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Carta do IBRE Fatores institucionais e técnicos permitem algum otimismo sobre a solvência pública no Brasil Editada desde 1947 wwwconjunturaeconomicacombr Junho 2021 volume 75 nº 06 R 1700 Ponto de Vista Epidemia e crise econômica primeiro ano Entrevista Joaquim Levy Diretor de Estratégia Econômica e Relação com Mercados do Banco Safra Projetos para revisão do sistema de proteção social voltam à pauta para responder a velhos e recentes desafios no combate à pobreza Um novo Bolsa Família Artigos Fernanda Delgado José Roberto R Afonso Marcelo Gauto Nelson Marconi Samuel Pessôa Trabalho Onde estão os bons empregos Brasilempresa Como olhar o empreendedorismo Combustíveis A formação de preço Professores com experiência de mercado Conteúdos atuais e específicos Networking qualificado VENHA EVOLUIR COM A GENTE INSCREVASE MBA FGV É MAIS QUE MBA É FGV N E S T A E D I Ç Ã O Instituto Brasileiro de Economia Junho de 2021 Junho 2021 Conjuntura Econômica 3 Carta do IBRE 6 Fatores institucionais e técnicos permitem algum otimismo sobre a solvência pública no Brasil As dívidas públicas dos países como proporção de seus PIBs foram impulsionadas neste século por dois eventos a grande crise financeira global em 20082009 e a pandemia da Covid19 em 2020 Em ambos os casos volumosos pacotes fiscais para tentar amenizar o impacto econômico e social desses dois episódios causaram forte e veloz aumento do endividamento público Números organizados por Bráulio Borges pesquisador associado do FGV IBRE com base em dados do FMI Fiscal Monitor abril21 mostram que a média simples mundial 188 países da relação entre a dívida pública bruta e o PIB saltou 262 pontos percentuais pp entre 2008 e 2020 de 428 pp para 69 pp O salto apenas de 2019 para 2020 foi de 104pp Ponto de Vista 10 Epidemia e crise econômica primeiro ano Um ano após a epidemia ter atingido o mundo todo e ter se tornado portanto uma pandemia já é possível traçar algumas ideias sobre a natureza do choque econômico que a acompanhou Diferentemente de como ocorre em grandes crises macroeconômicas houve um choque de demanda mas também de oferta Entrevista 12 No Brasil como em qualquer país tudo que funciona demanda um plano Em conversa com a Conjuntura Econômica o exministro da Fazenda Joaquim Levy resumiu o desafio brasileiro para entrar no movimento global de retomada verde em dois fazer cumprir a lei para combater o desmatamento ilegal na Amazônia e ter um plano claro de inserção na economia de baixo carbono Macroeconomia 24 Onde estão os bons empregos A geração de empregos deve ser um dos maiores objetivos das políticas públicas No Brasil essa opção é ainda mais premente em função de nossos indicadores de distribuição de renda pobreza deterioração do mercado de trabalho e desemprego Além de atentar para a quantidade devese buscar também melhorar a qualidade dos postos gerados Daí decorrem duas perguntas o que são bons empregos E onde estão os bons empregos Capa Proteção Social 32 Um novo Bolsa Família Com o fim do auxílio emergencial em dezembro de 2020 a pobreza no Brasil passou a subir e chegou a 35 milhões de pessoas em abril segundo o FGV Social Até agosto quando for distribuída a última cota da nova rodada de auxílio parte dessas pessoas ainda contará com algum alívio Se nenhuma extensão do programa acontecer entretanto será inadiável a definição de como readequar o Bolsa Família para dar conta do aumento da pobreza no país e seus novos desafios Carta do IBRE 6 Fatores institucionais e técnicos permitem algum otimismo sobre a solvência pública no Brasil Luiz Guilherme Schymura Ponto de Vista 10 Epidemia e crise econômica primeiro ano Samuel Pessôa Entrevista 12 Joaquim Levy Solange Monteiro Macroeconomia 18 Cada vez mais Brasilempresa José Roberto R Afonso 24 Onde estão os bons empregos Nelson Marconi 28 Para os 5 e avante Solange Monteiro Capa Proteção Social 32 Um novo Bolsa Família Solange Monteiro 40 O ancestral comum Solange Monteiro Energia 44 Composição dos preços de paridade dos combustíveis no Brasil Fernanda Delgado e Marcelo Gauto Sumário 4 Conjuntura Econômica Junho 2021 Fundador Richard Lewinsohn EditorChefe Luiz Guilherme Schymura de Oliveira EditorExecutivo Claudio Roberto Gomes Conceição Editora Solange Monteiro Editoria de arte Marcelo Nascimento Utrine Capa e projeto gráfico Marcelo Nascimento Utrine Ilustração da capa Istockphoto Revisão Mariflor Rocha Colaboram nesta edição Fernanda Delgado José Roberto R Afonso Luiz Guilherme Schymura de Oliveira Marcelo Gauto Nelson Marconi e Samuel Pessôa Secretaria e apoio administrativo Rua Barão de Itambi 60 8o andar Botafogo CEP 22231000 Rio de Janeiro RJ Tel 21 37996840 Fax 21 37996855 conjunturaredacaofgvbr Conjuntura Econômica é uma revista mensal editada pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas desde novembro de 1947 As manifestações expressas por integrantes dos quadros da Fundação Getulio Vargas nas quais constem a sua identificação como tais em artigos e entrevistas publicados nos meios de comunicação em geral representam exclusivamente as opiniões dos seus autores e não necessariamente a posição institucional da FGV A reprodução total ou parcial do conteúdo da revista somente será permitida com autorização expressa dos editores Assinaturas e renovações conjunturaeconomicafgvbr Rio de Janeiro 21 37996844 Outros estados 08000257788 ligação gratuita Circulação Bernardo Nunes Chefer Tel 21 37996848 Fax 21 37996855 Publicidade 21 3799684041 ISSN 00105945Conjuntura Econômica Vol 1 n 1 nov 1947 Rio de Janeiro Fundação Getulio Vargas 1947v il 28cm Mensal Órgão oficial de Instituto Brasileiro de Economia Diretores Nov 1947mar 1952 Richard Lewinsohn Maio 1952dez 1968 José Garrido Torres Jan 1969mar 1974 Sebastião Marcos Vital Abr 1974mar 1979 Antonio Carlos Lemgruber Abr 1979abr 1994 Paulo Rabello de Castro Maio 1994set 1999 Lauro Vieira de Faria Out 1999nov 2003 Roberto Fendt Dez 2003jun 2004 Antonio Carlos Pôrto Gonçalves Jul 2004 Luiz Guilherme Schymura de Oliveira ISSN 00105945 1 Economia Periódicos 2 Brasil Condições Econômicas Periódicos I Fundação Getulio Vargas II Instituto Brasileiro de Economia CDD 3305 Instituição de caráter técnicocientífico educativo e filantrópico criada em 20 de dezembro de 1944 como pessoa jurídica de direito privado tem por finalidade atuar no âmbito das Ciências Sociais particularmente Economia e Administração bem como contribuir para a proteção ambiental e o desenvolvimento sustentável Praia de Botafogo 190 CEP 22250900 Rio de Janeiro RJ Caixa Postal 62591 CEP 22257970 Tel 21 37994747 Primeiro Presidente e Fundador Luiz Simões Lopes Presidente Carlos Ivan Simonsen Leal Vicepresidentes Francisco Oswaldo Neves Dornelles licenciado Marcos Cintra Cavalcanti de Albuquerque Conselho Diretor Presidente Carlos Ivan Simonsen Leal Vicepresidentes Francisco Oswaldo Neves Dornelles licenciado Marcos Cintra Cavalcanti de Albuquerque Vogais Armando Klabin Carlos Alberto Pires de Carvalho e Albuquerque Cristiano Buarque Franco Neto Ernane Galvêas José Luiz Miranda Lindolpho de Carvalho Dias Marcílio Marques Moreira Roberto Paulo Cezar de Andrade Suplentes Aldo Floris Antonio Monteiro de Castro Filho Ary Oswaldo Mattos Filho Eduardo Baptista Vianna Gilberto Duarte Prado José Ermírio de Moraes Neto Marcelo José Basílio de Souza Marinho Conselho Curador Presidente Carlos Alberto Lenz César Protásio Vicepresidente João Alfredo Dias Lins Klabin Irmãos Cia Vogais Alexandre Koch Torres de Assis Jorge Irribarra Souza Cruz SA Antonio Alberto Gouvêa Vieira Carlos Eduardo de Freitas Cid Heraclito de Queiroz Eduardo M Krieger Estado da Bahia Estado do Rio de Janeiro Estado do Rio Grande do Sul José Carlos Cardoso IRBBrasil Resseguros SA Luiz Chor Luiz Ildefonso Simões Lopes Marcelo Serfaty Marcio João de Andrade Fortes Miguel Pachá Isaac Sidney Menezes Ferreira Federação Brasileira de Bancos Pedro Henrique Mariani Bittencourt Ronaldo Vilela Sindicato das Empresas de Seguros Privados de Previdência Complementar e de Capitalização nos Estados do Rio de Janeiro e do Espírito Santo Willy Otto Jordan Neto Suplentes Almirante Luiz Guilherme Sá de Gusmão Carlos Hamilton Vasconcelos Araújo General Joaquim Maia Brandão Júnior José Carlos Schmidt Murta Ribeiro Leila Maria Carrilo Cavalcante Ribeiro Mariano Luiz Roberto Nascimento Silva Manoel Fernando Thompson Motta Filho Solange Srour Banco de Investimentos Crédit Suisse SA Olavo Monteiro de Carvalho Monteiro Aranha Participações SA Patrick de Larragoiti Lucas Sul América Companhia Nacional de Seguros Ricardo Gattass Rui Barreto Instituto Brasileiro de Economia Diretor Luiz Guilherme Schymura de Oliveira Vicediretor Vagner Laerte Ardeo Superintendência de Estatísticas Públicas Aloisio Campelo Junior Superintendência de Infraestrutura e Mercados Governamentais Túlio Barbosa Superintendência de Inovação e Mercados Pedro Guilherme Ferreira Superintendência de Pesquisa Dados e Operação André Lavinas Superintendência de Economia Aplicada Armando Castelar Superintendência de Publicações Claudio Roberto Gomes Conceição Superintendência de Gestão Estratégica e Organizacional Joana Braconi Junho 2021 Conjuntura Econômica 5 A economia brasileira cresceu 12 no primeiro trimestre do ano em relação ao trimestre anterior superando com folga as previsões do mercado Com isso a atividade econômi ca voltou ao patamar do quarto trimestre de 2019 antes que a pandemia surgisse Outro dado importante se compararmos com o primeiro trimestre de 2020 o PIB cresceu 1 a primeira alta dentro da pandemia E os indicadores de alta frequência que estão saindo mostram que a recuperação prossegue levando a uma revi são nas projeções sobre como deverá se comportar a economia este ano O Boletim Macro IBRE estima que o PIB deverá fechar o ano com um crescimento de 46 Mas há previsões mais otimistas acima dos 5 Mas há riscos no horizonte que podem atrapalhar O primeiro é como vai se comportar a pandemia nos próximos meses Embora tenha havido uma certa estabilização no número de novos casos e mortes ela está em patamares bastante elevados e houve um aumento significativo nas últimas semanas no nível de internações nas Unidades de Terapia Intensiva UTIs Também o número de pessoas infectadas voltou a dar um salto nos dois últimos dias Mas há esperança de haver um arrefecimento da pandemia com o avanço da vacinação por uma maior oferta de imunizantes já a partir deste mês que deve crescer a partir de julho O segundo fantasma que volta a assombrar é a inflação com a disparada nos preços da carne da soja do milho que impactam a ração alimentar O que tende a piorar com a iminente crise energética o terceiro risco devido à estiagem e nível dos reservatórios que estão muito baixos No final de maio último os reservatórios das regiões Sudeste e CentroOeste estavam com 3201 de capacidade bem próximo dos 2987 de 2001 quando o país viveu uma grave crise energética É o nível mais baixo desde 2002 O provável aumento dos preços da energia com o uso de termelétricas mais caras vai impactar os custos das empresas e o bolso dos consumidores Nível dos reservatórios do Sudeste e CentroOeste ao final de maio Em do total 299 675 761 827 853 847 868 829 822 786 878 724 628 373 361 568 433 426 471 551 321 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021 Fonte ONS Os caminhos da retomada econômica e a necessidade da criação de uma rede de amparo aos mais vulnerá veis seja através do fortalecimento do Bolsa Família seja através de outros mecanismos ante esses desafios são tratados pela editora Solange Monteiro na edição deste mês da revista Na última terça feira 1 a imprensa perdeu um de seus mais brilhantes jorna listas Aos 67 anos depois de lutar por 49 dias contra a Covid19 Ribamar Oli veira repórter especial e colunista do Valor Econômico partiu Riba como era carinhosamente chamado pela legião de amigos que amealhou durante seus mais de 40 anos de profissão deixa um vazio enorme Para a profissão e seus amigos Fique em paz amigo Claudio Conceição claudioconceicaofgvbr Nota do Editor CARTA DO IBRE 6 Conjuntura Econômica Junho 2021 As dívidas públicas dos países como proporção de seus PIBs foram im pulsionadas neste século por dois eventos a grande crise financeira global em 20082009 e a pandemia da Covid19 em 2020 Em ambos os casos volumosos pacotes fiscais para tentar amenizar o impacto eco nômico e social desses dois episódios causaram forte e veloz aumento do endividamento público Números organizados por Bráulio Borges pesquisador associado do FGV IBRE com base em dados do FMI Fis cal Monitor abril21 mostram que a média simples mundial 188 países da relação entre a dívida pública bruta e o PIB saltou 262 pontos percentuais pp entre 2008 e 2020 de 428 pp para 69 pp O salto apenas de 2019 para 2020 foi de 104 pp No caso do mundo rico média simples de 30 países a relação dí vida brutaPIB subiu 309 pp en tre 2008 e 2020 sendo 129 pp de 2019 para 2020 Já no caso dos emergentes 158 países o aumento de 2008 a 2020 foi de 254 pp e de 10 pp entre 2019 e 2020 Como fica o Brasil nesse filme Na verdade não muito bem O salto da relação dívida brutaPIB brasileira de 2008 a 2020 foi de 367 pp de 614 pp para 981 pp O critério de dívida pública por questões de comparabili dade do FMI é diferente do adotado pelo Banco Central do Brasil que che ga a valores menores mas com varia ção semelhante 888 pp em 2020 e 56 pp em 2008 De qualquer forma o aumento da dívida bruta no Brasil em 20092019 foi bem superior ao do mundo média simples dos paí ses dos emergentes e até das nações avançadas nas quais o endividamento avançou mais Já entre 2019 e 2020 o aumento da dívida bruta brasileira foi de 112 pp mais em linha com o mundo e os grupos de ricos e emergen tes A dívida bruta do Brasil pelo crité rio do FMI em 2020 981 do PIB estava 32 pp do PIB acima da média dos emergentes 66 e 131 acima dos avançados 85 Esses números deixam claro que no grande debate surgido desde a dé cada passada sobre os limites de en dividamento público dos países em função justamente do salto ocorrido neste século o Brasil é claramente um caso que merece cuidado e aten ção Na verdade não existe uma de finição científica muito robusta de um limite a partir do qual a dívida pública de um país se torna preocupante Os economistas Kenneth Rogoff e Car men Reinhart em trabalho conjunto de base empírica chegaram ao nível de 90 como limiar a partir do qual Fatores institucionais e técnicos permitem algum otimismo sobre a solvência pública no Brasil Luiz Guilherme Schymura Pesquisador do FGV IBRE e doutor em Economia pela FGV EPGE CARTA DO IBRE Junho 2021 Conjuntura Econômica 7 da dívidaPIB o montante desse su perávit depende do valor inicial da relação entre dívida e produto Também em termos de r g dados compilados por Borges sugerem que a posição do Brasil é comparativamente desfavorável Tomando o r g anual nominal de 18 países desenvolvidos entre 1871 e 2017 encontrase uma média de 06 pp ao ano De 2001 a 2017 a média foi de 09 pp Já no Brasil o r g médio de 2001 a 2017 foi de 25 pp e o de 2001 a 2020 foi de 27 pp No caso dos países ricos o cálculo do r g foi feito pelo diferen cial entre a taxa de juros nominal de longo prazo de títulos governamentais e o crescimento nominal do PIB da na ção respectiva Para o Brasil usouse o custo da dívida bruta do governo geral DBGG no critério do FMI e o PIB nominal dados definitivos até 2018 e preliminares em 2019 e 2020 De 2003 a 2013 época em que o Brasil foi beneficiado pelo chamado o crescimento econômico seria pre judicado de forma mais intensa mas o trabalho foi criticado por erros de cálculo De qualquer maneira muitos países ricos têm hoje níveis bem acima de 90 sem que se percebam pertur bações macroeconômicas das quais os menos endividados estejam livres Essa dificuldade em estabelecer um nível preciso a partir do qual a dívida pública se torna problemática não sig nifica por outro lado que os países possam se endividar ilimitadamente em especial aqueles que não emitem moedas de reserva e instrumentos de dívida considerados portos seguros para os investidores globais A hora da verdade varia de economia para economia e depende de um enorme número de circunstâncias mas é fora de dúvida que de tempos em tempos determinados países ou grupos de pa íses sofrem de desconfiança sobre a solvência pública levando a crises de variadas magnitudes No Brasil nos dias de hoje muitos analistas veem na empinada da curva de juros e na desvalorização excessiva do câmbio desde o ano passado as digitais de um risco crescente de insolvência fiscal Do ponto de vista da evolução da relação dívidaPIB um de seus prin cipais condicionantes contábeis é o chamado r g isto é a taxa de juros incidente sobre a dívida sub traída do crescimento do PIB Se o r g for zero a relação dívidaPIB mantémse estável com despesas pri márias iguais às receitas Se for nega tivo permite até a estabilidade com algum déficit primário Se for posi tivo é necessário algum superávit primário para manter a estabilidade A dívida bruta do Brasil pelo critério do FMI em 2020 981 do PIB estava 32 pp do PIB acima da média dos emergentes 66 e 131 acima dos avançados 85 superciclo de commodities o r g do país caiu para a média de 08 pp ao ano querendo chegar perto de zero como nota Borges Mas a eco nomia estava superaquecida e operou com hiperemprego nesse período com um breve interregno na virada de 2008 para 2009 ele acrescenta levando a inflação para cima da meta e a um grande e crescente déficit em conta corrente Em outras palavras o baixo r g no período não era sustentável embora tenha gerado forte redução da dívidaPIB cerca de 17 pp até mesmo por conta de o país ter man tido um superávit primário estrutural de cerca de 15 do PIB potencial na média daquele período saindo de 3 em 2003 para zero em 2013 O r g brasileiro mostrouse ain da mais desfavorável quando se toma a média de 2014 a 2020 atingindo 55 pp Por outro lado o r g em 2021 deverá ser bem negativo de cer ca de 5 pp refletindo a combinação entre uma Selic ainda baixa mesmo que em elevação e o alto deflator do PIB além de um crescimento do PIB em volume relativamente robus to entre 35 e 4 ou até mais segundo as projeções mais recentes Em 2022 há a possibilidade de que o r g ainda seja negativo ou próximo de zero também por fatores circuns tanciais Assim temse uma trégua no front da relação dívidaPIB que este ano deve cair apesar do déficit primário estimado em cerca de 3 do PIB Porém mirandose o médio prazo a tendência do Brasil de voltar a apresentar r g significativamente positivo não tranquiliza em relação à solvência pública CARTA DO IBRE 8 Conjuntura Econômica Junho 2021 Ainda assim é possível alimentar algum otimismo sobre essa questão a partir de duas frentes de argumenta ção A primeira do autor desta Car ta é políticoinstitucional Tendên cias sempre são extrapolações do já ocorrido mas não necessariamente o futuro precisa repetir o passado Como no dito do pensador francoes tadunidense René Dubos Tendência não é destino Em Cartas do IBRE recentes temos chamado a atenção para o fato de que há hoje um posi cionamento do sistema político brasi leiro e de formadores de opinião pú blica sobre a questão fiscal inédito na história do país O Brasil conta com um teto de gastos que sobrevive a to das as dificuldades de cumprilo e a preocupação com as contas públicas revelase em episódios recentes como o orçamento paralelo para além da indignação moral e a privatização da Eletrobras Nesse segundo caso o fato de a operação para ser viabiliza da incluir a necessidade de um inves timento público de R 30 bilhões na infraestrutura de distribuição de gás num momento de orçamento aperta do tornouse quase um empecilho Em 2021 o setor público federal opera em estado de austeridade má xima com risco de shutdown efetivo da máquina pública Em 2019 foi aprovada dura reforma previdenciá ria Os reajustes do salário mínimo nacional não superam a inflação já há 6 anos Agora há sinais de que uma reforma administrativa para va ler pode caminhar Aliás de certa for ma ela começou já em 2013 quando a expresidente Dilma Rousseff re gulamentou o Funpresp o fundo de previdência complementar dos servi dores federais fazendo com que fun cionários contratados a partir de en tão fossem regidos pelo Regime Geral de Previdência Social RGPS como os trabalhadores do setor privado Políticas macroeconômicas respon sáveis e eficazes nas últimas décadas também contribuíram para eliminar fragilidades e criar mecanismos de defesa na área fiscal contra incertezas em boa parte derivadas do cenário in ternacional Assim com a expressiva acumulação de quase US 340 bilhões de reservas internacionais entre 2003 e 2018 o setor público tornouse cre dor em dólares a partir de 2006 o que faz com que desvalorizações da moeda nacional melhorem a situação patrimonial do Estado O r da equação r g é função da taxa de juros externa e das políticas monetária e fiscal domésticas além de outros fatores mais estruturais como demografia que tende a derru Temos alertado sobre o posicionamento inédito do sistema político brasileiro e dos formadores de opinião quanto à questão fiscal CARTA DO IBRE Junho 2021 Conjuntura Econômica 9 bar o juro neutro em mais um tanto lá fora e aqui dentro na década atu al Mas a própria política monetária é dependente da fiscal o juro neutro sobe com a percepção de risco fa zendo com que as expectativas fiscais sejam um forte determinante do r Dessa forma a postura mais madura do sistema político e dos formadores de opinião em relação à responsa bilidade fiscal é um fator que deve contribuir para conter o r nos anos à frente A questão do g é mais complicada porque depende sobretudo da pro dutividade que vem tendo desempe nho medíocre no Brasil há várias dé cadas E como comentado na Carta do IBRE de maio deste ano se do ponto de vista macroeconômico a discussão fiscal melhorou no Brasil em termos microeconômicos a situ ação ainda é muito precária Temos um orçamento com enorme fatia de salários benefícios e subsídios e in suficientes recursos para custeio e investimentos sendo que os últimos estão cada vez mais balcanizados em um volume crescente de emendas parlamentares Ainda assim a pers pectiva de reforma administrativa e de alguma reforma tributária pode trazer avanços nessa frente Uma segunda linha de argumen tação da qual se pode extrair algum otimismo em relação à evolução do r g no Brasil é mais técnica e vem sendo trabalhada em vários estudos e reflexões de Bráulio Borges Há al guns pontos nos quais o economista vem insistindo há bastante tempo O primeiro é de que o conceito de dí vida mais relevante para se avaliar a solvência de emergentes é a dívida líquida mais que a bruta Quando se comparam países com base na dívida líquida a foto do Brasil se aproxima bem mais de pares com características semelhantes e melhor rating como México Colômbia e Uruguai Borges também coletou farto material sobre a trajetória nas úl timas décadas do deflator do PIB e da inflação ao consumidor no Brasil e em vários países O caso brasilei ro é discrepante por uma tendência de o deflator ser sistematicamente maior que a inflação varejista mes mo quando se descontam variações dos termos de troca e outros fatores que tendem a não se repetir no fu turo como reajustes muito acima da inflação dos salários do funcio nalismo Ao usar dados nominais para a avaliar o r g brasileiro o economista embute esse efeito nas suas projeções O mesmo não ocor re porém com muitos trabalhos Outra linha de argumentação da qual se pode extrair algum otimismo em relação à evolução do r g no Brasil é mais técnica e vem sendo trabalhada por Bráulio Borges com trajetórias mais pessimistas do r g nacional que se utilizam de dados reais no cálculo da equação deixando de levar em consideração a tendência de o deflator do PIB ser sistematicamente maior que a corre ção monetária da dívida pública o que é favorável à redução do r g O terceiro ponto sobre o qual Bor ges vem insistindo é que a economia brasileira opera desde 2015 muito aquém do pleno emprego Assim olhandose à frente é possível ima ginar um mix responsável de políti ca monetária e fiscal que finalmente contorne esse entrave cíclico porém persistente recolocando a atividade e a arrecadação nos seus potenciais o que seria positivo tanto para o re sultado primário quanto para o r g em relação àqueles observados nos últimos 6 anos Ainda assim res salta Borges o Brasil tem pela frente uma necessária agenda de consolida ção fiscal estrutural e possivelmente isso demandará além de algum teto de gastos o aumento da carga tribu tária como forma de eliminar de vez a inquietação quanto à solvência pú blica Os seus estudos que incluem ainda outros fatores como a taxa de câmbio e demografia indicam en tretanto que esse dever de casa talvez não seja tão penoso e difícil quanto julgam os mais pessimistas O texto é resultado de reflexões apresentadas em reunião por pesquisadores do IBRE Dada a pluralidade de visões expostas o documento traduz minhas percepções sobre o tema Dessa feita pode não representar a opinião de par te ou da maioria dos que contribuíram para a confecção deste artigo PONTO DE VISTA 10 Conjuntura Econômica Junho 2021 Um ano após a epidemia ter atingido o mundo todo e ter se tornado por tanto uma pandemia já é possível termos algumas ideias da natureza da crise Ainda falta muito tanto para o fim da pandemia como para uma melhor compreensão do fenô meno mas já se podem alinhavar alguns fatos A crise econômica causada pela pandemia tem características de que da da oferta e da demanda Não é como em geral ocorre em grandes cri ses macroeconômicas um processo de recuo apenas da demanda Houve um choque de demanda mas houve também um choque de oferta Várias pessoas perderam sua ren da ou experimentaram forte redução dela Consequentemente a demanda caiu Por outro lado houve forte re tração na oferta O que recuou mais Mesmo considerando de forma estrita a política fiscal é difícil res ponder essa pergunta Tipicamente o impulso fiscal estimula a ativida de Não parece ser o caso no presen te episódio Na epidemia parte do gasto público é para permitir que as pessoas fiquem em casa consumindo os bens de primeira necessidade Não parece que haja muito estímulo fiscal à demanda Se não houvesse o auxí lio emergencial a pessoa usaria suas reservas para manter algum consumo de bens de primeira necessidade esta foi a escolha do governo chinês jogar o custo da quarentena no colo das famílias Se não tivesse nenhuma reserva a pessoa iria para a rua pro curar alguma ocupação na informali dade para gerar renda Ou seja não é tão clara assim a relação entre gasto público com políticas de sustentação da renda e a atividade econômica Es sas políticas têm uma natureza social mais do que macroeconômica De fato trabalho recente do FMI sugere que o efeito do gasto públi co na surpresa de crescimento em função da pandemia não foi expres sivo A surpresa de crescimento é me dida pela diferença entre a previsão de crescimento do país específico ao longo do primeiro semestre de 2020 e a expansão efetivamente observa da Os países cujo estímulo fiscal foi muito maior tiveram surpresa de crescimento da ordem de 05 ponto percentual superior1 Tudo sugere que após um fecha mento súbito das economias no 2o semestre de 2020 a China fechou no 1o a atividade voltou com força no 2o semestre de 2020 Houve recu peração em V das economias A retomada em V foi heterogê nea entre os setores A agropecuária não sentiu a crise sanitária A indús tria de transformação recuperouse fortemente O mesmo ocorreu com o varejo liderado pelo comércio eletrô nico Os chamados outros serviços alimentação fora do domicílio todo o entretenimento seja ligado à cultura ou aos esportes turismo e outros ser viços pessoais ainda não voltaram Epidemia e crise econômica primeiro ano Samuel Pessôa Pesquisador associado do FGV IBRE PONTO DE VISTA Junho 2021 Conjuntura Econômica 11 Principalmente nos países em de senvolvimento como é o caso do Brasil esse padrão de recuperação gera preocupações com possível agravamento do dualismo da econo mia a retomada até o momento tem favorecido bem mais os setores mais formalizados e que empregam traba lhadores mais educados Também têm aparecido dois cho ques inflacionários associados à re cuperação da epidemia A Covid19 forçou que as pessoas ficassem em casa se protegendo do vírus As lon gas estadias em casa geraram a neces sidade de compra de bens duráveis As pessoas compraram novos com putadores televisões reformaram a casa adquiriram móveis bicicletas equipamento de ginástica etc A fuga do transporte público elevou a de manda por carros novos e usados Estamos portanto ainda em meio a um choque forte e sincronizado em todo o mundo de demanda por bens A indústria bomba Há ca rência de matériaprima de todos os tipos Tem sido noticiado por exem plo a falta de chips para a indústria automobilística Não somente há fal ta de matériaprima para a indústria como a infraestrutura de transporte fretes e serviços portuários ligada ao comércio internacional tem apre sentado gargalos importantes Tudo indica que esse choque somente se dissipará no final de 2021 ou um pouco depois Para aquelas economias um pou co à frente do processo de reabertu ra em que a demanda por serviços tem voltado surgiu uma desorga nização na oferta Assim faltam lugares nos restaurantes e os voos estão lotados Diversos restaurantes foram fechados e as companhias aé reas reduziram muito o número de voos e os destinos para onde voam Já aparece uma inflação de servi ços nos EUA por exemplo após o avanço com a campanha de va cinação e o gradativo processo de normalização A inflação gerará um processo natural de reorganização da oferta mas é difícil saber quanto tempo levará a normalização desses setores Consideramos que a natu reza da crise um choque exógeno que causou queda da atividade e fechamento de diversos setores e empresas por motivos totalmente alheios à qualidade da gestão ou ao plano de negócios sugere que a rea bertura completa da economia será mais fácil do que se imagina Finalmente há um terceiro cho que muito importante desconecta do da Covid19 em 2020 houve a recomposição do rebanho suíno chi nês após redução de 40 das uni dades que foram abatidas em 2019 em função da gripe suína africana A recomposição substituiu a criação de porco de chiqueiro alimentado por resto de alimentos a famosa la vagem pela suinocultura moderna Ou seja houve aumento de 8 da demanda mundial por ração Levará algumas safras para que a oferta de soja e milho se ajuste A soma desses três choques expli ca o surto inflacionário mundo afo ra Os choques todos se reverterão A dúvida é a intensidade e a extensão no tempo Ambas parecem fortes Será que os choques contaminarão as expectativas forçando ajuste da política monetária antes do que pen sávamos No Brasil esse processo já se iniciou A dúvida maior é saber como o Fed banco central america no reagirá Os sinais até o momento são de que o Fed não reagirá a um pico inflacionário O ponto final da coluna é a ativi dade Para onde estamos caminhan do Tudo sugere que a crise econô mica produzida pela pandemia não deixará marcas permanentes muito profundas sobre o sistema econômi co Nossa aposta é que mesmo aque les setores mais afetados como vi mos restaurantes e transporte aéreo de passageiros devem se reorganizar Ou seja diferentemente da grande crise financeira global que produziu perda permanente de produto nos EUA e na Europa no evento atual as economias devem após o término das campanhas de vacinação voltar a ope rar na mesma tendência vigente antes da crise Este já é o caso da economia chinesa Nos Estados Unidos o cresci mento de 65 projetado para 2021 deve colocar a economia rodando sob a tendência pré Covid já na virada de 2021 para 2022 No resto do mundo liderado pela Europa que deve atingir 50 da população imunizada em ju nho a retomada deve seguir forte no 2o semestre de 2021 A economia mundial caminha para a normalização plena em al gum momento do segundo semestre de 2022 1Ver Initial output losses from the Covid19 pandemic robust determinants de Davide Furceri Michael Ganslmeier Jonathan Ostry e Naihan Yang documento de trabalho do FMI número 18 de 2021 WP2118 httpswww imforgenPublicationsWPIssues20210129 InitialOutputLossesfromtheCovid19 PandemicRobustDeterminants50025 Estímulo fiscal muito maior é dado por elevar o estímulo fiscal de um país cujo estímulo era dado pelo 1o quarto da distribuição para estímulo dado pelo 3o quarto da distribuição Estímulo fiscal dado pelo 1o quarto da distribuição significa que ¼ dos países estimularam menos a economia e ¾ estimularam mais ENTREVISTA 12 Conjuntura Econômica Junho 2021 Conjuntura Econômica O Brasil tem perdido credibilidade no cam po ambiental devido ao aumento do desmatamento ilegal na Ama zônia intensificado no último ano Quais as principais frentes de ação em sua opinião para reverter esse processo de forma permanente O problema do Brasil é a complacência com o descumprimento da lei Quan do a lei não é cumprida atrapalha in vestimento crescimento econômico A gente sempre busca as razões estrutu rais de por que isso acontece mas o fato é que é importante cumprir a lei Segurança jurídica é essencial para o desenvolvimento econômico Veja o exemplo das concessões flo restais Se há desmatamento e venda No intervalo que separou sua saída da presidência BNDES em meados de 2019 à chegada ao Banco Safra em junho do ano passado o exministro da Fazenda Joaquim Levy dedicouse a estudar as tecnologias que determinarão a transi ção dos países a economias de baixa emissão de gás carbônico para conter o aquecimento global Em conversa com a Conjuntura Econômica Levy resumiu o desafio brasileiro para entrar nesse movimento de retomada verde em dois fazer cumprir a lei para combater o desmatamento ilegal na Amazônia cujo aumento tem desmoralizado o país diante da comunidade internacional e ter um plano claro de inserção nessa engrenagem mundial de baixo carbono Se juntarmos planejamento e cumprimento das leis chegaremos a uma estratégia brasileira com credibilidade afirma Joaquim Levy Diretor de Estratégia Econômica e Relação com Mercados do Banco Safra Foto Divulgação Solange Monteiro do Rio de Janeiro No Brasil como em qualquer país tudo que funciona demanda um plano ENTREVISTA JOAQUIM LEVY Junho 2021 Conjuntura Econômica 13 Hoje o esforço é rever os instrumen tos que temos verificar quais setores são competitivos Por exemplo o que é preciso para ter mineração nas áre as não protegidas que seja adequada que tipo de pesquisa mineral Tínha mos um departamento de pesquisas minerais Departamento Nacional de Produção Mineral DNPM que de pois virou agência Agência Nacional de Mineração ANM mas o marco regulatório ainda não está concluído É desse tipo de análise sistemática que precisamos para obter as melhores práticas em mineração nas áreas não protegidas Também explorar que tipo de imposto a atividade tem que pagar qual a melhor forma de gerar receitas fiscais que tipo de investimento e sal vaguarda são necessários E quanto queremos que ela seja integrada Dou o exemplo da mineração porque hoje muitas notícias na mídia apontam que de madeira ilegal concorrendo difi cultase a manutenção das atividades legais Temos um arcabouço efetivo em todos os aspectos que tem que ser aplicado tanto do ponto de vista de impedir o desmatamento quanto de operacionalizar a fiscalização a verificação de documentos Isso também vale para as leis da gestão fundiária Literalmente centenas de milhares de processos de titulariza ção não estão concluídos A adoção de novas tecnologias poderia facili tar esse processo com digitalização dos cartórios por exemplo Sei que o ministro da Economia tem tomado atitudes para acelerar algumas ações com cruzamento de cadastros e diria que esses tópicos são muito impor tantes para evitar desmatamento No caso da Amazônia também é importante ter uma estratégia para a região Aí seria interessante ter ins tituições de Estado como o Ipea e parceiros como a FGV ajudando a desenhar essa estratégia que pudes se ser discutida com a sociedade e depois implementada de forma siste mática No Brasil todas as vezes em que isso ocorre dá certo Poderia dar exemplos Desde a década de 1950 quando chamamos os americanos para dese nhar uma estratégia de desenvolvi mento uma porção de coisas passa ram a acontecer ainda que tenham levado alguns anos A criação do BNDES é uma delas O que quero ressaltar é que a partir do momen to em que há um plano coerente em geral a coisa funciona na economia verde vários produtos minerais serão cada vez mais valiosos Então é preciso identificar qual cadeia produtiva se quer desenvolver como lidar com a questão das terras raras Ter um real estudo para cada setor Também podemos exemplifi car com o caso da Zona Franca de Manaus O que queremos dela da qui para a frente com qual nível de transparência Como seu excedente deve ser aplicado O benefício fiscal cria um excedente para que uso Escrevi recentemente um artigo pu blicado no jornal Valor Econômico em 2752020 em que aponto que a Zona Franca poderia se tornar um polo de atração de investimentos verdes para a Amazônia de pessoas interessadas em apoiar a região Mas isso só se consegue com alto grau de governança de transparência Então desenhase uma estratégia dessa de Estado para se desenvolver nos próximos 15 20 anos que é o que todos os países estão fazendo com pro jetos associados à questão do clima Pa receme ser o caminho adequado Mas como disse nada disso vai funcionar se não conseguirmos garantir o cum primento da lei Por outro lado se jun tarmos planejamento e cumprimento da lei com condições adequadas para impedir desmatamento provavelmente chegaremos a uma estratégia brasileira com credibilidade O que tem faltado para conseguir mos chegar a essa estratégia Não adianta aqui citar duas ou três ideias Isso é uma questão de Estado É preciso um órgão que faça isso A Zona Franca de Manaus pode se tornar polo de atração de investimentos verdes para a Amazônia Mas isso só se consegue com alto grau de governança ENTREVISTA JOAQUIM LEVY 14 Conjuntura Econômica Junho 2021 Citei o exemplo do Ipea porque foi criado há 50 anos para fazer isso com pesquisadores dedicados con sultar desenvolver pois é um assunto vital para o país Tenho conversado muito sobre esse assunto desde que saí do BNDES quando estava em sabático em Oxford em Stanford descobri muitas pessoas que sabem uma quantidade incrível de coisas que podem ajudar Mas para fazer isso tem que ter política de governo No Brasil como em qualquer país tudo que funciona demanda um pla no Como você acha que apareceu o carro autônomo do Google nos Es tados Unidos Saiu de uma estraté gia chamando o setor privado Hoje entretanto a situação do Bra sil frente à comunidade internacio nal é crítica Quais medidas pode riam reverter essa deterioração da imagem do país no curto prazo No curto prazo o que as pessoas estão esperando é o que o próprio vicepresidente Hamilton Mourão gostaria e sinalizou à frente do Con selho da Amazônia que reduzamos drasticamente a área desmatada na Amazônia Se voltarmos aos níveis de 2012 até 2015 com um desmata mento na faixa de 4 mil a 5 mil qui lômetros quadrados por ano seria uma sinalização muito importante Para alcançar isso a gente conhece como faz Se fazíamos há 10 anos por que não se pode fazer agora Programas como o American Jobs Plan do presidente Joe Biden pro grama de incentivo de US 2 trilhões focados na descarbonização da eco nomia que inclui cerca de US 147 bilhões à mobilidade elétrica po dem representar um novo momento para as políticas industriais Para fazer algo como isso como dis se é preciso organizar um plano Na Europa especialmente na Alemanha esse plano tem sido construído du rante vários anos com a participa ção das indústrias Foi anunciado na Conferência do Clima da ONU em Madri COP 25 em 2019 e vem sendo enfatizado com a Covid19 Tem algumas linhas claras até por que percebeuse que é preciso evitar o aquecimento além de 2 graus até 2050 e que o tempo era curto En tão para conseguir evitar esse aque cimento é preciso tomar ações muito drásticas até 2030 2035 E para isso é preciso mobilizar toda a economia No Brasil há muitas formas de se fazer isso No caso da mobilidade te mos que ter prioridades Se quero ter eletrificação o caminho mais barato mais eficaz mais organizado é come çar pelos ônibus urbanos Por quê Porque têm trajeto conhecido andam distâncias diárias perfeitamente com patíveis com baterias Mesmo que te nha que recarregar durante o dia dá para fazêlo em uma hora num pon to final numa garagem Eu brinco que a maior dificuldade para ônibus urbano é garantir que vai ter trans formador na garagem para quando for abastecer a frota não provocar um apagão no bairro O restante está lá O retorno imediato entre outros é o de reduzir a poluição da cidade Ou seja além da questão climática há o bemestar da população Também se pode pensar em um financiamento de forma organizada Uma coisa que muitos países já fazem é a transpor tadora comprar o ônibus e fazer um leasing da bateria Em vez de pagar diesel todo mês paga o financia mento da bateria Se precisa de um BNDES ou não é outra história mas é um financiamento de baixo risco Depois disso a questão se trans fere para os caminhões vai querer eletrificar No caso dos caminhões você pode fazer alimentação direta nas principais estradas como come çase a discutir nos Estados Unidos Mas no caso brasileiro o princi pal item de política industrial para eletrificar a mobilidade é começar a investir e se associar para fazer a célu la de combustível movida a etanol A célula de combustível a hidrogênio é promissora mas levar hidrogênio até Se voltássemos aos níveis de 2012 até 2015 com desmatamento na faixa de 4 mil a 5 mil quilômetros quadrados por ano seria uma sinalização importante ENTREVISTA JOAQUIM LEVY Junho 2021 Conjuntura Econômica 15 gente não tem a Embraer É a mesma coisa Fomos lá e decidimos É questão de se organizar E tem gente interessada em fazer isso gente que já está fazen do isso O próprio Proálcool foi assim havia uma necessidade organizamos descobrimos que funcionava e tem 45 anos que o Proálcool funciona Iniciativas de criação de mercado de créditos de carbono para mitigar riscos climáticos são desenvolvidas há 30 anos Qual o potencial de ga nhar consistência agora Esse é um mercado bem desenvolvido na Europa porque lá eles sabem o que querem Precisamos perseguir isso e podemos fazêlo a partir da experiên cia do Renovabio política brasileira de biocombustíveis Poderíamos tornar o CBIO crédito de carbono gerado a partir da comercialização o automóvel é complicado Por outro lado já existem pesquisas em Cam pinas SP e no Japão para extrair hidrogênio do etanol E por que es tou falando isso Porque o motor de combustão interna vai desaparecer Daqui a 15 anos nenhuma empresa vai querer ficar produzindo motor de combustão interna para atender ao etanol brasileiro Então para se man ter a vantagem do etanol é preciso incorporálo às novas tecnologias Ainda temos tempo para incorporar o etanol na eletrificação do setor automotivo Se transformamos o etanol em hidro gênio significa que podemos pegar ca rona na tecnologia da célula de hidro gênio que o Japão está desenvolvendo por exemplo Todos estão procurando a tecnologia que é melhor para si então também podemos buscar uma tecnolo gia que explora nossas vantagens e ga rantimos que o etanol não desapareça daqui a 15 anos Ou não fazemos nada e daqui a 20 anos estaremos usando a tecnologia que outros desenvolveram para as necessidades deles Políticas de incentivo para a reto mada econômica em países desen volvidos poderão nos ajudar a eli minar resistências para a adoção de políticas industriais Veja no caso do etanol temos a ne cessidade de acabar com um setor que emprega um bocado de gente e é uma vantagem do Brasil Vemos as tecnolo gias evoluírem e identificamos um bo cado de gente preparada no Brasil A de biocombustíveis um instrumento negociado internacionalmente Diga mos que uma empresa ou alguém na Califórnia quer compensar emissões Essa empresa não precisa fazer essa compensação na própria Califórnia pois emissões são globais Pode fazê la no Brasil E o que é preciso fazer para o CBIO ser aceito como demons tração de emissões evitadas Sabemos que a emissão do CBIO baseiase em um processo de certificação de alta qualidade O que é preciso fazer é demonstrar no exterior que ele evita queima de gasolina Com isso con seguiremos transformar o que hoje é um protomercado tornando o CBIO uma security internacional As peças para isso a gente já tem Tem outro setor que acho que po deria ganhar enormemente com um mercado de crédito de carbono pois é um dos mais difíceis de descarbo nizar no mundo que é o do aço net zero steel Fabricálo emite muito gás carbônico pois demanda a queima de carvão para separar o oxigênio do mi nério Aqui no Brasil mais ou menos 20 do ferro que produzimos já usa carvão vegetal que vem de florestas plantadas Então já temos uma coisa que ninguém no mundo tem o aço ou ferro carbono zero se controlarmos a destilação da madeira para não gerar metano Como a gente organiza isso para o produtor desse aço ganhar cré ditos Como transformo esse produto em altamente desejável na Europa Esse é o desafio do nosso governo da diplomacia Afinal cavaco vindo dos EUA gera crédito por que não aço carbono líquido zero É assim que vamos desenvolver o mercado de cré Podemos buscar uma tecnologia de carros elétricos que explore nossas vantagens e garantimos que o etanol não desapareça daqui a 15 anos ENTREVISTA JOAQUIM LEVY 16 Conjuntura Econômica Junho 2021 dito de carbono Um bom lugar para plantar florestas com esse intuito é no norte de Minas Gerais nas nascentes do rio São Francisco Todos os dias a gente ouve que o rio São Francisco está com pouca água que a demanda de água para irrigação ao longo do seu curso só cresce e chega pouca água em Sobradinho E tem transposição integração do rio São Francisco que alcança até o Ceará Então o aço ver de vai muito além de reduzir carbono pode criar riquezas em todo o Brasil Quando estava em Stanford pesquisei esse campo das estratégias integra das de criar uma cadeia de produção Você gera crédito de carbono que bai xa o custo de produzir esse aço e ao mesmo tempo apoiaria a produção de florestas naquela parte de Minas que está cada vez mais seca mitigando o risco hídrico E permitindo expandir a produção de frutas não só ali em Pe trolina mas no Ceará no Rio Grande do Norte Ou seja ao reconhecer os créditos de carbono você ainda viabi liza uma série de outras atividades Outra área em que o crédito de carbono seria importante é na produ ção de dendê Hoje importamos esse produto E não só da Indonésia que é o maior produtor mundial como da Colômbia Temos uma grande exten são de terras desmatadas da Amazô nia onde poderíamos plantar dendê para a produção de bioquerosene Isso atende outra área superdifícil de descarbonizar que é a de aviação Em 5 anos poderíamos produzir com bustível de aviação de mão cheia E criando empregos para dezenas de milhares de famílias nas áreas desma tadas do leste da Amazônia Considerase otimista com a possi bilidade de esse plano de retoma da verde orquestrado pelos países em desenvolvimento ser inclusi vo Em outros momentos de crise como a financeira internacional de 200809 países europeus deixa ram de apoiar projetos nos países em desenvolvimento Às vezes temos que ter cuidado para não criar um clima de conspiração No período a que se refere a recessão fez com que as emissões desses países caíssem Se essas economias reduzi ram sua produção e suas emissões ficaram abaixo do teto não haveria por que buscar compensações Acho que o funcionamento do crédito de carbono dependerá do que formos oferecer Descrevi algumas possibilidades propostas verificáveis concretas com impacto em nosso de senvolvimento A partir daí o traba lho será de nossa diplomacia Se dei xarmos solto é claro que vão querer nos convencer que o bom é a captura de carbono processo usado para pos teriormente armazenar o gás carbôni co em formações geológicas abaixo da superfície terrestre que envolve alta tecnologia mas não atende ao Brasil que não tem muitas cavernas Mas nos próximos 10 15 anos a tec nologia orgânica continuará sendo a maneira mais eficaz mais barata ime diata de capturar carbono No caso brasileiro colaborei na preparação da nossa Contribuição Nacional para o acordo de Paris que aponta para 12 milhões de hectares de reflorestamen to parte regeneração natural parte comercial Temos também o modelo de pecuária integrada com lavoura e floresta em que se captura carbono para neutralizar emissões É uma tec nologia já testada usada que o pró prio Ministério da Agricultura apoia O que precisamos é colocar tudo isso dentro de um plano coerente claro É o que os outros países estão fazendo E aí chegaremos ao Japão negociar hidrogênio verde trataremos com a Alemanha uma parceria para trans formar óleo de dendê em querosene de aviação Isso tudo envolve tecnolo gia e parcerias A minha questão permanece a mesma temos que saber o que quere mos Temos que entender as nuances O artigo sexto do Acordo de Paris que prevê a regulamentação e orga nização do mercado de carbono em nível mundial é complexo e todos vão exigir um alto grau de integrida de nos planos que vão gerar crédito de carbono Mas somos perfeitamen Nos próximos 10 15 anos a tecnologia orgânica continuará sendo a maneira mais eficaz mais barata imediata de capturar carbono ENTREVISTA JOAQUIM LEVY Junho 2021 Conjuntura Econômica 17 te capazes de fazer isso Temos que chegar com proposta estratégia Quanto à governança mundial para isso se tivermos a credibilidade citada no início desta conversa não seremos vidraça Se mostrarmos que nossa pegada de carbono é das mais baixas do globo e que temos um port fólio de oportunidades estrutura do explicado atraente demonstrado cientificamente o mundo é nosso Como o senhor identifica o papel do setor financeiro nesse movimen to por uma economia verde O mercado financeiro tem dado mil e uma respostas inclusive no Brasil Hoje já temos títulos debêntures as sociadas a performance ambiental Empresas como Natura Suzano Marfrig estão buscando iniciativas do gênero e o mercado tem respon dido bem Do ponto de vista regu latório o BC está com uma agenda climática ambiental bastante forte muito alinhada Ajudei um pouco nesse movimento Quando estava no Banco Mundial parte de minhas res ponsabilidades era apoiar a rede de bancos centrais para tornar o siste ma financeiro mais verde Network for Greening the Financial System NGFS E o BC depois se uniu em uma agenda bastante interessante O Brasil também é um dos paí ses mais avançados na implementa ção da transparência nas demons trações financeiras de exposição a risco climático com um grande trabalho da Febraban Aqui no Safra estamos cada vez mais aprimorando mecanismos de verificação olhando de forma sistê mica quais as consequências de riscos ambientais e climáticos Também aca bamos de lançar um fundo que inves te no mercado de carbono europeu Acreditamos que esse mercado vai dar certo vai dar dinheiro e isso ajuda a criar dinamismo para se ter um mer cado de carbono também no Brasil Há discussões dentro do Ministério da Economia para se criar esse mercado Então já estamos nos antecipando oferecendo aos nossos clientes um fundo de mercado na Europa que está tendo uma resposta bem bacana Para completar acho que mere ce registro o papel do BNDES para o sucesso da indústria eólica brasi leira cuja geração este ano estará ajudando a mitigar apagões frente à crise hídrica O BNDES financia tanto parques eólicos quanto as pró prias indústrias que produzem aqui Se mostrarmos que nossa pegada de carbono é das mais baixas do globo e que temos um portfólio de oportunidades estruturado o mundo é nosso no Brasil É uma política industrial na área de novas tecnologias em as sociação a empresas europeias chi nesas É um ganhaganha real No Brasil não tem faltado financiamen to para energias renováveis Atualmente o conceito empresarial da vez é o ESG ou ASG em português referência aos temas ambiental so cial e de governança Qual potencial desse conceito para impulsionar a sustentabilidade da economia Esse conceito trata de coisas que já vimos trabalhando há vários anos E que se olhar bem são fundamentais para que um investimento dê certo Quem vai querer ser minoritário em uma empresa que não tem go vernança A parte social também é importante e cada vez mais crescer a expectativa sobre a postura social das empresas E o ambiental é muito relevante particularmente no Brasil pela estreita relação de sua ativida de econômica com a exploração de recursos naturais Então essas três letrinhas são parte integrante de qualquer política inteligente de in vestimento Ninguém quer aportar em uma empresa que não atenda a essas expectativas Existe uma questão que pode ser de autorregulação ou de regulação para garantir que produtos vendi dos como verdes sigam certos pa drões protegendo o consumidor e o investidor É o que os europeus cha mam de taxonomia e que o Banco Central está estudando A demanda existe e temos que garantir os pa drões de qualidade MACROECONOMIA 18 Conjuntura Econômica Junho 2021 Por opção ou falta dela por medo ou esperança o empreendedoris mo cresce cada vez mais no Brasil Cada vez mais sua forma jurídica passa pela constituição e pelo fun cionamento na forma de empresas A esmagadora maioria delas forma lizada como microempreendedores individuais MEI e já na forma tradicional de microempresas como pequenas sociedades limitadas ou empresas individuais de responsabi lidade limitada Eireli Talvez até mais no Brasil do que no resto do mundo a pessoa jurídica deixou de ser a forma clássica pela qual se mobiliza capital para montar um empreendimento de algum por te com atividades mais amplas ou complexas tenderiam a contratar empregados com carteira assinada para desempenhar tais funções Ao contrário o mero ato de trabalhar está cada vez mais sendo realizado pela prestação comercial de serviços formalizado ao menos como MEI e na medida em que envolve mais qualificação e renda como uma em presa individual ou às vezes até com mais sócios geralmente familiares ou da mesma profissão Isto pode ser fundamentado pela mera visão atual dos números atu ais do Painel mapa das empresas disponibilizado e sempre atualizado pelo Ministério da Economia1 Em abril de 2020 havia pouco menos de 18 milhões de empresas classifi cadas como ativas no Brasil vide tabela2 Pouco menos de 200 mil delas eram sociedades anônimas de economia mista ou empresas públi cas Como esperado mais de 98 constituíam pequenos negócios sendo cerca de 5 milhões sociedades limitadas inclusive Eireli e mais de 126 milhões de MEIs Essas formas certamente marcam as atividades econômicas com mais empresas ati vas pela ordem comércio varejista de vestuário 1 milhão de empresas cabeleireiros e manicures 774 mil comércio varejista em geral 463 mil obras de alvenaria 458 mil lanchonetes 431 mil e promoção de vendas 426 mil Se a multiplicação de empresas era uma tendência já consolidada no Brasil impressiona ainda mais que ao contrário do esperado não foi freada na pandemia da Covid 19 salvo nos seus primeiros me Cada vez mais Brasilempresa José Roberto R Afonso Economista professor do IDP e pesquisador do CAPPUniversidade de Lisboa e GV Europa CONJUNTURA MACROECONOMIA Junho 2021 Conjuntura Econômica 19 ses Como destacado pelo último boletim do painel3 em 2020 foram abertas 336 milhões de empresas 6 a mais do que em 2019 e a maior marca anual desde 2010 No ano da pandemia foram fechadas 104 milhão de empresas um nú mero inferior ao de 2019 e muito menos que as 24 milhões encerra das em 2018 As surpresas são ain da maiores quando se detalham os dados com mais aberturas no meio do que no final do ano crescendo mais nas regiões menos desenvolvi das do que nas mais ricas e aumen tando MEIs e sobretudo sociedades limitadas enquanto retrocederam todas as demais empresas inclusi ve as sociedades anônimas São indícios de que na medida em que a Covid19 provocou uma recessão que diminuiu emprego e sobretudo ocupação e renda dos demais trabalhadores alcançando localidades e profissões de menor qualificação estes optaram por manter alguma forma de forma lização Seguiram a onda que já vinha varrendo economia e socie dade com mais brasileiros ainda se tornando donos de seus próprios negócios até para continuar con tribuindo para a Previdência Social como MEI ou a título de prólabo re nos casos mais organizados O custo burocrático para tanto caiu muito no Brasil para esse segmen to pouco ou nada tem a ver com o número de horas necessárias para pagar tributos4 A empresa contada aqui como ativa não quer dizer necessariamen te que esteja adimplente Poderse ia esperar que pequenos negócios atrasassem ou pagassem menos impostos diante do impacto da pandemia Este senso comum mais uma vez foi traído pela realidade e pelas evidências O desempenho da arrecadação em 2020 no qual os optantes do Simples tiveram um de sempenho muito melhor do que os demais contribuintes recolheram em tributos federais 19 a mais do que em 2019 enquanto demais contribuintes para mesmos tributos arrecadaram 37 a menos5 Certamente a recessão da déca da passada e a da Covid19 impôs um tremendo empreendedorismo do medo em que a falta de opção empurrou muitos brasileiros para adotar essa forma legal da pessoa física que se transforma em pessoa jurídica É preciso porém louvar que a impressionante onda de bra sileiros que optaram por ter o míni mo de formalidade e vínculo com a Previdência Social acentuando uma vantagem do Brasil em comparação a demais economias emergentes ou menos desenvolvidas De acordo com levantamento do Sebrae empreendimentos optan tes pelo regime do Simples têm taxa de sobrevivência duas vezes maior 83 que a de não optantes 38 Sem o Simples 64 das empresas optantes fechariam as portas iriam para a informalidade ou reduziriam suas atividades Além disso pesqui sas mais recentes também apontam o esforço próprio pela inovação para não dizer pela sobrevivência É bem simbólico desse quadro a drástica evolução da presença na internet dos pequenos negócios notadamente do MEI como apurado nas pesquisas do Sebrae depois da pandemia Em pou cos meses o segmento do MEI deu um salto impressionante no uso das redes sociais para suas vendas e chega este ano à marca de 69 de presen ça inclusive já superando o mesmo Natureza jurídica Quantidade total Grandes negócios 193995 11 Sociedade anônima 167944 09 Sociedade ecomomia mista 12094 01 Empresa pública 13957 01 Pequenos negócios 17712859 985 Menores empresas 5024006 280 Sociedade limitada 4027716 224 Empresa Individual RespLtda EIRELI 996290 55 Empresário individual MEI 12688853 706 Demais 66843 04 Total 17973697 1000 Empresas ativas no Brasil Abril de 2020 Fonte primária Painel Mapa das Empresas Min Economia Posição em 2042021 Contadas apenas empresas ativas Total de abertas era 412 milhões Disponível em httpstinyurlcomyeno7o88 CONJUNTURA MACROECONOMIA 20 Conjuntura Econômica Junho 2021 índice apurado para microempresas e empresas de pequeno porte Faltam políticas públicas e as ações governamentais darem o mes mo salto de qualidade buscando novas soluções e medidas Uma das áreas mais demandadas será a de formação e retreinamento de mão de obra para dar aos trabalhadores brasileiros as habilidades para lidar com o novo normal já consolidado com atuação cada vez mais digital em alguns casos com teletrabalho mesmo depois de vencida a pande mia O Sistema S tem muito a con tribuir nesse esforço podendo atuar em parcerias com órgãos públicos e talvez até com sistemas públicos de ensino sobretudo médio e superior Esse fenômeno do Brasil empre sarial exige uma revisão de conceitos e de análises Antes de tudo é preciso compre ender por exemplo que parcela sig nificativa da renda distribuída pelas empresas na forma de lucro não pas sa da forma pela qual legalmente se remunera o trabalho desenvolvido por seus proprietários geralmente únicos Uma eventual reforma tribu tária exigirá mais estudos e cautela para não se confundir a natureza das rendas e sobretudo dos rentistas Desde o anocalendário de 2007 ano mais antigo que a RFB publi cou lucros abertos por categorias até 2020 o montante de tais rendi mentos isentos declarados por pes soas físicas acumularam um cres cimento real de 229 no período subindo para 1280 se contadas apenas retiradas oriundas de em presas optantes do Simples ver gráfico No mesmo período os ren dimentos tributáveis incluindo sa lários aumentaram apenas 141 Se as rendas oriundas de lucros equivaliam a apenas 15 daquelas submetidas à tabela progressiva em 2007 passaram à casa dos 20 a partir de 2010 mas deram um sal to no último biênio para 235 e 251 em 2018 e 2019 Os pequenos negócios consti tuem um universo cada vez mais amplo e diversificado de ativi dades mas que muitos analistas continuam vendo com uma visão ultrapassada quando não míope Não se pode esperar ou querer que eles evoluam como a cada vez mais velha ideia de que um negócio nascia na garagem de uma casa se transformava numa pequena fá brica de fundo de quintal daí se formalizava com CNPJ e a deseja da produtividade é que passasse a contratar empregados a comprar terrenos e prédios para então se tornar uma grande indústria for mal com enormes instalações físi cas dezenas ou centenas de funcio nários com carteira assinada Sem prejuízo de desejar e ocorrer não é mais esse o paradigma na econo mia moderna a começar que cada vez mais os serviços ocupam o lu gar da indústria da transformação que os computadores contam mais do que as garagens ou os terrenos e que o trabalho passa a ser orga nizado na forma de empresas indi viduais ou de poucos profissionais Os negócios mais bemsucedidos do mundo estão nas nuvens e não mais no campo físico de um terre no ou prédio6 O regime do Simples Nacional in cluindo o MEI constitui um tremen do caso de sucesso na formalização Fonte Sebrae Você vende utilizando redes sociais aplicativos ou internet por exemplo WhatsApp Facebook Instagram etc SIM 559 690 664 674 550 570 590 610 630 650 670 690 710 730 4a ed 0520 5a ed 0620 6a ed 0720 7a ed 0820 9a ed 1120 10a ed 0221 MEI Microempreendedor Individual ME Microempresa faturamento bruto anual de até R 360 mil que não seja MEI EPP Empresa de Pequeno Porte faturamento bruto anual entre R 360 mil e R 48 milhões Pequeno Negócio CONJUNTURA MACROECONOMIA Junho 2021 Conjuntura Econômica 21 de pequenos negócios como atesta do por farta e recente literatura in ternacional7 Em particular organis mos internacionais têm destacado o papel do regime simplificado de tri butação para incentivar o processo de formalização pela sobrevivência de micro e pequenos empreendimen tos Por certo esse regime precisa ser modernizado e realmente simplifica do porém isso exige atenção para a nova realidade dos negócios de sua organização e mesmo de sua estrutu ração e movimentação8 É imprescindível se despir de pre conceitos e realizar pesquisas para atualizar análises e definir novos conceitos que ajudem a remodelar as políticas públicas dadas as gran des transformações estruturais já re alizadas na economia mundial e bra sileira Antes da Covid já era preciso e vinha sendo evitado construir um novo sistema de proteção social dos trabalhadores e não apenas daque les que são empregados com cartei ra assinada que contribuem sobre salários O empreendedorismo exi ge uma visão ampliada e renovada Não é apenas para conseguir traba lho em meio ao desemprego e a de socupação mas deve ser visto como uma promissora fonte de trabalho e de financiamento e organização da seguridade social 1Ver portal em httpstinyurlcomyeno7o88 2O painel contava 412 milhões de empresas abertas em abril de 2020 portanto com um número ainda mais impressionante de empre sas em inatividade ou encerradas 3Disponível em httpstinyurlcomyfzfjne4 4A pesquisa mundial mais conhecida Doing bu siness considera uma mesma empresa padrão para fins de comparar dezenas de países porém esta pouco ou nada tem a ver com um MEI e tal Renda de lucros e dividendos informados pelas pessoas físicas nas declarações anuais 2007 a 2020 Fonte RFB DIRPF Grandes Números Nota Demais empresas referese aos rendimentos isentos classificados como lucros e dividendos recebidos pelo titular e pelos dependentes Simples Nacional referese aos rendimentos isentos classificados como rendimento sóciotitular microempresa ou empresa de pequeno porte Retirada de lucros referese à soma de ambos os rendimentos do Simples Nacional e das demais empresas 100 200 300 400 500 600 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 Em R bilhões correntes Retiradas de lucros Demais empresas Simples Nacional 5 10 15 20 25 30 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 Em do rendimento tributável Retiradas de lucros Demais empresas Simples Nacional CONJUNTURA MACROECONOMIA 22 Conjuntura Econômica Junho 2021 vez até mesmo com uma microempresa do Sim ples Ver em httpstinyurlcomyjeo3ta9 5Ver boletim mensal de arrecadação da RFB 6Essa tese foi mais bem explicada incluindo ci tações biográficas em nosso artigo com Geral do Biasoto e Murilo Viana Pequeno negócio potencial inovador novo normal publicado no Poder 360 em 25102020 Disponível em httpstinyurlcomyxcp6382 7Pode ser interessante reproduzir aqui várias cita ções de estudos recentes publicados no exterior pois parecem ignorados no debate nacional Motivations to formalize Entrepre neurs have found the monotax regime at tractive as it allowed them to access social security services The motivation to oper ate in a formal environment has also been very important In Brazil the monotax regime enables entrepreneurs to operate formally which in turn opens opportuni ties to benefit from various public policies designed for IME Motivations and capacity to formal ize Monotax regimes for ownaccount workers and MSEs which are based on a monotax system can make an important contribution to formalization of enter prises and workers Small entrepreneurs have indicated that access to social secu rity and advantages of operating formal ly are their main motivations to enroll under these regimes The simplicity of administrative procedures and predict ability of payments are important suc cess factors Fonte Simples National Monotax Regime for OwnAccount Workers Micro and Small Entrepreneurs Experiences from Brazil International Labour Organization 2019 Disponível em httpswwwiloorgwcmsp5 gro ups p ub lic e d e mp empentdocumentspublication wcms715864pdf This can also be an excellent opportu nity to accelerate government regulatory reform and reduce the excessive costs of doing business in Brazil Implementing and accelerating reforms to improve insol vency procedures firm registry and minor ity investor protection is critical to ensure the survival of profitable firms easing la bor costs and firm exit in an expedited way and especially facilitating entry of new firms creating new employment Fonte MORENO Rafael Muñoz How to support MSMEs so they overcome the COVID19 shock 2020 Disponível em httpswwwworldbankorg en news opinion 2020 0710 brazilhowsupportmicrosmall mediumenterprisesovercome covid19coronavirusshock For Brazil Fajnzylber Maloney and Mon tesRojas 2011 show that tax reductions and simplification led to a significant in crease in formal firms with higher levels of revenue and profits Fonte IMF Fiscal Monitor Achieving More with Less April 2017 April 2017 Pg 57 Disponível em https wwwimforgenPublicationsFM Issues20170406fiscalmonitor april2017 I am only aware of one rigorous within country study that investigates the impact of a reform that simplified tax regulation This paper Fajnzylber Maloney and Mon tesRojas forthcoming shows that the introduction of the SIMPLES tax regime in Brazil increased the share of micro firms that are registered with the tax authori ties by 72 percentage points from only 13 percent before the reform to 202 percent after the reform The authors also find that the SIMPLES increased firms sales by 37 percent While SIMPLES consolidated six separate federal tax and social security payments into a single monthly Payment thus lowering the regulatory burden of taxes it also reduced the tax rate by up to 8 percent of annual revenue for both mi cro and small firms It is therefore not clear to what extent we can attribute the mea sured effect to simplifying regulation vs lowering tax rates Fonte BRUHN Miriam What Do We Know about the Impact of Tax Reforms on Private Sector Development World Bank Blog 2011 Disponível em httpsblogsworldbankorg allaboutfinancewhatdoweknow abouttheimpactoftaxreformson privatesectordevelopment The placebo results indicate the program was not effective in increasing formaliza tion rates of small firms however one should be cautious before jumping to that conclusion The analysis suggests that the data used in both Fajnzylber et al 2011 and Monteiro and Assunção 2012 do not allow for a clean identification strategy that could inform the impact of SIMPLES on firms formalization decisions and per formance The impact of this program on formalization rate of firms thus remains an open question Fonte PIZA Caio Out of the shadows Are firms more likely to formalize through tax simplification programs World Bank Blog 2016 Disponível em httpsblogsworldbankorg developmenttalkoutshadowsare firmsmorelikelyformalizethrough taxsimplificationprograms Brazil also operates two important prefer ential tax and regulatory regimes for SMEs Simples Nacional and the Micro Empreend edor Individual MEI Simples Nacional is the main federal policy for SMEs to the extent that 65 of Brazilian companies op erate under this regime which accounts for onequarter of federal tax exemptions MEI which is much smaller than Simples Nacio nal is mostly aimed at ownaccount workers Both policies have encouraged the formali sation and survival of micro and small enter prises Some elements of both could be re formed within the context of a broader fiscal reform of the corporate tax system Going forward any reform of Simples Nacional should go hand in hand with an overall reform of the Brazilian tax system to make the latter simpler and less costly for all businesses A mere abolition of Sim ples Nacional could indeed push micro and small companies towards the informal sector defeating any eventual purpose to increase tax revenues Fonte OECD 2020 SME and Entrepreneurship Policy in Brazil 2020 OECD Studies on SMEs and Entrepreneurship OECD Publishing Paris Disponível em httpswww oecdorgpublicationssmeand entrepreneurshippolicyinbrazil 2020cc5feb81enhtm 8Complementando as citações internacionais vale mencionar que o artigo de Caio Piza mui to bem fundamentado e estruturado ainda que publicado em 2018 tomou por base um painel de dados de 1996 quando o Simples era só um regime federal e recémmontado Sequer tinha sido criado o regime nacional do Simples compreendendo também ICMS e ISS e ainda era muito restrito o rol de atividades passíveis de enquadramento The main finding of this paper suggests that the program did not affect formaliza tion rates The large effects of the program on formalization rates found previously were likely confounded by measurement error in the assignment variable and seasonal shocks that affected more intensely the sectors that the reform initially targeted Fonte Piza Caio Out of the Shadows Revisiting the impact of the Brazilian SIMPLES program on firms formalization rates Journal of Development Economics 134 2018 Disponível em httpswwwresearchgatenet publication327372265Outofthe ShadowsRevisitingtheimpactof theBrazilianSIMPLESprogramon firmsformalizationrates fgavbrmba MACROECONOMIA 24 Conjuntura Econômica Junho 2021 A geração de empregos deve ser um dos maiores objetivos das políticas públicas No Brasil essa opção é ainda mais premente em função de nossos indicadores de distribuição de renda pobreza deterioração do mercado de trabalho e desemprego Além de atentar para a quantidade devese buscar também melhorar a qualidade dos postos gerados Daí decorrem duas perguntas o que são bons empregos E onde estão os bons empregos Primeiro é importante esclarecer que o conceito de emprego na ver dade não expressa a amplitude do mundo de trabalho atual As pessoas exercem suas atividades de diversas formas com ou sem vínculo direto a uma organização e cada vez mais elas constituem a sua própria organi zação Assim é mais correto adotar mos o conceito de ocupação como vêm fazendo as diversas pesquisas sobre o mercado de trabalho Dito isso podemos definir em linhas ge rais uma boa ocupação como aquela em que é auferida uma remuneração razoável com relativa previsibilida de temporal seja em função de uma relativa estabilidade no exercício da atividade ou da remuneração perce distorcer significativamente as remu nerações e mesmo o total de ocupa ções como fim de ano férias ou perí odos de recomposição de estoques A primeira etapa da análise cujos resultados estão inseridos na tabela 1 referese ao número de ocupações que cada setor oferta e por consequên cia o tipo de trabalhador que o setor demanda e a distribuição dos ocupa dos entre os setores e tais ocupações Os setores que mais empregam no Brasil coluna 1 são o comércio a manufatura de baixo e médiobaixo conteúdo tecnológico a agricultura e a pecuária a construção educação e serviços domésticos Porém a quan tidade de postos de trabalho gerados que de toda forma é um dado im portante ainda mais em um país po puloso como o Brasil não está asso ciada necessariamente a uma maior qualidade dos mesmos Habilidade e conhecimento É importante que um setor gere uma certa diversidade de ocupações do contrário as oportunidades de traba lho para pessoas com habilidades e conhecimentos distintos serão redu zidas Nesse sentido o setor que ofer Onde estão os bons empregos Nelson Marconi Coordenador executivo do Fórum de Economia da FGV e professor da FGV EAESP bida e exercida em condições de trabalho satisfatórias Como já argumentei diversas vezes neste espaço os requisitos para classi ficarmos a qualidade de uma ocupa ção como satisfatória não são obser vados de modo equânime em todos os setores produtivos de uma economia Além de demandarem trabalhadores em quantidades e com qualificações distintas o tipo de vínculo as remu nerações praticadas e mesmo a esta bilidade e condições para o desenvol vimento das atividades são diferentes intersetorialmente Vou buscar neste artigo mostrar como esse argumento é verdadeiro e identificar os setores que ofertam as melhores ocupações com base em alguns critérios que não se esgotam neste pequeno artigo Agrupei as atividades produtivas em 28 setores de acordo com suas características e identifiquei a relação de ocupações existentes em cada um deles A análise parte dos microdados da Pnad referentes ao terceiro trimes tre de 2019 para evitar a incorpora ção dos efeitos da pandemia de 2020 para frente que alteraram bastante o cenário E por que escolhi o terceiro trimestre Porque é um período em que não há nenhum evento que possa CONJUNTURA MACROECONOMIA Junho 2021 Conjuntura Econômica 25 ta um número maior de ocupações diferenciadas mensurado pela rela ção entre o número de denominações de ocupações ofertadas pelo setor e o total de denominações incluídas na Pnad coluna 2 é a manufatura de baixa e média tecnologia seguida pelo comércio administração pública e atividades profissionais científicas e técnicas Adicionalmente construí outro indicador buscando captar a concentração de pessoas nas ocupa ções Primeiramente foi identificada na coluna 3 a quantidade de ocupa ções em cada setor que incluem pelo menos 10 do total de ocupados em cada setor Em seguida na coluna 4 foi estimado o percentual de ocupa dos em cada setor que está concen trado em tais ocupações Tal percen tual é bastante elevado para serviços Tabela 1 1 2 3 4 Participação do setor no total de ocupados Relação entre o número de ocupações existentes no setor e o total geral de denominações de ocupações em Número de ocupações cuja participação no total de ocupados do setor é maior que 10 Participação de ocupados nessas ocupações maiores que 10 por setor 1 Agricultura e pecuária 91 299 3 672 2 Extrativa mineral 03 280 2 214 3 Petróleo extração e refino 01 196 0 00 4 Manuf baixamédia tecnologia 95 582 0 00 5 Manuf alta médiaalta tecn 19 400 0 00 6 Eletricidade e gás 02 213 2 250 7 Água e gestão de resíduos 07 257 2 482 8 Construção 73 376 2 577 9 Comércio 188 507 2 313 10 Transp armaz e correio 52 376 2 473 11 Alimentação 54 222 2 334 12 Mídias não digitais 02 152 3 397 13 Telecomunicações 04 208 1 172 14 Tecn e serviço de informação 09 229 2 254 15 Finanças 14 271 3 398 16 Atividades imobiliárias 06 199 1 480 17 Ativ prof científicas e técnicas 35 446 1 211 18 Atividades administrativas 20 395 1 172 19 Alojamento serviço turismo 06 229 3 440 20 Vigilância seg manut de edif 23 255 3 752 21 Admpúb defesa e seg social 53 495 1 160 22 Educação 71 409 3 436 23 Saúde e serviços sociais 51 364 1 185 24 Cultura esporte e lazer 11 313 2 318 25 Organizações associativas 05 248 2 396 26 Serviços pessoais 35 315 2 673 27 Serviços domésticos 68 40 1 759 28 Organizações internacionais 00 21 3 558 29 Atividades mal definidas 00 42 1 385 CONJUNTURA MACROECONOMIA 26 Conjuntura Econômica Junho 2021 domésticos pessoais vigilância se gurança e manutenção de edifícios agropecuária e mesmo na constru ção Assim apesar de alguns deles gerarem uma quantidade considerá vel de empregos o fazem de maneira concentrada em poucas ocupações restringindo o acesso a trabalhadores que possuam um conjunto específico de atributos Já os setores que não possuem ocupações que concentrem 10 ou mais do total de ocupados do setor ou possuem uma concen tração pequena nas ocupações com tais características são a manufatura o setor petroleiro a administração pública a saúde e serviços sociais as atividades administrativas profissio nais técnicas e científicas e as teleco municações que despontam assim como setores com capacidade para contratar pessoas com um leque mais amplo de habilidades Na segunda etapa desta análise notase inicialmente que os setores que mais contratam não são aqueles que praticam as melhores remune rações Há um tradeoff entre esses dois indicadores no caso brasileiro em função da regressão em nossa es trutura produtiva se a composição setorial da produção fosse diferen te com ênfase em bens e serviços mais sofisticados tecnologicamente possivelmente ambos evoluiriam na mesma direção Seria o ideal A tabela 2 nos possibilita identifi car os setores que praticam as maio res remunerações Observase que a remuneração média geral da econo mia bem como a estimada para os diversos setores é bem distinta da mediana refletindo a péssima dis tribuição da renda no país colunas 1 e 2 Com exceção de serviços do mésticos todos os setores apresen tam médias superiores à mediana possivelmente indicando que a parte superior da distribuição de salários inclui valores bastante elevados Porém o ordenamento dos seto res no tocante ao rendimento re lativo de seus trabalhadores segue o mesmo padrão para a média e a mediana colunas 3 e 4 Os setores que praticam os melhores salários relativos são o petroleiro o extrati vo mineral a manufatura de média e médiaalta tecnologia eletricidade e gás todos os chamados serviços mo dernos e a administração pública saúde e educação Outro critério de análise escolhido é a proporção de ocupações dentro de cada setor que pratica salários su periores à média tornando possível analisar não apenas a média remu neratória de um setor mas também a quantidade de posições ofertadas que remuneram adequadamente coluna 5 que também é maior nos setores que praticam melhores remunerações médias relativas com exceção de ativi dades administrativas e imobiliárias A partir desses indicadores ini ciais é possível apontar alguns seto res que parecem gerar bons empre gos considerando como critério as remunerações praticadas os ligados à indústria extrativa incluindo pe tróleo manufatura de média e alta tecnologia utilidades públicas servi ços modernos administração públi ca educação e saúde Destes alguns também vêm gerando um volume de empregos satisfatório e ao mesmo tempo diversificado administração pública educação e saúde sendo que estes dois últimos apresentam grande potencial de crescimento No tocante aos demais setores que praticam boas remunerações para diversas ocupa ções políticas públicas serão necessá rias para estimular a sua maior parti cipação no emprego lembrando que há forte complementaridade entre a produção e modernização da manu fatura de médioalto e alto conteúdo tecnológico e a demanda pelos cha mados serviços modernos Há um grupo de setores com ca racterísticas intermediárias isso é eles geram empregos em quantida de satisfatória e pagam remunera ções próximas ou pouco abaixo da média geral e também apresentam uma diversidade razoável de ocupa ções São eles a manufatura de bai xa e médiabaixa tecnologia o co mércio o alojamento e serviços de turismo transporte armazenamen to e correios atividades administra tivas cultura esporte e lazer e até mesmo a construção Alguns desses setores poderiam ser facilmente es timulados sem investimentos tec nológicos onerosos mesmo porque alguns aproveitam vantagens com parativas de nosso país e gerariam postos de trabalho com característi cas medianas para um contingente expressivo de pessoas exercendo um papel relevante nas políticas de geração de empregos Por fim os setores cuja oferta de postos de trabalho está concentra da em poucas ocupações e praticam baixas remunerações são serviços domésticos pessoais vigilância se gurança e manutenção de edifícios serviços de alimentação e agropecu ária Alguns deles estão entre os que mais geraram postos de trabalho no Brasil antes da pandemia reforçan do o argumento que aponta para a precarização de nosso mercado de trabalho e sua associação com a re gressão da estrutura produtiva CONJUNTURA MACROECONOMIA Junho 2021 Conjuntura Econômica 27 Os dados apresentados eviden ciam as diferenças setoriais no to cante à capacidade de gerar bons empregos e a decorrente necessida de de políticas setoriais de estímulo produtivo para melhorar a compo sição e a qualidade das ocupações no Brasil Outros indicadores tam bém são importantes para analisar esse quadro como o tipo de vínculo empregatício caso exista o tempo médio de permanência dos trabalha dores em suas atuais ocupações e sua escolaridade média por questões de espaço serão discutidos em um pró ximo artigo complementando esta análise Por enquanto já temos bons indícios de caminhos que poderiam ser trilhados para aprimorar as ca racterísticas do mercado de trabalho no Brasil Tabela 2 1 2 3 4 5 Rendimento médio no setor Rendimento mediano no setor Rend médio setorrend médio geral Rend mediano setorrend mediano geral Relação entre o número de ocupações no setor cujo rendimento relativo é superior à média geral e o número de ocupações existentes no setor 1 Agricultura e pecuária 1258 850 056 061 026 2 Extrativa mineral 2949 2000 132 143 056 3 Petróleo extração e refino 9175 6000 410 429 081 4 Manuf baixamédia tecn 1901 1400 085 100 036 5 Manuf alta médiaalta tecn 3471 2000 155 143 056 6 Eletricidade e gás 4730 2600 211 186 063 7 Água e gestão de resíduos 1892 1200 085 086 046 8 Construção 1727 1200 077 086 038 9 Comércio 1849 1300 083 093 029 10 Transp armaz e correio 2210 1700 099 121 046 11 Alimentação 1383 1000 062 071 018 12 Mídias não digitais 4316 2000 193 143 060 13 Telecomunicações 2531 1600 113 114 046 14 Tecn e serviço de inf 4699 2500 210 179 052 15 Finanças 5129 3000 229 214 067 16 Atividades imobiliárias 3604 2000 161 143 034 17 Ativ prof científicas e técn 4083 2500 182 179 058 18 Atividades administrativas 1824 1300 081 093 031 19 Alojamento serviço turismo 2270 1400 101 100 032 20 Vigil seg manut de edif 1594 1300 071 093 035 21 Admpúb defesa e seg social 4478 2700 200 193 064 22 Educação 2848 2000 127 143 050 23 Saúde e serviços sociais 3524 1900 157 136 046 24 Cultura esporte e lazer 2052 1500 092 107 031 25 Organizações associativas 2391 1700 107 121 041 26 Serviços pessoais 1427 1000 064 071 024 27 Serviços domésticos 890 998 040 071 012 28 Organizações internacionais 6578 4300 294 307 100 29 Atividades mal definidas 1364 700 061 050 028 Total geral 2238 1400 28 Conjuntura Econômica Junho 2021 MACROECONOMIA O resultado positivo do PIB do pri meiro trimestre divulgado pelo IBGE de crescimento de 12 em relação ao quarto trimestre do ano passado e de 1 em relação ao mesmo perí odo de 2020 levou muitos agentes do mercado financeiro a reduzir o pessimismo quanto a 2021 Algumas revisões anunciadas na primeira semana de junho aponta ram para uma expansão da econo mia brasileira superando os 5 este ano Um salto significativo se com parado à mediana de 321 regis trada no relatório de mercado Focus do início de maio Nas projeções iniciais o primeiro trimestre era tido como desafiador para a maioria dos analistas poden do fechar em terreno contracionis ta Com o agravamento da segunda onda de Covid19 o teste para a pouco mais cautelosa sobre o PIB de 2021 O viés para o crescimen to sem dúvida é de alta Mas o nível de incerteza que observamos hoje torna prematuro cravar uma taxa de 5 diz Livio Ribeiro pesqui sador associado do FGV IBRE afir mando ser prudente esperar a che gada dos primeiros dados oficiais de abril e maio antes de apostar em um panorama mais otimista Silvia Matos coordenadora do Boletim Macro IBRE reforça o coro Um crescimento de 5 ou mais não é inviável mas ainda não é o cenário base declara A economista res salta a heterogeneidade verificada na decomposição do resultado do primeiro trimestre especialmente quando equiparado ao desempenho da economia no último trimestre de 2019 Nessa comparação o segmento de outros serviços que incluem atividades como turismo entretenimento alimentação fora de casa e serviços pessoais ainda registra queda de 95 ressalta Em contrapartida atividades finan economia foi ainda maior Mas di versos setores demonstraram estar mais bem adaptados às restrições impostas pela pandemia do que se esperava da mesma forma que se beneficiaram de uma menor rigidez nas medidas de isolamento do que o verificado no ano passado Adolpho Sachsida secretário de Política Eco nômica do Ministério da Economia avalia que essa reação da atividade comprova o acerto na previsão do governo de que a retirada do auxí lio emergencial não impactaria tão intensamente o agregado da econo mia confirmando a retomada em V apontada pelo ministro Paulo Guedes no ano passado Se continuarmos insistindo nas medidas que deram certo e mantivermos a estratégia de consolidação fiscal e reformas pró mercado certamente conseguiremos um bom ano declarou em webinar promovido pelo Observatório do Fe deralismo Brasileiro do Governo do Ceará dia 46 Pesquisadores do FGV IBRE por sua vez mantêm uma visão um Para os 5 e avante Surpresa no resultado da atividade do primeiro trimestre aquece o debate sobre os limites da expansão econômica para 2021 Solange Monteiro do Rio de Janeiro Junho 2021 Conjuntura Econômica 29 CONJUNTURA MACROECONOMIA Heterogeneidade da recuperação em V PIB 1o tri de 2021 vs 4o tri de 2019 com ajuste sazonal em ceiras estão 52 acima do nível verificado no fim de 2019 resul tado provavelmente relacionado à desmonetização da economia esti mulada pelas restrições de circula ção com aumento de uso de outros meios de pagamento Silvia aponta que outros ser viços junto a serviços públicos correspondem à metade do PIB de serviços Quando comparadas com o mesmo trimestre de 2020 essas atividades ainda registraram queda de 44 e 76 no primeiro tri No caso dos serviços públicos como saúde e educação apesar de virem abaixo do que esperáva mos há menos com o que se pre ocupar porque são atividades com demanda garantida Em geral para voltar a funcionar não dependem de outras determinantes que não seja a contenção da pandemia lembra Silvia No caso de ou tros serviços grande empregador do país há muitas dúvidas sobre quando e como será sua recupe ração levando em conta possíveis mudanças estruturais em várias ati vidades especialmente aquelas que ampliaram a digitalização de suas operações para sobreviver Para se recuperar além do controle da pandemia estas também depende rão da disposição e condição da população em gastar completa Silvia lembrando que o consumo das famílias apresentou acomoda ção no primeiro trimestre a con juntura é de desemprego e inflação altos com estimativa de que a base de rendimentos registre recuo este ano em relação a 2020 Acho que do lado do consumo ainda haverá desafios para se alcançar resultados positivos especialmente quanto à recuperação do mercado de trabalho afirma recordando as atuais cifras de 148 milhões de desempregados e outros 6 milhões de desalentados Silvia também lembra que os indicadores de con fiança do consumidor produzidos pelo FGV IBRE têm se mantido em nível muito baixo em termos histó ricos reforçando o diagnóstico de um consumidor preocupado com a pandemia e cauteloso nos gastos Ribeiro lembra que atacar esses pontos vulneráveis da economia ainda depende do aumento da va cinação e do controle do contágio Entre os agentes que estimam PIB acima de 5 parece que a expec tativa é de que tudo estará equacio nado em agosto quando me parece impossível uma normalização sa nitária antes da virada do terceiro para o quarto trimestre afirma Pessôa por sua vez aponta que o risco é de que essa normalização não chegue antes que a indústria dê sinais de desaquecimento Até agora tivemos uma substituição da demanda de serviços pela de bens duráveis mas ninguém comprará carro todo mês diz lembrando que a previsão do varejo para o co mércio de bens como móveis e ele trodomésticos em abril e maio já é de desaceleração Para que a troca de bastão entre indústria e serviços ocorra de forma suave sem en gasgo é importante que condições sanitárias sejam dadas reforçou indicando que qualquer descom passo terá impacto sobre o PIB Ao Agropecuária 58 Atividades financeiras de seguros e serviços relacionados 52 Atividades imobiliárias 46 Indústrias de transformação 43 Informação e comunicação 37 Comércio 34 Eletricidade gás água esgoto atividade de gestão de resíduos 24 PIB total 0 Transporte armazenagem e correio 11 Construção 29 Indústrias extrativas 39 Administração defesa saúde e educação públicas e seguridade social 45 Outras atividades de serviços 95 Fonte IBGE 30 Conjuntura Econômica Junho 2021 CONJUNTURA MACROECONOMIA que ainda se soma lembra Ribeiro a pressão inflacionária que tam bém jogará contra uma recupera ção mais acelerada Começaremos o segundo semestre com a inflação acima de 8 Isso tem influência na renda disponível e precisa ser colo cado na conta diz Silvia afirma que por agora a estimativa para o PIB de 2021 do FGV IBRE é de 46 Para o se gundo trimestre nossa projeção de crescimento é de 126 em relação a 2020 lembrando que o segun do trimestre do ano passado foi o mais crítico para a economia com queda de 109 diz Os indi cadores divulgados pelo IBRE em maio dão mais algumas luzes sobre como a atividade deverá se com portar no segundo trimestre Nesse mês comércio e serviços puxaram a alta da confiança com melhora na percepção da situação corrente e a indústria permaneceu em terre no positivo pelo nono mês seguido Um detalhe observado pela equipe do FGV IBRE entretanto é de que a melhora dos resultados da con fiança empresarial em maio se deu especialmente pela migração de res postas desfavoráveis para o terreno neutro indicando mais uma redu ção do pessimismo do que efetiva mente um aumento do otimismo Outro dado que aponta a cautela na interpretação dos resultados é o Indicador de Incerteza da Economia produzido pelo IBRE que demons tra melhora mas ainda permanece acima do nível prépandemia bem como do nível médio observado de 2015 a 2019 que já era historica mente elevado Livio Ribeiro também aponta os possíveis desafios que o contexto in ternacional imporá à retomada bra sileira Primeiramente pelo atraso da normalização sanitária em relação aos países desenvolvidos que reto mam sua atividade em um cenário no qual ainda predomina a desorganiza ção de cadeias globais de produção ampliando a pressão por insumos em disponibilidade e preço Ele ain da ressalta que os ventos da política monetária começam a virar com dis cussões cada vez mais intensas não necessariamente mais organizadas sobre ajustes Isso não chega a Fonte IBGE Comparação PIB x consumo das famílias x FBCF Taxa acumulada em quatro trimestres 98I 99I 00I 01I 02I 03I 04I 05I 06I 07I 08I 09I 10I 11I 12I 13I 14I 21I 15I 16I 20I 19I 18I 17I 98III 99III 00III 01III 02III 03III 04III 05III 15III 16III 17III 20III 19III 18III 06III 14III 07III 13III 08III 12III 11III 09III 10III 200 00 160 120 80 40 40 80 120 160 200 PIB Consumo das famílias Formação bruta de capital fixo 20 38 57 Junho 2021 Conjuntura Econômica 31 CONJUNTURA MACROECONOMIA implicar elevação de juros no curto prazo mas o início de tapering re dução gradual de políticas monetá rias expansivas em países intensivos em commodities como o Canadá exemplifica No Brasil a normaliza ção monetária teve de acontecer an tes da econômica o que traz um peso adicional ao processo de retomada Atraso na situação sanitária pres são inflacionária devido ao não fun cionamento do câmbio como canal usual de compensação ao aumento das commodities e choques político institucionais são questões que ainda aumentam a percepção de risco no Brasil mas também em outros países sulamericanos região reconhecida como de baixa resiliência a choques dessas características afirma Silvia reitera que a avaliação da economia em 2021 ainda é um ter reno difícil de trafegar e que a pers pectiva para 2022 ainda é de ativi dade fraca A estimativa atualizada do FGV IBRE para o PIB de 2022 é de 16 refletindo um cenário ainda delicado de recuperação pelo lado da demanda Neste começo de ano vimos uma alta de investimen tos influenciada pela importação de plataformas de petróleo em parte associadas a mudanças no regime aduaneiro Repetro que é um efei to não recorrente E o espalhamento dessa melhora dependerá de preços relativos diz Com câmbio des valorizado ainda que este tenha re gistrado uma melhora na margem o custo fica alto Só setores muito fa vorecidos estarão dispostos a gran des ciclos de investimento diz No consumo das famílias Silvia soma à lista dos desafios mencionados a tendência de perda de fôlego no ciclo de crédito com piora nas condições de oferta devido ao aumento de ju ros provocada pela alta da inflação Nas estimativas do IBRE este ano o IPCA deverá fechar acima da meta em 6 e em 37 em 2022 Será um cenário desafiador para a polí tica monetária sob um contexto de forte inflação de administrados de 10 este ano e 5 no ano que vem com a atividade e o emprego ain da se recuperando conclui Cadeias de valor desorganizadas pressionam a inflação Inflação ao produtor anualizado 0 4 8 8 12 16 20 24 28 32 4 Jan14 Jan15 Jan16 Jan17 Jan18 Jan19 Jan20 Jan21 Jul20 Jul19 Jul18 Jul17 Jul16 Jul15 Jul14 EUA Zona do Euro China México Brasil RSA 295 95 43 68 32 52 Fonte Bloomberg Estratégia das economias desenvolvidas para bancar a ContaCovid traz implicações para a inflação e a política monetária 0 20 40 60 80 100 120 140 14 12 10 8 6 4 2 0 16 08 2000 92 84 76 68 60 52 44 36 28 20 12 1904 96 88 1880 Taxa de juros de longo prazo eixo da direita 1a Guerra Mundial 2a Guerra Mundial Grande Depressão Crise financeira global Lockdown pela Covid19 Dívida eixo da esquerda Fonte FMI PROTEÇÃO SOCIAL 32 Conjuntura Econômica Junho 2021 Solange Monteiro do Rio de Janeiro Projetos para revisão do sistema de proteção social voltam à pauta para responder a velhos e recentes desafios no combate à pobreza Um novo Bolsa Família Nos últimos anos a população bra sileira economicamente mais vul nerável tem vivido em uma ingrata montanharussa De 2014 até 2017 ano em que o país começou a se re cuperar de uma de suas piores reces sões 63 milhões de pessoas caíram na pobreza relativa a menos de R 82 ao dia conforme cálculo do FGV Social totalizando 233 milhões Até 2019 esse número ainda subiu para 24 milhões Quando a pande mia chegou e junto dela a primeira etapa do auxílio emergencial que benefi CAPA PROTEÇÃO SOCIAL Junho 2021 Conjuntura Econômica 33 ciou 67 milhões de pessoas com ao menos R 600 parte desses brasi leiros conseguiu uma melhora tem porária em sua condição de vida e em agosto as pessoas em situação de pobreza eram menos da metade do registrado antes do choque sanitário Com a redução do valor do auxílio e logo o fim do programa entretan to essa cifra não só voltou a cres cer como superou o nível de 2019 somando 35 milhões de pessoas em abril ainda segundo o FGV Social com dados da Pnad Contínua Até agosto quando for distribuí da a última cota da nova rodada de auxílio parte dessas pessoas ainda contará com algum alívio adicio nal Mas mesmo que o crescimento da atividade econômica no primei ro trimestre deste ano tenha sur preendido o país ainda demandará vários meses até alcançar um nível de vacinação adequado para conter o contágio permitir a normaliza ção da economia e dessa forma ampliar as possibilidades de gera ção de renda Se nenhuma extensão do auxílio acontecer será inadiável a definição de como readequar as políticas sociais permanentes para dar conta do aumento da pobreza no país e seus novos desafios o que inclui a interação com demandas trazidas pelas mudanças estrutu rais no mundo do trabalho inten sificadas pela pandemia Depois de um primeiro trimestre no vácuo o debate sobre reformula ção do Bolsa Família carrochefe das políticas não contributivas de transferência de renda ressurgiu a partir de abril em três frentes A primeira com a decisão do Supremo Tribunal Federal STF pela defini ção do valor da Renda Básica de Ci dadania ver pág 40 lei que existe desde 2004 e prevê o pagamento de uma renda mínima universal a todo cidadão residente no Brasil há pelo menos 5 anos A determinação do STF indica que a lei deve ser cum prida respeitando as regras fiscais sendo neste momento destinada a brasileiros em extrema pobreza com renda per capita entre R 89 e R 178 A decisão de forma e valo res terá de ser tomada pelo Executi vo ainda este ano para implementa ção a partir de 2022 Outro impulso partiu do Sena do com a colocação em pauta do projeto que cria a Lei de Respon sabilidade Social LRS programa de autoria do senador Tasso Jereis sati PSDBCE que prevê a substi tuição das transferências do Bolsa Família pelo Benefício de Renda Mínima BRM e que lança dois benefícios adicionais a CAPA PROTEÇÃO SOCIAL 34 Conjuntura Econômica Junho 2021 Poupança Mais Educação focada no combate à evasão escolar e a Poupança Seguro Família que visa servir como um seguro para o tra balhador informal em caso de per da de renda Do lado do Executivo também houve o anúncio de uma proposta ainda não oficializada de reformulação do Bolsa Família que a princípio seria rebatizado de Emancipação Cidadã teria am pliados o orçamento o benefício e o número de famílias beneficiadas e contaria com novidades como uma linha de microcrédito auxí liocreche e auxílio a beneficiários das áreas rurais que se capacitem para se tornar pequenos produto res O plano do governo é aprovar o projeto ainda em 2021 já que há impedimentos legais para aumento de despesas desse gênero em anos eleitorais o que comprometeria sua vigência em 2022 Ainda que não sejam iniciativas necessariamente convergentes es pecialistas consideram um movi mento positivo para se retomar essa agenda Se hoje existe algum con senso entre analistas e pesquisado res é que a desigualdade a pobre za a informalidade e o desemprego estão aumentando e já devíamos ter avançado nessa discussão diz Manoel Pires pesquisador associa do do FGV IBRE Marcelo Neri diretor do FGV Social também ressalta a importância de um movi mento para revisar o Bolsa Família BF Mesmo sendo um programa de última geração o BF também tem que aprender com sua própria história e precisa disso diz Mas expressa preocupação pelo timing do processo Obviamente a pan demia impõe um senso de urgên cia Mas essa é uma discussão que transcende a excepcionalidade da crise sanitária e nesse sentido a ur gência pode atrapalhar Incremental ou radical Um dos principais desafios nesse processo é ter de buscar ganhos em um time vencedor Em termos de focalização e redução da desigual dade o BF não parou de melhorar mesmo depois de sua expansão diz Luiz Henrique Paiva pesqui sador do Ipea Levantamento do qual é coautor divulgado em junho de 2020 mostra que entre 2012 e 2018 o BF reduziu a desigualdade com aumento da focalização das transferências nos grupos de menor renda Esse resultado é verificado tanto quando medido por percentu al de beneficiário quanto por valor de benefícios Comparada a outros países da América Latina a focali zação do programa do Brasil fica 0 5 50 10 15 100 20 25 150 30 35 200 40 45 250 50 445 254 142 77 42 19 12 06 03 01 Décimo décimo Nono décimo Oitavo décimo Sétimo décimo Sexto décimo Quinto décimo Quarto décimo Terceiro décimo Segundo décimo Primeiro décimo Percentual da massa de rendimentos dos benefícios do PBF Benefício médio do PBF escala da direita Limite inferior Limite superior R 199 R 177 R 153 R 199 R 137 R 131 R 127 R 124 R 117 R 126 129 147 165 R 140 105 114 Fonte Pnad ContínuaIBGE 2018 Décimos estimados a partir da renda domiciliar per capita líquida de rendimentos não monetários e dos valores do programa Bolsa Família foco nos mais pobres em CAPA PROTEÇÃO SOCIAL Junho 2021 Conjuntura Econômica 35 atrás apenas de Peru e Panamá Tal desempenho diz Paiva mostra que não haverá caminho fácil para am pliar a cobertura e eficiência dessa política Aumentos orçamentários na margem só trarão melhorias na margem diz lembrando que dos 15 do PIB gastos com o sistema de proteção social brasileiro só o 04 representado pelo Bolsa Fa mília que é o de maior impacto contra a pobreza é submetido à disponibilidade orçamentária li mitando o número de beneficiários conforme a existência de recursos Para Paiva ampliar a responsabili dade social do programa passaria antes de tudo por proteger os bene fícios do BF contra a inflação defi nindo critérios de reajuste e perio dicidade em lei reajustar as linhas de elegibilidade que são monetárias pela inflação definindo índice e pe riodicidade também em lei e acabar com as filas de espera para adesão ao Bolsa Família A princípio a proposta do go verno é ampliar o orçamento do programa dos R 35 bilhões previs tos para este ano a R 50 bi e com isso somar cerca de 19 milhão às 146 milhões de famílias atualmen te beneficiadas pelo programa que receberiam R 250 mensais Antes da pandemia a fila de espera para entrada no BF já beirava 1 milhão de famílias O valor mensal tanto do auxíliocreche quanto ao benefi ciário rural de acordo ao divulgado na mídia seria de R 250 No caso do voucher para creches Laísa Ra chter pesquisadora do FGV IBRE diz que é difícil fazer uma avalia ção sobre o impacto da iniciativa Fontes ASPIREWorld Bank 20122016 Pnad ContínuaIBGE 2018 Bolsa Família comparado a seus pares latinoamericanos de beneficiários que se encontram entre os 20 de menor renda per capita 518 270 655 463 405 453 468 292 517 749 744 604 422 00 100 200 300 400 500 600 700 800 Argentina Bolívia Brasil Chile Colômbia Costa Rica Equador Guatemala México Panamá Peru Paraguai Uruguai Amortecer quedas Projeto da Lei de Responsabilidade Social prevê seguro para trabalhador informal CAPA PROTEÇÃO SOCIAL 36 Conjuntura Econômica Junho 2021 sem ter os detalhes da proposta O valor é inferior ao mínimo conside rado no Fundeb por aluno de cre che integral em torno de R 408 para grandes cidades o que indica que não será suficiente para cobrir a mensalidade desse serviço afir ma E a princípio não há nenhu ma diretriz clara sobre os padrões a serem exigidos estrutura mínima que a creche deverá oferecer con trole do número de crianças por turma diretrizes de segurança São questões importantes relacionadas à qualidade do acesso que estavam presentes por exemplo no Progra ma Brasil Carinhoso compara Outro fator destacado por Laísa são as notícias veiculadas de que os planos do governo para o progra ma são reduzir o papel dos Centros de Referência em Assistência Social CRAs no processo de inclusão no Cadastro Único e pedido do bene fício migrandoo para aplicativos aproveitando a experiência do au xílio emergencial Modernizações são sempre bemvindas pois podem aprimorar a qualidade da adminis tração dos dados o que é sempre bom para a avaliação e elabora ção de políticas públicas Mas essa adoção deve ser complementar ao trabalho dos CRAs defende Laí sa O processo de cadastramento no CadÚnico é longo e complexo é bom ser acompanhado de um as sistente social que ajudará a com preender as necessidades daquela família Além do fato de que nem todos têm qualidade de conexão e conhecimento para lidar com o aplicativo o que poderia reforçar a desigualdade no acesso Para uma aprovação célere como a desejada pelo governo será preciso encontrar espaço orçamentário para encaixar o gasto excedente Um de safio que reflete na opinião de espe cialistas o descaso com que o tema foi tratado na discussão orçamentá ria de 2021 O aprimoramento da rede de proteção social não entrou no debate Sequer para negociar com parlamentares que abrissem mão de parte dos recursos das emendas em favor de uma assistência mais robus ta diz Fernando Veloso pesquisa dor do FGV IBRE lembrando que os R 44 bilhões destinados à ree dição do auxílio emergencial foram aprovados dentro da PEC Emergen cial fora do teto de gastos Veloso defende que para um fortalecimento de fato do sistema é preciso muito diálogo visando alcançar uma so lução fiscalmente responsável Mar celo Neri concorda e lembra que algumas iniciativas nessa direção chegaram a ser propostas pela equipe de governo no ano passado mas não decolaram Tanto o Renda Brasil quanto o Renda Cidadã continham algumas ideias positivas como a de unificar programas menos eficientes na redução da pobreza para ampliar a cobertura Mas foram atingidas por fogo amigo diz referindose à negativa de Bolsonaro em mexer em programas como o abono salarial Veloso conta que a unificação de benefícios sociais considerados Fonte CDPP Impactos estimados do Programa de Responsabilidade Social Resultados comparativos para um orçamento de R 50 bilhões 20 92 30 40 50 60 70 80 90 100 93 94 95 96 97 98 99 100 Cobertura Renda básica universal Programa infantil focalizado Programa Bolsa Família ampliado Programa de responsabilidade social Progarma universal infantil Auxílio emergencial PBF AS e SF simulado Programa de responsabilidade social Combate à pobreza Elimina 95 da não cobertura de famílias vulneráveis sem necessidade de mais orçamento Elimina entre 11 e 24 da pobreza atual sem necessidade de mais orçamento CAPA PROTEÇÃO SOCIAL Junho 2021 Conjuntura Econômica 37 caros e pouco eficientes é parte do financiamento Programa de Res ponsabilidade Social elaborado por ele e os economistas Vinicius Bo telho e Marcos Mendes Insper que inspirou o projeto de Jereissa ti Juntando os recursos destina dos ao salário família abono sa larial e segurodefeso com o Bolsa Família nossa estimativa era de totalizar R 57 bilhões divididos entre aplicação nos três benefícios do programa sendo 184 milhões de famílias do benefício principal de R 230 em média mais outros R 6 bilhões para o Criança Feliz Mais Educação e para fortalecimen to e apoio do Cadastro Único diz Já a proposta apresentada pelo se nador Tasso Jereissati prevê inicial mente a soma da dotação do Bolsa Família a recursos de emendas indi viduais e de bancadas e alterações da regra de acesso ao abono É um projeto criado como uma pla taforma na medida em que se con seguem mais recursos expandemse os programas desde que estejam dentro do teto de gastos conta Ve loso Para o pesquisador do IBRE o grande diferencial da Lei de Respon sabilidade Social é até o momento ser a única a propor um sistema de proteção ao trabalhador informal que foi o principal foco do auxílio a quem Guedes definiu como os 38 milhões de invisíveis Ainda que o governo esteja trabalhando em formas de formalização desse grupo por exemplo com o proje to do Bônus de Inclusão Produtiva BIP não há medida que busque amparálo enquanto este segue na condição de informal sujeito a va riações bruscas de renda afirma A Poupança Seguro Família é for mada mediante o depósito mensal pelo governo federal de até 15 do valor do rendimento declarado por cada trabalhador da família com renda até R 780 que representam os 46 mais pobres do país Esse seguro só pode ser sacado em caso de queda de rendimento ou de cala midade pública Sua cobertura ini cial estimada é de 125 milhões de famílias que não necessariamente são beneficiárias da renda mínima BRM A proposta apresentada por Jereissati também conta com uma definição de metas de redução de pobreza e pobreza extrema Em 3 anos após a entrada em vigor de Taxa de pobreza orçamento de R 58 bilhões ao ano Taxa de pobreza orçamento de R 120 bilhões ao ano Taxa de pobreza orçamento de R 180 bilhões ao ano Referência Bolsa Família atual 62 62 62 Auxílio emergencial simulado 0 0 0 Modelos simulados Focalizado 57 36 0 Híbrido 59 42 32 Universal 7 64 54 Fonte Ipea Taxas de pobreza em três modelos de programa de transferência linha internacional de pobreza equivalente a R 150 por mês CAPA PROTEÇÃO SOCIAL 38 Conjuntura Econômica Junho 2021 redução da pobreza famílias com renda mensal de até R 250 por pessoa de 123 registrados antes da pandemia para 10 e da ex trema pobreza famílias com renda mensal de até R 120 por pessoa de 64 para 2 Ampliar horizontes Enfrentar a difícil batalha política pela revisão do arcabouço de pro gramas sociais ainda muito con centrado no amparo ao empregado CLT cada vez menos representativo dentro da multiplicação de arranjos possíveis no atual mercado de traba lho parte dos quais reflexo da pre carização dessas relações é para os especialistas um passo fundamental para se pensar a reestruturação do sistema de forma mais ampla De certa forma o auxílio emergencial ainda que insustentável no longo prazo estendeu a fronteira do pos sível até onde não imaginávamos e nos empurrou para pensar além diz Paiva Um exemplo cita Paiva foi a volta da defesa de um benefí cio mínimo universal Em exercício preliminar divulgado em maio Pai va e mais três pesquisadores do Ipea demonstram entretanto que o gas to necessário para tornar uma renda básica universal efetiva na redução da pobreza é fiscalmente inviável para a realidade orçamentária bra sileira No estudo os pesquisadores simularam três cenários orçamentá rios um fiscalmente neutro de R 58 bilhões anuais um intermediário de R 120 bi e outro de R 180 bi lhões Os resultados apontaram que apenas no cenário orçamentário de R 180 bilhões um benefício univer sal seria mais redistributivo que o atual Bolsa Família de caráter foca lizado PAG 38 coluna 3 O estudo sugere entretanto que a adoção de um modelo híbrido no caso mantendo a base operacional do Bolsa Família e do Cadastro Úni co acrescida de um benefício uni versal para crianças e jovens po deria ser virtuosa A pobreza nesse grupo é o dobro da taxa média de pobreza no Brasil e 10 vezes maior do que a taxa de pobreza entre ido sos Com tal concentração uma renda universal focada em crianças e jovens até 18 anos seria o segundo programa mais bem focalizado do Brasil perdendo apenas para o Bol sa Família diz Caminho similar foi sugerido no ano passado pelo pesquisador Naer cio Menezes do Insper com um pro grama de renda básica para crianças de 0 a 6 anos Menezes traçou vários cenários com um valor mensal de R 800 que poderiam ser distribuídos por família ou por criança beneficiá ria do Bolsa Família ou universal No caso por exemplo de um benefício por criança do Bolsa Família o gas to anual seria de R 83 bilhões com uma redução de pobreza nesse grupo estimada em 13 Se o mesmo be nefício fosse distribuído para crianças de 0 a 6 anos em caráter universal o gasto subiria para R 174 bi com re dução de pobreza de 5 Para finan ciar o programa Menezes sugere a eliminação do abatimento de impos to de renda para gastos com saúde e educação além de uma tributação igual para todo tipo de renda seja do trabalho de lucros e dividendos ou do Simples por exemplo Em webinar promovido pelo FGV IBRE em parceria com o jornal O Estado de SPaulo em maio Manoel Em ano de eleições presidenciais pobreza tende a cair Fonte FGV Social Estimativa 35 343 339 334 326 37 395 337 203 315 355 336 346 344 342 345 314 284 283 281 268 28 277 275 267 281 252 228 19 179 156 147 135 124 105 101 83 10 108 111 109 1978 1979 1980 1981 1982 1983 1984 1985 1986 1987 1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 Com eleições presidenciais Com eleições sem coleta da Pnad CAPA PROTEÇÃO SOCIAL Junho 2021 Conjuntura Econômica 39 Pires ressaltou que a ideia de se tra balhar a universalidade por nichos poderia ser avaliada como alternati va para a sustentação do sistema pre videnciário frente à fragilização do vínculo empregatício e flexibilização das formas de trabalho que tendem a aumentar Historicamente sem pre tivemos facilidade em estruturar políticas para os trabalhadores for mais como o segurodesemprego o abono e a própria previdência Mas hoje o desafio no mundo inteiro é de como lidar com uma base de fi nanciamento que está ruindo diz O pesquisador ressalta que o incen tivo à contribuição voluntária de jovens para sistemas de previdência privada ainda não tem surtido efei tos positivos e que novos modelos têm sido avaliados para evitar um colapso na cobertura Em um sis tema universal não se abdicaria de contribuição sobre folha que apesar de ser reduzida é uma base estável mas esta seria complementada com outras fontes como o imposto sobre a renda descreve Marcelo Neri por sua vez consi dera que a busca por de frentes em prol da redução da pobreza também pode incluir elementos financeiros até agora pouco explorados no Bol sa Família Tratase de considerar não só a transferência de renda em si mas de permitir que cada pessoa possa distribuir melhor os seus recur sos ao longo do tempo diz Para o diretor do FGV Social a experiência do comportamento da caderneta de poupança em 2020 reforça essa di retriz Benefícios como o saque do FGTS e o auxílio emergencial que fo ram pagos através de conta poupan ça digital poderiam explicar parte do resultado da poupança em 2020 que registrou a maior captação líqui da da série histórica do Banco Cen tral de R 1663 bilhões Tem uma agenda públicoprivada de acesso a mercados financeiros segmentos de crédito seguro e poupança que só é considerada para segmentos de luxo mas cuja importância é ainda maior para quem está próximo da linha da pobreza diz ressaltando que nem todas as medidas visando ao bem estar da camada mais pobre deman dam mais recursos fiscais Neri reforça entretanto que o timing pode não ser favorável para um debate mais amplo sobre essa agenda Seja pela urgência da pan demia seja pelo calendário eleitoral lembrando que com a proximida de de eleições a tendência do pre sidente de turno é buscar o arranjo que lhe proporcione maior dividen do político Nem é preciso fazer qualquer regressão constatar que em anos de eleições presidenciais a tendência é de redução da pobre Foco na infância 70 das crianças e jovens brasileiros estão na metade mais pobre da população za diz Análise de sete eleições re alizadas desde 1986 feita pelo FGV Social aponta que em todos os ca sos a pobreza cai em ano eleitoral e sobe no ano seguinte com exceção de 2007 Diante do impacto da crise sanitária e da intrínseca relação do Bolsa Família com o expresidente Lula possível adversário de Bolso naro em 2022 é difícil não imagi nar um forte empenho do governo para que um novo programa brilhe no ano que vem Não temos que reinventar a roda E o que for fei to precisa contar com sensibilidade social mas também com responsa bilidade fiscal reforça Neri Já vivemos a experiência de tomar decisões no calor dos acontecimen tos como na grande recessão de 200809 que foram boas no curto prazo mas acabaram quebrando o país por se estenderem mais que o devido E quem mais se prejudica no final são aqueles que se busca proteger conclui CAPA PROTEÇÃO SOCIAL 4 0 Conjuntura Econômica Junho 2021 Foto Jefferson RudyAgência Senado O ancestral comum Quando soube que o presidente Jair Bolsonaro havia testado positivo para Covid19 em julho do ano passado o exsenador Eduardo Suplicy atual vereador pelo PT na capital paulista decidiu lhe enviar um presente Pen sei que em sua recuperação teria tem po para ler e lhe encaminhei o livro A utopia de Thomas More conta lembrando que essa é a obra que co locou o escritor filósofo e diploma ta britânico entre os pensadores que melhor fundamentaram a garantia de uma renda básica universal Suplicy é o pai da lei da Renda Básica de Cidadania e nunca aban donou sua catequese sobre o tema A lei foi sancionada em 2004 mas des de então está à espera de regulamen tação para entrar em vigor Pendên cia que de acordo a determinação dos ministros do Supremo Tribunal Federal de abril passado deverá ser eliminada até dezembro deste ano prazo dado pelo STF para que o governo federal defina o valor do be nos Estados Unidos eu da Univer sidade de Michigan e de um período como professor em Stanford ele da CarnegieMellon e Silveira dizia buscar a companhia de professores com ideias progressistas Cheguei a dar palestras para seus alunos então no ITA SP e ele para a minha clas se na FGV Eaesp lembra Suplicy Em 1975 já como professor da FGV EPGE Silveira publicou o primeiro texto sobre renda mínima universal no Brasil Redistribuição de renda httpsbitly3vZCbMt na Revista de Economia Brasileira Um docu mento ousado para a época em que defendia a necessidade de não se es perar o bolo crescer para dividilo como ditava o modelo econômico do governo propondo um sistema de redistribuição que minorasse ou até compensasse os efeitos negativos de curto prazo do desenvolvimento ace lerado na distribuição de renda erra dicando a pobreza a longo prazo diz no texto O sistema sugerido era nefício previsto na lei para ser pago a partir de 2022 aos brasileiros em situação de extrema pobreza Mesmo com esses 17 anos de in definição a defesa do direito a uma renda básica que atenda às necessi dades vitais de todo cidadão é para parte da comunidade acadêmica um debate que está na raiz da evolução do sistema de proteção social brasi leiro Um processo de fertilização de ideias para o qual Suplicy tem se de dicado como poucos Dos 80 anos de vida que comple tará este mês de junho três décadas são dedicadas à defesa legislativa da renda mínima O primeiro projeto de Suplicy apresentado sobre o tema foi em 1991 no início de seu mandato como primeiro senador eleito pelo PT A inspiração para o texto en tretanto começou a se forjar muito antes da relação de amizade com o economista Antonio Maria da Sil veira 19392006 Na década de 1970 ambos voltávamos de estudar CAPA PROTEÇÃO SOCIAL Junho 2021 Conjuntura Econômica 41 o do imposto de renda negativo ideia que foi adotada no projeto de lei de Suplicy para o qual Silveira também colaborou na articulação direta junto aos demais senadores atuando como seu consultor Definimos que toda pessoa adulta a partir de 25 anos que não ganhasse ao menos 45 mil cruzeiros mensais em torno de 25 salários mínimos teria direito a rece ber um complemento de renda equi valente a 50 da diferença entre sua renda e esse patamar descreve O projeto foi aprovado no Sena do mas nunca chegou a ser votado na Câmara O debate sobre renda mínima entretanto permaneceu la tente Suplicy destaca um encontro de vários economistas promovido pelo professor da Unicamp Valter Barelli 19382019 então coorde nador do chamado Governo Para lelo movimento liderado por Lula após derrota nas urnas para Fernan do Collor de Melo com o objetivo de discutir políticas públicas Foi lá que em uma apresentação sobre renda mínima José Marcio Camar go PUCRio sugeriu foco prioritá rio na educação diz Ele defendia que proporcionando uma renda para famílias carentes e condicionandoa à frequência escolar das crianças es taríamos contribuindo para cortar um dos principais elos do círculo vi cioso da pobreza O tema ganhou força nos anos seguintes Em 1995 os prefeitos Cristóvão Buarque PT no Distrito Federal e o tucano José Roberto Magalhães Teixeira 1937 1996 em Campinas SP lideraram os primeiros programas de transfe rência de renda associados a contra partidas na área de educação Na sequência vieram outras cidades bem como vários projetos de lei no Congresso diz citando entre ou tros autores o senador Renan Ca lheiros então do PMDB A essa altura Suplicy conta que o debate já tinha cruzado fronteiras re cordando os primeiros encontros com o filósofo e economista belga Philippe Van Parijs referência mundial no de bate da renda mínima de quem havia lido Arguing for basic income ethi cal foundations for a radical reform Em 1996 coordenei uma audiência de Philippe com o presidente Fernan do Henrique Cardoso na qual ele de fendeu que o modelo ideal era chegar à renda básica incondicional univer sal ressaltando entretanto as vanta gens de se iniciar com um programa de renda conectado à educação des creve Linha que definitivamente foi seguida por Cardoso a começar pela criação do Programa de Garantia de Renda Mínima Vinculada à educação PGRM em 1997 O PGRM previa o financiamento de 50 de progra mas de renda mínima vinculados ao ensino dos municípios que deveriam arcar com os outros 50 A baixa ca pacidade fiscal dos entes inicialmente alvo do programa os de menor re ceita tributária e renda per capita entretanto resultou em entrave para a adesão Em 2001 então o PGRM foi transformado através de medida provisória no Programa Nacional de Bolsa Escola PNBE coordenado e financiado pela União Ao que pos teriormente se somaram o Bolsa Ali mentação e o Auxílio Gás Foto Midiateca IEA USP Mauro Bellesa Visita de Philippe Van Parijs de óculos ao Brasil em 1994 Foto Revista Brasileira de Economia Antonio Maria da Silveira CAPA PROTEÇÃO SOCIAL 42 Conjuntura Econômica Junho 2021 Nesse ínterim Suplicy amadurecia seus conceitos sobre garantia de ren da colocados em um novo projeto de lei Desta vez não mais envolvendo um IR negativo mas a instituição de uma renda básica incondicional Sua defesa é de este ser um modelo mais benéfico aos mais pobres por entre outros fatores evitar erros de exclu são não apresentar qualquer tipo de estigma tampouco desincentivar o trabalho Francelino Pereira 1921 2017 senador pelo PFL de Minas Gerais foi relator do projeto Lem brome de sua disposição em estudar o texto e ler o livro que eu acabava de publicar Renda de cidadania a saída é pela porta afirma Suplicy Foi de Pereira a sugestão de definir uma ins tituição por etapas a critério do Po der Executivo que priorizasse os mais necessitados e se adequasse à Lei de Responsabilidade Fiscal Em dezem bro de 2003 o projeto foi aprovado na Câmara sem oposição dos então deputados Jair Bolsonaro e Ônix Lo renzoni ambos membros da Comis são de Constituição e Justiça ressalta Suplicy E posteriormente sancionado por Lula que na cerimônia estava acompanhado de Ciro Gomes então ministro da Integração Nacional O foco do governo nesse momen to entretanto estava em reduzir a fragmentação dos programas de transferência de renda em vigor que resultaram no programa Bolsa Famí lia convertido em lei em janeiro de 2004 O que alterou os planos de im plantação do Renda Básica de Cida dania previstos na lei de acontecer de forma gradual a partir de 2005 Naquele momento o Bolsa Família foi um passo dado na direção da ren da básica afirma Suplicy Somente no governo de Dilma Rousseff o se nador voltou a trabalhar pela imple mentação da lei sugerindo a forma ção de uma comissão para discutir como regulamentála Foram várias cartas para que ela atendesse a meu pedido Quando este foi aprovado entretanto ela esperava a decisão à qual eu teria sido contrário por seu afastamento e não houve mais como formar a comissão A recente decisão do STF foi cele brada por Suplicy mas ainda levanta questionamentos entre economistas que apontam que a situação orça mentária do país e suas característi cas estruturais não permitem equa cionar um projeto de renda mínima universal fiscalmente viável o que definitivamente limitaria sua aplica ção a nichos prioritários Nada entretanto afeta a convicção de Suplicy da pertinência da lei citan do do Nobel de Economia indiano Amartya Sen a Barack Obama e Mark Zuckerberg em sinal de que se amplia o espectro dos defensores de uma ren da básica universal Desenvolvimento para valer tem que proporcionar mais liberdade para todos Um jovem que sem ter como ajudar no orçamento da família resolve ser avião da quadri lha de narcotraficantes como na letra de música do Racionais MCs perde essa liberdade Sem uma renda míni ma ele fere sua dignidade coloca sua saúde e vida em risco afirma para logo puxar da mesa um exemplar do livro Vamos sonhar juntos lançado em 2020 pelo papa Francisco Abre e lê um trecho em que o pontífice cita a renda básica universal como caminho para redefinir as relações do mercado do laboral no mundo póspandemia o que eliminaria o estigma do seguro desemprego facilitando a troca de trabalho como cada vez mais os impe rativos tecnológicos exigem Ao que emenda com um fragmento de Crise e reinvenção da política no Brasil de Fernando Henrique Cardoso 2018 no qual o expresidente defende que ampliação da desigualdade não é com patível com a sociedade democrática sugerindo a adoção de uma renda mí nima universal Devido aos recursos de cada um reconhece FHC no texto va ria a capacidade de países enfrentarem um tipo de desemprego que deixou de ser um fenômeno temporário devido ao desaparecimento de ocupações por mudanças tecnológicas Mas em ter mos éticosmorais essa questão está posta para todos lê Suplicy Dia 21 de junho a comemoração dos 80 anos de Suplicy promete ser um rito de profissão de fé Ele conta que seu presente será uma live sobre renda mínima com o expresidente Lula Vamos falar da trajetória desse projeto tal como estamos conversan do aqui diz Que será acompanhada de uma apresentação de Philippe Van Parijs previamente gravada Apesar das restrições da pandemia e explo rando as possibilidades do mundo vir tual Suplicy espera que o evento seja sucesso de público E que Bolsonaro quem sabe encontre inspiração em More em suas decisões sobre a prote ção social no Brasil SM Foto Arquivo pessoal MBA FGV SEU MOMENTO É DE EVOLUÇÃO 4 4 Conjuntura Econômica Junho 2021 ENERGIA A precificação de combustíveis é tema recorrentemente discutido no Brasil nos últimos anos Havendo uma única empresa produtora de quase toda a gasolina diesel e de mais derivados de petróleo produzi dos no país é relativamente normal que as alterações dos preços estejam nas primeiras páginas dos jornais to dos os dias O que não acontece em economias com mercados abertos Agruras do monopólio O tema ganhou mais destaque ainda a partir do final de 2016 de pois que a Petrobras passou a adotar um alinhamento com o mercado in ternacional de petróleo para os pre ços da gasolina diesel e GLP Adicio nado à crescente desvalorização da moeda brasileira frente ao dólar o assunto ganha cada dia mais evidên cia e discussões acaloradas Neste artigo tratarseá de explicitar qual a dinâmica deste mercado e quais são os componentes da paridade de preços de importação que organizam o setor hoje no Brasil destacando a importância de sua manutenção Em outras palavras como funciona a paridade de preços dos combustí dio de um navio até um porto onde ocorrerá a descarga e internalização do insumo Depois de processados esses óleos nas refinarias as distribuidoras rece bem os derivados e dão capilaridade e eles entregando os produtos nos milhares de pontos de revenda espa lhados pelo país A flutuação de pre ços de todos os elos reflete de modo geral as cotações do petróleo O petróleo é uma commodity cuja cotação internacional é referenciada ao petróleo Brent negociado na Bol sa de Londres cotado em dólares por barril Os petróleos brasileiros são re ferenciados no Brent com valores le vemente acima ou abaixo dele depen dendo da qualidade do óleo produzido em questão vide Petróleo qualidades físicoquímicas preços e mercados o caso das correntes nacionais1 Aqui entra a primeira questão importante sobre o funcionamento da precificação desse mercado diz respeito à variação dos preços dos combustíveis locais que dependem da cotação do petróleo e da taxa de câmbio do valor da moeda local frente ao dólar Quando há aumento Composição dos preços de paridade dos combustíveis no Brasil Fernanda Delgado Professora de Geopolítica da Energia e coordenadora de pesquisa da FGV Energia Marcelo Gauto Doutorando de Bioenergia da Unicamp especialista em Petróleo Gás e Energia veis e porque ela é importante para o processo de abertura de mercado que o país está fazendo Os elos que compõem o preço final ao consumidor Tratando de forma didática do poço ao posto a produção de combustíveis conta com os seguintes elos o produ tor de petróleo e gás o refinador o distribuidor e o revendedor dos deri vados Em um mercado aberto com preços concorrenciais produto interno concorrendo com o produto importa do e quando a produção interna de petróleo gás ou derivados é inferior à demanda temse um elo adicional o do importador figura 1 O óleo cru nacional ou importado precisa chegar até uma refinaria em território nacional No Brasil 95 dessa produção é offshore então o petróleo costuma ser transportado em navios do ponto de produção até um terminal de armazenamento an tes de chegar a uma refinaria A fra ção de petróleo ou derivado impor tada faz caminho semelhante sendo trazida de outros países por intermé Junho 2021 Conjuntura Econômica 45 CONJUNTURA ENERGIA do barril de petróleo ou aumento da taxa de câmbio desvalorização da moeda os preços dos combustíveis sobem assim como eles caem quan do essas duas variáveis flutuam no sentido oposto As políticas de preços Durante o monopólio legal das ati vidades de produção e refino de pe tróleo no Brasil de 1953 a 1997 os preços de saída de cada um dos elos da cadeia dos combustíveis eram de finidos pelo governo federal Assim de modo simplificado cada agente apresentava suas planilhas de custos aos técnicos do governo que a partir delas definia o preço ao consumidor O preço final era basicamente com posto pelos custos informados mais uma margem de lucro definida pelo regulador e assim ele era pratica mente tabelado por algum tempo Para mitigar os riscos de prejuízo os custos fatalmente eram majora dos pelos agentes que mantinham certa gordura nas suas planilhas Por conta disso esse modelo induz a uma ineficiência em todos os elos A quebra do monopólio em 1997 contudo mudou a lógica interna de precificação dos combustíveis A le gislação brasileira avançou no senti do de que o mercado seria livre ga rantindo um período de transição de 5 anos para que os agentes pudes sem se preparar para a concorrência Assim de fato os agentes deste mer cado passaram a ter liberdade para precificar os derivados a partir de 2002 Cada qual teria que a partir daquele ano lidar com seus custos e margens buscar maior eficiência para competir e sobreviver em um ambiente concorrencial Entretanto a herança estrutural do monopólio no refino mostrou que Figura 1 Esquema de produção da gasolina comum do poço ao posto Fonte Elaboração própria Os maiores naviospetroleiros são capazes de armazenar 2 milhões de barris de petróleo em carga máxima Gasolina C Óleo cru Produção de petróleo Naviopetroleiro Terminal de armazenamento Refinaria Distribuidora Posto de combustível Gasolina A Etanol anidro Gasolina A importada 95 do petróleo brasileiro é produzido em plataformas marítimas CIDE PISPASEP e Cofins ICMS 1 2 3 4 6 7 União Governo estadual Consumidor Formuladores Petroquímicas 5 Gasolina A importada ICMS varia de 25 a 34 do preço de pauta dependendo do estado 1 PRODUÇÃO o petróleo nacional é produzido majoritariamente na costa do RJ e SP nas plataformas marítimas na chamada produção offshore 2 TRANSPORTE os naviospetroleiros atravessam centenas ou milhares de quilômetros de mar até chegarem a um terminal para descarregamento 3 ARMAZENAMENTO o petróleo fica armazenado nos tanques dos terminais sendo normalmente enviado por oleodutos até uma refinaria 4 REFINO na refinaria o petróleo será convertido em combustíveis solventes asfalto etc Nesta etapa é obtida a chamada gasolina A 5 IMPORTAÇÃO parte da gasolina A consumida no país é importada de diversos locais do mundo 6DISTRIBUIÇÃO a distribuidora recebe a gasolina A da refinaria mistura com 27 de etanol anidro compondo a a gasolina comum ou gasolina C 7 REVENDA a gasolina C é transportada para os postos de combustível onde o consumidor final abastece o seu veículo GASOLINA DO POÇO AO POSTO 4 6 Conjuntura Econômica Junho 2021 CONJUNTURA ENERGIA esse elo ainda era bastante suscetível à interferência do governo expondoo a um viés de controle de preços uma vez que esses preços de combustíveis são basilares em qualquer economia ainda mais em uma fortemente depen dente de transporte rodoviário É relevante destacar que o mercado de commodities é marcado por osci lações diárias de preços que respon dem às variações de oferta demanda estoques e perspectivas por parte dos analistas globais que podem por ve zes reagir a notícias e eventos de for ma exagerada impondo certo grau especulativo ao valor da commodity Entendendo esse pressuposto no Brasil essas flutuações de preços do petróleo e derivados foram atenuadas pela Petrobras de 2002 a 2016 para GLP gasolina e diesel de forma ar tificial A estatal mantinha o preço desses derivados constante por lon gos períodos na saída das refinarias criando a falsa sensação de estabilida de no mercado Ou seja esses preços não acompanharam as conse quências da queda das torres gêmeas e a inva são do Iraque pelos Estados Unidos o abrupto aumento de demanda da Ásia o início da guerra civil na Sí ria a queda da capacidade ociosa da Arábia Saudita a crise financeira de 2008 a Primavera Árabe a revolução do shale gas em 2014 e a consequente crise de 2015 entre tantos outros fa tores oscilantes dos preços no merca do internacional Esse represamento dos preços no mercado nacional fez com que estes ora estivessem acima dos praticados no mercado interna cional ora abaixo o que pode ser observado mais visivelmente a partir de 2008 figura 2 Esse descolamento de preços en tre a realidade mundial e o merca do interno por interferência estatal trouxe como consequências negati vas redução do caixa da Petrobras baixos investimentos privados em refino em infraestrutura de impor tação e exportação de derivados além de reflexos negativos para o se tor sucroalcooleiro de 2011 a 2014 em especial Preços controlados pelo Estado não são atraentes para a ini ciativa privada em nenhum setor Ciente dessa questão orientada pelo acionistacontrolador e já miran do a abertura do mercado refinador a Petrobras tem adotado desde o início de 2017 uma política de preços que tenta acompanhar a cotação do pro duto importado sinalizando que a referência para a produção nacional onde ainda não há um mercado con correncial estabelecido é um marcador externo independente e não o gover no Desde a metade daquele ano pas souse a conviver com oscilações mais frequentes nos preços na saída das refinarias Essa foi no entendimento das recentes gestões da empresa uma forma de ser transparente em relação aos preços praticados pela compa Figura 2 Evolução do preço do diesel de 2002 a 2009 no Brasil Fonte ANP 0500 5 0 5 10 15 20 1000 1500 2000 2500 3000 Fev02 Mai08 Out08 Mar09 Ago09 Jan10 Jun10 Nov10 Abr11 Set11 Mar19 Out18 Mai18 Dez17 Jul17 Fev17 Fev12 Jul12 Dez12 Mai13 Out13 Jul02 Dez07 Jul07 dez02 Mai03 Out03 Mar04 Fev07 Set06 Ago04 Jan05 Jun05 Nov05 Abr06 Mar14 Ago14 Set16 Abr16 Nov15 Jun15 Jan15 Variação trimestral PIB taxa acumulada 4 meses eixo dir Brasil sem impostos Estados Unidos USGC Europa NWE Patamares de preços basicamente alinhados ao mercado internacional Preços abaixo dos praticados no mercado internacional Patamares de preços alinhados ao mercado internacional Preços acima dos praticados no mercado internacional Preços acima dos praticados no mercado internacional Junho 2021 Conjuntura Econômica 47 CONJUNTURA ENERGIA nhia bem como para evitar prejuízos ou lucros artificiais como os ocorridos nos períodos de 2011 a 2014 e 2015 a 2017 respectivamente Contudo acostumados a longos períodos sem reajustes o mercado e os consumidores de combustíveis não reagiram bem à nova sistemática de preços quando estes passaram a subir com maior frequência influência do aumento do petróleo e da desvalori zação do real frente ao dólar fato que culminou com a greve dos cami nhoneiros em maio de 2018 e uma ampla discussão a respeito do assun to Interessante notar que quando a estatal praticou preços mais altos do que o produto importado entre 2015 e 2016 mas manteve eles estáveis por longos períodos não houve maior desconforto a esse respeito A ques tão óbvio parece ser a frequência dos reajustes em si e não exatamente a volatilidade dos preços o que in comoda os agentes do mercado e a população Há ainda um outro viés dessa discussão que nunca é trazido à tona será o problema real a fre quência com que o preço confundi da muitas vezes com a volatilidade oscila ou o nível do preço perante o poder aquisitivo da sociedade Os preços de paridade de importação A precificação de produtos em merca do livre é particular de cada empresa dependendo da sua estrutura de cus tos definição de margens e estratégias adotadas para concorrer no mercado No caso dos combustíveis a princi pal referência para os preços é a cota ção do petróleo pois é o insumo que compõe a maior parcela do custo de produção No caso da produção do méstica agregamse ainda os custos de transporte processamento e mar gem de refino para se chegar no preço final da cesta de derivados Como o Brasil tem déficit na pro dução de combustíveis em especial GLP e diesel o balizador de preços é o produto importado que chega ao consumidor isto é à realidade de mercado o combustível produzido in ternamente será valorado a preço de importado A bem da verdade atual mente o produto importado é o úni co concorrente ao produto Petrobras e é a ele que o mercado se referencia No entanto existem muitas críticas em relação a essa questão uma vez que fração relevante dos combustí veis é produzida internamente e não precisaria ter em seu preço as parce las relativas aos custos de importação que são embutidos no preço de pari dade de importação PPI Mas se o produtor interno precificar abaixo do preço do importado e como não há condição de suprir 100 da deman da pela lógica da lei da oferta e da demanda faltará produto O produto importado é mais caro por conta dos custos logísticos en volvidos para trazêlo de fora e in ternalizálo Assim são incluídos no preço interno estimativas dos custos de retirada do produto no porto de origem do valor do frete do seguro da carga dos custos do porto de che gada entre outros que compõem os custos de importação figura 3 A percepção dos custos de impor tação não é homogênea muito me nos unânime cada agente de merca do tem suas estimativas Esses custos embutiram em abril de 2021 uma diferença estimada em relação ao produto produzido em solo nacional de R 020 a R 025 por litro de combustível a depender do ponto de partida e chegada considerados Há que se considerar ainda que nem todo combustível produzido no Brasil tem condições de ser expor tado para outras regiões do país de forma econômica Mais da metade da capacidade de refino do país está nas regiões Sul e Sudeste e o custo de se levar este combustível para as regi ões Norte e Nordeste por exemplo pode ser maior do que trazêlo de outro país A infraestrutura de abas tecimento existente no Brasil tem muito mais um perfil importador do que exportador especialmente nas regiões que estão mais afastadas das zonas de abrangência das refinarias Em última análise em algumas loca lidades é efetivamente mais barato importar de outro país do que de outro estado da Federação Considerações finais Como podese observar ao longo des te artigo são vários os elos que cons tituem o mercado de combustíveis O Brasil experimentou durante décadas preços controlados pelo governo que impunha arbitrariedade e ineficiência aos agentes participantes Legalmen te desde 2002 fora conquistada a liberdade para precificação dos com bustíveis mas essa liberdade de fato só vem ocorrendo desde 2017 sob intenso debate 4 8 Conjuntura Econômica Junho 2021 CONJUNTURA ENERGIA A interferência estatal no elo de refino impôs ao Brasil um atraso em termos de crescimento da in fraestrutura de abastecimento na última década especialmente por afugentar o investimento privado Mesmo com os esforços da Petro bras em ampliar a capacidade de refino e rotas de escoamento dos derivados temos ainda deficiên cia logística e déficit de derivados estruturais Os preços de paridade de importação são elementochave para que em mercado aberto se consiga com múltiplos agentes am pliar a estrutura existente Se o Brasil fosse exportador lí quido de derivados terseia hoje decréscimo de preço equivalente aos Figura 3 Esquema de precificação dos combustíveis Fonte Elaboração própria custos logísticos embutidos no PPI R 020 a R 025litro de gasolina e diesel pois no limite hipotético seriam adotados preços de paridade de exportação sem os custos logís ticos de importação compondo o preço de saída do refinador Por isso que é de suma importância não só que a oferta de derivados cresça in ternamente forçando a uma queda de preços à paridade de exportação como aumente o número de agentes refinadores de oferta de combustí veis alternativos biocombustíveis GNV eletricidade para carros elé tricos e híbridos para que haja de fato uma concorrência entre esses agentes e a precificação se dê final mente pelo equilíbrio de mercado Preço de paridade seja ele qual for é essencial na construção de um real mercado competitivo A própria al mejada transição energética depende disso de condições de mercado que fomentem a livre concorrência o au mento da eficiência e a busca por no vas alternativas energéticas Qualquer tentativa de interferência que não pre serve a liberdade de preços em todos os elos da cadeia tem efeitos negativos conhecidos coloca o país no atraso e não dialoga com os desafios que se tem pela frente Vamos adiante 1Disponível em httpsfgvenergiafgvbrpublicacao petroleoqualidadefisicoquimicasprecose mercadosocasodascorrentesnacionais Derivado no refinador nacional Distribuidor nacional Derivado no refinador internacional Custos de importação Ci Despachante Taxas portuárias Frete Seguro da carga Custos financeiros Demurrage Quebrasperdas Armazenamento no porto Transferência até a distribuidora Preço de paridade de importação PPI Importador internacional Importador nacional Preço de paridade de exportação PPE Consumidor Revendedor R R RCi US Ci RCi RCi PPE Se houver excedente de mercado PREÇOS DE PARIDADE DOS DERIVADOS DE PETRÓLEO Ci R 020 a R 025litro abril de 2021 Câmbio RUS Câmbio RUS Câmbio RUS US Estimativa RCi Agora a revista de economia mais tradicional do país também é blog Uma medida de força para a economia ÍNDICES ECONÔMICOS Junho 2021 Conjuntura Econômica I Seção fechada com dados disponíveis até o dia 31052021 Índices Econômicos II Índices Gerais II Índice de Preços ao Produtor Amplo IPAOGDI III Preços ao Consumidor Brasil V Preços ao Consumidor Rio de Janeiro V Preços ao Consumidor São Paulo V Preços ao Consumidor Municípios das Capitais VI Índice Nacional de Custo da Construção INCCDI VI Custo da construção Municípios das Capitais VII Índice Nacional de Custo da Construção por Estágios VIII Índices de Obras Públicas Notas As Notas Técnicas sobre os índices FGV estão disponíveis no Portal do IBRE httpsportalibrefgvbr Se você tem alguma dúvida sobre o conteúdo desta seção escreva para o ibrefgvbr Atividade surpreende positivamente no curto prazo mas incerteza segue alta ÍNDICES ECONÔMICOS II Conjuntura Econômica Junho 2021 Índice de Preços ao Produtor AmploDI Origem IPAOGDI Brasil base dez 07 100 Período Indústria de Transformação Produtos Alimentícios 1 Bebidas Fumo Processado e Produtos do Fumo Produtos Têxteis Artigos do Vestuário Couros Artigos para Viagem e Calçados Madeira Desdobrada e Produtos de Madeira Celulose Papel e Produtos de Papel Produtos Derivados do Petróleo e Biocombustíveis 1420533 Col 19A 1420589 Col 19B 1420599 Col 20 1420604 Col 21 1420618 Col 22 1420630 Col 23 1420643 Col 24 1420653 Col 25 1420669 Col 26 2020 Nov 160551 215918 224358 222422 190654 152019 214931 215835 209888 Dez 159703 217365 223984 225392 191536 153644 218179 216852 225114 2021 Jan 160092 217965 230741 231918 194535 156019 222211 218777 233458 Fev 161929 220226 231139 239259 199355 162376 226376 226100 271137 Mar 161622 220703 240512 246870 206157 163873 228244 235970 301920 Abr 164762 219594 238646 252068 206382 166492 251949 245839 309974 Ver nota técnica 1Base maio de 2016 100 Índice de Preços ao Produtor AmploDI Origem IPAOGDI Brasil base ago 94 100 Período Produtos Agropecuários Produtos Industriais Total Indústria Extrativa Indústria de Transformação 1420485 Col 9 1420515 Col 10 1420516 Col 11 1420532 Col 12 2020 Nov 1716039 864629 2366362 789720 Dez 1639487 890316 2646420 800779 2021 Jan 1692756 927717 3048079 817241 Fev 1732817 963245 3074899 853855 Mar 1762818 991564 3107316 882387 Abr 1812556 1020690 3241344 905778 Índice de Preços ao Produtor AmploDI Origem IPAOGDI Brasil base dez 07 100 Período Produtos Agropecuários Produtos Industriais Lavouras Temporárias Lavouras Permanentes Pecuária Indústria Extrativa Carvão Mineral Minerais Metálicos Minerais Metálicos NãoFerrosos 1420487 Col 13 1420500 Col 14 1420509 Col 15 1420517 Col 16 1420520 Col 17 1420523 Col 18 2020 Nov 364732 249555 315366 202822 636592 325486 Dez 340455 260978 309312 202822 715267 323001 2021 Jan 356580 264271 311701 202822 828555 331345 Fev 363437 267450 322812 221993 835510 349040 Mar 370281 272449 327300 223439 844357 373829 Abr 384205 261028 335716 223439 881465 376612 Índices Gerais base ago 94 100 Período Índice Geral de Preços Índice de Preços ao Produtor AmploDI Índice Nacional de Custo da Construção INCC total média geral IGPM IGP10 Oferta Global Disponibilidade Interna Oferta Global Estágios de Processamento 161392 Col 1 161384 Col 2 1420484 Col 3 1416651 Col 4 160868 Col 6 200045 Col 7 209425 Col 8 2020 Nov 905982 917538 1062703 1081963 839382 925887 934342 Dez 912870 924504 1069901 1089291 845268 934758 952789 2021 Jan 939304 951395 1111864 1132015 852809 958844 965507 Fev 964631 977133 1149711 1170548 868929 983063 994203 Mar 985517 998344 1179510 1200887 880265 1011948 1023946 Abr 1007296 1020495 1213766 1235764 888191 1027211 1040098 Nota Código referente à série do site httpportalibrefgvbr ÍNDICES ECONÔMICOS Junho 2021 Conjuntura Econômica III Índice de Preços ao Produtor AmploDI Origem IPAOGDI Brasil base dez 07 100 Período Indústria de Transformação Produtos Químicos1 Produtos Farmacêuticos Artigos de Borracha e de Material Plástico Produtos de Minerais Não Metálicos Metalurgia Básica Produtos de Metal 1420683 Col 27A 1420737 Col 27B 1420741 Col 28 1420763 Col 29 1420787 Col 30 1420817 Col 31 2020 Nov 137866 190076 256274 190958 263654 231514 Dez 139870 190767 263303 193320 270224 233624 2021 Jan 146354 190748 268016 195904 278699 240009 Fev 155001 191046 276209 196827 310159 250058 Mar 163017 192111 288173 202641 320719 259577 Abr 167853 202603 294298 205595 340910 270581 Ver nota técnica 1Base maio de 2016 100 Índice de Preços ao Produtor AmploDI Origem IPAOGDI Brasil base dez 07 100 Período Indústria de Transformação Máquinas e Equipamentos Equipamentos de Informática Produtos Eletrônicos e Ópticos Máquinas Aparelhos e Material Elétrico Veículos Automotores Reboques Carrocerias e Autopeças Outros Equipamentos de Transporte Móveis e Artigos de Mobiliário 1420877 Col 32 1420835 Col 33 1420855 Col 34 1420909 Col 36 1420929 Col 37 1420934 Col 38 2020 Nov 187648 100241 213819 158072 157241 221379 Dez 189244 100742 215786 159606 157751 223694 2021 Jan 195601 101595 220005 163269 161046 230911 Fev 203310 102038 224791 164663 162586 236354 Mar 209351 103711 232700 167966 163119 244320 Abr 213057 105997 236695 171359 164517 247177 Preços ao Consumidor Brasil IPCBRDI base ago 94 100 Período Preços ao Consumidor Custo de Vida Total Alimentação Habitação Total Gêneros Alimentícios Alimentação Fora Total Aluguel e Encargos Serviço Público de Residência Mobiliário Roupas de Cama Mesa e Banho 1431264 Col 5 1431265 Col 1 1431266 Col 1A 1431414 Col 1B 1431428 Col 2 1431429 Col 2A 1431433 Col 2B 1431439 Col 2C 1431444 Col 2D 2020 Nov 614740 603685 613942 635937 775809 1035912 1144216 429588 264387 Dez 621342 612548 625634 639104 798058 1051511 1227273 432346 268909 2021 Jan 623016 620122 635927 641119 788819 1049561 1180453 432828 271220 Fev 626371 620678 635604 643750 789435 1051495 1178915 433789 270480 Mar 632616 620850 635119 645450 795345 1060825 1192937 435136 272793 Abr 634057 622833 637522 646649 797051 1064163 1194175 435830 274013 Preços ao Consumidor Brasil IPCBRDI base ago 94 100 Período Habitação Eletrodomésticos e Equipamentos Utensílios Diversos Artigos de Conservação e Reparo Total Eletrodomésticos Equipamentos Eletrônicos Total Material Limpeza Hidráulico 1431447 Col 2E 1431448 Col 2EA 1431455 Col 2EB 1431460 Col 2F 1431468 Col 2G 1431469 Col 2GA 1431477 Col 2GC 2020 Nov 121755 233471 58084 305552 497105 558103 411391 Dez 122376 233706 58490 308158 503756 566054 425266 2021 Jan 122348 233325 58514 309561 506839 568604 430895 Fev 122469 233887 58534 308928 507550 567078 436876 Mar 122432 233448 58558 310985 511950 571756 440014 Abr 122294 233179 58493 311477 517350 574929 442649 ÍNDICES ECONÔMICOS IV Conjuntura Econômica Junho 2021 Preços ao Consumidor Brasil IPCBRDI base ago 94 100 Período Educação Leitura e Recreação Transporte Total Educação Leitura Recreação Total Público Total Cursos Formais Cursos Não Formais Material Escolar e Livros em Geral 1431582 Col 5 1431583 Col 5A 1431584 Col 5AA 1431592 Col 5AB 1431596 Col 5AC 1431600 Col 5B 1431604 Col 5C 1431623 Col 6 1431624 Col 6A 2020 Nov 834259 917093 1112034 772872 448586 593198 657797 559608 965368 Dez 829395 929332 1130534 773381 450259 591392 637162 563387 969746 2021 Jan 832477 966220 1187391 777676 449084 595455 607640 568346 959792 Fev 833453 971043 1194864 778965 448163 595455 604869 581386 960157 Mar 830336 971048 1194864 778916 448235 595455 599058 604024 960676 Abr 824095 971048 1194864 779626 447621 595455 587433 603262 961129 Preços ao Consumidor Brasil IPCBRDI base ago 94 100 Período Transporte Próprio Despesas Diversas Total Veículos Peças e Acessórios Combustíveis e Lubrificantes Serviços de Oficina Total Fumo Outras Despesas Diversas Comunicação base jan 2012 100 1431636 Col 6B 1431637 Col 6BA 1431641 Col 6BB 1431644 Col 6BC 1431650 Col 6BD 1431659 Col 7 1431660 Col 7A 1431663 Col 7B 1431678 Col7C 2020 Nov 417165 88895 369265 803948 477690 604844 718117 533858 121439 Dez 420138 89615 373293 813342 479306 606150 718117 535147 121467 2021 Jan 425184 90179 379141 832976 481405 608477 721742 537125 121420 Fev 436518 90764 384688 886373 482280 609915 723383 538400 121339 Mar 456202 91461 386545 985751 482820 611230 731198 539011 121351 Abr 455505 92269 391453 974516 483587 612885 733951 540403 122154 Preços ao Consumidor Brasil IPCBRDI base ago 94 100 Período Habitação Vestuário Material Elétrico Serviços de Residência Total Roupas Calçados Acessórios do Vestuário Serviços de Vestuário 1431479 Col 2GD 1431484 Col 2H 1431492 Col 3 1431493 Col 3A 1431515 Col 3B 1431525 Col 3C 1431534 Col 3E 2020 Nov 336498 838370 226379 207335 206467 347400 619641 Dez 337881 839048 227244 208069 207633 348110 619641 2021 Jan 340145 841485 228492 209463 208059 350408 623610 Fev 339720 843928 228551 208855 210417 349463 623294 Mar 339607 846240 228812 208736 211217 352479 621992 Abr 340248 847073 229251 209192 211847 351624 622654 Preços ao Consumidor Brasil IPCBRDI base ago 94 100 Período Saúde e Cuidados Pessoais Total Serviços de Saúde Produtos Médicos e Odontológicos Cuidados Pessoais Total Hospitais e Laboratórios Médico Dentista e Outros Total Medicamentos Aparelhos Médicos e Odontológicos 1431537 Col 4 1431538 Col 4A 1431539 Col 4AA 1431543 Col 4AB 1431549 Col 4B 1431550 Col 4BA 1431563 Col 4BB 1431566 Col 4C 2020 Nov 683639 1049359 413565 1089368 512588 535699 397796 455087 Dez 685596 1049751 413475 1089850 513822 536934 399047 457870 2021 Jan 687519 1055448 413949 1096304 513930 537260 397984 458666 Fev 689492 1061718 412889 1103888 513198 536119 399437 459841 Mar 693446 1068723 415199 1111297 514381 537182 401284 463211 Abr 700835 1075608 416627 1118836 525259 549804 402987 466756 ÍNDICES ECONÔMICOS Junho 2021 Conjuntura Econômica V Preços ao Consumidor Rio de Janeiro IPCRJDI base ago 94 100 Período Preços ao Consumidor Total Alimentação Habitação Vestuário Saúde e Cuidados Pessoais Educação Leitura e Recreação Transportes Despesas Diversas Comunicação base jan 2012 100 1439877 Col 8 1439878 Col 8A 1440004 Col 8B 1440062 Col 8C 1440095 Col 8D 1440140 Col 8E 1440178 Col 8F 1440211 Col 8G 1440228 Col8H 2020 Nov 678564 616551 839297 296089 784161 811096 768557 554132 123357 Dez 686497 627552 862111 297727 786039 802868 775746 554492 123552 2021 Jan 687375 636784 851967 299517 790351 801853 777757 554724 123283 Fev 692028 639389 857081 298067 793813 804128 790734 559420 123909 Mar 697869 638869 865957 298787 798253 799777 814113 560293 123872 Abr 700243 637646 873820 299354 805393 790274 817645 560222 124671 Preços ao Consumidor São Paulo IPCSPDI base ago 94 100 Período Preços ao Consumidor Total Alimentação Habitação Vestuário Saúde e Cuidados Pessoais Educação Leitura e Recreação Transportes Despesas Diversas Comunicação base jan 2012 100 1444108 Col 9 1444109 Col 9A 1444241 Col 9B 1444298 Col 9C 1444331 Col 9D 1444376 Col 9E 1444413 Col 9F 1444447 Col 9G 1444466 Col 9H 2020 Nov 571970 574279 708024 203428 633375 849866 475286 698960 111050 Dez 577078 581577 725376 203333 635381 842125 478262 701335 111050 2021 Jan 578734 589398 716361 204179 637475 848590 481916 705558 111055 Fev 581753 590777 717855 203351 639731 848611 491481 708016 111111 Mar 588379 591562 724846 203263 643935 847087 512164 709416 111316 Abr 589465 593676 724675 202277 651370 842581 511015 711103 112708 Preços ao Consumidor Municípios das Capitais base dez 2000 100 Período Preço ao Consumidor Total Belo Horizonte Brasília Porto Alegre Recife Salvador 1435763 Col 11 1433720 Col 12 1442021 Col 17 1437797 Col 18 1429061 Col 19 2020 Nov 314297 305281 326229 330890 313460 Dez 318128 306856 330785 335864 316690 2021 Jan 318636 307223 332421 337622 316788 Fev 320130 308774 333913 339753 318836 Mar 322791 312203 338021 342160 320522 Abr 323756 312555 338881 343303 321012 NOTA Informamos que os códigos dos índices de preços ao consumidor da FGV foram alterados a partir de janeiro de 2020 A estrutura de ponderação dos índice foi atualizada com base na Pesquisa de Orçamentos Familiares POF mais recente 20172018 A exemplo de revisões anteriores do índice fezse novamente o maior número possível de encadeamentos de séries tanto de produtos como de grupos Os grupos Produtos Farmacêuticos e Material para Pintura foram descontinuados Essa revisão de pesos é feita periodicamente para que o índice reflita da maneira mais fiel possível os hábitos de consumo das famílias A Nota Técnica referente à essa revisão está armazenada no Portal IBRE httpsportalibrefgvbr ÍNDICES ECONÔMICOS VI Conjuntura Econômica Junho 2021 Custo da Construção Municípios das Capitais base ago 94 100 Período Belo Horizonte Brasília Total Materiais Equipamentos e Serviços Mão de Obra Total Materiais Equipamentos e Serviços Mão de Obra 160957 Col 15 160965 Col 16 160973 Col 17 160981 Col 18 160991 Col 19 161007 Col 20 2020 Nov 924122 700201 1220210 766432 624591 949006 Dez 935462 711389 1231233 770615 631751 949006 2021 Jan 958596 718919 1276991 773750 636765 949490 Fev 971766 740127 1277296 780439 648214 949490 Mar 982352 757335 1277296 788121 661363 949490 Abr 991707 772543 1277296 792864 669482 949490 Custo da Construção Municípios das Capitais Rio de Janeiro base ago 94 100 Período Índice de Custo da Construção Civil Média H1 1 e 2 Pavimentos H4 3 4 5 e 6 Pavimentos H12 10 e mais Pavimentos Mão de Obra Materiais Equipamentos e Serviços 159363 Col 6 159371 Col 7 159381 Col 8 159398 Col 9 159401 Col 10 159411 Col 11 2020 Nov 817662 804667 822267 819799 1106023 624035 Dez 823578 811702 828168 825179 1106023 633241 2021 Jan 830328 815112 835781 832771 1107906 642641 Fev 846237 826807 853792 848804 1107906 667399 Mar 856524 833252 865078 860054 1108862 682848 Abr 863030 837658 872383 866853 1108862 692974 Custo da Construção Municípios das Capitais base ago 94 100 Período Porto Alegre Recife Salvador São Paulo Total Materiais Equipamentos e Serviços Mão de Obra Total Materiais Equipamentos e Serviços Mão de Obra Total Materiais Equipamentos e Serviços Mão de Obra Total Materiais Equipamentos e Serviços Mão de Obra 161252 Col 36 161260 Col 37 161279 Col 38 161287 Col 48 161295 Col 49 161309 Col 50 161317 Col 51 161325 Col 52 161333 Col 53 161341 Col 54 161351 Col 55 161368 Col 56 2020 Nov 904429 779566 1041224 928390 691286 1230713 864995 605784 1236283 814288 687113 975314 Dez 909916 788809 1041224 935160 701406 1230713 874058 619977 1236283 818725 694838 975314 2021 Jan 919343 803958 1042247 943075 713238 1230713 884476 631258 1244595 823013 701968 975762 Fev 931132 823818 1042247 956826 733793 1230713 901183 648472 1259371 843373 737416 975762 Mar 948700 853413 1042247 968620 751423 1230713 920542 667059 1278737 852955 754098 975762 Abr 957818 868773 1042247 977546 764766 1230713 928504 679528 1278737 861315 768653 975762 Índice Nacional de Custo da Construção INCCDI base ago 94 100 Período Índice Nacional de Custo da Construção Média Mão de Obra Materiais Equipamentos e Serviços H1 1 e 2 Pavimentos H4 3 4 5 e 6 Pavimentos H12 10 e mais Pavimentos Índice de Custo de Edificações Total Média Geral 160868 Col 6 160906 Col 1 160914 Col 2 160876 Col 3 160884 Col 4 160892 Col 5 159428 Col 35 2020 Nov 839382 1069310 672670 829563 853225 839436 839382 Dez 845268 1070419 681698 835086 859368 845339 845268 2021 Jan 852809 1076262 690281 840480 867583 853647 852809 Fev 868929 1077555 716182 850948 884978 872306 868929 Mar 880265 1079297 733835 859944 897710 883773 880265 Abr 888191 1079297 747000 865427 906209 892787 888191 Nota O INCC médio e o Índice de Custo de Edificações são iguais eles são publicados separadamente por questões contratuais antigas ÍNDICES ECONÔMICOS Junho 2021 Conjuntura Econômica VII Índice Nacional de Custo da Construção por Estágios DI Período INCC por Estágios DI Materiais Equipamentos e Serviços INCC por Estágios DI Mão de Obra Serviços Mão de Obra Serviços base jun 96100 Aluguéis e Taxas base jun 96100 Serviços Pessoais base jun 96100 Serviços Técnicos base fev 09100 Mão de Obra base ago 94100 Auxiliar base jun 96100 Técnico base jun 96100 Especializado base jun 96100 1004890 Col 65A 1004910 Col 66A 1004911 Col 67A 1006996 Col 68A 1004894 Col 69A 1004912 Col 70A 1004913 Col 71A 1004914 Col 72A 2020 Nov 442826 312760 540725 187941 1069310 618155 604293 595880 Dez 443938 312950 542539 188679 1070419 618741 605026 596335 2021 Jan 447432 317091 544697 189688 1076262 622370 607643 601024 Fev 451926 322916 548627 190253 1077555 622842 608686 601659 Mar 455283 325445 554202 191077 1079297 623662 609773 602938 Abr 459304 327108 554892 195011 1079297 623662 609773 602938 Índice Nacional de Custo da Construção por Estágios DI Período Todos os Itens base ago 94100 INCC por Estágios DI Materiais Equipamentos e Serviços Materiais Equipamentos e Serviços base ago 94100 Materiais e Equipamentos base jun 96100 Materiais para Estrutura Materiais para Instalação Materiais para Estrutura base jun 96100 Material Metálico base jun 96100 Material de Madeira base jun 96100 Material à Base de Minerais Não Metálicos base jun 96100 Materiais para Instalação base jun 96100 Instalação Hidráulica base jun 96100 Instalação Elétrica base jun 96100 1004888 Col 47A 1006972 Col 48A 1004889 Col 49A 1004896 Col 50A 1004899 Col 51A 1004900 Col 52A 1004901 Col 53A 1004897 Col 54A 1004903 Col 55A 1004904 Col 56A 2020 Nov 839382 672670 549141 611440 731553 485205 560788 547399 555879 514512 Dez 845268 681698 557897 624676 757446 490326 570635 554006 559387 525613 2021 Jan 852809 690281 565522 632558 782639 494105 572418 562550 566923 535387 Fev 868929 716182 590268 673646 920933 505751 581466 583796 591617 550593 Mar 880265 733835 607050 687388 941829 529236 588407 616686 622162 585868 Abr 888191 747000 619130 702983 977580 538802 596845 628859 630631 603256 Índice Nacional de Custo da Construção por Estágios DI Período INCC por Estágios DI Materiais Equipamentos e Serviços Materiais para Acabamento Equipamentos para Transporte de Pessoas base fev 09100 Materiais para Acabamento base jun 96100 Produtos Químicos base fev 09100 Revestimentos Louças e Pisos base jun 96100 Esquadrias e Ferragens base jun 96100 Material para Pintura base jun 96100 Madeira para Acabamento base jun 96100 Pedras Ornamentais para Construção base fev 09100 1004898 Col 57A 1006987 Col 58A 1004905 Col 59A 1004906 Col 60A 1004907 Col 61A 1004909 Col 62A 1339995 Col 63A 1340115 Col 64A 2020 Nov 454970 194791 364096 516191 414858 494558 160223 168428 Dez 460466 196023 365156 526972 416409 501301 161431 168831 2021 Jan 465479 197302 369850 532302 420529 508051 163266 172791 Fev 472439 199741 375636 539573 428033 516988 164448 175099 Mar 483379 205010 384492 554268 430097 534350 165925 180597 Abr 488436 206832 388338 557955 437411 541801 167768 185800 ÍNDICES ECONÔMICOS VIII Conjuntura Econômica Junho 2021 Índices de Obras Públicas por tipo de obras base ago 94 100 Período Obras Portuárias Estruturas e Obras em Concreto Armado Estruturas e Fundações Metálicas Dragagem Enrocamento Redes de Energia Elétrica e Sinalização Ferroviária Linhas Férreas Obras Complementares 159665 Col 40 159673 Col 41 159681 Col 42 159691 Col 43 159703 Col 44 159711 Col 45 159721 Col 46 2020 Nov 615360 757806 919325 522302 1298157 502102 581912 Dez 628549 781279 932793 526260 1327289 510885 587922 2021 Jan 638647 801613 959430 533905 1354939 517205 592908 Fev 653425 820845 980542 540332 1381160 518953 598788 Mar 665737 837401 1024419 553957 1438606 531007 606939 Abr 681525 870365 1035713 558143 1483676 533167 614465 NOTAS O FGV IBRE elabora os índices setoriais de obras portuárias e rodoviárias em parceria com o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes DNIT A Revista conjuntura econômica é um canal de distribuição desses índices A atualização de uma nova observação no entanto depende da liberação do DNIT o que ocorre normalmente 20 dias após o fechamento do mês de referência Índices de Obras Públicas por tipo de obras base dez 2000 100 Período Obras Rodoviárias Obras de Artes Especiais Pavimentação Terraplenagem Consultoria Supervisão e Projetos Drenagem Sinalização Horizontal Pavimentos de Concreto de Cimento Portland Conservação Rodoviária Ligantes Betuminosos 157964 Col 36 157972 Col 37 157956 Col 38 157980 Col 39 1002385 Col 39A 1002386 Col 39B 1002387 Col 39C 1002388 Col 39D 1002389 Col 39E 2020 Nov 352251 371685 331622 244838 337878 319721 297887 319099 703360 Dez 359353 374623 334696 245291 342562 320177 302576 320737 706470 2021 Jan 366402 379921 340394 245714 347382 324820 304114 324142 707046 Fev 374507 386507 344881 245836 351830 330791 307046 326532 765372 Mar 381784 394165 353221 245977 357046 337724 310489 329986 764308 Abr 388657 399117 353714 247326 361446 342873 313686 331454 763320 CONJUNTURA ESTATÍSTICA Junho 2021 Conjuntura Econômica IX Conjuntura Estatística X Índices de Preços XII Preços ao Consumidor Indicadores Industriais Sondagem Industrial FGVIBRE XIII Indicadores Industriais Produção Física XV Setor Externo XVI Emprego e Renda Notas As séries da FGV tem como fonte o banco de dados FGVDADOS exclusivo para assinantes Mas as séries podem ser consultadas também no Portalibrefgvbríndices institucionais Além dos índices gerais de preços produzidos pelo IBRE esta seção reúnde um conjunto de indicadores sobre a economia brasileira que são coletados nos sites oficiais Fontes IBGE ibgegovbr FIPE fipeorgbr DIEESE dieeseorgbr BACEN bcbgovbr Nessa seção os dados são publicados conforme divulgados mensalmente pelas fontes oficiais estando sujeitos à alterações de acordo com a política de revisão de cada fonte Os índices da FGV não são revisados Os índices divulgados em cada mês são definitivos O uso de quaisquer informações através deste serviço é de exclusiva respondabilidade do usuário Se você tem alguma dúvida sobre o conteúdo dessa seção escreva para ibrefgvbr Seção fechada com dados disponíveis até o dia 31052021 CONJUNTURA ESTATÍSTICA X Conjuntura Econômica Junho 2021 Índices Gerais de Preços base ago 94 100 Período Índice Geral de Preços Disponibilidade Interna IGPDI Índice Geral de Preços do Mercado IGPM Índice de Preços ao Produtor Amplo Estágios de Processamento IPAEPDI Índice Nacional do Custo da Construção INCCDI Índices1 Variação Índices1 Variação Índices1 Variação Índices1 Variação no Mês no Ano2 em 12 Meses3 no Mês no Ano2 em 12 Meses3 no Mês no Ano2 em 12 Meses3 no Mês no Ano2 em 12 Meses3 Notas 1De 1995 a 2016 média do ano 2De 1995 a 2016 média sobre média 3De 1995 a 2016 dezembro sobre dezembro Fonte FGV IBRE 2012 485675 598 810 492172 577 782 530540 589 913 510038 744 712 2013 515214 608 552 522310 612 551 561981 593 507 549224 768 809 2014 542836 536 378 550408 538 369 587803 459 215 590197 746 695 2015 580297 690 1070 586426 654 1054 623152 601 1131 631947 707 748 2016 639431 1019 718 647435 1040 717 694489 1145 773 673014 650 613 2017 645589 096 042 654338 107 052 689344 074 252 706729 501 425 2018 Jan 654968 058 058 028 662826 076 076 041 697677 058 058 229 720495 031 031 415 Fev 655975 015 073 019 663311 007 083 042 698745 015 073 202 721414 013 044 360 Mar 659665 056 130 076 667524 064 147 020 704131 077 151 048 723163 024 068 369 Abr 665770 093 224 297 671327 057 205 189 713036 126 279 279 725245 029 097 402 Mai 676695 164 391 520 680579 138 345 426 729825 235 521 638 726923 023 120 360 Jun 686696 148 545 779 693287 187 539 692 742027 167 697 985 733984 097 219 364 Jul 689746 044 592 859 696800 051 592 824 745887 052 753 1116 738487 061 281 396 Ago 694414 068 663 906 701677 070 666 889 753275 099 859 1197 739583 015 297 375 Set 706834 179 854 1033 712373 152 829 1004 772436 254 1136 1371 741305 023 321 392 Out 708694 026 883 1051 718684 089 925 1079 773767 017 1155 1394 743866 035 356 396 Nov 700601 114 758 838 715166 049 871 968 760599 170 965 1082 744865 013 370 378 Dez 697446 045 710 710 707441 108 754 754 754367 082 875 875 745856 013 384 384 2019 Jan 697923 007 007 656 707488 001 001 674 752945 019 019 792 749517 049 049 403 Fev 706660 125 132 773 713747 088 089 760 766402 179 160 968 750180 009 058 399 Mar 714243 107 241 827 722707 126 216 827 776783 135 297 1032 752524 031 089 406 Abr 720695 090 333 825 729346 092 310 864 785250 109 409 1013 755373 038 128 415 Mai 723577 040 375 693 732595 045 356 764 789371 052 464 816 755625 003 131 395 Jun 728142 063 440 604 738421 080 438 651 795938 083 551 727 762304 088 221 386 Jul 728084 001 439 556 741346 040 479 639 794214 022 528 648 766699 058 279 382 Ago 724395 051 386 432 736402 067 409 495 787038 090 433 448 769951 042 323 411 Set 728040 050 439 300 736362 001 409 337 792508 070 506 260 773520 046 371 435 Out 732041 055 496 329 741333 068 479 315 799190 084 594 329 774939 018 390 418 Nov 738264 085 585 538 743558 030 511 397 808097 111 712 624 775225 004 394 408 Dez 751121 174 770 770 759112 209 730 730 827005 234 963 963 776839 021 415 415 2020 Jan 751820 009 009 772 762733 048 048 781 825952 013 013 970 779766 038 038 404 Fev 751910 001 011 640 762423 004 044 682 825694 003 016 774 782336 033 071 429 Mar 764276 164 175 701 771908 124 169 681 844960 233 217 878 784338 026 097 423 Abr 764656 005 180 610 778101 080 250 668 845850 011 228 772 786070 022 119 406 Mai 772843 107 289 681 780280 028 279 651 860827 177 409 905 787666 020 139 424 Jun 785221 160 454 784 792429 156 439 731 879957 222 640 1056 790331 034 174 368 Jul 803584 234 698 1037 810083 223 671 927 907577 314 974 1427 799589 117 293 429 Ago 834713 387 1113 1523 832313 274 964 1302 956905 544 1571 2158 805356 072 367 460 Set 862259 330 1480 1844 868442 434 1440 1794 998786 438 2077 2603 814701 116 487 532 Out 893977 368 1902 2212 896505 323 1810 2093 1047327 486 2664 3105 828778 173 669 695 Nov 917538 264 2216 2428 925887 328 2197 2452 1081963 331 3083 3389 839382 128 805 828 Dez 924504 076 2308 2308 934758 096 2314 2314 1089291 068 3172 3172 845268 070 881 881 2021 Jan 951395 291 291 2655 958844 258 258 2571 1132015 392 392 3706 852809 089 089 937 Fev 977133 271 569 2995 983063 253 517 2894 1170548 340 746 4177 868929 189 280 1107 Mar 998344 217 799 3063 1011948 294 826 3110 1200887 259 1024 4212 880265 130 414 1223 Abr 1020495 222 1038 3346 1027211 151 989 3202 1235764 290 1345 4610 888191 090 508 1299 CONJUNTURA ESTATÍSTICA Junho 2021 Conjuntura Econômica XI Notas 1De 1995 a 2016 média do ano 2De 1995 a 2016 média sobre média 3De 1995 a 2016 dezembro sobre dezembro 4A partir de Janeiro2012 índices calculados pela nova estrutura de ponderaçãoclassificação POF 20082009 dos produtos e serviços e pesos regionais atualizados Os indicadores IPCBRDI Bens Comercializáveis e IPCBRDI Bens Não Comercializáveis não foram disponibilizados até o fechamento desta edição Fontes FGV IBRE e IBGE Índices de Preços ao Consumidor Período IPCBR DI FGV INPC IBGE4 IPCA IBGE4 Índice1 Base Ago 94 100 Variação Bens Comer cializáveis Bens Não Comercializáveis Índice1 Base Dez 93 100 Variação Índice1 Base Dez 93 100 Variação Total Tarifas Públicas no Mês no Ano2 em 12 Meses3 Índices Base Ago 94 1001 no Mês no Ano2 em 12 Meses3 no Mês no Ano2 em 12 Meses3 2012 387826 560 574 288330 523340 677423 360352 543 620 350066 540 584 2013 410345 581 563 306436 552479 687317 383310 637 556 371785 620 591 2014 437113 652 687 325906 588990 717813 406450 604 623 395315 633 641 2015 477370 921 1053 346126 652174 812236 444394 934 1128 431012 903 1067 2016 518122 854 618 377175 706476 886816 485819 932 658 468679 874 629 2017 537700 378 323 387717 736560 930899 500244 297 207 484831 345 295 2018 Jan 547707 069 069 322 389469 755258 962326 505452 023 023 187 493072 029 029 286 Fev 548623 017 085 307 388251 758228 969236 506362 018 041 181 494650 032 061 284 Mar 549566 017 103 276 387454 760868 971644 506716 007 048 156 495095 009 070 268 Abr 551414 034 137 298 387626 764459 976168 507780 021 069 169 496184 022 092 276 Mai 553692 041 179 287 387690 769020 986806 509963 043 112 176 498169 040 133 286 Jun 560272 119 300 443 393341 777207 1008343 517255 143 257 353 504446 126 260 439 Jul 561218 017 317 422 394769 777822 1019819 518548 025 283 361 506111 033 294 448 Ago 561635 007 325 415 395440 778055 1020362 518548 000 283 364 505656 009 285 419 Set 564138 045 371 464 397496 781254 1028251 520104 030 314 397 508083 048 334 453 Out 566824 048 420 480 398957 785368 1032285 522184 040 355 400 510369 045 381 456 Nov 565851 017 402 424 397861 784395 1023049 520879 025 329 356 509297 021 359 405 Dez 567468 029 432 432 399011 786625 1021004 521608 014 343 343 510061 015 375 375 2019 Jan 570680 057 057 419 399568 792632 1024510 523486 036 036 357 511693 032 032 378 Fev 572670 035 092 438 400253 796043 1026661 526313 054 090 394 513893 043 075 389 Mar 576401 065 157 488 401406 802558 1034150 530366 077 168 467 517747 075 151 458 Abr 580025 063 221 519 402981 808471 1044304 533548 060 229 507 520698 057 209 494 Mai 581305 022 244 499 403712 810400 1053074 534348 015 244 478 521375 013 222 466 Jun 581163 002 241 373 403592 810221 1051444 534401 001 245 331 521427 001 223 337 Jul 582952 031 273 387 404039 813442 1057725 534935 010 255 316 522418 019 242 322 Ago 583925 017 290 397 404921 814611 1064110 535577 012 268 328 522993 011 254 343 Set 583944 000 290 351 405346 814261 1066635 535309 005 263 292 522784 004 249 289 Out 583443 009 282 293 405970 812676 1064112 535523 004 267 255 523307 010 260 254 Nov 586276 049 331 361 408470 816140 1075755 538415 054 322 337 525976 051 312 327 Dez 590781 077 411 411 416090 818319 1076472 544984 122 448 448 532025 115 431 431 2020 Jan 594240 059 059 413 416895 824351 1081801 546019 019 019 430 533142 021 021 419 Fev 594200 001 058 376 417326 823940 1075251 546947 017 036 392 534475 025 046 401 Mar 596222 034 092 344 419081 826485 1074724 547932 018 054 331 534849 007 053 330 Abr 595129 018 074 260 419013 824433 1062414 546672 023 031 246 533191 031 022 240 Mai 591934 054 020 183 418295 818840 1044348 545305 025 006 205 531165 038 016 188 Jun 594046 036 055 222 420631 821124 1050879 546941 030 036 235 532546 026 010 213 Jul 596930 049 104 240 423538 824457 1064053 549348 044 080 269 534463 036 046 231 Ago 600114 053 158 277 427238 827761 1072980 551326 036 116 294 535746 024 070 244 Set 605058 082 242 362 432697 833109 1085003 556123 087 204 389 539175 064 134 314 Out 609010 065 309 438 437456 837083 1092462 561072 089 295 477 543812 086 222 392 Nov 614740 094 406 486 442467 844279 1108278 566402 095 393 520 548652 089 313 431 Dez 621342 107 517 517 448077 852693 1125537 574671 146 545 545 556059 135 452 452 2021 Jan 623016 027 027 484 451481 853314 1113129 576223 027 027 553 557449 025 025 456 Fev 626371 054 081 541 453076 858540 1127817 580948 082 109 622 562243 086 111 520 Mar 632616 100 181 610 456519 867913 1156524 585944 086 196 694 567472 093 205 610 Abr 634057 023 205 654 457957 869590 1157512 588171 038 235 759 569231 031 237 676 CONJUNTURA ESTATÍSTICA XII Conjuntura Econômica Junho 2021 Índices de Preços ao Consumidor Período IPC FIPE Custo de Vida DIEESE Valor da Cesta Básica DIEESE Índice1 Base Jun 94 100 Variação Variação Valor Nominal1 no Mês no Ano2 em 12 Meses3 no Mês RJ SP Indicadores Industriais Sondagem Industrial FGVIBRE1 Índice de Confiança da Indústria CNAE 20² Nível de Utilização da Capacidade Instalada Sem Ajuste Sazonal CNAE 20² Sem Ajuste Sazonal Com Ajuste Sazonal Situação Atual Sem Ajuste Sazonal Expectativas Sem Ajuste Sazonal Notas Índices de preços 1De 1995 a 2016 média do ano 2De 1995 a 2016 média sobre média 3De 1995 a 2016 dezembro sobre dezembro Indicadores Industriais Sondagem Industrial FGV 1De 2001 a 2016 média do ano2 Seguindo as melhores práticas estatísticas internacionais a partir de novembro de 2015 a classificação setorial de empresas e produtosserviços das sondagens empresariais produzidas pelo IBREFGV será atualizada para o sistema da Classificação Nacional de Atividades Econômicas CNAE em sua versão 20 Informamos que a partir do mês de março e enquanto durar o período de isolamento social devido à pandemia da COVID19 o DIEESE suspendeu a pesquisa do Índice de Custo de Vida na Cidade de São Paulo Fontes Fipe e Dieese Índices de preços FGV IBRE Sondagem Industrial 1027 1029 1020 1032 823 1031 1031 1033 1026 825 913 912 912 921 812 778 776 779 794 764 822 822 821 836 739 925 926 907 950 744 968 1003 1000 936 733 993 1005 1003 984 752 1028 1014 1012 1043 751 1022 1005 1005 1038 755 1013 1002 997 1029 759 985 982 937 1035 756 1008 996 975 1040 751 1010 993 968 1053 760 987 964 964 1012 777 957 952 940 977 779 949 963 962 939 773 920 955 968 875 757 946 977 964 933 727 976 982 993 960 741 980 971 980 982 736 998 977 990 1007 735 977 966 977 977 748 960 955 959 965 745 962 951 929 999 749 977 959 948 1008 759 979 959 963 999 765 956 954 957 959 775 951 969 971 933 773 953 994 1003 902 760 975 1009 998 952 740 997 1014 1006 987 756 990 975 1004 975 742 624 582 686 586 565 641 614 695 612 599 779 776 784 791 661 905 898 874 945 718 1005 987 976 1036 755 1086 1067 1073 1091 793 1120 1112 1140 1088 817 1120 1131 1191 1036 818 1106 1149 1201 999 802 1084 1113 1162 996 781 1076 1079 1156 986 785 1064 1042 1125 994 772 1062 1035 1107 1010 756 2012 359852 456 510 27620 29284 2013 377599 493 388 31039 32843 2014 396680 505 520 33272 34490 2015 430162 844 1107 37042 38915 2016 469422 913 654 44441 45648 2017 483489 300 227 42507 43488 2018 Jan 491670 046 046 241 095 44381 43920 Fev 489621 042 004 207 005 43836 43733 Mar 489637 000 005 193 003 44119 43784 Abr 489510 003 002 129 004 44006 43480 Mai 490463 019 022 154 007 44603 44116 Jun 495417 101 123 251 138 44558 45163 Jul 496548 023 146 276 014 42189 43742 Ago 498595 041 188 308 009 41705 43281 Set 500523 039 227 346 055 41848 43283 Out 502929 048 276 363 058 44369 44602 Nov 503706 015 292 349 032 46024 47137 Dez 504177 009 302 302 021 46675 47144 2019 Jan 507094 058 058 314 043 46046 46765 Fev 509850 054 113 413 035 46447 48240 Mar 512454 051 164 466 054 49633 50911 Abr 513925 029 193 499 032 51558 52205 Mai 513836 002 192 477 020 49293 50770 Jun 514631 015 207 388 021 49867 50168 Jul 515371 014 222 379 017 47928 49316 Ago 517073 033 256 371 013 46224 48144 Set 517081 000 256 331 011 45821 47385 Out 517931 016 273 298 004 46257 47359 Nov 521464 068 343 353 046 45537 46581 Dez 526364 094 440 440 109 51691 50650 2020 Jan 527874 029 029 410 064 50713 51751 Fev 528434 011 039 364 012 50555 51976 Mar 528970 010 050 322 53365 51850 Abr 527362 030 019 261 54434 55625 Mai 526085 024 005 238 55881 55636 Jun 528134 039 034 262 51284 54703 Jul 529429 025 058 273 50572 52474 Ago 533554 078 137 319 52976 53995 Set 539531 112 250 434 56375 56335 Out 545957 119 372 541 59225 59587 Nov 551590 103 479 578 62963 62918 Dez 555921 079 562 562 62109 63146 2021 Jan 560717 086 086 622 64400 65415 Fev 561979 023 109 635 62982 63947 Mar 565962 071 181 699 61256 62600 Abr 568444 044 225 779 62204 63261 CONJUNTURA ESTATÍSTICA Junho 2021 Conjuntura Econômica XIII Indicadores Industriais Produção Física1 Período Indústria Geral Indústria Extrativa Mineral2 Variação Base Média 2012 100 Variação Base Média 2012 100 Acumulado no Ano1 Acumulado em 12 Meses Base Fixa2 Base Fixa Dessazonalizada Acumulado no Ano1 Acumulado em 12 Meses1 Base Fixa2 Base Fixa Dessazonalizada Notas 1Indicadores industriais A partir de maio de 2014 dados referentes à nova série de índices mensais da produção industrial elaborados com base na Pesquisa Industrial Mensal de Produção Física PIMPF reformulada 2De 2002 a 2015 média do ano A série reformulada tem início em janeiro de 2002 Fonte IBGE Indicadores industriais 2012 230 10000 050 9999 2013 207 10208 363 9636 2014 302 9899 679 10290 2015 825 9083 387 10688 2016 641 8500 944 9679 2017 250 8713 453 10118 2018 Jan 565 277 8230 8900 020 341 10170 10150 Fev 377 290 7730 8870 277 242 8800 9780 Mar 276 280 8620 8970 275 145 9650 10160 Abr 433 388 8650 9020 238 084 9530 10120 Mai 198 294 8440 8040 176 043 10410 10410 Jun 217 313 9110 9050 146 009 10250 10320 Jul 246 324 9580 8980 108 028 10550 10110 Ago 233 302 9820 8880 094 048 10420 9910 Set 176 257 9070 8640 099 075 10090 9750 Out 165 215 9580 8730 064 074 10670 10140 Nov 138 164 8950 8730 045 071 10200 10160 Dez 099 099 7800 8790 001 001 10680 10310 2019 Jan 194 041 8070 8700 167 016 10340 10320 Fev 013 045 7910 8770 343 008 7980 8890 Mar 203 012 8100 8720 678 093 8360 8770 Abr 247 110 8330 8750 1077 263 7360 7950 Mai 038 006 9100 8770 1205 412 8670 8730 Jun 136 070 8580 8690 1250 537 8750 8850 Jul 154 127 9340 8560 1192 622 9630 9180 Ago 161 160 9620 8670 1060 637 10230 9670 Set 129 128 9180 8680 973 650 9810 9420 Out 101 124 9700 8830 947 734 9890 9350 Nov 107 128 8800 8670 946 825 9240 9200 Dez 110 110 7690 8600 969 969 9390 9060 2020 Jan 087 101 8000 8670 1509 1110 8780 8770 Fev 056 120 7890 8780 835 1047 8010 8940 Mar 166 101 7790 8090 588 954 8320 8760 Abr 833 290 6030 6490 250 725 8080 8760 Mai 1130 540 7110 7030 316 629 8170 8290 Jun 1086 563 7830 7690 282 515 8650 8790 Jul 956 565 9100 8340 216 426 9760 9280 Ago 856 569 9390 8610 212 427 10040 9420 Set 711 545 9530 8830 237 439 9400 8970 Out 628 552 9740 8920 278 427 9280 8740 Nov 548 518 9020 9000 336 420 8400 8360 Dez 446 446 8330 9060 341 341 9020 8700 2021 Jan 238 422 8190 9090 023 200 8800 8820 Fev 132 418 7910 9000 304 252 7480 8360 Mar 431 311 8600 8780 207 249 8310 8820 CONJUNTURA ESTATÍSTICA XIV Conjuntura Econômica Junho 2021 Indicadores Industriais Produção Física1 Período Indústria de Transformação Por Gêneros Industriais2 Por Categoria de Uso2 Variação Base Fixa² Base Fixa Com Ajustamento Sazonal Meta lurgia Fabricação de Máquinas e Equipamentos Fabricação de Produtos Têxteis Fabricação de Coque de Produtos Derivados do Petróleo e de Biocombustíveis Fabricação de Bebidas Fabricação de Celulose Papel e Produtos de Papel Bens de Capital Bens Inter Mediários Bens de Consumo Duráveis Bens de Consumo Semi e Não Duráveis Acumulado no Ano1 Acumulado em 12 Meses Base Média 2012 100 Índices de Base Fixa Com Ajustamento Sazonal Base Média 2012100 Índices de Base Fixa Sem Ajustamento Sazonal Base Média 2012100 Indicadores industriais 1A partir de maio de 2014 dados referentes à nova série de índices mensais da produção industrial elaborados com base na Pesquisa Industrial Mensal de Produção Física PIMPF reformulada A série reformulada tem início em janeiro de 2002 2De 2002 a 2015 média do ano Fonte IBGE Indicadores industriais 2012 239 10001 9980 9994 10026 9990 10001 9978 9997 10001 10002 10001 10001 2013 280 10281 10273 10013 10408 10023 10662 9812 9943 11220 10039 10442 10205 2014 417 9852 9865 9272 9816 9357 10896 9945 9838 10173 9797 9493 10193 2015 984 8883 8896 8490 8388 7944 10251 9447 9778 7597 9286 7738 9509 2016 599 8350 8336 7956 7411 7561 9419 9153 10011 6821 8684 6624 9209 2017 225 8538 8551 8372 7611 8027 9008 9241 10338 7245 8833 7502 9289 2018 Jan 654 270 7980 8790 8800 8160 8170 8680 9600 10840 6840 8340 7340 8620 Fev 478 300 7590 8640 8670 7820 7830 8370 9390 10790 7050 7700 7610 8060 Mar 362 303 8500 8830 8710 8120 8020 8710 9140 10690 8290 8450 9050 9020 Abr 536 436 8540 8870 8690 7820 7880 9200 9510 10770 7930 8590 8610 9020 Mai 254 334 8190 7780 8380 7550 7590 9540 7940 9310 7120 8730 7080 8510 Jun 268 362 8960 8860 8540 8120 7750 9620 10310 11140 8060 9290 7790 9410 Jul 296 377 9460 8810 8570 8040 8030 9850 10410 11250 7920 9850 8470 9820 Ago 280 355 9750 8750 8510 8330 7850 9040 9640 11380 8900 9810 9610 10260 Set 216 308 8950 8570 9050 7460 7820 8840 8510 11120 7860 9140 7810 9740 Out 197 258 9440 8590 8790 7880 7900 8900 9130 11100 8800 9410 9140 10430 Nov 163 197 8790 8580 8820 7640 7740 8910 9050 11050 7990 8820 8340 9810 Dez 110 110 7430 8550 8860 7570 7330 8870 9230 10810 6330 7930 6230 8440 2019 Jan 251 043 7780 8550 8570 7430 7730 8760 9720 10440 6340 8270 7020 8470 Fev 071 051 7900 8670 8550 7670 7760 9110 9880 10450 7530 7690 8580 8340 Mar 133 003 8070 8700 8590 7840 7630 8920 9890 10540 7330 8090 7650 8560 Abr 123 089 8460 8830 8720 8630 8110 8860 10200 10680 7930 8110 8690 8950 Mai 137 066 9150 8750 8860 8710 7840 9240 9890 10660 8610 9020 9080 9550 Jun 032 001 8560 8630 8590 7860 7700 9210 9820 10010 7650 8730 7340 8960 Jul 002 054 9310 8520 8480 8150 7690 9260 9290 10260 8400 9340 8600 9980 Ago 028 090 9550 8570 8450 8010 7700 9450 9280 10460 8520 9620 9120 10240 Set 005 054 9100 8610 8370 7810 7810 9340 9420 10340 7950 9150 8490 9940 Out 023 035 9680 8780 8110 7910 7760 9220 9550 10620 8600 9430 9800 10820 Nov 016 025 8740 8620 8050 7760 7830 9400 9720 10450 7720 8570 8440 9920 Dez 019 019 7480 8500 7890 6920 7910 9800 9960 10530 5930 7760 6330 8530 2020 Jan 154 050 7900 8700 8320 7880 7970 10040 9830 10640 6600 8150 7180 8400 Fev 057 017 7870 8700 8340 7950 8170 9900 9890 10870 7160 7910 7670 8200 Mar 109 025 7720 7960 8190 7310 6470 9830 7970 10840 6950 7960 6890 7940 Abr 916 228 5770 6070 5800 5040 3890 8050 4970 10780 3740 6670 1310 6660 Mai 1238 526 6980 6880 6440 5710 4240 9400 8430 9880 5220 7700 2750 7710 Jun 1192 570 7730 7570 6370 6390 5730 9140 10410 10000 5910 8240 4790 8520 Jul 1055 585 9010 8240 7560 7370 7240 9650 10820 10360 7070 9510 7180 9510 Ago 944 590 9310 8520 7840 7470 7950 9970 10650 10490 7280 9820 8210 9590 Set 777 561 9540 8820 8160 8420 8390 10060 10700 10920 7960 9690 8670 10130 Out 678 572 9790 8940 8420 8610 8590 9940 10500 10810 8780 9740 9010 10470 Nov 579 533 9100 9070 8550 8930 8760 9870 10860 10850 8690 8880 8660 9760 Dez 463 463 8250 9190 10150 9470 10070 9730 10010 10600 8020 8410 7220 8700 2021 Jan 266 306 8110 9150 8970 9230 9820 9600 9740 11170 7710 8400 6910 8340 Fev 190 315 7960 9090 9100 9440 8920 9540 9690 11270 8210 7940 7040 8070 Mar 519 424 8640 8800 9040 9370 8350 9700 9360 11300 9000 8760 7720 8430 CONJUNTURA ESTATÍSTICA Junho 2021 Conjuntura Econômica X V Notas Para dados anuais apresentase o valor acumulado no ano ¹Para dados anuais dáse a média do ano ² Deflacionada pelo IPA A partir da edição de out02 a base da série passa a ser janeiro de 1999 e a cesta de moedas e seus respectivos pesos no cálculo da taxa efetiva passam a ser euro 0465094 dólar norteamericano 0270294 o iene japonês 0103379 o peso argentino 0097698 e libra esterlina 0063535 Em abril de 2015 o Banco Central do Brasil passou a divulgar as estatísticas de setor externo da economia brasileira em conformidade com a sexta edição do Manual de Balanço de Pagamentos e Posição Internacional de Investimento BPM6 do Fundo Monetário Internacional FMI Fontes FGV IBRE Banco Central e SECEX Setor Externo US milhões Período Taxa de Câmbio Real1 ÍndiceBase Jan 99 100 Dados mensais e anuais US milhões RUS2 Efetiva2 Balança Comercial Balanço de Pagamentos BPM6 Total de Exportação Total de Importação Saldo Transações Correntes Saldo Balança Comercial e Serviços Serviços Renda Primária Renda Secundária Conta Capital Conta Financeira Erros e Omissões 2014 5443 5179 224974 229127 4155 101679 54978 48239 49427 2725 232 96856 4592 2015 7038 6259 190971 171459 19512 54789 19605 37050 37935 2751 461 56647 2319 2016 6562 5579 185234 137586 47648 24475 13942 30602 41543 3126 274 16093 8109 2017 6222 5359 217739 150750 66989 22033 19001 38324 43170 2135 379 17075 4579 2018 6872 5815 239265 181231 58035 51460 7380 35996 58824 15 440 52342 1322 2019 Jan 6821 5749 18002 16388 1614 9348 2912 2926 6218 218 34 7546 1768 Fev 6733 5616 15737 12622 3116 2714 717 2421 1807 191 15 3685 986 Mar 6918 5645 17429 13133 4296 3528 465 2416 3912 81 50 2101 1378 Abr 6967 5612 19282 13629 5653 2846 740 3242 3790 204 29 3311 493 Mai 7113 5620 20592 14968 5624 3359 605 3214 4338 374 17 4836 1494 Jun 6745 5353 18406 13029 5377 2745 114 3490 2990 131 4 4172 1431 Jul 6602 5253 20151 17759 2391 11636 3126 3452 8673 162 73 11793 230 Ago 7079 5448 19670 15570 4100 6159 985 2317 5502 328 68 7963 1871 Set 7254 5517 20298 16495 3803 3737 283 2476 3735 281 25 3994 282 Out 7162 5388 19577 17027 2550 9257 3057 3655 6331 131 18 8738 501 Nov 7291 5489 17737 14172 3565 4209 492 2309 3879 162 17 5543 1350 Dez 7035 5342 18503 12556 5947 5491 706 3572 6098 99 22 676 4794 Acum Ano19 6977 5503 225384 177348 48036 65030 8942 35489 57272 1184 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1818 3176 1791 1416 1674 289 21 3440 286 Mar 6838 5636 24348 17862 6486 4013 1538 1058 2993 518 23 3962 28 Abr 6633 5473 26481 16132 10349 5663 7832 1313 2370 201 9 5630 43 CONJUNTURA ESTATÍSTICA X VI Conjuntura Econômica Junho 2021 Emprego e Renda PNADc Período Taxas em Pontos Percentuais Rendimento Médio Real Habitual em reais Massa de Rendimento Médio Real Habitual de Pessoas Ocupadas todos os trabalhos em milhões de Reais Taxa de Desocupação Nível da Ocupação Taxa de Participação na Força de Trabalho Pessoas Ocupadas todos os trabalhos Posição na Ocupação trabalho principal Empregado no Setor Privado Com Carteira Empregado no Setor Privado Sem Carteira Trabalhador Doméstico Empregado no Setor Público inclusive servi dor estatutário e militar Empregador Conta Própria exclusive trabalhadores domésticos Nota A divulgação fornece aos usuários da pesquisa dados sobre a evolução do mercado de trabalho no Brasil atualizados mensalmente através de trimestres móveis Assim a cada mês serão divulgadas informações referentes ao último trimestre móvel Fonte IBGE 2019 Jan 120 542 616 2271 2136 1371 892 3673 5489 1682 204563 Fev 124 539 616 2286 2142 1369 902 3696 5635 1687 204944 Mar 127 539 617 2289 2165 1350 909 3706 5661 1671 205156 Abr 125 542 619 2292 2172 1364 902 3691 5754 1667 206544 Mai 123 545 621 2286 2169 1372 899 3660 5715 1666 207294 Jun 120 546 621 2290 2166 1399 901 3661 5785 1662 208435 Jul 118 547 621 2286 2169 1427 902 3649 5665 1667 208627 Ago 118 547 621 2298 2184 1432 905 3674 5718 1668 209893 Set 118 548 621 2298 2183 1407 897 3659 5852 1676 210424 Out 116 549 621 2317 2185 1391 898 3693 5997 1693 212808 Nov 112 551 620 2332 2197 1428 897 3716 6014 1695 215104 Dez 110 551 619 2340 2197 1442 904 3758 5977 1711 216262 2020 Jan 112 548 617 2361 2213 1470 911 3778 6047 1734 217399 Fev 116 545 617 2375 2252 1481 916 3798 6032 1736 217631 Mar 122 535 610 2398 2276 1504 920 3763 5945 1754 216290 Abr 126 516 590 2425 2300 1539 925 3716 5980 1768 211628 Mai 129 495 568 2460 2309 1597 930 3722 6014 1769 206623 Jun 133 479 553 2500 2294 1585 932 3776 6297 1792 203519 Jul 138 471 547 2535 2301 1671 930 3842 6399 1819 203016 Ago 144 468 547 2542 2312 1657 921 3889 6490 1819 202478 Set 146 471 551 2554 2317 1670 914 3951 6762 1805 205305 Out 143 480 560 2529 2330 1596 898 3971 6590 1787 207859 Nov 141 486 566 2517 2332 1572 897 3949 6541 1787 210049 Dez 139 489 568 2507 2345 1591 896 3990 6173 1802 210724 2021 Jan 142 487 568 2521 2353 1597 917 4034 6105 1812 211432 Fev 144 486 568 2520 2340 1561 925 4121 5980 1820 211189 Mar 147 484 568 2544 2348 1598 931 4098 6081 1905 212514 MBA FGV SEU MOMENTO É DE EVOLUÇÃO Professores com experiência de mercado Conteúdos atuais e específicos Networking qualificado VENHA EVOLUIR COM A GENTE INSCREVASE MBA FGV É MAIS QUE MBA É FGV
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Carta do IBRE Fatores institucionais e técnicos permitem algum otimismo sobre a solvência pública no Brasil Editada desde 1947 wwwconjunturaeconomicacombr Junho 2021 volume 75 nº 06 R 1700 Ponto de Vista Epidemia e crise econômica primeiro ano Entrevista Joaquim Levy Diretor de Estratégia Econômica e Relação com Mercados do Banco Safra Projetos para revisão do sistema de proteção social voltam à pauta para responder a velhos e recentes desafios no combate à pobreza Um novo Bolsa Família Artigos Fernanda Delgado José Roberto R Afonso Marcelo Gauto Nelson Marconi Samuel Pessôa Trabalho Onde estão os bons empregos Brasilempresa Como olhar o empreendedorismo Combustíveis A formação de preço Professores com experiência de mercado Conteúdos atuais e específicos Networking qualificado VENHA EVOLUIR COM A GENTE INSCREVASE MBA FGV É MAIS QUE MBA É FGV N E S T A E D I Ç Ã O Instituto Brasileiro de Economia Junho de 2021 Junho 2021 Conjuntura Econômica 3 Carta do IBRE 6 Fatores institucionais e técnicos permitem algum otimismo sobre a solvência pública no Brasil As dívidas públicas dos países como proporção de seus PIBs foram impulsionadas neste século por dois eventos a grande crise financeira global em 20082009 e a pandemia da Covid19 em 2020 Em ambos os casos volumosos pacotes fiscais para tentar amenizar o impacto econômico e social desses dois episódios causaram forte e veloz aumento do endividamento público Números organizados por Bráulio Borges pesquisador associado do FGV IBRE com base em dados do FMI Fiscal Monitor abril21 mostram que a média simples mundial 188 países da relação entre a dívida pública bruta e o PIB saltou 262 pontos percentuais pp entre 2008 e 2020 de 428 pp para 69 pp O salto apenas de 2019 para 2020 foi de 104pp Ponto de Vista 10 Epidemia e crise econômica primeiro ano Um ano após a epidemia ter atingido o mundo todo e ter se tornado portanto uma pandemia já é possível traçar algumas ideias sobre a natureza do choque econômico que a acompanhou Diferentemente de como ocorre em grandes crises macroeconômicas houve um choque de demanda mas também de oferta Entrevista 12 No Brasil como em qualquer país tudo que funciona demanda um plano Em conversa com a Conjuntura Econômica o exministro da Fazenda Joaquim Levy resumiu o desafio brasileiro para entrar no movimento global de retomada verde em dois fazer cumprir a lei para combater o desmatamento ilegal na Amazônia e ter um plano claro de inserção na economia de baixo carbono Macroeconomia 24 Onde estão os bons empregos A geração de empregos deve ser um dos maiores objetivos das políticas públicas No Brasil essa opção é ainda mais premente em função de nossos indicadores de distribuição de renda pobreza deterioração do mercado de trabalho e desemprego Além de atentar para a quantidade devese buscar também melhorar a qualidade dos postos gerados Daí decorrem duas perguntas o que são bons empregos E onde estão os bons empregos Capa Proteção Social 32 Um novo Bolsa Família Com o fim do auxílio emergencial em dezembro de 2020 a pobreza no Brasil passou a subir e chegou a 35 milhões de pessoas em abril segundo o FGV Social Até agosto quando for distribuída a última cota da nova rodada de auxílio parte dessas pessoas ainda contará com algum alívio Se nenhuma extensão do programa acontecer entretanto será inadiável a definição de como readequar o Bolsa Família para dar conta do aumento da pobreza no país e seus novos desafios Carta do IBRE 6 Fatores institucionais e técnicos permitem algum otimismo sobre a solvência pública no Brasil Luiz Guilherme Schymura Ponto de Vista 10 Epidemia e crise econômica primeiro ano Samuel Pessôa Entrevista 12 Joaquim Levy Solange Monteiro Macroeconomia 18 Cada vez mais Brasilempresa José Roberto R Afonso 24 Onde estão os bons empregos Nelson Marconi 28 Para os 5 e avante Solange Monteiro Capa Proteção Social 32 Um novo Bolsa Família Solange Monteiro 40 O ancestral comum Solange Monteiro Energia 44 Composição dos preços de paridade dos combustíveis no Brasil Fernanda Delgado e Marcelo Gauto Sumário 4 Conjuntura Econômica Junho 2021 Fundador Richard Lewinsohn EditorChefe Luiz Guilherme Schymura de Oliveira EditorExecutivo Claudio Roberto Gomes Conceição Editora Solange Monteiro Editoria de arte Marcelo Nascimento Utrine Capa e projeto gráfico Marcelo Nascimento Utrine Ilustração da capa Istockphoto Revisão Mariflor Rocha Colaboram nesta edição Fernanda Delgado José Roberto R Afonso Luiz Guilherme Schymura de Oliveira Marcelo Gauto Nelson Marconi e Samuel Pessôa Secretaria e apoio administrativo Rua Barão de Itambi 60 8o andar Botafogo CEP 22231000 Rio de Janeiro RJ Tel 21 37996840 Fax 21 37996855 conjunturaredacaofgvbr Conjuntura Econômica é uma revista mensal editada pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas desde novembro de 1947 As manifestações expressas por integrantes dos quadros da Fundação Getulio Vargas nas quais constem a sua identificação como tais em artigos e entrevistas publicados nos meios de comunicação em geral representam exclusivamente as opiniões dos seus autores e não necessariamente a posição institucional da FGV A reprodução total ou parcial do conteúdo da revista somente será permitida com autorização expressa dos editores Assinaturas e renovações conjunturaeconomicafgvbr Rio de Janeiro 21 37996844 Outros estados 08000257788 ligação gratuita Circulação Bernardo Nunes Chefer Tel 21 37996848 Fax 21 37996855 Publicidade 21 3799684041 ISSN 00105945Conjuntura Econômica Vol 1 n 1 nov 1947 Rio de Janeiro Fundação Getulio Vargas 1947v il 28cm Mensal Órgão oficial de Instituto Brasileiro de Economia Diretores Nov 1947mar 1952 Richard Lewinsohn Maio 1952dez 1968 José Garrido Torres Jan 1969mar 1974 Sebastião Marcos Vital Abr 1974mar 1979 Antonio Carlos Lemgruber Abr 1979abr 1994 Paulo Rabello de Castro Maio 1994set 1999 Lauro Vieira de Faria Out 1999nov 2003 Roberto Fendt Dez 2003jun 2004 Antonio Carlos Pôrto Gonçalves Jul 2004 Luiz Guilherme Schymura de Oliveira ISSN 00105945 1 Economia Periódicos 2 Brasil Condições Econômicas Periódicos I Fundação Getulio Vargas II Instituto Brasileiro de Economia CDD 3305 Instituição de caráter técnicocientífico educativo e filantrópico criada em 20 de dezembro de 1944 como pessoa jurídica de direito privado tem por finalidade atuar no âmbito das Ciências Sociais particularmente Economia e Administração bem como contribuir para a proteção ambiental e o desenvolvimento sustentável Praia de Botafogo 190 CEP 22250900 Rio de Janeiro RJ Caixa Postal 62591 CEP 22257970 Tel 21 37994747 Primeiro Presidente e Fundador Luiz Simões Lopes Presidente Carlos Ivan Simonsen Leal Vicepresidentes Francisco Oswaldo Neves Dornelles licenciado Marcos Cintra Cavalcanti de Albuquerque Conselho Diretor Presidente Carlos Ivan Simonsen Leal Vicepresidentes Francisco Oswaldo Neves Dornelles licenciado Marcos Cintra Cavalcanti de Albuquerque Vogais Armando Klabin Carlos Alberto Pires de Carvalho e Albuquerque Cristiano Buarque Franco Neto Ernane Galvêas José Luiz Miranda Lindolpho de Carvalho Dias Marcílio Marques Moreira Roberto Paulo Cezar de Andrade Suplentes Aldo Floris Antonio Monteiro de Castro Filho Ary Oswaldo Mattos Filho Eduardo Baptista Vianna Gilberto Duarte Prado José Ermírio de Moraes Neto Marcelo José Basílio de Souza Marinho Conselho Curador Presidente Carlos Alberto Lenz César Protásio Vicepresidente João Alfredo Dias Lins Klabin Irmãos Cia Vogais Alexandre Koch Torres de Assis Jorge Irribarra Souza Cruz SA Antonio Alberto Gouvêa Vieira Carlos Eduardo de Freitas Cid Heraclito de Queiroz Eduardo M Krieger Estado da Bahia Estado do Rio de Janeiro Estado do Rio Grande do Sul José Carlos Cardoso IRBBrasil Resseguros SA Luiz Chor Luiz Ildefonso Simões Lopes Marcelo Serfaty Marcio João de Andrade Fortes Miguel Pachá Isaac Sidney Menezes Ferreira Federação Brasileira de Bancos Pedro Henrique Mariani Bittencourt Ronaldo Vilela Sindicato das Empresas de Seguros Privados de Previdência Complementar e de Capitalização nos Estados do Rio de Janeiro e do Espírito Santo Willy Otto Jordan Neto Suplentes Almirante Luiz Guilherme Sá de Gusmão Carlos Hamilton Vasconcelos Araújo General Joaquim Maia Brandão Júnior José Carlos Schmidt Murta Ribeiro Leila Maria Carrilo Cavalcante Ribeiro Mariano Luiz Roberto Nascimento Silva Manoel Fernando Thompson Motta Filho Solange Srour Banco de Investimentos Crédit Suisse SA Olavo Monteiro de Carvalho Monteiro Aranha Participações SA Patrick de Larragoiti Lucas Sul América Companhia Nacional de Seguros Ricardo Gattass Rui Barreto Instituto Brasileiro de Economia Diretor Luiz Guilherme Schymura de Oliveira Vicediretor Vagner Laerte Ardeo Superintendência de Estatísticas Públicas Aloisio Campelo Junior Superintendência de Infraestrutura e Mercados Governamentais Túlio Barbosa Superintendência de Inovação e Mercados Pedro Guilherme Ferreira Superintendência de Pesquisa Dados e Operação André Lavinas Superintendência de Economia Aplicada Armando Castelar Superintendência de Publicações Claudio Roberto Gomes Conceição Superintendência de Gestão Estratégica e Organizacional Joana Braconi Junho 2021 Conjuntura Econômica 5 A economia brasileira cresceu 12 no primeiro trimestre do ano em relação ao trimestre anterior superando com folga as previsões do mercado Com isso a atividade econômi ca voltou ao patamar do quarto trimestre de 2019 antes que a pandemia surgisse Outro dado importante se compararmos com o primeiro trimestre de 2020 o PIB cresceu 1 a primeira alta dentro da pandemia E os indicadores de alta frequência que estão saindo mostram que a recuperação prossegue levando a uma revi são nas projeções sobre como deverá se comportar a economia este ano O Boletim Macro IBRE estima que o PIB deverá fechar o ano com um crescimento de 46 Mas há previsões mais otimistas acima dos 5 Mas há riscos no horizonte que podem atrapalhar O primeiro é como vai se comportar a pandemia nos próximos meses Embora tenha havido uma certa estabilização no número de novos casos e mortes ela está em patamares bastante elevados e houve um aumento significativo nas últimas semanas no nível de internações nas Unidades de Terapia Intensiva UTIs Também o número de pessoas infectadas voltou a dar um salto nos dois últimos dias Mas há esperança de haver um arrefecimento da pandemia com o avanço da vacinação por uma maior oferta de imunizantes já a partir deste mês que deve crescer a partir de julho O segundo fantasma que volta a assombrar é a inflação com a disparada nos preços da carne da soja do milho que impactam a ração alimentar O que tende a piorar com a iminente crise energética o terceiro risco devido à estiagem e nível dos reservatórios que estão muito baixos No final de maio último os reservatórios das regiões Sudeste e CentroOeste estavam com 3201 de capacidade bem próximo dos 2987 de 2001 quando o país viveu uma grave crise energética É o nível mais baixo desde 2002 O provável aumento dos preços da energia com o uso de termelétricas mais caras vai impactar os custos das empresas e o bolso dos consumidores Nível dos reservatórios do Sudeste e CentroOeste ao final de maio Em do total 299 675 761 827 853 847 868 829 822 786 878 724 628 373 361 568 433 426 471 551 321 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021 Fonte ONS Os caminhos da retomada econômica e a necessidade da criação de uma rede de amparo aos mais vulnerá veis seja através do fortalecimento do Bolsa Família seja através de outros mecanismos ante esses desafios são tratados pela editora Solange Monteiro na edição deste mês da revista Na última terça feira 1 a imprensa perdeu um de seus mais brilhantes jorna listas Aos 67 anos depois de lutar por 49 dias contra a Covid19 Ribamar Oli veira repórter especial e colunista do Valor Econômico partiu Riba como era carinhosamente chamado pela legião de amigos que amealhou durante seus mais de 40 anos de profissão deixa um vazio enorme Para a profissão e seus amigos Fique em paz amigo Claudio Conceição claudioconceicaofgvbr Nota do Editor CARTA DO IBRE 6 Conjuntura Econômica Junho 2021 As dívidas públicas dos países como proporção de seus PIBs foram im pulsionadas neste século por dois eventos a grande crise financeira global em 20082009 e a pandemia da Covid19 em 2020 Em ambos os casos volumosos pacotes fiscais para tentar amenizar o impacto eco nômico e social desses dois episódios causaram forte e veloz aumento do endividamento público Números organizados por Bráulio Borges pesquisador associado do FGV IBRE com base em dados do FMI Fis cal Monitor abril21 mostram que a média simples mundial 188 países da relação entre a dívida pública bruta e o PIB saltou 262 pontos percentuais pp entre 2008 e 2020 de 428 pp para 69 pp O salto apenas de 2019 para 2020 foi de 104 pp No caso do mundo rico média simples de 30 países a relação dí vida brutaPIB subiu 309 pp en tre 2008 e 2020 sendo 129 pp de 2019 para 2020 Já no caso dos emergentes 158 países o aumento de 2008 a 2020 foi de 254 pp e de 10 pp entre 2019 e 2020 Como fica o Brasil nesse filme Na verdade não muito bem O salto da relação dívida brutaPIB brasileira de 2008 a 2020 foi de 367 pp de 614 pp para 981 pp O critério de dívida pública por questões de comparabili dade do FMI é diferente do adotado pelo Banco Central do Brasil que che ga a valores menores mas com varia ção semelhante 888 pp em 2020 e 56 pp em 2008 De qualquer forma o aumento da dívida bruta no Brasil em 20092019 foi bem superior ao do mundo média simples dos paí ses dos emergentes e até das nações avançadas nas quais o endividamento avançou mais Já entre 2019 e 2020 o aumento da dívida bruta brasileira foi de 112 pp mais em linha com o mundo e os grupos de ricos e emergen tes A dívida bruta do Brasil pelo crité rio do FMI em 2020 981 do PIB estava 32 pp do PIB acima da média dos emergentes 66 e 131 acima dos avançados 85 Esses números deixam claro que no grande debate surgido desde a dé cada passada sobre os limites de en dividamento público dos países em função justamente do salto ocorrido neste século o Brasil é claramente um caso que merece cuidado e aten ção Na verdade não existe uma de finição científica muito robusta de um limite a partir do qual a dívida pública de um país se torna preocupante Os economistas Kenneth Rogoff e Car men Reinhart em trabalho conjunto de base empírica chegaram ao nível de 90 como limiar a partir do qual Fatores institucionais e técnicos permitem algum otimismo sobre a solvência pública no Brasil Luiz Guilherme Schymura Pesquisador do FGV IBRE e doutor em Economia pela FGV EPGE CARTA DO IBRE Junho 2021 Conjuntura Econômica 7 da dívidaPIB o montante desse su perávit depende do valor inicial da relação entre dívida e produto Também em termos de r g dados compilados por Borges sugerem que a posição do Brasil é comparativamente desfavorável Tomando o r g anual nominal de 18 países desenvolvidos entre 1871 e 2017 encontrase uma média de 06 pp ao ano De 2001 a 2017 a média foi de 09 pp Já no Brasil o r g médio de 2001 a 2017 foi de 25 pp e o de 2001 a 2020 foi de 27 pp No caso dos países ricos o cálculo do r g foi feito pelo diferen cial entre a taxa de juros nominal de longo prazo de títulos governamentais e o crescimento nominal do PIB da na ção respectiva Para o Brasil usouse o custo da dívida bruta do governo geral DBGG no critério do FMI e o PIB nominal dados definitivos até 2018 e preliminares em 2019 e 2020 De 2003 a 2013 época em que o Brasil foi beneficiado pelo chamado o crescimento econômico seria pre judicado de forma mais intensa mas o trabalho foi criticado por erros de cálculo De qualquer maneira muitos países ricos têm hoje níveis bem acima de 90 sem que se percebam pertur bações macroeconômicas das quais os menos endividados estejam livres Essa dificuldade em estabelecer um nível preciso a partir do qual a dívida pública se torna problemática não sig nifica por outro lado que os países possam se endividar ilimitadamente em especial aqueles que não emitem moedas de reserva e instrumentos de dívida considerados portos seguros para os investidores globais A hora da verdade varia de economia para economia e depende de um enorme número de circunstâncias mas é fora de dúvida que de tempos em tempos determinados países ou grupos de pa íses sofrem de desconfiança sobre a solvência pública levando a crises de variadas magnitudes No Brasil nos dias de hoje muitos analistas veem na empinada da curva de juros e na desvalorização excessiva do câmbio desde o ano passado as digitais de um risco crescente de insolvência fiscal Do ponto de vista da evolução da relação dívidaPIB um de seus prin cipais condicionantes contábeis é o chamado r g isto é a taxa de juros incidente sobre a dívida sub traída do crescimento do PIB Se o r g for zero a relação dívidaPIB mantémse estável com despesas pri márias iguais às receitas Se for nega tivo permite até a estabilidade com algum déficit primário Se for posi tivo é necessário algum superávit primário para manter a estabilidade A dívida bruta do Brasil pelo critério do FMI em 2020 981 do PIB estava 32 pp do PIB acima da média dos emergentes 66 e 131 acima dos avançados 85 superciclo de commodities o r g do país caiu para a média de 08 pp ao ano querendo chegar perto de zero como nota Borges Mas a eco nomia estava superaquecida e operou com hiperemprego nesse período com um breve interregno na virada de 2008 para 2009 ele acrescenta levando a inflação para cima da meta e a um grande e crescente déficit em conta corrente Em outras palavras o baixo r g no período não era sustentável embora tenha gerado forte redução da dívidaPIB cerca de 17 pp até mesmo por conta de o país ter man tido um superávit primário estrutural de cerca de 15 do PIB potencial na média daquele período saindo de 3 em 2003 para zero em 2013 O r g brasileiro mostrouse ain da mais desfavorável quando se toma a média de 2014 a 2020 atingindo 55 pp Por outro lado o r g em 2021 deverá ser bem negativo de cer ca de 5 pp refletindo a combinação entre uma Selic ainda baixa mesmo que em elevação e o alto deflator do PIB além de um crescimento do PIB em volume relativamente robus to entre 35 e 4 ou até mais segundo as projeções mais recentes Em 2022 há a possibilidade de que o r g ainda seja negativo ou próximo de zero também por fatores circuns tanciais Assim temse uma trégua no front da relação dívidaPIB que este ano deve cair apesar do déficit primário estimado em cerca de 3 do PIB Porém mirandose o médio prazo a tendência do Brasil de voltar a apresentar r g significativamente positivo não tranquiliza em relação à solvência pública CARTA DO IBRE 8 Conjuntura Econômica Junho 2021 Ainda assim é possível alimentar algum otimismo sobre essa questão a partir de duas frentes de argumenta ção A primeira do autor desta Car ta é políticoinstitucional Tendên cias sempre são extrapolações do já ocorrido mas não necessariamente o futuro precisa repetir o passado Como no dito do pensador francoes tadunidense René Dubos Tendência não é destino Em Cartas do IBRE recentes temos chamado a atenção para o fato de que há hoje um posi cionamento do sistema político brasi leiro e de formadores de opinião pú blica sobre a questão fiscal inédito na história do país O Brasil conta com um teto de gastos que sobrevive a to das as dificuldades de cumprilo e a preocupação com as contas públicas revelase em episódios recentes como o orçamento paralelo para além da indignação moral e a privatização da Eletrobras Nesse segundo caso o fato de a operação para ser viabiliza da incluir a necessidade de um inves timento público de R 30 bilhões na infraestrutura de distribuição de gás num momento de orçamento aperta do tornouse quase um empecilho Em 2021 o setor público federal opera em estado de austeridade má xima com risco de shutdown efetivo da máquina pública Em 2019 foi aprovada dura reforma previdenciá ria Os reajustes do salário mínimo nacional não superam a inflação já há 6 anos Agora há sinais de que uma reforma administrativa para va ler pode caminhar Aliás de certa for ma ela começou já em 2013 quando a expresidente Dilma Rousseff re gulamentou o Funpresp o fundo de previdência complementar dos servi dores federais fazendo com que fun cionários contratados a partir de en tão fossem regidos pelo Regime Geral de Previdência Social RGPS como os trabalhadores do setor privado Políticas macroeconômicas respon sáveis e eficazes nas últimas décadas também contribuíram para eliminar fragilidades e criar mecanismos de defesa na área fiscal contra incertezas em boa parte derivadas do cenário in ternacional Assim com a expressiva acumulação de quase US 340 bilhões de reservas internacionais entre 2003 e 2018 o setor público tornouse cre dor em dólares a partir de 2006 o que faz com que desvalorizações da moeda nacional melhorem a situação patrimonial do Estado O r da equação r g é função da taxa de juros externa e das políticas monetária e fiscal domésticas além de outros fatores mais estruturais como demografia que tende a derru Temos alertado sobre o posicionamento inédito do sistema político brasileiro e dos formadores de opinião quanto à questão fiscal CARTA DO IBRE Junho 2021 Conjuntura Econômica 9 bar o juro neutro em mais um tanto lá fora e aqui dentro na década atu al Mas a própria política monetária é dependente da fiscal o juro neutro sobe com a percepção de risco fa zendo com que as expectativas fiscais sejam um forte determinante do r Dessa forma a postura mais madura do sistema político e dos formadores de opinião em relação à responsa bilidade fiscal é um fator que deve contribuir para conter o r nos anos à frente A questão do g é mais complicada porque depende sobretudo da pro dutividade que vem tendo desempe nho medíocre no Brasil há várias dé cadas E como comentado na Carta do IBRE de maio deste ano se do ponto de vista macroeconômico a discussão fiscal melhorou no Brasil em termos microeconômicos a situ ação ainda é muito precária Temos um orçamento com enorme fatia de salários benefícios e subsídios e in suficientes recursos para custeio e investimentos sendo que os últimos estão cada vez mais balcanizados em um volume crescente de emendas parlamentares Ainda assim a pers pectiva de reforma administrativa e de alguma reforma tributária pode trazer avanços nessa frente Uma segunda linha de argumen tação da qual se pode extrair algum otimismo em relação à evolução do r g no Brasil é mais técnica e vem sendo trabalhada em vários estudos e reflexões de Bráulio Borges Há al guns pontos nos quais o economista vem insistindo há bastante tempo O primeiro é de que o conceito de dí vida mais relevante para se avaliar a solvência de emergentes é a dívida líquida mais que a bruta Quando se comparam países com base na dívida líquida a foto do Brasil se aproxima bem mais de pares com características semelhantes e melhor rating como México Colômbia e Uruguai Borges também coletou farto material sobre a trajetória nas úl timas décadas do deflator do PIB e da inflação ao consumidor no Brasil e em vários países O caso brasilei ro é discrepante por uma tendência de o deflator ser sistematicamente maior que a inflação varejista mes mo quando se descontam variações dos termos de troca e outros fatores que tendem a não se repetir no fu turo como reajustes muito acima da inflação dos salários do funcio nalismo Ao usar dados nominais para a avaliar o r g brasileiro o economista embute esse efeito nas suas projeções O mesmo não ocor re porém com muitos trabalhos Outra linha de argumentação da qual se pode extrair algum otimismo em relação à evolução do r g no Brasil é mais técnica e vem sendo trabalhada por Bráulio Borges com trajetórias mais pessimistas do r g nacional que se utilizam de dados reais no cálculo da equação deixando de levar em consideração a tendência de o deflator do PIB ser sistematicamente maior que a corre ção monetária da dívida pública o que é favorável à redução do r g O terceiro ponto sobre o qual Bor ges vem insistindo é que a economia brasileira opera desde 2015 muito aquém do pleno emprego Assim olhandose à frente é possível ima ginar um mix responsável de políti ca monetária e fiscal que finalmente contorne esse entrave cíclico porém persistente recolocando a atividade e a arrecadação nos seus potenciais o que seria positivo tanto para o re sultado primário quanto para o r g em relação àqueles observados nos últimos 6 anos Ainda assim res salta Borges o Brasil tem pela frente uma necessária agenda de consolida ção fiscal estrutural e possivelmente isso demandará além de algum teto de gastos o aumento da carga tribu tária como forma de eliminar de vez a inquietação quanto à solvência pú blica Os seus estudos que incluem ainda outros fatores como a taxa de câmbio e demografia indicam en tretanto que esse dever de casa talvez não seja tão penoso e difícil quanto julgam os mais pessimistas O texto é resultado de reflexões apresentadas em reunião por pesquisadores do IBRE Dada a pluralidade de visões expostas o documento traduz minhas percepções sobre o tema Dessa feita pode não representar a opinião de par te ou da maioria dos que contribuíram para a confecção deste artigo PONTO DE VISTA 10 Conjuntura Econômica Junho 2021 Um ano após a epidemia ter atingido o mundo todo e ter se tornado por tanto uma pandemia já é possível termos algumas ideias da natureza da crise Ainda falta muito tanto para o fim da pandemia como para uma melhor compreensão do fenô meno mas já se podem alinhavar alguns fatos A crise econômica causada pela pandemia tem características de que da da oferta e da demanda Não é como em geral ocorre em grandes cri ses macroeconômicas um processo de recuo apenas da demanda Houve um choque de demanda mas houve também um choque de oferta Várias pessoas perderam sua ren da ou experimentaram forte redução dela Consequentemente a demanda caiu Por outro lado houve forte re tração na oferta O que recuou mais Mesmo considerando de forma estrita a política fiscal é difícil res ponder essa pergunta Tipicamente o impulso fiscal estimula a ativida de Não parece ser o caso no presen te episódio Na epidemia parte do gasto público é para permitir que as pessoas fiquem em casa consumindo os bens de primeira necessidade Não parece que haja muito estímulo fiscal à demanda Se não houvesse o auxí lio emergencial a pessoa usaria suas reservas para manter algum consumo de bens de primeira necessidade esta foi a escolha do governo chinês jogar o custo da quarentena no colo das famílias Se não tivesse nenhuma reserva a pessoa iria para a rua pro curar alguma ocupação na informali dade para gerar renda Ou seja não é tão clara assim a relação entre gasto público com políticas de sustentação da renda e a atividade econômica Es sas políticas têm uma natureza social mais do que macroeconômica De fato trabalho recente do FMI sugere que o efeito do gasto públi co na surpresa de crescimento em função da pandemia não foi expres sivo A surpresa de crescimento é me dida pela diferença entre a previsão de crescimento do país específico ao longo do primeiro semestre de 2020 e a expansão efetivamente observa da Os países cujo estímulo fiscal foi muito maior tiveram surpresa de crescimento da ordem de 05 ponto percentual superior1 Tudo sugere que após um fecha mento súbito das economias no 2o semestre de 2020 a China fechou no 1o a atividade voltou com força no 2o semestre de 2020 Houve recu peração em V das economias A retomada em V foi heterogê nea entre os setores A agropecuária não sentiu a crise sanitária A indús tria de transformação recuperouse fortemente O mesmo ocorreu com o varejo liderado pelo comércio eletrô nico Os chamados outros serviços alimentação fora do domicílio todo o entretenimento seja ligado à cultura ou aos esportes turismo e outros ser viços pessoais ainda não voltaram Epidemia e crise econômica primeiro ano Samuel Pessôa Pesquisador associado do FGV IBRE PONTO DE VISTA Junho 2021 Conjuntura Econômica 11 Principalmente nos países em de senvolvimento como é o caso do Brasil esse padrão de recuperação gera preocupações com possível agravamento do dualismo da econo mia a retomada até o momento tem favorecido bem mais os setores mais formalizados e que empregam traba lhadores mais educados Também têm aparecido dois cho ques inflacionários associados à re cuperação da epidemia A Covid19 forçou que as pessoas ficassem em casa se protegendo do vírus As lon gas estadias em casa geraram a neces sidade de compra de bens duráveis As pessoas compraram novos com putadores televisões reformaram a casa adquiriram móveis bicicletas equipamento de ginástica etc A fuga do transporte público elevou a de manda por carros novos e usados Estamos portanto ainda em meio a um choque forte e sincronizado em todo o mundo de demanda por bens A indústria bomba Há ca rência de matériaprima de todos os tipos Tem sido noticiado por exem plo a falta de chips para a indústria automobilística Não somente há fal ta de matériaprima para a indústria como a infraestrutura de transporte fretes e serviços portuários ligada ao comércio internacional tem apre sentado gargalos importantes Tudo indica que esse choque somente se dissipará no final de 2021 ou um pouco depois Para aquelas economias um pou co à frente do processo de reabertu ra em que a demanda por serviços tem voltado surgiu uma desorga nização na oferta Assim faltam lugares nos restaurantes e os voos estão lotados Diversos restaurantes foram fechados e as companhias aé reas reduziram muito o número de voos e os destinos para onde voam Já aparece uma inflação de servi ços nos EUA por exemplo após o avanço com a campanha de va cinação e o gradativo processo de normalização A inflação gerará um processo natural de reorganização da oferta mas é difícil saber quanto tempo levará a normalização desses setores Consideramos que a natu reza da crise um choque exógeno que causou queda da atividade e fechamento de diversos setores e empresas por motivos totalmente alheios à qualidade da gestão ou ao plano de negócios sugere que a rea bertura completa da economia será mais fácil do que se imagina Finalmente há um terceiro cho que muito importante desconecta do da Covid19 em 2020 houve a recomposição do rebanho suíno chi nês após redução de 40 das uni dades que foram abatidas em 2019 em função da gripe suína africana A recomposição substituiu a criação de porco de chiqueiro alimentado por resto de alimentos a famosa la vagem pela suinocultura moderna Ou seja houve aumento de 8 da demanda mundial por ração Levará algumas safras para que a oferta de soja e milho se ajuste A soma desses três choques expli ca o surto inflacionário mundo afo ra Os choques todos se reverterão A dúvida é a intensidade e a extensão no tempo Ambas parecem fortes Será que os choques contaminarão as expectativas forçando ajuste da política monetária antes do que pen sávamos No Brasil esse processo já se iniciou A dúvida maior é saber como o Fed banco central america no reagirá Os sinais até o momento são de que o Fed não reagirá a um pico inflacionário O ponto final da coluna é a ativi dade Para onde estamos caminhan do Tudo sugere que a crise econô mica produzida pela pandemia não deixará marcas permanentes muito profundas sobre o sistema econômi co Nossa aposta é que mesmo aque les setores mais afetados como vi mos restaurantes e transporte aéreo de passageiros devem se reorganizar Ou seja diferentemente da grande crise financeira global que produziu perda permanente de produto nos EUA e na Europa no evento atual as economias devem após o término das campanhas de vacinação voltar a ope rar na mesma tendência vigente antes da crise Este já é o caso da economia chinesa Nos Estados Unidos o cresci mento de 65 projetado para 2021 deve colocar a economia rodando sob a tendência pré Covid já na virada de 2021 para 2022 No resto do mundo liderado pela Europa que deve atingir 50 da população imunizada em ju nho a retomada deve seguir forte no 2o semestre de 2021 A economia mundial caminha para a normalização plena em al gum momento do segundo semestre de 2022 1Ver Initial output losses from the Covid19 pandemic robust determinants de Davide Furceri Michael Ganslmeier Jonathan Ostry e Naihan Yang documento de trabalho do FMI número 18 de 2021 WP2118 httpswww imforgenPublicationsWPIssues20210129 InitialOutputLossesfromtheCovid19 PandemicRobustDeterminants50025 Estímulo fiscal muito maior é dado por elevar o estímulo fiscal de um país cujo estímulo era dado pelo 1o quarto da distribuição para estímulo dado pelo 3o quarto da distribuição Estímulo fiscal dado pelo 1o quarto da distribuição significa que ¼ dos países estimularam menos a economia e ¾ estimularam mais ENTREVISTA 12 Conjuntura Econômica Junho 2021 Conjuntura Econômica O Brasil tem perdido credibilidade no cam po ambiental devido ao aumento do desmatamento ilegal na Ama zônia intensificado no último ano Quais as principais frentes de ação em sua opinião para reverter esse processo de forma permanente O problema do Brasil é a complacência com o descumprimento da lei Quan do a lei não é cumprida atrapalha in vestimento crescimento econômico A gente sempre busca as razões estrutu rais de por que isso acontece mas o fato é que é importante cumprir a lei Segurança jurídica é essencial para o desenvolvimento econômico Veja o exemplo das concessões flo restais Se há desmatamento e venda No intervalo que separou sua saída da presidência BNDES em meados de 2019 à chegada ao Banco Safra em junho do ano passado o exministro da Fazenda Joaquim Levy dedicouse a estudar as tecnologias que determinarão a transi ção dos países a economias de baixa emissão de gás carbônico para conter o aquecimento global Em conversa com a Conjuntura Econômica Levy resumiu o desafio brasileiro para entrar nesse movimento de retomada verde em dois fazer cumprir a lei para combater o desmatamento ilegal na Amazônia cujo aumento tem desmoralizado o país diante da comunidade internacional e ter um plano claro de inserção nessa engrenagem mundial de baixo carbono Se juntarmos planejamento e cumprimento das leis chegaremos a uma estratégia brasileira com credibilidade afirma Joaquim Levy Diretor de Estratégia Econômica e Relação com Mercados do Banco Safra Foto Divulgação Solange Monteiro do Rio de Janeiro No Brasil como em qualquer país tudo que funciona demanda um plano ENTREVISTA JOAQUIM LEVY Junho 2021 Conjuntura Econômica 13 Hoje o esforço é rever os instrumen tos que temos verificar quais setores são competitivos Por exemplo o que é preciso para ter mineração nas áre as não protegidas que seja adequada que tipo de pesquisa mineral Tínha mos um departamento de pesquisas minerais Departamento Nacional de Produção Mineral DNPM que de pois virou agência Agência Nacional de Mineração ANM mas o marco regulatório ainda não está concluído É desse tipo de análise sistemática que precisamos para obter as melhores práticas em mineração nas áreas não protegidas Também explorar que tipo de imposto a atividade tem que pagar qual a melhor forma de gerar receitas fiscais que tipo de investimento e sal vaguarda são necessários E quanto queremos que ela seja integrada Dou o exemplo da mineração porque hoje muitas notícias na mídia apontam que de madeira ilegal concorrendo difi cultase a manutenção das atividades legais Temos um arcabouço efetivo em todos os aspectos que tem que ser aplicado tanto do ponto de vista de impedir o desmatamento quanto de operacionalizar a fiscalização a verificação de documentos Isso também vale para as leis da gestão fundiária Literalmente centenas de milhares de processos de titulariza ção não estão concluídos A adoção de novas tecnologias poderia facili tar esse processo com digitalização dos cartórios por exemplo Sei que o ministro da Economia tem tomado atitudes para acelerar algumas ações com cruzamento de cadastros e diria que esses tópicos são muito impor tantes para evitar desmatamento No caso da Amazônia também é importante ter uma estratégia para a região Aí seria interessante ter ins tituições de Estado como o Ipea e parceiros como a FGV ajudando a desenhar essa estratégia que pudes se ser discutida com a sociedade e depois implementada de forma siste mática No Brasil todas as vezes em que isso ocorre dá certo Poderia dar exemplos Desde a década de 1950 quando chamamos os americanos para dese nhar uma estratégia de desenvolvi mento uma porção de coisas passa ram a acontecer ainda que tenham levado alguns anos A criação do BNDES é uma delas O que quero ressaltar é que a partir do momen to em que há um plano coerente em geral a coisa funciona na economia verde vários produtos minerais serão cada vez mais valiosos Então é preciso identificar qual cadeia produtiva se quer desenvolver como lidar com a questão das terras raras Ter um real estudo para cada setor Também podemos exemplifi car com o caso da Zona Franca de Manaus O que queremos dela da qui para a frente com qual nível de transparência Como seu excedente deve ser aplicado O benefício fiscal cria um excedente para que uso Escrevi recentemente um artigo pu blicado no jornal Valor Econômico em 2752020 em que aponto que a Zona Franca poderia se tornar um polo de atração de investimentos verdes para a Amazônia de pessoas interessadas em apoiar a região Mas isso só se consegue com alto grau de governança de transparência Então desenhase uma estratégia dessa de Estado para se desenvolver nos próximos 15 20 anos que é o que todos os países estão fazendo com pro jetos associados à questão do clima Pa receme ser o caminho adequado Mas como disse nada disso vai funcionar se não conseguirmos garantir o cum primento da lei Por outro lado se jun tarmos planejamento e cumprimento da lei com condições adequadas para impedir desmatamento provavelmente chegaremos a uma estratégia brasileira com credibilidade O que tem faltado para conseguir mos chegar a essa estratégia Não adianta aqui citar duas ou três ideias Isso é uma questão de Estado É preciso um órgão que faça isso A Zona Franca de Manaus pode se tornar polo de atração de investimentos verdes para a Amazônia Mas isso só se consegue com alto grau de governança ENTREVISTA JOAQUIM LEVY 14 Conjuntura Econômica Junho 2021 Citei o exemplo do Ipea porque foi criado há 50 anos para fazer isso com pesquisadores dedicados con sultar desenvolver pois é um assunto vital para o país Tenho conversado muito sobre esse assunto desde que saí do BNDES quando estava em sabático em Oxford em Stanford descobri muitas pessoas que sabem uma quantidade incrível de coisas que podem ajudar Mas para fazer isso tem que ter política de governo No Brasil como em qualquer país tudo que funciona demanda um pla no Como você acha que apareceu o carro autônomo do Google nos Es tados Unidos Saiu de uma estraté gia chamando o setor privado Hoje entretanto a situação do Bra sil frente à comunidade internacio nal é crítica Quais medidas pode riam reverter essa deterioração da imagem do país no curto prazo No curto prazo o que as pessoas estão esperando é o que o próprio vicepresidente Hamilton Mourão gostaria e sinalizou à frente do Con selho da Amazônia que reduzamos drasticamente a área desmatada na Amazônia Se voltarmos aos níveis de 2012 até 2015 com um desmata mento na faixa de 4 mil a 5 mil qui lômetros quadrados por ano seria uma sinalização muito importante Para alcançar isso a gente conhece como faz Se fazíamos há 10 anos por que não se pode fazer agora Programas como o American Jobs Plan do presidente Joe Biden pro grama de incentivo de US 2 trilhões focados na descarbonização da eco nomia que inclui cerca de US 147 bilhões à mobilidade elétrica po dem representar um novo momento para as políticas industriais Para fazer algo como isso como dis se é preciso organizar um plano Na Europa especialmente na Alemanha esse plano tem sido construído du rante vários anos com a participa ção das indústrias Foi anunciado na Conferência do Clima da ONU em Madri COP 25 em 2019 e vem sendo enfatizado com a Covid19 Tem algumas linhas claras até por que percebeuse que é preciso evitar o aquecimento além de 2 graus até 2050 e que o tempo era curto En tão para conseguir evitar esse aque cimento é preciso tomar ações muito drásticas até 2030 2035 E para isso é preciso mobilizar toda a economia No Brasil há muitas formas de se fazer isso No caso da mobilidade te mos que ter prioridades Se quero ter eletrificação o caminho mais barato mais eficaz mais organizado é come çar pelos ônibus urbanos Por quê Porque têm trajeto conhecido andam distâncias diárias perfeitamente com patíveis com baterias Mesmo que te nha que recarregar durante o dia dá para fazêlo em uma hora num pon to final numa garagem Eu brinco que a maior dificuldade para ônibus urbano é garantir que vai ter trans formador na garagem para quando for abastecer a frota não provocar um apagão no bairro O restante está lá O retorno imediato entre outros é o de reduzir a poluição da cidade Ou seja além da questão climática há o bemestar da população Também se pode pensar em um financiamento de forma organizada Uma coisa que muitos países já fazem é a transpor tadora comprar o ônibus e fazer um leasing da bateria Em vez de pagar diesel todo mês paga o financia mento da bateria Se precisa de um BNDES ou não é outra história mas é um financiamento de baixo risco Depois disso a questão se trans fere para os caminhões vai querer eletrificar No caso dos caminhões você pode fazer alimentação direta nas principais estradas como come çase a discutir nos Estados Unidos Mas no caso brasileiro o princi pal item de política industrial para eletrificar a mobilidade é começar a investir e se associar para fazer a célu la de combustível movida a etanol A célula de combustível a hidrogênio é promissora mas levar hidrogênio até Se voltássemos aos níveis de 2012 até 2015 com desmatamento na faixa de 4 mil a 5 mil quilômetros quadrados por ano seria uma sinalização importante ENTREVISTA JOAQUIM LEVY Junho 2021 Conjuntura Econômica 15 gente não tem a Embraer É a mesma coisa Fomos lá e decidimos É questão de se organizar E tem gente interessada em fazer isso gente que já está fazen do isso O próprio Proálcool foi assim havia uma necessidade organizamos descobrimos que funcionava e tem 45 anos que o Proálcool funciona Iniciativas de criação de mercado de créditos de carbono para mitigar riscos climáticos são desenvolvidas há 30 anos Qual o potencial de ga nhar consistência agora Esse é um mercado bem desenvolvido na Europa porque lá eles sabem o que querem Precisamos perseguir isso e podemos fazêlo a partir da experiên cia do Renovabio política brasileira de biocombustíveis Poderíamos tornar o CBIO crédito de carbono gerado a partir da comercialização o automóvel é complicado Por outro lado já existem pesquisas em Cam pinas SP e no Japão para extrair hidrogênio do etanol E por que es tou falando isso Porque o motor de combustão interna vai desaparecer Daqui a 15 anos nenhuma empresa vai querer ficar produzindo motor de combustão interna para atender ao etanol brasileiro Então para se man ter a vantagem do etanol é preciso incorporálo às novas tecnologias Ainda temos tempo para incorporar o etanol na eletrificação do setor automotivo Se transformamos o etanol em hidro gênio significa que podemos pegar ca rona na tecnologia da célula de hidro gênio que o Japão está desenvolvendo por exemplo Todos estão procurando a tecnologia que é melhor para si então também podemos buscar uma tecnolo gia que explora nossas vantagens e ga rantimos que o etanol não desapareça daqui a 15 anos Ou não fazemos nada e daqui a 20 anos estaremos usando a tecnologia que outros desenvolveram para as necessidades deles Políticas de incentivo para a reto mada econômica em países desen volvidos poderão nos ajudar a eli minar resistências para a adoção de políticas industriais Veja no caso do etanol temos a ne cessidade de acabar com um setor que emprega um bocado de gente e é uma vantagem do Brasil Vemos as tecnolo gias evoluírem e identificamos um bo cado de gente preparada no Brasil A de biocombustíveis um instrumento negociado internacionalmente Diga mos que uma empresa ou alguém na Califórnia quer compensar emissões Essa empresa não precisa fazer essa compensação na própria Califórnia pois emissões são globais Pode fazê la no Brasil E o que é preciso fazer para o CBIO ser aceito como demons tração de emissões evitadas Sabemos que a emissão do CBIO baseiase em um processo de certificação de alta qualidade O que é preciso fazer é demonstrar no exterior que ele evita queima de gasolina Com isso con seguiremos transformar o que hoje é um protomercado tornando o CBIO uma security internacional As peças para isso a gente já tem Tem outro setor que acho que po deria ganhar enormemente com um mercado de crédito de carbono pois é um dos mais difíceis de descarbo nizar no mundo que é o do aço net zero steel Fabricálo emite muito gás carbônico pois demanda a queima de carvão para separar o oxigênio do mi nério Aqui no Brasil mais ou menos 20 do ferro que produzimos já usa carvão vegetal que vem de florestas plantadas Então já temos uma coisa que ninguém no mundo tem o aço ou ferro carbono zero se controlarmos a destilação da madeira para não gerar metano Como a gente organiza isso para o produtor desse aço ganhar cré ditos Como transformo esse produto em altamente desejável na Europa Esse é o desafio do nosso governo da diplomacia Afinal cavaco vindo dos EUA gera crédito por que não aço carbono líquido zero É assim que vamos desenvolver o mercado de cré Podemos buscar uma tecnologia de carros elétricos que explore nossas vantagens e garantimos que o etanol não desapareça daqui a 15 anos ENTREVISTA JOAQUIM LEVY 16 Conjuntura Econômica Junho 2021 dito de carbono Um bom lugar para plantar florestas com esse intuito é no norte de Minas Gerais nas nascentes do rio São Francisco Todos os dias a gente ouve que o rio São Francisco está com pouca água que a demanda de água para irrigação ao longo do seu curso só cresce e chega pouca água em Sobradinho E tem transposição integração do rio São Francisco que alcança até o Ceará Então o aço ver de vai muito além de reduzir carbono pode criar riquezas em todo o Brasil Quando estava em Stanford pesquisei esse campo das estratégias integra das de criar uma cadeia de produção Você gera crédito de carbono que bai xa o custo de produzir esse aço e ao mesmo tempo apoiaria a produção de florestas naquela parte de Minas que está cada vez mais seca mitigando o risco hídrico E permitindo expandir a produção de frutas não só ali em Pe trolina mas no Ceará no Rio Grande do Norte Ou seja ao reconhecer os créditos de carbono você ainda viabi liza uma série de outras atividades Outra área em que o crédito de carbono seria importante é na produ ção de dendê Hoje importamos esse produto E não só da Indonésia que é o maior produtor mundial como da Colômbia Temos uma grande exten são de terras desmatadas da Amazô nia onde poderíamos plantar dendê para a produção de bioquerosene Isso atende outra área superdifícil de descarbonizar que é a de aviação Em 5 anos poderíamos produzir com bustível de aviação de mão cheia E criando empregos para dezenas de milhares de famílias nas áreas desma tadas do leste da Amazônia Considerase otimista com a possi bilidade de esse plano de retoma da verde orquestrado pelos países em desenvolvimento ser inclusi vo Em outros momentos de crise como a financeira internacional de 200809 países europeus deixa ram de apoiar projetos nos países em desenvolvimento Às vezes temos que ter cuidado para não criar um clima de conspiração No período a que se refere a recessão fez com que as emissões desses países caíssem Se essas economias reduzi ram sua produção e suas emissões ficaram abaixo do teto não haveria por que buscar compensações Acho que o funcionamento do crédito de carbono dependerá do que formos oferecer Descrevi algumas possibilidades propostas verificáveis concretas com impacto em nosso de senvolvimento A partir daí o traba lho será de nossa diplomacia Se dei xarmos solto é claro que vão querer nos convencer que o bom é a captura de carbono processo usado para pos teriormente armazenar o gás carbôni co em formações geológicas abaixo da superfície terrestre que envolve alta tecnologia mas não atende ao Brasil que não tem muitas cavernas Mas nos próximos 10 15 anos a tec nologia orgânica continuará sendo a maneira mais eficaz mais barata ime diata de capturar carbono No caso brasileiro colaborei na preparação da nossa Contribuição Nacional para o acordo de Paris que aponta para 12 milhões de hectares de reflorestamen to parte regeneração natural parte comercial Temos também o modelo de pecuária integrada com lavoura e floresta em que se captura carbono para neutralizar emissões É uma tec nologia já testada usada que o pró prio Ministério da Agricultura apoia O que precisamos é colocar tudo isso dentro de um plano coerente claro É o que os outros países estão fazendo E aí chegaremos ao Japão negociar hidrogênio verde trataremos com a Alemanha uma parceria para trans formar óleo de dendê em querosene de aviação Isso tudo envolve tecnolo gia e parcerias A minha questão permanece a mesma temos que saber o que quere mos Temos que entender as nuances O artigo sexto do Acordo de Paris que prevê a regulamentação e orga nização do mercado de carbono em nível mundial é complexo e todos vão exigir um alto grau de integrida de nos planos que vão gerar crédito de carbono Mas somos perfeitamen Nos próximos 10 15 anos a tecnologia orgânica continuará sendo a maneira mais eficaz mais barata imediata de capturar carbono ENTREVISTA JOAQUIM LEVY Junho 2021 Conjuntura Econômica 17 te capazes de fazer isso Temos que chegar com proposta estratégia Quanto à governança mundial para isso se tivermos a credibilidade citada no início desta conversa não seremos vidraça Se mostrarmos que nossa pegada de carbono é das mais baixas do globo e que temos um port fólio de oportunidades estrutura do explicado atraente demonstrado cientificamente o mundo é nosso Como o senhor identifica o papel do setor financeiro nesse movimen to por uma economia verde O mercado financeiro tem dado mil e uma respostas inclusive no Brasil Hoje já temos títulos debêntures as sociadas a performance ambiental Empresas como Natura Suzano Marfrig estão buscando iniciativas do gênero e o mercado tem respon dido bem Do ponto de vista regu latório o BC está com uma agenda climática ambiental bastante forte muito alinhada Ajudei um pouco nesse movimento Quando estava no Banco Mundial parte de minhas res ponsabilidades era apoiar a rede de bancos centrais para tornar o siste ma financeiro mais verde Network for Greening the Financial System NGFS E o BC depois se uniu em uma agenda bastante interessante O Brasil também é um dos paí ses mais avançados na implementa ção da transparência nas demons trações financeiras de exposição a risco climático com um grande trabalho da Febraban Aqui no Safra estamos cada vez mais aprimorando mecanismos de verificação olhando de forma sistê mica quais as consequências de riscos ambientais e climáticos Também aca bamos de lançar um fundo que inves te no mercado de carbono europeu Acreditamos que esse mercado vai dar certo vai dar dinheiro e isso ajuda a criar dinamismo para se ter um mer cado de carbono também no Brasil Há discussões dentro do Ministério da Economia para se criar esse mercado Então já estamos nos antecipando oferecendo aos nossos clientes um fundo de mercado na Europa que está tendo uma resposta bem bacana Para completar acho que mere ce registro o papel do BNDES para o sucesso da indústria eólica brasi leira cuja geração este ano estará ajudando a mitigar apagões frente à crise hídrica O BNDES financia tanto parques eólicos quanto as pró prias indústrias que produzem aqui Se mostrarmos que nossa pegada de carbono é das mais baixas do globo e que temos um portfólio de oportunidades estruturado o mundo é nosso no Brasil É uma política industrial na área de novas tecnologias em as sociação a empresas europeias chi nesas É um ganhaganha real No Brasil não tem faltado financiamen to para energias renováveis Atualmente o conceito empresarial da vez é o ESG ou ASG em português referência aos temas ambiental so cial e de governança Qual potencial desse conceito para impulsionar a sustentabilidade da economia Esse conceito trata de coisas que já vimos trabalhando há vários anos E que se olhar bem são fundamentais para que um investimento dê certo Quem vai querer ser minoritário em uma empresa que não tem go vernança A parte social também é importante e cada vez mais crescer a expectativa sobre a postura social das empresas E o ambiental é muito relevante particularmente no Brasil pela estreita relação de sua ativida de econômica com a exploração de recursos naturais Então essas três letrinhas são parte integrante de qualquer política inteligente de in vestimento Ninguém quer aportar em uma empresa que não atenda a essas expectativas Existe uma questão que pode ser de autorregulação ou de regulação para garantir que produtos vendi dos como verdes sigam certos pa drões protegendo o consumidor e o investidor É o que os europeus cha mam de taxonomia e que o Banco Central está estudando A demanda existe e temos que garantir os pa drões de qualidade MACROECONOMIA 18 Conjuntura Econômica Junho 2021 Por opção ou falta dela por medo ou esperança o empreendedoris mo cresce cada vez mais no Brasil Cada vez mais sua forma jurídica passa pela constituição e pelo fun cionamento na forma de empresas A esmagadora maioria delas forma lizada como microempreendedores individuais MEI e já na forma tradicional de microempresas como pequenas sociedades limitadas ou empresas individuais de responsabi lidade limitada Eireli Talvez até mais no Brasil do que no resto do mundo a pessoa jurídica deixou de ser a forma clássica pela qual se mobiliza capital para montar um empreendimento de algum por te com atividades mais amplas ou complexas tenderiam a contratar empregados com carteira assinada para desempenhar tais funções Ao contrário o mero ato de trabalhar está cada vez mais sendo realizado pela prestação comercial de serviços formalizado ao menos como MEI e na medida em que envolve mais qualificação e renda como uma em presa individual ou às vezes até com mais sócios geralmente familiares ou da mesma profissão Isto pode ser fundamentado pela mera visão atual dos números atu ais do Painel mapa das empresas disponibilizado e sempre atualizado pelo Ministério da Economia1 Em abril de 2020 havia pouco menos de 18 milhões de empresas classifi cadas como ativas no Brasil vide tabela2 Pouco menos de 200 mil delas eram sociedades anônimas de economia mista ou empresas públi cas Como esperado mais de 98 constituíam pequenos negócios sendo cerca de 5 milhões sociedades limitadas inclusive Eireli e mais de 126 milhões de MEIs Essas formas certamente marcam as atividades econômicas com mais empresas ati vas pela ordem comércio varejista de vestuário 1 milhão de empresas cabeleireiros e manicures 774 mil comércio varejista em geral 463 mil obras de alvenaria 458 mil lanchonetes 431 mil e promoção de vendas 426 mil Se a multiplicação de empresas era uma tendência já consolidada no Brasil impressiona ainda mais que ao contrário do esperado não foi freada na pandemia da Covid 19 salvo nos seus primeiros me Cada vez mais Brasilempresa José Roberto R Afonso Economista professor do IDP e pesquisador do CAPPUniversidade de Lisboa e GV Europa CONJUNTURA MACROECONOMIA Junho 2021 Conjuntura Econômica 19 ses Como destacado pelo último boletim do painel3 em 2020 foram abertas 336 milhões de empresas 6 a mais do que em 2019 e a maior marca anual desde 2010 No ano da pandemia foram fechadas 104 milhão de empresas um nú mero inferior ao de 2019 e muito menos que as 24 milhões encerra das em 2018 As surpresas são ain da maiores quando se detalham os dados com mais aberturas no meio do que no final do ano crescendo mais nas regiões menos desenvolvi das do que nas mais ricas e aumen tando MEIs e sobretudo sociedades limitadas enquanto retrocederam todas as demais empresas inclusi ve as sociedades anônimas São indícios de que na medida em que a Covid19 provocou uma recessão que diminuiu emprego e sobretudo ocupação e renda dos demais trabalhadores alcançando localidades e profissões de menor qualificação estes optaram por manter alguma forma de forma lização Seguiram a onda que já vinha varrendo economia e socie dade com mais brasileiros ainda se tornando donos de seus próprios negócios até para continuar con tribuindo para a Previdência Social como MEI ou a título de prólabo re nos casos mais organizados O custo burocrático para tanto caiu muito no Brasil para esse segmen to pouco ou nada tem a ver com o número de horas necessárias para pagar tributos4 A empresa contada aqui como ativa não quer dizer necessariamen te que esteja adimplente Poderse ia esperar que pequenos negócios atrasassem ou pagassem menos impostos diante do impacto da pandemia Este senso comum mais uma vez foi traído pela realidade e pelas evidências O desempenho da arrecadação em 2020 no qual os optantes do Simples tiveram um de sempenho muito melhor do que os demais contribuintes recolheram em tributos federais 19 a mais do que em 2019 enquanto demais contribuintes para mesmos tributos arrecadaram 37 a menos5 Certamente a recessão da déca da passada e a da Covid19 impôs um tremendo empreendedorismo do medo em que a falta de opção empurrou muitos brasileiros para adotar essa forma legal da pessoa física que se transforma em pessoa jurídica É preciso porém louvar que a impressionante onda de bra sileiros que optaram por ter o míni mo de formalidade e vínculo com a Previdência Social acentuando uma vantagem do Brasil em comparação a demais economias emergentes ou menos desenvolvidas De acordo com levantamento do Sebrae empreendimentos optan tes pelo regime do Simples têm taxa de sobrevivência duas vezes maior 83 que a de não optantes 38 Sem o Simples 64 das empresas optantes fechariam as portas iriam para a informalidade ou reduziriam suas atividades Além disso pesqui sas mais recentes também apontam o esforço próprio pela inovação para não dizer pela sobrevivência É bem simbólico desse quadro a drástica evolução da presença na internet dos pequenos negócios notadamente do MEI como apurado nas pesquisas do Sebrae depois da pandemia Em pou cos meses o segmento do MEI deu um salto impressionante no uso das redes sociais para suas vendas e chega este ano à marca de 69 de presen ça inclusive já superando o mesmo Natureza jurídica Quantidade total Grandes negócios 193995 11 Sociedade anônima 167944 09 Sociedade ecomomia mista 12094 01 Empresa pública 13957 01 Pequenos negócios 17712859 985 Menores empresas 5024006 280 Sociedade limitada 4027716 224 Empresa Individual RespLtda EIRELI 996290 55 Empresário individual MEI 12688853 706 Demais 66843 04 Total 17973697 1000 Empresas ativas no Brasil Abril de 2020 Fonte primária Painel Mapa das Empresas Min Economia Posição em 2042021 Contadas apenas empresas ativas Total de abertas era 412 milhões Disponível em httpstinyurlcomyeno7o88 CONJUNTURA MACROECONOMIA 20 Conjuntura Econômica Junho 2021 índice apurado para microempresas e empresas de pequeno porte Faltam políticas públicas e as ações governamentais darem o mes mo salto de qualidade buscando novas soluções e medidas Uma das áreas mais demandadas será a de formação e retreinamento de mão de obra para dar aos trabalhadores brasileiros as habilidades para lidar com o novo normal já consolidado com atuação cada vez mais digital em alguns casos com teletrabalho mesmo depois de vencida a pande mia O Sistema S tem muito a con tribuir nesse esforço podendo atuar em parcerias com órgãos públicos e talvez até com sistemas públicos de ensino sobretudo médio e superior Esse fenômeno do Brasil empre sarial exige uma revisão de conceitos e de análises Antes de tudo é preciso compre ender por exemplo que parcela sig nificativa da renda distribuída pelas empresas na forma de lucro não pas sa da forma pela qual legalmente se remunera o trabalho desenvolvido por seus proprietários geralmente únicos Uma eventual reforma tribu tária exigirá mais estudos e cautela para não se confundir a natureza das rendas e sobretudo dos rentistas Desde o anocalendário de 2007 ano mais antigo que a RFB publi cou lucros abertos por categorias até 2020 o montante de tais rendi mentos isentos declarados por pes soas físicas acumularam um cres cimento real de 229 no período subindo para 1280 se contadas apenas retiradas oriundas de em presas optantes do Simples ver gráfico No mesmo período os ren dimentos tributáveis incluindo sa lários aumentaram apenas 141 Se as rendas oriundas de lucros equivaliam a apenas 15 daquelas submetidas à tabela progressiva em 2007 passaram à casa dos 20 a partir de 2010 mas deram um sal to no último biênio para 235 e 251 em 2018 e 2019 Os pequenos negócios consti tuem um universo cada vez mais amplo e diversificado de ativi dades mas que muitos analistas continuam vendo com uma visão ultrapassada quando não míope Não se pode esperar ou querer que eles evoluam como a cada vez mais velha ideia de que um negócio nascia na garagem de uma casa se transformava numa pequena fá brica de fundo de quintal daí se formalizava com CNPJ e a deseja da produtividade é que passasse a contratar empregados a comprar terrenos e prédios para então se tornar uma grande indústria for mal com enormes instalações físi cas dezenas ou centenas de funcio nários com carteira assinada Sem prejuízo de desejar e ocorrer não é mais esse o paradigma na econo mia moderna a começar que cada vez mais os serviços ocupam o lu gar da indústria da transformação que os computadores contam mais do que as garagens ou os terrenos e que o trabalho passa a ser orga nizado na forma de empresas indi viduais ou de poucos profissionais Os negócios mais bemsucedidos do mundo estão nas nuvens e não mais no campo físico de um terre no ou prédio6 O regime do Simples Nacional in cluindo o MEI constitui um tremen do caso de sucesso na formalização Fonte Sebrae Você vende utilizando redes sociais aplicativos ou internet por exemplo WhatsApp Facebook Instagram etc SIM 559 690 664 674 550 570 590 610 630 650 670 690 710 730 4a ed 0520 5a ed 0620 6a ed 0720 7a ed 0820 9a ed 1120 10a ed 0221 MEI Microempreendedor Individual ME Microempresa faturamento bruto anual de até R 360 mil que não seja MEI EPP Empresa de Pequeno Porte faturamento bruto anual entre R 360 mil e R 48 milhões Pequeno Negócio CONJUNTURA MACROECONOMIA Junho 2021 Conjuntura Econômica 21 de pequenos negócios como atesta do por farta e recente literatura in ternacional7 Em particular organis mos internacionais têm destacado o papel do regime simplificado de tri butação para incentivar o processo de formalização pela sobrevivência de micro e pequenos empreendimen tos Por certo esse regime precisa ser modernizado e realmente simplifica do porém isso exige atenção para a nova realidade dos negócios de sua organização e mesmo de sua estrutu ração e movimentação8 É imprescindível se despir de pre conceitos e realizar pesquisas para atualizar análises e definir novos conceitos que ajudem a remodelar as políticas públicas dadas as gran des transformações estruturais já re alizadas na economia mundial e bra sileira Antes da Covid já era preciso e vinha sendo evitado construir um novo sistema de proteção social dos trabalhadores e não apenas daque les que são empregados com cartei ra assinada que contribuem sobre salários O empreendedorismo exi ge uma visão ampliada e renovada Não é apenas para conseguir traba lho em meio ao desemprego e a de socupação mas deve ser visto como uma promissora fonte de trabalho e de financiamento e organização da seguridade social 1Ver portal em httpstinyurlcomyeno7o88 2O painel contava 412 milhões de empresas abertas em abril de 2020 portanto com um número ainda mais impressionante de empre sas em inatividade ou encerradas 3Disponível em httpstinyurlcomyfzfjne4 4A pesquisa mundial mais conhecida Doing bu siness considera uma mesma empresa padrão para fins de comparar dezenas de países porém esta pouco ou nada tem a ver com um MEI e tal Renda de lucros e dividendos informados pelas pessoas físicas nas declarações anuais 2007 a 2020 Fonte RFB DIRPF Grandes Números Nota Demais empresas referese aos rendimentos isentos classificados como lucros e dividendos recebidos pelo titular e pelos dependentes Simples Nacional referese aos rendimentos isentos classificados como rendimento sóciotitular microempresa ou empresa de pequeno porte Retirada de lucros referese à soma de ambos os rendimentos do Simples Nacional e das demais empresas 100 200 300 400 500 600 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 Em R bilhões correntes Retiradas de lucros Demais empresas Simples Nacional 5 10 15 20 25 30 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 Em do rendimento tributável Retiradas de lucros Demais empresas Simples Nacional CONJUNTURA MACROECONOMIA 22 Conjuntura Econômica Junho 2021 vez até mesmo com uma microempresa do Sim ples Ver em httpstinyurlcomyjeo3ta9 5Ver boletim mensal de arrecadação da RFB 6Essa tese foi mais bem explicada incluindo ci tações biográficas em nosso artigo com Geral do Biasoto e Murilo Viana Pequeno negócio potencial inovador novo normal publicado no Poder 360 em 25102020 Disponível em httpstinyurlcomyxcp6382 7Pode ser interessante reproduzir aqui várias cita ções de estudos recentes publicados no exterior pois parecem ignorados no debate nacional Motivations to formalize Entrepre neurs have found the monotax regime at tractive as it allowed them to access social security services The motivation to oper ate in a formal environment has also been very important In Brazil the monotax regime enables entrepreneurs to operate formally which in turn opens opportuni ties to benefit from various public policies designed for IME Motivations and capacity to formal ize Monotax regimes for ownaccount workers and MSEs which are based on a monotax system can make an important contribution to formalization of enter prises and workers Small entrepreneurs have indicated that access to social secu rity and advantages of operating formal ly are their main motivations to enroll under these regimes The simplicity of administrative procedures and predict ability of payments are important suc cess factors Fonte Simples National Monotax Regime for OwnAccount Workers Micro and Small Entrepreneurs Experiences from Brazil International Labour Organization 2019 Disponível em httpswwwiloorgwcmsp5 gro ups p ub lic e d e mp empentdocumentspublication wcms715864pdf This can also be an excellent opportu nity to accelerate government regulatory reform and reduce the excessive costs of doing business in Brazil Implementing and accelerating reforms to improve insol vency procedures firm registry and minor ity investor protection is critical to ensure the survival of profitable firms easing la bor costs and firm exit in an expedited way and especially facilitating entry of new firms creating new employment Fonte MORENO Rafael Muñoz How to support MSMEs so they overcome the COVID19 shock 2020 Disponível em httpswwwworldbankorg en news opinion 2020 0710 brazilhowsupportmicrosmall mediumenterprisesovercome covid19coronavirusshock For Brazil Fajnzylber Maloney and Mon tesRojas 2011 show that tax reductions and simplification led to a significant in crease in formal firms with higher levels of revenue and profits Fonte IMF Fiscal Monitor Achieving More with Less April 2017 April 2017 Pg 57 Disponível em https wwwimforgenPublicationsFM Issues20170406fiscalmonitor april2017 I am only aware of one rigorous within country study that investigates the impact of a reform that simplified tax regulation This paper Fajnzylber Maloney and Mon tesRojas forthcoming shows that the introduction of the SIMPLES tax regime in Brazil increased the share of micro firms that are registered with the tax authori ties by 72 percentage points from only 13 percent before the reform to 202 percent after the reform The authors also find that the SIMPLES increased firms sales by 37 percent While SIMPLES consolidated six separate federal tax and social security payments into a single monthly Payment thus lowering the regulatory burden of taxes it also reduced the tax rate by up to 8 percent of annual revenue for both mi cro and small firms It is therefore not clear to what extent we can attribute the mea sured effect to simplifying regulation vs lowering tax rates Fonte BRUHN Miriam What Do We Know about the Impact of Tax Reforms on Private Sector Development World Bank Blog 2011 Disponível em httpsblogsworldbankorg allaboutfinancewhatdoweknow abouttheimpactoftaxreformson privatesectordevelopment The placebo results indicate the program was not effective in increasing formaliza tion rates of small firms however one should be cautious before jumping to that conclusion The analysis suggests that the data used in both Fajnzylber et al 2011 and Monteiro and Assunção 2012 do not allow for a clean identification strategy that could inform the impact of SIMPLES on firms formalization decisions and per formance The impact of this program on formalization rate of firms thus remains an open question Fonte PIZA Caio Out of the shadows Are firms more likely to formalize through tax simplification programs World Bank Blog 2016 Disponível em httpsblogsworldbankorg developmenttalkoutshadowsare firmsmorelikelyformalizethrough taxsimplificationprograms Brazil also operates two important prefer ential tax and regulatory regimes for SMEs Simples Nacional and the Micro Empreend edor Individual MEI Simples Nacional is the main federal policy for SMEs to the extent that 65 of Brazilian companies op erate under this regime which accounts for onequarter of federal tax exemptions MEI which is much smaller than Simples Nacio nal is mostly aimed at ownaccount workers Both policies have encouraged the formali sation and survival of micro and small enter prises Some elements of both could be re formed within the context of a broader fiscal reform of the corporate tax system Going forward any reform of Simples Nacional should go hand in hand with an overall reform of the Brazilian tax system to make the latter simpler and less costly for all businesses A mere abolition of Sim ples Nacional could indeed push micro and small companies towards the informal sector defeating any eventual purpose to increase tax revenues Fonte OECD 2020 SME and Entrepreneurship Policy in Brazil 2020 OECD Studies on SMEs and Entrepreneurship OECD Publishing Paris Disponível em httpswww oecdorgpublicationssmeand entrepreneurshippolicyinbrazil 2020cc5feb81enhtm 8Complementando as citações internacionais vale mencionar que o artigo de Caio Piza mui to bem fundamentado e estruturado ainda que publicado em 2018 tomou por base um painel de dados de 1996 quando o Simples era só um regime federal e recémmontado Sequer tinha sido criado o regime nacional do Simples compreendendo também ICMS e ISS e ainda era muito restrito o rol de atividades passíveis de enquadramento The main finding of this paper suggests that the program did not affect formaliza tion rates The large effects of the program on formalization rates found previously were likely confounded by measurement error in the assignment variable and seasonal shocks that affected more intensely the sectors that the reform initially targeted Fonte Piza Caio Out of the Shadows Revisiting the impact of the Brazilian SIMPLES program on firms formalization rates Journal of Development Economics 134 2018 Disponível em httpswwwresearchgatenet publication327372265Outofthe ShadowsRevisitingtheimpactof theBrazilianSIMPLESprogramon firmsformalizationrates fgavbrmba MACROECONOMIA 24 Conjuntura Econômica Junho 2021 A geração de empregos deve ser um dos maiores objetivos das políticas públicas No Brasil essa opção é ainda mais premente em função de nossos indicadores de distribuição de renda pobreza deterioração do mercado de trabalho e desemprego Além de atentar para a quantidade devese buscar também melhorar a qualidade dos postos gerados Daí decorrem duas perguntas o que são bons empregos E onde estão os bons empregos Primeiro é importante esclarecer que o conceito de emprego na ver dade não expressa a amplitude do mundo de trabalho atual As pessoas exercem suas atividades de diversas formas com ou sem vínculo direto a uma organização e cada vez mais elas constituem a sua própria organi zação Assim é mais correto adotar mos o conceito de ocupação como vêm fazendo as diversas pesquisas sobre o mercado de trabalho Dito isso podemos definir em linhas ge rais uma boa ocupação como aquela em que é auferida uma remuneração razoável com relativa previsibilida de temporal seja em função de uma relativa estabilidade no exercício da atividade ou da remuneração perce distorcer significativamente as remu nerações e mesmo o total de ocupa ções como fim de ano férias ou perí odos de recomposição de estoques A primeira etapa da análise cujos resultados estão inseridos na tabela 1 referese ao número de ocupações que cada setor oferta e por consequên cia o tipo de trabalhador que o setor demanda e a distribuição dos ocupa dos entre os setores e tais ocupações Os setores que mais empregam no Brasil coluna 1 são o comércio a manufatura de baixo e médiobaixo conteúdo tecnológico a agricultura e a pecuária a construção educação e serviços domésticos Porém a quan tidade de postos de trabalho gerados que de toda forma é um dado im portante ainda mais em um país po puloso como o Brasil não está asso ciada necessariamente a uma maior qualidade dos mesmos Habilidade e conhecimento É importante que um setor gere uma certa diversidade de ocupações do contrário as oportunidades de traba lho para pessoas com habilidades e conhecimentos distintos serão redu zidas Nesse sentido o setor que ofer Onde estão os bons empregos Nelson Marconi Coordenador executivo do Fórum de Economia da FGV e professor da FGV EAESP bida e exercida em condições de trabalho satisfatórias Como já argumentei diversas vezes neste espaço os requisitos para classi ficarmos a qualidade de uma ocupa ção como satisfatória não são obser vados de modo equânime em todos os setores produtivos de uma economia Além de demandarem trabalhadores em quantidades e com qualificações distintas o tipo de vínculo as remu nerações praticadas e mesmo a esta bilidade e condições para o desenvol vimento das atividades são diferentes intersetorialmente Vou buscar neste artigo mostrar como esse argumento é verdadeiro e identificar os setores que ofertam as melhores ocupações com base em alguns critérios que não se esgotam neste pequeno artigo Agrupei as atividades produtivas em 28 setores de acordo com suas características e identifiquei a relação de ocupações existentes em cada um deles A análise parte dos microdados da Pnad referentes ao terceiro trimes tre de 2019 para evitar a incorpora ção dos efeitos da pandemia de 2020 para frente que alteraram bastante o cenário E por que escolhi o terceiro trimestre Porque é um período em que não há nenhum evento que possa CONJUNTURA MACROECONOMIA Junho 2021 Conjuntura Econômica 25 ta um número maior de ocupações diferenciadas mensurado pela rela ção entre o número de denominações de ocupações ofertadas pelo setor e o total de denominações incluídas na Pnad coluna 2 é a manufatura de baixa e média tecnologia seguida pelo comércio administração pública e atividades profissionais científicas e técnicas Adicionalmente construí outro indicador buscando captar a concentração de pessoas nas ocupa ções Primeiramente foi identificada na coluna 3 a quantidade de ocupa ções em cada setor que incluem pelo menos 10 do total de ocupados em cada setor Em seguida na coluna 4 foi estimado o percentual de ocupa dos em cada setor que está concen trado em tais ocupações Tal percen tual é bastante elevado para serviços Tabela 1 1 2 3 4 Participação do setor no total de ocupados Relação entre o número de ocupações existentes no setor e o total geral de denominações de ocupações em Número de ocupações cuja participação no total de ocupados do setor é maior que 10 Participação de ocupados nessas ocupações maiores que 10 por setor 1 Agricultura e pecuária 91 299 3 672 2 Extrativa mineral 03 280 2 214 3 Petróleo extração e refino 01 196 0 00 4 Manuf baixamédia tecnologia 95 582 0 00 5 Manuf alta médiaalta tecn 19 400 0 00 6 Eletricidade e gás 02 213 2 250 7 Água e gestão de resíduos 07 257 2 482 8 Construção 73 376 2 577 9 Comércio 188 507 2 313 10 Transp armaz e correio 52 376 2 473 11 Alimentação 54 222 2 334 12 Mídias não digitais 02 152 3 397 13 Telecomunicações 04 208 1 172 14 Tecn e serviço de informação 09 229 2 254 15 Finanças 14 271 3 398 16 Atividades imobiliárias 06 199 1 480 17 Ativ prof científicas e técnicas 35 446 1 211 18 Atividades administrativas 20 395 1 172 19 Alojamento serviço turismo 06 229 3 440 20 Vigilância seg manut de edif 23 255 3 752 21 Admpúb defesa e seg social 53 495 1 160 22 Educação 71 409 3 436 23 Saúde e serviços sociais 51 364 1 185 24 Cultura esporte e lazer 11 313 2 318 25 Organizações associativas 05 248 2 396 26 Serviços pessoais 35 315 2 673 27 Serviços domésticos 68 40 1 759 28 Organizações internacionais 00 21 3 558 29 Atividades mal definidas 00 42 1 385 CONJUNTURA MACROECONOMIA 26 Conjuntura Econômica Junho 2021 domésticos pessoais vigilância se gurança e manutenção de edifícios agropecuária e mesmo na constru ção Assim apesar de alguns deles gerarem uma quantidade considerá vel de empregos o fazem de maneira concentrada em poucas ocupações restringindo o acesso a trabalhadores que possuam um conjunto específico de atributos Já os setores que não possuem ocupações que concentrem 10 ou mais do total de ocupados do setor ou possuem uma concen tração pequena nas ocupações com tais características são a manufatura o setor petroleiro a administração pública a saúde e serviços sociais as atividades administrativas profissio nais técnicas e científicas e as teleco municações que despontam assim como setores com capacidade para contratar pessoas com um leque mais amplo de habilidades Na segunda etapa desta análise notase inicialmente que os setores que mais contratam não são aqueles que praticam as melhores remune rações Há um tradeoff entre esses dois indicadores no caso brasileiro em função da regressão em nossa es trutura produtiva se a composição setorial da produção fosse diferen te com ênfase em bens e serviços mais sofisticados tecnologicamente possivelmente ambos evoluiriam na mesma direção Seria o ideal A tabela 2 nos possibilita identifi car os setores que praticam as maio res remunerações Observase que a remuneração média geral da econo mia bem como a estimada para os diversos setores é bem distinta da mediana refletindo a péssima dis tribuição da renda no país colunas 1 e 2 Com exceção de serviços do mésticos todos os setores apresen tam médias superiores à mediana possivelmente indicando que a parte superior da distribuição de salários inclui valores bastante elevados Porém o ordenamento dos seto res no tocante ao rendimento re lativo de seus trabalhadores segue o mesmo padrão para a média e a mediana colunas 3 e 4 Os setores que praticam os melhores salários relativos são o petroleiro o extrati vo mineral a manufatura de média e médiaalta tecnologia eletricidade e gás todos os chamados serviços mo dernos e a administração pública saúde e educação Outro critério de análise escolhido é a proporção de ocupações dentro de cada setor que pratica salários su periores à média tornando possível analisar não apenas a média remu neratória de um setor mas também a quantidade de posições ofertadas que remuneram adequadamente coluna 5 que também é maior nos setores que praticam melhores remunerações médias relativas com exceção de ativi dades administrativas e imobiliárias A partir desses indicadores ini ciais é possível apontar alguns seto res que parecem gerar bons empre gos considerando como critério as remunerações praticadas os ligados à indústria extrativa incluindo pe tróleo manufatura de média e alta tecnologia utilidades públicas servi ços modernos administração públi ca educação e saúde Destes alguns também vêm gerando um volume de empregos satisfatório e ao mesmo tempo diversificado administração pública educação e saúde sendo que estes dois últimos apresentam grande potencial de crescimento No tocante aos demais setores que praticam boas remunerações para diversas ocupa ções políticas públicas serão necessá rias para estimular a sua maior parti cipação no emprego lembrando que há forte complementaridade entre a produção e modernização da manu fatura de médioalto e alto conteúdo tecnológico e a demanda pelos cha mados serviços modernos Há um grupo de setores com ca racterísticas intermediárias isso é eles geram empregos em quantida de satisfatória e pagam remunera ções próximas ou pouco abaixo da média geral e também apresentam uma diversidade razoável de ocupa ções São eles a manufatura de bai xa e médiabaixa tecnologia o co mércio o alojamento e serviços de turismo transporte armazenamen to e correios atividades administra tivas cultura esporte e lazer e até mesmo a construção Alguns desses setores poderiam ser facilmente es timulados sem investimentos tec nológicos onerosos mesmo porque alguns aproveitam vantagens com parativas de nosso país e gerariam postos de trabalho com característi cas medianas para um contingente expressivo de pessoas exercendo um papel relevante nas políticas de geração de empregos Por fim os setores cuja oferta de postos de trabalho está concentra da em poucas ocupações e praticam baixas remunerações são serviços domésticos pessoais vigilância se gurança e manutenção de edifícios serviços de alimentação e agropecu ária Alguns deles estão entre os que mais geraram postos de trabalho no Brasil antes da pandemia reforçan do o argumento que aponta para a precarização de nosso mercado de trabalho e sua associação com a re gressão da estrutura produtiva CONJUNTURA MACROECONOMIA Junho 2021 Conjuntura Econômica 27 Os dados apresentados eviden ciam as diferenças setoriais no to cante à capacidade de gerar bons empregos e a decorrente necessida de de políticas setoriais de estímulo produtivo para melhorar a compo sição e a qualidade das ocupações no Brasil Outros indicadores tam bém são importantes para analisar esse quadro como o tipo de vínculo empregatício caso exista o tempo médio de permanência dos trabalha dores em suas atuais ocupações e sua escolaridade média por questões de espaço serão discutidos em um pró ximo artigo complementando esta análise Por enquanto já temos bons indícios de caminhos que poderiam ser trilhados para aprimorar as ca racterísticas do mercado de trabalho no Brasil Tabela 2 1 2 3 4 5 Rendimento médio no setor Rendimento mediano no setor Rend médio setorrend médio geral Rend mediano setorrend mediano geral Relação entre o número de ocupações no setor cujo rendimento relativo é superior à média geral e o número de ocupações existentes no setor 1 Agricultura e pecuária 1258 850 056 061 026 2 Extrativa mineral 2949 2000 132 143 056 3 Petróleo extração e refino 9175 6000 410 429 081 4 Manuf baixamédia tecn 1901 1400 085 100 036 5 Manuf alta médiaalta tecn 3471 2000 155 143 056 6 Eletricidade e gás 4730 2600 211 186 063 7 Água e gestão de resíduos 1892 1200 085 086 046 8 Construção 1727 1200 077 086 038 9 Comércio 1849 1300 083 093 029 10 Transp armaz e correio 2210 1700 099 121 046 11 Alimentação 1383 1000 062 071 018 12 Mídias não digitais 4316 2000 193 143 060 13 Telecomunicações 2531 1600 113 114 046 14 Tecn e serviço de inf 4699 2500 210 179 052 15 Finanças 5129 3000 229 214 067 16 Atividades imobiliárias 3604 2000 161 143 034 17 Ativ prof científicas e técn 4083 2500 182 179 058 18 Atividades administrativas 1824 1300 081 093 031 19 Alojamento serviço turismo 2270 1400 101 100 032 20 Vigil seg manut de edif 1594 1300 071 093 035 21 Admpúb defesa e seg social 4478 2700 200 193 064 22 Educação 2848 2000 127 143 050 23 Saúde e serviços sociais 3524 1900 157 136 046 24 Cultura esporte e lazer 2052 1500 092 107 031 25 Organizações associativas 2391 1700 107 121 041 26 Serviços pessoais 1427 1000 064 071 024 27 Serviços domésticos 890 998 040 071 012 28 Organizações internacionais 6578 4300 294 307 100 29 Atividades mal definidas 1364 700 061 050 028 Total geral 2238 1400 28 Conjuntura Econômica Junho 2021 MACROECONOMIA O resultado positivo do PIB do pri meiro trimestre divulgado pelo IBGE de crescimento de 12 em relação ao quarto trimestre do ano passado e de 1 em relação ao mesmo perí odo de 2020 levou muitos agentes do mercado financeiro a reduzir o pessimismo quanto a 2021 Algumas revisões anunciadas na primeira semana de junho aponta ram para uma expansão da econo mia brasileira superando os 5 este ano Um salto significativo se com parado à mediana de 321 regis trada no relatório de mercado Focus do início de maio Nas projeções iniciais o primeiro trimestre era tido como desafiador para a maioria dos analistas poden do fechar em terreno contracionis ta Com o agravamento da segunda onda de Covid19 o teste para a pouco mais cautelosa sobre o PIB de 2021 O viés para o crescimen to sem dúvida é de alta Mas o nível de incerteza que observamos hoje torna prematuro cravar uma taxa de 5 diz Livio Ribeiro pesqui sador associado do FGV IBRE afir mando ser prudente esperar a che gada dos primeiros dados oficiais de abril e maio antes de apostar em um panorama mais otimista Silvia Matos coordenadora do Boletim Macro IBRE reforça o coro Um crescimento de 5 ou mais não é inviável mas ainda não é o cenário base declara A economista res salta a heterogeneidade verificada na decomposição do resultado do primeiro trimestre especialmente quando equiparado ao desempenho da economia no último trimestre de 2019 Nessa comparação o segmento de outros serviços que incluem atividades como turismo entretenimento alimentação fora de casa e serviços pessoais ainda registra queda de 95 ressalta Em contrapartida atividades finan economia foi ainda maior Mas di versos setores demonstraram estar mais bem adaptados às restrições impostas pela pandemia do que se esperava da mesma forma que se beneficiaram de uma menor rigidez nas medidas de isolamento do que o verificado no ano passado Adolpho Sachsida secretário de Política Eco nômica do Ministério da Economia avalia que essa reação da atividade comprova o acerto na previsão do governo de que a retirada do auxí lio emergencial não impactaria tão intensamente o agregado da econo mia confirmando a retomada em V apontada pelo ministro Paulo Guedes no ano passado Se continuarmos insistindo nas medidas que deram certo e mantivermos a estratégia de consolidação fiscal e reformas pró mercado certamente conseguiremos um bom ano declarou em webinar promovido pelo Observatório do Fe deralismo Brasileiro do Governo do Ceará dia 46 Pesquisadores do FGV IBRE por sua vez mantêm uma visão um Para os 5 e avante Surpresa no resultado da atividade do primeiro trimestre aquece o debate sobre os limites da expansão econômica para 2021 Solange Monteiro do Rio de Janeiro Junho 2021 Conjuntura Econômica 29 CONJUNTURA MACROECONOMIA Heterogeneidade da recuperação em V PIB 1o tri de 2021 vs 4o tri de 2019 com ajuste sazonal em ceiras estão 52 acima do nível verificado no fim de 2019 resul tado provavelmente relacionado à desmonetização da economia esti mulada pelas restrições de circula ção com aumento de uso de outros meios de pagamento Silvia aponta que outros ser viços junto a serviços públicos correspondem à metade do PIB de serviços Quando comparadas com o mesmo trimestre de 2020 essas atividades ainda registraram queda de 44 e 76 no primeiro tri No caso dos serviços públicos como saúde e educação apesar de virem abaixo do que esperáva mos há menos com o que se pre ocupar porque são atividades com demanda garantida Em geral para voltar a funcionar não dependem de outras determinantes que não seja a contenção da pandemia lembra Silvia No caso de ou tros serviços grande empregador do país há muitas dúvidas sobre quando e como será sua recupe ração levando em conta possíveis mudanças estruturais em várias ati vidades especialmente aquelas que ampliaram a digitalização de suas operações para sobreviver Para se recuperar além do controle da pandemia estas também depende rão da disposição e condição da população em gastar completa Silvia lembrando que o consumo das famílias apresentou acomoda ção no primeiro trimestre a con juntura é de desemprego e inflação altos com estimativa de que a base de rendimentos registre recuo este ano em relação a 2020 Acho que do lado do consumo ainda haverá desafios para se alcançar resultados positivos especialmente quanto à recuperação do mercado de trabalho afirma recordando as atuais cifras de 148 milhões de desempregados e outros 6 milhões de desalentados Silvia também lembra que os indicadores de con fiança do consumidor produzidos pelo FGV IBRE têm se mantido em nível muito baixo em termos histó ricos reforçando o diagnóstico de um consumidor preocupado com a pandemia e cauteloso nos gastos Ribeiro lembra que atacar esses pontos vulneráveis da economia ainda depende do aumento da va cinação e do controle do contágio Entre os agentes que estimam PIB acima de 5 parece que a expec tativa é de que tudo estará equacio nado em agosto quando me parece impossível uma normalização sa nitária antes da virada do terceiro para o quarto trimestre afirma Pessôa por sua vez aponta que o risco é de que essa normalização não chegue antes que a indústria dê sinais de desaquecimento Até agora tivemos uma substituição da demanda de serviços pela de bens duráveis mas ninguém comprará carro todo mês diz lembrando que a previsão do varejo para o co mércio de bens como móveis e ele trodomésticos em abril e maio já é de desaceleração Para que a troca de bastão entre indústria e serviços ocorra de forma suave sem en gasgo é importante que condições sanitárias sejam dadas reforçou indicando que qualquer descom passo terá impacto sobre o PIB Ao Agropecuária 58 Atividades financeiras de seguros e serviços relacionados 52 Atividades imobiliárias 46 Indústrias de transformação 43 Informação e comunicação 37 Comércio 34 Eletricidade gás água esgoto atividade de gestão de resíduos 24 PIB total 0 Transporte armazenagem e correio 11 Construção 29 Indústrias extrativas 39 Administração defesa saúde e educação públicas e seguridade social 45 Outras atividades de serviços 95 Fonte IBGE 30 Conjuntura Econômica Junho 2021 CONJUNTURA MACROECONOMIA que ainda se soma lembra Ribeiro a pressão inflacionária que tam bém jogará contra uma recupera ção mais acelerada Começaremos o segundo semestre com a inflação acima de 8 Isso tem influência na renda disponível e precisa ser colo cado na conta diz Silvia afirma que por agora a estimativa para o PIB de 2021 do FGV IBRE é de 46 Para o se gundo trimestre nossa projeção de crescimento é de 126 em relação a 2020 lembrando que o segun do trimestre do ano passado foi o mais crítico para a economia com queda de 109 diz Os indi cadores divulgados pelo IBRE em maio dão mais algumas luzes sobre como a atividade deverá se com portar no segundo trimestre Nesse mês comércio e serviços puxaram a alta da confiança com melhora na percepção da situação corrente e a indústria permaneceu em terre no positivo pelo nono mês seguido Um detalhe observado pela equipe do FGV IBRE entretanto é de que a melhora dos resultados da con fiança empresarial em maio se deu especialmente pela migração de res postas desfavoráveis para o terreno neutro indicando mais uma redu ção do pessimismo do que efetiva mente um aumento do otimismo Outro dado que aponta a cautela na interpretação dos resultados é o Indicador de Incerteza da Economia produzido pelo IBRE que demons tra melhora mas ainda permanece acima do nível prépandemia bem como do nível médio observado de 2015 a 2019 que já era historica mente elevado Livio Ribeiro também aponta os possíveis desafios que o contexto in ternacional imporá à retomada bra sileira Primeiramente pelo atraso da normalização sanitária em relação aos países desenvolvidos que reto mam sua atividade em um cenário no qual ainda predomina a desorganiza ção de cadeias globais de produção ampliando a pressão por insumos em disponibilidade e preço Ele ain da ressalta que os ventos da política monetária começam a virar com dis cussões cada vez mais intensas não necessariamente mais organizadas sobre ajustes Isso não chega a Fonte IBGE Comparação PIB x consumo das famílias x FBCF Taxa acumulada em quatro trimestres 98I 99I 00I 01I 02I 03I 04I 05I 06I 07I 08I 09I 10I 11I 12I 13I 14I 21I 15I 16I 20I 19I 18I 17I 98III 99III 00III 01III 02III 03III 04III 05III 15III 16III 17III 20III 19III 18III 06III 14III 07III 13III 08III 12III 11III 09III 10III 200 00 160 120 80 40 40 80 120 160 200 PIB Consumo das famílias Formação bruta de capital fixo 20 38 57 Junho 2021 Conjuntura Econômica 31 CONJUNTURA MACROECONOMIA implicar elevação de juros no curto prazo mas o início de tapering re dução gradual de políticas monetá rias expansivas em países intensivos em commodities como o Canadá exemplifica No Brasil a normaliza ção monetária teve de acontecer an tes da econômica o que traz um peso adicional ao processo de retomada Atraso na situação sanitária pres são inflacionária devido ao não fun cionamento do câmbio como canal usual de compensação ao aumento das commodities e choques político institucionais são questões que ainda aumentam a percepção de risco no Brasil mas também em outros países sulamericanos região reconhecida como de baixa resiliência a choques dessas características afirma Silvia reitera que a avaliação da economia em 2021 ainda é um ter reno difícil de trafegar e que a pers pectiva para 2022 ainda é de ativi dade fraca A estimativa atualizada do FGV IBRE para o PIB de 2022 é de 16 refletindo um cenário ainda delicado de recuperação pelo lado da demanda Neste começo de ano vimos uma alta de investimen tos influenciada pela importação de plataformas de petróleo em parte associadas a mudanças no regime aduaneiro Repetro que é um efei to não recorrente E o espalhamento dessa melhora dependerá de preços relativos diz Com câmbio des valorizado ainda que este tenha re gistrado uma melhora na margem o custo fica alto Só setores muito fa vorecidos estarão dispostos a gran des ciclos de investimento diz No consumo das famílias Silvia soma à lista dos desafios mencionados a tendência de perda de fôlego no ciclo de crédito com piora nas condições de oferta devido ao aumento de ju ros provocada pela alta da inflação Nas estimativas do IBRE este ano o IPCA deverá fechar acima da meta em 6 e em 37 em 2022 Será um cenário desafiador para a polí tica monetária sob um contexto de forte inflação de administrados de 10 este ano e 5 no ano que vem com a atividade e o emprego ain da se recuperando conclui Cadeias de valor desorganizadas pressionam a inflação Inflação ao produtor anualizado 0 4 8 8 12 16 20 24 28 32 4 Jan14 Jan15 Jan16 Jan17 Jan18 Jan19 Jan20 Jan21 Jul20 Jul19 Jul18 Jul17 Jul16 Jul15 Jul14 EUA Zona do Euro China México Brasil RSA 295 95 43 68 32 52 Fonte Bloomberg Estratégia das economias desenvolvidas para bancar a ContaCovid traz implicações para a inflação e a política monetária 0 20 40 60 80 100 120 140 14 12 10 8 6 4 2 0 16 08 2000 92 84 76 68 60 52 44 36 28 20 12 1904 96 88 1880 Taxa de juros de longo prazo eixo da direita 1a Guerra Mundial 2a Guerra Mundial Grande Depressão Crise financeira global Lockdown pela Covid19 Dívida eixo da esquerda Fonte FMI PROTEÇÃO SOCIAL 32 Conjuntura Econômica Junho 2021 Solange Monteiro do Rio de Janeiro Projetos para revisão do sistema de proteção social voltam à pauta para responder a velhos e recentes desafios no combate à pobreza Um novo Bolsa Família Nos últimos anos a população bra sileira economicamente mais vul nerável tem vivido em uma ingrata montanharussa De 2014 até 2017 ano em que o país começou a se re cuperar de uma de suas piores reces sões 63 milhões de pessoas caíram na pobreza relativa a menos de R 82 ao dia conforme cálculo do FGV Social totalizando 233 milhões Até 2019 esse número ainda subiu para 24 milhões Quando a pande mia chegou e junto dela a primeira etapa do auxílio emergencial que benefi CAPA PROTEÇÃO SOCIAL Junho 2021 Conjuntura Econômica 33 ciou 67 milhões de pessoas com ao menos R 600 parte desses brasi leiros conseguiu uma melhora tem porária em sua condição de vida e em agosto as pessoas em situação de pobreza eram menos da metade do registrado antes do choque sanitário Com a redução do valor do auxílio e logo o fim do programa entretan to essa cifra não só voltou a cres cer como superou o nível de 2019 somando 35 milhões de pessoas em abril ainda segundo o FGV Social com dados da Pnad Contínua Até agosto quando for distribuí da a última cota da nova rodada de auxílio parte dessas pessoas ainda contará com algum alívio adicio nal Mas mesmo que o crescimento da atividade econômica no primei ro trimestre deste ano tenha sur preendido o país ainda demandará vários meses até alcançar um nível de vacinação adequado para conter o contágio permitir a normaliza ção da economia e dessa forma ampliar as possibilidades de gera ção de renda Se nenhuma extensão do auxílio acontecer será inadiável a definição de como readequar as políticas sociais permanentes para dar conta do aumento da pobreza no país e seus novos desafios o que inclui a interação com demandas trazidas pelas mudanças estrutu rais no mundo do trabalho inten sificadas pela pandemia Depois de um primeiro trimestre no vácuo o debate sobre reformula ção do Bolsa Família carrochefe das políticas não contributivas de transferência de renda ressurgiu a partir de abril em três frentes A primeira com a decisão do Supremo Tribunal Federal STF pela defini ção do valor da Renda Básica de Ci dadania ver pág 40 lei que existe desde 2004 e prevê o pagamento de uma renda mínima universal a todo cidadão residente no Brasil há pelo menos 5 anos A determinação do STF indica que a lei deve ser cum prida respeitando as regras fiscais sendo neste momento destinada a brasileiros em extrema pobreza com renda per capita entre R 89 e R 178 A decisão de forma e valo res terá de ser tomada pelo Executi vo ainda este ano para implementa ção a partir de 2022 Outro impulso partiu do Sena do com a colocação em pauta do projeto que cria a Lei de Respon sabilidade Social LRS programa de autoria do senador Tasso Jereis sati PSDBCE que prevê a substi tuição das transferências do Bolsa Família pelo Benefício de Renda Mínima BRM e que lança dois benefícios adicionais a CAPA PROTEÇÃO SOCIAL 34 Conjuntura Econômica Junho 2021 Poupança Mais Educação focada no combate à evasão escolar e a Poupança Seguro Família que visa servir como um seguro para o tra balhador informal em caso de per da de renda Do lado do Executivo também houve o anúncio de uma proposta ainda não oficializada de reformulação do Bolsa Família que a princípio seria rebatizado de Emancipação Cidadã teria am pliados o orçamento o benefício e o número de famílias beneficiadas e contaria com novidades como uma linha de microcrédito auxí liocreche e auxílio a beneficiários das áreas rurais que se capacitem para se tornar pequenos produto res O plano do governo é aprovar o projeto ainda em 2021 já que há impedimentos legais para aumento de despesas desse gênero em anos eleitorais o que comprometeria sua vigência em 2022 Ainda que não sejam iniciativas necessariamente convergentes es pecialistas consideram um movi mento positivo para se retomar essa agenda Se hoje existe algum con senso entre analistas e pesquisado res é que a desigualdade a pobre za a informalidade e o desemprego estão aumentando e já devíamos ter avançado nessa discussão diz Manoel Pires pesquisador associa do do FGV IBRE Marcelo Neri diretor do FGV Social também ressalta a importância de um movi mento para revisar o Bolsa Família BF Mesmo sendo um programa de última geração o BF também tem que aprender com sua própria história e precisa disso diz Mas expressa preocupação pelo timing do processo Obviamente a pan demia impõe um senso de urgên cia Mas essa é uma discussão que transcende a excepcionalidade da crise sanitária e nesse sentido a ur gência pode atrapalhar Incremental ou radical Um dos principais desafios nesse processo é ter de buscar ganhos em um time vencedor Em termos de focalização e redução da desigual dade o BF não parou de melhorar mesmo depois de sua expansão diz Luiz Henrique Paiva pesqui sador do Ipea Levantamento do qual é coautor divulgado em junho de 2020 mostra que entre 2012 e 2018 o BF reduziu a desigualdade com aumento da focalização das transferências nos grupos de menor renda Esse resultado é verificado tanto quando medido por percentu al de beneficiário quanto por valor de benefícios Comparada a outros países da América Latina a focali zação do programa do Brasil fica 0 5 50 10 15 100 20 25 150 30 35 200 40 45 250 50 445 254 142 77 42 19 12 06 03 01 Décimo décimo Nono décimo Oitavo décimo Sétimo décimo Sexto décimo Quinto décimo Quarto décimo Terceiro décimo Segundo décimo Primeiro décimo Percentual da massa de rendimentos dos benefícios do PBF Benefício médio do PBF escala da direita Limite inferior Limite superior R 199 R 177 R 153 R 199 R 137 R 131 R 127 R 124 R 117 R 126 129 147 165 R 140 105 114 Fonte Pnad ContínuaIBGE 2018 Décimos estimados a partir da renda domiciliar per capita líquida de rendimentos não monetários e dos valores do programa Bolsa Família foco nos mais pobres em CAPA PROTEÇÃO SOCIAL Junho 2021 Conjuntura Econômica 35 atrás apenas de Peru e Panamá Tal desempenho diz Paiva mostra que não haverá caminho fácil para am pliar a cobertura e eficiência dessa política Aumentos orçamentários na margem só trarão melhorias na margem diz lembrando que dos 15 do PIB gastos com o sistema de proteção social brasileiro só o 04 representado pelo Bolsa Fa mília que é o de maior impacto contra a pobreza é submetido à disponibilidade orçamentária li mitando o número de beneficiários conforme a existência de recursos Para Paiva ampliar a responsabili dade social do programa passaria antes de tudo por proteger os bene fícios do BF contra a inflação defi nindo critérios de reajuste e perio dicidade em lei reajustar as linhas de elegibilidade que são monetárias pela inflação definindo índice e pe riodicidade também em lei e acabar com as filas de espera para adesão ao Bolsa Família A princípio a proposta do go verno é ampliar o orçamento do programa dos R 35 bilhões previs tos para este ano a R 50 bi e com isso somar cerca de 19 milhão às 146 milhões de famílias atualmen te beneficiadas pelo programa que receberiam R 250 mensais Antes da pandemia a fila de espera para entrada no BF já beirava 1 milhão de famílias O valor mensal tanto do auxíliocreche quanto ao benefi ciário rural de acordo ao divulgado na mídia seria de R 250 No caso do voucher para creches Laísa Ra chter pesquisadora do FGV IBRE diz que é difícil fazer uma avalia ção sobre o impacto da iniciativa Fontes ASPIREWorld Bank 20122016 Pnad ContínuaIBGE 2018 Bolsa Família comparado a seus pares latinoamericanos de beneficiários que se encontram entre os 20 de menor renda per capita 518 270 655 463 405 453 468 292 517 749 744 604 422 00 100 200 300 400 500 600 700 800 Argentina Bolívia Brasil Chile Colômbia Costa Rica Equador Guatemala México Panamá Peru Paraguai Uruguai Amortecer quedas Projeto da Lei de Responsabilidade Social prevê seguro para trabalhador informal CAPA PROTEÇÃO SOCIAL 36 Conjuntura Econômica Junho 2021 sem ter os detalhes da proposta O valor é inferior ao mínimo conside rado no Fundeb por aluno de cre che integral em torno de R 408 para grandes cidades o que indica que não será suficiente para cobrir a mensalidade desse serviço afir ma E a princípio não há nenhu ma diretriz clara sobre os padrões a serem exigidos estrutura mínima que a creche deverá oferecer con trole do número de crianças por turma diretrizes de segurança São questões importantes relacionadas à qualidade do acesso que estavam presentes por exemplo no Progra ma Brasil Carinhoso compara Outro fator destacado por Laísa são as notícias veiculadas de que os planos do governo para o progra ma são reduzir o papel dos Centros de Referência em Assistência Social CRAs no processo de inclusão no Cadastro Único e pedido do bene fício migrandoo para aplicativos aproveitando a experiência do au xílio emergencial Modernizações são sempre bemvindas pois podem aprimorar a qualidade da adminis tração dos dados o que é sempre bom para a avaliação e elabora ção de políticas públicas Mas essa adoção deve ser complementar ao trabalho dos CRAs defende Laí sa O processo de cadastramento no CadÚnico é longo e complexo é bom ser acompanhado de um as sistente social que ajudará a com preender as necessidades daquela família Além do fato de que nem todos têm qualidade de conexão e conhecimento para lidar com o aplicativo o que poderia reforçar a desigualdade no acesso Para uma aprovação célere como a desejada pelo governo será preciso encontrar espaço orçamentário para encaixar o gasto excedente Um de safio que reflete na opinião de espe cialistas o descaso com que o tema foi tratado na discussão orçamentá ria de 2021 O aprimoramento da rede de proteção social não entrou no debate Sequer para negociar com parlamentares que abrissem mão de parte dos recursos das emendas em favor de uma assistência mais robus ta diz Fernando Veloso pesquisa dor do FGV IBRE lembrando que os R 44 bilhões destinados à ree dição do auxílio emergencial foram aprovados dentro da PEC Emergen cial fora do teto de gastos Veloso defende que para um fortalecimento de fato do sistema é preciso muito diálogo visando alcançar uma so lução fiscalmente responsável Mar celo Neri concorda e lembra que algumas iniciativas nessa direção chegaram a ser propostas pela equipe de governo no ano passado mas não decolaram Tanto o Renda Brasil quanto o Renda Cidadã continham algumas ideias positivas como a de unificar programas menos eficientes na redução da pobreza para ampliar a cobertura Mas foram atingidas por fogo amigo diz referindose à negativa de Bolsonaro em mexer em programas como o abono salarial Veloso conta que a unificação de benefícios sociais considerados Fonte CDPP Impactos estimados do Programa de Responsabilidade Social Resultados comparativos para um orçamento de R 50 bilhões 20 92 30 40 50 60 70 80 90 100 93 94 95 96 97 98 99 100 Cobertura Renda básica universal Programa infantil focalizado Programa Bolsa Família ampliado Programa de responsabilidade social Progarma universal infantil Auxílio emergencial PBF AS e SF simulado Programa de responsabilidade social Combate à pobreza Elimina 95 da não cobertura de famílias vulneráveis sem necessidade de mais orçamento Elimina entre 11 e 24 da pobreza atual sem necessidade de mais orçamento CAPA PROTEÇÃO SOCIAL Junho 2021 Conjuntura Econômica 37 caros e pouco eficientes é parte do financiamento Programa de Res ponsabilidade Social elaborado por ele e os economistas Vinicius Bo telho e Marcos Mendes Insper que inspirou o projeto de Jereissa ti Juntando os recursos destina dos ao salário família abono sa larial e segurodefeso com o Bolsa Família nossa estimativa era de totalizar R 57 bilhões divididos entre aplicação nos três benefícios do programa sendo 184 milhões de famílias do benefício principal de R 230 em média mais outros R 6 bilhões para o Criança Feliz Mais Educação e para fortalecimen to e apoio do Cadastro Único diz Já a proposta apresentada pelo se nador Tasso Jereissati prevê inicial mente a soma da dotação do Bolsa Família a recursos de emendas indi viduais e de bancadas e alterações da regra de acesso ao abono É um projeto criado como uma pla taforma na medida em que se con seguem mais recursos expandemse os programas desde que estejam dentro do teto de gastos conta Ve loso Para o pesquisador do IBRE o grande diferencial da Lei de Respon sabilidade Social é até o momento ser a única a propor um sistema de proteção ao trabalhador informal que foi o principal foco do auxílio a quem Guedes definiu como os 38 milhões de invisíveis Ainda que o governo esteja trabalhando em formas de formalização desse grupo por exemplo com o proje to do Bônus de Inclusão Produtiva BIP não há medida que busque amparálo enquanto este segue na condição de informal sujeito a va riações bruscas de renda afirma A Poupança Seguro Família é for mada mediante o depósito mensal pelo governo federal de até 15 do valor do rendimento declarado por cada trabalhador da família com renda até R 780 que representam os 46 mais pobres do país Esse seguro só pode ser sacado em caso de queda de rendimento ou de cala midade pública Sua cobertura ini cial estimada é de 125 milhões de famílias que não necessariamente são beneficiárias da renda mínima BRM A proposta apresentada por Jereissati também conta com uma definição de metas de redução de pobreza e pobreza extrema Em 3 anos após a entrada em vigor de Taxa de pobreza orçamento de R 58 bilhões ao ano Taxa de pobreza orçamento de R 120 bilhões ao ano Taxa de pobreza orçamento de R 180 bilhões ao ano Referência Bolsa Família atual 62 62 62 Auxílio emergencial simulado 0 0 0 Modelos simulados Focalizado 57 36 0 Híbrido 59 42 32 Universal 7 64 54 Fonte Ipea Taxas de pobreza em três modelos de programa de transferência linha internacional de pobreza equivalente a R 150 por mês CAPA PROTEÇÃO SOCIAL 38 Conjuntura Econômica Junho 2021 redução da pobreza famílias com renda mensal de até R 250 por pessoa de 123 registrados antes da pandemia para 10 e da ex trema pobreza famílias com renda mensal de até R 120 por pessoa de 64 para 2 Ampliar horizontes Enfrentar a difícil batalha política pela revisão do arcabouço de pro gramas sociais ainda muito con centrado no amparo ao empregado CLT cada vez menos representativo dentro da multiplicação de arranjos possíveis no atual mercado de traba lho parte dos quais reflexo da pre carização dessas relações é para os especialistas um passo fundamental para se pensar a reestruturação do sistema de forma mais ampla De certa forma o auxílio emergencial ainda que insustentável no longo prazo estendeu a fronteira do pos sível até onde não imaginávamos e nos empurrou para pensar além diz Paiva Um exemplo cita Paiva foi a volta da defesa de um benefí cio mínimo universal Em exercício preliminar divulgado em maio Pai va e mais três pesquisadores do Ipea demonstram entretanto que o gas to necessário para tornar uma renda básica universal efetiva na redução da pobreza é fiscalmente inviável para a realidade orçamentária bra sileira No estudo os pesquisadores simularam três cenários orçamentá rios um fiscalmente neutro de R 58 bilhões anuais um intermediário de R 120 bi e outro de R 180 bi lhões Os resultados apontaram que apenas no cenário orçamentário de R 180 bilhões um benefício univer sal seria mais redistributivo que o atual Bolsa Família de caráter foca lizado PAG 38 coluna 3 O estudo sugere entretanto que a adoção de um modelo híbrido no caso mantendo a base operacional do Bolsa Família e do Cadastro Úni co acrescida de um benefício uni versal para crianças e jovens po deria ser virtuosa A pobreza nesse grupo é o dobro da taxa média de pobreza no Brasil e 10 vezes maior do que a taxa de pobreza entre ido sos Com tal concentração uma renda universal focada em crianças e jovens até 18 anos seria o segundo programa mais bem focalizado do Brasil perdendo apenas para o Bol sa Família diz Caminho similar foi sugerido no ano passado pelo pesquisador Naer cio Menezes do Insper com um pro grama de renda básica para crianças de 0 a 6 anos Menezes traçou vários cenários com um valor mensal de R 800 que poderiam ser distribuídos por família ou por criança beneficiá ria do Bolsa Família ou universal No caso por exemplo de um benefício por criança do Bolsa Família o gas to anual seria de R 83 bilhões com uma redução de pobreza nesse grupo estimada em 13 Se o mesmo be nefício fosse distribuído para crianças de 0 a 6 anos em caráter universal o gasto subiria para R 174 bi com re dução de pobreza de 5 Para finan ciar o programa Menezes sugere a eliminação do abatimento de impos to de renda para gastos com saúde e educação além de uma tributação igual para todo tipo de renda seja do trabalho de lucros e dividendos ou do Simples por exemplo Em webinar promovido pelo FGV IBRE em parceria com o jornal O Estado de SPaulo em maio Manoel Em ano de eleições presidenciais pobreza tende a cair Fonte FGV Social Estimativa 35 343 339 334 326 37 395 337 203 315 355 336 346 344 342 345 314 284 283 281 268 28 277 275 267 281 252 228 19 179 156 147 135 124 105 101 83 10 108 111 109 1978 1979 1980 1981 1982 1983 1984 1985 1986 1987 1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 Com eleições presidenciais Com eleições sem coleta da Pnad CAPA PROTEÇÃO SOCIAL Junho 2021 Conjuntura Econômica 39 Pires ressaltou que a ideia de se tra balhar a universalidade por nichos poderia ser avaliada como alternati va para a sustentação do sistema pre videnciário frente à fragilização do vínculo empregatício e flexibilização das formas de trabalho que tendem a aumentar Historicamente sem pre tivemos facilidade em estruturar políticas para os trabalhadores for mais como o segurodesemprego o abono e a própria previdência Mas hoje o desafio no mundo inteiro é de como lidar com uma base de fi nanciamento que está ruindo diz O pesquisador ressalta que o incen tivo à contribuição voluntária de jovens para sistemas de previdência privada ainda não tem surtido efei tos positivos e que novos modelos têm sido avaliados para evitar um colapso na cobertura Em um sis tema universal não se abdicaria de contribuição sobre folha que apesar de ser reduzida é uma base estável mas esta seria complementada com outras fontes como o imposto sobre a renda descreve Marcelo Neri por sua vez consi dera que a busca por de frentes em prol da redução da pobreza também pode incluir elementos financeiros até agora pouco explorados no Bol sa Família Tratase de considerar não só a transferência de renda em si mas de permitir que cada pessoa possa distribuir melhor os seus recur sos ao longo do tempo diz Para o diretor do FGV Social a experiência do comportamento da caderneta de poupança em 2020 reforça essa di retriz Benefícios como o saque do FGTS e o auxílio emergencial que fo ram pagos através de conta poupan ça digital poderiam explicar parte do resultado da poupança em 2020 que registrou a maior captação líqui da da série histórica do Banco Cen tral de R 1663 bilhões Tem uma agenda públicoprivada de acesso a mercados financeiros segmentos de crédito seguro e poupança que só é considerada para segmentos de luxo mas cuja importância é ainda maior para quem está próximo da linha da pobreza diz ressaltando que nem todas as medidas visando ao bem estar da camada mais pobre deman dam mais recursos fiscais Neri reforça entretanto que o timing pode não ser favorável para um debate mais amplo sobre essa agenda Seja pela urgência da pan demia seja pelo calendário eleitoral lembrando que com a proximida de de eleições a tendência do pre sidente de turno é buscar o arranjo que lhe proporcione maior dividen do político Nem é preciso fazer qualquer regressão constatar que em anos de eleições presidenciais a tendência é de redução da pobre Foco na infância 70 das crianças e jovens brasileiros estão na metade mais pobre da população za diz Análise de sete eleições re alizadas desde 1986 feita pelo FGV Social aponta que em todos os ca sos a pobreza cai em ano eleitoral e sobe no ano seguinte com exceção de 2007 Diante do impacto da crise sanitária e da intrínseca relação do Bolsa Família com o expresidente Lula possível adversário de Bolso naro em 2022 é difícil não imagi nar um forte empenho do governo para que um novo programa brilhe no ano que vem Não temos que reinventar a roda E o que for fei to precisa contar com sensibilidade social mas também com responsa bilidade fiscal reforça Neri Já vivemos a experiência de tomar decisões no calor dos acontecimen tos como na grande recessão de 200809 que foram boas no curto prazo mas acabaram quebrando o país por se estenderem mais que o devido E quem mais se prejudica no final são aqueles que se busca proteger conclui CAPA PROTEÇÃO SOCIAL 4 0 Conjuntura Econômica Junho 2021 Foto Jefferson RudyAgência Senado O ancestral comum Quando soube que o presidente Jair Bolsonaro havia testado positivo para Covid19 em julho do ano passado o exsenador Eduardo Suplicy atual vereador pelo PT na capital paulista decidiu lhe enviar um presente Pen sei que em sua recuperação teria tem po para ler e lhe encaminhei o livro A utopia de Thomas More conta lembrando que essa é a obra que co locou o escritor filósofo e diploma ta britânico entre os pensadores que melhor fundamentaram a garantia de uma renda básica universal Suplicy é o pai da lei da Renda Básica de Cidadania e nunca aban donou sua catequese sobre o tema A lei foi sancionada em 2004 mas des de então está à espera de regulamen tação para entrar em vigor Pendên cia que de acordo a determinação dos ministros do Supremo Tribunal Federal de abril passado deverá ser eliminada até dezembro deste ano prazo dado pelo STF para que o governo federal defina o valor do be nos Estados Unidos eu da Univer sidade de Michigan e de um período como professor em Stanford ele da CarnegieMellon e Silveira dizia buscar a companhia de professores com ideias progressistas Cheguei a dar palestras para seus alunos então no ITA SP e ele para a minha clas se na FGV Eaesp lembra Suplicy Em 1975 já como professor da FGV EPGE Silveira publicou o primeiro texto sobre renda mínima universal no Brasil Redistribuição de renda httpsbitly3vZCbMt na Revista de Economia Brasileira Um docu mento ousado para a época em que defendia a necessidade de não se es perar o bolo crescer para dividilo como ditava o modelo econômico do governo propondo um sistema de redistribuição que minorasse ou até compensasse os efeitos negativos de curto prazo do desenvolvimento ace lerado na distribuição de renda erra dicando a pobreza a longo prazo diz no texto O sistema sugerido era nefício previsto na lei para ser pago a partir de 2022 aos brasileiros em situação de extrema pobreza Mesmo com esses 17 anos de in definição a defesa do direito a uma renda básica que atenda às necessi dades vitais de todo cidadão é para parte da comunidade acadêmica um debate que está na raiz da evolução do sistema de proteção social brasi leiro Um processo de fertilização de ideias para o qual Suplicy tem se de dicado como poucos Dos 80 anos de vida que comple tará este mês de junho três décadas são dedicadas à defesa legislativa da renda mínima O primeiro projeto de Suplicy apresentado sobre o tema foi em 1991 no início de seu mandato como primeiro senador eleito pelo PT A inspiração para o texto en tretanto começou a se forjar muito antes da relação de amizade com o economista Antonio Maria da Sil veira 19392006 Na década de 1970 ambos voltávamos de estudar CAPA PROTEÇÃO SOCIAL Junho 2021 Conjuntura Econômica 41 o do imposto de renda negativo ideia que foi adotada no projeto de lei de Suplicy para o qual Silveira também colaborou na articulação direta junto aos demais senadores atuando como seu consultor Definimos que toda pessoa adulta a partir de 25 anos que não ganhasse ao menos 45 mil cruzeiros mensais em torno de 25 salários mínimos teria direito a rece ber um complemento de renda equi valente a 50 da diferença entre sua renda e esse patamar descreve O projeto foi aprovado no Sena do mas nunca chegou a ser votado na Câmara O debate sobre renda mínima entretanto permaneceu la tente Suplicy destaca um encontro de vários economistas promovido pelo professor da Unicamp Valter Barelli 19382019 então coorde nador do chamado Governo Para lelo movimento liderado por Lula após derrota nas urnas para Fernan do Collor de Melo com o objetivo de discutir políticas públicas Foi lá que em uma apresentação sobre renda mínima José Marcio Camar go PUCRio sugeriu foco prioritá rio na educação diz Ele defendia que proporcionando uma renda para famílias carentes e condicionandoa à frequência escolar das crianças es taríamos contribuindo para cortar um dos principais elos do círculo vi cioso da pobreza O tema ganhou força nos anos seguintes Em 1995 os prefeitos Cristóvão Buarque PT no Distrito Federal e o tucano José Roberto Magalhães Teixeira 1937 1996 em Campinas SP lideraram os primeiros programas de transfe rência de renda associados a contra partidas na área de educação Na sequência vieram outras cidades bem como vários projetos de lei no Congresso diz citando entre ou tros autores o senador Renan Ca lheiros então do PMDB A essa altura Suplicy conta que o debate já tinha cruzado fronteiras re cordando os primeiros encontros com o filósofo e economista belga Philippe Van Parijs referência mundial no de bate da renda mínima de quem havia lido Arguing for basic income ethi cal foundations for a radical reform Em 1996 coordenei uma audiência de Philippe com o presidente Fernan do Henrique Cardoso na qual ele de fendeu que o modelo ideal era chegar à renda básica incondicional univer sal ressaltando entretanto as vanta gens de se iniciar com um programa de renda conectado à educação des creve Linha que definitivamente foi seguida por Cardoso a começar pela criação do Programa de Garantia de Renda Mínima Vinculada à educação PGRM em 1997 O PGRM previa o financiamento de 50 de progra mas de renda mínima vinculados ao ensino dos municípios que deveriam arcar com os outros 50 A baixa ca pacidade fiscal dos entes inicialmente alvo do programa os de menor re ceita tributária e renda per capita entretanto resultou em entrave para a adesão Em 2001 então o PGRM foi transformado através de medida provisória no Programa Nacional de Bolsa Escola PNBE coordenado e financiado pela União Ao que pos teriormente se somaram o Bolsa Ali mentação e o Auxílio Gás Foto Midiateca IEA USP Mauro Bellesa Visita de Philippe Van Parijs de óculos ao Brasil em 1994 Foto Revista Brasileira de Economia Antonio Maria da Silveira CAPA PROTEÇÃO SOCIAL 42 Conjuntura Econômica Junho 2021 Nesse ínterim Suplicy amadurecia seus conceitos sobre garantia de ren da colocados em um novo projeto de lei Desta vez não mais envolvendo um IR negativo mas a instituição de uma renda básica incondicional Sua defesa é de este ser um modelo mais benéfico aos mais pobres por entre outros fatores evitar erros de exclu são não apresentar qualquer tipo de estigma tampouco desincentivar o trabalho Francelino Pereira 1921 2017 senador pelo PFL de Minas Gerais foi relator do projeto Lem brome de sua disposição em estudar o texto e ler o livro que eu acabava de publicar Renda de cidadania a saída é pela porta afirma Suplicy Foi de Pereira a sugestão de definir uma ins tituição por etapas a critério do Po der Executivo que priorizasse os mais necessitados e se adequasse à Lei de Responsabilidade Fiscal Em dezem bro de 2003 o projeto foi aprovado na Câmara sem oposição dos então deputados Jair Bolsonaro e Ônix Lo renzoni ambos membros da Comis são de Constituição e Justiça ressalta Suplicy E posteriormente sancionado por Lula que na cerimônia estava acompanhado de Ciro Gomes então ministro da Integração Nacional O foco do governo nesse momen to entretanto estava em reduzir a fragmentação dos programas de transferência de renda em vigor que resultaram no programa Bolsa Famí lia convertido em lei em janeiro de 2004 O que alterou os planos de im plantação do Renda Básica de Cida dania previstos na lei de acontecer de forma gradual a partir de 2005 Naquele momento o Bolsa Família foi um passo dado na direção da ren da básica afirma Suplicy Somente no governo de Dilma Rousseff o se nador voltou a trabalhar pela imple mentação da lei sugerindo a forma ção de uma comissão para discutir como regulamentála Foram várias cartas para que ela atendesse a meu pedido Quando este foi aprovado entretanto ela esperava a decisão à qual eu teria sido contrário por seu afastamento e não houve mais como formar a comissão A recente decisão do STF foi cele brada por Suplicy mas ainda levanta questionamentos entre economistas que apontam que a situação orça mentária do país e suas característi cas estruturais não permitem equa cionar um projeto de renda mínima universal fiscalmente viável o que definitivamente limitaria sua aplica ção a nichos prioritários Nada entretanto afeta a convicção de Suplicy da pertinência da lei citan do do Nobel de Economia indiano Amartya Sen a Barack Obama e Mark Zuckerberg em sinal de que se amplia o espectro dos defensores de uma ren da básica universal Desenvolvimento para valer tem que proporcionar mais liberdade para todos Um jovem que sem ter como ajudar no orçamento da família resolve ser avião da quadri lha de narcotraficantes como na letra de música do Racionais MCs perde essa liberdade Sem uma renda míni ma ele fere sua dignidade coloca sua saúde e vida em risco afirma para logo puxar da mesa um exemplar do livro Vamos sonhar juntos lançado em 2020 pelo papa Francisco Abre e lê um trecho em que o pontífice cita a renda básica universal como caminho para redefinir as relações do mercado do laboral no mundo póspandemia o que eliminaria o estigma do seguro desemprego facilitando a troca de trabalho como cada vez mais os impe rativos tecnológicos exigem Ao que emenda com um fragmento de Crise e reinvenção da política no Brasil de Fernando Henrique Cardoso 2018 no qual o expresidente defende que ampliação da desigualdade não é com patível com a sociedade democrática sugerindo a adoção de uma renda mí nima universal Devido aos recursos de cada um reconhece FHC no texto va ria a capacidade de países enfrentarem um tipo de desemprego que deixou de ser um fenômeno temporário devido ao desaparecimento de ocupações por mudanças tecnológicas Mas em ter mos éticosmorais essa questão está posta para todos lê Suplicy Dia 21 de junho a comemoração dos 80 anos de Suplicy promete ser um rito de profissão de fé Ele conta que seu presente será uma live sobre renda mínima com o expresidente Lula Vamos falar da trajetória desse projeto tal como estamos conversan do aqui diz Que será acompanhada de uma apresentação de Philippe Van Parijs previamente gravada Apesar das restrições da pandemia e explo rando as possibilidades do mundo vir tual Suplicy espera que o evento seja sucesso de público E que Bolsonaro quem sabe encontre inspiração em More em suas decisões sobre a prote ção social no Brasil SM Foto Arquivo pessoal MBA FGV SEU MOMENTO É DE EVOLUÇÃO 4 4 Conjuntura Econômica Junho 2021 ENERGIA A precificação de combustíveis é tema recorrentemente discutido no Brasil nos últimos anos Havendo uma única empresa produtora de quase toda a gasolina diesel e de mais derivados de petróleo produzi dos no país é relativamente normal que as alterações dos preços estejam nas primeiras páginas dos jornais to dos os dias O que não acontece em economias com mercados abertos Agruras do monopólio O tema ganhou mais destaque ainda a partir do final de 2016 de pois que a Petrobras passou a adotar um alinhamento com o mercado in ternacional de petróleo para os pre ços da gasolina diesel e GLP Adicio nado à crescente desvalorização da moeda brasileira frente ao dólar o assunto ganha cada dia mais evidên cia e discussões acaloradas Neste artigo tratarseá de explicitar qual a dinâmica deste mercado e quais são os componentes da paridade de preços de importação que organizam o setor hoje no Brasil destacando a importância de sua manutenção Em outras palavras como funciona a paridade de preços dos combustí dio de um navio até um porto onde ocorrerá a descarga e internalização do insumo Depois de processados esses óleos nas refinarias as distribuidoras rece bem os derivados e dão capilaridade e eles entregando os produtos nos milhares de pontos de revenda espa lhados pelo país A flutuação de pre ços de todos os elos reflete de modo geral as cotações do petróleo O petróleo é uma commodity cuja cotação internacional é referenciada ao petróleo Brent negociado na Bol sa de Londres cotado em dólares por barril Os petróleos brasileiros são re ferenciados no Brent com valores le vemente acima ou abaixo dele depen dendo da qualidade do óleo produzido em questão vide Petróleo qualidades físicoquímicas preços e mercados o caso das correntes nacionais1 Aqui entra a primeira questão importante sobre o funcionamento da precificação desse mercado diz respeito à variação dos preços dos combustíveis locais que dependem da cotação do petróleo e da taxa de câmbio do valor da moeda local frente ao dólar Quando há aumento Composição dos preços de paridade dos combustíveis no Brasil Fernanda Delgado Professora de Geopolítica da Energia e coordenadora de pesquisa da FGV Energia Marcelo Gauto Doutorando de Bioenergia da Unicamp especialista em Petróleo Gás e Energia veis e porque ela é importante para o processo de abertura de mercado que o país está fazendo Os elos que compõem o preço final ao consumidor Tratando de forma didática do poço ao posto a produção de combustíveis conta com os seguintes elos o produ tor de petróleo e gás o refinador o distribuidor e o revendedor dos deri vados Em um mercado aberto com preços concorrenciais produto interno concorrendo com o produto importa do e quando a produção interna de petróleo gás ou derivados é inferior à demanda temse um elo adicional o do importador figura 1 O óleo cru nacional ou importado precisa chegar até uma refinaria em território nacional No Brasil 95 dessa produção é offshore então o petróleo costuma ser transportado em navios do ponto de produção até um terminal de armazenamento an tes de chegar a uma refinaria A fra ção de petróleo ou derivado impor tada faz caminho semelhante sendo trazida de outros países por intermé Junho 2021 Conjuntura Econômica 45 CONJUNTURA ENERGIA do barril de petróleo ou aumento da taxa de câmbio desvalorização da moeda os preços dos combustíveis sobem assim como eles caem quan do essas duas variáveis flutuam no sentido oposto As políticas de preços Durante o monopólio legal das ati vidades de produção e refino de pe tróleo no Brasil de 1953 a 1997 os preços de saída de cada um dos elos da cadeia dos combustíveis eram de finidos pelo governo federal Assim de modo simplificado cada agente apresentava suas planilhas de custos aos técnicos do governo que a partir delas definia o preço ao consumidor O preço final era basicamente com posto pelos custos informados mais uma margem de lucro definida pelo regulador e assim ele era pratica mente tabelado por algum tempo Para mitigar os riscos de prejuízo os custos fatalmente eram majora dos pelos agentes que mantinham certa gordura nas suas planilhas Por conta disso esse modelo induz a uma ineficiência em todos os elos A quebra do monopólio em 1997 contudo mudou a lógica interna de precificação dos combustíveis A le gislação brasileira avançou no senti do de que o mercado seria livre ga rantindo um período de transição de 5 anos para que os agentes pudes sem se preparar para a concorrência Assim de fato os agentes deste mer cado passaram a ter liberdade para precificar os derivados a partir de 2002 Cada qual teria que a partir daquele ano lidar com seus custos e margens buscar maior eficiência para competir e sobreviver em um ambiente concorrencial Entretanto a herança estrutural do monopólio no refino mostrou que Figura 1 Esquema de produção da gasolina comum do poço ao posto Fonte Elaboração própria Os maiores naviospetroleiros são capazes de armazenar 2 milhões de barris de petróleo em carga máxima Gasolina C Óleo cru Produção de petróleo Naviopetroleiro Terminal de armazenamento Refinaria Distribuidora Posto de combustível Gasolina A Etanol anidro Gasolina A importada 95 do petróleo brasileiro é produzido em plataformas marítimas CIDE PISPASEP e Cofins ICMS 1 2 3 4 6 7 União Governo estadual Consumidor Formuladores Petroquímicas 5 Gasolina A importada ICMS varia de 25 a 34 do preço de pauta dependendo do estado 1 PRODUÇÃO o petróleo nacional é produzido majoritariamente na costa do RJ e SP nas plataformas marítimas na chamada produção offshore 2 TRANSPORTE os naviospetroleiros atravessam centenas ou milhares de quilômetros de mar até chegarem a um terminal para descarregamento 3 ARMAZENAMENTO o petróleo fica armazenado nos tanques dos terminais sendo normalmente enviado por oleodutos até uma refinaria 4 REFINO na refinaria o petróleo será convertido em combustíveis solventes asfalto etc Nesta etapa é obtida a chamada gasolina A 5 IMPORTAÇÃO parte da gasolina A consumida no país é importada de diversos locais do mundo 6DISTRIBUIÇÃO a distribuidora recebe a gasolina A da refinaria mistura com 27 de etanol anidro compondo a a gasolina comum ou gasolina C 7 REVENDA a gasolina C é transportada para os postos de combustível onde o consumidor final abastece o seu veículo GASOLINA DO POÇO AO POSTO 4 6 Conjuntura Econômica Junho 2021 CONJUNTURA ENERGIA esse elo ainda era bastante suscetível à interferência do governo expondoo a um viés de controle de preços uma vez que esses preços de combustíveis são basilares em qualquer economia ainda mais em uma fortemente depen dente de transporte rodoviário É relevante destacar que o mercado de commodities é marcado por osci lações diárias de preços que respon dem às variações de oferta demanda estoques e perspectivas por parte dos analistas globais que podem por ve zes reagir a notícias e eventos de for ma exagerada impondo certo grau especulativo ao valor da commodity Entendendo esse pressuposto no Brasil essas flutuações de preços do petróleo e derivados foram atenuadas pela Petrobras de 2002 a 2016 para GLP gasolina e diesel de forma ar tificial A estatal mantinha o preço desses derivados constante por lon gos períodos na saída das refinarias criando a falsa sensação de estabilida de no mercado Ou seja esses preços não acompanharam as conse quências da queda das torres gêmeas e a inva são do Iraque pelos Estados Unidos o abrupto aumento de demanda da Ásia o início da guerra civil na Sí ria a queda da capacidade ociosa da Arábia Saudita a crise financeira de 2008 a Primavera Árabe a revolução do shale gas em 2014 e a consequente crise de 2015 entre tantos outros fa tores oscilantes dos preços no merca do internacional Esse represamento dos preços no mercado nacional fez com que estes ora estivessem acima dos praticados no mercado interna cional ora abaixo o que pode ser observado mais visivelmente a partir de 2008 figura 2 Esse descolamento de preços en tre a realidade mundial e o merca do interno por interferência estatal trouxe como consequências negati vas redução do caixa da Petrobras baixos investimentos privados em refino em infraestrutura de impor tação e exportação de derivados além de reflexos negativos para o se tor sucroalcooleiro de 2011 a 2014 em especial Preços controlados pelo Estado não são atraentes para a ini ciativa privada em nenhum setor Ciente dessa questão orientada pelo acionistacontrolador e já miran do a abertura do mercado refinador a Petrobras tem adotado desde o início de 2017 uma política de preços que tenta acompanhar a cotação do pro duto importado sinalizando que a referência para a produção nacional onde ainda não há um mercado con correncial estabelecido é um marcador externo independente e não o gover no Desde a metade daquele ano pas souse a conviver com oscilações mais frequentes nos preços na saída das refinarias Essa foi no entendimento das recentes gestões da empresa uma forma de ser transparente em relação aos preços praticados pela compa Figura 2 Evolução do preço do diesel de 2002 a 2009 no Brasil Fonte ANP 0500 5 0 5 10 15 20 1000 1500 2000 2500 3000 Fev02 Mai08 Out08 Mar09 Ago09 Jan10 Jun10 Nov10 Abr11 Set11 Mar19 Out18 Mai18 Dez17 Jul17 Fev17 Fev12 Jul12 Dez12 Mai13 Out13 Jul02 Dez07 Jul07 dez02 Mai03 Out03 Mar04 Fev07 Set06 Ago04 Jan05 Jun05 Nov05 Abr06 Mar14 Ago14 Set16 Abr16 Nov15 Jun15 Jan15 Variação trimestral PIB taxa acumulada 4 meses eixo dir Brasil sem impostos Estados Unidos USGC Europa NWE Patamares de preços basicamente alinhados ao mercado internacional Preços abaixo dos praticados no mercado internacional Patamares de preços alinhados ao mercado internacional Preços acima dos praticados no mercado internacional Preços acima dos praticados no mercado internacional Junho 2021 Conjuntura Econômica 47 CONJUNTURA ENERGIA nhia bem como para evitar prejuízos ou lucros artificiais como os ocorridos nos períodos de 2011 a 2014 e 2015 a 2017 respectivamente Contudo acostumados a longos períodos sem reajustes o mercado e os consumidores de combustíveis não reagiram bem à nova sistemática de preços quando estes passaram a subir com maior frequência influência do aumento do petróleo e da desvalori zação do real frente ao dólar fato que culminou com a greve dos cami nhoneiros em maio de 2018 e uma ampla discussão a respeito do assun to Interessante notar que quando a estatal praticou preços mais altos do que o produto importado entre 2015 e 2016 mas manteve eles estáveis por longos períodos não houve maior desconforto a esse respeito A ques tão óbvio parece ser a frequência dos reajustes em si e não exatamente a volatilidade dos preços o que in comoda os agentes do mercado e a população Há ainda um outro viés dessa discussão que nunca é trazido à tona será o problema real a fre quência com que o preço confundi da muitas vezes com a volatilidade oscila ou o nível do preço perante o poder aquisitivo da sociedade Os preços de paridade de importação A precificação de produtos em merca do livre é particular de cada empresa dependendo da sua estrutura de cus tos definição de margens e estratégias adotadas para concorrer no mercado No caso dos combustíveis a princi pal referência para os preços é a cota ção do petróleo pois é o insumo que compõe a maior parcela do custo de produção No caso da produção do méstica agregamse ainda os custos de transporte processamento e mar gem de refino para se chegar no preço final da cesta de derivados Como o Brasil tem déficit na pro dução de combustíveis em especial GLP e diesel o balizador de preços é o produto importado que chega ao consumidor isto é à realidade de mercado o combustível produzido in ternamente será valorado a preço de importado A bem da verdade atual mente o produto importado é o úni co concorrente ao produto Petrobras e é a ele que o mercado se referencia No entanto existem muitas críticas em relação a essa questão uma vez que fração relevante dos combustí veis é produzida internamente e não precisaria ter em seu preço as parce las relativas aos custos de importação que são embutidos no preço de pari dade de importação PPI Mas se o produtor interno precificar abaixo do preço do importado e como não há condição de suprir 100 da deman da pela lógica da lei da oferta e da demanda faltará produto O produto importado é mais caro por conta dos custos logísticos en volvidos para trazêlo de fora e in ternalizálo Assim são incluídos no preço interno estimativas dos custos de retirada do produto no porto de origem do valor do frete do seguro da carga dos custos do porto de che gada entre outros que compõem os custos de importação figura 3 A percepção dos custos de impor tação não é homogênea muito me nos unânime cada agente de merca do tem suas estimativas Esses custos embutiram em abril de 2021 uma diferença estimada em relação ao produto produzido em solo nacional de R 020 a R 025 por litro de combustível a depender do ponto de partida e chegada considerados Há que se considerar ainda que nem todo combustível produzido no Brasil tem condições de ser expor tado para outras regiões do país de forma econômica Mais da metade da capacidade de refino do país está nas regiões Sul e Sudeste e o custo de se levar este combustível para as regi ões Norte e Nordeste por exemplo pode ser maior do que trazêlo de outro país A infraestrutura de abas tecimento existente no Brasil tem muito mais um perfil importador do que exportador especialmente nas regiões que estão mais afastadas das zonas de abrangência das refinarias Em última análise em algumas loca lidades é efetivamente mais barato importar de outro país do que de outro estado da Federação Considerações finais Como podese observar ao longo des te artigo são vários os elos que cons tituem o mercado de combustíveis O Brasil experimentou durante décadas preços controlados pelo governo que impunha arbitrariedade e ineficiência aos agentes participantes Legalmen te desde 2002 fora conquistada a liberdade para precificação dos com bustíveis mas essa liberdade de fato só vem ocorrendo desde 2017 sob intenso debate 4 8 Conjuntura Econômica Junho 2021 CONJUNTURA ENERGIA A interferência estatal no elo de refino impôs ao Brasil um atraso em termos de crescimento da in fraestrutura de abastecimento na última década especialmente por afugentar o investimento privado Mesmo com os esforços da Petro bras em ampliar a capacidade de refino e rotas de escoamento dos derivados temos ainda deficiên cia logística e déficit de derivados estruturais Os preços de paridade de importação são elementochave para que em mercado aberto se consiga com múltiplos agentes am pliar a estrutura existente Se o Brasil fosse exportador lí quido de derivados terseia hoje decréscimo de preço equivalente aos Figura 3 Esquema de precificação dos combustíveis Fonte Elaboração própria custos logísticos embutidos no PPI R 020 a R 025litro de gasolina e diesel pois no limite hipotético seriam adotados preços de paridade de exportação sem os custos logís ticos de importação compondo o preço de saída do refinador Por isso que é de suma importância não só que a oferta de derivados cresça in ternamente forçando a uma queda de preços à paridade de exportação como aumente o número de agentes refinadores de oferta de combustí veis alternativos biocombustíveis GNV eletricidade para carros elé tricos e híbridos para que haja de fato uma concorrência entre esses agentes e a precificação se dê final mente pelo equilíbrio de mercado Preço de paridade seja ele qual for é essencial na construção de um real mercado competitivo A própria al mejada transição energética depende disso de condições de mercado que fomentem a livre concorrência o au mento da eficiência e a busca por no vas alternativas energéticas Qualquer tentativa de interferência que não pre serve a liberdade de preços em todos os elos da cadeia tem efeitos negativos conhecidos coloca o país no atraso e não dialoga com os desafios que se tem pela frente Vamos adiante 1Disponível em httpsfgvenergiafgvbrpublicacao petroleoqualidadefisicoquimicasprecose mercadosocasodascorrentesnacionais Derivado no refinador nacional Distribuidor nacional Derivado no refinador internacional Custos de importação Ci Despachante Taxas portuárias Frete Seguro da carga Custos financeiros Demurrage Quebrasperdas Armazenamento no porto Transferência até a distribuidora Preço de paridade de importação PPI Importador internacional Importador nacional Preço de paridade de exportação PPE Consumidor Revendedor R R RCi US Ci RCi RCi PPE Se houver excedente de mercado PREÇOS DE PARIDADE DOS DERIVADOS DE PETRÓLEO Ci R 020 a R 025litro abril de 2021 Câmbio RUS Câmbio RUS Câmbio RUS US Estimativa RCi Agora a revista de economia mais tradicional do país também é blog Uma medida de força para a economia ÍNDICES ECONÔMICOS Junho 2021 Conjuntura Econômica I Seção fechada com dados disponíveis até o dia 31052021 Índices Econômicos II Índices Gerais II Índice de Preços ao Produtor Amplo IPAOGDI III Preços ao Consumidor Brasil V Preços ao Consumidor Rio de Janeiro V Preços ao Consumidor São Paulo V Preços ao Consumidor Municípios das Capitais VI Índice Nacional de Custo da Construção INCCDI VI Custo da construção Municípios das Capitais VII Índice Nacional de Custo da Construção por Estágios VIII Índices de Obras Públicas Notas As Notas Técnicas sobre os índices FGV estão disponíveis no Portal do IBRE httpsportalibrefgvbr Se você tem alguma dúvida sobre o conteúdo desta seção escreva para o ibrefgvbr Atividade surpreende positivamente no curto prazo mas incerteza segue alta ÍNDICES ECONÔMICOS II Conjuntura Econômica Junho 2021 Índice de Preços ao Produtor AmploDI Origem IPAOGDI Brasil base dez 07 100 Período Indústria de Transformação Produtos Alimentícios 1 Bebidas Fumo Processado e Produtos do Fumo Produtos Têxteis Artigos do Vestuário Couros Artigos para Viagem e Calçados Madeira Desdobrada e Produtos de Madeira Celulose Papel e Produtos de Papel Produtos Derivados do Petróleo e Biocombustíveis 1420533 Col 19A 1420589 Col 19B 1420599 Col 20 1420604 Col 21 1420618 Col 22 1420630 Col 23 1420643 Col 24 1420653 Col 25 1420669 Col 26 2020 Nov 160551 215918 224358 222422 190654 152019 214931 215835 209888 Dez 159703 217365 223984 225392 191536 153644 218179 216852 225114 2021 Jan 160092 217965 230741 231918 194535 156019 222211 218777 233458 Fev 161929 220226 231139 239259 199355 162376 226376 226100 271137 Mar 161622 220703 240512 246870 206157 163873 228244 235970 301920 Abr 164762 219594 238646 252068 206382 166492 251949 245839 309974 Ver nota técnica 1Base maio de 2016 100 Índice de Preços ao Produtor AmploDI Origem IPAOGDI Brasil base ago 94 100 Período Produtos Agropecuários Produtos Industriais Total Indústria Extrativa Indústria de Transformação 1420485 Col 9 1420515 Col 10 1420516 Col 11 1420532 Col 12 2020 Nov 1716039 864629 2366362 789720 Dez 1639487 890316 2646420 800779 2021 Jan 1692756 927717 3048079 817241 Fev 1732817 963245 3074899 853855 Mar 1762818 991564 3107316 882387 Abr 1812556 1020690 3241344 905778 Índice de Preços ao Produtor AmploDI Origem IPAOGDI Brasil base dez 07 100 Período Produtos Agropecuários Produtos Industriais Lavouras Temporárias Lavouras Permanentes Pecuária Indústria Extrativa Carvão Mineral Minerais Metálicos Minerais Metálicos NãoFerrosos 1420487 Col 13 1420500 Col 14 1420509 Col 15 1420517 Col 16 1420520 Col 17 1420523 Col 18 2020 Nov 364732 249555 315366 202822 636592 325486 Dez 340455 260978 309312 202822 715267 323001 2021 Jan 356580 264271 311701 202822 828555 331345 Fev 363437 267450 322812 221993 835510 349040 Mar 370281 272449 327300 223439 844357 373829 Abr 384205 261028 335716 223439 881465 376612 Índices Gerais base ago 94 100 Período Índice Geral de Preços Índice de Preços ao Produtor AmploDI Índice Nacional de Custo da Construção INCC total média geral IGPM IGP10 Oferta Global Disponibilidade Interna Oferta Global Estágios de Processamento 161392 Col 1 161384 Col 2 1420484 Col 3 1416651 Col 4 160868 Col 6 200045 Col 7 209425 Col 8 2020 Nov 905982 917538 1062703 1081963 839382 925887 934342 Dez 912870 924504 1069901 1089291 845268 934758 952789 2021 Jan 939304 951395 1111864 1132015 852809 958844 965507 Fev 964631 977133 1149711 1170548 868929 983063 994203 Mar 985517 998344 1179510 1200887 880265 1011948 1023946 Abr 1007296 1020495 1213766 1235764 888191 1027211 1040098 Nota Código referente à série do site httpportalibrefgvbr ÍNDICES ECONÔMICOS Junho 2021 Conjuntura Econômica III Índice de Preços ao Produtor AmploDI Origem IPAOGDI Brasil base dez 07 100 Período Indústria de Transformação Produtos Químicos1 Produtos Farmacêuticos Artigos de Borracha e de Material Plástico Produtos de Minerais Não Metálicos Metalurgia Básica Produtos de Metal 1420683 Col 27A 1420737 Col 27B 1420741 Col 28 1420763 Col 29 1420787 Col 30 1420817 Col 31 2020 Nov 137866 190076 256274 190958 263654 231514 Dez 139870 190767 263303 193320 270224 233624 2021 Jan 146354 190748 268016 195904 278699 240009 Fev 155001 191046 276209 196827 310159 250058 Mar 163017 192111 288173 202641 320719 259577 Abr 167853 202603 294298 205595 340910 270581 Ver nota técnica 1Base maio de 2016 100 Índice de Preços ao Produtor AmploDI Origem IPAOGDI Brasil base dez 07 100 Período Indústria de Transformação Máquinas e Equipamentos Equipamentos de Informática Produtos Eletrônicos e Ópticos Máquinas Aparelhos e Material Elétrico Veículos Automotores Reboques Carrocerias e Autopeças Outros Equipamentos de Transporte Móveis e Artigos de Mobiliário 1420877 Col 32 1420835 Col 33 1420855 Col 34 1420909 Col 36 1420929 Col 37 1420934 Col 38 2020 Nov 187648 100241 213819 158072 157241 221379 Dez 189244 100742 215786 159606 157751 223694 2021 Jan 195601 101595 220005 163269 161046 230911 Fev 203310 102038 224791 164663 162586 236354 Mar 209351 103711 232700 167966 163119 244320 Abr 213057 105997 236695 171359 164517 247177 Preços ao Consumidor Brasil IPCBRDI base ago 94 100 Período Preços ao Consumidor Custo de Vida Total Alimentação Habitação Total Gêneros Alimentícios Alimentação Fora Total Aluguel e Encargos Serviço Público de Residência Mobiliário Roupas de Cama Mesa e Banho 1431264 Col 5 1431265 Col 1 1431266 Col 1A 1431414 Col 1B 1431428 Col 2 1431429 Col 2A 1431433 Col 2B 1431439 Col 2C 1431444 Col 2D 2020 Nov 614740 603685 613942 635937 775809 1035912 1144216 429588 264387 Dez 621342 612548 625634 639104 798058 1051511 1227273 432346 268909 2021 Jan 623016 620122 635927 641119 788819 1049561 1180453 432828 271220 Fev 626371 620678 635604 643750 789435 1051495 1178915 433789 270480 Mar 632616 620850 635119 645450 795345 1060825 1192937 435136 272793 Abr 634057 622833 637522 646649 797051 1064163 1194175 435830 274013 Preços ao Consumidor Brasil IPCBRDI base ago 94 100 Período Habitação Eletrodomésticos e Equipamentos Utensílios Diversos Artigos de Conservação e Reparo Total Eletrodomésticos Equipamentos Eletrônicos Total Material Limpeza Hidráulico 1431447 Col 2E 1431448 Col 2EA 1431455 Col 2EB 1431460 Col 2F 1431468 Col 2G 1431469 Col 2GA 1431477 Col 2GC 2020 Nov 121755 233471 58084 305552 497105 558103 411391 Dez 122376 233706 58490 308158 503756 566054 425266 2021 Jan 122348 233325 58514 309561 506839 568604 430895 Fev 122469 233887 58534 308928 507550 567078 436876 Mar 122432 233448 58558 310985 511950 571756 440014 Abr 122294 233179 58493 311477 517350 574929 442649 ÍNDICES ECONÔMICOS IV Conjuntura Econômica Junho 2021 Preços ao Consumidor Brasil IPCBRDI base ago 94 100 Período Educação Leitura e Recreação Transporte Total Educação Leitura Recreação Total Público Total Cursos Formais Cursos Não Formais Material Escolar e Livros em Geral 1431582 Col 5 1431583 Col 5A 1431584 Col 5AA 1431592 Col 5AB 1431596 Col 5AC 1431600 Col 5B 1431604 Col 5C 1431623 Col 6 1431624 Col 6A 2020 Nov 834259 917093 1112034 772872 448586 593198 657797 559608 965368 Dez 829395 929332 1130534 773381 450259 591392 637162 563387 969746 2021 Jan 832477 966220 1187391 777676 449084 595455 607640 568346 959792 Fev 833453 971043 1194864 778965 448163 595455 604869 581386 960157 Mar 830336 971048 1194864 778916 448235 595455 599058 604024 960676 Abr 824095 971048 1194864 779626 447621 595455 587433 603262 961129 Preços ao Consumidor Brasil IPCBRDI base ago 94 100 Período Transporte Próprio Despesas Diversas Total Veículos Peças e Acessórios Combustíveis e Lubrificantes Serviços de Oficina Total Fumo Outras Despesas Diversas Comunicação base jan 2012 100 1431636 Col 6B 1431637 Col 6BA 1431641 Col 6BB 1431644 Col 6BC 1431650 Col 6BD 1431659 Col 7 1431660 Col 7A 1431663 Col 7B 1431678 Col7C 2020 Nov 417165 88895 369265 803948 477690 604844 718117 533858 121439 Dez 420138 89615 373293 813342 479306 606150 718117 535147 121467 2021 Jan 425184 90179 379141 832976 481405 608477 721742 537125 121420 Fev 436518 90764 384688 886373 482280 609915 723383 538400 121339 Mar 456202 91461 386545 985751 482820 611230 731198 539011 121351 Abr 455505 92269 391453 974516 483587 612885 733951 540403 122154 Preços ao Consumidor Brasil IPCBRDI base ago 94 100 Período Habitação Vestuário Material Elétrico Serviços de Residência Total Roupas Calçados Acessórios do Vestuário Serviços de Vestuário 1431479 Col 2GD 1431484 Col 2H 1431492 Col 3 1431493 Col 3A 1431515 Col 3B 1431525 Col 3C 1431534 Col 3E 2020 Nov 336498 838370 226379 207335 206467 347400 619641 Dez 337881 839048 227244 208069 207633 348110 619641 2021 Jan 340145 841485 228492 209463 208059 350408 623610 Fev 339720 843928 228551 208855 210417 349463 623294 Mar 339607 846240 228812 208736 211217 352479 621992 Abr 340248 847073 229251 209192 211847 351624 622654 Preços ao Consumidor Brasil IPCBRDI base ago 94 100 Período Saúde e Cuidados Pessoais Total Serviços de Saúde Produtos Médicos e Odontológicos Cuidados Pessoais Total Hospitais e Laboratórios Médico Dentista e Outros Total Medicamentos Aparelhos Médicos e Odontológicos 1431537 Col 4 1431538 Col 4A 1431539 Col 4AA 1431543 Col 4AB 1431549 Col 4B 1431550 Col 4BA 1431563 Col 4BB 1431566 Col 4C 2020 Nov 683639 1049359 413565 1089368 512588 535699 397796 455087 Dez 685596 1049751 413475 1089850 513822 536934 399047 457870 2021 Jan 687519 1055448 413949 1096304 513930 537260 397984 458666 Fev 689492 1061718 412889 1103888 513198 536119 399437 459841 Mar 693446 1068723 415199 1111297 514381 537182 401284 463211 Abr 700835 1075608 416627 1118836 525259 549804 402987 466756 ÍNDICES ECONÔMICOS Junho 2021 Conjuntura Econômica V Preços ao Consumidor Rio de Janeiro IPCRJDI base ago 94 100 Período Preços ao Consumidor Total Alimentação Habitação Vestuário Saúde e Cuidados Pessoais Educação Leitura e Recreação Transportes Despesas Diversas Comunicação base jan 2012 100 1439877 Col 8 1439878 Col 8A 1440004 Col 8B 1440062 Col 8C 1440095 Col 8D 1440140 Col 8E 1440178 Col 8F 1440211 Col 8G 1440228 Col8H 2020 Nov 678564 616551 839297 296089 784161 811096 768557 554132 123357 Dez 686497 627552 862111 297727 786039 802868 775746 554492 123552 2021 Jan 687375 636784 851967 299517 790351 801853 777757 554724 123283 Fev 692028 639389 857081 298067 793813 804128 790734 559420 123909 Mar 697869 638869 865957 298787 798253 799777 814113 560293 123872 Abr 700243 637646 873820 299354 805393 790274 817645 560222 124671 Preços ao Consumidor São Paulo IPCSPDI base ago 94 100 Período Preços ao Consumidor Total Alimentação Habitação Vestuário Saúde e Cuidados Pessoais Educação Leitura e Recreação Transportes Despesas Diversas Comunicação base jan 2012 100 1444108 Col 9 1444109 Col 9A 1444241 Col 9B 1444298 Col 9C 1444331 Col 9D 1444376 Col 9E 1444413 Col 9F 1444447 Col 9G 1444466 Col 9H 2020 Nov 571970 574279 708024 203428 633375 849866 475286 698960 111050 Dez 577078 581577 725376 203333 635381 842125 478262 701335 111050 2021 Jan 578734 589398 716361 204179 637475 848590 481916 705558 111055 Fev 581753 590777 717855 203351 639731 848611 491481 708016 111111 Mar 588379 591562 724846 203263 643935 847087 512164 709416 111316 Abr 589465 593676 724675 202277 651370 842581 511015 711103 112708 Preços ao Consumidor Municípios das Capitais base dez 2000 100 Período Preço ao Consumidor Total Belo Horizonte Brasília Porto Alegre Recife Salvador 1435763 Col 11 1433720 Col 12 1442021 Col 17 1437797 Col 18 1429061 Col 19 2020 Nov 314297 305281 326229 330890 313460 Dez 318128 306856 330785 335864 316690 2021 Jan 318636 307223 332421 337622 316788 Fev 320130 308774 333913 339753 318836 Mar 322791 312203 338021 342160 320522 Abr 323756 312555 338881 343303 321012 NOTA Informamos que os códigos dos índices de preços ao consumidor da FGV foram alterados a partir de janeiro de 2020 A estrutura de ponderação dos índice foi atualizada com base na Pesquisa de Orçamentos Familiares POF mais recente 20172018 A exemplo de revisões anteriores do índice fezse novamente o maior número possível de encadeamentos de séries tanto de produtos como de grupos Os grupos Produtos Farmacêuticos e Material para Pintura foram descontinuados Essa revisão de pesos é feita periodicamente para que o índice reflita da maneira mais fiel possível os hábitos de consumo das famílias A Nota Técnica referente à essa revisão está armazenada no Portal IBRE httpsportalibrefgvbr ÍNDICES ECONÔMICOS VI Conjuntura Econômica Junho 2021 Custo da Construção Municípios das Capitais base ago 94 100 Período Belo Horizonte Brasília Total Materiais Equipamentos e Serviços Mão de Obra Total Materiais Equipamentos e Serviços Mão de Obra 160957 Col 15 160965 Col 16 160973 Col 17 160981 Col 18 160991 Col 19 161007 Col 20 2020 Nov 924122 700201 1220210 766432 624591 949006 Dez 935462 711389 1231233 770615 631751 949006 2021 Jan 958596 718919 1276991 773750 636765 949490 Fev 971766 740127 1277296 780439 648214 949490 Mar 982352 757335 1277296 788121 661363 949490 Abr 991707 772543 1277296 792864 669482 949490 Custo da Construção Municípios das Capitais Rio de Janeiro base ago 94 100 Período Índice de Custo da Construção Civil Média H1 1 e 2 Pavimentos H4 3 4 5 e 6 Pavimentos H12 10 e mais Pavimentos Mão de Obra Materiais Equipamentos e Serviços 159363 Col 6 159371 Col 7 159381 Col 8 159398 Col 9 159401 Col 10 159411 Col 11 2020 Nov 817662 804667 822267 819799 1106023 624035 Dez 823578 811702 828168 825179 1106023 633241 2021 Jan 830328 815112 835781 832771 1107906 642641 Fev 846237 826807 853792 848804 1107906 667399 Mar 856524 833252 865078 860054 1108862 682848 Abr 863030 837658 872383 866853 1108862 692974 Custo da Construção Municípios das Capitais base ago 94 100 Período Porto Alegre Recife Salvador São Paulo Total Materiais Equipamentos e Serviços Mão de Obra Total Materiais Equipamentos e Serviços Mão de Obra Total Materiais Equipamentos e Serviços Mão de Obra Total Materiais Equipamentos e Serviços Mão de Obra 161252 Col 36 161260 Col 37 161279 Col 38 161287 Col 48 161295 Col 49 161309 Col 50 161317 Col 51 161325 Col 52 161333 Col 53 161341 Col 54 161351 Col 55 161368 Col 56 2020 Nov 904429 779566 1041224 928390 691286 1230713 864995 605784 1236283 814288 687113 975314 Dez 909916 788809 1041224 935160 701406 1230713 874058 619977 1236283 818725 694838 975314 2021 Jan 919343 803958 1042247 943075 713238 1230713 884476 631258 1244595 823013 701968 975762 Fev 931132 823818 1042247 956826 733793 1230713 901183 648472 1259371 843373 737416 975762 Mar 948700 853413 1042247 968620 751423 1230713 920542 667059 1278737 852955 754098 975762 Abr 957818 868773 1042247 977546 764766 1230713 928504 679528 1278737 861315 768653 975762 Índice Nacional de Custo da Construção INCCDI base ago 94 100 Período Índice Nacional de Custo da Construção Média Mão de Obra Materiais Equipamentos e Serviços H1 1 e 2 Pavimentos H4 3 4 5 e 6 Pavimentos H12 10 e mais Pavimentos Índice de Custo de Edificações Total Média Geral 160868 Col 6 160906 Col 1 160914 Col 2 160876 Col 3 160884 Col 4 160892 Col 5 159428 Col 35 2020 Nov 839382 1069310 672670 829563 853225 839436 839382 Dez 845268 1070419 681698 835086 859368 845339 845268 2021 Jan 852809 1076262 690281 840480 867583 853647 852809 Fev 868929 1077555 716182 850948 884978 872306 868929 Mar 880265 1079297 733835 859944 897710 883773 880265 Abr 888191 1079297 747000 865427 906209 892787 888191 Nota O INCC médio e o Índice de Custo de Edificações são iguais eles são publicados separadamente por questões contratuais antigas ÍNDICES ECONÔMICOS Junho 2021 Conjuntura Econômica VII Índice Nacional de Custo da Construção por Estágios DI Período INCC por Estágios DI Materiais Equipamentos e Serviços INCC por Estágios DI Mão de Obra Serviços Mão de Obra Serviços base jun 96100 Aluguéis e Taxas base jun 96100 Serviços Pessoais base jun 96100 Serviços Técnicos base fev 09100 Mão de Obra base ago 94100 Auxiliar base jun 96100 Técnico base jun 96100 Especializado base jun 96100 1004890 Col 65A 1004910 Col 66A 1004911 Col 67A 1006996 Col 68A 1004894 Col 69A 1004912 Col 70A 1004913 Col 71A 1004914 Col 72A 2020 Nov 442826 312760 540725 187941 1069310 618155 604293 595880 Dez 443938 312950 542539 188679 1070419 618741 605026 596335 2021 Jan 447432 317091 544697 189688 1076262 622370 607643 601024 Fev 451926 322916 548627 190253 1077555 622842 608686 601659 Mar 455283 325445 554202 191077 1079297 623662 609773 602938 Abr 459304 327108 554892 195011 1079297 623662 609773 602938 Índice Nacional de Custo da Construção por Estágios DI Período Todos os Itens base ago 94100 INCC por Estágios DI Materiais Equipamentos e Serviços Materiais Equipamentos e Serviços base ago 94100 Materiais e Equipamentos base jun 96100 Materiais para Estrutura Materiais para Instalação Materiais para Estrutura base jun 96100 Material Metálico base jun 96100 Material de Madeira base jun 96100 Material à Base de Minerais Não Metálicos base jun 96100 Materiais para Instalação base jun 96100 Instalação Hidráulica base jun 96100 Instalação Elétrica base jun 96100 1004888 Col 47A 1006972 Col 48A 1004889 Col 49A 1004896 Col 50A 1004899 Col 51A 1004900 Col 52A 1004901 Col 53A 1004897 Col 54A 1004903 Col 55A 1004904 Col 56A 2020 Nov 839382 672670 549141 611440 731553 485205 560788 547399 555879 514512 Dez 845268 681698 557897 624676 757446 490326 570635 554006 559387 525613 2021 Jan 852809 690281 565522 632558 782639 494105 572418 562550 566923 535387 Fev 868929 716182 590268 673646 920933 505751 581466 583796 591617 550593 Mar 880265 733835 607050 687388 941829 529236 588407 616686 622162 585868 Abr 888191 747000 619130 702983 977580 538802 596845 628859 630631 603256 Índice Nacional de Custo da Construção por Estágios DI Período INCC por Estágios DI Materiais Equipamentos e Serviços Materiais para Acabamento Equipamentos para Transporte de Pessoas base fev 09100 Materiais para Acabamento base jun 96100 Produtos Químicos base fev 09100 Revestimentos Louças e Pisos base jun 96100 Esquadrias e Ferragens base jun 96100 Material para Pintura base jun 96100 Madeira para Acabamento base jun 96100 Pedras Ornamentais para Construção base fev 09100 1004898 Col 57A 1006987 Col 58A 1004905 Col 59A 1004906 Col 60A 1004907 Col 61A 1004909 Col 62A 1339995 Col 63A 1340115 Col 64A 2020 Nov 454970 194791 364096 516191 414858 494558 160223 168428 Dez 460466 196023 365156 526972 416409 501301 161431 168831 2021 Jan 465479 197302 369850 532302 420529 508051 163266 172791 Fev 472439 199741 375636 539573 428033 516988 164448 175099 Mar 483379 205010 384492 554268 430097 534350 165925 180597 Abr 488436 206832 388338 557955 437411 541801 167768 185800 ÍNDICES ECONÔMICOS VIII Conjuntura Econômica Junho 2021 Índices de Obras Públicas por tipo de obras base ago 94 100 Período Obras Portuárias Estruturas e Obras em Concreto Armado Estruturas e Fundações Metálicas Dragagem Enrocamento Redes de Energia Elétrica e Sinalização Ferroviária Linhas Férreas Obras Complementares 159665 Col 40 159673 Col 41 159681 Col 42 159691 Col 43 159703 Col 44 159711 Col 45 159721 Col 46 2020 Nov 615360 757806 919325 522302 1298157 502102 581912 Dez 628549 781279 932793 526260 1327289 510885 587922 2021 Jan 638647 801613 959430 533905 1354939 517205 592908 Fev 653425 820845 980542 540332 1381160 518953 598788 Mar 665737 837401 1024419 553957 1438606 531007 606939 Abr 681525 870365 1035713 558143 1483676 533167 614465 NOTAS O FGV IBRE elabora os índices setoriais de obras portuárias e rodoviárias em parceria com o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes DNIT A Revista conjuntura econômica é um canal de distribuição desses índices A atualização de uma nova observação no entanto depende da liberação do DNIT o que ocorre normalmente 20 dias após o fechamento do mês de referência Índices de Obras Públicas por tipo de obras base dez 2000 100 Período Obras Rodoviárias Obras de Artes Especiais Pavimentação Terraplenagem Consultoria Supervisão e Projetos Drenagem Sinalização Horizontal Pavimentos de Concreto de Cimento Portland Conservação Rodoviária Ligantes Betuminosos 157964 Col 36 157972 Col 37 157956 Col 38 157980 Col 39 1002385 Col 39A 1002386 Col 39B 1002387 Col 39C 1002388 Col 39D 1002389 Col 39E 2020 Nov 352251 371685 331622 244838 337878 319721 297887 319099 703360 Dez 359353 374623 334696 245291 342562 320177 302576 320737 706470 2021 Jan 366402 379921 340394 245714 347382 324820 304114 324142 707046 Fev 374507 386507 344881 245836 351830 330791 307046 326532 765372 Mar 381784 394165 353221 245977 357046 337724 310489 329986 764308 Abr 388657 399117 353714 247326 361446 342873 313686 331454 763320 CONJUNTURA ESTATÍSTICA Junho 2021 Conjuntura Econômica IX Conjuntura Estatística X Índices de Preços XII Preços ao Consumidor Indicadores Industriais Sondagem Industrial FGVIBRE XIII Indicadores Industriais Produção Física XV Setor Externo XVI Emprego e Renda Notas As séries da FGV tem como fonte o banco de dados FGVDADOS exclusivo para assinantes Mas as séries podem ser consultadas também no Portalibrefgvbríndices institucionais Além dos índices gerais de preços produzidos pelo IBRE esta seção reúnde um conjunto de indicadores sobre a economia brasileira que são coletados nos sites oficiais Fontes IBGE ibgegovbr FIPE fipeorgbr DIEESE dieeseorgbr BACEN bcbgovbr Nessa seção os dados são publicados conforme divulgados mensalmente pelas fontes oficiais estando sujeitos à alterações de acordo com a política de revisão de cada fonte Os índices da FGV não são revisados Os índices divulgados em cada mês são definitivos O uso de quaisquer informações através deste serviço é de exclusiva respondabilidade do usuário Se você tem alguma dúvida sobre o conteúdo dessa seção escreva para ibrefgvbr Seção fechada com dados disponíveis até o dia 31052021 CONJUNTURA ESTATÍSTICA X Conjuntura Econômica Junho 2021 Índices Gerais de Preços base ago 94 100 Período Índice Geral de Preços Disponibilidade Interna IGPDI Índice Geral de Preços do Mercado IGPM Índice de Preços ao Produtor Amplo Estágios de Processamento IPAEPDI Índice Nacional do Custo da Construção INCCDI Índices1 Variação Índices1 Variação Índices1 Variação Índices1 Variação no Mês no Ano2 em 12 Meses3 no Mês no Ano2 em 12 Meses3 no Mês no Ano2 em 12 Meses3 no Mês no Ano2 em 12 Meses3 Notas 1De 1995 a 2016 média do ano 2De 1995 a 2016 média sobre média 3De 1995 a 2016 dezembro sobre dezembro Fonte FGV IBRE 2012 485675 598 810 492172 577 782 530540 589 913 510038 744 712 2013 515214 608 552 522310 612 551 561981 593 507 549224 768 809 2014 542836 536 378 550408 538 369 587803 459 215 590197 746 695 2015 580297 690 1070 586426 654 1054 623152 601 1131 631947 707 748 2016 639431 1019 718 647435 1040 717 694489 1145 773 673014 650 613 2017 645589 096 042 654338 107 052 689344 074 252 706729 501 425 2018 Jan 654968 058 058 028 662826 076 076 041 697677 058 058 229 720495 031 031 415 Fev 655975 015 073 019 663311 007 083 042 698745 015 073 202 721414 013 044 360 Mar 659665 056 130 076 667524 064 147 020 704131 077 151 048 723163 024 068 369 Abr 665770 093 224 297 671327 057 205 189 713036 126 279 279 725245 029 097 402 Mai 676695 164 391 520 680579 138 345 426 729825 235 521 638 726923 023 120 360 Jun 686696 148 545 779 693287 187 539 692 742027 167 697 985 733984 097 219 364 Jul 689746 044 592 859 696800 051 592 824 745887 052 753 1116 738487 061 281 396 Ago 694414 068 663 906 701677 070 666 889 753275 099 859 1197 739583 015 297 375 Set 706834 179 854 1033 712373 152 829 1004 772436 254 1136 1371 741305 023 321 392 Out 708694 026 883 1051 718684 089 925 1079 773767 017 1155 1394 743866 035 356 396 Nov 700601 114 758 838 715166 049 871 968 760599 170 965 1082 744865 013 370 378 Dez 697446 045 710 710 707441 108 754 754 754367 082 875 875 745856 013 384 384 2019 Jan 697923 007 007 656 707488 001 001 674 752945 019 019 792 749517 049 049 403 Fev 706660 125 132 773 713747 088 089 760 766402 179 160 968 750180 009 058 399 Mar 714243 107 241 827 722707 126 216 827 776783 135 297 1032 752524 031 089 406 Abr 720695 090 333 825 729346 092 310 864 785250 109 409 1013 755373 038 128 415 Mai 723577 040 375 693 732595 045 356 764 789371 052 464 816 755625 003 131 395 Jun 728142 063 440 604 738421 080 438 651 795938 083 551 727 762304 088 221 386 Jul 728084 001 439 556 741346 040 479 639 794214 022 528 648 766699 058 279 382 Ago 724395 051 386 432 736402 067 409 495 787038 090 433 448 769951 042 323 411 Set 728040 050 439 300 736362 001 409 337 792508 070 506 260 773520 046 371 435 Out 732041 055 496 329 741333 068 479 315 799190 084 594 329 774939 018 390 418 Nov 738264 085 585 538 743558 030 511 397 808097 111 712 624 775225 004 394 408 Dez 751121 174 770 770 759112 209 730 730 827005 234 963 963 776839 021 415 415 2020 Jan 751820 009 009 772 762733 048 048 781 825952 013 013 970 779766 038 038 404 Fev 751910 001 011 640 762423 004 044 682 825694 003 016 774 782336 033 071 429 Mar 764276 164 175 701 771908 124 169 681 844960 233 217 878 784338 026 097 423 Abr 764656 005 180 610 778101 080 250 668 845850 011 228 772 786070 022 119 406 Mai 772843 107 289 681 780280 028 279 651 860827 177 409 905 787666 020 139 424 Jun 785221 160 454 784 792429 156 439 731 879957 222 640 1056 790331 034 174 368 Jul 803584 234 698 1037 810083 223 671 927 907577 314 974 1427 799589 117 293 429 Ago 834713 387 1113 1523 832313 274 964 1302 956905 544 1571 2158 805356 072 367 460 Set 862259 330 1480 1844 868442 434 1440 1794 998786 438 2077 2603 814701 116 487 532 Out 893977 368 1902 2212 896505 323 1810 2093 1047327 486 2664 3105 828778 173 669 695 Nov 917538 264 2216 2428 925887 328 2197 2452 1081963 331 3083 3389 839382 128 805 828 Dez 924504 076 2308 2308 934758 096 2314 2314 1089291 068 3172 3172 845268 070 881 881 2021 Jan 951395 291 291 2655 958844 258 258 2571 1132015 392 392 3706 852809 089 089 937 Fev 977133 271 569 2995 983063 253 517 2894 1170548 340 746 4177 868929 189 280 1107 Mar 998344 217 799 3063 1011948 294 826 3110 1200887 259 1024 4212 880265 130 414 1223 Abr 1020495 222 1038 3346 1027211 151 989 3202 1235764 290 1345 4610 888191 090 508 1299 CONJUNTURA ESTATÍSTICA Junho 2021 Conjuntura Econômica XI Notas 1De 1995 a 2016 média do ano 2De 1995 a 2016 média sobre média 3De 1995 a 2016 dezembro sobre dezembro 4A partir de Janeiro2012 índices calculados pela nova estrutura de ponderaçãoclassificação POF 20082009 dos produtos e serviços e pesos regionais atualizados Os indicadores IPCBRDI Bens Comercializáveis e IPCBRDI Bens Não Comercializáveis não foram disponibilizados até o fechamento desta edição Fontes FGV IBRE e IBGE Índices de Preços ao Consumidor Período IPCBR DI FGV INPC IBGE4 IPCA IBGE4 Índice1 Base Ago 94 100 Variação Bens Comer cializáveis Bens Não Comercializáveis Índice1 Base Dez 93 100 Variação Índice1 Base Dez 93 100 Variação Total Tarifas Públicas no Mês no Ano2 em 12 Meses3 Índices Base Ago 94 1001 no Mês no Ano2 em 12 Meses3 no Mês no Ano2 em 12 Meses3 2012 387826 560 574 288330 523340 677423 360352 543 620 350066 540 584 2013 410345 581 563 306436 552479 687317 383310 637 556 371785 620 591 2014 437113 652 687 325906 588990 717813 406450 604 623 395315 633 641 2015 477370 921 1053 346126 652174 812236 444394 934 1128 431012 903 1067 2016 518122 854 618 377175 706476 886816 485819 932 658 468679 874 629 2017 537700 378 323 387717 736560 930899 500244 297 207 484831 345 295 2018 Jan 547707 069 069 322 389469 755258 962326 505452 023 023 187 493072 029 029 286 Fev 548623 017 085 307 388251 758228 969236 506362 018 041 181 494650 032 061 284 Mar 549566 017 103 276 387454 760868 971644 506716 007 048 156 495095 009 070 268 Abr 551414 034 137 298 387626 764459 976168 507780 021 069 169 496184 022 092 276 Mai 553692 041 179 287 387690 769020 986806 509963 043 112 176 498169 040 133 286 Jun 560272 119 300 443 393341 777207 1008343 517255 143 257 353 504446 126 260 439 Jul 561218 017 317 422 394769 777822 1019819 518548 025 283 361 506111 033 294 448 Ago 561635 007 325 415 395440 778055 1020362 518548 000 283 364 505656 009 285 419 Set 564138 045 371 464 397496 781254 1028251 520104 030 314 397 508083 048 334 453 Out 566824 048 420 480 398957 785368 1032285 522184 040 355 400 510369 045 381 456 Nov 565851 017 402 424 397861 784395 1023049 520879 025 329 356 509297 021 359 405 Dez 567468 029 432 432 399011 786625 1021004 521608 014 343 343 510061 015 375 375 2019 Jan 570680 057 057 419 399568 792632 1024510 523486 036 036 357 511693 032 032 378 Fev 572670 035 092 438 400253 796043 1026661 526313 054 090 394 513893 043 075 389 Mar 576401 065 157 488 401406 802558 1034150 530366 077 168 467 517747 075 151 458 Abr 580025 063 221 519 402981 808471 1044304 533548 060 229 507 520698 057 209 494 Mai 581305 022 244 499 403712 810400 1053074 534348 015 244 478 521375 013 222 466 Jun 581163 002 241 373 403592 810221 1051444 534401 001 245 331 521427 001 223 337 Jul 582952 031 273 387 404039 813442 1057725 534935 010 255 316 522418 019 242 322 Ago 583925 017 290 397 404921 814611 1064110 535577 012 268 328 522993 011 254 343 Set 583944 000 290 351 405346 814261 1066635 535309 005 263 292 522784 004 249 289 Out 583443 009 282 293 405970 812676 1064112 535523 004 267 255 523307 010 260 254 Nov 586276 049 331 361 408470 816140 1075755 538415 054 322 337 525976 051 312 327 Dez 590781 077 411 411 416090 818319 1076472 544984 122 448 448 532025 115 431 431 2020 Jan 594240 059 059 413 416895 824351 1081801 546019 019 019 430 533142 021 021 419 Fev 594200 001 058 376 417326 823940 1075251 546947 017 036 392 534475 025 046 401 Mar 596222 034 092 344 419081 826485 1074724 547932 018 054 331 534849 007 053 330 Abr 595129 018 074 260 419013 824433 1062414 546672 023 031 246 533191 031 022 240 Mai 591934 054 020 183 418295 818840 1044348 545305 025 006 205 531165 038 016 188 Jun 594046 036 055 222 420631 821124 1050879 546941 030 036 235 532546 026 010 213 Jul 596930 049 104 240 423538 824457 1064053 549348 044 080 269 534463 036 046 231 Ago 600114 053 158 277 427238 827761 1072980 551326 036 116 294 535746 024 070 244 Set 605058 082 242 362 432697 833109 1085003 556123 087 204 389 539175 064 134 314 Out 609010 065 309 438 437456 837083 1092462 561072 089 295 477 543812 086 222 392 Nov 614740 094 406 486 442467 844279 1108278 566402 095 393 520 548652 089 313 431 Dez 621342 107 517 517 448077 852693 1125537 574671 146 545 545 556059 135 452 452 2021 Jan 623016 027 027 484 451481 853314 1113129 576223 027 027 553 557449 025 025 456 Fev 626371 054 081 541 453076 858540 1127817 580948 082 109 622 562243 086 111 520 Mar 632616 100 181 610 456519 867913 1156524 585944 086 196 694 567472 093 205 610 Abr 634057 023 205 654 457957 869590 1157512 588171 038 235 759 569231 031 237 676 CONJUNTURA ESTATÍSTICA XII Conjuntura Econômica Junho 2021 Índices de Preços ao Consumidor Período IPC FIPE Custo de Vida DIEESE Valor da Cesta Básica DIEESE Índice1 Base Jun 94 100 Variação Variação Valor Nominal1 no Mês no Ano2 em 12 Meses3 no Mês RJ SP Indicadores Industriais Sondagem Industrial FGVIBRE1 Índice de Confiança da Indústria CNAE 20² Nível de Utilização da Capacidade Instalada Sem Ajuste Sazonal CNAE 20² Sem Ajuste Sazonal Com Ajuste Sazonal Situação Atual Sem Ajuste Sazonal Expectativas Sem Ajuste Sazonal Notas Índices de preços 1De 1995 a 2016 média do ano 2De 1995 a 2016 média sobre média 3De 1995 a 2016 dezembro sobre dezembro Indicadores Industriais Sondagem Industrial FGV 1De 2001 a 2016 média do ano2 Seguindo as melhores práticas estatísticas internacionais a partir de novembro de 2015 a classificação setorial de empresas e produtosserviços das sondagens empresariais produzidas pelo IBREFGV será atualizada para o sistema da Classificação Nacional de Atividades Econômicas CNAE em sua versão 20 Informamos que a partir do mês de março e enquanto durar o período de isolamento social devido à pandemia da COVID19 o DIEESE suspendeu a pesquisa do Índice de Custo de Vida na Cidade de São Paulo Fontes Fipe e Dieese Índices de preços FGV IBRE Sondagem Industrial 1027 1029 1020 1032 823 1031 1031 1033 1026 825 913 912 912 921 812 778 776 779 794 764 822 822 821 836 739 925 926 907 950 744 968 1003 1000 936 733 993 1005 1003 984 752 1028 1014 1012 1043 751 1022 1005 1005 1038 755 1013 1002 997 1029 759 985 982 937 1035 756 1008 996 975 1040 751 1010 993 968 1053 760 987 964 964 1012 777 957 952 940 977 779 949 963 962 939 773 920 955 968 875 757 946 977 964 933 727 976 982 993 960 741 980 971 980 982 736 998 977 990 1007 735 977 966 977 977 748 960 955 959 965 745 962 951 929 999 749 977 959 948 1008 759 979 959 963 999 765 956 954 957 959 775 951 969 971 933 773 953 994 1003 902 760 975 1009 998 952 740 997 1014 1006 987 756 990 975 1004 975 742 624 582 686 586 565 641 614 695 612 599 779 776 784 791 661 905 898 874 945 718 1005 987 976 1036 755 1086 1067 1073 1091 793 1120 1112 1140 1088 817 1120 1131 1191 1036 818 1106 1149 1201 999 802 1084 1113 1162 996 781 1076 1079 1156 986 785 1064 1042 1125 994 772 1062 1035 1107 1010 756 2012 359852 456 510 27620 29284 2013 377599 493 388 31039 32843 2014 396680 505 520 33272 34490 2015 430162 844 1107 37042 38915 2016 469422 913 654 44441 45648 2017 483489 300 227 42507 43488 2018 Jan 491670 046 046 241 095 44381 43920 Fev 489621 042 004 207 005 43836 43733 Mar 489637 000 005 193 003 44119 43784 Abr 489510 003 002 129 004 44006 43480 Mai 490463 019 022 154 007 44603 44116 Jun 495417 101 123 251 138 44558 45163 Jul 496548 023 146 276 014 42189 43742 Ago 498595 041 188 308 009 41705 43281 Set 500523 039 227 346 055 41848 43283 Out 502929 048 276 363 058 44369 44602 Nov 503706 015 292 349 032 46024 47137 Dez 504177 009 302 302 021 46675 47144 2019 Jan 507094 058 058 314 043 46046 46765 Fev 509850 054 113 413 035 46447 48240 Mar 512454 051 164 466 054 49633 50911 Abr 513925 029 193 499 032 51558 52205 Mai 513836 002 192 477 020 49293 50770 Jun 514631 015 207 388 021 49867 50168 Jul 515371 014 222 379 017 47928 49316 Ago 517073 033 256 371 013 46224 48144 Set 517081 000 256 331 011 45821 47385 Out 517931 016 273 298 004 46257 47359 Nov 521464 068 343 353 046 45537 46581 Dez 526364 094 440 440 109 51691 50650 2020 Jan 527874 029 029 410 064 50713 51751 Fev 528434 011 039 364 012 50555 51976 Mar 528970 010 050 322 53365 51850 Abr 527362 030 019 261 54434 55625 Mai 526085 024 005 238 55881 55636 Jun 528134 039 034 262 51284 54703 Jul 529429 025 058 273 50572 52474 Ago 533554 078 137 319 52976 53995 Set 539531 112 250 434 56375 56335 Out 545957 119 372 541 59225 59587 Nov 551590 103 479 578 62963 62918 Dez 555921 079 562 562 62109 63146 2021 Jan 560717 086 086 622 64400 65415 Fev 561979 023 109 635 62982 63947 Mar 565962 071 181 699 61256 62600 Abr 568444 044 225 779 62204 63261 CONJUNTURA ESTATÍSTICA Junho 2021 Conjuntura Econômica XIII Indicadores Industriais Produção Física1 Período Indústria Geral Indústria Extrativa Mineral2 Variação Base Média 2012 100 Variação Base Média 2012 100 Acumulado no Ano1 Acumulado em 12 Meses Base Fixa2 Base Fixa Dessazonalizada Acumulado no Ano1 Acumulado em 12 Meses1 Base Fixa2 Base Fixa Dessazonalizada Notas 1Indicadores industriais A partir de maio de 2014 dados referentes à nova série de índices mensais da produção industrial elaborados com base na Pesquisa Industrial Mensal de Produção Física PIMPF reformulada 2De 2002 a 2015 média do ano A série reformulada tem início em janeiro de 2002 Fonte IBGE Indicadores industriais 2012 230 10000 050 9999 2013 207 10208 363 9636 2014 302 9899 679 10290 2015 825 9083 387 10688 2016 641 8500 944 9679 2017 250 8713 453 10118 2018 Jan 565 277 8230 8900 020 341 10170 10150 Fev 377 290 7730 8870 277 242 8800 9780 Mar 276 280 8620 8970 275 145 9650 10160 Abr 433 388 8650 9020 238 084 9530 10120 Mai 198 294 8440 8040 176 043 10410 10410 Jun 217 313 9110 9050 146 009 10250 10320 Jul 246 324 9580 8980 108 028 10550 10110 Ago 233 302 9820 8880 094 048 10420 9910 Set 176 257 9070 8640 099 075 10090 9750 Out 165 215 9580 8730 064 074 10670 10140 Nov 138 164 8950 8730 045 071 10200 10160 Dez 099 099 7800 8790 001 001 10680 10310 2019 Jan 194 041 8070 8700 167 016 10340 10320 Fev 013 045 7910 8770 343 008 7980 8890 Mar 203 012 8100 8720 678 093 8360 8770 Abr 247 110 8330 8750 1077 263 7360 7950 Mai 038 006 9100 8770 1205 412 8670 8730 Jun 136 070 8580 8690 1250 537 8750 8850 Jul 154 127 9340 8560 1192 622 9630 9180 Ago 161 160 9620 8670 1060 637 10230 9670 Set 129 128 9180 8680 973 650 9810 9420 Out 101 124 9700 8830 947 734 9890 9350 Nov 107 128 8800 8670 946 825 9240 9200 Dez 110 110 7690 8600 969 969 9390 9060 2020 Jan 087 101 8000 8670 1509 1110 8780 8770 Fev 056 120 7890 8780 835 1047 8010 8940 Mar 166 101 7790 8090 588 954 8320 8760 Abr 833 290 6030 6490 250 725 8080 8760 Mai 1130 540 7110 7030 316 629 8170 8290 Jun 1086 563 7830 7690 282 515 8650 8790 Jul 956 565 9100 8340 216 426 9760 9280 Ago 856 569 9390 8610 212 427 10040 9420 Set 711 545 9530 8830 237 439 9400 8970 Out 628 552 9740 8920 278 427 9280 8740 Nov 548 518 9020 9000 336 420 8400 8360 Dez 446 446 8330 9060 341 341 9020 8700 2021 Jan 238 422 8190 9090 023 200 8800 8820 Fev 132 418 7910 9000 304 252 7480 8360 Mar 431 311 8600 8780 207 249 8310 8820 CONJUNTURA ESTATÍSTICA XIV Conjuntura Econômica Junho 2021 Indicadores Industriais Produção Física1 Período Indústria de Transformação Por Gêneros Industriais2 Por Categoria de Uso2 Variação Base Fixa² Base Fixa Com Ajustamento Sazonal Meta lurgia Fabricação de Máquinas e Equipamentos Fabricação de Produtos Têxteis Fabricação de Coque de Produtos Derivados do Petróleo e de Biocombustíveis Fabricação de Bebidas Fabricação de Celulose Papel e Produtos de Papel Bens de Capital Bens Inter Mediários Bens de Consumo Duráveis Bens de Consumo Semi e Não Duráveis Acumulado no Ano1 Acumulado em 12 Meses Base Média 2012 100 Índices de Base Fixa Com Ajustamento Sazonal Base Média 2012100 Índices de Base Fixa Sem Ajustamento Sazonal Base Média 2012100 Indicadores industriais 1A partir de maio de 2014 dados referentes à nova série de índices mensais da produção industrial elaborados com base na Pesquisa Industrial Mensal de Produção Física PIMPF reformulada A série reformulada tem início em janeiro de 2002 2De 2002 a 2015 média do ano Fonte IBGE Indicadores industriais 2012 239 10001 9980 9994 10026 9990 10001 9978 9997 10001 10002 10001 10001 2013 280 10281 10273 10013 10408 10023 10662 9812 9943 11220 10039 10442 10205 2014 417 9852 9865 9272 9816 9357 10896 9945 9838 10173 9797 9493 10193 2015 984 8883 8896 8490 8388 7944 10251 9447 9778 7597 9286 7738 9509 2016 599 8350 8336 7956 7411 7561 9419 9153 10011 6821 8684 6624 9209 2017 225 8538 8551 8372 7611 8027 9008 9241 10338 7245 8833 7502 9289 2018 Jan 654 270 7980 8790 8800 8160 8170 8680 9600 10840 6840 8340 7340 8620 Fev 478 300 7590 8640 8670 7820 7830 8370 9390 10790 7050 7700 7610 8060 Mar 362 303 8500 8830 8710 8120 8020 8710 9140 10690 8290 8450 9050 9020 Abr 536 436 8540 8870 8690 7820 7880 9200 9510 10770 7930 8590 8610 9020 Mai 254 334 8190 7780 8380 7550 7590 9540 7940 9310 7120 8730 7080 8510 Jun 268 362 8960 8860 8540 8120 7750 9620 10310 11140 8060 9290 7790 9410 Jul 296 377 9460 8810 8570 8040 8030 9850 10410 11250 7920 9850 8470 9820 Ago 280 355 9750 8750 8510 8330 7850 9040 9640 11380 8900 9810 9610 10260 Set 216 308 8950 8570 9050 7460 7820 8840 8510 11120 7860 9140 7810 9740 Out 197 258 9440 8590 8790 7880 7900 8900 9130 11100 8800 9410 9140 10430 Nov 163 197 8790 8580 8820 7640 7740 8910 9050 11050 7990 8820 8340 9810 Dez 110 110 7430 8550 8860 7570 7330 8870 9230 10810 6330 7930 6230 8440 2019 Jan 251 043 7780 8550 8570 7430 7730 8760 9720 10440 6340 8270 7020 8470 Fev 071 051 7900 8670 8550 7670 7760 9110 9880 10450 7530 7690 8580 8340 Mar 133 003 8070 8700 8590 7840 7630 8920 9890 10540 7330 8090 7650 8560 Abr 123 089 8460 8830 8720 8630 8110 8860 10200 10680 7930 8110 8690 8950 Mai 137 066 9150 8750 8860 8710 7840 9240 9890 10660 8610 9020 9080 9550 Jun 032 001 8560 8630 8590 7860 7700 9210 9820 10010 7650 8730 7340 8960 Jul 002 054 9310 8520 8480 8150 7690 9260 9290 10260 8400 9340 8600 9980 Ago 028 090 9550 8570 8450 8010 7700 9450 9280 10460 8520 9620 9120 10240 Set 005 054 9100 8610 8370 7810 7810 9340 9420 10340 7950 9150 8490 9940 Out 023 035 9680 8780 8110 7910 7760 9220 9550 10620 8600 9430 9800 10820 Nov 016 025 8740 8620 8050 7760 7830 9400 9720 10450 7720 8570 8440 9920 Dez 019 019 7480 8500 7890 6920 7910 9800 9960 10530 5930 7760 6330 8530 2020 Jan 154 050 7900 8700 8320 7880 7970 10040 9830 10640 6600 8150 7180 8400 Fev 057 017 7870 8700 8340 7950 8170 9900 9890 10870 7160 7910 7670 8200 Mar 109 025 7720 7960 8190 7310 6470 9830 7970 10840 6950 7960 6890 7940 Abr 916 228 5770 6070 5800 5040 3890 8050 4970 10780 3740 6670 1310 6660 Mai 1238 526 6980 6880 6440 5710 4240 9400 8430 9880 5220 7700 2750 7710 Jun 1192 570 7730 7570 6370 6390 5730 9140 10410 10000 5910 8240 4790 8520 Jul 1055 585 9010 8240 7560 7370 7240 9650 10820 10360 7070 9510 7180 9510 Ago 944 590 9310 8520 7840 7470 7950 9970 10650 10490 7280 9820 8210 9590 Set 777 561 9540 8820 8160 8420 8390 10060 10700 10920 7960 9690 8670 10130 Out 678 572 9790 8940 8420 8610 8590 9940 10500 10810 8780 9740 9010 10470 Nov 579 533 9100 9070 8550 8930 8760 9870 10860 10850 8690 8880 8660 9760 Dez 463 463 8250 9190 10150 9470 10070 9730 10010 10600 8020 8410 7220 8700 2021 Jan 266 306 8110 9150 8970 9230 9820 9600 9740 11170 7710 8400 6910 8340 Fev 190 315 7960 9090 9100 9440 8920 9540 9690 11270 8210 7940 7040 8070 Mar 519 424 8640 8800 9040 9370 8350 9700 9360 11300 9000 8760 7720 8430 CONJUNTURA ESTATÍSTICA Junho 2021 Conjuntura Econômica X V Notas Para dados anuais apresentase o valor acumulado no ano ¹Para dados anuais dáse a média do ano ² Deflacionada pelo IPA A partir da edição de out02 a base da série passa a ser janeiro de 1999 e a cesta de moedas e seus respectivos pesos no cálculo da taxa efetiva passam a ser euro 0465094 dólar norteamericano 0270294 o iene japonês 0103379 o peso argentino 0097698 e libra esterlina 0063535 Em abril de 2015 o Banco Central do Brasil passou a divulgar as estatísticas de setor externo da economia brasileira em conformidade com a sexta edição do Manual de Balanço de Pagamentos e Posição Internacional de Investimento BPM6 do Fundo Monetário Internacional FMI Fontes FGV IBRE Banco Central e SECEX Setor Externo US milhões Período Taxa de Câmbio Real1 ÍndiceBase Jan 99 100 Dados mensais e anuais US milhões RUS2 Efetiva2 Balança Comercial Balanço de Pagamentos BPM6 Total de Exportação Total de Importação Saldo Transações Correntes Saldo Balança Comercial e Serviços Serviços Renda Primária Renda Secundária Conta Capital Conta Financeira Erros e Omissões 2014 5443 5179 224974 229127 4155 101679 54978 48239 49427 2725 232 96856 4592 2015 7038 6259 190971 171459 19512 54789 19605 37050 37935 2751 461 56647 2319 2016 6562 5579 185234 137586 47648 24475 13942 30602 41543 3126 274 16093 8109 2017 6222 5359 217739 150750 66989 22033 19001 38324 43170 2135 379 17075 4579 2018 6872 5815 239265 181231 58035 51460 7380 35996 58824 15 440 52342 1322 2019 Jan 6821 5749 18002 16388 1614 9348 2912 2926 6218 218 34 7546 1768 Fev 6733 5616 15737 12622 3116 2714 717 2421 1807 191 15 3685 986 Mar 6918 5645 17429 13133 4296 3528 465 2416 3912 81 50 2101 1378 Abr 6967 5612 19282 13629 5653 2846 740 3242 3790 204 29 3311 493 Mai 7113 5620 20592 14968 5624 3359 605 3214 4338 374 17 4836 1494 Jun 6745 5353 18406 13029 5377 2745 114 3490 2990 131 4 4172 1431 Jul 6602 5253 20151 17759 2391 11636 3126 3452 8673 162 73 11793 230 Ago 7079 5448 19670 15570 4100 6159 985 2317 5502 328 68 7963 1871 Set 7254 5517 20298 16495 3803 3737 283 2476 3735 281 25 3994 282 Out 7162 5388 19577 17027 2550 9257 3057 3655 6331 131 18 8738 501 Nov 7291 5489 17737 14172 3565 4209 492 2309 3879 162 17 5543 1350 Dez 7035 5342 18503 12556 5947 5491 706 3572 6098 99 22 676 4794 Acum Ano19 6977 5503 225384 177348 48036 65030 8942 35489 57272 1184 369 64357 304 2020 Jan 7058 5669 14430 17190 2760 11586 6119 2497 5600 133 59 11959 431 Fev 7334 5814 15356 13849 1507 5758 1616 2333 4325 183 34 4377 1347 Mar 8018 6315 18312 14267 4046 4257 426 1664 4860 177 31 5298 1073 Abr 8345 6593 17594 11431 6163 199 3773 1104 3804 229 26 1146 922 Mai 8997 6871 17520 10682 6838 519 1626 1527 2348 204 22 76 421 Jun 8102 6252 17479 10977 6502 2397 4583 1295 2408 221 18 2257 158 Jul 8028 6264 19416 11815 7601 755 4548 1989 5515 212 38 1802 1085 Ago 8016 6311 17404 11585 5819 1939 3565 1381 1921 296 26 2330 365 Set 7501 5913 18223 13140 5083 1454 2698 1666 1457 213 60 1932 418 Out 7541 5899 17649 13245 4404 300 2008 1676 1863 156 33 623 289 Nov 6989 5518 17345 14857 2488 1045 135 1820 1027 117 36 560 1568 Dez 6630 5330 18452 15749 2703 6444 3622 1682 3054 231 102 7116 570 Acum Ano20 7713 6062 209180 158787 50394 24074 11737 20633 38181 2370 281 21780 2014 2021 Jan 6747 5761 14937 15352 415 8191 3813 998 4663 284 23 8338 170 Fev 6708 5629 16352 14534 1818 3176 1791 1416 1674 289 21 3440 286 Mar 6838 5636 24348 17862 6486 4013 1538 1058 2993 518 23 3962 28 Abr 6633 5473 26481 16132 10349 5663 7832 1313 2370 201 9 5630 43 CONJUNTURA ESTATÍSTICA X VI Conjuntura Econômica Junho 2021 Emprego e Renda PNADc Período Taxas em Pontos Percentuais Rendimento Médio Real Habitual em reais Massa de Rendimento Médio Real Habitual de Pessoas Ocupadas todos os trabalhos em milhões de Reais Taxa de Desocupação Nível da Ocupação Taxa de Participação na Força de Trabalho Pessoas Ocupadas todos os trabalhos Posição na Ocupação trabalho principal Empregado no Setor Privado Com Carteira Empregado no Setor Privado Sem Carteira Trabalhador Doméstico Empregado no Setor Público inclusive servi dor estatutário e militar Empregador Conta Própria exclusive trabalhadores domésticos Nota A divulgação fornece aos usuários da pesquisa dados sobre a evolução do mercado de trabalho no Brasil atualizados mensalmente através de trimestres móveis Assim a cada mês serão divulgadas informações referentes ao último trimestre móvel Fonte IBGE 2019 Jan 120 542 616 2271 2136 1371 892 3673 5489 1682 204563 Fev 124 539 616 2286 2142 1369 902 3696 5635 1687 204944 Mar 127 539 617 2289 2165 1350 909 3706 5661 1671 205156 Abr 125 542 619 2292 2172 1364 902 3691 5754 1667 206544 Mai 123 545 621 2286 2169 1372 899 3660 5715 1666 207294 Jun 120 546 621 2290 2166 1399 901 3661 5785 1662 208435 Jul 118 547 621 2286 2169 1427 902 3649 5665 1667 208627 Ago 118 547 621 2298 2184 1432 905 3674 5718 1668 209893 Set 118 548 621 2298 2183 1407 897 3659 5852 1676 210424 Out 116 549 621 2317 2185 1391 898 3693 5997 1693 212808 Nov 112 551 620 2332 2197 1428 897 3716 6014 1695 215104 Dez 110 551 619 2340 2197 1442 904 3758 5977 1711 216262 2020 Jan 112 548 617 2361 2213 1470 911 3778 6047 1734 217399 Fev 116 545 617 2375 2252 1481 916 3798 6032 1736 217631 Mar 122 535 610 2398 2276 1504 920 3763 5945 1754 216290 Abr 126 516 590 2425 2300 1539 925 3716 5980 1768 211628 Mai 129 495 568 2460 2309 1597 930 3722 6014 1769 206623 Jun 133 479 553 2500 2294 1585 932 3776 6297 1792 203519 Jul 138 471 547 2535 2301 1671 930 3842 6399 1819 203016 Ago 144 468 547 2542 2312 1657 921 3889 6490 1819 202478 Set 146 471 551 2554 2317 1670 914 3951 6762 1805 205305 Out 143 480 560 2529 2330 1596 898 3971 6590 1787 207859 Nov 141 486 566 2517 2332 1572 897 3949 6541 1787 210049 Dez 139 489 568 2507 2345 1591 896 3990 6173 1802 210724 2021 Jan 142 487 568 2521 2353 1597 917 4034 6105 1812 211432 Fev 144 486 568 2520 2340 1561 925 4121 5980 1820 211189 Mar 147 484 568 2544 2348 1598 931 4098 6081 1905 212514 MBA FGV SEU MOMENTO É DE EVOLUÇÃO Professores com experiência de mercado Conteúdos atuais e específicos Networking qualificado VENHA EVOLUIR COM A GENTE INSCREVASE MBA FGV É MAIS QUE MBA É FGV