eram usuais os prêmios e sanções Contudo como Thétis Nunes punia e premiava os alunos Apesar de bemsucedida e bafejada pelo sucesso profissional o que a motivou a pedir demissão do cargo de diretora A fim de ajudarme a responder às seguintes questões elenquei estes objetivos específicos a Identificar os percursos intelectuais de Maria Thétis Nunes até o momento da sua posse na direção do Colégio Estadual de Sergipe b Ilustrar as principais ações realizadas por Thétis Nunes à frente da direção do Colégio Estadual de Sergipe destacando sua importância para a história dessa instituição e para a história sergipana c Descrever o funcionamento e a estrutura administrativa do Colégio Estadual de Sergipe durante a gestão de Maria Thétis Nunes d Identificar os percalços existentes na instituição enfrentados por Thétis Nunes no tocante às questões estruturais econômicas e pedagógicas que possibilitaram seu afastamento Sem embargo endosso ser este estudo uma pesquisa qualitativa de cunhos histórico documental e bibliográfico com abordagem na História Cultural que propõese analisar as fontes por meio de conceitos teóricos e metodológicos afinados com a História da Educação que comunga princípios defendidos pela História Cultural15 ou Nova História Cultural No final dos anos 80 do século XX notase forte presença do materialismo histórico na historiografia nacional brasileira Segundo Pesavento 2012 suas vertentes de análise preferenciais eram aquelas da história econômica analisando a formação do capitalismo no Brasil a transição da ordem escravocrata para a do trabalho livre e o surgimento do processo de industrialização Por outro lado realizavase uma história dos movimentos sociais em que particularmente eram estudados o proletariado industrial com suas lutas de classes bem como a formação do partido e do sindicato todos esses estudos desembocando nos anos 80 para uma análise das condições em que se davam a dominação e a resistência PESAVENTO 2012 p 6 15 Ver também RIOUX JeanPierre SIRINELLI JeanFrançois Para uma história cultural Lisboa Portugal Estampa 1998 432 p Ver BURKE Peter O que é história cultural Rio de Janeiro Zahar 2004 191 p 31 Introdução Consequentemente foi a partir de uma certa bancarrota e inoperância das correntes neomarxistas que a História Cultural encontrou abertura sendo impulsionada na década de 90 do já mencionado século De acordo com Pesavento 2012 p 14 atualmente a produção historiográfica nacional dessa vertente corresponde a cerca de 80 expressa não só nas publicações especializadas sob a forma de livros e artigos científicos como nas apresentações de trabalhos em congressos e simpósios ou ainda nas dissertações e teses defendidas e em andamento nas universidades brasileiras Para a produção deste estudo e a fim de entrelaçar conceitos e teorias fizeramse necessárias leituras imprescindíveis de autores que tratam da História de Sergipe entre as quais cito três livros que julgo serem relevantes por abrangerem o período estudado O primeiro de autoria de Ibarê Dantas 1989 investigou em que medida os partidos em Sergipe chegaram a representar interesses de classe no período de 1889 a 1964 o segundo também de Ibarê Dantas 2004 sintetizou a experiência de 110 anos da República mostrando ao leitor como os sergipanos conviveram politicamente trabalharam produziram distribuíram suas riquezas enriqueceram sua cultura e contribuíram para a construção do estado republicano e da sociedade democrática desde 1889 a 2000 o terceiro de autoria de João Pires Wynne 1973 retratou a situação política de Sergipe elencando traços em nível nacional desde a Revolução de 1930 a 1972 Destaco primordiais as leituras de autores que versam sobre a Educação em Sergipe a exemplo da obra de Nunes Mendonça 1958 que fez em seu estudo um levantamento da situação sergipana no ano de 1956 abordando aspectos geoeconômicos e socioculturais de Sergipe o sistema estadual de educação a organização administrativa e financeira da educação a educação e a constituição a educação e a política em terras sergipanas a configuração da escola elementar o professor primário e o ensino normal além de elementos do escolar sergipano também destaco o estudo de Maria Thétis Nunes 1984 em cuja obra essa pesquisadora analisou o que se passou na vida sergipana mostrando como eram tratados os problemas educacionais desde os primórdios da Colônia até o final da Primeira República em 1930 E para compreender a importância do Atheneu Sergipense e das suas fontes históricas existentes no arquivo do CEMAS recorro a Alves 2005 que se dedicou a conhecer o cenário dessa instituição de ensino secundário que muito contribuiu e contribui para história de Sergipe A princípio esta pesquisa enseja articular o pensamento de autores adeptos a correntes teóricas e a distintos campos de saberes a fim de obter um maior aparato ao adentrar as 32 Introdução diversas questões que perpassam este estudo Nesse sentido trabalho com o conceito de campo unidade da sociologia do pesquisador francês Pierre Bourdieu Para esse autor o limite de um campo é o limite dos seus efeitos ou em outro sentido um agente ou uma instituição faz parte de um campo na medida em que nele sofre efeitos ou que nele os produz BOURDIEU 1989 p 31 Nessa perspectiva o Colégio Estadual de Sergipe denominação utilizada pela instituição no período estudado será retratado aqui como o campo educacional de atuação de Thétis Nunes Essa instituição educacional criada com o propósito de prover uma instrução secundária de caráter literário e científico necessária e suficiente de modo a proporcionar à mocidade subsídios para matricularse nos cursos superiores como também para desempenhar variadas funções na sociedade ALVES 2005 p 82 por meio dos cursos de Humanidades e Normal ministrados concomitantemente Na visão da professora Eva Maria Siqueira Alves o Atheneu Sergipense denominação utilizada por pesquisadores alunos profissionais e admiradores formou aos poucos a sua alma adquiriu relevância na vida sergipana foi um catalisador das produções culturais de novas práticas e padrões pedagógicos no Estado de Sergipe um centro aglutinador e disseminador do ethos cultural Foi não só um ponto de força centrípeta mas também centrífuga do patrimônio cultural soube imporse como uma casa de educação literária justo motivo de ufania e orgulho para Sergipe ALVESb 2005 p 128 O Atheneu Sergipense além de ter sido um catalisador das produções culturais de novas práticas e padrões pedagógicos e culturais configurouse também como campo de legitimação das desigualdades sociais já que cabia aos estados imprimir à educação institucional a orientação que melhor atenda às solicitações do seu meio físico e social dando ao ensino fisionomia própria organização e conteúdo capazes de satisfazer as necessidades locais MENDONÇA 1958 p 63 Podese afirmar que Thétis Nunes começou a criar seu cabedal de leitura de uma vida social ainda como aluna do Atheneu Sergipense aprendendo a agir sentir e ter as disposições circundantes desse campo educacional ao compor o corpo docente e a direção desse estabelecimento de ensino Esse cabedal de leitura da vida social é entendida por Bourdieu 1989 como habitus Tratase de estruturas estruturadas que funcionam como estruturas estruturantes que ao mesmo tempo geram e determinam os objetivos para alcançar os caminhos trilhados feitos de maneira inconsciente sem a necessidade de um agente coordenando essas condições É 33 Introdução visto pelo autor como um conhecimento adquirido e também um haver um capital de um sujeito transcendental na tradição idealista indica a disposição incorporada quase postural de um agente em acção BOURDIEU 1989 p 61 No transcorrer da pesquisa utilizo o conceito de intelectual defendido por Jean François Sirinelli que no decorrer do século XX presenciou o deslocamento dos interesses teóricosmetodológicos da história política ideologia dominante no cerne das investigações historiográficas Esse deslocamento precisamente se deu em 1929 na França quando Lucien Febvre e Marc Bloch criaram a revista intitulada Annales dHistoire Économique et Sociale Esta revista tornouse ao longo do decênio de 1930 símbolo de uma nova corrente historiográfica que ficou conhecida como Escola dos Annales Tal periódico buscou distanciarse da visão positivista fortemente enraizada no século XIX e início do XX Advindos desse movimento os historiadores da Escola dos Annales propunham novos objetos de interdisciplinaridade aproximando a história da economia da sociologia da geografia e de outras disciplinas a valorização de novas temporalidades que colocasse em dúvida a supremacia do tempo curto ou da chamada história episódica sobretudo por meio das permanências das mentalidades a longa duração braudeliana a redefinição conceitual de civilização da aproximação com a antropologia resultando na exploração de novos objetos como o estudo de clima da alimentação da vida privada das práticas religiosas do corpo entre outros CORREA 2016 p 267 Ademais estas oscilações na área do conhecimento explicam as razões pelas quais temas e objetos de pesquisas perdem ou ganham prestígio e interesse bem como esclarecem as disputas por hegemonia entre correntes e vertentes dentro do campo historiográfico CORREA 2016 p 266 Em meios a essas oscilações pesquisadores a exemplo de JeanFrançois Sirinelli influenciados por René Rémond vislumbraram outras temáticas como os partidos políticos a opinião pública as ideias políticas a relação entre religião e a política institucionalizada a guerra os intelectuais CORREA 2016 p 269 Para desenvolver a tipologia de intelectuais JeanFrançois Sirinelli baseouse em duas acepções a primeira mais ampla e sociocultural que engloba os criadores e mediares de cultura esta abrangendo a figura do jornalista o escritor o professor secundário e o erudito como também uma parte dos estudantes criadores ou mediadores em potencial e ainda outras categorias de receptores da cultura SIRINELLI 2003 p 242 Quiçá Thétis Nunes englobase em quase todas elas 34 Introdução Na visão de Sirinelli 2003 a segunda acepção seria mais estreita e baseada na noção de engajamento do intelectual na sociedade sendo considerada sua notoriedade eventual ou sua especialização reconhecida pela sociedade em que ele vive especialização esta que legitima e mesmo privilegia sua intervenção no debate da cidade que o intelectual põe a serviço da causa que defende SIRINELLI 2003 p 243 Percebese que Maria Thétis Nunes desde sua vida estudantil engajouse em lutas políticas Atuante nas agremiações estudantis acompanhou as correntes de pensamento vigentes de cada época e foi defensora da liberdade do progresso e da educação feminina Enquanto diretora do CES engajouse na luta em prol de uma educação de qualidade que abarcase todas as parcelas da sociedade da época principalmente a classe estudantil pobre e não somente os alunos da classe dominante do estado por meio de incentivos e estímulos Compõem ainda a perspectiva de abordagem dos intelectuais as noções de itinerário ou trajetória SIRINELLI 2003 Embora estas duas abordagens sejam muito importantes a presente pesquisa não se aterá a elas Todavia o trabalho fará uso da ideia de redes de sociabilidades a fim de relatar as relações das quais Thétis Nunes desfrutou ou construiu dentro dos portões do Colégio Estadual de Sergipe espaço aglutinador da inteligência sergipana Jean François Sirinelli conferiu ao conceito de sociabilidade um status de ferramenta imprescindível ao estudo dos intelectuais Esse autor entende sociabilidade como campo no qual se interpenetram o afetivo e o ideológico As redes secretam na verdade microclimas à sombra dos quais a atividade e o comportamento dos intelectuais envolvidos apresentam traços específicos SIRINELLI 2003 p 252 Nesse sentido o indivíduo tem o direito de escolher se se insere em uma rede de sociabilidade ou não voluntariamente Ademais Sirinelli 2003 acrescenta que a palavra sociabilidade revestese de uma dupla acepção pois ao passo que pode ser entendida como redes que estruturam também se configura como um microclima que caracteriza um microcosmo intelectual particular SIRINELLI 2003 p 253 Trato aqui das redes de sociabilidades de Thétis Nunes que foram ovacionadas ao longo de sua vida apesar de também terem existido aquelas que por algum motivo foram silenciadas por ela Entretanto para se desenhar estas redes fezse imperioso utilizarse da História Oral entendida por Thompson 2002 p 9 como a interpretação da história e das mutáveis sociedades e culturas através da escuta das pessoas e do registro de suas lembranças e experiências Declaro que as fontes orais foram de suma importância no preenchimento de 35 Introdução lacunas existentes acerca de nuances da vida e da trajetória de Thétis Nunes como também no cruzamento de informações préexistentes Contudo como já explicitado em face da pandemia do novo coronavírus foi decretado pelo Governo Federal e pelos governos estaduais o isolamento social e foram apontados alguns grupos de risco os quais as pessoas idosas Diante da impossibilidade do contato físico se fez imperioso o contato virtual Como dispomos de uma gama de artefatos eletrônicos a exemplo do celular além de termos à disposição a mídia online que facilita a difusão das mensagens as entrevistas ocorreram exclusivamente por acesso remoto No entanto registro que a impossibilidade de conseguir novas fontes documentais e possíveis fontes orais foram sem dúvida as maiores dificuldades impostas a este trabalho À vista do que já foi dito compõem a estrutura deste trabalho três seções Na introdução exponho o objetivo principal e específicos as questões norteadoras e justifico a motivação pela objeto de pesquisa Faço a revisão de literatura elenco os aportes teóricos e metodológicos que embasam a escrita Na segunda seção intitulada Maria Thétis Nunes da serra de Itabaiana aos bancos escolares do Atheneu Pedro II apresento com brevidade fatos da vida de Thétis Nunes desde sua saída de Itabaiana para Aracaju além de aspectos da sua vida como estudante do Atheneu Pedro II Nela trago uma subseção intitulada Maria Thétis Nunes da Faculdade de Filosofia da Bahia à Cátedra de Geografia do Colégio Estadual de Sergipe na qual abordo aspectos de sua trajetória universitária na Faculdade de Filosofia da Bahia dando maior ênfase ao concurso que a tornou professora catedrática do Atheneu Sergipense Na terceira seção intitulada Assumireis e organizareis pareceres de Maria Thétis Nunes sobre o Colégio Estadual de Sergipe intento por meio das fontes abordar aspectos da sua atuação como diretora da instituição mostrando ao leitor suas ações em prol de formar um quadro docente constituído de professores formados e com especialização na área sua determinação em aparelhar os gabinetes de História e Geografia bem como a Biblioteca além das ações de incentivos aos alunos secundaristas daquele estabelecimento de ensino Assim sendo como dito anteriormente a seção que segue tratará com brevidade de algumas das facetas da vida de Thétis Nunes relatando sua mudança de domicílio de Itabaiana para Aracaju aspectos da sua vida estudantil no Atheneu Pedro II sua trajetória universitária na Faculdade de Filosofia da Bahia e o concurso que a tornou professora catedrática da cadeira de Geografia Geral do Atheneu Sergipense 36 Maria Thétis Nunes Da Serra de Itabaiana Aos Bancos Escolares do Colégio Atheneu Pedro II 2 MARIA THÉTIS NUNES DA SERRA DE ITABAIANA AOS BANCOS ESCOLARES DO COLÉGIO ATHENEU PEDRO II Figura 1 Localização da rua na qual Thétis Nunes morou em Itabaiana Elaboração do mapa SANTOS Lidiana Vieira dos Departamento de Geografia DGEUFS Menina vinda da cidade serrana de Itabaiana residente na rua 13 de Maio destacada no mapa acima na época denominada rua Cisco localizada estrategicamente no centro da cidade entre a Praça da Matriz e a feira e entre a feira e a igreja Convém cintilar que Thétis Nunes não morava em um palacete porém tinha o privilégio de morar16 na região central da cidade e de inteirarse de tudo o que ocorria nela MARTIRES 2020 Filha do modesto casal José Joaquim Nunes17 e Maria Anita Barreto Á mãe foi atribuído o estereótipo de mulher simplista sensível organizada racional e objetiva que cursou somente o primário mas apesar do pouco estudo proporcionou aos três filhos contato 16 Maria Thétis Nunes residiu na cidade de Itabaiana em duas moradias a primeira situada na Rua 13 de Maio e a segunda na Praça Santa Cruz hoje conhecida como João Pessoa 17 O pai de Thétis Nunes morreu prematuramente na época ela tinha quatro anos de idade 37 Maria Thétis Nunes Da Serra de Itabaiana Aos Bancos Escolares do Colégio Atheneu Pedro II com a literatura a exemplo dos romances como o Guarany e Amor e Perdição assim como a leitura da revista TicoTico que trazia interessantes histórias como a de Chiquinho destacase também a influência das novelas escritas em fascículos e das aventuras de A Filha do Diretor do Circo e Flávia a Princesa Desventurada leitura popular que precede as novelas de rádios e TV OLIVEIRA 1997 p 12 Maria Thétis Nunes mudouse para a capital Aracaju aos 11 anos de idade deixando para trás os costumes da pequena e pacata cidade do campo Levou consigo as lembranças da bela serra de Itabaiana vislumbrada por ela do alto da grande mangueira existente em seu quintal especialidade sua enquanto menina e acobertada por sua avó dona Emília Mulher dócil e amável que mimava sua neta deixandolhe fazer peripécias ou melhor fazer o que mais gostava que era subir em árvores SANTOS 1999 p 83 Sua mudança de domicílio ocorreu após a conclusão do curso primário esse sob a orientação da professora Izabel Esteves de Freitas carinhosamente chamada de Dona Bebé Essa professora foi lembrada por Thétis Nunes em seu discurso ao tomar posse na Academia Sergipana de Letras ASL18 da Cadeira nº 39 que tinha como patrono o poeta Joaquim Martins Fontes Em seu discurso Thétis Nunes revelou que foi no magistério que ela encontrou a plena realização do seu ideal de vida ser professora Vocação despertada ainda na infância numa singela escola pública isolada pelo exemplo de uma professora admirável a quem presto minha homenagem Izabel Esteves de Freitas Ela acreditou na menina irrequieta e encantada pelos livros e me estimulou a abrir caminhos além do horizonte que me parecia intransponível marcado pela serra de Itabaiana e suas ramificações a seguir sempre em frente sem esmorecimento para que os sonhos se tornassem vida NUNES 1983 p 90 A professora Izabel Esteves de Freitas regeu nos anos 20 do citado século duas cadeiras femininas na sede do município de Itabaiana juntamente com a professora Petrina de Menezes Lemos Segundo Costa 2016 existiram ainda na sede do município mais duas cadeiras masculinas regidas pelas professoras Marieta Machado e Maria Pureza de Almeida A autora assinala que além dessas quatro escolas isoladas situadas na sede do município existiram mais 18 Consultar MARTIRES José Genivaldo Do capelo ao fardão a inserção de professoras na Academia Sergipana de Letras no século XX 2020 322 f Tese Doutorado em Educação Universidade Federal de Sergipe São Cristóvão 2020 38 Maria Thétis Nunes Da Serra de Itabaiana Aos Bancos Escolares do Colégio Atheneu Pedro II nove de ensino misto distribuídas em toda a região Dentre elas a Escola n 8 de ensino misto do povoado Serra regida pela professora Maria Pureza da Silva que desempenhava suas funções desde 1927 Em 1930 havia em Itabaiana quatro escolas primárias na sede sendo duas para o sexo masculino e duas femininas e nove nos povoados O ensino restringiase ao primário Até esse período não havia grupo escolar esse só foi construído em 1937 na administração de Silvio Teixeira incorporando as crianças dispersas em escolas isoladas COSTA 2016 p 7374 grifo do autor A exemplo dos demais municípios sergipanos Itabaiana enfrentou nesse período sérios problemas no sistema de ensino De acordo com Santos 2013 p 408 O ensino primário em Itabaiana era sinônimo de precariedade e insegurança pois as cadeiras eram criadas e extintas constantemente Todavia o problema não limitavase somente à questão das instalações de novas escolas Para Santos 2013 Um dos grandes impasses da educação sergipana na primeira metade do século XX consistia em reduzir a taxa de evasão escolar que ainda permanecia elevada Podemos suscitar uma série de questões que possam explicar o elevado número de alunos faltosos no ensino público sergipano dos quais se destacam a distância entre a escola e a residência do aluno e a inserção das crianças no mercado de trabalho seja este doméstico ou no cultivo Apesar da criação de um maior número de estabelecimentos escolares por todo o Estado a evasão escolar continuava emperrando o desenvolvimento educacional sergipano SANTOS 2013 p 408 A respeito dessa assertiva Mendonça 1958 p 5758 revelou em seus estudos que o nível de vida do sergipano era precário e que a maior parte da população vivia em situação infrahumana A pobreza dominava o estado com o estômago semivazio ou falsamente cheio baixa média de vida e o alto coeficiente de mortalidade infantil uma das principais causas a subnutrição Aliás a subnutrição levou na época graves dilemas aos bancos escolares dentre esses destacaramse o rendimento insatisfatório e antieconômico da aprendizagem e a repetência MENDONÇA 1958 p 58 Outrossim a grande seca que ocorreu no estado de Sergipe na década de 30 do século XX marcou a vida de muitos sertanejos além de ter ficado viva na memória de Thétis Nunes Em uma passagem do livro de Santos 1999 Thétis Nunes recordou as levas de retirantes famintos esfarrapados vindos do sertão em busca de água das filas enormes que se formavam e da angústia da sua avó porque não podia atender a todos que chegavam a sua casa NUNES apud SANTOS 1999 p 77 grifo do autor O drama da seca também foi lembrado por ela ao discursar em uma sessão solene da Academia Sergipana de Letras Relatounos o espanto ao presenciar a chegada à cidade de emigrantes famélicos e sedentos em busca de 39 Maria Thétis Nunes Da Serra de Itabaiana Aos Bancos Escolares do Colégio Atheneu Pedro II água no único poço artesiano existente na cidade e os açudes quase secos NUNES 2003 p 233 Cumpre cintilar a figura de Lampião e seus cangaceiros responsáveis pela retirada de uma leva de pessoas da região Em síntese notase nas palavras de Thétis Nunes em entrevista concebida a Santos 1999 o quão a imagem de Lampião ficou viva em suas memórias pois ela e a família moravam nesta época numa casa defronte à Praça de Santa Cruz principal acesso à cidade O único meio de comunicação com Aracaju era a estrada da rodagem Acontecendo a invasão os volantes passariam obrigatoriamente por ali Consequentemente ela não era o caminho mais seguro para os cangaceiros Diante dessa posição estratégica nos sentíamos mais ou menos protegidos Quando se espalhava a notícia da vinda de Lampião as pessoas amigas residentes noutras áreas corriam lá para casa imaginando que estariam em segurança A cidade praticamente virava um deserto Lembro que minha mãe e todos ficávamos morrendo de medo Nosso refúgio nessas ocasiões era a capineira no fundo da casa Não me esqueço das pessoas feridas e espancadas chegando ao quartel da cidade Era um horror NUNES 1998 apud SANTOS 1999 p 7778 Temos aqui dois fatores que contribuíram fortemente para mudança da família Barreto Nunes de Itabaiana para Aracaju a atmosfera de insegurança e medo causada pela figura de Lampião e a seca que assolou a região Somado a estes havia o problema da educação das crianças visto que o município passou muito tempo desprovido de grupo escolar que só foram implantados em 1937 SANTOS 2013 p 412 Para Santos 1999 decerto Thétis Nunes continuaria seus estudos no Colégio Nossa Senhora das Graças em Propriá seu irmão Fernando Barreto Nunes no Ginásio Salesiano em Aracaju e sua irmã caçula Maria Emília permaneceria aos cuidados de Dona Anita e da avó dona Emília Isso posto concluise que a seca marcou a família Lampião infundiu o medo e a educação foi um problema A solução foi seguir os conselhos de Pompílio tio de Thétis Nunes e mudarse para Aracaju já que assim a família continuaria unida Maria Thétis Nunes deixou a citada cidade localizada na zona oeste do estado área montanhosa mais elevada e muito seca de fatores musológicos adversos progressista zona da policultura terra quase isenta de matéria orgânica assim sublinhada por MENDONÇA 1958 p 51 terra que apesar da pobreza consignou o milagre do esforço de sua gente Mudouse para uma casa situada na rua de Laranjeiras Deixou para trás a beleza da serra de Itabaiana e passou a vislumbrar o encanto da Aracaju romântica que vi e vivi de Melins 2000 2007 zona de litoral baixo e arenoso com temperaturas úmidas e quentes 40 Maria Thétis Nunes Da Serra de Itabaiana Aos Bancos Escolares do Colégio Atheneu Pedro II com predomínio de uma vegetação escassa cidade silenciosa de comércio pequeno de belas festas natalinas e juninas que despertava com a alvorada anunciada pelo toque da corneta no Quartel da Polícia Militar às 5 horas da manhã MELINS 2000 p 15 A itabaianense identificouse com a cidade assim que desceu da marinete na rua da Frente NUNES 2003 p 234 rua que segundo ela proporcionarlheia talvez a mais impressionante visão de sua vida o estuário do rio Sergipe com a quantidade de água que oferecia e que ela nunca vira tanta NUNES 2003 p 234 grifo do autor Rua na qual se localizava ao ver de Thétis Nunes o tão imponente prédio do Atheneu Sergipense se comparado à pequena sala de aula da modesta escola primária de Itabaiana onde estudavam 30 crianças da 1ª à 4ª série NUNES 2003 p 234 No que se refere a esse imponente prédio importa ressaltar que antes de ser adaptado e reformado para fins educacionais pelo presidente19 Graccho Cardoso20 funcionou nele o quartel da força pública A nova sede do já mencionado estabelecimento de ensino secundário foi inaugurada em 13 de agosto de 1926 com a presença do presidente da República Dr Washington Luís Graccho Cardoso com o propósito de homenagear o Imperador Pedro II alterou a nomenclatura do Colégio Atheneu Sergipense para Atheneu Pedro II21 A escolha pela localização da nova sede teria sido feita levandose em conta o crescimento urbano de Aracaju em direção ao sul Cumpre destacar que a modificação de nomes realizada pelo governante do estado não foi aceita por todos tanto que muitos dos sergipanos continuaram a se referir à instituição pela denominação anterior Segundo Franco 2015 p 121 além da alteração na nomenclatura houve também por meio do decreto nº 940 de 02 de julho de 1926 mudanças no Regimento Interno do 19 Getúlio Vargas ao assumir a Presidência da República na categoria de Governo Provisório substituiu os presidentes estaduais por interventores 20 Mauricio Graccho Cardoso nasceu no dia 9 de agosto de 1874 na cidade de EstânciaSE Filho do casal Brício Maurício de Azevedo Cardoso e Mirena Cardoso Foi aluno da Escola Militar de Sergipe Cursou Direito na Universidade Federal do Rio de Janeiro e na Universidade Federal do Ceará No estado do Ceará ingressou na vida pública Retornando a Sergipe foi eleito deputado federal senador e presidente do Estado ainda durante a Primeira República FRANCO 2015 p 118 grifo do autor Foi um homem engajado politicamente tanto que morreu no Plenário quando se dirigia para a Mesa para presidir uma sessão no dia 3 de maio de 1950 FRANCO 2015 p 118 21 A historiadora Josevanda Mendonça Franco na obra intitulada Atheneu Pedro II memória e restauro trata da história restauração e ressignificação do prédio no qual funcionou o Colégio Atheneu Pedro II hodiernamente sede do Museu da Gente Sergipana A autora expõe a evolução da educação sergipana e enfatiza as unidades de ensino que foram acolhidas pela edificação dando maior ênfase ao registro da memória e restauro desse símbolo da arquitetura sergipana 41 Maria Thétis Nunes Da Serra de Itabaiana Aos Bancos Escolares do Colégio Atheneu Pedro II Colégio sendo fixada uma nova matriz curricular22 com componentes e carga horária semanal distribuídos em 6 anos de curso O mencionado regimento definiu que o certificado de aprovação do 5º ano do curso secundário seria indispensável para admissão a exame vestibular para a matrícula em qualquer curso superior FRANCO 2015 p 122 Também fixou que o aluno que desejasse ingressar na instituição teria de se submeter a um exame de admissão que comprovasse seu grau de conhecimento nos conteúdos de Instrução Moral e Cívica Português Cálculo Aritmético Morfologia Geométrica Geografia e História do Brasil Ciências Físicas e Naturais e de Desenho FRANCO 2015 p 122 Os alunos que desejassem ingressar no Colégio Pedro II tinham de realizar nos meses de dezembro e março prova de admissão tanto oral como escrita Eram formadas duas comissões examinadoras constituídas de três professores indicados pelo diretor do Colégio e pela Congregação de professores Franco 2015 p 122 assevera que embora o ensino da instituição tivesse um caráter público cabia ao aluno arcar com as taxas de matrícula de frequência por ano de frequência de cadeira dependente de exame final de exame de promoção de exame de admissão de certidão de exame de regulamento de programações de ensino e de transferência Implica dizer que para os filhos das famílias menos abastardas ingressar no principal colégio de ensino secundário de Sergipe na época era tão difícil quanto nele manterse SANTOS 1999 p 30 Outro aspecto a ser enfatizado é a ideia que se tinha de que os alunos interioranos não estavam em igualdade de condições para competir com os colegas dos colégios públicos SANTOS 1999 p 88 Contudo foi nesse colégio que Thétis Nunes após fixar residência em Aracaju ingressou E digase de passagem com um bom desempenho Porém antes tentou ingresso na Escola Normal para cursar o ginasial sendo impedida devido às várias exigências a maior destas o prérequisito de idade pois só permitia o ingresso de alunos a partir dos 14 anos Todavia como já mencionado ingressar no Atheneu Pedro II era deveras difícil Sendo assim ela fez um breve curso preparatório com a professora Leonor Teles Entretanto outro impeditivo lhe colocara a prova Segundo Santos 1999 p 87 o Atheneu naquela época era frequentado majoritariamente por alunos do sexo masculino a exemplo da turma ginasial de Thétis Nunes composta de 43 alunos dentre os quais 13 eram 22 Consultar FRANCO Josevanda Mendonça Atheneu Pedro II Memória e Restauro Aracaju Edise 2015 328 p 42 Maria Thétis Nunes Da Serra de Itabaiana Aos Bancos Escolares do Colégio Atheneu Pedro II do sexo feminino e 30 do sexo masculino Havia forte preconceito e cabia às mulheres seguirem os valores normativos expostos pela ordem patriarcal que prescreviam seus papéis na sociedade da época Ademais as mulheres eram e ainda são Excluídas do universo das coisas sérias dos assuntos públicos e mais especificamente dos econômicos as mulheres ficaram durante muito tempo confinadas ao universo doméstico BOURDIEU 2012 p 116 A respeito dessa afirmação Santos 1999 p 109 assinala que o papel da mulher na sociedade contemporânea chamou atenção para a luta que elas vinham desenvolvendo para ampliar seus espaços de atuação especialmente no mercado de trabalho Nesse caso o estudo e a formação científica se faziam imprescindíveis à superação das barreiras e dos preconceitos contra o sexo feminino Muito embora as pessoas ligadas à família de Thétis Nunes tenham se impactado com o fato Dona Anita não se prostrou perante as vozes discordantes e o feliz precedente ocorreu no dia 23 de fevereiro de 1935 Iniciouse o itinerário de Maria Thétis Nunes no Atheneu Pedro II ou melhor dizendo no Atheneu Sergipense a partir da sua aprovação no exame de admissão realizado nos dias 21 22 e 23 conforme prescrito no Livro de Certificados de Exames de Admissão 19311935 CEMAS Nessa época o ensino seguia as prescrições legais impostas pelo decreto nº 19890 de 18 de abril de 1931 Esse decreto foi empreendido no ministério de Francisco Luís da Silva Campos mentor da reforma Francisco Campos que estabeleceu em nível nacional a modernização do ensino secundário brasileiro conferindo organicidade à cultura escolar do ensino secundário por meio da fixação de uma série de medidas como o aumento do número de anos do curso secundário e sua divisão em dois ciclos a seriação do currículo a frequência obrigatória dos alunos às aulas a imposição de um detalhado e regular sistema de avaliação discente e a reestruturação do sistema de inspeção federal DALLABRIDA 2009 p 185 Conforme o Art 18 Cap III para cursar nível secundário nos estabelecimentos de ensino brasileiro na década em que Thétis Nunes foi aluna o estudante teria de prestar exame de admissão na segunda quinzena de fevereiro Tinha de requerer inscrição do dia 1º até o dia 15 do predito mês Exigiase que o candidato não se tivesse inscrito em exames de admissão em outros estabelecimentos na mesma época além de ter 11 anos de idade completos Também era exigida a apresentação de atestado de imunização antivariólica e do recibo de pagamento da taxa de inscrição No tocante ao local de realização da prova esta ocorria no estabelecimento de ensino que o candidato pleiteasse matrícula Era constituída uma banca 43 Maria Thétis Nunes Da Serra de Itabaiana Aos Bancos Escolares do Colégio Atheneu Pedro II examinadora por três professores da instituição estes designados pelo diretor Já nos estabelecimentos sob regime de inspeção permanente ou preliminar por dois professores do respectivo quadro docente sob a presidência de um dos inspetores do distrito BRASIL 1931 Quanto às provas conforme o Art 22 O exame de admissão constará de provas escritas uma de português redação e ditado e outra de aritmética cálculo elementar e de provas orais sobre elementos dessas disciplinas e mais sobre rudimentos de Geografia História do Brasil e Ciências naturais BRASIL 1931 Maria Thétis Nunes obteve no exame de admissão os seguintes resultados Português prova escrita 85 oral 70 e nota final 77 Aritmética prova escrita 70 oral 90 e prova final 80 Geografia 90 História do Brasil 90 Ciências Naturais 80 Média geral 83 Sua aprovação consta no Livro de Certificado e no Livro de Atas da instituição sendo o último escrito manualmente A priori são explicitados sua filiação naturalidade e os resultados obtidos Seu nome também aparece em folhas seguintes no termo de classificação geral de acordo com a Figura 2 sendo ela a quinta colocada e não a terceira conforme apontou Santos 1999 e Nunes 2003 Devese frisar que Maria Thétis Nunes às vezes para recordarse das inúmeras atividades desenvolvidas por ela ao longo de sua vida recorria ao livro de Santos 1999 Portanto para não repetir o que foi dito e acabar colocando centenas de subjetividades e acasos sobre essa questão recorri ao documento que no entendimento de Karnal e Tatsch 2011 p 24 encerra a chave de acesso ao conhecimento do passado reafirmando seu senhorio dialético criadorcriatura com a beleza da contradição e da imprevisibilidade com as marcas do humano Além do mais a memória distingue o testemunho do documento CHARTIER 2009 p 21 Na visão deste autor o testemunho é inseparável da testemunha e supõe que suas declarações sejam consideráveis admissíveis enquanto que o documento dá acesso a acontecimentos que se consideram históricos e que nunca foram recordações de ninguém CHARTIER 2009 p 21 grifo do autor Dessa forma aqui trago agentes distintos que fizeram leituras distintas sobre a mesma temática 44 Maria Thétis Nunes Da Serra de Itabaiana Aos Bancos Escolares do Colégio Atheneu Pedro II Figura 2 Livro de Atas do Atheneu Sergipense Fonte CEMAS 1935 Para discorrer sobre a vida escolar de Thétis Nunes fezse necessário recorrer ao pesquisador João Paulo Gama Oliveira por ter se debruçado na temática Segundo ele o itinerário de Maria Thétis Nunes como aluna ocorreu por meio da análise das origens do seu despertar intelectual e político nas instituições educacionais que frequentou Escola de Nº 1 em Itabaiana e o Colégio Pedro II em Aracaju bem como pelos mestres que foram registrados nas suas memórias OLIVEIRA 2017 p 176 grifo do autor Segundo Sirinelli 2003 as estruturas de sociabilidade variam de acordo com o tempo e os subgrupos estudados pelos pesquisadores Para esse autor é possível e necessário fazer sua arqueologia inventariando as solidariedades de origem por exemplo de idade ou de estudos que constituem muitas das vezes a base de redes de intelectuais adultos É lógico sobretudo no caso dos acadêmicos remontar a seus jovens anos escolares e universitários numa idade em que as influências se exercem sobre um terreno móvel e em que uma abordagem retrospectiva permite reencontrar as origens do despertar intelectual e político SIRINELLI 2003 p 249250 Com isso podese afiançar que a professora Izabel Esteves foi uma das principais responsáveis pela descoberta vocacional de Thétis Nunes Ciente do temperamento de Thétis 45 Maria Thétis Nunes Da Serra de Itabaiana Aos Bancos Escolares do Colégio Atheneu Pedro II Nunes a mestra pôs em ação o método de designála para tomar as lições dos alunos do primeiro ano Com uma cajadada não matou apenas dois coelhos e sim três Indiretamente pôs a nu a vocação de sua aluna que num futuro muito breve tornarseia a conceituada professora Maria Thétis Nunes SANTOS 1999 p 86 Outra figura que muito lhe marcou nos jovens anos escolares foi incontestavelmente o jornalista poeta e parlamentar Arthur Fortes23 professor de maior influência em sua vida estudantil como focalizou SANTOS 1999 p 2 A própria Thétis Nunes em discurso nas comemorações dos 50 anos de sua vida literária no Conselho Estadual de Cultura afirmou que o aludido professor tanto influenciara na sua vocação para a História nos seis anos em que dele foi aluna NUNES sd grifo do autor Para Santos 1999 Thétis Nunes transferiu ao mestre sentimentos filiais recebendoos de volta Arthur Fortes era um homem culto respeitador carismático e elegante Foi um mestre de convicções democráticas defensor dos interesses coletivos homem coerente com a sua própria visão dos problemas do povo independente intransigente na defesa de seus ideias e das suas convicções SOUTELO sd p 16 que muito incentivou a trajetória intelectual de Thétis Nunes Enquanto professor foi elemento de formação do alunado sergipano transmitiu antes de tudo o culto da liberdade e a convicção de que as ideias nobres e generosas os sonhos de liberdade não desaparecem Tombam aqui mas ressurgem mais vigorosos acolá SOUTELO sd p 17 Podese dizer que Arthur Fortes foi um mister que participou do debate intelectual da sua terra e deixou nela direta ou indiretamente seu rastro nem homem da sombra nem figura de proa mas inspirador de um grupo atento e ardorosamente prosélito SIRINELLI 2003 p 253 Nessa rede de intelectuais adultos que marcaram o itinerário da jovem Thétis Nunes destacouse também o diretor Joaquim Vieira Sobral 19351941 que valendose do poder simbólico a ele atribuído por ocasião da função de diretor na época fálaia permanecer na instituição como funcionária da Biblioteca após concluir o curso ginasial Como também por sua interferência junto à tipografia24 do seu amigo Sr Jasonias Andrade para imprimir a preço acessível o livro Árabes sua influência na civilização ocidental levandose em conta os poucos recursos de que dispunha sua mãe na época Em uma passagem do texto de Santos 23 Consultar OLIVEIRA João Paulo Gama OLIVEIRA Roselusia Teresa de Morais Arthur Fortes o professor e poeta da rosa vermelha In CONCEIÇÃO Joaquim Tavares da SOUZA Josefa Eliana FREITAS Anamaria Gonçalves Bueno de Entre trajetórias e disciplinas 1ª ed JundiaíSP Paco Editora 2020 24 Esta pequena tipografia foi a origem da conceituada Gráfica J Andrade e Cia 46 Maria Thétis Nunes Da Serra de Itabaiana Aos Bancos Escolares do Colégio Atheneu Pedro II 1999 p 89 Thétis Nunes fez alusão ao professor como grande diretor a quem eu devo muito por ter me dado um apoio forte Cumpre notabilizar que Joaquim Vieira Sobral foi diretor novamente do Atheneu Sergipense no período de 1944 a 1946 além de num futuro muito breve terse tornado colega de cátedra de Thétis Nunes após a aprovação desta como professora catedrática de Geografia da instituição Figura 3 Professor Joaquim Vieira Sobral FONTE IHGSE e CEMAS O quadro a seguir mostra as cadeiras frequentadas por Thétis Nunes no curso ginasial do Atheneu Pedro II Quadro 2 Itinerário de Thétis Nunes como aluna do Curso Ginasial do Colégio Pedro II 19351939 1ª SÉRIE 1935 Cadeiras Professor Média anual Português Padre Avelar Brandão 60 Francês Não identificado 78 História da Civilização Arthur Fortes 77 Matemática Gentil Tavares 67 Geografia Fraga Lima 70 47 Maria Thétis Nunes Da Serra de Itabaiana Aos Bancos Escolares do Colégio Atheneu Pedro II Ciências Físicas e Naturais Augusto Cesar Leite 54 Desenho Joaquim Vieira Sobral 82 2ª SÉRIE 1936 Português Mário Miranda VilasBoas 56 Francês Padre Claudio D F Dantas 77 Inglês Felte Bezerra 70 História da Civilização Arthur Fortes 86 Geografia José de Magalhães Carneiro 82 Matemática Abdias Bezerra 80 Ciências Físicas e Naturais Augusto Cesar Leite 54 Desenho Joaquim Vieira Sobral 72 3ª SÉRIE 1937 Português Mário Miranda VilasBoas 85 Francês Não identificado 77 Inglês Não identificado 92 História da Civilização Arthur Fortes 86 Geografia Não identificado 91 Matemática Não identificado 77 Física José Rollemberg Leite 54 Química José Andrade Carvalho 62 História Natural Oscar Baptista do Nascimento 70 Desenho Não identificado 87 4ª SÉRIE 1938 Português Mário Miranda VilasBoas 61 Francês Não identificado 67 Inglês Não identificado 49 Latim Pe Alberto B de Azevedo 75 História da Civilização Arthur Fortes 78 Geografia Não identificado 82 Matemática Não identificado 69 Física José Rollemberg Leite 47 Química José Andrade Carvalho 71 História Natural Não identificado 61 Desenho Joaquim Vieira Sobral 76 5ª SÉRIE 1939 Português Mário Miranda VilasBoas 89 Latim Não identificado 86 História da Civilização Arthur Fortes 92 Geografia Felte Bezerra 72 Matemática Abdias Bezerra 76 Física José Rollemberg Leite 73 Química Não identificado 77 História Natural Garcia Moreno 73 Desenho Joaquim Vieira Sobral 73 Fonte Quadro elaborado pela pesquisadora com base nos dados apresentados por OLIVEIRA 2017 p 180 181 48 Maria Thétis Nunes Da Serra de Itabaiana Aos Bancos Escolares do Colégio Atheneu Pedro II Como acentuou Oliveira 2017 o desempenho de Thétis Nunes ao longo desses cinco anos variou bastante Ela destacouse mais na disciplina de História da Civilização e Geografia obtendo notas acima dos 70 pontos com destaque para notas acima dos 90 pontos nas duas disciplinas Observouse também um certo declive na disciplina de Física em que obteve a nota mais baixa 47 pontos se comparada ao conjunto dos dados apresentados No entendimento desse autor as disciplinas exibidas no quadro anterior mostram quais eram as cadeiras que compunham o ensino secundário humanístico do Atheneu Sergipense no contexto da Reforma Francisco Campos como também quais as áreas de conhecimento tinham presença nos diferentes anos do curso repetindose ao longo de todo o curso fundamental OLIVEIRA 2017 p 182 grifo do autor Na concepção de Chervel 1990 p 214 O ensino das matérias ensinadas simultaneamente no mesmo estabelecimento de ensino constitui em cada época uma rede disciplinar que não deixa de exercer uma influência mais ou menos forte sobre cada um de seus constituintes Isso quer dizer que o conteúdo que é ensinado eou pretendese ensinar em cada disciplina deve estar entrelaçado com a ideia do cidadão que se anseia formar Na concepção desse autor a história de uma disciplina escolar não pode então fazer abstração da natureza das relações que ela mantém com as disciplinas vizinhas CHERVEL 1990 p 214 As finalidades de ambas disciplinas devem atrelarse ao meio social de cada época pois dessa forma a repetição de uma disciplina em várias séries ou mesmo sua carga horária também dizem respeito aos objetivos da educação escolarizada OLIVEIRA 2017 p 182 Considerando então as prescrições do mencionado decreto nº 19890 de 18 de abril de 1931 após aprovado no exame de admissão e estando devidamente matriculado o aluno cursaria no prazo de cinco anos as disciplinas que seguem 1ª série Português Francês História da civilização Geografia Matemática Ciências físicas e naturais Desenho Música canto orfeônico 2ª série Português Francês Inglês História da civilização Geografia Matemática Ciências físicas e naturais Desenho Música canto orfeônico 3ª série Português Francês Inglês História da civilização Geografia Matemática Física Química História natural Desenho Música canto orfeônico 4ª série Português Francês Inglês Latim Alemão facultativo História da civilização Geografia Matemática Física Química História natural Desenho 5ª série Português Latim Alemão facultativo História da 49 Maria Thétis Nunes Da Serra de Itabaiana Aos Bancos Escolares do Colégio Atheneu Pedro II civilização Geografia Matemática Física Química História Natural Desenho BRASIL 1931 Ao comparar o Quadro 2 com o que prescrevia a lei na época a única disciplina que não aparece no quadro é o Canto Orfeônico Porém a pesquisadora Wênia Mendonça Silva em sua dissertação de mestrado intitulada A pedagogia Musical do Canto Orfeônico e a sua configuração como disciplina escolar no Atheneu Sergipense 19311956 revelou que a educação musical aparece nas documentações da referida instituição com a nomenclatura de Música Canto Orfeônico assim como consta na redação da reforma que a instituiu como disciplina obrigatória no currículo do Ensino Secundário SILVA 2019 p 48 A mencionada autora revelou ainda que a presente disciplina aparece no currículo do colégio desde o ano de 1931 sendo responsável pelo seu ensino a professora Maria Valdete de Melo diplomada nessa área ocupando o cargo de professora interina nomeação em condição provisória SILVA 2019 p 49 A ausência dessa disciplina no Quadro 2 certamente se explica pelo fato de o pesquisador Oliveira 2017 não ter encontrado documentos na época que comprovassem que esse componente curricular era ministrado no decênio de 1931 uma vez que as cadernetas relativas a esta disciplina só foram localizadas a partir de marco de 1945 ano em que foi publicado no Diário Oficial do Estado de Sergipe uma nota determinando o programa a ser seguido nos estabelecimentos de ensino secundários sergipanos SILVA 2019 p 52 grifo do autor Após concluir o ginasial ainda vestindo a farda ANEXO N do Atheneu Sergipense Thétis Nunes fez o Curso Complementar25 esse obrigatório aos interessados em matricularse em instituições de ensino superior Com duração de dois anos de estudos e ênfase na aplicação de exercícios e trabalhos práticos individuais o curso contemplaria as disciplinas que seguem Alemão ou Inglês Latim Literatura Geografia Geofísica ou Cosmografia História da Civilização Matemática Física Química História natural Biologia geral Higiene Psicologia e Lógica Sociologia Noções de Economia e Estatística História da Filosofia e Desenho BRASIL 1931 Compreendiam o Curso Complementar os cursos Préjurídico os Cursos de Medicina Farmácia e Odontologia e os Cursos de Engenharia ou Arquitetura Em suma Thétis Nunes optou por cursar o Préjurídico com exames prestados em 29 de novembro de 1940 para a 1ª série obtendo os seguintes resultados nas disciplinas obrigatórias Psicologia e 25 Sua implementação foi regulamentada pela Lei nº 40 de 18 de novembro de 1936 FRANCO 2015 p 147 50 Maria Thétis Nunes Da Serra de Itabaiana Aos Bancos Escolares do Colégio Atheneu Pedro II Lógica 96 Literatura 90 Latim 88 História da Civilização 92 Economia Política 97 Biologia 84 e Média geral 91 Já nos exames da 2ª série préjurídica Thétis Nunes obteve os seguintes resultados finais História da Filosofia 97 Geografia Humana 97 Latim 97 Literatura 96 Higiene 95 Sociologia 91 e Média geral 95 Recortes de Jornais com notícias sobre o Atheneu Sergipense 19421944 Quiçá Thétis Nunes passou sete anos de sua juventude cursando o ensino secundário no Atheneu Sergipense Teve como professores Arthur Fortes História Mário VilasBoas Português26 Felte Bezerra Geografia27 Abdias Bezerra Francês28 Fraga Lima Geografia Oscar Nascimento História Natural Gentil Tavares Matemática29 Garcia Moreno História Natural30 Alberto Bragança de Azevedo Latim José Olino PortuguêsLatim31 26 Mário de Miranda VilasBoas nasceu no dia 04 de agosto de 1903 na cidade de Rio Grande do Sul Em 06 de dezembro de 1925 ordenouse sacerdote Sendo designado para diocese de Garanhuns PE no ano de 1938 pelo papa Pio XI vindo a ser ordenado nesse mesmo ano bispo em Aracaju Anos após foi nomeado para a Arquidiocese de Belém do Pará e arcebispo coadjuvante da Arquidiocese da Cidade de São Salvador da Bahia No ano de 1952 participou da fundação da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil e recebeu o título de Arcebispo de Cyrrhus Faleceu aos 64 anos de idade em Aracaju no dia 23 de fevereiro de 1968 27 Felte Bezerra nasceu no dia 25 de dezembro de 1908 na cidade de Aracaju Filho do casal Abdias Bezerra e Esmeralda Araújo Bezerra Fez o curso primário e secundário no Colégio Tobias Barreto Em 1933 graduouse em Odontologia pela Faculdade de Medicina da Bahia Em 1938 foi nomeado professor catedrático da cadeira de Geografia do Colégio Estadual de Sergipe vindo posteriormente a ser diretor do estabelecimento de ensino Participou da fundação do Centro Cultural de Sergipe e da fundação da Sociedade de Cultura Artística de Sergipe da qual foi presidente Foi dirigente do Banco Rezende Leite Integrou o corpo docente da Faculdade Católica de Filosofia na qual lecionou a disciplina de Antropologia e Etnologia do Brasil Também ministrou a disciplina História Econômica na Faculdade de Ciências Econômicas Foi presidente do Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe e ocupou a Cadeira nº 2 da Academia Sergipana de Letras Faleceu no dia 6 de janeiro de 1990 no Rio de Janeiro 28 De acordo com Guaraná 1925 o professor Abdias Bezerra nasceu em 7 de setembro de 1880 na vila de Siriri Filho do professor João Amando Bezerra e de D Hermínia Rosa Bezerra Cursou o secundário no Atheneu Sergipense instituição na qual ocupou as cadeiras de Frances Aritmética Álgebra Português Geometria e Trigonometria Foi diretor do Atheneu no ano de 1922 Faleceu em 14 de junho de 1944 em Aracaju 29 Segundo Guaraná 1925 Gentil Tavares da Mota nasceu em 11 de outubro de 1892 na cidade de São Paulo Filho do Capitão João Tavares da Mota e D Ana Tavares da Mota Fez o curso de humanidades no Ateneu Sergipense e formouse em engenharia civil pela Escola Politécnica da Bahia Atuou como ajudantesecretário da Diretoria de Obras Públicas do Estado Regeu a cadeira de geometria do Atheneu Sergipense Foi diretor da Imprensa Oficial do Estado Fez parte do Conselho superior do Ensino do estado Foi deputado estadual e federal por Sergipe Sócio do Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe Foi vicepresidente da Liga Sergipense Contra o Analfabetismo Fundou e redigiu o periódico O Necydalus Dirigiu e redigiu o O Estado do Sergipe Diário Oficial e o Correio de Aracaju dentre outros 30 Consultar FERREIRA Otilia Tatiana de Cácia da Conceição Entre o discurso medico e o jurídico Garcia Moreno e as primeiras interferências da medicina legal em Sergipe década de 1940 2004 54 f Monografia Licenciatura em História Departamento de História Centro de Educação e Ciências Humanas Universidade Federal de Sergipe 2004 31 José Olino de Lima Neto nasceu no dia 2 de janeiro de 1900 na cidade de Arauá SE Filho do casal João Epifânio Lima Neto e Maria Joaquina de Andrade Lima Cursou na cidade de Estância as primeiras letras e o ensino primário Durante sete anos estudou como seminarista no Seminário Diocesano Sagrado Coração de Jesus em Aracaju No Colégio Atheneu Sergipense fez o curso preparatório vindo a graduarse em Medicina pela Faculdade de Medicina da Bahia no ano de 1930 Clinicou nas cidades de Itabaianinha Simão Dias e 51 Maria Thétis Nunes Da Serra de Itabaiana Aos Bancos Escolares do Colégio Atheneu Pedro II Gonçalo Rollemberg Leite32 Física Pe Avelar Brandão Vilela33 Português e José Andrade de Carvalho Química SANTOS 1999 p 89 Dentre estes além dos já citados destacouse a figura do professor Felte Bezerra34 Enquanto diretor do Atheneu Sergipense 19411942 motivado por confiança e em reconhecimento convidoua no ano de 1941 pouco tempo após concluir o curso complementar para lecionar como professora interina nos bancos da aludida instituição a disciplina de História Geral como nos notabiliza a Figura 4 Lagarto Após fixar residência na cidade de Aracaju dedicouse exclusivamente ao magistério lecionando a disciplina de Língua Portuguesa nos colégios Tobias Barreto Nossa Senhora de Lourdes na Faculdade de Filosofia de Sergipe e na Universidade Federal de Sergipe Ocupou a Cadeira nº 30 da Academia Sergipana de Letras Colaborou com escritos em jornais locais Tornouse professor catedrático de Português do Atheneu Sergipense por meio de concurso ao defender a tese Notas filológicas à margem das Vinte horas de liteira de Camilo Castelo Branco Faleceu no dia 27 de fevereiro de 1985 em Aracaju 32 Gonçalo Rollemberg Leite nasceu em 14 de fevereiro de 1906 na cidade de Riachuelo SE Estudou no Colégio Salesiano e no Atheneu Sergipense Em 1927 bacharelouse em Ciências Políticas e Sociais no estado de Minas Gerais Em 1938 tornouse professor Catedrático de História da Civilização do Atheneu Sergipense Atuou como Promotor de Justiça professor e jornalista Foi um dos fundadores da Faculdade de Direito de Sergipe sendo responsável pela cadeira de Direito Civil Em 1953 após a morte do desembargador Octávio de Souza Leite foi escolhido para dirigila Ocupou a cadeira 23 da Academia Sergipana de Letras Faleceu em 17 de julho de 1977 em Aracaju OLIVEIRA 2011 33 Avelar Brandão Vilela nasceu no dia 13 de junho de 1912 em Viçosa AL Filho do casal Elias Brandão Vilela e de Isabel Brandão Vilela Estudou no seminário de Aracaju vindo a ordenarse em outubro de 1935 Lecionou Português Literatura Lusobrasileira e Psicologia no Colégio Estadual de Sergipe No ano de 1946 foi escolhido bispo de Petrolina PE Na cidade de Petrolina criou a Escola de Economia Doméstica ampliou as instalações do Colégio Dom Bosco e construiu a praça Malan Em 1955 foi nomeado arcebispo de Teresina e em 1971 de Salvador Participou da criação da Faculdade Católica de Filosofia do Piauí da Escola de Odontologia e do projeto de criação da Universidade Fundação do Piauí Foi ainda por dez anos presidente da Campanha Nacional da Comunidade seção do Piauí implantando 30 ginásios no estado Fundou a Ação Social Arquidiocesana ASA através da qual foram criados dezenas de centros sociais beneficiando cerca de quatro mil alunos Ainda no setor educacional fundou diversas escolas de alfabetização em convênio com o Movimento de Educação de Base MEB espalhadas pelos municípios da arquidiocese Fundador da Rádio Pioneira de Teresina defendeu a implantação do projeto de colonização do vale do rio Gurguéia revelandose favorável à construção da usina hidrelétrica de Boa Esperança no rio Parnaíba Maiores informações consultar Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil CPDOCFGV Rio de Janeiro Disponível em httpwwwfgvbrcpdocacervodicionariosverbetebiograficoavelarbrandaovilela Acesso em 12 de abr 2021 34Ver SILVA Anna Karla Melo Felte Bezerra um quartel de atividades líterocientíficas 2014 112 f Dissertação Mestrado em Educação Universidade Federal de Sergipe São Cristóvão 2014 Ver OLIVEIRA João Paulo Gama Caminhos cruzados itinerários de pioneiros professores do ensino superior em Sergipe 19151954 2015 319 f Tese Doutorado em Educação Universidade Federal de Sergipe São Cristóvão 2015 52 Maria Thétis Nunes Da Serra de Itabaiana Aos Bancos Escolares do Colégio Atheneu Pedro II Figura 4 Decreto que nomeou Thétis Nunes professora substituta do Atheneu Sergipense 1941 Fonte Acervo do CEMAS Devese também ressaltar a figura do professor VilasBoas pois sua imagem ficou viva nas memórias de Thétis Nunes sendo desenhada por ela em um discurso publicado em 16 de março de 1968 no Jornal A Cruzada A respeito do monsenhor Thétis Nunes o descreveu como homem cheio de vivacidade irrequieto que não se sentava enquanto ministrava aula Prosseguiu seu discurso alegando que a ele devia os conhecimentos básicos da língua pátria adquiridos nos dois anos e meio que fui sua aluna Era um didata perfeito sem nunca ter estudado Didática ciência bem desconhecida entre nós naquela época Suas aulas ricas em conhecimentos linguísticos mantinham a classe alerta e interessada dadas que eram com método e numa dicção perfeita que nos encantava Nunca cansou os alunos com as complicadas e monótonas definições gramaticais que constituem o pavor dos que estudam o Português Ele as ia ensinando à medida que surgia a aplicação na leitura do texto que era o eixo de suas aulas ou no ditado que nos obrigava a fazer no quadronegro Ainda nas primeiras séries ginasiais teve a curiosidade e o interesse despertado para os autores brasileiros e portugueses que a palavra eloquente do professor nos transmitia através da leitura da página a ser estudada que primeira era feito por ele Alencar Machado de Assis Rui Coelho Melo Herculano Camões Castro Alves passaram sem esforços a ser nossos conhecidos NUNES 1968 p 2 Quando o professor Mário VilasBoas morreu Thétis Nunes se encontrava de férias no sul do país Ao retornar e ter conhecimento do falecimento do querido professor dedicou lhe essa singela homenagem no jornal De certo ao passo que a escrevia recordava dos tempos de aluna no Atheneu Pedro II 53 Maria Thétis Nunes Da Serra de Itabaiana Aos Bancos Escolares do Colégio Atheneu Pedro II Portanto Oliveira 2015 p 132 atesta que foi nesse campo Atheneu Sergipense que Maria Thétis Nunes começou a construir o seu nome diferenciandose dos demais alunos pelas notas angariadas participação nas aulas e amizades com os professores Aos poucos a aluna Thétis Nunes ia tecendo sua rede de sociabilidade por meio dos laços que iam se atando entre os colegas de turma professores e demais funcionários Santos 1999 assevera que Thétis Nunes distinguiase dos demais colegas de turma Ademais foi a aluna que maior número de vezes alcançou o primeiro lugar de sua classe posição sempre disputada com o colega Flávio Barreto que também se destacou pela sua vocação e amor à História pelas suas habilidades com o Português pela sua tendência a oratória a ponto de ficar conhecida como a menina que fazia discurso SANTOS 1999 p 89 grifo do autor Tanto que em 9 de dezembro de 1939 foi escolhida para ser oradora em sua formatura do ginásio Houve missa festiva na igreja de São Salvador cuja celebração teve como responsável o Padre Avelar Brandão na época professor de português do Atheneu Sergipense No salão nobre da congregação da instituição foram entregues os certificados de conclusão de curso aos alunos concluintes sendo o professor de História Natural Dr Oscar Nascimento o paraninfo da turma e homenageados os professores Arthur Fortes Dom Mário VilasBoas Joaquim Vieira Sobral diretor SANTOS 1999 p 86 O baile de formatura ocorreu no Recreio Clube35 Na época em questão quando os alunos concluíam o curso ginasial e pedagógico eram de praxe as festas solenes de formatura As preparações começavam alguns meses antes Os alunos se reuniam em suas residências nas casas de parentes e amigos próximos possuidores de piano ou radiola sempre aos sábados e feriados para assim ensaiarem as danças Concluído o período letivo marcavamse as formaturas A escolha do paraninfo e do orador da turma eram feitas por eleição Os alunos aprovados procuravam a Casa Amador do fotógrafo Arthur Costa a Foto Brasil do Sr Orlando e outros estúdios fotográficos para tirarem as fotografias trajando o smoking ou a beca cedidos pela própria casa As fotografias eram trocadas entre os colegas mais chegados oferecidas a parentes e amigos e outra destinada ao álbum ou quadro de formatura As modistas e costureiras recebiam em suas casas a visita das formadas que 35 Tratavase de um clube de elite que funcionou no Parque Teófilo Dantas em um prédio hoje anexo à Prefeitura Municipal animou a cidade até os primeiros anos da década de 40 Suas últimas festas foram o Carnaval de 1942 MELINS 2000 p 76 54 Maria Thétis Nunes Da Serra de Itabaiana Aos Bancos Escolares do Colégio Atheneu Pedro II levavam revistas de modas para com elas escolherem os vestidos que achavam mais bonitos para a ocasião Os rapazes procuravam as alfaiatarias para encomendarem os seus ternos sob medida MELINS 2000 p 39 Além do Recreio Clube as festividades das formaturas ocorriam do mesmo modo na Associação Atlética de Sergipe Salão Nobre do Atheneu Sergipense Quadra de Esportes da Escola Normal Rui Barbosa ou no pátio do Colégio Tobias Barreto assim lembrou MELINS 2000 p 40 Dentre as facetas da menina que fazia discurso devese destacar sua participação como sócia e oradora oficial do Grêmio Literário Clodomir Silva Segundo Rodrigues 2015 Thétis Nunes teria se associado no ano de 1940 e sido eleita oradora oficial em 1941 Entretanto Santos 1999 evidenciou que Thétis Nunes teria comparecido à inauguração do centro estudantil no dia 21 de agosto de 1938 em pleno domingo e discursado em prol do elemento feminino Na ocasião proferiu as seguintes palavras Aceitei esta missão com entusiasmo porque via o apoio de minhas colegas a esta ideia dos jovens estudantes demonstrando que já não é a mulher antiga enclausurada nas alcovas sombrias completamente alheia às letras à civilização e sim a mulher instruída que diaadia vai revelando sua inteligência sua inclinação às artes à literatura NUNES apud SANTOS 1999 p 91 Percebese no discurso de Thétis Nunes sua inclinação à defesa dos direitos das mulheres visto que no primeiro ano de criação do próprio Centro a participação do elemento feminino era vetada por parte da direção da instituição Para Rodrigues 2015 p 147148 essa proibição se dava a fim de preservar a boa reputação das alunas pois não era conveniente deixar moças e rapazes misturados numa sala para a realização das sessões ordinárias Ainda de acordo com essa autora a participação desse segmento se deu por meio de protestos encabeçados pelas alunas da 3ª série do curso ginasial Joana Vital de Souza Maria Cristina Vieira de Carvalho Julieta Dias dos Santos Marina Ribeiro Vieira e Maria Cândida Amazones RODRIGUES 2015 p 148 as quais alegavam ser o Grêmio uma maçonaria bem como que esta proibição ia de encontro com o que previa o estatuto o direito de participação aos alunos com as melhores notas Como as alunas também sentiam o desejo de participar de agremiações alegaram de forma contundente que as melhores notas do corpo discente do Atheneu Pedro II estavam registradas nos boletins femininos logo elas teriam o direito de participação do grêmio RODRIGUES 2015 p 148 Assim são reveladas pistas eou indícios de que a aluna Thétis Nunes destacouse inclusive fora da sala 55 Maria Thétis Nunes Da Serra de Itabaiana Aos Bancos Escolares do Colégio Atheneu Pedro II de aula da mesma forma que aos poucos ia tecendo laços além dos portões da referida instituição 56 Maria Thétis Nunes Da faculdade de Filosofia Da Bahia à Catédra de Geografia do Colégio Estadual de Sergipe 21 MARIA THÉTIS NUNES DA FACULDADE DE FILOSOFIA DA BAHIA À CATÉDRA DE GEOGRAFIA DO COLÉGIO ESTADUAL DE SERGIPE Visando à formação de quadros onde se recrutassem elementos destinados ao magistério bem como às altas funções da vida pública do país e o preparo de profissionais para o exercício de atividades que demandassem estudos superiores foram estabelecidas escolas superiores em alguns Estados SANTOS 1999 p 97 A Bahia foi um desses estados que estabeleceram escola superior Em 1942 inauguravase a Faculdade de Filosofia da Bahia FFB36 Segundo pontuou Santos 1999 p 97 essa Faculdade funcionava no prédio da antiga Escola Normal situado no Bairro de Nazaré Compunham sua agrade curricular os cursos de Ciências Sociais Geografia e História Letras Clássicas Filosofia Letras Anglogermânicas Pedagogia e Matemática A saber as primeiras tentativas concretas de implantação do ensino superior em Sergipe datam da década de 1920 quando o então presidente da Província Dr Maurício Gracco Cardoso instituiu a Faculdade de Farmácia e Odontologia Anibal Freire e a Faculdade de Direito Tobias Barreto tentativas todavia frustradas OLIVA 1990 p 68 Convém destacar ainda a criação do Seminário Sagrado Coração de Jesus em 1913 A instituição de ensino funcionou até 1933 como Seminário menor e maior ofertando os cursos preparatórios de nível secundário e os de nível superior filosófico e teológico Desse modo figurouse como a primeira experiência em Sergipe de ensino superior BARRETO 2004 Para tanto a ausência de cursos superiores em Sergipe fazia com que os jovens migrassem para outras regiões do país predominantemente para Bahia pela proximidade e por ser o local no qual existiam as Faculdades de Direito Medicina Farmácia e Odontologia e a Escola Politécnica OLIVA 1990 p 106 as quais eram as mais procuradas pelos sergipanos Além da Bahia os jovens sergipanos também se deslocavam para Recife Rio de Janeiro e São Paulo e até mesmo para a Europa em busca de aprimorar seus conhecimentos Oliva 1990 p 106 grifo do autor denota que o retorno destes jovens após se formarem 36 Ver SALLES João Carlos Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas breve nota sobre o sentido de sua história IN TOUTAIN Lídia Maria Brandão SILVA Rubens Ribeiro Gonçalves Orgs UFBA do século XIX ao século XXIUniversidade Federal da Bahia Salvador EDUFBA 2010 p 343347 57 Maria Thétis Nunes Da faculdade de Filosofia Da Bahia à Catédra de Geografia do Colégio Estadual de Sergipe quase todos oriundos da camada dominante seria formar o contingente que contribuiria mais tarde na criação dos primeiros cursos superiores de Sergipe De acordo com Oliveira 2011 p 2425 os primeiros cursos superiores que conseguiram lograr êxito em Sergipe surgiram depois do decênio de 1940 a exemplo de Economia 1948 Química 1950 Faculdade de Direito 1950 Faculdade Católica de Filosofia de Sergipe 1951 Faculdade de Serviço Social 1954 Faculdade de Ciências Médicas 1961 Isso posto observouse que com Thétis Nunes não foi diferente Tanto que em 1942 após a instalação da Faculdade de Filosofia da Bahia seguiu para esse estado vizinho com o propósito de prestar vestibular Thétis Nunes obteve no exame de vestibular o primeiro lugar entre tantos concorrentes e em todos os anos em que cursou a faculdade sempre esteve na primeira colocação da turma Ainda segundo Santos 1999 Thétis Nunes quando se mudou para a Bahia tinha 19 anos de idade e levou consigo na bagagem muito juízo muita vontade de vencer e muito pouco dinheiro Dinheiro para pagar o pensionato e para atender às despesas essenciais Intelectualmente a vida correu pressurosamente Financeiramente porém viveu sob as regras estabelecidas pela pequena mesada remetida por Dona Anita Morar na BahiadeTodososSantos foi uma experiência impagável Vivendo sozinha sem a presença carinhosa dos familiares aprendeu a ter autonomia para resolver e decidir sobre as coisas e problemas SANTOS 1999 p 97 Conforme acentuou Santos 1999 a estada de Thétis Nunes na Bahia lhe proporcionou contato com outras facetas da cultura brasileira pois lá foi aluna de professores renomados como Luiz Viana37 jornalista advogado historiador e professor e Thales de Azevedo38 além de criar novos laços de amizades que permaneceriam até seu último suspiro 37 Luís Viana Filho nasceu em 28 de março de 1908 em Paris França Foi registrado no Distrito da Sé SalvadorBA Faleceu no dia 05 de junho de 1990 na cidade de São PauloSP Filho do casal Luís Viana e Joana Gertrudes Fichtner Viana Foi aluno do Colégio Anchieta em Friburgo e do Colégio Aldridge no Rio de Janeiro Frequentou os bancos escolares do Colégio Pedro II Rio de Janeiro e Ginásio da Bahia Salvador como também estudou no Externato Burlamaqui Moura Rio de Janeiro Fez cursos particulares em Salvador Em 1929 diplomouse na Faculdade de Direito da Bahia Trabalhou como jornalista no Diário da Bahia e posteriormente nA Tarde No ano de 1933 atuou como professor contratado de Direito Internacional Público na Faculdade de Direito da Bahia Foi professor catedrático de Direito Internacional Privado por concurso Foi nomeado professor de História do Brasil da Faculdade de Filosofia da Bahia Exerceu o mandato de deputado federal pelo Partido Libertador da Bahia em 1937 dentre outros mandatos 38 Thales Olympio Góes de Azevedo nasceu no dia 26 de agosto de 1904 em Salvador Filho do casal Ormindo Azevedo e Laurinda Góes de Azevedo Formouse no ano de 1927 em medicina pela Faculdade de Medicina da Bahia Por volta de 1940 trocou a medicina pelas ciências sociais Vindo a ingressar em 1943 na recémcriada Faculdade de Filosofia da Universidade da Bahia da qual foi professor de antropologia e etnografia Foi diretor da Escola de Serviço Social da Bahia nela lecionou a disciplina de pesquisa social Escreveu e publicou As 58 Maria Thétis Nunes Da faculdade de Filosofia Da Bahia à Catédra de Geografia do Colégio Estadual de Sergipe de vida a exemplo da poeta Lavínia Augusta Machado39 19222000 Condizente com suas próprias palavras enquanto universitária envolveuse nas lutas políticas estudantis contra a ditadura estadonovista ao lado de grandes líderes como Mário Alves40 João Batista de Lima e Silva Orlando Moscoso Fernando Santana e tantos outros NUNES 2003 p 235 Acerca da política brasileira importa lembrar que entre o período que compreende os anos de 1937 a 1945 a população vivia sob a intervenção do Governo Federal Em 10 de novembro de 1937 Getúlio Vargas articulou juntamente com os seus aliados um plano para suspender as eleições presidenciais que ocorreriam em 03 de janeiro de 1938 sob o pretexto de um golpe que previa a instalação de um governo comunista e o assassinato de centenas de políticos brasileiros PILETTI 1991 p 87 A ideia desse falso plano foi atribuída aos comunistas Enquanto isso Vargas decretou um estado de guerra que consentia apreender qualquer indivíduo sem a expedição de uma ordem judicial Para que o golpe se concretizasse buscou apoio das Forças Armadas e dos governantes estaduais Ao se tornar um ditador criou uma nova constituinte que centralizou todo o poder em suas mãos Essa nova constituição tornouo autoridade suprema do Estado PILETTI 1991 p 88 Ainda segundo esse autor tal constituinte deu plenos poderes ao presidente para coordenar os órgãos representativos de graus superiores dirigir a política interna promover ou orientar a política legislativa de interesse nacional e superintender a administração do país art 73 Visando a um controle ditatorial sobre a sociedade a Carta de 1937 introduziu outras modificações atribuiu ao presidente a competência para dissolver o Congresso expedir decretosleis e nomear interventores para os Estados extinguiu os partidos políticos aboliu a liberdade de imprensa e instituiu a censura prévia estabeleceu a pena de morte prorrogou o mandato presidencial até a realização do plebiscito que nunca se concretizou PILETTI 1991 p 88 grifo do autor Então Getúlio Vargas nomeou como interventor para Sergipe Eronides de Carvalho41 elites de cor um estudo de ascensão social em 1953 primeiro em Paris e a posteriori na Coleção Brasiliana Faleceu no dia 5 de agosto de 1995 em Salvador 39 Consultar SANTANA Carla Patrícia ALVES Ivia Lavínia Augusta Machado Biografia e Trajetória Literária sd Disponível em httpwwwescritorasbaianasufbabrLaviniabiogrtrajhtml Acesso em 22 dez 2020 40 Morto após ser torturado em cárcere no período da ditadura militar Maria Dalva Leite de Casto de Bonet na tomada de testemunho para a Comissão Nacional da Verdade em 08 de maio de 2014 cita as torturas sofridas por Mário Alves Disponível em httpcnvmemoriasreveladasgovbrimagespdfdepoimentosvitimascivis00092001123201490degravaca orppdf Acesso em 28 dez 2020 41 Eronides Ferreira de Carvalho nasceu em 25 de abril de 1895 em Canhoba SE Filho do casal Antônio Ferreira de Carvalho e Balbina Mendonça de Carvalho Estudou no Colégio 11 de Janeiro e no Liceu Alagoano em Maceió Diplomouse em 1917 pela Faculdade de Medicina da Bahia após defender a tese intitulada Do ópio em terapêutica mental sendo aprovado com distinção Tornouse membro da Sociedade Médica dos 59 Maria Thétis Nunes Da faculdade de Filosofia Da Bahia à Catédra de Geografia do Colégio Estadual de Sergipe 19371941 O então interventor durante esse período realizou obras voltadas para a área da saúde a exemplo da construção do Palácio Serigy Hospital Infantil casa para psicopatas e um centro para menores abandonados e delinquentes DANTAS 2004 p 89 Ampliou a rede de estrada e também contemplou a educação construindo escolas e destinando um novo prédio para a Biblioteca Pública Cumpre lembrar que a política é um campo no qual os homens políticos diretamente implicados no jogo interessados e percebidos como tais são imediatamente percebidos como juízes e partes BOURDIEU 1989 p 55 um campo permeado de relações de poder e disputas entre seus correligionários Assim sendo o interventor valendose do poder a ele atribuído deflagrou a derrubada de todos os chefes de executivo municipal eleitos por outros partidos que não eram de sua confiança aposentou civis reformou militares considerando tais atos de interesse do serviço público e foi substituindoos em geral por seus clientes ou correligionários enquanto os grupos oposicionistas praticamente nada podiam fazer Entre os mais privilegiados dessa operação estavam os senhores do açúcar Alguns deles tornaramse inclusive prefeitos municipais DANTAS 2004 p 89 Dentre seus opositores devese enfatizar o senador Leandro Maciel que após longo discurso proferido na tribuna do Senado no dia 11 de maio de 1937 acusou Eronides de Carvalho de praticar atos arbitrários a exemplo dos que seguem 1 Perseguições a seus correligionários do interior em Nossa Senhora das Dores Nossa Senhora da Glória e Espírito Santo 2 A prisão de Heribaldo Vieira e Carlos Garcia este irmão do deputado Luiz Garcia 3 O episódio com um operário que após ser solto sob habeas corpus foi preso uma hora depois a mando do governo 4 A transformação da detenção de operários em moeda de troca DANTAS 2017 p 87 Hospitais da Bahia Foi diretorgeral interino de Higiene e Saúde Pública de Sergipe e diretor interino do posto de assistência pública do estado desenvolvendo funções de inspetor médico do sistema escolar Foi aprovado em concurso para o Corpo de Saúde do Exército sendo classificado como segundotenente no 1º Regimento da Cavalaria Independente em Bela Vista MT Atuou no 28º Batalhão de Caçadores em Aracaju onde se tornou primeirotenente Foi um dos principais articuladores da União Republicana de Sergipe Em 1933 foi promovido a capitão Foi suplente de Augusto César Leite único deputado eleito na legenda de seu partido para a bancada sergipana na Constituinte Em 1935 a União Republicana de Sergipe encerrou seus trabalhos elegendo Eronides de Carvalho para governador Todavia esse resultado deixou Augusto Maynard Gomes inconformado recusandose a priori de transmitir o cargo ao seu sucessor que mesmo assim foi empossado Com a implantação do Estado Novo as eleições foram suspensas e o Legislativo e os partidos políticos foram fechados Contudo como era partidário ao novo regime foi confirmado no posto agora como interventor federal por Sergipe Para mais informações consultar PECHMAN Robert Eronides Ferreira de Carvalho CPDOC FGV Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil sd Disponível em httpwwwfgvbrcpdocacervodicionariosverbetebiograficoeronidesferreiradecarvalho Acesso em 24 dez 2020 60 Maria Thétis Nunes Da faculdade de Filosofia Da Bahia à Catédra de Geografia do Colégio Estadual de Sergipe A Intentona Integralista que ocorreu em meados do decênio de 1938 resultou em forte repressão aos simpatizantes de Getúlio Vargas atingindo até mesmo amigos de Eronides de Carvalho fato que o deixou numa situação pungente Igualmente lhe causou desconforto a indicação do seu inimigo partidário Augusto Maynard ao comando do 28º BC e a posteriori para presidência do Tribunal de Segurança Nacional Em virtude disso a crescente pressão junto ao governo federal pela sua substituição como interventor de Sergipe ocorreu devido às várias denúncias de irregularidades que chegaram à mesa do ditador que enviou a Sergipe uma comissão para apurar as denúncias resultando em relatórios comprometedores DANTAS 2017 p 101 Por não gozar de prestígio foi convidado a ter uma audiência com Getúlio Vargas que por conseguinte indicou para sucedêlo o capitão Milton Pereira de Azevedo Natural de Aquidabã lotado na corporação do 28º BC sua indicação seria uma solução conciliatória uma vez que Vargas ciente da rivalidade política existente em Sergipe entre Eronides e Maynard e para não se dispor perante ambos indicou Milton Azevedo que durante sua gestão organizou comissões para apurar denúncias da administração passada e divulgou os relatórios dando conta de crise financeira e desordem administrativa DANTAS 2004 p 91 Wynne 1973 p 78 sublima que sua candidatura tampão foi marcada pela Honestidade e zelo no trato da coisa pública Entre os anos de 1942 e 1945 assumiu a interventoria de Sergipe Augusto Maynard Gomes42 Recebido com festa pelos aliados tentou uniformizar as posturas municipais 42 Natural de Rosário do Catete SE Nasceu no dia 16 de fevereiro de 1886 Filho do casal Manuel Gomes da Cunha e Teresa Maynard Gomes Cursou o ensino secundário no Colégio Atheneu Sergipense Aracaju posteriormente ingressou na Escola Tática de Realengo situada no Rio de Janeiro Em 1902 assentou praça Em protesto contra a obrigatoriedade da vacinação antivariólica decretada pelo governo de Rodrigues Alves participou com colegas da Escola Militar da Praia Vermelha da Revolta da Vacina Com a derrota do movimento os estudantes de Realengo e da Praia Vermelha transferiramse para a Escola Militar de Porto Alegre sendo logo adiante desligados do Exército e ambas as escolas do Rio de Janeiro foram fechadas Em meados de 1905 foi beneficiado pela anistia decretada pelo mesmo governo Reingressou nos estudos com a volta do funcionamento da Escola Tática de Realengo Em 1910 foi declarado aspirante locado na 6ª Companhia de Infantaria com sede em Aracaju Em 1914 foi promovido a segundotenente e serviu no 3º Regimento de Infantaria no Rio de Janeiro no 41º Batalhão de Caçadores em Aracaju no 12º Regimento de Infantaria em Belo Horizonte Revolucionário participou de vários levantes principalmente do tenentista que depôs Graccho Cardoso então presidente do estado de Sergipe Conforme Franco 2015 o insucesso do movimento fez com que Maynard fugisse para o estado de São Paulo local no qual foi preso e posteriormente transferido para o Rio de Janeiro Mais adiante foi reenviado a Aracaju onde aguardou o julgamento em regime liberal de prisão FRANCO 2015 p 143 Articulador deflagrou uma nova revolta no iniciar de janeiro de 1926 sendo novamente preso após a derrota e libertado pouco tempo depois culminando em seu regresso a Aracaju Ao iniciarse o ano de 1927 teve sua candidatura ao Senado estadual por Sergipe lançada na qual obteve em média 116 votos Segundo Renato Lemos sd Maynard ao ser transferido para o 1º Regimento de Cavalaria passou a desfrutar de ampla liberdade de movimentos a ele foi concebida permissão para ler jornais escrever para seus aliados e manter contato com amigos próximos Em 1927 foi transferido para Aracaju em companhia de outros revolucionários sergipanos que na ocasião foram acolhidos com louvor pelo povo Os presos que participaram do levante em 1924 foram julgados em 1928 Já em 1929 foram jugados os que 61 Maria Thétis Nunes Da faculdade de Filosofia Da Bahia à Catédra de Geografia do Colégio Estadual de Sergipe empreendeu algumas iniciativas no sentido de corresponder a um mínimo das expectativas dos trabalhadores DANTAS 2004 p 9293 Ainda se empenhou em construir casas populares mas não contava com o torpedeamento de navios na costa entre Sergipe e Bahia Maria Thétis Nunes lembrouse bem do que ocorreu em agosto de 1942 Segundo ela O impacto e o horror provocados pelos cadáveres mutilados que eram atirados à praia Formosa e que a natural curiosidade estudantil a levaram a vêlos fizeram que ela sentisse pela primeira vez a monstruosidade da guerra NUNES 1972 apud SANTOS 1999 p 99 grifo do autor A Segunda Guerra Mundial estendeuse de 1939 a 1945 De acordo com Dantas 2004 Getúlio Vargas encontravase hesitante quanto a que partido aliarse no momento Todavia essa neutralidade seria rompida pois Entre 15 e 20 de agosto desencadearam os mais violentos ataques contra a Marinha Mercante do Brasil Entre o litoral de Sergipe e o da Bahia o submarino alemão U507 atacou em rápida sequência sete embarcações Baependi Araraquara Aníbal Benévolo Itagiba Arará Jacira e Hammaren CRUZ 2017 p 3 Notadamente a sucessão de torpedeamentos foi um divisor de águas pois faria com que os governantes brasileiros saíssem da imparcialidade visto que as agressões navais sofridas pelos uboats necessitavam imediatamente de respostas concretas De acordo com Cruz 2017 Vargas viuse pressionado uma vez que Em nome do desafrontamento do Brasil formaramse intensas manifestações sociais nas principais cidades brasileiras exigindo a declaração imediata de guerra ao eixo Alguns manifestantes queriam se vingar da humilhação sofrida e estavam ávidos para fazer justiça com as próprias mãos Esta vontade se materializou em atos de violência Destes atos originaramse as perseguições aos estrangeiros o alistamento militar e o quebraquebras de residências e lojas Como um rastilho de pólvora o caos se espalhou pelos quatro cantos do Brasil CRUZ 2017 p 5 participaram do levante que ocorreu em 1926 Envolto com as questões políticas do país e engajado no projeto insurrecional aproveitouse do momento de deflagração do movimento de 03 de outubro para fugir da prisão Para tanto disfarçouse de garimpeiro e partiu juntamente com alguns de seus compatriotas para Belo Horizonte Logo depois foi para Juiz de Fora MG onde teve destacada atuação no combate ao 10º Regimento de Infantaria que resistiu tenazmente até o dia 24 de outubro quando a revolução triunfou com a deposição no Rio de Janeiro do presidente Washington Luís LEMOS sd Em 1936 foi promovido a tenentecoronel em 1937 foi transferido para a 12ª Circunscrição de Recrutamento em Aracaju em 1939 foi promovido a coronel e em 1942 deixou o Tribunal de Segurança Nacional para assumir outra vez a interventoria federal por Sergipe Foi presidente do diretório estadual do Partido Social Democrático PSD Exonerouse do cargo em 1945 a fim de concorrer a governador de Sergipe Todavia não contava com o golpe militar que depôs Getúlio Vargas Ao regressar a Aracaju foi preso novamente ao fazer escala em Salvador Em 1947 elegeuse senador em 1952 foi promovido a generaldebrigada em 1954 outra vez foi eleito senador vindo a falecer em 12 de janeiro de 1957 no Rio de Janeiro Deixou sua esposa Helena Maynard Gomes e quatro filhos 62 Maria Thétis Nunes Da faculdade de Filosofia Da Bahia à Catédra de Geografia do Colégio Estadual de Sergipe Os navios Baependi e Aníbal Benévolo foram torpedeados no município de EstânciaSE Sobre as águas do mar com as luzes acesas e em festa o navio mercantil Aníbal Benévolo que trazia e levava os sergipanos para outras bandas abriu suas bandas Na manhã seguinte levados pelas ondas do mar os corpos mutilados chegavam às praias territoriais do estado Levando consigo muita dor e revolta a população sergipana enterraria ali mesmo na areia da praia centenas dos seus Os aracajuanos tomaram as ruas movidos pela dor e indignação aglomeramse na Praça Fausto Cardoso para ouvir o discurso do interventor Augusto Maynard que em declaração oficial anunciou com pesar e tristeza o torpedeamento do mencionado navio Pedia calma à multidão que se encontrava atordoada e revoltada com o ocorrido Em marcha o povo buscou residências de italianos e alemães aqui radicados e dos exintegralistas43 mais atuantes conhecidos pela simpatia para com as nações do Eixo NUNES 1972 apud SANTOS 1999 p 99 Ainda segundo as palavras da estudante Thétis Nunes ela adquiriria naquele dia outra grave experiência o poder de destruição e de responsabilidade das massas enfurecidas NUNES 1972 apud SANTOS 1999 p 99 O campo universitário proporcionaria a Thétis Nunes atuar como vicepresidente do Centro de Estudos da Faculdade da Bahia organização políticoestudantil representada pela União Estudantil da Bahia UEB Ali participaria do concurso de monografias vindo a ser premiada além de ter sido colaboradora da revista Cultura por meio da qual recebeu elogios do jornalista Carlos Chiacchio pela publicação em coautoria com sua já mencionada colega de curso Lavínia Augusta Machado pelo artigo intitulado Algumas observações sobre a mestiçagem na Bahia bem como pelo texto individual Renascimento Literário O Centro era organizado em quatros seções Ciências FísicoMatemáticas Ciências Sociais Filosofia e Letras podendo ainda haver subseções que tratassem de aspectos voltados a conhecimentos científicoculturais desde que dez associados requeressem a diretoria Tinha por finalidade incentivar e divulgar a cultura por meio de reuniões mensais sobre os mais variados assuntos pesquisas e trabalhos de campo concursos aulas de debate e seminário 43 Segundo Simões 2011 a Ação Integralista Brasileira AIB foi fundada em 7 de outubro de 1932 Tratavase de um movimento social político de extrema direita com grande repercussão no país Foi criado por Plínio Salgado com a finalidade de educar disciplinar e preparar os membros integralistas soldados obstinados a defender a Nação SIMÕES 2011 p 47 O seu surgimento se deu por meio de bases bem estruturadas sendo a primeira delas a criação de um periódico que permitisse a aglutinação e formação de adeptos dentro de uma linha de pensamento nacionalista OLIVEIRA 2011 p 22 Para mais informações consultar OLIVEIRA Rodrigo Santos de A impressa integralista brasileira em perspectiva SIMÕES Renata Duarte Impressa oficial integralista uso e ciclo de vida do jornal A Offensiva In GONÇALVES Leandro Pereira SIMÕES Renata Duarte Entre tipos e recortes história da imprensa integralista Guaíba Sob medida 2011 63 Maria Thétis Nunes Da faculdade de Filosofia Da Bahia à Catédra de Geografia do Colégio Estadual de Sergipe culminando com a publicação de uma revista em parceria com os professores intelectuais e outras organizações similares Diário de Notícia da Bahia 1943 Compunham a diretoria a comissão de imprensa e o conselho consultivo os nomes que seguem Figura 5 Centro de Estudos da Faculdade de Filosofia da Bahia Fonte Jornal Diário de Notícia da Bahia 1943 In OLIVEIRA 1997 Percebese nos trabalhos de Oliveira 2015 e de Santos 1999 quão forte foi a atuação de Thétis Nunes nos movimentos políticosestudantis cujas relações de força simbólicas que se manifestam na interação em forma de estratégias retóricas BOURDIEU 1989 p 5657 fizeram com que os membros do Centro participassem ativamente das questões políticas que assolavam o país Esses estudantes escreviam textos em jornais e realizavam reuniões discursivas e passeatas em defesa da educação fatores que marcaram uma parcela do seu itinerário formativo OLIVEIRA 2015 p 179 deixandolhes marcas em seu percurso acadêmico e contribuindo direta e indiretamente para sua trajetória intelectual Desse modo a pesquisa afluiu com a sapiência de que o estudo das estruturas elementares da sociabilidade dos intelectuais em particular dos jovens intelectuais deveria permitir precisar como se impõem a eles os dados imediatos da consciência política 64 Maria Thétis Nunes Da faculdade de Filosofia Da Bahia à Catédra de Geografia do Colégio Estadual de Sergipe SIRINELLI 2003 p 258 Essa consciência levaria a massa às ruas de Aracaju nos anos de 1945 para festejar o fim da guerra com o carnaval da vitória Nesse mesmo ano abriuse concurso para cátedra de História Geral do Colégio Estadual de Sergipe vaga com a morte do professor Arthur Fortes Nesse período Thétis Nunes ainda se encontrava na Bahia Mesmo faltando alguns meses para a conclusão do curso submeteu requerimento pedindo inscrição no supradito concurso Também nessa época submeteram requerimento e foram deferidos os pedidos de Dr Severino Pessoa Uchôa44 para o concurso de Geografia Geral João Evangelista Cajueiro45 para o concurso de Português Dr Lucilo Costa Pinto para o concurso de Ciências Naturais e o pretendente à mesma cadeira que Thétis Nunes o Dr Manoel Ribeiro Em relação ao mencionado concurso Maria Thétis Nunes evidenciou que ele foi a maior ousadia da sua vida Pois segundo ela o país vivia o fim da era Vargas e quando terminou de defender sua tese e a exigida aula de didática um público a aplaudia entusiasticamente conquanto ela não sabia se era pelo que acabara de dizer ou pelo que representava no momento político em que vivia NUNES 2003 p 235 Relata ainda que houve no concurso manobras e interesses políticos em prol do seu oponente que muito 44 Severino Pessoa Uchôa nasceu em 13 de abril de 1909 na cidade de Camutanga PE Filho do casal Manoel de Barros Uchoa e Feliciana Pessoa Uchoa Formouse bacharel em Direito pela Faculdade de Direito do Rio de Janeiro Ministrou aulas no Instituto de Educação Rui Barbosa na Escola Técnica de Comércio de Sergipe no Colégio Tobias Barreto no Colégio Jackson de Figueiredo e no Colégio Estadual de Sergipe Foi correspondente das Academias Paraibana Pernambucana e Santista de Letras além de presidente da Academia Sergipana de Letras na qual ocupou a Cadeira de nº 10 Foi membro da Academia Brasileira de Trovas da Associação dos Geógrafos Brasileiros do Cenáculo Brasileiro de Letras e Artes da Confederação Nacional das Associações de Imprensa da Sociedade Brasileira de Autores Teatrais da União Brasileira de Escritores e também dos Trovadores do IHGSE do Conselho Estadual de Cultura do Lions Club Internacional e da Associação Sergipana de Imprensa NASCIMENTO 2017 Ao longo da sua vida atuou como professor jornalistaredator folclorista e poeta 45 João Evangelista Cajueiro nasceu em 6 de outubro de 1906 na cidade de Penedo AL Filho de Manuel Antônio Cajueiro e Maria José Cruz Cajueiro Cursou o ensino fundamental em sua terra natal e o médio no Seminário Arquidiocesano de Maceió no qual iniciou seus estudos filosóficos Posteriormente transferiuse para o Seminário Sagrado Coração de Jesus Lecionou as disciplinas de Português Latim Matemática Geografia e Educação Física no Ginásio Imaculada Conceição por meio de aprovação nos exames de suficiência aos quais se submeteu para obtenção do registro de professor Ainda em Alagoas dirigiu a Escola Normal de Penedo Foi professor catedrático de Latim e de Língua Portuguesa do Colégio Atheneu Sergipense professor do Colégio Tobias Barreto e do Instituto de Educação Ruy Barbosa além de ter ministrado aulas no Colégio Nossa Senhora de Lourdes no Ginásio Jackson de Figueiredo e na Escola Técnica de Comércio de Sergipe Na década de 1950 graduouse em Letras Neolatinas pela Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Sergipe Foi diretor do Departamento de Educação do Estado de Sergipe durante o mandato de Arnaldo Garcez em 1952 Ocupou a Cadeira nº 14 da Academia Sergipana de Letras dela foi presidente redator e diretor da revista da casa Foi diretor da Biblioteca Epifânio Dória e assessor especial da presidência do Tribunal de Justiça do Estado de Sergipe Além de acadêmico foi filólogo latinista linguista poeta e escritor Dentre suas obras destacamse A Língua e o Estilo de Carvalho Neto e O Redobro no Pretérito Perfeito do Verbo Latino Suas obras eram publicadas mais em revistas e jornais da época Homem respeitoso argumentativo organizador de pensamentos introvertido com temperamento forte como tantos outros defensor da língua portuguesa Faleceu no dia 17 de setembro de 2002 em Aracaju 65 Maria Thétis Nunes Da faculdade de Filosofia Da Bahia à Catédra de Geografia do Colégio Estadual de Sergipe embora fosse possuidor de um currículo de alto valor cultural bacharel em Direito que no ano em curso ocupou o cargo de juiz de direito na comarca de Boquim professor substituto do Atheneu Sergipense exdiretor da Cidade de Menores e Chefe de Polícia não possuía formação de professor para o ensino secundário e nem registro provisório para ensinar SOUZA 2016a p 362 Comungo da assertiva de Le Goff 1990 p 548 que O documento é monumento e que resulta do esforço das sociedades históricas para impor ao futuro voluntária ou involuntariamente determinada imagem de si próprias Dito isso defendo a ideia de que Maria Thétis Nunes na sessão solene que ocorreu em 1945 no Salão Nobre do Atheneu Sergipense em homenagem aos professores Abdias Bezerra e Arthur Fortes sendo na ocasião feita a oposição do retrato deste último na sala da congregação do colégio Ao discursar foi bem categórica ao discernir a respeito dos pseudos concursos aos quais os protegidos do poder se submetem por disfarçastes sabendo de antemão que eles bem ou mal sucedidos os exames é que são nomeados e não os seus concorrentes que não tem pistolões a ditadura NUNES 1945 p 4 Defendendo assim voluntária ou involuntariamente a imagem da mulher que jamais se afastou da meta traçada por ela ainda jovem ser fiel aos sentimentos humanos e jamais se curvar diante aos poderosos para galgar um degrau NUNES 1999 apud SANTOS 1999 A mensagem que segue retrata o parecer de Thétis Nunes a respeito do concurso Figura 6 Discurso de Maria Thétis Nunes na sessão solene em homenagem aos professores Abdias Bezerra e Arthur Fortes 66 Maria Thétis Nunes Da faculdade de Filosofia Da Bahia à Catédra de Geografia do Colégio Estadual de Sergipe Fonte Jornal Correio de Aracaju 1945 Como visto a crítica feita por Thétis Nunes quanto ao dito concurso foi publicada na edição do dia 25 de julho de 1945 do Jornal Correio de Aracaju partilhando assim do pensamento de Le Goff 1990 quando diz que não existe um documentoverdade e que todo documento é mentira compartilho da primazia de que ninguém pode compreender por si os fatos e as coisas se não houver interlocutores que propiciem o diálogo de maneira adequada a fim de que se consiga compreender a história se não em sua plenitude em sua subjetividade NEVES MARTINS 2008 p 47 Portanto na concepção do Prof Dr Jorge Carvalho do Nascimento o que houve nesse concurso foi uma disputa política entre o Partido Social Democrático PSD e a União Democrática Nacional UDN Segundo esse professor de um lado estava Thétis que foi apadrinhada pela UDN e do outro lado o PSD que apadrinhou Manoel Ribeiro o pai do escritor João Ubaldo Ribeiro que foi professor aqui no Sergipe no Atheneu Sergipense E no concurso era assim metade da banca era ligada ao PSD metade da banca 67 Maria Thétis Nunes Da faculdade de Filosofia Da Bahia à Catédra de Geografia do Colégio Estadual de Sergipe ligada à UDN Prova oral o examinador do PSD dava nota 10 o examinador da UDN dava nota 10 Resumo da ópera o concurso terminou empate Obtendo os dois candidatos a média 90 pelo que estava posto no regulamento a vaga seria do mais idoso Todavia a juventude e o vigor com que Thétis se situou nas provas entusiasmaram a todos que sem querer deixála de fora criaram a cadeira de Geografia Sendo Thétis nomeada à cadeira de Geografia e Manoel para cadeira de História NASCIMENTO 2020 In I Encontro Sergipano de História da Educação ESHE grifo do autor O professor Genivaldo Martires também comunga dessa assertiva Em entrevista concebida à pesquisadora em 04 dez 2020 em virtude de ter estudado sobre a temática denotou que na época do concurso a população brasileira se encontrava em um momento de transição política Saíamos do Estado Novo e entravámos em uma nova realidade política na qual de um lado tínhamos os partidos que continuaram apoiando o getulismo e do outro lado partidos que eram contrários ao getulismo Trazendo essa questão para o nacional ou melhor para o estadual e para o local essas disputas políticas eram muito mais fortes Então o concurso por si só foi uma disputa entre esses grupos políticos Isso não quer dizer creio eu que Thétis Nunes estaria digamos alinhada a essa disputa política de forma bem iminente Mas vamos nos ater à banca que foi formada Foi uma banca que tinha os grupos opositores um grupo de um lado outro grupo do outro Nesse dia eles sabiam muito bem quais eram as normas quais eram as normativas do concurso e fizeram de forma tal que um dos seus apadrinhados digamos assim não saísse por baixo Moral da história deu empate Mas como o critério de desempate sempre foi a idade e o outro candidato era mais velho foi logo empossado Contudo a pressão política foi muito grande É tanto que no discurso posterior em homenagem a Arthur Fortes ela vai reclamar disso do próprio concurso dizendo que havia cartas marcadas havia cartas marcadas havia interferência política na nomeação do outro candidato Então Thétis defendia a lógica que se foi empate os dois teriam que ser nomeados E aí eu volto àquela primeira pergunta se não tivesse interferência política como é que encontraram uma vaga que não existia para ela Porque só era uma vaga só era uma cadeira Tanto que imediatamente foi aberta uma nova cadeira e ela foi conduzida ao cargo MARTIRES 2020 Diante do que já foi exposto ficou evidente a interferência política no supradito concurso Contudo como bem assinalou o aluno secundarista Francisco Guimarães Rollemberg em entrevista concebida à pesquisadora em 19 de nov 2020 Maria Thétis se saiu tão bem Ela não perdeu a categoria ela teve um décimo ou dois abaixo do Manoel Ribeiro não me recordo muito bem Mas não se podia aceitar na época uma mulher vencer um advogado de renome Segundo que uma estudante vencesse um profissional formado ROLLEMBERG 2020 Conforme reitera Chartier 2009 p 23 o testemunho da memória é o fiador da 68 Maria Thétis Nunes Da faculdade de Filosofia Da Bahia à Catédra de Geografia do Colégio Estadual de Sergipe existência de um passado que foi e não é mais implica dizer que o discurso histórico encontra no testemunho legitimação de imediato por meio da referencialidade do objeto de estudo Partilhando do entendimento de que cabe ao pesquisador trilhar caminhos durante o percurso da pesquisa recorri às entrevistas dos dois exalunos do Atheneu Sergipense e do professor Jorge Carvalho amigo e companheiro de trabalho no Departamento de História da Universidade Federal de Sergipe na certeza de que os testemunhos dariam um maior respaldo ao objeto estudado Ademais comungo do entendimento de que Memória é tempo presente é a atualização do passado no presente e portanto mais do que questões relativas à pesquisa em história da educação e à consciência histórica sobre importância pertinência e especificidade de cada espaço escolar ao entrarmos nesses espaços para configurarmos e organizarmos arquivos históricos toda uma dimensão pedagógica e social da atualidade dessa escola se faz presente e necessária de ser compreendida pelos pesquisadores NEVES MARTINS 2008 p 46 Esses autores ao discorrerem sobre as fontes de pesquisas escolares e sobre a formação da memória educacional apontam para a importância da organização dos arquivos escolares no país bem como dos debates entre professores e pesquisadores acerca das memórias e do processo de valorização da interpretação histórica contidas nesses materiais seja no âmbito pedagógico ou social Assim partindo da dimensão social convém entender o papel da mulher diante da sociedade conservadora da época A mulher era Percebida e constituída como frágil a mulher precisava ser protegida e controlada LOURO 2007 p 453 Santos 1999 p 72 assevera que no decênio de 1910 no Brasil os preconceitos e exigências morais que recaíam sobre as mulheres desenvolveram um conflito entre ser donas de casas ou profissionais Ademais a educação destinada à mulher era voltada para a vida doméstica pois qualquer atividade que fosse realizada fora desse espaço figuraria como um risco à integridade feminina Contudo o trabalho deveria ser exercido de modo a não as afastar da vida familiar dos deveres domésticos da alegria da maternidade da pureza do lar assim salienta LOURO 2007 p 453 Cabia à mulher o status de esposa e mãe não lhes figurava a igualdade de direitos Conquanto Santos 1999 afiança que quando Thétis Nunes nasceu em alguns países havia mulheres lutando em prol da valorização social da classe feminina elas reivindicavam o direito da mulher ao voto tanto que criaram um movimento que ficou conhecido como sufragista Este movimento foi adotado por 33 países Levaramse três 69 Maria Thétis Nunes Da faculdade de Filosofia Da Bahia à Catédra de Geografia do Colégio Estadual de Sergipe décadas de lutas para que a Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas ONU aprovasse a Convenção sobre Direitos Políticos da Mulher Aliás a mulher somente conseguiu o direito à educação por meio da Lei de 15 de outubro de 1827 e a partir de então foram criadas escolas de primeiras letras para meninas Segundo o parecer de Demartini e Antunes 1993 esse fator faria com que surgissem as primeiras vagas no magistério primário para o sexo feminino consequentemente fez com que a possibilidade de instrução fosse ampliada e também se acentuasse a discriminação sexual A concepção de trabalho além do espaço doméstico para a mulher foi se construindo como uma ocupação transitória a qual deveria ser abandonada sempre que se impusesse a verdadeira missão feminina de esposa e mãe LOURO 2007 p 453 Enquanto solteira a moça era submetida ao poderio dos pais quando casada ao poder legal do marido como chefe da sociedade conjugal assim ela necessitava de autorização para assinar contratos de trabalho sendo considerada incapaz ao exercício dos direitos civis e políticos FREITAS 2002 p 1 grifo do autor Todavia o espaço urbano brasileiro aos poucos ia se modificando e a economia ganhando fôlego gerando assim novas oportunidades para as mulheres essencialmente na esfera pública Isso possibilitou de acordo com Mancilha 2011 p 185 maior visibilidade feminina em espaços antes de exclusividade masculina Muito embora a igreja defendesse o ideal de mãe esposa e dona de casa como a principal e mais importante função da mulher MANCILHA 2011 p 186 tese também defendida pelos médicos e juristas da época e incentivadas por meio de publicações em jornais Demartini e Antunes 1993 p 6 expressam que com o passar do tempo a situação se alterou e pouco a pouco as mulheres foram sendo admitidas na Escola Normal e acabaram por transformála num espaço predominantemente feminino Cumpre ressaltar dois fatores que provavelmente afastaram o sexo masculino do magistério docente o nada animador salário o aumento da urbanização e o movimento econômico em torno da cultura do café ainda no final do século passado poderiam ter contribuído para a ampliação do mercado de trabalho masculino afastando os homens do magistério DEMARTINI ANTUNES 1993 p 7 Consequentemente no campo educacional foi reservado à mulher um papel singular de educar as gerações futuras FERREIRA 2006 p 85 relacionandoas quase sempre ao ensino e à formação Raras as vezes lhes foi enaltecida sua capacidade de pensar políticas educacionais FERREIRA 2006 p 85 muito menos o direito de disputa em pé de 70 Maria Thétis Nunes Da faculdade de Filosofia Da Bahia à Catédra de Geografia do Colégio Estadual de Sergipe igualdade com o sexo oposto em que pese à sociedade parte do princípio de divisão em que o sexo masculino ativo e o feminino passivo Ou seja o desejo masculino como desejo de posse como dominação erotizada e o desejo feminino como desejo da dominação masculina como subordinada erotizada ou mesmo em última instância como reconhecimento erotizado da dominação BOURDIEU 2012 p 31 Esse autor analisou em seus estudos os dispositivos históricos e sociais que naturalizam e desnaturalizam valores e práticas que determinam uma relação de desigualdade entre os sexos provocando assim uma subsistência atinente dos papéis e das estruturas sexuais no ocidente Esse discurso de que a mulher tem de ser submissa ao homem foi construído historicamente e incorporado simbolicamente fazia e em muitos casos ainda faz parte da nossa cultura O conceito de cultura aqui utilizado é o defendido por Chartier 2009 que denota um padrão de significados transmitidos historicamente incorporados em símbolos um sistema de concepções herdadas expressas em formas simbólicas por meio das quais os homens comunicam perpetuam e desenvolvem seu conhecimento e suas atividades em relação à vida CHARTIER 2009 p 35 Então partindo do princípio de que historicamente e culturalmente o homem domina a mulher como aceitar que uma jovem estudante às vésperas de se formar concorresse e vencesse em pé de igualdade um homem e profissional de renome Assim sendo a Congregação do Atheneu com o aval do Governo viuse na obrigação de abrir uma nova cadeira pois sem o aval do governador não se abriria uma nova cadeira pois teria que mostrar de onde vinham os recursos para os pagamentos estava atrelado a isso Então a pressão também veio de cima para baixo do governador para com a congregação e aí quem estava no poder era o PSD não era a UDN MARTIRES 2020 A banca de examinadores foi composta pelos professores Manoel Cabral Machado46 46 Manoel Cabral Machado nasceu no dia 30 de outubro de 1916 na cidade de Rosário do Catete SE Filho do casal Odilon Ferreira Machado e Maria Evangelina Cabral Machado Passou sua infância em Capela Mudouse para Aracaju onde estudou nos colégios Salesiano e Atheneu Sergipense Formouse em 1942 pela Faculdade de Direito da Bahia Ao retornar para Sergipe ingressou na vida administrativa atuando no Departamento do Serviço Público Participou do processo de formação dos cursos superiores em Sergipe Faculdades de Economia de Direito de Filosofia e de Serviço Social Participou da fundação do Partido Social Democrático PSD Compôs a equipe do governador José Rollemberg Leite assumindo a Secretaria da Fazenda e em seguida o cargo de procurador do Instituto do Açúcar e do Álcool em Sergipe Eleito deputado estadual três vezes 1950 1954 e 1958 pela legenda do PSD Foi líder do Governo Arnaldo Garcez e líder da oposição do Governo Leandro Maciel Sendo nomeado secretário de Educação em 1964 Também foi consultor do Tribunal de Justiça procurador Geral do Estado conselheiro do Tribunal de Contas do Estado professor de História e membro da Academia Sergipana de Letras tendo publicado diversos livros 71 Maria Thétis Nunes Da faculdade de Filosofia Da Bahia à Catédra de Geografia do Colégio Estadual de Sergipe Carlos Valdemar João Araújo Monteiro Gonçalo Rollemberg Leite e Virgínio Santana assim atestou SANTOS 1999 p 107 Quando da criação do Atheneu Sergipense em 1870 era previsto no Regulamento Orgânico da Instrução Pública que o Exame de História e Geografia consistia no desenvolvimento escrito e na exposição oral de algum dos mais importantes períodos históricos sendo o candidato interrogado também sobre os fatos que tenham relação com os mesmos períodos posição geográfica do país ou países de que se tratar assim como quaisquer ponto da Geografia terrestre astronômica e cronologia SOUZA 2016a p 9192 Souza 2016a notou nas determinações do regimento no tocante à prestação de concurso para as cadeiras vagas de ensino secundário algumas permanências e mudanças advindas dos antigos processos de seleção de professor catedrático Dentre as modificações a supradita autora cita um trecho do regimento interno da instituição quanto à obrigatoriedade das três etapas dos exames principalmente quanto às dissertações que deviam ser produzidas em quinze dias e no dia da defesa cada candidato entregava vinte exemplares deixando um deles no arquivo do Atheneu Sergipense SOUZA 2016a p 101 Chamou a atenção da autora o fato de não haver encontrado nenhum indício do paradeiro dessas dissertações Voltando a Thétis Nunes era prérequisito no concurso que o candidato apresentasse uma tese sendo apresentado por ela o trabalho intitulado A Civilização Árabe sua influência na Civilização Ocidental de 90 páginas capa no ANEXO A A este trabalho foram atribuídas pela banca examinadora as notas registradas no Quadro 3 Quadro 3 Notas que Maria Thétis Nunes obteve da banca examinadora no concurso para professor catedrático do Colégio Estadual de Sergipe Examinadores Título Tese Escrita Didática Manoel Cabral Machado 90 90 100 100 Carlos Valdemar 80 100 100 100 João Araújo Monteiro 90 80 100 90 Gonçalo Rollemberg Leite 70 80 90 100 Virgínio Santana 90 90 100 90 Média Geral 84 88 98 92 Fonte Quadro elaborado pela pesquisadora a partir das informações de Santos 1999 p 108 Ao contrário do que ocorreu com Souza 2016a identifiquei a tese defendida por Thétis Nunes mas não no Atheneu Sergipense e sim no arquivo da Biblioteca Universitária da Bahia Assim Thétis Nunes preencheu nesse ano seu curriculum vitae com o título de bacharel em Geografia e História do Brasil concedido pela FFB e com sua nomeação a 72 Maria Thétis Nunes Da faculdade de Filosofia Da Bahia à Catédra de Geografia do Colégio Estadual de Sergipe professor catedrático padrão Sº da Cadeira de Geografia Geral do Colégio Estadual de Sergipe SANTOS 1999 p 108 Em ofício datado de 13 de março de 1946 evidenciouse que a indicação de Thétis Nunes para reger a cadeira de Geografia Geral da instituição em caráter efetivo não foi contrariada pela Congregação47 dos professores do Colégio Estadual de Sergipe Este fato está vislumbrado na Figura 7 Figura 7 Ofício da Congregação do Atheneu Sergipense sobre a nomeação de Thétis Nunes para a cadeira de Geografia Geral 1946 Fonte Arquivo do CEMAS Consoante a Figura 7 a Figura 8 mostra o decreto que nomeou Thétis Nunes professor catedrático padrão Sº da cadeira de Geografia Geral do Atheneu Sergipense em caráter efetivo Figura 8 Decreto que nomeou Thétis Nunes professor catedrático do Atheneu Sergipense 1946 47 Ver SANTOS Maria Edna A Congregação do Atheneu Sergipense 18711875 São Cristóvão SE 2016 107 f Dissertação Mestrado em Educação Universidade Federal de Sergipe São Cristóvão SE 2016 73 Maria Thétis Nunes Da faculdade de Filosofia Da Bahia à Catédra de Geografia do Colégio Estadual de Sergipe Fonte Acervo do CEMAS Vale frisar que dentre os catedráticos que ocuparam uma cadeira de Geografia no referido colégio entre os anos de 1951 a 1962 somente Maria Thétis Nunes e Cleonice Xavier de Oliveira eram licenciadas em Geografia e História os demais tinham formação em outras áreas assim sublinhou Oliveira 2013 Este autor também destacou que Maria Thétis Nunes foi a primeira docente a ministrar a disciplina de Geografia Física na Faculdade Católica de Filosofia de Sergipe bem como na Escola Superior de Serviço Social ESSS ela era a única mulher a compor o corpo docente da instituição além de ser a única graduada na área que ali lecionava OLIVEIRA 2013 p 9 Vale ressaltar que tal feito se deu no primeiro ano de criação da FCFS em 1951 da qual foi fundadora e onde lecionou a citada disciplina entre 1951 a 1952 Posteriormente passou a lecionar História do Brasil Maria Thétis Nunes conciliava a sala de aula com a direção do CES A provinciana e tímida Aracaju da década de 1950 ofertava aos seus intelectuais filósofos poetas e artistas plásticos como ponto de encontro as livrarias Monteiro e Regina48 Em que pese a livraria Regina foi fundada em 1918 por Agripino Leite após falecer em 1939 a livraria ficou sob os cuidados do então funcionário José Apóstolo de Oliveira Neto vindo a tornarse sócio e posteriormente dono majoritário do estabelecimento Durante quarenta anos a livraria dominou o mercado livreiro e foi a gráfica mais moderna atualizada e frequentada do Estado SANTOS 2012 Discursaram ali figuras como Elpídio Ribeiro 48 Além de ponto de encontro de intelectuais editava e vendia livros de artistas sergipanos Também era uma das livrarias em que o Atheneu Sergipense comprava livros e revistas 74 Maria Thétis Nunes Da faculdade de Filosofia Da Bahia à Catédra de Geografia do Colégio Estadual de Sergipe Nunes Austrogésilo Porto jornalista e ensaísta49 Nunes Mendonça jornalista e escritor50 Clodoaldo Alencar poeta51 Eunaldo Costa poeta52 Freire Ribeiro poeta53 Santos Souza poeta54 Garcia Moreno médico e professor55 Arthur Fortes professor e José Calazans historiador e professor Figura 9 Fachada da antiga Livraria Regina e foto atual do local 49 Austrogésilo Santana Porto nasceu na cidade de Capela no dia 9 de março de 1921 Filho do casal Capitulina de Santana Porto e João Guilherme de Santana Fez os seus primeiros anos escolares em Capela cidade na qual viveu parte da juventude Oriundo de família pertencente à classe média casouse e teve cinco filhos Autodidata transferiuse para Aracaju em 1944 onde iniciou sua carreira literária passando a ter contato com os poetas José Sampaio Enoch Santiago Filho Carlos Garcia Aluysio Sampaio Nélson de Araújo e outros GILFRANCISCO sd Foi um dos fundadores da revista Época 1949 e colaborador dos periódicos Jornal do Povo 19451948 e Folha Popular 19541964 50 Foi também deputado estadual e professor Consultar SOUZA Josefa Eliana Em busca da democracia a trajetória de Nunes Mendonca 1998 198 f Dissertação Mestrado em Educação Núcleo de Pósgraduação em Educação PróReitora de Pósgraduação e Pesquisa Universidade Federal de Sergipe Também pode consultar Nunes Mendonça um escolanovista sergipano Aracaju Editora UFSFundação Oviêdo Teixeira 2003 51 Clodoaldo de Alencar nasceu na cidade de Quixadá no Ceará no dia 2 de agosto de 1903 Filho de Cláudio Gomes e Maria Gomes de Alencar Adotado por Sergipe atuou como advogado provisionado jornalista cronista e poeta 52 Eunaldo Costa nasceu em 19 de abril de 1924 na cidade de Aracaju Filho do casal Carivaldo Costa e Maria Eunice Costa Cursou o ensino primário no Colégio Jackson Figueiredo Ocupou a cadeira de nº 21 da Academia Sergipana de Letras Foi servidor público e participou da fundação do Clube Sergipano de Poesia Faleceu em 17 nov 2000 53 João Freire Ribeiro nasceu no dia 4 de setembro de 1911 em Aracaju SE Filho do modesto casal José Augusto Ribeiro e D Erundina Freire Ribeiro Estudou na escola da professora Maria Prado no Educandário Grêmio escolar do Dr Evangelino de Faro Fez o curso secundário no Atheneu Sergipense e no Colégio Nossa Senhora Auxiliadora e no Colégio Salesiano do Recife Atuou como funcionário público durante a interventoria de Augusto Maynard Gomes como oficial de Gabinete subsecretário no Tribunal de Justiça e na secretaria da Assembleia Legislativa do Estado Também atuou como diretor técnico da Biblioteca Pública do Estado e candidatouse a Deputado Estadual em 1947 Foi membro do IHGSE e da Associação Sergipana de Imprensa além de correspondente da Academia Matogrossense de Letras vindo a ocupar a Cadeira nº 13 da Academia Sergipana de Letras Dedicou sua vida à poesia vindo a falecer em 24 de janeiro de 1975 54 José Santo Souza nasceu em 27 de janeiro de 1919 em Riachuelo SE Aos 13 anos já falava de amor em seus poemas Autodidata e poeta viveu até os 17 anos trabalhando em farmácia na sua cidade natal Ao mudar se para Aracaju continuou trabalhando no ramo farmacêutico no qual aprendeu a manipular medicamentos com maestria exerceu essa função por 26 anos Em 1938 dedicouse à poesia Urna fantástica Rio fantasma Balisa dentre outras 55 João Batista Perez Garcia Moreno nasceu no dia 12 de dezembro de 1910 na cidade de Laranjeiras Filho do casal Pedro Garcia Moreno e Maria Ambrosina Brandão Moreno Iniciou o curso primário na cidade de Santos SP Quando sua família retornou para Sergipe fixou residência em Maruim e posteriormente mudouse para Aracaju Diplomouse em 15 de dezembro de 1933 pela Faculdade de Medicina da Bahia Na cidade do Rio de Janeiro fez especialização em clínica geral e por conseguinte dedicouse à psiquiatria Foi presidente da Sociedade Médica de Sergipe e da Sociedade Brasileira de Medicina Legal e Criminologia de São Paulo Atuou como professor de Antropologia Física e Psicologia Experimental na Faculdade de Filosofia de Sergipe e de Medicina Legal e Psicologia Médica na Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Federal de Sergipe LEITE 2012 Também ministrou aulas de Medicina Legal nas Faculdades de Direito das Universidades do Paraná e Bahia e na Escola Paulista de Medicina Foi fundador da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Federal de Sergipe Foi membro correspondente da Sociedade Brasileira de Neurologia Psiquiatria e Medicina Legal além de ter sido vicepresidente da Sociedade Civil Faculdade de Medicina de Sergipe Tornouse professor catedrático de História Natural do Atheneu Sergipense por concurso tendo como notas 10 98 10 98 10 e média geral 992 75 Maria Thétis Nunes Da faculdade de Filosofia Da Bahia à Catédra de Geografia do Colégio Estadual de Sergipe Fonte FILHO José de Oliveira B A Livraria Regina Aracajuantigga 2009 Disponível em httparacajuantiggablogspotcom Acesso em 28 dez 2020 Mantinham a cidade informada as rádios Difusora e Liberdade Dentre as poucas opções de lazer ofertadas à população devese mencionar os cinemas Guarany Rua Estância com Avenida Pedro Calazans Cine e Teatro Rio Branco Rua João Pessoa Atual Lojas Ipanema Cine Rex Rua Itabaianinha Atual Banco do Nordeste Cinema Vitória Rua Itabaianinha Atual Lojas Americanas Cinema São Francisco Praça Siqueira de Menezes Bairro Santo Antônio Cinema Tupy Rua Simão Dias com Carlos Burlamarqui Atualmente funciona a Panificação São Pedro e Cinema Operário Alguns deles eram frequentados por todas as classes sociais Uns com espaços maiores e boas acomodações outros menores e mais simples Ali se exibiam filmes românticos de dramas aventuras religiosos desenhos animados e cowboys Filmes exibidos geralmente aos sábados e domingos com exceção do Cinema Guarany que às quintasfeiras ofertava as matinês Azul ou Cor de Rosa em que as senhoras e senhoritas que comparecessem vestidas naquelas cores pagavam metade do ingresso MELINS 2000 p 48 um mimo do senhor Augusto Fernandes Luz proprietário do estabelecimento homem bondoso e de bom coração que permitia o acesso de graça aos meninos menos abastados No ano de 1956 Maria Thétis Nunes foi para o Rio de Janeiro ocasião em que representou Sergipe na primeira turma do curso promovido pelo Instituto Superior de Estudos Brasileiros ISEB BRITTO et al 2018 p 62 por indicação do governador do Estado Leandro Maynard Maciel 1955195956 Na visão de Dantas 2004 Thétis Nunes 56 Ver WYNNE J Pires História de Sergipe Rio de Janeiro Pongetti C 1973 76 Maria Thétis Nunes Da faculdade de Filosofia Da Bahia à Catédra de Geografia do Colégio Estadual de Sergipe aproveitou o ensejo para enriquecer ainda mais seu currículo e assim cursou Museologia na citada instituição Em sua monografia de 40 páginas escreveu sobre os sergipanos Sílvio Romero57 e Manuel Bomfim58 Por conseguinte o governador Luiz Garcia59 19591962 que foi um dos fundadores da União Democrática Nacional também o primeiro candidato desse partido a pleitear o governo nas eleições de 1947 perdeu o pleito para José Rollemberg Leite60 Foi deputado Federal em 1950 e reeleito em 1954 Aos olhos de Dantas 2004 Luiz Garcia era um homem civilizado pragmático e conservador que durante o mandato fundou o Conselho de Desenvolvimento Condese o Banco de Fomento Econômico de Sergipe a Energipe e o Centro de Reabilitação promoveu a construção do hotel Pálace da Rodoviária Luiz Garcia situada no centro histórico e comercial de Aracaju estruturou o Instituto de Previdência do Estado de Sergipe IPES ampliou o aeroporto apoiou decisivamente a criação da Faculdade de Medicina ajudou na ampliação da rede escolar criou a Secretaria da Educação Cultura e Saúde e incentivou escritores e artistas contribuindo para o enriquecimento do movimento cultural DANTAS 2004 p 134 grifo do autor Grosso modo uma das contribuições de Luiz Garcia em prol dos movimentos culturais foi ter disponibilizado Thétis Nunes ao Ministério das Relações Exteriores do Brasil para dirigir o Centro de Estudos Brasileiros na cidade argentina de Rosário instituição mantida pela Divisão Cultural do Itamaraty Embora não englobe o marco temporal da Ver DANTAS José Ibarê Costa Os partidos políticos em Sergipe 18891964 Rio de Janeiro Tempo Brasileiro 1989 e DANTAS Ibarê História de Sergipe República 18892000 Rio de Janeiro Tempo Brasileiro 2004 57 Ver RABELLO Sylvio Itinerário de Sylvio Romero Rio de Janeiro José Olympio 1944 260 p 58 Foram localizados nos bancos de dados do Catálogo de Teses e Dissertações da Capes 36 trabalhos que englobam esta temática Dentre estes ver SANTOS Ivan Paulo Silveira Manoel Bomfim trajetória suas críticas e concepções sobre o Brasil como nação 2017 139 f Dissertação Mestrado em Sociologia Universidade Federal de Sergipe São Cristóvão 2017 59 Nasceu no dia 14 de outubro de 1910 em Rosário do Catete SE Filho do casal Antônio Garcia Sobrinho e Antônia Meneses Garcia família de classe média Fez o curso primário em sua cidade de origem e o os preparatórios no Atheneu Sergipense Bacharelouse em Ciências Jurídicas e Sociais pela Faculdade de Direito da Bahia no ano de 1932 Foi promotor público e ascendeu à política auxiliado por Leandro Maciel Eleito deputado à Assembleia Constituinte de Sergipe no ano de 1934 Eleito deputado federal em quatro legislaturas 19511955 19551959 19671971 e 19711975 Elegeuse governador de Sergipe em 1958 Segundo Dantas 2004 Luiz Garcia esteve à frente do Correio de Aracaju durante o Estado Novo Ocupou a Cadeira nº 37 da Academia Sergipana de Letras Faleceu em 11 de agosto de 2001 em Aracaju 60 Nasceu em 19 de setembro de 1912 na cidade de Riachuelo SE e faleceu em 24 de outubro de 1996 Iniciou seus estudos em Riachuelo posteriormente transferiuse para o Colégio Salesiano em Aracaju Em 1935 graduouse Engenheiro de Minas e Civil Atuou como professor contratado de Física no Curso Complementar da Sessão Politécnica do Atheneu Sergipense do qual também foi professor catedrático de Ciências Físicas e Naturais através de concurso Foi membro do Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe Foi diretor geral do Departamento de Educação do Estado diretor geral da Instrução Pública e diretor da Escola Normal Foi governador do Estado de Sergipe entre os anos 19471951 e 19751976 Consultar perfil biográfico elaborado por Souza 2020 77 Maria Thétis Nunes Da faculdade de Filosofia Da Bahia à Catédra de Geografia do Colégio Estadual de Sergipe pesquisa vale tecer breves linhas a respeito de sua posse em 12 de junho de 1961 Nesse Centro ela desenvolveu funções diretivas e pedagógicas além de lecionar História Econômica e Geografia Econômica do Brasil na Universidade do Litoral e Cultura Brasileira na Faculdade de Filosofia do Litoral apresentou um programa na Rádio Nacional enfatizando aspectos relevantes da Cultura Brasileira conforme Santos 1999 Passados quatro anos em terras estrangeiras trazendo na bagagem lembranças do folclore e das regiões do nordeste argentino Maria Thétis Nunes retornou a seu país de origem Por fim nesta seção e subseção foram apresentados fatos da vida de Thétis Nunes desde sua saída de Itabaiana para Aracaju aspectos relacionados a seu itinerário estudantil no Atheneu Pedro II à sua trajetória universitária na Faculdade de Filosofia da Bahia Estes fatos me deram subsídios para identificar os percursos intelectuais da professora Thétis Nunes até o momento da sua posse na direção do Atheneu Sergipense Comungo da assertiva de Santos 1999 de que além do seu potencial acadêmico e do seu engajamento estudantil frente as questões políticas sociais e econômicas estas nacionais e regionais ela contou sim com ajuda de terceiros nem que essa ajuda tenha sido ocasionada pelas circunstâncias do momento para passar no concurso de professor catedrático dessa importantíssima instituição de ensino secundário A posteriori na seção intitulada Assumireis e organizareis pareceres de Maria Thétis Nunes sobre o Colégio Estadual de Sergipe traço o perfil de diretora de Thétis Nunes nessa instituição durante o período de 1951 a 1955 Por meio das fontes busco compreender o funcionamento e a estrutura administrativa do colégio e apresentar os agentes que se correspondiam com a instituição e qual o cenário político e social da década de 1950 Além disso busco identificar os percalços existentes nesse estabelecimento de ensino enfrentados por Thétis Nunes no tocante às questões estruturais econômicas e pedagógicas tentando responder o que as correspondências expedidas e recebidas pela instituição revelam sobre o perfil de diretora de Thétis Nunes como punia e premiava os alunos e o que a motivou a pedir demissão do cargo de diretora Assim aponto seus esforços em organizar a principal casa de ensino secundário de Sergipe na época em voga 78 Assumireis e Organizareis Pareceres de Maria Thétis Nunes Sobre o Colégio Estadual de Sergipe 3 ASSUMIREIS E ORGANIZAREIS PARECERES DE MARIA THÉTIS NUNES SOBRE O COLÉGIO ESTADUAL DE SERGIPE O país enfrentou no ano de 1955 uma certa instabilidade política ocasionada por golpes contragolpes e revoltas Com a morte de Getúlio Vargas assumiu o poder o vice presidente da República Dr Café Filho deposto após sair de licença nos findo do mencionado ano por meio de um golpe orquestrado pelo general Henrique Teixeira Lott que contou com o apoio de chefes militares Quiçá ao ver de Dantas 1989 p 224 o discurso empreendido em nível nacional fosse liberal a prática dos principais líderes udenistas revelouse autoritária visto que pressionaram o adiantamento das eleições bem como tentaram impedir a posse de Juscelino Kubitscheck Em Sergipe Leandro Maynard Maciel61 e seu vice Dr José Machado de Souza 1955 1959 conferiram a vitória aos udenistas62 Em seu discurso de candidatura Leandro Maciel mostrouse preocupado com a criteriosa situação econômica e social que assolava o Estado Segundo o quadro apresentado pelo candidato Sergipe encontravase com a economia atrasada e queda na produção além de que o capital sergipano encontrando sedução para emigrar o êxodo alarmante o homem do campo desiludido pela falta de assistência técnico 61 Leandro Maynard Maciel nasceu na maternidade Climério de Oliveira em Salvador BA Porém por razões políticas foi registrado natural de Rosário do Catete SE em 08 de dezembro de 1897 Filho do casal Leandro Ribeiro Siqueira Maciel e Anna da Silva Maynard Na infância devido ao envolvimento do pai na política foi assistido por parentes maternos e posteriormente pelos pais Enquanto criança estudou na cidade de Rosário e Japaratuba Seu pai faleceu quando este tinha onze anos de idade Estudou ainda no Colégio Salesiano em Aracaju Aos treze anos foi enviado para estudar em um colégio de religiosos em Salvador BA Formouse em Engenharia na Escola Politécnica da Bahia onde revelou suas tendências de liderança por meio do envolvimento em movimentos políticos estudantis Em 1924 casouse na Paraíba com Marina Albuquerque filha de Otacílio Camelo de Albuquerque médico professor ator teatrólogo e jornalista e também importante político da região Atuou como auxiliar técnico do Departamento de Portos Rios e Canais no Rio de Janeiro sendo transferido para a Paraíba e depois para o Pará vindo a pedir demissão após esta última transferência e mais uma vez foi favorecido pelo seu protetor o influente político Miguel Calmon du Pin e Almeida DANTAS 2017 p 44 Em meandros de 1926 foi anunciado como diretor de Obras Públicas do Estado um dos cargos de maior importância na estrutura governamental da época DANTAS 2017 p 46 Em 1929 filiouse ao Partido Republicano de Sergipe PRS vindo no ano em curso a pedir exoneração do Departamento de Obras para candidatarse a Deputado Federal eleito no pleito de 1930 com 12589 votos No entanto seu mandato durou apenas 174 dias devido à decaída do governo de Manoel Dantas e de seus aliados Em 07 de fevereiro de 1934 fundou o Partido Social Democrático de Sergipe PSD Com o golpe de 1937 teve sua agremiação extinta e seu mandato novamente foi suspenso Após a formalização da União Nacional pela Democracia UDN em 1945 tonouse outra vez líder da oposição e foi eleito Deputado Federal nas eleições do ano em curso 62 Ver DANTAS Ibarê Os partidos políticos em Sergipe 18891964 Rio de Janeiro Tempo Brasileiro 1989 340 p 79 Assumireis e Organizareis Pareceres de Maria Thétis Nunes Sobre o Colégio Estadual de Sergipe financeira governamental enquanto as fontes de receitas estavam esgotadas DANTAS 1989 p 225 O futuro governador defendia como alternativa para superar as questões elencadas acima o processo de industrialização Contudo apontou problemas na ferrovia na barra de estação e no campo de pouso Em seu mandato cumpriu algumas promessas de palanque notadamente também fez outras benfeitorias em prol do Estado como bem salienta Dantas 2004 Empenhouse para a conclusão dos trabalhos do novo aeroporto cujas obras haviam sido iniciadas há cerca de 17 anos e terminou inaugurandoo executou a desobstrução da barra de Aracaju Ampliou a rede elétrica na capital e instalou em alguns municípios a energia gerada na Usina de Paulo Afonso renovou boa parte da rede dágua construiu pontes cerca de trezentos km de estradas e pavimentou 16 km Incentivou a agricultura e pecuária Promoveu a realização em diversos municípios de pequenos açudes Em Aracaju demoliu o morro do Bonfim facilitando a circulação na área Levantou novos prédios públicos e impulsionou o processo de modernização da capital Na educação melhorou o salário dos professores construiu novas escolas e o Instituto de Educação Rui Barbosa DANTAS 2004 p 130 Não obstante seu mandato foi marcado pela violência sendo acusado de atos truculentos Sucessivas transferências foram utilizadas como forma de penalizar funcionários sulbaternos vinculados a outros partidos Fora os abusos de poderes o cenário político da época presenciava mortes decorrentes de lutas entre famílias rivais Abrese ressalva para Crime no interior do Estado Morte de correligionário Crime rumoroso na Capital WYNNE 1973 p 192 Acerca dessa assertiva Franco 2015 alega que a sociedade brasileira como um todo viveu na década de 50 do século XX uma das fases mais atemorizantes de nossa história Ainda de acordo com essa autora a sociedade sergipana se viu refém dos conflitos entre os aliados da UDN contra o PSD A saber a UDN foi formalizada em 07 de abril de 1945 sendo Leandro Maciel a priori eleito representante do Diretório Nacional do partido e a posteriori tornouse o seu líder O partido contava com o apoio de representantes de famílias como os Franco os Diniz os Rolemberg jovens advogados dos estratos médios fazendeiros de quase todos os municípios DANTAS 2004 p 95 Conquanto Leandro Maciel também foi o fundador da antiga agremiação do PSD essa fundada em 07 de fevereiro de 1934 e extinta com o golpe de Estado em 1945 Segundo Dantas 2017 a antiga União Republicana de Sergipe URS transformouse em PSD agora sob a liderança de Francisco Leite Neto e 80 Assumireis e Organizareis Pareceres de Maria Thétis Nunes Sobre o Colégio Estadual de Sergipe contando com o apoio das famílias Leite Garcez Sobral o pessoal mais identificado com o governo vigente inclusive funcionários e outras autoridades municipais entre as quais prestigiosos coronéis DANTAS 2004 p 95 Convém salientar que Francisco Leite Neto era o principal adversário de Leandro Maciel Com isso alguns apoiadores da antiga URS coligaramse ao novo PSD de Francisco Leite Neto e outros à UDN de Leandro Maciel desfazendose por completo a URS De acordo com Dantas 2017 p 117 Enquanto os comícios aconteciam udenistas e pessedistas se estranhavam Durante o período eleitoral os moradores dos municípios sergipanos viviam momentos de terror pois homens armados ameaçavam seus adversários e causavam desordens nas cidades Cabos eleitorais eram contratados e os donos e proprietários de grandes fazendas patrocinavam as campanhas eleitorais dos partidos pelos quais nutriam paixões por outro lado rivalizavamse com os partidos de quem eram rixados Conforme a biografia realizada por Dantas 2017 p 11 Leandro Maciel foi um homem público polêmico idolatrado e detestado que se manteve em largo período no centro de ocorrências políticas variadas como secretário de Estado deputado federal governador candidato a vicepresidente da República senador e líder partidário reverenciado e criticado Astuto Leandro Maciel sempre procurou novas alianças de mais a mais aliavase até com os seus opositores Firmava acordos com aqueles que se comprometiam em apoiálo nas eleições suplementares Atenta ao cenário político do estado e do país Maria Thétis Nunes ciente de que a nomeação de diretor era de responsabilidade do Governo sendo esse profissional escolhido dentre os professores catedráticos da instituição e que o futuro governador Leandro Maciel não a manteria no cargo como também pelo cansaço e desgaste decorrente do ócio da profissão decidiu pedir demissão da direção do Colégio Estadual de Sergipe no iniciar do ano de 1955 81 Assumireis e Organizareis Pareceres de Maria Thétis Nunes Sobre o Colégio Estadual de Sergipe Figura 10 Thétis Nunes em seu gabinete no Colégio Estadual de Sergipe 1954 FONTE Acervo do IHGSE Cabe destacar que quando Thétis Nunes assumiu a direção do CES era o PSD que estava no poder e quando ela decidiu pedir demissão era a UDN que estava no poder Portanto de acordo com Martires 2020 quando Thétis Nunes saiu da direção alegando que o novo governador possivelmente não a deixaria no cargo é por que o novo governador Leandro Maciel era da UDN da oposição Em síntese a fala de Martires 2020 confirma o que já foi dito isto é que Thétis Nunes tinha uma visão muito clara da situação política sergipana e das interferências políticas também porque a oposição chegando ao poder não ia deixar nos cargos as pessoas atreladas à situação anterior Então seguindo ao que é de praxe entre aqueles que assumem cargo comissionado antes da mudança de governo e de uma possível dispersa do cargo ela pediu demissão A vista do cansaço e do desgaste citados acima basta recorrer à biografia realizada por Nely Santos sobre Maria Thétis Nunes Nela Thétis Nunes revelou que no momento em que deixou a direção da instituição estava extremamente cansada e sentiase feliz Plena de paz de espírito por ter cumprido a tarefa a ela designada embora a sensação de alívio fosse bem mais forte Ao acordar no dia seguinte custava a acreditar que era realidade SANTOS 1999 p 29 grifo do autor tanto que ela fez uma viagem para o Sul do país a fim de espairecer as ideias e renovar as energias 82 Assumireis e Organizareis Pareceres de Maria Thétis Nunes Sobre o Colégio Estadual de Sergipe Thétis Nunes pediu demissão antes que houvesse a mudança de governo requerimento aceito sem transtornos por parte do então governador do estado Arnaldo Garcez O ciclo iniciado nos findos do ano de 1951 encerrouse ao adentrar do ano de 1955 tendo vivenciado um contexto inteiramente favorável à implementação de suas ideias e dos seus projetos SANTOS 1999 p 30 Era e é de praxe a quem ocupa cargos por indicação política que com a mudançatroca de partidos que os ocupantes desses cargos sejam substituídos Assim como Maria Thétis Nunes o professor Joaquim Vieira pediu dispensa do cargo de diretor do CES em dezembro de 1951 vindo a professora Thétis Nunes no mesmo dia a ser designada ao cargo como nos mostra a Figura 11 Figura 11 Dispensa e designação de diretor do CES 1951 Fonte Hemeroteca do Arquivo Público do Estado de Sergipe O antigo prédio que abrigou o Atheneu Sergipense localizado na Rua da Frente carinhosamente chamado de Atheneuzinho63 não mais suportava a quantidade de alunos interessados em matricularse Além do mais o prédio se encontrava em estado de degradação fazendose necessária uma casa nova A nova sede foi criada em 1950 em uma quadra situada entre as ruas Monsenhor Silveira a oeste Vila Cristina a leste e Campos ao sul na porção norte a praça que recebeu o nome em merecida homenagem do Dr Graccho Cardoso FRANCO 2015 p 175 A instituição mantém as características físicas no estabelecimento até os dias atuais No caso do Atheneuzinho é possível compreender o 63 Consultar OLIVEIRA Lizianne Torres A arquitetura como palimpsesto análise teórica da intervenção de restauração do antigo Atheneuzinho atual Museu da Gente Sergipana Laranjeiras SE 2019 89 f Trabalho de Conclusão de Curso Graduação em Arquitetura e Urbanismo Universidade Federal de Sergipe Laranjeiras 2019 83 Assumireis e Organizareis Pareceres de Maria Thétis Nunes Sobre o Colégio Estadual de Sergipe trabalho de preservação por meio dos estudos realizados por Franco 2015 As fachadas dos respectivos prédios podem ser vislumbradas nas ilustrações a seguir Figura 12 Ilustração do Prédio que abrigou o Atheneu Pedro II Atheneuzinho Fonte Acervo do IHGSE Figura 13 Ilustração do Prédio do Colégio Estadual de Sergipe 1951 Sede atual Fonte Acervo do IHGSE A entrega oficial do novo prédio do CES ocorreu no dia 31 de dezembro de 1950 84 Assumireis e Organizareis Pareceres de Maria Thétis Nunes Sobre o Colégio Estadual de Sergipe Segundo noticiou o jornal Diário de Sergipe64 esse foi sem dúvida um dos mais relevantes empreendimentos educacionais da administração do governo do Dr José Rollemberg Leite O jornal noticiou ainda que as novas instalações estavam dotadas de imponentes e moderníssimas linhas arquitetônicas e que obedecia às exigências da pedagogia moderna além de o nosso prédio estar bem aparelhado para suprir as necessidades existentes no ensino secundário do estado de Sergipe Seu funcionamento se deu por meio do decreto nº 29181 de janeiro de 1951 Santos 1999 afiança que Thétis Nunes incumbiuse da responsabilidade de arrumar essa nova casa Projetou e arrumou o uso dos espaços visto que com a transferência somente as salas de aulas estavam dispostas e em funcionamento A ala administrativa65 e o auditório viriam a ser concluído e inaugurado no decorrer do governo de Arnaldo Garcez SANTOS 1999 p 30 Governo que teria vestido a camisa do Atheneu Sergipense uma vez que todas as solicitações feitas pela diretora Thétis Nunes sempre foram atendidas por parte desse governador quesito a ser discutido mais adiante Franco 2015 assegura que algumas das principais dificuldades enfrentadas pela principal casa de ensino secundário de Sergipe no seu primeiro ano de funcionamento foram a inadequação do espaço destinado à pratica das aulas de Educação Física em uma área descoberta e de acesso direto à rua a organização da biblioteca inclusive quanto à elaboração do plano de aquisição de novas obras de catalogação e fichamento por fim a montagem e modernização dos laboratórios que necessitavam ser equiparados com novos materiais e equipamentos FRANCO 2015 p 175 Partindo dessa premissa debruçarmeei a seguir nessas colocações Para tanto recorro às fontes documentais para mostrar as principais ações realizadas por Thétis Nunes à frente da direção da citada instituição de ensino destacando sua importância para a história sergipana Marcam o início da sua gestão solicitações quanto às providências no adiantamento de Cr 2000000 para aquisição de materiais de expediente e escolar a serem utilizados no estabelecimento além de realização de reparos no prédio a tempo do início do ano letivo encaminhados ao então secretário da Fazenda Produção e Obras Públicas Renato Cantiadiano Vieira Ribeiro Isso vai de encontro ao que foi noticiado no jornal Diário de 64 Diário de Sergipe Aracaju 31 de Dezembro de 1950 p 1 Disponível em httpjornaisdesergipeufsbr Acesso em 07 jan 2021 65 Consta no ANEXO P imagem de Maria Thétis Nunes na inauguração da ala administrativa do Colégio Estadual de Sergipe 85 Assumireis e Organizareis Pareceres de Maria Thétis Nunes Sobre o Colégio Estadual de Sergipe Sergipe que dizia que o colégio estava bem aparelhado Todavia solicitações como essas são observadas em relatórios de antigos diretores não somente na gestão de Thétis Nunes A mestra em Educação Sayonara Rodrigues do Nascimento Santana em sua dissertação Por entre as memórias de uma instituição o arquivo e as práticas administrativas do Atheneu Sergipense 18701926 faznos conhecedores das mudanças eou permanências na organização e conservação do arquivo do Atheneu Sergipense bem como sua relação com as práticas administrativas entre os anos de 1870 e 1926 revelando as representações construídas pelos diretores do Atheneu da época e as determinações do Governo em relação à organização burocrática e às práticas do corpo administrativo dessa casa de ensino Historicamente o ato de administrar sempre existiu seja nos negócios públicos ou privados No entanto esta forma de administração que conhecemos atualmente surgiu e sofreu mutações ao longo do tempo especialmente no final do século XIX ao passo que acompanhava as transformações do mundo capitalista de produção objetivando instituir estratégias organizacionais arquitetadas para disciplinar o trabalho e dela extrair maior produtividade LOMBARDI 2012 p 2324 Para esse autor as instituições escolares também instituíram um modelo burocrático de funcionamento adaptaram os métodos e as técnicas de organização empregada nas empresas capitalistas Emergiu nas instituições escolares a necessidade de impor regras semelhantes às existentes nas empresas que passaram a ser regidas por normas escritas fazendo com que surgisse uma divisão de trabalho hierarquizado pelo cargo e pelas responsabilidades Ao acompanhar as transformações da sociedade a administração do sistema escolar foi constituindose e modificandose De acordo com Andreotti 2012 foi com a criação dos grupos escolares na Primeira República que se instituiu o cargo e a função de diretor de escola Nesse período as instituições escolares reproduziam suas formas de organização pregavase o discurso que era direcionado para toda a sociedade entretanto seu atendimento quanto à estrutura de classes era diferenciado Retomando à discussão sobre a importância do uso dos relatórios na pesquisa em História da Educação Santana 2012 atesta que esse tipo de documento representa um olhar específico do mundo escolar Esse olhar pela própria natureza das informações contidas na espécie documental relatório é bem descritivo informativo mas também denunciativo das necessidades e dos anseios daqueles que construíram a história do ensino secundário sergipano SANTANA 2012 p 78 86 Assumireis e Organizareis Pareceres de Maria Thétis Nunes Sobre o Colégio Estadual de Sergipe Por sua vez Belloto 2006 compreende relatório como Exposição de ocorrências fatos despesas transações ou de atividades realizadas por autoridade com finalidade de prestar conta de seus atos à autoridade superior BELLOTO 2006 p 102 Seguindo essa linha de raciocínio o diretor como autoridade maior do corpo burocrático escolar e canal de comunicação entre as práticas cotidianas da instituição tem de prestar conta de seus atos à autoridade superior o Governo Nesse caso essa exposição de ocorrências fatos despesas transações e atividades prestadas pela diretora Thétis Nunes é evidenciada nos relatórios datados de 14 de janeiro de 1952 e de 10 de janeiro de 1953 No primeiro Thétis Nunes descreveu as atividades desenvolvidas no ano de 1951 sob a gestão do professor Joaquim Vieira Sobral66 e no segundo são relatadas as atividades desenvolvidas no ano de 1952 este sob sua gestão Devido ao estado de calamidade que se espalhou pelo mundo resultante da pandemia causada pelo novo coronavírus fiquei impossibilitada de retornar às buscas por fontes Dessa forma não sei precisardiscernir sobre as exposições de ocorrênciasfatos dos outros dois relatórios Fez parte da gestão de Maria Thétis Nunes como diretora do CES suas preocupações com o novo edifício destinado ao Colégio de Sergipe que encontravase inacabado e carente de adaptações com algumas obras em andamentos e outras a serem realizadas sendo necessária uma área coberta para o recreio na qual os alunos pudessem recrear como nos revela a ilustração a seguir Figura 14 Ilustração do Pátio do Colégio Estadual de Sergipe 1950 66 Franco 2017 atesta que o professor já teria assumindo essa função Em 1º de setembro de 1935 foi nomeado para ocupar a direção do Atheneu Pedro II o professor Joaquim Vieira Sobral e para a vicedireção o professor Florentino Menezes FRANCO 2017 p 188 87 Assumireis e Organizareis Pareceres de Maria Thétis Nunes Sobre o Colégio Estadual de Sergipe Fonte Acervo do IHGSE Vale lembrar que esta questão compunha a lista das principais dificuldades enfrentadas no primeiro ano de funcionamento do CES citadas por Franco 2015 Reclamações quanto à falta de estrutura é um fato recorrente nos relatórios de diretores do Atheneu Sergipense Santana 2012 também revelou que os diretores Aristides da Silveira Fontes e Jucundino de Souza Andrade denunciaram em seus relatórios a situação precária vivenciada pela instituição Essa autora aponta ainda o esforço dos dirigentes em mostrar que o problema não provinha da administração mas sim do descaso do Governo para com a educação uma vez que reparos mínimos no prédio não eram feitos solicitações de materiais básicos para as aulas não eram atendidas SANTANA 2012 p 42 Portanto ao analisar o primeiro relatório de Thétis Nunes enquanto diretora evidenciouse que um fator que muito preocupou a recémchegada dirigente foi realmente a seção de Educação Física e é sobre esta questão que a escrita se atém mais adiante Como dito por Franco 2015 e visualizado na Figura 14 a falta de um espaço apropriado para a prática das aulas de Educação Física de uma área coberta e de acesso direto à rua já que não havia muros preocupava Thétis Nunes principalmente quanto à exposição das moças à rua Outra questão preocupante na visão da diretora era a carência de 88 Assumireis e Organizareis Pareceres de Maria Thétis Nunes Sobre o Colégio Estadual de Sergipe profissionais especializados na área Segundo relatório apresentado por Thétis a realização dos exercícios físicos ocorriam de forma desordenada e em plena rua Isso ocasionou inúmeras reclamações por parte da Inspetoria Federal junto ao CES que teria encaminhado à gestão anterior ofícios reclamando do assunto como também por parte de pais de alunas que viam suas filhas sujeitas aos ditos de quem passasse pela rua A diretora Thétis Nunes no intuito de contornar a inexistência da quadra requereu que fosse realizado um aterro parcial do terreno lateral do colégio além da construção de muros no entorno da instituição a fim de resguardar a figura das jovens alunas Solicitou também materiais para a seção de Educação Física justificando que esta tinha poucos utensílios e entre estes alguns estavam imprestáveis para as atividades a que seriam destinados uma vez que eram os mesmos utilizados na antiga instituição Figura 15 Materiais da seção de Educação Física do Colégio Estadual de Sergipe oriundos do antigo prédio 1949 Fonte Acervo do IHGSE Voltando à questão da falta da quadra de esportes já no ano de 1953 Thétis Nunes diante da situação sugeriu de prontidão como solução imediata ao assunto o aproveitamento do antigo campo de esportes Adolfo Rolemberg não só pela sua proximidade ao Colégio como também por ser o local que na planta do estabelecimento figurou como Estádio LIVRO DE CORRESPONDÊNCIAS CEMAS 1952 Cabe informar que conforme Cabral 1955 o campo de esportes Adolpho Rollemberg 89 Assumireis e Organizareis Pareceres de Maria Thétis Nunes Sobre o Colégio Estadual de Sergipe situavase na Rua Duque de Caxias Segundo esse autor tratavase de uma velha praça de esporte que deixava muito a desejar tanto no que concerne ao gramado como à arquibancada Sobremaneira esse espaço era o ponto certo de encontro de centenas de pessoas apaixonadas pelo futebol Foi inaugurado com solenidade festiva às 15h30min do dia 07 de março de 1920 após a bênção do bispo D José e das breves palavras proferidas pelo almirante Amynthas Jorge presidente da Liga Desportiva Sergipana Figura 16 Notícia sobre a inauguração do campo de esportes Adolpho Rollemberg Fonte Correio de Aracaju 1920 Retomando a discussão sobre a pratica da Educação Física cabe considerar então a insuficiência de profissionais especializados na área era inadiável na visão da diretora uma reforma quanto ao pessoal de Educação Física Atualmente a Educação Física deste estabelecimento ocupa 20 pessoas umas como extranumerárias mensalistas outras designadas ainda como contratadas além do professor e dois médicos Na sua quase totalidade pessoas sem nenhum curso especializado LIVRO DE CORRESPONDÊNCIAS CEMAS 1952 Por conseguinte a diretora Thétis Nunes sugeriu que além do professor da casa fosse contratado um assistente cargo a ser preenchido por pessoa especializada na área Ainda pedia que fossem extintos os professores contratados na sua totalidade estudantes que criavam problemas de disciplinas LIVRO DE CORRESPONDÊNCIAS CEMAS 1953 90 Assumireis e Organizareis Pareceres de Maria Thétis Nunes Sobre o Colégio Estadual de Sergipe Importa ressaltar que na época em voga tanto Sergipe como outros estados brasileiros não tinham escolas que ofertassem cursos de formação de professores de Educação Física sendo incumbidos dessa seção profissionais especializados ou não No parecer de Thétis Nunes a inexistência de materiais adequados e a substituição constante de professores faziam com que os exercícios físicos não alcançassem sua real finalidade Corroborando com sua fala Mendonça 1958 também infere a respeito do motivo de tal disciplina não alcançar seu real objetivo Para esse autor a pouca importância conferida à Educação Física se dava possivelmente pelo desconhecimento prático de suas finalidades educativas ou no ceticismo quanto aos resultados pelo modo formal de que se reveste essa atividade nas escolas a qual por mal orientada não produz as consequências desejadas MENDONÇA 1958 p 122 Ademais a sociedade não a compreendia como uma prática pedagógica que no âmbito escolar tematizava formas de atividades expressivas corporais como jogo esporte dança ginástica SILVA SILVA 1998 p 61 Tanto que as primeiras medidas nesse sentido datam de 1931 por meio da reforma do ensino secundário67 empreendida por Francisco Campos Para Dallabrida 2009 essa reforma conferiu organicidade à cultura escolar do ensino secundário aumentando o seguimento desse grau de ensino de cinco a sete anos de duração e modificando sua divisão em dois ciclos fundamental de caráter obrigatório e de formação básica e o complementar este de caráter propedêutico ou seja um curso preparatório conforme grau de especialização para ingresso nas faculdades de Direito Ciências Médicas e Engenharia durava 2 anos SOUZA 2016a p 275 Tal reforma foi oficializada por meio do decreto nº 19890 de 18 de abril de 1931 e tornou obrigatórios nos estabelecimentos de ensino secundário exercícios de educação física para todas as classes Ainda dispunha que Os exercícios de educação física no Colégio Pedro II68 ficarão a cargo dos atuais professores de ginástica e dos profissionais que para esse fim forem contratados BRASIL 1931 Menezes 1997 p 17 assevera que a formação do profissional de Educação Física 67 Na visão de Dallabrida 2009 o ensino secundário era o nível de escolarização entre o curso primário e o ensino superior que a partir da Reforma de Francisco Campos passou a ter duração de sete anos e dois ciclos Tratavase de um longo ciclo de escolarização entre a escola primária e o ensino superior que grosso modo era dirigido às elites e partes das classes médias Até a década de 1950 ele era o único curso pósprimário que preparava e habilitava os estudantes para o ingresso nos cursos superiores diferenciandose dos cursos técnico profissionalizantes e normal DALLABRIDA 2009 p 186 68 Consultar FRANCO Josevanda Mendonça Educação Pública em Sergipe dos primórdios ao Atheneu Pedro II Revista do Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe Nº 47 2017 91 Assumireis e Organizareis Pareceres de Maria Thétis Nunes Sobre o Colégio Estadual de Sergipe somente chegou ao âmbito civil na década de 30 quando o Estado de São Paulo recebeu a autorização para criação da escola de Educação Física No ano seguinte o estado do Espírito Santo criou o Curso Especial de Educação Física iniciandose assim a formação do profissional de Educação Física nesses estados Em Sergipe o ensino da Educação Física ocorreu de forma pioneira ao ser introduzido juntamente com o Canto Orfeônico69 nas escolas pelo professor Manoel Franco Freire70 diretor da Instrução Pública Este procurando engajar na década de 30 Sergipe ao movimento de reforma do ensino normal que ocorria naquela época em vários estados brasileiros dentre inúmeras ações introduz o ensino da Educação Física e do Canto Orfeônico MENEZES 1997 p 27 A partir de então emergiu a necessidade de capacitar profissionais para atuar na área principalmente algumas professoras que lecionavam na Escola Normal MENEZES 1997 p 27 Todavia como o Estado não ofertava esse grau de especialização por não possuir escolas de Educação Física cabia aos interessados buscálo em outros estados Dentre as figuras sergipanas que saíram do estado em busca de especializarse na área cito Elodir Fontes de Carvalho e Maria Augusta Moura como também Adalberto Campos Silva em 1952 atuou como professor de Educação Física do Atheneu José Carlos Barbosa e Edilberto Reis Cunha Ainda na década de 30 do suprarreferido século no Rio de Janeiro é criada a Escola Nacional de Educação Física e Desporto ENEFD cujo objetivo era ser uma instituição padrão na formação do profissional de Educação Física MENEZES 1997 p 17 grifo do autor Dentre os profissionais sergipanos que realizaram curso na ENEFD na gestão de Thétis Nunes cito o monitor Luiz Barbosa que a fim de especializarse na área afastouse 69 SILVA Wênia Mendonça A pedagogia musical do canto orfeônico e a sua configuração como disciplina escolar no Atheneu Sergipense 19311956 São CristóvãoSE 2019 137 f Dissertação Mestrado em Educação Universidade Federal de Sergipe 2019 70 Manoel Franco Freire nasceu em 30 de julho de 1896 na cidade de EstânciaSE filho do casal João Franco Freire e Eugênia de Carvalho Freire Morreu no dia 5 de setembro de 1996 na cidade de Aracaju Deixou a esposa Zulmira Alcides Freire com quem teve sete filhos Foi professor catedrático de Geometria e Inglês do Colégio Atheneu Sergipense por mais de quarenta anos Segundo Gilfrancisco sd Manoel Franco Freire foi diretor da Instrução Pública em dois governos o de Manoel Dantas 1929 e de Eronides Ferreira de Carvalho 19351941 Era um entusiasta da educação afinando com as modernas tendências pedagógicas da época Compartilhava das críticas à escola tradicional e defendia a filosofia do movimento da Escola Nova Dentre as suas ações como diretor da Instrução Pública modernizou o ensino no Estado inclusive introduzindo os estudos de Canto Orfeônico e Educação Física GILFRANCISCO sd Também se candidatou à prefeitura de Aracaju em 1952 sob a legenda do Partido Trabalhista Nacional PTN e a deputado estadual por Sergipe pelo Partido Comunista Brasileiro PCB vindo a ser preso em outubro de 1952 sob alegação de praticar atividades subversivas 92 Assumireis e Organizareis Pareceres de Maria Thétis Nunes Sobre o Colégio Estadual de Sergipe no ano de 1952 de suas funções sendo substituído por Maria Lourdes Menezes Também se afastou de suas funções em 12 de março de 1953 o monitor José Carlos Freire Calazans71 aluno da 2ª série do curso científico Seu afastamento se deu por candidatarse a uma bolsa de estudos ofertada pela Escola Nacional de Educação Física e Desportos da Universidade do Brasil Ainda nesse ano foi contemplado também com essa bolsa o aluno José Sotero Filho Outra questão a ser elencada é que na época supradita a Educação Física era tida como componente curricular e não como disciplina que compunha o currículo das escolas Aparecia como atividade complementar como afirma Guimarães 2016 No Atheneu Sergipense a Educação Física como já supramencionado não integrava o conjunto das disciplinas porém apresentavase como dispositivo legal uma vez que a frequência inferir a 75 nessa seção seria impeditivo de prestação da prova oral em qualquer época uma maneira de obrigar o aluno a comparecer às atividades Portanto a seção de Educação Física configurouse como uma questão de difícil solução na gestão de Thétis Nunes tendo em vista os poucos materiais e mesmo assim alguns imprestáveis restandolhe somente solicitar verbas para a aquisição destes Bem como a contratação de profissionais qualificados na área que como visto estava fora do seu alcance pois o Estado não dispunha desse tipo de curso na época Entretanto constatouse que Thétis Nunes empenhouse em qualificar os profissionais que trabalhavam na casa visto que requereu em conversa verbal com o governador suplemento da verba nº 332833456 na importância de Cr 500000 a fim de fornecer uma passagem para o mencionado aluno José Sotero Filho que estaria estudando no Rio de Janeiro por meio da concessão de uma bolsa de estudos LIVRO DE CORRESPONDÊNCIAS CEMAS 1953 Percebese transversalmente nessa correspondência que de fato Thétis Nunes despachava diretamente com Arnaldo Garcez Retornando à questão da Educação Física difícil mesmo foi solucionar a falta de espaço apropriado para realização dessa prática Esse dado evidenciouse por meio do ofício de dezembro de 1954 enviado por Maria C S P médica assistente de Educação Física junto ao CES relatando que infelizmente não obteve o que vinha solicitando há muito tempo um ambiente apropriado para a prática de Educação Física e que por esse motivo não tiveram 71 Ver no ANEXO E Comunica que o professor contratado José Carlos Freire Calazans se ausentou das suas atividade para realizar o Curso de Educação Física na Escola Nacional de Educação Física e Desportos da Universidade do Brasil 93 Assumireis e Organizareis Pareceres de Maria Thétis Nunes Sobre o Colégio Estadual de Sergipe aulas práticas nos primeiros dias de outubro daquele ano Isto fez com que as alunas não se promovessem no citado ano Essa assertiva é reforçada por Franco 2015 p 178 ao revelar que no ano de 1956 haviam sido empreendidas obras de reformas no CES referentes ao telhado ao muro externo instalação hidráulica e elétrica além da reconstrução dos bebedouros e da terraplanagem e preparo do campo para a prática de Educação Física Estes fatores atestam que por mais que Thétis Nunes tenha se esforçado para disponibilizar aos alunos uma área coberta um espaço para recreação e a construção de um muro externo essas obras não se concretizaram em sua gestão Dito isso vejamos na próxima subseção como estava constituído o corpo docente da instituição na gestão de Thétis Nunes 94 Um Olhar sobre o corpo Docente do Colégio Estadual de Sergipe 31 UM OLHAR SOBRE O CORPO DOCENTE DO COLÉGIO ESTADUAL DE SERGIPE o professor é na sala de aula o portavoz de um conteúdo escolar que não é só um conjunto de fatos nomes e equações mas também uma forma de construir um conhecimento específico imbuído de sua produção histórica e de procedimentos próprios Como principal portavoz do conhecimento científico é mediador por excelência do processo de aprendizagem do aluno Busca nessa relação pedagógica também sua realização pessoal precisa sentir que há retorno e que seu trabalho é valorizado Se não reflete sistematicamente sobre seu fazer repete suas vivências anteriores como aluno ou centrase em sua relação pessoal com o conhecimento DELIZOICOV 2002 p 151152 De acordo com Delizoicov 2002 cabe ao professor em sala de aula atuar como o portavoz do conhecimento escolar além de ser um mediador no processo de ensinoaprendizagem do aluno Quiçá os relatórios elaborados por Thétis Nunes denunciavam a precária situação dos professores do CES especialmente no ano de 1952 Segundo ela os portavozes e transmissores do conhecimento que integravam o corpo docente da principal instituição de ensino secundário do estado encontravamse sobrecarregados com um excesso de turmas além da sua tarefa o que talvez se explique não só pela falta de professores para determinadas disciplinas como também devido ao alto custo da vida atual que obriga o professor que tem família a se desdobrar a fim de fazer face ao orçamento doméstico Seria interessante como solução para o caso a criação de um quadro de professores extranumerários como existe no colégio da Bahia preenchido através de concurso LIVRO DE CORRESPONDÊNCIAS CEMAS 1952 Para entender um pouco mais sobre como o quadro de professores do Atheneu era constituído fezse necessário retroceder um pouco no tempo Para tanto recorri aos dados coletados e apresentados por Souza 2016a p 290 pois estes apontaram que no ano de 1938 eram ministradas semanalmente 14 aulas de português 15 de matemática 11 de geografia nove de inglês e francês 12 de desenho 10 de história da civilização quatro de ciências físicas e naturais cinco de canto orfeônico música seis de latim de física e de química e de história natural mostrando assim quais eram as disciplinas ministradas pelo quadro de professores de que dispunha a instituição quadro composto de professores catedráticos efetivos e interinos de professores contratados e de auxiliares de ensino Em outras palavras de acordo com o que previam as determinações legais impostas pela Reforma Francisco Campos a qual exigia em seu Cap II Art 14 que o corpo docente deveria ser 95 Um Olhar sobre o corpo Docente do Colégio Estadual de Sergipe constituído por professores catedráticos e auxiliares de ensino Sendo esses profissionais nomeados por decreto do Governo Federal e escolhidos entre os diplomados pela Faculdade de Educação Ciências e Letras mediante concurso de provas e títulos BRASIL 1931 A mencionada lei exigia ainda em seu Art 15 que o concurso fosse realizado obedecendo as instruções do Ministério da Educação e Saúde Pública Caso não houvesse profissionais diplomados pela referida Faculdade os professores dos estabelecimentos de ensino reconhecidos eou equiparados ao Pedro II deveriam ser providos por concurso nas condições estabelecidas para a escolha de catedráticos dos institutos de ensino superior devendo ser indicados pelo Conselho Nacional de Educação os três membros da comissão examinadora estranhos à Congregação BRASIL 1931 Após esse processo o professor catedrático seria nomeado por 10 anos Se desejasse permanecer na função teria que se submeter novamente a concurso agora de avaliação de títulos no qual poderiam concorrer além dele outros professores de ensino secundário que tivessem sido nomeados também por concurso Portanto Prado 2003 p 69 assevera que ao reassumir a cadeira o professor garantia sua vitaliciedade e inamovibilidade perdendoos somente com o abandono do cargo ou sentença judiciária Após 30 anos de dedicação ao magistério ou ao completar 65 anos de idade poderia esse profissional requerer aposentadoria Se desejasse suas funções poderiam ser prorrogadas por mais cinco anos Desse modo para ser professor catedrático de ensino secundário na época cabia ao profissional de educação atender às determinações legais Quanto aos professores catedráticos interinos72 também denominado de substituto eram nomeados em caráter provisório até que legalmente pudesse ser provida sua função Estes profissionais também podiam ser substituídos pelos docentes livres da cadeira ou assistente Na falta deles o cargo podia ser provido por pessoa idônea de preferência por um bacharel diplomado no Colégio Pedro II ou em estabelecimentos equiparados SOUZA 2016a p 292 O decreto nº 21241 de 4 de abril de 1932 previa no Art 17 que caberia aos professores contratados orientarem e fiscalizarem o ensino de línguas vivas mediante contrato firmado com o Ministério da Educação e Saúde Pública BRASIL 1932 Os contratos teriam a duração de um ano e o vencimento anual seria de doze contos tendo esses professores auxiliares e turmas de 15 a 20 alunos Tanto os professores contratados como os 72 Para Souza 2016b p 128 a nomeação do professor interino substituto se dava em caráter provisório até que legalmente pudesse ser provida sua função 96 Um Olhar sobre o corpo Docente do Colégio Estadual de Sergipe auxiliares deveriam ser nomeados pelo diretor da instituição como também se exigia a realização de concurso Gustavo Capanema ao assumir o Ministério da Educação e Saúde Pública implementou a Lei Orgânica do Ensino Secundário e por meio do decretolei de nº 4244 de 9 de abril de 1942 realizou um rearranjo no sistema de ensino secundário do país modificando algumas questões estabelecidas pela Reforma Francisco Campos Para Dallabrida 2009 p 190 houve certa revalorização do ensino humanístico e ênfase nos conteúdos nacionalistas condicionada pela atmosfera do Estado Novo mas o ensino secundário não alterou substancialmente os seus propósitos e a sua estrutura Souza 2016a revelou que o primeiro indício de que a Reforma Gustavo Capanema teria sido implementada no Atheneu Sergipense foi a mudança de nomenclatura para Colégio de Sergipe em 1942 Já a sua implementação definitiva se deu pela extinção do curso Complementar e a criação do curso Colegial SOUZA 2016a p 351 A Lei Orgânica prescrevia que haveria no país os estabelecimentos de ensino secundário federais estes mantidos diretamente pela União e os estabelecimentos de ensino secundário equiparados mantidos pelos Estados ou pelo Distrito Federal BRASIL 1942 além dos estabelecimentos de ensino reconhecidos cuja responsabilidade caía sobre os municípios pessoa natural ou pessoa jurídica de direito privado BRASIL 1942 O funcionamento desses dois tipos de estabelecimento deveria ser autorizado pelo Governo Federal Souza 2016a afiança que o Atheneu Sergipe foi equiparado ao Colégio Pedro II por meio do Aviso Ministerial nº 18 de 6 de março de 1943 Assim sendo o Atheneu Sergipense por ser uma instituição de ensino secundário equiparada deveria seguir o que previa realmente a lei No entanto no que tange aos concursos para professores percebese que na prática nem sempre existiram A cabo de explicação no período que abarca esta pesquisa ainda vigorava o decreto lei nº 424442 Contudo recorro aos estudos de Mendonça 1958 por denotar que na década de 50 do predito século Sergipe não dispunha de um sistema educacional de ensino mas de uma rede escolar produto do esforço isolado das administrações estadual e municipais e da iniciativa particular esforço sem planejamento e sem unidade sem a necessária formulação de objetivos e critérios sem a imprescindível conjugação de recursos para uma ação comum por isso mesmo mal orientado MENDONÇA 1958 p 64 97 Um Olhar sobre o corpo Docente do Colégio Estadual de Sergipe Mendonça 1958 a fim de explicitar as oportunidades educacionais de Sergipe na época em que realizou o levantamento da situação educacional do estado elaborou um esquema geral da rede escolar vigente Esta rede compreendida pelo ensino civil composto pela a Educação Comum dividida em préprimária primária e secundária O governo regulava três instituições de ensino Colégio Estadual de Sergipe Instituto Pedagógico Rui Barbosa e a Escola Técnica de Comércio de Sergipe Englobavam ainda o ensino civil a educação especial e educação especializada Outras duas formas de ensino existentes eram o militar e o ensino eclesiástico O Estado de Sergipe apresentava no ano de 1952 uma população estimada de 661591 habitantes Aracaju tinha três unidades de ensino préprimário para crianças de quatro a seis anos Conforme assevera Mendonça 1958 existiam ao todo no estado 755 unidades de ensino fundamental comum curso de quatro anos para crianças de 7 a 12 anos 12 estabelecimentos de ensino secundário três de ensino comercial seis de ensino normal e quatro de ensino superior Para Schwartzman et al 2000 o ensino préprimário seria uma atribuição da família e de escolas privadas com participação eventual dos poderes públicos voltado principalmente para crianças pobres ou cujas mães tenham que trabalhar O ensino primário ficava como atribuição dos estados havendo possibilidades de diferentes padrões em diferentes estados A participação da União seria somente supletiva e regulamentadora exceto nas zonas de imigração estrangeira onde a União deveria ter uma ação muito mais direta Havia ainda a exigência de que os diretores de escolas particulares fossem sempre brasileiros assim como pelo menos a metade dos professores SCHWARTZMAN BOMENY COSTA 2000 p 200201 Quanto ao ensino secundário a reforma empreendida por Capanema preconizava sua divisão em dois ciclos o ginasial com duração de quatro anos e um outro compreendido por dois cursos paralelos o curso clássico e científico ambos com duração de três anos cada Tinham por objetivo consolidar a educação ministrada no curso ginasial e bem assim desenvolvêla e aprofundála BRASIL 1942 O curso clássico favorecia a formação intelectual além de dar maior ênfase ao conhecimento de filosofia e do estudo das letras antigas Conquanto no curso científico davase uma ênfase maior ao estudo de ciências Na visão do ministro Capanema o ensino secundário tinha por finalidade formar a personalidade do adolescente socializálo adaptandoo às exigências da sociedade Melhor dizendo formar nos adolescentes uma sólida cultura geral marcada pelo cultivo das humanidades 98 Um Olhar sobre o corpo Docente do Colégio Estadual de Sergipe antigas e humanidades modernas e bem assim de neles acentuar e elevar a consciência patriótica e a consciência humanística SCHWARTZMAN et al 2000 p 208209 Logo de acordo com os dados apresentados por Mendonça 1958 Sergipe possuía no ano de 1953 uma unidade escolar federal 441 estaduais 275 municipais e 97 particulares Ao ver do autor o ensino préprimário não tinha expressão significativa no estado visto que a capital sergipana contava apenas com três unidades de jardim de infância No que concerne ao ensino supletivo este era ministrado nos cursos de Educação de Adultos em escolas particulares geralmente pertencentes a instituições sociais e subvencionadas pelos poderes públicos e nos cursos noturnos mantidos pela Prefeitura Municipal de Aracaju MENDONÇA 1958 p 7576 Grosso modo o Estado contava no ano de 1955 com 44 unidades de ensino de nível médio as quais atendiam a um número estimado de 5360 alunos matriculados e 21 dessas escolas como dito anteriormente eram de ensino secundário 16 do ciclo ginasial e 5 do ciclo colegial 4 do curso científico e 1 do clássico 7 de ensino comercial 2 do curso básico e do curso técnico 7 de ensino normal 7 de ensino industrial e 2 de ensino agrícola 1 do curso de iniciação e 1 do curso de mestria MENDONÇA 1958 p 76 No entendimento de Mendonça 1958 as 21 escolas secundárias sergipanas da época apresentavam as mesmas características e falhas como também os mesmos aspectos negativos de outras instituições do país Desse total cinco eram mantidas pelo Estado e as demais eram particulares As deficiências apresentadas pelo autor dizem respeito às instalações e equipamentos precários falta de formação adequada dos professores ensino mal orientado expositivo e livresco com propósitos puramente literários programas e currículos uniformes e rígidos ausência de orientação educacional administração escolar autocrática espirito rigidamente humanística aristocrático por excelência amparado n filosofia educacional do passado sem qualquer ajustamento com as mudanças sociais econômicas tecnológicas e políticas que se processam no país MENDONÇA 1958 p 78 O estudo de Mendonça 1958 atesta ainda que essas instituições dispunham da mesma impossibilidade de atender eficientemente aos objetivos de cada um dos cursos especialmente quanto ao encaminhamento dos alunos à aquisição de um instrumental de trabalho MENDONÇA 1958 p 77 Isto posto fica evidente que tais problemas não eram exclusividade do Colégio Estadual de Sergipe Conquanto as correspondências expedidas por Thétis Nunes reforçam a afirmação de Mendonça 1958 de que a falta de formação adequada dos professores caracterizavase como 99 Um Olhar sobre o corpo Docente do Colégio Estadual de Sergipe uma deficiência do sistema de ensino sergipano na época o que explica a determinação da diretora do CES em formar um quadro de professores qualificados além de denunciar a carência desses profissionais no citado estabelecimento de ensino Em vista disso Thétis Nunes solicita de uma só vez a contratação por um ano dos seguintes professores Jugurta Feitosa Franco para lecionar Latim nas 3ª e 4ª séries do curso Ginasial com doze aulas semanais custando Cr 2500 cada aula ministrada José Franklin para lecionar Francês na 2ª série do ginasial com duas aulas semanais e Geografia Geral na 1ª série ginasial com quatro aulas semanais custando Cr 2500 cada aula dada Francisco Portugal para lecionar Espanhol nas 1ª séries dos cursos clássico e científico com oito aulas semanais custando Cr 3000 a aula ministrada José Fonseca Gesteira para lecionar Matemática na 1ª série ginasial com seis aulas semanais custando Cr 2500 aula ministrada Severino Uchôa para lecionar Geografia Geral nas 1ª e 2ª séries ginasial com doze aulas semanais e Geografia do Brasil na 3ª série ginasial com duas aulas semanais ambas no valor de Cr 2500 a aula dada Maria das Graças Azevedo Melo para lecionar História Geral na 2ª série ginasial com dez aulas semanais a Cr 2500 a aula ministrada José Bonifácio Fortes Neto73 para lecionar História do Brasil nas 3ª séries dos cursos clássico e científico com seis aulas semanais a Cr 3000 a aula ministrada Maria José Ribeiro Teles para lecionar Trabalhos Manuais na 2ª série turmas D e E do curso ginasial sendo quatro aulas por semana a Cr 25 00 por cada aula ministrada Também solicita a contratação de Maria Leite Melo e Joaquim Carlos de Souza para lecionarem a disciplina de Francês em turmas do curso ginasial com duas aulas por semana custando cada aula o valor de Cr 25 00 Walfrido Maria de Andrade para lecionar matemática em turmas do curso ginasial e curso de Colégio e Manoel Joaquim Soares Lima para lecionar também matemática no curso ginasial LIVRO DE CORRESPONDÊNCIAS CEMAS 1952 A aludida correspondência revela que os valores das aulas ministradas se diferem no que diz respeito aos cursos ginasial Cr 25 00 e as do curso clássico e científico 73 José Bonifácio Fortes Neto nasceu no dia 26 de abril de 1926 na cidade de Aracaju SE Filho do casal Arício de Guimarães Fortes e Saudalina Passos Guimarães Fez as primeiras letras no Jardim de Infância Augusto Maynard cursou o ensino primário no Colégio Nossa Senhora da Glória o ginasial no Colégio Tobias Barreto e o colegial no Atheneu Sergipense Graduouse em Ciências Jurídicas e Sociais pela Faculdade de Direito da Bahia Especializouse em Geografia nas Universidades do Brasil e Santa Úrsula situadas no Rio de Janeiro Foi redator do Departamento Estadual de Imprensa e Propaganda DEIPSE por Sergipe Atuou como promotor público juiz de direito e do trabalho além de procurador geral de Sergipe Lecionou as disciplinas de História do Geral e do Brasil nos colégios Atheneu Sergipense Jackson de Figueiredo e na Escola Rui Barbosa Foi um dos fundadores da Faculdade Católica de Filosofia de Sergipe professor da Escola de Serviço Social de Sergipe e da Faculdade de Direito de Sergipe bem como diretor do Centro de Ciências Sociais Aplicadas da UFS Ocupou a Cadeira de nº 19 da Academia Sergipana de Letras Também foi sócio do IHGSE e membro do Conselho Estadual de Cultura do Estado 100 Um Olhar sobre o corpo Docente do Colégio Estadual de Sergipe Cr 30 00 a aula ministrada Em suma ao analisar a relação de docentes do Atheneu Sergipense de 1952 a 1955 conforme prescrito no Livro de Atas 19501970 CEMAS não identifiquei o nome do professor Joaquim Carlos de Souza citado acima mas encontrei indícios que reforçam que as solicitações feitas por Thétis Nunes especialmente essa com relação à contratação dos mencionados professores foram atendidas por parte do governador visto que o nome dos demais aparecem nas relações do corpo docente em exercício da instituição Em face da carência de professores constatada por Thétis Nunes ao assumir a direção do colégio ela propõe a criação de um quadro de professores extranumerários igual ao existente no colégio da Bahia preenchido via concurso como previsto no Cap V da Lei Orgânica do Ensino Secundário no qual se exigia que o ingresso do professor de ensino secundário nos estabelecimentos de nível federal ou equiparado ocorresse mediante a prestação de concurso No que diz respeito aos estabelecimentos reconhecidos exigiase do profissional de educação a realização da prova de habilitação a ser realizada pelo Ministério da Educação Conforme evidenciaram as fontes o quadro docente do CES era formado na época por professores catedráticos efetivo e substituto contratados e designados Os quadros que seguem adiante mostram como estava composto nos anos de 1952 1953 1954 e 1955 o corpo docente da instituição No que tange ao vencimento dos professores catedráticos Souza 2017 p 5960 assegura que estes recebiam o valor de Cr 200000 para cumprir uma tarefa de 12 aulas semanais com direito a aulas excedentes de 20 ou 15 cruzeiros no valor de Cr 30000 como adicional de cada magistério sendo um 13 dos vencimentos aos 25 anos e 4 de cinco anos Acerca dos vencimentos dos professores contratados ou designados o autor endossa que estes recebiam o valor de Cr 1500 e Cr 2000 no curso colegial e ginasial não tendo direito a nenhum adicional do estabelecimento SOUZA 2017 p 60 Dito isso vejamos como estava constituído o corpo docente do CES durante os anos de 1952 1953 1954 e 1955 Quadro 4 Corpo docente do Curso Ginasial do Colégio Estadual de Sergipe 1952 1953 1954 e 1955 GINASIAL Nome do Professor Matéria Ano SériesTurmas Situação Funcional Nº do registro ou do ofício autorizando a lecionar 101 Um Olhar sobre o corpo Docente do Colégio Estadual de Sergipe Alberto Bragança de Azevedo Latim 1952 1ª ABCD e 2ª ABCD Catedrático D 12759 1953 2ª ABC Antônia Melo Costa Latim 1954 1ª AB X X Artur Oliveira Latim 1953 2ª A Aluno da Faculdade de Filosofia de Sergipe X Aurea Melo História Geral 1953 2ª ABC Contrato D 4413 1954 2ª ABC 1955 2ª ABC Cândida Viana Ribeiro Canto 1952 Todas as séries Professora D 0233 1953 1954 1955 Cleone Menezes Ciências 1953 3ª ABCD Contrato D 4359 Curso FFSE 1954 3ª D e 4ª ABC 1955 3ª AB Cleonice Xavier de Oliveira Geografia do Brasil 1953 3ª A Contrato F 4225 Curso da Faculdade de Filosofia de Sergipe Geografia Hist Geral 1954 3ª AB 4ª ABC Hist Geral Geografia 1955 1ª C e 3ª ABCD 4ª ABC Dalva Linhares Nou Matemática 1952 3ª CD Catedrático substituto Exame de suficiência 1953 3ª AD Ester Aquino Vasconcelos Trabalhos Manuais 1952 1ª ABCDE e 2ª ABC Professora D 5605 1953 Todas as séries 1954 Felte Bezerra Geografia do Brasil 1952 2ª E e 3ª BCD Catedrático D 9861 1953 3ª BCD e 4ª ABC 1954 3ª CD e 4ª ABC 1955 3ª ABCD Fernando Barreto Nunes História Geral 1953 3ª série Designado Aprovado em exame de suficiência Gentil Tavares da Mota Matemática 1952 4ª AB Catedrático D 9865 1953 1ª A e 4ª BC 1954 1ª ABC Gildete Lisboa História Geral 1954 1ª ABC e 3ª C Aluna da Faculdade de Filosofia X Geografia 1955 1ª CD e 2ª A Recém formada Gonçalo Rollemberg História 1952 3ª C e 4ª AB Catedrático X 102 Um Olhar sobre o corpo Docente do Colégio Estadual de Sergipe Leite por concurso Jan Huideikooper Inglês 1955 3ª AB X Exame de suficiência Autorizado a lecionar ofício nº 525554 no GNS Auxiliadora João Epifânio de Lima Neto Latim 1955 1ª AB Aluno do 3º ano de Filosofia X João Evangelista Cajueiro Português 1952 2ª CD Catedrático D 9858 Português Latim 1953 3ª ABCD 1ª AB 2ª DE 3ª C e 4ª BC Português Latim 1954 1ª B e 4ª BC 3ª BCD e 4ª B Português Latim 1955 3ª CD 1ª D João Machado Rollemberg Matemática 1954 X X Autorizado a lecionar por ofício nº 80521953 1955 4ª ABC Joaquim Vieira Sobral Desenho 1952 1ª DE Catedrático D 9869 Desenho Inglês 1953 1ª BC 2ª ABC Desenho Inglês 1954 3ª D e 4ª AB 2ª BC e 3ª AD Inglês 1955 2ª D 3ª CD e 4ª ABC José Almeida Pedroso Latim 1955 1ª BC e 2ª A X Requereu exame de suficiência José Antônio da Costa Melo Latim 1955 4ª ABC X Portaria nº 11374654 José Augusto da Rocha Lima Francês 1952 1ª ABCD 2ª B 3ª ABCD e 4ª AB Catedrático D 9859 1953 1ª A e 4ª ABC Francês Latim 1954 3ª B e 4ª ABC 1ª C e 3ª A Francês 1955 2ª D e 3ª ABCD José Carlos de Souza Francês 1952 2ª A Contrato D 19654 Aprovado em exame de suficiência 1953 2ª AB 1954 2ª A e 3ª CD 1955 1ª ABC e 3ª ABC 103 Um Olhar sobre o corpo Docente do Colégio Estadual de Sergipe José Fonseca Gesteira Matemática 1952 1ª DE Designado D 11756 1953 2ª DE 1954 2ª CD e 3ª AB 1955 2ª ABC José Franklin Francês Geo Geral 1952 2ª CD 1ª ABC Designado D 16 Inglês 1953 2ª DE 1955 2ª DE José Lima de Azevedo Ciências 1953 4ª ABC Contrato Químico 1954 3ª ABC José Olino de Lima Neto Português 1952 1ª ABD 2ª AB e 4ª AB Catedrático D 11166 Português Latim 1953 2ª ABCDE 3ª D Português 1954 3ª ABCD e 4ª A Português Latim 1955 3ª AB e 4ª C 2ª BC e 3ª A José Vieira Menezes Latim Francês 1952 1ª E e 2ª E 1ª E X X Jugurta Feitosa Franco Latim 1952 3ª ABCD e 4ª AB Designado D 9920 Latim Hist Geral 1953 1ª C e 3ª AB 3ª ABC Latim 1954 2ª CD e 4ª AC 1955 3ª BCD Lucila de Oliveira Morais Francês 1953 1ª BC e 2ª CD Designada D 19960 1954 1ª ABC e 2ª BCD 1955 1ª B 2ª AC e 4ª ABC Lucilo da Costa Pinto Ciências 1952 3ª ABCD e 4ª AB Catedrático Concurso 1955 3ª CD e 4ª AC Manuel Franco Freire Inglês 1952 2ª ABCDE Catedrático D 12757 1954 2ª A 3ª BC e 4ª ABC 1955 2ª AC e 3ª AB Manuel Joaquim Soares Lima Matemática 1952 2ª ABCD Contrato D 18839 Aprovado em exame de suficiência 1953 2ª ABC e 3ª BC 1954 2ª AB e 3ª CD 1955 1ª ABC 2ª D e 3ª BCD Manuel Ribeiro História 1952 3ª BD Catedrático D 9973 Maria Clara Vieira Faro Passos Geografia Hist Geral 1954 2ª AB 3ª D Aluna da Faculdade Filosofia X Hist Geral 1955 1ª AB e 4ª ABC Recém 104 Um Olhar sobre o corpo Docente do Colégio Estadual de Sergipe e do Brasil formada Maria das Graças de Azevedo Melo História 1952 2ª ABCDE Designado X Maria José Ribeiro Teles Trabalho Manuais 1952 2ª DE Contrato X Maria Leite Melo Francês 1952 2ª E Designada Exame de suficiência 1953 2ª E 1955 2ª E Maria Silva Sobral Desenho 1952 2ª ABCDE 3ª ABCD e 4ª A Professora D 9866 1953 2ª ABCDE e 3ª BCD 1954 2ª ABCD 3ª AB 1955 2ª ABCD e 3ª ABC Maria Thétis Nunes Geografia do Brasil 1952 2ª B 3ª A e 4ª AB Catedrática por concurso D 6643 1953 1ª BC e 2ª A 1954 1ª C e 2ª D 1955 1ª AB e 2ª BCD Napoleão Agelio de Oliveira Dórea Desenho 1952 1ª ABC e 4ª B Catedrático D9860 1953 1ª A e 3ª A 1954 1ª ABC 3ª C e 4ª C 1955 1ª ABCD Ofenisia Soares Freire Português 1952 1ª CE 2ª E e 3ª ABCD Contrato D 12107 1953 1ª ABC 2ª ABCD e 4ª ABC 1954 1ª AC e 2ª ABCD 1955 1ª CD 2ª AB e 4ª AB Pe José de Araújo Mendonça Francês 1955 1ª CD Catedrático interino Exame de suficiência Catedrático interino Rina Azaryah Barreto Nunes Inglês 1953 3ª ABCD e 4ª ABC Exame de suficiência D 9190 1955 3ª ABCD e 4ª ABC Rosa Moreira Faria Trabalhos Manuais 1955 1ª ABCD e 2ª ABCD X D 16399 Severino Pessoa Uchôa Geografia Geral 1952 1ª DE e 2ª ADC Designado D 9180 História do Brasil 1953 1ª A 105 Um Olhar sobre o corpo Docente do Colégio Estadual de Sergipe Geografia do Brasil 1ª A e 2ª BCDE Geografia 1954 1ª AB Virginio Santana História 1952 1ª ABCDE e 3ª A Catedrático D 10902 História Geral e do Brasil 1953 2ª E 1ª BC e 4ª ABC História do Brasil 1954 3ª A e 4ª ABC Walfrido Maria de Andrade Matemática 1952 1ª ABC e 3ª AB Contrato D 916 1953 1ª BC e 4ª A 1955 1ª D e 3ª A Walter Cameron Donald Inglês 3ª ABCD e 4ª AB Professor D 9864 Fonte elaborado a partir de documentos do CEMAS Quadro 5 Corpo docente do Curso Colegial Clássico e Científico do Colégio Estadual de Sergipe 1952 1953 1954 e 1955 COLEGIAL CLÁSSICO E CIENTÍFICO Nome do Professor Matéria Ano SérieTurmas Situação Funcional Nº do registro ou do ofício autorizando a lecionar Alberto Bragança de Azevedo Latim 1953 1º 2º e 3º Clássico Catedrático D 12759 Augusto Pereira de Azevedo Matemática Química 1954 1º A Científico 1º Científico Catedrático D 13801 Químico Química 1955 1º ABCD 2º AB e 3º Cient Cleonice Xavier de Oliveira Geografia do Brasil 1953 2º e 3º Clás 2º AB e 3º Cient Curso da Faculdade de Filosofia F 4225 Hist Geral Geografia 1954 1º Clássico e 1º CD Cient 3º Clássico e 3º Científico Hist Geral Geografia 1955 1º Clássico 3º Clássico e 3º Científico Dalva Linhares Nou Matemática 1952 1º 3º Científico e 1º Clássico Catedrático substituto D 19897 Exame de suficiência 1953 1º BCD e 2º AB 1954 1º BCD 2º e 3º Científico 1955 1º C Científico e 2º AB Francisco Portugal Espanhol 1952 1º Clássico e 1º 106 Um Olhar sobre o corpo Docente do Colégio Estadual de Sergipe Cajueiro Científico Catedrático X Espanhol Grego 1953 1º ABCD 1º 2 e 3º Felte Bezerra Geografia Geral e do Brasil 1952 3º Clássico e 3º Científico Catedrático D 9861 1954 1º Clássico 1955 1º Clássico e 1º D Científico Fernando Barreto Nunes História Geral 1953 1º Clássico e 1º ABCD Designado Aprovado em exame de suficiência 1954 Clássicouma série e 2º Científico Gentil Tavares da Mota Matemática 1953 1º Clássico Catedrático D 9865 Gonçalo Rollemberg Leite História Geral e do Brasil 1952 1º e 2º Cient Catedrático por concurso X 1953 2º AB e 3º Científico 2º e 3º Clássico 1954 1º ABCD 2º Clássico e 2º Científico 1955 3º Clássico 1º CD e 3º Cient João Alfredo Montes Física 1952 2º e 3º Clás 1º 2º e 3º Cient Catedrático D 6181 1953 1º ABCD 2º e 3º Clássico 3º Científico 1954 2º e 3º Clássico e 1º Científico 1955 2º e 3º Clássico 1º ABCD e 3º Científico João Batista Perez Garcia Moreno História Natural 1952 3º Clássico 2º e 3º Científico Catedrático por concurso D 9863 1953 3º Clássico 2º e 3º Científico 1954 2º e 3º Clás 2º e 3º Científico 1955 3º Clás 2º AB e 3º Científico João Evangelista Cajueiro Latim Grego 1952 1º 2º e 3º Clás 1º 2º e 3º Clás Catedrático D 9 858 Bacharel em Letras Neolatinas Exame de suficiência Grego 1954 1º e 2º Clássico Português Latim Espanhol 1955 Clássico 3º Clássico 1º B Científico 107 Um Olhar sobre o corpo Docente do Colégio Estadual de Sergipe Grego 1º 2º e 3º Clás em Grego João Machado Rollemberg Matemática 1955 1º D Científico X Autorizado a lecionar por ofício nº 80521953 Joaquim Vieira Sobral Desenho 1953 2º AB e 3º Científico Catedrático D 9869 1954 1º ABC 1955 2º AB e 3º Científico José Antônio da Costa Melo Latim 1955 1º e 2º Clássico X Portaria nº 11374654 José Augusto da Rocha Lima Francês 1952 1º e 2º Clássico 1º e 2º Cient Catedrático D 9859 1953 1º e 2º Clás 1º ABCD e 2º AB Científico 1954 1º ABCD 2º Clás e Cient 1955 1º e 2º Clássico 1º ABCD e 2º AB Científico José Barreto Fontes Matemática Química 1952 2º Científico 2º e 3º Clássico 1º 2º e 3º Cient Catedrático P 17776 Engenheiro Químico Física Matemática 1953 2º AB Clássico 3º Científico Matemática Química 1954 3º Científico 2º Clássico Química 1955 2º e 3º Clássico José Bonifácio Fortes História do Brasil 1952 3º Clássico 3º Científico Designado X José Lima de Azevedo Química 1953 1º ABCD Contrato Químico José Olino de Lima Neto Português 1952 1º ABC 2º e 3º Científico Catedrático D 11166 1953 2º AB e 3º Científico 1954 2º e 3º Cient 1955 1º ABC e 3º Científico José Silvério Leite Fontes História do Brasil 1954 2º Clássico 2º Científico X Exame de suficiência Manuel Franco Freire Inglês 1952 1º e 2º Cient Catedrático D 12757 1954 Todo o Curso 1955 1º e 2º Clás 1º ABCD e 2º AB Científico 108 Um Olhar sobre o corpo Docente do Colégio Estadual de Sergipe Maria Clara Vieira F Passos Hist Geral e do Brasil 1955 1º AB e 2º AB Científico Recém formada pela Faculdade de Filosofia de Sergipe X Maria Thétis Nunes Geografia Geral e do Brasil 1952 1º e 2º Clássico 1º e 2º Cient Catedrática D 6643 1953 1º Clássico e 1º ABCD Cient 1954 1º ABCD 2º Clássico e 2º Científico 1955 2º Clássico 1º ABC e 2º AB Científico Mauro Taveira Magalhães Química 1953 2º e 3º Clás 2º e 3º Científico Químico X 1954 3º Clássico e 2º e 3º Científico Napoleão Agelio de Oliveira Dórea Desenho 1952 1º 2º e 3º Científico Catedrático D 9860 1953 1º ABC 1954 1º D 2º e 3º Científico Ofenisia Soares Freire Português 1952 1º 2º e 3º Clás Contrato D 12107 1953 1º 2º e 3º Clás e 1º ABCD 1954 1º 2º e 3º Clás 1º ABCD Científico 1955 2º e 3º Clás 2º AB Científico Pe José de Araújo Mendonça Filosofia 1955 2º e 3º Clássico 3º Científico Catedrático interino X Rina Azaryah Barreto Nunes Inglês 1953 1º ABCD e 2º AB Clássico Exame de suficiência D 9190 D 19097 Obs Dois registros Vania Felisola Espanhol 1954 1º Clássico e 1º ABCD Cient X X 1955 1º Clássico e 1º ACD Científico Virginio Santana Filosofia 1952 2º e 3º Clássico 3º Científico Catedrático D 10902 D 12760 Obs Constam dois registros 1953 2º e 3º Clássico 3º Científico 1954 2º e 3º Clássico 3º Científico 109 Um Olhar sobre o corpo Docente do Colégio Estadual de Sergipe Walfrido Maria de Andrade Matemática 1952 2º e 3º Clássico Contrato D 916 1953 2º e 3º Clássico 1º A Científico 1954 1º 2º e 3º Clás 1955 2º e 3º Clássico 1º AB Científico Walter Cameron Donald Inglês 1952 1º e 2º Clássico Professor D 9864 Fonte elaborado a partir de documentos do CEMAS Os quadros em exposição revelam quais dentre esses professores compunham a cátedra do Colégio Estadual de Sergipe Alberto Bragança de Azevedo Augusto Pereira de Azevedo autorizado a fazer um curso pelo decreto de 31 março de 1950 Dalva Linhares Nou nomeada catedrática substituta com o afastamento para Escola de Química de Sergipe do catedrático de Matemática deste Colégio Dr José Rollemberg Leite LIVRO DE CORRRESPONDÊNCIAS CEMAS 1952 Francisco Portugal Cajueiro Felte Bezerra Gentil Tavares da Mota Gonçalo Rollemberg Leite João Alfredo Montes João Evangelista Cajueiro João Batista Perez Garcia Moreno Joaquim Vieira Sobral José Augusto da Rocha Lima74 José Barreto Fontes José Olino de Lima Neto Lucilo da Costa Pinto Manuel Franco Freire Manuel Ribeiro Maria Thétis Nunes Napoleão Agelio de Oliveira Dores Pe José de Araújo Mendonça interino e Virginio Santana Como explicitado para ser professor catedrático da instituição o docente tinha de prestar concurso ser nomeado por decreto e se tornar vitalício desde a posse SOUZA 2016b p 127 Outrossim no documento intitulado Relação nominal dos funcionários e extranumerários lotados na Repartição e dos que foram postos à sua disposição consta o nome do professor José Felix de Oliveira que se encontrava afastado das suas funções conforme decreto de 30 junho de 1950 embora não apareça nos quadros do corpo docente em exercício nos anos de 1952 1953 1954 e 1955 era professor catedrático da casa Deste modo a citada relação nominal não é um documento em si mas um diálogo claro entre o presente que é passado e o documente que aqui se faz presente 74 Nasceu no dia 22 de julho de 1897 em Gararu SE Filho do casal Manuel Alves Monteiro da Rocha e Laura Alves da Rocha Cursou Humanidades e Filosofia no Seminário Santa Luzia na Bahia Ingressou no Seminário Episcopal do Sagrado Coração de Jesus em Aracaju no ano de 1913 Vindo a ser ordenado sacerdote secular em 1920 Em 1930 renunciou ao sacerdócio No ano de 1955 bacharelouse em Direito pela Faculdade de Direito da Universidade Federal da Bahia Retornando para Aracaju atuou como professor e vicereitor do Seminário Sagrado Coração de Jesus Foi secretáriogeral da Cúria Episcopal promotor do Bispado de Aracaju e capelão da fábrica Sergipe Industrial NASCIMENTO 2017 p 99 Lecionou a disciplina de História Geral na Escola Normal no Colégio Jackson de Figueiredo e Colégio Tobias Barreto De acordo com Nascimento 2017 foi o primeiro presidente da Academia Sergipana de Letras bem como presidiu o IHGSE e foi secretáriogeral da Associação de Cultura FrancoBrasileira Faleceu no dia 14 de agosto de 1969 em Aracaju 110 Um Olhar sobre o corpo Docente do Colégio Estadual de Sergipe Os quadros também denota que os professores Dalva Linhares Nou Matemática Jan Huideikooper Inglês Fernando Barreto Nunes75 História e História Geral João Evangelista Cajueiro Grego e Espanhol José Almeida Poderoso Latim José Silvério Leite Fontes76 História do Brasil Manoel Joaquim Soares Lima Matemática Pe José de Araújo Francês e Rina Azaryah Barreto Nunes Inglês foram aprovados em exames de suficiência para exercerem outras disciplinas Esses exames tiveram como finalidade habilitar o aluno de qualquer série para promoção à série imediata BRASIL 1942 Na mencionada relação nominal os professores Cleone Menezes História Natural e Cleonice Xavier de Oliveira aparecem como formados pela Faculdade de Filosofia Já Artur Oliveira Gildete Lisboa e Maria Clara Passos aparecem como estudantes da Faculdade de Filosofia sendo que na relação nominal de 1955 as duas últimas professoras aparecem como recémformadas pela supradita faculdade Desta maneira percebese que muito embora fosse desejo de Thétis Nunes formar um quadro de professores concursados a carência de professores formados para atuarem nesse estabelecimento de ensino OLIVEIRA 2011 p 24 fazia com que até mesmo estudantes fossem contratos Por meio dos quadros expostos anteriormente verificouse quais eram as disciplinas contempladas pelo currículo do Atheneu Sergipense no curso ginasial sendo elas canto ciências desenho francês história do Brasil história geral geografia inglês latim matemática e trabalhos manuais isto em observância ao já citado decretolei que regulamentou a Lei Orgânica do Ensino Secundário Por conseguinte não foi possível visualizar nos supramencionados quadros a disciplina de Biologia porém aparece História Natural A Educação Física também não apareça no quadro de disciplinas por ser compreendida pela presente lei como uma prática 75 O ofício nº 248 datado de 29 de outubro de 1952 dá conta que Fernando Barreto Nunes irmão de Thétis Nunes era professor catedrático do Instituto Normal Rui Barbosa 76 José Silvério Leite Fontes nasceu no dia 06 de abril de 1924 em Aracaju SE Filho do casal Silvério da Silveira Fontes e Iracema Leite Fontes Fez o curso primário e ginasial no Colégio Tobias Barreto e o curso complementar no Atheneu Sergipense Bacharel em Direito pela Faculdade de Direito da Bahia Ao regressar para Aracaju iniciou sua carreira no magistério ministrando a disciplina Economia Política na Escola de Comércio e a disciplina História do Brasil na Escola Normal e no Colégio Atheneu Sergipense Para ocupar a cadeira de História Geral do Atheneu Sergipense defendeu em 1959 a tese Formação de fato histórico na cultura ocidental Participou da fundação da Faculdade de Filosofia de Sergipe Foi professor da Universidade Federal de Sergipe UFS atuando no Departamento de História como docente de Filosofia e Metodologia da História e no Departamento de Direito lecionou as disciplinas de Ética e Filosofia do Direito e Direito Internacional Público Na gestão do governador Seixas Dória foi diretor do Atheneu Sergipense Exerceu os cargos de procurador geral da UFS presidente seccional da Ordem dos Advogados do Brasil OAB e de conselheiro federal da OAB Foi sócio do Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe e ocupou a Cadeira nº 5 da Academia Sergipana de Letras além de colaborar com a impressa sergipana por meio de publicações de artigos nos jornais A Cruzada 111 Um Olhar sobre o corpo Docente do Colégio Estadual de Sergipe educativa obrigatória para todos os alunos até a idade de vinte e um anos BRASIL 1942 sendo ministrada seguindo os programas organizados por uma comissão geral ou especial a ser designada pelo ministro da Educação De acordo com o suplemento da folha de pagamento aos professores e funcionários do CES do ano de 1952 José de Góis Peixoto José Carlos Freire Calazans Maria Ester Lima Azevedo Terezinha Hardman Mota Paulo Silva Mendonça Josafá Fonseca Ferreira e Fernando Mendonça foram os professores contratados para monitorar as práticas de Educação Física nesse ano Convém salientar que na relação nominal dos funcionários de 1953 dos profissionais mencionados só não constam os nomes de José de Góis Peixoto e Fernando Mendonça um indicativo de que os contratos dos demais professores foram renovados Isso não significa dizer que somente os professores supracitados se encarregaram das práticas de Educação Física visto que as fontes revelam que alguns profissionais eram contratados por um mês ou um curto período de tempo Apesar de todo o empenho de Thétis Nunes em solicitar professores para o CES e em compor um quadro docente notase no Quadro 6 que não era o suficiente como também explica sua alegação de que muitos professores ficavam sobrecarregados pois além das aulas das quais eram incumbidos de ministrar ainda davam aulas suplementares Quadro 6 Suplemento da folha correspondente às aulas suplementares do CES no mês de março de 1953 Nomes Disciplinas Nº de aulas Importância Cr77 Ginásio Colégio Aurea Melo História 15 37500 Cleone Menezes Ciências 22 55000 Cleonice Xavier de Oliveira Geografia 3 8 31500 Dalva Linhares Nou Matemática 10 30000 Ester de Aquino Vasconcelos Economia Doméstica 5 12500 Fernando Barreto Nunes História 4 18 64000 Francisco Portugal Espanhol 20 60000 Jan Huideikooper Inglês 22 15 100000 Joaquim Vieira Sobral Inglês 18 45000 João Alfredo Montes Física 13 39000 João Evangelista Cajueiro Latim e Grego 4 18 64000 José Augusto da Rocha Lima Francês 9 27 103500 77 O cruzeiro é estabelecido como padrão monetário nacional no ano de 1942 A nova unidade correspondia a mil réis ou seja 100000 réis Cr 100 Vindo a ser lançado em 1967 um novo cruzeiro unidade transitória que equivalia a mil cruzeiros Acessar o site da Educacional Sala de Aula para visualização de imagens da moeda brasileira Disponível em httpwwweducacionalcombrreportagensdinheirobrasilasp Acesso em 14 abr 2021 112 Um Olhar sobre o corpo Docente do Colégio Estadual de Sergipe José Barreto Fontes Matemática e Física 17 51000 José Bonifácio Fortes Neto História do Brasil 7 21000 José Carlos de Souza Francês 8 20000 José Fonseca Gesteira Matemática 10 25000 José Franklin Inglês 16 40000 José Lima Azevedo Química e Ciências 17 24 114500 José Olino de Lima Neto Português e Latim 9 33 121500 José Silvério Leite Fontes História do Brasil 7 21000 Jugurta Feitosa Franco Latim e História 18 45000 Lucila de Oliveira Morais Francês 6 15000 Manoel Joaquim Soares Lima Matemática 26 65000 Maria Leite Melo Francês 4 10000 Maria Thétis Nunes Geografia 10 22 91000 Mauro Taveira Magalhães Química 23 69000 Ofenisia Soares Freire Português 5 23 81500 Rina Azaryah Barreto Nunes Inglês 8 16 68000 Severino Uchôa Geografia e História 26 65000 Virginio Santana História 21 52500 Walfrido Maria de Andrade Matemática 18 12 81000 Fonte elaborado a partir de documentos do CEMAS Acerca do contrato do professor Jan Huideikooper o ofício nº 101 de 06 de junho de 1953 revelou que o contrato dele vigoraria até o retorno do professor de inglês Manuel Franco Freire afastado das suas atividades Ante o que já foi exposto os professores além de realizar as atividades em sala de aula participavam das bancas examinadoras nos concursos para admissão de alunos e para cátedra do Atheneu Sergipense Conforme Souza 2016b p 232 no início de cada ano letivo a Congregação se reunia e nela os professores elaboravam suas listas de livros didáticos para serem adotados em cada série nas diversas disciplinas do curso secundário Chervel 1990 ao discorrer sobre a função primeira do historiador das disciplinas escolares que é estudar quais os conteúdos explícitos do ensino disciplinar a saber da gramatica até a aritmética escolar aponta que Em cada época o ensino dispensado pelos professores é grosso modo idêntico para a mesma disciplina e para o mesmo nível Todos os manuais ou quase todos dizem então a mesma coisa ou quase isso Os conceitos ensinados a terminologia adotada a coleção de rubricas e capítulos a organização do corpus de conhecimentos mesmo os exemplos utilizados ou os tipos de exercícios praticados são idênticos com variações aproximadas CHERVEL 1990 p 203 Infelizmente a pesquisa não sabe informar se os saberes dispensados pelos professores do CES eram idênticos Porém o ofício datado de 10 de maio de 1953 remetido por Hélia 113 Um Olhar sobre o corpo Docente do Colégio Estadual de Sergipe Almeida esta residente em Salvador ao solicitar que Thétis Nunes informe os livros adotados pelo CES nas disciplinas de Latim Frances e Inglês tendo em vista realizar um estudo comparativo reitera a assertiva de Chervel 1990 De antemão o Quadro 7 revela quais foram os livros e autores adotados pela instituição para cada disciplina e série no ano de 1952 Quadro 7 Livros adotados pelo Colégio Estadual de Sergipe para o ano de 1952 CURSO GINASIAL 1ª SÉRIE Disciplina LivroAutor Português José Cretella Junior Latim Ludus Primus Pe Milton Luiz Valente S J Francês Novelles Leçons de Français Henri Lanteuil Matemática Algacyr Munuz Maeder História do Brasil Haddock Lobo e Alcindo Souza Geografia Geral Moisés Gicovate 2 ª SÉRIE Português José Cretella Junior Latim Ludus Secundus Pe Milton Luiz Valente S J Francês Novelles Leçons de Français Henri Lanteuil Inglês Modern English F Fietzschke Matemática Algacyr Munuz Maeder História das Américas Joaquim Silva e Haddock Lobo Geografia Geral Moisés Gicovate 3ª SÉRIE Português José Cretella Junior Latim Ludus Tertius Pe Milton Luiz Valente S J Francês Novelles Leçons de Français Henri Lanteuil Inglês The English Ginnasial Grammar Hubert Coventry Bethell Matemática Algacyr Munuz Maeder Ciências Paulo Decourt e Anibal Freitas História do Brasil Joaquim Silva e Mário Sette Geografia do Brasil Moisés Gicovate 4ª SÉRIE Português José Cretella Junior Latim Ludus Quartus Pe Milton Luiz Valente S J Francês Noveles Leçons de Français Henri Lanteuil Inglês The English Ginassial Grammar Hubert Coventry Bethell Matemática Algacyr Munuz Maeder Ciências Paulo Decourt e Anibal Freitas História do Brasil Joaquim Silva e Mário Sette Geografia do Brasil Moisés Gicovate CURSO CLÁSSICO 1ª SÉRIE 114 Um Olhar sobre o corpo Docente do Colégio Estadual de Sergipe Português Para colégio José Cretella Junior Latim José Cretella Junior Grego Curso elementar Riemann et Goelzen Francês Precies de Litterature Henri Laneteil Inglês The World Linguage of Today Anscar Kund Jensan Espanhol Básico José Ramon Calleja Alvarez Matemática Algacyr Munuz Maeder História Geral Haddock Lobo Geografia Geral Moisés Gicovate e Aroldo de Azevedo 2ª SÉRIE Português José Cretella Junior Latim José Cretella Junior Grego Curso elementar Riemann et Goelzen Francês Precies de Litterature Henri Lanteuil Inglês English for College Isabel Junqueira Schmidt Filosofia Estevão Cruz Matemática Algacyr Munuz Maeder Física 1º volume Anibal Freitas Química Paulo Décourt História Natural Paulo Décourt História do Brasil Haddock Lobo Geografia do Brasil Aroldo de Azevedo 3ª SÉRIE Português José Cretella Junior Latim José Cretella Junior Grego Riemann et Goelzer Filosofia Estevão Cruz Matemática Algacyr Munuz Maeder Física 2º volume Anibal Freitas Química Paulo Décourt História Natural Paulo Décourt História do Brasil Vicente Tapajós Geografia do Brasil Aroldo de Azevedo CURSO CIENTÍFICO 1ª SÉRIE Português Língua Portuguesa Geraldo de Uchôa Cintra Francês Precies de Litterature Henri Lanteuil Inglês The World Linguage of Today Anscar Kund Jensan English Modern Grammar O Serpa Espanhol Básico José Ramon Calleja Alvarez Matemática Algacyr Munuz Maeder Física Anibal Freitas e Hyperides Zamello 115 Um Olhar sobre o corpo Docente do Colégio Estadual de Sergipe Química Luiz Macedo e Paulo Décourt História Geral Haddock Lobo Geografia Geral Aroldo de Azevedo e Moisés Gicovatte 2ª SÉRIE Português Língua Portuguesa Geraldo de Uchôa Cintra Francês Precies de Litterature Henri Lanteuil Inglês English Litterature M S Hall e Machado da Silva Matemática Algacyr Munuz Maeder e Tales de Melo Física Anibal Freitas e Hyperides Zamello Química Luiz Macedo e Paulo Décourt História Natural Paulo Décourt História Geral Haddock Lobo Geografia Geral Aroldo de Azevedo e Moisés Gicovatte 3ª SÉRIE Português Língua Portuguesa Geraldo Uchôa Cintra Filosofia Estevão Cruz Matemática Algacyr Munuz Maeder Física Anibal Freitas Química Paulo Décourt História Natural Paulo Décourt História do Brasil Basilio de Magalhães Geografia do Brasil Aroldo de Azevedo e Moisés Gicovatte Fonte elaborado a partir de documentos do CEMAS É possível afirmar que os livros de matemática de Algacyr Munuz Maeder foram adotados em todas as séries dos três cursos como também que em sua maioria foram selecionados os mesmos autores e livros para o curso ginasial e para o curso clássico o que não se constata no curso científico Importa salientar que alguns desses livros encontramse salvaguardados no arquivo do CEMAS Porventura inferiuse que o Colégio Estadual de Sergipe contou no período estudado com um quadro formado por excelentes professores que contribuíram para a fundação da UFS muitos dos quais após a fundação dessa compuseram seu quadro docente Essa visão foi compartilhada pelo exaluno Arivaldo Ferreira de Andrade e reforçada por Francisco Rollemberg Os dois exalunos do CES compactuam da mesma ideia de que os professores do Atheneu Sergipense participaram da fundação da Universidade como também se tornaram os professores titulares dela além do mais que os professores do Atheneu daquela época eram notáveis O que havia de melhor na cultura sergipana ROLLEMBERG 2020 116 Um Olhar sobre o corpo Docente do Colégio Estadual de Sergipe Tereza Cerqueira da Graça ao estudar os ginasianos de Aracaju da década de 1950 apontou que os professores da Escola Normal e do Atheneu Sergipense eram os mais referenciados pela sociedade na época Acerca dos professores catedráticos essa autora afirma que estes haviam comprovado seus saberes e competências em concursos muito rigorosos que a imprensa não deixava de registrar em notas elogiosas GRAÇA 2002 p 104 Ressalta ainda que existiam entre eles figuras que se destacavam pela produção acadêmica e também por ocupar cargos elevados na administração pública a exemplo de José Rollemberg Leite que foi governador do Estado Dessa feita a próxima seção revela as ações da diretora Thétis Nunes em prol do corpo discente do Colégio Estadual de Sergipe 117 Um Olhar sobre o corpo Discente do Colégio Estadual de Sergipe 32 UM OLHAR SOBRE O CORPO DISCENTE DO COLÉGIO ESTADUAL DE SERGIPE O corpo discente do Colégio Estadual de Sergipe foi também motivo de muita preocupação para a diretora Thétis Nunes No total de 849 alunos matriculados no ano de 1951 570 eram do curso ginasial e 279 do curso colegial Convém frisar que na visão da diretora esse quantitativo de alunos era superior à capacidade que o atual edifício poderia suportar acarretando em turmas de até 50 alunos Chama muito atenção da diretora o elevado número de alunos que abandonaram o curso no decorrer do ano letivo principalmente o curso de colégio ocasionando despesas para o Estado com a criação de novas turmas No tocante ao aproveitamento dos estudantes Thétis Nunes assevera ter sido pequeno em face da aprovação de cinco ou seis alunos apenas em algumas turmas Com relação às causas referentes a esse baixo aproveitamento a diretora relatou que Pelos resultados das aprovações finais já publicados no Diário Oficial do Estado concluímos que o aproveitamento dos alunos foi pequeno pois turmas existem onde só foram aprovados 5 ou 6 alunos apenas As causas deste baixo aproveitamento são difíceis de se precisar e somente um estudo mais detalhado e profundo poderá revelar as suas causas É o que pretendemos fazer no decorrer do corrente ano LIVRO DE CORRESPONDÊNCIAS CEMAS 1952 Segundo Franco 2015 os elevados índices de reprovação do CES não eram um fato novo embora fossem justificados pela Congregação Ao analisar o relatório referente às atividades administrativas do ano de 1952 principalmente no campo destinado ao corpo discente constatouse que a matrícula daquele ano letivo foi de 563 alunos no curso ginasial sete a menos de que no ano anterior e 278 no curso colegial uma matrícula a menos que em 1951 perfazendo um total de 841 alunos oito matrículas a menos levando em consideração as da administração passada No segundo relatório igualmente como fez com o primeiro Thétis Nunes apontou como problema de difícil solução o abandono dos alunos no decorrer do curso notadamente no curso de Colégio Como já dito esse fator acarretava despesas inúteis para o Estado que por sua vez criava novas turmas para suprir a demanda de matrículas Como no primeiro relatório Thétis Nunes relatou que não saberia precisar as causas que levaram ao baixo aproveitamento dos estudantes no ano de 1951 e que somente um estudo mais detalhado e profundo poderia revelar as causas desse problema Conquanto em 118 Um Olhar sobre o corpo Discente do Colégio Estadual de Sergipe 1952 não foi possível para Thétis Nunes realizar um estudo minucioso a respeito da questão em baila vindo ela a sugerir como solução imediata o exame de seleção como faz o Colégio Pedro II e outros estabelecimentos congêneres para o ingresso no curso colegial LIVRO DE CORRESPONDÊNCIAS CEMAS 1952 Corroborando com Mendonça 1958 Thétis Nunes apontou como principais causas para o recorrente problema o curso primário mal feito o espírito da nossa época a falta de cooperação dos pais falhas no sistema educacional predomínio do ensino teórico LIVRO DE CORRESPONDÊNCIAS CEMAS 1952 Entretanto a situação financeira da família também deve ser levada em conta pois para Santos 1999 o ingresso do aluno menos aquinhoado no Atheneu Sergipense era bastante difícil bem como para manterse nele uma vez que apesar de configurarse como um estabelecimento de ensino público cabia à família arcar com as despesas de fardamento do material escolar etc Digase de passagem por menores que fossem comprometiam os pequenos rendimentos familiares SANTOS 1999 p 30 Franco 2015 assevera que no ano de 1953 a situação na instituição não era diferente Havia 537 alunos matriculados no curso Ginasial 254 no curso Científico e 68 alunos no curso Clássico Segunda essa autora os altos índices de reprovação se mantinham e o acréscimo no número de matrícula exigia o avanço das obras de complementação das instalações físicas do prédio FRANCO 2015 p 176 Com relação ao quantitativo de matrículas do primeiro semestre de 1954 e de 1955 seguem ilustradas no Quadro 8 e no Quadro 9 Quadro 8 Matrículas do 1º semestre de 1954 1º CICLO 2º CICLO Curso Comum Curso Científico Mas Fem Total Mas Fem Total Mas Fem Total Manhã 1ª Série 74 28 102 2ª Série 77 51 128 3ª Série 86 50 136 4ª Série 53 52 105 Total 290 181 471 Tarde Mas Fem Total Mas Fem Total Mas Fem Total 1ª Série 37 170 2ª Série 19 42 3ª Série 16 41 Total 72 253 TOTAL GERAL 796 Fonte elaborado a partir de documentos do CEMAS 119 Um Olhar sobre o corpo Discente do Colégio Estadual de Sergipe Quadro 9 Matrículas do 1º semestre de 1955 1º CICLO 2º CICLO Curso Comum Curso Científico Mas Fem Total Mas Fem Total Mas Fem Total Manhã 1ª Série 101 35 136 2ª Série 104 45 149 3ª Série 103 63 166 4ª Série 48 40 88 Total 356 183 539 Tarde Mas Fem Total Mas Fem Total Mas Fem Total 1ª Série 15 21 36 90 73 163 2ª Série 05 07 12 51 38 89 3ª Série 06 10 16 14 18 32 Total 348 26 38 64 155 129 284 TOTAL GERAL 887 Fonte elaborado a partir de documentos do CEMAS No ano de 1954 foram matriculados nos cursos ginasial e colegial 804 alunos sendo dois dos quais foram transferidos e seis cancelaram suas matrículas perfazendo o total de 796 alunos matriculados no Colégio Estadual de Sergipe Em 1955 houve 91 matrículas a mais que no ano anterior perfazendo um quantitativo de 887 matrículas Na portaria nº 21 de 30 de dezembro de 1953 Thétis Nunes deixou claro que o número de pedido de transferências de outros estabelecimentos ultrapassava as possibilidades de matrículas do curso ginasial ofertado pelo Colégio Estadual de Sergipe tornandose pois difícil sem um critério prático e justo atender todas as solicitações Isso ocorreu devido ao fato de que a aprovação de alunos transferidos no ano findo foi mínima e que outros estabelecimentos oficiais de ensino a exemplo do Pedro II adotavam criteriosamente os exames de seleção para receber transferências Por isso resolveu que haveria na instituição exame de seleção para os alunos que desejassem se transferir para o curso ginasial Tal exame seria realizado a partir do dia 15 de fevereiro de 1954 por meio de provas escritas que contemplariam o programa da série cursada pelo estudante Os candidatos que desejassem matricularse na 2ª série realizariam uma prova de português e matemática os desejosos da 3ª série prova de português matemática e francês e os da 4ª série prova de português matemática francês e inglês Seriam aprovados os alunos que obtivessem nota superior ou igual a quatro em todas as disciplinas seguindo a ordem de classificação do aluno e ao número de vagas 120 Tempos de recordar ações de incentivo da diretora Thétis Nunes para com os alunos do Colégio Estadual de Sergipe 321 Tempos de recordar ações de incentivo da diretora Thétis Nunes para com os alunos do Colégio Estadual de Sergipe No discurso proferido por Thétis Nunes na sessão solene da Academia Sergipana de Letras em 2003 ela recordou um fato que muito a marcou enquanto diretora do Colégio Estadual de Sergipe Este fato diz respeito ao nível de intolerância do governador Arnaldo Garcez para com os atos de manifestações realizadas pelos ativistas sindicalistas não comunistas e comunistas Outrossim o setor antivarguista do exército realizou operações repressivas pelo Estado contra a sociedade civil na qual prenderam pessoas vinculadas ao Partido Comunista DANTAS 2004 Segundo a diretora Thétis Nunes no ano de 1953 a reação ensaiava apoderarse do poder no Brasil sob o pretexto de uma ameaça comunista a qual diziam partia de Sergipe Enfrentei o Coronel que queria entrar no estabelecimento para prender dois alunos que ele dizia serem comunistas NUNES 2003 p 236 Essa fala de Thétis Nunes coincide com a do exaluno Francisco Guimarães Rollemberg que quando perguntado na entrevista concebida a pesquisadora Adriana Andrade qual fato lhe marcou enquanto aluno do CES Respondeu de prontidão que foi a tentativa do exército de invadir o Atheneu a fim de prender alunos e a Thétis Nunes reagiu e não permitiu que as tropas militares invadissem o colégio e os prendessem O exército respeitou a postura dela e não invadiu o Atheneu O recuou do coronel se deu por meio da postura forte de Thétis Nunes sob a alegação desta de que se ele invadisse o estabelecimento para prender os dois alunos ela encaminharia seu pedido de demissão ao governador Como já mencionado ela aceitou o cargo mediante a condição de despachar diretamente com o governador Ao tecer considerações sobre esse assunto o professor Genivaldo Martires 2020 menciona que na ocasião valia a ordem do governador Thétis Nunes era uma mulher de convicções claras e assim não permitiria que passassem por cima da ordem do governador pois estariam passando por cima do poder dela É uma questão de autonomia administrativa É claro que quem for falar do assunto não vai se ater à questão da autonomia administrativa mas sim à questão social de defesa dos estudantes e tal MARTIRES 2020 Defendo o argumento de que na ocasião Maria Thétis Nunes valeuse do poder simbólico a ela conferido pelo governador aquele poder quase mágico que a permitiu 121 Tempos de recordar ações de incentivo da diretora Thétis Nunes para com os alunos do Colégio Estadual de Sergipe obter o equivalente daquilo que é obtido pela força física ou econômica isso graças ao efeito específico de mobilização que só se exerce se for reconhecido poder esse defendido por Bourdieu 1989 p 14 grifo do autor Partindo do precedente das ações de incentivos da diretora perante a classe discente do CES importa ressaltar sua atuação face ao Grêmio Literário Clodomir Silva78 sociedade cultural literária criada nos findos de 1933 por um grupo de alunos do então Colégio Atheneu Pedro II O grêmio foi inaugurado em 10 de janeiro de 1934 Recebeu essa denominação em homenagem ao saudoso professor Clodomir Silva79 que havia falecido em 1932 A criação dessa entidade literária contou com a autorização e apoio de Joaquim Vieira Sobral que naquele momento estava à frente da direção dessa renomada casa de ensino secundário Todavia de acordo com Rodrigues 2015 não foi localizado nenhum registro que comprovasse que o referido professor no ano de 1934 respondia pela direção da instituição É possível que no momento da criação do Grêmio Literário Clodomir Silva o professor Joaquim Vieira Sobral tivesse assumido o cargo de diretor interino uma vez que de acordo as fontes consultadas o diretor efetivo João Andrade Carvalho afastouse por diversas vezes do cargo para tratamento de saúde deixando a direção do colégio sob a responsabilidade de um professor RODRIGUES 2015 p 132 Os cargos da diretoria do Grêmio no ato de sua criação foram ocupados provisoriamente pelos alunos Lauro Fontes que assumiu como presidente João Simões dos Reis vicepresidente Joel Silveira80 secretário posteriormente presidente e Silvio Rocha orador Vale destacar os nomes dos alunos Paulo Reis e Lyses Campos dentre os 78 Ver RODRIGUES Simone Paixão Com a palavra os alunos associativismo discente no Grêmio Literário Clodomir Silva 1934 1956 2015 337 f Tese Doutorado em Educação Universidade Federal de Sergipe São Cristóvão 2015 79 Clodomir de Souza e Silva nasceu no dia 20 de fevereiro de 1892 em Aracaju Filho do casal Eugênio José da Silva e Argemira de São Pedro e Silva Foi aluno e também professor adjunto da cadeira de português do Atheneu Sergipense Lecionou ainda na Escola Técnica Conselheiro Orlando Atuou como redator do jornal oficial do Estado intitulado O Estado de Sergipe Foi um dos fundadores do jornal O Necydalus além de diretor e redator do jornal Correio de Aracaju Redigiu em Aracaju segundo Guaraná 1925 p 103 diversos periódicos literários e humorísticos entre os quais O Tagarela A Rua A Trombeta O Espião Vida Sergipana Helianto e A Semana Tem usado na imprensa os pseudônimos Essiele e João das Cubas Foi ainda redator do Sergipe Jornal diretor do jornal A Folha e aluno do quarto ano da Faculdade de Direito do Recite Foi membro substituto do Conselho Superior de Ensino e eleito deputado estadual para a legislatura de 1920 a 1922 80 Nasceu em 23 de setembro de 1918 na cidade de Lagarto SE Foi aluno do Atheneu Sergipense e um dos fundadores do Grêmio Literário Clodomir Silva Aos 19 anos mudouse para o Rio de Janeiro local no qual trabalhou com grandes publicações a exemplo dos jornais O Cruzeiro Diretrizes Última Hora O Estado de S Paulo Correio da Manhã e revista Manchete Foi repórter correspondente na Itália durante a Segunda Guerra Mundial Atuou mais de 60 anos como jornalista e também se destacou como escritor pelos mais de 40 livros lançados Recebeu os prêmios Líbero Badaró Esso Especial Jabuti Golfinho de Ouro e Machado de Assis o mais importante da Academia Brasileira de Letras Faleceu no mês de agosto do ano de 2007 no Rio de Janeiro 122 Tempos de recordar ações de incentivo da diretora Thétis Nunes para com os alunos do Colégio Estadual de Sergipe colaboradores e membros do órgão que se reuniam duas vezes por semana mais precisamente às terças e sextasfeiras por volta das 17h Os encontros ocorriam sempre após a última aula Nas reuniões discutiamse literatura e os problemas que afligiam os homens daquela época Vinculado ao Grêmio Literário Clodomir Silva foi criado em meados dos anos 1934 o jornal estudantil A Voz do Atheneu dirigido por Joel Silveira com a colaboração de Jaguanharo Passos Preenchiam as poucas páginas do citado jornal artigos relacionados a política local e nacional poemas e homenagens in memoriam dedicados aos seus associados notas sobre as ações dos integralistas e antiintegralistas em Sergipe além de discursos sobre a intelectualidade do Atheneu Sergipense Ao debruçarse sobre os escritos de Gilfrancisco 2019 e Rodrigues 2015 notouse que estes dois autores apontam momentos de paralisação e continuidade das atividades do referido grêmio Isto posto justifica o porquê de não haver em circulação nenhum jornal quando Thétis Nunes assumiu a direção do colégio vindo ela a solicitar verba ao secretário da Fazenda Produção e Obras Públicas Renato Cantidiano Vieira Ribeiro em maio de 1952 na proposta orçamentária referente ao exercício do ano de 1953 Nessa proposta a diretora propõe subvenção ao Grêmio Clodomir Silva órgão representativo da classe estudantil alegando que a presente verba possibilitaria pelo ao menos a saída de um jornalzinho anual LIVRO DE CORRESPONDÊNCIAS CEMAS 1952 grifo do autor Foi identificado na proposta orçamentária referente ao ano de 1954 expedida em 29 de abril de 1953 que Thétis Nunes novamente pediu subvenção ao Grêmio sob a mesma alegação de que tal verba possibilitaria pelo menos a saída de um jornalzinho anual LIVRO DE CORRESPONDÊNCIAS CEMAS 1953 Não identifiquei81 entre as correspondências expedidas e recebidas do Atheneu Sergipense nenhum documento que ateste o recebimento desse recurso financeiro porém o jornal voltou a circular em maio de 1953 como evidenciou Gilfrancisco 2019 ao relatar que a estudantada do Colégio Estadual especialmente a Diretoria do Grêmio daquele estabelecimento está bastante satisfeita com a notícia de que o presidente do GCCS em palestra com a Diretora da Casa a Ilmª Profª Maria Thétis Nunes soube dos propósitos da diretoria em fazer sair em breves dias um jornal que será o órgão oficial do GCCS e defensor dos estudantes do tradicional Colégio Ao que sabemos o jornal do CES será batizado com o nome do O Atheneu A turma estudiosa recebeu com alegrias a atitude da Profª Maria Thétis a diretora que tem conseguido dar novos rumos àquela Casa e o colega Souza Ramos já fizeram sentir junto à 81 Não encontrei mas isso não significa que não exista tal documento pois devido à pandemia o acervo do CEMAS se encontra com as portas fechadas Por causa deste fato as buscas por fontes foram suspensas 123 Tempos de recordar ações de incentivo da diretora Thétis Nunes para com os alunos do Colégio Estadual de Sergipe Direção o prazer o contentamento do Grêmio em o aparecimento dO Atheneu A Profª Thétis à diretoria do Grêmio Cultural Clodomir Silva e aos estudantes do Colégio Estadual os nossos parabéns pela ordem em que se encontra atualmente o Colégio e pelo aparecimento dO Atheneu GILFRANCISCO 2019 p 347 Outrossim além disso compartilho da mesma ideia no sentido de que para o historiador o documento atinge valor pela teia social que o envolve e pelo que revela de mais amplo de uma época e de uma sociedade KARNAL TASTCH 2011 p 21 E foi isso que fez o pesquisador Gilfrancisco 2019 Ademais Thétis Nunes como bem acentuou Santos 1999 p 31 acreditava no papel educativo do jornal enquanto fonte geratriz de ideias formador de opinião e descobridor de jornalistas Tanto que não poupou esforços para que esse voltasse a circular na instituição Santos 1999 p 31 pontuou que o desejo de Thétis Nunes se materializou quando em maio de 1954 saiu a primeira edição do jornal O Atheneu sob a direção do estudante José Joaquim dAvila Melo então presidente do Grêmio Estudantil Clodomir Silva No entanto em uma passagem do texto de Gilfrancisco 2019 notabilizase que a primeira edição do jornal teria saído em 1953 e não em 1954 O Ateneu órgão oficial do Grêmio Cultural Clodomir Silva Ano I nº1 7 de setembro 1953 Neste ano Antônio Souza Ramos foi reconduzido à Presidência do Grêmio Cultural e diretor do jornal Atheneu Colégio Estadual de Sergipe Depois de uma das mais agitadas campanhas eleitorais já realizadas no Colégio Estadual conseguiu como muitos esperavam os loiros da vitória o nosso estimado colega e diretor deste órgão Antônio Souza Ramos O pleito apesar de disputadíssimo e do interesse das partes contendoras decorreu na mais perfeita ordem sob a presidência do colega José Jorge Santos Mesquita que após a apuração declarou em presença da Ilmª profa Maria Thétis Nunes diretora do estabelecimento do Ilustre prof Napoleão Agilio Dória e de vários estudantes a vitória da chapa Conservadora o que foi aceito por todos os presentes partidários e adversários e chapa vencedora Porém algumas horas depois da apuração o presidente da chapa derrotada interpôs recurso inconstitucional e intempestivo contra a eleição do colega Ramos ao presidente em exercício do Grêmio que em decisão acertada e baseado nos princípios constitucionais não conheceu do recurso ficando assim de pé a vontade livre e soberana da maioria dos colegas atheneuense GILFRANCISCO 2019 p 348 No tocante à campanha eleitoral do grêmio Clodomir Silva à qual o texto acima faz alusão evidenciouse que o aluno José Joaquim dAvila Melo encaminhou ofício a diretoria do CES pedindo recurso de interposição contra a eleição ocorrida para diretoria do mencionado órgão literário obtendo como resposta de Thétis Nunes que o Diretor deve estar 124 Tempos de recordar ações de incentivo da diretora Thétis Nunes para com os alunos do Colégio Estadual de Sergipe acima das agitações partidárias que como é natural surgem no decorrer de qualquer pleito LIVRO DE CORRESPONDÊNCIAS CEMAS 1952 Portanto qualquer que fosse sua decisão enquanto regente do supradito colégio no mencionado recurso ela poderia ser mal interpretada Para ela caberia ao diretor se manter dentro da imparcialidade que até o momento vinha seguindo acatando e prestigiando qualquer chapa vencedora só intervindo quando as ações fossem de encontro à disciplina da casa LIVRO DE CORRESPONDÊNCIAS CEMAS 1952 grifo do autor O exaluno Francisco Rollemberg 2020 revelou que ele e os colegas do CES faziam política estudantil Inclusive havia aqueles que eram da direita e da esquerda isso em 1951 e 1952 período no qual ele estudou na instituição Ademais segundo Francisco não lhes era proibido fazer política estudantil e nelas eles debatiamdiscutiam uma série de coisas A professora Thétis não nos proibia em coisa alguma E nós éramos filiados da União de Estudantes Secundários de Sergipe e eu no meu segundo ano de Atheneu fui eleito para representar o Atheneu no Congresso da UFS em 1952 ROLLEMBERG 2020 Figura 17 Credencial do estudante Francisco Guimarães Rollemberg como membro da União Sergipana dos Estudantes Secundários USES 1952 Fonte Disponibilizada pelo exaluno Outrossim o exaluno Arivaldo Ferreira de Andrade assevera que Thétis Nunes percorria todo o prédio do CES andava pelos corredores de sala em sala mas é claro sem interromper as aulas dos demais colegas de profissão De acordo com o exaluno Arivaldo ela ficava praticamente na porta do edifício do Atheneu olhando cada aluno que entrava para que cada um se portasse dignamente com a sua farda toda colocada abotoada e os alunos poderiam sentir que ela além de ser a professora que foi Era uma diretora atenta para a imagem dos seus alunos 125 Tempos de recordar ações de incentivo da diretora Thétis Nunes para com os alunos do Colégio Estadual de Sergipe Quanto a esses alunos foi uma época excelente Arivaldo Ferreira de Andrade entrevista concebida no dia 20 de agosto de 2020 Conforme menciona Alves 2012 o uso do uniforme por parte dos alunos do Colégio constituíase como uma norma regimentar da instituição Assim sendo aquele aluno que não se portasse com o devido respeito ou fizesse mau uso do uniforme estava sujeito a punições Acerca do simbolismo atribuído ao fardamento escolar Graça 2002 denotou que Mesmo no primário a força simbólica do fardamento era tão importante que até as instituições filantrópicas anunciavam a sua doação indicando a cor o modelo e até o tipo de tecido Era um distintivo que valia a pena ser propagado Por serem distintivo representativo da ordem e da disciplina as escolas esmeravamse em adotar modelos sóbrios rico em detalhes e nada confortáveis A cada grau de escolaridade alcançado pelo aluno correspondia um fardamento mais trabalhado nesses elementos representava o distinto social que marcava o status quo dos estudantes dentro de uma mesma unidade de ensino GRAÇA 2002 p 80 Diante da impossibilidade do contato físico se fez imperioso o contato virtual no qual notei que a fala do aluno citado anteriormente estava carregada de toda uma simbologia da representação do fardamento escolar como parte da cultura escolar daquela instituição Contudo carece esclarecer o sentido que tem a expressão cultura escolar nesse contexto Aqui tomo de empréstimo o conceito de cultura escolar defendido por Faria Filho 2007 p 195 como a forma que em uma situação histórica concreta e particular são articuladas e representadas pelos sujeitos escolares as dimensões espaçotemporais do fenômeno educativo escolar os conhecimentos as sensibilidades e os valores a serem transmitidos e a materialidade e os métodos escolares Acerca do fardamento escolar Graça 2002 p 268 grifo do autor assevera que eram extremamente sóbrios e desaclimatados as meninas usavam meião grosso que chagava até acima dos joelhos com mangas compridas e punhos com saias até a metade da perna Todavia de acordo com essa autora nos findos do decênio de 1950 à medida que a sociedade acompanhava as mudanças de costumes notavase significativa modificação no fardamento escolar As meninas vestiam saias mais curtas feitas com tecido leve e mangas mais curtas também sendo a meia estilo soquete Já os meninos passaram a vestir camisas de mangas curtas e também podiam permanecer nas salas de aula com dois ou três botões das camisas abertas e com as bocas das calças mais apertadas No que tange aos jaquetões ficaram restritos a ocasiões especiais GRAÇA 2002 p 268 grifo do autor 126 Tempos de recordar ações de incentivo da diretora Thétis Nunes para com os alunos do Colégio Estadual de Sergipe No que concerne às dimensões espaçotemporais do estabelecimento de ensino o ex aluno Arivaldo Andrade 2020 também demostrou orgulho ao falar que o Atheneu tinha uma estrutura muito boa tinha o seu laboratório as salas de aulas muito bem organizadas tudo limpo os funcionários cada um nas suas funções como disciplinador dos alunos os sanitários limpos corredores limpos Ele elenca ainda que em todas essas ações existia o dedo de Thétis Nunes De acordo com as palavras do exaluno Francisco Rollemberg 2020 a diretora era uma mulher bondosa e muito justa que agia democraticamente Porém também era muito rígida exigia disciplina dos alunos senso de patriotismo tanto que aqueles alunos que não comparecessem à parada escolar desfile cívico de 7 de setembro eram penalizados Foucault 1996 nesse sentido compreende por punição tudo o que é capaz de fazer o sujeito sentir o erro que cometeu Para esse autor a disciplina traz consigo uma maneira específica de punir tudo o que está inadequado à regra tudo o que se afasta dela os desvios sendo portanto passível de pena o campo indefinido do nãoconforme FOUCAULT 1996 p 160 grifo do autor Nesse caso as portarias nº 23 e nº 24 ANEXO O datada de 9 de setembro de 1953 revelam como punição ao nãoconforme a suspensão de oito dias a um grupo de alunos do curso ginasial e do curso colegial do CES por não ter comparecido à parada de 7 de setembro Livro de Penas Impostas aos Alunos 19431958 CEMAS As práticas de premiar e punir os alunos no cotidiano escolar do Atheneu Sergipense revelam as relações entre os micro poderes e as práticas de poder estabelecidas nas sociedades modernas que pressionam todas as instituições pelo uso de meios coercitivos diretos ou indiretos que recaem sobre aqueles que vão de encontro às normas estabelecidas ALVES 2012 p 46 De acordo com essa autora a congregação de professores do Atheneu Sergipense incumbiase da responsabilidade de elaborar o regimento interno da instituição Evidencia ainda que estas práticas vinham desde o Lyceu Sergipense quando a Congregação deste enviou um relatório à Assembleia Provincial no ano de 1850 declarando que era interessante que se estabelecessem prêmios ou sinais de distinção medalhas para os estudantes que mais aproveitassem o curso ALVES 2012 p 47 Também foram identificados pela pesquisadora sinais de punição aos alunos transgressores Teria o aluno em questão escrito palavras caluniosas contra os professores e um outro perturbado a aula rastejando os pés 127 Tempos de recordar ações de incentivo da diretora Thétis Nunes para com os alunos do Colégio Estadual de Sergipe sobre o pavimento o primeiro teria sido punido com a perda do ano letivo enquanto que ao segundo teria sido aplicada pena de detenção por três dias a este deveria ser aplicada outra sanção a pena deveria também ser publicada na imprensa local ALVES 2012 p 48 Acerca do assunto Foucault 1996 p 160 denota que A ordem que os castigos disciplinares devem fazer respeitar é de natureza mista é uma ordem artificial colocada de maneira explícita por uma lei um programa um regulamento Entretanto para este autor A punição na disciplina não passa de um sistema duplo gratificaçãosanção FOUCAULT 1996 p 161 128 Para além da sala de aula Um olhar acercar dos outros espaços do Colégio Estadual De Sergipe 33 PARA ALÉM DA SALA DE AULA UM OLHAR ACERCA DOS OUTROS ESPAÇOS DO COLÉGIO ESTADUAL DE SERGIPE Segundo Gallindo e Andreotti 2012 p 136 a administração escolar no Brasil no período do nacionaldesenvolvimentista 19461964 deve ser observada como parte das iniciativas que refletiam o movimento e a expansão industrial dentro dos moldes do capital internacional Esses autores partilham do entendimento de Felix 1982 acerca do conceito de administração como um fenômeno geral por se fazer presente na organização e domínio do modo de produção de várias sociedades desde a antiguidade GALLINDO ANDREOTTI 2012 p 136 No entanto na visão desses autores a administração se tornou mais explícita e estruturante submersa ao modelo de produção capitalista pelo fato de este ter como objetivo a acumulação de capital desencadeando assim a sistematizada exploração máxima da força de trabalho e o controle rigoroso do capital GALLINDO ANDREOTTI 2012 p 136 Entretanto no que diz respeito à administração escolar no Brasil principalmente no marco temporal estudado neste trabalho não havia sido produzido um corpo teórico que desse suporte às suas necessidades ou que permitisse avançar nas áreas de organização do sistema e da estrutura da rede escolar GALLINDO ANDREOTTI 2012 p 138 Como evidenciado entre 1951 e 1955 vigorava ainda a Lei Orgânica do Ensino Secundário de 1942 na qual a função de diretor relacionavase a um gerenciador a serviço do sistema escolar em seus aspectos econômicos verbas da educação e produção de mão de obra para o mercado políticos cumprimento da legislação com vias ao crescimento econômico e sociais atender aos anseios da população por uma escolarização que implicaria em emprego melhoria econômica e ascensão social O diretor da escola assim ocupou posição hierarquicamente constituída e dentro da concepção da administração empresarial assumiu um papel de comando todavia encontravase subordinado à legislação cumprindo então o papel reprodutor das políticas públicas fixando sua ação na área administrativa e não pedagógica GALLINDO ANDREOTTI 2012 p 140 Convém salientar que quando Thétis Nunes assumiu a função de dirigente do Colégio Estadual de Sergipe não havia nenhuma exigência quanto à obtenção de registro de diretor uma vez que ela foi nomeada pelo próprio governador Todavia ao localizar a portaria nº 954 datada de 29 de novembro de 1954 identifiquei que há nesse documento instruções para aqueles que desejavam a partir desse ano candidatarse às funções de diretor e de secretário 129 Para além da sala de aula Um olhar acercar dos outros espaços do Colégio Estadual De Sergipe de estabelecimentos de ensino secundário equiparados e reconhecidos ou ainda que tinham autorização do governo para funcionar Essa portaria notifica ao possível candidato a exigência prévia do registro da Diretoria de Ensino Secundário Dessa forma só poderiam exercer as funções de diretor e professores aqueles que estivessem devidamente registrados nessa diretora e que fosse portador do registro de diretor Para obtenção do registro tinham que se submeter à prova de certidão de capacidade profissional cultural e de condições pessoais Antes dessa portaria a administração de cada estabelecimento estava enfeixada na autoridade do diretor que presidiria ao funcionamento dos serviços escolares ao trabalho dos professores às atividades dos alunos e às relações da comunidade escolar com a vida exterior velando para que regularmente se cumprisse no âmbito de sua ação a ordem educacional vigente no país LIVRO DE CORRESPONDENCIAS CEMAS 1952 a 1959 grifo do autor Dito isso cabia ao diretor presidir o funcionamento dos serviços escolares Desse modo constatouse que a diretora Thétis Nunes presidiu com desenvoltura suas funções notadamente quanto à biblioteca escolar do Colégio Estadual de Sergipe que recebeu dela significativa atenção Como dito anteriormente por Franco 2015 a organização da biblioteca principalmente no que tange à elaboração do plano de aquisição de novas obras catalogação e fichamento viria a ser uma das principais dificuldades enfrentadas no primeiro ano de funcionamento dessa instituição Partindo dessa premissa ao analisar as correspondências do Atheneu no ano de 1952 pude constatar que realmente desde o início Thétis Nunes voltou seu olhar para a questão da biblioteca O ofício datado de 14 de janeiro de 1952 faznos em conhecedores de que Maria Deodora Santos e José Garcez Sobrinho eram os bibliotecários da instituição sendo que este último também ocupava a função de auxiliar do diretor Ainda nessa mesma data no fim do ano enviou ao professor João Evangelista Cajueiro diretor do Departamento de Educação relatório que prescrevia minuciosamente as atividades desse estabelecimento de ensino relativo ao ano de 1951 Ver APÊNDICE E Já em ofício datado de 02 de abril de 1952 Thétis Nunes encaminhou para Renato Cantidiano Vieira Ribeiro secretário da Fazenda Produção e Obras Públicas na época uma relação de material permanente a ser adquirido pelo CES e dentre esse material constam livros revistas e outras publicações destinadas à biblioteca Também explicita que os livros deveriam ser adquiridos na Livraria Regina Gráfica Editora e Monteiro no valor de Cr 130 Para além da sala de aula Um olhar acercar dos outros espaços do Colégio Estadual De Sergipe 300000 sob a alegação de que no início do ano letivo era imprescindível aparelhar a biblioteca de livros essenciais ao curso Reforçou ainda que a biblioteca da instituição estava desfalcada de obrasprimas das literaturas nacional e universal o que tornava vital a compra delas Em maio agora na proposta orçamentária elaborada pela diretora para o exercício de 1953 ver no APÊNDICE G ela solicitou que pela verba 332833223 destinada a material permanente fossem adquiridos livros ou quaisquer publicações visto que estas vinham sofrendo considerável aumento no preço Mais uma vez a diretora reiterou que com a verba de que dispunha a instituição nada poderia fazer para melhorar a situação da biblioteca que naquele momento se encontrava desfalcada principalmente de obras essenciais para atender à sua finalidade Novamente e com a mesma justificativa o alto custo de vida do sergipano exigiu em 11 de setembro de 1952 suplementação da mencionada verba no valor de Cr 200000 para aquisição de livros revistas e outras publicações destinadas a coleções e à biblioteca Em Sergipe na década de 1950 houve segundo Santos e Oliva 1998 um crescimento industrial do operariado e de criação de sindicatos Apesar do modo como essas transformações ocorreram agravou ainda mais a desigualdade entre as regiões do país Para as autoras enquanto o estado de São Paulo e a região sudeste cresciam agravava a situação dos estados situados na região nordeste Sergipe foi um desses estados a sentir de perto essas dificuldades Retomando a discussão sobre a afirmação de Santos 1999 de que o governador Arnaldo Rolemberg Garcez teria vestido a camisa do Atheneu Sergipense uma vez que todas as solicitações feitas por Thétis Nunes sempre foram atendidas não sei precisar se houve de fato esse atendimento mas o ofício de nº 12382 datado de 19 de março de 1953 expedido por Antônio Carlos do Nascimento Junior que respondia na época como secretário da Fazenda Produção e Obras Públicas dáme indícios de que algumas das solicitações feitas pela diretora Thétis Nunes tinham resposta favorável Um exemplo disso é o oficio de nº 41 no qual Thétis Nunes solicitou que fosse liberada pelo governador verba para a compra de livros revistas e outras publicações destinadas à biblioteca no valor de Cr 300000 O governador liberou a verba mas apelava para que não a ultrapassasse 82 Ver Ofícios nº 41 e nº 123 no ANEXO F e G 131 Para além da sala de aula Um olhar acercar dos outros espaços do Colégio Estadual De Sergipe O relatório enviado em 10 de janeiro de 1953 Ver APÊNDICE F para o então diretor do Departamento de Educação Exupero Monteiro83 reforça o argumento de que as solicitações feitas por Thétis Nunes eram atendidas pois esta ao discorrer sobre a biblioteca explicitou que nossa Biblioteca escolar consta de alguns melhores exemplares para empréstimo ao estudante pobre o que tem facilitado muito o estudo tendo em conta o alto nível de vida É a nossa Biblioteca porém desorganizada sem fichários sem pessoal especializado o que a torna um amontoado de livros Nada ainda podemos tentar no sentido de sua remodelação por falta de sala adequada o que tentaremos fazer no próximo ano com a inauguração da nova parte do edifício LIVRO DE CORRESPONDÊNCIAS CEMAS 1953 Quando Thétis Nunes falou que consta o acervo de exemplares melhores é porque certamente alguns dos seus pedidos foram atendidos No entanto constatase que a biblioteca ainda continuava desorganizada sem fichários e sem pessoal especializado sendo uma questão a ser trabalhada no ano vindouro de 1953 com a inauguração da nova parte do edifício Por outro lado o ofício nº 144 de 8 de agosto de 1953 este em resposta ao ofício de nº 1454 enviado pelo diretor da Faculdade Católica de Filosofia de Sergipe evidencia que a biblioteca do CES servia a outras instituições Nesse documento Thétis Nunes relatou que tinha a satisfação de colocar à disposição da Faculdade de Filosofia os livros da biblioteca do Colégio Estadual de Sergipe para o uso que deles precisarem fazer os alunos e professores dessa Escola superior LIVRO DE CORRESPONDÊNCIAS CEMAS 1953 Outrossim nesse mesmo ano a Faculdade de Filosofia também solicitou que fosse colocado à sua disposição o gabinete de Física84 do CES tendo obtido de Thétis Nunes resposta favorável ao pedido ANEXO H I e J Nas entrelinhas percebese uma certa animosidade entre Thétis Nunes e Dom Luciano Duarte diretor da Faculdade Católica de Filosofia de Sergipe As fontes revelam que os salões de Geografia e História também receberam atenção da 83 Exupero de Santana Monteiro nasceu em Itabaianinha SE no dia 8 de fevereiro de 1900 Filho do casal Pedro Santana e Firmina Santana Monteiro Aos cinco anos de idade foi levado para Estância onde permaneceu sob os cuidados de sua madrinha Maria Cândida Monteiro mestra e diretora do Colégio Camerino Foi diretor do Departamento de Educação e da Imprensa Oficial além de ter sido inspetor escolar Como jornalista escreveu no jornal A Razão e de Estância Poeta e prosador cearense autor das obras Rui Barbosa 1958 Musa Matuta 1932 Na Luta sd Musa Aldeã sd e Alma Pagã 1939 Confrade da Academia Sergipana de Letras inebriouse com o discurso em 19 de novembro de 1931 na solenidade de recepção de Pedro Calazans patrono da cadeira vaga por Hermes Fontes diretor em exercício do Departamento de Educação 84 Ver Gabinetes eou salões de Física e Química nos ANEXOS K L e M 132 Para além da sala de aula Um olhar acercar dos outros espaços do Colégio Estadual De Sergipe diretora pois no ano de 1952 dentro da verba destinada a material permanente ela procurou adquirir alguns materiais essenciais à sua organização Por meio do ofício nº 85 de 9 de maio de 1953 solicitou novamente ao secretário da Fazenda Antônio Carlos do Nascimento Júnior que o governador liberasse verba para a compra dos materiais descritos a seguir Figura 18 Materiais solicitados por Thétis Nunes para os Salões de Geografia e História Fonte Acervo do CEMAS Além do mais solicita que esses materiais sejam comprados na Casa Ernesto Tavares no Rio de Janeiro por ser a empresa que apresentou o melhor preço Isto mostra que Thétis Nunes também se preocupava em realizar orçamentos e comparar preços para assim não ultrapassar as verbas como solicitado pelo governador Outrossim constatouse que Maria Thétis Nunes tinha ciência de que os salões de HistóriaGeografia e de FísicaQuímica eram de muita serventia ao alunado do CES Tanto que com as sobras das verbas e quando possível comprava materiais necessários para o seu funcionamento No parecer da diretora o colégio estava no ano de 1952 desaparelhado de material escolar adequado às exigências pedagógicas modernas em todos os âmbitos Em vista disso evidenciouse que o laboratório de Química há muito tempo vinha sendo motivo de reclamações por parte da classe estudantil do CES fato notabilizado no artigo intitulado Laboratório de Química do Colégio Estadual de Sergipe escrito pelo aluno D R de Mendonça e publicado no jornal estudantil A Voz do Estudante em agosto de 1946 133 Para além da sala de aula Um olhar acercar dos outros espaços do Colégio Estadual De Sergipe Figura 19 Artigo denunciando as precárias condições do Laboratório de Química do Atheneu Pedro II Fonte Gilfrancisco 2020 Diante dessa situação a diretora procurou com as parcas verbas de que dispunha o estabelecimento de ensino e com a compreensão do governador do Estado adquirir material para o salão de História e Geografia e no ano de 1953 organizar as salas de línguas vivas de Desenho e Trabalhos Manuais LIVRO DE CORRESPONDÊNCIAS CEMAS 1953 grifo do autor 134 Para além da sala de aula Um olhar acercar dos outros espaços do Colégio Estadual De Sergipe A cabo de explicação muitos dos salões supraditos já existiam na antiga instituição Assim sendo coube a Thétis Nunes como dito por Santos 1999 arrumar e projetar o uso dos espaços da nova instituição Segundo o exaluno Francisco Rollemberg 2020 o novo prédio quando foi entregue contava com seis salas grandes na frente Afirma ainda que construído só tinha a área ao lado da praça e a frente todo o restante era murado para posteriormente ser construído ROLLEMBERG 2020 Deste modo a pesquisa esbarra no principal percalço enfrentado na gestão de Thétis Nunes que foi gerir uma instituição de ensino inacabada e com obras em andamento Outro fato que atesta e dá subsídios no sentido de que as investidas e pedidos feitos por Thétis Nunes eram realmente atendidos além de sua gestão terse preocupado deveras com o alunado pobre foi a inauguração do gabinete dentário em 18 de fevereiro de 1952 pouco tempo após ela assumir a direção da instituição As despesas desse consultório dentário foram acrescentadas na proposta orçamentária para o exercício de 1953 Acerca desse assunto Thétis Nunes mencionou Em setembro do ano passado inauguramos um moderno gabinete dentário que desde então tem prestado relevantes serviços ao estudante pobre Foram atendidos muitos alunos tendo sido feitas neste curto espaço de tempo 101 obturações e 41 extrações LIVRO DE CORRESPONDÊNCIAS CEMAS 1953 No artigo intitulado Arnaldo Garcez e os Estudantes do Colégio Estadual escrito pelo aluno do 1º ano do curso clássico Francisco Melo de Novais e publicado no jornal O Atheneu em 7 de setembro de 1953 ele em nome dos demais estudantes parabenizou o governador Arnaldo Rollemberg por concluir as obras de construção do CES iniciadas no Governo de José Rollemberg Leite como também por desenvolver assistência social GILFRANCISCO 2019 A respeito do gabinete dentário noticiouse que Figura 20 Passagem do artigo Arnaldo Garcez e os Estudantes do Colégio Estadual Fonte Gilfrancisco 2019 135 Para além da sala de aula Um olhar acercar dos outros espaços do Colégio Estadual De Sergipe A passagem do texto apresentado anteriormente além de enfatizar a instalação do gabinete dentário do CES revela a postura da administração do governador Arnaldo Rollemberg notadamente no que concerne à classe estudantil da época Diante do que já foi exposto sobre o consultório dentário as fontes revelam que Noeme Meneses Santos foi contratada desde o ano de 1952 para atuar como odontóloga responsável por esse gabinete tendo seu contrato renovado em 1953 e 1954 Entretanto o feito que mais marcou a gestão de Thétis Nunes foi a inauguração do auditório85 do Colégio Figura 21 Thétis Nunes discursando na inauguração do Auditório Fonte Santos 1999 Como dito por Santos 1999 e acrescido por Franco 2015 a ala administrativa composta de salas específicas para a direção secretaria sala da congregaçãoprofessoresinspetoria e o auditório seria concluída e inaugurada no transcorrer do mandato de Arnaldo Garcez A construção do auditório deuse a partir da liberação do crédito especial no valor de dois milhões e oitocentos e um mil cruzeiros Cr 280100000 por parte do supramencionado governador por meio do decreto nº 206 de 02 de junho de 1953 Ver ANEXO B 85 Ver ANUNCIAÇÃO Tássia Oliva de Souza O teatro Atheneu e suas memórias palcocasa da arte em AracajuSergipe São Cristóvão SE 2019 77 f Monografia Licenciatura em Artes Universidade Federal de Sergipe 2019 136 Para além da sala de aula Um olhar acercar dos outros espaços do Colégio Estadual De Sergipe Em virtude disso tomo de empréstimo as palavras proferidas por Thétis Nunes no ato da solenidade de inauguração do auditório a fim de demostrar sua satisfação quanto à entrega desse espaço Este auditório é o triunfo da Esperança A esperança de sua construção é longínqua muitos o sonharam A realidade porém só hoje temos graças à ousadia e ao espírito empreendedor do governador Arnaldo Garcez Data do início do seu governo o sonho da construção do auditório sonho exposto à Congregação do Colégio Estadual de Sergipe e entusiasticamente recebido havendo de logo apaixonados dela sobretudo os professores Manuel Ribeiro e Felte Bezerra É nossa esperança que no futuro aqui poderemos através de grandes intérpretes ouvir ecoar as vozes de personagens imortais criados por Moliére Ibsen Shaw ou Shakespeare nos encontraremos com os ritmos das baladas criadas por Tchaikowsky Shubert ou Stravinsky ouviremos execuções famosas de Chopin Lizt ou Bethoven Conferencistas famosos aqui poderão nos trazer através de sua palavra as últimas conquistas das ciências ou mensagens literárias para nossa mocidade escolar o Auditório terá profunda influência Permitirá o despertar de vocações o desabrochar de talentos nos festivais a serem organizados NUNES 1999 apud SANTOS 1999 p 3233 De acordo com declaração publicada no Diário Oficial em 19 de abril de 1955 a comissão de membros da congregação do Atheneu Sergipense ficaria encarregada por decreto governamental de administrar o auditório vindo a esclarecer ao público que em ponto de vista da Comissão que sendo o Auditório um anexo do colégio que é por excelência uma Casa de educação nada deverá ser exibido em seu palco que possa de qualquer jeito causar dano à boa formação da adolescência Deste modo exibições teatro etc ficam com seus argumentos sujeitos a um prévio exame da Comissão b A Comissão considera o Auditório patrimônio do Colégio não se reconhece nele o destino de se prestar à concorrência com os teatros locais ao ser cedido ou contratado por companhias de teatro o auditório não foi edificado com o fim de ser explorado comercialmente c Conforme estabelece o regimento da Comissão toda entidade ou pessoa de reconhecida idoneidade ou juridicamente responsável a juízo da Comissão que pretender a cessão do Auditório deverá dirigir um requerimento por escrito ao diretor do Colégio que é o presidente nato da Comissão em que indica a finalidade de que pleiteia dia e hora e deverá aguardar que o diretor lhe dâ a devida resposta negativa ou favorável e nesta hipótese o diretor confirmará a data solicitada ou oferecerá outra de acordo com a revolvida pela Comissão e os interesses do Colégio Somente depois da obtenção desta resposta o interessado poderá anunciar ou divulgar a data fixada e nunca antes da resposta à revelia da Comissão como já tem acontecido o que poderá levar o público a um julgamento errôneo dos responsáveis pelo Auditório desconhecidas as verdadeiras razões que originem a aparente revogação de medidas HEMEROTECA Recortes de Jornais Diário Oficial de Sergipe 1951 à 1957 137 Para além da sala de aula Um olhar acercar dos outros espaços do Colégio Estadual De Sergipe Embora coubesse à comissão de membros da congregação do Atheneu Sergipense administrar o auditório caberia a Thétis Nunes como diretora da instituição e como presidente da comissão dar veredito favorável ou não a qualquer solicitação feita quanto ao uso desse espaço Na visão do exaluno Francisco Rollemberg 2020 Arnaldo Garcez fez o auditórioteatro para estimular as artes Conforme Santos e Oliva 1998 p 98 a Sociedade de Cultura Artística de Sergipe SCAS pouco tempo depois da inauguração do auditórioteatro possibilitou a apresentação em seu palco de artistas famosos do Brasil e do estrangeiro Em contrapartida as autoras alegam que pouca gente participava em Aracaju desse movimento cultural em virtude de a maioria da população estar fora da escola e de o analfabetismo entre os adultos ser enorme Outro ponto enfatizado por elas diz respeito à migração de muitos sergipanos para outros estados sendo que muitas das vezes eles não conseguiam dar notícias suas às famílias e quando conseguiam corriam o risco de ficar sem resposta visto que suas esposas e filhos tinham que esperar alguém que pudesse lêlas e responder às missivas Aproximadamente na metade de 1930 intensificouse a pressão popular por mais escolas e contra o analfabetismo Em vista disso também urgiu a necessidade de modernização do país em face do processo de expansão da industrialização Foi sobretudo no decênio de 1950 que se instauraram em todo o país manifestações em prol de mais escolas para o povo Segundo as mencionadas autoras Esta década é muito importante para a história pela luta da educação É deste período a criação dos primeiros cursos universitários em Sergipe Os estudantes universitários e secundaristas começaram a fazer manifestações exigindo mais escolas públicas de segundo grau e fazendo campanha contra o analfabetismo Algumas dessas lutas iniciadas nos anos 50 só alcançaram realizações nos primeiros anos da década de 60 SANTOS OLIVA 1998 p 99 Contudo apesar de os sergipanos vivenciarem em meados do decênio de 1950 um cenário marcado pela violência política e pela frágil economia limitada principalmente pelo longo período de seca e de uma situação educacional distante do ideal notabilizavase um acréscimo no número de matrículas o que fez o governador Leandro Maciel disponibilizar em 1956 recursos para melhorias necessárias suplementando o orçamento do Departamento de Educação Desse modo foram destinados para a 138 Para além da sala de aula Um olhar acercar dos outros espaços do Colégio Estadual De Sergipe complementação das obras do Colégio Estadual de Sergipe Cr 276591000 Nesse mesmo ano foi restaurada a Arcádia Estudantil liderada por Iroito Dórea Leó nela estimulavase o interesse dos estudantes pela vida cultural e artística da instituição GRAÇA 2015 p 178 grifo do autor De acordo com Graça 2015 p 183 também foi motivo de preocupação desse governo a manutenção das estruturas físicas do Colégio Estadual de Sergipe notadamente quanto à ampliação e atualização das estruturas de apoio pedagógico como a biblioteca os gabinetes de química física e história natural 139 Breves Considerações BREVES CONSIDERAÇÕES Como que por um acaso do destino a menina que amava fazer peripécias que tinha como robby subir em árvores que do alto da grande mangueira existente em seu quintal deslumbravase com os encantos da bela serra de Itabaiana num piscar de olhos passou a vislumbrarse com a imensidão de água do estuário do rio Sergipe A filha de dona Anita guardou consigo as lembranças daqueles que sobremaneira marcaram seus jovens anos escolares A priori a querida professora Izabel Esteves de quem recebeu os primeiros ensinamentos na pequena e modesta Escola de Nº 1 em Itabaiana a posteriori Leonor Teles professora com quem fez um breve curso preparatório para ingressar no Atheneu Sergipense Somamse a essas duas profissionais as figuras dos célebres e eternos professores do Atheneu Sergipense Arthur Fortes Joaquim Vieira Sobral e Felte Bezerra que proporcionaram conhecimentos a Thétis Nunes desde o curso ginasial científico e complementar e que muito a incentivaram em sua trajetória intelectual De Itabaiana a Aracaju de Aracaju rumo à Bahia Baía de TodososSantos do axé do acarajé do maculelê do escritor Jorge Amado e do compositor Dorival Caymmi A jovem universitária Maria Thétis Nunes viu em meados de 1942 sua vida mudar totalmente mudou seus ares e o estilo de vida pois teve que morar sozinha longe do aconchego e da proteção familiar Em contrapartida os bancos universitários da Faculdade de Filosofia da Bahia lhe proporcionaram participar ativamente da UEB onde atuou como vicepresidente e chegou a ser premiada pela publicação de artigos na revista Cultura Longe de casa viveu e experienciou novas emoções a dor da perda do seu querido professor Arthur Fortes o medo iminente do envolvimento do Brasil na Segunda Guerra Mundial o impacto e o horror ocasionados pelos torpedeamentos de navios nas costas litorâneas de Sergipe e da Bahia Lá teve bons professores a exemplo de Thales de Azevedo que lhe abriu os caminhos rumo à pesquisa criou laços que se ataram além dos portões da Faculdade e que transcenderam as divisas entre Bahia e Sergipe Como diz o ditado popular O bom filho à casa torna Embora tivesse sido convidada pela Faculdade de Filosofia da Bahia para permanecer lá ministrando aula NUNES 2003 retornou para Aracaju e para o Atheneu Sergipense não mais como aluna sim como professora catedrática da cadeira de Geografia Geral por meio de concurso que deu muito pano para as mangas na época e que nos dias hodiernos com um pedaço de 140 Breves Considerações retalho daqui e outro acolá ainda faz uma bela colcha de casal Thétis Nunes foi uma mulher leal a seus princípios uma pessoa de convicções claras e de personalidade muito forte que não se deixou abater diante das adversidades da vida principalmente pelo fato de ser na época a primeira e única mulher dentre os 21 professores catedráticos a compor a cátedra do Atheneu Sergipense e a posteriori a primeira mulher a dirigila rompendo assim com alguns estigmas acerca da cultura feminina da época a exemplo da ideia de que cabia à mulher ser devota ao lar Ademais na época as oportunidades profissionais para a mulher sendo esta pertencente à elite restringiase a uma educação com ênfase na vida doméstica cuidado para com os filhos o marido e a casa quanto à classe média e pobre consideravamse funções femininas à docência o bordado a costura a enfermagem o secretariado podendo ainda atuarem como comerciária telefonista e operária nas fábricas destarte da mulher desse tempo estavam os cargos de chefia e diretivos cargos estes que conferiam prestígio ao homem SANTOS 1999 A pesquisa ao tentar responder ao questionamento por que dentre os seus pares Maria Thétis Nunes foi a escolhida para atuar como diretora do Colégio Estadual de Sergipe por meio das memórias das fontes orais desmistifica a narrativa criada que sua indicação não teve nenhuma vinculação política Ao conceder uma entrevista no dia 03 de dezembro de 2020 o professor Dr Jorge Carvalho do Nascimento relatou que tanto Thétis Nunes como o seu irmão Fernando Barreto Nunes eram ligados ao PSD Prudente Maria Thétis Nunes não declarava publicamente seus interesses pessoais nem mesmo levantava bandeira para partido X ou Y O professor testemunha ainda que os irmãos Nunes eram amigos pessoais do grupo liderado por Arnaldo Garcez bem como que Thétis Nunes todos os anos no aniversário do governador ia até a sua propriedade a fazenda Camaçari situada em Itaporanga DAjuda para cumprimentálo e levarlhe um presente fato que perdurou até a morte dele NASCIMENTO 2020 Outrossim de acordo com as memórias do professor Jorge Carvalho do Nascimento não era só o governador Arnaldo Garcez que compunha a rede de sociabilidade de Thétis Nunes nessa época e sim variados nomes da liderança do PSD como José Rollemberg Leite Armando Rollemberg Manoel Cabral Machado e outras personalidades que lideravam o partido Um fato concreto é que Thétis Nunes era uma pessoa que escolhia sabiamente com quem se relacionar e cultivava muito bem estas relações a exemplo dos professores catedráticos Arthur Fortes Felte Bezerra e Joaquim Vieira Sobral professores seus nos jovens 141 Breves Considerações anos escolares no Atheneu Pedro II e que se não fosse pela morte do primeiro seriam todos eles companheiros de profissão dela Todavia é notório que o governador sabia da capacidade intelectual e de liderança que possuía Thétis Nunes por que se ela não fosse capaz de liderar a congregação não teria sido nomeada para o cargo Percebese então que o governador no processo de escolha não levou em conta somente a vinculação política mais também o cabedal intelectual e o respeito dos demais catedráticos para com Thétis Nunes Posto que na época havia no estado poucos professores licenciados e com cursos superiores em virtude disso era comum advogado engenheiro médico e outros autodidatas ganharem títulos provisórios para ministrarem aulas NASCIMENTO 2020 Partindo da premissa de que ninguém faz nada sozinho durante sua gestão como diretora do Colégio Estadual de Sergipe Maria Thétis Nunes contou com grandes préstimos de uma equipe formada por auxiliar de diretor86 e secretário função gratificada dois oficiais administrativos e cinco escriturários dois bibliotecários um conservador de biblioteca e um arquivista um porteiro e sete zeladores sete inspetores de aluno e um auxiliar de disciplina dois serventes duas serventes diaristas e tarefeiros os quais a ajudaram a presidir o funcionamento dos serviços escolares Contou também com o apoio do governador Arnaldo Rollemberg Garcez que muito contribuiu para que ela exercesse com muita desenvoltura o papel de dirigente da principal casa de ensino secundário do Estado A diretora Thétis Nunes com muita diligência conseguiu catalogar os livros da biblioteca No ano de 1954 por meio do decreto de 14 de outubro desse ano autorizou o uso do livro de registro das obras pertencentes ao colégio Nesse livro constam o número de registro o número de classificação nome do autor e título da obra Dentre as obras constam as de célebres escritores sergipanos a exemplo de Tobias Barreto87 Dias e Noites Polémicas Discursos Estudos de Direitos Estudos Allemães Questões Vigentes Menores e Loucos e Fundamentos do Direito de Punir Laudelino Freire88 Revista de Língua Portuguesa e 86 No ofício de nº 47 de 28 de fevereiro de 1952 aparece como auxiliar de diretor o senhor Epaminondas Rocha Teles 87 BARRETO Luiz Antônio Tobias Barreto uma biobibliografia In Centro de Documentação do Pensamento Brasileiro Tobias Barreto 18391889 bibliografia e estudos críticos sd Disponível em httpwwwcdpborgbrantigotobiasbarretopdf Acesso em 26 jan 2021 88 Laudelino de Oliveira Freire nasceu em Lagarto SE em 26 de janeiro de 1873 Formouse em Direito no ano de 1902 Exerceu a advocacia e cargos públicos no magistério No jornalismo colaborou na imprensa sob os pseudônimos Lof e Wulf Enveredouse na política na qual cumpriu três mandatos como Deputado Estadual na Assembleia Legislativa de Sergipe Foi professor catedrático do Colégio Militar diretor da Gazeta de Notícias e colaborou em diversos jornais Foi fundador da Revista da Língua Portuguesa na qual publicou trabalhos de alto valor literário e filológico a exemplo da Réplica de Rui Barbosa Ocupou a cadeira de nº 10 da Academia 142 Breves Considerações Armindo Guaraná89 Dicionário Biobibliográfico Sergipano Também constam muitas das obras apontadas no Quadro 7 Livros adotados pelo Colégio Estadual de Sergipe para o ano de 1952 Notabilizase que apesar dos prós e contras Maria Thétis por meio dos muitos esforços conseguiu na medida do possível disponibilizar uma biblioteca aparelhada de obras de grandes préstimos para a classe menos afortunada do colégio bem como realizar sua catalogação possibilitando assim ao aluno pobre o acesso a livros e obras indispensáveis à formação intelectual utilizandose do empréstimo e manuseio via biblioteca escolar Somam se a suas ações em prol dos menos afortunados a instalação e manutenção do gabinete dentário a partir do ano de 1952 o que mostra um certo lado assistencialista da diretora que muito sonhou com um mundo mais justo e mais humano sem as profundas desigualdades sociais dominantes NUNES 2003 Outrossim constatouse que Maria Thétis Nunes com o apoio do governador fez significativas realizações no campo da didática escolar do Colégio Estadual de Sergipe com a instalação e aparelhamento dos salões de HistóriaGeografia de FísicaQuímica e de DesenhoTrabalhos Manuais Possivelmente por Maria Thétis Nunes ter vivenciado muitas dificuldades no seu tempo de aluna e por ser de família modesta situação semelhante à que viviam alguns alunos do CES ela focou durante sua gestão e se preocupou deveras com a condição e permanência desses alunos na instituição Entretanto no que tange à Cooperativa Escolar João Ribeiro que Thétis Nunes teria fundado só encontrei um documento datado de 26 de outubro que trata do termo de abertura de um livro com 50 páginas destinado às atas das sessões da diretoria da Cooperativa sendo esta anexa ao colégio fato que comprova a existência desta Brasileira de Letras em sucessão a Rui Barbosa Atuou como advogado jornalista professor político crítico e filólogo Faleceu no dia 18 de junho de 1937 no Rio de Janeiro RJ ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS Biografia Laudelino Freire sd Disponível em httpswwwacademiaorgbracademicoslaudelino freirebiografia Acesso em 30 jan 2021 89 Manoel Armindo Cordeiro Guaraná nasceu em 4 de agosto de 1848 na cidade de São Cristóvão Filho do casal Teodoro Cordeiro Guaraná e Andrelina Muniz de Menezes Cursou as primeiras letras em São Cristóvão posteriormente estudou no Atheneu Baiano e fez o Curso de Humanidades do Colégio das Artes em Pernambuco Graduouse em Direito no ano de 1871 pela Faculdade de Direito do Recife Entre os anos de 1832 a 1908 dedicouse ao jornalismo e à elaboração de trabalhos em jornais revistas e outras publicações periódicas Foi promotor geral da Comarca de São Cristóvão SE promotor público da capital e da Comarca de Estância secretário da Província do Piauí e da Província do Ceará juiz de Direito da Comarca de Oeiras Província do Piauí Atuou ainda como chefe de Polícia Interino da Província de Sergipe e juiz de Casamentos em Aracaju Para mais informações consultar ANDRADE Adailton Manoel Armindo Cordeiro Guaraná Fontes da História de Sergipe 2017 Disponível em httpsfontesdahistoriadesergipeblogspotcom201707manoel armindocordeiroguaranahtml Acesso em 05 fev 2021 143 Breves Considerações Inferiuse assim que as correspondências oficiais da instituição têm muito o que reverberar sobre a gestão de Maria Thétis Nunes no Colégio Estadual de Sergipe e a situação educacional sergipana Esse fato é evidenciado particularmente nos relatórios de fim de ano os quais revelam que muito embora a instituição tivesse ganhado uma nova sede não passava de um prédio inacabado sendo necessárias adaptações estruturais formação de um quadro docente especializado na área alto índice de reprovação escolar carência de materiais pedagógicos e indisponibilidade de verbas para sanar a necessidade financeira da principal instituição de ensino secundário do Estado de Sergipe Averiguouse que Thétis Nunes ao longo de sua gestão ausentouse algumas vezes de suas funções Seu primeiro afastamento data de 15 de julho de 1952 por meio de decreto expedido pelo governador ficando responsável pelo expediente o professor catedrático Virginio Santana retornando em 1º de agosto desse ano O ofício nº 21 de 09 de fevereiro de 1953 revela que nesta data a diretora teria reassumido suas funções das quais se achava afastada desde 27 de janeiro de 1953 ficando responsável pela direção o professor Gentil Tavares da Mota Vindo afastarse novamente em 11 de julho do ano em curso respondendo pelo expediente até ao seu retorno em 03 de agosto o professor José Augusto da Rocha Lima conforme noticiou o ofício nº 125 de 13 de julho de 1953 Cumpre lembrar que além de diretora do CES Thétis Nunes era professora da casa decerto esses afastamentos se deram pela sua participação em Encontros e Congressos voltados ao ensino posto que teria ela participado nos anos de 1953 e 1954 do I e II Congresso de Professores Secundários do Nordeste realizados nos estados da Paraíba Ceará e Paraná Devido à má conservação e ao descarte90 inadequado de muitos dos documentos do Atheneu Sergipense especialmente das décadas de 1950 e 1960 ressalto a escassez de documentação referente particularmente ao ano de 1954 Por outro lado destaco a existência de um número significativo de livros de correspondências expedidas e recebidas e folhas avulsas principalmente nos anos de 1951 e 1952 Sobremaneira por meio das correspondências expedidas e recebidas constatouse que a diretora Thétis Nunes quando não despachava diretamente com o próprio governador despachava com o seu secretário particular Dr José Silvério Leite Fontes o que não significa 90 O documento intitulado Ata de Incineração de Provas Escritas denota a pratica de incineração de papéis e documentos do Atheneu Sergipe no período de 1936 1940 1942 1943 e 1950 LIVRO DE ATAS CEMAS 18481950 Doc 169FASS01 144 Breves Considerações dizer que todas as questões eram tratadas diretamente com o governador ou com o secretário particular Convém sublinhar que Thétis Nunes defendia o discurso que os cargos administrativos não lhe atraíam os quais ela ocupava por força das circunstâncias NUNES 2003 Foi por meio dessa concepção que surgiu o título desse trabalho No entanto partilho do entendimento de que essa afirmação não seja verdadeira Não posso afirmar com precisão o real motivo que a fazia pregar esse discurso Entretanto comungo das seguintes assertivas de que Thétis Nunes para não ser atacada e nem chamar atenção para si a fim de fazer parecer que ela não concorria com os homens e com outras pessoas como autodefesa para se proteger utilizavase do discurso de não me sinto atraída não é da minha escolha vou porque me convidam À vista disso agia com prudência e maestria sabia muito bem o que falar quais os caminhos trilhar e a quem aliarse Diante do exposto manifesto interesse futuro em explicar a sua participação nos conselhos como o de Educação de Cultura e diretor da UFS e quem sabe ainda sua participação como dirigente do Centro de Estudos Brasileiros na Argentina e como vicereitora da UFS além de sua gestão de 32 anos no IHGS 1971 2003 Dessa forma concluo este trabalho alegando que a marca registrada de Maria Thétis Nunes como diretora do Colégio Estadual de Sergipe foi a persistência pois ela não cruzava os braços diante das devoluções dos ofícios nos quais solicitava verbas ou materiais para a instituição a exemplo do ofício de nº 17 datado de 7 de fevereiro de 1953 no qual ela relata que em face da devolução do ofício nº 8 se fazia necessário o reenvio deste explicando paulatinamente os motivos da referida solicitação Percebese então que ante as recusas Thétis Nunes arregaçava as mangas e reenviava outra solicitação até que esta fosse atendida muitos foram os pedidos dela por suplementação de verbas compras de materiais de consumo e expediente bem como de livros e revistas para a biblioteca e para os laboratórios de FísicaQuímicaHistória e Geografia além de reparos no prédio portarias de aumento salarial renovação de contrato contratação e designação de professores para assumirem turmas complementares À vista das dificuldades enfrentadas no período de escrita resultantes especialmente pela pandemia da covid19 que me impossibilitou a ter acesso a novas fontes documentais a realizar as entrevistas presencialmente sem falar das angústias e do medo iminente de perder um ente querido ou de contrair a doença e morrer o que desfavoreceu e muito a capacidade de concentração no processo de escrita tornando o trabalho mais difícil e penoso Como 145 Breves Considerações sabiamente notabilizou o professor Manolo Garcia Florentino 2020 pesquisar em meio a esse contexto catastrófico deixa o pesquisador para baixo e para conseguir me concentrar tive que me afastar um pouco das notícias diárias sobre a pandemia e o acréscimo alarmante do número de mortes e infectados e criar um mundo paralelo entre o real e o imaginário Logo reitero a importância e as contribuições dessa pesquisa para a historiografia sergipana para o Programa de Pósgraduação em Educação PPGED somandose assim a muitos outros estudos biográficos e que abordam trajetórias de vida de intelectuais sergipanos desenvolvidos por pesquisadores desse Departamento e claro pelo potencial das fontes utilizadas para trabalhos posteriores Aqui deixo minhas sinceras admirações e respeito pela menina meiga travessa irrequieta aluna dedicada inteligente disciplinada e fiel de Arthur Fortes que se tornou em uma profissional cordial zelosa pela coisa pública mulher pertinaz e de concepções claras uma professora que lutou pela educação sergipana com senso de responsabilidade amor pelo que fazia e que cultuou a liberdade defendendo o seu domínio porque viveu dois períodos ditatoriais sabendo assim o significado da liberdade quando desta foi privada NUNES 2003 p 239 grifo do autor 146 Referências REFERÊNCIAS ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS Biografia Luís Viana Filho sd Disponível em httpswwwacademiaorgbracademicosluisvianafilhobiografia Acesso em 22 dez 2020 ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS Biografia Laudelino Freire sd Disponível em httpswwwacademiaorgbracademicoslaudelinofreirebiografia Acesso em 30 jan 2021 ADREOTTI Azilde L A administração escolar na era Vargas 19301945 In ADREOTTI Azilde L LOMBARDI José Claudinei MINTO Lalo Watanabe Orgs História da administração escolar no Brasil do diretor ao gestor Campinas SP Alínea 2012 ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE SERGIPE Trajetória de Manoel Cabral Machado é destacada durante homenagem na Alese 2016 Disponível em httpsalselegbrtrajetoriademanoelcabralmachadoedestacadadurantehomenagemna alese Acesso em 21 mar 2021 ALMEIDA Marlaine Lopes de Leyda Régis reminiscências de formação intelectual e atuação profissional em Sergipe 2009 139 f Dissertação Mestrado em Educação Universidade Federal de Sergipe São Cristóvão 2009 ALMEIDA Sayonara do Espírito Santo A reforma Gustavo Capanema vislumbrada no currículo do Atheneu Sergipense 19401944 2009 65 f Trabalho de Conclusão de Curso Graduação em História Universidade Federal de Sergipe São Cristóvão 2009 ALMEIDA Sayonara do Espírito Santo Economia doméstica uma disciplina escolar no secundário ginasial sergipano do Atheneu Sergipense 19441954 2017 141 f Dissertação Mestrado em Educação Universidade Federal de Sergipe São Cristóvão 2017 ALVES André Luís Conceição A geografia e uma história a disciplina de geografia no Atheneu Sergipense entre os anos de 1870 e 1908 2014 92 f Dissertação Mestrado em Educação Universidade Federal de Sergipe São Cristóvão 2014 ALVES Eva Maria Siqueira O Atheneu Sergipense uma Casa de Educação Literária examinada segundo os planos de estudos 18701908 2005 318 f Tese Doutorado em Educação Pontifícia Universidade Católica de São Paulo São Paulo 2005 ALVES Eva Maria Siqueira O Atheneu Sergipense traços de uma história Aracaju ADGRAF 2005 ALVES Eva Maria Siqueira Prêmios e sanções no cotidiano escolar In SOUZA Josefa Eliana Souza DAANTAS JÚNIOR Hamilcar Silveira Orgs Instituições e práticas educativas no Brasil teoria e história São Cristóvão Editora UFS 2012 p 4159 ALVES Eva Maria Siqueira Entre papeis e lembranças o Centro de Educação e Memória do Atheneu Sergipense e as contribuições para a História da Educação Aracaju Edise 2015 AMADO Paula Barreto Doria Corpo regulamentado corpo rebelado Atheneu Sergipense 19091911 2017 119 f Dissertação Mestrado em Educação Universidade Tiradentes Aracaju 2017 147 Referências ANANIAS Mauricéia A administração escolar no período imperial 18221889 In ADREOTTI Azilde L LOMBARDI José Claudinei MINTO Lalo Watanabe Orgs História da administração escolar no Brasil do diretor ao gestor Campinas SP Alínea 2012 ANDRADE Adailton Manoel Armindo Cordeiro Guaraná Fontes da História de Sergipe 2017 Disponível em httpsfontesdahistoriadesergipeblogspotcom201707manoel armindocordeiroguaranahtml Acesso em 05 fev 2021 ANDRADE Guaraci de Santana Marques Um estudo da relação do professor de língua portuguesa e do aluno com os recursos tecnológicos a internet e o blog no Colégio Atheneu e no CODAPUFS 2013 126 f Dissertação Mestrado em Letras Universidade Federal de Sergipe São Cristóvão 2013 ANUNCIAÇÃO Tássia Oliva de Souza O teatro Atheneu e suas memórias palcocasa da arte em AracajuSergipe 2019 77 f Monografia Licenciatura em Artes Universidade Federal de Sergipe São Cristóvão 2019 BARRETO Luiz Antônio Tobias Barreto uma biobibliografia In Centro de Documentação do Pensamento Brasileiro Tobias Barreto 18391889 bibliografia e estudos críticos sd Disponível em httpwwwcdpborgbrantigotobiasbarretopdf Acesso em 26 jan 2021 BARRETO Luiz Antônio Maria Thétis Nunes perfil historiográfico de uma mestra Revista do Mestrado em Educação UFS v9 p 916 juldez 2004 BARRETO Luiz Antônio Tobias Barreto uma biobibliografia In Centro de Documentação do Pensamento Brasileiro Tobias Barreto 18391889 bibliografia e estudos críticos sd Disponível em httpwwwcdpborgbrantigotobiasbarretopdf Acesso em 26 jan 2021 BARRETO Raylane Andreza Dias Navarro Os padres de Dom José o Seminário Sagrado Coração de Jesus 19131933 Revista Educação em Questão Natal v 21 n 7 p 136 160 2004 Disponível em httpsperiodicosufrnbreducacaoemquestaoarticleview83856043 Acesso em 13 abr 2021 BELLOTO Heloísa Liberalli Arquivos permanentes tratamento documental 4 ed Rio de Janeiro FGV 2006 BOURDIEU Pierre O poder simbólico Lisboa Difel 1989 BOURDIEU Pierre Coisas ditas Tradução de Cássia R da Silveira e Denise Moreno Pegorim São Paulo Editora Brasiliense 1990 BOURDIEU Pierre A dominação masculina Tradução Maria Helena 11ª ed Rio de Janeiro Bertrand Brasil 2012 160 p BRITTO Clovis Carvalho DANTAS Rafael Jesus da Silva SANTOS JUNIOR Roberto Fernandes dos Sob os véus de Mnemosyne a imaginação museal de Maria 148 Referências Thetis Nunes São Cristóvão SE Editora UFS 2018 182 p BURKE Peter O que é história cultural Rio de Janeiro Zahar 2004 191 p CABRAL Mario Roteiro de Aracaju Aracaju Livraria Regina LTDA 1955 347 p CASTANHA André Paulo Retornar às Fontes desafios aos estudos históricoseducativos In SILVA João Carlos da Org et al História da Educação arquivos instituições escolares e memória histórica Campinas SP Editora Alínea 2013 CARMO Kátia de Araújo Uma História do curso de Ciências Biológicas na Universidade Federal de Sergipe para quê para quem como 19691983 2011 126 f Dissertação Mestrado em Educação Universidade Federal de Sergipe São Cristóvão 2011 CHARTIER Roger A história ou a leitura do tempo Tradução de Cristina Antunes Belo Horizonte Autêntica Editora 2009 CHERVEL André História das disciplinas escolares reflexões sobre um campo de pesquisa In Teoria Educação 2 1990 p 177229 COLÉGIO ATHENEU SERGIPENSE Anuário Aracaju SE 1936 111 p CORREA Rubens Arantes Os intelectuais e a escrita da história as contribuições metodológicas de JeanFrançois Sirinelli Escritas vol 8 n 2 2016 p 265278 CORREA Rubens Arantes Os intelectuais questões históricas e historiográficas uma discussão teórica SÆculum Revista de História João Pessoa juldez 2015 p 395410 CORREIO DE SERGIPE JORNAL Memórias de Sergipe Personalidades sergipanas Aracaju SE Correio de Sergipe 2004 2006 49 fascículos COSTA Rosemeire Macedo A instrução prémilitar como disciplina escolar marcas do Exército no Atheneu Sergipense 19091946 2018 133 f Tese Doutorado em Educação Universidade Federal de Sergipe São Cristóvão 2018 COSTA Silvânia Santana Histórias contadas e vividas memórias da Escola Normal Rural Murilo Braga de ItabaianaSergipe 19501972 2016 206 f Porto AlegreRS Tese Doutorado em Educação Programa de PósGraduação em Educação PUCRS Rio Grande do Sul 2016 CPDOC FGV Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil Avelar Brandão Vilela Disponível em httpwwwfgvbrcpdocacervodicionariosverbetebiograficoavelarbrandaovilela Acesso em 12 abr 2021 CPDOC FGV Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil Thales de Azevedo Disponível em httpscpdocfgvbrproducaodossiesAEraVargas2biografiasthalesdeazevedo Acesso em 13 abr 2021 149 Referências CRUZ Crislaine Santana Caridade sem limites Sciência sem privillegios o ensino universal de Jacotot por Benoît Mure no Brasil 18401848 2018 99 f Dissertação Mestrado em Educação Universidade Federal de Sergipe São Cristóvão 2018 CRUZ Luiz Antônio Pinto A guerra do Atlântico na costa do Brasil rastros restos e aura dos uboats no litoral de Sergipe e da Bahia 19421945 2017 255 f Tese Doutorado em História Universidade Federal da Bahia Salvador 2017 DALLABRIDA Noberto A reforma Francisco Campos e a modernização nacionalizada do ensino secundário Educação Porto Alegre v 32 n 2 p 185191 maioago 2009 DANTAS José Ibarê Costa Os partidos políticos em Sergipe 18891964 Rio de Janeiro Tempo Brasileiro 1989 DANTAS Ibarê História de Sergipe República 18892000 Rio de Janeiro Tempo Brasileiro 2004 DANTAS Ibarê Maria Thétis Nunes 06011923 a 25102009 Revista do Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe Aracaju n 39 2009 DANTAS Ibarê Leandro Maynard Maciel na política do século XX Aracaju Criação 2017 438 p DELIZOICOV Demétrio ANGOTTI José André PERNAMBUCO Marta Maria Ensino de Ciências fundamentos e métodos São Paulo Cortez 2002 DEMARTINI Zelia de Brito Fabri ANTUNES Fátima Ferreira Magistério primário profissão feminina carreira masculina CP Cadernos de pesquisa São Paulo n 86 p 514 1993 Disponível em httppublicacoesfccorgbrindexphpcparticleview934 Acesso em 26 dez 2020 DIAS Alfrancio Ferreira Relações de gênero no trabalho docente um estudo de caso no Colégio Estadual Atheneu Sergipense 2013 241 f Tese Doutorado em Sociologia Universidade Federal de Sergipe São Cristóvão SE 2013 FARIA FILHO Luciano Mendes de Escolarização e cultura escolar no Brasil reflexões em torno de alguns pressupostos e desafio In BENCOSTA Marcus Levy Org Culturas escolares e práticas educativas itinerários históricos São Paulo Cortez 2007 FARIAS Iara Alves de Economia doméstica no Atheneu Sergipense uma análise da disciplina entre os anos de 1944 e 1949 2009 43 f Monografia Licenciatura em História Universidade Federal de Sergipe São Cristóvão SE 2009 FERREIRA Mary Mulher e política educacional descortinando um passado recente num Maranhão presente In Revista do Mestrado em Educação Núcleo de Pósgraduação em Educação Universidade Federal de Sergipe São Cristóvão UFSNPGED 2006 Vol 12 FERREIRA Otilia Tatiana de Cácia da Conceição Entre o discurso medico e o jurídico Garcia Moreno e as primeiras interferências da medicina legal em Sergipe década de 1940 150 Referências 2004 54 f Monografia Licenciatura em História Departamento de História Centro de Educação e Ciências Humanas Universidade Federal de Sergipe 2004 FILHO José de Oliveira B A Livraria Regina Aracajuantigga 2009 Disponível em httparacajuantiggablogspotcom Acesso em 28 dez 2020 FLORENTINO Manolo Garcia As angústias deste momento trágico desfavorecem a capacidade de concentração Revista Pesquisa FAPESP 2020 Disponível em httpsrevistapesquisafapespbrasangustiasdessemomentotragicodesfavorecema capacidadedeconcentracao Acesso em 07 maio de 2021 FONSECA Simone Silva da Os saberes matemáticos nas instituições de ensino profissionalizante de Sergipe 1909 1971 2020 238 f Tese Doutorado em Educação Universidade Federal de Sergipe São Cristóvão 2020 FONSECA Taís Nívia de Lima História cultural e história da educação na América Portuguesa In Revista Brasileira de História da Educação nº12 juldez de 2006 Disponível em httpperiodicosuembrojsindexphprbhearticleview3862720158 Acesso em 06 mar 2019 FONSECA Sônia Maria MENARDI Ana Paula S A administração escolar no Brasil Colônia In ADREOTTI Azilde L LOMBARDI José Claudinei MINTO Lalo Watanabe Orgs História da administração escolar no Brasil do diretor ao gestor Campinas SP Alínea 2012 FONTES Jirlan Costa A disciplina História da Civilização no Atheneu Sergipense entre os anos de 1938 a 1943 2020 Dissertação Mestrado em Educação Universidade Federal de Sergipe São Cristóvão 2020 FOUCAULT Michel Vigiar e punir nascimento da prisão Tradução de Raquel Ramalhete Petrópolis Vozes 1996 FRANCO Josevanda Mendonça Atheneu Pedro II memória e restauro Aracaju Edise 2015 328 p FRANCO Josevanda Mendonça Educação Pública em Sergipe dos primórdios ao Atheneu Pedro II Revista do Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe Nº 47 2017 FREITAS Anamaria Gonçalves Bueno de Educando mulheres em Sergipe na passagem do século XIX para o século XX possibilidades e tendências In Congresso Brasileiro de História da Educação 2 2002 Natal Anais eletrônicos Natal UFRN 2002 Disponível em httpsbheorgbrnovocongressoscbhe2pdfsTema50509pdf Acesso em 25 dez 2020 FREITAS Marcos Cezar de A historiografia de Maria Thétis Nunes e o ISEB a historiografia diante das metáforas do tempo Revista do Mestrado em Educação UFS v9 p 1724 juldez 2004 151 Referências FRIGOTTO Gaudêncio O enfoque da dialética materialista histórica na pesquisa educacional In FAZENDA Ivani Org Metodologia da pesquisa educacional 12ª ed São Paulo Cortez 2010 GALLINDO Jussara ANDREOTTI Azilde L A administração escolar no nacional desenvolvimentismo 19451964 In ADREOTTI Azilde L LOMBARDI José Claudinei MINTO Lalo Watanabe Orgs História da administração escolar no Brasil do diretor ao gestor Campinas SP Alínea 2012 p 125145 GALLY Christianne de Menezes Brício Cardoso no cenário das Humanidades do Atheneu Sergipense 18701874 2004 196 f Dissertação Mestrado em Educação Núcleo de Pósgraduação em Educação Próreitora de Pósgraduação e Pesquisa Universidade Federal de Sergipe São Cristóvão 2004 GILFRANCISCO Agremiações culturais de jovens intelectuais na imprensa estudantil grêmio Clodomir Silva e mensagens dos novos em Sergipe Aracaju Edise 2019 592 p GILFRANCISCO O Camarada Manoel Franco Freire Evidenciese sd Disponível em httpsevidenciesecomocamaradamanoelfrancofreire Acesso em 02 dez 2020 GILFRANCISCO Austrogésilo Porto apresentado a Sergipe Evidenciese sd Disponível em httpsevidenciesecomaustrogesiloportoapresentadoasergipe Acesso em 20 mar 2021 GRAÇA Tereza Cristina Cerqueira Pésdeanjo e letreiros de neon ginasianos na Aracaju dos anos dourados São CristóvãoSE Editora UFS 2002 291 p GUARANÁ Armindo Dicionário biobibliográfico sergipano Rio de Janeiro Pongetti 1925 GUIMARÃES Danielle Virginie Santos Do ponto à forma a disciplina desenho no Atheneu Sergipense 19051930 2012 143 f Dissertação Mestrado em Educação Universidade Federal de Sergipe São Cristóvão 2012 GUIMARÃES Mariza Alves Um olhar sobre a história da organização curricular da educação física no Colégio de Aplicação da Universidade Federal de Sergipe 1959 1996 2016 158 f Dissertação Mestrado em Educação Universidade Federal de Sergipe São Cristóvão 2016 IMPRESSÕES arcádia literária estudantil Colégio Estadual Atheneu Sergipense sl se 2006 152 p JESUS Danilo Mota de Uma história da odontologia em Sergipe do ensino à estruturação do campo 19251975 2018 165 f Dissertação Mestrado em Educação Universidade Federal de Sergipe São Cristóvão SE 2018 JULIA Dominique A cultura escolar como objeto histórico Tradução de Gizele de Souza Revista Brasileira de História da Educação n1 janjun 2001 Disponível em httpscoreacukdownloadpdf37742506pdf Acesso em 20 jan 2021 JULIEN Alfredo ARAÚJO Ruy Belém de LIMA Luiz Eduardo Pina de Maria Thétis Nunes a Civilização Árabe e a Civilização Ocidental Revista do Mestrado em 152 Referências Educação UFS v9 p 4143 juldez 2004 KARNAL Leandro TATSCH Flavia Galli A memória evanescente In PINSKY Carla Barcelar LUCA Tania Regina de Orgs O historiador e suas fontes 1 ed 1ª reimpressão São Paulo Contexto 2011 LE GOFF Jacques História e memória Tradução de Bernardo Leitão et al Campinas SP Editora da UNICAMP 1990 LEITE Geraldo 161 Sergipe João Batista Perez Garcia Moreno Médicos ilustres da Bahia e de Sergipe 2012 Disponível em httpmedicosilustresdabahiablogspotcom201201161sergipejoaobatistaperez garciahtml Acesso em 21 mar 2021 LEMOS Renato Augusto Maynard Gomes CPDOC FGV Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil sd Disponível em httpwwwfgvbrcpdocacervodicionariosverbetebiograficogomesaugustomaynard Acesso em 05 jan 2021 LOMBARDI José Claudinei A importância da abordagem histórica da gestão educacional In ADREOTTI Azilde L LOMBARDI José Claudinei MINTO Lalo Watanabe Orgs História da administração escolar no Brasil do diretor ao gestor Campinas SP Alínea 2012 p 1528 LOURO Guacira Lopes Mulheres na sala de aula In PRIORE Mary Del Org História das mulheres no Brasil 9 ed São Paulo Contexto 2007 p 443481 MACIEL Ane Rose de Jesus Santos Entre fatos e relatos as trajetórias de Carmelita Pinto Fontes e Rosália Bispo dos Santos na educação sergipana 19601991 2016 180 f Dissertação PósGraduação em Educação Universidade Federal de Sergipe São Cristóvão 2016 MACIEL Ane Rose de Jesus Santos Sob a tutela da moral e os auspícios da ordem a trajetória de Dom Luciano José Cabral Duarte no Conselho Federal de Educação 19681986 2020 260 f Tese Doutorado em Educação Universidade Federal de Sergipe São Cristóvão 2020 MAGALHÃES Luiz Antônio Joel Silveira morre no Rio aos 88 anos Observatório da Imprensa Ano 20 nº 1114 2007 Disponível em httpwwwobservatoriodaimprensacombrfeitosdesfeitasjoelsilveiramorrenorioaos 88 Acesso em 24 nov 2020 MANCILHA Virgínia Maria Netto Nas páginas da imprensa feminina uma análise da revista Brasil Feminino e da participação feminina no movimento do Sigma 19321937 In GONÇALVES Leandro Pereira SIMÕES Renata Duarte Entre tipos e recortes histórias da imprensa integralista Guaíba Sob medida 2011 p183205 MARTIRES José Genivaldo Flagrando a vida trajetória de Lígia Pina professora literata e acadêmica 19252014 2016 139 f Dissertação PósGraduação em Educação Universidade Federal de Sergipe São Cristóvão 2016 153 Referências MARTIRES José Genivaldo Do capelo ao fardão a inserção de professoras na Academia Sergipana de Letras no século XX 2020 322 f Tese Doutorado em Educação Universidade Federal de Sergipe São Cristóvão 2020 MELINS Murillo Aracaju romântica que vi e vivi anos 40 e 50 Aracaju UNIT 2000 MELINS Murillo Aracaju romântica que vi e vivi anos 40 e 50 3ª ed Aracaju UNIT 2007 MELLO José Octávio de Arruda Nas vivências de uma educadora também geógrafa e historiadora Revista do Mestrado em Educação UFS v9 p 2532 juldez 2004 MELNIKOFF Elaine Almeida Aires Trajetória de Núbia Nascimento Marques contribuições para a educação em Sergipe 2014 137 f Dissertação Mestrado em Educação Universidade Federal de Sergipe São Cristóvão 2014 MENDONÇA José Antônio Nunes A Educação em Sergipe ano de 1956 Aracaju Livraria Regina LTDA 1958 MENEZES José Américo Santos Escola de Educação Física da Universidade Federal de Sergipe uma possível história 1997 Dissertação Mestrado em Educação Universidade Federal de Sergipe São Cristóvão 1997 MÉSZAROS I A educação para além do capital Trad Isa Tavares 2 ª ed São Paulo Boitempo 2005 MIRANDA Antônio Lisboa Carvalho de Arthur Fortes 18811944 Antônio Miranda 2020 Disponível em httpwwwantoniomirandacombrpoesiabrasissergipeARTHUR20FORTEShtml Acesso em 03 dez 2020 MIRANDA Antônio Lisboa Carvalho de Santo Souza Antônio Miranda 2010 Disponível em httpwwwantoniomirandacombrpoesiabrasissergipesantossouzahtml Acesso em 20 mar 2021 MONTEIRO Rísia Rodrigues Silva Nazaré Carvalho e a circulação de práticas educativas na TV sergipana 19711979 2016 177 f Dissertação PósGraduação em Educação Universidade Federal de Sergipe São Cristóvão 2016 NASCIMENTO José Anderson Perfis Acadêmicos Edise 2017 758 p NASCIMENTO Jorge Carvalho do Os estudos sobre intelectuais na historiografia de Maria Thétis Nunes Revista do Mestrado em Educação UFS v9 p 3340 juldez 2004 NASCIMENTO Jorge Carvalho do A história da educação de Sergipe no bicentenário da independência Conferência de Abertura do I Encontro Sergipano de História da Educação ESHE realizado entre os dias 05 e 08 de 2020 Disponível em httpswwwyoutubecomwatchvx0TsVNU0A3klistPLLlVZBbHqffYPQoRuTElGv iyMChFsvBM Acesso em 29 out 2020 NASCIMENTO Randeantony da Conceição do O Atheneu Sergipense e a educação física 19161950 memórias 2001 131 f Dissertação Mestrado em Educação Física 154 Referências Universidade Gama Filho Rio de Janeiro 2001 NETO Urbano Biografia de Freire Ribeiro In Revista da Academia Sergipana de Letras Edição comemorativa ao centenário de nascimento de João Freire Ribeiro Aracaju Associação Sergipana de Imprensa 1931 Disponível em fileCUsersdrikaDownloads10326Texto20do20artigo29269110 20181104pdf Acesso em 20 mar 2021 NEVES Rogério Xavier MARTINS Maria do Carmo Fontes de pesquisas escolares e a formação da memória educacional In ZAMBONI Ernesta et al Orgs Memórias e histórias da escola CampinasSP Mercado de Letras 2008 p 3550 NUNES Maria Thétis Ensino secundário e sociedade brasileira Rio de Janeiro Instituto Superior de Estudos Brasileiros 1962 136 p NUNES Maria Thétis História de Sergipe a partir de 1820 Rio de Janeiro Catedra Brasília DF INL 1978 199 p NUNES Maria Thétis História da educação em Sergipe Rio de Janeiro Paz e Terra 1984 320 p NUNES Maria Thétis Sergipe colonial I São Cristóvão Universidade Federal de Sergipe Rio de Janeiro Tempo Brasileiro 1989 307 p NUNES Maria Thétis Sergipe colonial II São Cristóvão Universidade Federal de Sergipe Rio de Janeiro Tempo Brasileiro 1996 332 p NUNES Maria Thétis Sergipe provincial I 18201840 Rio de Janeiro Tempo Brasileiro 2000 394 p NUNES Maria Thétis A civilização Árabe sua influência na civilização ocidental Aracaju SE J Andrade LTDA 2002 92 p NUNES Maria Thétis Discurso da professora Maria Thétis Nunes ao tomar posse na Academia Sergipana de Letras da Cadeira nº 39 que tem como Patrono o poeta Joaquim Martim Fontes sucedendo ao jornalista Orlando Dantas Ato ocorreu em 06 de abril de 1983 In Revista da Academia Sergipana de Letras AracajuSE nº 30 1990 p 8194 NUNES Maria Thétis Discurso proferido pela acadêmica Maria Thétis Nunes na sessão solene da Academia Sergipana de Letras realizada no dia 13 de janeiro de 2003 agradecendo as homenagens recebidas por ocasião do seu 80 aniversário natalício In Revista da Academia Sergipana de Letras AracajuSE nº 35 2005 p 233239 NUNES Maria Thétis Discurso proferido pela professora Maria Thétis Nunes por ocasião das comemorações dos 50 anos de sua vida literária no Conselho Estadual de Cultura sd e se OLIVA Luiz Eduardo O processo de gestação de uma universidade do nordeste o caso Sergipe 1990 156 f Dissertação Mestrado em Administração Universidade Federal de Santa Catarina Centro Socioeconômico Florianópolis 1990 OLIVEIRA João Paulo Gama O curso de geografia e história da Faculdade Católica 155 Referências de Filosofia de Sergipe 19511954 entre alunas docentes e disciplinas uma história 2008 95 f Trabalho de Conclusão de Curso Graduação em História Universidade Federal de Sergipe São Cristóvão 2008 OLIVEIRA João Paulo Gama As aulas de Maria Thétis Nunes na Faculdade Católica de Filosofia de Sergipe 19511956 IV Congresso Internacional de Pesquisa Auto Biográfica Universidade de São Paulo SP 2010 OLIVEIRA João Paulo Gama Disciplinas docentes e conteúdos itinerários da História na Faculdade Católica de Filosofia de Sergipe 19511962 2011 226 f Dissertação Mestrado em Educação Universidade Federal de Sergipe São Cristóvão 2011 OLIVEIRA João Paulo Gama Os professores de história da Antiga FAFI Ponta de Lança Revista Eletrônica de História Memória Cultura v 6 n 10 p 4660 31 out 2012 Disponível em httpsseerufsbrindexphppontadelancaarticleview3320 Acesso em 20 dez 2020 OLIVEIRA João Paulo Gama Caminhos cruzados itinerários de pioneiros professores do ensino superior em Sergipe 19151954 2015 319 f Tese Doutorado em Educação Universidade Federal de Sergipe São Cristóvão 2015 OLIVEIRA João Paulo Gama Caminhos percorridos por Maria Thetis Nunes pioneira catedrática do Atheneu Sergipense 19º Encontro Internacional da Rede Feminista Norte e Nordeste de Estudos e Pesquisa sobre a Mulher e Relações de Gênero REDOR 2016 p 764778 Disponível em httpwwwsinteseeventoscombrredor2016gt02pdf Acesso em 20 dez 2020 OLIVEIRA João Paulo Gama Itinerários de Maria Thétis Nunes na Faculdade de Filosofia da Bahia 19431946 Fronteiras e Identidades reunião de artigos do III EIFI Pelotas Edição do Autor 2017 p 282290 Disponível em httpsbooksgooglecombrbooksidlMIzDwAAQBAJpgPT283lpgPT283dqItiner C3A1riosdeMariaThC3A9tisNunesnaFaculdadedeFilosofiadaBahia1 943 1946sourceblotsgQ1LKbGtq7sigACfU3U0s9nlYWm2GIGaWcwGpKlnVVzmItg hlpt BRsaXved2ahUKEwjQtbPP3rLxAhWQqZUCHfvVB94Q6AEwEHoECAQQAwvo nepageqffalse Acesso em 20 dez 2020 OLIVEIRA João Paulo Gama Maria Thetis Nunes o ingresso da subversiva nos caminhos do magistério 19441945 Anais Eletrônicos do IX Congresso Brasileiro de História da Educação Universidade Federal da Paraíba PB 2017 OLIVEIRA João Paulo Gama Vestígios dos jovens anos escolares de uma intelectual brasileira itinerários da aluna Maria Thetis Nunes no Atheneu Sergipense 19351941 Revista de História e Historiografia da Educação Curitiba Brasil v 1 n 1 p 174192 janeiroabril de 2017 OLIVEIRA João Paulo Gama OLIVEIRA Roselusia Teresa de Morais Arthur Fortes o professor e poeta da rosa vermelha In CONCEIÇÃO Joaquim Tavares da SOUZA Josefa Eliana FREITAS Anamaria Gonçalves Bueno de Entre trajetórias e disciplinas 1ª ed JundiaíSP Paco Editora 2020 Disponível em httpsbooksgooglecombrbooksidzYzVDwAAQBAJpgPT17lpgPT17dqArthur 156 Referências AugustoGentilFortessourceblots4eqRC0NqAmsigACfU3U3mj 1rXIcH3qrs2jvDLT8khQHCQhlpt BRsaXved2ahUKEwibr5eucPtAhUOSK0KHdHzCd4Q6AEwDXoECAkQAgvone pageqArthur20Augusto20Gentil20Fortesffalse Acesso em 10 dez 2020 OLIVEIRA Lizianne Torres A arquitetura como palimpsesto análise teórica da intervenção de restauração do antigo Atheneuzinho atual Museu da Gente Sergipana 2019 89 f Trabalho de Conclusão de Curso Graduação em Arquitetura e Urbanismo Universidade Federal de Sergipe Laranjeiras 2019 OLIVEIRA Nayara Alves de A Faculdade de Educação da Universidade Federal de Sergipe 19671971 origens e contribuições 2011 185 f Dissertação Mestrado em Educação Universidade Federal de Sergipe São Cristóvão 2011 OLIVEIRA Norberto Rocha de Maria Thétis Nunes uma contribuição a historiografia sergipana 1997 44 f Monografia Licenciatura em História Departamento de História Centro de Educação e Ciências Humanas Universidade Federal de Sergipe OLIVEIRA Rodrigo Santos de A impressa integralista brasileira em perspectiva In GONÇALVES Leandro Pereira SIMÕES Renata Duarte Entre tipos e recortes história da imprensa integralista Guaíba Sob medida 2011 p 1946 PAES Marilene Leite Arquivo teoria e prática 3ª ed Rio de Janeiro FGV 2004 PAIXÃO Roberto Carlos Bastos da A trajetória de Euzébio Vanério na instrução pública brasileira 17841852 2020 220 f Tese Doutorado em Educação Universidade Federal de Sergipe São Cristóvão 2020 PECHMAN Robert Eronides Ferreira de Carvalho CPDOC FGV Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil sd Disponível em httpwwwfgvbrcpdocacervodicionariosverbetebiograficoeronidesferreiradecarvalho Acesso em 24 dez 2020 PEREIRA Carla Cristina Alves A luta por um mundo mais justo atuação do movimento estudantil do Colégio Estadual de Sergipe CES no período de 1964 1968 1997 56 f Trabalho de Conclusão de Curso Licenciatura em História Universidade Federal de Sergipe São Cristóvão 1997 PEREIRA Manoel Odilon Farias A Arte na Educação Brasileira o ensino do Desenho no Atheneu Sergipense 18991906 2006 Trabalho de Conclusão de Curso Graduação em Arte e Comunicação Universidade Federal de Sergipe São Cristóvão 2006 PEREIRA Manoel Odilon Farias Artes no ensino secundário o aprendizado do Desenho no Atheneu Sergipense 18891908 2008 Monografia Especialização em Artes Visuais PósGraduação Lato Sensu Universidade Federal de Sergipe São Cristóvão 2008 PESAVENTO Sandra Jatahy História e Historia Cultural 3ª ed Belo Horizonte Autêntica PILETTI Nelson História da Educação no Brasil 2ª ed São Paulo Editora Ática SA 1991 157 Referências PRADO Rosemeiry de Castro Do engenheiro ao licenciado os concursos a cátedra de do Colégio Pedro II e as modificações do saber do professor de matemática do ensino secundário 2003 136 f Dissertação Mestrado em Matemática Pontifícia Universidade Católica de São Paulo São Paulo 2003 RABELLO Sylvio Itinerário de Sylvio Romero Rio de Janeiro José Olympio 1944 260 p RIOUX JeanPierre SIRINELLI JeanFrançois Para uma história cultural Lisboa Portugal Estampa 1998 432 p ROMANELLI Otaíza de Oliveira História da Educação no Brasil 19301973 36ª ed Petrópolis RJ Vozes 2010 RODRIGUES Cibele de Souza Ignácio de Souza Valladão traços do precursor da cadeira de Pedagogia do curso Normal do Atheneu Sergipense 18701884 2013 30 f Trabalho de Conclusão de Curso Graduação em Pedagogia Universidade Federal de Sergipe São Cristóvão 2013 RODRIGUES Cibele de Souza O Porvir jornal literário e recreativo propriedade de uma associação de estudantes do Atheneu Sergipense 1874 2016 104 f Dissertação Mestrado em Educação Universidade Federal de Sergipe São Cristóvão SE 2016 RODRIGUES Simone Paixão Com a palavra os alunos associativismo discente no Grêmio Literário Clodomir Silva 1934 1956 2015 337 f Tese Doutorado em Educação Universidade Federal de Sergipe São Cristóvão 2015 SALLES João Carlos Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas breve nota sobre o sentido de sua história IN TOUTAIN Lídia Maria Brandão SILVA Rubens Ribeiro Gonçalves Orgs UFBA do século XIX ao século XXIUniversidade Federal da Bahia Salvador EDUFBA 2010 p 343347 SANTANA Adriana Menezes de Apresentais os fatos ensinais a efetuar o mundo as cartas de Parker em Sergipe 19121953 2015 130 f Dissertação Mestrado em Educação Universidade Federal de Sergipe São Cristóvão 2015 SANTANA Carla Patrícia ALVES Ivia Lavínia Augusta Machado Biografia e Trajetória Literária sd Disponível em httpwwwescritorasbaianasufbabrLaviniabiogrtrajhtml Acesso em 22 dez 2020 SANTANA Sayonara Rodrigues do Nascimento Por entre as memórias de uma instituição o arquivo e as práticas administrativas do Atheneu Sergipense 18701926 2012 145 f Dissertação Mestrado em Educação Universidade Federal de Sergipe São Cristóvão 2012 SANTOS Ana Márcia Barbosa dos Sob a lente do discurso aspectos do ensino de Retórica e Poética no Atheneu Sergipense 18741891 2010 117 f Dissertação Mestrado em Educação Núcleo de PósGraduação em Educação Próreitora de PósGraduação e Pesquisa Universidade Federal de Sergipe São Cristóvão 2010 158 Referências SANTOS Andréia Bispo dos Arquivo Central da Universidade Federal de Sergipe um guardião para a História da Educação 19982016 2019 153 f Dissertação Mestrado em Educação Universidade Federal de Sergipe São Cristóvão 2019 SANTOS Cleverton dos O catolicismo colonial sergipano segundo de Maria Thétis Nunes São Cristóvão SE 2008 64 f Monografia Especialização em Ciências da Religião Universidade Federal de Sergipe São Cristóvão 2008 SANTOS Elissandra Silva Livraria Regina notas sobre a aventura do livro em Aracaju 19181976 Revista do IHGSE Aracaju n 42 pp 287312 2012 SANTOS Gilvan Vitor dos O Círculo Operário Católico em Sergipe práticas educativas e organização da cultura operária 19351969 2011 93 f Dissertação Mestrado em Educação Universidade Federal de Sergipe São Cristóvão 2011 SANTOS Ivan Paulo Silveira Manoel Bomfim trajetória suas críticas e concepções sobre o Brasil como nação 2017 139 f Dissertação Mestrado em Sociologia Universidade Federal de Sergipe São Cristóvão 2017 SANTOS Luiz Fernando Cajueiro dos O gênero biográfico no ensino das artes visuais a vida e a pintura de José de Dome 19551981 2018 174 f Tese Doutorado em Educação Universidade Federal de Sergipe São Cristóvão 2018 SANTOS Magno Francisco de Jesus A face opaca da república Izabel Esteves de Freitas e as escolas de primeiras letras em Itabaiana 19261932 Revista HISTEDBR Online Campinas nº 53 p 403413 out 2013 Disponível em httpswwwresearchgatenetpublication312643356AfaceopacadarepublicaIzabelEs tevesdeFreitaseasescolasdeprimeirasletrasemItabaiana19261932 Acesso em 10 dez 2020 SANTOS Marcos Antônio do Monte Dos lentes aos compêndios o ensino da disciplina História no Atheneu Sergipense entre os anos de 18751890 2018 115 f Dissertação Mestrado em Educação Universidade Federal de Sergipe São Cristóvão SE 2018 SANTOS Maria Conceição Lima Entre os documentos oficiais e a prática pedagógica o uso das TIC no ensino de língua portuguesa no Colégio Estadual Atheneu Sergipense 2016 104 f Dissertação Mestrado em Letras Universidade Federal de Sergipe São Cristóvão SE 2016 SANTOS Maria Edna A escola normal do Atheneu Sergipense durante a ação do regulamento de 1874 2013 35 f Trabalho de Conclusão de Curso Graduação em Pedagogia Universidade Federal de Sergipe São Cristóvão 2013 SANTOS Maria Edna A Congregação do Atheneu Sergipense 18711875 2016 107 f Dissertação Mestrado em Educação Universidade Federal de Sergipe São Cristóvão 2016 SANTOS Maria Nely Professora Thétis uma vida Aracaju Gráfica Pontual 1999 159 Referências SANTOS Patrícia Batista dos Amai a pátria o ensino da disciplina escolar educação moral e cívica no Atheneu Sergipe década de 70 do século XX 2012 109 f Dissertação Mestrado em Educação Universidade Federal de Sergipe São Cristóvão 2012 SANTOS Patrícia Francisca de Matos José Aloísio de Campos trajetória e representações sobre o seu reitorado na Universidade Federal de Sergipe 2015 143 f Dissertação Mestrado em Educação Universidade Federal de Sergipe São Cristóvão 2015 SANTOS Lenalda Andrade OLIVA Terezinha Alves Para conhecer a história de Sergipe Aracaju Opção Gráfica 1998 142 p SANTOS Ricardo Costa dos Ecos de um Brasil francofono a língua francesa no Colégio de Aplicação da Universidade Federal de Sergipe 19602013 2020 Tese Doutorado em Educação Universidade Federal de Sergipe São Cristóvão 2020 SCHWARTZMAN Simon BOMENY Helena Maria Bousquet COSTA Vanda Maria Ribeiro Tempos de Capanema São Paulo Paz e Terra 2000 SILVA Anna Karla Melo Felte Bezerra um quartel de atividades líterocientíficas São Cristóvão 2014 112 f Dissertação Mestrado em Educação Universidade Federal de Sergipe São Cristóvão 2014 SILVA Ana Patrícia da SILVA Jaqueline Luzia da Alfabetização e Educação Física caminhando juntas rumo à cidadania Revista do Mestrado em Educação Universidade Federal de Sergipe Vol 1 São Cristóvão 1998 SILVA Jandison Moura da Maria Thétis Nunes um olhar sobre a Revolta de Santo Amaro São Cristóvão SE 2014 Monografia Licenciatura em História Departamento de História Centro de Educação e Ciências Humanas Universidade Federal de Sergipe São Cristóvão 2014 SILVA Patrícia de Sousa Nunes Médicos por formação docentes em ação o perfil profissional e a formação do campo médico em Sergipe 19661973 2018 252 f Tese Doutorado em Educação Universidade Federal de Sergipe São Cristóvão 2018 SILVA Waldinei Santos Written in black and white o ensino da língua inglesa no Atheneu Sergipense 18701877 2017 145 f Dissertação Mestrado em Educação Universidade Federal de Sergipe São Cristóvão SE 2017 SILVA Wênia Mendonça Um olhar sobre o Centro de Educação e Memória do Atheneu Sergipense sua configuração objetivos e práticas como fonte para a história da educação em Sergipe 20052016 2016 90 f Trabalho de Conclusão de Curso Graduação em Pedagogia Universidade Federal de Sergipe São Cristóvão 2016 SILVA Wênia Mendonça A pedagogia musical do canto orfeônico e a sua configuração como disciplina escolar no Atheneu Sergipense 19311956 2019 137 f Dissertação Mestrado em Educação Universidade Federal de Sergipe São Cristóvão 2019 SIMÕES Renata Duarte Impressa oficial integralista uso e ciclo de vida do jornal A 160 Referências Offensiva In GONÇALVES Leandro Pereira SIMÕES Renata Duarte Entre tipos e recortes história da imprensa integralista Guaíba Sob medida 2011 p 4782 SIRINELLI JeanFrançois Os intelectuais In RÉMOND René Por uma história política 2ª ed Rio de Janeiro FGV 2003 p 231269 SOUTELO Luiz Fernando Ribeiro Arthur Fortes a vida sd Disponível em fileCUsersdrikaDownloads8007Texto20do20artigo2285011020171215pdf Acesso em 10 dez 2020 SOUZA Josefa Eliana Em busca da democracia a trajetória de Nunes Mendonca 1998 198 f Dissertação Mestrado em Educação Núcleo de Pósgraduação em Educação Próreitora de Pósgraduação e Pesquisa Universidade Federal de Sergipe São Cristóvão 1998 SOUZA Josefa Eliana Nunes Mendonça um escolanovista sergipano Aracaju Editora UFSFundação Oviêdo Teixeira 2003 SOUZA Josefa Eliana História e memória Universidade Federal de Sergipe 1968 2012 São Cristóvão SE Editora UFS 2015 446 p SOUZA Renilfran Cardoso de Mestra na essência da palavra trajetória docente de Ofenísia Soares Freire 1941 1966 2017 129 f Dissertação Mestrado em Educação Universidade Federal de Sergipe São Cristóvão 2017 SOUZA Salim Silva O curso de biblioteconomia e documentação da Universidade Federal de Sergipe 20082017 criação implantação e funcionamento 2019 180 f Dissertação Mestrado em Educação Universidade Federal de Sergipe São Cristóvão 2019 SOUZA Suely Cristina Silva Uma história da disciplina matemática no Atheneu Sergipense durante a ação da reforma Francisco Campos 19381943 2011 252 f Dissertação Mestrado em Educação Núcleo de PósGraduação em Educação Próreitora de PósGraduação e Pesquisa Universidade Federal de Sergipe 2011 SOUZA Suely Cristina Silva Habilitado ou inabilitado os concursos para professores do ensino secundário em Sergipe 2016 399 f Tese Doutorado em Educação Núcleo de Pós Graduação em Educação Próreitora de PósGraduação e Pesquisa Universidade Federal de Sergipe São Cristóvão 2016a SOUZA Suely Cristina Silva História da Matemática no Brasil 19381943 Curitiba Appris 2016b 277 p TELES Igor Pereira Concursos para professores do Atheneu Sergipense a cadeira de História 2008 Trabalho de Conclusão de Curso Licenciatura em História Universidade Federal de Sergipe São Cristóvão 2008 THOMPSON Paul História oral e contemporaneidade Tradução de Andréa Zhouri e Lígia Maria Leite Pereira Revista História Oral V 5 2002 p 928 Disponível em httpsrevistahistoriaoralorgbrindexphpjournalrhopagearticleopviewpath5 161 Referências B5D47 Acesso em 20 jan 2021 VIDAL Valdevania Freitas dos Santos O Necydalus um jornal estudantil do Atheneu Sergipense 19091911 2009 211 f Dissertação Mestrado em Educação Universidade Federal de Sergipe São Cristóvão SE 2009 VIEIRA Silvaneide Silva História e memória o Colégio Atheneu Sergipense como palco para análise do ensino de história 19301945 2003 100 f Monografia Licenciatura em História Departamento de História Centro de Educação e Ciências Humanas Universidade Federal de Sergipe São Cristóvão 2003 WYNNE J Pires História de Sergipe Rio de Janeiro Pongetti C 1973 93NOTICIASCOMBR BRAZ Carlos Réquiem a Luiz Antônio Barreto 2019 Disponível http93noticiascombrnoticia42854requiemaluizantoniobarreto Acesso 21 out 2020 LEIS E DECRETOS BRASIL Decreto nº 19890 de 18 de abril de 1931 Dispõe sobre a organização do ensino secundário Disponível em httpslegissenadolegbrnorma437916publicacao15621228 Acesso em 13 de set 2020 BRASIL Decreto nº 21241 de 4 de abril de 1932 Consolida as disposições sobre a organização do ensino secundário e dá outras providências Disponível em httpswww2camaralegbrleginfeddecret19301939decreto212414abril1932503517 publicacaooriginal81464pehtml Acesso em 08 de jan 2021 BRASIL DecretoLei nº 4244 de 9 de abril de 1942 Lei orgânica do ensino secundário Disponível em httpwwwplanaltogovbrccivil03decretolei19371946Del4244htm Acesso em 15 de set 2020 BRASIL Decreto nº 10282 de 20 de março de 2020 Regulamenta a Lei nº 13979 de 6 de fevereiro de 2020 para definir os serviços públicos e as atividades essenciais Disponível em httpwwwplanaltogovbrccivil03ato201920222020decretoD10282compiladohtm Acesso em 02 fev 2021 DOCUMENTOS CONSULTADOS NO CEMAS Centro de Educação e Memória do Atheneu Sergipense LIVRO DE ATAS INCINERAÇÃO DE PROVAS ESCRITAS 18481950 Doc 169FASS01 LIVRO DE ATAS EXAMES DE ADMISSÃO 19311940 Doc 80FSS01 LIVRO DE ATAS EXAMES DO CURSO COMPLEMENTAR 19311940 Doc 106FSS01 LIVRO DE ATAS 19501970 Doc 1171FASG1S01 162 Referências LIVRO DE ATAS 19501970 Doc 1159FASG1S01 LIVRO DE CORRESPONDÊNCIAS 1952 Doc 64FASG1S05 LIVRO DE CORRESPONDÊNCIAS 1952 Doc 1187FASG1S05 LIVRO DE CORRESPONDÊNCIAS 1953 Doc 1206FASG1S05 LIVRO DE CORRESPONDÊNCIAS 1953 Doc 1190FASG1S05 LIVRO DE CORRESPONDÊNCIAS 19521959 Doc 1207FASG1S05 RECORTES DE JORNAIS 19421944 Doc 328FASS07 DOCUMENTOS CONSULTADOS NO ARQUIVO PÚBLICO ESTADUAL DE SERGIPE APES HEMEROTECA Recortes de Jornais Diário Oficial de Sergipe 1951 à 1957 JORNAIS A Cruzada Aracaju 16 de março de 1968 p 2 Disponível em httpjornaisdesergipeufsbr Acesso em 07 de jan 2021 Correio de Aracaju Aracaju 06 de março de 1920 p 2 Disponível em httpjornaisdesergipeufsbr Acesso em 07 jan 2021 Correio de Aracaju Aracaju 25 de julho de 1945 p 4 Disponível em httpjornaisdesergipeufsbr Acesso em 23 dez 2020 Correio de Aracaju Aracaju 30 de julho de 1946 p 2 Disponível em httpjornaisdesergipeufsbr Acesso em 23 dez 2020 Diário de Sergipe Aracaju 31 de dezembro de 1950 p 1 Disponível em httpjornaisdesergipeufsbr Acesso em 07 jan 2021 FONTES ORAIS ENTREVISTAS ANDRADE Arivaldo Ferreira de 2020 Entrevistadora Adriana de Andrade Santos AracajuSE 20 ago 2020 às 11h MARTIRES José Genivaldo 2020 Entrevistadora Adriana de Andrade Santos AracajuSE 04 dez 2020 às 10h NASCIMENTO Jorge Carvalho do Nascimento 2020 Entrevistadora Adriana de Andrade Santos AracajuSE 03 dez 2020 às 19h30min ROLLEMBERG Francisco Guimarães 2020 Entrevistadora Adriana de Andrade Santos AracajuSE 19 nov 2020 às 20h 163 Apêndice APÊNDICE 164 Apêndice APÊNDICE A Quadro de levantamento de produções sobre o Atheneu Sergipense TESE DE DOUTORADO Ano Autor Título do trabalho 2005 Eva Maria Siqueira Alves O Atheneu Sergipense uma Casa de Educação Literária examinada segundo os planos de estudos 18701908 2013 Alfrancio Ferreira Dias Relações de gênero no trabalho docente um estudo de caso no Colégio Estadual Atheneu Sergipense 2015 Simone Paixão Rodrigues Com a palavra os alunos associativismo discente no Grêmio Literário Clodomir Silva 1934 1956 2016 Suely Cristina Silva Souza Habilitado ou inhabilitado os concursos para professores do ensino secundário em Sergipe 18751947 2018 Rosemeire Marcedo Costa A Instrução Prémilitar como disciplina escolar marcas do exército no Atheneu Sergipense 19091946 2020 Simone Silva da Fonseca Os saberes matemáticos nas instituições de ensino profissionalizante de Sergipe 1909 1971 DISSERTAÇÃO DE MESTRADO Ano Autor Título do trabalho 2001 Randeantony da Conceição do Nascimento O Atheneu Sergipense e a educação física 19161950 memórias 2004 Christianne de Menezes Gally Brício Cardoso no cenário das Humanidades do Atheneu Sergipense 18701874 2009 Valdevania Freitas dos Santos Vidal O Necydalus um jornal estudantil do Atheneu Sergipense 19091911 2010 Ana Márcia Barbosa dos Santos Sob a lente do discurso aspectos do ensino de Retórica e Poética no Atheneu Sergipense 18741891 2011 Suely Cristina Silva Souza Uma história da disciplina matemática no Atheneu Sergipense durante a ação da reforma Francisco Campos 19381943 2012 Danielle Virginie Santos Guimarães Do ponto à forma a disciplina desenho no Atheneu Sergipense 19051930 2012 Patrícia Batista dos Santos Amai a pátria o ensino da disciplina escolar educação moral e cívica no Atheneu Sergipe década de 70 do século XX 2012 Sayonara Rodrigues do Nascimento Santana Por entre as memórias de uma instituição o arquivo e as práticas administrativas do Atheneu Sergipense 18701926 2013 Guaraci de Santana Marques Andrade Um estudo da relação do professor de língua portuguesa e do aluno com os recursos tecnológicos a internet e o blog no Colégio 165 Apêndice Atheneu e no CODAPUFS 2014 André Luís Conceição Alves A geografia e uma história a disciplina de geografia no Atheneu Sergipense entre os anos de 1870 e 1908 2015 Adriana Menezes de Santana Apresentais os fatos ensinais a efetuar o mundo as cartas de Parker em Sergipe 19121953 2016 Cibele de Souza Rodrigues O Porvir jornal literário e recreativo propriedade de uma associação de estudantes do Atheneu Sergipense 1874 2016 Maria Conceição Lima Santos Entre os documentos oficiais e a prática pedagógica o uso das TIC no ensino de língua portuguesa no Colégio Estadual Atheneu Sergipense 2016 Maria Edna Santos A Congregação do Atheneu Sergipense 18711875 2017 Sayonara do Espírito Santo Almeida Economia doméstica uma disciplina escolar no secundário ginasial sergipano do Atheneu Sergipense 19441954 2017 Paula Barreto Doria Amado Corpo regulamentado corpo rebelado Atheneu Sergipense 19091911 2017 Waldinei Santos Silva Written in black and white o ensino da língua inglesa no Atheneu Sergipense 1870 1877 2018 Marcos Antônio do Monte Santos Dos lentes aos compêndios o ensino da disciplina História no Atheneu Sergipense entre os anos de 18751890 2019 Wênia Mendonça Silva A pedagogia musical do canto orfeônico e a sua configuração como disciplina escolar no Atheneu Sergipense 19311956 2020 Jirlan Costa Fontes A disciplina História da Civilização no Atheneu Sergipense entre os anos de 1938 a 1943 TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSOESPECIALIZAÇÃO Ano Autor Título do trabalho 1997 Carla Cristina Alves Pereira A luta por um mundo mais justo atuação do movimento estudantil do Colégio Estadual de Sergipe CES no período de 1964 1968 2003 Silvaneide Silva Vieira História e memória o Colégio Atheneu Sergipense como palco para análise do ensino de história 19301945 2006 Manoel Odilon Farias Pereira A Arte na Educação Brasileira o ensino do Desenho no Atheneu Sergipense 1899 1906 2008 Igor Pereira Teles Concursos para professores do Atheneu Sergipense a cadeira de História 2008 Manoel Odilon Farias Pereira Artes no ensino secundário o aprendizado do Desenho no Atheneu Sergipense 1889 1908 166 Apêndice 2009 Iara Alves de Farias Economia doméstica no Atheneu Sergipense uma análise da disciplina entre os anos de 1944 e 1949 2009 Sayonara do Espírito Santo Almeida A reforma Gustavo Capanema vislumbrada no currículo do Atheneu Sergipense 1940 1944 2013 Cibele de Souza Rodrigues Ignácio de Souza Valladão traços do precursor da cadeira de Pedagogia do curso Normal do Atheneu Sergipense 18701884 2013 Maria Edna Santos A escola normal do Atheneu Sergipense durante a ação do regulamento de 1874 2016 Wênia Mendonça Silva Um olhar sobre o Centro de Educação e Memória do Atheneu Sergipense sua configuração objetivos e práticas como fonte para a história da educação em Sergipe 20052016 LIVRO Ano Autor Título do trabalho 1936 Colégio Atheneu Sergipense Anuário 2005 Eva Maria Siqueira Alves O Atheneu Sergipense traços de uma história 2006 Autor não identificado IMPRESSÕES arcádia literária estudantil Colégio Estadual Atheneu Sergipense 2015 Eva Maria Siqueira Alves Entre papéis e lembranças O Centro de Educação e Memória do Atheneu Sergipense e as suas contribuições para a História da Educação Total 04 Fonte Quadro elaborado pela pesquisadora por meio de informações coletadas no Catalogo de Teses e Dissertações da Capes e da BICEN 167 Apêndice APÊNDICE B Fluxograma das áreas de concentração das publicações sobre o Atheneu Sergipense 168 Apêndice APÊNDICE C Quadro de produções do GREPHES 20112020 CATEGORIA ANO AUTOR FORMAÇÃO TÍTULO DO TRABALHO Dissertação 2011 Kátia de Araújo Carmo Licenciatura em Ciências Biológicas Uma História do Curso de Ciências biológicas na Universidade Federal de Sergipe Para quê o quê Para quem Como Dissertação 2011 Gilvan Vitor dos Santos História O círculo operário católico em Sergipe práticas educativas e organização da cultura operária 19351969 Educativa Espírita 19471992 Dissertação 2014 Anna Karla de Melo Silva Pedagogia Felte Bezerra um quartel de atividades líterocientíficas Livro 2015 Josefa Eliana Souza História e Memória Universidade Federal de Sergipe Dissertação 2016 Ane Rose de Jesus Santos Maciel Licenciatura em História Entre fatos e relatos as trajetórias de Carmelita Pinto Fontes e Rosália Bispo dos Santos Dissertação 2018 Danilo Mota de Jesus Odontologia Uma História da Odontologia em Sergipe do ensino à estruturação do campo 19251975 Dissertação 2019 Salim Silva Souza Biblioteconomia O curso de biblioteconomia e documentação da Universidade Federal de Sergipe 20082017 criação implantação e funcionamento Dissertação 2019 Andréia Bispo dos Santos Pedagogia Preservando memórias escrevendo histórias um olhar sobre o arquivo central da Universidade Federal de Sergipe 19982016 Tese 2018 Patrícia de Souza Nunes Educação Física Memória e biografia coletiva de médicos docentes sergipanos intelectualidade política cultura e sociabilidade Tese 2020 Ane Rose de Jesus Santos Maciel Licenciatura em História Sob a tutela da moral e os auspícios da ordem a trajetória de Dom Luciano José Cabral Duarte no Conselho Federal de Educação 19681986 Tese 2020 Ricardo Costa dos Santos Ecos de um Brasil francofono a língua francesa no colégio de Aplicação da Universidade Federal de Sergipe 1960 2013 Fonte Quadro elaborado pela pesquisadora por meio de informações coletadas no site do PPGED e da BICEN 169 Apêndice APÊNDICE D Transcrição do 1º relatório anual de Maria Thétis Nunes 14 de janeiro de 1952 Nº 9 Senhor diretor Assumindo as funções de Diretor do Colégio Estadual de Sergipe em 17 de dezembro findo justamamente quando já o ano terminava difícil nos é pois apresentarlhe um relatório minuncioso das atividades deste estabelecimento relativo ao ano de 1951 Procuraremos porém recorrendo às fontes informativas levar ao seu conhecimento o que nos foi possivel obter EDIFÍCIO Durante o ano findo o Colégio funcionou no novo edifício a ele destinado É natural que se tratando de um edifício inacabado tornaramse necessárias algumas adaptações principalmente procurando possibilidades de acomodar os alunos matriculados Com a conclusão das obras que ora se iniciam naturalmente ficará o nosso Colégio bem instalado dispondo também de alguns salões a mais para aulas No momento tornase necessária a construção de uma área coberta que sirva de recreio para os alunos pois não há nenhum lugar onde possam estes ficar quando em folga Problema inadiável é da Educação Física Não há no estabelecimento local apropriado para a realização dos exercícios físicos que foram feitos desorganizadamente em plena rua Este fato deu margem a inúmeras reclamações não só por parte da Inspetoria Federal através de ofícios encaminhados à Diretoria passada como de pais de alunas pois as moças estavam sujeitas aos ditos de quem passasse pela rua Sugerimos como medida solucinadora do caso o aproveitamento do antigo campo de esportes Adolfo Rolemberg não só pela sua proximidade do Colégio como também por ser o local que na planta do estabelecimento figura como Estádio Urge também uma reforma quanto ao pessoal de Educação Física Atualmente a Educação Física deste estabelecimento ocupa 20 pessoas umas como extranumerárias mensalistas outras designadas ainda como contratadas além do professor e 2 médicos Na sua quase totalidade pessoas sem nenhum curso especializado 170 Apêndice Sugerimos que além do professor da casa e que ora se encontra em licenca premio no Rio de Janeiro haja um Assistente para o que deve ser oriado o lugar e que deve ser preenchido por pessoa com curso especializado CORPO DISCENTE Foi a seguinte a matrícula deste estabelecimento no ano letivo que terminou Curso ginasial 570 alunos Curso colegial 279 alunos TOTAL 849 O total da matrícula nos mostra um número de alunos superior à capacidade atual do atual edifício dando lugar a turma até de 50 alunos Notase folheando as cadernetas escolares que grande foi o número de alunos a abandonarem o curso sobretudo no Curso de Colégio acarretando despesas para o Estado com a craição de novas turmas Pelos resultados da aprovações finais já publicados no Diário Oficial do Estado concluimos que o aproveitamento dos alunos foi pequeno pois turmas existem onde só foram aprovados 5 ou 6 alunos apenas As causas deste baixo aproveitameto são difíceis de se precisar e somente um estudo mais detalhado e profundo poderá revelar as suas causas É o que pretendemos fazer no decorrer do corrente ano CORPO DOCENTE Do corpo de professores catedráticos efetivos continuam afastados o padre José Felix de Oliveira catedrático de Latim e o professor Augusto Pereira de Azevedo catedrático de Química respectivamente substituidos pelos professores João Evangelista Cajueiro e Dr José Barreto Fontes Notase que muitos professores estão sobrecarregados com umm excesso de turmas além da sua tarefa o que talvez se explique não só pela falta de professores para determinadas disciplinas como também devido ao alto custo da vida atual que obriga a professor que tem família a se desdobrar a fim de fazer face ao orçamento doméstico Seria interessante como solução para o caso a criação de um quadro de professores extranumerários como existe no Colégio da Bahia preenchido através de concurso PESSOAL ADMINISTRATIVO Dado o pouco tempo que estamos à frente desta tradicional casa de ensino ainda não podemos fazer as devidas apreciações acerca do pessoal administrativo Notamos porém que o quadro de Inspetores de Alunos conta com poucos homens e um grande número de mulheres o que não se justifica num estabelecimento onde o maior número de alunos é do sexo masculino Talvez se explique isto pelo fato de o ordenado 171 Apêndice de Inspetor de Alunos ser pequeno não atraindo assim pessoas de um certo nível cultural Seria interessante pois uma reestruturação no quadro de Inspetores de Alunos BIBLIOTECA A Biblioteca escolar do nosso estabelecimento consta de alguns milhares de volume e tem prestado grande servicos ao estudante desprovido de recurso para a compra de livros pelo alto custo atual Todavia está desorganizada a nossa Biblioteca Não há nenhum método na sua catalogação não há fixário nem plano para aquisição de livros de leitura o que a torna apenas um amontoado de livros É necessário assim uma reorganização total neste setor o que só poderá ser totalmente possível quando foram concluidas as obras ora iniciadas onde há o salão destinado à Biblioteca Nesta ocasião poderemos enquadrar a nossa Bibliloteca na sua verdadeira finalidade APARELHAMENTO ESCOLAR Constatamos também a falta do material escolar adequado às exigencias pedagógicas modernas Na seccão de Educação Física há falta de material apesar de inúmeros pedidos não só feitos pelos professores como pela Inspetoria Federal Não há material para Geografia História e línguas vivas o que torna o Colégio de Sergipe desaparelhado para o ensino moderno Temos um edifício magestoso mas falta o complemento essencial à educação secundária nos dias atuais quando todos os setores educacionais sofrem uma renovação que conduz a um melhor aproveitamento escolar SITUACÃO ECONOMICA Algumas verbas foram suplementadas no decorrer do ano findo Outras deixaram pequenos saldo Outras deixaram porém como a de Material Permanente Máquinas de escritório movéis e utensílios Material de Educação Física e a verba de Concursos a realizaremse O saldo da primeira porém implica na falta de elementos indispensáveis não só a secção de Educação Física como à própria vida administrativa do Colégio O saldo da verba de Concursos a realizaremse é explicado porque não foi realizado concurso no ano findo havendo apenas exame de suficiencia no início do ano letivo No corrente ano teremos porém logo em março o concurso para a catédra de História Natural Eis o que nos foi dado observar nos poucos dias da nossa vida administrativa à frente do Colégio Estadual de Sergipe Certos de contamos com o apoio de V Sa e dos órgãos competentes para levar avante o nosso programa administrativo reafirmo o nosso desejo de fazer alguma coisa pela educação no nosso Estado 172 Apêndice Atenciosos cumprimentos Maria Thetis Nunes Diretor Ao Ilmo Sr Professor João Evangelista Cajueiro M D Diretor do Departamento de Educação 173 Apêndice APÊNDICE E Transcrição do 2º relatório anual de Maria Thétis Nunes 10 de janeiro de 1953 Nº 3 Senhor Diretor Após o término do primeiro ano da minha administração à frente do Colégio Estadual de Sergipe apresentolhes o relatório deste estabelecimento relativo ao ano de 1952 EDIFÍCIO É o edifício do Colégio de Sergipe o mais moderno dos estabelecimentos de ensino do nosso estado todavia ainda inacabado donde as necessidades de algumas adaptações visando principalmente acomodar o maior número possível de alunos Com a inauguração próxima das obras em conclusão o Colégio de Sergipe estará bem aparelhado para fazer face às exigências atuais Ainda é necessário a área coberta para o recreio dos alunos pois a que temos não satisfaz o número de alunos do estabelecimento Quanto à Educação Física sentimos falta de um estádio em consonância com o majestoso edifício que temos Mas assim com o aterro parcial do terreno lateral do edifício e da sua muragem contornamos o problema Temos no momento necessidade de uma área coberta no local destinado aos exercícios físicos Com a nomeação do novo professor de Educação Física esperamos que os exercícios físicos alcancem no nosso Colégio sua finalidade Estamos extinguindo os professores contratados na sua totalidade estudantes que criavam problemas de disciplina Com a compra de material especializado está a Secção de Educação Física aparelhada parcialmente CORPO DISCENTE A matrícula do ano letivo que terminou foi a seguinte Curso ginasial 563 alunos Curso colegial 278 alunos TOTAL 841 alunos Um problema de difícil solução é o abandono dos alunos no decorrer do curso pelos alunos no decorrer do ano sobretudo no curso de Colégio o que acarreta despesas inúteis para o estado com a criação de novas turmas Creio que a solução para o problema seria o 174 Apêndice exame de seleção como faz o Colégio Pedro II e outros estabelecimentos congêneres para o ingresso no curso colegial Também as reprovações foram em grande escala donde concluímos que infelizmente o aproveitamento foi pequeno As causas deste pequeno aproveitamento são difíceis de se precisar Talvez o curso primário mal feito o espírito da nossa época a falta de cooperação dos pais falhas no sistema educacional predomínio do ensino teórico sejam as causas que merecem ser tomadas em consideração e estudada Todavia neste ano de adaptação para nós não foi possível um melhor estudo do problema CORPO DOCENTE Na segunda metade do ano o nosso Colégio sofreu com o afastamento imprevisto de catedráticos como Dr Manoel Ribeiro e o Prof Franco Freire continuando afastado ainda o Pe José Felix o Prof Augusto Azevedo Muitas das vezes para suprir as lacunas deixadas por estes professores tivemos que apelar para outros professores já sobrecarregados Notamos também que muitos dos nossos professores estão sobrecarregados o que se explica pelos pequenos vencimentos e o alto custo de vida que prejudica assim o rendimento escolar Somos pela criação de um quadro de professores extranumerários por concurso a exemplo do que se faz no Colégio da Bahia PESSOAL ADMINISTRATIVO É sobretudo no setor dos encarregados da disciplina dos alunos que notamos a deficiência do nosso pessoal administrativo São em geral pessoas idosas sem nenhuma compreensão dos problemas da adolescência que nada resolve quanto à disciplina Talvez se explique isto pelo pequeno ordenado do cargo que não atrai pessoas de melhor nível cultural É inadiável a criação do cargo de Vicediretor do Colégio de Sergipe pois o Diretor não é capaz de sozinho enfrentar todos os problemas que surgem BIBLIOTECA A nossa Biblioteca escolar consta de alguns melhores exemplares para empréstimo ao estudante pobre o que tem facilitado muito o estudo tendo em conta o alto nível de vida É a nossa Biblioteca porém desorganizada sem fichários sem pessoal especializado o que a torna um amontoado de livros Nada ainda podemos tentar no sentido de sua remodelação por falta de sala adequada o que tentaremos fazer no próximo ano com a inauguração da nova parte do edifício MATERIAL ESCOLAR Encontramos o nosso colégio desaparelhado de material escolar adequado às exigências pedagógicas modernas Procuramos com as nossas pequenas verbas e com a compreensão do nosso Sr Governador do Estado adquirir material para o 175 Apêndice salão de História e Geografia No próximo ano procuraremos organizar as salas de línguas vivas de Desenho e Trabalhos Manuais GABINETE DENTÁRIO Em setembro do ano passado inauguramos um moderno gabinete dentário que desde então tem prestado relevantes serviços ao estudante pobre Foram atendidos muitos alunos tendo sido feitas neste curto espaço de tempo 101 obturações e 41 extrações SITUAÇÃO ECONÔMICA Algumas verbas foram suplementadas enquanto outras deixaram pequenos saldos o que se explica pelo fato de o nosso Orçamento ser o mesmo de alguns anos anteriores não acompanhando assim o aumento do custo de vida Podemos porém afirmar que encerramos o ano de 1952 sem nenhuma dívida deixada para o próximo ano REGULAMENTO Aguardamos a publicação do novo regulamento do Colégio elaborado pela Congregação deste Colégio e enviado à Assembleia que o devolvei ao Poder Executivo A sua adotação fará entrar em vigor normas dentro da pedagogia moderna Eis assim em síntese o relatório do ano de 1952 do Colégio Estadual de Sergipe Contando com o apoio de VS e dos órgãos competentes para executar nosso programa administrativo esperamos fazer alguma coisa de positivo em prol da educação da juventude de Sergipe Cordiais Saudações Maria Thétis Nunes Diretor Ao Ilmo Sr Exupero Monteiro ND Diretor do Departamento de Educação NESTA TA 176 Apêndice APÊNDICE F Transcrição da Proposta Orçamentária do CES para o ano de 1953 Nº 138 19 de maio de 1952 Senhor Secretário Segue anexa a proposta orçamentária deste Colégio para o exercício de 1953 Na sua confecção procurei dentro do possível impedir o aumento das verbas Algumas porém tiveram que sofrer aumento umas aumento insignificante outras aumento maior por uma séries que razões que passo a expor Verba 332833116 Temos no estabelecimento dois diaristas que recebem respectivamente Cr 1000 e Cr 1400 diários É impossível com o alto custo de vida dos dias atuais manter esta mesma tabela Assim com este aumento de verba poderemos melhorar um pouco o salário ínfimo que estes diaristas recebem Verba 332833223 Os livros ou quaisquer publicações vem sofrendo um aumento considerável Assim com a verba que temos nada poderemos fazer para melhorar a nossa biblioteca que no momento se encontra desfalcada de obras essenciais à sua finalidade Verba 332833224 Também necessita o estabelecimento para a sua nova instalação de utensílios escolares É com o objetivo de suprir esta lacuna que introduzo este aumento Verba 332833334 Os trabalhos gráficos sobem assustadoramente dia a dia e o acréscimo feito visa solucionar esse problema Para dar uma prova concreta basta dizer que a última remessa de papel de prova que recebi foi de a de Cr 43000 o milheiro No momento está custando Cr 60000 o milheiro Vemos o que isto representa para um colégio que gasta cerca de 20000 folhas anuais Imaginese o aumento do próximo ano quando este orçamento entrará em vigor Verba 332833440 e 332833447 São verbas diminutas e tenho notado que anos anteriores tem sido necessária a suplementação Todos os outros aumentos visam apenas enquadrar as verbas dentro da desvalorização monetária atual Acrescento algumas novas despesas não computadas no orçamento anterior o que justifico a seguir 177 Apêndice Prêmios para os melhores alunos das séries dos dois cursos Cr 120000 A Congregação deste Colégio já instituiu esses prêmios que são um estímulo à mocidade Assim procuro tornar realidade o que já está criado Subvenção ao Grêmio Clodomir Silva O Grêmio Clodomir Silva é o órgão representativo da classe estudantil Uma subvenção virá possibilitar pelos menos a saída de um jornalzinho anual As despesas com o Gabinete Dentário são necessárias porque no momento está sendo instalado no estabelecimento um gabinete dentário Atenciosos cumprimentos Maria Thétis Nunes Diretor Ao Ilmo Sr Dr Renato Cantidiano Vieira Ribeiro DM Secretário da Fazenda Produção e Obras Públicas 178 Apêndice APÊNDICE G Transcrição da Proposta Orçamentária do CES para o ano de 1954 29 de abril de 1953 Nº 82 Senhor Secretário Passo às mãos de V Sª a proposta orçamentária deste Colégio para o exercício de 1954 Em linhas gerais ela é a mesma que apresentei o ano passado para o atual exercício financeiro Procurei na sua feitura dentro do possível impedir o aumento de verbas Todavia algumas verbas tiveram que sofrer aumento umas menos insignificantes outras maiores em virtude de uma série de razões que passo a expor e que foram as mesmas razões da minha exposições de motivos do ano passado Verba 332833116 Temos no estabelecimento dois diarista que recebem respectivamente Cr 1000 e Cr 1400 diários É impossível com o alto custo de vida dos dias atuais manter esta mesma tabela Assim com este aumento de verba poderemos melhorar um pouco o salário ínfimo que estes diaristas recebem Verba 332833223 Os livros ou quaisquer publicações vêm sofrendo um aumento considerável Assim com a verba que temos nada podemos fazer para melhorar a nossa biblioteca que no momento se encontra desfalcada de obras essenciais à sua finalidade Verba 332833224 Também necessita o estabelecimento para sua nova instalação de utensílios escolares Verba 332833334 Os trabalhos gráficos sobem assustadoramente dia a dia e o acréscimo feito visa solucionar esse problema Verba 332833440 e 332833447 São verbas diminutas e tenho notado que em anos anteriores tem sido necessário a suplementação Todos os outros aumentos visam apenas enquadrar as verbas dentro da desvalorização monetária atual Acrescento algumas novas despesas não computadas no orçamento anterior o que justifico a seguir 179 Apêndice Prêmios para os melhores alunos das séries dos dois cursos Cr 120000 A Congregação deste Colégio já instituiu esses prêmios que são em estímulo à mocidade Assim procuro tornar realidade o que já está criado Subvenção ao Grêmio Clodomir Silva O Grêmio Clodomir Silva é o órgão representativo da classe estudantil Um subvenção virá a possibilitar pelo menos a saída de um jornalzinho anual As despesas com o Gabinete Dentário são necessárias porque foi instalado no estabelecimento um gabinete dentário Aproveito o ensejo para apresentarlhes os meus cordiais cumprimentos Maria Thétis Nunes Diretor Ao Ilmo Sr Major Antônio Carlos Nascimento Júnior MD Secretário da Fazenda Produção e Obras Públicas 180 Apêndice APÊNDICE H Transcrição da Proposta Orçamentária do CES para o ano de 1954 ESTADO DE SERGIPE SECRETÁRIA DA FZENDA PRODUÇÃO E OBRAS PÚBLICAS CIRCULAR N 7 Aracaju 22 de abril de 1952 Senhor Diretor De ordem do Excelentíssimo Senhor Governador do Estado solicitamos vossas providências no sentido de ser remetida a esta Secretaria por intermédio do Departamento da Fazenda até o dia 15 de maio vindouro a proposta orçamentária dessa repartição para o futuro exercício de 1953 ao qual deverá ser elaborada de acordo com as instruções anexas Com o objetivo de facilitar o trabalho dessa repartição estamos enviando junto à apresente o material abaixo descriminado destinado à confecção em duas vias dos principais quadros e tabelas que terão de instruir a aludida proposta orçamentária a tabela explicativa da despesa modelo 3 b quadro comparativo das despesas fixados no orçamento de 1952 com as que forem propostas para 1953 modelo 81 c relação nominal de funcionários e extranumerários inclusive diaristas modelo 83 A segunda via dos quadros acima mencionados ficará fazendo parte do arquivo dessa repartição A Secção de Estudos Econômicos e Financeiros do Departamento da Fazenda poderá prestar quaisquer outros esclarecimentos que jugardes necessários à organização da proposta desse órgão Esperamos contar com a vossa valiosa e indispensável cooperação para o melhor êxito dos trabalhos de elaboração orçamentária do Estado aproveitamos o ensejo para apresentar vos protestos de real estima e elevada consideração Atenciosas saudações Renato Cantidiano Vieira Ribeiro Secretário da Fazenda Produção e Obras Públicas 181 Apêndice APÊNDICE I Transcrição de cobrança do relatório de fim de ano das atividades desenvolvidas pelo CES no ano de 1952 ESTADO DE SERGIPE SECRETÁRIA DA JUSTIÇA E INTERIOR CIRCULAR N 1 Aracaju 26 de novembro de 1952 Senhor Diretor Afim de que esta Secretaria possa organizar o seu relatório geral concernente às atividades dos diversos departamentos públicos que lhe são subordinados solicito vossas providencias no sentido de nos ser remetido até o dia 10 de janeiro de 1953 improrrogavelmente o relatório dos serviços dessa repartição referente ao exercício de 1952 prestes a expirar Recomendovos que esse documento deve ser elaborado de modo objetivo sucinto contendo dados de maneira que o relatório geral desta Secretaria possa representar a situação fiel de cada setor administrativo Devo esclarecer que esse relatório servirá de base à próxima mensagem que o Exmo Sr Governador terá de enviar ao Poder Legislativo na sua primeira instalação no ano vindouro em 1º de março nos termos do prescrito constitucional Certo da vossa colaboração nesse sentido confio em que o prazo da apresentação do relatório solicitado não exceda àquela data acima fixada SAUDAÇÕES Acrísio Cruz Secretário da Justiça e Interior 182 Apêndice APÊNDICE J Transcrição justificando o reenvio da solicitação no adiantamento de verbas Nº 17 7 de fevereiro de 1953 Senhor Secretário Em face da devolução do ofício nº 8 deste solicitando o adiantamento para o corrente exercício faço em obediência ao Decreto nº 166 de 31121952 a seguinte exposição justificando o citado adiantamento O Colégio Estadual de Sergipe como estabelecimento escolar que é necessita de estar aparelhado para o início do ano letivo daí a necessidade de aquisição de material de expediente impressos livros para a biblioteca etc Também são necessários reparos inadiáveis no período de férias dada a sua possibilidade no período de aulas São as seguintes as dotações orçamentárias por onde deverá o adiantamento correr Pessoal variável Diaristas e tarefeiros Verba 332833116 Duodécimo Cr 73333 Material Permanente Livros revistas e outras publicações destinadas a coleções ou bibliotecas Verba 332833223 Duodécimo Cr 41666 Material Permanente Máquinas de escritório móveis e utensílios Verba 332833224 Duodécimo Cr 125000 Material Permanente Materiais diversos Materiais para a Secção de Educação Física Verba 332833229 Duodécimo Cr 66666 Material de Consumo Material de expediente e escolar inclusive impressos Verba 332833334 Duodécimo Cr 200000 Material de Consumo Materiais diversos Material para as aulas práticas de Química Física e História Natural Verba 332833339 Duodécimo Cr 50000 Despesas diversas Água esgoto asseio luz e força Verba 332833440 Duodécimo Cr 25000 Despesas diversas Despesas de conservação em geral Verba 332833442 Duodécimo Cr 41660 183 Apêndice Despesas diversas Contribuições embargos e serviços diversos Concursos a realizaremse Verba 332833444 Duodécimo Cr 66660 Despesas diversas Despesas postais telegráficas e telefônicas Verba 332833447 Duodécimo Cr 10000 Despesas diversas Despesas não especificadas Verba 332833456 Duodécimo Cr 83330 TOTAL Cr 783300 Outrossim a importância do referido adiantamento deverá ser entregue ao sr Fabiano Barros Porteiro deste Colégio Atenciosos cumprimentos Maria Thétis Nunes Diretor Ao Ilmo Sr Capitão Antônio Carlos do Nascimento Júnior MD Secretário da Fazenda Produção e Obras Públicas NESTA TA 184 Apêndice APÊNDICE K Transcrição de pedido de solicitação de compra de materiais para os salões de Geografia e História Nº 85 9 de maio de 1953 Senhor Secretário O ano passado dentro da verba Material Permanente procurei adquirir algum material essencial à organização do salão de Geografia e História deste estabelecimento É meu desejo continuar a organização do referido salão para o qual solicito de V Sª providências no sentido de que o Exmo Sr Governado do Estado dê a necessária organização para a compra do material abaixo enumerado correndo a despesa por conta da verba 332 833224 Mapa mudo do BrasilCr 350000 Coleção de seis mapas mudos continentaisCr 160000 Modelo representando o ciclo das águasCr 45000 Modelo para Geografia BiológicaCr 45000 Mapa físico político do BrasilCr 15000 Também se torna necessário a aquisição pela verba acima citada do seguinte material para o ensino de Desenho Coleção de vinte sólidos para o ensino de desenhoCr 10000 O material constante desta relação deverá ser adquirido na Casa Ernesto Tavares Rua Antônio Vargas 127 Rio de Janeiro firma que melhor preço apresentou dentre outras que me forneceram catálogos com os respectivos preços Atenciosos cumprimentos Maria Thétis Nunes Diretor Ao Ilmo Sr Major Antônio Carlos Nascimento Júnior MD Secretário da Fazenda Produção e Obras Públicas 185 Anexo ANEXO 186 Anexo ANEXO A Capa da tese apresentada por Thétis Nunes no concurso para professor catedrático do Atheneu Sergipense 1945 FONTE Biblioteca Central da Bahia Campus Ondina 2019 187 Anexo ANEXO B Decreto de vigência de crédito para construção do Auditório do Atheneu Sergipense FONTE Hemeroteca do Arquivo Público de Sergipe 19511957 188 Anexo ANEXO C Entrega da nova sede do Colégio Estadual de Sergipe Fonte Jornal Diário de Sergipe 1950 189 Anexo ANEXO D Alunos dos CES que ganharam bolsa de estudos para especializarse Fonte Acervo do CEMAS 190 Anexo ANEXO E Correspondências a respeito do alunoprofessor contratado José Carlos Freire Calazans Fonte Acervo do CEMAS 191 Anexo ANEXO F Ofício nº 41 Fonte Acervo do CEMAS 192 Anexo ANEXO G Ofício nº 123 Fonte Acervo do CEMAS 193 Anexo ANEXO H Pedido de Dom Luciano Diretor da Faculdade de Filosofia de Sergipe para fazer uso do Gabinete de Física do CES Fonte Acervo do CEMAS 194 Anexo ANEXO I Resposta favorável de Maria Thétis Nunes Diretora do Colégio Estadual de Sergipe ao pedido de Dom Luciano Fonte Acervo do CEMAS 195 Anexo ANEXO J Resposta favorável de Maria Thétis Nunes Diretora do Colégio Estadual de Sergipe ao pedido de Dom Luciano Fonte Acervo do CEMAS 196 Anexo ANEXO K Laboratório de Ciências Físicas e Materiais Fonte Acervo do IHGSE 197 Anexo ANEXO L Sala de aula em laboratório de Ciências Físicas e Materiais Fonte Acervo do IHGSE 198 Anexo ANEXO M Laboratório de Química do Atheneu Pedro II e do Colégio Estadual de Sergipe Fonte Acervo do IHGSE 199 Anexo ANEXO N Turma concludente do Atheneu Pedro II em 1939 sendo a primeira à esquerda Maria Thétis Nunes Fonte Acervo do CEMAS 200 Anexo ANEXO O Livro de Penas Impostas aos Alunos 19431958 CEMAS Portarias nº 23 e nº 24 Fonte Acervo do CEMAS 201 Anexo ANEXO P Inauguração da ala administrativa do Colégio Estadual de Sergipe Fonte Acervo do CEMAS