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Medicina Veterinária ·

Fisiologia Animal

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REVISTA CIENTÍFICA ELETRÔNICA DE MEDICINA VETERINÁRIA ISSN 16797353 Ano IX Número 17 Julho de 2011 Periódicos Semestral Revista Científica Eletrônica de Medicina Veterinária é uma publicação semestral da Faculdade de Medicina veterinária e Zootecnia de Garça FAMEDFAEF e Editora FAEF mantidas pela Associação Cultural e Educacional de Garça ACEG CEP 17400000 GarçaSP Tel 014 34078000 wwwrevistainfbr wwweditorafaefcombr wwwfaefedubr UROLITÍASE CANINA RELATO DE CASO UROLITHIASIS DOG CASE REPORT MURAKAMI Vanessa Yurika Acadêmica da FAMED Faculdade de Medicina Veterinária da ACEG Associação Cultural e Educacional de Garça Garça São Paulo Brasil FREITAS Elaine Bernardino Acadêmica da FAMED Faculdade de Medicina Veterinária da ACEG Associação Cultural e Educacional de Garça Garça São Paulo Brasil COSTA Jorge Luís Professor Doutor Clínica Veterinária CDVET Marília São Paulo Brasil FILADELPHO André Luís Professor Adjunto I na Universidade Federal do Paraná UFPR Campus Palotina Palotina Paraná Brasil RAINERI NETO Roque Docente da cadeira de Anatomia e Embriologia Veterinária da FAMED Faculdade de Medicina Veterinária da ACEG Associação Cultural e Educacional de Garça Garça São Paulo Brasil REVISTA CIENTÍFICA ELETRÔNICA DE MEDICINA VETERINÁRIA ISSN 16797353 Ano IX Número 17 Julho de 2011 Periódicos Semestral Revista Científica Eletrônica de Medicina Veterinária é uma publicação semestral da Faculdade de Medicina veterinária e Zootecnia de Garça FAMEDFAEF e Editora FAEF mantidas pela Associação Cultural e Educacional de Garça ACEG CEP 17400000 GarçaSP Tel 014 34078000 wwwrevistainfbr wwweditorafaefcombr wwwfaefedubr RESUMO O sistema urinário é projetado de modo a eliminar os resíduos metabólicos na forma líquida Alterações contínuas na composição da urina promovem a hipersaturação de uma ou mais substâncias eliminadas nesse líquido e que resultam em sua precipitação e subsequente desenvolvimento e formação de urólitos Urolitíase é a formação de precipitados em forma sólidas chamada de urólitos ou cálculos urinários que serão denominados de acordo com o seu conteúdo mineral estruvita oxalato de cálcio urato silicato cistina e mistos Neste trabalho relatase o caso de uma cadela raça schnauzer miniatura atendido na clínica veterinária CEDVET pelo médico veterinário Dr Jorge Costa O animal estava apático no dia anterior 19012011 e durante a consulta o proprietário relata que o animal tinha expelido um cálculo através de exames clínicos achados laboratoriais radiografia e ultrassonografia foi diagnosticado cálculos urinários e tratado com cistotomia e nefrotomia e mandado para análise os cálculos onde foi constatado presença de carbonato cálcio magnésio e amônia Após dez dias o animal retornou para retirada dos pontos PalavrasChaves cálculo sistema urinário cães ABSTRACT The urinary system is designed to eliminate metabolic wastes in liquid form Continuous changes in the composition of urine hipersaturação promote one or more substances disposed in the liquid and resulting in its precipitation and subsequent development and formation of uroliths Urolithiasis is the formation of precipitates in solid form called uroliths or urinary stones that are named according to their mineral content struvite calcium oxalate urate silicate cystine and mixed Here we report a case of a dog miniature schnauzer breed attended the veterinary clinic CEDVET by veterinarian Dr Jorge Costa The animal was lethargic the day before 19012011 during the consultation and the owner reports that the animal had expelled a calculation by clinical examination laboratory findings radiography and ultrasonography urolithiasis was diagnosed and treated with cystotomy and nephrotomy sent for analysis REVISTA CIENTÍFICA ELETRÔNICA DE MEDICINA VETERINÁRIA ISSN 16797353 Ano IX Número 17 Julho de 2011 Periódicos Semestral Revista Científica Eletrônica de Medicina Veterinária é uma publicação semestral da Faculdade de Medicina veterinária e Zootecnia de Garça FAMEDFAEF e Editora FAEF mantidas pela Associação Cultural e Educacional de Garça ACEG CEP 17400000 GarçaSP Tel 014 34078000 wwwrevistainfbr wwweditorafaefcombr wwwfaefedubr and calculations it was shown the presence of carbonate calcium magnesium and ammonia After ten days the animal returned to remove the stitches Keywords calculus urinary system dogs INTRODUÇÃO A urolitíase pode ser conceitualmente definida como a formação de concreções urinárias a partir de cristalóides menos solúveis da urina em decorrência do resultado de múltiplos processos fisiológicos e patológicos congênitos eou adquiridos ETTINGER 1992 As raças predispostas são o Schnauzer Miniatura Dachshund Dálmata Pug Bulldog Welsh Corgi Basset Hound Beagle e Terrier Cães com 2 a 10anos de idade são os mais acometidos MERK 1999 Os urólitos são denominados de acordo com seu conteúdo mineral Os urólitos de estruvita são os mais comuns mas outros tipos incluem cálculos de oxalato de cálcio urato silicato cistina e mistos FOSSUM et al 2005 Os sinais clínicos associados com urólitos renais e ureterais são diversos e dependem primeiramente do tamanho do número e da localização dos cálculos SOUSA 2008 entre eles obstrução do fluxo urinário infecção do trato urinário ITU podemse observar hematúria e sinais de desconforto sublombar ou abdominal vômito anorexia e depressão e a urina pode ser fétida se houver infecção BARDELA 2007 A urolitíase é normalmente diagnosticada através da combinação de anamnese exame físico urinálise achados radiográficos e ultrassonográficos para a diferenciação entre urólitos e a infecção do trato urinário neoplasia do trato urinário pólipos coágulos sanguíneos e anomalias urogenitais OLIVEIRA 2010 Nem todos os pacientes portadores de urolitíase urinária devem realizar alguma forma de investigação e tratamento adicional O índice de recidiva de doença renal com cálculo situase em torno de 50 na maioria dos casos apenas medidas simples como o aumento da ingestão hídrica e modificação dos hábitos alimentares são necessárias Quando não for possível o tratamento clínico devido ao tamanho do cálculo o tratamento de eleição é o cirúrgico pois normalmente o cálculo é muito grande neste REVISTA CIENTÍFICA ELETRÔNICA DE MEDICINA VETERINÁRIA ISSN 16797353 Ano IX Número 17 Julho de 2011 Periódicos Semestral Revista Científica Eletrônica de Medicina Veterinária é uma publicação semestral da Faculdade de Medicina veterinária e Zootecnia de Garça FAMEDFAEF e Editora FAEF mantidas pela Associação Cultural e Educacional de Garça ACEG CEP 17400000 GarçaSP Tel 014 34078000 wwwrevistainfbr wwweditorafaefcombr wwwfaefedubr caso o animal apresenta uma obstrução completa das vias urinárias ou há uma grande quantidade de cálculos vesicais Depois de retirado o cálculo deve ser analisado para se conhecer a sua composição A partir daí vai se instituir uma terapia para a prevenção do reaparecimento de novos urólitos FERREIRA 2007 RELATO DE CASO Foi atendido na clínica veterinária CEDVET Rua Álvares Cabral 378 Marília SP no dia 20012011 pelo médico veterinário Dr Jorge Costa um paciente da espécie canina raça schnauzer miniatura fêmea 7 anos de idade pelagem sal e pimenta Durante o exame clínico foi constatado que o animal estava apático no dia anterior O proprietário medicou com dipirona e que o animal melhorou e também relata que no dia 20012011 tinha expelido um cálculo O paciente foi submetido a realizar hemograma e função renal onde foi revelado que o animal apresentava neutrofilia e hiperproteinemia uréia 338 mgdL e creatinina 102 mgdL e exame radiográfico e ultrassonográfico onde no exame radiográfico foram revelados vários cálculos na bexiga e pelve renal e totalmente radiopacas e na ultrassonografia foi apresentado cálculo renal e vesical REVISTA CIENTÍFICA ELETRÔNICA DE MEDICINA VETERINÁRIA ISSN 16797353 Ano IX Número 17 Julho de 2011 Periódicos Semestral Revista Científica Eletrônica de Medicina Veterinária é uma publicação semestral da Faculdade de Medicina veterinária e Zootecnia de Garça FAMEDFAEF e Editora FAEF mantidas pela Associação Cultural e Educacional de Garça ACEG CEP 17400000 GarçaSP Tel 014 34078000 wwwrevistainfbr wwweditorafaefcombr wwwfaefedubr Depois de confirmado a suspeita foi administrado topcef 1mL e maxican 01 mL No dia seguinte a cadela foi submetida a uma cistotomia e nefrotomia e removidos os cálculos e encaminhado para análise e após a cirurgia foi feito curativo no local cirúrgico com fita microporo hipoalérgica esparadrapo e colocado no animal uma roupa cirúrgica para prevenir que o animal retirasse os pontos No resultado da análise dos cálculos foi constatada a presença de carbonato cálcio magnésio e amônio Foi indicada ração renal para a prevenção do reaparecimento de novos cálculos Após 10 dias de cirurgia o animal retornou para retirada dos pontos REVISÃO DE LITERATURA RINS Os rins são relativamente grandes alcançando aproximadamente 1150 a 1200 do peso corporal o peso do rim de um cão de tamanho médio é de aproximadamente 50 e 60g o rim esquerdo é normalmente mais pesado que o direito ambos possuem formato de um grão de feijão espesso dorsoventralmente com superfície ventral arredonda e uma superfície dorsal menos convexa as superfícies são lisas e de coloração marromescura vermelha ou azulvermelha GETTY 1986 REVISTA CIENTÍFICA ELETRÔNICA DE MEDICINA VETERINÁRIA ISSN 16797353 Ano IX Número 17 Julho de 2011 Periódicos Semestral Revista Científica Eletrônica de Medicina Veterinária é uma publicação semestral da Faculdade de Medicina veterinária e Zootecnia de Garça FAMEDFAEF e Editora FAEF mantidas pela Associação Cultural e Educacional de Garça ACEG CEP 17400000 GarçaSP Tel 014 34078000 wwwrevistainfbr wwweditorafaefcombr wwwfaefedubr Os rins estão localizados na parte dorsal da cavidade abdominal de cada lado da aorta e veia cava ventralmente às primeiras vértebras lombares Eles são retro peritoneais isto é estão localizados fora da cavidade peritoneal Entretanto encontram se mais firmemente presos à parede abdominal pela fáscia vasos e peritônio do que outros órgãos FRANDSON 1979 OS URETERES A BEXIGA E A URETRA O ureter é um tubo muscular musculatura lisa que conduz a urina da pelve renal para bexiga urinária O ureter entra na bexiga urinária num ângulo oblíquo junção ureterovesicular formando assim uma válvula funcional para evitar refluxo enquanto a bexiga é preenchida REECE 2008 Os tubos dos ureteres são compostos por três camadas externa a camada fibrosa média a camada muscular composta de músculo liso e interna a camada epitelial revestida por epitélio transicional COLVILLE e BASSERT 2010 A bexiga urinária é um órgão oco muscular musculatura lisa com tamanho variado conforme a quantidade de urina contida em um período A bexiga contraída vazia é uma parede espessa com forma de pêra localizada no chão da pélvis À medida que a bexiga se enche de urina a parede tornase mais fina e a maior parte da bexiga é deslocada cranialmente em direção à cavidade abdominal ou para dentro dela FRANDSON 1979 A uretra é a continuação do colo da bexiga urinária e estendese pelo canal pélvico Como os ureteres ela é revestida por um epitélio transicional que permite a sua expansão A uretra da fêmea é mais curta e reta do que a uretra longa e curva do macho REVISTA CIENTÍFICA ELETRÔNICA DE MEDICINA VETERINÁRIA ISSN 16797353 Ano IX Número 17 Julho de 2011 Periódicos Semestral Revista Científica Eletrônica de Medicina Veterinária é uma publicação semestral da Faculdade de Medicina veterinária e Zootecnia de Garça FAMEDFAEF e Editora FAEF mantidas pela Associação Cultural e Educacional de Garça ACEG CEP 17400000 GarçaSP Tel 014 34078000 wwwrevistainfbr wwweditorafaefcombr wwwfaefedubr UROLITÍASE O sistema urinário é projetado para a eliminação dos produtos da excreção em forma solúvel Contudo alguns produtos de excreção são sofrivelmente solúveis e ocasionalmente se precipitam dissolubilizamse e forma cristais A urolitíase pode ser conceitualmente definida como a formação de concreções urinárias a partir de cristalóides menos solúveis da urina em decorrência do resultado de múltiplos processos fisiológicos e patológicos congênitos eou adquiridos ETTINGER 1992 São comuns os urólitos dentro da bexiga urocistólitos e dentro da uretra uretólitos Já dos rins nefrólitos respondem por menos de 4 dos urólitos SHAW e IHLE 1999 Os urólitos podem ter qualquer tamanho desde uma mera coleção de partículas parecidas com areia até uma pedra solitária que praticamente ocupa a bexiga ou a pelve renal Os urólitos podem ser duros ou relativamente moles brancos ou amarelados REVISTA CIENTÍFICA ELETRÔNICA DE MEDICINA VETERINÁRIA ISSN 16797353 Ano IX Número 17 Julho de 2011 Periódicos Semestral Revista Científica Eletrônica de Medicina Veterinária é uma publicação semestral da Faculdade de Medicina veterinária e Zootecnia de Garça FAMEDFAEF e Editora FAEF mantidas pela Associação Cultural e Educacional de Garça ACEG CEP 17400000 GarçaSP Tel 014 34078000 wwwrevistainfbr wwweditorafaefcombr wwwfaefedubr lisos ou ásperos e arredondados ou facetados isto é com lados achatados JONES e HUNT 2000 As raças predispostas são o Schnauzer Miniatura Dachshund Dálmata Pug Bulldog Welsh Corgi Basset Hound Beagle e Terrier Cães com 2 a 10anos de idade são os mais acometidos MERK 1999 Os urólitos se formam pela precipitação cristalização supersaturação dos componentes minerais da urina matriz nucleação precipitação dos minerais ao redor de núcleo orgânico préformado ou cristalização inibição a ausência de inibidores na urina levando a precipitação mineral SHAW e IHLE 1999 Urólitos podem transitar através das várias partes do trato urinário podem dissolverse continuar seu crescimento ou podem tornarse inativos não ocorre qualquer crescimento Nem todos urólitos persistentes estão associados a sinais clínicos Eles podem permanecer inativos Em nossa experiência muitos dos urólitos inativos não estão associados à infecção do trato urinário haverá a possibilidade de que ocorram certas seqüelas como disúria infecção do trato urinário obstrução urinária parcial ou total e formação de pólipos ETTINGER e FELDMAN 1997 TIPOS DE URÓLITOS Os urólitos são denominados de acordo com seu conteúdo mineral Os urólitos de estruvita são os mais comuns mas outros tipos incluem cálculos de oxalato de cálcio urato silicato cistina e mistos FOSSUM et al 2005 URÓLITOS DE ESTRUVITA Os urólitos de estruvita ou de fosfato de amôniomagnésio são os urólitos mais comuns em cães Os urólitos constituídos predominantemente de estruvita podem conter pequena quantidade de fosfato de cálcio ou carbonato de cálcio A infecção bacteriana do trato urinário ITU é um fator predisponente importante na formação de urólitos de estruvita em cães microrganismos como Staphylococcus e Proteus são patógenos geralmente associados Isto pode ocorrer porque tais bactérias contêm uréase e são capazes de quebrar a uréia em amônia e dióxido de carbono Os urólitos de estruvita podem ocorrer em qualquer raça entretanto as mais acometidas incluem Schnauzer REVISTA CIENTÍFICA ELETRÔNICA DE MEDICINA VETERINÁRIA ISSN 16797353 Ano IX Número 17 Julho de 2011 Periódicos Semestral Revista Científica Eletrônica de Medicina Veterinária é uma publicação semestral da Faculdade de Medicina veterinária e Zootecnia de Garça FAMEDFAEF e Editora FAEF mantidas pela Associação Cultural e Educacional de Garça ACEG CEP 17400000 GarçaSP Tel 014 34078000 wwwrevistainfbr wwweditorafaefcombr wwwfaefedubr Miniatura Poodle Miniatura Bicho Frise e Cocker Spaniel A presença elevada de urólitos de estruvita em Schnauzer Miniatura leva a crer que nessa raça exista predisposição familiar NELSON e COUTO 2001 URÓLITOS DE OXALATO DE CÁLCIO Urólitos de oxalato de cálcio são mais comumente encontrados em machos aproximadamente 70 que as fêmeas aproximadamente 30 a maioria é observada em cães mais idosos idade média 8 a 9 anos Tem sido mais comumente observados em Dálmatas Lhasa Apso Schnauzers Miniatura Poodles Shih Tzu Yorkshire Terriers embora qualquer raça possa ser afetada ETTINGER 1992 Os urólitos de oxalato de cálcio em cães estão quase sempre na forma monoidrata em vez de diidrata As causas envolvidas na patogenia da urolitíase em cães não são de todo compreendidas mas quase sempre implicam concentrações elevadas de cálcio na urina NELSON e COUTO 2001 O aumento da excreção do oxalato de cálcio é um fator predisponente e pode ser devido à hipercalciúria absortiva um aumento da absorção gastrintestinal de cálcio a uma hipercalciúria por perda renal um aumento primário na excreção de cálcio ou á hipercalcemia uma causa rara SHAW e IHLE 1999 URÓLITOS DE URATO Urólitos de urato ocorrem comumente em cães compreendendo aproximadamente 2 a 8 de todos urólitos caninos Urólitos caninos de urato são tipicamente compostos por uma das diversas formas do ácido úrico Combinações de urato de amônia urato ácido de sódio eou ácido úrico em um único urólito são aparentemente raros O urato ácido de amônia é encontrado como o principal constituinte acima de 70 da composição mineral do urólito em aproximadamente 90 dos urólitos de urato em cães Dálmatas ou de outras raças Cães Dálmatas são tradicionalmente reconhecidas como sendo singularmente predispostas a urólitos de urato devido a defeitos hereditários no metabolismo do ácido úrico ETTINGER 1992 REVISTA CIENTÍFICA ELETRÔNICA DE MEDICINA VETERINÁRIA ISSN 16797353 Ano IX Número 17 Julho de 2011 Periódicos Semestral Revista Científica Eletrônica de Medicina Veterinária é uma publicação semestral da Faculdade de Medicina veterinária e Zootecnia de Garça FAMEDFAEF e Editora FAEF mantidas pela Associação Cultural e Educacional de Garça ACEG CEP 17400000 GarçaSP Tel 014 34078000 wwwrevistainfbr wwweditorafaefcombr wwwfaefedubr URÓLITOS DE SILICATO Os fatores responsáveis pela patogenia dos urólitos de silicato são desconhecidos mas a sua formação pode provavelmente estar relacionada à ingestão de alimentos contendo silicato ácido silícico ou silicato de magnésio Parece haver ligação entre a formação de urólitos de silicato e o consumo de grandes quantidades de glúten de milho ou de casca de soja que contêm bastante silicato NELSON e COUTO 2001 Ocorre Mais frequentemente em Pastores Alemães Golden Retrievers e Labrador Retrievers de meiaidade ou mais SHAW e IHLE 1999 URÓLITOS DE CISTINA Cistina é aminoácido não essencial que contém enxofre em sua fórmula a cistina se compõe de duas moléculas de cisteína Embora não seja conhecido o exato mecanismo ou mecanismos de formação de urólitos de cistina um prérequisito para tal ocorrência é a hipersaturação da urina com cistina A cistinúria canina é defeito congênito do metabolismo que se caracteriza pelo aumento da excreção urinária de cistina Normalmente a cistina circulante é livremente filtrada no glomérulo e 90 a 100 são ativamente reabsorvidas no túbulo proximal A diminuição da reabsorção tubular da cistina e em alguns casos de outros aminoácidos lisina glicina ornitina arginina foi observada em cães com urólitos de cistina ETTINGER e FELDMAN 1997 Os urólitos de cistina são observados como maior freqüência em cães machos e os de raça Dachshund são principalmente os mais acometidos mas Basset Hound Bulldog Inglês Yorkshire Terrier Irish terrier Chihuahua Mastiff e Rottweiler também parecem ter risco maior de desenvolver urolitíase por urólitos de cistina NELSON e COUTO 2001 SINAIS CLÍNICOS Os sinais clínicos associados com urólitos renais e ureterais são diversos e dependem primeiramente do tamanho do número e da localização dos cálculos SOUSA 2008 entre eles obstrução do fluxo urinário infecção do trato urinário ITU podemse observar hematúria e sinais de desconforto sublombar ou abdominal REVISTA CIENTÍFICA ELETRÔNICA DE MEDICINA VETERINÁRIA ISSN 16797353 Ano IX Número 17 Julho de 2011 Periódicos Semestral Revista Científica Eletrônica de Medicina Veterinária é uma publicação semestral da Faculdade de Medicina veterinária e Zootecnia de Garça FAMEDFAEF e Editora FAEF mantidas pela Associação Cultural e Educacional de Garça ACEG CEP 17400000 GarçaSP Tel 014 34078000 wwwrevistainfbr wwweditorafaefcombr wwwfaefedubr vômito anorexia e depressão e a urina pode ser fétida se houver infecção BARDELA 2007 DIAGNÓSTICO A urolitíase é normalmente diagnosticada através da combinação de anamnese exame físico urinálise achados radiográficos e ultrassonográficos para a diferenciação entre urólitos e a infecção do trato urinário neoplasia do trato urinário pólipos coágulos sanguíneos e anomalias urogenitais Durante a anamnese devese coletar um maior número de informações possíveis história clínica de inflamação do trato urinário obstrução ou infecções crônicas do trato urinário e histórias de eliminação de cálculos na urina Um exame físico completo é essencial para ajudar a identificar os problemas que podem predispor o animal à formação de cálculos ou que podem limitar as opções terapêuticas O perfil bioquímico e hemograma completo podem ser feitos para detectar qualquer fator predisponente que possa contribuir para a formação de cálculos ou complicar uma terapia A radiografia e ultrasonografia abdominais têm como objetivo principal a verificação da presença localização número dimensões densidade e forma dos urólitos OLIVEIRA 2010 TRATAMENTO Nem todos os pacientes portadores de urolitíase urinária devem realizar alguma forma de investigação e tratamento adicional O índice de recidiva de doença renal com cálculo situase em torno de 50 na maioria dos casos apenas medidas simples como o aumento da ingestão hídrica e modificação dos hábitos alimentares são necessárias Quando não for possível o tratamento clínico devido ao tamanho do cálculo o tratamento de eleição é o cirúrgico pois normalmente o cálculo é muito grande neste caso o animal apresenta uma obstrução completa das vias urinárias ou há uma grande quantidade de cálculos vesicais Depois de retirado o cálculo deve ser analisado para se conhecer a sua composição A partir daí vai se instituir uma terapia para a prevenção do reaparecimento de novos urólitos FERREIRA 2007 CONCLUSÃO REVISTA CIENTÍFICA ELETRÔNICA DE MEDICINA VETERINÁRIA ISSN 16797353 Ano IX Número 17 Julho de 2011 Periódicos Semestral Revista Científica Eletrônica de Medicina Veterinária é uma publicação semestral da Faculdade de Medicina veterinária e Zootecnia de Garça FAMEDFAEF e Editora FAEF mantidas pela Associação Cultural e Educacional de Garça ACEG CEP 17400000 GarçaSP Tel 014 34078000 wwwrevistainfbr wwweditorafaefcombr wwwfaefedubr Diante do relato de caso podese concluir que a urolitíase é devido à hipersaturação da urina O tratamento na maioria dos casos pode ser realizado com o aumento da ingestão hídrica e modificação dos hábitos alimentares Quando não for possível o tratamento clínico devido ao tamanho do cálculo o tratamento de eleição é o cirúrgicopois nesse momento já está ocorrendo a obstrução das vias urinárias O tratamento sugerido nesse caso foi a cistotomia e nefrotomia REFERÊNCIAS BARDELA G T Ruptura de Bexiga Ocasionada por Urolitíase Relato de Caso São Paulo 2007 Disponível em httpwwwrevistainfbrveterinaria08relatos01pdf Acesso em 25 de março de 2011 BOJRAB M J Técnicas Atuais em Cirurgia de pequenos Animais Roca 3ª ed Cap 24 26 São Paulo p 348 356 2005 COLVILLE T BASSERT J M Anatomia e Fisiologia Clínica para Medicina Veterinária Elsevier 2ª ed Rio de Janeiro p 383 385 2010 DYCE KM SACK WO WENSING CJG Tratado de anatomia veterinária 2ª ed Rio de Janeiro Guanabara 1997 663p ETTINGER S Tratado de Medicina Interna Veterinária Manole 3ª ed Vol 4 Cap111 p 2178 2201 1992 ETTINGER S J FELDMAN E C Tratado de Medicina Interna Veterinária Manole 4ª ed Vol 2 Cap São Paulo p 1997 FERREIRA R N Manejo de Cães com Urolitíase Rio de Janeiro 2007 Disponível em httpwwwqualittascombrdocumentosManejo20de20Caes20com20Urolitias REVISTA CIENTÍFICA ELETRÔNICA DE MEDICINA VETERINÁRIA ISSN 16797353 Ano IX Número 17 Julho de 2011 Periódicos Semestral Revista Científica Eletrônica de Medicina Veterinária é uma publicação semestral da Faculdade de Medicina veterinária e Zootecnia de Garça FAMEDFAEF e Editora FAEF mantidas pela Associação Cultural e Educacional de Garça ACEG CEP 17400000 GarçaSP Tel 014 34078000 wwwrevistainfbr wwweditorafaefcombr wwwfaefedubr e2020Roberta20do20Nascimento20FerreiraPDF Acesso em 25 de março de 2011 FOSSUM T W HEDLUND C S HULSE D A JOHNSON A L SEIM III H B WILLARD M D CARROL G L Cirurgia de Pequenos Animais Roca 2 ª ed São Paulo p 564 566 2005 FRANDSON R D Anatomia e Fisiologia dos Animais Domésticos Guanabara 2ª ed Rio de Janeirop 1979 GETTY R Anatomia dos Animais Domésticos Guanabara 2ª ed Vol 2 Rio de Janeiro p 1986 JONES T C HUNT N W Patologia Veterinária Manole 6ª ed São Paulo 1159 1161 2000 MERK Manual Merk de Veterinária Roca 6ª ed p 917 920 1986 NELSON R W COUTO C G Medicina Interna de Pequenos Animais Guanabara 2ª ed Cap 46 Rio de Janeiro 506 515 2001 OLIVEIRA A C S Urolitíase Canina Brasília 2010 Disponível em httpwwwqualittascombrdocumentosUrolitiase20 20Ana20Carolina20Silva20Oliveirapdf Acesso em 25 de março de 2011 REECE W O Anatomia Funcional e Fisiologia dos Animais Domésticos Roca 3ª ed Cap 10 São Paulo p 256 2008 SOUSA L D Urolitíase Canina Goiânia 2008 Disponível em httpwwwqualittascombrdocumentosUrolitiase20Canina20 20Lorenna20Cunha20de20SousaPDF Acesso em 25 de março de 2011 REVISTA CIENTÍFICA ELETRÔNICA DE MEDICINA VETERINÁRIA ISSN 16797353 Ano IX Número 17 Julho de 2011 Periódicos Semestral Revista Científica Eletrônica de Medicina Veterinária é uma publicação semestral da Faculdade de Medicina veterinária e Zootecnia de Garça FAMEDFAEF e Editora FAEF mantidas pela Associação Cultural e Educacional de Garça ACEG CEP 17400000 GarçaSP Tel 014 34078000 wwwrevistainfbr wwweditorafaefcombr wwwfaefedubr SHAW D IHLE S Medicina Interna de Pequenos Animais Artmed 1ª ed Cap 43 p 375 379 1999 SLATTER D Manual de Cirurgia de Pequenos Animais Manole 2ª ed Vol 2 Cap 104 São Paulo p 1703 1731 1998 Estudo morfofuncional dos rins de cães da raça Golden Retriever afetados pela distrofia muscular GRMD¹ Dilayla K Abreu² Carolina CostoladeSouza³ Dayane Alcântara² Elaine AF Rodrigues² Karla PC Araújo² Paulo C Maiorka³ Maria A Miglino² e Carlos E Ambrósio⁴ ABSTRACT Abreu DK CostoladeSouza C Alcântara D Rodrigues EAF Araújo KPC Maiorka PC Miglino MA Ambrósio CE 2012 Morphofunctional study in kidneys of Golden Retriever dogs affected by muscular dystrophy GRMD Estudo morfofuncional dos rins de cães da raça Golden Retriever afetados pela distrofia muscular GRMD Pesquisa Veterinária Brasileira 321010671072 Setor de Anatomia dos Animais Domésticos e Silvestres Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia Universidade de São Paulo Av Prof Dr Orlando Marques de Paiva 87 Cidade Universitária São Paulo SP 05508270 Brazil Email dilaylabreuuspbr Duchenne muscular dystrophy DMD is a severe myopathy of recessive Xlinked character and the most relevant animal study model is the Golden Retriever muscular dystrophy GRMD In addition to the severe changes occurring in the striated musculature several studies show that other structures including viscera may prove to be altered in this pathology Thus this study aimed to analyze and compare possible structural and functional alterations of the kidney in GRMD dogs In this study model it was possible to observe the presence of convex and concave faces the renal hilum and the cranial and caudal poles of the kidneys The organ was surrounded by a fibrous capsule In a sagittal section of the organ the presence of the cortical and medullary regions and the renal pelvis were noticed On microscopic examination it was possible to identify the medullary and cortical zones and their structures the renal corpuscles formed by the glomerulus and Bowmans capsule the proximal and distal convoluted tubules the collecting ducts the blood vessels and the segments of the loops of Henle The serum creatinine and urea were within normal limits Thus according to our results we may conclude that the affected animals under study showed no structural or functional changes in the kidneys something which allows us to suggest that despite the impaired water intake renal structure remains preserved in GRMD animals INDEX TERMS GRMD kidney muscular dystrophy RESUMO A Distrofia Muscular de Duchenne DMD é uma miopatia severa de caráter recessivo ligada ao cromossomo X e o modelo animal de estudo mais relevante é o Golden Retriever Muscular Dystrophy GRMD Além das severas alterações que ocorrem na musculatura estriada muitos estudos mostram que outras estruturas inclusive viscerais podem se mostrar alteradas nesta patologia Desta forma este trabalho objetivou analisar e comparar possíveis alterações estruturais e funcionais do rim em cães GRMD Neste modelo de estudo foi possível observar a presença das faces convexa e côncava do hilo renal e dos pólos craniais e caudais dos rins O órgão mostrouse envolto por uma cápsula fibrosa Em um corte sagital do órgão notouse a presença das regiões cortical e medular e da pelve renal Na análise microscópica foi possível identificar a zona medular e cortical com suas estruturas os corpúsculos renais formados pelo glomérulo e pela cápsula de Bowman os túbulos contorcidos proximais e distais os ductos coletores vasos sanguíneos e os segmentos das Alças de Henle As dosagens séricas de creatinina e uréia encontramse dentro dos limites de normalidade Desta forma de acordo com os nossos resultados podemos concluir que os animais afetados estudados não apresentaram alterações estruturais ou funcionais dos rins o que nos permitir sugerir que apesar da ingestão hídrica comprometida a estrutura renal mantémse preservada nos animais GRMD TERMOS DE INDEXAÇÃO GRMD rim distrofia muscular INTRODUÇÃO Distrofia muscular é um termo amplamente utilizado para se referir a qualquer doença primária da musculatura esquelética que resulta em degeneração progressiva regeneração limitada e fibrose de miofibrilas Bergman et al 2002 A distrofia muscular de Duchenne DMD é a forma mais grave comum e de evolução mais rápida dentre as miopatias hereditárias sendo letal e progressiva Tratase de uma desordem neuromuscular recessiva em humanos associada ao cromossomo X em uma região denominada Xp21 relacionada a uma mutação no gene responsável pela expressão da proteína distrofina Caromano 1999 Thor Terryborr 2003 Yiu Korneberg 2008 Em 65 ocorre deleção de uma parte do DNA em 5 duplicação do gene e em 30 dos casos mutação de ponto Caromano 1999 Yiu Korneberg 2008 A DMD humana é geneticamente homóloga à distrofia muscular em cães da raça Golden Retriever Muscular Dystrophy GRMD compartilhando seu quadro de miopatia severa e desenvolvimento clínico letal Vainzof et al 2008 Ambrósio et al 2009 Isso justifica o uso dos cães em modelos experimentais para diversos estudos que visam à busca de tratamentos para os meninos acometidos pela doença Com a ausência de distrofina na membrana sarcoplasmática ocorre ruptura da mesma causando o influxo de cálcio e posterior ativação de protease endógena com a ativação da cascata inflamatória Collins Morgan 2003 Consequentemente ocorre necrose e substituição do tecido muscular por tecido fibroso e adiposo Kornegay et al 2003 Além das estruturas musculares órgãos não musculares também podem estar alterados em pacientes distróficos Vários estudos realizados discorrem sobre alterações em estruturas internas em camundongos mdx DMD e GRMD Moriuchi et al 1991 Berry et al 1992 Brazeau et al 1992 Stein et al 2002 Grando et al 2009 Alves et al 2010 Gerger et al 2010 Estudos realizados discorreram sobre aumentos de tensão observados na veia porta hepática bem como flacidez da parede da vesícula biliar ocasionada pela ausência do gene da distrofina em camundongos mdx Além disso também relataram síndrome de má absorção e processos diarréicos atribuídos à disfunção pancreática em humanos Nowak et al 1982 Barohn 1988 Miyatake et al 1989 Moriuchi et al 1991 Berry et al 1992 Brazeau et al 1992 Stein et al 2002 Grando et al 2009 Brazeau et al 1992 relataram em seu estudo para a avaliação da eficácia de uma determinada droga que seria utilizada no tratamento das distrofias que os camundongos mdx estudados apresentaram indícios de disfunção hepática e renal baseados nas alterações séricas encontradas nos exames bioquímicos bem como durante a necropsia pela diferença de peso dos órgãos em comparação aos órgãos de animais normais Os caninos domésticos são acometidos por diversas doenças renais que podem acarretar insuficiência funcional do órgão entretanto isso não se traduz necessariamente em uma insuficiência renal pois esta condição depende da quantidade de parênquima lesionado e da severidade das lesões Osborne Finco 1995 Na avaliação da função renal diversos exames laboratoriais podem ser feitos entre eles os que indicam glicosúria proteinúria cilindrúria e também avaliação das células do epitélio renal no sedimento urinário podendo indicar lesão renal Os dois parâmetros mais frequentemente utilizados para avaliar a função renal são as concentrações de uréia e creatinina plasmáticas Biewenga Van Den Bron 1981 porém estes parâmetros mostramse insatisfatórios uma vez que só se acumulam significativamente no sangue quando já existem 50 ou mais de néfrons não funcionais Meyer et al 1995 Ademais estes valores também podem sofrer influências extrarenais Meyer et al 1995 O nível de uréia sanguínea é um indicativo de lesão renal pois ela é excretada pelos rins e 40 é reabsorvida pelos túbulos renais A mensuração da uréia sanguínea é feita para acompanhamento do paciente já acometido por lesão renal pois eles se tornam aumentados quando 70 a 75 dos néfrons estão afuncionais Bush 2004 A creatinina é derivada da creatina e da fosfocreatina do metabolismo muscular uma pequena quantidade é excretada pelos túbulos proximais O nível de creatinina plasmática não é influenciado pela proteína alimentar catabolismo protéico sexo idade ou exercício A creatinina é usada como um índice da velocidade de filtração glomerular pois se sabe que existe relação entre a velocidade de filtração glomerular e a concentração de creatinina a cada redução de 50 da filtração glomerular a creatinina dobra seu valor Meyer et al 1995 O aumento da fosfatase alcalina também deve ser levado em conta podendo ser considerado um indicador precoce de lesão renal ser detectado em lesões menos severas Heiene et al 1991 Neste contexto e considerando a grande importância da fisiologia renal e dos estudos que utilizam drogas como terapêutica no modelo de estudo este trabalho teve como principal objetivo verificar a aparência macroscópica dos rins de cães GRMD afetados pela distrofia bem como avaliar microscopicamente a estrutura renal dos cães que vieram a óbito no canil GRMD Brasil em diversos graus de evolução da distrofia muscular MATERIAL E MÉTODOS Para a realização dos estudos macro e microscópicos foram utilizados rins formolizados formol 10 de 5 cães GRMD pertencentes ao canil GRMD BRASIL Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo que vieram a óbito entre 8 meses e 4 anos de idade O material estava devidamente identificado sendo do nosso conhecimento o histórico clínico de cada um dos animais Os rins foram dissecados e fotografados com câmera digital 121 megapixels Em seguida realizouse a descrição macroscópica das estruturas identificadas A nomenclatura utilizada foi baseada na estabelecida pelo International Committee on Veterinary Gross Anatomical Nomenclature 1994 Para a realização da análise microscópica os rins foram desidratados em uma série crescente de concentração de etanol diafanizados em xilol seguidos de inclusão em similar de parafina Histosec Cada bloco foi submetido a microtomia em micrótomo automático Leica RM2165 obtendose cortes longitudinais de aproximadamente 5µm Os cortes após serem desparafinizados em xilol seguidos de uma série decrescente de etanol foram corados pela técnica de Hematoxilina e Eosina HE realizada segundo metodologia descrita e publicada por Tolosa et al 2003 e suas características morfológicas foram fotodocumentadas em microscópio de luz Nikon Eclipse E800 As análises bioquímicas séricas foram feitas em amostras do soro obtidas após sínere se de sangue coletado de 12 animais sendo 4 fêmeas e 8 machos com idade variando de 8 meses a 5 anos Utilizando o sistema Labtest LABTEST Diagnostica SA Lagoa Santa para diagnóstico alíquotas das amostras de soro foram processadas para determinação de creatinina e uréia RESULTADOS Nos cães adultos GRMD estudados os rins apresentaramse definidos recostados à superfície dorsal da cavidade abdominal Ao explorar a topografia do órgão notamos que o mesmo apresenta formato de grão de feijão com uma face convexa e outra côncava onde é possível a visualização do hilo renal no centro da borda medial Fig 1A Adicionalmente é possível identificar os pólos craniais e caudais e a presença do ureter saindo do hilo renal Visualizase ainda a presença da cápsula fibrosa envolvendo o órgão sendo facilmente removida da sua superfície Fig1BC Com a realização do corte sagital podemos observar internamente a região cortical e medular além da pelve renal com a crista renal bem definida e a vascularização na região córticomedular O córtex apresenta coloração vermelhomarrom e é radialmente estriado Na medula podemos observar uma porção externa próxima ao córtex e uma interna mais clara próxima à pelve que apresenta coloração esbranquiçada No hilo encontramos a artéria renal a veia renal e o ureter Fig1C Na análise microscópica foi possível identificar a zona medular cortical e a cápsula renal envolvendo o órgão Na Figura 2A observase a camada cortical renal composta pelos corpúsculos renais corados em maior proporção de roxo e os túbulos contorcidos arredondados ou ovalados em rosa Em plano sagital visualizase o corpúsculo renal Fig1 Rim esquerdo de um cão GRMD adulto A Rim esquerdo RE com seus pólos cranial Pcr e caudal Pcd a região de hilo renal hi glândula adrenal Ad vesícula urinária repleta Bx B Vista externa após corte sagital do rim Observar a cápsula renal envolvendo o órgão Cp e a região de hilo hi Notar como a cápsula é facilmente removida seta preta C Vista interna após corte sagital do rim evidenciando as regiões do córtex Co e medula composta pela medula externa ME e interna MI Notar o aspecto estriado da região cortical círculo preto bem como a área de junção córticomedular seta laranja e observar a vascularização sanguínea seta preta na região córticomedular a crista renal seta rosa a pelve renal p e o ureter saindo da mesma u Fig2 Preparados histológicos do rim de cães GRMD machos adulto A Córtex renal Notar os túbulos contorcidos proximais com o aspecto de escova em sua orla TCP o túbulo contorcido distal TCD o corpúsculo renal Cr e os segmentos espessos da Alça de Henle asterisco verde B A orla em escova característica dos túbulos contorcidos proximais TCP e a presença de vasos sanguíneos va C Corpúsculo renal Cr composto de glomérulo seta preta e pela cápsula de Bowmann com seus folhetos visceral seta vermelha e parietal seta verde notar ainda o espaço capsular S o corpúsculo renal com o seu polo vascular e a área de mácula densa círculo vermelho D Capilares c ductos coletores DC e Alças de Henle asterisco vermelho E Os ductos coletores DC e a pelve p com seu epitélio E Coloração HE 10x com formato arredondado Notase que os túbulos contorcidos proximais apresentam um citoplasma apical com microvilos que formam uma orla em escova em seu lúmen enquanto que os túbulos contorcidos distais não apresentam esta característica Observase a presença dos segmentos espessos das Alças de Henle com epitélio cúbico semelhante aos túbulos contorcidos distais Fig2B Na fotomicrografia da região cortical evidenciouse o corpúsculo renal formado pelo glomérulo e pela cápsula de Bowman que possui dois folhetos o parietal e visceral que ficam separados pelo espaço capsular O espaço capsular recebe o líquido filtrado pelos capilares e pelo folheto visceral Foi possível identificar o pólo vascular e a mácula densa Notase que essa região é mais escura isto se deve a proximidade dos núcleos de suas células Fig2C OPbservamos segmentos delgados das alças de Henle com um epitélio composto por células pavimentosas Fig2 D Na camada medular notamos os ductos coletores com seu epitélio composto por células cilíndricas Notar a região de pelve e seu epitélio Fig2E No Quadro 1 podemos visualizar os valores referentes à dosagem sérica de creatinina e uréia dos cães afetados pela distrofia muscular com idade variando entre 8 meses e 5 anos A creatinina apresentou uma concentração sérica média de 069mgdL e a uréia de 3215 UL É possível observar que as dosagens encontramse dentro dos valores de normalidade sertação de Mestrado em Anatomia dos Animais Domésticos e Silvestres Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia Universidade de São Paulo São Paulo SP 97p Gergen AAC Souza CC Martins DS Gaiad TP Brolio MP Luppi MMCP Ambrósio CE Miglino MA 2010 Alterações do trato digestório de cães da raça Golden Retriever afetados pela distrofia muscular Pesq Vet Bras 3010641070 Grando AP Mariana ANB Miglino MA Sterman FA Zatz M Kanayama LM Feitosa MLT Martins DS Morini AC Passos J Fadel L Ambrósio CE 2009 Ultrasonografia abdominal e pélvica em cães da raça Golden Retriever sadios portadores e afetados pela distrofia muscular progressiva Ciência Rural 39123128 Heiene R Biewenga WJ Koeman JP 1991 Urinary alkaline phosphatase and γglutamyl transferase as indicators of acute renal damage in dogs J Small Anim Pract 32521524 Junqueira LC Carneiro J 2004 Histologia Básica 10ª ed Guanabara Koogan Rio de Janeiro 371p Kaneko JJ 1997 Serum proteins and dysproteinemias p117138 In Kaneko JJ Harvey JW Bruss ML Eds Clinical Biochemistry of Domestic Animals 5th ed Academic Press San Diego 932p König HE Ruberte J Liebich HG 2004 Aparelho 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Vet Bras 319498 Moriuchi T Fujii Y Kagawa W Hizawa K 1991 Autopsy study on the heart liver kidney and brain in Duchenne muscular distrophy Tokushima J Exp Med 38513 Nowak TV Ionasescu V Anuras S 1982 Gastrointestinal manifestations of the muscular dystrophies Gastroenterol 82800810 Osborne CA Finco DR 1995 Canine and Feline Nephrology and Urology Media Williams and Wilkins Baltimore 960p Stein MT Tipnis NA Schultz P 2002 Fatigue decrease interest in play motor delay and elevated liver function tests in a 4yearold boy J Dev Behav Pediatr 233741 Stickland DJ 2010 Atlas Colorido de Anatomia Veterinária do Cão e Gato 2a ed Editora Elsevier Rio de Janeiro 261p Thor G Terryborry J 2003 Muscular dystrophy Recent milestones Drug and Market Development 14115123 Vainzof M AyubGuerrieri D Onofre PCG Martins PCM Lopes VF Zilberztajn D Maia LS Sell K Yamamoto LU 2008 Animal models for genetic neuromuscular diseases J Mol Neurosci 34241248 Yiu EM Kornberg AJ 2008 Duchenne muscular dystrophy Neurology India 56236247 Quadro 1 Médias desviospadrão DP valores máximos Vmax e valores mínimos Vmin referentes à dosagem sérica de uréia e creatinina de cães da raça Golden Retriever afetados pela distrofia muscular Parâmetro Média DP Vmin Vmax Valores de normalidade Creatinina mgdL 069 011 042 096 05 15 Uréia mgdL 3215 799 25 5670 21 60 DISCUSSÃO O sistema urinário é formado pelos rins ureteres bexiga e uretra Desta forma a urina formada nos rins é conduzida até a bexiga pelos ureteres e da bexiga a urina é lançada para o meio exterior pela uretra Junqueira Carneiro 2004 Comparativamente aos rins dos mamíferos de forma geral os GRMD também apresentam rins pareados presentes no retroperitônio ventrolaterais e adjacentes aos corpos das vértebras lombares e seus processos transversos correspondentes McGavin Zachary 2009 Assim como a anatomia renal de cães saudáveis os rins dos GRMD são unilobares em formato de feijão e coloração avermelhada Ellenport 1986 Dyce et al 1997 König et al 2004 Stickland 2010 corroborando com nossos resultados Nossos resultados condizem com os achados de Junqueira Carneiro 2004 para rim humano e com os achados de William 1992 e Bacha Bacha 2003 sobre o rim canino sendo que a apresentação da disposição celular é semelhante e as três camadas cortical medular externa e medular interna mostramse distintas e de semelhante disposição das estruturas conforme encontrados em nossos estudos Gatti 2007 em um estudo com GRMD relatou que tanto os animais afetados como os portadores da doença não apresentaram alterações da função glomerular Sendo assim o autor descartou uma correlação entre a distrofia muscular e a lesão na musculatura dos vasos renais que pudessem levar a alterações da função do órgão As mesmas condições foram observadas em nosso estudo entretanto os mesmos podem sinalizar ao clínico conjuntos de procedimentos que podem melhorar a condição e sobrevida dos animais afetados Apesar da diferença estatística apresentada por Gatti 2007 os valores séricos encontramse dentro dos limites da normalidade Os mesmos achados foram evidenciados em nosso estudo com relação à dosagem sérica de creatinina e uréia No entanto Gatti 2007 não descartou a possibilidade de existirem alterações subclínicas na função renal destes cães por apresentarem desidratação o que pode sugerir alguma doença que necessite de maiores informações Considerando a dosagem sérica de uréia os valores encontrados para os cães distróficos se encontram dentro dos parâmetros de normalidade de acordo com Kaneko et al 1997 que sugere dosagem de 2160mgdL e Bush 2004 que sugere dosagem sérica de 3040mddL É importante ressaltar que os animais se encontravam em jejum no momento das coletas visto que podem ocorrer aumentos temporários na concentração de uréia após a alimentação Bush 2004 O mesmo foi observado com a dosagem da creatinina sérica onde todos os animais apresentaram valores dentro dos valores limitrofes de normalidade 0515mgdL de acordo com Kaneno et al 1997 Morini et al 2011 realizou um estudo com cadelas portadoras da distrofia muscular e evidenciou que as dosagens séricas de uréia e creatinina também se encontraram dentro dos parâmetros de normalidade CONCLUSÃO De acordo com nossos resultados não foram encontradas alterações estruturais macroscópicas ou microscópicas mediante estudo histológico com coloração hematoxilinaeosina nos rins de cães GRMD estudados Agradecimentos A colega do Setor de Anatomia pela valiosa ajuda neste trabalho Juliana Casals REFERÊNCIAS Alves FR Abreu DK Brólio MP Fernandes RA Souza CC Wenceslau CV Ambrósio CE Guerra RR Miglino MA 2010 Radiologic images at thoracic cavity of golden retriever dogs affected by muscular dystrophy Vet RadiolUltrasound 51220 Ambrósio CE Fadel L Gaiad TP Martins DS Araújo KPC Zucconi E Brólio MP Giglio RF Morini AC Santos TC Jazedje T Froes TR Feitosa MLT Valadares M BeltrãoBraga PCB Meirelles FV Miglino MA 2009 Identification of three distinguishable phenotypes in golden retriever muscular dystrophy GRMD Gen Mol Res 8389396 Bacha WJ Bacha LM 2003 Atlas Colorido de Histologia Veterinária 2nd ed Roca São Paulo 457p Banks WJ 1992 Sistema urinário p481498 In Banks WJ Ed Histologia Veterinária Aplicada 2ª ed Editora Manole São Paulo 629p Barohn RJ Levine EJ Olson JO Mendell JR 1988 Gastric hypomotility in Duchennes muscular dystrophy N Engl J Med 3191518 Bergman RL Inzana KD Monroe WE Shell LG Liu LA Engvall E Shelton GD 2002 Dystrophindeficient muscular dystrophy in a Labrador Retriever J Am Anim Hosp Assoc 38255261 Berry CR Gaschen FP Ackerman N 1992 Radiographic and ultrasonographic features of hypertrophic feline muscular dystrophy in two cats Vet Radiol Ultrasound 33357364 Biewenga WJ Van Den Bron WE 1981 Assessment of glomerular filtration rate in dogs with renal insufficiency analyses of the 51 CrEDTA clearance and its relation to the plasma concentrations of urea and creatinine Res Vet Sci 30158160 Brazeau GA Mathew M Entrikin RK 1992 Serum and 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