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Psicologia Ciencia e Profissao 40 Anos Producao de Conhecimento e Praticas

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Psicologia Ciencia e Profissao 40 Anos Producao de Conhecimento e Praticas

Psicologia Institucional

UNILASALLE

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O Psicólogo brasileiro Sua atuação e formação profissional Antônio Virgílio Bittencourt Bastos Paula Inez Cunha Gomide FORMAÇÃO DO PSICÓLOGO A pesar de pouco mais de vin te e cinco anos nos separa rem da regulamentação da Psicologia como profissão é significativo o número de estudos que visam descrevêla e tentam compreen der os seus determinantes históricos sociais e políticos Não dispúnhamos entretanto de um estudo abrangente da realidade nacional pois os traba lhos disponíveis até então se apoia vam em amostras reduzidas e de âm bito regional ou local Visando suprir esta lacuna assim como fornecer ele mentos para uma atuação mais efeti va junto às instituições de ensino é que o Conselho Federal de Psicologia desenvolveu uma pesquisa cujos re sultados completos estão disponíveis no livro QUEM É O PSICÓLOGO BRASILEIRO O presente artigo apresenta um sumário dos principais resultados desta pesquisa que abran geu uma amostra de 2448 psicólogos de diferentes regiões do País e que teve os seus dados coletados através de um questionário aplicado entre 1986 e 87 A profissão no País Um crescimento acentuado De 1962 até hoje experimentamos um grande crescimento do número de psicólogos graduados pelas institui ções de ensino que não vem acompa nhado por idêntico índice de inscri ções nos Conselhos Regionais condi ção para a legalidade do exercício profissional Os dados da figura 1 mostram que o estoque de psicólogos graduados segundo o MEC atingiu 102862 em 1985 tendo crescido ex ponencialmente a partir dos anos 70 com a conhecida proliferação de insti tuições particulares de ensino Apesar disso o número de inscritos nos Con selhos no mesmo ano atingia apenas 53338 uma perda de aproximada mente 50 Em setembro de 1988 os registros no CFP apontavam a existência de 61738 psicólogos em exercício no País A que atribuir tão elevada perda de profissionais gra duados que não se inserem no merca do enquanto psicólogos Muitos fato res devem ser buscados para explicar o fato de que a profissionalização não é a meta de todos os que buscam os cursos de Psicologia A análise dos motivos apontados pelos psicólogos para a escolha do curso fornece algu mas pistas Divididos em três grandes blocos os motivos apontados pelos entrevistados revelam um peso eleva do de razões pessoais motivos vol tados para si a exemplo do autoco nhecimento e crescimento pessoal ou solução de problemas ou razões hu manísticas motivos voltados para o outro tais como conhecer ou ajudar o ser humano em comparação com os motivos voltados para a profis são Mesmo neste último grupo o motivo que apresenta maior freqüên cia caracterizase por um interesse ge nérico pela Psicologia enquanto área de conhecimento 354 sem um interesse mais explícito pela prática profissional Há ainda 82 de cita ções de motivos extrínsecos à profis são era segunda opção a faculdade era perto etc Assim parte das ra zões que levam pessoas a cursarem Psicologia não garante necessaria mente seu ingresso no mercado de trabalho enquanto psicólogos Se agregarmos a isso o contingente dos que se desiludem com o curso ou que fazem outros cursos paralelos com melhores chances no mercado talvez encontremos a defasagem apontada na figura 1 Tal defasagem é sem dúvida um sintoma da crise maior do nosso sistema universitário e no nosso caso em particular da ausência de uma política mais global para a formação de psicólogos no País que atenda às peculiaridades re gionais Características gerais A distribuição dos psicólogos no País revelase bastante desigual com quase 75 dos profissinais concen trados no sudeste como podemos ver na figura 2 O CRP06 São Paulo especial mente concentra 421 dos psicólo gos em exercício no Brasil e o Rio de Janeiro apresenta a menor relação ha bitante x psicólogo 1187 habpsicó logo Em oposição o CRP03 BA e SE apresenta o menor quantitativo de profissionais e a mais elevada taxa de habitantes por psicólogos próxi ma a 1 psicólogo para cada 13 mil habitantes Outra informação im portante trata da elevada concentra ção de psicólogos nas capitais dos estados No geral aproximadamente 70 dos profissionais trabalham nas capitais índice que atinge 88 no CRP03 e que se mostra mais ate nuado nas estados do sul incluindo São Paulo Como coloca ROSAS et alii 1988 o mercado estabelecido nas capitais e as condições de vida que as tornam sedutoras são fortes fatores de fixação do psicólogo nos centros urbanos mais desenvolvidos p39 o que não deve inibir iniciati vas de incentivo à interiorização das práticas psicológicas Outros dados que caracterizam o exercício profissional são mais conhe cidos o predomínio absoluto das mu lheres com percentuais que vão de 819 CRP04 a 904 BA e SE Esse dado é importante para a com preensão de vários aspectos ligados ao exercício profissional como por exemplo o entendimento das mulhe res do que seja uma profissão comple mentar a sua atividade principal o casamento com inclusive perda de profissionais graduados a que nos re ferimos anteriormente como vários trabalhos já apontaram anteriormen te vide ROSENBERG 1983 e 1984 por exemplo Somos também uma categoria jovem com pequenas varia ções regionais entre 73 e 90 dos psicólogos têm menos de 40 anos sendo reduzido o percentual daqueles com 50 anos ou mais O exercício profissional Emprego desemprego e remuneração Os resultados expressos na figura 3 mostram que mesmo entre os que se inscrevem no Conselho logo preten dem atuar como psicólogos a situa ção não é satisfatória Não mais do que 60 dos profis sionais atuam exclusivamente como psicólogos nos CRPs01 e 04 este percentual é menor que 50 e no CRP06 cai para menos de 40 dos casos sendo significativo o índice dos que combinam a atuação em Psi cologia com outras atividades profis sionais esta realidade é menos forte no CPR02 e 05 Considerandose conjuntamente os psicólogos desem pregados e os que trabalhavam fora da Psicologia observamos que este contingente perfaz 256 da força de trabalho do CRP06 e 186 do CRP05 regiões que concentram co mo vimos a maioria dos psicólogos brasileiros Estamos diante de mais um dado a exigir uma nova política para a abertura de cursos e vagas nestas regiões Quanto à remuneração cujos da dos podem ser vistos na figura 4 não temos também um quadro ani mador No País encontramos 223 que não obtêm rendimentos como psicó logos desempregados trabalho em outras atividades trabalho voluntá rio realidade que se mostra mais grave no CRP06 e 02 vindo a seguir os CRPs05 e 04 A média salarial excluindo o grupo que não tem rendi mento ficou em torno de 1021 salá rios mínimos sendo mais elevada em São Paulo 132 seguido por Brasília 1084 e pela Bahia 1045 A remu neração média dos psicólogos revela se mais baixa no nordeste 704 e no Paraná 735 Considerandose os ní veis salariais conhecidos de outras ca tegorias profissionais de nível supe rior podemos verificar que nos situa mos em patamares mais baixos do que o nível inicial de muitas outras profissões por exemplo Engenharia Direito Administração etc Mesmo o fato de o contingente expressivo de psicólogos ser autônomo não faz com que a média salarial se eleve significa tivamente o que não nos distancia sobremaneira das demais profissões da área social especialmente daque las em que há o predomínio da força de trabalho feminina fatores de me nor valorização em termos de mer cado Áreas de atuação Embora a legislação que regula menta a profissão não se refira à área de atuação este conceito vem sendo largamente usado para descrever o conjunto de características que de al guma forma demarca o campo de trabalho do psicólogo e confere al guma identidade ao grupo de profis sionais que se dedica àquelas ativida des Tradicionalmente o conjunto de atividades e objetivos da atuação do psicólogo foi agrupado em qua tro grandes áreas clínica escolar in dustrial e docência Hoje os concei tos associados a estas áreas encon tramse ampliados e novas áreas fo ram concebidas comunitária social pesquisa por exemplo A clínica ab sorve 434 dos empregos vindo a seguir a área organizacional 188 escolar 143 e a docência 115 Embora não haja no curso de graduação qualquer propósito e inclusive condições de especializar o psicólogo em uma determinada área verificamos como pode se observar na tabela 1 que 73 dos profissio naisn entrevistados se dedicam exclu sivamente a uma área enquanto 22 combinam duas áreas e apenas 5 combinam três áreas Dentre os 73 do primeiro grupo a clínica a organizacional e a escolar aparecem respectivamente com 393 176 e 71 significando que as demais áreas caracterizamse por serem pre dominantemente complementares na maioria dos casos vêm acompanha das por trabalhos numa destas áreas A freqüência com que a área clínica aparece associada às demais áreas é um indicador de que o número de psicólogos atuando nesta área exclu sivamente ou não é bem superior ao que vimos apontando até aqui BASTOS 1988 p175 Na tabela 2 podemos observar que 607 dos psicólogos brasileiros têm pelo me nos um emprego em clínica Este ín dice é menor nos CRPs01 e 03 re giões que apresentam uma participa ção maior da área organizacional acima da média nacional de 236 As áreas escolar e docência aparecem com percentuais iguais de 165 sendo mais expressivas no sul do País no caso da docência e no CRP04 e 03 no caso de escolar Apenas 56 dos psicólogos atuam na área comu nitária ela é maior no CRP04 onde atingiu 102 e 30 se dedicam à pesquisa Como vemos o predomínio da clí nica é patente Esta área certamente deve continuar definindo a profissão para o público externo e se constituir em forte pólo de atração para os que buscam a profissão algo compatível com o conjunto de valores expressos nos motivos de escolha da Psicologia como vimos anteriormente Relações de trabalho e carga horária Coerente com o predomínio visível da clínica criouse uma imagem da Psicologia como uma profissão libe ral os dados obtidos e apresentados nas três áreas que absorvem o maior contigente de psicólogos mostram uma realidade um pouco diferente Mesmo na área clínica aproxima damente apenas a metade dos psicó logos trabalha como autônomos Este índice cai significativamente nas áreas escolar e organizacional Consi derandose toda amostra o trabalho autônomo participa com 413 dos casos enquanto a existência de algum vínculo empregatício caracteriza 518 dos trabalhos em Psicologia Quanto à carga horária de traba lho encontramos dados que diferen ciam as áreas de atuação e a natureza do vínculo empregatício Assim a média de horas de trabalho por sema na é superior entre os empregados e servidores estatutários 34 horas o que caracteriza o trabalho por exem plo na área organizacional Esta mé dia cai para 14 horas entre os autôno mos que em grande parte se locali zam na área clínica Comparados com a realidade das outras profissões PASQUALI 1988 conclui que a nos sa carga horária semanal média de trabalho é visivelmente inferior à média das profissões em geral no País p 157 pois segundo dados do IBGE em 1985 no Brasil 808 dos trabalhadores tinham um encargo de trabalho igual ou superior a 40 horas semanais Tal discrepância pode ser compreendida sob dois pontos de vis ta como um traço do caráter femini no da nossa profissão a necessidade de trabalhos de tempo parcial ou como uma fragilidade do mercado de trabalho que impele o psicólogo a combinar trabalhos em locais e áreas diferentes para complementação dos seus rendimentos Locais de trabalho As clínicas e consultórios psicoló gicos são indiscutivelmente os locais onde mais se concentra o trabalho do psicólogo seja para ali desenvolve rem suas atividades principais ou complementares SASS 1988 p206 Considerandose a amostra global o consultório atinge 342 dos locais de trabalho vindo a seguir empresas 148 escolas até o 2 grau 104 instituições de ensino e pes quisa 85 hospitais 78 insti tuições de atendimento psicológico 59 órgãos da administração 45 Evidentemente há uma forte asso ciação entre áreaatividade e locais de trabalho Assim 23 dos que atuam em clínica trabalham em consultórios ou hospitais idêntico índice de psicó logos organizacionais trabalha em empresas ou órgãos públicos Alguns dados entretanto merecem destaque o consultório é o terceiro local mais freqüente entre os psicólogos organi zacionais 87 e o segundo na área escolar 162 A reduzida demar cação entre as áreas clínica e escolar ressaltase ao verificarmos que a esco la é o terceiro local de trabalho mais citado entre os psicólogos clínicos 72 A discussão do local de trabalho é importante por tangenciar a questão da democratização dos serviços do psicólogo Há de fato uma reduzida inserção do psicólogo nos serviços públicos o poder público munici pal estadual e federal mantém ape nas cerca de 26 dos psicólogos que declararam atuar profissionalmente SASS 1988 p211 As figuras 5 e 6 mostram comparando as diversas re giões como se dá a inserção do psicó logo no setor público nas áreas da saúde e educação No Rio e em São Paulo encontramos um índice ligeira mente superior à média nacional de 10 de trabalhos em postos de saú de ambulatórios e hospitais nestas mesmas regiões entretanto encontra mos também os maiores índices de trabalho em consultórios particula res O trabalho em instituições de en sino público absorve apenas 345 dos que atuam na área escolar reve landose menor ainda nos CRPs03 263 06 286 e 02 290 Embora a questão da democratização seja bem mais complexa não deixa de ser preocupante a constatação de que os serviços do psicólogo chegam pre ponderantemente ainda hoje a par celas privilegiadas da população que estuda em escolas particulares ou po de freqüentar consultórios particula res Romper o elitismo da profissão requer certamente medidas de am plo espectro que passam pela forma ção de novos profissionais e pela luta por políticas públicas para a área so cial que privilegiem o atendimento global dos indivíduos e suas múltiplas necessidades Atividades desenvolvidas Na figura 7 encontramos as ativi dades mais freqüentemente desenvol vidas pelo psicólogo A psicoterapia individual foi citada por 429 dos entrevistados sendo esta atividade exercida por 685 dos que atuam em clínica A aplica ção de testes é a segunda mais fre qüente 335 e aparece como uma atividade que permeia todas as áreas de atuação chegando a atingir 48 dos que trabalham em organizacio nal Olhandose a figura fica visível o peso de atividades que tradicional mente definem o modelo de atuação do psicólogo A atividade de mensu ração de características psicológicas seja para a intervenção clínica para seleção de pessoal ou aconselhamento psicopedagógico parece ter o núcleo básico da identidade profissional ain da hoje Todavia como assinala CARVALHO 1988há sinais em bora ainda numericamente inexpres sivos de uma tendência à diversifica ção da atuação p235 Uma série de atividades foi citada por pro fissionais que se formaram mais re centemente a exemplo de orientação a gestantes pesquisas de mercado diagnóstico situacional assistência a pacientes clínicos e cirúrgicos orien tação sexual a partir de 1971 ou criação publicitária estimulação pre coce planejamento de políticas edu cacionais a partir de 1975 Orientação teórico metodológica A fragmentação da Psicologia en quanto área de conhecimento reflete se inevitavelmente na atuação pro fissional Questionados acerca de que orientação teórica fundamentava o seu trabalho os psicólogos posiciona ramse como se vê na figura 8 que expressa os dados da primeira orien tação citada pelos sujeitos O predomínio da psicanálise co mo esperado é inquestionável no ge ral aparece com 371 das citações sendo a orientação mais citada em todas as áreas de atuação em clíni ca atinge 577 caindo para 309 em escolar e 220 em organizacio nal A hegemonia da psicanálise ma nifestase em todas as regiões do País sendo especialmente forte nos CRPs 05 e 07 onde respectivamente 668 e 683 dos psicólogos nela se funda mentam Em contrapartida mesmo sem perder a condição de orientação predominante ela é menos citada em Brasília 311 e no CRP02 340 A análise do comportamen to e a fenomenologia vêm a seguir com respectivamente 87 e 68 das opções A análise do comportamento é a segunda orientação mais citada nas três principais áreas em clínica atinge apenas 65 crescendo para 119 em escolar e para 149 em organizacional e em três regiões CRP08 28 no CRP06 200 e o CRP03 162 A fenomenolo gia revelase mais forte entre os psicó logos clínicos e é a segunda orienta ção mais citada em todas as cinco regiões restantes A gestalt é a terceira orientação predominante na clínica e nos CRPs0102 e 04 O psicodrama e a aborgadem humanística existen cialista alternamnas diversas regiões a quarta e quinta colocações como orientações citadas e aparecem com maior força entre os psicólogos clíni cos Como abordagens mais específi cas de uma área de atuação aparece em escolar a orientação piagetiana 71 e em organizacional o con junto de pressupostos agrupados sob o rótulo de recursos humanos 93 Três fatos chamam a atenção e re querem reflexão futura a a pulveri zação de respostas veja que 191 delas estão na categoria outras que consiste de um aglomerado enorme de rótulos os mais diferentes e que não guardam relação com os grandes sistemas em que se divide a Psicolo gia b o acentuado número de res postas em branco 228 que pode significar desconhecimento ou falta de uma definição frente a um aspecto central da ciência e prática psicológi cas e c a junção de orientações teó ricas incompatíveis em seus pressu postos filosóficos e metodológicos por um mesmo profissional Esse as pecto particularmente grave revela profundo déficit da sua formação Trajetória na profissão alguns dados No levantamento realizado embo ra não tenhamos coletado todos os dados da vida profissional de cada psicólogo caracterizamos a sua atua ção em dois momentos o primeiro emprego e os empregos atuais Os dados que apresentamos anterior mente referemse à situação atual Comparandose todavia estes dois momentos podemos observar algu mas tendências que serão sumaria mente apontadas a seguir quanto à área de atuação cresce bastante o número de trabalhos na área da docência na sua maioria co mo algo complementar A clínica re vela grande poder de atração pois perde poucos profissionais que in gressam nesta área e recebe um gran de contingente dos que deixam as de mais áreas especialmente a organiza cional e a escolar Estas áreas na realidade não experimentam um crescimento entre o primeiro emprego e o atual o índice da área organiza cional mantémse estável e em esco lar há uma pequena redução quanto às relações de trabalho o crescimento da área clínica vem acompanhado do crescimento de di versas características do trabalho as sociadas a esta área de atuação As sim cresce o percentual de autôno mos e decresce o número de emprega dos aumenta o contingente dos que conseguiram o trabalho investindo re cursos próprios diminuindo formas de concurso ou seleção quanto às atividades entre o pri meiro trabalho e os trabalhos atuais verificase uma tendência de redução da diversificação das atividades ou uma especialização Isto pode refletir segundo CARVALHO 1988 uma concentração em atividades mais va lorizadas por qualquer motivo ou a maior concentração na área clínica Observouse por exemplo que cres ceram as citações das psicoterapias inclusive de casal família e diminuí ram significativamente a aplicação de teste quase 20 o aconselha mento psicológico e o atendimento a crianças com distúrbios de aprendiza gem Na área organizacional dimi nuíram a seleção recrutamento e acompanhamento de pessoal tendo crescido o índice de planejamento e execução de projetos ou a ocupação de cargos de direção A formação profissional como os psicólogos a avaliam Curso de graduação Uma crescente preocupação com o nível dos conhecimentos adquiridos durante a graduação tem tomado conta dos debates ocorridos nos En contros Congressos e Reuniões de Psicologia dos últimos anos Esta pes quisa do CFP apresentou aos entrevis tados 14 questões para que estes se posicionassem sobre os níveis de co nhecimentos e habilidades adquiridos durante a graduação Os temas abor dados pretenderam avaliar desde a influência da formação humanística e biológica dos conteúdos dos proces sos psicológicos básicos das discipli nas técnicainstrumentais da forma ção em pesquisa científica das práti cas nos estágios profissionalizantes até a influência que a realidade sócio econômica na qual o psicólogo atua tem sobre a sua prática profissional Os Currículos de Psicologia foram elaborados com o objetivo de formar indivíduos com um certo nível de co nhecimento genérico em temas psico lógicos com uma razoável formação metodológica e com alguma habilida de técnica para auxiliar na interven ção No entanto ao analisarmos as respostas dos nossos entrevistados ve rificamos que no que se refere à fun damentação filosófica metodológica e científica mais de 50 deles estão insatisfeitos com os conhecimentos adquiridos na graduação e este índice aumenta para 644 quando se refe re à experiência científica Weber 1985 ao analisar o Currículo Míni mo no que se refere à formação cien tífica afirma que não se trata de in troduzir ou redefinir disciplinas eou matérias no Currículo Mínimo que venham a favorecer a formação cien tífica mas o mais importante seria repensar a estruturação do Curso de Psicologia de tal forma que se permi tisse ao estudante a sua participação em um processo de construção de co nhecimento em realização no Depar tamento em que está inscrito Quanto às ciências que fundamen tam a Psicologia Biologia Sociolo gia Antropologia etc 417 declara ram ter sido insuficientes os conheci mentos adquiridos na graduação Já 528 disseram ter adquirido sufi cientes conhecimentos teóricos dos processos psicológicos básicos cogni ção percepção desenvolvimento so cialização afetividade etc As áreas de conhecimento que se referem à atuação clínica mostraram um índice um pouco mais elevado de suficiência ou seja 468 entende ram ter adquirido suficiente conheci mento e domínio de técnicas de obser vação de comportamento 47 estão satisfeitos quanto ao seus conheci mentos em testes psicológicos 44 disseram ter conhecimento e domínio de técnicas de entrevistas e 483 tiveram suficiente prática de Psicolo gia Clínica dado coerente com o en contrado por Carvalho 1984b que pesquisando modalidades alternati vas de trabalho para psicólogos re cémformados relata que 66 dos entrevistados indicaram a área clínica como sendo a área de atuação em que foram melhor preparados durante o seu curso de graduação Mais da me tade 544 dos sujeitos afirmaram ter adquirido consciência de proble mas éticos na prática da Psicologia durante o curso porém uma parcela equivalente 52 disse que teve in suficiente conhecimento sobre a reali dade sócioeconômica na qual o psi cólogo atua e também pouco apren deu sobre o papel social deste profis sional Estes dados nos levam a con cordar integralmente com Carvalho 1984 quando diz que a atual forma ção em Psicologia não transmite ao aluno ou não o leva a elaborar um conceito amplo de atuação psico lógica parecenos que não estamos formando profissionais capazes de construir a Psicologia mas apenas a de repetila Em alguns casos pode ríamos dizer que o estudante apenas aprende técnicas e busca o cliente pa ra aplicálas Os conhecimentos práticos em es tágios na área escolar e na área orga nizacional foram avaliados como in suficientes por 471 e 489 res pectivamente dos entrevistados E evidente que existe na maioria dos nossos currículos uma preferência por disciplinas clínicas em detrimento de disciplinas da área escolar ou orga nizacional A quantidade de discipli nas voltadas direta ou indiretamente para o exercício profissional nestas duas áreas é extremamente limitada Em média 22 dos entrevistados responderam em dúvida diante das questões formuladas Ensino Público versus Particular A proliferação de cursos de Psicologia em todo o País principalmente de escolas particulares levounos a bus car possíveis diferenças entre as Uni versidades Públicas e as Faculdades Particulares Existem 56 cursos de Psicologia em Faculdades Particulares incluindo as PUCs e 25 cursos em Universidades Públicas ou seja 70 do ensino de Psicologia do País estão concentrados nas Faculdades Particu lares Verificamos que estas diferen ças não são muito contundentes pois dos 14 quesitos estudados em apenas 4 deles apareceram diferenças estatis ticamente significativas Em dois ca sos Conhecimentos Metodológicos e Processos Psicológicos básicos os su jeitos formados pelas Escolas Particu lares avaliaram os seus conhecimen tos mais favoravelmente dos que os formados em Instituições Públicas Em contrapartida a avaliação sobre Atitude de Investigação Científica e Experiência em Pesquisa Psicológica foi mais positiva entre os egressos das Instituições Públicas Ao longo dos anos Satisfação ou Insatisfação Com a finalidade de avaliar se a formação oferecida pelos cursos de graduação melhorou per maneceu inalterada ou piorou ao longo dos 25 anos passados agrupa mos os sujeitos em 4 níveis de acordo com os respectivos anos de formação a saber nível 1 até 1969 nível 2 de 1970 a 1975 nível 3 de 1975 a 1980 e nível 4 após 1980 Discutese muito no meio acadêmico sobre a qualidade da formação enfatizandose que na última década o nível do ensino tem sofrido um sério prejuízo De uma maneira geral não observamos ne nhuma diferença entre o ensino até 1975 As principais diferenças são en contradas quando comparamos o ní vel 3 com o 4 A tendência dos dados indica uma clara insatisfação com a formação na década de 80 no que se refere aos Conhecimentos Filosóficos aos Conhecimentos das Ciências Bási cas e às Técnicas de Entrevistas Os sujeitos formados entre 1975 e 1980 são os mais satisfeitos com o seu Co nhecimento e Domínio de Testes Psi cológicos A Atitude de Investigação Científica desenvolvida através dos cursos de graduação sofreu uma que da na avaliação da sua qualidade a partir de 1975 Isto se deveria às cres centes dificuldades que as Instituições de Ensino vêm enfrentando Todavia tanto a Prática Clínica como a Prática Escolar foram avaliadas de maneira mais positiva pelos formados na déca da de 80 Sabemos que a área de atuação preferida pelos psicólogos é a Clínica e que a Docência é a área mais escolhida como segunda opção de tal forma que os Psicólogos clínicos docentes estariam passando seus co nhecimentos e habilidades com maior eficiência à medida que esta área de atuação vem se firmando ao longo dos últimos anos A formação complementar A necessidade de formação com plementar foi largamente apontada pelos psicólogos Mais de 95 dos entrevistados revelaram que para o seu exercício profissional após a gra duação tiveram que recorrer a for mas complementares de formação cursos estágios terapias etc A ne cessidade de aprofundar a experiên cia prática foi a mais apontada nas diversas áreas de atuação especial mente na clínica Nas de conhecimen tos teóricos e domínio das técnicas não se observam diferenças entre os psicólogos das diversas áreas Langenbach e Negreiros 1988 ambas psicoterapeutas fizeram uma análise bastante consistente da traje tória percorrida pelo psicólogo du rante e após a formatura As autoras chamam atenção para a abrangência e complexidade desta caminhada mostrando que esta não se limita à aquisição contínua do saber mas também envolve um permanente aperfeiçoamento da própria persona lidade que é promovido basicamente pelas psicoterapias Neste trabalho realizado na cidade do Rio de Janei ro as autoras verificaram que 795 dos psicólogos submetemse eou submeteramse a algum tipo de trata mento psicológico Fazendo parte do percentual inclusive profissionais não empregados 20 e subempregados 50 O fracasso profissional é atri buído muitas vezes a dificuldades de caráter emocional já que é consen sual que sua personalidade é seu prin cipal instrumento de trabalho O tem po gasto nas psicoterapias está na faixa de 1 a 5 anos salientandose que 30 da amostra fazem terapia de longa duração 1 de 5 anos A orien tação teórica predominante nas psico terapias é a psicanalítica 70 Salientam também que desde o ingresso do aluno na faculdade de Psicologia a mensagem da formação complementar lhe é passada apon tando para além dos muros universi tários tornando a Universidade esva ziada pois esta passa a ser percebida como uma efêmera passagem com o objetivo precípuo de titulação já que não tem compromisso real com a formação do estudante Existe por parte do aluno ou recémforma do a expectativa de um espaço prote tor pelo pertencimento a um grupo que legitime o exercício profissional Pertencer a uma organização com ca racterísticas corporativas remete à se gurança em vários pontos desde a obtenção de um respaldo teórico com uma abordagem já procurada por identificação passando pelo compar tilhar de angústias profissionais vivi das a um nível técnico através de supervisões até a expectativa de reco nhecimento profissional por certos pares especiais terapeuta supervisor coordenador que poderão significar encaminhamento de clientela De tal maneira que quase não se formam grupos de colegas para estudo super visão e discussões gerais tornandose sempre necessário a figura de um sa berpoder maior que orientará os tra balhos desenvolvidos cobrando qua se sempre honorários altos muitas vezes em dólares Para o exercício da clínica afir mam Langenbach e Negreiros é ne cessário tanto para os estudantes co mo para os recémformados e até para os antigos profissionais seguir um ritual que incluirá grupos de es tudo Freud e Lacan sine que non estágios sem remuneração já que estão formados restando o consolo da gratificação por conta da aprendi zagem e do seu uso futuro supervi sões individuais e em grupos além de seminários encontros jornadas maratonas congressos em número nunca dantes existentes oportuni dades pouco exigentes a não ser fi nanceiramente de se obter contatos profissionais e de se mostrar atualiza ção Esta prática mantém a categoria presa a um compromisso elitista e o psicólogo passa a ser constante con sumidor de serviços psicológicos o que representa em grande parte um mercado de trabalho autofágico Para manter todo o peso de sua formação e as incertezas inerentes ao exercício liberal sem garantias traba lhistas dizem Langenbach e Negrei ros sentese o profissional autorizado e legitimado a cobrar altos honorá rios reajustáveis de acordo com o ritmo inflacionário Outro aspecto problemático é a prática da redução de honorários em troca da não decla ração dos serviços ao Imposto de Renda Embora esta prática seja gene ralizada também por outras catego rias como médicos dentistas advo gados etc ela tem conotações especí ficas em se tratando de uma psicote rapia podendo constituirse num fa tor comprometedor da confiança de sejável na relação terapeutacliente As autoras terminam o texto afirman do que provavelmente o País diante do atual panorama não permitirá a recompensa merecida pela eterna formação A avaliação do exercício profissional Interessounos também saber co mo os psicólogos avaliam sua profis são quanto ao status que ela tem junto à comunidade quanto às difi culdades que o psicólogo encontra para o seu exercício profissional e quanto aos desejos que a categoria tem em mudar de profissão de área de atuação ou de emprego BorgesAndrade 1988 analisou com precisão as respostas dadas pela categoria na pesquisa do CFP O sta tus da profissão dos psicólogos se gundo o autor não é muito elevado embora os profissionais acreditem que sua importância ou relevância pa ra a comunidade ainda seja bem maior do que a remuneração e os recursos de que dispõem para atuar Na área organizacional a situação financeira é mais bem avaliada en quanto na comunitária e escolar ela é julgada mais negativamente As opi niões mais otimistas sobre o status encontramse entre os pesquisadores especificamente no que concerne à credibilidade importância relevância e prestígio de sua profissão No Rio de Janeiro estão concentradas as pes soas com uma visão mais pessimista a saber baixa disponibilidade de re cursos inadequação da remuneração baixa credibilidade da profissão junto a outros profissionais e pouca impor tância atribuída pela comunidade à profissão enquanto que nos Estados do Sul do País encontramse as avalia ções mais positivas maior prestígio e credibilidade da profissão junto à co munidade bem como remuneração mais adequada As dificuldades no exercício profis sional que têm intensidade de ocor rência mais elevada são as provoca das pela política sócioeconômica do País e as relacionadas ao desconheci mento por outros profissionais da contribuição que o psicólogo pode oferecer Talvez sintomaticamente diz o autor ambas refiramse a atri buições de causas externas aos psicó logos Apesar dos problemas apontados não se verifica como se vê na figura 9 um elevado índice de profissionais que desejam mudar de profissão 56 A insatisfação com a profis são revelase um pouco maior exata mente naquelas regiões que apresen tam maior índice de desemprego e baixa remuneração CRP02 04 05 e 06 Observase também que a insa tisfação é mais quanto ao emprego média nacional de 252 sendo maior no CRP02 e 04 e a área de atuação média de 136 sendo mais expressivas no CRP03 que apresenta um dos mais altos índices de psicólo gos atuando na área organizacional Dentre aqueles que querem mudar de profissão as razões dadas com maior freqüência para mudança são as de natureza econômica e de remu neração em seguida vêm as razões psicológicas e de insatisfação com as características sociais da profissão e por último aparecem os interesses por outras profissões e as razões de mercado e oportunidades Os mais descontentes com seus empregos em bora sejam os que menos desejam mudar de área de atuação e profissão são os da área comunitária Parece que existe uma clara opção ou con tentamento dos psicólogos comuni tários pelo que fazem embora dese jassem fazêlo em outro emprego é também nesta área que estão os maio res problemas com a falta de preparo específico do psicólogo para atender as demandas sociais Os mais satisfei tos com seus empregos são os das área de pesquisa e docência Pode ser que devido ao papel especial místi ca que a população em geral atribui à pesquisa os profissionais desta área tendam a generalizar que a profissão como um todo desfrute de igual nível de status Na área organizacional é que estão os que mais gostariam de mudar de área de atuação e de profis são mas não de seus empregos pois é nela que se sente com menor intensi dade a falta de estabilidade profissio nal Esta é a área em que a discrimina ção sexual foi percebida como uma dificuldade maior e é também nesta área que são mais intensas as críticas à omissão de entidades sindicais as sociações e conselhos nas reivindica ções da categoria Conclusão Talvez este diagnóstico não agrade a maioria dos psicólogos e profissio nais responsáveis pela sua formação os docentes No entanto estes da dos deverão servir para respaldar as atitudes daqueles que com mais entu siasmo e competência lutam por um Ensino de Psicologia de melhor quali dade pois atitudes descompromissa das ou negligentes não poderão mais ser como até então o foram atribuí das à ignorância dos fatos Embora preocupante este diagnóstico deverá propiciar condições para análises dis cussões e sugestões importantes pois enxergar melhor a realidade favorece sem dúvida alguma a escolha dos caminhos mais adequados para asse gurar no futuro a qualidade do Ensi no da Psicologia no Brasil REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS BASTOS AVB Área de Atuação em questão o nosso modelo profissional In Conselho Fede ral de Psicologia Quem é o Psicólogo Brasileiro São Paulo Edicon 1988 cap 10 p 163193 BORGESANDRADE JE Avaliação do Exercício Profissional In Conselho Federal de Psicologia Quem é o Psicólogo Brasileiro São Paulo Edicon 1988 cap 14 p 252272 CARVALHO AA Olian AL Bastos AVB Sodré LG Cavalcante MLP A esco lha da profissão alguns valores implícitos nos motivos apontados pelos psicólogos Quem é o Psicólogo Brasileiro S Paulo Edicon 1988 cap 3 p 4968 CARVALHO AMA A Profissão em Perspectiva Psicologia 1982 8 2 CARVALHO AMA Modalidades alterna tivas de trabalho para psicólogos recém formados Cadernos de Análise do Comporta mento 1984b 6 114 CARVALHO AMA Atuação Psicológi ca Alguns elementos para uma reflexão sobre os rumos da profissão e da formação Psicologia Ciência e Profissão 1984 2 CARVALHO AMA Atuação psicológi ca uma análise das atividades desempenhadas pelos Psicólogos In Conselho Federal de Psico logia Quem é o Psicólogo Brasileiro São Paulo Edicon 1988 cap 12 p 217235 DAMORIM MA Emprego e Desem prego In Conselho Federal de Psicologia Quem é o Psicólogo Brasileiro São Paulo Edi con 1988 cap 8 p 138148 GOMIDE PIC A Formação Acadêmica on de residem suas deficiências In Conselho Fede ral de Psicologia Quem é o Psicólogo Brasileiro São Paulo Edicon 1988 cap 4 p 6985 LANGENBACH M 8c Negreiros TCG A Formação Complementar um labirinto profis sional In Conselho Federal de Psicologia Quem é o Psicólogo Brasileiro São Paulo Edi con 1988 cap 5 p 8699 PASQUALILCondições de Trabalho do Psicó logo In Conselho Federal de Psicologia Quem è o Psicólogo BrasileiroSão Paulo Edicon 1988 cap 9 p 149162 PEREIRASLMA formação profissional dos psi cólogos apontamentos para um estudo Psico logia 1975 1 ROSASP ROSAS A Xavier IBQuan tos e quem somos In Conselho Federal de Psicologia Quem é o Psicólogo Brasileiro São Paulo Edicon 1988 cap 2 p 3248 ROSEMBERGF Psicologia Profissão Feminina In Cad de Pesquisa47 3237 São Paulo nov 83 Afinal por que somos tantas psicólogas Psicologia Ciência e Profissão CFP n 1 84 SASS O O Campo de Atuação Profissional do Psicólogo esse confessor moderno In Conse lho Federal de Psicologia Quem é o Psicólogo Brasileiro São Paulo Edicon 1988 cap 11 p 194216 WEBER S Currículo Mínimo e o Espaço da Pesquisa na Formação do Psicólogo Psicologia Ciência e Profissão 198

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O Psicólogo brasileiro Sua atuação e formação profissional Antônio Virgílio Bittencourt Bastos Paula Inez Cunha Gomide FORMAÇÃO DO PSICÓLOGO A pesar de pouco mais de vin te e cinco anos nos separa rem da regulamentação da Psicologia como profissão é significativo o número de estudos que visam descrevêla e tentam compreen der os seus determinantes históricos sociais e políticos Não dispúnhamos entretanto de um estudo abrangente da realidade nacional pois os traba lhos disponíveis até então se apoia vam em amostras reduzidas e de âm bito regional ou local Visando suprir esta lacuna assim como fornecer ele mentos para uma atuação mais efeti va junto às instituições de ensino é que o Conselho Federal de Psicologia desenvolveu uma pesquisa cujos re sultados completos estão disponíveis no livro QUEM É O PSICÓLOGO BRASILEIRO O presente artigo apresenta um sumário dos principais resultados desta pesquisa que abran geu uma amostra de 2448 psicólogos de diferentes regiões do País e que teve os seus dados coletados através de um questionário aplicado entre 1986 e 87 A profissão no País Um crescimento acentuado De 1962 até hoje experimentamos um grande crescimento do número de psicólogos graduados pelas institui ções de ensino que não vem acompa nhado por idêntico índice de inscri ções nos Conselhos Regionais condi ção para a legalidade do exercício profissional Os dados da figura 1 mostram que o estoque de psicólogos graduados segundo o MEC atingiu 102862 em 1985 tendo crescido ex ponencialmente a partir dos anos 70 com a conhecida proliferação de insti tuições particulares de ensino Apesar disso o número de inscritos nos Con selhos no mesmo ano atingia apenas 53338 uma perda de aproximada mente 50 Em setembro de 1988 os registros no CFP apontavam a existência de 61738 psicólogos em exercício no País A que atribuir tão elevada perda de profissionais gra duados que não se inserem no merca do enquanto psicólogos Muitos fato res devem ser buscados para explicar o fato de que a profissionalização não é a meta de todos os que buscam os cursos de Psicologia A análise dos motivos apontados pelos psicólogos para a escolha do curso fornece algu mas pistas Divididos em três grandes blocos os motivos apontados pelos entrevistados revelam um peso eleva do de razões pessoais motivos vol tados para si a exemplo do autoco nhecimento e crescimento pessoal ou solução de problemas ou razões hu manísticas motivos voltados para o outro tais como conhecer ou ajudar o ser humano em comparação com os motivos voltados para a profis são Mesmo neste último grupo o motivo que apresenta maior freqüên cia caracterizase por um interesse ge nérico pela Psicologia enquanto área de conhecimento 354 sem um interesse mais explícito pela prática profissional Há ainda 82 de cita ções de motivos extrínsecos à profis são era segunda opção a faculdade era perto etc Assim parte das ra zões que levam pessoas a cursarem Psicologia não garante necessaria mente seu ingresso no mercado de trabalho enquanto psicólogos Se agregarmos a isso o contingente dos que se desiludem com o curso ou que fazem outros cursos paralelos com melhores chances no mercado talvez encontremos a defasagem apontada na figura 1 Tal defasagem é sem dúvida um sintoma da crise maior do nosso sistema universitário e no nosso caso em particular da ausência de uma política mais global para a formação de psicólogos no País que atenda às peculiaridades re gionais Características gerais A distribuição dos psicólogos no País revelase bastante desigual com quase 75 dos profissinais concen trados no sudeste como podemos ver na figura 2 O CRP06 São Paulo especial mente concentra 421 dos psicólo gos em exercício no Brasil e o Rio de Janeiro apresenta a menor relação ha bitante x psicólogo 1187 habpsicó logo Em oposição o CRP03 BA e SE apresenta o menor quantitativo de profissionais e a mais elevada taxa de habitantes por psicólogos próxi ma a 1 psicólogo para cada 13 mil habitantes Outra informação im portante trata da elevada concentra ção de psicólogos nas capitais dos estados No geral aproximadamente 70 dos profissionais trabalham nas capitais índice que atinge 88 no CRP03 e que se mostra mais ate nuado nas estados do sul incluindo São Paulo Como coloca ROSAS et alii 1988 o mercado estabelecido nas capitais e as condições de vida que as tornam sedutoras são fortes fatores de fixação do psicólogo nos centros urbanos mais desenvolvidos p39 o que não deve inibir iniciati vas de incentivo à interiorização das práticas psicológicas Outros dados que caracterizam o exercício profissional são mais conhe cidos o predomínio absoluto das mu lheres com percentuais que vão de 819 CRP04 a 904 BA e SE Esse dado é importante para a com preensão de vários aspectos ligados ao exercício profissional como por exemplo o entendimento das mulhe res do que seja uma profissão comple mentar a sua atividade principal o casamento com inclusive perda de profissionais graduados a que nos re ferimos anteriormente como vários trabalhos já apontaram anteriormen te vide ROSENBERG 1983 e 1984 por exemplo Somos também uma categoria jovem com pequenas varia ções regionais entre 73 e 90 dos psicólogos têm menos de 40 anos sendo reduzido o percentual daqueles com 50 anos ou mais O exercício profissional Emprego desemprego e remuneração Os resultados expressos na figura 3 mostram que mesmo entre os que se inscrevem no Conselho logo preten dem atuar como psicólogos a situa ção não é satisfatória Não mais do que 60 dos profis sionais atuam exclusivamente como psicólogos nos CRPs01 e 04 este percentual é menor que 50 e no CRP06 cai para menos de 40 dos casos sendo significativo o índice dos que combinam a atuação em Psi cologia com outras atividades profis sionais esta realidade é menos forte no CPR02 e 05 Considerandose conjuntamente os psicólogos desem pregados e os que trabalhavam fora da Psicologia observamos que este contingente perfaz 256 da força de trabalho do CRP06 e 186 do CRP05 regiões que concentram co mo vimos a maioria dos psicólogos brasileiros Estamos diante de mais um dado a exigir uma nova política para a abertura de cursos e vagas nestas regiões Quanto à remuneração cujos da dos podem ser vistos na figura 4 não temos também um quadro ani mador No País encontramos 223 que não obtêm rendimentos como psicó logos desempregados trabalho em outras atividades trabalho voluntá rio realidade que se mostra mais grave no CRP06 e 02 vindo a seguir os CRPs05 e 04 A média salarial excluindo o grupo que não tem rendi mento ficou em torno de 1021 salá rios mínimos sendo mais elevada em São Paulo 132 seguido por Brasília 1084 e pela Bahia 1045 A remu neração média dos psicólogos revela se mais baixa no nordeste 704 e no Paraná 735 Considerandose os ní veis salariais conhecidos de outras ca tegorias profissionais de nível supe rior podemos verificar que nos situa mos em patamares mais baixos do que o nível inicial de muitas outras profissões por exemplo Engenharia Direito Administração etc Mesmo o fato de o contingente expressivo de psicólogos ser autônomo não faz com que a média salarial se eleve significa tivamente o que não nos distancia sobremaneira das demais profissões da área social especialmente daque las em que há o predomínio da força de trabalho feminina fatores de me nor valorização em termos de mer cado Áreas de atuação Embora a legislação que regula menta a profissão não se refira à área de atuação este conceito vem sendo largamente usado para descrever o conjunto de características que de al guma forma demarca o campo de trabalho do psicólogo e confere al guma identidade ao grupo de profis sionais que se dedica àquelas ativida des Tradicionalmente o conjunto de atividades e objetivos da atuação do psicólogo foi agrupado em qua tro grandes áreas clínica escolar in dustrial e docência Hoje os concei tos associados a estas áreas encon tramse ampliados e novas áreas fo ram concebidas comunitária social pesquisa por exemplo A clínica ab sorve 434 dos empregos vindo a seguir a área organizacional 188 escolar 143 e a docência 115 Embora não haja no curso de graduação qualquer propósito e inclusive condições de especializar o psicólogo em uma determinada área verificamos como pode se observar na tabela 1 que 73 dos profissio naisn entrevistados se dedicam exclu sivamente a uma área enquanto 22 combinam duas áreas e apenas 5 combinam três áreas Dentre os 73 do primeiro grupo a clínica a organizacional e a escolar aparecem respectivamente com 393 176 e 71 significando que as demais áreas caracterizamse por serem pre dominantemente complementares na maioria dos casos vêm acompanha das por trabalhos numa destas áreas A freqüência com que a área clínica aparece associada às demais áreas é um indicador de que o número de psicólogos atuando nesta área exclu sivamente ou não é bem superior ao que vimos apontando até aqui BASTOS 1988 p175 Na tabela 2 podemos observar que 607 dos psicólogos brasileiros têm pelo me nos um emprego em clínica Este ín dice é menor nos CRPs01 e 03 re giões que apresentam uma participa ção maior da área organizacional acima da média nacional de 236 As áreas escolar e docência aparecem com percentuais iguais de 165 sendo mais expressivas no sul do País no caso da docência e no CRP04 e 03 no caso de escolar Apenas 56 dos psicólogos atuam na área comu nitária ela é maior no CRP04 onde atingiu 102 e 30 se dedicam à pesquisa Como vemos o predomínio da clí nica é patente Esta área certamente deve continuar definindo a profissão para o público externo e se constituir em forte pólo de atração para os que buscam a profissão algo compatível com o conjunto de valores expressos nos motivos de escolha da Psicologia como vimos anteriormente Relações de trabalho e carga horária Coerente com o predomínio visível da clínica criouse uma imagem da Psicologia como uma profissão libe ral os dados obtidos e apresentados nas três áreas que absorvem o maior contigente de psicólogos mostram uma realidade um pouco diferente Mesmo na área clínica aproxima damente apenas a metade dos psicó logos trabalha como autônomos Este índice cai significativamente nas áreas escolar e organizacional Consi derandose toda amostra o trabalho autônomo participa com 413 dos casos enquanto a existência de algum vínculo empregatício caracteriza 518 dos trabalhos em Psicologia Quanto à carga horária de traba lho encontramos dados que diferen ciam as áreas de atuação e a natureza do vínculo empregatício Assim a média de horas de trabalho por sema na é superior entre os empregados e servidores estatutários 34 horas o que caracteriza o trabalho por exem plo na área organizacional Esta mé dia cai para 14 horas entre os autôno mos que em grande parte se locali zam na área clínica Comparados com a realidade das outras profissões PASQUALI 1988 conclui que a nos sa carga horária semanal média de trabalho é visivelmente inferior à média das profissões em geral no País p 157 pois segundo dados do IBGE em 1985 no Brasil 808 dos trabalhadores tinham um encargo de trabalho igual ou superior a 40 horas semanais Tal discrepância pode ser compreendida sob dois pontos de vis ta como um traço do caráter femini no da nossa profissão a necessidade de trabalhos de tempo parcial ou como uma fragilidade do mercado de trabalho que impele o psicólogo a combinar trabalhos em locais e áreas diferentes para complementação dos seus rendimentos Locais de trabalho As clínicas e consultórios psicoló gicos são indiscutivelmente os locais onde mais se concentra o trabalho do psicólogo seja para ali desenvolve rem suas atividades principais ou complementares SASS 1988 p206 Considerandose a amostra global o consultório atinge 342 dos locais de trabalho vindo a seguir empresas 148 escolas até o 2 grau 104 instituições de ensino e pes quisa 85 hospitais 78 insti tuições de atendimento psicológico 59 órgãos da administração 45 Evidentemente há uma forte asso ciação entre áreaatividade e locais de trabalho Assim 23 dos que atuam em clínica trabalham em consultórios ou hospitais idêntico índice de psicó logos organizacionais trabalha em empresas ou órgãos públicos Alguns dados entretanto merecem destaque o consultório é o terceiro local mais freqüente entre os psicólogos organi zacionais 87 e o segundo na área escolar 162 A reduzida demar cação entre as áreas clínica e escolar ressaltase ao verificarmos que a esco la é o terceiro local de trabalho mais citado entre os psicólogos clínicos 72 A discussão do local de trabalho é importante por tangenciar a questão da democratização dos serviços do psicólogo Há de fato uma reduzida inserção do psicólogo nos serviços públicos o poder público munici pal estadual e federal mantém ape nas cerca de 26 dos psicólogos que declararam atuar profissionalmente SASS 1988 p211 As figuras 5 e 6 mostram comparando as diversas re giões como se dá a inserção do psicó logo no setor público nas áreas da saúde e educação No Rio e em São Paulo encontramos um índice ligeira mente superior à média nacional de 10 de trabalhos em postos de saú de ambulatórios e hospitais nestas mesmas regiões entretanto encontra mos também os maiores índices de trabalho em consultórios particula res O trabalho em instituições de en sino público absorve apenas 345 dos que atuam na área escolar reve landose menor ainda nos CRPs03 263 06 286 e 02 290 Embora a questão da democratização seja bem mais complexa não deixa de ser preocupante a constatação de que os serviços do psicólogo chegam pre ponderantemente ainda hoje a par celas privilegiadas da população que estuda em escolas particulares ou po de freqüentar consultórios particula res Romper o elitismo da profissão requer certamente medidas de am plo espectro que passam pela forma ção de novos profissionais e pela luta por políticas públicas para a área so cial que privilegiem o atendimento global dos indivíduos e suas múltiplas necessidades Atividades desenvolvidas Na figura 7 encontramos as ativi dades mais freqüentemente desenvol vidas pelo psicólogo A psicoterapia individual foi citada por 429 dos entrevistados sendo esta atividade exercida por 685 dos que atuam em clínica A aplica ção de testes é a segunda mais fre qüente 335 e aparece como uma atividade que permeia todas as áreas de atuação chegando a atingir 48 dos que trabalham em organizacio nal Olhandose a figura fica visível o peso de atividades que tradicional mente definem o modelo de atuação do psicólogo A atividade de mensu ração de características psicológicas seja para a intervenção clínica para seleção de pessoal ou aconselhamento psicopedagógico parece ter o núcleo básico da identidade profissional ain da hoje Todavia como assinala CARVALHO 1988há sinais em bora ainda numericamente inexpres sivos de uma tendência à diversifica ção da atuação p235 Uma série de atividades foi citada por pro fissionais que se formaram mais re centemente a exemplo de orientação a gestantes pesquisas de mercado diagnóstico situacional assistência a pacientes clínicos e cirúrgicos orien tação sexual a partir de 1971 ou criação publicitária estimulação pre coce planejamento de políticas edu cacionais a partir de 1975 Orientação teórico metodológica A fragmentação da Psicologia en quanto área de conhecimento reflete se inevitavelmente na atuação pro fissional Questionados acerca de que orientação teórica fundamentava o seu trabalho os psicólogos posiciona ramse como se vê na figura 8 que expressa os dados da primeira orien tação citada pelos sujeitos O predomínio da psicanálise co mo esperado é inquestionável no ge ral aparece com 371 das citações sendo a orientação mais citada em todas as áreas de atuação em clíni ca atinge 577 caindo para 309 em escolar e 220 em organizacio nal A hegemonia da psicanálise ma nifestase em todas as regiões do País sendo especialmente forte nos CRPs 05 e 07 onde respectivamente 668 e 683 dos psicólogos nela se funda mentam Em contrapartida mesmo sem perder a condição de orientação predominante ela é menos citada em Brasília 311 e no CRP02 340 A análise do comportamen to e a fenomenologia vêm a seguir com respectivamente 87 e 68 das opções A análise do comportamento é a segunda orientação mais citada nas três principais áreas em clínica atinge apenas 65 crescendo para 119 em escolar e para 149 em organizacional e em três regiões CRP08 28 no CRP06 200 e o CRP03 162 A fenomenolo gia revelase mais forte entre os psicó logos clínicos e é a segunda orienta ção mais citada em todas as cinco regiões restantes A gestalt é a terceira orientação predominante na clínica e nos CRPs0102 e 04 O psicodrama e a aborgadem humanística existen cialista alternamnas diversas regiões a quarta e quinta colocações como orientações citadas e aparecem com maior força entre os psicólogos clíni cos Como abordagens mais específi cas de uma área de atuação aparece em escolar a orientação piagetiana 71 e em organizacional o con junto de pressupostos agrupados sob o rótulo de recursos humanos 93 Três fatos chamam a atenção e re querem reflexão futura a a pulveri zação de respostas veja que 191 delas estão na categoria outras que consiste de um aglomerado enorme de rótulos os mais diferentes e que não guardam relação com os grandes sistemas em que se divide a Psicolo gia b o acentuado número de res postas em branco 228 que pode significar desconhecimento ou falta de uma definição frente a um aspecto central da ciência e prática psicológi cas e c a junção de orientações teó ricas incompatíveis em seus pressu postos filosóficos e metodológicos por um mesmo profissional Esse as pecto particularmente grave revela profundo déficit da sua formação Trajetória na profissão alguns dados No levantamento realizado embo ra não tenhamos coletado todos os dados da vida profissional de cada psicólogo caracterizamos a sua atua ção em dois momentos o primeiro emprego e os empregos atuais Os dados que apresentamos anterior mente referemse à situação atual Comparandose todavia estes dois momentos podemos observar algu mas tendências que serão sumaria mente apontadas a seguir quanto à área de atuação cresce bastante o número de trabalhos na área da docência na sua maioria co mo algo complementar A clínica re vela grande poder de atração pois perde poucos profissionais que in gressam nesta área e recebe um gran de contingente dos que deixam as de mais áreas especialmente a organiza cional e a escolar Estas áreas na realidade não experimentam um crescimento entre o primeiro emprego e o atual o índice da área organiza cional mantémse estável e em esco lar há uma pequena redução quanto às relações de trabalho o crescimento da área clínica vem acompanhado do crescimento de di versas características do trabalho as sociadas a esta área de atuação As sim cresce o percentual de autôno mos e decresce o número de emprega dos aumenta o contingente dos que conseguiram o trabalho investindo re cursos próprios diminuindo formas de concurso ou seleção quanto às atividades entre o pri meiro trabalho e os trabalhos atuais verificase uma tendência de redução da diversificação das atividades ou uma especialização Isto pode refletir segundo CARVALHO 1988 uma concentração em atividades mais va lorizadas por qualquer motivo ou a maior concentração na área clínica Observouse por exemplo que cres ceram as citações das psicoterapias inclusive de casal família e diminuí ram significativamente a aplicação de teste quase 20 o aconselha mento psicológico e o atendimento a crianças com distúrbios de aprendiza gem Na área organizacional dimi nuíram a seleção recrutamento e acompanhamento de pessoal tendo crescido o índice de planejamento e execução de projetos ou a ocupação de cargos de direção A formação profissional como os psicólogos a avaliam Curso de graduação Uma crescente preocupação com o nível dos conhecimentos adquiridos durante a graduação tem tomado conta dos debates ocorridos nos En contros Congressos e Reuniões de Psicologia dos últimos anos Esta pes quisa do CFP apresentou aos entrevis tados 14 questões para que estes se posicionassem sobre os níveis de co nhecimentos e habilidades adquiridos durante a graduação Os temas abor dados pretenderam avaliar desde a influência da formação humanística e biológica dos conteúdos dos proces sos psicológicos básicos das discipli nas técnicainstrumentais da forma ção em pesquisa científica das práti cas nos estágios profissionalizantes até a influência que a realidade sócio econômica na qual o psicólogo atua tem sobre a sua prática profissional Os Currículos de Psicologia foram elaborados com o objetivo de formar indivíduos com um certo nível de co nhecimento genérico em temas psico lógicos com uma razoável formação metodológica e com alguma habilida de técnica para auxiliar na interven ção No entanto ao analisarmos as respostas dos nossos entrevistados ve rificamos que no que se refere à fun damentação filosófica metodológica e científica mais de 50 deles estão insatisfeitos com os conhecimentos adquiridos na graduação e este índice aumenta para 644 quando se refe re à experiência científica Weber 1985 ao analisar o Currículo Míni mo no que se refere à formação cien tífica afirma que não se trata de in troduzir ou redefinir disciplinas eou matérias no Currículo Mínimo que venham a favorecer a formação cien tífica mas o mais importante seria repensar a estruturação do Curso de Psicologia de tal forma que se permi tisse ao estudante a sua participação em um processo de construção de co nhecimento em realização no Depar tamento em que está inscrito Quanto às ciências que fundamen tam a Psicologia Biologia Sociolo gia Antropologia etc 417 declara ram ter sido insuficientes os conheci mentos adquiridos na graduação Já 528 disseram ter adquirido sufi cientes conhecimentos teóricos dos processos psicológicos básicos cogni ção percepção desenvolvimento so cialização afetividade etc As áreas de conhecimento que se referem à atuação clínica mostraram um índice um pouco mais elevado de suficiência ou seja 468 entende ram ter adquirido suficiente conheci mento e domínio de técnicas de obser vação de comportamento 47 estão satisfeitos quanto ao seus conheci mentos em testes psicológicos 44 disseram ter conhecimento e domínio de técnicas de entrevistas e 483 tiveram suficiente prática de Psicolo gia Clínica dado coerente com o en contrado por Carvalho 1984b que pesquisando modalidades alternati vas de trabalho para psicólogos re cémformados relata que 66 dos entrevistados indicaram a área clínica como sendo a área de atuação em que foram melhor preparados durante o seu curso de graduação Mais da me tade 544 dos sujeitos afirmaram ter adquirido consciência de proble mas éticos na prática da Psicologia durante o curso porém uma parcela equivalente 52 disse que teve in suficiente conhecimento sobre a reali dade sócioeconômica na qual o psi cólogo atua e também pouco apren deu sobre o papel social deste profis sional Estes dados nos levam a con cordar integralmente com Carvalho 1984 quando diz que a atual forma ção em Psicologia não transmite ao aluno ou não o leva a elaborar um conceito amplo de atuação psico lógica parecenos que não estamos formando profissionais capazes de construir a Psicologia mas apenas a de repetila Em alguns casos pode ríamos dizer que o estudante apenas aprende técnicas e busca o cliente pa ra aplicálas Os conhecimentos práticos em es tágios na área escolar e na área orga nizacional foram avaliados como in suficientes por 471 e 489 res pectivamente dos entrevistados E evidente que existe na maioria dos nossos currículos uma preferência por disciplinas clínicas em detrimento de disciplinas da área escolar ou orga nizacional A quantidade de discipli nas voltadas direta ou indiretamente para o exercício profissional nestas duas áreas é extremamente limitada Em média 22 dos entrevistados responderam em dúvida diante das questões formuladas Ensino Público versus Particular A proliferação de cursos de Psicologia em todo o País principalmente de escolas particulares levounos a bus car possíveis diferenças entre as Uni versidades Públicas e as Faculdades Particulares Existem 56 cursos de Psicologia em Faculdades Particulares incluindo as PUCs e 25 cursos em Universidades Públicas ou seja 70 do ensino de Psicologia do País estão concentrados nas Faculdades Particu lares Verificamos que estas diferen ças não são muito contundentes pois dos 14 quesitos estudados em apenas 4 deles apareceram diferenças estatis ticamente significativas Em dois ca sos Conhecimentos Metodológicos e Processos Psicológicos básicos os su jeitos formados pelas Escolas Particu lares avaliaram os seus conhecimen tos mais favoravelmente dos que os formados em Instituições Públicas Em contrapartida a avaliação sobre Atitude de Investigação Científica e Experiência em Pesquisa Psicológica foi mais positiva entre os egressos das Instituições Públicas Ao longo dos anos Satisfação ou Insatisfação Com a finalidade de avaliar se a formação oferecida pelos cursos de graduação melhorou per maneceu inalterada ou piorou ao longo dos 25 anos passados agrupa mos os sujeitos em 4 níveis de acordo com os respectivos anos de formação a saber nível 1 até 1969 nível 2 de 1970 a 1975 nível 3 de 1975 a 1980 e nível 4 após 1980 Discutese muito no meio acadêmico sobre a qualidade da formação enfatizandose que na última década o nível do ensino tem sofrido um sério prejuízo De uma maneira geral não observamos ne nhuma diferença entre o ensino até 1975 As principais diferenças são en contradas quando comparamos o ní vel 3 com o 4 A tendência dos dados indica uma clara insatisfação com a formação na década de 80 no que se refere aos Conhecimentos Filosóficos aos Conhecimentos das Ciências Bási cas e às Técnicas de Entrevistas Os sujeitos formados entre 1975 e 1980 são os mais satisfeitos com o seu Co nhecimento e Domínio de Testes Psi cológicos A Atitude de Investigação Científica desenvolvida através dos cursos de graduação sofreu uma que da na avaliação da sua qualidade a partir de 1975 Isto se deveria às cres centes dificuldades que as Instituições de Ensino vêm enfrentando Todavia tanto a Prática Clínica como a Prática Escolar foram avaliadas de maneira mais positiva pelos formados na déca da de 80 Sabemos que a área de atuação preferida pelos psicólogos é a Clínica e que a Docência é a área mais escolhida como segunda opção de tal forma que os Psicólogos clínicos docentes estariam passando seus co nhecimentos e habilidades com maior eficiência à medida que esta área de atuação vem se firmando ao longo dos últimos anos A formação complementar A necessidade de formação com plementar foi largamente apontada pelos psicólogos Mais de 95 dos entrevistados revelaram que para o seu exercício profissional após a gra duação tiveram que recorrer a for mas complementares de formação cursos estágios terapias etc A ne cessidade de aprofundar a experiên cia prática foi a mais apontada nas diversas áreas de atuação especial mente na clínica Nas de conhecimen tos teóricos e domínio das técnicas não se observam diferenças entre os psicólogos das diversas áreas Langenbach e Negreiros 1988 ambas psicoterapeutas fizeram uma análise bastante consistente da traje tória percorrida pelo psicólogo du rante e após a formatura As autoras chamam atenção para a abrangência e complexidade desta caminhada mostrando que esta não se limita à aquisição contínua do saber mas também envolve um permanente aperfeiçoamento da própria persona lidade que é promovido basicamente pelas psicoterapias Neste trabalho realizado na cidade do Rio de Janei ro as autoras verificaram que 795 dos psicólogos submetemse eou submeteramse a algum tipo de trata mento psicológico Fazendo parte do percentual inclusive profissionais não empregados 20 e subempregados 50 O fracasso profissional é atri buído muitas vezes a dificuldades de caráter emocional já que é consen sual que sua personalidade é seu prin cipal instrumento de trabalho O tem po gasto nas psicoterapias está na faixa de 1 a 5 anos salientandose que 30 da amostra fazem terapia de longa duração 1 de 5 anos A orien tação teórica predominante nas psico terapias é a psicanalítica 70 Salientam também que desde o ingresso do aluno na faculdade de Psicologia a mensagem da formação complementar lhe é passada apon tando para além dos muros universi tários tornando a Universidade esva ziada pois esta passa a ser percebida como uma efêmera passagem com o objetivo precípuo de titulação já que não tem compromisso real com a formação do estudante Existe por parte do aluno ou recémforma do a expectativa de um espaço prote tor pelo pertencimento a um grupo que legitime o exercício profissional Pertencer a uma organização com ca racterísticas corporativas remete à se gurança em vários pontos desde a obtenção de um respaldo teórico com uma abordagem já procurada por identificação passando pelo compar tilhar de angústias profissionais vivi das a um nível técnico através de supervisões até a expectativa de reco nhecimento profissional por certos pares especiais terapeuta supervisor coordenador que poderão significar encaminhamento de clientela De tal maneira que quase não se formam grupos de colegas para estudo super visão e discussões gerais tornandose sempre necessário a figura de um sa berpoder maior que orientará os tra balhos desenvolvidos cobrando qua se sempre honorários altos muitas vezes em dólares Para o exercício da clínica afir mam Langenbach e Negreiros é ne cessário tanto para os estudantes co mo para os recémformados e até para os antigos profissionais seguir um ritual que incluirá grupos de es tudo Freud e Lacan sine que non estágios sem remuneração já que estão formados restando o consolo da gratificação por conta da aprendi zagem e do seu uso futuro supervi sões individuais e em grupos além de seminários encontros jornadas maratonas congressos em número nunca dantes existentes oportuni dades pouco exigentes a não ser fi nanceiramente de se obter contatos profissionais e de se mostrar atualiza ção Esta prática mantém a categoria presa a um compromisso elitista e o psicólogo passa a ser constante con sumidor de serviços psicológicos o que representa em grande parte um mercado de trabalho autofágico Para manter todo o peso de sua formação e as incertezas inerentes ao exercício liberal sem garantias traba lhistas dizem Langenbach e Negrei ros sentese o profissional autorizado e legitimado a cobrar altos honorá rios reajustáveis de acordo com o ritmo inflacionário Outro aspecto problemático é a prática da redução de honorários em troca da não decla ração dos serviços ao Imposto de Renda Embora esta prática seja gene ralizada também por outras catego rias como médicos dentistas advo gados etc ela tem conotações especí ficas em se tratando de uma psicote rapia podendo constituirse num fa tor comprometedor da confiança de sejável na relação terapeutacliente As autoras terminam o texto afirman do que provavelmente o País diante do atual panorama não permitirá a recompensa merecida pela eterna formação A avaliação do exercício profissional Interessounos também saber co mo os psicólogos avaliam sua profis são quanto ao status que ela tem junto à comunidade quanto às difi culdades que o psicólogo encontra para o seu exercício profissional e quanto aos desejos que a categoria tem em mudar de profissão de área de atuação ou de emprego BorgesAndrade 1988 analisou com precisão as respostas dadas pela categoria na pesquisa do CFP O sta tus da profissão dos psicólogos se gundo o autor não é muito elevado embora os profissionais acreditem que sua importância ou relevância pa ra a comunidade ainda seja bem maior do que a remuneração e os recursos de que dispõem para atuar Na área organizacional a situação financeira é mais bem avaliada en quanto na comunitária e escolar ela é julgada mais negativamente As opi niões mais otimistas sobre o status encontramse entre os pesquisadores especificamente no que concerne à credibilidade importância relevância e prestígio de sua profissão No Rio de Janeiro estão concentradas as pes soas com uma visão mais pessimista a saber baixa disponibilidade de re cursos inadequação da remuneração baixa credibilidade da profissão junto a outros profissionais e pouca impor tância atribuída pela comunidade à profissão enquanto que nos Estados do Sul do País encontramse as avalia ções mais positivas maior prestígio e credibilidade da profissão junto à co munidade bem como remuneração mais adequada As dificuldades no exercício profis sional que têm intensidade de ocor rência mais elevada são as provoca das pela política sócioeconômica do País e as relacionadas ao desconheci mento por outros profissionais da contribuição que o psicólogo pode oferecer Talvez sintomaticamente diz o autor ambas refiramse a atri buições de causas externas aos psicó logos Apesar dos problemas apontados não se verifica como se vê na figura 9 um elevado índice de profissionais que desejam mudar de profissão 56 A insatisfação com a profis são revelase um pouco maior exata mente naquelas regiões que apresen tam maior índice de desemprego e baixa remuneração CRP02 04 05 e 06 Observase também que a insa tisfação é mais quanto ao emprego média nacional de 252 sendo maior no CRP02 e 04 e a área de atuação média de 136 sendo mais expressivas no CRP03 que apresenta um dos mais altos índices de psicólo gos atuando na área organizacional Dentre aqueles que querem mudar de profissão as razões dadas com maior freqüência para mudança são as de natureza econômica e de remu neração em seguida vêm as razões psicológicas e de insatisfação com as características sociais da profissão e por último aparecem os interesses por outras profissões e as razões de mercado e oportunidades Os mais descontentes com seus empregos em bora sejam os que menos desejam mudar de área de atuação e profissão são os da área comunitária Parece que existe uma clara opção ou con tentamento dos psicólogos comuni tários pelo que fazem embora dese jassem fazêlo em outro emprego é também nesta área que estão os maio res problemas com a falta de preparo específico do psicólogo para atender as demandas sociais Os mais satisfei tos com seus empregos são os das área de pesquisa e docência Pode ser que devido ao papel especial místi ca que a população em geral atribui à pesquisa os profissionais desta área tendam a generalizar que a profissão como um todo desfrute de igual nível de status Na área organizacional é que estão os que mais gostariam de mudar de área de atuação e de profis são mas não de seus empregos pois é nela que se sente com menor intensi dade a falta de estabilidade profissio nal Esta é a área em que a discrimina ção sexual foi percebida como uma dificuldade maior e é também nesta área que são mais intensas as críticas à omissão de entidades sindicais as sociações e conselhos nas reivindica ções da categoria Conclusão Talvez este diagnóstico não agrade a maioria dos psicólogos e profissio nais responsáveis pela sua formação os docentes No entanto estes da dos deverão servir para respaldar as atitudes daqueles que com mais entu siasmo e competência lutam por um Ensino de Psicologia de melhor quali dade pois atitudes descompromissa das ou negligentes não poderão mais ser como até então o foram atribuí das à ignorância dos fatos Embora preocupante este diagnóstico deverá propiciar condições para análises dis cussões e sugestões importantes pois enxergar melhor a realidade favorece sem dúvida alguma a escolha dos caminhos mais adequados para asse gurar no futuro a qualidade do Ensi no da Psicologia no Brasil REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS BASTOS AVB Área de Atuação em questão o nosso modelo profissional In Conselho Fede ral de Psicologia Quem é o Psicólogo Brasileiro São Paulo Edicon 1988 cap 10 p 163193 BORGESANDRADE JE Avaliação do Exercício Profissional In Conselho Federal de Psicologia Quem é o Psicólogo Brasileiro São Paulo Edicon 1988 cap 14 p 252272 CARVALHO AA Olian AL Bastos AVB Sodré LG Cavalcante MLP A esco lha da profissão alguns valores implícitos nos motivos apontados pelos psicólogos Quem é o Psicólogo Brasileiro S Paulo Edicon 1988 cap 3 p 4968 CARVALHO AMA A Profissão em Perspectiva Psicologia 1982 8 2 CARVALHO AMA Modalidades alterna tivas de trabalho para psicólogos recém formados Cadernos de Análise do Comporta mento 1984b 6 114 CARVALHO AMA Atuação Psicológi ca Alguns elementos para uma reflexão sobre os rumos da profissão e da formação Psicologia Ciência e Profissão 1984 2 CARVALHO AMA Atuação psicológi ca uma análise das atividades desempenhadas pelos Psicólogos In Conselho Federal de Psico logia Quem é o Psicólogo Brasileiro São Paulo Edicon 1988 cap 12 p 217235 DAMORIM MA Emprego e Desem prego In Conselho Federal de Psicologia Quem é o Psicólogo Brasileiro São Paulo Edi con 1988 cap 8 p 138148 GOMIDE PIC A Formação Acadêmica on de residem suas deficiências In Conselho Fede ral de Psicologia Quem é o Psicólogo Brasileiro São Paulo Edicon 1988 cap 4 p 6985 LANGENBACH M 8c Negreiros TCG A Formação Complementar um labirinto profis sional In Conselho Federal de Psicologia Quem é o Psicólogo Brasileiro São Paulo Edi con 1988 cap 5 p 8699 PASQUALILCondições de Trabalho do Psicó logo In Conselho Federal de Psicologia Quem è o Psicólogo BrasileiroSão Paulo Edicon 1988 cap 9 p 149162 PEREIRASLMA formação profissional dos psi cólogos apontamentos para um estudo Psico logia 1975 1 ROSASP ROSAS A Xavier IBQuan tos e quem somos In Conselho Federal de Psicologia Quem é o Psicólogo Brasileiro São Paulo Edicon 1988 cap 2 p 3248 ROSEMBERGF Psicologia Profissão Feminina In Cad de Pesquisa47 3237 São Paulo nov 83 Afinal por que somos tantas psicólogas Psicologia Ciência e Profissão CFP n 1 84 SASS O O Campo de Atuação Profissional do Psicólogo esse confessor moderno In Conse lho Federal de Psicologia Quem é o Psicólogo Brasileiro São Paulo Edicon 1988 cap 11 p 194216 WEBER S Currículo Mínimo e o Espaço da Pesquisa na Formação do Psicólogo Psicologia Ciência e Profissão 198

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