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Introdução à Lógica e Programação
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ UNIVERSIDADE ABERTA DO PIAUÍ Programa de Educação a Distância LÓGICA PARA A COMPUTAÇÃO Francisco Vieira de Souza PRESIDENTE DA REPÚBLICA Luiz Inácio Lula da Silva MINISTRO DA EDUCAÇÃO Fernando Haddad UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍREITOR Luiz de Sousa Santos Júnior SECRETÁRIO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA DO MEC Carlos Eduardo Bielschowsky DIRETOR DE POLITICAS PUBLICAS PARA EAD Hélio Chaves UNIVERSIDADE ABERTA DO BRASILCOORDENADOR GERAL Celso Costa CENTRO DE EDUCAÇÃO ABERTA A DISTÂNCIA DA UFPI Coordenador Geral de EaD na UFPI Gildásio Guedes Fernandes CENTRO DE CIENCIAS DA NATUREZA Helder Nunes da Cunha COORDENADOR DO CURSO de Sistema de Informação na Modaliade de EaD Luiz Cláudio Demes da Mata Sousa DEPARTAMENTO DE INFORMÁTICA E ESTATÍSTICACHEFE DO DEPARTAMENTO Paulo Sérgio Marques dos Santos EQUIPE DE APOIO Profº Arlino Araújo Liana Cardoso Luana Monteiro Cleidinalva Oliveira Lana Grasiela Marques DIAGRAMAÇÃO Samuel Falcão Silva Copyright 2008 Todos os direitos desta edição estão reservados à Universidade Federal do Piauí UFPI Nenhuma parte deste material poderá ser reproduzida transmitida e gravada por qualquer meio eletrônico por fotocópia e outros sem a prévia autorização por escrito do autor S729l Souza Francisco Vieira de Lógica para a ComputacionalFrancisco Vieira de Souza Teresina UFPIUAPI 2008 152p Inclui bibliografia 1 Lógica Proposicional 2 Álgebra Booleana 3 Lógica de Predicados I Universidade Federal do PiauíUniversidade Aberta do Piauí II Título CDD 5113 Este texto é destinado aos estudantes do programa de Educação a Distância da Universidade Aberta do Piauí UAPI vinculada ao consórcio formado pela Universidade Federal do Piauí UFPI Universidade Estadual do Piauí UESPI Centro Federal de Ensino Tecnológico do Piauí CEFETPI com apoio do Governo do estado do Piauí através da Secretaria de Educação O texto é composto de três unidades contendo itens e subitens que discorrem sobre a Lógica Proposicional e a Lógica de Predicados evidenciando como estas estruturas podem ser utilizadas no estudo da Informática Na Unidade 1 é analisada a Lógica Proposicional e as suas principais estruturas abordando as sentenças e diversas formas de construção buscando encontrar formas e metodologias de provas da validade ou falsidade de argumentos Na Unidade 2 são feitas comparações com teorias conhecidas como a Teoria dos Conjuntos e a Álgebra de George Boole além de ser feita uma justificativa sobre o princípio da indução finita A Unidade 3 é dedicada ao estudo da Lógica de Predicados como forma alternativa para a construção de expressões cujos significados não podem ser capturados pelos construtores da Lógica Proposicional Na unidade também é apresentado o problema da indecibilidade do Cálculo de Predicados de Primeira Ordem fazendo alusão à ligação existente entre esta teoria e a conhecida Tese de Church UNIDADE 01 LÓGICA PROPOSICIONAL 11 Introdução 12 Primeiros passos 13 Construção de sentenças11 14 Conectivos lógicos13 15 Sentenças atômicas e sentenças moleculares 16 Reescrita de sentenças 17 Simbologia das sentenças 18 Função verdade 19 Regras de avaliação das sentenças34 110 Formalização conceitual 111 Interpretações 112 As três leis do pensamento 113 Regras de inferência 114 Formas normais conjuntivas e disjuntivas 115 Argumento válido 116 Demonstração de validade de argumentos 117 Construção de tableaux semânticos 118 O caminho das pedras Resumo Exercícios Saiba Mais Referências na Web UNIDADE 02 A LÓGICA E OUTRAS TEORIAS 21Introdução 22O Cálculo Proposicional e a Teoria dos Conjuntos 23 Cálculo Proposicional e a Álgebra de Boole 24 O Principio da Indução Finita e a Lógica 25 RESUMO Exercícios Saiba Mais Referências na Web UNIDADE 03 LÓGICA DE PREDICADOS 31 Breve histórico 32 Primeiros passos 33 O cálculo de predicados de 1a ordem 34 Símbolos da linguagem 35 Proposições categóricos 37 Árvores de refutação ou tableaux semânticos 38 Consequência lógica em Tableaux semânticos 39 Forma prenex 310 Skolemização RESUMO Exercícios Saiba Mais Referências na Web Referências Bibliográficas Unidade 1 Lógica Proposicional RESUMO O objetivo principal desta unidade é apresentar os principais conceitos e estruturas da Lógica Proposicional bem como ela pode ser utilizada no ordenamento do raciocínio humano na busca de soluções para os problemas que ocorrem na naturezaNa unidade é mostrada a evolução histórica desde a sua utilização apenas como formulação correta de argumentos utilizada apenas pelas Ciências Sociais até o seu emprego atual na Ciência da Computação A unidade também contém vários exemplos e exercícios resolvidos tentando proporcionar ao leitor o entendimento pleno dos conceitos envolvidos além de serem propostos vários exercícios para sedimentar a teoria apresentada A forma de apresentação utilizada é de acordo com o exigido para o ensino à distância ou seja tendo em vista sempre esta nova modalidade de ensino Sumário Unidade LÓGICA PROPOSICIONAL A Lógica teve seu início com o grego Aristóteles 384322 a C quando outros filósofos também gregos passaram a utilizar seus enunciados resultando em grande simplificação e clareza para a Matemática Por volta de 1666 Gottfried Wilhelm Leibniz 16461716 usou em vários trabalhos o que chamou de Calculus Rationator ou Lógica Matemática ou ainda Logística Estas idéias nunca foram teorizadas por Leibniz porém seus escritos trouxeram a idéia da Lógica Matemática No século XVIII Leonhard Euler 17071783 introduziu a representação gráfica das relações entre sentenças ou proposições mais tarde ampliada por John Venn 1834 1923 E W Veitch em 1952 e M Karnaugh em 1953 Em 1847 Augustus DeMorgan 18061871 publicou um tratado Formal Logic envolvendose em uma discussão pública com o filósofo escocês William Hamilton conhecido por sua aversão à Matemática que escreveu A Matemática congela e embota a mente um excessivo estudo da Matemática incapacita a mente para as energias que a filosofia e a vida requerem George Boole 18151864 ligado a DeMorgan tomou as dores do amigo e escreveu The Mathematical Analysis of Logic em 1848 Em 1854 ele escreveu o livro An Investigation of the Laws of Thoutght e em 1859 escreveu Treatise on Defferantial Equations no qual discutiu o método simbólico geral O trabalho de George Boole foi amplliado por Lewis Carroll em 1896 por Whitehead em 1898 por Huntington em 1904 e em 1933 por Sheffer em 1913 entre outros Este 11 Introdução Leonhard Euler Aristóteles período de desenvolvimento da Lógica culminou com a publicação do Principia Mathematica por Alfred North Whitehead 18611947 e por Bertand Russel 18721970 que representou uma grande ajuda para completar o programa sugerido por Leibniz que visava dar uma base lógica para toda a Matemática Para facilitar o nosso entendimento sobre a Lógica vamos analisar de que forma ela é importante e que papel ela desempenha no ordenamento do raciocínio humano na busca de soluções para os problemas que ocorrem na natureza Antigamente a Lógica era utilizada apenas como forma de ordenamento de argumentos conhecidos como premissas para se chegar a uma conclusão que representasse o resultado de alguma questão Desta forma a Lógica era tão somente uma técnica utilizada principalmente pela Filosofia e pelas ciências humanas Atualmente o computador representa uma máquina capaz de processar muitos cálculos de forma correta e a grande velocidade Desta forma eles passaram a ser utilizados na busca de soluções para os mais diversos problemas da natureza Estes problemas para serem processados pelos computadores devem ser tratados de forma adequada para que as soluções encontradas sejam representativas Analisemos uma situação clássica em que dois amigos Francisco e Jorge se encontram em uma sextafeira à noite em um bar para jogar conversa fora acompanhados de chopp gelado e peixe frito Francisco argumenta euforicamente que Kaká é o melhor jogador de futebol do mundo instante em que 12 Primeiros passos Jorge refuta sob o calor da água que passarinho não bebe que o melhor jogador de futebol do mundo é sem qualquer sombra de dúvidas Ronaldinho Gaúcho Devese facilmente depreender que esta discussão deve ter continuado até a madrugada principalmente porque chegou à mesa um argentino chamado Celso Por outro lado imaginemos agora a afirmação 5 é um número natural primo Esta proposição não desperta qualquer dúvida uma vez que sabemos o que significa um número ser primo e sabemos verificar de forma inequívoca que o número 5 obedece às exigências para que um número seja primo Analisando estas expressões verificase que é possível decidir de forma irrefutável se o número 5 é primo mas não podemos decidir se o gol feito por um jogador é mais bonito que o feito por outro porque esta decisão varia de pessoa para pessoa Com estes dois exemplos pretendemos caracterizar a necessidade de um rigor na linguagem natural corrente Isto nos leva a uma linguagem matemática estudando os princípios da chamada Lógica Matemática As expressões analisadas na seção anterior tanto na linguagem matemática quanto na linguagem corrente envolvem certas entidades cada uma delas representadas convenientemente por símbolos Na oração Kaká é o melhor jogador de futebol do mundo aparecem as entidades Kaká jogador de futebol melhor jogador de futebol e melhor jogador de futebol do mundo Não se deve confundir uma 13 Construção de sentenças entidade com a sua representação uma vez que uma mesma entidade pode ter mais de uma representação por exemplo 3 e raiz quadrada de nove representam a mesma entidade As sentenças são expressões da linguagem às quais podese atribuir um valor verdadeiro ou falso Por exemplo Brasília é a capital do Brasil é uma sentença verdadeira enquanto 5 é um número par é uma sentença falsa Normalmente o valor verdadeiro é simbolizado pela letra maiúscula V enquanto o valor falso é simbolizado pela letra maiúscula F Num primeiro estudo da Lógica Matemática será admitido que toda proposição tenha apenas dois valores possíveis V ou F Esta idéia deve ser abandonada ao estudarmos outras teorias onde as sentenças possam ter valores distintos de F e V As sentenças por sua vez podem ser representadas pelas letras minúsculas p q r etc Desta forma podemos definir uma sentença da seguinte forma Definição 11 Uma sentença ou proposição é uma expressão de uma dada linguagem que pode ser classificada como verdadeira ou falsa de maneira exclusiva em um contexto Exemplo 11 As expressões a seguir são sentenças a Teresina é uma cidade quente b A Amazônia é um deserto c O Papa é romano ou não d Barack Obama é e não é americano e Se algo é igual a si próprio e tudo é igual a si próprio então Sócrates e Obama são iguais Exemplo 12 As sentenças imperativas interrogativas ou exclamativas não serão consideradas em nosso estudo As expressões a seguir não são exemplos de sentenças a Estude para a prova de Lógica b Qual foi a sua nota na prova de Lógica c Que saudade de Amélia As expressões do Exemplo 11 são sentenças porque podese atribuir a cada uma delas um valor verdadeiro ou falso o que não é possível com as expressões do Exemplo 12 porque elas representam uma frase imperativa uma interrogativa e uma exclamativa respectivamente Uma característica importante das sentenças é que elas podem ser combinadas para construir outras sentenças envolvendo expressões como e ou se então se e somente se que são aplicadas a duas sentenças As sentenças do Exemplo 11 podem ser combinadas para formar as seguintes sentenças além de outras a Barack Obama é e não é americano e o Papa é romano ou não b A Amazônia é um deserto mas Barack Obama não é americano c Se o Papa é romano então Teresina é uma cidade quente 14 Conectivos lógicos Também é possível construir sentenças aplicando as expressões não e é possível que Neste caso elas são aplicadas a uma única sentença diferente da forma como se constroem sentenças utilizando outras expressões que necessitam de duas sentenças Como exemplo podemos construir as sentenças a A Amazônia não é um deserto b É possível que o Papa seja romano Embora as expressões não e ou se então se e somente se e é possível que não possuam a mesma classificação gramatical do ponto de vista da Lógica todas elas possuem a mesma função que é construir sentenças a partir de uma ou mais sentenças previamente dadas No estudo da Lógica estas expressões têm uma denominação especial Definição 12 Um conectivo é uma expressão de uma dada linguagem utilizada para formar sentenças a partir de sentenças dadas Exemplo 13 Dadas as sentenças 5 é ímpar e 4 2 podemos formar as seguintes sentenças a 5 é ímpar e 4 2 b 5 é ímpar ou 4 2 c Se 5 é ímpar então 4 2 d 5 é ímpar se e somente se 4 2 e 5 não é ímpar Uma forma interessante de se analisar os conectivos é considerálos como as operações aritméticas da Matemática Uma operação aritmética é uma forma de combinar elementos para formar novos elementos Por exemplo a operação de multiplicação processa os números 3 e 4 e associa o resultado deste processamento ao valor 12 No caso dos conectivos os elementos a serem operados são sentenças e o resultado obtido é uma nova sentença Peso de um conectivo Embora existam muitos conectivos que podem ser utilizados na construção de sentenças só nos interessam para o estudo da Lógica um pequeno subconjunto deles Nosso objetivo é estudar certos aspectos lógicos da atividade matemática Desta forma serão considerados apenas os conectivos não e ou seentão e se e somente se Podemos verificar que na construção da sentença 5 não é ímpar o conectivo não foi aplicado a uma única sentença mas para construir a sentença 5 é ímpar e 4 2 o conectivo e foi aplicado a duas sentenças Os conectivos são classificados de acordo com o número de sentenças que eles precisam para formar uma nova sentença Definição 13 O peso ou aridade de um conectivo é o número exato de sentenças utilizadas para formar uma nova sentença por meio deste conectivo A Tabela 11 mostra os pesos dos principais conectivos prox Página Tabela 11 Os conectivos e seus pesos CONECTIVO PESO ARIDADE Não 1 E 2 Ou 2 se então 2 se e somente se 2 As sentenças podem ser classificadas de acordo com o fato de terem sido ou não obtidas de outras sentenças utilizando conectivos Definição 14 Uma sentença é chamada atômica se ela não tem qualquer conectivo A partir desta definição verificase que as expressões negativas de uma linguagem não são sentenças atômicas As sentenças atômicas são consideradas as sentenças básicas ou seja a partir delas são construídas outras sentenças Exemplo 14 As sentenças seguintes são atômicas a 5 é um número primo b O rio Parnaíba é perene c João Pessoa é a capital da Paraíba d A terra é um planeta 15 Sentenças atômicas e sentenças moleculares Definição 15 Uma sentença é molecular se ela não for atômica ou seja se tiver pelo menos um conectivo Exemplo 15 As sentenças a seguir são moleculares a 5 não é um número primo b João Pessoa é a capital da Paraíba e a terra é um planeta c O sol é uma estrela ou a terra é um planeta d Se a terra é um planeta então o sol é uma estrela Neste texto as letras romanas minúsculas representarão as sentenças atômicas por exemplo p q r etc As letras gregas minúsculas serão usadas para representar tanto as sentenças atômicas quanto as sentenças moleculares As letras gregas minúsculas serão utilizadas quando se deseja atribuir um grau de generalidade ou seja representar uma sentença que pode ser atômica ou molecular Classificação das sentenças moleculares As sentenças moleculares podem ser classificadas de acordo com o conectivo utilizado em sua construção Nesta seção serão mostradas diversas definições que fundamentam a classificação das sentenças moleculares Definição 16 Uma sentença é uma negação se ela for obtida a partir de outra utilizando o conectivo não Exemplo 16 A sentença 5 não é um número primo pode ser considerada uma negação obtida pela aplicação do conectivo não à sentença 5 é um número primo Definição 17 A sentença utilizada na construção de uma negação é chamada de sentença negada ou componente da negação No caso do Exemplo 16 a sentença 5 é um número primo é a sentença negada ou a componente da negação 5 não é primo Definição 18 Uma sentença é uma conjunção se ela for obtida a partir de duas outras sentenças através do conectivo e Exemplo 17 A sentença 4 não divide 7 nem 9 deve ser re escrita como 4 não divide 7 e 4 não divide 9 para que se possa entender o que realmente ela quer significar Neste caso a sentença é a conjunção das sentenças 4 não divide 7 e 4 não divide 9 aplicando o conectivo e Por sua vez a sentença 4 não divide 7 é a negação da sentença 4 divide 7 e a sentença 4 não divide 9 é a negação da sentença 4 divide 9 O leitor deve observar que neste caso foi necessário reescrever a sentença original de forma que ela pudesse ser analisada corretamente Este tema será abordado brevemente O leitor atento deve ter observado que o conectivo e foi aplicado a duas sentenças uma vez que ele é um conectivo de peso 2 A primeira sentença é chamada primeira componente e a segunda sentença é chamada segunda componente da conjunção Voltando ao Exemplo 17 a sentença 4 não divide 7 é a primeira componente e a sentença 4 não divide 9 é a segunda componente da conjunção Definição 19 Uma sentença é uma disjunção se ela for obtida a partir de duas outras sentenças através do conectivo ou Exemplo 18 A sentença 5 é ímpar ou 13 é par é obtida a partir das sentenças 5 é ímpar e 13 é par aplicandose o conectivo ou Como observado para o conectivo e que tem peso 2 e forma conjunções o conectivo ou também tem peso 2 e por isso a disjunção também precisa de duas sentenças para que ela seja formada conforme pode ser observado no Exemplo 18 onde a primeira sentença é denominada primeira componente e a segunda sentença é chamada segunda componente da disjunção Definição 110 Uma sentença é uma implicação se ela for obtida a partir de duas outras através do conectivo seentão Exemplo 19 A sentença Célia viajou para Campina Grande se Tarcísio comprou um carro novo deve ser reescrita como se Tarcísio comprou um carro novo então Célia viajou para Campina Grande Esta sentença é uma implicação formada pelas sentenças Tarcísio comprou um carro novo e Célia viajou para Campina Grande utilizando o conectivo seentão As duas o conectivo seentão tem peso 2 sentenças são chamadas de componentes da implicação onde a sentença Tarcísio comprou um carro novo é denominada antecedente e a sentença Célia viajou para Campina Grande é denominada conseqüente da implicação Definição 111 Uma sentença é uma biimplicação se ela for obtida a partir de duas outras sentenças através do conectivo se e somente se Exemplo 110 A sentença Vou a Parnaíba se e somente se a estrada foi consertada é a biimplicaçào das sentenças Vou a Parnaíba e a estrada foi consertada aplicandose o conectivo se e somente se Estas duas sentenças são chamadas de componentes da biimplicação sendo Vou a Parnaíba a primeira componente e a estrada foi consertada a segunda componente Em alguns dos exemplos mostrados anteriormente foi verificado que para se analisar corretamente a sentença foi necessário reescrevêla para que a análise pudesse ser feita corretamente Serão analisados a seguir alguns exemplos onde esta técnica se torna necessária Exemplo 111 Seja a sentença 5 não é ímpar Um número natural que não é ímpar é obrigatoriamente um número par Assim a sentença acima pode ser entendida como 5 é par Neste caso a sentença não apresenta qualquer conectivo e portanto ela é uma sentença atômica Por outro lado podemos analisar a sentença como sendo a negação da sentença 5 é ímpar Neste caso ela é uma sentença molecular Exemplo 112 Seja a sentença Emiliano e Chagas são casados Qual é a intenção da sentença Não está claro que o objetivo desta sentença seja informar que Emiliano tem uma esposa e Chagas tem outra Da forma como a sentença está escrita podese também deduzir que Emiliano e Chagas são casados um com o outro 16 Reescrita de sentenças Estes exemplos mostram que algumas sentenças podem ter mais de uma interpretação Neste caso dizse que elas são ambíguas e isto pode acarretar análises lógicas incompatíveis É necessário que a formação de sentenças obedeça regras precisas para que estas ambigüidades não aconteçam Regras de reescrita Existem algumas regras básicas que devem ser seguidas na construção de sentenças Em uma primeira etapa devese explicitar as sentenças atômicas que compõem a sentença final atribuindo a elas um símbolo por exemplo as letras romanas minúsculas p q r s t etc transformandoas em sentenças simbolizadas Em uma etapa posterior devem ser atribuídos símbolos aos conectivos Os conectivos são representados pelos símbolos mostrados na Tabela 14 A seguir será mostrado um conjunto de regras que devem ser utilizadas nestas reescritas Tabela 12 Reescritas de algumas sentenças atômicas Regra 1 Uma sentença atômica p deve ser reescrita entre parênteses ou seja p Exemplo 113 Para facilitar a compreensão algumas sentenças atômicas estão mostradas na primeira coluna da Tabela 12 e suas reescritas estão mostradas na segunda coluna SENTENÇA ATÔMICA SENTENÇA ATÔMICA REESCRITA 5 é um número ímpar 10 é maior que 100 Thaís é psicóloga Mariane é uma boa aluna 5 é um número ímpar 10 é maior que 100 Thaís é psicóloga Mariane é uma boa aluna Regra 2 A negação de uma sentença p deve ser reescrita como p onde p é a sentença negada Exemplo 114 Utilizando as mesmas sentenças mostradas na Tabela 12 foi construída a Tabela 13 que mostra cada uma destas sentenças reescritas em suas formas negadas Deve ser observado que apesar do exemplo mostrar apenas a negação de sentenças atômicas ela pode ser aplicada também a sentenças moleculares Tabela 13 Negação de sentenças Regra 3 Uma conjunção de duas sentenças p e q previamente reescritas deve ser reescrita como p Λ q Exemplo 115 A conjunção 5 não é ímpar nem é maior que 0 deve ser entendida como a conjunção 5 não é ímpar e 5 não é maior que 0 Neste caso ela deve ser reescrita como 5 é ímpar Λ 5 é maior que 0 Exemplo 116 Já sabemos que a conjunção Nathalie e Natasha foram à Barras é ambígua uma vez que pode ser interpretada como Nathalie foi a Barras e Natasha foi a Barras ou como Nathalie e Natasha foram a Barras juntas Esta ambigüidade de significado provoca também ambigüidade de construção porque não é possível decidir se esta sentença é atômica na segunda interpretação ou se ela é molecular como a primeira interpretação Como solução foi feita uma convenção SENTENÇA NEGAÇÃO REESCRITA 5 é ímpar 10 é maior que 100 Thaís é psicóloga Mariane é uma boa aluna 5 é ímpar 10 é maior que 100 Thaís é psicóloga Mariane é uma boa aluna de que onde ocorra este tipo de problema a sentença deve ser considerada em sua forma molecular Desta forma a sentença acima deve ser reescrita por Nathalie foi a Barras Λ Natasha foi a Barras Regra 4 Uma disjunção de duas sentenças p e q previamente reescritas deve ser reescrita como p V q Exemplo 117 A disjunção 20 não é maior que 10 ou 4 é primo e 1 é maior que 4 deve ser reescrita como 20 é maior que 10 V 4 é primo Λ 1 é maior que 4 Regra 5 Uma implicação de duas sentenças p e q sendo p a sentença antecedente e q a sentença conseqüente previamente reescritas deve ser reescrita como p q Exemplo 118 A sentença Às sextasfeiras Antônio vai ao bar da Miúda pode ser entendida como se for sextafeira então Antônio vai ao bar da Miúda que deve ser reescrita por é sextafeira Antônio vai ao bar da Miúda Regra 6 Uma biimplicação de duas sentenças componentes p e q previamente reescritas deve ser reescrita como p q Exemplo 119 A biimplicação Zefinha emagrecerá se e somente se não beber refrigerante nem comer macarrão deve ser reescrita como Zefinha emagrece Zefinha bebe refrigerante Λ Zefinha come macarrão Sempre que possível as sentenças devem ser reescritas no presente do indicativo ou seja não deve ser levado em conta o tempo verbal Deve ser levado em conta que nosso objetivo é determinar se uma determinada sentença p é ou não uma verdade lógica Para isto devese verificar se p é verdadeira ou não em todos os contextos O fato de uma sentença ser verdadeira em todos os contextos depende da forma como ela foi construída e não de seu conteúdo As regras de reescritas permitem explicitar como as sentenças são formadas mas é necessário analisar como as sentenças são simbolizadas Este é o passo final da reescrita porque permite esconder o conteúdo e explicitar a forma A Tabela 14 a seguir mostra um resumo dos conectivos e seus respectivos símbolos Tabela 14 Os conectivos e seus símbolos Sejam as sentenças a 5 é ímpar ou 5 não é ímpar b Einstein é brasileiro ou Einstein não é brasileiro c O conjunto dos números perfeitos possui um maior elemento ou o conjunto dos números perfeitos não possui um maior elemento 17 Simbologia das sentenças CONECTIVO SÍMBOLO não e ou seentão se e somente se Λ V Podese observar sem qualquer dificuldade que todas estas sentenças são disjunções e de acordo com o que foi visto anteriormente devem ser reescritas da seguinte forma a 5 é ímpar V 5 é ímpar b Einstein é brasileiro V Einstein é brasileiro c O conjunto dos números perfeitos tem um maior elemento V O conjunto dos números perfeitos tem um maior elemento Vamos examinar cada uma destas sentenças em separado a A sentença 5 é ímpar V 5 é ímpar é a disjunção entre a sentença atômica 5 é ímpar e a sentença 5 é ímpar Esta por sua vez é a negação da sentença 5 é ímpar Como a sentença apresenta duas alternativas das quais a primeira é verdadeira a sentença representada pela disjunção também é verdadeira b A sentença Einstein é brasileiro V Einstein é brasileiro também é uma disjunção entre a sentença atômica Einstein é brasileiro e a sentença Einstein é brasileiro Esta por sua vez é a negação da sentença Einstein é brasileiro Neste caso a sentença também apresenta duas alternativas das quais a segunda é verdadeira Logo a sentença representada pela disjunção também é verdadeira c A sentença O conjunto dos números perfeitos tem um maior elemento V O conjunto dos números perfeitos tem um maior elemento também é a disjunção entre a sentença atômica O conjunto dos números perfeitos tem um maior elemento e a sentença O conjunto dos números perfeitos tem um maior elemento Esta por sua vez é a negação da sentença O conjunto dos números perfeitos tem um maior elemento Neste caso não sabemos se a primeira ou a segunda sentença da disjunção é verdadeira porque este é um problema matemático ainda em aberto No entanto a sentença apresenta duas alternativas excludentes mas complementares ou seja se a primeira for verdadeira a segunda é falsa e viceversa Assim podese afirmar com certeza que a sentença representada pela disjunção é verdadeira Pode ser facilmente observado que a explicação dada na sentença da letra c anterior também pode ser aplicada às sentenças das letras a e b Isto é verdade porque as sentenças componentes são expressões alternativas excludentes e complementares Dito de outra forma se as sentenças de uma disjunção expressam alternativas excludentes e complementares a disjunção é verdadeira independente do conhecimento antecipado sobre a verdade ou falsidade das componentes Dada uma sentença simbolizada p nosso objetivo é determinar se p é ou não uma verdade lógica Isto significa verificar se p é verdadeira ou não em todos os contextos Pelo exposto o fato de uma sentença ser verdadeira em todos os contextos depende da maneira como a sentença foi formada e não de seu conteúdo As regras de reescritas nos permitem verificar como as sentenças foram formadas faltando apenas uma forma de simbolizar as sentenças permitindo esconder seus conteúdos uma vez que eles não são importantes Esta tarefa não é tão simples em um primeiro momento É necessária alguma prática para que seja feita de forma adequada Para isto será introduzida uma metodologia a ser seguida pelo menos enquanto não adquiramos uma prática consolidada nesta área Esta metodologia consiste da divisão das sentenças em passos São eles 1 Classificar a sentença como atômica ou molecular 2 Classificar todos os conectivos que ocorrem na sentença se for molecular 3 Classificar o tipo da sentença em negação conjunção disjunção implicação ou biimplicação se for molecular 4 Reescrever a sentença de acordo com as regras de reescritas 5 Simbolizar a sentença reescrita substituindo as sentenças atômicas pelas letras p q r ou s indexadas ou não de modo que cada ocorrência de uma mesma sentença seja substituída sempre pela mesma letra e que sentenças atômicas distintas sejam substituídas por letras também distintas Será apresentada a seguir uma seqüência de exemplos de aplicação desta metodologia para que o leitor possa fixála com facilidade Exemplo 120 a Francisco é feliz Aplicando a metodologia proposta para a simbolização temos 1 Atômica 2 Não tem conectivos por ser atômica 3 Não pode ser classificada por ser atômica 4 Francisco é feliz 5 A sentença pode ser simbolizada por p onde p Francisco é feliz b Francisco é feliz e Cecília o ama A sentença deve ser reescrita como Francisco é feliz e Cecília ama Francisco Aplicando a metodologia proposta temos 1 Molecular 2 Possui o conectivo e 3 Tratase de uma conjunção 4 Francisco é feliz Λ Cecília ama Francisco 5 Sendo p Francisco é feliz e q Cecília ama Francisco então p ۸ q c Francisco é feliz caso Cecília o ame A sentença deve ser reescrita como Se Cecília ama Francisco então Francisco é feliz Aplicando a metodologia proposta temos 1 Molecular 2 Possui o conectivo se então 3 Tratase de uma implicação 4 Cecília ama Francisco Francisco é feliz 5 Sendo p Cecília ama Francisco e q Francisco é feliz então p q d Francisco é feliz pois Cecília o ama A sentença deve ser reescrita como Cecília ama Francisco e se Cecília ama Francisco então Francisco é feliz Aplicando a metodologia proposta temos 1 Molecular 2 Possui os conectivos e e se então 3 Tratase de uma conjunção onde a segunda componente é uma implicação 4 Cecília ama Francisco ۸ Cecília ama Francisco Francisco é feliz 5 Sendo p Cecília ama Francisco e q Francisco é feliz então a sentença deve ser representada por p ۸ p q e Francisco é feliz porque Cecília o ama e ela é feliz A sentença deve ser reescrita como Cecília ama Francisco e Cecília é feliz e se Cecília ama Francisco e Cecília é feliz então Francisco é feliz Aplicando a metodologia proposta temos 1 Molecular 2 Possui os conectivos e e se então 3 Tratase de uma conjunção onde a primeira componente é uma conjunção e a segunda componente é uma implicação 4 Cecília ama Francisco Λ Cecília é feliz Λ Cecília ama Francisco Λ Cecília é feliz Francisco é feliz 5 Sendo p Cecília ama Francisco q Cecília é feliz e r Francisco é feliz então a sentença deve ser representada por p Λ q Λ p Λ q r Nos exemplos a seguir não serão mais mostrados todos os passos definidos na metodologia apresentada uma vez que neste ponto já se supõe que o leitor tenha adquirido alguma prática o que torna desnecessária a colocação de todos estes passos Neste caso serão mostrados apenas os resultados finais a 10 10 20 Sendo p 10 10 20 então a sentença deve ser simbolizada por p b 3 e 5 são ímpares Sendo p 3 é ímpar e q 5 é ímpar então a sentença deve ser simbolizada por p Λ q c Pelo menos um dos números inteiros 2 5 e 7 primo Sendo p 2 é um número primo q 5 é um número primo e r 7 é um número primo então a sentença deve ser simbolizada por p V q V ou por p V q V r d Exatamente um dos números 1 2 e 3 é primo Sendo p 1 é primo q 2 é primo e r 3 é primo então a sentença deve ser simbolizada por p Λ q Λ r V q Λ p Λ r V r Λ p Λ q Simplificação de sentenças Até este ponto seguimos algumas convenções por exemplo colocando parênteses cercando cada sentença seja ela atômica ou molecular Estas convenções foram necessárias para que as estruturas das sentenças fossem entendidas de forma pedagogicamente mais fácil No entanto esta convenção provoca a existência de muitos parênteses chegando em algumas situações a confundir visualmente o leitor Neste ponto imaginamos que o leitor já tenha maturidade suficiente para simplificar algumas regras por exemplo eliminando alguns parênteses redundantes ou substituindo alguns conectivos por outros As regras de simplificação são as seguintes Regra 1 Os parênteses externos podem ser retirados Neste caso a sentença simbolizada p Λ pqq será escrita por p Λ pqq Regra 2 Os parênteses em torno da negação podem ser retirados Neste caso a sentença simbolizada q Λ pqq será escrita por q Λ pqq Regra 3 Os conectivos e têm precedência sobre os conectivos Λ e V Neste caso a sentença simbolizada q Λ p q p será escrita por q Λ p q p Regra 4 O conectivo se aplica à menor sentença que o sucede Neste caso devese escrever p Λ q se a intenção for explicitar que o conectivo deve ser aplicado à sentença completa porque se for escrito p Λ q o conectivo será aplicado apenas à sentença p Regra 5 Os conectivos e Λ podem ser substituídos pelos conectivos e V da seguinte forma p q pode ser substituído por p V q p q pode ser substituído por p V q Λ q V p e p q pode ser substituído por p V q A Regra 5 informa que os únicos conectivos necessários para se construir qualquer sentença são e V ou seja todos os outros podem ser construídos em função destes dois Neste caso diz se que o conjunto V destes dois conectivos é completo De acordo com o que foi visto até aqui uma sentença é verdadeira ou falsa de forma exclusiva em um dado contexto 18 Função verdade Vamos agora analisar formas de avaliação de sentenças ou seja dada uma sentença p vamos determinar se p é verdadeira ou falsa em um dado contexto O nosso objetivo final é encontrar uma forma de determinar se uma determinada sentença é verdadeira ou falsa em todos os contextos possíveis Para facilitar este estudo é necessário adotar uma notação Já foi visto que uma sentença só pode ter um de dois valores verdadeiro ou falso Estes dois valores serão conhecidos como valores verdade Este termo pode gerar alguma dúvida uma vez que ao nos referirmos aos valores verdade poderseia prejulgar que a sentença fosse indubitavelmente verdadeira No entanto este não é o caso Quando nos referimos ao valor verdade de uma função teremos como resultado o valor falso ou o valor verdadeiro de forma excludente Um valor verdadeiro será simbolizado pela letra maiúscula V e um valor falso será simbolizado pela letra maiúscula F Desta forma avaliar uma função consiste em determinar seu valor verdade V ou F O valor verdade de uma sentença atômica depende exclusivamente do contexto ao qual a sentença está associada Por exemplo apenas as pessoas com algum grau de conhecimento de Física sabem que a sentença a velocidade da luz no vácuo é de 300000 quilômetros por segundo é uma sentença verdadeira Já nas sentenças moleculares várias situações podem acontecer ou seja seus valores verdade podem depender ou não dos valores verdade das sentenças componentes Vamos analisar as duas situações através de exemplos Seja a sentença 4 é par ۸ 6 é ímpar A conjunção faz alusão às duas sentenças mas sabemos que a segunda delas é falsa Desta forma o valor verdade da sentença é falso F Neste caso o valor verdade da sentença dependeu dos valores verdade de suas componentes Agora vejamos a sentença Zefinha é feia V Zefinha não é feia Esta disjunção também é composta de duas sentenças mas nada podemos afirmar sobre a veracidade ou falsidade de cada uma delas Se Zefinha for feia a primeira componente é verdadeira e a segunda é falsa Se Zefinha não for feia então a segunda componente da disjunção é verdadeira e a primeira é falsa Em ambas as situações a sentença final é verdadeira Neste caso o valor verdade da sentença não dependeu dos valores verdade de suas componentes Para resolver este dilema é necessário adotarmos uma convenção Só nos interessa enquanto estudantes de Lógica analisar sentenças que possam ter seus valores verdade determinados apenas em função das suas componentes Para isto dizemos que um conectivo é por função verdade se o valor verdade das sentenças moleculares obtidas por seu intermédio for determinado única e exclusivamente baseado nos valores verdade de suas sentenças componentes É importante destacar que os conectivos não e ou se então e se e somente se são por função verdade Para avaliar sentenças moleculares é necessário que sejam definidas regras a serem aplicadas aos conectivos que as compõem Isto significa que para cada conectivo será definida uma regra para encontrar o valor verdade da sentença composta por ele Isto é o que será feito a seguir Negação O conectivo não é utilizado quando desejamos negar o conteúdo de uma sentença Na teoria dos conjuntos ele tem outra 19 Regras de avaliação das sentenças notação para determinar a complementação de conjuntos ou seja uma barra horizontal sobre o símbolo do conjunto Esta operação associa a cada conjunto A de um dado conjunto universo U um outro conjunto Ā chamado de complemento de A constituído pelos elementos de U que não pertencem a A Dado u em U a condição para que u esteja em Ā é que u não esteja em A e a condição para que u esteja em A é que u não esteja em Ā Regra 1 Uma negação é verdadeira se a sentença negada for falsa e uma sentença é falsa se a sentença negada for verdadeira Esta regra está resumida na Tabela 15 a seguir chamada de tabela verdade do conectivo não Tabela 15 Tabela verdade do conectivo não Conjunção Na linguagem da Lógica o conectivo e Λ é utilizado quando queremos afirmar a ocorrência simultânea de dois fatos Na teoria dos conjuntos isto equivale à interseção de conjuntos Regra 2 Uma conjunção é verdadeira se suas duas componentes forem simultaneamente verdadeiras e é falsa se pelo menos uma delas for falsa Esta regra permite construir a tabela verdade da conjunção que está mostrada na Tabela 16 a seguir p p F V V F Em uma cidade em que cada habitante ou fala verdade ou é mentiroso Félix encontrou Teresa e Nazareth quando perguntou alguém de vocês é mentirosa Teresa respondeu pelo menos uma de nós duas é mentirosa Teresa estava ou não falando a verdade Tabela 16 Tabela verdade do conectivo e Λ p Q p Λ q F F F F V F V F F V V V Disjunção Na linguagem da Lógica o conectivo ou V é utilizado quando se deseja apresentar alternativas Na teoria dos conjuntos isto equivale à união dos conjuntos Regra 3 Uma disjunção é falsa se suas componentes forem simultaneamente falsas e é verdadeira se pelo menos uma de suas componentes for verdadeira Esta regra é utilizada no sentido inclusivo ou seja o fato das duas sentenças componentes da disjunção serem ambas verdade tornam a sentença também verdade Esta situação é um pouco diferente do uso corriqueiro na língua portuguesa Por exemplo na sentença Félix vai de carro ou de avião queremos informar que ou Félix vai de carro ou ele vai de avião uma vez que ele não pode ir de carro e de avião ao mesmo tempo Nos circuitos digitais também existem implementações do operador ou exclusivo conhecido como Xor mas este caso não será aqui considerado Será considerado apenas o ou inclusivo Esta regra permite construir a tabela verdade da disjunção como mostrado na Tabela 17 a seguir Tabela 17 Tabela verdade do conectivo ou V Implicação Na Lógica usase o conectivo de implicação quando se deseja indicar uma relação de causa e efeito entre a sentença antecedente e a sentença consequente Neste caso uma interpretação gráfica possível em um diagrama de Venn só é possível se a implificação for transformada antes em uma dusjunção ou seja transformando p q em p V q Regra 4 Uma implicação é falsa se sua antecedente for verdadeira e a conseqüente for falsa Caso contrário a sentença será verdadeira Esta regra permite construir a tabela verdade da implicação que está mostrada na Tabela 18 a seguir Tabela 18 Tabela verdade do conectivo se então p Q p q F F V F V V p q p V q F F F F V V V F V V V V V F F V V V Biimplicação No estudo da Lógica usase o conectivo se e somente se quando se deseja explicitar que duas sentenças têm o mesmo conteúdo Neste caso também não existe uma interpretação gráfica direta correspondente na teoria dos conjuntos devendo antes ser transformada em outra possível Regra 5 Uma biimplicação é verdadeira se suas componentes possuírem os mesmos valores verdade e é falsa se elas apresentam valores verdade distintos Isto está mostrado na Tabela 19 a seguir Tabela 19 Tabela verdade do conectivo se e somente se p q p q F F V F V F V F F V V V Os conceitos até aqui vistos foram introduzidos de maneira que o leitor pudesse entendêlos antes que eles fossem formalizados Esta formalização apesar de necessária pode confundir didaticamente o leitor que está tendo os primeiros contactos com o estudo da Lógica Esta seção é dedicada à formalização destes conceitos para facilitar a continuação deste aprendizado e tornar este trabalho autocontido Definição 112 Alfabeto O alfabeto da Lógica Proposicional é constituído por Símbolos de pontuação e Símbolos de verdade true e false Símbolos proposicionais p q r s p1 q1 r1 s1 p2 Conectivos proposicionais V Λ e Como pode ser verificado o alfabeto da linguagem da Lógica Proposicional é constituído de infinitos símbolos Isto não ocorre no alfabeto da língua portuguesa que é composto de apenas 26 letras e mais alguns poucos Os símbolos de verdade são as palavras da língua inglesa true e false que no presente contexto são consideradas apenas símbolos Em outros contextos estes símbolos podem ser representados de forma diferente Como pode ser observado na definição de Alfabeto da Lógica ele é formado por símbolos Estes símbolos devem ser concatenados para formar estruturas que serão tratadas como fórmulas bem formadas fbfs A construção das fórmulas bem Formalização conceitual formadas obedecem a leis de formação que serão mostradas a seguir Definição 113 fbf fórmula bem formada As fórmulas bem formadas da linguagem da Lógica Proposicional são as fbfs proposicionais construídas a partir dos símbolos de alfabeto conforme as regras a seguir Todo símbolo de verdade é uma fórmula bem formada Todo símbolo proposicional é uma fórmula bem formada Se p for uma fórmula bem formada então p a negação de p também é uma fórmula bem formada Se p e q forem fórmulas bem formadas então p V q também será uma fórmula bem formada a disjunção de p e q Se p e q forem fórmulas bem formadas então p Λ q também será uma fórmula bem formada a conjunção de p e q Se p e q forem fórmulas bem formadas então p q também será uma fórmula bem formada a implicação de p para q onde p é o antecedente e q é o consequente Se p e q forem fórmulas bem formadas então p q também será uma fórmula bem formada a bimplicação de p para q onde p é o lado esquerdo e q é o lado direito Já foi visto neste estudo que existem sentenças ou fbfs que são sempre verdadeiras independente dos valores verdade de suas componentes Outras há que são sempre falsas e existe ainda um terceiro tipo que apresentam sentenças verdadeiras ou falsas Interpretações dependendo do contexto em que elas estejam inseridas Por exemplo as sentenças a Amanhã vai chover ou não vai chover b Chove e não chove hoje c Emiliano come muito e Maria gosta de bananas A sentença a será sempre verdadeira independente se chover ou não A sentença b é sempre falsa independente de São Pedro gostar ou não Já a sentença c pode ser verdadeira ou falsa Estas três situações estão detalhadas nas tabelas seguintes onde para cada uma destas sentenças é construída a sua tabela verdade para fins de comparação e permitir um completo domínio por parte do leitor 1 Amanhã vai chover ou não vai chover p amanhã vai chover p p p V p F V V V F V 2 Chove e não chove hoje p Hoje chove p p p Λ p F V F V F F 3 Emiliano come muito e Maria gosta de bananas p Emiliano come muito q Maria gosta de bananas p Q p Λ q F F F F V F V F F V V V As sentenças construídas através dos conectivos mostrados até aqui podem ser analisadas apenas utilizando a tabela verdade das sentenças componentes Definição 114 Uma interpretação para uma sentença simbolizada α é uma atribuição de valores verdade às letras sentenciais que ocorrem em α de modo que a cada letra seja atribuído um único valor verdade No exemplo mostrado nas letras a e b só existe uma letra sentencial p portanto ela só pode ter dois valores verdade F ou V Isto significa que só temos duas interpretações para ela Já no caso c existem duas letras sentenciais portanto existem 4 interpretações para esta sentença De forma geral uma sentença simbolizada onde ocorrem m letras sentenciais distintas possui 2m interpretações Tautologias contradições e contingências Nesta seção as sentenças serão classificadas de acordo com as suas interpretações Para isto será necessário definir antes o que se entende por interpretação Definição 115 Uma interpretação para duas sentenças simbolizadas α e β é uma atribuição de valores às letras sentenciais que ocorrem em α e em β Isto significa que cada linha da tabela verdade representa uma interpretação para as letras sentenciais constantes desta tabela Definição 116 Uma sentença simbolizada α é chamada tautologia se para todas as interpretações seus valores verdade forem todos verdadeiros V Vejamos a sentença α pq V p q A Tabela 110 mostra a sua tabela verdade Tabela 110 Tabela verdade da sentença α p q pq p q pq V p q F F V F V F V V F V V F F V V V V V F V Como pode ser observado para todas as interpretações de p e q a sentença α tem valor verdade V Assim a sentença α é uma tautologia Para informar que uma sentença α é uma tautologia será utilizada a notação α Esta notação será utilizada a partir deste instante e será importante na formulação de provas um tema a ser analisado mais adiante Definição 117 Uma sentença simbolizada α é chamada de contradição se para todas as interpretações seus valores verdade forem falsos F Seja por exemplo a sentença α p Λ q p V q Sua tabela verdade é a seguinte p q p Λ q p q p V q p Λ q p V q F F F V V V F F V F V F V F V F F F V V F V V V F F F F Podese observar que a última coluna desta tabela verdade só contém valores verdade F Portanto a sentença é uma contradição Definição 118 Uma sentença simbolizada α é chamada de contingência se algum ou alguns de seus valores verdade forem verdadeiros V enquanto outro ou outros têm valores verdade F Se uma sentença for uma contingência dizse que ela é uma fórmula satisfatível ou seja uma sentença é satisfatível se existe pelo menos uma interpretação para a qual o valor verdade da sentença é verdadeiro O exemplo a seguir mostra uma sentença classificada como uma contingência uma vez que em sua última coluna se verificam valores F e também V Seja a sentença α q Λ pq p Sua tabela verdade é a seguinte p q pq q Λ pq q Λ pq p F F V F V F V V V F V F F F V V V V V V Pelo que foi visto até aqui uma forma prática de classificar uma determinada sentença como tautologia contingência ou contradição é analisar seus valores verdade utilizando sua tabela verdade Equivalência Tautológica Até o momento aprendemos como classificar uma sentença como tautologia contradição ou contingência No entanto é também importante saber comparar duas sentenças e analisar o que há de comum entre elas Assim temos Definição 119 Duas sentenças simbolizadas α e β são tautologicamente equivalentes se para cada interpretação de α e de β os valores de α e β forem iguais Duas sentenças α e β tautologicamente equivalentes serão denotadas por α β Exemplo 122 As sentenças a seguir são tautologicamente equivalentes No entanto suas verificações são deixadas como exercício para o leitor a p V q r r p Λ q b p V q Λ p Λ q p V q Λ p V q c p V q Λ p V q p q Proposição Sendo α e β duas sentenças simbolizadas então as seguintes condições são equivalentes a α β b α β Prova O sistema de prova utilizado para esta demonstração baseiase na verificação de que a primeira sentença é equivalente a segunda e que a segunda também é equivalente à primeira Este sistema é conhecido como ida e volta Suponhamos que α β Então em cada interpretação para α e β elas assumem o mesmo valor verdade pela definição dada Observando a tabela verdade de α β verificase também que em cada linha α e β assumem valores iguais Isto significa que as sentenças α e β são tautologicamente equivalentes ou seja α β Suponhamos agora que α β Então em cada linha da tabela verdade de α β ocorre o valor verdade V Isto significa que em cada linha os valores verdade de α e de β são iguais Como cada linha da tabela verdade inicia com uma interpretação para α e β as sentenças α e β assumem o mesmo valor verdade em cada interpretação ou seja α β Alguns pesquisadores definiram a Lógica como a ciência das leis do pensamento Estas pessoas defenderam que existem exatamente três fundamentais do pensamento as quais são As três leis do pensamento necessárias e suficientes para que o pensamento se desenvolva de forma correta Estas leis do pensamento receberam tradicionalmente as denominações de Princípio da Identidade Princípio da Contradição algumas vezes tratado como Princípio da Não Contradição e o Princípio do Terceiro Excluído Existem formulações alternativas para estes princípios de acordo com os diferentes contextos Em nosso caso as formulações são as seguintes O Princípio da Identidade afirma que se qualquer enunciado for verdadeiro então ele será verdadeiro O Princípio da Contradição afirma que nenhum enunciado pode ser verdadeiro e falso ao mesmo tempo O princípio do Terceiro Excluído afirma que um enunciado ou é verdadeiro ou falso O Princípio da Identidade afirma que todo enunciado da forma pp é verdadeiro ou seja todo enunciado deste tipo é uma tautologia O Princípio da Contradição afirma que todo enunciado da forma p Λ p é falso ou seja todo enunciado deste tipo é uma contradição O Princípio do Terceiro Excluído afirma que todo enunciado da forma p V p é verdadeiro ou seja todo enunciado deste tipo é uma tautologia Estes princípios tem sido criticados ao longo dos tempos mas em sua grande maioria estas críticas parecem basearse em falta de entendimento correto O Princípio da Identidade foi criticado com fundamento em que as coisas mudam visto que o que era verdadeiro em relação determinado fato no passado pode não sêlo em um momento futuro Por exemplo o Brasil era uma colônia de Portugal até 1822 quando deixou de sêlo Esta observação é correta mas esse sentido não é aquele do qual a Lógica se ocupa Os enunciados cujos valores verdade mudam com o tempo são expressões elípticas ou incompletas de proposições que não mudam e são destas que a Lógica se ocupa Desta forma o enunciado o Brasil é uma colônia de Portugal pode ser considerada uma expressão elíptica ou parcial de o Brasil foi uma colônia de Portugal até 1922 o que é tão verdadeiro no século XIX quanto atualmente Quando limitamos nossa atenção aos enunciados não elípticos ou completos o Princípio da Identidade é perfeitamente verdadeiro e indiscutível De forma similar o Princípio da Contradição foi criticado por semânticos em geral por marxistas com o fundamento de que há contradições ou situações nas quais forças contraditórias ou conflitantes estejam em ação É verdade que existem situações com forças conflitantes e isto é verdadeiro no domínio da mecânica e nas esferas social e econômica No entanto é uma terminologia vaga e inconveniente chamar de contraditórias essas forças conflitantes O calor aplicado a um gás contido tende a provocar a expansão e o recipiente que tende a conter a expansão desse gás podem ser descritos como um conflito mútuo mas nenhum deles é a negação ou a contradição do outro O proprietário de uma fábrica que tem milhares de operários trabalhando em conjunto para o seu funcionamento pode oporse ao sindicato e ser combatido por este que jamais teria se organizado se seus filiados não tivessem se reunidos para trabalhar nessa fábrica mas nem o proprietário nem o sindicato são a negação ou o contraditório um do outro Quando entendido no sentido em que se considera correto o Princípio da Contradição é perfeitamente verdadeiro e igualmente indiscutível O Princípio do Terceiro Excluído tem sido objeto de mais ataques do que os outros dois Afirmase insistentemente que a sua aceitação leva a uma orientação bivalente que implica entre outras coisas que tudo seja branco ou preto excluindo todos os outros domínios intermediários Mas ainda que o enunciado isto é branco em que a palavra isto se refere exatamente à mesma coisa em ambos os enunciados um não é a negação ou o contraditório do outro Indubitavelmente não podem ser ambos verdadeiros mas podem ser ambos falsos São contrários mas não contraditórios A negação ou contradição de isto é branco é isto não é branco e um destes enunciados deve ser verdadeiro se a palavra branco for usada nos dois enunciados exatamente no mesmo sentido Quando restrito a enunciados que contém termos totalmente isentos de ambiguidades e absolutamente rigorosos o Princípio do Terceiro Excluído é verdadeiro Embora os três princípios sejam verdadeiros poderseá duvidar contudo de que possuam o status privilegiado e fundamental que tradicionalmente lhes é atribuído O primeiro e o terceiro não são as únicas formas de tautologia nem a contradição explícita p Λ p é a única forma de contradição Na realidade as três leis do pensamento representam os princípios básicos que governam a construção das tabelas verdade A Tabela 111 a seguir mostra as principais equivalências tautológicas que por serem muito utilizadas ficaram conhecidas de forma generalizada como regras de inferência cada uma delas com uma denominação particular Regras de inferência Tabela 111 Principais regras de inferência Regras Fórmula Modus ponens p Λ p q q Modus tollens q Λ p q p Silogismo hipotético p q Λ q r p r Silogismo disjuntivo p V q Λ p q Simplificação p Λ q p Adição p p V q Eliminação p q V r Λ q p r Prova por casos p r Λ q r p V q r Contraposição p q q p Existem outras equivalências tautológicas algumas delas mostrando alguma propriedade por exemplo a associatividade e a comutatividade de alguns conectivos Incentivase que o leitor verifique a veracidade de cada uma delas como exercício a p p b p Λ q q Λ p c p V q q V p d p Λ q Λ r p Λ q Λ r e p V q V r p V q V r f p Λ q V r p V r Λ q V r g p V q Λ r p Λ q V q Λ r h p Λ q p V q i p V q p Λ q j p Λ p p k p V p p l p V p Λ q p m p Λ p V q p Algumas equivalências tautológicas permitem transformar qualquer sentença em uma outra logicamente equivalente mas que não contenha os conectivos ou Neste caso a sentença resultante conterá apenas os conectivos V e Λ Dizse que esta sentença está em sua forma normal que pode ser disjuntiva FND ou conjuntiva FNC Estas formas têm aplicação muito importante na construção otimizada de circuitos digitais um campo de aplicação da Lógica de Boole um tema a ser analisado mais adiante ainda nesta Unidade O algoritmo para fazer esta transformação é o seguinte 1 substituemse as fórmulas p q por p V q e p q por p V q Λ p V q 2 eliminamse as negações que precedem os parênteses substituindo p Λ q por p V q e p V q por p Λ q 3 eliminamse as negações múltiplas substituindose p por p 4 para se obter a FNC substituemse as fórmulas do tipo p V q Λ r por p V q Λ p V r 5 para se obter a FND substituemse as fórmulas do tipo p Λ q V r por p Λ q V p Λ r Formas normais conjuntivas e disjuntivas Exemplo 123 As fórmulas a seguir estão em suas formas normais a FNC p V q Λ r V s V p b FND p V q Λ r V s Λ p Exercícios 1 Encontre as formas normais conjuntivas FNC das seguintes sentenças a p V q Λ r p b p V q V r p c p Λ q V r p 2 Encontre as formas normais disjuntivas FND das mesmas sentenças do exercício anterior O problema de Post Até aqui foi visto como construir sentenças a partir de sentenças componentes Podemos perguntar se é possível fazer o processo inverso ou seja encontrar as sentenças componentes a partir da sentença final Este problema foi analisado pelo pesquisador Emil Leon Post 18881995 que chegou à conclusão de que era possível encontrar as componentes a partir das formas normais disjuntivas ou conjuntivas utilizando o método da tabela verdade Obtendo a forma normal disjuntiva Neste caso teremos de seguir o algoritmo a seguir 1 Observamse todas as linhas da tabela verdade que possuem valores verdade V para a sentença final Emil Leon Post 2 Para cada linha de valor verdade V constróise a conjunção dos valores verdade de cada sentença atômica componente 3 Fazse a disjunção das conjunções anteriores Exemplo 124 Encontrar a forma normal disjuntiva que satisfaça a seguinte tabela verdade Na coluna da função aparecem valores V na primeira e na quarta linhas Na primeira linha p tem valor verdade F logo vai entrar na conjunção como p Da mesma forma q Já na quarta linha p e q têm valores verdade V Logo entram na conjunção como p e q Isto significa que a forma normal disjuntiva para esta função é p Λ q V p Λ q Obtendo a forma normal conjuntiva Para a obter a forma normal conjuntiva o algoritmo deve ser o mesmo substituindo os valores V por F e F por V e as conjunções por disjunções e viceversa p q função Conjunções F F V p Λ q F V F V F F V V V p Λ q Exemplo 125 Encontrar a forma normal conjuntiva que satisfaça a seguinte tabela verdade a mesma do Exemplo anterior Na coluna da função aparecem valores F na segunda e na terceira linhas Na segunda linha p tem valor verdade F logo vai entrar na disjunção como p e q tem o valor verdade V logo vai entrar na disjunção como q Já na terceira linha p tem o valor verdade V logo vai entrar na disjunção como p e a variável q tem o valor verdade F logo entra na disjunção como q Isto significa que a forma normal conjuntiva deve ser p V q Λ p V q Exercício Verifique se a forma normal conjuntiva do Exemplo anterior é equivalente à forma normal disjuntiva do mesmo exemplo Argumento válido O principal objetivo do estudo da Lógica na computação é encontrar formas de se verificar se uma sentença que depende de seus conectivos e pode ser grande é ou não verdadeira Resumidamente estamos interessados em encontrar formas de p q função conjunções F F V F V F p V q V F F p V q V V V verificar se uma determinada argumentação é logicamente verdadeira ou falsa Definição 120 Chamase argumento toda seqüência de proposições p0 p1 pn1 pn com n є N n0 onde as proposições p0 p1 pn1 são chamadas premissas e a proposição pn é chamada conclusão Definição 121 Dizse que um argumento p0 p1 pn1 pn é válido se e somente se sendo as premissas verdadeiras a conclusão também é verdadeira ou seja se e somente se a fórmula p0 Λ p1 Λ Λ pn1 pn for uma tautologia As seguintes afirmações são formas distintas de se expressar a mesma coisa p0 Λ p1 Λ Λ pn1 pn p0 p1 pn1 acarreta pn pn decorre de p0 p1 pn1 pn se deduz de p0 p1 pn1 pn se infere de p0 p1 pn1 Uma forma de se verificar se uma seqüência de proposições é ou não um argumento válido é utilizar a tabela verdade Exemplo 126 A sequência p q r r q é um argumento válido Para verificar isto verifiquemos que a tabela verdade da proposição p Λ q r Λ rq é uma tautologia p q r q r r p q rr q p q rrq F F F V V F V V F F V V F F V V F V F F V F F V F V V V F F F V Até este ponto foi vista uma técnica de demonstração sobre sentenças proposicionais utilizando sempre a tabela verdade Esta técnica tem sido utilizada com sucesso dada a naturalidade e facilidade como ela é feita No entanto a técnica da tabela verdade não é interessante quando existem muitos símbolos proposicionais porque a tabela se torna muito grande Assim se torna importante encontrar outras formas de demonstração sendo este o objetivo desta seção Entre estas formas podem ser citadas demonstração direta demonstração indireta condicional demonstração indireta por absurdo e demonstração indireta por árvores de refutação Demonstração direta Esta forma de demonstração ou de dedução de uma conclusão pn a partir de um conjunto de premissas consiste em aplicarse as equivalências tautológicas e as regras de inferências vistas anteriormente Vamos verificar isto através de dois exemplos Exemplo 127 Demonstrar a validade do argumento p q r r q do Exemplo anterior V F F V V V V V V F V V F F V V V V F F V F F V V V V V F F F V Demonstração de validade de argumentos Uma sequência de demonstração é uma sequência de fbfs nas quais cada fbf é uma hipótese ou o resultado da aplicação de uma ou mais regras de dedução do sistema formal às fbfs anteriores na sequência Demonstração 1 p premissa 2 q r premissa 3 r premissa 4 q Conclusão verdade por Modus Tollens entre as premissas 2 e 3 Exemplo 128 Demonstrar a validade do argumento p q q r r V s s p Demonstração 1 p q premissa 2 q r premissa 3 r V s premissa 4 p r por Silogismo hipotético entre 1 e 2 5 r s pela substituição de V por em 3 6 p s por Silogismo hipotético entre 4 e 5 7 s p por Contraposição de 6 8 s p Conclusão pela dupla negação de 7 Demonstração indireta condicional Para demonstrar a validade de argumentos cuja conclusão é uma fórmula condicional do tipo p q considera se o antecedente p como uma premissa adicional e o conseqüente q será a conclusão a ser demonstrada De fato 1 p0 p1 pn1 p q sendo um argumento válido então 2 p0 p1 pn1 p q ou seja isto significa que 3 p0 Λ p1 Λ Λ pn1 Λ p q é uma tautologia Isto significa que 4 p0 Λ p1 Λ Λ pn1 p q é uma tautologia Isto quer dizer 5 p0 p1 pn1 p q ou seja que 6 p0 p1 pn1 p q é um argumento válido Exemplo 129 Usando o esquema de demonstração indireta condicional demonstrar a validade do argumento p q q r r V s s p Demonstração 1 p q premissa 2 q r premissa 3 r V s premissa 4 s premissa adicional 5 r por silogismo disjuntivo entre 3 e 4 6 p r por silogismo hipotético entre 1 e 2 7 r p por contraposição de 6 8 p Conclusão Modus Ponens entre 5 e 7 Demonstração indireta por absurdo Para se construir um esquema de demonstração por absurdo de um argumento p0 p1 pn1 p considerase a negação da conclusão p como premissa adicional e concluise por uma contradição De fato 1 p0 p1 pn1 p uma contradição então 2 p0 p1 pn1 p F ou seja isto significa que 3 p0 p1 pn1 p ۷ F pela definição de implicação ou seja 4 p0 p1 pn1 p ۷ F pela idempotência Isto significa que 5 p0 p1 pn1 p pela propriedade do conectivo V ou Isto significa que 6 p0 p1 pn1 p é um argumento válido Exemplo 130 Usando o esquema de demonstração por absurdo demonstrar a validade do argumento p q q r r V s s p 1 p q premissa 2 q r premissa 3 r V s premissa 4 s p premissa adicional 5 p r por silogismo hipotético entre 1 e 2 6 r s pela substituição de V por em 3 7 p s por silogismo hipotético entre 5 e 6 8 s p pela contraposição de 7 9 s p Λ s p pela conjunção de 4 e 8 10 F Conclusão pela contradição de 9 Isto significa que quando se supõe que a conclusão de um argumento dado é uma contradição chegase a uma contradição Isto significa que a suposição inicial não é válida Portanto o argumento é válido Demonstração indireta por árvores de refutação A árvore de refutação também conhecida como Tableau Semântico é um outro método empregado para se analisar a validade de um argumento O método é adequado para ser implementado em computadores e é baseado na demonstração por absurdo O processo de construção de árvores de refutação é baseado em regras que dependem dos tipos dos conectivos que compõem as sentenças que vão gerar uma derivação Assim tornase necessário definir um conjunto de regras de derivação para cada conectivo Regra da conjunção R1 Uma fórmula do tipo p q gera duas linhas e escrevemse as fórmulas p e q em cada uma delas Procedese assim em todos os ramos abertos aos quais a fórmula p q pertence pois p q assume o valor V se e somente se as fórmulas p e q forem ambas verdadeiras O sinal ے significa que a sentença p Λ q foi substituída e não deve ser mais usada 1 p Λ q ے 2 p 3 q Regra da disjunção R2 V Uma fórmula do tipo p ν q gera uma linha e dois ramos escrevendose na linha e em cada ramo as fórmulas p e q respectivamente Procedese assim em todos os ramos abertos aos quais a fórmula p ν q pertence pois p ν q assume o valor V se e somente se a fórmula p for verdadeira ou se q for verdadeira 1 p V q ے 2 p q Regra da implicação R3 Uma fórmula do tipo p q gera uma linha e dois ramos e escrevese na linha e em cada ramo as fórmulas p e q Precedese assim em todos os ramos abertos aos quais a fórmula p q pertence pois p q assume valores V se e somente se a fórmula p for verdadeira ou se q for verdadeira ou seja p q p V q 1 p q ے 2 p q Regra da biimplicação R4 Uma fórmula do tipo p q gera duas linhas e dois ramos e escrevese nas linhas as fórmulas p e q em um ramo e as fórmulas p e q no outro ramo Procede se assim em todos os ramos abertos aos quais a fórmula p q pertence pois p q assume o valor V se e somente se a fórmula p Λ q for verdadeira ou se a fórmula p Λ q for verdadeira ou seja p q p Λ q V p Λ q 1 p q ے 2 p p 3 q q Regra da dupla negação R5 Uma fórmula do tipo p gera uma linha e escrevese p na linha Procedese assim em todos os ramos abertos aos quais a fórmula p pertence uma vez que p é verdadeira se e somente se p também a for 1 p ے 2 p Regra da negação da conjunção R6 Λ Uma fórmula do tipo p Λ q gera uma linha e dois ramos escrevemse na linha e em cada ramo as fórmulas p e q respectivamente Procedese assim em todos os ramos abertos aos quais a fórmula p Λ q pertence pois p Λ q assume o valor V se e somente se a fórmula p for verdadeira ou se a fórmula q for verdadeira ou seja p Λ q p V q 1 p Λ q ے 2 p q Regra da negação da disjunção R7 V Uma fórmula do tipo p V q gera duas linhas e escrevemse as fórmulas p e q em cada linha Procedese assim em todos os ramos abertos aos quais a fórmula p V q pertence pois p V q assume o valor V se e somente se as fórmulas p e q forem verdadeiras ou seja p V q p Λ q 1 p V q ے 2 p 3 q Regra da negação da implicação R8 Uma fórmula do tipo p q gera duas linhas e escrevemse as fórmulas p e q em cada linha Procedese assim em todos os ramos abertos aos quais a fórmula p q pertence pois p q assume o valor V se e somente se as fórmulas p e q forem verdadeiras ou seja p q p V q p Λ q 1 p q ے 2 p 3 q Regra da negação da biimplicação R9 Uma fórmula do tipo p q gera duas linhas e dois ramos e escrevemse nas linhas as fórmulas p e q em um ramo e as fórmulas p e q no outro ramo Procedese assim em todos os ramos abertos aos quais a fórmula p q pertence pois p q assume o valor V se e somente se a fórmula p Λ q for verdadeira ou se a fórmula p Λ q for verdadeira ou seja p q p Λ q V p Λ q 1 p q ے 2 p p 3 q q Definição 122 Ramo fechado Um ramo é dito fechado se nele existirem uma fórmula p e sua negação p e escrevese X no final do ramo Um ramo é aberto quando não é fechado Definição 123 Tableau fechado Um tableau é fechado quando todos os seus ramos forem fechados Caso contrário ele é aberto Para utilizar este método para testar a validade de um argumento constróise uma lista composta por suas premissas e pela negação da conclusão Esta lista compõe a raiz da árvore de refutação que como toda estrutura de árvore utilizada na computação cresce para baixo O processo de construção dos ramos da árvore é feito pela aplicação das regras descritas anteriormente para a construção de novos nós da árvore O processo termina quando todas as fórmulas forem apenas sentenças atômicas simbolizadas ou suas negações ou quando forem encontradas contradições Se forem encontrados apenas valores falsos F em todos os ramos da árvore significa que a tentativa de refutação falhou e isto significa que o argumento é válido Se em algum nó da árvore não tiver valor falso este argumento deve ser refutado ou seja não é válido Vejamos alguns exemplos Exemplo 131 Analisar a validade do argumento p Λ q p usando o processo de construção de árvore de refutação ou tableau semântico Para isso serão desenvolvidos os seguintes passos Construção de tableaux semânticos Constróise a lista das premissas e da negação da conclusão 1 p Λ q 2 p Sabemos que a sentença p Λ q só é verdadeira se p e q forem ambas verdadeiras Deste modo p Λ q pode ser substituída por p e q gerando as linhas 3 e 4 respectivamente Neste caso a sentença p Λ q é marcada com o sinal ے para indicar que ela não deve ser mais utilizada na construção da árvore 1 p Λ q ے 2 p 3 p 4 q Sabemos também que p é equivalente a p Assim ela será marcada e substituída por esta 1 p Λ q ے 2 p ے 3 p 4 q 5 p Neste ponto observase que a árvore está composta apenas pelas sentenças atômicas p e q e pela negação de p Isto significa que o processo de construção da árvore de refutação acabou Observase também que as sentenças das linhas 3 e 5 formam uma contradição Este fato será denotado pela letra X na próxima linha 6 1 p Λ q ے 2 p ے 3 p 4 q 5 p 6 X Isto significa que a nossa tentativa de refutação da sentença falhou ou seja o argumento é válido Exemplo 132 Analisar usando o processo de árvore de refutação a validade do argumento p V q p q Construindo a árvore de refutação com a lista de premissas e com a negação da conclusão temse 1 p V q 2 p 3 q Sabemos que p V q será uma sentença verdadeira se p for verdadeira ou se q for verdadeira Para representar isto a fórmula será marcada e será substituída pelos dois ramos p e q 1 p V q ے 2 p 3 q 4 p q Neste ponto o processo de construção da árvore terminou porque a árvore só contém variáveis proposicionais ou suas negações No ramo da árvore formado pelas linhas 2 e 4 p Λ p encontramos uma fórmula F e no ramo formado pelas linhas 3 e 4 q Λ q encontramos outra contradição Isto significa que a nossa tentativa de refutar o argumento falhou nos dois ramos da árvore Portanto ele é verdadeiro Isto será expresso escrevendose um X no final de cada ramo da lista gerando a linha 5 e fechando os dois ramos da árvore 1 p V q ے 2 p 3 q 4 p q 5 X X Exemplo 133 Analisar a validade do argumento p V q p q Vamos construir a lista das premissas e da negação da conclusão 1 p V q 2 p 3 q A dupla negação q deve ser substituída por q e marcada 1 p V q 2 p 3 q ے 4 q Como no exemplo anterior a sentença p V q será marcada e substituída 1 p V q ے 2 p 3 q ے 4 q 5 p q Neste ponto a construção da árvore termina e não foi encontrada qualquer contradição Isto significa que o argumento não é válido Exemplo 134 Vamos construir um exemplo mais completo Sejam as seguintes sentenças Ronaldo é determinado Ronaldo é inteligente Se Ronaldo é inteligente e atleta ele não é um perdedor Ronaldo é um atleta se é um amante do futebol Ronaldo é amante do futebol se é inteligente Usando o método do tableau semântico ou árvore de refutação a sentença Ronaldo não é um perdedor é uma conseqüência lógica dos argumentos acima Vamos considerar as seguintes correspondências p Ronaldo é determinado q Ronaldo é inteligente r Ronaldo é atleta s Ronaldo é um perdedor t Ronaldo é amante do futebol A partir destas correspondências os argumentos são traduzidos para a Lógica Proposicional da seguinte forma h p Λ q Λ q Λ r s Λ tr Λ qt s Devese verificar se h é ou não uma tautologia Em outras palavras devese verificar se h Vamos construir este tableau 1 p premissa 2 q premissa 3 q Λ r s ے premissa 4 tr ے premissa 5 qt ے premissa 6 s ے negação da conclusão 7 s idempotência em 6 8 q r ے silogismo hipotético 54 9 s q Λ r ے por contraposição em 3 10 q Λ r ے por MP 79 11 q r por R6 em 10 12 X contradição 211 13 q r pela def de em 8 14 X X contradição 213 e 1113 Como o tableau é fechado ou seja só existem sentenças atômicas ou suas negações e contradições então h é uma tautologia porque a suposição de que ela não era válida nos conduziu a uma contradição Portanto é verdade que s é uma conseqüência lógica dos argumentos dados ou seja Ronaldo não é um perdedor Não existe um algoritmo perfeito para a construção de tableaux semânticos No entanto algumas regras servem para facilitar a construção de tais árvores São elas Modus ponens é a regra de inferência mais intuitiva Tente usála muitas vezes Fbfs da forma PΛQ ou PVQ dificilmente são úteis em uma sequência de provas Use o teorema de De Morgan para convertêlas em P VQ e P Λ Q respectivamente separando as componentes Fbfs da forma PVQ dificilmente são úteis em uma sequência de provas já que não implicam P nem Q Use a dupla negação para converter PVQ em P VQ e depois use a regra do condicional para obter P Q O caminho das pedras Aplicar primeiro as regras que não bifurquem ou seja adie as bifurcações o máximo possível Esta unidade consistiu de um estudo inicial envolvendo a Lógica Proposicional e seus fundamentos e propriedades Além da teoria vários exemplos e exercícios resolvidos e foram mostrados para que o leitor pudesse sedimentar e entender melhor os conceitos e definições envolvidas Vários exercícios também foram propostos para este fim De posse deste conhecimento o leitor está capacitado a entender o relacionamento existente entre a Lógica e outras teorias matemáticas um tema a ser visto na próxima unidade 1 Demonstrar a validade do argumento p q q r r V s s p 2 Considere o seguinte argumento Se as taxas de juros caírem o mercado imobiliário vai melhorar A taxa federal de descontos vai cair ou o mercado imobiliário não vai melhorar As taxas de juros vão cair Por tanto a taxa federal de descontos vai cair Verifique usando prova direta se este argumento é ou não válido 3 Considere o seguinte argumento Meu cliente é canhoto mas se o diário não tiver sumido então meu cliente não é canhoto Portanto o diário sumiu Verifique usando prova direta se este argumento é ou não válido 4 Considere o seguinte argumento Descosos são cor de rosa mas se Gincoso não gostar de pereques então RESUMO Exercícios descosos não são cor de rosa Portanto Gincoso não gosta de pereques Verifique usando prova direta se este argumento é ou não válido e compare este argumento com o do problema anterior 5 Sejam as seguintes sentenças Raquel é rica Raquel é inteligente Se Raquel é inteligente e bonita ela vai ser freira Raquel é bonita se ela freqüenta a Academia Raquel freqüenta a Academia se é inteligente Usando o método do tableau semântico ou árvore de refutação a sentença Raquel vai se casar é uma conseqüência lógica dos argumentos acima 6 Considere as três afirmações a seguir H1 Se Alírio toma vinho e o vinho está ruim ele fica com ressaca H2 Se Alírio fica com ressaca então ele fica triste e vai para casa H3 Se Alírio vai ao seu encontro romântico com Virgínia então ele fica triste e vai para casa Suponha que as três afirmações anteriores são verdadeiras A partir deste fato quais das afirmações a seguir também são verdadeiras G1 Se Alírio toma vinho e este está ruim então ele perde seu encontro romântico com Virgínia G2 Se Alírio fica com ressaca e vai para casa então ele não perde seu encontro romântico co Virgínia G3 Se o vinho está ruim então Alírio não o toma ou ele não fica com ressaca G4 Se o vinho está ruim ou Alírio fica com ressaca então ele fica triste G5 Se Alírio toma vinho e vai para casa então ele não fica triste se o vinho está ruim Existem muitos bons textos e alguns deles estão listados na Bibliografia colocada ao final da Unidade 2 Outros estão na Internet à disposição Estes estão listados a seguir wwwufpibruapi A página da UAPI wwwuabgovbr O Site da Universidade Aberta do Brasil UAB wwwseedmecgovbr A Homepage da Secretaria de Educação a Distância do MEC SEED wwwabedorgbr O Sitio da Associação Brasileira de Educação a Distância ABED httpptwikipediaorg O site da Wikipedia wwwpucspbrlogica wwwinfufscbrine5365introloghtml wwwgregosetroianosmatbrlogicaasp SAIBA MAIS REFERÊNCIAS NA WEB Unidade 2 A Lógica e outras Teorias RESUMO O objetivo principal desta Unidade é fazer uma comparação entre a Lógica e outras teorias já conhecidas Entre elas a Teoria dos Conjuntos e a Álgebra de George Boole Estas teorias são bastante utilizadas em todos os campos do conhecimento e devem ser justificadas as suas estruturas à luz da Lógica Outro tema bastante utilizado diz respeito com a prova de propriedades utilizando o princípio da indução finita Este tipo de prova tem sido utilizado em muitos casos Fazse necessário no entanto verificar a validade e corretude deste tipo de prova e verificar por que este princípio realmente tem sua validade A unidade também contém vários exemplos e exercícios resolvidos tentando proporcionar ao leitor o entendimento pleno dos conceitos envolvidos além de serem propostos vários exercícios para sedimentar a teoria apresentada A forma de apresentação utilizada é de acordo com o exigido para o ensino à distância ou seja tendo em vista sempre esta nova modalidade de ensino SUMARIO A LÓGICA E OUTRAS TEORIAS Esta unidade se faz necessária face as diversas teorias conhecidas e utilizadas com freqüência em diversos campos do conhecimento Por exemplo a teoria dos conjuntos é bastante conhecida e utilizada na Matemática Nesta unidade ela será vista analisando a sua consistência à luz da Lógica Uma outra teoria bastante utilizada na Eletrônica e em outras ciências diz respeito a Álgebra de Boole Este tema tem interesse para os estudantes de Computação dada a sua utilização nos circuitos digitais que são os elementos que compõem todos os computadores eletrônicos Não menos importante que estes dois temas o princípio da indução finita tem sido mostrado como técnica de prova de muitas propriedades matemáticas É necessário entender porque este princípio funciona corretamente bem como utilizálo em diversas situações Estes temas são o objeto de estudo desta unidade É importante notar a existência de uma relação intrínseca entre o cálculo proposicional e a Teoria dos Conjuntos Esta relação permite que a verificação dos valores verdade de algumas sentenças da Lógica Proposicional seja feita utilizando técnicas da Teoria dos Conjuntos Esta possibilidade pode facilitar as demonstrações uma vez que a Teoria dos Conjuntos 110 Introdução 111 O Cálculo Proposicional e a Teoria dos Conjuntos já é bastante conhecida e suas técnicas normalmente já são dominadas pelas pessoas que estão iniciando seus estudos sobre a Lógica Um exemplo disto é a verificação gráfica de propriedades de operações da Lógica Proposicional usando Diagramas de EulerVenn John Venn 18341923 apesar de observar que esta metodologia não deve ser considerada como instrumento rigoroso de prova Mesmo assim estes diagramas podem ser utilizados como ferramentas de verificação visual e já são bastante conhecidos Isto significa que quaisquer sentenças do Cálculo Proposicional têm expressões correspondentes na Teoria dos conjuntos e estas podem ser representadas como diagramas de EulerVenn Estas correspondências são verificadas utilizando as mesmas regras mostradas para a obtenção das formas normais conjuntivas e disjuntivas mostradas anteriormente na Unidade 1 Estas correspondências são especificadas da seguinte forma a negação de uma sentença A da Lógica ou seja A corresponde ao complemento de A na Teoria dos Conjuntos ou seja Ā a conjunção de duas sentenças A e B da Lógica ou seja A Λ B corresponde à interseção dos conjuntos A e B na Teoria dos Conjuntos ou seja A B a disjunção de duas proposições A e B da Lógica ou seja A V B corresponde à união dos conjuntos A e B na Teoria dos Conjuntos ou seja A U B a sentença A B da Lógica não tem correspondente direto na Teoria dos Conjuntos mas pode ser substituída pela sentença A V B e esta tem correspondência na Teoria dos Conjuntos a sentença A B da Lógica também não tem correspondente na Teoria dos Conjuntos mas pode ser substituída pela sentença A V B Λ A V B e esta tem correspondência na Teoria dos Conjuntos as negações que precedem os parênteses nas sentenças da Lógica podem ser substituídas por outras sentenças também da Lógica mas com correspondentes na Teoria dos Conjuntos Estas substituições são A Λ B por A V B e A V B por A Λ B as negações múltiplas A da Lógica podem ser substituídas por A e eliminase o alcance dos conectivos Λ e V da Lógica substituindose A V B Λ C por A V B Λ A V C e A Λ B V C por A Λ B V A Λ C Desta forma podemos ter as seguintes correspondências para as áreas hachuradas Negação A A área hachurada corresponde ao complemento de A ou seja Ā que corresponde a A da Lógica Disjunção A V B A área hachurada corresponde à união A U B que corresponde a A V B da Lógica Conjunção A Λ B A área hachurada corresponde à interseção A B que corresponde a A Λ B da Lógica A U B Exemplo 21 Seja o diagrama de EulerVenn mostrado ao lado A área hachurada corresponde a B C Ā na Teoria dos Conjuntos Pelas regras dadas anteriormente esta área corresponde a B Λ C Λ A da Lógica e que corresponde a B Λ C V A que por sua vez corresponde a B Λ C A Como decorrência direta destas relações podemos verificar que os seguintes resultados são verdadeiros Tautologia Em uma tautologia a área hachurada é o conjunto Universo U Por exemplo a sentença A V A da figura ao lado é uma tautologia Contradição Uma contradição é representada pela ausência de área hachurada Por exemplo a sentença A Λ A da figura ao lado é uma contradição Contingência Uma contingência é representada por uma área que apresenta uma parte hachurada e outra não hachurada Por exemplo a sentença A Λ B da figura ao lado representa uma contingência Nesta seção será será analisada a relação existente entre o Cálculo Proposicional e a Álgebra booleana desenvolvida por George Boole em 1948 Esta relação é muito importante para a fundamentação da Eletrônica Digital responsável pela construção dos computadores eletrônicos Uma Álgebra Booleana é uma sêxtupla B da forma B A 0 1 onde A é um conjunto de variáveis e são operações 112 Cálculo Proposicional e a Álgebra de Boole Augustus de Morgan binárias entre os elementos de A é uma operação unária em A e os elementos 0 e 1 são elementos distintos de B onde são verdadeiras as seguintes propriedades mostradas na Tabela 111 Tabela 111 Propriedades da Álgebra Booleana Na Tabela 111 anterior cada operação da coluna Operação dual pode ser obtida da coluna Operação substituindose a operação por e por além de trocar o 0 por 1 e o 1 por 0 sendo esta a definição de operação dual de uma outra As seguintes observações da Álgebra de Boole devem ser atendidas para tornar as operações nesta teoria mais fáceis de serem realizadas e compreendidas PROPRIEDADE OPERAÇÃO OPERAÇÃO DUAL Associatividade pqr pqr pqr pqr Comutatividade pq qp pq qp Idempotência pp p pp p Absorção pqp p pqp p Distribuição pqr pqpr pqr pq pr Prop de 0 p0 p p1 p Prop de 1 p1 1 p0 0 Complemento pp 1 pp 0 a operação p q normalmente é denotada por pq a operação p q é a disjunção de p com q a operação pq é a conjunção de p com q p é o complemento de p 0 é o elemento zero complemento de 1 e 1 é o complemento de 0 Exemplo 22 As seguintes expressões são equivalentes na Álgebra Booleana e na Lógica Proposicional p qr p V q Λ r Uma expressão booleana representa uma função onde as variáveis são os parâmetros e a expressão é o resultado da função As expressões booleanas podem ser transformadas em expressões booleanas mais simples para serem implementadas como circuitos eletrônicos O objetivo é conseguir circuitos mais simples e portanto mais baratos e menores Exemplo 23 Simplificar a sentença proposicional pΛqΛrVpΛqΛrVpΛqΛrVpΛqΛrVpΛqΛr A expressão correspondente a esta na Álgebra de Boole é pqr pqr pqr pqr pqr pqr pqr r pqr r pela propriedade da distribuição pqr pq pq pela prop do complemento pqr q pq pela propriedade da distribuição pr q pq pela propriedade da absorção pr pq pq pela propriedade da distribuição pr p pq pela propriedade da distribuiçào pr q pela prop do complemento A expressão acima tem correspondente na Lógica que é pΛrVq significando que ambas realizam a mesma função A sentença proposicional inicial que era bem maior e mais complexa foi transformada em outra expressão bem menor e mais simples e exatamente por este motivo pode ser implementada de forma bem mais econômica Esta técnica é objeto de estudo dos sistemas digitais O objetivo aqui é apenas mostrar como a Álgebra booleana se fundamenta e é justificada pela Lógica Existem muitas outras técnicas que podem ser utilizadas na simplificação de funções na Álgebra de Boole O princípio da indução finita é um dos principais métodos utilizados na demonstração de resultados em diversas áreas da Matemática e da Teoria da Computação Na Matemática ele é utilizado na demonstração de várias propriedades dos números e na Ciência da Computação é empregado para demonstrar resultados na área das Linguagens Formais na Teoria dos Algoritmos na Teoria dos Códigos e na Lógica Esta é a principal motivação da inclusão deste tema em nosso estudo uma vez que ele é bastante utilizado pelos profissionais destas áreas do conhecimento humano e deve ser analisada a relação 113 O Principio da Indução Finita e a Lógica existente entre ele e a Lógica justificando sua adoção como metodologia de prova Necessidade e suficiência de condições Estes dois termos são também muito utilizados em demonstrações na Lógica e na Matemática para denotar a implicação e a equivalência que são temas já conhecidos e vamos introduzilos através de um exemplo para melhor compreensão Considerando o conjunto dos professores da Universidade sabemos que em termos funcionais existem os professores Auxiliares os professores Assistentes os professores Adjuntos e os professores Associados Vamos analisar em que condições um professor da Universidade se torna um professor Associado Vamos analisar que condições são exigidas a um profissional para que ele se torne um professor Associado além de seu desejo pessoal é claro A primeira condição necessária é que ele tenha cursado algum curso superior Este fato pode ser representado na Lógica por associado graduado Isto significa que se um profissional é professor Associado então ele é graduado em algum curso superior No entanto apenas ser graduado não é uma condição suficiente para ser um professor Associado Para isso é também necessário que o profissional tenha realizado o curso de Mestrado Isto significa que se alguém é professor Associado ele deve ser graduado e também ser mestre Isto é representado na Lógica por associado graduado Λ mestre As duas condições são necessárias mas ainda não são suficientes para ser um professor Associado Além dessas duas é necessário também que o profissional tenha feito um curso de Doutorado ou seja associado graduado Λ mestre Λ doutor Estas condições são necessárias mas ainda não são suficientes para que um profissional se torne um professor Associado Para tal é necessário que ele se submeta a um Concurso Público de Provas e Títulos Isto implica que associado graduado Λ mestre Λ doutor Λ concursado Apenas os professores Adjuntos do nível IV podem se candidatar ao cargo de professor Associado Isto significa que associado graduado Λ mestre Λ doutor Λ concursado Λ adjunto IV Estas condições são necessárias mas ainda não são suficientes Para que um professor Adjunto IV seja promovido ao cargo de Associado Além de todas estas condições ele tem que ser avaliado por uma Comissão para esse fim nomeada Caso essa avaliação seja aprovada ele então será promovido ao cargo de professor Associado Isto significa que associado graduado Λ mestre Λ doutor Λ concursado Λ adjunto IV Λ avaliado Portanto para ser um professor Associado o profissional tem de ser graduado em algum curso tem de ter feito Mestrado e Doutorado ter feito um concurso Público de Provas e Títulos ser Adjunto IV e ser avaliado por uma Comissão Neste caso as condições necessárias são também suficientes ou seja o sentido da implicação pode ser invertido graduado Λ mestre Λ doutor Λ concursado Λ adjunto IV Λ avaliado associado Neste caso a condição de suficiência é o antecedente da proposição e a de necessidade é o conseqüente Exemplo 23 Um exemplo baseado em Souza 2002 se refere a um conjunto infinito de pedras de dominó enfileiradas conforme a figura a seguir Os dominós são enumerados e dispostos de forma que se o dominó número n for derrubado para a direita então o dominó subseqüente número n 1 também será derrubado para a direita Considere a seguinte questão Que condição é suficiente para que o dominó não caia Se qualquer um dos dominós que precedem o dominó número n cair para a direita então este também será derrubado Portanto há várias condições suficientes para que o dominó número n seja derrubado Uma delas é a seguinte Uma condição suficiente para que o dominó número n caia é que o dominó 1 seja derrubado para a direita Basta que o dominó número 1 caia para a direita e isto será suficiente para que o mesmo ocorra com o dominó número n Em uma linguagem da Lógica isto pode ser representado por se dominó número 1 for derrubado para a direita então dominó número n irá cair Podese verificar portanto que em uma Linguagem Lógica o antecedente de uma implicação é uma condição suficiente para o conseqüente Considere uma outra questão Qual é uma condição necessária para que o dominó número 1 possa ser derrubado para a direita Em outras palavras o que deve ser permitido ocorrer para que o dominó número 1 seja derrubado para a direita Se não for permitido derrubar o dominó número n por exemplo não será possível derrubar o dominó número 1 Portanto a queda do dominó número n deve ser permitida para que o dominó número 1 seja derrubado para a direita Logo uma condição necessária para que o dominó número 1 caia para direita é que seja permitida a queda do dominó número n Considerando a implicação Se o dominó número 1 for derrubado para a direita então o dominó número n irá cair O conseqüente da implicação é uma condição necessária para que o antecedente possa ocorrer Isto é a condição necessária é aquela sem a qual nada pode ocorrer A ocorrência da condição necessária no conseqüente deve ser permitida para que o antecedente ocorra A condição suficiente é o antecedente da implicação e a condição necessária é o conseqüente Considere duas fórmulas p e q tais que p implica q Por definição p implica q para toda interpretação de I se Ip T então Iq T Neste caso Ip T é uma condição suficiente para se ter Iq T e Iq T é uma condição necessária para se ter Ip T Definição 21 condição suficiente e condição necessária Dadas duas fórmulas p e q tais que p implica q então p é uma condição suficiente para q e q é uma condição necessária para p No caso em que p equivale a q temse que p implica q e q implica p Logo p é uma condição necessária e suficiente para q Da mesma forma q também é uma condição necessária e suficiente para p O princípio da indução Consideremos novamente o conjunto infinito de dominós visto anteriormente numerados e enfileirados como mostrado na figura a ele associada Um conjunto de condições suficientes para que todos os dominós sejam derrubados é indicado a seguir Observe que existem outros conjuntos de condições suficientes A definição a seguir é denominada primeira forma do princípio da indução finita Definição 22 condições suficientes primeira forma 1 Condição básica O dominó número 1 é derrubado para a direita 2 Condição indutiva Seja n um número arbitrário Se o dominó número n for derrubado para a direita então o dominó número n 1 também será derrubado para a direita Deve ser observado que as duas condições acima são imprescindíveis para garantir que todos os dominós sejam derrubados Se apenas a condição básica 1 for verdadeira não se pode garantir que todos os dominós sejam derrubados Pode ocorrer por exemplo a situação descrita na figura a seguir Neste caso o dominó número 1 é derrubado mas ele está longe do dominó número 2 que não é derrubado Desta forma apenas o dominó número 1 é derrubado O mesmo ocorre quando apenas a condição indutiva 2 é verdadeira Neste caso as distâncias entre os dominós é tal que se um dominó qualquer for derrubado então o subseqüente também será derrubado Entretanto se o primeiro dominó não for derrubado não se pode garantir a derrubada dos demais Além das condições básica e indutiva indicadas na primeira forma em 1 e 2 há outros tipos de condições que também são suficientes para a derrubada de todos os dominós Um outro conjunto de condições suficientes é indicado a seguir Definição 23 condições suficientes segunda forma 1 Condição básica O dominó número 1 é derrubado para a direita 2 Condição indutiva Seja n um número arbitrário Se todos os dominós até o número n forem derrubados para a direita então o dominó número n 1 também será derrubado para a direita Observe que as condições básicas da primeira e da segunda forma coincidem Entretanto a condição indutiva é ligeiramente modificada Na segunda forma se todos os dominós até o número n forem derrubados então o dominó número n 1 também será derrubado Na primeira forma é considerada apenas a derrubada do dominó número n o que determina a derrubada do dominó número n 1 Por outro lado na segunda forma o que provoca a derrubada do dominó número n 1 é a queda dos dominós de 1 a n O princípio da indução finita possui duas formas correspondentes às condições suficientes consideradas nesta seção sendo a primeira conhecida como primeira forma do princípio da indução finita algumas vezes conhecida como princípio da indução fraca e a segunda conhecida como segunda forma do princípio da indução finita também conhecida como princípio da indução forte Princípio da indução fraca Já foi aqui afirmado que o princípio da indução finita é bastante utilizado em provas matemáticas na Lógica e na Teoria da Computação Vamos anunciálo formalmente Definição 24 primeira forma do princípio da indução finita Suponha que para cada número natural n n 1 seja feita a assertiva An Além disso suponha que seja possível demonstrar as duas propriedades a seguir 1 Base da indução A assertiva A1 é verdadeira 2 Passo da indução Para cada número natural n 1 se An for verdadeira então An1 também é verdadeira Concluise que a assertiva An é verdadeira para todo número natural n As propriedades 1 e 2 deste princípio de indução finita correspondem respectivamente às condições básica e indutiva vistas na seção anterior sendo denominadas por base da indução e passo da indução Voltando ao problema dos dominós visto anteriormente pode se analisar que 1 O dominó número 1 é derrubado ou seja A1 é verdadeira 2 Para cada natural n 1 se o dominó de número n for derrubado ou seja se An for verdadeira então An1 também será ou seja o dominó de número n1 também será derrubado Se os fatos acima forem verdadeiros então An é verdadeira para todo n natural ou seja todos os dominós serão derrubados Exemplo 24 Demonstrar que a igualdade 12 n nn 12 é válida para todo número natural n Para isto teremos que verificar se a propriedade é verdadeira para o caso base A1 e para o caso indutivo An1 utilizando o fato de que An é verdadeira ou seja utilizando An como hipótese de indução Seja An 12n nn12 Vamos verificar se ela verdadeira para todo número natural n 1 Caso base A1 1 1112 Logo A1 é verdadeira 2 Passo indutivo An1 1 2 n n 1 1 2 n n 1 Utilizando a hipótese de indução e substituindo na igualdade acima temos 12n n1 nn12 n1 nn12 2n12 n1n22 Assim a assertiva é verdadeira para o caso base e para o passo indutivo Logo ela é verdadeira para todo número natural n Princípio de indução forte A segunda forma do princípio da indução finita também conhecido como princípio de indução forte é equivalente à primeira forma No entanto ela é mais aceita por alguns pesquisadores da Lógica que insistem em negar a primeira forma Vejamos a sua definição Definição 25 segunda forma do princípio da indução finita Suponha que para cada número natural n n 1 seja feita a assertiva An Além disso suponha que seja possível demonstrar as duas propriedades a seguir 1 Base da indução A assertiva A1 é verdadeira 2 Passo da indução Para cada número natural n 1 se Ak for verdadeira para todo k 1 k n então An1 também é verdadeira Concluise que a assertiva An é verdadeira para todo número natural n De forma análoga ao que foi feito na primeira forma as propriedades 1 e 2 são denominadas respectivamente por base da indução e passo da indução Exemplo 25 Seja a proposição todo número natural n 2 ou é primo ou é um produto de números primos 1 Caso base P2 é verdade já que 2 é primo 2 Passo indutivo A hipótese de indução dada por Px é válida para 2 x n A tese a ser verificada é Pn Vejamos dois casos a Se n for primo então a tese é válida b Se n não for primo n n1n2 com n1n e n2n já que se n não for primo ele é divisível por algum número natural diferente de 1 Pela hipótese de indução Pn1 e Pn2 ou seja a propriedade é válida para n1 e para n2 já que esta é a hipótese de indução Conclusão como o caso base e o passo indutivo são verdadeiros então a propriedade é verdadeira para todo número natural n2 Por que o princípio de indução finita funciona O princípio da indução na primeira e segunda formas é expresso como a implicação ou seja Base Passo da indução An é verdadeira para todo n Admitir o princípio da indução finita significa aceitar como válida a implicação acima Considerando tal implicação como válida para demonstrar que An é verdadeira para todo n basta demonstrar que Base Passo da indução também é verdadeira Isto ocorre porque se a implicação é válida e a base e o passo da indução são verdadeiros então necessariamente a afirmação An é verdadeira para todo n também é verdadeira Observe que é impossível se ter Base Passo da indução An é verdade para todo n T T F onde o antecedente seja verdadeiro a implicação seja também verdadeira e o consequente seja falso Aceitar o princípio de indução finita corresponde à aceitação da validade desta implicação Deve no entanto ser observado que tal validade pode ser questionada porque a base e o passo indutivo consideram apenas valores finitos para n como A1 e An An1 e o consequente considera qualquer valor de n Neste sentido o princípio corresponde a concluir algo infinito a partir de premissas finitas Esta unidade consistiu de um estudo da Lógica como fundamento de algumas teorias utilizadas em várias áreas do conhecimento humano como a Matemática a Eletrônica Digital e a Teoria da Computação O objetivo foi justificar algumas propriedades destas teorias tendo a Lógica como fundamentação para que o leitor tenha certeza de que os resultados obtidos nestas teorias são válidos Outras áreas de aturação também são campos de atuação da Lógica por exemplo a Filosofia Este estudo está 114 RESUMO fora do escopo deste estudo mas o leitor fica convidado a estudar e pesquisar este tema na bibliografia indicada Com o domínio deste conhecimento o leitor está capacitado a entender outros conceitos da Lógica que complementam a Lógica Proposicional conhecido como Lógica de Predicados o tema objeto de estudo da próxima unidade 7 Dados os diagramas de Venn abaixo encontre a A expressão booleana que os representa b A expressão da Teoria dos Conjuntos que os representa c A expressão proposicional que os represente 8 Dadas as expressões da Lógica Proposicional a seguir encontre a As expressões correspondentes na Lógica de Boole b As expressões correspondentes na Teoria dos Conjuntos c As representações em diagramas de Vem i p q Λ r V p Λ q r ii p Λ q r Λ p q V r 115 Exercícios 9 Apesar da técnica de verificação da validade de fbfs ser bastante intuitiva e prática ela padece de uma limitação que a torna utilizável em apenas alguns casos Analise que limitação é esta e discuta possíveis soluções 10 Usando o Princípio de Indução Finita mostre que as seguintes proposições são verdadeiras para todo número inteiro positivo n a 20 21 22 2n 2n1 1 b 3 divide n3 n c Para n 4 n 2n d 1 3 5 2n 1 n2 e 3 divide 22n 1 f 2 6 10 4n 2 2n2 g 1 5 9 4n 3 n2n 1 h 4 10 16 6n 2 n3n 1 i 13 23 33 n3 n2n 124 j 12 32 2n 12 n2n 12n 13 k Se o quadrado de um número inteiro n for ímpar então n é ímpar l Mostre que todo número natural n1 é um número primo ou um múltiplo de primos Existem muitos bons textos e alguns deles estão listados na Bibliografia colocada ao final da Unidade 2 Outros estão na Internet à disposição Estes estão listados a seguir 116 SAIBA MAIS wwwufpibruapi A página da UAPI wwwuabgovbr O Site da Universidade Aberta do Brasil UAB wwwseedmecgovbr A Homepage da Secretaria de Educação a Distância do MEC SEED wwwabedorgbr O Sitio da Associação Brasileira de Educação a Distância ABED httpptwikipediaorg O site da Wikipedia wwwpucspbrlogica wwwinfufscbrine5365introloghtml wwwgregosetroianosmatbrlogicaasp 117 WEBBIBLIOGRAFIA Unidade 3 Lógica de Predicados RESUMO O objetivo principal desta unidade é apresentar os principais conceitos e estruturas da Lógica de Predicados bem como ela pode ser utilizada no ordenamento do raciocínio humano na busca de soluções para os problemas que ocorrem na natureza e que não podem ser simbolizados utilizando apenas a Lógica Proposicional Na unidade é mostrada a formulação correta de argumentos utilizando os quantificadores universal e existencial bem como as metodologias utilizadas na verificação da validade de argumentos notadamente o uso de tableaux semânticos A unidade contém vários exemplos e exercícios resolvidos tentando proporcionar ao leitor o entendimento pleno dos conceitos envolvidos além de serem propostos vários exercícios visando sedimentar a teoria apresentada A forma de apresentação utilizada é de acordo com o exigido para o ensino à distância ou seja tendo em vista sempre esta nova modalidade de ensino SUMARIO LÓGICA DE PREDICADOS Gottlob Frege em sua Conceitografia Begriffsschrift descobriu uma maneira de reordenar várias sentenças para tornar sua forma lógica clara com a intenção de mostrar como as sentenças se relacionam em certos aspectos Antes de Frege a Lógica formal não obteve sucesso além do nível da Lógica Proposicional ela podia representar a estrutura de sentenças compostas de outras sentenças usando palavras como e ou e não mas não podia quebrar sentenças em partes menores Não era possível mostrar como Cavalos são animais leva a concluir que Partes de cavalos são partes de animais A Lógica Proposicional explica como funcionam palavras como e mas ou não seentão se e somente se e nemou Frege expandiu a Lógica para incluir palavras como todos alguns e nenhum Ele mostrou como introduzir variáveis e quantificadores para reorganizar sentenças Neste novo tipo de Lógica a Lógica de Predicados a sentença Todos os humanos são mortais se torna Para todo x se x é humano então x é mortal o que pode ser escrito simbolicamente como x Hx Mx A sentença Alguns humanos são vegetarianos se torna Existe algum ao menos um x tal que x é humano e x é vegetariano sendo escrita simbolicamente como x Hx Λ Vx Frege trata sentenças simples sem substantivos como predicados A estrutura lógica na discussão sobre objetos pode Gottlob Frege ser operada de acordo com as regras da Lógica Proposicional com alguns detalhes adicionais para adicionar e remover quantificadores O trabalho de Frege foi um dos que deu início à Lógica formal contemporânea Frege adicionou à Lógica Proposicional o vocabulário de quantificadores o A de pontacabeça e o E invertido e variáveis uma semântica que explica como as variáveis denotam objetos individuais e como os quantificadores têm algo como a força de todos ou alguns em relação a esses objetos métodos para usálos numa linguagem Para introduzir um quantificador todos assumese uma variável arbitrária provase algo que deve ser verdadeiro e então provase que não importa qual variável foi escolhida que aquilo deve ser sempre verdade Um quantificador todos pode ser removido aplicandose a sentença para um objeto em particular Um quantificador algum existe pode ser adicionado a uma sentença verdadeira de qualquer objeto pode ser removido em favor de um termo sobre o qual você ainda não esteja pressupondo qualquer informação O principal objetivo do estudo da Lógica na computação é encontrar formas de se verificar se uma sentença que depende de seus conectivos que podem ser muitos é verdadeira ou falsa No estudo da Lógica Proposicional foram analisadas as sentenças atômicas e as sentenças moleculares construídas a partir dos conectivos V e Nosso foco agora se volta 118 Primeiros passos Charles Babbage para o estudo da Lógica de Predicados como uma extensão da Lógica Proposicional com maior poder de representação A necessidade deste estudo surge a partir de sentenças que não podem ser representadas de forma adequada na Lógica Proposicional Vejamos por exemplo as seguintes sentenças p Emiliano é pai de Chagas e q Chagas é pai de Bruno pode ser verificado que foram usadas duas letras sentenciais diferentes p e q para expressar idéias semelhantes e mesmo assim com esta representação não foi captado o fato de que as duas sentenças se referem à mesma relação de parentesco entre Emiliano e Chagas e entre Chagas e Bruno Outro exemplo de limitação do poder de expressividade da linguagem proposicional diz respeito a sua incapacidade de representar instâncias de uma propriedade geral Por exemplo se quisermos representar as sentenças r todo objeto é igual a si mesmo e s 5 é igual a 5 também tivemos que usar letras sentenciais distintas para representar cada uma das sentenças sem captar que a segunda sentença é uma instância particular da primeira Estas observações permitem concluir que se por algum processo de dedução chegarmos à conclusão de que um indivíduo arbitrário de um universo tem uma certa propriedade é razoável imaginar que esta propriedade também seja válida para qualquer indivíduo do universo em questão Usando uma linguagem proposicional para expressar m um indivíduo arbitrário de um universo tem uma certa propriedade e n esta propriedade vale para qualquer indivíduo do universo também teríamos de usar dois símbolos proposicionais distintos e não teríamos como concluir a segunda sentença a partir da primeira A linguagem de primeira ordem pode captar relações entre indivíduos de um mesmo universo de discurso e a lógica de primeira ordem permite concluir particularizações de uma propriedade geral dos indivíduos de um mesmo universo bem como derivar generalizações a partir de fatos que valem para um indivíduo arbitrário do universo em questão Para ter este poder de expressividade a linguagem de primeira ordem usa um conjunto de símbolos mais sofisticado do que o da linguagem proposicional Consideremos novamente a sentença r todo objeto é igual a si mesmo Esta sentença fala de uma propriedade a de ser igual a si mesmo que vale para todos os elementos de um universo sem identificar os objetos deste universo Considere agora a sentença u existem números naturais que são pares Esta sentença descreve uma propriedade a de ser par que é válida para alguns pelo menos para um dos indivíduos do universo dos números naturais sem no entanto referenciar o número 0 ou o número 2 ou o número 4 etc em particular Para expressar propriedades gerais que valem para todos os indivíduos ou existenciais que valem para alguns indivíduos de um universo são utilizados os quantificadores universal e existencial respectivamente Estes quantificadores se apresentam sempre seguidos de um símbolo de variável captando desta forma a idéia de estarem simbolizando as palavras para todos e para algum Considere as sentenças p Sócrates é homem e q todo aluno do Departamento de Informática e Estatística estuda Lógica A primeira sentença se refere a uma propriedade ser homem de um indivíduo em particular Sócrates em um domínio de discurso Já a segunda sentença faz referência a elementos distingüidos Departamento de Informática e Estatística e Lógica Tais objetos podem ser representados usando os símbolos soc para Sócrates inf para Departamento de Informática e Estatística e lg para Lógica Tais símbolos são chamados de constantes As propriedades ser aluno de e estuda relacionam objetos do universo de discurso considerado isto é ser aluno de relaciona os indivíduos de uma Universidade com os seus Departamentos e estuda relaciona os indivíduos de uma Universidade com as matérias Para representar tais relações serão usados símbolos de predicados ou relações Nos exemplos mostrados podemos usar Estuda e Aluno como símbolos de relação binária As relações unárias expressam propriedades dos indivíduos do universo por exemplo ser par e ser homem A relação ser igual a é tratada de forma especial e é representada pelo símbolo de igualdade Desta forma podemos simbolizar as sentenças consideradas da seguinte forma Todo mundo é igual a si mesmo por x xx Existem números naturais que são pares por x Parx Sócrates é homem por Homemsoc Todo aluno do Departamento de Informática e Estatística estuda Lógica por x Alunoxinf Estuda xlg Já vimos como representar objetos do domínio através de constantes Uma outra maneira de representálos é através do uso de símbolos de função Por exemplo podemos representar os números naturais 1 2 3 etc através do uso de símbolo de função digamos suc que vai gerar nomes para os números naturais 1 2 3 etc a partir da constante 0 Por exemplo o número 1 vai ser denotado por suc0 e o número 3 vai ser denotado por sucsucsuc0 Seqüências de símbolos tais como suc0 e sucsucsuc0 são chamadas termos Assim a sentença todo número natural diferente de zero é sucessor de algum número natural pode ser simbolizada por x x 0 y sucy x A ordem em que os quantificadores aparecem em uma expressão é muito importante Por exemplo a expressão x y Qxy deve ser lida como para todo x existe um y tal que Qxy Em uma interpretação onde o conjunto universo é o conjunto dos números inteiros e Qxy é a propriedade x y a expressão anterior informa que para qualquer número inteiro x existe um outro número inteiro y maior que x Esta expressão tem um valor lógico verdadeiro Agora vamos trocar a ordem em que os quantificadores aparecem na expressão ou seja y x Qxy Neste caso a expressão afirma que existe um número inteiro y que é maior do que qualquer outro número inteiro x Neste caso o valor lógico da expressão é falso O Cálculo de Predicados dotado de uma linguagem mais rica que o Cálculo Proposicional tem várias aplicações importantes não só para matemáticos e filósofos mas também para estudantes de Ciência da Computação 119 O cálculo de predicados de 1a ordem Nas linguagens de programação conhecidas como procedurais C e outras os programas explicam de forma tácita como o computador deve proceder para realizar determinada tarefa No entanto existem outras linguagens de programação conhecidas como declarativas Prolog e outras nas quais os programas são compostos por uma série de dados e um conjunto de regras que são usadas para gerar conclusões Estes programas são conhecidos como Sistemas Especialistas ou Sistemas Baseados no Conhecimento uma vez que eles simulam em muitos casos a ação de um ser humano As linguagens declarativas incluem predicados quantificadores conectivos lógicos e regras de inferência que constituem o Cálculo de Predicados Para que possamos tornar a estrutura de sentenças complexas mais entendível é necessária a introdução de novos símbolos na linguagem do Cálculo Proposicional obtendose a linguagem do Cálculo de Predicados de 1a Ordem Para esta nova linguagem será considerado um novo alfabeto como foi considerado para a Lógica Proposicional Definição1 Alfabeto O alfabeto da linguagem da Lógica de Predicados é definido pelo conjunto dos símbolos descritos a seguir Símbolos de pontuação e Símbolos de verdade false Um conjunto enumerável de símbolos para variáveis x y z w x1 y1 z1 w1 x2 120 Símbolos da linguagem Um conjunto enumerável de símbolos para funções f g h f1 g1 h1 f2 g2 Um conjunto enumerável de símbolos para predicados P Q R P1 Q1 R1 P2 Q2 Conectivos V Associado a cada símbolo para função ou predicado temse um número inteiro não negativo k Este número indica a aridade ou número de argumentos da função ou predicado Como já foi dito o alfabeto da linguagem da Lógica de Predicados é um extensão do alfabeto da Lógica Proposicional Além dos infinitos símbolos contidos no alfabeto da linguagem da Lógica Proposicional ele ainda contém infinitos símbolos para funções predicados variáveis etc As variáveis Os símbolos para variáveis formam um novo conjunto que não ocorre na Lógica Proposicional Como será visto mais adiante as variáveis têm um papel importante na Lógica de Predicados e na Ciência da Computação Em programação Lógica por exemplo as variáveis são utilizadas na determinação das respostas dos programas As funções e os predicados Os símbolos para funções e para predicados não ocorrem na Lógica Proposicional A presença de tais símbolos na Lógica de Predicados permite um maior poder de representação Na Lógica na Matemática e na Ciência da Computação os conceitos de função e predicado são fundamentais Na Ciência da Computação existem as linguagens funcionais que se baseiam no conceito de função por exemplo Haskell SML Miranda KRC Erlang e outras As constantes e os símbolos proposicionais Cada símbolo para função ou predicado possui um número k não negativo a ele associado Quando k 0 temse uma função ou predicado com zero argumentos As funções com zero argumentos ou aridade nula representam constantes De forma similar os predicados com aridade zero representam símbolos proposicionais que ocorrem no alfabeto da Linguagem Proposicional Notação Os símbolos para funções zeroárias são denominados constantes Elas são representadas por letras minúsculas a b c a1 b1 c1 a2 b2 etc Os símbolos para predicados zeroários são denominados símbolos proposicionais Eles são representados por P Q R S P1 Q1 R1 S1 P2 Q2 etc Como existem infinitos símbolos para funções com aridade zero existem também infinitas constantes De forma similar existem infinitos símbolos proposicionais Os conectivos O conjunto dos conectivos contém e V que correspondem à versão simplificada do alfabeto da Lógica Proposicional Além destes conectivos existem também e que representam os quantificadores universal para todo e existencial existe respectivamente Tais quantificadores ampliam o poder de representação da Lógica de Predicados mas também aumentam a complexidade das demonstrações Na linguagem da Lógica de Predicados os outros conectivos Λ e são definidos a partir de e V conforme é indicado na Lógica Proposicional Além disso o símbolo de verdade true também é definido a partir de false uma vez que true false Exemplos 1 Marta é inteligente Im onde m está identificando Marta e I a propriedade de ser inteligente 2 Alguém gosta de Marta Gxm onde G representa a relação gostar de x representa alguém e m representa Marta De forma reduzida podese afirmar que Px significa que x tem a propriedade P xPx significa que a propriedade P vale para todo x ou ainda que todos os objetos do conjunto Universo considerado tem a propriedade P xPx significa que algum x tem a propriedade P ou ainda que existe pelo menos um objeto do conjunto Universo considerado que tem a propriedade P Os símbolos de predicados podem ser unários binários ou nários conforme a propriedade que representam ou seja da quantidade de objetos que ela envolve podendo ser um dois ou mais Neste caso dizse que o símbolo de predicado tem peso ou aridade 1 2 ou n Observações Um símbolo de predicado 0ário peso 0 identifica se com um dos símbolos de predicado por exemplo chove podemos simbolizar C As fórmulas mais simples do Cálculo de Predicados de 1a Ordem são chamadas de fórmulas atômicas e podem ser definidas da seguinte forma o Se P for um símbolo de predicado de peso n e se t1 t2 tn forem termos então Pt1 t2 tn é uma fórmula atômica Fórmulas bem formadas na Lógica de Predicados As fórmulas bem formadas na Lógica de Predicados serão chamadas de fbfs predicadas para diferenciálas das fbfs proposicionais Elas são definidas da seguinte maneira 1 toda fórmula atômica é uma fbf predicada 2 se e forem fbfs predicadas então V e são fbfs predicadas 3 se for uma fbf predicada e x uma variável então x e x são fbfs predicadas 4 as únicas fbfs predicadas são dadas por 1 2 e 3 Exemplos 1 A expressão Px V y não é uma fbf predicada 2 As expressões a seguir são fbfs predicadas a Pxa b zPxa Rybz c xPxa Rybt d yxRybt A seguir serão mostrados alguns exemplos da representação simbólica de algumas sentenças Todo amigo de Paulo é amigo de Francisco Gaspar não é amigo de Paulo Logo Gaspar não é amigo de Francisco Pode ser representado por x Axp Axf Agp Agf onde Axy significa que x é amigo de y As letras p f e g são constantes que representam Paulo Francisco e Gaspar respectivamente Todos os humanos são racionais Alguns animais são humanos Portanto alguns animais são racionais Pode ser representado por x Hx Rx x Ax Hx x Ax Rx onde H R e A simbolizam as propriedades de ser humano ser racional e ser animal respectivamente Escopo de um quantificador Se for uma fórmula e x for uma variável então em x ou em x dizemos que é o escopo do quantificador x ou x Por exemplo na fórmula yxRybt zPza temos os seguintes quantificadores e seus respectivos escopos y xRybt z Pza x Rybt z Pza z Pza Ocorrências livres e ligadas de uma variável Uma ocorrência de uma variável x numa fórmula é ligada se x estiver no escopo de um quantificador x ou x na fórmula Caso contrário a ocorrência de x é livre Se uma ocorrência de uma variável x for ligada em uma fórmula dizemos que x é variável ligada nesta mesma fórmula o mesmo valendo para as ocorrências livres Isto significa que uma mesma variável pode ocorrer ligada em um ponto de uma fbf e livre em outro ponto da mesma fbf ou seja uma mesma variável pode ser livre e ligada ao mesmo tempo em uma mesma fórmula Este estudo tem importância fundamental na transformação de fbfs predicadas em fbfs equivalentes um processo conhecido como forma prenex e skolemização Exemplo 31 Na fórmula yxRyxc z Pxz temos quatro ocorrências das variáveis que são y x x e z O escopo de y é toda a fbf logo a ocorrência de y em Rybc é ligada a ele O escopo de x é Ryxc logo a ocorrência de x é ligada a ele Já o x de Pxz ocorre livre porque ele não está no escopo de x A ocorrência de z é ligada Definição 32 Uma fórmula em que não há ocorrências livres de variáveis é chamada de sentença Em um outro contexto conhecido como λcálculo ou cálculo lambda uma teoria matemática desenvolvida por Alonzo Church ela é conhecida como combinador Termo livre para uma variável Um termo t é livre para a variável y na fórmula se quando se substituem as ocorrências livres de y por t as ocorrências de t em assim obtidas ocorrem livres Exemplos 1 x é livre para y em Py 2 x não é livre para y em xPy 3 x é livre para x em qualquer fórmula 4 qualquer termo é livre para x numa fórmula se em não houver ocorrência livre de x Negação de fórmulas quantificadas A partir da definição de fórmula dada anteriormente verificase que os quantificadores universal e existencial podem ser precedidos de uma negação Vejamos agora como podemos proceder se for necessária a eliminação dessa negação Consideremos por exemplo a fórmulaxPx e o conjunto universo Uabc Neste esse caso temos xPx Pa Pb Pc Desta forma podese considerar que xPx Pa Pb Pc Pa VPb VPc o que significa que existe no mínimo um objeto em U tal que Px ou seja xPx x Px ou ainda de modo geral para uma fórmula qualquer temos 1 x x Da equivalência acima segue imediatamente que 2 x Px xPx 3 xPx x Px 4 x Px xPx 121 Proposições categóricos O estudo clássico ou aristotélico da dedução fundamentase em argumentos que contém proposições de um tipo especial chamadas de proposições categóricas Por exemplo seja o argumento Nenhum atleta é vegetariano Todos os jogadores de futebol são atletas Logo nenhum jogador de futebol é vegetariano Tanto as premissas quanto a conclusão deste argumento são proposições conhecidas como categóricas por serem habitualmente feitas sobre classes afirmando ou negando que uma classe esteja incluída em uma outra seja no todo ou em parte Uma proposição categórica contém apenas um termo sujeito um termo predicado e um operador silogístico que os une As premissas e a conclusão desse argumento referenciam a classe dos atletas a classe dos vegetarianos e a classe dos jogadores de futebol Uma classe é uma coleção de todos os objetos que têm alguma característica específica em comum As classes podem estar relacionadas entre si de várias formas Se todo membro de uma classe for também membro de outra classe dizse que a primeira classe está incluída ou contida na segunda Se apenas alguns membros de uma classe forem também membros de outra classe dizse que a primeira classe está parcialmente contida na segunda Existem ainda algumas classes que não contém qualquer membro em comum por exemplo a classe dos triângulos e dos círculos Essas várias relações distintas entre as classes são afirmadas ou negadas pelas proposições categóricas Há quatro formas típicas de proposições categóricas ilustradas pelas quatro seguintes proposições 1 Todos os políticos são ladrões 2 Nenhum político é ladrão 3 Alguns políticos são ladrões 4 Alguns políticos não são ladrões A proposição 1 é universal e afirmativa onde afirmase que a classe dos políticos está contida ou incluída na classe dos ladrões Isto implica que todo membro da primeira classe é também membro da segunda Neste exemplo o termo o termo sujeito políticos designa a classe de todos os políticos e o termo predicado ladrões designa a classe de todos os ladrões Esta sentença pode ser escrita como Todo P é L A proposição 2 é também universal mas negativa Nega universalmente que os políticos sejam ladrões Neste caso verificase que a primeira classe a classe dos políticos está totalmente excluída da segunda classe a classe dos ladrões ou seja não há qualquer membro da primeira classe que também esteja na segunda classe Qualquer proposição universal negativa pode ser esquematizada da seguinte forma Nenhum P é L Onde mais uma vez as letras P e L representam os termos sujeito e predicado respectivamente A proposição 3 é uma proposição particular afirmativa Aqui se estabelece que alguns membros da primeira classe a dos políticos são também elementos da segunda classe a classe dos ladrões No entanto a assertiva informa que algum ou alguns políticos mas não todos são ladrões Isto significa que a sentença informa que as duas classes têm alguns membros em comum mas não todos Esta proposição é esquematizada da seguinte forma Algum P é L Onde as letras P e L representam os termos sujeito e predicado respectivamente A proposição 4 é uma proposição particular e negativa Também como o exemplo anterior é particular porque não se refere a todos os políticos mas apenas a alguns Mas ao invés da proposição anterior não afirma que os membros particulares da primeira classe estejam incluídos na segunda classe Ao contrário ela nega Esta proposição é esquematizada da seguinte forma Algum P não é L Onde as letras P e L representam os termos sujeito e predicado respectivamente As quatro proposições vistas anteriormente representam enunciados que são representados genericamente pelas letras A E I O e onde as letras S e P significam sujeito e predicado respectivamente A da forma Todo S é P universal afirmativa E da forma Nenhum S é P ou Todo S não é P universal negativa I da forma Algum S é P particular afirmativa O da forma Algum S não é P particular negativa Estes enunciados categóricos podem ser simbolizados respectivamente por A xSx Px E xSx Px I xSx Px O xSx Px Desde que a interpretação booleana das proposições categóricas depende substancialmente da noção de classe nula é conveniente ter um símbolo especial para representála O símbolo de zero 0 é utilizado para este fim Para afirmar que a classe designada pelo termo S não tem membros escrevese o sinal de igualdade entre S e 0 Assim a equação S 0 afirma que a coleção S não tem qualquer membro Por outro lado afirmar que a classe S tem membros equivale a negar que ela seja vazia A classe dos elementos que não pertencem à coleção S é simbolizada por S complemento de S A sentença Todo S é P informa que todo elemento de S é também de P Isto significa afirmar que não existe qualquer elemento de S que não seja também de S ou seja nenhum S é não Pque pode ser representado pela equação SP 0 Assim as proposições categóricas A E I e O analisadas anteriormente podem ser representadas da seguinte forma A SP 0 E SP 0 I SP 0 O SP 0 Podese observar que as proposições A e O são contraditórias o mesmo acontecendo com as proposições E e I Diagramas de EulerVenn para proposições categóricas Se considerarmos S e P representados anteriormente como dois conjuntos quaisquer as proposições referidas anteriormente podem ser interpretados a luz dos diagramas de EulerVenn da Teoria dos Conjuntos Isto pode ser útil na verificação da validade de argumentos onde as premissas e a conclusão sejam enunciados categóricos do tipo A E I ou O Apesar de representarem uma verdade não devem ser considerados instrumentos rigorosos de prova Deve ser lembrado que no Cálculo Proposicional os diagramas de Euler Venn foram utilizados para estabelecer correlações entre as linhas da tabela verdade de uma fórmula e as regiões correspondentes do diagrama Exemplo 32 Suponhamos que J represente o predicado ser jovem Desta forma os predicados a seguir são representados da seguinte forma cada círculo representa uma classe de objeto que quando em branco indica ausência de informação a respeito do conjunto ou seja não se sabe se tem ou não elementos neste conjunto círculo hachurado ou região de um círculo hachurada representa região VAZIA de elementos círculo ou região de um círculo com X representa uma região não vazia de elementos Os enunciados categóricos podem ser representados como pode ser verificado nas figuras ao lado onde as letras S e P foram substituídas pelas letras P e Q respectivamente A Todo P é Q afirma que todos os elementos de P são também elementos de Q ou seja P é um subconjunto de Q ou seja os elementos de P que não fazem parte de Q formam um conjunto vazio ou ainda PQ 0 E Nenhum P é Q afirma que os conjuntos P e Q não têm elementos em comum isto é que P Q ou ainda PQ 0 I Algum P é Q afirma que os conjuntos P e Q têm pelo menos um elemento em comum isto é P Q ou ainda PQ 0 O Algum P não é Q afirma que P tem pelo menos um elemento que não está em Q ou seja que P Q ou ainda PQ 0 Para verificar a validade de um argumento categórico devese proceder da seguinte forma Transferese para o diagrama formado por três círculos as informações das premissas iniciando pelos enunciados universais Verificase se a informação dada na conclusão está representada sem nenhuma condição e de modo único se isto ocorrer então o argumento é válido Vejamos os seguintes exemplos Exemplo 33 1 Todos os cientistas são estudiosos 2 Alguns cientistas são inventores 3 Alguns estudiosos são inventores A parte hachurada corresponde ao enunciado 1 vazia de elementos a parte assinalada com X corresponde ao enunciado 2 Dessa forma as informações das premissas foram transferidas para o diagrama e a conclusão 3 está também representada Portanto o argumento é válido Exemplo 34 Todos os brasileiros são felizes Todos os paulistas são brasileiros Todos os paulistas são felizes O diagrama mostra que o argumento é válido Exemplo 35 122 Validade de argumentos categóricos 1 Nenhum estudante é velho 2 Alguns jovens não são estudantes 3Alguns velhos não são jovens A premissa 1 está representada na região hachurada e a premissa 2 está marcada com X sobre a linha pois a informação correspondente pode estar presente em duas regiões e não temos informação para saber especificamente em qual delas Desse modo o argumento não é válido pois a conclusão não está representada com absoluta certeza A validade de um argumento não depende do conteúdo dos enunciados e sim da sua forma e da relação entre as premissas e a conclusão No Cálculo Proposicional mostramos como as tabelas verdade as demonstrações e as árvores de refutação ou tableaux semânticos podem ser usadas para a verificação da validade de argumentos e de tautologias Será verificado agora como as árvores de refutação podem ser generalizadas para o Cálculo de Predicados de 1a Ordem Já sabemos que as árvores de refutação permitem verificar a validade de argumentos em um número finito de passos No entanto esta técnica no Cálculo de Predicados pode não fornecer qualquer resposta em alguns casos como será verificado Para o Cálculo de Predicados de 1a Ordem é feita uma generalização das árvores de refutação mantendo todas as regras apresentadas para o Cálculo Proposicional Isto é feito 123 Árvores de refutação ou tableaux semânticos SAIBA MAIS Regras httpwwwpuc spbr7Elogic aArvorehtm Regras acrescentandose novas regras para tratar com os quantificadores Universal e Existencial Assim as seguintes novas regras são adicionadas Regra da Negação do Quantificador Universal Uma fórmula do tipo x gera uma linha na qual escrevemos a fórmula x Procedemos assim em todos os ramos abertos aos quais a fórmula x pertence Regra da Negação do Quantificador Existencial Uma fórmula do tipo x gera uma linha na qual escrevemos a fórmula x Procedemos assim em todos os ramos abertos aos quais a fórmula x pertence Regra do Quantificador Existencial Uma fórmula do tipo xx gera uma linha na qual escrevemos a fórmula c onde c é uma nova constante que não ocorre em qualquer ramo da árvore e substituirá as ocorrências da variável x do quantificador na fórmula Procedemos assim em todos os ramos abertos aos quais a fórmula xx pertence Esta regra também é conhecida como particularização existencial Justificativa A fórmula xx significa que existe pelo menos um objeto do Universo que tem a propriedade e este será identificado sempre por uma nova constante ou seja uma constante que não ocorre na árvore Regra do Quantificador Universal Uma fórmula do tipo xx gera uma linha na qual escrevemos a fórmula c onde c é qualquer constante que já ocorre em qualquer ramo da árvore e substituirá as ocorrências da variável x do quantificador na fórmula Procedemos assim em todos os ramos abertos aos quais a fórmula xx pertence Esta regra é também conhecida como generalização universal Justificativa A fórmula xx significa que todos os objetos do universo tem a propriedade Sendo assim a regra deve ser aplicada a todas as constantes presentes na árvore e eventualmente para aquelas que surgirem durante a construção da árvore como observamos abaixo OBSERVAÇÕES IMPORTANTES 1 Como sabemos as fórmulas para as quais são aplicadas as regras sempre serão marcadas No entanto para a regra do quantificador universal isto não será obedecido pois se surgir uma nova constante na árvore por aplicação da regra para esta constante deverá ser aplicada a regra em todas as fórmulas do tipo xx da árvore 2 Apenas no caso de nenhuma constante ocorrer em algum ramo é que podemos introduzir uma nova constante para ser usada em possíveis aplicações da regra ao longo do referido ramo Exemplo 36 Vamos verificar que a fórmula xPxxPx é válida usando a árvore de refutação 1 xPx xPx Premissa 2 xPx 1 3 xPx 1 4 x Px 3 5 Pa 2 obs2 acima 6 Pa 4 7 X 5 e 6 Exemplo 37 Verifique a validade do argumento categórico Todos os cientistas são estudiosos xCx Ex Alguns cientistas são inventores xCx Ix Alguns estudiosos são inventores xEx Ix 1 xCx Ex Premissa 2 xCx Ix Premissa 3 xEx Ix Premissa Adicional 4 x Ex Ix 3 5 Ca Ia 2 a é nova constante 6 Ca Ea 1 a é constante que já ocorre 7 Ea Ia 4 a é constante que já ocorre 8 Ca 5 9 Ia 5 10 Ca Ea 6 11 X 108 Ea Ia 7 12 X 1011 X911 O argumento é válido pois todos os ramos foram fechados Exemplo 38 Verifique a validade do argumento categórico Nenhum estudante é velho xEx Vx Alguns jovens não são estudantes xJx Ex Alguns velhos não são jovens xVx Jx 1 xEx Vx Premissa 2 xJx ExPremissa 3 xVx Jx Premissa Adicional 4 x Vx Jx 3 5 Ja Ea 2 a é nova constante 6 Ea Va 1 a é a constante que já existe 7 Va Ja4 a é constante que já existe 8 Ja 5 9 Ea 5 10 Ea Va 6 11 Va Ja Va Ja 7 12 O argumento não é válido pois a árvore terminou e temos ramos abertos Exemplo 39 xyPxy Paa 1 xyPxy Premissa 2 Paa Premissa adicional 3 yPay 1 a é constante que já existe 4 Pab 3 b é nova constante 5 yPby 1 b é constante que já existe 6 Pbc 5 c é nova constante Como se pode observar a árvore nunca terminará é infinita Assim podese assumir que o argumento não é válido Na verdade não existe um método efetivo que permita decidir sempre e para qualquer argumento do Cálculo de Predicados se um determinado argumento é válido ou não Isto mostra que o Cálculo de Predicados é indecidível A indecidibilidade do Cálculo de Predicados pode ser provada e é conhecida como Tese de Church Há muitos livros de Lógica e de Teoria da Computação que abordam este assunto com profundidade Quando verificamos a validade de um argumento estamos verificando se no caso das premissas serem verdadeiras elas inferem uma determinada conclusão Isto é possível ser feito por vários métodos no Cálculo Proposicional os quais nem todos se generalizam para o Cálculo de Predicados como verificamos acima Podese verificar que a aplicação dos tableaux semânticos na Lógica de Predicados é uma extensão da aplicação destes tableaux na Lógica Proposicional Na Lógica de Predicados eles definem uma estrutura para a representação e dedução de conhecimento Esta estrutura é definida por conceitos análogos aos apresentados na Lógica Proposicional onde foi verificado que eles podem ser utilizados para provar teoremas e conseqüências lógicas A seguir serão mostrados exemplos mostrando como estes tableaux podem ser utilizados nestas demonstrações Exemplo310 Seja a fbf h xypxypaa Vamos provar a sua validade utilizando o método do tableau semântico Para isso vamos considerar h e vamos verificar que vamos chegar a um tableau cujos ramos são todos fechados 1 xypxypaa h 2 xypxy Λ paa def de em 1 3 xy pxy R8 em 2 124 Consequência lógica em Tableaux semânticos 4 paa R8 em 3 5 y pt1y R12 em 3 e t1 a 6 pt1t2 R12 em 5 t2 a t1 t2 Verificase neste ponto que o desenvolvimento da negação de h atingiu a fbf pt1t2 sendo t2 a t1 a e t1 t2 Para que se chegasse a uma contradição seria necessário que se tivesse chegado à fbf paa para se contradizer com paa da linha 4 da sequência de demonstração Desta forma o tableau não é fechado e isto significa que h não é válida É necessário no entanto saber analisar os resultados dos tableaux semânticos atingidos em uma sequência de demonstrações Para nos guiar nesta direção utilizaremos os teoremas a seguir que não serão demonstrados dado o escopo deste estudo No entanto o leitor mais exigente é convidado a consultar a bibliografia indicada Teorema da correção Seja h uma fbf predicada Se existir uma prova de h utilizando tableau semântico na Lógica de Predicados então h é uma tautologia Teorema da completude Seja h uma fbf predicada Se h for uma tautologia então existe uma prova de h utilizando tableaux semânticos Exemplo 311 Seja a fbf h xpx Λ qx xpx Verifiquemos se podese provar sua validade ou não utilizando o método dos tableaux semânticos 1 xpx Λ qx xpx h 2 xpx Λ qx Λ xpx def de em 1 3 xpx Λ qx R8 em 2 4 xpx R8 em 2 5 x px R10 em 4 6 pa R12 em 5 7 pa Λ qa R13 em 3 x a 8 pa R1 em 7 fechado 68 Neste caso o tableau é fechado e h é válida Deve ser observado pelo leitor que na linha 6 a regra R12 foi utilizada antes da regra R13 na linha 7 onde fazse x a Esta decisão tem uma conseqüência importante no tableau final e como conseqüência na prova porque se for utilizada uma outra sequência de construção do tableau em que estes dois passos sejam invertidos as linhas 6 e 7 poderemos chegar a um tableau diferente Vamos considerar a mesma fbf h do exemplo anterior 1 xpx Λ qx xpx h 2 xpx Λ qx Λ xpx def de em 1 3 xpx Λ qx R8 em 2 4 xpx R8 em 2 5 x px R10 em 4 6 pa Λ qa R13 em 3 a qualquer 7 pa R1 em 6 8 qa R1 em 6 9 pt R12 em 5 t a Aberto Neste caso o termo t é qualquer na aplicação da regra R12 na linha 9 onde t deve ser diferente de a Neste caso o tableau obtido é aberto Considerando estas duas sequências de demonstração por tableau podese verificar que para uma mesma tautologia h é possível se determinar tableaux abertos ou fechados associados a uma fbf Por outro lado se h não for uma tautologia então pelo teorema da correção não existe um tableau fechado associado a h Os teoremas da correção e da completude enunciados anteriormente permitem afirmar que a Se h for uma tautologia então existe um tableau fechado associado a h b Se h for uma tautologia então pode existir um tableau aberto associado a h c Se h não for uma tautologia então não existe tableau fechado associado a h d Se h não for uma tautologia então todo tableau associado a h é aberto e Se um tableau associado a h for fechado então h é uma tautologia f Se um tableau associado a h for aberto então não se pode concluir se h é ou não uma tautologia g Se todo tableau associado a h for aberto então h não é uma tautologia Deve ser observado que na Lógica Proposicional se existir um tableau semântico fechado associado a uma fbf h então todos os tableaux semânticos associados a h serão fechados Exemplo 312 conseqüência lógica em tableaux semânticos a Sejam h1 xpxqx e h2 xpx xqx Então h1 é equivalente a h2 b Sejam h1 xpxqx e h2 xpx xqx Então h2 implica em h1 mas h1 não implica em h2 Solução a Sendo h1 xpxqx e h2 xpx xqx então h1 equivale a h2 se e somente se h1 h2 for uma tautologia h1 h2 será uma tautologia se e somente se h1 h2 Utilizando tableau semântico temos 1 xpxqx xpx xqx h1 h2 2 xpxqx Λ xpx xqx xpxqx Λ xpx xqx R9 em 1 3 xpxqx xpxqx R1 em 2 4 xpx x qx xpx x qx R1 em 2 5 xpx R8 em 4 xpx qx R11 em 3 6 x qx R8 em 4 7 pa qa R12 em 3 xpx xqx R3 em 4 8 xqx R11 em 6 x px R3 em 4 9 qa R13 em 8 pa qa R12 em 78 10 pa R13 em 5 pa qa pa qa R13 em 5 11 pa pa R8 em 10 12 qa qa R8 em 10 13 pa qa R3 em 7 fechado fechado fechado fechado Como o tableau é fechado então h1 h2 é uma tautologia e assim h1 equivale a h2 b Neste caso as fbfs são análogas às do item anterior com a diferença de que os quantificadores universais estão trocados Assim temse h1 xpxqx e h2 xpx xqx onde h2 implica em h1 mas h1 não implica em h2 Sabemos que h2 implica em h1 se e somente se h2 h1 for uma tautologia ou seja se e somente se h2 h1 A sequência de prova pode ser 1 xpx xqx xpx qx h2 h1 2 xpx xqx R8 em 1 3 xpx qx R8 em 1 4 xpx qx R10 em 3 5 pa qa R12 em 4 6 pa R8 em 5 7 qa R8 em 5 8 xpx xqx R3 em 2 9 xpx R10 em 8 qa R12 em 8 10 pa R12 em 9 fechado79 11 fechado610 Como o tableau é fechado então h2 h1 é uma tautologia Logo h2 implica em h1 Para mostrar a segunda parte do item b ou seja que h1 não implica em h2 vamos considerar o tableau associado a h1 h2 e vamos verificar que ele é aberto e que não é possível obter um tableau fechado a ele associado 1 xpx qx xpx x qx h1 h2 2 xpx qx R8 em 1 3 xpx x qx R8 em 1 4 xpx R8 em 3 5 x qx R8 em 3 6 xqx R10 em 5 7 pa R12 em 4 8 qb R12 em 3 9 pa qa pa qa R13 em 1 10 pa qa pa qa R em 9 fechado aberto fechado aberto Como pode ser observado este tableau é aberto e não é possível fechálo Na linha 7 a regra R12 é aplicada substituindo se a variável x pela constante a obtendose pa porque a é a constante nova que não parece nas linhas anteriores do tableau 1 até 6 Na linha 8 a regra R12 é novamente aplicada mas agora a variável x não pode mais ser substituída pela constante a porque ela já apareceu na linha 7 anterior Por este motivo foi escolhida a constante b para se obter qb na linha 8 Já na linha 9 a variável x poderia ser substituída tanto por a quanto por b que o resultado seria o mesmo No caso foi escolhida aleatoriamente a constante a Isto significa que não é possível obter um tableau fechado neste caso e isto é verdade mesmo que se inverta a ordem de aplicação das regras Desta forma não existe um tableau fechado associado a h1 h2 ou seja h1 não implica em h2 Exemplo 313 Considere o argumento Todo aluno de Ciência da Computação é mais inteligente que algum aluno de Medicina Logo não existe aluno de Medicina que seja mais inteligente que todos os alunos de Ciência da Computação Este argumento é válido ou não Para responder a esta questão vamos exibir uma prova utilizando a metodologia dos tableaux semânticos Para isto teremos px x é aluno de Ciência da Computação qx x é aluno de Medicina rxy x é mais inteligente que y Este argumento pode ser representado por h xpx yqy Λ rxy yqyΛxryx 1 xpx yqy Λ rxy yqyΛxryx h 2 xpx yqy Λ rxy R8 em 1 3 yqyΛxryx R8 em 1 4 yqyΛxryx R5 em 3 5 qaΛxrax R12 em 4 6 qa R1 em 5 7 xrax R1 em 5 8 pa yqy Λ ray R12 em 8 9 pa yqy Λ ray R3 em 8 aberto Este tableau contém um ramo aberto Este fato não é suficiente para se concluir que h não seja uma tautologia É necessário provar que todos os tableaux semânticos associados a h são obrigatoriamente abertos para se concluir que h não seja uma tautologia e como conseqüência o argumento não é válido Pelo que foi observado até este ponto deste estudo as demonstrações da validade de argumentos não é uma tarefa fácil de ser realizada necessitando de muita experiência no manuseio e construção dos mecanismos adotados para esta finalidade Neste particular muita pesquisa tem despertado a atenção dos cientistas da Lógica e muitas técnicas tem se desenvolvido notadamente na utilização e manuseio dos tableaux semânticos Isto se deve ao fato desta técnica ser até 125 Forma prenex o momento a que tem se mostrado mais adequada para ser implementada como programas de computadores Uma metodologia que tem sido estudada e utilizada com bastante sucesso se refere a transformação de fbfs predicadas em fbfs equivalentes na forma prenex que de forma generalizada é uma fbf onde os quantificadores se encontram todos em seu início Esta metodologia se justifica porque toda fbf predicada tem uma fbf equivalente na forma prenex e também pelo fato de que as formas prenexes são mais fáceis de serem provadas e implementadas mecanicamente Para dar início a este estudo é necessário enunciar algumas definições Definição 33 fórmula aberta Uma fórmula da Lógica de Predicados é dita aberta se ela não possui qualquer quantificador Definição 34 forma prenex Uma fórmula h da Lógica de Predicados está na forma prenex se h for do tipo h Qx1Qxng onde g é uma fórmula aberta e os Qxi são quantificadores universal ou existencial Exemplo 314 As fórmulas xxrxypy e xxpxΛqxy estão na forma prenex porque todos os seus quantificadores estão no início da fórmula seguidos por fórmulas abertas Já a fórmula yxpxqxy não está na forma prenex porque o escopo do quantificador universal é apenas px e não o restante da fórmula Para estar na forma prenex todos os quantificadores devem estar no início da fórmula e os seus escopos devem ser extendidos até o final da fórmula Como afirmado anteriormente toda fbf predicada tem uma fbf predicada equivalente na forma prenex O algoritmo prenex que transforma uma fbf predicada h em uma fbf g na forma prenex considera a definição e as regras a seguir Definição 35 regras prenex Sejam h e g duas fbfs e Qx1 e Qx2 dois quantificadores que podem ser existencial ou universal As regras prenexes são as seguintes Nas regras R1 R2 R3 e R4 a variável x não ocorre livre em q Nas regras R7 e R8 a variável x não ocorre livre em q e y não ocorre livre em p Deve ser observado que as regras prenexes deduzem fórmulas equivalentes por exemplo xpq equivale a xpq Assim não é possível deduzir xpqa partir de xp xq nem deduzir xpq a partir de xp xq porque não são equivalentes Além disso todas as fórmulas deduzidas tem os seus quantificadores no início mesmo que não estejam na forma xpq xpq xpq R1 R2 R3 xpq xpq xpq xpq xpxq ᴟxpᴟxq R4 R5 R6 ᴟxpq xpq ᴟxpq Q1xp Q2yq Q1xp Q2yq R7 R8 Q1xQ2ypq Q1xQ2ypq prenex porque não se pode aplicar as regras prenexes às fórmulas anteriores Para resolver este problema é necessário que as variáveis sejam renomeadas e isto é feito baseandose na seguinte definição Definição 36 R0 renomeação de variáveis Considere a fbf h Qxg sendo Qx um quantificador universal ou existencial A renomeação da variável x por uma outra variável y se dá da seguinte forma f Qygxy onde gxy é uma substituição segura Exemplo 315 Considere a fbf h xpxxqxy que contém dois quantificadores na mesma variável x Neste caso a renomeação de x em sua primeira ocorrência é feita deduzindo se a h1 zpzxqxy onde a segunda ocorrência de x em qxy não pode ser renomeada porque esta ocorrência de x está no escopo do quantificador existencial x por ser mais interno que o quantificador universal Se for necessária uma renomeação de x em sua segunda ocorrência ela poderá ser feita por outra variável por exemplo por w onde h1 se transformará em h2 da seguinte forma h2 zpzwqwy Exemplo 316 Seja a fbf predicada xypxyz Neste caso x não pode ser renomeada por y porque se isso fosse feito a fórmula renomeada seria ypyyz e neste caso o contexto seria outro Este exemplo mostra que a renomeação deve ser feita por uma variável que não tenha ocorrido ainda no contexto Se for feita por uma variável que já faz parte da fórmula ocorre um fenômeno conhecido como problema de captura No caso em voga se a substituição de x por y fosse feita o a variável x seria capturada por y Este fato tem importância fundamental nas linguagens de programação onde as variáveis não locais a um determinado subprograma não podem ser renomeadas por uma variável local porque neste caso a variável não local se tornaria local por ter o mesmo nome desta e neste caso o ambiente de referência seria outro bem diferente do original Definição 37 regra prenex de renomeação de variáveis Seja h uma fbf predicada da seguinte forma Q1x1Qnxn e as variáveis livres z1zk A regra prenex de renomeação de variáveis R0 corresponde à renomeação das variáveis x1 xn pelas variáveis y1yn de forma que yi yj para i j e yi não pertence ao conjunto x1 xnz1zk As variáveis renomeadas y1yn são deferentes entre si e diferentes das variáveis livres z1zk e das variáveis x1xn Exemplo 317 Seja a fbf predicada h xpxxqxy Aplicandose a regra Ro a h temos h1 zpzwqwy onde as variáveis z e w são diferentes da variável livre y Exemplo 318 Seja a fbf predicada h xpx xqx Este caso se inclui entre os que não é possível se aplicar qualquer regra prenex No entanto é possível se aplicar a regra R0 ou seja h1 ypy zqz Nesta fbf podemos aplicar a regra prenex R8 transformandoa em h2 yzpyqz e h2 está na forma prenex Neste ponto estamos preparados para conhecer o algoritmo prenex que é utilizado para transformar uma fbf h não prenex em uma fbf g na forma prenex Definição 38 algoritmo prenex Sejam h g p e q fbfs predicadas O algoritmo a seguir transforma h em uma fbf equivalente g na forma prenex 1 Substitua as fbfs pq por pq 2 Substitua as fbfs pq por pq 3 Substitua as fbfs pq por pq 4 Substitua as fbfs p por p 5 Substitua as fbfs xp por xp 6 Substitua as fbfs xp por xp 7 Substitua as fbfs pq por pqqp Se for necessário volte ao passo 1 até obter uma fbf com apenas os conectivos e 8 Aplique R0 para renomear variáveis 9 Utiliza as regras R1 a R8 para substituir fbfs A fbf g obtida pela aplicação dos passos 1 até 9 é equivalente a h e está na forma prenex Exemplo 319 Seja h xpxxqxyrxyz Vamos utilizar o algoritmo prenex para transformar h em uma outra fbf equivalente na forma prenex Isto será feito a seguir onde cada passo corresponde ao passo de mesmo número no algoritmo mesmo que o passo não seja aplicável 1 h1 xpx xqx yrxyz 2 Não aplicável 3 Não aplicável 4 Não aplicável 5 h5 xpx xqx yrxyz 6 Não aplicável 7 Não aplicável 8 R0 h8 y1py1 y2qy2 y3rxy3z 9 h9 y1py1 y2y3qy2 rxy3z g y1y2y3 py1 qy2 rxy3z Deve ser observado que na aplicação do algoritmo prenex da seção anterior em cada passo a fórmula resultante é equivalente à fórmula do passo anterior Logo por transitividade a saída do algoritmo é uma fórmula equivalente à fórmula de entrada Agora será visto um algoritmo para obtenção de fórmula da forma Qxonde só aparecem quantificadores universais e é uma fórmula aberta na forma normal conjuntiva O processo de obtenção de tais fórmulas é chamado de Skolemização Durante a Skolemização são introduzidos novos símbolos de função isto é que não ocorrem na assinatura da linguagem da fórmula de entrada A saída do algoritmo é uma fórmula que não é logicamente equivalente à fórmula de entrada mas que tem a propriedade de ser satisfatível se e só se a fórmula de entrada o for Antes de darmos o algoritmo daremos alguns exemplos para ilustrar o papel dos símbolos novos introduzidos durante a Skolemização 126 Skolemização Exemplo 320 Considere a fórmula Px cujo significado pretendido é o valor atribuído a x tenha a propriedade expressa por P Para isto ser verdade é necessário que exista um objeto no universo que tenha a propriedade expressa por P Assim a fórmula xPx é verdade neste contexto Por outro lado se xPx é verdade em um contexto então existe um objeto no universo que tem a propriedade expressa por P Logo a fórmula Px é verdade neste contexto quando atribuímos este objeto a x Neste exemplo mostrarmos que Px é satisfatível se e somente se xPx for satisfatível Exemplo 321 Considere a fórmula xPx cujo significado pretendido é que exista algum objeto no universo que tenha a propriedade expressa por P Assim se adicionarmos uma constante c à assinatura de P e interpretarmos c como este objeto que tem a propriedade P a fórmula Pc passa a ser verdade neste contexto Por outro lado se Pc é verdade em um contexto então a interpretação de c é um objeto que tem a propriedade que P expressa neste contexto Logo existe um objeto no contexto que tem a propriedade expressa por P isto é a fórmula xPx é verdade neste contexto Neste exemplos mostramos que xPx é satisfatível se e somente se Pc for satisfatível Exemplo 322 Agora considere a fórmula yxPxy cujo significado pretendido é que para qualquer elemento do universo de discurso exista um objeto que esteja relacionado por P com aquele elemento É claro que para cada elemento e que estivermos considerando o objeto que existe relacionado com e não precisa ser único nem ser o mesmo relacionado com todos os elementos do universo Isto significa que objetos diferentes podem estar relacionados com elementos diferentes ou alguns objetos diferentes podem estar relacionados com o mesmo objeto Além disso pode haver mais de um objeto relacionado com o mesmo elemento De qualquer modo podemos definir uma função tal que para cada elemento e do universo escolhe se um dos objetos dentre os que estejam relacionados com e Observe que esta escolha não precisa ser feita de forma efetiva por exemplo um sorteio é uma escolha não efetiva mas que pode sempre ser feita pelo fato de sempre haver pelo menos um objeto relacionado com cada elemento do universo Isto é a fórmula yPfyy é verdade neste contexto quando f é um símbolo novo de função que é interpretado como a função acima descrita Por outro lado se yPfyy for verdade em um contexto então para cada elemento e do contexto o objeto nomeado por fe está relacionado com e onde f é a interpretação de f no contexto ou seja a fórmula yxPxy é verdade neste contexto Este exemplo mostra que yxPxy é satisfatível se e somente se yPfyy for satisfatível onde f é um símbolo novo de função Na discussão acima os símbolos novos c de constante e f de função são introduzidos com significados pretendidos específicos Tais símbolos são chamados de funções de Skolem Estas idéias serão agora formalizadas Proposição PS3 Para cada fórmula existe um procedimento efetivo para se obter uma fórmula na forma Qx onde só aparecem quantificadores universais no prefixo Qx e é uma fórmula aberta na forma normal conjuntiva tal é satisfatível se e somente se Qx for satisfatível Prova A fórmula de saída poderia ser obtida a partir da fórmula de saída do algoritmo de obtenção de forma norma conjuntiva mas por questão de eficácia daremos um algoritmo alternativo Dada uma fórmula 1 Tome o fecho existencial de ou seja se contiver uma variável livre x substitua por x Repita este processo até que a fórmula corrente não tenha mais variáveis livres 2 Elimine quantificadores redundantes ou seja elimine todo quantificador x ou x que não contenha qualquer ocorrência livre de x no seu escopo 3 Renomeie as variáveis ligadas de forma que as variáveis governadas por quantificadores sejam todas distintas 4 Elimine as ocorrências dos conectivos e 5 Mova o conectivo para o interior da fórmula até que preceda imediatamente fórmulas atômicas 6 Mova os quantificadores para o interior da fórmula 7 Elimine os quantificadores existenciais Skolemização Seja a fórmula corrente Obtenha a nova fórmula corrente substituindo a subfórmula da forma y que se situa mais à esquerda em por yfx1 xn ondex1 xn é uma lista de todas as variáveis livres de y e f é um símbolo de função nário função de Skolem que não ocorre em Caso não haja variáveis livres em y substitua y por yc onde c é uma constante de Skolem que não ocorre em Repita o processo de Skolemização até que todos os quantificadores existenciais tenham sido eliminados 8 Obtenha a forma normal prenex da fórmula obtida no passo 6 ou seja mova os quantificadores para a esquerda 9 Obtenha a forma normal conjuntiva da matriz da fórmula obtida no passo 7 substituindo a matriz desta pela forma normal conjuntiva obtida 10 Simplifique a fórmula do passo 9 eliminando repetições de literais no mesmo conjunto e disjunções que são tautologias Observe que o fecho existencial da fórmula obtido no passo 1 é satisfatível se e somente se a fórmula original for satisfatível O argumento é análogo ao usado no exemplo Sklm1 os passos 2 a 6 produzem fórmulas equivalentes à formula obtida no passo 1 Assim a fórmula obtida no passo 6 equivalente à do passo 1 é satisfatível se e somente se a fórmula de entrada for satisfatível a cada introdução de símbolo de função ou constante de Skolem ocorrida no passo 7 a fórmula obtida é satisfatível se e só se a fórmula antes da substituição for satisfatível O argumento é análogo ao usado nos exemplos Sklm2 e Sklm3 os passos 8 a 10 produzem fórmulas equivalentes à fórmula obtida no passo 7 Assim a fórmula obtida pelo passo 10 equivalente à do passo 7 é satisfatível se e somente se a fórmula de entrada for satisfatível os passos 6 e 10 são opcionais O passo 6 se justifica por evitar que sejam introduzidas no passo 7 funções com aridade maior do que a necessária A aridade da função de Skolem introduzida da esquerda para direita vai depender do número de quantificadores universais que estejam à esquerda do quantificador existencial que está sendo eliminado Exemplo 323 Seja agora h yxpx qxyz xpx yrxy Aplicando o passo 1 obtemos o fecho existencial de zxyxpx qxyz xrx ypxy O passo 2 não se aplica Renomeandose as variáveis quantificadas temos suyxpx quys zpz vrzv Eliminando os conectivos e em temos suyxpx quys quys xpx zpz vrzv Movendo para o interior da fórmula temos suyxpx quys quys xpx zpz vrzv O passo 6 não se aplica Eliminando os quantificadores existenciais temos pd qbca qbca xpx zpz rzfz Obtendo a forma normal prenex temos zxpb qcad qcadpx pz rzfz A matriz da forma já está na forma conjuntiva e o passo 10 não se aplica Esta unidade compreendeu o estudo da Lógica de Predicados uma teoria complementar à Lógoca Proposicional vista nas unidades 1 e 2 A idéia de ser complementar não significa que é menos importante Na realidade a Lógica de Predicados é mais completa que a Lógica Proposicional por ser capaz de 127 RESUMO resolver uma gama bem maior de tipos de problemas Estes problemas envolvem situações não possíveis de serem resolvidas apenas com a teoria da Lógica Proposicional A Lógica de Predicados utiliza os quantificadores universal e existencial e funções para simbolizar e analisar sentenças que não eram possíveis de serem construídas apenas com as estruturas da Lógica Proposicional Este foi o principal objetivo desta unidade A prova de fórmulas bem formadas na Lógica de Predicados é mais complexa que na Lógica Proposicional sendo necessário o conhecimento de técnicas mais elaboradas para que as demonstrações possam ser levadas a efeito Entre estas técnicas está a substituição de fórmulas bem formadas predicadas por outras fórmulas equivalentes mas com um formato distinto porém mais fácil de ser construída uma demonstração para ela Apesar desta ser uma Unidade final é importante mencionar que a Lógica compreende muitos outros temas e existem várias áreas de estudo e pesquisa da Lógica Estas áreas têm representado um campo fértil de pesquisa há muito tempo mas estão fora do escopo deste estudo 1 Determine o valor lógico de cada uma das fbfs a seguir com a interpretação de que o conjunto universo é o conjunto dos ineiros px significa que x é ímpar qx que x 0 e gx que x 9 a ᴟxpx b xqx px Exercícios c ᴟxqx gx d xqx gx 2 Qual o valor lógico de cada uma das fbfs a seguir com a interpretação em que o conjunto universo seja o conjunto dos inteiros a xᴟyx y x b ᴟyxx y x c xᴟyx y 0 d ᴟy x x y 0 e xyx y y x f xx 0 ᴟyy 0 x y 0 g ᴟxᴟyx2 y h xx2 0 3 Decida se é possível chegar a alguma conclusão a partir das hipóteses dadas a seguir e caso positivo qual é esta conclusão Todas as flores são vermelhas ou roxas Amoresperfeitos são flores Amoresperfeitos não são roxos 4 Justifique cada passo na sequência de demonstração a seguir para a fbf ᴟxpx qx xpx ᴟxqx 1 ᴟxpx qx 2 pa qa 3 xpx 4 pa 5 qa 6 ᴟxqx 5 Justifique cada passo na sequência de demonstração a seguir para a fbf ᴟxpxxpxqxᴟxqx 1 ᴟxpx 2 xpx qx 3 pa 4 pa qa 5 qa 6 ᴟxqx 6 Considere a seguinte fbf xᴟypxyᴟyqxy xᴟypxyqxy a Encontre uma interpretação que mostre que essa fbf não é válida b Encontre o erro na seguinte sequência de demonstração para essa fbf 1 xᴟypxy ᴟyqxy hipótese 2 xpxa qxa 1 pe 3 xᴟypxy qxy 2 ge 7 Prove que as fbfs a seguir são argumentos válidos a xpx xpx qx b xpx ᴟxqx ᴟxpx qx c ᴟxᴟypxy ᴟyᴟxpxy d xyqxy yxqxy e xpx ᴟxpx ᴟxqx Existem muitos bons textos sobre este tema Alguns deles estão listados na Bibliografia colocada ao final desta Unidade Outros estão na Internet à disposição Estes estão listados a seguir SAIBA MAIS wwwufpibruapi A Página da Universidade Aberta do Piauí UAPI wwwuabgovbr O Site da Universidade Aberta do Brasil UAB wwwseedmecgovbr A Homepage da Secretaria de Educação a Distância do MEC SEED wwwabedorgbr O site da Associação Brasileira de Educação a Distância ABED httpptwikipediaorg O site da Wikipedia wwwinfufscbrine5365introloghtml wwwgregosetroianosmatbrlogicaasp WEBBIBLIOGRAFIA REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABRAMSKY S et all Admissibility of Logical Inference Rules North 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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ UNIVERSIDADE ABERTA DO PIAUÍ Programa de Educação a Distância LÓGICA PARA A COMPUTAÇÃO Francisco Vieira de Souza PRESIDENTE DA REPÚBLICA Luiz Inácio Lula da Silva MINISTRO DA EDUCAÇÃO Fernando Haddad UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍREITOR Luiz de Sousa Santos Júnior SECRETÁRIO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA DO MEC Carlos Eduardo Bielschowsky DIRETOR DE POLITICAS PUBLICAS PARA EAD Hélio Chaves UNIVERSIDADE ABERTA DO BRASILCOORDENADOR GERAL Celso Costa CENTRO DE EDUCAÇÃO ABERTA A DISTÂNCIA DA UFPI Coordenador Geral de EaD na UFPI Gildásio Guedes Fernandes CENTRO DE CIENCIAS DA NATUREZA Helder Nunes da Cunha COORDENADOR DO CURSO de Sistema de Informação na Modaliade de EaD Luiz Cláudio Demes da Mata Sousa DEPARTAMENTO DE INFORMÁTICA E ESTATÍSTICACHEFE DO DEPARTAMENTO Paulo Sérgio Marques dos Santos EQUIPE DE APOIO Profº Arlino Araújo Liana Cardoso Luana Monteiro Cleidinalva Oliveira Lana Grasiela Marques DIAGRAMAÇÃO Samuel Falcão Silva Copyright 2008 Todos os direitos desta edição estão reservados à Universidade Federal do Piauí UFPI Nenhuma parte deste material poderá ser reproduzida transmitida e gravada por qualquer meio eletrônico por fotocópia e outros sem a prévia autorização por escrito do autor S729l Souza Francisco Vieira de Lógica para a ComputacionalFrancisco Vieira de Souza Teresina UFPIUAPI 2008 152p Inclui bibliografia 1 Lógica Proposicional 2 Álgebra Booleana 3 Lógica de Predicados I Universidade Federal do PiauíUniversidade Aberta do Piauí II Título CDD 5113 Este texto é destinado aos estudantes do programa de Educação a Distância da Universidade Aberta do Piauí UAPI vinculada ao consórcio formado pela Universidade Federal do Piauí UFPI Universidade Estadual do Piauí UESPI Centro Federal de Ensino Tecnológico do Piauí CEFETPI com apoio do Governo do estado do Piauí através da Secretaria de Educação O texto é composto de três unidades contendo itens e subitens que discorrem sobre a Lógica Proposicional e a Lógica de Predicados evidenciando como estas estruturas podem ser utilizadas no estudo da Informática Na Unidade 1 é analisada a Lógica Proposicional e as suas principais estruturas abordando as sentenças e diversas formas de construção buscando encontrar formas e metodologias de provas da validade ou falsidade de argumentos Na Unidade 2 são feitas comparações com teorias conhecidas como a Teoria dos Conjuntos e a Álgebra de George Boole além de ser feita uma justificativa sobre o princípio da indução finita A Unidade 3 é dedicada ao estudo da Lógica de Predicados como forma alternativa para a construção de expressões cujos significados não podem ser capturados pelos construtores da Lógica Proposicional Na unidade também é apresentado o problema da indecibilidade do Cálculo de Predicados de Primeira Ordem fazendo alusão à ligação existente entre esta teoria e a conhecida Tese de Church UNIDADE 01 LÓGICA PROPOSICIONAL 11 Introdução 12 Primeiros passos 13 Construção de sentenças11 14 Conectivos lógicos13 15 Sentenças atômicas e sentenças moleculares 16 Reescrita de sentenças 17 Simbologia das sentenças 18 Função verdade 19 Regras de avaliação das sentenças34 110 Formalização conceitual 111 Interpretações 112 As três leis do pensamento 113 Regras de inferência 114 Formas normais conjuntivas e disjuntivas 115 Argumento válido 116 Demonstração de validade de argumentos 117 Construção de tableaux semânticos 118 O caminho das pedras Resumo Exercícios Saiba Mais Referências na Web UNIDADE 02 A LÓGICA E OUTRAS TEORIAS 21Introdução 22O Cálculo Proposicional e a Teoria dos Conjuntos 23 Cálculo Proposicional e a Álgebra de Boole 24 O Principio da Indução Finita e a Lógica 25 RESUMO Exercícios Saiba Mais Referências na Web UNIDADE 03 LÓGICA DE PREDICADOS 31 Breve histórico 32 Primeiros passos 33 O cálculo de predicados de 1a ordem 34 Símbolos da linguagem 35 Proposições categóricos 37 Árvores de refutação ou tableaux semânticos 38 Consequência lógica em Tableaux semânticos 39 Forma prenex 310 Skolemização RESUMO Exercícios Saiba Mais Referências na Web Referências Bibliográficas Unidade 1 Lógica Proposicional RESUMO O objetivo principal desta unidade é apresentar os principais conceitos e estruturas da Lógica Proposicional bem como ela pode ser utilizada no ordenamento do raciocínio humano na busca de soluções para os problemas que ocorrem na naturezaNa unidade é mostrada a evolução histórica desde a sua utilização apenas como formulação correta de argumentos utilizada apenas pelas Ciências Sociais até o seu emprego atual na Ciência da Computação A unidade também contém vários exemplos e exercícios resolvidos tentando proporcionar ao leitor o entendimento pleno dos conceitos envolvidos além de serem propostos vários exercícios para sedimentar a teoria apresentada A forma de apresentação utilizada é de acordo com o exigido para o ensino à distância ou seja tendo em vista sempre esta nova modalidade de ensino Sumário Unidade LÓGICA PROPOSICIONAL A Lógica teve seu início com o grego Aristóteles 384322 a C quando outros filósofos também gregos passaram a utilizar seus enunciados resultando em grande simplificação e clareza para a Matemática Por volta de 1666 Gottfried Wilhelm Leibniz 16461716 usou em vários trabalhos o que chamou de Calculus Rationator ou Lógica Matemática ou ainda Logística Estas idéias nunca foram teorizadas por Leibniz porém seus escritos trouxeram a idéia da Lógica Matemática No século XVIII Leonhard Euler 17071783 introduziu a representação gráfica das relações entre sentenças ou proposições mais tarde ampliada por John Venn 1834 1923 E W Veitch em 1952 e M Karnaugh em 1953 Em 1847 Augustus DeMorgan 18061871 publicou um tratado Formal Logic envolvendose em uma discussão pública com o filósofo escocês William Hamilton conhecido por sua aversão à Matemática que escreveu A Matemática congela e embota a mente um excessivo estudo da Matemática incapacita a mente para as energias que a filosofia e a vida requerem George Boole 18151864 ligado a DeMorgan tomou as dores do amigo e escreveu The Mathematical Analysis of Logic em 1848 Em 1854 ele escreveu o livro An Investigation of the Laws of Thoutght e em 1859 escreveu Treatise on Defferantial Equations no qual discutiu o método simbólico geral O trabalho de George Boole foi amplliado por Lewis Carroll em 1896 por Whitehead em 1898 por Huntington em 1904 e em 1933 por Sheffer em 1913 entre outros Este 11 Introdução Leonhard Euler Aristóteles período de desenvolvimento da Lógica culminou com a publicação do Principia Mathematica por Alfred North Whitehead 18611947 e por Bertand Russel 18721970 que representou uma grande ajuda para completar o programa sugerido por Leibniz que visava dar uma base lógica para toda a Matemática Para facilitar o nosso entendimento sobre a Lógica vamos analisar de que forma ela é importante e que papel ela desempenha no ordenamento do raciocínio humano na busca de soluções para os problemas que ocorrem na natureza Antigamente a Lógica era utilizada apenas como forma de ordenamento de argumentos conhecidos como premissas para se chegar a uma conclusão que representasse o resultado de alguma questão Desta forma a Lógica era tão somente uma técnica utilizada principalmente pela Filosofia e pelas ciências humanas Atualmente o computador representa uma máquina capaz de processar muitos cálculos de forma correta e a grande velocidade Desta forma eles passaram a ser utilizados na busca de soluções para os mais diversos problemas da natureza Estes problemas para serem processados pelos computadores devem ser tratados de forma adequada para que as soluções encontradas sejam representativas Analisemos uma situação clássica em que dois amigos Francisco e Jorge se encontram em uma sextafeira à noite em um bar para jogar conversa fora acompanhados de chopp gelado e peixe frito Francisco argumenta euforicamente que Kaká é o melhor jogador de futebol do mundo instante em que 12 Primeiros passos Jorge refuta sob o calor da água que passarinho não bebe que o melhor jogador de futebol do mundo é sem qualquer sombra de dúvidas Ronaldinho Gaúcho Devese facilmente depreender que esta discussão deve ter continuado até a madrugada principalmente porque chegou à mesa um argentino chamado Celso Por outro lado imaginemos agora a afirmação 5 é um número natural primo Esta proposição não desperta qualquer dúvida uma vez que sabemos o que significa um número ser primo e sabemos verificar de forma inequívoca que o número 5 obedece às exigências para que um número seja primo Analisando estas expressões verificase que é possível decidir de forma irrefutável se o número 5 é primo mas não podemos decidir se o gol feito por um jogador é mais bonito que o feito por outro porque esta decisão varia de pessoa para pessoa Com estes dois exemplos pretendemos caracterizar a necessidade de um rigor na linguagem natural corrente Isto nos leva a uma linguagem matemática estudando os princípios da chamada Lógica Matemática As expressões analisadas na seção anterior tanto na linguagem matemática quanto na linguagem corrente envolvem certas entidades cada uma delas representadas convenientemente por símbolos Na oração Kaká é o melhor jogador de futebol do mundo aparecem as entidades Kaká jogador de futebol melhor jogador de futebol e melhor jogador de futebol do mundo Não se deve confundir uma 13 Construção de sentenças entidade com a sua representação uma vez que uma mesma entidade pode ter mais de uma representação por exemplo 3 e raiz quadrada de nove representam a mesma entidade As sentenças são expressões da linguagem às quais podese atribuir um valor verdadeiro ou falso Por exemplo Brasília é a capital do Brasil é uma sentença verdadeira enquanto 5 é um número par é uma sentença falsa Normalmente o valor verdadeiro é simbolizado pela letra maiúscula V enquanto o valor falso é simbolizado pela letra maiúscula F Num primeiro estudo da Lógica Matemática será admitido que toda proposição tenha apenas dois valores possíveis V ou F Esta idéia deve ser abandonada ao estudarmos outras teorias onde as sentenças possam ter valores distintos de F e V As sentenças por sua vez podem ser representadas pelas letras minúsculas p q r etc Desta forma podemos definir uma sentença da seguinte forma Definição 11 Uma sentença ou proposição é uma expressão de uma dada linguagem que pode ser classificada como verdadeira ou falsa de maneira exclusiva em um contexto Exemplo 11 As expressões a seguir são sentenças a Teresina é uma cidade quente b A Amazônia é um deserto c O Papa é romano ou não d Barack Obama é e não é americano e Se algo é igual a si próprio e tudo é igual a si próprio então Sócrates e Obama são iguais Exemplo 12 As sentenças imperativas interrogativas ou exclamativas não serão consideradas em nosso estudo As expressões a seguir não são exemplos de sentenças a Estude para a prova de Lógica b Qual foi a sua nota na prova de Lógica c Que saudade de Amélia As expressões do Exemplo 11 são sentenças porque podese atribuir a cada uma delas um valor verdadeiro ou falso o que não é possível com as expressões do Exemplo 12 porque elas representam uma frase imperativa uma interrogativa e uma exclamativa respectivamente Uma característica importante das sentenças é que elas podem ser combinadas para construir outras sentenças envolvendo expressões como e ou se então se e somente se que são aplicadas a duas sentenças As sentenças do Exemplo 11 podem ser combinadas para formar as seguintes sentenças além de outras a Barack Obama é e não é americano e o Papa é romano ou não b A Amazônia é um deserto mas Barack Obama não é americano c Se o Papa é romano então Teresina é uma cidade quente 14 Conectivos lógicos Também é possível construir sentenças aplicando as expressões não e é possível que Neste caso elas são aplicadas a uma única sentença diferente da forma como se constroem sentenças utilizando outras expressões que necessitam de duas sentenças Como exemplo podemos construir as sentenças a A Amazônia não é um deserto b É possível que o Papa seja romano Embora as expressões não e ou se então se e somente se e é possível que não possuam a mesma classificação gramatical do ponto de vista da Lógica todas elas possuem a mesma função que é construir sentenças a partir de uma ou mais sentenças previamente dadas No estudo da Lógica estas expressões têm uma denominação especial Definição 12 Um conectivo é uma expressão de uma dada linguagem utilizada para formar sentenças a partir de sentenças dadas Exemplo 13 Dadas as sentenças 5 é ímpar e 4 2 podemos formar as seguintes sentenças a 5 é ímpar e 4 2 b 5 é ímpar ou 4 2 c Se 5 é ímpar então 4 2 d 5 é ímpar se e somente se 4 2 e 5 não é ímpar Uma forma interessante de se analisar os conectivos é considerálos como as operações aritméticas da Matemática Uma operação aritmética é uma forma de combinar elementos para formar novos elementos Por exemplo a operação de multiplicação processa os números 3 e 4 e associa o resultado deste processamento ao valor 12 No caso dos conectivos os elementos a serem operados são sentenças e o resultado obtido é uma nova sentença Peso de um conectivo Embora existam muitos conectivos que podem ser utilizados na construção de sentenças só nos interessam para o estudo da Lógica um pequeno subconjunto deles Nosso objetivo é estudar certos aspectos lógicos da atividade matemática Desta forma serão considerados apenas os conectivos não e ou seentão e se e somente se Podemos verificar que na construção da sentença 5 não é ímpar o conectivo não foi aplicado a uma única sentença mas para construir a sentença 5 é ímpar e 4 2 o conectivo e foi aplicado a duas sentenças Os conectivos são classificados de acordo com o número de sentenças que eles precisam para formar uma nova sentença Definição 13 O peso ou aridade de um conectivo é o número exato de sentenças utilizadas para formar uma nova sentença por meio deste conectivo A Tabela 11 mostra os pesos dos principais conectivos prox Página Tabela 11 Os conectivos e seus pesos CONECTIVO PESO ARIDADE Não 1 E 2 Ou 2 se então 2 se e somente se 2 As sentenças podem ser classificadas de acordo com o fato de terem sido ou não obtidas de outras sentenças utilizando conectivos Definição 14 Uma sentença é chamada atômica se ela não tem qualquer conectivo A partir desta definição verificase que as expressões negativas de uma linguagem não são sentenças atômicas As sentenças atômicas são consideradas as sentenças básicas ou seja a partir delas são construídas outras sentenças Exemplo 14 As sentenças seguintes são atômicas a 5 é um número primo b O rio Parnaíba é perene c João Pessoa é a capital da Paraíba d A terra é um planeta 15 Sentenças atômicas e sentenças moleculares Definição 15 Uma sentença é molecular se ela não for atômica ou seja se tiver pelo menos um conectivo Exemplo 15 As sentenças a seguir são moleculares a 5 não é um número primo b João Pessoa é a capital da Paraíba e a terra é um planeta c O sol é uma estrela ou a terra é um planeta d Se a terra é um planeta então o sol é uma estrela Neste texto as letras romanas minúsculas representarão as sentenças atômicas por exemplo p q r etc As letras gregas minúsculas serão usadas para representar tanto as sentenças atômicas quanto as sentenças moleculares As letras gregas minúsculas serão utilizadas quando se deseja atribuir um grau de generalidade ou seja representar uma sentença que pode ser atômica ou molecular Classificação das sentenças moleculares As sentenças moleculares podem ser classificadas de acordo com o conectivo utilizado em sua construção Nesta seção serão mostradas diversas definições que fundamentam a classificação das sentenças moleculares Definição 16 Uma sentença é uma negação se ela for obtida a partir de outra utilizando o conectivo não Exemplo 16 A sentença 5 não é um número primo pode ser considerada uma negação obtida pela aplicação do conectivo não à sentença 5 é um número primo Definição 17 A sentença utilizada na construção de uma negação é chamada de sentença negada ou componente da negação No caso do Exemplo 16 a sentença 5 é um número primo é a sentença negada ou a componente da negação 5 não é primo Definição 18 Uma sentença é uma conjunção se ela for obtida a partir de duas outras sentenças através do conectivo e Exemplo 17 A sentença 4 não divide 7 nem 9 deve ser re escrita como 4 não divide 7 e 4 não divide 9 para que se possa entender o que realmente ela quer significar Neste caso a sentença é a conjunção das sentenças 4 não divide 7 e 4 não divide 9 aplicando o conectivo e Por sua vez a sentença 4 não divide 7 é a negação da sentença 4 divide 7 e a sentença 4 não divide 9 é a negação da sentença 4 divide 9 O leitor deve observar que neste caso foi necessário reescrever a sentença original de forma que ela pudesse ser analisada corretamente Este tema será abordado brevemente O leitor atento deve ter observado que o conectivo e foi aplicado a duas sentenças uma vez que ele é um conectivo de peso 2 A primeira sentença é chamada primeira componente e a segunda sentença é chamada segunda componente da conjunção Voltando ao Exemplo 17 a sentença 4 não divide 7 é a primeira componente e a sentença 4 não divide 9 é a segunda componente da conjunção Definição 19 Uma sentença é uma disjunção se ela for obtida a partir de duas outras sentenças através do conectivo ou Exemplo 18 A sentença 5 é ímpar ou 13 é par é obtida a partir das sentenças 5 é ímpar e 13 é par aplicandose o conectivo ou Como observado para o conectivo e que tem peso 2 e forma conjunções o conectivo ou também tem peso 2 e por isso a disjunção também precisa de duas sentenças para que ela seja formada conforme pode ser observado no Exemplo 18 onde a primeira sentença é denominada primeira componente e a segunda sentença é chamada segunda componente da disjunção Definição 110 Uma sentença é uma implicação se ela for obtida a partir de duas outras através do conectivo seentão Exemplo 19 A sentença Célia viajou para Campina Grande se Tarcísio comprou um carro novo deve ser reescrita como se Tarcísio comprou um carro novo então Célia viajou para Campina Grande Esta sentença é uma implicação formada pelas sentenças Tarcísio comprou um carro novo e Célia viajou para Campina Grande utilizando o conectivo seentão As duas o conectivo seentão tem peso 2 sentenças são chamadas de componentes da implicação onde a sentença Tarcísio comprou um carro novo é denominada antecedente e a sentença Célia viajou para Campina Grande é denominada conseqüente da implicação Definição 111 Uma sentença é uma biimplicação se ela for obtida a partir de duas outras sentenças através do conectivo se e somente se Exemplo 110 A sentença Vou a Parnaíba se e somente se a estrada foi consertada é a biimplicaçào das sentenças Vou a Parnaíba e a estrada foi consertada aplicandose o conectivo se e somente se Estas duas sentenças são chamadas de componentes da biimplicação sendo Vou a Parnaíba a primeira componente e a estrada foi consertada a segunda componente Em alguns dos exemplos mostrados anteriormente foi verificado que para se analisar corretamente a sentença foi necessário reescrevêla para que a análise pudesse ser feita corretamente Serão analisados a seguir alguns exemplos onde esta técnica se torna necessária Exemplo 111 Seja a sentença 5 não é ímpar Um número natural que não é ímpar é obrigatoriamente um número par Assim a sentença acima pode ser entendida como 5 é par Neste caso a sentença não apresenta qualquer conectivo e portanto ela é uma sentença atômica Por outro lado podemos analisar a sentença como sendo a negação da sentença 5 é ímpar Neste caso ela é uma sentença molecular Exemplo 112 Seja a sentença Emiliano e Chagas são casados Qual é a intenção da sentença Não está claro que o objetivo desta sentença seja informar que Emiliano tem uma esposa e Chagas tem outra Da forma como a sentença está escrita podese também deduzir que Emiliano e Chagas são casados um com o outro 16 Reescrita de sentenças Estes exemplos mostram que algumas sentenças podem ter mais de uma interpretação Neste caso dizse que elas são ambíguas e isto pode acarretar análises lógicas incompatíveis É necessário que a formação de sentenças obedeça regras precisas para que estas ambigüidades não aconteçam Regras de reescrita Existem algumas regras básicas que devem ser seguidas na construção de sentenças Em uma primeira etapa devese explicitar as sentenças atômicas que compõem a sentença final atribuindo a elas um símbolo por exemplo as letras romanas minúsculas p q r s t etc transformandoas em sentenças simbolizadas Em uma etapa posterior devem ser atribuídos símbolos aos conectivos Os conectivos são representados pelos símbolos mostrados na Tabela 14 A seguir será mostrado um conjunto de regras que devem ser utilizadas nestas reescritas Tabela 12 Reescritas de algumas sentenças atômicas Regra 1 Uma sentença atômica p deve ser reescrita entre parênteses ou seja p Exemplo 113 Para facilitar a compreensão algumas sentenças atômicas estão mostradas na primeira coluna da Tabela 12 e suas reescritas estão mostradas na segunda coluna SENTENÇA ATÔMICA SENTENÇA ATÔMICA REESCRITA 5 é um número ímpar 10 é maior que 100 Thaís é psicóloga Mariane é uma boa aluna 5 é um número ímpar 10 é maior que 100 Thaís é psicóloga Mariane é uma boa aluna Regra 2 A negação de uma sentença p deve ser reescrita como p onde p é a sentença negada Exemplo 114 Utilizando as mesmas sentenças mostradas na Tabela 12 foi construída a Tabela 13 que mostra cada uma destas sentenças reescritas em suas formas negadas Deve ser observado que apesar do exemplo mostrar apenas a negação de sentenças atômicas ela pode ser aplicada também a sentenças moleculares Tabela 13 Negação de sentenças Regra 3 Uma conjunção de duas sentenças p e q previamente reescritas deve ser reescrita como p Λ q Exemplo 115 A conjunção 5 não é ímpar nem é maior que 0 deve ser entendida como a conjunção 5 não é ímpar e 5 não é maior que 0 Neste caso ela deve ser reescrita como 5 é ímpar Λ 5 é maior que 0 Exemplo 116 Já sabemos que a conjunção Nathalie e Natasha foram à Barras é ambígua uma vez que pode ser interpretada como Nathalie foi a Barras e Natasha foi a Barras ou como Nathalie e Natasha foram a Barras juntas Esta ambigüidade de significado provoca também ambigüidade de construção porque não é possível decidir se esta sentença é atômica na segunda interpretação ou se ela é molecular como a primeira interpretação Como solução foi feita uma convenção SENTENÇA NEGAÇÃO REESCRITA 5 é ímpar 10 é maior que 100 Thaís é psicóloga Mariane é uma boa aluna 5 é ímpar 10 é maior que 100 Thaís é psicóloga Mariane é uma boa aluna de que onde ocorra este tipo de problema a sentença deve ser considerada em sua forma molecular Desta forma a sentença acima deve ser reescrita por Nathalie foi a Barras Λ Natasha foi a Barras Regra 4 Uma disjunção de duas sentenças p e q previamente reescritas deve ser reescrita como p V q Exemplo 117 A disjunção 20 não é maior que 10 ou 4 é primo e 1 é maior que 4 deve ser reescrita como 20 é maior que 10 V 4 é primo Λ 1 é maior que 4 Regra 5 Uma implicação de duas sentenças p e q sendo p a sentença antecedente e q a sentença conseqüente previamente reescritas deve ser reescrita como p q Exemplo 118 A sentença Às sextasfeiras Antônio vai ao bar da Miúda pode ser entendida como se for sextafeira então Antônio vai ao bar da Miúda que deve ser reescrita por é sextafeira Antônio vai ao bar da Miúda Regra 6 Uma biimplicação de duas sentenças componentes p e q previamente reescritas deve ser reescrita como p q Exemplo 119 A biimplicação Zefinha emagrecerá se e somente se não beber refrigerante nem comer macarrão deve ser reescrita como Zefinha emagrece Zefinha bebe refrigerante Λ Zefinha come macarrão Sempre que possível as sentenças devem ser reescritas no presente do indicativo ou seja não deve ser levado em conta o tempo verbal Deve ser levado em conta que nosso objetivo é determinar se uma determinada sentença p é ou não uma verdade lógica Para isto devese verificar se p é verdadeira ou não em todos os contextos O fato de uma sentença ser verdadeira em todos os contextos depende da forma como ela foi construída e não de seu conteúdo As regras de reescritas permitem explicitar como as sentenças são formadas mas é necessário analisar como as sentenças são simbolizadas Este é o passo final da reescrita porque permite esconder o conteúdo e explicitar a forma A Tabela 14 a seguir mostra um resumo dos conectivos e seus respectivos símbolos Tabela 14 Os conectivos e seus símbolos Sejam as sentenças a 5 é ímpar ou 5 não é ímpar b Einstein é brasileiro ou Einstein não é brasileiro c O conjunto dos números perfeitos possui um maior elemento ou o conjunto dos números perfeitos não possui um maior elemento 17 Simbologia das sentenças CONECTIVO SÍMBOLO não e ou seentão se e somente se Λ V Podese observar sem qualquer dificuldade que todas estas sentenças são disjunções e de acordo com o que foi visto anteriormente devem ser reescritas da seguinte forma a 5 é ímpar V 5 é ímpar b Einstein é brasileiro V Einstein é brasileiro c O conjunto dos números perfeitos tem um maior elemento V O conjunto dos números perfeitos tem um maior elemento Vamos examinar cada uma destas sentenças em separado a A sentença 5 é ímpar V 5 é ímpar é a disjunção entre a sentença atômica 5 é ímpar e a sentença 5 é ímpar Esta por sua vez é a negação da sentença 5 é ímpar Como a sentença apresenta duas alternativas das quais a primeira é verdadeira a sentença representada pela disjunção também é verdadeira b A sentença Einstein é brasileiro V Einstein é brasileiro também é uma disjunção entre a sentença atômica Einstein é brasileiro e a sentença Einstein é brasileiro Esta por sua vez é a negação da sentença Einstein é brasileiro Neste caso a sentença também apresenta duas alternativas das quais a segunda é verdadeira Logo a sentença representada pela disjunção também é verdadeira c A sentença O conjunto dos números perfeitos tem um maior elemento V O conjunto dos números perfeitos tem um maior elemento também é a disjunção entre a sentença atômica O conjunto dos números perfeitos tem um maior elemento e a sentença O conjunto dos números perfeitos tem um maior elemento Esta por sua vez é a negação da sentença O conjunto dos números perfeitos tem um maior elemento Neste caso não sabemos se a primeira ou a segunda sentença da disjunção é verdadeira porque este é um problema matemático ainda em aberto No entanto a sentença apresenta duas alternativas excludentes mas complementares ou seja se a primeira for verdadeira a segunda é falsa e viceversa Assim podese afirmar com certeza que a sentença representada pela disjunção é verdadeira Pode ser facilmente observado que a explicação dada na sentença da letra c anterior também pode ser aplicada às sentenças das letras a e b Isto é verdade porque as sentenças componentes são expressões alternativas excludentes e complementares Dito de outra forma se as sentenças de uma disjunção expressam alternativas excludentes e complementares a disjunção é verdadeira independente do conhecimento antecipado sobre a verdade ou falsidade das componentes Dada uma sentença simbolizada p nosso objetivo é determinar se p é ou não uma verdade lógica Isto significa verificar se p é verdadeira ou não em todos os contextos Pelo exposto o fato de uma sentença ser verdadeira em todos os contextos depende da maneira como a sentença foi formada e não de seu conteúdo As regras de reescritas nos permitem verificar como as sentenças foram formadas faltando apenas uma forma de simbolizar as sentenças permitindo esconder seus conteúdos uma vez que eles não são importantes Esta tarefa não é tão simples em um primeiro momento É necessária alguma prática para que seja feita de forma adequada Para isto será introduzida uma metodologia a ser seguida pelo menos enquanto não adquiramos uma prática consolidada nesta área Esta metodologia consiste da divisão das sentenças em passos São eles 1 Classificar a sentença como atômica ou molecular 2 Classificar todos os conectivos que ocorrem na sentença se for molecular 3 Classificar o tipo da sentença em negação conjunção disjunção implicação ou biimplicação se for molecular 4 Reescrever a sentença de acordo com as regras de reescritas 5 Simbolizar a sentença reescrita substituindo as sentenças atômicas pelas letras p q r ou s indexadas ou não de modo que cada ocorrência de uma mesma sentença seja substituída sempre pela mesma letra e que sentenças atômicas distintas sejam substituídas por letras também distintas Será apresentada a seguir uma seqüência de exemplos de aplicação desta metodologia para que o leitor possa fixála com facilidade Exemplo 120 a Francisco é feliz Aplicando a metodologia proposta para a simbolização temos 1 Atômica 2 Não tem conectivos por ser atômica 3 Não pode ser classificada por ser atômica 4 Francisco é feliz 5 A sentença pode ser simbolizada por p onde p Francisco é feliz b Francisco é feliz e Cecília o ama A sentença deve ser reescrita como Francisco é feliz e Cecília ama Francisco Aplicando a metodologia proposta temos 1 Molecular 2 Possui o conectivo e 3 Tratase de uma conjunção 4 Francisco é feliz Λ Cecília ama Francisco 5 Sendo p Francisco é feliz e q Cecília ama Francisco então p ۸ q c Francisco é feliz caso Cecília o ame A sentença deve ser reescrita como Se Cecília ama Francisco então Francisco é feliz Aplicando a metodologia proposta temos 1 Molecular 2 Possui o conectivo se então 3 Tratase de uma implicação 4 Cecília ama Francisco Francisco é feliz 5 Sendo p Cecília ama Francisco e q Francisco é feliz então p q d Francisco é feliz pois Cecília o ama A sentença deve ser reescrita como Cecília ama Francisco e se Cecília ama Francisco então Francisco é feliz Aplicando a metodologia proposta temos 1 Molecular 2 Possui os conectivos e e se então 3 Tratase de uma conjunção onde a segunda componente é uma implicação 4 Cecília ama Francisco ۸ Cecília ama Francisco Francisco é feliz 5 Sendo p Cecília ama Francisco e q Francisco é feliz então a sentença deve ser representada por p ۸ p q e Francisco é feliz porque Cecília o ama e ela é feliz A sentença deve ser reescrita como Cecília ama Francisco e Cecília é feliz e se Cecília ama Francisco e Cecília é feliz então Francisco é feliz Aplicando a metodologia proposta temos 1 Molecular 2 Possui os conectivos e e se então 3 Tratase de uma conjunção onde a primeira componente é uma conjunção e a segunda componente é uma implicação 4 Cecília ama Francisco Λ Cecília é feliz Λ Cecília ama Francisco Λ Cecília é feliz Francisco é feliz 5 Sendo p Cecília ama Francisco q Cecília é feliz e r Francisco é feliz então a sentença deve ser representada por p Λ q Λ p Λ q r Nos exemplos a seguir não serão mais mostrados todos os passos definidos na metodologia apresentada uma vez que neste ponto já se supõe que o leitor tenha adquirido alguma prática o que torna desnecessária a colocação de todos estes passos Neste caso serão mostrados apenas os resultados finais a 10 10 20 Sendo p 10 10 20 então a sentença deve ser simbolizada por p b 3 e 5 são ímpares Sendo p 3 é ímpar e q 5 é ímpar então a sentença deve ser simbolizada por p Λ q c Pelo menos um dos números inteiros 2 5 e 7 primo Sendo p 2 é um número primo q 5 é um número primo e r 7 é um número primo então a sentença deve ser simbolizada por p V q V ou por p V q V r d Exatamente um dos números 1 2 e 3 é primo Sendo p 1 é primo q 2 é primo e r 3 é primo então a sentença deve ser simbolizada por p Λ q Λ r V q Λ p Λ r V r Λ p Λ q Simplificação de sentenças Até este ponto seguimos algumas convenções por exemplo colocando parênteses cercando cada sentença seja ela atômica ou molecular Estas convenções foram necessárias para que as estruturas das sentenças fossem entendidas de forma pedagogicamente mais fácil No entanto esta convenção provoca a existência de muitos parênteses chegando em algumas situações a confundir visualmente o leitor Neste ponto imaginamos que o leitor já tenha maturidade suficiente para simplificar algumas regras por exemplo eliminando alguns parênteses redundantes ou substituindo alguns conectivos por outros As regras de simplificação são as seguintes Regra 1 Os parênteses externos podem ser retirados Neste caso a sentença simbolizada p Λ pqq será escrita por p Λ pqq Regra 2 Os parênteses em torno da negação podem ser retirados Neste caso a sentença simbolizada q Λ pqq será escrita por q Λ pqq Regra 3 Os conectivos e têm precedência sobre os conectivos Λ e V Neste caso a sentença simbolizada q Λ p q p será escrita por q Λ p q p Regra 4 O conectivo se aplica à menor sentença que o sucede Neste caso devese escrever p Λ q se a intenção for explicitar que o conectivo deve ser aplicado à sentença completa porque se for escrito p Λ q o conectivo será aplicado apenas à sentença p Regra 5 Os conectivos e Λ podem ser substituídos pelos conectivos e V da seguinte forma p q pode ser substituído por p V q p q pode ser substituído por p V q Λ q V p e p q pode ser substituído por p V q A Regra 5 informa que os únicos conectivos necessários para se construir qualquer sentença são e V ou seja todos os outros podem ser construídos em função destes dois Neste caso diz se que o conjunto V destes dois conectivos é completo De acordo com o que foi visto até aqui uma sentença é verdadeira ou falsa de forma exclusiva em um dado contexto 18 Função verdade Vamos agora analisar formas de avaliação de sentenças ou seja dada uma sentença p vamos determinar se p é verdadeira ou falsa em um dado contexto O nosso objetivo final é encontrar uma forma de determinar se uma determinada sentença é verdadeira ou falsa em todos os contextos possíveis Para facilitar este estudo é necessário adotar uma notação Já foi visto que uma sentença só pode ter um de dois valores verdadeiro ou falso Estes dois valores serão conhecidos como valores verdade Este termo pode gerar alguma dúvida uma vez que ao nos referirmos aos valores verdade poderseia prejulgar que a sentença fosse indubitavelmente verdadeira No entanto este não é o caso Quando nos referimos ao valor verdade de uma função teremos como resultado o valor falso ou o valor verdadeiro de forma excludente Um valor verdadeiro será simbolizado pela letra maiúscula V e um valor falso será simbolizado pela letra maiúscula F Desta forma avaliar uma função consiste em determinar seu valor verdade V ou F O valor verdade de uma sentença atômica depende exclusivamente do contexto ao qual a sentença está associada Por exemplo apenas as pessoas com algum grau de conhecimento de Física sabem que a sentença a velocidade da luz no vácuo é de 300000 quilômetros por segundo é uma sentença verdadeira Já nas sentenças moleculares várias situações podem acontecer ou seja seus valores verdade podem depender ou não dos valores verdade das sentenças componentes Vamos analisar as duas situações através de exemplos Seja a sentença 4 é par ۸ 6 é ímpar A conjunção faz alusão às duas sentenças mas sabemos que a segunda delas é falsa Desta forma o valor verdade da sentença é falso F Neste caso o valor verdade da sentença dependeu dos valores verdade de suas componentes Agora vejamos a sentença Zefinha é feia V Zefinha não é feia Esta disjunção também é composta de duas sentenças mas nada podemos afirmar sobre a veracidade ou falsidade de cada uma delas Se Zefinha for feia a primeira componente é verdadeira e a segunda é falsa Se Zefinha não for feia então a segunda componente da disjunção é verdadeira e a primeira é falsa Em ambas as situações a sentença final é verdadeira Neste caso o valor verdade da sentença não dependeu dos valores verdade de suas componentes Para resolver este dilema é necessário adotarmos uma convenção Só nos interessa enquanto estudantes de Lógica analisar sentenças que possam ter seus valores verdade determinados apenas em função das suas componentes Para isto dizemos que um conectivo é por função verdade se o valor verdade das sentenças moleculares obtidas por seu intermédio for determinado única e exclusivamente baseado nos valores verdade de suas sentenças componentes É importante destacar que os conectivos não e ou se então e se e somente se são por função verdade Para avaliar sentenças moleculares é necessário que sejam definidas regras a serem aplicadas aos conectivos que as compõem Isto significa que para cada conectivo será definida uma regra para encontrar o valor verdade da sentença composta por ele Isto é o que será feito a seguir Negação O conectivo não é utilizado quando desejamos negar o conteúdo de uma sentença Na teoria dos conjuntos ele tem outra 19 Regras de avaliação das sentenças notação para determinar a complementação de conjuntos ou seja uma barra horizontal sobre o símbolo do conjunto Esta operação associa a cada conjunto A de um dado conjunto universo U um outro conjunto Ā chamado de complemento de A constituído pelos elementos de U que não pertencem a A Dado u em U a condição para que u esteja em Ā é que u não esteja em A e a condição para que u esteja em A é que u não esteja em Ā Regra 1 Uma negação é verdadeira se a sentença negada for falsa e uma sentença é falsa se a sentença negada for verdadeira Esta regra está resumida na Tabela 15 a seguir chamada de tabela verdade do conectivo não Tabela 15 Tabela verdade do conectivo não Conjunção Na linguagem da Lógica o conectivo e Λ é utilizado quando queremos afirmar a ocorrência simultânea de dois fatos Na teoria dos conjuntos isto equivale à interseção de conjuntos Regra 2 Uma conjunção é verdadeira se suas duas componentes forem simultaneamente verdadeiras e é falsa se pelo menos uma delas for falsa Esta regra permite construir a tabela verdade da conjunção que está mostrada na Tabela 16 a seguir p p F V V F Em uma cidade em que cada habitante ou fala verdade ou é mentiroso Félix encontrou Teresa e Nazareth quando perguntou alguém de vocês é mentirosa Teresa respondeu pelo menos uma de nós duas é mentirosa Teresa estava ou não falando a verdade Tabela 16 Tabela verdade do conectivo e Λ p Q p Λ q F F F F V F V F F V V V Disjunção Na linguagem da Lógica o conectivo ou V é utilizado quando se deseja apresentar alternativas Na teoria dos conjuntos isto equivale à união dos conjuntos Regra 3 Uma disjunção é falsa se suas componentes forem simultaneamente falsas e é verdadeira se pelo menos uma de suas componentes for verdadeira Esta regra é utilizada no sentido inclusivo ou seja o fato das duas sentenças componentes da disjunção serem ambas verdade tornam a sentença também verdade Esta situação é um pouco diferente do uso corriqueiro na língua portuguesa Por exemplo na sentença Félix vai de carro ou de avião queremos informar que ou Félix vai de carro ou ele vai de avião uma vez que ele não pode ir de carro e de avião ao mesmo tempo Nos circuitos digitais também existem implementações do operador ou exclusivo conhecido como Xor mas este caso não será aqui considerado Será considerado apenas o ou inclusivo Esta regra permite construir a tabela verdade da disjunção como mostrado na Tabela 17 a seguir Tabela 17 Tabela verdade do conectivo ou V Implicação Na Lógica usase o conectivo de implicação quando se deseja indicar uma relação de causa e efeito entre a sentença antecedente e a sentença consequente Neste caso uma interpretação gráfica possível em um diagrama de Venn só é possível se a implificação for transformada antes em uma dusjunção ou seja transformando p q em p V q Regra 4 Uma implicação é falsa se sua antecedente for verdadeira e a conseqüente for falsa Caso contrário a sentença será verdadeira Esta regra permite construir a tabela verdade da implicação que está mostrada na Tabela 18 a seguir Tabela 18 Tabela verdade do conectivo se então p Q p q F F V F V V p q p V q F F F F V V V F V V V V V F F V V V Biimplicação No estudo da Lógica usase o conectivo se e somente se quando se deseja explicitar que duas sentenças têm o mesmo conteúdo Neste caso também não existe uma interpretação gráfica direta correspondente na teoria dos conjuntos devendo antes ser transformada em outra possível Regra 5 Uma biimplicação é verdadeira se suas componentes possuírem os mesmos valores verdade e é falsa se elas apresentam valores verdade distintos Isto está mostrado na Tabela 19 a seguir Tabela 19 Tabela verdade do conectivo se e somente se p q p q F F V F V F V F F V V V Os conceitos até aqui vistos foram introduzidos de maneira que o leitor pudesse entendêlos antes que eles fossem formalizados Esta formalização apesar de necessária pode confundir didaticamente o leitor que está tendo os primeiros contactos com o estudo da Lógica Esta seção é dedicada à formalização destes conceitos para facilitar a continuação deste aprendizado e tornar este trabalho autocontido Definição 112 Alfabeto O alfabeto da Lógica Proposicional é constituído por Símbolos de pontuação e Símbolos de verdade true e false Símbolos proposicionais p q r s p1 q1 r1 s1 p2 Conectivos proposicionais V Λ e Como pode ser verificado o alfabeto da linguagem da Lógica Proposicional é constituído de infinitos símbolos Isto não ocorre no alfabeto da língua portuguesa que é composto de apenas 26 letras e mais alguns poucos Os símbolos de verdade são as palavras da língua inglesa true e false que no presente contexto são consideradas apenas símbolos Em outros contextos estes símbolos podem ser representados de forma diferente Como pode ser observado na definição de Alfabeto da Lógica ele é formado por símbolos Estes símbolos devem ser concatenados para formar estruturas que serão tratadas como fórmulas bem formadas fbfs A construção das fórmulas bem Formalização conceitual formadas obedecem a leis de formação que serão mostradas a seguir Definição 113 fbf fórmula bem formada As fórmulas bem formadas da linguagem da Lógica Proposicional são as fbfs proposicionais construídas a partir dos símbolos de alfabeto conforme as regras a seguir Todo símbolo de verdade é uma fórmula bem formada Todo símbolo proposicional é uma fórmula bem formada Se p for uma fórmula bem formada então p a negação de p também é uma fórmula bem formada Se p e q forem fórmulas bem formadas então p V q também será uma fórmula bem formada a disjunção de p e q Se p e q forem fórmulas bem formadas então p Λ q também será uma fórmula bem formada a conjunção de p e q Se p e q forem fórmulas bem formadas então p q também será uma fórmula bem formada a implicação de p para q onde p é o antecedente e q é o consequente Se p e q forem fórmulas bem formadas então p q também será uma fórmula bem formada a bimplicação de p para q onde p é o lado esquerdo e q é o lado direito Já foi visto neste estudo que existem sentenças ou fbfs que são sempre verdadeiras independente dos valores verdade de suas componentes Outras há que são sempre falsas e existe ainda um terceiro tipo que apresentam sentenças verdadeiras ou falsas Interpretações dependendo do contexto em que elas estejam inseridas Por exemplo as sentenças a Amanhã vai chover ou não vai chover b Chove e não chove hoje c Emiliano come muito e Maria gosta de bananas A sentença a será sempre verdadeira independente se chover ou não A sentença b é sempre falsa independente de São Pedro gostar ou não Já a sentença c pode ser verdadeira ou falsa Estas três situações estão detalhadas nas tabelas seguintes onde para cada uma destas sentenças é construída a sua tabela verdade para fins de comparação e permitir um completo domínio por parte do leitor 1 Amanhã vai chover ou não vai chover p amanhã vai chover p p p V p F V V V F V 2 Chove e não chove hoje p Hoje chove p p p Λ p F V F V F F 3 Emiliano come muito e Maria gosta de bananas p Emiliano come muito q Maria gosta de bananas p Q p Λ q F F F F V F V F F V V V As sentenças construídas através dos conectivos mostrados até aqui podem ser analisadas apenas utilizando a tabela verdade das sentenças componentes Definição 114 Uma interpretação para uma sentença simbolizada α é uma atribuição de valores verdade às letras sentenciais que ocorrem em α de modo que a cada letra seja atribuído um único valor verdade No exemplo mostrado nas letras a e b só existe uma letra sentencial p portanto ela só pode ter dois valores verdade F ou V Isto significa que só temos duas interpretações para ela Já no caso c existem duas letras sentenciais portanto existem 4 interpretações para esta sentença De forma geral uma sentença simbolizada onde ocorrem m letras sentenciais distintas possui 2m interpretações Tautologias contradições e contingências Nesta seção as sentenças serão classificadas de acordo com as suas interpretações Para isto será necessário definir antes o que se entende por interpretação Definição 115 Uma interpretação para duas sentenças simbolizadas α e β é uma atribuição de valores às letras sentenciais que ocorrem em α e em β Isto significa que cada linha da tabela verdade representa uma interpretação para as letras sentenciais constantes desta tabela Definição 116 Uma sentença simbolizada α é chamada tautologia se para todas as interpretações seus valores verdade forem todos verdadeiros V Vejamos a sentença α pq V p q A Tabela 110 mostra a sua tabela verdade Tabela 110 Tabela verdade da sentença α p q pq p q pq V p q F F V F V F V V F V V F F V V V V V F V Como pode ser observado para todas as interpretações de p e q a sentença α tem valor verdade V Assim a sentença α é uma tautologia Para informar que uma sentença α é uma tautologia será utilizada a notação α Esta notação será utilizada a partir deste instante e será importante na formulação de provas um tema a ser analisado mais adiante Definição 117 Uma sentença simbolizada α é chamada de contradição se para todas as interpretações seus valores verdade forem falsos F Seja por exemplo a sentença α p Λ q p V q Sua tabela verdade é a seguinte p q p Λ q p q p V q p Λ q p V q F F F V V V F F V F V F V F V F F F V V F V V V F F F F Podese observar que a última coluna desta tabela verdade só contém valores verdade F Portanto a sentença é uma contradição Definição 118 Uma sentença simbolizada α é chamada de contingência se algum ou alguns de seus valores verdade forem verdadeiros V enquanto outro ou outros têm valores verdade F Se uma sentença for uma contingência dizse que ela é uma fórmula satisfatível ou seja uma sentença é satisfatível se existe pelo menos uma interpretação para a qual o valor verdade da sentença é verdadeiro O exemplo a seguir mostra uma sentença classificada como uma contingência uma vez que em sua última coluna se verificam valores F e também V Seja a sentença α q Λ pq p Sua tabela verdade é a seguinte p q pq q Λ pq q Λ pq p F F V F V F V V V F V F F F V V V V V V Pelo que foi visto até aqui uma forma prática de classificar uma determinada sentença como tautologia contingência ou contradição é analisar seus valores verdade utilizando sua tabela verdade Equivalência Tautológica Até o momento aprendemos como classificar uma sentença como tautologia contradição ou contingência No entanto é também importante saber comparar duas sentenças e analisar o que há de comum entre elas Assim temos Definição 119 Duas sentenças simbolizadas α e β são tautologicamente equivalentes se para cada interpretação de α e de β os valores de α e β forem iguais Duas sentenças α e β tautologicamente equivalentes serão denotadas por α β Exemplo 122 As sentenças a seguir são tautologicamente equivalentes No entanto suas verificações são deixadas como exercício para o leitor a p V q r r p Λ q b p V q Λ p Λ q p V q Λ p V q c p V q Λ p V q p q Proposição Sendo α e β duas sentenças simbolizadas então as seguintes condições são equivalentes a α β b α β Prova O sistema de prova utilizado para esta demonstração baseiase na verificação de que a primeira sentença é equivalente a segunda e que a segunda também é equivalente à primeira Este sistema é conhecido como ida e volta Suponhamos que α β Então em cada interpretação para α e β elas assumem o mesmo valor verdade pela definição dada Observando a tabela verdade de α β verificase também que em cada linha α e β assumem valores iguais Isto significa que as sentenças α e β são tautologicamente equivalentes ou seja α β Suponhamos agora que α β Então em cada linha da tabela verdade de α β ocorre o valor verdade V Isto significa que em cada linha os valores verdade de α e de β são iguais Como cada linha da tabela verdade inicia com uma interpretação para α e β as sentenças α e β assumem o mesmo valor verdade em cada interpretação ou seja α β Alguns pesquisadores definiram a Lógica como a ciência das leis do pensamento Estas pessoas defenderam que existem exatamente três fundamentais do pensamento as quais são As três leis do pensamento necessárias e suficientes para que o pensamento se desenvolva de forma correta Estas leis do pensamento receberam tradicionalmente as denominações de Princípio da Identidade Princípio da Contradição algumas vezes tratado como Princípio da Não Contradição e o Princípio do Terceiro Excluído Existem formulações alternativas para estes princípios de acordo com os diferentes contextos Em nosso caso as formulações são as seguintes O Princípio da Identidade afirma que se qualquer enunciado for verdadeiro então ele será verdadeiro O Princípio da Contradição afirma que nenhum enunciado pode ser verdadeiro e falso ao mesmo tempo O princípio do Terceiro Excluído afirma que um enunciado ou é verdadeiro ou falso O Princípio da Identidade afirma que todo enunciado da forma pp é verdadeiro ou seja todo enunciado deste tipo é uma tautologia O Princípio da Contradição afirma que todo enunciado da forma p Λ p é falso ou seja todo enunciado deste tipo é uma contradição O Princípio do Terceiro Excluído afirma que todo enunciado da forma p V p é verdadeiro ou seja todo enunciado deste tipo é uma tautologia Estes princípios tem sido criticados ao longo dos tempos mas em sua grande maioria estas críticas parecem basearse em falta de entendimento correto O Princípio da Identidade foi criticado com fundamento em que as coisas mudam visto que o que era verdadeiro em relação determinado fato no passado pode não sêlo em um momento futuro Por exemplo o Brasil era uma colônia de Portugal até 1822 quando deixou de sêlo Esta observação é correta mas esse sentido não é aquele do qual a Lógica se ocupa Os enunciados cujos valores verdade mudam com o tempo são expressões elípticas ou incompletas de proposições que não mudam e são destas que a Lógica se ocupa Desta forma o enunciado o Brasil é uma colônia de Portugal pode ser considerada uma expressão elíptica ou parcial de o Brasil foi uma colônia de Portugal até 1922 o que é tão verdadeiro no século XIX quanto atualmente Quando limitamos nossa atenção aos enunciados não elípticos ou completos o Princípio da Identidade é perfeitamente verdadeiro e indiscutível De forma similar o Princípio da Contradição foi criticado por semânticos em geral por marxistas com o fundamento de que há contradições ou situações nas quais forças contraditórias ou conflitantes estejam em ação É verdade que existem situações com forças conflitantes e isto é verdadeiro no domínio da mecânica e nas esferas social e econômica No entanto é uma terminologia vaga e inconveniente chamar de contraditórias essas forças conflitantes O calor aplicado a um gás contido tende a provocar a expansão e o recipiente que tende a conter a expansão desse gás podem ser descritos como um conflito mútuo mas nenhum deles é a negação ou a contradição do outro O proprietário de uma fábrica que tem milhares de operários trabalhando em conjunto para o seu funcionamento pode oporse ao sindicato e ser combatido por este que jamais teria se organizado se seus filiados não tivessem se reunidos para trabalhar nessa fábrica mas nem o proprietário nem o sindicato são a negação ou o contraditório um do outro Quando entendido no sentido em que se considera correto o Princípio da Contradição é perfeitamente verdadeiro e igualmente indiscutível O Princípio do Terceiro Excluído tem sido objeto de mais ataques do que os outros dois Afirmase insistentemente que a sua aceitação leva a uma orientação bivalente que implica entre outras coisas que tudo seja branco ou preto excluindo todos os outros domínios intermediários Mas ainda que o enunciado isto é branco em que a palavra isto se refere exatamente à mesma coisa em ambos os enunciados um não é a negação ou o contraditório do outro Indubitavelmente não podem ser ambos verdadeiros mas podem ser ambos falsos São contrários mas não contraditórios A negação ou contradição de isto é branco é isto não é branco e um destes enunciados deve ser verdadeiro se a palavra branco for usada nos dois enunciados exatamente no mesmo sentido Quando restrito a enunciados que contém termos totalmente isentos de ambiguidades e absolutamente rigorosos o Princípio do Terceiro Excluído é verdadeiro Embora os três princípios sejam verdadeiros poderseá duvidar contudo de que possuam o status privilegiado e fundamental que tradicionalmente lhes é atribuído O primeiro e o terceiro não são as únicas formas de tautologia nem a contradição explícita p Λ p é a única forma de contradição Na realidade as três leis do pensamento representam os princípios básicos que governam a construção das tabelas verdade A Tabela 111 a seguir mostra as principais equivalências tautológicas que por serem muito utilizadas ficaram conhecidas de forma generalizada como regras de inferência cada uma delas com uma denominação particular Regras de inferência Tabela 111 Principais regras de inferência Regras Fórmula Modus ponens p Λ p q q Modus tollens q Λ p q p Silogismo hipotético p q Λ q r p r Silogismo disjuntivo p V q Λ p q Simplificação p Λ q p Adição p p V q Eliminação p q V r Λ q p r Prova por casos p r Λ q r p V q r Contraposição p q q p Existem outras equivalências tautológicas algumas delas mostrando alguma propriedade por exemplo a associatividade e a comutatividade de alguns conectivos Incentivase que o leitor verifique a veracidade de cada uma delas como exercício a p p b p Λ q q Λ p c p V q q V p d p Λ q Λ r p Λ q Λ r e p V q V r p V q V r f p Λ q V r p V r Λ q V r g p V q Λ r p Λ q V q Λ r h p Λ q p V q i p V q p Λ q j p Λ p p k p V p p l p V p Λ q p m p Λ p V q p Algumas equivalências tautológicas permitem transformar qualquer sentença em uma outra logicamente equivalente mas que não contenha os conectivos ou Neste caso a sentença resultante conterá apenas os conectivos V e Λ Dizse que esta sentença está em sua forma normal que pode ser disjuntiva FND ou conjuntiva FNC Estas formas têm aplicação muito importante na construção otimizada de circuitos digitais um campo de aplicação da Lógica de Boole um tema a ser analisado mais adiante ainda nesta Unidade O algoritmo para fazer esta transformação é o seguinte 1 substituemse as fórmulas p q por p V q e p q por p V q Λ p V q 2 eliminamse as negações que precedem os parênteses substituindo p Λ q por p V q e p V q por p Λ q 3 eliminamse as negações múltiplas substituindose p por p 4 para se obter a FNC substituemse as fórmulas do tipo p V q Λ r por p V q Λ p V r 5 para se obter a FND substituemse as fórmulas do tipo p Λ q V r por p Λ q V p Λ r Formas normais conjuntivas e disjuntivas Exemplo 123 As fórmulas a seguir estão em suas formas normais a FNC p V q Λ r V s V p b FND p V q Λ r V s Λ p Exercícios 1 Encontre as formas normais conjuntivas FNC das seguintes sentenças a p V q Λ r p b p V q V r p c p Λ q V r p 2 Encontre as formas normais disjuntivas FND das mesmas sentenças do exercício anterior O problema de Post Até aqui foi visto como construir sentenças a partir de sentenças componentes Podemos perguntar se é possível fazer o processo inverso ou seja encontrar as sentenças componentes a partir da sentença final Este problema foi analisado pelo pesquisador Emil Leon Post 18881995 que chegou à conclusão de que era possível encontrar as componentes a partir das formas normais disjuntivas ou conjuntivas utilizando o método da tabela verdade Obtendo a forma normal disjuntiva Neste caso teremos de seguir o algoritmo a seguir 1 Observamse todas as linhas da tabela verdade que possuem valores verdade V para a sentença final Emil Leon Post 2 Para cada linha de valor verdade V constróise a conjunção dos valores verdade de cada sentença atômica componente 3 Fazse a disjunção das conjunções anteriores Exemplo 124 Encontrar a forma normal disjuntiva que satisfaça a seguinte tabela verdade Na coluna da função aparecem valores V na primeira e na quarta linhas Na primeira linha p tem valor verdade F logo vai entrar na conjunção como p Da mesma forma q Já na quarta linha p e q têm valores verdade V Logo entram na conjunção como p e q Isto significa que a forma normal disjuntiva para esta função é p Λ q V p Λ q Obtendo a forma normal conjuntiva Para a obter a forma normal conjuntiva o algoritmo deve ser o mesmo substituindo os valores V por F e F por V e as conjunções por disjunções e viceversa p q função Conjunções F F V p Λ q F V F V F F V V V p Λ q Exemplo 125 Encontrar a forma normal conjuntiva que satisfaça a seguinte tabela verdade a mesma do Exemplo anterior Na coluna da função aparecem valores F na segunda e na terceira linhas Na segunda linha p tem valor verdade F logo vai entrar na disjunção como p e q tem o valor verdade V logo vai entrar na disjunção como q Já na terceira linha p tem o valor verdade V logo vai entrar na disjunção como p e a variável q tem o valor verdade F logo entra na disjunção como q Isto significa que a forma normal conjuntiva deve ser p V q Λ p V q Exercício Verifique se a forma normal conjuntiva do Exemplo anterior é equivalente à forma normal disjuntiva do mesmo exemplo Argumento válido O principal objetivo do estudo da Lógica na computação é encontrar formas de se verificar se uma sentença que depende de seus conectivos e pode ser grande é ou não verdadeira Resumidamente estamos interessados em encontrar formas de p q função conjunções F F V F V F p V q V F F p V q V V V verificar se uma determinada argumentação é logicamente verdadeira ou falsa Definição 120 Chamase argumento toda seqüência de proposições p0 p1 pn1 pn com n є N n0 onde as proposições p0 p1 pn1 são chamadas premissas e a proposição pn é chamada conclusão Definição 121 Dizse que um argumento p0 p1 pn1 pn é válido se e somente se sendo as premissas verdadeiras a conclusão também é verdadeira ou seja se e somente se a fórmula p0 Λ p1 Λ Λ pn1 pn for uma tautologia As seguintes afirmações são formas distintas de se expressar a mesma coisa p0 Λ p1 Λ Λ pn1 pn p0 p1 pn1 acarreta pn pn decorre de p0 p1 pn1 pn se deduz de p0 p1 pn1 pn se infere de p0 p1 pn1 Uma forma de se verificar se uma seqüência de proposições é ou não um argumento válido é utilizar a tabela verdade Exemplo 126 A sequência p q r r q é um argumento válido Para verificar isto verifiquemos que a tabela verdade da proposição p Λ q r Λ rq é uma tautologia p q r q r r p q rr q p q rrq F F F V V F V V F F V V F F V V F V F F V F F V F V V V F F F V Até este ponto foi vista uma técnica de demonstração sobre sentenças proposicionais utilizando sempre a tabela verdade Esta técnica tem sido utilizada com sucesso dada a naturalidade e facilidade como ela é feita No entanto a técnica da tabela verdade não é interessante quando existem muitos símbolos proposicionais porque a tabela se torna muito grande Assim se torna importante encontrar outras formas de demonstração sendo este o objetivo desta seção Entre estas formas podem ser citadas demonstração direta demonstração indireta condicional demonstração indireta por absurdo e demonstração indireta por árvores de refutação Demonstração direta Esta forma de demonstração ou de dedução de uma conclusão pn a partir de um conjunto de premissas consiste em aplicarse as equivalências tautológicas e as regras de inferências vistas anteriormente Vamos verificar isto através de dois exemplos Exemplo 127 Demonstrar a validade do argumento p q r r q do Exemplo anterior V F F V V V V V V F V V F F V V V V F F V F F V V V V V F F F V Demonstração de validade de argumentos Uma sequência de demonstração é uma sequência de fbfs nas quais cada fbf é uma hipótese ou o resultado da aplicação de uma ou mais regras de dedução do sistema formal às fbfs anteriores na sequência Demonstração 1 p premissa 2 q r premissa 3 r premissa 4 q Conclusão verdade por Modus Tollens entre as premissas 2 e 3 Exemplo 128 Demonstrar a validade do argumento p q q r r V s s p Demonstração 1 p q premissa 2 q r premissa 3 r V s premissa 4 p r por Silogismo hipotético entre 1 e 2 5 r s pela substituição de V por em 3 6 p s por Silogismo hipotético entre 4 e 5 7 s p por Contraposição de 6 8 s p Conclusão pela dupla negação de 7 Demonstração indireta condicional Para demonstrar a validade de argumentos cuja conclusão é uma fórmula condicional do tipo p q considera se o antecedente p como uma premissa adicional e o conseqüente q será a conclusão a ser demonstrada De fato 1 p0 p1 pn1 p q sendo um argumento válido então 2 p0 p1 pn1 p q ou seja isto significa que 3 p0 Λ p1 Λ Λ pn1 Λ p q é uma tautologia Isto significa que 4 p0 Λ p1 Λ Λ pn1 p q é uma tautologia Isto quer dizer 5 p0 p1 pn1 p q ou seja que 6 p0 p1 pn1 p q é um argumento válido Exemplo 129 Usando o esquema de demonstração indireta condicional demonstrar a validade do argumento p q q r r V s s p Demonstração 1 p q premissa 2 q r premissa 3 r V s premissa 4 s premissa adicional 5 r por silogismo disjuntivo entre 3 e 4 6 p r por silogismo hipotético entre 1 e 2 7 r p por contraposição de 6 8 p Conclusão Modus Ponens entre 5 e 7 Demonstração indireta por absurdo Para se construir um esquema de demonstração por absurdo de um argumento p0 p1 pn1 p considerase a negação da conclusão p como premissa adicional e concluise por uma contradição De fato 1 p0 p1 pn1 p uma contradição então 2 p0 p1 pn1 p F ou seja isto significa que 3 p0 p1 pn1 p ۷ F pela definição de implicação ou seja 4 p0 p1 pn1 p ۷ F pela idempotência Isto significa que 5 p0 p1 pn1 p pela propriedade do conectivo V ou Isto significa que 6 p0 p1 pn1 p é um argumento válido Exemplo 130 Usando o esquema de demonstração por absurdo demonstrar a validade do argumento p q q r r V s s p 1 p q premissa 2 q r premissa 3 r V s premissa 4 s p premissa adicional 5 p r por silogismo hipotético entre 1 e 2 6 r s pela substituição de V por em 3 7 p s por silogismo hipotético entre 5 e 6 8 s p pela contraposição de 7 9 s p Λ s p pela conjunção de 4 e 8 10 F Conclusão pela contradição de 9 Isto significa que quando se supõe que a conclusão de um argumento dado é uma contradição chegase a uma contradição Isto significa que a suposição inicial não é válida Portanto o argumento é válido Demonstração indireta por árvores de refutação A árvore de refutação também conhecida como Tableau Semântico é um outro método empregado para se analisar a validade de um argumento O método é adequado para ser implementado em computadores e é baseado na demonstração por absurdo O processo de construção de árvores de refutação é baseado em regras que dependem dos tipos dos conectivos que compõem as sentenças que vão gerar uma derivação Assim tornase necessário definir um conjunto de regras de derivação para cada conectivo Regra da conjunção R1 Uma fórmula do tipo p q gera duas linhas e escrevemse as fórmulas p e q em cada uma delas Procedese assim em todos os ramos abertos aos quais a fórmula p q pertence pois p q assume o valor V se e somente se as fórmulas p e q forem ambas verdadeiras O sinal ے significa que a sentença p Λ q foi substituída e não deve ser mais usada 1 p Λ q ے 2 p 3 q Regra da disjunção R2 V Uma fórmula do tipo p ν q gera uma linha e dois ramos escrevendose na linha e em cada ramo as fórmulas p e q respectivamente Procedese assim em todos os ramos abertos aos quais a fórmula p ν q pertence pois p ν q assume o valor V se e somente se a fórmula p for verdadeira ou se q for verdadeira 1 p V q ے 2 p q Regra da implicação R3 Uma fórmula do tipo p q gera uma linha e dois ramos e escrevese na linha e em cada ramo as fórmulas p e q Precedese assim em todos os ramos abertos aos quais a fórmula p q pertence pois p q assume valores V se e somente se a fórmula p for verdadeira ou se q for verdadeira ou seja p q p V q 1 p q ے 2 p q Regra da biimplicação R4 Uma fórmula do tipo p q gera duas linhas e dois ramos e escrevese nas linhas as fórmulas p e q em um ramo e as fórmulas p e q no outro ramo Procede se assim em todos os ramos abertos aos quais a fórmula p q pertence pois p q assume o valor V se e somente se a fórmula p Λ q for verdadeira ou se a fórmula p Λ q for verdadeira ou seja p q p Λ q V p Λ q 1 p q ے 2 p p 3 q q Regra da dupla negação R5 Uma fórmula do tipo p gera uma linha e escrevese p na linha Procedese assim em todos os ramos abertos aos quais a fórmula p pertence uma vez que p é verdadeira se e somente se p também a for 1 p ے 2 p Regra da negação da conjunção R6 Λ Uma fórmula do tipo p Λ q gera uma linha e dois ramos escrevemse na linha e em cada ramo as fórmulas p e q respectivamente Procedese assim em todos os ramos abertos aos quais a fórmula p Λ q pertence pois p Λ q assume o valor V se e somente se a fórmula p for verdadeira ou se a fórmula q for verdadeira ou seja p Λ q p V q 1 p Λ q ے 2 p q Regra da negação da disjunção R7 V Uma fórmula do tipo p V q gera duas linhas e escrevemse as fórmulas p e q em cada linha Procedese assim em todos os ramos abertos aos quais a fórmula p V q pertence pois p V q assume o valor V se e somente se as fórmulas p e q forem verdadeiras ou seja p V q p Λ q 1 p V q ے 2 p 3 q Regra da negação da implicação R8 Uma fórmula do tipo p q gera duas linhas e escrevemse as fórmulas p e q em cada linha Procedese assim em todos os ramos abertos aos quais a fórmula p q pertence pois p q assume o valor V se e somente se as fórmulas p e q forem verdadeiras ou seja p q p V q p Λ q 1 p q ے 2 p 3 q Regra da negação da biimplicação R9 Uma fórmula do tipo p q gera duas linhas e dois ramos e escrevemse nas linhas as fórmulas p e q em um ramo e as fórmulas p e q no outro ramo Procedese assim em todos os ramos abertos aos quais a fórmula p q pertence pois p q assume o valor V se e somente se a fórmula p Λ q for verdadeira ou se a fórmula p Λ q for verdadeira ou seja p q p Λ q V p Λ q 1 p q ے 2 p p 3 q q Definição 122 Ramo fechado Um ramo é dito fechado se nele existirem uma fórmula p e sua negação p e escrevese X no final do ramo Um ramo é aberto quando não é fechado Definição 123 Tableau fechado Um tableau é fechado quando todos os seus ramos forem fechados Caso contrário ele é aberto Para utilizar este método para testar a validade de um argumento constróise uma lista composta por suas premissas e pela negação da conclusão Esta lista compõe a raiz da árvore de refutação que como toda estrutura de árvore utilizada na computação cresce para baixo O processo de construção dos ramos da árvore é feito pela aplicação das regras descritas anteriormente para a construção de novos nós da árvore O processo termina quando todas as fórmulas forem apenas sentenças atômicas simbolizadas ou suas negações ou quando forem encontradas contradições Se forem encontrados apenas valores falsos F em todos os ramos da árvore significa que a tentativa de refutação falhou e isto significa que o argumento é válido Se em algum nó da árvore não tiver valor falso este argumento deve ser refutado ou seja não é válido Vejamos alguns exemplos Exemplo 131 Analisar a validade do argumento p Λ q p usando o processo de construção de árvore de refutação ou tableau semântico Para isso serão desenvolvidos os seguintes passos Construção de tableaux semânticos Constróise a lista das premissas e da negação da conclusão 1 p Λ q 2 p Sabemos que a sentença p Λ q só é verdadeira se p e q forem ambas verdadeiras Deste modo p Λ q pode ser substituída por p e q gerando as linhas 3 e 4 respectivamente Neste caso a sentença p Λ q é marcada com o sinal ے para indicar que ela não deve ser mais utilizada na construção da árvore 1 p Λ q ے 2 p 3 p 4 q Sabemos também que p é equivalente a p Assim ela será marcada e substituída por esta 1 p Λ q ے 2 p ے 3 p 4 q 5 p Neste ponto observase que a árvore está composta apenas pelas sentenças atômicas p e q e pela negação de p Isto significa que o processo de construção da árvore de refutação acabou Observase também que as sentenças das linhas 3 e 5 formam uma contradição Este fato será denotado pela letra X na próxima linha 6 1 p Λ q ے 2 p ے 3 p 4 q 5 p 6 X Isto significa que a nossa tentativa de refutação da sentença falhou ou seja o argumento é válido Exemplo 132 Analisar usando o processo de árvore de refutação a validade do argumento p V q p q Construindo a árvore de refutação com a lista de premissas e com a negação da conclusão temse 1 p V q 2 p 3 q Sabemos que p V q será uma sentença verdadeira se p for verdadeira ou se q for verdadeira Para representar isto a fórmula será marcada e será substituída pelos dois ramos p e q 1 p V q ے 2 p 3 q 4 p q Neste ponto o processo de construção da árvore terminou porque a árvore só contém variáveis proposicionais ou suas negações No ramo da árvore formado pelas linhas 2 e 4 p Λ p encontramos uma fórmula F e no ramo formado pelas linhas 3 e 4 q Λ q encontramos outra contradição Isto significa que a nossa tentativa de refutar o argumento falhou nos dois ramos da árvore Portanto ele é verdadeiro Isto será expresso escrevendose um X no final de cada ramo da lista gerando a linha 5 e fechando os dois ramos da árvore 1 p V q ے 2 p 3 q 4 p q 5 X X Exemplo 133 Analisar a validade do argumento p V q p q Vamos construir a lista das premissas e da negação da conclusão 1 p V q 2 p 3 q A dupla negação q deve ser substituída por q e marcada 1 p V q 2 p 3 q ے 4 q Como no exemplo anterior a sentença p V q será marcada e substituída 1 p V q ے 2 p 3 q ے 4 q 5 p q Neste ponto a construção da árvore termina e não foi encontrada qualquer contradição Isto significa que o argumento não é válido Exemplo 134 Vamos construir um exemplo mais completo Sejam as seguintes sentenças Ronaldo é determinado Ronaldo é inteligente Se Ronaldo é inteligente e atleta ele não é um perdedor Ronaldo é um atleta se é um amante do futebol Ronaldo é amante do futebol se é inteligente Usando o método do tableau semântico ou árvore de refutação a sentença Ronaldo não é um perdedor é uma conseqüência lógica dos argumentos acima Vamos considerar as seguintes correspondências p Ronaldo é determinado q Ronaldo é inteligente r Ronaldo é atleta s Ronaldo é um perdedor t Ronaldo é amante do futebol A partir destas correspondências os argumentos são traduzidos para a Lógica Proposicional da seguinte forma h p Λ q Λ q Λ r s Λ tr Λ qt s Devese verificar se h é ou não uma tautologia Em outras palavras devese verificar se h Vamos construir este tableau 1 p premissa 2 q premissa 3 q Λ r s ے premissa 4 tr ے premissa 5 qt ے premissa 6 s ے negação da conclusão 7 s idempotência em 6 8 q r ے silogismo hipotético 54 9 s q Λ r ے por contraposição em 3 10 q Λ r ے por MP 79 11 q r por R6 em 10 12 X contradição 211 13 q r pela def de em 8 14 X X contradição 213 e 1113 Como o tableau é fechado ou seja só existem sentenças atômicas ou suas negações e contradições então h é uma tautologia porque a suposição de que ela não era válida nos conduziu a uma contradição Portanto é verdade que s é uma conseqüência lógica dos argumentos dados ou seja Ronaldo não é um perdedor Não existe um algoritmo perfeito para a construção de tableaux semânticos No entanto algumas regras servem para facilitar a construção de tais árvores São elas Modus ponens é a regra de inferência mais intuitiva Tente usála muitas vezes Fbfs da forma PΛQ ou PVQ dificilmente são úteis em uma sequência de provas Use o teorema de De Morgan para convertêlas em P VQ e P Λ Q respectivamente separando as componentes Fbfs da forma PVQ dificilmente são úteis em uma sequência de provas já que não implicam P nem Q Use a dupla negação para converter PVQ em P VQ e depois use a regra do condicional para obter P Q O caminho das pedras Aplicar primeiro as regras que não bifurquem ou seja adie as bifurcações o máximo possível Esta unidade consistiu de um estudo inicial envolvendo a Lógica Proposicional e seus fundamentos e propriedades Além da teoria vários exemplos e exercícios resolvidos e foram mostrados para que o leitor pudesse sedimentar e entender melhor os conceitos e definições envolvidas Vários exercícios também foram propostos para este fim De posse deste conhecimento o leitor está capacitado a entender o relacionamento existente entre a Lógica e outras teorias matemáticas um tema a ser visto na próxima unidade 1 Demonstrar a validade do argumento p q q r r V s s p 2 Considere o seguinte argumento Se as taxas de juros caírem o mercado imobiliário vai melhorar A taxa federal de descontos vai cair ou o mercado imobiliário não vai melhorar As taxas de juros vão cair Por tanto a taxa federal de descontos vai cair Verifique usando prova direta se este argumento é ou não válido 3 Considere o seguinte argumento Meu cliente é canhoto mas se o diário não tiver sumido então meu cliente não é canhoto Portanto o diário sumiu Verifique usando prova direta se este argumento é ou não válido 4 Considere o seguinte argumento Descosos são cor de rosa mas se Gincoso não gostar de pereques então RESUMO Exercícios descosos não são cor de rosa Portanto Gincoso não gosta de pereques Verifique usando prova direta se este argumento é ou não válido e compare este argumento com o do problema anterior 5 Sejam as seguintes sentenças Raquel é rica Raquel é inteligente Se Raquel é inteligente e bonita ela vai ser freira Raquel é bonita se ela freqüenta a Academia Raquel freqüenta a Academia se é inteligente Usando o método do tableau semântico ou árvore de refutação a sentença Raquel vai se casar é uma conseqüência lógica dos argumentos acima 6 Considere as três afirmações a seguir H1 Se Alírio toma vinho e o vinho está ruim ele fica com ressaca H2 Se Alírio fica com ressaca então ele fica triste e vai para casa H3 Se Alírio vai ao seu encontro romântico com Virgínia então ele fica triste e vai para casa Suponha que as três afirmações anteriores são verdadeiras A partir deste fato quais das afirmações a seguir também são verdadeiras G1 Se Alírio toma vinho e este está ruim então ele perde seu encontro romântico com Virgínia G2 Se Alírio fica com ressaca e vai para casa então ele não perde seu encontro romântico co Virgínia G3 Se o vinho está ruim então Alírio não o toma ou ele não fica com ressaca G4 Se o vinho está ruim ou Alírio fica com ressaca então ele fica triste G5 Se Alírio toma vinho e vai para casa então ele não fica triste se o vinho está ruim Existem muitos bons textos e alguns deles estão listados na Bibliografia colocada ao final da Unidade 2 Outros estão na Internet à disposição Estes estão listados a seguir wwwufpibruapi A página da UAPI wwwuabgovbr O Site da Universidade Aberta do Brasil UAB wwwseedmecgovbr A Homepage da Secretaria de Educação a Distância do MEC SEED wwwabedorgbr O Sitio da Associação Brasileira de Educação a Distância ABED httpptwikipediaorg O site da Wikipedia wwwpucspbrlogica wwwinfufscbrine5365introloghtml wwwgregosetroianosmatbrlogicaasp SAIBA MAIS REFERÊNCIAS NA WEB Unidade 2 A Lógica e outras Teorias RESUMO O objetivo principal desta Unidade é fazer uma comparação entre a Lógica e outras teorias já conhecidas Entre elas a Teoria dos Conjuntos e a Álgebra de George Boole Estas teorias são bastante utilizadas em todos os campos do conhecimento e devem ser justificadas as suas estruturas à luz da Lógica Outro tema bastante utilizado diz respeito com a prova de propriedades utilizando o princípio da indução finita Este tipo de prova tem sido utilizado em muitos casos Fazse necessário no entanto verificar a validade e corretude deste tipo de prova e verificar por que este princípio realmente tem sua validade A unidade também contém vários exemplos e exercícios resolvidos tentando proporcionar ao leitor o entendimento pleno dos conceitos envolvidos além de serem propostos vários exercícios para sedimentar a teoria apresentada A forma de apresentação utilizada é de acordo com o exigido para o ensino à distância ou seja tendo em vista sempre esta nova modalidade de ensino SUMARIO A LÓGICA E OUTRAS TEORIAS Esta unidade se faz necessária face as diversas teorias conhecidas e utilizadas com freqüência em diversos campos do conhecimento Por exemplo a teoria dos conjuntos é bastante conhecida e utilizada na Matemática Nesta unidade ela será vista analisando a sua consistência à luz da Lógica Uma outra teoria bastante utilizada na Eletrônica e em outras ciências diz respeito a Álgebra de Boole Este tema tem interesse para os estudantes de Computação dada a sua utilização nos circuitos digitais que são os elementos que compõem todos os computadores eletrônicos Não menos importante que estes dois temas o princípio da indução finita tem sido mostrado como técnica de prova de muitas propriedades matemáticas É necessário entender porque este princípio funciona corretamente bem como utilizálo em diversas situações Estes temas são o objeto de estudo desta unidade É importante notar a existência de uma relação intrínseca entre o cálculo proposicional e a Teoria dos Conjuntos Esta relação permite que a verificação dos valores verdade de algumas sentenças da Lógica Proposicional seja feita utilizando técnicas da Teoria dos Conjuntos Esta possibilidade pode facilitar as demonstrações uma vez que a Teoria dos Conjuntos 110 Introdução 111 O Cálculo Proposicional e a Teoria dos Conjuntos já é bastante conhecida e suas técnicas normalmente já são dominadas pelas pessoas que estão iniciando seus estudos sobre a Lógica Um exemplo disto é a verificação gráfica de propriedades de operações da Lógica Proposicional usando Diagramas de EulerVenn John Venn 18341923 apesar de observar que esta metodologia não deve ser considerada como instrumento rigoroso de prova Mesmo assim estes diagramas podem ser utilizados como ferramentas de verificação visual e já são bastante conhecidos Isto significa que quaisquer sentenças do Cálculo Proposicional têm expressões correspondentes na Teoria dos conjuntos e estas podem ser representadas como diagramas de EulerVenn Estas correspondências são verificadas utilizando as mesmas regras mostradas para a obtenção das formas normais conjuntivas e disjuntivas mostradas anteriormente na Unidade 1 Estas correspondências são especificadas da seguinte forma a negação de uma sentença A da Lógica ou seja A corresponde ao complemento de A na Teoria dos Conjuntos ou seja Ā a conjunção de duas sentenças A e B da Lógica ou seja A Λ B corresponde à interseção dos conjuntos A e B na Teoria dos Conjuntos ou seja A B a disjunção de duas proposições A e B da Lógica ou seja A V B corresponde à união dos conjuntos A e B na Teoria dos Conjuntos ou seja A U B a sentença A B da Lógica não tem correspondente direto na Teoria dos Conjuntos mas pode ser substituída pela sentença A V B e esta tem correspondência na Teoria dos Conjuntos a sentença A B da Lógica também não tem correspondente na Teoria dos Conjuntos mas pode ser substituída pela sentença A V B Λ A V B e esta tem correspondência na Teoria dos Conjuntos as negações que precedem os parênteses nas sentenças da Lógica podem ser substituídas por outras sentenças também da Lógica mas com correspondentes na Teoria dos Conjuntos Estas substituições são A Λ B por A V B e A V B por A Λ B as negações múltiplas A da Lógica podem ser substituídas por A e eliminase o alcance dos conectivos Λ e V da Lógica substituindose A V B Λ C por A V B Λ A V C e A Λ B V C por A Λ B V A Λ C Desta forma podemos ter as seguintes correspondências para as áreas hachuradas Negação A A área hachurada corresponde ao complemento de A ou seja Ā que corresponde a A da Lógica Disjunção A V B A área hachurada corresponde à união A U B que corresponde a A V B da Lógica Conjunção A Λ B A área hachurada corresponde à interseção A B que corresponde a A Λ B da Lógica A U B Exemplo 21 Seja o diagrama de EulerVenn mostrado ao lado A área hachurada corresponde a B C Ā na Teoria dos Conjuntos Pelas regras dadas anteriormente esta área corresponde a B Λ C Λ A da Lógica e que corresponde a B Λ C V A que por sua vez corresponde a B Λ C A Como decorrência direta destas relações podemos verificar que os seguintes resultados são verdadeiros Tautologia Em uma tautologia a área hachurada é o conjunto Universo U Por exemplo a sentença A V A da figura ao lado é uma tautologia Contradição Uma contradição é representada pela ausência de área hachurada Por exemplo a sentença A Λ A da figura ao lado é uma contradição Contingência Uma contingência é representada por uma área que apresenta uma parte hachurada e outra não hachurada Por exemplo a sentença A Λ B da figura ao lado representa uma contingência Nesta seção será será analisada a relação existente entre o Cálculo Proposicional e a Álgebra booleana desenvolvida por George Boole em 1948 Esta relação é muito importante para a fundamentação da Eletrônica Digital responsável pela construção dos computadores eletrônicos Uma Álgebra Booleana é uma sêxtupla B da forma B A 0 1 onde A é um conjunto de variáveis e são operações 112 Cálculo Proposicional e a Álgebra de Boole Augustus de Morgan binárias entre os elementos de A é uma operação unária em A e os elementos 0 e 1 são elementos distintos de B onde são verdadeiras as seguintes propriedades mostradas na Tabela 111 Tabela 111 Propriedades da Álgebra Booleana Na Tabela 111 anterior cada operação da coluna Operação dual pode ser obtida da coluna Operação substituindose a operação por e por além de trocar o 0 por 1 e o 1 por 0 sendo esta a definição de operação dual de uma outra As seguintes observações da Álgebra de Boole devem ser atendidas para tornar as operações nesta teoria mais fáceis de serem realizadas e compreendidas PROPRIEDADE OPERAÇÃO OPERAÇÃO DUAL Associatividade pqr pqr pqr pqr Comutatividade pq qp pq qp Idempotência pp p pp p Absorção pqp p pqp p Distribuição pqr pqpr pqr pq pr Prop de 0 p0 p p1 p Prop de 1 p1 1 p0 0 Complemento pp 1 pp 0 a operação p q normalmente é denotada por pq a operação p q é a disjunção de p com q a operação pq é a conjunção de p com q p é o complemento de p 0 é o elemento zero complemento de 1 e 1 é o complemento de 0 Exemplo 22 As seguintes expressões são equivalentes na Álgebra Booleana e na Lógica Proposicional p qr p V q Λ r Uma expressão booleana representa uma função onde as variáveis são os parâmetros e a expressão é o resultado da função As expressões booleanas podem ser transformadas em expressões booleanas mais simples para serem implementadas como circuitos eletrônicos O objetivo é conseguir circuitos mais simples e portanto mais baratos e menores Exemplo 23 Simplificar a sentença proposicional pΛqΛrVpΛqΛrVpΛqΛrVpΛqΛrVpΛqΛr A expressão correspondente a esta na Álgebra de Boole é pqr pqr pqr pqr pqr pqr pqr r pqr r pela propriedade da distribuição pqr pq pq pela prop do complemento pqr q pq pela propriedade da distribuição pr q pq pela propriedade da absorção pr pq pq pela propriedade da distribuição pr p pq pela propriedade da distribuiçào pr q pela prop do complemento A expressão acima tem correspondente na Lógica que é pΛrVq significando que ambas realizam a mesma função A sentença proposicional inicial que era bem maior e mais complexa foi transformada em outra expressão bem menor e mais simples e exatamente por este motivo pode ser implementada de forma bem mais econômica Esta técnica é objeto de estudo dos sistemas digitais O objetivo aqui é apenas mostrar como a Álgebra booleana se fundamenta e é justificada pela Lógica Existem muitas outras técnicas que podem ser utilizadas na simplificação de funções na Álgebra de Boole O princípio da indução finita é um dos principais métodos utilizados na demonstração de resultados em diversas áreas da Matemática e da Teoria da Computação Na Matemática ele é utilizado na demonstração de várias propriedades dos números e na Ciência da Computação é empregado para demonstrar resultados na área das Linguagens Formais na Teoria dos Algoritmos na Teoria dos Códigos e na Lógica Esta é a principal motivação da inclusão deste tema em nosso estudo uma vez que ele é bastante utilizado pelos profissionais destas áreas do conhecimento humano e deve ser analisada a relação 113 O Principio da Indução Finita e a Lógica existente entre ele e a Lógica justificando sua adoção como metodologia de prova Necessidade e suficiência de condições Estes dois termos são também muito utilizados em demonstrações na Lógica e na Matemática para denotar a implicação e a equivalência que são temas já conhecidos e vamos introduzilos através de um exemplo para melhor compreensão Considerando o conjunto dos professores da Universidade sabemos que em termos funcionais existem os professores Auxiliares os professores Assistentes os professores Adjuntos e os professores Associados Vamos analisar em que condições um professor da Universidade se torna um professor Associado Vamos analisar que condições são exigidas a um profissional para que ele se torne um professor Associado além de seu desejo pessoal é claro A primeira condição necessária é que ele tenha cursado algum curso superior Este fato pode ser representado na Lógica por associado graduado Isto significa que se um profissional é professor Associado então ele é graduado em algum curso superior No entanto apenas ser graduado não é uma condição suficiente para ser um professor Associado Para isso é também necessário que o profissional tenha realizado o curso de Mestrado Isto significa que se alguém é professor Associado ele deve ser graduado e também ser mestre Isto é representado na Lógica por associado graduado Λ mestre As duas condições são necessárias mas ainda não são suficientes para ser um professor Associado Além dessas duas é necessário também que o profissional tenha feito um curso de Doutorado ou seja associado graduado Λ mestre Λ doutor Estas condições são necessárias mas ainda não são suficientes para que um profissional se torne um professor Associado Para tal é necessário que ele se submeta a um Concurso Público de Provas e Títulos Isto implica que associado graduado Λ mestre Λ doutor Λ concursado Apenas os professores Adjuntos do nível IV podem se candidatar ao cargo de professor Associado Isto significa que associado graduado Λ mestre Λ doutor Λ concursado Λ adjunto IV Estas condições são necessárias mas ainda não são suficientes Para que um professor Adjunto IV seja promovido ao cargo de Associado Além de todas estas condições ele tem que ser avaliado por uma Comissão para esse fim nomeada Caso essa avaliação seja aprovada ele então será promovido ao cargo de professor Associado Isto significa que associado graduado Λ mestre Λ doutor Λ concursado Λ adjunto IV Λ avaliado Portanto para ser um professor Associado o profissional tem de ser graduado em algum curso tem de ter feito Mestrado e Doutorado ter feito um concurso Público de Provas e Títulos ser Adjunto IV e ser avaliado por uma Comissão Neste caso as condições necessárias são também suficientes ou seja o sentido da implicação pode ser invertido graduado Λ mestre Λ doutor Λ concursado Λ adjunto IV Λ avaliado associado Neste caso a condição de suficiência é o antecedente da proposição e a de necessidade é o conseqüente Exemplo 23 Um exemplo baseado em Souza 2002 se refere a um conjunto infinito de pedras de dominó enfileiradas conforme a figura a seguir Os dominós são enumerados e dispostos de forma que se o dominó número n for derrubado para a direita então o dominó subseqüente número n 1 também será derrubado para a direita Considere a seguinte questão Que condição é suficiente para que o dominó não caia Se qualquer um dos dominós que precedem o dominó número n cair para a direita então este também será derrubado Portanto há várias condições suficientes para que o dominó número n seja derrubado Uma delas é a seguinte Uma condição suficiente para que o dominó número n caia é que o dominó 1 seja derrubado para a direita Basta que o dominó número 1 caia para a direita e isto será suficiente para que o mesmo ocorra com o dominó número n Em uma linguagem da Lógica isto pode ser representado por se dominó número 1 for derrubado para a direita então dominó número n irá cair Podese verificar portanto que em uma Linguagem Lógica o antecedente de uma implicação é uma condição suficiente para o conseqüente Considere uma outra questão Qual é uma condição necessária para que o dominó número 1 possa ser derrubado para a direita Em outras palavras o que deve ser permitido ocorrer para que o dominó número 1 seja derrubado para a direita Se não for permitido derrubar o dominó número n por exemplo não será possível derrubar o dominó número 1 Portanto a queda do dominó número n deve ser permitida para que o dominó número 1 seja derrubado para a direita Logo uma condição necessária para que o dominó número 1 caia para direita é que seja permitida a queda do dominó número n Considerando a implicação Se o dominó número 1 for derrubado para a direita então o dominó número n irá cair O conseqüente da implicação é uma condição necessária para que o antecedente possa ocorrer Isto é a condição necessária é aquela sem a qual nada pode ocorrer A ocorrência da condição necessária no conseqüente deve ser permitida para que o antecedente ocorra A condição suficiente é o antecedente da implicação e a condição necessária é o conseqüente Considere duas fórmulas p e q tais que p implica q Por definição p implica q para toda interpretação de I se Ip T então Iq T Neste caso Ip T é uma condição suficiente para se ter Iq T e Iq T é uma condição necessária para se ter Ip T Definição 21 condição suficiente e condição necessária Dadas duas fórmulas p e q tais que p implica q então p é uma condição suficiente para q e q é uma condição necessária para p No caso em que p equivale a q temse que p implica q e q implica p Logo p é uma condição necessária e suficiente para q Da mesma forma q também é uma condição necessária e suficiente para p O princípio da indução Consideremos novamente o conjunto infinito de dominós visto anteriormente numerados e enfileirados como mostrado na figura a ele associada Um conjunto de condições suficientes para que todos os dominós sejam derrubados é indicado a seguir Observe que existem outros conjuntos de condições suficientes A definição a seguir é denominada primeira forma do princípio da indução finita Definição 22 condições suficientes primeira forma 1 Condição básica O dominó número 1 é derrubado para a direita 2 Condição indutiva Seja n um número arbitrário Se o dominó número n for derrubado para a direita então o dominó número n 1 também será derrubado para a direita Deve ser observado que as duas condições acima são imprescindíveis para garantir que todos os dominós sejam derrubados Se apenas a condição básica 1 for verdadeira não se pode garantir que todos os dominós sejam derrubados Pode ocorrer por exemplo a situação descrita na figura a seguir Neste caso o dominó número 1 é derrubado mas ele está longe do dominó número 2 que não é derrubado Desta forma apenas o dominó número 1 é derrubado O mesmo ocorre quando apenas a condição indutiva 2 é verdadeira Neste caso as distâncias entre os dominós é tal que se um dominó qualquer for derrubado então o subseqüente também será derrubado Entretanto se o primeiro dominó não for derrubado não se pode garantir a derrubada dos demais Além das condições básica e indutiva indicadas na primeira forma em 1 e 2 há outros tipos de condições que também são suficientes para a derrubada de todos os dominós Um outro conjunto de condições suficientes é indicado a seguir Definição 23 condições suficientes segunda forma 1 Condição básica O dominó número 1 é derrubado para a direita 2 Condição indutiva Seja n um número arbitrário Se todos os dominós até o número n forem derrubados para a direita então o dominó número n 1 também será derrubado para a direita Observe que as condições básicas da primeira e da segunda forma coincidem Entretanto a condição indutiva é ligeiramente modificada Na segunda forma se todos os dominós até o número n forem derrubados então o dominó número n 1 também será derrubado Na primeira forma é considerada apenas a derrubada do dominó número n o que determina a derrubada do dominó número n 1 Por outro lado na segunda forma o que provoca a derrubada do dominó número n 1 é a queda dos dominós de 1 a n O princípio da indução finita possui duas formas correspondentes às condições suficientes consideradas nesta seção sendo a primeira conhecida como primeira forma do princípio da indução finita algumas vezes conhecida como princípio da indução fraca e a segunda conhecida como segunda forma do princípio da indução finita também conhecida como princípio da indução forte Princípio da indução fraca Já foi aqui afirmado que o princípio da indução finita é bastante utilizado em provas matemáticas na Lógica e na Teoria da Computação Vamos anunciálo formalmente Definição 24 primeira forma do princípio da indução finita Suponha que para cada número natural n n 1 seja feita a assertiva An Além disso suponha que seja possível demonstrar as duas propriedades a seguir 1 Base da indução A assertiva A1 é verdadeira 2 Passo da indução Para cada número natural n 1 se An for verdadeira então An1 também é verdadeira Concluise que a assertiva An é verdadeira para todo número natural n As propriedades 1 e 2 deste princípio de indução finita correspondem respectivamente às condições básica e indutiva vistas na seção anterior sendo denominadas por base da indução e passo da indução Voltando ao problema dos dominós visto anteriormente pode se analisar que 1 O dominó número 1 é derrubado ou seja A1 é verdadeira 2 Para cada natural n 1 se o dominó de número n for derrubado ou seja se An for verdadeira então An1 também será ou seja o dominó de número n1 também será derrubado Se os fatos acima forem verdadeiros então An é verdadeira para todo n natural ou seja todos os dominós serão derrubados Exemplo 24 Demonstrar que a igualdade 12 n nn 12 é válida para todo número natural n Para isto teremos que verificar se a propriedade é verdadeira para o caso base A1 e para o caso indutivo An1 utilizando o fato de que An é verdadeira ou seja utilizando An como hipótese de indução Seja An 12n nn12 Vamos verificar se ela verdadeira para todo número natural n 1 Caso base A1 1 1112 Logo A1 é verdadeira 2 Passo indutivo An1 1 2 n n 1 1 2 n n 1 Utilizando a hipótese de indução e substituindo na igualdade acima temos 12n n1 nn12 n1 nn12 2n12 n1n22 Assim a assertiva é verdadeira para o caso base e para o passo indutivo Logo ela é verdadeira para todo número natural n Princípio de indução forte A segunda forma do princípio da indução finita também conhecido como princípio de indução forte é equivalente à primeira forma No entanto ela é mais aceita por alguns pesquisadores da Lógica que insistem em negar a primeira forma Vejamos a sua definição Definição 25 segunda forma do princípio da indução finita Suponha que para cada número natural n n 1 seja feita a assertiva An Além disso suponha que seja possível demonstrar as duas propriedades a seguir 1 Base da indução A assertiva A1 é verdadeira 2 Passo da indução Para cada número natural n 1 se Ak for verdadeira para todo k 1 k n então An1 também é verdadeira Concluise que a assertiva An é verdadeira para todo número natural n De forma análoga ao que foi feito na primeira forma as propriedades 1 e 2 são denominadas respectivamente por base da indução e passo da indução Exemplo 25 Seja a proposição todo número natural n 2 ou é primo ou é um produto de números primos 1 Caso base P2 é verdade já que 2 é primo 2 Passo indutivo A hipótese de indução dada por Px é válida para 2 x n A tese a ser verificada é Pn Vejamos dois casos a Se n for primo então a tese é válida b Se n não for primo n n1n2 com n1n e n2n já que se n não for primo ele é divisível por algum número natural diferente de 1 Pela hipótese de indução Pn1 e Pn2 ou seja a propriedade é válida para n1 e para n2 já que esta é a hipótese de indução Conclusão como o caso base e o passo indutivo são verdadeiros então a propriedade é verdadeira para todo número natural n2 Por que o princípio de indução finita funciona O princípio da indução na primeira e segunda formas é expresso como a implicação ou seja Base Passo da indução An é verdadeira para todo n Admitir o princípio da indução finita significa aceitar como válida a implicação acima Considerando tal implicação como válida para demonstrar que An é verdadeira para todo n basta demonstrar que Base Passo da indução também é verdadeira Isto ocorre porque se a implicação é válida e a base e o passo da indução são verdadeiros então necessariamente a afirmação An é verdadeira para todo n também é verdadeira Observe que é impossível se ter Base Passo da indução An é verdade para todo n T T F onde o antecedente seja verdadeiro a implicação seja também verdadeira e o consequente seja falso Aceitar o princípio de indução finita corresponde à aceitação da validade desta implicação Deve no entanto ser observado que tal validade pode ser questionada porque a base e o passo indutivo consideram apenas valores finitos para n como A1 e An An1 e o consequente considera qualquer valor de n Neste sentido o princípio corresponde a concluir algo infinito a partir de premissas finitas Esta unidade consistiu de um estudo da Lógica como fundamento de algumas teorias utilizadas em várias áreas do conhecimento humano como a Matemática a Eletrônica Digital e a Teoria da Computação O objetivo foi justificar algumas propriedades destas teorias tendo a Lógica como fundamentação para que o leitor tenha certeza de que os resultados obtidos nestas teorias são válidos Outras áreas de aturação também são campos de atuação da Lógica por exemplo a Filosofia Este estudo está 114 RESUMO fora do escopo deste estudo mas o leitor fica convidado a estudar e pesquisar este tema na bibliografia indicada Com o domínio deste conhecimento o leitor está capacitado a entender outros conceitos da Lógica que complementam a Lógica Proposicional conhecido como Lógica de Predicados o tema objeto de estudo da próxima unidade 7 Dados os diagramas de Venn abaixo encontre a A expressão booleana que os representa b A expressão da Teoria dos Conjuntos que os representa c A expressão proposicional que os represente 8 Dadas as expressões da Lógica Proposicional a seguir encontre a As expressões correspondentes na Lógica de Boole b As expressões correspondentes na Teoria dos Conjuntos c As representações em diagramas de Vem i p q Λ r V p Λ q r ii p Λ q r Λ p q V r 115 Exercícios 9 Apesar da técnica de verificação da validade de fbfs ser bastante intuitiva e prática ela padece de uma limitação que a torna utilizável em apenas alguns casos Analise que limitação é esta e discuta possíveis soluções 10 Usando o Princípio de Indução Finita mostre que as seguintes proposições são verdadeiras para todo número inteiro positivo n a 20 21 22 2n 2n1 1 b 3 divide n3 n c Para n 4 n 2n d 1 3 5 2n 1 n2 e 3 divide 22n 1 f 2 6 10 4n 2 2n2 g 1 5 9 4n 3 n2n 1 h 4 10 16 6n 2 n3n 1 i 13 23 33 n3 n2n 124 j 12 32 2n 12 n2n 12n 13 k Se o quadrado de um número inteiro n for ímpar então n é ímpar l Mostre que todo número natural n1 é um número primo ou um múltiplo de primos Existem muitos bons textos e alguns deles estão listados na Bibliografia colocada ao final da Unidade 2 Outros estão na Internet à disposição Estes estão listados a seguir 116 SAIBA MAIS wwwufpibruapi A página da UAPI wwwuabgovbr O Site da Universidade Aberta do Brasil UAB wwwseedmecgovbr A Homepage da Secretaria de Educação a Distância do MEC SEED wwwabedorgbr O Sitio da Associação Brasileira de Educação a Distância ABED httpptwikipediaorg O site da Wikipedia wwwpucspbrlogica wwwinfufscbrine5365introloghtml wwwgregosetroianosmatbrlogicaasp 117 WEBBIBLIOGRAFIA Unidade 3 Lógica de Predicados RESUMO O objetivo principal desta unidade é apresentar os principais conceitos e estruturas da Lógica de Predicados bem como ela pode ser utilizada no ordenamento do raciocínio humano na busca de soluções para os problemas que ocorrem na natureza e que não podem ser simbolizados utilizando apenas a Lógica Proposicional Na unidade é mostrada a formulação correta de argumentos utilizando os quantificadores universal e existencial bem como as metodologias utilizadas na verificação da validade de argumentos notadamente o uso de tableaux semânticos A unidade contém vários exemplos e exercícios resolvidos tentando proporcionar ao leitor o entendimento pleno dos conceitos envolvidos além de serem propostos vários exercícios visando sedimentar a teoria apresentada A forma de apresentação utilizada é de acordo com o exigido para o ensino à distância ou seja tendo em vista sempre esta nova modalidade de ensino SUMARIO LÓGICA DE PREDICADOS Gottlob Frege em sua Conceitografia Begriffsschrift descobriu uma maneira de reordenar várias sentenças para tornar sua forma lógica clara com a intenção de mostrar como as sentenças se relacionam em certos aspectos Antes de Frege a Lógica formal não obteve sucesso além do nível da Lógica Proposicional ela podia representar a estrutura de sentenças compostas de outras sentenças usando palavras como e ou e não mas não podia quebrar sentenças em partes menores Não era possível mostrar como Cavalos são animais leva a concluir que Partes de cavalos são partes de animais A Lógica Proposicional explica como funcionam palavras como e mas ou não seentão se e somente se e nemou Frege expandiu a Lógica para incluir palavras como todos alguns e nenhum Ele mostrou como introduzir variáveis e quantificadores para reorganizar sentenças Neste novo tipo de Lógica a Lógica de Predicados a sentença Todos os humanos são mortais se torna Para todo x se x é humano então x é mortal o que pode ser escrito simbolicamente como x Hx Mx A sentença Alguns humanos são vegetarianos se torna Existe algum ao menos um x tal que x é humano e x é vegetariano sendo escrita simbolicamente como x Hx Λ Vx Frege trata sentenças simples sem substantivos como predicados A estrutura lógica na discussão sobre objetos pode Gottlob Frege ser operada de acordo com as regras da Lógica Proposicional com alguns detalhes adicionais para adicionar e remover quantificadores O trabalho de Frege foi um dos que deu início à Lógica formal contemporânea Frege adicionou à Lógica Proposicional o vocabulário de quantificadores o A de pontacabeça e o E invertido e variáveis uma semântica que explica como as variáveis denotam objetos individuais e como os quantificadores têm algo como a força de todos ou alguns em relação a esses objetos métodos para usálos numa linguagem Para introduzir um quantificador todos assumese uma variável arbitrária provase algo que deve ser verdadeiro e então provase que não importa qual variável foi escolhida que aquilo deve ser sempre verdade Um quantificador todos pode ser removido aplicandose a sentença para um objeto em particular Um quantificador algum existe pode ser adicionado a uma sentença verdadeira de qualquer objeto pode ser removido em favor de um termo sobre o qual você ainda não esteja pressupondo qualquer informação O principal objetivo do estudo da Lógica na computação é encontrar formas de se verificar se uma sentença que depende de seus conectivos que podem ser muitos é verdadeira ou falsa No estudo da Lógica Proposicional foram analisadas as sentenças atômicas e as sentenças moleculares construídas a partir dos conectivos V e Nosso foco agora se volta 118 Primeiros passos Charles Babbage para o estudo da Lógica de Predicados como uma extensão da Lógica Proposicional com maior poder de representação A necessidade deste estudo surge a partir de sentenças que não podem ser representadas de forma adequada na Lógica Proposicional Vejamos por exemplo as seguintes sentenças p Emiliano é pai de Chagas e q Chagas é pai de Bruno pode ser verificado que foram usadas duas letras sentenciais diferentes p e q para expressar idéias semelhantes e mesmo assim com esta representação não foi captado o fato de que as duas sentenças se referem à mesma relação de parentesco entre Emiliano e Chagas e entre Chagas e Bruno Outro exemplo de limitação do poder de expressividade da linguagem proposicional diz respeito a sua incapacidade de representar instâncias de uma propriedade geral Por exemplo se quisermos representar as sentenças r todo objeto é igual a si mesmo e s 5 é igual a 5 também tivemos que usar letras sentenciais distintas para representar cada uma das sentenças sem captar que a segunda sentença é uma instância particular da primeira Estas observações permitem concluir que se por algum processo de dedução chegarmos à conclusão de que um indivíduo arbitrário de um universo tem uma certa propriedade é razoável imaginar que esta propriedade também seja válida para qualquer indivíduo do universo em questão Usando uma linguagem proposicional para expressar m um indivíduo arbitrário de um universo tem uma certa propriedade e n esta propriedade vale para qualquer indivíduo do universo também teríamos de usar dois símbolos proposicionais distintos e não teríamos como concluir a segunda sentença a partir da primeira A linguagem de primeira ordem pode captar relações entre indivíduos de um mesmo universo de discurso e a lógica de primeira ordem permite concluir particularizações de uma propriedade geral dos indivíduos de um mesmo universo bem como derivar generalizações a partir de fatos que valem para um indivíduo arbitrário do universo em questão Para ter este poder de expressividade a linguagem de primeira ordem usa um conjunto de símbolos mais sofisticado do que o da linguagem proposicional Consideremos novamente a sentença r todo objeto é igual a si mesmo Esta sentença fala de uma propriedade a de ser igual a si mesmo que vale para todos os elementos de um universo sem identificar os objetos deste universo Considere agora a sentença u existem números naturais que são pares Esta sentença descreve uma propriedade a de ser par que é válida para alguns pelo menos para um dos indivíduos do universo dos números naturais sem no entanto referenciar o número 0 ou o número 2 ou o número 4 etc em particular Para expressar propriedades gerais que valem para todos os indivíduos ou existenciais que valem para alguns indivíduos de um universo são utilizados os quantificadores universal e existencial respectivamente Estes quantificadores se apresentam sempre seguidos de um símbolo de variável captando desta forma a idéia de estarem simbolizando as palavras para todos e para algum Considere as sentenças p Sócrates é homem e q todo aluno do Departamento de Informática e Estatística estuda Lógica A primeira sentença se refere a uma propriedade ser homem de um indivíduo em particular Sócrates em um domínio de discurso Já a segunda sentença faz referência a elementos distingüidos Departamento de Informática e Estatística e Lógica Tais objetos podem ser representados usando os símbolos soc para Sócrates inf para Departamento de Informática e Estatística e lg para Lógica Tais símbolos são chamados de constantes As propriedades ser aluno de e estuda relacionam objetos do universo de discurso considerado isto é ser aluno de relaciona os indivíduos de uma Universidade com os seus Departamentos e estuda relaciona os indivíduos de uma Universidade com as matérias Para representar tais relações serão usados símbolos de predicados ou relações Nos exemplos mostrados podemos usar Estuda e Aluno como símbolos de relação binária As relações unárias expressam propriedades dos indivíduos do universo por exemplo ser par e ser homem A relação ser igual a é tratada de forma especial e é representada pelo símbolo de igualdade Desta forma podemos simbolizar as sentenças consideradas da seguinte forma Todo mundo é igual a si mesmo por x xx Existem números naturais que são pares por x Parx Sócrates é homem por Homemsoc Todo aluno do Departamento de Informática e Estatística estuda Lógica por x Alunoxinf Estuda xlg Já vimos como representar objetos do domínio através de constantes Uma outra maneira de representálos é através do uso de símbolos de função Por exemplo podemos representar os números naturais 1 2 3 etc através do uso de símbolo de função digamos suc que vai gerar nomes para os números naturais 1 2 3 etc a partir da constante 0 Por exemplo o número 1 vai ser denotado por suc0 e o número 3 vai ser denotado por sucsucsuc0 Seqüências de símbolos tais como suc0 e sucsucsuc0 são chamadas termos Assim a sentença todo número natural diferente de zero é sucessor de algum número natural pode ser simbolizada por x x 0 y sucy x A ordem em que os quantificadores aparecem em uma expressão é muito importante Por exemplo a expressão x y Qxy deve ser lida como para todo x existe um y tal que Qxy Em uma interpretação onde o conjunto universo é o conjunto dos números inteiros e Qxy é a propriedade x y a expressão anterior informa que para qualquer número inteiro x existe um outro número inteiro y maior que x Esta expressão tem um valor lógico verdadeiro Agora vamos trocar a ordem em que os quantificadores aparecem na expressão ou seja y x Qxy Neste caso a expressão afirma que existe um número inteiro y que é maior do que qualquer outro número inteiro x Neste caso o valor lógico da expressão é falso O Cálculo de Predicados dotado de uma linguagem mais rica que o Cálculo Proposicional tem várias aplicações importantes não só para matemáticos e filósofos mas também para estudantes de Ciência da Computação 119 O cálculo de predicados de 1a ordem Nas linguagens de programação conhecidas como procedurais C e outras os programas explicam de forma tácita como o computador deve proceder para realizar determinada tarefa No entanto existem outras linguagens de programação conhecidas como declarativas Prolog e outras nas quais os programas são compostos por uma série de dados e um conjunto de regras que são usadas para gerar conclusões Estes programas são conhecidos como Sistemas Especialistas ou Sistemas Baseados no Conhecimento uma vez que eles simulam em muitos casos a ação de um ser humano As linguagens declarativas incluem predicados quantificadores conectivos lógicos e regras de inferência que constituem o Cálculo de Predicados Para que possamos tornar a estrutura de sentenças complexas mais entendível é necessária a introdução de novos símbolos na linguagem do Cálculo Proposicional obtendose a linguagem do Cálculo de Predicados de 1a Ordem Para esta nova linguagem será considerado um novo alfabeto como foi considerado para a Lógica Proposicional Definição1 Alfabeto O alfabeto da linguagem da Lógica de Predicados é definido pelo conjunto dos símbolos descritos a seguir Símbolos de pontuação e Símbolos de verdade false Um conjunto enumerável de símbolos para variáveis x y z w x1 y1 z1 w1 x2 120 Símbolos da linguagem Um conjunto enumerável de símbolos para funções f g h f1 g1 h1 f2 g2 Um conjunto enumerável de símbolos para predicados P Q R P1 Q1 R1 P2 Q2 Conectivos V Associado a cada símbolo para função ou predicado temse um número inteiro não negativo k Este número indica a aridade ou número de argumentos da função ou predicado Como já foi dito o alfabeto da linguagem da Lógica de Predicados é um extensão do alfabeto da Lógica Proposicional Além dos infinitos símbolos contidos no alfabeto da linguagem da Lógica Proposicional ele ainda contém infinitos símbolos para funções predicados variáveis etc As variáveis Os símbolos para variáveis formam um novo conjunto que não ocorre na Lógica Proposicional Como será visto mais adiante as variáveis têm um papel importante na Lógica de Predicados e na Ciência da Computação Em programação Lógica por exemplo as variáveis são utilizadas na determinação das respostas dos programas As funções e os predicados Os símbolos para funções e para predicados não ocorrem na Lógica Proposicional A presença de tais símbolos na Lógica de Predicados permite um maior poder de representação Na Lógica na Matemática e na Ciência da Computação os conceitos de função e predicado são fundamentais Na Ciência da Computação existem as linguagens funcionais que se baseiam no conceito de função por exemplo Haskell SML Miranda KRC Erlang e outras As constantes e os símbolos proposicionais Cada símbolo para função ou predicado possui um número k não negativo a ele associado Quando k 0 temse uma função ou predicado com zero argumentos As funções com zero argumentos ou aridade nula representam constantes De forma similar os predicados com aridade zero representam símbolos proposicionais que ocorrem no alfabeto da Linguagem Proposicional Notação Os símbolos para funções zeroárias são denominados constantes Elas são representadas por letras minúsculas a b c a1 b1 c1 a2 b2 etc Os símbolos para predicados zeroários são denominados símbolos proposicionais Eles são representados por P Q R S P1 Q1 R1 S1 P2 Q2 etc Como existem infinitos símbolos para funções com aridade zero existem também infinitas constantes De forma similar existem infinitos símbolos proposicionais Os conectivos O conjunto dos conectivos contém e V que correspondem à versão simplificada do alfabeto da Lógica Proposicional Além destes conectivos existem também e que representam os quantificadores universal para todo e existencial existe respectivamente Tais quantificadores ampliam o poder de representação da Lógica de Predicados mas também aumentam a complexidade das demonstrações Na linguagem da Lógica de Predicados os outros conectivos Λ e são definidos a partir de e V conforme é indicado na Lógica Proposicional Além disso o símbolo de verdade true também é definido a partir de false uma vez que true false Exemplos 1 Marta é inteligente Im onde m está identificando Marta e I a propriedade de ser inteligente 2 Alguém gosta de Marta Gxm onde G representa a relação gostar de x representa alguém e m representa Marta De forma reduzida podese afirmar que Px significa que x tem a propriedade P xPx significa que a propriedade P vale para todo x ou ainda que todos os objetos do conjunto Universo considerado tem a propriedade P xPx significa que algum x tem a propriedade P ou ainda que existe pelo menos um objeto do conjunto Universo considerado que tem a propriedade P Os símbolos de predicados podem ser unários binários ou nários conforme a propriedade que representam ou seja da quantidade de objetos que ela envolve podendo ser um dois ou mais Neste caso dizse que o símbolo de predicado tem peso ou aridade 1 2 ou n Observações Um símbolo de predicado 0ário peso 0 identifica se com um dos símbolos de predicado por exemplo chove podemos simbolizar C As fórmulas mais simples do Cálculo de Predicados de 1a Ordem são chamadas de fórmulas atômicas e podem ser definidas da seguinte forma o Se P for um símbolo de predicado de peso n e se t1 t2 tn forem termos então Pt1 t2 tn é uma fórmula atômica Fórmulas bem formadas na Lógica de Predicados As fórmulas bem formadas na Lógica de Predicados serão chamadas de fbfs predicadas para diferenciálas das fbfs proposicionais Elas são definidas da seguinte maneira 1 toda fórmula atômica é uma fbf predicada 2 se e forem fbfs predicadas então V e são fbfs predicadas 3 se for uma fbf predicada e x uma variável então x e x são fbfs predicadas 4 as únicas fbfs predicadas são dadas por 1 2 e 3 Exemplos 1 A expressão Px V y não é uma fbf predicada 2 As expressões a seguir são fbfs predicadas a Pxa b zPxa Rybz c xPxa Rybt d yxRybt A seguir serão mostrados alguns exemplos da representação simbólica de algumas sentenças Todo amigo de Paulo é amigo de Francisco Gaspar não é amigo de Paulo Logo Gaspar não é amigo de Francisco Pode ser representado por x Axp Axf Agp Agf onde Axy significa que x é amigo de y As letras p f e g são constantes que representam Paulo Francisco e Gaspar respectivamente Todos os humanos são racionais Alguns animais são humanos Portanto alguns animais são racionais Pode ser representado por x Hx Rx x Ax Hx x Ax Rx onde H R e A simbolizam as propriedades de ser humano ser racional e ser animal respectivamente Escopo de um quantificador Se for uma fórmula e x for uma variável então em x ou em x dizemos que é o escopo do quantificador x ou x Por exemplo na fórmula yxRybt zPza temos os seguintes quantificadores e seus respectivos escopos y xRybt z Pza x Rybt z Pza z Pza Ocorrências livres e ligadas de uma variável Uma ocorrência de uma variável x numa fórmula é ligada se x estiver no escopo de um quantificador x ou x na fórmula Caso contrário a ocorrência de x é livre Se uma ocorrência de uma variável x for ligada em uma fórmula dizemos que x é variável ligada nesta mesma fórmula o mesmo valendo para as ocorrências livres Isto significa que uma mesma variável pode ocorrer ligada em um ponto de uma fbf e livre em outro ponto da mesma fbf ou seja uma mesma variável pode ser livre e ligada ao mesmo tempo em uma mesma fórmula Este estudo tem importância fundamental na transformação de fbfs predicadas em fbfs equivalentes um processo conhecido como forma prenex e skolemização Exemplo 31 Na fórmula yxRyxc z Pxz temos quatro ocorrências das variáveis que são y x x e z O escopo de y é toda a fbf logo a ocorrência de y em Rybc é ligada a ele O escopo de x é Ryxc logo a ocorrência de x é ligada a ele Já o x de Pxz ocorre livre porque ele não está no escopo de x A ocorrência de z é ligada Definição 32 Uma fórmula em que não há ocorrências livres de variáveis é chamada de sentença Em um outro contexto conhecido como λcálculo ou cálculo lambda uma teoria matemática desenvolvida por Alonzo Church ela é conhecida como combinador Termo livre para uma variável Um termo t é livre para a variável y na fórmula se quando se substituem as ocorrências livres de y por t as ocorrências de t em assim obtidas ocorrem livres Exemplos 1 x é livre para y em Py 2 x não é livre para y em xPy 3 x é livre para x em qualquer fórmula 4 qualquer termo é livre para x numa fórmula se em não houver ocorrência livre de x Negação de fórmulas quantificadas A partir da definição de fórmula dada anteriormente verificase que os quantificadores universal e existencial podem ser precedidos de uma negação Vejamos agora como podemos proceder se for necessária a eliminação dessa negação Consideremos por exemplo a fórmulaxPx e o conjunto universo Uabc Neste esse caso temos xPx Pa Pb Pc Desta forma podese considerar que xPx Pa Pb Pc Pa VPb VPc o que significa que existe no mínimo um objeto em U tal que Px ou seja xPx x Px ou ainda de modo geral para uma fórmula qualquer temos 1 x x Da equivalência acima segue imediatamente que 2 x Px xPx 3 xPx x Px 4 x Px xPx 121 Proposições categóricos O estudo clássico ou aristotélico da dedução fundamentase em argumentos que contém proposições de um tipo especial chamadas de proposições categóricas Por exemplo seja o argumento Nenhum atleta é vegetariano Todos os jogadores de futebol são atletas Logo nenhum jogador de futebol é vegetariano Tanto as premissas quanto a conclusão deste argumento são proposições conhecidas como categóricas por serem habitualmente feitas sobre classes afirmando ou negando que uma classe esteja incluída em uma outra seja no todo ou em parte Uma proposição categórica contém apenas um termo sujeito um termo predicado e um operador silogístico que os une As premissas e a conclusão desse argumento referenciam a classe dos atletas a classe dos vegetarianos e a classe dos jogadores de futebol Uma classe é uma coleção de todos os objetos que têm alguma característica específica em comum As classes podem estar relacionadas entre si de várias formas Se todo membro de uma classe for também membro de outra classe dizse que a primeira classe está incluída ou contida na segunda Se apenas alguns membros de uma classe forem também membros de outra classe dizse que a primeira classe está parcialmente contida na segunda Existem ainda algumas classes que não contém qualquer membro em comum por exemplo a classe dos triângulos e dos círculos Essas várias relações distintas entre as classes são afirmadas ou negadas pelas proposições categóricas Há quatro formas típicas de proposições categóricas ilustradas pelas quatro seguintes proposições 1 Todos os políticos são ladrões 2 Nenhum político é ladrão 3 Alguns políticos são ladrões 4 Alguns políticos não são ladrões A proposição 1 é universal e afirmativa onde afirmase que a classe dos políticos está contida ou incluída na classe dos ladrões Isto implica que todo membro da primeira classe é também membro da segunda Neste exemplo o termo o termo sujeito políticos designa a classe de todos os políticos e o termo predicado ladrões designa a classe de todos os ladrões Esta sentença pode ser escrita como Todo P é L A proposição 2 é também universal mas negativa Nega universalmente que os políticos sejam ladrões Neste caso verificase que a primeira classe a classe dos políticos está totalmente excluída da segunda classe a classe dos ladrões ou seja não há qualquer membro da primeira classe que também esteja na segunda classe Qualquer proposição universal negativa pode ser esquematizada da seguinte forma Nenhum P é L Onde mais uma vez as letras P e L representam os termos sujeito e predicado respectivamente A proposição 3 é uma proposição particular afirmativa Aqui se estabelece que alguns membros da primeira classe a dos políticos são também elementos da segunda classe a classe dos ladrões No entanto a assertiva informa que algum ou alguns políticos mas não todos são ladrões Isto significa que a sentença informa que as duas classes têm alguns membros em comum mas não todos Esta proposição é esquematizada da seguinte forma Algum P é L Onde as letras P e L representam os termos sujeito e predicado respectivamente A proposição 4 é uma proposição particular e negativa Também como o exemplo anterior é particular porque não se refere a todos os políticos mas apenas a alguns Mas ao invés da proposição anterior não afirma que os membros particulares da primeira classe estejam incluídos na segunda classe Ao contrário ela nega Esta proposição é esquematizada da seguinte forma Algum P não é L Onde as letras P e L representam os termos sujeito e predicado respectivamente As quatro proposições vistas anteriormente representam enunciados que são representados genericamente pelas letras A E I O e onde as letras S e P significam sujeito e predicado respectivamente A da forma Todo S é P universal afirmativa E da forma Nenhum S é P ou Todo S não é P universal negativa I da forma Algum S é P particular afirmativa O da forma Algum S não é P particular negativa Estes enunciados categóricos podem ser simbolizados respectivamente por A xSx Px E xSx Px I xSx Px O xSx Px Desde que a interpretação booleana das proposições categóricas depende substancialmente da noção de classe nula é conveniente ter um símbolo especial para representála O símbolo de zero 0 é utilizado para este fim Para afirmar que a classe designada pelo termo S não tem membros escrevese o sinal de igualdade entre S e 0 Assim a equação S 0 afirma que a coleção S não tem qualquer membro Por outro lado afirmar que a classe S tem membros equivale a negar que ela seja vazia A classe dos elementos que não pertencem à coleção S é simbolizada por S complemento de S A sentença Todo S é P informa que todo elemento de S é também de P Isto significa afirmar que não existe qualquer elemento de S que não seja também de S ou seja nenhum S é não Pque pode ser representado pela equação SP 0 Assim as proposições categóricas A E I e O analisadas anteriormente podem ser representadas da seguinte forma A SP 0 E SP 0 I SP 0 O SP 0 Podese observar que as proposições A e O são contraditórias o mesmo acontecendo com as proposições E e I Diagramas de EulerVenn para proposições categóricas Se considerarmos S e P representados anteriormente como dois conjuntos quaisquer as proposições referidas anteriormente podem ser interpretados a luz dos diagramas de EulerVenn da Teoria dos Conjuntos Isto pode ser útil na verificação da validade de argumentos onde as premissas e a conclusão sejam enunciados categóricos do tipo A E I ou O Apesar de representarem uma verdade não devem ser considerados instrumentos rigorosos de prova Deve ser lembrado que no Cálculo Proposicional os diagramas de Euler Venn foram utilizados para estabelecer correlações entre as linhas da tabela verdade de uma fórmula e as regiões correspondentes do diagrama Exemplo 32 Suponhamos que J represente o predicado ser jovem Desta forma os predicados a seguir são representados da seguinte forma cada círculo representa uma classe de objeto que quando em branco indica ausência de informação a respeito do conjunto ou seja não se sabe se tem ou não elementos neste conjunto círculo hachurado ou região de um círculo hachurada representa região VAZIA de elementos círculo ou região de um círculo com X representa uma região não vazia de elementos Os enunciados categóricos podem ser representados como pode ser verificado nas figuras ao lado onde as letras S e P foram substituídas pelas letras P e Q respectivamente A Todo P é Q afirma que todos os elementos de P são também elementos de Q ou seja P é um subconjunto de Q ou seja os elementos de P que não fazem parte de Q formam um conjunto vazio ou ainda PQ 0 E Nenhum P é Q afirma que os conjuntos P e Q não têm elementos em comum isto é que P Q ou ainda PQ 0 I Algum P é Q afirma que os conjuntos P e Q têm pelo menos um elemento em comum isto é P Q ou ainda PQ 0 O Algum P não é Q afirma que P tem pelo menos um elemento que não está em Q ou seja que P Q ou ainda PQ 0 Para verificar a validade de um argumento categórico devese proceder da seguinte forma Transferese para o diagrama formado por três círculos as informações das premissas iniciando pelos enunciados universais Verificase se a informação dada na conclusão está representada sem nenhuma condição e de modo único se isto ocorrer então o argumento é válido Vejamos os seguintes exemplos Exemplo 33 1 Todos os cientistas são estudiosos 2 Alguns cientistas são inventores 3 Alguns estudiosos são inventores A parte hachurada corresponde ao enunciado 1 vazia de elementos a parte assinalada com X corresponde ao enunciado 2 Dessa forma as informações das premissas foram transferidas para o diagrama e a conclusão 3 está também representada Portanto o argumento é válido Exemplo 34 Todos os brasileiros são felizes Todos os paulistas são brasileiros Todos os paulistas são felizes O diagrama mostra que o argumento é válido Exemplo 35 122 Validade de argumentos categóricos 1 Nenhum estudante é velho 2 Alguns jovens não são estudantes 3Alguns velhos não são jovens A premissa 1 está representada na região hachurada e a premissa 2 está marcada com X sobre a linha pois a informação correspondente pode estar presente em duas regiões e não temos informação para saber especificamente em qual delas Desse modo o argumento não é válido pois a conclusão não está representada com absoluta certeza A validade de um argumento não depende do conteúdo dos enunciados e sim da sua forma e da relação entre as premissas e a conclusão No Cálculo Proposicional mostramos como as tabelas verdade as demonstrações e as árvores de refutação ou tableaux semânticos podem ser usadas para a verificação da validade de argumentos e de tautologias Será verificado agora como as árvores de refutação podem ser generalizadas para o Cálculo de Predicados de 1a Ordem Já sabemos que as árvores de refutação permitem verificar a validade de argumentos em um número finito de passos No entanto esta técnica no Cálculo de Predicados pode não fornecer qualquer resposta em alguns casos como será verificado Para o Cálculo de Predicados de 1a Ordem é feita uma generalização das árvores de refutação mantendo todas as regras apresentadas para o Cálculo Proposicional Isto é feito 123 Árvores de refutação ou tableaux semânticos SAIBA MAIS Regras httpwwwpuc spbr7Elogic aArvorehtm Regras acrescentandose novas regras para tratar com os quantificadores Universal e Existencial Assim as seguintes novas regras são adicionadas Regra da Negação do Quantificador Universal Uma fórmula do tipo x gera uma linha na qual escrevemos a fórmula x Procedemos assim em todos os ramos abertos aos quais a fórmula x pertence Regra da Negação do Quantificador Existencial Uma fórmula do tipo x gera uma linha na qual escrevemos a fórmula x Procedemos assim em todos os ramos abertos aos quais a fórmula x pertence Regra do Quantificador Existencial Uma fórmula do tipo xx gera uma linha na qual escrevemos a fórmula c onde c é uma nova constante que não ocorre em qualquer ramo da árvore e substituirá as ocorrências da variável x do quantificador na fórmula Procedemos assim em todos os ramos abertos aos quais a fórmula xx pertence Esta regra também é conhecida como particularização existencial Justificativa A fórmula xx significa que existe pelo menos um objeto do Universo que tem a propriedade e este será identificado sempre por uma nova constante ou seja uma constante que não ocorre na árvore Regra do Quantificador Universal Uma fórmula do tipo xx gera uma linha na qual escrevemos a fórmula c onde c é qualquer constante que já ocorre em qualquer ramo da árvore e substituirá as ocorrências da variável x do quantificador na fórmula Procedemos assim em todos os ramos abertos aos quais a fórmula xx pertence Esta regra é também conhecida como generalização universal Justificativa A fórmula xx significa que todos os objetos do universo tem a propriedade Sendo assim a regra deve ser aplicada a todas as constantes presentes na árvore e eventualmente para aquelas que surgirem durante a construção da árvore como observamos abaixo OBSERVAÇÕES IMPORTANTES 1 Como sabemos as fórmulas para as quais são aplicadas as regras sempre serão marcadas No entanto para a regra do quantificador universal isto não será obedecido pois se surgir uma nova constante na árvore por aplicação da regra para esta constante deverá ser aplicada a regra em todas as fórmulas do tipo xx da árvore 2 Apenas no caso de nenhuma constante ocorrer em algum ramo é que podemos introduzir uma nova constante para ser usada em possíveis aplicações da regra ao longo do referido ramo Exemplo 36 Vamos verificar que a fórmula xPxxPx é válida usando a árvore de refutação 1 xPx xPx Premissa 2 xPx 1 3 xPx 1 4 x Px 3 5 Pa 2 obs2 acima 6 Pa 4 7 X 5 e 6 Exemplo 37 Verifique a validade do argumento categórico Todos os cientistas são estudiosos xCx Ex Alguns cientistas são inventores xCx Ix Alguns estudiosos são inventores xEx Ix 1 xCx Ex Premissa 2 xCx Ix Premissa 3 xEx Ix Premissa Adicional 4 x Ex Ix 3 5 Ca Ia 2 a é nova constante 6 Ca Ea 1 a é constante que já ocorre 7 Ea Ia 4 a é constante que já ocorre 8 Ca 5 9 Ia 5 10 Ca Ea 6 11 X 108 Ea Ia 7 12 X 1011 X911 O argumento é válido pois todos os ramos foram fechados Exemplo 38 Verifique a validade do argumento categórico Nenhum estudante é velho xEx Vx Alguns jovens não são estudantes xJx Ex Alguns velhos não são jovens xVx Jx 1 xEx Vx Premissa 2 xJx ExPremissa 3 xVx Jx Premissa Adicional 4 x Vx Jx 3 5 Ja Ea 2 a é nova constante 6 Ea Va 1 a é a constante que já existe 7 Va Ja4 a é constante que já existe 8 Ja 5 9 Ea 5 10 Ea Va 6 11 Va Ja Va Ja 7 12 O argumento não é válido pois a árvore terminou e temos ramos abertos Exemplo 39 xyPxy Paa 1 xyPxy Premissa 2 Paa Premissa adicional 3 yPay 1 a é constante que já existe 4 Pab 3 b é nova constante 5 yPby 1 b é constante que já existe 6 Pbc 5 c é nova constante Como se pode observar a árvore nunca terminará é infinita Assim podese assumir que o argumento não é válido Na verdade não existe um método efetivo que permita decidir sempre e para qualquer argumento do Cálculo de Predicados se um determinado argumento é válido ou não Isto mostra que o Cálculo de Predicados é indecidível A indecidibilidade do Cálculo de Predicados pode ser provada e é conhecida como Tese de Church Há muitos livros de Lógica e de Teoria da Computação que abordam este assunto com profundidade Quando verificamos a validade de um argumento estamos verificando se no caso das premissas serem verdadeiras elas inferem uma determinada conclusão Isto é possível ser feito por vários métodos no Cálculo Proposicional os quais nem todos se generalizam para o Cálculo de Predicados como verificamos acima Podese verificar que a aplicação dos tableaux semânticos na Lógica de Predicados é uma extensão da aplicação destes tableaux na Lógica Proposicional Na Lógica de Predicados eles definem uma estrutura para a representação e dedução de conhecimento Esta estrutura é definida por conceitos análogos aos apresentados na Lógica Proposicional onde foi verificado que eles podem ser utilizados para provar teoremas e conseqüências lógicas A seguir serão mostrados exemplos mostrando como estes tableaux podem ser utilizados nestas demonstrações Exemplo310 Seja a fbf h xypxypaa Vamos provar a sua validade utilizando o método do tableau semântico Para isso vamos considerar h e vamos verificar que vamos chegar a um tableau cujos ramos são todos fechados 1 xypxypaa h 2 xypxy Λ paa def de em 1 3 xy pxy R8 em 2 124 Consequência lógica em Tableaux semânticos 4 paa R8 em 3 5 y pt1y R12 em 3 e t1 a 6 pt1t2 R12 em 5 t2 a t1 t2 Verificase neste ponto que o desenvolvimento da negação de h atingiu a fbf pt1t2 sendo t2 a t1 a e t1 t2 Para que se chegasse a uma contradição seria necessário que se tivesse chegado à fbf paa para se contradizer com paa da linha 4 da sequência de demonstração Desta forma o tableau não é fechado e isto significa que h não é válida É necessário no entanto saber analisar os resultados dos tableaux semânticos atingidos em uma sequência de demonstrações Para nos guiar nesta direção utilizaremos os teoremas a seguir que não serão demonstrados dado o escopo deste estudo No entanto o leitor mais exigente é convidado a consultar a bibliografia indicada Teorema da correção Seja h uma fbf predicada Se existir uma prova de h utilizando tableau semântico na Lógica de Predicados então h é uma tautologia Teorema da completude Seja h uma fbf predicada Se h for uma tautologia então existe uma prova de h utilizando tableaux semânticos Exemplo 311 Seja a fbf h xpx Λ qx xpx Verifiquemos se podese provar sua validade ou não utilizando o método dos tableaux semânticos 1 xpx Λ qx xpx h 2 xpx Λ qx Λ xpx def de em 1 3 xpx Λ qx R8 em 2 4 xpx R8 em 2 5 x px R10 em 4 6 pa R12 em 5 7 pa Λ qa R13 em 3 x a 8 pa R1 em 7 fechado 68 Neste caso o tableau é fechado e h é válida Deve ser observado pelo leitor que na linha 6 a regra R12 foi utilizada antes da regra R13 na linha 7 onde fazse x a Esta decisão tem uma conseqüência importante no tableau final e como conseqüência na prova porque se for utilizada uma outra sequência de construção do tableau em que estes dois passos sejam invertidos as linhas 6 e 7 poderemos chegar a um tableau diferente Vamos considerar a mesma fbf h do exemplo anterior 1 xpx Λ qx xpx h 2 xpx Λ qx Λ xpx def de em 1 3 xpx Λ qx R8 em 2 4 xpx R8 em 2 5 x px R10 em 4 6 pa Λ qa R13 em 3 a qualquer 7 pa R1 em 6 8 qa R1 em 6 9 pt R12 em 5 t a Aberto Neste caso o termo t é qualquer na aplicação da regra R12 na linha 9 onde t deve ser diferente de a Neste caso o tableau obtido é aberto Considerando estas duas sequências de demonstração por tableau podese verificar que para uma mesma tautologia h é possível se determinar tableaux abertos ou fechados associados a uma fbf Por outro lado se h não for uma tautologia então pelo teorema da correção não existe um tableau fechado associado a h Os teoremas da correção e da completude enunciados anteriormente permitem afirmar que a Se h for uma tautologia então existe um tableau fechado associado a h b Se h for uma tautologia então pode existir um tableau aberto associado a h c Se h não for uma tautologia então não existe tableau fechado associado a h d Se h não for uma tautologia então todo tableau associado a h é aberto e Se um tableau associado a h for fechado então h é uma tautologia f Se um tableau associado a h for aberto então não se pode concluir se h é ou não uma tautologia g Se todo tableau associado a h for aberto então h não é uma tautologia Deve ser observado que na Lógica Proposicional se existir um tableau semântico fechado associado a uma fbf h então todos os tableaux semânticos associados a h serão fechados Exemplo 312 conseqüência lógica em tableaux semânticos a Sejam h1 xpxqx e h2 xpx xqx Então h1 é equivalente a h2 b Sejam h1 xpxqx e h2 xpx xqx Então h2 implica em h1 mas h1 não implica em h2 Solução a Sendo h1 xpxqx e h2 xpx xqx então h1 equivale a h2 se e somente se h1 h2 for uma tautologia h1 h2 será uma tautologia se e somente se h1 h2 Utilizando tableau semântico temos 1 xpxqx xpx xqx h1 h2 2 xpxqx Λ xpx xqx xpxqx Λ xpx xqx R9 em 1 3 xpxqx xpxqx R1 em 2 4 xpx x qx xpx x qx R1 em 2 5 xpx R8 em 4 xpx qx R11 em 3 6 x qx R8 em 4 7 pa qa R12 em 3 xpx xqx R3 em 4 8 xqx R11 em 6 x px R3 em 4 9 qa R13 em 8 pa qa R12 em 78 10 pa R13 em 5 pa qa pa qa R13 em 5 11 pa pa R8 em 10 12 qa qa R8 em 10 13 pa qa R3 em 7 fechado fechado fechado fechado Como o tableau é fechado então h1 h2 é uma tautologia e assim h1 equivale a h2 b Neste caso as fbfs são análogas às do item anterior com a diferença de que os quantificadores universais estão trocados Assim temse h1 xpxqx e h2 xpx xqx onde h2 implica em h1 mas h1 não implica em h2 Sabemos que h2 implica em h1 se e somente se h2 h1 for uma tautologia ou seja se e somente se h2 h1 A sequência de prova pode ser 1 xpx xqx xpx qx h2 h1 2 xpx xqx R8 em 1 3 xpx qx R8 em 1 4 xpx qx R10 em 3 5 pa qa R12 em 4 6 pa R8 em 5 7 qa R8 em 5 8 xpx xqx R3 em 2 9 xpx R10 em 8 qa R12 em 8 10 pa R12 em 9 fechado79 11 fechado610 Como o tableau é fechado então h2 h1 é uma tautologia Logo h2 implica em h1 Para mostrar a segunda parte do item b ou seja que h1 não implica em h2 vamos considerar o tableau associado a h1 h2 e vamos verificar que ele é aberto e que não é possível obter um tableau fechado a ele associado 1 xpx qx xpx x qx h1 h2 2 xpx qx R8 em 1 3 xpx x qx R8 em 1 4 xpx R8 em 3 5 x qx R8 em 3 6 xqx R10 em 5 7 pa R12 em 4 8 qb R12 em 3 9 pa qa pa qa R13 em 1 10 pa qa pa qa R em 9 fechado aberto fechado aberto Como pode ser observado este tableau é aberto e não é possível fechálo Na linha 7 a regra R12 é aplicada substituindo se a variável x pela constante a obtendose pa porque a é a constante nova que não parece nas linhas anteriores do tableau 1 até 6 Na linha 8 a regra R12 é novamente aplicada mas agora a variável x não pode mais ser substituída pela constante a porque ela já apareceu na linha 7 anterior Por este motivo foi escolhida a constante b para se obter qb na linha 8 Já na linha 9 a variável x poderia ser substituída tanto por a quanto por b que o resultado seria o mesmo No caso foi escolhida aleatoriamente a constante a Isto significa que não é possível obter um tableau fechado neste caso e isto é verdade mesmo que se inverta a ordem de aplicação das regras Desta forma não existe um tableau fechado associado a h1 h2 ou seja h1 não implica em h2 Exemplo 313 Considere o argumento Todo aluno de Ciência da Computação é mais inteligente que algum aluno de Medicina Logo não existe aluno de Medicina que seja mais inteligente que todos os alunos de Ciência da Computação Este argumento é válido ou não Para responder a esta questão vamos exibir uma prova utilizando a metodologia dos tableaux semânticos Para isto teremos px x é aluno de Ciência da Computação qx x é aluno de Medicina rxy x é mais inteligente que y Este argumento pode ser representado por h xpx yqy Λ rxy yqyΛxryx 1 xpx yqy Λ rxy yqyΛxryx h 2 xpx yqy Λ rxy R8 em 1 3 yqyΛxryx R8 em 1 4 yqyΛxryx R5 em 3 5 qaΛxrax R12 em 4 6 qa R1 em 5 7 xrax R1 em 5 8 pa yqy Λ ray R12 em 8 9 pa yqy Λ ray R3 em 8 aberto Este tableau contém um ramo aberto Este fato não é suficiente para se concluir que h não seja uma tautologia É necessário provar que todos os tableaux semânticos associados a h são obrigatoriamente abertos para se concluir que h não seja uma tautologia e como conseqüência o argumento não é válido Pelo que foi observado até este ponto deste estudo as demonstrações da validade de argumentos não é uma tarefa fácil de ser realizada necessitando de muita experiência no manuseio e construção dos mecanismos adotados para esta finalidade Neste particular muita pesquisa tem despertado a atenção dos cientistas da Lógica e muitas técnicas tem se desenvolvido notadamente na utilização e manuseio dos tableaux semânticos Isto se deve ao fato desta técnica ser até 125 Forma prenex o momento a que tem se mostrado mais adequada para ser implementada como programas de computadores Uma metodologia que tem sido estudada e utilizada com bastante sucesso se refere a transformação de fbfs predicadas em fbfs equivalentes na forma prenex que de forma generalizada é uma fbf onde os quantificadores se encontram todos em seu início Esta metodologia se justifica porque toda fbf predicada tem uma fbf equivalente na forma prenex e também pelo fato de que as formas prenexes são mais fáceis de serem provadas e implementadas mecanicamente Para dar início a este estudo é necessário enunciar algumas definições Definição 33 fórmula aberta Uma fórmula da Lógica de Predicados é dita aberta se ela não possui qualquer quantificador Definição 34 forma prenex Uma fórmula h da Lógica de Predicados está na forma prenex se h for do tipo h Qx1Qxng onde g é uma fórmula aberta e os Qxi são quantificadores universal ou existencial Exemplo 314 As fórmulas xxrxypy e xxpxΛqxy estão na forma prenex porque todos os seus quantificadores estão no início da fórmula seguidos por fórmulas abertas Já a fórmula yxpxqxy não está na forma prenex porque o escopo do quantificador universal é apenas px e não o restante da fórmula Para estar na forma prenex todos os quantificadores devem estar no início da fórmula e os seus escopos devem ser extendidos até o final da fórmula Como afirmado anteriormente toda fbf predicada tem uma fbf predicada equivalente na forma prenex O algoritmo prenex que transforma uma fbf predicada h em uma fbf g na forma prenex considera a definição e as regras a seguir Definição 35 regras prenex Sejam h e g duas fbfs e Qx1 e Qx2 dois quantificadores que podem ser existencial ou universal As regras prenexes são as seguintes Nas regras R1 R2 R3 e R4 a variável x não ocorre livre em q Nas regras R7 e R8 a variável x não ocorre livre em q e y não ocorre livre em p Deve ser observado que as regras prenexes deduzem fórmulas equivalentes por exemplo xpq equivale a xpq Assim não é possível deduzir xpqa partir de xp xq nem deduzir xpq a partir de xp xq porque não são equivalentes Além disso todas as fórmulas deduzidas tem os seus quantificadores no início mesmo que não estejam na forma xpq xpq xpq R1 R2 R3 xpq xpq xpq xpq xpxq ᴟxpᴟxq R4 R5 R6 ᴟxpq xpq ᴟxpq Q1xp Q2yq Q1xp Q2yq R7 R8 Q1xQ2ypq Q1xQ2ypq prenex porque não se pode aplicar as regras prenexes às fórmulas anteriores Para resolver este problema é necessário que as variáveis sejam renomeadas e isto é feito baseandose na seguinte definição Definição 36 R0 renomeação de variáveis Considere a fbf h Qxg sendo Qx um quantificador universal ou existencial A renomeação da variável x por uma outra variável y se dá da seguinte forma f Qygxy onde gxy é uma substituição segura Exemplo 315 Considere a fbf h xpxxqxy que contém dois quantificadores na mesma variável x Neste caso a renomeação de x em sua primeira ocorrência é feita deduzindo se a h1 zpzxqxy onde a segunda ocorrência de x em qxy não pode ser renomeada porque esta ocorrência de x está no escopo do quantificador existencial x por ser mais interno que o quantificador universal Se for necessária uma renomeação de x em sua segunda ocorrência ela poderá ser feita por outra variável por exemplo por w onde h1 se transformará em h2 da seguinte forma h2 zpzwqwy Exemplo 316 Seja a fbf predicada xypxyz Neste caso x não pode ser renomeada por y porque se isso fosse feito a fórmula renomeada seria ypyyz e neste caso o contexto seria outro Este exemplo mostra que a renomeação deve ser feita por uma variável que não tenha ocorrido ainda no contexto Se for feita por uma variável que já faz parte da fórmula ocorre um fenômeno conhecido como problema de captura No caso em voga se a substituição de x por y fosse feita o a variável x seria capturada por y Este fato tem importância fundamental nas linguagens de programação onde as variáveis não locais a um determinado subprograma não podem ser renomeadas por uma variável local porque neste caso a variável não local se tornaria local por ter o mesmo nome desta e neste caso o ambiente de referência seria outro bem diferente do original Definição 37 regra prenex de renomeação de variáveis Seja h uma fbf predicada da seguinte forma Q1x1Qnxn e as variáveis livres z1zk A regra prenex de renomeação de variáveis R0 corresponde à renomeação das variáveis x1 xn pelas variáveis y1yn de forma que yi yj para i j e yi não pertence ao conjunto x1 xnz1zk As variáveis renomeadas y1yn são deferentes entre si e diferentes das variáveis livres z1zk e das variáveis x1xn Exemplo 317 Seja a fbf predicada h xpxxqxy Aplicandose a regra Ro a h temos h1 zpzwqwy onde as variáveis z e w são diferentes da variável livre y Exemplo 318 Seja a fbf predicada h xpx xqx Este caso se inclui entre os que não é possível se aplicar qualquer regra prenex No entanto é possível se aplicar a regra R0 ou seja h1 ypy zqz Nesta fbf podemos aplicar a regra prenex R8 transformandoa em h2 yzpyqz e h2 está na forma prenex Neste ponto estamos preparados para conhecer o algoritmo prenex que é utilizado para transformar uma fbf h não prenex em uma fbf g na forma prenex Definição 38 algoritmo prenex Sejam h g p e q fbfs predicadas O algoritmo a seguir transforma h em uma fbf equivalente g na forma prenex 1 Substitua as fbfs pq por pq 2 Substitua as fbfs pq por pq 3 Substitua as fbfs pq por pq 4 Substitua as fbfs p por p 5 Substitua as fbfs xp por xp 6 Substitua as fbfs xp por xp 7 Substitua as fbfs pq por pqqp Se for necessário volte ao passo 1 até obter uma fbf com apenas os conectivos e 8 Aplique R0 para renomear variáveis 9 Utiliza as regras R1 a R8 para substituir fbfs A fbf g obtida pela aplicação dos passos 1 até 9 é equivalente a h e está na forma prenex Exemplo 319 Seja h xpxxqxyrxyz Vamos utilizar o algoritmo prenex para transformar h em uma outra fbf equivalente na forma prenex Isto será feito a seguir onde cada passo corresponde ao passo de mesmo número no algoritmo mesmo que o passo não seja aplicável 1 h1 xpx xqx yrxyz 2 Não aplicável 3 Não aplicável 4 Não aplicável 5 h5 xpx xqx yrxyz 6 Não aplicável 7 Não aplicável 8 R0 h8 y1py1 y2qy2 y3rxy3z 9 h9 y1py1 y2y3qy2 rxy3z g y1y2y3 py1 qy2 rxy3z Deve ser observado que na aplicação do algoritmo prenex da seção anterior em cada passo a fórmula resultante é equivalente à fórmula do passo anterior Logo por transitividade a saída do algoritmo é uma fórmula equivalente à fórmula de entrada Agora será visto um algoritmo para obtenção de fórmula da forma Qxonde só aparecem quantificadores universais e é uma fórmula aberta na forma normal conjuntiva O processo de obtenção de tais fórmulas é chamado de Skolemização Durante a Skolemização são introduzidos novos símbolos de função isto é que não ocorrem na assinatura da linguagem da fórmula de entrada A saída do algoritmo é uma fórmula que não é logicamente equivalente à fórmula de entrada mas que tem a propriedade de ser satisfatível se e só se a fórmula de entrada o for Antes de darmos o algoritmo daremos alguns exemplos para ilustrar o papel dos símbolos novos introduzidos durante a Skolemização 126 Skolemização Exemplo 320 Considere a fórmula Px cujo significado pretendido é o valor atribuído a x tenha a propriedade expressa por P Para isto ser verdade é necessário que exista um objeto no universo que tenha a propriedade expressa por P Assim a fórmula xPx é verdade neste contexto Por outro lado se xPx é verdade em um contexto então existe um objeto no universo que tem a propriedade expressa por P Logo a fórmula Px é verdade neste contexto quando atribuímos este objeto a x Neste exemplo mostrarmos que Px é satisfatível se e somente se xPx for satisfatível Exemplo 321 Considere a fórmula xPx cujo significado pretendido é que exista algum objeto no universo que tenha a propriedade expressa por P Assim se adicionarmos uma constante c à assinatura de P e interpretarmos c como este objeto que tem a propriedade P a fórmula Pc passa a ser verdade neste contexto Por outro lado se Pc é verdade em um contexto então a interpretação de c é um objeto que tem a propriedade que P expressa neste contexto Logo existe um objeto no contexto que tem a propriedade expressa por P isto é a fórmula xPx é verdade neste contexto Neste exemplos mostramos que xPx é satisfatível se e somente se Pc for satisfatível Exemplo 322 Agora considere a fórmula yxPxy cujo significado pretendido é que para qualquer elemento do universo de discurso exista um objeto que esteja relacionado por P com aquele elemento É claro que para cada elemento e que estivermos considerando o objeto que existe relacionado com e não precisa ser único nem ser o mesmo relacionado com todos os elementos do universo Isto significa que objetos diferentes podem estar relacionados com elementos diferentes ou alguns objetos diferentes podem estar relacionados com o mesmo objeto Além disso pode haver mais de um objeto relacionado com o mesmo elemento De qualquer modo podemos definir uma função tal que para cada elemento e do universo escolhe se um dos objetos dentre os que estejam relacionados com e Observe que esta escolha não precisa ser feita de forma efetiva por exemplo um sorteio é uma escolha não efetiva mas que pode sempre ser feita pelo fato de sempre haver pelo menos um objeto relacionado com cada elemento do universo Isto é a fórmula yPfyy é verdade neste contexto quando f é um símbolo novo de função que é interpretado como a função acima descrita Por outro lado se yPfyy for verdade em um contexto então para cada elemento e do contexto o objeto nomeado por fe está relacionado com e onde f é a interpretação de f no contexto ou seja a fórmula yxPxy é verdade neste contexto Este exemplo mostra que yxPxy é satisfatível se e somente se yPfyy for satisfatível onde f é um símbolo novo de função Na discussão acima os símbolos novos c de constante e f de função são introduzidos com significados pretendidos específicos Tais símbolos são chamados de funções de Skolem Estas idéias serão agora formalizadas Proposição PS3 Para cada fórmula existe um procedimento efetivo para se obter uma fórmula na forma Qx onde só aparecem quantificadores universais no prefixo Qx e é uma fórmula aberta na forma normal conjuntiva tal é satisfatível se e somente se Qx for satisfatível Prova A fórmula de saída poderia ser obtida a partir da fórmula de saída do algoritmo de obtenção de forma norma conjuntiva mas por questão de eficácia daremos um algoritmo alternativo Dada uma fórmula 1 Tome o fecho existencial de ou seja se contiver uma variável livre x substitua por x Repita este processo até que a fórmula corrente não tenha mais variáveis livres 2 Elimine quantificadores redundantes ou seja elimine todo quantificador x ou x que não contenha qualquer ocorrência livre de x no seu escopo 3 Renomeie as variáveis ligadas de forma que as variáveis governadas por quantificadores sejam todas distintas 4 Elimine as ocorrências dos conectivos e 5 Mova o conectivo para o interior da fórmula até que preceda imediatamente fórmulas atômicas 6 Mova os quantificadores para o interior da fórmula 7 Elimine os quantificadores existenciais Skolemização Seja a fórmula corrente Obtenha a nova fórmula corrente substituindo a subfórmula da forma y que se situa mais à esquerda em por yfx1 xn ondex1 xn é uma lista de todas as variáveis livres de y e f é um símbolo de função nário função de Skolem que não ocorre em Caso não haja variáveis livres em y substitua y por yc onde c é uma constante de Skolem que não ocorre em Repita o processo de Skolemização até que todos os quantificadores existenciais tenham sido eliminados 8 Obtenha a forma normal prenex da fórmula obtida no passo 6 ou seja mova os quantificadores para a esquerda 9 Obtenha a forma normal conjuntiva da matriz da fórmula obtida no passo 7 substituindo a matriz desta pela forma normal conjuntiva obtida 10 Simplifique a fórmula do passo 9 eliminando repetições de literais no mesmo conjunto e disjunções que são tautologias Observe que o fecho existencial da fórmula obtido no passo 1 é satisfatível se e somente se a fórmula original for satisfatível O argumento é análogo ao usado no exemplo Sklm1 os passos 2 a 6 produzem fórmulas equivalentes à formula obtida no passo 1 Assim a fórmula obtida no passo 6 equivalente à do passo 1 é satisfatível se e somente se a fórmula de entrada for satisfatível a cada introdução de símbolo de função ou constante de Skolem ocorrida no passo 7 a fórmula obtida é satisfatível se e só se a fórmula antes da substituição for satisfatível O argumento é análogo ao usado nos exemplos Sklm2 e Sklm3 os passos 8 a 10 produzem fórmulas equivalentes à fórmula obtida no passo 7 Assim a fórmula obtida pelo passo 10 equivalente à do passo 7 é satisfatível se e somente se a fórmula de entrada for satisfatível os passos 6 e 10 são opcionais O passo 6 se justifica por evitar que sejam introduzidas no passo 7 funções com aridade maior do que a necessária A aridade da função de Skolem introduzida da esquerda para direita vai depender do número de quantificadores universais que estejam à esquerda do quantificador existencial que está sendo eliminado Exemplo 323 Seja agora h yxpx qxyz xpx yrxy Aplicando o passo 1 obtemos o fecho existencial de zxyxpx qxyz xrx ypxy O passo 2 não se aplica Renomeandose as variáveis quantificadas temos suyxpx quys zpz vrzv Eliminando os conectivos e em temos suyxpx quys quys xpx zpz vrzv Movendo para o interior da fórmula temos suyxpx quys quys xpx zpz vrzv O passo 6 não se aplica Eliminando os quantificadores existenciais temos pd qbca qbca xpx zpz rzfz Obtendo a forma normal prenex temos zxpb qcad qcadpx pz rzfz A matriz da forma já está na forma conjuntiva e o passo 10 não se aplica Esta unidade compreendeu o estudo da Lógica de Predicados uma teoria complementar à Lógoca Proposicional vista nas unidades 1 e 2 A idéia de ser complementar não significa que é menos importante Na realidade a Lógica de Predicados é mais completa que a Lógica Proposicional por ser capaz de 127 RESUMO resolver uma gama bem maior de tipos de problemas Estes problemas envolvem situações não possíveis de serem resolvidas apenas com a teoria da Lógica Proposicional A Lógica de Predicados utiliza os quantificadores universal e existencial e funções para simbolizar e analisar sentenças que não eram possíveis de serem construídas apenas com as estruturas da Lógica Proposicional Este foi o principal objetivo desta unidade A prova de fórmulas bem formadas na Lógica de Predicados é mais complexa que na Lógica Proposicional sendo necessário o conhecimento de técnicas mais elaboradas para que as demonstrações possam ser levadas a efeito Entre estas técnicas está a substituição de fórmulas bem formadas predicadas por outras fórmulas equivalentes mas com um formato distinto porém mais fácil de ser construída uma demonstração para ela Apesar desta ser uma Unidade final é importante mencionar que a Lógica compreende muitos outros temas e existem várias áreas de estudo e pesquisa da Lógica Estas áreas têm representado um campo fértil de pesquisa há muito tempo mas estão fora do escopo deste estudo 1 Determine o valor lógico de cada uma das fbfs a seguir com a interpretação de que o conjunto universo é o conjunto dos ineiros px significa que x é ímpar qx que x 0 e gx que x 9 a ᴟxpx b xqx px Exercícios c ᴟxqx gx d xqx gx 2 Qual o valor lógico de cada uma das fbfs a seguir com a interpretação em que o conjunto universo seja o conjunto dos inteiros a xᴟyx y x b ᴟyxx y x c xᴟyx y 0 d ᴟy x x y 0 e xyx y y x f xx 0 ᴟyy 0 x y 0 g ᴟxᴟyx2 y h xx2 0 3 Decida se é possível chegar a alguma conclusão a partir das hipóteses dadas a seguir e caso positivo qual é esta conclusão Todas as flores são vermelhas ou roxas Amoresperfeitos são flores Amoresperfeitos não são roxos 4 Justifique cada passo na sequência de demonstração a seguir para a fbf ᴟxpx qx xpx ᴟxqx 1 ᴟxpx qx 2 pa qa 3 xpx 4 pa 5 qa 6 ᴟxqx 5 Justifique cada passo na sequência de demonstração a seguir para a fbf ᴟxpxxpxqxᴟxqx 1 ᴟxpx 2 xpx qx 3 pa 4 pa qa 5 qa 6 ᴟxqx 6 Considere a seguinte fbf xᴟypxyᴟyqxy xᴟypxyqxy a Encontre uma interpretação que mostre que essa fbf não é válida b Encontre o erro na seguinte sequência de demonstração para essa fbf 1 xᴟypxy ᴟyqxy hipótese 2 xpxa qxa 1 pe 3 xᴟypxy qxy 2 ge 7 Prove que as fbfs a seguir são argumentos válidos a xpx xpx qx b xpx ᴟxqx ᴟxpx qx c ᴟxᴟypxy ᴟyᴟxpxy d xyqxy yxqxy e xpx ᴟxpx ᴟxqx Existem muitos bons textos sobre este tema Alguns deles estão listados na Bibliografia colocada ao final desta Unidade Outros estão na Internet à disposição Estes estão listados a seguir SAIBA MAIS wwwufpibruapi A Página da Universidade Aberta do Piauí UAPI wwwuabgovbr O Site da Universidade Aberta do Brasil UAB wwwseedmecgovbr A Homepage da Secretaria de Educação a Distância do MEC SEED wwwabedorgbr O site da Associação Brasileira de Educação a Distância ABED httpptwikipediaorg O site da Wikipedia wwwinfufscbrine5365introloghtml wwwgregosetroianosmatbrlogicaasp WEBBIBLIOGRAFIA REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABRAMSKY S et all Admissibility of Logical Inference Rules North 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