·

História ·

Outros

Send your question to AI and receive an answer instantly

Ask Question

Preview text

SURDEZ e PRECONCEITO a norma da fala e o mito da leitura da palavra falada Silvia Andreis Witkoski Publicado em Revista Brasileira de Educação v 14 n 42 p565576 httpwwwporsinalptindexphppsartigosidtartccat13idart74 Resumo Falar sobre surdez e preconceito é narrar uma das interfaces do ser surdo Dentre o imenso leque que o envolve o artigo traz para discussão a norma da fala e o mito da leitura da palavra falada por considerar que ambos legitimam uma série de práticas oralistas afetando pejorativamente a construção da identidade do ser surdo e seu direito a uma comunicação e formação significativa Em nome de uma pseudointegração entre surdos e ouvintes mascaramse os preconceitos em relação à surdez e aos surdos ao implicitamente não aceitar sua diferença linguística de percepção do mundo e forma de ser Essa discussão é construída essencialmente a partir do resgate de muitas vivências dos próprios surdos a fim de trazer à tona as suas nuanças desvelando alguns dos discursos que legitimam esses preconceitos buscando desnudar as implicações dolorosas que geram na vida dos surdos Introdução Falar sobre surdez e preconceito é narrar uma das interfaces do ser surdo Na história do povo surdo estão evidentes as marcas que o identificam como um ser incompleto incapaz deficiente A partir dessa concepção da surdez todo tipo de violência física e simbólica foi exercida passando por extermínio reclusão em casa proibição do uso da língua de sinais segregação em escolas especiais até as atuais propostas pedagógicas adjetivadas como bilíngues utilizadas como mais uma metodologia colonialista ahistórica e despolitizada que consistem em apenas permitir o uso da língua de sinais sem empreender qualquer ação no sentido de transformar as relações sociais culturais e institucionais Sá 2002 p 358 Dentre o imenso leque de preconceitos que envolvem o ser surdo este texto pretende discutir a norma da fala e o mito da leitura da palavra falada por entender o quanto ambos legitimam uma série de práticas oralistas 11 afetando de forma pejorativa a construção da identidade do ser surdo e seu direito a uma comunicação e formação significativa Nesse sentido vale ressaltar que a comunicação via fala e leitura de lábios da língua falada é necessariamente muito limitada para uma pessoa que não pode ouvir Portanto a fala pode representar apenas funções comunicativas muito básicas para os surdos Svartholm 1999 p 19 No entanto ambos implicam a oralização dos surdos e intermináveis exercícios de treinamento em detrimento da formação acadêmica Ao implicitamente não aceitar a diferença linguística de percepção do mundo e forma de ser essas práticas mascaram os preconceitos Elas promovem uma pseudoinviabilização da surdez realizada com o argumento de uma pretensa integração entre surdos e ouvintes Antes de qualquer coisa considero ser importante esclarecer de que lugar eu estou falando pois certamente o fato de ser surda implica a construção de um texto em que fica evidente a repulsa por todo tipo de preconceito que busca nos aprisionar nos discursos do ouvintismo levandonos muitas vezes a desenvolver a sua face mais perversa que é contra nós próprios assimilandoos como se fossem verdades Em vários momentos farei uso inclusive de minha própria experiência em face dos preconceitos para que pelo exemplo de fatos narrados pelos próprios surdos possa trazer à tona suas nuanças desvelar alguns dos discursos que os legitimam e desnudar as implicações dolorosas que geram na vida dos surdos A norma da fala Machado 2008 p 24 observa que a maioria das escolas regulares com alunos surdos adere à abordagem oralista não aventando outras perspectivas Segundo o autor parece haver um consenso mudo por exemplo sobre o fato de que se todos falam esse estudante deve também falar Obviamente falar é limitado à concepção ouvinte que a restringe às línguas processadas pelo canal auditivooral não reconhecendo a modalidade visualmotora da língua de sinais como a natural dos surdos Podese afirmar que a linguagem por convenção ainda está vinculada à acústica Wrigley 1996 p 11 Nessa perspectiva não ter a fala pressupõe em uma sociedade oral a mudez dito de outro modo pressupõe ausência de pensamento ou pelo menos pressupõe que o surdo não tem o que dizer Lopes 2007 p 51 Essa superioridade da palavra remete à visão aristotélica que a relaciona ao mundo das ideias da razão enquanto o mundo concreto e material é representado pelo gesto Segundo Sacks 1998 p 28 talvez essa ideia equivocada ou preconceito de que os símbolos precisam ser falados remonte aos tempos bíblicos o status subhumano dos surdos era parte do código mosaico e foi reforçado pela exaltação bíblica da voz e do ouvido como o único e verdadeiro modo como o homem e Deus podiam falar No princípio era o Verbo A naturalização desta modalidade de comunicação linguística continua a ser percebida por muitas pessoas como característica que identifica os seres humanos distinguindoos dos animais classificados como irracionais Tamanha é essa referência que por muito tempo e ainda hoje segundo vivências relatadas por amigos surdos ao se comunicarem por meio de Libras em um ambiente ocupado predominantemente por ouvintes seu uso é referido como coisa de macaco Mesmo não tendo passado por situação explícita de discriminação como essa ao conversar com amigos surdos pela língua de sinais percebo o preconceito em sua versão sutil nos olhares no quanto parecemos exóticos sendo imensamente observados disfarçadamente A questão de a diferença do ser surdo ser percebida pelo foco da deficiência é que perpetua a obstinação em fazer o surdo falar na mesma modalidade do ouvinte sob a lógica ouvintista e normalizadora ancorada no argumento de que se o surdo aprender a falar português estará incluído na sociedade visto que esta é a língua majoritária no caso do Brasil Em nome dessa pseudointegração os surdos são submetidos a intermináveis sessões de treinamento No entanto mesmo quando aprende a falar a língua portuguesa o surdo continua a não ser aceito na comunidade ouvinte sendo identificado como deficiente em função do que muitos referem de o jeito surdo de falar em referência à fala truncada à diferença na pronuncia ou na clareza articulatória das palavras Mesmo no caso de surdos que têm uma fala considerada inteiramente compreensível e que fazem uso de um discurso fluente da língua portuguesa por terem ensurdecido quando já tinham domínio da língua o preconceito persiste pelo fato de eles não ouvirem ou ouvirem em nível bem abaixo do dos ouvintes Desse modo aquele que não ouve tão bem ou não percebe algumas manifestações sonoras na medida em que deveria frequentemente passa a ser distinguido como alguém com perda com carência com falta de com deficiência e como pessoa portadora de uma especificidade Lulkin 1998 p 40 deficiência identificada pelo nãoentendimento das informações faladas pelo uso da prótese auditiva ou mesmo na ausência desta pelo desencontro entre a modulação da voz do surdo e a utilizada pelo ouvinte em diferentes contextos conversacionais Esse desencontro ocorre pelo fato de o surdo não ouvir a sua própria voz ou ouvila somente quando ela está em um nível sonoro muito alto em relação aos ouvintes o que faz com que não consiga monitorar a sua sonoridade com o sentido da audição Fazendo uso da minha própria vivência exemplifico os preconceitos que permanecem mesmo quando o surdo fala português dentro dos padrões convencionais Minhas filhas estavam brincando no playground do prédio com uma menina que tinha se mudado havia pouco tempo Ao conversar com sua mãe sinto dificuldade de entendêla e me identifico como surda solicitando que ela olhe para mim quando falar Pergunto o nome da sua filha que entendo ser Larissa Passo a chamála assim inclusive na frente da mãe Passados alguns dias a Larissa que estava brincando novamente com minhas filhas ao terminar um desenho assina Raíssa Opa Por que a mãe da criança não me corrigiu A resposta é evidente o preconceito que nos identifica como deficientes como coitadinhos imperou Nesse sentido dizer que se o surdo falar português estará integrado à comunidade ouvinte é um grande engodo ele continuará sendo visto como um deficiente e tratado como tal Nessa perspectiva relato outro episódio de preconceito que para mim simbolizou o quanto eles estão presentes profundamente enraizados e são difíceis de ser desconstruídos em 2008 logo após minha aprovação no processo seletivo para o doutorado em educação da Universidade Federal do Paraná UFPR compareci a uma defesa de tese de doutorado na qual eram discutidos alguns elementos sobre a educação dos surdos Antes de iniciar o evento fui apresentada à autora do projeto que na tentativa de ser simpática e obviamente nervosa pela característica avaliatória do evento deixa escapar Eu tive uma amiga que teve um problema como o seu referindose ao meu processo de ensurdecimento foi operada e ficou normal De imediato eu lhe respondi Eu sou normal Muito constrangida ela desculpouse Nesse ato falho 22 ficou claro como uma pesquisadora que a priori por seu trabalho inserido na abordagem socioantropológica da surdez tem um discurso politicamente correto não está plenamente convencida de seus argumentos mantendo resquícios dos preconceitos de percebêla a partir do foco da deficiência e assim inconscientemente sugerir uma possibilidade de cura para um corpo visto com defeito Indubitavelmente nessa fala num lapso inconsciente ela aventou uma possibilidade de me igualar novamente aos ouvintes sem se dar conta de que essa pretensa esperança de voltar a ser normal 33 segundo sua perspectiva implicaria descartar minha própria identidade Na verdade de forma inconsciente ela resgatou a base das políticas ouvintistas que intentam a cura da surdez perpetuando os processos normalizadores como diz Wrigley 1996 p 71 surdos são pessoas que ouvem com ouvidos defeituosos Se pudéssemos consertar os ouvidos eles estariam ouvindo Esta lógica comum na verdade é comum mas não necessariamente lógica Os negros são pessoas brancas que possuem pele escura Se pudéssemos consertar a pele eles seriam brancos As mulheres são homens com genitália errada e por aí vai Essas transposições cruas revelam um tecido social de práticas pelas quais nós sabemos quais identidades são tanto disponíveis quanto aceitáveis Outra questão fundamental que contradiz essa alusão ou melhor ilusão de que se o surdo falar português estará integrado à comunidade ouvinte e que coexiste com a manutenção dos preconceitos referidos reside no fato de o surdo continuar a ser excluído no essencial o direito de acesso fluente e irrestrito às informações produzidas via língua auditivooral que constitui um direito um princípio básico de cidadania Em relação ao processo de discriminação do surdo que impõe uma marginalização social e cultural não vejo sequer a necessidade de ilustrar com exemplos pois estes são tantos desde a falta de legenda em português ou de tradução em Libras dos programas televisivos e outros similares ao direito elementar de acesso aos conteúdos de uma aula no ensino regular pois ainda na maioria das situações de alunos surdos incluídos o recurso predominante para tal é a leitura da palavra falada que não bastaria um artigo mas sim um livro de exclusões diárias Outro aspecto importante o qual me sinto plenamente confortável para apontar como grande engodo visto que durante 35 anos fui uma ouvinte é a possibilidade de o surdo ser aceito na comunidade ouvinte desde que fale como um dos seus e tenha um treinamento da leitura da palavra falada impecável há aí um caráter subliminar acrescentado a essa promessa de integração como se por via dela viesse a receber o ingresso a um paraíso ouvinte Essa promoção hedonista de um mundo ouvinte que não existe simplifica as relações e possibilidades à materialidade da surdez escondendo a complexa rede de relações de poder que compõem o tecido social e interferem na vida em sociedade tanto no caso do ouvinte como do surdo É importante ressaltar que ser ouvinte não é sinônimo de ser feliz ter sucesso e ser aceito entre seus pares ideia que é vendida aos surdos Inúmeras são as diferenças socioculturais e as desigualdades presentes também na comunidade ouvinte na qual coabita uma série de outros preconceitos a partir dos marcadores sociais da diferença Starling Schwarcz 1989 p 219 como raça gênero sexo idade e classe Vivemos uma realidade nefasta na qual são produzidas imensas injustiças sociais por conflitos raciais e religiosos dentre outros todos governados por uma política de significação na qual impera o que Skliar 2000 p 11 denominou modelo econômico político concêntrico que promove através da mídia uma teoria e uma práxis de globalização a partir de uma pretensa homogeneidade humana inexistente No entanto esta se sustenta pelos diferentes preconceitos presentes na sociedade como expressão máxima do etnocentrismo definida pelo professor João Baptista Borges Pereira como tendência ao que tudo indica universal que leva indivíduos grupos e povos à supervalorização de suas próprias expressões de vida conduzindoos consequentemente a subestimar as características de outros indivíduos grupos e povos in Schwarcz 1989 p 175 E o tipo ideal vinculado ao estereótipo da felicidade corresponde no mínimo a ser jovem do gênero masculino branco cristão heterossexual física e mentalmente perfeito belo e produtivo Amaral 1998 p 14 Nessa perspectiva ao se absolutizar a divisão surdoouvinte levando os surdos à miragem dos ouvintes como um paraíso perdido em primeiro lugar se está criando a ilusão de eles se submeterem às concepções e práticas ouvintistas em prol de uma realidade inexistente em segundo alienandoos em relação a questionar e impor resistência a outros preconceitos presentes no seu cotidiano como se ser surdo fosse ter uma identidade única Essa perspectiva que desconsidera de que surdo estamos falando remete ao cerne do preconceito em relação à surdez que nos identifica a partir da deficiência como um grupo homogêneo Os limites da leitura da palavra falada A famosa leitura labial 44 apontada como a possibilidade de o surdo compensar o sentido da audição para ter acesso às informações via palavras faladas é hiperestimada constituindose em um mito De acordo com Sacks 1998 p 82 a leitura labial não é apenas uma habilidade visual 75 dela é uma espécie de adivinhação inspirada ou conclusão por hipótese dependendo do uso de pistas encontradas no contexto Por sua vez Shirley Vilhalva 2004 p 25 autora surda ao descrever a leitura orofacial explica a dificuldade do processo a partir de dois pontos centrais a necessidade de conhecer os códigos do falante e a diferença de tempos entre a realização da leitura e o ritmo da fala Em relação ao primeiro elemento a autora argumenta que a criança surda para compreender uma conversa busca nos movimentos dos lábios e expressões as palavraschave que apesar de serem vagas num ambiente em que está familiarizada permitem que ela leia as intenções das pessoas que a cercam no entanto ao mudar o ambiente os códigos também se alteram e o processo fica extremamente prejudicado Em relação ao segundo aspecto Vilhalva 2004 p 26 esclarece que a leitura labial ao ser realizada por um processo de percepção visual é mais lenta e alerta para a diferença entre o ritmo do processo de elaboração mental das palavras e da fala a partir do seguinte exemplo Bom dia Como vai você Tudo bem E continua falando O surdo quando estiver lendo os lábios Bom dia Como vai até ser estruturado o pensamento e compreender a mensagem já perdeu o restante da frase e quando volta ler novamente defrontase com palavras soltas levandoo assim a tentar adivinhar as palavras desconhecidas num contexto geral As dificuldades da leitura da palavra falada não se restringem aos aspectos já mencionados Fatores como o tipo de articulação do locutor a proximidade ou distância dele a importância da perspectiva frontal dos lábios do falante em relação ao surdo posicionado horizontalmente em relação aos seus olhos a semelhança articulatória de determinadas letras e o prévio conhecimento das palavras pronunciadas são apenas alguns elementos que interferem no processo e demonstram o quanto a leitura labial é mitificada Vale ressaltar que o ambiente de conversação usual não se constitui num ideal de apreensão visual ao surdo ao contrário Em geral este é caracterizado pela presença de um falante distante em permanente movimento quando não está inclusive ausente do seu foco visual que realiza trocas verbais com outras pessoas as quais não poderão ser observadas concomitantemente Estas são as características mais comuns do diálogo entre ouvintes sendo inclusive também as da sala de aula no ensino regular Considerar que o aluno surdo possa ser integradoincluído na escola regular a partir da possibilidade de ele realizar leitura orofacial sem acesso pelo menos a um intérprete em língua de sinais é no mínimo uma cômoda justificativa ingênua de estar incluindoo para excluir Nesse sentido concordo com Skliar 2000 p 17 na ideia de que em relação aos surdos essas políticas de integração transformamse rapidamente em práticas de assimilação ou produzem como um efeito contrário maior isolamento e menores possibilidades educativas nessas crianças Para tal basta considerar os numerosos depoimentos dos surdos que expressam a dificuldade de compreensão nesse contexto a partir desse recurso como pode ser ilustrado pela vivência de dois alunos surdos a seguir Eu tinha 13 anos quando voltei para a escola de ouvintes Foi um sufoco Não entendia nada e ficava isolada sem conversar com professores e colegas Machado 2008 p 115 Na sala de aula é muito complicado o professor explica no quadro pá pá pá pá O surdo não entende idem ibidem p 119 A mesma dificuldade é encontrada inclusive por surdos que fazem uso de aparelho auditivo uma tecnologia normalizadora 5 cuja função é recuperar o corpo danificado dando uma suposta equiparação de oportunidades e podem a priori utilizarse de algum nível de percepção auditiva para a compreensão dos conteúdos das aulas concomitantemente à leitura da palavra falada como ilustrado no depoimento a seguir Passei a maior dificuldade na sala de aula O uso do aparelho auditivo era muito perturbador parecia que estava ficando louca muito barulho Não conseguia entender o que os professores e os alunos conversavam e tinha que suportar o barulho do aparelho Machado 2008 p 122 Em relação à dificuldade de acesso às informações pelos surdos que fazem uso do aparelho auditivo que em princípio se constitui em um facilitador do processo de leitura orofacial também pela minha vivência percebo o quanto essa situação é mitificada Nesse sentido destaco os transtornos decorrentes da permanente poluição sonora de uma sala de aula que são um tormento ainda mais quando acrescidos de ruídos e ecos produzidos pelo próprio aparelho pelo excesso de barulho ou outros sons ambientais como a passagem de carros que atrapalham o raciocínio e obviamente a compreensão do que está sendo falado e da dependência da familiaridade com o tema e expressões típicas no transcorrer de uma aula Em relação a esse aspecto pareceme que há uma grande contradição se considerarmos que o esperado em um processo de ensinoaprendizagem é ampliar as perspectivas e domínios inclusive promovendo a apropriação de novas terminologias Ainda no relato de minha experiência a impossibilidade de acompanhar os diálogos que transcorrem em sala de aula até que eu consiga localizar no campo visual quem está falando já perdi metade dos argumentos esvazia em muito o acesso à qualidade das informações partilhadas As entrelinhas da troca conversacional sempre pairam no ar Também ficamos excluídos do aprendizado incidental proveniente daquele burburinho de conversas que ocorrem durante uma aula e nos corredores das instituições de ensino Ademais a situação não oferece conforto linguístico ao contrário exaure Por esse motivo nas minhas aulas no doutorado conto com uma intérprete em Libras Para finalizar este primeiro momento de discussão sobre o mito da leitura labial uso o depoimento de Karen Strobel 2008a p 16 pesquisadora surda e mãe de um lindo menino surdo que ilustra exemplarmente o processo discriminatório alicerçado na conveniente aceitação desse processo Eu por exemplo procurava ler os lábios mas após uns 10 minutos os meus olhos começavam a arder cansavam e eu desistia de prestar atenção nas aulas e ficava olhando paraa parede Acho que se tivesse diploma para o total de horas olhandoparaaparede eu bateria recorde por toda a minha vida escolar inclusiva Do preconceito do outro ao autopreconceito As identidades não se constroem no vazio Ao contrário estão relacionadas ao conceito de representação numa relação de interdependência no sentido de que a construção da identidade se deve em grande parte a determinadas representações construídas do mesmo modo que estas estão relacionadas às identidades sustentadas pelos sujeitos Hall 2000 Nesse sentido entendese que tanto a identidade como a diferença estão relacionadas às representações sociais A manutenção dos contrastes binários normalidadeanormalidade eficiênciadeficiência faz com que o surdo seja percebido como o oposto e negativo do ser ouvinte não o aceitando enquanto uma experiência singular que constitui uma diferença específica Skliar 1998 p 9 Essa lógica perversa naturaliza a homogeneização dos discursos que identificam o surdo por meio de características universais a partir da marca da materialidade da surdez como sendo constituídos por ritmos lentos de aprendizagem inteligência primitiva comportamentos agressivos labilidade emocional imaturidade afetiva e cognitiva problemas nas relações interpessoais Schneider 2006 p 39 Esses discursos globalizantes sendo representações sociais que identificam o surdo como um ser anormal incapaz sem cultura própria com uma língua pobre e uma maneira de ser esquisita faz com que ele principalmente quando privado de estar entre seus pares assimile o olhar do ouvinteopressor Nesse sentido é importante considerar que 95 das crianças surdas são filhos de pais ouvintes e a forma como é descoberta a surdez por meio de exames audiológicos e imersos nos discursos clinicoterapêuticos constituise em um dos importantes fatores da aceitação e perpetuação do rótulo estigmatizante do surdo como deficiente É incorporado ao ambiente familiar o poder das ciências médicas como regime de verdade que vai ao encontro do tipo de representação social dominante que também identifica a surdez como uma condição de inferioridade de incapacidade Essas representações acabam por induzir o surdo a assimilar a forma como ele é percebido e narrado levandoo também a perceberse e narrarse em oposição ao espelho ideal lêse ouvinte para assimilar a imagem de ser deficiente de menos valia O constrangimento de ter um filho visto como deficiente conduz a família na maioria das vezes a apresentar resistência ao uso da língua de sinais símbolo por excelência da surdez da identidade individual e cultural do surdo Ferreira Brito 1993 p 28 p 54 optando pelo método oralista buscando a sua invisibilidade Dessa forma perpetuase a obstinação no treinamento da palavra falada e da leitura desta como uma medida de normalização desconsiderando os prejuízos à formação da identidade ao desenvolvimento cognitivo e psíquico do sujeito surdo fatos já conhecidos na literatura com abordagem socioantropológica mas preteridos ante aos argumentos das ciências médicas A violência à qual os surdos são submetidos ao serem privados de sua língua natural levaos a uma permanente sensação de isolamento evidenciado no discurso de Laboritt 1994 apud Strobel 2008b p 50 autora surda quando afirma que privar os filhos da comunicação em língua de sinais é efetivar a exclusão da família da casa onde todos falam sem se preocupar com você Porque é preciso sempre pedir puxar alguém pela manga ou pelo vestido para saber um pouco um pouquinho daquilo que se passa em sua volta Caso contrário a vida é um filme mudo sem legendas Em decorrência do isolamento do sentimento de rejeição familiar é comum o surdo reagir de forma apática ou agressiva assim como qualquer criança ouvinte que fosse submetida à situação de violência similar No entanto isso é sempre interpretado numa inversão perversa da lógica como decorrente da surdez e não pela violência à qual é submetido Em relação a essa caracterização do comportamento do surdo como patológica resgato a situação de uma linda menina surda de sete anos que conheci Estava numa escola de surdos de Curitiba conversando com a professora da turma enquanto acompanhava a harmonia com que os alunos interagiam através da língua de sinais Nessa hora chegou a mãe de uma das alunas que estava visivelmente feliz junto a seus colegas conversando em Libras Vendo o comportamento da filha a mãe fez o seguinte comentário Engraçado como aqui ela se comporta bem Em casa ela não faz nada Se não mandar tomar banho não vai fica só deitada no sofá assistindo à televisão O pior é que às vezes ela começa a gritar cada grito que chega a doer os meus ouvidos Perguntei se ela sabia a língua de sinais Respondeu Não não tive tempo ainda tenho a casa para cuidar muito trabalho Nessa situação fica ilustrado o enorme preconceito em relação à surdez a mãe recusase aprender a língua de sinais para se comunicar com sua própria filha Submetida à segregação familiar que faz brotar um sentimento aniquilador decorrente da exclusão a criança em seu isolamento comunicativo expressa em gritos a sua revolta que é percebida como um quadro típico decorrente da surdez A mãe apresenta uma reação de estranhamento ao comportamento harmonioso da menina na sala de aula Os preconceitos estão tão assimilados que ela abdica do direito ao exercício da maternidade plena eximindose também do seu dever maternal de promover uma condição digna de existência no meio familiar Nesse sentido vale ressaltar como o psiquiatra surdo norueguês Terje Basilier citado por Ferreira Brito 1993 p 75 quando eu aceito a língua de outra pessoa eu aceitei a pessoa Quando eu rejeito a língua eu rejeitei a pessoa porque a língua é parte de nós mesmos Quando eu aceito a língua de sinais eu aceito o surdo e é importante ter sempre em mente que o surdo tem o direito de ser surdo Além do exemplo referido com o objetivo de enfatizar a perversidade dos preconceitos em relação à surdez com a supremacia da valorização da palavra falada que demonstra como introduzem uma sensação de menos valia de isolamento de perda resgato o depoimento de Vilhalva 2004 p 13 Um papagaio fazia parte da família eu ficava intrigada por que todos falavam mais com o papagaio do que comigo Também no depoimento de Karen Strobel 2008b p 40 está ilustrada claramente a extensão do prejuízo que a falta de feedback comum entre as crianças ouvintes acarreta à criança tanto psicológica quanto cognitivamente Uma vez a empregada doméstica estava lavando o quintal no fundo de casa e eu ficava sentada observando a água suja de lama e sabão correndo até o bueiro No meio desta sujeira estava um bicho estranho de mais ou menos uns seis centímetros que estava morto Assustei me porque o associava com o bicho que vi na televisão noutro dia jacaré enorme que comia as pessoas e tive muitas noites de insônia com medo da existência deste bicho no nosso quintal e que viria me pegar e me comer Só agora eu entendo que não era jacaré e sim simplesmente uma lagartixa Não havia ninguém que me informasse sobre isso Como consequência dos processos segregacionistas e discriminatórios de conviver permanentemente com o olhar preconceituoso do outro é factível que o surdo desenvolva o autoódio em decorrência quase que direta do mecanismo de defesa chamado identificação com o agressor Baibich 2001 p 19 Nesse processo estão os surdos que tentam se acomodar à sociedade ouvinte por sua autonegação buscando identificarse com o ouvinte tentando ser um deles Os surdos identificados nesse processo enquanto vítimas do preconceito através do mimetismo 66 de disfarce buscam um mecanismo de defesa No entanto esse mecanismo passa logo da defesa ao ataque tornandose uma ameaça ao atacar a própria identidade dado que é impossível esconder ou tirar de si partes que são suas Desta feita este mimetismo leva à ferida identitária que não cicatriza Soares 2008 p 13 O autoódio que se efetiva através do processo da autonegação dos surdos que assimilam os preconceitos utilizandose do mimetismo de disfarce coexiste com a incapacidade social imperante de relacionarse com as diferenças Nesse sentido reafirmo o grande engodo que significa dizer se o surdo falar português será aceito na sociedade ouvinte bem como o caráter conveniente da aceitação de que a leitura da palavra falada pode substituir a audição Isso se torna evidente quando se verifica que até um desencontro de tonalidades de voz e o nãoentendimento de algumas falas é suficiente para categorizar o surdo como um ser deficiente tratálo como tal e tornarse um empecilho à comunicação entre ambos Em relação a essa situação faço referência novamente a minha vivência como surda inúmeras vezes percebi o olhar incomodado em função do meu tom de voz especialmente quando não faço uso da prótese auditiva olhar esse acompanhado pela impaciência em relação ao meu nãoentendimento de algumas das palavras faladas como se fosse óbvio o que está sendo dito E ao buscar esclarecimentos sobre o que foi falado é usual não os ter com o argumento de que não era nada ou recebêlos de forma ridiculamente resumidas ou pior ainda carregados já de um julgamento de valor como se não fossemos capazes de abstraílo Em função desse olhar preconceituoso quando ainda estava presa às amarras do ouvintismo aceitavao sentindome extremamente constrangida Indubitavelmente no transcorrer da minha história de ensurdecimento desde que tive detectada a perda auditiva passei pelo processo de autonegação Na tentativa de manterme entre os ouvintes tentando disfarçar a surdez fazia uso da prótese auditiva praticamente 24 horas por dia sem questionar seus reais benefícios escondendoa permanentemente Nas circunstâncias em que não podia fazer uso da prótese evitava falar ou quando o fazia buscava ser o mais sucinta possível Dessa forma utilizandome do mimetismo de disfarce alimentei o ataque à minha própria identidade perdendo a autonomia sobre meu próprio corpo tornandoo contido pelo uso do aparelho e pelos cuidados permanentes que exige fingindo entender tudo que era falado abdicando de meu direito de expressão de participação enfim de viver plenamente Enquanto imersa no discurso clínicoterapêutico da surdez assimilei a imagem de ser deficiente de menos valia Somente ao me libertar das amarras do ouvintismo é que pude avaliar a relação custo benefício do aparelho e aprender a fazer uso dele de forma consciente Hoje o considero um intérprete temperamental de competência duvidosa em situações desconhecidas em que não sei se conseguirei contato próximo com quem está falando e quando não posso contar com uma intérprete em Libras constituise um recurso deficitário Ao construir minha híbrida identidade surda pude perceber a inversão da lógica perversa da situação de quem de fato deveria constrangerse mantendo meu direito de sentir e expressar as emoções assim como exigir o acesso pleno às informações recusando os processos simplistas de tradução Nessa perspectiva enfatizo o quanto a assimilação do ouvintismo como uma concepção de mundo que se propõe universal e superior num esforço persistente de negação daquilo que é acaba implicando uma identidade fracionada e a perda do direito ao exercício pleno da cidadania Para ilustrar o sofrimento que esse processo de assimilação dos preconceitos gera faço uma analogia com uma antiga fabula popular O corvo insatisfeito com sua condição admirava à distância a comunidade dos pombos marcada pela elegância pela cultura e pela beleza Até que certo dia toma uma posição radical pega uma lata de tinta branca e pintase inteiramente Com essa nova roupagem dirigese ao pombal lá chegando é rapidamente identificado pelos pombos originais que não permitem seu ingresso na sociedade Decepcionado decide voltar ao convívio de seus pares os corvos Lá chegando todavia a decepção se faz mais profunda seus antigos irmãos não o reconhecem e o repudiam Assim sem ter o que tinha e não alcançando o que desejava ficou o pobre corvo só lamentando sua singular condição Souza e Silva 2003 p 140 Essa fábula toca em uma questão crucial para os surdos a pertença a um grupo minoritário sobre o qual recaem inúmeros preconceitos que lhe atribuem menos valia Por isso o caminho da autonegação é uma possibilidade uma tentativa de ser aceito No entanto assim como o corvo pintado de branco o surdo é reconhecido seja por sua fala adjetivada como jeito surdo de falar pelo uso da prótese pelo nãoentendimento das palavras faladas por seu tom de voz por não ouvir ou pelo menos em níveis bem abaixo dos ouvintes Dessa forma a pretensa busca em ser aceito através do mimetismo tentando se igualar a estes mesmo que use de todos os artifícios como fingir que entende tudo o que é dito através da leitura da palavra falada prática comum entre os surdos seu disfarce se desmorona E se como o corvo branco o surdo tentar ir ao encontro dos seus pares carregando todos os preconceitos ouvintistas o povo surdo também não o reconhece como um dos seus Dessa forma concordo com o fato de que a assimilação além de inútil em seu propósito provoca sofrimento sem trégua próprio ao processo de cisão identitária Baibich 2001 p 94 Considerações finais Episódios de preconceitos como os referidos são usuais no cotidiano dos surdos A surdez foi construída historicamente a partir da diferença enquanto desvio da normalidade numa abordagem patologizante Apesar do novo discurso socioantropológico da surdez estar em voga principalmente no meio acadêmico esta é ainda uma escrita recente Podemos encontrar muitas contradições inclusive entre alguns dos que fazem uso de um discurso que impressiona positivamente contradições essas que também os surdos apresentam quando assimilam os preconceitos Entre estes não posso deixar de fazer referência a mim mesma como surda que também em muitos momentos me encontrei nas amarras do ouvintismo Para enfatizar a importância e a urgência de desconstruir as representações preconceituosas que envolvem o ser surdo entre os quais a norma da fala e o mito da leitura da palavra falada construindo outra narrativa na qual sejamos vistos como sujeitos surdos e não sujeitos com surdez Lopes 2007 p 9 finalizo fazendo uso do discurso de Dalmo Dallari apud Rulli Neto 2002 p 217219 citado por Bolonhini 2004 p 286289 O preconceito acarreta a perda do respeito pela pessoa humana faz com que certas pessoas sejam estigmatizadas sofrendo humilhações e violências que podem ser impostas com sutileza ou relativo disfarce ou então de maneira escancarada mas que em qualquer circunstância são negações do respeito devido à dignidade de todos os seres humanos O preconceito introduz a desigualdade Em consequência dos preconceitos as pessoas direta ou indiretamente atingidas por eles são julgadas negativamente e colocadas em situação de inferioridade social O preconceito estabelece e alimenta a discriminação promove a injustiça anulando a regra básica segundo a qual nenhuma pessoa vale mais do que a outra A par disso onde atua o preconceito não importam os méritos as aptidões o valor moral e intelectual O preconceito cria superioridades e inferioridades Notas 1 Práticas oralistas constituemse na forma institucionalizada do ouvintismo Os termos ouvintista ouvintismo etc são derivações de ouvintização que segundo a concepção de Skliar 1999 p 7 sugere uma forma particular e específica de colonização dos ouvintes sobre os surdos Supõe representações práticas de significação dispositivos pedagógicos etc em que os surdos são vistos como sujeitos inferiores 2 Os atos falhos de acordo com a concepção de Freud 1976 são ações inconscientes constituídas por determinados elementos que o sujeito não pretendia enunciar O seu significado oculto só aparece na hora em que escapa ao controle da repressão 3 Como surda minha concepção de normalidade em relação aos surdos é a mesma defendida pela pesquisadora surda Gladis Perlin que afirma Ser normal segue uma norma Mas ser normal para o surdo significaria ser surdo ser autenticamente surdo Perlin 2007 p 9 4 Segundo Sacks 1998 p 15 leitura labial é um termo bastante inadequado para designar a complexa arte de observação inferência e adivinhação inspirada dessa tarefa 55 O termo tecnologia normalizadora está sendo utilizado segundo a definição As tecnologias normalizadoras se exercem produzindo subjetividades e sujeitos normalizados através da interação homemmáquina Thoma Pellanda 2006 p 124 6 O mecanismo de defesa denominado mimetismo de disfarce foi explicado pela professora Tânia Maria BaibichFaria em 2007 em encontro de orientação com sua orientanda Edimara Soares que utilizou essa expressão na abordagem do tema de sua dissertação de mestrado da qual extrai a referência apresentada no texto Bibliografia AMARAL Lígia Assumpção Sobre crocodilos e avestruzes falando de diferenças físicas preconceitos e sua superação In AQUINO Júlio Groppa Diferenças e preconceito na escola alternativas teóricas e práticas São Paulo Summus 1998 p 1130 BAIBICH Tânia Maria Fronteiras da identidade o autoódio tropical Curitiba Moinho do Verbo 2001 BOLONHINI Junior Roberto Portadores de necessidades especiais as principais prerrogativas e a legislação brasileira São Paulo Arx 2004 FERREIRA BRITO Lucinda Integração social educação de surdos Rio de Janeiro Babel 1993 FREUD Sigmund A psicopatologia da vida cotidiana v 6 Rio de Janeiro Imago 1976 HALL Stuart A identidade cultural na pósmodernidade Trad Tomaz Silva e Guacira Louro Rio de Janeiro DPA 2000 LABORITT Emmanuelle O vôo da gaivota São Paulo Best Seller 1994 LOPES Maura Corcini Surdez educação Belo Horizonte Autêntica 2007 LULKIN Sérgio Andrés O discurso moderno na educação dos surdos práticas de controle do corpo e a expressão cultural amordaçada In SKLIAR Carlos A surdez um olhar sobre as diferenças Porto Alegre Mediação 1998 p 3350 MACHADO Paulo César A política educacional de integraçãoinclusão um olhar do egresso surdo Florianópolis Ed UFSC 2008 PERLIN Gladis Prefácio In QUADROS Ronice Muller de PERLIN Gladis Orgs Estudos Surdos II Petrópolis Arara Azul 2007 p 913 Rulli NETO Antônio Direitos do portador de necessidades especiais São Paulo Fiúza 2002 p 217219 SÁ Nídia Regina Limeira de Cultura poder e educação de surdos Manaus Editora da Universidade Federal do Amazonas 2002 SACKS Oliver Vendo vozes uma viagem ao mundo dos surdos Trad Teixeira Motta São Paulo Companhia das Letras 1998 SCHNEIDER Roseléia Educação de surdos Inclusão no ensino regular Passo Fundo Editora Universidade de Passo Fundo 2006 SCHWARCZ Lilia Moritz A questão racial brasileira vista por três professores Florestan Fernandes João Baptista Borges Pereira e Oracy Nogueira Revista da USP São Paulo Coordenadoria de Comunicação Social da Universidade de São Paulo n 1 p 168179 marmaio 1989 SKLIAR Carlos A educação para surdos entre a pedagogia especial e as políticas para as diferenças desafios e possibilidades na educação bilíngue para surdos Rio de Janeiro Instituto Nacional de Educação de Surdos 1998 Abordagens sócioantropológicas em educação especial In SKLIAR Carlos Org Educação exclusão abordagens sócioantropológicas em educação especial Porto Alegre Mediação 2000 p 720 SOARES Edimara Gonçalves Do quilombo à escola os efeitos nefastos das violências sociais silenciadas Dissertação Mestrado em Educação Faculdade de Educação Universidade Federal do Paraná Curitiba 2008 SOUZA E SILVA Jailson de Por que uns e não outros caminhada de jovens pobres para a universidade Rio de Janeiro 7 Letras 2003 STARLING Heloísa SCHWARCZ Lilia Moritz Lendo canções e arriscando um refrão Revista da USP São Paulo Coordenadoria de Comunicação Social da Universidade de São Paulo n 1 p 210233 marmaio 1989 STROBEL Karin Surdos vestígios culturais não registrados na história Tese Doutorado em Educação Faculdade de Educação Universidade Federal de Santa Catarina Florianópolis 2008a As imagens do outro sobre a cultura surda Florianópolis Ed UFSC 2008b SVARTHOLM Kristina Bilinguismo dos surdos In SKLIAR Carlos Org Atualidade da educação bilíngue para surdos 2 v Porto Alegre Mediação 1999 p 1524 THOMA Adriana da Silva PELLANDA Nize Maria Campos As novas tecnologias como mediadoras nos processos de inexclusão dos surdos na escola e na sociedade Perspectiva Revista do Centro de Ciências da Educação Florianópolis Editora UFSCNUPCED v 24 número especial p 119138 juldez 2006 VILHALVA Shirley Despertar do silêncio Petrópolis Arara Azul 2004 Coleção Cultura e Diversidade WRIGLEY Oliver Política da surdez Washington Gallaudet University Press 1996