·
Psicologia ·
Psicologia Social
Send your question to AI and receive an answer instantly
Recommended for you
412
Técnicas em Gestalt: Aconselhamento e Psicoterapia
Psicologia Social
UNIABEU
422
Técnicas em Gestalt Aconselhamento e Psicoterapia - Phil Joyce e Charlotte Sills
Psicologia Social
UNIABEU
778
Psicodiagnóstico - Teoria e Prática da Avaliação Psicológica
Psicologia Social
UNIABEU
18
Kurt Lewin - Grupos - Questionário
Psicologia Social
UNIABEU
Preview text
MINISTÉRIO DA MULHER DA FAMÍLIA E DOS DIREITOS HUMANOS MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO MINISTÉRIO DA SAÚDE 3 A ut o m u ti la çã o e do S ui cí di o O ri e nt a çõ es pa ra e du ca do re s e p rof iss ion ais d a s aú de An dr ea A m ar o Qu esa da Ca rlos Gui lhe rm e d a S ilv a F ig ue ire do An tô ni o Ge ra ld o d a S ilva Re nat a N ay ara da Si lv a Fig ue ire do Ka ri ne d a Si lv a F ig uei red o e I sab ella Sa llu m Gu im ar ãe s C a rt il h a p ar a pr e v e n ç ã o d a O q ue faz er Co mo aju dar O p ap el da pr ev en çã o Fa tor es de pro teç ão MINISTÉRIO DA MULHER DA FAMÍLIA E DOS DIREITOS HUMANOS MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO MINISTÉRIO DA SAÚDE 3 A ut o m u ti la çã o e do S ui cí di o O ri e nt a çõ es pa ra e du ca do re s e p rof iss ion ais d a s aú de An dr ea A m ar o Qu esa da Ca rlos Gui lhe rm e d a S ilv a F ig ue ire do An tô ni o Ge ra ld o d a S ilva Re nat a N ay ara da Si lv a Fig ue ire do Ka ri ne d a Si lv a F ig uei red o e I sab ella Sa llu m Gu im ar ãe s C a rt il h a p ar a pr e v e n ç ã o d a O q ue faz er Co mo aju dar O p ap el da pr ev en çã o Fa tor es de pro teç ão 3 A ut o m u ti la çã o e do S ui cí di o O ri e nt a çõ es pa ra e du ca do re s e p rof iss ion ais d a s aú de An dr ea A m ar o Qu esa da Ca rlos Gui lhe rm e d a S ilv a F ig ue ire do An tô ni o Ge ra ld o d a S ilva Re nat a N ay ara da Si lv a Fig ue ire do Ka ri ne d a Si lv a F ig uei red o e I sab ella Sa llu m Gu im ar ãe s C a rt il h a p ar a pr e v e n ç ã o d a O q ue faz er Co mo aju dar O p ap el da pr ev en çã o Fa tor es de pro teç ão Copyright 2020 Fundação Demócrito Rocha MINISTÉRIO DA SAÚDE COORDENAÇÃO GERAL Ministro da Saúde Eduardo Pazuello Secretária da Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde Mayra Isabel Correia Pinheiro Diretor do Departamento de Gestão da Educação na Saúde Vinícius Nunes Azevedo CoordenadoraGeral de Ações Estratégicas Inovações e Avaliação da Educação em Saúde Musa Denaise de Sousa Morais de Melo Equipe Técnica Adriana Fortaleza Rocha da Silva Bethânia Ramos Meireles Cidália Luna Alencar Feitosa de Oliveira Daniele Alencar Neves Bremgartner Janaínna Nogueira da Silva Juliana Ferreira Lima Costa Priscila Neves Dalcin Rosanna Rocha Amazonas e Rosany Ferreira Rios Fonseca OPASOMS Coordenação Geral Mónica Padilla Equipe técnica Maria Alice B Fortunato Cristiane Gosch Scolari e Catarina Magalhães Dahl PROJETO AÇÕES INTEGRADAS DE EDUCOMUNICAÇÃO PARA PREVENÇÃO AO SUICÍDIO E DA AUTOMUTILAÇÃO Concepção e Coordenação Geral Cliff Villar Coordenação Executiva Ana Cristina Barros Coordenação Adjunta Patrícia Alencar Coordenação de Conteúdo Renata Nayara da Silva Figueiredo Coordenação Pedagógica Patrícia Brun Coordenação Geral de Mobilização Darlan Aragão Consultoria Técnica de Psicologia Carlos Henrique de Aragão Neto e Andrea Amaro Quesada Editorial e Revisão Thaís Brito Mendonça Projeto Gráfico Amaurício Cortez Edição de Design Andrea Araujo e Kamilla Damasceno Design e Diagramação Karla Saraiva Arte finalização Miqueias Mesquita Ilustração Rafael Limaverde Coordenação de Produção Gilvana Marques Produção Rebeca Saboia e Beth Lopes Marketing e Estratégia Wanessa Lugoe Performance Digital Natércia Melo Fernando Diego e Isadora Colares Assessoria de Comunicação Joelma Leal Estratégia e Relacionamento Alexandre Medina Adryana Joca e Juliana Menezes FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA FDR Presidência João Dummar Neto Direção AdministrativoFinanceira André Avelino de Azevedo Gerência Geral Marcos Tardin Gerência Editorial e de Projetos Raymundo Netto Análise de Projetos Aurelino Freitas Fabrícia Gois e Emanuela Fernandes UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE UANE Gerência Pedagógica Viviane Pereira Coordenação de Cursos Marisa Ferreira Designer Educacional Joel Bruno Todos os direitos desta edição reservados à Fundação Demócrito Rocha Av Aguanambi 282A Joaquim Távora CEP 60055402 FortalezaCeará Tel 85 32556037 32556148 fdrorgbr fundacaofdrorgbr Esta cartilha é parte do projeto Ações Integradas de Educomunicação para Prevenção ao Suicídio e da Automutilação ação desenvolvida pelo Ministério da Saúde por meio da Secretaria de Gestão do Tra balho e da Educação em Saúde em parceria com a Organização PanAmericana de SaúdeOrgani zação Mundial de Saúde executado pela Fundação Demócrito Rocha por intermédio da Carta Acordo nº SCON202000088 Quesada Andrea Amaro Cartilha para prevenção da automutilação e do suicídio orientações para educadores e profissionais da saúde Andrea Amaro Quesada Carlos Guilherme da Silva Figueiredo Antônio Geraldo da Silva Renata Nayara da Silva Figueiredo Karine da Silva Figueiredo e Isabella Sallum Guimarães ilustrações Rafael Limaverde Fortaleza Fundação Demócrito Rocha 2020 124 p il color ISBN 9786586094374 1 Transtornos mentais e emocionais 2 Suicídio 3 Prevenção ao suicídio 4 Violência autoprovocada 5 Automutilação I Figueiredo Carlos Guilherme da Silva II Silva Antônio Geraldo da III Figueiredo Renata Nayara da Silva IV Figueiredo Karine da Silva V Guimarães Isabella Sallum VI Título CDD 616858445 Q54c Dados Internacionais de Catalogação na Publicação CIP de acordo com ISBD Elaborado por Francisco Edvander Pires Santos CRB31212 Sumário Introdução 09 1 Entendendo aspectos da automutilação e do suicídio 12 11 O que é a automutilação e o suicídio Quais são as suas diferenças 14 12 Por que falar sobre automutilação e suicídio 17 13 Para quem falar e quem pode atuar na prevenção à automutilação e ao suicídio 20 14 Como falar sobre automutilação e suicídio 22 141 Como falar sobre suicídio e automutilação com crianças e adolescentes 24 15 Mitos e verdades sobre o suicídio e a automutilação 27 16 Estigma e saúde mental como sensibilizar a população e reduzir falsas crenças 29 161 O que fazer para reduzir o estigma 33 2 Sinais de alerta e prevenção 35 21 Fatores que aumentam o risco para a automutilação e para o suicídio 36 22 Aspectos que reduzem o risco os fatores de proteção 65 23 Como identificar se um jovem está em risco e precisa de ajuda 68 24 Como prevenir comportamentos de risco 72 25 Como aumentar os fatores de proteção 75 26 Como realizar e melhorar o registro de casos 77 3 Intervenção 79 31 Como responder a uma possível situação de risco 86 311 Como o profissional da educação e da saúde podem atuar no cuidado com 89 crianças e adolescentes 312 O que fazer e o que não fazer em casos de risco de automutilação eou suicídio 92 4 O que fazer caso ocorra o suicídio 94 41 Posvenção como ajudar a pessoa que perdeu alguém por suicídio 95 42 Como noticiar casos de suicídio 98 5 Onde obter mais informações 104 Referências bibliográficas 114 8 FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE Esta cartilha trata sobre compor tamentos autolesivos automutilação e suicídio principalmente entre jo vens Serão abordados aspectos re lativos à identificação e prevenção de ambos os comportamentos No caso do suicídio será abordada também a posvenção Cartilha para prevenção da automutilação e do suicídio 9 INTRODUÇÃO 10 FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE p r e s e n t e cartilha tem como objeti vo informar a socieda de sobre os co m p o r ta mentos au tolesivos sobre a automutilação e sobre o suicídio Outro objetivo é orientar a população especialmente grupos de pessoas que lidam com jovens fornecendo ferramentas para o enfrentamento desses dois proble mas de saúde pública A identifica ção de jovens em risco poderá aju dar no acolhimento na prevenção e se necessário na intervenção nestes casos Um terceiro objetivo desta cartilha é dar informação acerca da atuação nos casos em que o suicídio já ocorreu Nesse caso é importante o acolhimento dos enlutados isto é o trabalho da posvenção Os temas da automutilação e do suicídio ganharam visibilidade nas últimas décadas tanto do ponto de vista científico como do da saúde pública No entanto novas pesqui sas são necessárias para buscarmos novas estratégias de prevenção e in tervenção Comportamentos autolesivos podem ser definidos como aqueles praticados de forma intencional isto é não ocorrem por acidente ou de maneira inconsciente e têm a inten ção de causar algum dano físico ou psicológico Cartilha para prevenção da automutilação e do suicídio 11 SAIBA MAIS Comportamentos socialmente aceitos como o uso de pier cing tatuagem brincos ou le sões feitas como parte de ritu ais religiosos ou para exibição cultural não são considerados uma automutilação Por meio das orientações presen tes nesta cartilha o leitor terá mais subsídios para identificação inter venção e prevenção dos comporta mentos autolesivos com ênfase em adolescentes 12 FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE 1 ENTENDENDO ASPECTOS DA AUTOMUTILAÇÃO E DO SUICÍDIO Cartilha para prevenção da automutilação e do suicídio 13 14 FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE 11 O QUE É A AUTO MUTILAÇÃO E O SUI CÍDIO QUAIS SÃO AS SUAS DIFERENÇAS autolesão sem intenção sui cida ASIS e o suicídio são f e n ô m e n o s complexos e multidetermi nados resul tantes de uma interação complexa entre fatores biológicos ambientais psicológicos e sociais Ambos os fe nômenos se enquadram no grupo de comportamentos diretamente autolesivos mas se distinguem sig nificativamente na sua definição na sua intencionalidade e em termos de prevalência de características demográficas e em certa medida de fatores de risco que predispõem tais comportamentos WALSH 2012 WI THLOCK LLOYDRICHARDSON 2019 A Figura 1 apresenta a classificação de comportamentos e pensamen tos autolesivos Embora não sejam um comportamento as ideações e os planos de suicídio foram incluídos nes te documento devido à sua associação com o comportamento suicida Ameaça de suicídio Pensamentos sobre autolesão Automutilação Ideação suicida Plano suicida Tentativa de suicídio Suicida intenção de morrer Não suicida sem intenção de morrer Comportamentos e pensamentos autolesivos Figura 1 Classificação de comportamentos e pensamentos autolesivos Fonte Adaptado de NOCK 2009 p 11 Cartilha para prevenção da automutilação e do suicídio 15 SAIBA MAIS A distinção entre o suicídio e a ASIS se dá justamente devido à in tenção ou não de morrer Uma vez que a determinação da intenção durante o comportamento auto lesivo se baseia no autorrelato a convenção estabelecida é de definir qualquer comportamento em que há intenção de morrer como com portamento suicida NOCK 2010 Segundo o mesmo autor é possível distinguir o comportamento suicida em três subfatores a ideação suici da o plano suicida e a tentativa de suicídio AUTORRELATO Método em que a pessoa ela bora um relato próprio sobre o ocorrido com ou sem ajuda do profissional A ideação suicida se define como pensamentos sobre suicídio O pla no suicida envolve a consideração de um método específico para o suicídio Já a tentativa de suicídio se refere ao comportamento autolesi vo em que há a intenção de morrer Do mesmo modo o autor distingue três subfatores para a autolesão sem intenção suicida sendo eles a ame aça de suicídio pensamentos au tolesivos e a automutilação em si ou autolesão sem intenção suici da ASIS 16 FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE Ameaça de suicídio referese ao comportamento em que o in divíduo leva os outros a acreditar que há intenção de morrer quan do na realidade a intenção não existe O motivo de esse compor tamento ocorrer seria uma forma de comunicar o sofrimento ou de buscar ajuda Pensamentos autolesivos são pensamentos sobre o engajamen to em comportamentos de auto mutilação que geralmente ante cedem o ato em si Autolesão sem intenção suicida ASIS referese à lesão direta e deliberada do próprio corpo sem intenção de morrer O comportamento autolesivo sem intenção suicida varia de acordo com a gravidade das lesões Leve quando as lesões ocorrem com baixa frequência e menor severidade Moderada quando as lesões ocorrem com mais frequência e de forma mais severa necessi tando às vezes de ajuda médica Grave quando a frequência e a severidade das lesões são altas resultando em prejuízo para o indivíduo Cartilha para prevenção da automutilação e do suicídio 17 12 POR QUE FALAR SOBRE AUTOMUTI LAÇÃO E SUICÍDIO utomutilação e suicídio são temas rele vantes con siderandose as altas pre valências e os seus impactos socioeconô micos Entre os anos de 1990 e 2015 estudos de diferentes países sobre comportamentos autolesivos delibe rados indicam uma prevalência média de 169 desse comportamento em adolescentes GILLIES et al 2018 com aumento da prevalência ao longo dos anos No Brasil um estudo de 2018 re alizado com 517 adolescentes entre 10 e 14 anos encontrou uma prevalência de 948 de comportamentos ASIS nos últimos 12 meses FONSECA et al 2018 Gillies et al 2018 conduziram uma pesquisa de metanálise de estudos de 41 países diferentes e concluíram que os comportamentos autolesivos em adolescentes são mais frequentes em meninas A idade média de início des ses comportamentos foi de 13 anos com o pico aos 16 anos O estudo ainda verificou que o método mais utilizado na autolesão foi o corte Entretanto outros métodos também foram rela tados Geralmente a autolesão é feita nos braços nas pernas ou na barriga NOCK 2010 Na população adulta dos Estados Unidos a prevalência de ASIS é de 59 KLONSKY 2011 Não há estudos de prevalência entre adul tos no Brasil No entanto é provável que as verdadeiras taxas de automuti lação na comunidade sejam maiores em função de muitos jovens ocultarem os seus ferimentos e nunca receberem cuidados clínicos para a sua saúde físi ca e emocional o que gera subnotifica ções dos casos 18 FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE SAIBA MAIS O suicídio segundo a Organiza ção Mundial da Saúde OMS está entre as 10 maiores causas de morte do mundo sendo a segunda cau sa de morte entre jovens de 15 a 29 anos OMS 2014 Mundialmente o Brasil ocupa a oitava posição em relação ao número absoluto de sui cídios Em relação ao suicídio os homens se matam de três a quatro vezes mais do que as mulheres e de forma inversamente proporcional as mulheres fazem de três a quatro vezes mais tentativas de suicídio do que os homens Destacase que a ASIS é um dos principais fatores de risco para suicídio WHITLOCK et al 2013 WHITLOCK LLOYDRICHARD SON 2019 Notase que embora sejam comportamentos distintos as tentativas de suicídio são mais cons tantes em pessoas que tendem a ter comportamentos de ASIS Outro critério importante na ava liação da ASIS é a função da autole são Segundo uma metanálise que avaliou 46 pesquisas TAYLOR et al 2018 existem duas categorias prin cipais da autolesão sem intenção suicida as funções intrapessoais e as funções interpessoais As duas principais funções intrapessoais são o alívio da dor emocional e a autopu nição Para o alívio da dor emocional o comportamento autolesivo pode funcionar como forma de escapar de estados emocionais desconfortáveis como a angústia Por outro lado as funções interpessoais da ASIS têm como objetivo comunicar o próprio sofrimento pertencer a grupos ou punir os outros As funções intrapessoais estão associadas à relação do indi víduo consigo mesmo com suas emoções e sentimentos As funções interpessoais estão associadas às relações do indi víduo com os outros e com os ambientes Cartilha para prevenção da automutilação e do suicídio 19 A Figura 2 mostra um esquema das funções dos comportamentos ASIS As funções intrapessoais espe cialmente as de regulação emocio nal são as mais prevalentes sendo utilizadas por 66 a 81 dos parti cipantes dos estudos analisados por Taylor et al 2018 Funções inter pessoais foram reportadas por 32 a 56 dos indivíduos No Brasil foi também observado que a principal função da ASIS entre adolescentes foi a regulação emocional FONSECA et al 2018 Fonte Adaptado de TAYLOR et al 2018 Figura 2 Classificação das funções dos comportamentos de autolesão sem intenção suicida ASIS Função da ASIS Intrapessoais Interpessoais Regulação emocional Escapar dos estados desconfortáveis Induzir estados emocionais positivos e desejados Autopunição Comunicar o nível de angústia Influência interpessoal Punição aos outros 20 FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE Conhecer as funções das ASIS auxilia na compreensão do compor tamento autolesivo fornecendo sub sídios para a utilização de técnicas de intervenção mais direcionadas e efetivas Por exemplo ao saber que o alívio da dor emocional é a função mais prevalente da autolesão sem intenção suicida podemos investir em técnicas voltadas para o desen volvimento de habilidades sociais e emocionais cujo objetivo é ajudar na regulação das emoções aumen tando a resiliência 13 PARA QUEM FALAR E QUEM PODE ATUAR NA PREVENÇÃO À AUTOMU TILAÇÃO E AO SUICÍDIO bordar adequada mente os temas de automutila ção e suicídio é uma importante estratégia de pre venção Devese direcionar os es forços de preven ção aos ambientes educacionais como escolas e faculdades A razão mais evidente é o fato de serem es paços que concentram em boa par te do tempo crianças adolescentes e adultos jovens Uma das principais formas de prevenção nas escolas é a capacitação da equipe escolar que poderá atuar com mais efetividade para identificar acolher e encami nhar os casos de comportamentos autolesivos Cartilha para prevenção da automutilação e do suicídio 21 Nesse sentido a formação de gatekeepers ou guardiões da vida deve ser uma medida a ser imple mentada Nos estudos sobre preven ção ao suicídio gatekeeper se refere a um indivíduo que tem contato com um grande número de membros da comunidade e que pode ser treinado para identificar pessoas com sinto mas de doenças mentais sob risco de automutilação eou suicídio dire cionando estas pessoas para o trata mento ou para os serviços apropria dos BURNETTE RAMCHAND AYER 2015 Sendo assim é possível definir diversos membros da comunidade como gatekeepers professores ou coordenadores de escolas líderes das igrejas ou de outros cultos reli giosos policiais ou membros milita res bombeiros assistentes sociais profissionais de saúde da atenção básica ou de emergências entre ou tros membros da comunidade Para atuar como guardiões da vida os membros da comunidade devem passar por um treinamento sobre como identificar abordar e en caminhar pessoas sob risco de auto mutilação e suicídio Os programas de treinamentos buscam desenvol ver conhecimentos atitudes e habili dades que propiciam a identificação dos alunos que exibem sinais e sinto mas de doenças mentais incluindo depressão ansiedade usoabuso de substâncias e pensamentos suicidas Eles também devem ser orientados sobre a melhor maneira de abordar os alunos para discutir suas preo cupações motivandoos a procurar ajuda e quando necessário enca minhar para o serviço médico sem cometer enganos ou cair em armadi lhas tais como tentar diagnosticar o problema ou dar conselhos que pos sam agravar o quadro 22 FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE 14 COMO FALAR SO BRE AUTOMUTILA ÇÃO E SUICÍDIO s temas da automu tilação e do suicídio ainda são considera dos tabus na nossa sociedade Portan to sua abordagem requer um cuidado maior com observa ção dos critérios estabelecidos pelos especialistas visando a prevenção e evitando a indução Sabese que uma divulgação sensacionalista por parte da mídia é considerada inade quada podendo contribuir para um efeito de contágio e consequente mente para o aumento do número de casos Brotherson e Anderson 2016 definem algumas orientações que podem pautar a abordagem so bre o suicídio Há evidências de que esses trei namentos aumentam o conheci mento sobre os comportamentos autolesivos impactam as crenças e atitudes sobre prevenção de suicí dio reduzem estigmas sobre os te mas e desenvolvem as habilidades e competências das pessoas treinadas para a identificação e intervenção nos casos de automutilação e suicí dio BURNETTE RAMCHAND AYER 2015 Os programas de prevenção devem ser contínuos e implementa dos como parte das estratégias das instituições Cartilha para prevenção da automutilação e do suicídio 23 Aborde o Suicídio e a automu tilação como assuntos sérios e como problemas de saúde pú blica Pode ser útil uma abor dagem direta que enfatize as causas e as consequências do problema Evite abordagens sensacio nalistas dramáticas ou que enfatizem o impacto da morte sobre as pessoas próximas Evite normalizar simplificar ou enaltecer o comportamento mostrandoo como ato heroi co ou resolutivo Evite termos que tragam ideias de valor como cometeu sui cídio suicídio bemsucedi do suicídio malsucedido sem sucesso sem êxito suicídio incompleto tentati va falha Em vez disso refira se ao suicídio como morreu por suicídio se matou ou suicídio consumado Evite também termos generali zantes como os suicidas ao se referir às pessoas falecidas por suicídio Discuta esses temas de maneira direta e com sensibilidade de forma que ajude as pessoas a processarem os seus sentimen tos e a procurarem tratamento Auxilie o público a identificar pensamentos emoções ou comportamentos relacionados à autolesão em si mesmos ou nos outros por meio de uma abordagem responsável Incentive a população a buscar tratamento Ajude a identificar os fatores que tornam uma pessoa mais vulnerável com risco de com portamentos autolesivos e de suicídio os fatores de risco e si nais de alerta serão abordados mais adiante Tenha consideração sobre os sentimentos e as ações rela cionados ao suicídio Ofereça ajuda para que essa pessoa consiga o suporte necessário É importante oferecer uma escuta sem julgamentos ao lidar com comportamentos autolesivos É crucial auxiliar a pessoa a buscar ajuda para o problema mental apresentado 24 FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE 141 COMO FALAR SOBRE SUICÍDIO E AUTOMUTILA ÇÃO COM CRIANÇAS E ADO LESCENTES Crianças e adolescentes em ge ral apresentam dificuldades ainda maiores que os adultos na compre ensão dos próprios pensamentos e sentimentos Nesse sentido é impor tante conversar sobre essas questões de maneira direta para ajudálos a identificar as suas emoções e os sin tomas que eles possam apresentar OS QUADROS DAS PRÓ XIMAS PÁGINAS INDICAM ALGUMAS MANEIRAS DE ABORDAR O TEMA DE AU TOLESÃO COM CRIANÇAS E ADOLESCENTES POR IDADE Quadro 1 Conversando com crianças de 4 a 8 anos Fale com a criança sobre os seus sentimentos Ajudea a identificar as suas emoções e a compreender o que está sentindo e pensando Encoraje a criança a expressar os seus sentimentos seja por palavras ou por outros meios como a escrita desenhos e outros métodos que permitam a expressão das emoções de maneira saudável Ajude a criança a compreender que sentir emoções desconfortáveis como tristeza ou raiva é algo que pode acontecer de vez em quando Ajudea a identificar quando essas emoções ficam muito intensas e a procurar ajuda nesses casos Busque assegurar que a criança não tenha acesso a materiais que possa usar para se machucar Tente se conectar com a criança em diferentes atividades para demons trar que você está disponível para dar suporte quando necessário Ensine a criança a identificar adultos em que possa confiar Mostrea que caso esse adulto não consiga ajudála com o problema outro po derá ajudála Fonte Adaptado de BROTHERSON E ANDERSON 2016 Cartilha para prevenção da automutilação e do suicídio 25 Quadro 2 Conversando com crianças e adolescentes de 9 a 13 anos Fique atento aos sintomas depressivos que as crianças e os adolescen tes possam apresentar e converse com eles sobre isso Essa fase do desenvolvimento pode vir com muitos estressores Por isso atentese a isso e aborde esse tema com a criança ou com o adolescente Enfatize que alguns comportamentos de risco como uso de álcool e drogas não são boas estratégias para lidar com os estressores e com as emoções Ajude a criança ou o adolescente a reconhecer emoções pensamentos e comportamentos que podem ser alarmes para problemas de saúde mental Encoraje a criança ou o adolescente a expressar os seus sentimentos Ofereça uma escuta sem julgamentos e atenciosa aos problemas enfren tados Fique atento aos sintomas depressivos que as crianças e os adolescen tes possam apresentar e converse com eles sobre isso Fonte Adaptado de BROTHERSON E ANDERSON 2016 26 FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE Quadro 3 Conversando com adolescentes de 14 a 18 anos Reconheça os sinais de depressão em adolescentes e ajudeos a perce ber se isso está acontecendo com eles Aborde de maneira aberta o que o adolescente está sentindo e pensan do e qual o comportamento em relação a esses sentimentos e pensa mentos Ofereça apoio para que o adolescente possa se expressar livremente Evite críticas e julgamentos Tente escutar o que o adolescente tem a dizer e seja empático não ofe recendo apenas estratégias para resolver o problema Fique atento aos sinais de alerta verbais ou comportamentais de autolesão do adolescente Ofereça ajuda quando perceber essas demonstrações Providencie ajuda se o adolescente expressar pensamentos relaciona dos a suicídio Fique próximo ao adolescente e ajudeo a buscar ajuda profissional Encoraje os adolescentes a ficarem atentos aos amigos e aos colegas e a reportarem aos adultos se observarem qualquer ameaça sugestiva de suicídio Muitas vezes os adolescentes irão informar primeiro aos ami gos ou colegas sobre o que estão sentindo sendo possível auxiliar essas pessoas sobre como agir nessa situação e sobre como oferecer ajuda Fonte Adaptado de BROTHERSON E ANDERSON 2016 Cartilha para prevenção da automutilação e do suicídio 27 15 MITOS E VERDADES SOBRE O SUICÍDIO E A AUTOMUTILAÇÃO s comporta mentos au tolesivos são envoltos em estigmas e ta bus Por isso há muitas concepções erradas sobre eles Uma medida im portante de prevenção é a conscien tização de toda a sociedade ou seja é preciso educar falar sobre o assun to esclarecer esses mitos e conhecer as verdades sobre ele Na Tabela 1 você encontrará os mitos e as verdades sobre o suicídio de acordo com a OMS e com a Asso ciação Brasileira de Psiquiatria ABP Tabela 1 Mitos e verdades sobre o suicídio e sobre a automutilação Mitos Verdades Não se deve falar sobre o suicí dio pois isso poderia encorajar esse comportamento Devido ao estigma quanto ao suicídio mui tas pessoas que estão considerando o suicí dio não sabem com quem devem conversar Falar abertamente sobre o tema pode em vez de encorajar o comportamento suicida dar ao indivíduo outras opções como a bus ca pelo tratamento ou o tempo para repen sar suas decisões ajudando a prevenir o suicídio Quando uma pessoa pensa em se suicidar terá risco de suicídio para o resto da vida O aumento do risco de suicídio com fre quência acontece em curto prazo e pode ser decorrente de uma situação específica Em bora pensamentos suicidas possam retor nar eles não são permanentes e uma pes soa com pensamentos e comportamentos suicidas prévios pode viver uma vida normal Apenas pessoas com transtor nos mentais tentam suicídio ou se suicidam Nem todas as pessoas que tentam ou que se suicidam têm um transtorno mental Mui tas pessoas com transtornos mentais nunca pensarão ou terão comportamentos suici das 28 FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE Mitos Verdades As pessoas que ameaçam se matar não o farão e estão ape nas buscando atenção As pessoas que falam sobre suicídio podem estar tentando buscar ajuda ou suporte Um número significativo de pessoas que pensam sobre suicídio apresenta sintomas de ansiedade depressão e desesperança e pode realmente considerar o suicídio Alguém que tem comporta mentos suicidas está determi nado a morrer Com frequência pessoas com comporta mento suicida têm sentimentos conflitan tes sobre querer viver ou morrer tanto que buscam profissionais de saúde mas não informam o desejo de morrer O acesso ao suporte emocional na hora certa pode pre venir o suicídio A maioria dos suicídios aconte ce do nada e sem demonstra ção prévia de aviso A maioria dos suicídios é precedida por al gum sinal de alerta sejam eles verbais ou comportamentais É possível que alguns comportamentos suicidas aconteçam sem aviso mas é importante conhecer os sinais de alerta e ficar atento a eles É proibido que a mídia aborde os temas sobre suicídio e automutilação A mídia tem obrigação social de tratar dos assuntos de saúde pública É essencial abordar estes temas de forma adequada Como mencionado falar sobre o suicídio e a automutilação de maneira responsável não aumenta o risco sendo fundamental para informar a população sobre como identificar e tratar esses problemas Fonte OMS ABP 2014 Cartilha para prevenção da automutilação e do suicídio 29 16 ESTIGMA E SAÚDE MENTAL COMO SENSI BILIZAR A POPULAÇÃO E REDUZIR FALSAS CREN ÇAS estigma diante dos temas de saúde men tal é bastante comum e pode ser tão preju dicial quanto os pró prios sintomas asso ciados a transtornos mentais já que é uma grande barreira ao tratamento e à recuperação dos pacientes Evi dências sugerem que os fatores que influenciam o atraso do tratamento incluem o desconhecimento sobre aspectos das doenças mentais e a discriminação dos enfermos da SIL VA et al 2020 Algumas noções errôneas sobre esses temas incluem a crença de que pessoas com transtornos men tais graves são violentas e devem ser mantidas fora da sociedade Há a noção de que essas pessoas são irresponsáveis e rebeldes e por isso não poderiam tomar suas próprias decisões Também existe a ideia de que pessoas com problemas de saú de mental devem ser cuidadas como crianças além dos mitos que men cionamos na seção anterior RÜS CH ANGERMEYER CORRIGAN 2005 Muitas vezes as pessoas que sofrem de transtornos mentais ou outras condições associadas à saúde men tal não são vistas como responsáveis pelos próprios sintomas e esse é um dos motivos que aumenta a discrimi nação dos indivíduos Ao retratar as doenças mentais de maneira negativa ou imprecisa mostrando situações graves de for 30 FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE ma distorcida ou até cômica a mídia torna o estigma social ainda maior DA SILVA et al 2020 Além desse estigma que ocorre na população geral em um grupo de indivíduos há também o autoes tigma que é o estigma que pessoas com transtornos mentais ou compor tamentos autolesivos apresentam sobre si mesmas Segundo Rüsch et al 2005 o estigma é composto por três componentes principais os es tereótipos o preconceito e a dis criminação ESTEREÓTIPOS Os estereótipos são crenças referentes aos comportamentos que seriam comuns a um grupo social Estar consciente dos es tereótipos de grupo não signifi ca acreditar neles mas quando esses estereótipos negativos são reforçados eles formam a base para o preconceito PRECONCEITO O preconceito além de re forçar estereótipos está rela cionado às reações emocionais negativas contra o grupo em questão No estigma público frequentemente essas emoções incluem o medo ou a raiva Já no autoestigma os indivíduos podem expressar emoções de baixa autoestima e baixa auto eficácia DISCRIMINAÇÃO A discriminação por sua vez seria o comportamento pratica do a partir desse preconceito como excluir pessoas de um determinado grupo na seleção para um emprego RÜSCH AN GERMEYER CORRIGAN 2005 Nesse sentido o estigma gera efeitos comportamentais diretos sobre a saúde mental impactando os indivíduos em diversas áreas da vida Figura 3 Representação dos componentes do estigma Estereótipo Crença negativa sobre um grupo Preconceito Concordância com a crença e reações emocionais negativas Discriminação Resposta comportamental ao preconceito Cartilha para prevenção da automutilação e do suicídio 31 32 FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE Quadro de reflexão Como o estigma e os transtornos mentais impedem a busca por ajuda Apesar do número cada vez mais frequente de tratamentos baseados em evidências para transtornos mentais muitas vezes os profissionais de saúde mental percebem duas tendências de comportamento 1 muitas pessoas com transtornos mentais nunca procuram ajuda ou tratamento 2 muitos pacientes buscam intervenção mas não aderem completamente ao tratamento Existem alguns motivos que explicam esse padrão sejam eles a falta de acesso à informação ou a falta de in vestimento público nesses assuntos mas uma das características que mais parecem influenciar a busca por ajuda ou a falta dela é o estigma sobre aspectos de saúde mental O púbico em geral parece entender a presença de transtornos mentais por quatro pistas sintomas psiquiátricos deficit nas habilidades sociais aparência física e rótulos A partir dessa percepção criamse os estereótipos que podem ser seguidos por preconceito e discrimi nação CORRIGAN 2004 Os estereótipos o preconceito e a discriminação podem impedir que pessoas com transtornos mentais te nham acesso a diversas oportunidades na vida Por causa da discriminação pessoas com transtornos mentais dificilmente conseguem obter bons empregos ou uma boa moradia Esse impacto também é visto no sistema criminal e no sistema de saúde geral De fato pessoas com transtornos mentais recebem menos serviços de saúde geral em relação às demais pessoas CORRIGAN 2004 Devido ao estigma público os que padecem de doenças mentais podem criar um autoestigma e essa noção negativa sobre os transtornos mentais pode influenciar na busca por tratamento e na sua manutenção Sendo assim as estratégias que buscam minimizar o estigma podem ser de grande valia para o auxílio aos transtornos mentais e para a redução de comportamentos autolesivos Cartilha para prevenção da automutilação e do suicídio 33 161 O QUE FAZER PARA RE DUZIR O ESTIGMA Informar a população e oferecer contato com o grupo estigmatizado parecem ser ações efetivas para re duzir o estigma Nesse sentido os veículos de comunicação devem ser incluídos como aliados a fim de aju dar a modificar falsas percepções e incentivar as pessoas a procurar aju da DA SILVA et al 2020 No entan to o contato com o grupo estigma tizado parece ser mais efetivo como intervenção para adultos THORNI CROFT et al 2016 Em relação às estratégias de contato há evidência de que estratégias de contato direto e indireto parecem funcionar para reduzir o estigma As estratégias de contato direto envolvem o contato face a face de membros da comuni dade com pessoas com transtornos mentais ou comportamentos auto lesivos Já as estratégias de contato indireto podem envolver os indivíduos observam outras pessoas em contato com alguém do grupo estigmatizado os indivíduos se imaginam estan do em contato com alguém do grupo estigmatizado os indivíduos veemassistem pes soas do grupo estigmatizado em vídeos os indivíduos conversam com ou tros do grupo estigmatizado por plataformas online os indivíduos são lembrados de que um amigo de um amigo faz parte deste grupo discriminado As estratégias de contato direto e indireto parecem ter efeitos simi lares sobre a redução do estigma Estratégias de contato com bases educacionais em que os indivíduos são ensinados sobre saúde mental antes durante ou depois do contato com alguém do grupo estigmatiza 34 FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE do também parecem ter efeitos si milares sobre a redução do estigma MAUNDER WHITE 2019 Tendo como base estas pes quisas intervenções que per mitam que as pessoas tenham esclarecimentos sobre saúde mental e contato respeitoso com pessoas com transtornos mentais podem auxiliar na redu ção do estigma frente a essas con dições e consequentemente fren te ao suicídio e à automutilação A implementação destas estratégias é facilitada com este contato indi reto feito com suporte de vídeos ou outras mídias estimulando a pessoa a observar o contato en tre outro indivíduo e alguém do grupo estigmatizado Cartilha para prevenção da automutilação e do suicídio 35 2 SINAIS DE ALERTA E PREVENÇÃO 36 FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE SAIBA MAIS 21 FATORES QUE AUMENTAM O RISCO PARA A AUTOMU TILAÇÃO E PARA O SUICÍDIO ão diversos os fatores que levam um indi víduo a cogitar a au tomutilação eou o suicídio Dentre eles os três principais são tentativa prévia de suicídio transtor nos mentais e his tórico genético e familiar OMS 2014 Além destes é importante res saltar fatores epigenéticos caracte rísticas sociodemográficas caracte rísticas de personalidade ambiente familiar caótico traumas abuso se xual físico eou emocional estresse e relações interpessoais disfuncio nais Para a ocorrência de comporta mentos autodestrutivos um fator de risco isolado não tem a mesma in fluência do que fatores combinados O diagnóstico de um transtor no mental é clínico e comple xo Nenhum exame consegue fazer o diagnóstico de um transtorno mental porém às vezes algum exame pode ser necessário para descartar do enças clínicas que apresentam alterações comportamentais A SEGUIR TRAZEMOS UMA BREVE EXPLICAÇÃO SOBRE OS PRINCIPAIS FATORES DE RISCO FRANKLIN et al 2017 Quanto mais fatores de risco maior a probabilida de de a pessoa se automutilar eou fazer uma tentativa de suicídio Cartilha para prevenção da automutilação e do suicídio 37 Tentativa prévia de suicídio É considerado o principal predi tor de suicídio O primeiro ano após uma tentativa de suicídio é o período de maior risco para repetição desse comportamento Quanto mais tenta tivas e quanto menor o intervalo de tempo entre elas maior a chance de suicídio OMS 2014 Histórico genético e familiar O risco de suicídio ou de auto mutilação aumenta se o indivíduo possui membros na sua família com histórico desses comportamentos A interação de componentes genéti cos e ambientais favorece o desen volvimento desses eventos OMS 2006 STUDARTBOTTÓ 2020 Isso pode ocorrer em parte devido à he rança de traços de personalidade como a impulsividade assim como à transmissão de padrões de compor tamentos disfuncionais aprendidos na infância e na adolescência Transtornos mentais Segundo dados do Ministério da Saúde 3 da população geral sofre com transtornos mentais severos e persistentes enquanto mais de 6 da população apresenta transtornos psiquiátricos graves decorrentes do uso de álcool e outras drogas e 12 da população necessita de algum atendimento em saúde mental seja ele contínuo ou eventual BRASIL 2007 38 FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE Lembrese a identificação precoce de fatores de risco é uma importante estratégia de prevenção Cartilha para prevenção da automutilação e do suicídio 39 SAIBA MAIS A diferença entre uma emoção tí pica e uma patológica é a intensida de No diagnóstico de um transtorno mental outros critérios precisam ser avaliados como as distorções cogni tivas os comportamentos disfuncio nais a desregulação das emoções e os prejuízos para o desenvolvimen to biopsicossocial do indivíduo No caso de crianças e adolescentes o diagnóstico do transtorno mental apresenta uma maior dificuldade pois os sintomas podem ser con fundidos com características típicas dessas fases do desenvolvimento VOCÊ SABIA Dentre as pessoas que morrem por suicídio a maioria sofre de algum transtorno mental sendo às vezes não diagnos ticado não tratado adequada mente ou não tratado O risco de comportamentos autodes trutivos é maior quando há associação entre dois ou mais transtornos como no caso de uma pessoa com depressão e dependência de álcool 40 FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE Sempre que houver sinais de que algo não vai bem com crianças e adolescentes fazse importante a avaliação médica e psicológica Vários outros problemas na in fância e na adolescência po dem vir acompanhados de alteração do humor e do comportamento Portanto é preciso uma avaliação crite riosa considerando estes problemas para um diagnósti co diferencial São eles luto ou difi culdade de adapta ção transtorno opositivo desafiador transtornos por uso de substâncias hipotireoidismo anemia infecções câncer e doenças autoimunes RO CHA et al 2013 Entre os transtornos mentais as sociados ao comportamento suicida podemos citar alguns 1 transtorno depressivo 2 transtorno bipolar TB 3 transtornos relacionados ao uso de substâncias psicoativas lí citas e ilícitas 4 transtorno de an siedade 5 transtorno de deficit de atenção e hiperatividade TDAH e 6 transtorno alimentar Cartilha para prevenção da automutilação e do suicídio 41 DEPRESSÃO A adolescência é um período mar cado por grandes mudanças bioló gicas psicológicas e sociais Nesse período há um risco maior do de senvolvimento de transtornos psi quiátricos sendo comum a depres são BATTEL 2020 A depressão é um distúrbio de hu mor caracterizado por comprometi mentos cognitivos emocionais e so ciais sendo um dos mais associados ao suicídio A incidência estimada é de 05 em crianças de 3 a 5 anos 2 em crianças de 6 a 11 anos e até 12 em crianças de 12 a 17 anos MULLEN 2018 Em adolescentes a depressão é menos diagnosticada do que em adultos possivelmente devido a fatores como oscilações dos sintomas reatividade do humor e irritabilidade excessiva O que diferencia a depressão de tristeza é a intensidade a persistên cia e as mudanças nos hábitos dos acometidos pela doença QUEVEDO NARDI DA SILVA 2019 O quadro a seguir mostra os sin tomas mais comuns da depressão de acordo com a faixa etária 42 FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE Quadro 4 Idade e variação da apresentação clínica 3 a 5 anos Problemas na verbalização interesse acentuadamente diminuído em brincadeiras dificuldade em se divertir temas autodestrutivos nas brincadeiras pensamentos de incapacidade ou suicídio e queixas somáticas Os sintomas não precisam estar presentes por duas semanas 6 a 8 anos Problemas de verbalização aumento de queixas somáticas choro ou gritos irritabilidade inexplicável perda da capacidade de sentir prazer anedonia 9 a 12 anos Baixa autoestima culpa desesperança tédio manifestação da anedonia isolamento social e medo da morte 13 a 18 anos Maior irritabilidade impulsividade e mudanças de comportamento notas reduzidas e baixo desempenho escolar aumento do sono e apetite risco de suicídio semelhante aos adultos aumento da probabilidade de curso crônico de depressão associação genética mais forte Acima de 19 anos Sintomas semelhantes à apresentação nos adultos Fonte Adaptado de MULLEN 2018 Uma atenção especial deve ser dada às manifestações observáveis como alterações nos padrões de sono irritabilidade baixo desempe nho acadêmico e retraimento social ROCHA et al 2013 Atenção caso suspeite que alguém do seu convívio sofre de depressão ou de algum outro transtorno mental oriente esta pessoa a procurar um médico Cartilha para prevenção da automutilação e do suicídio 43 44 FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE TRANSTORNO BIPOLAR O transtorno bipolar TB é um transtorno que interfere no desen volvimento emocional cognitivo e social ao longo da vida Os pacientes têm um risco aumentado de abu so de substâncias álcool e outras drogas problemas legais e tentati vas de suicídio ROCHA et al 2013 A característica mais significativa é a alteração persistente e prejudicial do humor variando entre mania hipomania ou depressão Os jovens frequentemente apresentam a forma atípica da doença O humor irritável é mais frequente do que a euforia e o curso da doença tende a ser mais crônico Em jovens quando compa rados com adultos há uma instabi lidade maior mais sintomas mistos depressão e mania concomitantes e psicóticos ROCHA et al 2013 ALGUNS SINTOMAS DO TB NA ADOLESCÊNCIA Oscilações de humor repenti nas Variação de estados de depres são e euforia Episódios prolongados de raiva ou fúria Ansiedade ou preocupação ex cessivas Hiperatividade e excitabilidade Alterações no padrão de sono dificuldades para dormir e acor dar terror noturno ou desperta res recorrentes durante o sono Dificuldades de concentração planejamento tomada de deci são e memória Verborragia fala excessiva e rá pida Comportamento sexual de risco principalmente na fase de ma nia APA 2013 DOME RIHMER GON DA 2019 SINAIS DE ALERTA PARA IDEAÇÃO SUICIDA EM ADOLESCENTES COM TRANSTORNO BIPOLAR Humor deprimido Queda do rendimento escolar Isolamento social Negligência com cuidados pes soais Preocupação com temas rela cionados à morte Aumento da irritabilidade crises intensas de raiva Ato de desfazerse de pertences Uso de álcool eou outras dro gas Alterações no padrão do sono e ou apetite Uso de expressões melancóli cas e autodestrutivas como a vida não tem mais sentido e quero sumir Ausência de planos para o fu turo APA 2013 Cartilha para prevenção da automutilação e do suicídio 45 O diagnóstico como na maioria dos diagnósticos em psiquiatria é baseado em uma cuidadosa revisão dos sintomas e em várias fontes de informação O diagnóstico precoce e o tratamento adequado podem reduzir os prejuízos causados pelo transtorno TRANSTORNOS RELACIO NADOS AO USO DE SUBS TÂNCIAS O uso de álcool tem uma maior prevalência por ser uma droga lícita de fácil acesso e culturalmente acei ta Considerandose todas as faixas etárias o uso abusivo de álcool e ta baco tem consequências negativas para a saúde pública mundial BRA SIL 2003 Os adolescentes são mais vulne ráveis aos efeitos do uso de substân cias e apresentam um risco maior de envolvimento em acidentes brigas atividades sexuais de risco ou in desejadas overdose distúrbios de saúde mental e baixo rendimento escolar No usoabuso de substâncias é comum a presença de outros trans tornos mentais depressão trans torno de deficit de atençãohiperati vidade e transtorno bipolar o que pode ocasionar um atraso na realiza ção do diagnóstico diferencial Atenção o uso abusivo de álcool ou outras drogas aumenta a impulsividade e eleva o grau de letalidade das tentativas de suicí dio WIENER et al 2018 Pelo menos 20 das pessoas que tenta ram suicídio fizeram uso de álcool nas seis horas que antecederam a tentativa e 10 da amostra teve dependência de substân cias DIEHL LARANJEIRA 2009 46 FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE Cartilha para prevenção da automutilação e do suicídio 47 TRANSTORNOS DE ANSIE DADE De acordo com o Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disor ders 5ª Edição DSMV os transtor nos de ansiedade englobam trans torno de ansiedade generalizada TAG fobias transtorno de pânico TP transtorno de ansiedade de separação TAS e mutismo seleti vo APA 2013 Já o transtorno de estresse póstraumático TEPT e o transtorno obsessivo compulsivo TOC classificados anteriormente no DSMIV como transtornos de an siedade ganharam capítulos à parte no DSM5 denominados respecti vamente de Trauma e Transtornos Relacionados ao Estresse e Transtor no ObsessivoCompulsivo e Trans tornos Associados Cada um destes distúrbios tem um conjunto de sinto mas específicos O TAG é caracterizado pela pre ocupação excessiva com uma série de eventos ou atividades como o desempenho escolar ou profissional Os sintomas causam sofrimento ou comprometimento significativo em aspectos pessoais sociais e acadê micos As fobias também considera das transtornos de ansiedade envol vem medos exagerados irracionais e persistentes de um objeto ou situa ção São exemplos de fobias a arac nofobia fobia de aranha a aerofo bia fobia de avião e a claustrofobia fobia de ambientes fechados O transtorno de pânico se carac teriza por crises de ansiedade repen tinas acompanhadas de sintomas físicos como falta de ar taquicardia e outros O TAS envolve ansiedade exacerbada de ficar separado das pessoas com as quais se tem um forte vínculo Finalmente o mutis mo seletivo consiste na dificuldade de comunicação da criança em al gumas situações específicas APA 2013 Como a depressão a ansiedade é comumente expressa nos adoles centes por sintomas físicos como aceleração dos batimentos cardí acos falta de ar dores de cabeça dores de estômago náusea vômito diarreia tensão muscular e dificulda de para dormir SALUM et al 2013 Muitos adolescentes podem não re conhecer estes sintomas como sinais de um transtorno mental Os sintomas podem ser tão avas saladores que os jovens podem se sentir incapazes de lidar com a si tuação o que pode culminar em ideação suicida Portanto é neces sário escutar atentamente os jovens quando eles relatam suas crises de ansiedade encaminhandoos para os centros de atendimento psiqui átrico e psicológico Tratar os trans tornos de ansiedade é uma estraté gia importante para a prevenção ao suicídio Atenção quem trabalha com jovens deve ter cuidado para não subestimar a gravidade da ansie dade do transtorno de estresse póstraumático ou do transtorno obsessivo compulsivo estejam eles isolados ou associados com a depressão comorbidade 48 FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE Cartilha para prevenção da automutilação e do suicídio 49 TRANSTORNO DE DEFICIT DE ATENÇÃO E HIPERATIVI DADE TDAH O transtorno de deficit de atenção e hiperatividade TDAH é um dos distúrbios mais comuns da infância caracterizado por sintomas de im pulsividade desatenção eou hipe ratividade dominantes persistentes e inadequados à idade Ao contrá rio do que muitos pensam a preva lência tem se m a n t i d o e stá v e l ao lon go das três últimas décadas suge rindo que o aumento do diagnóstico na população se deve ao maior reco nhecimento clínico POLANCZYK et al 2014 Segundo o DSM5 o TDAH resul ta em comprometimento funcional incluindo baixo desempenho aca dêmico eou profissional bem como prejuízos sociais Os sintomas do TDAH vão de leves a graves sendo necessária sua manifestação antes dos 12 anos de idade em pelo me nos dois ambientes diferentes É importante ressaltar que as pessoas com TDAH apresentam prejuízos em funções executivas como no plane jamento na tomada de decisões e na organização de ideias O Quadro 5 ilustra outros sintomas característi cos do TDAH 50 FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE Quadro 5 Sintomas de TDAH Desatenção Ter dificuldade de prestar atenção a detalhes ou er rar por descuido em atividades escolares e de traba lho Ter dificuldade para manter a atenção em tarefas ou atividades lúdicas Parecer não escutar quando lhe dirigem a palavra Não seguir instruções e não terminar tarefas escola res domésticas ou deveres profissionais Ter dificuldade em organizar tarefas e atividades Evitar ou relutar em envolverse em tarefas que exi jam esforço mental prolongado Perder facilmente objetos Distrairse facilmente por estímulos alheios à tarefa Apresentar esquecimentos em atividades diárias Hiperatividade e Impulsividade Agitar as mãos ou os pés eou se remexer na cadeira frequentemente Ter dificuldade em permanecer parado eou senta do em determinadas situações por exemplo não conseguir ficar sentado durante as aulas Movimentarse em excesso subir em locais altos correndo riscos desnecessários Ter dificuldade em brincar ou em se envolver silen ciosamente em atividades de lazer Estar frequentemente muito agitado Falar em excesso Antecipar respostas antes de as perguntas serem fi nalizadas Ter dificuldade em esperar por exemplo ordem da fila sua vez de falar Fazer colocações em assuntos que não lhes dizem respeito Fonte RODHE 2010 APA 2013 com modificações Cartilha para prevenção da automutilação e do suicídio 51 O impacto deste transtorno na sociedade é significativo conside randose os prejuízos nos âmbitos pessoal familiar acadêmico e pro fissional bem como os seus efeitos negativos na autoestima de crianças e adolescentes Destacase ainda a alta prevalência de comorbidades como transtorno opositor desafia dor transtorno de conduta depres são e ansiedade MATTOS 2010 O tratamento do TDAH requer uma abordagem multidisciplinar a fim de englobar intervenções psicoterápicas e farmacológicas com a participação de múltiplos agentes sociais como pais outros familiares educadores e profissio nais de saúde além de exigir am bientes estruturados rotinas e um plano de intervenção escolar Nes se sentido a psicoeducação com o paciente e sua família é fundamen tal para o tratamento TRANSTORNOS ALIMENTA RES As principais doenças aqui agru padas são a anorexia nervosa e a bulimia nervosa Os transtornos ali mentares são muito mais comuns em mulheres do que em homens e geralmente manifestamse entre 13 e 20 anos de idade Se não tratado o distúrbio normalmente pode se tor nar mais grave atingindo o pico no início da idade adulta Os distúrbios alimentares são fortemente ligados a outros distúrbios de saúde mental como o abuso de substâncias psico ativas depressão e ansiedade A propósito a depressão é con siderada uma característica central dos transtornos alimentares atingin do de 25 a 52 das pessoas com anorexia e bulimia nervosas VERAS et al 2018 A prevalência de tentativa de sui cídio em pessoas com anorexia ner vosa é de 25 a 35 mais frequente do que naquelas com bulimia ner vosa Estimase que de 20 a 40 das mortes na anorexia nervosa ocorrem por suicídio e que os pa cientes com anorexia nervosa têm 23 vezes mais risco de suicídio com pleto do que a população em geral VERAS et al 2018 52 FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE Quadro 6 Sintomas de anorexia nervosa e bulimia ner vosa Anorexia nervosa Distorção da imagem corporal Negação da gravidade do baixo peso corporal Restrição da ingestão de alimentos levando ao bai xo peso corporal considerandose a idade o gêne ro a trajetória do desenvolvimento e a saúde física Medo intenso de ganhar peso Anorexia nervosa Episódios recorrentes de compulsão alimentar nos quais uma grande quantidade de comida é consu mida em um curto intervalo de tempo juntamente com a sensação de que não se pode parar de comer ou controlar o que ou quanto se está comendo Comportamentos inapropriados recorrentes para compensar a compulsão alimentar e evitar o ganho de peso como indução de vômitos uso indevido de laxantes e diuréticos jejum ou exercício excessivo Percepção distorcida da imagem corporal Lembrete para a identificação é necessário que a compulsão alimentar e os comportamentos compensa tórios inapropriados ocorram no mínimo uma vez por semana durante 3 meses em média Fonte APA 2013 Cartilha para prevenção da automutilação e do suicídio 53 OUTROS FATORES DE RISCO Comportamento impulsivo O comportamento suicida em ado lescentes é frequentemente associa do a comportamentos impulsivos ou agressivosimpulsivos particularmen te no contexto de depressão uso de álcool ou outras drogas ou transtorno bipolar ABP 2014 O uso de álcool ou outras drogas pode intensificar a impul sividade e aumentar o risco de suicídio Eventos precipitantes ou estres sores imediatos Como mencionado no início deste capítulo os três maiores fatores de ris co para suicídio são a tentativa prévia de suicídio os transtornos mentais e o histórico genético e familiar de comportamento suicida OMS 2014 Eles são considerados fatores predis ponentes para o suicídio ou seja estão dentro de um conjunto de fatores de risco que ocorrem ao longo da vida e que contribuem para que a pessoa de sista de viver Entretanto existem os fa tores que chamamos de precipitantes ou precipitadores para suicídio isto é a gota dágua eventos que levam o indivíduo a um nível de sofrimento per cebido como insuportável e que con tribuem como último impulso para a decisão final de tirar a própria vida Negligência rompimento de víncu los afetivos separações perda de um ente querido crise financeira bullying e cyberbullying violências física sexual eou emocional humilhação e execra ção pública por exemplo ter um vídeo íntimo divulgado por outra pessoa nas redes sociais são alguns exemplos de fatores precipitantes Os eventos estressantes também considerados como fatores precipitan tes do suicídio podem levar adolescen tes a um quadro de sofrimento e adoe cimento mental depressão ansiedade e transtorno bipolar dente outros que pode eventualmente evoluir para um comportamento suicida Entretanto é importante ressaltar que a maioria dos adolescentes mesmo diante de situa ções adversas não se suicida 54 FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE Quadro de reflexão A relação entre impulsividade e os comportamentos autolesivos A impulsividade é uma característica muito estudada e tem sido associada a diversos comportamentos de risco incluindo comportamentos autolesivos e suicidas Conforme vimos anteriormente o principal fator que leva aos comportamentos autolesivos sem intenção suicida é a tentativa de regulação emocional Notase que a presença de um estado afetivo negativo pode aumentar a chance de comportamentos impulsivos Sendo assim a impulsividade pode aumentar a vulnerabilidade de uma pessoa levandoa ao envolvimento em comportamentos disfuncionais como a autolesão para buscar um alívio da dor emocional LOCKWOOD et al 2017 As pesquisas apontam a relação entre comportamentos autolesivos e impulsividade Existem vários tipos de impulsividade e segundo estudos a impulsividade mais relacionada aos comportamentos autolesivos é a ur gência negativa ou seja quando as emoções negativas raiva tristeza ansiedade preocupação dentre outros sentimentos levam uma pessoa a agir de forma que não agiria normalmente e a ter comportamentos autolesivos LOCKWOOD et al 2017 Cartilha para prevenção da automutilação e do suicídio 55 Nesse sentido é importante avaliar a impulsividade em casos de risco de autolesão como medida preventiva para esses comportamentos A Escala Barrat Impulsiveness Scale BIS11 é um instrumento clássico de avaliação de impulsividade que mensura a impulsividade atencional a impulsividade motora e a impulsividade por falta de planejamento Já a escala de comportamento impulsivo UPPSP investiga cinco dimensões urgência negativa já explicada anteriormente falta de premeditação agir no calor do momento sem refletir sobre as consequên cias falta de persistência desistir facilmente de uma atividade que requer mais resistência busca de sensações maior predisposição a correr riscos e urgência positiva busca por comportamentos de risco para gerar emoções positivas GARCIA 2018 Nesse âmbito uma outra escala bastante utilizada no Brasil é o Questionário de Impulsividade Autoagressão e Ideação Suicida para Adolescentes QIAISA Uma das vantagens dessa escala em relação à BIS 11 e à UPPSP é que além de avaliar a impulsividade ela possibilita investigar comportamentos autolesivos ideação suicida e a correlação entre esses fenômenos facilitando o trabalho dos profissionais da saúde que atuam nessa área PEIXOTO et al 2019 Uma vez identificado o papel da impulsividade por urgência negativa nos comportamentos autolesivos inter venções voltadas para a regulação das emoções análise das consequências e posterior tomada de decisão são importantes para aqueles que apresentam ideações ou comportamentos autolesivos 56 FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE Maustratos e violência domés tica Maustratos como negligência abuso físico emocional eou sexual e violência doméstica são graves fa tores de risco para comportamentos autolesivos em adolescentes Um ambiente hostil e conflituoso contri bui significativamente para a baixa autoestima e para o sofrimento psi cológico Nesse contexto as habili dades para lidar com adversidades ficam comprometidas Uma das con sequências é a crença de que a única solução seja tirar a própria vida To davia o suporte familiar e a adesão ao tratamento quando necessário contribuem para que esses jovens encontrem razões para viver e para não desistir da vida Bullying Com maior prevalência na ado lescência o bullying é um fenôme no que envolve agressão física e ou emocional sistemática podendo acarretar prejuízos biopsicossociais ao longo da vida FERREIRA 2020 Nesse âmbito uma prática muito co mum tem sido o cyberbullying que consiste no bullying praticado nas redes sociais SAIBA MAIS O bullying é um tipo de violência física eou psicológica realizada de maneira intencional e repe tida com o objetivo de agredir intimidar isolar difamar ou dis criminar a vítima Há evidências de que pessoas que sofrem bullying têm mais chances de desenvolver depressão e comporta mentos suicidas VAN GEEL WEBBER TANILON 2014 Cartilha para prevenção da automutilação e do suicídio 57 Quadro de reflexão A relação do bullying com comportamentos autolesivos O bullying é um tema cada vez mais abordado na mídia e na literatura científica É comum que conflitos e de sentendimentos aconteçam quando nos engajamos em relações sociais assim como podem acontecer algumas provocações em ocasiões específicas sem intenção de causar sofrimento ou danos interpessoais Embora essas situações possam causar desconforto elas também oferecem contextos para que as crianças e os adolescentes criem estratégias para lidar com conflitos de maneira assertiva e aprendam a resolver os problemas e as suas emoções O bullying se diferencia dessas situações por ser um tipo de violência física ou psicológica perpetrada de ma neira intencional e sistemática repetida com o objetivo de agredir intimidar isolar difamar ou discriminar a vítima Vítimas de bullying sofrem grave angústia emocional associada à violência psicológica ou física às quais estão sendo submetidas além de marginalização social e redução do status diante de colegas e amigos Nesse sentido a presença de transtornos mentais internalizantes como depressão e ansiedade é mais fre quente em vítimas de bullying KARANIKOLA et al 2018 Devido a essa relação é mais comum que jovens que sofrem bullying apresentem comportamentos autolesivos e suicidas É importante saber identificar casos de bullying e estar atento para intervir de maneira incisiva na situação O quadro abaixo traz algumas características de jovens que sofrem e praticam bullying 58 FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE Sinais de que a criança está sofrendo bullying Sinais de que a criança pratica bullying Passa a evitar a escola Chora excessivamente Reclama de dores de cabeça ou de barriga Passa a apresentar dificuldades de sono Apresenta queda no desempenho escolar ou perda do interesse na escola Passa a se isolar dos colegas e a interagir menos com os amigos Apresenta ferimentos e hematomas ou tem o seu material escolar destruído Separa facas ou outros objetos para tentar se defender Expressa sentimentos de desesperança e tristeza Inicia brigas físicas ou verbais com frequência É agressiva em diversos contextos Culpa os outros pelas próprias ações Tem dificuldades em controlar as emoções em es pecial a raiva Não se responsabiliza pelos seus erros Comanda ações de exclusão de outros colegas Preocupase com a sua posição de popularidade Cartilha para prevenção da automutilação e do suicídio 59 Atenção uma mesma pessoa pode ser o alvo dessas práticas e praticar bullying com outras pessoas Ao presenciar uma situação de bullying qualquer adulto deve intervir no mesmo momento para evitar que a situação prossiga Nesse sentido o adulto deve 1 Parar o comportamento de bullying 2 Explicar que aquela situação se configura como bullying 3 Caso o bullying esteja relacionado a um membro da equipe escolar definir com o agressor quais são as po líticas da escola em relação ao bullying 4 Falar com o agressor e com a vítima separadamente 5 Notificar o caso aos supervisores coordenadores ou diretor da escola Vale notar que o bullying configura situação de agressão e vitimização ou seja não é um conflito em que as duas partes têm igual responsabilidade Desse modo estratégias de mediação de conflitos no momento da agres são como estabelecer um diálogo entre os dois alunos não costuma funcionar e pode gerar impactos negativos sobre a vítima SWEARER ESPELAGE NAPOLITANO 2009 60 FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE Acesso a meios letais O acesso aos meios letais aumen ta significativamente o risco de suicí dio inclusive entre os adolescentes Particularmente o acesso aos meios letais para pessoas com transtornos mentais é algo ainda mais arriscado FIQUE ATENTO AOS SINAIS DE COMPORTAMENTO SUI CIDA DURANTE AS CONSUL TAS MÉDICAS De acordo com Corrêa e Barrero 2006 aproximadamente 60 das pessoas que tiraram a própria vida estiveram em uma consulta médica nos dias ou nas semanas anteriores ao suicídio na qual expressaram o desejo de morrer Diante disso os mé dicos e demais profissionais de saúde precisam ficar atentos aos fatores de risco e de proteção além de trabalha rem com o indivíduo e sua família a psicoeducação uma vez que esta é uma ferramenta efetiva na prevenção da violência autoprovocada Atenção o armazenamento seguro de produtos que po dem servir de meios letais é importante especialmente em tempos de maior estres se ou na presença de trans tornos mentais Cartilha para prevenção da automutilação e do suicídio 61 62 FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE A seguir trazemos um breve resu mo dos fatores de risco Quadro 7 Alguns fatores de risco para automutilação e suicídio Alguns fatores de risco para automutilação e suicídio Fatores de risco individuais Fatores de risco sociais Fatores de risco ambientais História prévia de tentativa de suicídio Desesperança Abuso de álcool e drogas Histórico de transtornos mentais Deficit cognitivos Comportamentos impulsivos Não adesão ao tratamento História familiar de suicídio Desemprego Bullying História de abuso sexual eou emocional Situação atual ou prévia de violência Baixo nível socioeconômico Acesso aos meios letais Mídias Dificuldades de acesso a trata mento de saúde mental Cartilha para prevenção da automutilação e do suicídio 63 A RELAÇÃO ENTRE ASIS E SUICÍDIO A autolesão sem intenção suicida ASIS é um importante fator de risco para o suicídio É importante avaliar a relação entre ambos ASIS e suicídio considerandose os aspectos clíni cos e de saúde pública GUAN FOX PRINSTEIN 2012 MUEHLENKAMP BRAUSCH WASHBURN 2017 Existem algumas diferenças en tre ASIS e tentativas de suicídio TS Dentre elas destacamse KLONSKY et al 2011 Intencionalidade na ASIS a in tenção principal é o alívio da dor emocional enquanto nas TS a in tenção é causar a própria morte Dano médico é maior nas TS do que em episódios de ASIS Frequência é maior em episó dios de ASIS do que nas TS Letalidade é maior nas TS do que na ASIS Apesar das diferenças ASIS e suicídio também apresentam ca racterísticas semelhantes Notase que eles convergem em pelo menos dois pontos 1 a experiência de so frimento emocional e 2 a experiên cia de infligir dor e lesão a si mesmo GUERREIRO SAMPAIO 2013 Além disso há fatores de risco convergentes entre comportamento suicida e ASIS como pode ser visto no Quadro 8 MARS et al 2014 64 FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE Quadro 8 Fatores de risco convergentes e divergentes entre comportamentos autolesivos com e sem intenção suicida Fonte Adaptado de MARS et al 2014 Fatores de risco convergentes e divergentes entre comportamentos Fatores de risco compartilhados Fatores de risco igualmente associados com comportamentos autolesivos com e sem intenção suicida Fatores de risco mais fortemente associados aos comportamen tos de autolesão com intenção suicida Fatores de risco mais fortemente associados aos comportamentos de autolesão sem intenção suicida ASIS Sexo feminino Abuso sexual na infância Busca frequente de atividades intensas Abuso de álcool Uso de maconha Sofrer bullying Insatisfação com o corpo Depressão Ansiedade Fumo Comportamento autolesivo da mãe Autolesão em amigos Escores elevados de busca por no vidades Fatores de risco específicos Autolesão com intenção suicida apenas Autolesão sem intenção suicida apenas Menor renda Menor classe socioeconômica Crueldade com crianças no lar Tentativa de suicídio parental Comportamento autolesivo do pai Fatores de risco que diferem na direção da associação entre automutilação com e sem intenção suicida Escores de Coeficiente de Inteligência QI maior fator de risco para ASIS QI mais baixo fator de risco para tentativa de suicídio Educação materna maior educação materna fator de risco para ASIS menor educação materna fator de risco para tentativa de suicídio Cartilha para prevenção da automutilação e do suicídio 65 22 ASPECTOS QUE REDUZEM O RISCO OS FATORES DE PRO TEÇÃO s fatores de prote ção são importantes para a prevenção de transtornos men tais de comporta mentos autolesivos e do suicídio Eles podem ser de ordem intrapessoal ou interpessoal A Figura 4 mostra um esquema sobre os fatores protetores para comportamentos suicidas Figura 4 Fatores de proteção ao suicídio Fatores de proteção sociais Redução da pobreza Acesso a serviços de saúde mental Fatores de proteção individuais Habilidades de resolução de problemas Habilidades para regular comportamentos pensamentos e emoções Eficácia no uso de estratégias de enfrentamento Elevada autoeficácia Exercício físico Esperança Identificação de razões para viver Fatores de proteção psicossociais Suporte familiar e social Participação dos pais na vida dos filhos Pais com efetivas estratégias de enfrentamento Ambiente escolar que ofereça acolhimento e apoio para indivíduos em estado de vulnerabilidade com transtornos mentais eou com comportamentos autolesivos Razões para viver Autoestima elevada Tratamento médico Desenvolvimento de relações interpessoais positivas Espiritualidade Boas práticas em busca de qualidade de vida Fonte Adaptado de McLEAN et al 2008 66 FUNDAÇÃO DEMOCRÍTICO ROCHA UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE Cartilha para prevenção da automutilação e do suicídio 67 Quadro de reflexão O papel da internet nos comportamentos de autolesão O uso da internet é cada vez mais comum no dia a dia das pessoas podendo influenciar positivamente ou nega tivamente pensamentos e comportamentos Nesse sentido a internet pode ser um fator de risco ou de proteção para a violência autoprovocada Segundo Marchant et al 2018 os efeitos negativos do uso da internet estão associados principalmente ao tempo de utilização e à busca de sites sobre automutilação e suicídio A visualiza ção constante destes conteúdos parece normalizar tais comportamentos representando um fator de risco para automutilação e suicídio Outro fator de risco é o cyberbullying bullying por meio das redes sociais que tem se tornado cada vez mais comum Contudo é importante ressaltar que esse risco é maior em indivíduos em estado de vulnerabilidade psíquica Por outro lado a internet pode ser uma fonte de auxílio na integração social e na implementação de estratégias preventivas Pode facilitar a busca por ajuda e disseminar informações com o objetivo de conscientizar os indiví duos sobre os fatores de risco e de proteção bem como sobre a importância de se procurar auxílio profissional quando necessário A grande questão a ser considerada é a forma como essas informações são divulgadas de modo a evitar o incentivo a comportamentos autolesivos LUXTON JUNE FAIRALL 2012 Fonte Adaptado de McLEAN et al 2008 68 FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE 23 COMO IDENTI FICAR SE UM JO VEM ESTÁ EM RISCO E PRECISA DE AJUDA onhecer os fatores de risco e prote ção pode auxiliar a identificar se um jovem precisa de ajuda É também importante saber reconhecer mudanças que indicam um comportamento de risco Alguns adolescentes procuram disfarçar os seus sentimentos e suas emoções quando estão pas sando por alguma situação difícil e estressante Em alguns casos eles não querem causar mais proble mas aos seus familiares ou amigos e preferem lidar com a situação so zinhos Em outros sentem vergonha de expor a sua intimidade e acabam se isolando A consequência disso é que com o tempo a situação pode se tornar intolerável levandoos a um estado de sofrimento progressi vo À medida que esse sofrimento aumenta cresce também o risco de desenvolver um comporta mento autolesivo Listamos a seguir alguns sinais que podem identificar comporta mentos autolesivos com ou sem in tenção suicida em adolescentes Embora os alertas citados sejam de grande relevância para identificar e prevenir os atos de violência au toprovocada a melhor forma de des cobrir se o adolescente pensa em se machucar ou pretende tirar a própria vida é perguntando isso diretamente a ele Cartilha para prevenção da automutilação e do suicídio 69 Quadro 9 Lista de sinais de alerta de violência autoprovocada Ansiedade eou tristeza intensas Apatia em relação às pessoas indiferença Isolamento social Dificuldades nas relações interpessoais Mudanças no comportamento Frases de alerta como Preferia estar morto Não aguento mais Sou um peso na vida dos outros Os outros serão mais felizes sem mim A minha vida não tem mais sentido Só sinto um grande vazio Eu queria dormir para sempre Perdas recentes morte de um ente querido perdas de oportunidade ou de autoestima Perda do interesse por atividades que antes praticava e das quais gostava Roupas de frio usadas em período de calor Irritação e agressividade sem motivos aparentes Tédio frequente Achar que é um problema para todos ao redor Cicatrizes cortes arranhões e hematomas Achar que se morrer ninguém vai sentir sua falta ou notar alguma diferença 70 FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE Achar que ninguém pode ajudar com o seu problema Achar que os seus problemas não têm solução Alteração do peso ganho ou perda Alteração do padrão de sono dormir muito ou pouco ter dificuldade para iniciar o sono acordar várias vezes durante a noiteou ter sono agitado Queda no rendimento escolar Demonstrar desesperança com o futuro Comportamentos de risco uso de álcool e drogas Postagens de despedida em redes sociais bilhetes ou carta de despedida Lembrese é importante falar sobre suicídio ou automutilação de forma adequada Cartilha para prevenção da automutilação e do suicídio 71 72 FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE 24 COMO PREVENIR COMPORTAMENTOS DE RISCO iante de comporta mentos de risco para a automutilação e para o suicídio fazse ne cessário o desenvol vimento de estraté gias de intervenções e de prevenção para reduzir a frequência desses compor tamentos Terzian Andrews e Moore 2011 apontam sete estratégias para a prevenção de comportamentos de risco em adolescentes 1 APOIO E FORTALECIMEN TO DAS RELAÇÕES FAMILIA RES Fornecer dicas aos pais eou res ponsáveis sobre como lidar com o estresse Ensinar a respeitar e a valo rizar seus filhos utilizando uma co municação clara e acolhedora sem pre reforçando os comportamentos positivos dos seus filhos Cartilha para prevenção da automutilação e do suicídio 73 2 FORTALECER O VÍNCULO ENTRE ESTUDANTES E ES COLAS Crianças e jovens que se sentem vinculados às suas escolas são me nos vulneráveis a praticar eou sofrer bullying e envolverse em compor tamentos de risco como abuso de substâncias psicoativas sexo preco ce e sem proteção automutilação e violência Programas que focam em per mitir a participação dos alunos nas tomadas de decisão e na interação com as normas e com os valores da escola também podem aumentar a conexão do aluno com a sua escola Além disso capacitar professores a fim de que estes identifiquem alunos que precisam de ajuda e ofereçam tal auxílio também pode ser uma es tratégia útil a ser tomada 3 TORNAR AS COMUNIDA DES SEGURAS E ACOLHEDO RAS PARA CRIANÇAS E JO VENS Crianças e jovens que vivem em comunidades seguras e acolhedoras têm menos probabilidade de usar drogas apresentar comportamento agressivo cometer crimes e abando nar os estudos Nesse sentido é fun damental a implementação de pro gramas voltados para a integração da comunidade para a diminuição da violência para a valorização do respeito mútuo e para o desenvolvi mento de atividades sociais 4 PROMOVER O ENVOLVI MENTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE EM PROGRA MAS EXTRACURRICULARES DE ALTA QUALIDADE O pertencimento a grupos com hábitos saudáveis a prática de ati vidades físicas o envolvimento em trabalhos voluntários e o contato direto com a natureza são fatores de proteção para psicopatologias e comportamentos de risco Portanto é importante criar um cenário que facilite o engajamento de crianças e jovens em atividades extracurricula res voltadas para o bemestar 74 FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE 5 PROMOVER O DESENVOL VIMENTO DE RELAÇÕES SÓ LIDAS COM OS CUIDADORES Promover relações positivas e du radouras da criança e do adolescen te com os seus cuidadores ou outros adultos contribui para a redução de comportamentos de risco Nesse sentido programas e atividades de senvolvidas no ambiente familiar e escolar são relevantes para o desen volvimento saudável de crianças e adolescentes 6 OFERECER OPORTUNIDA DES PARA QUE CRIANÇAS E ADOLESCENTES DESENVOL VAM COMPETÊNCIAS SOCIAIS E EMOCIONAIS Habilidades para resolução de problemas lidar com perdas res peito ao próximo comunicação efe tiva interação social regulação das emoções e aumento da resiliência facilitam o enfrentamento de situa ções adversas e consequentemente contribuem para a redução dos com portamentos de risco entre crianças e adolescentes 7 PROPORCIONAR ÀS CRIAN ÇAS E AOS ADOLESCENTES UMA EDUCAÇÃO DE ALTA QUALIDADE DESDE A PRIMEI RA INFÂNCIA O suporte social e os cuidados na primeira infância são fundamen tais para o desenvolvimento e o bemestar do indivíduo reduzindo as chances do desenvolvimento de psicopatologias e de dificuldades de aprendizagem ao longo da vida Nes se contexto é importante voltar o olhar para a promoção de uma edu cação de qualidade com ênfase não apenas na cognição mas no desen volvimento de habilidades socioe mocionais Quanto mais precoce for essa educação menores as chances de comportamentos de risco nesses indivíduos Cartilha para prevenção da automutilação e do suicídio 75 25 COMO AUMEN TAR OS FATORES DE PROTEÇÃO lém de re duzir com portamentos de risco é importante a u m e n t a r dos fatores de proteção Tais fatores abrangem diferentes di mensões individual psicossocial e societária No plano individual des tacase a estratégia de regulação emocional que deve ser ensinada a crianças e adolescentes conforme apontam Werner e Gross 2010 O Quadro 10 fornece algumas dicas de como propiciar o desenvolvimento da regulação emocional em crianças e adolescentes 76 FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE Quadro 10 Estratégias de regulação emocional Auxilie a criança ou o adolescente a identificar e nomear suas emoções Ajude a criança ou o adolescente a identificar os fatores que levaram à manifestação de suas emoções antece dentes e ao seu comportamento diante delas Uma vez identificadas as contingências em que a emoção apare ce ficará mais fácil para o indivíduo lidar com as emoções e modificar os seus comportamentos disfuncionais Estratégias de seleção e modificação de comportamentos são ferramentas para lidar com situações estressoras Exemplo se o jovem identifica que um determinado grupo o trata com indiferença e hostilidade ele pode pro curar outro grupo no qual ele seja valorizado e reconhecido Estratégias de modificação de atenção visam direcionar a atenção para os outros aspectos de uma dada si tuação buscando o lado positivo e as possíveis soluções Exemplo um jovem não foi selecionado para um emprego Ele pode ficar se lamentando com raiva ou se acalmar e refletir sobre o que ele pode tirar de apren dizagem como a necessidade de investir mais em sua formação ou procurar empregos mais condizentes com suas habilidades Estratégias de modificação cognitiva consistem em entender que a forma como interpretamos uma situação pode estar errada e que podemos percebêla de outro modo Muitas vezes um indivíduo tem interpretações errôneas sobre si sobre os outros e sobre os acontecimentos Denominamos isso de distorções cognitivas que afetam as nossas emoções e nosso comportamentos ocasionando o sofrimento Portanto é preciso compreen der estes pensamentos distorcidos estas crenças limitantes e alterar a percepção Tentar interpretar a situação de uma maneira diferente sem julgamentos eou autocobranças Exemplo um jovem não tirou 10 na prova Ele pode perceber isso como o fim de sua carreira acadêmica Tratase de uma distorção cognitiva Entender que ele está maximizando a situação pode levar à redução do sofrimento Estratégias para lidar com as emoções consistem no desenvolvimento do autoconhecimento do autocontrole da empatia e da resiliência para lidar com as emoções Neste caso podese ajudar os jovens a perceberem suas emoções sem que sejam dominados por elas Uma das estratégias usadas envolve não agir de acordo com a emoção mas tentar ter uma ação oposta a esta Exemplo ter uma ação amável quando se está com raiva Além disso é importante promover a conscientização de que de é normal ter emoções desconfortáveis Cartilha para prevenção da automutilação e do suicídio 77 26 COMO REALIZAR E MELHORAR O RE GISTRO DE CASOS Lei 13819 de 26 de abril de 2019 instituiu a Políti ca Nacional de Prevenção da Automutilação e do Suicídio a ser implementa da pela União em cooperação com os estados Distrito Federal e muni cípios Em 2020 foi publicado o De creto 10225 que regulamenta a Lei 138192019 criando o Comitê Ges tor da Política Nacional de Preven ção da Automutilação e do Suicídio É importante ressaltar que um passo importante para a interven ção e prevenção da automutilação e do suicídio consiste na notificação destes casos A violência doméstica sexual e outras violências constam na Lista Nacional de Notificação Compulsória de doenças agravos e 78 FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE eventos de saúde pública Uma vez identificado o comportamento de autolesão devese preencher a Fi cha de Notificação de Violência In terpessoalAutoprovocada que deve ser encaminhada para o Núcleo de Vigilância Epidemiológica de acordo com as operações definidas em cada Secretaria Municipal de Saúde No caso de tentativa de suicídio a notificação deve ser feita de forma imediata dentro de 24 horas Ime diatamente após o conhecimento da tentativa de suicídio o caso deve ser notificado pelo meio mais rápido disponível garantindo a assistên cia pela rede de atenção à saúde A comunicação pode ser feita via tele fone ou email com envio posterior da ficha de notificação No caso de crianças e adolescentes as autorida des competentes como o Ministério Público ou o Conselho Tutelar de vem ser comunicadas também A notificação adequada tem como objetivo auxiliar as autoridades no co nhecimento sobre os casos de auto mutilação e suicídio e ajudar a traçar políticas públicas para a prevenção desses comportamentos Por isso deve ser realizada de acordo com os passos mencionados No final desta cartilha você en contra a imagem da ficha de notifica ção e um QR Code para acessála na integra Muitas vezes a pessoa que apre senta comportamentos autolesivos eou seus familiares se sentem pou co à vontade para registrar a ocorrên cia da autoagressão Nesse sentido trabalhos que ajudem a reduzir o estigma como já exposto na seção 16 podem ser úteis para melhorar o registro de casos O profissional de saúde na atenção primária que aten der a tais casos também deve ofe recer uma escuta sem julgamentos para facilitar o diálogo com o jovem Cartilha para prevenção da automutilação e do suicídio 79 3 INTERVENÇÃO 80 FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE Cartilha para prevenção da automutilação e do suicídio 81 A conversa responsável sobre o assunto com a pessoa em estado de vulnerabilidade não aumenta o pe rigo da prática de comportamentos autodestrutivos Pelo contrário isso reduz a possibilidade de ocorrência desses comportamentos Então a pergunta é como abor dar o adolescente para identificar ou confirmar os sinais indicadores de um comportamento autolesivo Conheça os três tipos de habili dades fundamentais para lidar com essa situação Saber como perguntar Saber o que perguntar Saber em qual momento perguntar COMO PERGUNTAR A maneira de perguntar ao ado lescente é fundamental Isso porque se as perguntas não forem realizadas de forma adequada e responsável a conversa pode piorar a situação na qual ele se encontra No entanto não há uma fórmu la mágica O recomendado é que a abordagem seja a mais cautelosa e acolhedora possível de modo a não alterar o estado emocional já fragili zado da pessoa Desse modo são recomendadas perguntas mais leves no início sem abordar o problema diretamente a fim de se chegar até o assunto gra dativamente No decorrer das per guntas esteja atento e demonstre interesse e preocupação com o pro blema ou com a situação que está in comodando o jovem Procure se co locar no lugar dele e especialmente oferecer apoio Evite fazer julgamen tos ou tirar conclusões precipitadas dos relatos Algumas dessas perguntas estão na página seguinte Perguntas indiretas Você está triste Há algo que está preocupando você Você se sente sozinho Você acha que alguém se preocupa com você Se a morte viesse ela seria bemvinda Perguntas diretas Você já se automutilou ou atualmente se mutila Você já pensou ou tem pensado em morrer Você já pensou ou tem pensado em acabar com sua vida O QUE PERGUNTAR Depois que a pessoa já estiver no assunto seja objetivo e claro para que não reste nenhuma dúvida acerca do risco de suicídio e da automutilação Aqui podemos destacar as seguintes perguntas Há algo incomodando ou tirando o seu sono atualmente Você já se agrediu intencionalmente Atualmente você se agride intencionalmente Você já pensou tirar a própria vida Você já tentou tirar a própria vida Você planeja tirar a própria vida Planejou uma data para isso Você tem meios para tirar a própria vida Atenção é extremamente importante que o ava liador nunca mencione qualquer método de sui cídio para a pessoa 84 FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE EM QUE MOMENTO PERGUNTAR Qual é o momento certo para fazer tais perguntas Saber escolher o momento propício para abordar o adolescente é essencial para evitar que o estado emocional dele piore e gência para tratamento especializado 86 FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE 31 COMO RESPON DER A UMA POSSÍVEL SITUAÇÃO DE RISCO ma vez identi ficada uma si tuação de risco para suicídio é importante analisar o nível de gravidade do risco de suicídio baixo médio ou alto e depois agir de acordo com o risco O Quadro 11 apresenta uma lista para avaliação do risco de suicídio e o que fazer em cada caso de acordo com a Asso ciação Brasileira de Psiquia tria 2014 Cartilha para prevenção da automutilação e do suicídio 87 Quadro 11 Avaliação da gravidade do risco e manejo Risco Baixo Risco Médio Risco Alto Caracterização A pessoa teve alguns pensa mentos suicidas mas não fez nenhum plano A pessoa tem pensamentos e planos mas não pretende se suicidar imediata mente A pessoa tem um plano definido tem os meios para executálo e planeja fazêlo prontamente Tentou suicídio recentemente Tentou suicídio várias vezes em um curto intervalo de tempo Manejo Promover escuta acolhedora para compreensão e ameniza ção do sofrimento Facilitar a vinculação da pes soa ao cuidador que esteja ao seu redor Indicar para tratamento de possível transtorno mental Tomar cuidado com possíveis meios letais que possam estar presentes no local Promover escuta terapêutica que pos sibilite a pessoa expressar os seus sen timentos e contextualizar a situação de crise Investir nos possíveis fatores protetivos Investir na família e nos amigos como parceiros no acompanhamento da pes soa sob risco Estar junto da pessoa e não dei xála sozinha Tomar cuidado com possíveis meios que possam ser usados no suicídio e que possam estar no local Informar a família e investir no acompanhamento da pessoa 88 FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE Risco Baixo Risco Médio Risco Alto Encaminhamento Encaminhar para profissional especializado em saúde men tal caso não haja melhora Esclarecer ao paciente o moti vo do encaminhamento Certificarse do atendimento e buscar agilizálo ao máximo Encaminhar para serviço de psiquiatria para avaliação e acompanhamento do caso Encaminhar para o serviço de psicolo gia para o acompanhamento psicotera pêutico Esclarecer os motivos do encaminha mento Encaminhar para serviço de psi quitaria para avaliação conduta e se necessário internação Caso isso não seja possível considerar o caso como emergência e entrar em contato com um profissional de saúde mental ou do serviço de emergência mais próximo Providenciar uma ambulância e encaminhar a pessoa ao pron tosocorro psiquiátrico de pre ferência Encaminhar para o serviço de psicologia para o acompanha mento psicoterapêutico Fonte Adaptado de ABP 2014 Cartilha para prevenção da automutilação e do suicídio 89 311 COMO O PROFISSIONAL DA EDUCAÇÃO E DA SAÚDE PODEM ATUAR NO CUIDADO COM CRIANÇAS E ADOLES CENTES Os profissionais da educação e da saúde têm um protagonismo na pre venção ao suicídio uma vez que a escola é o ambiente que mais reúne jovens e também porque a maioria No caso específico de crianças é preciso ter clareza de que ela deve compreender o que é a morte Essa compre ensão costuma acontecer entre 7 e 9 anos de idade Não duvidar desqualificar ou minimizar o relato de desejo de morte Acolher a pessoa e sua família sem julgamentos e considerar o ato como um sinal de alerta especialmente para evitar um novo episódio suicida Ter escuta cuidadosa respeitosa e séria procurando sempre entender melhor o que ocorreu e como a pessoa se sente Evitar apontar culpados ou causas Em casos suspeitos ou confirmados de violência autoprovocada realizar a notificação compulsória às autorida des sanitárias Orientar sobre a vigilância diante dos meios que podem ser utilizados em uma tentativa de suicídio Impedir o rápido acesso a esses meios é uma das grandes medidas de prevenção Oferecer ajuda para iniciar um acompanhamento psicológico eou psiquiátrico e fazer o encaminhamento das pessoas que tentou suicídio ou que se suicidou procurou ajuda nos serviços de saúde antes de realizar tal ato Isso demonstra a necessida de de capacitar esses profissionais para lidar com situações de risco imi nente de suicídio 90 FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE Avaliar a necessidade de outros encaminhamentos como os da rede de proteção social quando há suspeita de motivação intrafamiliar ou de violação de direitos Em relação à autolesão é fundamental o questionamento ativo e cuidadoso das causas dessa manifestação do que se pretendia e do que de fato se conseguiu Dessa forma sem julgamentos há mais chance de se estabele cer uma conexão verdadeira e potente para redução de sofrimento emocional e dos riscos decorrentes Em caso de perigo imediato de comportamento de automutilação eou comportamento suicida acionar o Ser viço de Atendimento Móvel de Urgência SAMU pelo número 192 e orientar o familiar a levar a criança ou o adolescente para um atendimento de emergência em Unidade de Pronto Atendimento UPA prontosocorro ou hospital NUNCA deixe a pessoa sozinha e garanta que a pessoa receberá o atendimento em caráter de emergência Além das sugestões citadas os profissionais de saúde devem estar atentos às orientações descritas na Lei nº 138192019 que institui a Política Nacional de Prevenção da Automutilação e do Suicídio do Governo Federal Fonte Modificado de GREFF et al 2020 Cartilha para prevenção da automutilação e do suicídio 91 Outra importante ferramenta para ajudar a população é o Centro de Referência da Assistência Social CRAS O CRAS é a porta de entrada para que o cidadão acesse a proteção social básica O acesso dos indiví duos e das famílias pode ocorrer por meio de demanda espontânea bus car o atendimento por conta própria ou por encaminhamento de outras políticas públicas Toda a popula ção em situação de vulnerabilidade e risco social recebe atendimento no Serviço de Proteção e Atendimento Integral à Família PAIF por meio do qual se pode também acessar outros serviços benefícios programas e projetos socioassistenciais Outra ferramenta é o portal Ma pas Estratégicos para Políticas de Cidadania MOPS A platafor ma tem acesso livre e reúne infor mações sobre a disponibilidade de serviços equipamentos públicos e programas sociais identificados em municípios microrregiões e estados no País A ferramenta auxilia gestores e técnicos a orientar a população de baixa renda e a atender demandas por serviços públicos e por acesso a direitos Para isto é utilizada uma tecnologia de georreferenciamento dos equipamentos públicos aliada ao georreferenciamento do público do Cadastro Único para Programas Sociais ACESSE Com o MOPS é possível visualizar a localização e o contato dos equipamentos da assistência social Con fira no QR Code 92 FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE 312 O QUE FAZER E O QUE NÃO FAZER EM CASOS DE RISCO DE AUTOMUTILAÇÃO EOU SUICÍDIO Ao lidar com pessoas que apre sentam comportamentos autolesi vos é importante ter cuidado com a sua abordagem A Tabela 2 mostra o que fazer e o que não fazer em casos de risco de autolesão Cartilha para prevenção da automutilação e do suicídio 93 Tabela 2 O que fazer e o que não fazer em caso de risco de autolesão e suicídio NÃO FAÇA FAÇA NÃO ignore os sinais de alerta e não seja indiferente à situação Esteja atento aos sinais de alerta e responda imediata mente quando houver risco NÃO se recuse a falar sobre o assunto Permita que a pessoa se expresse da forma que achar melhor NÃO tente minimizar os problemas nem faça a pessoa se sentir envergonhada por ter pensamentos de auto lesão Aborde a situação com seriedade NÃO fale sobre o valor da vida NÃO tente convencer a pessoa de que ela está errada Ofereça uma escuta compreensiva e sem julgamentos NÃO prometa segredo Informe que a pessoa deve buscar ajuda e que você a auxiliará nesse processo NÃO desafie a pessoa a tentar suicídio Não diga coisas do tipo Duvido que você faria isso Leve a sério a queixa apresentada NÃO aja como se estivesse chocado ou indignado Demonstrese preocupado mas controle as suas rea ções NÃO tente resolver o problema sozinho Procure ajuda profissional e converse com a pessoa sob risco sobre esse encaminhamento NÃO deixe possíveis meios de autolesão presentes no ambiente Remova o acesso a meios de autolesão ou suicídio 94 FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE 4 O QUE FAZER CASO OCORRA O SUICÍDIO Cartilha para prevenção da automutilação e do suicídio 95 41 POSVENÇÃO COMO AJUDAR A PESSOA QUE PERDEU ALGUÉM POR SUICÍDIO lém de estar mos cientes do trabalho p r e v e n t i v o para evitar o suicídio é im portante que também ofe reçamos ajuda àqueles que perderam alguém por suicídio Nos estudos estas pessoas são chamadas de sobreviventes ou enlutados pelo suicídio SAIBA MAIS A posvenção pode ser de finida como as atividades de senvolvidas com ou para pes soas enlutadas pelo suicídio de modo a facilitar a elaboração do luto e prevenir desfechos adversos incluindo comporta mentos suicidas ANDRIESSEN 2009 96 FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE portante ajudar a restaurar o equi líbrio e o funcionamento dentro do local ao qual a pessoa perten cia incluindo a escola a comuni dade ou a organização da qual a pessoa fazia parte Algumas orientações gerais sobre como implementar serviços de pos venção são BERKOWITZ MCCAULEY MIRICK 2015 Evitar a simplificação das causas de morte Enfatize que o suicídio não é o resultado de um fator ou evento único na vida da pessoa mas um desfecho complexo e multideterminado Também evite apresentar as causas como inex plicáveis ou inevitáveis Enfatize que há alternativas de tratamento para os problemas apresentados e evidencie recursos disponíveis para se conseguir ajuda Enfatize a correlação entre trans tornos mentais e o suicídio escla recendo que existem tratamentos disponíveis para esses quadros Reduzir o estigma dos transtornos mentais aumenta a probabilidade de se buscar ajuda principalmen te se os passos para conseguir essa ajuda forem explicitados Evite romantizar ou glamorizar o suicídio ou alguém que morreu por suicídio Do mesmo modo não trate a pessoa como egoísta ou digna de desprezo Em vez dis so enfatize que quase sempre o suicídio está relacionado a um transtorno mental e ao prejuízo no julgamento que acompanha esse transtorno Evite falar sobre o método utiliza do para o suicídio e sobre o local Enfatize a importância de esfor ços contínuos de prevenção do suicídio como a acessibilidade ao tratamento psiquiátrico e psicoló gico a um ambiente familiar aco lhedor dentre outros O serviço de posvenção tem como objetivos BERKOWITZ MC CAULEY MIRICK 2015 Em nível individual e de grupo promover o processo de luto nor mal e permitir que os sobreviven tes se lembrem com carinho da pessoa que morreu Reduzir o risco de comportamen tos negativos nos enlutados e minimizar desfechos pessoais ad versos depressão estresse pós traumático luto complicado Limitar o risco de outras ocorrên cias de suicídio por contágio e identificação Identificar aquelas pessoas que provavelmente mais precisarão de suporte incluindose pessoas próximas da vítima que apresen tem algum transtorno mental ou que se identifiquem com a vítima de alguma forma Em um nível organizacional é im Cartilha para prevenção da automutilação e do suicídio 97 As intervenções de posvenção com maior evidência de eficácia abrangem três fatores principais AN DRIESSEN et al 2019 1 NÍVEL DE SUPORTE Os serviços de posvenção podem incluir diferentes níveis de aborda gens de acordo com a resposta da queles enlutados pelo suicídio com a possibilidade dos seguintes servi ços Acesso à informação por meio de panfletos cartilhas livros in ternet dentre outros para todos aqueles que foram afetados pelo suicídio de algum modo Serviços de apoio incluindo gru pos de suporte e grupos exclusi vos de enlutados por suicídio Psicoterapia principalmente para aqueles com manifestação de luto complicado 2 SUPORTE E ENVOLVIMEN TO DE PARES Os estudos demonstram a impor tância de se encontrar o reconheci mento do sofrimento por parte de outros enlutados por suicídio em função do compartilhamento de ex periências e do apoio mútuo entre pares 3 FOCO NA SITUAÇÃO DE LUTO Intervenções que têm como ob jetivo permitir a vivência de um luto normal apresentam maior eficácia No caso de uma criança ou de um adolescente que perde um ente que rido por suicídio é de grande impor tância a habilidade do adulto para comunicar o evento Esteja preparado para a situação e comuniquese com a criança ou com o adolescente respeitando o nível de compreensão de morte e desenvolvimento cognitivo de cada um Expresse os seus pensamentos e sentimentos para que a criança ou o adolescente compreenda que a expressão deles diante dessa situ ação é normal Seja honesto com a criança ou com o adolescente e forneça infor mações de maneira sensível Fale de maneira sensível sobre a pessoa que faleceu Converse com a criança ou com o adolescente sobre outras formas de resolução de problemas e de lidar com as emoções sem a ne cessidade de tirar a própria vida Auxilie a criança ou o adolescente a processar a perda Permita que a criança ou o ado lescente enlutado por suicídio ex presse suas emoções e sentimen tos da forma que preferir seja pela fala pela escrita pela arte ou por outros meios 98 FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE 42 COMO NOTICIAR CASOS DE SUICÍDIO mídia tem um papel importan te na prevenção ao suicídio A forma como o suicídio é di vulgado pode influenciar sig nificativamente a resposta do público podendo inclusive haver efeito de contágio conhecido como efeito Wer ther com aumento da probabilidade de outros casos de suicídio na popula ção Saber como noticiar esses casos é essencial e as diretrizes sobre como fazêlo estão estabelecidas pela OMS Dentre elas destacamse Inclua recursos para a prevenção ao suicídio Forneça informações sobre como identificar os sinais de alerta para o suicídio e sobre como buscar ajuda É importante incluir endereços de grupos de apoio Use linguagem apropriada Certas frases ou palavras podem estigmatizar ainda mais o suicídio espalhar mitos ou dificultar o tra balho de prevenção Evite termos como cometeu suicídio suicídio bemsucedido suicídio malsuce dido tentativa falha ou tentativa com êxito Em vez disso refirase ao suicídio como morreu por suicídio se matou tirou a própria vida ou suicídio completo Enfatize a busca por ajuda e esperança Divulgue histórias de recuperação por estratégias posi tivas de enfrentamento e busca de ajuda pois esta é uma estratégia poderosa para ajudar na preven ção do suicídio Procure um especialista Entre viste um psicólogo ou psiquiatra com experiência em prevenção ao suicídio para trazer informações qualificadas sobre transtornos mentais e prevenção aos compor tamentos autolesivos Cartilha para prevenção da automutilação e do suicídio 99 Quadro de reflexão O papel da mídia na prevenção ao suicídio A mídia deve ser uma importante aliada na prevenção ao suicídio uma vez que tem um enorme alcance social Nesse sentido a divulgação criteriosa de casos de suicídio é uma das principais estratégias de prevenção Uma divulgação inadequada pode gerar o efeito de contágio em pessoas vulneráveis principalmente quando o caso de suicídio envolve uma celebridade Isso porque pode haver uma forte identificação de fãs e seguidores com seu ídolo que tirou própria vida SISASK VÄRNIK 2012 Devese também evitar a divulgação dos métodos utilizados e do local de ocorrência do suicídio Por estas e outras razões é extremamente importante que a mídia siga as orientações da OMS ao noticiar casos de suicídio 100 FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE Na Tabela 3 você pode verificar uma lista mais detalhada sobre o que fazer e o que não fazer ao noti ciar um caso de suicídio Tabela 3 O que fazer e o que não fazer ao noticiar casos de suicídio NÃO FAÇA FAÇA NÃO descreva o método e o local do suicídio Jamais compartilhe fotos ou vídeos de um suicídio Noticie o caso como morte por suicídio Se houver ne cessidade de divulgar o local faça isso de maneira ge nérica NÃO exponha o conteúdo de uma carta de suicídio Noticie que foi encontrada uma carta e explique que o conteúdo não será divulgado NÃO descreva detalhes pessoais sobre a pessoa que morreu Se houver necessidade de divulgação das informações sobre a pessoa que tirou a própria vida faça isso de ma neira genérica NÃO apresente o suicídio como uma resposta adequa da e aceitável para momentos difíceis Enfatize que estratégias de enfrentamento a busca por suporte e o tratamento são eficazes para a maioria das pessoas que têm comportamentos suicidas Ressalte que há outras formas para evitar o suicídio NÃO simplifique ou especule sobre os motivos do sui cídio Descreva sinais de alerta e fatores de risco para o suicí dio sem reducionismos NÃO aborde o tema de maneira sensacionalista Noticie a morte e os fatos com uma linguagem sensível para evitar constrangimentos à família enlutada NÃO romantize o suicídio NÃO caracterize o suicídio como um ato de coragem ou de covardia Noticie o suicídio de forma criteriosa para que o ato não seja percebido como heroico ou como um ato em defe sa da própria honra Cartilha para prevenção da automutilação e do suicídio 101 Como você viu esta cartilha teve intenção de ajudar você a tirar al gumas dúvidas sobre os comporta mentos autolesivos Nela você encontrou por exem plo sinais de alerta fatores de risco e fatores de proteção além de ser apresentado a algumas formas de NÃO potencialize o problema do suicídio usando descri tores como epidemia ou descontrole Pesquise os melhores dados disponíveis sobre a frequ ência de casos e use palavras como crescimento ou aumento de casos Interprete de forma cuidadosa e correta as estatísticas NÃO busque nem identifique culpados Evite colocar a culpa do acontecimento em alguém ou tratar o problema de maneira simplista NÃO relacione o suicídio com crime loucura ou falta de fé NÃO descreva o suicídio como bemsucedido nem men cione que a pessoa encontrou a paz Compreenda que o suicídio é complexo e multifatorial Informe sempre os locais onde buscar ajuda NÃO coloque a notícia em capa de revistas ou jornais nem apresente o caso como atração principal em te lejornais Se o material não tiver o foco na prevenção não traga a palavra suicídio para títulos chamadas ou posições de destaque para noticiar mortes por suicídio Apresente somente dados relevantes em páginas inter nas de veículos impressos Evite trazer notícias de morte por suicídio em posições de destaque Não julgue não faça piadas nem estigmatize o suicídio Sensibilize as pessoas para o tema a fim de gerar em patia buscar ajuda e de ajudar as pessoas Leia sempre que tiver dúvidas e compartilhe com seus colegas de trabalho e amigos A automutilação e o suicídio são comportamentos que podemos prevenir Lembrese esta cartilha NÃO substitui a avaliação do médico psiquiatra nem do psicólogo 102 FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE Cartilha para prevenção da automutilação e do suicídio 103 5 ONDE OBTER MAIS INFORMAÇÕES 104 FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE sta cartilha fornece informações impor tantes para profis sionais da educação e da saúde visando maximizar os fatores protetivos e minimi zar os fatores de ris cos em particular entre aqueles que são mais vulneráveis à automutilação e ao suicídio O material buscou des tacar sempre a necessidade de buscar ajuda de cuidar de si e dos outros além de fornecer mensagens de supe ração e de esperança Para obter informações adicionais apresentamos alguns links com con teúdo de qualidade que podem servir para uma melhor capacitação desses profissionais incluindo dicas de livros e filmes que podem ser trabalhados em sala de aula para promover saúde mental e prevenir o suicídio GUIA DE SAÚDE MENTAL PARA ADOLESCENTES 11 A 14 ANOS Nesta cartilha é possível encon trar dicas importantíssimas para ter uma boa saúde mental O material é voltado para o público de 11 a 14 anos e mostra a importância de identificar emoções e pensamentos como fun cionam os comportamentos e como uns influenciam os outros Com exer cícios para estimular a inteligência emocional para lidar com o bullying e outras situações Ensina também recursos para enfrentar as dificulda des e as situações estressantes com resiliência httpprevencaoevidacombrwp contentthemesopasassetspdf cartilhaopas1pdf Cartilha para prevenção da automutilação e do suicídio 105 CARTILHA PARA PREVENÇÃO DA AUTOMUTILAÇÃO E DO SUICÍDIO 15 A 18 ANO Esta cartilha tem uma linguagem voltada para adolescentes de 15 a 18 anos ensinando a identificar o so frimento mental em si mesmo e nos amigos Também é abordada a im portância de buscar ajudar e evitar comportamentos de risco httpprevencaoevidacombrwp contentthemesopasassetspdfcar tilhaopas2pdf SETEMBRO AMARELO É PRECISO AGIR Esta é uma página completa com material disponível para auxiliar a todos Contém também uma lista de médicos psiquiatras associados à ABP de acordo com a região do País Aproveite os materiais e participe da campanha durante todo o ano não apenas em setembro httpswwwsetembroamarelocom JORNAL BRASILEIRO DE PSI QUIATRIA BJP O Jornal Brasileiro de Psiquiatria BJP traz inúmeros artigos relacio nados à prevenção do suicídio e ao tratamento das doenças mentais com caráter mais científico httpwwwbjporgbr 106 FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE CARTILHA SUICÍDIO IN FORMANDO PARA PRE VENIR 2014 Autoria Conselho Federal de Medicina CFM e Associação Bra sileira de Psiquiatria ABP Ano 2014 Sinopse A cartilha Suicídio In formando para Prevenir foi produ zida pela Associação Brasileira de Psiquiatria ABP e pelo Conselho Federal de Medicina CFM e fez parte da campanha de prevenção ao suicí dio promovida por estas instituições em 2014 A parceria traz em uma linguagem simples e direta informa ções que você precisa saber a respei to do suicídio O interessante é que o material defende e incentiva a conscientiza ção das pessoas e ensina que o pre conceito não ajuda Afirma também que doenças da mente normalmen te associadas a casos de suicídio são tratáveis assim como qualquer ou tro tipo de doença Assim da mesma forma que o médico que cuida do coração é o cardiologista e o médico que trata dos hormônios é o endocri nologista o que cuida das doenças mentais é o psiquiatra A consulta é igual à de qualquer outro médico independentemente de sua especialidade Desta forma o psiquiatra entrevista a pessoa e es tuda seus sintomas Diagnosticando a doença procura saber se já houve pensamento intenção ou tentativa de suicídio podendo solicitar exa mes e indicar tratamento farmacoló gico eou psicoterápico A cartilha é bem didática ilustrativa e orienta a prevenção ao suicídio ACESSE Você pode conferir a cartilha Suicídio Informando para Pre venir gratuitamente no site da Associação Brasileira de Psi quiatria ABP ou acessando pelo QR Code abaixo A cartilha também está acessível de forma gratuita e digital no seguinte endereço eletrônico abporgbr Cartilha para prevenção da automutilação e do suicídio 107 CARTILHA FALANDO SO BRE A VIDA PREVEN ÇÃO AO SUICÍDIO 2019 Autoria Ministério Público do Distrito Federal e Territórios MP DFT Ano 2019 Sinopse A cartilha coloca no papel um projeto de prevenção ao suicídio desenvolvido pelo Ministé rio Público do Distrito Federal e Ter ritórios MPDFT na região adminis trativa de BrazlândiaDF em 2019 O documento defende a construção e a integração de uma Rede de Prote ção à Vida na região por meio da co operação entre profissionais da edu cação da saúde da segurança além da participação da comunidade O material aborda também infor mações para identificação de fatores de risco e para a conscientização e valorização do direito à vida ACESSE A cartilha Falando sobre a Vida Prevenção ao Suicídiopode ser acessada pelo QR Code abaixo 108 FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE DOCUMENTÁRIO NOT ALONE NETFLIX 2017 Direção Jacqueline Monetta e Kiki Goshay Título original Not Alone Ano 2017 Sinopse Em Not Alone tradu ção Você Não Está Sozinho uma adolescente perde sua melhor amiga por suicídio O fator que veio antes Depressão Agora ela vai ajudar outras pessoas a não cometer o mesmo ato Mas como ela vai fazer isso Infor mandose a respeito do tema e bus cando entender o que passou pela cabeça de sua amiga Perguntas como por que ela não me disse nada sobre isso e por que não pediu a minha ajuda se sou sua melhor amiga fo ram desvendadas pela adolescente O documentário traz uma busca aprofundada de informações para entender o ato da amiga e de muitos jovens que se suicidam Destacase a influência da comunicação nas redes sociais que têm tido mais potencial para interferir na vida das pessoas que para informar Questões como bullying preconcei to discriminação pressão social de pressão sistema educacional e família são retratadas na obra Not Alone pela sua tradução carrega uma mensagem central você não está sozinho Em ou tras palavras a mensagem é se você sofre calado não se esconda mas pro cure ajuda Cartilha para prevenção da automutilação e do suicídio 109 SÉRIE OBJETOS COR TANTES HBO 2018 Roteirista JeanMarc Vallée Título original Sharp Objects Ano 2018 Sinopse Baseada no livro Obje tos Cortantes da autora Gillian Flynn a série mostra o trabalho da jornalis ta Camille Preaker Amy Adams en carregada de escrever sobre a morte de uma garota préadolescente e sobre o desaparecimento de outra A história é contada sob o ponto de vista da jornalista Conforme a trama avança per cebemos que ela se identifica com essas garotas pois todas as três têm um ponto em comum o desejo de se automutilar A jornalista fere o próprio corpo e afoga sua tristeza na bebida A série traz a conscientização das pessoas sobre os impactos des sa prática ressaltando que as pesso as que se automutilam precisam de acolhimento escuta e ajuda profis sional despertando sentimentos de compaixão e acolhimento de quem quer que se encontre em uma situa ção como esta 110 FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE FILME SE ENLOUQUE CER NÃO SE APAIXONE 2010 Direção Anna Boden e Ryan Fleck Título original Its kind of a fun ny story Ano 2010 Sinopse O filme traz uma versão sintetizada e não menos envolvente do livro Uma história meio que engra çada Keir Gilchrist interpreta Craig Gilner um adolescente de 16 anos estressado com questões ligadas à sua adolescência como proble mas escolares e tensões emocionais e que tenta se matar Sem ter con seguido ele decide se internar em uma clínica de saúde mental Ao chegar lá ele é diagnosticado com depressão mas encontra a ala de internação para jovens fechada Diante disso é obrigado a passar a sua estadia na ala dos adultos com pessoas que possuem diversos pro blemas mentais É assim que ele conhece Bobby Zach Galifianakis que vira uma espécie de mentor para o jovem E se apaixona por Noelle Emma Roberts uma menina de pressiva e desequilibrada Mas o que realmente é interes sante no filme é que ele não tenta esconder traumas vividos pelo ado lescente nem dramatiza sua depres são mostrando que os pais sempre fizeram de tudo para que ele tivesse uma vida saudável o jovem nunca foi intimidado nem sofreu qualquer tipo de abuso LIVRO DEPOIS DO AZUL Autora Élaine Turgeon Título original Ma vie ne sait pas nager Tradução Glenda Verônica Do naldo e Silvana Vieira da Silva Ano 2017 Sinopse Este livro conta a histó ria de Geneviéve uma adolescente que comete suicídio um dia antes de seu aniversário de 15 anos Lou Anne sua irmã gêmea seus pais e sua avó não conseguem lidar com a dor da perda Embora todos se cul pem por não terem percebido an tecipadamente os sinais cada um sente o luto do seu jeito a irmã ten ta recomeçar a mãe fica devastada pela dor o pai finge não se abalar e a avó se esconde atrás de sua raiva Cartilha para prevenção da automutilação e do suicídio 111 112 FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE LIVRO UMA HISTÓRIA MEIO QUE ENGRAÇADA Autor Ned Vizzini Título original Its kind of a funny story Tradução Luis Reyes Gil Ano 2015 Sinopse Imagine que após ter realizado um grande sonho você per ceba que ele não era bem aquilo que você esperava Essa foi a experiência do adolescente Graig Gilner Após grande dedicação aos estudos para passar no exame de admissão para a melhor escola de ensino médio o so nho se transforma em pesadelo Ele planeja se suicidar mas ima ginando o sofrimento de seus fami liares e amigos decide ligar para uma central de prevenção de suicídio Ele é encaminhado para um hospital onde recebe os cuidados adequados e passa a conviver com outros ado lescentes crianças adultos e idosos que tentaram suicídio O livro é um pouco irreverente De forma lúdica e didática o autor traz um pouco de humor ácido nas situações vividas por Graig no hos pital suavizando a carga pesada de algumas questões abordadas como depressão e ideação suicida Além disso o livro faz você repensar a sua vida e valorizar a importância de um sorriso de um gesto de afeto de uma atitude de amor ou de um ato de companheirismo em um momento como este Cartilha para prevenção da automutilação e do suicídio 113 FICHA DE NOTIFICAÇÃO A notificação de casos de auto mutilação e suicídio é um passo im portante para a intervenção e para a prevenção Uma vez identificado o comportamento de autolesão deve se preencher a Ficha de Notificação de Violência InterpessoalAutopro vocada que deve ser encaminhada para o Núcleo de Vigilância Epide miológica de acordo com as opera ções definidas em cada Secretaria Municipal de Saúde 114 FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIA TION Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders Fifth Edition DSM5 Arlington VA Ameri can Psychiatric Association 2013 ANDRIESSEN K Can postvention be prevention Crisis v 30 p43 47 2019 ANDRIESSEN K et al Suicide post vention service models and guide lines 20142019 a systematic re view Frontiers in psychology v10 2677 2019 ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PSIQUIA TRIA Suicídio informando para prevenir Brasília CFMABP 2014 BATTEL L et al Neuroimaging ado lescents with depression in a mid dleincome country feasibility of an fMRI protocol and preliminary re sults Braz J Psychiatry v 42 n1 p 613 2020 BERKOWITZ L MCCAULEY J MIR ICK R Riverside Trauma Center Postvention Guidelines Waltham Riverside Community Care 2015 Disponível em httpswwwmirecc vagovvisn19postventiondocsRiv ersideSampleOrganizationalSui cidePostventionGuidelinespdf Acesso em 11 jun 2020 BOTEGA N Crise suicida avalia ção e manejo Porto Alegre Editora Artmed 2015 302p BRASIL Ministério da Saúde A políti ca do Ministério da Saúde para aten ção integral a usuários de álcool e outras drogas Brasília DF 2003 BROTHERSON S E ANDERSON A Talking to Children About Suicide NDSU 2016 Disponível em https wwwagndsuedupublicationskid sfamilytalkingtochildrenabou tsuicidefs637pdf Acesso em 11 jun 2020 Cartilha para prevenção da automutilação e do suicídio 115 BURNETTE C RAMCHAND R AYER L Gatekeeper training for suicide prevention A theoretical model and review of the empirical literatu re Rand health quarterly v5 n1 16 2015 DA SILVA A G et al The Impact of Mental Illness Stigma on Psychiatric Emergencies Front Psychiatry v 11573 p19 2020 DIEHL A LARANJEIRA R Suicide attempts and substance use in an emergency room sample Jornal Brasileiro de Psiquiatria v 58 n 2 p 8691 2009 DOME P RIHMER Z GONDA X Sui cide Risk in Bip olar Disorder a brief review Medicina kaunas v55 n8403 2019 doi 103390medici na55080403 FONSECA PHN et al Autolesão sem intenção suicida entre adolescen tes Arquivos Brasileiros de Psico logia v 70 n3 p 246258 2018 FRANKLIN J C et al Risk factors for suicidal thoughts and behaviors a metaanalysis of 50 years of research Psychological Bulletin v 143 n2 p187232 2017 GARCIA MS Adaptação da escala UPPSP e sua aplicabilidade na população brasileira Dissertação de Mestrado Minas Gerais UFMG 2018 GILLIES D et al Prevalence and characteristics of selfharm in ado lescents metaanalyses of commu nitybased studies 19902015 J Am Acad Child Adolesc Psychiatry v 57 n10 p 733741 GREFF A P et al Saúde mental e atenção psicossocial na pandemia COVID19 suicídio na pandemia COVID19 Rio de Janeiro Fiocruz 2020 24 p Cartilha GUAN K FOX K R PRINSTEIN M J Nonsuicidal selfinjury as a time invariant predictor of adolescent 116 FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE suicide ideation and attempts in a diverse community sample Journal of Consulting and Clinical Psycho logy v80 p842849 2012 GUERREIRO D F SAMPAIO D Com portamentos autolesivos em ado lescentes Uma revisão da literatura com foco na investigação em língua portuguesa Rev Port Saúde Pú blica v 31 n 2 p 213222 HOTTES TS et al Lifetime preva lence of suicide attempts among sexual minority adults by study sam pling strategies a systematic review and metaanalysis Am J Public Health v 106 n5 e1e12 2016 KARANIKOLA M et al The Asso ciation between Deliberate Self Harm and School Bullying Victi mization and the Mediating Effect of Depressive Symptoms and Self Stigma A Systematic Review Bio Med Res Int 2018 httpsdoi org10115520184745791 KLONSKY E D Nonsuicidal sel finjury in United States adults prevalence sociodemographics topography and functions Psy chological medicine v 41 n9 p19811986 2011 KLONSKY E D et al Nonsuicidal selfinjury Cambridge Hogrefe 2011 LOCKWOOD J et al Impulsivity and selfharm in adolescence a syste matic review Eur Child Adolescent Psychiatry v 26 n4 p 387402 2017 LUXTON D D JUNE J D FAIRALL J M Social media and suicide a public health perspective Am J Public Health v 102 nS2 p S195S200 2012 MARCHANT A et al Correction A systematic review of the relationship between internet use selfharm and suicidal behaviour in young people the good the bad and the unknown PLoS one v13 n3 e0193937 2018 Cartilha para prevenção da automutilação e do suicídio 117 MARS B et al Differences in risk fac tors for selfharm with and without suicidal intent findings from the ALSPAC cohort Journal of affective disorders v 168 p 407414 2014 MAUNDER R D WHITE F A Inter group contact and mental health stigma A comparative effectiveness metaanalysis Clinical psychology review v 72 101749 2019 MCLEAN J et al Risk and protecti ve factors for suicide and suicidal behaviour A literature review Edinburgh Scottish Government 2008 MUEHLENKAMP JJ BRAUSCH A M WASHBURN J J How much is enough examining frequency cri teria for NSII disorder in adolescent inpatients Journal of Consult ing and Clinical Psychology v85 n6 p 611619 2017 doi 101037 ccp0000209 NOCK MK Understanding Nonsui cidal SelfInjury Origins Assess ment and Treatment Washing tonDC Am Psychol Assoc 2009 NOCK M K Selfinjury Annual re view of clinical psychology v 6 p339363 2010 ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE OMS PREVENÇÃO DO SUICÍDIO UM RECURSO PARA CONSELHEIROS Ge nebra 2006 ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE Preventing suicide a global impera tive Geneva WHO 2014 PEIXOTO E M et al Questionário de Impulsividade Autoagressão e Ideação Suicida para Adolescentes QIAISA propriedades psicomé tricas Psic Saúde Doenças v 20 n 2 p 272285 2019 PLENER P L et al The prevalence of nosuicidal selfinjury NSSI in a rep resentative sample of the German population BMC Psychiatry v16 n1 353 2016 doi 101186s12888 0161060x 118 FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE PLÖDERL M TREMBLAY P Men tal health of sexual minorities A systematic review Interna tional Review of Psychiatry v27 n 5 p367385 2015 doi 1031090954026120151083949 POLANCZYK GV et al ADHD prev alence estimates across three de cades an updated systematic review and metaregression analysis Int J Epidemiol v 43 n2 p434442 2014 doi101093ijedyt261 QUEVEDO J NARDI AE DA SILVA AG Depressão teoria e clínica Porto Alegre Artmed 2 ed 2019 ROCHA TBM et al Mood disorders in childhood and adolescence Braz J Psychiatry v 35 n1 p2231 2013 RÜSCH N ANGERMEYER M C COR RIGAN P W Mental illness stigma Concepts consequences and initiati ves to reduce stigma European psy chiatry v 20 n8 p 529539 2005 SALUM GA et al Pediatric anxiety disorders from neuroscience to evi dencebased clinical practice Braz J Psychiatry v 35 n 1 p321 2013 SISASK M VÄRNIK A Media roles in suicide prevention a systema tic review International journal of environmental research and public health v 9 n1 p123138 2012 doi 103390ijerph9010123 SWEARER S M ESPELAGE D L NAPOLITANO S A Bullying pre vention and intervention Realis tic strategies for schools Guilford press 2009 TALIAFERRO L A MUEHLENKAMP J J Risk factors associated with sel finjurious behavior among a natio nal sample of undergraduate college students Journal of American Col lege Health v63 n1 p 4048 2015 TAYLOR P J et al A metaanalysis of the prevalence of different functions of nonsuicidal selfinjury Journal of Affective Disorders v 227 p 759769 2018 TERZIAN M A ANDREWS K M MOORE K A Preventing multiple risky behaviors among adolescents Seven strategies Res Results Brief v 24 p 112 2011 WALSH B W Treating selfinjury a practical guide New York Guilford Press 2012 WERNER K GROSS J J Emotion regulation and psychopathology A conceptual framework In Kring AM Sloan DM Eds Emotion re gulation and psychopathology A transdiagnostic approach to etio logy and treatment p 1337 The Guilford Press 2010 WIENER C et al Mood disorder an xiety and suicide risk among sub jects with alcohol abuse andor dependence a populationbased study Braz J Psychiatry v40 n1 p15 2018 Cartilha para prevenção da automutilação e do suicídio 119 WHITLOCK J et al Nonsuicidal sel finjury as a gateway to suicide in young adults Journal Adolesc He alth v 52 n4 p486492 2013 doi 101016jjadohealth201209010 WHITLOCK J LLOYDRICHARDSON E Healing selfinjury a compas sionate guide for parents and other loved ones New York Oxford University Press Inc 2019 120 FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE AUTORES Andrea Amaro Quesada PhD em Neurociências e Cognição pela Ruhr Universität Bochum Mestre em Psicologia e Psicóloga pela Universidade de Brasília UnB Docente do Curso de Psicologia na Universidade de Fortaleza UNIFOR Professora do curso de Especialização em Neurociências e Reabilitação UNIFOR Professora do curso de pósgraduação em Neuropsicologia e Terapia Cognitiva Comportamental na Unichristus Trabalhos apresentados em Congressos Nacionais e Internacionais Alemanha EUA Japão Argentina Artigos publicados nos periódicos internacionais Psychoneuroendocrinology Stress Pesquisadora nas áreas de estresse maustratos Síndrome Congênita do Zika vírus e Fenilcetonúria PKU Autora do livro infantojuvenil A Caixa Mágica e a Busca do Tesouro Escondido Carlos Guilherme da Silva Figueiredo Médico psiquiatra e Psiquiatra Titular da Associação Brasileira de Psiquiatria ABPAMB Residência Médica em Psiquiatria pela Pax Clínica Psiquiátrica Instituto de Neurociências Pós Graduação em Psiquiatria da Infância e Adolescência pela Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro Psiquiatra da Gerência de Saúde Mental da Secretaria de Economia do Distrito Federal VicePresidente da Associação Psiquiátrica de Brasília APBr diretor tesoureiro e Conselheiro do Conselho Regional de Medicina CRMDF na Gestão 20182023 Membro da Câmara Técnica de Psiquiatra do CRMDF Membro da comissão de Processo Éticodisciplinar da ABP É também membro da organização da Campanha de Prevenção ao Suicídio do Setembro Amarelo desde 2017 Antônio Geraldo da Silva Médico psiquiatra presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria ABP e da Associação Psiquiátrica da América Latina APAL Doutor em Bioética pela Faculdade de Medicina do Porto Membro da Câmara Técnica de Psiquiatria do Conselho Federal de Medicina CFM do Conselho Regional de Medicina do Distrito Federal CRMDF Conselho Regional de Medicina de Minas Gerais CRMMG e do Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio de Janeiro CREMERJ Membro do Comitê Intergestor do Trabalho Seguro do Tribunal Superior do Trabalho TST Professor convidado da Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro Diretor Assistencialista da Associação Brasileira das Vítimas do Chapecoense Abravic Editor da Brazilian Journal of Psychiatry BJP e Editor revisor da revista Frontiers Cartilha para prevenção da automutilação e do suicídio 121 Renata Nayara da Silva Figueiredo Médica psiquiatra com Residência Médica em Psiquiatria pela Universidade Estadual de Montes Claros Unimontes Psiquiatra Titular da Associação Brasileira de Psiquiatria ABPAMB Presidente da Associação Psiquiátrica de Brasília APBr e conselheira do Conselho Regional de Medicina do Distrito Federal CRMDF Membro da Câmara Técnica de Psiquiatria do CRMDF Na ABP é membro da Comissão de Emergências Psiquiátricas da Comissão de Dependência Química e da Comissão de Processo Éticodisciplinar É também membro da organização da Campanha de Prevenção ao Suicídio do Setembro Amarelo desde 2017 Karine da Silva Figueiredo Graduada em Psicologia pela Universidade Paulista e em Direito pela Universidade de Minas Gerais Pós Graduanda em Avaliação Psicológica pelo Instituto de PósGraduação e Graduação IPOG PósGraduanda em Terapia Cognitiva Comportamental Psicóloga do IPAGE e Psicóloga do Centro Integrado de Medicina CIMED Membro do Conselho Executivo da Associação Brasileira de Impulsividade e Patologia Dual ABIPD desde 2016 Coautora do capítulo Neuropsicologia do Transtorno de Déficit de AtençãoHiperatividade no livro Transtorno de Déficit de AtençãoHiperatividade Teoria e Clínica Coautora do capítulo Esquizofrenia contribuição da neuropsicologia no livro Esquizofrenia Teoria e Clínica Isabella Sallum Guimarães Psicóloga e Mestre em Medicina Molecular pela Universidade Federal de Minas Gerais UFMG É professora em diversas pósgraduações em Neuropsicologia Trabalha como neuropsicóloga e como psicóloga na linha cognitivocomportamental atendendo crianças adolescentes e jovens adultos 122 FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE ILUSTRADOR Rafael Limaverde Nascido em BelémPA naturalizado cearense formado em Artes Visuais pelo Instituto Federal do Ceará IFCE é xilogravurista e ilustrador Possui mais de 40 livros ilustrados em diversas editoras do País É um dos organizadores do Festival de Ilustração de Fortaleza evento realizado dentro da Bienal do Livro do Ceará É curador das seguintes exposições Eco Barroco no Centro Cultural Banco do Nordeste FortalezaCE 2011 Bestiário Nordestino na Multigaleria do Centro de Arte e Cultura Dragão do Mar FortalezaCE 2016 III Festival de Ilustração de Fortaleza que ocorreu durante a XII Bienal Internacional do Livro no Centro de Eventos do Ceará 2017 Cartilha para prevenção da automutilação e do suicídio 123 MINISTÉRIO DA MULHER DA FAMÍLIA E DOS DIREITOS HUMANOS MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO MINISTÉRIO DA SAÚDE
Send your question to AI and receive an answer instantly
Recommended for you
412
Técnicas em Gestalt: Aconselhamento e Psicoterapia
Psicologia Social
UNIABEU
422
Técnicas em Gestalt Aconselhamento e Psicoterapia - Phil Joyce e Charlotte Sills
Psicologia Social
UNIABEU
778
Psicodiagnóstico - Teoria e Prática da Avaliação Psicológica
Psicologia Social
UNIABEU
18
Kurt Lewin - Grupos - Questionário
Psicologia Social
UNIABEU
Preview text
MINISTÉRIO DA MULHER DA FAMÍLIA E DOS DIREITOS HUMANOS MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO MINISTÉRIO DA SAÚDE 3 A ut o m u ti la çã o e do S ui cí di o O ri e nt a çõ es pa ra e du ca do re s e p rof iss ion ais d a s aú de An dr ea A m ar o Qu esa da Ca rlos Gui lhe rm e d a S ilv a F ig ue ire do An tô ni o Ge ra ld o d a S ilva Re nat a N ay ara da Si lv a Fig ue ire do Ka ri ne d a Si lv a F ig uei red o e I sab ella Sa llu m Gu im ar ãe s C a rt il h a p ar a pr e v e n ç ã o d a O q ue faz er Co mo aju dar O p ap el da pr ev en çã o Fa tor es de pro teç ão MINISTÉRIO DA MULHER DA FAMÍLIA E DOS DIREITOS HUMANOS MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO MINISTÉRIO DA SAÚDE 3 A ut o m u ti la çã o e do S ui cí di o O ri e nt a çõ es pa ra e du ca do re s e p rof iss ion ais d a s aú de An dr ea A m ar o Qu esa da Ca rlos Gui lhe rm e d a S ilv a F ig ue ire do An tô ni o Ge ra ld o d a S ilva Re nat a N ay ara da Si lv a Fig ue ire do Ka ri ne d a Si lv a F ig uei red o e I sab ella Sa llu m Gu im ar ãe s C a rt il h a p ar a pr e v e n ç ã o d a O q ue faz er Co mo aju dar O p ap el da pr ev en çã o Fa tor es de pro teç ão 3 A ut o m u ti la çã o e do S ui cí di o O ri e nt a çõ es pa ra e du ca do re s e p rof iss ion ais d a s aú de An dr ea A m ar o Qu esa da Ca rlos Gui lhe rm e d a S ilv a F ig ue ire do An tô ni o Ge ra ld o d a S ilva Re nat a N ay ara da Si lv a Fig ue ire do Ka ri ne d a Si lv a F ig uei red o e I sab ella Sa llu m Gu im ar ãe s C a rt il h a p ar a pr e v e n ç ã o d a O q ue faz er Co mo aju dar O p ap el da pr ev en çã o Fa tor es de pro teç ão Copyright 2020 Fundação Demócrito Rocha MINISTÉRIO DA SAÚDE COORDENAÇÃO GERAL Ministro da Saúde Eduardo Pazuello Secretária da Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde Mayra Isabel Correia Pinheiro Diretor do Departamento de Gestão da Educação na Saúde Vinícius Nunes Azevedo CoordenadoraGeral de Ações Estratégicas Inovações e Avaliação da Educação em Saúde Musa Denaise de Sousa Morais de Melo Equipe Técnica Adriana Fortaleza Rocha da Silva Bethânia Ramos Meireles Cidália Luna Alencar Feitosa de Oliveira Daniele Alencar Neves Bremgartner Janaínna Nogueira da Silva Juliana Ferreira Lima Costa Priscila Neves Dalcin Rosanna Rocha Amazonas e Rosany Ferreira Rios Fonseca OPASOMS Coordenação Geral Mónica Padilla Equipe técnica Maria Alice B Fortunato Cristiane Gosch Scolari e Catarina Magalhães Dahl PROJETO AÇÕES INTEGRADAS DE EDUCOMUNICAÇÃO PARA PREVENÇÃO AO SUICÍDIO E DA AUTOMUTILAÇÃO Concepção e Coordenação Geral Cliff Villar Coordenação Executiva Ana Cristina Barros Coordenação Adjunta Patrícia Alencar Coordenação de Conteúdo Renata Nayara da Silva Figueiredo Coordenação Pedagógica Patrícia Brun Coordenação Geral de Mobilização Darlan Aragão Consultoria Técnica de Psicologia Carlos Henrique de Aragão Neto e Andrea Amaro Quesada Editorial e Revisão Thaís Brito Mendonça Projeto Gráfico Amaurício Cortez Edição de Design Andrea Araujo e Kamilla Damasceno Design e Diagramação Karla Saraiva Arte finalização Miqueias Mesquita Ilustração Rafael Limaverde Coordenação de Produção Gilvana Marques Produção Rebeca Saboia e Beth Lopes Marketing e Estratégia Wanessa Lugoe Performance Digital Natércia Melo Fernando Diego e Isadora Colares Assessoria de Comunicação Joelma Leal Estratégia e Relacionamento Alexandre Medina Adryana Joca e Juliana Menezes FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA FDR Presidência João Dummar Neto Direção AdministrativoFinanceira André Avelino de Azevedo Gerência Geral Marcos Tardin Gerência Editorial e de Projetos Raymundo Netto Análise de Projetos Aurelino Freitas Fabrícia Gois e Emanuela Fernandes UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE UANE Gerência Pedagógica Viviane Pereira Coordenação de Cursos Marisa Ferreira Designer Educacional Joel Bruno Todos os direitos desta edição reservados à Fundação Demócrito Rocha Av Aguanambi 282A Joaquim Távora CEP 60055402 FortalezaCeará Tel 85 32556037 32556148 fdrorgbr fundacaofdrorgbr Esta cartilha é parte do projeto Ações Integradas de Educomunicação para Prevenção ao Suicídio e da Automutilação ação desenvolvida pelo Ministério da Saúde por meio da Secretaria de Gestão do Tra balho e da Educação em Saúde em parceria com a Organização PanAmericana de SaúdeOrgani zação Mundial de Saúde executado pela Fundação Demócrito Rocha por intermédio da Carta Acordo nº SCON202000088 Quesada Andrea Amaro Cartilha para prevenção da automutilação e do suicídio orientações para educadores e profissionais da saúde Andrea Amaro Quesada Carlos Guilherme da Silva Figueiredo Antônio Geraldo da Silva Renata Nayara da Silva Figueiredo Karine da Silva Figueiredo e Isabella Sallum Guimarães ilustrações Rafael Limaverde Fortaleza Fundação Demócrito Rocha 2020 124 p il color ISBN 9786586094374 1 Transtornos mentais e emocionais 2 Suicídio 3 Prevenção ao suicídio 4 Violência autoprovocada 5 Automutilação I Figueiredo Carlos Guilherme da Silva II Silva Antônio Geraldo da III Figueiredo Renata Nayara da Silva IV Figueiredo Karine da Silva V Guimarães Isabella Sallum VI Título CDD 616858445 Q54c Dados Internacionais de Catalogação na Publicação CIP de acordo com ISBD Elaborado por Francisco Edvander Pires Santos CRB31212 Sumário Introdução 09 1 Entendendo aspectos da automutilação e do suicídio 12 11 O que é a automutilação e o suicídio Quais são as suas diferenças 14 12 Por que falar sobre automutilação e suicídio 17 13 Para quem falar e quem pode atuar na prevenção à automutilação e ao suicídio 20 14 Como falar sobre automutilação e suicídio 22 141 Como falar sobre suicídio e automutilação com crianças e adolescentes 24 15 Mitos e verdades sobre o suicídio e a automutilação 27 16 Estigma e saúde mental como sensibilizar a população e reduzir falsas crenças 29 161 O que fazer para reduzir o estigma 33 2 Sinais de alerta e prevenção 35 21 Fatores que aumentam o risco para a automutilação e para o suicídio 36 22 Aspectos que reduzem o risco os fatores de proteção 65 23 Como identificar se um jovem está em risco e precisa de ajuda 68 24 Como prevenir comportamentos de risco 72 25 Como aumentar os fatores de proteção 75 26 Como realizar e melhorar o registro de casos 77 3 Intervenção 79 31 Como responder a uma possível situação de risco 86 311 Como o profissional da educação e da saúde podem atuar no cuidado com 89 crianças e adolescentes 312 O que fazer e o que não fazer em casos de risco de automutilação eou suicídio 92 4 O que fazer caso ocorra o suicídio 94 41 Posvenção como ajudar a pessoa que perdeu alguém por suicídio 95 42 Como noticiar casos de suicídio 98 5 Onde obter mais informações 104 Referências bibliográficas 114 8 FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE Esta cartilha trata sobre compor tamentos autolesivos automutilação e suicídio principalmente entre jo vens Serão abordados aspectos re lativos à identificação e prevenção de ambos os comportamentos No caso do suicídio será abordada também a posvenção Cartilha para prevenção da automutilação e do suicídio 9 INTRODUÇÃO 10 FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE p r e s e n t e cartilha tem como objeti vo informar a socieda de sobre os co m p o r ta mentos au tolesivos sobre a automutilação e sobre o suicídio Outro objetivo é orientar a população especialmente grupos de pessoas que lidam com jovens fornecendo ferramentas para o enfrentamento desses dois proble mas de saúde pública A identifica ção de jovens em risco poderá aju dar no acolhimento na prevenção e se necessário na intervenção nestes casos Um terceiro objetivo desta cartilha é dar informação acerca da atuação nos casos em que o suicídio já ocorreu Nesse caso é importante o acolhimento dos enlutados isto é o trabalho da posvenção Os temas da automutilação e do suicídio ganharam visibilidade nas últimas décadas tanto do ponto de vista científico como do da saúde pública No entanto novas pesqui sas são necessárias para buscarmos novas estratégias de prevenção e in tervenção Comportamentos autolesivos podem ser definidos como aqueles praticados de forma intencional isto é não ocorrem por acidente ou de maneira inconsciente e têm a inten ção de causar algum dano físico ou psicológico Cartilha para prevenção da automutilação e do suicídio 11 SAIBA MAIS Comportamentos socialmente aceitos como o uso de pier cing tatuagem brincos ou le sões feitas como parte de ritu ais religiosos ou para exibição cultural não são considerados uma automutilação Por meio das orientações presen tes nesta cartilha o leitor terá mais subsídios para identificação inter venção e prevenção dos comporta mentos autolesivos com ênfase em adolescentes 12 FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE 1 ENTENDENDO ASPECTOS DA AUTOMUTILAÇÃO E DO SUICÍDIO Cartilha para prevenção da automutilação e do suicídio 13 14 FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE 11 O QUE É A AUTO MUTILAÇÃO E O SUI CÍDIO QUAIS SÃO AS SUAS DIFERENÇAS autolesão sem intenção sui cida ASIS e o suicídio são f e n ô m e n o s complexos e multidetermi nados resul tantes de uma interação complexa entre fatores biológicos ambientais psicológicos e sociais Ambos os fe nômenos se enquadram no grupo de comportamentos diretamente autolesivos mas se distinguem sig nificativamente na sua definição na sua intencionalidade e em termos de prevalência de características demográficas e em certa medida de fatores de risco que predispõem tais comportamentos WALSH 2012 WI THLOCK LLOYDRICHARDSON 2019 A Figura 1 apresenta a classificação de comportamentos e pensamen tos autolesivos Embora não sejam um comportamento as ideações e os planos de suicídio foram incluídos nes te documento devido à sua associação com o comportamento suicida Ameaça de suicídio Pensamentos sobre autolesão Automutilação Ideação suicida Plano suicida Tentativa de suicídio Suicida intenção de morrer Não suicida sem intenção de morrer Comportamentos e pensamentos autolesivos Figura 1 Classificação de comportamentos e pensamentos autolesivos Fonte Adaptado de NOCK 2009 p 11 Cartilha para prevenção da automutilação e do suicídio 15 SAIBA MAIS A distinção entre o suicídio e a ASIS se dá justamente devido à in tenção ou não de morrer Uma vez que a determinação da intenção durante o comportamento auto lesivo se baseia no autorrelato a convenção estabelecida é de definir qualquer comportamento em que há intenção de morrer como com portamento suicida NOCK 2010 Segundo o mesmo autor é possível distinguir o comportamento suicida em três subfatores a ideação suici da o plano suicida e a tentativa de suicídio AUTORRELATO Método em que a pessoa ela bora um relato próprio sobre o ocorrido com ou sem ajuda do profissional A ideação suicida se define como pensamentos sobre suicídio O pla no suicida envolve a consideração de um método específico para o suicídio Já a tentativa de suicídio se refere ao comportamento autolesi vo em que há a intenção de morrer Do mesmo modo o autor distingue três subfatores para a autolesão sem intenção suicida sendo eles a ame aça de suicídio pensamentos au tolesivos e a automutilação em si ou autolesão sem intenção suici da ASIS 16 FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE Ameaça de suicídio referese ao comportamento em que o in divíduo leva os outros a acreditar que há intenção de morrer quan do na realidade a intenção não existe O motivo de esse compor tamento ocorrer seria uma forma de comunicar o sofrimento ou de buscar ajuda Pensamentos autolesivos são pensamentos sobre o engajamen to em comportamentos de auto mutilação que geralmente ante cedem o ato em si Autolesão sem intenção suicida ASIS referese à lesão direta e deliberada do próprio corpo sem intenção de morrer O comportamento autolesivo sem intenção suicida varia de acordo com a gravidade das lesões Leve quando as lesões ocorrem com baixa frequência e menor severidade Moderada quando as lesões ocorrem com mais frequência e de forma mais severa necessi tando às vezes de ajuda médica Grave quando a frequência e a severidade das lesões são altas resultando em prejuízo para o indivíduo Cartilha para prevenção da automutilação e do suicídio 17 12 POR QUE FALAR SOBRE AUTOMUTI LAÇÃO E SUICÍDIO utomutilação e suicídio são temas rele vantes con siderandose as altas pre valências e os seus impactos socioeconô micos Entre os anos de 1990 e 2015 estudos de diferentes países sobre comportamentos autolesivos delibe rados indicam uma prevalência média de 169 desse comportamento em adolescentes GILLIES et al 2018 com aumento da prevalência ao longo dos anos No Brasil um estudo de 2018 re alizado com 517 adolescentes entre 10 e 14 anos encontrou uma prevalência de 948 de comportamentos ASIS nos últimos 12 meses FONSECA et al 2018 Gillies et al 2018 conduziram uma pesquisa de metanálise de estudos de 41 países diferentes e concluíram que os comportamentos autolesivos em adolescentes são mais frequentes em meninas A idade média de início des ses comportamentos foi de 13 anos com o pico aos 16 anos O estudo ainda verificou que o método mais utilizado na autolesão foi o corte Entretanto outros métodos também foram rela tados Geralmente a autolesão é feita nos braços nas pernas ou na barriga NOCK 2010 Na população adulta dos Estados Unidos a prevalência de ASIS é de 59 KLONSKY 2011 Não há estudos de prevalência entre adul tos no Brasil No entanto é provável que as verdadeiras taxas de automuti lação na comunidade sejam maiores em função de muitos jovens ocultarem os seus ferimentos e nunca receberem cuidados clínicos para a sua saúde físi ca e emocional o que gera subnotifica ções dos casos 18 FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE SAIBA MAIS O suicídio segundo a Organiza ção Mundial da Saúde OMS está entre as 10 maiores causas de morte do mundo sendo a segunda cau sa de morte entre jovens de 15 a 29 anos OMS 2014 Mundialmente o Brasil ocupa a oitava posição em relação ao número absoluto de sui cídios Em relação ao suicídio os homens se matam de três a quatro vezes mais do que as mulheres e de forma inversamente proporcional as mulheres fazem de três a quatro vezes mais tentativas de suicídio do que os homens Destacase que a ASIS é um dos principais fatores de risco para suicídio WHITLOCK et al 2013 WHITLOCK LLOYDRICHARD SON 2019 Notase que embora sejam comportamentos distintos as tentativas de suicídio são mais cons tantes em pessoas que tendem a ter comportamentos de ASIS Outro critério importante na ava liação da ASIS é a função da autole são Segundo uma metanálise que avaliou 46 pesquisas TAYLOR et al 2018 existem duas categorias prin cipais da autolesão sem intenção suicida as funções intrapessoais e as funções interpessoais As duas principais funções intrapessoais são o alívio da dor emocional e a autopu nição Para o alívio da dor emocional o comportamento autolesivo pode funcionar como forma de escapar de estados emocionais desconfortáveis como a angústia Por outro lado as funções interpessoais da ASIS têm como objetivo comunicar o próprio sofrimento pertencer a grupos ou punir os outros As funções intrapessoais estão associadas à relação do indi víduo consigo mesmo com suas emoções e sentimentos As funções interpessoais estão associadas às relações do indi víduo com os outros e com os ambientes Cartilha para prevenção da automutilação e do suicídio 19 A Figura 2 mostra um esquema das funções dos comportamentos ASIS As funções intrapessoais espe cialmente as de regulação emocio nal são as mais prevalentes sendo utilizadas por 66 a 81 dos parti cipantes dos estudos analisados por Taylor et al 2018 Funções inter pessoais foram reportadas por 32 a 56 dos indivíduos No Brasil foi também observado que a principal função da ASIS entre adolescentes foi a regulação emocional FONSECA et al 2018 Fonte Adaptado de TAYLOR et al 2018 Figura 2 Classificação das funções dos comportamentos de autolesão sem intenção suicida ASIS Função da ASIS Intrapessoais Interpessoais Regulação emocional Escapar dos estados desconfortáveis Induzir estados emocionais positivos e desejados Autopunição Comunicar o nível de angústia Influência interpessoal Punição aos outros 20 FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE Conhecer as funções das ASIS auxilia na compreensão do compor tamento autolesivo fornecendo sub sídios para a utilização de técnicas de intervenção mais direcionadas e efetivas Por exemplo ao saber que o alívio da dor emocional é a função mais prevalente da autolesão sem intenção suicida podemos investir em técnicas voltadas para o desen volvimento de habilidades sociais e emocionais cujo objetivo é ajudar na regulação das emoções aumen tando a resiliência 13 PARA QUEM FALAR E QUEM PODE ATUAR NA PREVENÇÃO À AUTOMU TILAÇÃO E AO SUICÍDIO bordar adequada mente os temas de automutila ção e suicídio é uma importante estratégia de pre venção Devese direcionar os es forços de preven ção aos ambientes educacionais como escolas e faculdades A razão mais evidente é o fato de serem es paços que concentram em boa par te do tempo crianças adolescentes e adultos jovens Uma das principais formas de prevenção nas escolas é a capacitação da equipe escolar que poderá atuar com mais efetividade para identificar acolher e encami nhar os casos de comportamentos autolesivos Cartilha para prevenção da automutilação e do suicídio 21 Nesse sentido a formação de gatekeepers ou guardiões da vida deve ser uma medida a ser imple mentada Nos estudos sobre preven ção ao suicídio gatekeeper se refere a um indivíduo que tem contato com um grande número de membros da comunidade e que pode ser treinado para identificar pessoas com sinto mas de doenças mentais sob risco de automutilação eou suicídio dire cionando estas pessoas para o trata mento ou para os serviços apropria dos BURNETTE RAMCHAND AYER 2015 Sendo assim é possível definir diversos membros da comunidade como gatekeepers professores ou coordenadores de escolas líderes das igrejas ou de outros cultos reli giosos policiais ou membros milita res bombeiros assistentes sociais profissionais de saúde da atenção básica ou de emergências entre ou tros membros da comunidade Para atuar como guardiões da vida os membros da comunidade devem passar por um treinamento sobre como identificar abordar e en caminhar pessoas sob risco de auto mutilação e suicídio Os programas de treinamentos buscam desenvol ver conhecimentos atitudes e habili dades que propiciam a identificação dos alunos que exibem sinais e sinto mas de doenças mentais incluindo depressão ansiedade usoabuso de substâncias e pensamentos suicidas Eles também devem ser orientados sobre a melhor maneira de abordar os alunos para discutir suas preo cupações motivandoos a procurar ajuda e quando necessário enca minhar para o serviço médico sem cometer enganos ou cair em armadi lhas tais como tentar diagnosticar o problema ou dar conselhos que pos sam agravar o quadro 22 FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE 14 COMO FALAR SO BRE AUTOMUTILA ÇÃO E SUICÍDIO s temas da automu tilação e do suicídio ainda são considera dos tabus na nossa sociedade Portan to sua abordagem requer um cuidado maior com observa ção dos critérios estabelecidos pelos especialistas visando a prevenção e evitando a indução Sabese que uma divulgação sensacionalista por parte da mídia é considerada inade quada podendo contribuir para um efeito de contágio e consequente mente para o aumento do número de casos Brotherson e Anderson 2016 definem algumas orientações que podem pautar a abordagem so bre o suicídio Há evidências de que esses trei namentos aumentam o conheci mento sobre os comportamentos autolesivos impactam as crenças e atitudes sobre prevenção de suicí dio reduzem estigmas sobre os te mas e desenvolvem as habilidades e competências das pessoas treinadas para a identificação e intervenção nos casos de automutilação e suicí dio BURNETTE RAMCHAND AYER 2015 Os programas de prevenção devem ser contínuos e implementa dos como parte das estratégias das instituições Cartilha para prevenção da automutilação e do suicídio 23 Aborde o Suicídio e a automu tilação como assuntos sérios e como problemas de saúde pú blica Pode ser útil uma abor dagem direta que enfatize as causas e as consequências do problema Evite abordagens sensacio nalistas dramáticas ou que enfatizem o impacto da morte sobre as pessoas próximas Evite normalizar simplificar ou enaltecer o comportamento mostrandoo como ato heroi co ou resolutivo Evite termos que tragam ideias de valor como cometeu sui cídio suicídio bemsucedi do suicídio malsucedido sem sucesso sem êxito suicídio incompleto tentati va falha Em vez disso refira se ao suicídio como morreu por suicídio se matou ou suicídio consumado Evite também termos generali zantes como os suicidas ao se referir às pessoas falecidas por suicídio Discuta esses temas de maneira direta e com sensibilidade de forma que ajude as pessoas a processarem os seus sentimen tos e a procurarem tratamento Auxilie o público a identificar pensamentos emoções ou comportamentos relacionados à autolesão em si mesmos ou nos outros por meio de uma abordagem responsável Incentive a população a buscar tratamento Ajude a identificar os fatores que tornam uma pessoa mais vulnerável com risco de com portamentos autolesivos e de suicídio os fatores de risco e si nais de alerta serão abordados mais adiante Tenha consideração sobre os sentimentos e as ações rela cionados ao suicídio Ofereça ajuda para que essa pessoa consiga o suporte necessário É importante oferecer uma escuta sem julgamentos ao lidar com comportamentos autolesivos É crucial auxiliar a pessoa a buscar ajuda para o problema mental apresentado 24 FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE 141 COMO FALAR SOBRE SUICÍDIO E AUTOMUTILA ÇÃO COM CRIANÇAS E ADO LESCENTES Crianças e adolescentes em ge ral apresentam dificuldades ainda maiores que os adultos na compre ensão dos próprios pensamentos e sentimentos Nesse sentido é impor tante conversar sobre essas questões de maneira direta para ajudálos a identificar as suas emoções e os sin tomas que eles possam apresentar OS QUADROS DAS PRÓ XIMAS PÁGINAS INDICAM ALGUMAS MANEIRAS DE ABORDAR O TEMA DE AU TOLESÃO COM CRIANÇAS E ADOLESCENTES POR IDADE Quadro 1 Conversando com crianças de 4 a 8 anos Fale com a criança sobre os seus sentimentos Ajudea a identificar as suas emoções e a compreender o que está sentindo e pensando Encoraje a criança a expressar os seus sentimentos seja por palavras ou por outros meios como a escrita desenhos e outros métodos que permitam a expressão das emoções de maneira saudável Ajude a criança a compreender que sentir emoções desconfortáveis como tristeza ou raiva é algo que pode acontecer de vez em quando Ajudea a identificar quando essas emoções ficam muito intensas e a procurar ajuda nesses casos Busque assegurar que a criança não tenha acesso a materiais que possa usar para se machucar Tente se conectar com a criança em diferentes atividades para demons trar que você está disponível para dar suporte quando necessário Ensine a criança a identificar adultos em que possa confiar Mostrea que caso esse adulto não consiga ajudála com o problema outro po derá ajudála Fonte Adaptado de BROTHERSON E ANDERSON 2016 Cartilha para prevenção da automutilação e do suicídio 25 Quadro 2 Conversando com crianças e adolescentes de 9 a 13 anos Fique atento aos sintomas depressivos que as crianças e os adolescen tes possam apresentar e converse com eles sobre isso Essa fase do desenvolvimento pode vir com muitos estressores Por isso atentese a isso e aborde esse tema com a criança ou com o adolescente Enfatize que alguns comportamentos de risco como uso de álcool e drogas não são boas estratégias para lidar com os estressores e com as emoções Ajude a criança ou o adolescente a reconhecer emoções pensamentos e comportamentos que podem ser alarmes para problemas de saúde mental Encoraje a criança ou o adolescente a expressar os seus sentimentos Ofereça uma escuta sem julgamentos e atenciosa aos problemas enfren tados Fique atento aos sintomas depressivos que as crianças e os adolescen tes possam apresentar e converse com eles sobre isso Fonte Adaptado de BROTHERSON E ANDERSON 2016 26 FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE Quadro 3 Conversando com adolescentes de 14 a 18 anos Reconheça os sinais de depressão em adolescentes e ajudeos a perce ber se isso está acontecendo com eles Aborde de maneira aberta o que o adolescente está sentindo e pensan do e qual o comportamento em relação a esses sentimentos e pensa mentos Ofereça apoio para que o adolescente possa se expressar livremente Evite críticas e julgamentos Tente escutar o que o adolescente tem a dizer e seja empático não ofe recendo apenas estratégias para resolver o problema Fique atento aos sinais de alerta verbais ou comportamentais de autolesão do adolescente Ofereça ajuda quando perceber essas demonstrações Providencie ajuda se o adolescente expressar pensamentos relaciona dos a suicídio Fique próximo ao adolescente e ajudeo a buscar ajuda profissional Encoraje os adolescentes a ficarem atentos aos amigos e aos colegas e a reportarem aos adultos se observarem qualquer ameaça sugestiva de suicídio Muitas vezes os adolescentes irão informar primeiro aos ami gos ou colegas sobre o que estão sentindo sendo possível auxiliar essas pessoas sobre como agir nessa situação e sobre como oferecer ajuda Fonte Adaptado de BROTHERSON E ANDERSON 2016 Cartilha para prevenção da automutilação e do suicídio 27 15 MITOS E VERDADES SOBRE O SUICÍDIO E A AUTOMUTILAÇÃO s comporta mentos au tolesivos são envoltos em estigmas e ta bus Por isso há muitas concepções erradas sobre eles Uma medida im portante de prevenção é a conscien tização de toda a sociedade ou seja é preciso educar falar sobre o assun to esclarecer esses mitos e conhecer as verdades sobre ele Na Tabela 1 você encontrará os mitos e as verdades sobre o suicídio de acordo com a OMS e com a Asso ciação Brasileira de Psiquiatria ABP Tabela 1 Mitos e verdades sobre o suicídio e sobre a automutilação Mitos Verdades Não se deve falar sobre o suicí dio pois isso poderia encorajar esse comportamento Devido ao estigma quanto ao suicídio mui tas pessoas que estão considerando o suicí dio não sabem com quem devem conversar Falar abertamente sobre o tema pode em vez de encorajar o comportamento suicida dar ao indivíduo outras opções como a bus ca pelo tratamento ou o tempo para repen sar suas decisões ajudando a prevenir o suicídio Quando uma pessoa pensa em se suicidar terá risco de suicídio para o resto da vida O aumento do risco de suicídio com fre quência acontece em curto prazo e pode ser decorrente de uma situação específica Em bora pensamentos suicidas possam retor nar eles não são permanentes e uma pes soa com pensamentos e comportamentos suicidas prévios pode viver uma vida normal Apenas pessoas com transtor nos mentais tentam suicídio ou se suicidam Nem todas as pessoas que tentam ou que se suicidam têm um transtorno mental Mui tas pessoas com transtornos mentais nunca pensarão ou terão comportamentos suici das 28 FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE Mitos Verdades As pessoas que ameaçam se matar não o farão e estão ape nas buscando atenção As pessoas que falam sobre suicídio podem estar tentando buscar ajuda ou suporte Um número significativo de pessoas que pensam sobre suicídio apresenta sintomas de ansiedade depressão e desesperança e pode realmente considerar o suicídio Alguém que tem comporta mentos suicidas está determi nado a morrer Com frequência pessoas com comporta mento suicida têm sentimentos conflitan tes sobre querer viver ou morrer tanto que buscam profissionais de saúde mas não informam o desejo de morrer O acesso ao suporte emocional na hora certa pode pre venir o suicídio A maioria dos suicídios aconte ce do nada e sem demonstra ção prévia de aviso A maioria dos suicídios é precedida por al gum sinal de alerta sejam eles verbais ou comportamentais É possível que alguns comportamentos suicidas aconteçam sem aviso mas é importante conhecer os sinais de alerta e ficar atento a eles É proibido que a mídia aborde os temas sobre suicídio e automutilação A mídia tem obrigação social de tratar dos assuntos de saúde pública É essencial abordar estes temas de forma adequada Como mencionado falar sobre o suicídio e a automutilação de maneira responsável não aumenta o risco sendo fundamental para informar a população sobre como identificar e tratar esses problemas Fonte OMS ABP 2014 Cartilha para prevenção da automutilação e do suicídio 29 16 ESTIGMA E SAÚDE MENTAL COMO SENSI BILIZAR A POPULAÇÃO E REDUZIR FALSAS CREN ÇAS estigma diante dos temas de saúde men tal é bastante comum e pode ser tão preju dicial quanto os pró prios sintomas asso ciados a transtornos mentais já que é uma grande barreira ao tratamento e à recuperação dos pacientes Evi dências sugerem que os fatores que influenciam o atraso do tratamento incluem o desconhecimento sobre aspectos das doenças mentais e a discriminação dos enfermos da SIL VA et al 2020 Algumas noções errôneas sobre esses temas incluem a crença de que pessoas com transtornos men tais graves são violentas e devem ser mantidas fora da sociedade Há a noção de que essas pessoas são irresponsáveis e rebeldes e por isso não poderiam tomar suas próprias decisões Também existe a ideia de que pessoas com problemas de saú de mental devem ser cuidadas como crianças além dos mitos que men cionamos na seção anterior RÜS CH ANGERMEYER CORRIGAN 2005 Muitas vezes as pessoas que sofrem de transtornos mentais ou outras condições associadas à saúde men tal não são vistas como responsáveis pelos próprios sintomas e esse é um dos motivos que aumenta a discrimi nação dos indivíduos Ao retratar as doenças mentais de maneira negativa ou imprecisa mostrando situações graves de for 30 FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE ma distorcida ou até cômica a mídia torna o estigma social ainda maior DA SILVA et al 2020 Além desse estigma que ocorre na população geral em um grupo de indivíduos há também o autoes tigma que é o estigma que pessoas com transtornos mentais ou compor tamentos autolesivos apresentam sobre si mesmas Segundo Rüsch et al 2005 o estigma é composto por três componentes principais os es tereótipos o preconceito e a dis criminação ESTEREÓTIPOS Os estereótipos são crenças referentes aos comportamentos que seriam comuns a um grupo social Estar consciente dos es tereótipos de grupo não signifi ca acreditar neles mas quando esses estereótipos negativos são reforçados eles formam a base para o preconceito PRECONCEITO O preconceito além de re forçar estereótipos está rela cionado às reações emocionais negativas contra o grupo em questão No estigma público frequentemente essas emoções incluem o medo ou a raiva Já no autoestigma os indivíduos podem expressar emoções de baixa autoestima e baixa auto eficácia DISCRIMINAÇÃO A discriminação por sua vez seria o comportamento pratica do a partir desse preconceito como excluir pessoas de um determinado grupo na seleção para um emprego RÜSCH AN GERMEYER CORRIGAN 2005 Nesse sentido o estigma gera efeitos comportamentais diretos sobre a saúde mental impactando os indivíduos em diversas áreas da vida Figura 3 Representação dos componentes do estigma Estereótipo Crença negativa sobre um grupo Preconceito Concordância com a crença e reações emocionais negativas Discriminação Resposta comportamental ao preconceito Cartilha para prevenção da automutilação e do suicídio 31 32 FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE Quadro de reflexão Como o estigma e os transtornos mentais impedem a busca por ajuda Apesar do número cada vez mais frequente de tratamentos baseados em evidências para transtornos mentais muitas vezes os profissionais de saúde mental percebem duas tendências de comportamento 1 muitas pessoas com transtornos mentais nunca procuram ajuda ou tratamento 2 muitos pacientes buscam intervenção mas não aderem completamente ao tratamento Existem alguns motivos que explicam esse padrão sejam eles a falta de acesso à informação ou a falta de in vestimento público nesses assuntos mas uma das características que mais parecem influenciar a busca por ajuda ou a falta dela é o estigma sobre aspectos de saúde mental O púbico em geral parece entender a presença de transtornos mentais por quatro pistas sintomas psiquiátricos deficit nas habilidades sociais aparência física e rótulos A partir dessa percepção criamse os estereótipos que podem ser seguidos por preconceito e discrimi nação CORRIGAN 2004 Os estereótipos o preconceito e a discriminação podem impedir que pessoas com transtornos mentais te nham acesso a diversas oportunidades na vida Por causa da discriminação pessoas com transtornos mentais dificilmente conseguem obter bons empregos ou uma boa moradia Esse impacto também é visto no sistema criminal e no sistema de saúde geral De fato pessoas com transtornos mentais recebem menos serviços de saúde geral em relação às demais pessoas CORRIGAN 2004 Devido ao estigma público os que padecem de doenças mentais podem criar um autoestigma e essa noção negativa sobre os transtornos mentais pode influenciar na busca por tratamento e na sua manutenção Sendo assim as estratégias que buscam minimizar o estigma podem ser de grande valia para o auxílio aos transtornos mentais e para a redução de comportamentos autolesivos Cartilha para prevenção da automutilação e do suicídio 33 161 O QUE FAZER PARA RE DUZIR O ESTIGMA Informar a população e oferecer contato com o grupo estigmatizado parecem ser ações efetivas para re duzir o estigma Nesse sentido os veículos de comunicação devem ser incluídos como aliados a fim de aju dar a modificar falsas percepções e incentivar as pessoas a procurar aju da DA SILVA et al 2020 No entan to o contato com o grupo estigma tizado parece ser mais efetivo como intervenção para adultos THORNI CROFT et al 2016 Em relação às estratégias de contato há evidência de que estratégias de contato direto e indireto parecem funcionar para reduzir o estigma As estratégias de contato direto envolvem o contato face a face de membros da comuni dade com pessoas com transtornos mentais ou comportamentos auto lesivos Já as estratégias de contato indireto podem envolver os indivíduos observam outras pessoas em contato com alguém do grupo estigmatizado os indivíduos se imaginam estan do em contato com alguém do grupo estigmatizado os indivíduos veemassistem pes soas do grupo estigmatizado em vídeos os indivíduos conversam com ou tros do grupo estigmatizado por plataformas online os indivíduos são lembrados de que um amigo de um amigo faz parte deste grupo discriminado As estratégias de contato direto e indireto parecem ter efeitos simi lares sobre a redução do estigma Estratégias de contato com bases educacionais em que os indivíduos são ensinados sobre saúde mental antes durante ou depois do contato com alguém do grupo estigmatiza 34 FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE do também parecem ter efeitos si milares sobre a redução do estigma MAUNDER WHITE 2019 Tendo como base estas pes quisas intervenções que per mitam que as pessoas tenham esclarecimentos sobre saúde mental e contato respeitoso com pessoas com transtornos mentais podem auxiliar na redu ção do estigma frente a essas con dições e consequentemente fren te ao suicídio e à automutilação A implementação destas estratégias é facilitada com este contato indi reto feito com suporte de vídeos ou outras mídias estimulando a pessoa a observar o contato en tre outro indivíduo e alguém do grupo estigmatizado Cartilha para prevenção da automutilação e do suicídio 35 2 SINAIS DE ALERTA E PREVENÇÃO 36 FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE SAIBA MAIS 21 FATORES QUE AUMENTAM O RISCO PARA A AUTOMU TILAÇÃO E PARA O SUICÍDIO ão diversos os fatores que levam um indi víduo a cogitar a au tomutilação eou o suicídio Dentre eles os três principais são tentativa prévia de suicídio transtor nos mentais e his tórico genético e familiar OMS 2014 Além destes é importante res saltar fatores epigenéticos caracte rísticas sociodemográficas caracte rísticas de personalidade ambiente familiar caótico traumas abuso se xual físico eou emocional estresse e relações interpessoais disfuncio nais Para a ocorrência de comporta mentos autodestrutivos um fator de risco isolado não tem a mesma in fluência do que fatores combinados O diagnóstico de um transtor no mental é clínico e comple xo Nenhum exame consegue fazer o diagnóstico de um transtorno mental porém às vezes algum exame pode ser necessário para descartar do enças clínicas que apresentam alterações comportamentais A SEGUIR TRAZEMOS UMA BREVE EXPLICAÇÃO SOBRE OS PRINCIPAIS FATORES DE RISCO FRANKLIN et al 2017 Quanto mais fatores de risco maior a probabilida de de a pessoa se automutilar eou fazer uma tentativa de suicídio Cartilha para prevenção da automutilação e do suicídio 37 Tentativa prévia de suicídio É considerado o principal predi tor de suicídio O primeiro ano após uma tentativa de suicídio é o período de maior risco para repetição desse comportamento Quanto mais tenta tivas e quanto menor o intervalo de tempo entre elas maior a chance de suicídio OMS 2014 Histórico genético e familiar O risco de suicídio ou de auto mutilação aumenta se o indivíduo possui membros na sua família com histórico desses comportamentos A interação de componentes genéti cos e ambientais favorece o desen volvimento desses eventos OMS 2006 STUDARTBOTTÓ 2020 Isso pode ocorrer em parte devido à he rança de traços de personalidade como a impulsividade assim como à transmissão de padrões de compor tamentos disfuncionais aprendidos na infância e na adolescência Transtornos mentais Segundo dados do Ministério da Saúde 3 da população geral sofre com transtornos mentais severos e persistentes enquanto mais de 6 da população apresenta transtornos psiquiátricos graves decorrentes do uso de álcool e outras drogas e 12 da população necessita de algum atendimento em saúde mental seja ele contínuo ou eventual BRASIL 2007 38 FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE Lembrese a identificação precoce de fatores de risco é uma importante estratégia de prevenção Cartilha para prevenção da automutilação e do suicídio 39 SAIBA MAIS A diferença entre uma emoção tí pica e uma patológica é a intensida de No diagnóstico de um transtorno mental outros critérios precisam ser avaliados como as distorções cogni tivas os comportamentos disfuncio nais a desregulação das emoções e os prejuízos para o desenvolvimen to biopsicossocial do indivíduo No caso de crianças e adolescentes o diagnóstico do transtorno mental apresenta uma maior dificuldade pois os sintomas podem ser con fundidos com características típicas dessas fases do desenvolvimento VOCÊ SABIA Dentre as pessoas que morrem por suicídio a maioria sofre de algum transtorno mental sendo às vezes não diagnos ticado não tratado adequada mente ou não tratado O risco de comportamentos autodes trutivos é maior quando há associação entre dois ou mais transtornos como no caso de uma pessoa com depressão e dependência de álcool 40 FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE Sempre que houver sinais de que algo não vai bem com crianças e adolescentes fazse importante a avaliação médica e psicológica Vários outros problemas na in fância e na adolescência po dem vir acompanhados de alteração do humor e do comportamento Portanto é preciso uma avaliação crite riosa considerando estes problemas para um diagnósti co diferencial São eles luto ou difi culdade de adapta ção transtorno opositivo desafiador transtornos por uso de substâncias hipotireoidismo anemia infecções câncer e doenças autoimunes RO CHA et al 2013 Entre os transtornos mentais as sociados ao comportamento suicida podemos citar alguns 1 transtorno depressivo 2 transtorno bipolar TB 3 transtornos relacionados ao uso de substâncias psicoativas lí citas e ilícitas 4 transtorno de an siedade 5 transtorno de deficit de atenção e hiperatividade TDAH e 6 transtorno alimentar Cartilha para prevenção da automutilação e do suicídio 41 DEPRESSÃO A adolescência é um período mar cado por grandes mudanças bioló gicas psicológicas e sociais Nesse período há um risco maior do de senvolvimento de transtornos psi quiátricos sendo comum a depres são BATTEL 2020 A depressão é um distúrbio de hu mor caracterizado por comprometi mentos cognitivos emocionais e so ciais sendo um dos mais associados ao suicídio A incidência estimada é de 05 em crianças de 3 a 5 anos 2 em crianças de 6 a 11 anos e até 12 em crianças de 12 a 17 anos MULLEN 2018 Em adolescentes a depressão é menos diagnosticada do que em adultos possivelmente devido a fatores como oscilações dos sintomas reatividade do humor e irritabilidade excessiva O que diferencia a depressão de tristeza é a intensidade a persistên cia e as mudanças nos hábitos dos acometidos pela doença QUEVEDO NARDI DA SILVA 2019 O quadro a seguir mostra os sin tomas mais comuns da depressão de acordo com a faixa etária 42 FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE Quadro 4 Idade e variação da apresentação clínica 3 a 5 anos Problemas na verbalização interesse acentuadamente diminuído em brincadeiras dificuldade em se divertir temas autodestrutivos nas brincadeiras pensamentos de incapacidade ou suicídio e queixas somáticas Os sintomas não precisam estar presentes por duas semanas 6 a 8 anos Problemas de verbalização aumento de queixas somáticas choro ou gritos irritabilidade inexplicável perda da capacidade de sentir prazer anedonia 9 a 12 anos Baixa autoestima culpa desesperança tédio manifestação da anedonia isolamento social e medo da morte 13 a 18 anos Maior irritabilidade impulsividade e mudanças de comportamento notas reduzidas e baixo desempenho escolar aumento do sono e apetite risco de suicídio semelhante aos adultos aumento da probabilidade de curso crônico de depressão associação genética mais forte Acima de 19 anos Sintomas semelhantes à apresentação nos adultos Fonte Adaptado de MULLEN 2018 Uma atenção especial deve ser dada às manifestações observáveis como alterações nos padrões de sono irritabilidade baixo desempe nho acadêmico e retraimento social ROCHA et al 2013 Atenção caso suspeite que alguém do seu convívio sofre de depressão ou de algum outro transtorno mental oriente esta pessoa a procurar um médico Cartilha para prevenção da automutilação e do suicídio 43 44 FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE TRANSTORNO BIPOLAR O transtorno bipolar TB é um transtorno que interfere no desen volvimento emocional cognitivo e social ao longo da vida Os pacientes têm um risco aumentado de abu so de substâncias álcool e outras drogas problemas legais e tentati vas de suicídio ROCHA et al 2013 A característica mais significativa é a alteração persistente e prejudicial do humor variando entre mania hipomania ou depressão Os jovens frequentemente apresentam a forma atípica da doença O humor irritável é mais frequente do que a euforia e o curso da doença tende a ser mais crônico Em jovens quando compa rados com adultos há uma instabi lidade maior mais sintomas mistos depressão e mania concomitantes e psicóticos ROCHA et al 2013 ALGUNS SINTOMAS DO TB NA ADOLESCÊNCIA Oscilações de humor repenti nas Variação de estados de depres são e euforia Episódios prolongados de raiva ou fúria Ansiedade ou preocupação ex cessivas Hiperatividade e excitabilidade Alterações no padrão de sono dificuldades para dormir e acor dar terror noturno ou desperta res recorrentes durante o sono Dificuldades de concentração planejamento tomada de deci são e memória Verborragia fala excessiva e rá pida Comportamento sexual de risco principalmente na fase de ma nia APA 2013 DOME RIHMER GON DA 2019 SINAIS DE ALERTA PARA IDEAÇÃO SUICIDA EM ADOLESCENTES COM TRANSTORNO BIPOLAR Humor deprimido Queda do rendimento escolar Isolamento social Negligência com cuidados pes soais Preocupação com temas rela cionados à morte Aumento da irritabilidade crises intensas de raiva Ato de desfazerse de pertences Uso de álcool eou outras dro gas Alterações no padrão do sono e ou apetite Uso de expressões melancóli cas e autodestrutivas como a vida não tem mais sentido e quero sumir Ausência de planos para o fu turo APA 2013 Cartilha para prevenção da automutilação e do suicídio 45 O diagnóstico como na maioria dos diagnósticos em psiquiatria é baseado em uma cuidadosa revisão dos sintomas e em várias fontes de informação O diagnóstico precoce e o tratamento adequado podem reduzir os prejuízos causados pelo transtorno TRANSTORNOS RELACIO NADOS AO USO DE SUBS TÂNCIAS O uso de álcool tem uma maior prevalência por ser uma droga lícita de fácil acesso e culturalmente acei ta Considerandose todas as faixas etárias o uso abusivo de álcool e ta baco tem consequências negativas para a saúde pública mundial BRA SIL 2003 Os adolescentes são mais vulne ráveis aos efeitos do uso de substân cias e apresentam um risco maior de envolvimento em acidentes brigas atividades sexuais de risco ou in desejadas overdose distúrbios de saúde mental e baixo rendimento escolar No usoabuso de substâncias é comum a presença de outros trans tornos mentais depressão trans torno de deficit de atençãohiperati vidade e transtorno bipolar o que pode ocasionar um atraso na realiza ção do diagnóstico diferencial Atenção o uso abusivo de álcool ou outras drogas aumenta a impulsividade e eleva o grau de letalidade das tentativas de suicí dio WIENER et al 2018 Pelo menos 20 das pessoas que tenta ram suicídio fizeram uso de álcool nas seis horas que antecederam a tentativa e 10 da amostra teve dependência de substân cias DIEHL LARANJEIRA 2009 46 FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE Cartilha para prevenção da automutilação e do suicídio 47 TRANSTORNOS DE ANSIE DADE De acordo com o Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disor ders 5ª Edição DSMV os transtor nos de ansiedade englobam trans torno de ansiedade generalizada TAG fobias transtorno de pânico TP transtorno de ansiedade de separação TAS e mutismo seleti vo APA 2013 Já o transtorno de estresse póstraumático TEPT e o transtorno obsessivo compulsivo TOC classificados anteriormente no DSMIV como transtornos de an siedade ganharam capítulos à parte no DSM5 denominados respecti vamente de Trauma e Transtornos Relacionados ao Estresse e Transtor no ObsessivoCompulsivo e Trans tornos Associados Cada um destes distúrbios tem um conjunto de sinto mas específicos O TAG é caracterizado pela pre ocupação excessiva com uma série de eventos ou atividades como o desempenho escolar ou profissional Os sintomas causam sofrimento ou comprometimento significativo em aspectos pessoais sociais e acadê micos As fobias também considera das transtornos de ansiedade envol vem medos exagerados irracionais e persistentes de um objeto ou situa ção São exemplos de fobias a arac nofobia fobia de aranha a aerofo bia fobia de avião e a claustrofobia fobia de ambientes fechados O transtorno de pânico se carac teriza por crises de ansiedade repen tinas acompanhadas de sintomas físicos como falta de ar taquicardia e outros O TAS envolve ansiedade exacerbada de ficar separado das pessoas com as quais se tem um forte vínculo Finalmente o mutis mo seletivo consiste na dificuldade de comunicação da criança em al gumas situações específicas APA 2013 Como a depressão a ansiedade é comumente expressa nos adoles centes por sintomas físicos como aceleração dos batimentos cardí acos falta de ar dores de cabeça dores de estômago náusea vômito diarreia tensão muscular e dificulda de para dormir SALUM et al 2013 Muitos adolescentes podem não re conhecer estes sintomas como sinais de um transtorno mental Os sintomas podem ser tão avas saladores que os jovens podem se sentir incapazes de lidar com a si tuação o que pode culminar em ideação suicida Portanto é neces sário escutar atentamente os jovens quando eles relatam suas crises de ansiedade encaminhandoos para os centros de atendimento psiqui átrico e psicológico Tratar os trans tornos de ansiedade é uma estraté gia importante para a prevenção ao suicídio Atenção quem trabalha com jovens deve ter cuidado para não subestimar a gravidade da ansie dade do transtorno de estresse póstraumático ou do transtorno obsessivo compulsivo estejam eles isolados ou associados com a depressão comorbidade 48 FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE Cartilha para prevenção da automutilação e do suicídio 49 TRANSTORNO DE DEFICIT DE ATENÇÃO E HIPERATIVI DADE TDAH O transtorno de deficit de atenção e hiperatividade TDAH é um dos distúrbios mais comuns da infância caracterizado por sintomas de im pulsividade desatenção eou hipe ratividade dominantes persistentes e inadequados à idade Ao contrá rio do que muitos pensam a preva lência tem se m a n t i d o e stá v e l ao lon go das três últimas décadas suge rindo que o aumento do diagnóstico na população se deve ao maior reco nhecimento clínico POLANCZYK et al 2014 Segundo o DSM5 o TDAH resul ta em comprometimento funcional incluindo baixo desempenho aca dêmico eou profissional bem como prejuízos sociais Os sintomas do TDAH vão de leves a graves sendo necessária sua manifestação antes dos 12 anos de idade em pelo me nos dois ambientes diferentes É importante ressaltar que as pessoas com TDAH apresentam prejuízos em funções executivas como no plane jamento na tomada de decisões e na organização de ideias O Quadro 5 ilustra outros sintomas característi cos do TDAH 50 FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE Quadro 5 Sintomas de TDAH Desatenção Ter dificuldade de prestar atenção a detalhes ou er rar por descuido em atividades escolares e de traba lho Ter dificuldade para manter a atenção em tarefas ou atividades lúdicas Parecer não escutar quando lhe dirigem a palavra Não seguir instruções e não terminar tarefas escola res domésticas ou deveres profissionais Ter dificuldade em organizar tarefas e atividades Evitar ou relutar em envolverse em tarefas que exi jam esforço mental prolongado Perder facilmente objetos Distrairse facilmente por estímulos alheios à tarefa Apresentar esquecimentos em atividades diárias Hiperatividade e Impulsividade Agitar as mãos ou os pés eou se remexer na cadeira frequentemente Ter dificuldade em permanecer parado eou senta do em determinadas situações por exemplo não conseguir ficar sentado durante as aulas Movimentarse em excesso subir em locais altos correndo riscos desnecessários Ter dificuldade em brincar ou em se envolver silen ciosamente em atividades de lazer Estar frequentemente muito agitado Falar em excesso Antecipar respostas antes de as perguntas serem fi nalizadas Ter dificuldade em esperar por exemplo ordem da fila sua vez de falar Fazer colocações em assuntos que não lhes dizem respeito Fonte RODHE 2010 APA 2013 com modificações Cartilha para prevenção da automutilação e do suicídio 51 O impacto deste transtorno na sociedade é significativo conside randose os prejuízos nos âmbitos pessoal familiar acadêmico e pro fissional bem como os seus efeitos negativos na autoestima de crianças e adolescentes Destacase ainda a alta prevalência de comorbidades como transtorno opositor desafia dor transtorno de conduta depres são e ansiedade MATTOS 2010 O tratamento do TDAH requer uma abordagem multidisciplinar a fim de englobar intervenções psicoterápicas e farmacológicas com a participação de múltiplos agentes sociais como pais outros familiares educadores e profissio nais de saúde além de exigir am bientes estruturados rotinas e um plano de intervenção escolar Nes se sentido a psicoeducação com o paciente e sua família é fundamen tal para o tratamento TRANSTORNOS ALIMENTA RES As principais doenças aqui agru padas são a anorexia nervosa e a bulimia nervosa Os transtornos ali mentares são muito mais comuns em mulheres do que em homens e geralmente manifestamse entre 13 e 20 anos de idade Se não tratado o distúrbio normalmente pode se tor nar mais grave atingindo o pico no início da idade adulta Os distúrbios alimentares são fortemente ligados a outros distúrbios de saúde mental como o abuso de substâncias psico ativas depressão e ansiedade A propósito a depressão é con siderada uma característica central dos transtornos alimentares atingin do de 25 a 52 das pessoas com anorexia e bulimia nervosas VERAS et al 2018 A prevalência de tentativa de sui cídio em pessoas com anorexia ner vosa é de 25 a 35 mais frequente do que naquelas com bulimia ner vosa Estimase que de 20 a 40 das mortes na anorexia nervosa ocorrem por suicídio e que os pa cientes com anorexia nervosa têm 23 vezes mais risco de suicídio com pleto do que a população em geral VERAS et al 2018 52 FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE Quadro 6 Sintomas de anorexia nervosa e bulimia ner vosa Anorexia nervosa Distorção da imagem corporal Negação da gravidade do baixo peso corporal Restrição da ingestão de alimentos levando ao bai xo peso corporal considerandose a idade o gêne ro a trajetória do desenvolvimento e a saúde física Medo intenso de ganhar peso Anorexia nervosa Episódios recorrentes de compulsão alimentar nos quais uma grande quantidade de comida é consu mida em um curto intervalo de tempo juntamente com a sensação de que não se pode parar de comer ou controlar o que ou quanto se está comendo Comportamentos inapropriados recorrentes para compensar a compulsão alimentar e evitar o ganho de peso como indução de vômitos uso indevido de laxantes e diuréticos jejum ou exercício excessivo Percepção distorcida da imagem corporal Lembrete para a identificação é necessário que a compulsão alimentar e os comportamentos compensa tórios inapropriados ocorram no mínimo uma vez por semana durante 3 meses em média Fonte APA 2013 Cartilha para prevenção da automutilação e do suicídio 53 OUTROS FATORES DE RISCO Comportamento impulsivo O comportamento suicida em ado lescentes é frequentemente associa do a comportamentos impulsivos ou agressivosimpulsivos particularmen te no contexto de depressão uso de álcool ou outras drogas ou transtorno bipolar ABP 2014 O uso de álcool ou outras drogas pode intensificar a impul sividade e aumentar o risco de suicídio Eventos precipitantes ou estres sores imediatos Como mencionado no início deste capítulo os três maiores fatores de ris co para suicídio são a tentativa prévia de suicídio os transtornos mentais e o histórico genético e familiar de comportamento suicida OMS 2014 Eles são considerados fatores predis ponentes para o suicídio ou seja estão dentro de um conjunto de fatores de risco que ocorrem ao longo da vida e que contribuem para que a pessoa de sista de viver Entretanto existem os fa tores que chamamos de precipitantes ou precipitadores para suicídio isto é a gota dágua eventos que levam o indivíduo a um nível de sofrimento per cebido como insuportável e que con tribuem como último impulso para a decisão final de tirar a própria vida Negligência rompimento de víncu los afetivos separações perda de um ente querido crise financeira bullying e cyberbullying violências física sexual eou emocional humilhação e execra ção pública por exemplo ter um vídeo íntimo divulgado por outra pessoa nas redes sociais são alguns exemplos de fatores precipitantes Os eventos estressantes também considerados como fatores precipitan tes do suicídio podem levar adolescen tes a um quadro de sofrimento e adoe cimento mental depressão ansiedade e transtorno bipolar dente outros que pode eventualmente evoluir para um comportamento suicida Entretanto é importante ressaltar que a maioria dos adolescentes mesmo diante de situa ções adversas não se suicida 54 FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE Quadro de reflexão A relação entre impulsividade e os comportamentos autolesivos A impulsividade é uma característica muito estudada e tem sido associada a diversos comportamentos de risco incluindo comportamentos autolesivos e suicidas Conforme vimos anteriormente o principal fator que leva aos comportamentos autolesivos sem intenção suicida é a tentativa de regulação emocional Notase que a presença de um estado afetivo negativo pode aumentar a chance de comportamentos impulsivos Sendo assim a impulsividade pode aumentar a vulnerabilidade de uma pessoa levandoa ao envolvimento em comportamentos disfuncionais como a autolesão para buscar um alívio da dor emocional LOCKWOOD et al 2017 As pesquisas apontam a relação entre comportamentos autolesivos e impulsividade Existem vários tipos de impulsividade e segundo estudos a impulsividade mais relacionada aos comportamentos autolesivos é a ur gência negativa ou seja quando as emoções negativas raiva tristeza ansiedade preocupação dentre outros sentimentos levam uma pessoa a agir de forma que não agiria normalmente e a ter comportamentos autolesivos LOCKWOOD et al 2017 Cartilha para prevenção da automutilação e do suicídio 55 Nesse sentido é importante avaliar a impulsividade em casos de risco de autolesão como medida preventiva para esses comportamentos A Escala Barrat Impulsiveness Scale BIS11 é um instrumento clássico de avaliação de impulsividade que mensura a impulsividade atencional a impulsividade motora e a impulsividade por falta de planejamento Já a escala de comportamento impulsivo UPPSP investiga cinco dimensões urgência negativa já explicada anteriormente falta de premeditação agir no calor do momento sem refletir sobre as consequên cias falta de persistência desistir facilmente de uma atividade que requer mais resistência busca de sensações maior predisposição a correr riscos e urgência positiva busca por comportamentos de risco para gerar emoções positivas GARCIA 2018 Nesse âmbito uma outra escala bastante utilizada no Brasil é o Questionário de Impulsividade Autoagressão e Ideação Suicida para Adolescentes QIAISA Uma das vantagens dessa escala em relação à BIS 11 e à UPPSP é que além de avaliar a impulsividade ela possibilita investigar comportamentos autolesivos ideação suicida e a correlação entre esses fenômenos facilitando o trabalho dos profissionais da saúde que atuam nessa área PEIXOTO et al 2019 Uma vez identificado o papel da impulsividade por urgência negativa nos comportamentos autolesivos inter venções voltadas para a regulação das emoções análise das consequências e posterior tomada de decisão são importantes para aqueles que apresentam ideações ou comportamentos autolesivos 56 FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE Maustratos e violência domés tica Maustratos como negligência abuso físico emocional eou sexual e violência doméstica são graves fa tores de risco para comportamentos autolesivos em adolescentes Um ambiente hostil e conflituoso contri bui significativamente para a baixa autoestima e para o sofrimento psi cológico Nesse contexto as habili dades para lidar com adversidades ficam comprometidas Uma das con sequências é a crença de que a única solução seja tirar a própria vida To davia o suporte familiar e a adesão ao tratamento quando necessário contribuem para que esses jovens encontrem razões para viver e para não desistir da vida Bullying Com maior prevalência na ado lescência o bullying é um fenôme no que envolve agressão física e ou emocional sistemática podendo acarretar prejuízos biopsicossociais ao longo da vida FERREIRA 2020 Nesse âmbito uma prática muito co mum tem sido o cyberbullying que consiste no bullying praticado nas redes sociais SAIBA MAIS O bullying é um tipo de violência física eou psicológica realizada de maneira intencional e repe tida com o objetivo de agredir intimidar isolar difamar ou dis criminar a vítima Há evidências de que pessoas que sofrem bullying têm mais chances de desenvolver depressão e comporta mentos suicidas VAN GEEL WEBBER TANILON 2014 Cartilha para prevenção da automutilação e do suicídio 57 Quadro de reflexão A relação do bullying com comportamentos autolesivos O bullying é um tema cada vez mais abordado na mídia e na literatura científica É comum que conflitos e de sentendimentos aconteçam quando nos engajamos em relações sociais assim como podem acontecer algumas provocações em ocasiões específicas sem intenção de causar sofrimento ou danos interpessoais Embora essas situações possam causar desconforto elas também oferecem contextos para que as crianças e os adolescentes criem estratégias para lidar com conflitos de maneira assertiva e aprendam a resolver os problemas e as suas emoções O bullying se diferencia dessas situações por ser um tipo de violência física ou psicológica perpetrada de ma neira intencional e sistemática repetida com o objetivo de agredir intimidar isolar difamar ou discriminar a vítima Vítimas de bullying sofrem grave angústia emocional associada à violência psicológica ou física às quais estão sendo submetidas além de marginalização social e redução do status diante de colegas e amigos Nesse sentido a presença de transtornos mentais internalizantes como depressão e ansiedade é mais fre quente em vítimas de bullying KARANIKOLA et al 2018 Devido a essa relação é mais comum que jovens que sofrem bullying apresentem comportamentos autolesivos e suicidas É importante saber identificar casos de bullying e estar atento para intervir de maneira incisiva na situação O quadro abaixo traz algumas características de jovens que sofrem e praticam bullying 58 FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE Sinais de que a criança está sofrendo bullying Sinais de que a criança pratica bullying Passa a evitar a escola Chora excessivamente Reclama de dores de cabeça ou de barriga Passa a apresentar dificuldades de sono Apresenta queda no desempenho escolar ou perda do interesse na escola Passa a se isolar dos colegas e a interagir menos com os amigos Apresenta ferimentos e hematomas ou tem o seu material escolar destruído Separa facas ou outros objetos para tentar se defender Expressa sentimentos de desesperança e tristeza Inicia brigas físicas ou verbais com frequência É agressiva em diversos contextos Culpa os outros pelas próprias ações Tem dificuldades em controlar as emoções em es pecial a raiva Não se responsabiliza pelos seus erros Comanda ações de exclusão de outros colegas Preocupase com a sua posição de popularidade Cartilha para prevenção da automutilação e do suicídio 59 Atenção uma mesma pessoa pode ser o alvo dessas práticas e praticar bullying com outras pessoas Ao presenciar uma situação de bullying qualquer adulto deve intervir no mesmo momento para evitar que a situação prossiga Nesse sentido o adulto deve 1 Parar o comportamento de bullying 2 Explicar que aquela situação se configura como bullying 3 Caso o bullying esteja relacionado a um membro da equipe escolar definir com o agressor quais são as po líticas da escola em relação ao bullying 4 Falar com o agressor e com a vítima separadamente 5 Notificar o caso aos supervisores coordenadores ou diretor da escola Vale notar que o bullying configura situação de agressão e vitimização ou seja não é um conflito em que as duas partes têm igual responsabilidade Desse modo estratégias de mediação de conflitos no momento da agres são como estabelecer um diálogo entre os dois alunos não costuma funcionar e pode gerar impactos negativos sobre a vítima SWEARER ESPELAGE NAPOLITANO 2009 60 FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE Acesso a meios letais O acesso aos meios letais aumen ta significativamente o risco de suicí dio inclusive entre os adolescentes Particularmente o acesso aos meios letais para pessoas com transtornos mentais é algo ainda mais arriscado FIQUE ATENTO AOS SINAIS DE COMPORTAMENTO SUI CIDA DURANTE AS CONSUL TAS MÉDICAS De acordo com Corrêa e Barrero 2006 aproximadamente 60 das pessoas que tiraram a própria vida estiveram em uma consulta médica nos dias ou nas semanas anteriores ao suicídio na qual expressaram o desejo de morrer Diante disso os mé dicos e demais profissionais de saúde precisam ficar atentos aos fatores de risco e de proteção além de trabalha rem com o indivíduo e sua família a psicoeducação uma vez que esta é uma ferramenta efetiva na prevenção da violência autoprovocada Atenção o armazenamento seguro de produtos que po dem servir de meios letais é importante especialmente em tempos de maior estres se ou na presença de trans tornos mentais Cartilha para prevenção da automutilação e do suicídio 61 62 FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE A seguir trazemos um breve resu mo dos fatores de risco Quadro 7 Alguns fatores de risco para automutilação e suicídio Alguns fatores de risco para automutilação e suicídio Fatores de risco individuais Fatores de risco sociais Fatores de risco ambientais História prévia de tentativa de suicídio Desesperança Abuso de álcool e drogas Histórico de transtornos mentais Deficit cognitivos Comportamentos impulsivos Não adesão ao tratamento História familiar de suicídio Desemprego Bullying História de abuso sexual eou emocional Situação atual ou prévia de violência Baixo nível socioeconômico Acesso aos meios letais Mídias Dificuldades de acesso a trata mento de saúde mental Cartilha para prevenção da automutilação e do suicídio 63 A RELAÇÃO ENTRE ASIS E SUICÍDIO A autolesão sem intenção suicida ASIS é um importante fator de risco para o suicídio É importante avaliar a relação entre ambos ASIS e suicídio considerandose os aspectos clíni cos e de saúde pública GUAN FOX PRINSTEIN 2012 MUEHLENKAMP BRAUSCH WASHBURN 2017 Existem algumas diferenças en tre ASIS e tentativas de suicídio TS Dentre elas destacamse KLONSKY et al 2011 Intencionalidade na ASIS a in tenção principal é o alívio da dor emocional enquanto nas TS a in tenção é causar a própria morte Dano médico é maior nas TS do que em episódios de ASIS Frequência é maior em episó dios de ASIS do que nas TS Letalidade é maior nas TS do que na ASIS Apesar das diferenças ASIS e suicídio também apresentam ca racterísticas semelhantes Notase que eles convergem em pelo menos dois pontos 1 a experiência de so frimento emocional e 2 a experiên cia de infligir dor e lesão a si mesmo GUERREIRO SAMPAIO 2013 Além disso há fatores de risco convergentes entre comportamento suicida e ASIS como pode ser visto no Quadro 8 MARS et al 2014 64 FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE Quadro 8 Fatores de risco convergentes e divergentes entre comportamentos autolesivos com e sem intenção suicida Fonte Adaptado de MARS et al 2014 Fatores de risco convergentes e divergentes entre comportamentos Fatores de risco compartilhados Fatores de risco igualmente associados com comportamentos autolesivos com e sem intenção suicida Fatores de risco mais fortemente associados aos comportamen tos de autolesão com intenção suicida Fatores de risco mais fortemente associados aos comportamentos de autolesão sem intenção suicida ASIS Sexo feminino Abuso sexual na infância Busca frequente de atividades intensas Abuso de álcool Uso de maconha Sofrer bullying Insatisfação com o corpo Depressão Ansiedade Fumo Comportamento autolesivo da mãe Autolesão em amigos Escores elevados de busca por no vidades Fatores de risco específicos Autolesão com intenção suicida apenas Autolesão sem intenção suicida apenas Menor renda Menor classe socioeconômica Crueldade com crianças no lar Tentativa de suicídio parental Comportamento autolesivo do pai Fatores de risco que diferem na direção da associação entre automutilação com e sem intenção suicida Escores de Coeficiente de Inteligência QI maior fator de risco para ASIS QI mais baixo fator de risco para tentativa de suicídio Educação materna maior educação materna fator de risco para ASIS menor educação materna fator de risco para tentativa de suicídio Cartilha para prevenção da automutilação e do suicídio 65 22 ASPECTOS QUE REDUZEM O RISCO OS FATORES DE PRO TEÇÃO s fatores de prote ção são importantes para a prevenção de transtornos men tais de comporta mentos autolesivos e do suicídio Eles podem ser de ordem intrapessoal ou interpessoal A Figura 4 mostra um esquema sobre os fatores protetores para comportamentos suicidas Figura 4 Fatores de proteção ao suicídio Fatores de proteção sociais Redução da pobreza Acesso a serviços de saúde mental Fatores de proteção individuais Habilidades de resolução de problemas Habilidades para regular comportamentos pensamentos e emoções Eficácia no uso de estratégias de enfrentamento Elevada autoeficácia Exercício físico Esperança Identificação de razões para viver Fatores de proteção psicossociais Suporte familiar e social Participação dos pais na vida dos filhos Pais com efetivas estratégias de enfrentamento Ambiente escolar que ofereça acolhimento e apoio para indivíduos em estado de vulnerabilidade com transtornos mentais eou com comportamentos autolesivos Razões para viver Autoestima elevada Tratamento médico Desenvolvimento de relações interpessoais positivas Espiritualidade Boas práticas em busca de qualidade de vida Fonte Adaptado de McLEAN et al 2008 66 FUNDAÇÃO DEMOCRÍTICO ROCHA UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE Cartilha para prevenção da automutilação e do suicídio 67 Quadro de reflexão O papel da internet nos comportamentos de autolesão O uso da internet é cada vez mais comum no dia a dia das pessoas podendo influenciar positivamente ou nega tivamente pensamentos e comportamentos Nesse sentido a internet pode ser um fator de risco ou de proteção para a violência autoprovocada Segundo Marchant et al 2018 os efeitos negativos do uso da internet estão associados principalmente ao tempo de utilização e à busca de sites sobre automutilação e suicídio A visualiza ção constante destes conteúdos parece normalizar tais comportamentos representando um fator de risco para automutilação e suicídio Outro fator de risco é o cyberbullying bullying por meio das redes sociais que tem se tornado cada vez mais comum Contudo é importante ressaltar que esse risco é maior em indivíduos em estado de vulnerabilidade psíquica Por outro lado a internet pode ser uma fonte de auxílio na integração social e na implementação de estratégias preventivas Pode facilitar a busca por ajuda e disseminar informações com o objetivo de conscientizar os indiví duos sobre os fatores de risco e de proteção bem como sobre a importância de se procurar auxílio profissional quando necessário A grande questão a ser considerada é a forma como essas informações são divulgadas de modo a evitar o incentivo a comportamentos autolesivos LUXTON JUNE FAIRALL 2012 Fonte Adaptado de McLEAN et al 2008 68 FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE 23 COMO IDENTI FICAR SE UM JO VEM ESTÁ EM RISCO E PRECISA DE AJUDA onhecer os fatores de risco e prote ção pode auxiliar a identificar se um jovem precisa de ajuda É também importante saber reconhecer mudanças que indicam um comportamento de risco Alguns adolescentes procuram disfarçar os seus sentimentos e suas emoções quando estão pas sando por alguma situação difícil e estressante Em alguns casos eles não querem causar mais proble mas aos seus familiares ou amigos e preferem lidar com a situação so zinhos Em outros sentem vergonha de expor a sua intimidade e acabam se isolando A consequência disso é que com o tempo a situação pode se tornar intolerável levandoos a um estado de sofrimento progressi vo À medida que esse sofrimento aumenta cresce também o risco de desenvolver um comporta mento autolesivo Listamos a seguir alguns sinais que podem identificar comporta mentos autolesivos com ou sem in tenção suicida em adolescentes Embora os alertas citados sejam de grande relevância para identificar e prevenir os atos de violência au toprovocada a melhor forma de des cobrir se o adolescente pensa em se machucar ou pretende tirar a própria vida é perguntando isso diretamente a ele Cartilha para prevenção da automutilação e do suicídio 69 Quadro 9 Lista de sinais de alerta de violência autoprovocada Ansiedade eou tristeza intensas Apatia em relação às pessoas indiferença Isolamento social Dificuldades nas relações interpessoais Mudanças no comportamento Frases de alerta como Preferia estar morto Não aguento mais Sou um peso na vida dos outros Os outros serão mais felizes sem mim A minha vida não tem mais sentido Só sinto um grande vazio Eu queria dormir para sempre Perdas recentes morte de um ente querido perdas de oportunidade ou de autoestima Perda do interesse por atividades que antes praticava e das quais gostava Roupas de frio usadas em período de calor Irritação e agressividade sem motivos aparentes Tédio frequente Achar que é um problema para todos ao redor Cicatrizes cortes arranhões e hematomas Achar que se morrer ninguém vai sentir sua falta ou notar alguma diferença 70 FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE Achar que ninguém pode ajudar com o seu problema Achar que os seus problemas não têm solução Alteração do peso ganho ou perda Alteração do padrão de sono dormir muito ou pouco ter dificuldade para iniciar o sono acordar várias vezes durante a noiteou ter sono agitado Queda no rendimento escolar Demonstrar desesperança com o futuro Comportamentos de risco uso de álcool e drogas Postagens de despedida em redes sociais bilhetes ou carta de despedida Lembrese é importante falar sobre suicídio ou automutilação de forma adequada Cartilha para prevenção da automutilação e do suicídio 71 72 FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE 24 COMO PREVENIR COMPORTAMENTOS DE RISCO iante de comporta mentos de risco para a automutilação e para o suicídio fazse ne cessário o desenvol vimento de estraté gias de intervenções e de prevenção para reduzir a frequência desses compor tamentos Terzian Andrews e Moore 2011 apontam sete estratégias para a prevenção de comportamentos de risco em adolescentes 1 APOIO E FORTALECIMEN TO DAS RELAÇÕES FAMILIA RES Fornecer dicas aos pais eou res ponsáveis sobre como lidar com o estresse Ensinar a respeitar e a valo rizar seus filhos utilizando uma co municação clara e acolhedora sem pre reforçando os comportamentos positivos dos seus filhos Cartilha para prevenção da automutilação e do suicídio 73 2 FORTALECER O VÍNCULO ENTRE ESTUDANTES E ES COLAS Crianças e jovens que se sentem vinculados às suas escolas são me nos vulneráveis a praticar eou sofrer bullying e envolverse em compor tamentos de risco como abuso de substâncias psicoativas sexo preco ce e sem proteção automutilação e violência Programas que focam em per mitir a participação dos alunos nas tomadas de decisão e na interação com as normas e com os valores da escola também podem aumentar a conexão do aluno com a sua escola Além disso capacitar professores a fim de que estes identifiquem alunos que precisam de ajuda e ofereçam tal auxílio também pode ser uma es tratégia útil a ser tomada 3 TORNAR AS COMUNIDA DES SEGURAS E ACOLHEDO RAS PARA CRIANÇAS E JO VENS Crianças e jovens que vivem em comunidades seguras e acolhedoras têm menos probabilidade de usar drogas apresentar comportamento agressivo cometer crimes e abando nar os estudos Nesse sentido é fun damental a implementação de pro gramas voltados para a integração da comunidade para a diminuição da violência para a valorização do respeito mútuo e para o desenvolvi mento de atividades sociais 4 PROMOVER O ENVOLVI MENTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE EM PROGRA MAS EXTRACURRICULARES DE ALTA QUALIDADE O pertencimento a grupos com hábitos saudáveis a prática de ati vidades físicas o envolvimento em trabalhos voluntários e o contato direto com a natureza são fatores de proteção para psicopatologias e comportamentos de risco Portanto é importante criar um cenário que facilite o engajamento de crianças e jovens em atividades extracurricula res voltadas para o bemestar 74 FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE 5 PROMOVER O DESENVOL VIMENTO DE RELAÇÕES SÓ LIDAS COM OS CUIDADORES Promover relações positivas e du radouras da criança e do adolescen te com os seus cuidadores ou outros adultos contribui para a redução de comportamentos de risco Nesse sentido programas e atividades de senvolvidas no ambiente familiar e escolar são relevantes para o desen volvimento saudável de crianças e adolescentes 6 OFERECER OPORTUNIDA DES PARA QUE CRIANÇAS E ADOLESCENTES DESENVOL VAM COMPETÊNCIAS SOCIAIS E EMOCIONAIS Habilidades para resolução de problemas lidar com perdas res peito ao próximo comunicação efe tiva interação social regulação das emoções e aumento da resiliência facilitam o enfrentamento de situa ções adversas e consequentemente contribuem para a redução dos com portamentos de risco entre crianças e adolescentes 7 PROPORCIONAR ÀS CRIAN ÇAS E AOS ADOLESCENTES UMA EDUCAÇÃO DE ALTA QUALIDADE DESDE A PRIMEI RA INFÂNCIA O suporte social e os cuidados na primeira infância são fundamen tais para o desenvolvimento e o bemestar do indivíduo reduzindo as chances do desenvolvimento de psicopatologias e de dificuldades de aprendizagem ao longo da vida Nes se contexto é importante voltar o olhar para a promoção de uma edu cação de qualidade com ênfase não apenas na cognição mas no desen volvimento de habilidades socioe mocionais Quanto mais precoce for essa educação menores as chances de comportamentos de risco nesses indivíduos Cartilha para prevenção da automutilação e do suicídio 75 25 COMO AUMEN TAR OS FATORES DE PROTEÇÃO lém de re duzir com portamentos de risco é importante a u m e n t a r dos fatores de proteção Tais fatores abrangem diferentes di mensões individual psicossocial e societária No plano individual des tacase a estratégia de regulação emocional que deve ser ensinada a crianças e adolescentes conforme apontam Werner e Gross 2010 O Quadro 10 fornece algumas dicas de como propiciar o desenvolvimento da regulação emocional em crianças e adolescentes 76 FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE Quadro 10 Estratégias de regulação emocional Auxilie a criança ou o adolescente a identificar e nomear suas emoções Ajude a criança ou o adolescente a identificar os fatores que levaram à manifestação de suas emoções antece dentes e ao seu comportamento diante delas Uma vez identificadas as contingências em que a emoção apare ce ficará mais fácil para o indivíduo lidar com as emoções e modificar os seus comportamentos disfuncionais Estratégias de seleção e modificação de comportamentos são ferramentas para lidar com situações estressoras Exemplo se o jovem identifica que um determinado grupo o trata com indiferença e hostilidade ele pode pro curar outro grupo no qual ele seja valorizado e reconhecido Estratégias de modificação de atenção visam direcionar a atenção para os outros aspectos de uma dada si tuação buscando o lado positivo e as possíveis soluções Exemplo um jovem não foi selecionado para um emprego Ele pode ficar se lamentando com raiva ou se acalmar e refletir sobre o que ele pode tirar de apren dizagem como a necessidade de investir mais em sua formação ou procurar empregos mais condizentes com suas habilidades Estratégias de modificação cognitiva consistem em entender que a forma como interpretamos uma situação pode estar errada e que podemos percebêla de outro modo Muitas vezes um indivíduo tem interpretações errôneas sobre si sobre os outros e sobre os acontecimentos Denominamos isso de distorções cognitivas que afetam as nossas emoções e nosso comportamentos ocasionando o sofrimento Portanto é preciso compreen der estes pensamentos distorcidos estas crenças limitantes e alterar a percepção Tentar interpretar a situação de uma maneira diferente sem julgamentos eou autocobranças Exemplo um jovem não tirou 10 na prova Ele pode perceber isso como o fim de sua carreira acadêmica Tratase de uma distorção cognitiva Entender que ele está maximizando a situação pode levar à redução do sofrimento Estratégias para lidar com as emoções consistem no desenvolvimento do autoconhecimento do autocontrole da empatia e da resiliência para lidar com as emoções Neste caso podese ajudar os jovens a perceberem suas emoções sem que sejam dominados por elas Uma das estratégias usadas envolve não agir de acordo com a emoção mas tentar ter uma ação oposta a esta Exemplo ter uma ação amável quando se está com raiva Além disso é importante promover a conscientização de que de é normal ter emoções desconfortáveis Cartilha para prevenção da automutilação e do suicídio 77 26 COMO REALIZAR E MELHORAR O RE GISTRO DE CASOS Lei 13819 de 26 de abril de 2019 instituiu a Políti ca Nacional de Prevenção da Automutilação e do Suicídio a ser implementa da pela União em cooperação com os estados Distrito Federal e muni cípios Em 2020 foi publicado o De creto 10225 que regulamenta a Lei 138192019 criando o Comitê Ges tor da Política Nacional de Preven ção da Automutilação e do Suicídio É importante ressaltar que um passo importante para a interven ção e prevenção da automutilação e do suicídio consiste na notificação destes casos A violência doméstica sexual e outras violências constam na Lista Nacional de Notificação Compulsória de doenças agravos e 78 FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE eventos de saúde pública Uma vez identificado o comportamento de autolesão devese preencher a Fi cha de Notificação de Violência In terpessoalAutoprovocada que deve ser encaminhada para o Núcleo de Vigilância Epidemiológica de acordo com as operações definidas em cada Secretaria Municipal de Saúde No caso de tentativa de suicídio a notificação deve ser feita de forma imediata dentro de 24 horas Ime diatamente após o conhecimento da tentativa de suicídio o caso deve ser notificado pelo meio mais rápido disponível garantindo a assistên cia pela rede de atenção à saúde A comunicação pode ser feita via tele fone ou email com envio posterior da ficha de notificação No caso de crianças e adolescentes as autorida des competentes como o Ministério Público ou o Conselho Tutelar de vem ser comunicadas também A notificação adequada tem como objetivo auxiliar as autoridades no co nhecimento sobre os casos de auto mutilação e suicídio e ajudar a traçar políticas públicas para a prevenção desses comportamentos Por isso deve ser realizada de acordo com os passos mencionados No final desta cartilha você en contra a imagem da ficha de notifica ção e um QR Code para acessála na integra Muitas vezes a pessoa que apre senta comportamentos autolesivos eou seus familiares se sentem pou co à vontade para registrar a ocorrên cia da autoagressão Nesse sentido trabalhos que ajudem a reduzir o estigma como já exposto na seção 16 podem ser úteis para melhorar o registro de casos O profissional de saúde na atenção primária que aten der a tais casos também deve ofe recer uma escuta sem julgamentos para facilitar o diálogo com o jovem Cartilha para prevenção da automutilação e do suicídio 79 3 INTERVENÇÃO 80 FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE Cartilha para prevenção da automutilação e do suicídio 81 A conversa responsável sobre o assunto com a pessoa em estado de vulnerabilidade não aumenta o pe rigo da prática de comportamentos autodestrutivos Pelo contrário isso reduz a possibilidade de ocorrência desses comportamentos Então a pergunta é como abor dar o adolescente para identificar ou confirmar os sinais indicadores de um comportamento autolesivo Conheça os três tipos de habili dades fundamentais para lidar com essa situação Saber como perguntar Saber o que perguntar Saber em qual momento perguntar COMO PERGUNTAR A maneira de perguntar ao ado lescente é fundamental Isso porque se as perguntas não forem realizadas de forma adequada e responsável a conversa pode piorar a situação na qual ele se encontra No entanto não há uma fórmu la mágica O recomendado é que a abordagem seja a mais cautelosa e acolhedora possível de modo a não alterar o estado emocional já fragili zado da pessoa Desse modo são recomendadas perguntas mais leves no início sem abordar o problema diretamente a fim de se chegar até o assunto gra dativamente No decorrer das per guntas esteja atento e demonstre interesse e preocupação com o pro blema ou com a situação que está in comodando o jovem Procure se co locar no lugar dele e especialmente oferecer apoio Evite fazer julgamen tos ou tirar conclusões precipitadas dos relatos Algumas dessas perguntas estão na página seguinte Perguntas indiretas Você está triste Há algo que está preocupando você Você se sente sozinho Você acha que alguém se preocupa com você Se a morte viesse ela seria bemvinda Perguntas diretas Você já se automutilou ou atualmente se mutila Você já pensou ou tem pensado em morrer Você já pensou ou tem pensado em acabar com sua vida O QUE PERGUNTAR Depois que a pessoa já estiver no assunto seja objetivo e claro para que não reste nenhuma dúvida acerca do risco de suicídio e da automutilação Aqui podemos destacar as seguintes perguntas Há algo incomodando ou tirando o seu sono atualmente Você já se agrediu intencionalmente Atualmente você se agride intencionalmente Você já pensou tirar a própria vida Você já tentou tirar a própria vida Você planeja tirar a própria vida Planejou uma data para isso Você tem meios para tirar a própria vida Atenção é extremamente importante que o ava liador nunca mencione qualquer método de sui cídio para a pessoa 84 FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE EM QUE MOMENTO PERGUNTAR Qual é o momento certo para fazer tais perguntas Saber escolher o momento propício para abordar o adolescente é essencial para evitar que o estado emocional dele piore e gência para tratamento especializado 86 FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE 31 COMO RESPON DER A UMA POSSÍVEL SITUAÇÃO DE RISCO ma vez identi ficada uma si tuação de risco para suicídio é importante analisar o nível de gravidade do risco de suicídio baixo médio ou alto e depois agir de acordo com o risco O Quadro 11 apresenta uma lista para avaliação do risco de suicídio e o que fazer em cada caso de acordo com a Asso ciação Brasileira de Psiquia tria 2014 Cartilha para prevenção da automutilação e do suicídio 87 Quadro 11 Avaliação da gravidade do risco e manejo Risco Baixo Risco Médio Risco Alto Caracterização A pessoa teve alguns pensa mentos suicidas mas não fez nenhum plano A pessoa tem pensamentos e planos mas não pretende se suicidar imediata mente A pessoa tem um plano definido tem os meios para executálo e planeja fazêlo prontamente Tentou suicídio recentemente Tentou suicídio várias vezes em um curto intervalo de tempo Manejo Promover escuta acolhedora para compreensão e ameniza ção do sofrimento Facilitar a vinculação da pes soa ao cuidador que esteja ao seu redor Indicar para tratamento de possível transtorno mental Tomar cuidado com possíveis meios letais que possam estar presentes no local Promover escuta terapêutica que pos sibilite a pessoa expressar os seus sen timentos e contextualizar a situação de crise Investir nos possíveis fatores protetivos Investir na família e nos amigos como parceiros no acompanhamento da pes soa sob risco Estar junto da pessoa e não dei xála sozinha Tomar cuidado com possíveis meios que possam ser usados no suicídio e que possam estar no local Informar a família e investir no acompanhamento da pessoa 88 FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE Risco Baixo Risco Médio Risco Alto Encaminhamento Encaminhar para profissional especializado em saúde men tal caso não haja melhora Esclarecer ao paciente o moti vo do encaminhamento Certificarse do atendimento e buscar agilizálo ao máximo Encaminhar para serviço de psiquiatria para avaliação e acompanhamento do caso Encaminhar para o serviço de psicolo gia para o acompanhamento psicotera pêutico Esclarecer os motivos do encaminha mento Encaminhar para serviço de psi quitaria para avaliação conduta e se necessário internação Caso isso não seja possível considerar o caso como emergência e entrar em contato com um profissional de saúde mental ou do serviço de emergência mais próximo Providenciar uma ambulância e encaminhar a pessoa ao pron tosocorro psiquiátrico de pre ferência Encaminhar para o serviço de psicologia para o acompanha mento psicoterapêutico Fonte Adaptado de ABP 2014 Cartilha para prevenção da automutilação e do suicídio 89 311 COMO O PROFISSIONAL DA EDUCAÇÃO E DA SAÚDE PODEM ATUAR NO CUIDADO COM CRIANÇAS E ADOLES CENTES Os profissionais da educação e da saúde têm um protagonismo na pre venção ao suicídio uma vez que a escola é o ambiente que mais reúne jovens e também porque a maioria No caso específico de crianças é preciso ter clareza de que ela deve compreender o que é a morte Essa compre ensão costuma acontecer entre 7 e 9 anos de idade Não duvidar desqualificar ou minimizar o relato de desejo de morte Acolher a pessoa e sua família sem julgamentos e considerar o ato como um sinal de alerta especialmente para evitar um novo episódio suicida Ter escuta cuidadosa respeitosa e séria procurando sempre entender melhor o que ocorreu e como a pessoa se sente Evitar apontar culpados ou causas Em casos suspeitos ou confirmados de violência autoprovocada realizar a notificação compulsória às autorida des sanitárias Orientar sobre a vigilância diante dos meios que podem ser utilizados em uma tentativa de suicídio Impedir o rápido acesso a esses meios é uma das grandes medidas de prevenção Oferecer ajuda para iniciar um acompanhamento psicológico eou psiquiátrico e fazer o encaminhamento das pessoas que tentou suicídio ou que se suicidou procurou ajuda nos serviços de saúde antes de realizar tal ato Isso demonstra a necessida de de capacitar esses profissionais para lidar com situações de risco imi nente de suicídio 90 FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE Avaliar a necessidade de outros encaminhamentos como os da rede de proteção social quando há suspeita de motivação intrafamiliar ou de violação de direitos Em relação à autolesão é fundamental o questionamento ativo e cuidadoso das causas dessa manifestação do que se pretendia e do que de fato se conseguiu Dessa forma sem julgamentos há mais chance de se estabele cer uma conexão verdadeira e potente para redução de sofrimento emocional e dos riscos decorrentes Em caso de perigo imediato de comportamento de automutilação eou comportamento suicida acionar o Ser viço de Atendimento Móvel de Urgência SAMU pelo número 192 e orientar o familiar a levar a criança ou o adolescente para um atendimento de emergência em Unidade de Pronto Atendimento UPA prontosocorro ou hospital NUNCA deixe a pessoa sozinha e garanta que a pessoa receberá o atendimento em caráter de emergência Além das sugestões citadas os profissionais de saúde devem estar atentos às orientações descritas na Lei nº 138192019 que institui a Política Nacional de Prevenção da Automutilação e do Suicídio do Governo Federal Fonte Modificado de GREFF et al 2020 Cartilha para prevenção da automutilação e do suicídio 91 Outra importante ferramenta para ajudar a população é o Centro de Referência da Assistência Social CRAS O CRAS é a porta de entrada para que o cidadão acesse a proteção social básica O acesso dos indiví duos e das famílias pode ocorrer por meio de demanda espontânea bus car o atendimento por conta própria ou por encaminhamento de outras políticas públicas Toda a popula ção em situação de vulnerabilidade e risco social recebe atendimento no Serviço de Proteção e Atendimento Integral à Família PAIF por meio do qual se pode também acessar outros serviços benefícios programas e projetos socioassistenciais Outra ferramenta é o portal Ma pas Estratégicos para Políticas de Cidadania MOPS A platafor ma tem acesso livre e reúne infor mações sobre a disponibilidade de serviços equipamentos públicos e programas sociais identificados em municípios microrregiões e estados no País A ferramenta auxilia gestores e técnicos a orientar a população de baixa renda e a atender demandas por serviços públicos e por acesso a direitos Para isto é utilizada uma tecnologia de georreferenciamento dos equipamentos públicos aliada ao georreferenciamento do público do Cadastro Único para Programas Sociais ACESSE Com o MOPS é possível visualizar a localização e o contato dos equipamentos da assistência social Con fira no QR Code 92 FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE 312 O QUE FAZER E O QUE NÃO FAZER EM CASOS DE RISCO DE AUTOMUTILAÇÃO EOU SUICÍDIO Ao lidar com pessoas que apre sentam comportamentos autolesi vos é importante ter cuidado com a sua abordagem A Tabela 2 mostra o que fazer e o que não fazer em casos de risco de autolesão Cartilha para prevenção da automutilação e do suicídio 93 Tabela 2 O que fazer e o que não fazer em caso de risco de autolesão e suicídio NÃO FAÇA FAÇA NÃO ignore os sinais de alerta e não seja indiferente à situação Esteja atento aos sinais de alerta e responda imediata mente quando houver risco NÃO se recuse a falar sobre o assunto Permita que a pessoa se expresse da forma que achar melhor NÃO tente minimizar os problemas nem faça a pessoa se sentir envergonhada por ter pensamentos de auto lesão Aborde a situação com seriedade NÃO fale sobre o valor da vida NÃO tente convencer a pessoa de que ela está errada Ofereça uma escuta compreensiva e sem julgamentos NÃO prometa segredo Informe que a pessoa deve buscar ajuda e que você a auxiliará nesse processo NÃO desafie a pessoa a tentar suicídio Não diga coisas do tipo Duvido que você faria isso Leve a sério a queixa apresentada NÃO aja como se estivesse chocado ou indignado Demonstrese preocupado mas controle as suas rea ções NÃO tente resolver o problema sozinho Procure ajuda profissional e converse com a pessoa sob risco sobre esse encaminhamento NÃO deixe possíveis meios de autolesão presentes no ambiente Remova o acesso a meios de autolesão ou suicídio 94 FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE 4 O QUE FAZER CASO OCORRA O SUICÍDIO Cartilha para prevenção da automutilação e do suicídio 95 41 POSVENÇÃO COMO AJUDAR A PESSOA QUE PERDEU ALGUÉM POR SUICÍDIO lém de estar mos cientes do trabalho p r e v e n t i v o para evitar o suicídio é im portante que também ofe reçamos ajuda àqueles que perderam alguém por suicídio Nos estudos estas pessoas são chamadas de sobreviventes ou enlutados pelo suicídio SAIBA MAIS A posvenção pode ser de finida como as atividades de senvolvidas com ou para pes soas enlutadas pelo suicídio de modo a facilitar a elaboração do luto e prevenir desfechos adversos incluindo comporta mentos suicidas ANDRIESSEN 2009 96 FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE portante ajudar a restaurar o equi líbrio e o funcionamento dentro do local ao qual a pessoa perten cia incluindo a escola a comuni dade ou a organização da qual a pessoa fazia parte Algumas orientações gerais sobre como implementar serviços de pos venção são BERKOWITZ MCCAULEY MIRICK 2015 Evitar a simplificação das causas de morte Enfatize que o suicídio não é o resultado de um fator ou evento único na vida da pessoa mas um desfecho complexo e multideterminado Também evite apresentar as causas como inex plicáveis ou inevitáveis Enfatize que há alternativas de tratamento para os problemas apresentados e evidencie recursos disponíveis para se conseguir ajuda Enfatize a correlação entre trans tornos mentais e o suicídio escla recendo que existem tratamentos disponíveis para esses quadros Reduzir o estigma dos transtornos mentais aumenta a probabilidade de se buscar ajuda principalmen te se os passos para conseguir essa ajuda forem explicitados Evite romantizar ou glamorizar o suicídio ou alguém que morreu por suicídio Do mesmo modo não trate a pessoa como egoísta ou digna de desprezo Em vez dis so enfatize que quase sempre o suicídio está relacionado a um transtorno mental e ao prejuízo no julgamento que acompanha esse transtorno Evite falar sobre o método utiliza do para o suicídio e sobre o local Enfatize a importância de esfor ços contínuos de prevenção do suicídio como a acessibilidade ao tratamento psiquiátrico e psicoló gico a um ambiente familiar aco lhedor dentre outros O serviço de posvenção tem como objetivos BERKOWITZ MC CAULEY MIRICK 2015 Em nível individual e de grupo promover o processo de luto nor mal e permitir que os sobreviven tes se lembrem com carinho da pessoa que morreu Reduzir o risco de comportamen tos negativos nos enlutados e minimizar desfechos pessoais ad versos depressão estresse pós traumático luto complicado Limitar o risco de outras ocorrên cias de suicídio por contágio e identificação Identificar aquelas pessoas que provavelmente mais precisarão de suporte incluindose pessoas próximas da vítima que apresen tem algum transtorno mental ou que se identifiquem com a vítima de alguma forma Em um nível organizacional é im Cartilha para prevenção da automutilação e do suicídio 97 As intervenções de posvenção com maior evidência de eficácia abrangem três fatores principais AN DRIESSEN et al 2019 1 NÍVEL DE SUPORTE Os serviços de posvenção podem incluir diferentes níveis de aborda gens de acordo com a resposta da queles enlutados pelo suicídio com a possibilidade dos seguintes servi ços Acesso à informação por meio de panfletos cartilhas livros in ternet dentre outros para todos aqueles que foram afetados pelo suicídio de algum modo Serviços de apoio incluindo gru pos de suporte e grupos exclusi vos de enlutados por suicídio Psicoterapia principalmente para aqueles com manifestação de luto complicado 2 SUPORTE E ENVOLVIMEN TO DE PARES Os estudos demonstram a impor tância de se encontrar o reconheci mento do sofrimento por parte de outros enlutados por suicídio em função do compartilhamento de ex periências e do apoio mútuo entre pares 3 FOCO NA SITUAÇÃO DE LUTO Intervenções que têm como ob jetivo permitir a vivência de um luto normal apresentam maior eficácia No caso de uma criança ou de um adolescente que perde um ente que rido por suicídio é de grande impor tância a habilidade do adulto para comunicar o evento Esteja preparado para a situação e comuniquese com a criança ou com o adolescente respeitando o nível de compreensão de morte e desenvolvimento cognitivo de cada um Expresse os seus pensamentos e sentimentos para que a criança ou o adolescente compreenda que a expressão deles diante dessa situ ação é normal Seja honesto com a criança ou com o adolescente e forneça infor mações de maneira sensível Fale de maneira sensível sobre a pessoa que faleceu Converse com a criança ou com o adolescente sobre outras formas de resolução de problemas e de lidar com as emoções sem a ne cessidade de tirar a própria vida Auxilie a criança ou o adolescente a processar a perda Permita que a criança ou o ado lescente enlutado por suicídio ex presse suas emoções e sentimen tos da forma que preferir seja pela fala pela escrita pela arte ou por outros meios 98 FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE 42 COMO NOTICIAR CASOS DE SUICÍDIO mídia tem um papel importan te na prevenção ao suicídio A forma como o suicídio é di vulgado pode influenciar sig nificativamente a resposta do público podendo inclusive haver efeito de contágio conhecido como efeito Wer ther com aumento da probabilidade de outros casos de suicídio na popula ção Saber como noticiar esses casos é essencial e as diretrizes sobre como fazêlo estão estabelecidas pela OMS Dentre elas destacamse Inclua recursos para a prevenção ao suicídio Forneça informações sobre como identificar os sinais de alerta para o suicídio e sobre como buscar ajuda É importante incluir endereços de grupos de apoio Use linguagem apropriada Certas frases ou palavras podem estigmatizar ainda mais o suicídio espalhar mitos ou dificultar o tra balho de prevenção Evite termos como cometeu suicídio suicídio bemsucedido suicídio malsuce dido tentativa falha ou tentativa com êxito Em vez disso refirase ao suicídio como morreu por suicídio se matou tirou a própria vida ou suicídio completo Enfatize a busca por ajuda e esperança Divulgue histórias de recuperação por estratégias posi tivas de enfrentamento e busca de ajuda pois esta é uma estratégia poderosa para ajudar na preven ção do suicídio Procure um especialista Entre viste um psicólogo ou psiquiatra com experiência em prevenção ao suicídio para trazer informações qualificadas sobre transtornos mentais e prevenção aos compor tamentos autolesivos Cartilha para prevenção da automutilação e do suicídio 99 Quadro de reflexão O papel da mídia na prevenção ao suicídio A mídia deve ser uma importante aliada na prevenção ao suicídio uma vez que tem um enorme alcance social Nesse sentido a divulgação criteriosa de casos de suicídio é uma das principais estratégias de prevenção Uma divulgação inadequada pode gerar o efeito de contágio em pessoas vulneráveis principalmente quando o caso de suicídio envolve uma celebridade Isso porque pode haver uma forte identificação de fãs e seguidores com seu ídolo que tirou própria vida SISASK VÄRNIK 2012 Devese também evitar a divulgação dos métodos utilizados e do local de ocorrência do suicídio Por estas e outras razões é extremamente importante que a mídia siga as orientações da OMS ao noticiar casos de suicídio 100 FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE Na Tabela 3 você pode verificar uma lista mais detalhada sobre o que fazer e o que não fazer ao noti ciar um caso de suicídio Tabela 3 O que fazer e o que não fazer ao noticiar casos de suicídio NÃO FAÇA FAÇA NÃO descreva o método e o local do suicídio Jamais compartilhe fotos ou vídeos de um suicídio Noticie o caso como morte por suicídio Se houver ne cessidade de divulgar o local faça isso de maneira ge nérica NÃO exponha o conteúdo de uma carta de suicídio Noticie que foi encontrada uma carta e explique que o conteúdo não será divulgado NÃO descreva detalhes pessoais sobre a pessoa que morreu Se houver necessidade de divulgação das informações sobre a pessoa que tirou a própria vida faça isso de ma neira genérica NÃO apresente o suicídio como uma resposta adequa da e aceitável para momentos difíceis Enfatize que estratégias de enfrentamento a busca por suporte e o tratamento são eficazes para a maioria das pessoas que têm comportamentos suicidas Ressalte que há outras formas para evitar o suicídio NÃO simplifique ou especule sobre os motivos do sui cídio Descreva sinais de alerta e fatores de risco para o suicí dio sem reducionismos NÃO aborde o tema de maneira sensacionalista Noticie a morte e os fatos com uma linguagem sensível para evitar constrangimentos à família enlutada NÃO romantize o suicídio NÃO caracterize o suicídio como um ato de coragem ou de covardia Noticie o suicídio de forma criteriosa para que o ato não seja percebido como heroico ou como um ato em defe sa da própria honra Cartilha para prevenção da automutilação e do suicídio 101 Como você viu esta cartilha teve intenção de ajudar você a tirar al gumas dúvidas sobre os comporta mentos autolesivos Nela você encontrou por exem plo sinais de alerta fatores de risco e fatores de proteção além de ser apresentado a algumas formas de NÃO potencialize o problema do suicídio usando descri tores como epidemia ou descontrole Pesquise os melhores dados disponíveis sobre a frequ ência de casos e use palavras como crescimento ou aumento de casos Interprete de forma cuidadosa e correta as estatísticas NÃO busque nem identifique culpados Evite colocar a culpa do acontecimento em alguém ou tratar o problema de maneira simplista NÃO relacione o suicídio com crime loucura ou falta de fé NÃO descreva o suicídio como bemsucedido nem men cione que a pessoa encontrou a paz Compreenda que o suicídio é complexo e multifatorial Informe sempre os locais onde buscar ajuda NÃO coloque a notícia em capa de revistas ou jornais nem apresente o caso como atração principal em te lejornais Se o material não tiver o foco na prevenção não traga a palavra suicídio para títulos chamadas ou posições de destaque para noticiar mortes por suicídio Apresente somente dados relevantes em páginas inter nas de veículos impressos Evite trazer notícias de morte por suicídio em posições de destaque Não julgue não faça piadas nem estigmatize o suicídio Sensibilize as pessoas para o tema a fim de gerar em patia buscar ajuda e de ajudar as pessoas Leia sempre que tiver dúvidas e compartilhe com seus colegas de trabalho e amigos A automutilação e o suicídio são comportamentos que podemos prevenir Lembrese esta cartilha NÃO substitui a avaliação do médico psiquiatra nem do psicólogo 102 FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE Cartilha para prevenção da automutilação e do suicídio 103 5 ONDE OBTER MAIS INFORMAÇÕES 104 FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE sta cartilha fornece informações impor tantes para profis sionais da educação e da saúde visando maximizar os fatores protetivos e minimi zar os fatores de ris cos em particular entre aqueles que são mais vulneráveis à automutilação e ao suicídio O material buscou des tacar sempre a necessidade de buscar ajuda de cuidar de si e dos outros além de fornecer mensagens de supe ração e de esperança Para obter informações adicionais apresentamos alguns links com con teúdo de qualidade que podem servir para uma melhor capacitação desses profissionais incluindo dicas de livros e filmes que podem ser trabalhados em sala de aula para promover saúde mental e prevenir o suicídio GUIA DE SAÚDE MENTAL PARA ADOLESCENTES 11 A 14 ANOS Nesta cartilha é possível encon trar dicas importantíssimas para ter uma boa saúde mental O material é voltado para o público de 11 a 14 anos e mostra a importância de identificar emoções e pensamentos como fun cionam os comportamentos e como uns influenciam os outros Com exer cícios para estimular a inteligência emocional para lidar com o bullying e outras situações Ensina também recursos para enfrentar as dificulda des e as situações estressantes com resiliência httpprevencaoevidacombrwp contentthemesopasassetspdf cartilhaopas1pdf Cartilha para prevenção da automutilação e do suicídio 105 CARTILHA PARA PREVENÇÃO DA AUTOMUTILAÇÃO E DO SUICÍDIO 15 A 18 ANO Esta cartilha tem uma linguagem voltada para adolescentes de 15 a 18 anos ensinando a identificar o so frimento mental em si mesmo e nos amigos Também é abordada a im portância de buscar ajudar e evitar comportamentos de risco httpprevencaoevidacombrwp contentthemesopasassetspdfcar tilhaopas2pdf SETEMBRO AMARELO É PRECISO AGIR Esta é uma página completa com material disponível para auxiliar a todos Contém também uma lista de médicos psiquiatras associados à ABP de acordo com a região do País Aproveite os materiais e participe da campanha durante todo o ano não apenas em setembro httpswwwsetembroamarelocom JORNAL BRASILEIRO DE PSI QUIATRIA BJP O Jornal Brasileiro de Psiquiatria BJP traz inúmeros artigos relacio nados à prevenção do suicídio e ao tratamento das doenças mentais com caráter mais científico httpwwwbjporgbr 106 FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE CARTILHA SUICÍDIO IN FORMANDO PARA PRE VENIR 2014 Autoria Conselho Federal de Medicina CFM e Associação Bra sileira de Psiquiatria ABP Ano 2014 Sinopse A cartilha Suicídio In formando para Prevenir foi produ zida pela Associação Brasileira de Psiquiatria ABP e pelo Conselho Federal de Medicina CFM e fez parte da campanha de prevenção ao suicí dio promovida por estas instituições em 2014 A parceria traz em uma linguagem simples e direta informa ções que você precisa saber a respei to do suicídio O interessante é que o material defende e incentiva a conscientiza ção das pessoas e ensina que o pre conceito não ajuda Afirma também que doenças da mente normalmen te associadas a casos de suicídio são tratáveis assim como qualquer ou tro tipo de doença Assim da mesma forma que o médico que cuida do coração é o cardiologista e o médico que trata dos hormônios é o endocri nologista o que cuida das doenças mentais é o psiquiatra A consulta é igual à de qualquer outro médico independentemente de sua especialidade Desta forma o psiquiatra entrevista a pessoa e es tuda seus sintomas Diagnosticando a doença procura saber se já houve pensamento intenção ou tentativa de suicídio podendo solicitar exa mes e indicar tratamento farmacoló gico eou psicoterápico A cartilha é bem didática ilustrativa e orienta a prevenção ao suicídio ACESSE Você pode conferir a cartilha Suicídio Informando para Pre venir gratuitamente no site da Associação Brasileira de Psi quiatria ABP ou acessando pelo QR Code abaixo A cartilha também está acessível de forma gratuita e digital no seguinte endereço eletrônico abporgbr Cartilha para prevenção da automutilação e do suicídio 107 CARTILHA FALANDO SO BRE A VIDA PREVEN ÇÃO AO SUICÍDIO 2019 Autoria Ministério Público do Distrito Federal e Territórios MP DFT Ano 2019 Sinopse A cartilha coloca no papel um projeto de prevenção ao suicídio desenvolvido pelo Ministé rio Público do Distrito Federal e Ter ritórios MPDFT na região adminis trativa de BrazlândiaDF em 2019 O documento defende a construção e a integração de uma Rede de Prote ção à Vida na região por meio da co operação entre profissionais da edu cação da saúde da segurança além da participação da comunidade O material aborda também infor mações para identificação de fatores de risco e para a conscientização e valorização do direito à vida ACESSE A cartilha Falando sobre a Vida Prevenção ao Suicídiopode ser acessada pelo QR Code abaixo 108 FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE DOCUMENTÁRIO NOT ALONE NETFLIX 2017 Direção Jacqueline Monetta e Kiki Goshay Título original Not Alone Ano 2017 Sinopse Em Not Alone tradu ção Você Não Está Sozinho uma adolescente perde sua melhor amiga por suicídio O fator que veio antes Depressão Agora ela vai ajudar outras pessoas a não cometer o mesmo ato Mas como ela vai fazer isso Infor mandose a respeito do tema e bus cando entender o que passou pela cabeça de sua amiga Perguntas como por que ela não me disse nada sobre isso e por que não pediu a minha ajuda se sou sua melhor amiga fo ram desvendadas pela adolescente O documentário traz uma busca aprofundada de informações para entender o ato da amiga e de muitos jovens que se suicidam Destacase a influência da comunicação nas redes sociais que têm tido mais potencial para interferir na vida das pessoas que para informar Questões como bullying preconcei to discriminação pressão social de pressão sistema educacional e família são retratadas na obra Not Alone pela sua tradução carrega uma mensagem central você não está sozinho Em ou tras palavras a mensagem é se você sofre calado não se esconda mas pro cure ajuda Cartilha para prevenção da automutilação e do suicídio 109 SÉRIE OBJETOS COR TANTES HBO 2018 Roteirista JeanMarc Vallée Título original Sharp Objects Ano 2018 Sinopse Baseada no livro Obje tos Cortantes da autora Gillian Flynn a série mostra o trabalho da jornalis ta Camille Preaker Amy Adams en carregada de escrever sobre a morte de uma garota préadolescente e sobre o desaparecimento de outra A história é contada sob o ponto de vista da jornalista Conforme a trama avança per cebemos que ela se identifica com essas garotas pois todas as três têm um ponto em comum o desejo de se automutilar A jornalista fere o próprio corpo e afoga sua tristeza na bebida A série traz a conscientização das pessoas sobre os impactos des sa prática ressaltando que as pesso as que se automutilam precisam de acolhimento escuta e ajuda profis sional despertando sentimentos de compaixão e acolhimento de quem quer que se encontre em uma situa ção como esta 110 FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE FILME SE ENLOUQUE CER NÃO SE APAIXONE 2010 Direção Anna Boden e Ryan Fleck Título original Its kind of a fun ny story Ano 2010 Sinopse O filme traz uma versão sintetizada e não menos envolvente do livro Uma história meio que engra çada Keir Gilchrist interpreta Craig Gilner um adolescente de 16 anos estressado com questões ligadas à sua adolescência como proble mas escolares e tensões emocionais e que tenta se matar Sem ter con seguido ele decide se internar em uma clínica de saúde mental Ao chegar lá ele é diagnosticado com depressão mas encontra a ala de internação para jovens fechada Diante disso é obrigado a passar a sua estadia na ala dos adultos com pessoas que possuem diversos pro blemas mentais É assim que ele conhece Bobby Zach Galifianakis que vira uma espécie de mentor para o jovem E se apaixona por Noelle Emma Roberts uma menina de pressiva e desequilibrada Mas o que realmente é interes sante no filme é que ele não tenta esconder traumas vividos pelo ado lescente nem dramatiza sua depres são mostrando que os pais sempre fizeram de tudo para que ele tivesse uma vida saudável o jovem nunca foi intimidado nem sofreu qualquer tipo de abuso LIVRO DEPOIS DO AZUL Autora Élaine Turgeon Título original Ma vie ne sait pas nager Tradução Glenda Verônica Do naldo e Silvana Vieira da Silva Ano 2017 Sinopse Este livro conta a histó ria de Geneviéve uma adolescente que comete suicídio um dia antes de seu aniversário de 15 anos Lou Anne sua irmã gêmea seus pais e sua avó não conseguem lidar com a dor da perda Embora todos se cul pem por não terem percebido an tecipadamente os sinais cada um sente o luto do seu jeito a irmã ten ta recomeçar a mãe fica devastada pela dor o pai finge não se abalar e a avó se esconde atrás de sua raiva Cartilha para prevenção da automutilação e do suicídio 111 112 FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE LIVRO UMA HISTÓRIA MEIO QUE ENGRAÇADA Autor Ned Vizzini Título original Its kind of a funny story Tradução Luis Reyes Gil Ano 2015 Sinopse Imagine que após ter realizado um grande sonho você per ceba que ele não era bem aquilo que você esperava Essa foi a experiência do adolescente Graig Gilner Após grande dedicação aos estudos para passar no exame de admissão para a melhor escola de ensino médio o so nho se transforma em pesadelo Ele planeja se suicidar mas ima ginando o sofrimento de seus fami liares e amigos decide ligar para uma central de prevenção de suicídio Ele é encaminhado para um hospital onde recebe os cuidados adequados e passa a conviver com outros ado lescentes crianças adultos e idosos que tentaram suicídio O livro é um pouco irreverente De forma lúdica e didática o autor traz um pouco de humor ácido nas situações vividas por Graig no hos pital suavizando a carga pesada de algumas questões abordadas como depressão e ideação suicida Além disso o livro faz você repensar a sua vida e valorizar a importância de um sorriso de um gesto de afeto de uma atitude de amor ou de um ato de companheirismo em um momento como este Cartilha para prevenção da automutilação e do suicídio 113 FICHA DE NOTIFICAÇÃO A notificação de casos de auto mutilação e suicídio é um passo im portante para a intervenção e para a prevenção Uma vez identificado o comportamento de autolesão deve se preencher a Ficha de Notificação de Violência InterpessoalAutopro vocada que deve ser encaminhada para o Núcleo de Vigilância Epide miológica de acordo com as opera ções definidas em cada Secretaria Municipal de Saúde 114 FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIA TION Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders Fifth Edition DSM5 Arlington VA Ameri can Psychiatric Association 2013 ANDRIESSEN K Can postvention be prevention Crisis v 30 p43 47 2019 ANDRIESSEN K et al Suicide post vention service models and guide lines 20142019 a systematic re view Frontiers in psychology v10 2677 2019 ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PSIQUIA TRIA Suicídio informando para prevenir Brasília CFMABP 2014 BATTEL L et al Neuroimaging ado lescents with depression in a mid dleincome country feasibility of an fMRI protocol and preliminary re sults Braz J Psychiatry v 42 n1 p 613 2020 BERKOWITZ L MCCAULEY J MIR ICK R Riverside Trauma Center Postvention Guidelines Waltham Riverside Community Care 2015 Disponível em httpswwwmirecc vagovvisn19postventiondocsRiv ersideSampleOrganizationalSui cidePostventionGuidelinespdf Acesso em 11 jun 2020 BOTEGA N Crise suicida avalia ção e manejo Porto Alegre Editora Artmed 2015 302p BRASIL Ministério da Saúde A políti ca do Ministério da Saúde para aten ção integral a usuários de álcool e outras drogas Brasília DF 2003 BROTHERSON S E ANDERSON A Talking to Children About Suicide NDSU 2016 Disponível em https wwwagndsuedupublicationskid sfamilytalkingtochildrenabou tsuicidefs637pdf Acesso em 11 jun 2020 Cartilha para prevenção da automutilação e do suicídio 115 BURNETTE C RAMCHAND R AYER L Gatekeeper training for suicide prevention A theoretical model and review of the empirical literatu re Rand health quarterly v5 n1 16 2015 DA SILVA A G et al The Impact of Mental Illness Stigma on Psychiatric Emergencies Front Psychiatry v 11573 p19 2020 DIEHL A LARANJEIRA R Suicide attempts and substance use in an emergency room sample Jornal Brasileiro de Psiquiatria v 58 n 2 p 8691 2009 DOME P RIHMER Z GONDA X Sui cide Risk in Bip olar Disorder a brief review Medicina kaunas v55 n8403 2019 doi 103390medici na55080403 FONSECA PHN et al Autolesão sem intenção suicida entre adolescen tes Arquivos Brasileiros de Psico logia v 70 n3 p 246258 2018 FRANKLIN J C et al Risk factors for suicidal thoughts and behaviors a metaanalysis of 50 years of research Psychological Bulletin v 143 n2 p187232 2017 GARCIA MS Adaptação da escala UPPSP e sua aplicabilidade na população brasileira Dissertação de Mestrado Minas Gerais UFMG 2018 GILLIES D et al Prevalence and characteristics of selfharm in ado lescents metaanalyses of commu nitybased studies 19902015 J Am Acad Child Adolesc Psychiatry v 57 n10 p 733741 GREFF A P et al Saúde mental e atenção psicossocial na pandemia COVID19 suicídio na pandemia COVID19 Rio de Janeiro Fiocruz 2020 24 p Cartilha GUAN K FOX K R PRINSTEIN M J Nonsuicidal selfinjury as a time invariant predictor of adolescent 116 FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE suicide ideation and attempts in a diverse community sample Journal of Consulting and Clinical Psycho logy v80 p842849 2012 GUERREIRO D F SAMPAIO D Com portamentos autolesivos em ado lescentes Uma revisão da literatura com foco na investigação em língua portuguesa Rev Port Saúde Pú blica v 31 n 2 p 213222 HOTTES TS et al Lifetime preva lence of suicide attempts among sexual minority adults by study sam pling strategies a systematic review and metaanalysis Am J Public Health v 106 n5 e1e12 2016 KARANIKOLA M et al The Asso ciation between Deliberate Self Harm and School Bullying Victi mization and the Mediating Effect of Depressive Symptoms and Self Stigma A Systematic Review Bio Med Res Int 2018 httpsdoi org10115520184745791 KLONSKY E D Nonsuicidal sel finjury in United States adults prevalence sociodemographics topography and functions Psy chological medicine v 41 n9 p19811986 2011 KLONSKY E D et al Nonsuicidal selfinjury Cambridge Hogrefe 2011 LOCKWOOD J et al Impulsivity and selfharm in adolescence a syste matic review Eur Child Adolescent Psychiatry v 26 n4 p 387402 2017 LUXTON D D JUNE J D FAIRALL J M Social media and suicide a public health perspective Am J Public Health v 102 nS2 p S195S200 2012 MARCHANT A et al Correction A systematic review of the relationship between internet use selfharm and suicidal behaviour in young people the good the bad and the unknown PLoS one v13 n3 e0193937 2018 Cartilha para prevenção da automutilação e do suicídio 117 MARS B et al Differences in risk fac tors for selfharm with and without suicidal intent findings from the ALSPAC cohort Journal of affective disorders v 168 p 407414 2014 MAUNDER R D WHITE F A Inter group contact and mental health stigma A comparative effectiveness metaanalysis Clinical psychology review v 72 101749 2019 MCLEAN J et al Risk and protecti ve factors for suicide and suicidal behaviour A literature review Edinburgh Scottish Government 2008 MUEHLENKAMP JJ BRAUSCH A M WASHBURN J J How much is enough examining frequency cri teria for NSII disorder in adolescent inpatients Journal of Consult ing and Clinical Psychology v85 n6 p 611619 2017 doi 101037 ccp0000209 NOCK MK Understanding Nonsui cidal SelfInjury Origins Assess ment and Treatment Washing tonDC Am Psychol Assoc 2009 NOCK M K Selfinjury Annual re view of clinical psychology v 6 p339363 2010 ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE OMS PREVENÇÃO DO SUICÍDIO UM RECURSO PARA CONSELHEIROS Ge nebra 2006 ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE Preventing suicide a global impera tive Geneva WHO 2014 PEIXOTO E M et al Questionário de Impulsividade Autoagressão e Ideação Suicida para Adolescentes QIAISA propriedades psicomé tricas Psic Saúde Doenças v 20 n 2 p 272285 2019 PLENER P L et al The prevalence of nosuicidal selfinjury NSSI in a rep resentative sample of the German population BMC Psychiatry v16 n1 353 2016 doi 101186s12888 0161060x 118 FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE PLÖDERL M TREMBLAY P Men tal health of sexual minorities A systematic review Interna tional Review of Psychiatry v27 n 5 p367385 2015 doi 1031090954026120151083949 POLANCZYK GV et al ADHD prev alence estimates across three de cades an updated systematic review and metaregression analysis Int J Epidemiol v 43 n2 p434442 2014 doi101093ijedyt261 QUEVEDO J NARDI AE DA SILVA AG Depressão teoria e clínica Porto Alegre Artmed 2 ed 2019 ROCHA TBM et al Mood disorders in childhood and adolescence Braz J Psychiatry v 35 n1 p2231 2013 RÜSCH N ANGERMEYER M C COR RIGAN P W Mental illness stigma Concepts consequences and initiati ves to reduce stigma European psy chiatry v 20 n8 p 529539 2005 SALUM GA et al Pediatric anxiety disorders from neuroscience to evi dencebased clinical practice Braz J Psychiatry v 35 n 1 p321 2013 SISASK M VÄRNIK A Media roles in suicide prevention a systema tic review International journal of environmental research and public health v 9 n1 p123138 2012 doi 103390ijerph9010123 SWEARER S M ESPELAGE D L NAPOLITANO S A Bullying pre vention and intervention Realis tic strategies for schools Guilford press 2009 TALIAFERRO L A MUEHLENKAMP J J Risk factors associated with sel finjurious behavior among a natio nal sample of undergraduate college students Journal of American Col lege Health v63 n1 p 4048 2015 TAYLOR P J et al A metaanalysis of the prevalence of different functions of nonsuicidal selfinjury Journal of Affective Disorders v 227 p 759769 2018 TERZIAN M A ANDREWS K M MOORE K A Preventing multiple risky behaviors among adolescents Seven strategies Res Results Brief v 24 p 112 2011 WALSH B W Treating selfinjury a practical guide New York Guilford Press 2012 WERNER K GROSS J J Emotion regulation and psychopathology A conceptual framework In Kring AM Sloan DM Eds Emotion re gulation and psychopathology A transdiagnostic approach to etio logy and treatment p 1337 The Guilford Press 2010 WIENER C et al Mood disorder an xiety and suicide risk among sub jects with alcohol abuse andor dependence a populationbased study Braz J Psychiatry v40 n1 p15 2018 Cartilha para prevenção da automutilação e do suicídio 119 WHITLOCK J et al Nonsuicidal sel finjury as a gateway to suicide in young adults Journal Adolesc He alth v 52 n4 p486492 2013 doi 101016jjadohealth201209010 WHITLOCK J LLOYDRICHARDSON E Healing selfinjury a compas sionate guide for parents and other loved ones New York Oxford University Press Inc 2019 120 FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE AUTORES Andrea Amaro Quesada PhD em Neurociências e Cognição pela Ruhr Universität Bochum Mestre em Psicologia e Psicóloga pela Universidade de Brasília UnB Docente do Curso de Psicologia na Universidade de Fortaleza UNIFOR Professora do curso de Especialização em Neurociências e Reabilitação UNIFOR Professora do curso de pósgraduação em Neuropsicologia e Terapia Cognitiva Comportamental na Unichristus Trabalhos apresentados em Congressos Nacionais e Internacionais Alemanha EUA Japão Argentina Artigos publicados nos periódicos internacionais Psychoneuroendocrinology Stress Pesquisadora nas áreas de estresse maustratos Síndrome Congênita do Zika vírus e Fenilcetonúria PKU Autora do livro infantojuvenil A Caixa Mágica e a Busca do Tesouro Escondido Carlos Guilherme da Silva Figueiredo Médico psiquiatra e Psiquiatra Titular da Associação Brasileira de Psiquiatria ABPAMB Residência Médica em Psiquiatria pela Pax Clínica Psiquiátrica Instituto de Neurociências Pós Graduação em Psiquiatria da Infância e Adolescência pela Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro Psiquiatra da Gerência de Saúde Mental da Secretaria de Economia do Distrito Federal VicePresidente da Associação Psiquiátrica de Brasília APBr diretor tesoureiro e Conselheiro do Conselho Regional de Medicina CRMDF na Gestão 20182023 Membro da Câmara Técnica de Psiquiatra do CRMDF Membro da comissão de Processo Éticodisciplinar da ABP É também membro da organização da Campanha de Prevenção ao Suicídio do Setembro Amarelo desde 2017 Antônio Geraldo da Silva Médico psiquiatra presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria ABP e da Associação Psiquiátrica da América Latina APAL Doutor em Bioética pela Faculdade de Medicina do Porto Membro da Câmara Técnica de Psiquiatria do Conselho Federal de Medicina CFM do Conselho Regional de Medicina do Distrito Federal CRMDF Conselho Regional de Medicina de Minas Gerais CRMMG e do Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio de Janeiro CREMERJ Membro do Comitê Intergestor do Trabalho Seguro do Tribunal Superior do Trabalho TST Professor convidado da Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro Diretor Assistencialista da Associação Brasileira das Vítimas do Chapecoense Abravic Editor da Brazilian Journal of Psychiatry BJP e Editor revisor da revista Frontiers Cartilha para prevenção da automutilação e do suicídio 121 Renata Nayara da Silva Figueiredo Médica psiquiatra com Residência Médica em Psiquiatria pela Universidade Estadual de Montes Claros Unimontes Psiquiatra Titular da Associação Brasileira de Psiquiatria ABPAMB Presidente da Associação Psiquiátrica de Brasília APBr e conselheira do Conselho Regional de Medicina do Distrito Federal CRMDF Membro da Câmara Técnica de Psiquiatria do CRMDF Na ABP é membro da Comissão de Emergências Psiquiátricas da Comissão de Dependência Química e da Comissão de Processo Éticodisciplinar É também membro da organização da Campanha de Prevenção ao Suicídio do Setembro Amarelo desde 2017 Karine da Silva Figueiredo Graduada em Psicologia pela Universidade Paulista e em Direito pela Universidade de Minas Gerais Pós Graduanda em Avaliação Psicológica pelo Instituto de PósGraduação e Graduação IPOG PósGraduanda em Terapia Cognitiva Comportamental Psicóloga do IPAGE e Psicóloga do Centro Integrado de Medicina CIMED Membro do Conselho Executivo da Associação Brasileira de Impulsividade e Patologia Dual ABIPD desde 2016 Coautora do capítulo Neuropsicologia do Transtorno de Déficit de AtençãoHiperatividade no livro Transtorno de Déficit de AtençãoHiperatividade Teoria e Clínica Coautora do capítulo Esquizofrenia contribuição da neuropsicologia no livro Esquizofrenia Teoria e Clínica Isabella Sallum Guimarães Psicóloga e Mestre em Medicina Molecular pela Universidade Federal de Minas Gerais UFMG É professora em diversas pósgraduações em Neuropsicologia Trabalha como neuropsicóloga e como psicóloga na linha cognitivocomportamental atendendo crianças adolescentes e jovens adultos 122 FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE ILUSTRADOR Rafael Limaverde Nascido em BelémPA naturalizado cearense formado em Artes Visuais pelo Instituto Federal do Ceará IFCE é xilogravurista e ilustrador Possui mais de 40 livros ilustrados em diversas editoras do País É um dos organizadores do Festival de Ilustração de Fortaleza evento realizado dentro da Bienal do Livro do Ceará É curador das seguintes exposições Eco Barroco no Centro Cultural Banco do Nordeste FortalezaCE 2011 Bestiário Nordestino na Multigaleria do Centro de Arte e Cultura Dragão do Mar FortalezaCE 2016 III Festival de Ilustração de Fortaleza que ocorreu durante a XII Bienal Internacional do Livro no Centro de Eventos do Ceará 2017 Cartilha para prevenção da automutilação e do suicídio 123 MINISTÉRIO DA MULHER DA FAMÍLIA E DOS DIREITOS HUMANOS MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO MINISTÉRIO DA SAÚDE