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Texto de pré-visualização

UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS CAMPUS DO SERTÃO DELMIRO GOUVEIA GEOGRAFIA LICENCIATURA CLARICE ALVES DOS SANTOS A questão agrária em Alagoas dados da CPT e a Geografia no ensino fundamental Delmiro Gouveia AL 2025 CLARICE ALVES DOS SANTOS A questão agrária em Alagoas dados da CPT e a Geografia no ensino fundamental Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito parcial da Universidade Federal de Alagoas Campus do S ertão para intenção do grau de Licenciado a em Geografia Orientador a Pr of Dr Leônidas de Santana Marques Delmiro Gouveia AL 2025 FOLHA DE APROVAÇÃO AUTORA CLARICE ALVES DOS SANTOS A questão agrária em Alagoas dados da CPT e a Geografia no ensino fundamental Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao curso de Geografia da Universidade Federal de Alagoas Campus do Sertão como requisito parcial para obtenção do grau de Licenciado a em Geografia Aprovado em O6 de junho de 2025 P rof Dr Leônidas de Santana Marques Orientador Banca Examinadora Profa Dra Carla Taciane Figueiredo Examinadora Interna Prof Dr Lucas Gama Lima Examinador Externo AGRADECIMENTOS Primeiramente quero agradecer a Deus pelo presente de realizar mais um objetivo Ao concluir esta etapa tão importante da minha vida não poderia deixar de expressar minha profunda gratidão a todos que de alguma forma contribuíram para que este trabalho se tornasse realidade A gradeço imensamente à minha família que foi minha base em todos os momentos À minha mãe Nair e ao meu pai Wilson por todo amor incentivo e ensinamentos que me moldaram e me deram forças para seguir em frente Às minhas irmãs Carla e Kaline pelo apoio constante palavras de encorajamento e por estarem sempre ao meu lado torcendo por mim Ao meu namorado Erivelto que me acompanhou de perto nesta jornada oferecendo carinho compreensão e motivação nos momentos mais difíceis Sua presença foi fundamental para que eu me mantivesse firme e confiante Aos meus professores de curso que foram verdadeiros guias ao longo dessa caminhada acadêmica Em especial agradeço aos meus orientadores Lucas que esteve comigo no começo dessa jornada e foi muito importante no despertar do meu interesse relacionado ao tem a e por ter aceitado fazer parte da banca ao professor Leônidas que aceitou meu pedido e me fez chegar até aqui e à professora Carla Taciane ex celente profissional que também aceitou o convite para a banc a e fazer parte desse momento A s contribuições foram valiosas e levarei comigo os aprendizados que tive com cada um de vocês Aos meus colegas de curso pela parceria trocas de experiências e apoio mútuo em todos os desafios que enfrentamos juntos E com carinho especial agradeço à minha amiga Cleissiane pela amizade sincera pelos conselhos e por estar sempre presente oferecendo uma palavra amiga quando mais precisei essa etapa não seria a mesma coisa sem você A todos vocês meu mais sincero muito obrigada Este é um trabalho fruto de uma caminhada coletiva e sou grata por ter cada um de vocês ao meu lado RESUMO Este trabalho aborda a questão agrária no estado de Alagoas com ênfase nos conflitos fundiários e na forma como essa problemática é inserida no ensino fundamental O objetivo é analisar a questão agrária alagoana com base nos dados da Comissão Pastoral da Terra CPT evidenciando os principais conflitos registrados entre 2014 e 2023 e refletir sobre como a geografia agrária tem sido abordada nas escolas públicas especialmente no ensino fundamental A pesquisa foi desenvolvida por meio de revisão bibliográfica e análise documental dos Cadernos de Conflitos no Campo Brasil Os dados evidenciam a permanência da concentração fundiária da violência contra trabalhadores rurais e da ausência de políticas públicas eficazes voltadas para a democratização da terra no estado Ao mesmo tempo observouse uma abordagem superficial da temática agrária nos currículos escolares o que dificulta a construção de uma consciência crítica por parte dos estudantes Defendese portanto a importância de práticas pedagógicas que articulem os conteúdos escolares à realidade local utilizando estratégias interdisciplinares Dessa forma o ensino da geografia pode contribuir para a formação de sujeitos mais conscientes das desigualdades socioespaciais e do papel da educação na luta por justiça social no campo Palavraschave Questão agrária Alagoas Conflitos fundiários Geografia escolar Ensino fundamental ABSTRACT This study addresses the agrarian issue in the state of Alagoas with an emphasis on land conflicts and the way this issue is incorporated into elementary education The objective is to analyze the agrarian question in Alagoas based on data from the Comissão Pastoral da Terra CPT Pastoral Land Commission highlighting the main conflicts recorded between 2014 and 2023 and to reflect on how agrarian geography has been addressed in public schools particularly at the elementary level The research was developed through a bibliographic review and documentary analysis of the Cadernos de Conflitos no Campo Brasil Reports on Land Conflicts in Brazil The data reveal the persistence of land concentration violence against rural workers and the lack of effective public policies aimed at land democratization in the state At the same time a superficial approach to agrarian issues in school curricula was observed which hinders the development of students critical awareness Therefore the importance of pedagogical practices that connect school content to students local realities is emphasized using interdisciplinary strategies In this way geography education can contribute to forming individuals who are more aware of sociospatial inequalities and the role of education in the struggle for social justice in rural areas Keywords Agrarian issue Alagoas Land conflicts Geography education Elementary education SUMÁRIO 1 INTRODUÇ ÃO 8 2 PROBLEMATIZAÇÃO DA QUESTÃO AGRÁRIA DE ALAGOAS 10 2 1 Invasão colonial e a formação das plantations de cana de açúcar 1 2 Pilhagem dos territórios indígenas 1 3 23 Escravização dos negros 1 5 24 Transformação dos engenhos em usinas1 6 2 5 Os subsídios fiscais recebidos pelos usineiros IAA PROÁLCOOL PRODUBAN 1 7 3 A AUSÊNCIA DE REFORMA AGRÁRIA E A FORMAÇÃO DA CPT E DO MST 21 3 1 O atual quadro fundiário em A l agoas agronegócio da cana do eucalipto e da soja a distribuição fundiária de acordo com as atividades econômicas 2 7 4 VIOLÊNCIA NO CAMPO EM ALAGOAS E ENSINO DA GEOGRAFIA AGRÁRIA 3 4 4 1 CPT e os dados de conflitos no campo em alagoas3 5 4 2 Agentes acometidos nos conflitos no campo 4 0 4 3 Geografia agrária no ensino fundamental 4 4 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS 52 REFERÊNCIAS 5 4 1 INTRODUÇÃO A formação do território alagoano é marcada por desigualdades sociais e pela apropriação privada da terra A canadeaçúcar moldou o território as relações e a organização do espa ço especialmente a zona da mata isso contribuiu para a concentração de terras nas mãos de poucos assim como os meios de produção Os conflitos encontrados no campo em Alagoas se tornam a resistência de muitos grupos envolvidos como os semterra indígenas quilombolas posseiros entre outros que tentam apesar da hegemonia do agronegócio e da monocultura o direito à terra e melhores condições de vida no campo A questão agrária é um debate muitas vezes esquecido ou até mesmo ignorado dado que a terra é vista apenas como mercadoria e não um meio de produção e reprodução de vida de muitas pessoas não evidenciando a realidade que ocorre no campo O ensino da geografia agrária no ensino fundamental pode fazer com que os alunos consiga m formar uma visão real do que acontece no campo do tamanho das desigualdades dos conflitos e das dificuldades daqueles que escolhem permanecer Dessa forma essa pesquisa foi pensada por sua relevância social e educacional Notando que Alagoas é um estado onde ocorrem conflitos por terras que atingem diretamente a vida de muitas famílias mudam suas relações sociais e materiais existentes no território sendo muitos marginalizados da sociedade se torna fundamental evidenciar a luta dessas pessoas e os obstáculos encontrados Apesar disso no ensino da geografia agrária no ensino fundamental é possível observar que os conteúdos relacionados à questão agrária são frequentemente abordados de forma superficial ficando a critério dos professores promover discussões referentes à temática de forma crítica com reflexões sobre justiça social direito à terra e o papel dos movimentos sociais na luta por igualdade O objetivo geral é analisar a questão agrária alagoana com base nos dados da Comissão Pastoral da Terra CPT evidenciando os principais conflitos registrados entre 2014 e 2023 e refletir sobre como a geografia agrária tem sido abordada nas escolas públicas especialmente no ensino fundamental Esse trabalho tratase de uma revisão bibliográfic a Severino 2017 realizada a partir de leituras e análises de obras acadêmicas artigos científicos teses dissertações e livros que tratam da questão agrária no Brasil e em especial de Alagoas da geografia agrária como campo de conhecimento e da sua abordagem no ensino fundamental Foram priorizadas produções dos últimos 15 anos mas também foram consideradas obras clássicas que fundamentam teoricamente a discussão utilizando dados e categorias teóricas produzidas por esses autores com seus devidos registros Também nos valemos da produção de gráficos e tabelas como forma de reforçar nossas sínteses Gil 1989 que tiveram como fontes o IBGE CONAB INCRA e a CPT sendo a CPT a principal relacionada aos conflitos no campo em Alagoas com os números de ocorrências de conflitos no campo por terra ocupaçõesretomadas água trabalho escravo rural acampamentos e a quantidade de famílias afetadas e sua categoria pertencente nos anos de 2014 a 2023 A busca foi para ressaltar a persistência da concentração fundiária os processos de resistência no campo e os impactos sociais desses conflitos Além disso verificar em que medida o ensino da geografia contempla a realidade agrária e os conflitos territoriais No segundo capítulo é a bordada a formação territorial de Alagoas desde a colonização até os dias atuais a forma como ocorreu a invasão portuguesa e a introdução da canadeaçúcar no território ressaltando as consequências disso como os impactos negativos para os indígenas a escravização dos negros trazendo a mudança dos engenhos em usinas e como os subsídios fiscais recebidos pelos usineiros contribuíram para a manutenção da monocultura da cana No terceiro capítulo a discussão é sobre a ausência da reforma agrária com a formação da criação e a importância dos movimentos sociais como a CPT e o MST na luta pelo acesso a terra e diminuição da desigualdade encontrada no campo e o atual quadro fundiário em Alagoas mostrando as atividades presentes do agronegócio e seus efeitos O quarto e último capítulo voltouse para os conflitos presentes no campo em Alagoas com base nos dados da CPT que retratam esses conflitos quais os principais agentes acometidos e fatores que podem estar contribuindo com essas ações conflituosas e pouco difundidas Diante disso refletir sobre os conteúdos referentes à geografia agrária no ensino fundamental recursos didáticos que possam fortalecer reflexões e a importância desses debates em sala de aula 2 PROBLEMATIZAÇÃ O DA QUESTÃO AGRÁRIA DE ALAGOAS A questão agrária de Alagoas tem su a trajetória histórica sendo caracterizada por uma acentuada concentração fundiária Desde o período colonial a organização da produção agrícola foi orientada pela predominância dos latifúndios e pela monocultura da canadeaçúcar o que consolidou um modelo excludente e desigual no acesso à terra Durante o início do processo de colonização executado pelos po rtugueses houve um período relativamente extenso para que o território de A lagoas se tornasse uma pr ovíncia e por con seguinte o que conhecemos hoje como es tado de Alagoas O país ibérico não se interessou imediatamente por essa área pois não foram encontrado s metais pr eciosos e a dinâmica era direcionada para extração da madeira do pau brasil que por sua vez era feita de maneira intensiva sem replantio e sua exportação para outros países assim como seu poder telassocr ático a localização de vilas e cidades portuguesas durante as navegações foram próximas da costa De início não era intenção de Portugal ocupar o território até perceber que o mesmo poderia ser perdido para outros países como é o caso são o caso dos franceses que já frequentavam o litoral provocando assim conflit os para posse do local e não apenas com os fr anceses mas com os ho landeses que estavam em busca de conquistar território s C arvalho 2016 Ainda no século XVI Dom João III instituiu o que ficou conhecida como a s capitanias hereditárias em uma investida de organizar a ocupação do Brasil para que a Coroa portuguesas tivesse um maior controle c om a doação de sesmarias usada para distribuir ter ras em nome do rei de Portugal F oi medida utilizada largamente no período colonial brasileiro que posteriormente fo i u sada p ara criar outra sesmarias que continuou por muito tempo juntamente com a ocupação e possa de terras devolutas as formas comuns de apropriação da terra em todo o Brasil C osta 2007 Em Alagoas foram doadas aos futuros senhores de engenhos em tamanhos que mu itas vezes não era m definidos h avi a na verdade algumas cujos limites eram os rios já outras possuíam em torno de 32 mil quilômetros quadrados o que constava em longas extensões de terra Por essas dimensões percebese o tamanho exageradamente grande da propriedade onde a canadeaçúcar começou a ser cultivada nesses territórios D esse modo conseguiram as melhores terras férteis onde havia várzeas encostas e rios que era m de fácil navegação e isso acabou ajudando com as condições favoráveis à implantação e expansão dos engenhos de açúcar L ira 2007 O estado de Alagoas teve seu surgimento do ponto de vista formal a partir do desmembramento da Capitania de Pernambuco através do Decreto Régio de 16 de setembro de 1817 embora já possuindo certa autonomia econômica antes dessa data podendo assim ser dito que Alagoas foi constituído enquanto unidade territorial autônoma mediante os interesses de sua classe dirigente na época composta por senhores banguês e comerciantes bem sucedidos que por meio do poder econômico gozavam de uma relativa liberdade políticoadministrativa Alves Cruz Machado 2018 p 65 Para que a expansão de cana ocorresse em forma de monocultura fazendo com que Alagoas no período do Brasil colonial se tornasse a segunda região com a maior produção de açúcar ocorreu o desmatamento desenfreado da mata local a expulsão violenta dos indígenas das suas terras onde muitos foram dizimados e outros cometeram suicídio por não aceitar sua expropriação da s terras e os que resistiram houve dis criminação e perseguição pelos colonos L ira 2007 e as tentativas de invasão ao Quilombo dos Palmares marcada por lutas e resistência P or interesse dos portugueses na região a s atividades de predominância econômica agrícola foram voltadas principalmente para cultivo da canadeaçúcar centrada na Zona da Mata e a pecuária que foi um dos fatores que contribuiu para que os invasores fossem adentrando o Sertão produções essas realizadas em grandes propriedades c ontribuindo para a concentração da terra e a acumulação de capital C arvalho 2016 Adjacente ao estabelecimento dessa conjuntura política e social de interesses que se instaura em Alagoas constituiuse um regime autoritarista e excludente de aprofundamento da pobreza e da miséria sobre os povos mais pobres Por conseguinte este processo se intensificou de maneira especial quando da tomada das terras de forma abusiva e sangrenta pelos médios e grandes proprietários e s enhores de engenho para o cultivo extensivo das plantações da cana de açúcar o q ue levou a quase total supressão da população indígena e negra que no território a lagoano sobrevivia Oliveira 2017 p 46 Podese considerar que todo esse processo de formação e atividades econômica s reproduzida em Alagoas ger ou marcas profundas e um quadro de desigualdade social que não consegue ser revertido pelo fato d e o processo de p roduções e renda ainda est ar ligado fortemente à monocultura da canadeaçúcar juntamente com a propriedade da terra E ssa situação favorece poucos e acaba marginalizando uma grande parte da população em especial do meio rural onde se reproduz a pobreza atividades de produção agrícolas antigas sem auxílio de meios tecnológicos e de subsistência L ira 2007 2 1 I nvasão colonial e a formação das plantations de cana de açúcar Pela dimensão do território os portugueses tiveram que dispersar em povoamentos que foram formados levando em conta alguns fatores como o Tratado de Tordesilhas onde Portugal teve que ocupar e defender vários pontos da costa A expansão interior por outro lado com o bandeirismo predatório dos indígenas e prospector de metais e pedras preciosas e em seguida a exploração de minas no Norte se concretizou com as missões católicas catequizadoras do gentil na região Nordeste com os centros agrícolas e os consumidores de carne que foram ocupando com os seus rebanhos P rado J unior 2000 Essa invasão e os povoamentos feit os p ela coroa se deu no Brasil de modo conflituoso e violento Qu ando os po rtugueses invadiram o território brasileiro já havia povos originários localizados em todas as regiões do país que viviam em comunidades se diferenciando em vários grupos de etnias com suas própria s línguas e costumes culturais Em A lagoas não foi diferente a invasão dos portugueses voltada para a produção da canadeaçúcar também não respeitou os indígenas que já habitavam o lugar C arvalh o 2016 A plantação da canadeaçúcar se deu no século XV I em todas as capitanias brasileiras mas pelas condições climáticas geográficas e políticas dentre os grandes produtores que se destacaram est avam Pernambuco e Bahia Para a realização dessa atividade de produção de açúcar era preciso uma quantidade extensa de terras para que pudesse ser implantado um engenho era m necessários recursos inclusive importados a implantação de um engenho não era uma tarefa fácil mas uma operação complexa pois significava derrubar a mata com suas difíceis tarefas plantar canaviais e lavouras de subsistência trazer e instalar maquinaria construir a casagrande e a senzala dessa forma era preciso ter um poder aquisitivo considerável Como o Brasil não contava com os recursos preciso s os donos de sesmarias necessitavam importar da Europa animais de tração como bois e cavalos e principalmente da África sua parte mais valiosa a mão de obra e scrava que contribuiu forçadamente para que esse sistema de produção pudesse se tornar uma realidade como a sua manutenção C arvalho 2016 Com as facilidades encontradas n a região os portos naturais a mata atlântica que oferecia recursos naturais como a madeira a expansão dos engenhos cresceu e em Alagoas no século XVIII já contava com um conjunto de quase 40 engenhos Mesmo com o crescimento populacional e e ma ncipação política de Pernambuco Alagoas acaba se tornando dependente da monocultura da canadeaçúcar principal atividade econômica l ocal e de poder O se nhor de engenho não era ap enas o chefe de sua propriedade tinha grande influência com s eu prestígio dominava todo o espaço que o cercava se consagrava pelo m odelo de desenvolvimento que definiu as linhas básicas de um sistema de produção que se tornava realidade baseado na grande propriedade e no trabalho escravo que a pós a abolição marca definit ivamente a história do Estado L ira 2007 A plantation enquanto sistema especial de dominação para o lucro funcionava com base numa combinação de fatores que não apenas associados mas em simbiose e formando uma rede permitiam sua existência i a manipulação das formas espaciais associada a ii inoperância ativa do Estado garantiam o isolamento da força de trabalho no interior dos engenhos Estás por sua vez iii facilitaram o uso da violência na extração do sobretra balho e manutenção da dependência dos indivíduos O medo gerado pela proliferação do clima de terror decorrente dos atos normativos de violência iv garantiam a imobilização dos indivíduos que em associação com todos os fatores anteriores v sustentavam o sistema de exploração Filho 2015 p4 E sse sistema de plantation implantado pelas nações europeias em suas colônias era visivelmente e intenso em Alagoas com a produção da canadeaçúcar reforçando as desigualdades sociais e as relações de trabalho 2 2 Pilhagem dos territórios indígenas Os indígenas do Brasil foram sem dúvidas os povos mais perseguidos e mortos pelos colonos dur ante a invasão do país Os povos indígenas tiveram suas terras tomadas pelos portugueses de mane ira violenta Pa ra tentar escapar os indígenas usavam seus esconderijos e se embrenhavam na floresta em posições de ataque ou defesa To davia suas armas eram muito primitivas e de pequeno alcance o que tornavam o combate muito desigual em comparação aos europeus estavam sempre bem armados e por considerarem os indígenas com o o s grandes inimigos pessoais e do progresso que estavam tentando impor a todo custo usavam de todos os meios para eliminá los ou expulsálos para lugares mais distantes forçando sua desocupação das próprias terras Os indígenas foram caçados e vistos como animais selvagens sua cultura não teve qualquer respeito expostos a doenças dos brancos com as quais nunca tiveram contato obtendo sua libe rdade definitivamente depois de séculos L ira 2007 Desde o início os colonos visavam o aproveitamento dos povos indígenas como um elemento participante da colonização contribuindo para o tráfico mercantil de produtos nativos como aliado e um trabalhador que deveria ser aproveita do levando em consideração o tamanho da área que tinha que ser ocupada P rado Junior 200 0 Os meios utilizados que para tr ansformar o s indígenas legalmente em escravos foram a guerra justa onde os capturados tornavamse propriedades legítimas d e seus captores ou podi am ser vendidos como escravos não só aos colonos como a coroa portuguesa e aos missionários Por resgate que se tratava do resgate dos índios que se encontravam presos e por serem salvos deveriam trabalhar como escravos para seu salvador E por descimento onde eles usavam falsas promessas de terras para novas aldeias para poder convencer os indígenas de deixarem suas terras e seu modo de vida expedição essa feita primeiramente pelo m issionários S u chanek 2012 Para além da sua escravização foram expostos a doenças que n unca tiveram contato antes em especial a gripe que acabava causando epidemias T udo isso era visto como contratempos adversos para o processo da canadeaçúcar pelos c olonos que queria m produzir na região em terras com um grande número de hectares L ira 2007 Como os colonizadores queriam cultivar a canadeaçúcar num modo de produção racional a escravidão dos índios teria que ser feita também nesse modelo econômico de fluxos de despesas receitas e lucros sem qualquer respeito à cultura indígena obrigandoos a trabalharem de sol a sol e a viverem em condições de habitação saúde transporte e trabalho extremamente difíceis Os custos de captura a recusa do trabalho forçado a fuga relativamente fácil e a resistência pela guerra faziam dos índios uma força de trabalho de custo baixo mas totalmente desajustada ao modo capitalista de produção que prevalecia no caso da canadeaçúcar L ira 2007 p12 Os indígenas que resistiram a esse processo foram aqueles que conseguiram fugir ou os que sucumbiram por falta de opção aos aldeamentos jesuítas criado por missionários e padres onde eram educados para viver e se tornarem cristã os negando suas origens e sendo obrigados a uma cultura totalmente distinta daquilo qu e eles acreditavam e cultuavam Várias leis também foram feitas para que não ocorresse mais a escravização dos indígenas todavia os povos originários não receberam seus territórios de volta ou tiveram alguma lei protegendo aqueles que ainda se encontrava m vivendo na floresta Lira 2007 2 3 Escravização dos negros A escravidão é uma relação caracterizada por sujeitar um homem ao o outro o escravo não se torna apenas uma propriedade do senhor mas sua vontade sujeita ao dono e o seu trabalho pode ser obtido pela força P in sky 2012 O comércio dos negros escravizados que chegavam ao Bra sil s e tornou uma atividade econômica lucrativas africa nos que conseguiam desembarcar vivos já começavam a ser vendidos nas ruas P or fírio B lulm S ilva 2021 No Brasil a produção da monocultura da canadeaçúcar necessitava de forca de trabalho barata e eficiente os portugueses perceberam que os índios não estavam conseguindo realizar ta is atividades de modo que satisfizess em s eus objetivos A coroa portuguesa começou a ado tar escrav izados afr icanos a partir de 1574 posteriormente iniciouse a escravidão africana no ano de 1638 africanos e afrodescendentes brasileiros não tornaremse apenas força de trabalho barata mas um grande negócio econômico Esse tipo de força de trabalho v eio substituir a escravidão indígena por serem considerados mais produtivos e adequados para o trabalho L ira 2007 e isso incentivou cada vez mais a co mercialização dos escravizados isso fez com que um quarto pelo menos do comércio importador da colônia se constituísse de escravizados P rado Junior 2000 Em 1860 a população de Alagoas era de 249704 habitantes Desse total 44418 eram escravos sendo que 885 desses estavam no meio rural e trabalhavam na canadeaçúcar Na verdade o povoamento de Alagoas iniciouse no século XVII concentrando sua população em Porto Calvo Alagoas do Sul Alagoas do Norte Penedo e Atalaia A canadeaçúcar e associado a ela o negro foram responsáveis por assegurar o povoamento d a província L ira 2007 p13 Durante o período colonial os engenhos de açúcar se consolidaram como os principais centros econômicos e estruturais da sociedade brasileira contribuindo significativamente para a ocupação e urbanização de diversas regiões inclusive Alagoas Esse modelo de produção dependia integralmente do trabalho de pessoas escravizadas que eram forçadas a viver em condições extremamente precárias Os escravizados em sua maioria africanos e seus descendentes eram submetidos a jornadas longas e árduas tanto nas plantações quanto no interior dos engenhos Além disso eram alvo constante de punições físicas e psicológicas e tinham suas culturas sistematicamente negadas sendo obrigados a adotar a língua portuguesa e a religião católica como parte de um processo violento de assimilação cultural Schwarcz G omes 2019 Os negros eram vistos como pessoas inferiores considerados como animais de trabalho que nasceram para servir e não para ter contato ou interações pessoais por isso as fazendas eram projeta das pa ra que os donos dos engenhos ficassem longe tanto do latifúndio quanto da senzala para evitar contato Brutalidades aconteciam a qualquer resistência de ordem como serem castigados no tronco acorrentados chicoteados etc Havia uma alta taxa de mortalidade que logo era resolvida com a aquisição de novos escravizados T onezini 1994 As mulheres escravizadas além da lavoura serviam à casa às crianças e a os senhores naquilo que eles desejassem Mesmo assim eles continuaram resistindo com fugas rebeliões até a formação do Quilombo dos Palmares local esse que ficava escondido na mata que servia de esconderijo e refúgio dos negros que tentavam com todas as forças se ver livre da escravidão e que foram se constituindo em comunidades presentes em várias localidades brasileiras próxima aos engenhos as minas de ouro e pedras preciosas n os sertões e nos campos L eite 2017 2 4 Transformação dos engenhos em usinas Os engenhos perdurar am por muito tempo no c enário alagoano mas com as crises o processo de modernização que chegou final do XIX não d eu cha nces para que o s mesmo s continuasse m a vigor ar E ra preciso se modernizar para acompanhar os outros países novas técnicas industriais era usadas fazendo do engenho banguê um artefato cada vez mais ultrapassado e limitado L ira 2007 O engenho denominado banguê era uma unidade complexa autossuficiente que integrava a produção agrícola e manufatureira Os colonizadores que estabeleceram as propriedades açucareiras e os engenhos banguês no Brasil consideravamse a nobreza da Colônia similarmente àquela de Portugal Caracterizada pela posse de grandes extensões de terras e pelo controle de numerosos dependentes formaram ao final do século XVI a classe dos senhores de engenho na maior parte constituída por portugueses e por alguns espanhóis florentinos e flamengos Rodrigues Ross 2020 p 42 Foram implantados 3 engenhos centrais em Alagoas n a última década do século XIX o s engenhos centrais Brasileiro Utinga Leão e Sinimbu Apesar da importância da id eia essa implantação não recebeu apoio dos senhores de engenho banguê que temiam perder o poder de serem donos do açúcar status esse que ofereciam diversas vantagens e apropriação de terras Com as intervenções do governo no setor açucareiro os estabelec iment os de cotas a comercialização da produção e estipulando preço comprando açúcar excedente e proporcionando subsídios fez com que os usineiros mais beneficiados pelos recursos governamentais crescessem no setor industrial A o utilizar suas canas no fabrico do açúcar e m terras próprias e não obedece r ao princípio de separação transformavamse usinas Essas usinas precisava cada vez mais buscar a perfeiçoamentos tecnológicos apesar da resistência dos senhores de engenho a essa ideia não teve outra opção a não ser se adaptar à nova forma de produção dando inici o ao engenho banguê em usina onde o senhor agora usineiro passaria a ser dono da cana e do açúcar continuando portanto como industrial e ao mesmo tempo como grande latifundiári o L ira 2007 A decadência dos engenhos ban guês coincide portanto com o aparecimento da usina uma realidade tecnológica muito diversa do sistema tradicional O aproveitamento da eletricidade como força motriz a utilização do bagaço como combustível o emprego de cal como decoada em lugar da potassa as fôrmas de a çúcar de metal o aparelhamento para fabricar açúcar branco sem purgar e o uso do arado foram inovações que acompanharam as transformações que afetaram o velho mundo do banguê Essa nova realidade e a competição acabaram por liquidar o engenho Sem poder concorrer com a produtividade e a alta qualidade do produto da usina eles foram pouco a pouco minguando passando a fogo morto Tenório 2011 p19 As usinas foram se tornando realidade no final do século XIX e durante o século XX A primeira usina instalada em Alagoas introduzindo novos equipamentos tecnológicos e métodos de produção objetivando baixar os custos de produção e uma maior competitividade do produto no mercado internacional foi a Usina Brasileiro fundada em 189 2 no município de Atalaia que mais tarde seguiramse a instalação de outras usinas como a Usina Apolinário instalada em 1985 em São José da Lage a Usina Leão no ano 1894 em Santa Luzia do Norte antes a Usina Leão fazia parte do município de Rio Largo quando este se tornou um território autônomo a Usina Serra Grande em 1984 também em São José da Laje a Usina Sinimbu em 1984 situada em São Miguel dos Campos e a Usina Urina antes de 1897 Santos 2022 p81 Transformações neces sárias para poder competir com as produções de outras regiões e países modernizando o processo e contando principalmente com a ajuda do governo federal e estadual que além de subsidiar a construção investiram em estradas como ferrovias para conseguir construir outras usinas pelo Estado 2 5 Os subsídios fiscais recebidos pelos usineiros IAA PROÁLCOOL PRODUBAN Sem dúvidas os su bsídios fiscais recebidos pelos usineiros em Alagoas é um fator de destaque em rel ação a permanência e reprodução da monocultura da cana deaçúcar no Estado No nordeste e em especial em Alagoas os subsídios de diversos programas agrícolas foram atualizados para comprar terra o que criava uma situação confortável aos usineiros para continu ação da produção da cana e concentração fundiária L ira 2007 O governo federal através do IAA Instituto do Açúcar e do Álcool fundado na era Vargas cria uma série de medidas que acabam por financiar a compra de terra e consequentemente o aumento da área cultivada com cana chegando a atingir a Zona da Mata o Litoral e o Planalto também chamado de Tabuleiro Com os subsídios estatais e a concentração da propriedade da terra os senhores de engenho desde o século XVIII e os usineiros a partir do final do século XIX usam sua força política transferida de pais para filhos fazendo valer seus interesses e mantendo o comportamento típico da classe senhorial com reflexos profundos na sociedade alagoana inibindo inclusive quaisquer reformas e mudanças L ira 2007 p 5455 O governo intensificou o IAA financiando a modernização da atividade açucareira não apenas em recursos destinados a compra da terra mas em intenção de impostos de máquinas concessão de empréstimos juros baixos e prazos longos contribuiu como um forte incentivo O que é possível observar é o governo empenhado em considerar as condições e facilitar para essa elite que foi surgindo no território os usineiros não apenas se encontram com grandes porções de terra mas com o poder político local usado para benefício próprio Quanto ao conceito de elite ele pressupõe poder influencia responsabilidade pelos resultados de suas decisões e ações sendo que é a classe que dispõe dos meios de acelerar ou retardar os processos de mudanças sociais Desde que foi emancipado Alagoas sempre representou o grande guardachuva protetor de suas elites Logo com a emancipação política do Estado de Alagoas a elite agraria assume também o poder político pois sendo a principal base da economia com o poder econômico que ostentava determinou sua área de interesse e dominação o que lhe permitiu o privilégio de impor o modo de produção e de vida a sociedade de todo o Estado L ira 199 7 p 2324 A produção da canadeaçúcar e as grandes propriedades estão sob o controle de uma pequena parcela da sociedade alagoana que se perpetua desde o processo da colonização Por tanto essa elite local contava com incentivos do governo para continuar a produção da cana mesmo com todos os adventos negativos que o açúcar vinha sofrendo O IAA Instituto do Açúcar e do Álcool fundado na era Vargas contribuiu com uma série de medidas para a compra e financiamento de terras o que acabou aumentando a área de cultivo de cana chegando a ocupar em Alagoas a Zona da Mata o Litoral e o Planalto Os usineiros estavam mais preocupados em adquirir terras do que mudar a forma de produção C ontava m com um certo apoio do Governo Federal que lhes proporcionavam benefícios dos subsídios fiscais fazendo com que os usineiros permanecerem com pensamentos de grandes latifundiários concentrando a estrutura fundiária e prorrogando isso até os dias atuais poder esse passado por gerações onde essa elite usa hoje do seu poder político a favor dos seus próprios interesses moldando a sociedade alagoana que fica à mercê de mudanças e reformas que não fazem parte desses interess es envolvendo essa minoria que exerce tanto poder e influência na região L ira 2007 O Proálcool ou Programa Nacional do álcool criado na década de 1970 no Brasil que tinha como intuito estimular a produção de álcool com o objetivo de atender tanto o mercado externo quanto o interno e minimizar a crise do petróleo com a produção de álcool anidro De ntre os programas criados a partir de 1950 o Proálcool tem uma grande relevância no que se refere ao aumento da produção de canadeaçúcar em Alagoas e no desenvolvimento tecnológico do setor sucro alcooleiro O Proálcool junto com as suas vantagens ativa mais uma vez o ciclo da concentração de terra local Os incentivos fiscais não apenas colaboraram para a expansão da monocultura da cana no Estado mas causaram grandes problemas ambientais como o desmatamento de grande parte da vegetação original do território diminuição dos recursos vegetais e mudanças signi ficativas das vivências rurais O encerramento do programa afetou sig nificativamente a economia pois não houve na região diversificação das atividades agrícolas e nãoagrícolas Lima 2001 O antigo Banco de Produção do Estado de Alagoas Produban foi um incentivo da economia estadual de apoi o às atividades rurais industriais e comerciais sendo um agente financeiro indicado para abertura e manutenção das contas vinculadas das indústrias que eram beneficiadas sendo a SEFAZ responsável pela autorização do uso dos recursos do ICMS que inicialmente eram voltados para máquinas e equipamentos e com o tempo para suporte de giro o que foi importante para os empresários interessados principalmente após a queda do Pro álco ol na concessão de empréstimo mas c om a crise o Produban sofreu processos de intervenção e liquidação FEDERAÇÃO DAS INDÚSTRIAS DO ESTADO DE ALAGOAS 2018 É nesse contexto de formação do território alagoano d as mudanças n os meios de produção e d a resistência da m onocultura da cana que se acentuam as desigualdades agrárias O pr óximo capítulo abordará a ausência de reforma agrária efetiva e como a mesma contribuiu para o surgimento e fortalecimento de organizações como a Comissão Pastoral da Terra CPT e os Movimentos dos Trabalhadores Rurais sem T erra MST e o s seus papéis na mobilização e resistência dos trabalhadores r urais 3 A AUSÊNCIA DE REFORMA AGRÁRIA E A FORMAÇÃO DA CPT E DO MST Desde a antiguidade a reforma agrária se tornou um instrumento de redistribuição de riqueza Carter 20 10 Poder ser compreendida como um processo político e social que tem como objetivo a redistribuição de terras improdutivas que muitas vezes estão concentradas nas mãos de poucos e com isso oferecer um acesso mais democrático à terra promovendo uma justiça social no campo tendo em vista que essa acumulação é resultado de um processo imposto de dominação do espaço rural O latifúndio brasileiro tem suas origens relacionadas de forma direta aos interesses das classes dominantes e às relações envolvendo as produções capitalistas no campo e a concentração da propriedade privada o que formou atributos que até hoje são levados em consideração no que diz respeito à questão agrária No Brasil diversos elementos impossibilitaram que o modelo da Reforma agrária clássica fosse implementado no processo de industrialização do país O primeiro deles é a relação entre a oligarquia rural e a burguesia industrial Diferentemente da europeia a mudança das classes proprietárias rurais pela nova burguesia industrial não exigiu uma ruptura total do sistema por razões estruturais No caso brasileiro a concentração fundiária não foi um obstáculo ao desenvolvimento do capitalismo ao contrário houve a unificação entre o latifundiário e o capital industrial numa aliança entre capital e propriedade da terra intermediada pelo Estado Essa aliança possibilitou que a economia rural subsidiasse o desenvolvimento industrial Além disso a alta concentração de terra e consequentemente o êxodo rural garantiu a criação de um exército industrial de reserva que barateava a força de trabalho no meio urbano Instituto Tricontinental de Pesquisa Social 2020 p18 Q uando falamos sobre lutas podemos notar qu e Alagoas foi palco de grandes ações sociais relacionada ao contexto histórico em que o pais se encontrava o desejo pela liberdade é reconhecido desd e o ab olicionismo que tinha como objetivo acabar com a escravidão o que impulsionou em especia l os escravizados a criação dos quilombo s que se tornaram espaço de resistência a escravidão de produção e vida em comunidade parte fundamental da história não só do Brasil como d a identidade de Alagoas Silva 2009 É observado que to do o processo de distribuição da terra que ocorreu desde a chegada dos portugueses concretizou problemas significativos em relação a questão agrária que se perpetuam até os dias atuais onde existe uma grande concentração de terras nas mãos de poucos Pr inci palmente aqueles agricultores que não possuem suas próprias terras como também os pequenos produtores que mesmo com poucos incentivos continuam resistindo no meio rural Em Alagoas desde a época colonial os pequenos produtores sofrem as duras consequências de estarem em uma formação social politicamente dominada pelo latifúndio Apesar de uma situação subordinada e débil a pequena lavoura surgiu sobrevivendo ao lado da grande propriedade em grande medida dentro do próprio latifúndio no caso dos moradores e a proporção entre as áreas ocupadas pelos d ois tipos de empreendimento foi diferente em cada conjuntura históric a e em cada região do Estado S ilva 2013 p 9293 Não tem como dissociar a questão ag rária de Alagoas sem basear a mesma com a formação de grandes latifúndios e a plantação canavieira que embora esteja envolvida em muitos momentos de crises continuam produzindo e estão presente na região do Leste Alagoano que acaba transforman do a s outras regiões como o Agreste e o Sertão em locais que formam e tem a predomin ância de minifúndios pequenas e médias E sse poder sobre a terra e os meios de produção mexe de forma direta e significativa com as relações de trabalhos no campo mesmo que atualmente a atividade da produção da canadeaçúcar não apresente mais tanta força como antes T em os trabalhadores sazonais que ainda precisam dessa atividade empregatícia para garantir renda e quando os postos de trabalho se tornam menores a condição de v ida é piorada e os salários pagos convertese ainda em mais baixos sendo a divisão do trabalho a expansão do mercado interno e a industrialização inibidas S ilva 2013 Historicamente em Alagoas o que se tem visto nas análises de alguns estudiosos é uma ação propositiva do Estado de forma totalmente subserviente aos interesses dessa aliança entre capital e terra Os latifundiários sejam os usineiros da cana sejam os grandes proprietários dos currais do gado e produtores de algodão os dois produtos agrícolas cana e algodão principais da pauta de exportação em Alagoas no começo do século XX recebiam todas as benesses desse Estado intervencionista Os demais sujeitos do campo entre eles o campesinato praticantes de formas diversas de agricultura camponesa responsáveis pela produção de alimentos para essa sociedade foram alijados em ampla medida das políticas e ações desse Estado A reforma agrária foi um tema totalmente silenciado durante quase todo o século XX em Alagoas C osme 2019 p 163 Os latifundiários de Alagoas formam um grupo composto por um número pequeno de famílias que possuem grandes quantidades de terra usinas de canasdeaçúcar e que são envolvidas em vários setores de produção de bens de consumo e até entretenimento além da sua participação direta n a política o que faz com que dessa forma possam manter seus interesses pessoais em evidência Mesmo com todas as adversidades a luta por reforma agrária acontece no Es tado desde a década 1980 entre os fatores que impulsou tal tomada de decisão foi a percepção d os trabalhadores do campo ao direito a terra e não exploração da mão de obra foram fundamentais M uitos guiados pela I greja C atólica e motivados pela Teologia da Libertação conseguiram levar a s desigualdade e conflitos que aconteciam no campo para toda região conscientizando outros trabalhadores da importância da união e da implantação de ações que pudessem transformando o cen ário da época Cosme Pereira 2021 A Camisão Pastoral da Terra aparece nesse contexto de injustiça social sua criação em 1975 em Goiânia ocorre durante um encontro de bispos e pre lados da Amazônia O Brasil passava por um período delicado com a ditadura empresarial e fortes propostas econômicas de desenvolvimento feitas pelo r egime o que fez com que várias empresas privadas se interessassem pelo interior do paí s por in centivo do governo fazendo com que muitos trabalhadores rurais fossem expulsos da suas terras ficando sem seus meios de produção e de sobrevivência A vi z 202 2 O serviço Pastoral da CPT teve início em 22 de junho de 1975 em Goiânia GO durante o Encontro Pastoral da Amazônia A missão inicial era trabalhar com as comunidades camponesas e os povos indígenas ameaçados pelo avanço do capital na nova fronteira agrícola que rumava à Amazônia Com sua gênese ecumênica é uma pastoral criada para atuar no conflito agrário sendo uma presença ativa para os empobrecidos do campo Almeida Lima Oliveira 2013 p366 Foi com uma transição ocorrida nos trabalhos da Pastoral Rural em 1987 que a CPT surge em Alagoas justamente com o intuito de ajudar as causas direcionadas a distribuição justa da terra para aqueles que não tinham acesso e nem forma de manter sua própria subsistência A Comissão P astoral da T erra começou voltando seus trabalhos junto aos assalariados do corte de cana onde havia uma monocultura forte e a predominação n as usinas de cana deaçúcar contribuindo para o aparecimento de m ovimentos como próprio Movimento dos T rabalhadores Rurais Sem T erra MST não apenas envolvida em ações relacionadas à posse da terra mas aos direitos trabalhistas e as oposições sindicais dos assalariados de corte de cana A C P T n ão se restringiu apenas á Zona da Mata tornando suas ações direta s em todo o E stado provendo a formação de acampamentos assentamentos de reforma agrária e a luta dessas pessoas que ainda não conseguiram a posse das suas terras que sofrem com a falta de visibilidade e compromisso político Almeida Lima Oliveira 2013 Todo esse comprometimento acontece até os dias atuais e a CPT se faz presente e m muitas ações voltadas a os direitos dos trabalhadores rurais como o acesso e a permanência na terra O utro agente de extrema importância é o Movimento dos Trabalhad o res Rurais sem Terra MST que su rgiu n a década de 1980 e tem seu destaque na década de 199 0 tornandose na maior expressão política da luta pela terra e reforma agrária se tornando o movimento popular mais importante do Brasil C oletti 2005 Teve i ncentivo também da Comissão Pastoral da Terra para busca e lutas sociais voltadas para uma socieda de mais justa e igualitária composto em grande maioria por trabalhadores do campo que tivere m que deixar as atividades a grícolas mas que almejam voltar O campesinato em Alagoas através das organizações e movimentos sociais do campo passa a se articular desde o início da constituição do MST Sem necessitar pedir licença a quem quer que fosse o campesinato alagoano dando mais um passo à frente enquanto classe social foi forjando suas estratégias rebeldes para a arena da luta de classes A luta pela terra que sempre esteve presente ao longo da formação territorial alagoana agora se materializava na bandeira da reforma agrária com o nascimento do MST no estado C osme 2019 p226 As lutas em Alagoas sempre foram contra esse sistema acumulativo de capital qu e con creta q uantidades exorbitantes de terras e onde predomina o grande latifúndio S uas práticas foram dirigidas para a ocupação das terras improdutivas visando á p osse e os meios de produção para que possam produzir reproduzir e se manter no campo As primeiras ocupações de terra no es tado pelo MST ocorreram n o município de Delmiro Gouveia localizado na m esorregião do s ertão de Alagoas por conflitos que envolveram o grileiro que arrendou as terras onde havia dezenas de família e pela improdutividade que se encontravam C osme 2019 Disputas essas muitas vezes violentas e cheias de ameaças foram vários integrantes do movimento que acabaram perdendo suas vidas A té que a posse seja dada o processo é longo e cheio de incertezas e promessas não cumpridas muitas são as famílias que acabam deixando o movimento mas ele continua firme e mudando a realidade agrária local De acordo com o INCRA 2025 h o je são muitos os assentamentos cerca 1 81 projetos conforme fases de implementação composta por em obtenção préprojeto de assentamento assentamento em criação assentamento em instalação assentamento em estruturação assentamento em consolid ação assentamento consolidado assentamento cancelado e assentamento revogado a distribuição de famílias assentadas na mesorregião do Sertão podem ser observa das no quadro 1 Tabela 1 Distribuição das Famílias Assentadas n os Municípios da Mesorregião do Sertão de Alagoas Municípios Números de Famílias Delmiro Gouveia 328 Santana do Ipanema Ouro Branco São José da Tapera Maravilha Batalha 46 Piranhas 12 9 Mata Grande 42 Pão de Açúcar 56 Olho D Águ a das Flores Major Isidoro 26 Água Branca 278 Inhapi 67 Canapi Poço das Trincheiras Senador Rui Palmeiras Palestina Dois Riachos Olivença Pariconha Carneiros Olho DÁgua do Casado 232 Belo Monte 155 Monteirópolis Jaramataia Jacaré dos Homens 39 Dados INCRA Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento 2025 Elaboração Pela autora 2025 A l uta do MST é relevante não só para aqueles que quere m se manter no campo mas mantém viva a esperança de uma reforma agrária que irá de fato transformar a realidade social e desigualdade que se encontra O movimento se tornou para muitos uma contestação social ou seja uma oposição direta ás estruturas sociais presente na atual sociedade e ao capitalismo não apenas envolvendo a luta pela terra consegue ir além e tratar de diferentes temáticas como a dignidade do ser humano a educação o fortalecimento dos sujeitos a necessidade de um olhar holístico para o todo os Sem Terra busca com o d ireito a terra a formação de novas relações de trabalho um modelo novo de vida no campo sendo o bem estar da colet ividade o aspecto principal presente em comunidade Caldart 2001 A luta pela realização da Reforma Agrária não é um projeto vazio sem fundamento ela representa o desejo dos camponeses organizarem seu território seu modo de vida com dignidade e a partir de suas especificidades Não é só a distribuição de terras que está em discussão é a construção de um modelo de vida que atenda as necessidades dos camponeses Santos 2014 p57 A ausência de reforma agrária em Alagoas se relaciona com diferentes fatores dentre eles a dependência histórica da monocultura da canadeaçúcar tendo sua estrutura fundiária marcada pelo seu domínio falta de políticas públicas consistentes e o interesse de uma minoria que detém as grandes propriedades de terras fomentando os conflitos presentes no campo O que não é muito diferente do resto do país a reforma agrária é lenta falta recursos existe uma valorização das terras rurais por conta do aumento das commodities e o interesse crescente do capital internacional no agronegócio elevando o preço das terras o que dificulta a desapropriação e reduz as áreas disponíveis para novos assentamentos assim como as mudanças legais e administrativas para criação de novos assentamentos somando com as falhas na execução com os problemas de gestão assistência técnica precária clientelismo e políticas públicas mal direcionadas Bairdi Mello Pedroso 2021 Mas é necessário manter essa discussão acesa e ressaltar a importância de uma reforma agrária que seja efetiva que cause mudanças A não realização da Reforma Agrária engloba o fracasso político na resolução dos problemas sociais e os interesses de classes que determinam o que deve ser melhorado no país ou não Assim a reforma agrária vai perdendo força no debate político e dando lugar a interesses de mercado entre o capital e o uso da terra enquanto mercadoria Assim a luta pela Reforma Agrária precisa ser intensificada uma vez que o governo aviva os investimentos no mercado capitalista em detrimento das ações sociais é o capital que vai se territorializando por meio da importância econômica em detrimento das condições de vida da população e são os camponeses que sofrem há décadas as duras penas do processo de desterritorialização e submissão às relações do capital como meio de sobrevivência Santos 2014 p 55 A reforma agrária ainda é um meio significativo que pode contribuir para a diminuição das desigualdades sociais principalmente as presentes no campo Esquecer esses grupos e a necessidade de tal ação só reforça a relação de submissão com o capital 3 1 O atual quadro fundiário em Al agoas agronegócio da cana do eucalipto e da soja a distribuição fundiária de acordo com as atividades econômicas O quadro fundiári o em Al agoas ainda é constituído principalmente pelo l atifúndio e apesar d as iniciativas de outras atividades econômicas produzidas e as lutas por reforma agrária ainda existe uma grande desiguald ade socioeconômica e conflitos A dificuldade de desenvolvimento em outros setores de produção é r esultado de um sistema econômico monocultor iniciado no período colonial que se perpétua até os dias atuais Ex iste uma resistência expressiva em mudanças que envolva m a modernização e a substituição do setores produtivos mantendo a a cumulação do capital daqueles que se beneficiam com essa manutenção do meio de p rodução Medeiros Silva 2021 O cultivo da canadeaçúcar ainda é a atividade mais presente em Alagoas de acordo com IBGE 2 023 a produção chegou a marca produzida de 18982924 toneladas em uma área de 290003 hectares o maior produto do estado Va le ressaltar que o agronegócio da cana acaba concentrando uma dependência econômica onde as atividades se desenvolvem a partir da sua produção Os incentivos públicos como IAA e o Proálcool proporcionaram a expansão do plantio e técnicas para cultivo em áreas consideradas inapropriadas com fertilidade baixa e declividade O governo percebeu a partir das demandas internaciona is e do preços alto do açúcar a necessidade de expandir em direção aos tabuleiros e posteriormente mesmo com as crises e a concorrência houve mais incentivos fiscais para a produção de cana o que resultou também no desmatamento de uma considerável parte da cobertura original presente no território alagoano Santos Pereira Andrade 2007 Atualmente o cultivo da canadeaçúcar é predominante na mesorregião do Leste Alagoano m as alguns fatores vem somando para as instabilidad es na s usin as como o grande número de acionistas presentes que pela bolsa de valores os mesmos podem tornar o sistema fragilizado podendo influenciar ou alterar os critérios propostos para gestão causando perda no resultado esperado a ser almeja dos Silva 2021 Nos gráficos 1 e 2 temos as quantidades referentes a extensão de terra utilizada para cultivo da cana e a área colhida do produto Gráfico 01 Variável Área Plantada Hectares Alagoas 20132024 Da dos IBGE Levantamento Sistemático da Produção Agrícola 2025 Elaborado Pela autora 2025 Gráfico 0 2 Variável Área Colhida Hectares Alagoas 20132024 Dados IBGE Levantamento Sistemático da Produção Agrícola 2025 Elaborado Pela autora 2025 O plantio da cana vem caindo significativ amente como é possível notar nos gráficos m as sempre mante m relevância na economia local desde a sua área plantada até a sua área colhida com a mecanização no cultivo por volta da metade do século XX ocorre u uma grande expansão da indústria em Alagoas com a implantação de usinas e modernização dos meios de produção No entanto hoje Alagoas não possui uma diversificação de setores que produz produtos que possam compensar as perdas com a canadeaçúcar que vem sofrendo com a concorrência internacional que produz muitas vezes o açúcar e o etanol com custos mais baixos reduzindo sua participação no mercado externo e sua lucratividade Há a preservação do monocultivo da cana deaçúcar no estado de Alagoas que apesar das tecnologias muitas ainda permanecem com práticas atrasadas e a base do latifúndio E ssa manutenção influencia na privação do surgimento de outras alternativas mais interessantes e viáveis do uso dos recursos naturais e financeiros L ira 2007 Mas um dos produtos que mais cresce em produção no país é a soja e que mesmo ainda de forma bem discreta se comparada à cana tem apresentado crescimento em Alagoas nos últimos anos como mostra a figura 1 O agronegócio da soja é uma das atividades mais importantes tanto na produção quanto na exportação das suas commodities S ua produção ocorre em l arg a escala sendo o Brasil o maior exportador do grão o nde o seu cultivo se expand e por todo o território S anto s 2020 O desenvolvimento da soja no Brasil iniciouse quando os primeiros materiais genéticos foram introduzidos no país e testado s no país e testados no Estado da Bahia BA em 1 882 O ge rmoplasma fora trazido dos EUA não era adaptado para as condições de baixa latitude do estado 12S e não teve êxito na região na região Uma década mais tarde 1981 novos matérias foram testados para as condições do Estado de São Paulo SP latitude de 23S onde teve relativo êxito na produção de feno e grãos Dall Agno l et al 2007 p1 A primeira implantação de soja em Alago as surgiu ainda no final do século passado introduzindo uma nova cultura significativa para a economia local Figura 0 3 Gráfico Estimativa Nacional de Produtividade por Unidade da Federação versus Alagoas Fonte CONAB Portal de Informações Agropecuária 2025 De acordo com IBGE 2024 revela que existem 5 estabelecimentos agropecuários com uma quantid ade produzida de 18 289 toneladas e uma área colhida de 5 796 hectares Apesar de serem ainda pouco significativa s no estado existem muitas implicações no plantio da soja E ssas produções precisam de grandes áreas o que causa uma perda d os ecos sistemas naturais o uso do s agrotóxico podem causar erosão n os solos e poluir recursos hídricos V ale ressaltar que existe uma necessidade intensa de irrigação no cultivo da soja a expansão para o c ultivo tem potencial para gerar conflitos por terra com os pequenos produtores como acontece em ou tras regiões do Brasil É o caso da Amazônia e o Cerrado a comunidade local poderá ser diretamente e indiretamente impactada com as consequências negativas F ear side 2022 Ainda sobre as mudanças no cenário agrícola do estado relacionadas ao agronegócio o eucalipto que é uma á rvore exótica no Brasil mas que possui um gênero que contém centenas de espécies que podem ser adaptadas a diversas condições climáticas tem chama do atenção pela perspectiva de crescimento na região como podemos notar no gráfico 3 O cultivo de variedades de espécie vegetal conhecida como Eucalipto tem uma longa história como planta exótica importada da Austrália a mais te 100 anos Sua introdução no território brasileiro deuse inicialmente em função da produção de madeira para consumo no transporte ferroviário e indústrias movidas a máquina a vapor que necessitavam de muita lenha para alimentar as caldeiras Os primeiros cultivos foram frutos das iniciativas privadas que necessitavam dessa matéria prima como fonte de energia para queima nas máquinas a vapor Rodrigues et al 2021 p46 A produção de eucalipto em Alagoas surge de forma evidente no ano de 2013 em unidades experimentais e de expansões G urguel 2018 Despertado o interesse por empresas e indivíduos ligados ao agronegócio e interessados na sua comercialização por ser considerada de rápido crescimento e versatilidade pode ser usada para diferentes finalidades como a produção de celulose madeira para construção o carvão vegetal e d e plantio para reflorestament o Porém seu cultivo pode causar impactos ambientais consideráveis segundo Rodrigues Teixeira e Lopes 2021 p 9394 A monocultura causa perturbação na paisagem natural de modo continuo no meio ao longo do tempo de tal forma que a sucessão ecológica é impedida de ocorrer Os plantios homogêneos do eucalipto a simplificação e padronização do meio a partir das técnicas silviculturais e só cultivo de clones criam uma tensão contrária á lógica natural da sucessão Tal simplificação implica na redução ou distribuição de habitats e fontes de alimento para as mais diversas formas de vida quando comparada à formação de vegetação nativa Como resultado são estabelecidos condições favoráveis ao apareci mento de pragas que podem atingir níveis de danos econômicos elevados se não forem controladas Para manter o meio simplificado para o pleno desenvolvimento da monocultura p é necessário então a intervenção humana a partir dos agrotóxicos por exemplo O Estado tem incentivado a prática em Alagoas não para substituir a canadeaçúcar totalmente mas para oferecer aos empresários uma nova entrada de investimento no agronegócio com ideia de lucro fácil justifica ndo o plantio e a legitimidade da iniciativa em fatores como uma melhoria econômica em se tratar de um cultivo que respeita o ambiente sendo possível ser feito junto agricultura e a pecuária e que permitiria a participação de pequenos produtores Lima et al 2020 To da essa propaganda segue sendo feita com o intuito de atrair e cultivar mais áreas de eucalipto na região sendo que muitos estudos aponta m para os impactos negativos que a produção pode causar ao meio ambiente Gráfico 03 Área Total Existente dos Efeitos da Silvicultura segundo a Unidade da Federação M esorregiões de Alagoas por Hectares Eucali pto 2023 Dados IBGE Produção da Extração Vegetal e da Silvicultura 2025 Elaboraçã o Pela autora 2025 Ainda assim o eucalipto vem se destacando sendo o seu cultivo pre dominante realizado na Mesorregião do Leste de Alagoas se tornando o 4 estado do Nordeste em superfície cultivada de eucalipto em áreas que contém bons solos e próximas a reservas hídricas o que pode afetar as culturas de alimentos que já estão diminuindo Investir no eucalipto é novamente escolher a m on ocultura os latifúndios uso generalizado de agroquímicos e um a insignificativa geração de empregos L ima et al 2020 É importante mencionar que a expansão do agronegócio intensifica ainda mais os conflitos presentes no campo O avanço do capital agrário pressiona os territórios já marcados pela desigualdade fundiária o que gera constantes disputas entre grandes proprietários e as comunidades tradicionais quilombolas ribeirinhas e camponesas O próximo capítulo será voltado justamente para essas questões qu e envolve o campo conhecermos o trabalho da CPT e o ensino da geografia agrária 4 VIOLÊNCIA NO CAMPO EM ALAGOAS E ENSINO DA GEOGRAFIA AGRÁRIA Como já abordado até aqui a questão agrária em Alagoas faz parte de uma construção histórica onde muitos elementos se perduram até os dias atuais Esse momento específico será voltado para os conflitos no campo levantando os dados presentes nos Cadernos de Conflitos no Campo Brasil lançados pela CPT que serão usados como fonte de dados para analisar as ocorrências de conflitos em Alagoas entre 2014 e 2023 quais os principais agentes acometidos e a forma que podem ser usados como instrumentos pedagógicos no ensino fundamental para a geografia agrária chamando atenção para esse problema político e social Os conflitos no campo brasileiro por terra água e por questões trabalhistas atingiram famílias e comunidades que tiveram suas terras casas e benfeitorias alagadas pelas barragens das hidrelétricas ou que são impedidas de ter de ter acesso às fontes ou que tem sua água contaminada pelos agrotóxicos das grandes monoculturas ou pelos resíduos da mineração Simonetti Carmago 2015 p110 Primeiramente essa é uma problemática ainda pouco discutida apesar de não ser recente Na concentração fundiária as famílias que são expulsas das suas terras ou aquelas pessoas que não encontram mais meio de se manter no campo por diversos fatores como pela falta de trabalho e por possuir pouca escolaridade acabam migrando para as cidades acreditando que seja a alternativa que resta para uma melhor condição de vida Em Alagoas esse processo não foi diferente A expansão do latifúndio canavieiro no estado alagoano a partir dos anos 1950 com domínio muito sólido dos usineiros no âmbito político possibilitou junto com uma série de intervenções econômicas políticas tecnológicas e culturais um processo avassalador de aniquilação da pequena lavoura sucedendo assim um grande deslocamento populacional do campo Lima 2020 p 4142 No Brasil existe uma crise agrária composta por dois lados espalhada em todo o território O primeiro é que se trata de um problema econômico relacionado à posse da terra seu manuseio e produção de produtos alimentícios No segundo social e político envolvendo as relações interpessoais Esse problema agrário repercute nas desigualdades de distribuição de terras e na posição confortável que os latifúndios se constituíram na busca por terra e trabalho se destacando entre os setores da economia rural Forman 2009 Como sabemos a terra antes compartilhada e vista como um bem comum se tornou mercadoria e meio de acumulação do capital A resistência do campesinato segue apesar das dificuldades e conflitos encontrados formando uma grande participação nas lutas e resistência compondo os movimentos sociais que efetivam suas ações na apropriação da terra e as tornam visíveis e relevantes Para os camponeses a terra tem um sentido mais amplo pois é através dela que eles desenvolvem suas atividades essenciais para vida como a moradia a produção de alimentos básicos para a família a geração de recursos econômicos necessários à sua existência a realização da cultura e sua constante reprodução e resistência Portanto a conquista da terra para o campesinato comporta as funções de moradia de trabalho e de vida Guimarães Alves 2014 p 2016 Os aspectos agentes e movimentos que ocorrem no campo devem contar com uma atenção maior podendo ter o ensino da geografia como aliado Mas a escola hoje como uma importante instituição social que tem a responsabilidade de socializar o conhecimento trata a geografia e em especial a geografia agrária com superficialidade e empobrecimento teórico A Base Nacional Comum Curricular referese aos assuntos de forma reduzida à descrição de habilidades e não conteúdos direcionados para a compreensão dessa realidade agrária Isso implica dizer que mesmo que tenha assuntos relacionados à geografia agrária presente s na BNCC esses não serão necessariamente colocados e debatidos em sala de aula havendo ainda um grande caminho a percorrer Mesquita Rossetto Cantóia 2020 Diante disso os dados retratados pela CPT podem ser usados para formar uma noção nova no que diz respeito à realidade encontrada no campo que muitas vezes é silenciada e abafada podendo ser utilizados como instrumentos pedagógicos para discussões relacionadas à geografia agrária em sala de aula 41 CPT e os dados de conflitos no campo em alagoas A CPT tem um importante papel na vida dessas pessoas nos movimentos sociais em prol da reforma agrária e a distribuição justa da terra Fazendo um papel necessário documentando as ocorrências de conflitos por terra em todo o Brasil O ato de documentar as lutas de resistência pela terra pela defesa e conquista de direitos bem como denunciar a violência sofrida pelo os povos do campo e nas relações de trabalho e produção existe desde o surgimento da Comissão Pastoral da Terra CPT em 1975 À medida que essa realidade se mostrava mais premente sentiuse a necessidade de criar um Setor de Documentação A partir do ano 2013 tal setor passou a ser chamado Centro de Documentação Dom Tomás Balduíno CPT No início os registros eram feitos em fichas manuais e depois de 1988 foram informatizados em sistema de banco de dados Ribeiro et al 2020 p 404 Durante todos esses anos a CPT vem se modificando de acordo com o contexto social e econômico em que se encontra o país fazendo repercutir os conflitos por questões fundiárias não apenas dos camponeses mas aqueles envolvendo os territórios e direitos indígenas sendo contra as injustiças que ocorrem no campo tentando mudar a realidade do avanço do capitalismo e dos latifúndios que diminuíram a atuação da agricultura familiar Chehab et al 2019 Os Cadernos de Conflitos no Campo Brasil lançados anualmente pela CPT relatam os casos silenciosos e quase nunca comentados relacionados às famílias no campo como ameaças destruição de suas casas suas roças e os despejos que ocorrem Para capturar esses dados e montar os cadernos com as temáticas a CPT conta com uma equipe feita coletivamente com a participação dos agentes de bases e os movimentos sociais que atuam no espaço rural Destacamse como objetivos do Centro de Documentação 1 Buscar as fontes primárias de informações para construir o banco de dados a partir de relatos e de informações obtidas com os agentes de bases da CPT bem como denúncias de movimentos sociais relatadas em seus veículos de comunicação e documentos oficiais 2 Buscar fontes secundárias em jornais revistas etc 3 Classificar as fontes analisar os dados e sistematizálos transformandoos em fundamentação de denúncias de violações de direitos cometidos contra camponeses e suas organizações Ribeiro et al 2020 p 407 Com o destaque dos cadernos os dados se tornaram relevantes e confiáveis ao longo das publicações regulares apesar das dificuldades encontradas Sendo anual os cadernos de conflitos da CPT são produzidos por especialistas de várias áreas de conhecimento especialmente com o suporte da Geografia destaque deve ser dado a Carlos Walter PortoGonçalves e de imagens destaque a ser dados ao João Roberto Ripper entre outros Tornouse ao longo de mais de três décadas de publicação um registro paradigmático que coloca como fonte escrita à outra versão a versão dos de baixos as narrativas daqueles que através de seu sacrifício pessoal e coletivo lutam e denunciam as terríveis formas de usurpação na maioria das vezes dotadas de abusiva violência indo até ao extermínio daqueles que passam a ser criminalizado por apenas buscarem o direito de inclusão social ou permanência no setor da agricultura familiar posseiros pequenos proprietários ou assentados da reforma agrária ou os que apenas detêm o direito a um território comunal constituído por ancestralidade originária indígenas histórica legítima quilombos ou ainda por tradição comunidades tradicionais de fundo de pasto e faxinal campesinato ribeirinho geraizeiros do seminário caiçaras seringueiros enfim Ribeiro et al 2020 p 415 Os conflitos por terra são ações de resistência que acontecem no meio rural por motivos que vão desde a posse da terra seu uso e propriedade ou pelo acesso aos recursos naturais dependendo das atividades exercidas pelo grupo Sabendo da importância social dos cadernos e da sua confiabilidade como forma de dar voz a esses diferentes grupos e não deixar que esses fatos sejam esquecidos ou não notificados sendo essencial para o conhecimento dessa realidade podendo induzir mudanças necessárias à sociedade a CPT organiza todas essas informações com uma metodologia de critérios de inclusão e exclusão sendo organizadas por meio de formulários temáticos e sistematizadas em tabelas gráficos e mapas dos conflitos disponibilizadas em sua página eletrônica ou relatório impresso CPT 2024 Ao analisar os dados presentes nos gráficos 4 5 relacionados aos conflitos no campo notase que Alagoas apresentou nesse período de dez anos variáveis em relação aos casos de conflitos entre 2014 a 2023 se destacando com maiores índices os associados à terra acompanhado das ocupaçõesretomadas Gráfico 04 Números de ocorrências de conflitos no campo por terra em Alagoas 20142023 Dados Caderno de conflitos no campo Brasil CP T 20142023 Elaboração Pela autora 2025 Gráfico 05 Números de ocorrências de conflitos no campo por ocupaçõesretomadas em Alagoas 20142023 Dados Caderno de conflitos no campo Brasil CPT 20142023 Elaboração Pela autora 2025 No Brasil de modo geral os dados de violência no campo demonstram um crescimento Analisando o gráfico 4 é possível identificar que em Alagoas não é diferente Os conflitos principalmente relacionados à terra são notificados todos os anos destacando também os conflitos que ocorrem por conta das ocupações e retomadas presentes no gráfico 5 É importante ressaltar que o grupo de indígenas é o que mais sofreu com assassinatos entre os anos de 2014 a 2023 no país em seguida os semterra posseiros quilombolas e um caso de assassinato a um servidor público Esse mesmo determinado período indica que ocorre uma manutenção em forma de desenvolvimento capitalista associado à violência e à expropriação sobre os territórios e corpos favorecido e influenciado pelo momento político em que se encontra CPT 2024 Nos gráficos 678 temos os dados referentes aos conflitos por água trabalho escravo rural e acampamentos em Alagoas Um grande contribuidor para as ocorrências desses conflitos é o avanço do agronegócio quando os sujeitos não estão sendo expulsos de suas terras ocorre a monopolização dos recursos hídricos comprometendo o acesso a água acabam escolhendo por falta de opção a submissão de um trabalho análogo a escravidão Segundo o Censo Agropecuário 2017 há no Brasil 41 milhões de trabalhadores rurais na condição de assalariados Destes 17 milhões exercem trabalhos permanentes Os demais 24 milhões são assalariados temporários e em geral migrantes ou moradores de periferias de cidades no interior Cerca de 60 deles não têm carteira assinada nem os direitos trabalhistas respeitados Lima Amorim 2024 p434 Gráfico 06 Números de ocorrências de conflitos no campo por água em Alagoas 20142023 Dados Caderno de conflitos no campo Brasil CPT 20142023 Elaboração Pela autora 2025 Gráfico 07 Números de ocorrências de conflitos no campo por trabalho escravo rural em Alagoas 20142023 Dados Caderno de conflitos no campo Brasil CPT 2014202 3 Elaboração Pela autora 2025 Gráfico 0 8 Números de ocorrências de conflitos no campo por acampamentos em Alagoas 2014 2023 Dados Caderno de conflitos no campo Brasil CPT 201420 23 Elaboração Pela autora 2025 Para compreender melhor a cau sa dess as ocorrências de conflitos no campo no território alagoano é necessário pensar em um contexto holístico que leve em consideração os fatores que envolv em sua formação social política e econômica de uma sociedade que cresceu em volta de um latifúndio autoritário patriarcal com concentração de renda e onde os conflitos eram resolvidos com violência U m território formado por movimentos de disputas ocupações e resistência sendo o que ocorre até hoje mesmo com as expulsões dos trabalhadores das fazendas e engenhos o aumento da concentração de terras nas mãos de poucos e o crescimento do agronegócio existe uma resistência por parte desses trabalhadores de se manter no campo gerando conflitos que estão ligados diretamente a continuidade da produção canavieira Castro 2017 Os conflitos no campo atingem diferentes grupos que se organizam na luta pela sua permanência na terra e preservação cultural 41 Agentes acometidos nos conflitos no campo Os cadernos de conflitos no campo Brasil da CPT além de trazer os dados referentes ao número de conflitos retratam como podemos observar no gráfico 9 o número total de pessoas acometidas Podemos concluir que no estado de Alagoas durante esse período foram muitas famílias afetadas pertencentes a diversos grupos como podemos constatar na tabela 1 referente aos conflitos por terra Esses dados demonstram quão significativo são os números encontrados e a importância desses registros para evidenciar esse problema pouco visibilizado mas presente no estado Gráfico 9 Números de pessoas acometidas pelo os conflitos no campo em Alagoas 20142023 Dados Cadernos de conflitos da CPT 20142023 Elaborado Pela autora 2025 Tabela 1 Números de famílias afetas e categoria pertencente nos conflitos por terra em Alagoas 20142023 Dados Cadernos de conflitos da CPT 2014202 3 Elaborado Pela autora 2025 As famílias afetadas todos os anos são os semterra presentes em todas as mesorregiões alagoanas Em Alagoas os sujeitos sem terra são composto s em sua grande maioria por pessoas que compartilham experiências anteriores comuns como pequenos agricultores despossuídos de terra posseiros ou aqueles que trabalhavam de forma arrendada muitos com uma infância pobre recebendo pouco salário trabalhando apenas para suprir as necessidades básicas uma realidade sofrida que existe no campo em Alagoas principalmente para aqueles que trabalhavam no corte da cana atividade essa composta de relatos referentes à privação dos recursos direito e dignidade concebendo por muitos a concepção de um trabalho análogo a escravidão Lima Amorim 2024 Por não se deixarem levar pelas margens das disputas políticas onde dificilmente recebem apoio ou se sucumbirem à dominação eles se tornam um dos alvos principais nos conflitos agrários O sujeito coletivo e político que se envolve no conflito são as famílias semterra elas são o as protagonistas que mantêm a tensão quando assumem o engajamento político ou quando ocupam um imóvel rural e estabelecem naquela propriedade uma rotina de vida e uma defesa coletiva e sistemática do acampamento Ademais aprofundam este conflito quando resistem a todo tipo de ameaças e constrangimentos como a utilização de capangas de pistoleiros ou dentro da ordem como uma decisão judicial que determina a reintegração de posse do imóvel ocupado ao suposto proprietário despejando as famílias sem nenhum tipo de amparo por parte do Estado Esses conflitos expõem e denunciam a concentração da propriedade como impeditivo ao acesso à terra Lima 2016 p 2425 Quando falamos dos semterra temos que chamar atenção para a organização coletiva de mobilização MST que atua no estado de modo significativo pela conquista da terra por meio de ocupações de terras improdutivas que não cumprem seu papel social conscientizando os integrantes desses grupos fazendo que permaneçam na causa mesmo com os conflitos encontrados pressionando o Estado a tomar medidas para minimizar essas situações A partir da ação de ocupação de terras o MST consegue se organizar mais efetivamente pois traz para o movimento nos camponeses mobilizados as ideias recorrentes das relações sociais É a classe camponesa desafiando o Estado que sempre atendeu os interesses da classe burguesa que por sua vez criminaliza as ocupações reduzindoas a invasões a partir de ações de ocupação é que o Estado passa a atender os camponeses e apresentar políticas para minimizar as expropriações dos trabalhadores do campo Os camponeses semterra e os posseiros são os principais agentes das ocupações de terra entretanto realizados de formas distintas os semterra buscam combater a elite agrária ocupando os latifúndios as terras improdutivas já os posseiros ocupam terras nas áreas de expansão Santana Silva 2022 p 632633 Entre os agentes que sofrem diretamente com essas ações conflituosas no campo estão os indígenas que têm ataques a suas terras desde o processo de invasão colonial portuguesa A realidade do acesso uso e apropriação das terras brasileiras é resultado de uma condição colonial de longa exploração É importante recordar as consequências nocivas do sistema colonial secular que além de devastar física e culturalmente as populações originárias também garantiu a instituição das grandes propriedades privadas nas mãos de poucos Referimonos à grande concentração de terras nas mãos de classes agrárias que exerceram seu violento poder de dominação e exploração dos trabalhadores do campo através de múltiplas formas de expropriação Silva 2018 p 483 Para os indígenas o território é um local de significado amplo que acolhe sua reprodução suas práticas religiosas e a manutenção cultural sendo coletivo e pertencente igualmente a todo grupo Todos podem ter acesso sem existir uma propriedade privada estando relacionado aos seus aspectos sociais culturais étnicos e históricos Em Alagoas as diferentes etnias buscam por meios de luta o acesso à terra e sua preservação cultural gerando conflitos por parte daqueles que não aceitam as reivindicações A luta pela construção do território indígena é marcada por constantes conflitos numa estrutura agrária altamente concentrada e dominada por oligarquias que comandam a vida política e econômica do estado de Alagoas O reconhecimento da etnia e a regularização das terras não são suficientes para o exercício de domínio pleno por parte dos indígenas em seu território haja vista que a mais que secular omissão do Estado com a questão indígena e a hegemonia das relações sociais comandadas pelo capital entabularam o desrespeito aos povos tradicionais Lima Oliveira Miranda 2019 p114 Dessa forma os conflitos que ocorrem no campo no estado se tornam uma consequência da resistência desses povos que há muito tempo vêm tentando ter sua causa tratada de forma substancial e resolutiva mas ao invés disso o que ocorre é a vontade que envolve o interesse do grande capital portanto existe a necessidade de conhecer o campo e suas relações sociais políticas e econômicas 44 Geografia agrária no ensino fundamental A questão agrária é essencial no ensino da geografia pode ndo ser usada para a compreensão das disputas de territórios que acontecem em nossa sociedade entender as desigualdades no campo e dos centros urbanos Em uma perspectiva libertadora consegue formar indivíduos que realmente conhecem o campo brasileiro sua diversidade as injustiças e a luta dos camponeses pois o que temos são registros de educação escolar que tendem a ocultar e invisibilizar a realidade do campo Katuta Melzer 2017 A BNCC tem entre os principais objetivos o direcionamento curricular das escolas públicas assim como as propostas pedagógicas que alinhem os conteúdos e as metodologias da realidade do país para melhor desenvolvimento e compreensão dos alunos sendo fundamental na relação entre professores alunos e a comunidade escolar no quadro 2 podemos observar os conteúdos que podem envolver a geografia agrária Quadro 2 Habilidades Relacionadas à Geografia Agrária na BNCC 6º ao 9º ano Ano Unidade Temática Objeto de Conhecimento Código da Habilidade Habilidade Completa 6º Conexões e escalas Relações entre os Componentes físiconaturais EF06GE04 Descrever o ciclo da água comparando o escoamento superficial no ambiente urbano e rural reconhecendo os principais componentes da morfologia das bacias e das redes hidrográficas e a sua localização no modelado da superfície terrestre e da cobertura vegetal 6º Mundo do trabalho Transformações nas paisagens naturais e antrópicas EF06GE06 Identificar as características das paisagens transformadas pelo trabalho humano a partir do desenvolvimento da agropecuária e do processo de industrialização 6º Formas de representação e pensamento espacial Fenômenos naturais e sociais representados de diferentes maneiras EF06GE10 Explicar as diferentes formas de uso do solo rotação de terras terraceamento aterros etc e de apropriação dos recursos hídricos sistema de irrigação tratamento e redes de distribuição bem como suas vantagens e desvantagens em diferentes épocas e lugares 7º Conexões e escalas Formação territorial do Brasil EF07GE02 Analisar a influência dos fluxos econômicos e populacionais na formação socioeconômica e territorial do Brasil compreendendo os conflitos e as tensões históricas e contemporâneas 7º Conexões e escalas Formação territorial do Brasil EF07GE03 Selecionar argumentos que reconheçam as territorialidades dos povos indígenas originários das comunidades remanescentes de quilombos de povos das florestas e do cerrado de ribeirinhos e caiçaras entre outros grupos sociais do campo e da cidade como direitos legais dessas comunidades 8º Conexões e escalas Corporações e organismos internacionais e do Brasil na ordem econômica mundial EF08GE09 Analisar os padrões econômicos mundiais de produção distribuição e intercâmbio dos produtos agrícolas e industrializados tendo como referência os Estados Unidos da América e os países denominados de Brics Brasil Rússia Índia China e África do Sul 8º Conexões e escalas Corporações e organismos internacionais e do Brasil na ordem econômica mundial EF08GE10 Distinguir e analisar conflitos e ações dos movimentos sociais brasileiros no campo e na cidade comparando com outros movimentos sociais existentes nos países latinoamericanos 8º Mundo do trabalho Os diferentes contextos e os meios técnico e tecnológico de produção EF08GE13 Analisar a influência do desenvolvimento científico e tecnológico na caracterização dos tipos de trabalho e na economia dos espaços urbanos e rurais da América e da África 8º Natureza ambientes e qualidade de vida Diversidade ambiental e as transformações das paisagens na América Latina EF08GE24 Analisar as principais características produtivas dos países latinoamericanos como exploração mineral na Venezuela agricultura de alta especialização e exploração mineira no Chile circuito da carne nos pampas argentinos e no Brasil circuito da canadeaçúcar em Cuba polígono industrial do sudeste brasileiro e plantações de soja no centrooeste maquiladoras mexicanas entre outros 9º Mundo do trabalho Cadeias industriais e inovação no uso dos recursos naturais e matériasprimas EF09GE12 Relacionar o processo de urbanização às transformações da produção agropecuária à expansão do desemprego estrutural e ao papel crescente do capital financeiro em diferentes países com destaque para o Brasil 9º Mundo do trabalho Cadeias industriais e inovação no uso dos recursos naturais e matériasprimas EF09GE13 Analisar a importância da produção agropecuária na sociedade urbanoindustrial ante o problema da desigualdade mundial de acesso aos recursos alimentares e à matériaprima Fonte Brasil 2017 Elaboração Pela autora 2025 Com o quadro 2 n otamos que qua ndo se trata do ensino da geografia agrária a BNCC pode estar promovendo um sentido equivocado dos aspectos que envolvem o campo observando as habilidades EF06GE04 EF06GE06 EF06GE10 presentes no 6 ano do ensino fundamental a temática é abordada de forma bem discreta podendo ou não ser utilizada pelos professores para explicar os conteúdos programados No 7 ano temos as habilidades EF07GE02 EF07GE03 que se conectam com assuntos falando sobre os fluxos econômicos populacionais e também os povos tradicionais Esses elementos podem levantar questionamentos de como as desapropriações de terras podem ter contribuído para o aumento das cidades e assim como os efeitos do capitalismo no campo porém só contém essas suas habilidades e vai dar a percepção do profissional aprofundar a temática com os alunos e de forma crítica No 8 ano contém as habilidades EF08GE09 EF08GE10 EF08GE13 EF08GE24 como podemos perceber são mais habilidades que nos anos anteriores porém não retrata os conflitos no campo e nas cidades como uma das consequências dos padrões mundiais econômicos de produção o debate superficial do objeto em questão pode contribuir para a reprodução de uma interpretação marginalizada e discriminativa dos movimentos sociais No que se refere ao 9 ano as habilidades encontradas são EF09GE12 EF09GE13 ambas conseguem levantar indagações considerando a geografia agrária desde a saída dos camponeses do meio rural e efeitos disto até as contradições do sistema capitalista e do agronegócio no campo Podemos notar que essas habilidades propostas pela BNCC são possíveis para formular debates envolvendo a questão agrária do país mas para isso tem que haver um interesse do docente pois não se trata de algo direto à temática não se tem conceitos necessários para melhor entendimento e correlação dos conteúdos para abordar uma geografia agrária significativa com a intenção de gerar nos alunos uma compreensão sobre os contextos sociais presentes no campo estimulando mais interpretações vagas Sousa Silva 2022 Sobre meios que podem ser usados como instrumentos metodológicos para evidenciar a realidade da questão agrária em todo o Brasil destaco a CPT que tem um papel importante na luta pela terra documentação e disponibilidade de dados relacionados ao campo especialmente os conflitos e suas causas com os cadernos anuais ressaltando o contexto social e político em que se encontra CPT 2024 Os dados podem ser utilizados para formar mapas e gráficos a partir da alfabetização cartográfica que podem ser expostos durante debates sobre o tema na disciplina de geografia nas salas de aula Os números encontrados demonstram o tamanho que se encontra a situação quem são esses sujeitos onde se localizam A Alfabetização Cartográfica como processo de desenvolvimento do domínio espacial é uma proposta metodológica que considera o aluno um sujeito no espaço vê e compreende compreende e representa representa e lê Esse caminho possibilitalhe construir as habilidades de mapear e ler outras representações tornandose apto a entender as dinâmicas do espaço geográfico A apreensão das dinâmicas espaciais é um processo essencial para a formação da consciência espacial cidadã na medida em que possibilita ao aluno avançar do conhecimento espontâneo para o entendimento crítico da organização e das possibilidades de mudanças espaciais Passini Carneiro Nogueira 2013 p 743 Segundo Passini 2017 p73 Podemos inserir na cartografia das representações gráficas os mapas e os gráficos A diferença entre eles está nas respostas que as imagens fornecem A imagem em um mapa responde à questão onde e os símbolos que informam a localização de uma cidade rio estrada ou zona não podem ser permutados Não se pode mudar a localização da cidade de São Paulo e do Rio de Janeiro Os dados de um gráfico são quantitativos e respondem as seguintes questões O quê Quanto Em qual ordem de proporção As barras ou qualquer outra forma de um gráfico podem ser permutas para formar uma imagem que comunique a informação de maneira mais clara Os gráficos como representação dos dados feitos pela CPT podem facilitar a compreensão e análise de padrões relações ou tendências em uma leitura única Na linguagem escrita ou falada mudamos a ordem das palavras ou as próprias palavras e tentamos diferentes combinações para dizer a mesma coisa até que a frase comunique a informação da forma mais clara possível Com o gráfico fazemos algo similar Enquanto sua essência não estiver clara rearranjaremos os dados de diversas sempre tendo em mente a relação entre os componentes da informação que queremos revelar A imagem formada deve permitir ver a informação no menor tempo possível de percepção sendo clara e de leitura única Passini 2017 p 83 No caso dos mapas um dos principais recursos do ensino de geografia poderiam ser projetados e utilizados pelos professores no ensino fundamental para especializar no território onde se encontram os diferentes agentes as localidades que estão passando por algum episódio ligado a conflitos ou lutas por terras Os mapas utilizados em sala de aula em conjunto com a teoria explicativa apresentada em categorias e conceitos transformam os elementos dessa linguagem em símbolos espaciais cotidianos a partir dos quais o aluno se integra ao assunto sendo capaz de interagir de forma crítica sobre o mesmo Assim o ensino se torna mais dinâmico e o educador consegue construir de forma mais concreta o conteúdo da disciplina de geografia sendo melhor compreendida com o uso da linguagem cartográfica Castro Quaresma So ares 2015 p 48 49 A imagem tem alguns benefícios como a instantaneidade e rapidez a síntese e a universidade pois o entendimento da imagem está ligado a um contexto histórico e sociocultural que pode não ser o mesmo para todos Menezes Pereira Corrêa 2019 Sabendo que muitas vezes a imagem tem um apelo maior que a linguagem verbal o uso dessas ferramentas como os mapas e os gráficos bem trabalhados pode ser eficaz na transmissão de informações voltadas ao ensino da geografia agrária fortalecendo as discussões e estimulando os estudantes Dessa forma é preciso educar cidadãos que estejam cientes e consigam discutir sobre as desigualdades sociais existentes a falta de acesso à terra a exploração humana e natural que ocorre atrelados a um sistema capitalista de produção agrícola Se o currículo padronizado não traz diretamente esses debates é preciso envolvelos para formar sujeitos críticos a partir de uma formação ativa e emancipadora Sousa Silva 2022 A abordagem da real questão agrária no ensino fundamental das escolas públicas do Brasil na disciplina de geografia é de grande importância Quando o campo é afetado por aspectos negativos o meio urbano consequentemente é impactado assim como toda uma sociedade 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS Ao discutir sobre a questão agrária de Alagoas analisando os dados encontrados nos Cadernos de Conflitos no Campo Brasil relacionados ao estado e refletindo sobre o ensino da geografia agrária presente no ensino fundamental É possível observar primeiramente que o território de Alagoas foi formado com acumulação das terras e a propriedade privada essas ações continuam gerando consequência atualmente A concentração fundiária e a monocultura da canadeaçúcar cooperam para desigualdades sociais no campo e os conflitos por terras gerando impactos negativos e significativos para aqueles como os semterra e os indígenas que necessitam do acesso à terra para sobreviver e produzir Os movimentos sociais como a CPT e o MST contribuem na conquista do direito à terra dos trabalhadores mas esses agentes precisam ser mais considerados principalmente pelo Estado que parece não ouvir suas reivindicações É notável que essa questão agrária está cada vez mais se agudizando frente a força do mercado principalmente no debate político A ausência de reforma agrária implica na manutenção da concentração fundiária dando espaço para mais casos de violências no campo e conflitos por terra o que já vem acontecendo há centenas de anos com mortes perseguições ameaças e expulsão dessas pessoas que sem o acesso à terra muitos não têm o que fazer acabam migrando para a cidade em busca de sobrevivência ou aceitando péssimas condições de trabalho A questão agrária é um tema que retrata a realidade brasileira sua discussão leva para debates que são necessários para compreender o que ocorre no campo mas apesar de sua relevância o conteúdo aparece com frequência de forma simplificada ou descontextualizada no ensino fundamental limitandose em diferenciações econômicas e produtivas entre o campo e a cidade Os conteúdos das habilidades trazem o debate de forma superficial ficando a critério do professor trazer ou não essas reflexões que envolvem a função social da terra o papel dos movimentos sociais a importância da reforma agrária o que pode favorecer o entendimento dos alunos e a formação do seu senso crítico Quando se trata da questão agrária em Alagoas revela uma estrutura marcada pela concentração fundiária herança da monocultura canavieira e pela exclusão histórica dos camponeses indígenas quilombolas e outros grupos socais O uso do território prioriza interesses do capital intensificando conflitos no campo e desigualdades sociais A resistência dos movimentos sociais como a CPT e o MST destaca a luta por terra como também uma luta por dignidade justiça social e reconhecimento A particularidade alagoana está na persistência dessas contradições que exigem mudanças estruturais profundas Diante do que foi exposto a reforma agrária não é apenas uma demanda social mas uma necessidade é um meio que pode promover a justiça territorial o combate à pobreza rural e o oferecimento de alternativas populares podendo diminuir os conflitos no campo Assim como a geografia agrária no ensino fundamental tem grande importância que apesar de aparecer discretamente os educadores podem articular os conteúdos com dados representações cartográficas e a vivência dos estudantes para que os mesmos possam perceber que a questão agrária não é um tema distante mas algo que afeta diretamente a vida de muitas famílias formando desde cedo sujeitos ativos REFERÊNCIAS ALMEIDA Luiz Sávio de LIMA José Carlos da Silva OLIVEIRA Josival dos Santos org Terras em Alagoas temas e problemas Maceió EDUFAL 2013 ALMEIDA Rosângela Doin de org Cartografia escolar 2 ed São Paulo Contexto 2007 AVIZ Emanuelle França de Arquivo da Comissão Pastoral da Terra Belém desafios e perspectivas no tratamento documental 2023 22 f ALVES S CRUZ R MACHADO F Formação econômica de alagoas da agroindústria canavieira à indústria sem chaminés turismo dependências e contradições Revista Rural Urbano v03 n 02 p 6181 2018 BAIARDI Amilcar MELLO Paulo Freire PEDROSO Maria Thereza Macedo Reflexões sobre as causas do declínio da reforma agrária no Brasil Colóquio Revista do Desenvolvimento Regional v 18 n 4 p sp outdez 2021 BRASIL Base Nacional Comum Curricular BNCC A Educação é a Base Brasília Ministério da EducaçãoCONSED UNDIME 2017 Disponível em httpbasenacionalcomummecgovbrimagensBNCCEIEF110518versaofianlsitepdf Acesso 15 maio 2025 CALDART Roseli Salete O MST e a formação dos sem Terra o movimento social como princípio educativo Estudos Avançados v 15 n 43 2001 CARTEIRA Miguel org Combatendo a desigualdade social o MST e a reforma agrária no Brasil Tradução de Cristina Yamagami São Paulo Editora UNESP 2010 CARTER Miguel org Combatendo a desigualdade social o MST e a reforma agrária no Brasil São Paulo Editora UNESP 2010 CASSELA Thais de Oliveira Áreas potenciais para cultivo de eucalipto na região hidrográfica São Miguel Alagoas 2019 CASTRO Carlos Jorge Nogueira de SOARES Daniel Araújo Sombra QUARESMA Madson José Nascimento Cartografia e ensino de geografia o uso de mapas temáticos e o processo de ensinoaprendizagem na educação básica Boletim Amazonense de Geografia v 2 n 3 p 4157 2015 DOI 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FEDERAÇÃO DAS INDÚSTRIAS DO ESTADO DE ALAGOAS Trajetória de Indústria em AlagoasFederação das Indústrias do Estado de Alagoas Instituto Euvaldo Lodi 1 Ed Maceió FIFE 2018 FERNSIDE Philip M Destruição e conservação da floresta amazônica Manaus INPA 2022 ISBN 9788521101932 FORMAN S Camponeses sua participação no Brasil online Rio de Janeiro Centro Edelstein de Pesquisas Sociais 2009 309 p ISBN 9788579820021 Disponível em httpbooksscieloorg GUIMARÃES Alessandra Rodrigues ALVES Sandra Aparecida Teorias agrárias e as resistências camponesas Revista Eletrônica Geoaraguaia v 4 n 2 p 204220 juldez 2014 IBGE Levantamento Sistemático da Produção Agrícola 2025 IBGE Produção da Extração Vegetal e da Silvicultura 2025 INCRA Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento 2025 JOSÉ Marcelo Marques Ferreira Filho A p lantation açucareira no nordeste do Brasil e a cartografia mental dos trabalhadores no mundo dos engenhos Pernambuco século XX 2025 KATUTA Ângela Massumi MELZER Ehrick Eduardo Martins A questão agrária e a educação dono campo Terra Livre São Paulo v 30 n 45 p 6297 2015 Lima W M da S Amorim A N dos S 2024 O diabo no meio do redemoinho a dialética destruição produção do capitalismo rural em Alagoas Plural 311 424444 httpsdoiorg1011606issn21768099pcso2024214654 LIMA Araken Alves de A agroindústria canavieira alagoana da criação do IAA à desregulamentação na década de 1990 2001 117 p Dissertação Mestrado em Economia Universidade Estadual de Campinas Campinas SP LIMA José Carlos da Silva Terra poder e liberdade a ocupação semterra na Flor do Bosque 2016 162 f Dissertação Mestrado em História Universidade Federal de Alagoas Maceió 2016 LIMA L G et al O deserto verde cresce em Alagoas uma análise crítica da expansão do eucalipto no estado Caderno de Geografia v 30 n 603 p 1210 2020 LIMA Lucas Gama OLIVEIRA Amanda da Silva MIRANDA Anderson Ribeiro Indígenas terra e território em Alagoas uma análise geográfica da atualidade da resistência Revista de Geografia Recife v 36 n 1 2019 LIRA Fernando José de Formação da riqueza e da pobreza de Alagoas Maceió EDUFAL 2007 LIRA Fernando José de Crise privilégio e pobreza Alagoas no liminar do terceiro milênio Maceió EDUFAL 1997 MEDEIROS D A de SILVA C J da Território usado e dinâmica social as iniciativas locais como possibilidade produtiva ao estado de Alagoas Sociedade e Território v 33 n 2 p 138161 2021 DOI 102168021778396 MESQUITA Adriel Leandro ROSSETTO Onélia Carmem CANTÓIA Sílvia Fernanda A geografia agrária na BNCC Terra Livre São Paulo v 35 n 54 p 886922 OLIVEIRA Luã Karll de Uso corporativo do território e produção da violência no estado de Alagoas 2017 162 f Dissertação Mestrado Geografia UFBA 2017 PINSKY Jaime A escravidão no Brasil 21 ed São Paulo Contexto 2010 Repensando a História ISBN 9788572447805 PORFÍRIO Fernando Matozinhos BLUML Luiz Felipe Magnago SILVA Ruth Stein Os lucros da escravidão no Brasil e seu impacto econômico Revista Pet Economia Ufes v 2 ago 2021 PRADO JÚNIOR Caio Formação do Brasil contemporâneo colônia 23 e d São Paulo Brasiliense 2000 RIBEIRO Ana Maria Motta et al Os cadernos de conflitos no campo da CPT Cadernos de Conflitos no Campo v 18 n 36 maioago 2020 RODRIGUES Gelze Serrat de Souza Campos et al Eucalipto no Brasil expansão geográfica e impactos ambientais Uberlândia Composer 2021 RODRIGUES G elze Serrat de Souza Campos ROSS Jurandyr Luciano Sanches A trajetória da canadeaçúcar no Brasil recurso eletrônico perspectiva geográfica histórica ambiental EDUFU 2020 SANTOS André Luiz da Silva et al A expansão da canadeaçúcar no espaço alagoano e suas consequências sobre o meio ambiente e a identidade cultural Revista CampoTerritório v 2 n 4 p 1937 2008 DOI 1014393RCT2411824 SANTOS Flávio dos CAMPOS Christiane Senhorinha Soares O avanço da sojicultura no nordeste brasileiro Diversitas Journal v 5 n 1 p 203220 2020 SANTOS Márcio Zacarias do Dos antigos engenhos banguês em Alagoas até o aparecimento das primeiras usinas na década de 1920 2023 102 f Trabalho de Conclusão de Curso Licenciatura em História UFAL 2022 SANTOS Raqueline da Silva Reforma agrária e educação no campo as contradições do Pronera em Alagoas 19982008 2014 218 f Dissertação Mestrado em Geografia Universidade Federal de Sergipe São Cristóvão 2014 SILVA Geovane Alves de Trajetórias geográficas das usinas de açúcar de Alagoas 2023 104 f Dissertação Mestrado em Geografia UFAL 2021 SILVA Roossélia Pontes Reforma agrária desafios enfrentados pelos assentamentos rurais alagoanos na aplicação das políticas públicas 2009 225 f Dissertação Mestrado em Sociologia UFAL 2018 SIMONETTI M C L CAMARGO A Geografia dos conflitos e violência no campo os dados dos governos do Partido dos Trabalhadores In SIMONETTI M C L org Territórios movimentos sociais e políticas de reforma agrária no Brasil Marília Oficina Universitária São Paulo Cultura Acadêmica 2015 p 97121 DOI httpsdoiorg103631120159788579837142p97121 Tenezini TCZ 1994 Escravidão e capitalismo na plantation colonial Raízes Revista De Ciências Sociais E Econômicas 10 118 Página 45 de 59 7 Poderia ter construído um mapa que espacializasse esses dados Seria um recurso muito mais interessante para identificarmos a distribuição dessas famílias assentadas por município Através dessa espacialização ficaria mais claro que os maiores assentamentos estão no Alto Sertão de Alagoas Não consta nas referências Não consta nas referências

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Texto de pré-visualização

UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS CAMPUS DO SERTÃO DELMIRO GOUVEIA GEOGRAFIA LICENCIATURA CLARICE ALVES DOS SANTOS A questão agrária em Alagoas dados da CPT e a Geografia no ensino fundamental Delmiro Gouveia AL 2025 CLARICE ALVES DOS SANTOS A questão agrária em Alagoas dados da CPT e a Geografia no ensino fundamental Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito parcial da Universidade Federal de Alagoas Campus do S ertão para intenção do grau de Licenciado a em Geografia Orientador a Pr of Dr Leônidas de Santana Marques Delmiro Gouveia AL 2025 FOLHA DE APROVAÇÃO AUTORA CLARICE ALVES DOS SANTOS A questão agrária em Alagoas dados da CPT e a Geografia no ensino fundamental Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao curso de Geografia da Universidade Federal de Alagoas Campus do Sertão como requisito parcial para obtenção do grau de Licenciado a em Geografia Aprovado em O6 de junho de 2025 P rof Dr Leônidas de Santana Marques Orientador Banca Examinadora Profa Dra Carla Taciane Figueiredo Examinadora Interna Prof Dr Lucas Gama Lima Examinador Externo AGRADECIMENTOS Primeiramente quero agradecer a Deus pelo presente de realizar mais um objetivo Ao concluir esta etapa tão importante da minha vida não poderia deixar de expressar minha profunda gratidão a todos que de alguma forma contribuíram para que este trabalho se tornasse realidade A gradeço imensamente à minha família que foi minha base em todos os momentos À minha mãe Nair e ao meu pai Wilson por todo amor incentivo e ensinamentos que me moldaram e me deram forças para seguir em frente Às minhas irmãs Carla e Kaline pelo apoio constante palavras de encorajamento e por estarem sempre ao meu lado torcendo por mim Ao meu namorado Erivelto que me acompanhou de perto nesta jornada oferecendo carinho compreensão e motivação nos momentos mais difíceis Sua presença foi fundamental para que eu me mantivesse firme e confiante Aos meus professores de curso que foram verdadeiros guias ao longo dessa caminhada acadêmica Em especial agradeço aos meus orientadores Lucas que esteve comigo no começo dessa jornada e foi muito importante no despertar do meu interesse relacionado ao tem a e por ter aceitado fazer parte da banca ao professor Leônidas que aceitou meu pedido e me fez chegar até aqui e à professora Carla Taciane ex celente profissional que também aceitou o convite para a banc a e fazer parte desse momento A s contribuições foram valiosas e levarei comigo os aprendizados que tive com cada um de vocês Aos meus colegas de curso pela parceria trocas de experiências e apoio mútuo em todos os desafios que enfrentamos juntos E com carinho especial agradeço à minha amiga Cleissiane pela amizade sincera pelos conselhos e por estar sempre presente oferecendo uma palavra amiga quando mais precisei essa etapa não seria a mesma coisa sem você A todos vocês meu mais sincero muito obrigada Este é um trabalho fruto de uma caminhada coletiva e sou grata por ter cada um de vocês ao meu lado RESUMO Este trabalho aborda a questão agrária no estado de Alagoas com ênfase nos conflitos fundiários e na forma como essa problemática é inserida no ensino fundamental O objetivo é analisar a questão agrária alagoana com base nos dados da Comissão Pastoral da Terra CPT evidenciando os principais conflitos registrados entre 2014 e 2023 e refletir sobre como a geografia agrária tem sido abordada nas escolas públicas especialmente no ensino fundamental A pesquisa foi desenvolvida por meio de revisão bibliográfica e análise documental dos Cadernos de Conflitos no Campo Brasil Os dados evidenciam a permanência da concentração fundiária da violência contra trabalhadores rurais e da ausência de políticas públicas eficazes voltadas para a democratização da terra no estado Ao mesmo tempo observouse uma abordagem superficial da temática agrária nos currículos escolares o que dificulta a construção de uma consciência crítica por parte dos estudantes Defendese portanto a importância de práticas pedagógicas que articulem os conteúdos escolares à realidade local utilizando estratégias interdisciplinares Dessa forma o ensino da geografia pode contribuir para a formação de sujeitos mais conscientes das desigualdades socioespaciais e do papel da educação na luta por justiça social no campo Palavraschave Questão agrária Alagoas Conflitos fundiários Geografia escolar Ensino fundamental ABSTRACT This study addresses the agrarian issue in the state of Alagoas with an emphasis on land conflicts and the way this issue is incorporated into elementary education The objective is to analyze the agrarian question in Alagoas based on data from the Comissão Pastoral da Terra CPT Pastoral Land Commission highlighting the main conflicts recorded between 2014 and 2023 and to reflect on how agrarian geography has been addressed in public schools particularly at the elementary level The research was developed through a bibliographic review and documentary analysis of the Cadernos de Conflitos no Campo Brasil Reports on Land Conflicts in Brazil The data reveal the persistence of land concentration violence against rural workers and the lack of effective public policies aimed at land democratization in the state At the same time a superficial approach to agrarian issues in school curricula was observed which hinders the development of students critical awareness Therefore the importance of pedagogical practices that connect school content to students local realities is emphasized using interdisciplinary strategies In this way geography education can contribute to forming individuals who are more aware of sociospatial inequalities and the role of education in the struggle for social justice in rural areas Keywords Agrarian issue Alagoas Land conflicts Geography education Elementary education SUMÁRIO 1 INTRODUÇ ÃO 8 2 PROBLEMATIZAÇÃO DA QUESTÃO AGRÁRIA DE ALAGOAS 10 2 1 Invasão colonial e a formação das plantations de cana de açúcar 1 2 Pilhagem dos territórios indígenas 1 3 23 Escravização dos negros 1 5 24 Transformação dos engenhos em usinas1 6 2 5 Os subsídios fiscais recebidos pelos usineiros IAA PROÁLCOOL PRODUBAN 1 7 3 A AUSÊNCIA DE REFORMA AGRÁRIA E A FORMAÇÃO DA CPT E DO MST 21 3 1 O atual quadro fundiário em A l agoas agronegócio da cana do eucalipto e da soja a distribuição fundiária de acordo com as atividades econômicas 2 7 4 VIOLÊNCIA NO CAMPO EM ALAGOAS E ENSINO DA GEOGRAFIA AGRÁRIA 3 4 4 1 CPT e os dados de conflitos no campo em alagoas3 5 4 2 Agentes acometidos nos conflitos no campo 4 0 4 3 Geografia agrária no ensino fundamental 4 4 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS 52 REFERÊNCIAS 5 4 1 INTRODUÇÃO A formação do território alagoano é marcada por desigualdades sociais e pela apropriação privada da terra A canadeaçúcar moldou o território as relações e a organização do espa ço especialmente a zona da mata isso contribuiu para a concentração de terras nas mãos de poucos assim como os meios de produção Os conflitos encontrados no campo em Alagoas se tornam a resistência de muitos grupos envolvidos como os semterra indígenas quilombolas posseiros entre outros que tentam apesar da hegemonia do agronegócio e da monocultura o direito à terra e melhores condições de vida no campo A questão agrária é um debate muitas vezes esquecido ou até mesmo ignorado dado que a terra é vista apenas como mercadoria e não um meio de produção e reprodução de vida de muitas pessoas não evidenciando a realidade que ocorre no campo O ensino da geografia agrária no ensino fundamental pode fazer com que os alunos consiga m formar uma visão real do que acontece no campo do tamanho das desigualdades dos conflitos e das dificuldades daqueles que escolhem permanecer Dessa forma essa pesquisa foi pensada por sua relevância social e educacional Notando que Alagoas é um estado onde ocorrem conflitos por terras que atingem diretamente a vida de muitas famílias mudam suas relações sociais e materiais existentes no território sendo muitos marginalizados da sociedade se torna fundamental evidenciar a luta dessas pessoas e os obstáculos encontrados Apesar disso no ensino da geografia agrária no ensino fundamental é possível observar que os conteúdos relacionados à questão agrária são frequentemente abordados de forma superficial ficando a critério dos professores promover discussões referentes à temática de forma crítica com reflexões sobre justiça social direito à terra e o papel dos movimentos sociais na luta por igualdade O objetivo geral é analisar a questão agrária alagoana com base nos dados da Comissão Pastoral da Terra CPT evidenciando os principais conflitos registrados entre 2014 e 2023 e refletir sobre como a geografia agrária tem sido abordada nas escolas públicas especialmente no ensino fundamental Esse trabalho tratase de uma revisão bibliográfic a Severino 2017 realizada a partir de leituras e análises de obras acadêmicas artigos científicos teses dissertações e livros que tratam da questão agrária no Brasil e em especial de Alagoas da geografia agrária como campo de conhecimento e da sua abordagem no ensino fundamental Foram priorizadas produções dos últimos 15 anos mas também foram consideradas obras clássicas que fundamentam teoricamente a discussão utilizando dados e categorias teóricas produzidas por esses autores com seus devidos registros Também nos valemos da produção de gráficos e tabelas como forma de reforçar nossas sínteses Gil 1989 que tiveram como fontes o IBGE CONAB INCRA e a CPT sendo a CPT a principal relacionada aos conflitos no campo em Alagoas com os números de ocorrências de conflitos no campo por terra ocupaçõesretomadas água trabalho escravo rural acampamentos e a quantidade de famílias afetadas e sua categoria pertencente nos anos de 2014 a 2023 A busca foi para ressaltar a persistência da concentração fundiária os processos de resistência no campo e os impactos sociais desses conflitos Além disso verificar em que medida o ensino da geografia contempla a realidade agrária e os conflitos territoriais No segundo capítulo é a bordada a formação territorial de Alagoas desde a colonização até os dias atuais a forma como ocorreu a invasão portuguesa e a introdução da canadeaçúcar no território ressaltando as consequências disso como os impactos negativos para os indígenas a escravização dos negros trazendo a mudança dos engenhos em usinas e como os subsídios fiscais recebidos pelos usineiros contribuíram para a manutenção da monocultura da cana No terceiro capítulo a discussão é sobre a ausência da reforma agrária com a formação da criação e a importância dos movimentos sociais como a CPT e o MST na luta pelo acesso a terra e diminuição da desigualdade encontrada no campo e o atual quadro fundiário em Alagoas mostrando as atividades presentes do agronegócio e seus efeitos O quarto e último capítulo voltouse para os conflitos presentes no campo em Alagoas com base nos dados da CPT que retratam esses conflitos quais os principais agentes acometidos e fatores que podem estar contribuindo com essas ações conflituosas e pouco difundidas Diante disso refletir sobre os conteúdos referentes à geografia agrária no ensino fundamental recursos didáticos que possam fortalecer reflexões e a importância desses debates em sala de aula 2 PROBLEMATIZAÇÃ O DA QUESTÃO AGRÁRIA DE ALAGOAS A questão agrária de Alagoas tem su a trajetória histórica sendo caracterizada por uma acentuada concentração fundiária Desde o período colonial a organização da produção agrícola foi orientada pela predominância dos latifúndios e pela monocultura da canadeaçúcar o que consolidou um modelo excludente e desigual no acesso à terra Durante o início do processo de colonização executado pelos po rtugueses houve um período relativamente extenso para que o território de A lagoas se tornasse uma pr ovíncia e por con seguinte o que conhecemos hoje como es tado de Alagoas O país ibérico não se interessou imediatamente por essa área pois não foram encontrado s metais pr eciosos e a dinâmica era direcionada para extração da madeira do pau brasil que por sua vez era feita de maneira intensiva sem replantio e sua exportação para outros países assim como seu poder telassocr ático a localização de vilas e cidades portuguesas durante as navegações foram próximas da costa De início não era intenção de Portugal ocupar o território até perceber que o mesmo poderia ser perdido para outros países como é o caso são o caso dos franceses que já frequentavam o litoral provocando assim conflit os para posse do local e não apenas com os fr anceses mas com os ho landeses que estavam em busca de conquistar território s C arvalho 2016 Ainda no século XVI Dom João III instituiu o que ficou conhecida como a s capitanias hereditárias em uma investida de organizar a ocupação do Brasil para que a Coroa portuguesas tivesse um maior controle c om a doação de sesmarias usada para distribuir ter ras em nome do rei de Portugal F oi medida utilizada largamente no período colonial brasileiro que posteriormente fo i u sada p ara criar outra sesmarias que continuou por muito tempo juntamente com a ocupação e possa de terras devolutas as formas comuns de apropriação da terra em todo o Brasil C osta 2007 Em Alagoas foram doadas aos futuros senhores de engenhos em tamanhos que mu itas vezes não era m definidos h avi a na verdade algumas cujos limites eram os rios já outras possuíam em torno de 32 mil quilômetros quadrados o que constava em longas extensões de terra Por essas dimensões percebese o tamanho exageradamente grande da propriedade onde a canadeaçúcar começou a ser cultivada nesses territórios D esse modo conseguiram as melhores terras férteis onde havia várzeas encostas e rios que era m de fácil navegação e isso acabou ajudando com as condições favoráveis à implantação e expansão dos engenhos de açúcar L ira 2007 O estado de Alagoas teve seu surgimento do ponto de vista formal a partir do desmembramento da Capitania de Pernambuco através do Decreto Régio de 16 de setembro de 1817 embora já possuindo certa autonomia econômica antes dessa data podendo assim ser dito que Alagoas foi constituído enquanto unidade territorial autônoma mediante os interesses de sua classe dirigente na época composta por senhores banguês e comerciantes bem sucedidos que por meio do poder econômico gozavam de uma relativa liberdade políticoadministrativa Alves Cruz Machado 2018 p 65 Para que a expansão de cana ocorresse em forma de monocultura fazendo com que Alagoas no período do Brasil colonial se tornasse a segunda região com a maior produção de açúcar ocorreu o desmatamento desenfreado da mata local a expulsão violenta dos indígenas das suas terras onde muitos foram dizimados e outros cometeram suicídio por não aceitar sua expropriação da s terras e os que resistiram houve dis criminação e perseguição pelos colonos L ira 2007 e as tentativas de invasão ao Quilombo dos Palmares marcada por lutas e resistência P or interesse dos portugueses na região a s atividades de predominância econômica agrícola foram voltadas principalmente para cultivo da canadeaçúcar centrada na Zona da Mata e a pecuária que foi um dos fatores que contribuiu para que os invasores fossem adentrando o Sertão produções essas realizadas em grandes propriedades c ontribuindo para a concentração da terra e a acumulação de capital C arvalho 2016 Adjacente ao estabelecimento dessa conjuntura política e social de interesses que se instaura em Alagoas constituiuse um regime autoritarista e excludente de aprofundamento da pobreza e da miséria sobre os povos mais pobres Por conseguinte este processo se intensificou de maneira especial quando da tomada das terras de forma abusiva e sangrenta pelos médios e grandes proprietários e s enhores de engenho para o cultivo extensivo das plantações da cana de açúcar o q ue levou a quase total supressão da população indígena e negra que no território a lagoano sobrevivia Oliveira 2017 p 46 Podese considerar que todo esse processo de formação e atividades econômica s reproduzida em Alagoas ger ou marcas profundas e um quadro de desigualdade social que não consegue ser revertido pelo fato d e o processo de p roduções e renda ainda est ar ligado fortemente à monocultura da canadeaçúcar juntamente com a propriedade da terra E ssa situação favorece poucos e acaba marginalizando uma grande parte da população em especial do meio rural onde se reproduz a pobreza atividades de produção agrícolas antigas sem auxílio de meios tecnológicos e de subsistência L ira 2007 2 1 I nvasão colonial e a formação das plantations de cana de açúcar Pela dimensão do território os portugueses tiveram que dispersar em povoamentos que foram formados levando em conta alguns fatores como o Tratado de Tordesilhas onde Portugal teve que ocupar e defender vários pontos da costa A expansão interior por outro lado com o bandeirismo predatório dos indígenas e prospector de metais e pedras preciosas e em seguida a exploração de minas no Norte se concretizou com as missões católicas catequizadoras do gentil na região Nordeste com os centros agrícolas e os consumidores de carne que foram ocupando com os seus rebanhos P rado J unior 2000 Essa invasão e os povoamentos feit os p ela coroa se deu no Brasil de modo conflituoso e violento Qu ando os po rtugueses invadiram o território brasileiro já havia povos originários localizados em todas as regiões do país que viviam em comunidades se diferenciando em vários grupos de etnias com suas própria s línguas e costumes culturais Em A lagoas não foi diferente a invasão dos portugueses voltada para a produção da canadeaçúcar também não respeitou os indígenas que já habitavam o lugar C arvalh o 2016 A plantação da canadeaçúcar se deu no século XV I em todas as capitanias brasileiras mas pelas condições climáticas geográficas e políticas dentre os grandes produtores que se destacaram est avam Pernambuco e Bahia Para a realização dessa atividade de produção de açúcar era preciso uma quantidade extensa de terras para que pudesse ser implantado um engenho era m necessários recursos inclusive importados a implantação de um engenho não era uma tarefa fácil mas uma operação complexa pois significava derrubar a mata com suas difíceis tarefas plantar canaviais e lavouras de subsistência trazer e instalar maquinaria construir a casagrande e a senzala dessa forma era preciso ter um poder aquisitivo considerável Como o Brasil não contava com os recursos preciso s os donos de sesmarias necessitavam importar da Europa animais de tração como bois e cavalos e principalmente da África sua parte mais valiosa a mão de obra e scrava que contribuiu forçadamente para que esse sistema de produção pudesse se tornar uma realidade como a sua manutenção C arvalho 2016 Com as facilidades encontradas n a região os portos naturais a mata atlântica que oferecia recursos naturais como a madeira a expansão dos engenhos cresceu e em Alagoas no século XVIII já contava com um conjunto de quase 40 engenhos Mesmo com o crescimento populacional e e ma ncipação política de Pernambuco Alagoas acaba se tornando dependente da monocultura da canadeaçúcar principal atividade econômica l ocal e de poder O se nhor de engenho não era ap enas o chefe de sua propriedade tinha grande influência com s eu prestígio dominava todo o espaço que o cercava se consagrava pelo m odelo de desenvolvimento que definiu as linhas básicas de um sistema de produção que se tornava realidade baseado na grande propriedade e no trabalho escravo que a pós a abolição marca definit ivamente a história do Estado L ira 2007 A plantation enquanto sistema especial de dominação para o lucro funcionava com base numa combinação de fatores que não apenas associados mas em simbiose e formando uma rede permitiam sua existência i a manipulação das formas espaciais associada a ii inoperância ativa do Estado garantiam o isolamento da força de trabalho no interior dos engenhos Estás por sua vez iii facilitaram o uso da violência na extração do sobretra balho e manutenção da dependência dos indivíduos O medo gerado pela proliferação do clima de terror decorrente dos atos normativos de violência iv garantiam a imobilização dos indivíduos que em associação com todos os fatores anteriores v sustentavam o sistema de exploração Filho 2015 p4 E sse sistema de plantation implantado pelas nações europeias em suas colônias era visivelmente e intenso em Alagoas com a produção da canadeaçúcar reforçando as desigualdades sociais e as relações de trabalho 2 2 Pilhagem dos territórios indígenas Os indígenas do Brasil foram sem dúvidas os povos mais perseguidos e mortos pelos colonos dur ante a invasão do país Os povos indígenas tiveram suas terras tomadas pelos portugueses de mane ira violenta Pa ra tentar escapar os indígenas usavam seus esconderijos e se embrenhavam na floresta em posições de ataque ou defesa To davia suas armas eram muito primitivas e de pequeno alcance o que tornavam o combate muito desigual em comparação aos europeus estavam sempre bem armados e por considerarem os indígenas com o o s grandes inimigos pessoais e do progresso que estavam tentando impor a todo custo usavam de todos os meios para eliminá los ou expulsálos para lugares mais distantes forçando sua desocupação das próprias terras Os indígenas foram caçados e vistos como animais selvagens sua cultura não teve qualquer respeito expostos a doenças dos brancos com as quais nunca tiveram contato obtendo sua libe rdade definitivamente depois de séculos L ira 2007 Desde o início os colonos visavam o aproveitamento dos povos indígenas como um elemento participante da colonização contribuindo para o tráfico mercantil de produtos nativos como aliado e um trabalhador que deveria ser aproveita do levando em consideração o tamanho da área que tinha que ser ocupada P rado Junior 200 0 Os meios utilizados que para tr ansformar o s indígenas legalmente em escravos foram a guerra justa onde os capturados tornavamse propriedades legítimas d e seus captores ou podi am ser vendidos como escravos não só aos colonos como a coroa portuguesa e aos missionários Por resgate que se tratava do resgate dos índios que se encontravam presos e por serem salvos deveriam trabalhar como escravos para seu salvador E por descimento onde eles usavam falsas promessas de terras para novas aldeias para poder convencer os indígenas de deixarem suas terras e seu modo de vida expedição essa feita primeiramente pelo m issionários S u chanek 2012 Para além da sua escravização foram expostos a doenças que n unca tiveram contato antes em especial a gripe que acabava causando epidemias T udo isso era visto como contratempos adversos para o processo da canadeaçúcar pelos c olonos que queria m produzir na região em terras com um grande número de hectares L ira 2007 Como os colonizadores queriam cultivar a canadeaçúcar num modo de produção racional a escravidão dos índios teria que ser feita também nesse modelo econômico de fluxos de despesas receitas e lucros sem qualquer respeito à cultura indígena obrigandoos a trabalharem de sol a sol e a viverem em condições de habitação saúde transporte e trabalho extremamente difíceis Os custos de captura a recusa do trabalho forçado a fuga relativamente fácil e a resistência pela guerra faziam dos índios uma força de trabalho de custo baixo mas totalmente desajustada ao modo capitalista de produção que prevalecia no caso da canadeaçúcar L ira 2007 p12 Os indígenas que resistiram a esse processo foram aqueles que conseguiram fugir ou os que sucumbiram por falta de opção aos aldeamentos jesuítas criado por missionários e padres onde eram educados para viver e se tornarem cristã os negando suas origens e sendo obrigados a uma cultura totalmente distinta daquilo qu e eles acreditavam e cultuavam Várias leis também foram feitas para que não ocorresse mais a escravização dos indígenas todavia os povos originários não receberam seus territórios de volta ou tiveram alguma lei protegendo aqueles que ainda se encontrava m vivendo na floresta Lira 2007 2 3 Escravização dos negros A escravidão é uma relação caracterizada por sujeitar um homem ao o outro o escravo não se torna apenas uma propriedade do senhor mas sua vontade sujeita ao dono e o seu trabalho pode ser obtido pela força P in sky 2012 O comércio dos negros escravizados que chegavam ao Bra sil s e tornou uma atividade econômica lucrativas africa nos que conseguiam desembarcar vivos já começavam a ser vendidos nas ruas P or fírio B lulm S ilva 2021 No Brasil a produção da monocultura da canadeaçúcar necessitava de forca de trabalho barata e eficiente os portugueses perceberam que os índios não estavam conseguindo realizar ta is atividades de modo que satisfizess em s eus objetivos A coroa portuguesa começou a ado tar escrav izados afr icanos a partir de 1574 posteriormente iniciouse a escravidão africana no ano de 1638 africanos e afrodescendentes brasileiros não tornaremse apenas força de trabalho barata mas um grande negócio econômico Esse tipo de força de trabalho v eio substituir a escravidão indígena por serem considerados mais produtivos e adequados para o trabalho L ira 2007 e isso incentivou cada vez mais a co mercialização dos escravizados isso fez com que um quarto pelo menos do comércio importador da colônia se constituísse de escravizados P rado Junior 2000 Em 1860 a população de Alagoas era de 249704 habitantes Desse total 44418 eram escravos sendo que 885 desses estavam no meio rural e trabalhavam na canadeaçúcar Na verdade o povoamento de Alagoas iniciouse no século XVII concentrando sua população em Porto Calvo Alagoas do Sul Alagoas do Norte Penedo e Atalaia A canadeaçúcar e associado a ela o negro foram responsáveis por assegurar o povoamento d a província L ira 2007 p13 Durante o período colonial os engenhos de açúcar se consolidaram como os principais centros econômicos e estruturais da sociedade brasileira contribuindo significativamente para a ocupação e urbanização de diversas regiões inclusive Alagoas Esse modelo de produção dependia integralmente do trabalho de pessoas escravizadas que eram forçadas a viver em condições extremamente precárias Os escravizados em sua maioria africanos e seus descendentes eram submetidos a jornadas longas e árduas tanto nas plantações quanto no interior dos engenhos Além disso eram alvo constante de punições físicas e psicológicas e tinham suas culturas sistematicamente negadas sendo obrigados a adotar a língua portuguesa e a religião católica como parte de um processo violento de assimilação cultural Schwarcz G omes 2019 Os negros eram vistos como pessoas inferiores considerados como animais de trabalho que nasceram para servir e não para ter contato ou interações pessoais por isso as fazendas eram projeta das pa ra que os donos dos engenhos ficassem longe tanto do latifúndio quanto da senzala para evitar contato Brutalidades aconteciam a qualquer resistência de ordem como serem castigados no tronco acorrentados chicoteados etc Havia uma alta taxa de mortalidade que logo era resolvida com a aquisição de novos escravizados T onezini 1994 As mulheres escravizadas além da lavoura serviam à casa às crianças e a os senhores naquilo que eles desejassem Mesmo assim eles continuaram resistindo com fugas rebeliões até a formação do Quilombo dos Palmares local esse que ficava escondido na mata que servia de esconderijo e refúgio dos negros que tentavam com todas as forças se ver livre da escravidão e que foram se constituindo em comunidades presentes em várias localidades brasileiras próxima aos engenhos as minas de ouro e pedras preciosas n os sertões e nos campos L eite 2017 2 4 Transformação dos engenhos em usinas Os engenhos perdurar am por muito tempo no c enário alagoano mas com as crises o processo de modernização que chegou final do XIX não d eu cha nces para que o s mesmo s continuasse m a vigor ar E ra preciso se modernizar para acompanhar os outros países novas técnicas industriais era usadas fazendo do engenho banguê um artefato cada vez mais ultrapassado e limitado L ira 2007 O engenho denominado banguê era uma unidade complexa autossuficiente que integrava a produção agrícola e manufatureira Os colonizadores que estabeleceram as propriedades açucareiras e os engenhos banguês no Brasil consideravamse a nobreza da Colônia similarmente àquela de Portugal Caracterizada pela posse de grandes extensões de terras e pelo controle de numerosos dependentes formaram ao final do século XVI a classe dos senhores de engenho na maior parte constituída por portugueses e por alguns espanhóis florentinos e flamengos Rodrigues Ross 2020 p 42 Foram implantados 3 engenhos centrais em Alagoas n a última década do século XIX o s engenhos centrais Brasileiro Utinga Leão e Sinimbu Apesar da importância da id eia essa implantação não recebeu apoio dos senhores de engenho banguê que temiam perder o poder de serem donos do açúcar status esse que ofereciam diversas vantagens e apropriação de terras Com as intervenções do governo no setor açucareiro os estabelec iment os de cotas a comercialização da produção e estipulando preço comprando açúcar excedente e proporcionando subsídios fez com que os usineiros mais beneficiados pelos recursos governamentais crescessem no setor industrial A o utilizar suas canas no fabrico do açúcar e m terras próprias e não obedece r ao princípio de separação transformavamse usinas Essas usinas precisava cada vez mais buscar a perfeiçoamentos tecnológicos apesar da resistência dos senhores de engenho a essa ideia não teve outra opção a não ser se adaptar à nova forma de produção dando inici o ao engenho banguê em usina onde o senhor agora usineiro passaria a ser dono da cana e do açúcar continuando portanto como industrial e ao mesmo tempo como grande latifundiári o L ira 2007 A decadência dos engenhos ban guês coincide portanto com o aparecimento da usina uma realidade tecnológica muito diversa do sistema tradicional O aproveitamento da eletricidade como força motriz a utilização do bagaço como combustível o emprego de cal como decoada em lugar da potassa as fôrmas de a çúcar de metal o aparelhamento para fabricar açúcar branco sem purgar e o uso do arado foram inovações que acompanharam as transformações que afetaram o velho mundo do banguê Essa nova realidade e a competição acabaram por liquidar o engenho Sem poder concorrer com a produtividade e a alta qualidade do produto da usina eles foram pouco a pouco minguando passando a fogo morto Tenório 2011 p19 As usinas foram se tornando realidade no final do século XIX e durante o século XX A primeira usina instalada em Alagoas introduzindo novos equipamentos tecnológicos e métodos de produção objetivando baixar os custos de produção e uma maior competitividade do produto no mercado internacional foi a Usina Brasileiro fundada em 189 2 no município de Atalaia que mais tarde seguiramse a instalação de outras usinas como a Usina Apolinário instalada em 1985 em São José da Lage a Usina Leão no ano 1894 em Santa Luzia do Norte antes a Usina Leão fazia parte do município de Rio Largo quando este se tornou um território autônomo a Usina Serra Grande em 1984 também em São José da Laje a Usina Sinimbu em 1984 situada em São Miguel dos Campos e a Usina Urina antes de 1897 Santos 2022 p81 Transformações neces sárias para poder competir com as produções de outras regiões e países modernizando o processo e contando principalmente com a ajuda do governo federal e estadual que além de subsidiar a construção investiram em estradas como ferrovias para conseguir construir outras usinas pelo Estado 2 5 Os subsídios fiscais recebidos pelos usineiros IAA PROÁLCOOL PRODUBAN Sem dúvidas os su bsídios fiscais recebidos pelos usineiros em Alagoas é um fator de destaque em rel ação a permanência e reprodução da monocultura da cana deaçúcar no Estado No nordeste e em especial em Alagoas os subsídios de diversos programas agrícolas foram atualizados para comprar terra o que criava uma situação confortável aos usineiros para continu ação da produção da cana e concentração fundiária L ira 2007 O governo federal através do IAA Instituto do Açúcar e do Álcool fundado na era Vargas cria uma série de medidas que acabam por financiar a compra de terra e consequentemente o aumento da área cultivada com cana chegando a atingir a Zona da Mata o Litoral e o Planalto também chamado de Tabuleiro Com os subsídios estatais e a concentração da propriedade da terra os senhores de engenho desde o século XVIII e os usineiros a partir do final do século XIX usam sua força política transferida de pais para filhos fazendo valer seus interesses e mantendo o comportamento típico da classe senhorial com reflexos profundos na sociedade alagoana inibindo inclusive quaisquer reformas e mudanças L ira 2007 p 5455 O governo intensificou o IAA financiando a modernização da atividade açucareira não apenas em recursos destinados a compra da terra mas em intenção de impostos de máquinas concessão de empréstimos juros baixos e prazos longos contribuiu como um forte incentivo O que é possível observar é o governo empenhado em considerar as condições e facilitar para essa elite que foi surgindo no território os usineiros não apenas se encontram com grandes porções de terra mas com o poder político local usado para benefício próprio Quanto ao conceito de elite ele pressupõe poder influencia responsabilidade pelos resultados de suas decisões e ações sendo que é a classe que dispõe dos meios de acelerar ou retardar os processos de mudanças sociais Desde que foi emancipado Alagoas sempre representou o grande guardachuva protetor de suas elites Logo com a emancipação política do Estado de Alagoas a elite agraria assume também o poder político pois sendo a principal base da economia com o poder econômico que ostentava determinou sua área de interesse e dominação o que lhe permitiu o privilégio de impor o modo de produção e de vida a sociedade de todo o Estado L ira 199 7 p 2324 A produção da canadeaçúcar e as grandes propriedades estão sob o controle de uma pequena parcela da sociedade alagoana que se perpetua desde o processo da colonização Por tanto essa elite local contava com incentivos do governo para continuar a produção da cana mesmo com todos os adventos negativos que o açúcar vinha sofrendo O IAA Instituto do Açúcar e do Álcool fundado na era Vargas contribuiu com uma série de medidas para a compra e financiamento de terras o que acabou aumentando a área de cultivo de cana chegando a ocupar em Alagoas a Zona da Mata o Litoral e o Planalto Os usineiros estavam mais preocupados em adquirir terras do que mudar a forma de produção C ontava m com um certo apoio do Governo Federal que lhes proporcionavam benefícios dos subsídios fiscais fazendo com que os usineiros permanecerem com pensamentos de grandes latifundiários concentrando a estrutura fundiária e prorrogando isso até os dias atuais poder esse passado por gerações onde essa elite usa hoje do seu poder político a favor dos seus próprios interesses moldando a sociedade alagoana que fica à mercê de mudanças e reformas que não fazem parte desses interess es envolvendo essa minoria que exerce tanto poder e influência na região L ira 2007 O Proálcool ou Programa Nacional do álcool criado na década de 1970 no Brasil que tinha como intuito estimular a produção de álcool com o objetivo de atender tanto o mercado externo quanto o interno e minimizar a crise do petróleo com a produção de álcool anidro De ntre os programas criados a partir de 1950 o Proálcool tem uma grande relevância no que se refere ao aumento da produção de canadeaçúcar em Alagoas e no desenvolvimento tecnológico do setor sucro alcooleiro O Proálcool junto com as suas vantagens ativa mais uma vez o ciclo da concentração de terra local Os incentivos fiscais não apenas colaboraram para a expansão da monocultura da cana no Estado mas causaram grandes problemas ambientais como o desmatamento de grande parte da vegetação original do território diminuição dos recursos vegetais e mudanças signi ficativas das vivências rurais O encerramento do programa afetou sig nificativamente a economia pois não houve na região diversificação das atividades agrícolas e nãoagrícolas Lima 2001 O antigo Banco de Produção do Estado de Alagoas Produban foi um incentivo da economia estadual de apoi o às atividades rurais industriais e comerciais sendo um agente financeiro indicado para abertura e manutenção das contas vinculadas das indústrias que eram beneficiadas sendo a SEFAZ responsável pela autorização do uso dos recursos do ICMS que inicialmente eram voltados para máquinas e equipamentos e com o tempo para suporte de giro o que foi importante para os empresários interessados principalmente após a queda do Pro álco ol na concessão de empréstimo mas c om a crise o Produban sofreu processos de intervenção e liquidação FEDERAÇÃO DAS INDÚSTRIAS DO ESTADO DE ALAGOAS 2018 É nesse contexto de formação do território alagoano d as mudanças n os meios de produção e d a resistência da m onocultura da cana que se acentuam as desigualdades agrárias O pr óximo capítulo abordará a ausência de reforma agrária efetiva e como a mesma contribuiu para o surgimento e fortalecimento de organizações como a Comissão Pastoral da Terra CPT e os Movimentos dos Trabalhadores Rurais sem T erra MST e o s seus papéis na mobilização e resistência dos trabalhadores r urais 3 A AUSÊNCIA DE REFORMA AGRÁRIA E A FORMAÇÃO DA CPT E DO MST Desde a antiguidade a reforma agrária se tornou um instrumento de redistribuição de riqueza Carter 20 10 Poder ser compreendida como um processo político e social que tem como objetivo a redistribuição de terras improdutivas que muitas vezes estão concentradas nas mãos de poucos e com isso oferecer um acesso mais democrático à terra promovendo uma justiça social no campo tendo em vista que essa acumulação é resultado de um processo imposto de dominação do espaço rural O latifúndio brasileiro tem suas origens relacionadas de forma direta aos interesses das classes dominantes e às relações envolvendo as produções capitalistas no campo e a concentração da propriedade privada o que formou atributos que até hoje são levados em consideração no que diz respeito à questão agrária No Brasil diversos elementos impossibilitaram que o modelo da Reforma agrária clássica fosse implementado no processo de industrialização do país O primeiro deles é a relação entre a oligarquia rural e a burguesia industrial Diferentemente da europeia a mudança das classes proprietárias rurais pela nova burguesia industrial não exigiu uma ruptura total do sistema por razões estruturais No caso brasileiro a concentração fundiária não foi um obstáculo ao desenvolvimento do capitalismo ao contrário houve a unificação entre o latifundiário e o capital industrial numa aliança entre capital e propriedade da terra intermediada pelo Estado Essa aliança possibilitou que a economia rural subsidiasse o desenvolvimento industrial Além disso a alta concentração de terra e consequentemente o êxodo rural garantiu a criação de um exército industrial de reserva que barateava a força de trabalho no meio urbano Instituto Tricontinental de Pesquisa Social 2020 p18 Q uando falamos sobre lutas podemos notar qu e Alagoas foi palco de grandes ações sociais relacionada ao contexto histórico em que o pais se encontrava o desejo pela liberdade é reconhecido desd e o ab olicionismo que tinha como objetivo acabar com a escravidão o que impulsionou em especia l os escravizados a criação dos quilombo s que se tornaram espaço de resistência a escravidão de produção e vida em comunidade parte fundamental da história não só do Brasil como d a identidade de Alagoas Silva 2009 É observado que to do o processo de distribuição da terra que ocorreu desde a chegada dos portugueses concretizou problemas significativos em relação a questão agrária que se perpetuam até os dias atuais onde existe uma grande concentração de terras nas mãos de poucos Pr inci palmente aqueles agricultores que não possuem suas próprias terras como também os pequenos produtores que mesmo com poucos incentivos continuam resistindo no meio rural Em Alagoas desde a época colonial os pequenos produtores sofrem as duras consequências de estarem em uma formação social politicamente dominada pelo latifúndio Apesar de uma situação subordinada e débil a pequena lavoura surgiu sobrevivendo ao lado da grande propriedade em grande medida dentro do próprio latifúndio no caso dos moradores e a proporção entre as áreas ocupadas pelos d ois tipos de empreendimento foi diferente em cada conjuntura históric a e em cada região do Estado S ilva 2013 p 9293 Não tem como dissociar a questão ag rária de Alagoas sem basear a mesma com a formação de grandes latifúndios e a plantação canavieira que embora esteja envolvida em muitos momentos de crises continuam produzindo e estão presente na região do Leste Alagoano que acaba transforman do a s outras regiões como o Agreste e o Sertão em locais que formam e tem a predomin ância de minifúndios pequenas e médias E sse poder sobre a terra e os meios de produção mexe de forma direta e significativa com as relações de trabalhos no campo mesmo que atualmente a atividade da produção da canadeaçúcar não apresente mais tanta força como antes T em os trabalhadores sazonais que ainda precisam dessa atividade empregatícia para garantir renda e quando os postos de trabalho se tornam menores a condição de v ida é piorada e os salários pagos convertese ainda em mais baixos sendo a divisão do trabalho a expansão do mercado interno e a industrialização inibidas S ilva 2013 Historicamente em Alagoas o que se tem visto nas análises de alguns estudiosos é uma ação propositiva do Estado de forma totalmente subserviente aos interesses dessa aliança entre capital e terra Os latifundiários sejam os usineiros da cana sejam os grandes proprietários dos currais do gado e produtores de algodão os dois produtos agrícolas cana e algodão principais da pauta de exportação em Alagoas no começo do século XX recebiam todas as benesses desse Estado intervencionista Os demais sujeitos do campo entre eles o campesinato praticantes de formas diversas de agricultura camponesa responsáveis pela produção de alimentos para essa sociedade foram alijados em ampla medida das políticas e ações desse Estado A reforma agrária foi um tema totalmente silenciado durante quase todo o século XX em Alagoas C osme 2019 p 163 Os latifundiários de Alagoas formam um grupo composto por um número pequeno de famílias que possuem grandes quantidades de terra usinas de canasdeaçúcar e que são envolvidas em vários setores de produção de bens de consumo e até entretenimento além da sua participação direta n a política o que faz com que dessa forma possam manter seus interesses pessoais em evidência Mesmo com todas as adversidades a luta por reforma agrária acontece no Es tado desde a década 1980 entre os fatores que impulsou tal tomada de decisão foi a percepção d os trabalhadores do campo ao direito a terra e não exploração da mão de obra foram fundamentais M uitos guiados pela I greja C atólica e motivados pela Teologia da Libertação conseguiram levar a s desigualdade e conflitos que aconteciam no campo para toda região conscientizando outros trabalhadores da importância da união e da implantação de ações que pudessem transformando o cen ário da época Cosme Pereira 2021 A Camisão Pastoral da Terra aparece nesse contexto de injustiça social sua criação em 1975 em Goiânia ocorre durante um encontro de bispos e pre lados da Amazônia O Brasil passava por um período delicado com a ditadura empresarial e fortes propostas econômicas de desenvolvimento feitas pelo r egime o que fez com que várias empresas privadas se interessassem pelo interior do paí s por in centivo do governo fazendo com que muitos trabalhadores rurais fossem expulsos da suas terras ficando sem seus meios de produção e de sobrevivência A vi z 202 2 O serviço Pastoral da CPT teve início em 22 de junho de 1975 em Goiânia GO durante o Encontro Pastoral da Amazônia A missão inicial era trabalhar com as comunidades camponesas e os povos indígenas ameaçados pelo avanço do capital na nova fronteira agrícola que rumava à Amazônia Com sua gênese ecumênica é uma pastoral criada para atuar no conflito agrário sendo uma presença ativa para os empobrecidos do campo Almeida Lima Oliveira 2013 p366 Foi com uma transição ocorrida nos trabalhos da Pastoral Rural em 1987 que a CPT surge em Alagoas justamente com o intuito de ajudar as causas direcionadas a distribuição justa da terra para aqueles que não tinham acesso e nem forma de manter sua própria subsistência A Comissão P astoral da T erra começou voltando seus trabalhos junto aos assalariados do corte de cana onde havia uma monocultura forte e a predominação n as usinas de cana deaçúcar contribuindo para o aparecimento de m ovimentos como próprio Movimento dos T rabalhadores Rurais Sem T erra MST não apenas envolvida em ações relacionadas à posse da terra mas aos direitos trabalhistas e as oposições sindicais dos assalariados de corte de cana A C P T n ão se restringiu apenas á Zona da Mata tornando suas ações direta s em todo o E stado provendo a formação de acampamentos assentamentos de reforma agrária e a luta dessas pessoas que ainda não conseguiram a posse das suas terras que sofrem com a falta de visibilidade e compromisso político Almeida Lima Oliveira 2013 Todo esse comprometimento acontece até os dias atuais e a CPT se faz presente e m muitas ações voltadas a os direitos dos trabalhadores rurais como o acesso e a permanência na terra O utro agente de extrema importância é o Movimento dos Trabalhad o res Rurais sem Terra MST que su rgiu n a década de 1980 e tem seu destaque na década de 199 0 tornandose na maior expressão política da luta pela terra e reforma agrária se tornando o movimento popular mais importante do Brasil C oletti 2005 Teve i ncentivo também da Comissão Pastoral da Terra para busca e lutas sociais voltadas para uma socieda de mais justa e igualitária composto em grande maioria por trabalhadores do campo que tivere m que deixar as atividades a grícolas mas que almejam voltar O campesinato em Alagoas através das organizações e movimentos sociais do campo passa a se articular desde o início da constituição do MST Sem necessitar pedir licença a quem quer que fosse o campesinato alagoano dando mais um passo à frente enquanto classe social foi forjando suas estratégias rebeldes para a arena da luta de classes A luta pela terra que sempre esteve presente ao longo da formação territorial alagoana agora se materializava na bandeira da reforma agrária com o nascimento do MST no estado C osme 2019 p226 As lutas em Alagoas sempre foram contra esse sistema acumulativo de capital qu e con creta q uantidades exorbitantes de terras e onde predomina o grande latifúndio S uas práticas foram dirigidas para a ocupação das terras improdutivas visando á p osse e os meios de produção para que possam produzir reproduzir e se manter no campo As primeiras ocupações de terra no es tado pelo MST ocorreram n o município de Delmiro Gouveia localizado na m esorregião do s ertão de Alagoas por conflitos que envolveram o grileiro que arrendou as terras onde havia dezenas de família e pela improdutividade que se encontravam C osme 2019 Disputas essas muitas vezes violentas e cheias de ameaças foram vários integrantes do movimento que acabaram perdendo suas vidas A té que a posse seja dada o processo é longo e cheio de incertezas e promessas não cumpridas muitas são as famílias que acabam deixando o movimento mas ele continua firme e mudando a realidade agrária local De acordo com o INCRA 2025 h o je são muitos os assentamentos cerca 1 81 projetos conforme fases de implementação composta por em obtenção préprojeto de assentamento assentamento em criação assentamento em instalação assentamento em estruturação assentamento em consolid ação assentamento consolidado assentamento cancelado e assentamento revogado a distribuição de famílias assentadas na mesorregião do Sertão podem ser observa das no quadro 1 Tabela 1 Distribuição das Famílias Assentadas n os Municípios da Mesorregião do Sertão de Alagoas Municípios Números de Famílias Delmiro Gouveia 328 Santana do Ipanema Ouro Branco São José da Tapera Maravilha Batalha 46 Piranhas 12 9 Mata Grande 42 Pão de Açúcar 56 Olho D Águ a das Flores Major Isidoro 26 Água Branca 278 Inhapi 67 Canapi Poço das Trincheiras Senador Rui Palmeiras Palestina Dois Riachos Olivença Pariconha Carneiros Olho DÁgua do Casado 232 Belo Monte 155 Monteirópolis Jaramataia Jacaré dos Homens 39 Dados INCRA Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento 2025 Elaboração Pela autora 2025 A l uta do MST é relevante não só para aqueles que quere m se manter no campo mas mantém viva a esperança de uma reforma agrária que irá de fato transformar a realidade social e desigualdade que se encontra O movimento se tornou para muitos uma contestação social ou seja uma oposição direta ás estruturas sociais presente na atual sociedade e ao capitalismo não apenas envolvendo a luta pela terra consegue ir além e tratar de diferentes temáticas como a dignidade do ser humano a educação o fortalecimento dos sujeitos a necessidade de um olhar holístico para o todo os Sem Terra busca com o d ireito a terra a formação de novas relações de trabalho um modelo novo de vida no campo sendo o bem estar da colet ividade o aspecto principal presente em comunidade Caldart 2001 A luta pela realização da Reforma Agrária não é um projeto vazio sem fundamento ela representa o desejo dos camponeses organizarem seu território seu modo de vida com dignidade e a partir de suas especificidades Não é só a distribuição de terras que está em discussão é a construção de um modelo de vida que atenda as necessidades dos camponeses Santos 2014 p57 A ausência de reforma agrária em Alagoas se relaciona com diferentes fatores dentre eles a dependência histórica da monocultura da canadeaçúcar tendo sua estrutura fundiária marcada pelo seu domínio falta de políticas públicas consistentes e o interesse de uma minoria que detém as grandes propriedades de terras fomentando os conflitos presentes no campo O que não é muito diferente do resto do país a reforma agrária é lenta falta recursos existe uma valorização das terras rurais por conta do aumento das commodities e o interesse crescente do capital internacional no agronegócio elevando o preço das terras o que dificulta a desapropriação e reduz as áreas disponíveis para novos assentamentos assim como as mudanças legais e administrativas para criação de novos assentamentos somando com as falhas na execução com os problemas de gestão assistência técnica precária clientelismo e políticas públicas mal direcionadas Bairdi Mello Pedroso 2021 Mas é necessário manter essa discussão acesa e ressaltar a importância de uma reforma agrária que seja efetiva que cause mudanças A não realização da Reforma Agrária engloba o fracasso político na resolução dos problemas sociais e os interesses de classes que determinam o que deve ser melhorado no país ou não Assim a reforma agrária vai perdendo força no debate político e dando lugar a interesses de mercado entre o capital e o uso da terra enquanto mercadoria Assim a luta pela Reforma Agrária precisa ser intensificada uma vez que o governo aviva os investimentos no mercado capitalista em detrimento das ações sociais é o capital que vai se territorializando por meio da importância econômica em detrimento das condições de vida da população e são os camponeses que sofrem há décadas as duras penas do processo de desterritorialização e submissão às relações do capital como meio de sobrevivência Santos 2014 p 55 A reforma agrária ainda é um meio significativo que pode contribuir para a diminuição das desigualdades sociais principalmente as presentes no campo Esquecer esses grupos e a necessidade de tal ação só reforça a relação de submissão com o capital 3 1 O atual quadro fundiário em Al agoas agronegócio da cana do eucalipto e da soja a distribuição fundiária de acordo com as atividades econômicas O quadro fundiári o em Al agoas ainda é constituído principalmente pelo l atifúndio e apesar d as iniciativas de outras atividades econômicas produzidas e as lutas por reforma agrária ainda existe uma grande desiguald ade socioeconômica e conflitos A dificuldade de desenvolvimento em outros setores de produção é r esultado de um sistema econômico monocultor iniciado no período colonial que se perpétua até os dias atuais Ex iste uma resistência expressiva em mudanças que envolva m a modernização e a substituição do setores produtivos mantendo a a cumulação do capital daqueles que se beneficiam com essa manutenção do meio de p rodução Medeiros Silva 2021 O cultivo da canadeaçúcar ainda é a atividade mais presente em Alagoas de acordo com IBGE 2 023 a produção chegou a marca produzida de 18982924 toneladas em uma área de 290003 hectares o maior produto do estado Va le ressaltar que o agronegócio da cana acaba concentrando uma dependência econômica onde as atividades se desenvolvem a partir da sua produção Os incentivos públicos como IAA e o Proálcool proporcionaram a expansão do plantio e técnicas para cultivo em áreas consideradas inapropriadas com fertilidade baixa e declividade O governo percebeu a partir das demandas internaciona is e do preços alto do açúcar a necessidade de expandir em direção aos tabuleiros e posteriormente mesmo com as crises e a concorrência houve mais incentivos fiscais para a produção de cana o que resultou também no desmatamento de uma considerável parte da cobertura original presente no território alagoano Santos Pereira Andrade 2007 Atualmente o cultivo da canadeaçúcar é predominante na mesorregião do Leste Alagoano m as alguns fatores vem somando para as instabilidad es na s usin as como o grande número de acionistas presentes que pela bolsa de valores os mesmos podem tornar o sistema fragilizado podendo influenciar ou alterar os critérios propostos para gestão causando perda no resultado esperado a ser almeja dos Silva 2021 Nos gráficos 1 e 2 temos as quantidades referentes a extensão de terra utilizada para cultivo da cana e a área colhida do produto Gráfico 01 Variável Área Plantada Hectares Alagoas 20132024 Da dos IBGE Levantamento Sistemático da Produção Agrícola 2025 Elaborado Pela autora 2025 Gráfico 0 2 Variável Área Colhida Hectares Alagoas 20132024 Dados IBGE Levantamento Sistemático da Produção Agrícola 2025 Elaborado Pela autora 2025 O plantio da cana vem caindo significativ amente como é possível notar nos gráficos m as sempre mante m relevância na economia local desde a sua área plantada até a sua área colhida com a mecanização no cultivo por volta da metade do século XX ocorre u uma grande expansão da indústria em Alagoas com a implantação de usinas e modernização dos meios de produção No entanto hoje Alagoas não possui uma diversificação de setores que produz produtos que possam compensar as perdas com a canadeaçúcar que vem sofrendo com a concorrência internacional que produz muitas vezes o açúcar e o etanol com custos mais baixos reduzindo sua participação no mercado externo e sua lucratividade Há a preservação do monocultivo da cana deaçúcar no estado de Alagoas que apesar das tecnologias muitas ainda permanecem com práticas atrasadas e a base do latifúndio E ssa manutenção influencia na privação do surgimento de outras alternativas mais interessantes e viáveis do uso dos recursos naturais e financeiros L ira 2007 Mas um dos produtos que mais cresce em produção no país é a soja e que mesmo ainda de forma bem discreta se comparada à cana tem apresentado crescimento em Alagoas nos últimos anos como mostra a figura 1 O agronegócio da soja é uma das atividades mais importantes tanto na produção quanto na exportação das suas commodities S ua produção ocorre em l arg a escala sendo o Brasil o maior exportador do grão o nde o seu cultivo se expand e por todo o território S anto s 2020 O desenvolvimento da soja no Brasil iniciouse quando os primeiros materiais genéticos foram introduzidos no país e testado s no país e testados no Estado da Bahia BA em 1 882 O ge rmoplasma fora trazido dos EUA não era adaptado para as condições de baixa latitude do estado 12S e não teve êxito na região na região Uma década mais tarde 1981 novos matérias foram testados para as condições do Estado de São Paulo SP latitude de 23S onde teve relativo êxito na produção de feno e grãos Dall Agno l et al 2007 p1 A primeira implantação de soja em Alago as surgiu ainda no final do século passado introduzindo uma nova cultura significativa para a economia local Figura 0 3 Gráfico Estimativa Nacional de Produtividade por Unidade da Federação versus Alagoas Fonte CONAB Portal de Informações Agropecuária 2025 De acordo com IBGE 2024 revela que existem 5 estabelecimentos agropecuários com uma quantid ade produzida de 18 289 toneladas e uma área colhida de 5 796 hectares Apesar de serem ainda pouco significativa s no estado existem muitas implicações no plantio da soja E ssas produções precisam de grandes áreas o que causa uma perda d os ecos sistemas naturais o uso do s agrotóxico podem causar erosão n os solos e poluir recursos hídricos V ale ressaltar que existe uma necessidade intensa de irrigação no cultivo da soja a expansão para o c ultivo tem potencial para gerar conflitos por terra com os pequenos produtores como acontece em ou tras regiões do Brasil É o caso da Amazônia e o Cerrado a comunidade local poderá ser diretamente e indiretamente impactada com as consequências negativas F ear side 2022 Ainda sobre as mudanças no cenário agrícola do estado relacionadas ao agronegócio o eucalipto que é uma á rvore exótica no Brasil mas que possui um gênero que contém centenas de espécies que podem ser adaptadas a diversas condições climáticas tem chama do atenção pela perspectiva de crescimento na região como podemos notar no gráfico 3 O cultivo de variedades de espécie vegetal conhecida como Eucalipto tem uma longa história como planta exótica importada da Austrália a mais te 100 anos Sua introdução no território brasileiro deuse inicialmente em função da produção de madeira para consumo no transporte ferroviário e indústrias movidas a máquina a vapor que necessitavam de muita lenha para alimentar as caldeiras Os primeiros cultivos foram frutos das iniciativas privadas que necessitavam dessa matéria prima como fonte de energia para queima nas máquinas a vapor Rodrigues et al 2021 p46 A produção de eucalipto em Alagoas surge de forma evidente no ano de 2013 em unidades experimentais e de expansões G urguel 2018 Despertado o interesse por empresas e indivíduos ligados ao agronegócio e interessados na sua comercialização por ser considerada de rápido crescimento e versatilidade pode ser usada para diferentes finalidades como a produção de celulose madeira para construção o carvão vegetal e d e plantio para reflorestament o Porém seu cultivo pode causar impactos ambientais consideráveis segundo Rodrigues Teixeira e Lopes 2021 p 9394 A monocultura causa perturbação na paisagem natural de modo continuo no meio ao longo do tempo de tal forma que a sucessão ecológica é impedida de ocorrer Os plantios homogêneos do eucalipto a simplificação e padronização do meio a partir das técnicas silviculturais e só cultivo de clones criam uma tensão contrária á lógica natural da sucessão Tal simplificação implica na redução ou distribuição de habitats e fontes de alimento para as mais diversas formas de vida quando comparada à formação de vegetação nativa Como resultado são estabelecidos condições favoráveis ao apareci mento de pragas que podem atingir níveis de danos econômicos elevados se não forem controladas Para manter o meio simplificado para o pleno desenvolvimento da monocultura p é necessário então a intervenção humana a partir dos agrotóxicos por exemplo O Estado tem incentivado a prática em Alagoas não para substituir a canadeaçúcar totalmente mas para oferecer aos empresários uma nova entrada de investimento no agronegócio com ideia de lucro fácil justifica ndo o plantio e a legitimidade da iniciativa em fatores como uma melhoria econômica em se tratar de um cultivo que respeita o ambiente sendo possível ser feito junto agricultura e a pecuária e que permitiria a participação de pequenos produtores Lima et al 2020 To da essa propaganda segue sendo feita com o intuito de atrair e cultivar mais áreas de eucalipto na região sendo que muitos estudos aponta m para os impactos negativos que a produção pode causar ao meio ambiente Gráfico 03 Área Total Existente dos Efeitos da Silvicultura segundo a Unidade da Federação M esorregiões de Alagoas por Hectares Eucali pto 2023 Dados IBGE Produção da Extração Vegetal e da Silvicultura 2025 Elaboraçã o Pela autora 2025 Ainda assim o eucalipto vem se destacando sendo o seu cultivo pre dominante realizado na Mesorregião do Leste de Alagoas se tornando o 4 estado do Nordeste em superfície cultivada de eucalipto em áreas que contém bons solos e próximas a reservas hídricas o que pode afetar as culturas de alimentos que já estão diminuindo Investir no eucalipto é novamente escolher a m on ocultura os latifúndios uso generalizado de agroquímicos e um a insignificativa geração de empregos L ima et al 2020 É importante mencionar que a expansão do agronegócio intensifica ainda mais os conflitos presentes no campo O avanço do capital agrário pressiona os territórios já marcados pela desigualdade fundiária o que gera constantes disputas entre grandes proprietários e as comunidades tradicionais quilombolas ribeirinhas e camponesas O próximo capítulo será voltado justamente para essas questões qu e envolve o campo conhecermos o trabalho da CPT e o ensino da geografia agrária 4 VIOLÊNCIA NO CAMPO EM ALAGOAS E ENSINO DA GEOGRAFIA AGRÁRIA Como já abordado até aqui a questão agrária em Alagoas faz parte de uma construção histórica onde muitos elementos se perduram até os dias atuais Esse momento específico será voltado para os conflitos no campo levantando os dados presentes nos Cadernos de Conflitos no Campo Brasil lançados pela CPT que serão usados como fonte de dados para analisar as ocorrências de conflitos em Alagoas entre 2014 e 2023 quais os principais agentes acometidos e a forma que podem ser usados como instrumentos pedagógicos no ensino fundamental para a geografia agrária chamando atenção para esse problema político e social Os conflitos no campo brasileiro por terra água e por questões trabalhistas atingiram famílias e comunidades que tiveram suas terras casas e benfeitorias alagadas pelas barragens das hidrelétricas ou que são impedidas de ter de ter acesso às fontes ou que tem sua água contaminada pelos agrotóxicos das grandes monoculturas ou pelos resíduos da mineração Simonetti Carmago 2015 p110 Primeiramente essa é uma problemática ainda pouco discutida apesar de não ser recente Na concentração fundiária as famílias que são expulsas das suas terras ou aquelas pessoas que não encontram mais meio de se manter no campo por diversos fatores como pela falta de trabalho e por possuir pouca escolaridade acabam migrando para as cidades acreditando que seja a alternativa que resta para uma melhor condição de vida Em Alagoas esse processo não foi diferente A expansão do latifúndio canavieiro no estado alagoano a partir dos anos 1950 com domínio muito sólido dos usineiros no âmbito político possibilitou junto com uma série de intervenções econômicas políticas tecnológicas e culturais um processo avassalador de aniquilação da pequena lavoura sucedendo assim um grande deslocamento populacional do campo Lima 2020 p 4142 No Brasil existe uma crise agrária composta por dois lados espalhada em todo o território O primeiro é que se trata de um problema econômico relacionado à posse da terra seu manuseio e produção de produtos alimentícios No segundo social e político envolvendo as relações interpessoais Esse problema agrário repercute nas desigualdades de distribuição de terras e na posição confortável que os latifúndios se constituíram na busca por terra e trabalho se destacando entre os setores da economia rural Forman 2009 Como sabemos a terra antes compartilhada e vista como um bem comum se tornou mercadoria e meio de acumulação do capital A resistência do campesinato segue apesar das dificuldades e conflitos encontrados formando uma grande participação nas lutas e resistência compondo os movimentos sociais que efetivam suas ações na apropriação da terra e as tornam visíveis e relevantes Para os camponeses a terra tem um sentido mais amplo pois é através dela que eles desenvolvem suas atividades essenciais para vida como a moradia a produção de alimentos básicos para a família a geração de recursos econômicos necessários à sua existência a realização da cultura e sua constante reprodução e resistência Portanto a conquista da terra para o campesinato comporta as funções de moradia de trabalho e de vida Guimarães Alves 2014 p 2016 Os aspectos agentes e movimentos que ocorrem no campo devem contar com uma atenção maior podendo ter o ensino da geografia como aliado Mas a escola hoje como uma importante instituição social que tem a responsabilidade de socializar o conhecimento trata a geografia e em especial a geografia agrária com superficialidade e empobrecimento teórico A Base Nacional Comum Curricular referese aos assuntos de forma reduzida à descrição de habilidades e não conteúdos direcionados para a compreensão dessa realidade agrária Isso implica dizer que mesmo que tenha assuntos relacionados à geografia agrária presente s na BNCC esses não serão necessariamente colocados e debatidos em sala de aula havendo ainda um grande caminho a percorrer Mesquita Rossetto Cantóia 2020 Diante disso os dados retratados pela CPT podem ser usados para formar uma noção nova no que diz respeito à realidade encontrada no campo que muitas vezes é silenciada e abafada podendo ser utilizados como instrumentos pedagógicos para discussões relacionadas à geografia agrária em sala de aula 41 CPT e os dados de conflitos no campo em alagoas A CPT tem um importante papel na vida dessas pessoas nos movimentos sociais em prol da reforma agrária e a distribuição justa da terra Fazendo um papel necessário documentando as ocorrências de conflitos por terra em todo o Brasil O ato de documentar as lutas de resistência pela terra pela defesa e conquista de direitos bem como denunciar a violência sofrida pelo os povos do campo e nas relações de trabalho e produção existe desde o surgimento da Comissão Pastoral da Terra CPT em 1975 À medida que essa realidade se mostrava mais premente sentiuse a necessidade de criar um Setor de Documentação A partir do ano 2013 tal setor passou a ser chamado Centro de Documentação Dom Tomás Balduíno CPT No início os registros eram feitos em fichas manuais e depois de 1988 foram informatizados em sistema de banco de dados Ribeiro et al 2020 p 404 Durante todos esses anos a CPT vem se modificando de acordo com o contexto social e econômico em que se encontra o país fazendo repercutir os conflitos por questões fundiárias não apenas dos camponeses mas aqueles envolvendo os territórios e direitos indígenas sendo contra as injustiças que ocorrem no campo tentando mudar a realidade do avanço do capitalismo e dos latifúndios que diminuíram a atuação da agricultura familiar Chehab et al 2019 Os Cadernos de Conflitos no Campo Brasil lançados anualmente pela CPT relatam os casos silenciosos e quase nunca comentados relacionados às famílias no campo como ameaças destruição de suas casas suas roças e os despejos que ocorrem Para capturar esses dados e montar os cadernos com as temáticas a CPT conta com uma equipe feita coletivamente com a participação dos agentes de bases e os movimentos sociais que atuam no espaço rural Destacamse como objetivos do Centro de Documentação 1 Buscar as fontes primárias de informações para construir o banco de dados a partir de relatos e de informações obtidas com os agentes de bases da CPT bem como denúncias de movimentos sociais relatadas em seus veículos de comunicação e documentos oficiais 2 Buscar fontes secundárias em jornais revistas etc 3 Classificar as fontes analisar os dados e sistematizálos transformandoos em fundamentação de denúncias de violações de direitos cometidos contra camponeses e suas organizações Ribeiro et al 2020 p 407 Com o destaque dos cadernos os dados se tornaram relevantes e confiáveis ao longo das publicações regulares apesar das dificuldades encontradas Sendo anual os cadernos de conflitos da CPT são produzidos por especialistas de várias áreas de conhecimento especialmente com o suporte da Geografia destaque deve ser dado a Carlos Walter PortoGonçalves e de imagens destaque a ser dados ao João Roberto Ripper entre outros Tornouse ao longo de mais de três décadas de publicação um registro paradigmático que coloca como fonte escrita à outra versão a versão dos de baixos as narrativas daqueles que através de seu sacrifício pessoal e coletivo lutam e denunciam as terríveis formas de usurpação na maioria das vezes dotadas de abusiva violência indo até ao extermínio daqueles que passam a ser criminalizado por apenas buscarem o direito de inclusão social ou permanência no setor da agricultura familiar posseiros pequenos proprietários ou assentados da reforma agrária ou os que apenas detêm o direito a um território comunal constituído por ancestralidade originária indígenas histórica legítima quilombos ou ainda por tradição comunidades tradicionais de fundo de pasto e faxinal campesinato ribeirinho geraizeiros do seminário caiçaras seringueiros enfim Ribeiro et al 2020 p 415 Os conflitos por terra são ações de resistência que acontecem no meio rural por motivos que vão desde a posse da terra seu uso e propriedade ou pelo acesso aos recursos naturais dependendo das atividades exercidas pelo grupo Sabendo da importância social dos cadernos e da sua confiabilidade como forma de dar voz a esses diferentes grupos e não deixar que esses fatos sejam esquecidos ou não notificados sendo essencial para o conhecimento dessa realidade podendo induzir mudanças necessárias à sociedade a CPT organiza todas essas informações com uma metodologia de critérios de inclusão e exclusão sendo organizadas por meio de formulários temáticos e sistematizadas em tabelas gráficos e mapas dos conflitos disponibilizadas em sua página eletrônica ou relatório impresso CPT 2024 Ao analisar os dados presentes nos gráficos 4 5 relacionados aos conflitos no campo notase que Alagoas apresentou nesse período de dez anos variáveis em relação aos casos de conflitos entre 2014 a 2023 se destacando com maiores índices os associados à terra acompanhado das ocupaçõesretomadas Gráfico 04 Números de ocorrências de conflitos no campo por terra em Alagoas 20142023 Dados Caderno de conflitos no campo Brasil CP T 20142023 Elaboração Pela autora 2025 Gráfico 05 Números de ocorrências de conflitos no campo por ocupaçõesretomadas em Alagoas 20142023 Dados Caderno de conflitos no campo Brasil CPT 20142023 Elaboração Pela autora 2025 No Brasil de modo geral os dados de violência no campo demonstram um crescimento Analisando o gráfico 4 é possível identificar que em Alagoas não é diferente Os conflitos principalmente relacionados à terra são notificados todos os anos destacando também os conflitos que ocorrem por conta das ocupações e retomadas presentes no gráfico 5 É importante ressaltar que o grupo de indígenas é o que mais sofreu com assassinatos entre os anos de 2014 a 2023 no país em seguida os semterra posseiros quilombolas e um caso de assassinato a um servidor público Esse mesmo determinado período indica que ocorre uma manutenção em forma de desenvolvimento capitalista associado à violência e à expropriação sobre os territórios e corpos favorecido e influenciado pelo momento político em que se encontra CPT 2024 Nos gráficos 678 temos os dados referentes aos conflitos por água trabalho escravo rural e acampamentos em Alagoas Um grande contribuidor para as ocorrências desses conflitos é o avanço do agronegócio quando os sujeitos não estão sendo expulsos de suas terras ocorre a monopolização dos recursos hídricos comprometendo o acesso a água acabam escolhendo por falta de opção a submissão de um trabalho análogo a escravidão Segundo o Censo Agropecuário 2017 há no Brasil 41 milhões de trabalhadores rurais na condição de assalariados Destes 17 milhões exercem trabalhos permanentes Os demais 24 milhões são assalariados temporários e em geral migrantes ou moradores de periferias de cidades no interior Cerca de 60 deles não têm carteira assinada nem os direitos trabalhistas respeitados Lima Amorim 2024 p434 Gráfico 06 Números de ocorrências de conflitos no campo por água em Alagoas 20142023 Dados Caderno de conflitos no campo Brasil CPT 20142023 Elaboração Pela autora 2025 Gráfico 07 Números de ocorrências de conflitos no campo por trabalho escravo rural em Alagoas 20142023 Dados Caderno de conflitos no campo Brasil CPT 2014202 3 Elaboração Pela autora 2025 Gráfico 0 8 Números de ocorrências de conflitos no campo por acampamentos em Alagoas 2014 2023 Dados Caderno de conflitos no campo Brasil CPT 201420 23 Elaboração Pela autora 2025 Para compreender melhor a cau sa dess as ocorrências de conflitos no campo no território alagoano é necessário pensar em um contexto holístico que leve em consideração os fatores que envolv em sua formação social política e econômica de uma sociedade que cresceu em volta de um latifúndio autoritário patriarcal com concentração de renda e onde os conflitos eram resolvidos com violência U m território formado por movimentos de disputas ocupações e resistência sendo o que ocorre até hoje mesmo com as expulsões dos trabalhadores das fazendas e engenhos o aumento da concentração de terras nas mãos de poucos e o crescimento do agronegócio existe uma resistência por parte desses trabalhadores de se manter no campo gerando conflitos que estão ligados diretamente a continuidade da produção canavieira Castro 2017 Os conflitos no campo atingem diferentes grupos que se organizam na luta pela sua permanência na terra e preservação cultural 41 Agentes acometidos nos conflitos no campo Os cadernos de conflitos no campo Brasil da CPT além de trazer os dados referentes ao número de conflitos retratam como podemos observar no gráfico 9 o número total de pessoas acometidas Podemos concluir que no estado de Alagoas durante esse período foram muitas famílias afetadas pertencentes a diversos grupos como podemos constatar na tabela 1 referente aos conflitos por terra Esses dados demonstram quão significativo são os números encontrados e a importância desses registros para evidenciar esse problema pouco visibilizado mas presente no estado Gráfico 9 Números de pessoas acometidas pelo os conflitos no campo em Alagoas 20142023 Dados Cadernos de conflitos da CPT 20142023 Elaborado Pela autora 2025 Tabela 1 Números de famílias afetas e categoria pertencente nos conflitos por terra em Alagoas 20142023 Dados Cadernos de conflitos da CPT 2014202 3 Elaborado Pela autora 2025 As famílias afetadas todos os anos são os semterra presentes em todas as mesorregiões alagoanas Em Alagoas os sujeitos sem terra são composto s em sua grande maioria por pessoas que compartilham experiências anteriores comuns como pequenos agricultores despossuídos de terra posseiros ou aqueles que trabalhavam de forma arrendada muitos com uma infância pobre recebendo pouco salário trabalhando apenas para suprir as necessidades básicas uma realidade sofrida que existe no campo em Alagoas principalmente para aqueles que trabalhavam no corte da cana atividade essa composta de relatos referentes à privação dos recursos direito e dignidade concebendo por muitos a concepção de um trabalho análogo a escravidão Lima Amorim 2024 Por não se deixarem levar pelas margens das disputas políticas onde dificilmente recebem apoio ou se sucumbirem à dominação eles se tornam um dos alvos principais nos conflitos agrários O sujeito coletivo e político que se envolve no conflito são as famílias semterra elas são o as protagonistas que mantêm a tensão quando assumem o engajamento político ou quando ocupam um imóvel rural e estabelecem naquela propriedade uma rotina de vida e uma defesa coletiva e sistemática do acampamento Ademais aprofundam este conflito quando resistem a todo tipo de ameaças e constrangimentos como a utilização de capangas de pistoleiros ou dentro da ordem como uma decisão judicial que determina a reintegração de posse do imóvel ocupado ao suposto proprietário despejando as famílias sem nenhum tipo de amparo por parte do Estado Esses conflitos expõem e denunciam a concentração da propriedade como impeditivo ao acesso à terra Lima 2016 p 2425 Quando falamos dos semterra temos que chamar atenção para a organização coletiva de mobilização MST que atua no estado de modo significativo pela conquista da terra por meio de ocupações de terras improdutivas que não cumprem seu papel social conscientizando os integrantes desses grupos fazendo que permaneçam na causa mesmo com os conflitos encontrados pressionando o Estado a tomar medidas para minimizar essas situações A partir da ação de ocupação de terras o MST consegue se organizar mais efetivamente pois traz para o movimento nos camponeses mobilizados as ideias recorrentes das relações sociais É a classe camponesa desafiando o Estado que sempre atendeu os interesses da classe burguesa que por sua vez criminaliza as ocupações reduzindoas a invasões a partir de ações de ocupação é que o Estado passa a atender os camponeses e apresentar políticas para minimizar as expropriações dos trabalhadores do campo Os camponeses semterra e os posseiros são os principais agentes das ocupações de terra entretanto realizados de formas distintas os semterra buscam combater a elite agrária ocupando os latifúndios as terras improdutivas já os posseiros ocupam terras nas áreas de expansão Santana Silva 2022 p 632633 Entre os agentes que sofrem diretamente com essas ações conflituosas no campo estão os indígenas que têm ataques a suas terras desde o processo de invasão colonial portuguesa A realidade do acesso uso e apropriação das terras brasileiras é resultado de uma condição colonial de longa exploração É importante recordar as consequências nocivas do sistema colonial secular que além de devastar física e culturalmente as populações originárias também garantiu a instituição das grandes propriedades privadas nas mãos de poucos Referimonos à grande concentração de terras nas mãos de classes agrárias que exerceram seu violento poder de dominação e exploração dos trabalhadores do campo através de múltiplas formas de expropriação Silva 2018 p 483 Para os indígenas o território é um local de significado amplo que acolhe sua reprodução suas práticas religiosas e a manutenção cultural sendo coletivo e pertencente igualmente a todo grupo Todos podem ter acesso sem existir uma propriedade privada estando relacionado aos seus aspectos sociais culturais étnicos e históricos Em Alagoas as diferentes etnias buscam por meios de luta o acesso à terra e sua preservação cultural gerando conflitos por parte daqueles que não aceitam as reivindicações A luta pela construção do território indígena é marcada por constantes conflitos numa estrutura agrária altamente concentrada e dominada por oligarquias que comandam a vida política e econômica do estado de Alagoas O reconhecimento da etnia e a regularização das terras não são suficientes para o exercício de domínio pleno por parte dos indígenas em seu território haja vista que a mais que secular omissão do Estado com a questão indígena e a hegemonia das relações sociais comandadas pelo capital entabularam o desrespeito aos povos tradicionais Lima Oliveira Miranda 2019 p114 Dessa forma os conflitos que ocorrem no campo no estado se tornam uma consequência da resistência desses povos que há muito tempo vêm tentando ter sua causa tratada de forma substancial e resolutiva mas ao invés disso o que ocorre é a vontade que envolve o interesse do grande capital portanto existe a necessidade de conhecer o campo e suas relações sociais políticas e econômicas 44 Geografia agrária no ensino fundamental A questão agrária é essencial no ensino da geografia pode ndo ser usada para a compreensão das disputas de territórios que acontecem em nossa sociedade entender as desigualdades no campo e dos centros urbanos Em uma perspectiva libertadora consegue formar indivíduos que realmente conhecem o campo brasileiro sua diversidade as injustiças e a luta dos camponeses pois o que temos são registros de educação escolar que tendem a ocultar e invisibilizar a realidade do campo Katuta Melzer 2017 A BNCC tem entre os principais objetivos o direcionamento curricular das escolas públicas assim como as propostas pedagógicas que alinhem os conteúdos e as metodologias da realidade do país para melhor desenvolvimento e compreensão dos alunos sendo fundamental na relação entre professores alunos e a comunidade escolar no quadro 2 podemos observar os conteúdos que podem envolver a geografia agrária Quadro 2 Habilidades Relacionadas à Geografia Agrária na BNCC 6º ao 9º ano Ano Unidade Temática Objeto de Conhecimento Código da Habilidade Habilidade Completa 6º Conexões e escalas Relações entre os Componentes físiconaturais EF06GE04 Descrever o ciclo da água comparando o escoamento superficial no ambiente urbano e rural reconhecendo os principais componentes da morfologia das bacias e das redes hidrográficas e a sua localização no modelado da superfície terrestre e da cobertura vegetal 6º Mundo do trabalho Transformações nas paisagens naturais e antrópicas EF06GE06 Identificar as características das paisagens transformadas pelo trabalho humano a partir do desenvolvimento da agropecuária e do processo de industrialização 6º Formas de representação e pensamento espacial Fenômenos naturais e sociais representados de diferentes maneiras EF06GE10 Explicar as diferentes formas de uso do solo rotação de terras terraceamento aterros etc e de apropriação dos recursos hídricos sistema de irrigação tratamento e redes de distribuição bem como suas vantagens e desvantagens em diferentes épocas e lugares 7º Conexões e escalas Formação territorial do Brasil EF07GE02 Analisar a influência dos fluxos econômicos e populacionais na formação socioeconômica e territorial do Brasil compreendendo os conflitos e as tensões históricas e contemporâneas 7º Conexões e escalas Formação territorial do Brasil EF07GE03 Selecionar argumentos que reconheçam as territorialidades dos povos indígenas originários das comunidades remanescentes de quilombos de povos das florestas e do cerrado de ribeirinhos e caiçaras entre outros grupos sociais do campo e da cidade como direitos legais dessas comunidades 8º Conexões e escalas Corporações e organismos internacionais e do Brasil na ordem econômica mundial EF08GE09 Analisar os padrões econômicos mundiais de produção distribuição e intercâmbio dos produtos agrícolas e industrializados tendo como referência os Estados Unidos da América e os países denominados de Brics Brasil Rússia Índia China e África do Sul 8º Conexões e escalas Corporações e organismos internacionais e do Brasil na ordem econômica mundial EF08GE10 Distinguir e analisar conflitos e ações dos movimentos sociais brasileiros no campo e na cidade comparando com outros movimentos sociais existentes nos países latinoamericanos 8º Mundo do trabalho Os diferentes contextos e os meios técnico e tecnológico de produção EF08GE13 Analisar a influência do desenvolvimento científico e tecnológico na caracterização dos tipos de trabalho e na economia dos espaços urbanos e rurais da América e da África 8º Natureza ambientes e qualidade de vida Diversidade ambiental e as transformações das paisagens na América Latina EF08GE24 Analisar as principais características produtivas dos países latinoamericanos como exploração mineral na Venezuela agricultura de alta especialização e exploração mineira no Chile circuito da carne nos pampas argentinos e no Brasil circuito da canadeaçúcar em Cuba polígono industrial do sudeste brasileiro e plantações de soja no centrooeste maquiladoras mexicanas entre outros 9º Mundo do trabalho Cadeias industriais e inovação no uso dos recursos naturais e matériasprimas EF09GE12 Relacionar o processo de urbanização às transformações da produção agropecuária à expansão do desemprego estrutural e ao papel crescente do capital financeiro em diferentes países com destaque para o Brasil 9º Mundo do trabalho Cadeias industriais e inovação no uso dos recursos naturais e matériasprimas EF09GE13 Analisar a importância da produção agropecuária na sociedade urbanoindustrial ante o problema da desigualdade mundial de acesso aos recursos alimentares e à matériaprima Fonte Brasil 2017 Elaboração Pela autora 2025 Com o quadro 2 n otamos que qua ndo se trata do ensino da geografia agrária a BNCC pode estar promovendo um sentido equivocado dos aspectos que envolvem o campo observando as habilidades EF06GE04 EF06GE06 EF06GE10 presentes no 6 ano do ensino fundamental a temática é abordada de forma bem discreta podendo ou não ser utilizada pelos professores para explicar os conteúdos programados No 7 ano temos as habilidades EF07GE02 EF07GE03 que se conectam com assuntos falando sobre os fluxos econômicos populacionais e também os povos tradicionais Esses elementos podem levantar questionamentos de como as desapropriações de terras podem ter contribuído para o aumento das cidades e assim como os efeitos do capitalismo no campo porém só contém essas suas habilidades e vai dar a percepção do profissional aprofundar a temática com os alunos e de forma crítica No 8 ano contém as habilidades EF08GE09 EF08GE10 EF08GE13 EF08GE24 como podemos perceber são mais habilidades que nos anos anteriores porém não retrata os conflitos no campo e nas cidades como uma das consequências dos padrões mundiais econômicos de produção o debate superficial do objeto em questão pode contribuir para a reprodução de uma interpretação marginalizada e discriminativa dos movimentos sociais No que se refere ao 9 ano as habilidades encontradas são EF09GE12 EF09GE13 ambas conseguem levantar indagações considerando a geografia agrária desde a saída dos camponeses do meio rural e efeitos disto até as contradições do sistema capitalista e do agronegócio no campo Podemos notar que essas habilidades propostas pela BNCC são possíveis para formular debates envolvendo a questão agrária do país mas para isso tem que haver um interesse do docente pois não se trata de algo direto à temática não se tem conceitos necessários para melhor entendimento e correlação dos conteúdos para abordar uma geografia agrária significativa com a intenção de gerar nos alunos uma compreensão sobre os contextos sociais presentes no campo estimulando mais interpretações vagas Sousa Silva 2022 Sobre meios que podem ser usados como instrumentos metodológicos para evidenciar a realidade da questão agrária em todo o Brasil destaco a CPT que tem um papel importante na luta pela terra documentação e disponibilidade de dados relacionados ao campo especialmente os conflitos e suas causas com os cadernos anuais ressaltando o contexto social e político em que se encontra CPT 2024 Os dados podem ser utilizados para formar mapas e gráficos a partir da alfabetização cartográfica que podem ser expostos durante debates sobre o tema na disciplina de geografia nas salas de aula Os números encontrados demonstram o tamanho que se encontra a situação quem são esses sujeitos onde se localizam A Alfabetização Cartográfica como processo de desenvolvimento do domínio espacial é uma proposta metodológica que considera o aluno um sujeito no espaço vê e compreende compreende e representa representa e lê Esse caminho possibilitalhe construir as habilidades de mapear e ler outras representações tornandose apto a entender as dinâmicas do espaço geográfico A apreensão das dinâmicas espaciais é um processo essencial para a formação da consciência espacial cidadã na medida em que possibilita ao aluno avançar do conhecimento espontâneo para o entendimento crítico da organização e das possibilidades de mudanças espaciais Passini Carneiro Nogueira 2013 p 743 Segundo Passini 2017 p73 Podemos inserir na cartografia das representações gráficas os mapas e os gráficos A diferença entre eles está nas respostas que as imagens fornecem A imagem em um mapa responde à questão onde e os símbolos que informam a localização de uma cidade rio estrada ou zona não podem ser permutados Não se pode mudar a localização da cidade de São Paulo e do Rio de Janeiro Os dados de um gráfico são quantitativos e respondem as seguintes questões O quê Quanto Em qual ordem de proporção As barras ou qualquer outra forma de um gráfico podem ser permutas para formar uma imagem que comunique a informação de maneira mais clara Os gráficos como representação dos dados feitos pela CPT podem facilitar a compreensão e análise de padrões relações ou tendências em uma leitura única Na linguagem escrita ou falada mudamos a ordem das palavras ou as próprias palavras e tentamos diferentes combinações para dizer a mesma coisa até que a frase comunique a informação da forma mais clara possível Com o gráfico fazemos algo similar Enquanto sua essência não estiver clara rearranjaremos os dados de diversas sempre tendo em mente a relação entre os componentes da informação que queremos revelar A imagem formada deve permitir ver a informação no menor tempo possível de percepção sendo clara e de leitura única Passini 2017 p 83 No caso dos mapas um dos principais recursos do ensino de geografia poderiam ser projetados e utilizados pelos professores no ensino fundamental para especializar no território onde se encontram os diferentes agentes as localidades que estão passando por algum episódio ligado a conflitos ou lutas por terras Os mapas utilizados em sala de aula em conjunto com a teoria explicativa apresentada em categorias e conceitos transformam os elementos dessa linguagem em símbolos espaciais cotidianos a partir dos quais o aluno se integra ao assunto sendo capaz de interagir de forma crítica sobre o mesmo Assim o ensino se torna mais dinâmico e o educador consegue construir de forma mais concreta o conteúdo da disciplina de geografia sendo melhor compreendida com o uso da linguagem cartográfica Castro Quaresma So ares 2015 p 48 49 A imagem tem alguns benefícios como a instantaneidade e rapidez a síntese e a universidade pois o entendimento da imagem está ligado a um contexto histórico e sociocultural que pode não ser o mesmo para todos Menezes Pereira Corrêa 2019 Sabendo que muitas vezes a imagem tem um apelo maior que a linguagem verbal o uso dessas ferramentas como os mapas e os gráficos bem trabalhados pode ser eficaz na transmissão de informações voltadas ao ensino da geografia agrária fortalecendo as discussões e estimulando os estudantes Dessa forma é preciso educar cidadãos que estejam cientes e consigam discutir sobre as desigualdades sociais existentes a falta de acesso à terra a exploração humana e natural que ocorre atrelados a um sistema capitalista de produção agrícola Se o currículo padronizado não traz diretamente esses debates é preciso envolvelos para formar sujeitos críticos a partir de uma formação ativa e emancipadora Sousa Silva 2022 A abordagem da real questão agrária no ensino fundamental das escolas públicas do Brasil na disciplina de geografia é de grande importância Quando o campo é afetado por aspectos negativos o meio urbano consequentemente é impactado assim como toda uma sociedade 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS Ao discutir sobre a questão agrária de Alagoas analisando os dados encontrados nos Cadernos de Conflitos no Campo Brasil relacionados ao estado e refletindo sobre o ensino da geografia agrária presente no ensino fundamental É possível observar primeiramente que o território de Alagoas foi formado com acumulação das terras e a propriedade privada essas ações continuam gerando consequência atualmente A concentração fundiária e a monocultura da canadeaçúcar cooperam para desigualdades sociais no campo e os conflitos por terras gerando impactos negativos e significativos para aqueles como os semterra e os indígenas que necessitam do acesso à terra para sobreviver e produzir Os movimentos sociais como a CPT e o MST contribuem na conquista do direito à terra dos trabalhadores mas esses agentes precisam ser mais considerados principalmente pelo Estado que parece não ouvir suas reivindicações É notável que essa questão agrária está cada vez mais se agudizando frente a força do mercado principalmente no debate político A ausência de reforma agrária implica na manutenção da concentração fundiária dando espaço para mais casos de violências no campo e conflitos por terra o que já vem acontecendo há centenas de anos com mortes perseguições ameaças e expulsão dessas pessoas que sem o acesso à terra muitos não têm o que fazer acabam migrando para a cidade em busca de sobrevivência ou aceitando péssimas condições de trabalho A questão agrária é um tema que retrata a realidade brasileira sua discussão leva para debates que são necessários para compreender o que ocorre no campo mas apesar de sua relevância o conteúdo aparece com frequência de forma simplificada ou descontextualizada no ensino fundamental limitandose em diferenciações econômicas e produtivas entre o campo e a cidade Os conteúdos das habilidades trazem o debate de forma superficial ficando a critério do professor trazer ou não essas reflexões que envolvem a função social da terra o papel dos movimentos sociais a importância da reforma agrária o que pode favorecer o entendimento dos alunos e a formação do seu senso crítico Quando se trata da questão agrária em Alagoas revela uma estrutura marcada pela concentração fundiária herança da monocultura canavieira e pela exclusão histórica dos camponeses indígenas quilombolas e outros grupos socais O uso do território prioriza interesses do capital intensificando conflitos no campo e desigualdades sociais A resistência dos movimentos sociais como a CPT e o MST destaca a luta por terra como também uma luta por dignidade justiça social e reconhecimento A particularidade alagoana está na persistência dessas contradições que exigem mudanças estruturais profundas Diante do que foi exposto a reforma agrária não é apenas uma demanda social mas uma necessidade é um meio que pode promover a justiça territorial o combate à pobreza rural e o oferecimento de alternativas populares podendo diminuir os conflitos no campo Assim como a geografia agrária no ensino fundamental tem grande importância que apesar de aparecer discretamente os educadores podem articular os conteúdos com dados representações cartográficas e a vivência dos estudantes para que os mesmos possam perceber que a questão agrária não é um tema distante mas algo que afeta diretamente a vida de muitas famílias formando desde cedo sujeitos ativos REFERÊNCIAS ALMEIDA Luiz Sávio de LIMA José Carlos da Silva OLIVEIRA Josival dos Santos org Terras em Alagoas temas e problemas Maceió EDUFAL 2013 ALMEIDA Rosângela Doin de org Cartografia escolar 2 ed São Paulo Contexto 2007 AVIZ Emanuelle França de Arquivo da Comissão Pastoral da Terra Belém desafios e perspectivas no tratamento documental 2023 22 f ALVES S CRUZ R MACHADO F Formação econômica de alagoas da agroindústria canavieira à indústria sem chaminés turismo dependências e contradições Revista Rural Urbano v03 n 02 p 6181 2018 BAIARDI Amilcar MELLO Paulo Freire PEDROSO Maria Thereza Macedo Reflexões sobre as causas do declínio da reforma agrária no Brasil Colóquio Revista do Desenvolvimento Regional v 18 n 4 p sp outdez 2021 BRASIL Base Nacional Comum Curricular BNCC A Educação é a Base Brasília Ministério da EducaçãoCONSED UNDIME 2017 Disponível em httpbasenacionalcomummecgovbrimagensBNCCEIEF110518versaofianlsitepdf Acesso 15 maio 2025 CALDART Roseli Salete O MST e a formação dos sem Terra o movimento social como princípio educativo Estudos Avançados v 15 n 43 2001 CARTEIRA Miguel org Combatendo a desigualdade social o MST e a reforma agrária no Brasil Tradução de Cristina Yamagami São Paulo Editora UNESP 2010 CARTER Miguel org Combatendo a desigualdade social o MST e a reforma agrária no Brasil São Paulo Editora UNESP 2010 CASSELA Thais de Oliveira Áreas potenciais para cultivo de eucalipto na região hidrográfica São Miguel Alagoas 2019 CASTRO Carlos Jorge Nogueira de SOARES Daniel Araújo Sombra QUARESMA Madson José Nascimento Cartografia e ensino de geografia o uso de mapas temáticos e o processo de ensinoaprendizagem na educação básica Boletim Amazonense de Geografia v 2 n 3 p 4157 2015 DOI 101755223587040bagv2n3p4157 CEDOC DOM TOMÁS BALDUÍNO CPT Cadernos de conflitos no campo Brasil 20142023 Acesso httpscptnacionalorgbracervobibliotecacategoriadocumentocadernoconflitos CHEHAB Isabelle Maria Campos Vasconcelos et al Reforma agrária conflitos agrários e questões socioambientais Curitiba PR CEPEDIS 2019 ISBN 9788594360083 COLETTI Claudinei A trajetória política do MST da crise da ditadura ao período neoliberal Sl sn 2005 CONAB COMPANHIA NACIONAL DE ABASTECIMENTO Portal de Informações Agropecuária 2025 COUTO Marcos Antônio Campos Base Nacional Comum Curricular BNCC componente curricular geografia Revista da Associação Nacional de Pósgraduação e Pesquisa em Geografia Anpege v 12 n 19 p 183203 juldez 2016 DALLAGNOL Amélio et al O complexo agroindustrial da soja brasileira Sl EMBRAPA 2007 ISSN 15167860 DIAS DE SOUSA Raimunda Áurea SILVA Rafaela Sousa da A geografia agrária no ensino fundamental uma análise da questão agrária brasileira na BNCC Pesquisar v 9 n 18 p 223 nov 2022 FEDERAÇÃO DAS INDÚSTRIAS DO ESTADO DE ALAGOAS Trajetória de Indústria em AlagoasFederação das Indústrias do Estado de Alagoas Instituto Euvaldo Lodi 1 Ed Maceió FIFE 2018 FERNSIDE Philip M Destruição e conservação da floresta amazônica Manaus INPA 2022 ISBN 9788521101932 FORMAN S Camponeses sua participação no Brasil online Rio de Janeiro Centro Edelstein de Pesquisas Sociais 2009 309 p ISBN 9788579820021 Disponível em httpbooksscieloorg GUIMARÃES Alessandra Rodrigues ALVES Sandra Aparecida Teorias agrárias e as resistências camponesas Revista Eletrônica Geoaraguaia v 4 n 2 p 204220 juldez 2014 IBGE Levantamento Sistemático da Produção Agrícola 2025 IBGE Produção da Extração Vegetal e da Silvicultura 2025 INCRA Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento 2025 JOSÉ Marcelo Marques Ferreira Filho A p lantation açucareira no nordeste do Brasil e a cartografia mental dos trabalhadores no mundo dos engenhos Pernambuco século XX 2025 KATUTA Ângela Massumi MELZER Ehrick Eduardo Martins A questão agrária e a educação dono campo Terra Livre São Paulo v 30 n 45 p 6297 2015 Lima W M da S Amorim A N dos S 2024 O diabo no meio do redemoinho a dialética destruição produção do capitalismo rural em Alagoas Plural 311 424444 httpsdoiorg1011606issn21768099pcso2024214654 LIMA Araken Alves de A agroindústria canavieira alagoana da criação do IAA à desregulamentação na década de 1990 2001 117 p Dissertação Mestrado em Economia Universidade Estadual de Campinas Campinas SP LIMA José Carlos da Silva Terra poder e liberdade a ocupação semterra na Flor do Bosque 2016 162 f Dissertação Mestrado em História Universidade Federal de Alagoas Maceió 2016 LIMA L G et al O deserto verde cresce em Alagoas uma análise crítica da expansão do eucalipto no estado Caderno de Geografia v 30 n 603 p 1210 2020 LIMA Lucas Gama OLIVEIRA Amanda da Silva MIRANDA Anderson Ribeiro Indígenas terra e território em Alagoas uma análise geográfica da atualidade da resistência Revista de Geografia Recife v 36 n 1 2019 LIRA Fernando José de Formação da riqueza e da pobreza de Alagoas Maceió EDUFAL 2007 LIRA Fernando José de Crise privilégio e pobreza Alagoas no liminar do terceiro milênio Maceió EDUFAL 1997 MEDEIROS D A de SILVA C J da Território usado e dinâmica social as iniciativas locais como possibilidade produtiva ao estado de Alagoas Sociedade e Território v 33 n 2 p 138161 2021 DOI 102168021778396 MESQUITA Adriel Leandro ROSSETTO Onélia Carmem CANTÓIA Sílvia Fernanda A geografia agrária na BNCC Terra Livre São Paulo v 35 n 54 p 886922 OLIVEIRA Luã Karll de Uso corporativo do território e produção da violência no estado de Alagoas 2017 162 f Dissertação Mestrado Geografia UFBA 2017 PINSKY Jaime A escravidão no Brasil 21 ed São Paulo Contexto 2010 Repensando a História ISBN 9788572447805 PORFÍRIO Fernando Matozinhos BLUML Luiz Felipe Magnago SILVA Ruth Stein Os lucros da escravidão no Brasil e seu impacto econômico Revista Pet Economia Ufes v 2 ago 2021 PRADO JÚNIOR Caio Formação do Brasil contemporâneo colônia 23 e d São Paulo Brasiliense 2000 RIBEIRO Ana Maria Motta et al Os cadernos de conflitos no campo da CPT Cadernos de Conflitos no Campo v 18 n 36 maioago 2020 RODRIGUES Gelze Serrat de Souza Campos et al Eucalipto no Brasil expansão geográfica e impactos ambientais Uberlândia Composer 2021 RODRIGUES G elze Serrat de Souza Campos ROSS Jurandyr Luciano Sanches A trajetória da canadeaçúcar no Brasil recurso eletrônico perspectiva geográfica histórica ambiental EDUFU 2020 SANTOS André Luiz da Silva et al A expansão da canadeaçúcar no espaço alagoano e suas consequências sobre o meio ambiente e a identidade cultural Revista CampoTerritório v 2 n 4 p 1937 2008 DOI 1014393RCT2411824 SANTOS Flávio dos CAMPOS Christiane Senhorinha Soares O avanço da sojicultura no nordeste brasileiro Diversitas Journal v 5 n 1 p 203220 2020 SANTOS Márcio Zacarias do Dos antigos engenhos banguês em Alagoas até o aparecimento das primeiras usinas na década de 1920 2023 102 f Trabalho de Conclusão de Curso Licenciatura em História UFAL 2022 SANTOS Raqueline da Silva Reforma agrária e educação no campo as contradições do Pronera em Alagoas 19982008 2014 218 f Dissertação Mestrado em Geografia Universidade Federal de Sergipe São Cristóvão 2014 SILVA Geovane Alves de Trajetórias geográficas das usinas de açúcar de Alagoas 2023 104 f Dissertação Mestrado em Geografia UFAL 2021 SILVA Roossélia Pontes Reforma agrária desafios enfrentados pelos assentamentos rurais alagoanos na aplicação das políticas públicas 2009 225 f Dissertação Mestrado em Sociologia UFAL 2018 SIMONETTI M C L CAMARGO A Geografia dos conflitos e violência no campo os dados dos governos do Partido dos Trabalhadores In SIMONETTI M C L org Territórios movimentos sociais e políticas de reforma agrária no Brasil Marília Oficina Universitária São Paulo Cultura Acadêmica 2015 p 97121 DOI httpsdoiorg103631120159788579837142p97121 Tenezini TCZ 1994 Escravidão e capitalismo na plantation colonial Raízes Revista De Ciências Sociais E Econômicas 10 118 Página 45 de 59 7 Poderia ter construído um mapa que espacializasse esses dados Seria um recurso muito mais interessante para identificarmos a distribuição dessas famílias assentadas por município Através dessa espacialização ficaria mais claro que os maiores assentamentos estão no Alto Sertão de Alagoas Não consta nas referências Não consta nas referências

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