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Texto de pré-visualização

Capa Leonardo Metna Baneto lontcs CoInposição JoÍge Cortezi Supervisâo Sissa Jacoby Edto11 Roque Jacoby Copyright de VcÍa Teixeira de guiar e Maria da Glória Bordinl 1988 SUMÁRIO APRESETAÇAO FORMAÇÃo Do LITOR il Fundação social da leitura 1 2 IJitura e não leitura numa sociedade desigual li leitula da literatura 14 Pãpel dâ escola oa foÍmação liteÍária INTERESSES DE LEITURA E SELEÇÃO DE TEXTOS 21 Determinação dos interesse literários prazer do texto 2 2 Escolha dos textos 3 NECESSIDADE DE METODOLOGIA 3I Ensino tradicional de literatuÍa a prâtica e os currículos 3 Necessidade da metodologia de abordagem textuai 4 MÊTODO CIENTÍFICO 4 I Fundrmentação teórica 42 Objetivos e critéios de avaliagâo 43 Etapas de desenvolümento técnicas 44 Exemplos de uodades de ensino 441 CurrÍculo por atividades 442 CuÍrculo Por áreas 443 Curriculo Por disciPlinas 5 MÉTODO CRIATIVO 5 l Fundamentlção teór ica 52 Objetivos e critérios de âvâIiação 53 Etapas de desenvolvimento técnicas 54 Exemplos de unidades de ensino 541 Curriculo Por atividades 542 CurríctrloPor áreas 543 Currículo pôr disciPlinas CIPBRASIL CÀTÀLOCÀÇÃO NA PUBIICAÇÃO Bitrliotecária respolsáve1 RosemâÍic B dôs Sautos CRB l079 9 9 l0 l3 l5 423ll Aguiâr VcÍa Teixcira de Literaum a formação do leitor altemativas nrtodológicas Vcra Teixcira dc Aguiaíe Maria da Glóriâ Bordili 2 ed Porro AlegJe Mercado Aberto 1993 176 p Série Novas Perspcctivas 27 1 Análise Literatura Ensiflo de lo e 2o Cíaus 2 Literatum Ànáisc Ensino de l e 2 Gtaus 3 Ênsino Ce l e 2 CÍaus Análise LitemtuÍa Í Bordini Maia da GlóÍiâ I1 Séric Novas Pcrspectivns 2 m TÍtulo cDU 3733i00182 8237335001 i8 23 32 3 36 44 44 47 19 52 52 55 5E isBN 852800454 fodos os diritos resenâdos a Editora Mcrcado Abedo Ltda Rra da Cooceicão i35 FoÍre 051 221 4022 221 831 I 900300i0 Portú Alcgrc RS Oro olroo do Rr Gôôle lo Sl 62 62 65 67 72 72 75 1E o Noronha Elisa Averbuh Tesseler May Maria Ceieste Armda Nézia Hele na Riccardi da Silva e Magda Helena Dal 7ollo e da equipe de l98S 86 profs Angela da Rocha Rola Enio Moraes Duha e Maria Eduarda Ciering AgÍadecem também à coordenadora do CPLTPUCRS e dos Cur sos de PósGraduação em LingüÍsúca e Letras da PUCRS prof Dra Regina ZilbeÍman pela esciarecida orientaçãô e supervisão das pesquisas que deram origem â este liwo e ao próreitor de Pesqrüsa e PósCra düação da PUCRS Dr Ir EIvo Clemente pelo âpoio e incntivo que sempre concedeu a esses projetrls do CPL e aos pesquisadores envol vi dos Porto Alegre agosto de l987 8 1 FORMACÃO DO LEITOR 11 Função ocial da leitura É através da linguâgem que o homem se reconhece como humano pois pode se comunicaÍ com os Ôutros homens e trocar experiênci3s Existe porém uma condição prévia para a manifestaçao da linguagem é preciso haver um grupo humâno nô qual o sujeito se confronte com o conjunto e se perceba como indivÍduo É portanto nâ coÍlvivência social que nascem as linguagens conforme as necessidades de intercâm bio O grupo social não é simPlesmente um todo homogênco Nele ha bitam vontades sabercs e posicionâmentos diveísificados me conver gentes que gerarn as Possibilidades de relaçõe internas e com outro grupos Através das trocas lingüísticas o indivíduo se certifica de seu conhecimento do mlrndo e dos ÕutiÔs homens assim como de si mes mo ao mesrtro tempo em quo pa icipa das transformações em todas essas esferas A llnguagem veÍba é dentre as formas de expressão e comuni cação â mais utilizada pelo homem Podese afirmar mesmo que todas as linguagens humanas são rePassadas pela palawa Para Barthes Pare ce cada vez mais difícil conceber um sistema de imagens ou objetos cu los signííiíatos possaln existir fora da linguagem perceber o que sig nifica uma substância é fatalÍnente Íecorrer ao recorte da língua sentido só exlste quando denominado e o mundo dos significados não é outro senão o da linguagem 197912 Registrando a linguagem verbal através do código escrito o livro é o documento que conseÍva a expfessão do coDteúdo de coosciência humana individual e social de modo cumlativo Ao decifraÍlhe o tex to o Ieitor estabelece elos com as manifestaçõs sóciocultuÍais que lhe são distantes o tempo e no esPaço A ampliacao do conhecimento que dai decorre permitelhe com preerder melhor o presente e seu papel como sujeito lústórico O acesso aos mais va ados textos informâtivos e liteÍános propoÍciona assim a tessitura de Lrm universo de inforntações sobre a humanidade e o mundo que gera vincuis drtre o leitor e os outros homens À sôcialização do indivÍduo s tâ2 para além dos contatos pessoais também através da leiiura quando ele se defronta con produçôes significantes prôveniÉn tes de outros indivÍduos por meio do código comum da linguagem es crita No drálogo que então se estabelece g sujeito obrigase a descobrir sentidos e tomaÍ posições o que o abre paÍa o outro 12 Leitura e não leitura numa sôciedade desigual Uma sociedade de classes em que interesses dielgentes se entre chocêm com a piedominância de algrrns deles sobre os demais privi legia sobremaneira o texto escrito como objeto de leitura A esÇÍita histoÍicamênte representa uma conquista sobre a rnemória instrumen to predominaÍlte nas sociedales ágralàs A acumulação do conhecrmet to através dâ palavla esc ta tem si4o êpropriadâ pelas classes que detêm o poder dentro de uma sociedade Como o documento escrito é mais eficiente para a Íixação e conservaçío lüs idéias leva vantagem sobíe a memória coletiva aljando das decisões dú grupo aqueles qu6 n5o 5gs capazes de decifrillg Àssim as sociedades gradualmente se dilidem em segmntos cul tos e incultos tomando como critédo distintivo o donlÍnio do côdigo IingüÍstico escrito Do ponto de vista histórico a situação de desigual dade entÍe elêmentos alfabetizados e analtãbetos produziu uma relação de dominio dos primeiros sobte os segundos que se acrescentou â todas as outras formas de dominação social Já a Reyoiução Francesa de l7g9 postulara a abeftura de escoias públicas com o lim de levar as letras até o povo de modo a promover uma mÀior iguaidãde social A escola públicâ todaúa embora nascendo com esse propósito de equalizaçao cedo revelouse mars um aparelho de dominação da classes populaÍes traiDdo o seu objetiyo inicial Talvez essa traigào se explique pelo fato de que a escola na verdade surgiu por iniciativa da burguesia emergenle que desejava ascender ao Jrarrs social da âristocra cia As ciasses trabalhadoras menos favorecidas já de iniÇio não entra ram nesse projeto de promoçâo cultural deterrÍunando a eistência de amplos segnentos de analfabetos Se a escola pública se propunha à promoção social é Iógico que desde sua origem enfatjzasse a ieitura do texto escrito umâ vez qué esta é o pioduto que ela oferece em primeiro lugar AÍltes de se opeÍar a discriminxção Çntre alfabetizados e nâo altâbetizados aqueies que não tinham âcesso às letras Podiâm adquiÍir conhecimentos por transmissão oÍal ou por experiência e não eÍam por isso socialmeÍte desvalorizados iá que a escrita era de domÍoio estrito de müto poucos A desvalorização daqueles qrle não conseguem utihzar o código escrito implica conseqúentemellte o desprestí8io de todas as outras lei turas que os mesmos podem reâli7âr Determina ainda um conceito de texto limitado à líBgua escriaa embora se Possa entender o mesmo como todo e qualquer objeto cultural eja Yerbal ou não em que está implícito o exercício de um código social Para organizâr sentidos aüa vés de alguma substáncia física Portanto cinema televisâo Yestuáío espotes cozinha moda artesanato jornais lalas teratura PartilhÂm da qualidade de textos Esse conceilo amplo de texto é que fundamenta as Posições de Paulo Freire sobre a leiturâ do mundo como antecedente da leitura da palavÍa Este AutoÍ ínsiste na comPÍeensao crítica do ato de ler qu não se esgota nâ descodificação Pura da PalaYra esÇritâ ou de lingua8ern escrita mas qu se antecipâ o se alonga na inteligência do mundo A Çompreensâo do texto a ser âicânçada por sua leitura crÍtica inplica â peÍcepção das relações entÍe o texto e o corrtexto i982 l2 Todas as pessoas desde a infância são portanlo leitoÍas em formâção uma veique estão constantemente âtribuindo senúdos à mais diversas mani festações da natureza e da cultura Conferindo à escola a fuúção de formar o leitor destruiuse a noção de texto como rePÍesentaÉo simbólica de todas as produções humanas rstando o livro como mediação Para quâlquer conhecimento Passouse a destacar assim o Iivro Por ser este uma produção dâ classe dominante a ela pertencente e à qual aspiram as clases dominadas Essâ situação de valorização de urn objeto específico configura a cisao entre a cultura que o Possui e todas as demais datrdo à primeira poder sobre as outms O corrceito de cultuÍa fica deformado expressando apena a Yer dade de uúa camada social Todávia cultura nâo se assimila a universo dos letrados Abraíge todas as traosformações que o homem opera na natureza o que obri8a a reconhecer que qualqueÍ gÍuPo humâno possui objetos culturais que podem ser lidos de forma válida Nao há cultura úro t pior há culturas diferentes segundo a experiências dos homens que as produzem Essa concepção de orltura em suâ âmPlitude nao suPõê que se deva desprezar o texto escrito em favoÍ dos demâis objetos culturais corrro o folclore o Çinema ou os quadrinhos Se todas essâs mafiÍfestações t0 1l permitem leituras signlficativas o làto é que as classes dominantes dâo ênfase ao livÍo como veiculo do saber que lhes convém Nesse sentido é importante que as classes menos favorecidas tenhaÍ acesso à cuituÍâ letrada sob pena de se manterem âs diferencas soÇiais Isso quer djzer que ao se valorizxr todas as expressões cultuàs dominadas nao se está pretendendo limitar as classes populares ao co nhecimenro já adquirido no grupo O que se pÍopóe é órirlhes o leque de opções de modô a atuar efetivamente na üda social e não apenas como massa de nianoba uma vez que elas passam a ser capazes de jogar conl as mesnlas aoTtas Decorre daí a necessidade nas sociedades democráticâs da impe mentação da alfabetizaçío por seÍ este o instrumento de apropriaçâo da cultura dominânte É sintomático que exatamente nssà tarfa a nossa escola tenha s mostrado tão ineficaz deixando transpaÍecer nlesmo â contragosto seu caráteÍ de aparelho ideológico do Estado bur gués Tanto a auséncia de escolaridade quaÍlto a evasão precoce que hoje ainda se observam a niveis preocupantes se devem ao molo de ser do sistema de orgaaização escolar programado para atender alÉnas as necessidades das classes méCia e alta Vejamse iteos como horLro pe riodos de férias exigência de assiduidade unÍforme matêrial didático etc que ficâm aquém das possibilidades das camaclas proletánas or càmpesinas Para Michael Apple todos esses itens dizem resperto ao curriculo oculto que juotamnte com o curriculo expresso consli tuenlse no modo como instituições de preservação e distribuiçÃo cultural conto as escolas produzem e repoduzem formas de cons ciência que permitem a manutenção do controle social sem que os grupos dominaJltes tenham de recorrer a mecanismos declarados de dominação 198t l2 AclescenteSe ao quadro exposto o fato de que os valOres defen didos por essa escola âtravés de seus administradores e professoles oriulrdos da classe média pouco concenrem as classes baixas que não se yêem nela Íepresentadas seja nos conteúdos curriculares seja na estrutu ra funcional Dâ colisío dos valores do corpo docente que apontam iisla a aSCenSãO socaal Com oS dO corpo discente que se limitaÍn à neeessidade de sobrevivência decorrem os problemas cÍônicos de disci plina as dificuldades de aproveitamento e ô conseqüente afâstaÍnento do aluqo da escola O anallabeto o não leitor entendido corao aquele que aprendeu a ler e deixa de fazêlo e o leitor deficiente cujo nível de conpreensao é precário sio subprodutos desse modelo escolar Os estÍmulos que o processo de ensino a eles oferece em relaçaÍo às classes trâbalhadoras pecam pela falta de identidade cultural Os textos dos livros didáticos e i3 outros livros nada têm a ver com âs suas aspiraçÔes suas necessidades e inLeresses imediatos e com sua realidade Dessa perspectiva terseia que circunscrever os problema de lei turâ a Lrm segmenlo deiermi ado da socredade No entanto sabese que esses Íênômenos ocorrem também em outÍo escalões sociais com a mesma intensidade As Ç3usas porém sío diversas Nao se tÍata de crsâo entÍe textos e vâlôres represenlados ou entre escola e projtos cultu rais Nesse caso a desvâlôrizaçáo da leitura se relaciona ao falo de que talvez esta como atividade intelectual nÍo proporcione acumulaçao de capital Êssa siiuaçáo se vincuia à pÍóPÍia contituição do regime caPita lisia que maryinaliza o intelectual único agente que nâo gera lucro com os objetos que produz O trabatho intelectual só é reconhecido quando reforça os aparatos de dominação daqueles que detêm o caPital Mesmo nos casos em que as obÍ3s contestanl o sistma pode suceder que este as transforme em merçadorias alulando seu eíeito Por isso o leitor de classes elevadas mesmo imbuido da impoltância da leitura nos bancos escolares acaba poÍ abandonála gradativamente à medida que em sua vida cotiiiana roltase para atividades que Promovem ganlos Numa sociedade desigual os problemas de leitura se diversificam conforme as caracterÍstiÇas de classe As soluções Possívei se orientam para o pluralismo cultural ou sejà a ofertâ de textos vfuios que ílêem conta das diferentes Íepresentações sociais Se as classes trabalhadoras tamtém tiverenl acesso à alfabetizaçâo serão elas nao aPenas consumi doras passivas mas produtoras de nÔvos textos que se acresceot1r5o aos que circulam na sociedade e atenderão a seus interesses De qusquer modo todos os segÍnntos sociais a desPito de suas divergências intemas Podem ser mobilizados para a Ieitura quando encontram nas obras o momento catártico quÇ identifica o leitoÍ com o conteúdo expresso Uma das necessidades fundâmentais do hornem é dar sentido ao mundo e a si mesmo e o livrc sejê inlbrmativo ou fic cional permanece como veÍculo Primordial paraesse diá1ogo l 3 Letura da literatura Todos os livros favorecem a descobrta de sentidos mas sâo os literários que o fazern de modo mais abrangente Enquanto os textos informativos âtêmse aos fatos particulares a liteÍatura dá conta da to talidade do real pois representando o paÍiicular iogra atingir uma sig nificaçãô mais ampla O texto litcrário se vale dâ imitação 8enérica constituídâ Pelos simbolos lingúistlcos e atinge em dúvida um plano de signiflcação 12 igualmente universal através poÍém cle uora reprodução esmetada Jo concÍeto e particular Merqulor 19721a1 A linguagem literária extÍai dos processos históricopolíticosociais nela representados urna visão típjca da eKistênia humana O que importa n5o é apenas o fato sobre o qual se escreve mas as formas de o homem pensar e sentiÍ esse fato que o idenüficam com outros homens de tempos e lugares diversos A obra Iitenírie pode ser entendida como uma tomada de cons ciência do mundo concreto que se caracteriza pelo sentido humano dado a esse mundo pelo autor Assim nío é um mero reflexo na mente que se trâduz em pâlavras mas o resultado de uma iotêràçAo ao rnesmo tempo receptiva e cfiadota Essa jnteraçâo se processa atrayés da mçdia ção da linguagem verbal escrita ou tàlada O texto produzido gÍaças a essa nâtureza verbâ1 pelÍnite o estabelecimento de trocas comunicativas dentro dos grupos sociâis pondo em circulação esse senÍido humano A literatura como uma das formas de comunicação participe assim do âmbito mâior da cultura ou seja da produçío signiflcatte relacionandose com outtos objetos culturais Entretanto possui carac terísticas que a diierenciam desses A mais evidente é o uso não utilitá riô dâ linguagem No circuito de comunicação o textô literário nâo se refere diÍetümente ao contexto oa precisa apontaÍ para o objeto real de que ele é signô possuindo poÍtanto uma autonomia de significacãc Por exemplo uma história infântil ou um romaÍtce criam suas própias rsglas comunicativas estabelecendo um pacto entre autor e leitor em que a presença do contexto é dispensáyl Ao ler o texto o leitor entra nesse jogo pondo de lado a sua realidêde momentánea e passa a vrver imaginativâmelte todas as úcissitudes dâs personagens da ficção Dessa forma aceita o mundo criado como um mundo possível para si Êssa capacidade do texto literifuio de independer de referentes reâis de forma direla devese à coerência intema dos elementos de que se compõe de modo a tornar autosulicierte o todo assim estruturado A obra se efetiva muito mais pela composição de seus elementos esaru turais do que pela relacâo denotativa com o contexto Esse traço justifi ca a descoberla da significaçío mesmo em obrâs que explicitarnente rompem com a realidade concreta e históÍica como as de ficção científi ca de horror e de realismo máglco A estrutura da obra literária decorre das linhas de força estaoeieci das entre seus componentes e funções Essa estrutuÍa porém nÍo é urrl todo uniforme uma yez que neia se alteram continuidades e desconti nuidâdes determinadas pelo pÍópriu limite das frases e periodos lingriÍs ticos Constróise na obÍa literária um mundo possivei no qual os objetos e processos nem sempre apaÍecem totalmente delineados Esse mundo portanto envolve lacunas que sao automaticâmente preenchidâs pelo leitor de acordo com sua experiência lsso explica por que se pode repreentar loda ufi a vida numa novela de cern págrnâs ern que se pel ca â ilusão de realidade dos eventos narrados A obra apresenta uma serie de indicações em potência que o sujeito atualiza no ato da leitura Em contraposição o texto nío literáÍio contem indicadores mui to mais ÍÍgidos e ptesos ao contexto de comwricação não deixando margem à livre moviÍsentação do leitor A ilformaçío que oferÊce é imÊdiata e rsstÍitiva yalendo apenas para tuna siluaçâo dêfinida For isso podese dizer que o texto literário é plurissiEnificativo permitindo leituras diversas justamente por seus aspectos eln aberto A riqueza polissêmica da literâtura é um campo de plena liberda de para o leitoÍ o que não ocorre em outros textôs DaÍ provém o prÓ pdo prazer da leitura uma vez que ela mobiliza mâis intensâ e inteirs mente â consciéncia dô ieitor sem obrigáJo a mrurterse nas amâIras do cotidiaÍo Paradoxalmente poÍ apresentar um mwtdo esquemático e pouco determicado a cbra DteÍáÍia àcaba por foÍrecer ao leitor um universo muito mais carregado de informações porque o levâ a Parti cipar âtivamerte da construção dessas com isso forçãldoo a reexa mirrâr a sua própria visâo dá realidade conçreta A atividade do leitor de liteÍatura se exprime pelâ reconstrução a pârtir dâ linguagem d todo o universo simbólico que as palavras encer ram e pela concretização desse universo com base nâs vivdncias pessoais do sujeito A literalura desse modo se torna uma reserva de vida palalela on de o leitoÍ encontrà o que nâo pode ou não sabe experimentar na rcalida de É por essa característica que tem sido acusada ao longo dos tempos de âlienante escapistâ e corrtLptorê mas é lambé m graças a ela que a obra Iiteráriâ captuÍa o seu Ieitor e o prende a si mesmo poÍ ampliâr suas fronteiras exislenciais sem oferecer os dscos da sventuÍa rcal I 4 Papel da escola na formaÇâo literária Em virtud da autonomia ptáptia rJa obra Ijterária mesmo que se reconheça sua gênese na vida sociàl a formâção do leitor de literatura nao pode ser idênticâ à do leitor genérico ou pragmático A lêituÍa er si imphca o reacnhecimenÍo de um sentido opelado pelo decifamerlto dos signos que foram codificados por outÍem paÍa veiculálo Todaúâ nem esse código que possibilita cifrar e decifrar os signos nem o sentido a que eles apontam são assrmto pasífico entre emissor e receptor podendo havet com isso dilerenças de eútendimento do texto na sua produção e na sua recepção 11 15 Para aprender a ler o texto verbal escrito não basta bonhecer as Ietrâs que assinalam os fonemas nem adiânta saber que os fonemas só fazem sentido quando reuaidos em palavras ou frases Nâo é suficiente também descotrir ou compÍeÍrder as regras do código chamado gramá tica que juntam fonemas em palatras ou palavras em frases Essas habiiidades são apenas operações de base para a leitura e na üda práti ca sâo dominadas por processos mentais de associação e memóÍia a par tir da motivação do indivíduo ágraÍb qualdo ingressa na escola em bus ca do clominio da escrita A ieítura pressupõea participaçao atila do leitoÍ na constitúção dos sentidos lingüisticos Embora as palavras sejam explicadas no dicio nário nunca eprimem um único signiÍicado quando integram uma fra se de um texto determinâdo A tarefa de leitura consiste em escolher o signilicado mais apropriâdo para as palavras num conjunto limitado Vr Iém Flusser pesquisando a etimologia do verbo ler observa que vem do latin lcgere que sjgnifica o gesto de catar picar gJáos como galinhas o executam 0 que por certo impõe a questão dô critério que rege taI escolha de grãos amontoados De modo qle ler significa escolha aleatória de elementos tjrados um por um do seu contextoos elemen tos do tipo letra ou cifra náo passam de casos específicos do ato genérico de leitura 198527 A seleção dos significados se opera por força de um contexto que os justifica Esse contexto é o da xperiência humana que confere valor a um sinal que em princípío é vazío e só passa a portar significado poÍ um ato de convenção emineltemente social Convencionase que algo é significante quando corresponde a um valor prevÍamente estabelecido O conjunto de valores convencronados é chamado cultura por isso mesmo IÍfeitamente legível porque criado pelos homens A foÍmacao escolar do leitor passa pelo crivo da cultura em que este se enquadra Se a escola nâo efetua o vínculo entre a cultura grupal ou de ciasse e o texto a ser lido o aluno nâo se reconhece na obra por que a realidade representada não lhe diz respito Mesmo diante de qualquer texto que a escola lhe proponha como meio de acesso a conhe cimentos que ele não possui no seu ambierte culturâI há a necessidade de que as inlormaçôes textuais possâm ser releridas a uÍn background cujas raízes estejam nesse âmbiente Portanto a preparaçâo para o ato de ler nâo é apenas üsualmotora mas requer uma contínua expânsão dâs demarcações culturais da criança e do jovem Diante dâ leiturâ outra exigência se impõe em termos de aprendj zagem Os senLidos naô se esgotam no plano meramente conceitual A fruiçâo plena do texto Lterárro se dá rla concretzação estetica dâs sig nificaçÕes A medida que o sujeito lé uma obra literáÍia vai constrindô imagens que s inteÍligâm e se completam e também se modificâm aporado oas pistâs verbais fornecidas pelo escntor e nos conteúdos de sua consciência nâo só irltelectuais mas também emocionais e volitivos quê sua xperjêncja litsl determúoD A educação do leitor de literatura olo pode ser em vrsta da pglis semia que é própria do discurso literário impositiva e mercmente for ma Como os sentidos literários são múltiplos o ensino não pode des tacar um conjunto deles como meta a ser alcançada pelos àlunos Por ouÍJo lâdo infoÍmar a esses de técÍricas ou príodos literários oão resul tará em alargâmento dos limites culturars que oÍientafl as práticas sig niÍlcatjvas deles serão num estágio bem mais adÍantado de sua forma çao Antes de formalizar o estudo dos textos por essas vias é preciso úverciar muitas obras parâ que estas venham a preenchÍ os esquemas conceituais O 19 grau deve dar énfase à constituição de uÍn acervo de leituÍas o lrais vasto possível exploradas em sua signitlcação cultural contudo sem a preocupação de classiÍicações a partir de qualquer crltério Será no 29 grau que a sistemâtização teôÍica do conhecimento literário pode Íá seÍ introduzida desde que mesmo então seja fundada na leitura pré vra de textos Para que a escola possa produzir um ensino eficaz dÀ leitula da obra literária deve cumprir certos rcquisitos como dispor de uma biblioteca bem aparelhada na área da litetattrê com bibliotecárjos que promovam o Lirto literário professores leitores com boa fundamentaçãô teórica e metodológica programas de easino que yalorizem a liteiâtuÍa e sobÍetudo uma inueração democrática e simétnca etre alunado e profssor Se isso não ocorrer valem as palavras de Ezeqüel Theodoro da Silva os objetos de leitura principalorente o üvropassam por um processo de obscurecimento iniencional Mais espcificâÍnente as circunstâncias que deveriam prômoveÍ o livro ou um tipo de livro o revelador tornamse cada vez mais drásticas fazendo com que o acesso fique cada vez mais dificü Ausentar o estímulo liyro do mundo úvido pelas pessoas significa Íetirar a possibilidade delas executarem uma resposta ler o hvro isto é moúmentaÍeÍn a consciência paIx o objeto 1983 63i 16 11 2 INTERESSES DE LEITURA E SELEÇÃO DE TEXTOS 21 Determinacão dos interesses litêrários e o pÍazer do texto ConsideÍândo â üâtuÍeza da literatura podese afiImar que se o professor está comprometido com uma propostâ transfotmadora de ealucação elç enconta no material literário o recuÍso mais favorável à consecuÉo de seus objetivos Neste caso vale a pena investir na forma ção do leitor o que significa incentiválo ao hábito de modo a multipli car a experiência literária O papel da escols é decisivo neste processo e as pesquisas têm mostrado que em toda a pârts os estudantes são sem dúvidaleitores mais assíduos Ítas runa vez terminados os estudos eles também se expõem ao perigo de se tornarem naio leitores Barker Escarplt 197 5122 Para que se assegurs a continuidade do compor tamento positivo em relaçâo ao lilTo é preciso que o hábito não seja apeÍris como um padrâo rotineiÍo de Íesposta automaticamente provo cado ê realizado A busca freqüeflte da literatuÍa precisa surgir de uma atitude mnsciente da disposição de enfrçntar o desaÊo que o texto oferece como novã altematiya existeÍrcial O primeiro passo para a fotínagão do hábito de leitura é a oferta de livros próximos à realidade do leitor que levaÍrtem questões signifi cativas para ele A literatura brasileira e a literatuÍa infantojuvenil nacionais vêm preencher estes quesitos âo fornecerem textos diante dos quais o aluno facilmente se situa pela linguagem pelo ambiente pelos câracteres dâs persoúagens pelos problemas colocados A familiaridade do leitor com z obta gera predisposiça paÍa a leituÍa e o conseqüente desencadeâmento do ato de leÍ Qualdo o professor realiza o traballto com literatura em sala de âu1â a partü das expectativas dos estudantes siCnificê que e1e está aten to âos interesses dos mesmos Por interesse entendese umâ atitude fâvG rável gerada por uma necessidade que proptúsiona uma açâo cf Clapa rêde 1934150152 O interesse pela leitura é Portanto uma atitude favorávei em relaçãô ao texto oriunda de uma necessidade que pode ser tomar conhecimento genérico de ocorrências atuais segúr uma ins trução recrearse estudaÍ O indivíduo busca no ato de leÍ a satisfação de uÍra necessidado de caráter informativo ou recreativo que é êondi cionada por uma série de fatores os alunos são sujeito difelencÍados que têm portarto interesses de leitura variado A pesquisa que se empenhâm em delileaÍ úm quâdro dos interesses de leitura das cÍiarças e joveos tCm em contâ como elemento determinantes a idade a esco laridade o sexo e o nível sôcioeconôrnico A idade do leitor iÍflueocia sous iteresses â criarça o adolescen te e o adulto têm prcíerência poÍ textos difersntes Mesmo dentro de cada período da vida humana esses interesses modificamse à medida que se dá o amâdurecimênto do individuo Bjchard Bamberger 1977 368 identilicê Çinco idades de leilura que abrarlgem a infância e a adolescência l fase ldade dos liÍos de grawra e dos veros infâr tis de 2 a 5 ou 6 anos É a fâse de egocentiismo em que a cdânça faz Pottca distinção entre o mundo extemo e o interflo O interesse poÍ cena individuais em que sc distinguem objetos de seu meio vai atendeÍ à necessidarle infantil de estabelecer os limites do eu e do mundo 29 fâse ldâd do conto de fadas 5 a 8 ou 9 anos De posse de uma mentalidade máEica o leitor vai buscar nos contos de fadas lendas mitos e fábulas a simbologia necessária à elaboração de suas úvências Através da fantasia resolve seus conflitos e adaplase meihor no mundo 33 fase Idade da fustória âmbiental e d a leitsía facüal g a 12 anos É a fase intermediáÍia em qu peISistem vestígios do peflsamento máglco mas a criança começa a orientarse mais pâra o real Via de Íegra o leitor escolhe neste perodo histrias que lhe âPreeÍrtam o rnundo como e1e é atuaves ds percePçâo máglca dedeteminado personagem A leitura vai facllitarlhe a apropriaÉo da realidade sem romper com o estágjo dâ fântâsi4 que ainda nâo abandonou de todo 41 fase Idade da história de aventutas ou fase deieitura apicológi ca orientada para as sensações 12 a 14 anos É o período da préadoles cência em que o conheeimento da pÍôpna peIsonalidâde e o desenvol úmento dos processos agressivos ativam a Y1vêacia social e a formação l9 de grupos Os interesses de leiÍura preenchem as necessidades doleitor através de enredos sensacion ailstas históriâs viüdas por gangues peIso nagens drabóhcos hrstórias sentrmen t3is 5 làseOs anos de matulidade ou desenvolvimento da esfera Líte roestética de leitura 14 a I 7 aoos Descobrindo a mundo iÍrterioÍ e o mundo dos valores o âdolescente parte parâ a hierârquização dos con ceitos e a otganizaçío de seu universo Aventuras de conteúdo itrtelec tuâI úagens romances históricos e biográficos histórias de arnor litera tura engajada e temas relacionados com os interesses vocacionais vão âjudálo a orientarse e estruturarse como êdulto O intercsse pela leitura varia em qualidade de acordo com a esco laridade do aluno Neste sentido podese também deline cinco níveis de leitura 19 Préleitura Dtirante a préescolae o perÍodo preparatório para a alfabetização a cÍiança desenvohe capacidades e habrlidades que a tornâão apta à aprendizagem da ieitura a construção dos símbolos o desenvolümento da Iinguagem oral e da peÍcepção peÍÍnite o estabeleci mento de relações entre as imagens e as palavras Os interesses voltamse nesta fase para histórias cutas e rimas em livros com muitas gravuras e pouco texto escrlto que permttem a descobefla do sentido müto mais através da linguagem úsual que da verbal 29 Leitura compreensiva É o período correspoodente ao momen to da alfabetizaçâo l l e 29 séries em que a criança começa a decifrar o código escrito e faz uma leitura silábica e de palavras A motivação pala ler é muito grande e a escolha lecai sobre textos semelhantes aos da eta pa anterior âgora decodiÍicados pelo novo leitor 39 Leitura interpretâtiva Da 31à 5 3 serie o aluno evolú da simples compreensâo irnediata à interpretação das idéias do texto adquiriado fluência no ato de ler A aquisição de conceitos de espaço tempo e causa bem como o desenyolümento das capacidades de classificar ordenar e enumeiar dados permitem que o estudante se adentre mais nos textos e exija leituras mais complexa 49 Iniciaçâo à leitura ciÍtica Em torno da 69 e 71 sédes o estudan te atinge o estágio de desenvolyimento que Piaget denomina das opeÍações intelectuais abstratss da formação da personalidade e da inserção aieti va e intelectual na sociedade dos adultos cf 1973624 A capacidade de disoernimonto do real e a maior experiência do leitura favorocem o exercício de habiliclades críticas permitindo ao leitor não só inteÍpretar os dados folnecidos pelo texto como também posicionarse diante deles iniciandose oos juízos de valor As preferênoas poÍ livros de âventuras em que os pÍoblemas são resolüdos por gÍuPos de jovens vêm preencher as necessidades do leitor de iniciarse no questionamento àa realtdzde ampliando sua dimensão social 59 Ieirura crilica E o período que abrange a 8i série e o29 grau quando o aluno elabota seus juÍzos de valor e desenvolve a percepção dos conteúdos estéticos Sensível aos problemas soclajs o jovem inter Íogase sobre suas possibilidades de âtuação nâ comunidade adulta A busca da identidade individual e social e o maior exercício da leitura têm coÍno dividendo urra postura cÍítica diante dos textos através da comparação de idéias da conclusão da tomada de posiçõs Livros que âboÍdâm problemas sociais e psicolÔgicos intêressam ao aluno deste ni vel posibilitandoflre a reÍexão a opção por compoÍtamentos quç descobre como mais justos e mais autênticos Como a idade e a escolaÍidade o sexo também é lãtor determi nante dos ioteresses de leitura Fatores biológicos e princiPalmente culturais determi am üferenças de comPortâmento entre os sexos Uma dessas diferenças diz respeito à atitude diante da leitura Os homens escolhem os temas mais arrojados aEnturas Yiagens ficção cientiÍica enquanto as mulheres se voltam para as histórias de amoÍ romances vida Íamiliar cdânças Tais tendências estão intimarnete relacionadas aos fatores culturais Na verdade a sociedade cria etereô tipos de comportamento para o hoÍnm para a mulhel e esse diri8cm suas atitudes e interesses Portânto suas preferêúcia literária corres pondem aos padrões sociais o sexo masculino envolve em atiúdades agrêssivas de luta pelo suceso e pela sobreüvência enquanto ao sexÔ feminino sâo atribuídas atitudes mais pasvas voltadas Para o trabalho doméstico a educaÇão dos filhos e tarefas afins Ás preferêacias de ei tura correspondem à necessidade de cada sexo cumprir o paPel social que the é coíJiâdo Questionados sobre suas preferências literárias em Pesquisa leali zada em PoÍto Alegre RS os estudantes confirmam este PerÍl cf Agtiêr 1979344ó Os meninos teveTzm matot comPrometimento com o real e atração poÍ histôrias que se passaÍl em temPos e lugares distantes e1quanto as meninâs escolhem os elsmentos de fantasia pró ximos no tempo e no espaço Essas tendências revelam um melhor aPa relhartrento para se moümentar na sociedade e uma peÍÇÊPção mai ampla de mundo Íro sexo masculiao restando ao sexo feminino reações escapistas dentÍo d um espaço Iimitado Os interesses vsriam ainda de acordo com q nvel sócioeconômi co do público leitor obseÍvandose o sucesso dos textos om qu9 predo minam os inBredientes mágicos entre os estudantes menos favorecidos e a busca deleitura engajada er1rc os privilegiados cf Agutar1979 476O 2l l A leitura vem satisfazer em cada grupo ur rlpo de nçcessidadç social para os primeiros supre caências e aponta pala um nuÍrdo rnelhor pâra os ultimos sêÍve de instrumento de apropriação do real de forma a lavorecer a adaptaçáo social e a promoçio Em pesquisa de interesses de leitura conduáda pelo Centro de Pesquisâs Literárias da PUCRS com dados colhidos em 1983 e anali sados em 1984 cf Pontifícia Urriversidade Católica do Rio Grande do Sul 1985 365383 abrangendo 330 alünos obseryase que em termos de Çomportamenlos gerais no l9 grau em todâs as séries os aluios dão preferêlcja à música como forma de lazer Quando lêem escolhem 1i vros salvo na 69 série que elege Íeústas e em casos de narrativas pÍe Íerem as lineares Da 1 à 7 série os aunos demoüstuam gostar mais de histórras em quadrinhos do que de literatura sendo esta âpenâs citada na 81 série Na 13 série o gêflero liteÍítio pÍeferido é o poema Os assuntos literários predietos são os superheróis o humor e os contos de fadâs O tempo naÍÍativo de preferência é ô presente e o espaço deve seÍ um loc existsnte o Brasil e montanhÀr Quânto às personagens da n rati va preferem as jovens sendo que o tipo predileto é o herói seguido de Íantasmas robôs e pessoas fadas e arões Em relação aos poernâs as criança prefeÍem os que têm rimas e aliterações com estrofes cuÍta de teor naÍrativo e informativo com jogos de gralia e de sons Na 2 serie os alunos são indiferentes quanto ao gênero literário preferido Os assuotos literários mais procurados são superheróis e ani mais Preferem umâ oarÉtiva com múta ação situadâ ô present em espaço que exista na realidade dardo relevo ao urbano A faixa etária das peÍsonagens é a inÍãncia sendo que os tipos de personagens preferidos sâo o estudanto o herói robôs e pessoas graÍrdes hoÍnens pessoas e ani rrais monstros fantasmas e pessoas coÍruns Quanto aos poemas os alunos preferemnos com estrofes curtas e sem refrões Agradam partil cularmente os poemas de tor narÍatiyo e informativo com jogos de soís idéias e jogos gríficos Na 33 serie os alunos se mostram indiferentes quaíto ao género literáÍio Os assuntos literários constâÍrtes sao arimais superheróis e âventuras Eles tarnbdm manrfestam indiferança quanto à ordenação composicional da narÍativa e quânto ao tempo nela representado O espaço preferido é o Brasil Estes aluoos apreciarn persônagens crianças e seus tipos favoritos são os heróis e as pssoas comuns Em relação à poe sia Êão iEdicam preferência quâDto à composição mas elegem como prediletos os poernas de teor inloÍmativo em que haja jogos de sons e de idéiâs Na 4 série hd indiferença quanto a génerrs literários e demons trase âpreciação dos eguintes âssuntos literários aventura animals hoúot ficção ePoÍtiva e superheróis Os alunos preferem uma naÍíâti ya situada no presente que se Pâsse no Brasil no campo na cidade no espaço sideral no maÍ em terra nas montanha nâ selva em locais variados pois mas existedtes Eles l1ão se imPortam com a fÀi êtária das penonagens mâs preferem heróis Pessois comuns arimais pesoas e animais robôs s Pessoas Quanto à poesia só demontrâm preferiJ os poemas narrativos de teor infoÍmativo com jogos grálicos e de idéias Na 5i sérje o gênero literário fâvot1tô é o poema Dáse Prele íêrt cia aos seguintes Àssuntos liteÍários aventuras humor aÍLimai lenda espionagem horror policial e ficçâo espoÍtíva Os alunos queremnarati vas com muita açâo que se Passem no preseate ou no Passado Íemoto e no futuro o espaço representado pode sel a selva o maÍ o epâço sideral a cidade o deserto a montaÍüâ o Brasil a teúa firme devendo ser existente e distânte Náo há preferência quanto à falCa ctária das perso nageDs mas os tipos favorecidos são as pesoas comuns pessoas e âni mais monstÍos fantasmas e ülões Quanto aos poema aPreciam ritmos e não demonstÍam pÍedilção quantoà comPosiçao estÍófica Lêem poemas líricos e narratívos de teot informativo e Íetlexivo com jogos de idéias dê sons e das formas gráficas Na 61 séne os alunos não se motram particularmente interesa dos em um gêhero literário em esPecial Os assuntos litetálios 3âo o humoÍ o horror o alnor e as aventuras As narrativas Podem acoÍltecer no futuro ou então no Presente ou no Paado remoto O esPaço Pode ser o mar o campo o espaço sideral a terra firme a se1va a cidadeem locais variado portânto existente ma dfutantes A faixa elátia ptedi leta quanto às personagens é a juventud dândose ênfae â pessoas co muns robôs e Pessoâs fântaÍnas e heróis CoÍn Íülação aos poema os elementos que chamaÍn a atençâo são a íma e os jogos das formas gráfi cas Preferem poesia lÍrica e naÍfativa com auntos de teor emotivo in formativo e por ú1ümo reflexivo Os alunos de 71 série são indifereotes qualto ao gênero literádo que léem Os âssuntos literários que lhes iÍrteressam são aventuras hu mor e iunor Eles preferem narrativas no futuro situadas em tÍra firme no mar na campo oo estrângeiro no Brasil em locais variados existen tes mas drstantes TaÍnbém 8ostafi de peronagens joYens mostrando se inciinados para tipos como pessoâs comüns sábios e cientistas estu dantes e grands homens Em relação à poesia não destacaÍn qualquer elemento sonoro mas prelerem âs estrofes sem refrões sendo assuntos prediletos os de teor informativo seguidos dos de caráter Íeflexivo e emotivo O gênero de eleição é o líricô 23 Os alunos da 8i série sío indeterentes quânlo a gêneros literárjos Os assrtntos literfuios preferidos são ficçao esportiya aventuras amol humor e poücial Quarto ao tempo repÍesentado Ía naativa pod seÍ o presente o futuro ou o pâssado remoto Às preferências gspaciâis são poÍ locais muito vadados existentes antes distantes que próximos na seguinte ordem rnar teüâ firme Brasil estrangeiro cidade campo sel va montanha e espaço sideral Os alunos se mostÍam indiferentes quanto à faixa etária das prsonagens desde que sejam pessoâs corfluos estudartes sábios e cientistas ou grendes homens Com referência à poesia queremna lírica de ritmos fixos estrofes curtas e com jogos de sons Os assuntos poéticos podem ser de teor informativo ou emotivo e reflexivo Qrunto aos ahaos do 29 grau todas as séries pÍeferem â müsica a qualquer outra atiyidade de lazr lêem reyistas e jornais mas ílão livros ej quanto ao texto liteÍário quando o lêem chegam â ele poÍ iniciativa própria e dão prioridade à narratiya 1inêar Na l série o gênero llteÍáÍio é indiíeÍeÍtre os âssuntos prediletos são o policial a aventuÍa o amoÍ e a espionagem O tempo oarrativo i o presente e o uturo e o espaço é a cidade locais distântes mas existen tes variadoso Ínar o esttangeiro o campo a terÍa Íirme a montanha e a selva Quanto às personagens a prefôrênciâ é por pessoas comuns es tudants e grandes homens Com respeito aos poemas os jÕvens pedem textos líricos rinados de teor emotivo e depois informativo e refle xivo que joguem com idéias Na 29 série os alunos não se pronlmciârD sigificativamente sobre gêneros litrários de preferência Os assuntos literários mais populares são o humor oqpolicial a ficção científica a ficção desportiva a ficçáo psicolôgica e a aventura O tempo nanativo é o presenie e o passado e o espaço inclui locais variados êxistents e distânts o estrangeiro O mâÍ a tea e o Brasi Quanto às personagens da narrativa priülegiam as pssoâs comuns e estudântes Com relação aos poemas lêem os líri cos afltes de toÍ reflexivo mas tâmbém os de cunho emolivo e infor mativo mas não indicam preferências quanto à composição Os alunos da 3 série preferem como gênero o conto Os assuntos iiteários eleitos são o humor e a aventurâ â ficção úentifica o policiâl e a ficçãí eportiva O tempo narativo é o presente e o espaço abrange locâis existentes â tera a cidade a montaíha o campo o estÍangeiro Quanto às personagens da narrativa a escolhâ é por pessoas comuns estudantes e grandes homeos Com referência aos poj1ras salientam a lirica sob forma rimadir conterdo jogos de idéias e com assuntos de teor emotivo informatiyo e reflexivo nesta oÍdem Todos esses dados configuram o tiPo de púbiico exigtenie â par tü do qual podese refletir sobre as práticas de eitun possíveis Collvém lembrar porém que as pesquisas sobre intetsses contribuem para a ela boração de um perfii de leitor em determinado contexto históricoso cial Para tal fazse Ínister o registro do ewectuzamento das atitudes fundadas nos tàtores citados acima e em tantos outros como Po exem plo as experiênciâs anleriores de leitura do suleita Podese chegar en tão ao conhecimelto dos códigos estéticos e rdeológtcos de que o mesmo se vale no ato de leitura A paÍ daí o professol vai sutentar seu trabalho em objetivos mais ambiciosos nío âpeúas satisfazlr os interesse imediâtos do Públi co ofereceniolhe leituras repelitivas e redundanles que venham tâo somente atender ao gosto mas aguarlhe a curiosidade Para textos qüe representam a realidade de forma cada vz mais abrangente e profunda Para oferecer ao aluno condições de ampbaÍ seu uniYero cultural o professor de literatura conta com meios eficientes a natuÍeza do mate Íial de leitura e a complexidade das folmas de abordálo Partindo das preferências do leitor o trabalho deve orieatarse de maneita dinâmjra do próximo para o distante no temPo e rro espaço Ito siSnifica optaÍ primeiramente por textos conheoidos de autores atuais familiare PeIa tmática aptesentada pelos peÍsoflagens delinados pelos problemas le vântados pelas soluções pÍoPotas pela forma como se etluturam Pela linguageÍn de que se valem A seguiÍ Sradalivamente vãoe Propôndo novas obras mnos conhecidas de autoÍes contemporâneos eou do passado que iÍItroduzam ülovações e al8un dos aPêctos citados Estes procedimentos inusitados para o leitor rompem sua acomodação e exigem uma posturâ de aceitação ou descrédito fundada na reflexão crítica o que Promove a expaosão de sua vivências culturais e existen crais A ampliação do processo vai atingiÍ além do material escolhido as atiidades sugeridas Começardo ftela mais simples e costumeiÍa que requerem comportamentos preúsíYeis buscame altemativas de tÍabalho mais exigentes em que o studaflte Paúicipe do Planejamento e de todas âs etapâs de conecução O estudo de hteratura transformase em um pacto entre professor e a1uno em que ambos dividem responsabi lidades e méritos Dessa forma as estraté8ias de ensino adotadas não co brem simplesmente os interesses do estudante que üa de regÍa functona como elemento passivo recebendo materiais pÍontos e ordens a sercm obedecidas InstÍgado â ação ele se compromete com o projeto de ensi nq de literaturâ exigindo mÀiores opoÍtuqidades dê e firmaÍ como su jeito p ticipante de seu gruPo 24 25 Este aiinhamento do âluno em toda â dinâmica do processo literá rio conqetizase na medida do prazer que o trabalho provoca As âtiú dades Iúdicas vão âo encontÍo dos interesses da criançâ e do joveÍn que têm no jogo o exeÍcício simbôtico das práticas sociais e dos sentiínentos hirmanos Suscitadas a partiÍ dos textos estâs atividades são expdiea tes importantes na formação e na continuidâde do gosto pela leitura Quebrendose o sentido de obrigatoriedade a leituÍa perde o rânço de disaiplina escolar para se çonverte em ato esPontânêo e estimulante desencadeador de moÍnentos aprazíveis Se os textos devem agradar ao Ieitor as atiúdades de exploração dos mesmos estão comprometidas com o foltalecimento desta reciprocidâde não com o seu esvâzia mento Quando o ato de leÍ se configura preferencialmente como aten dimento aos interesses do leitor desencadeia o proceo de identificação do sujêito com os elementos da realidade representada motivando o prazer da ieitura Por outÍo lado qualdo a ruPtura é incisivâ instaura se o diátogo e o conseqüente questionamento das propostas inovadoras da obra lida alargandose o horizonte cuitural do leitor O diüdlldo fi nal é Írôvamente o ptazeÍ dz leitura agoÍa como aproPdação de um mundo inesperado O ato de leÍ é poÍtallto duplament glatiÍicante No coÍItato com o conhecido fornece a fàcilidade da acornodação a possibilidade de o sujeito enconlÍarse no texto Na experiência com o desconhecido surge a descoberta de roodos alternativos àe ser e de vlver A tensão entre esses dois pólos patrocina a forma mais agradável e efetiva de lei tuÍa A literatura pode suscitâr prazer poÍqDe tem seu Ílm em sr me ma isto é funciona como um jogo em torno da linguagem dp idéias e das formas sem estaÍ subordinada a um objetivo pÍático iÍnediato Esa concopção do fato Litertuio remonta à estética ideata do séc XII mais pÍecisamerte a ImÍnanuel Kant que ikfihe a literatura e a âÍte em geral como Lrm modo de reiresentação que Por si mesmo é final em bora sem fim no entanto propicia a cultura dos poderesdamente para a comnnicâção social i98O 245 Essa teoria chegâ valorizada ao úc XX que continua prestigiaído o fenômeno estético pela sua câpacidade de provocar prazer Pela gratüdade daí àdvinda a literatua âPÍoximase das alivida des lúdicas em geral lambém elas com a finalidade única de emocionar e díveriir o sujeito sem oferecerlhe yantagens matedai Gratuito e sem obrigatoriedade o jogo I1ão é entJetanto um ato incontrolado Íla8 es truturado a partir de regras às quais o indivíduo deve se submeteÍ O jogador ingressa no jogo graciosamente sem iÍnposições com liberdade Depois de entrar ele passa necessariameflte a obedecer às regras criadas pelo próprio jogo umpindoas coÍno â um Pacto estÂbelesido entre os jogâdoes Também a liteÉtura tem esse mesmo caráter uma vez que ao ela boEar sua obra o autor institui normas e regras de comPosição fome cendo indjcadores de leitura aos quais o leitor segue nurn acordo táci 10 com o criador Ler é imergü num trniverso imagilário Sratuito mas oÍgarizado carregado de pistas as quais o leitor vai assumir o compromis so de sggriÍ se quisr leYar sua leitura isto é eu jogo literário a termo EmboÍa desinteÍessado e sem vincüaçao diÍetâ com o rea o jogo tem uma fntrgío significante isto é tem um sentido gerado PoÍ aquilo que está sendo dispu tado O alvo aser atinglio não rcPonde contudo a uma necessidade imediata da vida pática ma memo assirn confere um seotido à ação Johan Huiánga deline âs carâctetísti cas do jogo como ma atiúdade que se processa dentro de ceos limi tes temporais e espaciais segundo rrma determinada ordem e um dado número de regÍas livremente aceitas e ftrra da esfera da nÇessidade ou da utilidade material O ambieflte em que ele se desenrola é de arreba tamento e entusiasno e tornâse sagrado ou fetivo de acordo com a circunstância A ação é acompanhada poÍ um sentimento de exâltâção e tensão e seguida poÍ um estado de alegria e de distensdo 1980147 A definição de Huizingâ vâle da mesma forúla Para a literatura a arte em geral que parÍicipam dessa área não lucrativa onde se ine rem as atividades prazerosas e lúdicas excluidas do programa de úda de uma sociedade voltada paÊ o ganho ÂveÍbuck 1986 66 A obra lilelária como o iogo simula os conflitos do mundo de forma global buscando a Íestauração do equilÍbrio através de uma PÍoPota altemati va pâIa a exktênciâ Essa fuação mimética é âcentuâda quando s rela cionam texto e estÍuturas extatextuais pois uma obra artítica sendo um modelo determinado do murdô uma meflsagem na linguagem da ârte não exisle pura e simplesmente fora dessa linguagem assim como fora de todas as outras linguêgêÍrs das coÍnunícações sociais lolman 19781Ol Walter Benjarnin acresceítã â caÍacterísdca de lmitação do jogo a capacidade de formação de hâbitos conslderando que sua essêncra não é omfazÊÍ como se mâs urn fazer sempre de novo traosforrnação da expeÍiência mais comovúte em hábito 1984 75 Para ele todo hábi to enEa nâ vidâ coÍno jogo que por mobüizaÍ emoções e ilspirar pra zet ege repetição conlínua e renovada Po essas úas chegase por Éfio ao hábito da leitura literária que permite a multiplicação do pra zer através da experiência sempÍe recomeçada de üGr os senlidos do mundo em cada texto percorrido 16 27 Alguns prinoÍpios básicos norteiam o ensino de literatuÍa o âten dimento aos lnteÍesses do leitor a pÍovocação de novos interesses que lhe agucem o senso crrtico e a preservação do caráter lúdico do jogo literádo Levaldo em coÍrta esses aspectos o professor está recuperan do para o aluno as funções básicas de toda a artecaptar o real e repas sálo üiticameote sintetizandôo d modo inovadoÍ através das infirli tas possibilidades de arranjo dos signos O rcsultâdo Ílnal será um com portamento perÍnânente de leitura em que o texto se âpreserta como um desafio a ser vencido em inúmeras atividades participativas Sua âpreensão redundará em situações gratificantes que vão garantir a con tinuidade do processo de íruiçÍo da leitura O maiôr otlstáculo com que o professor se defionta para alcan çar esses alvos está no conhecimento âmplo e seguro do acervo de titu los de litemturâ infantojuvenil e pâra adultos com que poderá trabalhar em sala de aula Qualquer modalidade de ensino depende antes de tu do do domínio que se tem do objeto a ser ensinado Quando se trata de literatura a expe ência de leilura e o senso crítico do professor não podem ser substituídos pelo aparato metodológico por mais apeei çoado e âtualizado que este seja Uma aula de literatura bem planejada parte não da metodização das atiúdades mâs do próprio conteúdo dos textos a serem estudados Assim sendo o pÍofessor precisa ter uma lei tura pÍéüa e compreensiva dos mesmos se deseja proporcionar a seus alunos vias eficazes de fruição e conhecimento das obras e da lüstôria literáriâ A leitura do professor pois é prérequisito da leitura do aluno mas isto não quer dizer que a interpretaçío do aluno deya ser âtrelada à do professor É eúdente que os sentidos que esse deu ao texto influen ciarão as atiüdades pÍopostas para explorálo mas se o a1uno através do trabalho textual atinge outros sentidos e coosegue comproválos pelas eÍldências à sua disposição não câbe ao professor questionar a lei trrra que realizôu Dizer que a compreeqsão e a ioterpretação orientam o planeja mento das experiências da leitura não significâ pcrém que estas se acu mulem desordenadamente pois a falta de sistemâ além de dificultar as opemçOes de pnsarnento no processo de iprendizâgêm pode tornar o estudo completaente câótico de modo que o aluno não consiga efe tuar as sínleses conceituais que a coosecução do conhecimento íge A metodologia de nsino dessa forma é ouüo prérequisito hierarqüca mente colocado em segundo lugar mas de igual maÍreira irldispensável Por outÍo lado qualquer mêtodização do ensino nío se opera nurn vácuo teórico Tanlo a leitura seletiva do professor quanto o método que ele adota após decidir sobre os textos que deverá trabalhar sâo on entados na sua essência por uma concepção que ele faz do litÊrário Esta lhe oÍbrece os critérios paia apreciar as obras e para abordálas corr os alunos segtrndo um ou outro método que faça emergir o concetto de literatula subjacente a todo o processo Se a seleção de textos e a escolhâ de métodos de aboÍdagern tex uâl é iÍterdpendente e mutuamete sustentâda por uma noçâo comum de literatura â conseqüéncia é que o professor precisa conhecer algumas teorias literárias que the delinam os limites do seu carnpo de trabalho Uma teoria literária é um modo de investigaçâo crentÍfica que se exerce pela observâção e aflálise de om cotpus hipoteücamelte delimi tâdo como liteÍário Segundo Souza seu objeto é a literaturâ sricr sersu ou seja determinadas composições verbais em que a linguagem se âpesenta elaborâda de maleira especial e nas quais se dá a conslituição de universos imagmárÍos ou irccionais Num nÍvel air da mais elaborado de exigências metodôlógicas devese dizer enfiar que o oirjeto da teoriâ da literatúra é constituido pela litrariedade isto é o modo esp cial de elaboraçâo da linguagem inerente às composições literárias caructeÍizado por ljÍn desio em relação às ocoÍÍências maís ordinárias da linguagem 1986 a7 As teoriâs iilerfuias irvestigan selt objeto a partir de diferentes perspectivas sobre o que é literário ou não como se pode observar na afirmaçãa de Souza que restringe o conceito a dois coostituintes fun damentais OutÍos analistas das teorias literárias definiram seu objeto por caminhos divrso orâ dêsconsidêando ora priülegjando o modo de elaboração iingúÍstica ora exaltando ora pondo em cheque a idéia de unive rso imaginário As possibilidades de enfoque nos estudosliterá rios sâo poÍtanto múltiplas e a exigência que se pode fazer a umâ teo ría é que esrabeleça claramente o que para ela é a literâtura e que a in vestigue com ri8or cientÍfico a partir dessa definiçío hipotética O professor egresso de um curso de Letras ou de Lragistério nem sempre faz idéia de que sua tarefa de ensino de literàtuÍa não é inôc4 te mas vem direta ou indiÍetamente impregnada de noções que acabam por funcionarem Çomo critérios para a crítica e a avâliâçào das obrâs bem como para a organizagão dos processos de leiruÍa e inÍerpretaçâo ao n ível do alrrno Para poder discriminar qual o texto de melhor ou pioÍ qualidade literúiô assim Çgmo pâra optrr por um ou outro rrÉtodo de compteen sâo e interpretaçào de uma obra especffica o professor preclsa cons cientlzar seus pressupostos teôricos no que as teorias titeráÍias podem Z8 29 22 Escolha dos textos auxiliáLo As mais corÍentes concepçoes do literário podem ser a8Íupa das em duas classes pÍincipais as que valorizam o díscurso lingüístico e suas replesentações ideais como a estilística a fenomenologia o forma lismo russo o estÍuturalismo e â semiologia e âs que valorizam a equivalôncia entre o univeso criado e o unie6o real como a teoria de Aristóteles a sociologia literária e a estética da recepçâo Freqüente Ínonte teóricos de um ou outro lado ultrapassam essas frônteiÍas mas â partir delas podemse traçar algumas diretÍizes que facilitem ao profes sor a toÍnada de decisões nsa árca prioritária do ensilo de literaturâ PaÍa Adstóteles err sva Poética 1966 69 â obra dê arte literá ria é mímese uÍu imitação ve rbal náo do que é mas do que pode ser cujas partes íÍltegrantes formam um todo do qual nâda pode ser rtirado ou acÍescentado e onde tudo é necessáno e verossímil ou seja cada elemeDto tm ulna explicação lógica aceitável do ponto de üsta inte rior da obra A fim de ajuizar um texto segundo Aristóteles é preciso verificar se tudo que nele aparece tem lig3ção conl o todo se não hâ elmentos desnecessários ou que estão soltos sem desenvolúmento ou justiÍicati va Em última anális interessa a coerôncia inteÍna Pâra os seguidores de AÍistóteles o conceito de mímese se torna ambiguo e uns privilegiaÍn a idéia de que a liteÍatuÍa deve corresponder êo univeo Íal imitandoo de forna melhor do que ele é e outros â idéiâ de que o importante é o uniyelso ficticio que pode representar o mundo real ou o mundo possível desde que coerentemente construído pelas palavras Uma das teorias moderoas relacionadas çom a ênfase no poder da linguagem de criar universos é o estruturâlismo que se ocupa com a questío de literariedade entendendo a obra literária como uma estru tura de sigios verbais ern relaçÍo harmônica ou contÍaditória uÍts com os outÍos produzida por procedimentos de composiçáo que tornam esse sistema de siglos ãutônomo em relação â realidade extedor Segun do lakobson o objeto dn ciência da literatura não é a literatura mas a literariedade isto é o que faz de uma obra dada uma obra literáÍia 197315 O estluturalismo evolui para â semiologia ampliando os estudos literáÍios a oulras linguâgens não verbaís e preocupardose em como elas geram significados e coÍnunibação dentro da sociedade O ajuizâmento da obra titenária na ótica estruturalista e semioló gica sê realiza pela descÍiçâo do sistema dos igÍos descobrindo as Íelações entre eles e os signiíicados que delas clecorrem Como signos se consideram nÁo sÓ as palawas mas suas rcpÍesentações tais como per sonagens lugares épocas ações emoçÕes símbolos idéias etc O estru turslismo se detém sobre â articulação lôgica entr as partes da estrutura 30 3l textusl enquanto a semiologia salienta a relaçío enüe estruturas dos signos e estrutura da readade Sâo pÍoceümentos descritivos e ânaliti cos não vâloÍativos mas de todo modo acabam por discutiÍ os vâlores ideolôgcos da sociedade que os sistemâs de signos traduzem A sociologia da literaturâ coÍceitua o lexto üteráÍio como reflexo de urna sociedade hitódca aPÍesentando a essêocia dos fenômenos que nela ocorrem de modo coircreto A Frodução literária Para Lukács 1965 289 é a trâduçãp particulsr de uma verdade universal comum a toda humanidade A UteÉturâ não copiâ os falos singulâres da Histô Iia lnas pÍocura neles oque é represerltativo para todos os homens e cria um novo fato que vercule essa essêncic Linha teôricâ tâmbém comprometida com o social é a semiolo gi3 de Bakhün que peÍmrte a correlaÇão eÍIrre os conflitos sociais e a estrutura literária pela anáiise üa dimensâo ldeológica do sl8no Lingüís tico A avaliação do texto no esquadro sociológico exige o coÍútci mento prévro da história da socidade em que ele foi produzido e se efs tua pelo cotejo êítÍe os fâtos reais e os fatos fictícios A obra é válida quando apÍeende a essênÇia por trás da história conscientizaÍrdo o leitor do que é o ser humano resgatandoo das distoÍções ideolôgicas que r reificam e alienam A teoíia da estética da Íecepção desenvolye seus estudos eú tomo da reflexão sobre as relações enire narradorte xtoleitor Vê a obra como um objeto verbal esqueÍático a ser preeochido pelâ atividâde de leitura que se realiza sempre a partir de um horiinte de expectatiyas Roche defiae est como soma de comportamentos coflhecimentos e idéias pÍéconcebidas com que se depara uma obra no momento de sua Àparição e segundo a quât é medida i980 l0 PoÍ esse caminho a teoriâ tÍrta Íectrar o círculo entrea abordageÍn estrutural e a sociológi ca 4 obra literária é avaliada a partir da teoria recepcional atlavés da descdção de componentes intemos e dos espaços vaaos a serem preenchidos pelo leitor Fâzse então o confionto entre o texto e suas diversas realizações na leÍtura e expücamse estas Íecorrcndose à exlÉctativas dos difelentes leitoÍes ou grupos de leitores em sociedades histódÇas definidas A obra é tanto mais valiosa qualto mais emaícrpa tória ou seja quanto mâis Propõe âo leitor desaJios que as exPectativas deste alo previam As teorias literárias como se vê posslbíitam variadas visões do obieto de ensiro do professor a literatura Por meio delas a seleção dos textos pode ser realizada segundo a ótica que rnelhor se adaptar às necessidades dos ahmos e do pÍojeto de educaçao pelo qual o profesor opta De igual modo ela prororcionam Procedimentos dê trabalho com o texto liteÍáÍio coeÍentes com a concepção de liteÍatura do professor e os princíPios que norteiaÍl sua atiYidado docenie I O PAPEL DA ESCOLA NA CONSTRUÇÃO SOCIAL E LITERÁRIA ALINE MENDES BARBOSA A escola tem um papel de suma importância para a construção social de seus alunos envolvendo a formação literária por meio do ensino Isso inclui o aprofundamento na cultura em que cada aluno está inserido Neste sentido se é necessário analisar o contexto social cultura e características individuais de cada aluno para oferecer estratégias que o levem ao descobrimento da leitura Seguindo a perspectiva de Bordini e Aguiar 1993 p16 é visto que a identidade literária não é somente relacionada a palavras postas em um livro envolvendo uma complexidade estrutural intrinsecamente ligada ao meio em que essas crianças fazem parte isso significa que a cultura que esses indivíduos se encontram imersos é um elemento chave para a formação escolar do leitor Essa ideia se reflete na frase A formação escolar do leitor passa pelo crivo da cultura em que este se enquadra Bordini Aguiar 1993 p16 Ressaltando que para a leitura ser significativa ela necessariamente precisa ter pontos que condizem com a realidade de seu leitor desse modo tornandose enriquecedora para seu desenvolvimento intelectual psicológico emocional e social A preparação para o ato de ler não deve ser apenas um ato visualmotor ou seja cabe a inclusão de fragmentos da cultura das crianças e do jovem a reflexão da leitura não se esgota apenas em dimensões conceituais sendo construída por dimensões estéticas e significativas Diante disso é evidente que quando a escola não consegue fornecer meios de formar conexões entre os alunos e suas culturas os textos passam a não fazer sentido para eles resultando em uma lacuna que pode ser visualizada nas interpretações textuais dos mesmos Ainda quando isso ocorre o aluno sentese distante da obra literária não á reconhecendo devido a sua realidade ser completamente divergente do que apresentado nas páginas lidas O aluno portanto deve ter conexões estabelecidas dentro de sua própria vida com a realidade apresentada diante dos textos Por isso a medida em que o livro certo é fornecido ao leitor certo a construção de linguagem vai se formando as ideias vão se interligando e as imagens se complementam devido às expressões verbais do escritor e do conteúdo da obra que chama atenção do leitor devido às suas conexões intelectuais emocionais e culturais Cada aluno possui suas próprias particularidades isso incluí a suas experiências culturais que são influenciadas por fatores sociais éticos e econômicos além da influência da família e da região onde esses alunos estão portanto é fundamental que as escolas usem os meios necessários para ampliar as estruturas formadoras do saber a diversidade dos textos selecionados para a leitura também faz parte dessas técnicas isso porque ao incluírem textos mais diversos proporciona a identificação dos alunos permitindo que vínculos significativos passem a ser estabelecidos por eles Prosseguindo a frase Se a escola não efetua o vínculo entre a cultura grupal ou de classe e o texto a ser lido o aluno não se reconhece na obra porque a realidade representada não lhe diz respeito Bordini Aguiar 1993 p16 destaca também a suma importância de abordagens mais inclusivas e ligadas às experiências dos alunos Os textos escolhidos devem refletir nas diferentes realidades encontradas por esses alunos esses textos literários devem ainda refletir na vida sociedade cultura elementos históricos e outros fatores da vida dos estudantes Ao conhecer cada um dos alunos os professores podem utilizar diferentes narrativas nas salas de aula como apresentar textos literários que representem um aumento na motivação dos alunos como também em interesses e sonhos isso promove um despertar dos jovens para o universo da leitura iniciando o hábito de ler e também promovendo o lado crítico analítico e compreensivos das crianças e jovens sobre as obras lidas Por isso os educadores devem sempre estar preparados para utilizar de abordagens mais dinâmicas e contextualizadas sobre livros e textos produzidos dentro da sala de aula Portanto cabe as escolas e aos educadores proporcionarem projetos que incluem a participação dos estudantes em produções textuais oficinas de leitura Além disso fazse necessário a apresentação de obras literárias que condizem com a realidade dos estudantes influenciando assim o hábito de leitura construindo assim a percepção dos jovens permitindo que esses entendam as obras que leem desenvolvendo conexões profundas REFERÊNCIAS BORDINI Maria da Glória Literatura A formação do leitor alternativas metodológicas Porto Alegre RS Mercado Aberto 1988 173 p ISBN 8528000605

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Capa Leonardo Metna Baneto lontcs CoInposição JoÍge Cortezi Supervisâo Sissa Jacoby Edto11 Roque Jacoby Copyright de VcÍa Teixeira de guiar e Maria da Glória Bordinl 1988 SUMÁRIO APRESETAÇAO FORMAÇÃo Do LITOR il Fundação social da leitura 1 2 IJitura e não leitura numa sociedade desigual li leitula da literatura 14 Pãpel dâ escola oa foÍmação liteÍária INTERESSES DE LEITURA E SELEÇÃO DE TEXTOS 21 Determinação dos interesse literários prazer do texto 2 2 Escolha dos textos 3 NECESSIDADE DE METODOLOGIA 3I Ensino tradicional de literatuÍa a prâtica e os currículos 3 Necessidade da metodologia de abordagem textuai 4 MÊTODO CIENTÍFICO 4 I Fundrmentação teórica 42 Objetivos e critéios de avaliagâo 43 Etapas de desenvolümento técnicas 44 Exemplos de uodades de ensino 441 CurrÍculo por atividades 442 CuÍrculo Por áreas 443 Curriculo Por disciPlinas 5 MÉTODO CRIATIVO 5 l Fundamentlção teór ica 52 Objetivos e critérios de âvâIiação 53 Etapas de desenvolvimento técnicas 54 Exemplos de unidades de ensino 541 Curriculo Por atividades 542 CurríctrloPor áreas 543 Currículo pôr disciPlinas CIPBRASIL CÀTÀLOCÀÇÃO NA PUBIICAÇÃO Bitrliotecária respolsáve1 RosemâÍic B dôs Sautos CRB l079 9 9 l0 l3 l5 423ll Aguiâr VcÍa Teixcira de Literaum a formação do leitor altemativas nrtodológicas Vcra Teixcira dc Aguiaíe Maria da Glóriâ Bordili 2 ed Porro AlegJe Mercado Aberto 1993 176 p Série Novas Perspcctivas 27 1 Análise Literatura Ensiflo de lo e 2o Cíaus 2 Literatum Ànáisc Ensino de l e 2 Gtaus 3 Ênsino Ce l e 2 CÍaus Análise LitemtuÍa Í Bordini Maia da GlóÍiâ I1 Séric Novas Pcrspectivns 2 m TÍtulo cDU 3733i00182 8237335001 i8 23 32 3 36 44 44 47 19 52 52 55 5E isBN 852800454 fodos os diritos resenâdos a Editora Mcrcado Abedo Ltda Rra da Cooceicão i35 FoÍre 051 221 4022 221 831 I 900300i0 Portú Alcgrc RS Oro olroo do Rr Gôôle lo Sl 62 62 65 67 72 72 75 1E o Noronha Elisa Averbuh Tesseler May Maria Ceieste Armda Nézia Hele na Riccardi da Silva e Magda Helena Dal 7ollo e da equipe de l98S 86 profs Angela da Rocha Rola Enio Moraes Duha e Maria Eduarda Ciering AgÍadecem também à coordenadora do CPLTPUCRS e dos Cur sos de PósGraduação em LingüÍsúca e Letras da PUCRS prof Dra Regina ZilbeÍman pela esciarecida orientaçãô e supervisão das pesquisas que deram origem â este liwo e ao próreitor de Pesqrüsa e PósCra düação da PUCRS Dr Ir EIvo Clemente pelo âpoio e incntivo que sempre concedeu a esses projetrls do CPL e aos pesquisadores envol vi dos Porto Alegre agosto de l987 8 1 FORMACÃO DO LEITOR 11 Função ocial da leitura É através da linguâgem que o homem se reconhece como humano pois pode se comunicaÍ com os Ôutros homens e trocar experiênci3s Existe porém uma condição prévia para a manifestaçao da linguagem é preciso haver um grupo humâno nô qual o sujeito se confronte com o conjunto e se perceba como indivÍduo É portanto nâ coÍlvivência social que nascem as linguagens conforme as necessidades de intercâm bio O grupo social não é simPlesmente um todo homogênco Nele ha bitam vontades sabercs e posicionâmentos diveísificados me conver gentes que gerarn as Possibilidades de relaçõe internas e com outro grupos Através das trocas lingüísticas o indivíduo se certifica de seu conhecimento do mlrndo e dos ÕutiÔs homens assim como de si mes mo ao mesrtro tempo em quo pa icipa das transformações em todas essas esferas A llnguagem veÍba é dentre as formas de expressão e comuni cação â mais utilizada pelo homem Podese afirmar mesmo que todas as linguagens humanas são rePassadas pela palawa Para Barthes Pare ce cada vez mais difícil conceber um sistema de imagens ou objetos cu los signííiíatos possaln existir fora da linguagem perceber o que sig nifica uma substância é fatalÍnente Íecorrer ao recorte da língua sentido só exlste quando denominado e o mundo dos significados não é outro senão o da linguagem 197912 Registrando a linguagem verbal através do código escrito o livro é o documento que conseÍva a expfessão do coDteúdo de coosciência humana individual e social de modo cumlativo Ao decifraÍlhe o tex to o Ieitor estabelece elos com as manifestaçõs sóciocultuÍais que lhe são distantes o tempo e no esPaço A ampliacao do conhecimento que dai decorre permitelhe com preerder melhor o presente e seu papel como sujeito lústórico O acesso aos mais va ados textos informâtivos e liteÍános propoÍciona assim a tessitura de Lrm universo de inforntações sobre a humanidade e o mundo que gera vincuis drtre o leitor e os outros homens À sôcialização do indivÍduo s tâ2 para além dos contatos pessoais também através da leiiura quando ele se defronta con produçôes significantes prôveniÉn tes de outros indivÍduos por meio do código comum da linguagem es crita No drálogo que então se estabelece g sujeito obrigase a descobrir sentidos e tomaÍ posições o que o abre paÍa o outro 12 Leitura e não leitura numa sôciedade desigual Uma sociedade de classes em que interesses dielgentes se entre chocêm com a piedominância de algrrns deles sobre os demais privi legia sobremaneira o texto escrito como objeto de leitura A esÇÍita histoÍicamênte representa uma conquista sobre a rnemória instrumen to predominaÍlte nas sociedales ágralàs A acumulação do conhecrmet to através dâ palavla esc ta tem si4o êpropriadâ pelas classes que detêm o poder dentro de uma sociedade Como o documento escrito é mais eficiente para a Íixação e conservaçío lüs idéias leva vantagem sobíe a memória coletiva aljando das decisões dú grupo aqueles qu6 n5o 5gs capazes de decifrillg Àssim as sociedades gradualmente se dilidem em segmntos cul tos e incultos tomando como critédo distintivo o donlÍnio do côdigo IingüÍstico escrito Do ponto de vista histórico a situação de desigual dade entÍe elêmentos alfabetizados e analtãbetos produziu uma relação de dominio dos primeiros sobte os segundos que se acrescentou â todas as outras formas de dominação social Já a Reyoiução Francesa de l7g9 postulara a abeftura de escoias públicas com o lim de levar as letras até o povo de modo a promover uma mÀior iguaidãde social A escola públicâ todaúa embora nascendo com esse propósito de equalizaçao cedo revelouse mars um aparelho de dominação da classes populaÍes traiDdo o seu objetiyo inicial Talvez essa traigào se explique pelo fato de que a escola na verdade surgiu por iniciativa da burguesia emergenle que desejava ascender ao Jrarrs social da âristocra cia As ciasses trabalhadoras menos favorecidas já de iniÇio não entra ram nesse projeto de promoçâo cultural deterrÍunando a eistência de amplos segnentos de analfabetos Se a escola pública se propunha à promoção social é Iógico que desde sua origem enfatjzasse a ieitura do texto escrito umâ vez qué esta é o pioduto que ela oferece em primeiro lugar AÍltes de se opeÍar a discriminxção Çntre alfabetizados e nâo altâbetizados aqueies que não tinham âcesso às letras Podiâm adquiÍir conhecimentos por transmissão oÍal ou por experiência e não eÍam por isso socialmeÍte desvalorizados iá que a escrita era de domÍoio estrito de müto poucos A desvalorização daqueles qrle não conseguem utihzar o código escrito implica conseqúentemellte o desprestí8io de todas as outras lei turas que os mesmos podem reâli7âr Determina ainda um conceito de texto limitado à líBgua escriaa embora se Possa entender o mesmo como todo e qualquer objeto cultural eja Yerbal ou não em que está implícito o exercício de um código social Para organizâr sentidos aüa vés de alguma substáncia física Portanto cinema televisâo Yestuáío espotes cozinha moda artesanato jornais lalas teratura PartilhÂm da qualidade de textos Esse conceilo amplo de texto é que fundamenta as Posições de Paulo Freire sobre a leiturâ do mundo como antecedente da leitura da palavÍa Este AutoÍ ínsiste na comPÍeensao crítica do ato de ler qu não se esgota nâ descodificação Pura da PalaYra esÇritâ ou de lingua8ern escrita mas qu se antecipâ o se alonga na inteligência do mundo A Çompreensâo do texto a ser âicânçada por sua leitura crÍtica inplica â peÍcepção das relações entÍe o texto e o corrtexto i982 l2 Todas as pessoas desde a infância são portanlo leitoÍas em formâção uma veique estão constantemente âtribuindo senúdos à mais diversas mani festações da natureza e da cultura Conferindo à escola a fuúção de formar o leitor destruiuse a noção de texto como rePÍesentaÉo simbólica de todas as produções humanas rstando o livro como mediação Para quâlquer conhecimento Passouse a destacar assim o Iivro Por ser este uma produção dâ classe dominante a ela pertencente e à qual aspiram as clases dominadas Essâ situação de valorização de urn objeto específico configura a cisao entre a cultura que o Possui e todas as demais datrdo à primeira poder sobre as outms O corrceito de cultuÍa fica deformado expressando apena a Yer dade de uúa camada social Todávia cultura nâo se assimila a universo dos letrados Abraíge todas as traosformações que o homem opera na natureza o que obri8a a reconhecer que qualqueÍ gÍuPo humâno possui objetos culturais que podem ser lidos de forma válida Nao há cultura úro t pior há culturas diferentes segundo a experiências dos homens que as produzem Essa concepção de orltura em suâ âmPlitude nao suPõê que se deva desprezar o texto escrito em favoÍ dos demâis objetos culturais corrro o folclore o Çinema ou os quadrinhos Se todas essâs mafiÍfestações t0 1l permitem leituras signlficativas o làto é que as classes dominantes dâo ênfase ao livÍo como veiculo do saber que lhes convém Nesse sentido é importante que as classes menos favorecidas tenhaÍ acesso à cuituÍâ letrada sob pena de se manterem âs diferencas soÇiais Isso quer djzer que ao se valorizxr todas as expressões cultuàs dominadas nao se está pretendendo limitar as classes populares ao co nhecimenro já adquirido no grupo O que se pÍopóe é órirlhes o leque de opções de modô a atuar efetivamente na üda social e não apenas como massa de nianoba uma vez que elas passam a ser capazes de jogar conl as mesnlas aoTtas Decorre daí a necessidade nas sociedades democráticâs da impe mentação da alfabetizaçío por seÍ este o instrumento de apropriaçâo da cultura dominânte É sintomático que exatamente nssà tarfa a nossa escola tenha s mostrado tão ineficaz deixando transpaÍecer nlesmo â contragosto seu caráteÍ de aparelho ideológico do Estado bur gués Tanto a auséncia de escolaridade quaÍlto a evasão precoce que hoje ainda se observam a niveis preocupantes se devem ao molo de ser do sistema de orgaaização escolar programado para atender alÉnas as necessidades das classes méCia e alta Vejamse iteos como horLro pe riodos de férias exigência de assiduidade unÍforme matêrial didático etc que ficâm aquém das possibilidades das camaclas proletánas or càmpesinas Para Michael Apple todos esses itens dizem resperto ao curriculo oculto que juotamnte com o curriculo expresso consli tuenlse no modo como instituições de preservação e distribuiçÃo cultural conto as escolas produzem e repoduzem formas de cons ciência que permitem a manutenção do controle social sem que os grupos dominaJltes tenham de recorrer a mecanismos declarados de dominação 198t l2 AclescenteSe ao quadro exposto o fato de que os valOres defen didos por essa escola âtravés de seus administradores e professoles oriulrdos da classe média pouco concenrem as classes baixas que não se yêem nela Íepresentadas seja nos conteúdos curriculares seja na estrutu ra funcional Dâ colisío dos valores do corpo docente que apontam iisla a aSCenSãO socaal Com oS dO corpo discente que se limitaÍn à neeessidade de sobrevivência decorrem os problemas cÍônicos de disci plina as dificuldades de aproveitamento e ô conseqüente afâstaÍnento do aluqo da escola O anallabeto o não leitor entendido corao aquele que aprendeu a ler e deixa de fazêlo e o leitor deficiente cujo nível de conpreensao é precário sio subprodutos desse modelo escolar Os estÍmulos que o processo de ensino a eles oferece em relaçaÍo às classes trâbalhadoras pecam pela falta de identidade cultural Os textos dos livros didáticos e i3 outros livros nada têm a ver com âs suas aspiraçÔes suas necessidades e inLeresses imediatos e com sua realidade Dessa perspectiva terseia que circunscrever os problema de lei turâ a Lrm segmenlo deiermi ado da socredade No entanto sabese que esses Íênômenos ocorrem também em outÍo escalões sociais com a mesma intensidade As Ç3usas porém sío diversas Nao se tÍata de crsâo entÍe textos e vâlôres represenlados ou entre escola e projtos cultu rais Nesse caso a desvâlôrizaçáo da leitura se relaciona ao falo de que talvez esta como atividade intelectual nÍo proporcione acumulaçao de capital Êssa siiuaçáo se vincuia à pÍóPÍia contituição do regime caPita lisia que maryinaliza o intelectual único agente que nâo gera lucro com os objetos que produz O trabatho intelectual só é reconhecido quando reforça os aparatos de dominação daqueles que detêm o caPital Mesmo nos casos em que as obÍ3s contestanl o sistma pode suceder que este as transforme em merçadorias alulando seu eíeito Por isso o leitor de classes elevadas mesmo imbuido da impoltância da leitura nos bancos escolares acaba poÍ abandonála gradativamente à medida que em sua vida cotiiiana roltase para atividades que Promovem ganlos Numa sociedade desigual os problemas de leitura se diversificam conforme as caracterÍstiÇas de classe As soluções Possívei se orientam para o pluralismo cultural ou sejà a ofertâ de textos vfuios que ílêem conta das diferentes Íepresentações sociais Se as classes trabalhadoras tamtém tiverenl acesso à alfabetizaçâo serão elas nao aPenas consumi doras passivas mas produtoras de nÔvos textos que se acresceot1r5o aos que circulam na sociedade e atenderão a seus interesses De qusquer modo todos os segÍnntos sociais a desPito de suas divergências intemas Podem ser mobilizados para a Ieitura quando encontram nas obras o momento catártico quÇ identifica o leitoÍ com o conteúdo expresso Uma das necessidades fundâmentais do hornem é dar sentido ao mundo e a si mesmo e o livrc sejê inlbrmativo ou fic cional permanece como veÍculo Primordial paraesse diá1ogo l 3 Letura da literatura Todos os livros favorecem a descobrta de sentidos mas sâo os literários que o fazern de modo mais abrangente Enquanto os textos informativos âtêmse aos fatos particulares a liteÍatura dá conta da to talidade do real pois representando o paÍiicular iogra atingir uma sig nificaçãô mais ampla O texto litcrário se vale dâ imitação 8enérica constituídâ Pelos simbolos lingúistlcos e atinge em dúvida um plano de signiflcação 12 igualmente universal através poÍém cle uora reprodução esmetada Jo concÍeto e particular Merqulor 19721a1 A linguagem literária extÍai dos processos históricopolíticosociais nela representados urna visão típjca da eKistênia humana O que importa n5o é apenas o fato sobre o qual se escreve mas as formas de o homem pensar e sentiÍ esse fato que o idenüficam com outros homens de tempos e lugares diversos A obra Iitenírie pode ser entendida como uma tomada de cons ciência do mundo concreto que se caracteriza pelo sentido humano dado a esse mundo pelo autor Assim nío é um mero reflexo na mente que se trâduz em pâlavras mas o resultado de uma iotêràçAo ao rnesmo tempo receptiva e cfiadota Essa jnteraçâo se processa atrayés da mçdia ção da linguagem verbal escrita ou tàlada O texto produzido gÍaças a essa nâtureza verbâ1 pelÍnite o estabelecimento de trocas comunicativas dentro dos grupos sociâis pondo em circulação esse senÍido humano A literatura como uma das formas de comunicação participe assim do âmbito mâior da cultura ou seja da produçío signiflcatte relacionandose com outtos objetos culturais Entretanto possui carac terísticas que a diierenciam desses A mais evidente é o uso não utilitá riô dâ linguagem No circuito de comunicação o textô literário nâo se refere diÍetümente ao contexto oa precisa apontaÍ para o objeto real de que ele é signô possuindo poÍtanto uma autonomia de significacãc Por exemplo uma história infântil ou um romaÍtce criam suas própias rsglas comunicativas estabelecendo um pacto entre autor e leitor em que a presença do contexto é dispensáyl Ao ler o texto o leitor entra nesse jogo pondo de lado a sua realidêde momentánea e passa a vrver imaginativâmelte todas as úcissitudes dâs personagens da ficção Dessa forma aceita o mundo criado como um mundo possível para si Êssa capacidade do texto literifuio de independer de referentes reâis de forma direla devese à coerência intema dos elementos de que se compõe de modo a tornar autosulicierte o todo assim estruturado A obra se efetiva muito mais pela composição de seus elementos esaru turais do que pela relacâo denotativa com o contexto Esse traço justifi ca a descoberla da significaçío mesmo em obrâs que explicitarnente rompem com a realidade concreta e históÍica como as de ficção científi ca de horror e de realismo máglco A estrutura da obra literária decorre das linhas de força estaoeieci das entre seus componentes e funções Essa estrutuÍa porém nÍo é urrl todo uniforme uma yez que neia se alteram continuidades e desconti nuidâdes determinadas pelo pÍópriu limite das frases e periodos lingriÍs ticos Constróise na obÍa literária um mundo possivei no qual os objetos e processos nem sempre apaÍecem totalmente delineados Esse mundo portanto envolve lacunas que sao automaticâmente preenchidâs pelo leitor de acordo com sua experiência lsso explica por que se pode repreentar loda ufi a vida numa novela de cern págrnâs ern que se pel ca â ilusão de realidade dos eventos narrados A obra apresenta uma serie de indicações em potência que o sujeito atualiza no ato da leitura Em contraposição o texto nío literáÍio contem indicadores mui to mais ÍÍgidos e ptesos ao contexto de comwricação não deixando margem à livre moviÍsentação do leitor A ilformaçío que oferÊce é imÊdiata e rsstÍitiva yalendo apenas para tuna siluaçâo dêfinida For isso podese dizer que o texto literário é plurissiEnificativo permitindo leituras diversas justamente por seus aspectos eln aberto A riqueza polissêmica da literâtura é um campo de plena liberda de para o leitoÍ o que não ocorre em outros textôs DaÍ provém o prÓ pdo prazer da leitura uma vez que ela mobiliza mâis intensâ e inteirs mente â consciéncia dô ieitor sem obrigáJo a mrurterse nas amâIras do cotidiaÍo Paradoxalmente poÍ apresentar um mwtdo esquemático e pouco determicado a cbra DteÍáÍia àcaba por foÍrecer ao leitor um universo muito mais carregado de informações porque o levâ a Parti cipar âtivamerte da construção dessas com isso forçãldoo a reexa mirrâr a sua própria visâo dá realidade conçreta A atividade do leitor de liteÍatura se exprime pelâ reconstrução a pârtir dâ linguagem d todo o universo simbólico que as palavras encer ram e pela concretização desse universo com base nâs vivdncias pessoais do sujeito A literalura desse modo se torna uma reserva de vida palalela on de o leitoÍ encontrà o que nâo pode ou não sabe experimentar na rcalida de É por essa característica que tem sido acusada ao longo dos tempos de âlienante escapistâ e corrtLptorê mas é lambé m graças a ela que a obra Iiteráriâ captuÍa o seu Ieitor e o prende a si mesmo poÍ ampliâr suas fronteiras exislenciais sem oferecer os dscos da sventuÍa rcal I 4 Papel da escola na formaÇâo literária Em virtud da autonomia ptáptia rJa obra Ijterária mesmo que se reconheça sua gênese na vida sociàl a formâção do leitor de literatura nao pode ser idênticâ à do leitor genérico ou pragmático A lêituÍa er si imphca o reacnhecimenÍo de um sentido opelado pelo decifamerlto dos signos que foram codificados por outÍem paÍa veiculálo Todaúâ nem esse código que possibilita cifrar e decifrar os signos nem o sentido a que eles apontam são assrmto pasífico entre emissor e receptor podendo havet com isso dilerenças de eútendimento do texto na sua produção e na sua recepção 11 15 Para aprender a ler o texto verbal escrito não basta bonhecer as Ietrâs que assinalam os fonemas nem adiânta saber que os fonemas só fazem sentido quando reuaidos em palavras ou frases Nâo é suficiente também descotrir ou compÍeÍrder as regras do código chamado gramá tica que juntam fonemas em palatras ou palavras em frases Essas habiiidades são apenas operações de base para a leitura e na üda práti ca sâo dominadas por processos mentais de associação e memóÍia a par tir da motivação do indivíduo ágraÍb qualdo ingressa na escola em bus ca do clominio da escrita A ieítura pressupõea participaçao atila do leitoÍ na constitúção dos sentidos lingüisticos Embora as palavras sejam explicadas no dicio nário nunca eprimem um único signiÍicado quando integram uma fra se de um texto determinâdo A tarefa de leitura consiste em escolher o signilicado mais apropriâdo para as palavras num conjunto limitado Vr Iém Flusser pesquisando a etimologia do verbo ler observa que vem do latin lcgere que sjgnifica o gesto de catar picar gJáos como galinhas o executam 0 que por certo impõe a questão dô critério que rege taI escolha de grãos amontoados De modo qle ler significa escolha aleatória de elementos tjrados um por um do seu contextoos elemen tos do tipo letra ou cifra náo passam de casos específicos do ato genérico de leitura 198527 A seleção dos significados se opera por força de um contexto que os justifica Esse contexto é o da xperiência humana que confere valor a um sinal que em princípío é vazío e só passa a portar significado poÍ um ato de convenção emineltemente social Convencionase que algo é significante quando corresponde a um valor prevÍamente estabelecido O conjunto de valores convencronados é chamado cultura por isso mesmo IÍfeitamente legível porque criado pelos homens A foÍmacao escolar do leitor passa pelo crivo da cultura em que este se enquadra Se a escola nâo efetua o vínculo entre a cultura grupal ou de ciasse e o texto a ser lido o aluno nâo se reconhece na obra por que a realidade representada não lhe diz respito Mesmo diante de qualquer texto que a escola lhe proponha como meio de acesso a conhe cimentos que ele não possui no seu ambierte culturâI há a necessidade de que as inlormaçôes textuais possâm ser releridas a uÍn background cujas raízes estejam nesse âmbiente Portanto a preparaçâo para o ato de ler nâo é apenas üsualmotora mas requer uma contínua expânsão dâs demarcações culturais da criança e do jovem Diante dâ leiturâ outra exigência se impõe em termos de aprendj zagem Os senLidos naô se esgotam no plano meramente conceitual A fruiçâo plena do texto Lterárro se dá rla concretzação estetica dâs sig nificaçÕes A medida que o sujeito lé uma obra literáÍia vai constrindô imagens que s inteÍligâm e se completam e também se modificâm aporado oas pistâs verbais fornecidas pelo escntor e nos conteúdos de sua consciência nâo só irltelectuais mas também emocionais e volitivos quê sua xperjêncja litsl determúoD A educação do leitor de literatura olo pode ser em vrsta da pglis semia que é própria do discurso literário impositiva e mercmente for ma Como os sentidos literários são múltiplos o ensino não pode des tacar um conjunto deles como meta a ser alcançada pelos àlunos Por ouÍJo lâdo infoÍmar a esses de técÍricas ou príodos literários oão resul tará em alargâmento dos limites culturars que oÍientafl as práticas sig niÍlcatjvas deles serão num estágio bem mais adÍantado de sua forma çao Antes de formalizar o estudo dos textos por essas vias é preciso úverciar muitas obras parâ que estas venham a preenchÍ os esquemas conceituais O 19 grau deve dar énfase à constituição de uÍn acervo de leituÍas o lrais vasto possível exploradas em sua signitlcação cultural contudo sem a preocupação de classiÍicações a partir de qualquer crltério Será no 29 grau que a sistemâtização teôÍica do conhecimento literário pode Íá seÍ introduzida desde que mesmo então seja fundada na leitura pré vra de textos Para que a escola possa produzir um ensino eficaz dÀ leitula da obra literária deve cumprir certos rcquisitos como dispor de uma biblioteca bem aparelhada na área da litetattrê com bibliotecárjos que promovam o Lirto literário professores leitores com boa fundamentaçãô teórica e metodológica programas de easino que yalorizem a liteiâtuÍa e sobÍetudo uma inueração democrática e simétnca etre alunado e profssor Se isso não ocorrer valem as palavras de Ezeqüel Theodoro da Silva os objetos de leitura principalorente o üvropassam por um processo de obscurecimento iniencional Mais espcificâÍnente as circunstâncias que deveriam prômoveÍ o livro ou um tipo de livro o revelador tornamse cada vez mais drásticas fazendo com que o acesso fique cada vez mais dificü Ausentar o estímulo liyro do mundo úvido pelas pessoas significa Íetirar a possibilidade delas executarem uma resposta ler o hvro isto é moúmentaÍeÍn a consciência paIx o objeto 1983 63i 16 11 2 INTERESSES DE LEITURA E SELEÇÃO DE TEXTOS 21 Determinacão dos interesses litêrários e o pÍazer do texto ConsideÍândo â üâtuÍeza da literatura podese afiImar que se o professor está comprometido com uma propostâ transfotmadora de ealucação elç enconta no material literário o recuÍso mais favorável à consecuÉo de seus objetivos Neste caso vale a pena investir na forma ção do leitor o que significa incentiválo ao hábito de modo a multipli car a experiência literária O papel da escols é decisivo neste processo e as pesquisas têm mostrado que em toda a pârts os estudantes são sem dúvidaleitores mais assíduos Ítas runa vez terminados os estudos eles também se expõem ao perigo de se tornarem naio leitores Barker Escarplt 197 5122 Para que se assegurs a continuidade do compor tamento positivo em relaçâo ao lilTo é preciso que o hábito não seja apeÍris como um padrâo rotineiÍo de Íesposta automaticamente provo cado ê realizado A busca freqüeflte da literatuÍa precisa surgir de uma atitude mnsciente da disposição de enfrçntar o desaÊo que o texto oferece como novã altematiya existeÍrcial O primeiro passo para a fotínagão do hábito de leitura é a oferta de livros próximos à realidade do leitor que levaÍrtem questões signifi cativas para ele A literatura brasileira e a literatuÍa infantojuvenil nacionais vêm preencher estes quesitos âo fornecerem textos diante dos quais o aluno facilmente se situa pela linguagem pelo ambiente pelos câracteres dâs persoúagens pelos problemas colocados A familiaridade do leitor com z obta gera predisposiça paÍa a leituÍa e o conseqüente desencadeâmento do ato de leÍ Qualdo o professor realiza o traballto com literatura em sala de âu1â a partü das expectativas dos estudantes siCnificê que e1e está aten to âos interesses dos mesmos Por interesse entendese umâ atitude fâvG rável gerada por uma necessidade que proptúsiona uma açâo cf Clapa rêde 1934150152 O interesse pela leitura é Portanto uma atitude favorávei em relaçãô ao texto oriunda de uma necessidade que pode ser tomar conhecimento genérico de ocorrências atuais segúr uma ins trução recrearse estudaÍ O indivíduo busca no ato de leÍ a satisfação de uÍra necessidado de caráter informativo ou recreativo que é êondi cionada por uma série de fatores os alunos são sujeito difelencÍados que têm portarto interesses de leitura variado A pesquisa que se empenhâm em delileaÍ úm quâdro dos interesses de leitura das cÍiarças e joveos tCm em contâ como elemento determinantes a idade a esco laridade o sexo e o nível sôcioeconôrnico A idade do leitor iÍflueocia sous iteresses â criarça o adolescen te e o adulto têm prcíerência poÍ textos difersntes Mesmo dentro de cada período da vida humana esses interesses modificamse à medida que se dá o amâdurecimênto do individuo Bjchard Bamberger 1977 368 identilicê Çinco idades de leilura que abrarlgem a infância e a adolescência l fase ldade dos liÍos de grawra e dos veros infâr tis de 2 a 5 ou 6 anos É a fâse de egocentiismo em que a cdânça faz Pottca distinção entre o mundo extemo e o interflo O interesse poÍ cena individuais em que sc distinguem objetos de seu meio vai atendeÍ à necessidarle infantil de estabelecer os limites do eu e do mundo 29 fâse ldâd do conto de fadas 5 a 8 ou 9 anos De posse de uma mentalidade máEica o leitor vai buscar nos contos de fadas lendas mitos e fábulas a simbologia necessária à elaboração de suas úvências Através da fantasia resolve seus conflitos e adaplase meihor no mundo 33 fase Idade da fustória âmbiental e d a leitsía facüal g a 12 anos É a fase intermediáÍia em qu peISistem vestígios do peflsamento máglco mas a criança começa a orientarse mais pâra o real Via de Íegra o leitor escolhe neste perodo histrias que lhe âPreeÍrtam o rnundo como e1e é atuaves ds percePçâo máglca dedeteminado personagem A leitura vai facllitarlhe a apropriaÉo da realidade sem romper com o estágjo dâ fântâsi4 que ainda nâo abandonou de todo 41 fase Idade da história de aventutas ou fase deieitura apicológi ca orientada para as sensações 12 a 14 anos É o período da préadoles cência em que o conheeimento da pÍôpna peIsonalidâde e o desenvol úmento dos processos agressivos ativam a Y1vêacia social e a formação l9 de grupos Os interesses de leiÍura preenchem as necessidades doleitor através de enredos sensacion ailstas históriâs viüdas por gangues peIso nagens drabóhcos hrstórias sentrmen t3is 5 làseOs anos de matulidade ou desenvolvimento da esfera Líte roestética de leitura 14 a I 7 aoos Descobrindo a mundo iÍrterioÍ e o mundo dos valores o âdolescente parte parâ a hierârquização dos con ceitos e a otganizaçío de seu universo Aventuras de conteúdo itrtelec tuâI úagens romances históricos e biográficos histórias de arnor litera tura engajada e temas relacionados com os interesses vocacionais vão âjudálo a orientarse e estruturarse como êdulto O intercsse pela leitura varia em qualidade de acordo com a esco laridade do aluno Neste sentido podese também deline cinco níveis de leitura 19 Préleitura Dtirante a préescolae o perÍodo preparatório para a alfabetização a cÍiança desenvohe capacidades e habrlidades que a tornâão apta à aprendizagem da ieitura a construção dos símbolos o desenvolümento da Iinguagem oral e da peÍcepção peÍÍnite o estabeleci mento de relações entre as imagens e as palavras Os interesses voltamse nesta fase para histórias cutas e rimas em livros com muitas gravuras e pouco texto escrlto que permttem a descobefla do sentido müto mais através da linguagem úsual que da verbal 29 Leitura compreensiva É o período correspoodente ao momen to da alfabetizaçâo l l e 29 séries em que a criança começa a decifrar o código escrito e faz uma leitura silábica e de palavras A motivação pala ler é muito grande e a escolha lecai sobre textos semelhantes aos da eta pa anterior âgora decodiÍicados pelo novo leitor 39 Leitura interpretâtiva Da 31à 5 3 serie o aluno evolú da simples compreensâo irnediata à interpretação das idéias do texto adquiriado fluência no ato de ler A aquisição de conceitos de espaço tempo e causa bem como o desenyolümento das capacidades de classificar ordenar e enumeiar dados permitem que o estudante se adentre mais nos textos e exija leituras mais complexa 49 Iniciaçâo à leitura ciÍtica Em torno da 69 e 71 sédes o estudan te atinge o estágio de desenvolyimento que Piaget denomina das opeÍações intelectuais abstratss da formação da personalidade e da inserção aieti va e intelectual na sociedade dos adultos cf 1973624 A capacidade de disoernimonto do real e a maior experiência do leitura favorocem o exercício de habiliclades críticas permitindo ao leitor não só inteÍpretar os dados folnecidos pelo texto como também posicionarse diante deles iniciandose oos juízos de valor As preferênoas poÍ livros de âventuras em que os pÍoblemas são resolüdos por gÍuPos de jovens vêm preencher as necessidades do leitor de iniciarse no questionamento àa realtdzde ampliando sua dimensão social 59 Ieirura crilica E o período que abrange a 8i série e o29 grau quando o aluno elabota seus juÍzos de valor e desenvolve a percepção dos conteúdos estéticos Sensível aos problemas soclajs o jovem inter Íogase sobre suas possibilidades de âtuação nâ comunidade adulta A busca da identidade individual e social e o maior exercício da leitura têm coÍno dividendo urra postura cÍítica diante dos textos através da comparação de idéias da conclusão da tomada de posiçõs Livros que âboÍdâm problemas sociais e psicolÔgicos intêressam ao aluno deste ni vel posibilitandoflre a reÍexão a opção por compoÍtamentos quç descobre como mais justos e mais autênticos Como a idade e a escolaÍidade o sexo também é lãtor determi nante dos ioteresses de leitura Fatores biológicos e princiPalmente culturais determi am üferenças de comPortâmento entre os sexos Uma dessas diferenças diz respeito à atitude diante da leitura Os homens escolhem os temas mais arrojados aEnturas Yiagens ficção cientiÍica enquanto as mulheres se voltam para as histórias de amoÍ romances vida Íamiliar cdânças Tais tendências estão intimarnete relacionadas aos fatores culturais Na verdade a sociedade cria etereô tipos de comportamento para o hoÍnm para a mulhel e esse diri8cm suas atitudes e interesses Portânto suas preferêúcia literária corres pondem aos padrões sociais o sexo masculino envolve em atiúdades agrêssivas de luta pelo suceso e pela sobreüvência enquanto ao sexÔ feminino sâo atribuídas atitudes mais pasvas voltadas Para o trabalho doméstico a educaÇão dos filhos e tarefas afins Ás preferêacias de ei tura correspondem à necessidade de cada sexo cumprir o paPel social que the é coíJiâdo Questionados sobre suas preferências literárias em Pesquisa leali zada em PoÍto Alegre RS os estudantes confirmam este PerÍl cf Agtiêr 1979344ó Os meninos teveTzm matot comPrometimento com o real e atração poÍ histôrias que se passaÍl em temPos e lugares distantes e1quanto as meninâs escolhem os elsmentos de fantasia pró ximos no tempo e no espaço Essas tendências revelam um melhor aPa relhartrento para se moümentar na sociedade e uma peÍÇÊPção mai ampla de mundo Íro sexo masculiao restando ao sexo feminino reações escapistas dentÍo d um espaço Iimitado Os interesses vsriam ainda de acordo com q nvel sócioeconômi co do público leitor obseÍvandose o sucesso dos textos om qu9 predo minam os inBredientes mágicos entre os estudantes menos favorecidos e a busca deleitura engajada er1rc os privilegiados cf Agutar1979 476O 2l l A leitura vem satisfazer em cada grupo ur rlpo de nçcessidadç social para os primeiros supre caências e aponta pala um nuÍrdo rnelhor pâra os ultimos sêÍve de instrumento de apropriação do real de forma a lavorecer a adaptaçáo social e a promoçio Em pesquisa de interesses de leitura conduáda pelo Centro de Pesquisâs Literárias da PUCRS com dados colhidos em 1983 e anali sados em 1984 cf Pontifícia Urriversidade Católica do Rio Grande do Sul 1985 365383 abrangendo 330 alünos obseryase que em termos de Çomportamenlos gerais no l9 grau em todâs as séries os aluios dão preferêlcja à música como forma de lazer Quando lêem escolhem 1i vros salvo na 69 série que elege Íeústas e em casos de narrativas pÍe Íerem as lineares Da 1 à 7 série os aunos demoüstuam gostar mais de histórras em quadrinhos do que de literatura sendo esta âpenâs citada na 81 série Na 13 série o gêflero liteÍítio pÍeferido é o poema Os assuntos literários predietos são os superheróis o humor e os contos de fadâs O tempo naÍÍativo de preferência é ô presente e o espaço deve seÍ um loc existsnte o Brasil e montanhÀr Quânto às personagens da n rati va preferem as jovens sendo que o tipo predileto é o herói seguido de Íantasmas robôs e pessoas fadas e arões Em relação aos poernâs as criança prefeÍem os que têm rimas e aliterações com estrofes cuÍta de teor naÍrativo e informativo com jogos de gralia e de sons Na 2 serie os alunos são indiferentes quanto ao gênero literário preferido Os assuotos literários mais procurados são superheróis e ani mais Preferem umâ oarÉtiva com múta ação situadâ ô present em espaço que exista na realidade dardo relevo ao urbano A faixa etária das peÍsonagens é a inÍãncia sendo que os tipos de personagens preferidos sâo o estudanto o herói robôs e pessoas graÍrdes hoÍnens pessoas e ani rrais monstros fantasmas e pessoas coÍruns Quanto aos poemas os alunos preferemnos com estrofes curtas e sem refrões Agradam partil cularmente os poemas de tor narÍatiyo e informativo com jogos de soís idéias e jogos gríficos Na 33 serie os alunos se mostram indiferentes quaíto ao género literáÍio Os assuntos literários constâÍrtes sao arimais superheróis e âventuras Eles tarnbdm manrfestam indiferança quanto à ordenação composicional da narÍativa e quânto ao tempo nela representado O espaço preferido é o Brasil Estes aluoos apreciarn persônagens crianças e seus tipos favoritos são os heróis e as pssoas comuns Em relação à poe sia Êão iEdicam preferência quâDto à composição mas elegem como prediletos os poernas de teor inloÍmativo em que haja jogos de sons e de idéiâs Na 4 série hd indiferença quanto a génerrs literários e demons trase âpreciação dos eguintes âssuntos literários aventura animals hoúot ficção ePoÍtiva e superheróis Os alunos preferem uma naÍíâti ya situada no presente que se Pâsse no Brasil no campo na cidade no espaço sideral no maÍ em terra nas montanha nâ selva em locais variados pois mas existedtes Eles l1ão se imPortam com a fÀi êtária das penonagens mâs preferem heróis Pessois comuns arimais pesoas e animais robôs s Pessoas Quanto à poesia só demontrâm preferiJ os poemas narrativos de teor infoÍmativo com jogos grálicos e de idéias Na 5i sérje o gênero literário fâvot1tô é o poema Dáse Prele íêrt cia aos seguintes Àssuntos liteÍários aventuras humor aÍLimai lenda espionagem horror policial e ficçâo espoÍtíva Os alunos queremnarati vas com muita açâo que se Passem no preseate ou no Passado Íemoto e no futuro o espaço representado pode sel a selva o maÍ o epâço sideral a cidade o deserto a montaÍüâ o Brasil a teúa firme devendo ser existente e distânte Náo há preferência quanto à falCa ctária das perso nageDs mas os tipos favorecidos são as pesoas comuns pessoas e âni mais monstÍos fantasmas e ülões Quanto aos poema aPreciam ritmos e não demonstÍam pÍedilção quantoà comPosiçao estÍófica Lêem poemas líricos e narratívos de teot informativo e Íetlexivo com jogos de idéias dê sons e das formas gráficas Na 61 séne os alunos não se motram particularmente interesa dos em um gêhero literário em esPecial Os assuntos litetálios 3âo o humoÍ o horror o alnor e as aventuras As narrativas Podem acoÍltecer no futuro ou então no Presente ou no Paado remoto O esPaço Pode ser o mar o campo o espaço sideral a terra firme a se1va a cidadeem locais variado portânto existente ma dfutantes A faixa elátia ptedi leta quanto às personagens é a juventud dândose ênfae â pessoas co muns robôs e Pessoâs fântaÍnas e heróis CoÍn Íülação aos poema os elementos que chamaÍn a atençâo são a íma e os jogos das formas gráfi cas Preferem poesia lÍrica e naÍfativa com auntos de teor emotivo in formativo e por ú1ümo reflexivo Os alunos de 71 série são indifereotes qualto ao gênero literádo que léem Os âssuntos literários que lhes iÍrteressam são aventuras hu mor e iunor Eles preferem narrativas no futuro situadas em tÍra firme no mar na campo oo estrângeiro no Brasil em locais variados existen tes mas drstantes TaÍnbém 8ostafi de peronagens joYens mostrando se inciinados para tipos como pessoâs comüns sábios e cientistas estu dantes e grands homens Em relação à poesia não destacaÍn qualquer elemento sonoro mas prelerem âs estrofes sem refrões sendo assuntos prediletos os de teor informativo seguidos dos de caráter Íeflexivo e emotivo O gênero de eleição é o líricô 23 Os alunos da 8i série sío indeterentes quânlo a gêneros literárjos Os assrtntos literfuios preferidos são ficçao esportiya aventuras amol humor e poücial Quarto ao tempo repÍesentado Ía naativa pod seÍ o presente o futuro ou o pâssado remoto Às preferências gspaciâis são poÍ locais muito vadados existentes antes distantes que próximos na seguinte ordem rnar teüâ firme Brasil estrangeiro cidade campo sel va montanha e espaço sideral Os alunos se mostÍam indiferentes quanto à faixa etária das prsonagens desde que sejam pessoâs corfluos estudartes sábios e cientistas ou grendes homens Com referência à poesia queremna lírica de ritmos fixos estrofes curtas e com jogos de sons Os assuntos poéticos podem ser de teor informativo ou emotivo e reflexivo Qrunto aos ahaos do 29 grau todas as séries pÍeferem â müsica a qualquer outra atiyidade de lazr lêem reyistas e jornais mas ílão livros ej quanto ao texto liteÍário quando o lêem chegam â ele poÍ iniciativa própria e dão prioridade à narratiya 1inêar Na l série o gênero llteÍáÍio é indiíeÍeÍtre os âssuntos prediletos são o policial a aventuÍa o amoÍ e a espionagem O tempo oarrativo i o presente e o uturo e o espaço é a cidade locais distântes mas existen tes variadoso Ínar o esttangeiro o campo a terÍa Íirme a montanha e a selva Quanto às personagens a prefôrênciâ é por pessoas comuns es tudants e grandes homens Com respeito aos poemas os jÕvens pedem textos líricos rinados de teor emotivo e depois informativo e refle xivo que joguem com idéias Na 29 série os alunos não se pronlmciârD sigificativamente sobre gêneros litrários de preferência Os assuntos literários mais populares são o humor oqpolicial a ficção científica a ficção desportiva a ficçáo psicolôgica e a aventura O tempo nanativo é o presenie e o passado e o espaço inclui locais variados êxistents e distânts o estrangeiro O mâÍ a tea e o Brasi Quanto às personagens da narrativa priülegiam as pssoâs comuns e estudântes Com relação aos poemas lêem os líri cos afltes de toÍ reflexivo mas tâmbém os de cunho emolivo e infor mativo mas não indicam preferências quanto à composição Os alunos da 3 série preferem como gênero o conto Os assuntos iiteários eleitos são o humor e a aventurâ â ficção úentifica o policiâl e a ficçãí eportiva O tempo narativo é o presente e o espaço abrange locâis existentes â tera a cidade a montaíha o campo o estÍangeiro Quanto às personagens da narrativa a escolhâ é por pessoas comuns estudantes e grandes homeos Com referência aos poj1ras salientam a lirica sob forma rimadir conterdo jogos de idéias e com assuntos de teor emotivo informatiyo e reflexivo nesta oÍdem Todos esses dados configuram o tiPo de púbiico exigtenie â par tü do qual podese refletir sobre as práticas de eitun possíveis Collvém lembrar porém que as pesquisas sobre intetsses contribuem para a ela boração de um perfii de leitor em determinado contexto históricoso cial Para tal fazse Ínister o registro do ewectuzamento das atitudes fundadas nos tàtores citados acima e em tantos outros como Po exem plo as experiênciâs anleriores de leitura do suleita Podese chegar en tão ao conhecimelto dos códigos estéticos e rdeológtcos de que o mesmo se vale no ato de leitura A paÍ daí o professol vai sutentar seu trabalho em objetivos mais ambiciosos nío âpeúas satisfazlr os interesse imediâtos do Públi co ofereceniolhe leituras repelitivas e redundanles que venham tâo somente atender ao gosto mas aguarlhe a curiosidade Para textos qüe representam a realidade de forma cada vz mais abrangente e profunda Para oferecer ao aluno condições de ampbaÍ seu uniYero cultural o professor de literatura conta com meios eficientes a natuÍeza do mate Íial de leitura e a complexidade das folmas de abordálo Partindo das preferências do leitor o trabalho deve orieatarse de maneita dinâmjra do próximo para o distante no temPo e rro espaço Ito siSnifica optaÍ primeiramente por textos conheoidos de autores atuais familiare PeIa tmática aptesentada pelos peÍsoflagens delinados pelos problemas le vântados pelas soluções pÍoPotas pela forma como se etluturam Pela linguageÍn de que se valem A seguiÍ Sradalivamente vãoe Propôndo novas obras mnos conhecidas de autoÍes contemporâneos eou do passado que iÍItroduzam ülovações e al8un dos aPêctos citados Estes procedimentos inusitados para o leitor rompem sua acomodação e exigem uma posturâ de aceitação ou descrédito fundada na reflexão crítica o que Promove a expaosão de sua vivências culturais e existen crais A ampliação do processo vai atingiÍ além do material escolhido as atiidades sugeridas Começardo ftela mais simples e costumeiÍa que requerem comportamentos preúsíYeis buscame altemativas de tÍabalho mais exigentes em que o studaflte Paúicipe do Planejamento e de todas âs etapâs de conecução O estudo de hteratura transformase em um pacto entre professor e a1uno em que ambos dividem responsabi lidades e méritos Dessa forma as estraté8ias de ensino adotadas não co brem simplesmente os interesses do estudante que üa de regÍa functona como elemento passivo recebendo materiais pÍontos e ordens a sercm obedecidas InstÍgado â ação ele se compromete com o projeto de ensi nq de literaturâ exigindo mÀiores opoÍtuqidades dê e firmaÍ como su jeito p ticipante de seu gruPo 24 25 Este aiinhamento do âluno em toda â dinâmica do processo literá rio conqetizase na medida do prazer que o trabalho provoca As âtiú dades Iúdicas vão âo encontÍo dos interesses da criançâ e do joveÍn que têm no jogo o exeÍcício simbôtico das práticas sociais e dos sentiínentos hirmanos Suscitadas a partiÍ dos textos estâs atividades são expdiea tes importantes na formação e na continuidâde do gosto pela leitura Quebrendose o sentido de obrigatoriedade a leituÍa perde o rânço de disaiplina escolar para se çonverte em ato esPontânêo e estimulante desencadeador de moÍnentos aprazíveis Se os textos devem agradar ao Ieitor as atiúdades de exploração dos mesmos estão comprometidas com o foltalecimento desta reciprocidâde não com o seu esvâzia mento Quando o ato de leÍ se configura preferencialmente como aten dimento aos interesses do leitor desencadeia o proceo de identificação do sujêito com os elementos da realidade representada motivando o prazer da ieitura Por outÍo lado qualdo a ruPtura é incisivâ instaura se o diátogo e o conseqüente questionamento das propostas inovadoras da obra lida alargandose o horizonte cuitural do leitor O diüdlldo fi nal é Írôvamente o ptazeÍ dz leitura agoÍa como aproPdação de um mundo inesperado O ato de leÍ é poÍtallto duplament glatiÍicante No coÍItato com o conhecido fornece a fàcilidade da acornodação a possibilidade de o sujeito enconlÍarse no texto Na experiência com o desconhecido surge a descoberta de roodos alternativos àe ser e de vlver A tensão entre esses dois pólos patrocina a forma mais agradável e efetiva de lei tuÍa A literatura pode suscitâr prazer poÍqDe tem seu Ílm em sr me ma isto é funciona como um jogo em torno da linguagem dp idéias e das formas sem estaÍ subordinada a um objetivo pÍático iÍnediato Esa concopção do fato Litertuio remonta à estética ideata do séc XII mais pÍecisamerte a ImÍnanuel Kant que ikfihe a literatura e a âÍte em geral como Lrm modo de reiresentação que Por si mesmo é final em bora sem fim no entanto propicia a cultura dos poderesdamente para a comnnicâção social i98O 245 Essa teoria chegâ valorizada ao úc XX que continua prestigiaído o fenômeno estético pela sua câpacidade de provocar prazer Pela gratüdade daí àdvinda a literatua âPÍoximase das alivida des lúdicas em geral lambém elas com a finalidade única de emocionar e díveriir o sujeito sem oferecerlhe yantagens matedai Gratuito e sem obrigatoriedade o jogo I1ão é entJetanto um ato incontrolado Íla8 es truturado a partir de regras às quais o indivíduo deve se submeteÍ O jogador ingressa no jogo graciosamente sem iÍnposições com liberdade Depois de entrar ele passa necessariameflte a obedecer às regras criadas pelo próprio jogo umpindoas coÍno â um Pacto estÂbelesido entre os jogâdoes Também a liteÉtura tem esse mesmo caráter uma vez que ao ela boEar sua obra o autor institui normas e regras de comPosição fome cendo indjcadores de leitura aos quais o leitor segue nurn acordo táci 10 com o criador Ler é imergü num trniverso imagilário Sratuito mas oÍgarizado carregado de pistas as quais o leitor vai assumir o compromis so de sggriÍ se quisr leYar sua leitura isto é eu jogo literário a termo EmboÍa desinteÍessado e sem vincüaçao diÍetâ com o rea o jogo tem uma fntrgío significante isto é tem um sentido gerado PoÍ aquilo que está sendo dispu tado O alvo aser atinglio não rcPonde contudo a uma necessidade imediata da vida pática ma memo assirn confere um seotido à ação Johan Huiánga deline âs carâctetísti cas do jogo como ma atiúdade que se processa dentro de ceos limi tes temporais e espaciais segundo rrma determinada ordem e um dado número de regÍas livremente aceitas e ftrra da esfera da nÇessidade ou da utilidade material O ambieflte em que ele se desenrola é de arreba tamento e entusiasno e tornâse sagrado ou fetivo de acordo com a circunstância A ação é acompanhada poÍ um sentimento de exâltâção e tensão e seguida poÍ um estado de alegria e de distensdo 1980147 A definição de Huizingâ vâle da mesma forúla Para a literatura a arte em geral que parÍicipam dessa área não lucrativa onde se ine rem as atividades prazerosas e lúdicas excluidas do programa de úda de uma sociedade voltada paÊ o ganho ÂveÍbuck 1986 66 A obra lilelária como o iogo simula os conflitos do mundo de forma global buscando a Íestauração do equilÍbrio através de uma PÍoPota altemati va pâIa a exktênciâ Essa fuação mimética é âcentuâda quando s rela cionam texto e estÍuturas extatextuais pois uma obra artítica sendo um modelo determinado do murdô uma meflsagem na linguagem da ârte não exisle pura e simplesmente fora dessa linguagem assim como fora de todas as outras linguêgêÍrs das coÍnunícações sociais lolman 19781Ol Walter Benjarnin acresceítã â caÍacterísdca de lmitação do jogo a capacidade de formação de hâbitos conslderando que sua essêncra não é omfazÊÍ como se mâs urn fazer sempre de novo traosforrnação da expeÍiência mais comovúte em hábito 1984 75 Para ele todo hábi to enEa nâ vidâ coÍno jogo que por mobüizaÍ emoções e ilspirar pra zet ege repetição conlínua e renovada Po essas úas chegase por Éfio ao hábito da leitura literária que permite a multiplicação do pra zer através da experiência sempÍe recomeçada de üGr os senlidos do mundo em cada texto percorrido 16 27 Alguns prinoÍpios básicos norteiam o ensino de literatuÍa o âten dimento aos lnteÍesses do leitor a pÍovocação de novos interesses que lhe agucem o senso crrtico e a preservação do caráter lúdico do jogo literádo Levaldo em coÍrta esses aspectos o professor está recuperan do para o aluno as funções básicas de toda a artecaptar o real e repas sálo üiticameote sintetizandôo d modo inovadoÍ através das infirli tas possibilidades de arranjo dos signos O rcsultâdo Ílnal será um com portamento perÍnânente de leitura em que o texto se âpreserta como um desafio a ser vencido em inúmeras atividades participativas Sua âpreensão redundará em situações gratificantes que vão garantir a con tinuidade do processo de íruiçÍo da leitura O maiôr otlstáculo com que o professor se defionta para alcan çar esses alvos está no conhecimento âmplo e seguro do acervo de titu los de litemturâ infantojuvenil e pâra adultos com que poderá trabalhar em sala de aula Qualquer modalidade de ensino depende antes de tu do do domínio que se tem do objeto a ser ensinado Quando se trata de literatura a expe ência de leilura e o senso crítico do professor não podem ser substituídos pelo aparato metodológico por mais apeei çoado e âtualizado que este seja Uma aula de literatura bem planejada parte não da metodização das atiúdades mâs do próprio conteúdo dos textos a serem estudados Assim sendo o pÍofessor precisa ter uma lei tura pÍéüa e compreensiva dos mesmos se deseja proporcionar a seus alunos vias eficazes de fruição e conhecimento das obras e da lüstôria literáriâ A leitura do professor pois é prérequisito da leitura do aluno mas isto não quer dizer que a interpretaçío do aluno deya ser âtrelada à do professor É eúdente que os sentidos que esse deu ao texto influen ciarão as atiüdades pÍopostas para explorálo mas se o a1uno através do trabalho textual atinge outros sentidos e coosegue comproválos pelas eÍldências à sua disposição não câbe ao professor questionar a lei trrra que realizôu Dizer que a compreeqsão e a ioterpretação orientam o planeja mento das experiências da leitura não significâ pcrém que estas se acu mulem desordenadamente pois a falta de sistemâ além de dificultar as opemçOes de pnsarnento no processo de iprendizâgêm pode tornar o estudo completaente câótico de modo que o aluno não consiga efe tuar as sínleses conceituais que a coosecução do conhecimento íge A metodologia de nsino dessa forma é ouüo prérequisito hierarqüca mente colocado em segundo lugar mas de igual maÍreira irldispensável Por outÍo lado qualquer mêtodização do ensino nío se opera nurn vácuo teórico Tanlo a leitura seletiva do professor quanto o método que ele adota após decidir sobre os textos que deverá trabalhar sâo on entados na sua essência por uma concepção que ele faz do litÊrário Esta lhe oÍbrece os critérios paia apreciar as obras e para abordálas corr os alunos segtrndo um ou outro método que faça emergir o concetto de literatula subjacente a todo o processo Se a seleção de textos e a escolhâ de métodos de aboÍdagern tex uâl é iÍterdpendente e mutuamete sustentâda por uma noçâo comum de literatura â conseqüéncia é que o professor precisa conhecer algumas teorias literárias que the delinam os limites do seu carnpo de trabalho Uma teoria literária é um modo de investigaçâo crentÍfica que se exerce pela observâção e aflálise de om cotpus hipoteücamelte delimi tâdo como liteÍário Segundo Souza seu objeto é a literaturâ sricr sersu ou seja determinadas composições verbais em que a linguagem se âpesenta elaborâda de maleira especial e nas quais se dá a conslituição de universos imagmárÍos ou irccionais Num nÍvel air da mais elaborado de exigências metodôlógicas devese dizer enfiar que o oirjeto da teoriâ da literatúra é constituido pela litrariedade isto é o modo esp cial de elaboraçâo da linguagem inerente às composições literárias caructeÍizado por ljÍn desio em relação às ocoÍÍências maís ordinárias da linguagem 1986 a7 As teoriâs iilerfuias irvestigan selt objeto a partir de diferentes perspectivas sobre o que é literário ou não como se pode observar na afirmaçãa de Souza que restringe o conceito a dois coostituintes fun damentais OutÍos analistas das teorias literárias definiram seu objeto por caminhos divrso orâ dêsconsidêando ora priülegjando o modo de elaboração iingúÍstica ora exaltando ora pondo em cheque a idéia de unive rso imaginário As possibilidades de enfoque nos estudosliterá rios sâo poÍtanto múltiplas e a exigência que se pode fazer a umâ teo ría é que esrabeleça claramente o que para ela é a literâtura e que a in vestigue com ri8or cientÍfico a partir dessa definiçío hipotética O professor egresso de um curso de Letras ou de Lragistério nem sempre faz idéia de que sua tarefa de ensino de literàtuÍa não é inôc4 te mas vem direta ou indiÍetamente impregnada de noções que acabam por funcionarem Çomo critérios para a crítica e a avâliâçào das obrâs bem como para a organizagão dos processos de leiruÍa e inÍerpretaçâo ao n ível do alrrno Para poder discriminar qual o texto de melhor ou pioÍ qualidade literúiô assim Çgmo pâra optrr por um ou outro rrÉtodo de compteen sâo e interpretaçào de uma obra especffica o professor preclsa cons cientlzar seus pressupostos teôricos no que as teorias titeráÍias podem Z8 29 22 Escolha dos textos auxiliáLo As mais corÍentes concepçoes do literário podem ser a8Íupa das em duas classes pÍincipais as que valorizam o díscurso lingüístico e suas replesentações ideais como a estilística a fenomenologia o forma lismo russo o estÍuturalismo e â semiologia e âs que valorizam a equivalôncia entre o univeso criado e o unie6o real como a teoria de Aristóteles a sociologia literária e a estética da recepçâo Freqüente Ínonte teóricos de um ou outro lado ultrapassam essas frônteiÍas mas â partir delas podemse traçar algumas diretÍizes que facilitem ao profes sor a toÍnada de decisões nsa árca prioritária do ensilo de literaturâ PaÍa Adstóteles err sva Poética 1966 69 â obra dê arte literá ria é mímese uÍu imitação ve rbal náo do que é mas do que pode ser cujas partes íÍltegrantes formam um todo do qual nâda pode ser rtirado ou acÍescentado e onde tudo é necessáno e verossímil ou seja cada elemeDto tm ulna explicação lógica aceitável do ponto de üsta inte rior da obra A fim de ajuizar um texto segundo Aristóteles é preciso verificar se tudo que nele aparece tem lig3ção conl o todo se não hâ elmentos desnecessários ou que estão soltos sem desenvolúmento ou justiÍicati va Em última anális interessa a coerôncia inteÍna Pâra os seguidores de AÍistóteles o conceito de mímese se torna ambiguo e uns privilegiaÍn a idéia de que a liteÍatuÍa deve corresponder êo univeo Íal imitandoo de forna melhor do que ele é e outros â idéiâ de que o importante é o uniyelso ficticio que pode representar o mundo real ou o mundo possível desde que coerentemente construído pelas palavras Uma das teorias moderoas relacionadas çom a ênfase no poder da linguagem de criar universos é o estruturâlismo que se ocupa com a questío de literariedade entendendo a obra literária como uma estru tura de sigios verbais ern relaçÍo harmônica ou contÍaditória uÍts com os outÍos produzida por procedimentos de composiçáo que tornam esse sistema de siglos ãutônomo em relação â realidade extedor Segun do lakobson o objeto dn ciência da literatura não é a literatura mas a literariedade isto é o que faz de uma obra dada uma obra literáÍia 197315 O estluturalismo evolui para â semiologia ampliando os estudos literáÍios a oulras linguâgens não verbaís e preocupardose em como elas geram significados e coÍnunibação dentro da sociedade O ajuizâmento da obra titenária na ótica estruturalista e semioló gica sê realiza pela descÍiçâo do sistema dos igÍos descobrindo as Íelações entre eles e os signiíicados que delas clecorrem Como signos se consideram nÁo sÓ as palawas mas suas rcpÍesentações tais como per sonagens lugares épocas ações emoçÕes símbolos idéias etc O estru turslismo se detém sobre â articulação lôgica entr as partes da estrutura 30 3l textusl enquanto a semiologia salienta a relaçío enüe estruturas dos signos e estrutura da readade Sâo pÍoceümentos descritivos e ânaliti cos não vâloÍativos mas de todo modo acabam por discutiÍ os vâlores ideolôgcos da sociedade que os sistemâs de signos traduzem A sociologia da literaturâ coÍceitua o lexto üteráÍio como reflexo de urna sociedade hitódca aPÍesentando a essêocia dos fenômenos que nela ocorrem de modo coircreto A Frodução literária Para Lukács 1965 289 é a trâduçãp particulsr de uma verdade universal comum a toda humanidade A UteÉturâ não copiâ os falos singulâres da Histô Iia lnas pÍocura neles oque é represerltativo para todos os homens e cria um novo fato que vercule essa essêncic Linha teôricâ tâmbém comprometida com o social é a semiolo gi3 de Bakhün que peÍmrte a correlaÇão eÍIrre os conflitos sociais e a estrutura literária pela anáiise üa dimensâo ldeológica do sl8no Lingüís tico A avaliação do texto no esquadro sociológico exige o coÍútci mento prévro da história da socidade em que ele foi produzido e se efs tua pelo cotejo êítÍe os fâtos reais e os fatos fictícios A obra é válida quando apÍeende a essênÇia por trás da história conscientizaÍrdo o leitor do que é o ser humano resgatandoo das distoÍções ideolôgicas que r reificam e alienam A teoíia da estética da Íecepção desenvolye seus estudos eú tomo da reflexão sobre as relações enire narradorte xtoleitor Vê a obra como um objeto verbal esqueÍático a ser preeochido pelâ atividâde de leitura que se realiza sempre a partir de um horiinte de expectatiyas Roche defiae est como soma de comportamentos coflhecimentos e idéias pÍéconcebidas com que se depara uma obra no momento de sua Àparição e segundo a quât é medida i980 l0 PoÍ esse caminho a teoriâ tÍrta Íectrar o círculo entrea abordageÍn estrutural e a sociológi ca 4 obra literária é avaliada a partir da teoria recepcional atlavés da descdção de componentes intemos e dos espaços vaaos a serem preenchidos pelo leitor Fâzse então o confionto entre o texto e suas diversas realizações na leÍtura e expücamse estas Íecorrcndose à exlÉctativas dos difelentes leitoÍes ou grupos de leitores em sociedades histódÇas definidas A obra é tanto mais valiosa qualto mais emaícrpa tória ou seja quanto mâis Propõe âo leitor desaJios que as exPectativas deste alo previam As teorias literárias como se vê posslbíitam variadas visões do obieto de ensiro do professor a literatura Por meio delas a seleção dos textos pode ser realizada segundo a ótica que rnelhor se adaptar às necessidades dos ahmos e do pÍojeto de educaçao pelo qual o profesor opta De igual modo ela prororcionam Procedimentos dê trabalho com o texto liteÍáÍio coeÍentes com a concepção de liteÍatura do professor e os princíPios que norteiaÍl sua atiYidado docenie I O PAPEL DA ESCOLA NA CONSTRUÇÃO SOCIAL E LITERÁRIA ALINE MENDES BARBOSA A escola tem um papel de suma importância para a construção social de seus alunos envolvendo a formação literária por meio do ensino Isso inclui o aprofundamento na cultura em que cada aluno está inserido Neste sentido se é necessário analisar o contexto social cultura e características individuais de cada aluno para oferecer estratégias que o levem ao descobrimento da leitura Seguindo a perspectiva de Bordini e Aguiar 1993 p16 é visto que a identidade literária não é somente relacionada a palavras postas em um livro envolvendo uma complexidade estrutural intrinsecamente ligada ao meio em que essas crianças fazem parte isso significa que a cultura que esses indivíduos se encontram imersos é um elemento chave para a formação escolar do leitor Essa ideia se reflete na frase A formação escolar do leitor passa pelo crivo da cultura em que este se enquadra Bordini Aguiar 1993 p16 Ressaltando que para a leitura ser significativa ela necessariamente precisa ter pontos que condizem com a realidade de seu leitor desse modo tornandose enriquecedora para seu desenvolvimento intelectual psicológico emocional e social A preparação para o ato de ler não deve ser apenas um ato visualmotor ou seja cabe a inclusão de fragmentos da cultura das crianças e do jovem a reflexão da leitura não se esgota apenas em dimensões conceituais sendo construída por dimensões estéticas e significativas Diante disso é evidente que quando a escola não consegue fornecer meios de formar conexões entre os alunos e suas culturas os textos passam a não fazer sentido para eles resultando em uma lacuna que pode ser visualizada nas interpretações textuais dos mesmos Ainda quando isso ocorre o aluno sentese distante da obra literária não á reconhecendo devido a sua realidade ser completamente divergente do que apresentado nas páginas lidas O aluno portanto deve ter conexões estabelecidas dentro de sua própria vida com a realidade apresentada diante dos textos Por isso a medida em que o livro certo é fornecido ao leitor certo a construção de linguagem vai se formando as ideias vão se interligando e as imagens se complementam devido às expressões verbais do escritor e do conteúdo da obra que chama atenção do leitor devido às suas conexões intelectuais emocionais e culturais Cada aluno possui suas próprias particularidades isso incluí a suas experiências culturais que são influenciadas por fatores sociais éticos e econômicos além da influência da família e da região onde esses alunos estão portanto é fundamental que as escolas usem os meios necessários para ampliar as estruturas formadoras do saber a diversidade dos textos selecionados para a leitura também faz parte dessas técnicas isso porque ao incluírem textos mais diversos proporciona a identificação dos alunos permitindo que vínculos significativos passem a ser estabelecidos por eles Prosseguindo a frase Se a escola não efetua o vínculo entre a cultura grupal ou de classe e o texto a ser lido o aluno não se reconhece na obra porque a realidade representada não lhe diz respeito Bordini Aguiar 1993 p16 destaca também a suma importância de abordagens mais inclusivas e ligadas às experiências dos alunos Os textos escolhidos devem refletir nas diferentes realidades encontradas por esses alunos esses textos literários devem ainda refletir na vida sociedade cultura elementos históricos e outros fatores da vida dos estudantes Ao conhecer cada um dos alunos os professores podem utilizar diferentes narrativas nas salas de aula como apresentar textos literários que representem um aumento na motivação dos alunos como também em interesses e sonhos isso promove um despertar dos jovens para o universo da leitura iniciando o hábito de ler e também promovendo o lado crítico analítico e compreensivos das crianças e jovens sobre as obras lidas Por isso os educadores devem sempre estar preparados para utilizar de abordagens mais dinâmicas e contextualizadas sobre livros e textos produzidos dentro da sala de aula Portanto cabe as escolas e aos educadores proporcionarem projetos que incluem a participação dos estudantes em produções textuais oficinas de leitura Além disso fazse necessário a apresentação de obras literárias que condizem com a realidade dos estudantes influenciando assim o hábito de leitura construindo assim a percepção dos jovens permitindo que esses entendam as obras que leem desenvolvendo conexões profundas REFERÊNCIAS BORDINI Maria da Glória Literatura A formação do leitor alternativas metodológicas Porto Alegre RS Mercado Aberto 1988 173 p ISBN 8528000605

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